Alta - Portal da Urologia

Transcrição

Alta - Portal da Urologia
Ano XXIX • Edição Jan/Fev/Mar 2015 • nº 1
Órgão de Informação da Diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia. Fundado por Ewerton Amaral
Entrevista
Bexiga
hiperativa:
quando
indicar cada
tratamento?
SBU estreita parceria
com Bem Estar
Global, da TV Globo
Dicas sobre o que fazer
em New Orleans, durante
Congresso da AUA
Recessão: quais os
melhores investimentos
para 2015?
Editorial
A recuperação da SBU
Prezados colegas da SBU,
Felizmente, após três anos de muita luta, iniciada pela
diretoria 2012-2013 e continuada pela atual gestão, conseguimos finalmente colocar a nossa Sociedade em seu
devido lugar, recuperando sua credibilidade e prestígio no
cenário nacional, com a indústria médica e, principalmente, junto a seus associados.
A recuperação da parte financeira foi muito difícil,
com vários problemas herdados devido a uma gestão
ineficiente e temerosa da diretoria 2010-2011, os quais
todos já conhecem e que quase deixou a SBU em situação falimentar.
Estamos realizando um planejamento de gestão de
seis anos com os projetos, que se iniciaram com a do
Aguinaldo Nardi e que continuará com a diretoria do Archimedes Nardozza, em 2016.
A educação continuada continuou sendo colocada
em destaque pela nossa diretoria, com vários cursos, aulas, publicações, levando conhecimento e atualização aos
nossos associados.
A modernização da comunicação com a criação do
Portal da SBU, comandada pelos nossos diretores Carlos
Sacomani e Alfredo Canalini, já é uma realidade trazendo maior visibilidade e agilidade no relacionamento com
os associados, com o público leigo e com a imprensa,
sendo um veículo de grande utilidade na pesquisa e na
informação urológica.
A Agência Vithal, comandada pela Aline Thomaz, que
cuida da parte jornalística, deixa a Urologia diariamente
na imprensa, trazendo prestígio e colocando a SBU e os
urologistas sempre em evidência.
O nosso tesoureiro Laurinei Muniz, junto com os outros diretores, teve um papel importante na recuperação
financeira da Sociedade, cortando os gastos em quase
100%, racionalizando despesas e avaliando o custo de
cada projeto com rigor.
Agora com as finanças recuperadas, o nosso principal objetivo é a defesa profissional junto ao SUS, Ministério da Saúde, convênios e com os políticos através
do escritório de Brasília, lutando por melhores honorários
para os nossos associados e dando à Comissão de Defesa Profissional, comandada pelo Jorge Gabrich, todas as
condições para estas ações junto a estes órgãos.
Além de tudo isso descrito acima, a recuperação da
paz e tranquilidade, que a SBU
precisava, sem as desavenças
que tanto a prejudicaram em
passado recente, foi talvez a
principal realização desta diretoria, que trabalha unida e com
a consciência de sua responsabilidade e de seu trabalho
em prol de nossos associados.
Dr. Carlos Corradi
Presidente da SBU
Biênio 2014/2015
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
1
Expediente
BODAU • Edição nº 1 • 2015
Editor-Chefe
Carlos Sacomani
Diretoria
Gestão 2014/2015
Presidente
Carlos Eduardo Corradi Fonseca
Vice-Presidente
Valter Müller (RJ)
Secretário-Geral
Luis Augusto Seabra Rios (SP)
1° Secretário
Giovani Thomaz Pioner (RS)
2°Secretário
Luiz Sérgio Santos (PR)
3° Secretário
José de Ribamar Rodrigues Calixto (MA)
1° Tesoureiro
Laurinei Muniz da Cunha (RJ)
2° Tesoureiro
Marcos Adriano Gomes de Oliveira (GO)
3º Tesoureiro
Roberto Gonçalves de Lucena (PE)
Diretor de Pesquisas
Hans Joachim Barg (SC)
Presidente Eleito
Editores Associados
Arlindo Monteiro de Carvalho Jr.
Carlos Teodósio da Ros
Conselho Editorial
Membros do Departamento de Comunicação
Diretor de Comunicação, Editor do BODAU e do SBU Online: Dr. Carlos Sacomani
Editor do Portal da SBU: Dr. Alfredo Felix Canalini
Editor de Mídias Sociais: Dr. Rui Nogueira
Membro Auxiliar: Dr. José de Bessa Jr.
Editor Assistente
Ricardo de Morais
Designer Gráfico
Bruno Nogueira
Secretária do BODAU
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Tel.: (21) 2246-4003 – Ramal 17
E-mail: [email protected]
Ex-Editores do BODAU
José Ewerton Amaral – 1985/1987 • Sergio d’Ávila Aguinaga – 1987/1989 • Aday Coutinho –
1989/1991 • Lino Lima Lenz – 1991/1992 • Paulo Cesar Rodrigues Palma – 1993 • Emanuel Leal
Chaves – 1993/1995 Paulo Cesar Nanci Carvalho – 1995/1997 • Ronaldo Damião – 1997/1999 •
Eliseu Roberto Mello Denadai – 1999/2001 • Beatriz Helena de Paula Cabral – 2001/2003 • José
Fernando Callijão Araújo – 2003/2005 • Geraldo Eduardo de Faria – 2006/2007 • André Guilherme L. da
C. Cavalcanti – 2008 • Pedro Cortado – 2009 (janeiro a junho) • José de Ribamar Calixto – 2009 (julho a
dezembro) • José Fernando Calijão Araújo – 2010/2011
• Carlos Alberto Bezerra – 2012/2013
Sociedade Brasileira de Urologia
Rua Bambina, 153 – Botafogo – Rio de Janeiro – RJ – CEP 22.251-050 – Tel.: (21) 2246-4003
Fax (21) 2246-4194 – Horário de atendimento: das 9 às 18h
e-mail: [email protected] – site: www.sbu.org.br
Archimedes Nardozza Júnior (SP)
Conselho de Economia
Presidente
Paulo Habib (MG)
Membros
Acival Lopes dos Santos
Lúcio Flávio Gonzaga Silva
José Carlos de Almeida
Sidney Glina
O Boletim da Urologia – BODAU – é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Urologia, distribuído gratuitamente
a todos os urologistas brasileiros e membros correspondentes estrangeiros desta sociedade. O BODAU também é distribuído
em faculdades de Medicina, bibliotecas médicas, hospitais, indústrias farmacêuticas e de comércio de equipamentos e produtos
médicos. As afirmações e opiniões emitidas nos artigos do Boletim da Urologia são de inteira responsabilidade dos autores e
não refletem a opinião da Sociedade Brasileira de Urologia. A publicação de anúncios comerciais não garante qualquer respaldo
à qualidade, atividade, eficácia, segurança ou outros atributos expressos pelos anunciantes. O Boletim da Urologia e a Sociedade
Brasileira de Urologia eximem-se de qualquer responsabilidade por lesões corporais ou à propriedade, decorrentes de ideias ou
produtos mencionados neste boletim. Tiragem: 4.100 exemplares.
Conteúdo
Suplentes
José Alberto Alves
Rogério César Correia Bernardo
w w w. v i t h a l . c o m . b r
Jornalista responsável
Reportagem
Aline Thomaz (MTB 25937/RJ)
Aline Thomaz e Janaína Soares
Este símbolo indica que o papel utilizado neste impresso foi produzido com
madeira de florestas certificadas FSC e outras fontes controladoras
Nota do editor
A bexiga hiperativa além dos
medicamentos
Desde que o presente conselho editorial assumiu o BODAU, tivemos a
preocupação de tornar a revista atrativa para o associado. Por tal razão, sempre
temos uma reportagem de capa que trate de assunto que gere alguma controvérsia.
Nesta edição, optamos por falar de bexiga hiperativa. Nossa intenção é demonstrar
ao urologista o que vai além do uso de antimuscarínicos. Como especialista na área
de disfunção miccional, percebi que, muitas vezes, recebo pacientes aos quais não
foi oferecido nenhum tratamento após a falha do antimuscarínico. Os doutores João
Amaro, Fernando Almeida e Márcio Averbeck foram convidados para responder
perguntas formuladas e escrever textos sobre o assunto. Creio que conseguimos
uma abordagem bastante atual do tema.
Nosso desafio tem sido manter a mídia escrita em foco, apesar da crescente procura por outras formas de comunicação. É nossa tarefa ser fonte de referência não só para o associado como para o leigo. O BODAU cumpre sua função
institucional de discutir e informar os sócios da SBU. Em breve, esperamos que ele
se integre mais ao nosso portal.
Com respeito ao público em geral, é primordial atingi-lo. Falar em Urologia deve ser consultar a SBU. Não há maior e melhor “board científico” para
questões que concernem à nossa especialidade que a SBU. Temos, entre nós,
representantes de todas as escolas médicas do país, dos mais conceituados serviços de Urologia e colegas de destaque nacional e internacional. Precisamos ocupar
nosso espaço junto à população.
Ao associado, dedicamos mais este BODAU e esperamos que de novo lhe
seja útil e interessante.
Dr. Carlos Sacomani
Editor-chefe do BODAU
Biênio 2014/2015
Boa leitura!
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
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Sumário
Departamentos SBU
5 Cursos de atualização em endourologia
6 Departamento realiza treinamento em disfunções miccionais
7 Conheça os novos projetos do Departamento de Laparoscopia
16
SBU em Foco
8 SBU-SC representa nacional no Bem Estar Global
10 Presidentes de seccionais fazem balanço da gestão e anunciam
26
13
prioridades para 2015
Escritório de Representação em Brasília
12 Programação 2015 do escritório de representação da SBU
Atualização Científica
13 SBU leva curso de endourologia a Campo Grande (MS)
14 PROTEUS: história de um projeto de sucesso
Capa
16 Bexiga hiperativa: quando indicar cada tratamento?
18 Tratamentos fisioterápicos para bexiga hiperativa: quando indicar?
20 Entrevista: Dr. Fernando Almeida
22 Entrevista: Dr. Márcio Averbeck
Em debate
24 A aplicação dos conceitos de marketing na saúde
Saúde e bem-estar
26 Como aliviar o estresse?
Cultura, lazer e turismo
32 New Orleans: a cidade do jazz e da culinária cajun e creole
Nas horas vagas
34 Aproveite o tempo livre para assistir aos filmes que concorreram ao Oscar
36 Notas
40
Dicas
38 Período de estagnação econômica: qual o melhor investimento?
Deguste e aprecie
40 La Vie en Rose
42 Cartas
Calendários de Eventos
44 Fique atento à agenda de eventos da SBU
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BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
38
24
Departamentos SBU
Cursos de atualização
em endourologia
Atividades foram realizadas em Campo Grande (MS) e em São Paulo (SP)
por Ernesto Reggio*
Médicos se
reuniram em
março em São
Paulo para curso
no Hospital
Santa Marcelina
o
Departamento de Endourologia vem tentando fortalecer o ensino das técnicas endourológicas mais
recentemente inseridas no
cotidiano da prática urológica. A maior procura é por treinamento
em ureterorenoscopia flexível e, em alguns centros, cirurgia renal percutânea e
o acesso por minipercutânea. A parceria
com a iniciativa privada foi bem definida
após vários meses de conversações.
Recentemente, realizamos curso em
Campo Grande (MS) e, em março, no
Hospital Santa Marcelina (SP), com ótima aceitação dos alunos e instituições
organizadoras. Temos desejo de ampliar
estes cursos, com maior oferta de treinamento, porém a organização e financiamento são os maiores desafios a serem superados. Já estamos trabalhando
na organização das atividades do nosso
Congresso no RJ, com planejamento de
cursos, treinamentos, etc.
Também pretendemos, caso haja
apoio das empresas, editar um atlas de
endourologia, muito prático e bem educativo, sobre imagens em diagnóstico, materiais e procedimentos endourológicos.
Os membros do Departamento estão se esforçando para contribuir com
o engrandecimento desta subespecialidade na nossa Sociedade.
* Coordenador da subárea de Endourologia da SBU
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
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Departamentos SBU
Departamento realiza treinamento em
disfunções miccionais
Para 2015, Urologia Feminina e Uroneurologia
preparam um Atlas de Urodinâmica
por Márcio Averbeck*
A
Urologia Feminina é uma
subárea da urologia voltada
à avaliação e ao tratamento das patologias do trato
urinário em mulheres. Frequentemente, as pacientes
referenciadas ao urologista por outros
especialistas são portadoras de disfunções do trato urinário inferior refratárias
aos tratamentos convencionais. Destarte, exige dedicação intensa por parte do
médico e de sua equipe multidisciplinar.
O problema é que, em muitas circunstâncias, a remuneração por parte dos planos
de saúde não é compatível com o grau de
comprometimento que o urologista precisa oferecer às suas pacientes.
Apesar das limitações inerentes à
atual realidade brasileira, a Urologia Feminina é uma subárea em franca expansão e
que atrai o interesse dos médicos residentes em processo de formação. Avanços no
tratamento da incontinência urinária, como
a introdução de técnicas minimamente
invasivas, incluindo a aplicação de toxina botulínica e a neuromodulação sacral,
bem como o surgimento de novos medicamentos para o tratamento dos sintomas
do trato urinário inferior, fazem com que
a atualização profissional constante seja
imprescindível para os urologistas que se
dedicam à Urologia Feminina.
Durante o ano de 2014, o Departamento de Urologia Feminina da SBU trabalhou de maneira intensa na concretização de um projeto inovador: os Centros de
Treinamento em Disfunções Miccionais.
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BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
Em novembro de 2014, os dois centros
pioneiros (Fortaleza e Porto Alegre) acolheram urologistas de diversos estados da
federação, com o objetivo de proporcionar
treinamento de excelência na realização
de procedimentos minimamente invasivos.
Os temas abordados incluíram a disfunção
neurogênica do trato urinário inferior, a
incontinência urinária de esforço e a síndrome da bexiga hiperativa idiopática. Procedimentos foram transmitidos em tempo
real e os participantes puderam fazer perguntas e interagir com os cirurgiões, esclarecendo dúvidas referentes às distintas
abordagens cirúrgicas (neuromodulação
sacral, injeção de toxina botulínica, implante de slings de incisão única e slings convencionais de uretra média).
Nos últimos dois anos, o Departamento de Urologia Feminina também
atuou em conjunto com o Departamento
de Comunicação da SBU para divulgar o
Dia Internacional de Conscientização sobre Incontinência Urinária, que ocorre no
dia 14 de março. No ano de 2014, foram
realizadas atividades em diversas capitais
do país, que contaram com a presença de
médicos urologistas para orientar a população em locais públicos de interesse e
em hospitais de ensino. No corrente ano,
o Departamento auxiliou na elaboração de
um release informativo, que teve grande
repercussão na mídia. Em Porto Alegre,
houve também uma aula voltada ao público leigo no dia 14 de março, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Esta atividade foi
coordenada pelo Dr. Nelson Batezini, que
é membro do Departamento de Urologia
Feminina da SBU.
Atualmente, o Departamento de
Urologia Feminina está trabalhando, em
conjunto com o Departamento de Uroneurologia, na elaboração de um Atlas de
Urodinâmica, que será uma publicação didática e rica em ilustrações. A diretoria da
SBU tem proporcionado apoio incondicional para que esta importante publicação
seja concretizada.
É importante mencionar que o programa científico do próximo Congresso Brasileiro de Urologia, que será realizado de 31
de outubro a 04 de novembro de 2015 no
Centro de Convenções SulAmérica no Rio
de Janeiro (www.cbu2015.com.br), vem
sendo intensamente discutido nos últimos meses. O Departamento de Urologia
Feminina está presente neste processo
e buscará trazer atividades científicas de
altíssimo nível para os membros da SBU.
Contaremos com a presença do Prof. John
Heesakkers como palestrante internacional. O Prof. Heesakkers é o atual chairman
do Departamento de Urologia Feminina
e Funcional da Associação Europeia de
Urologia (EAU). Esperamos contar com a
presença de todos no principal evento urológico brasileiro de 2015. Até lá!
* Chefe do Departamento de Urologia
Feminina da SBU
Membros do Departamento: João Antonio Pereira Correia, Fernando Almeida,
Leonardo Mendes, Júlio Resplande,
Nelson Batezini.
Conheça os novos projetos do
Departamento de Laparoscopia
A educação continuada é o foco por meio do “Step-by-Step”, “Tele Lap” e “Dicas e Truques”
por Eliney Ferreira Faria*
P
resente na SBU como
parte do Departamento
de Cirurgia Minimamente
Invasiva, o Departamento
de Laparoscopia Urológica
tem como principais objetivos: a estruturação e normatização da laparoscopia no Brasil; o treinamento, aperfeiçoamento e propagação da técnica para
jovens cirurgiões, bem como para aqueles
que já estão no mercado há mais tempo; o
desenvolvimento de publicações oficiais; e
melhorias gerais visando ao benefício da
classe médica e dos pacientes submetidos
a estes procedimentos.
O Departamento de Laparoscopia
possui projetos que visam à participação e
integração de vários grupos dentro da SBU,
com líderes dentro do Departamento designados para cada um deles. Novos outros
projetos estão a todo vapor sob a gestão
do urologista Dr. Eliney Ferreira Faria. Entre eles, a “Pesquisa Nacional sobre atuação Laparoscópica”, que objetiva conhecer
através de questionários a situação atual da
laparoscopia brasileira nas residências e na
comunidade urológica de modo geral. Destaque também para o “Step-by-Step”, pelo
qual serão realizadas aulas baseadas em
vídeos que ficarão à disposição dos associados em português e inglês, aumentando
ainda mais a projeção da SBU. O “Dicas e
Truques” será um compilado de perguntas
sobre pontos específicos da cirurgia, situações adversas de cada uma e como manusear complicações, ao qual os associados
terão acesso ao PDF via site ou aplicativo.
Estamos trabalhando na educação a distância através do “Tele Lap”. Também realizamos reuniões mensais via Skype com
aulas e discussão de casos em diversos
lugares no Brasil.
Em entrevista ao BODAU, Dr. Eliney
explica o “Lap $ Dim”. “O projeto incorporará
todo o processo de certificação e inclusão
nas tabelas do SUS e de diversos planos
de saúde. Visamos a encontrar alternativas
para incremento e ganhos para o urologista”. Existe atualmente uma comissão da Sobracil que tem como objetivo incorporar os
códigos da laparoscopia na tabela do SUS
junto ao Ministério da Saúde. “Dois diretores
do IRCAD, Dr. Flavio Malcher e Dr. Armando
Melani, estão juntos conosco à frente desta
comissão, e estamos certos de que poderemos incluir vários procedimentos urológicos
nestas negociações”.
Nos dias 16 e 17 de julho de 2015,
será realizado novamente em Barretos o
projeto “Ilustre Visitante”, onde receberemos urologistas em geral, para que as
práticas da cirurgia minimamente invasiva
possam ser transmitidas com segurança e
eficiência. Tambem no mês de julho, dias
10 e 11, teremos o curso de “Laparoscopia para Residentes”, que devido a uma
parceria IRCAD-SBU não terá custos
para os mesmos.
Mas o projeto mais desafiador de
2015 será a realização do Difficult Cases:
Minimally Invasive Surgery. O congresso
será realizado no IRCAD América Latina e
terá a presença de experts mundiais dando aulas de cirurgia laparoscópica e robó-
tica urológica. Entre eles: Claude Abbou e
Thierry Piechaud, que virão da França, e
os professores Surena Matin e Vipul Patel,
que virão dos Estados Unidos. Eles farão
discussões de técnicas e demonstrações
ao vivo diretamente do centro cirúrgico do
Hospital de Câncer de Barretos. “Temos
a nossa disposição no IRCAD a melhor
tecnologia para realização de um evento
desta magnitude e estamos otimistas com
a grande procura por parte de urologistas
de todo o Brasil e América Latina”, completa Eliney.
Outro ganho da gestão atual foi ter
conseguido descontos nos cursos do IRCAD para os staffs de residência de urologia de diferentes seccionais do país. “A
ideia é que os jovens staffs possam replicar
os conhecimentos adquiridos no IRCAD
para os seus respectivos serviços”, diz.
Além de cursos para residentes, a
SBU também é parceira nos cursos de
laparoscopia urológica avançada, que serão realizados em junho e setembro. No
caso dos associados se interessarem,
basta entrar em contato com a secretaria
de cursos do centro, que também terão
descontos significativos.
Membros do Departamento também
estarão presentes nos congressos AUA
(American Urological Association) e CAU
(Confederación Americana de Urología),
buscando novas alternativas e expandindo os horizontes da SBU para eventos
internacionais.
*Diretor do Departamento de Laparoscopia
da SBU
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
7
SBU em Foco
SBU-SC representa nacional no
Bem Estar Global
Ação de esclarecimento da população realizada pela TV Globo, em janeiro, em
Florianópolis, reuniu 5 mil pessoas
por Aline Thomaz
D
ando continuidade à parceria entre a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e o
programa da TV Globo Bem
Estar, a seccional de Santa
Catarina participou no dia
30 de janeiro do Bem Estar Global, ação
de esclarecimento da população leiga.
Urologistas orientaram moradores de
Florianópolis sobre a incontinência urinária. A atividade ocorreu das 8h às 17h no
Trapiche, da Avenida Beira Mar Norte.
O evento reuniu cerca de 5 mil
pessoas, que, mesmo com chuva, foram
tirar dúvidas sobre os mais diversos
temas abordados. A TV Globo e o Sesi
montaram uma estrutura com 14 tendas,
que foram ocupadas por diferentes
especialidades médicas. “Foi muito
positivo do ponto de vista social. Muitas
pessoas puderam tirar dúvidas, já que
o sistema de saúde peca no acesso.
Pudemos verificar mulheres com idade
avançada que achavam normal perder
RESULTADO
NA IMPRENSA
Durante o programa de TV, exibido
das 10h20 às 11h, o urologista Waltamir Horn Hülse foi entrevistado,
ao vivo, e falou sobre a importância de diagnosticar a incontinência
urinária usando bexigas cheias de
água como exemplo. Por meio da
assessoria de imprensa da SBU, a
Vithal Comunicação Integrada, Hülse também conversou com o Bom
Dia SC (TV Globo) na manhã do dia
30 para explicar o que a tenda da
SBU ofereceria. Veja no link:
http://glo.bo/1vkTjpO
Na matéria publicada no Diário Catarinense, jornal de maior
circulação no estado, os serviços
que a SBU ofereceria também
foram destacados. Foi publicada
ainda uma nota na coluna Visor, do
mesmo jornal, sobre a participação
da entidade no evento.
1
8
BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
A Sociedade Brasileira de
Urologia tem a obrigação
de participar destes eventos
justamente para divulgar a
prevenção, assim como a
terapêutica das patologias que
afetam o aparelho urinário”,
diz Rodrigo Monnerat,
presidente da SBU-SC
O urologista
Waltamir Horn Hülse
foi entrevistado no
Bom Dia SC
urina e as encaminhamos para as unidades básicas
de saúde para poderem ser direcionadas aos
serviços de urologia da cidade”, disse o coordenador
da ação pela SBU-SC, Luiz Felipe Piovesan.
De acordo com Piovesan, foram atendidas cerca
de 400 pessoas na tenda da SBU. “Nosso atendimento era complexo, pois a pessoa passava por um
circuito no qual ouvia o esclarecimento do urologista
sobre o que era a incontinência urinária, depois conversava com fisioterapeutas sobre os exercícios para
fortalecer o assoalho pélvico, em uma terceira etapa
conhecia mais sobre as roupas para incontinência
e ganhava uma garrafinha de água no final”, conta.
Para o presidente da seccional, Rodrigo Monnerat, esses tipos de ações são importantes. “Acredito que só a informação pode mudar os hábitos de
uma população. A Sociedade Brasileira de Urologia
tem a obrigação de participar destes eventos justamente para divulgar a prevenção, assim como a
terapêutica das patologias que afetam o aparelho
urinário. O Bem Estar Global é uma iniciativa ímpar
onde podemos levar esta informação aos brasileiros
diretamente nas suas casas. A seccional de Santa
Catarina apoia e agradece a oportunidade que nos
foi dada este ano”, disse.
A SBU tem sido sempre acionada pelo programa para participar dessa atividade. Em março, o
programa foi até Belo Horizonte e, em abril, vai até
Belém. Serão ainda mais seis edições do Bem Estar
Global em 2015.
1. Urologistas e fisioterapeutas fizeram o esclarecimento
sobre incontinência urinária
2. Waltamir Horn Hülse mostrava por meio de bexigas de
plástico a falha do sistema
urinário
2
3. Tenda da seccional atendeu cerca de 400 pessoas
3
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
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SBU em Foco
Presidentes de seccionais fazem
balanço da gestão e anunciam
prioridades para 2015
SBU Online publica série de entrevistas com dirigentes
por Janaína Soares
Desde o início do ano, o SBU Online, newsletter semanal da Sociedade, vem entrevistando os presidentes das seccionais. O objetivo é informar
aos associados as ações realizadas em 2014 e anunciar as metas de cada
instituição para este ano. Veja os principais tópicos abordados por cada presidente e o respectivo link da entrevista, disponível no site da SBU.
Vagner Gil (SBU-GO)
http://bit.ly/vagnergil
O primeiro entrevistado da série disse
que uma das grandes conquistas da seccional
de Goiás em 2014 foi conseguir o reajuste de cerca de 70% no
valor pago pela litotripsia extracorpórea. Ele conta na entrevista
como foi o processo que culminou no aumento, fala sobre as
ações realizadas no ano passado e enumera os planos da seccional para 2015, como o Simpósio Goiano de Urologia, a ser realizado em agosto.
10 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
Rodrigo Monnerat (SBU-SC)
http://bit.ly/rodrigomonnerat
Este ano, a seccional de Santa Catarina
realizará dois encontros no estado: em Florianópolis e em Treze Tílias, e apoiará a realização do Encontro
Nacional de Urodinamicistas. O presidente fala também sobre as
ações realizadas em 2014 e a criação da Associação de Urologistas de Santa Catarina (AUSC), que tem entre os objetivos lutar por
melhores honorários no estado.
Clovis Fraga Tenório Pereira (SBU-PE)
http://bit.ly/clovispereira
A Jornada Pernambucana de Urologia,
agendada para setembro, contará com uma programação científica mais extensa, segundo o presidente da seccional. Ele também analisa as ações que fizeram parte do calendário da
SBU-PE em 2014 e comenta a criação da Cooperativa de Urologia de
Pernambuco, em funcionamento há cerca de três anos, e que tem
como objetivo lutar por melhores condições de honorários.
Helder Coelho Porto (SBU-BA)
http://bit.ly/helderporto
Entre os planos da seccional baiana para
2015 estão apoiar a cooperativa de urologistas
para melhorar os honorários na região e priorizar a educação continuada, com a realização de reuniões científicas e da Jornada Bahiana
de Urologia/Onco/Pediatria, prevista para junho. A SBU-BA pretende
ainda realizar ações pelo Novembro Azul e trabalhar pela inserção da
urologia na atenção global da saúde do homem no SUS.
Deusmar Singui Filho (SBU-AC)
http://bit.ly/deusmarsingui
O presidente da seccional conta que dará
continuidade a atividades de esclarecimento,
consultas e exames em prol da saúde do homem. A seccional possui
seis urologistas. De acordo com o dirigente, as tabelas apresentam
valores muito baixos, tanto para a remuneração de honorários médicos quanto de indenização pelo uso dos equipamentos, gerando
frequentes impasses entre as partes.
Antônio Peixoto de L. Cunha (SBU-MG)
http://bit.ly/antoniopcunha
O presidente fala sobre a programação da
SBU-MG para 2015, com cinco cursos, e afirma
que pretende ainda intensificar ações que visam à valorização
profissional dos urologistas do estado e à melhoria do atendimento da população pelo SUS, com o acesso às novas tecnologias. Em
2014, um dos destaques da seccional foi o retorno da publicação
da revista científica Urominas.
Márcio de Carvalho (SBU-PR)
http://bit.ly/marciodecarvalho
Levar eventos científicos para as cidades
do interior, ampliar a divulgação de temas urológicos para a população e estabelecer metas para melhoria dos
honorários médicos são alguns dos planos da SBU-PR para este ano.
O presidente da seccional abordou ainda as principais atividades desenvolvidas pela entidade em 2014, englobando as áreas de educação continuada, responsabilidade social e defesa profissional.
Theodorico F. da Costa Neto (SBU-AL)
http://bit.ly/theodoricofernandes
A seccional planeja dar continuidade às
reuniões mensais com a discussão de temas de
interesse dos urologistas com a presença de convidados de Alagoas e de outros estados. O presidente da SBU-AL comenta também
o que é, em sua opinião, o maior desafio da Sociedade e suas seccionais na atualidade: “motivação dos colegas em torno de uma
SBU que se reergue”.
Guilherme Coutinho Borges (SBU-TO)
http://bit.ly/guilhermecborges
Além de investir nas atividades científicas,
o presidente da seccional do Tocantins afirma
que a entidade tem trabalhado para valorizar o urologista, inclusive na negociação com os convênios. Ele destaca as ações realizadas em 2014, como as referentes ao Novembro Azul, e sugere a
criação de uma tabela de honorários que possa servir de referência aos urologistas de todo o Brasil.
Aderivaldo Cabral Dias Filho (SBU-DF)
http://bit.ly/aderivaldofilho
O presidente da seccional defende que a
Sociedade seja vista pelo urologista como um
local para debates da área. Em 2014, teve início um programa multidisciplinar de educação continuada em urologia com encontros
mensais, que terá continuidade este ano. A instituição realizou
reuniões mensais com os residentes e preceptores de residência
médica para discussão de temas variados.
Até o fechamento desta edição, haviam sido publicadas dez entrevistas. Acompanhe os demais depoimentos dos presidentes das
seccionais semanalmente no site da SBU (www.sbu.org.br).
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
11
Escritório de Representação em Brasília
Programação 2015
do escritório de representação da SBU
por Dr. Romulo Maroccolo Filho
Juntamente com a
FEMAMA, SEBRASGO
e outras sociedades
realizaremos o primeiro
Fórum de Debates
sobre Saúde Conjugal,
também dentro das
atividades da Frente
Parlamentar”
e
m 2015, o Escritório de
Brasília já tem reuniões
agendadas no Senado e
na Câmara para reforçar e
ampliar o apoio dos novos
parlamentares às ações
da SBU no Congresso Nacional. Manteremos o foco nas campanhas de valorização do trabalho do urologista e na
divulgação, prevenção de doenças e promoção da saúde urológica para a população brasileira, defendendo os projetos
de lei apresentados pela Frente Parlamentar de Atenção Integral à Saúde do
Homem, presidida pelo deputado federal
Dr. Jorge Silva (PROS-ES).
Iniciaremos as reuniões de elaboração da proposta da SBU para o Ministério da Saúde de criação dos Centros de
Referência em Saúde do Homem e convocaremos os colegas urologistas que
têm experiências exitosas nesta área
12 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
para apresentarem suas estratégias e
seus resultados. A partir destas reuniões, será elaborado um documento da
SBU para ser apresentado oficialmente
ao Congresso Nacional e ao Ministério
da Saúde.
Juntamente com a FEMAMA, SEBRASGO e outras Sociedades realizaremos o primeiro Fórum de Debates
sobre Saúde Conjugal, também dentro
das atividades da Frente Parlamentar.
Ampliaremos também no Ministério da
Saúde as parceiras com a Coordenação
de Saúde do Idoso, aproximando nossas
ações e apresentando nossas propostas
para esta área.
Em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria e a Sociedade Brasileira
de Medicina de Família e Comunidade,
desenvolveremos protocolo de abordagem e tratamento da disfunção erétil.
No segundo semestre, como parte
das ações da Frente Parlamentar, realizaremos o VIII Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem, com foco na
informação para os parlamentares sobre
os problemas dos pacientes urológicos
no SUS, e apresentaremos as propostas da SBU, realizando, assim, um Ciclo
de Debates para Parlamentares sobre a
urologia no SUS.
Manteremos fortes as ações para
realização do Novembro Azul, que, como
em 2014, dará grande exposição na mídia às doenças urológicas e da saúde do
homem. Esperamos que 2015 seja um
ano de grandes realizações e conquistas
para a SBU.
Foto: Da esquerda para direita: conselheiros Dr.
Mário Ronalsa (AL), Dr. Romulo Maroccolo Filho
(DF), Dr. José Carlos de Almeida (DF), Dr. Carlos
Eduardo Corradi (MG), Dr. Aguinaldo Nardi (SP),
Dr. Fernandes Denardi (SP) e Dr. Marcio Turra (RS)
Atualização Científica
SBU leva curso de endourologia
a Campo Grande (MS)
Aulas ocorreram nos dias 4 e 5 de dezembro
por Ernesto Reggio*
Equipe médica faz aplicação da minipercutânea com transmissão ao vivo para alunos do curso
o
Departamento de Endourologia, em parceria com a
SBU-MS, organizou o curso teórico prático de endourologia na cidade de Campo Grande, nos dias
4 e 5 de dezembro de 2014. O objetivo do curso
foi atender a demanda dos associados locais por
maior contato e familiaridade com técnicas endourológicas mais recentes e que demandam equipamentos que
nem sempre são facilmente disponíveis fora dos grandes centros.
O curso foi organizado com apresentações teóricas rápidas
e objetivas, seguido de cirurgias ao vivo com participação de alunos. Foram programados casos de litíase renal de menor volume
para treinamento de ureterorrenolitotripsia flexível e minipercutânea. Por um problema de transporte, os endoscópios flexíveis
não foram entregues em Campo Grande na data do curso, sendo
então os casos resolvidos por acesso percutâneo. Inicialmente,
houve um desânimo por parte de toda a equipe, pois sabemos o
quanto cada um se esforça para organizar, comparecer e aprender esses novos procedimentos.
Entretanto, a aplicação da minipercutânea foi de grande
aprendizado e uma grata surpresa para o grupo. Os casos foram
resolvidos com este novo equipamento, de menor trauma e mais
rápida recuperação pós-operatória. Todos os operados atingiram
o objetivo maior da cirurgia, ou seja, totalmente livres de cálculo
e sem nefrostomia ao término – tubeless.
Pelo Departamento de Endourologia participaram Dr. Carlos
Chagas (ES), Dr. Ricardo Tiraboschi (BA) e Dr. Ernesto Reggio
(SC). A organização local, seleção e cuidados pós-operatórios
foram realizados com o apoio da SBU-MS. A SBU teve o apoio
da Strattner para realização do evento.
Sala ficou lotada durante todo o evento
* Coordenador da subárea de Endourologia da SBU
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
13
Atualização Científica
PROTEUS:
1
história de um
projeto de sucesso
Edição de 2015 teve recorde de participantes, 407
por Roni Fernandes*
o
PROTEUS Intensivão, principal curso de preparação para
a prova do Título de Especialista da SBU (TiSBU) e também importante ferramenta
de reciclagem e atualização
profissional, completa neste
ano sua 17ª. edição, com uma história de
sucesso dentro da Urologia brasileira.
14 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
No primeiro semestre de 1999, na
gestão do Dr. Eric Wroclavsky, com a
idealização e coordenação dos doutores
Sidney Glina e Marcelo Vieira, a SBU-SP
iniciou um programa de educação continuada direcionado ao urologista que se
preparava para prestar a prova para a
obtenção do título de especialista da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU).
Era um Programa de Reuniões Organizadas para preparação ao Título de
Especialista em Urologia da Sociedade
Brasileira de Urologia, que rapidamente
ganhou o nome de PROTEUS.
A primeira edição, que contou com
cerca de 50 participantes, teve o formato de aulas semanais que revisavam os
temas que compunham a prova oficial
do título de especialista. Foi o pontapé
inicial para esta história de sucesso. A
partir daí, o PROTEUS passou a fazer
parte do calendário oficial da SBU e vem
sendo realizado ininterruptamente.
Durante estes anos todos, o PROTEUS passou por algumas alterações,
como em 2001, ano em que foi realizado
na forma digital, com o participante podendo assistir às aulas pelo site da So-
ciadas ao interesse destacado que os
urologistas de uma forma em geral, não
somente os candidatos ao título de especialista, demonstram pelo PROTEUS,
na edição de 2010, foi entregue o livro
Urologia Fundamental, uma obra abrangente e de fácil leitura.
Em 2014, a incorporação de simpósios satélites na hora do almoço permitiu
a viabilização econômica do evento e a
corretas, durante a apresentação da aula
de cada professor, responsável pela elaboração das questões da prova.
Momento especial nesta última
edição do PROTEUS foi a homenagem
que a diretoria da SBU-SP prestou aos
doutores Sidney Glina e Marcelo Vieira,
que há 16 anos tiveram a feliz ideia de
criar este projeto que tantos benefícios
traz ao associado.
2015
Edição
Recorde
1. Plateia lotada durante o
PROTEUS 2015
2. Marcelo Vieira (segundo à esq.) e
Sidney Glina (quarto da esq. para dir.)
foram homenageados na última edição
por terem idealizado o curso
ciedade. Em 2006, pela primeira vez, foi
fornecida aos participantes uma apostila com todas as aulas do curso. Já em
2007, a novidade foi a inclusão de uma
prova simulada, para que o candidato ao
título de especialista pudesse avaliar de
uma maneira mais aprimorada como estava sua preparação.
No ano de 2008, o número recorde de 371 participantes recebeu da
organização o livro PROTEUS, com os
detalhes de todas as aulas ministradas
pelos renomados professores convidados para o curso.
Com os crescentes conhecimentos,
novas informações e tecnologias, asso-
2
apresentação de novos tratamentos com
um formato de interação com a plenária
e discussão de casos clínicos.
Em 2015, em casa nova, próximo
à sede da SBU-SP, com o PROTEUS
atingindo quase a sua maioridade, ele
mantém-se dinâmico, inovador e sempre
com grande presença de público, o que
reflete o sucesso do evento. Neste ano,
foi batido novamente o recorde de inscritos, contamos com 407 participantes,
50 aulas ministradas por professores de
profundo conhecimento em suas áreas
de atuação, três simpósios satélites, e,
como sempre, a esperada prova teórica
e prática, com discussão das respostas
A SBU-SP sente-se gratificada por
poder oferecer aos urologistas de todo
o Brasil este importante serviço, não só
no preparo para a prova do TiSBU, como
também para cada um que sente a necessidade de atualizar seus conhecimentos dentro de nossa especialidade.
Ao mesmo tempo, a SBU-SP assume o compromisso de trabalhar
cada vez mais para que projetos como
o PROTEUS continuem melhorando a
cada nova edição.
* Presidente da SBU-SP
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
15
Capa
16 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
Bexiga hiperativa:
quando indicar
cada tratamento?
BODAU traz panorama do que há hoje em dia à disposição do paciente
por Aline Thomaz
o
tema de capa desta edição do BODAU é a bexiga hiperativa (BH). Para
apresentar os principais tratamentos que existem hoje em dia e suas
formas de aplicação caso a caso, a revista ouviu especialistas de notório reconhecimento na área.
O urologista João Luiz Amaro e a fisioterapeuta Mônica Orsi Ga-
meiro, ambos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), falam sobre o tratamento
fisioterápico na BH.
Nas páginas seguintes, o editor do BODAU, Carlos Sacomani, entrevista os
urologistas Fernando Almeida, da Universidade Federal de São Paulo, e Márcio Averbeck, do Hospital Moinhos de Vento e da Santa Casa de Porto Alegre. Ambos apresentam um panorama do que se fazer caso as primeiras formas de conduta falhem.
Entre as formas de tratamento destacadas estão a fisioterapia, o uso de medicamentos, a eletroestimulação do nervo tibial (PTNS), a toxina botulínica e a neuromodulação sacral. “Antes de indicar um ou outro método, é importante pensar
novamente no diagnóstico diferencial e excluir doenças que poderiam justificar a
refratariedade dos sintomas (ex.: infecção urinária, diabetes mellitus, poliúria noturna, tumores uroteliais, etc.)”, ressalta Márcio Averbeck em sua entrevista.
Confira!
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
17
Capa
Tratamentos fisioterápicos
para bexiga hiperativa:
quando indicar?
por João Luiz Amaro*1 e Mônica Orsi Gameiro*2
a
Bexiga Hiperativa (BH) é
definida clinicamente pela
presença de sintomas de
urgência com ou sem incontinência urinária, geralmente com frequência
e noctúria na ausência de
fatores patológicos locais1.
Trata-se de uma condição comum,
que afeta aproximadamente 50 a 100
milhões de pessoas no mundo. No Brasil, essa condição é altamente prevalente, estimada em 18% da população2.
Pode comprometer a qualidade de
vida e estar associada a outros sintomas3. Os sintomas de BH ocorrem provavelmente devido à contração do detrusor durante a fase de enchimento e
o aumento da frequência das micções,
como resultado da redução da capacidade funcional da bexiga4. Seu diagnóstico baseia-se na queixa clínica, exame
físico geral específico e exames laboratoriais de rotina. O estudo urodinâmico
está indicado em casos selecionados5.
A história clínica é fundamental
para o diagnóstico. A severidade e
percepção dos sintomas podem ser
avaliadas por escala específica denominada OABSS (Overactive Bladder
Symptom Score).
O exame físico deve incluir avaliação neurológica simplificada da sensibi-
18 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
lidade perineal e do tônus do esfíncter
anal, para verificar sua integridade6.
No exame ginecológico, será observada a presença ou não de prolapsos
e atrofia genital. Em homens, o toque
retal é necessário para descartar obstrução infravesical. O assoalho pélvico
(AP) deve ser avaliado funcionalmente utilizando diferentes métodos, tais
como: palpação bidigital da vagina,
perineometria, entre outros, porém não
existe consenso sobre o melhor. Essas avaliações permitem caracterizar
a possível fraqueza dos músculos do
assoalho pélvico (MAP), fator este que
pode contribuir para que não ocorra o
reflexo de inibição períneo – detrusor
piorando os sintomas.
O diário miccional pode fornecer
informações relevantes sobre o volume
e o número de micções em 24 horas6.
O objetivo principal do tratamento
é maximizar o controle dos sintomas e
melhorar a qualidade de vida.
O procedimento menos invasivo
deve ser de primeira escolha e pode
iniciar corrigindo as condições presentes que levam à BH, tais como: infecção
urinária, deficiência hormonal local, uso
de medicamentos que alteram a função
miccional e diurese excessiva6,7.
O tratamento fisioterápico da BH
consiste em informação sobre sua
condição, orientação de terapia comportamental, treinamento dos MAP
utilizando ou não o biofeedback e
estimulação elétrica utilizadas isoladamente ou associadas ao tratamento
medicamentoso.
A terapia comportamental com nível de evidência C é utilizada em um
programa de educação e orientação,
com restrição de alguns alimentos, estabelecendo intervalo inicial entre as
micções, fixado de acordo com o diário
miccional de cada paciente, sendo a
micção orientada nos horários pré-estabelecidos. O intervalo inicial deve ser
gradualmente aumentado (15 minutos
por vez), com o objetivo de alcançar
três a quatro horas entre as micções8.
Nessa condição, ocorre contração
do períneo para inibir contrações involuntárias da bexiga ou conter a urina até
chegar ao banheiro6, portanto, é comum
observarmos tônus elevado dos MAP
nesses pacientes, incapacitando a contração seletiva e o relaxamento completo. Essa deve ser a primeira orientação
para restauração do reflexo de inibição
períneo – detrusor, cujo treinamento
pode ser feito com ou sem auxílio do
biofeedback com estímulos táteis, visuais, auditivos ou elétricos, com objetivo
de conscientizar o indivíduo da função
muscular correta.
Na estimulação elétrica, ocorre a
inibição do músculo detrusor por estimulação aferente de baixa frequência
(2 a 12 Hz) do nervo pudendo, diminuindo o número de micções e aumentando a capacidade vesical7. A intensidade do estímulo deve ser perceptível
e não pode ser desagradável ou causar
dor. O programa de tratamento deve
ser no mínimo de 12 semanas com
duração de 20 a 30 minutos cada sessão. As contraindicações para o uso
de estimulação elétrica são: gravidez,
infecções vaginais, diminuição da percepção vaginal, menstruação e infecção urinária9.
Pode ser feita por sonda vaginal
ou corrente interferencial tetrapolar
(2000Hz com diferencial de 10Hz)
cujos eletrodos são colocados periumbilicais e nas tuberosidades isquiáticas10.
A estimulação elétrica do nervo
tibial posterior (PTNS) de baixa intensidade inibe a atividade vesical pela
despolarização das fibras aferentes
sacrais e lombares11.
A estimulação elétrica é eficaz
em 70% dos casos, desde que corretamente selecionados e quando comparada à terapia comportamental e
exercícios perineais com ou sem biofeedback e deve ser uma importante
modalidade considerada para esse
tratamento, segundo a International
Continence Society (ICS), com nível
de evidência C7.
A estimulação com sonda anal fica
reservada aos casos em que haja contraindicação do uso da sonda vaginal ou
no sexo masculino. As sondas devem
ser individuais e desinfetadas após cada
sessão em ácido peracético, pelo tempo
determinado no rótulo do produto.
A abordagem inicial de pacientes
portadores de BH de causa não neurogênica deve ser comportamental e
pouco invasiva, associada ou não ao
tratamento medicamentoso. De acordo
com algumas revisões da Cochrane,
Cochrane
ainda não há nenhuma abordagem de
tratamento fisioterapêutico ou comportamental superior a outra12.
*1 Professor Titular do Departamento
de Urologia da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP- São Paulo
*2 Fisioterapeuta do Serviço de Reabilitação da Faculdade de Medicina
de Botucatu – UNESP– Doutora em
Ginecologia
Referências Bibliográficas
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Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
19
Capa
Entrevista
Para saber mais sobre os tratamentos existentes no mercado para bexiga
hiperativa (BH) e suas formas de aplicação, o editor do BODAU, Carlos
Sacomani, entrevistou dois expoentes urologistas com vasta experiência no
assunto. São eles: o Prof. Dr. Fernando Almeida, professor livre docente pela
Escola Paulista de Medicina (UNIFESP – EPM) e urologista dos Hospitais Sírio
Libanês e Osvaldo Cruz; e o Dr. Márcio Averbeck, que tem especialização
em Neuro-Urologia / Disfunções Miccionais pela Universidade de Innsbruck,
na Áustria (EAU - Clinical Fellowship/2010), é urologista do Hospital Moinhos
de Vento e da Santa Casa de Porto Alegre, membro do Comitê de Promoção
da Neurourologia da ICS e chefe do Departamento de Urologia Feminina da
SBU. Veja.
Fernando Almeida,
professor pela
UNIFESP
“Casos refratários são bastante frequentes”
Carlos Sacomani – É comum na prática diária receber casos refratários de
Bexiga Hiperativa (BH)?
Fernando Almeida – O que observo na
prática clínica é que os casos refratários
são bastante frequentes. Pessoalmente,
não gosto muito desse termo, refratário.
Isso porque o limite do que é refratário
não é claro e podemos ter pacientes com
boa resposta, mas que poderia responder melhor a outra terapia. Por exemplo,
pacientes que responderam e tiveram
melhora de 60% dos sintomas são refratários ou não? Em teoria, podem ser considerados como sucesso de tratamento.
Mas, e se houver uma terapia que pode
melhorar os sintomas 90% ou até 100 %,
devemos insistir com a terapia que levou
a uma melhora parcial? E os pacientes
que desistem de utilizar anticolinérgicos?
Fato bastante comum podendo chegar a
uma taxa de 80% de abandono, após 1
ano de tratamento. Esses pacientes interrompem o tratamento independente
do resultado. Será que devemos insistir
para continuarem ou voltarem ao uso de
20 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
medicação? Acredito que pacientes com
bexiga hiperativa não devam ser tratados
sequencialmente dependendo do julgamento do médico. Todos os meus pacientes recebem orientações sobre todas as
opções de tratamento do problema, assim
que tenho o diagnóstico de BH. Desta
forma, podemos decidir juntos quando
é o melhor momento de mudar a opção
terapêutica.
Carlos Sacomani – Ao diagnosticar
a BH, qual a primeira opção de tratamento indicada?
Fernando Almeida – Obviamente que
para BH idiopática a tendência é iniciar
com terapias não invasivas como primeira opção. Mas, o tempo que vamos tentar
cada terapia depende da visão paciente,
que, sabendo as opções que possui, pode
vislumbrar outras alternativas e decidir
mudar de terapia, uma vez que não se
sinta confortável ou totalmente satisfeito
com a abordagem realizada. Desta forma,
o paciente pode optar por botox ou implante de neuromodular sacral, mesmo
que tenha uma resposta satisfatória com
anticolinérgico, mas não queira mais fazer
uso de medicação que apresenta inúmeros efeitos colaterais. Ou ainda que tenha
tido uma boa resposta com eletroestimulação do tibial posterior, mas não queira
permanecer em um programa de manutenção pelo resto da vida.
Carlos Sacomani – Com a falha da primeira opção, qual tratamento indica?
Fernando Almeida – Basicamente, temos duas opções para tratamento da BH
idiopática após tentativa de tratamento
com medidas não invasivas. A Toxina Botulínica do tipo A (Botox ®) e o Neuromodulador Sacral (InterStim®). Ambas com
ótimos resultados e cada uma delas com
suas particularidades.
Carlos Sacomani – Como age a toxina
botulínica no tratamento da BH?
Fernando Almeida – A toxina botulínica
é uma neurotoxina que inibe a liberação
pré-sináptica de acetilcolina, levando a
uma diminuição da atividade neuronal
no local em que ela atua. Os resultados
descritos podem ser aplicáveis para mulheres e não devem ser extrapolados para
homens, visto que vários estudos incluem
homens no tratamento, mas quando avaliamos os resultados notamos que a população masculina tratada é insignificante.
Em geral, sua aplicação é feita através de
cistoscopia e injeção na submucosa vesical, em cerca de 20-30 pontos diferentes,
evitando-se o trígono. Em pacientes com
BH idiopática, a dose varia de 100-150
U; em paciente com BH neurogênica,
pode-se aplicar até 300 U. O efeito de
bloqueio neuromuscular dura em média
6-9 meses, mas alguns pacientes podem
manter boa resposta por até 12 meses.
Carlos Sacomani – Quais são os efeitos colaterais?
Fernando Almeida – O principal efeito
colateral é a retenção urinária, cujo risco
aumenta com o uso de doses maiores. As
pacientes devem ser orientadas quanto a
este risco e sobre a possibilidade de realização de cateterismo intermitente limpo.
Carlos Sacomani – O que dizem as
pesquisas sobre o uso da toxina no
tratamento de BH?
Fernando Almeida – Em 2005, Sahai e
colaboradores apresentaram sua experiência com os primeiros cem casos. Os
autores utilizaram uma dose de cem unidades de botox aplicados em 30 pontos
da bexiga. Após 12 semanas da aplicação, dois terços dos pacientes encontravam-se sem sintomas e 80% continentes.
Houve desaparecimento das contrações
vesicais involuntárias em 74% dos casos.
Oito pacientes que apresentaram resposta insatisfatória tinham em comum uma
grande redução da complacência vesical.
Do total, apenas quatro pacientes cursaram com retenção urinária transitória. O
tempo de duração dos efeitos da toxina
foi de seis meses, em média. A reaplica-
ção realizada em oito pacientes apresentou melhora semelhante à inicial.
tratamento da bexiga hiperativa ou incontinência urinária por urgência miccional.
Carlos Sacomani – Como é feita a
neuromodulação sacral?
Fernando Almeida – Este procedimento
é realizado com a colocação percutânea
de um eletrodo no forame sacral de S3,
que é conectado por cabos a um gerador de pulsos localizado no tecido subcutâneo. Deve ser indicado para pacientes
com SBH refratária ao tratamento com
anticolinérgico. O InterStim® é um sistema implantável que estimula os nervos
sacrais (S3), modulando os reflexos neurais que influenciam a bexiga, esfíncter e
assoalho pélvico, sendo uma técnica minimamente invasiva bastante consolidada e
introduzida em 1982. O primeiro implante
realizado no Brasil somente ocorreu em
2005. Infelizmente, a aplicação tem caminhado lentamente em nosso país. Isso é
facilmente compreendido e está associado ao custo elevado do neuromodulador.
Entretanto, temos observado que os resultados justificam os custos. O implante
cirúrgico do gerador para estimulação do
nervo sacral consiste na estimulação do
nervo sacral através de impulsos elétricos
de baixa intensidade para o controle e
Carlos Sacomani – Como é o passo a
passo para implantação da neuromodulação?
Fernando Almeida – O tratamento é realizado em duas etapas:
Etapa I: Consiste em um teste em sala
cirúrgica com anestesia local, onde se
utiliza o eletrodo implantável no forame
sacral (S3) através de técnica de punção, guiado por radioscopia. A finalidade
desta etapa é a avaliação da resposta do
paciente à terapia por um período de até
14 dias com gerador externo, para estimulação via enervação motora do nervo
pudendo (proveniente das raízes sacrais,
responsáveis pela eficácia das contrações esfincterianas). Quando o teste demonstra no mínimo 50% de melhora, o
paciente passa para a segunda fase do
procedimento.
Etapa 2: Nesta etapa, será implantado o
gerador de pulso definitivo InterStim® na
região subcutânea. Os parâmetros de estimulação serão definidos pelo médico. A
figura 1 mostra os principais estudos com
o neuromodulador sacral no tratamento
de BH refratária.
Figura 1 | Ensaios clínicos controlados randomizados
 Grau de recomendação: A
 Nível de evidência: 1B
Schmidt, 1999
Weil, 2000
Urgência incontinência
urinária refratária (n=76)
Incontinência urinária
refratária (n=65)
Cura: 47%; Melhora > 50%: 29%
Resultados mantidos em 18 meses de
acompanhamento
↓ no número e gravidade de episódios de
incontinência diária,
↓ no uso de protetores versus controle
(p<0,0001).
Melhorias nos episódios de incontinência
e no uso de protetores superior a 90% :
75% e 85%, respectivamente.
Média de uso de protetores foi menor em
90% versus controle (p < 0,0005).
Média dos episódios de incontinência foi
menor em 88% versus controle (p < 0,0005).
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
21
Capa
“Os tratamentos de terceira linha incluem a
eletroestimulação do nervo tibial (PTNS), a
toxina botulínica e a neuromodulação sacral”
Carlos Sacomani – Quando a bexiga
hiperativa pode ser considerada refratária ao tratamento conservador (medicamentos/fisioterapia)?
Márcio Averbeck – A definição de refratariedade ainda não é consensual.
Segundo as diretrizes da Associação Canadense de Urologia, o termo
bexiga hiperativa refratária deve ser
utilizado para os pacientes que apresentaram falha de pelo menos dois esquemas de antimuscarínicos em doses
adequadas. A BH refratária permanece
como um problema clínico complexo e
desafiador na prática urológica.
Carlos Sacomani – Qual a prevalência
desta condição?
Márcio Averbeck – Apesar de a epidemiologia da BH refratária ser desconhecida, acredita-se que os indivíduos
que sofrem desta condição representam uma minoria da população acometida por sintomas de BH. Estima-se
que cerca de 10% dos pacientes com
diagnóstico de síndrome da bexiga
hiperativa poderiam ser classificados
como refratários às modalidades de
tratamento conservador. A refratariedade não se deve somente à possibilidade de falta de eficácia dos antimuscarínicos, mas também ao perfil
de efeitos colaterais desta classe de
medicamentos. Acredita-se que introdução dos beta-3 agonistas na prática
22 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
clínica poderá impactar no tratamento
deste grupo de pacientes.
Carlos Sacomani – Quais são as opções de tratamento para os pacientes com bexiga hiperativa idiopática
refratária?
Márcio Averbeck – Segundo os guidelines da AUA (American Urological Asso-
Segundo o algoritmo de
tratamento preconizado
pela Sociedade
Internacional de
Continência (ICS), após
falha dos tratamentos
conservadores, há
indicação de avaliação
urodinâmica. Este
exame traz importantes
informações sobre o
padrão de disfunção do
trato urinário inferior”
ciation), os tratamentos de terceira linha
incluem a eletroestimulação do nervo
tibial (PTNS), a toxina botulínica e a
neuromodulação sacral. A eletroestimulação do nervo tibial parece ser uma
opção inicial menos invasiva, quando
comparada às demais modalidades. A
maioria dos estudos bem delineados
que avaliou a eficácia da PTNS utilizou
eletrodos percutâneos. Contudo, os resultados da eletroestimulação do nervo
tibial com eletrodos de superfície parecem ser animadores.
Carlos Sacomani – Como escolher
entre a toxina botulínica (TB) e a neuromodulação sacral (SNM)?
Márcio Averbeck – Antes de indicar um
ou outro método, é importante pensar
novamente no diagnóstico diferencial e
excluir doenças que poderiam justificar
a refratariedade dos sintomas (ex.: infecção urinária, diabetes mellitus, poliúria noturna, tumores uroteliais, etc.).
Segundo o algoritmo de tratamento
preconizado pela Sociedade Internacional de Continência (ICS), após falha
dos tratamentos conservadores, há indicação de avaliação urodinâmica. Este
exame traz importantes informações
sobre o padrão de disfunção do trato
urinário inferior.
Carlos Sacomani – Quando se considera os tratamentos minimamente
invasivos, é fundamental explicar ao
paciente que a toxina botulínica (TB)
e a neuromodulação sacral (SNM)
têm características distintas em termos de eventos adversos e mecanismo de ação?
Márcio Averbeck – Segundo o projeto recomendações da SBU, a efetividade da TB
se expressa pelo aumento da capacidade
vesical e pela melhora nos sintomas urinários de armazenamento, como observado
em diversos ensaios clínicos randomizados.
A eficácia demonstrada nestes estudos
varia de 60 a 90%, com durabilidade do
efeito entre três a 12 meses. Após este período de tempo, o paciente irá necessitar de
reaplicações. A dose mais frequentemente
utilizada de toxina botulínica onabotulínica
para pacientes com bexiga hiperativa idiopática é de 100 U. De outro lado, a neuromodulação sacral (SNM) é realizada por
meio de um dispositivo, cuja implantação é
feita geralmente em dois estágios. O primeiro consiste no implante de um eletrodo
no forame S3, ligado a um estimulador externo, com objetivo de avaliar a integridade
dos nervos periféricos e a viabilidade da
estimulação, permitindo teste terapêutico
antes da implantação definitiva do gerador
de pulsos. O dispositivo de teste (estimulador externo) permanece por uma a três semanas. Neste período, o paciente é reavaliado; havendo uma melhora maior ou igual
a 50% nos sintomas, procede-se ao implante do estimulador definitivo no subcutâneo
(“pocket”). Estima-se que o implante inicial
de eletrodo quadripolar (eletrodo “tined-lead”) resulte em 50 a 75% de pacientes
responsivos durante a fase de teste.
Carlos Sacomani – Quais são as complicações no uso da TB e do SNM?
Márcio Averbeck – O perfil de eventos
adversos da TB e da SNM é diferente. Os
principais eventos adversos relatados nos
estudos clínicos da TB incluem a infecção
urinária e a possibilidade de retenção urinária temporária (5 a 15% dos pacientes).
Desta forma, é importante que o paciente
candidato à aplicação de TB esteja apto
para realizar cateterismo vesical intermitente (por alguns dias ou semanas), caso
apresente este tipo de complicação. O
evento adverso mais frequentemente relatado pelos pacientes submetidos à neuromodulação sacral é a dor (ou sensação
de choque) no local do implante do gerador
de pulsos (cerca de 15% dos casos). Felizmente, a telemetria permite realizar ajustes
nos parâmetros da SNM, o que resulta em
O evento adverso mais
frequentemente relatado
pelos pacientes submetidos
à neuromodulação sacral é a
dor (ou sensação de choque)
no local do implante do
gerador de pulsos (cerca de
15% dos casos)”
melhora significativa para a maioria dos
pacientes. Outros eventos adversos possíveis (< 10%) incluem infecção, migração do
eletrodo, necessidade de remoção do dispositivo, entre outros. É importante ressaltar
que a SNM pode ser uma modalidade efetiva também em pacientes que sofrem de dupla incontinência (incontinência fecal crônica idiopática e incontinência urinária de
urgência). Em relação à TB, é interessante
lembrar que este tratamento também pode
ser empregado com sucesso em indivíduos
com hiperatividade detrusora neurogênica
(a SNM não é aprovada para este fim).
Márcio Averbeck,
chefe do Departamento
de Urologia Feminina
da SBU
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
23
Em debate
A aplicação
dos conceitos de
marketing na saúde
por Eduardo de Almeida Salles Terra*
m
udanças estruturais são cada vez mais observadas no mercado da saúde; temos um grande aumento da competitividade e uma busca por uma gestão cada vez mais profissional das empresas e instituições, públicas ou privadas.
Neste novo contexto que vivemos no setor da saúde, diversas perspectivas da gestão de negócio passam a
participar do dia a dia das empresas e dos profissionais do setor. Mesmo
com tantas mudanças é comum ouvirmos no mercado da saúde a seguinte afirmação: “nós sempre fizemos as coisas desta forma e sempre deu
certo”. Uma boa resposta a esta questão é uma outra frase que cada vez
mais se aplica à dinâmica dos negócios da saúde: “os pacientes ganham
cada vez mais status de cliente e as regras de mercado passam a dar
as diretrizes deste segmento tão importante da economia de um país”.
Independentemente de concordarmos ou não com estas mudanças, elas
vêm se tornando uma realidade.
24 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
Durante muitos anos se associou o marketing
a “algo” não aplicável ao mercado de saúde. O
marketing e suas ferramentas sempre tiveram uma
certa rejeição pelos profissionais e empresas da
saúde. No entanto, o conceito correto de marketing é
bem mais completo, ético e aplicável ao mercado da
saúde que estas antigas referências e preconceitos.
Segundo Peter Ducker, marketing é uma forma
de pensarmos um negócio na perspectiva de seus
clientes, ou seja, pensar, definir, criar e administrar
uma empresa tendo como referência fundamental as
necessidades de clientes potenciais. Um antigo ditado popular já dizia que o cliente compra um produto
ou um serviço pelas razões dele e não pelas nossas.
Muitas vezes percebemos que decisões, produtos e
ideias nasceram pelas razões de seus criadores, e
não de seus potenciais clientes ou usuários.
A partir desses conceitos fica mais claro que
fazer marketing é pensar, a partir de um grupo de
clientes potencial, um produto ou serviço, vendido por um determinado preço, distribuído de uma
determinada forma e comunicado ao seu mercado, ou seja, uma ideia ou um conceito muito útil e
funcional para a saúde desde que respeitadas as
normas e a ética do setor.
Um primeiro conceito importante do marketing
com aplicação direta para a saúde é a segmentação do mercado, que consiste em um processo de
reconhecer junto a uma massa, aparentemente homogênea, partes semelhantes, grupos de pessoas
que tenham necessidades parecidas e expectativas
senão iguais, muito próximas.
Uma vez identificados grupos e, portanto, tendo o mercado consumidor segmentado, é preciso agir. Não basta reconhecermos as diferenças,
senão buscarmos ações que as atendam. Nesta
segunda etapa é que as empresas da saúde podem buscar junto aos outros setores da economia
ferramentas e ideias para atender de uma maneira
“diferente” seus clientes.
Quando oferecemos ao mercado da saúde
um produto ou serviço “pouco segmentado”, passamos a concorrer basicamente no preço; quando
conseguimos um chamado nicho, ou seja, um seg-
mento mais específico, conseguimos, então, uma
referência mais forte de diferenciação, já que serão poucas as empresas que irão oferecer aquele
produto ou aquele serviço.
Outro conceito importante é o chamado composto de marketing, que é formado pelas chamadas variáveis controláveis do marketing. São elas:
produto, preço, praça e promoção. Neste conceito
temos que definir: que produto ou serviços iremos
oferecer para um segmento escolhido? A que preço? Distribuído de que maneira? E comunicado de
que forma? Essas perguntas fazem parte da estratégia de marketing que toda empresa, seja ela
Atualmente é de fundamental importância
às empresas terem a orientação ao cliente
e a utilização das ferramentas e conceitos
de marketing como algumas de suas
competências essenciais”
pública ou privada, nacional ou estrangeira, pequena ou grande, com ou sem fins lucrativos, precisa
responder se quiser sobreviver em um mercado de
saúde tão competitivo.
Atualmente é de fundamental importância às
empresas terem a orientação ao cliente e a utilização das ferramentas e conceitos de marketing
como algumas de suas competências essenciais.
A orientação ao cliente e o marketing devem ser
algo presente no dia a dia de cada um de seus
colaboradores e uma filosofia de trabalho.
Enfim, o marketing deve ser cada vez mais
adotado e aprendido pelos profissionais da saúde
para que nós possamos continuar caminhando em
busca da profissionalização deste setor tão importante para o país.
* Professor do MBA Economia e Negócios da
Saúde da Unifesp e presidente da Sociedade
Brasileira de Varejo e Consumo
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
25
Saúde e bem-estar
Como aliviar
o estresse?
Especialistas alertam para sintomas e orientam como lidar com o problema
por Janaína Soares
L
26
A importância dos
exercícios físicos
“Estudos publicados pela American College of Sports Medicine comprovam que a prática regular de exercícios físicos não somente é benéfica
para a manutenção da saúde física,
mas também na saúde mental, atuando na redução dos níveis de estresse
e ansiedade”, afirma a professora de
educação física especializada em educação e reeducação psicomotora e em
geriatria e gerontologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro Giselle Tenório Soares. Ela acrescenta
que, para reduzir o estresse, a atividade
física deve ser praticada em intensidade leve a moderada. “Assim, o exercício
seria uma estratégia de coping positivo,
gerando no indivíduo um conjunto de
esforços cognitivos e comportamentais
destinados a reduzir, controlar ou tolerar as exigências internas e externas
que ameaçam ou excedem os recursos
adaptativos do indivíduo”, explica.
A especialista afirma ainda que
profissionais que permanecem sentados ou em pé por um longo período tendem a manter maior tensão na
musculatura das costas, pescoço e
membros inferiores, sendo indicados
exercícios que fortaleçam e relaxem
essas regiões. Mas é preciso trabalhar
também abdômen e membros inferiores, fortalecendo-os e alongando-os.
Entre as atividades indicadas está a
natação e a hidroginástica. “Essas atividades, além de reduzirem o impacto
(...) a prática regular de
exercícios físicos não
somente é benéfica para
a manutenção da saúde
física, mas também na saúde mental,
atuando na redução dos níveis de
estresse e ansiedade”
Giselle Tenório Soares, professora de
educação física
nas articulações, permitem que haja
aumento do tônus muscular e também
têm grande eficácia no trabalho de relaxamento, visto que a entrada no meio
líquido proporciona naturalmente esse
efeito. É importante ressaltar que cada
indivíduo deve procurar uma atividade
física que não seja somente eficaz, mas
que lhe gere prazer e identificação, já
que a continuidade do trabalho garantirá o tão desejado resultado futuro”.
Para os médicos que têm pouco
tempo para frequentar a academia, a
professora de educação física recomenda escolher um personal trainer, a
fim de melhor ajustar o treinamento ao
tempo disponível. “O que não deve ocorrer nunca é abrir mão da orientação do
profissional, pois o exercício físico sem
acompanhamento pode trazer grandes
males aos praticantes, independente do
nível de aptidão física”, ressalta.
Dicas para evitar o estresse
 Organize o seu dia a fim de otimizar o tempo.
 Mantenha uma alimentação saudável.
 Pratique atividade física regulamente.
 Tenha horas regulares de sono.
 Reserve tempo para curtir a família e os amigos.
 Faça algumas pausas durante o dia para alongar-se.
Friday, May 29, 2015
Prostate Cancer
Morning
08.00 am
Welcome to participants - Introduction
Theoretical Session
08.10 am Rules and etic aspects in live surgery
08.30 am
Lecture:
Radical prostatectomy for High Risk or locally advanced
PCA: technical aspects in Robotic and Laparoscopic
approach
Live surgery
OR 1 - Live Operative Demonstration (according to
9.00 am
patient availability):
Laparoscopic Radical Prostatectomy (“maximal
preservation”)
10.30 am
Break
Theoretical Session
11.00 am
Robotic and Laparoscopic radical prostatectomy
Videos and Discussion:
Optimising urinary continence and potency recovery
Troubleshooting and intraop complications
Types of urethra, medium lobe, prostatic vessels,
prostatitis, prior abdominal surgery, prior prostatic surgery
Live surgery
11.40 am OR 2 - Live Operative Demonstration (according to
patient availability):
Robotic-Assisted Lap Rad Prostatectomy (High Risk)
Renal Cancer
Afternoon
Theoretical Session
02.00 pm
Videos and Discussion:
Radical Nephrectomy:
T2-T3 or T4
N enlargement
Local invasion
Vena cava thrombus
02.30 pm
Lecture:
Selecting cases for Robotic Lap Partial Nephrectomy:
challenging the limits.
03.00 pm
Videos and Discussion:
Laparoscopic or Robotic Partial nephrectomy without
vascular control / selective control
Hilar and “bad positioned” tumors
Partial for T1b
Instruments and haemostatic agents, drains, sutures
Troubleshooting and intraop complications
Live surgery
03.00 pm OR 1: Live Operative Demonstration
Laparoscopic Partial Nephrectomy
04.20 pm
OR 2: Live Operative Demonstration
Robotic Assisted Lap Partial Nephrectomy
06.00 pm
End of session
Saturday, April 30th, 2015
Bladder Cancer
Morning
Theoretical Session
8.00 am
Lecture: Lap and Robotic Assisted Radical Cystectomy
Where are we?
Live Surgery – Robotic- Assisted Laparoscopic radical Cystectomy
8.30 am
Live Operative Demonstration Robotic-assisted
Laparoscopic Radical Cystectomy
10.30 am
Break
11.00 am
Continuing:
Live Operative Demonstration Robotic-assisted
Laparoscopic Radical Cystectomy
01.00 pm
Lunch at the Institute
Afternoon
Other Cancers
Theoretical Session
02.00 pm Laparoscopic Nephroureterectomy / Lymphadenectomy
Lecture, Video and discussion
02.20 pm Robotic Nephroureterectomy / Lymphadenectomy
Lecture, Video and discussion
02.40 pm Lap RPLND for residual mass (post quimo) in Testis
Cancer
Lecture, Video and discussion
03.00 pm Lap and Robotic salvage radical prostatectomy
03.20 pm
VEIL for Penile cancer
03.40 pm
Complications in Robotic and Lap Urological surgeries
Videos and Discussion
04.20 pm
End of session
Cultura, lazer e turismo
NEW
ORLEANS:
a cidade do jazz e da
culinária cajun e creole
Palco do AUA 2015, de 15 a 19 de
maio, New Orleans tem atrações
para todos os gostos
por Aline Thomaz
32 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
C
idade mais populosa de
Louisiana, New Orleans se
destaca pela boa cozinha e
uma musicalidade peculiar.
A cidade vai receber diversos urologistas, de 15 a 19
de maio, quando sediará o Annual Meeting da Associação Americana de Urologia
(AUA). Nola, como é carinhosamente chamada, tem influência francesa e espanhola
na arquitetura e africana na culinária. Seus
pratos típicos levam o nome de cajun ou
creole, dependendo de quem está por trás
de seu desenvolvimento. Se originado dos
descendentes dos franceses expulsos do
Canadá é cajun, se feito pelos filhos dos
colonos franceses nascidos em Lousiana,
creole. O que varia entre uma e outra são
os ingredientes.
Não se preocupe em alugar carro, a
maioria das atrações é possível se fazer a
pé ou utilizando os street cars, espécie de
bondinhos charmosos. O French Quarter
é o centro histórico da cidade, onde se
concentram bares, restaurantes e pontos turísticos. Ao centro do bairro fica a
Jackson Square, onde está a Igreja de
St. Louis. No local é possível ver artistas
vendendo artesanato e peças de arte e
músicos de jazz fazendo apresentações
ao ar livre. A Bourbon Street concentra o
burburinho da cidade. Há desde restaurantes e casas de jazz a lojas de souvenirs e doces. O agito começa
por volta das 19h/20h.
Entre os principais passeios de Nola
estão: tour de observação de jacarés, realizado em botes, os swamp tours; visita
a uma mansão mal assombrada – New
Orleans é conhecida como a cidade mais
mal assombrada dos EUA; tour em catamarã pelo rio Mississipi; visita a casas de
jazz, já que a cidade é berço do ritmo e local onde nasceu Louis Armstrong. E também há um passeio que parece estranho,
mas faz sucesso por lá: o conhecimento
das práticas do vodu enquanto se caminha pelos labirintos de cemitérios.
Uma atração para família é o Audubon Aquarium of the America (www.
auduboninstitute.org), que fica aberto
de terça a domingo das 10h às 17h.
Nele está o Great Maya Reef, um túnel de 30 metros de comprimento que
passa por baixo de uma cidade maia
submersa com misteriosas ruínas e
criaturas marinhas exóticas. É possível
ainda mergulhar neste aquário, mas a
um valor salgado, US$ 250.
Uma festa típica de New Orleans é
o Mardi Gras, que na tradução literal seria a terça-feira gorda, e é comemorada
na terça-feira de Carnaval. Mas, para ter
acesso a esse desfile de magia o ano inteiro, há um tour ao Mardi Gras World
(www.mardigrasworld.com), que lhe mostra como é esta festa tradicional.
Fundado em 1791, o French Market
é o mais antigo mercado público no país.
É um ótimo espaço para se provar a comida local cajun ou creole e conhecer
um pouco mais da cultura da cidade. Entre os pratos típicos estão: a Jambalaya,
uma espécie de paella bem temperada;
o Gumbo, um ensopado com mariscos
e carne acompanhado de arroz branco;
a Muffuletta, sanduíche tipicamente siciliano; e o tradicional Praliné, espécie de
cookie de açúcar, chocolate e nozes.
Como chegar
Saindo do aeroporto Internacional Louis Armstrong, as possibilidades são pegar um
táxi, um shuttle ou o transporte público. O táxi custa US$ 33 para uma ou duas pessoas e vai até o CBD (Central Business District) ou US$ 14 por pessoa para mais
de três passageiros. Podem cobrar por bagagens extras. O airport shuttle cobra US$
20 uma viagem ou U$S 38 ida e volta por pessoa e leva até os hotéis do CDB. Já
o transporte público é o meio mais barato, US$ 2, mas não vai até a porta do hotel.
Onde ficar
O mais perto possível da French Market. Mas tenha cuidado em observar se seu hotel
não fica muito próximo ao burburinho do bairro, pois pode ser uma área barulhenta.
Temperatura
De setembro a maio tem uma temperatura agradável e amena
variando entre 17º a 28º C.
Mais informações
www.neworleanscvb.com
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
33
Nas horas vagas
Aproveite o tempo livre
para assistir aos filmes
que concorreram ao Oscar
Grande vencedor da cerimônia, Birdman mistura comédia,
drama e metalinguagem
Da Redação
a
história de um ex-ator famoso, interpretado por
Michael Keaton, que após
viver um super-herói chamado Birdman resolve
montar uma adaptação teatral na Broadway e recuperar seu sucesso, venceu na categoria de melhor filme na
87ª edição do Oscar 2015, em cerimônia
34 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
realizada no dia 22 de fevereiro no Dolby
Theater, em Los Angeles (Estados Unidos).
Com orçamento de US$ 18 milhões, Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância), dirigido pelo mexicano Alejandro
González Iñárritu, conquistou quatro das
nove categorias para as quais foi indicado.
Outros sete longas concorreram à
estatueta de melhor filme: Sniper ameri-
cano, Boyhood: Da infância à juventude,
O grande hotel Budapeste, O jogo da
imitação, Selma, A teoria de tudo e Whiplash: Em busca da perfeição (veja as
sinopses de todos os indicados ao lado).
Drama? Comédia? Que tal aproveitar as horas vagas para conferir todas as
produções que concorreram ao Oscar e
eleger as suas preferidas?
CONHEÇA AS HISTÓRIAS DOS CONCORRENTES A MELHOR FILME DO ANO:
A TEORIA DE TUDO – Baseado na história da vida de
Stephen Hawking, um dos maiores astrofísicos da atualidade. Focado em sua vida pessoal, o filme, dirigido por James Marsh, mostra o romance com a aluna de Cambridge
Jane Wide (Felicity Jones), suas descobertas científicas e o
desafio de enfrentar uma doença motora degenerativa aos
21 anos. Eddie Redmayne, que interpreta o astrofísico, foi
premiado como melhor ator.
BIRDMAN ou (A inesperada virtude da ignorância) – No
passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou
a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira
começou a decair. Em busca da fama perdida e também
do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e
estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway, baseada no conto “De que falamos quando falamos
de amor”, de Robert Carver. Em meio aos ensaios com o
elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley
(Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e
ainda com seu superego.
BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE – O filme levou 12 anos para ser gravado. Entre 2002 e 2013, o diretor
Richard Linklater rodou um drama familiar com os mesmos
atores. O filme conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu
filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do
menino, da infância à juventude, e analisa sua relação com
os pais conforme ele vai amadurecendo. Levou o prêmio de
melhor atriz coadjuvante (Patricia Arquette).
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE – Durante o período
entre as duas guerras mundiais, um concierge de um famoso hotel na Europa faz amizade com um jovem empregado.
Os dois se envolvem no roubo de uma pintura renascentista
inestimável e na batalha por uma fortuna de família. Tudo
isso em meio às mudanças ocorridas na Europa nos anos 20.
O drama é dirigido por Wes Anderson. Conquistou as estatuetas de melhor figurino, melhor cabelo e maquiagem, melhor
desenho de produção e melhor trilha sonora original.
O JOGO DA IMITAÇÃO – Cinebiografia de Alan Turing
(Benedict Cumberbatch), que usou seus conhecimentos de
matemática, lógica e computação durante a Segunda Guerra
Mundial para ajudar os Estados Unidos durante o conflito.
Para além do profissional se escondia um homem em conflito com sua homossexualidade. Foi premiado como melhor
roteiro adaptado.
SELMA – Dirigida por Ava DuVernay, a cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King, Jr (David
Oyelowo) acompanha as marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de Selma (estado do Alabama) até a capital Montgomery, em busca de direitos eleitorais iguais para a comunidade afro-americana. Foi o
ganhador da estatueta de melhor canção original com “Glory”.
SNIPER AMERICANO – Baseado na autobiografia American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in
U.S. Militar History, o filme conta a história real de Chris Kyle
(Bradley Cooper), um atirador de elite das forças especiais
da marinha americana. Durante cerca de dez anos, ele matou
mais de 150 pessoas, tendo recebido diversas condecorações por sua atuação. O filme de Clint Eastwood explora os
dilemas e danos psicológicos enfrentados por quem vive uma
guerra. Ganhador do prêmio de melhor edição de som.
WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO – Com direção
e roteiro de Damien Chazelle, o filme narra a história de um
jovem músico que luta para ser o melhor baterista de jazz de
sua geração. Para isso, acaba sofrendo nas mãos de Terence
Fletcher (JK Simons), um exigente professor, que acaba ultrapassando limites e o leva ao extremo. J.K. Simmons ganhou o
prêmio de melhor ator coadjuvante. O filme conquistou ainda
as estatuetas de melhor mixagem de som e melhor edição.
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
35
Notas
Defesa de doutorado
O urologista Dr. João Paulo da
Cunha Lima defendeu no dia 1º de abril
a tese de doutorado “Comparação dos
slings Argus T® versus Advance® no tratamento da incontinência urinária pós-prostatectomia: ensaio clínico randomizado”, na Faculdade de Medicina do ABC.
Seus orientadores foram os professores Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo e
Dr. Carlos Alberto Bezerra. Já a banca foi
composta pelos professores doutores Dr.
Sidney Glina, Dr. Marcos Tobias, Dr. Flavio
Trigo e Dr. Carlos Alberto Sacomani.
Dr. João Paulo da Cunha Lima (quarto da esq.
para dir.) defendeu doutorado na Faculdade de
Medicina do ABC
CBU 2015: inscrição de trabalhos
Vai até 1º de julho o prazo para inscri-
ções para o evento têm valores variados
ção de trabalhos científicos na 35ª edição
de acordo com a data em que for feita.
do Congresso Brasileiro de Urologia, que
Quanto maior sua antecedência, maior sua
será realizado de 31 de outubro a 4 de
economia. Veja todas as informações em:
novembro, no Rio de Janeiro. Já as inscri-
www.cbu2015.com.br.
Estágio nos Estados Unidos
Parceria entre a AUA e a SBU vai se-
documentação até 10 de junho. Programa
lecionar dois urologistas para estágio ob-
ocorrerá entre outubro e novembro. Veja
servacional de até um mês em instituição
como participar na seção de notícias do site
americana. Os interessados devem enviar a
da SBU: www.sbu.org.br.
Educação continuada
36 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
Assista às aulas do Programa de Edu-
temas da urologia. O material é ótimo para
cação à Distância da SBU, o PEC-EAD. São
manter-se atualizado na área. Acesse em:
12 módulos que abordam os mais variados
www.sbu.org.br.
XXXVCONGRESSO
BRASILEIROUROLOGIA
33 11 / O U T A 4 / N O V D E 2 0 11 55
XXXV
CONGRESSO BRASILEIRO
DE UROLOGIA
DIVULGA A PROGRAMAÇÃO
CIENTÍFICA
PRELIMINAR
DESCUBRA
por que você
não pode
ficar de fora desse
GRANDE
evento!
Acesse o site
www.cbu2015.com.br
Confira a programação científica preliminar
da Plenária e os Cursos que estarão disponíveis em breve para inscrição.
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
37
Dicas
Período de estagnação econômica:
qual o melhor investimento?
Com a expectativa de recessão, especialistas apontam alternativas
por Janaína Soares
C
om a ameaça de recessão ou estagnação no Brasil e a desconfiança dos
investidores na recuperação da economia brasileira, surge a dúvida sobre
a melhor forma de investimento. Especialistas concordam que o momento
é de cautela e orientam sobre quais aspectos levar em consideração na
hora de investir.
De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Miguel Bruno, a economia brasileira
entrará em recessão (queda do PIB em relação a 2014) ou permanecerá estagnada
ao longo de 2015 (crescimento nulo). “Se houver alguma medida do governo que
possa estimular a produção e atuar em sentido contrário às medidas de aumento de
impostos e redução de benefícios sociais, a estagnação poderá ocorrer e não a recessão. As duas são socialmente ruins, mas a recessão é o caso pior”, analisa.
Para o coach financeiro, agente de investimentos e educador financeiro Dalton
Ferreira, neste momento de turbulência e com aumento da taxa Selic (taxa básica de
juros brasileira), os investimentos em renda fixa e tesouro direto estão bem atrativos.
“Na renda fixa, Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio
38 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
(LCA), por exemplo, possuem a mesma segurança da poupança,
que é o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil, são
isentos de IR, mas não possuem liquidez. São investimentos que
podem durar de três meses a dois anos, sendo o período conhecido no momento da contratação”, explica. “Se puder ficar de um
a dois anos, o ideal neste momento são os LCIs e LCAs, desde
que com uma rentabilidade a partir de 90% do CDI”, acrescenta.
Nos títulos públicos, a recomendação de Ferreira é investir
naqueles atrelados à inflação, como os NTN-B, que garantem um
ganho acima da inflação, mas é importante serem de curto prazo.
Outra opção são as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), que
acompanham o aumento da taxa básica de juros. “Os títulos indexados à Selic devem proporcionar rendimentos substanciais
em face da tendência de aumento dessa taxa para os novos
títulos”, acrescenta Miguel Bruno.
O professor da Uerj explica que a economia brasileira dos
últimos 20 anos tem sido mais favorável a rendimentos com operações e ativos financeiros do que em ativos produtivos reais. “O
mercado de títulos públicos e renda fixa oferece ganhos consideráveis com baixo risco ou risco zero. As
aplicações financeiras proporcionam
rentabilidade com alta liquidez. Então, é preciso ter um retorno esperado
(taxa de lucro projetada) superior à
obtida com ativos financeiros para
justificar investimentos em atividades produtivas reais.
E isso se torna mais
concreto à medida
que o governo vem
aumentando a Selic, provocando uma
subida das taxas de
juros para os novos
contratos e financiamentos”, justifica.
Havendo a necessidade de liquidez, a orientação do coach financeiro é optar por fundos DI. “Fundos DI
com taxa de administração de até 0,5%
possuem rentabilidade diária e são melhores
que a poupança, mesmo com IR”, exemplifica
Ferreira – os fundos DI são investimentos em
títulos pós-fixados que tendem a acompanhar a variação da taxa
de juros. Os especialistas alertam que é preciso ficar atento à taxa
de administração. “O ideal para fundos conservadores é uma taxa
de até 0,5%”, orienta o educador financeiro.
Preferida dos investidores mais conservadores, a poupança
é condenada por Ferreira, pois hoje em dia tem um rendimento
em torno de 0,6% ao mês, o que está abaixo da inflação.
Ações e investimento em equipamentos
De acordo com o professor da Uerj, as ações seriam o tipo
de investimento de renda variável menos atrativo, porque seus
ganhos caem quando as taxas de juros dos títulos sobem. A
exceção seria para alguém que assumisse comportamento especulativo, isto é, pretenda comprar na baixa para vender na
alta. “As ações da Petrobras, por exemplo, que tiveram queda.
Pode-se considerar que essa queda não permanecerá porque as
perspectivas de lucro com o pré-sal, uma vez confirmadas, farão
as ações subirem de novo”, justifica.
Para quem está pensando em adquirir novos equipamentos,
os especialistas concordam que este é um
momento de cautela. “Devido às alterações que estão sendo realizadas
na economia, como aumento de
impostos e do preço da energia, são necessários bom
planejamento e capital de
giro”, afirma Ferreira. “Se
o investidor já tiver o
capital disponível em
mãos, talvez consiga
obter descontos interessantes, se negociar para pagamento
à vista ou em menor
número de prestações,
em face da queda de
demanda por equipamentos que deverá ocorrer em
2015. Mas, se não tiver o capital, então precisará recorrer às
linhas de financiamento bancário,
e essas terão os juros acrescidos”,
opina Miguel Bruno.
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
39
Deguste e aprecie
La Vie
en Rose
por Giuliana Ferreira e Felipe Campos
... o Blending, ou a mistura de
vinho tinto com vinho branco,
é outra forma de fazer um
vinho rosé, principalmente
vinhos rosés baratos do
Novo Mundo; porém não é
permitida na Europa”
a
preciados por muitos, de leigos a conhecedores, este vinho singular tem sua
origem ligada ao sul da França, mais precisamente à bela região da Provence.
Por volta de 600 a.C., os gregos fócios estabeleceram-se na região e fundaram Massilia (Marselha), plantando em suas encostas as primeiras videiras,
fazendo vinhos de cor clara aparentemente semelhante aos rosés, pois a técnica
de contato com as cascas para dar cor ao vinho tinto (maceração) ainda era pouco valorizada. O vinho rosé começou a ganhar popularidade após a Segunda Guerra Mundial,
quando a produção, massificada nas duas décadas seguintes, serviu para aplacar a sede de
turistas e habitantes europeus, sem preocupação com incremento de qualidade. Qualquer que
fosse o país, a ordem era produzir rosés... rosados na Espanha, claretes em Portugal (quem se
lembra do Mateus e do Lancers???) e por aí foi...
40 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
Felizmente, como tudo na vida, no meio da produção em massa de rosés, começaram a se destacar os
melhores produtores, e a busca contínua pela qualidade após um período de ostracismo culminou na criação
das regiões demarcadas (AOC) Cotes de Provence
em 1977, Coteaux d’Aix en Provence (1985) e Coteaux Varois en Provence (1993). Consequentemente, a
Provence tornou-se a referência mundial para vinhos
rosés, sendo atualmente responsável por aproximadamente 10% de todo rosé produzido no mundo (detalhe:
exportam somente 11% da produção – os franceses
bebem quase tudo!). Podemos dizer que nos últimos 20
anos, a região modificou seu perfil produtor de grandes
quantidades e passou a ditar regras e normas de qualidade em vinhos rosés.
Apesar do privilégio geográfico, a Provence não é
o único local produtor de vinhos rosés de qualidade,
incluindo outras regiões dentro da própria França, além
da Itália, Espanha, Portugal e Novo Mundo. Tudo depende das questões básicas: local, produtor, método de
vinificação, etc.
Falando de métodos de vinificação, os rosés podem ser feitos de duas maneiras básicas:
1ª) Prensagem direta: as uvas tintas são esmagadas, o suco é mantido em contato com as cascas por
6-8h para não extrair muitos taninos e, então, separado
por prensagem ou drenagem (trasfega) e conduzido
à fermentação; este método extrai pouca cor, se bem
executado, e produz rosés mais delicados, de coloração salmão-alaranjada. Se o período de contato com
as cascas for mais longo, o rosé terá coloração mais
intensa, e consequentemente, mais tanino.
2ª) Sangria ou saignée: as uvas tintas não passam
pela prensa; ficam em contato com as cascas, segue-se a fermentação, como um tinto, e em um determinado momento (depende do produtor), somente o líquido
é separado (ou “sangrado”) para prosseguir a fermentação. Quando TODO o líquido é retirado, este método
é conhecido como Drawning Off ou Extração. Quando
PARTE do líquido é retirado, o rosé é um subproduto da vinificação de um tinto, pois a fermentação irá
prosseguir paralelamente à do rosé. Atenção: devemos
considerar que as uvas escolhidas para fazer um rosé
têm menos cor e mais acidez que aquelas escolhidas
para os tintos, portanto, geralmente rosés feitos como
subprodutos de tintos podem ser inferiores...
Como estes vinhos passam tempo maior em contato com as cascas e com o início da fermentação,
adquirem uma coloração mais intensa (groselha), bem
como uma quantidade maior de taninos.
Na “batalha” entre os dois métodos, não há vencedores e, sim, estilos de vinhos diferentes, pois desde que bem conduzidos, teremos bons exemplares em
ambos. O primeiro de coloração mais pálida, com muito
refinamento, leve e fresco. O segundo com uma paleta
aromática muitas vezes complexa, mais intenso e amplo
na boca.
Observação: o Blending, ou a mistura de vinho
tinto com vinho branco, é outra forma de fazer um vinho rosé, principalmente vinhos rosés baratos do Novo
Mundo; porém não é permitida na Europa, com exceção
de... Champagne Rosé!
E para harmonizar tantos aromas e sabores desse
vinho encantador, opte por pratos mais leves, pescados,
frutos do mar e a harmonização clássica: uma paella.
Algumas sugestões:
Le Rosé de Floridene/ Denis Dubourdieu
Bordeaux - França
Cefiro Reserva Syrah Rosé/ Viña Casa Blanca
Vale do Rapel - Chile
Cava Gramona Pinot Noir Rosé Brut/ Gramona
Penedés - Espanha
Château de Porcieux/ Sainte Victoire
Côtes de Provence - França
Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015 • BODAU
41
Cartas
Quero aqui externar minha indignação com o valor cobrado pela
SBU de seus associados. Um valor cobrado muito acima de todas as
associações em toda a América Latina e certamente maior que a associação americana. Realmente a SBU está em outro mundo. Nas redes
sociais se fala em um coro comum na saída de associados após essa
cobrança aviltante.
Mensagem enviada pelo Fale Conosco do portal da SBU
Prezado associado,
Obrigado pela sua mensagem, pois é nas críticas que crescemos e corrigimos nossos possíveis erros. Vamos analisar os
fatos. Certamente o senhor não deve participar muito da vida
da nossa (sua) Sociedade. O pior erro humano é ser alienado,
deixar as coisas acontecerem sem tomar posição. A nossa SBU
cresceu muito nos últimos tempos, sendo talvez a Sociedade
mais presente no dia a dia de seus associados, principalmente
na educação continuada, com importantes informações e atualizações de todo o mundo para o urologista, através de grandes
congressos, pequenas reuniões, trazendo os mais renomados
especialistas do mundo e os principais progressos em tratamentos e equipamentos urológicos atuais. Estamos presentes
na política de saúde por meio da Frente Parlamentar da Saúde
do Homem e do Escritório de Brasília, no Senado e na Câmara
dos Deputados com alguns representantes e, apesar de todas
as dificuldades, conseguindo importantes vitórias no Ministério
da Saúde e na política de saúde do homem. Devido a essa atuação, para exemplificar, a presidenta Dilma Rousseff sancionou
lei recentemente obrigando o SUS a prestar assistência ao homem nas doenças da próstata (pode ser caótica essa assistência, mas esse é outro assunto que não temos como agir).
Novos procedimentos são incorporados para os convênios e ao
SUS pela ação determinada de nosso Departamento de Defesa Profissional. Na parte de residência em Urologia, somos um
modelo para as outras especialidades, pela fiscalização constante da Comissão de Ensino e Treinamento para que o nível de
nossos residentes não caia e somos uma proteção para que os
mesmos não virem mão de obra barata para muitos hospitais,
alcançando um nível profissional diferenciado e com toda a condição de exercer a Urologia em sua plenitude. Referente a esse
42 BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
assunto, sempre defendemos o direito do urologista associado
de atuar em todas as áreas de nossa especialidade, ao contrário do que querem os convênios, para limitar nossa atuação
em cada área da Urologia. Nossas publicações de manuscritos,
livros, atlas custam uma fortuna, mas os oferecemos sem nenhum ônus para os nossos associados. O Departamento de
Relações Internacionais é muito atuante, relacionando a SBU
a todas as grandes Sociedades importantes do mundo. Temos
uma sede muito boa, estruturada para dar assistência aos nossos associados, com setor de publicações, serviço de contabilidade para todas as seccionais, Departamento Jurídico, etc. Não
podemos esquecer as campanhas como Novembro Azul, Segura Aí e outras, que divulgam o trabalho do urologista e a necessidade do homem de fazer exames periódicos, cuidar de sua
saúde, levando ao consultório novos pacientes e procedimentos
urológicos. A diretoria trabalha sempre com comprometimento
para entregar ao urologista essa Sociedade que descrevi acima,
sacrificando seu trabalho, sua família, seu tempo e seu dinheiro.
Não esperamos gratidão, pois é nossa obrigação realizar esse
trabalho sem esperar reconhecimento de qualquer associado.
Fazemos para o urologista com muita satisfação e comprometimento. Ficaria aqui o dia inteiro enumerando todas as atividades
da SBU, mas, para terminar, esclareço o seguinte: a indústria,
pela crise econômica atual, cortou muitos patrocínios, restringindo o nosso aporte financeiro. Apesar de cortarmos gastos,
racionalizar custos, tudo isso custa muito dinheiro. Que vem de
onde? Da nossa anuidade...
Um grande abraço,
Carlos Corradi
Presidente da SBU
Biênio 2014/2015
XXXVCONGRESSO
BRASILEIROUROLOGIA
31/OUT A 4/NOV DE 2015
SUBMISSÃO DE
TRABALHOS CIENTÍFICOS
Envie o seu Resumo até o dia
01 DE JULHO DE 2015
Não perca essa oportunidade para apresentar sua
contribuição científica à comunidade Urológica.
Programe-se para não ficar de fora!
Acesse
WWW.CBU2015.COM.BR
e veja como apresentar seu trabalho nas modalidades:
Pôster Moderado, Pódium (oral) ou Apresentação de Vídeo
Local do evento: Centro de Convenções Sulamérica
Eventos
Calendário 2015
Fique atento à agenda de eventos da SBU
Maio
AUA Annual Meeting
ICS 2015
15 a 19 de maio
6 a 9 de outubro
New Orleans, LA, USA
www.aua2015.org
Montreal, Canadá
www.ics.org/2015
Junho
Congresso SIU 2015
VIII Jornada Mineira de
Urologia
SIU | Sociedade Internacional de Urologia
25 a 27 de junho
Austrália
www.siu-urology.org
Minas Centro
Belo Horizonte
42
44
Outubro
BODAU • Janeiro/ Fevereiro/ Março 2015
15 a 18 de outubro
Novembro
III Congresso de Oncologia D`OR
13 a 14 de novembro
Rio de Janeiro, RJ
www.rvmais.com.br//oncologia-dor/
XXXV Congresso Brasileiro
de Urologia
31 de outubro a 4 novembro
Rio de Janeiro, RJ
www.cbu2015.com.br
Terapia InterStim®
Para os Distúrbios do Assoalho Pélvico*:
Incontinência de urgência
Urgência frequencia
Retenção urinária não-obstrutiva
Incontinência fecal crônica
Constipação
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Itaim Bibi - São Paulo - SP
+55 (11) 2182-9200
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*Trato Intestinal e Urinário
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Eletrodo para Estimulador INTERSTIM Medtronic – Registro ANVISA n⁰ 10339190218

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