Hans Christian Andersen (1805
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Hans Christian Andersen (1805
1 Hans Christian Andersen (1805-1875) Os contos de fadas de Andersen são os mais famosos depois dos contos dos irmãos Grimm, tendo enorme penetração em todo o mundo. Alguns dos contos mais conhecidos são: O patinho feio, A pequena sereia, O soldadinho de chumbo, Os novos trajes do imperador, A menina dos fósforos, A pastora e o limpador de chaminés, A princesa e o grão de ervilha. Ele publicou: 168 contos publicados em 4 coletâneas (1835-1872): - Eventyr, fortale børn (1835-1842) [Contos de fadas, contados para crianças] - Nye eventyr (1844-1848) [Novos contos de fadas] - Historier (1852-1855) [Histórias] - Nye eventyr og historier (1858-1872) [Novos contos de fadas e histórias] diversos contos são oriundos da tradição popular – a partir do material reunido e adaptado por J. M. Thiele, Adam Oehlenschläger e Bernhard Ingemann Os contos podem ser divididos em: re-criações de narrativas folclóricas, as quais seguem de perto contos que também foram coletados pelos Irmãos Grimm: Os cisnes selvagens (ver nos Grimm: Os seis cisnes), O isqueiro mágico (A luz azul), O que o velho fizer, está bem feito (João com sorte) narrativas criadas com base em motivos extraídos de contos populares: Mindinha (com elementos de: O Pequeno Polegar), Os sapatos vermelhos (Cinderela), O guardador de porcos (Rei Bico-de-Tordo) narrativas baseadas em lendas, textos medievais e outras fontes: A rainha da neve (inspirada em lenda norueguesa), A pequena sereia (fundada em lendas antigas), Os novos trajes do imperador (cuja fonte é o manuscrito medieval Libro de los ejemplos o El Conde Lucanor, de 1335, que Anderson leu em tradução alemã) narrativas, inspiradas em contos de autores alemães: As flores da pequena Ida e O soldadinho de chumbo (O quebra-nozes, de E. T. A. Hoffmann), A colina dos elfos (Os elfos, de Tieck), A sombra (A espantosa história de Peter Schlemihl, de Chamisso) 2 Os contos de Andersen caracterizam-se pelos traços: - contos estão enraizados no cotidiano, por exemplo, introduzindo e descrevendo objetos (os bibelôs no armário, a árvore de Natal, etc.), detalhando profissões (por exemplo, n’As galochas da fortuna: conselheiro, guarda noturno, escrivão, poeta, estudante), discriminando classes sociais (diferentes hierarquias de poder, diferentes oportunidades de encontrar a felicidade ou melhorar de vida, etc.) - personagens, enredo e outros elementos vão além do esquema básico do conto de fadas popular - são evitadas as fórmulas do contos popular (“Era uma vez…; “E viveram felizes para sempre.”, etc.), que transportam os acontecimentos para um lugar e uma época indistintas ou longínquas - oralidade simulada: o estilo é marcado pela oralidade, embora o narrador praticamente não utilize as fórmulas tradicionais (que às vezes são usadas, mas de forma modificada, como em A pastora e o limpador de chaminés: “os dois noivos permaneceram juntos […], amando-se até se fazerem em pedaços.”) - forte contraste entre opulência (A princesa e o grão de ervilha) e miséria (A menina dos fósforos), quando se tem em mente o conjunto dos contos - pobreza mostrada dentro do sistema de trabalho burguês (burguês x operariado) - esfera mágica é muito presente, mas é enfraquecida pela dimensão social ou subordinada à fé cristã - personagens resignadas com sua situação - amparo numa visão religiosa (refúgio na fé) - perspectiva emocional e sentimental (cenas tristes e mesmo chocantes; passagens marcadas pela alegria e contentamento) - emotividade e sentimentalismo comovem e, com isso, envolvem e conquistam o leitor - histórias que chamam a atenção de adultos e crianças, mas há elementos que somente podem ser plenamente apreendidos pelos adultos - alguns temas dominantes: Natureza; infância; amor; pobreza; isolamento; anseio por algo transcendente; morte inevitável 3 - contraposição de vitória e fracasso, humilhação e triunfo, sofrimento e gratificação, sacrifício e redenção - os contrastes são fortes e o final muitas vezes não é venturoso.