influência do efeito macho no tratamento de sincronização de estros

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influência do efeito macho no tratamento de sincronização de estros
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
FACULDADE DE
INSTITUTO SUPERIOR DE
MEDICINA VETERINÁRIA
AGRONOMIA
INFLUÊNCIA DO EFEITO MACHO NO TRATAMENTO
DE SINCRONIZAÇÃO DE ESTROS EM OVELHAS
Carla Sofia Arede dos Santos
JÚRI
ORIENTADOR
Doutor José Robalo Silva
Doutor António Eduardo Monteiro Horta
Doutor António Eduardo Monteiro Horta
Doutor José Luís Tirapicos Nunes
Doutor Rui Manuel de Vasconcelos e Horta
Caldeira
Doutor Fernando Baltazar dos Santos Ortega
2007
LISBOA
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
FACULDADE DE MEDICINA
INSTITUTO SUPERIOR DE
VETERINÁRIA
AGRONOMIA
INFLUÊNCIA DO EFEITO MACHO NO TRATAMENTO DE
SINCRONIZAÇÃO DE ESTROS EM OVELHAS
Dissertação de Mestrado em Produção Animal
Carla Sofia Arede dos Santos
JÚRI
ORIENTADOR
Doutor José Robalo Silva
Doutor António Eduardo Monteiro Horta
Doutor António Eduardo Monteiro Horta
Doutor José Luís Tirapicos Nunes
Doutor Rui Manuel de Vasconcelos e Horta
Caldeira
Doutor Fernando Baltazar dos Santos Ortega
2007
LISBOA
ii
À Celmira
iii
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Doutor António Horta, meu orientador científico, por toda a paciência e capacidade de
me impulsionar para a frente.
À Doutora Sandra Cavaco Gonçalves, pelo precioso apoio prestado na revisão deste
trabalho, e pela amizade com que sempre me recebeu.
À Doutora Irene Vasques e à Drª Teresa Cunha pelo apoio prestado, pela realização das
determinações plasmáticas de progesterona.
À DRABI, na pessoa do Dr. Raul Ricardo, por ter autorizado a realização deste trabalho na
Herdade Ribeiro de Freixo.
À ESAV, por ter permitido a realização deste trabalho.
À Controlvet, por todo o apoio prestado.
Ao Eng. Luís Pires, pela amizade com que sempre me recebeu.
Ao Sr. Zé e D. Lurdes, pelo carinho com que me receberam na Herdade de Ribeiro de
Freixo.
Ao Pedro Caiado, meu companheiro de percurso, por nunca me deixar desistir.
À minha família, colegas e amigos, por sempre me terem instigado a avançar.
A todos os que sempre estiveram presentes quando eu mais precisava, o meu grande
Obrigada!
II
RESUMO
Os trabalhos descritos nesta tese tiveram como objectivo avaliar a influência do efeito
macho num rebanho de ovelhas, antes do início do tratamento hormonal de sincronização
de estros, sobre a actividade cíclica, a ovulação e a fertilidade das fêmeas.
Foram utilizadas 50 ovelhas da raça Merino da Beira Baixa distribuídas aleatoriamente
nos grupos: Testemunha (T, n=25) e Efeito Macho (EM, n=25). O ensaio iniciou-se (D0)
com a introdução de 8 carneiros durante 7 dias, num parque contíguo ao do grupo EM. A
sincronização de estros com esponjas impregnadas com FGA decorreu do D22 ao D33, nos
animais dos dois grupos, tendo sido administradas a cada animal no D33, 500 UI de eCG..
A IA realizou-se 50 a 60 horas após a remoção das esponjas (D35). No D51 foram
introduzidos carneiros com dispositivos para detecção de montas, nos dois grupos, para
permitir a cobrição natural (CN) dos animais que não tivessem ficado gestantes pela IA.
Foram colhidas amostras de sangue para determinação da progesterona plasmática, aos
animais de ambos os grupos, durante o período de indução do EM (D0 e D3), no período
entre o EM e o início da sincronização de estro (D8, D11 e D15), durante o tratamento de
sincronização de estro (D22, D29 e D33), no dia da IA (D35) e oito dias depois (D43).
Considerando todo o período entre o início do ensaio e a remoção das esponjas, de um
total inicial de 8 animais em anestro em cada grupo, 3 e 7 animais dos grupos T e EM,
respectivamente, recuperaram a ciclicidade ovárica (P<0,05). O número de animais que
ovulou no final da sincronização não foi diferente entre grupos. A concentração plasmática
de P4, 8 dias após a IA foi superior no grupo EM (P<0,05). A taxa de fertilidade global
(IA+CN) obtida não foi diferente entre os grupos, considerando a totalidade dos animais
(T: 88% vs EM: 71%), ou contabilizando apenas os animais que ovularam em resposta ao
tratamento de sincronização (T: 96% vs EM: 83 %). Considerando apenas os animais que
sincronizaram e que pariram, o grupo EM apresentou uma fertilidade à IA superior à do
grupo T (T: 54,5% vs EM: 86,7%) (P<0,05).
Concluindo, a exposição das ovelhas do grupo EM aos machos induziu uma activação
do eixo hipotálamo-hipofisário, traduzida num número significativamente maior de
animais a ovularem imediatamente antes da inserção das esponjas e em concentrações
plasmáticas de P4 significativamente maiores no D8 após a IA. A fertilidade à IA foi
significativamente superior no grupo EM, quando comparando apenas os animais que
tiveram ovulações sincronizadas e que pariram, o que poderá estar relacionado com corpos
lúteos mais competentes.
II
ABSTRACT
The main purpose of this work was to study the effect of the previous introduction of
rams near a ewes´s flock, before a hormonal progestagen synchronization treatment, on the
ovarian activity, ovulation and fertility of the ewes.
50 ewes from Merino da Beira Baixa breed, were distributed at random in one control
group (T, n=25) and one ram effect group (EM, n=25). The experiment began with the
introduction of 8 rams (D0), during 7 days, in a contiguous park, near the EM group. From
D22 to D33 all ewes were submitted to an estrous synchronization treatment with vaginal
sponges containing FGA. On D33 the sponges were removed, and all ewes were
administered 500 IU eCG. All ewes were artificially inseminated, 50 to 60 hours after
sponge removal (D35). On D51, rams were introduced with mount detection devices, this
time in the same park of the ewes from both groups, to allow natural breeding of the ewes
that didn’t become pregnant after AI.
For determination of plasma progesterone levels, blood samples were collected from
ewes of both groups, during the ram effect period (D0 and D3), the period between EM
and the beginning of estrus synchronization treatment (D8, D11 and D15), during estrus
synchronization treatment period (D22, D29 and D33), on AI (D35) and 8 days later (D43).
Considering the period between the beginning of the study and the day of sponge
removal, from the 8 animals of each group initially in anestrus, 3 and 7 animals from
groups T and EM, respectively, recovered cyclic activity (P<0.05). The number of animals
presenting ovulations after synchronization treatment was no different between groups. In
the animals that ovulated after the synchronization treatment, plasmatic P4 levels were
higher in EM group at day 8 after AI (P<0.05). The global fertility rate was not different
between the two groups, either considering the total number of animals (T: 88% vs EM:
71%), or only the animals that ovulated after the synchronization treatment (T: 96% vs
EM: 83%). Considering only the animals that were synchronized and gave birth, fertility
from AI was higher in EM group (T: 54.5% vs EM: 86.7%; P<0.05).
In conclusion, exposure of ewes to rams induced an activation of the hypothalamuspituitary axis, a higher number of animals ovulated immediately before sponge insertion, and
higher P4 plasma levels were detected on day 8 after AI. Comparing animals that showed
synchronized ovulations and gave birth, fertility from AI was significantly higher in the
EM group, wich might be related with more competent corpora lutea.
III
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS………………………................................................................... II
RESUMO………………………………….. ........................................................................
ABSTRACT………………………………… ......................................................................
ÍNDICE GERAL…………………………… ...................................................................III
ÍNDICE DE FIGURAS…………………… ......................................................................V
ÍNDICE DE TABELAS………………….. ..................................................................... VI
I- INTRODUÇÃO…………………………….. ...............................................................1
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………................................................................3
1. SAZONALIDADE REPRODUTIVA ..........................................................................3
1.1. Actividade Ovárica e Endócrina Durante o Anestro Sazonal.....................................4
1.2. Mecanismo Fisiológico da Sazonalidade....................................................................7
2. MANIPULAÇÃO DO CICLO ÉSTRICO DURANTE O ANESTRO...................10
2.1. Esponjas Intravaginais ..............................................................................................10
2.2. Melatonina ................................................................................................................13
2.3. Efeito Macho.............................................................................................................14
2.3.1. Resposta Fisiológica…………………………………………………………... .... 15
2.3.2. Natureza do Estímulo: O Papel das Feromonas...................................................... 18
2.3.3. Características dos Carneiros.................................................................................. 20
2.3.4. Período da presença dos carneiros .......................................................................... 21
2.3.5. Presença de ovelhas em estro.................................................................................. 21
2.3.6. Intensidade do Anestro ........................................................................................... 22
2.3.7. Efeitos da Nutrição ................................................................................................. 23
2.4. Efeito Macho Associado a Tratamentos Hormonais ................................................25
III - TRABALHO EXPERIMENTAL ..........................................................................27
3. MATERIAL E MÉTODOS………...……………………………………………….27
III
3.1. Animais.....................................................................................................................27
3.2. Delineamento Experimental .....................................................................................27
3.3. Indução do Efeito Macho (EM) ................................................................................28
3.4. Sincronização de Estros ............................................................................................28
3.5. Inseminação Artificial (IA) e Cobrição Natural (CN) ..............................................28
3.6. Recolha de Amostras de Sangue...............................................................................29
3.7. Método de Doseamento de Progesterona..................................................................29
3.8. Análise Estatística.....................................................................................................30
4. RESULTADOS……………………………................................................................31
5. DISCUSSÃO……………………………… ................................................................37
6. CONCLUSÕES…………………………… ...............................................................40
7. BIBLIOGRAFIA……………………………. ............................................................41
IV
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Apresentação esquemática do número de folículos distribuídos por classe de
tamanho, crescimento dos folículos maior e segundo maior (linha a tracejado),
concentrações de FSH e Estradiol em ovelhas durante o anestro. Quando os
dados foram alinhados para os dias de emergência dos folículos maiores,
observaram-se flutuações (P<0,05) no número de folículos com 4 a 5mm e
concentrações de FSH, mas não no número de folículos de outras classes de
tamanho ou concentrações de estradiol. As linhas verticais indicam os dias de
emergência da onda folicular (Adaptado de Evans et al., 2004)...........................6
Figura 2. Representação esquemática da resposta de ovelhas em anestro ao efeito macho
(ovulação e estro) (Adaptado de Gelez e Fabre-Nys, 2004). ..............................16
Figura 3. Cinética plasmática da P4 nos animais dos grupos T e EM cíclicos em D0, em
que foi possível identificar as diferentes fases do ciclo éstrico...........................33
Figura 4. Cinética plasmática da P4 ao longo do período de ensaio nos animais que
ovularam em resposta ao tratamento de sincronização (Grupos T e EM)...........33
Figura 5. Distribuição das parições tendo como referência o dia da IA.............................34
V
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Calendarização das actividades desenvolvidas durante o ensaio........................28
Tabela 2. Número de ovelhas dos grupos T e EM em anestro e cíclicas em D0, D11 e D22.
.............................................................................................................................31
Tabela 3. Ovelhas com níveis baixos de P4 no dia 22 e altos no dia 29 denunciando a
ocorrência de uma ovulação anterior ao dia 22...................................................31
Tabela 4. Distribuição dos animais sem actividade luteínica até D22 e com níveis altos de
P4 em D29, denunciando ovulação anterior ao D22.. .........................................32
Tabela 5. Resposta ovulatória ao tratamento de sincronização nos animais do grupo T e
EM. ......................................................................................................................32
Tabela 6. Fertilidade global (IA + CN), ovelhas, mortas e alfeiras dos grupos T e EM. ...34
Tabela 7. Número de partos resultantes da IA e da CN, no total das ovelhas dos grupos T e
EM (Independentemente da resposta à sincronização).........................................35
Tabela 8. Fertilidade dos animais que sincronizaram, dos Grupos T e EM. ......................35
Tabela 9. Número de partos resultantes da IA e da CN, relativamente ao total de fêmeas
paridas dos grupos T e EM. ..................................................................................36
VI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CL - Corpo Lúteo
CN – Cobrição Natural
DRABI – Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior
E2 - Estradiol
eCG - Equine Chorionic Gonadotrophin
EM - Efeito Macho
EZN - Estação Zootécnica Nacional
FGA - Fluorgestone Acetate
FSH - Follicle Stimulating Hormone
GABA – Gamma-Aminobutyric Acid
GnRH - Gonadotrophin Releasing Hormone
IA - Inseminação Artificial
IGF-I – Insulin Growing Factor I
LH - Luteinizing Hormone
OVN – Órgão Vómero Nasal
P4 - Progesterona
PGF2α - Prostaglandina F2α
RIA – Radioimmunoassay
T - Testemunha
UI - Unidades Internacionais
∆4 - Androstenediona
VII
I - INTRODUÇÃO
Nos países europeus mediterrânicos, a produção ovina e caprina desempenha um
importante papel em termos económicos, ambientais e sociológicos (Rancourt et al., 2006).
A performance reprodutiva dos ovinos, é um dos principais factores responsáveis pelos
lucros obtidos com a produção, quer de leite, quer de carne. A capacidade para sincronizar
as cobrições e os partos, e a obtenção de elevados valores de fertilidade ao primeiro serviço
trazem enormes benefícios para os produtores pecuários (Gonzalez-Bulnes et al., 2005). O
facto de o valor económico de produtos como a carne de borrego ou o leite, poderem sofrer
importantes flutuações de acordo com a época do ano, e da capacidade de oferta destes
mesmos produtos poder ser condicionada pela existência de um período de anestro sazonal
nas ovelhas, tem levado a que se tentem encontrar soluções para encurtar, ou mesmo
eliminar este período de inactividade reprodutiva.
Actualmente vive-se num tempo em que os consumidores exigem cada vez mais os
chamados produtos “clean, green and ethical”, o que, em termos de produção ovina está
associado à adopção de práticas que minimizem ou que evitem completamente a utilização
de tratamentos químicos e hormonais, e que simultaneamente não comprometam o bem
estar animal, baseando-se estas práticas num melhor conhecimento tanto da fisiologia como
do comportamento animal (Martin et al., 2004). Esta exigência está geralmente associada a
pressões de mercado, em que os produtos obtidos de forma “biológica” são normalmente os
mais valorizados. O conhecimento das respostas reprodutivas a factores externos como o
fotoperíodo, a nutrição e factores sócio-sexuais, constitui um passo óbvio em direcção à
utilização da “bioestimulação” em detrimento da utilização de hormonas exógenas, para
proceder ao controlo e ao melhoramento da produtividade em produção ovina (Martin,
1995; Rekwot et al., 2001, cit. Martin et al., 2004).
O chamado efeito macho é uma técnica natural que tem sido utilizada, muitas vezes de
forma empírica, com vista a induzir e sincronizar o estro em ovelhas em anestro sazonal,
permitindo o retorno da ciclicidade, podendo ainda ser utilizado para avançar a puberdade e
para acelerar o retorno à ciclicidade após o parto. Nos últimos anos têm sido realizados
diversos trabalhos que visam estudar o efeito da utilização conjunta do efeito macho e
tratamentos de sincronização, focando-se essencialmente na introdução dos carneiros junto
das ovelhas, nos últimos dias do tratamento, ou imediatamente a seguir à remoção das
esponjas.
O principal objectivo deste trabalho foi verificar o efeito da introdução dos carneiros
junto de um rebanho, antes do início do tratamento hormonal de sincronização de estros,
1
sobre a actividade cíclica das fêmeas, ovulação e fertilidade. Tentou-se demonstrar se a
utilização de um método de bioestimulação, associado ao método hormonal de
sincronização de estros poderia melhorar a eficácia e os resultados da inseminação
artificial. Resultados parciais desta tese foram anteriormente apresentados no 15th
International Congress on Animal Reproduction (Horta et al., 2004).
2
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1. SAZONALIDADE REPRODUTIVA
A maioria das espécies selvagens desenvolveu a reprodução sazonal com vista a
concentrar os partos na época do ano mais favorável, usualmente a Primavera, permitindo
aos recém nascidos desenvolverem-se em condições favoráveis de temperatura e
disponibilidade alimentar, antes do Inverno seguinte.
Nos pequenos ruminantes domésticos, embora a domesticação possa ter atenuado ou
suprimido algumas das várias expressões fisiológicas da sazonalidade, houve a manutenção
da maioria delas (Thiéry et al., 2002). Os ovinos são “reprodutores de dias curtos”, ou seja,
tornam-se sexualmente activos em resposta à diminuição da duração dos dias (final do
Verão, início do Inverno), sendo a sazonalidade reprodutiva uma característica importante
na limitação da produtividade dos pequenos ruminantes (Zarazaga et al., 2003).
Na ovelha, a sazonalidade caracteriza-se por alterações ao nível comportamental,
endócrino e ovulatório, de forma absoluta, levando ao aparecimento de uma alternância
anual entre dois períodos distintos: uma estação reprodutiva caracterizada pela sucessão a
intervalos regulares (média de 17 dias) de comportamento de estro e ovulação, caso não se
desenvolva uma gestação, e um período de anestro, caracterizado pela ausência de
actividade sexual (Rosa e Bryant, 2003).
Os carneiros sofrem flutuações sazonais da actividade endócrina, comportamento
sexual e gametogénese, bem como da massa e volume testicular (Schanbacher e Lunstra,
1976; Ortavant et al., 1985, cit. Rosa et al., 2000a). Regra geral, todos estes parâmetros
estão elevados no final do Verão e baixos no final do Inverno e na Primavera (Lincoln e
Short, 1980, cit. Rosa et al., 2000a). Durante a Primavera, a produção de espermatozóides
não é completamente suprimida, mas é quatro vezes inferior à produção durante o Outono
(Dacheux et al., 1981, cit. Thiéry et al., 2002). A reactivação do eixo reprodutivo é mais
precoce nos carneiros do que nas ovelhas (Thiéry et al., 2002), verificando-se que a
sensibilidade dos carneiros ao fotoperíodo é diferente da das ovelhas, sendo a actividade
sexual estimulada 1,0-1,5 meses mais cedo nos carneiros (Rosa et al., 2000b).
Em Portugal, vários estudos confirmaram a existência de períodos de inactividade
reprodutiva sazonal em diferentes raças de pequenos ruminantes (Robalo Silva e Calheiros,
1980; Leitão et al., 1987; Horta et al., 1987; Baptista e Mascarenhas, 1987; Barbas et al.,
1987; Mascarenhas et al., 1995; Valentim, 2004). Os resultados obtidos por Silva e
3
Calheiros (1980, cit. Bettencourt, 1999), indicam que a actividade reprodutiva em ovinos
da raça Merina Branca atinge valores máximos entre Junho e Outubro, começa a decrescer
em Novembro e atinge valores mínimos em Fevereiro. Rodrigues et al. (1989, cit.
Bettencourt, 1999) obtiveram valores de fertilidade elevados nos meses de Primavera, em
ovelhas Merino da Beira Baixa.
1.1. Actividade ovárica e endócrina durante o anestro sazonal
Vários estudos demonstraram que os ovários das ovelhas em anestro não se mantêm
inactivos. Durante o anestro, o número de folículos ováricos antrais, bem como o tamanho
máximo atingido, são similares aos observados durante a estação reprodutiva (Ravindra e
Rawlings, 1997), embora não haja ocorrência de ovulações. A alteração do status
reprodutivo durante o anestro é controlada por modificações da actividade do eixo
hipotálamo-hipófise-gónadas, através da variação da secreção pulsátil de LH, cuja redução
na frequência de pulsos é responsável pela ausência de ovulações durante o período de
anestro (Gallegos-Sanchez et al., 1998; Karsch et al., 1980).
Durante o período de anestro das ovelhas, tanto o crescimento folicular (Souza et al.,
1996; Ravindra e Rawlings, 1997; Bartlewski et al., 1998; Evans et al., 2001), como a
secreção esteróide ovárica, ocorrem segundo um padrão ondular (Souza et al., 1996).
Estudos efectuados em animais abatidos, realizados por Brand e de Jong (1973),
demonstraram que o diâmetro folicular máximo e o número médio de folículos ováricos
grandes (≥ 5 mm), não diferiram entre os ovários dos animais que se encontravam em
anestro, e ovários de animais abatidos a partir do dia 5 do ciclo éstrico. Noutros estudos, foi
reportada uma tendência para os ovários das ovelhas em anestro apresentarem um número
significativamente maior de folículos ováricos pequenos (1-3 mm), quando feita a
comparação com ovários de ovelhas cíclicas (Hutchinson e Robertson, 1966; Ravindra,
1993). À medida que as ovelhas se aproximam da época reprodutiva, o número de folículos
ováricos pequenos diminui novamente (Ravindra e Rawlings, 1997). Estes resultados
sugerem fortemente que o crescimento e atrésia dos folículos ováricos maiores em ovelhas
em anestro exibem um padrão ondular (Souza et al., 1996). Os folículos ováricos presentes
em ovários de ovelhas em anestro podem crescer até um tamanho quase ovulatório,
sugerindo a existência de um padrão de ritmicidade do turn-over folicular antral em
ovelhas em anestro (Bartlewski et al., 1998).
A incidência de um crescimento mais rápido dos folículos até diâmetros superiores a
5mm, na fase final do anestro pode ser resultante de alterações no grau de resposta ao
4
estímulo gonadotrófico, especialmente da LH, sabendo-se que esta resposta é diminuída em
ovelhas em anestro (Legan et al., 1985).
Durante o anestro, as ovelhas produzem hormonas gonadotróficas e esteróides ováricos,
se bem que apresentando um padrão distinto de secreção.
A frequência dos pulsos de LH não difere significativamente entre os diferentes
estadios de anestro (McNatty et al., 1984), verificando-se contudo uma diminuição da
frequência da secreção pulsátil de LH, que por sua vez resulta de um aumento da
sensibilidade do eixo hipotálamo-hipófise à acção de feedback negativo do Estradiol (E2)
(Karsch et al., 1980).
A secreção de FSH é menos afectada pelas alterações anuais do fotoperíodo do que a
libertação de LH (Karsch et al., 1980). O padrão de secreção de FSH em ovelhas em
anestro é não pulsátil, havendo evidências de aumentos episódicos das concentrações
circulantes de FSH, que ocorrem a intervalos de 4 a 5 dias, ao longo de todo o ano (Bister e
Paquay, 1983). Num estudo realizado por Bartlewski et al. (1998), foi demonstrado haver
uma relação entre os aumentos transitórios da concentração plasmática diária de FSH, e a
fase inicial das ondas de desenvolvimento folicular que ocorrem ao longo de todo o período
de anestro nas ovelhas, podendo os resultados sugerir que aumentos rítmicos das
concentrações séricas de FSH podem induzir a emergência de ondas foliculares em ovelhas
em anestro (folículos antrais que crescem de 3 até mais de 5mm de diâmetro antes de
regredirem). Estas flutuações das concentrações séricas de FSH estão associadas à
emergência de folículos antrais de tamanho ovulatório, tanto durante (Ginther et al., 1995;
Bartlewski et al., 1999), como fora da estação reprodutiva (Bartlewski et al., 1998).
Como o output de LH é reduzido durante todo o período de anestro, é provável que
nesta fase, a FSH por si só tenha o potencial de estimular o desenvolvimento folicular
antral até um tamanho peri-ovulatório. Esta observação está de acordo com sugestões
anteriores que referiam a importância da LH, predominantemente na fase terminal do
crescimento folicular antral e maturação, levando à ovulação (Uilenbroek e Richards,
1979).
Durante o anestro, a produção de progesterona é suprimida, embora desvios esporádicos
das concentrações séricas de progesterona desde os níveis basais ou não detectáveis, sejam
observados nalguns animais neste período (Thorburn et al., 1969; Yuthasastrakosol et al.,
1975; I´Anson, 1983; Ravindra, 1993; Bartlewski et al., 1998). Num estudo realizado por
Bartlewski et al. (2000), foi detectada uma relação temporal entre os aumentos rítmicos das
concentrações de progesterona sérica e o final da fase de crescimento dos folículos maiores
de uma onda folicular, tendo sido lançada a hipótese de a luteinização parcial dos folículos
5
antrais grandes poder ser a fonte de secreção de progesterona nas ovelhas em anestro,
continuando pouco claro o significado dos picos de progesterona no final das fases de
crescimento folicular nas ovelhas em anestro.
Embora os folículos cresçam até tamanhos próximos dos ovulatórios, as concentrações
séricas de estradiol mantêm-se relativamente baixas durante todo o período não ovulatório
sazonal das ovelhas (Yuthasastrakosol et al., 1975). No entanto, num estudo realizado por
Souza et al. (1996), quando se aplicou GnRH de forma pulsátil a ovelhas em anestro, a
produção de estrogéneos pareceu aumentar com o desenvolvimento de grandes folículos
antrais no ovário.
Analisando as produções foliculares de Progesterona (P4), Androstenediona (∆4) e
Estradiol (E2) durante a fase de anestro, Bister et al. (1999) verificaram que, em
comparação com os níveis obtidos durante a fase folicular em ovelhas que se encontravam
a meio da estação reprodutiva, os valores de P4 e ∆4 são superiores na fase de anestro, mas
as produções de E2 são inferiores, embora se tenha provado que após estimulação com
FSH/LH, os folículos das ovelhas em anestro retêm a capacidade de aromatização.
Figura 1. Apresentação esquemática do número de folículos distribuídos por classe de tamanho, crescimento
dos folículos maior e segundo maior (linha a tracejado), concentrações de FSH e Estradiol em ovelhas
durante o anestro. Quando os dados foram alinhados para os dias de emergência dos folículos maiores,
observaram-se flutuações (P<0,05) no número de folículos com 4 a 5mm e concentrações de FSH, mas não
no número de folículos de outras classes de tamanho ou concentrações de estradiol. As linhas verticais
indicam os dias de emergência da onda folicular (Adaptado de Evans et al., 2004).
6
1.2. Mecanismo fisiológico da sazonalidade
Está bem estabelecido que a reprodução sazonal nas ovelhas é essencialmente regulada
pelo fotoperíodo, apesar de outros factores ambientais, como a temperatura, a nutrição e as
relações sociais, também modularem o seu efeito (Rosa e Bryant, 2003). Enquanto que nas
regiões temperadas o fotoperíodo é o factor decisivo, e os outros factores ambientais
apenas podem influenciar o estabelecimento e a duração do período de anestro, nas zonas
tropicais, o nível nutricional é provavelmente responsável por alguma aciclia sazonal (Rosa
e Bryant, 2003).
O início do anestro sazonal resulta da interrupção da sequência de eventos préovulatórios que culminam na ovulação, resultante de uma mudança sazonal na capacidade
do estradiol para inibir a secreção de LH. Assim, durante a estação reprodutiva, cada subida
pré-ovulatória dos níveis de estradiol é acompanhada de uma subida dos níveis plasmáticos
de LH, enquanto que durante o anestro, uma subida dos níveis de estradiol é acompanhada
por uma quebra pronunciada dos níveis de LH (Legan e Karsch, 1979). Barrell et al. (1992)
descobriram que em contraste com as observações efectuadas durante a estação
reprodutiva, um aumento da frequência dos pulsos de GnRH e LH não se observa durante o
anestro, o que leva à conclusão de que, na ovelha, a passagem da estação reprodutiva para o
anestro está associada a uma alteração marcada do sistema neurosecretor de GnRH (Rosa e
Bryant, 2003). O mecanismo neuroendócrino primário subjacente ao anestro sazonal
envolve um aumento marcado da sensibilidade do sistema gerador de pulsos de GnRH do
hipotálamo ao feedback negativo exercido pelo estradiol (Legan et al., 1977; Webster e
Haresign, 1983; Karsch et al., 1993; Robinson et al., 1985, cit. Anderson et al., 2002).
Assim, a reprodução sazonal nas ovelhas é gerada por um ritmo circanual endógeno da
actividade neuroendócrina reprodutiva, sendo o papel do fotoperíodo sincronizar, mas não
criar este ritmo (Karsch et al., 1989; Malpaux et al., 1989; Woodfill et al., 1994; Barrell et
al., 2000, cit. Rosa e Bryant, 2003). De facto, o fotoperíodo tem também um efeito directo
no sistema gerador de pulsos de LH, independentemente da acção dos esteróides,
observando-se um aumento da frequência dos pulsos de LH associado à redução da duração
do dia, e uma redução, quando a duração do dia aumenta. Na ausência de estradiol,
Robinson et al. (1985, cit. Anderson et al., 2002) observaram que uma diminuição sazonal
na frequência dos pulsos de LH, e um aumento na amplitude dos pulsos ocorre
gradualmente a partir do fim do Inverno, aproximadamente coincidente com o aumento do
fotoperíodo.
Karsch et al. enunciaram em 1984, um modelo de controlo fotoperiódico da ciclicidade
ovárica, em que estavam incorporados os dois factores acima descritos. Em resumo, o
7
modelo proposto sugere que sob a influência indutiva dos dias curtos da estação
reprodutiva, se observa uma elevada condução para o sistema gerador de pulsos de LH,
permitindo uma elevada frequência de descargas de GnRH pelo hipotálamo; em
simultâneo, o feedback negativo do estradiol não é suficientemente forte para impedir a
libertação de LH, a qual aumenta até que seja desencadeada toda a sequência de eventos
pré-ovulatórios que culminam na ovulação. Sob a influência negativa dos dias longos
verifica-se uma baixa condutividade para o sistema gerador de pulsos de LH, o qual
também aumenta a
sua sensibilidade ao
feedback
negativo
dos estrogénios.
Consequentemente, a reduzida pulsatilidade de LH não fornece estímulo suficiente para
suportar um aumento de estradiol, capaz de desencadear a sequência de eventos préovulatórios.
A resposta reprodutiva ao fotoperíodo é mediada pela glândula pineal, através de
alterações na secreção diária do seu principal produto de secreção, a melatonina (Lincoln,
1979; Arendt et al., 1981; Bittman et al., 1983; Foster et al., 1989; Barrell et al., 2000;
Kennaway et al., 1983, cit. Zarazaga et al., 2003). A secreção de melatonina segue um
ritmo circadiano, com a sua secreção a ocorrer durante o período de ausência de
luminosidade. Esta hormona é assim a responsável pela transdução da informação da
duração do período diário de luz até ao eixo reprodutivo, alterando a sensibilidade do
gerador de pulsos de GnRH, com consequente modificação da secreção pulsátil de LH
(Rosa e Bryant, 2003).
Na ovelha está bem estabelecido que as concentrações nocturnas de melatonina são
altamente variáveis entre indivíduos (Malpaux et al., 1988; Arendt, 1995; Malpaux et al.,
1987, cit. Zarazaga, 2003) e altamente repetíveis no mesmo indivíduo (Chemineau et al.,
1999, cit. Zarazaga, 2003), devendo-se uma grande parte da variabilidade entre indivíduos
a um controlo genético (Zarazaga et al., 1998a,b).
Na ovelha, para além da melatonina, também as hormonas da tiróide são parte
interveniente no processo de inibição sazonal da secreção pulsátil de GnRH, que causa a
transição da estação reprodutiva para o anestro (Zucker et al., 1991, cit. Thrun et al., 1997).
O declínio da frequência dos pulsos de LH independente dos esteróides que ocorre à
medida que os dias aumentam é dependente da presença de hormonas da tiróide, e a
tiroidectomia efectuada, aquando da altura de maior frequência, impede este declínio. Esta
dependência das hormonas da tiróide é similar à supressão da frequência de pulsos de LH
devido ao aumento da resposta ao feedback negativo exercido pelo estradiol (Anderson et
al., 2002).
8
Pensa-se ainda que neste processo de estabelecimento do anestro sazonal podem estar
envolvidas substâncias como a dopamina, a noradrenalina, a serotonina, aminoácidos
inibidores como o GABA, e aminoácidos excitadores como o ácido aspártico e ácido
glutâmico (Thiéri et al., 2002).
9
2. MANIPULAÇÃO DO CICLO ÉSTRICO DURANTE O ANESTRO
Conforme já referido anteriormente, as ovelhas da maioria das raças encontram-se em
anestro durante uma parte do ano, sendo a redução da duração do período de anestro e o
controlo do retorno à actividade reprodutiva, objectivos económicos importantes na
produção de ovinos (Rekwot, 2001).
A sincronização do estro é extensamente aplicada na gestão reprodutiva de ovinos, em
todo o mundo (Boscos et al., 2002). Baseia-se na manipulação das fases folicular e lútea do
ciclo éstrico. Nas ovelhas, a oportunidade de controlo é maior durante a fase lútea, pois esta
tem uma maior duração, sendo portanto de mais fácil manipulação. As estratégias
utilizadas podem envolver o prolongamento da fase lútea, através da administração
exógena de progesterona, ou o seu encurtamento, através da indução da regressão
prematura do CL. Para que as técnicas tenham sucesso, devem não só estabelecer uma
perfeita sincronização, mas também um nível aceitável de fertilidade após inseminação
artificial ou cobrição natural, o que é conseguido através da utilização concomitante de
gonadotrofinas.
Nos pequenos ruminantes, a sincronização de estros é afectada pelos padrões
reprodutivos sazonais na maioria das raças. Em fêmeas anovulatórias o estro pode não só
ter que ser sincronizado mas também induzido. Nestas condições, os sistemas que
requerem a regressão de um CL activo não são eficientes (Wildeus, 1999).
São várias as técnicas utilizadas para induzir o estro em ovelhas em anestro. De uma
forma breve, podemos classificá-las em técnicas farmacológicas, como sejam a utilização
de progestagéneos, associados ou não a gonadotrofinas, e à utilização de melatonina, ou
técnicas de maneio, como sejam a selecção dos animais de acordo com o reinício da
actividade reprodutiva, ou a introdução de machos para estimular esta actividade.
Numerosos estudos têm-se centrado no desenvolvimento de tratamentos hormonais que
melhorem o desenvolvimento folicular e induzam um estro fértil durante a fase de anestro
sazonal (Malpaux et al., 1989; Wayne et al., 1990; Robinson et al., 1992; Gordon, 1997;
Carlson, 2000; Knights et al., 2000; Stenbak et al., 2001; Knights et al., 2001, cit. Luther et
al., 2005).
2.1. Esponjas Intravaginais
As esponjas intravaginais, ou os implantes contendo norgestomet, têm sido o tratamento
tradicional de escolha para a sincronização de estro em pequenos ruminantes, quer durante
a estação reprodutiva quer durante a fase de anestro (Boscos et al., 2002). As esponjas
10
actualmente comercializadas são impregnadas com progestagéneos, eficazes a doses mais
baixas do que a progesterona natural, tais como acetato de fluorogestona (FGA,
Chronogest®, Intervet), ou o acetato de medroxiprogesterona (MPA, Veramix®, Upjohn).
Estas esponjas são normalmente inseridas por períodos de 9 a 19 dias e usadas em conjunto
com eCG, administrada na altura da remoção da esponja, ou 48 horas antes dessa remoção,
particularmente nos animais que se encontram fora da época reprodutiva.
Num estudo efectuado por Knights et al. (2001), em ovelhas anovulatórias, foi usado
um tratamento curto (5 dias) com progesterona, para estimular um estro fértil, tendo-se
obtido eficácia comparável à obtida com os tratamentos longos (12 dias), tendo a
prolificidade obtida sido comparável à observada durante a fase de actividade reprodutiva.
As esponjas intravaginais têm taxas elevadas de retenção (> 90%) e as fêmeas exibem o
estro num período de 24 a 48 horas após a remoção da esponja. A resposta sob a forma de
estro e fertilidade varia muito, dependendo da espécie, raça, outros tratamentos, maneio e
sistema de cobrição.
A eficácia dos tratamentos de progestagéneos para sincronizar os estros nas ovelhas foi
documentada (Gordon, 1997), mas os efeitos no crescimento do folículo ovulatório não são
muito claros, embora Martinez-Garcia et al. (2007) tenham concluído num trabalho por
eles efectuado, que a dinâmica folicular observada em ovelhas em anestro tratadas com
esponjas intravaginais impregnadas de progestagéneos, não é diferente da observada em
ovelhas cíclicas. A sincronização do estro com progesterona ou progestagéneos resulta
numa taxa de concepção de 70 a 80%. É possível que a razão porque 20-30% das ovelhas
não concebem seja que estes animais ovulem oócitos de fraca qualidade provenientes de
folículos envelhecidos. Isto pode acontecer quando a luteólise natural ocorre no início do
tratamento de sincronização deixando a esponja intravaginal como a única fonte de
feedback negativo para a secreção de gonadotrofinas. Se a eficácia da esponja diminui com
o tempo pode levar a uma situação em que existem concentrações sublúteas de
progesterona, levando ao aumento da frequência dos pulsos de LH, e portanto ao
crescimento prolongado de folículos ovulatórios tal como o descrito nos bovinos (Mihm et
al., 1999). Num estudo efectuado por Johnson et al. (1996), quando as concentrações de
progesterona nas ovelhas foram mantidas a níveis inferiores a 1ng mL-1, o diâmetro e idade
dos folículos ovulatórios foi superior, quando em comparação com ovelhas com
concentrações de progesterona superiores a 1ng mL-1.
A utilização de gonadotrofinas é rotineiramente associada aos sistemas de sincronização
que utilizam dispositivos intravaginais em ovelhas anovulatórias, para induzir a ovulação.
A substância mais utilizada é a eCG, estando o sucesso do tratamento de sincronização
11
dependente da sua utilização (Gordon, 1997, cit. Barret et al., 2004). A dose usualmente
utilizada em ovelhas em anestro, no final de um tratamento de 12-14 dias com esponjas
impregnadas de progestagéneos, é de 500 UI eCG (Gordon, 1997). Em ovelhas cíclicas, o
facto de se administrar eCG após o tratamento com progestagéneos reduz o intervalo até ao
início do estro, quando em comparação com ovelhas em que apenas se efectuou o
tratamento com progestagéneos (Gordon, 1971; Botha et al., 1975, cit. Barret et al., 2004).
Um único tratamento com eCG, após o tratamento com progestagéneos, aumenta a resposta
ovárica, a taxa de concepção e a percentagem de partos múltiplos, resultantes de ovulações
induzidas (Langford et al., 1982; Pearce e Robinson, 1985; Robinson e Smith, 1967, cit.
Boscos et al., 2002).
Num trabalho realizado por Zaiem et al. (1996), foi comparada a utilização de três
doses distintas de eCG (300, 450 e 600 UI) conjuntamente com esponjas impregnadas com
40 mg de FGA durante 14 dias, em ovelhas em anestro. As 3 doses de eCG atingiram taxas
de fertilidade semelhantes (81,2 a 84,3%) sendo mais altas (P<0,05) do que as observadas
nas ovelhas testemunha, apenas tratadas com FGA sem receberem gonadotrofinas. A
prolificidade foi superior (P<0,05) relativamente às ovelhas controlo (130,4%), nas doses
de 450 UI (155,5%) e de 600 UI de eCG (176,9%) mas não com a dose de 300 UI
(133,3%), sugerindo que doses entre 450 e 600 UI desta gonadotrofina são as ideais neste
cenário.
Uma limitação potencial do uso de eCG tem sido a descoberta do declínio da fertilidade
após a utilização repetidas vezes, devido à formação de anticorpos. O desenvolvimento de
anticorpos anti eCG após aplicações repetidas resulta numa menor sincronização e
eventualmente na redução das taxas de fertilidade, especialmente quando se aplica a IA
num momento fixo (Bodin et al., 1995; Bodin et al., 1997, cit. Boscos et al., 2002).
Contudo, num estudo efectuado por Roy et al. (1999), foi demonstrado que a resposta
humoral à aplicação repetida de eCG é altamente variável de animal para animal, e que
embora os anticorpos anti eCG pareçam interferir com a eCG administrada, resultando
numa menor estimulação do ovário, e no retardar da esteroidogénese folicular, em
condições de campo, isso parece não afectar a fertilidade.
De acordo com Rosa e Bryant (2002), em raças pouco sazonais, como a Merino, cerca
de 5% dos animais continuam a apresentar actividade ovárica cíclica. Nestes casos, é usual
utilizar em associação com o tratamento com progestagénios, a PGF2α para induzir a
regressão de um possível CL existente. Os dois produtos usualmente utilizados são a PGF2α
(Lutalyse®) e o análogo da prostaglandina, cloprostenol (Estrumate®). A capacidade da
PGF2α exógena para provocar a regressão do CL está dependente do dia do ciclo éstrico em
12
que é administrada, da dose, da frequência de exposição e da via de administração (uterina
versus sistémica) (Pope e Cárdenas, 2004). Um estudo realizado por Pope e Cárdenas
(2004) identifica o período entre os 3,5-4,0 dias, como aquele em que as ovelhas adquirem
a capacidade dose-dependente, de susceptibilidade à PGF2α. Porque nem todos os estadios
do ciclo éstrico são similarmente receptivos ao tratamento, uma dupla injecção, com 11
dias de intervalo é a abordagem mais utilizada em ovelhas.
2.2. Melatonina
Conforme já referimos anteriormente, a informação sobre o fotoperíodo é enviada para
o sistema neuroendócrino através da secreção circadiana de melatonina produzida pela
glândula pineal. Assim, esta hormona tem sido administrada sob a forma de implante
subcutâneo, injecções diárias ou na alimentação, como forma de adiantar a estação
reprodutiva na ovelha. Nas raças sazonais os implantes são geralmente colocados por altura
do solstício de Verão (Haresign et al., 1990; Durotoye et al., 1991), nas raças de reduzida
sazonalidade, o tratamento realizado nesta época é pouco eficiente, sendo preferível a
realização do tratamento no equinócio da Primavera, para manter ou reiniciar a actividade
ovárica (Forcada et al., 1995; Chemineau et al., 1996). A administração de melatonina de
uma forma contínua mimetiza o efeito dos dias curtos, em termos de resposta reprodutiva.
Numerosos trabalhos efectuados em animais em anestro tratados com melatonina
exógena, evidenciaram que um nível elevado sustentado desta hormona conduz à activação
do eixo hipotálamo-hipofisário (Arendt et al., 1983; Bittman et al., 1983; Karsch et al.,
1984). Trabalhos realizados por Abecia et al. (2006) demonstraram uma indução da
actividade ovárica em ovelhas em anestro pela utilização de melatonina. A melatonina
actua também directamente sobre o ovário, apresentando uma acção luteotrófica in vivo
(Wallace et al., 1988; Abecia et al., 2002), e in vitro (Durotoye et al., 1997) e aumentando
a taxa de ovulação através da diminuição da atrésia dos folículos de média e grande
dimensão (Bister et al., 1999).
Tradicionalmente, os tratamentos com melatonina têm sido acompanhados da
introdução dos machos, verificando-se um aumento da taxa de fertilidade e um aumento do
número de animais em estro (Abecia et al., 2006). Zúñiga et al. (2002), melhoraram os
parâmetros reprodutivos em ovelhas da raça Aragonesa durante as cobrições de Primavera,
utilizando conjuntamente implantes de melatonina e efeito macho, sem impedirem a
actividade sexual ou ovulatória na subsequente estação reprodutiva. Mais ainda, os
implantes de melatonina melhoraram significativamente a resposta ao efeito macho. O
13
tratamento dos carneiros com melatonina, em meados e no final da Primavera, num período
em que os animais são expostos a vários meses com um período de luz diária crescente,
antecipa a secreção de LH e o aumento do volume testicular (Webster et al., 1991).
2.3. Efeito Macho
A indústria animal da actualidade está fortemente influenciada por um conjunto de
exigências da sociedade, que inevitavelmente estão a conduzir a mudanças ao nível dos
mercados. Consumidores em todo o mundo começam a exigir produtos “clean, green and
ethical”. Ao nível da produção ovina, este movimento traduz-se em práticas de produção
que minimizem ou evitem mesmo, a utilização de tratamentos químicos ou hormonais, e
práticas que não comprometam o bem-estar dos animais (Martin et al., 2004).
Um dos métodos utilizados para alcançar este objectivo é o denominado efeito macho,
ou seja a introdução de carneiros num efectivo de ovelhas previamente isoladas dos
machos, antes do início do período normal da época reprodutiva (Cushwa et al., 1992). O
efeito macho pode ser usado para manipular a reprodução, ao tornar a puberdade mais
precoce ou avançar a estação reprodutiva e fornecer algum grau de sincronização do estro
na fase tardia do anestro sazonal (Martin et al., 1986).
Os resultados obtidos ao despoletar os sistemas reprodutivos das ovelhas em anestro
sazonal, utilizando o efeito macho, são pelo menos similares aos obtidos com a utilização
de tratamentos hormonais (Crosby e Murray, 1988; Boly et al., 2000; Martemucci, 1984,
cit. Ungerfeld, 2003), com a vantagem do seu custo ser quase nulo e da possibilidade de
ausência de resíduos hormonais.
De acordo com Ungerfeld (2003), apesar de os estudos sobre o efeito macho terem sido
realizados em mais de 45 raças de ovinos, cerca de 40% foram realizados por
investigadores Australianos e Neo-Zelandeses, pelo que mais de metade da informação foi
obtida em ovinos das raças Merino e Romney. Muito pouco se sabe sobre a resposta ao
efeito macho noutras raças, concretamente nas raças mediterrânicas, e eventuais diferenças,
nem sobre se a raça ou o padrão da sua actividade sazonal influencia não apenas a
percentagem, mas também as características da resposta à introdução do macho (Ungerfeld
et al., 2004). No caso concreto das raças mediterrânicas, têm sido realizados trabalhos quer
em ovelhas (Folch et al., 1983, 1987, 1988; Gómez Brunet et al., 1995; Abecia et al., 2002;
Zúñiga et al., 2002; Vasques et al., 2005, 2006; Cavaco Gonçalves, 2006), quer em cabras
(Avdi et al., 2004; Simões e Mascarenhas, 2006), havendo alguma informação recente
14
sobre as raças ovinas e caprinas portuguesas, onde o período de anestro sazonal não é tão
marcado como em regiões de latitudes superiores.
Desde o aparecimento dos primeiros estudos sobre o efeito macho (Underwood et al.,
1944; Schinckel, 1954, cit. Rosa e Bryant, 2002), foi assumido que, para que as ovelhas
ovulassem em resposta à introdução dos carneiros, era necessário que estas se
encontrassem num período anovulatório, e que tivessem passado por um período de précondicionamento, em que se encontrassem afastadas dos carneiros (Rosa e Bryant, 2002).
A duração precisa deste período de isolamento não é conhecida, dependendo
provavelmente de vários factores, nomeadamente a raça de ambos os sexos, a altura do ano,
e a localização (Rosa e Bryant, 2002). O isolamento significa que as ovelhas não podem
ver, ouvir ou cheirar os carneiros durante esse período, recomendando-se uma distância
mínima de 1 Km entre os carneiros e as ovelhas (Pearce e Oldham, 1988). Oldham (1980)
referiu que 34 dias seriam suficientes, enquanto que Martin et al. (1986) apresentou o
período de duas semanas de separação como sendo suficiente. Na prática, os produtores
optam por isolar os animais durante algumas semanas (Rosa e Bryant, 2002).
2.3.1. Resposta Fisiológica
A introdução dos carneiros num rebanho de fêmeas anovulatórias é seguida 2-4 minutos
depois, por um aumento da frequência das descargas pulsáteis de LH, o que conduz, caso
os machos sejam mantidos no rebanho, a uma descarga pré-ovulatória daquela
gonadotrofina e ao aumento do número e diâmetro dos folículos ováricos (Poindron et al.,
1980; Atkinson e Williamson, 1985; Martin et al., 1986; O’Callaghan et al., 1994, cit.
Evans et al., 2004). O curto espaço de tempo entre o contacto com os machos e o início das
descargas de LH será apenas o necessário para que o odor atravesse a distância entre os
animais e induza a resposta neuroendócrina detectada ao nível do sangue da jugular (Martin
et al., 1986). Cerca de 36 horas depois verifica-se um pico ovulatório de LH, seguido de
ovulação (Martin et al., 1986). A maioria das ovelhas ovula 50-65 h após a introdução dos
carneiros (Knight, 1983; Martin et al., 1986, cit. Rosa e Bryant, 2002), mas a resposta pode
variar entre as 30 e as 72 h (Oldham, 1980, cit. Rosa e Bryant, 2002). Esta primeira
ovulação é denominada de silenciosa, uma vez que não está associada a comportamento
éstrico. O intervalo entre o pico de LH e a ovulação estimulada pela introdução dos
carneiros é mais constante do que nos ciclos não induzidos pelo efeito macho, variando
entre 22 a 26 h (Martin et al., 1986).
15
O CL que se segue a esta primeira ovulação é normal nalgumas ovelhas mas tem um
tempo de vida muito curto noutras (CL de regressão prematura). Num rebanho, das ovelhas
que respondem, cerca de 50% desenvolvem um CL normal, que se mantém durante o
período normal da fase lútea e termina com uma nova ovulação, esta associada a sinais de
estro, por volta do dia 18-19. As outras 50%, no entanto, desenvolvem um CL subnormal,
com um tempo de vida curto, que regride por volta do dia 7, associando-se a um ciclo curto
e uma segunda ovulação silenciosa, seguida, desta vez por um CL que persiste
normalmente, resultando num segundo agrupamento de estros, por volta do dia 24 (Rosa e
Bryant, 2003).
Figura 2. Representação esquemática da resposta de ovelhas em anestro ao efeito macho (ovulação e estro)
(Adaptado de Gelez e Fabre-Nys, 2004).
A causa da existência dos corpos lúteos de regressão prematura, responsáveis pelos
ciclos curtos atrás referidos, ainda não está completamente esclarecida. Contudo, é de
salientar que a sua presença é igualmente observada no início da puberdade e no início da
actividade cíclica pós-parto. De acordo com Lassoued et al. (1997) a falta de progesterona
e da sua acção inibidora na secreção de estradiol permite a síntese de receptores
endometriais para a occitocina, 5 dias após a introdução dos machos, com o consequente
aumento de libertação de PGF2α e lise prematura do corpo lúteo. Resultados semelhantes
foram obtidos por Chemineau et al., (2006). Estes autores sugerem que os mecanismos
16
envolvidos no aparecimento dos CL de curta duração poderão resultar da falta de exposição
prévia dos folículos induzidos a ovular, às gonadotrofinas. Estes folículos apresentam uma
baixa qualidade das células da granulosa, quando em comparação com os folículos que se
desenvolvem durante a estação reprodutiva. Os CL que se desenvolvem a partir destes
folículos apresentam um desenvolvimento anormal, levando a uma proporção insuficiente
de células lúteas grandes, e secretam, portanto, menor quantidade de progesterona, levando
a concentrações mais baixas desta hormona, quer ao nível da veia ovárica quer ao nível da
circulação geral.
Os mecanismos de contra-corrente que actuam localmente, ampliam a diferença de
concentração de P4 na artéria e veia ovárica. Desde os trabalhos de Southee et al. (1988) e
de Keisler e Keisler (1989), nos quais foi evidenciado o papel do útero na regressão do
corpo lúteo, que se aceita que a curta duração daquelas estruturas resulta da libertação
prematura de PGF2α pelo útero. Devido às concentrações de P4 que chegam ao ovário e ao
útero serem insuficientes, a cadeia responsável pela libertação de occitocina e PGF2α é mais
sensível aos estrogéneos. A concentração plasmática de progesterona em circulação é
insuficiente para bloquear a actividade gonadotrófica nos dias 3-5 após o pico de LH. As
novas ondas foliculares, iniciadas nos dias 3-4 do primeiro ciclo induzido pelo macho,
continuam a desenvolver-se, e a secretar mais estrogéneos. O CL atinge então a sua
capacidade para responder às prostaglandinas. Estes estrogéneos estimulam a secreção de
prostaglandina pelo útero, e a libertação de occitocina a partir do CL, causando a luteólise
precoce.
A pré-exposição das ovelhas a progestagéneos impede a ocorrência das fases lúteas
curtas (Cognie et al., 1982; Pearce et al., 1985). Embora o mecanismo não seja claro, é
conhecido que os progestagéneos têm um efeito directo no folículo pré-ovulatório,
modulando os efeitos da LH e da secreção esteróide (Hunter e Southee, 1987). O atraso do
pico de LH observado após o tratamento com progestagéneos pode permitir aos folículos
obterem uma melhor sincronização com os acontecimentos endócrinos (Pearce et al.,
1985). O tratamento com progestagéneos é também responsável pela indução do estro
aquando da primeira ovulação associada ao efeito macho (Lishman e Inskeep, 1991). O
pré-tratamento com progestagénios durante um período mínimo de 10 dias e a introdução
dos machos no dia da remoção das esponjas ou da sua última administração permite que os
animais exibam estro em simultâneo com a primeira ovulação (Cognie et al., 1982; Martin
et al., 1986).
Associado aos efeitos da introdução de carneiros junto de ovelhas anovulatórias, para
além da ocorrência destas fases lúteas de curta duração, foi ainda reportada a ocorrência de
17
ovulações tardias (4 a 6 dias após a introdução dos machos), fases lúteas curtas associadas
a folículos anovulatórios e fases lúteas de duração normal, associadas a folículos
luteinizados (Ungerfeld et al., 2004).
2.3.2. Natureza do Estímulo: O Papel das Feromonas
O efeito macho nos carneiros foi inicialmente descrito por Underwood et al. (1944) e
em anos subsequentes, muitos grupos de pesquisa estudaram o efeito da introdução dos
carneiros na actividade éstrica das ovelhas (Schinckel, 1954; Riches e Watson, 1954;
Radford e Watson, 1957; Smith et al., 1958). Nenhum destes estudos dava informações
sobre a natureza dos estímulos envolvidos. O primeiro trabalho que investigou este tema
foi desenvolvido por Watson e Radford (1960). Após testarem os efeitos de vários graus de
associações de ovelhas com carneiros, estes autores concluíram que estímulos olfactivos e
auditivos, provenientes do carneiro, eram suficientes para estimular as ovelhas, não sendo
necessário o contacto total entre sexos (incluindo estímulos visuais e tácteis), para obter
resposta. Alguns anos mais tarde, Morgan et al. (1972), trabalhando com ovelhas
desprovidas de alguns sentidos (olfacto, audição e tacto na região em volta da boca),
descobriram que apenas a ausência de olfacto afectava significativamente o número de
ovelhas que apresentavam resposta. Ovelhas anósmicas falharam a resposta à introdução
dos carneiros (Radford e Watson, 1957; cit. Rekwot, 2001), apontando para o
envolvimento de estímulos químicos. Foi assim sugerido que os carneiros estimulam a
actividade de estro, em ovelhas em anestro, através de receptores olfactivos existentes nas
ovelhas, em associação com estímulos comportamentais gerados essencialmente durante a
actividade de cortejamento (Rosa e Bryant, 2002).
A ovelha utiliza os sentidos do olfacto, visão, audição e tacto, para perceber estes
estímulos (Rosa e Bryant, 2002). Há ainda evidências que suportam o conceito de que,
apesar de diferentes sinais sensitivos poderem actuar sozinhos com resultados positivos, o
efeito máximo pode em muitos casos ser apenas possível quando eles actuam de forma
sinérgica (Edgar e Bilkey, 1963; Pearce e Oldham, 1988, cit. Rosa e Bryant, 2002).
Apesar de algumas contradições e de muitas questões por responder, tornou-se claro
que os estímulos olfactivos envolvidos no efeito macho têm origem primariamente nas
feromonas (de acordo com a definição de Karlson e Luscher, 1959), produzidas
espontaneamente pelos carneiros (Signoret, 1991).
O termo feromona refere-se a substâncias químicas que são segregadas para o exterior
através da urina, fezes ou das glândulas da pele, causando uma reacção específica em
18
animais da mesma espécie. A reacção às feromonas envolve o aparecimento de um
comportamento específico ou uma alteração fisiológica no aparelho reprodutor ou
endócrino do animal alvo (Doty, 1976; Izard, 1983, cit. Rekwot et al., 2001). A
bioestimulação pode exercer efeitos profundos na actividade reprodutiva via sistema
hipotalâmico, que gera pulsos de GnRH (Rekwot et al., 2001).
No carneiro, os sinais químicos que activam a secreção de LH na fêmea são uma
mistura de componentes que foram até ao momento apenas parcialmente identificados. A
actividade biológica requer a presença simultânea de componentes retidos nas fracções
neutra e ácida (Cohen-Tanoudji et al., 1994). A associação do 1,2-hexadecanodiol e do 1,2octadecanodiol contribuem para a acção da feromona da fracção neutra, mas os compostos
ácidos necessários ainda estão por determinar. Resultados preliminares indicam que os
ácidos gordos lineares presentes na lã do carneiro não possuem actividade de feromona
(Cohen-Tanoudji et al., 1994).
O local de síntese das feromonas parece ser as glândulas sudoríparas (Knight e Lynch,
1980, cit. Rosa et al., 2000a). Um input de natureza olfactiva sugere o envolvimento do
órgão vomero nasal (OVN), que tem conexões neurais com o hipotálamo, pensando-se que
seja um mediador dos efeitos das feromonas na função ovárica (Johns, 1980; Izard, 1983,
cit. Rekwot et al., 2001). As feromonas produzidas pela pele, principalmente a localizada
em redor dos olhos, actuam primariamente através do sistema olfactivo principal: a
destruição do epitélio olfactivo ou a inactivação da amígdala cortical, bloqueiam
completamente a resposta (aumento da secreção de LH) ao odor do carneiro (Gelez e
Fabre-Nyz, 2004). Outro factor do qual parece também depender a resposta da fêmea, é a
experiência adquirida (Gelez e Fabre-Nys, 2004). Estudos efectuados indicam que na
maioria das ovelhas sem experiência sexual e que nunca tenham contactado com um
carneiro, o odor do macho não activou a secreção de LH, contrariamente às ovelhas com
experiência sexual. Nas ovelhas, contrariamente ao que acontece nos roedores, parece ser
importante existir aprendizagem ao odor do carneiro, para que este seja eficaz.
Há fortes evidências de que a síntese de feromonas seja dependente dos androgéneos.
Vários estudos demonstraram que nem as ovelhas nem os machos castrados conseguem
induzir a ovulação em ovelhas em anestro, conseguindo no entanto ambos induzir essa
ovulação, após tratamento com doses elevadas de testosterona (Fulkerson et al., 1981;
Signoret et al., 1982, cit. Rosa et al., 2000a).
A utilização das feromonas só por si, em ovelhas em anestro, tem dado resultados
controversos: num estudo, as feromonas não induziram qualquer alteração na secreção de
LH ou FSH (Schneider e Rehbock, 2003, cit. Ungerfeld, 2003). Noutras investigações, a
19
utilização das feromonas resultou em ovulação (Kaulfulβ et al., 1997; Kaulfulβ et al., 2002,
cit. Ungerfeld, 2003) ou num aumento das taxas de gestação das ovelhas inseminadas
(Milovanov, 1991, cit. Ungerfeld, 2003).
Tem sido demonstrado que a prévia sensibilização às feromonas do carneiro e do bode
acelera o aparecimento da puberdade e do estro em ovelhas (Underwood et al., 1944) e
cabras (Shelton, 1960). As feromonas presentes na lã, gordura e urina são suficientes para
estimular as ovelhas para ovular logo no início da estação reprodutiva (Izard, 1983, cit.
Rekwot et al., 2001).
2.3.3. Características dos Carneiros
O facto das feromonas estarem sob a influência das secreções esteróides pode ajudar a
perceber as diferenças raciais que se têm notado na capacidade dos machos para induzirem
a ovulação (Tervit et al., 1977; Knight et al., 1980; Signoret, 1990), ou a importância do
número de machos necessários para um efeito macho eficaz. Em relação à percentagem de
carneiros no rebanho, Lindsay et al., (1992) observaram mais ovelhas em estro quando
usaram uma percentagem de carneiros no rebanho de 3 ou 6 %, em comparação com 1%.
Em contraste, Rodriguez Iglesias et al. (1997), não obtiveram uma percentagem mais
elevada de ovelhas em estro quando aumentaram a percentagem de carneiros de 8 para
16% (Ungerfeld, 2004).
As características comportamentais (líbido) dos carneiros têm também influência sobre
a sua capacidade de estimular as ovelhas (Signoret, 1990). A resposta ao efeito macho não
depende portanto somente das fêmeas e da intensidade do seu anestro, mas também e
sobretudo, da actividade sexual dos machos. Perkins e Fitzgerald (1994) concluíram que
uma percentagem mais elevada de ovelhas em estro, e uma melhor qualidade do ciclo
éstrico (definida pela concentração plasmática de progesterona) resultam da introdução de
carneiros que tenham sido seleccionados com base em testes de performance sexual, sendo
esta informação mais aplicável aquando da utilização de um único carneiro para induzir o
estro.
Os carneiros adultos têm capacidade para induzir uma maior resposta reprodutiva em
ovelhas em anestro, quando em comparação com carneiros com apenas um ano, induzindo
ovulações e estro numa maior percentagem de ovelhas, o que por sua vez resulta em taxas
de gestação e concepção mais elevadas (Ungerfeld et al., 2007). Esta maior estimulação é
em parte explicada por diferenças nos sinais provenientes da lã, produzidos pelos carneiros
adultos. A menor percentagem de gestações obtida quando se usam carneiros jovens pode
ser explicada por diferenças no comportamento sexual (Ungerfeld et al., 2007).
20
2.3.4. Período da Presença dos Carneiros
A introdução dos carneiros não altera irreversivelmente a fisiologia das ovelhas de um
estado de anestro para um estado de ciclicidade. Embora a frequência das descargas
pulsáteis de LH aumente num período de minutos após a introdução dos carneiros, a
secreção desta hormona mantém-se elevada apenas durante o período em que os carneiros
estão presentes (Pearce e Oldham, 1984, cit. Rosa e Bryant, 2002). Como a manutenção
dos níveis elevados de LH é necessária para a ocorrência dos eventos pré-ovulatórios,
parece inevitável que os carneiros tenham que estar presentes mais tempo do que estes
minutos iniciais, para que as ovelhas venham a ovular, verificando-se que apenas uma
reduzida percentagem de ovelhas ovula, caso os carneiros sejam retirados após um período
de 8 ou 24 horas (Rosa e Bryant, 2002).
A queda da frequência dos pulsos de LH após a saída dos carneiros mostra que o efeito
macho não é irreversível, devendo o efeito macho ser interpretado como um bloqueio
temporário ou um bypass da condição de anestro. O bloqueio da ovulação após a saída do
carneiro (Signoret et al., 1982; Oldham e Pearce, 1983, cit. Martin et al., 1986), indica que
a presença contínua dos carneiros é importante para a libertação do pico de LH, quer pela
manutenção da secreção tónica de LH e portanto de estradiol, quer pelo aumento da
eficiência do mecanismo de feedback positivo, talvez por um aumento da sensibilidade ao
estrogéneo (Martin et al., 1986).
2.3.5. Presença de Ovelhas em Estro
Quando os carneiros são usados como “teasers”, estão ainda envolvidas outras
interacções sociais, e, segundo a maioria das publicações, é impossível discriminar entre os
componentes que fazem parte do efeito macho e os que não fazem parte.
Tem-se verificado em determinadas raças (Romney, Corriedale), que a proporção de
ovelhas em anestro que ovulam após a introdução de carneiros, aumenta com a introdução
de ovelhas em estro, simultaneamente à introdução dos carneiros, num processo designado
por “facilitação social” (Knight, 1985; Rodríguez Iglesias et al., 1991, cit. Ungerfeld,
2004). Estas ovelhas influenciam a actividade reprodutiva dos carneiros, induzindo a
secreção de pulsos de LH e o aumento dos níveis de testosterona durante as primeiras 4-8
horas de contacto, mantendo-se essas concentrações elevadas durante vários dias,
estimulando a produção de feromonas e talvez a líbido (Yarney e Sanford, 1983; González
et al., 1991, cit. Ungerfeld, 2004; Ungerfeld e Silva, 2004).
21
Para além do mais, o comportamento dos carneiros em relação às ovelhas em estro
fornece estímulos visuais adicionais para as ovelhas anovulatórias. Desta forma, a presença
de ovelhas em estro associadas a carneiros, ou a presença de carneiros que tenham tido
experiência sexual recente com ovelhas em estro, irá permitir que as ovelhas anovulatórias
sejam expostas a estímulos olfactivos, tácteis, e particularmente, visuais, que podem
aumentar a potência do estímulo, e melhorar a eficácia do efeito macho (Rosa et al.,
2000b). Adicionalmente, foi já demonstrado, que pelo menos em alguma extensão, as
ovelhas em estro têm a capacidade de induzir a ovulação em ovelhas em anestro (Muir et
al., 1989; O´Callaghan et al., 1994; Zarco et al., 1995, cit. Rosa et al., 2002).
2.3.6. Intensidade do Anestro
A intensidade do anestro aquando da introdução dos carneiros é um parâmetro
importante para permitir a previsão da resposta ao efeito macho (Cushwa et al., 1992).
O conceito de intensidade do anestro, introduzido há longos anos por Marshall (1903),
embora teórico e difícil de definir, tem sido usado para descrever um estado fisiológico em
que a ovelha se encontra mais ou menos sensível à estimulação para ovular (Rosa e Bryant,
2002). Não pode ser medido objectiva e individualmente, e o melhor indicador do seu nível
é o número de ovelhas que ovulam espontaneamente num determinado rebanho, num
determinado momento (Rosa e Bryant, 2002).
Oussaid et al. (1993) foram provavelmente os primeiros e únicos a distinguir a nível
anatómico e fisiológico, dois tipos de anestro: um “anestro ligeiro”, detectado no início do
período de anestro, caracterizado por elevadas concentrações plasmáticas de FSH e a
presença de folículos normais no ovário, e “anestro profundo”, detectado a meio do período
de anestro, caracterizado por baixas concentrações de FSH e uma redução marcada do
número de folículos antrais (Rosa e Bryant, 2002).
Uma vez que o anestro sazonal está, conforme já referimos, associado à diminuição dos
pulsos de LH (Martin, 1984; Gallegos-Sánchez, Malpaux e Thiéry, 1998, cit. Ungerfeld,
2003) e à ausência de pulsos pré-ovulatórios de FSH e LH, um indicador da intensidade do
anestro pode ser a frequência dos pulsos de LH, dado que essa frequência é maior nas
ovelhas que ovulam, do que nas ovelhas que não respondem com uma ovulação à
introdução dos carneiros (Martin et al., 1985, cit. Ungerfeld, 2003). Assim, um dos
métodos para avaliar a intensidade do anestro é a análise da frequência de descargas
pulsáteis de LH por medição dos níveis plasmáticos de LH em amostras de sangue
22
recolhidas a cada 10-15 minutos num período de pelo menos 6 horas. Quanto maior for a
frequência, menor é a intensidade do anestro (Poindron et al., 1980).
Outro método para avaliar a intensidade do anestro é através do conhecimento da
percentagem de fêmeas que apresentam ovulações espontâneas antes da introdução dos
carneiros. Para tal, podem-se analisar os níveis de progesterona plasmática periférica em
amostras sanguíneas recolhidas com um intervalo compreendido entre 8 e 10 dias
(Thimonier, 2000) ou pela observação directa dos CL por endoscopia (Thimonier e
Mauléon, 1969). Quanto maior a proporção de fêmeas com actividade ovulatória
espontânea, menos intenso é o anestro (Signoret, 1990).
Tanto a raça da ovelha como o estadio de anestro sazonal são determinantes
importantes para a “intensidade do anestro”. Fêmeas de raças com um forte padrão sazonal
não responderão por mais forte que seja o estímulo, ao passo que em fêmeas de raças pouco
sazonais, no final do período de anestro, bastará um estímulo ligeiro (Ungerfeld et al.,
2004). O sucesso da indução da actividade reprodutiva nas ovelhas em anestro aumenta, em
regra, com a proximidade do período normal da estação reprodutiva (Oldham e Cognié,
1980; Nugent et al., 1988, cit. Cushwa et al., 1992). Num rebanho, quanto mais ovelhas se
encontrarem cíclicas, melhor é a resposta das companheiras em anestro, à introdução dos
carneiros (Lindsay e Signoret, 1980, cit. Rosa e Bryant, 2002).
A medição da intensidade do anestro baseada na resposta exibida face à introdução dos
carneiros, confunde a verdadeira intensidade do anestro na fêmea, com a variação da
intensidade do sinal procedente do macho, e resulta provavelmente numa subestimação da
importância deste factor na variabilidade das respostas (Walkden-Brown et al., 1999).
Outros factores relacionados com a ovelha, que podem afectar a sua resposta ao efeito
macho são a idade, bem como o período decorrido após o último parto e após o desmame.
2.3.7. Efeitos da Nutrição
A influência da nutrição na performance reprodutiva das ovelhas é reconhecida pelo
menos desde a altura em que F.H.A. Marshall apresentou o seu trabalho na Royal Society
em 1903, o qual foi posteriormente revisto por Gunn (1983).
Embora as vias que estabelecem a ligação entre o balanço energético e a ovulação não
sejam completamente conhecidas, é sabido que a ovulação é suprimida ou pelo menos
deprimida durante períodos de balanço energético negativo (Bronson, 1988). Foi reportado
que a pontuação da condição corporal está positivamente correlacionada com o
aparecimento do pico de LH nas ovelhas, bem como com a sua frequência (Robinson,
23
1990; Yildiz et al., 2002a,b). A ligação entre a pontuação da condição corporal e o
hipotálamo, onde a secreção de GnRH é iniciada, parece indicar a secreção de leptina pelo
tecido adiposo como envolvida nesta via (Blache et al., 2000; Yildiz et al., 2001), uma vez
que a leptina informa o hipotálamo da suficiência de reservas energéticas para o início da
actividade reprodutiva (Blache et al., 2000).
Contudo, parece existir também um efeito local, ao nível do ovário, do balanço
energético. Um balanço energético positivo leva ao aumento das concentrações plasmáticas
de leptina e de insulina, e ao aumento do uptake de glucose, verificando-se que estas
alterações parecem afectar o ovário directamente, estando associadas ao aumento da
foliculogénese e da taxa de ovulação nas ovelhas (Scaramuzzi et al., 2006). Num modelo
apresentado por Scaramuzi et al. (2006) foi proposto que a principal acção da nutrição
sobre o ovário resulta da inibição directa da secreção folicular de estradiol por pelo menos
três sistemas metabólicos, que incluem os sistemas modulatórios da insulina-glucose,
leptina e IGF-I.
Pouca informação existe acerca da relação entre o estado nutricional da ovelha e a sua
capacidade de responder ao efeito macho, sendo encontrados na bibliografia resultados
controversos.
Embora tenha sido referido que em ovelhas cíclicas, níveis baixos de ingestão de
alimento e baixa condição corporal podem aumentar a sensibilidade do hipotálamo ao
feedback negativo do estradiol (Rhind et al., 1991, cit. Rosa e Bryant, 2002), nenhum
destes factores parece afectar a proporção de ovelhas que ovula na fase final do anestro
(Montgomery et al., 1988; Forcada et al., 1992). Este facto sugere pouco ou nenhum
impacto do nível nutricional das ovelhas na “intensidade do anestro” e consequentemente,
na eficácia do efeito macho (Rosa e Bryant, 2002).
Em oposição, uma redução na proporção de ovelhas que respondem à introdução dos
machos e na proporção de ovulações múltiplas, quando as fêmeas se encontravam
subnutridas, foi referida por Khaldi (1984, cit. Martin et al., 1986).
Também estudos efectuados em Espanha por Folch et al. (1983; 1988) na raça
Aragonesa, mostraram que, submetendo fêmeas em diferentes estados corporais ao efeito
macho em Abril, a proporção de ovelhas cobertas, e sobretudo a fertilidade das ovelhas
cíclicas, são muito superiores à das acíclicas. Nos rebanhos estabulados sujeitos a uma
alimentação uniforme e equilibrada ao longo do ano, não se observou nenhum tipo de
sincronização dos estros pelo efeito macho. Esta ausência de sincronização prende-se com
o facto de estas ovelhas se encontrarem na sua maioria em ciclicidade na época
desfavorável. Num outro trabalho realizado por Folch et al. (1987) observou-se que a
24
fertilidade consequente ao efeito macho é muito inferior nos animais subalimentados
(31,6%) do que nos lotes médio (67%) e alto (77,5%). O “flushing” à base de 150 g de
soja/ovelha/dia, fornecido às ovelhas do lote nutritivo baixo, duas semanas antes a cinco
semanas depois da cobrição, permite obter uma fertilidade idêntica à dos animais dos lotes
médio e alto. Nas explorações de tipo extensivo, com pastagem Outono/Invernal de baixo
valor energético, o efeito macho provocou sincronização dos estros na maior percentagem
de animais, 24 a 28 dias depois da introdução dos carneiros no rebanho, indicando que o
efeito macho terá induzido um ciclo de curta duração e um ciclo normal, nas fêmeas que se
encontravam em anestro. Estes resultados mostram existir interacção entre a condição
corporal e a profundidade do anestro, a qual influencia a resposta ao efeito macho.
2.4. Efeito Macho Associado a Tratamentos Hormonais
Tem havido várias abordagens no sentido de potenciar o efeito macho e os tratamentos
de estimulação/sincronização hormonais sobre a resposta das ovelhas e a fertilidade
subsequente. Estes estudos têm conduzido à racionalização da utilização de hormonas
exógenas, sem diminuição da eficiência dos métodos de indução e sincronização do estro
(Wildeus, 1999).
Umberger et al. (1994) verificaram que a associação do efeito macho a tratamentos
progestagénicos de sincronização em ovelhas anovulatórias, foi tão eficaz na indução das
ovulações como os tratamentos associando gonadotrofinas.
Vários trabalhos têm sido realizados, associando o EM e tratamentos de sincronização
com progestagénios em diferentes momentos, sem que se tenha obtido um padrão de
resultados. A exposição de ovelhas aos machos nos três últimos dias de tratamento de
sincronização éstrica com progestagéneos conduziu a um rápido aumento da secreção de
LH, um avanço do início e do fim do estro, do pico de LH e da ovulação, reduzindo ainda a
duração do estro (Evans et al., 2004; Hawken et al., 2005). Verificou-se igualmente uma
redução do número de fêmeas que pariram e, nos animais aos quais foram administradas
500 UI de eCG no momento da remoção das esponjas, houve uma redução da prolificidade.
Num outro trabalho, em que a presença de carneiros após a remoção das esponjas foi
contínua, Romano et al. (2001) verificaram uma redução do período até ao início do estro,
e uma redução do intervalo entre a remoção da esponja e a ovulação, reduzindo-se ainda a
variação entre as ovelhas, do período compreendido entre a remoção da esponja e a
ovulação.
Quando o efeito macho foi induzido posteriormente à utilização de tratamento com
FGA, Rajamahendran et al. (1993) verificaram um aumento de fertilidade apenas na época
25
de reprodução (Julho) contígua à existência de fêmeas em anestro, querendo sugerir que o
efeito macho em ovelhas cíclicas não exerce qualquer estímulo acrescido. Em oposição,
trabalhos realizados em Portugal (Vasques et al., 2006a) em ovelhas cruzadas de Merino,
durante o mês de Fevereiro, onde o macho foi introduzido 20 dias antes do início do
tratamento progestagénico, e a percentagem de animais em anestro era de 80,4%, não
melhoraram a taxa de parição obtida por IA consequente ás ovulações sincronizadas (56%
vs 38%, P>0,05).
A indução do efeito macho 24 horas após a inserção das esponjas aumentou o número
de animais a ovularem no final do tratamento de sincronização (Cavaco Gonçalves et al.,
2006).
26
III - TRABALHO EXPERIMENTAL
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Animais
No trabalho experimental foram utilizadas 50 ovelhas, com idades entre os 2 e os 4
anos, da raça Merino da Beira Baixa, pertencentes à exploração da DRABI, de Ribeiro de
Freixo – Idanha-a-Nova (Lat. 39,93º N, Long. – 7,245ºW). Todas as ovelhas tinham parido
pela última vez há vários meses. Os desmames dos borregos foram efectuados pelo menos
1 mês antes do início do ensaio. Foram ainda utilizados 8 carneiros da raça Merino da Beira
Baixa, com idades compreendidas entre os 2 e os 4 anos.
Durante o período experimental, todas as ovelhas foram mantidas em regime de
pastoreio extensivo, em pastagens espontâneas, não tendo recebido qualquer tipo de
suplemento alimentar. Não foi possível determinar individualmente com exactidão a
condição corporal e o peso dos animais, embora visualmente todos os animais se
apresentassem com uma condição corporal média. Todas as fêmeas foram mantidas em
completo isolamento de machos no mês que antecedeu o início do ensaio.
3.2. Delineamento Experimental
As 50 ovelhas foram divididas, de forma aleatória, em dois grupos. Um grupo
Testemunha (T, n=25), no qual as ovelhas foram mantidas em isolamento relativamente
aos machos durante todo o ensaio, e um grupo Efeito Macho (EM, n=25), no qual as
ovelhas foram expostas aos machos, 22 dias antes do início do tratamento de sincronização
com progestagéneos.
Este estudo decorreu entre os meses de Março e Outubro de 2002, tendo as actividades
sido executadas de acordo com o seguinte calendário (Tabela 1):
27
Tabela 1. Calendarização das actividades desenvolvidas durante o ensaio
DIA
Actividade
Grupo
D0
Introdução dos machos
EM
D7
Remoção dos machos
EM
D22
Início da sincronização éstrica
EM e T
D33
Final da sincronização éstrica
EM e T
D35
IA
EM e T
D51
Reintrodução dos machos
EM e T
3.3. Indução do Efeito Macho (EM)
O efeito macho foi induzido nos animais do grupo EM, através do contacto visual,
sonoro e olfactivo com um grupo de 8 carneiros da raça Merino da Beira Baixa, presentes
num parque contíguo ao das ovelhas. O dia da introdução dos machos foi considerado o dia
0 (D0), tendo os machos sido retirados ao fim de 7 dias (D7).
3.4. Sincronização de Estros
Todos os animais foram sujeitos a um tratamento de sincronização de estros. Para tal
foram aplicados dispositivos intravaginais (Chrono-gest®, INTERVET), impregnados com
30 mg de FGA, que se mantiveram durante 11 dias (D22 – D33). No dia da remoção das
esponjas (D33) foi ainda efectuada a administração de 500 UI de eCG (Intergonan®) a cada
ovelha, por via intramuscular.
Nesta fase foi retirada do estudo uma ovelha do grupo EM, em virtude desta apresentar
uma infecção uterina evidente.
3.5. Inseminação Artificial (IA) e Cobrição Natural (CN)
As ovelhas foram inseminadas com sémen refrigerado, recolhido em 3 carneiros da raça
Merino da Beira Baixa, pertencentes à mesma exploração das ovelhas. Após análise do
sémen, para avaliação da sua qualidade, determinação da concentração espermática, e
diluição, este foi distribuído por palhetas de 0,25 mL, cada uma contendo um número
médio de 300 milhões de espermatozóides.
28
A inseminação foi efectuada por via cervical, 50 a 60 horas (D35) após a remoção das
esponjas, tendo-se feito a distribuição equitativa das doses de sémen provenientes de cada
carneiro, pelas ovelhas dos grupos EM e T.
Aos 16 dias após a inseminação (D51) foram introduzidos os carneiros junto dos dois
grupos de ovelhas, equipados com um dispositivo para a detecção de montas, de forma a
identificar as ovelhas que eventualmente se apresentassem em estro e permitir a cobrição
natural daquelas que não tivessem ficado gestantes pela IA. Os carneiros mantiveram-se
com as ovelhas durante 1 mês. Posteriormente foram registadas as datas dos partos de cada
animal, de forma a permitir identificar os partos provenientes da IA ou da CN.
3.6. Recolha de Amostras de Sangue
A actividade ovárica foi avaliada através da medição dos níveis de concentração de
progesterona plasmática em amostras recolhidas aos animais de ambos os grupos, durante o
período de indução do EM (D0 e D3), no período entre o EM e o início da sincronização de
estros (D8, D11 e D15) e durante o tratamento de sincronização de estros (D22, D29 e
D33). Foram também realizadas recolhas para doseamento da mesma hormona no dia da
IA (D35) e oito dias depois (D43), para avaliar a resposta ovulatória ao tratamento de
sincronização. Novas amostras foram colhidas no D49.
As amostras para doseamento de progesterona (P4) foram colhidas da veia jugular com
seringas Monovett® NH4 Heparine da Sarstedt e agulhas Terumo 19G 1,1', tendo o sangue
sido refrigerado e centrifugado de seguida a 3000 rotações/minuto durante 20 minutos. Os
plasmas obtidos, devidamente identificados, foram guardados em tubos tipo “eppendorf” e
armazenados a -20º C até ao posterior doseamento.
3.7. Método de Doseamento de Progesterona
As
concentrações
de
progesterona
plasmática
foram
determinadas
por
radioimunoensaio (RIA) em fase sólida a partir de 100 µl de cada amostra de plasma,
correndo em duplicado, de acordo com o protocolo de 125I Progesterone Coat-a-Count kits,
Diagnostic Products Corporation, Los Angeles, CA, USA e determinadas a partir da média
dos valores de duas réplicas por amostra, usando uma curva padrão construída de valores
previamente conhecidos (7 pontos variando entre 0,1 e 40 ng mL-1).
29
A contagem da fracção ligada foi efectuada durante um minuto por cada duplicado da
amostra, em contador de cintilação Auto Gamma Cobra II ™, marca PACKARD®,
Camberra Company, USA.
O controlo de qualidade dos doseamentos foi efectuado com base nos coeficientes de
variação intra-ensaio (média dos coeficientes de variação dos duplicados das amostras
observados em 5 sessões) e inter-ensaio (média dos coeficientes de variação dos duplicados
de uma amostra conhecida observados em 5 sessões) os quais foram respectivamente de
2,38 % e de 2,02 %.
3.8. Análise Estatística
A análise estatística dos dados obtidos nos dois grupos, no que refere ao número de
animais cíclicos e em anestro, animais que ovularam, número de fêmeas paridas, vazias, e
paridas por IA ou CN, foi realizada por testes de χ2. As concentrações plasmáticas de P4
foram comparadas por análise de variância (ANOVA). Todas as análises estatísticas foram
realizadas no programa Statistica (StatSoft, Inc., 2000).
30
4. RESULTADOS
Somente 32% dos animais em ambos os grupos se apresentava em anestro no início do
ensaio (P>0,05, Tabela 2). Considerando todo o período entre o início do ensaio e a
remoção das esponjas, de um total inicial de 8 animais em anestro em cada grupo, 3 e 7
animais dos grupos T e EM, respectivamente, recuperaram a ciclicidade ovárica (P<0,05).
No início do ensaio foram considerados em anestro os animais com concentrações
plasmáticas de progesterona (P4) em D0 e em D3 inferiores a 0,5 ng mL-1. Assim, no D0,
foram identificados 17 animais cíclicos e 8 acíclicos, em cada grupo (Tabela 2). Uma vez
que a inserção das esponjas só teve lugar 22 dias depois, avaliámos também a variação do
número de fêmeas em anestro entre D0 e D22. Assim, conforme se pode ver na Tabela 2,
não se observaram diferenças significativas (P>0,05) durante este período no número de
animais cíclicos e em anestro dentro de cada grupo, nem entre grupos.
Tabela 2. Número de ovelhas dos grupos T e EM em anestro e cíclicas em D0, D11 e D22.
D0
Grupo
D11
D22
T (n=25)
Cíclicas
(%)
17 (68%)
Acíclicas
(%)
8 (32%)
Cíclicas
(%)
18 (72%)
Acíclicas
(%)
7 (28%)
Cíclicas
(%)
19 (76%)
Acíclicas
(%)
6 (24%)
EM (n=25)
17 (68%)
8 (32%)
19 (68%)
6 (32%)
20 (80%)
5 (20%)
Significância
( χ2)
T vs EM: P>0,05
T vs EM: P>0,05
T vs EM: P>0,05
D0 vs D11 vs D22: Grupo T: P> 0,05; Grupo EM P> 0,05
A existência de níveis baixos de P4 em D22 e altos em D29, sugere ter ocorrido uma
ovulação pouco tempo antes do D22, dia da inserção das esponjas. Estas ovulações na
proximidade do D22 ocorreram em 2 animais pertencentes ao grupo T e em 8 animais do
grupo EM (Tabela 3). Dos dois animais do grupo T, um encontrava-se em anestro até então,
enquanto o outro já estava cíclico (Tabela 4). Dos 8 animais do grupo EM nestas condições,
4 iniciaram a actividade ovárica neste momento (Tabela 4).
Tabela 3. Ovelhas com níveis baixos de P4 no dia 22 e altos no dia 29 denunciando a ocorrência de uma
ovulação anterior ao dia 22.
Grupo
T
EM
Com ovulação
Sem ovulação
antes de D22
antes de D22
2
8
23
16
31
Significância ( χ2)
P<0,05
Comparando os animais de ambos os grupos sem actividade luteínica até D22 e que
presumivelmente ovularam antes ou no momento da inserção das esponjas (D22), no grupo
EM houve significativamente mais animais a recuperarem a ciclicidade do que no grupo T
(Tabela 4).
Tabela 4. Distribuição dos animais sem actividade luteínica até D22 e com níveis altos de P4 em D29,
denunciando ovulação anterior ao dia 22.
Grupo
Com ovulação
Sem ovulação
antes de D22
antes de D22
1
4
5
1
T (n=6)
EM (n=5)
Significância (χ2)
P<0,05
Em resposta ao tratamento de sincronização, o número de animais que ovulou após a
remoção das esponjas, identificados como os animais com P4 <0,5 ng mL-1 no dia da IA
(D35) e P4>0,5 ng mL-1 7 dias depois, não foi diferente entre os dois grupos (Tabela 5).
Tabela 5. Resposta ovulatória ao tratamento de sincronização nos animais do grupo T e EM.
Grupo
N
Animais que ovularam (%)
T
25
25 (100%)
EM
24*
21 (87,5%)
Significância (χ2)
P> 0,05
(*um animal foi excluído)
Analisando as concentrações de P4 dos animais cíclicos de ambos os grupos, obtidas
desde o início do ensaio (D0) até ao início da sincronização do estro (D22), e identificando
valores da hormona característicos de estro e diestro, foi possível caracterizar o ciclo
éstrico de alguns animais. Assim, na Figura 3 pode-se observar a cinética da progesterona
plasmática desde o D0 do ciclo, ou seja, o dia em que foram identificados valores de P4
inferiores a 0,5 ng mL-1 até aos D11-14 do ciclo, altura em que foram identificados valores
característicos de diestro. Comparando as concentrações de P4 de cada grupo, dia a dia, não
foram encontradas diferenças significativas entre elas (ANOVA, P>0,05).
32
4,0
3,5
3,0
P4 (ngmL-1)
2,5
2,0
1,5
Média ± Erro Padrão
1,0
0,5
T
EM
0,0
D0
D3-D5
D7-D8
D11-D14
Dia do ciclo
Figura 3. Cinética plasmática da P4 nos animais dos grupos T e EM cíclicos em
D0, em que foi possível identificar as diferentes fases do ciclo éstrico.
Pela análise das concentrações plasmáticas de P4 no ciclo éstrico após o tratamento de
sincronização, e considerando apenas os animais que ovularam já referidos anteriormente
(T: n=25 e EM: n=21), foram observadas diferenças significativas 8 dias após a IA (D43),
com os animais do grupo EM a apresentarem uma concentração significativamente superior
da hormona, comparativamente à observada no grupo T (ANOVA, P<0,001; Figura 4).
9
8
7
T
Média ± Erro Padrão
EM
*
** e *: p<0,05
P4 (ng / mL)
6
IA
5
FGA
*
4
**
3
EM
(D0-D7)
2
1
0
**
D0
D3
D8
D11
D15
D22
D29
D33
D35
D43
Dias após Efeito Macho
Figura 4. Cinética plasmática da P4 ao longo do período de ensaio nos animais que
ovularam em resposta ao tratamento de sincronização (Grupos T e EM).
33
Considerando a totalidade dos animais (Tabela 6), das 25 ovelhas do grupo T, 22
animais pariram, 1 animal não pariu e 2 morreram já depois da IA. Das 24 ovelhas do
grupo EM, 17 animais pariram, 4 não pariram e 3 morreram também posteriormente à IA.
Obteve-se assim, uma taxa de fertilidade global (IA + CN) de 88 % no grupo T e de 71%
no grupo EM (P> 0,05).
Tabela 6. Fertilidade global (IA + CN), ovelhas, mortas e alfeiras dos grupos T e EM.
Total de
Grupo
Animais
Fertilidade
Global
(IA + CN) (%)
Mortes
Alfeiras
(%)
(%)
T
n=25
22 (88%)
2 (8%)
1 (4%)
EM
n=24
17 (71%)
3 (12%)
4 (17%)
χ2: P>0,05
A concentração das parições em dois períodos distintos, 146-153 dias e 166-189 dias
permitiu identificar os animais cuja gestação resultou da IA e aqueles que apenas ficaram
gestantes pela posterior cobrição natural (CN; Figura 5). De salientar que dos 39 animais
que pariram, não foi possível saber a duração da gestação de 2 animais.
20
60
18
Nº de ovelhas paridas
14
50
40
12
10
30
8
20
6
4
% do total de parições
Nº de partos(L)
% de partos(R)
16
10
2
0
146-150
156-165
171-175
181-185
151-155
166-170
176-180
186-190
0
Dias após a IA
Figura 5. Distribuição das parições tendo como referência o dia da IA.
Para o diagnóstico de não gestação deveria ter sido efectuada uma colheita de sangue 17
dias após a IA, contudo apenas foi possível ser realizada 14 dias depois (D49). Mesmo
assim, foi possível identificar um animal no grupo EM e dois no grupo T cujas
34
concentrações de P4 inferiores a 0,5 ng mL-1 indicavam não terem ficado gestantes pela IA,
apesar de terem ovulado.
Contabilizando o total dos animais que pariram, independentemente da sua resposta ao
tratamento de sincronização (excluindo 2 animais no grupo T e 3 no grupo EM que
morreram, apesar de terem ovulado) não se encontraram diferenças significativas entre
grupos, no que diz respeito ao número de partos por IA e por CN (P>0,05; Tabela 7).
Tabela 7. Número de partos resultantes da IA e da CN, no total das ovelhas dos grupos T e EM
(Independentemente da resposta à sincronização).
Grupo
Total de Partos
Fert IA (%)
Fert CN (%)
T
n=22
12 (54,5%)
10 (45,5%)
EM
n=17
13 (76,5%)
4 (23,5%)
χ2: IA vs CN: P>0,05
Contabilizando apenas os animais que ovularam em resposta à sincronização, e
retirando os animais que morreram, nem todos ficaram gestantes com a IA realizada no
final do tratamento, conforme se pode verificar na Tabela 8. Obteve-se uma taxa de
fertilidade global (IA + CN) de 96% no grupo T e de 83 % no grupo EM (P>0,05). A
fertilidade consequente à IA foi de 52,2 % e 72,2%, no grupo T e EM, respectivamente,
não sendo esta diferença significativa. A fertilidade consequente à cobrição natural foi
significativamente superior nas ovelhas do grupo T (43,5% vs 11,1%).
Tabela 8. Fertilidade dos animais que sincronizaram, dos Grupos T e EM.
Grupo
Animais
Sincronizados
T
23
EM
18
Fertilidade
Global (%)
22
Fert IA (%)
Fert CN (%)
Vazias (%)
12
10
1
(96%)
(52,2%)
(43,5%)
(4%)
15
13
2
3
(83%)
(72,2%)
(11,1%)
(17%)
P>0,05
P>0,05
P<0,05
P>0,05
Considerando apenas os partos obtidos nos animais nas condições acima referidas, o
grupo EM apresentou uma fertilidade à IA significativamente superior em comparação com
o grupo T (P<0,05; Tabela 9). Dos animais que foram postos à cobrição natural foi o grupo
T aquele que obteve melhores resultados (P<0,05).
35
Tabela 9. Número de partos resultantes da IA e da CN, relativamente ao total de fêmeas paridas dos grupos T
e EM.
Grupo
T
EM
Total Partos
22
15
Fert IA (%)
12 (54,5%)
13 (86,7%)
Fert CN (%)
10 (45,5%)
2 (13,3%)
P<0,05
Fert IA(%)/Fert CN(%)
1,2
6,69
P<0,01
A razão entre a percentagem de partos por IA e a de partos por CN foi
significativamente superior (P<0,01) no grupo EM (6,69), comparativamente ao grupo T
(1,2).
36
5. DISCUSSÃO
Conforme referimos na revisão bibliográfica, a introdução de machos num efectivo de
fêmeas em anestro, resulta num primeiro grupo de animais a ovularem e apresentarem estro
cerca de 18 dias depois, seguindo-se um outro grupo aos 24 dias (Gelez e Fabre-Nys,
2004). Neste nosso trabalho, a indução do efeito macho 22 dias antes do início do
tratamento de sincronização, teria como objectivo “aproveitar” a dinâmica endócrina e
folicular induzida pela introdução dos machos junto de ovelhas em anestro, para melhorar a
resposta ao tratamento de sincronização de estro. Contudo, ao contrário do que seria de
esperar, apenas uma reduzida percentagem de animais se encontrava em anestro no início
do nosso ensaio.
De facto, 68% dos animais de ambos os grupos apresentavam actividade ovárica cíclica
no início do ensaio. Este valor é bastante superior ao descrito por Robalo Silva e Calheiros
(1980), os quais identificaram valores de 19,6% no mês de Março extrapolando da
fertilidade obtida em sistema de cobrição livre, em animais da raça Merina. No estudo
realizado por estes autores, é também referida a existência de uma variação anual bastante
acentuada, principalmente nos meses de Primavera, sendo referido por Montgomery et al.
(1988), e Scott e Johnstone (1994), uma grande variação entre anos no início da estação
reprodutiva.
Em rebanhos nos quais mais de 50% dos animais apresentam actividade cíclica é
extremamente difícil verificar a resposta ao efeito macho (Chemineau et al., 2006).
Contudo, o facto de se ter observado num universo inicial de 8 ovelhas em anestro em cada
grupo, um número sigificativamente superior de animais do grupo EM a recuperarem a
actividade cíclica até ao dia da remoção das esponjas (7 vs 3 animais, respectivamente no
grupo EM e grupo T) (P<0,05), sugere que mesmo nestas condições, a exposição aos
machos induziu alguma actividade ovárica. De facto, destes animais, em 1 do grupo T e em
4 do grupo EM, apenas se observou actividade luteínica após D22, reflectindo ovulações
anteriores a esta data. Embora não possamos descartar completamente a possibilidade
destes mesmos animais terem apresentado previamente um período de actividade luteínica
de fase curta (Gelez e Fabre-Nys, 2004), que pelo intervalo de recolhas sanguíneas
praticado, pode ter passado despercebido.
O tratamento de sincronização iniciado 22 dias após o início do efeito macho, não
apresentou diferenças entre os dois grupos em relação ao número de animais que ovularam,
conforme confirmado pelos valores de progesterona no dia da inseminação e 8 dias depois.
37
Estes resultados, não vêm de encontro às nossas expectativas, sugerindo que o estímulo do
macho não teve qualquer influência sobre o posterior tratamento de sincronização.
A identificação dos animais cíclicos no início do ensaio, permitiu fazer a análise das
várias fases do ciclo éstrico, entre o D0 e D22 do ensaio. A comparação dos níveis
plasmáticos de progesterona nos animais dos dois grupos, nas diferentes fases do ciclo, não
identificou quaisquer diferenças. Contudo, no 8º dia após a IA (D43), a concentração
plasmática de progesterona foi significativamente superior no grupo EM.
A maior concentração de progesterona no 8º dia após a IA, detectada neste trabalho,
poderá ter resultado ou de um maior número de ovulações duplas, ou da formação de
corpos lúteos mais competentes resultantes de um melhor desenvolvimento folicular na
altura da ovulação. De acordo com vários autores, a produção de progesterona pelo CL,
está intimamente relacionada com a extensão do desenvolvimento folicular que o antecede
(Farin et al., 1986; O’Shea et al., 1986, 1989; Hunter, 1991; Niswender et al., 1994, 2000;
Niswender, 2002, cit. Martinez-Garcia et al., 2007). Infelizmente, neste trabalho, não
tivemos a possibilidade de obter os dados relativos à taxa de ovulação dos animais.
Contudo, na bibliografia consultada não existem referências sobre qualquer acção do efeito
macho sobre a taxa de ovulação. Por outro lado, sabe-se que a introdução de machos em
efectivos de fêmeas cíclicas aumenta a frequência da secreção de LH, conforme relatado
por Pearce e Oldham (1983), aumentando a sincronização dos estros (Ngere e Dzakuma,
1975, cit. Ungerfeld, 2004). Outros autores citados por Ungerfeld et al. (2004) referem
mesmo que a estimulação de fêmeas cíclicas pelos machos, resulta num adiantamento do
início do estro, da descarga de LH e das ovulações, bem como num aumento da taxa de
gestação. Assim, no nosso trabalho o estímulo prévio do macho poderá ter actuado sobre o
eixo hipotálamo-hipofisário levando a uma maior produção e frequência de descargas de
GnRH/LH. A posterior introdução de progestagénios poderá ter bloqueado o referido eixo,
permitindo um aumento das reservas de gonadotrofinas. Estas, ao serem libertadas aquando
da remoção das esponjas, poderão ter permitido uma melhor luteinização após a ovulação.
Um bloqueio semelhante foi observado noutro trabalho, no qual a exposição aos machos 24
horas após a introdução das esponjas não induziu a descarga de LH normalmente libertada
em resposta à introdução dos machos, (Cavaco Gonçalves et al., 2006; Horta e Cavaco
Gonçalves, 2006).
Em relação ao total dos animais de cada grupo, não foram encontradas diferenças
significativas na fertilidade global. Foram obtidos valores de fertilidade global (IA+CN) de
88% no grupo T e de 71% no grupo EM, o que não difere muito dos valores referidos por
Várzea Rodrigues et al. (1989) com cobrição natural, que apontam para uma taxa de
38
fertilidade aparente de 80,4%, como sendo a taxa normalmente observada nas cobrições de
Primavera (com início em meados de Abril), nas ovelhas desta raça. Contudo, comparando
somente o número de animais que fizeram ovulações sincronizadas e que pariram,
verificámos uma fertilidade à IA significativamente maior no grupo EM (86,7%),
comparativamente à obtida pelo grupo T (54,5%).
Num trabalho realizado na Estação Zootécnica Nacional (Vasques et al., 2006b), utilizando
metodologia semelhante à nossa, mas em que a percentagem de animais em anestro era de
80,4%, não se verificou qualquer aumento no número de partos consequentes à IA,
sugerindo a importância da existência de uma percentagem elevada de animais com
actividade ovulatória, quando se utiliza o efeito macho previamente ao tratamento com
progestagénios. Quando estamos em presença de anestros mais intensos, testemunhados
por uma percentagem de ovelhas em anestro superior a 50% dos animais, à ciclicidade
induzida pelo efeito macho não corresponde um aumento da fertilidade da ovulação
induzida por tratamentos hormonais ulteriores. O estímulo do macho, provocando a
libertação das fracas reservas de gonadotrofinas na hipófise nestas condições, parece piorar
a recuperação destas fêmeas, traduzindo-se em ovulações menos competentes na sequência
da sincronização hormonal realizada posteriormente. Por sua vez, num trabalho realizado
por Cavaco Gonçalves et al., (2006), a utilização do efeito macho durante o período de
inibição da libertação de gonadotrofinas hipofisárias pelo tratamento progestagénico, ao
impedir o consumo inconsequente das reservas gonadotróficas, contribuiu para melhorar a
eficiência da resposta ovulatória nas condições desfavoráveis referidas anteriormente. Nos
efectivos com menor percentagem de fêmeas acíclicas, tal como no presente caso (<50%),
existe um aumento significativo da fertilidade da ovulação induzida nas fêmeas submetidas
ao efeito macho, o que poderá advir de corpos lúteos mais competentes, como o referido
anteriormente.
39
6. CONCLUSÕES
A elevada percentagem de ovelhas cíclicas observada no mês de Março, leva-nos a
sugerir que as ovelhas desta raça terão um padrão de sazonalidade pouco marcado.
A exposição das ovelhas do grupo EM aos machos induziu nestas uma activação do
eixo hipotálamo-hipofisário, o que se traduziu numa redução do número de ovelhas em
anestro no período entre o EM e a remoção das esponjas, detectando-se num número
significativamente maior de animais deste grupo com actividade luteínica após o D22,
sugerindo a ocorrência de ovulação imediatamente anterior a este dia.
Foram detectadas concentrações plasmáticas de P4 no 8º dia após a realização da IA,
significativamente maiores nos animais do grupo EM, o que não se tinha verificado nos
ciclos anteriores à sincronização. Quanto às concentrações mais elevadas de P4, observadas
nos animais do grupo EM, dada a inexistência na bibliografia de referências a um aumento
da taxa de ovulação induzida pelo EM, poderão resultar da formação de corpos lúteos mais
competentes.
Contudo, apesar da estimulação acima referida, não foram observadas diferenças
significativas no número de animais que ovularam. No que diz respeito à fertilidade, o
grupo EM revelou um melhor desempenho quando comparando somente os animais que
ovularam em resposta ao tratamento de sincronização e que pariram. Nesse caso, a
fertilidade à IA foi significativamente superior neste grupo. Este aumento significativo da
fertilidade da ovulação induzida nas fêmeas submetidas ao efeito macho parece estar
relacionado com corpos lúteos mais competentes após a ovulação, como referido
anteriormente.
Apesar do efeito macho ser apontado como uma técnica pouco dispendiosa, acessível e
relativamente eficaz, parece-nos que para a obtenção de benefícios máximos será ainda
necessário proceder a alguma investigação nesta área, particularmente ao nível dos efeitos
da introdução dos machos em diferentes períodos, relativamente ao tratamento de
sincronização.
40
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