influência do efeito macho no tratamento de sincronização de estros
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influência do efeito macho no tratamento de sincronização de estros
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA FACULDADE DE INSTITUTO SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA AGRONOMIA INFLUÊNCIA DO EFEITO MACHO NO TRATAMENTO DE SINCRONIZAÇÃO DE ESTROS EM OVELHAS Carla Sofia Arede dos Santos JÚRI ORIENTADOR Doutor José Robalo Silva Doutor António Eduardo Monteiro Horta Doutor António Eduardo Monteiro Horta Doutor José Luís Tirapicos Nunes Doutor Rui Manuel de Vasconcelos e Horta Caldeira Doutor Fernando Baltazar dos Santos Ortega 2007 LISBOA UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO SUPERIOR DE VETERINÁRIA AGRONOMIA INFLUÊNCIA DO EFEITO MACHO NO TRATAMENTO DE SINCRONIZAÇÃO DE ESTROS EM OVELHAS Dissertação de Mestrado em Produção Animal Carla Sofia Arede dos Santos JÚRI ORIENTADOR Doutor José Robalo Silva Doutor António Eduardo Monteiro Horta Doutor António Eduardo Monteiro Horta Doutor José Luís Tirapicos Nunes Doutor Rui Manuel de Vasconcelos e Horta Caldeira Doutor Fernando Baltazar dos Santos Ortega 2007 LISBOA ii À Celmira iii iv AGRADECIMENTOS Ao Doutor António Horta, meu orientador científico, por toda a paciência e capacidade de me impulsionar para a frente. À Doutora Sandra Cavaco Gonçalves, pelo precioso apoio prestado na revisão deste trabalho, e pela amizade com que sempre me recebeu. À Doutora Irene Vasques e à Drª Teresa Cunha pelo apoio prestado, pela realização das determinações plasmáticas de progesterona. À DRABI, na pessoa do Dr. Raul Ricardo, por ter autorizado a realização deste trabalho na Herdade Ribeiro de Freixo. À ESAV, por ter permitido a realização deste trabalho. À Controlvet, por todo o apoio prestado. Ao Eng. Luís Pires, pela amizade com que sempre me recebeu. Ao Sr. Zé e D. Lurdes, pelo carinho com que me receberam na Herdade de Ribeiro de Freixo. Ao Pedro Caiado, meu companheiro de percurso, por nunca me deixar desistir. À minha família, colegas e amigos, por sempre me terem instigado a avançar. A todos os que sempre estiveram presentes quando eu mais precisava, o meu grande Obrigada! II RESUMO Os trabalhos descritos nesta tese tiveram como objectivo avaliar a influência do efeito macho num rebanho de ovelhas, antes do início do tratamento hormonal de sincronização de estros, sobre a actividade cíclica, a ovulação e a fertilidade das fêmeas. Foram utilizadas 50 ovelhas da raça Merino da Beira Baixa distribuídas aleatoriamente nos grupos: Testemunha (T, n=25) e Efeito Macho (EM, n=25). O ensaio iniciou-se (D0) com a introdução de 8 carneiros durante 7 dias, num parque contíguo ao do grupo EM. A sincronização de estros com esponjas impregnadas com FGA decorreu do D22 ao D33, nos animais dos dois grupos, tendo sido administradas a cada animal no D33, 500 UI de eCG.. A IA realizou-se 50 a 60 horas após a remoção das esponjas (D35). No D51 foram introduzidos carneiros com dispositivos para detecção de montas, nos dois grupos, para permitir a cobrição natural (CN) dos animais que não tivessem ficado gestantes pela IA. Foram colhidas amostras de sangue para determinação da progesterona plasmática, aos animais de ambos os grupos, durante o período de indução do EM (D0 e D3), no período entre o EM e o início da sincronização de estro (D8, D11 e D15), durante o tratamento de sincronização de estro (D22, D29 e D33), no dia da IA (D35) e oito dias depois (D43). Considerando todo o período entre o início do ensaio e a remoção das esponjas, de um total inicial de 8 animais em anestro em cada grupo, 3 e 7 animais dos grupos T e EM, respectivamente, recuperaram a ciclicidade ovárica (P<0,05). O número de animais que ovulou no final da sincronização não foi diferente entre grupos. A concentração plasmática de P4, 8 dias após a IA foi superior no grupo EM (P<0,05). A taxa de fertilidade global (IA+CN) obtida não foi diferente entre os grupos, considerando a totalidade dos animais (T: 88% vs EM: 71%), ou contabilizando apenas os animais que ovularam em resposta ao tratamento de sincronização (T: 96% vs EM: 83 %). Considerando apenas os animais que sincronizaram e que pariram, o grupo EM apresentou uma fertilidade à IA superior à do grupo T (T: 54,5% vs EM: 86,7%) (P<0,05). Concluindo, a exposição das ovelhas do grupo EM aos machos induziu uma activação do eixo hipotálamo-hipofisário, traduzida num número significativamente maior de animais a ovularem imediatamente antes da inserção das esponjas e em concentrações plasmáticas de P4 significativamente maiores no D8 após a IA. A fertilidade à IA foi significativamente superior no grupo EM, quando comparando apenas os animais que tiveram ovulações sincronizadas e que pariram, o que poderá estar relacionado com corpos lúteos mais competentes. II ABSTRACT The main purpose of this work was to study the effect of the previous introduction of rams near a ewes´s flock, before a hormonal progestagen synchronization treatment, on the ovarian activity, ovulation and fertility of the ewes. 50 ewes from Merino da Beira Baixa breed, were distributed at random in one control group (T, n=25) and one ram effect group (EM, n=25). The experiment began with the introduction of 8 rams (D0), during 7 days, in a contiguous park, near the EM group. From D22 to D33 all ewes were submitted to an estrous synchronization treatment with vaginal sponges containing FGA. On D33 the sponges were removed, and all ewes were administered 500 IU eCG. All ewes were artificially inseminated, 50 to 60 hours after sponge removal (D35). On D51, rams were introduced with mount detection devices, this time in the same park of the ewes from both groups, to allow natural breeding of the ewes that didn’t become pregnant after AI. For determination of plasma progesterone levels, blood samples were collected from ewes of both groups, during the ram effect period (D0 and D3), the period between EM and the beginning of estrus synchronization treatment (D8, D11 and D15), during estrus synchronization treatment period (D22, D29 and D33), on AI (D35) and 8 days later (D43). Considering the period between the beginning of the study and the day of sponge removal, from the 8 animals of each group initially in anestrus, 3 and 7 animals from groups T and EM, respectively, recovered cyclic activity (P<0.05). The number of animals presenting ovulations after synchronization treatment was no different between groups. In the animals that ovulated after the synchronization treatment, plasmatic P4 levels were higher in EM group at day 8 after AI (P<0.05). The global fertility rate was not different between the two groups, either considering the total number of animals (T: 88% vs EM: 71%), or only the animals that ovulated after the synchronization treatment (T: 96% vs EM: 83%). Considering only the animals that were synchronized and gave birth, fertility from AI was higher in EM group (T: 54.5% vs EM: 86.7%; P<0.05). In conclusion, exposure of ewes to rams induced an activation of the hypothalamuspituitary axis, a higher number of animals ovulated immediately before sponge insertion, and higher P4 plasma levels were detected on day 8 after AI. Comparing animals that showed synchronized ovulations and gave birth, fertility from AI was significantly higher in the EM group, wich might be related with more competent corpora lutea. III ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS………………………................................................................... II RESUMO………………………………….. ........................................................................ ABSTRACT………………………………… ...................................................................... ÍNDICE GERAL…………………………… ...................................................................III ÍNDICE DE FIGURAS…………………… ......................................................................V ÍNDICE DE TABELAS………………….. ..................................................................... VI I- INTRODUÇÃO…………………………….. ...............................................................1 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………................................................................3 1. SAZONALIDADE REPRODUTIVA ..........................................................................3 1.1. Actividade Ovárica e Endócrina Durante o Anestro Sazonal.....................................4 1.2. Mecanismo Fisiológico da Sazonalidade....................................................................7 2. MANIPULAÇÃO DO CICLO ÉSTRICO DURANTE O ANESTRO...................10 2.1. Esponjas Intravaginais ..............................................................................................10 2.2. Melatonina ................................................................................................................13 2.3. Efeito Macho.............................................................................................................14 2.3.1. Resposta Fisiológica…………………………………………………………... .... 15 2.3.2. Natureza do Estímulo: O Papel das Feromonas...................................................... 18 2.3.3. Características dos Carneiros.................................................................................. 20 2.3.4. Período da presença dos carneiros .......................................................................... 21 2.3.5. Presença de ovelhas em estro.................................................................................. 21 2.3.6. Intensidade do Anestro ........................................................................................... 22 2.3.7. Efeitos da Nutrição ................................................................................................. 23 2.4. Efeito Macho Associado a Tratamentos Hormonais ................................................25 III - TRABALHO EXPERIMENTAL ..........................................................................27 3. MATERIAL E MÉTODOS………...……………………………………………….27 III 3.1. Animais.....................................................................................................................27 3.2. Delineamento Experimental .....................................................................................27 3.3. Indução do Efeito Macho (EM) ................................................................................28 3.4. Sincronização de Estros ............................................................................................28 3.5. Inseminação Artificial (IA) e Cobrição Natural (CN) ..............................................28 3.6. Recolha de Amostras de Sangue...............................................................................29 3.7. Método de Doseamento de Progesterona..................................................................29 3.8. Análise Estatística.....................................................................................................30 4. RESULTADOS……………………………................................................................31 5. DISCUSSÃO……………………………… ................................................................37 6. CONCLUSÕES…………………………… ...............................................................40 7. BIBLIOGRAFIA……………………………. ............................................................41 IV ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Apresentação esquemática do número de folículos distribuídos por classe de tamanho, crescimento dos folículos maior e segundo maior (linha a tracejado), concentrações de FSH e Estradiol em ovelhas durante o anestro. Quando os dados foram alinhados para os dias de emergência dos folículos maiores, observaram-se flutuações (P<0,05) no número de folículos com 4 a 5mm e concentrações de FSH, mas não no número de folículos de outras classes de tamanho ou concentrações de estradiol. As linhas verticais indicam os dias de emergência da onda folicular (Adaptado de Evans et al., 2004)...........................6 Figura 2. Representação esquemática da resposta de ovelhas em anestro ao efeito macho (ovulação e estro) (Adaptado de Gelez e Fabre-Nys, 2004). ..............................16 Figura 3. Cinética plasmática da P4 nos animais dos grupos T e EM cíclicos em D0, em que foi possível identificar as diferentes fases do ciclo éstrico...........................33 Figura 4. Cinética plasmática da P4 ao longo do período de ensaio nos animais que ovularam em resposta ao tratamento de sincronização (Grupos T e EM)...........33 Figura 5. Distribuição das parições tendo como referência o dia da IA.............................34 V ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Calendarização das actividades desenvolvidas durante o ensaio........................28 Tabela 2. Número de ovelhas dos grupos T e EM em anestro e cíclicas em D0, D11 e D22. .............................................................................................................................31 Tabela 3. Ovelhas com níveis baixos de P4 no dia 22 e altos no dia 29 denunciando a ocorrência de uma ovulação anterior ao dia 22...................................................31 Tabela 4. Distribuição dos animais sem actividade luteínica até D22 e com níveis altos de P4 em D29, denunciando ovulação anterior ao D22.. .........................................32 Tabela 5. Resposta ovulatória ao tratamento de sincronização nos animais do grupo T e EM. ......................................................................................................................32 Tabela 6. Fertilidade global (IA + CN), ovelhas, mortas e alfeiras dos grupos T e EM. ...34 Tabela 7. Número de partos resultantes da IA e da CN, no total das ovelhas dos grupos T e EM (Independentemente da resposta à sincronização).........................................35 Tabela 8. Fertilidade dos animais que sincronizaram, dos Grupos T e EM. ......................35 Tabela 9. Número de partos resultantes da IA e da CN, relativamente ao total de fêmeas paridas dos grupos T e EM. ..................................................................................36 VI LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CL - Corpo Lúteo CN – Cobrição Natural DRABI – Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior E2 - Estradiol eCG - Equine Chorionic Gonadotrophin EM - Efeito Macho EZN - Estação Zootécnica Nacional FGA - Fluorgestone Acetate FSH - Follicle Stimulating Hormone GABA – Gamma-Aminobutyric Acid GnRH - Gonadotrophin Releasing Hormone IA - Inseminação Artificial IGF-I – Insulin Growing Factor I LH - Luteinizing Hormone OVN – Órgão Vómero Nasal P4 - Progesterona PGF2α - Prostaglandina F2α RIA – Radioimmunoassay T - Testemunha UI - Unidades Internacionais ∆4 - Androstenediona VII I - INTRODUÇÃO Nos países europeus mediterrânicos, a produção ovina e caprina desempenha um importante papel em termos económicos, ambientais e sociológicos (Rancourt et al., 2006). A performance reprodutiva dos ovinos, é um dos principais factores responsáveis pelos lucros obtidos com a produção, quer de leite, quer de carne. A capacidade para sincronizar as cobrições e os partos, e a obtenção de elevados valores de fertilidade ao primeiro serviço trazem enormes benefícios para os produtores pecuários (Gonzalez-Bulnes et al., 2005). O facto de o valor económico de produtos como a carne de borrego ou o leite, poderem sofrer importantes flutuações de acordo com a época do ano, e da capacidade de oferta destes mesmos produtos poder ser condicionada pela existência de um período de anestro sazonal nas ovelhas, tem levado a que se tentem encontrar soluções para encurtar, ou mesmo eliminar este período de inactividade reprodutiva. Actualmente vive-se num tempo em que os consumidores exigem cada vez mais os chamados produtos “clean, green and ethical”, o que, em termos de produção ovina está associado à adopção de práticas que minimizem ou que evitem completamente a utilização de tratamentos químicos e hormonais, e que simultaneamente não comprometam o bem estar animal, baseando-se estas práticas num melhor conhecimento tanto da fisiologia como do comportamento animal (Martin et al., 2004). Esta exigência está geralmente associada a pressões de mercado, em que os produtos obtidos de forma “biológica” são normalmente os mais valorizados. O conhecimento das respostas reprodutivas a factores externos como o fotoperíodo, a nutrição e factores sócio-sexuais, constitui um passo óbvio em direcção à utilização da “bioestimulação” em detrimento da utilização de hormonas exógenas, para proceder ao controlo e ao melhoramento da produtividade em produção ovina (Martin, 1995; Rekwot et al., 2001, cit. Martin et al., 2004). O chamado efeito macho é uma técnica natural que tem sido utilizada, muitas vezes de forma empírica, com vista a induzir e sincronizar o estro em ovelhas em anestro sazonal, permitindo o retorno da ciclicidade, podendo ainda ser utilizado para avançar a puberdade e para acelerar o retorno à ciclicidade após o parto. Nos últimos anos têm sido realizados diversos trabalhos que visam estudar o efeito da utilização conjunta do efeito macho e tratamentos de sincronização, focando-se essencialmente na introdução dos carneiros junto das ovelhas, nos últimos dias do tratamento, ou imediatamente a seguir à remoção das esponjas. O principal objectivo deste trabalho foi verificar o efeito da introdução dos carneiros junto de um rebanho, antes do início do tratamento hormonal de sincronização de estros, 1 sobre a actividade cíclica das fêmeas, ovulação e fertilidade. Tentou-se demonstrar se a utilização de um método de bioestimulação, associado ao método hormonal de sincronização de estros poderia melhorar a eficácia e os resultados da inseminação artificial. Resultados parciais desta tese foram anteriormente apresentados no 15th International Congress on Animal Reproduction (Horta et al., 2004). 2 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. SAZONALIDADE REPRODUTIVA A maioria das espécies selvagens desenvolveu a reprodução sazonal com vista a concentrar os partos na época do ano mais favorável, usualmente a Primavera, permitindo aos recém nascidos desenvolverem-se em condições favoráveis de temperatura e disponibilidade alimentar, antes do Inverno seguinte. Nos pequenos ruminantes domésticos, embora a domesticação possa ter atenuado ou suprimido algumas das várias expressões fisiológicas da sazonalidade, houve a manutenção da maioria delas (Thiéry et al., 2002). Os ovinos são “reprodutores de dias curtos”, ou seja, tornam-se sexualmente activos em resposta à diminuição da duração dos dias (final do Verão, início do Inverno), sendo a sazonalidade reprodutiva uma característica importante na limitação da produtividade dos pequenos ruminantes (Zarazaga et al., 2003). Na ovelha, a sazonalidade caracteriza-se por alterações ao nível comportamental, endócrino e ovulatório, de forma absoluta, levando ao aparecimento de uma alternância anual entre dois períodos distintos: uma estação reprodutiva caracterizada pela sucessão a intervalos regulares (média de 17 dias) de comportamento de estro e ovulação, caso não se desenvolva uma gestação, e um período de anestro, caracterizado pela ausência de actividade sexual (Rosa e Bryant, 2003). Os carneiros sofrem flutuações sazonais da actividade endócrina, comportamento sexual e gametogénese, bem como da massa e volume testicular (Schanbacher e Lunstra, 1976; Ortavant et al., 1985, cit. Rosa et al., 2000a). Regra geral, todos estes parâmetros estão elevados no final do Verão e baixos no final do Inverno e na Primavera (Lincoln e Short, 1980, cit. Rosa et al., 2000a). Durante a Primavera, a produção de espermatozóides não é completamente suprimida, mas é quatro vezes inferior à produção durante o Outono (Dacheux et al., 1981, cit. Thiéry et al., 2002). A reactivação do eixo reprodutivo é mais precoce nos carneiros do que nas ovelhas (Thiéry et al., 2002), verificando-se que a sensibilidade dos carneiros ao fotoperíodo é diferente da das ovelhas, sendo a actividade sexual estimulada 1,0-1,5 meses mais cedo nos carneiros (Rosa et al., 2000b). Em Portugal, vários estudos confirmaram a existência de períodos de inactividade reprodutiva sazonal em diferentes raças de pequenos ruminantes (Robalo Silva e Calheiros, 1980; Leitão et al., 1987; Horta et al., 1987; Baptista e Mascarenhas, 1987; Barbas et al., 1987; Mascarenhas et al., 1995; Valentim, 2004). Os resultados obtidos por Silva e 3 Calheiros (1980, cit. Bettencourt, 1999), indicam que a actividade reprodutiva em ovinos da raça Merina Branca atinge valores máximos entre Junho e Outubro, começa a decrescer em Novembro e atinge valores mínimos em Fevereiro. Rodrigues et al. (1989, cit. Bettencourt, 1999) obtiveram valores de fertilidade elevados nos meses de Primavera, em ovelhas Merino da Beira Baixa. 1.1. Actividade ovárica e endócrina durante o anestro sazonal Vários estudos demonstraram que os ovários das ovelhas em anestro não se mantêm inactivos. Durante o anestro, o número de folículos ováricos antrais, bem como o tamanho máximo atingido, são similares aos observados durante a estação reprodutiva (Ravindra e Rawlings, 1997), embora não haja ocorrência de ovulações. A alteração do status reprodutivo durante o anestro é controlada por modificações da actividade do eixo hipotálamo-hipófise-gónadas, através da variação da secreção pulsátil de LH, cuja redução na frequência de pulsos é responsável pela ausência de ovulações durante o período de anestro (Gallegos-Sanchez et al., 1998; Karsch et al., 1980). Durante o período de anestro das ovelhas, tanto o crescimento folicular (Souza et al., 1996; Ravindra e Rawlings, 1997; Bartlewski et al., 1998; Evans et al., 2001), como a secreção esteróide ovárica, ocorrem segundo um padrão ondular (Souza et al., 1996). Estudos efectuados em animais abatidos, realizados por Brand e de Jong (1973), demonstraram que o diâmetro folicular máximo e o número médio de folículos ováricos grandes (≥ 5 mm), não diferiram entre os ovários dos animais que se encontravam em anestro, e ovários de animais abatidos a partir do dia 5 do ciclo éstrico. Noutros estudos, foi reportada uma tendência para os ovários das ovelhas em anestro apresentarem um número significativamente maior de folículos ováricos pequenos (1-3 mm), quando feita a comparação com ovários de ovelhas cíclicas (Hutchinson e Robertson, 1966; Ravindra, 1993). À medida que as ovelhas se aproximam da época reprodutiva, o número de folículos ováricos pequenos diminui novamente (Ravindra e Rawlings, 1997). Estes resultados sugerem fortemente que o crescimento e atrésia dos folículos ováricos maiores em ovelhas em anestro exibem um padrão ondular (Souza et al., 1996). Os folículos ováricos presentes em ovários de ovelhas em anestro podem crescer até um tamanho quase ovulatório, sugerindo a existência de um padrão de ritmicidade do turn-over folicular antral em ovelhas em anestro (Bartlewski et al., 1998). A incidência de um crescimento mais rápido dos folículos até diâmetros superiores a 5mm, na fase final do anestro pode ser resultante de alterações no grau de resposta ao 4 estímulo gonadotrófico, especialmente da LH, sabendo-se que esta resposta é diminuída em ovelhas em anestro (Legan et al., 1985). Durante o anestro, as ovelhas produzem hormonas gonadotróficas e esteróides ováricos, se bem que apresentando um padrão distinto de secreção. A frequência dos pulsos de LH não difere significativamente entre os diferentes estadios de anestro (McNatty et al., 1984), verificando-se contudo uma diminuição da frequência da secreção pulsátil de LH, que por sua vez resulta de um aumento da sensibilidade do eixo hipotálamo-hipófise à acção de feedback negativo do Estradiol (E2) (Karsch et al., 1980). A secreção de FSH é menos afectada pelas alterações anuais do fotoperíodo do que a libertação de LH (Karsch et al., 1980). O padrão de secreção de FSH em ovelhas em anestro é não pulsátil, havendo evidências de aumentos episódicos das concentrações circulantes de FSH, que ocorrem a intervalos de 4 a 5 dias, ao longo de todo o ano (Bister e Paquay, 1983). Num estudo realizado por Bartlewski et al. (1998), foi demonstrado haver uma relação entre os aumentos transitórios da concentração plasmática diária de FSH, e a fase inicial das ondas de desenvolvimento folicular que ocorrem ao longo de todo o período de anestro nas ovelhas, podendo os resultados sugerir que aumentos rítmicos das concentrações séricas de FSH podem induzir a emergência de ondas foliculares em ovelhas em anestro (folículos antrais que crescem de 3 até mais de 5mm de diâmetro antes de regredirem). Estas flutuações das concentrações séricas de FSH estão associadas à emergência de folículos antrais de tamanho ovulatório, tanto durante (Ginther et al., 1995; Bartlewski et al., 1999), como fora da estação reprodutiva (Bartlewski et al., 1998). Como o output de LH é reduzido durante todo o período de anestro, é provável que nesta fase, a FSH por si só tenha o potencial de estimular o desenvolvimento folicular antral até um tamanho peri-ovulatório. Esta observação está de acordo com sugestões anteriores que referiam a importância da LH, predominantemente na fase terminal do crescimento folicular antral e maturação, levando à ovulação (Uilenbroek e Richards, 1979). Durante o anestro, a produção de progesterona é suprimida, embora desvios esporádicos das concentrações séricas de progesterona desde os níveis basais ou não detectáveis, sejam observados nalguns animais neste período (Thorburn et al., 1969; Yuthasastrakosol et al., 1975; I´Anson, 1983; Ravindra, 1993; Bartlewski et al., 1998). Num estudo realizado por Bartlewski et al. (2000), foi detectada uma relação temporal entre os aumentos rítmicos das concentrações de progesterona sérica e o final da fase de crescimento dos folículos maiores de uma onda folicular, tendo sido lançada a hipótese de a luteinização parcial dos folículos 5 antrais grandes poder ser a fonte de secreção de progesterona nas ovelhas em anestro, continuando pouco claro o significado dos picos de progesterona no final das fases de crescimento folicular nas ovelhas em anestro. Embora os folículos cresçam até tamanhos próximos dos ovulatórios, as concentrações séricas de estradiol mantêm-se relativamente baixas durante todo o período não ovulatório sazonal das ovelhas (Yuthasastrakosol et al., 1975). No entanto, num estudo realizado por Souza et al. (1996), quando se aplicou GnRH de forma pulsátil a ovelhas em anestro, a produção de estrogéneos pareceu aumentar com o desenvolvimento de grandes folículos antrais no ovário. Analisando as produções foliculares de Progesterona (P4), Androstenediona (∆4) e Estradiol (E2) durante a fase de anestro, Bister et al. (1999) verificaram que, em comparação com os níveis obtidos durante a fase folicular em ovelhas que se encontravam a meio da estação reprodutiva, os valores de P4 e ∆4 são superiores na fase de anestro, mas as produções de E2 são inferiores, embora se tenha provado que após estimulação com FSH/LH, os folículos das ovelhas em anestro retêm a capacidade de aromatização. Figura 1. Apresentação esquemática do número de folículos distribuídos por classe de tamanho, crescimento dos folículos maior e segundo maior (linha a tracejado), concentrações de FSH e Estradiol em ovelhas durante o anestro. Quando os dados foram alinhados para os dias de emergência dos folículos maiores, observaram-se flutuações (P<0,05) no número de folículos com 4 a 5mm e concentrações de FSH, mas não no número de folículos de outras classes de tamanho ou concentrações de estradiol. As linhas verticais indicam os dias de emergência da onda folicular (Adaptado de Evans et al., 2004). 6 1.2. Mecanismo fisiológico da sazonalidade Está bem estabelecido que a reprodução sazonal nas ovelhas é essencialmente regulada pelo fotoperíodo, apesar de outros factores ambientais, como a temperatura, a nutrição e as relações sociais, também modularem o seu efeito (Rosa e Bryant, 2003). Enquanto que nas regiões temperadas o fotoperíodo é o factor decisivo, e os outros factores ambientais apenas podem influenciar o estabelecimento e a duração do período de anestro, nas zonas tropicais, o nível nutricional é provavelmente responsável por alguma aciclia sazonal (Rosa e Bryant, 2003). O início do anestro sazonal resulta da interrupção da sequência de eventos préovulatórios que culminam na ovulação, resultante de uma mudança sazonal na capacidade do estradiol para inibir a secreção de LH. Assim, durante a estação reprodutiva, cada subida pré-ovulatória dos níveis de estradiol é acompanhada de uma subida dos níveis plasmáticos de LH, enquanto que durante o anestro, uma subida dos níveis de estradiol é acompanhada por uma quebra pronunciada dos níveis de LH (Legan e Karsch, 1979). Barrell et al. (1992) descobriram que em contraste com as observações efectuadas durante a estação reprodutiva, um aumento da frequência dos pulsos de GnRH e LH não se observa durante o anestro, o que leva à conclusão de que, na ovelha, a passagem da estação reprodutiva para o anestro está associada a uma alteração marcada do sistema neurosecretor de GnRH (Rosa e Bryant, 2003). O mecanismo neuroendócrino primário subjacente ao anestro sazonal envolve um aumento marcado da sensibilidade do sistema gerador de pulsos de GnRH do hipotálamo ao feedback negativo exercido pelo estradiol (Legan et al., 1977; Webster e Haresign, 1983; Karsch et al., 1993; Robinson et al., 1985, cit. Anderson et al., 2002). Assim, a reprodução sazonal nas ovelhas é gerada por um ritmo circanual endógeno da actividade neuroendócrina reprodutiva, sendo o papel do fotoperíodo sincronizar, mas não criar este ritmo (Karsch et al., 1989; Malpaux et al., 1989; Woodfill et al., 1994; Barrell et al., 2000, cit. Rosa e Bryant, 2003). De facto, o fotoperíodo tem também um efeito directo no sistema gerador de pulsos de LH, independentemente da acção dos esteróides, observando-se um aumento da frequência dos pulsos de LH associado à redução da duração do dia, e uma redução, quando a duração do dia aumenta. Na ausência de estradiol, Robinson et al. (1985, cit. Anderson et al., 2002) observaram que uma diminuição sazonal na frequência dos pulsos de LH, e um aumento na amplitude dos pulsos ocorre gradualmente a partir do fim do Inverno, aproximadamente coincidente com o aumento do fotoperíodo. Karsch et al. enunciaram em 1984, um modelo de controlo fotoperiódico da ciclicidade ovárica, em que estavam incorporados os dois factores acima descritos. Em resumo, o 7 modelo proposto sugere que sob a influência indutiva dos dias curtos da estação reprodutiva, se observa uma elevada condução para o sistema gerador de pulsos de LH, permitindo uma elevada frequência de descargas de GnRH pelo hipotálamo; em simultâneo, o feedback negativo do estradiol não é suficientemente forte para impedir a libertação de LH, a qual aumenta até que seja desencadeada toda a sequência de eventos pré-ovulatórios que culminam na ovulação. Sob a influência negativa dos dias longos verifica-se uma baixa condutividade para o sistema gerador de pulsos de LH, o qual também aumenta a sua sensibilidade ao feedback negativo dos estrogénios. Consequentemente, a reduzida pulsatilidade de LH não fornece estímulo suficiente para suportar um aumento de estradiol, capaz de desencadear a sequência de eventos préovulatórios. A resposta reprodutiva ao fotoperíodo é mediada pela glândula pineal, através de alterações na secreção diária do seu principal produto de secreção, a melatonina (Lincoln, 1979; Arendt et al., 1981; Bittman et al., 1983; Foster et al., 1989; Barrell et al., 2000; Kennaway et al., 1983, cit. Zarazaga et al., 2003). A secreção de melatonina segue um ritmo circadiano, com a sua secreção a ocorrer durante o período de ausência de luminosidade. Esta hormona é assim a responsável pela transdução da informação da duração do período diário de luz até ao eixo reprodutivo, alterando a sensibilidade do gerador de pulsos de GnRH, com consequente modificação da secreção pulsátil de LH (Rosa e Bryant, 2003). Na ovelha está bem estabelecido que as concentrações nocturnas de melatonina são altamente variáveis entre indivíduos (Malpaux et al., 1988; Arendt, 1995; Malpaux et al., 1987, cit. Zarazaga, 2003) e altamente repetíveis no mesmo indivíduo (Chemineau et al., 1999, cit. Zarazaga, 2003), devendo-se uma grande parte da variabilidade entre indivíduos a um controlo genético (Zarazaga et al., 1998a,b). Na ovelha, para além da melatonina, também as hormonas da tiróide são parte interveniente no processo de inibição sazonal da secreção pulsátil de GnRH, que causa a transição da estação reprodutiva para o anestro (Zucker et al., 1991, cit. Thrun et al., 1997). O declínio da frequência dos pulsos de LH independente dos esteróides que ocorre à medida que os dias aumentam é dependente da presença de hormonas da tiróide, e a tiroidectomia efectuada, aquando da altura de maior frequência, impede este declínio. Esta dependência das hormonas da tiróide é similar à supressão da frequência de pulsos de LH devido ao aumento da resposta ao feedback negativo exercido pelo estradiol (Anderson et al., 2002). 8 Pensa-se ainda que neste processo de estabelecimento do anestro sazonal podem estar envolvidas substâncias como a dopamina, a noradrenalina, a serotonina, aminoácidos inibidores como o GABA, e aminoácidos excitadores como o ácido aspártico e ácido glutâmico (Thiéri et al., 2002). 9 2. MANIPULAÇÃO DO CICLO ÉSTRICO DURANTE O ANESTRO Conforme já referido anteriormente, as ovelhas da maioria das raças encontram-se em anestro durante uma parte do ano, sendo a redução da duração do período de anestro e o controlo do retorno à actividade reprodutiva, objectivos económicos importantes na produção de ovinos (Rekwot, 2001). A sincronização do estro é extensamente aplicada na gestão reprodutiva de ovinos, em todo o mundo (Boscos et al., 2002). Baseia-se na manipulação das fases folicular e lútea do ciclo éstrico. Nas ovelhas, a oportunidade de controlo é maior durante a fase lútea, pois esta tem uma maior duração, sendo portanto de mais fácil manipulação. As estratégias utilizadas podem envolver o prolongamento da fase lútea, através da administração exógena de progesterona, ou o seu encurtamento, através da indução da regressão prematura do CL. Para que as técnicas tenham sucesso, devem não só estabelecer uma perfeita sincronização, mas também um nível aceitável de fertilidade após inseminação artificial ou cobrição natural, o que é conseguido através da utilização concomitante de gonadotrofinas. Nos pequenos ruminantes, a sincronização de estros é afectada pelos padrões reprodutivos sazonais na maioria das raças. Em fêmeas anovulatórias o estro pode não só ter que ser sincronizado mas também induzido. Nestas condições, os sistemas que requerem a regressão de um CL activo não são eficientes (Wildeus, 1999). São várias as técnicas utilizadas para induzir o estro em ovelhas em anestro. De uma forma breve, podemos classificá-las em técnicas farmacológicas, como sejam a utilização de progestagéneos, associados ou não a gonadotrofinas, e à utilização de melatonina, ou técnicas de maneio, como sejam a selecção dos animais de acordo com o reinício da actividade reprodutiva, ou a introdução de machos para estimular esta actividade. Numerosos estudos têm-se centrado no desenvolvimento de tratamentos hormonais que melhorem o desenvolvimento folicular e induzam um estro fértil durante a fase de anestro sazonal (Malpaux et al., 1989; Wayne et al., 1990; Robinson et al., 1992; Gordon, 1997; Carlson, 2000; Knights et al., 2000; Stenbak et al., 2001; Knights et al., 2001, cit. Luther et al., 2005). 2.1. Esponjas Intravaginais As esponjas intravaginais, ou os implantes contendo norgestomet, têm sido o tratamento tradicional de escolha para a sincronização de estro em pequenos ruminantes, quer durante a estação reprodutiva quer durante a fase de anestro (Boscos et al., 2002). As esponjas 10 actualmente comercializadas são impregnadas com progestagéneos, eficazes a doses mais baixas do que a progesterona natural, tais como acetato de fluorogestona (FGA, Chronogest®, Intervet), ou o acetato de medroxiprogesterona (MPA, Veramix®, Upjohn). Estas esponjas são normalmente inseridas por períodos de 9 a 19 dias e usadas em conjunto com eCG, administrada na altura da remoção da esponja, ou 48 horas antes dessa remoção, particularmente nos animais que se encontram fora da época reprodutiva. Num estudo efectuado por Knights et al. (2001), em ovelhas anovulatórias, foi usado um tratamento curto (5 dias) com progesterona, para estimular um estro fértil, tendo-se obtido eficácia comparável à obtida com os tratamentos longos (12 dias), tendo a prolificidade obtida sido comparável à observada durante a fase de actividade reprodutiva. As esponjas intravaginais têm taxas elevadas de retenção (> 90%) e as fêmeas exibem o estro num período de 24 a 48 horas após a remoção da esponja. A resposta sob a forma de estro e fertilidade varia muito, dependendo da espécie, raça, outros tratamentos, maneio e sistema de cobrição. A eficácia dos tratamentos de progestagéneos para sincronizar os estros nas ovelhas foi documentada (Gordon, 1997), mas os efeitos no crescimento do folículo ovulatório não são muito claros, embora Martinez-Garcia et al. (2007) tenham concluído num trabalho por eles efectuado, que a dinâmica folicular observada em ovelhas em anestro tratadas com esponjas intravaginais impregnadas de progestagéneos, não é diferente da observada em ovelhas cíclicas. A sincronização do estro com progesterona ou progestagéneos resulta numa taxa de concepção de 70 a 80%. É possível que a razão porque 20-30% das ovelhas não concebem seja que estes animais ovulem oócitos de fraca qualidade provenientes de folículos envelhecidos. Isto pode acontecer quando a luteólise natural ocorre no início do tratamento de sincronização deixando a esponja intravaginal como a única fonte de feedback negativo para a secreção de gonadotrofinas. Se a eficácia da esponja diminui com o tempo pode levar a uma situação em que existem concentrações sublúteas de progesterona, levando ao aumento da frequência dos pulsos de LH, e portanto ao crescimento prolongado de folículos ovulatórios tal como o descrito nos bovinos (Mihm et al., 1999). Num estudo efectuado por Johnson et al. (1996), quando as concentrações de progesterona nas ovelhas foram mantidas a níveis inferiores a 1ng mL-1, o diâmetro e idade dos folículos ovulatórios foi superior, quando em comparação com ovelhas com concentrações de progesterona superiores a 1ng mL-1. A utilização de gonadotrofinas é rotineiramente associada aos sistemas de sincronização que utilizam dispositivos intravaginais em ovelhas anovulatórias, para induzir a ovulação. A substância mais utilizada é a eCG, estando o sucesso do tratamento de sincronização 11 dependente da sua utilização (Gordon, 1997, cit. Barret et al., 2004). A dose usualmente utilizada em ovelhas em anestro, no final de um tratamento de 12-14 dias com esponjas impregnadas de progestagéneos, é de 500 UI eCG (Gordon, 1997). Em ovelhas cíclicas, o facto de se administrar eCG após o tratamento com progestagéneos reduz o intervalo até ao início do estro, quando em comparação com ovelhas em que apenas se efectuou o tratamento com progestagéneos (Gordon, 1971; Botha et al., 1975, cit. Barret et al., 2004). Um único tratamento com eCG, após o tratamento com progestagéneos, aumenta a resposta ovárica, a taxa de concepção e a percentagem de partos múltiplos, resultantes de ovulações induzidas (Langford et al., 1982; Pearce e Robinson, 1985; Robinson e Smith, 1967, cit. Boscos et al., 2002). Num trabalho realizado por Zaiem et al. (1996), foi comparada a utilização de três doses distintas de eCG (300, 450 e 600 UI) conjuntamente com esponjas impregnadas com 40 mg de FGA durante 14 dias, em ovelhas em anestro. As 3 doses de eCG atingiram taxas de fertilidade semelhantes (81,2 a 84,3%) sendo mais altas (P<0,05) do que as observadas nas ovelhas testemunha, apenas tratadas com FGA sem receberem gonadotrofinas. A prolificidade foi superior (P<0,05) relativamente às ovelhas controlo (130,4%), nas doses de 450 UI (155,5%) e de 600 UI de eCG (176,9%) mas não com a dose de 300 UI (133,3%), sugerindo que doses entre 450 e 600 UI desta gonadotrofina são as ideais neste cenário. Uma limitação potencial do uso de eCG tem sido a descoberta do declínio da fertilidade após a utilização repetidas vezes, devido à formação de anticorpos. O desenvolvimento de anticorpos anti eCG após aplicações repetidas resulta numa menor sincronização e eventualmente na redução das taxas de fertilidade, especialmente quando se aplica a IA num momento fixo (Bodin et al., 1995; Bodin et al., 1997, cit. Boscos et al., 2002). Contudo, num estudo efectuado por Roy et al. (1999), foi demonstrado que a resposta humoral à aplicação repetida de eCG é altamente variável de animal para animal, e que embora os anticorpos anti eCG pareçam interferir com a eCG administrada, resultando numa menor estimulação do ovário, e no retardar da esteroidogénese folicular, em condições de campo, isso parece não afectar a fertilidade. De acordo com Rosa e Bryant (2002), em raças pouco sazonais, como a Merino, cerca de 5% dos animais continuam a apresentar actividade ovárica cíclica. Nestes casos, é usual utilizar em associação com o tratamento com progestagénios, a PGF2α para induzir a regressão de um possível CL existente. Os dois produtos usualmente utilizados são a PGF2α (Lutalyse®) e o análogo da prostaglandina, cloprostenol (Estrumate®). A capacidade da PGF2α exógena para provocar a regressão do CL está dependente do dia do ciclo éstrico em 12 que é administrada, da dose, da frequência de exposição e da via de administração (uterina versus sistémica) (Pope e Cárdenas, 2004). Um estudo realizado por Pope e Cárdenas (2004) identifica o período entre os 3,5-4,0 dias, como aquele em que as ovelhas adquirem a capacidade dose-dependente, de susceptibilidade à PGF2α. Porque nem todos os estadios do ciclo éstrico são similarmente receptivos ao tratamento, uma dupla injecção, com 11 dias de intervalo é a abordagem mais utilizada em ovelhas. 2.2. Melatonina Conforme já referimos anteriormente, a informação sobre o fotoperíodo é enviada para o sistema neuroendócrino através da secreção circadiana de melatonina produzida pela glândula pineal. Assim, esta hormona tem sido administrada sob a forma de implante subcutâneo, injecções diárias ou na alimentação, como forma de adiantar a estação reprodutiva na ovelha. Nas raças sazonais os implantes são geralmente colocados por altura do solstício de Verão (Haresign et al., 1990; Durotoye et al., 1991), nas raças de reduzida sazonalidade, o tratamento realizado nesta época é pouco eficiente, sendo preferível a realização do tratamento no equinócio da Primavera, para manter ou reiniciar a actividade ovárica (Forcada et al., 1995; Chemineau et al., 1996). A administração de melatonina de uma forma contínua mimetiza o efeito dos dias curtos, em termos de resposta reprodutiva. Numerosos trabalhos efectuados em animais em anestro tratados com melatonina exógena, evidenciaram que um nível elevado sustentado desta hormona conduz à activação do eixo hipotálamo-hipofisário (Arendt et al., 1983; Bittman et al., 1983; Karsch et al., 1984). Trabalhos realizados por Abecia et al. (2006) demonstraram uma indução da actividade ovárica em ovelhas em anestro pela utilização de melatonina. A melatonina actua também directamente sobre o ovário, apresentando uma acção luteotrófica in vivo (Wallace et al., 1988; Abecia et al., 2002), e in vitro (Durotoye et al., 1997) e aumentando a taxa de ovulação através da diminuição da atrésia dos folículos de média e grande dimensão (Bister et al., 1999). Tradicionalmente, os tratamentos com melatonina têm sido acompanhados da introdução dos machos, verificando-se um aumento da taxa de fertilidade e um aumento do número de animais em estro (Abecia et al., 2006). Zúñiga et al. (2002), melhoraram os parâmetros reprodutivos em ovelhas da raça Aragonesa durante as cobrições de Primavera, utilizando conjuntamente implantes de melatonina e efeito macho, sem impedirem a actividade sexual ou ovulatória na subsequente estação reprodutiva. Mais ainda, os implantes de melatonina melhoraram significativamente a resposta ao efeito macho. O 13 tratamento dos carneiros com melatonina, em meados e no final da Primavera, num período em que os animais são expostos a vários meses com um período de luz diária crescente, antecipa a secreção de LH e o aumento do volume testicular (Webster et al., 1991). 2.3. Efeito Macho A indústria animal da actualidade está fortemente influenciada por um conjunto de exigências da sociedade, que inevitavelmente estão a conduzir a mudanças ao nível dos mercados. Consumidores em todo o mundo começam a exigir produtos “clean, green and ethical”. Ao nível da produção ovina, este movimento traduz-se em práticas de produção que minimizem ou evitem mesmo, a utilização de tratamentos químicos ou hormonais, e práticas que não comprometam o bem-estar dos animais (Martin et al., 2004). Um dos métodos utilizados para alcançar este objectivo é o denominado efeito macho, ou seja a introdução de carneiros num efectivo de ovelhas previamente isoladas dos machos, antes do início do período normal da época reprodutiva (Cushwa et al., 1992). O efeito macho pode ser usado para manipular a reprodução, ao tornar a puberdade mais precoce ou avançar a estação reprodutiva e fornecer algum grau de sincronização do estro na fase tardia do anestro sazonal (Martin et al., 1986). Os resultados obtidos ao despoletar os sistemas reprodutivos das ovelhas em anestro sazonal, utilizando o efeito macho, são pelo menos similares aos obtidos com a utilização de tratamentos hormonais (Crosby e Murray, 1988; Boly et al., 2000; Martemucci, 1984, cit. Ungerfeld, 2003), com a vantagem do seu custo ser quase nulo e da possibilidade de ausência de resíduos hormonais. De acordo com Ungerfeld (2003), apesar de os estudos sobre o efeito macho terem sido realizados em mais de 45 raças de ovinos, cerca de 40% foram realizados por investigadores Australianos e Neo-Zelandeses, pelo que mais de metade da informação foi obtida em ovinos das raças Merino e Romney. Muito pouco se sabe sobre a resposta ao efeito macho noutras raças, concretamente nas raças mediterrânicas, e eventuais diferenças, nem sobre se a raça ou o padrão da sua actividade sazonal influencia não apenas a percentagem, mas também as características da resposta à introdução do macho (Ungerfeld et al., 2004). No caso concreto das raças mediterrânicas, têm sido realizados trabalhos quer em ovelhas (Folch et al., 1983, 1987, 1988; Gómez Brunet et al., 1995; Abecia et al., 2002; Zúñiga et al., 2002; Vasques et al., 2005, 2006; Cavaco Gonçalves, 2006), quer em cabras (Avdi et al., 2004; Simões e Mascarenhas, 2006), havendo alguma informação recente 14 sobre as raças ovinas e caprinas portuguesas, onde o período de anestro sazonal não é tão marcado como em regiões de latitudes superiores. Desde o aparecimento dos primeiros estudos sobre o efeito macho (Underwood et al., 1944; Schinckel, 1954, cit. Rosa e Bryant, 2002), foi assumido que, para que as ovelhas ovulassem em resposta à introdução dos carneiros, era necessário que estas se encontrassem num período anovulatório, e que tivessem passado por um período de précondicionamento, em que se encontrassem afastadas dos carneiros (Rosa e Bryant, 2002). A duração precisa deste período de isolamento não é conhecida, dependendo provavelmente de vários factores, nomeadamente a raça de ambos os sexos, a altura do ano, e a localização (Rosa e Bryant, 2002). O isolamento significa que as ovelhas não podem ver, ouvir ou cheirar os carneiros durante esse período, recomendando-se uma distância mínima de 1 Km entre os carneiros e as ovelhas (Pearce e Oldham, 1988). Oldham (1980) referiu que 34 dias seriam suficientes, enquanto que Martin et al. (1986) apresentou o período de duas semanas de separação como sendo suficiente. Na prática, os produtores optam por isolar os animais durante algumas semanas (Rosa e Bryant, 2002). 2.3.1. Resposta Fisiológica A introdução dos carneiros num rebanho de fêmeas anovulatórias é seguida 2-4 minutos depois, por um aumento da frequência das descargas pulsáteis de LH, o que conduz, caso os machos sejam mantidos no rebanho, a uma descarga pré-ovulatória daquela gonadotrofina e ao aumento do número e diâmetro dos folículos ováricos (Poindron et al., 1980; Atkinson e Williamson, 1985; Martin et al., 1986; O’Callaghan et al., 1994, cit. Evans et al., 2004). O curto espaço de tempo entre o contacto com os machos e o início das descargas de LH será apenas o necessário para que o odor atravesse a distância entre os animais e induza a resposta neuroendócrina detectada ao nível do sangue da jugular (Martin et al., 1986). Cerca de 36 horas depois verifica-se um pico ovulatório de LH, seguido de ovulação (Martin et al., 1986). A maioria das ovelhas ovula 50-65 h após a introdução dos carneiros (Knight, 1983; Martin et al., 1986, cit. Rosa e Bryant, 2002), mas a resposta pode variar entre as 30 e as 72 h (Oldham, 1980, cit. Rosa e Bryant, 2002). Esta primeira ovulação é denominada de silenciosa, uma vez que não está associada a comportamento éstrico. O intervalo entre o pico de LH e a ovulação estimulada pela introdução dos carneiros é mais constante do que nos ciclos não induzidos pelo efeito macho, variando entre 22 a 26 h (Martin et al., 1986). 15 O CL que se segue a esta primeira ovulação é normal nalgumas ovelhas mas tem um tempo de vida muito curto noutras (CL de regressão prematura). Num rebanho, das ovelhas que respondem, cerca de 50% desenvolvem um CL normal, que se mantém durante o período normal da fase lútea e termina com uma nova ovulação, esta associada a sinais de estro, por volta do dia 18-19. As outras 50%, no entanto, desenvolvem um CL subnormal, com um tempo de vida curto, que regride por volta do dia 7, associando-se a um ciclo curto e uma segunda ovulação silenciosa, seguida, desta vez por um CL que persiste normalmente, resultando num segundo agrupamento de estros, por volta do dia 24 (Rosa e Bryant, 2003). Figura 2. Representação esquemática da resposta de ovelhas em anestro ao efeito macho (ovulação e estro) (Adaptado de Gelez e Fabre-Nys, 2004). A causa da existência dos corpos lúteos de regressão prematura, responsáveis pelos ciclos curtos atrás referidos, ainda não está completamente esclarecida. Contudo, é de salientar que a sua presença é igualmente observada no início da puberdade e no início da actividade cíclica pós-parto. De acordo com Lassoued et al. (1997) a falta de progesterona e da sua acção inibidora na secreção de estradiol permite a síntese de receptores endometriais para a occitocina, 5 dias após a introdução dos machos, com o consequente aumento de libertação de PGF2α e lise prematura do corpo lúteo. Resultados semelhantes foram obtidos por Chemineau et al., (2006). Estes autores sugerem que os mecanismos 16 envolvidos no aparecimento dos CL de curta duração poderão resultar da falta de exposição prévia dos folículos induzidos a ovular, às gonadotrofinas. Estes folículos apresentam uma baixa qualidade das células da granulosa, quando em comparação com os folículos que se desenvolvem durante a estação reprodutiva. Os CL que se desenvolvem a partir destes folículos apresentam um desenvolvimento anormal, levando a uma proporção insuficiente de células lúteas grandes, e secretam, portanto, menor quantidade de progesterona, levando a concentrações mais baixas desta hormona, quer ao nível da veia ovárica quer ao nível da circulação geral. Os mecanismos de contra-corrente que actuam localmente, ampliam a diferença de concentração de P4 na artéria e veia ovárica. Desde os trabalhos de Southee et al. (1988) e de Keisler e Keisler (1989), nos quais foi evidenciado o papel do útero na regressão do corpo lúteo, que se aceita que a curta duração daquelas estruturas resulta da libertação prematura de PGF2α pelo útero. Devido às concentrações de P4 que chegam ao ovário e ao útero serem insuficientes, a cadeia responsável pela libertação de occitocina e PGF2α é mais sensível aos estrogéneos. A concentração plasmática de progesterona em circulação é insuficiente para bloquear a actividade gonadotrófica nos dias 3-5 após o pico de LH. As novas ondas foliculares, iniciadas nos dias 3-4 do primeiro ciclo induzido pelo macho, continuam a desenvolver-se, e a secretar mais estrogéneos. O CL atinge então a sua capacidade para responder às prostaglandinas. Estes estrogéneos estimulam a secreção de prostaglandina pelo útero, e a libertação de occitocina a partir do CL, causando a luteólise precoce. A pré-exposição das ovelhas a progestagéneos impede a ocorrência das fases lúteas curtas (Cognie et al., 1982; Pearce et al., 1985). Embora o mecanismo não seja claro, é conhecido que os progestagéneos têm um efeito directo no folículo pré-ovulatório, modulando os efeitos da LH e da secreção esteróide (Hunter e Southee, 1987). O atraso do pico de LH observado após o tratamento com progestagéneos pode permitir aos folículos obterem uma melhor sincronização com os acontecimentos endócrinos (Pearce et al., 1985). O tratamento com progestagéneos é também responsável pela indução do estro aquando da primeira ovulação associada ao efeito macho (Lishman e Inskeep, 1991). O pré-tratamento com progestagénios durante um período mínimo de 10 dias e a introdução dos machos no dia da remoção das esponjas ou da sua última administração permite que os animais exibam estro em simultâneo com a primeira ovulação (Cognie et al., 1982; Martin et al., 1986). Associado aos efeitos da introdução de carneiros junto de ovelhas anovulatórias, para além da ocorrência destas fases lúteas de curta duração, foi ainda reportada a ocorrência de 17 ovulações tardias (4 a 6 dias após a introdução dos machos), fases lúteas curtas associadas a folículos anovulatórios e fases lúteas de duração normal, associadas a folículos luteinizados (Ungerfeld et al., 2004). 2.3.2. Natureza do Estímulo: O Papel das Feromonas O efeito macho nos carneiros foi inicialmente descrito por Underwood et al. (1944) e em anos subsequentes, muitos grupos de pesquisa estudaram o efeito da introdução dos carneiros na actividade éstrica das ovelhas (Schinckel, 1954; Riches e Watson, 1954; Radford e Watson, 1957; Smith et al., 1958). Nenhum destes estudos dava informações sobre a natureza dos estímulos envolvidos. O primeiro trabalho que investigou este tema foi desenvolvido por Watson e Radford (1960). Após testarem os efeitos de vários graus de associações de ovelhas com carneiros, estes autores concluíram que estímulos olfactivos e auditivos, provenientes do carneiro, eram suficientes para estimular as ovelhas, não sendo necessário o contacto total entre sexos (incluindo estímulos visuais e tácteis), para obter resposta. Alguns anos mais tarde, Morgan et al. (1972), trabalhando com ovelhas desprovidas de alguns sentidos (olfacto, audição e tacto na região em volta da boca), descobriram que apenas a ausência de olfacto afectava significativamente o número de ovelhas que apresentavam resposta. Ovelhas anósmicas falharam a resposta à introdução dos carneiros (Radford e Watson, 1957; cit. Rekwot, 2001), apontando para o envolvimento de estímulos químicos. Foi assim sugerido que os carneiros estimulam a actividade de estro, em ovelhas em anestro, através de receptores olfactivos existentes nas ovelhas, em associação com estímulos comportamentais gerados essencialmente durante a actividade de cortejamento (Rosa e Bryant, 2002). A ovelha utiliza os sentidos do olfacto, visão, audição e tacto, para perceber estes estímulos (Rosa e Bryant, 2002). Há ainda evidências que suportam o conceito de que, apesar de diferentes sinais sensitivos poderem actuar sozinhos com resultados positivos, o efeito máximo pode em muitos casos ser apenas possível quando eles actuam de forma sinérgica (Edgar e Bilkey, 1963; Pearce e Oldham, 1988, cit. Rosa e Bryant, 2002). Apesar de algumas contradições e de muitas questões por responder, tornou-se claro que os estímulos olfactivos envolvidos no efeito macho têm origem primariamente nas feromonas (de acordo com a definição de Karlson e Luscher, 1959), produzidas espontaneamente pelos carneiros (Signoret, 1991). O termo feromona refere-se a substâncias químicas que são segregadas para o exterior através da urina, fezes ou das glândulas da pele, causando uma reacção específica em 18 animais da mesma espécie. A reacção às feromonas envolve o aparecimento de um comportamento específico ou uma alteração fisiológica no aparelho reprodutor ou endócrino do animal alvo (Doty, 1976; Izard, 1983, cit. Rekwot et al., 2001). A bioestimulação pode exercer efeitos profundos na actividade reprodutiva via sistema hipotalâmico, que gera pulsos de GnRH (Rekwot et al., 2001). No carneiro, os sinais químicos que activam a secreção de LH na fêmea são uma mistura de componentes que foram até ao momento apenas parcialmente identificados. A actividade biológica requer a presença simultânea de componentes retidos nas fracções neutra e ácida (Cohen-Tanoudji et al., 1994). A associação do 1,2-hexadecanodiol e do 1,2octadecanodiol contribuem para a acção da feromona da fracção neutra, mas os compostos ácidos necessários ainda estão por determinar. Resultados preliminares indicam que os ácidos gordos lineares presentes na lã do carneiro não possuem actividade de feromona (Cohen-Tanoudji et al., 1994). O local de síntese das feromonas parece ser as glândulas sudoríparas (Knight e Lynch, 1980, cit. Rosa et al., 2000a). Um input de natureza olfactiva sugere o envolvimento do órgão vomero nasal (OVN), que tem conexões neurais com o hipotálamo, pensando-se que seja um mediador dos efeitos das feromonas na função ovárica (Johns, 1980; Izard, 1983, cit. Rekwot et al., 2001). As feromonas produzidas pela pele, principalmente a localizada em redor dos olhos, actuam primariamente através do sistema olfactivo principal: a destruição do epitélio olfactivo ou a inactivação da amígdala cortical, bloqueiam completamente a resposta (aumento da secreção de LH) ao odor do carneiro (Gelez e Fabre-Nyz, 2004). Outro factor do qual parece também depender a resposta da fêmea, é a experiência adquirida (Gelez e Fabre-Nys, 2004). Estudos efectuados indicam que na maioria das ovelhas sem experiência sexual e que nunca tenham contactado com um carneiro, o odor do macho não activou a secreção de LH, contrariamente às ovelhas com experiência sexual. Nas ovelhas, contrariamente ao que acontece nos roedores, parece ser importante existir aprendizagem ao odor do carneiro, para que este seja eficaz. Há fortes evidências de que a síntese de feromonas seja dependente dos androgéneos. Vários estudos demonstraram que nem as ovelhas nem os machos castrados conseguem induzir a ovulação em ovelhas em anestro, conseguindo no entanto ambos induzir essa ovulação, após tratamento com doses elevadas de testosterona (Fulkerson et al., 1981; Signoret et al., 1982, cit. Rosa et al., 2000a). A utilização das feromonas só por si, em ovelhas em anestro, tem dado resultados controversos: num estudo, as feromonas não induziram qualquer alteração na secreção de LH ou FSH (Schneider e Rehbock, 2003, cit. Ungerfeld, 2003). Noutras investigações, a 19 utilização das feromonas resultou em ovulação (Kaulfulβ et al., 1997; Kaulfulβ et al., 2002, cit. Ungerfeld, 2003) ou num aumento das taxas de gestação das ovelhas inseminadas (Milovanov, 1991, cit. Ungerfeld, 2003). Tem sido demonstrado que a prévia sensibilização às feromonas do carneiro e do bode acelera o aparecimento da puberdade e do estro em ovelhas (Underwood et al., 1944) e cabras (Shelton, 1960). As feromonas presentes na lã, gordura e urina são suficientes para estimular as ovelhas para ovular logo no início da estação reprodutiva (Izard, 1983, cit. Rekwot et al., 2001). 2.3.3. Características dos Carneiros O facto das feromonas estarem sob a influência das secreções esteróides pode ajudar a perceber as diferenças raciais que se têm notado na capacidade dos machos para induzirem a ovulação (Tervit et al., 1977; Knight et al., 1980; Signoret, 1990), ou a importância do número de machos necessários para um efeito macho eficaz. Em relação à percentagem de carneiros no rebanho, Lindsay et al., (1992) observaram mais ovelhas em estro quando usaram uma percentagem de carneiros no rebanho de 3 ou 6 %, em comparação com 1%. Em contraste, Rodriguez Iglesias et al. (1997), não obtiveram uma percentagem mais elevada de ovelhas em estro quando aumentaram a percentagem de carneiros de 8 para 16% (Ungerfeld, 2004). As características comportamentais (líbido) dos carneiros têm também influência sobre a sua capacidade de estimular as ovelhas (Signoret, 1990). A resposta ao efeito macho não depende portanto somente das fêmeas e da intensidade do seu anestro, mas também e sobretudo, da actividade sexual dos machos. Perkins e Fitzgerald (1994) concluíram que uma percentagem mais elevada de ovelhas em estro, e uma melhor qualidade do ciclo éstrico (definida pela concentração plasmática de progesterona) resultam da introdução de carneiros que tenham sido seleccionados com base em testes de performance sexual, sendo esta informação mais aplicável aquando da utilização de um único carneiro para induzir o estro. Os carneiros adultos têm capacidade para induzir uma maior resposta reprodutiva em ovelhas em anestro, quando em comparação com carneiros com apenas um ano, induzindo ovulações e estro numa maior percentagem de ovelhas, o que por sua vez resulta em taxas de gestação e concepção mais elevadas (Ungerfeld et al., 2007). Esta maior estimulação é em parte explicada por diferenças nos sinais provenientes da lã, produzidos pelos carneiros adultos. A menor percentagem de gestações obtida quando se usam carneiros jovens pode ser explicada por diferenças no comportamento sexual (Ungerfeld et al., 2007). 20 2.3.4. Período da Presença dos Carneiros A introdução dos carneiros não altera irreversivelmente a fisiologia das ovelhas de um estado de anestro para um estado de ciclicidade. Embora a frequência das descargas pulsáteis de LH aumente num período de minutos após a introdução dos carneiros, a secreção desta hormona mantém-se elevada apenas durante o período em que os carneiros estão presentes (Pearce e Oldham, 1984, cit. Rosa e Bryant, 2002). Como a manutenção dos níveis elevados de LH é necessária para a ocorrência dos eventos pré-ovulatórios, parece inevitável que os carneiros tenham que estar presentes mais tempo do que estes minutos iniciais, para que as ovelhas venham a ovular, verificando-se que apenas uma reduzida percentagem de ovelhas ovula, caso os carneiros sejam retirados após um período de 8 ou 24 horas (Rosa e Bryant, 2002). A queda da frequência dos pulsos de LH após a saída dos carneiros mostra que o efeito macho não é irreversível, devendo o efeito macho ser interpretado como um bloqueio temporário ou um bypass da condição de anestro. O bloqueio da ovulação após a saída do carneiro (Signoret et al., 1982; Oldham e Pearce, 1983, cit. Martin et al., 1986), indica que a presença contínua dos carneiros é importante para a libertação do pico de LH, quer pela manutenção da secreção tónica de LH e portanto de estradiol, quer pelo aumento da eficiência do mecanismo de feedback positivo, talvez por um aumento da sensibilidade ao estrogéneo (Martin et al., 1986). 2.3.5. Presença de Ovelhas em Estro Quando os carneiros são usados como “teasers”, estão ainda envolvidas outras interacções sociais, e, segundo a maioria das publicações, é impossível discriminar entre os componentes que fazem parte do efeito macho e os que não fazem parte. Tem-se verificado em determinadas raças (Romney, Corriedale), que a proporção de ovelhas em anestro que ovulam após a introdução de carneiros, aumenta com a introdução de ovelhas em estro, simultaneamente à introdução dos carneiros, num processo designado por “facilitação social” (Knight, 1985; Rodríguez Iglesias et al., 1991, cit. Ungerfeld, 2004). Estas ovelhas influenciam a actividade reprodutiva dos carneiros, induzindo a secreção de pulsos de LH e o aumento dos níveis de testosterona durante as primeiras 4-8 horas de contacto, mantendo-se essas concentrações elevadas durante vários dias, estimulando a produção de feromonas e talvez a líbido (Yarney e Sanford, 1983; González et al., 1991, cit. Ungerfeld, 2004; Ungerfeld e Silva, 2004). 21 Para além do mais, o comportamento dos carneiros em relação às ovelhas em estro fornece estímulos visuais adicionais para as ovelhas anovulatórias. Desta forma, a presença de ovelhas em estro associadas a carneiros, ou a presença de carneiros que tenham tido experiência sexual recente com ovelhas em estro, irá permitir que as ovelhas anovulatórias sejam expostas a estímulos olfactivos, tácteis, e particularmente, visuais, que podem aumentar a potência do estímulo, e melhorar a eficácia do efeito macho (Rosa et al., 2000b). Adicionalmente, foi já demonstrado, que pelo menos em alguma extensão, as ovelhas em estro têm a capacidade de induzir a ovulação em ovelhas em anestro (Muir et al., 1989; O´Callaghan et al., 1994; Zarco et al., 1995, cit. Rosa et al., 2002). 2.3.6. Intensidade do Anestro A intensidade do anestro aquando da introdução dos carneiros é um parâmetro importante para permitir a previsão da resposta ao efeito macho (Cushwa et al., 1992). O conceito de intensidade do anestro, introduzido há longos anos por Marshall (1903), embora teórico e difícil de definir, tem sido usado para descrever um estado fisiológico em que a ovelha se encontra mais ou menos sensível à estimulação para ovular (Rosa e Bryant, 2002). Não pode ser medido objectiva e individualmente, e o melhor indicador do seu nível é o número de ovelhas que ovulam espontaneamente num determinado rebanho, num determinado momento (Rosa e Bryant, 2002). Oussaid et al. (1993) foram provavelmente os primeiros e únicos a distinguir a nível anatómico e fisiológico, dois tipos de anestro: um “anestro ligeiro”, detectado no início do período de anestro, caracterizado por elevadas concentrações plasmáticas de FSH e a presença de folículos normais no ovário, e “anestro profundo”, detectado a meio do período de anestro, caracterizado por baixas concentrações de FSH e uma redução marcada do número de folículos antrais (Rosa e Bryant, 2002). Uma vez que o anestro sazonal está, conforme já referimos, associado à diminuição dos pulsos de LH (Martin, 1984; Gallegos-Sánchez, Malpaux e Thiéry, 1998, cit. Ungerfeld, 2003) e à ausência de pulsos pré-ovulatórios de FSH e LH, um indicador da intensidade do anestro pode ser a frequência dos pulsos de LH, dado que essa frequência é maior nas ovelhas que ovulam, do que nas ovelhas que não respondem com uma ovulação à introdução dos carneiros (Martin et al., 1985, cit. Ungerfeld, 2003). Assim, um dos métodos para avaliar a intensidade do anestro é a análise da frequência de descargas pulsáteis de LH por medição dos níveis plasmáticos de LH em amostras de sangue 22 recolhidas a cada 10-15 minutos num período de pelo menos 6 horas. Quanto maior for a frequência, menor é a intensidade do anestro (Poindron et al., 1980). Outro método para avaliar a intensidade do anestro é através do conhecimento da percentagem de fêmeas que apresentam ovulações espontâneas antes da introdução dos carneiros. Para tal, podem-se analisar os níveis de progesterona plasmática periférica em amostras sanguíneas recolhidas com um intervalo compreendido entre 8 e 10 dias (Thimonier, 2000) ou pela observação directa dos CL por endoscopia (Thimonier e Mauléon, 1969). Quanto maior a proporção de fêmeas com actividade ovulatória espontânea, menos intenso é o anestro (Signoret, 1990). Tanto a raça da ovelha como o estadio de anestro sazonal são determinantes importantes para a “intensidade do anestro”. Fêmeas de raças com um forte padrão sazonal não responderão por mais forte que seja o estímulo, ao passo que em fêmeas de raças pouco sazonais, no final do período de anestro, bastará um estímulo ligeiro (Ungerfeld et al., 2004). O sucesso da indução da actividade reprodutiva nas ovelhas em anestro aumenta, em regra, com a proximidade do período normal da estação reprodutiva (Oldham e Cognié, 1980; Nugent et al., 1988, cit. Cushwa et al., 1992). Num rebanho, quanto mais ovelhas se encontrarem cíclicas, melhor é a resposta das companheiras em anestro, à introdução dos carneiros (Lindsay e Signoret, 1980, cit. Rosa e Bryant, 2002). A medição da intensidade do anestro baseada na resposta exibida face à introdução dos carneiros, confunde a verdadeira intensidade do anestro na fêmea, com a variação da intensidade do sinal procedente do macho, e resulta provavelmente numa subestimação da importância deste factor na variabilidade das respostas (Walkden-Brown et al., 1999). Outros factores relacionados com a ovelha, que podem afectar a sua resposta ao efeito macho são a idade, bem como o período decorrido após o último parto e após o desmame. 2.3.7. Efeitos da Nutrição A influência da nutrição na performance reprodutiva das ovelhas é reconhecida pelo menos desde a altura em que F.H.A. Marshall apresentou o seu trabalho na Royal Society em 1903, o qual foi posteriormente revisto por Gunn (1983). Embora as vias que estabelecem a ligação entre o balanço energético e a ovulação não sejam completamente conhecidas, é sabido que a ovulação é suprimida ou pelo menos deprimida durante períodos de balanço energético negativo (Bronson, 1988). Foi reportado que a pontuação da condição corporal está positivamente correlacionada com o aparecimento do pico de LH nas ovelhas, bem como com a sua frequência (Robinson, 23 1990; Yildiz et al., 2002a,b). A ligação entre a pontuação da condição corporal e o hipotálamo, onde a secreção de GnRH é iniciada, parece indicar a secreção de leptina pelo tecido adiposo como envolvida nesta via (Blache et al., 2000; Yildiz et al., 2001), uma vez que a leptina informa o hipotálamo da suficiência de reservas energéticas para o início da actividade reprodutiva (Blache et al., 2000). Contudo, parece existir também um efeito local, ao nível do ovário, do balanço energético. Um balanço energético positivo leva ao aumento das concentrações plasmáticas de leptina e de insulina, e ao aumento do uptake de glucose, verificando-se que estas alterações parecem afectar o ovário directamente, estando associadas ao aumento da foliculogénese e da taxa de ovulação nas ovelhas (Scaramuzzi et al., 2006). Num modelo apresentado por Scaramuzi et al. (2006) foi proposto que a principal acção da nutrição sobre o ovário resulta da inibição directa da secreção folicular de estradiol por pelo menos três sistemas metabólicos, que incluem os sistemas modulatórios da insulina-glucose, leptina e IGF-I. Pouca informação existe acerca da relação entre o estado nutricional da ovelha e a sua capacidade de responder ao efeito macho, sendo encontrados na bibliografia resultados controversos. Embora tenha sido referido que em ovelhas cíclicas, níveis baixos de ingestão de alimento e baixa condição corporal podem aumentar a sensibilidade do hipotálamo ao feedback negativo do estradiol (Rhind et al., 1991, cit. Rosa e Bryant, 2002), nenhum destes factores parece afectar a proporção de ovelhas que ovula na fase final do anestro (Montgomery et al., 1988; Forcada et al., 1992). Este facto sugere pouco ou nenhum impacto do nível nutricional das ovelhas na “intensidade do anestro” e consequentemente, na eficácia do efeito macho (Rosa e Bryant, 2002). Em oposição, uma redução na proporção de ovelhas que respondem à introdução dos machos e na proporção de ovulações múltiplas, quando as fêmeas se encontravam subnutridas, foi referida por Khaldi (1984, cit. Martin et al., 1986). Também estudos efectuados em Espanha por Folch et al. (1983; 1988) na raça Aragonesa, mostraram que, submetendo fêmeas em diferentes estados corporais ao efeito macho em Abril, a proporção de ovelhas cobertas, e sobretudo a fertilidade das ovelhas cíclicas, são muito superiores à das acíclicas. Nos rebanhos estabulados sujeitos a uma alimentação uniforme e equilibrada ao longo do ano, não se observou nenhum tipo de sincronização dos estros pelo efeito macho. Esta ausência de sincronização prende-se com o facto de estas ovelhas se encontrarem na sua maioria em ciclicidade na época desfavorável. Num outro trabalho realizado por Folch et al. (1987) observou-se que a 24 fertilidade consequente ao efeito macho é muito inferior nos animais subalimentados (31,6%) do que nos lotes médio (67%) e alto (77,5%). O “flushing” à base de 150 g de soja/ovelha/dia, fornecido às ovelhas do lote nutritivo baixo, duas semanas antes a cinco semanas depois da cobrição, permite obter uma fertilidade idêntica à dos animais dos lotes médio e alto. Nas explorações de tipo extensivo, com pastagem Outono/Invernal de baixo valor energético, o efeito macho provocou sincronização dos estros na maior percentagem de animais, 24 a 28 dias depois da introdução dos carneiros no rebanho, indicando que o efeito macho terá induzido um ciclo de curta duração e um ciclo normal, nas fêmeas que se encontravam em anestro. Estes resultados mostram existir interacção entre a condição corporal e a profundidade do anestro, a qual influencia a resposta ao efeito macho. 2.4. Efeito Macho Associado a Tratamentos Hormonais Tem havido várias abordagens no sentido de potenciar o efeito macho e os tratamentos de estimulação/sincronização hormonais sobre a resposta das ovelhas e a fertilidade subsequente. Estes estudos têm conduzido à racionalização da utilização de hormonas exógenas, sem diminuição da eficiência dos métodos de indução e sincronização do estro (Wildeus, 1999). Umberger et al. (1994) verificaram que a associação do efeito macho a tratamentos progestagénicos de sincronização em ovelhas anovulatórias, foi tão eficaz na indução das ovulações como os tratamentos associando gonadotrofinas. Vários trabalhos têm sido realizados, associando o EM e tratamentos de sincronização com progestagénios em diferentes momentos, sem que se tenha obtido um padrão de resultados. A exposição de ovelhas aos machos nos três últimos dias de tratamento de sincronização éstrica com progestagéneos conduziu a um rápido aumento da secreção de LH, um avanço do início e do fim do estro, do pico de LH e da ovulação, reduzindo ainda a duração do estro (Evans et al., 2004; Hawken et al., 2005). Verificou-se igualmente uma redução do número de fêmeas que pariram e, nos animais aos quais foram administradas 500 UI de eCG no momento da remoção das esponjas, houve uma redução da prolificidade. Num outro trabalho, em que a presença de carneiros após a remoção das esponjas foi contínua, Romano et al. (2001) verificaram uma redução do período até ao início do estro, e uma redução do intervalo entre a remoção da esponja e a ovulação, reduzindo-se ainda a variação entre as ovelhas, do período compreendido entre a remoção da esponja e a ovulação. Quando o efeito macho foi induzido posteriormente à utilização de tratamento com FGA, Rajamahendran et al. (1993) verificaram um aumento de fertilidade apenas na época 25 de reprodução (Julho) contígua à existência de fêmeas em anestro, querendo sugerir que o efeito macho em ovelhas cíclicas não exerce qualquer estímulo acrescido. Em oposição, trabalhos realizados em Portugal (Vasques et al., 2006a) em ovelhas cruzadas de Merino, durante o mês de Fevereiro, onde o macho foi introduzido 20 dias antes do início do tratamento progestagénico, e a percentagem de animais em anestro era de 80,4%, não melhoraram a taxa de parição obtida por IA consequente ás ovulações sincronizadas (56% vs 38%, P>0,05). A indução do efeito macho 24 horas após a inserção das esponjas aumentou o número de animais a ovularem no final do tratamento de sincronização (Cavaco Gonçalves et al., 2006). 26 III - TRABALHO EXPERIMENTAL 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Animais No trabalho experimental foram utilizadas 50 ovelhas, com idades entre os 2 e os 4 anos, da raça Merino da Beira Baixa, pertencentes à exploração da DRABI, de Ribeiro de Freixo – Idanha-a-Nova (Lat. 39,93º N, Long. – 7,245ºW). Todas as ovelhas tinham parido pela última vez há vários meses. Os desmames dos borregos foram efectuados pelo menos 1 mês antes do início do ensaio. Foram ainda utilizados 8 carneiros da raça Merino da Beira Baixa, com idades compreendidas entre os 2 e os 4 anos. Durante o período experimental, todas as ovelhas foram mantidas em regime de pastoreio extensivo, em pastagens espontâneas, não tendo recebido qualquer tipo de suplemento alimentar. Não foi possível determinar individualmente com exactidão a condição corporal e o peso dos animais, embora visualmente todos os animais se apresentassem com uma condição corporal média. Todas as fêmeas foram mantidas em completo isolamento de machos no mês que antecedeu o início do ensaio. 3.2. Delineamento Experimental As 50 ovelhas foram divididas, de forma aleatória, em dois grupos. Um grupo Testemunha (T, n=25), no qual as ovelhas foram mantidas em isolamento relativamente aos machos durante todo o ensaio, e um grupo Efeito Macho (EM, n=25), no qual as ovelhas foram expostas aos machos, 22 dias antes do início do tratamento de sincronização com progestagéneos. Este estudo decorreu entre os meses de Março e Outubro de 2002, tendo as actividades sido executadas de acordo com o seguinte calendário (Tabela 1): 27 Tabela 1. Calendarização das actividades desenvolvidas durante o ensaio DIA Actividade Grupo D0 Introdução dos machos EM D7 Remoção dos machos EM D22 Início da sincronização éstrica EM e T D33 Final da sincronização éstrica EM e T D35 IA EM e T D51 Reintrodução dos machos EM e T 3.3. Indução do Efeito Macho (EM) O efeito macho foi induzido nos animais do grupo EM, através do contacto visual, sonoro e olfactivo com um grupo de 8 carneiros da raça Merino da Beira Baixa, presentes num parque contíguo ao das ovelhas. O dia da introdução dos machos foi considerado o dia 0 (D0), tendo os machos sido retirados ao fim de 7 dias (D7). 3.4. Sincronização de Estros Todos os animais foram sujeitos a um tratamento de sincronização de estros. Para tal foram aplicados dispositivos intravaginais (Chrono-gest®, INTERVET), impregnados com 30 mg de FGA, que se mantiveram durante 11 dias (D22 – D33). No dia da remoção das esponjas (D33) foi ainda efectuada a administração de 500 UI de eCG (Intergonan®) a cada ovelha, por via intramuscular. Nesta fase foi retirada do estudo uma ovelha do grupo EM, em virtude desta apresentar uma infecção uterina evidente. 3.5. Inseminação Artificial (IA) e Cobrição Natural (CN) As ovelhas foram inseminadas com sémen refrigerado, recolhido em 3 carneiros da raça Merino da Beira Baixa, pertencentes à mesma exploração das ovelhas. Após análise do sémen, para avaliação da sua qualidade, determinação da concentração espermática, e diluição, este foi distribuído por palhetas de 0,25 mL, cada uma contendo um número médio de 300 milhões de espermatozóides. 28 A inseminação foi efectuada por via cervical, 50 a 60 horas (D35) após a remoção das esponjas, tendo-se feito a distribuição equitativa das doses de sémen provenientes de cada carneiro, pelas ovelhas dos grupos EM e T. Aos 16 dias após a inseminação (D51) foram introduzidos os carneiros junto dos dois grupos de ovelhas, equipados com um dispositivo para a detecção de montas, de forma a identificar as ovelhas que eventualmente se apresentassem em estro e permitir a cobrição natural daquelas que não tivessem ficado gestantes pela IA. Os carneiros mantiveram-se com as ovelhas durante 1 mês. Posteriormente foram registadas as datas dos partos de cada animal, de forma a permitir identificar os partos provenientes da IA ou da CN. 3.6. Recolha de Amostras de Sangue A actividade ovárica foi avaliada através da medição dos níveis de concentração de progesterona plasmática em amostras recolhidas aos animais de ambos os grupos, durante o período de indução do EM (D0 e D3), no período entre o EM e o início da sincronização de estros (D8, D11 e D15) e durante o tratamento de sincronização de estros (D22, D29 e D33). Foram também realizadas recolhas para doseamento da mesma hormona no dia da IA (D35) e oito dias depois (D43), para avaliar a resposta ovulatória ao tratamento de sincronização. Novas amostras foram colhidas no D49. As amostras para doseamento de progesterona (P4) foram colhidas da veia jugular com seringas Monovett® NH4 Heparine da Sarstedt e agulhas Terumo 19G 1,1', tendo o sangue sido refrigerado e centrifugado de seguida a 3000 rotações/minuto durante 20 minutos. Os plasmas obtidos, devidamente identificados, foram guardados em tubos tipo “eppendorf” e armazenados a -20º C até ao posterior doseamento. 3.7. Método de Doseamento de Progesterona As concentrações de progesterona plasmática foram determinadas por radioimunoensaio (RIA) em fase sólida a partir de 100 µl de cada amostra de plasma, correndo em duplicado, de acordo com o protocolo de 125I Progesterone Coat-a-Count kits, Diagnostic Products Corporation, Los Angeles, CA, USA e determinadas a partir da média dos valores de duas réplicas por amostra, usando uma curva padrão construída de valores previamente conhecidos (7 pontos variando entre 0,1 e 40 ng mL-1). 29 A contagem da fracção ligada foi efectuada durante um minuto por cada duplicado da amostra, em contador de cintilação Auto Gamma Cobra II ™, marca PACKARD®, Camberra Company, USA. O controlo de qualidade dos doseamentos foi efectuado com base nos coeficientes de variação intra-ensaio (média dos coeficientes de variação dos duplicados das amostras observados em 5 sessões) e inter-ensaio (média dos coeficientes de variação dos duplicados de uma amostra conhecida observados em 5 sessões) os quais foram respectivamente de 2,38 % e de 2,02 %. 3.8. Análise Estatística A análise estatística dos dados obtidos nos dois grupos, no que refere ao número de animais cíclicos e em anestro, animais que ovularam, número de fêmeas paridas, vazias, e paridas por IA ou CN, foi realizada por testes de χ2. As concentrações plasmáticas de P4 foram comparadas por análise de variância (ANOVA). Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa Statistica (StatSoft, Inc., 2000). 30 4. RESULTADOS Somente 32% dos animais em ambos os grupos se apresentava em anestro no início do ensaio (P>0,05, Tabela 2). Considerando todo o período entre o início do ensaio e a remoção das esponjas, de um total inicial de 8 animais em anestro em cada grupo, 3 e 7 animais dos grupos T e EM, respectivamente, recuperaram a ciclicidade ovárica (P<0,05). No início do ensaio foram considerados em anestro os animais com concentrações plasmáticas de progesterona (P4) em D0 e em D3 inferiores a 0,5 ng mL-1. Assim, no D0, foram identificados 17 animais cíclicos e 8 acíclicos, em cada grupo (Tabela 2). Uma vez que a inserção das esponjas só teve lugar 22 dias depois, avaliámos também a variação do número de fêmeas em anestro entre D0 e D22. Assim, conforme se pode ver na Tabela 2, não se observaram diferenças significativas (P>0,05) durante este período no número de animais cíclicos e em anestro dentro de cada grupo, nem entre grupos. Tabela 2. Número de ovelhas dos grupos T e EM em anestro e cíclicas em D0, D11 e D22. D0 Grupo D11 D22 T (n=25) Cíclicas (%) 17 (68%) Acíclicas (%) 8 (32%) Cíclicas (%) 18 (72%) Acíclicas (%) 7 (28%) Cíclicas (%) 19 (76%) Acíclicas (%) 6 (24%) EM (n=25) 17 (68%) 8 (32%) 19 (68%) 6 (32%) 20 (80%) 5 (20%) Significância ( χ2) T vs EM: P>0,05 T vs EM: P>0,05 T vs EM: P>0,05 D0 vs D11 vs D22: Grupo T: P> 0,05; Grupo EM P> 0,05 A existência de níveis baixos de P4 em D22 e altos em D29, sugere ter ocorrido uma ovulação pouco tempo antes do D22, dia da inserção das esponjas. Estas ovulações na proximidade do D22 ocorreram em 2 animais pertencentes ao grupo T e em 8 animais do grupo EM (Tabela 3). Dos dois animais do grupo T, um encontrava-se em anestro até então, enquanto o outro já estava cíclico (Tabela 4). Dos 8 animais do grupo EM nestas condições, 4 iniciaram a actividade ovárica neste momento (Tabela 4). Tabela 3. Ovelhas com níveis baixos de P4 no dia 22 e altos no dia 29 denunciando a ocorrência de uma ovulação anterior ao dia 22. Grupo T EM Com ovulação Sem ovulação antes de D22 antes de D22 2 8 23 16 31 Significância ( χ2) P<0,05 Comparando os animais de ambos os grupos sem actividade luteínica até D22 e que presumivelmente ovularam antes ou no momento da inserção das esponjas (D22), no grupo EM houve significativamente mais animais a recuperarem a ciclicidade do que no grupo T (Tabela 4). Tabela 4. Distribuição dos animais sem actividade luteínica até D22 e com níveis altos de P4 em D29, denunciando ovulação anterior ao dia 22. Grupo Com ovulação Sem ovulação antes de D22 antes de D22 1 4 5 1 T (n=6) EM (n=5) Significância (χ2) P<0,05 Em resposta ao tratamento de sincronização, o número de animais que ovulou após a remoção das esponjas, identificados como os animais com P4 <0,5 ng mL-1 no dia da IA (D35) e P4>0,5 ng mL-1 7 dias depois, não foi diferente entre os dois grupos (Tabela 5). Tabela 5. Resposta ovulatória ao tratamento de sincronização nos animais do grupo T e EM. Grupo N Animais que ovularam (%) T 25 25 (100%) EM 24* 21 (87,5%) Significância (χ2) P> 0,05 (*um animal foi excluído) Analisando as concentrações de P4 dos animais cíclicos de ambos os grupos, obtidas desde o início do ensaio (D0) até ao início da sincronização do estro (D22), e identificando valores da hormona característicos de estro e diestro, foi possível caracterizar o ciclo éstrico de alguns animais. Assim, na Figura 3 pode-se observar a cinética da progesterona plasmática desde o D0 do ciclo, ou seja, o dia em que foram identificados valores de P4 inferiores a 0,5 ng mL-1 até aos D11-14 do ciclo, altura em que foram identificados valores característicos de diestro. Comparando as concentrações de P4 de cada grupo, dia a dia, não foram encontradas diferenças significativas entre elas (ANOVA, P>0,05). 32 4,0 3,5 3,0 P4 (ngmL-1) 2,5 2,0 1,5 Média ± Erro Padrão 1,0 0,5 T EM 0,0 D0 D3-D5 D7-D8 D11-D14 Dia do ciclo Figura 3. Cinética plasmática da P4 nos animais dos grupos T e EM cíclicos em D0, em que foi possível identificar as diferentes fases do ciclo éstrico. Pela análise das concentrações plasmáticas de P4 no ciclo éstrico após o tratamento de sincronização, e considerando apenas os animais que ovularam já referidos anteriormente (T: n=25 e EM: n=21), foram observadas diferenças significativas 8 dias após a IA (D43), com os animais do grupo EM a apresentarem uma concentração significativamente superior da hormona, comparativamente à observada no grupo T (ANOVA, P<0,001; Figura 4). 9 8 7 T Média ± Erro Padrão EM * ** e *: p<0,05 P4 (ng / mL) 6 IA 5 FGA * 4 ** 3 EM (D0-D7) 2 1 0 ** D0 D3 D8 D11 D15 D22 D29 D33 D35 D43 Dias após Efeito Macho Figura 4. Cinética plasmática da P4 ao longo do período de ensaio nos animais que ovularam em resposta ao tratamento de sincronização (Grupos T e EM). 33 Considerando a totalidade dos animais (Tabela 6), das 25 ovelhas do grupo T, 22 animais pariram, 1 animal não pariu e 2 morreram já depois da IA. Das 24 ovelhas do grupo EM, 17 animais pariram, 4 não pariram e 3 morreram também posteriormente à IA. Obteve-se assim, uma taxa de fertilidade global (IA + CN) de 88 % no grupo T e de 71% no grupo EM (P> 0,05). Tabela 6. Fertilidade global (IA + CN), ovelhas, mortas e alfeiras dos grupos T e EM. Total de Grupo Animais Fertilidade Global (IA + CN) (%) Mortes Alfeiras (%) (%) T n=25 22 (88%) 2 (8%) 1 (4%) EM n=24 17 (71%) 3 (12%) 4 (17%) χ2: P>0,05 A concentração das parições em dois períodos distintos, 146-153 dias e 166-189 dias permitiu identificar os animais cuja gestação resultou da IA e aqueles que apenas ficaram gestantes pela posterior cobrição natural (CN; Figura 5). De salientar que dos 39 animais que pariram, não foi possível saber a duração da gestação de 2 animais. 20 60 18 Nº de ovelhas paridas 14 50 40 12 10 30 8 20 6 4 % do total de parições Nº de partos(L) % de partos(R) 16 10 2 0 146-150 156-165 171-175 181-185 151-155 166-170 176-180 186-190 0 Dias após a IA Figura 5. Distribuição das parições tendo como referência o dia da IA. Para o diagnóstico de não gestação deveria ter sido efectuada uma colheita de sangue 17 dias após a IA, contudo apenas foi possível ser realizada 14 dias depois (D49). Mesmo assim, foi possível identificar um animal no grupo EM e dois no grupo T cujas 34 concentrações de P4 inferiores a 0,5 ng mL-1 indicavam não terem ficado gestantes pela IA, apesar de terem ovulado. Contabilizando o total dos animais que pariram, independentemente da sua resposta ao tratamento de sincronização (excluindo 2 animais no grupo T e 3 no grupo EM que morreram, apesar de terem ovulado) não se encontraram diferenças significativas entre grupos, no que diz respeito ao número de partos por IA e por CN (P>0,05; Tabela 7). Tabela 7. Número de partos resultantes da IA e da CN, no total das ovelhas dos grupos T e EM (Independentemente da resposta à sincronização). Grupo Total de Partos Fert IA (%) Fert CN (%) T n=22 12 (54,5%) 10 (45,5%) EM n=17 13 (76,5%) 4 (23,5%) χ2: IA vs CN: P>0,05 Contabilizando apenas os animais que ovularam em resposta à sincronização, e retirando os animais que morreram, nem todos ficaram gestantes com a IA realizada no final do tratamento, conforme se pode verificar na Tabela 8. Obteve-se uma taxa de fertilidade global (IA + CN) de 96% no grupo T e de 83 % no grupo EM (P>0,05). A fertilidade consequente à IA foi de 52,2 % e 72,2%, no grupo T e EM, respectivamente, não sendo esta diferença significativa. A fertilidade consequente à cobrição natural foi significativamente superior nas ovelhas do grupo T (43,5% vs 11,1%). Tabela 8. Fertilidade dos animais que sincronizaram, dos Grupos T e EM. Grupo Animais Sincronizados T 23 EM 18 Fertilidade Global (%) 22 Fert IA (%) Fert CN (%) Vazias (%) 12 10 1 (96%) (52,2%) (43,5%) (4%) 15 13 2 3 (83%) (72,2%) (11,1%) (17%) P>0,05 P>0,05 P<0,05 P>0,05 Considerando apenas os partos obtidos nos animais nas condições acima referidas, o grupo EM apresentou uma fertilidade à IA significativamente superior em comparação com o grupo T (P<0,05; Tabela 9). Dos animais que foram postos à cobrição natural foi o grupo T aquele que obteve melhores resultados (P<0,05). 35 Tabela 9. Número de partos resultantes da IA e da CN, relativamente ao total de fêmeas paridas dos grupos T e EM. Grupo T EM Total Partos 22 15 Fert IA (%) 12 (54,5%) 13 (86,7%) Fert CN (%) 10 (45,5%) 2 (13,3%) P<0,05 Fert IA(%)/Fert CN(%) 1,2 6,69 P<0,01 A razão entre a percentagem de partos por IA e a de partos por CN foi significativamente superior (P<0,01) no grupo EM (6,69), comparativamente ao grupo T (1,2). 36 5. DISCUSSÃO Conforme referimos na revisão bibliográfica, a introdução de machos num efectivo de fêmeas em anestro, resulta num primeiro grupo de animais a ovularem e apresentarem estro cerca de 18 dias depois, seguindo-se um outro grupo aos 24 dias (Gelez e Fabre-Nys, 2004). Neste nosso trabalho, a indução do efeito macho 22 dias antes do início do tratamento de sincronização, teria como objectivo “aproveitar” a dinâmica endócrina e folicular induzida pela introdução dos machos junto de ovelhas em anestro, para melhorar a resposta ao tratamento de sincronização de estro. Contudo, ao contrário do que seria de esperar, apenas uma reduzida percentagem de animais se encontrava em anestro no início do nosso ensaio. De facto, 68% dos animais de ambos os grupos apresentavam actividade ovárica cíclica no início do ensaio. Este valor é bastante superior ao descrito por Robalo Silva e Calheiros (1980), os quais identificaram valores de 19,6% no mês de Março extrapolando da fertilidade obtida em sistema de cobrição livre, em animais da raça Merina. No estudo realizado por estes autores, é também referida a existência de uma variação anual bastante acentuada, principalmente nos meses de Primavera, sendo referido por Montgomery et al. (1988), e Scott e Johnstone (1994), uma grande variação entre anos no início da estação reprodutiva. Em rebanhos nos quais mais de 50% dos animais apresentam actividade cíclica é extremamente difícil verificar a resposta ao efeito macho (Chemineau et al., 2006). Contudo, o facto de se ter observado num universo inicial de 8 ovelhas em anestro em cada grupo, um número sigificativamente superior de animais do grupo EM a recuperarem a actividade cíclica até ao dia da remoção das esponjas (7 vs 3 animais, respectivamente no grupo EM e grupo T) (P<0,05), sugere que mesmo nestas condições, a exposição aos machos induziu alguma actividade ovárica. De facto, destes animais, em 1 do grupo T e em 4 do grupo EM, apenas se observou actividade luteínica após D22, reflectindo ovulações anteriores a esta data. Embora não possamos descartar completamente a possibilidade destes mesmos animais terem apresentado previamente um período de actividade luteínica de fase curta (Gelez e Fabre-Nys, 2004), que pelo intervalo de recolhas sanguíneas praticado, pode ter passado despercebido. O tratamento de sincronização iniciado 22 dias após o início do efeito macho, não apresentou diferenças entre os dois grupos em relação ao número de animais que ovularam, conforme confirmado pelos valores de progesterona no dia da inseminação e 8 dias depois. 37 Estes resultados, não vêm de encontro às nossas expectativas, sugerindo que o estímulo do macho não teve qualquer influência sobre o posterior tratamento de sincronização. A identificação dos animais cíclicos no início do ensaio, permitiu fazer a análise das várias fases do ciclo éstrico, entre o D0 e D22 do ensaio. A comparação dos níveis plasmáticos de progesterona nos animais dos dois grupos, nas diferentes fases do ciclo, não identificou quaisquer diferenças. Contudo, no 8º dia após a IA (D43), a concentração plasmática de progesterona foi significativamente superior no grupo EM. A maior concentração de progesterona no 8º dia após a IA, detectada neste trabalho, poderá ter resultado ou de um maior número de ovulações duplas, ou da formação de corpos lúteos mais competentes resultantes de um melhor desenvolvimento folicular na altura da ovulação. De acordo com vários autores, a produção de progesterona pelo CL, está intimamente relacionada com a extensão do desenvolvimento folicular que o antecede (Farin et al., 1986; O’Shea et al., 1986, 1989; Hunter, 1991; Niswender et al., 1994, 2000; Niswender, 2002, cit. Martinez-Garcia et al., 2007). Infelizmente, neste trabalho, não tivemos a possibilidade de obter os dados relativos à taxa de ovulação dos animais. Contudo, na bibliografia consultada não existem referências sobre qualquer acção do efeito macho sobre a taxa de ovulação. Por outro lado, sabe-se que a introdução de machos em efectivos de fêmeas cíclicas aumenta a frequência da secreção de LH, conforme relatado por Pearce e Oldham (1983), aumentando a sincronização dos estros (Ngere e Dzakuma, 1975, cit. Ungerfeld, 2004). Outros autores citados por Ungerfeld et al. (2004) referem mesmo que a estimulação de fêmeas cíclicas pelos machos, resulta num adiantamento do início do estro, da descarga de LH e das ovulações, bem como num aumento da taxa de gestação. Assim, no nosso trabalho o estímulo prévio do macho poderá ter actuado sobre o eixo hipotálamo-hipofisário levando a uma maior produção e frequência de descargas de GnRH/LH. A posterior introdução de progestagénios poderá ter bloqueado o referido eixo, permitindo um aumento das reservas de gonadotrofinas. Estas, ao serem libertadas aquando da remoção das esponjas, poderão ter permitido uma melhor luteinização após a ovulação. Um bloqueio semelhante foi observado noutro trabalho, no qual a exposição aos machos 24 horas após a introdução das esponjas não induziu a descarga de LH normalmente libertada em resposta à introdução dos machos, (Cavaco Gonçalves et al., 2006; Horta e Cavaco Gonçalves, 2006). Em relação ao total dos animais de cada grupo, não foram encontradas diferenças significativas na fertilidade global. Foram obtidos valores de fertilidade global (IA+CN) de 88% no grupo T e de 71% no grupo EM, o que não difere muito dos valores referidos por Várzea Rodrigues et al. (1989) com cobrição natural, que apontam para uma taxa de 38 fertilidade aparente de 80,4%, como sendo a taxa normalmente observada nas cobrições de Primavera (com início em meados de Abril), nas ovelhas desta raça. Contudo, comparando somente o número de animais que fizeram ovulações sincronizadas e que pariram, verificámos uma fertilidade à IA significativamente maior no grupo EM (86,7%), comparativamente à obtida pelo grupo T (54,5%). Num trabalho realizado na Estação Zootécnica Nacional (Vasques et al., 2006b), utilizando metodologia semelhante à nossa, mas em que a percentagem de animais em anestro era de 80,4%, não se verificou qualquer aumento no número de partos consequentes à IA, sugerindo a importância da existência de uma percentagem elevada de animais com actividade ovulatória, quando se utiliza o efeito macho previamente ao tratamento com progestagénios. Quando estamos em presença de anestros mais intensos, testemunhados por uma percentagem de ovelhas em anestro superior a 50% dos animais, à ciclicidade induzida pelo efeito macho não corresponde um aumento da fertilidade da ovulação induzida por tratamentos hormonais ulteriores. O estímulo do macho, provocando a libertação das fracas reservas de gonadotrofinas na hipófise nestas condições, parece piorar a recuperação destas fêmeas, traduzindo-se em ovulações menos competentes na sequência da sincronização hormonal realizada posteriormente. Por sua vez, num trabalho realizado por Cavaco Gonçalves et al., (2006), a utilização do efeito macho durante o período de inibição da libertação de gonadotrofinas hipofisárias pelo tratamento progestagénico, ao impedir o consumo inconsequente das reservas gonadotróficas, contribuiu para melhorar a eficiência da resposta ovulatória nas condições desfavoráveis referidas anteriormente. Nos efectivos com menor percentagem de fêmeas acíclicas, tal como no presente caso (<50%), existe um aumento significativo da fertilidade da ovulação induzida nas fêmeas submetidas ao efeito macho, o que poderá advir de corpos lúteos mais competentes, como o referido anteriormente. 39 6. CONCLUSÕES A elevada percentagem de ovelhas cíclicas observada no mês de Março, leva-nos a sugerir que as ovelhas desta raça terão um padrão de sazonalidade pouco marcado. A exposição das ovelhas do grupo EM aos machos induziu nestas uma activação do eixo hipotálamo-hipofisário, o que se traduziu numa redução do número de ovelhas em anestro no período entre o EM e a remoção das esponjas, detectando-se num número significativamente maior de animais deste grupo com actividade luteínica após o D22, sugerindo a ocorrência de ovulação imediatamente anterior a este dia. Foram detectadas concentrações plasmáticas de P4 no 8º dia após a realização da IA, significativamente maiores nos animais do grupo EM, o que não se tinha verificado nos ciclos anteriores à sincronização. Quanto às concentrações mais elevadas de P4, observadas nos animais do grupo EM, dada a inexistência na bibliografia de referências a um aumento da taxa de ovulação induzida pelo EM, poderão resultar da formação de corpos lúteos mais competentes. Contudo, apesar da estimulação acima referida, não foram observadas diferenças significativas no número de animais que ovularam. No que diz respeito à fertilidade, o grupo EM revelou um melhor desempenho quando comparando somente os animais que ovularam em resposta ao tratamento de sincronização e que pariram. Nesse caso, a fertilidade à IA foi significativamente superior neste grupo. Este aumento significativo da fertilidade da ovulação induzida nas fêmeas submetidas ao efeito macho parece estar relacionado com corpos lúteos mais competentes após a ovulação, como referido anteriormente. Apesar do efeito macho ser apontado como uma técnica pouco dispendiosa, acessível e relativamente eficaz, parece-nos que para a obtenção de benefícios máximos será ainda necessário proceder a alguma investigação nesta área, particularmente ao nível dos efeitos da introdução dos machos em diferentes períodos, relativamente ao tratamento de sincronização. 40 7. BIBLIOGRAFIA Abecia, J.A., Forcada, F. e Zúñiga, O., 2002. The effect of melatonin on secretion of progesterone in sheep and on development of ovine embryos in vitro. Vet. Res. Commun., 26: 151–158. Abecia, J.A., Palacín, I., Forcada, F. e Valares, J., 2006. The effect of melatonin treatment on the ovarian response of ewes to the ram effect. Dom. Anim. Endocrinol., 31(1): 52-62. Anderson, G.M., Connors, J.M., Hardy, S.L., Valent, M.E. e Goodman, R.L., 2002. Thyroid hormones mediate steroid-independent seasonal changes in luteinizing hormone pulsatility in the ewe. Biology of Reproduction, 66:701-706. 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