Módulo 4 - SWITCH Training Kit

Transcrição

Módulo 4 - SWITCH Training Kit
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGRADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Ficha Técnica
Título Original:
SWITCH Training Kit - Integrated Urban Water Management in the City of the Future
Module 4 – STORM WATER: Exploring the options
Editor:
ICLEI European Secreteriat GmbH (Gino Van Begin – Diretor)
Autor Principal:
Ralph Philip (ICLEI - Secretariado Europeu)
Organizadores:
Ralph Philip, Barbara Anton, Anne-Claire Loftus (ICLEI - Secretariado Europeu)
Baseado principalmente
nos trabalhos dos
seguintes parceiros do
consórcio SWITCH:
Heiko Sieker, Christian Peters (Ingenieurgesellschaft Prof. Dr. Sieker mbH); Mike D. Revitt, Bryan J. Ellis, Lian Scholes, Brian Shutes
(Universidade de Middlesex); Chris Jefferies, Alison Duffy (Universidade de Abertay); Jacqueline Hoyer, Wolfgang Dickhaut, Lukas
Kronawitter, Björn Weber (Universidade da Cidade de Hafen)
Design:
Rebekka Dold Grafik Design & Visuelle Kommunikation, Freiburg, Alemanha www.rebekkadold.de
Imagem da capa e itens gráficos por Loet van Moll – Illustraties, Aalten, Países Baixos www.loetvanmoll.nl
Layout:
Tu My Tran, Stephan Köhler (ICLEI - Secretariado Europeu)
Copyright:
© Secretariado Europeu do ICLEI GmbH, Friburgo, Alemanha 2011
O conteúdo deste kit de treinamento está sob licença da Creative Commons especificada como AttributionNoncommercial-Share Alike 3.0. Essa licença permite que outros ajustem e desenvolvam os materiais do Kit de
Treinamento para fins não comerciais, desde que seja dado crédito ao Secretariado Europeu do ICLEI e licenciadas as
novas criações sob os mesmos termos. http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-sa/3.0 /
O texto legal completo sobre os termos de uso desta licença pode ser encontrado em http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/legalcode
Agradecimentos:
Este Kit de treinamento foi produzido no âmbito do projeto Europeu de pesquisa SWITCH (2006 a 2011) www.switchurbanwater.eu
O SWITCH foi co-financiado pela Comissão Européia sob o “6th Framework Programme” contribui para a temática prioritária “Global
Change and Ecosystems” [1.1.6.3] – Contract no. 018530-2
Aviso:
Essa publicação reflete somente as opiniões dos autores. A Comissão Européia não se responsabiliza pelo uso das informações contidas
nessa publicação
Edição brasileira:
Kit de Treinamento SWITCH: Gestão Integrada das Águas na Cidade do Futuro
Módulo 4 – MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS: Explorando opções
Editor:
ICLEI Brasil
Coordenação editorial:
Florence Karine Laloë
Este material foi
traduzido para o
português e adaptado ao
contexto do Brasil por:
Coordenação técnica - Prof. Nilo de Oliveira Nascimento (Universidade Federal de Minas Gerais)
Revisão e Adaptação - Marcus Suassuana
Tradução - Luiza Dulci, Davi Alencar, Davi Baptista, Luiz Otávio Silveira Avelar e Maurício Moukachar Baptista
Editoração Eletrônica:
Mary Paz Guillén e Isadora Marzano
Organização e Revisão:
Florence Karine Laloë e Sophia Picarelli
Kit de Treinamento SWITCH: Gestão Integrada das Águas na Cidade do Futuro
Módulo 4 – MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS: Explorando opções
Coordenação técnica: Nilo de Oliveira Nascimento. Coordenação editorial: Florence Karine Laloë. 1. ed. São Paulo, 2011
ISBN 978-85-99093-14-6 (PDF) | ISBN 978-85-99093-17-7 (CD-ROM)
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGRADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
4
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Kit de Treinamento SWITCH
Gestão Integrada das Águas Urbanas na Cidade do Futuro
O Kit de Treinamento SWITCH é uma serie de módulos sobre Gestão Integrada das Águas Urbanas (GIAU) desenvolvido no
âmbito do Projeto ‘SWITCH - Gestão da Água na Cidade do Futuro’. O Kit foi desenvolvido primeiramente para atividades de
treinamento visando principalmente aos seguintes grupos:
ä Tomadores de decisão no âmbito dos governos locais;
ä Funcionários de altos escalões de órgãos dos governos locais, que:
ä sejam diretamente responsáveis pela gestão da água,
ä sejam eles próprios grandes usuários de água, tais como os responsáveis por parques e locais de recreação,
ä representem grandes impactos sobre os recursos hídricos, tais como o planejamento do uso do solo,
ä tenham interesse no uso da água em geral, tais como departamentos de meio ambiente;
ä Gestores de recursos hídricos e profissionais dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de
águas pluviais.
Todos os módulos estão intimamente ligados entre si e estas ligações são claramente indicadas nos textos. Além disso, as
informações contidas nos módulos são complementadas por uma biblioteca on-line, estudos de caso e links para outras
fontes, todos eles destacados no texto, quando for o caso. Os seguintes símbolos são usados para indicar quando informações
adicionais estiverem disponíveis:
Refere-se a outro modulo do Kit de Treinamento SWITCH onde mais informações são encontradas
Refere-se a recursos adicionais do projeto SWITCH disponíveis no site “SWITCH Training Desk”
Refere-se a um estudo de caso disponível no site “SWITCH Training Desk”
Refere-se a um link para outras fontes
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Kit de Treinamento SWITCH: Todos os módulos
A abordagem geral do projeto SWITCH à GIAU (Gestão Integrada das Águas Urbanas)
Módulo 1
Módulo 2
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Preparando-se para o futuro
GRUPOS DE INTERESSE
Envolvendo todos os agentes
Contém uma introdução aos principais desafios
da gestão de águas em áreas urbanas, no
presente e no futuro, e informações passo-apasso sobre o desenvolvimento e a implantação
de um processo de planejamento estratégico.
Contém um resumo sobre diferentes abordagens
ao envolvimento de múltiplos agentes – incluindo
“Alianças de Aprendizagem” – e meios pelos
quais tal engajamento pode ser efetivamente
alcançado para os propósitos da GIAU.
Soluções sustentáveis
Módulo 3
Módulo 4
Módulo 5
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Explorando opções
Explorando opções
Explorando opções
Descreve como o abastecimento de água nas cidades / manejo de águas pluviais / gerenciamento de efluentes
líquidos pode se beneficiar de uma maior integração, incluindo exemplos de soluções inovadoras pesquisadas
no âmbito do projeto SWITCH e a possível contribuição dessas pesquisas para uma cidade mais sustentável.
Auxílio à decisão
Módulo 6
AUXÍLIO À DECISÃO
Escolhendo um caminho sustentável
Introduz o conceito de Sistemas de Auxílio à Decisão para a gestão de águas urbanas incluindo
detalhes da ferramenta ‘Águas Urbanas’, desenvolvida no âmbito do projeto SWITCH.
5
6
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Módulo 4: Conteúdo
n
Introducão ...................................................................................................... 7
o
Metas de aprendizagem ................................................................................ 8
p A necessidade da gestão sustentável de águas pluviais ..............................
9
3.1 A abordagem convencional da gestão de águas pluviais ...................... 10
3.2 Os problemas enfrentados pela abordagem convencional na
gestão de águas pluviais ............................................................................. 11
3.3 Uma abordagem mais sustentável ........................................................... 13
q Águas pluviais na cidade ................................................................................ 15
4.1 Ligações dentro do ciclo urbano da água ................................................. 15
4.2 Ligações entre a gestão de águas pluviais e outros setores da
gestão urbana ............................................................................................ 16
4.3 Gestão de águas pluviais e o ambiente urbano – Planejamento
Urbano Sensível à Água............................................................................. 18
r
A orientação geral: Gestão de águas pluviais e sustentabilidade ............ 21
5.1 Gestão sustentável de águas pluvuais ...................................................... 21
5.2 Objetivos, indicadores e metas para a gestão de águas pluviais .......... 23
s Colocando em prática a gestão sustentável de águas pluviais ..................... 25
6.1 Implantação da gestão mais sustentável de águas pluviais .................. 25
6.2 Barreiras à gestão sustentável de águas pluviais ................................... 26
t Opções para a gestão sustentável de águas pluviais .................................. 29
7.1 Melhores Práticas de Gestão de Águas Pluviais (BMP) .............................. 29
7.2 Exemplos de soluções BMP de águas pluviais ........................................ 30
7.3 Avaliação e escolha de soluções ............................................................... 49
u
Fechamento ................................................................................................... 50
v
Referências ..................................................................................................... 51
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
n Introdução
Cidades e águas pluviais não são, à primeira vista, compatíveis. Por um lado, as
necessidades de espaço dos sistemas naturais de drenagem como rios, córregos,
zonas pantanosas artificiais (wetlands) e lagoas restringem o desenvolvimento urbano.
Por outro, a infra-estrutura urbana destrói e polui o regime natural de escoamentos
superficiais. Conseqüentemente, o desenvolvimento de cidades muitas vezes resultou
na canalização de rios, no aterramento de córregos, na drenagem de águas paradas e na
construção de vastas redes de drenagem planejadas para remover o mais rápido possível
as águas de chuva do ambiente urbano.
A meta geral do Módulo 4 é demonstrar que a gestão sustentável de águas pluviais e o
crescimento urbano não são necessariamente incompatíveis. Ao destacar as limitações
dos sistemas convencionais de drenagem e ao explorar uma abordagem alternativa,
mais integrada, o módulo mostra que o reconhecimento das águas pluviais como um
recurso a ser utilizado, ao invés de um incômodo a ser eliminado, pode levar a um
desenvolvimento urbano mais sustentável.
As águas pluviais têm potencial para fornecer benefícios concretos para uma cidade,
incluindo controle de enchentes, proteção ambiental, aumento das áreas verdes
urbanas e a provisão de uma fonte alternativa de água. Entretanto, para identificar tais
oportunidades a cidade precisa compreender a relação das águas pluviais com outros
setores de gestão urbana. O Módulo 4 sugere que, ao reconhecer esses vínculos e
ao aproveitar as vantagens dessas soluções inovadoras, uma drenagem urbana mais
sustentável pode ser obtida enquanto aprimora, ao invés de restringir, o desenvolvimento
urbano como um todo.
Imagem: Johannes Gerstenberg
O Módulo 4 está intimamente ligado aos Módulos 3 e 5, que abordam de forma prática a
gestão do ciclo da água no que se refere às etapas de abastecimento de água e à gestão
de esgotos sanitários, respectivamente.
7
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
o Metas de Aprendizagem
O Módulo 4 apresenta uma visão geral da gestão de águas pluviais e como ela influencia
e é influenciada dentro do ciclo hidrológico urbano e pelo desenvolvimento urbano como
um todo. Pretende-se dar ao usuário conhecimento sobre as limitações associadas à
abordagem convencional em drenagem urbana e como uma abordagem integrada
e a seleção de soluções alternativas podem não apenas superá-las, mas também
fornecer benefícios adicionais. O módulo é, portanto, relevante para todas as cidades,
independentemente de sua condição atual de infra-estrutura de drenagem.
Mais especificamente, o módulo auxiliará os usuários a entender melhor:
ä O que constitui uma abordagem mais sustentável da gestão de águas pluviais e como
ela difere da abordagem convencional;
ä Os benefícios diretos e indiretos que uma cidade pode ganhar ao gerir as águas
pluviais como um recurso ao invés de uma restrição ao desenvolvimento urbano; e
ä As soluções que estão disponíveis para colocar em prática uma abordagem mais
sustentável para a gestão de águas pluviais, incluindo o uso de sistemas naturais.
Deve-se notar que não é objetivo desse módulo fornecer ao usuário o detalhamento
técnico necessário para selecionar, projetar e construir as soluções de gestão de águas
pluviais mais adequadas ao seu contexto local. Sugere-se aos usuários que desejarem
dar esse passo a mais em direção à implantação de tais soluções consultarem os muitos
manuais e orientações técnicas que estão disponíveis para essa finalidade. Referências
a alguns desses recursos são fornecidas ao longo deste módulo, e outros podem ser
localizados facilmente na internet.
Figura 1: Manejo de águas pluviais no contexto do ciclo urbano da água
Imagem: ICLEI
8
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
p A necessidade da gestão
sustentável de águas pluviais
Para a maior parte das pessoas vivendo em cidades, a maior preocupação quando
chove é evitar se molhar. A não ser que suas casas e ruas inundem, poucos pensariam
sobre o que ocorre com a chuva após ela fluir pelos canos e calhas e fazer o trabalho
de regar o jardim. Contudo, esse é apenas o início do manejo das águas pluviais no
ambiente urbano e as etapas que se seguem são requisitos essenciais para manter o
desenvolvimento econômico e social de uma cidade.
O objetivo geral dos gestores de águas pluviais pode ser descrito como segue:
O controle das águas pluviais de modo a garantir impactos mínimos no que concerne
a inundação, erosão e a dispersão de poluentes dentro do ambiente urbano e a jusante.
O processo de gestão para atingir esse objetivo deve considerar a interação entre a
quantidade de chuva precipitada sobre a cidade, a infra-estrutura natural e construída
pela qual ela flui e os cursos de água aos quais ela eventualmente chegará. A Figura 1
mostra uma simplificação do fluxo de água pluvial ao longo do ambiente urbano a as
várias rotas que ele pode seguir antes de entrar em um curso de água receptor.
Figura 2: Fluxos das águas pluviais e o ambiente urbano
g
)
Rainfall
Chuva
Superfícies
Impermeáveis
Impermeable
surfaces
Roofs
Telhados
Ruas
Roadse&áreas
paved
pavimentadas
surfaces
Rede unitária
de
Combined
sewer network
esgotamento
Estação
de Excesso
de
Wastewater
Combined
treatment
sewer
tratamento
efluente
works
overflows
de efluentes
combinado
Superfícies
PermeablePermeáveis
surfaces
Solos
Hard-packed
soils &
compactados
impermeable
& Rocharock
Sistema
Separate separador
surface waterde
águasewer
pluvial
e esgoto
system
Tratamento
Stormwater
de
água
treatment
pluvial
Cursos
de water
água bodies
superficiais
Surface
Água
pluvial
em grande
Largely
unpolluted
stormwater
medida
não poluída
Água
pluvial likely to
Stormwater
provavelmente
poluída
contain pollutants
Parques,
Parks,
Vegetação
Unmanaged
gardens &e
jardins
original
vegetation
allotments
loteamentos
Água
subterrânea
Groundwater
9 flows
Escoamentos
gerados
Stormwater
duringapenas
heavy orcom
prolonged
rainfall
only
chuvas
fortes
ou prolongadas
9
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
3.1
A abordagem convencional da gestão de águas pluviais
A abordagem convencional da gestão de águas pluviais consiste em conduzi-las para
fora da cidade o mais rápido possível utilizando canais de drenagem e tubulações
subterrâneas. Tipicamente essa abordagem utiliza uma combinação de dois sistemas
para atingir esse objetivo:
ä Um sistema combinado de esgotos no qual a água pluvial é misturada a efluentes
domésticos e industriais antes de ser tratada em uma estação central de tratamento
de efluentes e despejada em um curso de água receptor.
ä Um sistema separador de águas superficiais que coleta apenas águas pluviais e as
despeja nos cursos de água receptores com pouco ou nenhum tratamento.
Esses sistemas são projetados basicamente com base em séries históricas de dados meteorológicos e previsões de padrões para o desenvolvimento urbano. O principal objetivo
é reduzir o risco de inundações localizadas, embora os sistemas sejam freqüentemente
implantados com pouca consideração sobre impactos a jusante.
A infra-estrutura comumente utilizada para coletar e conduzir águas pluviais pela
abordagem convencional inclui:
Microdrenagem superficial: Chuva escoada de telhados, ruas e outras áreas impermeáveis fluem por calhas e sargetas em direção a canais subterrâneos para assegurar
sua rápida remoção da superfície.
Tubulação: Tubos da rede de microdrenagem subterrânea possibilitam o transporte rápido e eficiente dos fluxos de águas pluviais para o ponto de descarga.
Canais de drenagem de concreto: Canais com baixa resistência hidráulica (baixa rugosidade) conduzem rapidamente as águas de escoamento à seção exutória.
Estações centralizadas de tratamento de efluentes: Em sistemas unitários (combinados), a água pluvial coletada é misturada aos fluxos de efluentes humanos e industriais e
tratada em estações de tratamento de esgotos centralizadas.
Lançamentos: Em sistemas separadores, as águas pluviais são despejadas em grandes
volumes diretamente nos cursos de água receptores. Em sistemas unitários os lançamentos ocorrem após tratamento.
Imagem: Barbara Anton
10
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
3.2
Os problemas enfrentados pela abordagem convencional
na gestão de águas pluviais
Sistemas convencionais de drenagem continuam sendo o método mais comum utilizado
para gerir águas pluviais em cidades no mundo todo. Isso ocorre apesar do número de
problemas que desafiam a sustentabilidade desse tipo de sistema no longo prazo, em
particular sua incapacidade crescente de impedir inundações, poluição e danos ambientais.
Alguns dos problemas atualmente enfrentados pela gestão de águas pluviais incluem:
ä ([FHVVRV GH H[WUDYDVDPHQWRV GH HĎXHQWHV GH VLVWHPDV XQLW£ULRV Chuvas intensas
fazem com que a capacidade de sistemas unitários seja excedida, resultando em transbordamentos de águas residuais não tratadas para o ambiente.
ä3ROXL©¥RGLIXVD Poluentes sem uma origem definida, como metais pesados e óleos
provenientes de telhados, ruas e estacionamentos, além de nutrientes, pesticidas e
herbicidas de jardins parques e loteamentos são diluídos nos escoamentos superficiais
até os cursos d’água receptores.
ä(VFRDPHQWRVGHEDVHUHGX]LGRV A impermeabilização das superfícies esgota aqüíferos
ao reduzir sua recarga natural.
ä(URV¥RHVHGLPHQWD©¥R Fluxos em alta velocidade causam erosão e, conseqüentemente,
assoreamento de córregos, rios e estuários receptores.
ä&XVWRV Tratamento do tipo centralizado de águas pluviais é caro e tem uso intensivo
de energia.
ä (IHLWR LOKD GH FDORU A rápida remoção de água de chuva de áreas urbanas reduz a
evopotranspiração. Quando combinado ao efeito de aquecimento de superfícies
impermeáveis, o resultado é um micro-clima urbano mais quente.
ä'HVSHUG¯FLRGHXPUHFXUVRYDOLRVR A rápida remoção de água pluvial de áreas urbanas
impede que ela seja utilizada para fins não potáveis e para paisagismo.
ä,QXQGD©·HVDMXVDQWH A rápida coleta e transporte de águas pluviais para cursos de
água receptores como rios e córregos aumentam o risco de inundações à jusante.
Soluções para drenagem urbana são freqüentemente selecionadas baseadas na
prioridade local de retirar a água pluvial de uma área definida. Entretanto, essas soluções
podem não considerar seus impactos em uma escala urbana ampliada, como são
exemplos a capacidade de sistema de jusante em lidar com fluxos adicionais de água e os
danos causados por volumes maiores e, possivelmente, mais poluídos de escoamentos
superficiais sendo despejados em rios e córregos.
As estruturas de gestão das cidades raramente são preparadas para atender a uma
abordagem integrada necessária para lidar com as questões de águas pluviais, as
quais afetam diversos órgãos de diferentes competências nas cidades. Pavimentação,
habitação, parques e tratamento de efluentes são apenas alguns dos serviços municipais
que influenciam ou são influenciados pela gestão de águas pluviais, mas que, tipicamente,
operam de forma independente. Isso aumenta o risco de que a gestão (ou a má gestão)
de um serviço gere impactos não intencionais em outros. Por exemplo:
ä A secretaria de planejamento aprova a construção de um novo centro de compras.
O escoamento de águas pluviais resultante causa erosão em um córrego urbano e o
colapso da infra-estrutura local.
ä A secretaria de habitação constrói novas unidades habitacionais conectando seu
escoamento de águas pluviais ao sistema unitário. O sistema de esgotos é incapaz de
lidar com o fluxo adicional e transbordamentos do sistema tornam-se mais freqüentes,
causando poluição no rio local.
ä A secretaria de transportes impermeabiliza áreas para melhorar a drenagem de vias
previamente não pavimentadas. Isso aumenta o volume de escoamento superficial
da via, dilui poluentes gerados pelo tráfego e os carreia para o rio local, causando a
morte de peixes.
11
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
As cidades também estão enfrentando mudanças que devem aumentar a pressão sobre
a gestão de águas pluviais urbanas. Expansão urbana formal e informal, dinâmicas
populacionais, legislação mais rígida em normas de qualidade da água e mudanças
climáticas estão todas ampliando a necessidade de reavaliar o modo como as águas
pluviais são geridas em áreas urbanas. Algumas dessas pressões são exemplificadas:
Veja também o artigo do
SWITCH “Review of the
adaptability and sensitivity of
current stormwater control
technologies to extreme
environmental and socioeconomic drivers – Section
C: The impact of changes in
environmental and socioeconomic conditions on
stormwater management
technologies” (Sieker et al
2006) www.switchtraining.eu/
switchresources
Urbanização: A expansão de áreas pavimentadas e de solos compactados altera a
paisagem natural, gerando maiores picos e volumes de escoamentos superficiais, assim
como o aumento da poluição difusa decorrente desses escoamentos.
Mudanças climáticas: Maiores variações na precipitação alterarão o volume e a
intensidade de água escoada no meio urbano. A infra-estrutura atual de gestão de águas
pluviais tende a ser planejada baseada em registros históricos de precipitação e terá
dificuldade de lidar com um excesso de volume (veja o box abaixo).
Preocupações ambientais: A crescente percepção do dano causado pela poluição difusa
que atinge corpos hídricos naturais está resultando em legislação mais severa que busca
prevenir lançamentos descontrolados.
Infra-estrutura inadequada: Um aumento do escoamento superficial resultante
da expansão urbana e de mudanças climáticas pode levar a problemas com a infraestrutura existente, como a erosão de canais receptores, transbordamentos de sistemas
combinados e refluxos na rede, resultando em inundações localizadas.
Mudanças climáticas e gestão de águas pluviais
Espera-se que as mudanças climáticas
tenham impactos significativos na
gestão de águas pluviais. Esse é o caso
particular de cidades onde, devido
a um aumento de temperatura, a
capacidade da atmosfera de reter água
aumenta, levando a precipitações
mais intensas. Nesse cenário,
sistemas de drenagem convencionais
terão dificuldade de suportar a
carga. Projetadas a partir de critérios
estatísticos, derivados de dados
meteorológicos históricos (Picouet,
Soutter 2006), a infra-estrutura pode não ser mais adequada e não ter a flexibilidade para se
adaptar quando os parâmetros de projeto não forem mais aplicáveis ao clima local.
Imagem: US Geological Survey
12
Outros impactos menos óbvios das mudanças climáticas também são relevantes. Mudanças
na temperatura do ar influenciam as taxas de evaporação e transpiração, alterando
a capacidade de retenção de água dos solos e da vegetação. Isto tem um impacto nas
águas pluviais, visto que o amortecimento e infiltração naturais do escoamento se tornam
desbalanceados. Efeito similar também pode ser causado por mudanças na precipitação
média, o que leva a diferenças na saturação de umidade do solo (Shaw et al 2005).
Sistemas convencionais de águas pluviais não são bem adaptados a incertezas decorrentes de
eventuais mudanças climáticas e em muitas cidades a infra-estrutura existente pode vir a se
provar inadequada. O desafio é, portanto, adaptar de alguma maneira a infra-estrutura existente
de modo que ela tenha a robustez necessária para lidar com diversos cenários potenciais.
Para mais informações sobre planejamento de águas pluviais e mudanças
climáticas ver o artigo “Review of the adaptability and sensitivity of current
stormwater control technologies to extreme environmental and socio-economic
drivers - Section B: The implications of climate change on on urban stormwater
management: Scenario building “(Picouet & Soutter 2006) assim como no
manual do SWITCH “Adapting urban water systems to climate change” (Loftus
et al 2011). Ambos disponíveis em: www.switchtraining.eu/switch-resources
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
3.3
Uma abordagem mais sustentável
Além dos problemas apontados na Seção 3.2, a abordagem convencional à drenagem
também falha em explorar os muitos benefícios que as águas pluviais podem trazer
para uma cidade. Ao mudar a percepção de águas pluviais como um “incômodo a ser
eliminado” para um “recurso que deve ser utilizado”, problemas podem ser superados
e um leque de oportunidades relacionadas à quantidade e qualidade da água, recreação
e amenidades sociais, biodiversidade e abastecimento de água torna-se aparente. Essa
mudança fundamental na mentalidade está na essência de uma abordagem mais
sustentável ao manejo de águas pluviais urbanas.
As principais diferenças entre a abordagem convencional da gestão de águas pluviais e
uma mais sustentável são:
ä Rápida eliminação vs. amortecimento e reutilização;
ä Infra-estrutura convencional vs. Infra-estrutura verde;
ä Soluções de controle centralizadas vs. descentralizadas.
A tabela 1 descreve essas diferenças em maiores detalhes, comparando as duas
abordagens à drenagem urbana.
Tabela 1: Principais diferenças entre uma abordagem convencional da
gestão de águas pluviais e uma mais sustentável
Aspecto da água pluvial
Abordagem convencional – água
pluvial como um “incômodo”
Abordagem alternativa – água
pluvial como um “recurso”
Quantidade
As águas pluviais são conduzidas para fora
das áreas urbanas o mais rápido possível.
As águas pluviais são amortecidas e retidas
na fonte, permitindo sua infiltração e
atenuação de picos de cheias para depois
fluírem gradualmente aos cursos receptores.
Qualidade
Ás águas pluviais são tratadas com o esgoto
em uma estação centralizada de tratamento
ou despejada sem tratamento nos cursos
de água receptores.
As águas pluviais são tratadas utilizando
sistemas naturais descentralizados, como
solo, vegetação e lagoas.
Valor de recreação e
amenidade
Não é considerado
A infra-estrutura de águas pluviais é
planejada para melhorar a paisagem urbana
e fornecer oportunidades recreativas.
Biodiversidade
Não é considerado
Ecossistemas urbanos são recuperados e
protegidos pelo uso das águas na manutenção
e melhoraria dos habitats naturais.
Recurso potencial
Não é considerado
As águas pluviais são coletadas para
abastecimento e retidas para recarga de
aqüíferos, cursos de água e vegetação.
13
14
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Enquanto a abordagem convencional é baseada em um objetivo único – a remoção das
águas pluviais de uma área definida – uma abordagem mais sustentável tenta identificar
soluções que produzam benefícios sociais, econômicos e ambientais enquanto minimizam
qualquer impacto negativo.
Por exemplo, a canalização convencional de concreto de um curso d’água para drenagem
pode atingir o objetivo de remover a água do local, mas também causa poluição, erosão e
inundações a jusante, além de não utilizar uma fonte potencial de água. Em contraposição,
medidas para amortecer águas pluviais podem atingir o objetivo múltiplo de reduzir o risco de
inundação, melhorar a qualidade da água, recarregar aqüíferos e manter áreas de recreação.
Mais especificamente, soluções não convencionais para a gestão de águas urbanas podem
atingir um ou mais dos seguintes benefícios:
Controle de inundações: O amortecimento das cheias e a infiltração de águas pluviais
durante fortes precipitações reduzem a velocidade e a intensidade da vazão de pico. Isso
reduz a pressão sobre os canais de drenagem e cursos d’água receptores, reduzindo o risco
de transbordamentos no local e em seções à jusante.
Controle de poluição: Dependendo do uso do solo, escoamentos superficiais podem conter
uma variedade de poluentes como óleos, metais e nutrientes. Sistemas naturais como solos,
vegetação e zonas pantanosas artificiais possuem diferentes capacidades de tratamento que
podem ser exploradas, individualmente ou em seqüência, para remover poluentes específicos.
O tratamento de águas pluviais previne a poluição de cursos d’água e protege ecossistemas,
reduzindo custos de tratamento onde essas águas são utilizadas para abastecimento.
Proteção contra erosão: A alta velocidade de escoamento nas vazões de pico pode erodir
as margens de rios e depositar sedimentos ao longo do leito de rios e córregos, causando
assoreamento e danos ambientais. Ao reduzir a vazão de pico e reter sedimentos, ecossistemas
aquáticos frágeis ficam protegidos.
Fonte alternativa de água: Em locais onde a água é escassa, a exploração de águas pluviais
para reutilização pode reduzir a pressão sobre os mananciais de água existentes. A água pluvial
pode ser coletada e reutilizada diretamente para usos não potáveis ou, após tratamento, para
uso potável. Reuso indireto também é possível a partir da recarga de aqüíferos dos quais a
água pode ser extraída durante secas.
Valor recreativo e amenidades: A construção de lagoas e zonas pantanosas artificiais para o
tratamento de água pluvial têm também a vantagem de criar habitats naturais, aumentando
a biodiversidade e criando novas possibilidades de recreação.
Os benefícios e os aspectos
práticos da integração da
gestão de águas pluviais
ao ciclo hidrológico urbano
são discutidos no artigo do
SWITCH ‘Stormwater as a
valuable resource within the
urban water cycle’ (J. Ellis &
M. Revitt 2010, Resource Ref.
D.2.2.4a) www.switchtraining.
eu/switchresources
Adaptação às mudanças climáticas: Muitos sistemas de drenagem urbana foram planejados
com base em históricos de chuvas e vazões. Isso pode não ser suficiente em áreas onde se
prevê um aumento da intensidade das precipitações devido às mudanças climáticas. O uso
de sistemas naturais para amortecer o escoamento, reduzindo e atrasando a descarga de
águas pluviais, permite uma maior flexibilidade para lidar com os escoamentos superficiais
gerados em eventos de chuva inesperadamente fortes.
Eficiência econômica: Muitas soluções descentralizadas têm construção e operação baratas
em comparação com tecnologias convencionais. Sistemas separadores de águas pluviais e
esgotos também reduzem os custos de tratamento de água.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
q Águas pluviais na cidade
4.1
Ligações com o ciclo urbano da água
A gestão de águas pluviais é parte fundamental do ciclo hidrológico urbano como um
todo. A íntima relação entre águas pluviais, abastecimento de água e tratamento de
efluentes justifica a necessidade de as cidades integrarem a gestão da drenagem urbana
a todas as outras partes do sistema.
Exemplos de ligações entre a gestão de águas pluviais e outros componentes do ciclo
urbano da água incluem:
Abastecimento de água: Águas pluviais podem ser utilizadas
diretamente para usos não potáveis como irrigação e uso industrial
e, após tratamento, são uma fonte potencial para complementar as
fontes de abastecimento de água da cidade.
Tratamento de água: A entrada de água pluvial em mananciais, a exemplo
dos aqüíferos, rios e reservatórios influencia sua qualidade. Poluentes nos
escoamentos superficiais, como nitrogênio, fósforo e metais pesados
aumentam a necessidade e custos de tratamento de água potável,
podendo ocorrer períodos em que o manancial fique inutilizado.
Coleta de esgoto: A coleta de águas pluviais está conectada ao
gerenciamento de esgoto pelo sistema unitário de esgoto. Precipitações
intensas podem ocasionar transbordamentos na rede, liberando esgoto
não tratado no ambiente.
Tratamento de esgoto: Misturar águas pluviais ao esgoto aumenta o
volume e o custo de tratamento de efluentes. Medidas de tratamento
também devem lidar com os poluentes adicionais contidos nas águas
pluviais, como metais pesados e óleos.
Qualidade da água: Poluentes potencialmente carreados pelos escoamentos
superficiais urbanos incluem fósforo, nitrogênio, detergentes, metais
pesados, óleos, produtos químicos, sedimentos e detritos. Ao atingir os
cursos d’água receptores, esses poluentes causam deterioração da qualidade
da água, com impactos sobre a biodiversidade, a saúde e a estética.
Recarga de águas subterrâneas: A substituição de vegetação natural por
superfícies impermeáveis reduz a taxa de infiltração de águas pluviais, da
qual os aqüíferos dependem para sua recarga. Isso reduz o volume de água
subterrânea disponível, podendo provocar o esgotamento de nascentes.
Os exemplos acima de associações entre a gestão de águas pluviais e o ciclo hidrológico
urbano demonstram a influência que as águas pluviais podem ter em outras áreas de
gestão das águas urbanas e vice-versa. Essas influências podem ser negativas, como os
transbordamentos de redes unitárias de esgoto, mas também positivas, como fornecer
uma fonte adicional de água. Uma abordagem integrada da gestão de águas urbanas
facilita identificar e a exploração dessas ligações positivas enquanto se minimizam as
implicações negativas ao longo do sistema.
As ligações dentro do ciclo
urbano da água como um
todo estão descritas em maior
detalhe no Módulo 1
15
16
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
4.2
Ligações entre a gestão de águas pluviais e outros
setores da gestão urbana
Mais do que as outras áreas de gestão de águas urbanas, o manejo de águas pluviais
é enormemente impactado pelo desenvolvimento urbano. Como foi mencionado na
Seção 3, a urbanização tem importantes implicações sobre a geração de escoamentos
superficiais. A decisão de converter a paisagem natural em construções, superfícies
pavimentadas, canais de drenagem e jardins é tomada por uma grande variedade
de grupos de interesse. Poucos desses consideram a gestão de águas pluviais uma
prioridade. Incentivos financeiros e legislativos, bem como a regulação são muitas vezes
insuficientes para persuadi-los do contrário.
A Figura 3 contém alguns exemplos de porque decisões tomadas em diferentes serviços
da gestão urbana podem influenciar a gestão de águas pluviais
Figura 3: A relação entre águas pluviais e outros serviços de gestão urbana
Ruas e transporte:
Gestão da água:
A construção de ruas expande a
área impermeável, causando um
aumento dos escoamentos superficiais.
Ruas também são uma fonte de
poluição desses escoamentos, por meio
de óleos, metais pesados e sedimentos.
Resíduos sólidos urbanos
podem bloquear canais de drenagem,
provocando inundações localizadas.
Poluentes de aterros também podem
ser carreados por águas pluviais.
Desenvolvimento
econômico:
Habitação:
Novos projetos
habitacionais aumentam
a superfície impermeável por
meio de telhados e pavimentos.
Isso altera as características
hidrológicas do local,
aumentado a quantidade de
escoamento superficial a ser
manejada.
Canteiros de obra, mineração e
certos tipos de indústria geram
poluentes e altos níveis de
sedimentos que são lançados
em cursos de água, diluídos
nos escoamentos superficiais.
Parques e recreação:
A gestão de parques e jardins impacta a qualidade
das águas pluviais por meio da diluição de fertilizantes e
pesticidas, além de sedimentos e matéria orgânica.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Imagem: Stock.xchng/shortsand
Apesar de não estar necessariamente no topo da lista de prioridades de uma cidade,
quando negligenciada ou mal gerida, as águas pluviais podem ter importantes
implicações no desenvolvimento urbano. O exemplo mais óbvio são as inundações e
erosão, que podem resultar em grandes prejuízos econômicos e, em casos extremos,
perda de vidas. Contudo, riscos à saúde também estão associados à drenagem ineficiente
e à deterioração das águas causadas por poluição de águas pluviais.
O oposto, no entanto, também é verdadeiro e a boa gestão de águas pluviais pode levar
a uma ampla gama de implicações positivas para a qualidade da vida urbana. Isso inclui
não apenas redução dos danos causados por inundações e contaminação ambiental,
como também oportunidades para melhorar a biodiversidade urbana, a estética de áreas
degradadas e criar alternativas de recreação.
Os exemplos acima mostram que a integração da gestão de águas pluviais (e
conseqüentemente do ciclo hidrológico urbano como um todo) aos planos e estratégias
de desenvolvimento da cidade é uma necessidade com fins a se avançar na direção de
um manejo mais sustentável das águas pluviais e, assim, assegurar que essas águas
sejam um benefício para o desenvolvimento urbano como um todo, e não uma ameaça.
17
18
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
4.3
Gestão de águas pluviais e o ambiente urbano –
Planejamento Urbano Sensível à Água
Planejamento Urbano Sensível à Água (PUSA) é um conceito que visa integrar a
gestão de águas urbanas, particularmente de águas pluviais, ao planejamento urbano
moderno e ao planejamento da paisagem urbana. O PUSA é uma reação a problemas
do desenvolvimento urbano causados por sistemas de drenagem mal projetados ou
operados, ausência de água e de espaços verdes na paisagem urbana e deterioração
da qualidade da água decorrente de escoamentos superficiais poluídos. O PUSA visa
promover o potencial da água em melhorar o funcionamento, a arquitetura e a paisagem
urbana, alcançando assim benefícios sociais e de gestão de água, os quais no passado
foram negligenciados pelo planejamento urbano.
O conceito de PUSA é baseado em um conjunto de princípios. Esses princípios têm
por objetivo promover uma arquitetura e paisagismo sensíveis à água, orientando o
planejamento urbano e incentivando a seleção de tecnologias que permitam atingir
múltiplos benefícios, que sejam apropriadas ao local e adaptáveis a mudanças futuras.
Princípios-chave para o PUSA:
Ver o “SWITCH Water Sensitive
Urban Design Manual” (Hoyer
et al 2011) para uma explicação
detalhada dos princípios
do PUSA, assim como um
conjunto de exemplos de várias
partes do mundo.
www.switchtraining.eu/
switchresources
Soluções de PUSA devem…
ä aproximar a gestão de águas urbanas do ciclo hidrológico natural
ä fornecer benefícios estéticos onde for possível
ä ser compatíveis com as características e com a cultura da área
ä ter flexibilidade para se adaptar a um futuro incerto
ä ter funções multi-propósito
ä ser selecionadas em consulta com todas as partes interessadas
ä ser comparáveis em termos de custo a soluções convencionais
ä ser planejadas e geridas por meio de cooperação interdisciplinar
(Adaptado de Dickhaut, Hoyer & Weber, HafenCity University Hamburg, 2010)
Seguindo esses princípios, é mais provável que o desenvolvimento urbano selecione
opções que atinjam objetivos como:
Sensibilidade à água: Os princípios do PUSA incentivam um desenvolvimento urbano que
seja capaz de imitar da melhor forma possível o ciclo hidrológico natural de uma cidade. Na
maior parte dos casos isso implica incorporar superfícies permeáveis, vegetação natural e
medidas de amortecimento de cheias a empreendimentos novos e restaurados.
Atratividade: Ao contrário de esconder a infra-estrutura de águas pluviais do público, os
princípios do PUSA incentivam utilizá-la como um elemento de design positivamente
visível. O valor estético que córregos, lagoas e paisagens verdes trazem ao ambiente
urbano pode ser utilizado como fator central na construção de novos empreendimentos
e restauração de bairros degradados.
Soluções customizadas: Ao invés de optar por soluções de engenharia padronizadas e
pré-concebidas, as soluções de PUSA são baseadas nas condições específicas do local, em
requisitos de manutenção viáveis e nas prioridades econômicas e sociais da população local.
Isso garante que elas realizarão sua função pretendida e que serão aceitas no ambiente local.
Adaptabilidade: O PUSA é de longo prazo e requer flexibilidade para se adaptar
a condições futuras, diferentes das atuais. Ao invés de adotar projetos baseados em
uma situação futura provável, os princípios incentivam desenvolvimento de projetos
facilmente alteráveis para lidar com mudanças futuras imprevisíveis.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Multifuncionalidade: Os princípios do PUSA promovem soluções que combinam os usos do
solo mais comuns à gestão mais sustentável da água. As soluções podem incorporar à sua
concepção usos recreativos e/ou de conservação, permitindo que um local seja utilizado (ou
mantido) tanto para o controle de cheias quanto para atividades esportivas, recreação infantil
e reservas naturais, por exemplo.
Aceitação pública: O bom planejamento urbano é baseado principalmente nas necessidades
da população, para a qual ele é destinado a atender. Quando esse não é o caso, as novas infraestruturas e instalações provavelmente serão negligenciadas e se degradarão. O princípio de
PUSA de envolvimento dos grupos de interesse ainda no estágio de planejamento visa garantir
que o público entenda o propósito das novas soluções e esteja a favor de sua aplicação.
Colaboração setorial integrada: A cooperação entre gestores e planejadores de uma série de
disciplinas é necessária para identificar soluções que alcancem sinergias entre planejamento
urbano e paisagístico, gestão de água, proteção ecológica e melhoria social. A cooperação
entre os diferentes setores de gestão urbana como água, planejamento, arquitetura da
paisagem, etc. não apenas aumenta a chance de soluções de PUSA serem implantadas como
também abre caminho para maior integração do planejamento no desenvolvimento urbano
como um todo.
Teto verde na Academia de Ciências da Califórnia, EUA
Imagem: Greenroofs.com
Tais exemplos de arquitetura globalmente aclamados mostram
como a gestão melhorada de água pode ter um efeito colateral
positivo do projeto urbanístico, e não a principal razão de
investimento. Isso fornece incentivos adicionais para a
implantação de uma gestão mais sustentável de águas urbanas,
aumentando a chance de entendimento e aceitação pública em
larga escala.
Imagem: Inhabitat
A maior vantagem do PUSA é que as prioridades do
planejamento urbano, tais como funcionalidade e estética, não
são comprometidas pelas necessidades de manejo das águas
pluviais, mas sim valorizadas. A vanguarda da arquitetura urbana
e do design cada vez mais combina recursos naturais com
materiais de construção comuns para atingir o duplo objetivo de
criar um desenho único e um desenvolvimento “verde”. Exemplos
recentes incluem telhados verdes no prédio da Academia
de Ciências da Califórnia em São Francisco, a construção de
“paredes vivas” como parte do Musée du Quai Branly em Paris e
o uso de águas pluviais e vegetação aquática para manter canais
e lagoas que foram incorporadas ao projeto de desenvolvimento
da Potsdamer Platz em Berlin.
“Paredes vivas“ no museu du Quai Branly, Paris, França
19
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Potsdamer Platz, em Berlim
Destruída durante a Segunda Guerra Mundial e
negligenciada na Berlim dividida, a Potsdamer
Platz ganhou uma nova vida após a reunificação
alemã em 1991, quando a área se tornou o foco
de uma remodelagem profunda. O complexo de
construções foi concebido com o objetivo de utilizar
a natureza, e em particular a água, para criar uma
paisagem única onde os recursos naturais fazem
parte do contexto urbano. Lagoas, cascatas, canais
e wetlands alimentados por um complexo sistema
de reciclagem de águas pluviais interagem com a
arquitetura comercial para criar um espaço urbano
esteticamente agradável onde os cidadãos podem
escapar do tráfego, poluição e barulho da cidade.
Imagem: Galinsky.com
20
A gestão da água na cidade também é beneficiada.
A sensibilidade do projeto à água assegura que o
escoamento superficial de águas pluviais no complexo
Potsdamer Platz, em Berlim
seja manejado com sucesso no próprio local. O
escoamento alimenta não apenas as instalações
hídricas locais como também contribui no consumo não potável de água, como descargas e irrigação
de jardins. Adicionalmente, a presença de grandes superfícies de água fornece um mecanismo natural
de resfriamento, criando um microclima com temperaturas reduzidas durante o verão.
A incorporação de uma concepção sensível à água ao desenvolvimento da Potsdamer Platz
contribuiu significativamente para o sucesso de um dos mais famosos pontos da cidade,
demonstrando que mesmo no coração de uma cidade densamente povoada, onde o espaço é
disputado, o desenvolvimento urbano sensível à água é uma opção atrativa e viável.
Mais informações sobre o projeto sensível à água da Potsdamer Platz podem
ser encontradas na seção de estudo de caso do SWITCH Water Sensitive Urban
Design Manual (Hoyer et al 2011) www.switchtraining.eu/switch-resources
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
r 5. A orientação geral:
Gestão de águas pluviais
e sustentabilidade
5.1
Gestão sustentável de águas pluviais
Seções anteriores mostraram que águas pluviais estão intimamente interligadas a
diferentes áreas de gestão de águas e planejamento urbano. Uma abordagem integrada
é, portanto, necessária para assegurar que a gestão de um aspecto de águas pluviais não
resulte em problemas em outro setor. Isso também ajuda a identificar e explorar todas
as oportunidades de se atingir benefícios inter-setoriais.
Ao trabalhar problemas de forma holística e aumentar os benefícios de longo prazo,
conclui-se que uma abordagem integrada resulta em maior sustentabilidade. Mas
também é necessário estabelecer um conjunto de critérios de sustentabilidade com
os quais seja possível medir e avaliar a mudança de direção. Isso é necessário para
determinar se os benefícios gerados e impactos evitados realmente resultam em um
desenvolvimento urbano mais sustentável a longo prazo.
O Módulo 1 inclui informações
mais detalhadas sobre
sustentabilidade no contexto
da gestão de águas urbanas.
Imagem: Ralph Philip
Resumindo, pode-se definir gestão sustentável de águas como o alcance das necessidades
sociais, econômicas e ambientais atuais enquanto se cria as condições que permitam
que essas necessidades também sejam satisfeitas no futuro1. A Figura 4 mostra como
isso se relaciona a águas pluviais.
1
A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento define desenvolvimento sustentável como “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (1983)
21
22
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Figura 4: Gestão sustentável de águas pluviais
Sociedade
Utilizar águas pluviais para
aumentar a qualidade de
vida no ambiente urbano
enquanto são reduzidos
riscos de inundações a
níveis aceitáveis para todos
os grupos de interesse
Espaço
Decisões e ações de
gestão de águas pluviais
são tomadas considerando
impactos à jusante e à
montante
Tempo
Decisões e ações de
gestão de águas pluviais
são tomadas levando
em consideração seus
impactos de longo prazo
Gestão
sustentável de
águas pluviais
Ambiente
A manutenção de uma
boa condição ecológica
e morfológica de cursos
d‘água receptores e
habitats dependentes
dessa situação
Economia
Operação e manutenção
de infra-estrutura e
serviços pluviais custoeficientes
O movimento em direção a uma maior sustentabilidade requer que as decisões acerca
do manejo de águas pluviais sejam tomadas com avaliação de todos os critérios. Adotar
uma medida que proteja as habitações de inundações e melhorem habitats naturais não
será sustentável se os custos de manutenção forem muito elevados no longo prazo. Da
mesma forma, uma solução para reduzir os riscos de inundação cuja manutenção e
construção seja barata pode acabar resultando em uma série de problemas indesejáveis
se as conseqüências ambientais futuras não forem consideradas. Resumindo, se um
dos critérios de sustentabilidade não for atingido, as chances de a solução pensada
para melhorar o manejo de águas pluviais contribuir de fato para um desenvolvimento
sustentável no longo prazo são grandemente reduzidas.
Ver o Módulo 2 para
mais informações sobre a
importância do envolvimento
dos detentores de interesse e as
práticas de tal engajamento.
A avaliação da sustentabilidade deve ser feita com o engajamento dos muitos grupos de
interesse. Isso assegura que as ações, opiniões e necessidades de todos que influenciam
ou são influenciados pela gestão de águas pluviais sejam levadas em consideração. O
envolvimento de prestadores de serviços de saneamento e outros serviços relevantes,
como de infra-estrutura, tráfego, habitação e planejamento urbano, assim como do setor
privado, moradores e comércio locais e ONGs, etc. é essencial para a concepção de
soluções com as quais os grupos de interesse possam se identificar e para que todos
compreendam os impactos diretos e indiretos das decisões tomadas.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
5.2
Objetivos, indicadores e metas para a gestão de águas
pluviais
Tendo sido reconhecidas as ligações entre a drenagem e o restante do ciclo hidrológico
urbano, a seleção de objetivos e indicadores para a gestão de águas pluviais deveria,
idealmente, ser feita como parte de um processo maior de planejamento estratégico para
a GIAU (Gestão Integrada de Águas Urbanas). Nesse processo chega-se a um acordo
sobre uma visão global para a cidade e sobre seus problemas prioritários.
Enquanto os objetivos do manejo convencional de águas pluviais tendem a se concentrar
em um aspecto das águas pluviais (em geral a condução de escoamento superficial),
uma visão integrada tem maior probabilidade de escolher objetivos cobrindo diversos
aspectos, como controle de escoamentos, prevenção de poluição, criação de amenidades,
melhoria ambiental e reciclagem das águas.
Os objetivos são escolhidos com base no que é necessário para se atingir a visão global
(ver Módulo 1) da gestão de águas urbanas. O sucesso no alcance de um objetivo deveria
resultar na aproximação da cidade com sua meta global de maior sustentabilidade.
Indicadores e metas devem ser definidos para cada objetivo e assim possibilitar a
mensuração dos progressos e quantificação da mudança desejada. Esses indicadores e
metas têm de ser realísticos e facilmente mensuráveis.
Imagem: Ralph Philip
A Tabela 2 contém alguns exemplos genéricos de objetivos para o manejo de águas
pluviais e os indicadores e as metas associados, baseados em uma abordagem integrada
à gestão de águas pluviais. Deve ser notado que esses objetivos foram escolhidos
aleatoriamente para dar uma idéia da gama de diferentes setores relacionados às águas
pluviais que podem ser abordados. Na realidade, objetivos, indicadores e metas seriam
selecionados com base nas prioridades locais e no progresso necessário para se atingir
os objetivos globais da gestão de água na cidade.
23
24
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Tabela 2: Exemplos de objetivos, indicadores e metas para a gestão de águas pluviais urbanas
Exemplos de objetivos da
gestão de águas pluviais
Exemplos de indicadores
associados
Exemplos de metas associadas
Reduzir o risco de inundações
em áreas vulneráveis a níveis
aceitáveis por todos os
grupos de interesse, mesmo
sob cenários futuros de
mudanças climáticas
äFreqüência e intensidade das cheias
äDano econômico
(valor per capita por ano)
ä Freqüência de inundações reduzidas para
um período de retorno de X até o ano X
ä Dano de inundações menor que X Reais
por área de solo ocupada até o ano X
Proteger e melhorar a
qualidade da água e o estado
ecológico de águas urbanas
receptoras, tanto superficiais
quanto subterrâneas
ä Características químicas de cursos de
água receptores
ä Estado ecológico de habitats aquáticos
ä X% das águas cumprindo os requisitos
mínimos de qualidade da água como
especificado na legislação X até o ano X
ä Rios atendendo requisitos de
enquadramento na classe X até o ano X
Utilizar águas pluviais para
contribuir para a qualidade
de vida no ambiente urbano
ä Porcentagem da população que valoriza
os cursos de água locais para usos
recreativos
ä Mudança nos valores de terra e
propriedade locais
ä X% dos residentes entrevistados
reconhecerem o valor da água em sua
região
ä X% de aumento no valor tributável
de terras e propriedades locais
(independente de tendências externas)
Coleta de águas pluviais para
usos não potáveis
ä Redução da demanda de água potável
ä Redução dos escoamentos superficiais
gerados em propriedades onde ocorre
reuso
ä Redução da demanda por água potável de
X% até o ano X
ä Escoamento total da área X reduzido
em X% durante chuvas de magnitude
específica até o ano X
Utilizar águas potáveis para
restabelecer um ciclo hidrológico balanceado (em conjunto
com o desenvolvimento da
paisagem)
ä Taxa de recarga/ evaporação/
armazenamento/ escoamento
ä Nível de águas subterrâneas
ä Taxa de recarga/ evaporação/
armazenamento/ escoamento
estabelecida para se adequar à simulação
do estado natural da área
ä Taxa de recarga de águas subterrâneas
de X% de volumes específicos de
precipitação
(Adaptado de Ellis, Scholes, Shutes & Revitt, Middlesex University, 2008)
Diferentes tipos de indicadores
podem ser utilizados para
diferentes propósitos dentro
da gestão de águas urbanas.
Mais informações acerca do
uso de indicadores e suas metas
correspondentes podem ser
encontradas no Módulo 1.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
s Colocando em prática
a gestão sustentável de
águas pluviais
6.1
Implantação da gestão mais sustentável de águas pluviais
Uma drenagem urbana mais sustentável requer uma mudança da mentalidade de como se
deve lidar com águas pluviais. Em termos práticos, isso pode ocorrer de várias maneiras,
mas, principalmente, aproveitando-se das oportunidades que são apresentadas no contexto
de desenvolvimento urbano e estímulo econômico.
Tais oportunidades vão da implantação de grandes sistemas não convencionais de drenagem
até medidas pequenas, individuais, adaptadas à infra-estrutura existente. Na escala da
cidade, uma mudança completa de drenagem urbana convencional, transformando-a em
uma drenagem em que as águas pluviais são retidas e reutilizadas localmente é um objetivo
de longo prazo que, em muitos casos, só poderia ser atingido com uma remodelagem
radical da infra-estrutura. Contudo, progressos nessa direção podem ser obtidos sem
grandes investimentos financeiros e todas as cidades podem dar pequenos passos por meio
da implantação, quando surgirem oportunidades, de uma série de medidas de pequena e
grande escala, as quais, somadas podem atingir o objetivo de um manejo mais sustentável
de águas pluviais. Alguns exemplos de tais oportunidades estão listados abaixo:
äConstrução: Planejamento urbano pode exigir que novas ruas, projetos habitacionais,
complexos de negócios, plantas industriais e outras infra-estruturas urbanas sejam
construídas com medidas locais de gestão de águas pluviais, como o tratamento do
escoamento superficial e que mantenham o balanço hídrico próximo às condições
prévias ao empreendimento.
äMelhorias incrementais: Identificar locais dentro da cidade onde melhorias ou mudanças
na infra-estrutura de drenagem sejam prioritárias para o planejamento aumenta as
chances de que opções mais sustentáveis sejam selecionadas ao invés de convencionais.
Podem ser áreas suscetíveis a inundações localizadas, áreas em remodelação ou outros
locais onde o investimento em drenagem é uma demanda imediata.
ä Incentivos financeiros: O custo da gestão de águas pluviais é freqüentemente
financiado pelos proprietários dos imóveis, em suas contas de água e esgoto.
Cobrar uma tarifa separada para o manejo de águas pluviais (baseada na área
impermeabilizada) pode ser um incentivo para que os proprietários dos imóveis,
especialmente de negócios, reduzam os escoamentos superficiais gerados no local.
äPaisagismo e usos múltiplos: Vegetações e recursos hídricos utilizados no paisagismo
urbano podem ser adaptados para possibilitar amortecimento e tratamento dos
escoamentos superficiais. Além disso, campos esportivos, áreas de recreação e até
mesmo estacionamentos subterrâneos podem ser concebidos para armazenar águas
pluviais durante fortes precipitações.
äExplorando a necessidade de investimentos em outros setores: Devido às relações com
outros setores de planejamento urbano e hídrico, investimentos em medidas sustentáveis
de águas pluviais podem ser adotadas para resolver problemas em outros setores urbanos.
Capacidade insuficiente de tratamento de efluentes, restauração de habitats naturais e
escassez de água são todos problemas relacionados ao desenvolvimento urbano que a
gestão sustentável de águas pluviais pode ajudar a solucionar.
Para uma revisão das diretrizes
existentes para projetos de
gestão de águas pluviais veja “A
design manual incorporating
best practice guidelines for
stormwater management
options and treatment under
extreme conditions, Part A:
Review of design guidelines for
stormwater management in
selected countries” (Scholes et
al. 2008)
www.switchtraining.eu/switchresources
25
26
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
6.2
As questões regulatórias e
legislativas relativas à gestão
não convencional das águas
pluviais são discutidas no
artigo “Evaluation of current
stormwater strategies” (Elis et
al 2007)
www.switchtraining.eu/switchresources
Barreiras à gestão sustentável de águas pluviais
Oportunidades para aplicar práticas mais sustentáveis de gestão de águas pluviais
certamente existem em todas as cidades. Tecnologias baratas, acessíveis e comprovadas
também estão à disposição para permitir que essas oportunidades sejam aproveitadas
(ver Seção 7). Não obstante, o sucesso da implantação dessas medidas depende de
um ambiente local que assimile essas tecnologias e apóie sua adoção e manutenção
continuada. Tentar introduzir soluções alternativas em um ambiente com profissionais
de postura contrária, estruturas institucionais rígidas, estrutura legislativa contraditória e
oposição pública, provavelmente terminará em fracasso.
Tabela 3: Exemplos de barreiras à práticas mais sustentáveis de gestão de águas pluviais
Barreira
Descrição
Conseqüências
Legislação e regulação
Grande parte da legislação, regulação e padrões
relacionados ao manejo de águas pluviais foram
desenvolvidos por sistemas de engenharia
convencional de drenagem urbana.
Soluções alternativas de gestão de águas
pluviais podem enfrentar desafios legais e
podem não atender aos padrões convencionais.
Estruturas institucionais
A natureza transversal das soluções não
convencionais para águas pluviais não é
necessariamente compatível com a estrutura
organizacional e com as competências de
planejamento, típicos das autoridades e
departamentos municipais relevantes, que
prestam serviços de drenagem convencionais.
A relação entre drenagem urbana e outros
setores, como o de planejamento de uso
do solo, não é abordada nas estruturas
institucionais existentes, resultando em
uma abordagem fragmentada dos aspectos
relacionados a águas pluviais.
Aversão ao risco
Oposição de tomadores de decisão para adoção
de soluções inovadoras devido à concepção
de que as tecnologias não são testadas e que
os riscos de falha e responsabilização legal são
inaceitavelmente altos.
Continuidade da implantação de infra-estrutura
convencional de águas pluviais, ao invés de
investimento em soluções não convencionais.
Custos envolvidos
Os custos de capital inicial para substituição
de sistemas centralizados de drenagem por
soluções não convencionais, ou da inclusão
de soluções descentralizadas em novos
emprrendimentos, são considerados altos
demais para justificar o investimento.
Infra-estrutura centralizada de drenagem
continua a ser reparada e ampliada apesar de
seus altos custos ao longo do ciclo de vida.
Resistência profissional
à mudança
Atitudes conservadoras com relação à gestão
de águas pluviais e um desejo de manter um
monopólio sobre os serviços de drenagem.
Relutância dos funcionários municipais e de
empresas prestadoras de serviços públicos em
estudar e adotar novas tecnologias
Aceitação Pública
Oposição pública a opções alternativas devido
à falta de informação e a preocupações
infundadas.
Soluções não convencionais são consideradas,
pela população, inaceitáveis e um desperdício
de dinheiro, resultando em oposição e em falta
de comprometimento.
Requisitos de espaço
A necessidade de terras para soluções não
convencionais são restritas e caras em áreas
densamente povoadas. O uso de áreas como
campos esportivos para armazenagem
temporária também pode ser politicamente
polêmico.
A terra necessária para implantar soluções
alternativas não está disponível ou é cara
demais para adquirir.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Muitas barreiras à gestão sustentável de águas pluviais podem ser superadas, mas
para fazê-lo é necessário reconhecer quais são e como elas influenciam a drenagem
urbana. Barreiras são específicas em cada local e tendem a surgir devido a uma série
de fatores políticos, econômicos e sociais. Contudo, existem alguns aspectos gerais a
muitas barreiras que se assemelham em cidades do mundo todo. Algumas delas e suas
implicações são descritas na Tabela 3.
Uma vez identificadas, as barreiras a soluções não convencionais para águas pluviais,
como as apresentadas na Tabela 3, são superáveis em conjunto. Ao reconhecer sua
existência, medidas podem ser tomadas para mitigar as ameaças e ajudar a criar
melhores condições para uma ampla adoção de opções sustentáveis. Exemplos de tais
medidas incluem:
ä Projetos-piloto para demonstrar os resultados e a viabilidade da manutenção: A eficácia,
confiabilidade e custos de soluções alternativas à gestão de águas pluviais serão
inevitavelmente questionados. Projetos-piloto implantados com sucesso fornecem a
evidência necessária para encorajar investimentos em maior escala.
ä Engajamento público: Ignorar a opinião pública pode gerar suspeita generalizada e
oposição a soluções alternativas de drenagem. Envolver o publico nos estágios iniciais
do planejamento é importante a fim de considerar preocupações locais, explicar os
benefícios e desenvolver um sentimento de posse entre a população local.
ä Coordenação institucional: A influência de inúmeros setores privados e públicos na
gestão de águas pluviais requer um órgão de coordenação que tenha uma visão geral
da drenagem urbana. Tal órgão (que pode ser estabelecido como parte de uma unidade
maior para integração da gestão de águas urbanas em geral) é capaz de aproximar os
tomadores de decisão de uma abordagem de gestão não fragmentada.
ä Mudança legislativa e de regulação: Mudanças na legislação podem ser necessárias
para assegurar que soluções alternativas sejam legalmente aceitas como opções para
drenagem. Maior regulação, por exemplo, de padrões construtivos, também pode
assegurar que a licença de implantação para novos empreendimentos dependa da
inclusão de medidas que permitam um manejo efetivo de águas pluviais.
ä Mudanças orientadas pelo mercado: Promover soluções não convencionais para o
manejo de águas pluviais, por exemplo, provendo subsídios para certos tipos de
tecnologias, que aumentaria o mercado para esses produtos e a sua competitividade
frente a soluções convencionais. Isso fornece incentivos para que empreendedores
privados e consultores adotem novas tecnologias, e encoraja residências e comércio a
investirem em medidas como sistemas de coleta de água de chuva.
O engajamento do público
nas tomadas de decisões é
discutido no artigo do SWITCH
“Evaluation of decision making
process in urban stormwater
management” (Ellis et al 2009)
www.switchtraining.eu/switchresources
Para orientação de como
identificar instituições e órgãos
governamentais importantes
para gestão de águas pluviais
consulte o documento do
SWITCH “Guidelines for the
preparation of na institutional
map for cities identifying areas
wich currently lack Power
and/ or funding with regard
to stormwater management”
(Ellis et al 2009)
www.switchtraining.eu/switchresources
ä Apoio político: Ganhar apoio político por meio da aprovação de uma política de gestão
alternativa de águas pluviais pela Câmara Municipal, por exemplo, fornece um importante
incentivo para a implantação generalizada de soluções mais sustentáveis. Aumentar a
sensibilização aos problemas (e custos) associados às abordagens convencionais de
drenagem, assim como aos benefícios de uma abordagem alternativa, podem apresentar
incentivos claros para que os políticos trabalhem no tema.
Das medidas acima, o apoio político é indiscutivelmente a mais importante. Suporte
político dos altos níveis da administração local pode levar a reformas institucionais e
à revisão da legislação – barreiras significativas à implantação de medidas alternativas.
Uma vez implantadas, tais mudanças fornecem os fatores e incentivos que permitem
que planejadores, profissionais e empreendedores aprovem, invistam e aumentem sua
capacidade de utilizar tais soluções em larga escala.
Ver o Módulo 1 para mais
informações sobre coordenação
institucional e compromisso
político
27
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Convenção para o Futuro das Águas Pluviais na Bacia do Emscher
Situada em um antigo centro
industrial no Noroeste da
Alemanha, a região de Emscher
é um exemplo do que pode ser
alcançado quando há suficiente
compromisso
político
para
realizar uma ampla mudança
no ciclo hidrológico urbano.
Fazendo parte de um abrangente
projeto de regeneração urbana
e recuperação de rios, o
conselho regional de rios e 17
municipalidades dentro da bacia
do rio Emscher chegaram a um
O Emscher perto de Duisburg
acordo sobre a necessidade de
se reduzir o volume de águas
pluviais entrando no sistema de
esgotos local. A Convenção para
o Futuro das Águas Pluviais na Bacia do Emscher foi criada.
Imagem: Emscher Genossenschaft
28
Uma declaração voluntária de intenções, a convenção 15/15 estabeleceu a meta de
desconectar 15% da drenagem das superfícies impermeáveis do sistema de esgotos dentro
de 15 anos para prevenir sobrecarga das estações de tratamento de efluentes e que águas
pluviais não tratadas entrem no rio. A convenção foi assinada pelos prefeitos de todos os
17 municípios localizados na bacia hidrográfica, assim como pelo conselho local de águas e
pelo Ministro do Meio Ambiente do estado de North Rhine-Westphalia. Desde a assinatura
da convenção em 2005, aproximadamente 40km2 de superfícies impermeabilizadas foram
desconectadas da rede de esgotos (Salian 2011).
Para mais informações sobre a convenção ver o Estudo de Caso da Região de
Emscher. www.switchtraining.eu/switch-resources
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
t Opções para a gestão
sustentável de águas pluviais
7.1
Melhores Práticas de Gestão de Águas Pluviais (BMP)2
A mais comum das alternativas normalmente defendida às técnicas de gestão convencional
de águas pluviais é o que ficou conhecido como Melhores Práticas de Gestão de águas
pluviais (BMP)3. O conceito de BMP de águas pluviais promove uma abordagem integrada
de manejo das águas pluviais, baseada em opções que retenham, tratem e reutilizem o
escoamento superficial formado pelas águas das chuvas. O ambiente natural tem papel
central na tecnologia escolhida, e sistemas naturais como zonas pantanosas artificiais
(wetlands), vegetação e solos são muito utilizados nas várias soluções.
Em oposição à abordagem convencional da drenagem urbana, uma abordagem que
utilize soluções de BMP de águas pluviais visa objetivos multidimensionais, relacionados à
qualidade, à quantidade e aos aspectos socioeconômicos das águas pluviais. Por exemplo, a
construção de bacias de infiltração para a coleta do escoamento de ruas pode reduzir os fluxos
de águas pluviais de superfícies pavimentadas (controle de quantidade), remover poluentes
por meio de processos naturais (controle de qualidade), bem como proporcionar atrativos
no ambiente urbano que aumentam o valor estético do local (melhora do espaço público).
Maiores detalhes com relação aos benefícios multidimensionais que se pode alcançar por
meio das BMPs de águas pluviais, são fornecidos nos resumos de soluções, na Seção 7.2.
A seleção de soluções BMP de águas pluviais é altamente dependente das condições e
exigências locais. Entretanto, o conceito geral segue alguns “códigos” universalmente
aplicáveis cuja consideração é essencial quando se coloca o manejo sustentável de águas
pluviais em prática. Esses incluem:
äPlanejamento integrado:A implantação de muitas soluções BMP de águas pluviais pode
afetar diversas áreas. Proteção contra enchentes, controle de poluição, criação de habitat,
amenidades sociais e o uso de espaço – e os departamentos responsáveis por cada um
destes – são todos setores que podem ser influenciados pela implantação de uma única opção.
A existência destas ligações deve ser reconhecida por meio de um planejamento integrado de
modo a assegurar que os efeitos secundários sejam bem entendidos e adequadamente geridos.
ä Adequação ao contexto local:Soluções BMP de águas pluviais somente serão sustentáveis
se estiverem adaptadas às condições locais. A escolha de soluções deve, portanto,
considerar aspectos como disponibilidade de espaço, clima local, tipo de solo, níveis de
águas subterrâneas, topografia, tipos de construções, práticas de uso do solo, condições
socioeconômicas, etc. Outro aspecto crucial é, com a exceção da implementação em áreas
previamente não utilizadas, a necessidade de adaptar as soluções à infra-estrutura existente.
ä Flexibilidade:A gestão de águas pluviais é muito influenciada pelo crescimento urbano
e pelas condições climáticas – dois fatores que são difíceis de prever com precisão.
Flexibilidade para se adaptar a um futuro incerto é, por isso, um critério de planejamento
fundamental para soluções BMP de águas pluviais. Ao contrário de sistemas convencionais
de drenagem, que possuem em sua concepção parâmetros fixos, soluções BMP podem
ser concebidas para servir seu propósito em diversos cenários futuros.
ä Aspectos espaciais:As águas pluviais têm de ser geridas em diversas escalas espaciais, e
cada uma delas deve ser considerada durante a seleção de soluções BMP. Considerações
do espaço começam na construção em si e se expandem para o local de construção, a
área, a sub-bacia, até toda a bacia hidrográfica do rio. Quando implantada em grande
escala, os impactos das soluções BMP, em cada um desses elementos espaciais, têm
de ser cuidadosamente considerado.
Para mais exemplos de
BMP’s relacionadas ao ciclo
urbano da água consulte a
publicação do SWITCH “A
design manual incorporating
best practice guidelines for
stormwater management
options and treatment under
extreme conditions, Part B: The
potencial of BMP’s to integrate
with existing infrastructure (i.e.
retro-fit/hybrid systems) and
contribute to other sectors of
the urban water cycle” (Shutes
et al 2008)
www.switchtraining.eu/
switchresources
2
Nota do Tradutor: Best Management Practices designa as melhores práticas de manejo de águas pluviais, podendo incorporar técnicas compensatórias (e.g.:
trincheiras de infiltração, pavimentos permeáveis) e medidas não-estruturais, como o manejo de fertilizantes e pesticidas, regulamentação da drenagem pluvial,
entre outras. No presente texto, por simplicidade, mantém-se a sigla BMP para designar essas práticas.
3
Também comumente chamadas de Sistemas Sustentáveis de Drenagem Urbana (Sustainable Urban Drainage Systems ou SUDS)
29
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
7.2
Exemplos de soluções BMP de águas pluviais
Soluções BMP de águas pluviais são concebidas para uma variedade de escalas,
dependendo do objetivo e das condições locais nas quais estão sendo implantadas.
Essas escalas formam uma hierarquia de medidas preferenciais, começando por medidas
preventivas, proativas e de controle das águas pluviais na origem e, aumentando a
escala, até a gestão dos escoamentos em uma maior área geográfica. Essa hierarquia é
mostrada na Figura 5:
Figura 5: A hierarquia das soluções BMP de águas pluviais
Imagem: University of Abertay
30
Evaporação
Boa gestão
interna
Controle na
Origem
Infiltrar o que
é possível
Controle
Local
Controle
Regional
Descarga em
corpo d’água
receptor
Boa gestão interna: Medidas não estruturais para controlar o escoamento e prevenir seu
contato com poluentes por meio de, por exemplo, programas de educação e aumento da
sensibilização, planejamento local, gestão do lixo e do uso do solo.
Controle na origem: Retenção e tratamento de escoamentos o mais próximo possível do
local de precipitação por meio, por exemplo, de pavimentação porosa, reservatórios de
coleta, valas e telhados verdes.
Controle local: Retenção e tratamento de escoamentos de uma área maior, como
conjuntos habitacionais ou grandes estacionamentos, por meio de, por exemplo, bacias
de detenção e sistemas de infiltração.
Controle regional: Retenção e tratamento de escoamento de diversos lugares por meio
de, por exemplo, lagoas de retenção e zonas pantanosas artificiais.
Apesar das soluções BMP de águas pluviais poderem ser implantadas como medidas
individuais nas diferentes escalas de planejamento dentro da hierarquia acima, elas
devem ser idealmente adotadas conjuntamente, especialmente em empreendimentos
maiores. Ao conceber as BMP com esta interação em mente, diferentes soluções operam
em conjunto para progressivamente controlar os escoamentos e remover poluentes em
uma área cada vez maior.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Uma enorme variedade de opções e métodos está disponível para auxiliar na implantação
de uma gestão mais sustentável de águas pluviais. Elas incluem:
ä Planejamento local (boa gestão interna)
ä Pavimento poroso (controle na origem)
ä Valas (controle na origem)
ä Coleta de chuva (controle na origem)
ä Telhados verdes (controle na origem)
ä Sistemas de infiltração (controle local e regional)
ä Lagoas e bacias de detenção (controle local e regional)
As Orientações de Melhores
Práticas de Gestão Ambiental
de Águas Pluviais Urbanas
produzidas na Austrália pela
CSIRO (Commonwealth
Scientific and Industrial
Research Organisation)
fornecem informações
detalhadas e técnicas, para
engenheiros e planejadores
locais em muitas opções BMP.
Pode-se fazer o download grátis
dessas orientações em:
http://www.publish.csiro.au/
pid/2190.htm
ä Participação pública (boa gestão interna)
Alguns problemas comuns associados à implantação também estão listados para cada
solução. Mais uma vez, o tipo e a extensão dessas considerações são dependentes das
circunstâncias locais e a lista é apenas um guia geral.
Em geral, a informação que se segue destina-se a servir como base para discussão, ao
invés de como análise significativa da adequação local de uma solução. Na maioria dos
casos, uma investigação minuciosa incluindo o envolvimento dos grupos de interesses
e um estudo abrangente das condições locais seria necessário para determinar se uma
solução é tanto viável quanto desejável. O conhecimento de especialistas provavelmente
também será necessário para a concepção e construção das tecnologias.
CIRIA (Construction Industry
Research and Information
Association) no Reino Unido
também produziu diversas
publicações voltadas para
profissionais, engenheiros e
planejadores que fornecem
importantes detalhes técnicos
em soluções BMP. Pode-se
fazer o download de algumas
dessas publicações em:
http://www.ciria.org.uk/suds/
publications.htm
Imagem: Prit Salian
Cada uma das soluções acima é rapidamente descrita abaixo. Uma curta descrição da
solução é apresentada, seguida pelas contribuições positivas que ela pode trazer para
o manejo das águas pluviais e o desenvolvimento urbano como um todo. Gráficos
que mostram um simples ranking dessas contribuições também são apresentados.
A meta deste ranking é fornecer uma indicação geral da extensão dos benefícios que
uma solução pode trazer a uma cidade. Isso é, obviamente, altamente subjetivo e na
realidade os benefícios (e custos) que a solução propicia são totalmente dependentes
das circunstâncias locais nas quais é implantada.
31
32
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Planejamento local
Novos empreendimentos urbanos, bem como a reurbanização de áreas, oferecem as
melhores oportunidades para a introdução de medidas de controle de quantidade e
qualidade de águas pluviais. A identificação de problemas de águas pluviais existentes
e previstos em uma área antes de seu desenvolvimento permite que medidas que
solucionem os problemas sejam incluídas no processo de planejamento do local. Essa
é, portanto, uma oportunidade ideal para implantar, com bom custo-benefício, medidas
preventivas que reduzam o impacto do novo projeto sobre as águas pluviais.
Planejamento local sensível às águas pluviais significa incorporar a drenagem sustentável
na etapa de planejamento de um novo projeto e não conceber um sistema de drenagem
depois que o plano é posto em prática. As medidas incluem posicionar usos do solo que
apresentam risco pontual de contaminação de águas superficiais longe das mesmas,
aumentar espaços livres entre as construções e utilizar os recursos da paisagem e as
características naturais de drenagem existentes para tratamento e amortecimento dos
escoamentos. Tais medidas previnem o aumento da contaminação, volume e velocidade
das águas pluviais do local sem a necessidade de construir uma infra-estrutura cara.
Um planejamento abrangente do local pode ser totalmente eficaz na manutenção do regime
de escoamento de águas pluviais que existiam antes da implantação desses projetos. Onde
o planejamento inteligente do uso da terra e medidas preventivas não forem suficientes
para atingir esse objetivo, a etapa de planejamento também é ideal para a incorporação
de soluções BMP de águas pluviais estruturais como valas, lagoas e zonas pantanosas
artificiais como parte da paisagem do empreendimento. Fazê-lo nessa etapa amplia a
gama de possíveis medidas selecionáveis, além de ser tecnicamente mais fácil e barato
do que adaptar medidas BMP de águas pluviais em um empreendimento já consolidado.
Figura 6: Influências positivas do planejamento local no ciclo hidrológico urbano e desenvolvimento urbano. O
número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção.
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
Prevenir a dispersão de
poluentes e incorporar
sistemas naturais
de amortecimento e
tratamento protege e
melhora o habitat local
Em sistemas combinados
de esgotos, o consumo de
energia não é elevado por
novos empreendimentos
Medidas preventivas
economizam na
construção, operação
e manutenção de infraestrutura alternativa de
drenagem
Planejamento local
evita o aumento do
volume e intensidade
do escoamento
nas áreas de novos
empreendimentos
Medidas preventivas
retêm os poluentes na
fonte e controlam a
diluição da poluição no
escoamento superficial
O desenvolvimento de terras
para fins econômicos pode
ser feito rentavelmente sem
aumentar o risco de poluição,
inundação e erosão
Redução da pegada de
drenagem de novos
empreendimentos
habitacionais
Paisagismo sensível às
águas pluviais dá ênfase a
recursos estéticos como
superfícies verdes, lagoas
e córregos naturalizados
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Questões a considerar
O sucesso da concepção de drenagem sustentável para um novo local é influenciado
por diversos fatores. O mais importante deles é o desafio de assegurar que as águas
pluviais recebam a devida importância durante a fase de planejamento local. O nível de
importância que a gestão de águas pluviais recebe durante a fase de planejamento de
um novo empreendimento urbano determinará até que ponto é possível obter impactos
positivos na drenagem futura da área. Essa e outras considerações locais são descritas
em mais detalhes abaixo:
ä A concepção de um novo local é baseada em objetivos não necessariamente relacionados
às águas pluviais, e sim como rentabilidade, compatibilidade com as áreas adjacentes e
estética. Objetivos relacionados ao manejo de águas pluviais têm maior probabilidade
de serem incorporados se sua inclusão não comprometer as razões primárias do
empreendimento.
ä O foco em gestão de águas pluviais dentro da fase de planejamento do novo empreendimento
será mais facilmente aceito se os benefícios que ele traz estiverem claramente
apresentados e entendidos. Os benefícios que a gestão sustentável de águas pluviais
trará, como a conformidade ao planejamento para a drenagem, valor estético e
economias futuras nos custos de construção e manutenção de infra-estrutura de
drenagem, têm de ser fortemente enfatizados.
Imagem: University of Abertay
ä A identificação de áreas e usos do solo que apresentam um risco às águas pluviais,
assim como a proposição de intervenções, exigirá conhecimento detalhado do local,
sob uma perspectiva de drenagem. Informações sobre precipitação, topografia,
geologia, tipos de solo, vegetação, habitats naturais, os parâmetros hidrológicos
correntes, etc. serão necessárias para a incorporação bem sucedida das práticas de
gestão sustentável de águas pluviais ao local.
Planejamento da área para uma gestão sustentável das águas pluviais
33
34
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Pavimento poroso
Um dos maiores impactos da urbanização na gestão de águas pluviais é a conversão de
vegetação e solos permeáveis em ruas, estacionamentos, ciclovias e outras superfícies
pavimentadas impermeáveis. A mudança de uma superfície permeável natural para uma
impermeável aumenta o volume e a velocidade dos escoamentos superficiais que seriam,
do contrário, amortecidos e absorvidos pela vegetação e infiltrados no solo. Poluentes
como óleos e sedimentos também são diluídos nesses escoamentos, contaminando os
cursos d’água receptores.
Uma solução para esse problema é a pavimentação porosa ou permeável. Superfícies
pavimentadas vazadas entre blocos intertravados de concreto ou asfalto permitem a
drenagem de águas pluviais através do pavimento e sua infiltração em águas subterrâneas
ou sua armazenagem e lenta liberação por tubulações coletoras subterrâneas. As
estruturas amortecem o escoamento e podem remover poluentes típicos de rodovias,
como hidrocarbonetos e metais pesados, por meio de mecanismos de absorção e
filtragem no material entre os blocos de pavimentação e sub-leito.
O pavimento poroso é uma opção de controle na origem concebida para controlar apenas
a água que cai sobre sua superfície, e não águas pluviais coletadas em uma área maior, que
podem conter grandes cargas de sedimento. A tecnologia é, entretanto, capaz de lidar com
tempestades severas e é, portanto, aplicável à maioria das condições climáticas.
Figura 7: Influências positivas da pavimentação porosa no ciclo hidrológico urbano e desenvolvimento urbano. O
número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
A infiltração de águas
pluviais recarrega
aquíferos, que
podem ser fontes de
abastecimento de água
Em sistemas combinados
de esgotos, é reduzido o
consumo de energia no
tratamento de efluentes
Em sistemas
combinados de
esgotos, o custo de
coleta e tratamento
é reduzido
O amortecimento de águas
pluviais reduz os riscos de
inundações locais e a jusante
e de erosão causada por
intenso escoamento urbano
Poluentes comumente
contidos no escoamento
oriundo de ruas são
removidos por meio de
absorção e filtração
Novas habitações e novas
ruas, assim como pavimentos
e estacionamentos podem ser
construídos sem aumentar o
risco de inundações
Redução do risco de
inundações e impactos
ambientais causados por
vias e ruas
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Questões a considerar
Existe atualmente tecnologia para construir pavimentos porosos na maioria dos
ambientes e climas urbanos. Todavia, características locais terão papel importante no tipo
de sistema a ser selecionado. Alguns dos aspectos locais que devem ser considerados
incluem:
ä A água infiltra em diferentes tipos de solo conforme taxas diferentes. Solos com baixa
capacidade de infiltração podem não ser adequados à pavimentação porosa e pode
ser necessária, alternativamente, a instalação de tanques ou tubulações de amortecimento
sob a via.
ä A drenagem através da pavimentação não será capaz de infiltrar em solos saturados,
devido a um lençol freático alto. Tanques ou tubos de coleta podem ser utilizados em
seu lugar para amortecer o escoamento.
ä A pavimentação porosa deve ser resistente o suficiente para suportar o peso e o volume
do tráfego que utiliza a via.
ä O principal uso da via determinará os tipos de poluentes que devem ser controlados e
o risco que eles representam aos aqüíferos subjacentes.
ä A falta de manutenção de pavimentos porosos pode deixá-los obstruídos por sedimentos,
resultando em drenagem insuficiente da via. Concentrações de metais pesados no solo
também podem aumentar e têm de ser removidos.
Exemplo de pavimentos porosos
Imagem: ILASA
Imagem: ILASA
ä A construção de pavimentação porosa deve ser apropriada ao clima local. Volume e
intensidade das precipitações e variações na temperatura influenciarão as especificações
do projeto.
35
36
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Valas
O escoamento superficial gerado pelas edificações, vias e ruas pode ser amortecido e
tratado com o uso de valas. Essas valas são revestidas por grama e projetadas para infiltrar
e tratar a água. À medida que as águas pluviais fluem pela vala, elas são naturalmente
tratadas pela vegetação e pelo solo, além de parcialmente filtradas pelo subsolo. Em
comparação a canais de drenagem de concreto, as valas amortecem o escoamento e
são capazes de remover matéria orgânica, sedimentos e sólidos suspensos, assim
como, em menor escala, metais pesados. As valas infiltram apenas parte das águas que
nelas entram e medidas adicionais podem ser necessárias para controlar a descarga,
particularmente sob fortes precipitações.
As valas podem ser facilmente adaptadas à paisagem urbana existente para substituir
canais convencionais de drenagem. Além de seu valor para amortecimento e tratamento de
escoamento, as valas podem ser elementos atraentes que valorizam residências e calçadas.
Figura 8: Influências positivas da pavimentação porosa no ciclo hidrológico urbano e desenvolvimento urbano. O
número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção.
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
A infiltração de águas
pluviais recarrega os
aquíferos subjacentes,
que podem ser fontes de
abastecimento de água
Em sistemas combinados
de esgotos, o consumo
de energia é reduzido no
tratamento de efluentes
Em sistemas
combinados de
esgotos, o custo de
coleta e tratamento
é reduzido
O amortecimento de águas
pluviais reduz os riscos
de inundações locais e a
jusante, e de erosão causada
por escoamentos intensos
Alguns poluentes contidos
no escoamento de áreas
urbanas pavimentadas são
removidos
Novas habitações, ruas e
estacionamentos podem ser
construídos sem aumentar o
risco de inundações
A adição de grama a
habitações e outros
ambientes urbanos oferece
valor de amenidade
Redução do risco de
inundações e dos impactos
causados pelo escoamento
nas ruas
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Questões a considerar
Em geral, as valas são soluções apropriadas para controle de águas pluviais na origem,
na maioria das cidades. Contudo, as condições locais devem ser consideradas no
projeto das valas de modo assegurar que o desempenho seja otimizado e a manutenção
necessária mínima possível. Algumas dessas considerações incluem:
ä As valas não são adequadas para grandes áreas de drenagem, já que grandes vazões
e velocidades causam erosão e reduzem a capacidade de amortecimento e tratamento
do sistema.
ä Uma área que produza escoamento altamente contaminado não é adequada para
a aplicação de valas, devido às suas limitadas capacidades de tratamento. Isso
é particularmente um caso onde pode haver risco de contaminação de águas
subterrâneas por infiltração.
ä As valas são adequadas para a maior parte dos tipos de solo, apesar de que solos
muito impermeáveis podem ser um problema. Em tais casos, leito artificial de solo e
sistemas subterrâneos de drenagem podem ser adicionados.
ä Um lençol freático alto pode resultar em água parada na vala, além de ocasionar a
entrada de escoamento contaminado não tratado nas águas subterrâneas.
Imagem: ICLEI
Imagem: IThe Stormwater Manager's Resource Centre
ä Há um limite à declividade das encostas da vala e da topografia circundante. Se elas
são muito íngremes, o escoamento entrará na vala em alta velocidade, provocando
erosão e reduzindo o potencial natural de tratamento do sistema.
Vala em Soweto, África do Sul
Esquema de uma vala sem água
37
38
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Coleta de água de chuva
Uma gama de diferentes
opções para o reuso de águas
pluviais e seus benefícios são
discutidos em mais detalhe no
artigo do SWITCH “Catalogue
of options for the reuse of
stormwater” (Scholes et al
2007)
www.switchtraining.eu/switchresources
A percepção do escoamento de águas pluviais como um recurso e não como um
incômodo é uma das principais diferenças entre as abordagens convencional e nãoconvencional da gestão de águas pluviais. A coleta da chuva é um exemplo óbvio dessa
percepção alternativa, permitindo que as águas pluviais sejam utilizadas com diversos
propósitos. Sistemas de coleta de chuva podem variar de um simples reservatório de
coleta conectado a um tubo de drenagem, até um sistema mais complexo, onde a água
coletada é bombeada para a rede de abastecimento para usos domésticos e produtivos.
O objetivo da utilização pode ser altamente localizado, como coleta doméstica para
descarga de vasos sanitários ou, em uma escala muito maior, para processos industriais
e irrigação de parques e agricultura urbana.
Águas pluviais são freqüentemente coletadas de telhados. Os telhados têm a vantagem
de serem superfícies impermeáveis elevadas dos quais se pode coletar água de qualidade
razoável. Sistemas de coleta de águas pluviais podem ser concebidos na escala de uma
construção individual (incluindo sistemas que fornecem tratamento básico e bombas para
distribuir a água pelo prédio para usos não potáveis) ou, em uma maior escala, capturando
águas pluviais de conjuntos habitacionais inteiros e de propriedades industriais.
Substituir ou complementar água tratada potável com água pluvial coletada auxilia muito
na redução da demanda sobre as fontes de abastecimento de água e é, portanto, uma
opção atraente em cidades que sofrem de escassez de água. Junto aos benefícios de
fornecimento de água, a coleta de chuva em larga escala também tem um impacto
positivo na gestão de águas pluviais, já que sua coleta de telhados e posterior utilização
reduzem significativamente o escoamento urbano total.
Figura 9: Influências positivas da coleta de águas pluviais no ciclo urbano da água e desenvolvimento urbano. O
número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção.
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
Redução da pressão
sobre a captação
em fontes naturais
para abastecimento
de água reforça
ecossistemas
aquáticos
A água pluvial
é reutilizada
para usos não
potáveis
Menos energia é utilizada com
o propósito de abastecimento
de água e para o tratamento
de efluentes em sistemas
combinados de esgotos
Economia dos custos
de bombeamento
e tratamento
no processo de
tratamento de água,
já que a demanda por
água potável é reduzida
O amortecimento
reduz o volume e
a intensidade do
escoamento urbano de
águas pluviais
Um fornecimento de água
mais robusto incentiva o
crescimento econômico
local sustentável e
investimentos
Águas pluviais coletadas
são uma fonte barata de
água para irrigação de
agricultura urbana
Águas pluviais
coletadas são uma
fonte barata de
água para irrigação
Uma fonte adicional de
água aumenta a segurança
de abastecimento das
famílias e reduz a conta
de água
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Questões a considerar
A coleta de chuva é aplicável a qualquer lugar onde haja telhados e demanda pela água
coletada. Há provavelmente poucos problemas com a tecnologia básica, onde a única
preocupação é saber se o tanque de coleta é seguro contra detritos, mosquitos e animais.
Tecnologias mais complexas, que realizam tratamento e distribuição da água coletada
devem, entretanto, ser selecionadas com base nas circunstâncias locais e intenções de
reuso. Algumas das questões que devem ser consideradas incluem:
ä Sistemas que utilizam tecnologias de tratamento básico e bombas, requerem
manutenção regular. Os proprietários devem ter disposição e capacidade para realizar
tal manutenção para que o desempenho ótimo seja mantido.
ä Os custos de instalação de sistemas complexos de coleta de chuva podem ser
consideráveis. Em cidades onde as contas de água são altas, o capital e custos
operacionais podem ser recuperados relativamente rápido, constituindo uma atraente
oportunidade de investimento para negócios e lares. Contudo, onde o preço da água
é baixo (e custos de energia, altos) o período de payback será muito mais longo e
subsídios para encorajar sua adoção podem ser necessários. Economias de escala
também podem ser utilizadas, como pela construção de um grande sistema que cubra
todo um conjunto de habitações.
ä A quantidade de água coletada dependerá da área do telhado e das taxas de
precipitação. Investir em um complexo sistema de coleta somente valerá a pena se
o suprimento for suficiente para substituir significativamente a demanda por água
potável. Construções que demandam grandes áreas de telhado, como aeroportos,
estações ferroviárias, arenas e centros comerciais são ideais para a tecnologia.
ä A chuva coletada não é necessariamente
limpa e não é recomendável para uso
potável. A contaminação por poluentes do
ar e por superfícies tóxicas de telhados pode
resultar na necessidade de tratamento para
certos usos. Uma compreensão dos poluentes
contidos na água coletada é necessária para
assegurar que o sistema inclua medidas
apropriadas de tratamento.
ä Dependendo do volume disponível para
armazenamento, a coleta de chuva é
vulnerável a períodos de pouca precipitação
ou de seca. Uma fonte reserva de
abastecimento é, portanto, necessária para
períodos de escassez.
Imagem: Ingenieurgesellschaft Sieker (IPS)
ä A adaptação de sistemas de coleta de chuva (além de cisternas de coleta) a edifícios
existentes pode ser restrita pela falta de espaço disponível para o tanque e pela
necessidade de adaptação do sistema instalação hidráulica pluvial. A reforma de
antigos edifícios habitacionais e de escritórios pode oferecer a oportunidade para a
execução dessas renovações. Entretanto, a incorporação do sistema ao projeto de novos
desenvolvimentos habitacionais e de negócios, estádios esportivos, centros comerciais,
edifícios municipais, aeroportos, etc. é a opção mais conveniente para sua implantação.
Tubulação para reuso de águas pluviais,
Alemanha
Aquíferos podem ser
artificialmente recarregados
com águas pluviais coletadas
que podem ser, então,
novamente captadas para
abastecimento de água
em um período futuro.
Essa solução é conhecida
como Armazenamento e
Recuperação de Aqüíferos e é
introduzida no Módulo 3.
39
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Coleta de águas pluviais em Pequim
Confrontados com severa escassez
de água, agricultores suburbanos
em Pequim estão buscando desenvolver sistemas multifuncionais de
agricultura urbana para lidar com
o crescente problema de falta de
água para irrigação. Integrante
do SWITCH, um projeto de demonstração de produção em
estufas combinado a coleta de
chuva foi desenvolvido para atingir
esse objetivo.
Imagem: SWITCH Project
40
Envolvendo diversas instituições
e uma cooperativa produtora de
vegetais no distrito Huairou em
Pequim, o projeto mostrou que
a tecnologia de coleta de águas
de chuvas fornece uma fonte útil
Cultivo de cogumelos em Pequim
de água para agricultura intensiva
em estufas e é particularmente
viável e rentável se as múltiplas funções da agricultura são combinadas. Um exemplo disso
é o reservatório coberto utilizado para armazenagem de água. O reservatório tem o duplo
propósito de armazenar água para irrigação a ser utilizada nas estufas e gerar as condições de
umidade ideais para o cultivo de cogumelos, fornecendo assim ao agricultor um maior retorno
econômico.
Mais informações sobre o uso de águas pluviais e de efluentes reciclados para
agricultura urbana podem ser encontradas no Módulo 5, assim como no site
da Fundação RUAF (Resources Centre on Urban Agriculture and Food Security)
http://www.ruaf.org/
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Telhados verdes
Qualquer um que já tenha visto uma calha em funcionamento pode testemunhar
que grandes volumes de água são rapidamente escoados dos telhados durante fortes
precipitações. Em um ambiente urbano, a vasta área de telhados significa que essa
descarga aumenta vazões de pico de cheias, assim como erosão e inundação. Esse
problema pode ser reduzido pela construção de telhados verdes, que amortecem a
água pluvial por meio da vegetação e solo que se encontram sobre o telhado. Quando
combinado a medidas adicionais no terreno, telhados verdes podem contribuir para a
desconexão completa dos telhados da rede de drenagem da cidade.
Telhados verdes consistem em camadas de membranas artificiais cobertas por substratos
para o crescimento da vegetação. A vegetação pode ser constituída por diversas espécies
de plantas escolhidas por sua adequação ao clima local, tipo de telhado construído e
efeito estético desejado. A chuva é retida no solo, distribuindo o escoamento por períodos
mais longos e aumentando as oportunidades para evapotranspiração. Dependendo do
projeto, poluentes contidos na chuva também podem ser removidos por tratamento
natural realizado pelo solo e vegetação.
Os benefícios dos telhados verdes vão além da gestão de águas pluviais. A camada de
vegetação fornece isolamento térmico eficiente para a edificação, prevenindo a perda
de calor durante tempo frio e mantendo o interior fresco em tempo quente. Isso reduz
o consumo de energia do edifício com aquecimento e sistemas de ar condicionado. A
existência de telhados verdes também acrescenta um atraente elemento ao ambiente
urbano pela extensão de áreas com vegetação, reduzindo o efeito urbano de ilha de calor,
incentivando a biodiversidade e removendo poluentes do ar.
Figura 10: Influências positivas de telhados verdes no ciclo hidrológico urbano e desenvolvimento urbano. O
número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção.
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
Criação de
ecossistemas
urbanos
Certos telhados verdes
são projetados para
tratar a chuva com o
objetivo de aumentar
as possibilidades de
reutilização
Em sistemas combinados
de esgotos, é reduzido o
consumo de energia no
tratamento de efluentes
Em sistemas
combinados de
esgotos, o custo de
coleta e tratamento
de águas pluviais é
reduzido
Amortecimento e
evapotranspiração
reduzem a
intensidade e volume
de escoamento de
águas pluviais
Remoção de poluentes
atmosféricos do
escoamento de águas
pluviais
Redução do
efeito de ilha de
calor e melhoras
na qualidade do
ar urbano
Redução do uso de energia em
sistemas de aquecimento e ar
condicionado devido à melhora
do isolamento do edifício
Aumento da vida útil
do telhado e redução
da conta de energia
da residência
Valor estético e de
amenidade que aprimora
a arquitetura e aumenta os
espaços verdes urbanos
41
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Questões a considerar
Telhados verdes são ideais para áreas urbanas adensadas onde há espaço limitado para
a implantação de opções alternativas de BMP de águas pluviais. Eles fornecem múltiplos
benefícios, mas deve-se reconhecer que alguns deles são mutuamente excludentes e
escolhas são, portanto, necessárias quando da seleção de um projeto. Essas escolhas e
outras restrições que se aplicam a telhados verdes incluem:
ä Telhados verdes projetados com o objetivo principal de reduzir o escoamento requerem
uma cobertura vegetal mais densa suportada por um solo fértil. Isso pode levar a lixiviação
de nitratos que podem comprometer a qualidade da água do escoamento que vem do
telhado. Ainda, as espécies de plantas que são boas para amortecimento, podem, às
vezes, reduzir o potencial para desenvolvimento da biodiversidade.
ä Dependendo das condições climáticas, telhados verdes podem restringir a coleta e o
uso de águas pluviais de telhados, particularmente onde o objetivo é amortecer as
águas pluviais com solos e plantas. Contudo, projetos que otimizem as oportunidades
de uso podem ser escolhidos, de modo que forneçam tratamento natural da água por
filtração no solo, apesar de que tais projetos têm menor probabilidade de oferecer os
mesmos benefícios estéticos e de biodiversidade.
Mais informações detalhadas
sobre telhados verdes, incluindo
atividades de pesquisa
realizadas pelo SWITCH,
ver o artigo “Report on the
experimental arrangement of
green roof mesocosms” (Bates
et al 2006)
www.switchtraining.eu/switchresources
ä Para conseguir amortecimento de águas pluviais suficiente para permitir a desconexão
de um sistema maior de drenagem, os telhados verdes têm de ser integrados a outras
opções de BMP de águas pluviais como lagoas de infiltração.
ä Em comparação aos telhados normais, telhados verdes podem ter alto custo de capital
Entretanto, uma análise de ciclo de vida da tecnologia irá, normalmente, justificar esse
custo por maior vida útil e confiabilidade em comparação às coberturas tradicionais,
assim como economias adicionais de energia e de ganhos ambientais que eles fornecem.
Telhados marrons
Telhados marrons são um tipo
de telhado verde concebido
especialmente para a conservação
da biodiversidade urbana. Apesar
de seu potencial de amortecimento
das águas pluviais ser inferior ao
de outras concepções de telhados
verdes, telhados marrons reduzem,
ainda assim, a intensidade do
escoamento, além de remover
poluentes
encontrados
na
precipitação. A combinação da
gestão de águas pluviais e a
valorização da biodiversidade
urbana tipicamente encontrada
em locais de “brownfields”
(terrenos baldios, áreas industriais
abandonadas) significa que a
construção de telhados marrons é
ideal para novos desenvolvimentos,
particularmente
em
áreas
industriais regeneradas.
Imagem: University of Birmingham
42
Telhado marrom em Birmingham, Reino Unido
Para uma descrição da pesquisa realizada sobre telhados marrons em Birmingham como
parte do SWITCH, ver o artigo “The SWITCH brown roof project, Birmingham, UK: Rationale
and experimental design” (Bates et al 2007) www.switchtraining.eu/switch-resources
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Sistemas de infiltração
Sistemas de infiltração são trincheiras ou bacias que coletam as águas pluviais e as
infiltram no solo por um meio de cascalho e pedra. O escoamento é tratado por meio
de filtração pelas pedras e cascalhos que preenchem a trincheira ou reservatório e,
particularmente, pelos solos subjacentes. Sistemas de infiltração são capazes de remover
diversos poluentes, incluindo praticamente qualquer matéria orgânica e sedimento,
sólidos suspensos, metais pesados e nutrientes. Diferentemente de uma vala, sistemas
de infiltração não possuem uma saída e, portanto, quando bem concebidos fornecem
maior amortecimento, já que o escoamento infiltra no solo ao invés de ser descarregado
em outros sistemas de drenagem ou diretamente nos cursos de água receptores.
Sistemas de infiltração são mais eficazes quando construídos em conjunto com outras
opções de controle na origem como valas, coletores de sedimentos, ou certos tipos
de telhados verdes. Tal tratamento prévio das águas pluviais, antes que elas entrem na
trincheira ou bacia, ajuda na prevenção de colmatação do meio filtrante e reduz o risco
de contaminação de águas subterrâneas.
Figura 11: Influências positivas de sistemas de infiltração no ciclo hidrológico urbano e desenvolvimento urbano.
O número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção.
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
A infiltração de águas
pluviais recarrega aquíferos
subjacentes, que podem
sustentar fontes de
abastecimento de água.
Em sistemas combinados
de esgotos, é reduzido o
consumo de energia no
tratamento de efluentes.
Em sistemas
combinados de esgotos,
o custo de coleta e
tratamento de águas
pluviais é reduzido.
O amortecimento de águas
pluviais reduz os riscos
de inundações locais e à
jusante, e de erosão causada
por intenso escoamento.
Poluentes comumente
contidos no escoamento
urbano são removidos
pelo processo de filtração.
Novas habitações e
as ruas, pavimentos e
estacionamentos podem ser
construídos sem aumentar o
risco de inundações.
Sistemas de infiltração
podem ser projetados como
recursos atraentes de jardins
e ao longo de vias.
Redução dos riscos de
inundação e dos impactos
ambientais causados por
escoamento de vias.
43
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Questões a considerar
Em condições adequadas, os sistemas de infiltração são muito efetivos na remoção de
poluentes de águas pluviais e na recarga de aqüíferos. Restrições locais, em especial tipo
de solo e qualidade das águas pluviais, devem ser consideradas com cuidado, de modo
a garantir que a solução seja adequada e não demande manutenção excessiva. Essas
restrições locais incluem:
ä Sistemas de infiltração são adequados para uso apenas em solos com a capacidade
apropriada de infiltração. Solos menos permeáveis causam colmatação do sistema,
enquanto solos porosos demais oferecem pouco tratamento, aumentando o risco de
contaminação de águas subterrâneas.
ä Escoamento contendo altos níveis de poluentes pode resultar em contaminação de
águas subterrâneas, enquanto elevadas cargas de sedimentos causam a colmatação
do sistema. Portanto, sistemas de infiltração requerem medidas prévias de tratamento,
como opções BMP de controle na fonte e coletores de sedimentos.
ä Sistemas de infiltração não são adequados para áreas com lençol freático alto.
É necessária uma camada suficiente de solo entre este e o fundo da trincheira ou bacia
para tratar as águas pluviais e evitar a contaminação das águas subterrâneas.
Sistema de infiltração Innodrain ® em Birkenstein, Alemanha
Imagem: Melbourne Water
Imagem: Ingenieurgesellschaft Sieker
44
Sistema de infiltração em Melbourne, Austrália
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Lagoas e bacias de detenção
Lagoas e bacias de detenção são projetadas para prover armazenamento temporário
durante fortes precipitações. Ao contrário de bacias de infiltração e lagos de retenção,
os equivalentes de detenção não necessariamente reduzem o volume de água pluvial
urbana. Eles visam, sobretudo, amortecer as vazões de pico pela liberação gradual de
escoamento. Áreas multifuncionais podem, portanto, ser projetadas para combinar o
controle de águas pluviais com outros usos urbanos, como recreação e transporte – uma
vantagem que é particularmente atraente em áreas densamente urbanizadas onde há
escassez de terras disponíveis.
Lagoas e bacias de detenção são construídas para coletar o escoamento de uma área
maior, como conjuntos de habitações, estacionamentos ou desenvolvimentos comerciais.
A seção de saída dessas estruturas é concebida para controlar a liberação de água em
um volume e velocidade que estejam de acordo com a capacidade da infra-estrutura e
dos sistemas naturais de drenagem à jusante. Dependendo dos materiais utilizados e do
tempo de detenção previsto, algum tratamento natural das águas pluviais pode ocorrer, em
particular a remoção de sedimentos e sólidos suspensos. Todavia, devido ao uso do local
para outras finalidades durante o tempo seco, isso pode não ser nem viável nem desejável
e o objetivo principal, com isso, tende a ser baseado na quantidade, e não na qualidade.
Dependendo das circunstâncias locais, soluções BMP de águas pluviais adicionais que
tratem e infiltrem as águas pluviais são idealmente implantadas à montante e à jusante
de soluções de detenção.
Figura 12: Influências positivas de lagoas e bacias de detenção no ciclo hidrológico urbano e desenvolvimento urbano.
O número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção.
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
Redução da
intensidade do
escoamento de águas
pluviais urbanas
Lagoas e bacias de detenção reduzem
transbordamentos de sistemas
combinados de esgotos e, dependendo
do projeto, podem remover alguns
poluentes das águas pluviais
Incentiva o
investimento em
áreas que seriam, do
contrário, sujeitas a
enchentes
Locais de detenção
podem ser usados como
áreas de recreação e
prática de esportes
durante estiagens
Novas habitações e
as ruas, pavimentos e
estacionamentos podem ser
construídos sem aumentar o
risco de inundações
Locais de detenção cobertos
por grama ou outra vegetação
aumentam a quantidade de
espaço urbano verde
45
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Questões a considerar
Zonas pantanosas artificiais
são outras duas soluções
que podem desempenhar
importante papel na gestão de
águas pluviais. Devido aos seus
benefícios adicionais na gestão
de efluentes, essas soluções
foram incluídas no Módulo 5.
Entretanto, mais informações
na utilização desses elementos
no contexto de gestão de águas
pluviais pode ser encontrado
no artigo do SWUTCH
“Constructed wetlands for flood
protection and water reuse”
(Shutes et al 2010)
www.switchtraining.eu/switchresources
Lagoas e bacias de detenção são aplicáveis a cidades sujeitas a transbordamentos de
sistemas unitários de esgotos, a erosão e a inundações localizadas, e a jusante, durante
fortes precipitações. O projeto para solução a ser adotada é, entretanto, altamente
dependente de uma ampla gama de fatores locais, incluindo condições climáticas,
localização, uso do local durante o tempo seco, proteção da infra-estrutura, etc. Mais
especificamente, essas considerações incluem:
ä O projeto do local de detenção depende do padrão de precipitação local e da hidrologia
da área sendo drenada, assim como das características das águas pluviais entrando
na lagoa ou bacia (como carga de poluentes). O projeto deve ser também resiliente o
suficiente para lidar com a incerteza dos padrões climáticos futuros.
ä Áreas urbanas densamente povoadas provavelmente não terão, de imediato, espaço
disponível para a construção da lagoa ou bacia com o propósito único de detenção de
águas pluviais. Com isso, a opção é mais utilizada em áreas com espaços disponíveis,
como propriedades industriais e novos desenvolvimentos habitacionais. Contudo,
áreas densas dentro da cidade também podem receber esse tipo de solução se ela
combinar o controle de águas pluviais com outras funções durante o tempo seco,
como instalações esportivas, áreas de recreação e estacionamentos.
ä Lagoas e bacias de detenção devem apenas raramente ser soluções autônomas e
provavelmente demandarão infra-estrutura de suporte tanto à montante quanto à jusante.
Dependendo das características do escoamento afluente ao local, uma combinação de
medidas de controle de poluição e velocidade pode ser necessária para prevenir, por exemplo,
assoreamento e erosão. Da mesma forma, descargas vindas do local podem requerer
mais manejo – particularmente tratamento – antes de entrar em cursos d’água naturais.
Idealmente, lagoas e bacias de detenção são construídas como uma medida de controle local
dentro de uma hierarquia de BMP de águas pluviais como descrita na Seção 7.1.
Imagem: Holger Robrecht
46
Lagoa de detenção em Freiburg, Alemanha
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Participação pública
Grande parcela das águas pluviais urbanas é gerada em terras e propriedades privadas.
Enquanto incentivos financeiros e normas de construção podem contribuir muito
para desencorajar projetos que resultem em impactos negativos sobre a drenagem,
comprometimento público será necessário para que melhorias na gestão de águas
pluviais sejam alcançadas em larga escala. Participação pública aplica-se não apenas
a adoção de BMP de águas pluviais em terras privadas, mas também, e crucialmente,
ao comportamento público em relação àquela terra. A sensibilização quanto ao dano
causado por, por exemplo, descarte negligente de óleos e materiais tóxicos, uso ineficiente
de pesticidas e fertilizantes e a descarga de águas pluviais de grandes telhados têm
importante papel no convencimento das famílias e proprietários de terras e de negócios
a contribuírem para um manejo mais sustentável de águas pluviais.
Campanhas de sensibilização e educação podem ser utilizadas para alterar o comportamento
da população local, assim como incentivar investimentos privados em medidas como a
instalação de sistemas de coleta de chuva. Opções para alcançar esse objetivo incluem a
distribuição de material educativo, publicidade, o uso de mídias locais, mídias virtuais e a
organização de eventos públicos. Programas de descarte seguro de óleos, tintas, solventes
e químicos também podem ajudar a controlar poluentes comuns de águas pluviais.
A participação pública bem sucedida em boas práticas de gestão de águas pluviais reduz
a necessidade de se investir em medidas relativamente caras. Por exemplo, aumentar a
sensibilização entre jardineiros e gestores de parques com relação à aplicação de fertilizantes
pode assegurar que químicos sejam aplicados no momento correto e apenas nas quantidades
necessárias. Da mesma forma, a publicidade dos benefícios de se utilizar uma cisterna de
coleta de água de chuva para regar jardins aumenta sua adoção em propriedades privadas,
reduzindo o volume de águas pluviais a serem geridas no sistema de drenagem.
Figura 13: 7 Influências positivas da participação pública no ciclo hidrológico urbano e desenvolvimento urbano.
O número de segmentos preenchidos indica grosseiramente a extensão na qual o setor é influenciado pela opção.
(Nota: por simplificação, os gráficos consideram apenas influências diretas.)
Incentivar a coleta da água
de chuva, incluindo o uso
de cisternas aumenta as
oportunidades de reuso de
águas pluviais
Menos energia é utilizada
para remover poluentes de
águas pluviais de efluentes
em sistemas combinados
de esgotos
O custo de tratamento
de efluentes é
reduzido em sistemas
combinados de esgotos
A prevenção do contato
de poluentes com águas
utilizadas para fins recreativos
e domésticos reduz impactos
à saúde
Incentivar a adoção de BMP
em propriedades privadas
amortece a formação de
escoamento superficial
Incentivo a medidas de
controle na origem evita a
entrada de poluentes como
óleos e nutrientes nos
fluxos de águas pluviais
Aplicação mais eficiente
de fertilizantes e pesticidas
resulta em economias na
agricultura
O controle na origem de
óleos e químicos aumenta
a qualidade e atratividade
dos cursos de água locais
Instalações
melhoradas para o
descarte de resíduos
de veículos
47
48
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Questões a considerar
Campanhas de sensibilização e educação têm de ser cuidadosamente concebidas de
modo a assegurar que seu alvo seja atingido e positivamente influenciado. O objetivo
geral da mensagem deve ser claro, pois sem um incentivo óbvio é improvável que o
público alvo altere seu comportamento. Contudo, se os objetivos para o indivíduo e/ou
a comunidade estão claramente apresentados, este método tem boas chances de ser
altamente efetivo. Considerações mais específicas incluem:
ä Campanhas de sensibilização e educação pública podem ser direcionadas a um grupo
específico ou à sociedade como um todo. Dependendo da mensagem sendo
promovida, a campanha pode ser mais eficiente quando o grupo mais relevante é
atingido diretamente ou, em casos como descarte ilegal de rejeitos, quando o problema
ganha ampla exposição entre todos os membros da sociedade. Um bom entendimento
de quem é o público alvo e qual a melhor maneira de atingi-lo é, portanto, essencial.
ä A escolha do momento pode ser crucial para o sucesso ou fracasso de uma campanha
de sensibilização. Campanhas lançadas seguindo notícias atuais, como relatórios
sobre a degradação ambiental local, têm maior probabilidade de atingir uma
audiência receptiva.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
7.3
Avaliação e escolha de soluções
Seguindo os princípios de GIAU, a seleção de soluções de gestão das águas pluviais deve
basear-se nos objetivos acordados, indicadores e metas, além da consideração de todos os
aspectos de sustentabilidade como descrito na Seção 5. A avaliação das soluções potenciais
deve, portanto, buscar identificar aquelas que podem atingir os objetivos específicos sem
comprometer no longo prazo o desenvolvimento sustentável da cidade como um todo.
Apesar de que uma solução tecnológica identificada pode, em teoria, ajudar a atingir as
metas associadas a um objetivo, isso não necessariamente significa que a solução em si
seja sustentável no contexto considerado – custos, implicações sociais, efeitos colaterais
indesejados e uma série de outros aspectos também devem ser avaliados.
A instalação de tecnologias de coleta de águas pluviais pode parecer a solução ideal
para reduzir o consumo de água da rede e o escoamento de águas pluviais de um novo
desenvolvimento habitacional. Mas, a avaliação dessa solução também deve considerar
diversos outros fatores que influenciam o sucesso ou fracasso do investimento. Por
exemplo, há incentivos financeiros suficientes para que futuros proprietários continuem a
operar e manter o sistema no longo prazo? Se os custos de manutenção forem elevados,
baixos custos da água da rede e custos fixos de drenagem da propriedade, a resposta
pode muito bem ser negativa.
A ferramenta de COFAS
(Comparação da Flexibilidade
de Soluções Alternativas, na
sigla em inglês) foi desenvolvida
para facilitar a comparação
de diferentes alternativas
de planejamento de águas
pluviais por meio de análise
multi-critério e de avaliação
de flexibilidade do sistema. O
documento “Assessing future
uncertainties associated with
urban drainage using flexible
systems – the COFAS method
and tool” (Peters et al 2010,
Resource Ref. D.2.1.4) oferece
orientações e informações
complementares sobre a
ferramenta COFAS.
Na realidade, uma opção jamais será totalmente sustentável e a seleção de melhores
benefícios e custos é sempre necessária. Concessões são inevitáveis, mas o importante
é que todos os critérios de sustentabilidade sejam considerados durante o processo de
seleção de modo a assegurar que a opção selecionada fará, no fim das contas, com que
a cidade se mova em direção a maior sustentabilidade.
Avaliar as implicações sociais, econômicas e ambientais ao longo do espaço e do tempo
de uma solução potencial não é trivial. Uma avaliação abrangente deve testar a robustez de
uma solução em face de uma longa lista de fatores relevantes. Estes incluem cenários de
clima futuro, custos de ciclo de vida, risco associado, integração à infra-estrutura existente e
interação com o ambiente urbano. Esta pode ser uma tarefa complexa que freqüentemente
demandará a assistência de um software de modelagem e detalhadas análises comparativas.
Utilizando critérios genéricos e específicos ao local, essas ferramentas podem gerenciar
os dados de uma forma que permita que uma série de diferentes implicações, cenários
e combinações de opções sejam avaliadas. Mais informações sobre as ferramentas
disponíveis para a seleção de opções são fornecidas no Módulo 6.
Avaliação do Custo do Ciclo de Vida (LCCA, em inglês)
O custo sempre será um fator chave na seleção de opções. Ao invés de comparar os custos de
implantação, o verdadeiro valor econômico de uma opção ou grupo de opções só é obtido por
meio de uma abrangente análise de custo do ciclo de vida. Além dos custos de construção, são
incluídos os custos de operação e manutenção, a vida útil da opção e o período de investimento.
Idealmente, as estimativas de custo também deveriam considerar flexibilidades a mudanças e os
custos e benefícios sociais e ambientais. Os resultados de uma LCCA são normalmente dados
como Valor Presente Líquido (VPL), o que permite fácil comparação das soluções alternativas.
Pode-se fazer o download grátis da ferramenta de LCCA do SWTCH em:
www.switchurbanwater.eu/res_software.php
Veja o Módulo 6 para mais
informações sobre tomadas
de decisões integradas, assim
como diversas ferramenta que
podem auxiliar na escolha de
soluções para o manejo de
águas pluviais
49
50
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
u Fechamento
Águas pluviais em uma cidade são vistas como uma restrição e um incômodo. A infraestrutura de drenagem urbana foi desenvolvida com o objetivo de eliminá-las o mais
rápido possível.
Essa abordagem tem muitas implicações. Aumento do risco de inundações, de erosão
das margens de rios e de exaustão e poluição de aqüíferos são apenas alguns dos
impactos negativos da gestão convencional de águas pluviais.
Uma abordagem integrada trata as águas pluviais não como um incômodo, mas como
um recurso a ser utilizado.
Ao amortecer, infiltrar e reutilizar as águas pluviais dentro da cidade, muitos dos impactos
negativos são superados enquanto diversos benefícios ambientais, econômicos e sociais
se tornam aparentes.
Tais benefícios incluem aumento da vegetação urbana, fonte alternativa de água e
restauração de paisagens urbanas.
Para atingir esses benefícios, opções inovadoras são necessárias, tais como lagoas e
zonas pantanosas artificiais (wetlands), vegetação e solos para amortecimento de cheias,
infiltração e reutilização da água.
Ao selecionar objetivos de gestão de águas pluviais baseados nas necessidades do ciclo
urbano da água e do desenvolvimento da cidade como um todo, podem-se identificar
soluções que forneçam diversos benefícios e que tenham menor probabilidade de
resultar em impactos inesperados.
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
v Referências
Bates, A., Greswell, R., Mackay, R., Donovan, R., Sadler, J. (2007) The SWITCH
brown roof project, Birmingham UK; Rationale and experimental design, University of
Birmingham, UK. http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Bates, A., Greswell, R., Mackay, R., Donovan, R.,Sadler, J. (2006) Report on the
experimental arrangement of green roof mesocosms, University of Birmingham, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Ellis, J. B., Lundy, L., Revitt, M. (2011) An Integrated Decision Support Approach to the
Selection of Sustainable Urban Drainage Systems (SUDS), Middlesex University, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Ellis, J.B., Revitt, D.M. (2010) Stormwater as a valuable resource within the urban water
cycle, Middlesex University, UK. http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Ellis, J.B., Revitt, D.M., Scholes, L. (2006) Review of the adaptability and sensitivity
of current stormwater control technologies to extreme environmental and socioeconomic drivers – Section A: Identification of structural and non-structural stormwater
management approaches from around the world, Middlesex University, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Ellis, J.B., Scholes, L., Revitt, D.M. (2009) Evaluation of decision-making processes in
urban stormwater management, Middlesex University, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Ellis, J.B., Scholes, L., Revitt, D.M. (2007) Evaluation of current stormwater strategies,
Middlesex University, UK. http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Ellis, J.B., Scholes, L., Revitt, D.M., Viavattene, C. (2008) Risk assessment and control
approaches for stormwater flood and pollution control, Middlesex University, UK
Ellis, J.B., Scholes, L., Shutes, B., Revitt, D.M. (2008) Developing a framework for
sustainable stormwater management, Middlesex University, UK.
http://www.switchurbanwater.eu/outputs/pdfs/GEN_PAP_BH_Session7a_Risk_
assessment.pdf
Ellis, J.B., Scholes, Shutes, B., L., Revitt, D. M. (2009) Guidelines for the preparation
of an institutional map for cities identifying areas which currently lack power and/or
funding with regard to stormwater management, Middlesex University, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Fletcher, T.D., Deletic, A.B., Hatt, B.E. (2004) Australian Water Conservation and
Reuse Research Program: A review of stormwater sensitive urban design in Australia,
Monash University, Australia.
http://www.clw.csiro.au/awcrrp/stage1files/AWCRRP_6_Final_28Apr2004.pdf
Hoyer, J., Dickhaut, W., Kronawitter, L., Weber, B. (2011) Water Sensitive Urban Design
– Principles and Inspiration for Sustainable Stormwater Management in the City of the
Future, HafenCity Universität Hamburg (HCU), Germany.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Jefferies, C., Duffy, A. (2008) SWITCH Stormwater Online, Abertay University, UK
51
52
Kit de Treinamento SWITCH
GESTÃO INTEGR ADA DAS ÁGUAS URBANAS
NA CIDADE DO FUTURO
Loftus, A. C., Howe, C., Anton, B., Philip, R., Morchain, D. (2011) Adapting urban
water systems to climate change – A handbook for decision makers at the local level,
ICLEI European Secretariat, Freiburg, Germany.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
North Carolina Department of Environment and Natural Resources (1998) North
Carolina Stormwater Site Planning Guidance Manual, State of North Carolina, USA.
http://www.p2pays.org/ref/26/25086.pdf
Picouet, C., Soutter, M. (2006) Review of the adaptability and sensitivity of current
stormwater control technologies to extreme environmental and socio-economic drivers
– Section B: The implications of climate change on urban stormwater management:
Scenario building, Swiss Federal Institute of Technology Lausanne, Switzerland.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Revitt, D.M., Scholes, L., Ellis, B. (2006) Review of the adaptability and sensitivity of
current stormwater control technologies to extreme environmental and socio-economic
drivers – Section D: Concluding remarks, Middlesex University, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Salian, P., Anton, B. (2011) The Emscher Region - The opportunities of economic
transition for leapfrogging urban water management, ICLEI European Secretariat,
Freiburg, Germany. http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Scholes, L., Ellis, J.B., Revitt, D.M. (2007) Drivers for future urban stormwater
management (USWM), Middlesex University, UK. http://www.switchurbanwater.eu/
outputs/pdfs/WP2-1_PAP_Drivers_for_future_USWM.pdf
Scholes, L., Revitt, D. M. (2008) A design manual incorporating best practice
guidelines for stormwater management options and treatment under extreme
conditions – Part A: Review of design guidelines for stormwater management in
selected countries, Middlesex University, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Scholes, L., Shutes, B. (2007) Catalogue of options for the reuse of stormwater,
Middlesex University, UK. http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Shaw, H., Reisinger, A., Larsen, H., Stumbles, C. (2005) Incorporating Climate Change
into Stormwater Design – Why and How?, paper for the 4th South Pacific Conference
on Stormwater And Aquatic Resource Protection (Auckland, May 2005), URS New
Zealand Ltd. http://www.mfe.govt.nz/publications/climate/stormwater-design-mar05/
stormwater-design-mar05.pdf
Shutes, B., Revitt, M., Scholes, L. (2010) Constructed wetlands for flood protection
and water reuse, Middlesex University, UK.
http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Shutes, B. (2008) A design manual incorporating best practice guidelines for
stormwater management options and treatment under extreme conditions – Part
B: The potential of BMPs to integrate with existing infrastructure (i.e. retro-fit/hybrid
systems) and contribute to other sectors of the urban water cycle, Middlesex University,
UK. http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Módulo 4
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Explorando opções
Sieker, H., Helm, B., Winger, J. (2006) Review of the adaptability and sensitivity of
current stormwater control technologies to extreme environmental and socio-economic
drivers – Section C: The impact of changes in environmental and socio-economic
conditions on stormwater management technologies, Ingenieurgesellschaft Prof. Dr.
Sieker mbH, Germany. http://www.switchtraining.eu/switch-resources
Sieker, H., Bandermann, S., Becker, M., Raasch, U. (2006) Urban stormwater
management demonstration projects in the Emscher Region, Ingenieurgesellschaft
Prof. Dr. Sieker mbH, Germany. http://www.switchurbanwater.eu/outputs/pdfs/CEMS_
PAP_Urban_stormwater_management_demo_projects_Emscher.pdf
Sieker, H., Peters, C., Sommer, H. (2008) Modelling stormwater and evaluating
potential solutions, Ingenieurgesellschaft Prof. Dr. Sieker mbH, Germany. http://www.
switchurbanwater.eu/outputs/pdfs/GEN_PAP_BH_Session7a_Modelling_Stormwater.pdf
53
O projeto SWITCH tem por objetivo alcançar uma gestão mais sustentável de águas urbanas na “Cidade
do Futuro”. Um consórcio de 33 organizações parceiras de 15 países está trabalhando em inovadoras
soluções científicas, tecnológicas e socioeconômicas, que poderão então ser replicadas mais rapidamente
por todo o mundo.
www.switchtraining.eu
Contato:
Parceiros:
ICLEI Secretariado para América Latina e Caribe
Escritório de Projetos ICLEI - Brasil
Av. IV Centenário, 1268, sala 215
Portão 7A do Parque Ibirapuera
CEP 04030-000 São Paulo, SP Brasil
http://www.iclei.org/lacs/portugues
Tel: +55-11-5084 3079
Fax: + 55-11-5084 3082
Email : [email protected]
ISBN 978-85-99093-14-6 (PDF)
ISBN 978-85-99093-17-7 (CD-ROM)

Documentos relacionados

Gustavo Bruski de Vasconcelos1 Robison Keith Yonegura 2

Gustavo Bruski de Vasconcelos1 Robison Keith Yonegura 2 do pressuposto que o principal enfoque desse tipo de drenagem seria evitar os processos negativos que impactam no meio urbano. Desta forma, a drenagem sustentável deve fazer parte do planejamento a...

Leia mais