estudo e implementação de um sistema gerador de

Transcrição

estudo e implementação de um sistema gerador de
LEONARDO AUGUSTO SERPA
ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA
GERADOR DE ENERGIA EMPREGANDO CÉLULAS
A COMBUSTÍVEL DO TIPO PEM
FLORIANÓPOLIS - SC
2004
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Instituto de Eletrônica de Potência
ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA
GERADOR DE ENERGIA EMPREGANDO CÉLULAS
A COMBUSTÍVEL DO TIPO PEM
Dissertação submetida à
Universidade Federal de Santa Catarina
como parte dos requisitos para a obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Elétrica.
LEONARDO AUGUSTO SERPA
Florianópolis, Janeiro de 2004.
ii
“Pouco conhecimento, faz que as criaturas se sintam orgulhosas.
Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as
espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu,
enquanto que as cheias baixam para a terra, sua mãe.”
(Leonardo da Vinci)
iii
Aos meus queridos pais, Moacir José Serpa e
Maria Helena da Silva Serpa, que sempre estiveram ao
meu lado, proporcionando a minha formação e
compartilhando as vitórias por mim alcançadas.
iv
Aos meus irmãos, Juliano Serpa e Ana Carolina
Serpa, grandes amigos, que acreditaram nos meus
sonhos.
v
À Mariana, por me dar tantas alegrias e
incentivos, além da dedicação, amor, carinho e
paciência durante esta caminhada.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela auto-confiança que me proporcionou durante a realização desta
pesquisa.
Aos meus familiares, pelo incentivo e pelo carinho que sempre me
proporcionaram.
Ao ilustre e amigo Professor Ivo Barbi, orientador, exemplo maior de dedicação
ao ensino e estudo da Eletrônica de Potência, pela compreensão, confiança e pela
competência que me orientou nesta jornada, passando-me um pouco do seu vasto
conhecimento.
Aos demais Professores do INEP: Alexandre Ferrari de Souza, Arnaldo José
Perin, Denizar Cruz Martins, Ênio Valmor Kassick, João Carlos Fagundes e Hari Bruno
Mohr pela amizade e vontade de passar a frente seus conhecimentos.
Aos Professores membros da banca Felix Alberto Farret e Hari Bruno Mohr, pelas
valiosas contribuições.
Aos meus colegas de mestrado: Allan Pierre Baraúna, Antônio Eliseu Holdefer,
Cesário Zimmerman Júnior, João Marcio Buttendorff, José Paulo Remor e Sandro Alex
Wuerges, pelo companheirismo, sugestões e pela grande amizade cultivada.
Ao amigo Yales Rômulo Novaes, pela colaboração e pelo exemplo de pessoa e
profissional que demonstrou ser durante este trabalho.
Aos grandes amigos: Sérgio, Kefas “Gauchinho”, Tomaselli, José “Haole”, Petry,
Carlos, Eduardo “Bola”, Deivis, Ricardo, Demercil, Dulcemar, Abraão “Tatau” e Patrícia,
pela amizade e conhecimentos compartilhados.
Ao pessoal da oficina: Coelho, Rafael, Bruno “Fantick”, Ricardo, Paulo. Em
especial ao Pacheco, pelo profissionalismo e competência.
Aos amigos Leandra Machado e Peter Barbosa, pelos ensinamentos e
oportunidades.
À uma pessoal especial, Mariana, pelos fins de semana de renúncia na tentativa de
melhorar o trabalho, pelas palavras certas nas horas certas, pelo carinho, confiança e
paciência nos momentos difíceis e pela alegria e companheirismo nos bons momentos.
vii
Resumo da Dissertação apresentada à UFSC como parte dos requisitos necessários para a
obtenção de grau de Mestre em Engenharia Elétrica.
ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA
GERADOR DE ENERGIA EMPREGANDO CÉLULAS A
COMBUSTÍVEL
Leonardo Augusto Serpa
Janeiro/2004
Orientador: Ivo Barbi, Dr. Ing.
Área de concentração: Eletrônica de Potência e Acionamentos
Palavras-chave: Célula a Combustível, PEM, Controle, Monitoramento, Sistemas
Auxiliares.
Número de Páginas: 189
RESUMO:
O presente trabalho tem por objetivo analisar a implementação de um sistema
gerador de energia através do uso de células a combustível. Tecnologias desta grandeza são
consideradas extremamente importantes para a sociedade presente e futura, uma vez que
possibilitam a obtenção de energia sem a utilização de combustíveis fósseis gerando
energia limpa e inesgotável. Inicialmente é proporcionado um apanhado geral acerca dos
tópicos considerados pertinentes possibilitando a compreensão dos mecanismos das
células, seu histórico e classificação. Em seguida, os tipos de modelagem são elucidados,
enfatizando aqueles que associam a confiabilidade das bases teóricas às facilidades de
métodos experimentais. O terceiro capítulo dedica-se às estratégias de controle e
monitoramento das variáveis relacionadas ao funcionamento do sistema. Posteriormente
um sistema auxiliar capaz de prover energia aos componentes é apresentado, como
também o desenvolvimento de uma estrutura incumbida de fornecer comandos isolados
aos interruptores de bypass. Para finalizar, a exposição de resultados experimentais
comprovará o bom funcionamento e viabilidade do sistema.
viii
Abstract of Dissertation presented to UFSC as a partial fulfillment of the requirements for
the degree of Master in Electrical Engineering.
STUDY AND IMPLEMENTATION OF A POWER
GENERATOR EMPLOYING PEM FUEL CELL
Leonardo Augusto Serpa
January /2004
Advisor: Ivo Barbi, Dr. Ing.
Area of Concentration: Power Electronics
Keywords: Fuel Cell, PEM, Control, Monitoring, Auxiliary Systems
Number of Pages:189
ABSTRACT: The main goal of the present work is to analyze the implementation of a
power generator based on fuel cells. Nowadays, the study of this kind of power source is
extremely important due to the possibility of obtain a clean and inexhaustible source of
energy, mainly without the use of fossil fuel. The initial topics are organized to situate the
present work in the field of Fuel Cell Technology, including basic concepts and historic
review. Next, mathematical models joining analytical and empirical results are presented.
The third chapter is dedicated to the control and monitoring strategies of the main
quantities involved on the process. Subsequently, a power supply with the capability of
providing insulated gate signals to the bypass switches together with a structure developed
to produce energy to the auxiliary devices are shown with a sort of experimental results.
Finally, practical results proving the concepts and techniques developed in this work are
presented.
ix
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................... 1
CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 3
Células a Combustível ...................................................................................................... 3
1.1.
Histórico ............................................................................................................ 5
1.2.
Operação Básica ................................................................................................ 6
1.3.
Conexão das Células.......................................................................................... 9
1.4.
Tipos de Célula a Combustível........................................................................ 11
1.5.
O Hidrogênio como Combustível.................................................................... 14
1.6.
Vantagens e Desvantagens .............................................................................. 15
1.7.
Aplicações ....................................................................................................... 17
1.8.
Características Elétricas................................................................................... 19
1.8.1
Tensão de Circuito Aberto ..................................................................................... 19
1.8.2
Eficiência ............................................................................................................... 21
1.9.
Conclusão ........................................................................................................ 23
CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................... 24
Modelagem da Célula ..................................................................................................... 24
2.1.
Comportamento: Tensão x Corrente................................................................ 25
2.1.1
Tensão Reversível - Vreversivel .................................................................................. 26
2.1.2
Perdas por Ativação - Vact ...................................................................................... 26
2.1.3
Perdas Ôhmicas - Vohm ........................................................................................... 26
2.1.4
Perdas por Concentração........................................................................................ 27
2.1.5
Correntes Internas .................................................................................................. 27
2.2.
Modelagem ...................................................................................................... 28
2.2.1
Modelo Eletroquímico ........................................................................................... 28
2.2.2
Modelo Dinâmico .................................................................................................. 42
2.3.
Extração dos Modelos ..................................................................................... 44
2.3.1
Método da Interrupção de Corrente ....................................................................... 44
2.3.2
Modelo Estático ..................................................................................................... 45
2.3.3
Modelo Dinâmico .................................................................................................. 52
2.4.
Conclusão ........................................................................................................ 54
x
CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 56
Monitoramento e Controle do Módulo .......................................................................... 56
3.1.
Fornecimento de Hidrogênio ........................................................................... 57
3.1.1
Válvula de Entrada................................................................................................. 57
3.1.2
Válvulas Individuais .............................................................................................. 60
3.1.3
Válvula de Saída .................................................................................................... 62
3.2.
Fornecimento de Oxigênio .............................................................................. 63
3.3.
Tensão Individual na Célula ............................................................................ 68
3.3.1
Aquisição da Tensão .............................................................................................. 69
3.3.2
ByPass das Células................................................................................................. 73
3.3.3
Sinalização Visual de Falha ................................................................................... 75
3.4.
Temperatura..................................................................................................... 76
3.4.1
Motor de Passo....................................................................................................... 77
3.4.2
Sensor de Temperatura........................................................................................... 79
3.4.3
Warm-Up ............................................................................................................... 80
3.5.
Umidade da Membrana ................................................................................... 80
3.6.
Diagrama Esquemático Completo ................................................................... 81
3.7.
Algoritmos dos Microcontroladores................................................................ 87
3.8.
Conclusão ........................................................................................................ 91
CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................... 92
Sistemas Auxiliares de Energia - I................................................................................. 92
4.1.
Conversor Buck-Boost Não-Convencional .................................................... 92
4.1.1
Etapas de Operação ................................................................................................ 94
4.1.2
Formas de Onda ..................................................................................................... 95
4.1.3
Análise Qualitativa................................................................................................. 96
4.1.4
Projeto do Transformador .................................................................................... 101
4.1.5
Esforços nos Semicondutores .............................................................................. 107
4.1.6
Cálculo Térmico................................................................................................... 111
4.1.7
Modelagem do Conversor .................................................................................... 112
4.2.
Projeto do Conversor Buck-Boost Não-Convencional.................................. 117
4.2.1
Especificações:..................................................................................................... 117
4.2.2
Projeto .................................................................................................................. 117
4.2.3
Dimensionamento dos Semicondutores ............................................................... 124
4.2.4
Projeto do Compensador ...................................................................................... 128
4.3.
Simulação com Componentes Reais.............................................................. 132
xi
4.4.
Implementação e Resultados Experimentais ................................................. 136
4.4.1
Implementação do Sistema de Controle............................................................... 136
4.4.2
Protótipo e Resultados Experimentais ................................................................. 138
4.5.
Conclusão ...................................................................................................... 142
CAPÍTULO 5 ................................................................................................................... 143
Sistemas Auxiliares de Energia – II............................................................................. 143
5.1.
Conversor Flyback......................................................................................... 143
5.1.1
Etapas de Operação .............................................................................................. 144
5.1.2
Formas de Onda ................................................................................................... 145
5.1.3
Análise Qualitativa............................................................................................... 146
5.1.4
Projeto do Transformador .................................................................................... 146
5.1.5
Esforços nos Semicondutores .............................................................................. 150
5.1.6
Cálculo Térmico................................................................................................... 152
5.1.7
Modelagem do Conversor .................................................................................... 153
5.2.
Projeto do Conversor Flyback ....................................................................... 153
5.2.1
Especificações ...................................................................................................... 153
5.2.2
Projeto .................................................................................................................. 154
5.2.3
Dimensionamento dos Semicondutores ............................................................... 160
5.2.4
Projeto do Compensador ...................................................................................... 163
5.3.
Simulação com Componente Reais ............................................................... 168
5.4.
Implementação e Resultados Experimentais. ................................................ 170
5.5.
Conclusão ...................................................................................................... 174
CAPÍTULO 6 ................................................................................................................... 176
Implementação e Resultados Experimentais ............................................................... 176
6.1.
Resultados Experimentais ............................................................................. 178
6.2.
Conclusão ...................................................................................................... 184
CONCLUSÃO GERAL .................................................................................................. 185
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 188
xii
SIMBOLOGIA
1. Símbolos Usados em Expressões Matemáticas
Símbolo
Significado
Unidade
τ
Constante de tempo
s
η
Eficiência
α
Coeficiente de Transferência de Carga
λ
Estequiometria
φ
Fluxo Magnético
Wb
µ
Permeabilidade Magnética do Meio
H/m
δ
Espessura do Entreferro
mm
ηact,a
Perda por ativação no anodo
V
ηact,c
Perda por ativação no catodo
V
ηohmic
Perdas Ôhmicas
V
eletrons
ηohmic
Perdas devido a resistência a passagem de elétrons pela
membrana
V
protons
ηohmic
Perdas devido a resistência a passagem de prótons pela
membrana
V
∆
Raio de penetração da corrente no condutor
cm
∆B
Variação da densidade de fluxo magnético
T
∆Fe
Energia livre de ativação padrão para absorção química no
catodo
J/mol
∆Fec
Energia livre de ativação padrão para absorção química no
anodo
J/mol
∆G
Variação da Energia Livre de Gibbs
J/mol
∆g f
Variação da Energia Livre de Gibbs de formação por mol
J/mol
∆ g T 0 ,P
Variação da Energia Livre de Gibbs por mol em
temperatura padrão T0 e pressão P
J/mol
∆ g T 0 , P0
Variação da Energia Livre de Gibbs por mol em
temperatura padrão T0 e pressão padrão P0
J/mol
∆h f
Variação da Entalpia de formação por mol
J/mol
xiii
∆ hT 0 , P
Variação da Entalpia por mol em temperatura padrão T0 e
pressão P
J/mol
∆ g T 0 , P0
Variação da Entalpia por mol em temperatura padrão T0 e
pressão padrão P0
J/mol
∆IL
Variação da corrente no indutor
A
∆ipri
Ondulação na Corrente do Primáro
A
∆ sT 0 , P
Variação da Entropia por mol em temperatura padrão T0 e
pressão P
J/(K.mol)
∆ sT 0 , P 0
Variação da Entropia por mol em temperatura padrão T0 e
pressão padrão P0
J/(K.mol)
∆V
Ondulação da Tensão de Saída
V
∆Vc
Ondulação de Tensão no Capacitor
V
A
Área ativa da célula
cm2
Ae
Área da perna central do núcleo magnético
cm2
Aisol
Área do condutor com isolamento
cm2
Apricobre
Área de cobre necessária no primário
cm2
Areaocupada
Área ocupada na janela do núcleo
cm2
Arusado
Quantidade de ar utilizado pelas células
kg/s
Aseccobre
Área de cobre necessária no secundário
cm2
AT
Constante de Tafel
Aw
Área da janela do núcleo
ax
“atividade” – relação entre a pressão atual e a inicial
B
Densidade de fluxo magnético
T
Cact
Capacitância que representa a Camada Dupla de Carga
F
CO2
Dióxido de Carbono
Cpulverizado
Carvão pulverizado
CX
Concentração do elemento X
D
Razão Cíclica
Diametromax
Diâmetro máximo do condutor para evitar efeito skin
cm
E
Tensão Ideal de Saída da Célula a Combustível
V
e-
Elétron
C
F
Constante de Faraday
C/mol
f
Freqüência
Hz
fosc
Freqüência de Oscilação do Modulador PWM
Hz
cm2
xiv
mol/cm3
g A,T 0 , P
Energia Livre de Gibbs por mol do elemento A em
temperatura padrão T0 e pressão P
J/mol
g A,T 0 , P 0
Energia Livre de Gibbs por mol do elemento A em
temperatura padrão T0 e pressão padrão P0
J/mol
G fprodutos
Energia Livre de Gibbs de formação do produto
J/mol
G reagentes
f
Energia Livre de Gibbs de formação dos reagentes
J/mol
H
Entalpia
J/mol
H+
Próton H+
H2O
Molécula de Água
H2SO4
Ácido Sulfúrico
H3PO4
Ácido Fosfórico
h A,T 0 , P
Entalpia por mol do elemento A em temperatura padrão T0
e pressão P
J/mol
h A,T 0 , P0
Entalpia por mol do elemento A em temperatura padrão T0
e pressão padrão P0
J/mol
HNO3
Àcido Nítrico
I
Corrente
A
i
Corrente
A
ID
Corrente no Diodo
A
IDef
Corrente eficaz no Diodo
A
IDmed
Corrente média no Diodo
A
il
Corrente limite
A
in
Corrente Interna
A
io
Corrente de Troca
A
Ipri
Corrente no Primário
A
Iprief
Corrente eficaz no primário
A
IS
Corrente no Interruptor
A
Isec
Corrente no Secundário
A
ISef
Corrente eficaz no Interruptor
A
ISmed
Corrente média no Interruptor
A
J
ka0
Densidade de corrente
A/cm2
Constante da taxa intrínseca no anodo
cm/s
Kc
Ganho do Compensador
xv
kc0
Constante da taxa intrínseca no catodo
KOH
Hidróxido de Potássio
Kp
Fator de utilização do Primário
Kw
Fator de utilização da área do enrolamento
l
Espessura da Membrana
cm
Lpri
Indutância do Primário
H
Lsec
Indutância do Secundário
H
N
Número de Avogrado
nc
Número de elétrons transferidos por mol, na reação no
catodo
N2
Molécula de Nitrogênio
NO
Óxido Nitroso
NO2
Dióxido de Nitrogênio
Npri
Número de espiras do primário
npri
Número de condutores em paralelo no primário
Nsec
Número de espiras do secundário
nsec
Número de condutores em paralelo no secundário
O
Oxigênio
O2
Molécula de Oxigênio
O2usado
Quantidade de Oxigênio utilizado pelas células
kg/s
P”Pilha”
Potência da “Pilha” ou Stack
W
P0
Condição Padrão de Pressão
atm
Pin
Potência de Entrada
W
Pout
Potência de Saída
W
PScom
Perda em comutação no Interruptor
W
PScond
Perda em condução no Interruptor
W
PStotal
Perda total no Interruptor
W
*
Pressão Parcial do Elemento X
atm
R
Constante Universal dos Gases
J/(K.mol)
R1
Resistência
Ω
Ract
Resistência que representa as perdas por Ativação
Ω
Rcd
Resistência térmica cápsula-dissipador
o
px
xvi
cm/s
C/W
Rda
Resistência térmica dissipador-ambiente
o
Reletrons
Resistência a passagem de elétrons pela membrana
Ω
Rjc
Resistência térmica junção-cápsula
o
rM
Resistividade Específica da Membrana
Ω.cm
Rohmic
Resistência que representa as perdas Ôhmicas
Ω
Rprotons
Resistência a passagem de prótons pela membrana
Ω
Rse
Resistência Série do Capacitor
Ω
S
Entropia
J/(K.mol)
s A,T 0 , P
Entropia por mol do elemento A em temperatura padrão T0
e pressão P
J/(K.mol)
s A,T 0 , P0
Entropia por mol do elemento A em temperatura padrão T0
e pressão padrão P0
J/(K.mol)
SO2
Dióxido de Enxofre
SO3
Trióxido de Enxofre
T
Temperatura
o
C
T
Condição Padrão de Temperatura
o
C
Ta
Temperatura Ambiente
o
C
tf
Tempo de descida
s
Tj
Temperatura de Junção do componente
o
toff
Tempo de Bloqueio do Interruptor
s
ton
Tempo de Condução do Interruptor
s
tr
Tempo de subida
s
V
Tensão
V
V”pilha”
Tensão na “pilha” ou stack
V
V0
Força Eletromotriz em condições padrão de temperatura e
pressão
V
Vact
Perdas por Ativação
V
VBE
Tensão Base-Emissor do Transistor
V
Vcc
Tensão de Alimentação
V
VCE
Tensão Coletor-Emissor do Transistor
V
VCell
Tensão na Célula a Combustível
V
Vconc
Perdas por Concentração
V
VD
Tensão Reversa sobre Diodo
V
0
xvii
C/W
C/W
C
Vin
Tensão de Entrada
V
VMUX
Tensão sob o Multiplexador
V
VNernst
Tensão de Nernst
V
Vohm
Perdas Ôhmicas
V
VPIC
Tensão de Alimentação do Microcontrolador
V
Vpri
Tensão no Primário
V
Vprimed
Tensão Média no Primário
V
VReversivel
Tensão Teórica Máxima da Célula
V
VS
Tensão sobre Interruptor
V
Vsec
Tensão no Secundário
V
VTdiferença
Variação na tensão de Nernst provocado por uma alteração
na temperatura
V
W
Trabalho
J
z
Número de elétrons transferidos durante a reação química
ZnSO4
Sulfato de Zinco
2. Símbolos de Unidades de Grandezas Físicas
Símbolo
Significado
A
Ampére
F
Faraday
H
Henry
Hz
Hertz
V
Volts
VA
Volt-Ampére
W
Watt
Ω
Ohm
xviii
1
INTRODUÇÃO GERAL
No decorrer da história, a energia vem se confirmando como base do
desenvolvimento das civilizações. São cada vez maiores as necessidades energéticas
empregadas na produção de bens de consumo, serviço e produção para o progresso
econômico, social e mesmo cultural. Notável a importância da energia na conjuntura das
nações industrializadas, bem como naquelas em vias de desenvolvimento, já que remetem
à situações mais delicadas.
A sociedade atual se apresenta envolta em crises de petróleo, dificuldades na
construção de hidroelétricas, termelétricas, usinas nucleares, além da problemática da
degradação ambiental.
Assim, a escassez dos combustíveis fósseis, juntamente com a necessidade de
preservação do meio ambiente, vem fazendo com que o homem contemporâneo busque
novas possibilidades de geração de energia. Como solução para diminuir o impacto
ambiental, surgem as fontes alternativas de energia, que contornam a utilização de matéria
prima não renovável, como o carvão e petróleo, por exemplo.
O presente estudo destina-se a explanar acerca da possibilidade de construção de
um sistema gerador de energia utilizando células a combustível. Tal mecanismo se
apresenta como energia capaz de produzir eletricidade para uso comercial e residencial. A
célula se fundamenta no emprego de hidrogênio como combustível, tendo por produto
energia, água e calor, ou seja, sem qualquer tipo de poluição.
Apesar das noções do princípio da célula serem bastante antigas – inicialmente
desenvolvida em 1839, pelo inglês William Robert Grove – a compreensão de seu
funcionamento é relativamente recente, bem como a implementação de novos
componentes, tais como eletrodos, eletrólitos e catalizador a fim de aprimorar seu
rendimento.
Inúmeras as vantagens deste sistema, todavia, a basilar reside no fornecimento de
energia limpa, constante e ilimitada. Em se tratando de eficiência as células a combustível,
se comparadas aos demais sistemas geradores de energia, são dotadas de maior
rendimento. Atingindo níveis ainda maiores, caso aproveitem o calor liberado.
Os principais tipos de células são: AFC (Alkaline Fuel Cell), PAFC (Phosphoric
Acid Fuel Cell), MCFC (Molten Carbonate Fuel Cell), SOFC (Solid Oxide Fuel Cell),
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Introdução Geral
2
DMFC (Direct Methanol Fuel Cell) e PEMFC (Proton Exchange Membrane Fuel Cell).
Esta última a mais usual e objeto da presente pesquisa.
As células do tipo PEM utilizam o Hidrogênio (H2) como combustível que, por
não ser uma fonte primária de energia, acarreta em dificuldades de obtenção, transporte e
armazenagem. Assim, são dois os principais métodos de aquisição do hidrogênio: reforma
do gás natural e eletrólise da água.
No Capítulo I será fornecida uma revisão histórica e conceitual. Entre os diversos
tópicos apresentados, terão ênfase os seguintes: evolução da célula, operação básica,
conexões, classificação, vantagens e desvantagens, aplicações e características elétricas.
O Capítulo II relaciona-se a modelagem da célula, abrangendo seu
comportamento, relação entre tensão e corrente e fontes de perdas. Serão, ainda,
apresentados alguns modelos que associam base teórica, através de equações
eletroquímicas, às equações extraídas experimentalmente.
No Capítulo III serão abordadas as estratégias de monitoramento e controle das
variáveis essenciais ao funcionamento do sistema. Dentre elas, a tensão na célula,
temperatura e fornecimento dos gases proporcionarão maiores estudos.
Temas pertinentes ao processo de warm-up e desabilitação das células com
defeito serão também foco de pesquisa.
No Capítulo IV será demonstrado um sistema auxiliar, desenvolvido a partir do
conversor Buck-Boost, capaz de prover energia às válvulas, ao ventilador, motor de passo e
aos componentes eletrônicos.
Serão disciplinadas análises qualitativas, simulações e resultados experimentais.
O Capítulo V dedica-se ao desenvolvimento de outra estrutura auxiliar de
energia, neste caso, denominada conversor Flyback. O conversor é empregado com o
intuito de gerar comandos isolados aos interruptores, encarregados do bypass das células.
O Capítulo VI destina-se por inteiro à apresentação dos resultados experimentais.
Serão incluídas fotos com o intuito de melhor explanar e demonstrar os temas
referendados.
Na esperança que o desenvolvimento das civilizações percorra um novo caminho
voltado à conscientização e preservação do meio ambiente, é almejado que o presente
estudo contribua de forma a possibilitar que as células a combustível em um futuro
próximo venham a substituir as atuais e não-renováveis fontes geradoras de energia.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Introdução Geral
3
CAPÍTULO 1
Células a Combustível
O aumento acentuado da degradação ambiental, aliado ao esgotamento dos
combustíveis fósseis, vem se tornando um dos maiores problemas da sociedade
contemporânea.
Estes dois fatores podem ser relacionados, já que grande parte da poluição
ambiental é causada pela utilização indiscriminada de combustíveis fósseis, especialmente
nas áreas industrial e de transporte. Esta última ainda mais preocupante, haja vista o
aumento do número de veículos que transitam diariamente nos grandes centros urbanos.
Se considerássemos a possível ausência de poluição, a atmosfera seria composta
essencialmente por N2, O2, CO2 e quantidades variáveis de vapor d’água. Todavia, nas
grandes cidades, muitas outras substâncias passam a fazer parte da composição
atmosférica, as quais: monóxido de carbono (CO), óxidos de enxofre (SO2 e SO3), óxidos
de nitrogênio (NO e NO2), partículas (fuligem e fumaça) e restos de combustíveis não
queimados. O gráfico abaixo ilustra a distribuição dos poluentes nos centros
metropolitanos.
11%
12%
39%
Monóxido de Carbono (CO)
Partículas
Vapores de gasolina, diesel etc.
Óxidos de Enxofre (SO2 e SO3)
12%
Óxidos de Nitrogênio (NO e NO2)
26%
Fig. 1.1 - Distribuição típica dos poluentes nos centros metropolitanos.
Estas substâncias são provenientes do resultado, por exemplo, da reação de
combustão do álcool e da gasolina dentro dos motores dos automóveis.
Combustível + O2 → CO2 + CO + C pulverizado + H 2O
(1.1)
Cada um destes sub-produtos, quando presente na atmosfera, provoca danos
geralmente irreparáveis aos ecossistemas. O acréscimo da concentração de gás carbônico
(CO2) no ar tem como conseqüência o efeito estufa, que tende a provocar o aumento da
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
4
temperatura média do planeta. Por sua vez, o monóxido de carbono (CO), apesar de
imperceptível em virtude de seu aspecto incolor e inodoro, é um gás extremamente tóxico
que, dependendo da quantidade inalada, causa fortes dores de cabeça ou até mesmo mortes.
Já o carvão pulverizado, conhecido também como fuligem, é o maior responsável pela
fumaça preta que sai do escapamento de automóveis e das chaminés de fábricas, podendo
causar irritações nas córneas e problemas respiratórios.
Além dos estragos ocasionados pelos sub-produtos da reação da combustão, a
presença de outras impurezas nos derivados do petróleo (gasolina, óleo diesel, etc.) e no
carvão mineral, como o enxofre (S), são responsáveis por reações químicas que provocam
prejuízos ao meio-ambiente. Através da utilização de tais derivados de petróleo ocorre a
queima do enxofre, produzindo o dióxido de enxofre:
S + O2 → SO2
(1.2)
Na atmosfera, o dióxido de enxofre reage com o oxigênio transformando-se em
trióxido de enxofre (SO3) (1.3). Este reage com a água da chuva produzindo ácido
sulfúrico (H2SO4) (1.4), também conhecido como chuva ácida e responsável por inúmeros
prejuízos para a agricultura, aumento da acidez dos rios e lagos e, ainda, corrosão do
mármore, ferro e outros materiais usados em monumentos e construções.
2 SO2 + O2 → 2SO3
(1.3)
SO3 + H 2O → H 2 SO4
(1.4)
Outra substância responsável pelo fenômeno da chuva ácida é o nitrogênio (N).
Este, em função das elevadas temperaturas internas dos motores de veículos, reage com o
oxigênio (O), originando óxido nitroso (NO) que, após alguns processos, produz o ácido
nítrico (HNO3). Este último, assim como o ácido sulfúrico (H2SO4), configura a chuva
ácida.
Além de provocar impactos ambientais, pode-se questionar acerca da exaustão e
eficiência do aproveitamento da energia química contida nos combustíveis fósseis. Na
combustão direta – que ocorre na queima de combustível em motores de automóveis ou em
usinas termoelétricas, por exemplo – a maior parte de energia liberada está sob a forma de
calor, fazendo com que apenas aproximadamente 20% da energia química seja convertida
em energia mecânica ou elétrica. Assim, a maior parte da energia produzida não é
aproveitada, já que se perde no meio ambiente sob a forma de calor.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
5
Visando atenuar os problemas gerados com a utilização de combustíveis
derivados do petróleo e carvão, formas alternativas de se gerar energia vêm sendo
estudadas, tais como: energia eólica, solar, biogás, gás natural, células a combustível e
outras. Dentre estas, as células a combustível aparecem como uma das mais promissoras
soluções para muitas aplicações, podendo ser utilizadas em veículos, equipamentos
portáteis, plantas residenciais e industriais, etc.
As células a combustível são dispositivos eletroquímicos que convertem
diretamente a energia química dos reagentes em energia elétrica, calor e água, não
apresentando a combustão como passo intermediário. Nelas o hidrogênio é empregado
como elemento principal que, além de matéria-prima abundante presente em 90% de todos
os átomos do universo, é fonte de energia não-poluente.
1.1. Histórico
Em 1839 o jurista inglês chamado William Robert Grove ganhou reconhecimento
ao desenvolver a então chamada Célula de Grove, conhecida atualmente como célula a
combustível. Grove empregou os conhecimentos descritos pelos cientistas William
Nicholson e Anthony Carlisle em 1800, que utilizaram eletricidade para decompor a água
em hidrogênio e oxigênio, executando a eletrólise da água.
Na verdade, Grove realizou o experimento inverso: obtenção de energia elétrica a
partir do hidrogênio e do oxigênio, utilizando um conjunto de eletrodos de platina imerso
em ácido nítrico (HNO3) e um conjunto de eletrodos de zinco imersos em sulfato de zinco
(ZnSO4) (Fig. 1.2), gerando cerca de 12 ampéres e 1,8 volts.
Em 1889 o químico Ludwing Mond e seu assistente Carl Langer descreveram seu
experimento com uma célula a combustível usando hidrogênio e oxigênio de 6 ampéres
por “pés quadrados” e 0,73 volts. Mond e Langer observaram dificuldades em empregar
eletrólitos líquidos, passando a adotar um eletrólito de aparência quase sólida, absorvido
por um material poroso e não condutor. Além disso, fizeram uso de eletrodos de platina
fina e perfurada.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
6
Fig. 1.2 - Célula a combustível de Grove.
O fundador da área da físico-química Friedrich Wilhem Ostwald propôs muitas
das teorias sobre o funcionamento das células a combustível. Em 1893 Ostwald elencou a
função das interconexões de vários componentes da célula a combustível, como os
eletrodos, o eletrólito, os agentes oxidante e redutor, além dos ânions e cátions. Ainda em
suas pesquisas, Ostwald destinou-se a traçar as propriedades físicas e reações químicas
advindas na célula.
Emil Baur, da Suíça, conduziu pesquisas nos diferentes tipos de células a
combustível durante a primeira metade do século vinte.
Mais recentemente, no final da década de 30, Francis Thomas Bacon iniciou sua
pesquisa sobre células a combustível com eletrólito alcalino. Durante a Segunda Guerra
Mundial, Bacon desenvolveu uma célula a combustível que pôde ser implantada no
submarino Royal. Mais tarde, esta mesma tecnologia foi empregada na nave espacial
Apollo.
1.2. Operação Básica
O comportamento das células a combustível é semelhante ao das pilhas, no
entanto, apresenta um diferencial que proporciona imensa vantagem: não necessita ser
recarregada. Enquanto estiverem sendo fornecidos os elementos necessários à célula, esta
estará apta a gerar energia na forma de eletricidade e calor.
A estrutura da célula é composta basicamente por um eletrólito, ou membrana,
envolto por dois eletrodos (anodo e catodo) por onde entram o combustível e o oxigênio,
respectivamente.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
7
O processo de obtenção de energia a partir das células a combustível pode variar
de acordo com o tipo de célula utilizada. Os diferentes modelos serão elucidados no
decorrer do trabalho, todavia, para uma explicação inicial a célula do tipo PEM (proton
exchange membrane) é apresentada, já que esta espécime foi adotada como enfoque base
da presente pesquisa.
Fig. 1.3 - Operação Básica das Células a Combustível.
Na célula do tipo PEM, o hidrogênio utilizado como combustível é inserido
através do anodo (Fig. 1.3), sofrendo reação de oxidação e liberando elétrons juntamente
com prótons H+.
2 H 2 → 4 H + + 4e −
(1.5)
No catodo, os elétrons e os prótons H+ provenientes do anodo reagem com o
oxigênio gerando água e calor.
O2 + 4e − + 4 H + → 2 H 2O + calor
(1.6)
Analisando a reação de óxido-redução (1.5) e (1.6) é possível definir a célula a
combustível como um dispositivo eletroquímico que converte a energia química dos
reagentes em energia elétrica, calor e água. Percebe-se, desta maneira, que seu nível de
poluição é zero, posto que não há nenhum outro elemento produto desta reação que
interfira de forma prejudicial à natureza.
Para que as etapas acima descritas ocorram inteiramente é preciso que se
estabeleça um caminho adequado para os elétrons e prótons, partindo do anodo em direção
ao catodo. Os elétrons, responsáveis pela geração de trabalho útil, percorrem o circuito
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
8
elétrico externo, como ilustra a Fig. 1.3. Os prótons H+ atravessam o eletrólito, que é
composto por uma película seletiva formada a partir de polímeros, permeável ao acesso de
prótons e que impede a entrada de elétrons. Este recurso diferenciador da membrana é de
suma importância, caso contrário, os elétrons passariam através do eletrólito diminuindo o
rendimento do sistema.
Outro ponto importante que deve ser mencionado relaciona-se a energia de
ativação e variação da entalpia do sistema, dado que as células a combustível reagem a
processos químicos.
A partir da curva de energia típica das células a combustível (Fig. 1.4), percebe-se
que estas apresentam comportamento exotérmico; em outras palavras, liberação de energia
(calor) e variação de entalpia negativa.
Fig. 1.4 – Curva de Energia.
A energia de ativação é a mínima quantidade de energia que as moléculas devem
possuir para que iniciem uma reação ou colisão efetiva. Quanto menor a energia
necessária, mais rápida a reação e vice-versa. No caso das células a combustível, existem
cinco formas de diminuir a energia de ativação e, conseqüentemente, aumentar a
velocidade da reação:
•
uso de catalisador;
•
aumento da temperatura;
•
aumento da área do eletrodo;
•
acréscimo da pressão do combustível;
•
aumento da concentração dos reagentes.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
9
As duas primeiras alternativas são usualmente utilizadas em processos químicos,
enquanto que o aumento da área do eletrodo também é freqüentemente empregado em
células a combustível.
A questão da proporcionalidade da área do eletrodo em relação ao tempo de
reação dá-se em virtude de os processos de oxidação e redução ocorrerem exatamente
neste condutor. Todavia, deve-se esclarecer que eletrodos são estruturas de face porosa, o
que possibilita o aumento efetivo de sua superfície. Em virtude desta porosidade, os
eletrodos das células a combustível apresentam uma superfície efetiva de contato centenas
ou milhares de vezes maior que sua área. Deste modo, a microestrutura e a manufatura de
um eletrodo de uma célula a combustível é de fundamental importância para o bom
rendimento da mesma.
1.3. Conexão das Células
Uma das mais importantes variáveis na célula a combustível reside na tensão por
ela produzida. Através de seu monitoramento, um diagnóstico quase preciso pode ser
realizado ou, ao menos, algumas das principais causas de falha em seu funcionamento são
detectadas. Em virtude do nível alçado nos terminais ser geralmente pequeno (cerca de
1,23V como valor teórico e 0,7V quando em operação) existe a necessidade de se associar
um conjunto de células em série, atingindo, assim, a quantidade de tensão desejada. A este
conjunto de células associadas dá-se o nome de “pilha”.
Inicialmente, por conveniência e facilidade, pensou-se em associar estas células
apenas conectando o catodo de uma ao anodo da outra, aliando-as sucessivamente até obter
a tensão pretendida. Todavia, se conectadas deste modo, a corrente passa a percorrer toda a
superfície do eletrodo para, então, alcançar o ponto de conexão com a célula seguinte;
ocasionando, assim, quedas de tensão que, apesar de muito pequenas (caso o eletrodo seja
um bom condutor), tornam-se significantes quando comparadas aos 0,7 volts da célula.
Visando minimizar esta indesejada queda de tensão, outro método de conexão das
células foi desenvolvido, conhecido como Placa Bipolar. Conforme o próprio nome
sugere, a Placa Bipolar é dotada de duas superfícies que conectam duas células adjacentes
e, não obstante, possibilita a distribuição de combustível para o anodo e de oxigênio (ou ar)
para o catodo das células.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
10
Observando a Fig. 1.5, que mostra a estrutura de uma pilha com Placas Bipolares,
percebe-se a principal diferença entre o primeiro método de conexão sugerido e o uso das
Placas Bipolares. Enquanto no primeiro a corrente é coletada em apenas um único ponto
do eletrodo, provocando significativa queda de tensão, no caso das Placas Bipolares, os
eletrodos estão em contato direto com a superfície inteira das placas, que funciona como
coletora de corrente, tornando-se, portanto, mais eficiente.
Fig. 1.5 - Placa Bipolar.
A iniciativa de aumentar a área de contato entre os eletrodos e a placa bipolar, ao
mesmo tempo em que resolve o problema da queda de tensão provoca uma dificuldade na
distribuição do combustível e do oxigênio para a célula, visto que quase toda sua superfície
destina-se à conexão entre as células. Uma alternativa seria repetir pequenos, porém
freqüentes, dutos na superfície da Placa Bipolar, entretanto, isto requer placas complexas e
de difícil construção.
Como uma das principais dificuldades das células a combustível é diminuir ao
máximo as quedas de tensão, a Placa Bipolar deverá ser o mais fina possível, a fim de
minimizar a resistência elétrica e o volume. Contudo, à medida em que se diminui a
espessura da placa são também reduzidos os canais de transporte de combustível e
oxigênio, podendo torná-los insuficientes para deslocar a quantidade exigida de gás.
Assim, a espessura da placa deve ser tal que possibilite a redução da resistência e do
volume sem, no entanto, comprometer a passagem dos gases por meio dos dutos.
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Capítulo 1
11
1.4. Tipos de Célula a Combustível
Em virtude da ampla variedade de parâmetros que influenciam o comportamento
das células a combustível, é possível classificá-las de acordo com diferentes aspectos, tais
como: temperatura de operação, tipo de combustível, material processado ou não no
interior da célula, tipo de eletrólito, tipo de catalisador, dentre outros.
A categorização mais usual se refere à natureza do eletrólito empregado na célula,
que pode ser subdividida em grupos distintos, dos quais seis se destacam:
•
AFC – Alkaline Fuel Cell;
•
PEMFC – Proton Exchange Membrane Fuel Cell;
•
PAFC – Phosphoric Acid Fuel Cell;
•
MCFC – Molten Carbonate Fuel Cell;
•
SOFC – Solid Oxide Fuel Cell;
•
DMFC – Direct Methanol Fuel Cell.
Cada célula possui suas próprias aplicações, apresentando diferentes temperaturas
de operação, materiais específicos para a produção do eletrólito, combustíveis variados,
etc. A seguir, uma breve explanação individualizada de cada célula apresentará tais
características, com base em [2] e [3].
Alkaline Fuel Cell (AFC) – Primeiro tipo de célula a combustível utilizado em
aeronaves espaciais tripuladas (Apollo). Tinha como função gerar eletricidade e produzir
água potável.
Seu eletrólito é composto por uma solução aquosa de hidróxido de potássio
(KOH) concentrado. Opera em temperaturas entre 50 e 200oC, aplicando somente
hidrogênio puro e oxigênio como combustível, razão de seu limitado aproveitamento em
transportes e geração estacionária.
Proton Exchange Membrane Fuel Cell (PEMFC) – Também conhecida como
Solid Polymer ou Polymer Electrolyte Fuel Cell, a célula do tipo PEM contém um
eletrólito formado por uma camada de polímero sólido (usualmente NafionTM) que permite
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
12
a passagem de prótons do anodo para o catodo, ao mesmo tempo que impede a passagem
de elétrons. Nestes eletrodos, uma fina camada de platina age como catalisador a fim de
acelerar a velocidade da reação.
Células deste tipo requerem hidrogênio e oxigênio como combustíveis, podendo
este último ser substituído pelo ar. Cabe ressaltar que tais gases deverão ser umedecidos
antes de aplicados à célula, dada a necessidade de controlar a umidade da membrana.
Várias particularidades fazem da célula do tipo PEM uma candidata em potencial
para aplicações automotivas e emprego doméstico. Dentre os tipos existentes é a que
apresenta menores temperaturas de operação (entre 50 e 100oC), o que proporciona uma
inicialização bastante rápida. Além disto, é dotada de elevada densidade de potência.
Phosphoric Acid Fuel Cell (PAFC) – Utilizam ácido fosfórico concentrado a
100% (H3PO4) como eletrólito e operam com temperaturas superiores às das células do
tipo PEM e AFC (entre 150 e 200oC).
As reações no anodo e no catodo são as mesmas que ocorrem na célula do tipo
PEM, todavia processadas de forma mais rápida (em especial no catodo) em função da
elevada temperatura de operação. Ainda assim, faz-se necessário o uso de catalisadores
como a platina para acelerar a velocidade das reações.
Uma das grandes vantagens deste tipo reside na possibilidade de atingir níveis
próximos de 85% de eficiência, em sistemas de co-geração, onde o calor liberado é
aproveitado para realizar trabalho.
Em se tratando de assuntos comerciais, células tipo PAFC são as mais úteis.
Inúmeras unidades na faixa de 200kW a 20MW já são encontradas operando em escolas,
hospitais, hotéis, edificações comerciais, etc.
Molten Carbonate Fuel Cell (MCFC) – O eletrólito das células do tipo MCFC é
formado por uma solução líquida de carbonatos (Lítio, Potássio e/ou Sódio) imersa em
uma matriz.
Sua elevada temperatura de operação (entre 600 e 700oC) faz-se necessária para
alcançar o nível suficiente de condutividade do eletrólito. Em virtude da significante
temperatura, pode-se empregar o Níquel como catalisador em substituição a Platina
(produto demasiadamente custoso), ampliando, assim, a velocidade dos processos de
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
13
redução e oxidação nos eletrodos. Além disso, células desta natureza permitem a reforma
interna de hidrocarbonetos como o gás natural e o petróleo para gerar o hidrogênio.
Sua eficiência atinge índices de aproximadamente 60%, valor bastante elevado se
comparado às células que operam a baixa temperatura. Este número pode, ainda, alcançar
patamares de 80% quando operando no modo de co-geração, onde utiliza-se o calor
extraído a fim de gerar eletricidade adicional.
A elevação de temperatura, não obstante os benefícios acima elencados, gera
conseqüências indesejáveis, como o longo tempo de “warm-up”, impossibilitando a
utilização de células desta espécie em veículos automotores.
Solid Oxide Fuel Cell (SOFC) – Células do tipo SOFC são consideradas
promissoras, especialmente em se tratando de aplicações de alta potência, como indústrias
e estações geradoras de energia.
Em substituição ao eletrólito líquido, servem-se de material sólido não poroso
rígido (geralmente zircônia com pequenas quantidades de ítria), o que lhe permite operar
com temperaturas bastante elevadas, alcançando até 1.000oC. Sua eficiência é
aproximadamente 65% e, assim como as células MCFC, se utilizada no modo de cogeração pode compreender 80 a 85% de rendimento.
Exemplares destas células tendem, em virtude do emprego de eletrólito sólido, ser
mais estáveis que as MCFC. Em contrapartida, o custo de seu processo de construção
torna-se elevado uma vez que seus materiais precisam suportar altas temperaturas.
Direct Methanol Fuel Cell (DMFC) – Células bastante similares às PEM, já que
ambas apresentam eletrólito como uma membrana composta de polímeros. Diferem-se
apenas em relação ao combustível utilizado.
Alimenta-se através do metanol, que se converte (internamente) em dióxido de
carbono e hidrogênio, o qual sofre reação de oxidação no anodo. A temperatura de
operação é levemente superior a PEM, variando entre 60 e 120oC.
Apresenta uma enorme distinção em relação às demais células por não precisar
estocar ou transportar o hidrogênio. Todavia, alguns contratempos ainda estão sendo
pesquisados: em função da baixa temperatura de operação, a conversão do metanol em
hidrogênio e dióxido de carbono exige grande quantidade de catalisador (platina).
Ademais, apresenta rendimento inferior ao dos outros modelos.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
14
Apesar das desvantagens mencionadas, esta nova tecnologia surge como excelente
alternativa para aplicações em baterias de telefones celulares e laptops.
Mesmo sem ainda incluir-se na classificação original, uma nova categoria de
células a combustível está em ascendência: a Regenerative Fuel Cell (RFC).
Em tais células, a água é separada em hidrogênio e oxigênio a partir do processo
de eletrólise (utilizando energia de painéis fotovoltaicos, por exemplo) para ser empregada
na geração de eletricidade, calor e água, tal qual as células convencionais. A água produto
é, então, reutilizada a fim de reiniciar o processo de eletrólise. Percebe-se, portanto, que a
grande inovação deste novo sistema em malha-fechada é a não necessidade de geração
externa de hidrogênio.
1.5. O Hidrogênio como Combustível
Há séculos o homem descobriu no hidrogênio uma fonte ideal de energia. Sabe-se
que mais de 90% de toda a matéria existente no universo é composta por este elemento,
sendo, deste modo, considerada fonte fundamental para a vida, compondo a água e a quase
totalidade de matéria orgânica, além de constituir-se como fonte de energia do Sol.
Porém, apesar da enorme quantidade e presença, seu emprego como combustível
não é tarefa simples. Em contraposição ao petróleo, o hidrogênio não é fonte primária de
energia, somente sendo encontrado na Terra em moléculas como a água ou em diversos
tipos de matéria orgânica, e a partir dos quais deve ser extraído.
O ‘método do gás natural’, além de mais barato, é atualmente o responsável pela
maior parte de hidrogênio aproveitada nas indústrias. Nele, o chamado gás natural reage
com vapor em temperatura e pressão elevadas, liberando hidrogênio e dióxido de carbono.
CH 4 + 2 H 2O → 4 H 2 + CO2
(1.7)
Apesar do produto da reação incluir gases poluentes (dióxido de carbono, por
exemplo), a liberação destes gases ocorre de maneira mais controlada se comparada à
fumaça emitida pelos automóveis. Ainda assim, sabe-se que a iniciativa de utilizar o
hidrogênio como combustível visa obter fontes de energia inteiramente limpas.
A eletrólise é um processo existente há muitos anos e considerado bastante
eficiente para que se realize a extração do hidrogênio de forma a não poluir. Em tal
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
15
procedimento, basta submeter-se água à corrente elétrica – empregando energia
proveniente de fontes renováveis, como eólica e solar – para que ela se dissocie em
hidrogênio e oxigênio (seus elementos básicos).
1
H 2O → H 2 + H 2O
2
(1.8)
Mesmo com a eficiência apresentada pela eletrólise, estudiosos de todo o mundo
vêm elaborando análises sobre possíveis técnicas de extração de hidrogênio. No Brasil,
pesquisadores do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas
estudam alternativas para a extração do gás da cana-de-açúcar.
Além desta, existem inúmeras propostas como a obtenção de hidrogênio a partir
de algas e bactérias que retiram energia da luz solar e emitem-no como subproduto; ou
ainda, empregar-se dezenas de espelhos refletindo a luz do Sol em uma coluna d’água,
gerando calor suficiente para dividir seus componentes.
Recentemente um cientista japonês desenvolveu um aparelho que transforma o
lixo orgânico em combustível. Os restos da cozinha são tratados e transformados em
glicose, que micróbios transformam em hidrogênio.
Todas estas teorias parecem promissoras, porém longe de sair dos laboratórios.
Enquanto isso, novas tecnologias vão sendo desenvolvidas.
1.6. Vantagens e Desvantagens
As células a combustível apresentam inúmeras vantagens, em relação à tecnologia
convencional, sobretudo no que diz respeito à questão ambiental, como demonstrado em
[3]. Quando o hidrogênio puro é aproveitado como combustível, os únicos produtos da
reação são água e calor, ou seja, nível zero de poluição. Desta forma, a implementação de
células está intimamente relacionada à preservação do meio ambiente, ao passo que reduz a
produção de dióxido de carbono, responsável pelo efeito estufa.
A Fig. 1.6 apresenta um gráfico comparativo entre a tecnologia em questão e
outros sistemas que empregam combustíveis fósseis, considerando a emissão de poluentes.
Vale lembrar que esta comparação é realizada quando o sistema de células a
combustível não é alimentado por hidrogênio puro. O gás empregado é obtido durante uma
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
16
etapa intermediária de reforma do combustível. Durante este estágio é que ocorre a
liberação destes poluentes.
Fig. 1.6 - Emissão de Poluentes - EUA.
Outra vantagem a ser notificada consiste na independência das células em relação
aos combustíveis fósseis. Como já pronunciado, o hidrogênio pode ser adquirido a partir de
diferentes métodos, tais como a eletrólise e a partir da cana-de-açúcar.
Em se tratando de eficiência, é sabido que, no caso de um motor a combustão,
pode-se converter apenas cerca de 25% da energia presente no combustível em trabalho,
enquanto todo o resto é dissipado sob formas inúteis de energia (vibração, barulho, calor...)
Em compensação, um carro movido por meio de célula a combustível consegue facilmente
atingir 35% de rendimento, conseguindo atingir índices de até 60%. Esta eficácia
apresenta, ainda, a capacidade de expandir-se para níveis em torno de 80% quando
consideradas as células estacionárias, nas quais o calor é aproveitado com o intuito de
produzir mais energia. A Fig. 1.7 apresenta comparações de rendimento entre diferentes
fontes de energia.
Fig. 1.7 - Gráfico Comparativo - Rendimento.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
17
Pelo fato de não apresentarem partes móveis, as células a combustível
proporcionam índices elevados de confiabilidade, sobretudo se examinadas em relação a
motores de combustão interna. Oferecem, ainda, níveis consideravelmente baixos de ruído,
atributo fundamental em determinadas aplicações como equipamentos portáteis,
hospitalares e residenciais.
O gráfico da Fig. 1.8 estabelece a comparação de ruídos gerados por diversas
fontes de energia, ratificando que o nível produzido pelas células a combustível equiparase ao barulho de uma conversa social.
Fig. 1.8 - Gráfico Comparativo - Ruído.
Em contraposição às inúmeras vantagens que incentivam pesquisas na área de
células a combustível, o custo elevado aparece como grande inconveniente a prejudicar sua
expansão. O gasto necessário para a geração do kW/h das células, se comparado às demais
fontes convencionais, é significativamente superior. Todavia, esta superioridade de custo
está regredindo à medida que novas tecnologias – tanto na construção (catalisadores,
eletrodos, membranas...) quanto na obtenção e armazenamento do combustível – vêm
sendo desenvolvidas.
1.7. Aplicações
Muitas são as aplicações das células a combustível, principalmente nos campos de
transportes e equipamentos móveis. No momento, porém, são empregadas somente como
protótipos pré-comerciais.
Atualmente a quase totalidade das grandes montadoras de veículos possuem
carros movidos pelo sistema de células a combustível, ou em fase de desenvolvimento, ou
ao menos em testes.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
18
Além da mencionada relevância ambiental, os automóveis elétricos oferecem
demais benefícios, os quais são: maior eficiência, ausência de partes móveis (o que reduz
custos de manutenção), possibilidade de alimentar componentes eletrônicos, diminuição de
ruído, etc.
Em 1996, a empresa Daimler-Chrysler iniciou o desenvolvimento de uma série de
automóveis com células do tipo PEM, intitulados pela abreviatura NECAR (Non Emission
Car). A primeira geração de veículos, NECAR 1 e NECAR 2, foi alimentada a base de
hidrogênio, enquanto a geração seguinte, NECAR 3 (que teve como carro-base o Mercedes
Classe A), empregou metanol, exigindo o uso de reformadores. O carro subseqüente,
NECAR 4, retomou a adoção do hidrogênio como combustível. No ano de 2000, o
NECAR 5 foi apresentado retrocedendo ao uso do metanol líquido, além da inovadora
capacidade de atingir altas velocidades (150km/h) e autonomia para percorrer
aproximadamente 480km.
Além de carros, as células a combustível estão presentes em inúmeros outros itens
da esfera dos transportes, como ônibus, scooters, naves espaciais, submarinos, etc.
Fig. 1.9 - NECAR - Geração 5.
Atualmente estão sendo fabricadas células miniaturas (principalmente do tipo
PEM e AFC) para futuras aplicações portáteis, como telefones celulares, laptops, palmtops,
câmeras de vídeo, agendas eletrônicas, etc. Esta tecnologia, quando disponível no mercado,
possibilitará a utilização de equipamentos durante um mês sem a necessidade de recarga,
portanto mais conveniente que a bateria convencional.
Algumas aplicações já se apresentam comercializáveis. Plantas estacionárias de
produção de energia a partir de células a combustível (com potências variando em kW e
MW) vem sendo utilizadas por hospitais, hotéis, prédios comerciais, escolas e bancos.
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Capítulo 1
19
Estas células podem, também, ser aproveitadas como fontes ininterruptas em
hospitais e empresas de telecomunicações, bem como em sistemas híbridos, suprindo
energia nos horários de maior demanda.
1.8. Características Elétricas
Algumas das principais características elétricas das células a combustível, como
eficiência e tensão de circuito aberto, podem ser encontradas a partir da primeira lei da
termodinâmica, conhecida como Princípio da Conservação de Energia, segundo o qual “a
energia presente na saída de um sistema deve ser igual a energia fornecida na entrada”, ou
ainda “a quantidade total de energia em um sistema permanece inalterada”.
1.8.1 Tensão de Circuito Aberto
Em se tratando de células a combustível, a energia de entrada é representada pela
energia química dos reagentes (H2 e O2), a qual será transformada em energia elétrica.
Esta energia química apresenta-se sob o aspecto de Energia Livre de Gibbs,
definida como “energia disponível para realizar trabalho externo”. No caso das células a
combustível, o trabalho externo envolve o movimento de elétrons através de um circuito
elétrico [1].
Como ponto de partida, apenas o conceito de Energia Livre de Gibbs torna-se
suficiente para extrair a equação de circuito aberto. Entretanto, uma explicação bastante
minuciosa será fornecida no capítulo subseqüente.
Observando a operação básica das células a combustível (1.5), constata-se que
para cada molécula de hidrogênio utilizada, dois elétrons atravessam o circuito externo.
Portanto, para um mol de hidrogênio consumido, 2N elétrons são incumbidos de produzir
trabalho útil. A variável N representa o número de Avogadro, definido como “quantidade
de átomos (6,02 x 1023) existentes quando a massa atômica de um elemento é expressa em
gramas” [6].
Se e– significa a carga de um elétron, a quantidade de carga que flui para o
circuito pode ser estabelecida pela equação:
−2 ⋅ N ⋅ e = −2 ⋅ F
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(1.9)
Capítulo 1
20
O parâmetro F representa a constante de Faraday, ou a carga de um mol de
elétrons ( 96485,3
C
) e E a tensão de uma célula a combustível. Deste modo, o trabalho
mol
elétrico concebido para mover tal quantidade de elétrons é dado pela equação (1.10).
We− = −2 ⋅ F ⋅ E
(1.10)
Considerando um sistema ideal, ou seja, sem perdas, toda a energia proveniente
da reação química (Energia Livre de Gibbs) converte-se em energia sob a forma de
trabalho elétrico:
∆ g f = We−
(1.11)
Igualando as equações (1.10) e (1.11) tem-se:
∆ g f = −2 ⋅ F ⋅ E
(1.12)
Assim, é obtida a equação (1.13), que estabelece a tensão de circuito aberto para
uma célula a combustível.
E=−
∆g f
(1.13)
2⋅ F
Sob condições padrão de temperatura e pressão (CNPT=25oC e 1 atm), a energia
livre disponível para realizar trabalho (Energia Livre de Gibbs) é igual a 237,1 kJ/mol. Ao
substituir este valor, juntamente com a constante de Faraday, na equação (1.13), obtém-se
a tensão ideal de uma célula a combustível que opere com hidrogênio puro:
E=−
−237,1
= 1, 229V
2 ⋅ 96485,3
(1.14)
O mesmo procedimento pode ser aproveitado para alcançar os valores da tensão
de circuito aberto nos demais tipos de células, bem como em outros processos
eletroquímicos, tal qual as baterias. Nestes casos, a única diferença reside no número de
elétrons gerados no decorrer da reação química para cada molécula de combustível. Na
condição da célula anteriormente mencionada, o fator 2 presente no denominador
simboliza os dois elétrons liberados na reação de uma molécula de hidrogênio.
Ao generalizar-se a equação (1.13), de forma a torná-la útil em qualquer reação,
obtém-se a expressão (1.15).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
21
E=−
∆g f
z⋅F
(1.15)
O parâmetro z representa, para cada molécula de combustível, o número de
elétrons transferidos.
1.8.2 Eficiência
Ainda que as células a combustível não se enquadrem nos limites de eficiência
impostos pela teoria do Ciclo de Carnot (aplicado às máquinas térmicas), algumas de suas
definições podem ser empregadas a fim de se extrair uma equação que represente a
produtividade destas fontes alternativas de energia.
Como tais células utilizam-se de materiais que geralmente, para fornecer energia,
participam da reação de combustão, a quantidade de calor liberada na queima destes
elementos pode ser usada como parâmetro para medir a eficiência das células. À esta
quantidade de calor dissipada, dá-se o nome de entalpia de formação, ∆ h f . Assim, a
relação entre a energia elétrica produzida por mol de combustível e a entalpia de formação
define a eficiência das células a combustível:
η=
energia eletrica produzida por mol de combustivel −∆ h f
(1.16)
(O sinal negativo que antecede a entalpia de formação indica que a energia está
sendo liberada).
A partir da equação (1.16) define-se o limite máximo de eficiência, visto que, ao
se considerar um sistema reversível (sem perdas) toda a energia livre ( ∆ g f ) é
transformada em energia elétrica.
η=
∆g f
∆hf
(1.17)
Sob condições padrões de temperatura e pressão, a entalpia de formação na reação
de hidrogênio e oxigênio é ∆ h f = 285,8 kJ/mol e a Energia Livre de Gibbs, ∆ g f = 237,1
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
22
kJ/mol. Portanto, inserindo estes valores em (1.17), é determinada a eficiência de uma
célula a combustível ideal.
ηideal =
237,1
= 0,83
285,8
(1.18)
Em virtude da não-idealidade acarretar grandes diferenças nos valores de tensão, o
rendimento de uma célula a combustível em operação pode ser atingido a partir da relação
entre tensão de operação e tensão ideal.
Na equação (1.16) a potência elétrica produzida é considerada o produto da
relação entre a tensão e a corrente em operação, como mostra a expressão (1.19).
η=
Voperaçao ⋅ I
−∆ h f ideal
(1.19)
Ao aplicar o valor ideal de eficiência presente na equação (1.18) e substituindo-o
em (1.17), tem-se a entalpia de formação ideal:
∆ h f ideal =
∆ g f ideal
0,83
(1.20)
Substituindo (1.20) em (1.19):
η=
Voperaçao ⋅ I
∆ g f ideal
(1.21)
0,83
No caso ideal, a Energia Livre de Gibbs é igual à potência consumida (produto
entre a tensão ideal e a corrente).
η=
Voperacao ⋅ I
Videal ⋅ I
⋅ 0,83
(1.22)
Substituindo o valor ideal de tensão Videal = 1, 229V calculado no item anterior em
(1.22), é estipulada a equação que representa a eficiência de uma célula a combustível em
função da tensão de operação:
η (%) = 0, 675 ⋅ Voperacao ⋅100%
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(1.23)
Capítulo 1
23
1.9. Conclusão
Problemas como a degradação ambiental, o esgotamento de combustíveis fósseis
e a baixa eficiência das fontes de energia convencionais (onde apenas 20% da energia
química é transformada em trabalho) vêm impulsionando pesquisas relacionadas a fontes
alternativas de energia. Inseridas neste contexto, as células a combustível aparecem como
proposta inovadora e bastante promissora.
Células a combustível são aparelhos destinados a transformar a energia química
dos reagentes em energia elétrica, calor e água, não sendo necessária a presença de uma
etapa intermediária de combustão. Através deste conceito determina-se uma das vantagens
da tecnologia: taxa de poluição zero, quando empregado o hidrogênio puro como
combustível.
As pesquisas iniciaram em 1830 com o inglês William Robert Grove que propôs a
inversão da reação da eletrólise da água, a fim de obter energia elétrica a partir do
hidrogênio e oxigênio.
O comportamento das células é por demais semelhante ao de pilhas
convencionais, apresentando uma vantagem: enquanto houver combustível a ser fornecido
haverá produção de energia elétrica.
Dentre os benefícios existentes na utilização das células, pode-se citar a redução
no índice de poluição, a eficiência de aproximadamente 50% (podendo atingir até 80%
quando o calor é aproveitado), a robustez do sistema por possuir poucas partes móveis, e o
baixo nível de ruído, semelhante ao volume de uma conversa social.
Uma das poucas desvantagens apresentadas está ligada ao elevado custo do
dispositivo e a obtenção do combustível, em função do hidrogênio não ser fonte primária
de energia e apresentando-se na Terra apenas sob a forma de moléculas, das quais deve ser
extraído (etanol, metanol, entre outras). São, ainda, estudados no Brasil, métodos para sua
obtenção a partir da cana-de-açúcar.
Dentre as diversas aplicações a indústria automobilística e de equipamentos
portáteis são as que mais podem aproveitar as células a combustível. Além disso, pesquisas
relacionadas a sistemas híbridos de energia (que suprem energia em horários de pico),
plantas estacionárias e sistemas ininterruptos de energia também vêm incluindo esta nova
tecnologia em seus estudos.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 1
24
CAPÍTULO 2
Modelagem da Célula
Para implementar a estrutura de controle das células a combustível são
necessários modelos que representem o comportamento dinâmico e o regime do sistema. A
obtenção deste modelo não é uma tarefa simples, visto que o comportamento da célula
envolve um elevado número de variáveis, como: temperatura, pressão dos gases,
dimensões da célula, hidratação da membrana, propriedades dos materiais constituintes do
eletrólito e dos eletrodos, estequiometria dos gases, entre outras. Além da quantidade de
variáveis, existe dependência entre elas estabelecida, acarretando em um sistema não-linear
e engrandecendo a complexidade do modelo.
Diferentes modelos analíticos e empíricos já foram apresentados na literatura,
distinguindo-se pelo número de variáveis envolvidas e grau de complexidade. Os modelos
analíticos são caracterizados pela necessidade de se conhecer os parâmetros construtivos
da célula, tais como: dimensões, hidratação da membrana e propriedades físico-químicas
dos materiais constituintes. Na grande maioria das vezes estes dados são desconhecidos,
impedindo sua utilização. Quando tais informações estão disponíveis, modelos analíticos
são os mais precisos, podendo ser usados em uma ampla faixa de operação, ao contrário
dos modelos empíricos, onde o resultado extraído representa o comportamento da célula
apenas para uma reduzida faixa operacional.
Com a finalidade de aproveitar os benefícios de ambos os modelos, pesquisas
aliando generalidade e confiabilidade dos modelos analíticos à maior facilidade dos
empíricos estão sendo desenvolvidas.
Este capítulo visa determinar o comportamento de uma célula do tipo PEM, no
que diz respeito a corrente e tensão, bem como apresentar alguns modelos que se utilizam
ora de informações analíticas, ora empíricas. Por fim, será especificado o modelo escolhido
e a metodologia de obtenção dos parâmetros, através de resultados experimentais.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
25
2.1. Comportamento: Tensão x Corrente
Como demonstrado no capítulo anterior, a tensão de saída ideal da célula é
fornecida pela expressão (2.1).
E=
−∆ g f
2⋅ F
(2.1)
Contudo, por estar relacionada a vários fatores como temperatura, pressão e
concentração dos gases e corrente, a tensão real varia de acordo com a carga e condições
de operação, não se mantendo constante em toda a faixa de operação. Também a tensão de
circuito aberto difere da tensão ideal, como pode ser observado na curva de polarização
(Fig. 2.1), que demonstra o comportamento da tensão de saída da célula com o aumento da
carga.
Fig. 2.1 - Curva de Polarização.
Modelando a célula de uma maneira bem simplificada é possível representar o
comportamento da tensão individual como sendo a tensão reversível, subtraída das perdas
em toda a faixa de operação.
Vcell = Vreversivel − ∆VPerdas
(2.2)
Onde, a tensão reversível representa a tensão teórica máxima e “∆VPerdas”
representam as quedas de tensão provocadas por: ativação, perdas ôhmicas, corrente
interna e transporte de massa ou concentração. Cada uma destas não-idealidades atua
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
26
influenciando determinado nível de carga, como se verifica na Fig. 2.1. Deste modo,
substituindo cada fonte de perda em (2.2), tem-se:
Vcell = Vreversivel − Vact − Vohm − Vconc
(2.3)
A seguir, uma breve explicação sobre cada uma das variáveis será apresentada a
fim de, posteriormente, determinar-se a modelagem das mesmas.
2.1.1 Tensão Reversível - Vreversivel
A tensão reversível é a máxima tensão que uma célula pode fornecer em
determinada condição de operação (temperatura, pressão e concentração dos gases). Esta
variável é alcançada através da quantidade de energia livre para realizar trabalho
proveniente da reação química, ou seja, a variação da energia livre de Gibbs (∆G). Por sua
vez, a quantidade de energia varia de acordo com a pressão e a temperatura, como mais
tarde será exemplificado.
2.1.2 Perdas por Ativação - Vact
As perdas por ativação são ocasionadas em decorrência da energia desperdiçada
para romper a barreira de ativação da reação química. Quanto menor a densidade da
corrente, mais significativas as perdas.
Em uma célula PEM, as perdas por ativação no anodo (hidrogênio) são muito
menores que as perdas no catodo (oxigênio) sendo, portanto, freqüentemente
desconsideradas.
Em virtude da complexidade da reação química, do processo de absorção dos
reagentes pelos eletrodos e das propriedades físico-químicas da célula, a obtenção de um
modelo para as perdas por ativação não é simples.
2.1.3 Perdas Ôhmicas - Vohm
As perdas ocasionadas com a resistência a passagem dos íons através da
membrana, bem como dos elétrons pelos eletrodos em função de suas imperfeições são
chamadas perdas ôhmicas.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
27
Idealmente, o eletrólito deveria permitir a passagem de íons H+, no entanto,
algumas particularidades (como a umidade da membrana) podem influenciar na
dificuldade de transição destes íons.
Através da curva de polarização, Fig. 2.1, observa-se uma etapa quase linear entre
as perdas por ativação e concentração. Em analogia aos circuitos elétricos, esta região é
chamada de perdas ôhmicas.
2.1.4 Perdas por Concentração
Perdas por concentração são resultados das mudanças na concentração dos
reagentes na superfície dos eletrodos. Quanto maior a densidade da corrente, mais
significante a perda por concentração, uma vez que o combustível (hidrogênio) e o
oxidante (oxigênio) são consumidos em alta escala.
Como a redução na concentração é resultado do transporte insuficiente de
reagentes para os eletrodos, este tipo de perdas pode também ser chamado de ‘perdas por
transporte de massa’.
De acordo com a Fig. 2.1, quando esta etapa de perdas é atingida a tensão cai
rapidamente, acarretando na danificação da célula. Assim, em virtude das conseqüências
indesejáveis, muitos modelos não consideram esta perda, mesmo porque o sistema não
costuma operar nestes índices de carga.
2.1.5 Correntes Internas
Como previamente explicado, a membrana não possui comportamento ideal,
apresentando uma única e determinada resistência. Além desta, outras não-idealidades
caracterizam o eletrólito, como a passagem de combustível, oxidante e elétrons pela
membrana, que não produzem trabalho útil (diga-se eletricidade). A este desperdício de
energia dá-se o nome de corrente interna.
Tais gastos de combustível e elétrons são apenas consideráveis em baixas
densidades de corrente, principalmente em circuito aberto, o que justifica a diferença de
tensão entre o valor ideal e o prático. Matematicamente, a corrente interna deve ser
inserida na representação das demais perdas, geralmente a perda por ativação, já que esta
também ocorre com diminutas densidades de corrente.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
28
2.2. Modelagem
Dado o alto grau de complexidade dos modelos inteiramente analíticos, além do
elevado número de variáveis que, geralmente, não estão disponíveis ao projetista (como a
umidade da membrana e a área ativa dos elétrodos), serão apresentados alguns modelos
que associam base teórica, através de equações eletroquímicas, às fórmulas extraídas
experimentalmente.
Inicialmente serão elencados modelos estáticos, para, então, elucidar alguns dos
fenômenos que influenciam o comportamento dinâmico da célula, como: pressão, fluxo de
massa dos gases, temperatura, umidade relativa, hidratação da membrana, etc. No estudo
em questão, os fatores de umidade relativa e hidratação da membrana serão desprezados
por possuírem modelos matemáticos complexos, e porque as células PEM que serão
utilizadas são dotadas de auto-umedecimento.
2.2.1 Modelo Eletroquímico
Os modelos eletroquímicos [7], [10] e [11] a serem estudados não consideram as
perdas por concentração e separam as perdas por ativação no anodo e no catodo em um
modelo generalizado, quando operando em regime permanente. Seguindo estas
simplificações, a equação (2.3) é representada da seguinte forma:
Vcell = Vreversivel + η act ,a + ηact , a + ηohmic
(2.4)
A variável Vreversivel é o máximo potencial teórico da célula, ηact,a e ηact,c retratam
as perdas por ativação no anodo e no catodo, respectivamente, e ηohmic está associado às
perdas ôhmicas. Todas as variáveis se encontram na unidade de Volts (V), ao passo que as
relacionadas às perdas são negativas, demonstrando a redução na tensão teórica.
Com base nos conceitos da eletroquímica e termodinâmica são descobertos
apurados modelos matemáticos para a quase totalidade das perdas. Entretanto, apesar de
usualmente não serem incluídas no modelo eletroquímico [7] e [11], as equações que
representam o efeito das perdas por concentração e corrente interna serão, aqui,
brevemente apresentadas.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
29
a) Tensão Reversível - Vreversível
A tensão reversível independe do nível de carga da célula, variando somente de
acordo com a temperatura e pressão dos gases hidrogênio e oxigênio (ou ar).
Seu modelo matemático é desenvolvido a partir da equação de Nernst, que, por
sua vez, relaciona-se à alternância da energia livre de Gibbs liberada na reação capaz de
gerar trabalho externo. Como a tensão de Nernst é obtida apenas para um nível padrão de
temperatura (298,15K ou 25oC), deve-se inserir uma outra equação a fim de estabelecer um
modelo generalizado, que considere temperaturas variáveis:
Vreversivel = VNernst + VTdiferença
(2.5)
Com o intuito de melhor compreender o desenvolvimento que segue, uma
explicação sobre a energia livre de Gibbs tornará mais simples a compreensão do modelo.
Energia Livre de Gibbs
A energia livre de Gibbs caracteriza-se pela energia livre proveniente da reação
apta a gerar algum tipo de trabalho. No caso da célula a combustível, envolve o movimento
de elétrons através de um circuito externo. A partir dos conceitos da termodinâmica [8], é
definida também em função da entalpia (H), entropia (S) e temperatura (T) da reação:
G = H −T ⋅S
(2.6)
Em se tratando de reações químicas, faz-se necessário indicar um ponto de
referência, ou seja, um ponto de energia zero. Normalmente este ponto de referência é
estipulado através de um elemento puro (H2, O2, N2, etc.), em temperatura e pressão padrão
(25o C e 0,1MPa), denominado energia livre de Gibbs de formação (Gf).
Outro tópico de indispensável avaliação diz respeito à quantidade de energia livre
de uma reação. Por ser impossível determinar a quantidade absoluta de energia livre, sua
variação acaba representando o adequado parâmetro a ser considerado. No caso das células
a combustível, cabe à variação da energia livre de Gibbs de formação indicar a quantidade
de energia liberada. Esta variação é estabelecida através da diferença entre a energia livre
de formação dos produtos e a energia livre de formação dos reagentes:
∆G f = G fprodutos − G reagentes
f
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(2.7)
Capítulo 2
30
Com o intuito de facilitar a análise, geralmente adota-se esta quantidade de
energia em relação a um mol, ou seja, “por mol”, representado por um traço acima da letra.
Assim, tomando como exemplo a reação química da célula em questão:
1
H 2 + O2 → H 2O
2
É possível determinar a variação da energia livre de Gibbs de formação por mol
da reação através da equação (2.8):
( )
∆g f = g f
H 2O
( )
− gf
H2
−
( )
1
gf
2
O2
(2.8)
Tensão de Nernst - VNernst
A tensão de Nernst indica a variação da tensão na célula causada pela modificação
de pressão dos reagentes. Quanto maior a pressão dos reagentes, maior a quantidade destes
em contato com os eletrodos, o que, conseqüentemente, aumenta a freqüência de atividades
químicas.
Considerando o sistema químico:
na A + nb B → nc C
(2.9)
Retira-se da teoria da termodinâmica [8] que a entalpia do elemento A não é
função da pressão nas misturas de gases perfeitos, portanto:
h A,T 0 , P = h A,T 0 , P0
(2.10)
Contudo, a entropia do elemento A alterna-se com a pressão (de P0 até PA),
segundo a equação (2.11).
P 
s A,T 0 , P = s A,T 0 , P 0 − R ⋅ ln  A0 
P 
(2.11)
Inserindo as equações (2.10) e (2.11) em (2.6) tem-se:
P 
g A,T 0 , P = h A,T 0 , P0 − T s A,T 0 , P0 + R ⋅ T ⋅ ln  A0 
P 
(2.12)
P 
g A,T 0 , P = g A,T 0 , P 0 + R ⋅ T ⋅ ln  A0 
P 
(2.13)
Ou ainda:
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
31
Desta maneira, a equação (2.13) fornece a energia livre de Gibbs do componente
A, ao variar-se a pressão de um valor P0 a PA.
Esta equação pode ser aplicada a todos os termos da reação química apresentada
em (2.9) e, então, substituída em (2.7), para determinar a variação da energia livre de
Gibbs por mol, nos casos em que se altera a pressão dos componentes da reação:



 P 
 P 
 P 
∆ g T 0 , P = nC  g C ,T 0 , P0 + R ⋅ T ⋅ ln  C0   − nA  g A,T 0 , P0 + R ⋅ T ⋅ ln  A0   − nB  g B ,T 0 , P0 + R ⋅ T ⋅ ln  B0  
 P 
 P 
 P 



(2.14)
Como:
∆ g T 0 , P0 = nC ⋅ g C ,T 0 , P0 − nA ⋅ g A,T 0 , P0 − nB ⋅ g B ,T 0 , P0
(2.15)
Substituindo (2.15) em (2.14) e reordenando a equação, obtém-se:
∆ g T 0 , P = ∆ g T 0 , P0
 a AnA ⋅ aBnB 
− R ⋅ T ⋅ ln 

nC
 aC

(2.16)
A variável aX representa a relação entre pressão atual e inicial, também conhecida
como “atividade” [1].
aX =
PX
P0
(2.17)
Estes conceitos da termodinâmica podem ser aproveitados no estudo das células a
combustível, que tem como reação química a expressão (2.18).
1
H 2 + O2 → H 2O
2
(2.18)
Empregando a equação (2.16) para a reação de hidrogênio e oxigênio tem-se:
∆ g T 0 , P = ∆ g T 0 , P0
1

a
⋅
a
 H 2 O22
− R ⋅ T ⋅ ln 
 aH 2 O






(2.19)
O parâmetro ∆ g T 0 , P0 representa a modificação de energia livre de Gibbs em
formação por mol, sob pressão e temperatura padrão.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
32
Observando (2.19) percebe-se que ao aumentar a atividade dos reagentes, ∆ g T 0 , P
torna-se mais negativa, ou seja, mais energia será liberada. Todavia, se a atividade do
produto aumentar, ∆ g T 0 , P também aumenta, ou seja, torna-se menos negativa e,
conseqüentemente, libera quantidade inferior de energia.
Para melhor compreender o resultado da variação de pressão deve-se encontrar o
comportamento da tensão relacionado à modificação de pressão dos reagentes e do
produto. Assim, ao inserir (2.19) em (2.1):
VNernst =
−∆ g T 0 , P0
2⋅ F
1

2
⋅
a
a
R ⋅ T  H 2 O2
+
ln 
2 ⋅ F  aH 2O






(2.20)
Ou ainda:
VNernst
1

2
R ⋅ T  aH 2 ⋅ aO2
=V0 +
ln 
2 ⋅ F  aH 2O






(2.21)
V 0 é a força eletromotriz em condições padrão de pressão e temperatura.
Substituindo a atividade dos reagentes e do produto na equação (2.21) tem-se:
VNernst
1


P
P


 H 2 ⋅ O2 2 
0 
0 
R ⋅T  P  P  
0
=V +

ln 
PH 2O
2⋅ F 

0


P




(2.22)
Ao considerar a pressão padrão sob a unidade de atmosfera (101,325kPa equivale
a 1 atm) e adotando a pressão d’água em células a combustível como sendo 1 atm, a
equação (2.22) pode ser simplificada:
VNernst
R ⋅T 
=V +
ln  PH ⋅ PO2
2⋅ F  2
0
( )
1
2



(2.23)
Na maioria dos casos os gases reagentes (combustível e oxidante) são
componentes de uma mistura. Por exemplo, o hidrogênio muitas vezes é adquirido a partir
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
33
de reformadores que liberam H2 e CO2, assim como o oxigênio pode ser obtido através do
ar. Portanto, na equação de Nernst deve-se utilizar a pressão parcial dos gases.
VNernst
*
1
*

*
R
T
⋅

2
ln  p H 2  p O2  
=V0 +
2⋅ F 

 


(2.24)
*
As variáveis pH 2 e pO2 indicam as pressões parciais do hidrogênio e oxigênio,
respectivamente.
Exemplificando [1], comprova-se que a pressão parcial do oxigênio quando o ar
está submetido a uma pressão de 0,1MPa é de 0,02095MPa.
Variação com a Temperatura - VTdiferença
Além da pressão parcial dos gases, a temperatura configura-se como fator
influente na tensão máxima teórica (Vreversa). Uma pequena alteração de 5oC é capaz de
provocar variações significativas na tensão da célula e, conseqüentemente, na pilha como
um todo.
Da teoria da termodinâmica, obtém-se a expressão (2.25).
∆ g T 0 , P0 = ∆ hT 0 , P0 − T ⋅ ∆ sT 0 , P0
(2.25)
Na qual:
∆ g T 0 , P0 →Variação da energia livre de Gibbs por mol sob pressão e
temperatura padrão;
∆ hT 0 , P0 → Variação da entalpia por mol sob pressão e temperatura padrão;
T → Temperatura em Kelvin;
∆ sT 0 , P 0 → Variação da entropia por mol sob pressão e temperatura padrão.
De acordo com [9], as variações da entalpia e entropia em uma reação são
praticamente indiferentes à temperatura. Afinal, a entalpia e entropia dos reagentes e
produtos modificam-se quase que igualmente ao aumento da temperatura, fazendo com que
suas diferenças ( ∆ hT , P e ∆ sT , P ) permanecem constantes.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
34
A partir deste conceito, aproxima-se ∆ hT 0 , P e ∆ sT 0 , P de ∆ hT , P e ∆ sT , P , nesta
ordem.
Deste modo, calcula-se a energia livre de Gibbs por mol (em pressão padrão) e
sob determinada temperatura a partir da aproximação:
∆ g T , P0 ≅ ∆ hT 0 , P0 − T ⋅ ∆ sT 0 , P0
(2.26)
O efeito da alteração de temperatura de um valor padrão para outro valor qualquer
(T) sobre a energia livre de Gibbs representa-se por:
∆ g T −T 0 , P0 = ∆ g T 0 , P0 − ∆ g T , P0
(2.27)
∆ g T 0 , P0 = ∆ hT 0 , P0 − 298,15 ⋅ ∆ sT 0 , P0
(2.28)
Onde:
Implantando-se (2.26) e (2.28) em (2.27):
(
∆ g T −T 0 , P0 = ∆ hT 0 , P0 − 298,15 ⋅ ∆ sT 0 , P0 − ∆ hT 0 , P0 − T ⋅ ∆ sT 0 , P0
)
(2.29)
∆ g T −T 0 , P0 = (T − 298,15 ) ⋅ ∆ sT 0 , P0
(2.30)
Ao inserir (2.30) em (2.1) verifica-se o comportamento na tensão da célula sob a
variação de temperatura relacionada a referência T0:
VTdiferença = −
∆ sT 0 , P0
(T − 298,15)
2⋅ F
(2.31)
Substituindo a equação de Nernst (2.24) e a equação que representa o
comportamento da tensão pertinente a determinada variação da temperatura (2.31) sobre a
equação (2.5), estima-se o máximo potencial da célula:
Vreversivel
1


R ⋅ T  *  *  2  ∆ sT 0 , P0
=V +
ln p H 2  p O2  −
(T − 298,15)
2⋅ F 

  2⋅ F


0
(2.32)
Onde:
V 0 → Tensão na Célula sob condições de temperatura e pressão padrão;
R → Constante dos gases 8,3145
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
J
;
K ⋅ mol
Capítulo 2
35
F → Constante de Faraday 96485,3
C
;
mol
*
pH 2 → Pressão parcial do Hidrogênio (atm);
*
pO2 → Pressão parcial do Oxigênio (atm);
∆ sT 0 , P0 →Variação da entropia sob condições de pressão e temperatura padrão.
b) Perdas por Ativação - ηact
Conforme [1], Tafel observou em 1905 que a queda de tensão nos eletrodos, em
praticamente todas as reações eletroquímicas, costuma seguir um formato semelhante,
como demonstrado na Fig. 2.2.
Fig. 2.2 - Gráfico de Tafel.
A queda de tensão é proporcional ao logaritmo natural da corrente, e a equação
que melhor representa esta curva foi apresentada por Tafel como sendo:
i
Vact = AT ⋅ ln  
 i0 
(2.33)
Onde:
AT → Inclinação de Tafel;
i → Corrente na Célula (A);
i0 → Corrente de troca da Célula (A).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
36
É importante lembrar que a equação de Tafel só é válida quando i > i0 .
As constantes da equação de Tafel, embora inicialmente obtidas a partir de
experimentações, com o decorrer do tempo passaram a apresentar embasamentos teóricos.
Na célula a hidrogênio, a constante de inclinação (AT) é apresentada por:
AT =
R ⋅T
2 ⋅α ⋅ F
(2.34)
O parâmetro α simboliza o coeficiente de transferência de carga, ou seja, a
proporção de energia elétrica aplicada aproveitada na alteração da taxa da reação
eletroquímica [1].
A corrente de troca ( i0 ) é considerada a corrente na qual se inicia o processo de
queda de tensão. Em se tratando de células a hidrogênio, esta corrente de troca é muito
maior no anodo, acarretando em uma menor queda de tensão quando comparado ao catodo.
Assim, muitos dos modelos não analisam as perdas por ativação no anodo.
Desconsiderando a simplificação existente, um modelo distinto para as perdas por
ativação no anodo e no catodo será apresentado, utilizando-se uma equação que relaciona a
corrente de troca com certos parâmetros físico-químicos [11], facilitando a modelagem
para grandes faixas de operação.
Perdas no Catodo - η act ,c
Através da equação de Tafel estima-se as perdas por ativação no catodo:
Vact ,c =
 i
R ⋅T
ln 
2 ⋅ α c ⋅ F  i0,c



(2.35)
A variável α c traduz o coeficiente de transferência de carga e i0,c a corrente de
troca, ambas no catodo, apresentada em [11] através de :
i0,c = nc ⋅ F ⋅ A ⋅ kc0 ⋅ ( C proton )
1−α c
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(C ) (C )
αc
H 2O
1−α c
O2
 −∆Fe 
exp 

 R ⋅T 
(2.36)
Capítulo 2
37
Onde:
∆Fe → Energia livre de ativação padrão para absorção química no catodo
 J 

;
 mol 
α c → Coeficiente de transferência de carga no catodo;
C 

F → Constante de Faraday  96485,3
;
mol 

T → Temperatura da Célula (Kelvin);
J 

R → Constante dos gases  8,3145
;
K ⋅ mol 

A → Área ativa da Célula ( cm 2 ) ;
nc → Número de elétrons transferidos por mol, na reação no catodo;
 cm 
kc0 → Constante da taxa intrínseca no catodo 
;
 s 
 mol 
CO2 → Concentração de Oxigênio no catodo  3  ;
 cm 
 mol 
CH 2O → Concentração de água  3  ;
 cm 
C proton → Concentração total de prótons na membrana.
Algumas variáveis da equação (2.36) são parâmetros químicos da reação, tais
como ∆Fe e kc0 ; ademais, muitas vezes a área da célula não é conhecida, dificultando a
utilização deste modelo.
Inserindo (2.36) em (2.35), obtém-se a equação das perdas por ativação no catodo:
Vact ,c
(
 R ln nc ⋅ F ⋅ A ⋅ kc0

∆Fe
R 
=
−
 T ln i +
2 ⋅αc ⋅ F 
2 ⋅αc ⋅ F
 2 ⋅αc ⋅ F 

(2.37)
)
(C
) (C )
αc
1−α c
proton
H 2O

R (1 − α c )
T −
T ln CO2

2 ⋅α c ⋅ F

( )
A equação (2.37) pode, ainda, ser representada através de:
( )
Vact ,c = ζ 1 ⋅ T ln i + ζ 2 + ζ 3 ⋅ T + ζ 4 ⋅ T ln CO2
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(2.38)
Capítulo 2
38
Perdas no Anodo - η act ,a
Assim como no catodo, as perdas por ativação no anodo são derivadas da equação
de Tofel:
Vact ,a =
 i
R ⋅T
ln 
2 ⋅ α a ⋅ F  i0,a



(2.39)
O parâmetro α a estipula o coeficiente de transferência de carga no anodo e i0,a , a
corrente de troca no anodo, representada em [11] por:
 −∆Fec 
i0,a = na ⋅ F ⋅ A ⋅ ka0 ⋅ CH 2 exp 

 R ⋅T 
(2.40)
Na qual:
na → Número de elétrons transferido por mol, na reação do anodo;
C 

F → Constante de Faraday  96485,3
;
mol 

J 

R → Constante dos Gases  8,3145
;
K ⋅ mol 

A → Área ativa da Célula ( cm 2 ) ;
 cm 
ka0 → Constante da taxa intrínseca no anodo 
;
 s 
 mol 
CH 2 → Concentração de Hidrogênio  3  ;
 cm 
T → Temperatura da Célula (Kelvin);
∆Fec → Energia livre de ativação padrão para absorção química no anodo
 J 

;
 mol 
A equação empírica que representa as perdas por ativação no anodo é obtida
substituindo-se (2.40) em (2.39), resultando na expressão (2.41).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
39
Vact ,a
(
 R ln na ⋅ F ⋅ A ⋅ ka0


∆Fec
R
=
−
 T ln i +
2 ⋅α a ⋅ F 
2 ⋅α a ⋅ F
 2 ⋅αa ⋅ F 

)  T ln


(C )
H2
(2.41)
Uma versão simplificada é dada pela equação (2.42).
(
Vact ,a = ζ 5 ⋅ T ln i + ζ 6 + ζ 7T ln CH 2
)
(2.42)
Perdas por Ativação Combinada – (η act ,c + η act ,a )
As perdas por ativação podem ser combinadas em ambos os eletrodos, a fim de
atingir-se um modelo semi-empírico completo, dado pela expressão (2.43).
( )
(
Vact = δ1 ⋅ T ln i + δ 2 + δ 3 ⋅ T + δ 4 ⋅ T ln CO2 + δ 5 ⋅ T ln CH 2
)
(2.43)
Onde:
δ1 =
δ2 =
R
2 ⋅αc ⋅ F
+
R
(2.44)
2 ⋅α a ⋅ F
∆Fc
∆Fec
+
2 ⋅αc ⋅ F 2 ⋅α a ⋅ F
(
 R ln nc ⋅ F ⋅ A ⋅ k0c
δ3 = − 

2 ⋅αc ⋅ F

δ4 = −
)
(C
(2.45)
) (C )
αc
1−α c
proton
H 2O




R (1 − α c )
(2.47)
2 ⋅αc ⋅ F
(
 R ln na ⋅ F ⋅ A ⋅ ka0
δ5 = − 

2 ⋅α a ⋅ F

(2.46)
) 


(2.48)
Observa-se um elevado número de variáveis dentre as equações (2.44) e (2.48), o
que dificulta a obtenção deste modelo. Apesar de algumas variáveis serem conhecidas, tais
como a temperatura, corrente e concentração do oxigênio e hidrogênio, a presença de
alguns parâmetros físico-químicos torna difícil a extração do modelo.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
40
c) Perdas Ôhmicas - ηohmic
As perdas ôhmicas são inicialmente modeladas como a associação da resistência
ao deslocamento de elétrons através dos eletrodos e a resistência à passagem de prótons
através da membrana [7].
eletrons
protons
ηohimc = ηohmic
+ ηohmic
(2.49)
ηohmic = − ( R eletrons + R protons ) ⋅ i
(2.50)
Ou ainda:
Costuma-se considerar constante a resistência ao deslocamento de elétrons sob
determinada faixa de operação, no entanto, em decorrência de sua complicada obtenção, é
muitas vezes tida como incógnita.
Por sua vez, a resistência à passagem de prótons H+ através da membrana varia de
acordo com certas características da célula, principalmente temperatura, hidratação da
membrana e corrente. Para demonstrar este comportamento, um modelo empírico foi
apresentado em [7].
R protons =
rM ⋅ l
A
(2.51)
No qual:
rM = Resistividade específica da membrana (ohm.cm);
l = Espessura da membrana (cm);
A = Área ativa da Célula (cm2).
Os parâmetros l e A são conhecidos por representarem variáveis geométricas.
Entretanto, a resistividade específica da membrana alterna-se em função da corrente, da
hidratação da membrana e da temperatura, além de sofrer as influências de suas
características próprias, que mudam de acordo com o tipo de eletrólito. Um modelo
empírico, desenvolvido em [7], para a membrana do tipo Nafion (material utilizado na
maioria das células do tipo PEM) é representado pela expressão (2.52).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
41
2
2,5

i 
 T  i  
181, 6 1 + 0, 03   + 0, 062 
   
 A
 303   A  


rM =


 i 
 T − 303  
 λ − 0, 634 − 3  A   exp  4,18  T  
 




A fração
(2.52)
181, 6
representa a resistividade específica em corrente zero,
λ − 0, 634
operando-se em 30oC, e o valor de λ indica o nível de umidade da membrana. Por
exemplo, λ = 14 para o caso ideal, ou seja, 100% de umidade relativa e valores como 22 e
23 em condições supersaturadas.
O termo exponencial no denominador designa um fator de correção quando a
célula não opera a 30oC, onde T é dado em Kelvin.
d) Perdas por Concentração
Muitos dos modelos não consideram as perdas por concentração, também
conhecidas como transporte de massa, visto que nesta região basta ocorrer uma pequena
variação na carga para que a tensão da célula decaia rapidamente (Fig. 2.1)
impossibilitando operar-se nestes índices.
A queda de tensão ocorre justamente no momento em que certa quantia de
corrente é drenada da célula (corrente limite), sugerida no modelo por il .

i
Vconc = − B ⋅ ln 1 − 
 il 
(2.53)
Neste caso, a constante B depende do eletrodo onde ocorre a perda [1], sendo que
no anodo (hidrogênio), B =
R ⋅T
R ⋅T
e no cátodo (oxigênio), B =
.
2⋅ F
4⋅ F
e) Correntes Internas - in
As correntes internas não se configuram como perdas isoladas, estando contidas
nas demais perdas, e sempre descritas adicionadas à corrente normal de carga. Através
deste conceito é possível acrescentar o efeito destas aos modelos anteriormente extraídos,
representados pelas equações (2.43), (2.50) e (2.53).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
42
( )
(
Vact = δ1 ⋅ T ln ( i + in ) + δ 2 + δ 3 ⋅ T + δ 4 ⋅ T ln CO2 + δ 5 ⋅ T ln CH 2
)
(2.54)
ηohmic = − ( R eletronico + R protons ) ⋅ ( i + in )
(2.55)
 i + in 
Vconc = − B ⋅ ln 1 −

il 

(2.56)
Em elevados índices de carga, o efeito da corrente interna é praticamente neutro,
posto que o nível da corrente torna-se bastante superior à corrente interna. Deste modo, no
caso de perdas ôhmicas e perdas por concentração, tal efeito é desconsiderado; sendo
apenas apresentado nas perdas por ativação, que podem, além da equação (2.54), também
ser representadas pela equação (2.57), derivada de (2.33).
 i + in 
Vact = AT ⋅ ln 

 i0 
(2.57)
2.2.2 Modelo Dinâmico
Durante o processo da reação química no catodo, por exemplo, elétrons oriundos
do eletrodo juntamente com íons H+ (encontrados na superfície do eletrólito) e oxigênio
resultam na liberação de água, representados na equação abaixo:
O2 + 4e − + 4 H + → 2 H 2O
(2.58)
A velocidade da reação depende diretamente da quantidade de íons H+ e elétrons
nas superfícies do eletrólito e do eletrodo, respectivamente (Fig. 2.3).
Fig. 2.3 - Dupla Camada de Carga.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
43
Por sua vez, a concentração de íons positivos e elétrons nos eletrodos e na
membrana estabelece uma determinada tensão elétrica (apresentada anteriormente através
das perdas por ativação), fenômeno este conhecido por dupla camada de carga [1].
Assim, pode-se comprovar fisicamente a equação que modela as perdas por ativação.
Quanto maior a corrente drenada da célula, maior a concentração de carga, tanto no
eletrodo quanto na membrana, provocando o aumento da tensão elétrica, ou ainda,
aumento das perdas por ativação.
A partir da compreensão do fenômeno da dupla camada de carga, extrai-se um
esquema elétrico (Fig. 2.4) que simboliza o comportamento dinâmico da célula a
combustível, desconsiderando as perdas por concentração, como apresentado em [1]. Esta
camada de íons e elétrons comporta-se como um capacitor elétrico, coordenando o
comportamento transitório das perdas por ativação. As perdas ôhmicas, por sua vez,
seguem a variação imediata da corrente, podendo ser modeladas através de um resistor.
Fig. 2.4 - Esquema Elétrico do Modelo Dinâmico.
O resistor Rohmic representa as perdas ôhmicas. A impedância gerada pela
associação paralela de Ract e Cact modela as perdas por ativação, enquanto a tensão
máxima modela Vreversivel . O capacitor de dupla camada de carga garante uma resposta
dinâmica adequada, movendo suavemente a tensão da célula para novos patamares, de
acordo com a variação de carga.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
44
2.3. Extração dos Modelos
Dada sua complexidade e vasta quantidade de parâmetros, os modelos dinâmico e
em regime serão obtidos por meio de resultados experimentais, utilizando o método da
interrupção de corrente.
As perdas por ativação serão modeladas através da equação de Tafel (2.33), tendo
como parâmetros inclinação de Tafel (AT) e a corrente de troca (io). As perdas ôhmicas, por
variarem em função da corrente, temperatura e hidratação da membrana serão modeladas
pela equação:
Rohmic = ε1 + ε 2 ⋅ i + ε 3 ⋅ T
(2.59)
Vohmic = i ( ε1 + ε 2 ⋅ i + ε 3 ⋅ T )
(2.60)
Ou seja:
Além dos parâmetros mencionados, deve-se estimar o valor da corrente interna e
adicioná-lo às perdas por ativação (2.57), já que estas ocorrem em baixos níveis de
corrente e, nestes casos, são significativas.
As perdas por concentração não serão modeladas.
2.3.1 Método da Interrupção de Corrente
Existem dois métodos principais de extração de parâmetros através de resultados
experimentais: Espectroscopia da Impedância Eletroquímica (EIS) e Interrupção de
Corrente.
O método EIS consiste em aplicar sinais AC de baixa amplitude (5-20mA) em
diferentes freqüências. A partir das impedâncias medidas determina-se os parâmetros. Este
processo possibilita um maior alcance de informações, todavia, a extração dos parâmetros
é bastante complexa, carecendo de equipamentos apurados e precisos.
Embora menos exato, o método da interrupção de corrente fornece bons
resultados na extração dos parâmetros, quando não consideradas as perdas por
concentração. Obtém-se facilmente o modelo dinâmico, posto que as perdas ôhmicas e a
capacitância (fenômeno da camada dupla de carga) são alcançadas por meio da análise de
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
45
seus resultados. O procedimento básico consiste em interromper a corrente no momento
em que a célula estiver operando em condições de carga constante (Fig. 2.5).
Fig. 2.5 - Método da Interrupção de Corrente.
A acréscimo de tensão imediatamente após a interrupção de corrente configura as
perdas ôhmicas, enquanto a resposta de primeira ordem simboliza as perdas por ativação,
representadas no modelo dinâmico pela impedância gerada pela resistência Ract e
capacitância Cact.
2.3.2 Modelo Estático
A metodologia para a modelagem estática parte do cálculo teórico das tensões
reversíveis, utilizando valores de pressão e temperatura para diferentes níveis de carga. Os
coeficientes paramétricos das perdas ôhmicas são obtidos através do método da interrupção
de corrente para, finalmente, determinar-se as constantes das perdas por ativação (como
inclinação de Tafel, corrente de troca e corrente interna).
Utilizando uma “pilha” com 40 células conectadas em série, mediu-se parâmetros
como temperatura (Kelvin), pressão dos gases (atm) e tensão em função de inúmeros níveis
de carga. As resistências, por sua vez, foram obtidas com o auxílio do método da
interrupção de corrente, calculadas através da equação (2.61), após medir-se as quedas de
tensão e corrente da célula:
Rohmic =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Vohmic
i
(2.61)
Capítulo 2
46
As medidas foram realizadas com intervalo médio de 30 segundos, visando
minimizar o efeito causado pela variação dos parâmetros internos, como a hidratação da
membrana.
Tabela 2.1 - Medições dos Parâmetros da Pilha.
I(A) PH2(atm)
0,0
0,408
2,85
0,374
3,82
0,381
4,91
0,347
5,59
0,333
6,46
0,323
7,45
0,306
8,39
0,306
9,62
0,299
10,6
0,313
11,3
0,279
12,4
0,272
13,1
0,265
13,9
0,259
14,9
0,255
15,3
0,245
15,6
0,245
T(K) Vcell(V) Vohmic(V) Rohmica(Ω)
304,15
32,8
0,0
306,15
30,4
0,170
0,06
306,25
29,6
0,290
0,076
306,45
28,8
0,420
0,086
307,55
28,3
0,580
0,104
307,15
27,8
0,690
0,107
306,35
27,3
0,800
0,107
306,05
26,8
0,900
0,107
303,15
26,1
1,00
0,104
307,85
25,8
1,26
0,119
303,25
25,2
1,40
0,124
303,15
24,6
1,58
0,127
303,15
24,3
1,74
0,133
303,15
23,8
1,86
0,134
303,65
23,3
2,00
0,134
303,85
23,0
2,04
0,133
303,55
22,5
2,08
0,133
A pressão parcial do gás oxigênio é de 0,2095 atm para todas as medidas, em
virtude de ter sido utilizado como reagente oxigênio proveniente do ar atmosférico, que
representa 20,95% na mistura do ar.
a) Tensão Reversível
As tensões reversíveis foram alcançadas substituindo-se na equação da tensão
reversível (2.32) as medidas de temperatura na “pilha” e pressões parciais do hidrogênio e
oxigênio. A Tabela 2.2 mostra as tensões máximas teóricas calculadas para todos os níveis
de carga experimentados.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
47
Tabela 2.2- Tensão Reversível.
I(A)
0,0
2,85
3,82
4,91
5,59
6,46
7,45
8,39
9,62
10,6
11,3
12,4
13,1
13,9
14,9
15,3
15,3
Vreversivel(V)
48,078
47,959
47,965
47,908
47,846
47,844
47,845
47,857
47,953
47,801
47,912
47,903
47,89
47,876
47,85
47,822
47,833
b) Parâmetros das Perdas Ôhmicas
Os coeficientes ε1 , ε 2 e ε 3 da equação (2.59) são passíveis de determinação
resolvendo-se uma regressão linear das inúmeras resistências medidas no momento em que
a “pilha” opera em distintos níveis de carga e temperatura.
A função LINEST do software EXCELL calcula a reta que melhor representa os
dados obtidos, oferecendo uma matriz com as constantes que melhor descrevem a linha,
através do método dos mínimos quadrados.
Empregando-se as medidas apresentadas na Tabela 2.1 e a função LINEST, os
coeficientes da perda ôhmica podem ser obtidos.
ε1 = −0, 7539474
ε 2 = 0, 00582375
ε 3 = 0, 00265157
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
48
c) Perda por Ativação
Uma vez calculadas as tensões reversíveis e os coeficientes da perda ôhmica, é
possível determinar os parâmetros da perda por ativação e a corrente interna.
Em determinados níveis de corrente (especialmente se as perdas por concentração
forem desconsideradas) a perda por ativação é representada por meio da tensão reversível
subtraída da tensão medida na célula e das perdas ôhmicas:
Vact (i ) = Vreversivel − Vcell (i) − Vohmica (i )
(2.62)
Na qual a perda por ativação depende de parâmetros como a inclinação de Tafel e
corrente de troca:
i
Vact = AT ⋅ ln  
 i0 
(2.63)
Em virtude de representar maior influência na região de menor densidade de
corrente, a este modelo de perdas por ativação insere-se as perdas das correntes internas,
como abordado no item 2.1.5.
 i + in 
Vact = AT ⋅ ln 

 i0 
(2.64)
A influência das correntes internas na perda por ativação não surte grandes
efeitos, como observa-se na Fig. 2.6, que representa a perdas por ativação para os modelos
acima citados (2.63) e (2.64), considerando e desprezando sua presença. Aparentemente as
curvas apresentam-se sobrepostas, dando a entender que o efeito da corrente interna pode
ser desprezado.
Fig. 2.6 - Perdas por Ativação - com e sem a corrente interna
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
49
Entretanto, ao analisar detalhadamente o gráfico, em especial a região próxima ao
circuito aberto, verifica-se a clara influência da corrente interna na perda por ativação,
como mostra a Fig. 2.7.
in
io
io
Sem Corrente Interna
Com Corrente Interna
Corrente (A)
Fig. 2.7 - Perdas por Ativação (Zoom) - com e sem a corrente interna
A fim de facilitar a parametrização, com base na análise dos gráficos acima,
admite-se a mesma perda por ativação em elevados níveis de corrente, tanto para os
modelos que consideram como os que desprezam as correntes internas.
A perda por ativação, quando representada em função da logaritmo natural da
corrente, possui comportamento linear. Assim, partindo da equação da reta, determina-se
os parâmetros do modelo.
Fig. 2.8 - Perda por Ativação x Ln(i)
A inclinação da reta a estabelece o coeficiente de inclinação de Tafel (AT):
AT = a
(2.65)
A partir de b, é estipulada a corrente de troca (i0).
i
Vactln(i )=0 = AT ln  
 i0 
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(2.66)
Capítulo 2
50
Vactln(i )=0 = AT ln(i ) − AT ln(i0 )
(2.67)
Vactln(i )=0 = − AT ln(i0 )
(2.68)
ln(i0 ) = −
Vactln( i ) =0
AT
(2.69)
Inserindo (2.65) sobre (2.69) e sabendo que:
Vactln(i ) =0 = b
(2.70)
Tem-se:
i0 = exp
b
− 
a
(2.71)
Ao aplicar os valores medidos de tensão na pilha e perdas ôhmicas (Tabela 2.1) e
as tensões reversíveis máximas calculadas (Tabela 2.2) na equação (2.62), encontra-se as
perdas por ativação para cada nível de carga.
Tabela 2.3 - Perdas por Ativação - Experimental.
I(A)
2,85
3,82
4,91
5,59
6,46
7,45
8,39
9,62
10,6
11,3
12,4
13,1
13,9
14,9
15,3
15,3
ln(I)
1,0473
1,3402
1,5912
1,7209
1,8656
2,0082
2,1270
2,2638
2,3608
2,4248
2,5176
2,5726
2,6318
2,7013
2,7278
2,7472
Vact(V)
17,389
18,075
18,688
18,966
19,354
19,745
20,157
20,853
20,741
21,312
21,723
21,85
22,216
22,55
22,782
23,253
De acordo com a aproximação referida, na qual independe a presença de correntes
internas para altos níveis de corrente nas perdas por ativação, apenas as tensões de ativação
referentes as correntes acima de 7,45A foram empregadas, a fim de traçar um gráfico da
queda de tensão de ativação pelo logaritmo natural da corrente.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
51
Vact(V)
Linear (Vact(V))
y = 4,3742x + 10,792
20
15
Vact(V)
10
5
0
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
ln(i)
Fig. 2.9 - Perdas por ativação x Ln(i) - Experimental.
Os pontos experimentais são indicados por Vact e a reta que revela a tendência
dos pontos, denominada Linear, foi obtida com o software Excel, revelando a equação:
y = 4,3742 ⋅ x + 10, 792
(2.72)
Ao colocar estes coeficientes nas equações (2.65) e (2.71), que são parâmetros,
calcula-se a inclinação de Tafel e a corrente de troca:
AT = 4,3742
(2.73)
i0 = 0, 085 A
(2.74)
Para implementar o modelo, estima-se a corrente interna a partir das perdas por
ativação em circuito aberto, de acordo com a equação (2.64).
i 
Vacti =o = AT ln  n 
 i0 
(2.75)
Como os valores de AT e i0 são conhecidos, isola-se in :
in = i0 ⋅ exp
 Vacti =0 


 AT 
(2.76)
Assim, a perda por ativação em circuito aberto pode ser calculada através do
mesmo procedimento, com a equação (2.62).
Vacti =0 = 15, 278V
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(2.77)
Capítulo 2
52
Ao substituir os coeficientes calculados em (2.76), atinge-se:
in = 2, 789 A
(2.78)
d) Curva de Polarização
Após a obtenção de todos parâmetros determina-se a curva de polarização, que
representa o comportamento estático da célula a combustível, dada pela expressão (2.79).
i +i 
V pilha = Vreversivel − AT ln  n  − ( ε1 + ε 2 ⋅ i + ε 3 ⋅ T ) i
 i0 
(2.79)
Através da Fig. 2.10, que oferece as curvas de polarização teórica e experimental,
comprova-se a boa eficiência do modelo estudado, visto que a diferença entre as curvas é
bastante reduzida.
Este modelo representa uma boa alternativa para a análise inicial, dada a
dificuldade de obter-se parâmetros de forma analítica.
Vteórica
Vmedida
35
30
25
20
Vpilha(V)
15
10
5
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
i(A)
Fig. 2.10 - Curva de Polarização - Teórica x Medida.
2.3.3 Modelo Dinâmico
Os parâmetros do modelo dinâmico, representado no esquema elétrico da Fig. 2.4
pelos resistores Rohmic e Ract e pelo capacitor Cact, podem ser conseguidos a partir do
método da interrupção de corrente.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
53
Como anteriormente elucidado, a queda de tensão imediatamente após a
interrupção de corrente representa as perdas ôhmicas, e a resposta de primeira ordem,
caracterizada pela queda de tensão e o tempo para atingir o regime (5τ), as perdas por
ativação. Partindo deste conceito, as equações que determinam os valores de Rohmic, Ract e
Cact são apresentadas nas equações (2.80) a (2.82).
Vohmic
i
(2.80)
Vact
i
(2.81)
tact
5 ⋅ Ract
(2.82)
Rohmic =
Ract =
Cact =
A variável i simboliza a corrente na célula imediatamente antes da interrupção.
Utilizou-se uma “pilha” de 48 células conectadas em série com o propósito de
encontrar os parâmetros do modelo dinâmico.
Tensão
Corrente
Tensão(2V/div)
Corrente(5A/div)
Tempo(20ms)
Fig. 2.11 - Método da interrupção de corrente - Resposta experimental.
A corrente imediatamente antes da interrupção era de 7,1A, como verifica-se na
Fig. 2.11, da qual também se extraem os valores das quedas de tensão ôhmica e de
ativação, além do tempo necessário para a tensão atingir o regime (Tabela 2.4).
Tabela 2.4- Valores medidos no método de interrupção de corrente.
Medidas
Vohmic
1.44V
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Vact
6.3V
tact
127ms
Capítulo 2
54
Os parâmetros do modelo dinâmico são obtidos substituindo-se os valores da
Tabela 2.4 nas equações (2.80), (2.81) e (2.82).
Tabela 2.5 - Parâmetros do Modelo Dinâmico.
Valores
Rohmic
203mΩ
Ract
887mΩ
Cact
0.029F
Com o intuito de comprovar a eficiência do modelo, foi realizada uma simulação
do circuito elétrico empregando os parâmetros extraídos.
40V
36.959 V
179.444ms
36V
32V
30.685 V
29.244 V
28V
0s
50ms
100ms
Time
150ms
200ms
250ms
Fig. 2.12 - Simulação dos Parâmetros do Modelo Dinâmico.
Ao se comparar os valores adquiridos na prática (Tabela 2.4) com os obtidos em
simulação (Tabela 2.6) demonstrou-se a grande proximidade existente entre elas, o que
corrobora a validade do modelo.
Tabela 2.6- Valores obtidos em simulação.
Simulação
Vohmic
1.441V
Vact
6.27V
tact
129.44ms
2.4. Conclusão
A aquisição de modelos que representem o comportamento dinâmico e em regime
para células a combustível através da análise matemática é tarefa bastante meticulosa, visto
que a maioria das variáveis adotadas é de complicada obtenção.
Esta dificuldade pôde ser observada no modelo eletroquímico demonstrado no
início do capítulo, que, apesar de agregar a confiabilidade e generalidade do modelo
analítico e a facilidade do modelo empírico, necessita de inúmeros parâmetros não
disponíveis, como constantes físico-químicas e geométricas.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
55
O modelo adotado para representar o comportamento estático da célula resume-se
em subtrair da tensão teórica máxima as fontes de perdas em todas as faixas de operação.
Tais perdas distinguem-se em quatro principais: por ativação, ôhmica, por concentração ou
transporte de massa e corrente interna.
Desconsiderou-se a perda por concentração, em virtude de ocorrer somente em
níveis elevados de corrente, com os quais, na maioria das vezes, a célula não opera já que
apresenta possibilidade de danos irreversíveis ocasionados com as quedas bruscas na
tensão.
A fim de escapar do problema na aquisição de valores das constantes, resultados
experimentais foram utilizados para especificar os parâmetros dos modelos. A interrupção
de corrente foi um dos métodos empregados na parametrização, através do qual visualizouse as perdas ôhmicas, ou seja, a queda de tensão provocada imediatamente após o bloqueio
de corrente na célula.
Com o propósito de analisar a eficiência do modelo, as curvas de polarização
experimental e do modelo extraído foram apresentadas, restando, ao final, comprovar sua
eficácia.
Ao tratar do modelo dinâmico, adotou-se um circuito elétrico para representar o
fenômeno da camada dupla de carga. Sob tal circunstância, comum em células a
combustível, cargas negativas e positivas se posicionam na fronteira entre o eletrólito e o
eletrodo, atuando como capacitor. No circuito elétrico, a perda ôhmica foi representada por
uma resistência, enquanto a perda por ativação, por uma impedância, composta de um
capacitor e um resistor.
Para finalizar, foi novamente empregado o método da interrupção de corrente para
a extração dos parâmetros que, quando comparados aos valores de simulação,
comprovaram a eficiência do modelo.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 2
56
CAPÍTULO 3
Monitoramento e Controle do Módulo
Com o intuito de garantir que o processo químico explanado nos capítulos
anteriores transcorra de modo a não danificar a célula a combustível, além de garantir a
boa eficiência do sistema, é preciso realizar o monitoramento de algumas variáveis, tais
como:
•
Tensão Individual da Célula;
•
Temperatura;
•
Pressão;
•
Fornecimento de Hidrogênio;
•
Fornecimento de Oxigênio;
•
Umidade da Membrana.
Tensão Individual
na Célula
Umidade da
Membrana
Temperatura
Monitoramento
e Controle
Pressão
Fornecimento de
Hidrogênio
Fornecimento de
Oxigênio
Fig. 3.1 - Variáveis de Controle.
Dentre as variáveis, não serão objetos de pesquisa a pressão e a umidade da
membrana, uma vez que a pressão é comandada externamente ao módulo por válvulas
reguladoras, enquanto o controle da umidade é exercido no interior do cartucho que
contém as células. Este processo, denominado self-humidification, será rapidamente
elucidado.
As estratégias de controle e monitoramento das demais variáveis (tensão na
célula, temperatura e fornecimento dos gases) estarão evidenciadas no decorrer do
capítulo. Será, ainda, apresentado o esquema elétrico que ilustra o sistema completo,
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
57
dotado de 48 células conectadas em série divididas em 12 cartuchos contendo 4 células
cada.
3.1. Fornecimento de Hidrogênio
A estrutura do sistema incumbida de guarnecer o gás combustível é composta de
três estágios de controle do fluxo. O primeiro regula a entrada do combustível no módulo,
permitindo ou bloqueando o abastecimento total. No segundo, as válvulas individuais
impedem o fluxo de hidrogênio para o cartucho que contém a célula com defeito. Por sua
vez, a válvula de saída libera periodicamente o fluxo na saída, retirando as impurezas que
possam vir a se acumular nos eletrodos ou eletrólitos das células.
Válvulas de Entrada
Válvulas Individuais
Cartucho 1
Cartucho 2
Cartucho 3
Válvulas de Saída
Fig. 3.2 - Sistema de Abastecimento de Hidrogênio.
3.1.1 Válvula de Entrada
A entrada do hidrogênio, proveniente da central de gás, no módulo é controlada
por duas válvulas solenóides presentes na entrada do sistema. Tais mecanismos
possibilitam ou impedem o abastecimento dos anodos das células a combustível.
As válvulas são comandadas desde o início do processo, cessando seu
funcionamento apenas com o desligamento do módulo. O comando ocorre por meio da
magnetização de uma bobina que, por sua vez, desloca o êmbolo a fim de abrir ou fechar
as válvulas.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
58
Com o intuito de adaptar a tensão de comando – enviada pelo microcontrolador
(5V) para a tensão de comando da válvula solenóide – desenvolve-se um circuito de driver,
evidenciado na Fig. 3.3.
Fig. 3.3 - Circuito de adaptação da tensão para a válvula solenóide de entrada.
A especificação dos componentes do circuito dá-se através de parâmetros fixos,
tais como:
•
Tensão de alimentação da válvula: Vcc=12V;
•
Sinal de comando do microcontolador: VPIC=5V;
•
Tensão Base-Emissor do transistor: VBE=0,7V;
•
Tensão Coletor-Emissor do transistor: VCE=0,7V
Ao se adotar a corrente de saída do microcontrolador como sendo:
I R1 = 1,5mA
(3.1)
Determina-se valor da resistência R1:
R1 =
VPIC − VBE 5V − 0, 7V
=
= 2,866k Ω
1,5mA
I R1
(3.2)
Com o valor comercial de 3,3kΩ é novamente calculada a corrente de saída do
microcontrolador.
I R1 =
VPIC − VBE 5V − 0, 7V
=
= 1,3mA
3,3k Ω
R1
(3.3)
Estipulando a corrente de base do transistor S1 como:
I B1 = 1mA
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(3.4)
Capítulo 3
59
Atinge-se a corrente no resistor R2 e, conseqüentemente, seu valor:
I R 2 = I R1 − I B1 = 1,3mA − 1mA = 0,3mA
R2 =
(3.5)
VBE
0, 7V
=
= 2,33k Ω
I R 2 0,3mA
(3.6)
Ao empregar o valor comercial de 2,2kΩ, redefine-se a corrente de base do
transistor S1.
I B1 = I R1 −
VBE
0, 7V
= 1,3mA −
= 0,982mA
2, 2k Ω
R2
(3.7)
Considerando o ganho β1=20, é estimada a corrente no coletor de S1.
I C1 = I B1 ⋅ β1 = 0,982mA ⋅ 20 = 19, 64mA
(3.8)
A corrente na bobina do solenóide necessária para atuar na válvula é de
aproximadamente 300mA, portanto:
I C 2 = 300mA
(3.9)
Sendo o ganho β2=20, calcula-se o ganho α2:
α2 =
β2
β2 + 1
=
20
= 0,952
20 + 1
(3.10)
A partir deste resultado, determina-se a corrente no emissor do transistor S2.
IE2 =
IC 2
α2
=
300mA
= 315mA
0,952
(3.11)
A corrente na base de S2 é definida em função do ganho e da corrente no emissor.
IB2 =
IE2
315mA
=
= 15mA
β 2 + 1 20 + 1
(3.12)
Analisando o circuito elétrico, R3 é encontrado.
R3 =
Vcc + VBE − VCE 12V + 0, 7V − 0, 7V
=
= 346, 4Ω
19, 64mA + 15mA
I C1 + I B 2
(3.13)
Adotando como valor comercial 390Ω.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
60
Considerando iguais a corrente que percorre R4 e a corrente do coletor de S1,
determina-se a expressão (3.14).
R4 =
VBE
0, 7V
=
= 35, 64Ω
I C1 19, 64mA
(3.14)
Aplicando o resistor de 47Ω como valor comercial.
É utilizado o resistor R5 com valor de 2,2kΩ, de maneira a não influenciar na
corrente fornecida à bobina da válvula solenóide.
Os transistores são especificados a partir das correntes de coletores exigidas.
•
Transistor S1 = NPN 2N2222
•
Transistor S2 = PNP BD136
O diodo zener DZ1 objetiva-se a grampear a tensão sobre o transistor S2 no instante
do comando da válvula, momento em que ocorrem descontinuidades de corrente na bobina,
podendo provocar sobre-tensões no transistor.
3.1.2 Válvulas Individuais
A inserção de combustível no sistema é realizada através das válvulas de entrada.
Todavia, a distribuição para cada cartucho é desempenhada por meio das válvulas
individuais. Estas, em número de 12, são responsáveis pelo bloqueio de fluxo de
hidrogênio para a célula que porventura opere fora dos limites pré-determinados.
Nos instantes em que o sistema de monitoramento observa que a tensão de uma
das células se encontra abaixo dos patamares tidos como referência, o fluxo na válvula
referente a esta célula é interrompido, e um caminho alternativo à passagem da corrente da
“pilha” é estabelecido, desabilitando completamente a célula danificada.
De modo distinto ao acionamento das válvulas de entrada, onde o sinal de
comando é mantido constantemente, nas individuais é preciso um pulso de +12V para
acioná-las e um pulso de -12V para cessar o fornecimento de combustível. Assim é evitado
que, em operação normal, inúmeras válvulas mantenham-se energizadas, evitando o alto
consumo de energia.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
61
Também o sinal de controle proveniente do microcontrolador (5V) deve ser
adaptado aos níveis de tensão necessários para comandar a válvula (+12V e -12V). Este
processo dá-se com o circuito de driver encontrado na Fig. 3.4.
Fig. 3.4 - Circuito de adaptação da tensão para as válvula solenóide individuais.
Alcançou-se a especificação dos componentes do circuito com base nos cálculos
demonstrados no circuito da Fig. 3.3, juntamente com ajustes desempenhados no decurso
da etapa de simulação.
Tabela 3.1- Valores dos Componentes Especificados para o Driver.
Componente
Especificação
R1 e R10
6,8kΩ
R2 e R11
5,6kΩ
R3 e R6
680Ω
R4 e R5
120Ω
R7
10 kΩ
R8
1 kΩ
R9
8,2 kΩ
S1 e S5
Transistor NPN 2N2222
S2
Transistor Darlington PNP TIP127
S3
Transistor Darlington NPN TIP122
S4
Transistor PNP 2N2907
DZ1 e DZ2
Diodo zener 27V – 1/2W
Indexar cada comando de válvula a uma porta I/O do microcontrolador não se
apresenta como alternativa viável, posto que seriam necessárias 24 saídas. Pois, cada
válvula necessitaria 2 sinais: um para o comando de abertura (12V) e outro para o bloqueio
(-12V).
Resolveu-se, então, utilizar um sistema com multiplexador e portas lógicas AND
(Fig. 3.5).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
62
Fig. 3.5 - Esquema do Comando das Válvulas Individuais.
O microcontrolador envia o sinal de comando para o multiplexador, que o remete
à válvula selecionada através de códigos de endereçamento (A, B, C e D).
O produto da operação lógica AND entre o sinal e a ordem de abertura ou
bloqueio proveniente do microcontrolador (Gate +12 e Gate -12) é direcionado para a
respectiva entrada do driver (Abre ou Bloqueia) que, por sua vez, gera o pulso de comando
apropriado à válvula.
Empregou-se o multiplexador ADG406 fabricado pela Analog Devices e o
componente SN74HC08N, que contém 4 portas lógicas AND.
3.1.3 Válvula de Saída
Segundo [18], durante operação normal da célula a combustível é necessário
impedir o acúmulo, no anodo, de impurezas transportadas junto com o gás combustível,
bem como de água ou constituintes do ar atmosférico (provenientes do catodo) que
atravessam a membrana. Este amontoado de impurezas pode vir a diluir o combustível,
reduzindo a performance das células.
Visando evitar a diminuição no rendimento, ou mesmo a danificação da célula,
deve-se conectar uma válvula de saída diretamente ao anodo, acionando-a periodicamente
e permitindo a exaustão das impurezas.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
63
Tal comando é realizado empregando-se o mesmo circuito de driver apresentado
na Fig. 3.3, pertinente as válvulas de entrada.
3.2. Fornecimento de Oxigênio
Como evidenciado na operação básica das células a combustível – (3.15) e (3.16)
– é preciso abastecê-las com uma determinada quantidade de oxigênio suficiente para gerar
a energia desejada.
+
2 H 2 → 4 H + 4e −
(3.15)
O2 + 4e − + 4 H + → 2 H 2O
(3.16)
Analisando as equações (3.15) e (3.16) é possível concluir que para cada mol de
oxigênio produz-se uma carga de 4 Faradays, ou ainda:
cargatotal = 4 F ⋅quantidade O2
(3.17)
Rearranjando a equação e dividindo-a pelo tempo, atinge-se a quantidade de
oxigênio empregado em uma célula para fornecer determinada carga.
O2usado =
I
4F
moles.s-1
(3.18)
I ⋅n
moles.s-1
4F
(3.19)
Em um conjunto de n células, tem-se:
O2usado =
Ao invés da corrente, apresenta-se a quantidade de oxigênio utilizado em função
da potência provocada. A potência da “pilha” (stack) é dada pela expressão (3.20).
P" pilha " = Vcell ⋅ I ⋅ n
(3.20)
Isolando a corrente da equação (3.20):
I=
P" pilha "
Vcell ⋅ n
(3.21)
Ao substituir (3.21) em (3.19):
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
64
O2usado =
P" pilha "
moles.s-1
4 ⋅Vcell ⋅ F
(3.22)
E alterando a unidade de moles.s-1 para kg.s-1:
O2
usado
=
32 ⋅10−3 ⋅ P" pilha "
4 ⋅Vcell ⋅ F
kg.s-1
(3.23)
Ou ainda:
O2usado = 8, 29 ⋅10−8 ⋅
P" pilha "
Vcell
kg.s-1
(3.24)
A equação (3.24) indica a quantia de oxigênio consumida em função da potência
gerada. Entretanto, visto que na maioria das vezes o oxigênio é derivado do ar, faz-se
necessária a adaptação dos valores.
O oxigênio representa 21% da mistura que compõe o ar atmosférico, e a massa
molar do ar é 28,97.10-3 kg.mol-1. Assim, substituindo estas constantes em (3.22), obtémse:
Ar usado =
28,97 ⋅10−3 ⋅ P" pilha "
0, 21 ⋅ 4 ⋅ Vcell ⋅ F
kg.s-1
(3.25)
Simplificando (3.25), atinge-se:
Ar usado = 3,57 ⋅10−7
P" pilha "
Vcell
kg.s-1
(3.26)
A unidade de kg.s-1 não é comumente empregada, podendo-se, portanto, substituíla por L.min-1, multiplicando a equação (3.26) pela constante 5,1.104, segundo [1].
Ar usado = 18, 21⋅10−3
P" pilha "
Vcell
L.min-1
(3.27)
Inserindo-se em (3.27) a potência esperada e a tensão média de uma célula,
determina-se o fluxo de ar exato necessário, chamado valor estequiométrico.
Na prática, contudo, costuma-se abastecer as células com a vazão de ar de, no
mínimo, duas vezes o valor exato. Assim, é adicionado um termo – chamado de
estequiometria (λ) – em (3.27), indicando a quantidade adicional de ar que deve ser
fornecida.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
65
Ar usado = 18, 21⋅10−3 ⋅ λ ⋅
P" pilha "
Vcell
L.min-1
(3.28)
Ao analisar-se o valor exato de ar (λ=1) necessário para um sistema de 500W e
considerando a tensão média de uma célula como sendo 0,65V, obtém-se:
Ar usado = 18, 21⋅10−3 ⋅ λ ⋅
P" pilha "
Vcell
= 18, 21⋅10−3 ⋅1⋅
500W
= 14 L.min-1
0, 65V
(3.29)
No sistema em estudo, um ventilador é responsável por coletar o ar exterior ao
módulo e encaminhá-lo às células, nos moldes da Fig. 3.6.
Ventilador
Células
Fig. 3.6 - Fluxo de Ar.
Especificou-se o ventilador fabricado pela MCLean Engineering, modelo DB8242425, dotado dos seguintes características:
•
Tensão de alimentação: 18V-23V;
•
Corrente de partida: 3A;
•
Corrente nominal: 2,4A;
•
Com controle da velocidade.
O comportamento do fluxo de ar (L.min-1) em função do sinal de controle (V) foi
experimentalmente medido e demonstrado sob a forma de gráfico na Fig. 3.7.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
66
Vazão (L/m in)
Linear (Vazão (L/m in))
700
Vazão (L/min)
600
500
400
300
200
100
0
1,5
1,9
2,3
Tensão de Controle (V)
Fig. 3.7 - Ventilador - Vazão x Tensão de Controle
Idealmente, a tensão mínima de controle (1,5V) seria capaz de suprir as células
com quantidade satisfatória de oxigênio, alcançando, ainda, um índice de estequiometria
relativamente alto (λ=8). Todavia, a estratégia de controle da temperatura implementada
no projeto pode influir na quantidade de ar necessário.
A estrutura contém um sistema de captação de ar através de uma cavidade no
campo traseiro do módulo (Fig. 3.6). Assim, à medida que a temperatura interna diminui, a
área da cavidade é reduzida, podendo atingir até o ponto de fechamento total. Neste
instante, o ar contido no interior do módulo passa a suprir as exigências das células, que
utilizam o oxigênio para gerar determinada potência, expelindo o excesso. Este é
reaproveitado até o momento de reabertura da cavidade, quando se permite a renovação do
ar.
Se a quantia de oxigênio existente dentro do módulo não for satisfatória para
abastecer as células durante o tempo em que a cavidade se encontrar fechada, o rendimento
passa a diminuir até alcançar um patamar onde as células tornam-se incapazes de produzir
energia elétrica.
Para garantir o funcionamento habitual da estrutura, o fluxo de ar utilizado no
projeto deverá encontrar-se na faixa de 350 L.min-1 – que representa 1,9V no sinal de
controle – podendo modificar-se à medida que a carga for aumentada.
Esta necessidade de se variar a vazão de ar e, conseqüentemente, o sinal de
controle, acarretou na implementação de uma estratégia que tornasse possível a obtenção
de tensões variáveis na saída do microcontrolador. Foi, então, utilizado um filtro passa-
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
67
baixa de segunda ordem na saída PWM. O filtro foi implementado mediante a conexão de
dois filtros ativos RC em cascata (Fig. 3.8).
Fig. 3.8 - Filtro Passa-Baixa na Saída PWM do Microcontrolador.
O filtro é encarregado de extrair do sinal PWM o valor médio, determinado pela
equação (3.30).
VPWM − med =
1
TPWM
TPWM
∫
Vsinal ⋅ dT
(3.30)
0
Resolvendo-se (3.30) e lembrando que DPWM representa a razão cíclica do sinal
PWM, tem-se:
VPWM − med = Vsinal ⋅ DPWM
(3.31)
Assim, como a amplitude do sinal é constante (5V), a variação da razão cíclica
implica na alteração do valor médio de tensão na saída do filtro passa-baixa.
Isolando a razão cíclica em (3.31), atinge-se:
DPWM =
VPWM − med
Vsinal
(3.32)
A partir da tensão média desejada, ou seja, o sinal de controle do ventilador,
define-se a razão cíclica do modulador PWM.
DPWM =
VPWM − med 1,9V
=
= 0,38
5V
Vsinal
(3.33)
A freqüência de operação do PWM foi especificada em 50kHz, facilitando o
projeto do filtro.
A freqüência de corte é fornecida com (3.34).
f corte =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
1
2 ⋅π ⋅ R ⋅ C
(3.34)
Capítulo 3
68
Adotando R=3,3kΩ, determina-se o valor do capacitor para uma freqüência de
corte de 1kHz.
C=
1
1
=
= 48, 23nF
2 ⋅ π ⋅ R ⋅ f corte 2 ⋅ π ⋅ 3,3k Ω ⋅1kHz
(3.35)
Empregando o valor comercial de 47nF.
A Tabela 3.2 apresenta os valores comerciais dos componentes empregados no
filtro RC (Fig. 3.8).
Tabela 3.2- Componentes do Filtro RC.
Componente Especificação
R1 e R4
3,3kΩ
R2 e R5
100kΩ
R3
1kΩ
C1 e C2
47nF
U1 e U2
LM324
3.3. Tensão Individual na Célula
Dentre todas variáveis, a tensão na célula manifesta-se como a de maior
importância, posto que a queda na tensão individual é geralmente um indício de mau
funcionamento da célula.
Uma das mais significativas fontes de falha ocorre em função do grau de umidade
da membrana, segundo [16] e [17]. A desidratação da membrana provoca o aumento da
resistência elétrica e, por conseguinte, a redução na tensão da célula. O acréscimo na
resistência ocasiona, ainda, a elevação de energia dissipada sob forma de calor que, por sua
vez, acelera a desidratação da membrana. Assim, gera-se um ciclo capaz de provocar a
inversão de polaridade da tensão na célula (Vcell<0). Experimentos desempenhados por
[16] comprovam que a inversão na polaridade, mesmo que por alguns segundos,
freqüentemente origina danos irreversíveis a membrana.
Outra situação capaz de danificar a célula incide no acúmulo de água sob a
mesma. O excesso de umidade causa a diminuição da área efetiva de reação, ocasionando
redução da tensão na célula, caso a carga se mantenha constante.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
69
Ao verificar o comportamento anormal da tensão na célula, recomenda-se iniciar
sua desabilitação. Todavia, na maioria das vezes, as células estão conectadas em série,
formando a chamada “pilha” (ou stack) e impedindo a simples remoção da célula
danificada, posto que provoca a abertura do sistema. Assim, deve-se alocar em paralelo
com a célula comprometida, um caminho que assuma a corrente da “pilha”, permitindo
funcionamento habitual do estrutura.
3.3.1 Aquisição da Tensão
A princípio, o monitoramento da tensão na célula parece tarefa bastante simples.
Todavia, ao iniciar-se o trabalho de observação da tensão em todas as células de uma
“pilha” (stack) – podendo chegar ao número de 80 ou mesmo 100 – inúmeras
inconveniências se revelam.
Empregar-se uma entrada de microcontrolador para cada célula da pilha exige um
componente dotado de inúmeras entradas I/O, o que não é viável. Deste modo, a solução
mais evidente parece utilizar um ou mais multiplexadores, selecionando um sinal por vez e
remetendo-o ao sensor de tensão. Cabe lembrar, entretanto, que os multiplexadores
comerciais suportam, no máximo, até 44V de tensão de modo-comum, adequados apenas
para “pilhas” de até 40 células. E, além disso, a tensão de saída do multiplexador deve
adaptar-se ao sensor de tensão utilizado.
Inspirando-se em algumas soluções propostas em [16], especificamente o método
Resistor-Diodo, foi desenvolvido uma metodologia (Fig. 3.9) proposta a atender os
critérios elencados.
Fig. 3.9 - Estrutura para Aquisição da Tensão Individual na Célula.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
70
No instante em que o canal do multiplexador se encontra com o contato aberto
(posição 1), a tensão na entrada do CI é grampeada pela tensão do diodo zener. Quando o
canal está fechado (posição 2), é limitada pelo divisor resistivo (R, R1 e R2). Assim, tanto a
tensão na entrada do multiplexador quanto a tensão medida pelo microcontrolador se
restringem aos valores máximos permitidos.
Deste modo, partindo dos limites de tensão impostos, determinam-se os valores
dos resistores, através dos divisores resistivos apresentados em (3.36) e (3.37).
VMUX = ( R1 + R2 )
Vsensor = R1
n ⋅ Vcell
( R + R1 + R2 )
n ⋅ Vcell
( R + R1 + R2 )
(3.36)
(3.37)
O parâmetro n simboliza o número total de células na “pilha” e Vcell, a tensão de
uma célula.
Ao solucionar o sistema linear composto pelas equações (3.36) e (3.37), e
adotando determinado valor para R, obtém-se os valores de R1 e R2.
R1 = R
Vsensor
( n ⋅Vcell − VMUX )
(3.38)
R2 = R
(VMUX − Vsensor )
( n ⋅Vcell − VMUX )
(3.39)
Esta metodologia de aquisição da tensão está implementada em um sistema
composto de 48 células conectadas em série, considerando a tensão máxima em cada célula
como 1V.
Optou-se pela utilização do multiplexador ADG406, do fabricante Analog
Devices, estipulando uma tensão de entrada máxima de 15V. Por sua vez, como sensor de
tensão, foi implementada uma rotina de aquisição no microcontrolador PIC16C774, do
fabricante Microchip, apresentando tensão máxima de 5V.
Inserindo os limites acima mencionados em (3.38) e (3.39), e considerando
R=330kΩ, tem-se:
R1 = R
VPIC
5V
= 330k Ω
= 50k Ω
( n ⋅Vcell − VMUX )
( 48 ⋅1V − 15V )
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(3.40)
Capítulo 3
71
R2 = R
(VMUX − VPIC )
( n ⋅Vcell − VMUX )
= 330k Ω
(15V − 5V )
( 48 ⋅1V − 15V )
= 100k Ω
(3.41)
(Aplicando como valores comerciais R1=47 kΩ e R2=100 kΩ).
A estratégia essencial do monitoramento consiste na leitura da tensão da célula em
relação à massa. O resultado obtido é, então, subtraído da tensão da célula anterior, sendo
comparando com a referência de tensão pré-estabelecida. Observa-se graficamente este
processo na Fig. 3.10.
Fig. 3.10 - Processo de Aquisição de Tensão.
No instante t0, o canal 1 do multiplexador é habilitado. Adquire-se a tensão da
célula 1 em relação a massa (V1-ref) para, então, compará-la às referências de tensão
inferior (0,4V) e superior (1,5V).
Finalizado o primeiro teste, comanda-se em t1 o canal 2 do multiplexador,
iniciando o processo de aquisição da tensão da célula 2 em relação a massa (V2-ref). Assim,
a tensão da célula anterior, armazenada na memória do microcontrolador, é subtraída de
V2-ref, (3.42), obtendo-se a tensão real que será comparada às referências.
Vcell − 2 = V2− ref − V1− ref
(3.42)
Caso a tensão real de uma das células esteja fora dos limites impostos – abaixo da
referência inferior ou acima da superior – está será desabilitada.
Cabe mencionar que, em virtude dos baixos níveis de tensão a serem analisados
pelo microcontrolador, extrai-se o valor médio de 8 amostras, evitando, assim, ruídos que
mascarem a amostra de tensão.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
72
Um detalhe a ser mencionado relaciona-se à especificação do microcontrolador,
haja vista que a resolução do conversor A/D pode vir a inserir um erro muito grande no
processo de aquisição e tratamento do sinal.
Ao analisar-se um conversor A/D de 8 bits, o passo de quantização é dado por:
Q8bits =
5V
= 0, 01953V
28
(3.43)
Em virtude da subtração de duas aquisições sucessivas, o erro máximo permitido
é considerado o dobro do passo de quantização.
erromax −8bits = 2 ⋅ 0, 01953V = 0, 039062V
(3.44)
Este valor, se refletido para a célula, ou seja, antes do divisor resistivo, acarreta
em um erro significativo, como demonstra a equação (3.45).
Vcellerro = VPIC
( R + R1 + R2 ) = 0, 03906V ( 330k Ω + 47k Ω + 100k Ω ) = 0,396V
R1
47k Ω
(3.45)
Como a tensão na célula pode alcançar índices entre 0,4V e 0,75V, se operando
normalmente, o erro exemplificado atinge quase 100%.
Realiza-se o mesmo procedimento para os conversores A/D de 10 e 12 bits, nos
quais a escolha do componente será baseada.
Tabela 3.3- Resolução dos Conversore A/D.
No Bits Erro máximo Valor refletido à célula Erro Percentual
8
0,039062V
0,396V
99%
10
0,009765V
0,099V
24,75%
12
0,002441V
0,025V
6,25%
Analisando a Tabela 3.3, é constatada a necessidade de se empregar um
microcontrolador A/D com resolução de, no mínimo, 12 bits – fundamental à especificação
do microcontrolador PIC16C774.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
73
3.3.2 ByPass das Células
Ao perceber que uma célula atua fora dos padrões, de modo a danificar-se ou às
demais células da “pilha”, deve-se dar início ao processo de desabilitação.
Todavia, retirar apenas a célula ou cartucho com defeito não é suficiente. Faz-se
necessário cortar o fornecimento de combustível e, ainda, propiciar um circuito auxiliar à
corrente, visto que, na maioria das vezes, as células estão conectadas em série compondo a
“pilha”.
O circuito auxiliar deverá estar conectado em paralelo com a célula, assumindo a
corrente imediatamente após a verificação de falha.
Assim como proposto em [17], adiciona-se um interruptor e um diodo em paralelo
a uma ou duas células, nos termos da Fig. 3.11, que apresenta também o posicionamento
dos sensores aplicados no monitoramento da tensão.
Fig. 3.11 - Estrutura de Bypass da Célula.
O funcionamento básico do circuito é verificado nas Fig. 3.12 e Fig. 3.13, que
evidencia uma “pilha” dotada de quatro células em série.
Ao operar regularmente (Fig. 3.12) os interruptores permanecem bloqueados e o
diodo reversamente polarizado, possibilitando que a corrente percorra o caminho
estabelecido pelas próprias células.
Ao perceber que a tensão de uma das células se encontra fora dos limites – abaixo
de 0,4V, por exemplo – seu interruptor é comandado a conduzir, assumindo a corrente da
“pilha” (Fig. 3.13).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
74
Os diodos D1 e D2 permanecem reversamente polarizados no decorrer da
operação, sem apresentar nenhuma modificação no instante em que se realiza o bypass.
Entretanto, se a tensão na célula atingir valores próximos de zero ou mesmo negativos, o
diodo é espontaneamente polarizado, assumindo a corrente da “pilha”.
Fig. 3.12 - Operação - Funcionamento Normal.
Fig. 3.13 - Operação - Funcionamento com Falha
Assim, como o sistema completo é composto por 48 células conectadas em série,
serão necessários 24 conjuntos de interruptor e diodo e, conseqüentemente, o mesmo
número de circuitos de comando isolados.
Poderia-se empregar um transformador de pulso para cada MOSFET, reduzindo a
robustez, além de elevar o custo do sistema.
Optou-se, então, por adaptar o sinal de comando enviado pelo microcontrolador
através de opto-acopladores e alimentações isoladas que asseguram a tensão gate-source ao
interruptor.
As alimentações foram obtidas através de um conversor com seis saídas isoladas,
das quais uma permanece referenciada à massa do sistema, incumbida de gerar os pulsos
para os quatro primeiros MOSFETs, comprovado na Fig. 3.14.
Determinou-se o número de interruptores por saída (quatro) de modo a garantir
que a tensão de comando do último deles fosse suficiente para assegurar sua entrada em
condução.
Ao tomar-se como exemplo o grupo 2 (de S5 a S8), considerando a tensão 1V para
cada célula e 16V para a saída (Vcc1), comanda-se o último MOSFET com tensão gatesource de 10V.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
75
No projeto em questão, utilizou-se o componente MOSFET IRL3803 e o diodo
32CTQ030, fabricados pela International Rectifier.
Fig. 3.14 - Estratégia de Comando dos MOSFETs.
3.3.3 Sinalização Visual de Falha
O mesmo sinal destinado ao comando dos MOSFETs é aproveitado para indicar o
comportamento da célula a combustível, através de um led bicolor.
Quando a célula opera normalmente, o comando proveniente do microcontrolador
apresenta nível lógico baixo, o MOSFET permanece bloqueado e o led acende na cor
verde.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
76
Ao observar uma falha, o microcontrolador envia sinal de nível lógico alto, que
aciona o interruptor, ligando o led na cor vermelha.
Fig. 3.15 - Esquema da sinalização visual de falha.
Determinou-se o valor de R1 em 2,7kΩ, diminuindo a corrente de saída do
microcontrolador, e os valores de R2 e R3 em 390Ω.
Utilizou-se como interruptor S1, o transistor de sinal NPN 2N2222.
3.4. Temperatura
A célula do tipo PEM apresenta baixa temperatura de operação se comparada aos
demais modelos. O patamar de temperatura ideal deve ser atingido no início do processo e
controlado de maneira a garantir a boa eficiência do sistema. À etapa de pré-aquecimento,
dá-se o nome de warm-up.
A estratégia adotada para o controle da temperatura utiliza o calor liberado pelas
células como resultado da reação química. No instante em que a temperatura alcança o
valor limite, inicia-se a etapa de recirculação, aproveitando o ar externo que se encontra
menos aquecido.
O sistema é dotado de uma abertura na região traseira, controlada por uma
comporta responsável em ajustar a quantidade de ar externo que deve penetrar no módulo.
A comporta é direcionada pelo motor de passo, possibilitando a variação da área de acesso
de ar em função da carência de troca de calor.
Ao detectar que a temperatura dentro do módulo se encontra abaixo do patamar
estabelecido, o microcontrolador envia um sinal de fechamento da porta, impossibilitando
a troca de ar com o exterior (Fig. 3.16).
O calor gerado no processo químico, bem como o ar não utilizado, permanece
confinado em circulação no módulo.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
77
Fig. 3.16 - Fluxo de Ar - Aquecimento.
No instante em que o sensor verifica que a temperatura ultrapassou o limite
superior, o motor de passo recebe ordens para a desobstruir a porta, permitindo a troca de
calor com o meio exterior (Fig. 3.17).
Fig. 3.17 - Fluxo de Ar - Resfriamento.
3.4.1 Motor de Passo
O posicionamento da porta que determina a entrada e saída do fluxo de ar no
interior do módulo é comandado por meio de um motor de passo, caracterizado pela
conversão de sinais digitais em rotações mecânicas.
A quantia de rotações é diretamente proporcional ao número de pulsos, que têm
sua freqüência influenciando na velocidade dos giros.
O motor em questão é especificado pela presença de duas fases no modo bipolar,
demandando um driver na topologia full-bridge. Para o circuito de driver será empregado o
componente MC3479 fabricado pela Motorola, que apresenta capacidade de corrente em
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
78
até 350mA por enrolamento, seleção da direção de rotação e modo de passo (full ou half)
por meio de sinal TTL, compatível com o microcontrolador.
O esquema elétrico da conexão do microcontrolador ao driver é fornecido na
Fig. 3.18.
Fig. 3.18 - Esquema elétrico do Driver para o Motor de Passo.
Um diodo zener é conectado entre os pinos 1 e de alimentação (16) protegendo as
saídas, em virtude da possibilidade de, no momento de comando dos indutores, ocorrer
grandes pulsos de tensão.
Os pinos 2, 3, 14 e 15 simbolizam as saídas dos drivers.
O modo de passo (full ou half) e a direção de rotação são configurados através dos
pinos 9 e 10, respectivamente.
O estado das saídas (posição do motor) é alterado quando ocorre a transição do
nível lógico de baixo para alto do pino 7 (clock).
Os resistores R1 e R2, conectados no pino 6, limitam a corrente de saída dos
drivers, reduzindo o consumo de energia se o motor não estiver acionado.
Estipulou-se os valores comerciais de
56kΩ e 220kΩ para R1 e R2,
respectivamente.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
79
3.4.2 Sensor de Temperatura
Dois sensores de temperatura nas saídas do ar foram implementados no módulo.
Um na parte superior, outro na inferior.
Para atuar como sensor de temperatura, será empregado o circuito integrado
LM35, que emite tensão na saída proporcional à temperatura (em graus centígrados) e
configura-se dotado de escala linear de 10mV/oC. Sabendo que a temperatura no
componente pode variar de 0 a 100oC, tem-se que o valor máximo da tensão de saída é 1V.
O sinal de tensão é encaminhado a uma entrada A/D do microcontrolador, sendo
amplificado através da topologia clássica não-inversora a fim de aumentar sua precisão.
Fig. 3.19 - Amplificador Não-Inversor.
A possibilidade de ganho permitido é calculada por meio da relação entre os
valores máximos de tensão na saída do sensor e na entrada do microcontrolador, como
demonstra (3.46).
A=
V pic − max
Vsensor − max
=
5V
=5
1V
(3.46)
Ao assumir Rf=82kΩ, determina-se o valor de Ri, utilizando a equação (3.47).
Ri =
Rf
A −1
=
82k Ω
= 20,5k Ω
5 −1
(3.47)
Adotando-se o valor comercial Ri=22kΩ.
Para minimizar o offset da corrente de entrada do amplificador operacional, o
resistor Re é obtido com a associação em paralelo de Rf e Ri.
Re =
R f ⋅ Ri
R f + Ri
=
82k Ω ⋅ 22k Ω
= 17,35k Ω
82k Ω + 22k Ω
(3.48)
Empregando como valor comercial Re=18kΩ.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
80
3.4.3 Warm-Up
Warm-up é a etapa de pré-aquecimento, durante início do processo, na qual as
células a combustível atingem o valor de temperatura almejado.
Conforme [18], o aquecimento é realizado a partir do comando periódico dos
MOSFETs, que efetua ciclicamente o bypass das células ao mesmo tempo em que mantém
o fornecimento de combustível.
Ainda em [18], foi discutido que este comando periódico, ao abrir e fechar o
interruptor durante determinado tempo, aumenta a potência gerada pelas células em
aproximadamente 5%.
O período entre um bypass e outro de uma célula pode durar entre 0,01 segundo
até 4 minutos, não ultrapassando a razão cíclica de 20%.
3.5. Umidade da Membrana
O gerenciamento de água na membrana é uma das maiores dificuldades da célula
a combustível e, talvez, a mais complicada de se administrar. Vários são os problemas
decorrentes do excesso ou falta de água na membrana, como explanado no decorrer do
capítulo.
Seria possível, a fim de solucionar este impasse, controlar a umidade dos
reagentes (hidrogênio e oxigênio) antes de serem consumidos pelas células. Todavia, esta
prática certamente acarretaria na redução de eficiência do sistema, visto que seria
necessário adicionar equipamentos empregados no controle da umidade dos gases
Algumas células manifestam a particularidade da self-humidification, ou seja,
aproveitam suas próprias características para administrar internamente a umidade da
membrana.
Este método de auto-umedecimento acaba por estimular a corrente interna. Os
reagentes (H2 e O2) não empregados na geração de trabalho útil nos eletrodos se associam
no eletrólito com o auxílio de catalisador (Platina – Pt), formando moléculas de água.
Óxidos, tais como, TiO2 e SiO2 são adicionados a membrana para reterem a água contida
na mesma.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
81
Fig. 3.20 -Método de Self-Humdification.
3.6. Diagrama Esquemático Completo
A partir dos conceitos anteriormente descritos, foi gerado o diagrama esquemático
completo, apresentado na Fig. 3.21. Este esquema é dividido em quatro blocos (Fig. 3.21.A
a Fig. 3.21.D) para melhor visualização.
O primeiro bloco (Fig. 3.21.A) contém o sistema de monitoramento da tensão,
incluindo o microcontrolador e os multiplexadores. O segundo e o terceiro blocos (Fig.
3.21.B e Fig. 3.21.C) apresentam o sistema de acionamento das válvulas individuais. E o
último (Fig. 3.21.D) contém o microcontrolador que gerencia as válvulas de entrada e
saída, sensores de temperatura, ventilador, motor de passo e sinalização visual.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
82
+5
15V - 1/2W
Terra1
0
D17
330k
15V - 1/2W
0
D21
330k
15V - 1/2W
Cn10 R45
Vcc1
CEL7
CEL6
R50
1
2
3
4
5
6
7
8
330
R54
330
R58
330
CEL5
C18
330k
Mos20
16
15
14
13
12
11
10
9
A1 C1
K1 E1
A2 C2
K2 E2
A3 C3
K3 E3
A4 C4
K4 E4
0
D23
U6
R48 330
CEL8
1.8k
Mos19
R49
Mos18
Mos17
Cn12 R60
1. 8k R59
C24
1u
2
5.1V-1/2W
3
0
4
C28
1u
RA3
5
D33
0
C29
5.1V-1/2W
15V - 1/2W
6
D
1u
R69
470
0
ShutDown
A
0
D36
B
15V - 1/2W
D38
COSC3
15V - 1/2W
1.8k
R91
1.8k
R96
1.8k
R100
Mos14
Mos13
Cn18 R94
C
D46
330k
15V - 1/2W
Cn19 R107
1. 8k R106
0
D48
330k
15V - 1/2W
TLP521-4
Cn20 R117
0
0
D50
330k
15V - 1/2W
Cn21 R122
0
D52
330k
15V - 1/2W
Cn22 R125
9
10
A1
B1
C1
D1
15
28
CEL1
R104
RB4
RA3/AN3/Vref +
RB3/AN9
R4/T0CKI
RB2/AN8
RB1/SS
RE0/RD/AN5
RB0/INT
RE1/WR/AN6
VDD
Vss
AVDD
RD7/PSP7
AVss
RD6/PSP6
OSC1/ CLKIN
RD5/PSP5
OSC2/ CLKOUT
RD4/PSP4
RC0/T1OSO/T1CKI RC7/RX/DT
16
RC1/T1OSI/ CCP2 RC6/TX/CK
17
RC2/CCP2
18
RC5/SDO
RC3/SCK/SCL
19
D
ADG406
RB5
RE2/CS/AN7
12
XTAL2 14
0
RB6
RA1/AN1
20
CEL2
RC4/SDI/SDA
RD0/PSP0
RD3/PSP3
RD1/PSP1
RD2/PSP2
C34
D55
0
15V - 1/2W
40
C1
E1
C2
E2
C3
E3
C4
E4
1
2
3
4
5
6
7
8
A1
K1
A2
K2
A3
K3
A4
K4
R19
330
R21
330
R25
330
R28
330
39
38
37
X7
CEL11
CEL1
CEL12
CEL2
CEL4
0
CEL5
CEL6
CEL7
Cn45
CEL8
330k
36
35
Cn46
CEL10
1
330k
R52
34
30
29
28
27
26
25
24
23
22
21
5
16
6
15
7
14
8
13
1
1
11
1u
CEL11
R81
CEL8
0
+
CEL4
28
R108
D
R118
47k
0
0
-
Mos4
330
330
R76
330
R78
330
7
0
R62
1k
XTAL1 14
15
0 LED-Inicialização
7
6
Vcc4
Mast er
0
38
37
Mos17
R136
15
Cn16
25 24
Mos18
R137
15
Mos19
R138
15
Cn14
23 22
Cn12
21 20
Mos20
R139
15
Cn10
19 18
RD5/PSP5
OSC2/CLKOUT
RD4/PSP4
RD3/PSP3
RD1/PSP1
RD2/PSP2
6
7
R82
D40
30
2N2222A
R85
U14
R109 1.8k Mos5
Terra4
16
15
14
13
12
11
10
9
Mos6
R113 1.8k
R116 1.8k
R120 Cn32
R121 1.8k
Mos7
Mos8
C1 A1
E1 K1
C2 A2
E2 K2
C3 A3
E3 K3
C4 A4
E4 K4
R105 330
1
2
3
4
5
6
7
8
R114 330
R119 330
Q4
3.9k
R101
CEL5
R111 330
27
26
X8
D26 3.3V - 1/2W
Conector-motor
U9
0
Conector-posicao
Init /On-Line
25
R64
56k
23
21
47
3.9k
2. 2k
0
+12
TLP521-4
R123 Cn33
Q5
R112
0
0
X11
1
330k
6
0
5
0 2
R126 Cn34
330k
3
Conector1
R124
D54
4
47
Q6
27V - 1/2W
0
0
BD136/PLP
R129 Cn35
R127
390
0
330k
R132
2.2k
R130
R133 Cn36
2N2222A
0
330k
Q7
R134
Mos9
C36
0
100n
18
Enable5
17
A1
16
B1
15
C1
14
D1
19
20
21
22
23
24
25
26
11
10
9
8
7
6
5
4
VDD
Conector_inf erior-1
1
2
3
Cn20
R151
15
Mos15
5
Cn22
6
7
8
Cn24
R153
15
Mos13
11
12
EN
A0
A1
A2
A3
S1
S2
S3
S4
S5
ADG406 S6
S7
S8
S9
S10
S11
S12
S13
S14
S15
S16
13
Cn4
R154
15
Mos24
Cn9
R155
15
Mos23
Enable5
Mos22
28
D
Cn15
Cn11
13 12
Cn13
11 10
9
Cn17
8
Conector_inf erior-2
1
2
3
Cn5
4
Cn1
5
6
Cn23
VSS
GND
Cn7
14
X14
10
Cn2
0
R152
15
Mos14
9
27
R150
15
4
0
7
-15
C37
Cn19
0
Cn3
Val1
R147
1k
Val2
R148
1k
Mos8
Mos7
Mos6
Mos5
3.9k
2. 2k
Mos4
R141
15
R142
15
R143
15
R144
15
R145
15
Cn42
26
Cn40
25 24
Cn38
23 22
Cn36
21 20
Cn34
19 18
Cn32
17 16
Cn30
15 14
2
4
6
8
10
12
X13
U15
R146
15
Fig. 3.21.D
Conector_superior-1
Val3
R149
1k
Val4
R162
1k
Val5 R163
1k
Val6
R164
1k
Val7
R165
1k
Val8
R166
1k
Val9
R167
1k
Val10 R168
1k
Val11 R169
1k
Val12 R170
1k
100n
Cn21
0
1
0
3
Cn44
R156
15
0
Cn46
R157
15
Mos10
0
5
7
Cn48
Cn26
R158
15
Mos11
0
R159
15
Mos12
Cn41
14
X15
0
11
13
Cn28
R160
15
Mos1
Cn39
0
9
R161
15
Mos2
Mos3
Cn33
Cn37
13 12
Cn35
11 10
Cn31
9
8
2
4
6
0
Conector_superior-2
0
1
Fig. 3.21.A
0
Cn43
3
Cn47
5
Cn25
Cn45
7
Cn29
Fig. 3.21.C
Cn27
0
0
+12
-12
R171
120
+12
+12
R172
+5
R179
8.2k
TI P127
Valv ula1
TIP122
R187
Q16
6.8k
1
2
3
4
5
6
7
Val1
Gate+12
10k
Gate-12
27V - 1/2W
R199
2N2222
R200
Q20
R207
D65
5.6k
2n2907
27V - 1/2W
1k
R208
6.8k
0
U16
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
14
13
12
11
10
9
8
0
TIP127
Gate+12
R196
27V - 1/2W
R181
D66
R202
1k
2n2907
6.8k
2N2222
Gate-12
D67
120
Valv ula3
TIP122
R229
R239
Q36
R230
D69
680
680
U18
1
2
3
4
5
6
7
Val3
Gate+12
R227
10k
Gate-12
27V - 1/2W
R241
2N2222
R242
Q38
6.8k
R251
D73
5.6k
2n2907
27V - 1/2W
1k
6.8k
0
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
14
13
12
11
10
9
8
0
Q44
TIP127
Gate+12
6.8k
D74
TI P127
Valv ula5
TIP122
R274
D77
680
6.8k
10k
Gate-12
R285
2N2222
1
2
3
4
5
6
7
Val5
Gate+12
R271
680
27V - 1/2W
R286
Q58
R291
D81
5.6k
27V - 1/2W
2n2907
1k
6.8k
R292
2N2222
Q64
0
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
14
13
12
11
10
9
8
0
Val6
1k
6.8k
R254
5.6k
2N2222
R245
Q40
SN74HC08
1
2
3
4
5
6
7
Val9
Gate+12
10k
Gate-12
R247
2n2907
27V - 1/2W
R248
1k
R256
5.6k
2N2222
6.8k
0
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
0
14
13
12
11
10
9
8
+12
R226
8. 2k
100n
TIP127
Gate+12
Val10
Valv ula10
R237
680
Gate-12
R246
R234
10k
TIP122
R238
680
D72
Q41
27V - 1/2W
R249
2N2222A
6. 8k
SN74HC08
R250
Q43
R257
D76
5.6k
2n2907
27V - 1/2W
1k
R258
6.8k
5.6k
2N2222
Q47
0
-12
+12
+12
120
TIP127
-12
TIP122
R287
Q59
R293
D82
R288
1k
2n2907
27V - 1/2W
R289
R294
5. 6k
Q65
TIP122
R280
D79
680
1
2
3
4
5
6
7
Val11
Gate+12
R277
10k
Gate-12
27V - 1/2W
Q60
R295
2N2222A
6.8k
2N2222
Valv ula11
R296
Q62
6.8k
D83
R299
5.6k
27V - 1/2W
0
2n2907
1k
R300
5.6k
2N2222
6.8k
0
U21
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
SN74HC08
14
13
12
11
10
9
8
0
R270
8.2k
100n
TIP127
Gate+12
Val12
Gate-12
Valv ula12
Valv ula1
Valv ula5
Valv ula2
Valv ula3
Fig. 3.21.B
Valv ula9
Valv ula6
Valv ula7
Valv ula4
X16
Valv ula10
Valv ula11
Valv ula8
Valv ula12
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11 12
Conector-Valv ula
13
0
Fig. 3.21 – Diagrama Esquemático Completa da Placa de Controle.
TIP122
R281
D80
680
R290
R282
680
R278
10k
27V - 1/ 2W
Q61
Q63
2N2222A
R297
6.8k
R301
D84
27V - 1/2W
5.6k
Q66
0
+12
C43
8.2k
TIP127
120
Q55
Q53
R279
680
27V - 1/2W
2N2222
-12
R266
R265
120
+5
R269
Q54
10k
680
+12
120
Q52
R272
R276
D78
Q57
+12
R264
R263
120
Valv ula6
R275
6.8k
R222
120
Q35
Q46
R262
5.6k
5.6k
0
R236
680
D75
5.6k
R268
8.2k
R284
U19
R233
TIP122
Q42
R255
Q51
680
Gate-12
-12
R221
120
C41
27V - 1/2W
6.8k
Q45
100n
Gate+12
6. 8k
R214
5.6k
2N2222
+12
+5
0
Q49
R273
Q56
R244
C42
U20
1k
2n2907
Q27
R225
D71
680
2n2907
R261
120
+5
8.2k
Valv ula9
R235
R243
+12
120
Q50
R267
R283
TIP127
680
Q39
27V - 1/2W
5.6k
+12
R260
D68
27V - 1/2W
+12
2N2222A
R253
-12
R259
120
R206
Q23
R213
5.6k
Q33
0
+12
R205
6.8k
-12
R220
120
Q34
R228
10k
R232
27V - 1/2W
2N2222
5.6k
R194
680
2N2222A
SN74HC08
8.2k
TIP122
D70
Q37
0
Q48
Valv ula4
R231
680
R240
D64
27V - 1/2W
Q19
R198
Q32
8.2k
Val4
SN74HC08
Gate-12
R224
R252
2N2222
0
R193
680
Val8
R186
10k
0
R219
120
120
100n
Gate-12
6.8k
8.2k
Gate+12
TIP122
+12
R218
C40
8.2k
TI P127
R182
Valv ula8
TIP127
Q26
Q31
Q29
R223
R212
5.6k
2N2222
+12
100n
0
14
13
12
11
10
9
8
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
-12
R217
120
+5
Q30
Q28
1k
2n2907
27V - 1/2W
5.6k
U17
0
+12
+12
R216
120
R204
Q22
R211
+12
R215
10k
R203
0
-12
R192
680
1
2
3
4
5
6
7
Val7
Gate+12
R185
27V - 1/2W
6.8k
5. 6k
Q25
TIP122
2N2222A
R210
27V - 1/2W
Q24
R178
120
Q15
C38
8.2k
D63
680
Q18
R197
R201
6.8k
5.6k
R191
10k
Q21
2N2222
R209
Valv ula7
R184
R190
680
D62
Q17
-12
R177
120
+5
Q11
TIP127
TIP122
0
+12
+12
Q14
Valv ula2
R189
680
Val2
SN74HC08
+12
R176
120
Q10
8.2k
100n
Gate-12
-12
R175
120
120
R180
5.6k
2N2222
+12
+12
R174
Q13
Q9
C39
R183
R188
680
D61
680
R195
-12
R173
120
120
Q12
Q8
2n2907
R298
1k
R302
5.6k
2N2222
Q67
0
220k
0
22
R102
2N2222A
0
R63
24
0
CEL8
4
3
2
1
X9
390
2.2k
R99
2. 2k
CEL6
CEL7
R36
R47
220
R95
2.2k
+5
5
4
3
2
1
0 +5
28
Q3
27V - 1/2W
390
R27
62
+5
+5
+5
C20
1u
0
47
Q2
+5
Conector-Botoes
+12
CEL4
+5
62
CEL3
R89
+15
Cn6
15 14
1
Vcc1
0
29
RC4/SDI/SDA
RD0/PSP0
8
Shut_Down
31
RC5/SDO
RC3/SCK/SCL
19
9
33
Vss
RD6/PSP6
10
5
R35
560
32
VDD
OSC1/CLKIN
11
3
Mos21
R140
15
Cn8
17 16
2
Terra1
34
RB1/SS
RB0/INT
RC2/CCP2
18
20
R92
R110 Cn31
15V - 1/2W
1
Mos16
Cn18
26
3
Vcc2
35
RD7/PSP7
AVss
12
2
0
R135
15
4
Terra2
1
0
X12
5
Vcc3
Terra3
0 4
36
RC1/T1OSI/CCP2 RC6/ TX/CK
17
0
R68
RB3/AN9
RB2/AN8
Sensor_v ent
39
RC0/T1OSO/T1CKI RC7/ RX/DT
16
100k
0
330k
D60
15V - 1/2W
8
Terra4
BD136/PLP
15V - 1/2W
D59
0
COSC2
22p
CEL2
Vcc4
330k
D58
0
3.3k
47n
40
RB4
RA3/AN3/Vref +
R4/T0CKI
AVDD
22p
C27
6
RB5
RE2/CS/AN7
12
13
OUT
RA1/AN1
RE1/WR/AN6
11
CEL1
Cn30
R97
15V - 1/2W
15V - 1/2W
-
R57
RB6
RE0/RD/AN5
10
1u
COSC1C21
RB7
RA0/AN0
RA5/AN4
9
C26
R86
330k
D56
7
LED-Of f
8
BD136/PLP
0
D51
6
0
MCLR/Vpp
RA2/AN2/Vref -
5
LED-ON-LINE
47n
Cn29
0
D49
4
C16
LED-OFF-LINE
U8B
LM324
5
+
+15
R56
2
27V - 1/ 2W
0
D47
3
LED-Warm_UP
CEL11
330k
15V - 1/2W
D57
9
Vcc5
+12
15V - 1/2W
100n
0
CEL12
0
D45
2
Sensor2
1u
D19
5. 1V-1/ 2W
D43
C35
0
R70
R73
0
Cn28
R88
15V - 1/2W
D53
-15
1
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Gnd
Gnd
Gnd
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7
11
0
330k
Cn17 R87
COSC3
+15
12
Terra2
Vcc2
U13
C
+5
15V - 1/2W
Cn16 R83
0
R14
15V - 1/2W
D32
5.1V-1/2W
D34
330k
0
R44
0
5.1V-1/2W
15V - 1/2W
Cn15 R79
2.2k
2.2k
RA2
0
330k
R38
4.7k
2N2222A/ZTX
Master
D30
Cn13 R66
RA3
Q1
R41
0
0 D29
15V - 1/2W
Cn14 R72
+5
RA0
0
330k
10k
100k
R37
C22
5.1V-1/2W
15V - 1/2W
330k
D
18
Enable4
17
A
16
B
15
C
14
D
19
20
21
22
23
24
25
26
11
10
9
8
7
6
5
4
0
D25
D27
TLP521-4
EN
A0
A1
A2
A3
S1
S2
S3
S4
S5
S6
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S7
S8
S9
S10
S11
S12
S13
S14
S15
S16
RA0
0
330k
R55
1.8k
Mos17
28
D8
U3
100n
R30
100n
0
15V - 1/2W
28
ADG406
-15
Cn11R51
1.8k R53
Mos18
C18
0
R29
27
Cn9
D
C13
100n
0
GND
D9
330k
Cn6
EN
A0
A1
A2
A3
S1
S2
S3
S4
S5
S6
S7
S8
S9
S10
S11
S12
S13
S14
S15
S16
VSS
C12
U2
18
17
A
16
B
15
14
19
20
21
22
23
24
25
26
11
10
9
8
7
6
5
4
Enable1
12
0
27
D7
15V - 1/2W
R17
R8
330k
15V - 1/2W
1
R15
330k
Cn5
VDD
Cn4
+15
+15
VSS
R13
0
15V - 1/2W
GND
Cn3
TLP521-4
0
D3
15V - 1/2W
1.8k R12
Cn37
330k
15V - 1/2W
0
330k
1.8k R10
Mos21
R7
27
CEL9
0
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Mos22
D2
15V - 1/2W
Cn2
12
330
D1
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Mos23
1
330
R11
R2
R1
330k
Mos24
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15
14
13
12
11
10
9
C1
E1
C2
E2
C3
E3
C4
E4
VDD
R9
A1
K1
A2
K2
A3
K3
A4
K4
GND
CEL10
1
2
3
4
5
6
7
8
330
VSS
CEL11
Cn1
U1
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R5
12
R3
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Cn36
0
330k
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0
0
Mos16
R135
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Mos17
R136
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Cn18
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X12
Mos18
R137
15
Cn16
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24
Cn14
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22
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R138
15
Cn12
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20
Mos20
R139
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Cn10
19
18
Mos21
Mos9
R140
15
Cn8
17
16
Cn6
15
14
Mos8
Mos7
Mos6
Mos5
Mos4
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R142
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15
R145
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X13
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24
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20
Cn34
19
18
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4
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8
10
12
R146
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Conector_superior-1
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2
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R151
15
Mos15
4
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Cn22
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7
R152
15
Mos14
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Cn7
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10
Cn2
R153
15
Mos13
11
12
13
1
Cn4
R154
15
Mos24
Cn9
X14
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0
R155
15
Mos23
3
Cn44
R156
15
Mos22
R157
15
Mos10
Cn13
11
10
9
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Cn26
R159
15
Mos12
Cn41
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X15
11
13
Cn28
R160
15
Mos1
Cn39
Cn17
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9
Cn48
R158
15
Mos11
Cn15
Cn11
13
12
5
Cn46
R161
15
Mos2
Mos3
Cn33
Cn37
13
12
Cn35
11
10
9
2
4
6
Cn31
8
Conector_inf erior-2
1
2
Cn5
3
Cn1
Cn3
4
5
6
Cn23
Conector_superior-2
7
1
Cn19
Cn43
Cn21
3
Cn47
Cn45
Fig. 3.21.A – Diagrama Esquemático – Microcontrolador 1
5
Cn25
7
Cn29
Cn27
84
+15
C36
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U15
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18
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17
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16
B1
15
C1
14
D1
19
20
21
22
23
24
25
26
11
10
9
8
7
6
5
4
VD D
EN
A0
A1
A2
A3
S1
S2
S3
S4
D
S5
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S7
S8
S9
S10
S11
S12
S13
S14
S15
S16
VSS
27
12
GN D
Enable5
28
0 -15
C37
0
Val1
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Val2
R148 1k
Val3
R149 1k
Val4
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Val6
R164 1k
Val7
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Val8
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Val9
R167 1k
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0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
+12
-12
R171
120
+12
+12
R172
Q12
Q8
+5
R179
8.2k
TIP127
Valv ula1
TIP122
R187
10k
Gate-12
R199
2N2222
6.8k
R200
Q20
R207
2n2907
D65
5.6k
27V - 1/2W
1k
R208
Q13
Q9
6.8k
0
U16
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
14
13
12
11
10
9
8
0
8.2k
100n
TIP127
Gate+12
Gate-12
Valv ula2
TIP122
R189
680
Val2
R196
R184
R190
680
D62
27V - 1/2W
Q17
10k
Q21
2N2222
R201
6.8k
SN74HC08
5.6k
2N2222
120
R180
27V - 1/2W
Q16
+12
R174
C39
1
2
3
4
5
6
7
Val1
Gate+12
R183
R188
680
D61
680
R195
-12
R173
120
120
D66
5.6k
27V - 1/2W
R202
1k
2n2907
R209
6.8k
R210
2N2222
Q24
0
0
+12
-12
R215
R216
120
120
+12
+12
R230
D69
680
Q36
680
10k
Gate-12
27V - 1/2W
R241
2N2222
6.8k
U18
1
2
3
4
5
6
7
Val3
Gate+12
R227
R229
R239
120
R242
Q38
2n2907
R251
D73
5.6k
27V - 1/2W
1k
6.8k
0
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
14
13
12
11
10
9
8
0
Val4
R224
8.2k
100n
TIP127
Gate+12
Gate-12
2N2222
R240
D70
Q37
6.8k
R253
R254
5.6k
2N2222
+12
6.8k
-12
R261
120
+5
120
Q51
C42
8.2k
Valv ula5
TIP122
R274
680
10k
Gate-12
27V - 1/2W
R285
2N2222
1
2
3
4
5
6
7
Val5
Gate+12
R271
D77
R286
Q58
R291
D81
5.6k
27V - 1/2W
2n2907
1k
6.8k
R292
2N2222
Q64
+12
R262
Q49
Q50
R267
6.8k
R244
1k
Q45
120
680
R243
2n2907
27V - 1/2W
+12
R260
R273
Q39
D74
5.6k
5.6k
-12
R259
120
Q56
680
27V - 1/2W
2N2222
SN74HC08
R228
10k
0
+12
R283
TIP122
R232
0
TIP127
Valv ula4
R231
680
R252
Q44
Q48
Q31
C40
8.2k
TIP122
+12
R218
Q29
R223
Valv ula3
-12
R217
120
+5
Q30
Q28
TIP127
5.6k
Q25
5.6k
0
U20
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
SN74HC08
14
13
12
11
10
9
8
0
R268
8.2k
100n
TIP127
Gate+12
Valv ula6
TIP122
R275
Val6
R284
R276
D78
680
Gate-12
Q57
R272
10k
680
27V - 1/2W
R287
2N2222
R288
Q59
6.8k
R293
D82
5.6k
27V - 1/2W
0
6.8k
1k
2n2907
R294
5.6k
2N2222
Q65
0
Valv ula1
Valv ula5
Valv ula2
Valv ula9
Valv ula6
Valv ula3
Valv ula4
X16
Valv ula11
Valv ula8
Valv ula12
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11 12
Conector-Valv ula
0
Fig. 3.21.B – Diagrama Esquemático – Driver das Válvulas Individuais I
Valv ula10
Valv ula7
13
85
+12
-12
R175
120
+12
R176
120
+12
-12
R177
120
+5
Q10
R181
Q14
Valv ula7
R191
R192
680
D63
680
Q18
10k
Gate-12
R203
2N2222A
Q22
R211
D67
R204
1k
2n2907
27V - 1/2W
5.6k
1
2
3
4
5
6
7
Val7
Gate+12
R185
27V - 1/2W
6.8k
0
6.8k
R212
5.6k
2N2222
R182
C38
8.2k
TIP122
U17
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1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
Val8
8.2k
100n
0
14
13
12
11
10
9
8
Valv ula8
TIP127
Gate+12
Gate-12
TIP122
R193
680
D64
R205
2N2222A
R213
5.6k
D68
27V - 1/2W
R222
120
Q33
R225
R236
680
10k
Gate-12
27V - 1/2W
R247
2N2222A
Q42
6.8k
1
2
3
4
5
6
7
Val9
Gate+12
R233
TIP122
D71
2n2907
D75
27V - 1/2W
R248
1k
R256
5.6k
2N2222
0
6.8k
U19
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
14
13
12
11
10
9
8
0
TIP127
Valv ula10
TIP122
Gate+12
Val10
R237
680
Gate-12
Q41
R246
R234
10k
R238
680
D72
27V - 1/2W
R249
2N2222A
R250
Q43
6.8k
SN74HC08
R257
2n2907
D76
5.6k
27V - 1/2W
1k
R258
Q46
6.8k
5.6k
2N2222
Q47
0
+12
-12
+12
R264
R263
120
+12
120
-12
R266
R265
120
+5
R269
Q54
R279
680
TIP122
R280
D79
680
U21
1
2
3
4
5
6
7
Val11
Gate+12
R277
10k
Gate-12
27V - 1/2W
Q60
R295
2N2222A
R296
Q62
6.8k
D83
R299
5.6k
27V - 1/2W
2n2907
1k
R300
5.6k
2N2222
R270
8.2k
C43
8.2k
Valv ula11
+12
120
Q55
Q53
Q52
R289
R226
8.2k
100n
0
TIP127
+12
Q35
C41
Valv ula9
5.6k
Q27
-12
R221
120
+5
8.2k
R255
6.8k
R214
5.6k
2N2222
+12
+12
R220
120
Q34
Q40
1k
2n2907
Q26
Q32
R245
R206
Q23
6.8k
SN74HC08
-12
R219
120
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R194
680
0
+12
R235
R186
10k
27V - 1/2W
Q19
R198
0
TIP127
+12
Q15
Q11
TIP127
R197
R178
120
6.8k
0
1A Vcc
1B 4B
1Y 4A
2A 4Y
2B 3B
2Y 3A
Gnd 3Y
SN74HC08
14
13
12
11
10
9
8
0
100n
TIP127
Gate+12
Val12
Gate-12
Valv ula12
R281
R290
TIP122
D80
680
R278
10k
27V - 1/2W
Q61
Q63
2N2222A
6.8k
R282
680
R301
D84
27V - 1/2W
5.6k
Q66
R297
2n2907
R298
1k
R302
5.6k
2N2222
Q67
0
0
Fig. 3.21.C – Diagrama Esquemático – Driver das Válvulas Individuais II
6.8k
86
+5
+15
X4
1
+5
4
2
3
3
Sensor2
0
Conector-Sensor1
X1
Conector-f onte
4
2
Sensor1
0
X1
Conector-f onte
+15
X5
1
1
Conector-Sensor2
2
3
4
5
6
7
8
+23 -12 -15 +12 +15 +5
12
11
10
9
8
Vcc5
0
0
Terra5
7
6
Vcc4
Terra4
5
4
Terra3
3
2
Vcc2
Vcc3
Terra2
1
Vcc1
Terra1
X6
X7
CEL1
CEL2
CEL3
CEL4
CEL5
20
2
19
3
18
4
17
5
16
6
15
7
14
8
13
9
12
10
11
CEL6
CEL7
CEL8
CEL9
CEL10
1
+15
Conector_Ventilador
R32
C15
10k
0
Sensor2
4
1u
C16
6
0
LED-Of f
LED-Warm_UP
CEL12
9
LED-ON-LINE
-
2
-
4
3.3k
OUT
U8B
LM324
5
+
+15
7
10
R62
1k
R65
100k
22p
3.3k
OUT
C26
47n
0
R57
XTAL1 14
Master
0
15
16
17
0
R68
12
13
0 LED-Inicialização
47n
18
100k
0
11
1u
COSC1C21
COSC2
22p
C27
6
7
8
LED-OFF-LINE
CEL11
3
2
5
D19
5.1V-1/2W
R56
1
3
LED-Inicialização
V+
4
1
+24
U5
0
5.1V-1/2W
V-
1
Sensor1
1u
11
2
4
V+
3
+
11
0
Sensor_v ent
0
+5
+5
U8A
LM324
V-
X10
D14
LED-Of f
Conector_Leds
C23
100n
+5
19
20
PIC16C744
MCLR/Vpp
RB7
RA0/AN0
RB6
RA1/AN1
RB5
RA2/AN2/Vref -
RB4
RA3/AN3/Vref +
RB3/AN9
R4/T0CKI
RB2/AN8
RA5/AN4
RB1/SS
RE0/RD/AN5
RB0/INT
RE1/WR/AN6
VDD
RE2/CS/AN7
Vss
AVDD
RD7/PSP7
AVss
RD6/PSP6
OSC1/CLKIN
RD5/PSP5
OSC2/CLKOUT
RD4/PSP4
RC0/T1OSO/T1CKI RC7/RX/DT
RC1/T1OSI/CCP2 RC6/TX/CK
RC2/CCP2
RC3/SCK/SCL
RC5/SDO
RC4/SDI/SDA
RD0/PSP0
RD3/PSP3
RD1/PSP1
RD2/PSP2
40
38
37
R85
D43
BD136/PLP
R89
2N2222A
Q4
3.9k
R101
R99
30
R112
26
25
23
22
21
3.9k
2.2k
0
+12
X11
1
6
0
5
3
Conector1
R124
D54
4
0
47
Q6
27V - 1/2W
BD136/PLP
R127
R130
390
R132
2.2k
2N2222A
Q7
R134
X8
X9
0 +5
Conector-motor
U9
0
Init/On-Line
3.9k
2.2k
0
Fig. 3.21.D – Diagrama Esquemático – Microcontrolador II
4
3
2
1
D26 3.3V - 1/2W
5
4
3
2
1
Conector-posicao
0
R63
24
0
0 2
R36
62
R47
220
0
27
390
Q5
+5
R27
62
+5
+5
28
R102
2N2222A
+5
Conector-Botoes
C20
1u
29
47
2.2k
2.2k
7
+5
0
31
R95
2.2k
8
6
Shut_Down
32
BD136/PLP
R92
5
R35
560
33
Q3
27V - 1/2W
9
+5
34
390
R86
10
35
47
Q2
11
3
36
+12
R82
D40
12
2
0 4
39
+12
27V - 1/2W
Sensor_v ent
1
R64
56k
220k
0
1
2
3
4
5
6
7
8
VD
VM
L2
L3
L1
L4
Gnd
Gnd
Gnd
Gnd
Bias Phase
CW
Clk
OIC
Full
0
MC3479
16
15
14
13
12
11
10
9
+12
C25
1u
0
87
A partir do esquemático da Fig. 3.21, desenvolveu-se o layout que resultou na
placa de circuito impresso apresentado na Fig. 3.22.
Fig. 3.22 - Placa de Controle e Monitoramento.
3.7. Algoritmos dos Microcontroladores
Como observado no esquemático apresentado na Fig. 3.21, foram utilizados dois
microcontroladores fabricados pela Microchip, modelo PIC16C774, que tem como
característica principal um conversor A/D de 12 bits.
O primeiro gerencia todo o sistema, permanecendo conectado às válvulas de
entrada e saída, ao ventilador, ao motor de passo e aos sensores de temperatura.
Este ainda, envia o sinal de comando para o outro microcontrolador indicando o
momento de realizar as funções a ele destinadas.
Cabe ao segundo, a monitoração das tensões das células e conseqüentemente, o
comando dos MOSFETs e das vávulas individuais que desabilitam o cartucho com falha.
Inicialmente será apresentado um digrama de blocos simplificado do algoritmo do
sistema completo (Fig. 3.23), que inclui os dois microcontroladores. Em seguida, o
algoritmo implementado para realizar o monitoramento das tensões das células será
apresentado com mais detalhes.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
88
Fig. 3.23 - Algoritmo do Sistema Implementado nos dois Microcontroladores.
O processo inicia-se com o acionamento e teste do ventilador e da porta (motor de
passo) que controla o fluxo de ar. Se um destes não estiver funcionando o módulo é
imediatamente desligado.
Em seguida, começa a etapa de pré-aquecimento das células. As válvulas de
entrada são abertas, ao mesmo tempo em que o sinal de warm-up é enviado para o
microcontrolador 2. Este por sua vez, comanda as válvulas individuais a abrirem, verifica
as tensões de cada célula, e inicia o bypass periódico das células de maneira a acelerar o
processo de aquecimento.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
89
Durante esta etapa, a temperatura no interior do módulo é constantemente
monitorada pelo microcontrolador 1, que indica o momento de fim de warm-up quando a
temperatura atinge 33oC.
Neste instante, ao receber o aviso de fim de warm-up, o microcontrolador 2
desabilita o processo de bypass para aquecimento e permanece apenas monitorando a
tensão das células. Este estágio após o pré-aquecimento e chamada de on-line, onde as
células passam a fornecer energia para carga.
No decorrer desta etapa o microcontrolador 1 permanece em um ciclo
monitorando e controlando a temperatura no interior do módulo. Caso esta encontra-se
acima de 36oC, o motor de passo é acionado e a porta começa a abrir em intervalos de 30
segundos. Se durante este período a temperatura cair abaixo de 33oC, o motor inverte o
sentido de rotação e a porta é então fechada.
O processo de extração de impurezas do anodo, através da abertura da válvula de
saída é realizado periodicamente em intervalos de 5 minutos, permanecendo aberto durante
1,8 segundos. Este procedimento, coordenado pelo microcontrolador 1 ocorre tanto na
etapa de warm-up, quanto na on-line.
Um procedimento que deve ser elaborado com cautela é o de monitoramento da
tensão nas células, visto que uma leitura mal realizada ou um algoritmo com falha pode
acarretar no dano de uma, ou até mesmo, de um conjunto de células.
O ponto de partida é a seleção da primeira célula, como mostra o diagrama de
bloco da Fig. 3.24, através dos canais de endereçamento do multiplexador. Este, conecta a
tensão da célula em relação à massa, na entrada A/D do microcontrolador. Esta tensão é
adaptada a partir de um divisor resistivo, de maneira a não ultrapassar o valor limite (5V)
do componente.
O microcontrolador realiza oito leituras sucessivas deste sinal, extraindo assim o
valor médio, o que reduz o risco de ruídos mascararem o sinal.
Cabe lembrar que a variável importante é a tensão nos terminais da célula, e não o
valor em relação à massa. Para atingir tal critério, foi implementado uma lógica que extrai
esta tensão a partir da subtração da tensão em relação a massa de duas células sucessivas,
(por exemplo: Vn − Vn −1 ). Em vista disso verifica-se a necessidade de armazenar na
memória do microcontrolador o valor lido na célula anterior.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
90
Ao obter a própria tensão da célula, esta é comparada com valores de referência,
tanto inferior (0,4V) quando superior (1,5V). Caso a tensão esteja fora desta região
compreendida como normal, o microcontrolador envia o sinal para desabilitar o cartucho.
No momento em que todas as células conectadas ao multiplexador forem lidas, o
microcontrolador altera o canal, para o conversor A/D conectado ao próximo
multiplexador.
Fig. 3.24 -Algoritmo implementado para o monitoramento da tensão nas células.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
91
3.8. Conclusão
O método de obtenção de energia utilizando processos químicos envolve um
grande número de variáveis que devem ser monitoradas e controladas. No caso das células
a combustível deve-se citar a tensão individual, o abastecimento dos gases, a temperatura,
a pressão e a umidade da membrana.
Uma pequena diferença do nível da umidade da membrana de uma célula em
relação as restantes em uma “pilha”, pode provocar danos irreversíveis a esta célula. Esta
variação na umidade implica na elevação da resistência interna e conseqüentemente o
aumento da energia dissipada em forma de calor, caracterizando um ciclo, que se não for
controlado só terminará com o dano de uma ou mais células da “pilha”.
A fim de evitar tais danos, adotou-se uma estratégia de monitoramento, capaz de
observar a tensão de cada célula. Ao perceber alguma anormalidade em uma destas, um
circuito auxiliar fornece um caminho alternativo para a corrente da “pilha”, de modo que
esta célula pode ser completamente retirada do sistema, através do bloqueio no
fornecimento do combustível.
Outro ponto apresentado no decorrer do capítulo foi a etapa de pré-aquecimento,
que é implementada através de comandos periódicos ao circuito de bypass da célula.
A temperatura no interior do módulo é monitorada por dois sensores, que
repassam os dados ao microcontrolador. Este, faz o controle da temperatura a partir da
variação na posição da porta que regula a área da abertura posicionada na parte traseira do
protótipo. Esta abertura possibilita a troca do ar quente existente no módulo pelo ar
atmosférico.
Os circuitos implementados no controle destas variáveis foram apresentados no
decorrer do capítulo, bem como, diagramas de blocos que apresentam os algoritmos
utilizados nos microcontroladores.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 3
92
CAPÍTULO 4
Sistemas Auxiliares de Energia - I
Além do sistema completo de monitoramento e controle, as células a combustível
necessitam de sistemas auxiliares que forneçam energia para as válvulas, ventilador, motor
de passo e para os componentes eletrônicos.
Analisando a necessidade de diferentes níveis de tensão para estes dispositivos,
porém sem a necessidade de isolamento, optou-se em utilizar o conversor Buck-Boost,
adicionando-se múltiplas saídas.
4.1. Conversor Buck-Boost Não-Convencional
Diversamente das topologias básicas Buck e Boost, conhecidas como conversores
diretos de energia, o conversor Buck-Boost apresenta uma etapa de armazenamento de
energia, sendo, portanto, conhecido por ‘conversor indireto’, ou ainda, conversor CC-CC à
acumulação indutiva.
Este conversor, em sua topologia convencional (com apenas um interruptor),
possui a polaridade da saída invertida, como ilustra a Fig. 4.1.
Fig. 4.1 - Conversor Buck-Boost Convencional.
A fim de evitar a inversão na polaridade, agrega-se a topologia original um
conjunto Interruptor-Diodo, originando o Conversor Buck-Boost Não-Convencional, nos
moldes da Fig. 4.2.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
93
Fig. 4.2 - Conversor Buck-Boost Não-Convencional.
A principal distinção entre estas duas variações do conversor Buck-Boost ocorre
no decorrer da segunda etapa de operação, na qual a estrutura convencional não apresenta
inversão de polaridade no indutor de armazenamento. Nestes casos, um dos terminais do
indutor fica continuamente conectado à massa, enquanto o outro é chaveado entre a fonte
de entrada e a carga (Fig. 4.3 e Fig. 4.4).
Fig. 4.3 - 1o Etapa - Estrutura Convencional.
Fig. 4.4 - 2o Etapa - Estrutura Convencional.
Em se tratando da estrutura não-convencional, durante a primeira etapa o terminal
se encontra conectado à massa através do interruptor S2, enquanto na segunda, a polaridade
do indutor é invertida através do diodo D1, o que garante a não inversão de tensão de saída
do conversor.
Fig. 4.5 -1o Etapa - Estrutura Não-Convencional.
Fig. 4.6 - 2o Etapa - Estrutura Não-Convencional.
Outra característica desta topologia está associada à necessidade de múltiplas
saídas, todas referenciadas a mesma massa. Com o intuito de atender esta especificação,
adicionou-se à estrutura enrolamentos secundários, representados na Fig. 4.7 por L sec .
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
94
Fig. 4.7 - Conversor Buck-Boost Não-Convencional – Múltiplas Saídas.
4.1.1 Etapas de Operação
No decurso da primeira etapa de operação, os interruptores S1 e S2 estão
conduzindo, o indutor é conectado diretamente à fonte de entrada e a energia transferida
pela fonte é armazenada na indutância do primário Lpri. Os diodos D1, D2 e D3 encontramse reversamente polarizados, enquanto as resistências R1 e R2 são alimentadas pelos
capacitores C1 e C2, respectivamente.
Fig. 4.8 - 1o Etapa de Operação.
Na segunda etapa de operação, os interruptores S1 e S2 são bloqueados e a energia
armazenada no indutor Lpri é transferida aos capacitores de saída C1 e C2 e para as
resistências R1 e R2, através dos diodos D1, D2 e D3, que são diretamente polarizados.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
95
Fig. 4.9 - 2o Etapa de Operação.
4.1.2 Formas de Onda
Observando a Fig. 4.10 é possível identificar as principais formas de onda de
tensão e corrente do conversor em questão.
Fig. 4.10 - Principais formas de Onda.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
96
4.1.3 Análise Qualitativa
O ganho estático do conversor é determinado adotando o princípio de que o valor
médio da tensão sobre o indutor é nulo, como demonstra a equação (4.1).
Vprimed = 0
(4.1)
Do conceito de tensão média:
T
Vprimed
1
= ∫ Vpri ⋅ dt
T 0
(4.2)
Substituindo as tensões sobre a indutância em ambas etapas de operação:
1
=  ∫ Vin ⋅ dt +
T0
ton
Vprimed

toff
∫ −V ⋅ dt 
1
0

(4.3)
Ao resolver a equação (4.3):
Vprimed =
1
(Vin ⋅ ton − V1 ⋅ toff )
T
(4.4)
Lembrando que o tempo em que os interruptores permanecem fechados e abertos
é atingido a partir do conceito da razão cíclica:
ton = D ⋅ T
(4.5)
toff = (1 − D ) T
(4.6)
Inserindo as equações (4.5) e (4.6) em (4.4), tem-se:
Vprimed = Vin ⋅ D − V1 ⋅ (1 − D )
(4.7)
Com o emprego do conceito apresentado em (4.1) determina-se o ganho estático
do conversor em questão:
V1
D
=
Vin (1 − D )
(4.8)
Isolando a razão cíclica, obtém-se a expressão (4.9).
D=
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
V1
Vin + V1
(4.9)
Capítulo 4
97
Por se tratar da conexão em cascata dos conversores Buck e Boost, o conversor
Buck-Boost Não-Convencional incorporou a característica de abaixador do primeiro
juntamente com a de elevador do segundo, como se observa na equação que rege o ganho
estático (4.8) ou ainda, através da representação gráfica (Fig. 4.11).
Fig. 4.11 - Ganho Estático do Conversor Buck-Boost.
A análise da malha do secundário possibilita a determinação da relação de
transformação:
V2 = −Vsec − VD 3
(4.10)
Como a transferência de energia ocorre somente no segundo estágio de operação,
determina-se a tensão no secundário para tal etapa:
Vsec = −n ⋅ V1
(4.11)
Inserindo a equação (4.11) em (4.10) e isolando a variável que representa a
relação de transformação:
n=
V2 + VD 3
V1
(4.12)
Objetivando facilitar a análise adotou-se, inicialmente, as correntes nos indutores
Lpri e Lsec ausentes de ondulação (Fig. 4.12).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
98
Fig. 4.12 - Formas de onda das correntes, ausentes de ondulações.
Ao examinar as etapas de operação e as formas de onda constata-se que a corrente
de carga é a própria corrente média do diodo de saída, ou seja:
ID1med = I1
(4.13)
ID3med = I 2
(4.14)
A partir do conceito da corrente média:
T
ID1med
1
= ∫ I D1 ⋅ dt
T 0
(4.15)
Visto que o diodo conduz somente na segunda etapa de operação:
ID1med
1
=
T
toff
∫ Ipri
M
⋅ dt
(4.16)
0
Resolvendo a integral e substituindo a equação (4.6), atinge-se:
ID1med = IpriM ⋅ (1 − D )
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(4.17)
Capítulo 4
99
Igualando as equações (4.13) e (4.17) obtém-se a corrente instantânea no diodo D1
e, conseqüentemente, a corrente na indutância primária para a segunda fase de operação:
I1
(1 − D )
IpriM =
(4.18)
O mesmo procedimento é realizado para o diodo D3, portanto:
I sec H =
I2
(1 − D )
(4.19)
Ao refletir-se a corrente do secundário ao primário, a corrente neste enrolamento
passa a ter um comportamento equivalente ao conversor Buck-Boost convencional em
condução contínua, ou seja, o valor da corrente no final da primeria etapa é o mesmo do
valor inicial na segunda.
Portanto, pode-se dizer que a corrente instantânea no indutor primário durante a
primeira etapa de operação é determinada a partir da adição das correntes instantâneas nos
diodos D2 e D3 no segundo estágio, considerando a relação de transformação:
IpriH = IpriM + n ⋅ IsecH
(4.20)
A indutância do primário é determinada através da especificação de ondulação
máxima na corrente no primeiro estágio.
Partindo da lei de Volt-Ampère:
VL = L ⋅
∆iL
∆t
(4.21)
Uma vez que a tensão sobre a indutância primária na primeira etapa é a própria
tensão de entrada:
Vin = Lpri ⋅
∆i pri
ton
(4.22)
Isolando Lpri e introduzindo a relação entre o tempo de condução e a razão cíclica
(4.5), na equação (4.22), tem-se:
Lpri =
Vin ⋅ D
∆i pri ⋅ f
(4.23)
O parâmetro f representa a freqüência de operação do conversor.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
100
A indutância do secundário é demonstrada através da relação de transformação
determinada em (4.12).
n=
Lsec
Lpri
(4.24)
Isolando a indutância do secundário na equação (4.24):
Lsec = n 2 ⋅ Lpri
(4.25)
Para determinar a capacitância de saída deve-se considerar novamente a primeira
fase de operação, na qual o capacitor C1 fornece energia à carga, fazendo com que a tensão
em seus terminais decresça linearmente.
Fig. 4.13 - Formas de onda no capacitor de saída.
Assim, calcula-se a capacitância em função da ondulação de tensão:
∆Vc1
∆t
(4.26)
∆Vc1 = −∆V1
(4.27)
Ic1 = − I1
(4.28)
Ic1 = C1 ⋅
Na primeira etapa:
Substituindo em (4.26) as equações (4.5), (4.27) e (4.28):
C1 =
I1 ⋅ D
f ⋅ ∆V1
(4.29)
Apesar de idealmente tal capacitância demonstrar-se suficiente para atender a
especificação de ondulação de tensão na saída, a presença da resistência série do capacitor
demanda a escolha de um capacitor mais aprimorado.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
101
Considerando que a componente alternada (Ic1) acarreta quedas de tensão na
resistência série, provocando aumento na ondulação de tensão, a resistência série máxima
torna-se determinante na escolha do capacitor, como mostra a equação (4.30).
∆V1
IpriM
Rsemax =
(4.30)
4.1.4 Projeto do Transformador
O transformador do conversor Buck-Boost Não-Convencional com múltiplas
saídas é dotado de comportamento bastante semelhante ao do transformador Flyback – que
consiste, basicamente, no acoplamento de dois ou mais indutores.
A acumulação de energia no elemento magnético ocorre no entreferro na primeira
etapa de operação, para então, ser transferida ao lado secundário.
Partindo-se da Lei de Faraday, a expressão da tensão induzida pela passagem de
um fluxo magnético por um circuito filiforme bobinado é expressa pela equação (4.31).
Vpri = Npri ⋅
dφ
dt
(4.31)
Onde:
Vpri - tensão induzida no primário;
Npri - número de espiras do primário;
dφ
- variação do fluxo magnético.
dt
Conhecendo que:
B=
φ
Ae
(4.32)
Onde:
B - densidade de fluxo magnético;
Ae - área da perna central do núcleo magnético.
Ao substituir a equação (4.32) em (4.31):
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
102
Vpri = Npri ⋅ Ae ⋅
∆B
∆t
(4.33)
Já que na primeira etapa de operação:
Vpri = Vin
∆t = ton =
D
f
(4.34)
(4.35)
Substituindo as equações (4.34) e (4.35) em (4.33) e isolando a variável Ae,
obtém-se:
Ae =
Vin ⋅ D
Npri ⋅ ∆B ⋅ f
(4.36)
Seja a relação entre a corrente eficaz total no primário e a densidade de corrente
dada pela expressão (4.37):
Apri =
Npri ⋅ Iprief
J
(4.37)
Na qual:
Apri - área ocupada pelo enrolamento primário;
J - densidade de corrente no condutor.
E ainda, a área ocupada pelo enrolamento primário como sendo:
Apri = Kp ⋅ Kw ⋅ Aw
(4.38)
Onde:
Kp - fator de utilização do primário;
Kw - fator de utilização da área do enrolamento;
Aw - área da janela do núcleo.
Igualando as equações (4.37) e (4.38), e isolando Aw, determina-se a equação
(4.39).
Aw =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Npri ⋅ Iprief
Kp ⋅ Kw ⋅ J
(4.39)
Capítulo 4
103
Ao calcular a corrente eficaz no primário, considerando-a isenta de ondulação
(Fig. 4.12), determina-se a expressão (4.40).
T
Iprief =
1
Ipri 2 dt
T ∫0
(4.40)
Ou ainda, separando-na entre as etapas de operação na equação (4.41).
Iprief =
1

T 
toff
ton
∫
IpriH 2 dt +
0
∫ Ipri
M
0
2

dt 


(4.41)
Ao resolver a equação (4.41):
Iprief = IpriH 2 ⋅ D + IpriM 2 ⋅ (1 − D )
(4.42)
Substituindo (4.42) em (4.39), tem-se:
Aw =
Npri ⋅ IpriH 2 ⋅ D + IpriM 2 ⋅ (1 − D)
Kp ⋅ Kw ⋅ J
(4.43)
A partir de (4.36) e (4.43) atinge-se o produto AeAw do núcleo, como mostra
equação (4.44).
AeAw =
Vin ⋅ D ⋅ IpriH 2 ⋅ D + IpriM 2 ⋅ (1 − D)
Kp ⋅ Kw ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ f
(4.44)
Com o objetivo de obter a relação AeAw em cm4, acrescenta-se um fator
multiplicativo a (4.44):
Vin ⋅ D ⋅ IpriH 2 ⋅ D + IpriM 2 ⋅ (1 − D)
AeAw =
⋅104 cm 4
Kp ⋅ Kw ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ f
(4.45)
Na qual:
Vin - [V];
Ipri - [A];
J -
A
;
cm 2
∆B - [T];
f - [Hz].
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
104
A espessura do entreferro é calculada a partir da quantidade de energia acumulada
no indutor no passar da primeira etapa de operação – equação (4.46).
∆W =
1
L ⋅ ∆i 2
2
(4.46)
Analogamente aos circuitos magnéticos, representa-se (4.46) por:
∆W =
1
B ⋅ H ⋅V
2
(4.47)
Onde:
H - campo magnético;
V - volume do entreferro.
Com base nos conceitos da lei constitutiva do meio:
B = µ⋅H
(4.48)
O parâmetro µ representa a permeabilidade magnética do meio.
Admitindo a proximidade da permeabilidade magnética da maioria dos meios com
a permeabilidade magnética do vácuo, considera-se:
µ = µ0
(4.49)
E ainda, considerando como volume do entreferro o produto entre a área da
secção transversal do núcleo e a espessura do entreferro:
V = Ae ⋅ δ
(4.50)
Desta forma, substituindo as equações (4.48), (4.49) e (4.50) em (4.47), tem-se:
δ=
2 ⋅ µ0 ⋅ ∆W
B 2 ⋅ Ae
(4.51)
A fim de facilitar a expressão, escreve-se a energia em função da potência de
saída:
∆W =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Pin Pout
=
f
η⋅ f
(4.52)
Capítulo 4
105
Ao sobrepor (4.52) em (4.51) é determinada a expressão da espessura do
entreferro na perna central do núcleo, como demonstra a equação (4.53).
δ=
2 ⋅ µ0 ⋅ Pout
B 2 ⋅ Ae ⋅η ⋅ f
(4.53)
Um fator multiplicativo deve ser adicionado a equação (4.53) para que se
determine a espessura do entreferro em milímetros.
δ=
2 ⋅ µ0 ⋅ Pout
⋅107 mm
B 2 ⋅ Ae ⋅η ⋅ f
(4.54)
Onde:
Pout - [W];
µ0 - [ 4 ⋅ π ⋅10−7
H
];
m
B - [T];
Ae - [cm2];
f - [Hz].
O número de espiras é calculado com o uso do teorema de Ampère:
v∫ H ⋅ dl = n ⋅ i
(4.55)
Considerando o entreferro homogêneo – o campo H é o mesmo para todos os
pontos – e seu comprimento sendo igual a espessura, descreve-se o teorema da seguinte
forma:
H ⋅ δ = Npri ⋅ IpriH
(4.56)
Substituindo as equações (4.48), (4.49) e (4.56), obtém-se:
Npri =
B ⋅δ
µ0 ⋅ IpriH
(4.57)
Objetivando garantir que o número de espiras seja adimensional, descreve-se a
espessura do entreferro em metros, ou ainda, adiciona-se um fator de correção a equação
(4.57).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
106
Npri =
B ⋅δ
⋅10−3
µ0 ⋅ IpriH
(4.58)
Na qual:
B - [T];
δ - [mm];
µ0 - [ 4 ⋅ π ⋅10−7
H
];
m
IpriH - [A].
Através da relação de transformação é encontrado o número de espiras do
secundário:
Nsec = Npri ⋅ n
(4.59)
No próximo passo do projeto físico do transformador serão consideradas as
especificações dos condutores utilizados, tanto no primário quanto no secundário.
Para tal dimensionamento aprecia-se o efeito skin, ou efeito pelicular, que consiste
na distribuição de corrente nas camadas mais externas do condutor à medida que a
freqüência de operação aumenta.
A profundidade de penetração máxima da corrente no condutor é fornecida por:
∆=
7,5
f
(4.60)
Define-se o diâmetro máximo do condutor para evitar o efeito pelicular como
sendo:
Diametromax = 2 ⋅ ∆
(4.61)
A partir deste diâmetro, especifica-se a bitola do fio. No entanto, a área do
condutor em questão é geralmente insuficiente para conduzir a corrente eficaz, acarretando
na necessidade de adicionar-se condutores em paralelo.
A área de cobre necessária para transportar a corrente eficaz no primário, por
exemplo, é obtida pela equação (4.62).
Apricobre =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Iprief
J
(4.62)
Capítulo 4
107
E o número de condutores em paralelo:
n pri =
Apricobre
Apricond
(4.63)
Em que Apricond representa a área de cobre do condutor escolhido para o primário.
Depois de realizadas todas as etapas do projeto físico do transformador, verificase matematicamente a possibilidade de execução do elemento magnético, ou seja, a
verificação da factibilidade de acomodar-se os enrolamentos na área da janela do núcleo.
Areaocupada = Aisol pri ⋅ n pri ⋅ Npri + ∑ Aisolseci ⋅ nseci ⋅ Nseci
(4.64)
i
Onde:
i – número de enrolamentos;
Aisoli – área total do fio condutor, incluindo o isolamento;
ni – número de condutores em paralelo;
Ni – número de espiras do enrolamento.
Para construir o transformador, a relação entre a área ocupada pelos enrolamentos
e a área da janela do núcleo deve ser menor que 0,5.
Areaocupada
Aw
< 0,5
(4.65)
Caso contrário, deve-se refazer o projeto alterando a densidade de fluxo
magnético (∆B), a densidade de corrente (J), ou mesmo escolhendo um núcleo
imediatamente superior ao inicialmente empregado.
4.1.5 Esforços nos Semicondutores
Admitindo as correntes nos semicondutores como isentas de ondulação (de acordo
com a Fig. 4.12), determina-se os esforços nos semicondutores.
a) Tensão Máxima nos Interruptores S1 e S2
As tensões máximas sobre os interruptores S1 e S2 são claramente observadas na
segunda etapa de operação, em que os interruptores permanecem bloqueados.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
108
VS1max = Vinmax
(4.66)
VS 2max = V1
(4.67)
b) Corrente Média nos Interruptores S1 e S2
Obtém-se a corrente média a partir da equação geral de valor médio – equação
(4.68).
T
1
I S 1 ⋅ dt
T ∫0
IS1med =
(4.68)
Por meio da análise do comportamento da corrente na primeira etapa de operação
calcula-se a corrente média no interruptor S1.
IS1med
1
=
T
ton
∫ Ipri
H
⋅ dt
(4.69)
0
Resolvendo a equação, obtém-se:
IS1med = IpriH ⋅ D
(4.70)
Como os interruptores são comandados juntos e na mesma malha, conclui-se que
suas correntes médias são iguais, logo:
IS 2med = IpriH ⋅ D
(4.71)
c) Corrente Eficaz nos Interruptores S1 e S2
Usufruindo o conceito de valor eficaz, atinge-se o valor rms da corrente no
interruptor S1, como apresentado na equação (4.72).
T
IS1ef =
1
I S 12 ⋅ dt
T ∫0
(4.72)
Analogamente ao cálculo do valor médio, é considerada somente a etapa em de
circulação de corrente através do interruptor.
1
IS1ef =
T
ton
∫ Ipri
H
2
⋅ dt
(4.73)
0
Encontrando a solução para a equação (4.73):
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
109
IS1ef = IpriH ⋅ D
(4.74)
Como o valor da corrente eficaz em S2 equivale ao do interruptor S1:
IS 2ef = IpriH ⋅ D
(4.75)
d) Perdas nos Interruptores
As perdas nos interruptores são as grandes responsáveis pela queda do rendimento
do conversor, podendo ser separadas em duas principais: perdas em condução e no
decorrer da comutação. As primeiras são provocadas pela resistência de condução do
interruptor, sendo calculadas pela equação (4.76).
PScond = Rds ( on ) ⋅ ISef 2
(4.76)
As perdas na comutação, por sua vez, de acordo com [19] são estimadas a partir
da equação (4.77).
PScom =
f
( tr + t f ) ⋅ IpriH ⋅Vsmax
2
(4.77)
Onde:
tr – tempo de entrada em condução do interruptor;
tf – tempo de bloqueio do interruptor.
Finalmente, as perdas totais são obtidas adicionando-se as duas fontes de perdas
apresentadas:
PStotal = PScond + PScom
(4.78)
e) Tensão Reversa Máxima sobre os Diodos D1 e D2
Analisando as etapas de operação, verifica-se que a tensão máxima sobre o diodo
D1 é a própria tensão de entrada, e sobre D2, a tensão de saída, como mostra as equações
(4.79) e (4.80).
VD1max = −Vinmax
(4.79)
VD 2max = −V1
(4.80)
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
110
f) Corrente Média no Diodo D1 e D2
Como citado no início do estudo de conversores, a corrente média no diodo D1 e
D2 é igual a corrente de carga:
ID1med = ID 2med = I1
(4.81)
g) Corrente Eficaz nos Diodos D1 e D2
Partindo da análise das formas de onda (Fig. 4.12), estima-se a corrente eficaz no
diodo D1.
ID1ef =
1
T
toff
∫ Ipri
⋅ dt
(4.82)
ID1ef = IpriM ⋅ (1 − D)
(4.83)
M
0
Resolvendo a integral da equação (4.82):
A corrente no diodo D2 possui o mesmo valor da corrente em D1.
ID 2ef = IpriM ⋅ (1 − D)
(4.84)
h) Tensão Reversa Máxima sobre o Diodo do Secundário – D3
A tensão máxima sobre o diodo é obtida observando-se o momento da operação
em que este se encontra reversamente polarizado:
VD3max = − (Vinmax ⋅ n + V2 )
(4.85)
i) Corrente Média no Diodo do Secundário – D3
Assim como nos diodos no primário, a corrente média em D3 é a própria corrente
de carga.
ID3med = I 2
(4.86)
j) Corrente Eficaz no Diodo do Secundário – D3
Observando a forma de onda da corrente no secundário, calcula-se a corrente
eficaz no diodo a partir da equação (4.87).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
111
1
ID3ef =
T
toff
∫ Isec
⋅ dt
(4.87)
ID3ef = IsecH ⋅ (1 − D)
(4.88)
2
H
0
Ao solucionar-se a integral:
k) Perdas nos Diodos
Uma metodologia de cálculo para as perdas, tanto em condução como em
comutação, é apresentada em [19]. Entretanto, a maioria dos fabricantes fornece um ábaco
que proporciona a obtenção da potência média dissipada pelo componente em função da
corrente média que passa através dele.
A Fig. 4.14 apresenta este ábaco para o diodo ultra-rápido MUR820, de onde
extrai-se, aproximadamente, o valor da potência média dissipada.
Fig. 4.14 - Potência Dissipada no Diodo.
4.1.6 Cálculo Térmico
Segundo [19], o objetivo do cálculo térmico é garantir que a temperatura de
junção do componente não ultrapasse o valor máximo definido pelo fabricante.
Em conformidade com o circuito elétrico é possível escrever a equação que rege o
cálculo da resistência térmica entre a junção e o ambiente.
R ja =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
T j − Ta
Pdissipada
(4.89)
Capítulo 4
112
Onde:
Rja –resistência térmica junção-ambiente [oC/W];
Tj – temperatura de junção [oC];
Ta - temperatura ambiente [oC];
Pdissipada – potência dissipada pelo componente [W].
A resistência junção-ambiente pode, ainda, ser considerada como a associação em
série de todas as resistências térmicas presentes.
R ja = R jc + Rcd + Rda
(4.90)
Onde:
Rjc – resistência térmica junção-cápsula [oC/W];
Rcd – resistência térmica cápsula-dissipador [oC/W];
Rda – resistência térmica dissipador-ambiente [oC/W].
Substituindo (4.90) em (4.89) encontra-se a resistência térmica dissipadorambiente.
Rda =
T j − Ta
Pdissipada
− R jc − Rcd
(4.91)
4.1.7 Modelagem do Conversor
Como leciona [20], a modelagem é a representação de fenômenos físicos a partir
de meios matemáticos, ou ainda, de uma maneira prática, o efeito provocado na tensão de
saída, em virtude de pequenas variações na tensão de entrada, ou mesmo na carga.
Na modelagem a ser abordada, denominada modelagem de pequenos sinais e
proposta em [20], algumas simplificações serão tomadas, como a anulação do ripple de
corrente no indutor e de tensão no capacitor. Além disso, os componentes serão
considerados ideais, com exceção da resistência série do capacitor.
Como ponto de partida para a modelagem da tensão de saída em relação à
variação da razão cíclica, analisa-se o comportamento da tensão e corrente nos elementos
armazenadores de energia no decorrer das duas etapas de operação.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
113
Durante a primeira etapa, a tensão sobre o indutor é a própria tensão de entrada, e
a corrente no capacitor, a corrente na carga.
Vpri (t ) = Vin(t )
(4.92)
Ic1 (t ) = − I1 (t )
(4.93)
Reescrevendo a equação da corrente no capacitor em função da tensão de saída:
Ic1 (t ) = −
V1 (t )
R1
(4.94)
Na segunda etapa, por sua vez, o comportamento da tensão no indutor é a própria
tensão de saída e a corrente no capacitor, a subtração entre as correntes do indutor e da
carga.
Vpri (t ) = −V1 (t )
(4.95)
Ic1 (t ) = Ipri (t ) − I1 (t )
(4.96)
Novamente, a corrente no capacitor é descrita em função da tensão de saída:
Ic1 (t ) = Ipri (t ) −
V1 (t )
R1
(4.97)
Extraindo o valor médio da tensão sobre o indutor para um período de
chaveamento:
T
Vpri (t )
T
=
1
Vpri (t ) ⋅ dt
T ∫0
(4.98)
Ao substituir o valor da tensão no indutor em ambas as etapas de operação:
1
=  ∫ Vin(t ) ⋅ dt +
T0
ton
Vpri (t )
T
toff
∫
0

−V1 (t ) ⋅ dt 

(4.99)
Resolvendo a equação (4.99):
Vpri(t )
T
= Vin(t ) ⋅ d (t ) − V1 (t ) ⋅ (1 − d (t ) )
(4.100)
Por definição, estipula-se que:
d ' (t ) (1 − d (t ) )
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(4.101)
Capítulo 4
114
Substituindo (4.101) em (4.100), obtém-se:
Vpri(t )
= Vin(t ) ⋅ d (t ) − V1 (t ) ⋅ d ' (t )
T
VL (t ) = L ⋅
diL (t )
dt
(4.102)
(4.103)
Utilizando a equação (4.103) em (4.102):
Lpri ⋅
d Ipri (t )
= Vin(t ) ⋅ d (t ) − V1 (t ) ⋅ d ' (t )
dt
(4.104)
Ao calcular-se o valor médio da corrente no capacitor:
T
Ic1 (t )
T
=
1
Ic1 (t ) ⋅ dt
T ∫0
(4.105)
Inserindo os valores das correntes nas duas etapas:
1
V1 (t )
⋅ dt +
∫ −
T0
R1
ton
Ic1 (t )
T
=
toff
∫
0

V1 (t )  
 Ipri (t ) −
 ⋅ dt 
R

1 

(4.106)
Solucionando a equação (4.106) e fazendo os devidos ajustes:
Ic1 (t )
T
=−
V1 (t )
+ Ipri (t ) ⋅ d ' (t )
R1
(4.107)
d Vc(t )
dt
(4.108)
Sabendo que:
Ic(t ) = C ⋅
Igualando-se as equações (4.107) e (4.108):
C1 ⋅
d Vc1 (t )
V (t )
= − 1 + Ipri (t ) ⋅ d ' (t )
dt
R1
(4.109)
Tanto (4.109) quanto (4.104) traduzem sistemas não lineares, pois envolvem a
multiplicação de sinais variantes no tempo. Esta não linearidade impede a utilização da
maioria das técnicas de análise de circuito ac, como a transformada de Laplace, por
exemplo. Deste modo, a construção de um modelo de pequenos sinais é uma viável
solução para a linearização das equações. A fim de estabelecer o modelo admite-se que a
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
115
variável no tempo (por exemplo d(t)) é composta por um valor em regime (D) adicionado a
^
uma pequena variação ac ( d (t ) ), denominada perturbação.
^
d (t ) = D + d (t )
(4.110)
Observando que ao inserir a perturbação no complemento da razão cíclica, tem-se:
^
^


d ' (t ) = (1 − d (t )) = 1 −  D + d (t )  = D ' − d (t )


(4.111)
Ao implantar-se as perturbações na equação (4.104):
^


^
^
^
^
dIpri
d
ipri
(t )  
 
 
 

+
=  Vin + vin(t )  ⋅  D + d (t )  −  V1 + v1 (t )  ⋅  D ' − d (t ) 
Lpri ⋅ 
 dt

dt

 
 
 



(4.112)
Resolvendo as devidas multiplicações e extraindo somente os termos de primeira
ordem, obtém-se a equação (4.113).
^


^
^
d
ipri
(t )  ^

= d (t ) ⋅ (Vin + V1 ) + vin(t ) ⋅ D − v1 (t ) ⋅ D '
Lpri ⋅
 dt 


(4.113)
Cabe aos termos de primeira ordem – que consistem na multiplicação de um sinal
no tempo por uma constante – caracterizar a linearidade de sistema.
O mesmo procedimento de linearização é realizado para a equação do capacitor
(4.109), onde inicialmente as perturbações estão inseridas.
^
^




^
^
dVc
d
vc
(
t
)
V
v

 

1
1
1
1 (t ) 



+
=−
+
+  Ipri + ipri (t )  ⋅  D ' − d (t ) 
C1 ⋅
 dt
 R1
dt 
R1  
 





(4.114)
Retirando novamente os termos de primeira ordem:
^
^
^
^
d vc1 (t )
v (t )
C1 ⋅
= − 1 − Ipri ⋅ d (t ) + D ' ⋅ ipri (t )
dt
R1
(4.115)
Ao aplicar-se a transformada de Laplace em (4.113) e (4.115):
^
^
^
^
s ⋅ Lpri ⋅ ipri ( s ) = d ( s ) ⋅ (Vin + V1 ) + vin( s) ⋅ D − v1 ( s ) ⋅ D '
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(4.116)
Capítulo 4
116
^
^
^
v ( s)
s ⋅ C1 ⋅ vc1 = − 1 − Ipri ⋅ d ( s ) + D ' ⋅ ipri ( s )
R1
^
(4.117)
Analisa-se a malha apresentada na Fig. 4.15 com o escopo de obter a equação que
rege a tensão sobre o capacitor em função da Rse e, deste modo, verificar o efeito da
resistência série do capacitor no comportamento dinâmico do conversor.
Fig. 4.15 - Circuito elétrico considerando a Rse.
^
^
^
v1 (t ) = Rse1 ⋅ ic1 (t ) + vc1 (t )
(4.118)
Ou ainda:
^
d vc1 (t ) ^
v1 (t ) = Rse1 ⋅ C1 ⋅
+ vc1 (t )
dt
^
(4.119)
Aplicando a transformada de Laplace e isolando a tensão sobre o capacitor:
^
v1 ( s )
vc1 ( s ) =
( s ⋅ C1 ⋅ Rse1 + 1)
^
(4.120)
^
Isolando a variável ipri ( s ) da equação (4.116), obtém-se:
^
^
^
d ( s ) ⋅ (Vin + V1 ) vin( s ) ⋅ D v1 ( s ) ⋅ D '
+
−
ipri ( s ) =
s ⋅ Lpri
s ⋅ Lpri
s ⋅ Lpri
^
(4.121)
Ao inserir as equações (4.120) e (4.121) em (4.117) e realizando as devidas
manipulações, determina-se a função de transferência da tensão de saída em relação a
razão-cíclica:
^
v1 ( s )
^
d (s)
( −s ⋅ Lpri ⋅ Ipri + D ⋅ (Vin + V ) ) ⋅ ( s ⋅ C ⋅ R ⋅ Rse + R )
⋅ Lpri ⋅ C ⋅ ( R + Rse ) + s ⋅ ( Lpri + C ⋅ R ⋅ Rse ⋅ D ) + R ⋅ D
'
=
1
s
2
1
1
1
1
'2
1
1
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
1
1
1
1
'2
(4.122)
1
Capítulo 4
117
4.2. Projeto do Conversor Buck-Boost Não-Convencional
A partir das especificações do projeto e valendo-se das equações apresentadas no
decorrer da análise qualitativa da estrutura, será projetado o conversor com quatro saídas
(sendo uma delas regulada).
4.2.1 Especificações:
A primeira saída é incumbida da geração de energia para o ventilador. Ao par de
saídas assimétricas cabe determinar o comando para as válvulas solenóides. A menor delas
(conseqüentemente de menor potência) encarrega-se da alimentação dos circuitos
eletrônicos e como carece de tensão controlada, será dotada de um regulador linear.
Tabela 4.1 - Especificações do Conversor Buck-Boost Não-Convencional.
Especificações
Tensão de Entrada
Variação na Tensão de Entrada
Tensão de Saída 1
Potência da Saída 1
Tensão de Saída 2
Potência da Saída 2
Tensão de Saída 3
Potência da Saída 3
Tensão de Saída 4
Potência de Saída 4
Potência Total
Ondulação nas Tensões das Saídas
Ondulação na Corrente do Indutor
Freqüência de Operação
Rendimento Estimado
Vin=28V
∆Vin=8V
V1=23V
P1=69W
V2=12V
P2=33,6W
V3=-12V
P3=14,4W
V4=8,5V
P4=4,8W
Pout=125,5W
∆V=1%
∆IL=10%
f=40kHz
80%
4.2.2 Projeto
Através das equações (4.123) e (4.124) determina-se as correntes de carga e
resistências de cada uma das saídas.
Ik =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Pk
Vk
(4.123)
Capítulo 4
118
Rk =
Vk 2
Pk
(4.124)
O parâmetro k representa o número da saída, podendo variar de 1 a 4.
Substituindo os valores de potência e tensão especificados em cada saída nas
equações (4.123) e (4.124), adquire-se os valores contidos na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 - Correntes e Resistências de Carga para cada saída.
Saída
1
2
3
4
Corrente de Carga
I1=3A
I2=2,8A
I3=1,2A
I4=1A
Resistência de Carga
R1=7,67Ω
R2=4,28Ω
R3=10Ω
R4=8,5Ω
Tanto a razão cíclica nominal quanto a máxima são calculadas substituindo-se os
valores de tensões especificados nas equações (4.125) e (4.127)
V1
23V
=
= 0, 451
Vin + V1 28V + 23V
(4.125)
Vinmin = Vin − ∆Vin = 28V − 8V = 20V
(4.126)
Dnom =
Considerando:
Dmax =
V1
Vinmin + V1
=
23V
= 0,535
20V + 23V
(4.127)
As relações de transformação para as saídas são obtidas empregando as equações
(4.128) a (4.130), considerando 1V como sendo a queda de tensão no diodo de saída.
n2 =
V2 − VD 12V + 1V
=
= 0,565
23V
V1
(4.128)
n3 =
V3 + VD 12V + 1V
=
= 0,565
23V
V1
(4.129)
n4 =
V4 + VD 8,5V + 1V
=
= 0, 413
23V
V1
(4.130)
Por meio de (4.131) determina-se a corrente instantânea no primário durante a
segunda etapa de operação.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
119
IpriM =
I1
3A
=
= 5, 464 A
(1 − Dnom ) (1 − 0, 451)
(4.131)
Através de (4.132) a (4.134) calcula-se, para a mesma etapa de operação, as
correntes instantâneas nos secundários.
I2
2,8 A
=
= 5,1A
(1 − Dnom ) (1 − 0, 451)
(4.132)
IsecH −3 =
I3
1, 2 A
=
= 2,186 A
(1 − Dnom ) (1 − 0, 451)
(4.133)
IsecH − 4 =
I4
1A
=
= 1,821A
(1 − Dnom ) (1 − 0, 451)
(4.134)
IsecH − 2 =
No indutor primário, a corrente da primeira etapa é obtida a partir da equação
(4.135), considerando todos os secundários.
IpriH = IpriM + IsecH − 2 ⋅ n2 + IsecH −3 ⋅ n3 + IsecH − 4 ⋅ n4
(4.135)
IpriH = 5, 464 + 5,1 ⋅ 0,565 + 2,186 ⋅ 0,565 + 1,821⋅ 0, 413 = 10,335 A
(4.136)
Portanto:
Os valores máximos destas correntes são encontrados por meio do mesmo
procedimento, partindo-se do valor da razão cíclica máxima.
IpriMmax =
I1
3A
=
= 6, 452 A
(1 − Dmax ) (1 − 0,535)
(4.137)
IsecH − 2 max =
I2
2,8 A
=
= 6, 022 A
(1 − Dmax ) (1 − 0,535 )
(4.138)
IsecH −3max =
I3
1, 2 A
=
= 2,581A
(1 − Dmax ) (1 − 0,535)
(4.139)
IsecH − 4 max =
I4
1A
=
= 2,151A
(1 − Dmax ) (1 − 0,535)
(4.140)
Utilizando (4.135), a corrente máxima no primário para a primeira etapa de
operação é calculada em (4.141).
IpriHmax = 6, 452 + 6, 022 ⋅ 0,565 + 2,581⋅ 0,565 + 2,151⋅ 0, 413 = 12, 2 A
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(4.141)
Capítulo 4
120
(Em breve estes valores, por se tratarem do ponto crítico de operação, serão
empregados na análise dos esforços nos semicondutores).
A indutância do primário é obtida em função da ondulação máxima da corrente no
indutor do primário, como demonstra (4.142).
Lpri =
Vin ⋅ Dnom
28V ⋅ 0, 451
=
= 305,5µ H
10% ⋅10,335 A ⋅ 40 ⋅ kHz
∆i pri ⋅ f
(4.142)
Por sua vez, as indutâncias dos secundários são determinadas com (4.143) a
(4.145).
Lsec2 = n2 2 ⋅ Lpri = 0,5652 ⋅ 305,5µ H = 97,59 µ H
(4.143)
Lsec3 = n32 ⋅ Lpri = 0,5652 ⋅ 305,5µ H = 97,59 µ H
(4.144)
Lsec4 = n4 2 ⋅ Lpri = 0, 4132 ⋅ 305,5µ H = 52,11µ H
(4.145)
Observando a capacitância e a resistência série equivalente, apresentadas pelas
equações (4.146) e (4.147), respectivamente, é possível especificar-se o capacitor.
C1 =
I1 ⋅ Dnom
3 A ⋅ 0, 451
=
= 147,1µ F
f ⋅ ∆V1 40kHz ⋅1% ⋅ 23V
Rsemax −1 =
∆V1
1% ⋅ 23V
=
= 36mΩ
IpriMmax 6, 452 A
(4.146)
(4.147)
Empregando igual procedimento, a capacitância mínima e a resistência série
máxima para cada saída são divulgadas na Tabela 4.3.
Tabela 4.3 –Capacitância e Rse máxima para cada saída.
Saída
2
3
4
Capacitância
263,1µF
112,7µF
132,6µF
Resistência Série
20mΩ
47mΩ
40mΩ
Partindo dos valores calculados, os capacitores escolhidos foram o modelo
B41821, fabricado pela EPCOS, apresentandos na Tabela 4.4.
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Capítulo 4
121
Tabela 4.4 - Capacitores Especificados.
Saída
1
2
3
4
Capacitância
2200µF
2200µF
2200µF
1000µF
Tensão Máxima
35V
35V
35V
35V
De modo a contribuir na continuidade do projeto, mais especificamente em
relação ao transformador, algumas constantes serão definidas:
•
Fator de utilização do primário: Kp=0,5
•
Fator de utilização da área do enrolamento: Kw=0,4
•
Densidade de corrente: J = 450 A
•
Densidade de fluxo magnético:∆B=0,1T
cm 2
Substituindo em (4.148) as variáveis pertinentes e considerando os valores
críticos, desvenda-se na equação (4.149), o AeAw necessário:
AeAw =
AeAw =
Vmin ⋅ Dmax IpriHmax 2 ⋅ Dmax + IpriMmax 2 ⋅ (1 − Dmax )
Kp ⋅ Kw ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ f
⋅104
(4.148)
20V ⋅ 0,535 ⋅ 12, 22 ⋅ 0,535 + 6, 4522 ⋅ (1 − 0,535)
⋅104 = 2,957cm 4 (4.149)
A
0,5 ⋅ 0, 4 ⋅ 450 2 ⋅ 0,1T ⋅ 40kHz
cm
Inicialmente adotou-se o núcleo (E-42/20) do fabricante Thornton a fim de
implementar o transformador, entretanto, ao final do projeto, o fator de ocupação resultou
em torno de 0,7, impossibilitando sua construção. Optou-se, então, pela adoção de um
núcleo imediatamente superior (E-55-IP12), que tem como características:
•
Área da perna central: Ae=3,54cm2
•
Área da janela do carretel: Aw=2,50cm2
•
Produtos das áreas: AeAw=8,85cm4
O entreferro na perna central é encontrado a partir da equação (4.150).
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Capítulo 4
122
2 ⋅ ( 4 ⋅ π ⋅10−7 H m ) ⋅125,5W
2 ⋅ µ0 ⋅ Pout
7
⋅10 =
⋅107 = 2, 78mm
δ= 2
2
2
B ⋅ Ae ⋅η ⋅ f
0,1T ⋅ 3,54cm ⋅ 0,8 ⋅ 40kHz
(4.150)
Dividindo a espessura total entre as duas pernas laterais:
lg =
δ
2
=
2, 78mm
= 1,39mm
2
(4.151)
O número de espiras do primário é obtido com (4.152):
Npri =
B ⋅δ
0,1T ⋅ 2, 78mm
⋅10−3 =
⋅10−3 = 21,375
−7
µ0 ⋅ IpriH
( 4 ⋅ π ⋅10 H m ) ⋅10,35 A
(4.152)
Considerando o número inteiro imediatamente superior:
Npri = 22
(4.153)
Determina-se o número de espiras dos secundários a partir das equações (4.154) a
(4.156).
Nsec2 = Npri ⋅ n2 = 22 ⋅ 0,565 = 12, 43
(4.154)
Nsec3 = Npri ⋅ n3 = 22 ⋅ 0,565 = 12, 43
(4.155)
Nsec4 = Npri ⋅ n4 = 22 ⋅ 0, 413 = 9, 086
(4.156)
Adotando um número inteiro de espiras para os secundários, tem-se:
Nsec2 = 13
(4.157)
Nsec3 = 13
(4.158)
Nsec4 = 9
(4.159)
Visando evitar as implicações do efeito pelicular, calcula-se o diâmetro máximo
do condutor utilizando as equações (4.160) e (4.161).
∆=
7,5
7,5
=
= 0, 0375cm
f
40k
Diametromax = 2 ⋅ ∆ = 2 ⋅ 0, 0375 = 0, 075cm
(4.160)
(4.161)
Usufruindo a tabela de fios esmaltados do apêndice 6 de [19] especifica-se o
condutor AWG21, que apresenta como características:
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Capítulo 4
123
•
Diâmetro de cobre: Diacond=0,072cm
•
Área de cobre: Acond=0,004105cm2
•
Área total do condutor: Aisol=0,005004cm2
Com o objetivo de definir o número de condutores necessários para transportar a
corrente nos enrolamentos, calcula-se as correntes eficazes máximas para o primário a
partir da equação (4.162).
Ipriefmax = IpriHmax 2 ⋅ Dmax + IpriMmax 2 ⋅ (1 − Dmax )
(4.162)
Ipriefmax = 12, 22 ⋅ 0,535 + 6, 4522 ⋅ (1 − 0,535) = 9,95 A
(4.163)
E através de (4.164) a (4.166), para os secundários:
Isec 2efmax = IsecH − 2 max ⋅ (1 − Dmax ) = 6, 022 A ⋅
(1 − 0,535 ) = 4,106 A
(4.164)
Isec3efmax = IsecH −3max ⋅ (1 − Dmax ) = 2,581A ⋅
(1 − 0,535) = 1, 76 A
(4.165)
Isec 4efmax = IsecH − 4 max ⋅ (1 − Dmax ) = 2,151A ⋅
(1 − 0,535 ) = 1, 467 A
(4.166)
Substituindo em (4.167) o valor de corrente eficaz máxima no primário,
juntamente com a densidade de corrente especificada, desvenda-se a área de cobre
essencial para o enrolamento primário:
Apricobre =
Ipriefmax
J
=
9,95 A
= 0, 0221cm 2
450 A cm 2
(4.167)
A relação entre a área de cobre e a área do condutor fornece o número de
condutores em paralelo:
n pri =
Apricobre
0, 0221cm 2
=
= 5,38
Apricond 0, 004105cm 2
(4.168)
Adotando o número inteiro imediatamente superior, atinge-se:
n pri = 6
(4.169)
Dispondo do mesmo procedimento, avalia-se a área de cobre necessária para cada
enrolamento do secundário, bem como o número de condutores em paralelo, apresentados
na Tabela 4.5.
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Capítulo 4
124
Tabela 4.5 - Número de condutores em paralelo para os enrolamentos secundários.
Secundário 2
Secundário 3
Secundário 4
Área de cobre
necessária
0,0091cm2
0,0039cm2
0,033cm2
Condutores em Paralelo
2,217
0,95
0,804
Número
Inteiro
3
1
1
Finalizadas as etapas do projeto, verifica-se a possibilidade de execução do
elemento magnético através das equações (4.170) a (4.172).
Areaocupada = Aisol pri ⋅ n pri ⋅ Npri +
∑
i = 2,3,4
Aisolseci ⋅ nseci ⋅ Nseci
(4.170)
Permutando na equação acima os valores alcançados, estipula-se a área tomada
pelos enrolamentos na janela do núcleo:
Areaocupada = 0,833cm 2
(4.171)
Ao examinar a relação entre a área ocupada e a área da janela real do núcleo:
Areaocupada
Aw
=
0,833cm 2
= 0,333
2,50cm 2
(4.172)
Analisando-se a relação dada na equação (4.172), esta comprovada a possibilidade
de execução do transformador.
4.2.3 Dimensionamento dos Semicondutores
Os semicondutores são dimensionados a partir do cálculo dos esforços que lhes
são incididos, tais quais: tensão reversa máxima, correntes média e eficaz.
a) Interruptores - S1 e S2
A tensão máxima sobre os interruptores S1 e S2 é estipulada a partir de (4.173) e
(4.174), respectivamente.
VS1max = Vinmax = 36V
(4.173)
VS 2max = V1 = 23V
(4.174)
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Capítulo 4
125
Empregando a equação (4.175), determina-se as correntes médias máximas. Como
os interruptores, durante a primeira etapa, localizam-se na mesma malha, os seus níveis de
corrente são idênticos.
IS1med − max = IS 2med − max = IpriHmax ⋅ Dmax = 12, 2 ⋅ 0,535 = 6,527 A
(4.175)
Os coeficientes máximos de correntes eficazes são conseguidos por meio da
equação (4.176).
IS1ef − max = IS 2ef − max = IpriHmax ⋅ Dmax = 12, 2 ⋅ 0,535 = 8,924 A
(4.176)
Com o estudo dos esforços calculados, optou-se pelo uso do interruptor MOSFET
IRFZ48N, dotado das características apresentadas na Tabela 4.6.
Tabela 4.6 - Característica do MOSFET IRFZ48N.
Características – IRFZ48N
Valor
Tensão Dreno-Source
VDS=55V
Corrente média máxima (100oC)
ID= 45A
Resistência de condução (100oC)
Rds(on)=23mΩ
Tempo de subida
tr=78ns
Tempo de descida
tf=50ns
Resistência térmica (junção–cápsula)
Rjc= 1,15oC/W
Resistência térmica (cápsula-dissipador) Rcd=0,50oC/W
Temperatura de junção
TJ=175oC
Valendo-se dos valores de esforços juntamente com as características do
MOSFET são fornecidos os índices de perdas nos interruptores, que posteriormente serão
empregados para a realização do cálculo térmico.
As perdas em condução são as mesmas para ambos os MOSFETs, podendo ser
apontadas com o uso de (4.177):
PS1cond = PS 2cond = Rds ( on ) ⋅ IS1ef − max 2 = 23mΩ ⋅ 8,924 A2 = 1,832W
(4.177)
Por sua vez, as perdas em comutação não são as mesmas para os interruptores,
uma vez que dependem da tensão máxima implantada aos MOSFET´s:
PS1com =
f
40kHz
tr + t f ) ⋅ IpriH − max ⋅ VS1max =
⋅ ( 78ns + 50ns ) ⋅12, 2 A ⋅ 36V = 1,124W
(
2
2
(4.178)
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Capítulo 4
126
PS 2com =
f
40kHz
⋅ ( 78ns + 50ns ) ⋅12, 2 A ⋅ 23V = 0, 718W
tr + t f ) ⋅ IpriH − max ⋅ VS 2max =
(
2
2
(4.179)
A potência total caracteriza-se pela soma das perdas em condução e comutação:
PS1total = PS1cond + PS1com = 1,832W + 1,124W = 2,956W
(4.180)
PS 2total = PS 2cond + PS 2com = 1,832W + 0, 718W = 2,55W
(4.181)
Empregando (4.182) e (4.183) em conjunto com o valor da potência total
dissipada, estima-se a resistência térmica dissipador-ambiente para os interruptores S1 e S2,
respectivamente.
Rda − S 1 =
Rda − S 2 =
T j − Ta
PS1total
T j − Ta
PS 2total
− R jc − Rcd =
− R jc − Rcd =
175o C − 35o C
− 1,15o C W − 0,5o C W = 45, 71o C W
2,956W
(4.182)
175o C − 35o C
− 1,15o C W − 0,5o C W = 53, 25o C W
2,55W
(4.183)
b) Diodos D1 e D2
A tensão reversa máxima a qual os diodos do primário são submetidos é indicada
com o uso de (4.184) e (4.185):
VD1max = −Vinmax = −36V
(4.184)
VD 2max = −V1 = −23V
(4.185)
Através de (4.186) e (4.187) é possível determinar-se os esforços das correntes,
que são iguais para ambos os diodos:
ID1med = ID 2med = I1 = 3 A
ID1ef − max = ID 2ef − max = IpriMmax ⋅ (1 − Dmax ) = 6, 452 A ⋅
(4.186)
(1 − 0,535) = 4, 4 A
(4.187)
Com a análise dos esforços, optou-se pela utilização dos diodos ultra-rápidos
MUR820, que têm suas principais características apresentadas na Tabela 4.7.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
127
Tabela 4.7 - Características do Diodo MUR820.
Características – MUR820
Valor
Tensão reversa máxima
VRRM=200V
Corrente média máxima
IF=8A
Tensão direta
VF=0,895V
Resistência térmica
Rjc=3oC/W
Temperatura de junção
Tj=175oC
Avaliando o ábaco fornecido pelo fabricante, estimam-se as perdas no diodo:
PD1 = PD 2 ≅ 2, 4W
(4.188)
Verificando a necessidade de dissipador para ambos os diodos:
Rda − D1 = Rda − D 2 =
T j − Ta
PD1
175o C − 35o C o
− R jc − Rcd =
− 3 C W − 1o C W = 520 C W
2,5W
(4.189)
c) Diodos dos Secundários – D3, D4 e D5
A tensão reversa máxima nos diodos dos enrolamentos secundários é determinada
a partir das equações (4.190) a (4.192).
VD3max = − (Vinmax ⋅ n2 + V2 ) = − ( 36V ⋅ 0,565 + 12V ) = 32,34V
(4.190)
VD 4max = − (Vinmax ⋅ n3 + V3 ) = − ( 36V ⋅ 0,565 + 12V ) = 32,34V
(4.191)
VD5max = − (Vinmax ⋅ n4 + V4 ) = − ( 36V ⋅ 0, 413 + 8,5V ) = 23,37V
(4.192)
Por sua vez, as correntes médias são especificadas a partir das equações (4.193) a
(4.195).
ID3med = I 2 = 2,8 A
(4.193)
ID 4med = I 3 = 1, 2 A
(4.194)
ID5med = I 4 = 1A
(4.195)
Com o emprego de (4.196) a (4.198) calcula-se as correntes eficazes máximas:
ID3efmax = IsecH − 2 max ⋅ (1 − Dmax ) = 6, 022 A ⋅
ID 4efmax = IsecH −3max ⋅ (1 − Dmax ) = 2,581A ⋅
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(1 − 0,535) = 4,106 A
(4.196)
(1 − 0,535 ) = 1, 76 A
(4.197)
Capítulo 4
128
ID5efmax = IsecH − 4 max ⋅ (1 − Dmax ) = 2,151A ⋅
(1 − 0,535 ) = 1, 467 A
(4.198)
Ao avaliar os esforços acima calculados, foi adotado o diodo ultra-rápido
MUR420, que apresenta suas características fundamentais mostradas na Tabela 4.8.
Tabela 4.8 - Características do Diodo MUR420.
Características – MUR820
Valor
Tensão reversa máxima
VRRM=200V
Corrente média máxima
IF=4A
Tensão direta
VF=0,895V
Resistência térmica
Rjc=3oC/W
Temperatura de junção
Tj=175oC
As perdas são obtidas diretamente do ábaco fornecido pelo fabricante:
PD3 ≅ 2, 6W
(4.199)
PD 4 ≅ 1W
(4.200)
PD5 ≅ 0,8W
(4.201)
4.2.4 Projeto do Compensador
O compensador de tensão a ser projetado visa rejeitar perturbações de carga e
possíveis excitações na tensão de entrada, mantendo a tensão de saída no patamar desejado
além de conservar a estabilidade do sistema.
Estima-se a tensão de saída através de um sensor com ganho H, geralmente com
divisor resistivo. O sinal medido é comparado a uma referência, originando um sinal de
erro que atua como entrada ao compensador. Este, por sua vez, ocasiona um sinal de
controle (Vc) comparado à dente de serra de amplitude Vt, proporcionando a razão cíclica
adequada. Assim, é preciso determinar-se a função de transferência da tensão de saída em
relação ao sinal de controle.
Como ponto de partida, tem-se o modelo apresentado na equação (4.122), que
representa a função de transferência da tensão de saída em relação a razão cíclica. Para
completar, o modelo do modulador PWM pode ser apresentado como sendo a relação entre
o sinal de controle e a amplitude da dente de serra [20], como mostra a equação (4.202).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
129
^
vc(t )
d (t ) =
Vt
^
(4.202)
Inserindo (4.202) em (4.122) e adicionando o ganho do sensor, determina-se a
função de transferência do conversor em relação ao sinal de controle.
− s ⋅ Lpri ⋅ Ipri + D ' ⋅ (Vin + V1 ) ) ⋅ ( s ⋅ C1 ⋅ R1 ⋅ Rse1 + R1 )
(
H
(4.203)
= ⋅ 2
^
'2
'2
vc( s) Vt s ⋅ Lpri ⋅ C1 ⋅ ( R1 + Rse1 ) + s ⋅ ( Lpri + C1 ⋅ R1 ⋅ Rse1 ⋅ D ) + R1 ⋅ D
^
v1( s )
Ao alocar-se os valores do ganho do sensor (0,1), a amplitude da dente de serra
(3,5V) e as variáveis na equação (4.203), atinge-se:
^
v1( s)
^
vc( s)
=
−0, 05292 ⋅ s 2 − 481⋅ s + 6,133
5,178 ⋅ s 2 + 305 ⋅ s + 2,311
(4.204)
A representação no lugar geométrico das raízes e o diagrama de Bode da planta do
conversor Buck-Boost modificado são fornecidas na Fig. 4.16 e Fig. 4.17.
x 10
4
Lugar das Raizes
4
3
2
1
0
20
0
-20
-40
360
-1
Fase (deg)
Eixo Imaginario
Diagrama de Bode
40
Magnitude (dB)
5
-2
-3
-4
-5
-10
-5
0
Eixo Real
5
x 10
4
315
270
225
180
1
10
Fig. 4.16 - Lugar das Raízes da Planta.
2
10
3
4
10
10
Frequencia (Hz)
Fig. 4.17 – Diagrama de Bode da Planta.
Uma das características peculiares desta topologia é a presença de um zero no
semi-plano direito do lugar das raízes, caracterizando um sistema de fase não-mínima. No
semi-plano esquerdo, o conversor é dotado de dois pólos complexos conjugados, além do
zero provocado pela resistência série do capacitor.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
5
10
130
Resposta ao Degrau
5
Amplitude (V)
4
3
2
1
0
-1
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
Tempo (sec)
Fig. 4.18 - Resposta ao Degrau da Planta.
Avaliando a resposta do degrau unitário do sistema (Fig. 4.18) verificam-se
algumas características importantes, tais como: nível de oscilação, erro não-nulo da
resposta e tempo para alcançar o regime de aproximadamente 80ms.
Buscando aprimorar a resposta do sistema, em especial o nível de sobre-sinal e
oscilação e, ainda, possibilitar erro nulo a determinada variação de carga, um compensador
com dois zeros e três pólos (Fig. 4.19) será adicionado à malha. Um destes pólos
permanecerá na origem garantindo a nulidade de erro.
Fig. 4.19 - Circuito do Compensador.
Com (4.205) obtém-se a função de transferência do compensador:


1
1 
 s +

 s +
( R1 + R2 ) C1   R3 ⋅ C2  
R1 + R2 )  
(
C ( s) =
R1 ⋅ R2 ⋅ C3  
( C2 + C3 )  
1 
 ss +
+
s


R2 ⋅ C1  
R3 ⋅ C2 ⋅ C3  
 
(4.205)
Após a definição dos pólos, zeros e ganho são extraídos os valores dos
componentes do compensador. Inicialmente, estima-se um valor para a resistência R1 e a
partir deste determinam-se os demais valores, através das equações (4.206) a (4.210).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
131
C3 =
p1
( z1 ⋅ Kc ⋅ R1 )
(4.206)
C2 =
C3
( p2 − z2 )
z2
(4.207)
R1
( Kc ⋅ R1 ⋅ C3 − 1)
(4.208)
R3 =
1
C2 ⋅ z 2
(4.209)
C1 =
1
p1 ⋅ R2
(4.210)
R2 =
As posições dos pólos e zeros do compensador foram ajustados empregando-se a
ferramenta RLTOLL do software Matlab. Ambos os zeros foram alocados na freqüência de
450rad/seg com o intuito de atrair os pólos complexos conjugados. Um dos pólos foi
posicionado na origem para garantir erro nulo, enquanto os demais restaram situados em
freqüências superiores à do zero, provocadas pela RSE do capacitor.
Pólos:
p1 = 0 , p2 = 10, 7 ⋅103 rad seg e p3 = 11,1⋅103 rad seg
Zeros:
z1 = z2 = 450 rad seg
Ganho: Kc = 26,1 ⋅104
x 10
4
Lugar das Raizes
1.5
0.5
0
40
Frequencia (Hz): 459
Magnitude (dB): -0.0983
20
0
-20
-40
-60
360
-0.5
Fase (deg)
Eixo Imaginario
1
-1
-1.5
-2
Diagrama de Bode
60
Magnitude (dB)
2
-1
0
1
2
Eixo Real
3
x 10
4
Frequencia (Hz): 459
Fase (deg): 228
270
180
90
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
Frequencia (Hz)
Fig. 4.20 - Lugar das Raízes do Sistema em Malha
Fig. 4.21 – Diagrama de Bode do Sistema em Malha
Fechada.
Fechada
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
132
Avaliando a resposta ao degrau unitário do sistema em malha fechada (Fig. 4.22)
notifica-se a redução do tempo de 80ms para aproximadamente 20ms, assim como do
sobre-sinal, nível de oscilações e obtenção de erro nulo.
Resposta ao Degrau
1.2
Amplitude (V)
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
-0.2
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0.025
0.03
Tempo (sec)
Fig. 4.22 - Resposta ao Degrau Unitário do Sistema em Malha Fechada.
Restando determinada a posição dos pólos e zeros, apresenta-se a função de
transferência do compensador através da equação (4.211).


( s + 450 )( s + 450 )

C ( s ) = 26,1 ⋅104 
3
3
 s ( s + 10, 7 ⋅10 )( s + 11,1 ⋅10 ) 
(4.211)
Substituindo os valores dos pólos, zeros e ganho nas equações (4.206) a (4.210)
possibilita-se a especificação dos componentes discretos (em valores comerciais) do
compensador.
Os números obtidos foram R1=10kΩ; R2=470Ω; R3=10kΩ; C1=220nF; C2=220nF
e C3=10nF.
4.3. Simulação com Componentes Reais
A fim de comprovar a análise das etapas de operação e verificar o bom
funcionamento do conversor projetado, incluindo a malha de controle, alguns resultados de
simulação serão explanados.
Optou-se pela inserção de algumas não-idealidades nesta etapa – como a
indutância de dispersão do transformador e a resistência série do capacitor, além de utilizar
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
133
os componentes reais dos semicondutores – com a intenção de verificar o comportamento
da estrutura de maneira bastante próxima a realidade.
Tais não-idealidades são ressaltadas no circuito de simulação (Fig. 4.23).
Com1_1
L1
IRFZ48N
LDIS
305.5uH
D1
2uH
MUR820
S1
L2
D2
R1
MUR420
Com1
VIN
28V
D3
L3
D4
MUR420
52.11u MUR420
R5
20m
U1
LM7805C
IN
OUT
GND
D5
L4
Com2
R3
20m
97.59u
MUR820
10k
R2
20m
97.59u
R8
20m
C4
1000uF
R10
5
C6
0.1uF
C5
1uF
4.28
C3
2200uF
R7
10
C1
S2
R6
R4
7.67
2200uF
IRFZ48N
C2
2200uF
R9
1k
0
C7 10nF
C8
R11
220nF 10k
Com2
Com1
Com1_1
+
E1
+ +
E
4.3V
-
D6
V1
U3
0
10k
C9
R13
OUT
OUT
OPAMP
R12
220nF 470
+
OPAMP U2
2.3V
0
0
VREF1
0
Fig. 4.23 - Circuito de Simulação.
Por meio da Fig. 4.24 nota-se que os interruptores são comandados
simultaneamente, dando início a primeira etapa de operação.
20V
10V
0V
-10V
20V
V(M1:g,Com1_1)
10V
0V
-10V
50.00ms
50.02ms
V(Com2)
50.04ms
50.06ms
50.08ms
50.10ms
50.12ms
50.14ms
Time
Fig. 4.24 - Sinal de Comando dos Interruptores.
Vale ressaltar que no secundário 3, responsável por suprir energia aos
componentes eletrônicos, será empregado um regulador linear para garantir tensão
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
134
regulada na saída (5V). Como este regulador exige uma tensão diferencial de no mínimo
3V, utilizou-se como tensão de saída do conversor 8,5V, como ilustra a Fig. 4.25.
30V
(60.489m,23.128)
20V
(60.489m,12.362)
10V
(60.489m,8.8683)
0V
(61.051m,-12.742)
-10V
-20V
55ms 56ms
58ms
60ms
V(R3:2) V(D1:2) V(R14:2) V(R7:2)
62ms
64ms
66ms
68ms
70ms
Time
Fig. 4.25 - Tensões de Saída.
A tensão no primário e nos secundários das saídas de 12V e -12V são oferecidas
na Fig. 4.26.
50V
0V
-50V
V(L1:1,L1:2)
20V
0V
-25V
65.00ms
65.01ms
65.02ms
V(L3:1,L3:2) V(L4:2,L4:1)
65.03ms
65.04ms
65.05ms
65.06ms
65.07ms 65.08ms
Time
Fig. 4.26 - Tensões do Primário e nos Secundário (+12V e -12V ).
Uma das distorções ocasionadas pela não-idealidade é identificada na corrente do
primário (Fig. 4.27). A presença da indutância de dispersão impede a descontinuidade da
corrente, acarretando na alteração das correntes dos secundários (Fig. 4.28).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
135
60
50
0
-30
65.00ms
65.01ms
V(L1:1,L1:2) I(L1)
65.02ms
65.03ms
65.04ms
65.05ms
65.06ms
65.07ms 65.08ms
Time
Fig. 4.27 - Tensão e Corrente no Primário.
10A
5A
0A
5.0A
I(L3)
2.5A
0A
I(L4)
5.0A
-2.0A
65.00ms
I(L5)
65.01ms
65.02ms
65.03ms
65.04ms
65.05ms
65.06ms
65.07ms 65.08ms
Time
Fig. 4.28 - Corrente nos Secundários.
Como apresentado na análise qualitativa, a tensão sobre os interruptores é a
própria tensão de entrada (28V) para o MOSFET S1, e a tensão de saída1 (23V) para S2.
Todavia, na prática adiciona-se a tensão direta dos diodos D4 e D1, respectivamente.
30
(60.020m,29.324)
20
10
0
30
V(M1:d,M1:s) ID(M1)
(60.019m,24.472)
20
10
0
60.00ms
60.01ms
V(M2:d) ID(M2)
60.02ms
60.03ms
60.04ms
60.05ms
60.06ms
60.07ms
Time
Fig. 4.29 - Tensões e Correntes sobre os Interruptores.
Foram realizadas variações de 10% a 100% de carga e uma redução da tensão de
entrada de 28V à 20V para comprovar-se a eficiência do compensador.
O sinal do compensador, juntamente com a tensão de saída1 (23V) durante este
transitório, são apontados na Fig. 4.30.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
136
24V
23V
22V
21V
2.50V
V(D1:2)
2.25V
2.00V
1.75V
285ms 290ms
V(U3:COMP)
300ms
310ms
320ms
330ms
340ms
350ms
Time
Fig. 4.30 - Tensão de Saída e Sinal do Compensador – Resposta Transitória.
Aplicou-se, ainda, uma variação de 100% a 10% de carga e elevação na tensão de
entrada de 28V a 36V pretendendo notificar a resposta transitória.
24.0V
23.5V
23.0V
22.6V
2.2V
V(R6:2)
2.0V
1.8V
1.6V
70ms
80ms
V(U3:COMP)
90ms
100ms
110ms
120ms
130ms
140ms
150ms
160ms
Time
Fig. 4.31 - Tensão de Saída e Sinal do Compensador - Resposta Transitória.
4.4. Implementação e Resultados Experimentais
Durante o processo de simulação, somente a parte de potência foi elaborada
dispondo-se de componentes reais. A estratégia de controle valeu-se unicamente de
elementos ideais, na tentativa de não prolongar a simulação.
Este item destina-se a apresentar a implementação da malha de controle bem
como os resultados experimentais obtidos.
4.4.1 Implementação do Sistema de Controle
Foi adotado para utilização de modulador PWM o componente UC3525,
responsável em gerar os pulsos de comando dos interruptores, provocados de acordo com o
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
137
sinal resultante da comparação da dente de serra com o sinal de saída do compensador –
ambos originados internamente pelo CI.
Ao averiguar o estágio de saída presente no diagrama de blocos (Fig. 4.32)
observa-se o uso da topologia totem-pole, que permite à capacidade de corrente atingir
200mA.
Fig. 4.32 - UC3525 - Diagrama de Bloco.
O componente produz, no máximo, a razão cíclica de 50% para cada saída. Assim,
para o alcance da razão cíclica total, torna-se indispensável a conexão de duas delas em
paralelo. Este processo é obtido aliando-se dois diodos, um para cada saída, também em
paralelo, como evidencia a Fig. 4.33.
Os componentes discretos incumbidos de determinar a freqüência de operação são
desvendados através do ábaco fornecido pelo fabricante, ou a partir de (4.213). Faz-se,
todavia, necessária a especificação do capacitor CT.
CT = 10nF
RT =
1
1
=
= 3,57k Ω
0, 7 ⋅ CT ⋅ f 0, 7 ⋅10nF ⋅ 40kHz
(4.212)
(4.213)
Como o valor de resistência desvia-se brandamente dos valores comerciais,
determinou-se dois resistores em paralelo (R5=10kΩ e R6=5,6kΩ.) a fim de aumentar a
precisão do oscilador.
Em função da existência no modulador PWM do circuito de partida progressiva,
torna-se apenas necessário acoplar-lhe um capacitor no Pino 8.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
138
Com o escopo de atingir-se um comando isolado para o interruptor S1, foi adotado
o circuito de driver bootstrap IR2110 (Fig. 4.33). Este ocasiona pulsos de comandos para
ambos os interruptores, proporcionando o isolamento para um destes.
U1
R1
10k
1
2
3
R3
8.2k
4
C2 10n
0
5
0
R5
10k
6
7
R6
5.6k
0
8
10u
ERR-
VREF
ERR+
VIN
SYNC
OUTB
OSC
VC
CT
GND
RT
OUTA
DIS
SHUT
START
COMP
16
+15
+15
15
14
13
8
D1
9
10
1N4148
+15
11
12
D4
11
1N4148
10
9
R4
1k
12
13
0
0
14
0
UC3525
C4
U2
NU HO
VDD VB
HIN VS
SD
NU
LIN Vcc
VSS COM
NU
Lo
R2
7
6
5
4
3
2
C1
470n
15
D2
16V
Com1_1
C3
470n
1
Com1
1N4148
D3
+15
15
Com2
R7
IR2110
0
Driver
0
R8 10k
Vsensor
R10
C6
470
220n
R9
C5
12k
220
C7
8.2n
D5
4.3V
0
Modulador PWM
Fig. 4.33 - Circuito de Controle - Modulador PWM + Driver.
4.4.2 Protótipo e Resultados Experimentais
Partindo-se dos esquemas de potência e controle apresentados na Fig. 4.23 e Fig.
4.33, um protótipo foi construído, de onde as formas essenciais de ondas foram adquiridas.
Fig. 4.34 - Foto do Protótipo.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
139
As Fig. 4.35 e Fig. 4.36, apresentam tensão de entrada juntamente com as tensões
de saída. Enquanto a primeira, demonstra saídas de 23V e 12V, a segunda apresenta saídas
de -12V e 5V.
Tensão de Entrada
Tensão de Saída1
Tensão de Saída 2
Tensão de Entrada (25V/div)
Tensão de Saída1 (20V/div)
Tensão de Saída 2 (10V/div)
Tempo (1ms/div)
Fig. 4.35 - Tensão de Entrada e Saída: 23V e 12V.
Tensão de Entrada
Tensão de Saída3
Tensão de Saída4
Tensão de Entrada (25V/div)
Tensão de Saída3 (10V/div)
Tensão de Saída 4 (5V/div)
Tempo (1ms/div)
Fig. 4.36 - Tensão de Entrada e Saída: -12V e 5V.
O fenômeno citado durante a etapa de simulação da corrente no primário quando
levada em consideração a indutância de dispersão. Esta não-idealidade impede a
descontinuidade da corrente no primário, como verificado na Fig. 4.37
A inversão da polaridade do secundário 3 (-12V), visualizada na Fig. 4.38,
possibilita a tensão negativa na saída.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
140
Primário
Corrente
Secundário1
Comando
Secundário2
Corrente (2A/div)
Comando (10V/div)
Tempo (10us/div)
Primário (25V/div)
Secundário1 (20V/div)
Secundário2 (20V/div)
Tempo (5us/div)
Fig. 4.37 - Sinal de Comando, Corrente e Tensão no
Fig. 4.38 - Tensões no Primário e nos Secundários:
Primário.
12V e -12V.
Analisando a Fig. 4.39 e Fig. 4.40 verificam-se as etapas de bloqueio e condução
do interruptor S1, respectivamente, assim como a tensão sobre o interruptor quando
bloqueado (no caso 28V), ou tensão de entrada. É possível, ainda, extrair-se determinadas
características presentes no processo de comutação de S1.
Na Fig. 4.39 percebe-se a ausência de sobre-tensão, provocada pela indutância de
dispersão do transformador, visto que na segunda etapa a energia armazenada na primeira é
transferida para a saída sem que ocorra descontinuidade de corrente.
Por sua vez, a Fig. 4.40 demonstra a recuperação reversa do diodo da saída 1,
acarretando no aumento das perdas durante a entrada em condução.
Tensão
Tensão
Corrente
Tensão (10V/div)
Corrente (2A/div)
Corrente
Tempo (1us/div)
Fig. 4.39 - Comutação do Interruptor S1 - Bloqueio
Tensão (10V/div)
Corrente (2A/div)
Tempo (200ns/div)
Fig. 4.40 - Comutação do Interruptor S1 Condução.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
141
Estas mesmas peculiaridades são averiguadas nos processos de comutação do
interruptor S2, nos termos da Fig. 4.41e Fig. 4.42, nas quais percebe-se, ainda, a tensão
máxima (23V) que corresponde a tensão da saída 1.
Tensão
Tensão
Corrente
Corrente
Tensão (10V/div)
Corrente (2A/div)
Tensão (10V/div)
Corrente (2A/div)
Tempo (500ns/div)
Fig. 4.41 - Comutação do Interruptor S2 - Bloqueio.
Tempo (500ns/div)
Fig. 4.42 - Comutação do Interruptor S2 Condução.
Na Fig. 4.43, durante o transitório de carga de 0 a 100%, verifica-se o sinal do
compensador e a tensão da saída 1.
Apreciando a forma de onda da tensão de saída, percebe-se que os critérios
adotados no projeto do compensador foram alcançados, os quais: erro nulo, redução da
oscilação e, sobretudo, redução no tempo de resposta quando comparada ao sistema em
malha aberta.
Compensador
Tensão Saída
Corrente
Compensador (200mV/div)
Tensão Saída (1V/div)
Corrente (1A/div)
Tempo (1ms/div)
Fig. 4.43 - Variação de carga - Compensador, Tensão (23V) e Corrente.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
142
4.5. Conclusão
Em função da necessidade de suprir-se energia aos sistemas auxiliares com
diferentes níveis de tensão, poderia-se pensar em adotar as topologias isoladas básicas,
como o Flyback e o Forward com múltiplas saídas. Contudo, estes são dotados de
limitações que provavelmente viriam a inviabilizar o projeto. O conversor Flyback
proporciona baixo rendimento para sistemas com potência superior a 100W, enquanto a
topologia Forward carece de um indutor de filtragem para cada saída, implicando no
aumento do volume e custo, caso o sistema seja dotado de elevado número de saídas.
A fim de solucionar tais empecilhos, visto que o isolamento entre as saídas não se
faz necessário, adicionou-se à estrutura Buck-Boost modificada enrolamentos secundários.
Esta, diferencia-se da estrutura original por não inverter a tensão de saída.
O conversor modificado foi implementado com quatro saídas. A primeira (23V) e
de maior potência, para fornecer energia ao ventilador. Duas simétricas (+12V e -12V)
para acionar as válvulas solenóides e o motor de passo. A última, de 5V, utilizada para
alimentar os circuitos eletrônicos.
No decorrer do capítulo foram apresentadas as diferentes etapas do projeto:
análise qualitativa, especificações de componentes e elementos magnéticos, simulação e
resultados experimentais.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 4
143
CAPÍTULO 5
Sistemas Auxiliares de Energia – II
A necessidade de prover sinais de comando isolados aos gatilhos dos MOSFETs
encarregados de exercer o Bypass das células – enquanto estas operam em regiões de
possíveis danos – exigiu o desenvolvimento de uma fonte auxiliar com múltiplas saídas.
Como a potência processada não atinge níveis tão elevados a ponto de
comprometer o rendimento, adotou-se a topologia Flyback operando em condução
descontínua.
5.1. Conversor Flyback
Algumas peculiaridades do conversor Flyback impulsionam sua utilização em
sistemas de baixa potência ou como fontes auxiliares. Dentre suas características, cabe
citar:
•
baixo custo;
•
dispensabilidade de indutor de filtragem;
•
isolamento entre entrada e saída;
•
resposta rápida, por possuir um pólo simples na função de transferência.
Fig. 5.1 - Conversor Flyback.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
144
5.1.1 Etapas de Operação
Durante a primeira etapa de operação, o interruptor S1 é ordenado a conduzir,
armazenando energia na indutância magnetizante. Os diodos D1 e D2 se encontram
reversamente polarizados e o capacitor fornece energia para a carga, como ilustra Fig. 5.2.
Fig. 5.2 - 1o Etapa de Operação.
Na segunda etapa, bloqueia-se o interruptor, a polaridade do transformador se
inverte, os diodos dos secundários são diretamente polarizados e a energia acumulada na
magnetizante é transferida para a carga.
Fig. 5.3 - 2o Etapa de Operação.
Por atuar em condução descontínua, o Flyback apresenta uma terceira etapa de
funcionamento, que inicia no momento em que a transferência de energia da indutância
magnetizante para a carga é concluída. A partir deste instante, o interruptor S1 permanece
bloqueado, juntamente com os diodos D1 e D2, enquanto o capacitor fornece energia para
carga.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
145
Fig. 5.4 - 3o Etapa de Operação.
5.1.2 Formas de Onda
As principais formas de onda de tensão e corrente são apresentadas na Fig. 5.5,
para as três etapas de operação, quando o conversor opera em regime permanente.
Fig. 5.5 - Principais Formas de Onda.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
146
5.1.3 Análise Qualitativa
Visto que o conversor Flyback encontra-se amplamente difundido no meio
científico, a análise de suas equações será bastante resumida, tomando [19] como
referência.
Seu comportamento estático é semelhante ao do conversor Buck-Boost, diferindo
apenas na relação de transformação.
V1
D
= n1 ⋅
1− D
Vin
(5.1)
Como escolheu-se operar em condução descontínua, a razão cíclica deve estar
limitada em um valor máximo, de maneira a garantir a desmagnetização total do
transformador e evitando a saturação do mesmo.
A corrente de pico no primário e, conseqüentemente, no interruptor é fornecida
pela equação (5.2).
Ipri =
2 ⋅ Pout
η ⋅Vin ⋅ D
(5.2)
Utilizando a equação (5.3), especifica-se a indutância do primário:
Lpri =
Vin ⋅ D
Ipri ⋅ f
(5.3)
5.1.4 Projeto do Transformador
Diversamente dos transformadores ideais, no conversor Flyback a corrente não
flui do mesmo modo nos dois enrolamentos. A energia é armazenada na primeira etapa
para, então, ser transferida à carga na segunda. Em função desta diferença, é muitas vezes
chamado de Transformador Flyback.
O produto das áreas da janela e da perna central do núcleo é obtido através de
(5.4).
AeAw =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
1,1 ⋅ Pout ⋅104
Kp ⋅ Kw ⋅ J ⋅ f ⋅ ∆B
(5.4)
Capítulo 5
147
Onde:
Kp = fator de utilização do primário;
Kw= fator de utilização da área do enrolamento;
 A 
J= densidade de corrente  2  ;
 cm 
f= freqüência de operação [Hz];
∆B= variação de fluxo magnético [T].
A necessidade de se acumular energia no transformador no decurso da primeira
etapa demanda a inserção de entreferro. Sua espessura é calculada com (5.5).
δ=
2 ⋅ µ0 ⋅ Pout
⋅107
2
∆B ⋅η ⋅ Ae ⋅ f
(5.5)
Sendo:
µ0 = Permeabilidade do ar é igual a 4 ⋅ π ⋅10−7
H
.
m
Considerando que o entreferro será distribuído às pernas laterais do núcleo, temse:
lg =
δ
2
(5.6)
O número de espiras do primário é calculado com a espessura do entreferro, nos
moldes da equação (5.7).
Npri =
B ⋅δ
⋅10−3
µ0 ⋅ Ipri
(5.7)
Onde:
B – [T];
δ - [mm];
µ0 - [ 4 ⋅ π ⋅10−7
H
];
m
Ipri - [A].
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
148
Para estipular o número de espiras, considera-se a queda de tensão no diodo de
saída (VD) na equação (5.8).
(Vn + VD ) ⋅ (1 − D )
Nsecn = Npri ⋅
Vin ⋅ D
(5.8)
Define-se a relação de transformação como:
n1 =
Nsec1
Npri
(5.9)
A partir desta relação, determina-se a corrente de pico no secundário através da
equação (5.10).
Isec1 =
Ipri
n1
(5.10)
Entretanto, caso o conversor possua múltiplas saídas, deve-se observar a
quantidade de energia processada em cada saída.
Isec1 =
Ipri P1
⋅
n1 Pout
(5.11)
O tempo de desmagnetização é obtido por meio da equação (5.12).
Tdesmag =
2 ⋅ I1
Isec1 ⋅ f
(5.12)
Novamente, no caso de múltiplas saídas, é preciso empregar-se a de maior
corrente a fim de estimar o tempo de desmagnetização e, então, calcular a corrente máxima
nos secundários com (5.13).
Isecn =
2 ⋅ In
f ⋅ Tdesmag
(5.13)
A princípio, para especificação dos condutores, determina-se o diâmetro máximo,
evitando o efeito skin, a partir das equações (5.14) e (5.15).
∆=
7,5
f
Diametromax = 2 ⋅ ∆
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(5.14)
(5.15)
Capítulo 5
149
Tendo determinado o condutor, faz-se imprescindível o cálculo da corrente eficaz
nos enrolamentos, estipulando-se o número de condutores utilizados em paralelo.
No primário, a corrente eficaz é calculada através da equação (5.16).
D
3
Iprief = Ipri ⋅
(5.16)
Nos secundários, usufruindo-se a equação (5.17).
(1 − D )
Isecnef = Isecn ⋅
(5.17)
3
Obtém-se o número de condutores a partir da área de cobre fundamental para
conduzir a corrente no enrolamento, verificando a densidade de corrente desejada, de
acordo com (5.18).
Apricobre =
Iprief
(5.18)
J
Assim, com a relação entre a área de cobre e a área do condutor especificado,
determina-se o número de condutores em paralelo.
n pri =
Apricobre
Apricond
(5.19)
Finalizado o projeto, analisa-se a possibilidade de execução do transformador,
incluindo o número de espiras, condutores em paralelo e a área do condutor com
isolamento.
Areaocupada = Aisol pri ⋅ n pri ⋅ Npri + ∑ Aisolseci ⋅ nseci ⋅ Nseci
(5.20)
i
A verificação da possibilidade de execução é efetuada através da relação entre a
área ocupada pelos enrolamentos e a área da janela do núcleo, nos termos de (5.21).
Areaocupada
Aw
< 0,5
(5.21)
Utilizando a equação (5.22) juntamente com o valor da ondulação da tensão de
saída, define-se a capacitância.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
150
C1 =
I1 ⋅ D
f ⋅ ∆VC1
(5.22)
Além da capacitância, o efeito da resistência série equivalnente (RSE) é
primordial na descrição do capacitor. O valor máximo da resistência para garantir a
ondulação na saída é definido em função da variação de corrente no capacitor. A
ondulação, como comprovado na Fig. 5.5, é a própria corrente de pico no secundário,
portanto:
Rsemax =
∆V1
Isec1
(5.23)
5.1.5 Esforços nos Semicondutores
Os esforços de tensão e corrente nos semicondutores são determinados a partir das
principais formas de ondas oferecidas na Fig. 5.5.
a) Tensão Máxima no Interruptor - S1
A tensão máxima no interruptor é dada por (5.24), considerando V1 como a saída
de maior nível de tensão.
VS max = Vin +
V1
n1
(5.24)
b) Corrente Média no Interruptor – S1
O valor da corrente média é expressada na equação (5.25).
IS med =
Ipri ⋅ D
2
(5.25)
c) Corrente Eficaz no Interruptor – S1
O indicador da corrente eficaz no interruptor é o mesmo da corrente no primário
do transformador. Deste modo, é calculado com (5.16).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
151
d) Perdas nos Interruptores
Costuma-se dividir as perdas nos interruptores como perdas em condução e em
comutação. A primeira é calculada a partir da resistência de condução, nos moldes de
(5.26).
PScond = Rds ( on ) ⋅ ISef 2
(5.26)
A segunda, varia em função dos tempos de entrada em condução e bloqueio do
componente especificado, assim como os níveis de corrente e tensão no momento da
comutação.
PScom =
f
( tr + t f ) ⋅ Ipri ⋅Vsmax
2
(5.27)
Onde:
tr – tempo de entrada em condução do interruptor;
tf – tempo de bloqueio do interruptor.
Somando-as, obtém-se as perdas totais no interruptor.
PStotal = PScond + PScom
(5.28)
e) Tensão Reversa Máxima nos Diodos de Saída.
A tensão reversa máxima nos diodos de saída ocorre no decurso da primeira etapa
de operação e é atingida com o uso de (5.29).
VD1max = − (Vin ⋅ n1 + V1 )
(5.29)
f) Corrente Média no Diodo de Saída.
A corrente média no diodo de saída é a própria corrente na carga, de acordo com
(5.30).
ID1med = I1
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(5.30)
Capítulo 5
152
g) Corrente Eficaz no Diodo de Saída.
O valor da corrente eficaz no diodo de saída é o mesmo da corrente no secundário
do transformador. Desta forma, estima-se a corrente eficaz utilizando a equação (5.17).
h) Perdas nos Diodos
As perdas nos diodos em função da corrente média direta são calculadas com o
ábaco fornecido pelos fabricantes.
5.1.6 Cálculo Térmico
A resistência térmica junção-ambiente é obtida a partir dos valores de temperatura
máxima de junção do semicondutor e potência média dissipada pelo mesmo.
R ja =
T j − Ta
Pdissipada
(5.31)
Onde:
Rja –resistência térmica junção-ambiente [oC/W];
Tj – temperatura de junção [oC];
Ta - temperatura ambiente [oC];
Pdissipada – potência dissipada pelo componente [W].
Por sua vez, a resistência junção-ambiente é representada como a associação série
de todas as resistências térmicas, nos termos da equação (5.32).
R ja = R jc + Rcd + Rda
(5.32)
Onde:
Rjc – resistência térmica junção-cápsula [oC/W];
Rcd – resistência térmica cápsula-dissipador [oC/W];
Rda – resistência térmica dissipador-ambiente [oC/W].
O valor essencial da resistência térmica dissipador-ambiente é determinado
substituindo-se (5.32) em (5.31):
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
153
Rda =
T j − Ta
Pdissipada
− R jc − Rcd
(5.33)
5.1.7 Modelagem do Conversor
Adota-se para a modelagem do conversor o modelo – equação (5.34) apresentado em [19], representando o comportamento dinâmico do conversor Flyback.
G ( s) =
1
Vin
⋅
2 ⋅ Lpri ⋅ f (1 + s ⋅ R1 ⋅ C1 )
Vt ⋅
R1
(5.34)
Duas especificidades distinguem a função de transferência: presença de um único
pólo e ganho estático subordinado a resistência de carga.
Com o intuito de aumentar a precisão do modelo, deve-se considerar a resistência
série equivalente do capacitor, adicionando um zero à função de transferência, como
oferece a expressão (5.35).
G ( s) =
(1 + s ⋅ Rse ⋅ C1 )
Vin
⋅
2 ⋅ Lpri ⋅ f (1 + s ⋅ R1 ⋅ C1 )
Vt ⋅
R1
(5.35)
5.2. Projeto do Conversor Flyback
Por meio das especificações do projeto e com o uso das equações anteriormente
apresentadas, um protótipo com sete saídas – sendo cinco delas iguais – foi projetado.
5.2.1 Especificações
As especificações de projeto para o protótipo do conversor Flyback operando em
condução descontínua são apresentadas na Tabela 5.1.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
154
Tabela 5.1 - Especificações do Projeto.
Especificações
Tensão de entrada
Variação na tensão de entrada
Tensão de saída 1
Potência da saída 1
Tensão de saída 2
Potência da saída 2
Tensão das saídas 3, 4, 5, 6 e 7
Potência das saídas 3, 4, 5, 6 e 7
Potência total
Ondulação nas tensões das saídas
Freqüência de operação
Rendimento estimado
Vin=28V
∆Vin=8V
V1=18V
P1=9W
V2=-18V
P2=3,6W
V3-7=-16V
P3-7=4,8W
Pout=36,6W
∆V=1%
f=40kHz
80%
Como as duas primeiras saídas alimentam os circuitos eletrônicos, carecendo de
tensões bem definidas, serão utilizadas pós-reguladores.
Todas as saídas de 3 a 7 alimentam os circuitos que geram os sinais comandos aos
MOSFETs utilizados no bypass das células. Assim, por apresentarem especificações
idênticas, apenas uma delas será indicada no decorrer do projeto, estando caracterizada
pela simbologia 3-7.
5.2.2 Projeto
Para iniciar o projeto determina-se a corrente de carga e a resistência de cada
saída, utilizando as equações (5.36) e (5.37).
Ik =
Pk
Vk
Vk 2
Rk =
Pk
(5.36)
(5.37)
Substituindo os valores de potência e tensão para cada saída, obtém-se os valores
apresentados na Tabela 5.2.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
155
Tabela 5.2 - Correntes e Resistências de Carga para cada saída.
Saída
1
2
3-7
Corrente de Carga
I1=0,5A
I2=0,2A
I3=0,3A
Resistência de Carga
R1=36Ω
R2=90Ω
R3=53,33Ω
O próximo passo destina-se a determinar a razão cíclica máxima, permitindo a
desmagnetização total do transformador.
Dmax = 0, 4
(5.38)
A corrente de pico máxima no primário é alcançada com o uso de (5.39).
Iprimax =
2 ⋅ Pout
2 ⋅ 36, 6W
=
= 11, 438 A
η ⋅Vinmin ⋅ Dmax 0,8 ⋅ ( 28V − 8V ) ⋅ 0, 4
(5.39)
Inserindo as devidas variáveis na equação (5.40), calcula-se a indutância do
primário.
Lpri =
Vinmin ⋅ Dmax ( 28V − 8V ) ⋅ 0, 4
=
= 17, 49µ H
11, 438 A ⋅ 40kHz
Iprimax ⋅ f
(5.40)
A fim de dar continuidade ao projeto, algumas constantes devem ser definidas:
•
Fator de utilização do primário: Kp=0,5
•
Fator de utilização da área do enrolamento: Kw=0,4
•
Densidade de corrente: J = 450 A
•
Densidade de fluxo magnético: ∆B=0,16T
cm 2
Substituindo estas constantes em (5.41), obtém-se o produto AeAw do núcleo.
AeAw =
1,1⋅ Pout ⋅104
1,1⋅ 36, 6W ⋅104
=
= 0, 699cm 4
Kp ⋅ Kw ⋅ J ⋅ f ⋅ ∆B 0,5 ⋅ 0, 4 ⋅ 450 A ⋅ 40kHz ⋅ 0,16T
cm 2
(5.41)
Optou-se pelo emprego do núcleo de tipo EE-30/14, material IP12, do fabricante
Thornton, que possui como características principais:
•
Área da perna central: Ae=1,20cm2
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
156
•
Área da janela do carretel: Aw=0,85cm2
•
Produtos das áreas: AeAw=1,02cm4
Calculando o entreferro para a perna central do núcleo em (5.42):
H
2 ⋅ 4π ⋅10−7 ⋅ 36, 6W
2 ⋅ µ0 ⋅ Pout
m
δ= 2
⋅107 =
⋅107 = 0,94mm
2
2
∆B ⋅η ⋅ Ae ⋅ f
( 0,16T ) ⋅ 0,8 ⋅1, 20cm ⋅ 40kHz
(5.42)
Dividindo a espessura total entre as duas pernas laterais, obtém-se:
lg =
δ
2
=
0,94mm
= 0, 47mm
2
(5.43)
O número de espiras do primário é encontrado empregando-se (5.44).
Npri =
B ⋅δ
0,16T ⋅ 0,94mm
⋅10−3 =
⋅10−3 = 10, 464
H
µ0 ⋅ Iprimax
4π ⋅10−7 ⋅11, 438 A
m
(5.44)
Ao adotar o número inteiro para a quantidade de espiras, tem-se:
Npri = 11
(5.45)
Considerando 1V a queda de tensão no diodo do secundário, determina-se o
número de espiras dos secundários a partir das equações (5.46) a (5.48).
Nsec1 = Npri ⋅
Nsec2 = Npri ⋅
(V1 + VD ) ⋅ (1 − Dmax ) = 11⋅ (18V + 1V ) ⋅ (1 − 0, 4 ) = 15, 675
Vinmin ⋅ Dmax
( 28V − 8V ) ⋅ 0, 4
(V
Nsec3−7 = Npri ⋅
2
+ VD ) ⋅ (1 − Dmax )
( −18V
+ 1V ) ⋅ (1 − 0, 4 )
= 15, 675
(5.47)
(V3−7 + VD ) ⋅ (1 − Dmax ) = 11⋅ (16V + 1V ) ⋅ (1 − 0, 4 ) = 14, 025
Vinmin ⋅ Dmax
( 28V − 8V ) ⋅ 0, 4
(5.48)
Vinmin ⋅ Dmax
= 11⋅
(5.46)
( 28V − 8V ) ⋅ 0, 4
Empregando um número inteiro de espiras para os secundários:
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Nsec1 = 16
(5.49)
Nsec2 = 16
(5.50)
Nsec3−7 = 14
(5.51)
Capítulo 5
157
Por meio das equações (5.52) a (5.54), as relações de transformação são obtidas.
n1 =
Nsec1 16
= = 1, 454
Npri 11
(5.52)
n2 =
Nsec2 16
= = 1, 454
Npri 11
(5.53)
Nsec3−7 14
= = 1, 273
Npri
11
(5.54)
n3−7 =
Com (5.55) calcula-se a corrente de pico no secundário. A partir desta, estima-se o
tempo de desmagnetização através de (5.56).
Isec1max =
Tdesmag =
Iprimax P1
11, 438 A 9W
⋅
=
⋅
= 1,934 A
1, 454 36, 6W
n1
Pout
(5.55)
2 ⋅ I1
2 ⋅ 0,5 A
=
= 12,93µ s
Isec1− max ⋅ f 1,934 A ⋅ 40kHz
(5.56)
Adotando este tempo de desmagnetização e aplicando as equações (5.57) e (5.58),
calcula-se a corrente de pico para os outros secundários
Isec2 max =
2 ⋅ I2
2 ⋅ 0, 2 A
=
= 0, 773 A
f ⋅ Tdesmag 40kHz ⋅12,93µ s
(5.57)
2 ⋅ I 3− 7
2 ⋅ 0,3 A
=
= 1,16 A
f ⋅ Tdesmag 40kHz ⋅12,93µ s
(5.58)
Isec3−7 max =
Visando evitar o efeito skin nos condutores do elemento magnético, determina-se
o diâmetro máximo dos condutores a partir das equações (5.59) e (5.60).
∆=
7,5
7,5
=
= 0, 0375cm
f
40k
Diametromax = 2 ⋅ ∆ = 2 ⋅ 0, 0375cm = 0, 075cm
(5.59)
(5.60)
Ao utilizar-se da tabela de fios esmaltados, optou-se pelo uso do condutor
AWG21, dotado das seguintes especificações:
•
Diâmetro de cobre: Diacond-21=0,072cm
•
Área de cobre: Acond-21=0,004105cm2
•
Área total do condutor: Aisol21=0,005004cm2
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
158
Empregando (5.61) calcula-se a corrente eficaz no primário a fim de determinar o
número de condutores em paralelo.
Ipriefmax = Iprimax ⋅
Dmax
0, 4
= 11, 438 A ⋅
= 4,176 A
3
3
(5.61)
O mesmo procedimento é feito para os secundários, todavia, utilizando-se as
equações (5.62) a (5.64).
Isec1efmax = Isec1max ⋅
(1 − Dmax ) = 1,934 A ⋅ (1 − 0, 4 ) = 0,865 A
(5.62)
Isec 2efmax = Isec2 max ⋅
(1 − Dmax ) = 0, 773 A ⋅ (1 − 0, 4 ) = 0,346 A
(5.63)
3
3
3
Isec3 − 7efmax = Isec3−7 max ⋅
3
(1 − Dmax ) = 1,16 A ⋅ (1 − 0, 4 ) = 0,519 A
3
3
(5.64)
A área de cobre exata para cada enrolamento é obtida inserindo-se os índices da
corrente eficaz e a densidade de corrente desejada em (5.65).
Apricobre =
Ipriefmax
J
=
4,176 A
= 0, 00928cm 2
2
450 A cm
(5.65)
Ao comparar-se a área necessária com a área do condutor especificado, obtém-se
o número de condutores em paralelo, segundo a equação (5.66).
n pri
Apricobre
0, 00928cm 2
=
=
= 2, 26
Apricond 0, 004105cm 2
(5.66)
Considerando o número inteiro de condutores, tem-se:
n pri = 3
(5.67)
Para otimizar o projeto e em função da inferioridade dos níveis de corrente
eficazes nos secundários em relação ao primário, adotou-se o condutor AWG25, dotado das
seguintes características:
•
Diâmetro de cobre: Diacond-25=0,045cm
•
Área de cobre: Acond-25=0,001624cm2
•
Área total do condutor: Aisol25=0,002078cm2
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
159
Empregando novamente as equações (5.18) e (5.19), determina-se a área de cobre
e, conseqüentemente, a quantidade de condutores que devem ser adicionados em paralelo
nos enrolamentos secundários, valores estes apresentados na Tabela 5.3.
Tabela 5.3 - Número de condutores em paralelo os enrolamentos secundários
Secundário 1
Secundário 2
Secundário 3-7
Área de cobre
necessária
0,00192cm2
0,000769cm2
0,00115cm2
Condutores em
Paralelo
1,183
0,473
0,708
Número Inteiro
2
1
1
Finalizadas as etapas do projeto, verifica-se a possibilidade de execução do
transformador, através de (5.68) a (5.70).
Areaocupada = Aisol pri ⋅ n pri ⋅ Npri +
∑
i =1,2,...,7
Aisolseci ⋅ nseci ⋅ Nseci
(5.68)
Substituindo em (5.68) o número de espiras, a quantidade de condutores em
paralelo e a área total do condutor (considerado o isolamento) para cada enrolamento,
define-se a área total ocupada.
Areaocupada = 0, 41cm 2
(5.69)
Analisando a relação entre a área ocupada e área da janela do núcleo:
Areaocupada
Aw
=
0, 41cm 2
= 0, 482
0,85cm 2
(5.70)
Ao observar-se o resultado da correspondência entre as áreas, comprova-se a
possibilidade de execução do transformador.
Os capacitores são determinados utilizando-se as equações (5.71) a (5.76).
Primeiramente, calcula-se a indutância mínima necessária para garantir a
ondulação de saída especificada.
I1 ⋅ Dmax
0,5 A ⋅ 0, 4
=
= 27, 7 µ F
f ⋅ ∆VC1 40kHz ⋅1% ⋅18V
(5.71)
I 2 ⋅ Dmax
0, 2 A ⋅ 0, 4
=
= 11,11µ F
f ⋅ ∆VC 2 40kHz ⋅1% ⋅ −18V
(5.72)
C1 =
C2 =
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
160
C3−7 =
I 3−7 ⋅ Dmax
0,3 A ⋅ 0, 4
=
= 18, 75µ F
f ⋅ ∆VC 3−7 40kHz ⋅1% ⋅16V
(5.73)
Considerando as não idealidades dos capacitores, determina-se a resistência série
equivalente máxima para cada saída.
∆V1
1% ⋅18V
=
= 93mΩ
Isec1max 1,934 A
(5.74)
1% ⋅ −18V
∆V2
=
= 232mΩ
Isec2 max
0, 773 A
(5.75)
∆V3−7
1% ⋅16V
=
= 138mΩ
Isec3−7 max
1,16 A
(5.76)
Rsemax −1 =
Rsemax − 2 =
Rsemax −3−7 =
Através dos valores de capacitância e RSE máxima é possível a especificação dos
capacitores. Foi escolhido o capacitor modelo B41821, fabricado pela EPCOS, como
mostra a Tabela 5.4.
Tabela 5.4- Especificação dos Capacitores.
Saída
1
2
3-7
Capacitância
2200µF
2200µF
2200µF
Tensão Máxima
25V
25V
25V
5.2.3 Dimensionamento dos Semicondutores
A partir dos esforços de tensão e corrente, especifica-se o interruptor e os diodos
de saídas.
a) Interruptor
A tensão máxima sobre o interruptor é demonstrada na equação (5.77).
VS max = Vinmax +
V1
18V
= ( 28V + 8V ) +
= 48,38V
n1
1, 454
(5.77)
Determina-se o valor da corrente média através de (5.78), considerando os valores
críticos de corrente e razão cíclica.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
161
ISmed − max =
Iprimax ⋅ Dmax 11, 438 A ⋅ 0, 4
=
= 2, 288 A
2
2
(5.78)
Com (5.79) estipula-se a corrente eficaz.
ISef − max = Iprimax ⋅
Dmax
0, 4
= 11, 438 A
= 4,176 A
3
3
(5.79)
Avaliando os esforços calculados, adotou-se o MOSFET IRFP260N, que tem
suas principais características apresentadas na Tabela 5.5.
Tabela 5.5 - Características do MOSFET - IRFP260N.
Características – IRFP260N
Valor
Tensão Dreno-Source
VDS=200V
Corrente média máxima (100oC)
ID= 35A
Resistência de condução (100oC)
Rds(on)=64mΩ
Tempo de subida
tr=60ns
Tempo de descida
tf=48ns
Resistência térmica (junção–cápsula)
Rjc= 0,5oC/W
Resistência térmica (cápsula-dissipador) Rcd=0,24oC/W
Temperatura de junção
TJ=175oC
Por meio destas particularidades e aplicando-se os esforços de corrente e tensão, é
possível atingir-se os valores de perdas em condução e comutação do interruptor, bem
como dimensionar-se o dissipador de modo que a temperatura de junção não ultrapasse o
valor limite.
As perdas em condução determinam-se em (5.80).
PScond = Rds ( on ) ⋅ ISef − max 2 = 64mΩ ⋅ 4,176 A2 = 1,116W
(5.80)
O valor estimado da perda no decorrer das etapas de comutação é revelado por
(5.81).
PScom =
f
40kHz
tr + t f ) ⋅ Iprimax ⋅ Vsmax =
( 60ns + 48ns ) ⋅11, 438 A ⋅ 48,38V = 1,195W
(
2
2
(5.81)
A potência total dissipada pelo interruptor é dada pela adição destas duas fontes
de perdas: condução e comutação.
PStotal = PScond + PScom = 1,116W + 1,195W = 2,311W
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(5.82)
Capítulo 5
162
Após calculada a perda total no MOSFET, estipula-se a resistência térmica
dissipador-ambiente, na equação (5.83).
Rda =
T j − Ta
Pdissipada
− R jc − Rcd =
175o C − 35o C
− −0,5o C W − 0, 24o C W = 59,84o C W
2,311W
(5.83)
b) Diodos de Saída
A tensão reversa máxima nos diodos de saída é fornecida em (5.84) a (5.86).
VD1max = − (Vinmax ⋅ n1 + V1 ) = − ( 28V + 8V ) ⋅1, 454 + 18V  = 70,344V
(5.84)
VD 2max = − (Vinmax ⋅ n1 + V1 ) = − ( 28V + 8V ) ⋅1, 454 − 18V  = 34,344V
(5.85)
VD3 − 7 max = − (Vinmax ⋅ n3−7 + V3−7 ) = − ( 28V + 8V ) ⋅1, 273 + 16V  = 61,828V
(5.86)
A corrente média nos diodos de saída é a própria corrente de carga, nos termos
das equações (5.87) a (5.89).
ID1med = I1 = 0,5 A
(5.87)
ID 2med = I 2 = 0, 2 A
(5.88)
ID3 − 7 med = I 3−7 = 0,3 A
(5.89)
Os valores eficazes de corrente no diodo são os mesmos calculados para os
enrolamentos secundários, portanto:
ID1efmax = Isec1efmax = 0,865 A
(5.90)
ID 2efmax = Isec 2efmax = 0,346 A
(5.91)
ID3 − 7efmax = Isec3 − 7efmax = 0,519 A
(5.92)
Baseando-se nos esforços computados, foi utilizado para todas as saídas o diodo
ultra-rápido MUR120, que demonstra as seguintes características:
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
163
Tabela 5.6 - Características do Diodo - MUR120.
Características – MUR120
Valor
Tensão reversa máxima
VRRM=200V
Corrente média máxima
IF=1A
Tensão direta
VF=0,875V
Temperatura de junção
Tj=175oC
5.2.4 Projeto do Compensador
O projeto do compensador do conversor Flyback em questão destina-se a
aprimorar a resposta transitória do sistema em malha fechada, reduzindo seu tempo e
propiciando-lhe estabilidade.
Uma das principais diferenças desta topologia é a facilidade na estratégia de
controle, posto que a estrutura apresenta apenas um pólo na função de transferência e um
zero provocado pelo Rse do capacitor, de acordo com (5.35).
Atribuindo os parâmetros à função de transferência, obtém-se:
G ( s) =
(1 + s ⋅ Rse ⋅ C1 ) =
(1 + s ⋅ 70mΩ ⋅ 2200µ F )
Vin
28V
⋅
⋅
2 ⋅ Lpri ⋅ f (1 + s ⋅ R1 ⋅ C1 )
2 ⋅17, 49µ H ⋅ 40kHz (1 + s ⋅ 36Ω ⋅ 2200 µ F )
Vt ⋅
1, 7V
R1
36Ω
(5.93)
Ao resolver-se a equação (5.93), obtém-se:
G ( s ) = 0,1624
( s + 6493)
( s + 12, 62 )
(5.94)
As representações gráficas da função de transferência, tais como o lugar
geométrico das raízes e diagrama de bode, são oferecidas na Fig. 5.6 e Fig. 5.7,
respectivamente.
A fim de reduzir o tempo de resposta, provavelmente se cogitaria o uso de um
compensador do tipo proporcional. No entanto, ao analisar o diagrama de bode verifica-se
a presença de uma faixa plana logo após o zero da planta, podendo acarretar na
amplificação de ruídos que porventura apareçam no sistema.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
164
Lugar das Raizes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
80
60
40
20
0
-0.2
Fase (deg)
Eixo Imaginario
Diagrama de Bode
100
Magnitude (dB)
1
-0.4
-0.6
-0.8
-1
-7000
-6000
-5000
-4000
-3000
-2000
-1000
0
-45
-90
-1
10
0
10
1
10
2
10
3
4
10
10
Eixo Real
Frequencia (Hz)
Fig. 5.6 - Lugar das Raízes da Planta.
Fig. 5.7 – Diagrama de Bode da Planta.
Assim, optou-se pela topologia de um pólo (Fig. 5.8) a fim de garantir o
comportamento de filtro passa-baixa ao sistema em malha fechada e, simultaneamente,
aumentar a velocidade de resposta do compensador.
Fig. 5.8 - Compensador - Topologia de 1 pólo.
Demonstra-se a função de transferência deste compensador por meio de (5.95).
C ( s) =
Rf
1
Ri (1 + s ⋅ C f ⋅ R f
(5.95)
)
Tendo posicionado o pólo e determinado o ganho, extraem-se os valores dos
componentes discretos empregados no compensador. Inicialmente, adota-se um valor
comercial para o resistor Rf para, em seguida, calcular-se Ri e Cf, a partir das equações
(5.96) e (5.97).
A amostra da tensão de saída é proporcionada pelo divisor resistivo Ri e Rd. Com a
tensão de referência do CI (2,5V) determina-se o valor de Rd, observado em (5.98).
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
5
10
165
Ri =
Cf =
Rd = Ri
Rf
Kc
(5.96)
1
R f ⋅ p1
(5.97)
2,5V
V1 − 2,5V
(5.98)
A implementação da estratégia de controle será efetuada aplicando-se o
componente dedicado UC3844, dotado de alta performance e baixo custo.
Este componente emprega o controle pelo método das correntes, demonstrado
através do diagrama fornecido pelo fabricante (Fig. 5.9).
Fig. 5.9 - Sistema de controle pelo método da corrente.
Um sinal de clock dá início aos pulsos em freqüência fixa, que finalizam-se
quando uma amostra da corrente no indutor atinge os limites impostos pelo sinal de saída
do compensador.
Assim, inversamente a estratégia convencional – na qual o sinal do compensador
age diretamente na largura dos pulsos – o controle pelo método da corrente atua no pico da
corrente no indutor.
Uma das essenciais vantagens deste método é a malha feed-forward, que atua
controlando a tensão de saída, dada uma variação na tensão de entrada, sem implicar na
adição de componentes extras.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
166
De posse das informações da estratégia de controle, inicia-se o posicionamento do
pólo e a escolha do ganho do compensador, objetivando atender alguns critérios, tais como
a redução do tempo de resposta.
O pólo é assentado em uma freqüência próxima ao do zero da planta:
p1 = 6400rad / s
(5.99)
Enquanto, com o auxílio da ferramenta RLTOOL do software Matlab, ajusta-se o
ganho do compensador.
Kc = 6
(5.100)
A demonstração no lugar das raízes e o diagrama de Bode da função em laço
aberto são apresentados pelas Fig. 5.10 e Fig. 5.11, respectivamente.
Lugar das Raizes
600
400
200
0
20
0
-20
-40
-60
0
-200
Fase (deg)
Eixo Imaginario
Diagrama de Bode
40
Magnitude (dB)
800
-400
-600
-800
-8000
-6000
-4000
-2000
0
-45
-90
-135
-1
10
0
10
1
10
2
10
3
10
Eixo Real
Frequencia (Hz)
Fig. 5.10 - Lugar das Raízes da Planta.
Fig. 5.11 – Diagrama de Bode da Planta.
Examinando o comportamento da resposta do sistema em malha fechada a um
degrau unitário (Fig. 5.12) verifica-se a presença de um pequeno erro em regime – posto
que o compensador implementado não possui integrador – e o tempo de resposta de
aproximadamente 10ms.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
4
10
167
Resposta ao Degrau
1
0.9
0.8
Amplitude
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0
0.002
0.004
0.006
0.008
0.01
0.012
0.014
0.016
Tempo (sec)
Fig. 5.12 - Resposta ao Degrau Unitário no Sistema em Malha Fechada.
Os valores dos componentes discretos são obtidos substituindo-se a posição do
pólo e o ganho do compensador nas equações (5.101) e (5.102), com Rf=100kΩ.
Ri =
Rf
Kc
=
100k Ω
= 16, 66k Ω
6
(5.101)
1
1
=
= 1,563nF
R f ⋅ p1 100k Ω ⋅ 6400 rad s
Cf =
(5.102)
Adotando índices comerciais para o resistor e o capacitor, obtém-se Ri=15kΩ e
Cf=1,5nF.
Substituindo Ri na equação (5.103), atinge-se o valor de Rd.
Rd = Ri
2,5V
2,5V
= 15k Ω ⋅
= 2, 42k Ω
V1 − 2,5V
18V − 2,5V
(5.103)
Propondo-se a aumentar a precisão do sensor, visto que o valor calculado não é
comercial, foi empregado a associação paralela de dois resistores: Rd1=18kΩ e Rd2=2,7kΩ.
Além das variáveis do compensador, é preciso especificar o sensor de corrente e
os componentes do oscilador.
Como os valores de correntes processados são pequenos, pode o elemento de
medida da corrente ser resistivo, com o valor apresentado na equação (5.104).
Rsh =
1V ⋅ Dmax 1V ⋅ 0, 4
=
= 35mΩ
11, 438 A
Iprimax
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(5.104)
Capítulo 5
168
Empregando-se um valor comercial, Rsh=20mΩ.
Os componentes do oscilador são especificados por meio de (5.105).
f osc =
1, 72
Rt ⋅ Ct
(5.105)
É conveniente comentar que o CI 3844 é dotado de um divisor interno de
freqüência. Assim, a freqüência do oscilador deve ser o dobro da freqüência de comutação,
ou seja, fosc=80kHz.
Inserindo fosc e adotando um valor comercial para Rt na equação (5.105),
estipulam-se os componentes do oscilador, os quais: Rt=22kΩ e Ct=1nF.
5.3. Simulação com Componente Reais
A simulação com componentes reais destina-se a investigar o comportamento da
estrutura em malha fechada, possibilitando a análise de inconvenientes que possam vir a
aparecer na etapa de construção e testes do protótipo.
Além de componentes reais, inseriu-se no esquemático de simulação a indutância
de dispersão do transformador.
O sinal de comando para o interruptor, juntamente com a corrente no primário, é
demonstrado na Fig. 5.13.
18.6V
10.0V
0V
15A
V(R15:2)
10A
0A
-5A
28.3483ms 28.3600ms
ID(M1)
28.3800ms
28.4000ms
28.4200ms
28.4400ms
Time
Fig. 5.13 - Sinal de Comando no Interruptor e Corrente no Primário.
As saídas 1 e 2 são responsáveis por suprir energia a alguns componentes
eletrônicos, exigindo boa regulagem. Assim, para adaptar-se a este critério, foram
utilizados reguladores lineares em ambas as saídas, como se comprova no resultado de
simulação (Fig. 5.14) – que apresenta as tensões antes e depois do regulador.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
169
Além das tensões da saída 1 e 2, foi incluída na simulação a tensão em uma das
saídas isoladas de 16V.
20V
(17.552m,18.544)
(16.403m,16.330)
16V
(18.908m,15.105)
12V
-12V
V(R4:2,C2:1) V(R25:2) V(C9:2)
(16.403m,-14.998)
-16V
(16.995m,-18.698)
-20V
15.0ms 15.5ms 16.0ms
V(C12:1) V(C13:1)
16.5ms
17.0ms
17.5ms
18.0ms
18.5ms
19.0ms
19.5ms 20.0ms
Time
Fig. 5.14 - Tensões de Saída.
As tensões e corrente no primário e em um dos secundários estão apresentadas na
Fig. 5.15. A corrente no secundário está multiplicada pelo fator 10, a fim de melhorar sua
percepção.
Examinando-se as correntes no primário e no secundário, verifica-se que o
conversor opera no modo de condução descontínua, inclusive para carga nominal.
40
20
0
-20
40
V(L4:1,L4:2) I(L4)
0
-40
38.02ms
V(L7:2,0)
38.04ms
I(D6)*10
38.06ms
38.08ms
38.10ms
38.12ms
38.14ms
Time
Fig. 5.15 - Tensão e Corrente no Primário e no Secundário 1.
Se analisados os esforços no interruptor (Fig. 5.16), picos de tensão são
detectados no bloqueio do MOSFET, em virtude da indutância de dispersão do
transformador. A presença destes picos eleva as perdas em comutação, podendo danificar o
semicondutor caso ultrapasse seu limite máximo de tensão.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
170
100
80
60
40
20
0
38.22ms
38.23ms
38.24ms
ID(M1)*5 V(M1:d,Isense)
38.25ms
38.26ms
38.27ms
38.28ms
38.29ms
38.30ms
Time
Fig. 5.16 - Tensão e Corrente (x5) no Mosfet.
Para averiguar-se o comportamento do compensador, foram realizadas variações
de carga de 10% a 100% (em 30ms), bem como na tensão de entrada de 28V a 38V (em
40ms), como demonstra Fig. 5.17.
Em função da característica Feed-Forward do CI 3844, percebe-se que a
alteração na tensão de entrada praticamente não provocou modificações na tensão de saída.
19.00V
18.75V
18.50V
18.25V
18.00V
2.2V
V(R25:2)
2.0V
1.8V
1.6V
29ms 30ms
32ms
V(U6:COMP)
34ms
36ms
38ms
40ms
42ms
44ms
46ms
Time
Fig. 5.17 - Tensão de Saída e Sinal do Compensador - Resposta Transitória.
5.4. Implementação e Resultados Experimentais.
Além do diagrama esquemático completo representado na Fig. 5.18, serão
apresentadas nesta seção as principais formas de onda extraídas durante experimentação.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
171
D1
+24
1
MUR120
15k
L1
2200u / 25V
Vout
2.2k
1
R3
18k
R18
C8
MUR120
D2
C6
C9
M1
D7
15V-1/2W
1
GND
IN
OUT
LM7915C
R5
2.2k
Terra1
D6
irfp260
Vcc2
15
18V-1W
C7
1u
U3
2200u / 25V
R8
L4
R9
2.2k
MUR120
C12
R10
R11
2.2k
2200u / 25V
20m/3w
Terra2
D8
0
Vcc3
L5
MUR120
C13
R12
2.2k
2200u / 25V
Terra3
D9
Vcc4
C14
L6
1.5n
R14
Vout
100k
R15
1k
C17
470p
0
2
1
3
4
C19
1n
VFB
COMP
OUT
ISENSE
RT/CT
MUR120
C15
C16
5
2.2k
6
0
Terra4
D10
0.01u
Vcc5
L7
MUR120
UC3844
C18
R16
2.2k
2200u / 25V
GND
R17
22k
R13
2200u / 25V
7 8 U4
VCC VREF
Terra5
0
0
Transformador
Fig. 5.18 - Esquemático Completo do Conversor Flyback.
A foto do protótipo desenvolvido é mostrada na Fig. 5.19.
Fig. 5.19 - Foto do Protótipo.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
0.1u
2.7k
MUR120
680-1W
D5
+15
C2
3
1u
Vcc1
L3
R6
330n
2.2k
2200u / 25V
D3
Lpri
2
R4
3
Q1
BD135
C11
C1
OUT
GND
0
L2
Vcell
IN
R1
R2
C5
U1
LM78T15CT
Capítulo 5
0.1u
2
-15
172
A Fig. 5.20, assim como a Fig. 5.21, mostra as tensões de saída juntamente com a
tensão de entrada. Na primeira verificam-se as tensões após os reguladores das saídas 1 e
2, enquanto na segunda, uma das tensões isoladas de 16V.
Tensão de Entrada
Tensão de Saída1
Tensão de Saída2
Tensão de Entrada (25V/div)
Tensão de Saída1 (10V/div)
Tensão de Saída2 (10V/div)
Tempo (100us/div)
Fig. 5.20 - Tensão de Entrada e Saída 15V e -15V
Tensão de Entrada
Tensão de Saída3-7
Tensão de Entrada (10V/div)
Tensão de Saída3-7 (10V/div)
Tempo (100us/div)
Fig. 5.21 - Tensões de Entrada e Saída 16V.
Ao se observar as formas de onda das tensões no primário e no secundário (Fig.
5.22) é notável a presença de uma ressonância no segundo estágio de operação. Este
fenômeno é explanado em virtude das não-idealidades do sistema, como a indutância de
dispersão do transformador e a capacitância intrínseca do MOSFET.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
173
Primário
Secundário
Primário (25V/div)
Secundário (20V/div)
Tempo (5us/div)
Fig. 5.22 - Tensões no Primário e no Secundário.
Os picos de tensão ocorridos no bloqueio do MOSFET, decorrentes da indutância
de dispersão, não se estabelecem de forma significativa no resultado prático, de acordo
com a Fig. 5.23.
Tensão
Corrente
Tensão (25V/div)
Corrente (5A/div)
Tempo (10us/div)
Fig. 5.23 - Tensão e Corrente no MOSFET.
Os detalhes do bloqueio e da entrada em condução do MOSFET são apreciados
nas Fig. 5.24 e Fig. 5.25, respectivamente.
No decurso do bloqueio são percebidas a ressonância provocada pela indutância
de dispersão do transformador e capacitância intrínseca do MOSFET, exatamente no
instante em que a comutação é considerada dissipativa.
A indutância de dispersão, que provoca na maioria das vezes respostas
indesejáveis, como picos de tensão e ressonância, auxilia na etapa de entrada em condução
do conversor Flyback.
Esta indutância limita a derivada de corrente, garantindo uma comutação suave na
entrada em condução, como observa-se na Fig. 5.25.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
174
Tensão
Corrente
Tensão (25V/div)
Corrente (5A/div)
Tensão
Tempo (200ns/div)
Tensão (25V/div)
Corrente (5A/div)
Fig. 5.24 - Comutação do MOSFET - Bloqueio
Corrente
Tempo (1us/div)
Fig. 5.25 - Comutação do MOSFET – Condução.
A forma do sinal do compensador, em virtude da modificação de carga de 0 a
100%, é analisada na Fig. 5.26, juntamente com a forma de onda da tensão da saída 1.
Compensador
Tensão Saída
Corrente
Compensador (500mV/div)
Tensão Saída (100mV/div)
Corrente (200mA/div)
Tempo (5ms/div)
Fig. 5.26 - Variação de Carga - Compensador, Tensão e Corrente.
5.5. Conclusão
A necessidade de se atingir inúmeros sinais de comando isolados para os
MOSFETs responsáveis em realizar o bypass das células consideradas danificadas,
impulsionou a escolha da topologia Flyback – conversor de baixo custo, dotado de
facilidade na implementação e estratégia de controle.
O conversor Flyback possui comportamento dinâmico de primeira ordem,
representado na função de transferência por um pólo e um zero provocado pela resistência
série do capacitor.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
175
No decorrer do capítulo foram analisadas as etapas de operação, seguidas das
principais formas de onda.
Com base em [19] e nas especificações do projeto, desenvolveu-se um protótipo
deste conversor operando em condução descontínua e com oito saídas. Duas delas
alimentam circuitos integrados, enquanto as outras seis isoladas geram os comandos para
os MOSFETs.
Por fim, demonstrou-se os resultados experimentais a fim de comprovar o bom
comportamento estático e dinâmico do conversor em estudo.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 5
176
CAPÍTULO 6
Implementação e Resultados Experimentais
O sistema a ser implementado é composto de 12 cartuchos, contendo 4 células
cada, totalizando 48 células conectadas em série.
Na Fig. 6.1 verifica-se uma foto do cartucho, ilustrando os pontos de entrada dos
combustíveis bem como os sensores de tensão e os coletores da corrente.
Fig. 6.1 - Cartucho contendo 4 Células a Combustível.
O conjunto destes cartuchos, quando conectados ao módulo, podem gerar até
500W de potência se nenhuma célula encontrar-se danificada.
Fig. 6.2 - Foto do Módulo e dos Equipamentos de Medição.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
177
Por se-tratar de um sistema modular, possibilita a susbstituição de um cartucho
com falha, que por sua vez, é identificada visualmente pelo led posicionado acima de cada
cartucho.
Outros leds localizados no lado esquerdo superior do módulo indicam a etapa de
operação da célula: inicialização, warm-up, on-line ou off-line.
O sistema de teste conta ainda com medidores de pressão e de fluxo na entrada da
célula, mas especificamente no anodo, bem como um manômetro entre o anodo e a válvula
de saída, como mostra Fig. 6.2.
A montagem do protótipo completo é apresentada na Fig. 6.3, que mostra a vista
superior do módulo, contendo a placa de controle, os conversores Flyback e Buck-Boost
Modificado, um dos sensores de temperatura, as vávulas individuais e os cartuchos das
células.
Fig. 6.3- Montagem do Protótipo.
Os demais dispositivos encontram-se dispostos, todavia, posicionados fora do
ângulo de abrangência da foto.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
178
6.1. Resultados Experimentais
Esta etapa visa apresentar os resultados experimentais obtidos, principalmente
quanto aos níveis de tensão e corrente obtidos na saída, bem como, os sinais empregados e
utilizados nas estratégias de controle e monitoramento.
Vale lembrar que as análises experimentais dos sistemas auxiliares de energia,
conversores Buck-Boost Modificado e Flyback, foram demonstradas nos capítulos 4 e 5,
respectivamente.
Incialmente, será comprovado o comportamento da curva de polarização da
célula, ou seja, o decréscimo na tensão provocado por um aumento da carga.
Tensão
Corrente
Tensão (10V/div)
Corrente (2A/div)
Tempo (10ms/div)
Fig. 6.4 - Tensão e Corrente da “pilha” para uma Potência de 140W.
Comparando as Fig. 6.4 e Fig. 6.5 observa-se que a tensão teve uma redução de
4,95V provocado por um acréscimo na corrente de 9,8A. Ou seja, a tensão cai a uma taxa
de 0,505V/A.
Tensão
Corrente
Tensão (5V/div)
Corrente (5A/div)
Tempo (10ms/div)
Fig. 6.5 - Tensão e Corrente da “pilha” para uma Potência de 397W.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
179
Quando aumenta-se ainda mais a corrente de carga (Fig. 6.6), alcançando 18,54A,
a tensão atinge um valor de 25,36V.
Fazendo uma relação entre a primeira (Fig. 6.4) e a última medida (Fig. 6.6),
constata-se uma variação na corrente de 14,368A. A tensão teve uma redução de 8,02V,
acarretando em uma taxa de decréscimo de 0,558V/A, bem próxima da índice obtido na
primeira etapa (Fig. 6.4) .
Isto comprova que a região mediana da curva de polarização, conhecida como
região ôhmica, possui um comportamento praticamente linear.
Tensão
Corrente
Tensão (5V/div)
Corrente (5A/div)
Tempo (10ms/div)
Fig. 6.6 - Tensão e Corrente da “pilha” para uma Potência de 470W.
Esta redução da tensão a medida que se aumenta a carga fica evidente, quando
comparadas as aquisições anteriores, com a tensão em circuito aberto de 43,42V, ilustrada
na Fig. 6.7.
Outro detalhe que deve ser comentado é a presença de perdas mesmo em circuito
aberto, como apresentado no capítulo de modelagem (Capítulo2).
Em uma “pilha” a tensão teórica máxima seria o número de célula em série
multiplicada pela tensão reversível de 1,23V. Portanto, neste caso, como o modulo possui
48 células, a tensão ideal de circuito aberto seria 59V.
Todavia, a presença de perdas, principalmente as correntes internas, faz com que a
tensão caia para o patamar de 43,42V, o que representa em média uma tensão de
aproximadamente 0,9V em cada célula.
Utilizando a equação (1.23) apresentada no primeiro Capítulo, estima-se o
rendimento do sistema em circuito aberto.
η (%) = 0, 675 ⋅Voperacao ⋅100% = 0, 675 ⋅ 0,9 ⋅100% = 60, 75%
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
(5.106)
Capítulo 6
180
Tensão
Tempo (10ms/div)
Tensão (10V/div)
Fig. 6.7 - Tensão na "pilha" em circuito aberto.
A temperatura de operação é alcançada na etapa de pré-aquecimento por meio da
estratégia de comandar os MOSFETs de bypass periodicamente, como apresentado no
Capítulo 3.
Observa-se na tensão da “pilha” durante esta etapa (Fig. 6.8), uma variação da
amplitude, exatamente no momento do comando dos MOSFETs.
Tensão
Tensão
Comando
Tensão (5V/div)
Tempo (500ms/div)
Fig. 6.8 - Tensão da "pilha" durante warm-up.
Tensão (10V/div)
Comando (5V/div)
Tempo (100ms/div)
Fig. 6.9- Tensão na "pilha" e comando do MOSFET.
A Fig. 6.9, mostra o instante exato do comando do MOSFET, e a tensão de saída.
Vale lembrar, que o acionamento do interruptor quando o sistema encontra-se em operação
normal, provoca a redução na tensão, entretanto, durante o warm-up este decréscimo não
pode ser observado claramente, haja vista que as células são curto-circuitadas em
seqüência.
O comportamento de primeira ordem da tensão de saída, frente a uma variação de
carga pode ser verificada na Fig. 6.10.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
181
A camada dupla de carga constitui outro fenômeno a ser verificado a partir da
análise da tensão, representada no Capítulo 2 por um capacitor no modelo elétrico que
estabelece o comportamento dinâmico da célula. Tal capacitor garante resposta de primeira
ordem frente a uma variação de carga, como mostra Fig. 6.10.
Tensão
Corrente
Tensão (10V/div)
Corrente (2A/div)
Tempo (50ms/div)
Fig. 6.10 - Tensão na "pilha" - Variação de Carga.
A tensão de três células sucessivas em relação à massa é apresentada na Fig. 6.11.
A partir destas, extrai-se a tensão individual subtraindo o valor da célula (n-1) da n.
Portanto, subtraindo 19,44V de 20,07V obtém-se a tensão individual da última célula como
sendo 0,63V. O mesmo procedimento, se feito para a segunda célula, determina igual valor
(0,63V).
Célula 3
Célula 2
Célula 1
Célula 1 (5V/div)
Célula 2 (5V/div)
Célula 3 (5V/div)
Tempo (1ms/div)
Fig. 6.11 - Tensão nas células em relação à massa.
A estratégia de monitoramento da tensão é baseada na utilização de quatro
multiplexadores, cada qual responsável por doze células. Os canais dos multiplexadores
são conectados seqüencialmente com as células, observando as tensões em relação a
massa.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
182
A Fig. 6.12 apresenta o sinal de saída de um dos multiplexadores. A diferença
entre dois degraus simultâneos representa a tensão individual de uma célula.
Faz-se ainda conveniente apresentar o momento de transição entre dois
multiplexadores, mostrado na Fig. 6.13.
MUX 2
MUX 1
MUX 1
MUX 1 (500mV/div)
Tempo (2s/div)
MUX 1 (500mV/div)
MUX 2 (500mV/div)
Fig. 6.12 - Tensão na saída do Multiplexador.
Tempo (2s/div)
Fig. 6.13 - Momento da transição entre
multiplexadores.
Durante a etapa de monitoramento, ao observar a tensão de uma das células
abaixo de 0,4V, o microcontrolador envia o sinal de comando para a válvula e o MOSFET
referentes a esta célula, desabilitando o cartucho.
Com o auxílio da Fig. 6.14, percebe-se o instante em que o MOSFET é
comandado, logo após o sinal de bloqueio para a válvula.
Observa-se, também, a redução da tensão da “pilha” no exato momento em que o
MOSFET entra em condução.
Tensão
Válvula
MOSFET
Tensão (10V/div)
Válvula (10V/div)
MOSFET (5V/div)
Tempo (5ms/div)
Fig. 6.14 - Tensão de saída e comandos da válvula e do MOSFET durante falha.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
183
A velocidade de rotação do ventilador responsável em fornecer ar para as células é
controlada a partir de um sinal de tensão. Este, por sua vez, é obtido extraindo-se o valor
médio de sinal PWM proveniente do microcontrolador.
Este sinal (com uma freqüência de 50kHz) juntamente com o valor médio é
apresentado na Fig. 6.15.
Tensão
PWM
Tensão (1V/div)
PWM (2V/div)
Tempo (10us/div)
Fig. 6.15 – Tensão de Controle do Ventilador e sinal PWM durante - Warm-UP.
No instante em que o sistema finaliza o processo de warm-up e inicia a etapa
chamada de on-line, aumentando a velocidade de rotação do ventilador. Tal incremento no
sinal de controle é observado comparando-se o valor médio e o razão cíclica do PWM nas
Fig. 6.15 e Fig. 6.16.
Tensão
PWM
Tensão (1V/div)
PWM (2V/div)
Tempo (10us/div)
Fig. 6.16 – Tensão de Controle do Ventilador e Sinal PWM - On-Line.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
184
6.2. Conclusão
Este capítulo visou ilustrar detalhes da montagem do protótipo, bem como
comprovar os métodos de monitoramento e controle implementados.
Através dos resultados foi possível observar-se a presença de perdas,
principalmente a corrente interna (mesmo em circuito aberto) e a camada dupla de carga,
que implica em um comportamento de primeira ordem da tensão na pilha frente a uma
variação de carga.
A região linear de perdas ôhmicas foi visualizada durante a comparação das taxas
de decaimento da tensão, à medida em que se aumentou a carga.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Capítulo 6
185
CONCLUSÃO GERAL
O uso contínuo dos combustíveis fósseis representa grave ameaça à atmosfera e
ao meio ambiente. Sua queima lança ao ar grandes quantidades de gases poluentes, além de
produzir gás carbônico, responsável pelo aumento na temperatura do planeta.
Assim, seja pela previsão do esgotamento das reservas de combustíveis não
renováveis, seja pela poluição causada com sua queima, torna-se fundamental o
desenvolvimento de novas fontes de energia.
O presente trabalho destinou-se a esclarecer as possibilidades de construção de
um sistema gerador de energia, através do uso de células a combustível. O mecanismo em
questão tratou de produzir energia com o emprego de hidrogênio como combustível,
liberando água e calor. Restou comprovada a inexistência de poluição, ou seja, a geração
da chamada energia limpa.
O estudo revelou-se de suma importância na compreensão do comportamento das
células e suas aplicações.
No início foram apresentadas as operações básicas, demonstrando as reações
químicas que comportam o processo de obtenção de energia elétrica a partir da óxidoredução dos gases combustíveis.
Dentre os tipos de células a combustível apresentadas, maior ênfase foi dada a
PEM (Próton Exchange Membrane). Além de consagrar-se como candidata em potencial
para aplicações automotivas e domésticas, verificou-se que sua baixa temperatura de
operação lhe possibilita uma inicialização bastante rápida.
Em se tratando da obtenção de modelos, comprovou-se a difícil aquisição de
parâmetros que representassem o comportamento dinâmico e em regime permanente das
células, posto que a maioria das variáveis adotadas não estavam disponibilizadas, sendo de
difícil obtenção.
No modelo escolhido para representar o comportamento estático, subtraíram-se da
tensão teórica máxima as fontes de perdas relevantes em todas as faixas de operação, as
quais: perda por ativação, ôhmica e corrente interna. Em virtude do problema de aquisição
dos valores das constantes, foram empregados resultados experimentais para determinar os
parâmetros do modelo, além do uso do método de interrupção de corrente. Para comprovar
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Conclusão Geral
186
sua eficiência, confrontou-se a curva de polarização e a curva experimental, obtendo
resultados bastante satisfatórios.
Em se tratando do modelo dinâmico, empregou-se um circuito elétrico a fim de
representar o fenômeno da dupla camada de carga, onde cargas positivas e negativas se
posicionam na fronteira entre o eletrólito e o eletrodo, atuando como capacitor. Ao
comparar os parâmetros extraídos com os valores de simulação, comprovou-se novamente
a eficiência do modelo.
O processo de obtenção de energia empregando células a combustível envolve
uma gama de variáveis que devem ser monitoradas e controladas, de maneira a garantir o
bom funcionamento do sistema, bem como alcançar um alto rendimento. Dentre estas
variáveis pode-se citar a tensão da célula, temperatura, pressão, umidade da membrana e o
abastecimento de hidrogênio e oxigênio.
Uma pequena variação em uma destas, pode ocasionar a falha, ou até mesmo
danos irreversíveis a célula. A alternativa mais confiável para impedir tais estragos, é
através da monitoração da tensão na célula constantemente. Ao observar que a tensão
encontra-se abaixo de um nível estabelecido (geralmente 0,4V), os circuitos de controle
devem imediatamente retirar de operação o cartucho que contém esta célula, fornecendo
um caminho alternativo à corrente da “pilha”.
No projeto em questão, MOSFETs são empregados de maneira a prover esta via,
ao mesmo tempo que o fornecimento de hidrogênio é bloqueado por meio de válvulas
individuais. Portanto, a falha de uma célula não significa a interrupção completa da
geração de energia, a célula danificada é retirada (desabilitando o cartucho) e o sistema
continua operando normalmente.
Visto que estes interruptores são conectados em série, foi necessário prover
comandos isolados aos mesmos. Estes, foram obtidos através de um conversor Flyback,
projetado com seis saídas isoladas, além de outras duas aproveitadas para alimentação de
circuitos integrados.
O controle destas variáveis citadas acima, esta diretamente relacionado a circuitos
auxiliares, como válvulas solenóides, ventilador e motor de passo. A necessidade de suprir
energia para estes circuitos, exigiu o desenvolvimento de uma fonte capaz de gerar níveis
diferenciados de tensão, porém referenciados à mesma massa.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Conclusão Geral
187
A solução empregada foi adicionar enrolamentos secundários a topologia BuckBoost Não-Convencional, que por sua vez, se diferencia da original por não inverter a
tensão na saída.
Por fim, os resultados experimentais vieram a comprovar a eficácia dos métodos
empregados, assim como ilustrar alguns procedimentos tomados no decorrer dos
algoritmos implementados.
Este resultados possibilitaram ainda, verificar alguns fenômenos mencionados
durante a modelagem da célula tais como as perdas por corrente interna e a dupla camada
de carga.
Em suma, verificou-se que as fontes renováveis de energia, em especial a célula a
combustível, são viáveis e extremamente necessárias. Principalmente pela possibilidade de
se consagrarem como um método primoroso na redução de desperdícios e dilatação do
acesso à energia. Todavia, como as fontes alternativas de energia são usadas em pequenos
campos do mercado, deve-se pensar em um futuro onde estas tecnologias estejam em
maior disponibilidade, preservando os sistemas ambientais e economizando os recursos
naturais.
Como continuidade deste trabalho, sugere-se a inclusão de um sistema de start-up
sem a necessidade de fontes externas de alimentação. Uma solução é implementar um
conjunto de baterias que forneçam a energia durante a etapa de inicialização e que possam
ser recarregadas no momento de operação normal do sistema. Ainda nesta etapa, as células
são responsáveis pelo fornecimento de energia aos circuitos auxiliares.
Leonardo Augusto Serpa, M. Eng.
Conclusão Geral
188
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