A Tarde - 04/06/13
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A Tarde - 04/06/13
6 2 SALVADOR TERÇA-FEIRA 4/6/2013 Rafael Kent / Divulgação MÚSICA Alta Fidelidade é o novo trabalho autoral do cantor, depois de cinco anos WILSON SIMONINHA Simoninha lança CD de suingue leve, inspirado no eixo Rio-SP MARCELO ARGÔLO Um suingue leve, manso e comedido, além de um canto simples, sem gritos ou firulas. Essas são as marcas de Alta Fidelidade, novo disco do cantor Wilson Simoninha. Foram cinco anos e cerca de 100 shows com o projeto Baile do Simonal, uma homenagem ao seu pai, o falecido cantor Wilson Simonal. Agora, ele volta a se dedicar à carreira solo. O último trabalho do cantor foi lançado em 2008. No ano passado ele resolveu voltar a focar nas suas produções autorais. “Em 2012 pensei que não poderia deixar passar mais tempo, porque a distância estava muito grande. Queria colocar para fora as ideias que tinha”, disse Simoninha por telefone. No início do processo de criação do disco, os rumos ainda não estavam muito claros para o artista. “Queria fazer algo que não sabia exatamente o que era, mas algumas coisas me norteavam. Queria algo distraído, alto astral e que tivesse também certa classe”, disse. Para iluminar os caminhos, resolveu ir para o estúdio e começar a trabalhar. E deu certo. “Resolvi começar a gravar sem ter essas coisas claras e as peças foram se encaixando”, disse. ALTA FIDELIDADE / SDESAMBA / R$ 24,90 / WWW.SDESAMBA.COM.BR O cantor Wilson Simoninha, que volta a se dedicar à carreira solo Parcerias O álbum oferece uma experiência leve aos ouvidos, sem nenhum tipo de experimentação ou rebuscamento “Eu não posso perder minha essência, ao mesmo tempo acho que é importante ter outros olhares” WILSON SIMONIA, cantor O resultado é um disco com 12 faixas, sendo 10 autorais e a regravação de Falso Amor, de Jair Rodrigues, que aparece também em versão remix. Frescor Outra preocupação que o artista tinha era trazer uma novidade, o que ele chamou de frescor. “Eu tinha o desejo de fazer um disco que fluísse e que as pessoas tivessem prazer em escutar”, afirmou o cantor. O objetivo foi cumprido. Alta Fidelidade oferece uma experiência leve aos ouvidos. Não há nenhum tipo de experimentação ou rebuscamento nas canções. As letras, que traduzem situações cotidianas, a economia nos arranjos e a já referida simplicidade nos vocais contribuem para esse efeito. Também estava no planejamento de Simoninha criar uma energia São Paulo e Rio. Para isso, gravou em estúdios das duas cidades e chamou Alex Moreira e Bruno Bona para dividir com ele a produção do álbum. A ideia era que Alex colocasse o olhar carioca em algumas mú- sicas e Bruno o paulista em outras, para Simoninha fechar a unidade do disco. Mas essa diferenciação entre as energias das cidades não é perceptível. Todas as letras giram em torno dos mesmos temas: romances, praia, futebol. Musicalmente todas as canções também seguem a linha do suingue leve. Alta Fidelidade contou com participações e colaborações nos diferentes momentos da produção. Na composição, ele traz antigos parceiros, como Bernardo Vilhena e João Marcelo Bôscoli, e novos, como Carlos Rennó, Mu Chebabi, João Sabiá. Sabiá também canta com Simoninha a parceria dos dois, o samba-rock Meninas do Leblon, que abre o disco. Outra participação no CD é do rapper Max B.O em Falso Amor (Remix). Nos arranjos, há a colaboração de nomes como Serginho Trombone e Léo Gandelman. “Eu não posso perder a essência do que eu sou, ao mesmo tempo eu acho que é importante ter outros olhares”, afirma o cantor sobre o que o motivou a trabalhar com parceiros. Mesmo com três produtores e diversas colaborações e participações, Alta Fidelidade é um disco que tem uma unidade de estilo entre canções. Simoninha diz estar satisfeito com o resultado do disco. “Chegar nessa unidade foi um desafio. Eu botava muita fé no fato de que 10 das 12 faixas terem melodias minhas traria uma unidade e ainda o jeito de cantar. Eu tinha a intuição que isso poderia ser um caminho, por mais diferente que fossem algumas coisas”, afirma. Ato 5, banda histórica do punk baiano, faz show com o Camisa de Vênus nesta sexta-feira Arquivo Pessoal banda Ato 5 A Coletânea hoje volta no tempo, mas retorna já já para o agora. Em 1987, em meio à cena roqueira que se formou catalisada pelo estouro do Camisa de Vênus, uma rapaziada punk do bairro de São Caetano resolveu protestar. Mas protestar mesmo, começando pelo nome da banda que formaram: AI-5. “Ticka (Sinval Carlos, baterista) era amigo de infância de Tinho (baixista), lá na Fazenda Grande do Retiro. Aí, quando Tinho foi morar no São Caetano, a gente se conheceu”, relata Neilton, vocalista. “Tinho e Ticka já tinham uma banda chamada Revolta Suburbana, que tocou com o Cólera em Salvador, em 1984”, diz. Rapaziada humilde, mas esclarecida, esses caras circulavam pelos shows da cena local: “Em 1986, rolavam shows do Camisa, Dever de Classe, Proliferação, Via Sacra, Velorium e outras. A AI-5 já estava formada, só não tinha tocado ainda”, diz. O primeiro show foi em 1987, no Clube de Engenharia, um dos espaços que reunia o povo do rock, assim como a loja Not Dead, Teatro Vila Velha, Clube de Engenharia, Solar Boa Vista, bares como o Manga Rosa, Espaço Bleff e outros. Aí começou a saga da AI-5 (Ato Institucional 5), nome que, como se sabe, carrega um karma pesado ao citar o golpe definitivo da famigerada ditadura militar contra a democracia. “Logo no primeiro cartaz que colamos na rua, um senhor desceu de um carro e disse: ‘Vocês são malucos, estão fazendo apologia a isso’? Aí respondemos que era justamente o contrário, somos contra o militarismo e tal. Aí até ele disse que ia ao show”, lembra Neilton. Em outra ocasião, a banda foi entrevistada pelo lendário radialista Baby Santiago em uma emissora local: “Ele disse que ia entrevistar a gente, mas não ia pronunciar o nome da banda. O Além de Neilton e Ticka, a Ato 5 atual conta com Alan e Cristiano Ferreira (guitarras) e José Carlos (baixo) HELLOWEEN YEAH YEAH YEAHS DAVID BOWIE Titã do metal alemão, a banda Helloween honra sua longa trajetória (28 anos) com mais um álbum capaz de entortar o cangote de qualquer headbanger: veloz, pesadão, trampado – mas com o som limpo que é sua marca. Sonzão. STRAIGHT OUT OF HELL / SONY Dez anos após o sucesso do disco Fever to Tell, a banda Yeah Yeah Yeahs volta à cena com um álbum pulsante e cheio de energia. Dentre as faixas, vale prestar especial atenção em Buried Alive, produzida por James Murphy, do LCD Soundsystem. MOSQUITO / UNIVERSAL/ R$ 27,90 MARIANA PAIVA Coletânea Chico Castro Jr. Jornalista e repórter do Caderno 2+ MUSIC / R$ 26,90 CCJR. Punks em 1987: a AI-5 (hoje Ato 5), em um de seus primeiros ensaios Dimazz hoje, no TVV Dimazz segue com sua residência mensal na Vila da Música. Hoje ele recebe Cascadura e o Camará Ensemble - Grupo de Câmara da Ufba. Teatro Vila Velha, 20 horas, R$ 30 e R$ 15. Bons sons vezes 2 Scambo & Sertanília dividem o palco do Portela Café nesta sexta-feira. Às 22 horas, R$ 20 (antecipado, na Midialouca). Na porta, sobe para R$ 25. São Caetano calling (ENGENHO VELHO DE BROTAS) / R$ 15 Como se vê na matéria da Ato 5, São Caetano é polo cultural alternativo não é de hoje. Sábado, um dos projetos que movimentam o bairro, o Radiola Alternativa, tem primeira edição em casa nova: espaço Gangara (defronte Colégio Ramo da Videira). Sábado, com bandas Latryna, The Lex e Os Caras da Rádio. 17 horas, R$ 3. WHITNEY HOUSTON SHE AND HIM GABY MORENO LP de transição, Alladin Sane (1973) foi composto por Bowie durante turnê pelos EUA. Pode parecer irregular, mas contém pérolas como Watch That Man, Time, Drive-In Saturday e Panic in Detroit. Clássico, sim senhor. Ela passou a vida cantando amor, o maior de todos. O legado da artista ganha coletânea, o the best of de Whitney. Composições consagradas, uma delas título do disco, reúnem o melhor de seus 20 anos de carreira. I No terceiro álbum, a cantora guatemalteca apresenta canções que misturam ritmos como blues, jazz, soul e R&B. A maior parte das músicas é lenta e com letras excessivamente românticas que dão um tom de pesar. ALADDIN SANE - 40TH ANNIVERSARY ALWAYS LOVE YOU – THE BEST OF WHITNEY No terceiro CD, o duo formado pelo guitarrista M. Ward e a cantriz Zooey Deschanel segue a toada dos discos anteriores: country folk adocicado, com toques girl band anos 1960. Delícia. Ouça I’ve Got Your Number Son, Never Wanted Your Love e Sunday Girl. VOLUME EDITION / EMI / R$ 31,90 CCJR. HOUSTON /SONY / R$ 29,90REGINA DE SÁ 3 / LAB 344 / R$ 34,90 CCJR. pessoal ainda tinha muito medo, mesmo com a ditadura já encerrada”, afirma Neilton. Punk’s not dead O tempo passou e, depois de muitos shows e participações engajadas em protestos organizados por sindicatos e outras entidades, membros começaram a sair. Em 2010, Ticka e Neilton, os remanescentes, resolveram reformar a banda, agora como Ato 5. Lançaram CD em 2011 e, sexta-feira, tocam com o Camisa de Vênus. Assistir às duas bandas é testemunhar a própria história do rock local. ATO 5 E CAMISA DE VÊNUS / SEXTA-FEIRA, 19 HORAS / CINE TEATRO SOLAR BOA VISTA POSTALES / WARNER MUSIC / PREÇO NÃO INFORMADO VERENA PARANHOS