da “deficiência” a resiliência: refazendo a tessitura da vida

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da “deficiência” a resiliência: refazendo a tessitura da vida
DA “DEFICIÊNCIA” A RESILIÊNCIA: REFAZENDO A
TESSITURA DA VIDA
ALVES, Maria Dolores Fortes1 - PUCSP
Grupo de Trabalho - Diversidade e Inclusão
Agência Financiadora: CNPq
Resumo
Este artigo é uma reflexão sobre minha história de vida e de Gabriela Brimmer, bem como,
sobre novos paradigmas e resiliência. Nele objetivamos discutir a questão da diversidade em
seus multiplos aspectos ao olhar dos novos paradigmas e pensamentos: complexidade,
transdisciplinaridade e pensamento ecossistêmico. Também, a luz dessas propostas teóricas
refletiremos sobre resiliência, o conviver diversidade, resiliência e criatividade, assim como,
diversidade e o habitar comum: a Teia da Vida.
Palavras-Chaves: novos paradigmas, inclusão, resiliência.
Introdução
“É no esforço por andar que está a beleza do mancar”.
(autor desconhecido)
Este artigo é uma reflexão sobre minha história de vida e de Gabriela Brimmer, bem
como, sobre novos paradigmas e resiliência.
Gabriela Brimmer nasceu no México em 12 de setembro de 1947. Era filha de
imigrantes judeus austríacos, Miguel e Sari Brimmer, refugiados no México. A linda menina
nasceu pesando três quilos e cem gramas. Era uma menina loira com um rostinho muito
delicado e belo. Gaby ficava com seu corpinho enroladinha como um arco. Então seu pai se
pôs a investigar levando-a a médicos, quando descobriu-se que a pequena Gabriela tinha
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Doutora e Mestre em Educação – PUC/SP-CNPq (Pontifícia Universidade Católica); e UB (Universidade de
Barcelona), Mestre em Psicopedagogia e Pedagoga - UNISA;Pós-Graduada em Distúrbios da Aprendizagem
pela UBA (Universidade de Buenos Aires); Especialista em Educação em Valores Humanos; Pesquisadora GEPI
(Grupo de Estudos Pesquisas Interdisciplinares), RIES (Rede Internacional Ecologia dos Saberes),
ECOTRANSD (Ecologia dos Saberes e Transdisciplinaridade - CNPq), RIEC (Rede Internacional de Escolas
Criativas), GIAD (Grupo de Investigação e Assessoramento Didático. Universidade de Barcelona) e ADESTE
(A Adversidade Esconde um Tesouro- UB); Autora de diversos artigos e livros. E-mail: [email protected]
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Paralisia Motora Cerebral (ou Incapacidade Motora Cerebral-IMC, como atualmente
denominamos).
Gabriela teve limitações físicas severas e apenas tinha controle de movimentos do pé
esquerdo. Tornou-se uma escritora famosa e uma ativista na luta em Defesa de Pessoas com
IMC. Foi um grande exemplo de criatividade, superação e resiliência. A Partir de sua história,
faremos uma breve reflexão sobre Complexidade, Transdisciplinaridade, Criatividade,
Resiliência e a tessitura da Teia da Vida.
A história de Gaby, em muitos momentos conta minha própria história. Apesar de
termos “deficiências” de origem diferente, eu tive Artrite Reumatoide Infanto Juvenil aos três
anos de idade, o que me deixou com limitações físicas quase tão severas como as de Gabriela.
Com muita dificuldade e enfrentamento dos obstáculos arquitetônicos, financeiros e
preconceitos consegui estudar e tornar-me doutora em Educação. Mas, a minha autobiografia
está em outros textos e livro (ALVES, 2009b). Assim, agora vamos a História de Gabriela e
depois explanaremos mais sobre superações, resiliência e a importância de termos consciência
da complexidade da teia da vida.
Atualmente, a deficiência que acometeu Gabriela e centenas de crianças em todo o
mundo, denomina-se Incapacidade Motora Cerebral (IMC), uma vez que a lesão atinge
apenas a área motora do cérebro. Com esta nova nomenclatura, evita-se confusão com a
Deficiência Intelectual. Normalmente a IMC atinge apenas a parte motora e a capacidade
intelectual continua preservada. Antigamente havia um imenso desconhecimento das
habilidades preservadas e a pessoa era tratada como se tivesse também retardo intelectual.
O que ocorre na IMC é que a área motora do cérebro sofreu falta de oxigênio antes do
parto ou no parto, ou mesmo por alguma lesão ou febre alta, o que provoca a morte de tecidos
dessa região. Mesmo que os neurônios enviem a informações, o músculo não responde ou
responde inadequadamente, fazendo movimentos descontrolados. Dependendo da extensão, a
criança pode ter algum membro preservado ou não. Em outros casos, até a fala é gravemente
prejudicada, visto que também dependemos da área motora do cérebro para articularmos
fonemas.
Devido a plasticidade cerebral, com fisioterapia e outros tratamentos observa-se
melhoras progressivas e bastante animadoras, fazendo com que os sujeitos com essa patologia
possam ter qualidade de vida e recuperar o controle de alguns movimentos.
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Gabriela, como dissemos acima, tinha controle apenas do pé esquerdo. Os pais de
Gaby eram muitos cultos e a estimularam muito. Sua mãe era de grande sensibilidade, lia e
escrevia muito, seu o pai adora música e poesias. Aos oito anos de idade, ingressou na escola
primária num Centro de Reabilitação Músculo Esquelético, onde, com o tempo transcorrido
entre livros, poesias, e brincadeiras infantis, muitas alegrias e aprendizagens aconteceram.
Florência – sua cuidadora - lia o que Gaby apontava na prancha de símbolos ou digitava na
máquina e passava a resposta aos colegas ou professores. Em 1967, apesar da resistência dos
Centros de Educação em aceitarem pessoas com deficiência em escolas comuns, Gabriela
submeteu-se a testes vocacionais e ingressou em uma escola regular. Seus professores
perceberam as habilidades de escrita de Gaby e a estimularam a se tornar escritora.
Em 1967 quando se preparava para avançar para o ensino superior, seu pai morreu,
deixando-a muito abalada emocionalmente. Uma das frases dele que a marcou muito, foi
”nossos maiores monstros estão dentro de nós mesmos, eles são nossos medos”. Ele lhe
representava um guia, um grande mestre no caminho da existência e do amor.
Em 1971, iniciou o curso de Sociologia. Cursou apenas três semestres e, por
dificuldades de acessibilidade da instituição desistiu. Em 1974 retornou a Universidade para
cursar jornalismo, porém, devido às barreiras arquitetônicas e humanas da Universidade,
novamente desistiu.
Próximo a completar 30 anos, Gaby adotou uma menina. Assim, Florência cuidava de
Gabriela Brimmer e do bebê. Em 1979 a mãe de Gaby realizou seu grande sonho, publicou o
seu primeiro livro - sua autobiografia que, tempos depois, transformou em um filme intitulado
“Gaby: uma estória verdadeira”. Já em 1980 saem também seus primeiros livros de poesias e
cartas.
Em 1989, Gaby fundou com alguns amigos uma associação de pessoas com
deficiência - Associação dos Direitos das Pessoas com Deficiências Motoras (ADEPAM).
Esta instituição oferecia as pessoas com IMC serviços como atendimento psicológico,
médicos, fisioterapia, fonoaudiólogo, serviço social, além de ensino primário e secundário por
um sistema de ensino livre e, encaminhamento para o mercado de trabalho. Também havia na
associação atividades culturais e recreativas. Gabriela Brimmer teve ampla participação
tentativa de melhorar a vida de pessoas com deficiência e, com grande força de superação e
luta, que parecia surgir do fundo de sua alma.
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Gabriela dizia palavras parecidas com as que eu digo: “minhas palavras e meus
pensamentos podem me levar aonde o meu corpo físico não pode chegar.” Nossos
pensamentos podem voar em frações de segundos, portanto, nossas palavras e livros correm o
mundo.
A história de Gabriela Brimmer foi um lindo exemplo de resiliência, superação.
Agora, refletindo sobre os princípios da complexidade e da transdisciplinaridade, algumas
lições importantes podem ser tiradas desta trajetória e percebermos como a inclusão, a
diversidade e criatividade compartilhadas, pode acrescentar resiliência a toda Teia da vida.
Resiliência: resignificando a tessitura do conviver
“Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar
como peixes, mas ainda não aprendemos a viver juntos”
(Martin Luther King).
Resiliência é uma palavra emprestada da física e muito usada atualmente para designar
os sujeitos que tem a capacidade superar situações difíceis de uma maneira criativa, sem se
desestruturarem diante dos momentos dolorosos. Para Moraes (2004, p.305), resiliência é uma
“capacidade humana universal que faz com que o indivíduo seja capaz de enfrentar as
adversidades da vida, de superá-las e transformá-las”. Logo, podemos compreender que um
sujeito resiliente é aquele que supera as desventuras da vida e desenvolve outro jeito mais
adequado e criativo de viver com as adversidades. Destarte, ter fé, tenacidade e afinco em
suas ações, esperança amorosidade seu coração, confiança e coragem em sua mente, são
lições que as pessoas que convivem a diversidade aprendem bem cedo e podem ensinar à
todos que com eles convivem. Além de nos ensinarem a ter o pensamento mais flexível e
menos dual, mais criativo e nutridos por sentimentos de alegria e uma visão mais profunda e
abrangente em relação aos fatos da vida, contribuem para o ressignificar dos valores que
embasam o nosso aprender a ser, viver e conviver (DELORS, 2000).
As ciências biologia, física, antropologia, educação etc., corroboram com estas
afirmações acima. Atualmente várias pesquisas (MATURANA; VARELA, 1997; 1995;
CAPRA, 1987; 1999; MORAES, 2008; 2004.) nos apresentam os conhecimentos de que a
vida inteira do planeta se faz emergir em um contexto de relações, de cooperação, seja esta
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relação e cooperação entre átomos, moléculas, células, seres ou órgãos. Sabemos que é graças
a este processo de troca, criatividade é que a vida se renova e se mantém, ou seja, somosseres
autopoiéticos. Até mesmo depois de um processo de entropia e morte, também há novos
processos de transformação da matéria e renovação da vida. Tudo é recursivo e retorna de
uma maneira transformada. Novamente, chamamos Moraes para confirmar estes
conhecimentos. Assim, ela expõe que: “somos constituídos pelos mesmos elementos físicoquímicos e pela mesma energia e campos vibracionais constitutivos da mãe Terra e da qual,
em realidade, não estamos separados” (MORAES apud MORIN et al., 2011, p.142).
Alves expressa em seu livro “Favorecendo a inclusão pelos caminhos do coração”,
(2009a) que “o humano somente se faz humano pelo olhar amoroso e acolhedor de outro
humano”. Ainda, Maturana e Varela (1995) nos dizem que é a aceitação do outro junto a nós
no conviver e comunicar que constitui o fundamento biológico do fenômeno social. Ou seja,
sem aceitação do outro junto a nós, não há socialização, e sem esta não há humanidade, não
há humanização. Sem a socialização o ser humano pode ser comparado a qualquer outro
animal, pois, é no conviver e comunicar através do fenômeno social e cultural, que o humano
se humaniza.
Maturana e Varela (1995) também acrescentam que qualquer coisa que destrua ou
limite a aceitação do outro, desde a competição até a posse da verdade, passando pela certeza
ideológica, destrói ou limita o acontecimento do fenômeno social. Portanto, destrói também o
ser humano, porque elimina o processo biológico que o gera. Como nos diz estes autores
acima citados: “criar o conhecimento, o entendimento que possibilita a convivência humana, é
o maior, mais urgente, mais grandioso e mais difícil desafio com que se depara a humanidade
atualmente” (MATURANA; VARELA, 1995, p. 27).
Partindo destes pensamentos e pesquisas, podemos perceber que até mesmo nossos
vínculos com outros seres humanos, conosco mesmos e com a natureza constituem-se um
grande desafio, bem como, o convívio com a diversidade pode nos oferecer infinitas
possibilidades de autoconhecimento, criatividade, renovação, evolução da consciência e nosso
potencial de resiliência.
Em um primeiro momento, ao passar os olhos em histórias como de Brimmer (2008),
Alves (2008) e outras pessoas com deficiência, podemos perceber claramente que em
situações de crise estas pessoas têm tendência a buscar saídas de uma maneira criativa e
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superam os obstáculos que aos olhos de outras pessoas sem limitações em seus corpos físicos
pareceriam impossível.
Estudos biológicos, ontológicos e antropológicos (MORIN, 1977; 1980; 1997;
MATURANA, 1997; 2001; MATURANA; VARELA, 1995; 1997; CAPRA, 1999) mostramnos que, graças aos conhecimentos de outras culturas e a troca destes conhecimentos
culturais, é que os humanos conseguiram sobreviver às catástrofes e doenças. Graças a nossa
solidariedade biológica é que nossas células acumulam memória genética e que nos tornamos
resistentes a doenças.
Igualmente, psicopedagogicamente dizendo, é na relação intersubjetiva de nossas
diferenças que se possibilita o desengessamento de padrões cristalizados de pensamento e
beneficiam com isso, nosso potencial de criação e recriação, nosso poder de autoria de vida e
pensar flexível e criativo, (ALVES, 2009b). Assim, é no conflito de saberes locais com
saberes globais que aprendemos a significar e ressignificar saberes universais,
proporcionando deste modo, que a humanidade possa evoluir para um novo patamar, para
uma nova experiência de convivência e resiliência.
Lendo as diversas histórias de superação em Torre (2011), podemos perceber com
clareza o que diz este autor e pesquisador do projeto ADESTE: “A adversidade esconde um
tesouro.” Ou seja, a diversidade cultural e o diálogo entre diferentes seres com suas
diversidades físicas, étnicas, emocionais e culturais contribuem para o surgimento de novas
formas de relação do humano consigo, com o outro e com a natureza. Estas pessoas tem
criatividade natural para a superação de obstáculos, de situações difíceis e aparentemente
intransponíveis. Concordamos com Torre (2011, p. 14), quando afirma que as pessoas
criativas têm mais possibilidades de enfrentar obstáculos e desafiar as adversidades e crises,
do que aquelas que foram educadas dentro de padrões e os reproduzem.
Se pensarmos a este respeito, percebemos que pessoas com deficiência pelas suas
próprias condições, já vivem fora dos padrões e constantemente quebram paradigmas e
derrubam barreiras. Esta já é uma condição de vida imposta a nós para que possamos viver e
nos desenvolver. Os recursos mentais e emocionais que desenvolvemos nos possibilitam a
pensar em alternativas para superar as dificuldades, em vez de ficarmos lamentando sobre
nossas dificuldades. Enquanto nossos corpos físicos nos aprisionam, nossas mentes e espíritos
possuem flexibilidade, criatividade e leveza para darmos voos de liberdade e seguirmos
avançando.
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Assim, além da partilha de saberes e superação das adversidades pela criatividade
compartilhada na diversidade, possibilita-se que ocorra uma inclusão verdadeira, na qual toda
pessoa tenha outorgado o direito de ser único, legítimo. Que cada sujeito possa habitar-se
(MATURANA; YANEZ, 2009), portando em si o “sentimento de pertencimento” a
humanidade, a cultura, a sociedade e a tessitura planetária e cósmica.
Diversidade, Criatividade, Transdisciplinaridade e Complexidade: Favorecendo o
habitar na tessitura comum
No diálogo da criatividade com a diversidade compreendemos que no entrelaçar
relações e emoções podemos vislumbrar o encontro de valores essenciais no nosso emocionar,
nas nossas linguagens, fazendo e refazendo a tessitura comum que nos liga à natureza, à
sociedade e ao todo. Isto porque, a Complexidade (MORIN, 1997) possui três princípios
fundadores e norteadores que possibilitam este entrelaçamento:
A Dialogicidade nos diz aquilo que parece antagônico e é complementar.
Existem situações que não precisam se excluir ou deixar de existir, elas podem coexistir
recriando-se em um novo patamar. É no dialogo dialógico que estimulamos nossa
criatividade (TORRE, 2005). Assim, as adversidades existem e se fazem necessárias para
estimular nosso potencial criativo e renovar a vida.
A Recursividade: tudo que o nos forma, nós os transformamos e nos
transforma. Tudo que produzimos retorna a nós de modo diferente nos transformando
também. Tudo que fazemos e pensamos a nós retorna de uma maneira transformada. Cultura,
natureza, sociedade e sujeitos são produtos e produtores ecossistêmicos.
No principio Hologramático compreendemos que cada sujeito é único e reflete
e todo e do todo faz parte. O todo está nas partes e as partes estão no todo. Se apenas
juntarmos as partes o todo se faz menor que a soma das partes. Se pensarmos no Todo como
uma relação intersubjetiva entre as partes, então podemos dizer que o todo é maior que as
partes. Assim retomamos o sentido do sistêmico, da relação todo- parte. Poeticamente
dizendo: vejo em ti o máximo do amor que há em mim e é através de ti que crio e recrio a
mim mesma. Tu és meu espelho. O mundo é meu espelho e sou espelho do mundo.
Por estes princípios podemos compreender que pessoas resilientes que superam
adversidades e a partir de uma dinâmica auto-eco-hetero organizadora influenciam
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sistemicamente a totalidade, pois, suas ações consensuadas, através do conviver e comunicar
ecologizam-se no meio.
Os três pilares ou princípios da Transdisciplinaridade também acrescentam sentido ao
conviver com a diversidade.
Pela Complexidade - a tessitura comum, compreendemos que tudo está ligado
a tudo em algum nível e de alguma maneira. Comungamos um mesmo universo e um mesmo
planeta, o mesmo ar e a mesma água: das relações cosmológicas as sinapses cerebrais tudo
acontece em tessitura.
Os Diferentes níveis de realidade-macrofísico, microfísico e virtual nos trazem
novas possibilidades de comunicação e ampliam nossa percepção do todo.
Pelo principio do Terceiro incluído compreendemos que entre situações
completamente diferentes existe está algo invisível, que os liga e dá sentido, como o preto e
branco, ying e yang. Na lógica do terceiro incluído os opostos são antes contraditórios: a
tensão entre os contraditórios promove uma unidade que inclui e vai além da soma dos dois
termos (NICOLESCU, 1999).
Considerações finais
Para que as novas gerações possam ter alguma possibilidade de enfrentar problemas
decorrentes de crises, das adversidades da vida, das catástrofes naturais ou produzidas pela
mão do homem, ambientais e planetárias (TORRE, 2011), e ainda por situações difíceis de
inter-relacionamentos, é que se expressa à importância da criatividade e da diversidade. Nelas,
podemos perceber que é a partir das dificuldades, da desordem, do desequilíbrio, das
dificuldades e das diferenças, aparentemente contraditórias, que criativamente podem emergir
situações que estimulam de modo positivo a renovação da humanidade do humano (MORIN,
2002).
Pensamos, portanto, que a diversidade compartilhada entre seres e saberes contribuem
também para que os conhecimentos culturalmente construídos proporcionem o encontro de
caminhos que nos conduzam, essencialmente, ao alargar da capacidade de se voltar para o
amor a si mesmo, ao outro (quem quer que ele seja), ao mistério da vida compartilhado com
os outros (humanos e não-humanos). Digo isso porque, cada sujeito, sociedade e cultura
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existente trazem consigo novos conhecimentos favorecedores e fortalecedores do potencial de
resiliência humana que dão sentido e fortaleza ao Todo.
Como não existe um cair de folhas que não afete todo o universo, cada ação,
pensamento e existência de cada ser é um fio único e singular da tessitura da Vida.
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