Harmonia Conjugal e Familiar

Transcrição

Harmonia Conjugal e Familiar
BOLETIM ON LINE
Junho de 2014
Ano VII
CNBB – REGIONAL SUL 2
Harmonia Conjugal e
Familiar
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina e
Bispo Referencial da Pastoral
Familiar do Regional Sul 2/ CNBB
 Nesta Edição 
01 – Harmonia Conjugal
e Familiar
02 – Guenka foi para a
Casa do Pai
03 – Coordenação da
CRPF faz sua 2ª
reunião do ano em
Foz do Iguaçu
05 – Catequese do
Papa Francisco:
Confissão e Unção
dos Enfermos.
09 – 4º Simpósio
Nacional da
Família
15 – Retiro no Decanato
Laranjeiras
16–
Palmas/Francisco
Beltrão na 6ª
Peregrinação
17 – Os significados do
casamento
20–
Guarapuava no 4º
Simpósio
21 – O dom do filho
Desde o princípio o
Criador programou o
homem e a mulher
para ser "uma só
carne" (Gen 2,24),
crescer, multiplicarse, como imagem e
semelhança da
comunidade divina. O
matrimônio é definido
pela Igreja como
"comunidade de vida
e de amor". Eis o
fundamento da
harmonia conjugal, que
se expressa em outras
harmonias como
veremos.
l . Harmonia
econômica. Apego
material, ambição,
ganância, gera miséria
humana, espiritual e
moral. Não esbanjar e
não ser mão fechada,
diz o bom senso. Os
filhos devem assumir
trabalhos em casa.
Receber tudo de mãobeijada é prejudicial.
Pais que só lembram
o lado econômico e
esquecem o afetivo e
religioso, prejudicam
a família. Não se
compensa a ausência
física com presentes
nem com liberdade
total. A tarefa de
educar não é só da
mãe, da babá, da
creche, etc. O sucesso
profissional e
econômico não
garante a felicidade
dos filhos. Brigar por
causa de herança não
vale a pena.
Enriquecer e perder o
sono e a paz, é falsa
felicidade.
2. Harmonia
temperamental.
Sem esta harmonia,
as raivas, as
grosserias, as
agressões, a
indiferença, as brigas
se sucedem a cada
instante. Não gritar,
não fechar-se, mas
dialogar,
compreender,
perdoar, tolerar e
ajudar o outro a
crescer, eis o caminho
da harmonia. "Faças
aos outros o que
queres que te façam
a ti". É a lei de ouro.
Não vale culpar os
outros, mas usar de
auto-crítica. Quando
um não quer, dois
não brigam. Casar-se
com o jeito do outro
com suas limitações e
ajudá-lo a ser mais, a
amadurecer, é uma
das finalidades do
casamento. É ser uma
só carne no nível
temperamental.
3. Harmonia
cultural. Não
humilhar o cônjuge,
mas sempre promovêlo. Respeitar seus
interesses, valorizar
seus gostos e dar
oportunidade para o
outro fazer o que
gosta. Não ter inveja
nem sentir-se
inferiorizado. Sem
harmonia cultural não
há diálogo, mas
distância, silêncio,
indiferença,
humilhações. Trocase o lar pelo bar, pelo
esporte, ou por outro
"amor". Casar é
ajudar o outro a ser
mais. Um ser mestre
do outro. Cônjuge é
quem sabe conjugar,
carregar o jugo junto
com o outro.
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4 Harmonia
sexual. Nada se
deve forçar, impor,
fingir em asunto de
sexo. Por outro lado
não se deve ter
vergonha de falar do
que Deus não teve
vergonha de criar. Em
sexo ninguém é
obrigado a ter sucesso
sempre. É uma área
delicada e a primeira
pessoa a nos ajudar é o
cônjuge que partilha
do mesmo leito.
Buscar ajuda neste
campo é sabedoria e
muitas vezes, a única
solução. O perdão, o
afeto, o humanismo, a
informação, a
espiritualidade muito
contribuem para a
harmonia sexual do
casal.
5. Harmonia
parental. Respeitar
e cultivar amizade
com os familiares e
parentes do outro
cônjuge. A
intromissão de
parentes em nossa
família é coisa
deletéria, mas a entreajuda e bom
entrosamento é uma
bênção. Quem se casa
deve casar-se também
com os parentes do
seu consorte. Na
verdade, as famílias
de ambos se "casam"
entre si. Eis a
harmonia parental. O
contrário será um
verdadeiro inferno.
6. Harmonia
espiritual. Rezar
juntos, ensinar os
filhos a rezar, ler as
Escrituras, frequentar
a Igreja, colaborar
nos trabalhos
pastorais, são alguns
elementos da
harmonia-espiritual.
Uma pessoa muito
religiosa que se casa
com alguém
indiferente,
irreligioso,
irreverente, acaba
perdendo a fé ou
vivendo um divórcio
espiritual, algo
estranho e até
insuportável. A
religião será causa de
discussões e
aborrecimentos,
quando não, de
injustiças. É preciso
casar os espíritos, as
convicções, as almas e
não só os corpos. A
indiferença religiosa
destrói casamentos, já
a harmonia espiritual é
sustentação, remédio,
chave, proteção,
bênção da família.
Guenka foi para a Casa do Pai
Eduardo Guenka, nosso irmão de
caminhada na Pastoral Familiar, foi
morto a tiros no final da tarde deste
domingo, 8, no jardim Santa Rosália,
na garagem da casa onde também foram baleados seu filho e nora.
Os bombeiros foram acionados às
17h42 para atender as vítimas. Ao chegarem ao local, encontraram o médico
psiquiatra Eduardo Guenka, de 75
anos, já sem vida, nos braços da esposa. Seu filho Marcos foi atingido por
dois disparos no abdome, seria submetido a uma cirurgia no Hospital Regional de Sorocaba e não corre risco de
morte. A esposa de Marcos, Aline,
também foi levada ao Regional, com
uma perfuração no ombro, sem gravidade.
Casado(a) com MARIA ANGELA
ZOLDAN GUENKA, EDUARDO
GUENKA deixou os filhos CARLOS
EDUARDO 47 ANOS, MARCOS 45
ANOS, RAFAEL 40 ANOS,
FERNANDO 43 ANOS, ELAINE CRISTINA 36
ANOS.
DESCANSE EM PAZ, nos braços de Deus Pai.
À Angela e a toda a família nossas condolências e orações, na certeza da ressurreição do
nosso irmão Guenka e da felicidade plena na
vida eterna.
JUNHO DE 2014
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Coordenação da CRPF faz sua segunda
reunião do ano, em Foz do Iguaçu-PR
PARTICIPAÇÃO
Nos dias 17 e 18 de
maio, a equipe de
Coordenação da
CRPF - Comissão
Regional da Pastoral Familiar (Sul 2)
esteve reunida pela
segunda vez este
ano. Desta feita na
paróquia Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro em Foz do
Iguaçu.
Participaram, além
dos membros da
equipe: Gerson
Angelo Lorenzi e
Elisete Cecheto
Lorenzi, Coordenadores Arquidiocesanos da Pastoral
Familiar de Cascavel),
Marilde
Tasca e Izalnir
Tasca, Coordenadores Diocesanos
da Pastoral Familiar de Foz do Iguaçu e o padre
Ademar Lins,
Assessor Eclesiástico da Pastoral
Familiar da Diocese de Foz do Iguaçu.
Silvana irão elaborar um questionário para levantamento da realidade
das famílias no
nosso Regional, a
partir de sugestões
de toda a equipe de
coordenação.
QUESTIONÁRIO
CONGRESSO
REGIONAL
Sandra e Jorge,
Wilton e Cris e
José Marques e
A Equipe de coordenação da CRPF
Mês de agosto – marque na Agenda
10 a 16 – SNF – Semana Nacional da Família
17
– Assunção de Nossa Senhora
23 e 24 – 3ª reunião da Coordenação da Comissão
Regional da Pastoral Familiar em Campo Mourão
JUNHO DE 2014
3
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começou a discutir
os principais itens
para a realização do
5º Congresso
Regional que,
num primeiro momento tem previsão
para acontecer em
Ponta Grossa, no
mês de setembro de
2015. Até a próxima
reunião serão definidas as questões
relativas ao número
de participantes e
demais itens de logística, tema etc.
REUNIÕES ANUAIS
Decidido que as
reuniões anuais da
coordenação da
CRPF serão três ao
invés de quatro,
como tem sido até o
presente momento.
Elas deverão ocorrer nos meses de
março, julho e novembro.
CELEBRAÇÕES
EUCARÍSTICAS
Os trabalhos de sábado foram encerrados com a celebração da Missa
presidida por Dom
Orlando com a participação apenas
dos presentes na
reunião.
E, no domingo, as
atividades iniciaram com a participação na Santa
Missa presidida por
Dom Orlando juntamente com a
comunidade paroquial.
FINANÇAS
Um dos aspectos
que impactam nos
trabalhos pastorais
é a questão financeira, tornando-se,
em alguns casos,
um peso para os
agentes de qualquer
pastoral. Na Pastoral Familiar não é
diferente. Para minimizar ou resolver
JUNHO DE 2014
esta questão, a equipe de coordenação está analisando
algumas opções.
VIDA
Wilton apresentou
a logomarca, justificou a cor predominante vermelha
para redução de
custo com impressão. Disse que analisou o material
repassado na última reunião e identificou alguns movimentos e encontros e que vai entrar em contato
para participar.
Pretende fazer uma
reunião até 31/08
com os responsáveis pelo setor para
definir a
Semana Nacional
da Vida.
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BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
CONFISSÃO
Através dos Sacramentos da iniciação
cristã, o Batismo, a
Confirmação e a Eucaristia, o homem
recebe a vida nova
em Cristo. Agora,
todos sabemos disso,
nós levamos essa vida
“em vasos de barro”
(2 Cor 4, 7), ainda
estamos sujeitos à
tentação, ao sofrimento, à morte e, por
causa do pecado, podemos até mesmo
perder a nova vida.
Por isto o Senhor
Jesus quis que a Igreja continuasse a sua
obra de salvação
também através dos
próprios membros,
em particular o Sacramento da reconciliação e aquele da
Unção dos enfermos,
que podem ser unidos
sob o nome de
“Sacramentos da
cura”. O Sacramento
da Reconciliação é
um Sacramento de
cura. Quando eu vou
confessar-me é para
curar-me, curar a minha alma, curar o
coração e algo que fiz
e não foi bom. O ícone bíblico que o exprime melhor, em sua
profunda ligação, é o
episódio do perdão e
da cura do paralítico,
onde o Senhor Jesus
se revela ao mesmo
tempo médico das
almas e dos corpos
(cfr Mc 2,1-12 // Mt
9,1-8; Lc 5,17-26).
1. O Sacramento da
Penitência e da
Reconciliação surge
diretamente do mistério pascal. De fato, na
própria noite de Páscoa, o Senhor aparece
aos discípulos, fechados no cenáculo, e
depois de ter dirigido
a eles a saudação “A
paz esteja convosco”,
soprou sobre eles e
disse: “Recebeis o
Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes
os pecados, ser-lhesão perdoados” (Jo
20,21-23). Esta passagem nos revela a
dinâmica mais profunda que está contida neste Sacramento.
Antes de tudo, o fato
de que o perdão dos
nossos pecados não é
algo que podemos dar
a nós mesmos. Eu não
posso dizer: perdoo
os meus pecados. O
perdão se pede, se
pede a uma outra pessoa e na Confissão
pedimos o perdão a
Jesus. O perdão não
é fruto dos nossos
esforços, mas é um
presente, é um dom
do Espírito Santo,
que nos enche com a
misericórdia e a graça que surge incessantemente do coração aberto de Cristo
crucificado e ressuscitado. Em segundo
lugar, recorda-nos
que somente se nos
deixamos reconciliar
no Senhor Jesus com
o Pai e com os irmãos podemos estar
verdadeiramente na
paz. E todos sentimos isso no coração
quando vamos confessar-nos, com um
peso na alma, um
pouco de tristeza; e
quando recebemos o
perdão de Jesus estamos em paz, com
aquela paz da alma
tão bela que somente
Jesus pode dar, somente Ele.
2. No tempo, a celebração deste Sacramento passou de uma
forma pública – porque no início se fazia
publicamente – àquela pessoal, à forma
reservada da
Confissão. Isto, porém, não deve fazer
JUNHO DE 2014
O Sacramento da
Reconciliação é
um Sacramento de
cura. Quando eu
vou confessar-me
é para curar-me,
curar a minha
alma, curar o
coração e algo
que fiz e não foi
bom. O ícone
bíblico que o
exprime melhor,
em sua profunda
ligação, é o
episódio do
perdão e da cura
do paralítico, onde
o Senhor Jesus se
revela ao mesmo
tempo médico
das almas e dos
corpos
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CONFISSÃO
Queridos amigos,
celebrar o
Sacramento da
Reconciliação
significa ser
envolvido em um
abraço caloroso:
é o abraço da
infinita
misericórdia
do Pai.
perder a matriz eclesial, que constitui o
contexto vital. De
fato, é a comunidade
cristã o lugar no qual
se torna presente o
Espírito, o qual renova os corações no
amor de Deus e faz
de todos os irmãos
uma só coisa, em
Cristo Jesus. Eis então porque não basta
pedir perdão ao Senhor na própria mente
e no próprio coração,
mas é necessário confessar humildemente
e com confiança os
próprios pecados ao
ministro da Igreja. Na
celebração deste Sacramento, o sacerdote
não representa somente Deus, mas toda
a comunidade, que se
reconhece na fragilidade de cada um de
seus membros, que
escuta comovida o
seu arrependimento,
que se reconcilia com
ele, que o encoraja e
o acompanha no caminho de conversão e
amadurecimento cristão. Alguém pode
dizer: eu me confesso
somente com Deus.
Sim, você pode dizer
a Deus “perdoa-me”,
e dizer os teus pecados, mas os nossos
pecados são também
contra os irmãos, contra a Igreja. Por isto é
necessário pedir perdão à Igreja, aos irmãos, na pessoa do
sacerdote. “Mas, padre, eu me envergonho…”. Também a
vergonha é boa, é
saudável ter um pouco de vergonha, porque envergonhar-se é
saudável. Quando
uma pessoa não tem
vergonha, no meu
país dizemos que é
um “sem vergonha”:
um “sin verguenza”.
Mas também a vergonha faz bem, porque
nos faz mais humildes
e o sacerdote recebe
com amor e com ternura esta confissão e
em nome de Deus
perdoa. Também do
ponto de vista humano, para desabafar, é
bom falar com o irmão e dizer ao sacerdote estas coisas, que
são tão pesadas no
meu coração. E alguém sente que desabafa diante de Deus,
com a Igreja, com o
irmão. Não ter medo
da Confissão! Alguém, quando está na
fila para confessar-se,
sente todas estas coisas, também a vergonha, mas depois
quando termina a
Confissão sai livre,
grande, belo, perdoado, purificado, feliz.
É este o bonito da
Confissão! Eu gostaria de perguntar-vos –
mas não digam em
voz alta, cada um
responda no seu coração – quando foi a
última vez que você
se confessou? Cada
um pense… São dois
dias, duas semanas,
dois anos, vinte anos,
quarenta anos? Cada
JUNHO DE 2014
um faça as contas,
mas cada um diga a
si mesmo: quando foi
a última vez que eu
me confessei? E se
passou tanto tempo,
não perder um dia a
mais, vá, que o sacerdote será bom. É
Jesus ali, e Jesus é o
melhor dos sacerdotes, Jesus te recebe,
recebe-te com tanto
amor. Seja corajoso e
vá à Confissão!
3. Queridos amigos,
celebrar o Sacramento da Reconciliação
significa ser envolvido em um abraço
caloroso: é o abraço
da infinita misericórdia do Pai. Recordemos aquela bela, bela
parábola do filho que
foi embora de sua
casa com o seu dinheiro da herança;
gastou todo o dinheiro e depois quando
não tinha mais nada
decidiu voltar pra
casa, não como filho,
mas como servo.
Tanta culpa tinha em
seu coração e tanta
vergonha. A surpresa
foi que quando começou a falar, a pedir perdão, o pai não
o deixou falar, abraçou-o, beijou-o e fez
festa. Mas eu vos
digo: toda vez que
nós nos confessamos,
Deus nos abraça,
Deus faz festa! Vamos adiante neste
caminho. Que Deus
vos abençoe!

6
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
Hoje gostaria de
falar a vocês do
Sacramento da
Unção dos Enfermos, que nos permite tocar com a
mão a compaixão
de Deus pelo homem. No passado,
era chamado “Extrema unção”, porque era entendido
como conforto espiritual na iminência
da morte. Falar, em
vez disso, de “Unção dos enfermos”
ajuda-nos a alargar
o olhar à experiência da doença e do
sofrimento, no horizonte da misericórdia de Deus.
1. Há um ícone bíblico que exprime
em toda a sua profundidade o mistério que transparece
na Unção dos enfermos: é a parábola do “bom samaritano”, no Evangelho de Lucas (10,
30-35). Toda vez
que celebramos tal
sacramento, o Senhor Jesus, na
pessoa do sacerdote, faz-se próximo a
quem sofre e está
gravemente doente,
ou idoso. Diz a parábola que o bom
samaritano cuida
do homem sofredor
derramando sobre
suas feridas óleo e
vinho. O óleo nos
faz pensar naquele
que é abençoado
pelo bispo todos os
anos, na Missa do
Crisma da QuintaFeira Santa, propriamente em vista da
Unção dos enfermos. O vinho, em
vez disso, é sinal
do amor e da graça
de Cristo que surge
da doação de sua
vida por nós e se
exprimem em toda
a sua riqueza na
vida sacramental
da Igreja. Enfim, a
pessoa que sofre é
confiada a um hospedeiro, a fim de
que possa continuar a cuidar dele,
sem poupar despesas. Ora, quem é
este hospedeiro? É
a Igreja, a comunidade cristã, somos
nós, aos quais, todos os dias, o Senhor Jesus confia
aqueles que estão
aflitos, no corpo e
no espírito, para
que possamos continuar a derramar
sobre eles, sem
medida, toda a Sua
misericórdia e a
Sua salvação.
2. Este mandado é
confirmado de modo explícito e preciso na Carta de Tiago, onde recomenda: “Está alguém
enfermo? Chame
os sacerdotes da
Igreja, e estes façam oração sobre
ele, ungindo-o com
óleo em nome do
Senhor. A oração
da fé salvará o enfermo e o Senhor o
restabelecerá. Se
ele cometeu pecados, ser-lhes-ão
perdoados” (5, 1415). Trata-se então
de uma prática que
já estava em vigor
no tempo dos apóstolos. Jesus, de
fato, ensinou aos
seus discípulos a
ter a sua mesma
predileção pelos
doentes e pelos
que sofrem e
transmitiu a eles a
capacidade e a
tarefa de continuar
difundindo em seu
nome e segundo o
seu coração alívio
e paz, através da
graça especial de
tal sacramento.
Isso, porém, não
nos deve levar a
uma busca obsessiva pelo milagre
ou na presunção
de poder obter
sempre e seja como for a cura. Mas
é a segurança da
proximidade de
Jesus ao doente e
também ao idoso,
porque todo idoso,
toda pessoa com
mais de 65 anos,
pode receber este
Sacramento, mediante o qual é o
próprio Jesus que
se aproxima.
3. Mas quando há
um doente às vezes se pensa:
“chamemos o sacerdote para que
venha”; “Não, pois
traz má sorte, não
o chamemos”, ou
“depois assusta o
JUNHO DE 2014
UNÇÃO DOS
ENFERMOS
Trata-se então de
uma prática que já
estava em vigor
no tempo dos
apóstolos. Jesus,
de fato, ensinou
aos seus
discípulos a ter a
sua mesma
predileção pelos
doentes e pelos
que sofrem e
transmitiu a eles
a capacidade e
a tarefa de
continuar
difundindo em seu
nome e segundo o
seu coração alívio
e paz, através da
graça especial de
tal sacramento.
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BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
UNÇÃO DOS
ENFERMOS
O sacerdote vem
para ajudar o
doente ou o idoso;
por isto é tão
importante a visita
dos sacerdotes
aos doentes. É
preciso chamar o
sacerdote junto ao
doente e dizer:
“venha, dê-lhe
a unção,
abençoe-o”.
doente”. Por que se
pensa isso? Porque
há um pouco a ideia de que depois
do sacerdote chegam os ritos funerais. E isto não é
verdade. O sacerdote vem para ajudar o doente ou o
idoso; por isto é tão
importante a visita
dos sacerdotes aos
doentes. É preciso
chamar o sacerdote
junto ao doente e
dizer: “venha, dêlhe a unção, abençoe-o”. É o próprio
Jesus que chega
para aliviar o doente, para dar-lhe força, para dar-lhe
esperança, para
ajudá-lo; também
para é belíssimo! E
não é preciso pensar que isto seja
um tabu, porque é
sempre bonito saber que no momento da dor e da doença nós não estamos sozinhos: o
sacerdote e aqueles que estão presentes durante a
Unção dos
enfermos representam de fato toda
a comunidade cristã que, como um
único corpo, se reúne em torno de
quem sofre e dos
familiares, alimentando nesse a fé e
a esperança, e apoiando-lhe com a
oração e o calor
fraterno. Mas o
conforto maior vem
do fato de que ao
tornar-se presente
no Sacramento é o
próprio Jesus que
nos toma pela
mão, acaricia-nos
como fazia com os
doentes e nos recorda que lhe pertencemos e que
nada – nem o mal
e a morte – poderá
nos separar Dele.
Temos este hábito
de chamar o sacerdote para que
venha aos nossos
doentes – não digo
doentes de gripe,
de três, quatro dias, mas quando é
uma doença séria
– e também aos
nossos idosos e dê
a eles este Sacramento, este conforto, esta força de
Jesus para seguir
adiante? Façamos
isso!

Os Sacramentos são sinais comunicadores da graça divina. O
Cristianismo não é apenas uma filosofia religiosa, mas é uma
união com o próprio Deus, da maneira como Ele estabeleceu,
especialmente pelos Sete Sacramentos. Todo Sacramento é um
sinal, que não apenas assinala, mas que realiza o que assinala.
Os Sacramentos dão continuidade à santíssima humanidade de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
JUNHO DE 2014
8
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
4º Simpósio Nacional da Família
rado. Queremos pregar
o caminho da paz. Da
verdadeira sabedoria
que vem do Evangelho,
para que possamos propagar o amor, o amor
que chega ao sacrifício,
que se doa para o bem
do outro.”, proclamou o
presidente da Comissão
Episcopal Pastoral para a
Vida e a Família.
Boas-vindas
Padre Rafael Fornasier ,
assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família,deu as boas-vindas.
Em seguida foi composta
a mesa de abertura do
Simpósio: Dom
Raymundo Damasceno,
Dom João Carlos Petrini
e o casal coordenador
nacional da Pastoral Familiar, Roque e Verônica
Rhoden.
Dom Raymundo Damasceno ressaltou que o
Simpósio e a Peregrinação Nacional mostram
nossa fé no valor da família e se inserem no
contexto da preparação
para o Sínodo com a
Assembleia Extraordinária em outubro de 2014 e
a Assembleia Ordinária
em 2015com os temas
das ações pastorais da
Igreja para com a Família. Lembrou de São
João Paulo II que afirmou
que o futuro da humanidade e da Igreja passam
pela família, pois ela é a
fronteira da Nova Evangelização.
Com base no tema do
simpósio “Família:
Caminhar com a Luz de
Cristo e a Sabedoria do
Evangelho”, Dom Raymundo disse que pela
vida e pela palavra, a
família é a educadora
fundamental da sociedade. E, por último, rezou
para que Sagrada Família
nos acompanhe, especialmente nesta caminhada
para o Sínodo a fim de
que dê muitos frutos.
Dom João Carlos Petrini
invocou a proteção da
Virgem Maria sobre todas as famílias que são
tão agredidas por forças
que tentam destruí-la.
Rogou que sempre mais
saibamos encontrar as
razões pelas quais amamos e defendemos a família: “Vemos um mundo
cada vez mais desumano,
uma desumanidade que
atinge a família com
violências e brutalidades,
até manifestações de
protestos na humanidade
em que depredações se
tornam válidas para defender interesses de certos grupos. Vale tudo e
Deus acaba sendo igno-
JUNHO DE 2014
O casal coordenador
Nacional – Roque e Verônica –, deu as boasvindas a todos os presentes e lembrou da nossa
responsabilidade de levarmos as reflexões aqui
feitas para nossas dioceses.
1ª Exposição
O casal coordenador
Roque e Verônica fez a
primeira reflexão sobre o
tema central do simpósio:
“Família: Caminhar
com a Luz de Cristo e a
Sabedoria do Evangelho”
Não podemos viver somente com aquilo que o
mundo nos oferece, é
preciso buscar algo
mais, que alimente nossa
espiritualidade. Mas o
que é a luz de Cristo e
como aplicar esta realidade na minha família?
A luz é a energia e a
influência divina que nos
chega por Cristo que dá
luz e vida a todas as
coisas. A luz de Cristo
procede da presença de
Deus, é a luz que dá vida
a todas as coisas. Esse
poder é uma influência
benéfica em todas as
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BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
criaturas e leva todas as
pessoas a descobrirem o
Evangelho. Nas Escrituras a luz de Cristo nos
leva a entrarmos na
presença de Deus. Jesus
se declara a luz do Mundo. Onde, hoje, estamos
precisando desta luz?
Eu mesmo sou luz em
todos os ambientes em
que vivo? Escolhemos e
acolhemos a luz de Cristo. Deixemos esta luz
entrar em nossos corações. Em Mt 5,13, Jesus
nos convida a sermos sal
da terra e luz do mundo.
A luz é crucial em nossas
vidas e não nos sentimos
muito bem na escuridão.
São muitas as histórias
de medo e insegurança:
ficamos receosos no
escuro, andamos com
dificuldade ou até nos
paralisamos. Mas a partir do momento em que
acendemos a luz, o temor desaparece e nos
movimentamos com destreza. A luz é este símbolo poderoso do que é
Deus (cf. I Jo 1, 5). Jesus
é a vitória da luz sobre
as trevas, da vida sobre
a morte. As trevas ao
longo da Sagrada escritura representam a ruptura do homem com a
presença de Deus pelo
pecado. Só a luz tranquiliza e santifica o ser
humano. Precisamos da
Luz do Evangelho, da
proposta de Jesus. Ao
reconhecer isso, também
nós nos tornamos Luz.
Assim como a lua reflete
a luz do sol, também nós
devemos refletir a luz de
Cristo (cf. Mt 5,15). A
luz que temos dentro de
nós não é para ser escondida timidamente,
mas para ser oferecida
aos outros para que
também eles possam ser
inundados por ela. Ser
luz é ser testemunho de
que uma vida com Cristo
vale a pena e é mais
feliz. A igreja tem a missão de iluminar a todos
os povos com essa luz,
que deve resplandecer
sobre seu rosto.
Para melhor entendermos a sabedoria do
Evangelho, comecemos
por Jo 1:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
junto de Deus e o Verbo
era Deus. Ele estava
junto de Deus no princípio. Tudo foi feito por
ele, e sem ele nada foi
feito. A luz resplandece
nas trevas, e as trevas
não a compreenderam.
Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que
todos cressem por meio
dele. [O Verbo] era a
verdadeira luz que, vindo
ao mundo, ilumina todo
homem. Veio para o que
era seu, mas os seus não
o receberam. Os quais
não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas sim de Deus.
João dá testemunho dele,
e exclama: Eis aquele de
quem eu disse: O que
vem depois de mim é
maior do que eu, porque
existia antes de mim.
Pois a lei foi dada por
Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus
Cristo.”
Essa é a teologia joanina: o Deus absoluto junto
ao qual encontro sua
Palavra, o Filho. A luz
resplandece nas trevas e
as trevas, mesmo que
sejam grandes, são sempre vencidas pela luz. Se
a vida é a luz dos homens, então, as trevas
são a morte. Compreendemos, assim, que a vida
sempre prevalecerá sobre
a morte. Tudo provém de
Deus. Ef 4,5: Deus é a
substância única de todas
as coisas, porque tudo o
que existe, existe em
Deus.”. A vida é a manifestação da divindade de
Deus e do seu amor. Neste simpósio viemos não
somente para rezar, mas
para refletirmos sobre
nossa caminhada e como
a luz de Cristo pode iluminar nossa caminhada.
Diante dos desafios da
vida em família é uma
ilusão viver sem Deus.
Não adianta a humanidade desenvolver-se tecnologicamente, mas precisa se fortalecer no
amor. Esse evento possibilita a visibilidade de
todos nós que acreditamos que a família é dom
de Deus e base da humanidade. A melhor forma
de denunciar é anunciar.
Nossa função e missão
como Pastoral Familiar
é de enaltecer as famílias, estejam como estiverem, sem preconceitos.
JUNHO DE 2014
A primeira e mais bonita
família é a Trindade
Santa, que se reúne para
criar o homem e a mulher e proclama que isto
era “muito bom”. A família perpetua a imagem
e semelhança de Deus.
Pela família o verbo se
tornou carne. Por isso,
precisamos de uma Pastoral Familiar inteligente e corajosa. O amor
entre um homem e uma
mulher é o que mais se
aproxima do amor divino. É dele que nascemos.
Numa das pinturas do
Santuário, logo após o
nicho de Nossa Senhora,
podemos aprender que
devemos ficar atentos à
presença do Cristo Luz e
nos deixarmos envolver
por sua misericórdia.
2ª Exposição
A seguir a escritora
Amélia Prado deu seu
testemunho pessoal e
também sua experiência
no Movimento Familiar
Cristão na década de 60:
Há um senso universal
de que todas as pessoas
querem ser felizes. Não
podemos atuar nas famílias se não levarmos em
conta cada pessoa que a
constitui. Até as famílias
cristãs são postas à prova pelo mundo de forma
cruel, pela perda dos
valores. Não podemos
“jogar sal sobre carne
podre” – a família precisa de uma profunda renovação. A resposta para
tal missão está na Palavra de Deus, especialmente nos Evangelhos.
É interessante notar que
Jesus nunca se dirigiu
especificamente às famílias, mas, sim, às pessoas, ou seja, era um con-
10
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
tato bem personalizado.
Lembremos os exemplos
dos encontros com
Zaqueu, no choro sobre
Jerusalém, com a Samaritana, com o casal das
Bodas de Caná, a pesca
milagrosa com Pedro, a
hemorroíssa... em todos
estes casos Jesus estava
inteiramente atento à
pessoa do outro. Jesus
personaliza a compaixão. Isso reflete uma
compaixão quase feminina da personalidade
de Cristo. Sem essa
compaixão é impossível
restaurar a família, e
temos que começar pelas
nossas próprias famílias!
Isso é amor, salvação e
cura de doenças, de relações. Sem esse passo
não há pastoral ou psicologia que dê conta.
Reforçar bem os papéis
de cada um. Por exemplo, o da mulher de servir no anonimato, assim
como faz o Espírito Santo:“Espírito de Deus,
enviai dos céus um raio
de luz! Vinde, Pai dos
pobres, dai aos corações
vossos sete dons.Consolo
que acalma, hóspede da
alma, doce alívio, vinde!
No labor descanso, na
aflição remanso, no calor aragem. Sem a luz
que acode, nada o homem pode, nenhum bem
há nele. Ao sujo lavai,
ao seco regai, curai o
doente.Dobrai o que é
duro, guiai no escuro, o
frio aquecei. Dai à vossa
Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons.
Dai em prêmio ao forte
uma santa morte, alegria
eterna! Enchei, luz bendita, chama que crepita,
o íntimo de nós!”
(Sequência da Missa do
Espírito Santo)
A família não pode delegar sua função educativa
a terceiros... A nossa
maior peregrinação começa dentro de casa, no
sairmos de nós mesmos,
e irmos ao encontro do
outro. Cito o seguinte
poema:
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser
pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não.
A qualquer hora da noite
me levanto,
ajudo a escamar, abrir,
retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente
sozinhos na cozinha,
de vez em quando os
cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como
"este foi difícil"
"prateou no ar dando
rabanadas" e faz o gesto
com a mão.
O silêncio de quando nos
vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na
travessa, vamos dormir.
Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva. (Texto extraído do livro
"Adélia Prado - Poesia
Reunida", Ed. Siciliano São Paulo, 1991, pág. 252)
Quando não há presença, não há atenção real.
A mulher que não se
abrir para o seu papel
feminino, sua família não
terá bom futuro. O marido pode e deve ajudar,
mas não podem se inverter completamente. O
marido “bonzinho” não
me afirma como mulher.
Precisamos de maridos
bons! Não que sejam
machões, mas que tenham o seu “lado feminino” bem resolvido. É
claro que haverá confli-
tos e eles são necessários para que os pontos
negativos venham à tona
e que tudo se renove. Os
afetos e os amores precisam ser reais. Amar é
o principal: a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo. Parece simples, mas
é a morte do ego.
3ª Exposição
A terceira exposição
sobre a espiritualidade
na família ficou por
conta do bispo da diocese de Palmas/Francisco
Beltrão Dom José
Antonio Peruzzo:
Pela leitura do milagre
das Bodas de Caná,
pensemos na palavra
espiritualidade. O homem bíblico não entendia cientificamente os
mecanismos da respiração, mas sabia que se
não respirarmos, morre-
JUNHO DE 2014
remos. Em grego e em
aramaico, o espírito é o
ar, é o oxigênio de Deus
que nos dá a vida. A vida
que Deus vive também
pode viver em nós. Isto é
verdadeiramente espiritualidade. O ar de Deus
deveria entrar dentro da
minha vida e impregnar
todas as minhas ações e
inspirações.
Jo 1, 43: “No dia seguinte...” Jo 1, 35 “ No dia
seguinte...” 1, 29: “No
dia seguinte..” E no texto
de Jo 2: No terceiro dia,
houve uma festa de casamento em Caná da Galiléia.”
Quando o homem e a
mulher foram criados isso
aconteceu no sexto dia.
Quando Jesus começa sua
missão ele cria um novo
homem.
“E lá se encontrava a
mãe de Jesus. Também
Jesus foi convidado para
a festa junto com seus
11
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
discípulos.”
O casamento se tornou
retrato humano do amor
de Deus, uma ressonância
do amor de Deus ao seu
povo, de Cristo por sua
Igreja. Foram festejar
não só o amor humano,
mas a celebração do
amor de Deus por seu
povo.“Faltando vinho, a
mãe de Jesus lhe disse:
“Eles não têm mais vinho.” O vinho tinha uma
linguagem muito forte na
cultura daquela época. Se
faltasse vinho, significaria que faltaria amor...
“Respondeu-lhe Jesus:
Mulher, que te importa
isso a mim e a ti? Minha
hora ainda não chegou”Jesus a chama de
mulher porque lembra da
“mulher” do Gênesis. E
afirma que este problema
não toca a eles porque, de
fato, a eles não faltava o
amor... “Maria disse ao
servente: “Fazei tudo o
que ele vos disser.” É
preciso fazer tudo o que
Jesus diz se quisermos
que nossa vida, nossa
família seja a festa do
amor.
“Havia ali seis talhas de
pedra, contendo cada
uma dois ou três barris,
usadas para a purificação
dos judeus. Jesus lhes
disse enchei as talhas de
água. Eles as encheram
até a borda.”As talhas
estavam vazias, porque
faltava realmente tudo. E
os servos fizeram exatamente como Jesus havia
lhes falado. Eles ouviram
e agiram com toda disposição.
“Disse-lhes então: levaia ao mestre de cerimônia. E eles levaram. O
mestre de cerimônia
provou a água transformada em vinho e não
sabia de onde viera,
embora os serventes
soubessem. Ele chamou
o noivo e disse: É costume servir primeiro o
vinho bom e depois que
os convidados já estão
embriagados servir o
vinho menos bom. Mas
tu guardaste o vinho
melhor até agora.”
Reparem que o mestre de
cerimônia que era o
responsável pela festa
nem havia percebido que
o vinho faltara... Não
podemos deixar que nos
passem despercebidos
em nossa vida familiar
as faltas de amor. “Deste modo iniciou Jesus em
Caná da Galiléia os seus
sinais. Manifestou a sua
glória e seus discípulos
começaram a crer nele.”
É nas talhas da purificação, ou seja, na conversão que as verdadeiras
transformações acontecem. É lá dentro, lá no
fundo que precisa haver
mudança. Jesus se manifestou neste prodígio que
é mais do que simplesmente material (água
transformada em vinho).
Pensemos em uma placa
que me envia a um destino: como o sinal que me
envia para uma realidade
ainda mais grandiosa.
Jesus manifestou a sua
glória – não no sentido
de grandeza triunfalística
– mas, sim, o seu amor.
Ele manifestou o quanto
amava o povo. Amar
sempre em primeiro lugar, sem sermões ou punições. Primeiro, amar!
E então os discípulos
creram... se nos amarmos
e se vivermos o amor,
principalmente onde
parece impossível, é que
os outros crerão em
Deus.
Este milagre acontece
numa família que já começa vivendo a dor, porque o amor dói... E ninguém se converte se não
passa por essa dor do
amor. Quando cuidamos
mais da nossa espiritualidade amamos mais, nos
queixamos menos... porque é o Espírito que nos
move! Vento parado não
existe e nem se pode
frear seu movimento.
“Fazei tudo o que eles
vos disser” é fundamental para a espiritualidade
matrimonial e familiar.
JUNHO DE 2014
Como seria bom ouvir o
que Deus tem a nos dizer
através da leitura orante
da Palavra de Deus vivida
em família. Assim, não
faltará vinho no casamento.
A tarde começou com a
apresentação musical do
PEMSA – Programa de
Educação Musical do
Santuário de Aparecida,
com diversas obras consagradas da música popular
e religiosa nacional e internacional, como "Romaria" e "Panis Angelicus".
4ª Exposição
Dom Piatek apresentou o
instrumento de trabalho do
Sínodo, que foi lançado
em 9 de maio. Contém três
partes e 116 parágrafos. A
primeira parte trata do
anúncio do Evangelho
para a Família no mundo
contemporâneo, a segunda
fala sobre a Pastoral Familiar e seus desafios e a
terceira parte sobre a abertura à vida.
A introdução explica sobre o Sínodo que acontecerá sobre a família e que
12
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
responsabilidade eduda primeira parte é sobre
cacional dos pais para
a família e a vocação da
com sua prole é o tema
pessoa em Jesus Cristo,
deste terceiro capítulo.
mas deve se inspirar neste
ícone da Santíssima TrinRecorda a Humanae
dade que é a família de
Vitae, que não é conheNazaré. A Igreja precisa
cida mesmo entre os
acompanhar as famílias
católicos e conclui facristãs neste momento de
lando da educação dos
crise com uma formação
filhos, que não pode ser
contínua dos leigos.
irá na linha do Sínodo
anterior sobre a Nova
Evangelização – e passa
também, claro, pela família. Relembra o questionário feito em todas as
dioceses no ano passado.
Na primeira parte o documento traz a fundamentação teológica sobre
o desígnio de Deus sobre
o Matrimônio e a Família. Apresenta a beleza
do amor humano e o
matrimônio monogâmico, heterossexual e indissolúvel. Mostra Jesus
que se encarna no seio de
uma família, exatamente
para santifica-la. Relembra a carta aos Efésios
que fala do matrimônio
como um grande mistério – reflexo do amor de
Deus pela humanidade -e como um carisma.
Depois desta fundamentação bíblica, há citações
de diversos documentos
do Magistério da Igreja,
especialmente a segunda
parte da Gaudium et
Spes, em que o casal é
chamado a se santificar
na vida matrimonial.
Cita a Humane Vitae, de
Paulo VI e todos os documentos e catequeses
de João Paulo II, com
ênfase especial na Familiaris Consortio.
Na segunda parte, já
aparecem os resultados
das pesquisas feitas na
Igreja de todo mundo
sobre o matrimônio e a
família. As respostas
apontam que o conhecimento das bases bíblicas
sobre o matrimônio e a
família ainda são muito
falhos. Pediu-se maior
preparação dos padres
para ajudar na instrução
dos fiéis neste sentido. O
mesmo acontece com a
falta de conhecimento
sobre os documentos da
Igreja e o que ela prega
sobre o matrimônio e a
família. Há muita confusão sobre estas questões
entre os próprios batizados: contracepção, fidelidade, virgindade, fecundação artificial, divórcio,
homossexualidade etc. O
documento aponta como
dificuldades: a secularização, falta de uma experiência de Deus mais
profunda. A sociedade
ensina uma coisa e a
Igreja outra completamente diferente, cultura
hedonista, influência da
mídia, cultura do descartável etc.
A Pastoral Familiar, especialmente, os pastores:
bispos, padres, diáconos,
religiosos e leigos engajados, devem se preocupar com questões como a
preparação para a recepção do matrimônio em
forma de um itinerário
que comece desde a Iniciação Cristã e o fomento
da espiritualidade conjugal e familiar.
A segunda parte fala do
agir à luz da fé que precisa ser resgatada nesta
crise que vivemos hoje
em que se apresentam
desagregação, pobreza,
consumismo, vícios, depressão, individualismo,
violência, contra-testemunho das pessoas da
Igreja etc. Depois o documento trata de situa-
ções pastorais difíceis,
como recasados, irregularidades canônicas, famílias monoparentais.
A abertura à vida e a
A terceira parte, o campo
da lei natural, um terreno
bastante complicado. É
preciso aprofundar a
questão da lei natural
(que não é simplesmente
fazer o que é “espontâneo”). O quarto capítulo
JUNHO DE 2014
terceirizada. Esta é uma
dificuldade especialmente para os jovens
casais que, muitas vezes
vêm de uma geração
que não teve orientação
adequada. A família
que reza, que estuda e
que permanece unida a
Deus será luz para o
mundo.
5ª Exposição
Dom Antonio Augusto
Dias Duarte, na sequência falou sobre a desumanização da sociedade. O Papa Francisco na
sua Exortação “A Alegria do Evangelho”
disse: “é no contexto
que vivemos e agimos
que o Bom Pastor conhece as suas ovelhas.”.
Todos nós somos pastores e ovelhas, mas somos contextualizados.
Ou seja, vivemos dentro
de uma realidade que
13
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
idolatria do dinheiro.
aborto dos casos nãodeve ser amplamente
Não valemos pelo que
penalizáveis na lei civil
conhecida. O papa nos
nós
temos,
mas
pelo
que
atual, com o eufemismo
exorta a não nos pernós
vivemos...
torpe de "interrupção
dermos em “excesso
terapêutica da gestação"
de diagnósticos,” mas
2- É preciso que também
por meio da Portaria 415.
nos pede que tenhamos
nós tenhamos a responum olhar de discípulo
sabilidade de criar cultuA conclusão foi com a
que vê com a luz de
ra. A fé cria cultura; do
procissão com recitação
Cristo e na sabedoria do
contrário, não é fé. É predo terço saindo do Centro
Evangelho. Jesus veio
ciso projetar-se para criar
de Eventos até o Santuárestaurar o projeto de
uma cultura humana e
rio, onde foi celebrada a
Deus que se perdeu por
que humaniza todos os
Missa das 18h já em incausa do pecado. Veio ao
campos das relações sotenção à Peregrinação. No
Fornasier lesse o Manimundo para resgatar
ciais. Não basta ser só
domingo, dia 25 de maio,
festo da 6a Peregrinação
nossa própria humanidateoria: é preciso virar
também todas as missas
com uma palavra de rede. Sim, vivemos um
costume. Especialmente
do Santuário foram em
púdio
ao
fato
do
governo
processo de “desumania cultura da acolhida, e
ação de graças pelas famíter liberado para o SUS o
zação”, diz o papa e sonão da discriminação, da
lias.
mente nisso devemos
indiferença, da competinos concentrar.
ção, do descarte, não
podemos ser só espectaPor exemplo, a alegria de
dores diante deste cenáviver que é saudável,
rio.
vem hoje contaminada
pelo medo e pelo deses3- Exaltemos o que é
pero. Em vez do respeipróprio da família, o vato, vemos a violência
lor dos vínculos familiaverbal e física... Os anires: o único âmbito em
mais sobrevivem; nós vique os vínculos não se
vemos. Mas o que se
apagam mais. Um filho
observa hoje é uma labusempre será filho, um
ta para sobreviver e acairmão será sempre um
bamos nos esquecendo
irmão. No processo de
de viver. O Papa fala que
desumanização estão
chegamos num tal nível
querendo esmaecer os
de desumanização que o
vínculos familiares. Preser humano virou um
cisamos ter cuidado até
objeto. Pensa-se: “Quancom os termos que usato custa ter um filho
mos: “companheiro”?
hoje?” – os filhos estão
Não, é meu marido! “ficondicionados aos orçalhote?” Não, é meu filho!
mentos...
Cuidado com essas pequenas coisas que vão
Devemos, enquanto Igreentrando sem perceberja, ajudarmos a humanimos. A família é o espazar o mundo: humanizar
ço da pertença e da ena saúde, a educação. Para
trega. Sejamos, então,
tal, três propostas do
ovelhas e pastores connosso trabalho pastoral:
textualizados e que sai1- Só se pode ser verdabamos cuidar bem destes
deiramente humano
três aspectos.
quando não se valoriza o
O simpósio teve ainda os
lado material – é preciso
testemunhos de dois camoderação e desprendisais e o resumo dos tramento. O ser humano
balhos feito por Dom
não pode ser valorizado
Petrini. Neste momento,
por sua produtividade. O
ele pediu que Pe. Rafael
mundo de hoje vive a
14
JUNHO DE 2014
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
casais comprometidos primeiramente
com Jesus, logo após
com a sua igreja.
Esperamos ver essas
famílias renovadas
na fé e no amor.
Nos dias 16 a 18
de maio de 2014,
aconteceu em
Laranjeiras do Sul
um Retiro da
Pastoral Familiar
Decanato
Laranjeiras do Sul
da Diocese de
Guarapuava
Participaram 40
casais das
paróquias de
Marquinho,
Virmond, Porto
Barreiro, Rio
Bonito do Iguaçu
e da anfitriã
Laranjeiras.
Nos dias 16 a 18 de
maio de 2014, aconteceu em Laranjeiras do Sul um
Retiro da Pastoral
Familiar Decanato
Laranjeiras do
Sul da Diocese de
Guarapuava, que
contou com a presença de 40 casais.
O retiro reuniu participantes das paróquias de Marquinho, Virmond, Porto Barreiro, Rio Bonito do Iguaçu e da
anfitriã Laranjeiras.
na, pois além das
acomodações, nos
deu permissão para
que o padre Aleixo
que é também da
paróquia, nos desse
todo o apoio necessário.
Ficamos imensamente gratos a todos
que ajudaram de
uma forma ou de
outra, mas especialmente aos colaboradores que deixaram
sua cidade e suas
casas e família para
passar um fim de
semana inteiro cuidando de outras famílias que ainda precisam de ajuda.
Jeferson e Talita
Desse encontro esperamos agora colher os frutos, com
O local foi a Casa
de Líderes, cujo
pároco é o padre
Jorge, que nos
abriu as portas fornecendo infraestrutura física e huma-
JUNHO DE 2014
Coordenadores Pastoral Familiar
Decanato Laranjeiras
Diocese de Guarapuava
.
15
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
A Diocese de PalmasFrancisco Beltrão participou, com uma caravana
composta por lideranças
da Pastoral Familiar das
Paróquias, da 6ª Peregrinação Nacional da Família, que aconteceu no dia
25 de maio, em Aparecida
–SP. O evento foi organizado pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar
(CNPF) vinculada à Comissão para Vida e Família da CNBB.
No dia 24 (sábado), aconteceu o 4º Simpósio, com
a presença de Dom José
Antonio Peruzzo, Bispo da
Diocese de PalmasFrancisco Beltrão, que foi
um dos palestrantes do
evento, que teve como
temática central - "Família: caminhar com a luz de
Cristo e a sabedoria do
Evangelho". No domingo,
a missa das 10h, foi presidida pelo bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, Presidente da
Comissão Episcopal para a
Vida e a Família da
CNBB.
Em entrevista exclusiva à
assessoria de imprensa da
Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, Dom João
Carlos Petrini destacou a
importância da Peregrinação Nacional da Família:
“É um grande passo. É um
momento de espiritualidade mas também de
compreensão dos desafios
e de que como a luz de
Cristo nos ajuda a enfrentá-los positivamente diante das adversidades da
vida”.
Dom Petrini diz que a
Igreja quer olhar de forma
especial para a família
através do Sínodo extraordinário da Família que
vai acontecer em outubro
no Vaticano e o Sínodo
Ordinário que acontece no
próximo ano: “Não é por
acaso que teremos dois
Sínodos pela frente, significa que muita gente no
mundo inteiro está pensando e rezando pela
família”.
Dom João Carlos Petrini
enviou uma mensagem a
Dom José, ao clero e aos
agentes da Pastoral Familiar da Diocese de Palmas
-Francisco Beltrão: “Em
primeiro lugar quero
agradecer Dom José Antonio Peruzzo que teve
importante presença no
Simpósio, sua palestra foi
extraordinária, tudo a
partir da Palavra de
Deus. Envio meu abraço
aos agentes da Pastoral
Familiar da Diocese esperando que cada um
faça sua parte como lu-
zeiros da esperança e
portadores do evangelho da família, primeiro para nossa própria
família para que possa
resplandecer a beleza,
a alegria, a paz, a realização humana pela
presença de Cristo, e
depois que sejamos
missionários das demais famílias.”
Para Dom Antonio
Augusto Dias Duarte –
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de
Janeiro e membro da
Comissão para a Vida e
a Família da CNBB, a
6ª Peregrinação Nacional da Família representa a importância que
a família tem e jamais
deixará de ter: “Esta
presença aqui no Santuário Nacional de
Aparecida revela que o
Brasil precisa da família constituída pelo
matrimônio entre o
homem e a mulher,
com filhos educados na
fé, pelos valores cristão
e cidadania. Não podemos deixar de mostrar ao mundo que a
família é a célula de
uma sociedade sadia e
evoluída”.
Luiz Carlos Bittencourt
JUNHO DE 2014
16
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
Os significados do casamento
As principais religiões e sistemas de
valores do mundo
atribuíram diferentes
significados ao casamento.
Entre os cristãos, o
significado do casamento tem sido objeto de disputas milenares. Nas interpretações ortodoxa e católica é um ato sagrado,
um sacramento, uma
dádiva da graça divina. Mas na própria
tradição católica os
critérios para um casamento apropriadamente constituído foram, por muito tempo, nebulosos e controversos, porque a
Igreja também reconhecia que o consentimento mútuo da noiva e do noivo para o
casamento era por si
só um critério válido,
a menos que fosse invalidado pela Igreja.
Essa situação complexa, com a possibilidade estabelecida de
casamentos clandestinos, manteve ocupados os tribunais eclesiásticos medievais. O
Concílio de Trento da
Contra-Reforma estabeleceu a doutrina da
Igreja: o casamento
era um sacramento e
como tal devia ser governado apenas pela
lei da Igreja. Deveria
ser normalmente con-
traído perante o sacerdote da paróquia.
Não havia referência
ao consentimento
parental, apenas ao
consentimento das
próprias partes. O
casamento era indissolúvel uma vez consumado sexualmente.
A Igreja Ortodoxa
sempre defendeu que
o casamento só poderia ser firmado por
meio da bênção de
um sacerdote. Adultério, impotência e algumas outras poucas
razões eram aceitas
como razões para o
divórcio ortodoxo,
enquanto o recasamento da viúva claramente não era visto
com bons olhos.
O Protestantismo percebia o casamento
como um contrato
mundano, ainda que
devesse ser realizado
por um clérigo conforme as regras da
igreja. No mundo
protestante, desde os
tempos de Calvino
em Genebra e daí por
diante, estabeleceramse extensa vigilância
sexual e jurisdição,
Assinatura anual com periodicidade
trimestral que apresenta as principais
informações, opiniões e notícias da Igreja
em geral e da Pastoral da Vida e Família
no Brasil.
por: R$ 30,00
À vista R$ 29,00 com desconto
ou 3 x de R$ 10,40 com juros

www.lojacnpf.org.br/revista
 (61) 3443-2900
JUNHO DE 2014
O Concílio de
Trento da
Contra-Reforma
estabeleceu a
doutrina da
Igreja: o
casamento era
um sacramento
e como tal devia
ser governado
apenas pela lei
da Igreja.
17
BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
Para o hinduísmo,
o casamento é
uma obrigação
religiosa e uma
instituição
sagrada, um
sacramento, e
como tal, em
princípio
indissolúvel,
mesmo após a
morte.
que alcançaram sua
plena aplicação no
século XVII. Na Suécia, tais conceitos
foram introduzidos no
Direito da Igreja em
1686. O divórcio era
possível, por exemplo, em condições de
adultério e abandono.
Na tradição protestante anglicana, o reconhecimento do casamento por consentimento, sem formalidades, manteve sua
força até o Ato
Hardwicke no Parlamento, que estabeleceu os critérios para
um casamento anglicano válido na Inglaterra e no País de
Gales, excluindo as
colônias de além-mar,
a Escócia e a Irlanda,
que tinham suas próprias regras. O grande
historiador Lawrence
Stone resumiu a prática da lei de casamento inglesa do século XIV ao século
XIX como sendo uma
“bagunça”.
Embora os protestantes luteranos e calvinistas tivessem desenvolvido suas próprias normas eclesiásticas de casamento
adequado, em princípio, eles realmente
reconheciam a jurisdição marital das autoridades seculares.
Nos países católicos,
entretanto, a partir da
Revolução Francesa,
desenvolveu-se amargo conflito entre
autoridades seculares
nacionais e forte Igre-
ja supranacional. O
Código de Napoleão,
o modelo legal da
Europa Latina e da
América Latina requeria um procedimento civil para a
validação do casamento, e no final do
século XIX, a contestação papal desse
procedimento foi uma
questão importante na
maioria dos países
católicos.
Para o hinduísmo, o
casamento é uma obrigação religiosa e
uma instituição sagrada, um sacramento, e como tal, em
princípio indissolúvel, mesmo após a
morte.
Na Índia o casamento
é um sacramento e
nenhum homem ou
mulher normal deve
morrer sem recebê-lo.
É um costume entre
muitas comunidades
que se uma mulher
morre solteira, uma
cerimônia de casamento é feita com o
corpo, que então é
queimado com as
honras devidas a uma
mulher casada. Há
maior liberdade para
o homem, mas se um
homem que passou
pela cerimônia de
iniciação morrer sem
se casar, supõe-se que
ele se torne um fantasma.
Uma viúva na tradição hindu está socialmente morta, tolerada somente em perpétuo estado de luto –
JUNHO DE 2014
Buda, Gautama abandonou sua mulher e
filho. O budismo,
como cânone clássico,
contrastando com
todas as outras religiões ou com os principais ensinamentos
éticos, tem muito
pouco a dizer sobre o
casamento, algo completamente mundano.
O budismo Theravada
(ou Hinayana) – atualmente dominante no
Sri Lanka, Tailândiae
Myanmar – não tem
nem mesmo uma cerimônia religiosa de
casamento.
Tanto o Islã quanto o
confucionismo veem
o casamento como um
contrato mundano
dissolúvel, mas, como
tal, governado por
regras severas de procedimento e de limites. Como o islã não
faz distinção entre a
lei religiosa e a lei
secular, e como, à
semelhança do judaísmo – de cujas concepções de casamento
se aproxima muito –,
é uma religião muito
legalista, o casamento
fica circunscrito aos
domínios da lei islâmica. O casamento é
uma preocupação
focal da lei. “Quase
todo conceito legal
gira em torno do (...)
estatuto do casamento”, diz o autor de um
manual recente. O islã
vê o casamento sobretudo como uma instituição de regulação da
da sexualidade huma-
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BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
da sexualidade humana, que em si mesma
não é vista como negativa ou inferior ao
celibato. O próprio
profeta era casado,
diferentemente de
Jesus. “O casamento”, disse o profeta,
“é o meu caminho
[sunna]” “O mensageiro disse, jovens,
aqueles de vocês que
puderem manter uma
esposa deveriam casar, pois o casamento
evita que vocês olhem para mulheres
estranhas e os preserva da imoralidade”. O
sexo extramarital,
tanto por homens
quanto por mulheres,
trata-se de um delito
sério. O Corão é muito forte nesse ponto:
“Açoite cem vezes o
homem e a mulher
culpados de adultério
e fornicação, não deixe que sua compaixão
o leve a defendê-los”.
Na tradição confuciana, resumida sob este
aspecto pelo Mestre
Meng (Meng-tzu, ou
Mencius 551-479
c.C.), a relação entre
pai e filho é a primeira dos “Cinco Relacionamentos” da vida
humana, e o dever
filial é a virtude principal. Mencius listou
esses cinco relacionamentos e deu-lhes
seu principal significado ético da seguinte
maneira: amor entre
pai e filho, tratamento
justo entre soberano e
súdito, distinção entre
marido e mulher, precedência dos mais
velhos sobre os mais
novos e boa fé entre
amigos. A “distinção”
ou “separação” entre
cônjuges, como às
vezes é traduzida,
parece estar relacionada principalmente à
divisão doméstica do
trabalho. O casamento é inserido nesse
cenário tal qual a instituição para a continuação da linha dos
ancestrais. Mencius
disse: “Há três contravenções da regra
do dever filial, e destas,a pior é não ter
progênie”. O casamento, porém, apresenta outra importante função. De acordo
com o mais importante código normativo
da tradição confuciana na China Imperial,
“O Livro dos Ritos”:
“O ritual do casamento é a fusão adequada
de dois nomes de
família a fim de oferecer sacrifícios aos
ancestrais e continuar
a linha da família”;
“A finalidade do casamento é unir duas
famílias visando harmonizar a amizade
entre dois clãs”.
As concepções ontológicas e normativas
da corrente existencial que liga os vivos,
os mortos, os membros da comunidade
que partiram, os espíritos, e deus ou
constituem uma parte
central das religiões
africanas. Isso atribui
forte carga religiosa ás
relações familiares
entre as gerações. O
casamento como procriação institucionalizada é, portanto, um
dever religioso e moral. A pessoa que não
deixa descendentes
rompe o elo vital. A
memória dos descendentes também garante
a um indivíduo a vida
após a morte. O casamento significa um
direito ao resultado da
fecundidade feminina
e isso é crucial, antes
do que o monopólio
sexual ou a legitimidade de base biológica. No casamento africano em 1900 havia
um aspecto mais econômico do que no das
outras principais culturas do mundo, já que a
maior parte da agricultura de subsistência
predominante era desenvolvida por mulheres. O casamento representava uma forma
crucial de suprimento
de trabalho.
THERBORN, Göran.
Sexo e Poder – a família no mundo
(1900-2000). Tradução: Elisabete Dória
Bilac. São Paulo:
Editora Contexto,
2006, p. 200-203.
JUNHO DE 2014
“O mensageiro
disse, jovens,
aqueles de vocês
que puderem
manter uma
esposa deveriam
casar, pois o
casamento evita
que vocês olhem
para mulheres
estranhas e os
preserva da
imoralidade”
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BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
O 4°Simpósio Nacional das
Famílias, se deu este ano,
em Aparecida, no dia 24 de
maio, debaixo do olhar
abençoado da nossa querida mãe, onde se reuniu a
Pastoral Familiar de todo o
Brasil, ou seja, com representantes de todo o Brasil.
A Diocese de Guarapuava
marcou presença com a
participação de mais de 40
casais, onde estivemos de
olhos e ouvidos atentos
para absorver o máximo do
que os bispos da nossa
Igreja tinham a nos passar
de metas e direções a sepiritualidade, reafirmando
nho das famílias está acaO encerramento foi marrem tomadas pela Pastoral
o que Jesus nos prometera.
bando e deixamos de encado com uma caminhada
Familiar.
O Espírito Santo.
cher as talhas do matrimôluminosa em oração em
Tivemos a presença do
Que com Ele faríamos
nio.
prol das famílias, uma
casal coordenador nacional
coisas ainda maiores que o
Na parte do tarde Dom
corrente de oração contra
da Pastoral Familiar, Ropróprio Cristo. Pede-nos
Marcos e Dom Augusto
a legalização do aborto
que e Verônica, do cardeal
obediência à palavra de
refletiram sobre a família,
que caminha em passos
Raimundo Damasceno
Deus, não só ouvindo, mas
falaram da importância de
largos, terminando com a
Assis, Dom João Carlos
fazendo o que Ele nos diz.
nos guiarmos com a sabeSanta Missa na Basílica
Petrini, presidente da CoDom Antônio, comparou
doria do evangelho e dos
Nacional de Aparecida.
missão Episcopal Pastoral
os leigos, ao mestre Sala
ensinamentos do Papa
para Vida e Família da
que nas bodas de Caná não
Francisco. Não esquecenCNBB, Dom José Antônio
Gerson e Dalva
havia percebido a falta do
do que desse Simpósio
Peruzzo, bispo de Palmasvinho. Assim somos nós
também sairá material para Coordenadores Diocesanos
Francis-co Beltrão e da
Pastoral Familiar
leigos engajados na Pastoser levado ao Sínodo que
Diocese de Guarapuava
poetiza Adélia Prado.
ral Familiar quando não
acontecerá em Roma em
No período da manhã tipercebemos quando o viOutubro.
vemos as boas vindas do
casal coordenador da Pastoral Familiar Roque e
Verônica e depois uma
mesa redonda onde a poetiza Adélia Prado emocionou
a plateia com seu testemunho de vida em família,
explicando que mesmo
com conflitos as famílias
precisam estar unidas. Nos
esclareceu que toda a bíblia e o cristianismo se
resume em “Amar a Deus
sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo”. Também deixou claro
que precisamos nos doar as
famílias sem buscar aplausos, mas sim, nos espelharmos no anonimato de
Maria.
Na sequencia experimentamos o grande carisma e
simpatia de Dom Antônio
Peruzzo falando sobre es-
Guarapuava no 4º
Simpósio
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BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2
O DOM DO FILHO
O filho não é algo
devido, mas um
dom. O “dom mais
excelente do matrimônio” é uma
pessoa humana. O
filho não pode ser
considerado como
objeto de propriedade, a que conduziria o reconhecimento de um pretenso “direito ao
filho”. Nesse campo, somente o filho
possui verdadeiros
direitos: o “de ser o
fruto do ato específico do amo conjugal de seus pais, e
também o direito de
ser respeitado como pessoa desde o
momento de sua
concepção” (CDF,
instr. Donum vitae,
II, 8).
O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um
mal absoluto. Os
esposos que, depois de terem esgo-
tado os recursos
legítimos da medicina, sofrerem de
infertilidade unir-seão à Cruz do Senhor, fonte de toda
fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando
relevantes serviços
em favor do próximo.
CIC nº 2378-9
Ainda não fez o
seu pedido?
Bispo Referencial
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
[email protected]
Casal coordenador
Jorge Luis Bovo e
Sandra Regina P.Bovo
Diocese de Apucarana
[email protected]
[email protected]
[email protected]
Assessor Regional
Diác. Juares C. Krum
Diocese de União da Vitória
[email protected]
2014/2016
Não deixe para
a última hora!
R$ 3,00
http://www.lojacnpf.org.br
ou pelo telefone:
(61) 3443-2900
PRIORIDADE:
EVANGELIZAÇÃO
DAS FAMÍLIAS
Com seis destaques:
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