Folha de sala
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Folha de sala
ALUNOS ACTORES Jocasta: Gabriela Barros Ana Cayolla Sofia Lopes Io Franco Rita Figueiredo Mª Jorge Marques Joana Cotrim Cátia Terrinca Perceptor: Mário Costa Tirésias: Miguel Rebelo Corifeu: Mª Jorge Marques Miguel Rebelo Ana Cayolla Meneceu: Pedro Loureiro Antígona: Gabriela Barros Io Franco Mª Jorge Marques Joana Cotrim Sofia Lopes Mensageiro: Cátia Terrinca Sofia Lopes Io Franco Rita Figueiredo Polinices: Daniel Gorjão Filipe Luz Édipo: Daniel Gorjão Hélder Agapito João Ventura Etéocles: Luís Geraldo Welket Bungué Creonte: Hélder Agapito Mário Costa João Ventura Filipe Luz Pedro Loureiro Luís Geraldo ALUNOS DESIGN DE CENA Carolina Sacoto Francisco Monteiro Marta Passadeiras Virgínia Silva PROFESSORES RESPONSÁVEIS INTERPRETAÇÃO: Maria João Vicente DESIGN DE CENA: António Lagarto DRAMATURGIA: Armando Nascimento Rosa PRODUÇÃO: Miguel Cruz ALUNOS PRODUÇÃO Catarina Costa Daniela Rodrigues Joana Peralta João Duarte Mª Fátima Silva Margarida Luz Mónica Rodrigues Rui Guerreiro PROFESSORES DE APOIO CORPO: Howard Sonenklar VOZ: Elsa Braga ALUNOS DRAMATURGIA João Leitão Luís Soares Rute Fialho GABINETE DE PRODUÇÃO ESTC Pedro Azevedo Conceição Alves Costa Rute Reis MESTRA DE GUARDA-ROUPA Olga Amorim SELECÇÃO MUSICAL Arvo Pärt - Summa David Sylvian - Small Metal Gods Tambores da Polinésia Yeah Yeah Yeahs - Maps Oficina Comum é uma unidade curricular partilhada pelo 1º semestre lectivo dos quatro ramos da licenciatura em Teatro, da Escola Superior de Teatro e Cinema (Instituto Politécnico de Lisboa). Pelas suas características inter e transdiciplinares, o laboratório integra (no que respeita à turma A), numa parceria pedagógica com a coordenadora da área de Interpretação, Prof.ª Maria João Vicente, os docentes responsáveis por outros domínios de formação teatral: Dramaturgia – Prof. Armando Nascimento Rosa; Design de Cena: Prof. António Lagarto; Produção – Prof. Miguel Cruz; e ainda, no apoio de Voz, a Prof.ª Elsa Braga, e, no apoio de Corpo, o Prof. Howard Sonenklar. Para a realização deste exercício, a partir de uma versão dramatúrgica do texto As Fenícias, de Eurípides (na tradução portuguesa de Mário da Gama Kury), gostaríamos de deixar uma palavra de agradecimento ao Director do Museu Colecção Berardo, Dr. Jean-François Chougnet, à responsável pelo Serviço Educativo, Dr.ª Cristina Gameiro, bem como à Dr.ª Sara Franqueira Dias, que, num espírito de colaboração e abertura, disponibilizaram, uma vez mais - concretizando um acordo protocolar com a ESTC que muito nos apraz - os meios do Museu por forma a proporcionar uma experiência de criação teatral em contexto pedagógico e artístico. Pretendemos também agradecer a Daniel Cervantes, Nuno Nolasco e ao Teatro da Garagem. ANTIGUIDADES SELECCIONADAS Tragédia grega antiga: O que é? Como se põe em cena? Que sentidos produzirá a sua representação hoje? ─ Eis algumas das dúvidas que, teimosamente, ecoaram na sala 107 do Departamento de Teatro da ESTC, entre Outubro de 2009 e Janeiro de 2010. Uma resposta possível: nela reside o combustível necessário para renovadas descobertas cénicas. É no âmbito da unidade curricular Oficina Comum que os alunos dos diferentes ramos do 1º ano do curso de teatro, auxiliados pelos professores das várias áreas, propõem o presente exercício: F.E.N.Í.C.I.A.S (Fizemos Experiências Numerosas Intencionalmente Contemporâneas Incluindo Antiguidades Seleccionadas); versão brevíssima d’As Fenícias, de Eurípides. Herdeiros da maldição que cai sobre Édipo, os seus dois filhos, Etéocles e Polinices, procuram ocupar o espaço do poder, em luta fratricida. Ao contrário da versão de Sófocles, Jocasta sobrevive à revelação do incesto, tentando gerar a concórdia entre os dois irmãos. Acima de tudo, as personagens desta tragédia interpelam-nos com diversas interrogações: o que é a família? Qual o seu real valor? Será ela flexível e inquebrável? A ideia passa também por atestar a dimensão do sentimento trágico junto de um público contemporâneo, encenando a desordem e o caos. Curiosos em compreender e entrar no mundo destas personagens, foi-nos sugerida a visita às exposições patentes na colecção Berardo, museu onde o exercício se apresenta: Silêncios e She is a femme fatal. O objectivo desta visita foi tentar estabelecer pontes entre as obras expostas e a construção cénica. A exposição Silêncios, por Marin Karnitz, questiona o papel do “ser” de uma forma que nos parece paralela à obra estudada: o desconhecimento de Édipo do destino que o rege equivale a uma vontade de sair do silêncio e a uma incapacidade, também, de se lhe escapar. Esta exposição torna claro que a tragédia não vive só da palavra dita, vive também da palavra implícita, do silêncio e da tensão por este emanada. Inspirados na obra de Joseph Koserth, du phénoméne de la bibliothéque, pisamos e calcamos incontáveis livros, os quais nos servem de chão a esta tragédia – de que não temos notícia de antes ter sido encenada em Portugal – como a cultura grega serve de solo comum à civilização ocidental. À semelhança de Tadeusz Kantor que, na obra A classe morta transfigura, pela criação estética, a memória traumática dos que perderam a vida na guerra, também nós procurámos na cena inicial (que cita Kantor) evocar o sentido do trágico na pólis dilacerada pela guerra civil. Ana Rita e Hugo Barata, curadores da exposição She is a femme fatal, tentaram valorizar nela a marca feminina na criação artística, expondo exclusivamente obras de mulheres. De Paula Rego e Nan Golding a Cindy Sherman e Louise Bourgeois, todas elas nos podem remeter para a Jocasta de Eurípides. Ela é símbolo de força matriarcal que irrompe em chama, primeiro conciliatória e depois, face à morte dos dois filhos, auto-imoladora. Experimentámos na cena uma versão curta do texto. Num jogo de tentativa e erro, ensaiámos traços e modelámos contornos, à semelhança de Helena Almeida com os seus esboços, procurando evidenciar a unidade de um enredo que prima pela sua contínua ramificação. F.E.N.Í.C.I.A.S. (Fizemos Experiências Numerosas Intencionalmente Contemporâneas Incluindo Antiguidades Seleccionadas) recorda-nos de que somos seres dotados de vontades contraditórias que, no caso destes dois irmãos em conflito mortal, conduzem à destruição de Tebas. A tarefa de pôr em cena um texto como este é também a de conciliar as nossas vontades contraditórias, com a motivação de elaborar uma obra de pertença comum. Graças ao teatro, Tebas é reconstruída pelas nossas mãos. Rute Fialho João Leitão Luís Soares (alunos do 1.º ano de Dramaturgia)