- Vectra Construtora

Transcrição

- Vectra Construtora
editorial
Latitude e atitude
Não é raro ouvirmos em Londrina boas referências e elogios à cidade de São Paulo, sua
gente e seus diferenciais. Nada contra Curitiba, mas a capital paulista é também um
pouco a londrinense. Compartilhamos os mesmos 23 graus de latitude sul e valores
muito próximos de trabalho, cultura e hospitalidade, típicos de cidades que cresceram
rapidamente no século XX, a partir de movimentos migratórios.
Parecidas na atitude, Londrina e São Paulo distanciam-se, na proporção de seus tamanhos,
quando o assunto é diversidade. Aí, não tem jeito: é preciso enfrentar uma hora de voo.
A Living Vectra desembarca em Sampa para reportar sua inovadora gastronomia,
a arquitetura sustentável, o design socialmente engajado e muita cultura. Claro,
encontramos vários londrinenses por lá.
Esse vai-e-vem de pessoas e conhecimento semeia igual prosperidade em terras roxas,
como provam os quarenta anos de história do IAPAR, outro destaque dessa terceira edição.
Motivos de orgulho, as instituições de pesquisa e ensino de Londrina desenvolvem projetos
de relevância nacional. É o caso do Grupo de Teatro para Pessoas Especiais (GTPAÊ),
citado na matéria sobre inclusão profissional de portadores de deficiência intelectual.
No trabalho ou em casa, em Londrina ou São Paulo, buscamos a sensação de bem-estar
e satisfação que se convencionou chamar de qualidade de vida. Esse anseio individual,
evidentemente, reflete-se na arquitetura e nos imóveis. Ciente disso, a Vectra desenvolveu
empreendimentos exclusivos que primam pelo conforto: um complexo comercial na Gleba
Palhano e o edifício residencial Casa Batlló. Projetos que a Living Vectra explica em detalhes.
Detalhes que fazem a diferença, como as empresas que apoiam esta publicação
institucional, associando suas marcas à informação de qualidade. Não se trata apenas
de divulgar produtos e serviços para um público selecionado. Na prática, essa atitude
contribui para a valorização de nossa gente – e por isso esses anunciantes devem ser
prestigiados. Para você, leitor, fica o desafio de crescer conosco. Participe!
Fábio Mansano
Coordenador de comunicação
Vectra Construtora
Na capa, detalhe de um prato
vintage da Feira de Antiguidades
do Masp, um dos destaques
desta edição
Este selo indica que o papel utilizado
nesta publicação foi produzido com
madeiras de florestas certificadas FSCR®
(Forest Stewardship Council)® e de
outras fontes controladas.
expediente
Edição 03 - 2º semestre | 2012
Living Vectra é uma publicação
semestral da Vectra Construtora Ltda.
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cartas
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O mundo não para, gira em um movimento contínuo.
Nossa inspiração para mover 1 bilhão de pessoas
todos os dias.
A vida moderna segue em um movimento rápido e contínuo. O mundo não para.
E nossos elevadores, escadas e esteiras rolantes acompanham essa acelerada
rotina, transportando diariamente 1 bilhão de pessoas.
A responsabilidade de mover em uma semana a população inteira do planeta só
pode ser assumida por quem tem mais de 130 anos de experiência, está presente
em mais de 100 países em 5 continentes e possui uma equipe de mais de 44 mil
colaboradores no mundo todo.
Nossa essência se inspira no movimento do planeta. Conduzir cada pessoa ao
seu destino, de forma constante e eficiente.
www.atlas.schindler.com • 0800 055 1918
ÍNDICE
22
Jardim 10
Ao completar quatro décadas,
Iapar projeta reinvenção
Garagem 16
Ciclistas se reúnem à noite para percorrer
trilhas rurais na região de Londrina
Alicerce 28
Deck
Green Building Council atua no Brasil e no
mundo para incentivar imóveis sustentáveis
O caso de amor entre o professor
Luiz Carlos Preto e sua chácara
no Porto das Águas
O verão em preto e branco do
fotógrafo Roberto Custódio
Porta-retrato 32
Bagagem 40
Um delicioso passeio pelas feiras de
antiguidades da capital paulista
Moldura 56
Casa Batlló consolida a sofisticação da linha
de edifícios da Vectra inspirados na obra de
Gaudí
Álbum 60
As aulas do chef Alexandre Gimenes, o
burburinho no show de Mariana Aydar e
a festa de lançamento do Edifício Aruak
Residencial
64
Quintal
Como o ortopedista Nereu Genta
remodelou a horta comunitária do
Edifício Palazzo Veronesi
Lounge 68
O talento sem rótulos de Mariana Aydar,
estrela de recente edição do Vectra ConstruSom
Office 72
Palhano Premium e Palhano Square Garden
inovam o conceito de edifícios comerciais
Área de serviço 76
Dicas de expert para manter os
vidros sempre limpos
Espelho 82
Para especialista, é preciso fazer a reconstrução
social da deficiência intelectual
Mobília 86
A democratização do design
por Marcelo Rosenbaum
Janela 90
Sobrinho-neto de Harry Prochet narra a incrível
história da família
Área comum 94
Separação e destinação corretas do lixo são
responsabilidades de todos
34
Home theater
Um bate-papo com o crítico
musical Jotabê Medeiros, do
jornal O Estado de S. Paulo
Objeto de desejo 98
Em tempos de iPaixões, o BeoSound 8, da Bang
& Olufsen, é um must-have
Bagagem
26
78
46
City tour
Cores, sabores e
muitas histórias no
Mercado Shangri-Lá
Em plena forma, Brasília atrai as
atenções dos turistas e das grifes
internacionais
Cozinha
Sabores do Brasil e do mundo se
encontram no grandioso cenário
gastronômico de São Paulo
jardim
Sede do Iapar em Londrina no traço a bico de pena de Félix Aramis
Rumo
aos
O Iapar – Instituto Agronômico do Paraná – acaba de completar 40 anos e já projeta a próxima década. “Como todo
órgão de pesquisa, a gente tem que pensar à frente do seu
tempo”, define o diretor-presidente Florindo Dalberto, que vê
muitas semelhanças entre hoje e quatro décadas atrás.
No final dos anos 1960, produtores e lideranças de Londrina
estavam preocupados com o fato de a região ser dependente da monocultura cafeeira. “Perceberam que a monocultura
estava com os dias contados”, lembra Dalberto. Foi quando
começou toda uma mobilização em torno da criação de um
centro de pesquisas. Do grupo faziam parte o pecuarista Celso Garcia Cid e o jornalista João Milanez, entre outros nomes
significativos como Omar Mazzei Guimarães, Horácio Coimbra e Francisco Sciarra.
“Foi o momento da grande transformação da agricultura no Estado, especialmente na região de Londrina”, conta
Dalberto. Como engenheiro agrônomo do extinto Instituto
Brasileiro do Café (IBC), ele fez parte primeiro da comissão
que escolheu o terreno onde foi instalado o Iapar, depois da
comissão paritária entre governo estadual e o IBC, que elaborou o plano diretor do órgão, até ser nomeado secretário
geral da primeira diretoria do Instituto.
“Na época aqui era pujança, a riqueza cafeeira, o centro da
agricultura do Paraná. O oeste, Cascavel, era mato ainda, o
centro era realmente aqui. Tanto é que o projeto original
era o Instituto Agronômico do Norte do Paraná”, recorda
Dalberto.
Foi durante a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina de 1970 que o então Ministro da Indústria e Comércio Pratini de Moraes aprovou o recurso que deu origem ao Iapar.
“Ele ficou sabendo antes que seria feito o pedido e surpreendeu a todos antecipando o anúncio”, lembra o diretor-presidente. A verba para a compra do terreno veio do Instituto
Brasileiro do Café (IBC), “que era poderosíssimo e tinha os recursos para colocar nas regiões cafeeiras”, explica. “O dinheiro
que sobrou, o doutor Dalton Paranaguá (então prefeito) foi
até o Rio de Janeiro devolver. Era assim que funcionava na
época ”, orgulha-se.
50
Referência em todo
o país, o Iapar acaba
de completar 40
anos, mas já projeta
a próxima década. O
ritmo é de reinvenção
Por Karla Matida Fotos Fábio Pitrez
“Na década de 70, o Iapar foi um projeto de grande sucesso,
pelo modelo de gestão, pelas pessoas que trouxemos para
cá. Foi premiado pelo OIC, Organização Internacional do
Living Vectra | 11
O diretor-presidente
Florindo Dalberto:
participação na
escolha do terreno e
na elaboração do novo
plano diretor
Café”, conta o presidente. “Nesses 40 anos, o Iapar respondeu às necessidades que a agricultura tinha, como
as tecnologias e variedades adequadas às condições
paranaenses”, completa.
Órgão estadual com sede em Londrina, o Iapar hoje
tem cerca de 700 funcionários, sendo 111 pesquisadores. São cinco unidades regionais de pesquisa instaladas em Curitiba, Ponta Grossa, Paranavaí, Pato Branco e
Santa Tereza do Oeste, e ainda 19 estações experimentais, quatro unidades de beneficiamento de sementes,
25 laboratórios de diferentes áreas de especialidade e
23 estações agrometeorológicas.
Uma das ações para celebrar o aniversário de 40 anos
do Iapar foi a implantação de uma cápsula do tempo.
Dentro dela, jornais, revistas e mensagens dos funcionários montaram um panorama de 2012. A cápsula
será aberta em 2022, no cinquentenário do Instituto.
Pós-graduação
Outro presente para celebrar a data foi o anúncio do
projeto de instalação do curso de pós-graduação. A
princípio, grade curricular e linhas de pesquisas privilegiarão temas ligados à agricultura conservacionista
para o mestrado. Na segunda etapa, será instalado o
doutorado. A primeira turma deve ser aberta no início
de 2013.
“Depois de 40 anos, o Iapar precisa se reinventar, se reestruturar com base nas novas demandas, nos novos
desafios da agricultura paranaense do século XXI”, define. “O Iapar foi vencedor até agora, mas é quase uma
etapa que se venceu, que foi a etapa da modernização
da agricultura do Estado. Hoje os desafios são outros,
tem o mercado, o ambiente, a qualidade dos produtos, a sustentabilidade. O Iapar não consegue ser hoje
um faz-tudo. A nova concepção é o Iapar formar redes
de pesquisas e inovação com as universidades, com
órgãos de pesquisas do Brasil e do exterior. Tudo está
globalizado, inclusive a ciência”, define.
Para Dalberto, o modelo novo de gestão para fazer
frente aos desafios inclui o intercâmbio dos profissionais com as universidades e com as empresas. “É o Iapar se colocando como um grande gestor de um processo de inovação tecnológica e não apenas como um
cumpridor de tarefas.”
“Estamos elaborando um novo plano diretor de pesquisa para o Paraná, um plano quinquenal para reestruturar e um plano de investimentos para reforçar as
unidades regionais e os novos tipos de laboratórios requeridos pelas pesquisas”, adianta o diretor-presidente.
Cápsula do tempo:
abertura acontecerá
em 2022
Nos laboratórios do
Instituto, mais de 100
pesquisadores, entre
mestres e doutores
Living Vectra | 13
História em bico de pena
Artista autodidata, Félix Aramis (1944 - 2006) ingressou no Iapar em 1976 como desenhista
e ilustrador de publicações técnico-científicas. Mas foi além das suas funções e passou
a retratar o Instituto – a sede em Londrina e as unidades regionais – com caneta bico de
pena. As obras selecionadas são destaque na galeria de prêmios ao lado da diretoria.
Ao longo da carreira, Aramis fez desenhos topográficos de engenharia, planimetria e
altimetria para a construção de diversas estradas do Paraná.
Legado de quatro décadas
Manejo do solo e da água
O Iapar ainda estava em processo de instalação quando os
pesquisadores começaram a estudar formas para acabar
com o problema da erosão. Também foram implantados
os primeiros estudos sobre rotação de cultura e adubação
verde e tiveram início os experimentos em plantio direto,
que, segundo estimativas, atualmente é adotado em 25
milhões de hectares no Brasil. No Paraná, são aproximadamente cinco milhões de hectares – cerca de 90% da área
cultivada para produção de grãos no Estado.
Café
O café está na pauta de pesquisas desde a fundação do Iapar. Após a grande geada de 1975, foram aceleradas as pesquisas que já vinham sendo desenvolvidas, principalmente
com o adensamento de plantio. A proposta foi denominada de Modelo Tecnológico de Café Adensado do Paraná
e trazia pontos como qualidade ao invés de quantidade,
adensamento de plantio para acabar com a monocultura,
desenvolvimento de variedades de pequeno porte, zoneamento agroclimático (para recomendar o plantio com
segurança em áreas de menor risco potencial), acompanhamento das frentes frias, alertas para riscos de geadas
e mais de 75 tecnologias para serem aplicadas de formas
integradas. Na área da biotecnologia, o Iapar participou do
sequenciamento do genoma do café.
Citricultura
No início dos anos 1980, o cancro cítrico inviabilizava a citricultura no Estado. Os novos plantios eram proibidos por lei.
O Iapar aceitou o desafio de encontrar uma solução para o
problema e tornar viável a retomada do plantio no Paraná.
A proposta foi ousada – em vez de erradicar, desenvolver
tecnologias para conviver com a doença. Atualmente o Estado tem cerca de 30 mil hectares cultivados com cítricos e
dispõe de três indústrias processadoras.
Ambiente e agricultura orgânica
Também na década de 1970, o Iapar deu início aos estudos
sobre populações de insetos que viabilizaram o manejo
integrado de pragas em culturas como o trigo, algodão e
café.
Melhoramento genético vegetal e animal
O Instituto já criou mais de 150 novas cultivares de várias
espécies, de algodão a plantas para pastagens.
Na área de genética animal, destaque para o desenvolvimento do bovino composto Purunã, em processo de registro no Ministério de Agricultura e Abastecimento (Mapa):
primeira raça para corte produzida no Estado e também a
primeira criada por uma instituição de pesquisa estadual.
Zoneamento agrícola
Responsabilidade do Iapar, o Zoneamento Agrícola do Paraná delimita as regiões climaticamente homogêneas.
Pesquisa na propriedade
As Redes de Referências para a Agricultura Familiar foram
criadas com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de sistemas de produção sustentávies e envolve pesquisadores
do Iapar e extensionistas do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
Estufas: espaço e
condições climáticas
para a pesquisa de
novas cultivares
Living Vectra | 15
garagem
16| Living Vectra
Ciclistas se reúnem
em grupos para
percorrer trilhas
rurais na região de
Londrina, guiados
apenas pela luz das
estrelas e de seus
potentes faróis
Por Rosângela Vale Fotos Fábio Pitrez
O gerente comercial Marcos
Pezzutti, ao centro, com parte
do grupo que frequenta:
relaxamento mental
Seja por conta do apelo ecologicamente correto ou pela
crescente busca por qualidade de vida, as bicicletas estão
cada vez mais presentes no trânsito caótico das grandes
cidades. Ainda que não esteja entre as metrópoles, Londrina também vem ganhando uma legião de apaixonados pela “magrela”. Para muitos deles, entretanto, a cidade
é apenas ponto de encontro para percursos bem distantes da agitação urbana. Adeptos do crosscountry, modalidade do ciclismo para trilhas rurais, eles pedalam pela
região curtindo o cheiro do mato e o barulho de riachos,
guiados apenas pela luz das estrelas e de seus potentes
faróis.
“Os grupos cresceram muito; a comunicação ficou mais
fácil por causa do Facebook. Você posta lá 'pedal saindo
tal hora' e a pessoa vem. Se conseguir acompanhar, ela
fica; caso contrário, a gente indica outros grupos”, conta o
representante comercial Rodolfo de Godoy, 40 anos, mais
conhecido no circuito das mountain bikes como Shrek.
De acordo com ele, a formação dos grupos é determinada
principalmente pelo ritmo das pedaladas.
O grupo de Rodolfo reúne de 10 a 15 pessoas e é o mais
veloz: percorre cerca de 50 quilômetros em menos de três
horas, fazendo uma média de 22 quilômetros por hora. Os
integrantes têm entre 25 e 40 anos e se encontram todas
as terças e quintas à noite e nos fins de semana durante o
dia. O trajeto, feito ao redor de Londrina, é sempre variado
e escolhido minutos antes da partida, principalmente por
18| Living Vectra
questões de segurança. “Já teve muito assalto de bicicleta
aqui em Londrina”, revela.
Há 12 anos pedalando, Rodolfo competiu nas provas regionais de mountain bike entre 2000 e 2003. Mas o currículo de atleta não é pré-requisito para fazer parte do
grupo. O técnico em informática André Berzoti, 39 anos,
é a maior prova disso. Até janeiro do ano passado, nunca
havia pedalado. “Eu levava uma vida completamente sedentária. Ia de carro à padaria da esquina”, conta.
Quando resolveu mudar seu estilo de vida, André pesava
95 quilos. Com a cara e a coragem, chegou e foi ficando.
“Sofri uns dois meses para acompanhar, mas o pessoal me
deu força. A gente vai fazendo amizade, melhorando na
bicicleta e animando”, diz. Além das pedaladas três vezes
por semana, ele também corre e faz caminhadas. Em seis
meses, perdeu 30 quilos. “Passei do GG para o P”, orgulha-se. “Hoje ele é um dos que mais pedalam”, elogia Rodolfo.
É claro que conquistar e manter a forma e a saúde é apenas
um dos inúmeros benefícios do esporte, considerado um
dos mais seguros para quem precisa fugir das modalidades de alto impacto. “Muitos dos que estão aqui jogavam
bola; chegaram com as costas detonadas e com lesões nos
joelhos”, informa Rodolfo.
“No futebol, você precisa reunir no mínimo uns 14 para jogar. Aqui, se juntar uns três, quatro, já dá para sair”, observa
o empresário Élcio Ruiz, 48 anos, que participa de compe-
Mulheres
são minoria
Nos grupos de pedal consultados pela reportagem, uma
característica é especialmente marcante: a ausência quase
absoluta de mulheres. O representante comercial Rodolfo de
Godoy estima que elas representem, no máximo, 10% dos
ciclistas em Londrina.
Entre essa minoria está a empresária Priscila Matushita, 33
anos, acostumada a ser a única mulher da turma. Ela descobriu o esporte despretensiosamente há quatro anos. “Meu
marido comprou uma bike para ele; aí pedi uma para mim.
Começamos a pedalar na rua com alguns amigos e a turma
foi aumentando”, lembra.
O casal frequenta vários grupos de pedal moderado, que fazem uma média de 18 quilômetros por hora em percursos de
até 60 quilômetros, tanto nas noites de terça e quinta como
sábado durante o dia. “Não é um passeio nem um campeonato”, define. Os grupos saem sempre de locais diferentes para
evitar assaltos. “Já fomos assaltados à mão armada a caminho
da trilha; estávamos em seis pessoas, levaram duas bicicletas.
Depois disso, fizemos seguro das bikes”, conta.
Para acompanhar o ritmo masculino, Priscila precisa reforçar o treino na academia e investir em suplementos antes,
durante e depois das pedaladas, necessários para todos os
praticantes.
Para ela, esses cuidados acabam afastando as mulheres. “Várias amigas começaram e pararam. Nas confraternizações dos
grupos, quando as esposas se encontram, elas se animam a
começar, mas fica sempre só na empolgação”, relata a empresária, que atribui a esse comportamento uma explicação
simples: “As mulheres não são tão unidas como os homens”.
Living Vectra | 19
tições nacionais reunindo amadores
em percursos de até 90 quilômetros.
Há oito anos, ele trocou o Speed,
modalidade de asfalto, pela mountain bike, principalmente por razões
de segurança. “Nos últimos 10 anos,
o volume de carros nas rodovias aumentou muito. Agora é só equipe
profissional que anda na estrada.
Então mudei o foco. Em percursos de
terra é mais tranquilo”, justifica.
Iluminação dianteira e traseira, luvas,
óculos e roupas refletivas são itens
básicos para a prática da modalidade
feita à noite. A necessidade maior de
atenção por conta do escuro possibilita concentração
total no treino. “É só o céu estrelado e a vegetação em
volta. Ali você se encontra com você, coloca as ideias
em ordem. É um relaxamento mental. Durante boa
parte do percurso você nem tem o companheiro do
seu lado, porque se cair pode derrubá-lo”, observa o
gerente comercial Marcos Pezzutti, integrante de um
grupo que chega a reunir 40 pessoas para pedalar em
trilhas rurais.
O ritmo das pedaladas da turma varia de 16 a 19 quilômetros por hora em percursos de 30 a 50 quilômetros.
“Saímos às 19h30 e não deixamos passar de 23 horas
para chegar em casa. Se acontece algum imprevisto,
tipo furar o pneu de alguém, a gente encurta o trajeto”,
explica Pezzutti. A turma é bem eclética. “Não tem hierarquia profissional nem de idade”, garante.
Para o empresário Marcos Marques de Souza, 59 anos,
o clima ameno da noite ajuda a turbinar a performance no pedal. “Sem o calor você tem mais disposição e
consegue desenvolver mais”, diz ele, que descobriu o
ciclismo há três anos e, se depender de seu cardiologista, nunca mais vai parar. “Eu jogava bola uma vez
por semana e o joelho doía muito. Fui fazer o check-up
anual e os exames estavam todos alterados. O médico
disse que eu precisava fazer outra atividade física. Co-
20| Living Vectra
mecei a pedalar e seis meses depois refiz os exames.
Estava tudo normal e ficou assim desde então: colesterol, pressão, tudo zerado”, relata.
A proporção de adeptos do pedal noturno – com grupos saindo de vários pontos da cidade – vem inspirando muita gente a dar as primeiras pedaladas . Foi
o caso de Guilherme Nemer, 36 anos. Ele compareceu pela primeira vez na noite em que a reportagem
conversava com o grupo que sai às terças e quintas
da Point 700, na Avenida Maringá. “Moro aqui perto
e sempre via o pessoal reunido quando eu passava
com meus cachorros. Isso me incentivou; tomei coragem e vim”, relata, revelando o desejo de retomar um
prazer da infância.
Para atender o número cada vez maior de iniciantes foi
criado recentemente um grupo que sai nas noites de
segunda-feira, também da Point 700. O percurso é de
18 a 25 quilômetros, pedalando de 10 a 12 quilômetros por hora, com várias paradas. “Quando a gente vê
que a pessoa está chegando num ritmo mais acelerado, convidamos para testar a dinâmica do pedal mais
puxado em outro grupo”, explica Marcos Pezzutti.
Mas se a adesão ao ciclismo vem aumentando, o mesmo não se pode dizer das ciclovias em Londrina. Ainda que não pedalem na cidade, os mountain bikers
percorrem alguns quilômetros no
asfalto até chegarem às trilhas. “Pelo
menos nas principais avenidas seria
legal ter ciclovias”, diz Rodolfo. “Para
quem faz cicloturismo, que é o pedal
na cidade, as ciclovias realmente fazem falta. Só tem a do Lago e o acesso é ruim. Muita gente vai de carro
até lá para pedalar”, diz Pezzutti. Para
Rodolfo, vai depender da vontade
do próximo prefeito de encarar essa
ideia, mas ele reconhece que a configuração urbana de Londrina dificulta a construção de ciclovias.
deck
Apaixonado por esportes aquáticos,
Luiz Carlos Preto tem seu paraíso
particular a 85 quilômetros de Londrina
Por Karla Matida Fotos Fábio Pitrez
22| Living Vectra
Qualidade da água da represa Capivara
é um dos destaques do Porto das Águas
Vista geral das chácaras de lazer
do Porto das Águas. Abaixo, a
portaria do empreendimento
Depois de passar pela paquera e pelo namoro, o relacionamento do professor Luiz Carlos Preto com o loteamento de
chácaras de lazer Porto das Águas está entrando na fase do
casamento, no melhor estilo quem casa quer casa. Apaixonado por esportes aquáticos, Preto conheceu o empreendimento em Porecatu (85 quilômetros de Londrina) por meio
de amigos que já eram proprietários.
24| Living Vectra
Depois de algumas visitas, acabou comprando o próprio terreno e logo estava com o projeto arquitetônico nas mãos. Eis
que uma residência já pronta surgiu e o professor aproveitou
a oportunidade para fazer negócio.
Mas após quatro anos, Preto resolveu que era hora de a casa
ser personalizada para atender seu gosto e necessidades.
Casado e com um filho, a família do professor é
pequena, mas os amigos são muitos. E para receber toda a turma com mais conforto, foram feitas
ampliações e melhorias nas instalações existentes.
“Antes eram quatro quartos e uma suíte, agora são
quatro quartos e três suítes com ar-condicionado
e mais a garagem para embarcações”, explica. “A
churrasqueira também é outra”, completa.
Xodós da casa, a lancha, os dois jet-skis e o quadriciclo para transporte também precisavam de
um espaço. A garagem ganhou dois portões estratégicos. “Entro com a caminhonete e a lancha
por um portão e saio pelo outro sem precisar manobrar”, explica Preto.
O salão de festas é um dos itens
da área comum do loteamento
de chácaras de lazer
26| Living Vectra
Para o professor, “um fator muito positivo é que o esporte aquático é família.
Você pode levar todo mundo e agrega
os vizinhos também”. Entre os moradores do Porto das Águas, Preto enumera
uma vizinhança de vários cantos da
região, de Arapongas a Presidente Prudente e Maringá.
O empreendimento, às margens da Represa Capivara, vira ponto de encontro dos
amigos principalmente nos finais de semana. A turma do professor tem cerca de 10
embarcações, ou seja, 10 animadas famílias. “Aqui é água e churrasco”, avisa Preto.
A rampa para embarcações do
Porto das Águas é considerada
uma das melhores da região
Com a lancha ou o jet, o professor já
passeou por todos os cantos da represa, que é das mais generosas em
tamanho. “Conheço todos os braços
dela. Saímos de manhã e o almoço é
sempre no restaurante Roda D´Água.
À noite, fazemos churrasco em casa.”
Com a turma e a família, Preto também
costuma fazer um turismo aquático. “Ribeirão Claro, Porto Rico, Ilhabela e Xavantes”, elenca. “São lugares lindos, mas
o Porto das Águas tem uma vantagem,
é muito perto de Londrina. Em 50 minutos estou aqui.”
O professor Luiz Carlos
Preto no deck da sua
casa: vista para a represa
alicerce
Fomentar a indústria da construção sustentável
no Brasil é a missão do Green Building Council.
País já é o quarto colocado no ranking mundial
de empreendimentos registrados
O Brasil vem mostrando desde 2007 que quer
fazer jus ao verde da sua bandeira. Com a chegada o Green Building Council ao país, o setor
da construção civil ganhou uma diretriz para
ser mais sustentável. Criado em 1999 nos Estados Unidos, o GBC instituiu o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), um
sistema de certificação e orientação ambiental de edificações.
Com quase 600 empreendimentos em processo de certificação, o Brasil ocupa o quarto
lugar no ranking mundial, atrás apenas dos
Estados Unidos, China e Emirados Árabes.
“Hoje temos praticamente um registro por dia
no Brasil”, contabiliza o engenheiro e gerente
técnico do Green Building Council Marcos Casado.
Reconhecido internacionalmente, o LEED é
utilizado em 136 países que fazem parte do
World Green Building Council. Cinco anos
atrás, o Brasil tinha apenas oito edifícios registrados. Hoje já são 63 certificados, isto é, passaram por um rigoroso processo e conquistaram o chamado selo verde.
O Paraná tem dois empreendimentos com o
LEED – uma fábrica da Coca-Cola e o prédio
comercial Curitiba Office Park, ambos em
Curitiba – e está em terceiro lugar no país, com
37 registros. Em Londrina, a Vectra é pioneira
no registro de edifícios, com os comerciais Palhano Premium e Palhano Square Garden.
Organização sem fins lucrativos, o GBC Brasil
tem como missão “fomentar o desenvolvimento da indústria da construção civil com
foco na sustentabilidade sócio-ambiental”.
De acordo com Marcos Casado, são quatro os
pilares da organização: educação, informação,
relacionamento e fomento e certificação.
A educação, segundo o gerente técnico, é o
foco principal da organização, que promove
cursos de capacitação dos vários profissionais
do setor da construção, disseminando o conceito de construção sustentável. Em 2008, o
GBC criou o programa nacional de educação
com cursos, palestras, seminários, pós-graduação e MBA, que hoje é o carro-chefe da organização. Desde então, mais de 33 mil profissionais já participaram do programa, também
com opções de cursos on-line.
“Outro pilar que a gente trabalha é o da informação, através de boas práticas para replicar o
conceito com palestras e a feira anual”, explica
Casado. Na edição deste ano, a Conferência Internacional & Expo, promovida pelo GBC, triplicou de tamanho e precisou de uma área de
6.500 metros quadrados (Transamérica Expo
Center) para comportar os 100 expositores e
os cerca de cinco mil visitantes.
Na questão do relacionamento e fomento, a
ligação é com empresas privadas e com o governo. “O objetivo é criar incentivos para construção por meio de políticas públicas e leis de
incentivos fiscais”. Exemplos são a Copa do
Mundo e as Olimpíadas com o BNDES (Banco
Nacional do Desenvolvimento), em uma linha
de financiamento específico para construção
sustentável. “No Rio de Janeiro, acabamos
de lançar com a Prefeitura o Qualiverde, que
tanto dá redução de ISS para as construtoras
como reduz o IPTU para quem for morar ou
trabalhar nesses empreendimentos sustentáveis”, explica Casado.
Quarto pilar, “a certificação é uma ferramenta para promover essa transformação
do setor. É a certificação que dá o norte, a
diretriz, de como construir sustentável”, define o gerente técnico. Para Marcos Casado,
é totalmente viável conquistar o certificado
LEED no Brasil. “Não falta material, não falta
No Centro Administrativo Rio Negro, em Barueri,
dois edifícios são certificados com LEED
Cartilhaverde
Por Karla Matida Fotos Fábio Pitrez
Living Vectra | 29
Marcos Casado, gerente
técnico LEED
Irrigação com água
captada de chuvas
tecnologia, nem profissional”, garante.
Uma das grandes novidades da Conferência
Internacional & Expo 2012 é o lançamento do
referencial para casas, que deve mudar ainda
mais o panorama da construção sustentável
no país. Durante um ano, cinco residências
farão parte da fase piloto. Após esse período
será aberta a certificação para casas. “Isso vem
de uma demanda das nossas empresas-membros que querem certificar seus empreendimentos horizontais”, constata.
Quarenta e cinco por cento dos registros que
chegam ao GBC são para o setor comercial.
“Mas há um aumento nas outras áreas também,
como shoppings centers e hospitais, que estão
percebendo a redução do custo operacional”,
identifica Casado. “O público do comercial faz a
conta do custo operacional. Ele não se importa
de pagar mais aluguel num imóvel valorizado,
se paga menos condomínio. E é essa conta que
a construção sustentável geralmente fecha.”
30| Living Vectra
Para o gerente técnico, uma das principais
vantagens da construção sustentável é a
valorização do imóvel. “Temos inúmeras
pesquisas que mostram que o público brasileiro até paga mais por um imóvel de diferencial sustentável, desde que ele tenha
mesmo esse diferencial.”
A diversidade dos setores alcançados pela
certificação verde inclui ainda estádios de futebol. De acordo com Casado, todos os estádios para a Copa do Mundo do Brasil já foram
registrados e inspiraram outros dois – Palmeiras (SP) e Grêmio (RS) – a seguir o exemplo.
Foi a convite do Comitê Olímpico Brasileiro que o GBC fez um trabalho para o plano
diretor da Rio 2016, destacando a questão
da sustentabilidade como um ponto positivo para a escolha da cidade. “Conseguimos
incluir a obrigatoriedade de certificar todas
as instalações que serão construídas para as
Olimpíadas”, revela.
Vivace,
a realidade superou o desejo
www.siemens.com.br/vivace
A linha de tomadas e interruptores Vivace veio para inaugurar uma nova tendência: unir tecnologia e desempenho a
design e inovação.
A tendência fica por conta do elegante perfil assimétrico das placas, combinado com a suavidade e beleza das teclas de
acionamento.
Muita inovação também para as novas funcionalidades aplicadas a linha
Vivace. Entre elas, o dispositivo para conexão USB especialmente
desenvolvido para recarregar smartphones, mp4, entre outros.
Além disso, uma grande oferta de dispositivos eletrônicos permitirá a linha
Vivace atender a inúmeras necessidades em instalações elétricas,
promovendo alto desempenho e conforto com a qualidade Siemens.
Vivace, uma prova concreta que realidade supera o desejo.
porta-retrato
A vida
é bela
Foto Roberto Custódio
Em sua ronda pela cidade em
busca de cenas para ilustrar
uma matéria sobre as altas
temperaturas, o fotógrafo Roberto
Custódio optou por mostrar a
brincadeira dos meninos no Lago
Norte de uma forma diferente.
Tirou as cores do verão e captou
uma imagem memorável. “Foi
inspirada no trabalho do Pedro
Martinelli, que admiro muito”,
conta o fotógrafo londrinense.
32| Living Vectra
Living Vectra | 33
home-theater
o
décimo
João, primeiro
Nascido na Paraíba e criado no Paraná, Jotabê Medeiros se formou profissionalmente em São Paulo, onde se
tornou um dos críticos musicais mais influentes do país.
Atualmente escreve para o jornal O Estado de S. Paulo,
mas já passou pela Folha de S. Paulo, CNT/Gazeta e pela
Folha de Londrina, publicação que marcou o início da
sua carreira.
Um dos críticos musicais
mais influentes do
país, Jotabê Medeiros
lembra a passagem por
Londrina e a vez em que
mentiu para Bob Dylan
Por Karla Matida Fotos Fábio Pitrez
“Londrina foi meio um acidente”, lembra o jornalista,
que ganhou na cidade o apelido com o qual assina suas
matérias há 27 anos. Décimo primeiro de uma família
de 15 filhos, João Batista Medeiros começou no jornalismo por acaso. “Saí de casa – em Cianorte – com 15 anos.
Na nossa família era outra lógica. Você falava para o pai
‘vou estudar em Curitiba’, ele respondia ‘vai com Deus’”,
diverte-se.
Para se manter na capital paranaense, ele trabalhava
durante o dia no departamento comercial de uma construtora e estudava à noite. Quando chegou a época de
escolher a faculdade, prestou vestibular para Direito na
Universidade Federal do Paraná.
“Tive uma nota boa, mas não passei. Daí fiquei pensando se ia ficar um ano esperando o outro vestibular. Foi
quando vi que Londrina tinha vestibular no meio do
ano. Sem muita convicção, escolhi jornalismo. E quando
passei tive que decidir se largava o emprego e mudava
de cidade. Então peguei uma recisãozinha, que devia
dar para uns três meses, e fui para Londrina.”
Depois de uma temporada numa pensão, ele descobriu
que havia duas vagas para a Casa do Estudante da Universidade Estadual de Londrina. “Era preciso provar que
não tinha dinheiro. Eu poderia ter levado as certidões
de nascimento dos meus 14 irmãos”, brinca Jotabê. Na
Casa, o jornalista fez amizades que duram até hoje. “Alguns ainda me chamam de Paraíba”, brinca.
Ainda estudante, foi atrás de uma vaga que a Folha de Londrina estava oferecendo. Competiu com vários colegas e
chegou à final ao lado do melhor amigo. “Um dia perdi a
hora e quando cheguei à Folha, o Jersey (Gogel) já tinha
saído com uma pauta ótima. O grupo de teatro Delta tinha
sido selecionado para participar de um festival em Nova
York”, conta Jotabê. “Não tinha mais pauta para mim, então
me mandaram para a Biblioteca Infantil. Pensei: perdi.”
Living Vectra | 35
Mas o editor que iria anunciar o novo contratado estava voltando das férias e com isso deixou os dois amigos
por mais uma semana na redação. “Ele pediu uma capa
especial para domingo, falou que o jornal de domingo
era importante. Ninguém disse nada. Eu disse que tinha
uma pauta, porque naquele domingo, curiosamente,
seriam os 10 anos da morte do Pasolini.”
A matéria sobre o cineasta italiano virou capa do caderno de cultura e rendeu um pedido do editor Nilson
Monteiro para o chefe de redação Walmor Macarini:
“contrate os dois”. E assim foi feito. “A Folha era o melhor
jornal do interior do Brasil. Londrina tinha uma mentalidade que não era provinciana. Os primeiros beatniks
que li foi na Folha, na página de literatura em que o Rodrigo Garcia Lopes fazia traduções”, explica. Pouco antes
da entrada na Folha de Londrina, Jotabê já escrevia para
a revista SomTrês, do Rio de Janeiro.
“Na época, o editor era o Maurício Kubrusly. Era uma
revista bacana, todo mundo que virou crítico musical
depois escrevia nela. Peguei um disco que já tinha um
ano ou dois de existência, o The Wall, do Pink Floyd,
e escrevi um texto sobre ele. Era um ensaio, não era
uma crítica, do que ele representava e o impacto que
aquilo trouxe para a minha geração. E mandei para o
Kubrusly. Um dia ele me ligou dizendo que tinha gostado muito do texto. O problema, falei para ele, é que
eu não tenho discos, não tenho sobre o que escrever.
Ele falou que não era problema, que me mandaria os
lançamentos. Todas as semanas chegava uma caixa e
era uma festa na Casa”, lembra.
“Quando tive que assinar pela primeira vez na SomTrês
usei o Jotabê que os amigos da UEL me apelidaram.
Nome composto é mais difícil. Marcos Roberto, João Batista, ninguém fala”. Já o jeito de escrever por extenso
veio, segundo o jornalista, dos parnasianos da literatura.
“Antiquado, meio obsoleto, meio esquecido, mas gostei
de recuperar e adotei.”
Retrato de Bob Dylan:
destaque na parede da
sala do jornalista
“Talvez tenha ficado no inconsciente, é que tinha um
cara que traduzia quadrinhos e que eu gostava muito,
que era o Jotapê Martins. Ele traduzia o Demolidor. Eu
lia muito quadrinhos, desde muito pequeno. Em Cianorte, bem moleque, uns 10 anos, a gente fazia trocas
de gibis. Eu andava quilômetros para fazer essas trocas.”
Para o jornalista, a bagagem dos quadrinhos lhe deu
uma vantagem sobre a maioria dos colegas. “Eu conseguia decupar a linguagem visual com mais facilidade”,
afirma Jotabê. “Lia muito Ken Parker.” Mas é de Art Spiegelman que o jornalista guarda um tesouro. Um livro
autografado pelo cartunista. “Esse eu não dou, não vendo, nada”. Outros incontáveis livros, discos, CDs e afins
que Jotabê recebeu como material de divulgação nas
quase três décadas de profissão não tiveram a mesma
sorte. Ou melhor, tiveram um outro tipo de sorte. Foram
parar no sebo do irmão mais novo em Cianorte. “Nem
era para ganhar dinheiro, era mesmo para compartilhar
aquilo com outras pessoas.”
36| Living Vectra
No final de 1986, com pouco mais de um ano na Folha
de Londrina, Jotabê recebeu uma ligação telefônica
de São Paulo. “Era o editor do recém-nascido Caderno
2 do Estado de S. Paulo, Luiz Fernando Emediato, que
passou por Londrina e leu uma matéria minha. Eles
estavam procurando jovens jornalistas pelo país e me
chamou para trabalhar. Minha namorada estava grávida, então tive que pensar duas vezes. Mas quando ele
me falou quanto pagavam, só perguntei ‘quando você
precisa que comece?’”.
Entre a primeira passagem pelo Estadão e a atual, Jotabê ainda tem no currículo passagens pela revista Veja
e pela televisão. Trabalhou no canal CNT em Curitiba,
mas logo foi transferido de volta para São Paulo depois
da fusão com a TV Gazeta.
“Foi uma das melhores experiências em jornalismo
que eu tive em muito tempo. Tínhamos só duas equipes, era precário, mas inventamos uma fórmula de jornal que foi muito elogiada”, lembra. Depois de quase
dois anos na televisão, recebeu um convite para voltar
para o Estadão. “E estou lá há 18 anos”, contabiliza.
Nesse tempo, o jornalista já foi correspondente do
jornal em Nova York, entrevistou Rolling Stones, viu
cerca de 300 shows por ano e se transformou em um
dos maiores especialistas em Roberto Carlos do país.
“Eu ainda estava na Folha quando o entrevistei pela
primeira vez. Ele mesmo abriu a porta. Desde então
tenho o entrevistado sempre. Fui até cobrir o show em
Israel. É um dos nomes mais importantes da música
brasileira.”
Na carreira eclética, Jotabê participou do funeral de
Michael Jackson em um local reservado apenas para
os amigos (num lance de sorte aliada ao faro fino jornalístico) e ainda mentiu para Bob Dylan.
“Fui escalado para cobrir o show dele no Rio de Janeiro. De manhã no hotel falei para minha mulher:
Nana, vamos atrás do Bob Dylan”. Recluso, o músico
norte-americano não é de entrevistas ou badalações,
mas costuma passear incógnito pelas cidades da
turnê. “Fomos para o hotel Fasano e ficamos no bar,
depois de um tempo, percebi que ele não estava lá.
Fomos então para o Copacabana Palace, onde eu já
tinha dado vários plantões”, lembra. Na pausa para o
almoço, na vizinhança do hotel, uma figura estranha
chamou a atenção da mulher do jornalista. “Ela disse:
‘nossa, parece o Bob Dylan’, mas sem acreditar. Quando olhei, vi que era ele”.
Nana fez algumas fotos e levou uma bronca do cantor, que disse algo como “seus malditos papparazzi”
(numa tradução suave). Foi quando Jotabê se aproximou e disse que era para o Facebook. “Daí ele até
se deixou fotografar ao lado da Nana”, lembra Jotabê,
que fez a matéria contando a saga em busca do músico. O título não poderia ser outro: “O dia que menti
para Bob Dylan”.
38| Living Vectra
bagagem
Bricabraque-se
Para matar as
saudades
ou para
turbinar
a coleção,
feiras de
antiguidades
de São Paulo
são uma
fantástica
viagem no
tempo
PorPor
Karla
Matida
Karla
MatidaFotos Fábio Pitrez
Fotos Fábio Pitrez
40| Living Vectra
Praça Benedito Calixto
O charme e encantamento das feirinhas de bricabraque fazem delas ponto de visitação obrigatório não só para saudosistas e colecionadores, mas
também para turistas. Que o digam os frequentadores da feira de San Telmo, em Buenos Aires, ou
da cinematográfica Portobello Road, em Londres.
As duas opções são figurinhas fáceis nos mais diversos guias turísticos.
Em São Paulo, passear entre barraquinhas recheadas de antiguidades valiosas – seja no preço ou no
sentimento – também tem endereço certo. Mais
de um na verdade. E assim, movimentam o final
de semana.
Aos sábados, a Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, ganha novas cores, sons e sabores das 9 às 19
horas. Há 25 anos, a Feira de Artes, Cultura e Lazer é
ponto de encontro dos mais variados grupos. Apesar das barracas de louças, brinquedos, móveis e
artesanatos tomarem conta do lugar, ainda há espaço para o vaivém de curiosos, famílias e amigos.
Há ainda quem vá a trabalho. Para o povo da
moda, a viagem no tempo que as coleções antigas
proporcionam vira referência e inspiração. Para os
figurinistas, as barracas têm tesouros para quem
está recriando cenários para novelas, filmes ou minisséries de época.
O empresário Franz Ambrósio sabe bem o que é
isso. Há tempos fornecedor de roupas e acessórios
para produções globais – a mais recente foi Gabriela – ele é proprietário do brechó Minha Avó Tinha
(com três endereços em São Paulo) e também participante da Feira de Antiguidades da Paulista, que
acontece aos domingos, no vão livre do Masp.
Bixiga
Living Vectra | 43
“Fiz parte da feira de 90 a 94 e há um ano e meio
voltei. A loja me afastava do grupo, aqui vejo o que
o mercado está querendo, o que está acontecendo”,
diz. No vão do Masp, o empresário vende apenas objetos de decoração produzidos antes dos anos 1960.
“A exigência do estatuto é que 90% sejam peças antigas.”
Engenheiro metalúrgico, Ambrósio se viu sem emprego em 1990. Foi quando decidiu vender itens antigos, muitos de sua coleção particular. “A necessidade
é a mãe da sobrevivência”, ensina. “Mas também é
preciso estudar e se dedicar para saber o que estou
vendendo.” Para os compradores, a dica do expert é
pechinchar. “Dá para conseguir de 10 a 15% de desconto e, se tiver lábia, consegue mais”, garante.
Comandada pela Associação de Antiquários do Estado de São Paulo, a feira do Masp chega a atrair cinco
mil pessoas a cada domingo, das 10 às 17 horas. Apesar da padronização das barracas – todas azuis – o
conteúdo de cada uma é dos mais diversificados. De
uma caixa registradora de R$ 10 mil a broches com
letras de R$ 10.
“Não dá para prever como vai ser a venda. Pode sair
em cinco minutos ou ficar aqui dois meses”, diz Marcos Coelho, não só vendedor como também restaurador da caixa registradora. Há 33 anos no ramo de
antiguidades, Coelho viaja pelo Brasil e América Latina atrás de peças similares que depois de restauradas
viram, principalmente, decoração em lojas e bares.
Mas muitas das compras são mesmo sentimentais.
Reencontrar o brinquedo que marcou a infância ou
o disco que embalou as primeiras festinhas é algo recorrente no passeio pelas feiras.
Gilberto Campos tem mais de 10 mil brinquedos em
três lojas que só atendem com hora marcada. Mas
Masp
pode ser encontrado facilmente na feira da Benedito Calixto.
Entre seus tesouros, um tanque de lata de 1930. O material,
aliás, é um dos destaques do espaço. Coloridos e movidos à
corda, os mais conservados ficam em estantes de acrílico e
custam em média R$ 150. “A maioria é da Espanha”, explica
o vendedor, que atende a clientela também em inglês e espanhol.
E se o garimpo é internacional, a família Nakatani, de Mogi
das Cruzes (cerca de 1h30 de São Paulo), produz delicados
objetos com técnicas vindas do Japão. Os microvasinhos são
um dos charminhos da banca da “Casa da Cerâmica”, há 11
anos na feira da Benedito Calixto. Tudo ali é artesanal e nenhuma peça é igual à outra.
O passeio pela feira de Pinheiros ainda pode ser saboroso. No
meio da praça, um espaço destinado à alimentação aposta
na cozinha étnica com salgados e doces. Os restaurantes nas
ruas que circundam a praça também são boas opções para
quem quer se reabastecer.
Bairro tradicionalmente gastronômico pela forte presença da
colônia italiana, o Bixiga também tem sua feirinha de antiguidades aos domingos. E uma das suas atrações é justamente
a vizinhança repleta de cantinas. Não estranhe a sensação de
déjà vu. Muitos vendedores são os mesmos da Benedito Calixto. A feira do Bixiga acontece na Praça Dom Orione. Deixe
para fazer um almoço mais tarde, já que a partir das 15 horas
algumas bancas começam a ser desmontadas.
Living Vectra | 45
Boa
mesa à
cozinha
paulista
Por Karla Matida Fotos Fábio Pitrez
O novíssimo
Attimo, do chef
Jefferson Rueda
Living Vectra | 47
Cenário
gastronômico
de São Paulo
é grandioso,
à altura da
maior cidade
da América
Latina
Danilo Nakamura, crítico
gastronômico e nosso guia
pelos sabores de São Paulo
Rodrigo
Oliveira,
jovem talento
repaginando
as delícias
do sertão
nortestino
Engenho
Mocotó: local das
experimentações do
chef Rodrigo Oliveira
Chás com variadas
misturas no The
Gourmet Tea
Cosmopolita como era de se esperar da maior
cidade da América Latina, São Paulo traz uma
infinidade de opções nas mais diversas áreas.
Mas é na gastronomia que as variadas culturas
e etnias se mostram mais. Não só os sabores e
temperos dos quatro cantos do mundo, mas
também de todos os cantos do país.
The Gourmet Tea
Epice: apenas 38 lugares para saborear as criações do chef paranaense Alberto Landgraf
Londrinense radicado em São Paulo há quatro
anos, o crítico gastronômico Danilo Nakamura
conhece bem a diversidade da culinária paulistana. Transforma as descobertas em resenhas
para a revista DiVino Sabores e este ano tam-
Living Vectra | 49
bém foi jurado do prêmio Comer e Beber 2012
da Veja SP, na escolha dos melhores da cidade
2012.
“São Paulo é o primeiro lugar onde as coisas
acontecem no Brasil”. Formado em gastronomia, o crítico diz ter feito o curso “como meio de
informação. Cozinho mais quando vou a Londrina”, conta.
Com faro fino para as novidades que pipocam
pela cidade, o crítico também tem seu lado cicerone gastronômico. Com o chef inglês James
Lowe, um dos nomes estrelados da nova culinária britânica, Nakamura foi visitar, entre outros
lugares, o restaurante Mocotó, na Vila Medeiros.
Por lá encontraram o também jovem chef Rodrigo Oliveira, que deu uma repaginada no restaurante da família e vem conquistando prêmios
importantes nos últimos anos. Em 2012, a revista Prazeres da Mesa o elegeu o melhor chef e o
Mocotó, a melhor cozinha brasileira. Em obras, o
restaurante vai ganhar um café para fazer companhia ao Engenho Mocotó, espaço de eventos
e também para a criação de novas receitas.
“A cena de gastronomia dos chefs é nova”, define o crítico.“Alex Atala é uma referência e o DOM
foi eleito pela Restaurant Magazine o quarto
melhor restaurante do mundo”, lembra Nakamura, que ainda cita Helena Rizzo e Bel Coelho.
Mas há novos nomes surgindo. O paranaense
Alberto Landgraf, nascido em Nova Fátima, é
uma das estrelas em ascensão, assim como Rodrigo Oliveira.
Oásis de tranquilidade em Pinheiros, a Julice Boulangère é destaque na nova
cena de padarias em São Paulo
No comando do Epice, Landgraf chama a atenção para a sua culinária, que foi moldada em
Londres. E de lá o chef trouxe o colega James
Lowe, da dupla Young Turks, para cozinhar em
seu restaurante como convidado. Uma iniciativa
que só aumenta seu prestígio.
Coffee Lab foi eleito pelo
crítico Danilo Nakamura
o melhor café de São
Paulo na atualidade
A sommelière Daniela Bravin
Bar à vin no subsolo do Bravin
Do interior de São Paulo, Jefferson Rueda nasceu
e cresceu em São José do Rio Pardo e acaba de
inaugurar o Attimo, que ele próprio define como
restaurante ítalo-caipira. O sobrenome espanhol
é só um detalhe, já que foi criado com a culinária
italiana da família materna. A mistura das cozinhas caipira e italiana é a mais nova sensação da
cidade. E, não por acaso, tem caderno de reservas bem recheado. No cardápio de doces, quem
cuida da pâtisserie é Saiko Yoneda.
A esposa de Rueda, Janaína, também é chef e
comanda o Bar da Dona Onça, no lendário edifício Copan, projeto de Oscar Niemeyer na Avenida Ipiranga. “Estar no centro da cidade hoje é ser
vanguardista”, explica Danilo Nakamura.
O chef Jefferson Rueda
Já quando o assunto é tradição, a pizza de São
Paulo, segundo o crítico, segue na briga com
Nova York para ser a melhor fora de Nápoles,
berço da pizza na Itália.
“A cena de padarias cresceu muito de um ano
para cá”, conta. A recente chegada da belga Le
Pain Quotidien, com três lojas na cidade, ajuda
a movimentar ainda mais. Mais autoral, a Julice
Boulangère é um oásis de tranquilidade na divisa de Pinheiros com a Vila Madalena.
Resultado de uma mistura que envolve ascendência portuguesa, espanhola, italiana e japonesa, Nakamura conta que a cozinha étnica
ainda deixa a desejar na capital. “Mas a cozinha
japonesa daqui é espetacular”, garante. E é no
Kidoaeraku que o crítico busca refúgio quando
quer comer tranquilo. Sim, isso é possível em
plena São Paulo.
No Attimo são duas adegas,
a de vinhos e a de cachaças
Living Vectra | 51
Mercado de
sabores
Famoso pelo sanduíche de mortadela e pelo
pastel de bacalhau, o Mercado Municipal de São
Paulo vai muito além da icônica dupla de quitutes. São mais de 12 mil metros quadrados recheados por uma variedade de sabores.
O prédio, construído em 1933, se divide em
setores de quitanda, açougue, avícola, peixaria,
laticínios, gourmet, empório, mercearia e mezanino com restaurantes. Frutas fresquinhas,
caranguejos ainda vivos, temperos exóticos
abrem o apetite e os desejos de bancar o chef
por um dia. Ou por vários.
Chegar cedo – o Mercado abre às 6 horas todos
os dias – é sempre uma boa opção para quem
não quer enfrentar filas. A expressão comer com
os olhos ali se encaixa perfeitamente.
Rua da Cantareira, 306 - Tel. (11) 3313-3365
52| Living Vectra
Living Vectra | 53
Dicas
de
expert
A pedido da Living Vectra, o crítico gastronômico
Danilo Nakamura criou uma lista com os endereços
mais bacanas do momento em São Paulo. As dicas
vêm acompanhadas de justificativas saborosas.
Delicie-se com a fartura de temperos, da cozinha
contemporânea ao hambúrguer caprichadinho,
passando pela culinária japonesa.
Epice: restaurante do chef Alberto Landgraf (nascido em Nova Fátima e com família em Londrina). Chef mais promissor do cenário nacional, cozinha moderna com
leve acento da nova cozinha britânica (Landgraf estudou e trabalhou em Londres).
Entre os pratos mais pedidos, está o “polvo com pinole e vinagrete de Jerez” e a
“barriga de porco com grão de bico”. Rua Haddock Lobo, 1002 - Tel. (11) 3062-0866.
DOM: Alex Atala dispensa apresentação. Atual 4º melhor restaurante do mundo
segundo a Restaurant Magazine. Cozinha brasileira de vanguarda e excelente
serviço de vinhos por Gabriela Monteleone. Melhor reservar com bastante antecedência. Rua Barão de Capanema, 549 - Tel . (11) 3088-0761.
Maní: restaurante do casal de chefs Helena Rizzo e Daniel Redondo em sociedade
com Fernanda Lima e Pedro Paulo Diniz. Eleito 51º melhor do mundo pela Restaurant Magazine. Também de cozinha brasileira moderna, mas com sotaque mais
pop. Ambiente despojado e sempre lotado. Rua Joaquim Antunes, 210 - Tel. (11)
3085-4148.
Attimo: novo restaurante do chef Jefferson Rueda (ex-Pomodori) em parceria com
o restaurateur Marcelo Fernandes (Kinoshita e Clos de Tapas). Comida ítalo-caipira
feita por um dos (senão o) melhores chefs do gênero, em São Paulo. Pratos bem
consistentes, sem sabores tímidos – com destaque para carne de porco e massas.
Rua Diogo Jácome, 341 - Tel. (11) 5054-9999.
Mocotó: na distante Vila Medeiros, o Mocotó virou um centro de peregrinação
gourmet. Rodrigo Oliveira renovou a cozinha sertaneja do nordeste, respeitando
a tradição da casa aberta por seu avô em 1968. Os pratos passeiam entre clássicos
nordestinos e modernidades, como os dadinhos de tapioca com melaço de cana e
a mocofava (caldo de mocotó com favas e defumados) que fazem valer a viagem.
Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1100 - Tel. (11) 2951-3056.
Com a maior colônia nipônica do mundo (fora do Japão), a cozinha japonesa é
muito vasta em São Paulo, variando entre balcões de sushi modernos e supertradicionais. Para sushis mais modernos, Jun Sakamoto é um dos mais conceituados
– com excelente sushi de lula com sal do Himalaia, vieira com sal trufado e robalo
com yuzu, além de pratos como o tempurá de shissô e as ostras com ovas de salmão. Entre os mais tradicionais, o balcão do Shin Zushi é um espetáculo de produtos e técnica. Jun Sakamoto Rua Lisboa, 55 Tel 11 3088-6019. Shin Zushi Rua Afonso
Freitas, 169 - Tel. (11) 3889-8700.
Kidoairaku: numa esquina escondida da Liberdade, o Kidoairaku é um choque de
culturas. É como um micro Japão do hemisfério sul. Ambiente super simples (é a
própria casa do chef Kakuzui Matsui) e cozinha japonesa caseira (não tem sushi!).
Os pratos são espetaculares – especialmente o teishoku de peixe prego, o tonkatsu
(lombo de porco empanado), a berinjela com missô e o sazonal butano kakuni –
cubos de barriga de porco cozida que o chef prepara em dias mais frios. Rua São
Joaquim, 394 - Tel. (11) 3207-8569.
Coffee Lab: Da barista Isabela Raposeiras, é o atual melhor café de São Paulo. Lugar descolado, com mesas comunitárias, varanda para fumantes e diversos tipos
de extração – espresso, prensa francesa, filtro, aeropress... Rua Fradique Coutinho,
1340 - Tel. (11) 3375-7400.
A cena de padarias gourmets explodiu nos últimos anos, em São Paulo. A Julice
Boulangère faz pães deliciosos e tem um ótimo espaço para aproveitar os produtos in loco. Ali pertinho, na Vila Madalena, a rede belga Le Pain Quotidien acabou
54| Living Vectra
de abrir uma loja. O espaço é bem grande, com enorme mesa comunitária e, além
de pães e cafés, também serve almoço. Julice Boulangère Rua Deputado Lacerda
Franco, 536 - Tel . (11) 3097-9144. Le Pain Quotidien Rua Wisard, 138 - Tel. (11) 30316977.
Chez MIS: dentro do Museu da Imagem e do Som, do grupo que também é dono
das casas Chez Lorena, Chez Burger e Bar Secreto. A comida é ok, mas o espaço é
ótimo. É o atual restaurante favorito dos fashionistas e modernosos, num ambiente
bem bonito (e escuro, diga-se). Mensalmente, tem festas anexas no museu – como
a Green Sunset. Rua Europa, 158 - Tel. (11) 3467-3411.
Bar da Dona Onça: da chef Janaína Rueda (mulher de Jefferson, do Attimo), o
Dona Onça é mais restaurante do que bar. O ar descolado, no térreo do Edifício
Copan, atrai gente de todas as sortes para servir deliciosa comida brasileira clássica. Aliás, comida paulista clássica. Se está no cardápio, é porque faz parte da dieta paulistana – de picadinho, arroz de rabada com agrião e frango com quiabo a
panelinha de moelas e dobradinha. Avenida Ipiranda, 200 lojas 27 e 29 - Tel. (11)
3257-2016.
Speranza: pizzaria tradicional, uma das poucas de São Paulo com certificado de
“pizza verace” do governo de Nápoles. Também é queridinha dos foodies pela tradição. Há duas unidades: Bixiga e Moema, mas a primeira é que mantém o melhor
forno e um padrão superior de pizza. Rua 13 Maio, 1004 - Tel. (11) 3288-8502.
Sub-Astor: bar estilo speak-easy, como nos tempos da lei seca, no porão do Bar
Astor (o slogan é“embaixo do astor”). Alta coquetelaria, música alta e gente bonita.
Serve boas comidinhas, como o Vesper Burger, as empadinhas e o hot-dog. Rua
Delfina, 163 - Tel. (11) 3815-1364.
Butcher’s Marketing: hamburgueria moderna, com um ambiente meio Williamsburg/Brooklyn-NYC, no Itaim Bibi. Sempre cheio, hambúrgueres ótimos e bons
drinks. Recentemente, abriram o Barn, espaço anexo, num estilo mais bar/clube
inglês, no segundo andar. Rua Bandeira Paulista, 164 - Tel. (11) 2367-1043.
The Gourmet Tea: excelente casa de chás, no bairro de Pinheiros. Serve chás clássicos e modernos, com ampla carta e um cuidado muito especial para os tempos
de infusão, com cronômetro embutido nas bandejas de serviço. Rua Mateus Grou,
89 - Tel. (11) 2936-4814.
Z-Deli Sanduíches: minúscula lanchonete de comida judaica, menos kosher, mais
novaiorquina. O projeto é do chef e proprietário Julio Raw, neto e sobrinho-neto
das fundadoras da Z Deli – tradicional deli judaica da cidade. Os sanduíches são
excelentes – de pastrami, língua, salmão defumado no bagel, bresaola e rosbife – e
a casa ainda serve ótimos hambúrgueres. Os pães são feitos por Rogério Shimura,
ex-padeiro do DOM. Rua Haddock Lobo, 1386 - Tel. (11) 3083-0021.
Ici Bistrô: restaurante francês do chef Benny Novak, que ainda possui mais duas
casas: a Tappo Trattoria e o 210 Diner – de comida italiana e americana, respectivamente. No Ici, Benny serve pratos como o magret de pato com figo assado e molho
de foie gras, fraldinha com molho béarnaise, cassoulet e sopa vichyssoise com ostras. Rua Pará, 36 - Tel. (11) 3259-6896.
Bravin: casa da sommelière Daniela Bravin (ex-Ici Bistro e Tappo Trattoria), funciona como restaurante no piso superior e bar à vin no andar de baixo. A seleção de
vinhos é imensa e o serviço de Daniela impecável, sempre com uma novidade surpreendente na manga. Rua Mato Grosso, 154 - Tel. (11) 2659-2525.
moldura
Obra
de arte
A homenagem da Vectra ao gênio catalão Antoni Gaudí ganha mais um capítulo com o lançamento do Edifício Casa
Batlló. O projeto consolida o conceito de sofisticação da linha inspirada nas obras do arquiteto, composta pelo Casa
Milá, no centro de Londrina, e pelo Parc Güell, em construção na Gleba Palhano.
“Das obras de Gaudí, a Casa Batlló é a mais sofisticada em
detalhes e acabamentos; da mesma forma, vem a ser a obra
mais sofisticada da Vectra”, diz o coordenador de vendas e
planejamento Cléber Maurício de Souza. O detalhismo do
projeto é notável em vários aspectos; um deles é a presença de artesãos que trabalharão para reproduzir os mosaicos
característicos de Gaudí.
De acordo com o diretor-presidente da construtora, Manoel Luiz Alves Nunes, o planejamento vem sendo feito há
mais de um ano. “É um edifício com poucos pilares e grandes vãos para permitir uma arquitetura realmente marcante. Por todos os cuidados, pela estrutura, pelo tamanho e
pelos acabamentos, é realmente uma obra de arte”, ressalta.
A grandiosidade do projeto começa na dimensão do terreno. “No centro de Londrina, todas as quadras projetadas
pela Companhia de Terras têm 10 mil metros quadrados. A
quadra total onde será construído o Batlló tem aproximadamente 50 mil metros quadrados. O edifício vai ocupar
uma área de 6.300 metros, quase 70% de uma quadra central”, compara Manoel.
Edifício Casa Batlló,
da Vectra, consolida
o conceito de
sofisticação da linha
inspirada no trabalho
do arquiteto catalão
Antoni Gaudí
Por Rosângela Vale
Fotos Fábio Pitrez
Porz
O Casa Batlló terá duas torres independentes, com dois
apartamentos por andar, área privativa de 245 metros
quadrados e planta de três ou quatro suítes. A inovação
– considerada a “joia” do empreendimento – são as duas
coberturas horizontais com 496 metros quadrados exclusivos, com opções de quatro ou cinco suítes, amplo terraço e piscina embutida no piso. “Uma verdadeira casa nas
alturas”, define Cléber.
Living Vectra | 57
Para a arquiteta Márcia Ivale, responsável pelo projeto arquitetônico junto com Eliza Koyama, a arquitetura de Gaudí é absolutamente inspiradora e um verdadeiro divisor de
águas em termos de estilo. “Com ele, a liberdade começou
a aparecer e os arquitetos conseguiram, através de linhas
retas e orgânicas, libertar-se do classicismo anterior”.
De acordo com Márcia, um dos marcos do Casa Batlló em
Barcelona também terá sua versão no edifício construído
pela Vectra. “O terreno e a distância de 12 metros entre as
torres possibilitaram a criação de um grande átrio com teto
de vidro, que contempla toda a entrada de luz. A arquitetura de interiores, com certeza, vai explorar isso muito bem”,
prevê Márcia, que ressalta o uso de metais para criar escamas nas fachadas das torres.
O coordenador de vendas e planejamento Cléber de Souza e o diretorpresidente da Vectra Manoel Luiz Alves Nunes: projeto grandioso
Segundo o arquiteto Marcelo Melhado,
materiais de primeira linha garantem a nobreza
dos acabamentos
“Todo trabalho de pesquisa e adequação dos conceitos
espaciais, decorativos e sensitivos do edifício estão fundamentados nos elementos usados por Gaudí”, salienta Marize Cecato, arquiteta responsável pelo projeto paisagístico.
Ela destaca a área do parque aquático, composto por três
conjuntos de piscinas, onde se desenvolvem vários conceitos do arquiteto catalão. Concebido para ser um convite
a quem entra no edifício, “o acesso principal tem tanto a
opção por rampas como pela escada ladeada por um espelho d’água, fazendo a ponte entre o espaço externo e o
interno”, revela.
As boas surpresas continuam dentro do apartamento.“Toda
parte social é integrada com a área da cozinha e há a possibilidade de abrir tudo com painéis de vidro; aí haveria integração
total, não apenas visual”, diz a engenheira civil Eliza Koyama.
Varandas tanto na parte da frente como na de trás garantem ventilação cruzada.
O espaço generoso vai ganhar a nobreza dos acabamentos
de primeira linha. “A madeira da parte íntima, o porcelanato
na área social, o mármore travertino romano no banheiro
do casal, as esquadrias altas, os rodapés de 15 centímetros;
tudo isso vai fazer a diferença; o comprador só vai precisar
colocar os móveis”, garante o arquiteto Marcelo Melhado,
autor do projeto de interiores.
Para ele, além de qualidade, a palavra perfeita para definir o
empreendimento é interação. “Um dos destaques do Casa
Batlló é o átrio, que vai ser ponto de encontro para as pessoas”, revela. O lazer ocupa praticamente todos os 6 mil m²
do terreno e será entregue equipado e decorado, com itens
como salões de festa, salas de jogos, espaço fitness, piscinas, praças, brinquedoteca, lounges, quadras de tênis e de
squash, quadra poliesportiva, entre outros.
Também são diferenciais do edifício os oito elevadores,
sendo quatro em cada torre, e os boxes despensas nos dois
níveis de subsolo. “É um verdadeiro quarto privativo de
cada morador, com quase 6 m²”, informa Cléber. Segundo
ele, antes mesmo da abertura do apartamento decorado,
o empreendimento já vinha registrando grande procura. A
previsão de entrega do empreendimento é junho de 2016.
Perspectiva ilustrativa
Amplo terreno onde será
construído o Edifício Casa Batlló,
entre a Avenida Ayrton Senna e
Rua João Wyclif, ao lado do Edifício
Evolution Home Ayrton Senna
Hall de entrada
do Casa Batlló
álbum
Fotos Ana Flávia Negro
Localização poderosa
Próximo ao Centro Cívico de Londrina, o Edifício
Aruak Residencial tem a tranquilidade do Jardim
Petrópolis com a ampla oferta de serviços da Avenida
Duque de Caxias. A festa de lançamento na Vectra
Store contou com show da banda curitibana Os
Milagrosos Decompositores e visita ao apartamento
decorado pela arquiteta Simone Ito.
Fábio Mansano e Manoel Alves Nunes
Eduardo e Helena Sitta
Cassiano Ferraz e Mariana Lozano
Meire Tsuda, Arlete Fuganti e Jussimeire Akasaki
Denílson e Marinês Mechia com a filha Carolina
Thalita e Guilherme Arruda
Paula Piccinin Medeiros
60| Living Vectra
Elói Müller e Terezinha de Oliveira
Living Vectra | 61
álbum
Fotos Ana Flávia Negro
Mãos à massa
Em parceria com a Massaria Artigianale, surgiu uma série de
cursos com o chef Alexandre Gimenes, batizada saborosamente
de Massaria Gourmet Vectra Store. As aulas atraem
mensalmente os gourmets de plantão, que são brindados com
degustação de vinhos. Os cursos contam com apoio da Villa Casa,
Decanter e Ample Comunicação e Eventos.
O chef Alexandre Gimenes rodeado pelos participantes
Patrícia Bertin e Silvana Bordin
Susana Lacerda
Fabiane Teni e Heloísa Mercer
Neuza Penteado, Rosana Martins e Rose Petrus
62| Living Vectra
Carolina e Luciene Cardoso
Maria Emília Skowronek e Patrícia Cappellari
Bruna Berti e Ana Carolina Rapcham
Fotos Gabriel Teixeira
Ao som de Mariana
Serelepe no palco e dona de uma bela voz,
Mariana Aydar encantou o público que
compareceu em peso a mais uma edição do
projeto Vectra ConstruSom. No Teatro Marista,
as canções do CD Cavaleiro Selvagem Aqui Te
Sigo se revezaram com outros hits da cantora.
Rebeka César, Rosa Scicchitano e Dulce Blaia
Fábio e Fabiana Feijó
Patrícia e Adirlei Oliveira
Thayza Oliveira e César Falavigna
Débora, Teresinha e Natália Sorgi
Gesielene Carvalho
Renan Paiano e Iana Tomazetti
João Rodrigo e Andressa Milanez
Living Vectra | 63
quintal
64| Living Vectra
Horta comunitária
do Edifício Palazzo Veronesi
Cultivar legumes
e verduras é
bem mais que
um hobby para
o ortopedista
Nereu Genta
Por Karla Matida
Fotos Fábio Pitrez
Uma das primeiras lembranças que o
ortopedista Nereu Genta tem da mãe é na
horta, colhendo batatas para preparar um
prato muito especial. “Ela só fazia aquele
nhoque uma vez por ano, que era mesmo
para ser valorizado”, conta o médico.
Aos cinco anos, ele participava do trabalho
na horta da família. Com a mesma idade,
a netinha mais nova do ortopedista
também já banca a assistente do avô na
horta do edifício Palazzo Veronesi. “Eu
me mudei para cá há uns seis meses,
porque soube dessa horta. Minha casa
ficou grande demais para mim e minha
mulher e, quando comecei a procurar um
apartamento, descobri esse aqui.”
A horta, inicialmente lançada como espaço
gardening, havia sido projetada no edifício a
pedido da diretoria da Vectra e foi inspirada
em espaços comunitários desse tipo
visitados na Alemanha. Após alguns anos de
produção reduzida, a ideia inicial recuperou
fôlego com os cuidados de Genta.
Desde que se mudou, ele assumiu
informalmente a horta comunitário do
prédio. Com a experiência em olericultura
adquirida nas últimas três décadas, o
ortopedista deu outra cara ao espaço. Criou
novos canteiros, plantou mais variedades
de legumes e ervas e está incrementando a
salada dos vizinhos.
“Minha casa tinha três mil metros quadrados.
Lá eu tinha uma horta e um pomar, e
desse eu ainda cuido”, conta o médico.
Todas as noites, depois do expediente na
clínica, Genta passa pela horta do Palazzo
Veronesi para regar os canteiros. Nos finais
de semana, faz a manutenção. Plantando
e colhendo, tem atraído a atenção não só
dos três netos, como também de outras
crianças do condomínio.
Após o expediente na clínica,
o ortopedista vai para a horta
“Elas se interessam e eu ensino o que
aprendi, principalmente com os japoneses.
Quando comecei a horta, plantava,
cuidava, mas os legumes não cresciam
como deveriam. Então fui estudar. Os
japoneses da Cooperativa Cotia ficaram
meio desconfiados no início, não achavam
que meu interesse era sério, mas, depois
que acreditaram em mim, me ensinaram
tudo”, lembra o médico, que guarda até
hoje uma cartilha da cooperativa datada
do final dos anos 1970.
Entre pés de hortelã, manjericão, beterraba,
repolho e outras verduras, um dos destaques
da horta do Palazzo Veronesi é tão italiano
Compostagem feita pelo
médico utiliza as folhas
caídas nos jardins do edifício
quanto o nome que batiza o edifício: a
plantação de sálvia. “Minha nonna (avó) trouxe
a muda na mala quando veio da Itália em 1914.”
Os cuidados com a horta 100% orgânica
vão além de plantar, regar e colher na hora
certa. A pedido do ortopedista, as folhas
recolhidas dos jardins do edifício são levadas
para a horta e incluídas na compostagem
preparada por ele. Um minhocário também
ajuda no enriquecimento da terra.
De olho na sazonalidade das verduras e
ervas, Genta já comprou todas as sementes
para a plantação de verão. “A hora de
preparar é agora”, explica. O próximo passo
é trazer do pomar da sua antiga casa para os
jardins do prédio uma jabuticabeira adulta.
“As crianças não podem esperar 15 anos
para ver uma jabuticaba do pé”, justifica.
Com a chegada de Nereu Genta,
a horta ganhou mais canteiros
Foto : Gabriel Teixeira
lounge
Destaque da nova geração da música
brasileira, Mariana Aydar foi a estrela
do mais recente Vectra ConstruSom
A paulistana Mariana Aydar cresceu cercada por música. Filha
da produtora musical Bia Aydar e de Mário Manga, do grupo
Premeditando o Breque, ela começou a carreira como backing
vocal do violeiro Miltinho Edilberto, cujo repertório era basicamente forró. Também dividiu o palco com grandes nomes da
MPB, como Dominguinhos e Elba Ramalho, e integrou a banda
do compositor paulistano Dante Ozzetti.
O ritmo nordestino com quem flertou desde o início da carreira
daria o tom à sua primeira banda, a Caruá, mas a sua musicalidade em expansão não suportava rótulos. Em busca de novas
referências, mudou-se para Paris e só voltou de lá com o projeto
do primeiro disco solo.
Desde então, já gravou três álbuns, com ótima repercussão de
público e crítica. O último deles, Cavaleiro Selvagem Aqui Te
Sigo, revela ritmos afro-brasileiros sem perder a essência contemporânea da artista. E é exatamente disso – essência – que
trata o título do disco. Para ela, o Cavaleiro em questão é a força
criativa, aquele sopro celestial que vem e vai sem hora marcada.
Estrela da primeira edição da série Vectra ConstruSom em 2012,
Mariana Aydar encantou a plateia do Teatro Marista no início de
junho. Doce e ao mesmo tempo intensa, ela deu a seguinte entrevista à Living Vectra pouco antes do show em Londrina:
Como é para você o processo de compor? Você tem algum
método ou é caótico?
É bem caótico (risos). A música vem para mim como um sopro
no ouvido. Acho que é muito parecido com aquela música do
João Nogueira e do Paulo César Pinheiro, do poder da criação,
que fala: “Não, ninguém faz samba só porque prefere/ força nenhuma do mundo interfere/ no poder da criação, não, não/
Não precisa se estar infeliz nem aflito/nem se refugiar em lugar
mais bonito/em busca da inspiração, não/Ela é uma luz que
chega de repente/feito uma estrela cadente...”. Então é assim,
ela chega. E eu acredito muito nessa força. Pra mim, é essa
força que não sou eu. Eu acredito nela, eu ouço, mas aí não
consigo acabar. Porque eu fico achando que tem que vir outra
força para terminar. É aí que entra o meu processo, que estou
aprendendo. Converso com algumas amigas compositoras
que me dizem: tem que treinar, faz alguma coisa com isso, mas
sempre acho que vai ficar menor... Penso: era tão lindo e agora
eu vou estragar...
É aquela história de 1% de inspiração e 99% de transpiração?
Pois é, eu ainda estou no 1%; está faltando 99% (risos).
Você tem uma formação bem eclética. Como você analisa
isso em termos de identidade musical?
Acho que tudo influencia no jeito de traduzir, de concretizar
a música. Às vezes vou compor e falo: “nossa, isso é estranho,
um sotaque nordestino e eu sou de São Paulo.” Mas eu ouvi
muita música nordestina, comecei cantando forró. Então
eu acho que as influências vão ficando em você e, com o
tempo, você vai colocando para fora de uma maneira bem
natural, espontânea.
Nãogosto
de
rótulos
Foto : Renan Christofoletti
Por Rosângela Vale
Living Vectra | 69
Quando você se descobriu cantora?
aquela relação entre público e artista. Geralmente são jovens, mas é legal porque eles também levam os pais aos
shows. E eu adoro. Esses jovens estão muito ligados nesse
pessoal que está vindo. Vou a shows de outros cantores e
acabo encontrando meu público lá. São jovens entre 20 e
30 anos que trocam impressões, mandam cartas, textos.
Outro dia uma menina me escreveu um texto lindo; acho
isso muito legal, quando a pessoa pega a essência do que
eu quero dizer, porque eu me preocupo muito com o que
eu digo; sou muito focada nas minhas letras.
Sempre cantei, desde pequenininha. Meu pai é músico,
eu convivia muito com ele nos shows e, no final, ele sempre chamava as crianças para cantar. Eu ficava esperando
aquela hora ansiosamente. Quando resolvi estudar um
instrumento, escolhi o violoncelo, estudei dos 11 aos 16
anos; depois estudei violão, e aí tudo era mais ou menos
pretexto para cantar.
Você tem três discos gravados. Já está pensando no
quarto?
O que te inspira?
Hoje eu me dei conta, aqui no hotel, em Londrina, que
eu estou no processo do quarto disco porque eu cheguei toda pilhada e comecei a escrever coisas para ver se
eu pegava no sono e dormia um pouco, então, percebi
que o quarto disco está nascendo, e com composições
minhas, por isso, estou feliz. É muito cedo para falar, mas
acho que tem uma sementinha sim.
Eu falo muito da questão do ser humano, de como a gente vive nesse mundo tão louco, de como viver bem, em
paz, de questionar realmente os nossos limites, os nossos
sofrimentos e a nossa felicidade. Acho que a música é
transformadora; faço música para isso; ouço música desse
jeito. A música sempre foi um refúgio para mim, um lugar de amor, de paz, de transformação. Mais do que para
ser uma grande cantora, afinada e tecnicamente perfeita,
entrei na música para trazer um pouco de alento para as
pessoas. E para mim também.
O que levou você a morar em Paris?
Eu tinha uma banda de forró e sabe quando chega a uma
encruzilhada, em que cada um vai fazer uma coisa? A gente
não queria gravar um disco de forró para justamente não
ficar rotulado. Eu não gosto de rótulos. E não queria ter um
rótulo logo no início da carreira. Aí a gente resolveu acabar
a banda; cada um foi para um lado. Foi quando pensei que
era hora de morar fora, o que sempre foi um sonho. Escolhi Paris por ser muito efervescente culturalmente. Lá eu fui
curadora de um programa de TV que se chamava Novos
Boêmios, sobre a nova geração dos músicos brasileiros.
Como eu recebia muito disco, comecei a ver que realmente tinha muita gente boa e passei a me interessar por esse
movimento. Hoje é uma coisa mais concreta; naquela época ainda era bem abstrato: Luisa Maita, Romulo Fróes, Céu,
Ana Cañas, o pessoal da Orquestra Imperial, Fabio Góes,
Mallu Magalhães, Filipe Catto... É muito legal viver numa
época em que você influencia e é influenciada por gente
assim. Sou muito ligada e gosto muito dos compositores
da minha geração.
Eu faço música brasileira. Isso não quer dizer que eu nunca vá fazer outra coisa, mas hoje eu não me vejo cantando
outra coisa que não seja música brasileira; foi o que sempre
me tocou no coração. Então, isso pode ser um rótulo. Mas,
hoje, dentro da música brasileira, acho que nem existe mais
o termo MPB; isso também está muito ligado a um rótulo, a
uma época. Dentro da música brasileira há muitas possibilidades e influências, inclusive de músicas que não são brasileiras. Esse é o campo que se abre sem rótulos. Acho importante ter essa liberdade de não ser uma coisa só. Eu canto
como eu vejo a música brasileira, como ela toca, com todas
as influências que eu tive, reverberando em português.
Como é a receptividade do seu trabalho? Quem é o
seu público? Você tem contato com ele?
Tenho contato sim. Acho que, com a Internet, voltou
70| Living Vectra
Foto : Gabriel Teixeira
Essa coisa de não ter rótulos também é bem característica dessa geração. Você acha que essa é uma
questão que marca seu trabalho, fazer algo que não
se pode nomear?
Perspectiva ilustrativa
office
72| Living Vectra
Edifícios Palhano Premium
e Palhano Square Garden
apresentam a Londrina
um novo conceito de
empreendimento voltado
ao trabalho
Horizonte
profissional
Por Rosângela Vale
Living Vectra | 73
Na principal rotatória da Gleba Palhano, entre as Avenidas Madre Leonia Milito e Ayrton Senna, o complexo empresarial em construção pela
Vectra está sendo projetado para
atender o LEED (Leadership in Energy & Environmental Design), sistema
de orientação e certificação ambiental de edificações reconhecido internacionalmente. O selo verde, como
é conhecido, garante construções
que geram o menor impacto possível nos recursos naturais durante o
seu ciclo de vida. E, com isso, proporcionam economia de água, de energia e, consequentemente, de custo
do condomínio.
“Para obter a certificação, buscamos
em todo processo construtivo materiais com selo de procedência. As madeiras são de reflorestamento; o aço
tem, na sua composição, sucata que
seria descartada na natureza. As esquadrias das fachadas são compostas
por vidros com baixo fator de absorção térmica, diminuindo o consumo
As obras do Palhano
Premium estão a todo
vapor: entrega prevista
para julho de 2014
de ar-condicionado nos ambientes
internos. Os telhados terão uma cobertura verde (bandejas com grama);
metais e vasos sanitários terão controle de fluxo de água e os jardins
serão regados com água da chuva”,
enumera o coordenador de engenharia da Vectra, Márcio Giocondo.
Mas a economia não para por aí. O
piso elevado – com fiação e parte hidráulica adequáveis a todo tipo de inquilino sem necessidade de reformas
– vai garantir custos reduzidos aos
investidores. E o lucro obtido com a
administração das vagas rotativas do
estacionamento será revertido para
abater custos do próprio condomínio.
“São três pisos de garagens para os
condôminos e dois para os clientes
em ambas as torres, totalizando mais
de 700 vagas”, contabiliza Cléber
Maurício de Souza, um dos responsáveis pelo desenvolvimento e vendas
do projeto. No Palhano Premium haverá ainda um heliponto. Nos primeiros pisos estão previstas 60 lojas com
pé direito duplo. Segundo Cléber, o
projeto vem tendo ampla aceitação
do mercado. “Em 90 dias, as vendas
do Palhano Premium foram 100%
fechadas. E as do Square Garden já
estão 70% concluídas”, informa.
Não é para menos. Localizado em
uma região que vive uma fase acelerada de verticalização, com grande
concentração de edifícios residenciais de alto padrão, o novo complexo empresarial representa uma
opção mais do que interessante aos
moradores da Gleba Palhano. Afinal,
quem não quer (e precisa) diminuir
o tempo que percorre entre casa e
escritório?
Foto : Fábio PItrez
O que vem a sua cabeça quando
você pensa em edifícios comerciais?
Centro da cidade, trânsito caótico,
dificuldade de estacionar, elevadores congestionados e salas com pouca luz natural? Apague esses conceitos. Agora imagine um complexo
empresarial sustentável, localizado
em um dos pontos mais nobres de
Londrina, com 700 vagas de estacionamento, salas com direito a varandas e uma vasta rede de serviços nos
primeiros pisos. Estes são apenas
alguns diferenciais do Palhano Premium e do Palhano Square Garden,
que apresentam à cidade um novo
conceito de empreendimento voltado ao trabalho.
Outro ponto alto do projeto é a
presença de sacadas em todas as
salas. As grandes esquadrias proporcionam amplitude ao ambiente
e integração com a área externa,
que pode se transformar em local
de convivência e contemplação: a
excepcional vista da cidade ajuda a
suavizar o stress, adicionando bem
estar à rotina profissional.
Perspectivas ilustrativas
Fachada do Palhano Square Garden: proposta
ousada e inovadora
Hall de acesso e área de convivência do Palhano Square Garden
De acordo com Cléber, o perfil de ocupação
dos empreendimentos tende para a área corporativa e de profissionais liberais (médicos,
dentistas, advogados). “Em ambas as torres,
temos vários andares que serão ocupados por
uma só escritório e também grandes empresas que compram um terço ou meio andar. Há
diferenciais projetados para profissionais da
área de saúde, até porque ao lado do Square
Garden será a sede administrativa da Unimed”,
observa.
A psicóloga Leda Meda Caetano vai trocar o
consultório que mantém há 15 anos no centro por uma sala no Palhano Square Garden.
Gostou tanto da proposta que deu a dica para
várias amigas, que também fecharam negócio. “É uma proposta inovadora e ousada, que
oferece uma perspectiva diferente de trabalho, salas mais amplas, com muito acesso ao
verde e localização privilegiada; literalmente é
o ponto alto de Londrina”, diz.
Para a psicóloga, o conforto e o bem estar
proporcionado pelo espaço físico faz toda a
diferença na dinâmica de seu trabalho. “Fazer
com que o cliente se sinta bem acolhido é fundamental para obter bons resultados.”
Living Vectra | 75
área de serviço
já
Transparência
Produtos e equipamentos
de limpeza especiais evitam o
aspecto embaçado, previnem
manchas e garantem vidros
sempre limpos
Por Rosângela Vale Foto Fábio Pitrez
A luz natural é um dos elementos mais valorizados nos projetos atuais.
Grandes paredes de vidro estão cada vez mais presentes em residências,
fachadas e escritórios, proporcionando maior contato com o exterior e
aumentando a sensação de bem-estar. O lado b da história todo mundo sabe: muitos vidros significam trabalho extra, já que mantê-los limpos
não é tarefa das mais fáceis, certo? Não se forem usados equipamentos e
produtos adequados, especialmente desenvolvidos para este fim.
“Já soube de pessoas que limpam com querosene, álcool, vinagre, jornal.
Não são formas corretas de se manter um vidro limpo”, avisa Roberto Fernandes, proprietário da Leal Master, empresa especializada em serviços
de limpeza. “Os microgrãos, provenientes dos materiais utilizados nas
obras, são os maiores inimigos do vidro, que riscam quando a pessoa esfrega panos ou jornal sem a limpeza prévia”, alerta.
Depois de reformas e pinturas, o ideal é remover os resíduos que ficam
nos vidros com o raspador de segurança, uma lâmina especial que não
danifica o material. Já para a manutenção do dia-a-dia, esqueça os produtos da linha doméstica, como detergentes para louças, limpa-vidros,
sabão em pó e fibras abrasivas. “Muitas vezes, as pessoas estão lavando a
calçada e aproveitam os mesmos produtos para limpar os vidros. Depois,
fazem o enxágue e deixam secar. Para que tenha durabilidade e beleza,
o vidro deve ser lavado corretamente e enxugado por inteiro. Para isso,
existem kits específicos de limpeza”, informa Fernandes.
Um dos itens fundamentais desse kit é o rolo combinado, que possui
dois lados diferentes: um deles tem uma luva sintética (que pode ser
removida e lavada depois do uso) e o outro vem com uma borracha
de silicone para raspar a água. A esse rolo é adicionado um extensor
disponível em vários tamanhos. Um frasco pulverizador e um limpa-vidros completam o kit. Detalhe importante: o produto deve conter
silicone na fórmula e não é vendido em supermercados, apenas em
casas especializadas em limpeza.
Fernandes explica que o silicone vai formar uma fina camada de
proteção; assim, água e demais produtos que respingarem no vidro vão escorrer, evitando manchas. Depois de raspar a água do
76| Living Vectra
enxágue, o serviço está completo e dispensa o uso de panos, que
são necessários somente para tirar o excesso de água que fica na
esquadria. Para saber se o serviço foi bem feito, basta passar a mão
no vidro. “Tem que estar lisinho, sem asperezas”, ensina.
As manchas e o aspecto embaçado do vidro ocorrem principalmente
porque a água que fica ali, seja da torneira ou da chuva, vai formando
uma calcificação. Esse processo é bem nítido nos boxes de banheiros. “Lá,
além do cloro da água, tem a oleosidade do corpo, o creme, o xampu, o
sabonete que, fatalmente, respingam no vidro. O correto seria enxugá-lo
depois do banho, mas claro que ninguém faz isso”, observa Fernandes.
Para ter um box transparente, anote a dica: “Uma vez limpo e não tendo
manchas de calcificação, o ideal é passar uma cera de carro ou até um
bom lustra-móveis e depois fazer o polimento. Isso forma uma película de
proteção que impede que a água e os outros produtos fiquem impregnados ali”. O procedimento deve ser feito, em média, uma vez ao mês.
Ainda que existam manchas, Fernandes afirma ser possível recuperar a beleza do vidro graças à tecnologia dos novos produtos
removedores, eficazes até mesmo em vidros manchados há muito
tempo. Nesse caso, são necessárias várias aplicações. “É um processo mais longo, mas resolve”, garante.
city tour
Um pedacinho
do paraíso
Por Paulo Briguet | Fotos Fábio Pitrez
Shangri-Lá quer dizer “o paraíso na terra”. No romance Horizonte
Perdido, publicado pelo inglês James Hilton em 1925, Shangri-Lá
é o nome de um mosteiro situado nas montanhas do Himalaia,
lugar paradisíaco e acolhedor onde convivem harmoniosamente
pessoas vindas das mais diferentes procedências do planeta. Em
Londrina, Shangri-Lá é também o nome de uma antiga fazenda
de café pertencente ao pioneiro Bertholdo Durães, criada quase
na mesma época em que apareceu o livro de James Hilton, e depois transformada em bairro na divisa entre a área central e a zona
oeste da cidade. Ali, em 1954, um grupo de feirantes e produtores
rurais criou o Mercado Municipal Shangri-Lá, que caminha para
os 60 anos como um dos recantos mais queridos da paisagem
urbana londrinense.
Quem passeia entre as lojas do Mercado Shangri-Lá tem ali uma
reprodução em miniatura do que foi Londrina em sua colonização: um lugar em que pessoas das mais diversas origens encontram paz e alegria para conviver. É, ao mesmo tempo, um espaço
de lazer e trabalho. Lazer daqueles que fazem compras e procuram os amigos; trabalho daqueles que acordam bem cedinho,
antes do Sol, para oferecer nas bancas uma variedade colorida de
frutas, verduras, legumes, peixes, carnes, defumados, doces e outros produtos alimentícios da melhor qualidade. Além de peças
de artesanato, vinhos, flores, jornais, revistas, livros – sem esquecer
o pastel e a cervejinha gelada, é claro.
Desde 1984, o empresário Ariel de Oliveira Rosa frequenta o
Shangri-Lá aos sábados e domingos. “Venho para me distrair e
para fazer compras”, diz o filho de pioneiros que chegou ao Norte
do Paraná há 75 anos,“contrariado, chorando, carregado no colo”,
aos 10 meses de idade. Seu pai, José de Oliveira Rosa, era dono do
segundo rancho construído na cidade de Apucarana, e hoje dá
nome ao centro cívico da cidade norte-paranaense. Ariel mudou-se de Apucarana para Londrina 28 anos atrás, para acompanhar
o tratamento fisioterápico de seu filho, e certo dia, por sugestão
de um amigo, resolveu conhecer o Shangri-Lá. Logo nos primeiros minutos ele entendeu por que o mercadinho municipal é
78| Living Vectra
Aberto em 1954, o Mercado
Municipal Shangri-Lá é um dos
lugares mais simpáticos da
paisagem urbana londrinense.
Todo mundo se sente bem ali...
tão querido pelos londrinenses. “Olhe para estas pessoas”, diz
Ariel, numa movimentada manhã de domingo. “Você viu alguém de cara fechada, triste, emburrado? Não! Todo mundo
se sente bem aqui no Shangri-Lá.”
Na entrada do mercado, encontramos um senhor com a camisa do Flamengo. É o carioca João Medeiros, que chegou a
Londrina há 30 anos e nunca mais quis voltar. Era representante de vendas da Editora Bloch e da revista Manchete. A
Manchete não existe mais, a Bloch fechou as portas depois
da morte do velho Adolpho, mas Medeiros continua firme
com a Banca Flamengo, às portas do Shangri-Lá. O comerciante é uma espécie de embaixador do rubro-negro da Gávea em Londrina. E tornou-se o maior vendedor de jornais e
revistas da cidade. “Aqui eu trabalho com todos os tipos de
público e faço muitos amigos”, diz Medeiros, antes de conversar com o são-paulino Ariel sobre o Campeonato Brasileiro. Enquanto os dois amigos trocam ideias, o filho de Medeiros vende mais alguns exemplares do jornal de domingo.
O segredo do Mercado Shangri-Lá, na opinião de Ariel, está
nas famílias: as que visitam e as que trabalham no mercado.
“Olhe o nome destas bancas de frutas e verduras: Shiroma,
Furuta, Onishi... São pessoas que acordam cedo, trabalham
muito, gostam do que fazem e o fazem bem. São famílias que
se criaram trabalhando aqui, atendendo às nossas famílias.”
Ariel não vem sozinho ao mercado: traz a esposa, as filhas e
a netinha Rafaela, de 6 anos.“Quando você se sente bem em
um lugar, quer compartilhar com todo mundo.”
“Todo mundo se sente
bem aqui no ShangriLá”, diz o empresário
Ariel de Oliveira Rosa
Ariel observa que o Shangri-Lá reúne pessoas de todos os níveis culturais e sociais – até visitantes estrangeiros. Depois de
elogiar o colorido das bancas de frutas e legumes, Ariel encontra amigos nas rodinhas de conversa na pastelaria: um empresário, um médico e um advogado trocam ideias sobre a política
municipal. Empresário do ramo hoteleiro, Ariel diz que a arte de
conviver foi uma das heranças deixadas pelos colonizadores
de nossa região. “Parece portaria de hotel em cidade turística”,
compara. Entre as mesas da pastelaria, um dos pontos mais
concorridos do Shangri-Lá, dona Mieko Asada sorri enquanto
serve os clientes. “Trabalho aqui há 43 anos”, revela. Criou a família vendendo pastéis para várias gerações de londrinenses.
O Mercado Shangri-Lá pode não ser o “paraíso na terra” imaginado por James Hilton, mas sem dúvida é um lugar bem
agradável para quem vive neste antigo Eldorado do café.
Mas... o que o senhor vai levar hoje, seu Ariel? “Ainda não sei...
O Shangri-Lá não é só para fazer compras. É um lugar para a
gente se sentir bem. Há 28 anos estou fazendo isso.”
Serviço: Mercado Municipal Shangri-Lá – Entre a Avenida Pandiá
Calógeras e a Rua Visconde de Mauá, no Jardim Shangri-Lá, em
Londrina. Funcionamento: de segunda a sábado, das 7 às 18 horas;
aos domingos, das 8 às 13 horas.
80| Living Vectra
O carioca João Medeiros,
da Banca Flamengo:
o maior vendedor de
jornais e revistas da
cidade
Gem Collection
Kitchens Curitiba Av. Pres. Getúlio Vargas, 2021 (41) 3342.7017
Central Kitchens de Relacionamento
0800 11 41 42
Kitchens Londrina Av. Juscelino Kubitscheck, 2136 (43) 3345.1321
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espelho
Deficiência
social
Por Rosângela Vale Fotos Fábio Pitrez e Eduardo Mello
Para a empresária Nenê Cremasco,
o bom humor e a facilidade de
comunicação fazem com que
Gregório Vicentini seja ideal para
a função de atendimento
82| Living Vectra
A desinformação
está no cerne
do preconceito
contra deficientes
intelectuais
Hoje não é raro encontrar pessoas com algum tipo de
deficiência intelectual no quadro de funcionários de
supermercados, grandes redes varejistas, restaurantes e
farmácias. A lei estabelece que empresas privadas com
100 ou mais empregados devem ter vagas para portadores de necessidades especiais. Mas se eles ainda são
vistos com estranhamento pelos clientes, imagine há
uma década, quando a tal inclusão social era apenas
uma teoria.
A empresária Cleizimar Cremasco não só imaginou
como colocou a ideia em prática. No comando da lanchonete Vira Verão, ela mantém entre seus 54 empregados dois funcionários com deficiência intelectual. Atuando na linha de frente do estabelecimento, Gregório
Vicentini, portador da Síndrome de Down, foi o primeiro
a chegar. Está lá há nove anos.
“O pai dele é meu fornecedor. Toda vez que ele vinha
fazer entregas, o Gregório vinha junto”, lembra a empresária, mais conhecida como Nenê Cremasco. Depois de
um tempo observando o trabalho, Gregório foi direto ao
ponto: “Ele me perguntou o que eu achava dele trabalhar comigo. Aceitei, mas não falei nada para ninguém.
No primeiro dia de trabalho, meu irmão perguntou se
ele tinha vindo trazer a encomenda. Ouviu a seguinte
resposta: ‘Hoje a encomenda sou eu’”, diverte-se Nenê.
Para a empresária, o bom humor, a educação primorosa,
a espontaneidade e a facilidade de comunicação, características da personalidade de Gregório, fazem com que
ele seja ideal para a função de atendimento. “Ele recepciona o cliente perfeitamente: começo, meio e fim da
venda.” Nenê destaca também a mudança positiva de
comportamento dos demais funcionários: “as pessoas
melhoram muito ao ver a disposição para o trabalho do
colega especial, que não chega atrasado e só falta se realmente estiver doente”.
O grupo GTPAÊ em cena
Esse jeito especial de ser – no sentido mais amplo
da palavra – passou a ser admirado e apreciado pela
clientela. Mas nem sempre foi assim. “Uma vez, o Gregório foi tirar o pedido de um casal e a moça pegou
o talão da mão dele. Quando ele chegou ao balcão,
vi que a letra não era dele. Fizemos o atendimento
normalmente e depois fui até a mesa com o Gregório, me apresentei, pedi licença para sentar e disse:
‘esse aqui é meu funcionário, ele é portador da Síndrome de Down, é alfabetizado, está trabalhando e
tem capacidade para isso’. O casal pediu mil desculpas e frequenta a casa até hoje”, relata Nenê, que teve
uma irmã com a Síndrome e reconhece: conhecer a
deficiência de perto foi fundamental para a sua visão
sobre o assunto.
Informação é justamente o cerne da questão para a
docente de psicologia Solange Leme Ferreira, há 33
anos pesquisando e trabalhando na área de deficiência intelectual, com projetos de inclusão social de destaque no Brasil e exterior. Ela explica que em 2010, a
associação americana propôs que o termo deficiência
mental fosse substituído por deficiência intelectual,
para evitar que se confunda com doença mental.
O ponto central do trabalho da professora é que todas as nossas ações são determinadas pelas nossas
concepções. Partindo dessa premissa, seus projetos
de extensão universitária na Universidade Estadual
de Londrina transformaram a parcela da sociedade a
que se destinavam e continuam a dar frutos. Criado há
mais de 20 anos, o primeiro deles forneceu as bases
para que os pais atendidos fundassem a APS-Down.
Solange atuou ainda nas escolas da rede municipal,
estadual e federal, com um programa desenvolvido
para pré e primeiro ano, cujo objetivo era interromper
a cadeia de formação do preconceito. O trabalho rendeu um livro e aguçou a vontade de continuar nesse
caminho, mirando um público mais difícil.
“O adulto é mais resistente. Você só desconstrói um
preconceito à medida que admite que o tem. Foi
quando pensei no teatro”, conta a professora, que tinha conhecido e se apaixonado pelo Grupo Sol, da
Apae de Niterói, na época o único do Brasil a trabalhar
com atores portadores de deficiência intelectual. Inspirada neles, ela criou, em 1997, o GTPAÊ (Grupo de
Teatro para Atores Especiais), formado por 12 atores.
“Temos dois grandes objetivos com esse projeto: o primeiro é trabalhar as habilidades sociais, a autoestima,
a aparência, o português e as expressões faciais e gestuais dos atores para que as pessoas não se afastem.
Porque o afastamento evita que se conheça quem o
outro realmente é.” O segundo objetivo é chacoalhar
as concepções da sociedade. “Levamos dois anos para
construir cada peça; o texto cênico é criado pelos próprios atores. Quando nosso espectador assiste, ele não
acredita em tanta habilidade e fica com aquela pulga
atrás da orelha: será que todos têm deficiência mesmo? Em seguida, fazemos um debate com plateia e
atores e aí o público percebe que eles têm dificuldade
até em entender a pergunta que está sendo feita.”
Nesse ponto, a atenção dos espectadores está completamente voltada para o paradoxo: como deficientes intelectuais podem ser atores tão maravilhosos?
“Nós, sociedade, enxergamos primeiro tudo o que
um deficiente não pode. Nosso teatro dá um choque.
Depois que a plateia o enxergou como pessoa com
habilidades, a gente mostra todas as dificuldades”, diz
Solange.
A estratégia se mostrou bem-sucedida. “À medida que
instrumentalizo a sociedade para saber mais sobre eles, estou fazendo com que ela pense: o que estou fazendo para
recebê-los no meu meio? Outra reflexão que sempre sai
é: essas pessoas poderiam frequentar os lugares que frequento. Ou: na minha empresa elas poderiam trabalhar.”
O GTPAÊ já se apresentou em todo o Brasil e por duas
vezes no Filo (Festival Internacional de Teatro de Londrina), não como convidado, mas como grupo inscrito,
e com ingressos esgotados no segundo dia de venda.
“Porque o teatro deles é bom mesmo”, orgulha-se a
professora. Encerrado como projeto de extensão universitária, hoje ele funciona como associação – a Arte
e Gente – mantida pela Lei Rouanet, sob a coordenação de Fernanda Ferreira, filha de Solange.
Mas a professora segue na luta pela inclusão social
com um novo projeto, desta vez focado na mídia. O
trabalho vem sendo feito com alunos de Jornalismo, Publicidade, Propaganda e Marketing da Unopar e deve ser tema de uma exposição no fim do
ano. Partindo do modelo teórico de que o conceito
de deficiência é construído socialmente, ela propõe
um desafio: “fazer a reconstrução social da deficiência intelectual”.
Mas, como toda “reforma” leva tempo, Solange
considera um mal necessário a obrigatoriedade
de empregar deficientes. “Deveria fazer parte da
consciência cidadã, mas, numa etapa transitória,
acho correto o governo fazer essa imposição”, diz,
apontando um equívoco comum nessa história: “os
empresários acham que têm que contratar qualquer deficiente para cumprir a cota. Na verdade,
eles têm que contratar pessoas que tenham o perfil para aquele cargo disponível. Se a gente não vê
uma abertura maior das empresas é por conta dessas interpretações imediatistas”, alerta.
Atores e equipe do grupo GTPAÊ: um
chacoalhão nas concepções da sociedade
A docente de psicologia
Solange Leme Ferreira:
há 33 anos atuando na
causa dos deficientes
intelectuais, com vários
projetos de extensão
universitária que vêm
fazendo a diferença na
vida de muita gente
Living Vectra | 85
mobília
Agente
transformador
Marcelo Rosenbaum
acredita que o
design pode ajudar
a redesenhar
possibilidades e
formas de viver e
consumir
Por Karla Matida Fotos Divulgação
Amplamente conhecido no Brasil por conta da sua participação no quadro Lar Doce Lar, do programa Caldeirão do Huck,
o designer Marcelo Rosenbaum leva mesmo a sério a questão
da transformação. Se na televisão sua missão é repaginar casas
de famílias humildes, fora dela o objetivo dele é bem maior.
“A grande história hoje do design é a gente pensar num redesenho. Já que você desenha, pode redesenhar possibilidades,
redesenhar a sociedade, as formas de viver e de consumir”, diz
Rosenbaum, paulista de Santo André.
Para mostrar que não fica só no discurso, o designer lançou
em 2010 o projeto A Gente Transforma. A proposta é criar um
novo paradigma no mercado brasileiro de decoração. Em dois
anos, Rosenbaum esteve em duas comunidades carentes do
Brasil. Primeiro no Parque Santo Antonio, em São Paulo, depois
em Várzea Queimada, no Piauí, numa das regiões com menor
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.
A temporada no Piauí virou tema da última São Paulo Fashion
Week, maior evento de moda da América Latina. Convidado
pelo diretor Paulo Borges, Rosenbaum idealizou o cenário para
a edição Verão 2013 da semana de moda. Exposição de fotos
e objetos ganharam os corredores do prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera.
Um dos grandes diferenciais do quadro Lar Doce Lar comparado a suas versões estrangeiras – como o norte-americano Extreme Homemakeover – é justamente o traço de Rosenbaum.
Enquanto nos Estados Unidos as casas repaginadas se transformam em mansões luxuosas e altamente tecnológicas, nos
projetos de Rosenbaum o luxo é a democratização do design.
No programa desde 2006, o designer conta que sua participação leva em conta questões fundamentais do seu trabalho.
Além da democratização do design, ainda proporciona a elevação da autoestima do brasileiro por meio da sua moradia.
Parcerias criativas
Muito antes da televisão e da SPFW, Rosenbaum já tinha seu
nome aliado a projetos inovadores na arquitetura e no design.
Com mais de 20 anos de profissão, o designer sempre teve um
86| Living Vectra
Anéis e colares
da coleção
Toca, do
projeto A Gente
Transforma, nas
fotos expostas
na SPFW
bom relacionamento com a moda. São dele vários projetos de
lojas das mais badaladas grifes. Da moda praia da Cia. Marítima
às criações infantis da carioca Fábula.
Associar seu nome a grandes marcas também é uma forma
de democratizar o design com preços acessíveis. A linha Rosenbaum De Coração, com opções de cama, mesa e banho,
foi criada no ano passado em parceria com as Pernambucanas.
Antes, ele já havia criado peças exclusivas para a Tok & Stok e
Oxford.
As parcerias criativas ainda resultaram em latas para Chocottone Bauducco, papéis de parede para a Bobinex, ladrilhos para
a Brasil Imperial, tapetes para a J. Serrano, sofás e poltronas
para a Mannes, pastilhas para a Jatobá, entre outros produtos.
Com a Editora Abril, Marcelo Rosenbaum desenvolveu o projeto do livro Entre Sem Bater, no qual mostra a reforma da
própria casa. As obras da residência balzaquiana demoraram
quase um ano e são vistas nas 240 páginas do livro.
Da temporada em Várzea Queimada (PI) surgiu a coleção
Toca, produzida por moradores da comunidade e com téc-
Papel de parede
para Bobinex,
coleção Origem
nicas próprias. A novidade foi a inclusão do design, compartilhada pela equipe de Rosenbaum.
As peças, que já haviam sido mostradas durante a SPFW, participaram em agosto de duas importantes feiras do setor, a
Paralela Gift e a Luxo Para Todos. A movimentação agora é comercial, para gerar renda aos participantes. Entre os produtos
estão anéis feitos com borracha de pneus usados e cestos de
palha de carnaúba.
Usar o design para expor a alma brasileira também é um dos
objetivos de Rosenbaum, que aproveita seu talento para traduzir isso em mobiliário. A linha Caruaru foi inspirada no improviso da feira homônima no agreste pernambucano. A logomarca foi encomendada a J. Borges, reconhecido por suas
ilustrações em xilogravura na literatura de cordel. A linha, que
ficou em primeiro lugar no Salão Design Móvel Sul 2010, tem
luminárias, armários, estantes, mesas e cadeiras em madeira
pinus cultivada.
No currículo internacional, Rosenbaum tem participações na
revista britânica Wallpaper – uma das mais importantes referências do design mundial – e na norte-americana Elle Decor.
Ladrilhos para Brasil Imperial, coleção São João
Luminária Caruaru
em madeira pinus
certificada
Linha Rosenbaum
De Coração para
Pernambucanas:
democratização do
design
Living Vectra | 89
janela
Transporte
para ofuturo
Por Paulo Briguet Fotos Fábio Pitrez e arquivo pessoal
Harry Prochet,
o americano
que trouxe o
jipe, inovação e
desenvolvimento
ao Norte do
Paraná
90| Living Vectra
Harry Prochet
entre familiares
Em sala de aula, o professor universitário Ricardo Prochet costuma citar o seu bisavô Julius como o primeiro caso de globalização
conhecido: nasceu na Itália, casou-se em Buenos Aires, teve filhos
em Nova York e morreu no Brasil. Funcionário de multinacional e
professor de línguas (falava oito idiomas), o patriarca teve vários
nomes de acordo com os países em que viveu: Giulio Enrico Ernesto Leo Prochet, depois Julius Ernest Prochet, depois Júlio Ernesto Prochet. Longevo – morreu com 101 anos, lúcido e ativo
–, ele era pai de Harry Prochet, figura importante na história de
Londrina, que hoje dá nome à avenida na zona sul.
Ricardo Prochet, sobrinho-neto de Harry, é o guardião da história da família. Em suas pesquisas genealógicas, ele descobriu que
os Prochet migraram da Itália para a França em 1520, fugindo de
perseguições religiosas por serem valdenses, isto é, seguidores de
Pedro Valdo (1140-1218), um banqueiro que abdicou à fortuna
para traduzir a Bíblia e popularizar a leitura dos textos sagrados. Os
Prochet escaparam da morte e ganharam a vida com atividades
empresariais e artísticas – às vezes combinadas. Em 1865, Michele
Prochet inventou a gianduia, deliciosa mistura de 70% de chocolate com 30% de creme de avelã. Os chocolates Caffarel-Prochet
são famosos até hoje.
Essa ousadia empreendedora foi trazida ao Norte do Paraná pelo
americano Harry Prochet em 1947. Nascido em Nova York, Harry
viera com a família para o Brasil aos oito anos. Estabelecido no Rio
de Janeiro, trabalhava como executivo na American Coffeee Corporation. Ao fazer exportações de café, descobriu as oportunidades oferecidas por Londrina e região.
Harry foi para os Estados Unidos e trouxe na bagagem peças do
Jeep Willys, veículo que havia sido usado em larga escala durante
a Segunda Guerra Mundial. Resolveu criar uma pequena montadora de jipes em Londrina. Era o início da Transparaná, uma das
mais importantes empresas do ramo de transporte e maquinaria
agrícola no Estado.“Eu sempre digo que o tio Harry foi o precursor
da indústria automobilística no Brasil”, comenta Ricardo Prochet.
“Imagine, abrir uma montadora aqui no Norte do Paraná!”
O nome Jeep – abrasileirado como jipe – tem origem na sigla GP,
do inglês “general purpose”(uso geral). Ou seja: é um carro que
serve para tudo. Na terra vermelha do Norte Paranaense, o jipe da
Willys, com tração nas quatro rodas, provou que realmente possuía múltiplas utilidades: foi ambulância, bombeiro, polícia, táxi,
trator, carro de trabalho, carro de passeio, carro de todas as horas.
“Era o veículo ideal naquele tempo em que se perdia sapato no
barro”, diz o sobrinho-neto de Harry.
A Transparaná criou filiais em várias cidades. Na sede, em Londrina, Harry empregava 1.500 pessoas. “Ele conhecia todos os funcionários pelo nome e utilizava técnicas modernas de gestão”,
afirma Ricardo. “A Transparaná tinha plano de carreiras, plano de
incentivos, plano de saúde. Foi a primeira empresa a manter um
Living Vectra | 91
coral de funcionários, que era regido pelo maestro Andrea Nuzzi,
coautor do Hino a Londrina.”
Norman Prochet
Empresário de grande sucesso – chegou a comercializar toda a
produção nacional de tratores Massey Ferguson –, Harry Prochet
também fazia questão de manter um trabalho filantrópico. Muito
tempo antes que se falasse em “responsabilidade social”, ele criou
a AAMEL (Associação de Amparo ao Menor de Londrina), onde
eram atendidas 500 crianças carentes. É um trabalho que dura até
hoje: as instalações da Casa do Caminho pertencem à Fundação
Harry Prochet.
Harry teve um sucessor em ousadia e visionarismo: o filho Norman,
que hoje dá nome a uma rua e a uma escola municipal em Londrina. Apaixonado por velocidade, Norman criou nos anos 60 uma
equipe de carros de corrida, os Dragões Verdes. A base da equipe
eram os modelos Interlagos e Gordinis, comercializados pela Transparaná. “Na época, Norman foi chamado de irresponsável, mas
na verdade foi um grande visionário”, diz Ricardo. O sucesso dos
Dragões Verdes foi tão grande que os automóveis da Transparaná
tiveram um aumento de 28% nas vendas. “Foi uma ideia muito inteligente: Norman investiu na equipe de corrida em vez de aplicar
o dinheiro no marketing tradicional.”
Morto precocemente ao 33 anos, em 1968, Norman era um personagem marcante. “Ele era brincalhão e adorava crianças. Seu
sorriso e sua cara de bebê são lembrados até hoje na cidade”,
observa Ricardo. Sua paixão por cavalos da raça manga-larga o
fez viajar até uma coudelaria portuguesa, da qual não arredou
pé sem levar três garanhões. Um dos cavalos morreu na viagem
para o Brasil; outro morreu picado de cobra na fazenda da família, em Querência do Norte; e o terceiro se tornou um grande reprodutor, ancestral de muitos campeões nacionais. A paixão de
Norman por cavalos faz lembrar a dedicação do pioneiro Celso
Garcia Cid aos bois da raça zebu.
Da próxima vez em que você passar pela Avenida Harry Prochet
ou na frente da Escola Norman Prochet, lembre-se daqueles dois
homens que ajudaram a transportar Londrina para o futuro.
O professor universitário Ricardo
Prochet, sobrinho neto de Harry Prochet,
é o guardião da história da família
O patriarca Julius Prochet, pai de Harry,
nasceu na Itália, casou-se em Buenos Aires,
teve filhos em Nova York e morreu no Brasil
área comum
Olixo
nosso
de
cadadia
94| Living Vectra
A questão do lixo é um dos maiores desafios para as administrações municipais. Grande parte dos resíduos produzidos nas residências ainda vai parar em lixões a céu aberto, resultando em poluição do solo e da água, doenças como a dengue e danos para as
cidades, como deslizamentos de terra e enchentes. Sem falar que
os resíduos orgânicos em decomposição liberam gases que contribuem para o aquecimento global.
A solução do problema depende de iniciativas governamentais
e também de mudanças de hábitos pessoais, como consumir
menos e melhor (evitando desperdícios e escolhendo produtos
que não agridem o meio ambiente), reutilizar o que for possível e
descartar corretamente os resíduos, separando os materiais para a
reciclagem.
De acordo com dados do Movimento Nacional de Catadores de
Materiais Recicláveis (MNCR), existem hoje no Brasil 400 cooperativas e cerca de 1 milhão de catadores, que fazem da atividade a
principal fonte de renda e sustento de suas famílias. Mas ainda há
um longo caminho a percorrer. Segundo o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), o país perde R$ 8 bilhões por ano ao
aterrar lixo reciclável.
A lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010,
pretende mudar esse cenário. Ela considera os resíduos uma responsabilidade do poder público, das empresas e do cidadão, a chamada
responsabilidade partilhada. E estabelece que todos os municípios
devem oferecer a coleta seletiva à população, destinando aos aterros
sanitários apenas os rejeitos e acabando com os lixões.
“Com essa lei, todos os moradores e atividades comerciais são obrigados a separar os resíduos”, avisa a coordenadora interina de coleta
seletiva em Londrina, Eliene Moraes, tecnóloga em gestão ambiental, especialista em gestão ambiental em municípios e mestre em
engenharia urbana. O não cumprimento dessa determinação passa
a ser considerado infração ambiental sujeita à multa.
De acordo com ela, a coleta seletiva em Londrina vem sendo implementada desde 2001 e é referência para vários municípios. A
partir de 2010, foram contratadas cooperativas para realizar a coleta nas residências e condomínios. Pela nova lei, resíduos dos grandes geradores – atividades comerciais e industriais que produzem
mais de 600 litros de lixo orgânico e rejeitos por semana – não são
responsabilidade da prefeitura. Também fica a cargo dessas empresas dar o destino adequado ao material reciclável.
Em condomínios e residências, a coleta seletiva é mapeada por
bairros e realizada por duas cooperativas contratadas. Elas também fazem a triagem e a comercialização do material coletado.
“Este ano, foi contratada mais uma cooperativa, que só faz a triagem, e uma empresa privada para realizar a coleta”, informa Eliene.
“Apesar de estarmos enfrentando certa dificuldade no momento,
oriento a população a não deixar de separar o lixo. Estamos tentando equacionar esses problemas para, aí sim, atender a contento
todo mundo”, diz.
Separar e dar o
destino correto
ao lixo é uma
responsabilidade
do poder público,
das empresas e do
cidadão, segundo a
Política Nacional de
Resíduos Sólidos
Por Rosângela Vale | Fotos Fábio Pitrez
Um projeto piloto atualmente realizado pela CMTU no centro de
Londrina deverá ser estendido a todo o município quando a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) estiver totalmente instalada.
“Por enquanto, estamos trabalhando com uma célula emergencial”, explica a coordenadora.
Neste projeto piloto, os moradores do centro da cidade separam
Living Vectra | 95
material orgânico em sacos pretos, seletivos em sacos verdes e rejeitos em sacos marrons ou nas sacolas de supermercado. O lixo
orgânico (restos de alimentos) é encaminhado à compostagem
para virar adubo e os rejeitos (lixo do banheiro e bitucas de cigarro)
são aterrados na CTR. “Há um dia certo para a coleta de cada tipo
de material”.
Garrafas vazias, latas, papéis, papelão, plásticos fora de uso e embalagens em geral são os resíduos seletivos mais comuns. E devem estar
limpos para não atrair bichos e maus odores. Caso contrário, podem
inutilizar o material e prejudicar os catadores, que fazem a triagem
manualmente. Eliene atenta também para a questão social. “Com
a coleta seletiva, pessoas que estão fora do mercado de trabalho
conseguem tirar sua renda, que varia de R$ 600 a R$ 1400. Quando
trabalham em cooperativas, elas recolhem INSS e têm acesso a equipamentos de proteção individual. Melhora a qualidade de trabalho
e, consequentemente, a qualidade de vida.” Segundo ela, existem
cerca de 400 catadores em Londrina.
Além de três lixeiras específicas para resíduos
orgânicos, recicláveis e rejeitos, o espaço de 20
metros quadrados no Palazzo di Cesare conta
com uma área para grandes embalagens
De acordo com Eliene, lâmpadas e pilhas são considerados resíduos perigosos, portanto, não é recomendável que fiquem armazenadas no condomínio. Para esses materiais e também para baterias, pneus, óleos lubrificantes e suas embalagens a lei estipula a
logística reversa, ou seja, o recolhimento pelo fabricante para que
sejam transformados novamente em matéria-prima industrial,
compondo novas mercadorias. “Orientamos a população a descartar no lugar que comprou.”
Ainda que alguns edifícios não façam a separação dos resíduos corretamente, Eliene elogia a adesão dos londrinenses. “A população
participa bastante. O que temos que fazer agora é melhorar a produtividade das cooperativas”, ressalta. A coordenadora faz algumas observações importantes sobre a armazenagem do lixo em condomínios, como a necessidade de projetar lixeiras específicas para coleta
regular e seletiva longe da área de fornecimento de gás.“Os projetos
dos edifícios já deveriam prever lixeiras adequadas, que facilitem o
armazenamento temporário e a coleta”, avisa.
Algumas construtoras e condomínios já seguem essas determinações, como o Palazzo di Cesare, da Vectra, que conta com um
espaço de cerca de 20 metros quadrados para acomodar o lixo
antes da coleta. Além de três grandes lixeiras específicas para resíduos orgânicos, recicláveis e rejeitos, o local tem uma área para
grandes embalagens, como as de eletrodomésticos. Também há
um recipiente para armazenar óleo de cozinha usado, recolhido a
cada 60 dias pelo programa de coleta e reciclagem de óleo vegetal
da Big Frango. De acordo com o gerente predial do condomínio,
Valdecir Vicente dos Santos, os moradores são orientados a fazer
a separação correta, mas ainda falta maior conscientização. Um
funcionário é destinado para fazer uma triagem quando o lixo dos
apartamentos chega às lixeiras comuns.
No Casa Batlló, o mais recente projeto residencial da Vectra, vai haver uma câmara fria para armazenar lixo orgânico e rejeitos. Além de
afastar bichos e evitar o mau odor, a refrigeração desses resíduos tem
outras vantagens. “É um grande incentivo para os moradores fazerem a separação do lixo. Além disso, imagine se daqui a algum tempo estabeleçam que condomínios residenciais sejam responsáveis
pela entrega do próprio lixo. Com a câmara fria, poderíamos fazer
o transporte do material apenas uma vez por semana, barateando
os custos. Acho importante ter essa alternativa”, observa o diretor-presidente da Vectra, Manoel Luiz Alves Nunes.
Nada se perde, tudo se transforma
Após a coleta, o lixo reciclável em suas diversas categorias é prensado em fardos
e vendido para empresas recicladoras. Lá as máquinas transformam o material
em matéria-prima para compor novos produtos. Nada se perde. Tudo volta a
ser consumido e novamente descartado, recomeçando todo o ciclo da reciclagem.
Lâmpadas – Contêm mercúrio, que é tóxico e
causa danos à saúde e ao meio ambiente. Evite
quebrá-las. É preciso descartar em coletores
específicos. Tanto o mercúrio como o vidro, o
alumínio e o plástico são recicláveis.
Pneus – Ao fazer a troca nas oficinas e lojas do ramo,
deixe os usados lá mesmo. Eles serão recolhidos pelos
fabricantes e importadores. O resíduo é combustível
na indústria de cimento e serve para fazer tapetes
para automóveis, percintas de sofá e pisos de quadra
esportiva.
Pilhas – Não devem ser misturadas
com o lixo. Elas contêm substâncias
tóxicas que podem vazar. Leve-as
a um posto de coleta em lojas ou
supermercados. O resíduo é útil na
fabricação de tintas, cerâmicas e
produtos químicos.
Eletrodomésticos - Alguns fabricantes já recebem os
produtos fora de uso. Em breve, todos terão de recebê-los e serão disponibilizados os endereços dos postos
de coleta para os consumidores.
Sacos de salgadinhos – São 100% recicláveis e, por
isso, devemos separá-los para coleta junto com o lixo
seco. O material é feito de um plástico fino com uma
camada de alumínio e pode virar bolsas, mochilas e
novos artigos plásticos.
Sacolas plásticas – Dê preferência a embalagens reutilizáveis ou carregue as compras
em carrinhos de feira. As sacolas plásticas de
supermercados podem ser reutilizadas como
saquinhos de lixo. Mas para serem recicladas ou
transformadas em novos produtos, não podem
estar sujas com restos orgânicos.
Tubo de creme dental – A embalagem contém 75%
de plástico e 25% de alumínio, que são recicláveis. Após
trituração e prensagem, os tubos se transformam em
cadeiras, mesas, armários e telhas.
Poda de árvore – O lixo do jardim deve ser depositado
em containeres de empresas licenciadas pela prefei-
tura. Ele pode ser triturado para produção de adubo e
aproveitamento da madeira para serragem.
Remédios – Com validade vencida, eles não
devem ser misturados com o lixo comum.
Leve-os para locais específicos de coleta, como
farmácias e postos de saúde, para que tenham
um destino adequado.
Óleo de cozinha – Um litro despejado na pia polui um
milhão de litros de água. Recolha o resíduo e entregue
em algum posto de coleta. Ele serve para fazer sabão e
biodiesel que move ônibus e caminhões.
Alimentos – Antes de mais nada, evite o desperdício.
Restos de alimentos não podem ser misturados com os
outros materiais. O resíduo é usado para fazer adubo.
Garrafas PET – Lave e amasse, depositando-as no lixo seco. O material é usado na fabricação de tecidos, cordas, vassouras, carpetes de
carro e tintas. Também pode compor novas
garrafas de bebida após processos
de purificação.
Vidros – Se quebrados, devem ser devidamente
embalados para evitar acidentes. Com exceção de espelhos e vidros de carros, todo vidro pode ser reciclado
e transformado em novos produtos.
Latas de aço – Embalagens de alimen-
tos como ervilhas, salsichas, patês
e de algumas bebidas voltam a se
transformar em aço para novas latas,
construção civil e automóveis.
Longa vida – Abra as caixas de suco e leite vazias, diminuindo
o volume para a coleta seletiva. Essas embalagens contêm
papel, plástico e alumínio. Juntos podem ser transformados
em telhas para construção civil. O papel pode ser separado
para voltar a ser papel. O alumínio ligado ao plástico pode ser
transformado em réguas, canetas e outros objetos.
Fonte: Cadernos de Consumo Sustentável, uma publicação
do Ministério do Meio Ambiente
Living Vectra | 97
objeto de desejo
Em
altoebom som
Por Karla Matida Foto Divulgação
O apelo dos produtos da dinamarquesa Bang & Olufsen sempre vai além da altíssima qualidade
de som dos seus aparelhos. Sedutor, o design das criações há tempos é um diferencial da empresa
criada por Peter Bang e Svend Olufsen em 1925. Em tempos de iPaixões, o BeoSound 8 surge
como um must-have. Dock station para iPhone, iPod e iPad, ele também pode ser colocado na
parede e ainda possibilita a troca de cores das caixas de som.
98| Living Vectra
Onde encontrar: www.lojabang.com.br
GALERIA DO TAPETE
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BELA SUIÇA | LONDRINA
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