Apostila de anatomia e fisiologia humana

Transcrição

Apostila de anatomia e fisiologia humana
Faculdade e Escola Técnica Egídio José da Silva
FATEGÍDIO
APOSTILA DE ANATOMIA E
FISIOLOGIA HUMANAS
MAIO/2009
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Organizador:
Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA
Colaboradores:
Prof. Esp. ADRÉ LUIS VELANO
Prof. Esp. FABIANA PARO PEREIRA
Prof. Esp. FABRICIO BRITO MUNIZ
Prof. Esp. LEONARDO FIGUEIREDO SANTOS
Capa:
Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA e
Secretário SERGIO TELES
Citações:
Esta Apostila foi baseada em texto da Professora MSc. Maria Luisa Miranda Vilela,
Licenciada em Ciências Biológicas pela PUC/MG, tem especialização nos cursos de Biologia
dos Vertebrados pela PUC/MG e Genética Humana pela UnB e mestrado em Microbiologia
pela UFMG (defesa de dissertação em genética molecular de Leishmania). Atualmente é
doutoranda no Curso de Pós-Graduação em Biologia Animal da UnB, pelo Dept° de Genética
e Morfologia, Laboratório de Genética.Lecionou Ciências no Ensino Fundamental, Biologia no
Ensino Médio e Citologia nas Faculdades Metodistas Isabela Hendrix, em Belo Horizonte/MG.
Em Brasília/DF, leciona biologia no ensino médio, desde 1994: em 1994 e 1995, nos Centros
Educacionais La Salle e Sagrada Família; de 1996 até agora, no Centro Educacional
Leonardo da Vinci. Cursos de atualização: Genética e Sociedade (UnB); Bioquímica, Nutrição
e Saúde (UnB); Ecologia e Gestão Ambiental (UFMG).
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Aos alunos:
O mestre disse a um dos seus alunos: Yu,
queres saber em que consiste o
conhecimento? Consiste em ter
consciência tanto de conhecer uma coisa
quanto de não a conhecer. Este é o
conhecimento..
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SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA ................................................. 6
1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA ...................................................................... 6
1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA ...................................................... 6
1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA ...............................................................6
1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA .............................................................................7
1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO.................................................................7
1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO..............8
1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO.........................................................8
1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO ............................................................................9
1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAI ...................................................... 9
1.10 - PLANOS ANATÔMICO ..........................................................................10
1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA ..................................................10
2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO............................................................... 11
2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO............................................................................... 11
2.2 - SISTEMA ARTICULAR ....................................................................................21
2.3 - SISTEMA MUSCULAR ............................................................................27
3 - SISTEMA NERVOSO ..................................................................................36
4 - SISTEMA CIRCULATÓRIO ........................................................................57
5 - SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................66
6 - O SISTEMA DIGESTÓRIO ........................................................................72
7 - SISTEMA URINÁRIO/EXCRETOR .............................................................79
8 - SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ...................................................83
9 - SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ........................................................85
10 - SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................95
11 – SISTEMA SENSORIAL ............................................................................99
12 - SISTEMA TEGUMENTAR ......................................................................110
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1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA
1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA
No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e
microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados.
Um excelente e amplo conceito de Anatomia foi proposto em 1981 pela American
Association of Anatomists: anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a
função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e
ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da
construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias
partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A
amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das mudanças a longo
prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária
em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, associadas
com fases diferentes de atividade funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura
estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus
órgãos até as organelas celulares e macromoléculas.
A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte).
Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a
anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos
desta ciência.
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização
humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos,
expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras.
Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: Anatomia
macroscópica, Anatomia microscópica e Anatomia do desenvolvimento.
A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando
ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é
aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de
instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é
dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se
organizam para a formação de órgãos).
A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo
fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do desenvolvimento até
o nascimento. Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a
existência de estudos específicos.
1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA
Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é
encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo
da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital. Este é o padrão.
Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila. Como não existe perda
funcional esta é uma variação.
Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a
anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral,
incompatível com a vida, é uma monstruosidade.
1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA
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Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos
empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de
Nomenclatura Anatômica. Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século
passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França,
Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações
diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de
inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje
reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma
nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de
Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi
aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris
Nomina Anatomica). Revisões subseqüentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a
nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada,
desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em
Congressos Internacionais de Anatomia . A língua oficialmente adotada é o latim (por ser
“língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma
estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para
a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura.
Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os
termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu
trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento
sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da
escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há
nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo
uso.
1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a
posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição
anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos,
referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na
posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou
bípede), com a face voltada para a frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores
estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores
unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.
1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO
O corpo humano divide-se em cabeça, tronco e membros.
2.1. Cabeça
A cabeça é dividida em duas partes: crânio e face. Uma linha imaginária passando pelo
topo das orelhas e dos olhos é o limite aproximada entre estas duas regiões. O crânio contém o
encéfalo no seu interior, na chamada cavidade craniana. As lesões crânioencefálicas são as
causas mais freqüentes de óbito nas vitimas de trauma. A face é a sede dos órgãos dos sentidos
da visão, audição, olfato e paladar. Abriga as aberturas externas do aparelho respiratório e
digestivo. As lesões da face podem ameaçar a vida devido ao sangramento e obstrução das vias
aéreas.
2.2. Tronco
O tronco é dividido em pescoço, tórax, abdome e pelve.
2.2.1. Pescoço
Contém varias estruturas importantes. É suportado pela coluna cervical que abriga no
seu interior a porção cervical da medula espinhal. As porções superiores do trato respiratório e
digestivo passam pelo pescoço em direção ao tórax e abdome. Contém também vasos
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sangüíneos calibrosos responsáveis pela irrigação da cabeça. As lesões do pescoço de maior
gravidade são as fraturas da coluna cervical com ou sem lesão medular, as lesões do trato
respiratório e as lesões de grandes vasos com hemorragia severa.
2.2.2. Tórax
Contém no seu interior, na chamada cavidade torácica, a parte inferior do trato
respiratório (vias aéreas inferiores), os pulmões, o esôfago, o coração e os grandes vasos
sangüíneos que chegam ou saem do coração. É sustentado por uma estrutura óssea da qual
fazem parte a coluna vertebral torácica, as costelas, o esterno, as clavículas e a escápula. As
lesões do tórax são a segunda causa mais freqüente de morte nas vítimas de trauma.
1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO
Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua
superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico,
um paralelepípedo.
Tem-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: dois
planos verticais, um tangente ao ventre – plano ventral ou anterior – e outro ao dorso – plano
dorsal ou posterior. Estes e outros a eles paralelos são também designados como planos
frontais, por serem paralelos à “fronte”; dois planos verticais tangentes aos lados do corpo –
planos laterais direito e esquerdo e, finalmente, dois planos horizontais, um tangente à cabeça –
plano cranial ou superior – e outro à planta dos pés – plano podálico – (de podos = pé) ou inferior.
O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano horizontal que tangencia o vértice
do cóccix, ou seja, o osso que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por esta
razão, este plano é denominado caudal.
Os planos descritos são de delimitação. É possível traçar também planos de secção: o
plano que divide o corpo humano em metades direita e esquerda é denominado mediano. Toda
secção do corpo feita por planos paralelos ao mediano é uma secção sagital (corte sagital) e os
planos de secção são também chamados sagitais; os planos de secção que são paralelos aos
planos ventral e dorsal são ditos frontais e a secção é também denominada frontal (corte
frontal); os planos de secção que são paralelos aos planos cranial, podálico e caudal são
horizontais. A secção é denominada transversal.
1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO
A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos planos de
delimitação e secção.
Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamadas de medial e
lateral conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano mediano do
corpo.
Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou ventral)
e posterior (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do
plano anterior.
Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial) para a
mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste plano.
Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros emprega-se, comumente, os
termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante
da raiz do membro. Para o tubo digestivo emprega-se os termos oral e aboral, referindo-se às
estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da boca.
Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de intermédia.
Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra posterior, ou entre uma
superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou ainda uma oral e outra aboral)
é denominada de média.
Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas, sendo
este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana, enquanto os
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outros termos de posição e direção são relativos, pois baseiam-se na comparação da posição de
uma estrutura em relação a posição de outra
A anatomia é o estudo da forma e da constituição do corpo, pré-requisito indispensável
para o estudo da fisiologia dos órgãos. Seu estudo compreende tanto a evolução do indivíduo
desde a fase de zigoto até a velhice (ontogenia), como o desenvolvimento de uma estrutura no
reino
animal
(filogenia).
A anatomia macroscópica pode ser estudada de duas formas: (1) anatomia sistemática ou
descritiva, que estuda os vários sistemas separadamente e (2) anatomia topográfica ou cirúrgica,
que estuda todas as estruturas de uma região e suas relações entre si.
ORIGEM EMBRIOLÓGICA
Quanto à origem, os órgãos podem ser classificados em homólogos ou análogos. Diz-se que
dois órgãos são homólogos quando possuem a mesma origem embriológica mas diferentes
funções, como, por exemplo, os membros superiores do homem e as asas dos pássaros. A
analogia, por sua vez, acontece quando dois órgãos tem funções semelhantes e diferentes
origens embriológicas, como ocorre com os pulmões humanos e as guelras dos peixes.
1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO
1. inspeção: analisando através da visão. A análise pode ser de órgãos externos (ectoscopia) ou
internos (endoscopia);
2. palpação: analisando através do tato é possível verificar a pulsação, os tendões musculares e
as saliências ósseas, dentre outras coisas;
3. percussão: através de batimentos digitais na superfície corporal podemos produzir sons
audíveis, que ajudam a determinar a composição de órgãos ou estruturas (gases, líquidos ou
sólidos);
4. ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcionamento (Ex.: coração, pulmão, intestino);
5. mensuração: permite a avaliação da simetria corporal e de eventuais megalias;
6. dissecção: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma melhor
visualização;
7. métodos de estudo por imagem: inclui o raioX, ecografia, ressonância nuclear magnética e
tomografia computadorizada.
1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS
Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem
ser descritas:
1. idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa
escrotal e nela se localizando durante a vida adulta;
2. sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital,
enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal;
3. raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar,
enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira
vértebra lombar;
4. tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças morfológicas. Os principais
tipos são:
4.a- longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas
o estômago
geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente;
4.b- brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras
costumam estar
dispostas mais horizontalmente;
4.c- mediolíneo: características intermediárias.
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A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem
semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças,
como por exemplo a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos.
1.10 - PLANOS ANATÔMICOS
O corpo humano é dividido por três eixos imaginários:
1. o eixo vertical ou longitudinal, que une a cabeça aos pés, classificado como heteropolar;
2. o eixo de profundidade ou ântero-posterior, que une o ventre ao dorso, classificado como
heteropolar;
3. o eixo de largura ou transversal, que une o lado direito ao lado esquerdo, classificado como
homopolar.
No momento em que projetamos um eixo sobre outro temos um plano. Existem quatro
planos principais:
1. o plano sagital, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do eixo
longitudinal;
2. o plano sagital mediano, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do
eixo longitudinal na linha mediana, dividindo o corpo em duas metades aparentemente
simétricas, denominadas antímeros;
3. o plano transversal ou horizontal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do
eixo ântero-posterior. Uma série sucessiva de planos transversais divide o corpo em segmentos
denominados metâmeros;
4. o plano frontal ou coronal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do eixo
longitudinal, dividindo o corpo em porções chamadas de paquímeros.
1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA
Inferior ou caudal: mais próximo dos pés;
Superior ou cranial: mais próximo da cabeça;
Anterior ou ventral: mais próximo do ventre;
Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso;
Proximal: mais próximo do ponto de origem;
Distal: mais afastado do ponto de origem;
Medial: mais próximo do plano sagital mediano;
Lateral: mais afastado do plano sagital mediano;
Superficial: mais próximo da pele;
Profundo: mais afastado da pele;
Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo;
Contra-lateral: do lado oposto do corpo;
Holotopia: localização geral de um órgão no organismo. Ex.: o fígado está localizado no
abdômen;
Sintopia: relação de vizinhança. Ex.: o estômago está abaixo do diafragma, a direita do baço e a
esquerda do fígado;
Esqueletopia: relação com esqueleto. Ex.: coração atrás do esterno e da terceira, quarta e quinta
costelas;
Idiotopia: relação entre as partes de um mesmo órgão. Ex.: ventrículo esquerdo adiante e abaixo
do átrio esquerdo.
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2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO
2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO
Além de dar sustentação ao
corpo, o esqueleto protege os
órgãos internos e fornece pontos
de apoio para a fixação dos
músculos. Ele constitui-se de
peças ósseas (ao todo 208
ossos no indivíduo adulto) e
cartilaginosas articuladas, que
formam
um
sistema
de
alavancas movimentadas pelos
músculos.
O esqueleto humano pode
ser dividido em duas partes:
1-Esqueleto axial: formado
pela caixa craniana, coluna
vertebral caixa torácica.
2-Esqueleto apendicular:
compreende a cintura escapular,
formada pelas escápulas e
clavículas;
cintura
pélvica,
formada pelos ossos ilíacos (da
bacia) e o esqueleto dos
membros
(superiores
ou
anteriores
e
inferiores
ou
posteriores).
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem
evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997.
1-Esqueleto axial
1.1-Caixa craniana
Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital,
esfenóide, nasal, lacrimais, malares ("maçãs do rosto" ou zigomático), maxilar
superior e mandíbula (maxilar inferior).
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed.
Moderna, 1997.
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Observações:
Primeiro - no osso
esfenóide
existe
uma
depressão denominada de sela
turca onde se encontra uma
das
menores
e
mais
importantes glândulas do corpo
humano - a hipófise, no centro
geométrico do crânio.
Segundo - Fontanela ou
moleira é o nome dado à
região alta e mediana, da
cabeça da criança, que facilita
a passagem da mesma no canal do parto; após o nascimento, será substituída por
osso.
1.2-Coluna vertebral
É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se
sobrepõem constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; é
dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna
torácica, coluna lombar, coluna sacral, coluna cocciciana (coccix).
1.3-Caixa torácica
É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas,
que são em número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se
inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao
esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, não se fixando ao
esterno).
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2- Esqueleto apendicular
2-1- Membros e cinturas articulares
Cada membro superior é composto
de braço, antebraço, pulso e mão. O
osso do braço – úmero – articula-se no
cotovelo com os ossos do antebraço:
rádio e ulna. O pulso constitui-se de
ossos pequenos e maciços, os carpos.
A palma da mão é formada pelos
metacarpos e os dedos, pelas
falanges.
Cada membro inferior compõe-se
de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso
da coxa é o fêmur, o mais longo do
corpo. No joelho, ele se articula com os
dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula.
A região frontal do joelho está protegida
por um pequeno osso circular: a rótula.
Ossos pequenos e maciços, chamados
tarsos, formam o tornozelo. A planta do
pé é constituída pelos metatarsos e os
dedos dos pés (artelhos), pelas
falanges.
Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o
nome de cintura ou de cinta. A
cintura superior se chama cintura
torácica ou escapular (formada
pela clavícula e pela escápula ou
omoplata); a inferior se chama
cintura pélvica, popularmente
conhecida como bacia (constituída
pelo sacro - osso volumoso
resultante da fusão de cinco
vértebras, por um par de ossos
ilíacos e pelo cóccix, formado por
quatro
a
seis
vértebras
rudimentares fundidas). A primeira
sustenta o úmero e com ele todo o
braço; a segunda dá apoio ao
fêmur e a toda a perna.
3 - Juntas e articulações
Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as
do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras
juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto
realizar movimentos.
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4 - Ligamentos
Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos,
cordões resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão
firmemente unidos às membranas que revestem os ossos.
5 - Classificação dos ossos
Os ossos são classificados de acordo
com a sua forma em:
A - Longos: têm duas extremidades ou
epífises; o corpo do osso é a diáfise; entre a
diáfise e cada epífise fica a metáfise. A
diáfise é formada por tecido ósseo compacto,
enquanto a epífise e a metáfise, por tecido
ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur, úmero.
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem
evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997, com
adaptações
B- Curtos: têm as três extremidades
praticamente equivalentes e são encontrados
nas mãos e nos pés. São constituídos por
tecido ósseo esponjoso. Exemplos: calcâneo,
tarsos, carpos.
C - Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de tecido ósseo
compacto, tendo entre elas uma camada de tecido
ósseo esponjoso e de medula óssea Exemplos:
esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula.
Revestindo o osso compacto na
diáfise, existe uma delicada membrana - o
periósteo - responsável pelo crescimento
em espessura do osso e também pela
consolidação dos ossos após fraturas (calo
ósseo). As superfícies articulares são
revestidas por cartilagem. Entre as epífises
e a diáfise encontra-se um disco ou placa
de cartilagem nos ossos em crescimento,
tal disco é chamado de disco metafisário
(ou epifisário) e é responsável pelo crescimento longitudinal do osso. O interior dos
ossos é preenchido pela medula óssea, que, em parte é amarela, funcionando
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como depósito de lipídeos, e, no restante, é vermelha e gelatinosa, constituindo o
local de formação das células do sangue, ou seja, de hematopoiese. O tecido
hemopoiético é popularmente conhecido por "tutano". As maiores quantidades de
tecido hematopoético estão nos ossos da bacia e no esterno. Nos ossos longos, a
medula óssea vermelha é encontrada principalmente nas epífises.
Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino:
6 - TECIDOS QUE FORMAM O ESQUELETO
6.1 - O TECIDO ÓSSEO
O tecido ósseo possui um alto grau de rigidez e resistência à pressão. Por isso,
suas principais funções estão relacionadas à proteção e à sustentação. Também
funciona como alavanca e apoio para os músculos, aumentando a coordenação e a
força do movimento proporcionado pela contração do tecido muscular.
Os ossos ainda são grandes armazenadores de substâncias, sobretudo de
íons de cálcio e fosfato. Com o envelhecimento, o tecido adiposo também vai se
acumulando dentro dos ossos longos, substituindo a medula vermelha que ali
existia previamente.
A extrema rigidez do tecido ósseo é resultado da interação entre o componente
orgânico e o componente mineral da matriz. A nutrição das células que se localizam
dentro da matriz é feita por canais. No tecido ósseo, destacam-se os seguintes
tipos celulares típicos:
•
Osteócitos: os osteócitos estão localizados em
cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea.
Destas lacunas formam-se canalículos que se
dirigem para outras lacunas, tornando assim a
difusão de nutrientes possível graças à
comunicação entre os osteócitos. Os osteócitos
têm um papel fundamental na manutenção da
integridade da matriz óssea.
16
•
•
•
Osteoblastos: os osteoblastos sintetizam a
parte orgânica da matriz óssea, composta por
colágeno
tipo
I,
glicoproteínas
e
proteoglicanas. Também concentram fosfato
de cálcio, participando da mineralização da
matriz. Durante a alta atividade sintética, os
osteoblastos destacam-se por apresentar
muita basofilia (afinidade por corantes
básicos). Possuem sistema de comunicação
intercelular semelhante ao existente entre os osteócitos. Os osteócitos
inclusive originam-se de osteoblastos, quando estes são envolvidos
completamente por matriz óssea. Então, sua síntese protéica diminui e o seu
citoplasma torna-se menos basófilo.
Osteoclastos: os osteoclastos participam dos processos de absorção e
remodelação do tecido ósseo. São células
gigantes e multinucleadas, extensamente
ramificadas, derivadas de monócitos que
atravessam os capilares sangüíneos. Nos
osteoclastos jovens, o citoplasma apresenta uma
leve basofilia que vai progressivamente
diminuindo com o amadurecimento da célula, até
que o citoplasma finalmente se torna acidófilo
(com afinidade por corantes ácidos). Dilatações dos osteoclastos, através da
sua ação enzimática, escavam a matriz óssea, formando depressões
conhecidas como lacunas de Howship.
Matriz óssea: a matriz óssea é composta por uma parte orgânica (já
mencionada anteriormente) e uma parte inorgânica cuja composição é dada
basicamente por íons fosfato e cálcio formando cristais de hidroxiapatita. A
matriz orgânica, quando o osso se apresenta descalcificado, cora-se com os
corantes específicos do colágeno (pois ela é composta por 95% de colágeno
tipo I).
A classificação baseada no critério histológico admite apenas duas variantes
de tecido ósseo: o tecido ósseo compacto ou denso e o tecido ósseo esponjoso ou
lacunar ou reticulado. Essas variedades apresentam o mesmo tipo de célula e de
substância intercelular, diferindo entre si apenas na disposição de seus elementos e
na quantidade de espaços medulares. O tecido ósseo esponjoso apresenta
espaços medulares mais amplos, sendo formado por várias trabéculas, que dão
aspecto poroso ao tecido. O tecido ósseo compacto praticamente não apresenta
espaços medulares, existindo, no entanto, além dos canalículos, um conjunto de
canais que são percorridos por nervos e vasos sangüíneos: canais de Volkmann e
canais de Havers. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam
grande sensibilidade e capacidade de regeneração.
Os canais de Volkmann partem da superfície do osso (interna ou externa),
possuindo uma trajetória perpendicular em relação ao eixo maior do osso. Esses
canais comunicam-se com os canais de Havers, que percorrem o osso
longitudinalmente e que podem comunicar-se por projeções laterais. Ao redor de
cada canal de Havers, pode-se observar várias lamelas concêntricas de substância
intercelular e de células ósseas. Cada conjunto deste, formado pelo canal central
17
de Havers e por lamelas concêntricas é denominado sistema de Havers ou
sistema haversiano. Os canais de Volkmann não apresentam lamelas
concêntricas.
Tecido ósseo compacto
Tecido ósseo esponjoso
Os tecidos ósseos descritos são os tecidos mais abundantes dos ossos
(órgãos): externamente temos uma camada de tecido ósseo compacto e
internamente, de tecido ósseo esponjoso. Os ossos são revestidos externa e
internamente por membranas denominadas periósteo e endósteo, respectivamente.
Ambas as membranas são vascularizadas e suas células transformam-se em
osteoblastos. Portanto, são importantes na nutrição e oxigenação das células do
tecido ósseo e como fonte de osteoblastos para o crescimento dos ossos e
reparação das fraturas. Além disto, nas regiões articulares encontramos as
cartilagens fibrosas. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos
apresentam
grande
sensibilidade
e
capacidade
de
regeneração.
No interior dos ossos está a medula óssea, que pode ser:
vermelha: formadora de células do sangue e plaquetas (tecido reticular ou
hematopoiético): constituída por células reticulares associadas a fibras reticulares.
amarela: constituída por tecido adiposo (não produz células do sangue).
18
No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha. Já no adulto, a medula
vermelha fica restrita aos ossos chatos do corpo (esterno, costelas, ossos do
crânio), às vértebras e às epífises do fêmur e do úmero (ossos longos). Com o
passar dos anos, a medula óssea vermelha presente no fêmur e no úmero
transforma-se em amarela.
6.2 - O TECIDO CARTILAGINOSO
O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo de
consistência rígida. Desempenha a função de suporte de tecidos moles, reveste
superfícies articulares onde absorve choques, facilita os deslizamentos e é
essencial para a formação e crescimento dos ossos longos. A cartilagem é um tipo
de tecido conjuntivo composto exclusivamente de células chamadas condrócitos e
de uma matriz extracelular altamente especializada.
É um tecido avascular, não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos
capilares do conjuntivo envolvente (pericôndrio) ou através do líquido sinovial das
19
cavidades articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as
cartilagens, indo nutrir outros tecidos. O tecido cartilaginoso também é desprovido
de vasos linfáticos e de nervos. Dessa forma, a matriz extracelular serve de trajeto
para a difusão de substâncias entre os vasos sangüíneos do tecido conjuntivo
circundante e os condrócitos. As cavidades da matriz, ocupadas pelos condrócitos,
são chamadas lacunas; uma lacuna pode conter um ou mais condrócitos. A matriz
extracelular da cartilagem é sólida e firme, embora com alguma flexibilidade, sendo
responsável pelas suas propriedades elásticas. As propriedades do tecido
cartilaginoso, relacionadas ao seu papel fisiológico, dependem da estrutura da
matriz, que é constituída por colágeno ou colágeno mais elastina, em associação
com macromoléculas de proteoglicanas (proteína + glicosaminoglicanas). Como o
colágeno e a elastina são flexíveis, a consistência firme das cartilagens se deve às
ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas das proteoglicanas e o
colágeno, e à grande quantidade de moléculas de água presas a estas
glicosaminoglicanas (água de solvatação) que conferem turgidez à matriz.
As cartilagens (exceto as articulares e as peças de cartilagem fibrosa) são
envolvidas por uma bainha conjuntiva que recebe o nome de pericôndrio, o qual
continua gradualmente com a cartilagem por uma face e com o conjuntivo
adjacente pela outra. As cartilagens basicamente se dividem em três tipos distintos:
1) cartilagem hialina; 2) fibrocartilagem ou cartilagem fibrosa; 3) cartilagem elástica.
6.2.1 - Cartilagem hialina
Distingue-se pela presença de uma
matriz vítrea, homogênea e amorfa
(figura ao lado). Por toda cartilagem há
espaços, chamados lacunas, no interior
das lacunas encontram-se condrócitos.
Essas lacunas são circundadas pela
matriz, a qual tem dois componentes:
fibrilas
de
colágeno
e
matriz
fundamental
Essa cartilagem forma o esqueleto inicial do feto; é a precursora dos ossos que
se desenvolverão a partir do processo de ossificação endocondral. Durante o
desenvolvimento ósseo endocondral, a cartilagem hialina funciona como placa de
crescimento epifisário e essa placa continua funcional enquanto o osso estiver
crescendo em comprimento. No osso longo do adulto, a cartilagem hialina está
presente somente na superfície articular. No adulto, também está presente como
unidade esquelética na traquéia, nos brônquios, na laringe, no nariz e nas
extremidades das costelas (cartilagens costais).
20
Pericôndrio: a cartilagem hialina geralmente é circundada por um tecido
conjuntivo firmemente aderido, chamado pericôndrio. O pericôndrio não está
presente nos locais em que a cartilagem forma uma superfície livre, como nas
cavidades articulares e nos locais em que ela entra em contato direto com o osso.
Sua função não é apenas a de ser uma cápsula de cobertura; tem também a função
de nutrição, oxigenação, além de ser fonte de novas células cartilaginosas. É rico
em fibras de colágeno na parte mais superficial, porém, à medida que se aproxima
da cartilagem, é mais rico em células.
Calcificação: a calcificação consiste na deposição de fosfato de cálcio sob a
forma de cristais de hidroxiapatita, precedida por um aumento de volume e morte
das células. A matriz da cartilagem hialina sofre calcificação regularmente em três
situações bem definidas: 1) a porção da cartilagem articular que está em contato
com o osso é calcificada; 2) a calcificação sempre ocorre nas cartilagens que estão
para ser substituídas por osso durante o período de crescimento do indivíduo; 3) a
cartilagem hialina de todo o corpo se calcifica como parte do processo de
envelhecimento.
Regeneração: a cartilagem que sofre lesão regenera-se com dificuldade e,
freqüentemente, de modo incompleto, salvo em crianças de pouca idade. No adulto,
a regeneração se dá pela atividade do pericôndrio. Havendo fratura de uma peça
cartilaginosa, células derivadas do pericôndrio invadem a área da fratura e dão origem a
tecido cartilaginoso que repara a lesão. Quando a área destruída é extensa, ou mesmo,
algumas vezes, em lesões pequenas, o pericôndrio, em vez de formar novo tecido
cartilaginoso, forma uma cicatriz de tecido conjuntivo denso.
6.2.2 - Cartilagem elástica
Esta é uma cartilagem na qual a matriz
contém fibras elásticas e lâminas de material
elástico, além das fibrilas de colágeno e da
substância fundamental. O material elástico
confere maior elasticidade à cartilagem, como
a que se pode ver no pavilhão da orelha. A
presença desse material elástico (elastina)
confere a esse tipo de cartilagem uma cor
amarelada, quando examinado a fresco. A
cartilagem elástica pode estar presente
isoladamente
ou
formar
uma
peça
cartilaginosa junto com a cartilagem hialina. Como a cartilagem hialina, a elástica
possui pericôndrio e cresce principalmente por aposição. A cartilagem elástica é
menos sujeita a processos degenerativos do que a hialina. Ela pode ser encontrada
21
no pavilhão da orelha, nas paredes do canal auditivo externo, na tuba auditiva e na
laringe. Em todos estes locais há pericôndrio circundante. Diferentemente da
cartilagem hialina, a cartilagem elástica não se calcifica.
6.2.3 - Fibrocartilagem ou Cartilagem fibrosa
A cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem é um tecido com características
intermediárias entre o conjuntivo denso e a cartilagem hialina. É uma forma de
cartilagem na qual a matriz contém feixes evidentes de espessas fibras colágenas.
Na cartilagem fibrosa, as numerosas fibras colágenas constituem feixes, que
seguem uma orientação aparentemente irregular entre os condrócitos ou um
arranjo paralelo ao longo dos condrócitos em fileiras. Essa orientação depende das
forças que atuam sobre a fibrocartilagem. Os feixes colágenos colocam-se
paralelamente às trações exercidas sobre eles. Na fibrocartilagem não existe
pericôndrio. A fibrocartilagem está caracteristicamente presente nos discos
intervertebrais, na sínfise púbica, nos discos articulares das articulações dos
joelhos e em certos locais onde os tendões se ligam aos ossos. Geralmente, a
presença de fibrocartilagem indica que naquele local o tecido precisa resistir à
compressão e ao desgaste.
6.3 - Crescimento
A cartilagem possui dois tipos de crescimento: aposicional e intersticial.
Crescimento aposicional é a formação de cartilagem sobre a superfície de uma
cartilagem já existente. As células empenhadas nesse tipo de crescimento derivam
do pericôndrio. O crescimento intersticial ocorre no interior da massa cartilaginosa.
Isso é possível porque os condrócitos ainda são capazes de se dividir e porque a
matriz é distensível. Embora as células-filhas ocupem temporariamente a mesma
lacuna, separam-se quando secretam nova matriz extracelular. Quando parte desta
última matriz é secretada, forma-se uma divisão entre as células e, neste ponto,
cada célula ocupa sua própria lacuna. Com a continuidade da secreção da matriz,
as células ficam ainda mais separadas entre si.
Na cartilagem do adulto, os condrócitos freqüentemente estão situados em
grupos compactos ou podem estar alinhados em fileiras. Esses grupos de
condrócitos são formados como conseqüência de várias divisões sucessivas
durante a última fase de desenvolvimento. Há pouca produção de matriz adicional e
os condrócitos permanecem em íntima aposição. Tais grupos são chamados de
grupos isógenos.
2.2 - SISTEMA ARTICULAR
Articulação ou juntura é a conexão entre duas ou
mais peças esqueléticas (ossos ou cartilagens). Essas
uniões não só colocam as peças do esqueleto em contato,
como também permitem que o crescimento ósseo ocorra e
que certas partes do esqueleto mudem de forma durante o
parto. Além disto, capacitam que partes do corpo se
movimentem em resposta a contração muscular.
Embora apresentem consideráveis variações entre
elas, as articulações possuem certos aspectos estruturais e funcionais em comum
que permitem classificá-las em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e
22
sinoviais. O critério para esta divisão é o da natureza do elemento que se interpõe
às peças que se articulam.
2.1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES
a- Quanto a duração;
b- Quanto a maneira de fixação aos ossos;
c- Quanto a natureza do tecido interposto;
d- Quanto ao número de eixos.
e- Quanto ao número de ossos.
2.1.A - QUANTO A DURAÇÃO
-Temporárias
(Ex. Linha epifisiária)
-Permanentes
(Ex. Articulação do ombro
2.1.B - QUANTO A MANEIRA DE FIXAÇÃO AOS OSSOS
-Continuidade
(Ex. Disco intervertebral)
-Contigüidade
(Ex. Articulação do cotovelo)
2.1.C - QUANTO A NATUREZA DO TECIDO INTERPOSTO
- Fibrosas (IMÓVEIS)
- Cartilaginosas ou cartilagíneas (SEMI-MÓVEIS)
- Sinoviais (MÓVEIS)
Articulações fibrosas (móveis)
As articulações nas quais o elemento que se interpõe às peças que se
articulam é o tecido conjuntivo fibroso são ditas fibrosas (ou sinartroses). O grau de
mobilidade delas, sempre pequeno, depende do comprimento das fibras
interpostas. Existem três tipos de articulações fibrosas: sutura, sindesmose e
gonfose.
As suturas, que são encontradas somente entre os ossos do
crânio, são formadas por várias camadas fibrosas, sendo a união
suficientemente íntima de modo a limitar intensamente os
movimentos, embora confiram uma certa elasticidade ao crânio.
A maneira pela qual as bordas dos ossos articulados entram em
contato é variável, reconhecendo-se suturas planas (união linear
retilínea ou aproximadamente retilínea), suturas escamosas
(união em bisel) e suturas serreadas (união em linha “denteada”).
No crânio, a articulação entre os ossos nasais é uma sutura
plana; entre os parietais, sutura denteada; entre o parietal e o
temporal, escamosa.
23
No crânio do feto e recém-nascido, onde a ossificação ainda é incompleta, a
quantidade de tecido conjuntivo fibroso interposto é muito maior, explicando a
grande separação entre os ossos e uma maior mobilidade. Estas áreas fibrosas são
denominadas fontículos (ou fontanelas). São elas que permitem, no momento do
parto, uma redução bastante apreciável do volume da cabeça fetal pela
sobreposição dos ossos do crânio. Esta redução de volume facilita a expulsão do
feto para o meio exterior.
Na idade avançada pode ocorrer ossificação do tecido interposto (sinostose),
fazendo com que as suturas, pouco a pouco, desapareçam e, com elas, a
elasticidade do crânio.
Nas sindesmoses os ossos estão unidos por uma faixa de tecido fibroso,
relativamente longa, formando ou um ligamento interósseo ou uma membrana
interóssea, nos casos, respectivamente de menor ou maior comprimento das fibras,
o que condiciona um menor ou maior grau de movimentação. Exemplos típicos são
a sindesmose tíbio-fibular e a membrana interóssea radio-ulnar.
Gonfose é a articulação específica entre os dentes e seus receptáculos, os
alvéolos dentários. O tecido fibroso do ligamento periodontal segura firmemente o
dente no seu alvéolo. A presença de movimentos nesta articulação significa uma
condição patológica.
CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS (semi-móveis)
SINCONDROSE
SÍNFISE
- Cartilagem Hialina
- Fribro-cartilagem
Nas articulações cartilaginosas o tecido que se interpõe é a cartilagem.
Quando se trata de cartilagem hialina, temos as sincondroses; nas sínfises a
cartilagem é fibrosa. Em ambas a mobilidade é reduzida. As sincondroses são raras
e o exemplo mais típico é a sincondrose esfeno-occipital que pode ser visualizada
na base do crânio. Exemplo de sínfise é a união, no plano mediano, entre as
porções púbicas dos ossos do quadril, constituindo a sínfise púbica. Também as
articulações que se fazem entre os corpos das vértebras podem ser consideradas
como sínfise, uma vez que se interpõe entre eles um disco de fibrocartilagem - o
disco intervertebral.
Articulações sinoviais
CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
PLANA
GÍNGLIMO
TROCÓIDE
CONDILAR
SELAR
ESFERÓIDE
A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra e
isto é impossível quando entre elas interpõe-se um meio de ligação, seja fibroso ou
cartilagíneo. Para que haja o grau desejável de movimento, em muitas articulações,
o elemento que se interpõe às peças que se articulam é um líquido denominado
sinóvia, ou líquido sinovial.
Além da presença deste líquido, as articulações sinoviais possuem três outras
características básicas: cartilagem articular, cápsula articular e cavidade articular.
a cartilagem articular é a cartilagem do tipo hialino que reveste as superfícies
em contato numa determinada articulação (superfícies articulares), ou seja, a
cartilagem articular é a porção do osso que não foi invadida pela ossificação. Em
virtude deste revestimento as superfícies articulares se apresentam lisas, polidas e
24
de cor esbranquiçada. A cartilagem articular é avascular e não possui também
inervação. Sua nutrição, portanto, principalmente nas áreas mais centrais, é
precária, o que torna a regeneração, em caso de lesões, mais difícil e lenta.
a cápsula articular é uma membrana conjuntiva que envolve a articulação
sinovial como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa
(externa) e a membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar
reforçada, em alguns pontos, por ligamentos , destinados a aumentar sua
resistência. Em muitas articulações sinoviais, todavia, existem ligamentos
independentes da cápsula articular e em algumas, como na do joelho, aparecem
também ligamentos intra-articulares.
cavidade articular é o espaço existente entre as superfícies articulares, estando
preenchido pelo líquido sinovial
Ligamentos e cápsula articular têm por finalidade manter a união entre os
ossos, mas além disto, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a
amplitude dos movimentos considerados normais.
A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É
abundantemente vascularizada e inervada, sendo encarregada da produção da
sinóvia (líquido sinovial), o qual tem consistência similar a clara do ovo e tem por
funções lubrificar e nutrir as cartilagens articulares. O volume de líquido sinovial
presente em uma articulação é mínimo, somente o suficiente para revestir
delgadamente as superfícies articulares e localiza-se na cavidade articular.
Além destas características, que são comuns a todas articulações sinoviais,
em várias delas encontram-se formações fibrocartilagíneas, interpostas às
superfícies articulares, os discos e meniscos, de função discutida: serviriam à
melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou
seriam estruturas destinadas a receber violentas pressões, agindo como
amortecedores. Meniscos, com sua característica forma de meia lua, são
encontrados na articulação do joelho. Discos são encontrados nas articulações
esternoclavicular e temporomandibular.
movimentos das articulações sinoviais
As articulações fibrosas e cartilagíneas tem um mínimo grau de mobilidade.
Assim, a verdadeira mobilidade articular é dada pelas articulações sinoviais. Estes
movimentos ocorrem, obrigatoriamente, em torno de um eixo, denominado eixo de
movimento. A direção destes eixos é ântero-posterior, látero-lateral e longitudinal.
Na análise do movimento realizado, a determinação do eixo de movimento é feita
obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é sempre
perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento em questão. Assim, todo
movimento é realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é
perpendicular àquele plano. Os movimentos executados pelos segmentos do corpo
recebem nomes específicos e aqui serão definidos, a seguir, apenas os mais
comuns:
flexão e extensão são movimentos angulares, ou seja, neles ocorre uma
diminuição ou um aumento do ângulo existente entre o segmento que se desloca e
aquele que permanece fixo. Quando ocorre a diminuição do ângulo diz-se que há
flexão; quando ocorre o aumento, realizou-se a extensão, exceto para o pé. Neste
caso, não se usa a expressão extensão do pé: os movimentos são definidos como
flexão dorsal e flexão plantar do pé. Os movimentos angulares de flexão e extensão
ocorrem em plano sagital e, seguindo a regra, o eixo desses movimentos é láterolateral.
adução e abdução que são movimentos nos quais o segmento é deslocado,
respectivamente, em direção ao plano mediano ou em direção oposta, isto é,
afastando-se dele. Para os dedos prevalece o plano mediano do membro. Os
25
movimentos da adução e abdução desenvolvem-se em plano frontal e seu eixo de
movimento é ântero-posterior.
rotação que é o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo
longitudinal (vertical). Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação
medial, quando a face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do
corpo, e uma rotação lateral, no movimento oposto. A rotação é feita em plano
horizontal e o eixo de movimento, perpendicular a este plano é vertical.
circundução, é o resultado do movimento combinatório que inclui a adução,
extensão, abdução, flexão e rotação. Neste tipo de movimento, a extremidade distal
do segmento descreve um círculo e o corpo do segmento, um cone, cujo vértice é
representado pela articulação que se movimenta.
2.1.D - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE EIXOS
-NÃO AXIAL
- Planas (deslizamento)
-UNI-AXIAL
- Gínglimo (flexão/extensão) (EIXO TRANSVERSAL)
- Trocóide (rotação medila/lateral) (EIXO LONGITUDINAL)
- BI-AXIAL
- Condilar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL
e SAGITAL).
- Selar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL e
SAGITAL).
-TRI-AXIAL
- Esferóide (Circundução) (TODOS OS EIXOS) (FLEXÃO/EXTENSÃO;
ADUÇÃO/ABDUÇÃO; ROTAÇÃO MEDILA/LATERAL)
O movimento nas articulações depende, essencialmente, da forma das
superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo. Na
dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos em torno
de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classificá-las
funcionalmente. Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de
um eixo, diz-se que é mono-axial ou que possui um só grau de liberdade; será biaxial a que os realiza em torno de dois eixos (dois graus de liberdade); e tri-axial se
eles forem realizados em torno de três eixos (três graus de liberdade). Assim, as
articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são uniaxiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a radiocárpica (articulação do punho), são bi-axiais; finalmente, as que além de flexão,
extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas tri-axiais, cujos
exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril.
Classificação morfológica das articulações sinoviais
O critério de base para a classificação morfológica das articulações sinoviais
é a forma das superfícies articulares. Contudo, às vezes é difícil fazer esta
correlação. Além disto, existem divergências entre anatomistas quanto não só a
classificação de determinadas articulações, mas também quanto à denominação
dos tipos. De acordo com a nomenclatura anatômica, os tipos morfológicos de
articulações sinoviais são:
plana, na qual as superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas,
permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. A
articulação acromioclavicular (entre o acrômio da escápula e a clavícula) é um
exemplo. Deslizamento existe em todas as articulações sinoviais mas nas
articulações planas ele é discreto, fazendo com que a amplitude do movimento seja
bastante reduzida. Entretanto, deve-se ressaltar que pequenos deslizamentos entre
26
vários ossos articulados permitem apreciável variedade e amplitude de movimento.
É isto que ocorre, por exemplo, nas articulações entre os ossos curtos do carpo, do
tarso e entre os corpos das vértebras.
gínglimo, ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao
movimento (flexão e extensão) que elas realizam do que à forma das superfícies
articulares. A articulação do cotovelo é um bom exemplo de gínglimo e a simples
observação mostra como a superfície articular do úmero, que entra em contato com
a ulna, apresenta-se em forma de carretel. Todavia, as articulações entre as
falanges também são do tipo gínglimo e nelas a forma das superfícies articulares
não se assemelha a um carretel. Este é um caso concreto em que o critério
morfológico não foi rigorosamente obedecido. Realizando apenas flexão e
extensão, as articulações sinoviais do tipo gínglimo são mono-axiais.
trocóide, na qual, as superfícies articulares são segmentos de cilindro e, por
esta razão, cilindróides talvez fosse um termo mais apropriado para designá-las.
Estas articulações permitem rotação e seu eixo de movimento, único, é vertical: são
mono-axiais. Um exemplo típico é a articulação radio-ulnar proximal (entre o rádio e
a ulna) responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na
pronação ocorre uma rotação medial do rádio e, na supinação, rotação lateral. Na
posição de descrição anatômica o antebraço está em supinação.
condilar, cujas superfícies articulares são de forma elíptica e elipsóide seria
talvez um termo mais adequado. Estas articulações permitem flexão, extensão,
abdução e adução, mas não a rotação. Possuem dois eixos de movimento, sendo
portanto bi-axiais. A articulação radio-cárpica (ou do punho) é um exemplo. Outros
são a articulação temporomandibular e as articulações metacarpofalângicas.
selar, na qual a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de
sela, apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa
numa segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido
inverso da primeira. A articulação carpo-metacárpica do polegar é exemplo típico. É
interessante notar que esta articulação permite flexão, extensão, abdução, adução
e rotação (conseqüentemente, também circundução) mas é classificada como biaxial. O fato é justificado porque a rotação isolada não pode ser realizada
ativamente pelo polegar sendo só possível com a combinação dos outros
movimentos.
esferóide, que apresenta superfícies articulares que são segmentos de esferas
e se encaixam em receptáculos ocos. O suporte de uma caneta de mesa, que pode
ser movimentado em qualquer direção, é um exemplo não anatômico de uma
articulação esferóide. Este tipo de articulação permite movimentos em torno de três
eixos, sendo portanto, tri-axial. Assim, a articulação do ombro (entre o úmero e a
escápula) e a do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) permitem movimentos
de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução.
2.1.E – CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE ELEMENTOS
ARTICULADOS (OSSOS)
- SIMPLES
2 ossos
- COMPOSTA (ou complexa)
3 ou mais ossosComplexidade de organização
Quando apenas dois ossos entram em contato numa articulação sinovial dizse que ela é simples (por exemplo, a articulação do ombro); quando três ou mais
ossos participam da articulação ela é denominada composta (a articulação do
cotovelo envolve três ossos: úmero, ulna e rádio).
Inervação
27
As articulações sinoviais são muito inervadas. Os nervos são derivados dos
que suprem a pele adjacente ou os músculos que movem as articulações. As
terminações nervosas sensíveis a dor são numerosas na membrana fibrosa da
cápsula e nos ligamentos e são sensíveis ao estiramento e à torção destas
estruturas. Contudo, o principal tipo de sensibilidade é a propriocepção. Das
terminações proprioceptoras da cápsula – fusos neurotendinosos – partem
impulsos que interpretados no sistema nervoso central informam sobre a posição
relativa dos ossos da articulação, do grau e direção de movimento. As vezes, essas
informações são inconscientes, e atuam em nível de medula espinhal para controle
dos músculos que agem sobre a articulação.
2.3 - SISTEMA MUSCULAR
O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado pela
propriedade de contração e distensão de suas células, o que determina a
movimentação dos membros e das vísceras. Há basicamente três tipos de tecido
muscular: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco.
Músculo liso: o músculo involuntário localiza-se na
pele, órgãos internos, aparelho reprodutor, grandes vasos
sangüíneos e aparelho excretor. O estímulo para a
contração dos músculos lisos é mediado pelo sistema
nervoso vegetativo.
Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema
nervoso central e, como este se encontra em parte sob
controle consciente, chama-se músculo voluntário. As
contrações do músculo esquelético permitem os
movimentos dos diversos ossos e cartilagens do esqueleto.
Músculo cardíaco: este tipo de tecido muscular forma
a maior parte do coração dos vertebrados. O músculo
cardíaco carece de controle voluntário. É inervado pelo
sistema nervoso vegetati
28
Estriado esquelético
Miócitos longos, multinucleados
(núcleos periféricos).
Miofilamentos organizam-se em
estrias longitudinais e transversais.
Contração rápida e voluntária
Estriado cardíaco
Liso
Miócitos
alongados,
Miócitos estriados com um ou dois mononucleados e sem estrias
núcleos centrais.
transversais.
Células alongadas, irregularmente Contração involuntária e lenta.
ramificadas, que se unem por
estruturas
especiais:
discos
intercalares.
Contração involuntária, vigorosa e
rítmica.
2.3.1 - Musculatura Esquelética
O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do
corpo, formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura
recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela
movimentação corporal.
29
Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido
conjuntivo, o perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos
quais se derivam divisões sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em
feixes (primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores
(primários), chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas
delgadíssimas que envolvem cada uma das fibras musculares. A fibra muscular é
uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é
infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro), tendo
um aspecto de filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos, de
modo que se tem a idéia de ser a fibra constituída por várias células que perderam
os seus limites, fundindo-se umas com as outras. Dessa forma, podemos dizer que
um músculo esquelético é um pacote formado por longas fibras, que percorrem o
músculo de ponta a ponta.
No citoplasma da fibra muscular esquelética há muitas miofibrilas contráteis,
constituídas por filamentos compostos por dois tipos principais de proteínas – a
actina e a miosina. Filamentos de actina e miosina dispostos regularmente
originam um padrão bem definido de estrias
(faixas) transversais alternadas, claras e escuras.
Essa estrutura existe somente nas fibras que
constituem os músculos esqueléticos, os quais
são por isso chamados músculos estriados.
Em torno do conjunto de miofibrilas de uma
fibra muscular esquelética situa-se o retículo
sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso),
especializado no armazenamento de íons cálcio.
As miofibrilas são constituídas por unidades que se repetem ao longo de seu
comprimento, denominadas sarcômeros. A distribuição dos filamentos de actina e
miosina varia ao longo do sarcômero. As faixas mais extremas e mais claras do
sarcômero, chamadas banda I, contêm apenas filamentos de actina. Dentro da
banda I existe uma linha que se cora mais intensamente, denominada linha Z, que
corresponde a várias uniões entre dois filamentos de actina. A faixa central, mais
escura, é chamada banda A, cujas extremidades são formadas por filamentos de
actina e miosina sobrepostos. Dentro da banda A existe uma região mediana mais
clara – a banda H – que contém apenas miosina. Um sarcômero compreende o
segmento entre duas linhas Z consecutivas e é a unidade contrátil da fibra
muscular, pois é a menor porção da fibra muscular com capacidade de contração e
distensão.
30
1- Bandas escuras (anisotrópicas –
banda A).
2- Faixas claras (isotrópicas –
banda I, com linha Z central).
3- Núcleos periféricos.
2.3.2 - Contração
Ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina c
sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a
desaparecer.
A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamento
dos filamentos de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de
miosina existem pequenas projeções, capazes de formar ligações com certos sítios
dos filamentos de actina, quando o músculo é estimulado. Essas projeções de
miosina puxam os filamentos de actina, forçando-os a deslizar sobre os filamentos
de miosina. Isso leva ao encurtamento das miofibrilas e à contração muscular.
Durante a contração muscular, o sarcômero diminui devido à aproximação das duas
linhas Z, e a zona H chega a desaparecer.
Constatou-se, através de microscopia eletrônica, que o sarcolema (membrana
plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, formando túbulos anastomosados
que envolvem cada conjunto de miofibrilas. Essa rede foi denominada sistema T,
pois as invaginações são perpendiculares as miofibrilas. Esse sistema é
31
responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular estriada esquelética,
não ocorrendo nas fibras lisas e sendo reduzido nas fibras cardíacas.
2.3.3 - A química da contração muscular
O estímulo para a contração muscular é geralmente um impulso nervoso, que
chega à fibra muscular através de um nervo. O impulso nervoso propaga-se pela
membrana das fibras musculares (sarcolema) e atinge o retículo sarcoplasmático,
fazendo com que o cálcio ali armazenado seja liberado no hialoplasma. Ao entrar
em contato com as miofibrilas, o cálcio desbloqueia os sítios de ligação da actina e
permite que esta se ligue à miosina, iniciando a contração muscular. Assim que
cessa o estímulo, o cálcio é imediatamente rebombeado para o interior do retículo
sarcoplasmático, o que faz cessar a contração.
A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP
produzidas durante a respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da miosina à
actina quanto em sua separação, que ocorre durante o relaxamento muscular.
Quando falta ATP, a miosina mantém-se unida à actina, causando enrijecimento
muscular. É o que acontece após a morte, produzindo-se o estado de rigidez
cadavérica (rigor mortis).
A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir
apenas alguns segundos de atividade muscular intensa. A principal reserva de
energia nas células musculares é uma substância denominada fosfato de creatina
(fosfocreatina ou creatina-fosfato). Dessa forma, podemos resumir que a energia
é inicialmente fornecida pela respiração celular é armazenada como fosfocreatina
(principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra muscular necessita de energia
para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são transferidos da
fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho muscular
é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina
pela intensificação da respiração celular. Para isso utilizam o glicogênio
armazenado no citoplasma das fibras musculares como combustível.
Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a fibra
muscular mostra, em seqüência, os seguintes eventos:
1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e Mg++ para
o citoplasma.
2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP
ásica, isto é, desdobra o ATP, liberando a energia de um radical fosfato:
32
3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de
miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas.
2.3.4 - Musculatura Lisa
A estriação não existe nos músculos viscerais, que se chamam, portanto,
músculos lisos. Os músculos viscerais são também constituídos de fibras
fusiformes, mas muito mais curtas do que as fibras musculares esqueléticas: têm,
na verdade, um tamanho que varia de 30 a 450 mícrons. Têm, além disso, um só
núcleo e não são comandados pela vontade, ou seja, sua contração é involuntária,
além de lenta. As fibras lisas recebem, também, vasos e nervos sensitivos e
motores provenientes do sistema nervoso autônomo.
Embora a contração do músculo liso também seja regulada pela concentração
intracelular de íons cálcio, a resposta da célula é diferente da dos músculos
estriados. Quando há uma excitação da membrana, os íons cálcio armazenados no
retículo sarcoplasmático são então liberados para o citoplasma e se ligam a uma
proteína, a calmodulina. Esse complexo ativa uma enzima que fosforila a miosina e
permite que ela se ligue à actina. A actina e a miosina interagem então
praticamente da mesma forma que nos músculos estriados, resultando então na
contração muscular.
2.3.5 - Musculatura Cardíaca
O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar
de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da
nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre
os dois outros tipos de tecido muscular
As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em
feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que
não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar
que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas
celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura
cardíaca.
33
A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no
músculo estriado esquelético , com algumas diferenças :
•
•
•
•
os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético;
retículo sarcoplasmático menor;
as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons
cálcio mais limitada;
tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração
cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do
cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração
ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de
volta para o retículo.
Características
Lisa
Estriada Esquelética
Estriada Cardíaca
Forma
Fusiforme
Filamentar
Filamentar
(anastomosada)
Tamanho (valores médios)
Diâmetro:
7mm
30mm centímetros
Comprimento: 100mm
15mm 100mm
Estrias transversais
Não há
Há
Há
Núcleo
1 central
Muitos periféricos (sincício)
1 central
Discos intercalares
Não há
Não há
Há
Contração
Lenta, involuntária
Rápida, voluntária
Rápida, voluntária
Apresentação
Formam
pacotes
bem
Formam
camadas
Formam as paredes
definidos,
os
músculos
envolvendo órgãos
coração (miocárdio)
esqueléticos
ramificada
do
2.3.6 - Musculatura Cardíaca
O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar
de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da
nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre
os dois outros tipos de tecido muscular
As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em
feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que
não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar
que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas
celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura
cardíaca.
34
A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no
músculo estriado esquelético , com algumas diferenças :
•
•
•
•
os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético;
retículo sarcoplasmático menor;
as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons
cálcio mais limitada;
tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração
cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do
cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração
ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de
volta para o retículo.
2.3.7 - Característica do Tecido Muscular
O Tecido Muscular possui quatro características principais que são importantes na
compreensão de suas funções:
Excitabilidade – capacidade do tecido muscular de receber e responder a estímulos;
Contratilidade - capacidade de encurta-se e espessar;
Extensibilidade – capacidade do tecido de distender-se;
Elasticidade – capacidade do tecido de voltar a sua forma após uma contração ou
extensão.
1.3.8 – TIPOS DE MÚSCULOS
35
2.3.9 - ORIGEM E INSERÇÃO
Origem (ponto fixo) é a extremidade do músculo que fica presa à peça óssea que não
se desloca. Inserção (ponto móvel) é a extremidade do músculo presa à peça óssea que se
desloca.
Nos membros, geralmente a origem de um músculo é proximal e a inserção distal. Porém
existem situações em que o músculo pode alterar seus pontos de origem e inserção. Exemplo:
quando um atleta eleva seu corpo numa barra, é o braço que se flete sobre o antebraço e a
peça óssea em deslocamento é o úmero. Considerando –se a ação do músculo braquial, agora
sua extremidade ulnar será a origem
e a extremidade umeral será a inserção, quando
normalmente o músculo braquial prende-se na face anterior do úmero e da ulna atravessando
a articulação do cotovelo, ao contrair-se executa a flexão do antebraço e consideramos sua
extremidade umeral como origem e sua extremidade ulnar como inserção.
Origem: quando os músculos se originam por mais de um tendão, diz-se que apresentam
mais de uma cabeça de origem. São então classificados como músculos bíceps, tríceps ou
quadríceps, conforme apresentam 2, 3 ou 4 cabeças de origem. Exemplos clássicos
encontramos na musculatura dos membros e a nomenclatura acompanha a classificação.
Exemplo: músculo bíceps braquial, músculo tríceps da perna, músculo quadríceps da coxa.
Inserção: do mesmo modo os músculos podem inserir-se por mais de um tendão. Quando
há dois tendões são bicaudados, quando possuem três ou mais policaudados. Exemplo:
músculo flexor longo dos dedos do pé, músculos flexores e extensores dos dedos da mão.
Ação: dependendo da ação principal resultante da contração do músculo ele pode ser
classificado como flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador medial, rotador lateral,
pronador, supinador, flexor plantar flexor dorsal etc.
36
2.3.10 - Ação Muscular
A analise do movimento é extremamente complexa, normalmente a ação envolve a
ação de vários músculos e a ação em conjunto desses músculos damos o nome de
coordenação motora. Estudamos os grupamentos musculares normalmente de acordo com a
sua distribuição e respectivas funções: os músculos da região Ântero-medial do antebraço são
flexores da mão ou dos dedos e pronadores, ao passo que os da região póstero-lateral são
extensores da mão ou dos dedos e supinadores. No movimento voluntário há um grande
numero de ações musculares que são automáticas e semi-automáticas. Exemplo: os músculos
acionados para manter a estabilidade quando nos abaixamos para pegarmos algum objeto, o
movimento principal e dos dedos da mão só que para que o objeto seja pego é necessário que
vários outros músculos sejam solicitados a fim de realizar a função.
Quando o músculo é o principal na execução de um movimento ele é chamado de
agonista e quando ele se opõe ao trabalho muscular de agonista (seja para regular a rapidez
ou a potencia de ação deste agonista) é chamado de antagonista, porém quando o músculo
trabalha a fim de eliminar algum movimento indesejado que poderia ser produzido pelo
agonista ele passa a se chamar sinergista. Exemplo: o músculo braquial quando se contrai é o
agente ativo na flexão do antebraço sendo um agonista. Quando o músculo tríceps braquial se
contrai para fazer a extensão do antebraço, o músculo braquial se opõe a este movimento
retardando-o para que ele não execute bruscamente atuando como antagonista. Na flexão dos
dedos, os músculos flexores dos dedos são os agonistas, como os tendões de inserção destes
músculos cruzam a articulação do punho, a tendência natural é provocar também a flexão da
mão, tal fato não ocorre porque outros músculos, como os extensores do carpo, se contraem e
desta forma estabilizam a articulação do punho, impedindo assim aquele movimento
indesejado sendo o sinergista.
3 - SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a
perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas
variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o
equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e
regulação das funções corporais.
No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células
da glia (ou da neuróglia). Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e
transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a
execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais
funções, contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade (também
denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a
capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou
externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula
apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No
entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das
37
outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica
transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios
transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua
extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à
propriedade de condutibilidade.
Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação exercidas pelo
sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura básica de um neurônio e como a
mensagem nervosa é transmitida.
Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o
citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos,
que podem ser subdivididos em dendritos e axônios.
Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como
receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas" para o neurônio. Os axônios
são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. Os
axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de colaterais. Todos os
axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio propriamente dito) e um
fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é o local onde o axônio entra em
contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação (impulso nervoso)
para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula
adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas ramificações em suas regiões
terminais e cada ramificação forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares.
Estas ramificações são chamadas coletivamente de arborização terminal.
Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas do
sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios nervosos,
localizados próximo da coluna vertebral.
Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes
chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP).
O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann
(encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em muitos
axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina - invólucro
principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada proteína básica da
mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em
axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que
acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de
Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas células de Schwann, a parte
celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o
chamado neurilema.
38
O impulso nervoso
A membrana plasmática do neurônio
transporta alguns íons ativamente, do líquido
extracelular para o interior da fibra, e outros, do
interior, de volta ao líquido extracelular. Assim
funciona a bomba de sódio e potássio, que
bombeia ativamente o sódio para fora, enquanto o
potássio
é
bombeado
ativamente
para
dentro.Porém esse bombeamento não é eqüitativo:
para cada três íons sódio bombeados para o
líquido extracelular, apenas dois íons potássio são
bombeados para o líquido intracelular.
Imagem: www.octopus.furg.br/ensino/anima/atpase/NaKATPase.html
Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é praticamente
impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de seu gradiente de
concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao potássio, que, favorecido
pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade da membrana, se difunde livremente
para o meio extracelular.
Em repouso: canais
de
sódio
fechados.
Membrana
é
praticamente
impermeável ao sódio,
impedindo sua difusão a
favor do gradiente de
concentração.
Sódio é bombeado
ativamente para fora
39
Imagem: www.epub.org.br/cm/n10/fundamentos/animation.html
pela bomba de sódio e
potássio.
Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio na mesma
proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e
extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da célula e as faces da membrana
mantêm-se eletricamente carregadas.
O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio
e potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior da membrana
positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está polarizada.
Ao ser
estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável ao sódio (abertura dos
canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior fora do que dentro da célula, o
sódio atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de sódio é
acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta inversão vai sendo transmitida ao
longo do axônio, e todo esse processo é denominado onda de despolarização. Os impulsos
nervosos ou potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além de
um limiar (nível crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial
de ação). Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à
medida em que são conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração
fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito
até que se cruze o limiar e, então, surja o potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os
potenciais de ação obedecem à "lei do tudo ou nada".
Imagem: geocities.yahoo.com.br/jcc5001pt/museuelectrofisiologia.htm#impulsos
Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra
nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número de
íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo de íons
sódio para o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente
impermeável a esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao
potássio, que migra para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no interior,
muitos íons se difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade
no interior da membrana e positividade no exterior – processo chamado repolarização, pelo
qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A repolarização normalmente se
inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização, propagando-se ao longo da fibra.
Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia novamente os íons sódio para o exterior
da membrana, criando um déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se
torna temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade excessiva no
interior atrai íons potássio de volta para o interior (por difusão e por transporte ativo). Assim,
o processo traz as diferenças iônicas de volta aos seus níveis originais.
40
Para transferir informação de um
ponto para outro no sistema nervoso, é
necessário que o potencial de ação, uma
vez gerado, seja conduzido ao longo do
axônio. Um potencial de ação iniciado
em uma extremidade de um axônio
apenas se propaga em uma direção, não
retornando pelo caminho já percorrido.
Conseqüentemente, os potenciais de
ação são unidirecionais - ao que
chamamos condução ortodrômica.
Uma vez que a membrana axonal é
excitável ao longo de toda sua extensão,
o potencial de ação se propagará sem
decaimento. A velocidade com a qual o
potencial de ação se propaga ao longo
do axônio depende de quão longe a
despolarização é projetada à frente do
potencial de ação, o que, por sua vez,
depende de certas características físicas
do axônio: a velocidade de condução do
potencial de ação aumenta com o
diâmetro axonal. Axônios com menor
diâmetro necessitam de uma maior
despolarização para alcançar o limiar do
potencial de ação. Nesses de axônios,
presença de bainha de mielina acelera a
velocidade da condução do impulso
41
nervoso. Nas regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta" diretamente
de um nódulo para outro, não acontecendo em toda a extensão da região mielinizada (a
mielina é isolante). Fala-se em condução saltatória e com isso há um considerável aumento
da velocidade do impulso nervoso.
O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito corpo
celular
axônio.
O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de
decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o
sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e
glândulas).
3.1 - DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO:
3.1.1 - O Sistema Nervoso Central
O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo
(hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico, que se
divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado cranialmente; e PONTE,
situada entre ambos.
42
No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância
cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com
exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a
substância branca, mais internamente.
Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana,
protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada
raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética:
dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-máter (a interna). Entre as meninges
aracnóide e pia-máter há um espaço preenchido por um líquido denominado líquido
cefalorraquidiano ou líquor.
3.1.1.1 - O TELENCÉFALO
O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa
aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais
bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos e
motores. Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS (ventrículos laterais e
terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao
nível do tronco encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-RAQUIDIANO,
(LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema nervoso.
Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro
esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu
crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o
restante permanece por entre os sulcos.
43
O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas,
sendo a maioria pertencente ao chamado neocórtex.
Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica.
1.
hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui
apenas três camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
2.
córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo;
apresenta duas ou três camadas celulares.
44
3.
neocórtex: córtex mais complexo; separa-se
do córtex olfativo mediante um sulco chamado fissura rinal;
apresenta muitas camadas celulares e várias áreas
sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente
envolvidas com o controle do movimento voluntário.
Imagem:McCRONE, JOHN.
Como o cérebro funciona.
Série Mais Ciência. São
Paulo, Publifolha, 2002.
A
região
superficial
do
telencéfalo,
que
acomoda bilhões de corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex
cerebral, formado a partir da fusão das partes superficiais telencefálicas e diencefálicas. O
córtex recobre um grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substância
branca). Em meio a este centro branco (nas profundezas do telencéfalo), há agrupamentos
de corpos celulares neuronais que formam os núcleos (gânglios) da base ou núcleos
(gânglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PÁLIDO e NÚCLEO SUBTALÂMICO,
envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que os gânglios da base
participam também de um grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns
poucos de função motora. Outros circuitos estão envolvidos em certos aspectos da memória
e da função cognitiva.
45
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto
Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002.
Algumas das funções mais específicas dos gânglios basais relacionadas aos
movimentos são:
1.
núcleo caudato: controla
movimentos intencionais grosseiros do
corpo (isso ocorre a nível subconsciente e consciente) e auxilia no
controle global dos movimentos do
corpo.
2.
putamen: funciona em
conjunto com o núcleo caudato no
controle de movimentos intensionais
grosseiros.
Ambos
os
núcleos
funcionam em associação com o córtex
motor, para controlar diversos padrões
de movimento.
3.
globo pálido: provavelmente controla a posição das principais partes
do corpo, quando uma pessoa inicia um movimento complexo, Isto é, se uma
pessoa deseja executar uma função precisa com uma de suas mãos, deve primeiro
colocar seu corpo numa posição apropriada e, então, contrair a musculatura do
braço. Acredita-se que essas funções sejam iniciadas, principalmente, pelo globo
pálido.
4.
núcleo subtalâmico e áreas associadas: controlam possivelmente os
movimentos da marcha e talvez outros tipos de motilidade grosseira do corpo.
Evidências indicam que a via motora direta funciona para facilitar a iniciação de
movimentos voluntários por meio dos gânglios da base. Essa via origina-se com uma
conexão excitatória do córtex para as células do putamen. Estas células estabelecem
sinapses inibitórias em neurônios do globo pálido, que, por sua vez, faz conexões inibitórias
com células do tálamo (núcleo ventrolateral - VL). A conexão do tálamo com a área motora
do córtex é excitatória. Ela facilita o disparo de células relacionadas a movimentos na área
motora do córtex. Portanto, a conseqüência funcional da ativação cortical do putâmen é a
excitação da área motora do córtex pelo núcleo ventrolateral do tálamo.
46
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto
Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002.
3.1.1.2 - O DIENCÉFALO (tálamo e hipotálamo)
Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do
olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de
substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como
estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela
condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser
processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento
emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexões com outras
estruturas do sistema límbico (que regula as emoções).
O
hipotálamo,
também
constituído por substância cinzenta, é
o principal centro integrador das
atividades dos órgãos viscerais,
sendo um dos principais responsáveis
pela homeostase corporal. Ele faz
ligação entre o sistema nervoso e o
sistema endócrino, atuando na
ativação de diversas glândulas
endócrinas. É o hipotálamo que
controla a temperatura corporal,
regula o apetite e o balanço de água
no corpo, o sono e está envolvido na
emoção e no comportamento sexual.
Tem amplas conexões com as demais
áreas do prosencéfalo e com o
mesencéfalo.
Aceita-se
que
o
hipotálamo desempenha, ainda, um
papel nas emoções. Especificamente,
as partes laterais parecem envolvidas
com o prazer e a raiva, enquanto que
a porção mediana parece mais ligada
à aversão, ao desprazer e à tendência
ao riso (gargalhada) incontrolável. De
um
modo
geral,
contudo,
a
participação do hipotálamo é menor
na gênese (“criação”) do que na
expressão
(manifestações
sintomáticas)
dos
estados
emocionais.
47
3.1.1.3 - O TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se
ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações sensitivas de
estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que
transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e, em direção
contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os
movimentos do lado direito do corpo; lado direito de cérebro controla os movimentos do lado
esquerdo do corpo); (3) regula a atenção, função esta que é mediada pela formação
reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes,
separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico).
Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham
funções motoras e sensitivas específicas.
Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurônios que se agrupam em
núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tractos,
fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico podem
estar relacionados com relevos ou depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do
tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos
nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco
encefálico.
48
Imagem: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora.
3.1.1.4 - O CEREBELO
Situado
atrás
do
cérebro está o cerebelo,
que é primariamente um
centro para o controle dos
movimentos iniciados pelo
córtex
motor
(possui
extensivas conexões com o
cérebro
e
a
medula
espinhal). Como o cérebro,
também está dividido em
dois hemisférios. Porém, ao
contrário dos hemisférios
cerebrais, o lado esquerdo
do
cerebelo
está
relacionado
com
os
movimentos
do
lado
esquerdo
do
corpo,
enquanto o lado direito, com
os movimentos do lado
direito do corpo.
O cerebelo recebe
informações
do
córtex
motor e dos gânglios basais
de todos os estímulos
enviados aos músculos. A
49
partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que pretende
executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulações,
músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento
realmente executado. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista
realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real
seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos
movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular.
Algumas estruturas do encéfalo e suas funções
Córtex Cerebral
Funções:
Pensamento
Movimento voluntário
Linguagem
Julgamento
Percepção
•
•
•
•
•
A palavra córtex vem do latim para "casca". Isto porque o córtex é a
camada mais externa do cérebro. A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6
mm. O lado esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso
de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos são as principais divisões
físicas do córtex cerebral. O lobo frontal é responsável pelo planejamento
consciente e pelo controle motor. O lobo temporal tem centros importantes de
memória e audição. O lobo parietal lida com os sentidos corporal e espacial. o
lobo occipital direciona a visão.
Cerebelo
Funções:
•
•
•
•
Movimento
Equilíbrio
Postura
Tônus muscular
A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O cerebelo fica
localizado ao lado do tronco encefálico. É parecido com o córtex cerebral em
alguns aspectos: o cerebelo é dividido em hemisférios e tem um córtex que
recobre estes hemisférios.
50
Tronco Encefálico
Funções:
•
•
•
Respiração
Ritmo dos batimentos cardíacos
Pressão Arterial
Mesencéfalo
Funções:
•
•
•
•
Visão
Audição
Movimento dos Olhos
Movimento do corpo
Tálamo
Funções:
•
•
Integração Sensorial
Integração Motora
O
Tronco
Encefálico é
uma área do
encéfalo
que
fica
entre
o
tálamo e a
medula
espinhal.
Possui
várias
estruturas
como
o
bulbo,
o
mesencéfal
o e a ponte.
Algumas
destas
áreas
são
responsávei
s
pelas
funções
básicas
para
a
manutenção
da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a pressão
arterial.
Bulbo: recebe informações de vários órgãos do corpo,
controlando as funções autônomas (a chamada vida vegetativa):
batimento cardíaco, respiração, pressão do sangue, reflexos de
salivação, tosse, espirro e o ato de engolir.
Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo
no controle da respiração, além de ser um centro de transmissão de
impulsos para o cerebelo. Serve ainda de passagem para as fibras
nervosas que ligam o cérebro à medula.
O tálamo recebe informações
sensoriais do corpo e as passa para o
córtex cerebral. O córtex cerebral envia
informações motoras para o tálamo
que posteriormente são distribuídas
pelo corpo. Participa, juntamente com
o tronco encefálico, do sistema
reticular, que é encarregado de “filtrar”
mensagens que se dirigem às partes
conscientes do cérebro.
51
Sistema Límbico
Funções:
•
•
•
•
•
Comportamento
Emocional
Memória
Aprendizado
Emoções
Vida vegetativa
(digestão,
circulação,
excreção etc.)
O Sistema Límbico é um grupo de estruturas que inclui hipotálamo, tálamo,
amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas estas áreas são
muito importantes para a emoção e reações emocionais. O hipocampo também é
importante para a memória e o aprendizado.
3.1.1.5 - A Medula Espinhal
Nossa medula espinhal tem a forma de um cordão com aproximadamente 40 cm de
comprimento. Ocupa o canal vertebral, desde a região do atlas - primeira vértebra - até o
nível da segunda vértebra lombar. A medula funciona como centro nervoso de atos
involuntários e, também, como veículo condutor de impulsos nervosos.
Da medula partem 31 pares de nervos raquidianos que se ramificam. Por meio dessa
rede de nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo mensagens
e vários pontos e enviando-as para o cérebro e recebendo mensagens do cérebro e
transmitindo-as para as várias partes do corpo. A medula possui dois sistemas de
neurônios: o sistema descendente controla funções motoras dos músculos, regula funções
como pressão e temperatura e transporta sinais originados no cérebro até seu destino; o
sistema ascendente transporta sinais sensoriais das extremidades do corpo até a medula e
de lá para o cérebro.
52
Os corpos celulares dos neurônios se concentram no cerne da medula – na massa
cinzenta. Os axônios ascendentes e descendentes, na área adjacente – a massa branca. As
duas regiões também abrigam células da Glia. Dessa forma, na medula espinhal a massa
cinzenta localiza-se internamente e a massa branca, externamente (o contrário do que se
observa no encéfalo).
Durante uma fratura ou deslocamento da coluna, as vértebras que normalmente
protegem a medula podem matar ou danificar as células. Teoricamente, se o dano for
confinado à massa cinzenta, os distúrbios musculares e sensoriais poderão estar apenas
nos tecidos que recebem e mandam sinais aos neurônios “residentes” no nível da fratura.
Por exemplo, se a massa cinzenta do segmento da medula onde os nervos rotulados C8 for
lesada, o paciente só sofrerá paralisia das mãos, sem perder a capacidade de andar ou o
controle sobre as funções intestinais e urinárias. Nesse caso, os axônios levando sinais
para “cima e para baixo” através da área branca adjacente continuariam trabalhando. Em
comparação, se a área branca for lesada, o trânsito dos sinais será interrompido até o ponto
da fratura.
Infelizmente, a lesão original é só o começo. Os danos mecânicos promovem
rompimento de pequenos vasos sangüíneos, impedindo a entrega de oxigênio e nutrientes
para as células não afetadas diretamente, que acabam morrendo; as células lesadas
extravasam componentes citoplasmáticos e tóxicos, que afetam células vizinhas, antes
intactas; células do sistema imunológico iniciam um quadro inflamatório no local da lesão;
células da Glia proliferam criando grumos e uma espécie de cicatriz, que impedem os
axônios lesados de crescerem e reconectarem.
O vírus da poliomielite causa lesões na raiz ventral dos nervos espinhais, o que leva à
paralisia e atrofia dos músculos.
3.1.2 - O Sistema Nervoso Periférico
O sistema nervoso periférico é formado por nervos encarregados de fazer as ligações
entre o sistema nervoso central e o corpo. NERVO é a reunião de várias fibras nervosas,
que podem ser formadas de axônios ou de dendritos.
As fibras nervosas,
formadas
pelos
prolongamentos
dos
neurônios (dendritos ou
axônios)
e
seus
envoltórios, organizam-se
em feixes. Cada feixe
forma um nervo. Cada
53
fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva denominada endoneuro. Cada feixe é
envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes agrupados
paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma bainha de tecido
conjuntivo chamada epineuro. Em nosso corpo existe um número muito grande de nervos.
Seu conjunto forma a rede nervosa.
Os nervos que levam informações da periferia do corpo para o SNC são os nervos
sensoriais (nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por
prolongamentos de neurônios sensoriais (centrípetos). Aqueles que transmitem impulsos do
SNC para os músculos ou glândulas são nervos motores ou eferentes, feixe de axônios
de neurônios motores (centrífugos).
Existem ainda os nervos mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e por
neurônios motores.
Quando partem do
encéfalo, os nervos são
chamados
de
cranianos;
quando
partem
da
medula
espinhal denominam-se
raquidianos.
Do
encéfalo
partem doze pares de
nervos cranianos. Três
deles são exclusivamente sensoriais, cinco são motores e os quatro restantes são mistos.
Função
Nervo craniano
I-OLFATÓRIO
sensitiva
Percepção do olfato.
II-ÓPTICO
sensitiva
Percepção visual.
III-OCULOMOTOR
motora
Controle da movimentação do globo ocular, da pupila e
do cristalino.
IV-TROCLEAR
motora
Controle da movimentação do globo ocular.
V-TRIGÊMEO
mista
Controle dos movimentos da mastigação (ramo motor);
Percepções sensoriais da face, seios da face e dentes
(ramo sensorial).
VI-ABDUCENTE
motora
Controle da movimentação do globo ocular.
VII-FACIAL
mista
Controle dos músculos faciais – mímica facial (ramo
motor);
Percepção gustativa no terço anterior da língua (ramo
sensorial).
VIII-VESTÍBULOCOCLEAR
sensitiva
Percepção postural originária do
vestibular);
Percepção auditiva (ramo coclear).
labirinto
(ramo
IX-GLOSSOFARÍNGEO mista
Percepção gustativa no terço posterior da língua,
percepções sensoriais da faringe, laringe e palato.
X-VAGO
mista
Percepções sensoriais da orelha, faringe, laringe, tórax e
vísceras. Inervação das vísceras torácicas e abdominais.
XI-ACESSÓRIO
motora
Controle motor da faringe, laringe, palato, dos músculos
esternoclidomastóideo e trapézio.
XII-HIPOGLOSSO
motora
Controle dos músculos da faringe, da laringe e da língua.
54
Os 31 pares de nervos raquidianos que saem da medula relacionam-se com os músculos esqueléticos.
Eles se formam a partir de duas
raízes que saem lateralmente da
medula: a raiz posterior ou dorsal,
que
é sensitiva, e a raiz anterior ou
ventral, que é motora. Essas raízes
se
unem logo após saírem da
medula. Desse modo, os nervos
raquidianos são todos mistos. Os
corpos dos neurônios que formam
as
fibras sensitivas dos nervos
sensitivos situam-se próximo à
medula,
porém
fora
dela,
reunindo-se
em
estruturas
especiais chamadas gânglios
espinhais. Os corpos celulares
dos
neurônios que formam as fibras
motoras localizam-se na medula.
De
acordo com as regiões da coluna
vertebral, os 31 pares de nervos
raquidianos distribuem-se da
seguinte forma:
•
•
•
•
oito pares de nervos
cervicais;
doze pares de nervos
dorsais;
cinco pares de nervos
lombares;
seis pares de nervos
sagrados ou sacrais.
O conjunto de nervos cranianos e raquidianos forma o sistema nervoso periférico.
Com base na sua estrutura e função, o sistema nervoso periférico pode ainda
subdividir-se em duas partes: o sistema nervoso somático e o sistema nervoso
autônomo ou de vida vegetativa.
55
As ações voluntárias resultam da contração de músculos estriados esqueléticos, que
estão sob o controle do sistema nervoso periférico voluntário ou somático. Já as ações
involuntárias resultam da contração das musculaturas lisa e cardíaca, controladas pelo
sistema nervoso periférico autônomo, também chamado involuntário ou visceral.
3.1.2.1 - SNP Voluntário ou Somático
O SNP Voluntário ou Somático tem por função reagir a estímulos provenientes do
ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do sistema
nervoso central aos músculos esqueléticos. O corpo celular de uma fibra motora do SNP
voluntário fica localizado dentro do SNC e o axônio vai diretamente do encéfalo ou da
medula até o órgão que inerva.
3.1.2.2 - SNP Autônomo ou Visceral
O SNP Autônomo ou Visceral, como o próprio nome diz, funciona independentemente
de nossa vontade e tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a
atividade dos sistemas digestório, cardiovascular, excretor e endócrino. Ele contém fibras
nervosas que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos lisos das
vísceras e à musculatura do coração. Um nervo motor do SNP autônomo difere de um
nervo motor do SNP voluntário pelo fato de conter dois tipos de neurônios, um neurônio préganglionar e outro pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pré-ganglionar fica
localizado dentro do SNC e seu axônio vai até um gânglio, onde o impulso nervoso é
transmitido sinapticamente ao neurônio pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pósganglionar fica no interior do gânglio nervoso e seu axônio conduz o estímulo nervoso até o
órgão efetuador, que pode ser um músculo liso ou cardíaco.
O sistema nervoso autônomo compõe-se de três partes:
•
•
•
Dois ramos nervosos situados ao lado da coluna vertebral. Esses ramos são formados
por pequenas dilatações denominadas gânglios, num total de 23 pares.
Um conjunto de nervos que liga os gânglios nervosos aos diversos órgãos de nutrição,
como o estômago, o coração e os pulmões.
Um conjunto de nervos comunicantes que ligam os gânglios aos nervos raquidianos,
fazendo com que os sistema autônomo não seja totalmente independente do sistema
nervoso cefalorraquidiano.
56
Imagem: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002.
O sistema nervoso autônomo divide-se em sistema nervoso simpático e sistema
nervoso parassimpático. De modo geral, esses dois sistemas têm funções contrárias
(antagônicas). Um corrige os excessos do outro. Por exemplo, se o sistema simpático
acelera demasiadamente as batidas do coração, o sistema parassimpático entra em ação,
diminuindo o ritmo cardíaco. Se o sistema simpático acelera o trabalho do estômago e dos
intestinos, o parassimpático entra em ação para diminuir as contrações desses órgãos.
3.1.2.2.1 – Sistema Nervoso Autônomo Simpático
O SNP autônomo simpático, de modo geral, estimula ações que mobilizam energia,
permitindo ao organismo responder a situações de estresse. Por exemplo, o sistema
simpático é responsável pela aceleração dos batimentos cardíacos, pelo aumento da
pressão arterial, da concentração de açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo
geral do corpo.
3.1.2.2.2 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO PARASSIMPÁTICO
Já o SNP autônomo parassimpático estimula principalmente atividades relaxantes,
como as reduções do ritmo cardíaco e da pressão arterial, entre outras.
Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é que as
fibras pós-ganglionares dos dois sistemas normalmente secretam diferentes hormônios. O
hormônio secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso parassimpático
é a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são chamados colinérgicos.
Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam
principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles é chamada neurônios
adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso central à glândula suprarenal, promovendo aumento da secreção de adrenalina, hormônio que produz a resposta de
"luta ou fuga" em situações de stress.
A acetilcolina e a noradrenalina têm a capacidade de excitar alguns órgãos e inibir
outros, de maneira antagônica.
Órgão
Efeito
da
simpática
Olho: pupila
Músculo ciliar
Dilatada
nenhum
Contraída
Excitado
Glândulas gastrointestinais
vasoconstrição
Estimulação de secreção
Glândulas sudoríparas
sudação
Nenhum
Coração: músculo (miocárdio)
Coronárias
Atividade aumentada
Vasodilatação
Diminuição da atividade
Constrição
Vasos
sistêmicos:
Abdominal
Músculo
Pele
Constrição
Dilatação
Constrição ou dilatação
Nenhum
Nenhum
Nenhum
Pulmões: brônquios
Vasos sangüíneos
Dilatação
Constrição moderada
Constrição
Nenhum
Tubo digestivo: luz
Esfíncteres
Diminuição do tônus
peristalse
Aumento do tônus
Fígado
Liberação de glicose
sanguíneos
estimulação
e
da
Efeito
da
parassimpática
estimulação
Aumento
do
tônus
peristaltismo
Diminuição do tônus
Nenhum
e
do
57
Rim
Diminuição da produção de urina
Nenhum
Bexiga: corpo
Esfíncter
Inibição
Excitação
Excitação
Inibição
Ato sexual masculino
Ejaculação
Ereção
Glicose sangüínea
Aumento
Nenhum
Metabolismo basal
Aumento em até 50%
Nenhum
Atividade mental
Aumento
Nenhum
Secreção da medula suprarenal (adrenalina)
Aumento
Nenhum
Em geral, quando os centros simpáticos cerebrais se tornam excitados, estimulam,
simultaneamente, quase todos os nervos simpáticos, preparando o corpo para a atividade.
Além do mecanismo da descarga em massa do sistema simpático, algumas condições
fisiológicas podem estimular partes localizadas desse sistema. Duas das condições são as
seguintes:
•
•
Reflexos calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que passa através
da medula espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sangüíneos cutâneos. Também o
aquecimento do sangue que passa através do centro de controle térmico do hipotálamo
aumenta o grau de vasodilatação superficial, sem alterar os vasos profundos.
Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos músculos tem
um efeito local de dilatação dos vasos sangüíneos musculares; porém, ao mesmo
tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a maioria das outras regiões
do corpo. A vasodilatação muscular permite que o sangue flua facilmente através dos
músculos, enquanto a vasoconstrição diminui o fluxo sangüíneo em todas as regiões
do corpo, exceto no coração e no cérebro.
Nas junções neuro-musculares, tanto nos gânglios do SNPA simpático como nos do
parassimpático, ocorrem sinapses químicas entre os neurônios pré-ganglionares e pósganglionares. Nos dois casos, a substância neurotransmissora é a acetilcolina. Esse
mediador químico atua nas dobras da membrana, aumentando a sua permeabilidade aos
íons sódio, que passa para o interior da fibra, despolarizando essa área da membrana do
músculo. Essa despolarização local promove um potencial de ação que é conduzido em
ambas as direções ao longo da fibra, determinando uma contração muscular. Quase
imediatamente após ter a acetilcolina estimulado a fibra muscular, ela é destruída, o que
permite a despolarização da membrana.
4 - SISTEMA CIRCULATÓRIO
Componentes do Sistema Cardiovascular
Os principais componentes do sistema circulatório são: coração, vasos sangüíneos,
sangue, vasos linfáticos e linfa.
58
4.1 - CORAÇÃO
O coração é um órgão muscular oco que se localiza no meio do peito, sob o osso
esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Em uma pessoa adulta, tem o tamanho
aproximado de um punho fechado e pesa cerca de 400 gramas.
O coração humano, como o dos demais mamíferos, apresenta quatro cavidades: duas
superiores, denominadas átrios (ou aurículas) e duas inferiores, denominadas ventrículos. O
átrio direito comunica-se com o ventrículo direito através da válvula tricúspide. O átrio
esquerdo, por sua vez, comunica-se com o ventrículo esquerdo através da válvula bicúspide
ou mitral.A função das válvulas cardíacas é garantir que o sangue siga uma única direção,
sempre dos átrios para os ventrículos.
As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes por minuto,
em média. O processo de contração de cada câmara do miocárdio (músculo cardíaco)
denomina-se sístole. O relaxamento, que acontece entre uma sístole e a seguinte, é a
diástole.
59
a- A atividade elétrica do coração
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma
abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed.
Moderna, 1997.
Nódulo sinoatrial (SA) ou
marcapasso ou nó sino-atrial: região
especial do coração, que controla a
freqüência cardíaca. Localiza-se perto
da junção entre o átrio direito e a veia
cava superior e é constituído por um
aglomerado de células musculares
especializadas. A freqüência rítmica
dessa fibras musculares
é de
aproximadamente 72 contrações por
minuto, enquanto o músculo atrial se
contrai cerca de 60 vezes por minuto e
o músculo ventricular, cerca de 20
vezes por minuto. Devido ao fato do
nódulo
sinoatrial
possuir
uma
freqüência rítmica mais rápida em
relação às outras partes do coração, os
impulsos originados do nódulo SA
espalham-se
para
os
átrios
e
ventrículos, estimulando essas áreas
tão rapidamente, de modo que o ritmo
do nódulo SA torna-se o ritmo de todo
o coração; por isso é chamado
marcapasso.
60
Sistema De Purkinje ou fascículo átrio-ventricular: embora o impulso cardíaco
possa percorrer perfeitamente todas as fibras musculares cardíacas, o coração possui um
sistema especial de condução denominado sistema de Purkinje ou fascículo átrioventricular, composto de fibras musculares cardíacas especializadas, ou fibras de Purkinje
(Feixe de Hiss ou miócitos átrio-ventriculares), que transmitem os impulsos com uma
velocidade aproximadamente 6 vezes maior do que o músculo cardíaco normal, cerca de 2
m por segundo, em contraste com 0,3 m por segundo no músculo cardíaco.
b- Controle Nervoso do Coração
Embora o coração possua seus próprios sistemas intrínsecos de controle e possa
continuar a operar, sem quaisquer influências nervosas, a eficácia da ação cardíaca pode
ser muito modificada pelos impulsos reguladores do sistema nervoso central. O sistema
nervoso é conectado com o coração através de dois grupos diferentes de nervos, os
sistemas parassimpático e simpático. A estimulação dos nervos parassimpáticos causa os
seguintes efeitos sobre o coração: (1) diminuição da freqüência dos batimentos cardíacos;
(2) diminuição da força de contração do músculo atrial; (3) diminuição na velocidade de
condução dos impulsos através do nódulo AV (átrio-ventricular) , aumentando o período de
retardo entre a contração atrial e a ventricular; e (4) diminuição do fluxo sangüíneo através
dos vasos coronários que mantêm a nutrição do próprio músculo cardíaco.
Todos esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação
parassimpática diminui todas as atividades do coração. Usualmente, a função cardíaca é
reduzida pelo parassimpático durante o período de repouso, juntamente com o restante do
corpo. Isso talvez ajude a preservar os recursos do coração; pois, durante os períodos de
repouso, indubitavelmente há um menor desgaste do órgão.
A estimulação dos nervos simpáticos apresenta efeitos exatamente opostos sobre o
coração: (1) aumento da freqüência cardíaca, (2) aumento da força de contração, e (3)
aumento do fluxo sangüíneo através dos vasos coronários visando a suprir o aumento da
nutrição do músculo cardíaco. Esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a
estimulação simpática aumenta a atividade cardíaca como bomba, algumas vezes
aumentando a capacidade de bombear sangue em até 100 por cento. Esse efeito é
necessário quando um indivíduo é submetido a situações de estresse, tais como exercício,
doença, calor excessivo, ou outras condições que exigem um rápido fluxo sangüíneo
através do sistema circulatório. Por conseguinte, os efeitos simpáticos sobre o coração
constituem o mecanismo de auxílio utilizado numa emergência, tornando mais forte o
batimento cardíaco quando necessário.
Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam principalmente
noradrenalina, razão pela qual são denominados neurônios adrenérgicos. A estimulação
simpática do cérebro também promove a secreção de adrenalina pelas glândulas adrenais
ou supra-renais. A adrenalina é responsável pela taquicardia (batimento cardíaco
acelerado), aumento da pressão arterial e da freqüência respiratória, aumento da secreção
do suor, da glicose sangüínea e da atividade mental, além da constrição dos vasos
sangüíneos da pele.
O neurotransmissor secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso
parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual são denominados colinérgicos, geralmente
com efeitos antagônicos aos neurônios adrenérgicos. Dessa forma, a estimulação
parassimpática do cérebro promove bradicardia (redução dos batimentos cardíacos),
diminuição da pressão arterial e da freqüência respiratória, relaxamento muscular e outros
efeitos antagônicos aos da adrenalina.
Em geral, a estimulação do hipotálamo posterior aumenta a pressão arterial e a
freqüência cardíaca, enquanto que a estimulação da área pré-óptica, na porção anterior do
hipotálamo, acarreta efeitos opostos, determinando notável diminuição da freqüência
cardíaca e da pressão arterial. Esses efeitos são transmitidos através dos centros de
controle cardiovascular da porção inferior do tronco cerebral, e daí passam a ser
transmitidos através do sistema nervoso autônomo.
61
Fatores que aumentam a freqüência cardíaca
Fatores que diminuem a freqüência cardíaca
Queda da pressão arterial
inspiração
excitação
raiva
Aumento da pressão arterial
dor
expiração
hipóxia (redução da disponibilidade de oxigênio para as
tristeza
células do organismo)
exercício
adrenalina
febre
4.2 - ALGUNS DISTÚRBIOS CARDÍACOS
4.2.1 - Sopro no coração
É uma alteração no fluxo do sangue
dentro do coração provocada por
problemas em uma ou mais válvulas
cardíacas ou por lesões nas paredes das
câmaras. Na maioria das vezes, não
existem seqüelas. No entanto, quando o
sopro é muito forte, decorrente de lesões
nas paredes das câmaras, ele certamente
precisará ser tratado, pois um volume
considerável de sangue sem oxigênio irá
se misturar com o sangue que já foi
oxigenado.
Algumas pessoas já nascem com
válvulas anormais. Outras vão apresentar
esse tipo de alteração por causa de males
como a febre reumática, a insuficiência
cardíaca e o infarto, que podem modificar
as válvulas.
Imagem: www.braile.com.br/saude/hospital1.pdf
Sintomas: Sopros são caracterizados por ruídos anormais, percebidos quando o
médico ausculta o peito e ouve um som semelhante ao de um fole. O problema pode ser
diagnosticado de maneira mais precisa pelo exame de ecocardiograma, que mostra o fluxo
sangüíneo dentro do coração.
Tratamento: Como existem várias causas possíveis, o médico precisa ver o que está
provocando o problema antes de iniciar o tratamento — que vai desde simples
medicamentos até intervenções cirúrgicas para conserto ou substituição das válvulas, que
poderão ser de material biológico ou fabricadas a partir de ligas metálicas.
Prevenção: Não há uma maneira de prevenir o sopro. Mas existem formas de evitar
que ele se agrave. Para isso, é importante que você saiba se tem ou não o problema,
realizando exames de check-up.
4.2.2 - Infarto do miocárdio
É a morte de uma área do músculo cardíaco, cujas células ficaram sem receber
sangue com oxigênio e nutrientes.
62
Imagem: www.unifesp.br/dmed/cardio/ch/cardio.htm
A interrupção do fluxo de sangue para
o coração pode acontecer de várias
maneiras. A gordura vai se acumulando
nas paredes das coronárias (artérias que
irrigam o próprio coração). Com o tempo,
formam-se placas, impedindo que o
sangue flua livremente. Então, basta um
espasmo — provocado pelo estresse —
para que a passagem da circulação se
feche. Também pode ocorrer da placa
crescer tanto que obstrui o caminho
sangüíneo completamente, ou seja, pode
acontecer por entupimento - quando as
placas
de
gordura
entopem
completamente a artéria, o sangue não
passa. Dessa forma, as células no trecho
que deixou de ser banhado pela circulação
acabam morrendo. A interrupção da
passagem do sangue nas artérias
coronárias também pode ocorrer devido
contração de uma artéria parcialmente
obstruída ou à formação de coágulos
(trombose).
Sintomas: O principal sinal é a dor
muito forte no peito, que pode se irradiar
pelo braço esquerdo e pela região do
estômago.
Prevenção: Evite o cigarro, o
estresse, os alimentos ricos em
colesterol e o sedentarismo, que são os
principais fatores de risco. Também não
deixe de controlar a pressão arterial.
Tratamento: Em primeiro lugar,
deve-se correr contra o relógio,
procurando um atendimento imediato —
a área do músculo morta cresce feito
uma bola de neve com o passar do
tempo. Se ficar grande demais, o
coração não terá a menor chance de se
recuperar. Conforme a situação, os
médicos podem optar pela angioplastia,
em que um catéter é introduzido no
braço e levado até a coronária entupida.
Ali, ele infla para eliminar o obstáculo
gorduroso. Outra saída é a cirurgia: os
médicos constroem um desvio da área
infartada — a ponte — com um pedaço
da veia safena da perna ou da artéria
radial ou das artérias mamárias.
Imagem: www.saludhoy.com/htm/homb/articulo/infarca1.html
63
Revascularização do miocárdio: durante a cirurgia um vaso sangüíneo, que pode ser
a veia safena (da perda), a artéria radial (do braço) e/ou as artérias mamárias (direita ou
esquerda) são implantadas no coração, formando uma ponte para normalizar o fluxo
sangüíneo. O número de pontes pode variar de 1 a 5, dependendo da necessidade do
paciente.
Imagem: www.braile.com.br/saude/hospital1.pdf
Imagens: www.geocities.com/HotSprings/Villa/1298/heartmate.html
Cateterismo (angioplastia por stent):
64
4.2.3 - Aterosclerose
Doença devida ao aparecimento, nas paredes das artérias, de depósitos contendo
principalmente LDL colesterol (“mau colesterol”), mas também pequenas quantidades de
fosfolipídios e gorduras neutras (placas de ateroma). Trabalhos recentes indicam que o LDL
se acumula no interior das paredes dos vasos, onde seus componentes se oxidam e sofrem
outras alterações. Os componentes alterados dão origem a uma resposta inflamatória que
altera progressiva e perigosamente os vasos. Gradualmente desenvolve-se fibrose dos
tecidos situados ao redor ou no interior dos depósitos gordurosos e, freqüentemente, a
combinação do cálcio dos líquidos orgânicos com gordura forma compostos sólidos de
cálcio que, eventualmente, se desenvolve em placas duras, semelhantes aos ossos. Dessa
forma, no estágio inicial da aterosclerose aparecem apenas depósitos gordurosos nas
paredes dos vasos, mas nos estágios terminais os vasos podem tornar-se extremamente
fibróticos e contraídos, ou mesmo de consistência óssea dura, caracterizando uma condição
chamada arteriosclerose ou endurecimento das artérias.
Imagem: www.unifesp.br/dmed/cardio/ch/cardio.htm
Descobertas recentes indicam que os efeitos protetores do HDL colesterol (“bom
colesterol”) derivam não só da remoção do LDL colesterol dos vasos, mas também por
interferirem na oxidação de LDL.
A aterosclerose muitas vezes cauda oclusão coronária aguda, provocando infarto do
miocárdio ou "ataque cardíaco".
Prevenção:Reduzir o peso e a ingestão de gorduras saturadas e colesterol (presente
apenas em alimentos de origem animal), parar de fumar, fazer exercícios físicos.
4.2.4 - Arritmia
Imagem: Revista Saúde é Vital
Toda vez que o coração sai do
ritmo certo, diz-se que há uma arritmia.
Ela ocorre tanto em indivíduos
saudáveis quanto em doentes. Várias
doenças podem dispará-la, assim como
fatores emocionais — o estresse, por
exemplo, é capaz de alterar o ritmo
cardíaco.
Os batimentos perdem o compasso
de diversas maneiras. A bradicardia
ocorre quando o coração passa a bater
menos de 60 vezes por minuto — então,
pode ficar lento a ponto de parar. Já na
taquicardia chegam a acontecer mais de
100 batimentos nesse mesmo período.
A agitação costuma fazê-lo tremer,
paralisado, em vez de contrair e relaxar
normalmente. Às vezes surgem novos
focos nervosos no músculo cardíaco,
cada um dando uma ordem para ele
bater de um jeito. No caso, também
pode surgir a parada cardíaca.
Sintomas: Na taquicardia, o principal sintoma é a palpitação. Nas bradicardias
ocorrem tonturas e até desmaios.
65
Tratamento: Em alguns casos, os médicos simplesmente receitam remédios. Em
outros, porém, é necessário apelar para a operação. Hoje os cirurgiões conseguem
implantar no coração um pequeno aparelho, o marca-passo, capaz de controlar
os batimentos cardíacos.
Prevenção: Procure um médico ao sentir qualquer sintoma descrito acima. Além disso,
tente diminuir o estresse no seu dia-a-dia.Reduzir o peso e a ingestão de gorduras
saturadas e colesterol (presente apenas em alimentos de origem animal), parar de fumar,
fazer exercícios físicos.
4.2. 5 - Arteriosclerose ou Arterioesclerose
Processo de espessamento e endurecimento da parede das artérias, tirando-lhes a
elasticidade. Decorre de proliferação conjuntiva em substituição às fibras elásticas. Pode
surgir como conseqüência da aterosclerose (estágios terminais) ou devido ao tabagismo. O
cigarro, além da nicotina responsável pela dependência, tem cerca de 80 substâncias
cancerígenas e outras radioativas, com perigos genéticos. Investigações epidemiológicas
mostram que esse vício é responsável por 75% dos casos de bronquite crônica e enfisema
pulmonar, 80% dos casos de câncer do pulmão e 25% dos casos de infarto do miocárdio.
Além disso, segundo pesquisas, os fumantes têm risco entre 100% e 800% maior de
contrair infecções respiratórias bacterianas e viróticas, câncer da boca, laringe, esôfago,
pâncreas, rins, bexiga e colo do útero, como também doenças do sistema circulatório, como
arteriosclerose, aneurisma da aorta e problemas vasculares cerebrais. A probabilidade de
aparecimento desses distúrbios tem relação direta com o tempo do vício e sua intensidade.
O cigarro contrai as artérias coronárias e, ao mesmo tempo, excita excessivamente o
coração; também favorece a formação de placas de ateroma (aumento de radicais livres).
Prevenção: Reduzir o peso e a ingestão de gorduras saturadas e colesterol, parar de
fumar, fazer exercícios físicos.
4.2.6 - Hipertensão
O termo hipertensão significa pressão arterial alta. Caracteriza-se por uma pressão
sistólica superior a 14cm de mercúrio (14 cmHg = 140 mmHg) e uma pressão diastólica
superior a 9 cm de mercúrio (9 cmHg ou 90 mmHg). A hipertensão pode romper os vasos
sangüíneos cerebrais (causando acidente vascular cerebral ou derrame), renais (causando
insuficiência renal) ou de outros órgãos vitais, causando cegueira, surdez etc. Pode também
determinar uma sobrecarga excessiva sobre o coração, causando sua falência.
Causas da hipertensão: o conceito mais moderno e aceito de hipertensão defende
que a doença não tem uma origem única, mas é fruto da associação de vários fatores,
alguns deles incontroláveis: hereditariedade, raça, sexo e idade. As causas se combinam,
exercendo ação recíproca e sinérgica. Veja na tabela a seguir o “peso” de cada um desses
ingredientes:
Genética: fatores
hipertensão.
genéticos
podem
predispor
à
Sexo:Os homens têm mais propensão à pressão alta do
que as mulheres antes da menopausa. Depois empatam
ou pode haver até ligeira predominância feminina. Os
especialistas estão cada vez mais convencidos de que a
reposição hormonal de estrógenos após a menopausa
pode prevenir a hipertensão, como faz com outras
doenças cardiovasculares e com a osteoporose.
Etnia ou raça:Por motivos também de ordem genética
talvez, a hipertensão incida mais e de forma mais severa
sobre negros.
Idade:A maioria dos estudos mostra que a hipertensão
afeta 50% da população com idade acima de 60 anos. Isso
depende do grupo étnico e do sexo. O mais comum
nesses casos é a elevação da pressão máxima, sem que
ocorra o aumento da mínima, que é decorrente do
enrijecimento das artérias.
Como fatores genéticos, podemos citar:
•alta concentração de cálcio na membrana das células (defeito primário):
aumenta a contração da musculatura lisa das artérias, fazendo-as se fecharem, o
que diminui a passagem de sangue, resultando na hipertensão essencial ou
primária (fator genético;
•aumento da concentração de sódio nas paredes das artérias, fazendo-as se
fecharem cada vez mais (fator genético);
66
Além dos fatores incontroláveis, descritos anteriormente, obesidade, excesso de sal,
álcool, fumo, vida sedentária, estresse e taxas elevadas de colesterol (LDL) são fatores que
favorecem a elevação da pressão arterial.
O uso de anticoncepcionais orais (pílulas anticoncepcionais) também é um fator que
predispõe mais as mulheres à hipertensão.
O cigarro e níveis elevados de colesterol (LDL) também estão entre os elementos de
risco: cerca de 70% do colesterol existente no homem é produzido pelo próprio organismo,
no fígado. O restante provém da alimentação, dos produtos de origem animal. Por isso, o
distúrbio pode ter origem externa, resultante principalmente de dietas erradas e vida
sedentária, ou interna, de causa genética. A conseqüência direta é a aterosclerose, que
dificulta ou, às vezes, impede o fluxo sangüíneo na região.
O uso abusivo de descongestionantes nasais e medicamento em spray para asma
também aumentam as chances de hipertensão.
Pessoas diabéticas têm tendência a desenvolver hipertensão e outras doenças que
atingem o coração.
Prevenção:
•
•
•
•
•
•
•
•
dieta hipossódica (com pouco sal) e hipocalórica (sem
excesso de calorias);
redução de peso;
prática de exercícios físicos aeróbicos (de baixa intensidade
e longa duração) ou isotônicos (com grande movimentação
dos membros). Sedentários devem procurar um cardiologista
antes de iniciar qualquer tipo de exercício;
dieta balanceada rica em vegetais e frutas frescas e pobre
em gorduras saturadas e colesterol;
medir periodicamente (a cada seis meses) a pressão arterial
e tratar o diabetes (quando for o caso);
eliminar ou reduzir o fumo e, nos casos de mulheres
hipertensas, eliminar o uso de contraceptivos orais (são uma
bomba para o coração quando associados ao cigarro);
reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas;
consultar o médico regularmente
5 - SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários
órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses
órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traquéia, os brônquios, os
bronquíolos e os alvéolos, os três últimos localizados nos pulmões.
67
Fossas nasais: são duas cavidades
paralelas que começam nas narinas e
terminam na faringe. Elas são separadas
uma da outra por uma parede cartilaginosa
denominada septo nasal. Em seu interior há
dobras chamada cornetos nasais, que forçam
o ar a turbilhonar. Possuem um revestimento
dotado de células produtoras de muco e
células ciliadas, também presentes nas
porções inferiores das vias aéreas, como
traquéia, brônquios e porção inicial dos
bronquíolos. No teto das fossas nasais
existem células sensoriais, responsáveis pelo
sentido do olfato. Têm as funções de filtrar,
umedecer e aquecer o ar.
Faringe: é um canal comum aos
sistemas digestório e respiratório e comunicase com a boca e com as fossas nasais. O ar
inspirado pelas narinas ou pela boca passa
necessariamente pela faringe, antes de
atingir a laringe.
Laringe: é um tubo sustentado
por peças de cartilagem articuladas,
situado na parte superior do pescoço,
em continuação à faringe. O pomo-deadão, saliência que aparece no
pescoço, faz parte de uma das peças
cartilaginosas da laringe.
A entrada da laringe chama-se
glote. Acima dela existe uma espécie
de
“lingüeta”
de
cartilagem
denominada epiglote, que funciona
como
válvula.
Quando
nos
alimentamos, a laringe sobe e sua
entrada é fechada pela epiglote. Isso
impede que o alimento ingerido
penetre nas vias respiratórias.
O epitélio que reveste a laringe
apresenta pregas, as cordas vocais,
capazes de produzir sons durante a
passagem de ar.
Traquéia: é um tubo de aproximadamente 1,5 cm de
diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento, cujas
paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos. Bifurca-se
na sua região inferior, originando os brônquios, que
penetram nos pulmões. Seu epitélio de revestimento mucociliar adere partículas de poeira e bactérias presentes em
suspensão no ar inalado, que são posteriormente varridas
para fora (graças ao movimento dos cílios) e engolidas ou
expelidas.
68
Pulmões: Os pulmões
humanos
são
órgãos
esponjosos,
com
aproximadamente 25 cm de
comprimento,
sendo
envolvidos por uma membrana
serosa denominada pleura.
Nos pulmões os brônquios
ramificam-se
profusamente,
dando origem a tubos cada
vez
mais
finos,
os
bronquíolos.
O
conjunto
altamente
ramificado
de
bronquíolos é a árvore
brônquica
ou
árvore
respiratória.
Cada bronquíolo termina
em pequenas bolsas formadas
por células epiteliais achatadas
(tecido epitelial pavimentoso)
recobertas
por
capilares
sangüíneos,
denominadas
alvéolos pulmonares.
Diafragma: A base de cada
pulmão apóia-se no diafragma,
órgão músculo-membranoso que
separa o tórax do abdomen,
presente apenas em mamíferos,
promovendo, juntamente com os
músculos
intercostais,
os
movimentos
respiratórios.
Localizado logo acima do
estômago, o nervo frênico
controla os movimentos do
diafragma (ver controle da
respiração)
5.1 - FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO
Ventilação pulmonar
A inspiração, que promove a entrada de
ar nos pulmões, dá-se pela contração da
musculatura do diafragma e dos músculos
intercostais. O diafragma abaixa e as costelas
elevam-se, promovendo o aumento da caixa
torácica, com conseqüente redução da
pressão interna (em relação à externa),
forçando o ar a entrar nos pulmões.
69
A expiração, que promove a
saída de ar dos pulmões, dá-se pelo
relaxamento da musculatura do
diafragma e dos músculos intercostais.
O diafragma eleva-se e as costelas
abaixam, o que diminui o volume da
caixa torácica, com conseqüente
aumento da pressão interna, forçando
o ar a sair dos pulmões.
5.1.1 - Transporte de gases respiratórios
O transporte de gás oxigênio está a cargo
da hemoglobina, proteína presente nas
hemácias. Cada molécula de hemoglobina
combina-se com 4 moléculas de gás oxigênio,
formando a oxi-hemoglobina.
Nos alvéolos pulmonares o gás oxigênio do
ar difunde-se para os capilares sangüíneos e
penetra nas hemácias, onde se combina com a
hemoglobina, enquanto o gás carbônico (CO2) é
liberado para o ar (processo chamado hematose).
70
Nos tecidos ocorre um processo inverso: o gás
oxigênio dissocia-se da hemoglobina e difunde-se
pelo líquido tissular, atingindo as células. A maior
parte do gás carbônico (cerca de 70%) liberado pelas
células no líquido tissular penetra nas hemácias e
reage com a água, formando o ácido carbônico, que
logo se dissocia e dá origem a íons H+ e bicarbonato
(HCO3-), difundindo-se para o plasma sangüíneo,
onde ajudam a manter o grau de acidez do sangue.
Cerca de 23% do gás carbônico liberado pelos
tecidos associam-se à própria hemoglobina, formando
a carboemoglobina. O restante dissolve-se no
plasma.
OBS: O monóxido de carbono, liberado pela “queima” incompleta de combustíveis
fósseis e pela fumaça dos cigarros entre outros, combina-se com a hemoglobina de uma
maneira mais estável do que o oxigênio, formando o carboxiemoglobina. Dessa forma, a
hemoglobina fica impossibilitada de transportar o oxigênio, podendo levar à morte por
asfixia. Veja as tabelas abaixo, retiradas da prova do ENEM de 98:
Um dos índices de qualidade do ar diz respeito à concentração de monóxido de
carbono (CO), pois esse gás pode causar vários danos à saúde. A tabela abaixo mostra a
relação entre a qualidade do ar e a concentração de CO.
Qualidade do ar
Concentração de CO – ppm* (média de 8h)
Inadequada
15 a 30
Péssima
30 a 40
Crítica
Acima de 40
* ppm (parte por milhão) = 1 micrograma de CO por grama de ar 10 –6 g
Para analisar os efeitos do CO sobre os seres humanos, dispõe-se dos seguintes
dados:
Concentração de CO (ppm)
Sintomas em seres humanos
10
Nenhum
15
Diminuição da capacidade visual
60
Dores de cabeça
100
Tonturas, fraqueza muscular
270
Inconsciência
800
Morte
5. 2 - Controle da respiração
Em relativo repouso, a freqüência respiratória é da ordem de 10 a 15 movimentos por
minuto.
A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no bulbo.
Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios
(diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos desse centro
através da coluna espinhal para os músculos da respiração. O mais importante músculo da
respiração, o diafragma, recebe os sinais respiratórios através de um nervo especial, o
nervo frênico, que deixa a medula espinhal na metade superior do pescoço e dirige-se
para baixo, através do tórax até o diafragma. Os sinais para os músculos expiratórios,
especialmente os músculos abdominais, são transmitidos para a porção baixa da medula
71
espinhal, para os nervos espinhais que inervam os músculos. Impulsos iniciados pela
estimulação psíquica ou sensorial do córtex cerebral podem afetar a respiração. Em
condições normais, o centro respiratório (CR) produz, a cada 5 segundos, um impulso
nervoso que estimula a contração da musculatura torácica e do diafragma, fazendo-nos
inspirar. O CR é capaz de aumentar e de diminuir tanto a freqüência como a amplitude dos
movimentos respiratórios, pois possui quimiorreceptores que são bastante sensíveis ao pH
do plasma. Essa capacidade permite que os tecidos recebam a quantidade de oxigênio que
necessitam, além de remover adequadamente o gás carbônico. Quando o sangue torna-se
mais ácido devido ao aumento do gás carbônico, o centro respiratório induz a aceleração
dos movimentos respiratórios. Dessa forma, tanto a freqüência quanto a amplitude da
respiração tornam-se aumentadas devido à excitação do CR.
Em situação contrária, com a depressão do CR, ocorre diminuição da freqüência e
amplitude respiratórias.
A respiração é ainda o principal mecanismo de controle do pH do sangue.
O aumento da concentração de CO2 desloca a reação para a direita, enquanto sua
redução desloca para a esquerda.
Dessa forma, o aumento da concentração de CO2 no sangue provoca aumento de íons
H+ e o plasma tende ao pH ácido. Se a concentração de CO2 diminui, o pH do plasma
sangüíneo tende a se tornar mais básico (ou alcalino).
Se o pH está abaixo do normal (acidose), o centro respiratório é excitado,
aumentando a freqüência e a amplitude dos movimentos respiratórios. O aumento da
ventilação pulmonar determina eliminação de maior quantidade de CO2, o que eleva o pH
do plasma ao seu valor normal.
Caso o pH do plasma esteja acima do normal (alcalose), o centro respiratório é
deprimido, diminuindo a freqüência e a amplitude dos movimentos respiratórios. Com a
+
diminuição na ventilação pulmonar, há retenção de CO2 e maior produção de íons H , o que
determina queda no pH plasmático até seus valores normais.
A ansiedade e os estados ansiosos promovem liberação de adrenalina que,
freqüentemente levam também à hiperventilação, algumas vezes de tal intensidade que o
indivíduo torna seus líquidos orgânicos alcalóticos (básicos), eliminando grande quantidade
de dióxido de carbono, precipitando, assim, contrações dos músculos de todo o corpo.
Se a concentração de gás carbônico cair a valores muito baixos, outras conseqüências
extremamente danosas podem ocorrer, como o desenvolvimento de um quadro de alcalose
que pode levar a uma irritabilidade do sistema nervoso, resultando, algumas vezes, em
tetania (contrações musculares involuntárias por todo o corpo) ou mesmo convulsões
epilépticas.
Existem algumas ocasiões em que a concentração de oxigênio nos alvéolos cai a
valores muito baixos. Isso ocorre especialmente quando se sobe a lugares muito altos, onde
a concentração de oxigênio na atmosfera é muito baixa ou quando uma pessoa contrai
pneumonia ou alguma outra doença que reduza o oxigênio nos alvéolos. Sob tais
condições, quimiorreceptores localizados nas artérias carótida (do pescoço) e aorta são
estimulados e enviam sinais pelos nervos vago e glossofaríngeo, estimulando os centros
respiratórios no sentido de aumentar a ventilação pulmonar.
5.3 - A capacidade e os volumes respiratórios
O sistema respiratório humano comporta um volume total de aproximadamente 5 litros
de ar – a capacidade pulmonar total. Desse volume, apenas meio litro é renovado em cada
respiração tranqüila, de repouso. Esse volume renovado é o volume corrente
Se no final de uma inspiração forçada, executarmos uma expiração forçada,
conseguiremos retirar dos pulmões uma quantidade de aproximadamente 4 litros de ar, o
que corresponde à capacidade vital, e é dentro de seus limites que a respiração pode
acontecer.
Mesmo no final de uma expiração forçada, resta nas vias aéreas cerca de 1 litro de ar,
o volume residual.
72
Nunca se consegue encher os pulmões com ar completamente renovado, já que
mesmo no final de uma expiração forçada o volume residual permanece no sistema
respiratório. A ventilação pulmonar, portanto, dilui esse ar residual no ar renovado, colocado
em seu interior
O volume de ar renovado por minuto (ou volume-minuto respiratório) é obtido pelo
produto da freqüência respiratória (FR) pelo volume corrente (VC): VMR = FR x VC.
Em um adulto em repouso, temos:
FR = 12 movimentos por minuto
VC = 0,5 litros
Portanto: volume-minuto respiratório = 12 x 0,5 = 6 litros/minuto
Os atletas costumam utilizar o chamado “segundo fôlego”. No final de cada expiração,
contraem os músculos intercostais internos, que abaixam as costelas e eliminam mais ar
dos pulmões, aumentando a renovação.
6 - O SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema digestório humano é
formado por um longo tubo musculoso, ao
qual estão associados órgãos e glândulas
que participam da digestão. Apresenta as
seguintes regiões; boca, faringe, esôfago,
estômago, intestino delgado, intestino
grosso e ânus.
A parede do tubo digestivo, do esôfago
ao intestino, é formada por quatro camadas:
mucosa, submucosa, muscular e adventícia.
6.1 - BOCA
A abertura pela qual o alimento entra
no tubo digestivo é a boca. Aí encontram-se
os dentes e a língua, que preparam o
alimento para a digestão, por meio da
mastigação. Os dentes reduzem os
alimentos
em
pequenos
pedaços,
misturando-os à saliva, o que irá facilitar a
futura ação das enzimas.
73
6.1.1 - Características dos dentes
Os dentes são estruturas duras,
calcificadas, presas ao maxilar superior e
mandíbula, cuja atividade principal é a
mastigação. Estão implicados, de forma
direta, na articulação das linguagens. Os
nervos sensitivos e os vasos sanguíneos
do centro de qualquer dente estão
protegidos por várias camadas de tecido.
A mais externa, o esmalte, é a substância
mais dura. Sob o esmalte, circulando a
polpa, da coroa até a raiz, está situada
uma camada de substância óssea
chamada dentina. A cavidade pulpar é ocupada pela polpa dental, um tecido conjuntivo
frouxo, ricamente vascularizado e inervado. Um tecido duro chamado cemento separa a
raiz do ligamento peridental, que prende a raiz e liga o dente à gengiva e à mandíbula, na
estrutura e composição química assemelha-se ao osso; dispõe-se como uma fina camada
sobre as raízes dos dentes. Através de um orifício aberto na extremidade da raiz, penetram
vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo.
6.1.2 - Tipos de dentes
Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o nome de dentes
de leite. À medida que os maxilares crescem,
estes dentes são substituídos por outros 32 do
tipo permanente. As coroas dos dentes
permanentes são de três tipos: os incisivos, os
caninos ou presas e os molares. Os incisivos têm
a
forma de cinzel para facilitar o corte do alimento.
Atrás dele, há três peças dentais usadas para
rasgar. A primeira tem uma única cúspide
pontiaguda. Em seguida, há dois dentes chamados pré-molares, cada um com duas
cúspides. Atrás ficam os molares, que têm uma superfície de mastigação relativamente
plana, o que permite triturar e moer os alimentos.
6.2 - A língua
A língua movimenta o alimento empurrando-o em
direção a garganta, para que seja engolido. Na superfície
da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas
células sensoriais percebem os quatro sabores primários:
amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D).
De sua combinação resultam centenas de sabores
distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores
gustativos, na superfície da língua, não é homogênea.
6.3 - As glândulas salivares
A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro, estimulam as
glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina,
além de sais e outras substâncias. A amilase salivar digere o amido e outros
polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo).
Três pares de glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade bucal: parótida,
submandibular e sublingual:
74
•
•
•
Glândula parótida - Com massa variando
entre 14 e 28 g, é a maior das três; situa-se na
parte lateral da face, abaixo e adiante do
pavilhão da orelha.
Glândula submandibular - É arredondada,
mais ou menos do tamanho de uma noz.
Glândula sublingual - É a menor das três; fica
abaixo da mucosa do assoalho da boca.
www.webciencia.com/11_11glandula.htm
O sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH neutro
(7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma
em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado
para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas (como mostra a figura do lado
esquerdo), levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Através dos
peristaltismo, você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, seu alimento chegará
ao intestino. Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evitando que o alimento
penetre nas vias respiratórias.
Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento
para o interior do estômago.
6.4 - FARINGE E ESÔFAGO
A faringe, situada no final da cavidade bucal, é
um canal comum aos sistemas digestório e
respiratório: por ela passam o alimento, que se dirige
ao esôfago, e o ar, que se dirige à laringe.
O esôfago, canal que liga a faringe ao estômago,
localiza-se entre os pulmões, atrás do coração, e
atravessa o músculo diafragma, que separa o tórax do
abdômen. O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos
para percorre-lo.
Imagem: CD O CORPO HUMANO
2.0. Globo Multimídia.
6.5 - ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO
www.webciencia.com/11_09estom.htm
O estômago é uma bolsa de parede
musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo do
abdome, logo abaixo das últimas costelas. É um
órgão muscular que liga o esôfago ao intestino
delgado. Sua função principal é a digestão de
alimentos protéicos. Um músculo circular, que
existe na parte inferior, permite ao estômago
guardar quase um litro e meio de comida,
possibilitando que não se tenha que ingerir
alimento de pouco em pouco tempo. Quando está
vazio, tem a forma de uma letra "J" maiúscula,
cujas duas partes se unem por ângulos agudos.
75
Segmento superior: é o mais volumoso, chamado "porção vertical". Este
compreende, por sua vez, duas partes superpostas; a grande tuberosidade, no alto, e o
corpo do estômago, abaixo, que termina pela pequena tuberosidade.
Segmento inferior: é denominado "porção horizontal", está separado do duodeno pelo
piloro, que é um esfíncter. A borda direita, côncava, é chamada pequena curvatura; a borda
esquerda, convexa, é dita grande curvatura. O orifício esofagiano do estômago é o cárdia.
As túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas; serosa (o
peritônio), muscular (muito desenvolvida), submucosa (tecido conjuntivo) e mucosa (que
secreta o suco gástrico). Quando está cheio de alimento, o estômago torna-se ovóide ou
arredondado. O estômago tem movimentos peristálticos que asseguram sua
homogeneização.
O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente ácido,
que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico mantém o pH do
interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos tecidos
dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.
A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de
pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do
ácido cloródrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em
pepsina, enzima que catalisa a digestão de proteínas.
A pepsina, ao catalizar a hidrólise de
proteínas, promove o rompimento das
ligações
peptídicas
que
unem
os
aminoácidos. Como nem todas as ligações
peptídicas são acessíveis à pepsina, muitas
permanecem intactas. Portanto, o resultado
do trabalho dessa enzima são oligopeptídeos
e aminoácidos livres.
A renina, enzima que age sobre a
caseína, uma das proteínas do leite, é
produzida pela mucosa gástrica durante os
primeiros meses de vida. Seu papel é o de
flocular a caseína, facilitando a ação de
outras enzimas proteolíticas.
A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege da agressão
do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por essa densa camada
de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação
do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa
superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. Eventualmente ocorre
desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que resulta em inflamação difusa da mucosa
(gastrite) ou mesmo no aparecimento de feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas).
A mucosa gástrica produz também o fator intrínseco, necessário à absorção da
vitamina B12.
O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao se
misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal,
transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo.
Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos,
liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão.
6.6 - INTESTINO DELGADO
O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de
diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5
76
m) e íleo (cerca de 1,5 cm). A porção superior ou duodeno tem a forma de ferradura e
compreende o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela qual este
esvazia seu conteúdo no intestino.
A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções
do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que
contêm diversas enzimas digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile,
produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os
sais biliares têm ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras
(fragmentando suas gotas em milhares de microgotículas).
O suco pancreático, produzido pelo
pâncreas, contém água, enzimas e
grandes quantidades de bicarbonato de
sódio. O pH do suco pancreático oscila
entre 8,5 e 9. Sua secreção digestiva é
responsável pela hidrólise da maioria
das moléculas de alimento, como
carboidratos, proteínas, gorduras e
ácidos nucléicos.
A amilase pancreática fragmenta o
amido em moléculas de maltose; a
lípase pancreática hidrolisa as moléculas
de um tipo de gordura – os
triacilgliceróis, originando glicerol e
álcool; as nucleases atuam sobre os
ácidos nucléicos, separando seus
nucleotídeos.
O suco pancreático contém ainda o tripsinogênio e o quimiotripsinogênio, formas
inativas em que são secretadas as enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina. Sendo
produzidas na forma inativa, as proteases não digerem suas células secretoras. Na luz do
duodeno, o tripsinogênio entra em contato com a enteroquinase, enzima secretada pelas
células da mucosa intestinal, convertendo-se me tripsina, que por sua vez contribui para a
conversão do precursor inativo quimiotripsinogênio em quimiotripsina, enzima ativa.
A tripsina e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os em
oligopeptídeos. A pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações peptídicas
específicas ao longo das cadeias de aminoácidos.
A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico, solução rica em enzimas e de
pH aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas é a enteroquinase. Outras enzimas são
as dissacaridades, que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos (sacarase, lactase,
maltase). No suco entérico há enzimas que dão seqüência à hidrólise das proteínas: os
oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos.
77
Suco digestivo
Enzima
pH ótimo Substrato
Saliva
Ptialina
neutro
polissacarídeos maltose
Suco gástrico
Pepsina
ácido
proteínas
oligopeptídeos
Suco pancreático
Quimiotripsina
Tripsina
Amilopepsina
Rnase
Dnase
Lipase
alcalino
alcalino
alcalino
alcalino
alcalino
alcalino
proteínas
proteínas
polissacarídeos
RNA
DNA
lipídeos
peptídeos
peptídeos
maltose
ribonucleotídeos
desoxirribonucleotídeos
glicerol e ácidos graxos
alcalino
alcalino
alcalino
alcalino
alcalino
alcalino
oligopeptídeos
oligopeptídeos
dipeptídeos
maltose
sacarose
lactose
aminoácidos
aminoácidos
aminoácidos
glicose
glicose e frutose
glicose e galactose
Carboxipeptidase
Aminopeptidase
Dipeptidase
Suco intestinal ou entérico
Maltase
Sacarase
Lactase
Produtos
No intestino, as contrações rítmicas e os movimentos peristálticos das paredes
musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo em que este é atacado pela bile,
enzimas e outras secreções, sendo transformado em quilo.
A absorção dos nutrientes ocorre através de mecanismos ativos ou passivos, nas
regiões do jejuno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas regiões, apresenta,
além de inúmeros dobramentos
maiores, milhões de pequenas
dobras (4 a 5 milhões),
chamadas
vilosidades;
um
traçado
que
aumenta
a
superfície
de
absorção
intestinal. As membranas das
próprias células do epitélio
intestinal apresentam, por sua
vez, dobrinhas microscópicas
denominadas microvilosidades.
O intestino delgado também
absorve a água ingerida, os
íons e as vitaminas.
Imagem:
www.webciencia.com/11_13intes.htm
Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do intestino passam ao fígado para
serem distribuídos pelo resto do organismo. Os produtos da digestão de gorduras
(principalmente glicerol e ácidos graxos isolados) chegam ao sangue sem passar pelo
fígado, como ocorre com outros nutrientes. Nas células da mucosa, essas substâncias são
reagrupadas em triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de proteínas,
formando os quilomícrons, transferidos para os vasos linfáticos e, em seguida, para os
vasos sangüíneos, onde alcançam as células gordurosas (adipócitos), sendo, então,
armazenados.
6.7 - INTESTINO GROSSO
É o local de absorção de água,
tanto a ingerida quanto a das secreções
digestivas. Uma pessoa bebe cerca de
1,5 litros de líquidos por dia, que se une
a 8 ou 9 litros de água das secreções.
Glândulas da mucosa do intestino
grosso secretam muco, que lubrifica as
fezes, facilitando seu trânsito e
eliminação pelo ânus.
78
Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon
transverso, cólon descendente, cólon sigmóide e reto. A saída do reto chama-se ânus e é
fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal.
Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho consiste
em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e
proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades.
As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas,
contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua
presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas.
O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos digestivos, normalmente
só absorve água, em quantidade bastante consideráveis. Como o intestino grosso absorve
muita água, o conteúdo intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que são
evacuados.
6.8 - GLÂNDULAS ANEXAS
6.8.1 - Pâncreas
Imagem: www.webciencia.com/11_17pancreas.htm
O pâncreas é uma glândula
mista, de mais ou menos 15 cm de
comprimento
e
de
formato
triangular,
localizada
transversalmente sobre a parede
posterior do abdome, na alça
formada pelo duodeno, sob o
estômago. O pâncreas é formado
por uma cabeça que se encaixa no
quadro duodenal, de um corpo e
de uma cauda afilada. A secreção
externa dele é dirigida para o
duodeno pelos canais de Wirsung
e de Santorini. O canal de Wirsung
desemboca ao lado do canal
colédoco na ampola de Vater. O
pâncreas comporta dois órgãos
estreitamente
imbricados:
pâncreas exócrino e o endócrino.
O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas denominadas
ácinos. Os ácinos pancreáticos estão ligados através de finos condutos, por onde sua
secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno, durante a digestão.
O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e glucagon, já trabalhados no
sistema endócrino.
6.8.2 - Fígado
É o maior órgão interno, e é ainda
um dos mais importantes. É a mais
volumosa de todas as vísceras, pesa
cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na
mulher adulta entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor
arroxeada, superfície lisa e recoberta por
uma cápsula própria. Está situado no
quadrante superior direito da cavidade
abdominal.
79
O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de
lobos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais
diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos. Estes canais
se unem para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar,
forma o ducto comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno.
As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar
os materiais residuais e as toxinas, bem como esteróides, estrógenos e outros hormônios. O
fígado é um órgão muito versátil. Armazena glicogênio, ferro, cobre e vitaminas. Produz
carboidratos a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de carboidratos ou de
proteínas. Sintetiza também o colesterol e purifica muitos fármacos e muitas outras
substâncias. O termo hepatite é usado para definir qualquer inflamação no fígado, como a
cirrose.
6.8.2.1 - Funções do fígado:
•
•
•
•
•
•
•
Secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento das gorduras ingeridas, facilitando,
assim, a ação da lipase;
Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para formar
glicogênio, que é armazenado; nos momentos de necessidade, o glicogênio é
reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação;
Armazenar ferro e certas vitaminas em suas células;
Metabolizar lipídeos;
Sintetizar diversas proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de
coagulação e de substâncias transportadoras de oxigênio e gorduras;
Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do
organismo;
Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua
hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile.
7 - SISTEMA URINÁRIO/EXCRETOR
O sistema excretor é formado por um conjunto de órgãos que filtram o sangue,
produzem e excretam a urina - o principal líquido de excreção do organismo. É constituído
por um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária e pela uretra.
Os rins situam-se na parte dorsal do
abdome, logo abaixo do diafragma, um de
cada lado da coluna vertebral, nessa
posição estão protegidos pelas últimas
costelas e também por uma camada de
gordura. Têm a forma de um grão de feijão
enorme e possuem uma cápsula fibrosa,
que protege o córtex - mais externo, e a
medula - mais interna.
Cada rim é formado de tecido
conjuntivo, que sustenta e dá forma ao
órgão, e por milhares ou milhões de
unidades
filtradoras,
os
néfrons,
localizados na região renal.
O néfron é uma longa estrutura
tubular microscópica que possui, em uma
das extremidades, uma expansão em
forma de taça, denominada cápsula de
Bowman, que se conecta com o túbulo
contorcido proximal, que continua pela
alça de Henle e pelo túbulo contorcido
distal; este desemboca em um tubo Imagem:
80
coletor. São responsáveis pela filtração do www.drgate.com.br/almanaque/atlas/excretor/excretor.htm
sangue e remoção das excreções.
7.1 - Como funcionam os rins
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito no interior do
órgão, originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no
interior da cápsula de Bowman do néfron, formando um enovelado de capilares denominado
glomérulo de Malpighi.
O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa
pressão, que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que parte
do plasma passe para a cápsula de Bowman, processo denominado filtração. Essas
substâncias extravasadas para a cápsula de Bowman constituem o filtrado glomerular,
queé semelhante, em composição química, ao plasma sanguíneo, com a diferença de que
não possui proteínas, incapazes de atravessar os capilares glomerulares.
Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro,
Ed. Interamericana, 1981.
O filtrado glomerular passa em
seguida para o túbulo contorcido
proximal, cuja parede é formada
por células adaptadas ao transporte
ativo.
Nesse
túbulo,
ocorre
reabsorção ativa de sódio. A saída
desses íons provoca a remoção de
cloro, fazendo com que a
concentração do líquido dentro
desse tubo fique menor (hipotônico)
do que do plasma dos capilares
que o envolvem. Com isso, quando
o líquido percorre o ramo
descendente da alça de Henle, há
passagem de água por osmose do
líquido tubular (hipotônico) para os
capilares sangüíneos (hipertônicos)
– ao que chamamos reabsorção.
O ramo descendente percorre
regiões do rim com gradientes
crescentes
de
concentração.
Conseqüentemente,
ele
perde
ainda mais água para os tecidos,
de forma que, na curvatura da alça
de Henle, a concentração do
líquido tubular é alta.
Esse líquido muito concentrado passa então a percorrer o ramo ascendente da alça de
Henle, que é formado por células impermeáveis à água e que estão adaptadas ao
transporte ativo de sais. Nessa região, ocorre remoção ativa de sódio, ficando o líquido
tubular hipotônico. Ao passar pelo túbulo contorcido distal, que é permeável à água, ocorre
reabsorção por osmose para os capilares sangüíneos. Ao sair do néfron, a urina entra nos
dutos coletores, onde ocorre a reabsorção final de água.
Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados cerca de 180 litros de fluido do
plasma; porém são formados apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que
aproximadamente 99% do filtrado glomerular é reabsorvido.
Além desses processos gerais descritos, ocorre, ao longo dos túbulos renais,
reabsorção ativa de aminoácidos e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal, essas
substâncias já não são mais encontradas.
Os capilares que reabsorvem as substâncias úteis dos túbulos renais se reúnem para
formar um vaso único, a veia renal, que leva o sangue para fora do rim, em direção ao
coração.
81
7.2 - Regulação da função renal
A regulação da função renal relaciona-se basicamente com a regulação da quantidade
de líquidos do corpo. Havendo necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica
mais concentrada, em função da maior reabsorção de água; havendo excesso de água no
corpo, a urina fica menos concentrada, em função da menor reabsorção de água.
O principal agente regulador do equilíbrio hídrico no corpo humano é o hormônio ADH
(antidiurético), produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise. A concentração do
plasma sangüíneo é detectada por receptores osmóticos localizados no hipotálamo.
Havendo aumento na concentração do plasma (pouca água), esses osmorreguladores
estimulam a produção de ADH. Esse hormônio passa para o sangue, indo atuar sobre os
túbulos distais e sobre os túbulos coletores do néfron, tornando as células desses tubos
mais permeáveis à água. Dessa forma, ocorre maior reabsorção de água e a urina fica mais
concentrada. Quando a concentração do plasma é baixa (muita água), há inibição da
produção do ADH e, conseqüentemente, menor absorção de água nos túbulos distais e
coletores, possibilitando a excreção do excesso de água, o que torna a urina mais diluída.
Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
Certas substâncias, como é o caso
do álcool, inibem a secreção de ADH,
aumentando a produção de urina.
Além do ADH, há outro hormônio
participante do equilíbrio hidro-iônico do
organismo: a aldosterona, produzida nas
glândulas supra-renais. Ela aumenta a
reabsorção ativa de sódio nos túbulos
renais, possibilitando maior retenção de
água no organismo. A produção de
aldosterona é regulada da seguinte
maneira: quando a concentração de sódio
dentro do túbulo renal diminui, o rim
produz uma proteína chamada renina,
que age sobre uma proteína produzida no
fígado
e
encontrada
no
sangue
denominada angiotensinogênio (inativo),
convertendo-a em angiotensina (ativa).
Essa substância estimula as glândulas Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de
Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
supra-renais a produzirem a aldosterona.
82
Imagem: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002.
OBS: Ocorre, também, ao longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos
e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal essas substâncias já não são mais
encontradas.
7.3 - Regulação da função renal - resumo
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (ADH): principal agente fisiológico regulador do
equilíbrio hídrico, produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise.
Aumento na concentração do plasma (pouca água)  receptores osmóticos
localizados no hipotálamo  produção de ADH  sangue  túbulos distal e coletor do
néfron células mais permeáveis à água  reabsorção de água  urina mais concentrada.
Concentração do plasma baixa (muita água) e álcool  inibição de ADH  menor
absorção de água nos túbulos distal e coletor  urina mais diluída.
ALDOSTERONA: produzida nas glândulas supra-renais, aumenta a absorção ativa de
sódio e a secreção ativa de potássio nos túbulos distal e coletor.
A ELIMINAÇÃO DE URINA
Ureter
Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem
para formar canais cada vez mais grossos. A fusão dos dutos
origina um canal único, denominado ureter, que deixa o rim em
direção à bexiga urinária.
Bexiga urinária
A bexiga urinária é uma bolsa de parede elástica, dotada de
musculatura lisa, cuja função é acumular a urina produzida nos rins.
Quando cheia, a bexiga pode conter mais de ¼ de litro (250 ml) de
urina, que é eliminada periodicamente através da uretra.
Uretra
A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na mulher,
na região vulvar e, no homem, na extremidade do pênis. Sua
comunicação com a bexiga mantém-se fechada por anéis
musculares - chamados esfíncteres. Quando a musculatura desses
anéis relaxa-se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se,
urinamos.
83
SISTEMAS REPRODUTORES
8 - SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
O sistema reprodutor masculino é formado por:
•Testículos ou gônadas
•Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, uretra.
•Pênis
•Escroto
•Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais.
Testículos: são as gônadas masculinas. Cada testículo é composto por um
emaranhado de tubos, os ductos seminíferos Esses ductos são formados pelas
células de Sértoli (ou de
sustento) e pelo epitélio
germinativo,
onde
ocorrerá a formação dos
espermatozóides.
Em
meio
aos
ductos
seminíferos, as células
intersticiais ou de Leydig
(nomenclatura
antiga)
produzem os hormônios
sexuais
masculinos,
sobretudo a testosterona,
responsáveis
pelo
desenvolvimento
dos
órgãos
genitais
masculinos
e
dos
caracteres
sexuais
secundários:
•
•
•
•
•
Estimulam
os
folículos pilosos para
que façam crescer a
barba masculina e o
pêlo pubiano.
Estimulam
o
crescimento
das
glândulas sebáceas e
a
elaboração
do
sebo.
Produzem o aumento
de massa muscular
nas crianças durante
a puberdade, pelo
aumento do tamanho
das
fibras
musculares.
Ampliam a laringe e
tornam mais grave a
voz.
Fazem com que o
desenvolvimento da massa óssea seja maior, protegendo contra a osteoporose.
84
Epidídimos: são dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os
espermatozóides são armazenados.
Canais deferentes: são dois tubos que partem dos testículos, circundam a bexiga
urinária e unem-se ao ducto ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais.
Vesículas seminais: responsáveis pela produção de um líquido, que será liberado no
ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozóides, entrarão na
composição do sêmen. O líquido das vesículas seminais age como fonte de energia para os
espermatozóides e é constituído principalmente por frutose, apesar de conter fosfatos,
nitrogênio não protéico, cloretos, colina (álcool de cadeia aberta considerado como
integrante do complexo vitamínico B) e prostaglandinas (hormônios produzidos em
numerosos tecidos do corpo. Algumas prostaglandinas atuam na contração da musculatura
lisa do útero na dismenorréia – cólica menstrual, e no orgasmo; outras atuam promovendo
vasodilatação em artérias do cérebro, o que talvez justifique as cefaléias – dores de cabeça
– da enxaqueca. São formados a partir de ácidos graxos insaturados e podem ter a sua
síntese interrompida por analgésicos e antiinflamatórios).
Próstata: glândula localizada abaixo da bexiga urinária. Secreta substâncias alcalinas
que neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozóides.
Glândulas Bulbo Uretrais ou de Cowper: sua secreção transparente é lançada
dentro da uretra para limpá-la e preparar a passagem dos espermatozóides. Também tem
função na lubrificação do pênis durante o ato sexual.
Pênis: é considerado o principal
órgão do aparelho sexual masculino,
sendo formado por dois tipos de tecidos
cilíndricos: dois corpos cavernosos e um
corpo esponjoso (envolve e protege a
uretra). Na extremidade do pênis
encontra-se a glande - cabeça do
pênis, onde podemos visualizar a
abertura da uretra. Com a manipulação
da pele que a envolve - o prepúcio acompanhado de estímulo erótico,
ocorre a inundação dos corpos
cavernosos e esponjoso, com sangue,
tornando-se rijo, com considerável
aumento do tamanho (ereção). O
prepúcio deve ser puxado e higienizado a fim de se retirar dele o esmegma (uma secreção
sebácea espessa e esbranquiçada, com forte odor, que consiste principalmente em células
epiteliais descamadas que se acumulam debaixo do prepúcio). Quando a glande não
consegue ser exposta devido ao estreitamento do prepúcio, diz-se que a pessoa tem
fimose.
A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada
da bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e nenhum
sêmen entre na bexiga. Todos os espermatozóides não ejaculados são reabsorvidos pelo
corpo dentro de algum tempo.
Saco Escrotal ou Bolsa Escrotal ou Escroto: Um espermatozóide leva cerca de 70
dias para ser produzido. Eles não podem se desenvolver adequadamente na temperatura
normal do corpo (36,5°C). Assim, os testículos se localizam na parte externa do corpo,
dentro da bolsa escrotal, que tem a função de termorregulação (aproximam ou afastam os
testículos do corpo), mantendo-os a uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3 °C
abaixo da corporal.
PUBERDADE: os testículos da criança permanecem inativos até que são estimulados
entre 10 e 14 anos pelos hormônios gonadotróficos da glândula hipófise (pituitária)
O
hipotálamo
libera
FATORES
LIBERADORES
DOS
HORMÔNIOS
GONADOTRÓFICOS que fazem a hipófise liberar FSH (hormônio folículo estimulante) e LH
(hormônio luteinizante).
FSH à estimula a espermatogênese pelas células dos túbulos seminíferos.
85
LH à estimula a produção de testosterona pelas células intersticiais dos testículos à
características sexuais secundárias, elevação do desejo sexual.
TESTOSTERONA
Efeito na Espermatogênese. A testosterona faz com que os testículos cresçam. Ela
deve estar presente, também, junto com o folículo estimulante, antes que a
espermatogênese se complete.
Efeito nos caracteres sexuais masculinos. Depois que um feto começa a se
desenvolver no útero materno, seus testículos começam a secretar testosterona, quando
tem poucas semanas de vida apenas. Essa testosterona, então, auxilia o feto a desenvolver
órgãos sexuais masculinos e características secundárias masculinas. Isto é, acelera a
formação do pênis, da bolsa escrotal, da próstata, das vesículas seminais, dos ductos
deferentes e dos outros órgãos sexuais masculinos. Além disso, a testosterona faz com que
os testículos desçam da cavidade abdominal para a bolsa escrotal; se a produção de
testosterona pelo feto é insuficiente, os testículos não conseguem descer; permanecem na
cavidade abdominal. A secreção da testosterona pelos testículos fetais é estimulada por um
hormônio chamado gonadotrofina coriônica, formado na placenta durante a gravidez.
Imediatamente após o nascimento da criança, a perda de conexão com a placenta remove
esse feito estimulador, de modo que os testículos deixam de secretar testosterona. Em
conseqüência, as características sexuais interrompem seu desenvolvimento desde o
nascimento até à puberdade. Na puberdade, o reaparecimento da secreção de testosterona
induz os órgãos sexuais masculinos a retomar o crescimento. Os testículos, a bolsa escrotal
e o pênis crescem, então, aproximadamente mais 10 vezes.
Efeito nos caracteres sexuais secundários. Além dos efeitos sobre os órgãos
genitais, a testosterona exerce outros efeitos gerais por todo o organismo para dar ao
homem adulto suas características distintivas. Faz com que os pêlos cresçam na face, ao
longo da linha média do abdome, no púbis e no tórax. Origina, porém, a calvície nos
homens que tenham predisposição hereditária para ela. Estimula o crescimento da laringe,
de maneira que o homem, após a puberdade fica com a voz mais grave. Estimula um
aumento na deposição de proteína nos músculos, pele, ossos e em outras partes do corpo,
de maneira que o adolescente do sexo masculino se torna geralmente maior e mais
musculoso do que a mulher, nessa fase. Algumas vezes, a testosterona também promove
uma secreção anormal das glândulas sebáceas da pele, fazendo com que se desenvolva a
acne pós-puberdade na face.
Na ausência de testosterona, as características sexuais secundárias não se
desenvolvem e o indivíduo mantém um aspecto sexualmente infantil.
‾Hormônios Sexuais Masculinos
Glândula
Hormônio
Órgão-alvo
Principais ações
Hipófise
FSH e LH
testículos
estimulam a produção de testosterona pelas
células de Leydig (intersticiais) e controlam a
produção de espermatozóides.
diversos
estimula o aparecimento
sexuais secundários.
Sistema Reprodutor
induz o amadurecimento dos órgãos genitais,
promove o impulso sexual e controla a
produção de espermatozóides
Testículos
Testosterona
dos
caracteres
9 - SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas
(trompas de Falópio), um útero, uma vagina, uma vulva. Ele está localizado no interior da
cavidade pélvica. A pelve constitui um marco ósseo forte que realiza uma função protetora.
86
A vagina é um canal de 8 a 10 cm de
comprimento, de paredes elásticas, que liga o
colo do útero aos genitais externos. Contém
de cada lado de sua abertura, porém
internamente, duas glândulas denominadas
glândulas de Bartholin, que secretam um
muco lubrificante.
A entrada da vagina é protegida por uma
membrana circular - o hímen - que fecha
parcialmente o orifício vulvo-vaginal e é quase
sempre perfurado no centro, podendo ter
formas diversas. Geralmente, essa membrana
se rompe nas primeiras relações sexuais.
A vagina é o local onde o pênis deposita
os espermatozóides na relação sexual. Além
de possibilitar a penetração do pênis, possibilita a expulsão da menstruação e, na hora do
parto, a saída do bebê.
A genitália externa ou vulva é delimitada e protegida por duas pregas cutâneomucosas intensamente irrigadas e inervadas - os grandes lábios. Na mulher
reprodutivamente madura, os grandes lábios são recobertos por pêlos pubianos. Mais
internamente, outra prega cutâneo-mucosa envolve a abertura da vagina - os pequenos
lábios - que protegem a abertura da uretra e da vagina. Na vulva também está o clitóris,
formado por tecido esponjoso erétil, homólogo ao pênis do homem.
Ovários: são as gônadas femininas.
Produzem estrógeno e progesterona,
hormônios sexuais femininos que serão
vistos mais adiante.
No
final
do
desenvolvimento
embrionário de uma menina, ela já tem
todas as células que irão transformar-se
em gametas nos seus dois ovários. Estas
células - os ovócitos primários encontram-se dentro de estruturas
denominadas folículos de Graaf ou
folículos
ovarianos.
A
partir
da
adolescência, sob ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a
desenvolver. Os folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno.
Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o desenvolvimento e a maturação,
rompendo-se e liberando o ovócito secundário (gaemta feminino): fenômeno conhecido
como ovulação. Após seu rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo
lúteo ou amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com o
tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou corpo branco, uma
pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário.
87
O gameta feminino liberado na superfície de um dos ovários é recolhido por finas
terminações das tubas uterinas - as fímbrias.
Tubas uterinas, ovidutos ou trompas de Falópio: são dois ductos que unem o
ovário ao útero. Seu epitélio de revestimento é formados por células ciliadas. Os batimentos
dos cílios microscópicos e os movimentos peristálticos das tubas uterinas impelem o
gameta feminino até o útero.
Útero: órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à
bexiga e posteriormente ao reto, de parede muscular espessa
(miométrio) e com formato de pêra invertida. É revestido
internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas - o
endométrio.
A pituitária (hipófise) anterior das meninas, como a dos
meninos, não secreta praticamente nenhum hormônio gonadotrópico
até à idade de 10 a 14 anos. Entretanto, por essa época, começa a
secretar dois hormônios gonadotrópicos. No inicio, secreta
principalmente o hormônio foliculo-estimulante (FSH), que inicia a vida sexual na menina em
crescimento; mais tarde, secreta o harmônio luteinizante (LH), que auxilia no controle do
ciclo menstrual.
Hormônio Folículo-Estimulante: causa a proliferação das células foliculares
ovarianas e estimula a secreção de estrógeno, levando as cavidades foliculares a
desenvolverem-se e a crescer.
Hormônio Luteinizante: aumenta ainda mais a secreção das células foliculares,
estimulando a ovulação.
Hormônios Sexuais Femininos
Os dois hormônios ovarianos, o estrogênio e a progesterona, são responsáveis pelo
desenvolvimento sexual da mulher e pelo ciclo menstrual. Esses hormônios, como os
hormônios adrenocorticais e o hormônio masculino testosterona, são ambos compostos
esteróides, formados, principalmente, de um lipídio, o colesterol. Os estrogênios são,
realmente, vários hormônios diferentes chamados estradiol, estriol e estrona, mas que têm
funções idênticas e estruturas químicas muito semelhantes. Por esse motivo, são
considerados juntos, como um único hormônio.
Funções do Estrogênio: o estrogênio induz as células de muitos locais do organismo,
a proliferar, isto é, a aumentar em número. Por exemplo, a musculatura lisa do útero,
aumenta tanto que o órgão, após a puberdade, chega a duplicar ou, mesmo, a triplicar de
tamanho. O estrogênio também provoca o aumento da vagina e o desenvolvimento dos
lábios que a circundam, faz o púbis se cobrir de pêlos, os quadris se alargarem e o estreito
pélvico assumir a forma ovóide, em vez de afunilada como no homem; provoca o
desenvolvimento das mamas e a proliferação dos seus elementos glandulares, e,
finalmente, leva o tecido adiposo a concentrar-se, na mulher, em áreas como os quadris e
coxas, dando-lhes o arredondamento típico do sexo. Em resumo, todas as características
que distinguem a mulher do homem são devido ao estrogênio e a razão básica para o
88
desenvolvimento dessas características é o estímulo à proliferação dos elementos celulares
em certas regiões do corpo.
O estrogênio também estimula o crescimento de todos os ossos logo após a
puberdade, mas promove rápida calcificação óssea, fazendo com que as partes dos ossos
que crescem se "extingam" dentro de poucos anos, de forma que o crescimento, então,
pára. A mulher, nessa fase, cresce mais rapidamente que o homem, mas pára após os
primeiros anos da puberdade; já o homem tem um crescimento menos rápido, porém mais
prolongado, de modo que ele assume uma estatura maior que a da mulher, e, nesse ponto,
também se diferenciam os dois sexos.
O estrogênio tem, outrossim, efeitos muito importantes no revestimento interno do
útero, o endométrio, no ciclo menstrual.
Funções da Progesterona: a progesterona tem pouco a ver com o desenvolvimento
dos caracteres sexuais femininos; está principalmente relacionada com a preparação do
útero para a aceitação do embrião e à preparação das mamas para a secreção láctea. Em
geral, a progesterona aumenta o grau da atividade secretória das glândulas mamárias e,
também, das células que revestem a parede uterina, acentuando o espessamento do
endométrio e fazendo com que ele seja intensamente invadido por vasos sangüíneos;
determina, ainda, o surgimento de numerosas glândulas produtoras de glicogênio.
Finalmente, a progesterona inibe as contrações do útero e impede a expulsão do embrião
que se está implantando ou do feto em desenvolvimento.
CICLO MENSTRUAL
O ciclo menstrual na mulher é causado pela secreção alternada dos hormônios
folículo-estimulante e luteinizante, pela pituitária (hipófise) anterior (adenohipófise), e dos
estrogênios e progesterona, pelos ovários. O ciclo de fenômenos que induzem essa
alternância tem a seguinte explicação:
1. No começo do ciclo menstrual, isto é, quando a menstruação se inicia, a pituitária
anterior secreta maiores quantidades de hormônio folículo-estimulante juntamente com
pequenas quantidades de hormônio luteinizante. Juntos, esses hormônios promovem o
crescimento de diversos folículos nos ovários e acarretam uma secreção considerável de
estrogênio (estrógeno).
2. Acredita-se que o estrogênio tenha, então, dois efeitos seqüenciais sobre a
secreção da pituitária anterior. Primeiro, inibiria a secreção dos hormônios folículoestimulante e luteinizante, fazendo com que suas taxas declinassem a um mínimo por volta
do décimo dia do ciclo. Depois, subitamente a pituitária anterior começaria a secretar
quantidades muito elevadas de ambos os hormônios mas principalmente do hormônio
luteinizante. É essa fase de aumento súbito da secreção que provoca o rápido
desenvolvimento final de um dos folículos ovarianos e a sua ruptura dentro de cerca de dois
dias.
3. O processo de ovulação, que ocorre por volta do décimo quarto dia de um ciclo
normal de 28 dias, conduz ao desenvolvimento do corpo lúteo ou corpo amarelo, que
secreta quantidades elevadas de progesterona e quantidades consideráveis de estrogênio.
4. O estrogênio e a progesterona secretados pelo corpo lúteo inibem novamente a
pituitária anterior, diminuindo a taxa de secreção dos hormônios folículo-estimulante e
luteinizante. Sem esses hormônios para estimulá-lo, o corpo lúteo involui, de modo que a
secreção de estrogênio e progesterona cai para níveis muito baixos. É nesse momento que
a menstruação se inicia, provocada por esse súbito declínio na secreção de ambos os
hormônios.
5. Nessa ocasião, a pituitária anterior, que estava inibida pelo estrogênio e pela
progesterona, começa a secretar outra vez grandes quantidades de hormônio folículoestimulante, iniciando um novo ciclo. Esse processo continua durante toda a vida
reprodutiva da mulher.
89
OBSERVAÇÃO: a ovulação ocorre aproximadamente
entre 10-12 horas após o pico de LH. No ciclo regular, o
período de tempo a partir do pico de LH até a menstruação está
constantemente próximo de 14 dias. Dessa forma, da ovulação
até a próxima menstruação decorrem 14 dias.
Apesar de em um ciclo de 28 dias a ovulação ocorrer
aproximadamente na metade do ciclo, nas mulheres que têm
ciclos regulares, não importa a sua duração, o dia da
ovulação pode ser calculado como sendo o 14º dia ANTES
do início da menstruação.
Generalizando, pode-se dizer que, se o ciclo menstrual
tem uma duração de n dias, o possível dia da ovulação é n –
14, considerando n = dia da próxima menstruação.
Exemplo: determinada mulher, com ciclo menstrual
regular de 28 dias, resolveu iniciar um relacionamento íntimo
com seu namorado. Como não planejavam ter filhos, optaram
pelo método da tabelinha, onde a mulher calcula o período fértil
em relação ao dia da ovulação. Considerando que a mulher é
fértil durante aproximadamente nove dias por ciclo e que o
último ciclo dessa mulher iniciou-se no dia 22 de setembro de
2006, calcule seu período fértil.
1º dia do ciclo  endométrio bem desenvolvido,
espesso e vascularizado começa a descamar 
menstruação

hipófise aumenta a produção de FSH, que atinge
a concentração máxima por volta do 7º dia do
ciclo.

amadurecimento dos folículos ovarianos

secreção de estrógeno pelo folículo em
desenvolvimento

concentração alta de estrógeno inibe secreção de
FSH e estimula a secreção de LH pela hipófise /
concentração alta de estrógeno estimula
ocrescimento do endométrio.

concentração alta de LH estimula a ovulação (por
volta do 14º dia de um ciclo de 28 dias)

alta taxa de LH estimula a formação do corpo
lúteo ou amarelo no folículo ovariano

corpo lúteo inicia a produção de progesterona

estimula as glândulas do endométrio a
secretarem seus produtos

aumento da progesterona inibe produção de LH e
FSH

corpo lúteo regride e reduz concentração de
progesterona

menstruação
90
Resposta: Considerando o primeiro dia do ciclo como 22 e que seu ciclo é de 28 dias,
temos:
22 23 24 25 26 27 28 29 30
[01 02 03 04 05 06 07 08 09]
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Menstruará novamente no dia 19/10 (n). Ocorrendo a ovulação 14 dias ANTES da
menstruação, esta se dará no dia 05/10 (considerando a fórmula n - 14, teremos: 19 - 14 =
5, ou seja, dia 05 será seu provável dia de ovulação). Como seu período fértil aproximado
localiza-se 4 dias antes e 4 dias após a ovulação, então o início dos dias férteis será 01/10 e
o término, 09/10. Resposta: 45.
Como é comum em algumas mulheres uma pequena variação no tamanho do ciclo
menstrual, o cálculo para o período fértil deverá compreender o ciclo mais curto e o mais
longo. Neste caso, primeiramente a mulher deverá anotar o 1° dia da menstruação durante
vários meses e calcular a duração de seus ciclos (cada um deles contado do primeiro dia da
menstruação). A partir daí, deverá proceder da seguinte forma para calcular o período fértil:
1.
subtrair 14 dias do ciclo mais curto (dia da ovulação);
2.
subtrair 14 dias do ciclo mais longo (dia da ovulação);
3.
subtrair pelo menos 3 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto e
somar 3 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo.
Exemplo: suponha que o ciclo mais curto da mulher exemplificada anteriormente
tenha sido de 26 dias e o mais longo, de 30 dias. O cálculo do período fértil será feito assim:
1.
subtraindo 14 dias do ciclo mais curto: 26 a ovulação deverá
ter ocorrido no 12° dia do ciclo mais curto;
2.
subtraindo 14 dias do ciclo mais longo: 30 a ovulação deverá
ter ocorrido no 16° dia do ciclo mais longo;
3.
subtraindo 3 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto (12 e
somando 3 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo (16 + 3 = 19), o período fértil
ficará entre o 9° e o 19° dia de qualquer ciclo menstrual desta mulher. Os dias
restantes serão os dias não-férteis.
OBSERVAÇÃO: os cálculos acima só funcionam para mulheres com ciclos regulares
(ou que sofrem apenas pequenas variações nos ciclos).
Concluindo, o ciclo menstrual pode ser dividido em 4 fases:
1.
Fase menstrual: corresponde aos dias de menstruação e dura cerca
de 3 a 7 dias, geralmente.
2.
Fase proliferativa ou estrogênica: período de secreção de estrógeno
pelo folículo ovariano, que se encontra em maturação.
3.
Fase secretora ou lútea: o final da fase proliferativa e o início da fase
secretora é marcado pela ovulação. Essa fase é caracterizada pela intensa ação do
corpo lúteo.
4.
Fase pré-menstrual ou isquêmica: período de queda das
concentrações dos hormônios ovarianos, quando a camada superficial do
endométrio perde seu suprimento sangüíneo normal e a mulher está prestes a
menstruar. Dura cerca de dois dias, podendo ser acompanhada por dor de cabeça,
dor nas mamas, alterações psíquicas, como irritabilidade e insônia (TPM ou Tensão
Pré-Menstrual).
HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ
Gonadotrofina coriônica humana (HCG):
é um hormônio glicoproteíco, secretado desde o
início da formação da placenta pelas células
trofoblásticas, após nidação (implantação) do
blastocisto (*). A principal função fisiológica deste
hormônio é a de manter o corpo lúteo, de modo
que as taxas de progesterona e estrogênio não
91
diminuam, garantindo, assim, a manutenção da gravidez (inibição da menstruação) e a
ausência de nova ovulação. Por volta da 15ª semana de gestação, com a placenta já
formada e madura produzindo estrógeno e progesterona, ocorre declínio acentuado na
concentração de HCG e involução do corpo lúteo.
O HCG também
concede
uma
imunossupressão à mulher, para que ela não
rejeite o embrião (inibe a produção de
anticorpos pelos linfócitos); tem atividade
tireotrófica e também estimula a produção de
testosterona pelo testículo fetal (estimula as
células de Leydig a produzirem maior
quantidade de androgênios), importante para
a diferenciação sexual do feto do sexo
masculino.
(*) O blastocisto é um estágio inicial do
desenvolvimento embrionário, formado por
uma camada de células denominada
trofoblasto ou células trofobláticas que
envolve o botão embrionário. Após a nidação
o trofoblasto forma projeções na mucosa
uterina chamadas vilosidades coriônicas,
principais responsáveis pela produção de
HCG.
Hormônio lactogênio placentário humano: é um hormônio protéico, de estrutura
química semelhante à da prolactina e da somatotrofina hipofisária. É encontrado no plasma
da gestante a partir da 4ª semana de gestação. Tem efeito lipolítico, aumenta a resistência
materna à ação da insulina e estimula o pâncreas na secreção de insulina, ajudando no
crescimento fetal, pois proporciona maior quantidade de glicose e de nutrientes para o feto
em desenvolvimento.
Hormônio melanotrófico: atua nos melanócitos para liberação de melanina,
aumentando a pigmentação da aréola, abdomên e face.
Aldosterona: mantém o equilíbrio de sódio, pois a progesterona estimula a eliminação
do mesmo, e a aldosterona promove sua reabsorção.
Progesterona: relaxa a musculatura lisa, o que diminui a contração uterina, para não
ter a expulsão do feto. Aumenta o endométrio, pois se o endométrio não estiver bem
desenvolvido, poderá ocorrer um aborto natural ou o blastocisto se implantar (nidação) além
do endométrio. Este hormônio é importante para o equilíbrio hidro-eletrolítico, além de
estimular o centro respiratório no cérebro, fazendo com que aumente a ventilação, e
conseqüentemente, fazendo com que a mãe mande mais oxigênio para o feto.
Complementa os efeitos do estrogênio nas mamas, promovendo o crescimento dos
elementos glandulares, o desenvolvimento do epitélio secretor e a deposição de nutrientes
nas células glandulares, de modo que, quando a produção de leite for solicitada a matériaprima já esteja presente.
Estrogênio: promove rápida proliferação da musculatura uterina; grande
desenvolvimento do sistema vascular do útero; aumento dos órgãos sexuais externos e da
abertura vaginal, proporcionando uma via mais ampla para o parto; rápido aumento das
mamas; contribui ainda para a manutenção hídrica e aumenta a circulação. Dividido em
estradiol e estrona - que estão na corrente materna; e estriol - que está na corrente fetal, é
medido para avaliar a função feto-placentária e o bem estar fetal.
HORMÔNIOS DO PARTO
A ocitocina é um hormônio que potencializa as contrações uterinas tornando-as fortes
e coordenadas, até completar-se o parto.
Quando inicia a gravidez, não existem receptores no útero para a ocitocina. Estes
receptores vão aparecendo gradativamente no decorrer da gravidez. Quando a ocitocina se
liga a eles, causa a contração do músculo liso uterino e também, estimulação da produção
de prostaglandinas, pelo útero, que ativará o músculo liso uterino.
92
Imagens: www.embarazada.com
O parto depende tanto da secreção de ocitocina quanto da produção das
prostaglandinas, porque sem estas, não haverá a adequada dilatação do colo do útero e
conseqüentemente, o parto não irá progredir normalmente. Não são bem conhecidos os
fatores desencadeantes do trabalho de parto, mas sabe-se que, quando o hipotálamo do
feto alcança certo grau de maturação, estimula a hipófise fetal a liberar ACTH. Agindo sobre
a adrenal do feto, esse hormônio aumenta a secreção de cortisol e outros hormônios, que
estimulam a placenta a secretar prostaglandinas. Estas promovem contrações da
musculatura lisa do útero. Ainda não se sabe o que impede o parto prematuro, uma vez que
nas fases finais da gravidez, há uma elevação do nível de ocitocina e de seus receptores, o
que poderia ocasionar o início do trabalho de parto, antes do fim total da gravidez. Existem
possíveis fatores inibitórios do trabalho de parto, como a proporção estrogênio/progesterona
e o nível de relaxina, hormônio produzido pelo corpo lúteo do ovário e pela placenta.
A progesterona mantém seus níveis elevados durante toda a gravidez, inibindo o
músculo liso uterino e bloqueando sua resposta a ocitocina e as prostaglandinas. O
estrogênio aumenta o grau de contratilidade uterina. Na última etapa da gestação, o
estrogênio tende a aumentar mais que a progesterona, o que faz com que o útero consiga
ter uma contratilidade maior.
93
A relaxina aumenta o número de receptores para a ocitocina, além de produzir um
ligeiro amolecimento das articulações pélvicas (articulações da bacia) e das suas cápsulas
articulares, dando-lhes a flexibilidade necessária para o parto (por provocar remodelamento
do tecido conjuntivo, afrouxa a união entre os ossos da bacia e alarga o canal de passagem
do feto). Tem ação importante no útero para que ele se distenda, a medida em que o bebê
cresce. O nível de relaxina aumenta ao máximo antes do parto e depois cai rapidamente.
Ainda não se conhecem os fatores que realmente interferem no trabalho de parto, mas
uma vez que ele tenha iniciado, há um aumento no nível de ocitocina, elevando muito sua
secreção, o que continua até a expulsão do feto.
OS HORMÔNIOS E OS MECANISMOS DA LACTAÇÃO
O início da lactação se dá com a produção de leite,
que ocorre nos alvéolos das glândulas mamárias. O leite
sai dos alvéolos e caminha até o mamilo através dos
seios lactíferos.
O estrogênio, associado aos hormônios da tireóide,
aos corticosteróides adrenais e a insulina, promovem o
desenvolvimento das mamas. Este desenvolvimento vai
ser acentuado pela ação da progesterona, que também
estimula a proliferação dos dutos.
Durante a gravidez, há a necessidade de uma proliferação dos alvéolos e dos dutos
para a lactação. Isto ocorre devido à ação dos hormônios progesterona e estrogênio. O
lactogênio placentário e a prolactina também são muito importantes na preparação das
mamas.
A prolactina começa a ser produzida ainda na puberdade, mas em pequena
quantidade. O surto deste hormônio acontece em decorrência da gravidez, e é aumentado,
gradativamente, durante a amamentação. Tal hormônio é responsável pelo crescimento e
pela atividade secretora dos alvéolos mamários. O lactogênio placentário age como a
prolactina, desenvolvendo os alvéolos.
Estes dois hormônios estão presentes durante toda a gravidez, porém suas
quantidades não são aumentadas, devido a inibição causada pelos altos níveis de
progesterona e estrogênio. Ao final do trabalho de parto, há uma queda nos níveis destes
dois últimos hormônios, ocasionando um aumento nas quantidades de prolactina e
lactogênio placentário, o que possibilita o início da produção de leite. Enquanto houver a
sucção do mamilo pelo bebê, a prolactina continuará produzindo leite. Isto acontece porque
quando o bebê faz esta sucção nos mamilos, estimula o hipotálamo a secretar o fator
liberador da prolactina, mantendo seus níveis e, conseqüentemente, a produção de leite. A
produção de leite só irá diminuir ou cessar completamente se a mãe não amamentar seu
filho, pois neste caso, não haverá mais a estimulação decorrente da sucção do mamilo. A
sucção do mamilo também estimulará a hipófise posterior, que irá secretar ocitocina. Este
hormônio é o responsável pela ejeção do leite. Tal mecanismo ocorre porque a ocitocina
contrai os músculos ao redor dos alvéolos, fazendo com que o leite caminhe até o mamilo.
O leite só começa a ser produzido depois do primeiro dia do nascimento. Até este período,
haverá a secreção e liberação do colostro, que é um líquido aquoso, de cor amarelada, que
contém anticorpos maternos.
94
Glândula
Hipófise
Hormônio
Órgão-alvo
Principais ações
FSH
ovário
estimula o desenvolvimento
do folículo, a secreção de
estrógeno e a ovulação
LH
ovário
estimula a ovulação e o
desenvolvimento do corpo
amarelo.
mamas
estimula a produção de
leite (após a estimulação
prévia
das
glândulas
mamárias por estrógeno e
progesterona).
Útero e mamas
- secretado em quantidades
moderadas durante a última
fase da gravidez e em
grande quantidade durante
o
parto.
Promove
a
contração do útero para a
expulsão da criança.
- promove a ejeção do leite
durante a amamentação
diversos
crescimento do corpo e dos
órgãos sexuais; estimula o
desenvolvimento
das
características
sexuais
secundárias.
hipófise
inibe a produção de FSH e
estimula a produção de LH
Sistema Reprodutor
estimula a maturação dos
órgãos reprodutores e do
endométrio, preparando o
útero para a gravidez
hipófise
inibe a produção de LH
útero
completa a regeneração da
mucosa uterina, estimula a
secreção das glândulas
endometriais e mantém o
útero preparado para a
gravidez.
mamas
estimula o desenvolvimento
das glândulas mamárias
para secreção láctea.
corpo lúteo
estimula a produção de
progesterona e estrógeno;
inibe a menstruação e nova
ovulação.
Prolactina
Ocitocina
Estrógeno
Ovário
Progesterona
Placenta
HGC
95
10 - SISTEMA ENDÓCRINO
Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como
atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são
lançados na corrente sangüínea e irão atuar em outra parte do organismo, controlando ou
auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua função controlada e/ou
regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo.
Constituição dos órgãos do sistema endócrino
Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélios glandulares
formam as glândulas, que podem ser uni ou pluricelulares. As
glândulas pluricelulares não são apenas aglomerados de
células que desempenham as mesmas funções básicas e têm
a mesma morfologia geral e origem embrionária - o que
caracteriza um tecido. São na verdade órgãos definidos com
arquitetura ordenada. Elas estão envolvidas por uma cápsula
conjuntiva que emite septos, dividindo-as em lobos. Vasos
sangüíneos e nervos penetram nas glândulas, fornecendo
alimento e estímulo nervoso para as suas funções.
Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas
corporais. Freqüentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando
mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao endócrino
a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema endócrino regula a resposta
interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o sistema endócrino, juntamente com
o sistema nervoso, atuam na coordenação e regulação das funções corporais.
Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios
Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios no homem são a hipófise, o
hipotálamo, a tireóide, as paratireóides, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas.
10.1 - Hipófise ou pituitária
Situa-se na base do
encéfalo, em uma cavidade
do osso esfenóide chamada
tela túrcica. Nos seres
humanos tem o tamanho
aproximado de um grão de
ervilha e possui duas partes:
o lobo anterior (ou adenohipófise) e o lobo posterior
(ou neuro-hipófise).
96
Além de exercerem efeitos sobre órgãos nãoendócrinos, alguns hormônios, produzidos pela hipófise
são denominados trópicos (ou tróficos) porque atuam
sobre outras glândulas endócrinas, comandando a
secreção de outros hormônios. São eles:
•
•
•
•
Tireotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina
tireóide.
Adrenocorticotrópicos: atuam sobre o córtex da
glândula endócrina adrenal (supra-renal)
Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas
masculinas e femininas.
Somatotrófico: atua no crescimento, promovendo
o alongamento dos ossos e estimulando a síntese
de proteínas e o desenvolvimento da massa
muscular. Também aumenta a utilização de
gorduras e inibe a captação de glicose plasmática
pelas células, aumentando a concentração de
glicose no sangue (inibe a produção de insulina
pelo pâncreas, predispondo ao diabetes).
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002
10.2 - Hipotálamo
Localizado no cérebro diretamente
acima da hipófise, é conhecido por exercer
controle sobre ela por meios de conexões
neurais e substâncias semelhantes a
hormônios
chamados
fatores
desencadeadores (ou de liberação), o meio
pelo qual o sistema nervoso controla o
comportamento
sexual
via
sistema
endócrino.
97
O hipotálamo estimula a glândula
hipófise
a
liberar
os
hormônios
gonadotróficos (FSH e LH), que atuam
sobre as gônadas, estimulando a liberação
de hormônios gonadais na corrente
sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do
hormônio gonadotrófico é o ovário; no
homem, são os testículos. Os hormônios
gonadais são detectados pela pituitária e
pelo hipotálamo, inibindo a liberação de
mais hormônio pituitário, por feed-back.
Como a hipófise secreta hormônios
que controlam outras glândulas e está
subordinada, por sua vez, ao sistema
nervoso, pode-se dizer que o sistema
endócrino é subordinado ao nervoso e que
o hipotálamo é o mediador entre esses dois
sistemas.
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed
Saraiva, 2002
O hipotálamo também produz outros
fatores de liberação que atuam sobre a
adeno-hipófise, estimulando ou inibindo
suas secreções. Produz também os
hormônios ocitocina e ADH (antidiurético),
armazenados e secretados pela neurohipófise.
10.3 - Tireóide
Localiza-se no pescoço, estando apoiada sobre as cartilagens da laringe e da traquéia.
Seus dois hormônios, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), aumentam a velocidade dos
processos de oxidação e de liberação de energia nas células do corpo, elevando a taxa
metabólica e a geração de calor. Estimulam ainda a produção de RNA e a síntese de
proteínas, estando relacionados ao crescimento, maturação e desenvolvimento. A
calcitonina, outro hormônio secretado pela tireóide, participa do controle da concentração
sangüínea de cálcio, inibindo a remoção do cálcio dos ossos e a saída dele para o plasma
sangüíneo, estimulando sua incorporação pelos ossos.
98
10.4 - Paratireóides
São pequenas glândulas, geralmente em número de quatro, localizadas na região
posterior da tireóide. Secretam o paratormônio, que estimula a remoção de cálcio da matriz
óssea (o qual passa para o plasma sangüíneo), a absorção de cálcio dos alimentos pelo
intestino e a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais, aumentando a concentração de
cálcio no sangue. Neste contexto, o cálcio é importante na contração muscular, na
coagulação sangüínea e na excitabilidade das células nervosas.
10.5 - Adrenais ou supra-renais - São duas
glândulas localizadas sobre os rins, divididas em
duas partes independentes – medula e córtex secretoras de hormônios diferentes, comportandose como duas glândulas. O córtex secreta três
tipos de hormônios: os glicocorticóides, os
mineralocorticóides e os androgênicos.
99
10.6 - Pâncreas
É uma glândula mista ou anfícrina – apresenta determinadas regiões endócrinas e
determinadas regiões exócrinas (da porção secretora partem dutos que lançam as
secreções para o interior da cavidade intestinal) ao mesmo tempo. As chamadas ilhotas de
Langerhans são a porção endócrina, onde estão as células que secretam os dois
hormônios: insulina e glucagon, que atuam no metabolismo da glicose.
11 – SISTEMA SENSORIAL
OS SENTIDOS: VISÃO, AUDIÇÃO, PALADAR, OLFATO E TATO
Os órgãos dos sentidos
Os sentidos fundamentais do corpo humano - visão, audição, tato, gustação ou paladar
e olfato - constituem as funções que propiciam o nosso relacionamento com o ambiente.
Por meio dos sentidos, o nosso corpo pode perceber muita coisa do que nos rodeia;
contribuindo para a nossa sobrevivência e integração com o ambiente em que vivemos.
Existem determinados receptores, altamente especializados, capazes de captar
estímulos diversos. Tais receptores, chamados receptores sensoriais, são formados por
células nervosas capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos elétricos ou
nervosos que serão processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso
central (SNC), onde será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A estrutura e
o modo de funcionamento destes receptores nervosos especializados é diversa.
Tipos de receptores:
1) Exteroceptores: respondem a estímulos externos, originados fora do organismo.
2) Proprioceptores: os receptores proprioceptivos encontram-se no esqueleto e nas
inserções tendinosas, nos músculos esqueléticos (formando feixes nervosos que envolvem
as fibras musculares) ou no aparelho vestibular da orelha interna. Detectam a posição do
indivíduo no espaço, assim como o movimento, a tensaõ e o estiramento musculares.
3) Interoceptores: os receptores interoceptivos respondem a estímulos viscerais ou
outras sensações como sede e fome.
100
Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma ramificação nervosa;
mais complexos, formados por elementos nervosos interconectados ou órgãos complexos,
providos de sofisticados sistemas funcionais.
Dessa maneira:
è pelo tato sentimos o frio, o
calor, a pressão
atmosférica, etc;
è
pela
gustação
identificamos
os
sabores;
è pelo olfato sentimos o odor ou
cheiro;
è pela audição
- captamos os sons;
è pela visão observamos
as
cores, as formas, os
contornos, etc.
Portanto, em
nosso corpo os
órgãos dos sentidos
estão encarregados
de
receber
estímulos externos.
Esses órgãos são:
è a pele - para o tato;
è a língua - para a gustação;
è as fossas nasais - para o olfato;
è os ouvidos - para a audição;
è os olhos - para a visão.
Imagem: AMABIS & MARTHO. Conceitos de Biologia Volume 2. São Paulo, Editora Moderna, 2001.
11.1 - VISÃO
ANATOMIA DO OLHO
101
Os globos oculares estão alojados
dentro
de
cavidades
ósseas
denominadas órbitas, compostas de
partes dos ossos frontal, maxilar,
zigomático, esfenóide, etmóide, lacrimal
e palatino. Ao globo ocular encontram-se
associadas
estruturas
acessórias:
pálpebras, supercílios (sobrancelhas),
conjuntiva, músculos e aparelho lacrimal.
CRUZ, Daniel.O Corpo Humano. São Paulo, Ed. Ática, 2000.
Cada globo ocular compõe-se de três túnicas e de quatro meios transparentes:
Túnicas:
1- túnica fibrosa externa: esclerótica (branco do olho). Túnica resistente de tecido
fibroso e elástico que envolve externamente o olho (globo ocular) A maior parte da
esclerótica é opaca e chama-se esclera, onde estão inseridos os músculos extra-oculares
que movem os globos oculares, dirigindo-os a seu objetivo visual. A parte anterior da
esclerótica chama-se córnea. É transparente e atua como uma lente convergente.
2- túnica intermédia vascular pigmentada: úvea. Compreende a coróide, o corpo
ciliar e a íris. A coróide está situada abaixo da esclerótica e é intensamente pigmentada.
Esses pigmentos absorvem a luz que chega à retina, evitando sua reflexão. Acha-se
intensamente vascularizada e tem a função de nutrir a retina.
Possui uma estrutura muscular de cor variável – a íris, a qual é dotada de um orifício
central cujo diâmetro varia, de acordo com a iluminação do ambiente – a pupila.
A coróide une-se na parte anterior do olho ao corpo ciliar, estrutura formada por
musculatura lisa e que envolve o cristalino, modificando sua forma.
Em ambientes mal iluminados,
por ação do sistema nervoso
simpático, o diâmetro da pupila
aumenta e permite a entrada de
maior quantidade de luz. Em locais
muito claros, a ação do sistema
nervoso parassimpático acarreta
diminuição do diâmetro da pupila e
da
entrada
de
luz.
Esse
mecanismo evita o ofuscamento e
impede que a luz em excesso lese
as delicadas células fotossensíveis
da retina.
3- túnica interna nervosa: retina. É a membrana mais interna e está debaixo da
coróide. É composta por várias camadas celulares, designadas de acordo com sua relação
ao centro do globo ocular. A camada mais interna, denominada camada de células
ganglionares, contém os corpos celulares das células ganglionares, única fonte de sinais
de saída da retina, que projeta axônios através do nervo óptico. Na retina encontram-se dois
102
tipos de células fotossensíveis: os cones e os bastonetes. Quando excitados pela
energia luminosa, estimulam as células nervosas adjacentes, gerando um impulso nervoso
que se propaga pelo nervo óptico.
A imagem fornecida pelos cones é mais nítida e mais rica em detalhes. Há três tipos de
cones: um que se excita com luz vermelha, outro com luz verde e o terceiro, com luz azul.
São os cones as células capazes de distinguir cores.
Os bastonetes não têm poder de resolução visual tão bom, mas são mais sensíveis à
luz que os cones. Em situações de pouca luminosidade, a visão passa a depender
exclusivamente dos bastonetes. É a chamada visão noturna ou visão de penumbra. Nos
bastonetes existe uma substância sensível à luz – a rodopsina – produzida a partir da
vitamina A. A deficiência alimentar dessa vitamina leva à cegueira noturna e à
xeroftalmia (provoca ressecamento da córnea, que fica opaca e espessa, podendo levar à
cegueira irreversível).
Há duas regiões especiais na retina: a fovea centralis (ou fóvea ou mancha amarela)
e o ponto cego. A fóvea está no eixo óptico do olho, em que se projeta a imagem do objeto
focalizado, e a imagem que nela se forma tem grande nitidez. É a região da retina mais
altamente especializada para a visão de alta resolução. A fóvea contém apenas cones e
permite que a luz atinja os fotorreceptores sem passar pelas demais camadas da retina,
maximizando a acuidade visual.
Acuidade visual
A capacidade do olho de distinguir entre dois pontos próximos é chamada
acuidade visual, a qual depende de diversos fatores, em especial do espaçamento
dos fotorreceptores na retina e da precisão da refração do olho.
Os cones são encontrados principalmente na retina central, em um raio de 10 graus a
partir da fóvea. Os bastonetes, ausentes na fóvea, são encontrados principalmente na retina
periférica, porém transmitem informação diretamente para as células ganglionares.
No fundo do olho está o ponto cego, insensível a luz. No ponto cego não há cones
nem bastonetes. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos sangüíneos da retina.
Meios transparentes:
- Córnea: porção transparente da túnica externa (esclerótica); é circular no seu
contorno e de espessura uniforme. Sua superfície é lubrificada pela lágrima, secretada
pelas glândulas lacrimais e drenada para a cavidade nasal através de um orifício existente
no canto interno do olho.
103
- humor aquoso: fluido aquoso que se situa entre a córnea e o cristalino, preenchendo
a câmara anterior do olho.
- cristalino: lente biconvexa coberta por uma membrana transparente. Situa-se atrás
da pupila e e orienta a passagem da luz até a retina. Também divide o interior do olho em
dois compartimentos contendo fluidos ligeiramente diferentes: (1) a câmara anterior,
preenchida pelo humor aquoso e (2) a câmara posterior, preenchida pelo humor vítreo.
Pode ficar mais delgado ou mais espesso, porque é preso ao músculo ciliar, que pode
torna-lo mais delgado ou mais curvo. Essas mudanças de forma ocorrem para desviar os
raios luminosos na direção da mancha amarela. O cristalino fica mais espesso para a visão
de objetos próximos e, mais delgado para a visão de objetos mais distantes, permitindo que
nossos olhos ajustem o foco para diferentes distâncias visuais. A essa propriedade do
cristalino dá-se o nome de acomodação visual. Com o envelhecimento, o cristalino pode
perder a transparência normal, tornando-se opaco, ao que chamamos catarata.
- humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso que se situa entre o cristalino e a
retina, preenchendo a câmara posterior do olho. Sua pressão mantém o globo ocular
esférico.
Como já mencionado anteriormente, o globo ocular apresenta, ainda, anexos: as
pálpebras, os cílios, as sobrancelhas ou supercílios, as glândulas lacrimais e os
músculos oculares.
As pálpebras são duas dobras de pele revestidas internamente por uma membrana
chamada conjuntiva. Servem para proteger os olhos e espalhar sobre eles o líquido que
conhecemos como lágrima. Os cílios ou pestanas impedem a entrada de poeira e de
excesso de luz nos olhos, e as sobrancelhas impedem que o suor da testa entre neles. As
glândulas lacrimais produzem lágrimas continuamente. Esse líquido, espalhado pelos
movimentos das pálpebras, lava e lubrifica o olho. Quando choramos, o excesso de líquido
desce pelo canal lacrimal e é despejado nas fossas nasais, em direção ao exterior do nariz.
104
11.2 - AUDIÇÃO
11.2.1 - ANATOMIA DA ORELHA
O órgão responsável pela audição é
a orelha (antigamente denominado
ouvido), também chamada órgão
vestíbulo-coclear ou estato-acústico.
A maior parte da orelha fica no
osso temporal, que se localiza na caixa
craniana. Além da função de ouvir, o
ouvido também é responsável pelo
equilíbrio.
A orelha está dividida em três
partes: orelhas externa, média e interna
(antigamente
denominadas
ouvido
externo, ouvido médio e ouvido interno).
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia. São
Paulo, Ed Saraiva, 2002
a) ORELHA EXTERNA
A orelha externa é formada pelo pavilhão auditivo
(antigamente denominado orelha) e pelo canal auditivo externo
ou meato auditivo.
Todo o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo) é
constituído por tecido cartilaginoso recoberto por pele, tendo
como função captar e canalizar os sons para a orelha média.
O canal auditivo externo estabelece a comunicação entre a orelha média e o meio
externo, tem cerca de três centímetros de comprimento e está escavado em nosso osso
temporal. É revestido internamente por pêlos e glândulas, que fabricam uma substância
gordurosa e amarelada, denominada cerume ou cera.
Tanto os pêlos como o cerume retêm poeira e micróbios que normalmente existem no
ar e eventualmente entram nos ouvidos.
O canal auditivo externo termina numa delicada membrana - tímpano ou membrana
timpânica - firmemente fixada ao conduto auditivo externo por um anel de tecido fibroso,
chamado anel timpânico.
b) ORELHA MÉDIA
A orelha média começa na membrana timpânica e consiste, em sua totalidade, de um
espaço aéreo – a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro dela estão três ossículos
articulados entre si, cujos nomes descrevem sua forma: martelo, bigorna e estribo. Esses
ossículos encontram-se suspensos na orelha média, através de ligamentos.
O cabo do martelo está encostado no tímpano; o estribo apóia-se na janela oval, um
dos orifícios dotados de membrana da orelha interna que estabelecem comunicação com a
orelha média. O outro orifício é a janela redonda. A orelha média comunica-se também
105
com a faringe, através de um canal denominado tuba auditiva (antigamente denominada
trompa de Eustáquio). Esse canal permite que o ar penetre no ouvido médio. Dessa forma, de
um lado e de outro do tímpano, a pressão do ar atmosférico é igual. Quando essas pressões
ficam diferentes, não ouvimos bem, até que o equilíbrio seja reestabelecido.
c) ORELHA INTERNA
A orelha interna, chamada labirinto, é formada por escavações no osso temporal,
revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas
janelas oval e a redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol relacionada com a audição, e uma parte posterior - relacionada com o equilíbrio e
constituída pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares.
11.2.2 - O MECANISMO DA AUDIÇÃO
O som é produzido por ondas de compressão e descompressão alternadas do ar. As
ondas sonoras propagam-se através do ar exatamente da mesma forma que as ondas
propagam-se na superfície da água. Assim, a compressão do ar adjacente de uma corda de
violino cria uma pressão extra nessa região, e isso, por sua vez, faz com que o ar um pouco
mais afastado se torne pressionado também. A pressão nessa segunda região comprime o ar
106
ainda mais distante, e esse processo repete-se continuamente até que a onda finalmente
alcança a orelha.
A orelha humana é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e
interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de freqüências (16 a 20.000 Hz - Hertz
ou ondas por segundo).
A captação do som até sua percepção e interpretação é uma seqüência de
transformações de energia, iniciando pela sonora, passando pela mecânica, hidráulica e
finalizando com a energia elétrica dos impulsos nervosos que chegam ao cérebro.
11.3 – A GUSTAÇÃO (PALADAR)
Os sentidos gustativo e olfativo são chamados sentidos químicos, porque seus
receptores são excitados por estimulantes químicos. Os receptores gustativos são excitados
por substâncias químicas existentes nos alimentos, enquanto que os receptores olfativos são
excitados por substâncias químicas do ar. Esses sentidos trabalham conjuntamente na
percepção dos sabores. O centro do olfato e do gosto no cérebro combina a informação
sensorial da língua e do nariz.
Imagem: www.msd.es/publicaciones/mmerck_hogar/seccion_06/seccion_06_072.html, com adaptações
107
O receptor sensorial do paladar é a
papila gustativa. É constituída por células
epiteliais localizadas em torno de um poro
central na membrana mucosa basal da
língua. Na superfície de cada uma das
células
gustativas
observam-se
prolongamentos finos como pêlos,
projetando-se em direção da cavidade
bucal; são chamados microvilosidades.
Essas estruturas fornecem a superfície
receptora para o paladar.
Observa-se
entre
as
células
gustativas de uma papila uma rede com
duas ou três fibras nervosas gustativas, as
quais são estimuladas pelas próprias
células gustativas. Para que se possa
sentir o gosto de uma substância, ela deve
primeiramente ser dissolvida no líquido
bucal e difundida através do poro
gustativo em torno das microvilosidades.
Portanto substâncias altamente solúveis e
difusíveis, como sais ou outros compostos
que têm moléculas pequenas, geralmente
fornecem graus gustativos mais altos do
que substâncias pouco solúveis difusíveis,
como proteínas e outras que possuam
moléculas maiores.
Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio
de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
A gustação é primariamente uma função da língua, embora regiões da faringe, palato e
epiglote tenham alguma sensibilidade. Os aromas da comida passam pela faringe, onde
podem ser detectados pelos receptores olfativos.
As Quatro Sensações Gustativas-Primárias
Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais
percebem os quatro sabores primários, aos quais chamamos sensações gustativas primárias:
amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam
centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na
superfície da língua, não é homogênea.
108
1.Papilas circunvaladas
2.Papilas fungiformes
3. Papilas filiformes
Imagem:
www.nib.unicamp.br/svol/sentidos.html
/sentidos.html
Até
os
últimos
anos
acreditava-se
que
existiam
quatro
tipos
inteiramente
diferentes
de
papila gustativa,
cada
qual
detectando uma
das sensações
gustativas
primárias
particular. Sabese agora que
todas as papilas
gustativas
possuem alguns graus de sensibilidade para cada uma
das sensações gustativas primárias. Entretanto, cada
papila normalmente tem maior grau de sensibilidade
para uma ou duas das sensações gustativas. O cérebro
detecta o tipo de gosto pela relação (razão) de
estimulação entre as diferentes papilas gustativas. Isto
é, se uma papila que detecta principalmente salinidade
é estimulada com maior intensidade que as papilas que
respondem mais a outros gostos, o cérebro interpreta a
sensação como de salinidade, embora outras papilas
tenham sido estimuladas, em menor extensão, ao
mesmo tempo.
O sabor diferente das comidas
Cada comida ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a torná-la
única. Muitas comidas têm um sabor distinto como resultado da soma de seu gosto e cheiro,
percebidos simultaneamente. Além disso, outras modalidades sensoriais também contribuem
com a experiência gustativa, como a textura e a temperatura dos alimentos. A sensação de
dor também é essencial para sentirmos o sabor picante e estimulante das comidas
apimentadas.
11.4 - O OLFATO
O olfato humano é pouco desenvolvido se comparado ao de outros mamíferos. O
epitélio olfativo humano contém cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada qual com
seis pêlos sensoriais (um cachorro tem mais de 100 milhões de células sensoriais, cada qual
com pelo menos 100 pêlos sensoriais). Os receptores olfativos são neurônios genuínos, com
receptores próprios que penetram no sistema nervoso central.
109
A cavidade nasal,
que começa a partir
das janelas do nariz,
está situada em cima
da
boca e debaixo da
caixa
craniana.
Contém os órgãos do
sentido do olfato, e é
forrada por um epitélio
secretor de muco. Ao
circular pela cavidade
nasal, o ar se purifica,
umedece e esquenta. O
órgão olfativo é a
mucosa que forra a
parte superior das
fossas
nasais
chamada
mucosa
olfativa ou amarela, para distingui-la da vermelha - que cobre a parte inferior.
A mucosa vermelha é dessa cor por ser muito rica em vasos sangüíneos, e contém
glândulas que secretam muco, que mantém úmida a região. Se os capilares se dilatam e o
muco é secretado em excesso, o nariz fica obstruído, sintoma característico do resfriado.
A mucosa amarela é muito rica em terminações nervosas do nervo olfativo. Os
dendritos das células olfativas possuem prolongamentos sensíveis (pêlos olfativos), que
ficam mergulhados na camada de muco que recobre as cavidades nasais. Os produtos
voláteis ou de gases perfumados ou ainda de substâncias lipossolúveis que se desprendem
das diversas substâncias, ao serem inspirados, entram nas fossas nasais e se dissolvem no
muco que impregna a mucosa amarela, atingindo os prolongamentos sensoriais.
Dessa forma, geram impulsos nervosos, que são conduzidos até o corpo celular das
células olfativas, de onde atingem os axônios, que se comunicam com o bulbo olfativo. Os
axônios se agrupam de 10-100 e penetram no osso etmóide para chegar ao bulbo olfatório,
onde convergem para formar estruturas sinápticas chamadas glomérulos. Estas se conectam
em grupos que convergem para as células mitrais. Fisiologicamente essa convergência
aumenta a sensibilidade olfatória que é enviada ao Sistema Nervoso Central (SNC), onde o
processo de sinalização é interpretado e decodificado.
Aceita-se a hipótese de que
existem alguns tipos básicos de
células do olfato, cada uma com
receptores para um tipo de odor. Os
milhares de tipos diferentes de
cheiros que uma pessoa consegue
distinguir resultariam da integração
de impulsos gerados por uns
cinqüenta estímulos básicos, no
máximo. A integração desses
estímulos seria feita numa região
localizada em áreas laterais do córtex
cerebral, que constituem o centro
olfativo.
110
A mucosa olfativa é tão sensível que poucas moléculas são suficientes para estimula-la,
produzindo a sensação de odor. A sensação será tanto mais intensa quanto maior for a
quantidade de receptores estimulados, o que depende da concentração da substância
odorífera no ar.
O olfato tem importante papel na distinção dos alimentos. Enquanto mastigamos,
sentimos simultaneamente o paladar e o cheiro. Do ponto de vista adaptativo, o olfato tem
uma nítida vantagem em relação ao paladar: não necessita do contato direto com o objeto
percebido para que haja a excitação, conferindo maior segurança e menor exposição a
estímulos lesivos.
O olfato, como a visão, possui uma enorme capacidade adaptativa. No início da
exposição a um odor muito forte, a sensação olfativa pode ser bastante forte também, mas,
após um minuto, aproximadamente, o odor será quase imperceptível.
Porém, ao contrário da visão, capaz de perceber um grande número de cores ao mesmo
tempo, o sistema olfativo detecta a sensação de um único odor de cada vez. Contudo, um
odor percebido pode ser a combinação de vários outros diferentes. Se tanto um odor pútrido
quanto um aroma doce estão presentes no ar, o dominante será aquele que for mais intenso,
ou, se ambos forem da mesma intensidade, a sensação olfativa será entre doce e pútrida.
12 - SISTEMA TEGUMENTAR
Estrutura do tegumento (pele)
O tegumento humano, mais
conhecido como pele, é formado por
duas camadas distintas, firmemente
unidas entre si: a epiderme e a derme.
12.1 - Epiderme
A epiderme é um epitélio
multiestratificado, formado por várias
camadas
(estratos)
de
células
achatadas
(epitélio
pavimentoso)
justapostas. A camada de células mais
interna,
denominada
epitélio
germinativo, é constituída por células
que se multiplicam continuamente;
dessa maneira, as novas células
geradas empurram as mais velhas para
111
cima, em direção à superfície do corpo. À medida que envelhecem, as células epidérmicas
tornam-se achatadas, e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína resistente
e impermeável, a queratina. As células mais superficiais, ao se tornarem repletas de
queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao atrito e altamente
impermeável à água, denominado camada queratinizada ou córnea.
Toda a superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar
estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas ou receptores
cutâneos são especializados na recepção de estímulos específicos. Não obstante, alguns
podem captar estímulos de natureza distinta. Porém na epiderme não existem vasos
sangüíneos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos
sangüíneos da derme.
Nas regiões da pele providas de pêlo, existem terminações nervosas específicas
nos folículos capilares e outras chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As
primeiras, formadas por axônios que envolvem o folículo piloso, captam as forças
mecânicas aplicadas contra o pêlo. Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são
receptores térmicos de calor.
Na pele desprovida de pêlo e também na que está coberta por ele, encontram-se ainda
três tipos de receptores comuns:
1) Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis.São
formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal, amielínica, é envolta por várias
camadas que correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz
de captar a aplicação de pressão, que é transmitida para as outras camadas e enviada aos
centros nervosos correspondentes.
2) Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma
estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Estes discos
estão englobados em uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa às células
epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de pressão
e tração sobre epiderme desencadeam o estímulo.
3) Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e
especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto por células
de Schwann sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana basal.
Na pele sem pêlo encontram-se, ainda, outros receptores específicos:
4) Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pêlos (como
nas partes mais altas das impressões digitais). São formados por um axônio mielínico, cujas
ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias.
5) Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por uma
fibra nervosa cuja terminação possui forma de clava.Situam-se nas regiões limítrofes da
pele com as membranas mucosas (por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais).
RECEPTORES DE SUPERFÍCIE
SENSAÇÃO PERCEBIDA
Receptores de Krause
Frio
Receptores de Ruffini
Calor
Discos de Merkel
Tato e pressão
Receptores de Vater-Pacini
Pressão
Receptores de Meissner
Tato
Terminações nervosas livres
Principalmente dor
112
Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem
melanina, pigmento que determina a coloração da pele.
As glândulas anexas – sudoríparas e sebáceas – encontram-se mergulhadas na
derme, embora tenham origem epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de
uréia) é drenado pelo duto das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea
(secreção gordurosa que lubrifica a epiderme e os pêlos) sai pelos poros de onde emergem
os pêlos.
A transpiração ou sudorese tem por função refrescar o corpo quando há elevação da
temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, devido, por
exemplo, ao aumento da atividade física.
12.2 - Derme
A derme, localizada imediatamente
sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que
contém fibras protéicas, vasos sangüíneos,
terminações nervosas, órgãos sensoriais e
glândulas. As principais células da derme
são os fibroblastos, responsáveis pela
produção de fibras e de uma substância
gelatinosa, a substância amorfa, na qual
os elementos dérmicos estão mergulhados.
A epiderme penetra na derme e origina
os folículos pilosos, glândulas sebáceas e
glândulas
sudoríparas.
Na
derme
encontramos ainda: músculo eretor de pêlo,
fibras
elásticas
(elasticidade),
fibras
colágenas (resistência), vasos sangúíneos e
nervos.
12.3 - Tecido subcutâneo
Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido subcutâneo, rico em
fibras e em células que armazenam gordura (células adiposas ou adipócitos). A camada
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subcutânea, denominada hipoderme, atua como reserva energética, proteção contra
choques mecânicos e isolante térmico.
12.4 - Unhas e pêlos
Unhas e pêlos são constituídos por células epidérmicas queratinizadas, mortas e
compactadas. Na base da unha ou do pêlo há células que se multiplicam constantemente,
empurrando as células mais velhas para cima. Estas, ao acumular queratina, morrem e se
compactam, originando a unha ou o pêlo. Cada pêlo está ligado a um pequeno músculo
eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais glândulas sebáceas, que se
encarregam de sua lubrificação.
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