Outubro/Novembro 2008

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Outubro/Novembro 2008
Ano 2 • Nº 11 • Outubro / Novembro 2008
Publicação Bimestral da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – FENABRAVE
Mobilidade Urbana
Trânsito, meio ambiente e
questões sócio-econômicas
travam a liberdade de ir e
vir nos grandes centros.
Os reflexos da crise internacional na avaliação de Germano Rigotto
Como Curitiba se tornou modelo em transportes. Entrevista com Jaime Lerner
Conectividade: vantagens e desvantagens de estar disponível 24 hs por dia
Revista
Publicação bimestral da
Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de
Veículos Automotores.
Ano 2 – Edição 11 – Outubro / Novembro 2008
Conselho Diretor
Presidente dos Conselhos Deliberativo e Diretor:
Sérgio Antonio Reze
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10 mil exemplares – distribuição nacional gratuita.
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EDITORIAL
O fim do universo paralelo
Por Sérgio Antonio Reze
Há três anos, quando reassumi a presidência da Fenabrave, lembro-me que um
dos meus primeiros editoriais da Revista Dealer falava sobre a responsabilidade de
cada um, sejam empresários, governantes ou simples cidadãos. O tempo passou e,
ao renovar minha atuação nesta presidência, agora dividida com o companheiro
Alarico Assumpção Júnior como presidente executivo, acredito que o tema
RESPONSABILIDADE esteja, mais do que nunca, atual.
Não quero ficar repassando meus conselhos, mas é preponderante, diante da crise
internacional que já nos afeta, que tomemos consciência do que podemos e do
que devemos fazer em prol de nossos negócios, de nossa cidadania e de nosso País.
Numa fase como a que estamos passando, onde a crise maior em nosso setor chamase CRÉDITO, devemos estancar sangramentos financeiros, adiar investimentos de
grandes volumes e manter a cabeça firme, de olho no caixa, mas sem alarde e sem
o costumeiro pânico que faz com que muitos tomem iniciativas equivocadas como
demissões em massa.
Especialistas profetizam que esta crise deve durar uns dois anos e nosso segmento e,
acredita-se, nosso País, tem plenas condições de passar por isso sem quebradeiras. O
setor automotivo, no que tange ao mercado interno, tem ainda uma imensa demanda
reprimida que, se não houver corte na renda/emprego, deverá continuar crescendo.
É claro que em patamares mais comedidos, como já havíamos, inclusive, anunciado
desde o início deste ano. Não seria saudável, afinal, termos crescimento de quase 30%
todos os anos. Isso seria viver num universo paralelo e irreal.
Com a maior massa da população já atendida, era de se esperar que em 2008 e
2009 o aumento das vendas fosse mais moderado. Mas vejam bem, disse aumento
moderado, o que significa que devemos continuar sim crescendo. Isso significa dizer
que não voltaremos ao patamar de 1996, tampouco de 2006. Avançaremos a passos
mais brandos e nem por isso menos seguros.
No entanto, é preciso alertar para a gestão de nossas empresas. Estar atentos ao caixa,
ao atendimento ao cliente que, consciente da atual crise, tem se mostrado ainda mais
perspicaz nas negociações.
Do lado da Fenabrave, estamos alertas sobre a necessidade de interlocução com
entidades congêneres e com o governo. Estamos em linha com a Anfavea, com quem
mantemos contatos estreitos, nossa consultoria econômica (MB Associados) tem nos
consolidado panoramas sempre atualizados da crise e seus mais prováveis impactos, e
estamos conversando com o governo para que soluções sejam providas com urgência
para que o crédito seja rapidamente restituído.
Assim, retomando o início de minha argumentação, é preciso, mais do que nunca, que
estejamos unidos. Que as concessionárias participem de suas associações de marca
e estas da Fenabrave. Apenas um setor coeso e preparado pode avançar, seja em
tempos de vôo de brigadeiro seja em tempos de turbulências. Não estamos vivendo
em um universo paralelo. A crise afeta a todos e cabe a cada um cumprir o seu papel
para que os efeitos sejam minimizados e suplantados.
Boa leitura e bons negócios!
Autorização para reprodução de textos
As matérias assinadas nesta revista são de responsabilidade do
autor não representando, necessariamente, a opinião da Fenabrave.
Autorizada a reprodução total ou parcial das matérias sem assinatura,
desde que mencionada a fonte. A reprodução de matérias e artigos
assinados devem contemplar autorização prévia e por escrito do autor.
Outubro / Novembro 2008
Sérgio Antonio Reze
Presidente da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores,
entidade que reúne cerca de 5 mil concessionárias por meio de 37 associações de marca filiadas.
SUMÁRIO
Expediente/ Editorial
3
Panorâmica
8
Notas e notícias sobre o setor automotivo.
Painel Fenabrave
12
Debate
16
Fenabrave participa do 1o Encoserv, realiza III
Encontro de Novas Lideranças e marca presença
em diversos eventos do setor. Abrare, Assobrav
e Regional do Paraná vencem Concurso de
Participação no XVIII Congresso Fenabrave.
NADA Convention & Expo terá palestras exclusivas
em português.
Matéria de capa
Os congestionamentos diários vividos pelas populações das
metrópoles afetam não só a qualidade de vida das pessoas, mas
também o meio ambiente, além de ser uma questão preocupante
para a economia do País. O que o Governo tem feito para melhorar a
fluidez do trânsito? Quais são as soluções possíveis para aumentar a
mobilidade nas grandes cidades?
18
Por Luiz Carlos Bueno de Lima
O Secretário Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana comenta a Política Nacional
de Desenvolvimento Urbano (PNDU).
Apoio Jurídico
Entrevista
28
Por Ives Gandra da Silva Martins
O professor emérito da Universidade Mackenzie
comenta o projeto sobre a Reforma Tributária,
enviada pelo Governo Federal ao Congresso
Nacional.
Tendências
30
Visão econômica
34
24
O ex-governador do Paraná e
ex-prefeito de Curitiba, Jaime
Lerner, fala sobre as soluções
possíveis para melhorar a fluidez
do trânsito nas metrópoles e
sobre os projetos urbanísticos da
cidade paranaense, que fizeram
da capital do Paraná referência
em planejamento urbano.
Com o avanço da tecnologia, os profissionais
estão cada vez mais “conectados” com o trabalho.
Diuturnamente, executivos estão acessíveis pelo
celular, BlackBerrys ou por meio da internet. Até que
ponto este nível de comprometimento é saudável?
Por Germano Rigotto
O ex-governador do Rio Grande do Sul e
coordenador da Reforma Tributária no Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social avalia a crise
econômica internacional e seus reflexos no Brasil.
Gestão Ambiental
36
Por Frederico Marinho
Assim como os eletroeletrônicos, a partir de abril
de 2009, os veículos automotores sairão de fábrica
com uma Etiqueta Veicular, na qual será indicado o
consumo de combustível de cada modelo.
Espaço Aberto
O jornalista Fernando Calmon, especializado no
setor automotivo, comenta sobre a camuflagem
utilizada nos protótipos, parte da estratégia
das montadoras para criar expectativa nos
consumidores.
42
Produtos e Lançamentos
38
Salão Internacional do Automóvel e Salão da Motocicleta apresentam as
últimas novidades do setor.
Outubro / Novembro 2008
Mobiliário para escritório
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PANORÂMICA
Empresas podem ter
acesso fácil e ágil por
meio do Cartão BNDES
Oito jornalistas especializados e um leitor da revista DUAS RODAS testaram 38 motocicletas
de 13 categorias na pista da Pirelli em Sumaré- SP e elegeram a Suzuki B-King como “Moto
Ano 2008”. O modelo foi vencedor também na categoria Roadster. A premiação faz parte da
11a Edição do Concurso “Moto do Ano”, promovido pela revista.
O concurso, realizado anualmente pela revista DUAS RODAS, é um dos mais democráticos e
respeitados do segmento de motocicletas do Brasil. Neste ano, chegou à sua 11ª edição reunindo 150 motocicletas de diversas categorias. O concurso leva em conta o voto dos leitores e
de jornalistas especializados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Os jurados avaliaram diversos quesitos, como Estilo, Motor, Suspensão, Conforto, Freios e
Maneabilidade. Ao final dos testes de cada categoria os jurados aplicavam notas de 5 a 10
para cada quesito.
Mario Villaescusa/DUAS RODAS
Mais de R$ 160 milhões
já foram autorizados para
micros, pequenas e médias
empresas por meio do Cartão
BNDES para aquisição de
diversos tipos de veículos.
Desde o lançamento do
cartão, em setembro de 2002,
R$ 51.599.847,85 já foram
liberados para a compra
financiada de motocicletas.
Já para os veículos comerciais
leves (camionetas, furgões e
pick-ups) foram concedidos R$
23.778.975,27. O crédito para
o segmento de caminhões
totalizou R$ 16.743.648,66.
O restante do montante
foi dividido em reboques,
carrocerias, barcos, triciclos e
quadriciclos, bicicletas, tratores
rodoviários entre outros.
São mais de 90 mil produtos
disponíveis para a compra,
desde computadores
até aeronaves.
O cartão BNDES atende
diversos segmentos: coureirocalçadista, moveleiro,
transformação plástica,
panificação, edição de livros,
têxtil, produtos fonográficos,
rochas ornamentais, metalmecânico e automobilístico.
Desde seu início, o cartão
apresenta crescimento
contínuo e expressivo.
Atualmente, existem 145
mil cartões habilitados,
somando um limite de
crédito disponibilizado
pelos bancos emissores
(Bradesco, Banco do Brasil
e Caixa Econômica Federal)
superior a R$ 4,3 bilhões.
“O cartão significou para o
banco uma nova abordagem
da concessão de crédito,
visando simplificar e agilizar o
acesso das micros, pequenas
e médias empresas aos
recursos do BNDES”, afirmou
Rodrigo Bacellar, chefe do
departamento de operações
Suzuki B-King é eleita a “Moto do Ano 2008”
Campeões por
categoria
BMW R 1200 GS Big-Trail
Suzuki Boulevard 800 Custom
Sundown V-Blade Custom até 250 cc
Yamaha YZF R1 Esporte
KTM 690 SM Motard
Honda Hornet Naked
Suzuki B-King Roadster
Yamaha Neo Scooter
Honda Pop Street até 110 cc
Honda CG 150 Titan Street até 200 cc
Yamaha Fazer 250 Street até 500 cc
BMW G 650 XCountry Trail até 700 cc
BMW K 1200 GT Turismo
%
Esses modelos receberam a maior nota
em suas categorias. A Suzuki B-King
obteve o maior número de pontos
(493) e foi eleita a “Moto do Ano 2008”.
por internet do BNDES. Neste
ano, até setembro, já foram
desembolsados R$ 550
milhões por meio do cartão,
em aproximadamente 40 mil
operações, o que representa
um crescimento de mais de
50% em relação ao mesmo
período de 2007.
O financiamento pode ser
feito de 3 a 36 meses. O
prazo médio atual é de 30
meses. Por meio de um
simulador disponível no site
(www.cartaobndes.gov.br)
as empresas podem avaliar
o prazo mais adequado em
função da sua capacidade de
pagamento. As prestações
são fixas e iguais ao longo do
período do financiamento.
Em setembro, a taxa utilizada
foi de 1,14% ao mês. Não
há cobrança de abertura de
Suzuki B-King é a grande
vencedora do concurso
crédito e nem de anuidade.
Segundo Bacellar, as principais
vantagens de se financiar com
o cartão são: crédito rotativo
pré-aprovado; financiamento
automático em até 36 meses;
prestações fixas e iguais e taxa
de juros atrativa. “Além disso,
geralmente, não há exigência
de constituição de garantia
real”, completou Bacellar.
Para obter o cartão, as
empresas de controle nacional
devem ter faturamento
bruto de até R$ 60 milhões,
além de exercerem atividade
econômica compatível com
as políticas operacionais e
de crédito do BNDES. São
necessários os seguintes
documentos: certidão negativa
de débito previdenciário
emitida pela Receita Federal,
certificado de regularidade
do FGTS, certidão conjunta
de débitos relativos a tributos
federais e à dívida ativa da
União e comprovação de
regularidade quanto à entrega
da RAIS. Mais informações:
www.cartaobndes.gov.br
Rodrigo Bacellar, chefe do departamento
de operações por internet do BNDES
Outubro / Novembro 2008
Estudo aponta melhoria da produtividade
Um estudo da Proudfoot Consulting, baseado em projetos realizados em 91 empresas do setor
automotivo de 16 países, (Bélgica, Cingapura, México, Suíça, Austrália, Brasil, Hungria, Canadá, Itália, Áustria, Espanha, África do Sul, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França),
apontou uma média de mais de R$ 9 milhões em benefício financeiro por empresa, um total
de R$ 853 milhões nos últimos 10 anos.
“Este estudo demonstra que os países mais desenvolvidos do setor são também os que mais
investiram em produtividade durante o período em que foram coletados os dados. Esta
tendência vale também para as empresas presentes no Brasil, considerando o aquecimento recente verificado no mercado nacional”, analisa João Currito, presidente da Proudfoot
Consulting no Brasil.
Os resultados obtidos devem-se à correção e investimentos em determinados processos, como
o aumento de processamento produtivo (com a mesma infra-estrutura, ou seja, sem investimentos, como o CAPEX – Capital Expenditure); nível de satisfação das encomendas (completas
e no prazo pré-determinado); redução de custos e diminuição de horas extras.
A tabela a seguir mostra os principais vetores de atuação, o percentual em que apareceram
nas 91 empresas estudadas e qual foi o benefício financeiro alcançado após o trabalho
da consultoria.
“O objetivo da pesquisa foi levantar a preocupação existente com a produtividade em empresas
desse setor. O mercado tem feito muita pressão para que haja redução de desperdícios durante
a produção”, afirma João Currito.
Principais vetores de atuação
%
Total de benefícios
Aumento de processamento produtivo
36,26
R$ 89.000.000,00
Diminuição de horas extras
Gestão da cadeia de suprimentos
Custos de qualidade
Nível de satisfação de encomendas
e no prazo pré-definido
Redução de custos
Outros
Total de resultados
23,08
28,57
15,38
16,48
R$ 153.000.000,00
R$ 228.000.000,00
R$ 172.000.000,00
R$ 40.000.000,00
41,76
8,79
R$ 150.000.000,00
R$ 19.000.000,00
R$ 853.000.000,00
(com a infra-estrutura já existente – sem CAPEX)
Empresas analisadas por país (%)
França
Alemanha
Reino Unido
EUA
África do Sul
Espanha
Áustria
Canadá
Itália
Hungria
Brasil
Austrália
Suíça
México
Cingapura
Bélgica
Outubro / Novembro 2008
26,37
17,58
12,09
9,89
7,69
5,49
4,40
3,30
2,20
2,20
2,20
2,20
1,10
1,10
1,10
1,10
Iveco registra
crescimento recorde
em consórcio
O Consórcio Nacional Iveco
apresentou crescimento
de 300% comparando o
desempenho de janeiro
a setembro de 2008 com
o mesmo período do ano
anterior. “O resultado se deve
às excelentes condições de
plano do consórcio Iveco,
cujo valor da parcela é linear,
além das variadas campanhas
promocionais, da participação
do consórcio em festas do
setor e do trabalho realizado
pelas equipes de vendas da
rede de concessionárias Iveco”,
afirmou Adriano Bruni, gerente
do consórcio.
Com uma grande campanha
batizada de “Programma
Campione”, o Consórcio
Nacional Iveco atraiu novos
clientes e alcançou a venda
de 800 cotas nos últimos seis
meses. O programa premia
consorciados com uma viagem
à Itália para conhecer Milão,
Brescia e Veneza com todas as
despesas pagas. Os premiados
ainda visitam a fábrica da
montadora em Suzzara e
assistem a um jogo de futebol
do Milan ou da Inter, no
Estádio San Siro, em Milão.
A política de menor custo
adotada pela administradora,
isentando o consorciado da
cobrança de diversas taxas
e seguros praticados pelo
mercado é um dos diferencias
do Consórcio Nacional Iveco,
além das propostas flexíveis
em relação aos prazos de
pagamento e entrega dos
veículos, adaptáveis às
necessidades de cada cliente.
A montadora mantém planos
com o menor custo final do
mercado, baseados em taxas
de administração que variam
entre 0,11% e 0,14% ao mês,
com isenção de custos de
adesão e seguros.
Nova identidade visual
das concessionárias
Honda Automóveis
viabilizam uso de
materiais recicláveis.
Express Service:
mais transparência e
agilidade em serviços
de oficina.
Honda Automóveis tem nova identidade visual
A rede de concessionárias de automóveis Honda passa por
uma transformação que trará mais modernidade à imagem
da marca. O conceito central da nova identidade visual se
fundamenta na busca constante da Honda por soluções que
minimizam os impactos ao meio ambiente. Dessa forma, a
empresa encontrou na avançada tecnologia uma alternativa
para o uso racional dos recursos naturais em suas concessionárias e PAV’s (Pontos Avançados de Vendas).
turais, diminuir o desperdício, reduzir os custos e aumentar
a produtividade.
Entre as ações desenvolvidas pelas concessionárias, destacase o programa de coleta seletiva de resíduos descartados
nas oficinas, como plástico, papel, papelão, metal e vidro.
Já os materiais industriais (óleo usado, pneus e bateria) são
encaminhados às empresas com certificação ambiental.
Além disso, as oficinas da rede de concessionárias de
Seguindo uma tendência internacional da Honda, o novo
automóveis contam com um sistema de exaustão de gases
padrão tem uma representação mais avançada da marca,
que livra o ambiente de fumaças tóxicas de escapamento
além de uma infra-estrutura que viabiliza a utilização de
e depósitos de fuligem prejudiciais à saúde. Outro exemmateriais recicláveis.
plo são os boxes de lavagem dos veículos que removem
As fachadas são iluminadas por LED’s, garantindo menor poluentes e impurezas da água antes de descarregá-la no
consumo de energia e baixo custo de manutenção.
sistema de esgoto.
Concessionárias ecológicas – A preocupação com o meio
ambiente não se restringe apenas à parte externa das
distribuidoras. A Honda Automóveis incentiva e orienta as
autorizadas a buscar soluções para preservar os recursos na-
Express Service
Lançado com o objetivo de agilizar o atendimento
nas oficinas das concessionárias da marca, o Express
Service oferece serviços rápidos e de baixa complexidade, como revisões (10, 20 e 30 mil quilômetros),
troca de óleo, alinhamento, substituições de pastilhas
e de lâmpadas, entre outros, em até 90 minutos. Desta
forma, elimina duas das principais objeções ao se levar
o automóvel para uma revisão: uma possível longa es-
Lanterna multiuso:
ideal para momentos
de emergência
Para um motorista, tão
importante quanto fazer a
revisão do veículo antes de
viajar, é ter equipamentos
adequados caso um acidente
ou algo fora do planejado
aconteça. A lanterna LED Saver
Light, lançada pela OSRAM,
empresa especializada em
iluminação, promete facilitar
a vida dos motoristas em
momentos difíceis. Trata-se de
10
A implantação da nova identidade visual teve início em
abril, na cidade de São Paulo, após um estudo criterioso
realizado por profissionais da empresa. A previsão é que o
programa seja implantado em todo o país até 2010.
pera e a possibilidade de ficar sem o carro durante boa
parte do dia. Também terá um atendimento baseado
na transparência, uma vez que poderá acompanhar
todo o processo. O Express Service representa um
novo modelo de negócios para a rede autorizada. Com
a introdução desse programa, a concessionária verá
diminuir o tempo de ocupação de cada automóvel na
oficina, aumentando espaços para novos serviços e
reduzindo custos operacionais.
uma lanterna de emergência
que pode fornecer até 70%
mais luminosidade quando
comparada com uma lanterna
convencional. Ou seja, os
condutores de veículos terão
muito mais facilidade no
momento de trocar um pneu
ou mesmo procurar algum
objeto dentro do veículo em
situações em que há falta de
luz. A LED Saver Light também
garante ao motorista mais
segurança caso um acidente
mais grave aconteça. Uma das
extremidades da ferramenta
Volvo é a melhor
empresa para
trabalhar no Brasil
A Volvo foi reconhecida como a
melhor empresa para trabalhar
no Brasil, segundo pesquisa
realizada pelas revistas Você
S/A e Exame, da editora Abril.
Neste ano, 550 empresas
de todos os segmentos se
inscreveram no levantamento,
um número recorde nos 12
anos desde que a investigação
começou. O guia avaliou a
satisfação dos funcionários
de três categorias de
organizações: acima de 1,5 mil
empregados, de 501 a 1,5 mil
pessoas e até 500 funcionários.
Na Volvo, trabalham 2,6 mil
colaboradores. É a primeira
vez que a Volvo é escolhida
como a melhor empresa para
trabalhar no Brasil, no que é
considerado o estudo mais
profundo de ambiente de
trabalho do País. “As pessoas
são nosso melhor ativo. Esta
premiação é o reconhecimento
de um extenso programa de
investimentos nos funcionários
que a Volvo mantém”, declara
Tommy Svensson, presidente
da Volvo do Brasil. “Paixão,
energia e respeito pelas
pessoas. Este é o segredo da
Volvo para ser a melhor para
trabalhar”, afirma Sônia Gurgel,
gerente de recursos humanos
da Volvo do Brasil.
Num só produto: lanterna, luz de segurança e quebra vidros
foi elaborada especialmente
para quebrar vidros, enquanto
a outra foi preparada para
cortar os cintos de segurança.
Isso projetado para que o
motorista não se machuque
ou machuque os outros
passageiros do veículo.
Outubro / Novembro 2008
PAINEL FENABRAVE
Fenabrave participa do 1º Encoserv
C
om o objetivo de discutir
uma política específica para
o setor varejista brasileiro, a
Fenabrave promoveu, com outras
seis entidades, o 1º Encontro
Nacional de Comércio e Serviços,
no dia 13 de outubro, em São
Paulo/SP. Patrocinaram também
o evento: Associação Brasileira
de Atacadistas e Distribuidores
(ABAD), Associação Brasileira de
Supermercados (ABRAS), Associação Brasileira de Franchising (ABF),
Associação Brasileira de Lojistas
de Shoppings (Alshop), Confederação Nacional dos Dirigentes
Lojistas (CNDL) e Instituto para o
Desenvolvimento do Varejo (IDV).
Durante a abertura do evento,
Marcos Stricker, sócio da consultoria A. T. Kearney, apresentou o Índice Global de Desenvolvimento do
Setor de Varejo (GRDI), um estudo
que analisa 30 países emergentes
em termos de atratividade para o
investimento internacional.
O estudo analisa quatro elementos: Risco País, atratividade do
mercado, saturação de mercado
e a urgência em aproveitar uma
janela de oportunidade. “O Brasil
está situado na 9ª posição do
ranking, subindo 11 posições em
relação a 2007 e 18 comparado
ao estudo de 2006”, comentou
Stricker. A recente melhora no
grau de investimento, aliada com
uma possibilidade de fechamento das janelas de oportunidade
Sérgio Reze participa do painel “Políticas de Internacionalização e Exportação para o Comércio e Serviços”.
para países como China, Índia e
Rússia, devido ao investimento já
realizado, podem colocar o Brasil
em posições ainda mais atrativas
no curto prazo.
No resultado, pôde ser verificado
o forte crescimento dos países da
América Latina. Já o Leste Europeu
e Ásia estão em declínio e a África
do Norte e o Oriente Médio estão
começando a crescer. “O Brasil
apresenta maior atratividade de
mercado entre os países emergentes no estudo – maior que o Vietnã
e os outros do grupo. No entanto,
o Risco País é ainda alto, o que
acaba influenciando o índice negativamente”, comentou Stricker.
Para ele, no futuro, não há dúvidas.
A atratividade e importância do
Brasil como oportunidade de
investimento aumentará.
Edson Lupatini Jr., Secretário Nacional de Comércio e Serviços, o consultor Emerson Kapaz e o deputado Sandro Mabel
participaram do evento em São Paulo.
12
Políticas Tributárias e Trabalhistas – Durante a programação, o deputado
Sandro Mabel falou sobre a Reforma Tributária, apresentando a
visão da Câmara dos Deputados.
Segundo Mabel, a idéia é “que paguem todos, para todos pagarem
menos”. “A reforma vai aumentar a
arrecadação, cobrando de quem
não paga”, comentou o deputado,
enfatizando que “o governo quer
fazer uma reforma que vá desmanchando a cumulatividade”. A
implantação do Código de Defesa
do Contribuinte também está
prevista na reforma. “É preciso
dotar o contribuinte de maiores
garantias”, esclareceu Mabel.
A informalidade no mercado de
trabalho e a Reforma Trabalhista
também foram temas relevantes
durante o evento. “Há muito o
que fazer na área trabalhista. A
legislação ainda é do tempo de
1943. O trabalho se modernizou.
Hoje tem características bem
diferentes”, afirmou o professor
José Pastore, no Painel Políticas
Tributárias e Trabalhistas no
Comércio e Serviços, ressaltando
que as relações de trabalho
são mescladas – empregado,
Outubro / Novembro 2008
cooperados, autônomos, entre
outros. As novas tecnologias
permitem, inclusive, trabalhar em
casa. As jornadas de trabalho se
tornaram atípicas. “O que você faz
após as 8 horas de trabalho? Você
para de trabalhar ou ainda resolve alguns assuntos por telefone
e responde e-mails?”, questionou
o professor. Segundo Pastore,
a atual legislação despreza a
correlação entre tecnologia, recursos humanos e o complexo e
fragmentado processo produtivo.
“É preciso conseguir proteção às
várias maneiras de se trabalhar.
É esta Reforma Trabalhista que o
Brasil precisa”, enfatizou.
Políticas de internacionalização e
exportação – O amplo trabalho
desenvolvido pela Agência
Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil) também
foi abordado durante a
programação no Painel “Políticas
de Internacionalização e
Exportação para o Comércio
e Serviços”. Maurício Borges,
diretor de negócios da ApexBrasil pontuou algumas ações
promovidas pela agência, entre
elas, apoio à instalação de
empresas no exterior; logística
de distribuição; estudos
setoriais das oportunidades de
mercado, competitividade, e
oportunidades de investimentos.
A troca de informações, a capacitação do setor e os acordos multilaterais foram outras questões
relevantes apontadas por Artur
Grynbaum, presidente da Associação Brasileira de Franchising.
“É preciso não só disponibilizar
País
Vietnã
Índia
Rússia
China
Egito
Marrocos
Arábia Saudita
Chile
Brasil
Turquia
Outubro / Novembro 2008
linhas de financiamento para exportação de marcas, mas também
tornar os processos menos burocráticos”, comentou Grynbaum.
Sérgio Reze, presidente da
Fenabrave, participou do painel e
disse que “a Fenabrave representa os distribuidores de veículos,
um setor regulamentado pelas
concedentes que não pode atuar
no exterior. Mas, o desenvolvimento de uma política de
internacionalização do comércio
será altamente produtivo”. Ele
ressaltou, ainda, a importância
sobre a troca de informações e
de experiências entre os diversos
setores da economia. No mesmo
painel, Sussumu Honda, presidente da ABRAS, falou sobre diversas ações implementadas pela
entidade no setor de exportação
como: a intensificação de canais
de importação e exportação,
e troca de experiência e
conhecimento em viagens
técnicas internacionais.
Propostas do setor para Ministério
do Desenvolvimento – Ao final do
evento, Emerson Kapaz, consultor estratégico do Instituto para
o Desenvolvimento do Varejo,
entregou um documento com
propostas para o setor ao Secretário de Comércio e Serviços,
Edson Lupatini, que estava representando Miguel Jorge, Ministro
do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior. “É urgente que
o setor se articule com o governo
para planejar seu crescimento
para os próximos 5, 10, 15 anos,
preparando as políticas que possam dar sustentação a uma visão
de longo prazo”, disse o consultor
Ranking 2008
Ranking 2007
1
2o
3o
4o
5o
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2o
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10o
6o
20o
13o
o
estratégico do Instituto para
o Desenvolvimento do Varejo.
Para ele, nenhum resultado será
alcançado de forma sustentável
sem uma efetiva integração de
toda a cadeia produtiva. Entre as
sugestões apontadas para a área
trabalhista está a criação de um
“Simples Trabalhista”, visando
desonerar a folha de pagamento
das empresas.
As principais questões indicadas
para a área de tributos são: a
redução da carga tributária, simplificação do sistema tributário e
diminuição dos tributos dos produtos que compõem a cesta básica.
Outros quesitos abordados no
documento são os programas
de incentivo para o pequeno e
médio empresário e o crédito.
Foi sugerido apoio do BNDES ao
setor com ampliação de linhas
de financiamento e a criação
de mecanismos que facilitem a
concessão de crédito pelo sistema financeiro. Outras demandas
também constam no documento
como, por exemplo, análise segmentada dos diversos setores do
comércio e serviços, treinamento
e qualificação dos trabalhadores e programas para estimular
investimentos.
NADA promove workshops
para brasileiros
A Fenabrave está organizando uma missão técnica para a NADA
Convention & Expo. A convenção, promovida pela NADA- National
Automobile Dealers Association, acontecerá de 20 a 27 de janeiro
de 2009, em New Orleans, nos Estados Unidos. “É a primeira vez
que a NADA propõe, oficialmente, um evento específico para os
brasileiros com vários workshops com tradução simultânea”, afirmou o consultor Francisco Trivellato, que dará suporte ao grupo de
brasileiros durante a viagem.
Na oportunidade, os concessionários
brasileiros poderão conhecer as melhores
práticas de gestão e geração de resultados
das distribuidoras de veículos norte-americanas e participar de workshops especialmente programados pela NADA para
a Fenabrave, com tradução simultânea
para o português.
A missão técnica é dirigida para titulares,
executivos e sucessores das concessionáFrancisco Trivellato.
rias. Estão programados cinco workshops
exclusivos para os integrantes do grupo, abordando os temas:
Gestão de Veículos Novos, Benchmarking-Desempenho Econômico-Financeiro, Gestão de Veículos Usados, Gestão de Pós-Vendas e
F&I. Durante a programação, o grupo também visitará a feira e três
concessionárias. Após cada visita, haverá reuniões monitoradas com
os participantes para aprofundar a discussão sobre o tema.
Cada participante receberá programação, portifólio das empresas
visitadas, questionário sugestivo de visita e cópia da apresentação
dos workshops em português. Durante toda a programação, o grupo
terá suporte do consultor Trivellato e uma equipe responsável pelo
suporte logístico.
O investimento para participar da missão técnica será de US$ 3.190,
em apartamento duplo, e de US$ 3.590, em individual. Os valores
incluem despesas de passagem aérea (classe econômica), 5 diárias
de hotel, traslados aeroporto/hotel/aeroporto, transporte para
visitas e eventos, suporte técnico, seguro de viagem e inscrição na
Convenção da NADA.
Para mais informações, acesse: www.fenabrave.org.br
13
PAINEL FENABRAVE
Fenabrave participa de
eventos do setor
Os meses de setembro e outubro
foram repletos de eventos do setor
automobilístico. A Fenabrave, por
meio do presidente Sérgio Reze,
participou, no dia 11 de setembro,
da exposição comemorativa de
15 anos da Audi no Brasil, em São
Paulo/SP. No dia 15 do mesmo
mês, Reze representou a entidade
na comemoração de 20 anos do
Consórcio dos Concessionários
Volkswagen, realizada no Jóquei Club
de São Paulo. No dia 17, acompanhou
o lançamento do sedan Fiat Linea.
Em 6 de outubro, Edson Zanetti,
assessor econômico da Fenabrave,
participou do workshop “A Integração
da Indústria de Autopeças na
América Latina”, em São Paulo/SP e
abordou os desafios da distribuição
de veículos, promovido pelo
Sindipeças – Sindicato Nacional
da Indústria de Componentes para
Veículos Automotores.
III Encontro de Novas Lideranças
reune jovens em São Paulo
A Fenabrave realizou o III Encontro de Novas
Lideranças, nos dias 12 e 13 de novembro, na
sede da entidade. “Nosso objetivo foi promover
a formação político- empresarial da nova geração de líderes no setor da distribuição automotiva e mostrar a importância do engajamento
nos meios de representação associativa nos
jovens que possuem forte e sólida formação
técnica”, disse Sérgio Reze, presidente da Fenabrave. Segundo ele, o momento foi propício
para a realização do evento, pois a crise financeira mundial e a nova realidade do crédito
devem alterar as decisões a serem tomadas
pelos empresários.
No primeiro dia do evento, o presidente da
Fenabrave abordou a importância da atuação
política associativa, tema também do debate da
mesa redonda, onde Paulo Simões Filho, diretor
superintendente da concessionária Abolição e
Alarico Assumpção Júnior, presidente executivo
da Fenabrave, apresentaram um Case Prático.
No final do dia 12, houve um evento surpresa
para os participantes, com coquetel e show
da cantora Malu Magalhães. No dia 13,
Dr. Francisco Gabilan, advogado de várias associações do setor automotivo, falou sobre a Lei
6729 e sua implicação no dia-a-dia da atividade
da concessionária, e “Os Desafios e a Prática
Sucessão nos EUA” foi abordado por Matthew
C. Haiken, sucessor e representante da National
Automobile Dealers Association (NADA).
Na parte da tarde, Luis Otávio Matias, diretor
do Banco Itaú, comentou a crise econômica
mundial e seus impactos no Brasil. Ao final da
programação, o consultor Francisco Trivellato
falou sobre “Estratégias Rentáveis para 2009”.
A cantora Malu Magalhães faz
show para jovens líderes do
setor na sede da Fenabrave.
A Fenabrave também foi
representada, no dia 7 de outubro,
por Alarico Assumpção Júnior,
presidente executivo da entidade, na
Automec Pesados & Comerciais - 1ª
Feira Internacional Especializada em
Peças, Equipamentos e Serviços para
Veículos Pesados & Comerciais.
A Kawasaki Motores do Brasil
também contou com a presença da
Fenabrave no dia 10 de outubro,
em evento realizado, em São Paulo,
para inaugurar formalmente suas
atividades no Brasil. A empresa
implantará unidade industrial
em Manaus/AM. No dia 14 de
outubro, a Federação também
foi representada por Sérgio Reze
no jantar comemorativo dos 30
anos da Associação Brasileira dos
Concessionários Scania (Assobrasc),
realizado em São Paulo/SP.
No dia 28 de outubro, Reze foi um
dos painelistas do Seminário “Setor
Automotivo: Perspectivas 2009”,
realizado por Autodata no WTC Hotel,
em São Paulo-SP.
14
XVIII Congresso premia Abrare,
Assobrav e Regional PR
Duas associações de marca e uma regional venceram o Concurso de Participação no XVIII
Congresso Fenabrave, realizado no mês de agosto, em Curitiba/PR. O concurso teve como
objetivo estimular a adesão ao evento. A grande vencedora foi Edenete Barbosa Bezerra
Araújo, executiva da Abrare – Associação Brasileira dos Concessionários Renault, que conseguiu a adesão de 100% da rede. Mauro Imperatori, da Assobrav – Associação Brasileira de
Distribuidores Volkswagen, ficou com o segundo lugar, com 87% de participação da rede da
marca. A primeira colocada recebeu um pacote de viagem no valor de R$ 5 mil e o segundo,
um pacote de viagem de R$ 2,5 mil. A Regional que se destacou foi a Fenabrave/PR. A executiva da entidade Isabel Cristina da Silva recebeu um pacote de viagem no valor de R$ 5 mil.
Outubro / Novembro 2008
Sérgio Reze e Alarico Assumpção Jr.
dividem presidência da Fenabrave
Eleições realizadas no último dia 30 de
setembro, na sede da Fenabrave-Federação
Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, em São Paulo/SP, garantiram, por aclamação das associações de marca, a permanência de Sérgio Antonio Reze na presidência
da Federação durante o triênio 2008-2011.
O organograma da entidade sofrerá alguns
ajustes para o próximo período. Ao se pronunciar durante a reeleição, Sérgio Reze disse
que ocupará a presidência dos Conselhos
Deliberativo e Diretor da Fenabrave e anunciou o nome de Alarico Assumpção Júnior,
um dos vice-presidentes que compõem o
Conselho Diretor da entidade, para o cargo
de presidente executivo da federação. “Com
esta medida, estaremos dividindo atribuições
O Conselho Deliberativo da Fenabrave é composto
pelos presidentes das associações de marca filiadas
à Federação, e o Conselho Diretor, eleito para o
triênio 2008-2011, será composto por:
Alarico Assumpção Júnior
na casa. Permanecerei com as atividades de
representatividade política e de contato com
a imprensa, e Alarico ficará com a responsabilidade administrativa da entidade”, revela
Sérgio Reze.
A diretoria executiva, ou Conselho Diretor,
continua sendo composta por concessionários que representam todos os segmentos
automotores: automóveis e comerciais leves,
caminhões e ônibus, tratores e máquinas
agrícolas, implementos rodoviários e motocicletas. “Temos concessionários indicados
pelas associações de marca para representar
cada segmento e daremos continuidade às
comissões setoriais para que possam ser
alavancadas ações específicas”, explica o
presidente dos Conselhos.
Aldair Câmara
Apolo Rizk
Edson Luchini
Ênio Sardagna
Flávio Meneghetti
Gláucio Geara
Joel Jorge Paschoalin
José Divalsir Gondaski
Luiz Eduardo Barros Cruz e Guião
Mário Sérgio Moreira Franco
Mauro De Stéfani
Octávio Leite Vallejo
Ricardo Teixeira De Stéfani
Teodoro da Silva
PRESIDENTE DOS CONSELHOS
PRESIDENTE EXECUTIVO
Sérgio A. Reze, Presidente dos
Conselhos da Fenabrave - Federação
Nacional da Distribuição de Veículos
Automotores, tem 72 anos, é administrador de empresas e titular das
concessionárias Volkswagen Abrão
Reze e Cobel em Sorocaba-SP. Detém,
ainda, concessões Hyundai e Dafra,
nas cidades de Sorocaba, Itu e Indaiatuba, todas no interior paulista.
Reze iniciou sua carreira associativa
há mais de 30 anos, fazendo parte
da diretoria da Assobrav - Associação Brasileira de Distribuidores
Volkswagen, entre os anos de 1973 a
1984. Em 1985, foi eleito presidente
desta entidade para um mandato de
dois anos e, em 1988, foi efetivado
como presidente do Consórcio dos
Concessionários Volkswagen, onde
permaneceu até 1995 e, de 1999
até 2005.
Vice-presidente da Fenabrave desde
1987, assumiu, em maio de 1992,
pela primeira vez, a presidência da
entidade. Foi reeleito em 1994 e teve
o mandato prorrogado até setembro
de 1998.
Em 1999, assumiu novamente a
presidência da Assobrav tendo sido
reeleito para ocupar o cargo até 2005,
quando deixou esta entidade para
reassumir a presidência da Fenabrave
até 2008. Agora reeleito na presidência dos Conselhos da Fenabrave,
permanecerá no cargo durante o
triênio 2008-2011.
Natural da cidade de Araguari-MG,
o empresário Alarico Assumpção
Júnior tem 55 anos e é diretor
superintendente do Conselho
de Acionistas da Holding Deriva
Participaões S/A (Grupo Suécia), que
detém as concessionárias Suécia
Veículos S/A (Volvo), Viking-Center
– Seminovos (Volvo), Urca Motors
Veículos Ltda (Hyundai), Urca
Motos Ltda (Dafra) e filiais das três
marcas distribuídas nos estados
de Tocantins, Minas Gerais, Goiás e
no Distrito Federal, totalizando 17
pontos de atendimento.
Na vida associativa, Alarico
Assumpção Júnior foi presidente do
Conselho Deliberativo e Diretoria
Executiva da ABRAVO- Associação
Brasileira dos Distribuidores Volvo
(1992-2004), Conselheiro Titular
(1992-2004) e Vice-Presidente da
Fenabrave – Federação Nacional
da Distribuição de Veículos
Automotores (2005-2008). Indicado
para Presidente Executivo da
entidade, exercerá o cargo durante o
período de 2008 a 2011.
Outubro / Novembro 2008
15
debate
Por Luiz Carlos Bueno de Lima
Uso racional do automóvel
O uso racional dos meios de transporte pode ser benéfico para diversos setores da sociedade.
Este conceito, alinhado a políticas de infra-estrutura eficientes, ampliam a mobilidade urbana
em grandes cidades e ainda contribuem para a melhora da qualidade de vida.
setoriais essenciais para o desenvolvimento urbano do ponto de vista econômico, social e estratégico. Quatro
Secretarias Nacionais: Habitação,
Saneamento Ambiental, Transporte
e Mobilidade Urbana e Programas
Urbanos; o Departamento Nacional
de Trânsito (DENATRAN) e duas
empresas públicas: Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e
Empresa de Trens Urbanos de Porto
Alegre S/A (TRENSURB) constituem a estrutura para o desenvolvimento e a condução da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano
(PNDU), cujo objetivo é “orientar
e coordenar esforços, planos, ações
e investimentos dos vários níveis de
governo e, também, dos legislativos,
do judiciário, do setor privado e da
sociedade civil na busca da equidade
social, maior eficiência administrativa, ampliação da cidadania, sustentabilidade ambiental e resposta aos
direitos das populações vulneráveis:
crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, mulheres, negros e índios”.
Especificamente para a mobilidade urbana, a PNDU estabeleceu objetivos em três campos estratégicos
de ação: para o desenvolvimento urbano, “a integração entre transporte
e controle territorial, a redução das
deseconomias da circulação e a oferta
de transporte público eficiente e de
qualidade”; para a sustentabilidade
ambiental, “o uso equânime do espaço urbano, a melhoria da qualidade
de vida, a melhoria da qualidade do
ar e a sustentabilidade energética”; e
para a inclusão social, “o acesso democrático à cidade e ao transporte
público e a valorização da acessibilidade universal e dos deslocamentos
de pedestres e ciclistas”.
A consecução dos objetivos da
PNDU, por sua vez, é orientada por
três conceitos de aplicação prática: “o
planejamento integrado de transporte e uso do solo, a atualização da regulação e da gestão do transporte coletivo urbano, a promoção da circulação não motorizada e o uso racional
do automóvel”.
Como ação continuada no âmbito do Governo Federal, o Ministério
das Cidades, por meio da Secretaria
Divulgação
A
maioria das cidades
brasileiras de médio
e grande porte vem
enfrentando diversos
problemas relativos à
gestão dos sistemas de transporte público e de circulação. Essas questões
têm sido discutidas intensamente no
Brasil, na busca de caminhos para
uma política urbana e de transporte
que seja capaz de lidar de maneira
satisfatória com os problemas decorrentes de ações inadequadas praticadas ao longo das últimas décadas. A
prioridade dada ao uso do automóvel
em detrimento do incentivo ao uso e
à melhoria do sistema de transporte
público e a ausência de políticas eficazes de planejamento urbano e de
controle do uso do solo permitiram
o uso indiscriminado das vias para o
tráfego de veículos. O mau uso das
vias, associado à falta de um plano
de hierarquização viária, tem propiciado, nos centros urbanos, notadamente em suas áreas mais adensadas,
degradação ambiental, aumento do
número de acidentes envolvendo
pedestres e retardamentos no fluxo
de tráfego.
Desde a criação do Ministério
das Cidades, em 2003, o Governo
Federal concentrou em uma única
Pasta as políticas públicas de trânsito
e transporte urbano que, até então,
encontravam-se dispersas, articulando-as também com outras políticas
Luiz Carlos Bueno de Lima é secretário Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
16
Outubro / Novembro 2008
Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana - SeMob, promove
atividades de mobilização e sensibilização que têm por objetivo a reflexão sobre a sustentabilidade dos
meios de transporte e o uso racional
do automóvel.
No dia 22 de setembro, várias
cidades do mundo se reuniram para
repensar o significado e a importância da vida diante das estatísticas de
morte no trânsito, sensibilizando-se
sobre a democratização do uso do
espaço público e a dimensão da solidariedade, sobre o incentivo ao uso
do transporte coletivo e formas solidárias de deslocamento, sobre um
alinhamento em relação às políticas
ambientais, de qualidade de vida, e
sobre a mobilidade urbana de forma
sustentável, onde a prioridade esteja
no deslocamento das pessoas e não
na fluidez de veículos.
Desde 2004, como instrumento
de divulgação da Política Nacional
de Mobilidade Urbana, o Ministério das Cidades promove a Jornada Brasileira “Na cidade sem meu
carro”, que se insere no contexto
do movimento internacional “Dia
Mundial Sem Carro”, em defesa do
meio ambiente e da qualidade de
vida nas cidades. O desafio central
desse projeto é estimular as pessoas
a deixarem seus carros na garagem
durante o dia 22 de setembro. Assim elas verão que uma outra cidade é possível, com menos poluição,
menos acidentes e mais espaço para
as pessoas. Porém, há um objetivo
implícito à ação do Governo Federal que é sensibilizar as pessoas para
a opção de deixar os carros nas garagens não só no dia 22, mas sempre
que for possível. Dessa maneira, es-
Outubro / Novembro 2008
O objetivo é chamar
a atenção para a
necessidade de se
repensar o modelo
de mobilidade e os
impactos negativos do
uso indiscriminado do
automóvel.
taremos estimulando o uso racional
do automóvel e, no final das contas,
a cidade agradece! O objetivo é chamar a atenção para a necessidade de
se repensar o modelo de mobilidade
e os impactos negativos do uso indiscriminado do automóvel.
Neste ano de 2008, o Ministério das Cidades realizou o Seminário “Na cidade sem meu carro” que
contou com a participação de quase
200 pessoas entre representantes de
governos estaduais e municipais, órgãos do Governo Federal, estudantes,
professores, associações e entidades
ligadas à mobilidade urbana e grupos
de ciclistas. Para ampliar o alcance,
proporcionando maior visibilidade e
divulgação à Política de Mobilidade
Urbana, lançamos, paralelamente, a
mostra fotográfica “Bicicletas pelo
Mundo – Rodando o Brasil”, que
está sendo veiculada em estações do
Metrô-DF, Trensurb e CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos)
ao redor de todo o Brasil.
Mesmo reconhecendo a importância da indústria automobilística,
não significa que a SeMob não deva
estimular o debate sobre os automóveis. A ocasião do Dia Mundial Sem
Carro constitui momento propício
para a expressão pública diante do
assunto e para a congregação de
esforços no sentido de promover
novos rumos que aliem desenvolvimento econômico e sustentabilidade sócio-ambiental. Embora o
movimento do “Dia Mundial Sem
Carro” seja incisivo na questão do
automóvel, não se trata de acreditar que as cidades podem viver sem
eles. A questão colocada para reflexão é sobre o uso racional dos meios
de transporte.
17
CAPA
Os desafios da
mobilidade urbana
A mobilidade urbana ultrapassa os constantes congestionamentos ocorridos nas metrópoles. É uma questão que
envolve não apenas a fluidez do trânsito, mas uma série de aspectos ambientais, sociais e econômicos. Apesar do
Governo ter realizado algumas ações visando melhorar o trânsito nas grandes cidades, faltam políticas públicas de
longo prazo para assegurar maior qualidade de vida à população.
18
Outubro / Novembro 2008
L
ocomover-se nas grandes cidades tornou-se um dos aspectos
mais exaustivos para os cidadãos. Os congestionamentos,
o transporte público, acidentes
e todas as variáveis relacionadas
à mobilidade urbana são temas relevantes e
constantes não só dos noticiários, mas da
rotina dos habitantes das metrópoles. Os
efeitos causados pelos congestionamentos
estão associados à qualidade de vida dos
habitantes, ao meio ambiente e até mesmo
à competitividade das empresas. Mas, não
se pode considerar apenas um ou outro aspecto e tornar o volume de veículos nas ruas
o grande vilão da história.
Os números relacionados à produção,
vendas e frota de veículos são expressivos.
Em 2007, houve aumento de 27,8% no
emplacamento de automóveis e comerciais
leves no país e, em 2008, o aumento deve
chegar próximo aos 20% mesmo com a
atual crise internacional. Serão mais de 3
milhões de veículos circulando e mais de
5 milhões se forem somados caminhões e
ônibus, motocicletas, máquinas agrícolas e
implementos rodoviários.
O aumento do número de carros novos
nas ruas das grandes cidades, especialmente em São Paulo, tem gerado uma série de
debates sobre o caos do trânsito. A média
diária das vendas de automóveis e comerciais leves no país chegou a 11 mil unidades
no acumulado até outubro de 2008. Só em
São Paulo foram para as ruas cerca de 1,4
mil carros novos por dia.
Alfredo Peres da Silva.
Outubro / Novembro 2008
A frota brasileira cresce a passos largos.
Em janeiro de 2008, o Brasil ultrapassou
a marca de 50 milhões de veículos cadastrados no RENAVAM. Este número coloca a frota brasileira entre as 10 maiores do
mundo. De acordo com o Denatran, só de
1990 a 2007, a frota brasileira quase triplicou, crescendo 171,77%. Em 1998, a frota somava 30,9 milhões de veículos. Este
número saltou para 42 milhões em 2005,
numa alta de 35,98%. Comparando os períodos, a população aumentou 13,85%, de
161,7 milhões para 184,1 milhões. “Apesar
da população ter aumentado em proporção
menor, a relação veículo/habitante cresceu
19,37%”, afirmou Alfredo Peres da Silva,
diretor do Denatran, para quem os desafios
dos gestores públicos são enormes: aumento dos índices de motorização, acidentes,
congestionamentos, conflitos no trânsito,
poluição atmosférica e, conseqüentemente,
dos custos. Para Peres, o trânsito seguro e
eficiente passa pelo sistema de educação, fiscalização e engenharia. “Atrelado a esses três
aspectos, constam outros como melhorias
nos sistemas viários e transportes; preenchimento dos vazios urbanos e descentralização
das atividades econômicas, o que reduziria
os deslocamentos, instituição da Inspeção
Anual Veicular, melhorias na gestão e legislação de trânsito”, enumera Peres.
O agravamento dos congestionamentos
nas grandes cidades já vem sendo anunciado há muito tempo por especialistas mas,
nos últimos anos, está beirando o caos. A
estabilidade econômica aliada ao crédito
Gilberto Luiz do Amaral.
facilitado estimulou o aumento da frota
de veículos brasileira e os investimentos
em infra-estrutura têm sido insuficientes.
“É preciso investir em obras viárias e engenharia de trânsito, com mudanças, inclusive, de circulação em diversas vias. O
que é feito com a arrecadação de impostos
que incide sobre os veículos?”, questionou
Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, acrescentando: “Não dá para tentar resolver os
congestionamentos retirando os veículos
de circulação”.
Tributos na carona – A tributação em toda a
cadeia automotiva é elevada. “Os tributos
chegam ao consumidor representando 38%
do preço final do veículo de baixa cilindrada. Os de maior cilindrada o percentual
sobe para 43%”, afirmou Gilberto Luiz do
Amaral, presidente do Instituto Brasileiro
de Planejamento Tributário (IBPT). Segundo o especialista, toda a cadeia automotiva
tem grande representatividade na economia
do País. O setor tem potencial altamente
arrecadador. Além da tributação sobre as
vendas dos veículos ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços), IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados),
PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social), há tributos sobre a
folha de pagamento da mão-de-obra (INSS
e FGTS), itens financeiros (IOF), patrimoniais (IPVA e IPTU) e sobre o lucro (IR e
Contribuição Social). “A carga tributária no
Brasil é uma das mais elevadas do mundo”,
Flávio Adura.
19
“Os acidentes de
trânsito são as
principais causas de
morte não natural no
mundo”.
dr. Flávio Adura,
presidente da
ABRAMET.
CAPA
disse o presidente do IBPT. Na Argentina,
a cobrança de impostos chega a 24%, na
Europa a 30% e, na China, a incidência é
de 20%.
No segmento de importados, cerca de
60% do valor do veículo são tributos. Na
opinião de Amaral, a alta tributação prejudica não só o acesso da população aos
veículos, mas também à aquisição de itens
de segurança e conforto como airbag, arcondicionado e ABS. “O consumidor acaba comprando um veículo básico e menos
seguro”, comentou.
Questão social, ambiental e econômica – Na
opinião de Jackson Schneider, presidente da
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a mobilidade
urbana vai além dos problemas de congestionamentos do dia-a-dia. É uma questão
social, ambiental e econômica, tanto para o
ir e vir do cidadão, quanto para a qualidade
de vida e para a própria sustentabilidade das
economias. “A mobilidade urbana deve ser
vista a partir de um conjunto de fatores:
quantidade de veículos, transporte individualizado, transporte público, adensamento
residencial e populacional, infra-estrutura
viária, engenharia de trânsito e planejamento urbano das grandes cidades”, sintetizou
Schneider. Segundo o presidente da Anfavea, o futuro exige a definição de políticas
públicas permanentes para as metrópoles,
envolvendo diversos setores do governo e
setores privados, de caráter nacional, integradas com políticas sociais e estaduais.
A indústria automobilística está fazendo a sua parte – desenvolve e produz
veículos com tecnologia de última geração
visando reduzir o consumo de combustível
e as emissões, não só de gases poluentes,
mas também de ruídos. “Os veículos emitem hoje 20 vezes menos CO2 que aqueles
dos anos 80, com redução de 40 gramas de
Comparativo de lentidão (km)
20
CO2 por quilômetro rodado para 2 gramas
por quilômetro”, comentou Schneider. A
emissão de hidrocarbonetos também foi
reduzida de 4 gramas por quilômetro para
0.3 gramas. Os carros ficaram menos barulhentos. O ruído externo diminuiu de 84
decibéis nos anos 70 para 74 decibéis na
atualidade.
Os carros compactos, que representam
hoje 90% do mercado brasileiro, também
favorecem a mobilidade. Com menores dimensões e motorizações de 1.0 a 2.0 litros,
esses modelos ocupam menor espaço nas
vias públicas. Os investimentos em prol de
tecnologias “mais limpas” não páram. Os
veículos bicombustíveis, que rodam com
álcool-gasolina, somam 5,6 milhões de unidades no mercado. Segundo o presidente
da Anfavea, até 2015, mais de 25 milhões
de veículos estarão circulando no País com
esta tecnologia.
Pesquisas e projetos em favor da mobilidade e meio ambiente são desenvolvidos
constantemente em outros países. De acordo com Schneider, os conceitos de qualidade ambiental e de mobilidade urbana estão
cada vez mais presentes no DNA dos veí-
Fonte CET/SP
Outubro / Novembro 2008
culos, anunciados para o futuro no cenário
internacional. Em sua opinião, outra medida
que ajudaria a questão da mobilidade urbana
é a inspeção veicular. “Em São Paulo, parte
substancial dos congestionamentos decorre
de veículos quebrados parados nas vias públicas, uma vez que 30% da frota da região
metropolitana, segundo a Companhia de
Engenharia de Tráfego, circula em situação
irregular do ponto de vista de segurança e
meio ambiente”, exemplificou Schneider.
Custo social do trânsito – Os números relacionados a acidentes de trânsito são assustadores. No Brasil, a cada dia, cerca de 100 pessoas morrem e 1.000 ficam feridas. A cada
ano, só no SUS (Sistema Único de Saúde)
- cerca de 35 mil mortes (taxa de 19,4/100
mil habitantes), 380 mil feridos e 120 mil
internações hospitalares são registradas.
Nos últimos 10 anos, as taxas de mortalidade (número de óbitos em relação à população), permaneceram estáveis entre 1996 e
1997, decresceram até 2000 e aumentaram
entre 2001 e 2005. Segundo o dr. Flávio
Adura, médico especialista em Medicina de
Tráfego e presidente da Associação Brasilei-
Outubro / Novembro 2008
ra de Medicina de Tráfego (ABRAMET), o
decréscimo verificado entre 1998 e 2000
pode corresponder a um reflexo da atuação
do novo Código de Trânsito Brasileiro. Já o
aumento, registrado em seguida, pode ser
atribuído à flexibilização das medidas de
fiscalização e inaplicabilidade das sanções
previstas na nova legislação.
“Os acidentes de trânsito são as principais causas de morte não natural no mundo. No Brasil, são a segunda causa, sendo
superados apenas pelas armas de fogo”,
indignou-se o presidente da ABRAMET,
acrescentando: “Em São Paulo, esta relação
se inverteu recentemente”.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), os acidentes de trânsito superarão a AIDS e os acidentes vasculares
cerebrais como principais causas de mortes
evitáveis. “No Brasil, um terço das lesões
medulares que levam seus portadores à
condição de cadeirantes pelo resto de suas
vidas são provocadas pelos acidentes de
trânsito”, enfatizou.
O fator humano é citado como preponderante nas causas dos acidentes, mas a falta
de manutenção dos veículos e falhas mecâni-
cas também estão entre os principais agentes
de desastres, assim como dirigir em excesso de velocidade, desobedecer sinalizações,
guiar sob efeito de álcool, fadiga, sono e uso
de medicamentos que causam sonolência.
Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA), a morte de uma pessoa em um acidente de trânsito representa um prejuízo
de R$ 291 mil. Em 2007, o Brasil perdeu
R$ 30,4 bilhões em acidentes de trânsito.
“Para se avaliar o custo social dos acidentes
de trânsito, deve-se levar em conta a agressão à saúde física e psíquica, as perdas de
vidas, a perda da sobrevida esperada, o sofrimento da vítima, dos parentes e amigos,
angústias e tristezas, danos à qualidade de
vítima, os impactos econômicos, as faltas
e perdas do emprego e os problemas legais
envolvidos”, considerou o Adura.
Bebida e direção – “O álcool é um dos principais vilões do trânsito porque é uma substância que altera a percepção, aumenta a
agressividade, diminui a atenção e está presente no sangue das vítimas em quase 50%
dos acidentes fatais”, afirmou Adura.
21
CAPA
Com a implantação da Lei Seca que,
desde o dia 20 de junho pune motoristas
que dirigem após ingerir bebidas alcoólicas,
o número de atendimentos a vítimas de acidentes nos hospitais estaduais de São Paulo
foi 49,2% menor comparando os dois meses de vigência da Lei com o mesmo período
imediatamente anterior à entrada da medida em vigor. Segundo o levantamento da
Secretaria de Estado da Saúde, foram cerca
de 9 mil acidentados a menos.
No primeiro mês de vigência, a Lei
fez cair o número de acidentes de trânsito
atendidos pelo Samu em 17 capitais e no
Distrito Federal.
O Grupamento de Socorro de Emergência (GSE) dos Bombeiros do Rio de Janeiro
também atendeu menos vítimas decorrentes de acidentes de trânsito no segundo mês
em que vigorou a nova legislação. A queda,
segundo a Agência Brasil, foi de 16% em
relação ao mesmo período de 2007.
Iniciativas do Governo – O governo implantou, neste ano, uma série de medidas para
reduzir os congestionamentos, aumentar a
fluidez e, assim, também melhorar a qualidade do ar. Após a entrada em vigor das
novas regras impostas ao tráfego de caminhões na cidade de São Paulo, os índices
de congestionamentos têm diminuído na
capital paulista.
A nova legislação restringe a circulação
dos VUC’s (Veículos Urbanos de Carga) na
Zona Máxima de Restrição de Circulação
(ZMRC), que compreende 100 km². No
primeiro mês de vigência, de 30 de junho a
31 de julho de 2008, os VUC’s com final de
placa par transitaram das 5h às 21h na área
de restrição apenas em dias pares do mês. Já
os caminhões com placa final ímpar rodaram em dias ímpares no mesmo horário. De
1º de agosto a 31 de outubro, o horário de
circulação dos VUC’s com final de placa par
foi das 10h às 16h em dias pares. E os com
final de placa ímpar apenas nos dias ímpares
no mesmo horário. A partir de novembro,
o tráfego passou a ser permitido à noite e
de madrugada. Os caminhões grandes já
tinham circulação restrita no Centro.
Em julho, os caminhões também passaram a integrar o mesmo sistema de rodízio
22
“É preciso investir
em obras viárias e
engenharia de trânsito,
com mudanças,
inclusive, de circulação
em diversas vias.
O que é feito com
a arrecadação de
impostos que incidem
nos veículos?”
Sérgio Reze, presidente
da Fenabrave.
de automóveis, implantado há 10 anos na
capital paulista, e ficaram proibidos de circular, conforme o dia da semana e o final da
placa, no horário das 7h às 10h e das 17h às
20h no centro expandido da cidade.
Os primeiros resultados puderam ser
sentidos na mobilidade urbana após a vigência das restrições aos caminhões. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego
(CET), após um mês e meio da entrada em
vigor da nova restrição para carga e descarga de caminhões no centro da cidade e 15
dias após a vigência do rodízio municipal
de placas para caminhões, no centro expandido, o resultado alcançado foi muito
positivo. Houve boa melhoria na fluidez do
trânsito na cidade de São Paulo, em todos
os horários a partir das 7h30 e acentuada
diminuição da lentidão no pico da manhã.
A comparação dos índices de lentidão registrados em julho de 2007 (eliminadas as
duas primeiras semanas, nas quais o rodízio de veículos foi dispensado) com julho
de 2008 demonstram redução de 28% no
período de pico da manhã (7h às 10h) e
6% no período de pico da tarde/noite (17h
às 20h). Entre os horários de pico (10h às
17h), houve também melhoria na fluidez,
com redução de 24%.
Nas duas primeiras semanas de agosto,
comparadas com o mesmo período do ano
passado, também foi constatada redução
de 15% de lentidão no horário de pico
pela manhã e de 9% no horário de pico no
período da tarde/noite.
Outra iniciativa que deu certo foi a faixa
reversível da Av. Penha de França, no bairro
Penha, implantada no dia 22 de setembro
pela SPTrans e CET. O novo corredor virtual, que funciona entres as ruas Caquito
e Henrique de Souza Queiroz, gerou ganho de tempo de 85% para os usuários de
ônibus. Antes, os coletivos demoravam 15
minutos para atravessar o trecho, que agora
pode ser cumprido em quatro minutos. A
medida beneficiou cerca de 37 mil pessoas
que utilizam 377 ônibus que circulam pelas
31 linhas da região.
Transporte coletivo cresce – A participação
do transporte coletivo está aumentando.
Segundo levantamento do Metro (Cia. do
Outubro / Novembro 2008
Após a restrição aos caminhões em
São Paulo, a CET registrou redução
de 28% na lentidão durante o
período de pico.
Metropolitano de São Paulo), CPTM (Cia.
Paulista de Trens Metropolitanos), EMTU/
SP (Empresa Municipal de Transportes Urbanos), SPTrans (São Paulo Transporte) e
CET, a população da Região Metropolitana
de São Paulo está utilizando mais o coletivo nos seus deslocamentos. Pela primeira vez, depois de 40 anos de medições, o
estudo mostrou que o transporte coletivo
está sendo mais valorizado. Em 2007, foram realizadas 13,8 milhões de viagens diárias por modo coletivo, o que representa
55% das travessias, enquanto o modo individual totalizou 11,2 milhões de viagens,
o que equivale a 45% do total de deslocamentos. Número favorável se comparado
aos registrados entre 1967 a 2002, quando
a participação do transporte coletivo havia
caído de 68% para 47% e as viagens individuais haviam subido de 32% para 53%.
As razões apontadas para a inversão no
cenário das viagens se devem a vários fatores.
Nos últimos 10 anos, o Metrô aumentou a
oferta de lugares em 45% e a CPTM em
84%, reduzindo o intervalo entre os trens.
Além disso, medidas de política tarifária
foram implementadas, permitindo a transferência livre entre CPTM e Metrô nas estaOutubro / Novembro 2008
ções Luz, Brás, Barra Funda e Santo Amaro,
e a integração entre os sistemas de ônibus
locais e o transporte sobre trilhos. Outro
fator que contribui para a atratividade do
sistema metroferroviário foi a maior abrangência. Foram inauguradas três estações na
Linha 2-Verde: Chácara Klabin, Imigrantes
e Alto do Ipiranga. A Linha 9-Esmeralda
da CPTM também ganhou três novas estações: Autódromo, Primavera-Interlagos
e Grajaú, além da modernização da Linha
12-Safira que, agora, conta com mais cinco
novas estações.
Até 2010, o Governo do Estado de
São Paulo, por intermédio da Secretaria
dos Transportes Metropolitanos (STM),
investirá mais R$ 19 bilhões no Plano de
Expansão, destinados à CPTM, EMTU e
Metrô. Com essa aplicação, a rede metroferroviária vai praticamente quadruplicar e
chegar a 240 km, com a transformação de
160 km da CPTM em metrô de superfície,
que se caracteriza pela rapidez, qualidade
dos trens e estações. Com parte dos recursos, 99 trens estão sendo adquiridos, maior
compra já realizada neste setor.
A modernização dos sistemas de sinalização da CPTM e Metrô permitirá redução
nos intervalos entre as composições. A Linha
1-Azul do Metrô, em 2010, terá intervalo
entre trens reduzido de 109 segundos para
95 segundos e a Linha 3-Vermelha, de 101
segundos para 85 segundos. Já na CPTM, o
intervalo diminuirá, na média, 30%.
Outros projetos que devem facilitar a
vida da população paulistana é a construção
da Linha 14-Ônix, com o Expresso Aeroporto, da CPTM, que ligará, sem paradas,
a Estação da Luz ao Aeroporto Internacional em Guarulhos. Em 2009, também será
construído o corredor de ônibus Guarulhos
– Tucuruvi, com 35 km, que integrará o
maior município da Grande São Paulo à
zona norte da capital.
Diversas ações pontuais já foram implantadas com o objetivo de melhorar a
fluidez do trânsito, especialmente em São
Paulo, onde há grande concentração de veículos. “Mas é preciso buscar, constantemente, soluções estruturais e políticas públicas
de longo prazo para reduzir os altos índices
de congestionamentos nas metrópoles e,
assim, não só facilitar a vida da população,
mas melhorar a qualidade de vida de seus
habitantes”, sentenciou Alfredo Peres, diretor do Denatran. 23
Entrevista Jaime lerner
Fotos Lina Faria / Instituto Jaime Lerner
Melhoria da mobilidade passa por
transporte público de qualidade
24
Outubro / Novembro 2008
Nascido na cidade de Curitiba,
há 71 anos, Jaime Lerner é
arquiteto e urbanista, formado
pela Escola de Arquitetura da
Universidade Federal do Paraná.
Participou do desenvolvimento
das diretrizes básicas do Plano
Diretor de Curitiba e foi um
dos fundadores do Instituto de
Pesquisa e Planejamento Urbano
de Curitiba (IPPUC). Como prefeito
da cidade (1971-75; 1979-83;
1989-92), Lerner a levou a ser
referência nacional e internacional
em planejamento urbano,
principalmente em transportes,
meio ambiente, programas sociais
e projetos urbanísticos. Em 1975,
assumiu o cargo de consultor da
Organização das Nações Unidas
(ONU) para Assuntos Urbanos e
esteve à frente do Governo do
Estado do Paraná, de 1995 a 1998
e 1999 a 2002. Seus projetos e
obras se destacaram tanto que
Lerner recebeu diversos prêmios e
títulos internacionais, entre eles,
Prêmio Máximo das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (1990),
UNICEF Criança e Paz (1996), “The
2001 World Technology Award for
Transportation” (2001), o Prêmio
“The 2002 Sir Robert Mathew Prize
for the Improvement of Quality of
Human Settlements”, pela União
Internacional de Arquitetos – UIA e
o “2004 Volvo Environment Prize”.
O urbanista também desenvolveu
planos para várias cidades do País,
como Rio de Janeiro, São Paulo,
Recife e Goiânia. Em entrevista
concedida à Revista Dealer, o exgovernador paranaense fala sobre
possíveis soluções para melhorar
a qualidade de vida dos cidadãos
que perdem horas no trânsito
caótico das metrópoles e sobre
alguns programas ou políticas
públicas adotadas em prol do
desenvolvimento urbano.
Outubro / Novembro 2008
Revista Dealer – Quais os principais pontos que afetam uma política urbana?
Jaime Lerner – Além dos desafios inerentes à gestão de uma cidade nas áreas
de educação, saúde, atenção à criança
e ao idoso, por exemplo, destacamse para a qualidade da vida urbana
um tripé que congrega as questões de
mobilidade, sustentabilidade e identidade/coexistência.
Revista Dealer – Há alguma receita
para se mudar o perfil de uma cidade?
Jaime Lerner – Não acredito em receitas; acredito, contudo, na possibilidade
de qualquer cidade melhorar significativamente sua qualidade de vida em três
anos, a partir de ações focadas na tríade
citada anteriormente.
Revista Dealer – Em seus três mandatos na Prefeitura de Curitiba, o senhor
implementou medidas que levaram a
cidade a ser conhecida por possuir um
dos maiores índices de qualidade de
vida do País. Hoje, Curitiba é considerada uma cidade modelo. Quais os
principais programas ou políticas públicas adotadas em prol do desenvolvimento urbano que contribuíram para
este resultado?
Jaime Lerner – Curitiba conseguiu se
estabelecer como referência em boas
práticas urbanas tendo como premissa fundamental a concepção da cidade
como uma estrutura de vida e trabalho,
juntos. A compreensão desse binômio
é de suma importância. O investimento em um sistema de transporte público de qualidade, a adoção de diretrizes
articuladas de usos do solo, transporte
e sistema viário, a busca de soluções
criativas, simples e econômicas para os
desafios ambientais, a valorização das
25
referências da história e da memória
urbana merecem destaque.
Foto: Ippuc / Prefeitura Municipal de Curitiba
Entrevista Jaime lerner
Revista Dealer – O Sistema Integrado
de Transporte Coletivo de Curitiba é
reconhecido internacionalmente pela
sua qualidade, eficiência e baixo custo.
Atualmente, outras cidades brasileiras
poderiam trilhar o mesmo caminho da
capital paranaense?
Jaime Lerner – Há hoje mais de 80 cidades no mundo implantando sistemas
de transporte em superfície inspirados
nas soluções de Curitiba, como Bogotá, Los Angeles, Cidade do México.
No enfrentamento dos desafios da mobilidade urbana é necessário ‘fazer com
urgência’, e entender como ‘metronizar’ o ônibus: operação em canaletas
exclusivas, com embarque em nível e
pré-pago e freqüência elevada.
Revista Dealer – Qual o papel do
Instituto de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (IPPUC) e da
Cidade Industrial de Curitiba (CIC)
no desenvolvimento urbano da capital
paranaense?
Jaime Lerner – Fundamental. Cabe
ao Ippuc responder a necessidade de
inovação constante.
Sistema de transporte da cidade de Curitiba.
Revista Dealer – Curitiba tem um
dos melhores índices de áreas verdes
do País e é conhecida como a cidade
mais ecológica brasileira. Que políticas
públicas foram adotadas para garantir
este resultado?
Jaime Lerner – Não aceitamos indústrias poluentes em nossa cidade.
Investimos em transporte público; na
reciclagem de espaços que precisavam
de novos usos, como o Parque das Pedreiras, a Unilivre, o Teatro do Paiol;
na resolução integrada de problemas
de drenagem urbana e criação de
parques; no tratamento do lixo, com
programas como o lixo que não é lixo,
câmbio verde e compra do lixo.
26
Outubro / Novembro 2008
Revista Dealer – A educação no trânsito é importante para a questão da
mobilidade? Ajudaria na convivência
entre motociclistas e condutores de
automóveis?
Jaime Lerner – A melhor educação é
priorizar o uso do transporte público
para os deslocamentos de rotina.
Revista Dealer – Quais os “gargalos”
no sistema modal de transporte? Isto
afeta no crescimento do País? Como
reverter esta situação?
Jaime Lerner – Há uma centralização
excessiva do transporte aeroviário em
São Paulo, e não existem alternativas
eficientes no modal ferroviário.
Revista Dealer – O excesso de veículos
nas ruas é, frequentemente, apontado
como uma das causas dos congestionamentos nas grandes cidades. No entanto, a venda de veículos gera uma arrecadação expressiva ao governo devido
à incidência da alta carga tributária.
O que poderia ser feito com esta arrecadação com o objetivo de melhorar a
mobilidade nestas cidades?
Jaime Lerner – Melhorar o transporte público.
Revista Dealer – Nos últimos anos,
ficou muito evidente o caos vivido nos
aeroportos brasileiros. Há uma enorme
tendência de centralização em São
Paulo. A crise aérea é decorrente de
que fatores?
Jaime Lerner – Na minha visão falta um tratamento adequado ao que
classifico como linhas diretas e linhas
troncais e, conseqüentemente, quais
aeroportos podem ser realmente tratados como ‘hub airports’, ou seja,
portais ou centros logísticos de importância intercontinental.
Revista Dealer – Que solução seria viável para desafogar os aeroportos de Congonhas e Internacional de Guarulhos?
Outubro / Novembro 2008
Jaime Lerner – Utilizar mais e melhor
o Aeroporto Internacional de Viracopos, no município de Campinas, e o
Aeroporto Internacional Antônio Carlos
Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro.
Revista Dealer – Por que o Aeroporto
de Viracopos é tão esquecido?
Jaime Lerner – Constam informações de que a Infraero tem planos de
transformar o Aeroporto Internacional
de Viracopos em um dos maiores da
América Latina, ampliando, nos próximos anos, significativamente, sua
capacidade de operação de passageiros
e cargas.
Revista Dealer – Que medidas o senhor
sugere para o Rio de Janeiro, onde os
bairros nobres estão muito próximos
às favelas?
Jaime Lerner – A cidade precisa, em
seu território, integrar as diferentes
funções urbanas, níveis de renda, idades, etnias. Quanto mais diversificada,
mais humana – e, conseqüentemente,
mais sustentável – a cidade será. É a
‘sociodiversidade’. Infra-estrutura para
as áreas de favela deve ser fornecida,
empregos devem ser criados. Eu sugeri
que áreas nas favelas, onde empregos
locais fossem criados, se tornassem
zonas-francas. A geração de empregos
promoveria uma troca positiva de bens
e serviços, o que também ajudaria a
reduzir a violência.
Revista Dealer – E para São Paulo?
Que soluções seriam viáveis para
melhorar a qualidade de vida dos
cidadãos que perdem horas no trânsito
caótico da cidade?
Jaime Lerner – Em termos de mobilidade, primeiramente, há que haver
um compromisso inequívoco com
a oferta de transporte público de
qualidade, que permita aos usuários
utilizá-lo com dignidade, conforto,
segurança e eficiência. E, para ofertar
essa opção, cada cidade precisa extrair
o melhor de cada modo de transporte
que tenha, seja na superfície, seja
subterrâneo. A chave reside em não
se ter sistemas competindo no mesmo espaço e utilizar tudo aquilo que
a cidade tem da forma mais efetiva.
Ainda, há que se considerar a utilização de veículos individuais associados
aos demais elementos da rede pública
de transporte, como é o caso do velib,
em Paris.
Revista Dealer – Que medidas adotadas no planejamento urbano de
Curitiba poderiam ser implantadas
em outras cidades?
Jaime Lerner – A visão de que a cidade é uma estrutura de vida e trabalho
juntos. Não separar as funções, não
afastar o trabalho da moradia.
Revista Dealer – E a questão da política de inclusão social? Que programas
foram adotados na capital paranaense para garantir a acessibilidade
das pessoas portadoras de necessidades especiais?
Jaime Lerner – A dignidade na oferta
do transporte público inclui que as
pessoas com diferentes necessidades
possam acessar o sistema de forma autônoma. Em Curitiba, por exemplo, as
estações-tubo são dotadas de pequenos
elevadores hidráulicos que permitem o
fácil acesso dos cadeirantes.
Revista Dealer – Em quais projetos o
senhor está envolvido atualmente?
Jaime Lerner – Temos trabalhos
sendo desenvolvidos em Brasília,
Campinas e Cidade de Durango, no
México, focando aspectos de estruturação urbana e projetos estratégicos,
propostas para o transporte urbano no
Rio de Janeiro, de desenho urbano em
Luanda, Angola, e para requalificação
da região da Nova Luz, em São Paulo,
entre outros.
27
APOIO JURÍDICO
Por Ives Gandra
A eventual reforma tributária
O Governo Federal já encaminhou ao Congresso Nacional seu projeto de reforma tributária,
seguindo a tradição de todos os governos anteriores. Estou convencido, entretanto, de que o
Governo Federal nunca teve interesse numa reforma profunda, pois tendo assegurado, com o
texto atual, em torno de 60% do bolo tributário, teme que possa vir a perder receita, se Estados e
Municípios unirem-se para elevar a partilha fiscal.
É
de se lembrar que, na
Constituição de 88, a
União, que repassava
apenas 33% da receita
do IPI e Imposto de Renda, para
Estados e Municípios, passou a
repassar 47%, o que a obrigou a
criar a COFINS e aumentar sua
alíquota de 0,5% (antigo FINSOCIAL) para 7,6% e do PIS de 0,65% para 1,65%. Assegura,
contudo, o Governo que, agora, é
para valer.
As cinco grandes novidades
são: 1) compactar COFINS, PIS,
CIDES, Salário educação, num
grande IVA; 2) compactar I.Renda
e CS Lucro num só tributo; 3) reduzir a contribuição previdenciária sobre a mão-de-obra; 4) reformular o ICMS para evitar a guerra fiscal com o regime de destino;
5) ressuscitar Imposto sobre Grandes Fortunas, decadente em todo
o mundo, repartindo-o entre Estados e Municípios.
Assim, teremos o IVA, que é
um imposto, o qual, fora as vinculações constitucionais, é tributo
desvinculado, incorporando contribuições, que são tributos vin-
culados à determinada finalidade.
Certamente, a definição do perfil
constitucional levará tempo para
ser conformado pelo Judiciário.
Por outro lado, a manutenção do
artigo 149 da C.F. não impedirá
que o Governo crie, no futuro,
por legislação ordinária, outras
COFINS, independentemente da
alteração no artigo 195 das contribuições previdenciárias.
A meu ver, a compactação de
COFINS e CIDES poderia ser realizada por lei ordinária, sem necessidade de modificação constitucional, o mesmo ocorrendo com a
do I.RENDA e Contribuição Social sobre o lucro, já com regime
jurídico idêntico. Apesar de PIS
e Salário Educação estarem previstos constitucionalmente como
tributos distintos poderiam ter o
mesmo regime jurídico ordinário,
sem necessidade de mudança da
lei suprema.
É de se louvar a redução da
contribuição previdenciária sobre
a folha de salários, se não implicar
aumento de outras imposições.
No ICMS, haverá Estados
ganhadores e Estados perdedo-
res, ou seja, os que enviam mais
mercadorias para outras unidades
da federação do que recebem. O
programa do Governo, de que
um Fundo de Estabilização – sem
perfil definido –, compensará tais
unidades é compromisso em que
poucos acreditam, pois a tradição das autoridades federais, em
matéria tributária, é não cumprir suas promessas, que comprometem apenas as pessoas que
as recebem.
Admitindo, todavia, que os
Estados ganhadores não vão abrir
mão das receitas acrescidas – são a
Ives Gandra da Silva Martins é professor Emérito da Universidade Mackenzie, em cuja Faculdade de Direito foi
Titular de Direito Econômico e de Direito Constitucional e Presidente do Centro de Extensão Universitária
28
Outubro / Novembro 2008
maioria do Congresso, o que é necessário para aprovar a emenda à lei
suprema –, os Estados perdedores
precisarão recuperar as suas. Se tais
recursos não vierem de aumentos
internos, terão que vir, em valores
consideráveis, da União, a qual deverá também partilhar com os Estados o IVA, imposto que resultará da integração da COFINS e do
PIS, que hoje não são partilhados.
O mais grave, todavia, é que
toda a regulamentação do ICMS
- à luz de uma lei complementar,
possivelmente, mais abrangente
que a LC 87 – será elaborada pelo
CONFAZ. Em outras palavras, os
Estados “Importadores líquidos”,
que são a maioria, imporão aos
“Estados exportadores líquidos”,
a minoria, um regulamento que
terá que ser seguido pelos segundos. Inclusive a definição das
alíquotas será de competência do
CONFAZ, cabendo ao Senado
aceitá-las ou rejeitá-las, mas não
modificá-las, assim como a forma
de fiscalização. Nada impedirá
que autorizem que os fiscais dos
Estados importadores líquidos
fiscalizem os Estados exportadores líquidos, criando, pois, um
“inferno austral” para todas as
empresas que trabalhem com outros Estados.
Para um órgão que, por seu
notório fracasso, gerou a guerra
fiscal, parece-me que é dar-lhe
força excessiva, violando, tal delegação de competência legislativa,
o princípio da legalidade (cláusula
pétrea). O próprio regime de des-
Outubro / Novembro 2008
No ICMS, haverá Estados
ganhadores e Estados
perdedores, ou seja,
os que enviam mais
mercadorias para outras
unidades da federação
do que recebem.
tino já não é tão de destino, pois,
parte do tributo, correspondente a
uma alíquota de 2%, será cobrado
na origem.
Quanto ao obsoleto imposto
sobre grandes fortunas, se for introduzido, não mais sairá do sistema, pois será partilhado entre
5.500 entidades federativas.
Será – como ocorreu nos países
que o adotaram e abandonaram -,
um fantástico desestímulo à poupança e investimentos, podendo
gerar fuga de capitais. E nem se fale
que será um meio de distribuição
de riquezas, pois, no Brasil, o custo
da carga tributária beneficia mais os
detentores do poder do que o povo,
lembrando-se que o “Bolsa família”, que atende a 11 milhões de
brasileiros, é suportado por menos
de 1,5% do orçamento federal.
Qualquer avaliação, todavia, do
projeto, só será possível com a apresentação dos textos de leis ordinárias
e complementares a ser elaborados
e do funcionamento dos Fundos
Compensatórios para recompor as
perdas dos Estados lesados pela alteração do regime do ICMS.
De qualquer forma, alguns pontos já preocupam decididamente.
O primeiro deles é que embora
o IVA (imposto) resulte da junção
de quatro contribuições, o artigo
149 da Constituição Federal continua inatingível, com o que nada
impediria que, com base neste artigo – e não no artigo 195- criem-se
novas contribuições semelhantes
ao COFINS ou PIS, com regime
jurídico próprio, objetivando exclusivamente a arrecadação.
Mais do que isto, os dois fundos (Desenvolvimento Regional
e de Equalização) não têm perfil
definido e poderão resultar numa
frustração semelhante àquela da
promessa não cumprida do governo federal de compensar os Estados perdedores com a Lei Complementar n. 87/96, pela imunidade de exportação dos produtos
semi-elaborados.
Por fim, a não definição de um
perfil consolidado da “não-cumulatividade”, que poderá agora ser
alterada por lei infraconstitucional é mais um elemento de preocupação, tendo a maior parte
dos tributaristas a impressão de
que o Planalto objetivou criar
exclusivamente um imposto a
favor da União sobre bens e serviços, restando aberta a porta
para qualquer outra contribuição
que pretenda criar. Como está, o
projeto, abre uma verdadeira avenida para considerável aumento
do nível impositivo, que implicará, por decorrência, aumento da
carga tributária.
29
stock.xchng
TENDÊNCIAS
Por celular...
“Estou
sempre
disponível”
“Estou no celular”. Apesar de gramaticalmente errada (a menos que sua casa e/ou carro tenham o formato de um
celular), esta frase aponta para um dos hábitos mais comuns do mundo corporativo: estar sempre disponível. Estabelecer
um limite entre vida pessoal e vida profissional, muitas vezes, é difícil para a maioria dos profissionais que utilizam a
tecnologia, fora do trabalho, para se manterem conectados com seus compromissos. Mas até onde é saudável este nível
de comprometimento e responsabilidade? Até que ponto a onda dos BlackBerrys deve envolver sua vida?
30
Outubro / Novembro 2008
C
om o auxílio da tecnologia,
executivos e funcionários
de diversas empresas, em
todo o planeta, mudaram
seus hábitos e suas relações
com o trabalho. Os aparatos tecnológicos portáteis fazem com
que esses profissionais se mantenham
“conectados” com o trabalho durante
24h ininterruptas. Muitas vezes, este alto
grau de comprometimento e responsabilidade com as atividades profissionais
acaba afetando diretamente nos relacionamentos pessoais.
Uma pesquisa sobre os hábitos de
trabalho realizada, recentemente, na Espanha, com 1,5 mil executivos pela rede
hoteleira Crowne Plaza Hotels & Resorts
revela que os profissionais de médio e alto
escalão trabalham cada vez mais horas
além da sua jornada regular, previsto no
contrato de trabalho. Três quartos dos
pesquisados completam mais de três horas
extras todos os dias e ao menos 5% deles
afirmaram estar quase dobrando a sua carga horária regular, trabalhando sete horas
a mais sem a devida remuneração.
A investigação sobre os hábitos de
trabalho abrange executivos de diversos
segmentos, dos quais apenas 20% afirmam desligar-se completamente quando
deixam o escritório. Para os 80% restantes, é impossível não verificar o correio
eletrônico fora das horas de trabalho.
Além disso, um em cada três garante estar
disponível para a empresa 24 horas por
dia, durante os sete dias da semana. Os
resultados do levantamento também refletem o impacto das tecnologias modernas.
Entre os pesquisados, 62% levam para a
cama o celular ou o BlackBerry para receber uma eventual chamada importante
ou uma mensagem durante a noite.
Para José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli, consultoria
especializada em aconselhamento de
carreira para executivos, as empresas globalizadas são as principais responsáveis
para a criação deste perfil. Segundo ele,
o contato com a matriz em outro país ou
com algum outro funcionário que esteja
trabalhando em assuntos urgentes fora
Outubro / Novembro 2008
de sua base, faz com que os profissionais
locais tenham que estar conectados no
horário de trabalho de outras localidades.
“O fuso-horário é um dos principais
culpados pelo executivo ficar on-line
24h”, explica.
“A tecnologia surgiu com o objetivo
garantir maior qualidade de vida e dar
mais tempo para as pessoas, mas ao contrário do que se imaginava, tem feito com
possuem uma condição de trabalho mais
“saudável”.
Para Tiago Galli, gerente de produtos
e serviços da Nextel, a utilização da tecnologia a favor da produtividade é uma premissa básica para as pessoas que passam
boa parte de seu tempo longe do escritório. Segundo ele, a disciplina do usuário
é fundamental para que ele não se torne
escravo da tecnologia. “O usuário deve ser
José Augusto Minarelli, Tiago Galli e Gláucia Santos.
que as pessoas fiquem sempre acessíveis”,
argumenta Minarelli. A conseqüência,
segundo ele, é a falta de tempo livre em
período integral já que o executivo está
sujeito a ter seu período de descanso
quebrado por qualquer forma de comunicação com o emprego. “Não posso negar
que é uma grande facilidade para resolver
assuntos urgentes, mas a pessoa deixa de
ter privacidade”, alerta.
De acordo com o que foi apurado pela Lens & Minareli, 44%
das pessoas atendidas pela
consultoria, que perderam
o emprego, se sentem aliviadas com a demissão.
“Este é um resultado
que demonstra o aumento da cobrança
por resultados”,
explica Minarelli.
Segundo ele, no
momento da recolocação, “alguns
executivos mudam
de posição e preferem ser recolocados em empresas
de porte menor, que
disciplinado. Deve dominar a tecnologia
e não o contrário”, argumenta.
Saber dividir a pessoa física da pessoa
jurídica é uma das principais dificuldades encontradas pelos usuários. Desligar
o aparelho celular corporativo nos finais de semana, por exemplo, pode ser
31
TENDÊNCIAS
uma alternativa para ampliar a qualidade
de vida pessoal. “A tentação de checar o
e-mail é muito maior quando o aparelho
está ligado”, conta Galli. O gerente da
Nextel aconselha aos usuários deste tipo
de tecnologia a utilizarem o aparelho apenas em tempo ocioso durante o horário
de trabalho. “Ao pegar um táxi, voltando
de uma viagem, por exemplo, é o momento ideal para checar e-mails e mandar
mensagens. Mesmo longe do escritório, a
pessoa consegue ganhar tempo resolvendo
pendências à distância”, diz.
Este é o mesmo conselho dado por
José Augusto Minarelli. Segundo ele, os
profissionais, quando fora do horário de
trabalho, devem desligar o aparelho, e
deixar uma mensagem explicando que
em breve retornará. “Esta é uma forma de
disciplina. Assim o executivo conseguirá
ter mais tempo para ele, para sua família
e seu círculo de amizades”, explica.
A psicóloga e consultora de RH do
Grupo Catho, Gláucia Santos, afirma
que este nível de comprometimento
com o trabalho pode ser benéfico para
a imagem do profissional, que acaba
servindo de exemplo para seus subordinados dentro da empresa. Mas, segundo
ela, paga-se um preço alto pelo excesso
de dedicação. “Chega uma hora que a
pessoa não consegue mais saber quando
está trabalhando ou não. Acaba trazendo
para a vida pessoal problemas de trabalho
e vice-versa”, explica.
Para ela, a família do executivo é uma
das partes mais afetadas com o excesso de
trabalho, o que pode criar certo desapego
em suas relações. “As pessoas aprendem
a não contar mais com ele. Perde-se o
vínculo familiar”, analisa.
O comportamento workaholic, como
é chamado no mundo empresarial, além
dos problemas causados nas relações interpessoais, pode causar diversas doenças,
provenientes do estresse. Para se ter uma
idéia, até agosto de 2008, de acordo com
levantamento feito pelo Ministério da
Previdência Social, 21.809 trabalhadores
brasileiros, beneficiários de auxílio-doença, foram afastados de seus cargos com
enfermidades geradas pelo estresse.
32
“Chega uma hora que a pessoa não consegue mais saber quando
está trabalhando ou não. Acaba trazendo para a vida pessoal
problemas de trabalho e vice-versa”
Outubro / Novembro 2008
RINO
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Visão econômica
Por Germano Rigotto
A crise, suas circunstâncias
e as saídas
Apesar do cidadão comum ainda não ter sentido seus efeitos, a crise econômica internacional, gerada nos
Estados Unidos, não está mostrando sinais de cansaço e, em breve, deve repercutir no cotidiano da sociedade.
Este artigo mostra que para enfrentar a crise é preciso passar não só pela reforma do sistema tributário
nacional, mas também pela redução da taxa de juros. Estes são alguns dos desafios da equipe do Governo Lula.
N
ão nos enganemos.
Apesar do otimismo
do presidente Lula e da
responsabilidade com
que a macroeconomia
brasileira tem sido gerida nos últimos
anos, o Brasil está sofrendo as conseqüências da crise econômica originada
nos Estados Unidos. A propósito: no
ambiente globalizado em que vivemos, não há mais qualquer ilha de
isolamento. Não houve no período de
bonança, também não haveria agora
no momento de dificuldade.
Alguns dos efeitos ainda não estão
totalmente deflagrados, mas os balanços de muitas empresas, em breve, vão
revelar o verdadeiro tamanho do estrago. E não me refiro a investidores que
aplicaram dinheiro em derivativos,
pois esses apostaram sabendo do risco que corriam. Minha maior preocupação é com as muitas empresas que,
por exemplo, têm financiamentos em
dólares ou que dependem de insumos
do exterior.
Era razoável que ocorresse uma
variação no câmbio, mas ninguém
poderia imaginar que o salto fosse
tão grande, a ponto de colocar em
dificuldade quem possui negócios firmados em dólar. O governo precisa
estar atento a esse quadro, de modo
a não permitir uma quebradeira em
escala e a preservar o papel dessas or-
ganizações. Afinal, elas não podem ser
confundidas com especuladores mal
sucedidos. Não! São empresas importantes no contexto do País e que, até
pelos empregos que geram, precisam
ser preservadas.
É verdade, por outro lado, que o
Brasil se preparou para enfrentar essa
situação por meio da diversificação
dos seus parceiros comerciais e do
fortalecimento do mercado nacional.
Mas não se pode falhar agora. É preciso máxima atenção a cada movimento
da economia mundial, apoio aos setores afetados e esforço para a abertura
de novos mercados, tudo sem perder
o olho na inflação. Avizinha-se, provavelmente, o maior desafio da equipe
econômica do presidente Lula.
O governo tem tomado medidas
importantes, tal como a utilização das
reservas cambiais para evitar a exagerada flutuação do câmbio. Porém, é preciso ter um olho voltado para a crueza
da realidade econômica e social. Os
bancos, por exemplo, estão represando o crédito de maneira exagerada e,
apesar de compreensível, uma retração excessiva do sistema financeiro vai
agravar os efeitos da crise no país. A
dificuldade de crédito que, de resto,
fica evidente no mercado deve ter uma
intervenção urgente do governo.
É fato que o cidadão comum, em
sua maioria, ainda não sentiu os efei-
tos desse quadro. Ou seja, a economia
real ainda não mostra sinais de fadiga.
Entretanto, não é pessimismo projetar
que a crise internacional veio para atacar com força também o Brasil, o que
em breve vai repercutir no cotidiano
da sociedade e, claro, na arrecadação
de tributos do governo. O desaquecimento mundial dos mercados, a
retenção de investimentos e a falta de
liquidez são características da nova
conjuntura mundial que acabarão incidindo diretamente em nosso País.
Diante disso, seria um bom momento para o governo propor uma
redução responsável do tamanho do
Estado, que cresceu exageradamente
nesses últimos anos. Trata-se de uma
lição que ainda falta fazer. Estudos da
Secretaria do Tesouro Nacional mostram que os gastos da União avançaram 38% nos quatro anos passados, já
Germano Rigotto é ex-governador do Rio Grande do Sul e coordenador da Reforma Tributária no Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social (www.germanorigotto.com.br)
34
Outubro / Novembro 2008
descontada a inflação. Logo, há uma
boa margem para a diminuição do
custeio e para a redução dos gastos
públicos, mas essa tem sido uma preocupação menor do governo. A gestão política parece desconhecer que o
tempo da bonança, em que a economia
mundial navegava em céu de brigadeiro, acabou. Precisamos agir antes que as
marés fiquem ainda mais revoltas.
Um dos principais antídotos para
o enfrentamento desta e de qualquer
crise financeira é a constituição de um
novo sistema tributário nacional, que
precisa ser modernizado, racionalizado
e simplificado. Diferente do que estão
defendendo alguns governadores, o
recrudescimento da crise não é motivo
para engavetar a reforma tributária. Ao
contrário: a atual situação deveria servir
para agilizar o processo de tramitação
no Congresso Nacional, o que, infelizmente, não vem ocorrendo. A chance
de que o projeto seja votado ainda este
ano é praticamente zero.
Ora, o grande objetivo da reforma tributária é tornar o País mais
competitivo. Enquanto mercados se
fecham e diminuem de tamanho, isso
era tudo o que precisávamos. Só que,
além da falta de vontade política para
sua aprovação, o relatório final não foi
bem costurado. É o caso dos Fundos
de Desenvolvimento Regional e de
Equalização, que não foram formatados em parceria com os Estados. Ou
seja: era um processo que já estava lento e que deve parar ainda mais a partir
de agora. Só que, paradoxalmente, os
efeitos da crise deveriam ter acelerado
o andamento da reforma tributária.
Outra medida importante a ser
adotada, neste contexto, é a redução
da taxa de juros. Menos mal que o
governo não a tenha aumentado na
última reunião do Copom, mas ao
manter a taxa SELIC em seus atuais
Outubro / Novembro 2008
Considerando que as
políticas monetária
e fiscal devem ser
adaptadas à situação
extraordinária
decorrente da crise
financeira e que a
ação do Estado deve
ser imediata para não
perder efetividade
diante das proporções do
problema, apresentamos
quatro recomendações
básicas ao governo:
estabilização do câmbio,
direcionamento do
crédito, redução de
juros e manutenção dos
investimentos públicos.
índices, o Brasil está na contramão das
medidas que o mundo inteiro tomou.
Basta ver que os motivos para os aumentos anteriores, como a economia
aquecida e um possível comprometimento das metas inflacionárias, hoje
não mais existem. O ambiente atual
é contrário: não há explosão de consumo, falta liquidez no mercado, a
economia está desaquecida e não há
risco de inflação. Mas quando deveríamos reduzir de maneira criteriosa
a taxa de juros, imperou novamente
um conservadorismo prejudicial à
vida econômica da nação.
Todas essas medidas e ponderações já foram – e vão ser novamente
– reforçadas junto ao governo federal, através do Conselho de Desen-
volvimento Econômico e Social, do
qual faço parte como um de seus coordenadores. No último encontro,
destacamos que a crise não pode ser
subestimada, pois a recessão já atinge
os EUA e a Europa, sendo certa a contração da demanda mundial. Como a
globalização cria vasos comunicantes
entre as economias nacionais, é inevitável que as conseqüências danosas
da atual conjuntura cheguem também
ao Brasil.
Salientamos, ainda, que o impacto
da crise no país já se faz presente pela
rápida desvalorização do real e pelo represamento da liquidez e do crédito.
Considerando que as políticas monetária e fiscal devem ser adaptadas à
situação extraordinária decorrente da
crise financeira e que a ação do Estado deve ser imediata para não perder
efetividade diante das proporções do
problema, apresentamos quatro recomendações básicas ao governo: estabilização do câmbio, direcionamento do
crédito, redução de juros e manutenção dos investimentos públicos. Além
desses pontos, claro, reiteramos a importância da reforma tributária.
Não é hora de errar, nem por conservadorismo, tampouco por irresponsabilidade. Nem por falso otimismo,
tampouco por falso pessimismo. A
história mostra que, nestes momentos, é preciso senso de realidade, coragem e espírito público. O governo
já demonstra mais realismo em relação
ao alcance da crise financeira internacional, tanto que adotou medidas
importantes. Mas ainda há um leque
de iniciativas políticas e econômicas
que precisam ser colocadas em prática
o quanto antes. A preocupação agora
não se resume à frieza de números e
metas. Estamos falando diretamente
do equilíbrio econômico e social de
toda nação.
35
gestão ambiental
Por Frederico Marinho
A Etiqueta Veicular e a
eficiência energética a serviço
do consumidor cidadão.
A partir de abril de 2009, os veículos comercializados no Brasil poderão exibir a Etiqueta Nacional de
Consevação de Energia. Assim, o consumidor poderá escolher o modelo que atenderá melhor a sua
necessidade quanto à economia de combustível.
F
oi com muita honra
que recebi o convite do
Sérgio Reze para ocupar uma página bimestral desta prestigiosa
revista. Nela pretendo
apresentar temas relacionados à eficiência energética veicular e à questão da mobilidade urbana, em todas
as suas dimensões, apresentados no
XVIII Congresso da Fenabrave em
Curitiba, em agosto.
Neste artigo vamos falar da Etiqueta Nacional de Conservação de
Energia para automóveis, lançada
no dia 07 de novembro de 2008,
durante o XXV Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo. Com ele pretendo informar à
força de venda da imensa rede da
Fenabrave sobre os detalhes técnicos da Etiqueta Veicular para que
ela possa explicar aos consumidores
de automóveis, com segurança, as
informações nela contidas.
A etiqueta veicular não é novidade para a indústria automobilística. Ela está presente nos automóveis
vendidos nos Estados Unidos desde
1975; no Canadá, desde 1976; na
Austrália, desde 1983; na União
Européia e Japão, 1998 e, desde de
2005 na China e em Cingapura.
Nos EUA, China e Japão ela é com-
pulsória. Nos demais países, Brasil
inclusive, ela é voluntária.
A etiqueta veicular que será exibida nos automóveis comercializados
no Brasil, a partir de abril de 2009,
tem a aparência mostrada na figura ao
lado. Ela informa ao consumidor que
o automóvel que ele esta comprando
tem seu consumo de combustível,
no ciclo urbano e no ciclo estrada
exibidos de forma bastante clara em
km/litro. Seja o automóvel a movido
à gasolina ou a álcool. Além disso,
cinco barras coloridas, identificadas
pelas letras A, B, C, D, E, informam
como o veículo, em sua categoria,
está classificado em termos de eficiência energética.
Espero que a Etiqueta, com todos os seus elementos identificados
e explicados, se constitua em um
poderoso instrumento para a decisão
de compra do consumidor. Ele perceberá que o veículo mais eficiente
polui menos e representa economia
no seu bolso.
É importante destacar que O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular – PBE Veicular, não teria êxito
sem a fundamental contribuição da
ANFAVEA e da ABEIVA em estreita
colaboração com os órgãos do Governo Brasileiro que assinam a Etiqueta
– o CONPET e o INMETRO.
Frederico Marinho é gerente de suporte do CONPET (Programa Nacional de Recionalização do Uso dos Derivados de Petróleo).
36
Outubro / Novembro 2008
PRODUTOS E LANÇAMENTOS
Salão Internacional do Automóvel
apresenta 450 modelos
O 25o Salão Internacional do
Automóvel de São Paulo 2008
reuniu, de 30 de outubro a 9 de
novembro, 170 expositores de cerca
de 40 marcas, que apresentaram
aproximadamente 450 veículos,
em uma área de 85 mil m²,
no Pavilhão de Exposições do
Anhembi, em São Paulo/SP. Esta
edição do evento teve um sabor
especial. “A partir desse ano, o Salão
do Automóvel começou a fazer
parte do calendário de eventos
Motorshow da OICA (Organização
Internacional de Fabricantes
de Veículos Automotores), que
reúne as associações nacionais
dos fabricantes de veículos”,
afirmou Evaristo Nascimento,
diretor de feiras da Reed
Exhibitions Alcântara Machado,
organizadora e promotora do
evento, demonstrando, assim,
a importância do Salão do
Automóvel brasileiro para o setor
automobilístico mundial. As
montadoras apresentaram veículos
para todos os gostos, desde os
pequenos, compactos, até os
maiores e mais velozes, como
os superesportivos.
C4 Hatch
Chevrolet Volt
Chevrolet
A Chevrolet apresentou sua linha de veículos completa, desde o Celta, passando
pelo Classic, Prisma, Corsa, Astra, Vectra GT
e Omega, além dos monovolumes Meriva e
Zafira, picapes Montana e S10 e os utilitáriosesportivos Tracker, Blazer e o recém-lançado
Captiva Sport. Os visitantes também puderam conferir a versão definitiva do automóvel
elétrico Volt – que faz até 64 km sem usar
uma gota de gasolina e sem emitir gases -, o
sedã Malibu, e os carros-conceito Camaro e
GPIX, um crossover cupê conceito totalmente
desenvolvido no Brasil. O Volt começará a ser
produzido em 2010 e será comercializado
primeiramente nos EUA, China e Europa. O
utilitário-esportivo Captiva, possui motor V6
de 3.6 litros, que desenvolve potência de 261
cv e 32,95 kgfm de torque.
Chevrolet Captiva
Citroën
O Salão foi palco para a avant-première do C4 Hatch (5
portas) no País. Com lançamento previsto para março
de 2009, o modelo dispõe de limitador de velocidade,
detector de chuva, acendimento automático dos faróis.
Estão previstas versões com motorização 1.6i 16V Flex
e 2.0i 16V Automático. Outro destaque no estande da
montadora foi o novo Citroën 1.6i 16V Automatique. O
modelo, que oferece versões GLX e Exclusive, é equipado
com caixa de câmbio automática seqüencial auto-active
AL4, a mesma usada no C4 Pallas. Segundo Jean Louis
Orphelin, presidente da Citroën, a montadora está otimista
com o market share conquistado pela marca, 2,6%.
38
Outubro / Novembro 2008
Fiat
A Fiat apresentou o recém-lançado Linea, que reconduziu a
montadora ao segmento de sedãs médios. O novo modelo é
equipado com motor 1.9 16V Flex e T-Jet, que concilia tamanho,
economia e alto desempenho. Chega ao mercado em quatro
versões, dois tipos de câmbio e três níveis de acabamento. O
carro-conceito FCC II foi outro destaque da marca. Desenvolvido
totalmente pela engenharia no Brasil, o carro foi norteado pelo
conceito Enviroment & Fun – ecologicamente correto e prazeroso de dirigir. O veículo off-road utiliza motor elétrico, alimentado
por 93 baterias de íon lítio, que podem ser recarregados em
qualquer tomada 220V. Para a construção de sua carroceria,
carro-conceito utiliza-se de fibras naturais de fontes renováveis.
Peças como reparos, discos de freio, molas e montantes de
suspensão receberam revestimentos organometálicos isentos
de materiais pesados.
Fiat Linea
Ford
As principais novidades foram o EcoSport 2.0 Flex e
o crossover Edge, o mais luxuoso Ford do mercado,
além do conceito internacional Verve. Com a nova
motorização Flex 2.0L, de 141 cv a gasolina e 145 cv
com álcool, a linha EcoSport é representada pelas
versões Automático, 4WD, FreeStyle e o conceito
Limited, além do modelo 1.6 Flex XLT. Já o crossover Edge foi apresentado em três modelos, sendo
uma versão personalizada – o Edge Sport, com um
conjunto de acessórios que inclui aerofólio, spoilers
e câmera de visão traseira. O conceito Verve serve
como base de inspiração de design da marca. Na
área de veículos especiais, o destaque ficou por
conta do Mustang Shelby GT500 King of the Road.
Completam a exposição a família Fiesta, o novo
Focus Hatch e Sedã, o Fusion, a Ranger e a F-250
em diferentes versões. Marcos Oliveira, presidente
da Ford, prometeu lançar, entre 2009 e 2013, 23
ações de produtos, seja em reestilizações ou em
novos modelos. Sobre o futuro, os representantes
da montadora demonstraram otimismo. “A indústria
automotiva brasileira enfrentará desafios neste ano
e em 2009, mas olhamos estas dificuldades como
oportunidade para desenvolvermos ainda mais os
nossos negócios”, comentou David Schoch, vicepresidente da montadora.
Ford Verve
Honda
Honda Fit
Outubro / Novembro 2008
A Honda aproveitou o Salão do Automóvel para lançar a segunda geração
do monovolume Fit. Equipado com a
nova geração de motores i-VTEC Flex
16V – 1.4 litros de 101 cv e 1.5 litros
de 116 cv, o New Fit conta com novos
bancos, duplo airbag frontal, computador de bordo multifunções no painel
Black-out, transmissão automática de
5 velocidades com Shift Hold Control
e CD Player com MP3. Há versões do
mercado LX e LXL (1.4 litros) e EX (1.5
litros) e a novidade EXL. As versões
EX e EXL vêm com ar-condicionado
digital, conexão do tipo P2 e entrada
USB, freios a disco com ABS e EBD nas
quatro rodas. Já a EXL conta, também,
com bancos de couro.
39
Peugeot
Em uma área de 1.750 m², a Peugeot lançou oficialmente o sedã
compacto 207 Passion. Uma das fortes características do 207
Passion é o amplo porta-malas de 420 litros, que, por ser mais
baixo, também proporciona maior comodidade para carregar
e descarregar o compartimento. Seis ganchos de retenção permitem utilizações variadas da rede do porta-malas, que pode
ser utilizada plana, como divisória ou suspensa, possibilitando
a amarração de objetos volumosos ou frágeis. Sua grande área
envidraçada, com quase 3 m², proporciona maior luminosidade
a bordo do veículo. A montadora apresentou outros destaques,
entre eles, o 207 Escapade, o 207 CC e o 908 HDi FAP, a família
307 e o novo 407.
Peugeot 207 Passion
Fiat Sandero Stepway
Renault
Uma das principais atrações da Renault foi o Sandero Stepway, quinto de uma série de seis novos modelos do plano
“Renault Mercosul Contrato 2009 – Compromisso Brasil”. Disponível numa única versão de acabamento e de motorização
(1.6 16V Hi-Flex), o veículo chega ao mercado com ampla
oferta de acessórios e itens de série. O modelo sai de fábrica
com direção hidráulica, computador de bordo, imobilizador
de acionamento do motor, estribos laterais e molduras nos
pára-lamas, barras de teto, faróis com máscara negra, rodas de
liga leve aro 16 e faróis de neblina. A montadora inovou também ao conseguir refletir a personalidade do comprador no
Stepway. Ao comprar o veículo, o consumidor pode escolher
um dos seis diferentes adesivos e fixá-lo na coluna traseira,
do lado esquerdo da carroceria. Também foi apresentado o
Sand’up Concept, primeiro carro-conceito totalmente desenvolvido pela Renault no Brasil. Baseado no Sandero Stepway,
o modelo conta com teto rígido e é capaz de se transformar
em conversível ou picape.
Volkswagen
O Novo Voyage foi um dos principais destaques do estande da
Volkswagen. O sedã tem como principal atrativo o amplo espaço
para a bagagem, um dos mais flexíveis da categoria. É possível
ter acesso a ele a partir do habitáculo e ampliar o seu espaço com
o rebatimento do banco traseiro em todas as versões – o banco
bipartido é opcional em todas as versões. O modelo pode ser
encontrado com motorização 1.6 VHT (Volkswagen High Torque)
e 1.0 VHT. O motor VHT 1.0 é o de maior torque da categoria: 10,6
kgfm com álcool e 9,7 kgfm com gasolina, a 3.580 rpm.
Na linha de importados, os visitantes puderam conferir o Passat
CC, luxuoso cupê de quatro portas equipado com motor V6
de 300 cv de potência e o utilitário-esportivo Tiguan. Ambos
modelos devem chegar no primeiro trimestre do ano que vem
no mercado brasileiro. A linha de novidades no segmento de
importados se completa com o conversível Eos.
A montadora também apresentou o conceito BlueMotion, que
foca a consciência ambiental e tem como o principal objetivo
a redução do consumo de combustível e de emissões de CO2.
Na Europa, este conceito já é empregado em modelos movidos
a diesel. Esse programa no Brasil tem como ponto de partida
os modelos Pólo, Fox e Novo Gol com motor VHT 1.6 Total Flex,
que devem ser lançados em 2009. Thomas Schmall, presidente
da Volkswagen, também demonstrou otimismo com o mercado brasileiro. “Vamos manter futuros investimentos e nossas
metas”, comentou. Só para 2009 devem ser apresentadas mais
16 novidades da marca.
40
VW Voyage
VW Passat CC
Outubro / Novembro 2008
Salão da Motocicleta
reúne novidades
O primeiro Salão da Motocicleta apresentou, de 21 a 26
de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo/SP, as
últimas novidades de mais de 250 empresas do mercado
de duas rodas. Organizado pelo bicampeão de Fórmula 1,
Emerson Fittipaldi, a Megacycle e a Anfamoto (Associação
Nacional dos Fabricantes e Atacadistas de Motopeças),
o evento, que consumiu mais de R$ 10 milhões em
investimentos, tem um sabor especial para Fittipaldi. “É
um bom momento para o motociclismo brasileiro”, disse
Fittipaldi, lembrando que começou seus dois primeiros anos
de carreira correndo de motocicleta. “Mas após uma surra de
vassoura dada por minha mãe, tive de abandonar a carreira”,
comentou. Recentemente, realizou o primeiro passeio
para conscientização sobre a segurança no trânsito. Novos
modelos, novas marcas, a primeira moto bicombustível do
mundo e produtos inovadores no segmento de peças e
acessórios foram algumas das atrações do salão.
AME Amazonas
A empresa foi um dos destaques do salão com a primeira motocicleta
bicombustível com motor de 300cc. Foram dois anos de desenvolvimento
para preparar o modelo que incorpora mais de 60 inovações. Além de
permitir escolher entre gasolina, álcool ou ambos, e gerar menos gases do
efeito estufa, promete economia de 25% no bolso do motociclista.
AME Bi-combustível
Kawazaki Ninja ZX 10R
Suzuki B-King
Kawazaki
A Kawazaki, que acaba de se instalar no Brasil por meio da sua divisão
Consumer Products & Machinery, para a importação, produção e comercialização, de motocicletas, quadriciclos e jetskis, apresentou seus modelos
Ninja ZX-6R e Ninja ZX-10R.
Suzuki
Buell 1125 CR
Uma das grandes estrelas no estande da Suzuki foi a Suzuki B-King, que
chegou ao Brasil no início do ano, com motorização de 1340 cm³, quatro
cilindros, 16 válvulas, DOHC e injeção eletrônica de combustível. Outro
destaque foi o modelo 2009 da GSX1300R Hayabusa, considerada a moto
mais veloz do mundo. Equipada com avançado sistema de injeção eletrônica digital, o modelo atinge velocidade de 320 km/h.
Harley-Davidson XR1200
Grupo Izzo – IMOCX
A empresa mostrou 80 produtos das marcas premium Harley-Davidson,
Buell, MV Agusta, Ducati, Triumph, Husqvarna e Malaguti. Entre os destaques da Harley-Davidson esteve a XR 1200. Já a Buell apostou na nova City
Cross colorida, geração naked da veloz 1125. A inglesa Triumph apresentou
a Street Triple, entre outros. Já a Husqvarna apresentou produtos on e offroad, ao lado da sua equipe brasileira de competição, a IMOCX Racing, representada pelos pilotos Nielsen Bueno, Carlo Mônaco e Rômulo Botrel.
Outubro / Novembro 2008
41
ESPAÇO ABERTO
Por Fernando Calmon
A arte do disfarce
Camuflar o novo estilo de um carro para escondê-lo de olhos curiosos
tornou-se uma verdadeira arte e vem evoluindo ao longo do tempo.
A
indústria automobilística vive
e respira, diuturnamente, a
criação de novos modelos. E
isso tem grande importância
para dois grupos de interessados: os competidores e a imprensa. Os
primeiros porque precisam reagir o mais
rápido possível às inovações que estão sendo constantemente introduzidas. Para os
jornalistas é um tema bastante sensível por
atrair leitores e telespectadores. O aspecto
exterior do carro já diz muita coisa sobre o
futuro lançamento e se sobrepõe às características técnicas em termos de curiosidade.
Assim, camuflar o novo estilo de um carro
para escondê-lo de olhos curiosos tornouse uma verdadeira arte e vem evoluindo ao
longo do tempo.
Os modernos programas de computadores são ferramentas capazes de desenvolver ou simular várias etapas do processo de
criação de um produto. Equipamentos, estilistas e engenheiros ficam bem protegidos
em setores de alta segurança nas fábricas ou
centros de projetos. Mas é inevitável que
os resultados necessitem de validação e aí
não há outra solução: protótipos precisam
ser liberados para o seu habitat – ruas
e estradas.
As fábricas passam, então, a uma pesada operação de disfarçar os protótipos. As
primeiras saídas para testes exigem camuflagens grotescas e deformam completamente
a aparência. Criam-se moldes para produzir
estruturas de plástico fixadas à carroceria
por meio de cintas ou tiras de velcro porque as frotas de protótipos podem passar
de 200 unidades. Materiais específicos,
recheados de espuma, ajudam a esconder o
contorno do veículo e as linhas das janelas.
Em muitos casos torna-se essencial não dar
nenhuma pista do tipo de carroceria.
Faróis e lanternas exigem mais atenção
porque as autoridades de trânsito não
permitem que protótipos circulem sem a
sinalização de segurança devida. O disfarce
Assim como o Vauxhall New Insignia,
diversos veículos do mercado brasileiro
são disfarçados durante
seu desenvolvimento.
deve atender as normas e ao mesmo tempo
esconder qualquer pormenor que permita
identificação. O jeito é fabricar artesanalmente luzes e faróis falsos, mal-acabados
e distanciados da realidade. Quanto mais
feio, melhor.
Vale-tudo – Um dos truques utilizados no
exterior era o uso de emblemas modificados
de marcas concorrentes. Dessa forma, enganava-se o fotógrafo-espião. Uma rede de
informantes, no entanto, começou a filtrar
os trajetos utilizados e monitorar entrada
e saída de instalações conhecidas. Hoje,
ninguém se surpreende com essa manha.
Os fabricantes tentam reinventar rotas
e mudar trajetos, porém muitas vezes,
há limitações técnicas em razão da repetibilidade de certos testes. Até chegar o
momento, mais próximo do lançamento,
em que os disfarces pesados prejudicam a
aerodinâmica e os testes acústicos, como
detecção de ruídos de vento e grilos em
geral. A carroceria precisa ficar limpa
de penduricalhos.
Durante anos elas eram disfarçadas por
quadriculados em preto e branco, como
num tabuleiro de xadrez. Mas isso ainda
dava boas dicas para o profissional especializado em apagar marcas com a ajuda
de programa de tratamento de imagens.
Agora se empregam técnicas bem apuradas.
As subsidiárias da GM na Europa, Opel e
Vauxhall, desenvolveram desenhos superficiais elaborados para confundir lentes das
câmeras e até olhos humanos. O material
do disfarce, brevemente, terá efeito de
cintilamento, prejudicando a qualidade
das fotos.
No final é um longo jogo de gato-erato, embora, no fundo, as fábricas saibam
que criar expectativas faz parte da estratégia de chamar a atenção de compradores
potenciais para um novo projeto. Mesmo
que, em público, não admitam.
Fernando Calmon é jornalista especializado no setor automotivo, autor da coluna Alta Roda, veiculada em
diversos meios de comunicação do País, e articulista da Revista Dealer, entre outras publicações do setor.
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Outubro / Novembro 2008

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