os autores precisam se envolver mais com direitos autorais

Transcrição

os autores precisam se envolver mais com direitos autorais
REVISTA DA
UNIÃO BRASILEIRA
De COMPOSITORES
#23 / FEVEREIRO 2015
PAPAS
DA LÍNGUA
+ UBC Bahia, 15 anos
+ Caiu na rede é webclipe
+ Andreas Kisser: 'O Sepultura nunca se
orientou pelo que está tocando em rádios'
+ Céu, Skank, DJ Batata, Leo Nascimento, Edu K
A banda gaúcha celebra
duas décadas de bom
humor, senso crítico
e visão de mercado:
'os autores
precisam se
envolver mais
com direitos
autorais, eles
fazem parte
do negócio'
THALLES
ROBERTO
REVISTA
DA UNIÃO
BRASILEIRA De
COMPOSITORES
#23 : FEVEREIRO 2015
CANTADO
M
Editorial
PAPAS
DA LÍNGUA
Banda Teresa
NOTÍCIAS : UBC/5
4/UBC : NOTÍCIAS
EDU K TRANSITA ENTRE ESTILOS SEM PARAR. GAÚCHO,
ABRAÇOU O FUNK CARIOCA (“É O NOSSO HIP HOP!”),
AGORA FLERTA COM O TRAP E SE PREPARA PARA A VOLTA DO
DEFALLA, UM CALDEIRÃO DE CULTURAS EM FORMA DE BANDA
Por que ainda vale a pena ouvir música brasileira?
O brasileiro é o poster boy da era da informação livre, das
redes sociais, da conexão através da web, das misturas
e da antropofagia. Nós somos, e sempre fomos, o povo do
futuro. A miscigenação está na raiz desta nação, e a música
ganha com isso. Se nada se cria, (de) tudo se apropria, haha,
somos vanguarda! O brasileiro tem um jeito peculiar e único
de interpretar a informação, e isso se cristaliza de forma
exuberante na nossa música!
Por Alessandro Soler, do Rio
Irreverente, debochado, vanguardista, multirreferenciado.
Edu K, um dos cabeças do Defalla, vive uma vida dupla. Em
carreira solo desde que uma das mais famosas bandas do
pós-punk brasileiro deu um tempo, há dez anos, ele lançou
recentemente o EP “Boy Lixo”, em que revela sua nova paixão:
o trap. Mas não tira da cabeça o rock, o funk, o miami bass,
o hip hop e um montão de outras sonoridades eletrônicas
que cultivou ao longo dos quase 20 anos consecutivos de
atividades do Defalla. Esse pacotão sonoro volta com tudo
no mês que vem, quando o adiado e mui aguardado disco
inédito do grupo surgido em Porto Alegre, em 1986, chega ao
mercado. Para falar sobre isso e sobre o que anda passando
por sua mente fervilhante, Edu trocou dois dedos de prosa
com a Revista UBC.
Você continua em Santa Catarina? Voltou para o Rio
Grande? O que vagar nesse eixo acrescentou às suas
sonoridades e escolhas estéticas?
Eu sou um nômade, nasci vagando e morrerei vagando!
Tudo me inspira. Estou sempre imerso nos meus arredores,
absorvendo os elementos que se condensam na minha música,
no meu estilo, nas minhas inspirações musicais e estéticas.
Atualmente transito entre Porto Alegre, Florianópolis e São
Paulo: não consigo ficar parado por muito tempo no mesmo
lugar, preciso desse movimento perpétuo, senão enlouqueço,
e a convivência com as diversas tribos que habitam tais
paradouros grita na minha música, em especial nas minhas
letras. Estão todos lá, de uma forma ou outra, muitas vezes
até explicitamente. Minha vida é exatamente como minha
música, não existe uma separação entre o civil e o artista,
haha! Estou sempre mutando e arrastando as tranças, como
dizia minha avó, pelo mundo.
O disco de retorno do Defalla e o documentário sobre
a banda eram prometidos para o ano passado. Ficaram
para este. O que os fãs ganham com isso?
O lançamento do “Monstro”, nosso novo disco com a formação
original, depois de vinte e cinco anos, ficou para março, e
imagino que o doc saia mais ou menos nessa mesma época.
O Defalla tem que enfrentar alguns desafios de logística
para realizar as coisas, já que cada um mora em uma cidade
diferente, e todos têm seus projetos e trampos paralelos, por
isso a demora toda: estamos, praticamente, neste processo de
disco novo e doc há quase 3 anos! O doc é massa, pois mostra
nosso primeiro show (e ensaios, papos e palhaçadas mil, bem
ao estilo Defalla, haha) juntos depois de muitos anos: a banda
nunca acabou, mas a formação original se separou em 1989!
Foi como se a gente tivesse tocado junto uma semana antes,
não vinte e tantos anos. O Defalla tem uma química e uma
sinergia loucas, sui-generis! É aquele tipo de coisa que só
acontece de vez em quando no mundo da música! A galera vai
se divertir horrores com esse registro. E o disco está incrível
também. É uma espécie de continuação dos dois primeiros
discos do Defalla, uma continuação que não rolou na época,
já que em 1989 lançamos o despirocado “Screw You”, que
era um disco de hard rock ao vivo, e a Biba saiu da banda,
dando inicio a uma espiral de loucura que resultou no megahit “Popozuda Rock N' Roll”, de 2000, que lancei como Defalla,
mas na banda já não tinha ninguém da formação original. O
Você(s) claramente se amarra(m) em sons que poderiam
estar sob o guarda-chuva do que se chama global
ghettotech, o som eletrônico das periferias. Depois do
tecnobrega, qual estilo o atrai, deslumbra e estimula?
Eu sou um arqueólogo, pesquiso de tudo, sou uma cria da era
da internet. Estou sempre ligado em tudo o que rola, é como
um radar, uma antena, uma obsessão louca! Atualmente
o que está me pirando é o trap: acabei de lançar um EP, o
“Boy Lixo”, pela Deck Disc, que é a minha versão do estilo,
como sempre fiz com outras tendências e estilos, e tenho feito
DJ sets misturando trap com coisas novas do hip hop, que
também anda fazendo a minha cabeça em grau mil.
O que acha do arrocha?
OPERÁRIO
DO FUNK
Tem samba, reggae, pop. Tem guitarra, tambor, piano. Em
dez anos de uma carreira profícua, cabe muita coisa, daí a
dificuldade que a paulistana Céu teve para escolher o que
entraria no registro definitivo da turnê do álbum “Caravana
Sereia Bloom”, que costurou diversos estados e países
desde 2012. No DVD “Céu Ao Vivo”, gravado em julho do
ano passado no pequeno Centro Cultural Rio Verde, em São
Paulo, ela acabou fazendo um passeio por canções suas como
“Malemolência”, “Cangote”, “Falta de Ar”, “Retrovisor”, “Baile
de Ilusão”, “Contravento”, além de coisas como “O Palhaço”,
de Nelson Cavaquinho e Guilherme Silva, “Mil e Uma Noites
de Amor”, de Pepeu Gomes, Baby do Brasil e Fausto Nilo, e
“Piel Canela”, de Bobby Capó. “Fiquei pensando se a gente
está colocando todas as músicas importantes. Essa escolha é
um dilema, foi o primeiro DVD. Nunca tinha tido um registro,
pensei nisso com carinho”, contou em entrevista ao diário “O
Estado de S. Paulo”. Além da apresentação ao vivo, o pacote
intercala depoimentos, momentos de descontração com os
músicos e, nos extras, clipes. “Sempre quis que ficasse dessa
forma, mas existia uma preocupação da gravadora porque
aqui no Brasil existe uma coisa interessante: as pessoas
colocam na festa o DVD como áudio”, explicou. Como não
poderia deixar de ser em se tratando de Céu, na dúvida, o
estilo próprio prevaleceu.
O funk ainda faz tanto assim a sua cabeça?
Adoro funk e sempre vou ser apaixonado pelo estilo: é o
nosso hip hop, nossa música eletrônica mais original e
moderna! Acompanho de perto as evoluções do funk e estou
curtindo muito esse novo momento pós-palminha (batida que
substituiu o tamborzão e o tamborzinho): está rolando uma
coisa muito minimal, de pirar o cabeção! A cena de São Paulo
é incrível e injetou muita energia nova no funk! As produções
têm uma cara diferente das do Rio, e isso só enriquece. E a
galera de SP incorpora mais elementos do hip hop, o que me
agrada horrores também.
MISTÉRIOS DA GUITARRA E
DO VIOLÃO, DESVENDADOS
Violonistas e guitarristas autodidatas de antigamente tinham
revistas e brochuras que ensinavam os conceitos elementares
dos instrumentos para aprender sozinhos em casa. Os de
hoje têm “O Mapa dos Acordes – Para Guitarra e Violão”,
um compêndio com as experiências do músico e produtor
capixaba Sérgio Benevenuto ao longo de 25 anos como
professor dos instrumentos. Lançado no fim do ano passado,
o livro deve ser o primeiro de uma trilogia planejada por
Benevenuto para apresentar seu método de educação musical,
uma técnica desenvolvida em suas passagens por escolas do
Brasil e dos Estados Unidos. Além de fundamentar conceitos
da música e desvendar os mistérios da guitarra e do violão,
a obra traz textos acadêmicos de apoio. “Eu já tinha passado
por mais de oito escolas no Brasil e não tinha aprendido
nada”, contou o músico ao diário “A Gazeta”, de Vitória. “Nos
EUA, comecei a me aprofundar na didática e, quando voltei,
apliquei toda aquela metodologia. Isso formou uma legião de
instrumentistas que agora você escuta em casa”. O segundo
dos livros a serem lançados por Benevenuto já está em fase de
finalização, e o terceiro começa a ser produzido ainda em 2015.
COM PROGRAMA DIÁRIO NA
RÁDIO, O DJ BATATA, UM DOS
MAIS ATIVOS PRODUTORES
DO BATIDÃO, VÊ (E APLAUDE)
A EXPANSÃO DA CENA PELO
PAÍS, MAS MANDA: O VELHO
ESTILO SEDUTOR CARIOCA
É O SEU PREFERIDO
Ele é um dos mais ativos produtores do funk carioca. Aquele
de raiz, original, o batidão que seduziu boa parte do país e
de músicos como Edu K, do Defalla (leia minientrevista na
página 4). DJ Batata é um garimpeiro de talentos do estilo,
que ajudou a revelar ou bombar nomes como MC Biel, Nego
do Borel, Nego Blue, Bonde das Maravilhas, MC Britney, MC
Pedrinho... Com programa diário na rádio Transcontinental
FM, de São Paulo, ele lidera o movimento de expansão das
fronteiras de um dos mais fortes estilos de música eletrônica
brasileiros. “Sou um operário do funk, trabalho diariamente
em prol do estilo”, diz.
5 DÉCADAS ESTE ANO
O compositor Maury Câmara está comemorando seus 50
anos de carreira em 2015. Autor de mais de cinco dezenas de
canções, teve muitas delas gravadas por cantores como Jerry
Adriani, Martinha e José Roberto nas décadas de 1960 e 1970.
Mais tarde, foi parceiro do saudoso Orlando Dias em obras
como o sucesso “Com Pedra na Mão”. Hoje, o compositor faz
apresentações frequentes nos palcos do Centro Luiz Gonzaga
de Tradições Nordestinas, no Rio de Janeiro, conhecido
popularmente como Feira de São Cristóvão.
Qual pancadão não sai da sua cabeça no momento?
São tantos... Mas escolho “Dom Dom Dom”, com MC Pedrinho.
Como vê as cenas regionais de funk pelo país, como as
de BH, SP?
O RIO GRANDE VAI
AO RIO... E VOLTA
UM DOMINGO MAIS
QUE LEGAL PARA
LEO NASCIMENTO
SKANK NA TELA GRANDE
Após fazer sucesso na internet com um vídeo amador no
qual aparece cantando uma de suas músicas românticas,
“Tatuagem”, o ex-servente de pedreiro Leo Nascimento,
de Porto Velho, teve sua trajetória musical transformada
ao participar do programa “Domingo Legal”, do SBT, em
novembro passado. Além de conhecer ídolos como o sertanejo
Eduardo Costa, Leo descobriu ao vivo como se afiliar à UBC
e garantir o recebimento de seus direitos autorais. O cantor
está com sua agenda de shows lotada e prepara o lançamento
do primeiro álbum, além de já colecionar mais de 65 mil
seguidores no Facebook.
Mais um grande nome da música brasileira se aventura na seara
das trilhas sonoras para o cinema. A bem-sucedida aventura
de férias para adolescentes “O Segredo dos Diamantes”, de
Helvécio Ratton, em cartaz desde dezembro do ano passado
em diversas cidades do país, tem como canção-tema “Poeiras
da Ilusão”, de Samuel Rosa, do Skank. “Sou muito fã de 'O
Menino Maluquinho' (longa infantil inspirado na obra de
Ziraldo e dirigido por Ratton). Foi ótimo estrear nas trilhas
de cinema num filme dele”, disse Samuel. “Gostaria que isso
(compor para cinema) tivesse sido mais frequente na nossa
história.” O processo de produção da música foi paralelo ao
do mais recente álbum da banda mineira, “Velócia”, lançado
em meados do ano passado. Na versão em vinil, “Poeiras da
Ilusão” vem como faixa bônus. Na trama do filme, todo rodado
em locações mineiras, Angelo (Matheus Abreu) tem 14 anos,
descobre uma lenda antiga sobre diamantes perdidos e decide
ir atrás do tesouro, uma maneira de salvar a vida do seu pai.
Para isso, ele terá a companhia e a ajuda de seus dois amigos
inseparáveis, Júlia (Rachel Pimentel) e Carlinhos (Alberto
Gouvea), e precisará enfrentar o vilão Silvério (Rui Rezende).
Acho massa, assim como curto rasteirinha e outras reciclagens
modernas da nossa música popular, especialmente do
Nordeste, que produz as coisas mais modernas da nossa MPB.
Bom, que novidade, né? Sempre foi assim!
Dois mil e catorze foi BARRA .
Dois mil e quinze será 2014 (QUE NÃO ACONTECEU) .
O funk não tem fronteiras, tudo é Brasil, mas cada região tem
suas tendências, afinal somos um país de diversidades. O Rio,
como berço do funk nacional, é espontâneo, erótico nas letras
e nas coreografias. Considero muito criativo! Em São Paulo,
explodiu o funk ostentação, que fala do poder do luxo retrato
da nossa sociedade de consumo. Mesma vertente acaba
predominando em Belo Horizonte e até mesmo no Sul do país!
Eu, particularmente, sou mais fã do funk sedutor, envolvente.
Um dos músicos mais inventivos e originais da cena gaúcha
contemporânea, Rafael Ferrari começou o ano envolvido com
o lançamento do álbum e da turnê “Bandolim Campeiro”,
em que aprofunda o uso de um instrumento tão tipicamente
associado ao choro carioca em interpretações de ritmos
regionais sulistas, como milonga, vanera, chamamé,
chacarera e outros. Pioneiro no encontro e nas infinitas trocas
entre o estilo musical oriundo do Rio e as sonoridades dos
Pampas, ele já tocou com nomes como Hamilton de Hollanda,
Toninho Horta e Renato Borghetti, colhendo elogios de todos.
Além da carreira solo como instrumentista e compositor,
Ferrari integra o grupo Camerata Brasileira, que dá acento
jazzístico a ritmos como o samba e o choro, lançou três
discos desde que se formou, em 2002, e tem viajado por
quase todo o Brasil e por países como Cuba e Paraguai. Como
reconhecimento por seu destaque, o gaúcho faturou o Prêmio
Açorianos, em 2008, como melhor compositor de música
instrumental. No atual projeto, ele apresenta composições de
mestres como Yamandú Costa e Luiz Carlos Borges, além de
um sem-número de criações suas.
O YouTube criou recentemente uma nova forma de evitar a
infração de direitos autorais de músicas contidas nos vídeos
hospedados na plataforma. Através da ferramenta Content ID,
na qual proprietários de direitos autorais podem reivindicar o
uso indevido de suas obras, agora o usuário também poderá
ser alertado durante o processo de hospedagem do vídeo
se utilizar conteúdo não autorizado. Anteriormente, o alerta
era enviado somente quando conteúdo já estava hospedado
no site. Para alertar o usuário, a ferramenta realiza uma
pesquisa na biblioteca de áudio do próprio YouTube e verifica
se o vídeo utiliza música protegida por direitos autorais.
Se você deseja utilizar músicas em sua obra audiovisual, é
necessário pedir autorização dos autores das obras musicais
e dos produtores fonográficos dos fonogramas (gravações). A
UBC possui o Consulta Web, uma ferramenta virtual na qual
todos podem pesquisar a autoria de obras e os participantes
dos fonogramas cadastrados em nosso banco de dados.
Acesse nosso site: ubc.org.br.
Todos os anos, conforme determina o estatuto da UBC, é
realizada, no mês de março, a Assembleia Geral Ordinária
para prestação de contas e apreciação do balanço do ano
anterior. A próxima está marcada para o dia 18 de março
no Auditório Paulo Tapajós, localizado na sede da UBC no
Rio de Janeiro. Fique de olho e participe. Reserve a data
em sua agenda e não deixe de vir, sua presença é muito
importante. A UBC é dos seus associados, portanto, cabe a
eles apreciar as contas, verificar os números e tomar ciência
dos resultados do ano.
MUDANÇA NO PESO DE
DISTRIBUIÇÃO DE TV ABERTA
Uma nova mudança na distribuição dos rendimentos
arrecadados dos canais da TV aberta começa a valer a partir
da distribuição de abril de 2015. As músicas executadas
na programação de Globo, Record, Bandeirantes e SBT
obedecerão a diferentes pesos de acordo com a quantidade
total de emissoras da rede que fizeram a transmissão do
conteúdo audiovisual onde a música foi inserida e executada.
Usando como exemplo a Rede Globo, que possui 122
emissoras relacionadas em seu contrato com o Ecad, a música
executada na abertura de uma novela terá peso 122, de acordo
com a nova regra, pois a música é executada por todas as
emissoras da rede. Se uma música for executada na abertura
um programa local transmitido por apenas uma dessas 122
emissoras relacionadas, terá peso 1.
ESTUDO: SAÍDA PARA A
CRISE DA EUROPA ESTÁ NA
INDÚSTRIA CRIATIVA
A indústria criativa e cultural é parte fundamental da
solução para a grave crise econômica que castiga a Europa
há alguns anos, segundo estudo da consultoria EY (a antiga
Ernst & Young) divulgado em dezembro. Encomendado pelo
Grupo Europeu de Sociedades de Autores e Compositores
(Gesac), o trabalho “Gerar crescimento – Mensurando os
mercados cultural e criativo da União Europeia” estimou que,
anualmente, produzem-se € 536 bilhões (o equivalente a R$
1,742 trilhão) e empregam-se sete milhões de europeus em
áreas ligadas à produção cultural. A música e as artes visuais,
sobretudo, estariam entre os três maiores empregadores
da Europa, atrás apenas da construção civil e da indústria
de alimentos e bebidas. A Gesac pede a desoneração e a
proteção do setor.
ECAD LANÇA SOFTWARE DE
IDENTIFICAÇÃO AUTOMÁTICA
Após quatro anos de pesquisa e planejamento, o Escritório
Central de Arrecadação e Distribuição lançou, em parceria
com a PUC-Rio e com especialistas da USP de São
Carlos, o Ecad.Tec CIA Audiovisual, um novo software
de captação e identificação automática que reconhece e
identifica as músicas executadas nas programações das
emissoras de TVs aberta e por assinatura. Com a utilização
da nova tecnologia, será possível realizar a identificação
automática das músicas executadas em 48 canais, 24 horas
por dia e sete dias por semana. Desta forma, o Ecad irá
automatizar diversos procedimentos e pretende melhorar a
qualidade das distribuições de TV. Hoje, 242 rádios já são
monitoradas pelo pioneiro Ecad.Tec CIA Rádio, sistema
semelhante implementado em 2011, que capta e identifica
automaticamente as músicas executadas nas rádios.
O Rio de Janeiro é uma caixinha de surpresas... Tem muito
talento sem visibilidade. Acho que ainda vem muita coisa boa
por aí a partir da cidade.
Com absoluta certeza! O universo do funk não se resume aos
DJs e MCs. Tem um sistema ao redor, com os divulgadores,
os empresários, as rádios, as editoras, as casas de shows...
Enfim, todo mundo faz parte da engrenagem e consegue
ganhar com isso. Mesmo sendo uma cena mais informal e
pirateada, dá para receber direitos autorais.
EXCELENTE PARA NÓS, FUNKEIROS
As editoras BMG Rights Management e Round Hill Music
entraram com ação na Justiça americana contra um dos
maiores provedores de acesso à internet dos EUA, a Cox
Communications, acusando-o de infringir as leis de direitos
autorais. O argumento das duas empresas é que o provedor
não se esforça “o bastante” para punir os usuários que
fazem descargas ilegais de músicas. Não há precedente
de acusação dessa natureza a um provedor. Se um juiz
considerar a Cox culpada pela pirataria dos seus clientes,
as implicações sobre o mercado de internet nos EUA seriam
potencialmente enormes. BMG e Round Hill alegam ter
notificado a Cox sobre 200 mil “infratores contumazes”, sem
que o provedor tomasse providências.
RESERVE ESTA DATA: 18/03
Será realizado entre os dias 1 e 2 de abril de 2015, no
Auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal,
em Brasília, o I Prêmio Profissionais da Música, que
homenageia pioneiramente no Brasil a indústria musical
e é idealizado com o objetivo de reconhecer o potencial
e a contribuição de todos os profissionais envolvidos na
criação e na produção musical. As categorias do prêmio se
dividem entre criação, produção e convergência. Além da
premiação, serão realizados oficinas e bate-papos que irão
promover o encontro entre diversos profissionais da música.
As inscrições para o prêmio e o cadastro de profissionais
para realizar indicações se encerram no dia 22 de fevereiro,
e as votações têm início no dia 1º de março de 2015.
Saiba mais em: ppm.art.br.
É possível ser funkeiro e viver de música? Como?
.
LUGAR DE CLIPE
É NA INTERNET
EDITORAS MUSICAIS
PROCESSAM PROVEDOR
POR NÃO COIBIR PIRATARIA
DE CLIENTES
I PRÊMIO PROFISSIONAIS
DA MÚSICA
Acha que o Rio ainda pode aportar muito em
originalidade e inovação?
Dois mil e catorze foi
NOVIDADES INTERNACIONAIS
YOUTUBE ALERTA SOBRE USO
INDEVIDO AO PUBLICAR VÍDEO
Dois mil e quinze será MELHOR AINDA! .
ENCONTRO ANUAL DA ASCAP
COMPLETA 10 ANOS
A americana Ascap, maior sociedade de compositores do
mundo, fará, entre 30 de abril e 2 de maio próximos, sua 10ª
conferência I Create Music, em Los Angeles, na Califórnia.
Palestras, estudos de caso, oficinas, master classes, encontros
de negócios, exibições de novidades tecnológicas e shows
marcam o superevento anual que é aberto a qualquer criador.
Em edições anteriores, músicos como Bruno Mars, Carly Simon,
Philip Lawrence e Justin Timberlake deram palestras. “Por 10
anos extraordinários, nossa família estendida de compositores
de música, letristas e editores tem se reunido e recebido todos
aqueles que levam uma vida dedicada à música”, disse o
presidente da Ascap, Paul Williams. Informações sobre como
participar em ascap.com.
MERCADO : UBC/11
10/UBC : MERCADO
NOTÍCIAS : UBC/9
8/UBC : NOTÍCIAS
FIQUE DE OLHO
SAMBA, REGGAE, POP, CÉU
disco novo é um prato cheio e fumegante para os fãs, mas, ao
mesmo tempo, um cartão de visitas perfeito para os novos que
virão. O Defalla, como sempre, continua relevante e moderno,
pop e doidão: enfim, ainda uma das maiores bandas do nosso
famigerado país!
'SOU UM NÔMADE,
NASCI VAGANDO E
MORREREI VAGANDO'
COM MENOS DINHEIRO – E MUITO
MAIS CRIATIVIDADE –, ARTISTAS
MIGRAM PARA A REDE E MANTÊM
A CULTURA DOS VÍDEOS MUSICAIS
MAIS VIVA DO QUE NUNCA
Por Eduardo Vanini, do Rio
FECHAMENTO DO
THE PIRATE BAY
NÃO FAZ CAIR
PIRATARIA DE
MÚSICAS
Foi-se (há muito) o tempo em que os fãs brasileiros precisavam
aguardar o último bloco do “Fantástico”, na Rede Globo,
para conferir o lançamento do clipe do seu artista favorito.
Igualmente para trás ficou a época na qual se sabia que um
vídeo fazia sucesso pelo seu desempenho nas paradas de
canais musicais, como a MTV. Hoje o lançamento é na web, e
o sucesso, medido pelo número de visualizações, que cresce a
cada minuto aos olhos dos internautas.
A cruzada da polícia sueca contra o site de troca ilegal de
arquivos The Pirate Bay parece ter sido inócua. Fechada
numa superoperação em 9 de dezembro, em Estocolmo, a
plataforma foi logo substituído por inúmeras outras. Segundo
a Excipio, uma empresa de pesquisas sobre pirataria, em 8 de
dezembro, um dia antes da ação, houve 101 milhões de trocas
de arquivos ilegais. Nos dias seguintes, o número caiu para
95 milhões, mas, em 12 de dezembro, os 101 milhões haviam
sido restabelecidos. Além disso, o IsoHunt, rival do TPB, cedeu
servidores para que o site do megafraudador Gotffrid Svartholm
voltasse a operar. Em janeiro, o antigo endereço do Pirate Bay
estampou um contador regressivo que termina no início de
fevereiro, indicando que voltará ao ar.
Se alguém apostou no fim dos videoclipes, errou feio. A versão
audiovisual das canções nunca esteve tão forte. A internet
facilitou o acesso, ampliou o alcance e consagrou o gênero
como um dos mais populares nas plataformas de vídeos. Em
dezembro de 2013, o clipe “Gangnam Style”, do artista sulcoreano Psy, forçou o YouTube a modificar o algoritmo por
trás da contagem de visualizações de um vídeo, ao superar
o número que poderia ser exibido até então. São mais de
2 bilhões de reproduções. Isso só para citar o maior dos
fenômenos no site. Também há exemplos como a febre “Single
Ladies” de Beyoncé, transformada em viral com a coreografia
repetida à exaustão por literalmente milhões de pessoas ao
redor do globo.
VENDAS DE
MÚSICAS NO
ITUNES CAÍRAM
ATÉ 14% NO
ANO PASSADO
“A prioridade é se fazer ouvir
nesse mar de informações. Ganhar
a audiência com uma boa ideia
sem ir à falência na produção.”
06-07
CAPA : UBC/15
O Papas da Língua mantém a mesma formação desde o
início, o que é uma coisa rara e difícil. A que atribuem
a longevidade?
Nestas duas décadas, o que de mais marcante vocês
destacariam na história do Papas da Língua?
São Paulo, escolheu “Eu Sei” para fazer parte da novela. Já
tínhamos tido música em trilha, mas não com esse alcance.
Ela migrou para as rádios e se tornou número um durante
alguns meses. Isso varreu o país e potencializou o nosso
trabalho. As trilhas têm esse poder de levar a nossa arte para
um público maior. Também já fizemos parte de dois filmes –
“Houve Uma Vez Dois Verões”, de Jorge Furtado (com a canção
“No Calor da Hora”) e “Até que a Sorte nos Separe”, de Roberto
Santucci (com “Sorte”) –, e nossas músicas já estiveram em
comerciais de televisão veiculados nacionalmente.
Moah: Considero o Papas da Língua uma banda de muita
sorte, porque desde o início tivemos a oportunidade de viajar,
conhecer outros países, de rodar em novela. Mas o momento
mais marcante para mim foi entrar na trilha da novela
"Páginas da Vida", porque isso possibilitou ao Papas ser
conhecido no Brasil, e até hoje esse fato dá margem a muitos
acontecimentos positivos.
Fernando Pezão: Isso é consequência de um espírito
profissional, da vontade de fazer música, de construir uma
carreira, desenvolver um trabalho de composição, e não
simplesmente viver de um ou dois sucessos.
De boas ideias os niteroienses da Banda Tereza estão cheios.
O grupo aposta em clipes com edições caprichadas e sacadas
divertidas. Lançado no começo de 2013, o vídeo “Sandau”
fez barulho nas redes sociais, ao transportar os músicos
para dentro do Street View, ferramenta do Google que
reúne imagens captadas ao redor do mundo. Foram 200 mil
visualizações em apenas duas semanas.
Nada foi feito por acaso. O integrante Sávio Azambuja conta
que, desde o início da elaboração de um clipe, a dinâmica da
internet é levada em consideração. “A concepção da ideia se
baseia no meio em que ela será divulgada”, afirma. “Sandau”,
segundo ele, brinca com a internet dentro da própria internet.
“Isso tudo acaba criando notícias e pautas essenciais para o
processo de viralização”, avalia. “Sempre tivemos em mente
que hoje o canal em que mais se ouve música é o YouTube.
Por isso, fomos em busca de bons profissionais que souberam
usar essa ferramenta a nosso favor. A inovação faz toda a
diferença na hora de divulgar um clipe neste espaço.”
As referências à era tecnológica voltaram a aparecer no clipe
mais recente da banda. Desta vez, com pegada futurista.
“A Calçada da Batalha” traz uma espécie de Tinder, um
aplicativo de paquera, manipulado por um óculos com
tecnologia avançada ao estilo Google Glass. A produção leva
a banda até o ano de 2069 e avisa aos espectadores logo de
cara: “A tecnologia revolucionou a forma de as pessoas se
relacionarem. Agora, ou você se adapta ou não arruma nada.”
A mensagem não poderia ser mais apropriada.
No primeiro trabalho, o apoio comercial fez com que o
orçamento não representasse problema. Agora, como conta
o cantor e diretor musical do grupo, Rafael Mike, a saída é
apelar para a criatividade. “Ainda não temos como investir
muito nisso. Então, damos o nosso jeito! No dia a dia, fazemos
vídeos com celular. A necessidade de fazer barato é que leva a
gente a querer ser mais criativo!”
“Na internet você tem tudo à sua disposição, mas nada a seu
favor”, observa Azambuja. “É tanta informação que é cada vez
mais difícil achar o que está realmente procurando. Por isso,
para o artista, é importantíssimo definir desde o início o seu
público-alvo e direcionar o conteúdo de forma mais certeira.”
Ao que tudo indica, os meninos estão sabendo tirar proveito
de uma situação em que ver é muito fácil, e ser visto, nem
tanto. Desde o primeiro clipe, já fizeram uma parceria com o
cantor Ricky Martin e fecharam contrato com uma gravadora.
O primeiro CD deve sair ainda no início deste ano. Enquanto
isso, o contador de visualizações de seus vídeos está longe de
parar de rodar.
Pedro Bruno
Baixista, percussionista e vocalista do Holger
A turma do Holger também está atenta a esse filão. O
integrante Pedro Bruno (baixo, percussão e voz) diz que o
grupo percebeu logo no primeiro clipe a força da web. “O vídeo,
em geral, acabou virando a grande forma de mídia da internet,
e os clipes ganharam um peso maior. Sempre zelamos pela
estética. Para a gente, ela anda junto com a música. E este é
o motivo pelo qual sempre nos preocupamos em lançar clipes
que condizem com a nossa proposta estética.”
Dinheiro – ou, muito frequentemente, a falta dele - não é
necessariamente um problema, segundo Pedro Bruno. Tanto
que “Ilhabela”, o clipe mais barato já feito pela banda, virou
campeão de acessos. O vídeo é uma sucessão de imagens
de arquivo do grupo e foi editado pelo guitarrista e vocalista
Tché. “Ele teve só o trabalho de organizar o material e criar o
conceito dos cortes rápidos”, afirma Pedro Bruno.
Serginho Moah: Atribuo também à amizade e ao respeito.
Trocamos ideias sobre o trabalho, e isso é fundamental para
que possamos ficar juntos e em harmonia por todo esse tempo.
Além de vocês estarem celebrando os 20 anos e
regravando os hits da carreira, um disco de inéditas
também está nos planos da banda?
Estes 20 anos foram celebrados em grande estilo com a
gravação de um DVD. Como foi realizar esse trabalho?
Apesar da projeção nacional da banda, vocês decidiram
permanecer no Rio Grande do Sul. Por quê?
Pezão: Ganhamos e perdemos coisas. Isso talvez até tenha
ajudado na longevidade da banda. Às vezes, um grupo está
no eixo Rio-São Paulo, enfrenta alguma dificuldade e acaba
desistindo. Foi uma escolha, nada é perfeito. Mas não é por
isso que a gente deixa de ir para o mundo. É uma questão de
se agilizar, ter projetos para andar por aí. Não é fácil, como
também não é fácil você ficar em outro lugar. Já faz tempo
que o mundo ficou pequeno.
Moah: Depois que toda essa função do DVD passar, a gente
vai entrar em estúdio e gravar um EP com seis ou sete
músicas. Considero importante para a nossa relação com a
estrada, com a carreira. Para nós é fundamental ter música
nova. Nosso público merece e espera isso.
Pezão: O DVD foi uma recuperação de tudo aquilo que fizemos
ao longo da carreira. Escolhemos um repertório com músicas
significativas para nós e para o público. Canções que achamos
que as pessoas iriam querer rever. Foi uma produção especial,
com uma estrutura muito boa, cenário superbacana, com
participações especiais muito legais do Gabriel, O Pensador,
na música “Blusinha Branca”, e do Alexandre Carlo, da banda
Natiruts, na faixa “Viajar”.
Vocês falaram que pretendem lançar o DVD também
em Portugal. Como está a carreira internacional do
Papas?
O sucesso da banda deve ser revertido em arrecadação
de direitos autorais. Como vocês avaliam o atual
modelo brasileiro?
Léo Henkin: Desde o começo a gente sentiu que o Papas tinha
uma entrada boa pela sua música nos países vizinhos. Mas
nosso primeiro show acabou sendo na França, em Sanary-surMer, no Festival Sud a Sul, em 1996. No mesmo ano fizemos
show em Montevidéu e, depois, em Buenos Aires. Foi um
começo bem forte. Depois disso voltamos à Europa, onde
nos apresentamos na Áustria e, novamente, na França. Em
Portugal, fizemos show um pouco antes de a música “Eu Sei”
estourar na novela, e foi bem legal. Mas quando voltamos,
depois que a novela foi transmitida em Portugal, encontramos
cenários completamente diferentes, público enorme. Era
muita emoção quando caminhando pelas ruas, ouvíamos
tocar o celular das pessoas com a nossa música.
E os planos para 2015?
Pezão: Temos um projeto que vai além do DVD. Devemos
começar a turnê em maio e vamos fazer shows por todo
o Brasil e também lançar o disco em Portugal, logo na
sequência. Também estamos trabalhando no lançamento de
uma caixa especial com os nossos CDs, libreto e coleção de
fotos. A gente quer ainda fazer um documentário, um livro
musical contando a história da banda, além de gravar tudo
aquilo que gostaria mas que não coube em um só DVD.
Moah: Queremos contar essa história na estrada, fazendo
o máximo para apresentar o show na integra, tal qual foi
gravado no DVD, o que é um desafio, porque é muito comum
as coisas mudarem numa turnê.
Henkin: A posição do Papas, na qualidade de autores, é
favorável ao Ecad e contra a clara tentativa de destruição
do órgão, que tem ocorrido nos últimos anos. A proposta de
transferir a arrecadação para o setor público é temerária. Os
artistas têm de se conscientizar de que vão perder muito. O
Ecad está sofrendo ataques de grandes empresas interessadas
em simplesmente acabar com o pagamento dos direitos
16/UBC : AGENDA
Vocês acreditam que os direitos autorais estão de
alguma forma ameaçados?
Pezão: Precisa haver cada vez mais interesse e envolvimento
dos autores, compositores e intérpretes sobre as questões de
direitos autorais, elas fazem parte do negócio.
EXPLOSÃO DO AXÉ,
REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA,
DESAFIO DA PIRATARIA E
PROFUSÃO DE NOVOS ESTILOS
MUSICAIS MARCAM OS 15 ANOS
DA FILIAL E A CENA BAIANA
A banda tem sentido o impacto da pirataria na web?
Moah: Eu diria que, neste momento, a pirataria é o assunto
mais delicado que há. A web surgiu nas nossas vidas,
ganhou força, mas as leis demoram a entender e acompanhar.
Ainda não há proteção plenamente eficaz, e, enquanto isso,
a pirataria age em todas as frentes. Os governos precisam
se empenhar para criar leis e fiscalização mais rigorosas. E
rapidamente. Enquanto isso, nós perdemos.
Henkin: Sabemos que no mundo todo há uma queda bastante
acentuada na venda física de discos. Em contrapartida, os
downloads legais e piratas aumentaram muito. Os mecanismos
e as instituições que cuidam dos direitos autorais devem
atuar junto aos distribuidores on-line para reforçar a exigência
de informação, tanto dos downloads, sobre cujas cifras não
temos muito controle, quanto dos números reais da indústria
física. É preciso um esforço para que os dados sejam mais
transparentes e confiáveis e cheguem até todos os envolvidos
na cadeia de produção de música.
Por Luciano Matos, de Salvador
As mudanças vividas pelo mercado musical ajudam a contar a
história da filial da UBC na Bahia, que acaba de completar 15
anos. Da força da indústria e do auge das mídias físicas como
o CD, passando pela ameaça da pirataria e a consolidação da
era digital (com novas e desafiadoras formas de arrecadação),
a evolução foi acelerada – e paralela à da própria cena baiana.
A axé music pôs o estado no centro do mapa musical, e a
estruturação da representação em Salvador (que também
atende Sergipe) contribuiu com esse cenário e se beneficiou
dele. Prova disso é o número total de associados da UBC
atendidos pela filial – 1.700 –, entre eles alguns dos maiores
nomes da nossa arte.
O grupo tem uma tradição forte em trilhas, tanto de
novelas e comerciais, como no cinema. Como é esse
trabalho?
Moah: Atribuo nosso trabalho em trilhas à nossa preocupação
com qualidade. E obviamente a bons contatos. Mas a
qualidade manda.
Henkin: Nós nunca colocamos música em novela sob
encomenda. Alguém escutou a nossa música e percebeu
que ela se encaixava com o personagem. Foi assim que o
diretor Jayme Monjardim, após assistir ao show da banda em
Em novembro passado, durante a comemoração do aniversário
da UBC na Bahia, gente do quilate de Riachão, Luiz
Caldas, Jorge Moreno e Alexandre Leão ganhou merecidas
homenagens. Eles são testemunhas e protagonistas de um
salto de projeção e qualidade no som feito no estado.
Cerca de uma década antes de surgir uma filial em Salvador,
Leão, então com 17 anos, associou-se à UBC graças à
gravação de uma música sua (em parceria com Olival Mattos),
“Paiol do Ouro”, por Maria Bethânia. Onze anos depois, ele
estava entre os 63 associados que marcaram a fundação da
UBC Bahia em 1999. “Quando eu comecei, a Bahia ainda era
periférica. O axé era uma coisa embrionária, com Luiz Caldas
e Sarajane começando a chamar atenção. Depois foi ganhando
importância progressiva. Por isso creio que fomos um dos
primeiros estados a ter escritório da UBC”, ele descreve.
Como Leão, Luiz Caldas crê que a execução na internet é
um dos mais óbvios caminhos para o avanço do mercado
musical. Mas se diz preocupado com o ainda disseminado
compartilhamento ilegal de músicas, sem remuneração aos
criadores. “A gente ainda está no meio de um furacão terrível
quando se fala de direitos digitais. Não temos uma definição
de como vai ser, mas estou paciente. Trabalho muito mais,
hoje em dia, com internet do que com gravadoras e rádio. Acho
que vamos chegar a um momento em que vai se estabilizar,
mas, com a pirataria, ainda temos um problema grave que
não podemos controlar direito. O bom é que a UBC tem me
dado todo o suporte e me sinto bem representado”, diz Caldas,
afiliado desde 1987.
Os avanços tecnológicos que inquietam também contribuem
para a melhora da arrecadação na Bahia – e em todo o país. Ao
longo destes anos, casas de shows, boates e bares passaram
a ter as músicas executadas em seus ambientes registradas
por aparelhos mais modernos. Com isso, até os compositores
de sucessos mais antigos, que não ganhavam havia muito
tempo, voltaram a receber. “Especialmente aqueles que, no
auge do axé nos anos 1980 para 1990, receberam muito mas
estavam mais fora da cena. Eles tocam muito no final das
festas”, lembra Márcia.
Como conta Márcia Bittencourt, gerente da filial baiana,
grandes mudanças marcaram estes 15 anos. Uma das mais
notáveis é a quantidade de artistas que passaram a ter
suas próprias editoras. “Atualmente tomamos conta de 60
a 70 editoras efetivamente ativas”, diz. E não foi só isso: um
sem-número de associados hoje também cuida da própria
produção, nos mais diversos estilos. “A facilidade de acesso
à tecnologia é, sem dúvida, a grande responsável por essa
transformação”.
A Rev
d
MAIOR BANDA DE METAL DA
HISTÓRIA DO BRASIL, O SEPULTURA
SE RENOVA PARA MANTER A
MESMA PEGADA: “A REVOLTA E
A VONTADE DE VER UM MUNDO
MELHOR CONTINUAM”, DIZ O
GUITARRISTA ANDREAS KISSER
Apesar do sucesso da música baiana fora das fronteiras
do estado, os artistas locais convivem com um fenômeno
infelizmente ainda muito comum: a inadimplência. “Na
Bahia já melhorou muito, mas ainda temos várias rádios com
pendências, além do governo do estado e da prefeitura (de
Salvador), que não fazem seus pagamentos há anos”, afirma
a gerente da filial. Outra dificuldade para a arrecadação,
paradoxalmente, é a própria explosão musical que a Bahia
vive. Com a profusão de novas bandas de arrocha e pagode
surgindo, e com grupos tocando demais as músicas uns
dos outros, garantir a arrecadação e a distribuição justas
é um desafio. “Quando eu cheguei aqui, há 15 anos, havia
uma desinformação muito cruel por parte dos artistas, mas
toda essa profissionalização que vivemos ajudou a mudar o
cenário. A informação foi chegando, os compositores foram
se preocupando mais, e as novas tecnologias, ajudando.
Hoje temos uma filial reconhecida, forte, que se destaca”,
orgulha-se.
DA VENDA DE DISCOS PARA A
ARRECADAÇÃO NA INTERNET
Alexandre Leão exalta a evolução nos suportes de distribuição
e comercialização de música e reflete sobre o impacto na
arrecadação de direitos autorais. “Em décadas passadas, o
foco era a venda de discos, e muitos compositores reclamavam
do repasse das gravadoras. Hoje o foco é a execução na TV,
nas rádios, na internet. Mudou muito o perfil, e a execução
passou a ser o meio mais importante para um artista ganhar
dinheiro. É notável como a arrecadação foi ficando mais
precisa, e o acesso aos demonstrativos, mais transparente”,
avalia o compositor.
Alexandre Leão na festa de 15 anos da UBC Bahia
Por Eduardo Fradkin, do Rio
É difícil acreditar, ouvindo os dois primeiros lançamentos em
disco do Sepultura, que aquela banda de death metal (então
o estilo mais barulhento existente) com produção “indigente”
e letras “toscas” em inglês se tornaria a mais bem-sucedida
do cenário rock brasileiro (extrapolando o nicho do metal),
ganharia elogios de gente como Caetano Veloso, faria parceria
com Zé Ramalho e seria longeva a ponto de comemorar 30
anos de atividades em 2014. A bem da verdade, não se trata
exatamente da mesma banda criada pelos irmãos Max e Iggor
Cavalera em 1984, em Belo Horizonte. Depois de sua estreia
em vinil com “Bestial Devastation”, em 1985, e do sucessor
“Morbid Visions”, de 1986, começaram mudanças na formação
e no som. A entrada do guitarrista Andreas Kisser, no lugar de
Jairo Guedez, em 1987, foi decisiva nessa história.
Para os associados, a satisfação parece ser recíproca. “A UBC
aqui na Bahia é como uma parceira musical, está sempre se
preocupando com a minha obra, às vezes faz para mim até
papel de editora, por querer trabalhar junto do compositor, por
ter todo um cuidado”, elogia Luiz Caldas.
Quem também se diz satisfeito é Jorge Moreno, que, em 1996,
viu sua música “Maria Joaquina” estourar. Ele se mudou para
a UBC por não estar contente com outra associação a que era
afiliado. Não se arrepende. “A UBC nos dá muita atenção e nos
trata com respeito. Quando entrei, passei a receber até o que
estava retido.”
Para Márcia Bittencourt, a satisfação dos associados e os
naturais desafios do mercado musical são o combustível
necessário para continuar a avançar – pelos próximos 15 anos
e muito mais: “É muito bom a gente poder olhar para trás e
ver como, nesse tempo, nosso trabalho cresceu. Estamos
ganhando cada vez mais impulso, com certeza vamos
melhorar ainda mais.”
12-13
UMA ONDA
B M M HO
Ironicamente, o Sepultura teve que fazer sucesso no exterior
para ser reconhecido no Brasil. “Aqui, ninguém dava a
mínima para a gente. Isso só mudou quando uma publicação
britânica, o 'New Musical Express', trouxe uma parada em que
o Sepultura veio na frente do New Order, que era queridinho
da imprensa. O Rock in Rio em 1991 também foi o que abriu as
portas para o Sepultura no Brasil”, lembra.
A banda, por sua vez, se tornou uma embaixadora da cultura
brasileira no exterior, incorporando ao seu som ritmos e
instrumentos do folclore nacional. Kisser defende que o metal
pode ser misturado a qualquer estilo. “Bossa nova
Pai de três filhos, de 19, 17 e 9 anos, Kisser não se sente
distante, no campo das ideias, do jovem que gravou em 1991 o
clássico disco “Arise” com letras como “Land of anger, I didn't
ask to be born” (“terra de raiva, eu não pedi para nascer”). “A
revolta e a vontade de ver um mundo melhor continuam. O
espírito é o mesmo. Não é porque você vira pai que o mundo
fica bonito e perfeito. Mas os filhos e as viagens internacionais
com o Sepultura me fizeram crescer muito. Eu não dependo do
Discovery Channel para ver a realidade na Índia”, diz, citando
outros países onde tocou, como Cuba, Líbano, Coreia do Sul,
Indonésia, Israel... “Independentemente da política, o heavy
metal chega a esses lugares.”
16-17
18-19
Novidades Nacionais
f que de olho
Novidades NTERNaciona s
MERCADO web clipes
capa papas da língua
04
08
09
10
12
a UBC é uma pub a ão da Un ão B a e a de Compo o e uma o edade em fin u a
Coo dena ão ed o a E a E en oh
A
Ed o A e and o So e MTB 2629
Co abo a am ne a ed ão C aud a Ko a
D
en e de oo dena ão ed o a
bu ão g a u a
20-21
16
18
20
22
22
UBC Bah a 15 anos
homenagem SEPULTURA
D STR BU ÇÃO rádio
dúvida do associado
o que em omo ob e
o a de e a e a
D e o a Fe nando B an p e den e Abe S a A oy o Re
Ge a do V anna Manoe Nen nho P n o Rona do Ba o e Sand a de Sá D e o a exe u va Ma
000 e emp a e
Nem sempre foi assim. O guitarrista recorda que, na década
de 1980, havia um hiato de anos entre um show internacional
e outro no Brasil. Entre uma apresentação do Queen (cujo
disco “A Night At The Opera” foi o primeiro que Kisser teve
na vida) e uma do Kiss, em 1981 e 1983, respectivamente,
contavam-se dois anos de marasmo. Cabia aos músicos locais
preencher esse vazio, e Kisser mostra respeito pelos pioneiros,
como o guitarrista Robertinho do Recife, que, aliás, acaba
de reformar sua lendária banda Metal Mania. “Ele foi um dos
pioneiros no heavy metal brasileiro e teve muita coragem,
muito peito, para pegar uma banda, cantar em português e
fazer um som tipo Van Halen. Ver o show dele foi motivante
para a minha carreira.”
“A minha entrada trouxe ideias novas. Eu vinha do mundo
do heavy metal tradicional, escutava muito Black Sabbath,
Dio, Iron Maiden, Judas Priest, bandas mais técnicas. E o
Sepultura era uma coisa bem mais crua, não tão técnica, com
influências de Venom, Hellhammer, Celtic Frost. Eu trouxe
ideias de letras também, e isso mudou a temática da banda,
que, nos primeiros discos, era satânica”, lembra Andreas,
mantendo um espírito crítico ao falar de sua primeira obra
no Sepultura, “Schizophrenia” (1987), gravada quando ele
completava 19 anos. “Escutando hoje, é um disco confuso.
E as letras não fazem muito sentido. A gente escrevia em
português, e amigos traduziam tudo ao pé da letra. Mas foi
um marco no metal underground.”
Alexandre Leão também destaca a relação pessoal, cuidadosa,
como um dos trunfos para se manter há tantos anos na
associação. “Estou muito bem aqui. Não tem informação
que a gente peça que não chegue logo, não tem serviço que
não seja logo atendido. A equipe é muito eficiente, rápida e
prestativa.”
bu ão do end men o de d e o au o a e o de en o men o u u a
T agem
Pato Fu
Riachão e Luiz Caldas
14-15
índice
No carnaval, ápice da arrecadação da filial, as leituras
automáticas já empregadas nas rádios também passaram
a ser feitas nos desfiles, por meio de máquinas fixadas nos
próprios trios. Com elas é possível gravar os repertórios de
ponta a ponta, tornando a cobrança dos direitos automática e
integral. No rol dos que se beneficiam disso estão importantes
nomes da folia baiana (e associados da UBC), como Carlinhos
Brown, Manno Góes, Durval Lélis, Ivete Sangalo, Daniela
Mercury, Claudia Leitte, Margareth Menezes, Harmonia do
Samba... Outros dos grandes arrecadadores da filial são o
fenômeno Pablo - tido como criador do gênero conhecido como
arrocha, uma ponte entre o sertanejo e o forró -, e os forrozeiros
clássicos Adelmario Coelho, Estaka Zero e Cangaia de Jegue.
UMA HISTÓRIA QUE REFLETE
AS MUDANÇAS NO MERCADO
Moah: Se depender do que já li a esse respeito, sobre quem
quer se apoderar do que não lhe é de direito, coisa comum
no nosso país, posso dizer que há uma ameaça. Mas nós, os
autores, temos de lutar contra isso, em nossa própria defesa.
PAPAS DA LÍNGUA CELEBRAM BOM
MOMENTO COM DVD ESPECIAL,
TURNÊ NACIONAL E INTERNACIONAL,
PLANO PARA UM EP DE INÉDITAS E
UM PAPO COM SUA VISÃO SEMPRE
LÚCIDA SOBRE O MERCADO DE MÚSICA
O resultado final acabou sendo o clipe mais caro já feito pela
banda. “Foi nosso primeiro projeto desse tipo, e a experiência
foi ótima. Atingimos a meta, e o clipe ficou lindo”, comemora
Bruno.
10-11
CARNAVAL,
PERÍODO MAIS FELIZ
a Gande man
o é A anne P o e o g áfi o e d ag ama ão 6D
Edua do F ad n Edua do Van n e Lu ano Ma o
Por duas décadas, o pop reggae do Papas da Língua tem
embalado multidões Brasil afora com seu som contagiante e
suas letras ao mesmo tempo descomplicadas e reflexivas. Mas
não foi um caminho fácil. Numa retrospectiva afetiva de 20
anos de muito trabalho – e sucesso –, Serginho Moah (vocal),
Zé Natálio (baixo), Léo Henkin (guitarra) e Fernando Pezão
(bateria) gravaram em Porto Alegre, no final do ano passado,
um DVD comemorativo com 20 músicas. O trabalho chega ao
mercado em maio, quando o quarteto dá início a uma turnê
pelo país e até no exterior. No repertório, não faltarão hits
dos oito álbuns do Papas, músicas como “Blusinha Branca”,
SEM
AMARRAS
HOMENAGEM : UBC/19
AGENDA : UBC/17
UBC BAHIA,
autorais, e muitos artistas estão caindo nessa conversa. Mas
muito vem de uma política de educação. O autor tem que
saber que fez a música e precisa registrá-la para que ela possa
existir. Hoje temos uma massa muito grande de músicas que
não estão registradas em nome de ninguém.
Rafael Mike - Dream Team do Passinho
Em “Café Preto”, último clipe do grupo, a produção se deu por
meio de financiamento coletivo, já que quase toda a verba de
que eles dispunham foi usada na gravação do disco “Holger”.
A banda inscreveu o projeto no site Catarse, onde levantou R$
15 mil. Mesmo assim, precisou de reforço. A produtora ajudou
com equipe e equipamento.
O grupo acabou de lançar o CD “Não Pare Pra Pensar”, que
já chegou ao público visualmente de duas formas: um lyric
video (formato que traz as letras das canções) para “Cego Para
CAPA : UBC/13
Por Claudia Kovaski, de Porto Alegre
(E FALANDO)
“O vídeo, em geral, acabou virando a
grande forma de mídia da internet.”
Para o músico, sempre existe a possibilidade de criar algo
impactante e barato, como também a vontade de produzir
algo maior, mais profissional. “Você acaba tendo que optar
por aquilo que está dentro do seu alcance, do seu orçamento.”
Como bem observa o guitarrista e produtor do Pato Fu, John
Ulhoa, que atravessou toda essa transformação, “os clipes
ainda são muito importantes, mas de outra forma”. Se antes
havia uma verba na gravadora para essas produções, que eram
muito caras, hoje não há mais. Em contrapartida, elas estão
mais baratas em função da tecnologia. “Ficou mais difícil fazer
grandes produções, mas é mais fácil fazer um clipe que só
dependa de uma boa ideia e não envolva muita grana.”
08-09
Fotos: GB Souza
04-05
14/UBC : CAPA
DUAS
DÉCADAS
CANTANDO
Se tem uma turma que “bomba” na internet brasileira é o
pessoal do funk. São dezenas de vídeos todos os meses, que
precisam de poucos dias para somar milhões de acessos.
Movimentos que, de alguma forma, integram essa cena
também se beneficiam. O Dream Team do Passinho, do Rio
de Janeiro, é um deles. Eles foram reunidos por uma marca de
refrigerantes para a produção do webclipe “Todo Mundo Aperta
o Play”, em 2013. Até então, não existiam como grupo. Mas o
alcance de um milhão de visualizações com o vídeo em uma
semana foi mais do que suficiente para colocá-los no circuito.
as Cores” e um clipe clássico da faixa “You Have to Outgrow
Rock'n Roll”. Ambos divulgados pelo Vevo, site exclusivamente
dedicado à produção audiovisual de artistas e bandas. Para
Ulhoa, definitivamente, os clipes de hoje são feitos para a
internet. “Se alguém consegue uma exibição nas grandes
redes de TV, é um bônus”, sentencia. Até porque, como ele
pondera, clipes de orçamento barato funcionam muito bem na
web, mas podem não ir tão bem na TV. “A prioridade é se fazer
ouvir nesse mar de informações. Ganhar audiência com uma
boa ideia, uma boa música, sem ir à falência na produção.”
John Ulhoa
Guitarrista do Pato Fu
As vendas de músicas pela plataforma da Apple iTunes
caíram até 14% no ano passado, segundo o diário americano
“The Wall Street Journal”. A expansão acelerada nos serviços
de streaming teria relação direta com o tombo. Segundo o
jornal, entre as gravadoras há medo de que “a indústria volte
a retroceder, depois de vários anos de relativa estabilidade”.
12/UBC : CAPA
NO BATIDÃO DA REDE, A TURMA DO FUNK
JUNTA MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES
E FAZ A CENA SE EXPANDIR.
Holger
Em www.ubc.org.br/portal você pode
acessar o extrato de conta corrente e
acompanhar a movimentação financeira
dos rendimentos de seus direitos autorais. Confira os saques, as distribuições,
o desconto de imposto de renda,
as antecipações e todas as
outras movimentações, com
rapidez e transparência. NOTÍCIAS : UBC/7
6/UBC : NOTÍCIAS
NOVIDADES NACIONAIS
Foto: Edu Defferrari
A música
é cheia
de cifras.
O Portal do
Associado,
também.
Foto: Eduardo Carneiro
Ma s um ano e a UBC azendo va e o seu nome de b aços dados com os au o es
b as e os n c a 2015 che a de espe ança e com mu a von ade de con nua
aba hando pa a que os compos o es n é p e es e mús cos enham suas
c ações econhec das e dev damen e emune adas Vamos em en e un dos
“Viajar”, “Olhos Verdes” e “Eu Sei” – esta última um dos
maiores sucessos deles, que emplacou a trilha da novela da
TV Globo “Páginas da Vida” e permaneceu por nada menos
do que seis meses no topo das listas de músicas mais tocadas
em rádios brasileiras.
Como garotos cheios de vitalidade e planos, eles esperam por
um 2015 ainda mais criativo. Em entrevista à Revista UBC,
comentam o DVD comemorativo, a aposta num trabalho cada
vez mais consistente com trilhas sonoras, a gravação de um
EP de inéditas, a carreira internacional, a pirataria na web e o
momento delicado para os direitos autorais no Brasil.
Notícias : UBC/5
4/UBC : Notícias
noVIDADES nacionais
'Sou um nômade,
nasci vagando e
morrerei vagando'
Edu K transita entre estilos sem parar. Gaúcho,
abraçou o funk carioca (“é o nosso hip hop!”),
agora flerta com o trap e se prepara para a volta do
Defalla, um caldeirão de culturas em forma de banda
Por Alessandro Soler, do Rio
Irreverente, debochado, vanguardista, multirreferenciado.
Edu K, um dos cabeças do Defalla, vive uma vida dupla. Em
carreira solo desde que uma das mais famosas bandas do
pós-punk brasileiro deu um tempo, há dez anos, ele lançou
recentemente o EP “Boy Lixo”, em que revela sua nova paixão:
o trap. Mas não tira da cabeça o rock, o funk, o miami bass,
o hip hop e um montão de outras sonoridades eletrônicas
que cultivou ao longo dos quase 20 anos consecutivos de
atividades do Defalla. Esse pacotão sonoro volta com tudo
no mês que vem, quando o adiado e mui aguardado disco
inédito do grupo surgido em Porto Alegre, em 1986, chega ao
mercado. Para falar sobre isso e sobre o que anda passando
por sua mente fervilhante, Edu trocou dois dedos de prosa
com a Revista UBC.
O disco de retorno do Defalla e o documentário sobre
a banda eram prometidos para o ano passado. Ficaram
para este. O que os fãs ganham com isso?
O lançamento do “Monstro”, nosso novo disco com a formação
original, depois de vinte e cinco anos, ficou para março, e
imagino que o doc saia mais ou menos nessa mesma época.
O Defalla tem que enfrentar alguns desafios de logística
para realizar as coisas, já que cada um mora em uma cidade
diferente, e todos têm seus projetos e trampos paralelos, por
isso a demora toda: estamos, praticamente, neste processo de
disco novo e doc há quase 3 anos! O doc é massa, pois mostra
nosso primeiro show (e ensaios, papos e palhaçadas mil, bem
ao estilo Defalla, haha) juntos depois de muitos anos: a banda
nunca acabou, mas a formação original se separou em 1989!
Foi como se a gente tivesse tocado junto uma semana antes,
não vinte e tantos anos. O Defalla tem uma química e uma
sinergia loucas, sui-generis! É aquele tipo de coisa que só
acontece de vez em quando no mundo da música! A galera vai
se divertir horrores com esse registro. E o disco está incrível
também. É uma espécie de continuação dos dois primeiros
discos do Defalla, uma continuação que não rolou na época,
já que em 1989 lançamos o despirocado “Screw You”, que
era um disco de hard rock ao vivo, e a Biba saiu da banda,
dando inicio a uma espiral de loucura que resultou no megahit “Popozuda Rock N' Roll”, de 2000, que lancei como Defalla,
mas na banda já não tinha ninguém da formação original. O
disco novo é um prato cheio e fumegante para os fãs, mas, ao
mesmo tempo, um cartão de visitas perfeito para os novos que
virão. O Defalla, como sempre, continua relevante e moderno,
pop e doidão: enfim, ainda uma das maiores bandas do nosso
famigerado país!
O funk ainda faz tanto assim a sua cabeça?
Adoro funk e sempre vou ser apaixonado pelo estilo: é o
nosso hip hop, nossa música eletrônica mais original e
moderna! Acompanho de perto as evoluções do funk e estou
curtindo muito esse novo momento pós-palminha (batida que
substituiu o tamborzão e o tamborzinho): está rolando uma
coisa muito minimal, de pirar o cabeção! A cena de São Paulo
é incrível e injetou muita energia nova no funk! As produções
têm uma cara diferente das do Rio, e isso só enriquece. E a
galera de SP incorpora mais elementos do hip hop, o que me
agrada horrores também.
Por que ainda vale a pena ouvir música brasileira?
O brasileiro é o poster boy da era da informação livre, das
redes sociais, da conexão através da web, das misturas
e da antropofagia. Nós somos, e sempre fomos, o povo do
futuro. A miscigenação está na raiz desta nação, e a música
ganha com isso. Se nada se cria, (de) tudo se apropria, haha,
somos vanguarda! O brasileiro tem um jeito peculiar e único
de interpretar a informação, e isso se cristaliza de forma
exuberante na nossa música!
Você continua em Santa Catarina? Voltou para o Rio
Grande? O que vagar nesse eixo acrescentou às suas
sonoridades e escolhas estéticas?
Eu sou um nômade, nasci vagando e morrerei vagando!
Tudo me inspira. Estou sempre imerso nos meus arredores,
absorvendo os elementos que se condensam na minha música,
no meu estilo, nas minhas inspirações musicais e estéticas.
Atualmente transito entre Porto Alegre, Florianópolis e São
Paulo: não consigo ficar parado por muito tempo no mesmo
lugar, preciso desse movimento perpétuo, senão enlouqueço,
e a convivência com as diversas tribos que habitam tais
paradouros grita na minha música, em especial nas minhas
letras. Estão todos lá, de uma forma ou outra, muitas vezes
até explicitamente. Minha vida é exatamente como minha
música, não existe uma separação entre o civil e o artista,
haha! Estou sempre mutando e arrastando as tranças, como
dizia minha avó, pelo mundo.
Você(s) claramente se amarra(m) em sons que poderiam
estar sob o guarda-chuva do que se chama global
ghettotech, o som eletrônico das periferias. Depois do
tecnobrega, qual estilo o atrai, deslumbra e estimula?
Eu sou um arqueólogo, pesquiso de tudo, sou uma cria da era
da internet. Estou sempre ligado em tudo o que rola, é como
um radar, uma antena, uma obsessão louca! Atualmente
o que está me pirando é o trap: acabei de lançar um EP, o
“Boy Lixo”, pela Deck Disc, que é a minha versão do estilo,
como sempre fiz com outras tendências e estilos, e tenho feito
DJ sets misturando trap com coisas novas do hip hop, que
também anda fazendo a minha cabeça em grau mil.
O que acha do arrocha?
Acho massa, assim como curto rasteirinha e outras reciclagens
modernas da nossa música popular, especialmente do
Nordeste, que produz as coisas mais modernas da nossa MPB.
Bom, que novidade, né? Sempre foi assim!
Dois mil e catorze foi
Dois mil e quinze será
BARRA
.
2014 (que não aconteceu)
.
Mistérios da guitarra e
do violão, desvendados
Violonistas e guitarristas autodidatas de antigamente tinham
revistas e brochuras que ensinavam os conceitos elementares
dos instrumentos para aprender sozinhos em casa. Os de
hoje têm “O Mapa dos Acordes – Para Guitarra e Violão”,
um compêndio com as experiências do músico e produtor
capixaba Sérgio Benevenuto ao longo de 25 anos como
professor dos instrumentos. Lançado no fim do ano passado,
o livro deve ser o primeiro de uma trilogia planejada por
Benevenuto para apresentar seu método de educação musical,
uma técnica desenvolvida em suas passagens por escolas do
Brasil e dos Estados Unidos. Além de fundamentar conceitos
da música e desvendar os mistérios da guitarra e do violão,
a obra traz textos acadêmicos de apoio. “Eu já tinha passado
por mais de oito escolas no Brasil e não tinha aprendido
nada”, contou o músico ao diário “A Gazeta”, de Vitória. “Nos
EUA, comecei a me aprofundar na didática e, quando voltei,
apliquei toda aquela metodologia. Isso formou uma legião de
instrumentistas que agora você escuta em casa”. O segundo
dos livros a serem lançados por Benevenuto já está em fase de
finalização, e o terceiro começa a ser produzido ainda em 2015.
Um domingo mais
que legal para
Leo Nascimento
Após fazer sucesso na internet com um vídeo amador no
qual aparece cantando uma de suas músicas românticas,
“Tatuagem”, o ex-servente de pedreiro Leo Nascimento,
de Porto Velho, teve sua trajetória musical transformada
ao participar do programa “Domingo Legal”, do SBT, em
novembro passado. Além de conhecer ídolos como o sertanejo
Eduardo Costa, Leo descobriu ao vivo como se afiliar à UBC
e garantir o recebimento de seus direitos autorais. O cantor
está com sua agenda de shows lotada e prepara o lançamento
do primeiro álbum, além de já colecionar mais de 65 mil
seguidores no Facebook.
notícias : UBC/7
6/UBC : notícias
Samba, reggae, pop, Céu
Tem samba, reggae, pop. Tem guitarra, tambor, piano. Em
dez anos de uma carreira profícua, cabe muita coisa, daí a
dificuldade que a paulistana Céu teve para escolher o que
entraria no registro definitivo da turnê do álbum “Caravana
Sereia Bloom”, que costurou diversos estados e países
desde 2012. No DVD “Céu Ao Vivo”, gravado em julho do
ano passado no pequeno Centro Cultural Rio Verde, em São
Paulo, ela acabou fazendo um passeio por canções suas como
“Malemolência”, “Cangote”, “Falta de Ar”, “Retrovisor”, “Baile
de Ilusão”, “Contravento”, além de coisas como “O Palhaço”,
de Nelson Cavaquinho e Guilherme Silva, “Mil e Uma Noites
de Amor”, de Pepeu Gomes, Baby do Brasil e Fausto Nilo, e
“Piel Canela”, de Bobby Capó. “Fiquei pensando se a gente
está colocando todas as músicas importantes. Essa escolha é
um dilema, foi o primeiro DVD. Nunca tinha tido um registro,
pensei nisso com carinho”, contou em entrevista ao diário “O
Estado de S. Paulo”. Além da apresentação ao vivo, o pacote
intercala depoimentos, momentos de descontração com os
músicos e, nos extras, clipes. “Sempre quis que ficasse dessa
forma, mas existia uma preocupação da gravadora porque
aqui no Brasil existe uma coisa interessante: as pessoas
colocam na festa o DVD como áudio”, explicou. Como não
poderia deixar de ser em se tratando de Céu, na dúvida, o
estilo próprio prevaleceu.
5 décadas este ano
O compositor Maury Câmara está comemorando seus 50
anos de carreira em 2015. Autor de mais de cinco dezenas de
canções, teve muitas delas gravadas por cantores como Jerry
Adriani, Martinha e José Roberto nas décadas de 1960 e 1970.
Mais tarde, foi parceiro do saudoso Orlando Dias em obras
como o sucesso “Com Pedra na Mão”. Hoje, o compositor faz
apresentações frequentes nos palcos do Centro Luiz Gonzaga
de Tradições Nordestinas, no Rio de Janeiro, conhecido
popularmente como Feira de São Cristóvão.
O Rio Grande vai
ao Rio... e volta
Skank na tela grande
Mais um grande nome da música brasileira se aventura na seara
das trilhas sonoras para o cinema. A bem-sucedida aventura
de férias para adolescentes “O Segredo dos Diamantes”, de
Helvécio Ratton, em cartaz desde dezembro do ano passado
em diversas cidades do país, tem como canção-tema “Poeiras
da Ilusão”, de Samuel Rosa, do Skank. “Sou muito fã de 'O
Menino Maluquinho' (longa infantil inspirado na obra de
Ziraldo e dirigido por Ratton). Foi ótimo estrear nas trilhas
de cinema num filme dele”, disse Samuel. “Gostaria que isso
(compor para cinema) tivesse sido mais frequente na nossa
história.” O processo de produção da música foi paralelo ao
do mais recente álbum da banda mineira, “Velócia”, lançado
em meados do ano passado. Na versão em vinil, “Poeiras da
Ilusão” vem como faixa bônus. Na trama do filme, todo rodado
em locações mineiras, Angelo (Matheus Abreu) tem 14 anos,
descobre uma lenda antiga sobre diamantes perdidos e decide
ir atrás do tesouro, uma maneira de salvar a vida do seu pai.
Para isso, ele terá a companhia e a ajuda de seus dois amigos
inseparáveis, Júlia (Rachel Pimentel) e Carlinhos (Alberto
Gouvea), e precisará enfrentar o vilão Silvério (Rui Rezende).
Um dos músicos mais inventivos e originais da cena gaúcha
contemporânea, Rafael Ferrari começou o ano envolvido com
o lançamento do álbum e da turnê “Bandolim Campeiro”,
em que aprofunda o uso de um instrumento tão tipicamente
associado ao choro carioca em interpretações de ritmos
regionais sulistas, como milonga, vanera, chamamé,
chacarera e outros. Pioneiro no encontro e nas infinitas trocas
entre o estilo musical oriundo do Rio e as sonoridades dos
Pampas, ele já tocou com nomes como Hamilton de Hollanda,
Toninho Horta e Renato Borghetti, colhendo elogios de todos.
Além da carreira solo como instrumentista e compositor,
Ferrari integra o grupo Camerata Brasileira, que dá acento
jazzístico a ritmos como o samba e o choro, lançou três
discos desde que se formou, em 2002, e tem viajado por
quase todo o Brasil e por países como Cuba e Paraguai. Como
reconhecimento por seu destaque, o gaúcho faturou o Prêmio
Açorianos, em 2008, como melhor compositor de música
instrumental. No atual projeto, ele apresenta composições de
mestres como Yamandú Costa e Luiz Carlos Borges, além de
um sem-número de criações suas.
operário
do funk
Com programa diário na
rádio, o DJ Batata, um dos
mais ativos produtores
do batidão, vê (e aplaude)
a expansão da cena pelo
país, mas manda: o velho
estilo sedutor carioca
é o seu preferido
Ele é um dos mais ativos produtores do funk carioca. Aquele
de raiz, original, o batidão que seduziu boa parte do país e
de músicos como Edu K, do Defalla (leia minientrevista na
página 4). DJ Batata é um garimpeiro de talentos do estilo,
que ajudou a revelar ou bombar nomes como MC Biel, Nego
do Borel, Nego Blue, Bonde das Maravilhas, MC Britney, MC
Pedrinho... Com programa diário na rádio Transcontinental
FM, de São Paulo, ele lidera o movimento de expansão das
fronteiras de um dos mais fortes estilos de música eletrônica
brasileiros. “Sou um operário do funk, trabalho diariamente
em prol do estilo”, diz.
Qual pancadão não sai da sua cabeça no momento?
São tantos... Mas escolho “Dom Dom Dom”, com MC Pedrinho.
Como vê as cenas regionais de funk pelo país, como as
de BH, SP?
O funk não tem fronteiras, tudo é Brasil, mas cada região tem
suas tendências, afinal somos um país de diversidades. O Rio,
como berço do funk nacional, é espontâneo, erótico nas letras
e nas coreografias. Considero muito criativo! Em São Paulo,
explodiu o funk ostentação, que fala do poder do luxo retrato
da nossa sociedade de consumo. Mesma vertente acaba
predominando em Belo Horizonte e até mesmo no Sul do país!
Eu, particularmente, sou mais fã do funk sedutor, envolvente.
Acha que o Rio ainda pode aportar muito em
originalidade e inovação?
O Rio de Janeiro é uma caixinha de surpresas... Tem muito
talento sem visibilidade. Acho que ainda vem muita coisa boa
por aí a partir da cidade.
É possível ser funkeiro e viver de música? Como?
Com absoluta certeza! O universo do funk não se resume aos
DJs e MCs. Tem um sistema ao redor, com os divulgadores,
os empresários, as rádios, as editoras, as casas de shows...
Enfim, todo mundo faz parte da engrenagem e consegue
ganhar com isso. Mesmo sendo uma cena mais informal e
pirateada, dá para receber direitos autorais.
Dois mil e catorze foi
Dois mil e quinze será
excelente para nós, funkeiros
melhor ainda!
.
.
Notícias : UBC/9
8/UBC : NOTÍCIAS
fique de olho
novidades Internacionais
Editoras musicais
processam provedor
por não coibir pirataria
de clientes
Youtube alerta sobre uso
indevido ao publicar vídeo
O YouTube criou recentemente uma nova forma de evitar a
infração de direitos autorais de músicas contidas nos vídeos
hospedados na plataforma. Através da ferramenta Content ID,
na qual proprietários de direitos autorais podem reivindicar o
uso indevido de suas obras, agora o usuário também poderá
ser alertado durante o processo de hospedagem do vídeo
se utilizar conteúdo não autorizado. Anteriormente, o alerta
era enviado somente quando conteúdo já estava hospedado
no site. Para alertar o usuário, a ferramenta realiza uma
pesquisa na biblioteca de áudio do próprio YouTube e verifica
se o vídeo utiliza música protegida por direitos autorais.
Se você deseja utilizar músicas em sua obra audiovisual, é
necessário pedir autorização dos autores das obras musicais
e dos produtores fonográficos dos fonogramas (gravações). A
UBC possui o Consulta Web, uma ferramenta virtual na qual
todos podem pesquisar a autoria de obras e os participantes
dos fonogramas cadastrados em nosso banco de dados.
Acesse nosso site: ubc.org.br.
Todos os anos, conforme determina o estatuto da UBC, é
realizada, no mês de março, a Assembleia Geral Ordinária
para prestação de contas e apreciação do balanço do ano
anterior. A próxima está marcada para o dia 18 de março
no Auditório Paulo Tapajós, localizado na sede da UBC no
Rio de Janeiro. Fique de olho e participe. Reserve a data
em sua agenda e não deixe de vir, sua presença é muito
importante. A UBC é dos seus associados, portanto, cabe a
eles apreciar as contas, verificar os números e tomar ciência
dos resultados do ano.
I Prêmio Profissionais
da Música
Mudança no peso de
distribuição de TV aberta
Será realizado entre os dias 1 e 2 de abril de 2015, no
Auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal,
em Brasília, o I Prêmio Profissionais da Música, que
homenageia pioneiramente no Brasil a indústria musical
e é idealizado com o objetivo de reconhecer o potencial
e a contribuição de todos os profissionais envolvidos na
criação e na produção musical. As categorias do prêmio se
dividem entre criação, produção e convergência. Além da
premiação, serão realizados oficinas e bate-papos que irão
promover o encontro entre diversos profissionais da música.
As inscrições para o prêmio e o cadastro de profissionais
para realizar indicações se encerram no dia 22 de fevereiro,
e as votações têm início no dia 1º de março de 2015.
Saiba mais em: ppm.art.br.
Uma nova mudança na distribuição dos rendimentos
arrecadados dos canais da TV aberta começa a valer a partir
da distribuição de abril de 2015. As músicas executadas
na programação de Globo, Record, Bandeirantes e SBT
obedecerão a diferentes pesos de acordo com a quantidade
total de emissoras da rede que fizeram a transmissão do
conteúdo audiovisual onde a música foi inserida e executada.
Usando como exemplo a Rede Globo, que possui 122
emissoras relacionadas em seu contrato com o Ecad, a música
executada na abertura de uma novela terá peso 122, de acordo
com a nova regra, pois a música é executada por todas as
emissoras da rede. Se uma música for executada na abertura
um programa local transmitido por apenas uma dessas 122
emissoras relacionadas, terá peso 1.
Reserve esta data: 18/03
Estudo: saída para a
crise da Europa está na
indústria criativa
A indústria criativa e cultural é parte fundamental da
solução para a grave crise econômica que castiga a Europa
há alguns anos, segundo estudo da consultoria EY (a antiga
Ernst & Young) divulgado em dezembro. Encomendado pelo
Grupo Europeu de Sociedades de Autores e Compositores
(Gesac), o trabalho “Gerar crescimento – Mensurando os
mercados cultural e criativo da União Europeia” estimou que,
anualmente, produzem-se € 536 bilhões (o equivalente a R$
1,742 trilhão) e empregam-se sete milhões de europeus em
áreas ligadas à produção cultural. A música e as artes visuais,
sobretudo, estariam entre os três maiores empregadores
da Europa, atrás apenas da construção civil e da indústria
de alimentos e bebidas. A Gesac pede a desoneração e a
proteção do setor.
Ecad lança software de
identificação automática
Após quatro anos de pesquisa e planejamento, o Escritório
Central de Arrecadação e Distribuição lançou, em parceria
com a PUC-Rio e com especialistas da USP de São
Carlos, o Ecad.Tec CIA Audiovisual, um novo software
de captação e identificação automática que reconhece e
identifica as músicas executadas nas programações das
emissoras de TVs aberta e por assinatura. Com a utilização
da nova tecnologia, será possível realizar a identificação
automática das músicas executadas em 48 canais, 24 horas
por dia e sete dias por semana. Desta forma, o Ecad irá
automatizar diversos procedimentos e pretende melhorar a
qualidade das distribuições de TV. Hoje, 242 rádios já são
monitoradas pelo pioneiro Ecad.Tec CIA Rádio, sistema
semelhante implementado em 2011, que capta e identifica
automaticamente as músicas executadas nas rádios.
Encontro anual da Ascap
completa 10 anos
A americana Ascap, maior sociedade de compositores do
mundo, fará, entre 30 de abril e 2 de maio próximos, sua 10ª
conferência I Create Music, em Los Angeles, na Califórnia.
Palestras, estudos de caso, oficinas, master classes, encontros
de negócios, exibições de novidades tecnológicas e shows
marcam o superevento anual que é aberto a qualquer criador.
Em edições anteriores, músicos como Bruno Mars, Carly Simon,
Philip Lawrence e Justin Timberlake deram palestras. “Por 10
anos extraordinários, nossa família estendida de compositores
de música, letristas e editores tem se reunido e recebido todos
aqueles que levam uma vida dedicada à música”, disse o
presidente da Ascap, Paul Williams. Informações sobre como
participar em ascap.com.
As editoras BMG Rights Management e Round Hill Music
entraram com ação na Justiça americana contra um dos
maiores provedores de acesso à internet dos EUA, a Cox
Communications, acusando-o de infringir as leis de direitos
autorais. O argumento das duas empresas é que o provedor
não se esforça “o bastante” para punir os usuários que
fazem descargas ilegais de músicas. Não há precedente
de acusação dessa natureza a um provedor. Se um juiz
considerar a Cox culpada pela pirataria dos seus clientes,
as implicações sobre o mercado de internet nos EUA seriam
potencialmente enormes. BMG e Round Hill alegam ter
notificado a Cox sobre 200 mil “infratores contumazes”, sem
que o provedor tomasse providências.
Fechamento do
The Pirate Bay
não faz cair
pirataria de
músicas
A cruzada da polícia sueca contra o site de troca ilegal de
arquivos The Pirate Bay parece ter sido inócua. Fechada
numa superoperação em 9 de dezembro, em Estocolmo, a
plataforma foi logo substituído por inúmeras outras. Segundo
a Excipio, uma empresa de pesquisas sobre pirataria, em 8 de
dezembro, um dia antes da ação, houve 101 milhões de trocas
de arquivos ilegais. Nos dias seguintes, o número caiu para
95 milhões, mas, em 12 de dezembro, os 101 milhões haviam
sido restabelecidos. Além disso, o IsoHunt, rival do TPB, cedeu
servidores para que o site do megafraudador Gotffrid Svartholm
voltasse a operar. Em janeiro, o antigo endereço do Pirate Bay
estampou um contador regressivo que termina no início de
fevereiro, indicando que voltará ao ar.
Vendas de
músicas no
iTunes caíram
até 14% no
ano passado
As vendas de músicas pela plataforma da Apple iTunes
caíram até 14% no ano passado, segundo o diário americano
“The Wall Street Journal”. A expansão acelerada nos serviços
de streaming teria relação direta com o tombo. Segundo o
jornal, entre as gravadoras há medo de que “a indústria volte
a retroceder, depois de vários anos de relativa estabilidade”.
Banda Teresa
mercado : UBC/11
10/UBC : mercado
Lugar de clipe
é na internet
Com menos dinheiro – e muito
mais criatividade –, artistas
migram para a rede e mantêm
a cultura dos vídeos musicais
mais viva do que nunca
Por Eduardo Vanini, do Rio
Foi-se (há muito) o tempo em que os fãs brasileiros precisavam
aguardar o último bloco do “Fantástico”, na Rede Globo,
para conferir o lançamento do clipe do seu artista favorito.
Igualmente para trás ficou a época na qual se sabia que um
vídeo fazia sucesso pelo seu desempenho nas paradas de
canais musicais, como a MTV. Hoje o lançamento é na web, e
o sucesso, medido pelo número de visualizações, que cresce a
cada minuto aos olhos dos internautas.
Se alguém apostou no fim dos videoclipes, errou feio. A versão
audiovisual das canções nunca esteve tão forte. A internet
facilitou o acesso, ampliou o alcance e consagrou o gênero
como um dos mais populares nas plataformas de vídeos. Em
dezembro de 2013, o clipe “Gangnam Style”, do artista sulcoreano Psy, forçou o YouTube a modificar o algoritmo por
trás da contagem de visualizações de um vídeo, ao superar
o número que poderia ser exibido até então. São mais de
2 bilhões de reproduções. Isso só para citar o maior dos
fenômenos no site. Também há exemplos como a febre “Single
Ladies” de Beyoncé, transformada em viral com a coreografia
repetida à exaustão por literalmente milhões de pessoas ao
redor do globo.
“A prioridade é se fazer ouvir
nesse mar de informações. Ganhar
a audiência com uma boa ideia
sem ir à falência na produção.”
John Ulhoa
Guitarrista do Pato Fu
Como bem observa o guitarrista e produtor do Pato Fu, John
Ulhoa, que atravessou toda essa transformação, “os clipes
ainda são muito importantes, mas de outra forma”. Se antes
havia uma verba na gravadora para essas produções, que eram
muito caras, hoje não há mais. Em contrapartida, elas estão
mais baratas em função da tecnologia. “Ficou mais difícil fazer
grandes produções, mas é mais fácil fazer um clipe que só
dependa de uma boa ideia e não envolva muita grana.”
O grupo acabou de lançar o CD “Não Pare Pra Pensar”, que
já chegou ao público visualmente de duas formas: um lyric
video (formato que traz as letras das canções) para “Cego Para
No batidão da rede, a turma do funk
junta milhões de visualizações
e faz a cena se expandir
Se tem uma turma que “bomba” na internet brasileira é o
pessoal do funk. São dezenas de vídeos todos os meses, que
precisam de poucos dias para somar milhões de acessos.
Movimentos que, de alguma forma, integram essa cena
também se beneficiam. O Dream Team do Passinho, do Rio
de Janeiro, é um deles. Eles foram reunidos por uma marca de
refrigerantes para a produção do webclipe “Todo Mundo Aperta
o Play”, em 2013. Até então, não existiam como grupo. Mas o
alcance de um milhão de visualizações com o vídeo em uma
semana foi mais do que suficiente para colocá-los no circuito.
as Cores” e um clipe clássico da faixa “You Have to Outgrow
Rock'n Roll”. Ambos divulgados pelo Vevo, site exclusivamente
dedicado à produção audiovisual de artistas e bandas. Para
Ulhoa, definitivamente, os clipes de hoje são feitos para a
internet. “Se alguém consegue uma exibição nas grandes
redes de TV, é um bônus”, sentencia. Até porque, como ele
pondera, clipes de orçamento barato funcionam muito bem na
web, mas podem não ir tão bem na TV. “A prioridade é se fazer
ouvir nesse mar de informações. Ganhar audiência com uma
boa ideia, uma boa música, sem ir à falência na produção.”
De boas ideias os niteroienses da Banda Tereza estão cheios.
O grupo aposta em clipes com edições caprichadas e sacadas
divertidas. Lançado no começo de 2013, o vídeo “Sandau”
fez barulho nas redes sociais, ao transportar os músicos
para dentro do Street View, ferramenta do Google que
reúne imagens captadas ao redor do mundo. Foram 200 mil
visualizações em apenas duas semanas.
Nada foi feito por acaso. O integrante Sávio Azambuja conta
que, desde o início da elaboração de um clipe, a dinâmica da
internet é levada em consideração. “A concepção da ideia se
baseia no meio em que ela será divulgada”, afirma. “Sandau”,
segundo ele, brinca com a internet dentro da própria internet.
“Isso tudo acaba criando notícias e pautas essenciais para o
processo de viralização”, avalia. “Sempre tivemos em mente
que hoje o canal em que mais se ouve música é o YouTube.
Por isso, fomos em busca de bons profissionais que souberam
usar essa ferramenta a nosso favor. A inovação faz toda a
diferença na hora de divulgar um clipe neste espaço.”
As referências à era tecnológica voltaram a aparecer no clipe
mais recente da banda. Desta vez, com pegada futurista.
“A Calçada da Batalha” traz uma espécie de Tinder, um
aplicativo de paquera, manipulado por um óculos com
tecnologia avançada ao estilo Google Glass. A produção leva
a banda até o ano de 2069 e avisa aos espectadores logo de
cara: “A tecnologia revolucionou a forma de as pessoas se
relacionarem. Agora, ou você se adapta ou não arruma nada.”
A mensagem não poderia ser mais apropriada.
No primeiro trabalho, o apoio comercial fez com que o
orçamento não representasse problema. Agora, como conta
o cantor e diretor musical do grupo, Rafael Mike, a saída é
apelar para a criatividade. “Ainda não temos como investir
muito nisso. Então, damos o nosso jeito! No dia a dia, fazemos
vídeos com celular. A necessidade de fazer barato é que leva a
gente a querer ser mais criativo!”
“Na internet você tem tudo à sua disposição, mas nada a seu
favor”, observa Azambuja. “É tanta informação que é cada vez
mais difícil achar o que está realmente procurando. Por isso,
para o artista, é importantíssimo definir desde o início o seu
público-alvo e direcionar o conteúdo de forma mais certeira.”
Ao que tudo indica, os meninos estão sabendo tirar proveito
de uma situação em que ver é muito fácil, e ser visto, nem
tanto. Desde o primeiro clipe, já fizeram uma parceria com o
cantor Ricky Martin e fecharam contrato com uma gravadora.
O primeiro CD deve sair ainda no início deste ano. Enquanto
isso, o contador de visualizações de seus vídeos está longe de
parar de rodar.
“O vídeo, em geral, acabou virando a
grande forma de mídia da internet.”
Pedro Bruno
Baixista, percussionista e vocalista do Holger
A turma do Holger também está atenta a esse filão. O
integrante Pedro Bruno (baixo, percussão e voz) diz que o
grupo percebeu logo no primeiro clipe a força da web. “O vídeo,
em geral, acabou virando a grande forma de mídia da internet,
e os clipes ganharam um peso maior. Sempre zelamos pela
estética. Para a gente, ela anda junto com a música. E este é
o motivo pelo qual sempre nos preocupamos em lançar clipes
que condizem com a nossa proposta estética.”
Dinheiro – ou, muito frequentemente, a falta dele - não é
necessariamente um problema, segundo Pedro Bruno. Tanto
que “Ilhabela”, o clipe mais barato já feito pela banda, virou
campeão de acessos. O vídeo é uma sucessão de imagens
de arquivo do grupo e foi editado pelo guitarrista e vocalista
Tché. “Ele teve só o trabalho de organizar o material e criar o
conceito dos cortes rápidos”, afirma Pedro Bruno.
Dream Team do Passinho
Para o músico, sempre existe a possibilidade de criar algo
impactante e barato, como também a vontade de produzir
algo maior, mais profissional. “Você acaba tendo que optar
por aquilo que está dentro do seu alcance, do seu orçamento.”
Em “Café Preto”, último clipe do grupo, a produção se deu por
meio de financiamento coletivo, já que quase toda a verba de
que eles dispunham foi usada na gravação do disco “Holger”.
A banda inscreveu o projeto no site Catarse, onde levantou R$
15 mil. Mesmo assim, precisou de reforço. A produtora ajudou
com equipe e equipamento.
O resultado final acabou sendo o clipe mais caro já feito pela
banda. “Foi nosso primeiro projeto desse tipo, e a experiência
foi ótima. Atingimos a meta, e o clipe ficou lindo”, comemora
Bruno.
Holger
Pato Fu
Duas
décadas
cantando
(e falando)
sem
amarras
Papas da Língua celebram bom
momento com DVD especial,
turnê nacional e internacional,
plano para um EP de inéditas e
um papo com sua visão sempre
lúcida sobre o mercado de música
Foto: Eduardo Carneiro
12/UBC : capa
capa : UBC/13
Por Claudia Kovaski, de Porto Alegre
Por duas décadas, o pop reggae do Papas da Língua tem
embalado multidões Brasil afora com seu som contagiante e
suas letras ao mesmo tempo descomplicadas e reflexivas. Mas
não foi um caminho fácil. Numa retrospectiva afetiva de 20
anos de muito trabalho – e sucesso –, Serginho Moah (vocal),
Zé Natálio (baixo), Léo Henkin (guitarra) e Fernando Pezão
(bateria) gravaram em Porto Alegre, no final do ano passado,
um DVD comemorativo com 20 músicas. O trabalho chega ao
mercado em maio, quando o quarteto dá início a uma turnê
pelo país e até no exterior. No repertório, não faltarão hits
dos oito álbuns do Papas, músicas como “Blusinha Branca”,
“Viajar”, “Olhos Verdes” e “Eu Sei” – esta última um dos
maiores sucessos deles, que emplacou a trilha da novela da
TV Globo “Páginas da Vida” e permaneceu por nada menos
do que seis meses no topo das listas de músicas mais tocadas
em rádios brasileiras.
Como garotos cheios de vitalidade e planos, eles esperam por
um 2015 ainda mais criativo. Em entrevista à Revista UBC,
comentam o DVD comemorativo, a aposta num trabalho cada
vez mais consistente com trilhas sonoras, a gravação de um
EP de inéditas, a carreira internacional, a pirataria na web e o
momento delicado para os direitos autorais no Brasil.
capa : UBC/15
14/UBC : capa
Fernando Pezão: Isso é consequência de um espírito
profissional, da vontade de fazer música, de construir uma
carreira, desenvolver um trabalho de composição, e não
simplesmente viver de um ou dois sucessos.
Serginho Moah: Atribuo também à amizade e ao respeito.
Trocamos ideias sobre o trabalho, e isso é fundamental para
que possamos ficar juntos e em harmonia por todo esse tempo.
Estes 20 anos foram celebrados em grande estilo com a
gravação de um DVD. Como foi realizar esse trabalho?
Pezão: O DVD foi uma recuperação de tudo aquilo que fizemos
ao longo da carreira. Escolhemos um repertório com músicas
significativas para nós e para o público. Canções que achamos
que as pessoas iriam querer rever. Foi uma produção especial,
com uma estrutura muito boa, cenário superbacana, com
participações especiais muito legais do Gabriel, O Pensador,
na música “Blusinha Branca”, e do Alexandre Carlo, da banda
Natiruts, na faixa “Viajar”.
E os planos para 2015?
Pezão: Temos um projeto que vai além do DVD. Devemos
começar a turnê em maio e vamos fazer shows por todo
o Brasil e também lançar o disco em Portugal, logo na
sequência. Também estamos trabalhando no lançamento de
uma caixa especial com os nossos CDs, libreto e coleção de
fotos. A gente quer ainda fazer um documentário, um livro
musical contando a história da banda, além de gravar tudo
aquilo que gostaria mas que não coube em um só DVD.
Moah: Queremos contar essa história na estrada, fazendo
o máximo para apresentar o show na integra, tal qual foi
gravado no DVD, o que é um desafio, porque é muito comum
as coisas mudarem numa turnê.
Nestas duas décadas, o que de mais marcante vocês
destacariam na história do Papas da Língua?
São Paulo, escolheu “Eu Sei” para fazer parte da novela. Já
tínhamos tido música em trilha, mas não com esse alcance.
Ela migrou para as rádios e se tornou número um durante
alguns meses. Isso varreu o país e potencializou o nosso
trabalho. As trilhas têm esse poder de levar a nossa arte para
um público maior. Também já fizemos parte de dois filmes –
“Houve Uma Vez Dois Verões”, de Jorge Furtado (com a canção
“No Calor da Hora”) e “Até que a Sorte nos Separe”, de Roberto
Santucci (com “Sorte”) –, e nossas músicas já estiveram em
comerciais de televisão veiculados nacionalmente.
Moah: Considero o Papas da Língua uma banda de muita
sorte, porque desde o início tivemos a oportunidade de viajar,
conhecer outros países, de rodar em novela. Mas o momento
mais marcante para mim foi entrar na trilha da novela
"Páginas da Vida", porque isso possibilitou ao Papas ser
conhecido no Brasil, e até hoje esse fato dá margem a muitos
acontecimentos positivos.
Além de vocês estarem celebrando os 20 anos e
regravando os hits da carreira, um disco de inéditas
também está nos planos da banda?
Apesar da projeção nacional da banda, vocês decidiram
permanecer no Rio Grande do Sul. Por quê?
Pezão: Ganhamos e perdemos coisas. Isso talvez até tenha
ajudado na longevidade da banda. Às vezes, um grupo está
no eixo Rio-São Paulo, enfrenta alguma dificuldade e acaba
desistindo. Foi uma escolha, nada é perfeito. Mas não é por
isso que a gente deixa de ir para o mundo. É uma questão de
se agilizar, ter projetos para andar por aí. Não é fácil, como
também não é fácil você ficar em outro lugar. Já faz tempo
que o mundo ficou pequeno.
Moah: Depois que toda essa função do DVD passar, a gente
vai entrar em estúdio e gravar um EP com seis ou sete
músicas. Considero importante para a nossa relação com a
estrada, com a carreira. Para nós é fundamental ter música
nova. Nosso público merece e espera isso.
Vocês falaram que pretendem lançar o DVD também
em Portugal. Como está a carreira internacional do
Papas?
O sucesso da banda deve ser revertido em arrecadação
de direitos autorais. Como vocês avaliam o atual
modelo brasileiro?
Léo Henkin: Desde o começo a gente sentiu que o Papas tinha
uma entrada boa pela sua música nos países vizinhos. Mas
nosso primeiro show acabou sendo na França, em Sanary-surMer, no Festival Sud a Sul, em 1996. No mesmo ano fizemos
show em Montevidéu e, depois, em Buenos Aires. Foi um
começo bem forte. Depois disso voltamos à Europa, onde
nos apresentamos na Áustria e, novamente, na França. Em
Portugal, fizemos show um pouco antes de a música “Eu Sei”
estourar na novela, e foi bem legal. Mas quando voltamos,
depois que a novela foi transmitida em Portugal, encontramos
cenários completamente diferentes, público enorme. Era
muita emoção quando caminhando pelas ruas, ouvíamos
tocar o celular das pessoas com a nossa música.
Henkin: A posição do Papas, na qualidade de autores, é
favorável ao Ecad e contra a clara tentativa de destruição
do órgão, que tem ocorrido nos últimos anos. A proposta de
transferir a arrecadação para o setor público é temerária. Os
artistas têm de se conscientizar de que vão perder muito. O
Ecad está sofrendo ataques de grandes empresas interessadas
em simplesmente acabar com o pagamento dos direitos
O grupo tem uma tradição forte em trilhas, tanto de
novelas e comerciais, como no cinema. Como é esse
trabalho?
Moah: Atribuo nosso trabalho em trilhas à nossa preocupação
com qualidade. E obviamente a bons contatos. Mas a
qualidade manda.
Henkin: Nós nunca colocamos música em novela sob
encomenda. Alguém escutou a nossa música e percebeu
que ela se encaixava com o personagem. Foi assim que o
diretor Jayme Monjardim, após assistir ao show da banda em
Foto: Edu Defferrari
O Papas da Língua mantém a mesma formação desde o
início, o que é uma coisa rara e difícil. A que atribuem
a longevidade?
autorais, e muitos artistas estão caindo nessa conversa. Mas
muito vem de uma política de educação. O autor tem que
saber que fez a música e precisa registrá-la para que ela possa
existir. Hoje temos uma massa muito grande de músicas que
não estão registradas em nome de ninguém.
Vocês acreditam que os direitos autorais estão de
alguma forma ameaçados?
Moah: Se depender do que já li a esse respeito, sobre quem
quer se apoderar do que não lhe é de direito, coisa comum
no nosso país, posso dizer que há uma ameaça. Mas nós, os
autores, temos de lutar contra isso, em nossa própria defesa.
Pezão: Precisa haver cada vez mais interesse e envolvimento
dos autores, compositores e intérpretes sobre as questões de
direitos autorais, elas fazem parte do negócio.
A banda tem sentido o impacto da pirataria na web?
Moah: Eu diria que, neste momento, a pirataria é o assunto
mais delicado que há. A web surgiu nas nossas vidas,
ganhou força, mas as leis demoram a entender e acompanhar.
Ainda não há proteção plenamente eficaz, e, enquanto isso,
a pirataria age em todas as frentes. Os governos precisam
se empenhar para criar leis e fiscalização mais rigorosas. E
rapidamente. Enquanto isso, nós perdemos.
Henkin: Sabemos que no mundo todo há uma queda bastante
acentuada na venda física de discos. Em contrapartida, os
downloads legais e piratas aumentaram muito. Os mecanismos
e as instituições que cuidam dos direitos autorais devem
atuar junto aos distribuidores on-line para reforçar a exigência
de informação, tanto dos downloads, sobre cujas cifras não
temos muito controle, quanto dos números reais da indústria
física. É preciso um esforço para que os dados sejam mais
transparentes e confiáveis e cheguem até todos os envolvidos
na cadeia de produção de música.
Fotos: GB Souza
16/UBC : AGENDA
AGENDA : UBC/17
UBC Bahia,
Carnaval,
período mais feliz
No carnaval, ápice da arrecadação da filial, as leituras
automáticas já empregadas nas rádios também passaram
a ser feitas nos desfiles, por meio de máquinas fixadas nos
próprios trios. Com elas é possível gravar os repertórios de
ponta a ponta, tornando a cobrança dos direitos automática e
integral. No rol dos que se beneficiam disso estão importantes
nomes da folia baiana (e associados da UBC), como Carlinhos
Brown, Manno Góes, Durval Lélis, Ivete Sangalo, Daniela
Mercury, Claudia Leitte, Margareth Menezes, Harmonia do
Samba... Outros dos grandes arrecadadores da filial são o
fenômeno Pablo - tido como criador do gênero conhecido como
arrocha, uma ponte entre o sertanejo e o forró -, e os forrozeiros
clássicos Adelmario Coelho, Estaka Zero e Cangaia de Jegue.
uma história que reflete
as mudanças no mercado
Explosão do axé,
revolução tecnológica,
desafio da pirataria e
profusão de novos estilos
musicais marcam os 15 anos
da filial e a cena baiana
Por Luciano Matos, de Salvador
As mudanças vividas pelo mercado musical ajudam a contar a
história da filial da UBC na Bahia, que acaba de completar 15
anos. Da força da indústria e do auge das mídias físicas como
o CD, passando pela ameaça da pirataria e a consolidação da
era digital (com novas e desafiadoras formas de arrecadação),
a evolução foi acelerada – e paralela à da própria cena baiana.
A axé music pôs o estado no centro do mapa musical, e a
estruturação da representação em Salvador (que também
atende Sergipe) contribuiu com esse cenário e se beneficiou
dele. Prova disso é o número total de associados da UBC
atendidos pela filial – 1.700 –, entre eles alguns dos maiores
nomes da nossa arte.
Em novembro passado, durante a comemoração do aniversário
da UBC na Bahia, gente do quilate de Riachão, Luiz
Caldas, Jorge Moreno e Alexandre Leão ganhou merecidas
homenagens. Eles são testemunhas e protagonistas de um
salto de projeção e qualidade no som feito no estado.
Cerca de uma década antes de surgir uma filial em Salvador,
Leão, então com 17 anos, associou-se à UBC graças à
gravação de uma música sua (em parceria com Olival Mattos),
“Paiol do Ouro”, por Maria Bethânia. Onze anos depois, ele
estava entre os 63 associados que marcaram a fundação da
UBC Bahia em 1999. “Quando eu comecei, a Bahia ainda era
periférica. O axé era uma coisa embrionária, com Luiz Caldas
e Sarajane começando a chamar atenção. Depois foi ganhando
importância progressiva. Por isso creio que fomos um dos
primeiros estados a ter escritório da UBC”, ele descreve.
Como conta Márcia Bittencourt, gerente da filial baiana,
grandes mudanças marcaram estes 15 anos. Uma das mais
notáveis é a quantidade de artistas que passaram a ter
suas próprias editoras. “Atualmente tomamos conta de 60
a 70 editoras efetivamente ativas”, diz. E não foi só isso: um
sem-número de associados hoje também cuida da própria
produção, nos mais diversos estilos. “A facilidade de acesso
à tecnologia é, sem dúvida, a grande responsável por essa
transformação”.
Apesar do sucesso da música baiana fora das fronteiras
do estado, os artistas locais convivem com um fenômeno
infelizmente ainda muito comum: a inadimplência. “Na
Bahia já melhorou muito, mas ainda temos várias rádios com
pendências, além do governo do estado e da prefeitura (de
Salvador), que não fazem seus pagamentos há anos”, afirma
a gerente da filial. Outra dificuldade para a arrecadação,
paradoxalmente, é a própria explosão musical que a Bahia
vive. Com a profusão de novas bandas de arrocha e pagode
surgindo, e com grupos tocando demais as músicas uns
dos outros, garantir a arrecadação e a distribuição justas
é um desafio. “Quando eu cheguei aqui, há 15 anos, havia
uma desinformação muito cruel por parte dos artistas, mas
toda essa profissionalização que vivemos ajudou a mudar o
cenário. A informação foi chegando, os compositores foram
se preocupando mais, e as novas tecnologias, ajudando.
Hoje temos uma filial reconhecida, forte, que se destaca”,
orgulha-se.
Da venda de discos para a
arrecadação na internet
Alexandre Leão exalta a evolução nos suportes de distribuição
e comercialização de música e reflete sobre o impacto na
arrecadação de direitos autorais. “Em décadas passadas, o
foco era a venda de discos, e muitos compositores reclamavam
do repasse das gravadoras. Hoje o foco é a execução na TV,
nas rádios, na internet. Mudou muito o perfil, e a execução
passou a ser o meio mais importante para um artista ganhar
dinheiro. É notável como a arrecadação foi ficando mais
precisa, e o acesso aos demonstrativos, mais transparente”,
avalia o compositor.
Como Leão, Luiz Caldas crê que a execução na internet é
um dos mais óbvios caminhos para o avanço do mercado
musical. Mas se diz preocupado com o ainda disseminado
compartilhamento ilegal de músicas, sem remuneração aos
criadores. “A gente ainda está no meio de um furacão terrível
quando se fala de direitos digitais. Não temos uma definição
de como vai ser, mas estou paciente. Trabalho muito mais,
hoje em dia, com internet do que com gravadoras e rádio. Acho
que vamos chegar a um momento em que vai se estabilizar,
mas, com a pirataria, ainda temos um problema grave que
não podemos controlar direito. O bom é que a UBC tem me
dado todo o suporte e me sinto bem representado”, diz Caldas,
afiliado desde 1987.
Os avanços tecnológicos que inquietam também contribuem
para a melhora da arrecadação na Bahia – e em todo o país. Ao
longo destes anos, casas de shows, boates e bares passaram
a ter as músicas executadas em seus ambientes registradas
por aparelhos mais modernos. Com isso, até os compositores
de sucessos mais antigos, que não ganhavam havia muito
tempo, voltaram a receber. “Especialmente aqueles que, no
auge do axé nos anos 1980 para 1990, receberam muito mas
estavam mais fora da cena. Eles tocam muito no final das
festas”, lembra Márcia.
Alexandre Leão na festa de 15 anos da UBC Bahia
Para os associados, a satisfação parece ser recíproca. “A UBC
aqui na Bahia é como uma parceira musical, está sempre se
preocupando com a minha obra, às vezes faz para mim até
papel de editora, por querer trabalhar junto do compositor, por
ter todo um cuidado”, elogia Luiz Caldas.
Quem também se diz satisfeito é Jorge Moreno, que, em 1996,
viu sua música “Maria Joaquina” estourar. Ele se mudou para
a UBC por não estar contente com outra associação a que era
afiliado. Não se arrepende. “A UBC nos dá muita atenção e nos
trata com respeito. Quando entrei, passei a receber até o que
estava retido.”
Alexandre Leão também destaca a relação pessoal, cuidadosa,
como um dos trunfos para se manter há tantos anos na
associação. “Estou muito bem aqui. Não tem informação
que a gente peça que não chegue logo, não tem serviço que
não seja logo atendido. A equipe é muito eficiente, rápida e
prestativa.”
Para Márcia Bittencourt, a satisfação dos associados e os
naturais desafios do mercado musical são o combustível
necessário para continuar a avançar – pelos próximos 15 anos
e muito mais: “É muito bom a gente poder olhar para trás e
ver como, nesse tempo, nosso trabalho cresceu. Estamos
ganhando cada vez mais impulso, com certeza vamos
melhorar ainda mais.”
Riachão e Luiz Caldas
Foto: Marcos Hermes - Ag Lens
18/UBC : Homenagem
homenagem : UBC/19
Maior banda de metal da
história do Brasil, o Sepultura
se renova para manter a
mesma pegada: "a revolta e
a vontade de ver um mundo
melhor continuam", diz o
guitarrista Andreas Kisser
Por Eduardo Fradkin, do Rio
É difícil acreditar, ouvindo os dois primeiros lançamentos em
disco do Sepultura, que aquela banda de death metal (então
o estilo mais barulhento existente) com produção “indigente”
e letras “toscas” em inglês se tornaria a mais bem-sucedida
do cenário rock brasileiro (extrapolando o nicho do metal),
ganharia elogios de gente como Caetano Veloso, faria parceria
com Zé Ramalho e seria longeva a ponto de comemorar 30
anos de atividades em 2014. A bem da verdade, não se trata
exatamente da mesma banda criada pelos irmãos Max e Iggor
Cavalera em 1984, em Belo Horizonte. Depois de sua estreia
em vinil com “Bestial Devastation”, em 1985, e do sucessor
“Morbid Visions”, de 1986, começaram mudanças na formação
e no som. A entrada do guitarrista Andreas Kisser, no lugar de
Jairo Guedez, em 1987, foi decisiva nessa história.
“A minha entrada trouxe ideias novas. Eu vinha do mundo
do heavy metal tradicional, escutava muito Black Sabbath,
Dio, Iron Maiden, Judas Priest, bandas mais técnicas. E o
Sepultura era uma coisa bem mais crua, não tão técnica, com
influências de Venom, Hellhammer, Celtic Frost. Eu trouxe
ideias de letras também, e isso mudou a temática da banda,
que, nos primeiros discos, era satânica”, lembra Andreas,
mantendo um espírito crítico ao falar de sua primeira obra
no Sepultura, “Schizophrenia” (1987), gravada quando ele
completava 19 anos. “Escutando hoje, é um disco confuso.
E as letras não fazem muito sentido. A gente escrevia em
português, e amigos traduziam tudo ao pé da letra. Mas foi
um marco no metal underground.”
Pai de três filhos, de 19, 17 e 9 anos, Kisser não se sente
distante, no campo das ideias, do jovem que gravou em 1991 o
clássico disco “Arise” com letras como “Land of anger, I didn't
ask to be born” (“terra de raiva, eu não pedi para nascer”). “A
revolta e a vontade de ver um mundo melhor continuam. O
espírito é o mesmo. Não é porque você vira pai que o mundo
fica bonito e perfeito. Mas os filhos e as viagens internacionais
com o Sepultura me fizeram crescer muito. Eu não dependo do
Discovery Channel para ver a realidade na Índia”, diz, citando
outros países onde tocou, como Cuba, Líbano, Coreia do Sul,
Indonésia, Israel... “Independentemente da política, o heavy
metal chega a esses lugares.”
Nem sempre foi assim. O guitarrista recorda que, na década
de 1980, havia um hiato de anos entre um show internacional
e outro no Brasil. Entre uma apresentação do Queen (cujo
disco “A Night At The Opera” foi o primeiro que Kisser teve
na vida) e uma do Kiss, em 1981 e 1983, respectivamente,
contavam-se dois anos de marasmo. Cabia aos músicos locais
preencher esse vazio, e Kisser mostra respeito pelos pioneiros,
como o guitarrista Robertinho do Recife, que, aliás, acaba
de reformar sua lendária banda Metal Mania. “Ele foi um dos
pioneiros no heavy metal brasileiro e teve muita coragem,
muito peito, para pegar uma banda, cantar em português e
fazer um som tipo Van Halen. Ver o show dele foi motivante
para a minha carreira.”
Ironicamente, o Sepultura teve que fazer sucesso no exterior
para ser reconhecido no Brasil. “Aqui, ninguém dava a
mínima para a gente. Isso só mudou quando uma publicação
britânica, o 'New Musical Express', trouxe uma parada em que
o Sepultura veio na frente do New Order, que era queridinho
da imprensa. O Rock in Rio em 1991 também foi o que abriu as
portas para o Sepultura no Brasil”, lembra.
A banda, por sua vez, se tornou uma embaixadora da cultura
brasileira no exterior, incorporando ao seu som ritmos e
instrumentos do folclore nacional. Kisser defende que o metal
pode ser misturado a qualquer estilo. “Bossa nova, axé, funk
carioca, tudo é música e pode ser juntado ao heavy metal. O
próprio Metallica já usou influência do country americano.
Eu só não curto coisas com temática apelativa, com letras de
sexo explícito ou racistas”, ressalva o músico, que já tocou
também com Chitãozinho e Xororó. “O Sepultura nunca se
orientou pelo que está tocando em rádios, pelo mercado,
porque quem faz isso se perde, vira investidor da bolsa de
valores, interessado em estatística, não em arte.”
Para Kisser, o novo baterista, Eloy
Casagrande, “beira a perfeição”
Na verdade, é o mercado quem vai atrás do Sepultura. Uma
marca de refrigerante convidou recentemente a banda a
estrelar um comercial, e, indicado pelo amigo Tony Bellotto,
dos Titãs, Kisser foi procurado pelo diretor da série da TV
Globo “Dupla Identidade”, Mauro Mendonça Filho, para fazer
música que representasse a personalidade violenta e sombria
do protagonista. Kisser, claro, chamou os colegas do Sepultura
para o trabalho.
Com seu 13º álbum de estúdio lançado no ano passado,
intitulado “The Mediator Between Head and Hands Must
be The Heart”, e um novo baterista, Eloy Casagrande,
enchendo a banda de energia (“ele beira a perfeição”, diz
Kisser), o Sepultura segue em busca de novas experiências.
O guitarrista, de 46 anos, conta que só ouve discos antigos
quando precisa tirar uma música esquecida ou quer tocar
algo em seu programa numa rádio rock de São Paulo, “Pegadas
de Andreas Kisser”. Fora isso, desapega-se do que já fez,
tendo abandonado até uma velha tradição em aniversários
de membros da banda: jogar um balde cheio de porcarias na
cabeça do homenageado.
“Começou com ovos, cerveja, restos de comida. Depois,
começou a entrar mijo, cocô de cachorro e acho que até
pedaços de corpos”, brinca (espera-se!) ele.
DISTRIBUIÇÃO : UBC/21
20/UBC : DISTRIBUIÇÃO
uma onda
bem melhor
Como funciona a distribuição
Considerando as enormes quantidade e diversidade de
emissoras de rádio AM e FM pelo Brasil, o Escritório Central
de Arrecadação e Distribuição utiliza o critério da amostragem
estatística das execuções musicais para distribuir para titulares
os valores arrecadados das rádios adimplentes, além de 95%
do total arrecadado de usuários gerais de música mecânica
(condomínios, clubes, espera telefônica, hotéis, hospitais,
transportes coletivos, entre outros). Para realizar a distribuição
do segmento de rádio é utilizado um sistema de amostragem
certificado pelo Ibobe, no qual se leva em consideração um rol
com 200 mil execuções provenientes das rádios adimplentes de
todo Brasil, ou seja, somente as que realizam o pagamento de
direitos autorais de execução pública.
Queda da inadimplência e
investimento em tecnologia
melhoram a arrecadação
de direitos das músicas
executadas nas rádios
Até que a tecnologia chegasse ao estado atual foi o rádio
que contribuiu, durante muitas décadas, para a difusão
da música. Hoje, uma obra pode estar em quase todo o
lugar, especialmente com a ampliação do acesso à internet
e da comercialização de smartphones. Ainda assim, e
independentemente das transformações promovidas pela
tecnologia digital, o rádio continua firme e forte, transmitindo
notícias e executando canções para centenas de milhares de
ouvintes em todo o país.
Historicamente no Brasil a falta de pagamento de direitos
autorais de execução pública pelas rádios tem provocado
grande prejuízo aos autores. Em 2013, o índice de
inadimplência das rádios alcançou a marca de 47,4%, ou seja,
quase metade de todas as emissoras no país deixou de pagar.
Em 2014 o índice caiu para 37,1%, considerando o país inteiro.
A melhoria é fruto de acordos com diversas emissoras de rádio
que acertaram o pagamento de direitos autorais devidos pela
execução de obras e fonogramas. Não podemos deixar de dizer
que houve evolução, no entanto o índice de inadimplência
A amostra é desmembrada considerando as cinco regiões
geográficas do Brasil: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e
Norte. Isto significa que o valor total arrecadado das emissoras
de rádio de determinada região é dividido pelo total de obras
captadas nas programações das rádios adimplentes desta
mesma região. Por isso, nos demonstrativos de pagamento
recebidos pelos titulares, os valores distribuídos provenientes
das rádios aparecem discriminados por região geográfica.
continua alto se olharmos em separado para cada região do
país. Na região Nordeste, por exemplo, 53,35% do setor estão
em falta com sua obrigação de pagar.
Apesar do índice ainda alto de inadimplência, houve
crescimento de 10,2% na arrecadação, em 2013, em relação
ao ano anterior. O total arrecadado em 2013 foi responsável
por 6,7% da arrecadação de direitos autorais de execução
pública em todos os setores naquele ano. Acesse o Portal do
Associado e veja mais números da distribuição e arrecadação:
ubc.org.br/portal
Veja abaixo o índice de inadimplência das emissoras de rádio,
por região, no ano de 2014 (até o mês de outubro).
percentual de inadimplência
60%
50%
40%
30%
43%
48.8%
53.3%
20%
30.1%
27.9%
10%
0%
A distribuição de rádio ocorre trimestralmente nos meses
de janeiro, abril, julho e outubro. Em dezembro ocorre uma
distribuição extra de rádio com valores de acordos firmados
ao longo do ano e do ‘grupo música’ de TV por Assinatura,
relativo às músicas executadas nos canais de áudio das
operadoras de TV paga. Atualmente, 10% dos valores a serem
distribuídos de TV por assinatura são destinados ao ‘grupo
música’. Para a distribuição dos valores extras de rádio são
consideradas as execuções musicais contempladas nas
quatro distribuições do ano (veja tabela ao lado).
Distribuição de rádio já é feita
por identificação automática
Nos últimos cinco anos, uma nova tecnologia vem
automatizando a captação e a identificação das músicas
executadas nas rádios. Através do software Ecad.Tec CIA
Rádio, foi possível melhorar a qualidade das distribuições de
rendimentos de direitos autorais de execução pública para
músicas executadas nas estações de rádio.
Parte das músicas que compõem a amostra de 200 mil
execuções para a distribuição de rádio são captadas em
gravações realizadas pelas unidades do Ecad através do
software de captação e identificação automática. No caso de
rádios onde o sinal não é captado pelas antenas das unidades
do Ecad, a amostra é composta por planilhas de programação
musical enviadas pelas próprias emissoras de rádio.
Atualmente, a programação de 242 rádios em 18 capitais do
país já é monitorada pelo Ecad.tec CIA Rádio, um aumento
de 22,8% em relação ao ano de 2013. Em 2014, as unidades
arrecadadoras de cinco capitais do Brasil iniciaram a captação
das programações das rádios através deste software: Manaus,
São Luís, Campo Grande, Cuiabá e Natal. De todas as
execuções extraídas do software para compor a amostragem
da distribuição de rádio em 2014, 65% já são reconhecidas
automaticamente, sem a necessidade de auditoria. Isto
foi possível com a crescente colaboração dos produtores
fonográficos que enviam o áudio de seus fonogramas e
abastecem o Banco de Áudio que alimenta o software de
identificação automática.
Acesse ubc.org.br/distribuicao
e saiba sobre outras distribuições.
região norte
região centro-oeste
região nordeste
região sudeste
região sul
Calendário de
distribuição de rádio
Janeiro
execuções de julho a setembro
do ano anterior
Abril
execuções de outubro a dezembro
do ano anterior
Julho
execuções de janeiro a março
do mesmo ano
Outubro
execuções de abril a junho
do mesmo ano
Dezembro (extra de rádio)
execuções de julho do ano anterior
a junho do mesmo ano
22/UBC : serviço
"Como funcionam a cobrança e a
distribuição dos direitos autorais
nos eventos de carnaval?"
O mais importante você já fez. Agora é hora de "batizar" sua criação
A tecnologia facilitou o processo de gravação e fez crescer o mercado independente.
Se você produz seus próprios fonogramas, precisa saber como gerar o código ISRC,
uma espécie de identificador padrão da sua gravação. Cada código é composto por letras e
números, que identificam o país e o ano que o fonograma foi gravado, e inclui informações
sobre os participantes do fonograma e os compositores da obra musical.
Maestro Duda (Recife)
REVISTA UBC:
Para calcular o preço da licença pelo uso da música, são
levados em consideração diversos fatores: se a música será
executada ao vivo ou de forma mecânica, se o usuário é
permanente ou eventual, se a música é executada com o
propósito de promover a dança por parte dos frequentadores
do evento, entre outros. De forma geral, são cobrados 15% da
receita bruta do evento para execução de música mecânica
e 10% para execução ao vivo. Caso não haja receita, o valor
pode ser calculado com base na metragem da área sonorizada
do ambiente ou, se o evento for realizado em ambiente
aberto, com base no custo musical (pagamento dos músicos,
equipamentos de som, montagem de palco, técnicos). O preço
cobrado pode sofrer descontos de acordo com a categoria
socioeconômica da localidade ou se for comprovada finalidade
filantrópica. Acesse ubc.org.br/arrecadacao e saiba mais.
COMPOSITOR
PAÍS
A distribuição dos valores arrecadados é feita de duas formas:
Show
ANO
No caso dos shows e micaretas, a distribuição é feita de forma
direta. O valor destinado à distribuição de cada show será
dividido igualmente entre as obras que foram executadas na
ocasião. A distribuição ocorre em até 60 dias após a liberação
do evento, ou seja, após o usuário realizar o pagamento e
entregar o roteiro de obras executadas.
Eventos
Para os bailes de carnaval e demais eventos similares, o valor
recolhido de todos os usuários naquele ano será direcionado
para a rubrica especial de Carnaval, distribuída anualmente
no mês de maio. Os valores arrecadados são distribuídos
com base em amostragem específica de 50 mil fonogramas
captados por gravação nos eventos carnavalescos adimplentes
durante o período da festa. É importante saber que o titular só
recebe se o evento que tocar sua música estiver em dia com o
pagamento e sua música entrar no rol da amostragem feita no
período de captação.
MÚSICOS
Acesse ubc.org.br/distribuicao e saiba mais sobre outras
distribuições.
Inadimplência
Caso o usuário de música, após o contato da unidade
arrecadadora, não realize o pagamento dos direitos autorais
e nem informe as músicas que serão executadas, o Escritório
Central de Arrecadação e Distribuição irá captar todas
as informações disponíveis na imprensa sobre o evento.
Também enviará um técnico de arrecadação para o local, que
registrará as características necessárias para calcular o preço
da licença e as informações sobre obras e fonogramas que
forem executados. Todas as informações são encaminhadas
ao setor jurídico do escritório, que irá tomar as providências
necessárias para que seja realizado o pagamento.
intérprete
Para ajudar os produtores fonográficos a
gerarem o código ISRC, produzimos um tutorial
em vídeo com o passo a passo do processo. Acesse
www.ubc.org.br/tutorialISRC e registre seu fonograma.
Em 2015, a UBC continua sua atuação
na defesa e na gestão de seus direitos.
Acompanhe no calendário as distribuições
que ocorrem a cada mês
mês
jan
mês
fev
mar
mês
mês
abr
rubrica
rubrica
rubrica
rubrica
distribuição
trimestral*
tv por assinatura
cinema
período de captação
período de captação
distribuição
trimestral*
julho a setembro
setembro a
fevereiro
período de captação
julho a setembro
mês
mai
mês
jun
mês
jul
período de captação
outubro a
dezembro
mês
ago
rubrica
rubrica
rubrica
rubrica
tv por assinatura
mídias digitais
tv por assinatura
período de captação
período de captação
distribuição
trimestral*
outubro a dezembro
julho a dezembro
período de captação
janeiro a março
período de captação
janeiro a março
rubrica
carnaval
mês
set
mês
out
mês
nov
mês
dez
rubrica
rubrica
rubrica
rubrica
cinema
tv por assinatura
mídias digitais
período de captação
distribuição
trimestral*
período de captação
período de captação
março a agosto
período de captação
abril a junho
janeiro a junho
rubrica
rubrica
rubrica
festa junina
movimento
tradicionalista
gaúcho
EXTRA DE RÁDIO
abril a junho
período de captação
jULHO a junho
*Distribuição trimestral:
Rádio, TV ABERTA, Direitos Gerais, Música ao Vivo, casas de
diversão, casas de festas e sonorização ambiental.
Observações:
a distribuição de shows e créditos protegidos ocorre todos os meses.
a distribuição de músicos acompanhantes ocorre junto a todas que utilizam fonogramas.

Documentos relacionados

de adulto

de adulto A edição 2011 de uma das maiores feiras musicais do mundo, a Midem, realizada em Cannes, na França, terminou em janeiro com um número revelador para a indústria: o crescimento de 30% na participaçã...

Leia mais