“Ciência, coisa boa…”. - Marina Rebeca Saraiva

Transcrição

“Ciência, coisa boa…”. - Marina Rebeca Saraiva
Fernando Pessoa dizia que "pensar e estar doente dos olhos". No
que eu concordo. E ate amplio urn pouco: "pensar e estar doente do
corpo". 0 pensamenlo
marca 0 lugar da enfermidade.
Ah! Voce
duvida. 0 meu pal pile
que, neste preciso momenta, voce nao deva
eslar tendo pensamentos sobre os seus dentes, a menos que urn deles
esteja doendo. Quando os dentes eslao bons nao pensamas oeles.
Como se eles fossem inexistentes. 0 mesmo com os olhos. Voce s6
lomara consciencia deles se estiver com problemas oculares, miopia ou
outras atrapalha~6es. Quando os olhos estao bem a gente naa pensa
neles: eles se tornam transparentes, invisfveis, desconhecidos, e atraves
de sua absoluta transparencia
e invisibilidade 0 mundo aparece. 0
corpo inteiro e assim. Quando est a bom, sem pedras no sapato, scm
calculos renais ou hemorr6idas,
sem taquicardias ou enxaquecas, elc
fica tambem transparente,
ea gente se coloca inteiramente, nao nele,
mas na coisa de fora: 0 caqui, a arvore, 0 poema, 0 corpo do outro,
a musica. Quando 0 corpo esla bem ele nao coohece. Claro que lem
pensamentos;
mas sao pensamentos
de oulro lipo, de puro gozo,
expressivos de uma harmonia que nao deve ser perturbada par nenhuma atividade epistemol6gica.
e
Mas basta aparecer a dor para que tudo se altere. A dor indica
que um problema apareceu. A vida nao vai bem. f: aquela perturba<;ao
estomacal, mal-estar terrfvel, vontade de vomitar, e vem logo a pergunta: "Que foi que comi? Sera que bebi demais? Ou teria sido a
lingiii<;a frita? Pode ser, tambem, que ludo tenha sido provocado par
aquela conlrariedade que live ...•. Estas perguntas que fazemos, dianlc
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de um problema, san aquilo que na linguagem cienlifica recebe 0 nome
de hipoleses. Hipolese e 0 conjunlo de pe~as imaginarias de um
quebra-cabe~as, que acrescenlamos aquela que ja lemos em maos com
o proposilO de compreende-Ia. Compreender, cvidenlemenle,
para cvilar que 0 incomodo se repila. Pensar para nao sofrer. Deve haver, no
uni\'crso, milhoes e mil hoes de silua<;oes que nunca passaram pela
nossa cabe~a: nunca tomamos consciencia delas, nunca as conhecemos. f: que eJas nunca nos incomodaram,
nao perturbaram
0 corpo,
nao Ihe produziram dor: S6 C'onhccemos aquilo que incomoda. Nao,
nao eslou rlizendo loda a verdade. Nao
s6 da dor. Do prazer tambcm.
Voce \'ai a.moc;ar numa casa e la Ihe oferccem um prato divino, que da
ao seu corpo sens,H;oes novas de [;OSIO e olfalo. Yem logo a idt:ia:
"Que bom seria se, de vez em quando, eu pudesse renovar este·
prazer. E, infelizmente, nao posso pedir para conlinuar a ser convidado." US:lIT:2:> entao a formula c1assica: "Que delicia: quero a
receita ... " Traduzindo,
para os nossos prop6sitos:
"Quero possuir
urn conhecimento
que me possibilile repetir um prazer ja tido." a
conhecimento tern sempre 0 carater de receita culinaria. Uma receita
lem a funC;ao de permilir a repetic;ao de uma experiencia de prazer.
Mas quem pede a repetic;ao nao e () intelecto. f: 0 corpo. Na verdade,
a inteleclo puro odcia a repeti<;ao. Esta sempre atras de novidauts.
Uma vez de posse de um determinado
conhecimento
ele nao 0 fica
repassando e repassando. "H sei", e1e diz, e prosscguc para coisas diferentes. Com 0 corpo acontece 0 contrario. Ele nao recusa urn copo
de vinho, dizendo que daquele ja bebeu, e nem se recusa a ouvir uma
musica, dizendo que ja a ouviu anles, e nem rejeita fazer amor, sob a
alegac;iio de ja ter feito uma vez. Uma vez s6 nao chega. a corpo
trabalha em cima da 16gica do prazer. E, do ponlo de vista do prazer,
o que e born tern de ser repetido, il1definidamente.
e
o L1escjo Lie conhecer t: Ulll servo L10dcscjo Lie prazcr. Conhecer
por conhecer e urn contra-senso.
iaJvez que 0 caso mais gritante e
mais palol6gico disto que estamos dizendo (todas as coisas normais
tem a sua patologia) se encontre ncsta coisa que se chama exames
vestibulares:
a mo<;ada, pela alegria esperada de entrar na universiclncle, se submete as maiores violencias, armazena conhecimento inutil
e niio L1igcrivcl, tartura 0 corpo, Jhe ncg:l os prazcrcs mais clemcntares. Par que? Tudo tern a ver com a J6gica da dor e do prazer. Ha a
dor incrivel de nao passar, de ser deixado para tras, de ver-se ao
espelho como incapaz (no espelho dos olhos dos oulros); e h3 a
fantasiada alegria cia conclic;iio Lie universitario,
gentc adulln, num
mundo cle adul:os. Claro, coisa de imagina<;ao ... E 0 corpo se disci-
plina para fugir da dor e para ganhar 0 prazer. E logo depois de
pass ado 0 evento 0 corpo, triunfante, Irala de se desvencilhar de toclo
o conhecimento
inutiJ que armazenara,
esquece quase tudo, sobrnlll
uns fragmentos: porque agora a dor ja foi ultrapassada e 0 prazer j.\
foi alcan<;ado.
A gente pensa para que
0
corpo tenha prazer.
Alguns diriio: "Absurdo. f: verdacle que, em certas situac;oes, 0
conhecimento
tern esta fun<;ao pralica. Mas, em outras, naa existe
nada disto. Na dencia a gente conhece por conhecer, SCIll que a experiencia de conhecimento ofere<;a qualquer tipa de prazer." Duvido. 0
cientista que fica horas, dias, meses, anos em seu Jaborat6rio nao fica
Iii por dever. Pode ate ser que haja pessoas assilll: trabnlhar pm
dever. S6 que elas nunca produzirao
nnda novo. 0 senso de dcvcr
pode ensinar as pessoas a rcpctir coisas: cxcclcntcs tccnicos de laboratorio, bons funcionarios,
discipulos de Kant (urn homem que dcsprezava 0 prazer e achava que, certo mesmo, s6 as coisas feilas por
dtvc~). Co~ 0 que .con~ordaria 0 vcneravcl Santo Agoslinho
que
propos a cunosa teona, alllda defendida por certas lideranc;as religiosas, de que 0 jeito certo de fazer 0 sexo e "sem prazer, par dever"
burocratas fieis aos relogios de ponto. Cozinheiro por dever so fa~
comida sem gosto. Cienlista tambelll. Naa canseguc ver nadn novo c
bicho sem asas, tartaruga fiel, rastejante. Ideias criativas requerem 'os
voos da imagina<;ao, aquilo que, em linguagem psicanalitica
tern 0
nome de "investimento
libidinal", coisa que a lingungem irreverente
~iz ~e maneira mais .direla e metaf6rica: "tesao" - quando 0 corpo
~Ica III/tens~ d~ des~Jo, t:nso por ~entro, querendo muilo. E c s6 par
Isto que 0 clentlsta fica la, anos a flO - como verdadciro npnixonado.
Tudo por u.~ .unico ~omento
de extase: aquele em que, apos urn
enarme sacnflclo, ele dlz: "Conscgui! Eurek<J'" E cle sai como doido
possuido pel os deuses, pcla alegria de uma lkscoberta.
E cllliio 1l1~
diriio: "- Mas este nao e urn prazer do corpo. Nao e como cOlller
caqui ou fazer amor ... " Como nao? Sera que nao percebern que 0
pensament? e urn dos orgaos de prazer do corpo, justamente como
tudo 0 mals? Jogar xadrez: coisa do pensamento, que d<i prnzer. Lutar
com urn probl~ma _de mate~alica:
caisa do. pensamenlo,
que da
prnzer. E a declfrac;ao dos enIgmas cia nalureza, dos seres hurnallos
Cada enigma e um mar desconhecido que convida: atmvessar 0 oceano Atlantico. num barco a vela, sozinho. E quando a gente e capaz
de fazer a COIsa, vem a .euforia, 0 sentimenta de poder: fui capaz; isla
tem a vcr ~om urn dcscJo fundo que mora em cada urn: scr objcto do
olhar <tdmrrado do outro, ser 0 primeira. .. E e isto que explica 0
curioso (e eticamente condenaveJ) costume que tern os cientistas de
esconder os resultados das suas pesquisas. tranca-Jos a sete chaves.
Ora, se 0 objetivo dos cienlistas fosse 0 progresso da ciencia eJes
tratariam de tamar publicas as conclusOes preliminares de suas invesIiga~6es, para qu~ os resultados
fossem atingidos mais depressa. Ao
contrario. Mais importante para eles e a possibilidade de serem os
prilllt:iros, seus 11l)m~S aparecendo
nas bibliografias e nas cita~oes:
evidcncias de adlJ)ira~ao e potcncia intelcctual.
E assim e: mesmo
quando estamos envoJvidos nas tarefas mais absurdamente
inteJectuais,
o qu~ e,la ('m jllgO e este carpo que deseja ser admirado. respeitado,
mencionado, inwjado. Narcisismo: sem ele nao sairiamos do Jugal.
Claro que a ciencia pode trazer muitas coisas boas para 0 mundo (e
tambem mas), mas 0 que esta em jogo, no dia a dia da ciencia, nao
e esle calculo de beneficios sociais, mas
simples prazer que 3S
pessoas derivam desle jogo/brincadeira
intelectual.
°
LJlJ) dos mais /indos documentos da historia da ciencia foi produzith) pm Kepkr, depois de eonscguir formular as suas trcs leis sabre
a movimento dos planet as :
"Ai/uilo que l'illCt! e dois al/Os acras profecilei,
cdo logo descobri as cil/cO s61idos encre as orbicas celestes;
A quilo em que firmemente cri,
muito allles de haver visto a Harmonia de Ptolomeu,
Aquilo que, I/O citulo deSle quil/to livro,
prollleli aos meus amigos, mesmo
ances de escar certo de minhas descobercas;
A quilo que, hd deusseis aI/os acrds, pedL' que fosse
procurado:
A qllilo. por cllja causa devocei as cOllCemplaroes
asCf()nomicas
(/ lIIe/lwr parte de minha ,'ida, juncando-me a
[rho /lrahe.
Finalmente eu crouxe a IUl,
e conheci a sua verdade alem de todas as mil/has
expecralil'as ...
Assim, desde hd dewito meses, a madrugada,
desde hei tres meses, a Ilil do dia e,
nil I'erdade,
hd bem poucos dias 0 proprio Sol da mais
lIIarm'ilhosa concempla(oo
brilhou.
Nllt/" IIIC t/"(';/II.
LIII/c!;o-/Ilt:
a WI/II ,·erdadeirll orgia sog/odll.
Os dados foram lanrados.
o livro foi eserito.
Nao me imporca que seja lido agora au apenas pela
posteridade.
Ele pode nperar cern aI/os pe/o seu leitor, se () prcjpriu
Deus esperou seis mil anos para que WlI !lo/llem
contemplasse a Sua obm."
Seria preciso parar e analisar
cada frase.
Tudo esta saturado de cmo~ao: csperan~a, cren~a, arnor, promessas, disciplina, sacrificio, uma vida inteira em jogo. Para que"
Kepler nao podia imaginar nada de pralico, como decorrencia
de
suas investiga\oes. 0 que estava em jogo era apenas 0 prazer da visiio,
vel' aquilo que ninguem jamais havia visto. E toda a espera se realizava numa experiencia indescritivel de prazer.
Coisa estranha,
esta fascina~ao
pelo desconhecido.
Curiosidade.
f: tao forte que estamos dispostos ate a perder 0
paraiso, pelo gozo efemero de vcr aquilo que ainda nao foi visto. f:
2ssim que a nossa estoria come\a, num dos mais antigos mitos rcligiosos. Preferimos morder 0 fruto do conhecimento,
corn 0 risco de
perder 0 Paraiso, pela aJegria de urn Ol·tra gozo: saber ..
Ali esta, diante de nos, a coisa fascinante. Mas nao nos baSi"
ver 0 que esta de fora. f: preciso entrar dentro, conhecer os sells segredos, tamar posse de suas entranhas. Nao e isla que acontece com
a propria experiencia sexual? as judeus, no Antigo Testamento,
empregavam uma unica palavra para designar 0 ata de conheeer e 0 alo
de fazer amor. "E Adao conheceu a sua mulher, e ela ficou gravida ... ,.
f: assim mesmo que acontece no conhecimento.
Primeira, 0 enamoramenta. Quem nao est a de amores com urn objeto nao pode canhece-Io.
Depois vem as movimentos exploratorios,
a penetra~ao, 0 conhecimento do born que estava ocullo, expericncia de prazcr maior ainda.
a fascfnio do giro das estrelas, dos descaminhos dos cornet as, a
beleza dos cristais, j6ias simetricas - ah! quem fez a nalUreza dl:vl:
ser urn joalheiro para fazer coisas tao lindas assim, e tarnbern UIIl
grande geometra para tra~ar nos ceus os caminhos matematicos dos
astros; quem sa be urn musico, que toea musicas in;ludiveis aos ouvidos comuns, e somente percepliveis aos que conhecem as harmonias
dos numeros! - os imfis, seres parapsicol6gicos,
que puxal1l 0 ferro
SCI11IOcar. todos os corpos do espa<;o, grandl:S irnas, se puxan<!o WI"
aos oUlros, atnl\;iio universal, arnor ulliversal, as marcs que 11;11 a 11(,';1 11 1
aas ritmus da lua e do sol, as plantas, misterios, tambem ao ritmo da
luz, suas harmonias com as abelhas, a loucura, os sonhos, esta fantastica loteria que se chama genelica, os animais arranjados em ordem
de complcxidade Cfescellte, tudo sugerindo que UIlSforam surgindo dos
ou(ro~ ['::n\ in, a infla,ao, que bicho e este, que ninguem conseguc
dOIll:lr'!, Ilo~~a permanente intranqiiilidade,
seres neuroticos, psicatil"lIS. a/larcs. I1ShOlllCIlSC IIlIl/hercs dial1(c de sercs illl'isiveis, os de uses,
a agrcssividade. 0 sadisnw. por que sera que ha pessoas que sentem
prazer no sofrimento dos outros?, as massas. boiadas estouradas, sem
limiles e sem moral, "Heil Hitler!", e as pessoas lutam para deixar de
fumar e nao consegucm e, de repenle, sem nenhum esfon:;o, alga
acontece pm denlro. e param de urn estalo ..
pdo fascinio, enlao parariamos
nunca haviamos suspeilado.
para
vcr e veriamos
coisas de que
Mas, em ludo iSla, e preciso nao esquecer de llllla coisa: ClcnCla
e coisa humilde, pois se sabe que a venbde c inalingivcl. Nunca lidamos com a coisa mesma, que sempre nos escapa. Aquilo que lClllos
s;io apenas modelns prOViSIJrios, coisas que conslruilllOS por Illeio '.Ie
Silllb%s, para clIlmr urn poucu no dcsconhecido.
o professor entrou em sa/a, primcirn aula de quimica, e escrevcu
no quadro: H~O. E pcrgunlou "0 que e iSlo?" A mcninad<l respendeu, ansiosa por mostrar 0 quc silbia: "- E agua." Ai 0 professor e~creveu a mesma formula numa folha de papel. colocuu dentro
de urn co po e Ihes ofereccu, dizendo: "- Enlno bebam.
Nao h<i limitcs para os mistcrios.
Alguns parecem pequenos, e moram nas coisas simples do cotidiano. E nisto 0 cientista tern algo que 0 liga ao poeta. Porque Urn
pocta e isto. <llguem que conseguc ver beleza em coisa que lodo mundo
pensa ser boba e sem sentido. Par favor, leia a Adelia Prado, mulher
comum que as deuses, brincaH1oes, dolaram desla gra<;a incompreensivel de poder transfigurar 0 banal em coisa bela, aquilo de que ningucm gosta em coisa erotica. Como no seu poema sobre limpar peixes
com 0 seu marido. 0 cientista e a pessoa que e capaz de ver, nas
coisas insignificanles. grandes enigmas a serem desvendados, e 0 seu
mundo se enche de mislerios. Moram em nos mesmos, nos geslos que
fazcmos. nas doen<;as que temos, em nossos sonhos e pesadelos, adios
e amores; na nossa casa, no jardim, pela rua...
Oulros parecem
ellorme~ e tem a ver com a inicio do universo, as profundezas do
espa<;o, <IS funduras da male ria. Mas tudo e parte de urn mesmo
universo maravilhoso. espanloso, que nos faz tremer dc gozo e de
lerror, quando nos abrimos para 0 seu fascinio e pcnelralllos os seus
segredos. H a 0 mislerio das coisas, ha 0 mislerio das pessoas, univer50S inteiros dentro do cor po, mutldos bizarros que afloram nas alucinu<;oes dos psiCOlicos, e que nos arranham vez por outra, dormindo ou
acordados, as funduras marin has da Cecilia Meireles, as floreslas do
Rilke, Edipos. Narcisos, pessoas grandes por fora onde moram crian,as (lrf,is. grandes solidiics que buscalll a prcscll,a de (Jutras, os JIIundns da (' Ilura e da sociedade, das fcslas popularcs e das grandes celcbra<;oes coletivas e, repenlinamcllte
nos damos cOllla de que os
enigmas da Via Laclea sao pequenos dcmais comparados com aqueles
das pcssoas que vemos todo dia. So que nossos olhares ficaram bac;os,
c lIao percebernns a maravilhnso ao nosso lado. Se fosscmos lomados
Nao, cil~ncia nao e vida. Da mesilla forllla que H~O n,io c agua.
Na ciencia a gente so Iida com coisas fa/udas e escrilas, hipoleses, tcorias, mode/os, que a nossa razao inventou. A vida, cIa mesma, fica
um pouco mais alem das coisas que fal;:.1105 sobre cIa.
A vida e muito mais que a ciencia.
Cicncia e uma coisa enlre oulras, que elllpregarnos
de viver, que e a unica coisa que imparL!.
na aventura
E por islo que, alem da ciencia, e preciso a "sapiencia", clcllcia
saborosa, sabedoria, que lem a ver com a arle de vivcr. Porque tolla a
cicllcia seria inulil se, por delras de ludo aquilo que faz os horncns
conhecer, ell'S nao se lornassem mLlis sabios, rnais tolernntes, mais
mansos, mais felizes, mais bonilos ...
Ciencia:
brincadeira que pode dar pralcr,
que po de dar sabeL
que pode dar podeL
Ha coisas bonitas.
E turnbem coisas feias: orlodoxias, inquisi<;oes, fogueiras,
pula<;oes de pessoas, ameal;<ls de fim de rnundo ..
mani-
M<ls nao ha como fugir. E belll pode ser que as pessoas descubrafll
fascinio do conhecimcnto
ullla hl)a raJ:,-IOp,lra viver. sc c!;IS forCll1
s,ihias 0 b<Jstante para iSIIJ, e pudcrelll suporlar a convivC:llcia COIll
erro, 0 nao saber e, 50breludo, sc 11<10 morrcr nel;ls 0 permanenlc
encanlo com 0 mislcrio do universo. Assim, cud<J urn pod era se dcscobrir como ilr/tesiio que planta, nus oficinas da ciC:ncia, as selllenlcs
dn IlllJlldo de amilnhii (parodiando as palavras do pocta.
J.
110
(I