Placa Modificada Para Tratamento dé Hipotonia Oro

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Placa Modificada Para Tratamento dé Hipotonia Oro
Placa Modificada Para Tratamento dé
Hipotonia Oro-Muscular em Crianças Com
Idade Compreendida Entre os 2 Meses e os 2
Anos
CASIMIRO DE ANDRADE
PURIFICAÇÃO TAVARES
PINA REBELO
MIGUEL PALHA
MANUELA TAVARES
ABSTRACT
In this article, we present a modification of a plate, initially proposed by Castillo Morales, when used by
children aged between two months and two years old.
Used as a complement of a corporal-oro-facial stimulation, the palatine plate is specially designed for patients
with a functional diagnosis of oro-muscular hypotony, with lingual protrusion, labial hipotony and a permanence
of open mouth. These signs make part of the clinical chart of syndromes as those of Down, Moebius, PierreRobin or Beckwith-Wiedmann and of cerebral palsy as well.
Those children selected for this treatment are still under observation. However, the results obtained until now
are promising.
The advantages of the use of the modified palatine plate, as well as the indications for its usage, are here
described.
KEYWORDS
Down syndrome, Castillo Morales therapy, maxillary early treatment, hypotony.
SUMÁRIO
Neste artigo é apresentada uma modificação à placa inicialmente proposta por Castillo-Morales, quando
utilizada em crianças entre os 2 meses e os 2 anos. Usada como complemento de uma estimulação corporaoro-facial, a placa palatina é especialmente desenhada para pacientes com diagnóstico funcional de hipotonia
oro-muscular, com protrusão lingual, hipotonia labial, e permanência de boca aberta. Estes sinais inserem-se
no quadro clínico de síndromes como o de Down, o de Moebius, o de Pierre-Robin ou de BeckwithWiedmann e, ainda, de Paralisia Cerebral.
As crianças seleccionadas para este tratamento ainda estão sob observação. Contudo, os resultados
obtidos até à data são promissores. As vantagens do uso da placa palatina modificada, bem como indicações
para o seu uso, são descritas neste artigo.
PALAVRAS CHAVE
Síndrome de Down,, terapia de Castillo Morales, intervenção precoce maxilar, hipotonia.
Casimiro de Andrade- Médico Dentista, Licenciado em Medicina, Assistente de Odontopediatria da FM DUR
PurificaçãoTavares- Médica Geneticista, Professora Agregada de Genética Médica da FMDUP.
Pina Rebelo- Médico Estomatologista, Professor Associado de Odontopediatria da FMDUP.
Miguel Palha- Médico Pediatra, Assistente Hospitalar no IISM.
Manuela Tavares- Professora Convidada de Odontopediatria na FMDUL.
ORTODONTIA 1998
VOLUME III N°2
Placa Modificada Para TVatamento de Hipotonia Oro-Muscular em Crianças Com Idade Compreendida Entre os 2
7
Meses e os 2 Anos
INTRODUÇÃO
A
x j l terapêutica Orofacial de CastilloMorales é eficaz numa percentagem significativa
de crianças que apresentam diagnóstico funcional
de hipotonia oro-muscular, com protrusão lingual
e permanência de boca aberta1234. Estes sintomas
estão inseridos no quadro clínico de sindromes
como o de Down, Moebius, Pierre - Robin ou
Beckwith-Wiedmann e, ainda na Paralisia
Cerebral5.
Como referido por Castillo-Morales6,
Fischer-Brandies7, Avalie8, e Limbrock9, entre
outros, o uso da placa palatina com botão
estimulador está largamente difundido e tem sido
aplicada em diversos casos de hipotonia e maxilar
comprimido.
O método utilizado é de fácil aplicação,
não muito caro, praticamente sem efeitos
secundários e, apresenta uma percentagem de
sucesso que varia entre os 50% e os 80%'°. Além
disso, a terapêutica de Castillo parece dificultar
significativamente o aparecimento de más oclusões,
ventilação bucal, incontinência salivar, alterações
da fonação e deglutição, periodontopatias, etc.11
12 13
De modo a serem obtidos os resultados
esperados, e ainda de acordo com CastilloMorales, a aplicação da placa deve estar integrada
num programa geral de desenvolvimento do
indivíduo. Este programa, deverá consistir na
estimulação do organismo incluindo a redução da
hipotonia e estimulação precoce orofacial e
corporal. Em conjunto, estes factores contribuem
para um correcto desenvolvimento da criança. E
importante referir que o uso da placa palatina não
deve ser visto como a solução para todos os
problemas, mas como um elemento adicional na
terapêutica de estimulação orofacial. Segundo o
autor, o uso da placa contribui para esta
estimulação. Nesta terapêutica também são
importantes os exercícios faciais, os quais não
devem ser esquecidos, pois tal como todos os
outros músculos, também necessitam ser
estimulados.
Segundo Limbrock14, quanto mais cedo
112
ORTODONTIA 1998
for detectado o problema e iniciado o seu
tratamento, melhores os resultados obtidos.
Devido ao carácter educacional e preventivo do
tratamento, é necessária a ajuda da família. Para
um programa como este ser levado a cabo com
êxito, necessita de um tratamento integral e
multidisciplinar, realizado por uma equipa de
profissionais especializados em diferentes áreas.
Dessa equipa devem fazer parte o Pediatra, o
Odontopediatra, o Ortodontista, o
Otorrinolaringologista, Fisioterapeutas e
Terapeutas da fala, entre outros.
O principal objectivo deste artigo é
apresentar uma modificação à placa palatina
inicialmente proposta por Castillo-Morales,
quando usada em crianças com síndrome de
Down em idades compreendidas entre os 2 meses
e os 2 anos. Apresentamos, também, o caso de
uma criança com trissomia 21a quem se aplicou
o aparelho modificado, descrevendo as vantagens
da sua utilização, a reacção ao aparelho, assim
como a aceitação do uso da placa pela criança e
seus pais.
MATERIAL E MÉTODOS
Iniciou-se na Faculdade de Medicina
Dentária da Universidade do Porto uma
investigação que visa observar os resultados da
terapêutica de Castillo-Morales. Para esse efeito
foram observadas 145 crianças com trissomia 21,
com idades compreendidas entre os 2 meses eos
2 anos. Este grupo foi seleccionado de acordo^
com determinadas características, tais como
hipotonia do lábio superior, permanência de boca
aberta e protrusão da língua; e ainda quanto ao
uso ou ausência da placa. Ambos os grupos foram
controlados clinicamente durante 26 meses e por
registos de vídeo15. As devidas recomendações
éticas foram tidas em consideração para a
realização do referido estudo.
Descrição da Placa Palatina
Após a realização de m oldeiras
individualizadas, obtém-se uma moldagem das
arcadas maxilares com um material que tanto pode
ser alginato de presa rápida como silicone. Do
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C. Andrade, P. Tavares, P. Rebelo, M. Palha, M. Tavares
Fig. 1-Placa Palatina cujo desenho é semelhante ao de
uma prótese para desdentados totais, mas que possui
um botão acrílico de estimulação lingual, estrategicamente
colocado na face lingual da placa.
negativo, realiza-se um modelo de gesso sobre o
qual se confecciona uma placa, em máquina de
moldagem por pressão, com um laminado de vinil
ultra fino. O desenho é idêntico ao de uma prótese
para desdentados totais, mas possui um botão
acrílico de estimulação lingual, estrategicamente
colocado na face da placa que fica virada para a
língua (fig. 1). Quando se pretende incentivar os
movimentos, podem ser acrescentadas pequenas
esferas ou zonas extra de estimulação e/ou
realizarem-se pequenos sulcos ou elevações no
bordo anterior, sublabial da placa. Consoante as
características da estimulação, o botão acrílico
lingual pode ser circular ou ovalado, com cerca
de 8 mm de diâmetro. Em certos casos, quando
já existem alguns dentes a retenção da placa é
menor, pelo que esta deverá cobrir todas as faces
dentárias.
Uso da Placa
O tempo recomendado para o uso da
placa tradicional varia de autor para autor.
Inicialmente, o dispositivo é usado durante um
curto período de tempo (i.e., cinco a dez minutos,
duas vezes por dia), e à medida que a criança se
adapta ao aparelho, passa a usá-lo durante mais
tempo, aproximadamente uma hora três vezes por
dia. Nos pacientes que tratamos, e de acordo com
o que é referido pelos pais, o tempo máximo de
uso da placa é de 6 horas por dia. Contudo, muitos
deles não a conseguem usar mais do que 1 a 2
horas por dia.
Quando usa o aparelho, a criança tem de
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estar acordada e deve ser vigiada pelos pais. Eles
são instruídos a prestar atenção às respostas da
criança ao dispositivo, de modo a verificar se as
reacções obtidas são as desejadas. Pretende-se
que o aparelho provoque retracção da língua para
a cavidade oral, movimentos de estimulação dos
lábios e idealmente, fecho da boca. Se a criança
deixa de realizar os movimentos esperados, ou se
a língua não recua, é provável que se tenha
habituado ao aparelho, e nesse caso, os pais
devem diminuir o tempo de utilização.
Motivos Para Interrupção do Tratamento
Há situações nas quais a terapêutica não
deverá ser continuada: 1) quando ocorre o
reposicionamento funcional intra-oral da língua; 2)
na presença de uma reacção inexplicável ao uso
da placa (um aumento da protrusão lingual); 3)
quando existe habituação progressiva ao aparelho
levando à ausência de reacção clínica (o paciente
não realiza movimentos de estimulação, nem recua
a língua); 4) habituação imediata ao aparelho; 5)
melhoria do fecho labial; 6) período de erupção
dentária com inflamação da gengiva; e 7) erupção
de três a cinco dentes impedindo a retenção da
placa.
Modificações da Placa
A nova proposta de aparelho é em tudo
idêntica à denominada placa palatina de CastilloMorales. No entanto, uma pequena modificação
toma-a bastante mais fácil de usar e com muito
maior aceitação, não só pela criança como também
pelos seus responsáveis. A placa palatina
tradicional foi adicionado um prolongamento em
acrílico, e um terminal “chupeta”(fig. 2). O
prolongamento é curvo, de modo a permitir a
passagem entre os lábios, sem interferir com eles
(fig. 3). A inclinação e o comprimento do
prolongamento podem ser modificados conforme
os casos. Este prolongamento acaba num terminal
de “chupeta”, com uma morfologia que não
permita a interferência com o nariz da criança, nem
impeça a ventilação (fig. 4). A colocação de um
aro de borracha nessa extensão, limita o ...
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113
f
Placa Modificada Para TYatamento de Hipotonia Oro-Muscular em Crianças Com Idade Compreendida Entre os 2
Meses e os 2 Anos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fig. 2- Placa palatina tradicional com prolongamento em
acrílico e um terminal “chupeta”.
Fig. 3- O prolongamento é curto para permitir a passagem
entre os lábios sem interferir com eles.
Fig. 4- O prolongam ento acaba num term inal de
“chupeta”, com uma morfologia que não permita a
interferência com o nariz da criança, nem impeça a
ventilação.
movimento do batente da “chupeta”. Se necessário
esse aro de borracha pode ser removido,
permitindo o recuo do batente e criando mais
espaço para o lábio. Um anel permite colocar uma
corrente no aparelho, de modo a que este não
seja perdido se for removido.
114
ORTODONTIA 1998
A revisão da literatura sobre a proposta
de Castillo-Morales ( V - ó,7.8.9,10,1 U2)_ r e f c r e múltiplos ^
benefícios na utilização de uma terapêutica desse
tipo. Refere-se a melhoria das patologias
primárias como sejam a hipotonia, a permanência
da boca aberta e a protrusão da língua, as quais
beneficiarão a estética da criança e a prevenção
das patologias secundárias associadas, incluindo
pseudoprogenia, protrusão e doenças dentárias,
infecções respiratórias frequentes16, e problemas
na fala.
Em conjunto, todos os efeitos desejáveis
produzidos pela facilitada terapêutica,
proporcionarão à criança uma saúde melhor, um
trofismo, um são desenvolvimento geral do corpo g
e uma integração mais fácil na família e na
sociedade.
Até ao momento, desconhece-se a
existência de riscos não controláveis na utilização
destas placas.
E conveniente referir que em 21 anos de |
utilização destes dispositivos não sé conhece
qualquer caso de deglutição ou engasgamento com
a placa. O seu tamanho associado^o reflexo de
vómito, são suficientes para impedir qualqueracidente deste género.
No entanto, na nossa experiência com as
placas tradicionais, verificamos que os pais de
crianças utilizadoras de aparelho demonstravam
alguma preocupação no que respeita a um possível
engasgo, e também no que respeita à sua perda
quando removida pela própria criança. Esta
inquietação leva os responsáveis (e também o
médico) a evitar o uso do aparelho durante a noite
e na rua. Por vezes, justifica-se a ausência de
utilização da placa durante a noite, dizendo que
isso evita que a criança se habitue e deixe de ser
estimulada, o que pode ser uma razão válida para
alguns casos, mas não é certamente a única que
existe.
Verificamos que, principalmente nos
primeiros tempos de utilização, no momento da
colocação e da remoção da placa, a pessoa que
a colocava ficava nervosa, com medo de a deixar
cair e de fazer qualquer gesto menos preciso que
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C. Andrade, P. Tavares, P. Rebelo, M. Palha, M. Tavares
pudesse ferir ou colocar a criança em dificuldades.
Isto é ainda mais verdadeiro quando sabemos que
grande parte dos pais trabalham e deixam os seus
filhos em infantários, onde o controlo de uma
criança em tratamento não é tarefa fácil. Por isso,
“o melhor é nem sequer colocar o aparelho”, o
que logicamente acontecia em muitas destas
instituições, uma vez que ninguém se queria
responsabilizar por colocar uma placa num bebé.
Pareceu-nos por isso fundamental propor
uma modificação à placa inicialmente apresentada
por Castillo-Morales.
Foram desenhados diversos protótipos e
testados ao longo de algumas consultas. No
presente momento parece-nos possuir um
aparelho mais eficaz, capaz de funcionar em
algumas situações e tendo em atenção os critérios
recomendados para a sua utilização (idade,
hipotonia do lábio superior, hábito de permanência
de abertura da boca, protrusão do lábio inferior e
da língua). Não pretendemos neste artigo discutir
o papel da “chupeta”, mas sim demonstrar que
neste caso específico a “chupeta” pode ser de
grande utilidade na correcção funcional, bem como
um factor de desenvolvimento maxilar.
A modificação tem como objectivo tomála socialmente mais aceitável, mais difícil de se
perder, mais fácil de colocar e de remover, e, se
possível, permitir que seja usada o tempo suficiente
com segurança, de modo a obter melhores
resultados no tratamento. Muito importante, ainda,
é produzir uma placa que deixa de preocupar os
pais no que respeita aos possíveis efeitos adversos
da terapêutica. Para além disso deixou de ser
necessário tanta atenção na vigilância da criança.
Passou também a ser possível colocar o aparelho
em períodos antes não recomendáveis, como por
exemplo durante a noite. Quer dizer, o aparelho
passou a ser usado de forma similar a uma chupeta,
existindo até bebés que pedem a “chupeta” antes
de dormir e pais que pedem um aparelho de
reserva para o caso de acontecer algo com o que
está a ser utilizado.
A aceitação deste tipo de placa, quer
pelos pais quer pela sociedade, é bastante mais
fácil e natural, uma vez que parece apenas uma
chupeta e não um aparelho de correcção. Ainda
no que diz respeito ao aspecto social, é importante
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referir o uso desta placa no infantário, onde já não
será necessário tanto cuidado como quando a
criança usa a tradicional. O facto de o aparelho
ter uma morfologia semelhante a uma chupeta, faz ;
com que qualquer pessoa, sem receio e com mais;
facilidade, insira ou remova o aparelho da boca,
o que não se passava com o anterior (as pessoas
tinham medo de meter a mão dentro da boca e
largar a placa num mau momento, podendo
engasgar a criança). Por outro lado, se o aparelho
cair ou for removido pela criança, não será
perdido, uma vez que possui uma corrente de
segurança.
Embora não seja possível, de momento,
comprovar cientificamente que o aumento do
tempo de actuação deste dispositivo melhorará o
efeito produzido, esta parece-nos contudo, uma
observação lógica. Obter seis a dez horas de
utilização da “chupeta” é fácil, podendo em certos
casos atingir dezoito horas por dia de uso do J
aparelho.
Para além disso, este tipo de placa pode,
em certos casos, ser usada em conjunto com a
tradicional. Por exemplo, a chupeta à noite e o
aparelho tradicional durante o dia. Isto pode trazer
vantagens nas crianças mais excitadas e/ou de
idade mais avançada, que removem de imediato
a chupeta com a mão. Neste caso, se existir
adaptação ao aparelho tradicional, ele poderá ser
usado de dia. altura em que a criança é activa e
retiraria a “chupeta” mais facilmente. Por outro
lado, a “chupeta” é colocada durante a noite, altura
em que a criança não a remove.
Uma outra vantagem deste dispositivo
consiste no facto de introduzir novas forças de
actuação, que potenciam a acção da placa inicial =
e permitem a criação de novos vectores, podendo
favorecer não só o crescimento maxilar, mas
também a correcta articulação intra-maxilar. Estas
novas forças surgem da acção do prolongamento
anterior e da possibilidade de lhe aplicar mecânicas
do foro ortodôntico relacionadas com planos de
elevação e planos guia.
Podemos colocar algumas questões no
que respeita ao uso da placa modificada:
1
.Será um novo dispositivo próprio para
maxilares pequenos? Na nossa opinião, serão necessários mais dados, incluindo resultados em '
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Meses e os 2 Anos
pacientes noutras condições.
2.Este novo método de estimulação, ao
permitir a utilização da placa por mais tempo, vai
permitir um melhor desenvolvimento maxilar?
Acreditamos que uma colocação mais
intra-oral da língua associada à melhoria da
competência labial, vai gerar novas forças de
equilíbrio. Um estímulo prolongado, produzido
pelo uso do novo aparelho será em princípio
benéfico para o crescimento facial. Parece-nos
fundamental a acção de fecho da boca, com a
melhoria da ventilação nasal, que se verifica pela
primeira vez nestes tipos de aparelhos.
Acreditamos que esta modificação da fisiologia
pode modificar o crescimento facial até então
observado nestas crianças, com melhoria
significativa do seu desenvolvimento.
3.Pelo facto de ser um instrumento tão
simples de usar, será que este tipo de placa deverá
ser usado em todos os casos? A placa só pode
ser usada nos casos em que a criança se adapta
ao aparelho como se fosse uma “chupeta”, sem a
remover, o que significa que, as crianças mais
novas deverão adaptar-se com mais facilidade.
Assim sendo, quanto mais irrequietos e menos
adaptados a uma chupeta, mais difícil será a
adaptação ao aparelho.
4.Será que a criança se vai habituar de tal
maneira ao aparelho, que vai impedindo de realizar
o efeito pretendido? No momento não dispomos
de dados suficientes para responder a esta
questão. No entanto, a nossa experiência, tanto
com as placas tradicionais como com as “chupetas”
não aponta nesse sentido.
5.Que tipo de alterações podem ser
produzidas no que respeita ao tipo de oclusão? A
presença de um plano guia pode ajudar no
posicionamento mandibular e a orientar o
crescimento mandibular e maxilar?
E conveniente referir que a criança portadora
de trissomia 21 que apresenta características para
a colocação destes aparelhos (com hipotonia labial,
protrusão lingual e incompetência labial) tem
grande dificuldade em segurar uma chupeta
tradicional. Ao usá-la, dificilmente a segura, e nos
casos em que a consegue usar, ou os lábios se
fecham por pouco tempo, o que a faz cair, ou os
lábios estão fechados, mas a língua teima em
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ORTODONTIA 1998
permanecer fora da cavidade oral, quer num canto
da boca quer no outro. listes aspectos
desaparecem com a utilização do aparelho
proposto.
Nos casos em que é possível Colocar este
aparelho modificado, a criança adapta-se com
facilidade e fica mais confortável. Por conseguinte,
recomenda-se o seu uso pelo máximo tempo
possível, desde que se verifique que o efeito
pretendido se mantém.
Os resultados são facilmente visíveis pelar
movimentação inicial dos lábios e mandíbula,
seguidos do fecho dos lábios e da a retracção
imediata da língua para a cavidade oral.
Acredita-se que a manutenção das estruturas
neuro-musculares na posição correcta por um
grande período de tempo condiciona mecanismos.
reflexos que poderão manter-se ao longo da vida
e que serão responsáveis por um melhor
desenvolvimento facial.
CONCLUSÃO
A modificação à placa palatina inicialmente
proposta por Castillo-Morales, transformando-a
numa “chupeta”, quando testada num paciente
com síndrome de Down, demonstra ser um
elemento promissor na terapêutica orofacial em
casos de hipotonicidade dos músculos periorais.
No entanto, muito existe ainda para
aprender no que diz respeito à intervenção do
odontopediatra em bebés que sofrem de
problemas de desenvolvimento maxilo-facial.
É intenção dos autores observar os
resultados desta modificação numa amostra maior,
e publicá-los em próximos artigos.
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