MANEJO DA PALMA FORRAGEIRA Mércia Virginia
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MANEJO DA PALMA FORRAGEIRA Mércia Virginia
MANEJO DA PALMA FORRAGEIRA Mércia Virginia F. dos Santos1,3, Márcio V. da Cunha1, Mário de A. Lira2,3, José Carlos B. Dubeux Jr.1,3, Joelma de L. Freire4, Maria do Socorro de C.Pinto5, Djalma C.dos Santos2, Toni C. de Souza4 , Maria da Conceição Silva2 1 Professor(a) da UFRPE: [email protected]; [email protected]; [email protected] 2 IPA: [email protected] 3 Bolsista CNPq 4 Doutorandos PDIZ-UFRPE 5 Bolsista PNPD-Capes Resumo: A palma é importante recurso forrageiro para região semiárida do Brasil. A escolha do sistema de plantio adequado para a palma forrageira é influenciada pelo tamanho da propriedade, poder aquisitivo do produtor, disponibilidade de mecanização e preço do produto obtido. A palma forrageira alcança boa produtividade se manejada corretamente, com tratos culturais e manejo de colheita adequados. O armazenamento pós-colheita é uma alternativa para diminuição de custos com corte ou transporte. Informações sobre sistemas de plantio da cultivar Orelha de elefante mexicana, tolerante à cochonilha do carmim, ainda não são disponíveis na literatura, devendo ser avaliada, notadamente em sistemas de plantio intensivos. São necessários estudos que associem o manejo de colheita da palma com as características morfogênicas e estruturais da cultura no sentido de otimizar o manejo da palma para produção de forragem. 1 Palavras-chave: cactácea forrageira, intensidade de corte, freqüência de colheita, semiárido CACTUS PEAR MANAGEMENT Abstract: Cactus is an important forage resource for the semiarid region of Brazil. Choice of the best production system depends upon farm size, farmer´s purchase power, availability of mechanization, and final price received by the farmer from marketed products. Forage cactus reachs high productivity if correctly managed, including agronomic practices and correct harvest management. Post-harvest management is a possible way to reduce transportation cost. Information regarding pest-tolerant varieties, as ‘Orelha de elefante mexicana’ is scarce in the literature, particularly in intensive systems. Additional studies are necessary in order to link harvest management, morphogenic, and structural characteristics of this crop in order to maximize its management for forage production. Keywords: cactus forage, cutting intensity, frequency of harvest, semi-arid 1 - INTRODUÇÃO No Brasil, se for considerada a aptidão agroecológica por regiões, se evidencia fração muito reduzida de áreas apropriadas para a agricultura (Lira et al., 2006), sendo a produção animal uma das grandes aptidões do país. Pela irregularidade na distribuição de chuvas, a pecuária é a grande vocação da região Nordeste do Brasil, tendo a caatinga como importante recurso forrageiro, a qual pelas características sazonais das plantas, pelas condições adversas de clima e solo, e principalmente, por parte da vegetação ser de plantas não forrageiras, apresenta baixa capacidade de suporte (Santos et al., 2010a). Assim, o cultivo de espécies forrageiras perenes, adaptadas as condições do semiárido, é importante alternativa para a sustentabilidade de produção nessa região. A palma forrageira (Opuntia e Nopalea) é de metabolismo MAC (Metabolismo Ácido das Crassuláceas) e apresenta elevada eficiência no uso da água. Experimentalmente, produções anuais de aproximadamente 55 t de matéria seca/ha/ano (Santos et al., 2011) em condições de sequeiro, foram observadas para palma na região semiárida de Pernambuco. Conforme Farias et al. (2005), para a obtenção de elevadas produtividades da palma e manutenção dessa produtividade ao longo dos sucessivos cortes, aspectos como correção do solo e adubação, técnica de plantio adequada, controle de plantas 2 daninhas e manejo correto de colheita devem ser considerados, além da utilização de uma cultivar melhorada. O objetivo dessa revisão é apresentar os principais aspectos de manejo da palma forrageira. 2 – HISTÓRICO E CULTIVARES A palma (Opuntia e Nopalea) é uma cultura originária do México, sendo atualmente cultivada em todo o mundo. Provavelmente foi introduzida no país durante o período de colonização para a produção da cochonilha do carmim. Em 1893, Barbosa Rodrigues recomendou o uso de Opuntia como forrageira para alimentação do gado nas épocas de seca (Menezes et al., 2005). No Nordeste do Brasil, região na qual se encontra a maior área de cultivo da palma forrageira em todo mundo, as espécies mais cultivadas são Opuntia ficus-indica Mill. cvs. Gigante, Redonda e Clone IPA-20 e Nopalea cochenillifera Salm Dyck cv. Miúda. A cultivar Miúda é plantada em larga escala no estado de Alagoas, enquanto que nos outros estados nordestinos predomina o plantio de cultivares de Opuntia ficusindica Mill (Santos et al., 2010b). De maneira geral, pode-se afirmar que as cultivares de Opuntia ficus-indica Mill. toleram secas mais intensas e são mais tolerantes à cochonilha de escamas (Diaspis echinocacti Bouché), quando comparadas com a cv. Miúda. Quanto à produtividade, a palma Miúda tem se mostrado inferior às cultivares gigante e redonda (Santos et al., 2006a), no entanto, quando essa produção é considerada em termos de matéria seca, os resultados se equivalem, uma vez que a miúda possui maior teor de matéria seca que as cultivares do gênero Opuntia. Além disso, a cultivar Miúda apresenta resistência à cochonilha do carmim (Dactylopius opuntiae Cockerell), que é atualmente a principal praga da cultura da palma no Nordeste do Brasil. Por esta razão, há uma tendência de aumentar a área de plantio com esta cultivar (Santos et al., 2010b). O uso de variedades resistentes a cochonilha do carmim tem recebido atenção especial e, neste sentido, o IPA e a UFRPE selecionaram clones resistentes a cochonilha do carmim (Santos et al., 2006b; Santos et al., 2007; Vasconcelos et al., 2009), das quais tem se destacado o clone Orelha de Elefante Mexicana (Opuntia spp.),conforme Santos et al. (2008) e Santos et al. (2011). 3 3- ASPECTOS MORFOFISIOLÓGICOS A palma apresenta metabolismo fotossintético MAC (Metabolismo Ácido das Crasssuláceas) e, por isso, abre os estômatos para a absorção do CO2 durante a noite, para reduzir a perda de água para o ambiente. O CO2 absorvido durante a noite é armazenado temporariamente na forma de ácido málico no vacúolo celular para posteriormente ser utilizado nas reações fotossintéticas do dia seguinte. Além do metabolismo MAC, a palma apresenta algumas estruturas morfoanatômicas que representam adaptações a ambientes com déficit hídrico, tais como presença de tricomas e estômatos profundos, no interior de criptas formadas por camadas de cutinas sobre a epiderme (Santos et al., 2010b). Em se tratando de palma forrageira, a luz é um fator que assume grande importância, considerando a disposição quase perpendicular dos cladódios em relação ao solo, dificultando a interceptação da luz incidente, o que resulta em um crescimento inicial lento, em função da baixa área fotossintética (Farias al., 2005). Segundo Santos (1992), o índice de área do cladódio (IAC) obtido em plantas de palma foi de 0,73 ou 1,46 quando adotado o cálculo recomendado por Nobel (1995), que considera os dois lados do cladódio. Esse IAC observado na palma pode ser considerado baixo quando comparado ao IAF, medida análoga usada para gramíneas e leguminosas. As características morfofisiológicas da palma, notadamente o lento crescimento devido ao metabolismo fotossintético MAC e o baixo IAC determinam a dinâmica de colheita para obtenção de maior produtividade. 4 – SISTEMA DE PLANTIO A escolha do sistema de plantio ideal para a palma forrageira será influenciada por aspectos sociais e econômicos, tais como tamanho da propriedade, acesso ao crédito, disponibilidade de mecanização, custo de aquisição de insumos agrícolas, preço do produto final, dentre outros (Farias et al., 2005). O melhoramento genético da palma forrageira associado à otimização no manejo da cultura tem promovido um incremento considerável na produtividade dessa forrageira no Nordeste brasileiro (Figura1). Pesquisas realizadas pelo Acordo IPA/UFRPE mostram que em meados da década de 90, a palma apresentava produção média de 10 t de MS/ha/ano (Santos et al., 2006a), enquanto ao final desta mesma década, Santos et al. (2000) constataram produção de 20 t de MS/ha/ano. Recentemente, 4 o clone Orelha de Elefante Mexicana se destacou quanto produtividade com produção de aproximadamente 55 t de MS/ha/ano (Santos et al., 2011), sendo o corte realizado aos dois anos, conservando-se os cladódios primários e sob condições de sequeiro. Vale ressaltar que neste experimento, conforme Santos D.C. – comunicação pessoal, houve algum comprometimento de stand em algumas parcelas, o que pode ter diminuído a competição entre plantas e promovido a alta produção observada. O espaçamento de plantio deve ser escolhido de acordo com a preferência e a disponibilidade de capital do produtor (Menezes et al., 2005), mas em qualquer sistema utilizado, a cultura deve receber adubação e tratos culturais adequados (Santos et al., 2006a). O espaçamento menos adensado permite o consórcio com culturas anuais, tais como milho e feijão, e, além disso, facilita os tratos culturais com tração animal, importante para a agricultura familiar do semiárido, e minimiza os riscos de pragas e doenças na cultura, por permitir uma maior aeração e exposição das plantas ao sol (Ramos et al., 2011). A densidade comumente sugerida é de 40.000 plantas/ha, que pode proporcionar produtividade de aproximadamente 25 t de MS/ha/ano quando o cultivo for manejado e adubado adequadamente (Figura 2), conforme Santos et al. (2008). Segundo Farias et al. (2005), o espaçamento de plantio tem relação direta com a interceptação de luz pela cultura. Dubeux Jr et al. (2006) verificaram que palmais com populações de até 40.000 mil plantas/ha tiveram maior IAC que aqueles com 5000 mil plantas/ha. Santos et al. (2006) verificaram que no cultivo adensado a produção de matéria seca aumentou em torno de 80% se comparada com o cultivo tradicional. Vale ressaltar que a palma em sistema de plantio adensado requer maior nível de adubação e esse sistema apresenta maior dificuldade no controle de invasoras. 5 Figura 1. Incremento na produção experimental da palma forrageira nos últimos 50 anos no Nordeste do Brasil – Dados experimentais IPA/UFRPE. Considerando que a estrutura fundiária do Nordeste é formada na sua maioria por pequenas propriedades, o uso de adubação é uma importante estratégia de manejo para aumentar a eficiência de produção de forragem (Dubeux Jr et al., 2010). A adubação mineral e orgânica de manutenção é uma importante medida de manejo da cultura da palma, devendo ser realizada a cada corte, considerando a elevada extração de nutrientes da cultura. Dubeux Jr e Santos (2005) recomendam o uso de 20 a 30 t/ha de esterco bovino após cada colheita, dependendo do espaçamento de plantio utilizado, contudo Santos et al. (2008) verificaram resposta linear da produtividade da cultivar Clone IPA-20 até 80 t/ha de esterco bovino. A palma apresenta resposta à adubação fosfatada, notadamente quando cultivada em populações adensadas (40.000 plantas por ha) e teores de P no solo (Mehlich-1) abaixo de 10 mg.dm-3. Em populações menos densas (5.000 plantas/ha) as respostas são bem menores (Dubeux Jr et al., 2006) Informações de aspectos de sistema de plantio da cultivar Orelha de Elefante Mexicana, a qual é tolerante à cochonilha do carmim, ainda não são disponíveis na literatura, devendo ser avaliados, notadamente em sistemas de plantio adensados, sob adubação e irrigação. Vale salientar que a irrigação da palma forrageira não é comum 6 no Nordeste, embora haja relatos de experiências bem sucedidas em alguns locais do Rio Grande do Norte e Pernambuco. Figura 2. Efeito de populações de plantio sobre a produtividade da palma forrageira cv. Clone IPA-20. Fonte: adaptado de Santos et al. (2008). 5 - TRATOS CULTURAIS O controle de plantas invasoras é de fundamental importância no cultivo da palma forrageira. Além da competição por luz, a competição com plantas daninhas por água e nutrientes, devido ao sistema radicular superficial da palma, reduz a produtividade desta cultura e aumenta o risco de incêndios. O controle de plantas daninhas pode ser realizado mecanicamente ou quimicamente. Os controles mecânicos mais usados no Nordeste do Brasil são a limpeza com enxada ou roçada no verão (Santos et al., 2010b). Existem alguns trabalhos sobre o uso de herbicidas na cultura da palma (Felker e Russel, 1988; Farias et al., 2005), entretanto no Brasil não há atualmente produtos registrados para uso nesta cultura. A palma responde bem a capinas e roços, e a mesma deve ser tratada como qualquer outra cultura. Em São Bento do Una – PE foram obtidos aumentos acima de 100% na produção de forragem quando foi realizado o roço no palmal, comparado com 7 o tratamento que não recebeu nenhum trato cultural (Santos et al., 2006a). Nos plantios tradicionais de palma forrageira, os tratos culturais podem ser feito através de roçagem no final da estação chuvosa. 6 - PRAGAS E DOENÇAS No Nordeste do Brasil, embora haja registros de doenças, os problemas são pequenos e localizados. Com relação ao ataque de pragas, duas espécies de cochonilhas são os principais problemas: a cochonilha de escamas (Diaspis echinocacti-Bouché), um inseto da ordem Hemiptera e família Diaspididae, conhecida vulgarmente por escama, piolho ou mofo da palma, e a cochonilha do carmim (Dactylopius opuntiae Cockerell), pertencente à ordem Hemiptera, família Dactylopiidae. A ocorrência de cochonilha do carmim tem promovido acentuada redução da produção de palma forrageira, principalmente nos estados da Paraíba e Pernambuco, nos quais predomina o cultivo das cultivares gigante, redonda e o clone IPA 20, do gênero Opuntia, que são suscetíveis a essa praga. Estimativas realizadas por órgãos de pesquisa estimam a mortalidade de cerca de 100 mil hectares implantados com a cultura (Ribeiro, 2009). Segundo Cavalcanti et al. (2001), o controle desse inseto pode ser mecânico, químico, biológico e com uso de variedades resistentes. Trabalhos de seleção de clones visando resistência à cochonilha do carmim (Santos et al., 2006b; Santos et al., 2007; Vasconcelos et al., 2009), identificaram que os clones cv. Miúda, Orelha de Elefante Mexicana, IPA-Sertânia (ou palma baiana), IPA-200013 e IPA-200015 foram considerados como resistentes a cochonilha do carmim. Destes clones, os três primeiros têm sido recomendados para plantio na região de ocorrência da praga. Vale salientar que a cultivar miúda e a IPA Sertânia mostram-se susceptíveis a cochonilha de escama e, portanto, no plantio destas cultivares deve ser considerados os métodos de controle desta praga, segundo Santos et al. (2006b). 7 - MANEJO DE COLHEITA A colheita da palma usualmente é feita a cada dois anos e resultados demonstram a necessidade de preservar uma área de cladódio residual para promover uma rebrota vigorosa e maior longevidade do palmal (Santos et al., 2010b). A 8 quantidade de matéria seca colhida é dependente de diferentes fatores de manejo e varia conforme a cultivar (Tabela 1). Tabela 1. Produção de matéria seca de cultivares de palma colhidas a cada dois anos e conservando-se o artículo primário Cultivares Miúda Gigante Clone IPA-20 Orelha de Elefante Mexicana Orelha de Elefante Africana 20.000 20.000 20.000 20.000 20.000 20.000 40.000 40.000 No de Colheitas 1 3 1 1 3 1 1 1 PMS (t/ha) 18,14 20,64 21,70 21,43 28,88 25,65 29,00 19,40 Cunha et al. (2008) Santos et al. (2011) Santos et al. (2011) Cunha et al. (2008) Santos et al. (2005) Cunha et al. (2008) Dubeux Jr et al. (2006) Dubeux Jr et al. (2006) 500 kg de NPK 20.000 1 49,10 Santos et al. (2011) 500 kg de NPK 20.000 1 17,30 Santos et al. (2011) Adubação (ha) Plantas/ha 100 kg de N 20 t de esterco 500 kg de NPK 100 kg de N 20 t de esterco 100 kg de N ----- Fonte A palma é também considerada uma reserva estratégica de forragem e, neste caso, a frequência de corte pode variar conforme a necessidade do produtor e das condições climáticas. Em diagnóstico realizado por Almeida (2011) na região semiárida do Estado da Bahia, observou-se que a colheita da palma forrageira é realizada em intervalos de um a três anos ou quando se faz necessário, isto é, sob dependência do período de estiagem e da escassez de forragem para os rebanhos. Rangel et al. (2009), constataram, no Cariri Ocidental Paraibano, que 73,3% dos pecuaristas realizam o primeiro corte da palma entre 2 a 3 anos, enquanto 16,7% cortam com 1 ano de implantação do palmal. Farias et al. (2000) relataram que o manejo da colheita foi fator determinante para manutenção da produtividade ao longo de sucessivas colheitas de um palmal em São Bento do Una – PE. Em geral, espaçamentos mais largos (e.g, 2 m x 1 m ou 3,0 m x 1,0 m x 0,5 m) evidenciam a necessidade de preservar os artículos secundários quando a colheita é feita a cada dois anos; quando a colheita é feita a cada quatro anos pode-se preservar apenas os primários (Tabela 2). Santos et al. (1996) avaliaram a produtividade anual da palma miúda submetida a três freqüências de colheita (anual, bienal e trienal) e três densidades de plantio (5.000, 10.000 e 20.000 plantas/ha). A produtividade de MS em t/ha/ano, para as populações de 5, 10 e 20 mil plantas/ha, foi de 5,9, 7,8 e 9,9 t/ha/ano, respectivamente. 9 Para as diferentes frequências de colheita foram obtidas produtividades de 6,9; 9,7 e 6,9 t de MS/ha/ano para as freqüências anual, bienal e trienal, respectivamente. Tabela 2. Efeito de espaçamento, freqüência e intensidade de cortes sobre a produção de matéria verde e seca de artículos de palma e de grãos e restolhos de sorgo, em consórcio com palma forrageira1 Espaçamento/ Densidade de plantio Frequências de corte (anos) Primários Secundários Primários Secundários 2 2,0 m x 1,0 m 5.000 plantas/ha Intensidade de corte2 4 Média Primários Secundários Primários Secundários 2 3,0 m x 1,0 m x 0,5 m 10.000 plantas/ha 4 Média Primários Secundários Primários Secundários 2 7,0 m x 1,0 m x 0,5 m 5.000 plantas/ha 4 Média Produção de MS t de MS/ha/ano 4,20 6,41 5,21 5,10 5,13 a 3,82 4,51 4,51 5,30 4,53 b 2,21 3,40 2,61 2,80 2,75 c 1 Médias seguidas de letras iguais, nas colunas, não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey. 2 Conservação dos cladódios no momento do corte. Fonte: adaptado de Farias et al. (2000). O baixo IAC da palma forrageira pode ser parcialmente atenuado por uma maior densidade de plantas ou por colheitas menos freqüentes, com a conservação de maior número de cladódios (Lira et al., 2006). Santos et al. (2006a) citam que no corte da palma, quando são conservados na planta cladódios onde não são reduzidas as superfícies fotossintetizantes, a palma apresenta benefícios em produtividade e longevidade. Em cultivos adensados, por exemplo, nos quais o espaçamento é menor deve-se conservar os cladódios primários, enquanto para cultivos em filas duplas, devese deixar todos os cladódios secundários. Dependendo do espaçamento e da necessidade do criador a palma pode ser colhida em intervalos de dois ou quatro anos, sem a perda do valor nutritivo da forragem. Os sistemas de plantio nos espaçamentos 2,0 x 1,0 m e 3,0 x 1,0 x 0,5 m permitem colheitas a cada quatro anos, com produções duas vezes superiores às colheitas a cada dois anos, quando são conservados apenas cladódios primários. 10 Não há trabalhos na literatura que associem o manejo de colheita da palma com as características morfogênicas e estruturais da cultura, tais como taxa de aparecimento e alongamento de cladódios, altura da planta e número de cladódios por ordem e total. Vale salientar que estas características podem ser influenciadas pelo genótipo e pelas condições de cultivo (irrigação, adubação, plantio adensado etc.). 8 - MANEJO PÓS-COLHEITA A palma forrageira geralmente é colhida manualmente para ser fornecida diretamente no cocho, o que aumenta os custos de produção (Santos et al. 1992; Santos et al., 2006a). O armazenamento pós-colheita pode ser uma alternativa para diminuir os custos com a colheita e transporte do material, contudo o armazenamento deve ocorrer em local com sombra ou coberto e ventilado. Os ramos de palma devem ser amontoados inteiros, devendo ocorrer o fracionamento do material no momento do uso. Santos et al. (1992) verificaram que não houve perdas aparentes de matéria seca, proteína bruta, fibra bruta e carboidratos solúveis da palma forrageira até 16 dias de armazenamento pós-colheita, sugerindo assim que maior quantidade de palma pode ser colhida, mesmo que não haja utilização imediata (Tabela 3). Tabela 3. Composição química (% da matéria seca) da palma forrageira cv. Redonda, submetida a diferentes períodos de armazenamento, São Bento do Una – PE Cultivares 1 Redonda Gigante Miúda MS PB2 FB3 CS4 MS1 PB2 FB3 CS4 MS1 PB2 FB3 CS4 0 15,3a 3,51a 14,5a 27,9a 13,8a 3,91a 16,6a 26,2b 22,5b 2,25a 12,3a 56,6a Período de armazenamento (dias pós-colheita) 4 8 12 15,2a 17,6a 15,2a 3,65a 3,86a 3,58a 12,9a 13,4a 13,1a 30,9a 29,6a 28,2a 14,6a 17,0a 14,7a 4,08a 4,14a 4,01a 12,9b 13,3b 13,2b 33,0a 29,5ab 29,4ab 22,8b 23,7ab 24,2a 2,23a 2,23a 2,20a 9,9ab 11,9ab 9,6b 57,4a 58,8a 57,7a 16 16,1a 3,71a 14,2a 29,1a 15,3a 4,12a 13,4b 29,7ab 23,8ab 2,14a 10,9ab 59,2a Média CV (%) 15,9 3,66 13,6 29,1 15,1 4,05 13,9 29,5 23,4 2,21 10,9 57,9 11,9 13,8 10,7 12,4 11,3 10,3 9,7 10,2 3,05 12,5 12,0 5,01 Valores nas colunas seguidos da mesma letra, não diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey. 1MS = matéria seca; 2PB = proteína bruta; 3FB = fibra bruta; 4CS = carboidratos solúveis. Fonte: Adaptado de Santos et al (1992). 11 Em experimento conduzido na Estação Experimental de Caruaru, observou-se que armazenamento pós-colheita de até 56 dias promoveu maior aparecimento de danos e apodrecimento na palma Míúda (Tabela 4), em relação ao Clone IPA-20, o que pode estar associado ao maior teor de carboidratos da primeira cultivar (Silva, N.G.M. – comunicação pessoal). Vale ressaltar que são poucas as informações disponíveis na literatura sobre o armazenamento pós-colheita da palma forrageira e seus efeitos no valor nutritivo e desempenho animal. Tabela 4. Índice de apodrecimento1 das espécies de palma forrageira ao longo dos tempos de armazenamento no período seco. Períodos de armazenamento pós-colheita (dias) 0 8 16 24 32 40 48 56 CV (%) Cultivares Clone IPA – 20 Cultivar Miúda 1,0dA 1,0eA 1,1cB 3,0dA 2,2bB 3,0dA 2,7aA 3,0dA 3,0aA 3,2dA 3,0aB 3,6cA 3,0aB 4,0bA 3,1aB 4,7aA 5,0 Médias seguidas de igual letras minúsculas na coluna e letras maiúsculas não diferem entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de LSMEANS. 1 Indice de apodrecimento referente a observação de danos nos cladódios, sendo 1 menor apodrecimento e 3 maior. Fonte: (Silva, N.G.M. – comunicação pessoal). 9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS A palma forrageira pode alcançar alta produtividade se manejada corretamente, com sistema de plantio adequado, tratos culturais, intensidade e frequência de corte que levem em consideração a capacidade fotossintética da cultura; O armazenamento pós-colheita é uma alternativa para diminuição de custos com corte ou transporte. Informações de aspectos de sistema de plantio da cultivar Orelha de elefante mexicana, tolerante à cochonilha do carmim, ainda não são disponíveis na literatura, devendo ser avaliadas, notadamente em sistemas de plantio adensados, com adubação. 12 São necessários estudos que associem o manejo de colheita da palma com as características morfogênicas e estruturais da cultura no sentido de otimizar o manejo da palma para produção de forragem. 10- AGRADECIMENTO Ao Professor Iderval Farias, pela dedicação durante toda vida acadêmica aos estudos com Palma em Pernambuco. 11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, J. de. A palma forrageira na região semiárida do estado da Bahia: diagnóstico, crescimento e produtividade. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Cruz das Almas – BA, 2011. 95f. (Tese de Doutorado). CAVALCANTI, V.A.L.B.; SENA, R.C.; COUTINHO, J.L.B.; ARRUDA, G.P.; RODRIGUES, F.B. Controle das cochonilhas da palma forrageira, Boletim IPA Responde, nº 39, p.1-2, 2001. 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