Manejo de Doenças - Sociedade Sul

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Manejo de Doenças - Sociedade Sul
95. RESPOSTA EM RENDIMENTO DE GRÃOS À APLICAÇÃO DE
FUNGICIDAS EM FUNÇÃO DA ÉPOCA DE SEMEADURA EM
CACHOEIRINHA, RS
Daniel Santos Grohs1, Gustavo Daltrozo Funck,2 Danielle Almeida3, Matheus Laurent3, André Aguiar Schwanck3
Palavras-chave: Oryza sativa, controle químico, produtividade.
INTRODUÇÃO
Na Estação Experimental Agronômica do IRGA em Cachoeirinha são realizados ensaios anuais
para verificar o efeito da aplicação de fungicidas no controle da doença em diferentes épocas de
semeadura. Embora diversas são as variáveis observadas no ensaio, o foco principal é na produtividade da
cultura. A manutenção do potencial produtivo frente a diferentes situações de favorabilidade do ambiente
à doenças deve ser o principal indicador para a tomada de decisão quanto ao uso do fungicida. Ao longo
de vários anos de experimentação a resposta em rendimento tem sido variável, desde altas, mesmo nas
épocas consideradas de baixa incidência de doenças, como em outubro (Herzog et al., 2004) até respostas
nulas, mesmo nas épocas tardias, como em dezembro (Goulart et al., 2008). Assim, a variabilidade da
intensidade das doenças em função do ambiente tem determinado a necessidade da execução de ensaios
de longo prazo o que permite uma avaliação da probabilidade de ocorrência das diferentes possíveis
respostas do fungicida sobre a manutenção da produtividade em diferentes situações. Em termos práticos
de manejo de doença, são necessárias informações de risco que auxiliem na sua tomada de decisão. Desta
forma, o objetivo do trabalho foi sumarizar a resposta do fungicida sobre o rendimento de grãos em
função da variabilidade ambiental determinada por diferentes épocas de semeadura em vários anos de
experimentação no IRGA.
MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios foram instalados na EEA/IRGA, em Cachoeirinha, entre os anos de 2003 à 2008. O
clima da região é do tipo Cfa e a área apresenta o solo classificado como gleissolo háplico Ta Distrófico
Típico. Os ensaios foram conduzidos em desenho fatorial, sendo a aplicação de fungicida o fator fixo
disposto em blocos casualisados com quatro repetições e a época de semeadura e os blocos os fatores
aleatórios. A aplicação de fungicida constou em dois níveis, sendo o primeiro, duas aplicações
seqüenciais de fungicida e o segundo, sem fungicida (testemunha). Os princípios ativos utilizados
variaram ao longo dos anos, porém, sempre foi utilizada uma mistura de triazol com estrobilurina. As
épocas de semeadura foram em cinco datas nos seguintes períodos: 1ª quinzena de outubro, 2ª quinzena
de outubro, 1ª quinzena de novembro, 2ª quinzena de novembro e 1ª quinzena de dezembro. As unidades
experimentais consistiram de parcelas de 5,0 m de comprimento com 10 linhas espaçadas em 0,17m.
A primeira aplicação do fungicida foi realizada entre os estádios R1 e R2 (início e final do
emborrachamento) e a segunda aplicação, 15 dias após a primeira aplicação. O volume de pulverização
utilizado na aplicação do fungicida variou de 150 à 200 L ha-1, sendo utilizado pulverizador experimental
baseado em CO2 a fim de manter vazão constante. A adubação variou de 300 a 400 kg ha-1 de adubo
granulado, em geral, na fórmula 5-20-30 (N, P2O5 e K2O, respectivamente). A adubação nitrogenada
variou de 50 à 75 kg ha-1 de N por ocasião do estádio V3/V4 e, entre 25 e 35 kg ha-1 de N no estádio
V8/V9. As demais práticas culturais foram realizadas conforme as recomendações técnicas vigentes.
As cultivares utilizadas foram sempre em número de três em cada safra, porém diferentes
combinações nos anos. A cultivar BR-IRGA 410 foi utilizada como padrão em todos os anos. As demais
1
M.Sc. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Agronomia do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS), email: [email protected].
Dr. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Melhoramento do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS),
3
Acadêmicos do curso de agronomia da UFRGS/RS e estagiários do IRGA/EEA (Cachoeirinha/RS).
2
forams: IRGA 417, IRGA 420, IRGA 423 e IRGA 424. A semeadura foi realizada em sistema de plantio
direto sobre palha de azevém dessecada previamente.
Quanto à intensidade das doenças foram avaliadas a severidade de doenças foliares (percentual de área
foliar atacada por manchas foliares) e a incidência das doenças ocorridas nas panículas e colmos por
ocasião dos estádios R7 à R9. As avaliações foram feitas nas folhas-bandeira e panículas, coletadas
aleatoriamente nas parcelas, ou então foram atribuídas notas para as parcelas, segundo escala de notas
(IRRI, 1996). Por ocasião da colheita, foi quantificado o rendimento de grãos e corrigido à umidade de
13%, sendo em alguns anos retiradas amostras para análise do percentual de grãos inteiros. A resposta do
fungicida foi considerada como a diferença relativa entre o rendimento de grãos das parcelas com
fungicidas e sem fungicida. Os resultados da resposta do fungicida sobre o rendimento de grãos foram
avaliados por análise exploratória da distribuição para quantificar o grau de dispersão da população
amostral e o uso do estimador biponderado de Tukey, para estimativa da média ponderada. O dados foram
classificados segundo classes de freqüência a fim de identificar a probabilidade de ocorrência de doenças
entre os anos e as diferentes faixas de resposta do rendimento de grãos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As principais doenças e sua prevalência verificadas ao longo dos seis de ensaio anos se encontram na
tabela 1. Outras doenças, como a cárie dos grãos (Tilletia barclayana), também foram observadas, porém
seu comportamento errático não permitiu uma avaliação consistente entre as épocas de semeadura.
Convém destacar que a prevalência se refere apenas à incidência da doença em um determinado ensaio,
de modo que, em geral, a severidade das doenças aumentou com o atraso da semeadura. Além disso, os
dados de prevalência não consideram o efeito isolado do ano e cultivar, mas sim a análise conjunta com
população amostral constituída por 90 combinações. Na tabela 1, se observa que, em média, alguma
doenças estiveram presentes em todas as épocas. Porém, na primeira quinzena de outubro, na média geral
para as doenças, doenças foram detectadas em 40% das situações. Já a partir da primeira quinzena de
novembro, a prevalência subiu para mais de 60%, ou seja, a cada 10 anos, em seis foi observada alguma
doença.
Tabela 1. Prevalência (%) de doenças1 em ensaios (n=90) em função da época de semeadura na média
dos anos (2003-2008) em Cachoeirinha, RS, utilizando as cultivares BR-IRGA 410, IRGA 417,
IRGA 420, IRGA 423 e IRGA 424.
100%
Podridão do
colmo
33%
Brusone no
“pescoço”
1%
Média
geral
40
25%
100%
50%
11%
47
01/11 à 14/11
58%
100%
58%
33%
63
15/11 à 30/11
67%
100%
67%
33%
67
01/12 à 14/12
75%
100%
75%
67%
79
Média geral
50
100
57
29
59
Época de semeadura
Mancha parda
Mancha de grãos
01/10 à 14/10
25%
15/10 à 30/10
1
Mancha parda (Bipolaris oryzae), Mancha de grãos (complexo de doenças - ), podridão do colmo (Rizoctonia solani) Brusone no
“pescoço” (Pyricularia oryzae)
A ocorrência de doenças foi variável também em função do grau de susceptibilidade da cultivar
semeada. Na EEA, há o histórico de ocorrência de muitas doenças (incluindo cárie e brusone) dado seu
solo natural caracterizado por textura arenosa e a média térmica elevada no verão. Quanto à doença mais
freqüente, destaca-se a mancha de grãos observada em todas as épocas. Tal fato se deve as múltiplas
causas que podem determinar sua incidência, em qualquer época, que além de fungos causadores de
manchas, podem ocorrer manchas causadas por frio e insetos. Já a doença menos prevalente foi a brusone
cujos sintomas foram observados apenas nas panículas e nas semeaduras a partir de novembro. Ainda, na
semeadura até o final da primeira quinzena de outubro, sua prevalência foi de apenas 1% nas cultivares
suscetíveis à brusone.
A resposta em rendimento em função da aplicação de fungicidas é apresentada na Figura 1. De
maneira geral, em qualquer época a resposta foi positiva, negativa ou sem efeito para uso do fungicida.
Porém, apenas a partir da segunda quinzena de novembro o intervalo interquartílico superou a linha zero,
ou seja, quando as respostas do fungicida sobre o rendimento começaram a se tornarem mais freqüentes, o
que pode estar relacionado com a maior incidência e severidade de doenças. Além disso, até esta época,
quando houve resposta do fungicida, esta ficou na faixa de 0 a 10 sc ha-1, de modo que, na semeadura da
primeira quinzena de outubro a mediana tendeu a zero e na semeadura de dezembro tendeu a 10 sc ha-1.
50
Resposta do fungicida (sc ha-1)
40
30
20
10
0
-10
-20
11
-30
-40
-50
1_out a 15_out 15_out a 30_out 1_nov a 15_nov 15_nov a 30 nov 1_dez a 15 dez
Época de semeadura
Figura 1. Box-plot da resposta do fungicida em função das épocas de semeadura. BIODOENÇAS - IRGA
/ EEA. Cachoeirinha. 2003 à 2008. BR-IRGA 410, IRGA 417, IRGA 420, IRGA 423 e IRGA
424.
A grande amplitude de respostas entre e dentro das épocas determinou a necessidade de utilizar
um estimador ponderado da média, para evitar super ou subestimação. Desta forma, a resposta média do
fungicida variou de 3 à 12 sc ha-1, respectivamente, nas semeaduras realizadas até o final da primeira
quinzena de outubro e de dezembro (tabela 2). Estas médias refletiram o tipo de doença predominante em
cada época ao longo dos anos (tabela 1). Na primeira, houve o destaque para as manchas foliares e de
grãos e na última para brusone. Cabe ao produtor ponderar sua capacidade de investimento e nível
tecnológico e aferindo se os incrementos proporcionados pelo fungicida serão relevantes para a
manutenção do seu potencial produtivo e serão rentáveis frente ao custo das aplicações a cada ano e ao
longo dos anos.
Tabela 2. Probabilidade de ocorrência (%) de seis faixas de resposta em produtividade pelo uso do
fungicida em cinco épocas de semeadura. BIODOENÇAS - IRGA / EEA. Cachoeirinha. 2003 à
2008. BR-IRGA 410, IRGA 417, IRGA 420, IRGA 423 e IRGA 424.
<0
0 à 10
10 à 20
20 à 30
>30
Resposta
média11
(sc ha-1)
01/10 à 14/10
33%
33%
20%
13%
0
2,9
15/10 à 30/10
27%
40%
20%
13%
0
5,2
01/11 à 14/11
27%
33%
27%
13%
0
5,6
15/11 à 30/11
20%
40%
40%
0
0
6,1
01/12 à 14/12
7%
40%
20%
20%
13%
11,8
Época de
semeadura
Faixa de resposta do fungicida (sc ha-1)1
1
Resposta média do fungicida = Rendimento com fungicida – Rendimento sem fungicida.
* As faixa grifada em cinza representa os rendimentos que ocorrem com maior freqüência (> 60%) na média dos anos.
** A resposta média do fungicida corresponde a média ponderada da população amostrados a partir da aplicação do estimador
biponderado de Tukey.
Porém, mesmo havendo um incremento em todas as épocas, se tornou conveniente quantificar o
grau de probabilidade na qual estes incrementos ocorreram ao longo dos anos. Observa-se na Tabela 2
que, houve uma probabilidade média de 60% das respostas serem no máximo até 10 sc ha-1 nas
semeaduras realizadas até o final da primeira quinzena de novembro. A partir desta época, houve um
deslocamento da tendência no sentido das respostas acima de 10 e 20 sc ha-1. Mesmo assim, apesar de não
ser a probabilidade dominante, houve respostas negativas nas semeaduras tardias (vinculadas aos anos
com baixa pressão de doenças, efeito fitotóxico dos fungicidas ou erros experimentais) e respostas acima
de 20 sc ha-1nos anos de alta pressão, mesmo nas épocas de semeadura do cedo associados com
prevalência de brusone e cárie.
CONCLUSÃO
Independente da época de semeadura houve anos que determinaram respostas variáveis do
rendimento da cultura à aplicação de fungicidas. Porém, há uma probabilidade de 60% de que, até o final
da primeira quinzena de novembro, as respostas se situem na faixa de zero à 10 sc ha-1, com médias de
incremento em produção entre 3 e 6 sc ha-1. Após esta época, respostas superiores a 10 sc ha-1 podem ser
obtidas com aplicações de fungicidas em função do maior dano por doenças em época mais favorável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de aplicação para o controle de cárie e brusone da cultivar IRGA 417. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ
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GOULART, I. C. G. R. ; GROHS, D. S. ; FUNCK, G.R.D. Manejo integrado de doenças na cultura do arroz irrigado: efeitos
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Porto Alegre. Livro de Resumos, 2008. v. 1. p. 190
96. EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES SOBRE A FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO
INICIAL DE COLMOS EM DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA
Danielle Almeida1, Daniel Santos Grohs2, Matheus Laurent1, André Aguiar Schwanck1
Palavras-chave: fungicida, inseticida, afilhameno,
INTRODUÇÃO
O número de colmos por área é representado pela interação entre o potencial de afilhamento de
uma cultivar mais a densidade de plantas utilizada por ocasião do plantio. Para atingir altas
produtividades têm se preconizado um estabelecimento em torno de 200 plantas m-2, de modo a manter
um mínimo de três colmos viáveis por planta. Em geral, a maior parte dos afilhos emitidos não sobrevive
até a diferenciação, levando vantagem nesta sobrevivência os dois primeiros afilhos formados (A1 e A2)
(Jaffuel & Dauzat, 2005). Geralmente estes se definem, nas duas primeiras semanas após o início do
processo de afilhamento, que em arroz se dá por ocasião da emissão da 4ª folha (estádio V4), quando
também se recomenda a primeira aplicação de uréia e o início da irrigação.
Atualmente estão sendo comercializados inúmeros produtos para tratamento de sementes que
prometem inúmeros benefícios na formação do estande inicial das plantas (como maior enraizamento e
velocidade de germinação). Além disso, fungicidas e inseticidas em tratamento de sementes já estão
sendo relacionados a estes efeitos, independente do seu verdadeiro foco de uso. O problema é que a
maioria dos ensaios que evidenciam tais efeitos são gerados em situações de ambiente controlado
(como casas de vegetação, vasos e estufas). Porém, no campo as condições ambientais são extremamente
adversas, de forma que, a época de semeadura é um dos maiores determinantes do grau de adversidade
das condições ambientais no ciclo da cultura (Mariot et al., 2007).
Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do tratamento de sementes de arroz com
diferentes produtos em três épocas de semeadura sobre a formação do número inicial de colmos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Estação Experimental do Arroz do Instituto Rio Grandense do
Arroz (IRGA), em Cachoeirinha, RS, na estação de crescimento da cultura em 2008/09. A cultivar
utilizada foi a IRGA 424, sendo a semeadura realizada em sistema de plantio direto sobre palha de
azevém dessecada previamente. A adubação correspondeu a 400 kg ha-1 de adubo granulado, na fórmula
5-20-30 (N, P2O5 e K2O, respectivamente). Em cobertura, não foi aplicado nitrogênio. Caso utilizado no
ensaio, o efeito do tratamento de sementes provavelmente seria sobrepujado pelo N, impedindo de testar
corretamente esta relação. As demais práticas culturais foram realizadas conforme as recomendações
técnicas vigentes.
Os tratamentos utilizados foram dispostos no delineamento de blocos ao acaso com quatro
repetições em esquema de fatorial. O fator fixo utilizado foi o tratamento de sementes, sendo testado
quatro produtos: Standak 250 SC (na dose de 150 mL/100 kg de smts), Vitavax-Thiran 200 SC (na dose
de 250 mL/100 kg de smts), a mistura de Vitavax-Thiran + Standak, Trichodermil (na dose de 150 mL/
100 kg de smts) e a testemunha sem produto nas sementes. O Vitavax-Thiran foi utilizado para isolar o
efeito da incidência de doenças caso ocorresse nas sementes ou nas plântulas recém emergidas. Já o
Trichodermil (conídios de Trichoderma harzianum) foi utilizado como padrão de produto que não
apresentasse em sua constituição a presença de nutrientes que pudessem exercer efeito sobre a emergência
e desenvolvimento inicial de plantas. O fator aleatório correspondeu à três épocas de semeadura:
1
2
Acadêmicos do curso de agronomia da UFRGS/RS e estagiários do IRGA/EEA (Cachoeirinha/RS).
M.Sc. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Agronomia do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS), email: [email protected].
19/09/2008, 02/11/2008 e 15/12/2008. Cada unidade experimental se constituiu em parcelas de 4,5 m de
comprimento, contendo 10 linhas espaçadas em 0,17 m.
O estande final de plantas (plantas m-2) foi avaliado em duas de linhas de 1,0 m de comprimento,
por ocasião do início da irrigação (estádio V3/V4). Após uma semana da entrada d’água (estádio V5/V6),
foi realizada a coleta de plantas em uma área de 0,225 m2 na parcela. Nesta, foram contadas em 10 plantas
o número total de colmos por planta, bem como a determinação do percentual de emissão dos três
primeiros afilhos (A1, A2, A3), segundo escala proposta por Haun (1971) (não referenciado). Os
resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível
de significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as três épocas, a semeadura realizada em 19/09 apresentou o maior número de dias de que?
na qual a temperatura mínima do ar atingiu temperaturas menores que 20ºC (13 dias) (Tabela 1). Segundo
Yoshida (1981), a temperatura ótima mínima para germinação, desenvolvimento da raiz e emergência das
plântulas é, respectivamente: 20ºC, 25ºC e 25ºC.
Tabela 1. Número de dias entre a semeadura e a coleta de plantas, número de dias no qual houveram picos
com temperaturas do ar menor que 20ºC, temperaturas mínima, média e máxima do ar,
precipitação acumulada e disponibilidade de água no solo. EEA/IRGA, Cachoeirinha. 2008.
Data da
semeadura
19/09/2009
02/11/2009
15/12/2009
Total de
dias entre a
semead. e a
coleta
39
33
24
Dias com
Tmín<20ºC
13
0
3
Temperatura do ar
(ºC)
Mín.
Méd.
Máx.
Precip.
acum.
(mm)
16,9
20,0
18,8
26,6
27,4
27,6
39,8
38,7
36,2
211
113
109
DAS
(mm)
2272
1566
1311
Além da temperatura, na primeira época de semeadura houve grande volume de precipitação (211
mm) registrado entre a semeadura e a coleta de plantas, resultando em elevado acúmulo de água no solo
(2772 mm) (tabela 1). Portanto, ocorreu grande número de dias com picos de baixas temperaturas do solo
concomitante com excesso hídrico. Esta combinação resulta em condições muito adversas para a
formação do estande inicial de plantas (Yamauchi & Biswas, 1997).
Cabe salientar, que a patologia de sementes foi realizada em botter-test e não indicou incidência
relevante de patógenos que justificassem uma possível inibição da germinação das sementes. O botter-test
foi positivo para Bipolaris sp. (7,5% de incidência), Phoma sp. (0,5%), Aspergillus sp. (3,5%) e
Nigrospora sp (1,5%). Além disso, em nenhuma das épocas foi observado a morte de plântulas por
dampping-offou ocorrência de bicheira do arroz (Oryzophagus oryzae) após a entrada da água.
Portanto, foi a modificação dos elementos meteorológicos descritos a causa provável da resposta
significativa do tratamento de sementes nas semeaduras realizadas em 19/09 e 02/11 (Tabela 2). Já na
terceira época (15/12), a menor amplitude térmica, a maior temperatura média do ar (27,7ºC) e o menor
volume hídrico (1311 mm) resultaram em um bom estabelecimento e desenvolvimento inicial de plantas,
não havendo diferenças significativas entre os tratamentos para nenhuma das variáveis levantadas (tabela
2). Em ensaio realizado por Peske et al., (2007), foi verificado que Vitavax-Thiran não exercia mais
efeitos sobre o estabelecimento de plantas em temperaturas superiores à 24º C, pois as plantas
apresentavam rápida emergência, permanecendo pouco tempo abaixo da camada superficial do solo.
Considerando apenas as duas primeiras épocas, houve efeito positivo dos tratamentos Standak,
Vitavax-Thiran e a mistura Standak + Vitavax-Thiran no estabelecimento das plantas e emissão de afilhos.
Dentre estas duas épocas, houve maior efeito dos tratamentos na primeira, haja vista que tanto o número
de plantas m-2, quanto o número de colmos plantas-1 foram afetados significativamente pelos tratamentos
(tabela 2). Tal fato deve-se às condições mais adversas na primeira época, de modo que as sementes e
plântulas permaneceram mais tempo sob baixas temperaturas e alta umidade no solo (Tabela 1).
Na primeira época o destaque foi para Vitavax-Thiran que determinou maior incremento do
número final de colmos m-2 em relação a testemunha. Este foi modificado, principalmente em função do
maior número de afilhos A1 e A2 se comparado à testemunha (tabela 2). A resposta significativa do
Vitavax-Thiran sobre o número de colmos por planta nesta época foi indicativo de um efeito independente
ao do controle dos patógenos. Resultados semelhantes foram encontrados por outros pesquisadores, como
Pereira et al. (1985) em soja que verificaram que Vitavax-Thiram proporcionava aumentos de
porcentagem de germinação, velocidade de emergência e maior sanidade das plântulas.
Já na segunda época (02/11) houve efeito significativo dos tratamentos apenas sobre o número de
plantas m-2 (tabela 2). Provavelmente, por haver uma melhora nas condições ambientais como a maior
temperatura média do ar e ausência de picos de temperatura baixas, o estímulo sobre a formação dos
afilhos por plantas diminuiu. Desta forma, o número final de colmos m-2 foi incrementado
prioritariamente pela modificação do número de plantas m-2. Nesta época, os tratamentos com Standak,
Vitavax-Thiran e a mistura Standak + Vitavax-Thiran apresentaram incremento similar quanto ao número
de plantas m-2 em relação à testemunha (tabela 2). Porém, o destaque foi para Standak que possibilitou um
incremento superior do número de colmos m-2 do que os demais tratamentos. Resultado semelhante foi
observado por Aquino et al., (2007) que, trabalhando com Paspalum Regnellii encontrou efeito positivo
de Standak sobre a germinação e perfilhamento.
Já a mistura de Standak + Vitavax-Thiran, foi o tratamento que apresentou a melhor estabilidade
entre as duas épocas, quanto ao incremento do número de colmos. A estabilidade verificada
provavelmente decorre da compensação entre os ingredientes ativos dos produtos. Enquanto que na
primeira época foi o vitavax-thiran que favoreceu a definição dos colmos na área, na segunda época foi o
Standak.
CONCLUSÃO
O uso de Vitavax-Thiram ou Standak isolado mostrou-se vantajoso na formação de estande, na
semeadura da época preferencial (outubro), proporcionando um incremento do número de colmos m-2 em
relação à testemunha. Nas semeaduras chamadas do “cedo” (anteriores à primeira quinzena de outubro)
não houve efeito do uso isolado de Standak, porém foi positivo para Vitavax-Thiran, determinando
incrementos sobre a população de colmos. Nas semeaduras chamadas “tardias” (à partir da segunda
quinzena de novembro) não houve vantagem significativa que justificasse o uso de algum produto para
tratamento de sementes para o foco de formação da população de colmos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AQUINO, D.C. et al. Avaliação do efeito do fipronil sobre a germinação, número de perfilhos e produção de massa seca de
Paspalum regnellii. In: Reunião da Sociedade Brasileira de Zotecnia, 44, 2007, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP, 2007.
p.1-6.
JAFFUEL, S.; DAUZAT, J. Synchronism of leaf and tiller emergence relative to position and to main stem development stage
in a rice cultivar. Annals of Botany, Oxford, v.95, n.3, p.401-412, 2005.
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CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 27, 2007,
Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.342-345.
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REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 27, 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007.
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YAMAUCHI, M. & BISWAS, J.K. Rice cultivar difference in seedling establishment in flooded soil. Plant and Soil, Madison,
v.189, p.145–153, 1997.
YOSHIDA S. Fundamentals of rice crop science. Los Baños, Philippines: IRRI, 1981.
Tabela 3. Nº de afilhos primários (A1, A2, A3) emitidos m-2, % de afilhos planta-1, nº de colmos m-2, nº de plantas m-2. EEA/IRGA,
Cachoeirinha. 2008. A descrição das variáveis deve estar no corpo da tabela, e não no título, o qual deve ser mais geral.
1ª ÉPOCA: 19/09/2008
Tratamento
Standak
Vitavax-Thiran
Vitavax-Thiran + Standak
Trichoderma
Testemunha
Média geral
C.V (%)
A1 ( nº m-2)
25
63
49
23
18
A2 ( nº m-2)
bc**
a
ab
bc
c
34
45
31
59
60
25
23
40
37
b**
a
a
b
b
A3 ( nº m-2)
ns
1
4
3
0
0
% de afilhos
planta-1
37
43
39
19
23
2
315
b*
a
ab
b
b
Colmos
planta-1
2,1
2,5
1,9
1,6
1,6
34
23
ab*
a
ab
b
b
1,9
21
Plantas m-2
53
100
116
84
78
b*
a
a
ab
ab
86
28
Colmos m-2
111
244
221
130
120
160
21
b**
a
a
b
b
2ª ÉPOCA: 02/11/2008
Standak
Vitavax-Thiran
Vitavax-Thiran + Standak
Trichoderma
Testemunha
Média geral
C.V (%)
123
103
112
67
63
a**
a
a
b
b
93
18
113
92
118
61
59
89
20
a
a
a
b
b
68
29
56
29
24
a
b
ab
b
b
41
49
ns
79
69
77
78
72
75
6
3,7
3,5
3,7
3,9
3,6
ns
3,7
8 alinhar
127
108
124
68
69
a**
a
a
b
b
99
16
431 a**
332 b
410 ab
225 c
214 c
322
16
3ª ÉPOCA: 15/12/2008
Standak
Vitavax-Thiran
Vitavax-Thiran + Standak
Trichoderma
Testemunha
Média geral
C.V (%)
*
**
ns
141
179
172
149
138
ns
156
18
113 ns
92
118
104
96
119
32
Significativo à 5 % de probabilidade pelo f-teste (P<0,05).
Significativo à 1% de probabilidade pelo f-teste (P<0,05).
Não significativo pelo f-teste
0
9
9
5
4
ns
5
176
ns
48
59
62
52
53
55
8
2,7
2,8
2,9
2,6
2,8
ns
2,8
14
168 ns
188
180
148
166
170
13
407
519
514
423
385
450
17
ns
97. EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES SOBRE O
COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO EM
DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA
Cley D. Martins Nunes1, Paulo Ricardo R. Facundes, José Francisco da Silva Martins, Ariano Martins de Magalhães, Silvio
Steinmetz, Alcides Cristiano M. Severo, Scheila Maria Rodrigues
Palavras-chave: fungicida, temperatura, vigor.
INTRODUÇÃO
A cultura do arroz irrigado é atacada por diversas doenças, em diferentes estádios de
desenvolvimento, cujos danos podem prejudicar a produtividade e a qualidade dos grãos. A prevalência
e a severidade das doenças dependem da presença de patógeno virulento, da suscetibilidade da cultivar
utilizada e de condições ambientais favoráveis (NUNES, 2004). A disseminação das doenças ocorre em
pequenas e grandes distâncias por meio das sementes. Portanto, sementes de baixa qualidade sanitária
podem introduzir doenças em novas áreas de cultivo e se as condições de hospedeiros e ambientes
forem favoráveis, podem gerar uma epidemia (NEERGAARD 1979).
A qualidade fisiológica é outra importante característica, que representa a capacidade em
desempenhar funções vitais e como a germinação, o vigor e a longevidade. Os patógenos podem causar
severos danos nas sementes quando estão localizados nos tecidos embrionários. Essa condição,
associada a outras, pode determinar o baixo desempenho das sementes no campo (MACHADO, 1988).
Os fungos Helminthosporium oryzae, Curvularia lunata, Nigrospora oryzae, Alternaria sp. e
Phoma sp., que causam manchas nas glumas e esterilidade de espiguetas, sendo esses sintomas são mais
intensos em plantas que florescem sob temperaturas mais baixas (RIBEIRO; NUNES, 1984). A
contaminação das sementes por estes patógenos, além de diminuir o percentual de emergência, pode
diminuir também o vigor das plântulas.
Os produtores de arroz em busca de produtividades vêm cada vez mais, demandando por novas
tecnologias para manejo de insumos, aliado ao potencial genético de novas cultivares, com destaque à
antecipação da época de semeadura. Com base nisso, a cultura do arroz irrigado no estado do Rio
grande do Sul tem-se destacado pelos sucessivos recordes de produtividades alcançadas nas últimas
safras, exigindo um contínuo esforço de pesquisa para manter essa situação e ainda promover avanços
tecnológicos.
O objetivo do presente trabalho foi conhecer o comportamento de cultivares de arroz irrigado
semeadas em diferentes épocas antes do período recomendado para à implantação da cultura no Rio
Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
Dois experimentos foram realizados na Embrapa Clima Temperado, na Estação de Terras Baixas
(ETB), localizada no município de Capão do Leão, RS. Os experimentos foram conduzidos em solo de
textura média argilosa, em caixa de alvenaria (1,40 x 2,10 x 0,70m), aterradas no solo, em condições
ambiente. Em cada experimento foram utilizadas semente de boa sanidade das cultivares BRS 7
“Taim”, BRS Querência respectivamente (Tabela 1). A semeadura foi realizada em quatro épocas
(04/09/2008, 24/09/2008, 14/10/2008 e 04/11/2008), utilizando sementes sem e com tratamento com
fungicida (Carboxin + Thiran: de 250 mL do p.c./100 kg de sementes) na densidade de 130 kg.ha-1 em
sulcos com profundidade de 1,5 e 3,0 cm. Durante o andamento do experimento foram registradas em
cada época as temperaturas do solo na profundidade de 5 cm por dois termistores e registrado no
sistema eletrônico de dados a cada minuto e realizando a média horária. Adotou-se o delineamento de
blocos ao acaso, com parcelas sub-divididas, consistindo de oito fileiras de plantas, com 1 m de
1
Eng. Agr. Dr. - Embrapa Clima Temperado, Rod. BR 392, km 78, cx. Postal 403, CEP.: 96.001-970, Pelotas, RS. E-mail: [email protected].
comprimento. As parcelas corresponderam às épocas de semeadura, as sub-parcelas aos tratamentos
com fungicidas (com e sem) e as sub-sub-parcelas às profundidade de semeadura (1,5 e 3,0 cm).
Registraram-se a emergência de plântulas, altura de plantas, matéria fresca e seca da parte aérea
e número de plantas mortas. Calculou-se o Índice de Velocidade de Emergência (IVE) com base na
fórmula IVE = E1/ N1 + E2/ N2+....+ En,/ Nn descrita por NAKAGAWA (1994), sendo E1, E2 .... En =
número de plântulas emergidas nos dias de contagem até a estabilização da população de plantas e N1,
N2, .... Nn = número de dias entre a semeadura e a emergência.
O peso de matéria seca (parte aérea) e altura média das plantas foram registrados aos 40 dias
após a semeadura. As plantas foram medidas do nível do solo à ponta da folha mais alta. Em seqüência,
foram registrados os pesos frescos e os pesos de matéria seca das plantas (por meio da secagem em
estufa de ventilação forçada por 72 horas à temperatura de 70oC).
Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância, sendo as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na cultivar BRS Querência, o IVE aumentou significativamente da primeira à terceira época de
semeadura (Tabela 1), não havendo, portanto, diferenças entre as duas últimas épocas. Esse resultado
provavelmente foi decorrente do aumento progressivo de temperatura, principalmente do solo (Figura
1). Ainda em relação a cultivar “Querência”, o IVE foi significativamente maior na profundidade de
semeadura de 3 cm. Não foram detectadas, porém, diferenças significativas quanto ao IVE em
decorrência do tratamento das sementes com o fungicida.
Na cultivar BRS 7 Taim, o IVE aumentou significativamente da primeira à quarta época de
semeadura (Tabela 2). Nessa cultivar, porém, o IVE foi significativamente maior em decorrência da
maior profundidade de semeadura e do tratamento das sementes com o fungicida.
Em ambas as cultivares, o acúmulo de matéria seca aumentou progressivamente da primeira à
terceira época de semeadura, portanto, em estreita associação com observado em relação ao IVE
(Tabela 1). A altura das plantas apresentou a mesma tendência de aumento, porém, não sendo
detectadas diferenças significativas a partir da segunda época de semeadura.
Na cultivar “Querência” não foram detectados efeitos significativos da profundidade de
semeadura e do tratamento das sementes com o fungicida sobre a altura das plantas e o acúmulo de
matéria seca. Na cultivar “Taim”, porém, foram detectados efeitos do fungicida sobre ambas as
variáveis (Tabela 1). Esse resultado pode ser conseqüência de alguma ação fitotônica do fungicida,
considerando que o número de plântulas mortas no experimento foi bastante reduzido e não constatadas
diferenças significativas em relação a essa variável.
CONCLUSÃO
Há evidências de que cultivares de arroz respondem diferentemente quanto à velocidade de
emergência e acúmulo de matéria seca quando a semeadura é realizada antecipadamente à época
recomendada.
Há necessidade de obter mais informações de base científica sobre os efeitos do tratamento de
semente de diferentes cultivares de arroz com fungicidas em épocas de semeadura antecipadas ao
período recomendado, principalmente frente à condição de menor umidade e de temperatura do solo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados na avaliação das plântulas. In: VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N.M. de (eds.)
Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994. p.49-85.
NEERGAARD, P. Seed pathology. London: MacMillan Press, v.2, 1977. 1191p.
NUNES, C.D.M.; RIBEIRO, A.S.; TERRES, A.L.S. Principais doenças em arroz irrigado e seu controle: In Gomes, A.da
S., Júnior de Magalhães, A. M. Arroz Irrigado. Brasília, DF: Embrapa. p. 579-621. 2004.
MACHADO, J. da C. Patologia de sementes: fundamentos e aplicações. Brasília: MEC/ESAL/FAEPE, 1988. 106p.
RIBEIRO, A. S.; NUNES, C. D. M. Etiologia das manchas de glumas de arroz irrigado no Rio Grande do Sul.
Fitopatologia Brasileira, v.9, n.2, p.315, 1984.
Tabela 1. Resultados da sanidade das sementes (%) obtidas da analise de patologia, através do método
do papel filtro (Blotter test), usando uma amostra de 400 sementes. Embrapa Clima
Temperado, Estação Terras Baixas, Pelotas/RS, 2009.
Patógenos
Hel
Cur
Nig
Alt
Fus
Pho6
Cla7
Epi8
Asp9
Pen10
Rhi11
BRS Querência
3,75
0,75
5,75
2,0
8,75
21,75
8,5
17,0
14,0
2,25
0,50
BRS 7 “Taim”
1,75
2,00
1,75
0,75
9,50
18,75
15,50
12,75
0,50
7,75
0,25
1 - Bipolaris sp.; 2 - Curvularia sp.; 3 - Nigrospora sp; 4 - Alternaria sp.; 5 - Fusarium sp.; 6 - Phoma sp.; 7 - Cladosporium
sp.; 8 - Epicocum sp.; 9 - Aspergillus sp.;10 - Penicillium sp.; 11 - Rhizopus sp.
Cultivar
1
2
3
4
5
Tabela 2. Valores médios do Índice de Velocidade de Emergência (I.V.E.), altura (cm), plantas mortas,
Materia fresca (g), Matéria seca (g) das cultivares BRS Querência e BRS 7 “Taim” semeadas
em duas épocas, duas profundidade com e sem tratamento de sementes. Embrapa Clima
Temperado, Estação Terras Baixas, Pelotas/RS, 2009.
BRS Querência
BRS 7 “Taim”
Plantas
Mat
Mat
Plantas
Mat
I.V.E.
Altura
I.V.E.
Altura
Mortas
fresca
seca
mortas
fresca
1ª
1,08 C
7,06B 0,80B
0,80C 0,15C
0,99D
6,56B 0,81B
1,08C
Época
2ª
2,25 B 18,69A 0,85B
16,35B 4,09B
1,73C
17,09A 0,99B
2,91B
3ª
2,50 A 21,06A 1,70A
25,87A 6,22A
1,92B
18,56A 1,62A
4,10A
4ª
2,61 A
2,57A
Profundidade 1,5
2,04 B 15,25A 1,20A
14,88A 3,65A
1,74B
14,29A 1,12A
2,67A
3,0
2,18 A 15,96A 1,03B
13,80A 3,32A
1,87A
13,85A 1,16A
2,72A
Tratamento
Com 2,15 A 15,64A 1,09A
13,13A 3,31A
2,06A
14,64A 1,14A
3,36A
Sem 2,07 A 15,57A 1,14A
15,13A 3,66A
1,56B
13,50B 1,14A
2,03A
* Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si significativamente (Tukey; p= 0,05).
Variáveis
1ª Época
Tem peratura (°C)
20,00
15,00
10,00
5,00
10,00
5,00
28 08
/9
/0
30 8
/9
/
2 / 08
10
/
4/ 08
10
/0
6/ 8
10
/
8 / 08
10
1 0 / 08
/1
0
12 /0 8
/1
0
14 /0 8
/1
0/
08
/9
/
08
Tem peratura (°C)
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
11
8/ / 08
1
12 1/0
/1 8
16 1 /0
/1 8
20 1 /0
/1 8
24 1 /0
/1 8
28 1 /0
/1 8
1
2/ /0 8
12
6/ / 08
1
10 2/0
/1 8
1 2/
18 4 /1 0 8
/1 2 /
22 2 /2 0 8
/1 00
2 / 8*
20
08
*
/1 08*
0/
22 2 00
8
/1
0/ *
24 2 00
8
/1
0/ *
26 2 00
8
/1
0/ *
28 2 00
8
/1
0/ *
20
0
30 8*
/1
0/
0
1/ 8
11
/0
8
20
18
/1
0
/2
0
/0
8
/0
8
/1
0
16
26
24
4ª Época
3ª Época
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
/1
0
15,00
/9
/
4/
9
6/ / 0 8
9
8/ / 0 8
10 9/08
/
1 2 9 / 08
/
1 4 9 / 08
/
1 6 9 / 08
/
1 8 9 / 08
/
2 0 9 / 08
/
2 2 9 / 08
/
2 4 9 / 08
/
2 6 9 / 08
/
2 8 9 / 08
/
3 0 9 / 08
/
2 / 9 / 08
10
4 / / 08
10
/0
8
Tem peratra (°C)
20,00
0,00
0,00
14
2ª Época
25,00
4/
Tem peratura (°C)
25,00
Mat.
seca
0,79C
1,71B
2,20A
1,54A
1,59A
1,84A
1,29B
Figura 1. Temperaturas médias do solo de dois termopares registradas durante as quatro épocas de
semeadura. Embrapa Clima Temperado, Estação Terras Baixas, Pelotas/RS, 2009.
98. UTILIZAÇÃO DO CLORETO DE POTÁSSIO NA SUPRESSÃO DA
BRUSONE EM ARROZ IRRIGADO TROPICAL
Pedro Luiz O.A. Machado 1, João Kluthcouski1, Marta Cristina C. de Filippi1, Valácia L.S. Lobo1, A. Naumov2, Jaison
Pereira de Oliveira1
Palavras chave: Pyricularia grisea, cultivares de arroz, produtividade em arroz
INTRODUÇÃO
No Estado de Tocantins, a planície sedimentar da Bacia do Araguaia cobre aproximadamente 1,2
milhão de hectares (INFORMAÇÕES TÉCNICAS, 2008). Particularmente em áreas sob pastagem
nativa há alto potencial para cultivo de arroz irrigado para o abastecimento local e de regiões vizinhas,
por exemplo, as regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Porém, o principal fator limitante da produção é a
brusone do arroz, responsável também pela baixa qualidade do grão. A brusone do arroz é favorecida
pelo clima quente e úmido da região. Ainda, o suprimento excessivo de nitrogênio na cultura
reconhecidamente aumenta o risco de ocorrência dessa doença (FILLIPI & PRABHU, 1998). Por outro
lado, a concentração de potássio na planta é relacionada negativamente com a incidência de brusone na
panícula em arroz de terras altas (FILLIPI & PRABHU, 1998). Diante disso, o presente trabalho teve
como objetivo verificar a eficácia do uso de cloreto de potássio na diminuição da infestação de brusone
(Pyricularia grisea) em arroz irrigado e identificar a cultivar de arroz com melhor crescimento sob
fertilização de potássio e a severidade de brusone.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Arco Íris, estado do Tocantins (S10o 32' 18,9"; W49°
53' 58,6") em um delineamento experimental em parcela dividida de 10 m x 20 m. Três doses de K2O
foram aplicados (0 (controle), 60 kg ha-1 e 120 kg ha-1) na fórmula de cloreto de potássio (KCl). Quinze
cultivares de arroz foram semeadas no campo. A severidade de brusone na panícula foi avaliada de
acordo com o método desenvolvido pelo IRRI (IRRI, 1999). Todos os cálculos estatísticos foram
implementados no sistema computacional SAS (Statistical Analysis System), por meio de seu
procedimento glm (SAS Institute, 2002). No estudo de correlação entre produtividade e índice de
severidade de brusone, as variáveis produtividade em kg ha-1 e a severidade de brusone foram
transformadas para a função: z = ( xi − x ) s i , onde: xi : i-ésimo valor da variável i (i=1, 2, ..., n); xi :
média geral da i-ésima variável (i=1, 2, ..., v) e si: desvio padrão da i-ésima variável (i=1, 2, ..., v). Tais
valores passam a ter a mesma unidade em termos teóricos estatístico. Os resultados gráficos são
mostrados em quadrantes de um diagrama no qual o primeiro quadrante indica que as cultivares
apresentaram alta severidade da doença com alta produtividade de arroz. O segundo quadrante indica
alta severidade de brusone e baixa produtividade de arroz, o terceiro indica baixa severidade de brusone
e baixa produtividade de arroz e o quarto quadrante indica baixa severidade da doença e alta
produtividade de arroz.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios de produtividade e índice de severidade de brusone podem ser visualizados
na Tabela 1 e os gráficos de dispersão das cultivares na relação produtividade e índice de severidade de
brusone, para as três doses de K2O podem ser verificados nas Figuras 1, 2 e 3. Na dose zero de K2O,
verificou-se (Figura 1) que sete das cultivares analisadas foram produtivas e apresentaram baixo índice
de severidade de brusone, sendo a cultivar Alvorada a melhor delas, apresentando índice de severidade
de brusone de 0,26 e produtividade de 6821 kg ha-1. A cultivar Piracema apresentou alto índice de
1
2
Embrapa Arroz e Feijão, Cx. Postal 179, Santo Antonio de Goiás, GO, Brasil. [email protected].
IPI Baumgärtlistr. 17, P.O. Box 569, CH-8810 Horgen, Switzerland.
severidade de brusone (2,04) e baixa produtividade (4870 kg ha-1). Por outro lado, as cultivares Ipê e
Cambará, tiveram baixo índice de severidade de brusone, 0,16 e 0,15 e também baixa produtividade,
2408 kg ha-1 e 3483 kg ha-1, respectivamente.
Figura 1. Distribuição da relação índice de severidade de brusone e produtividade em quinze
cultivares de arroz irrigado tropical submetido a 0 kg de adubação de potássio.
Na dose de 60 kg K2O (Figura 2), quatro cultivares foram produtivas e com baixa incidência de
brusone com destaque para Alvorada, apresentando índice de severidade de brusone de 0,36 e
produtividade de 6691 kg ha-1 e Metica, com índice de severidade de brusone de 0,37 e produtividade
de 6655 kg ha-1. A cultivar Piracema, apresentou índice de severidade de brusone de 2,84 e
produtividade de 4961 kg ha-1. A cultivar Ipê teve índice de severidade de brusone de 0,14 e
produtividade de 3680 kg ha-1 e BRS Formoso apresentou baixa severidade de brusone (0,01) e
produtividade de 3727 kg ha-1.
Figura 2. Distribuição da relação índice de severidade de brusone e produtividade em quinze
cultivares de arroz irrigado tropical submetido a 60 kg de adubação de potássio.
Na dose de 120 kg de K2O (Figura 3), verificou-se que cinco das cultivares analisadas
apresentaram baixa incidência da brusone e alta produtividade, com destaque para a cultivar Alvorada.
A cultivar Piracema apresentou alto índice de incidência de brusone (2,62) e baixa produtividade (4528
kg ha-1). Por outro lado, na cultivar BRS Formoso não foi observado severidade de brusone, mas teve
baixa produtividade (4136 kg ha-1). A cultivar Jaburu apresentou severidade de brusone de 1,45, e
produtividade de 6094 kg ha-1.
Figura 3. Distribuição da relação índice de severidade de brusone e produtividade em quinze
cultivares de arroz irrigado tropical submetido a 120 kg de adubação de potássio.
Tabela 1. Médias de produtividade, índice médio de severidade de brusone e coeficiente de correlação
de Pearson (r) em cultivares de arroz irrigado tropical submetidas a três doses de adubação
com potássio.
Índice de severidade de brusone
Produtividade (kg.ha-1)
Cultivares
Doses de K2O (kg)
Doses de K2O (kg)
r
r
120
60
0
120
60
0
Ipê
3613
3680
2408
0,80 **
0,18
0,14
0,16
0,04 ns
Cambará
4664
4527
3483
0,75 **
0,10
0,34
0,15
0,25 ns
ns
KM17
6352
5385
5362
0,42
0,28
0,19
0,24
0,15 ns
Best
5633
4955
5469
0,22 ns
0,62
1,27
0,85
0,29 ns
ns
1,01
1,45
1,27
0,46 ns
BRSGO Guará
5313
5029
4528
0,26
SCSBRS Piracema
4528
4961
4870
0,11 ns
2,62
2,84
2,04
0,16 ns
ns
1,00
0,60
0,50
0,47 ns
BRS Jaçanã
5135
5090
5459
0,37
*
BRS Fronteira
5630
5048
5194
0,55
0,96
0,69
0,33
0,28 ns
BRS Biguá
5766
5883
5431
0,29 ns
0,99
0,71
0,31
0,57 *
ns
0,81
0,71
0,42
0,18 ns
Epagri 107
4831
4837
4472
0,16
BRS Formoso
4136
3727
5306
0,67 **
0,00
0,01
0,00
0,18 ns
**
0,16
0,08
0,08
0,11 ns
BRSMG Curinga
5821
4431
5142
0,72
Metica
7739
6655
6695
0,30 ns
0,46
0,37
0,65
0,23 ns
ns
0,19
0,36
0,26
0,39 ns
BRS Alvorada
7633
6691
6821
0,35
BRS Jaburu
6094
6028
5960
0,01 ns
1,45
1,06
0,81
0,24 ns
Média geral
5526
5128
5107
0,72
0,72
0,54
*; **
: significativo
a 5% e 1% de probabilidade; ns: não significativo.
A correlação entre o índice de incidência de brusone e produtividade de grãos com dosses de
potássio não foi significativa. Na dose de 120 kg ha-1 de K2O o valor da correlação foi de – 0,12
(p>0,05). Os valores das correlações para 60 e 0 kg ha-1 de K2O foram, respectivamente 0,12 (p>0,05) e
0,08 (p>0,05). Por outro lado, algumas cultivares responderam significativamente a doses crescentes de
potássio em termos produtivo, como apresentado na Tabela 1 e a cultivar Biguá teve resposta
significativa (p < 0,05) entre o índice de severidade de brusone e as doses de potássio, sendo que na
dose 0, tal cultivar apresentou um menor índice de severidade de brusone. Embora se disponha de
resultados de apenas um ano de pesquisa, pode ressaltar-se que as doses de potássio utilizadas não
tiveram efeito significativo com o índice de severidade de brusone, e que o comportamento distinto dos
cultivares foi devido muito mais a sua constituição genética de apresentar resistência ou suscetibilidade
a tal doença do que ao efeito de nutrição potássica.
CONCLUSÕES
1. As doses de cloreto de potássio não tiveram efeitos significativos na diminuição da incidência
de brusone;
2. As cultivares Alvorada e Metica foram as mais produtivas e não apresentaram correlações
significativas com doses de potássio.
3. A cultivar Biguá apresentou correlação significativa entre doses de potássio e severidade de
brusone.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILIPPI, M.C.; PRABHU, A.S. Relationship between panicle blast severity and mineral nutrient content of plant tissue in
upland rice. Journal of Plant Nutrition, v. 21, n. 8, p.1577-1587. 1998
INFORMAÇÕES TÉCNICAS para a cultura do arroz irrigado no Estado de Tocantins: Safra 2008/2009. Embrapa
Arroz e Feijão, Santo Antonio de Goiás. 2008.136p.
IRRI-International Rice Research Institute. Standart evaluation system for rice. 4 nd Ed. IRRI. Manila. 1996.
SAS Institute. SAS/STAT Software: changes and enhancements through release 9.1. Cary, NC: SAS Institute Inc. 2002.
99. EFEITO DE FONTES E PARCELAMENTO DE FERTILIZANTES
NITROGENADOS NA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS E PRODUTIVIDADE DE
GRÃOS EM ARROZ DE TERRAS ALTAS
Moizés de Souza Reis1, Antônio Alves Soares2, Sílvia Miranda Borba3, Vanda Maria de Oliveira Cornélio4, Natalia Alves
Leite3, Plínio César Soares4, Leandro Fidanza3, Renato Cozadi Passos3
Palavras-chave: Oryza sativa, arroz de sequeiro, nutrição mineral
INTRODUÇÃO
Uma das causas da baixa sustentabilidade do arroz de terras altas é a alta pressão de brusone
(Pyricularia grisea) que tem dado grandes prejuízos aos orizicultores. Desequilíbrios nutricionais
podem aumentar a severidade da brusone em folhas e panículas, principalmente com o uso do
nitrogênio em doses excessivas. A quantidade, o modo de aplicação, a forma disponível e a época de
aplicação do nitrogênio influenciam grandemente a severidade da brusone (HUBER & WATSON,
1974). Segundo Santos et al. (1986), tanto a incidência de brusone nas folhas, quanto nas panículas,
aumentam com a elevação dos níveis de N, diminuindo a produtividade do arroz de terras altas. A
incidência da brusone varia de acordo com a forma disponível de nitrogênio, e a suscetibilidade da
planta é maior quando o N é aplicado na forma nítrica (NO3-) do que na forma amoniacal (NH4+)
(WEBSTER & GUNELL, 1992). Desta forma, deve-se buscar um manejo adequado do nitrogênio
quanto a fontes (nitrato e amônio) e época de aplicação, visando reduzir os prejuízos causados pela
brusone na cultura do arroz de terras altas.
O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de quatro fontes de fertilizantes nitrogenados
(sulfato de amônio, nitrato de amônio, nitrato de cálcio e uréia), bem como de cinco formas de
aplicação ou parcelamento, sobre a incidência de brusone e outras enfermidades e produtividade de
grãos na cultura do arroz de terras altas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em Lavras-MG (altitude de 919 m, latitude 21o14 S, longitude
45o00 W, precipitação anual de 1.411mm e temperatura média anual de 19,3oC) no ano agrícola
2008/2009. O ensaio foi instalado dia 10/12/2008. O solo caracteriza-se como Podzólico Vermelho
Amarelo.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 4 x 5 com
três repetições, perfazendo um total de 20 tratamentos. Foram testadas quatro fontes de N (sulfato de
amônio, nitrato de amônio, nitrato de cálcio e uréia) e cinco formas de aplicação ou parcelamento (todo
o N na semeadura; 1/2 na semeadura e 1/2 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 1/3 na
semeadura e 2/3 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 1/3 na semeadura, 1/3 em cobertura aos 30
dias e 1/3 aos 50 dias após a semeadura; e 1/4 na semeadura, 1/4 em cobertura aos 20 dias, 1/4 aos 35
dias e 1/4 aos 50 dias após a semeadura ). Foi utilizada a dosagem de 90 kg/ha de N.
As parcelas foram compostas de cinco linhas de 5m de comprimento, espaçadas de 0,40m entre
si, com densidade de 80 sementes/m. Como área útil, considerou-se os 4m centrais das três linhas
internas, deixando-se 0,5m em cada extremidade. O restante da parcela foi considerado bordadura. A
cultivar utilizada foi a BRSMG Caravera que é semi-precoce e moderadamente suscetível à brusone.
O controle de plantas daninhas foi feito com o herbicida Oxadiazon em pré-emergência e os
herbicidas clefoxydim (folhas estreitas) e metsulfurom methyl (folhas largas) em pós-emergência.
1
Engenheiro Agrônomo, Doutor, Pesquisador da EPAMIG, Campus da UFLA, Cx. P. 176, 37200-000 Lavras, MG, [email protected].
Professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
3
Bolsista de Iniciação Científica – Universidade Federal de Lavras (UFLA).
4
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).
2
As variáveis analisadas foram: teor de N foliar, floração, altura de planta, incidência de doenças,
componentes de produção e produtividade de grãos.
Foram coletadas amostras da folha bandeira, próximo ao florescimento, para determinação do Ntotal segundo Malavolta et al. (1997).
A avaliação de doenças foi realizada na maturação, atribuindo-se notas de 1 a 9 (EMBRAPA,
1977).
Procedeu-se à análise de variância para cada característica e, para comparação de fontes de N e
épocas de aplicação, foi utilizado o teste de médias de Scott & Knott a 5 % de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância demonstrou que não houve interação significativa entre as fontes de N e
as formas de aplicação ou parcelamento, para todas as variáveis analisadas.
Na Tabela 1, são apresentados os teores de N foliar, produtividade de grãos, floração, altura de
planta e componentes de produção. Nota-se que o teor de N foliar foi maior quando se utilizou a uréia
como fonte nitrogenada, independente da forma de aplicação ou parcelamento de N, entretanto, não
refletiu em maior produtividade de grãos quando comparado com as outras fontes nitrogenadas, ao
contrário, a produtividade de grãos foi estatisticamente (p≤0,05) maior quando se aplicou o nitrogênio
nas formas de sulfato de amônio e nitrato de amônio. As fontes nitrogenadas não influenciaram o
número de dias para o florescimento e a altura de planta. O número de panículas/m2 sofreu influência
das fontes de N, sendo o nitrato de amônio a que mais contribuiu, superando estatisticamente (p≤0,05)
as demais. Certamente, o nitrato de amônio disponibilizou mais N no período de perfilhamento. Os
demais componentes de produção não sofreram interferência das fontes de N.
As formas de aplicação de N afetaram o teor de N foliar do arroz, sendo os parcelamentos 2
(2,71%) e 3 (2,78%) os que mais se destacaram (Tabela 2), superando estatisticamente (p≤0,05) os
demais. Isso sugere que dois parcelamentos favorecem o acúmulo de N nas folhas na pré-floração. Por
outro lado, o teor de N foliar não se correlacionou totalmente com a produtividade de grãos, ou seja, as
formas de aplicação 4 e 5, com menor teores foliares, superaram estatisticamente o parcelamento 2, em
produtividade de grãos. Se comparar o teor de N foliar e produtividade de grãos da forma de aplicação
todo o N na semeadura, verifica-se que, nesse caso, ocorreu associação dessas duas características. A
floração não foi influenciada pela forma de parcelamento de N, enquanto a altura de planta foi menor
quando não houve parcelamento do N. O número de panículas/m2 e o número de grãos/panícula foram
os componentes de produção de grãos que sofreram interferência das formas de aplicação de N. A
aplicação de todo o N na semeadura afetou a germinação e emergência, reduzindo o estande e, portanto,
o número de panículas/m2. Por outro lado, a perda parcial de N até a diferenciação do primórdio floral
reduziu o número de grãos/panícula.
As fontes de N e formas de parcelamento não influenciaram a incidência de brusone na folha,
brusone na panícula, mancha parda, mancha de grãos e escaldadura da folha, embora estas enfermidades
tenham ocorrido no campo, onde se atribuíram notas médias de 3,1 para BF, 4,9 para BP, 6,9 para MP,
5,1 para MG e 4,8 para ESC, independente de fontes e parcelamentos.
Tabela 1. Médias de teor de N foliar, produtividade de grãos (kg/ha), floração, altura de planta e
componentes de produção, em função de quatro fontes de N. Lavras-MG. 2008/2009.
Fontes de N
Prod. de
grãos1
Floração
(dias)1
Altura de
planta (cm)1
Número de
panículas/m2(1)
Número de
grãos/panícula(1)
% de grãos
cheios(1)
Peso de 100
grãos (g)(1)
Sulfato de amônio
2,55 b
2598 a
86 a
78 a
236 b
83 a
81 a
2,50 a
Nitrato de amônio
2,59 b
2305 a
88 a
79 a
266 a
79 a
77 a
2,42 a
Uréia
2,69 a
2162 b
86 a
79 a
208 b
90 a
78 a
2,40 a
Nitrato de cálcio
1
N foliar
(%)1
2,52 b
1845 b
87 a
78 a
230 b
88 a
73 a
2,41 a
Média
2,59
2227
87
78
235
85
77
2,43
CV (%)
6,57
23,83
3,02
4,66
18,26
17,51
10,20
5,78
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Scott-Knott - 0,05)
Tabela 2. Médias de teor de N foliar, produtividade de grãos (kg/ha), floração, altura de planta e
componentes de produção, em função de cinco formas de aplicação ou parcelamento
de N. Lavras- MG. 2008/2009.
Formas de
aplicação de N(1)
N foliar
(%)2
1
Prod. de
grãos2
Floração
(dias)2
Altura de
planta (cm)2
Número de
panículas/m2(2)
Número de
grãos/panícula(2)
% de grãos
cheios(2)
Peso de 100
grãos (g)(2)
88 a
68 c
169 b
73 b
74 a
2,44 a
78 a
2,34 a
77 a
2,42 a
2,32 c
1143 c
2
2,71 a
2004 b
88 a
79 b
257 a
86 a
3
2,78 a
2577 a
87 a
81 a
244 a
94 a
4
87 a
83 a
275 a
91 a
78 a
2,46 a
230 a
82 b
79 a
2,50 a
2,58 b
2622 a
5
2,56 b
2789 a
Média
2,59
2227
87
78
235
85
77
2,43
CV (%)
6,57
23,83
3,02
4,66
18,26
17,51
10,20
5,78
85 b
82 a
1
1 - todo o N na semeadura; 2 - 1/2 na semeadura e 1/2 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 3 - 1/3 na semeadura e
2/3 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 4 - 1/3 na semeadura, 1/3 em cobertura aos 30 dias e 1/3 aos 50 dias após a
semeadura; e 5 - 1/4 na semeadura, 1/4 em cobertura aos 20 dias, 1/4 aos 35 dias e 1/4 aos 50 dias após a semeadura.
2
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Scott-Knott - 0,05)
CONCLUSÕES
O sulfato de amônio e o nitrato de amônio foram superiores ao nitrato de cálcio e à uréia para
produtividade de grãos do arroz de terras altas.
O nitrato de amônio proporcionou maior número de panículas/m2.
A aplicação todo o N na semeadura contribui para menor produtividade de grãos, teor de N
foliar, altura de planta e número de panículas/m2.
As fontes de N e as formas de aplicação ou parcelamento não interferem na incidência de
doenças.
AGRADECIMENTOS
À Fapemig, pelo financiamento do projeto de pesquisa “Efeito de fontes e parcelamento de
fertilizantes nitrogenados na incidência de brusone e outras características agronômicas, em arroz de
terras altas” .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão. Manual
de métodos de pesquisa em arroz. (primeira aproximação). 1977. 106 p.
HUBER, D.M.; WATSON, R.D. Nitrogen form and plant disease. Annual Review of Phytopathology, v.12, p.139-165,
1974.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações.
2.ed. Piracicaba: Potafos, 1997. 319p.
SANTOS, A.B.; PRABHU, A.S.; AQUINO, A.R.L. Épocas, modos de aplicação e níveis de nitrogênio sobre brusone e
produtividade de arroz de sequeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.21, p.697-707, 1986.
WEBSTER, R.K.; GUNELL, P.S. Compendium of rice diseases. Davis: A.P.S. Press, University of California, 1992. 62p.
100. REVISÃO QUANTITATIVA DE ENSAIOS DE FUNGICIDAS NA
CULTURA DO ARROZ IRRIGADO EM 10 ANOS DE PESQUISA NO RIO
GRANDE DO SUL
Carlos F. A. de B. e Silva-Filho1, Piérri Spolti2, Daniel S. Grohs3, Gustavo D. Funck3, Marcelo G. Madalosso4, Ricardo S.
Balardin4, Emerson M. Del Ponte2
Palavras-chave: Controle químico, Oryza sativa, meta análise
INTRODUÇÃO
Dentre os fatores limitantes à expressão do potencial produtivo da cultura do arroz estão as
doenças causadas principalmente por fungos (BALARDIN & BORIN, 2001). O controle químico é uma
prática em expansão na última década na região sul do Brasil. O uso de novas variedades mais
produtivas, mas com baixa resistência a doenças, associado a mudanças ou falhas no manejo da cultura
são fatores que contribuem para a adoção de fungicidas (GREER & WEBSTER, 2001). No contexto
regional, destaca-se, além daquelas endêmicas como a brusone (Pyricularia oryzae), ou esporádicas
como a cárie (Tilletia barclayana), a mancha parda (Bipolaris oryzae), que tem aumentado em
importância nos anos recentes (CELMER et al., 2007). Os estudos de controle químico objetivam
indicar as melhores opções e as situações que justificam o uso de fungicidas e que resultam,
principalmente, em retorno em produtividade (MACIEL et al., 2003; CELMER et al., 2007). De
maneira geral, os resultados têm apontado benefícios em determinadas situações, porém há
inconsistências devido a fatores inerentes aos ensaios. A meta-análise é o método estatístico que integra
os resultados de estudos independentes para aumentar o poder de inferência estatística da pesquisa
primária (SOUSA & RIBEIRO, 2009). Na área da fitopatologia seu uso é recente para sumarizar
resultados de eficiência de fungicidas em culturas como a soja e o trigo (PAUL et al., 2007; SCHERM
et al., 2009). No trabalho foi feita uma revisão sistemática e sumarização, com procedimentos metaanalíticos, da eficiência de fungicidas no retorno em produtividade da cultura do arroz em ensaios
conduzidos no Estado do Rio Grande do Sul na última década.
MATERIAL E MÉTODOS
Uma revisão bibliográfica foi feita na literatura especializada, principalmente em revistas
científicas e anais de congresso. Ainda, foram obtidos laudos de eficiência técnica de fungicidas, com
resultados não publicados, de experimentos conduzidos por grupos de pesquisa. Os seguintes critérios
foram utilizados para a seleção dos trabalhos a serem incluídos no estudo: ensaios conduzidos no RS,
com metodologia similar na sua condução e com informação da severidade máxima de doença(s)
foliar(es) (bruzone, manchas, escaldadura e mancha estreita), produtividade e variabilidade do ensaio.
Após a seleção, as informações das tabelas dos trabalhos foram extraídas e incluídas em uma nova
tabela em que cada entrada consistiu de um tratamento fungicida, oriundo de cada estudo independente.
Em cada entrada da tabela foram associadas as seguintes informações: severidade de doenças foliares
nos tratamentos fungicidas e na testemunha, produtividade no tratamento fungicida e na testemunha,
coeficiente de variação do ensaio, local do experimento (município), ano de plantio, cultivar, classe
química e princípio ativo do fungicida, número de aplicações e estádio da cultura nas aplicações.
A variável retorno em produtividade (Rp) foi calculada pela produtividade (kg/ha) no tratamento
dividida pela produtividade da testemunha do ensaio. Desta forma, quanto maior o valor de Rp (superior
a 1), maior o retorno em produtividade; exemplo, Rp=1.20, significa um aumento de 20% na
produtividade. A distribuição dos valores de Rp, bem como de seus valores transformados,
apresentaram desvio de uma distribuição normal, sendo usados métodos não paramétricos. No contexto
1
Eng. Agr., Bolsista DTI/CNPq, Departamento de Fitossanidade, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bento Gonçalves
7712, 91540000, Porto Alegre, RS. Email: [email protected].
2
Depto de Fitossanidade, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
3
Instituto Rio Grandense do Arroz.
4
Depto de Defesa Fitossanitária, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria.
da meta-análise a Rp deve ser ponderada por critérios qualitativos ou estatísticos onde um maior peso,
normalmente, é dado aos tratamentos dos ensaios com menor variabilidade (SOUSA & RIBEIRO,
2009). Alternativamente, a variável resposta foi ponderada pela severidade total de doenças foliares na
testemunha. Esse critério assume que os ensaios com maior severidade na testemunha permitem uma
melhor discriminação do efeito dos tratamentos fungicidas, conforme trabalho anterior (SCHERM et al.,
2009).
Os tratamentos foram agrupados para verificar fatores de influência nos valores de Rp como: i)
cultivar; ii) favorabilidade à doença no ensaio, determinada com base na soma da severidade de doenças
foliares nas testemunhas das doenças de cada ensaio, nas classes baixa (<15%) média (>15-30%) e alta
(>30%) e; iii) número de aplicações; e iv) classes dos produtos isolados ou em mistura. Nesse último
caso foi calculada a diferença (∆) da mediana ponderada de Rp com pareamento de classes. Por
exemplo, para calcular o ∆Rp do confronto entre triazóis (DMI) e estrobilurinas (QOI), a mediana de
Rp do primeiro foi diminuída da mediana de Rp da segunda classe e as médias discriminadas pela
hipótese de nulidade (∆Rp=0).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De um total de 22 artigos/resumos e 56 laudos disponíveis, foram excluídos 9 artigos/resumos e
22 laudos, aplicando-se os critérios de seleção. Dos 47 trabalhos selecionados (13 artigos e 34 laudos),
foi montada uma tabela com 513 linhas dos tratamentos fungicidas oriundos dos 52 ensaios no total.
Mais de 25 princípios ativos foram avaliados nos ensaios, com predominância de fungicidas DMI
(inibidores da demetilação) e QOI (estrobilurinas), aplicados isolados ou em mistura. Os ensaios foram
conduzidos em 10 anos (1998-2007), com maior número na safra de plantio em 2004. Foram utilizadas
7 cultivares e os ensaios conduzidos em 14 locais (Agudo, Dona Francisca, Eldorado do Sul, Palmares
do Sul, Restinga Seca, Rio Pardo, Santa Maria, Sto. Antônio da Patrulha, São Pedro do Sul, São Vicente
do Sul, Torres, Camaquã e Santa Cruz do Sul). A mancha parda foi a doença predominante, em 53/55
ensaios selecionados. Outras, com menor freqüência, foram: escaldadura (32/53), brusone (13/53) e
mancha estreita (5/53). A severidade total de doenças foliares na testemunha variou de 1,75 a 72,4%, de
forma que 26 ensaios foram conduzidos sob condições de média a alta favorabilidade ambiental para o
progresso das doenças. No entanto, a mancha parda apresentou valores inferiores à 10% para a maioria
dos ensaios.
Quanto à eficiência média global de controle da mancha parda, ou seja, a redução da severidade
no tratamento em relação à testemunha, essa mostrou valores acima de 70%, demonstrando alta eficácia
dos fungicidas em reduzir a severidade da doença. Quanto à produtividade, a mediana ponderada de Rp
foi de 1.13, significando um incremento global de 13% na produtividade das parcelas tratadas com
qualquer fungicida. A probabilidade de Rp>1.20 foi ao redor de 0.3 (Figura 1A). A discriminação de Rp
por cultivares, mostrou que a mais produtiva (SCS 112) apresentou maior retorno em produção com a
aplicação do fungicida (Rp=1.32). Um segundo grupo apresentou valores de Rp variando de 1.13 a 1.17
e a cultivar IRGA422 CL teve a menor resposta, com Rp=1.09 (Figura 1B). Quanto às condições de
“pressão de doença” nos ensaios, maiores valores de Rp foram obtidos sob condições de média
favorabilidade, com valores médios de Rp ao redor 1.30, enquanto que sob condições de baixa ou alta
favorabilidade, os valores de Rp foram mais baixos, ao redor da mediana global (Figura 1C). Quanto ao
número de aplicações, houve um ligeiro incremento significativo nos valores de Rp quando foram feitas
duas aplicações (Figura 1D). Quanto aos grupos químicos, a mistura de DMI+QOI apresentou
incremento na produtividade maior do que quando comparada a aplicações simples de tais grupos
fungicidas. Desta forma, tratamentos DMI+QOI em mistura, proporcionaram um ganho de 21% na
produtividade (Tabela 1).
Os resultados da análise conjunta de dados observados em experimentos conduzidos em 10 anos
demonstram os benefícios das aplicações de fungicidas no incremento da produtividade do arroz no
estado do RS, bem como a variação da resposta às aplicações sob diferentes condições. O retorno na
produtividade (Rp) pelo uso de fungicidas depende de vários fatores bem como do patossistema em
estudo. SCHERM et al. (2009) estimaram um retorno global com aplicações fungicidas para o controle
da ferrugem asiática da soja (Phakopsora packyrhizi) de 43% em 71 ensaios de fungicidas, resultado
bastante superior à 13% na cultura do arroz, o que pode estar relacionado com o maior potencial de
danos da ferrugem comparada às doenças foliares em arroz irrigado.
Cultivares que apresentaram maior produtividade, como SCS 112, responderam mais
significativamente aos tratamentos fungicidas. Ainda, resposta duas vezes superior à mediana global foi
verificada em situações de moderada pressão de doença, sugerindo que devem ser ajustados programas
de manejo para situação de alto risco e definidos os critérios com base em limiares de risco e momentos
de aplicação para situações de baixo risco. Maior Rp foi verificado para misturas comparadas a
aplicações isoladas dos grupos de produtos, tal como foi verificado para a ferrugem da soja (SCHERM
et al., 2009). Tal fato pode estar relacionado ao maior espectro fungitóxico e combinação de modos de
ação distintos, com maior ação curativa, no caso dos DMI’s e protetor (residual mais longo) para os
fungicidas QOI. Maiores estudos serão feitos para ampliar a base de dados e comparar os diferentes
princípios ativos e momentos de aplicação na resposta em produtividade.
CONCLUSÕES
A aplicação de fungicidas na cultura do arroz resulta em retorno em produtividade, cujos
maiores incrementos são obtidos quando se aplicam misturas de triazóis e estrobilurinas sob situações
de moderada favorabilidade do ambiente e em cultivares mais produtivas.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa DTI-3
para o primeiro autor e pelo auxílio de pesquisa (CNPq/CT-Agro no 42/2008) ao último autor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS
BALARDIN, R.S.; BORIN, R.C. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa Maria: [s.n], 2001. 48p.
CELMER, A.; MADALOSSO, G.M.; DEBORTOLI, M.P.; NAVARINI, L.; BALARDIN, R.S. Controle químico de
doenças foliares na cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, p.901-904, 2007.
GREER, C.A.; WEBSTER, R.K. Occurrence, distribution, epidemiology, cultivar reaction, and management of rice
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MACIEL, J.L.N., TRONCHONI, J.G. Avaliação de fungicidas para o controle de doenças da parte aérea do cultivar
IRGA 417. In: III CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO e REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ
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SCHERM, H.; CHRISTIANO, R.S.C.; ESKER, P.D.; DEL PONTE, E.M.; GODOY, C.V. Quantitative review of
fungicide efficacy trials for managing soybean rust in Brazil. Crop Protection, http://dx.doi.org/10.1016/j.cropro.2009.
SOUSA, M.R.; RIBEIRO, A.L.P. Systematic review and meta-analysis of diagnostic and prognostic studies: a tutorial.
Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v.92, p.241-251, 2009.
Tabela 1. Diferença entre medianas ponderadas de Rp (∆Rp) e a respectiva significância (P) pela
aplicação de DMI, QOI ou misturas em ensaios para o controle da mancha parda no Rio
Grande do Sul na última década.
Número de
Resposta em produtividade - Rpb
tratamentos
∆Rp
P
DMI x QOI
303
-0.0289
0.6260
DMI x QOI + DMI
228
-0.0584
0.0172
QOI x QOI + DMI
165
-0.0295
0.0401
a
Para a comparação por pareamento, a diferença entre as medianas ponderadas de Rs e Rp (∆) foi testada pelo desvio a partir
de zero (hipótese de nulidade). b Produtividade em um tratamento fungicida dividido pela produtividade da testemunha.
Grupo químicoa
A
B
C
D
y
Figura 1. Probabilidade (Prob) de excedência da mediana da resposta em produtividade (Rp) na cultura
do arroz com o uso de fungicidas (A). Mediana ponderada de Rp por cultivares onde a caixa
representa 50% dos valores de produtividade (kg/ha) dos tratamentos e n=número de
observações (B). Distribuição de Rp em função da favorabilidade ambiental à doença
determinada pela severidade de manchas foliares na testemunha (C) e pelo número de
aplicações com fungicidas (D). Nas caixas as linhas transversais superior e inferior
correspondem ao quartis de 75% e 25%, respectivamente. Linhas verticais são os quartis de
95% e 5%. Linha transversal é a mediana não ponderada. Letras distintas na Figura C indicam
diferença estatística significativa entre as médias pelo teste de Kruskal-Wallis (P<0,05). Na
Figura D a diferença estatística é dada pela probabilidade (P<0,05).
101.. DEPOSIÇÃO DE GOTAS DE APLICAÇÃO AÉREA DE NATIVO +
AUREO, COM DIFERENTES EQUIPAMENTOS E TAXAS DE APLICAÇÃO
Ivan Francisco Dressler da Costa1, Eugênio Passos Schröder2, Adriano Arrué3, Cesar Coradini3, Mauricio Stefanello3,
Maiquel Pizzutti3, Leandro Marques3, Joelton Rodrigues3
Palavras-chave: fungicida, aplicação, gotas.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a lavoura arrozeira, cultivada na Região Sul do Brasil tem experimentado um
crescimento considerável, tanto em termos de área cultivada, como em novas tecnologias, sendo
responsável por uma produção superior a 8.000 mil t. de grãos de arroz na safra 2007/2008 (CONHAB,
2008). Neste cenário, o Rio Grande do Sul desponta como principal Estado produtor, respondendo mais
de 6.000 mil t. de grãos, em uma área de mais de 1.000.000 ha (IRGA, 2008). Apesar disso, a produção
enfrenta algumas dificuldades, como oscilações climáticas, controle de invasoras, escassez de água para
irrigação e ocorrência de doenças, que influem na baixa produtividade da cultura. Doenças que atacam a
cultura do arroz irrigado podem provocar perdas que atingem, em média, 10% do potencial de
produção. Brusone (Pyricularia grisea), queima foliar (Microdochium oryzae), mancha parda (Bipolaris
oryzae) e a cárie do grão (Tilletia barclayana), apresentam efeitos negativos que podem ser
responsáveis pela maioria das perdas devidas à incidência de doenças (RIBEIRO, 1985, COSTA et al.,
2006).
As aplicações de fungicidas em arroz irrigado têm sido realizadas na maioria dos casos com
pulverizações aéreas, pois este método permite evitar prejuízos por danos mecânicos à cultura, ao
mesmo tempo em que utiliza uma reduzida quantidade de água como veiculante (AGROLINK, 2008).
Mesmo sendo uma prática costumeira e difundida no meio arrozeiro, ainda existe uma carência
muito grande em termos de pesquisa em aplicação aérea de fungicidas na lavoura de arroz irrigado,
sendo gerados poucos dados sobre densidade de gotas, taxas de aplicação eficazes e equipamentos mais
adequados à aplicação (SCHRÖDER, 2007).
Os objetivos deste trabalho foram testar equipamentos e taxas de aplicação, bem como avaliar os
efeitos de deposição e penetração de gotas da calda fungicida de NATIVO + AUREO, na cultura do
arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em lavoura de arroz irrigado na propriedade do Sr. Ernesto
Predebon, no município de Santa Margarida do Sul, RS, com semeadura no dia 20/10/2007, utilizando a
cultivar EPAGRI 108, com densidade de semeadura de 85 kg.ha-1 de sementes, espaçamento de 0,175m
entre fileiras e densidade final na parcela experimental de aproximadamente 180 plantas.m-2, manejada
segundo as recomendações técnicas para a cultura do arroz (SOSBAI, 2007).
A adubação de base constou de 200 kg.ha-1 da fórmula 02-20-30. Como adubação nitrogenada,
foram aplicadas duas doses de uréia: 100 kg.ha-1 antes da irrigação e 70 kg.ha-1 na diferenciação do
primórdio floral. Para controle de plantas daninhas, foi utilizado dessecante glifosate antes do plantio, e
para controle de ervas em pós emergência utilizou-se o herbicida Starice® (1 L.ha-1) e Gladium®
(120g.ha-1).
A área experimental foi demarcada em talhões, medindo 500m x 150m, com 10 faixas de
aplicação com 15 metros de largura cada (as seis faixas centrais representaram as seis repetições, e as
1
Eng.Agr. Dr. - Departamento de Defesa Fitossanitária, UFSM, Santa Maria-RS, [email protected].
Eng. Agr. Dr. - Schroder Consultoria.
3
Acadêmico de Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS.
2
demais compuseram as bordaduras), totalizando uma área total de 75.000 m2 por tratamento. O tamanho
foi calculado a partir do número de faixas que seriam seguras para reduzir problemas relacionados com
a deriva. Em cada uma das seis faixas centrais de cada talhão, foram demarcadas as áreas para
avaliações, mais uma área testemunha, coberta por lona, medindo 60m2. Dentro dessas áreas foram
realizadas as amostragens de gotas com papéis hidrossensiveis e também para rendimento da cultura.
Os tratamentos foram pulverizados na manhã do dia 17/02/2009, quando a cultura encontrava-se
no estádio de final do emborrachamento, sob condições ambientais de 26oC, no primeiro vôo, e
variando para 28oC no final das aplicações, umidade relativa do ar variando de 68% no inicio até 64%
no final das aplicações, e ventos com velocidade média de 4,0 km.h-1. Utilizou-se aeronave Cessna C188, equipada com bicos hidráulicos de impacto (Bico Stol) e atomizadores rotativos de discos
(Turboaero®), seguindo o delineamento estatístico de blocos casualizados, com sete tratamentos e seis
repetições (Tabela 1).
Nos tratamentos com bicos hidráulicos de impacto o veículo utilizado foi água, enquanto
naqueles com atomizadores rotativos de disco, empregou-se o sistema Baixo Volume Oleoso – BVO,
onde o veículo constou de 1 L.ha-1 de óleo. Este volume de óleo foi determinado em função do uso de
AUREO. Para todas as doses de AUREO testadas, o volume foi completado com óleo vegetal
Agr’óleo®, completando-se o volume final com água.
As gotas pulverizadas foram coletadas em cartões de papel sensível à água, fixados
horizontalmente em estacas dispostas nas parcelas experimentais, em três alturas do dossel da cultura
(superior, médio e inferior). Os cartões foram analisados com o software Agroscan®.
A colheita foi realizada manualmente no dia 17/04/2009, coletando-se as plantas de 2,00m2 na
área útil de cada parcela, e trilhadas em trilhadeira estacionária. Após a determinação da umidade dos
grãos o volume de grãos foi pesado e o rendimento final corrigido tendo em vista uma umidade padrão
de 14%. Na análise estatística foi utilizado o Teste de Comparação de Médias de Scott-Knott, ao nível
de 5% de probabilidade, através do software SASM-Agri.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos dados obtidos pela avaliação dos cartões hidrossensiveis mostrou diferença
significativa entre os tratamentos, para densidade de gotas no estrato superior do dossel, onde Nativo
(0,75 L.ha-1) + Aureo (0,5% e 0,75 L.ha-1), aplicados com atomizador rotativo de discos
proporcionaram menores densidades de gotas (Tabela 2).
No estrato médio do dossel, as maiores deposições foram obtidas nos tratamentos onde se testou
bicos hidráulicos de impacto (Nativo 0,75 L.ha-1 + Aureo 0,5%) e atomizador rotativo (Nativo 0,75
L.ha-1 + Aureo 0,25 L.ha-1), mas no estrato inferior não houve diferença significativa entre os
tratamentos.
O percentual de gotas que penetrou nos estratos médio e inferior do dossel, calculado em relação
à densidade de gotas do estrato superior (total de gotas que chegou no topo das parcelas experimentais)
indicou índices muito satisfatórios, com médias de 67,19% e 41,46%, respectivamente para os estratos
médio e inferior, e sem diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 2). Estes resultados indicam
que, para as condições em que foi realizado o ensaio, bicos hidráulicos de impacto e atomizadores
rotativos de discos proporcionaram penetração de gotas similares no dossel foliar do arroz.
Não foram observadas diferenças significativas no rendimento da cultivar EPAGRI 108 de arroz
irrigado, em função de equipamento, taxa de aplicação e fungicida, mas todos os tratamentos foram
superiores à testemunha não tratada (Tabela 3).
CONCLUSÃO
As pulverizações aéreas de fungicidas, com bicos hidráulicos de impacto e atomizadores
rotativos de discos, com taxas de aplicação de 30 e 10 L.ha-1, respectivamente, produziram densidades
de gotas diferentes no topo da cultura de arroz;
No estrato médio do dossel da cultura, as pulverizações aéreas de fungicidas mostraram maiores
deposições de gotas quando utilizados bicos hidráulicos de impacto, com Nativo + Aureo (0,75 L.ha-1 +
0,5%) e atomizadores rotativos de discos com Nativo + Aureo (0,75 L.ha-1 + 0,25 L.ha-1), nas
respectivas taxas de aplicação.
Para o estrato inferior, as pulverizações aéreas de fungicidas, utilizando bicos hidráulicos de
impacto e atomizadores rotativos de discos, com taxas de aplicação de 30 e 10 L.ha-1, respectivamente,
proporcionaram penetração de gotas similares no dossel foliar do arroz.
Aplicação de Nativo na dose de 0,75 L.ha-1 acrescido do óleo vegetal AUREO, nas doses de
0,25 L.ha-1, 0,5% e 0,75 L.ha-1, em diferentes taxas de aplicação e com diferentes equipamentos, não
interferem na deposição e penetração de gotas no dossel;
A aplicação de Nativo, associado com Aureo em diferentes doses, independentemente dos
equipamentos e taxas de aplicação utilizados, promoveram produtividades de grãos de arroz iguais,
apresentando-se superiores à testemunha não tratada.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos parceiros do Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação –
Grupo Geta – e às seguintes instituições: Granja Predebon, Clínica Fitossanitária da UFSM, Schroder
Consultoria, Aeroagrícola Gabrielense, Bayer CropSciences, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica e
Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGROLINK. Pulverizações aéreas contra a cárie do arroz. Artigos técnicos, 2007. Disponível em:
www.agrolink.com.br/aviacao/artigos.detalhe.noticia.asp?cod=51361. Acesso em: 21 maio. 2008.
SOSBAI. 2005. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Santa Maria, RS:
SOSBAI/UFSM/IRGA/EPAGRI, 2007. 159p.
MADALOSSO, M.G. Espaçamento entre linhas e pontas de pulverização no controle de phakopsora pachyrhizi sidow. 2007.
89p. Dissertação (mestrado em Engenharia Agrícola). Universidade Federal de Santa Maria- Santa Maria, 2007.
RIBEIRO, A.S. 1985. Doenças do Arroz. In: EMBRAPA. Fundamentos para a cultura do arroz irrigado. Campinas,
Fundação Cargill. 205-250. 317p.
SCHRÖDER, E.P. Avaliação de sistemas aeroagrícolas visando à minimização de contaminação ambiental. 2003. 73p.
Tese (Doutorado)-Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
SCHRÖDER, E.P., COSTA, I.F.D.da, SILVA, T.M.B da Controle de doenças em arroz irrigado através de pulverizações
aéreas de fungicidas. Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, 5. Anais. Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, 2007.
p.692-3.
Tabela 1. Fungicidas, doses, equipamentos e taxas de aplicação utilizados para testar a mistura de
Nativo + Aureo em arroz irrigado. Santa Margarida do Sul, RS. 2009.
Taxa de
Dose i.a.(3)
Equipamentos(4)
aplicação
Produto Comercial
Dose p.c.(2)
(L.ha-1)
(g.ha-1)
(L.ha-1)
Nativo + Aureo(1)
0,75 + 0,25
75 + 150 + 180
BHI
30
Nativo + Aureo
0,75 + 0,5%
75 + 150 + 150
BHI
30
Nativo + Aureo
0,75 + 0,75
75 + 150 + 540
BHI
30
Nativo + Aureo
0,75 + 0,25
75 + 150 + 180
ARD
10
Nativo + Aureo
0,75 + 0,5%
75 + 150 + 50
ARD
10
Nativo + Aureo
0,75 + 0,75
75 + 150 + 540
ARD
10
Testemunha
--------(1)
Ingredientes ativos: Nativo = Trifloxistrobina (100g.L-1)+ Tebuconazol (200 g.L-1); Aureo = Éster metílico de óleo de soja (720 g.L-1); (2) produto
comercial;
(3)
ingrediente ativo;
(4)
BHI = bicos hidráulicos de impacto, ARD = atomizadores rotativos de discos.
Tabela 2. Deposição de gotas (gotas.cm-2) em três estratos do dossel de lavoura de arroz irrigado, em
função de diferentes equipamentos e taxas de aplicação, utilizando Nativo + Aureo em
aplicação aérea, sobre plantas da cultivar EPAGRI 108 de arroz irrigado. Santa Margarida do
Sul, RS. 2009.
Tratamentos(1)
(L.ha-1 p.c.)
Equip./
Taxa aplic.
Nativo 0,75 + Aureo 0,25
Nativo 0,75 + Aureo 0,5%
Nativo 0,75 + Aureo 0,75
Nativo 0,75 + Aureo 0,25
Nativo 0,75 + Aureo 0,5%
Nativo 0,75 + Aureo 0,75
Testemunha
Médias
C.V.(%)
Bicos 30
Bicos 30
Bicos 30
Atomizador 10
Atomizador 10
Atomizador 10
---
Densidade de gotas (gotas.cm-2)
Superior
49,20(2)
64,22
57,12
69,74
41,33
23,25
--50,81
16,29
a
a
a
a
b
b
Médio
33,30 b
43,17 a
30,45 b
43,65 a
29,35 b
18,92 b
--33,30
16,18
Inferior
16,80 a
24,92 a
22,87 a
24,40 a
18,91 a
12,81 a
--20,11
17,42
Penetração de gotas
(%)
Médio
Inferior
67,68 a 34,14 a
67,22 a 38,80 a
53,30 a 40,03 a
62,58 a 34,98 a
71,01 a 45,75 a
81,37 a 55,09 a
----67,19
41,46
14,15
15,67
(1) Ingredientes ativos: Nativo = Trifloxistrobina (100g.L-1)+ Tebuconazol (200 g.L-1); Aureo = Éster metílico de óleo de soja (720 g.L-1);
(2) Médias seguidas pela mesma letra, em cada estrato do dossel, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knot ao nível de 5% de
significância.
Tabela 3. Produtividade de grãos de arroz (kg.ha-1), em função de diferentes equipamentos e taxas de
aplicação, utilizando Nativo + Aureo em aplicação aérea, sobre plantas da cultivar EPAGRI
108 de arroz irrigado. Santa Margarida do Sul, RS. 2009.
Tratamentos
Nativo + Aureo(1)
Nativo + Aureo
Nativo + Aureo
Nativo + Aureo
Nativo + Aureo
Nativo + Aureo
Testemunha
C.V. (%)
Equip./Taxas aplic.
Bicos 30
Bicos 30
Bicos 30
Atomizador 10
Atomizador 10
Atomizador 10
---
Dose p.c.(2)
(L.ha-1)
0,75 + 0,25
0,75 + 0,5%
0,75 + 0,75
0,75 + 0,25
0,75 + 0,5%
0,75 + 0,75
---
Produtividade
(kg.ha-1)
a
10050,37(3)
a
10277,47
a
10729,12
a
10427,34
a
10092.88
a
10559,03
7474,82
b
9,83
(1) Ingredientes ativos: Nativo = Trifloxistrobina (100g.L-1)+ Tebuconazol (200 g.L-1); Aureo = Éster metílico de óleo de soja (720 g.L-1);
(2) Produto comercial;
(3) Médias seguidas pela mesma letra, em cada estrato do dossel, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott, ao nível de 5% de
significância.
102. PULVERIZAÇÕES AÉREAS DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE
DOENÇAS DO ARROZ IRRIGADO
Eugênio Passos Schröder1, Ivan Francisco Dressler da Costa2, Gustavo Peroba de Andrade3, Mauricio Stefanello4, Cesar
Coradini4, Adriano Arrué4, Leandro Marques4, Maiquel Pizzutti4, Joelton Rodrigues4, Guilherme Rossato4
Palavras-chave: fungicida, aplicação, gotas.
INTRODUÇÃO
As doenças que atacam a cultura do arroz irrigado podem provocar prejuízos ao redor de 10% do
potencial de produção. Entre essas doenças destacam-se a brusone (Magnaporthe grisea), a mancha
parda (Bipolaris oryzae), a queima foliar (Microdochium oryzae), a mancha das bainhas (Rhizoctonia
oryzae), a mancha estreita (Cercospora oryzae), a mancha de alternaria (Alternaria padwickii) e a cárie
do grão (Tilletia barclayana) (RIBEIRO, 1985, COSTA et al, 2006). A pulverização aérea de
fungicidas em arroz irrigado tem sido muito utilizada, em função do não amassamento das plantas da
cultura, rapidez e uniformidade da aplicação, o custo vantajoso. A recomendação de registro e bula de
muitos fungicidas é de que sejam pulverizados com bicos cônicos e com volume de calda de 30 L.ha-1,
porém, têm sido utilizados atomizadores rotativos e volumes ao redor de 10 L.ha-1 (SCHRODER et al,
2007).
Este trabalho teve como objetivo avaliar a deposição de gotas da calda fungicida, com diferentes
equipamentos e taxas de aplicação, e seu efeito sobre o controle de doenças e produtividade da cultura
do arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em lavoura de arroz irrigado do Sr. Ernesto Predebon, no
município de Santa Margarida do Sul, RS, semeada em 10/11/2008, cultivar IRGA 422CL, com 100
kg.ha-1 de sementes, manejada segundo as recomendações técnicas para a cultura do arroz (SOSBAI,
2007). A adubação de base constou de 200 kg.ha-1 da fórmula 02-20-30. Como adubação nitrogenada,
foram aplicadas duas doses de uréia: 100 kg.ha-1 antes da irrigação e 70 kg.ha-1 na diferenciação do
primórdio floral. Para controle de plantas daninhas, foi utilizado dessecante glifosate antes do plantio, e
para controle de ervas em pós emergência utilizou-se o herbicida Only®.
Utilizou-se talhões medindo 533m x 150m, com 10 faixas de aplicação com 15 metros de
largura cada (as seis faixas centrais representaram as seis repetições, e as demais compuseram as
bordaduras), totalizando uma área total de oito hectares por tratamento.Em cada uma das seis faixas
centrais de cada talhão, foram alocadas as áreas para avaliações, mais uma área testemunha, medindo
60m2. Dentro dessas áreas foram realizadas as amostragens de gotas com papéis hidrossensiveis e
também para rendimento da cultura.
Os talhões foram pulverizados na tarde do dia no 17/02/2009, quando a cultura encontrava-se no
final do emborrachamento, com 65 centímetros de altura, sob condições ambientais de 28 oC e ventos
com velocidade média de 4,0 km h-1. A umidade relativa do ar variou ao longo da instalação do
experimento, permanecendo abaixo de 65% nos três primeiros tratamentos, e acima de 75% nos demais.
No dia 07/03/2009, foi realizada a segunda pulverização nos tratamentos 2 e 5, sob condições de 24oC,
65% de umidade relativa e ventos de 3 km.h-1. Utilizou-se aeronave Cessna C-188, equipada com bicos
hidráulicos de impacto (Bico Stol) e atomizadores rotativos de discos (Turboaero ®), seguindo o
delineamento estatístico de blocos casualizados, com sete tratamentos (combinações de equipamentos,
fungicidas e número de aplicação) e seis repetições (Tabela 1).
1
Eng. Agr. Dr. - Schroder Consultoria, Av. Fernando Osório,20, sala 2A, CEP.: 96.055-000, Pelotas, RS. E-mail: [email protected].
Eng.Agr. Dr. - Departamento de Defesa Fitossanitária, UFSM, Santa Maria-RS.
3
Acadêmico de Agronomia, UFPel, Pelotas, RS.
4
Academico de Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS.
2
Nos tratamentos com bicos hidráulicos de impacto o veículo utilizado foi água, enquanto
naqueles com atomizadores rotativos de disco, empregou-se o sistema Baixo Volume Oleoso – BVO,
onde o veículo constou de 1 L ha-1 do óleo vegetal Agr’óleo®, completando-se o volume final com água.
As gotas pulverizadas foram coletadas em cartões de papel sensível à água, fixados
horizontalmente em estacas dispostas nas parcelas experimentais, em três alturas do dossel da cultura
(superior, médio e inferior). Os cartões foram analisados com o software Agroscan®.
Avaliações de severidade de doenças foram realizadas em 25 folhas bandeiras, nos dias
17/02/2009, 03/03/2009 e 21/03/2009.A colheita foi realizada manualmente em 16/04/2009, coletandose as plantas de 2m2 na área útil de cada parcela, e trilhadas em trilhadeira estacionária. Após a
determinação da umidade dos grãos o volume de grãos foi pesado e o rendimento final corrigido tendo
em vista uma umidade padrão de 14%. Na análise estatística foi utilizado o teste de comparação
múltipla de Scot-Knott, ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram efetuadas através do
software SASM-Agri.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A severidade da mancha parda e da mancha estreita foi baixa na área experimental, não havendo
diferença entre os tratamentos, mas todos foram superiores à testemunha. A produtividade de grãos de
arroz foi similar para todos os tratamentos, e superior à testemunha (Tabela 2). Portanto, o controle das
doenças foi similar, independente do fungicida, número de aplicações e do equipamento gerador de
gotas..
O experimento gerou importante resultado quanto à metodologia de coleta de gotas com cartões
de papel sensível à água. Nas aplicações no início da tarde, quando a umidade relativa do ar situou-se
abaixo de 65%, ocorreu adequada sensibilização dos cartões pelas gotículas coletadas.
Porém, nas aplicações do final da tarde, quando a umidade relativa do ar superou os 75%,
ocorreu sensibilização total dos cartões pela umidade do ar, impossibilitando que sua superfície
registrasse as gotas pulverizadas. Este comportamento é normal quando a umidade relativa do ar é
superior a 80% (SCHRODER, 2003), mas, provavelmente devido à evaporação da lâmina d´água de
irrigação, ocorreu comprometimento dos cartões ainda quando o higrômetro registrava valores tidos
como aceitáveis. Diante do exposto, os cartões dos tratamentos com bicos hidráulicos de impacto (1 a 3)
foram analisados eletronicamente, e seus resultados são apresentados neste trabalho, mas aqueles dos
tratamentos com atomizadores rotativos (4 a 6) não puderam ser analisados.
A análise dos dados de deposição de gotas dos bicos hidráulicos de impacto não mostrou
diferença significativa entre os tratamentos, nos estratos superior (68 gotas.cm-2 no topo da cultura) e
mediano (60 gotas.cm-2) do arroz (Gráfico 1). Este fato pode ser explicado porque as plantas de arroz
encontravam-se com apenas 65 centímetros de altura por ocasião das aplicações, e ainda não tinham
“fechado” as linhas, ou seja, era uma condição muito favorável para a deposição de gotas ao longo de
toda a planta de arroz. No terço inferior das plantas de arroz a deposição média foi de 45 gotas.cm-2,
sem diferença entre os tratamentos, um índice bem superior aos 30% usualmente observados em áreas
comerciais.
O tamanho de gotas (DMV) situou-se ao redor de 200 a 250 micrômetros em todos os
tratamentos e estrados do dossel avaliados, o que está de acordo com o esperado em função do tipo de
equipamento utilizado.
A penetração de gotas no dossel, obtida pela relação entre o total de gotas que alcança o topo da
cultura e o número que atinge os demais estratos, gerou resultados muito positivos, com 87% de
penetração no estrato mediano e 65% no inferior, sem diferenças entre os tratamentos. Estes índices
foram obtidos pela arquitetura e porte das plantas de arroz, já reportados.
CONCLUSÃO
Bicos hidráulicos de impacto e atomizadores rotativos de discos foram igualmente eficazes para
o controle da mancha parda e da mancha estreita em arroz irrigado;
Amostragens de gotas com papel sensível à água, sob umidade relativa do ar superior a 75%,
podem ser comprometidas;
Bicos hidráulicos de impacto podem gerar densidade e penetração de gotas adequadas para
pulverização aérea de fungicidas quando as plantas de arroz têm baixa estatura.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos parceiros do Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação –
Grupo Geta – e às seguintes instituições: Granjas 4 Irmãos, Clínica Fitossanitária da UFSM, Schroder
Consultoria, Taim Aeroagrícola, Basf, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica e Sindicato Nacional das
Empresas de Aviação Agrícola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, I. F. D. et al. 2006. Cárie do Arroz. Centro de Ciências Rurais, UFSM. Boletim Técnico. 4p.
SOSBAI. 2005. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Santa Maria, RS:
SOSBAI/UFSM/IRGA/EPAGRI, 2007. 159p.
RIBEIRO, A.S. 1985. Doenças do Arroz. In: EMBRAPA. Fundamentos para a cultura do arroz irrigado. Campinas,
Fundação Cargill. 205-250. 317p.
SCHRÖDER, E.P. Avaliação de sistemas aeroagrícolas visando a minimização de contaminação ambiental. 2003. 73p.
Tese (Doutorado)-Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
SCHRÖDER, E.P., COSTA, I.F.D.da, SILVA, T.M.B da Controle de doenças em arroz irrigado através de pulverizações
aéreas de fungicidas. Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, 5. Anais. Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, 2007.
p.692-3.
Tabela 1. Equipamentos, taxas de aplicação e número de aplicações e doses dos produtos comerciais.
São Gabriel, RS. 2009.
Trat
Equipamentos/Taxa de
1ª aplicação
2ª aplicação
-1
-1
.
aplicação
Brio (L.ha )
Assist (L.ha )
Brio (L.ha-1)
-1
1 Bicos hidráulicos 30 L.ha
0,75
0
0
2 Bicos hidráulicos 30 L.ha-1
0,75
0
0,75
3 Bicos hidráulicos 30 L.ha-1
0,75
0,5
0
0,75
0
0
4 Atomizador rotativo 10 L.ha-1
5 Atomizador rotativo 10 L.ha-1
0,75
0
0,75
-1
6 Atomizador rotativo 10 L.ha
0,75
0,5
0
7 Testemunha
------BRIO = Kresoxym-metil + Epoxiconazole. ASSIST = Adjuvante.
Tabela 2. Severidade de Bipolaris oryzae e Cercospora oryzae, e produtividade de grãos (kg/ha) em
função de diferentes equipamentos, taxas de aplicação e número de aplicações aéreas de Brio,
sobre plantas da cultivar IRGA 422CL de arroz irrigado. São Gabriel, RS. 2009.
Tratamentos
Bipolaris oryzae
Cercospora oryzae
Produtividade
17/02/09 03/03/09 21/03/09 17/02/09 03/03/09 21/03/09
1
0,007 a 0,033 b 0,073 b
0,000 b 0,050 b 0,053 b
9229 ab
2
0,008 a 0,042 b 0,067 b
0,000 b 0,021 b 0,043 b
9724 ab
3
0,015 a 0,050 b 0,028 b
0,000 b 0,013 b 0,040 b
8670 bc
4
0,017 a 0,058 b 0,088 b
0,000 b 0,000 b 0,055 b
9641 ab
5
0,025 a 0,073 b 0,070 b
0,000 b 0,042 b 0,035 b
10002 ab
0,000 b 0,031 b 0,030 b
9403 ab
6
0,017 a 0,082 b 0,037 b
7
0,067 a 0,550 a 0,957 a
0,033 a 0,202 a 0,263 a
7844
c
1
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scot-Knott, ao nível de 5% de significância.
Figura 1. Densidade de gotas (gotas.cm-2), diâmetro mediano volumétrico (µm) e penetração de gotas
(%) no dossel de lavoura de arroz irrigado, através de pulverização aérea com bicos
hidráulicos de impacto. São Gabriel, RS. 2009.
103. AVALIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PULVERIZAÇÃO AÉREA E
TAXAS DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDA NA CULTURA DO ARROZ
IRRIGADO
Tânia M.Bayer da Silva1, Ivan F.Dressler da Costa2, Eugênio Schröder3
Palavras-chave: tecnologia de aplicação, papéis hidrossensíveis, produtividade.
INTRODUÇÃO
O controle químico eficiente na cultura do arroz irrigado depende da correta seleção do
equipamento e taxas de aplicação. Para aferir a eficiência de uma pulverização é necessário determinar
características como: diâmetro mediano, uniformidade do tamanho e densidade das gotas e a cobertura
da pulverização (OZMERI & CILINGIR, 1992). Schröder (2004) comenta que a tendência mundial é o
uso de volumes cada vez menores e, que trabalhos apresentados em congressos em todo mundo e o
desenvolvimento de novos equipamentos de pulverização caminham todos nesse sentido.
Gotas pequenas e numerosas são ideais para as pulverizações de fungicidas em arroz, devido ao
maior recobrimento das diversas partes das plantas e maior penetração no dossel foliar. Densidades de
gotas entre 50 e 70 gotas.cm-2 no topo da cultura têm sido suficientes para os fungicidas sistêmicos,
sendo desejável que pelo menos um terço delas atinja a parte inferior das plantas. Deve-se lembrar que a
mobilidade desses produtos nas plantas é menor que a de outros agrotóxicos, como é o caso de alguns
herbicidas, o que exige uma cobertura de gotas maior (RESENDE, 2007).
Em relação ao tamanho das gotas e concentração da calda, Schröder (2002) relata que de um
modo geral, pulverizações com gotas de menores diâmetros têm maior eficiência biológica e caldas
mais concentradas são mais econômicas, além de promoverem melhores resultados.
O objetivo deste trabalho foi avaliar equipamentos de pulverização aérea e taxas de aplicação,
em função da produtividade, rendimento de engenho e densidade de gotas, na cultura do arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento de campo foi conduzido em área comercial, localizada na Granja Quatro irmãos,
município de Rio Grande, RS, no ano agrícola de 2007/2008. As análises laboratoriais foram realizadas
na Clínica Fitossanitária, localizada na Universidade Federal de Santa Maria. Foram testados três
equipamentos de aplicação aérea (bico hidráulico, eletrostático e atomizador rotativo de disco), com
duas a três taxas de aplicação para cada equipamento, totalizando sete tratamentos e testemunha.
Os tratos culturais foram seguidos conforme recomendações técnicas para a cultura do arroz
(SOSBAI, 2005). O experimento foi implantado de acordo com o sistema de plantio convencional.
Para realização das pulverizações, utilizou-se avião agrícola Ipanema modelo 202. A aplicação do
fungicida foi realizada na fase R3 e o fungicida utilizado constou da formulação comercial de dois
ingredientes ativos: Trifloxistrobina + Propiconazol, na dose de 0,75L.ha-1, com concentração de
ingrediente ativo de 125g de Trifloxistrobina + 125g de Propiconazol.
Para avaliação de produtividade foi utilizado peso de grãos proveniente da colheita de 2 m2 em
cada uma das áreas de avaliação. As plantas foram levadas à Universidade Federal de Santa Maria, onde
foram trilhadas e determinada a umidade dos grãos. Essas amostras foram acondicionadas em estufa até
que sua umidade fosse próxima a 13%. Após esse processo, o peso foi calculado para quilos por
hectare.
Com as mesmas amostras de produtividade foram realizadas as análises de rendimento de
engenho. Todas as amostras foram submetidas a um conjunto de peneiras para reter impurezas e
pesados 100 gramas de cada repetição. Para determinação do rendimento de engenho, utilizou-se
equipamento marca Zaccaria, com ciclos de três minutos por sub-amostras. Com o arroz beneficiado,
1
Eng. Agr. MSc. – Aluna pós-graduação em Fitossanidade. UFPel.- CP 354, CEP 96001-970, Pelotas, RS, E-mail: [email protected].
Eng.Agr. Dr. - Departamento de Defesa Fitossanitária, UFSM, Santa Maria-RS.
3
Eng. Agr. Dr. Schröder Consultoria, Pelotas, RS.
2
foi possível determinar o peso dos grãos inteiros e quebrados.
Para determinação de densidade de gotas, foram utilizadas estacas de um metro de comprimento,
divididas em três níveis, com 30 cm cada. Em cada nível, foi colocado um papel hidrossensível, fixado
com um atilho de borracha, em posição horizontal. Os papéis hidrossensíveis foram coletados logo após
a pulverização e enviados para análise, que foi realizada pela empresa Agrotec.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância quando verificada diferença
significativa entre os tratamentos qualitativos (dados categorizados) a nível de 5% de probabilidade de
erro. Optou-se pela adoção do teste de Duncan como procedimento para comparação múltipla de
médias. As análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SOC (EMBRAPA, 1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rendimento de grãos de arroz não diferiu entre os tratamentos (Figura 1). Celmer et al. (2007)
relatam que o rendimento de grãos nas cultivares de arroz é influenciado pelo controle químico das
doenças foliares. O mesmo autor também cita que o controle de doenças pode ser considerado uma
importante ferramenta para manutenção da estabilidade de produção de grãos.
O principal motivo da não diferenciação da produtividade entre os tratamentos neste trabalho,
pode ser explicado pela baixa severidade de doenças a campo (Tabela1), que foi próxima 1%. Esta
afirmação concorda com Marzari et al. (2007), que relatam que a diminuição da severidade de doenças,
pelo controle químico, propicia o aumento da produtividade. A explanação anterior pode ser
considerada para os resultados do rendimento de engenho (Figura 2). A diferença maior foi visualizada
no tratamento onde foi testado bico hidráulico com taxa de aplicação de 20 L.ha-1, que se diferenciou
dos demais tratamentos para as variáveis peso de inteiros e peso total. Para peso de grãos quebrados,
não houve diferenças significativas.
A avaliação dos cartões hidrossensíveis, na área útil de cada parcela experimental, mostrou
diferença para densidade de gotas, devido à variação na eficiência dos equipamentos testados (Figura
3). Esses resultados confirmam resultados de Ozeki (2006), que demonstram que, nas aplicações com
volumes maiores, as gotas mais grossas da pulverização tendem a se estabelecer na parte superior da
planta, sendo menores na parte mais interna do dossel.
A maior quantidade de produto, no terço inferior, foi obtida com o uso do atomizador rotativo de
discos, com taxa de 15 L.ha-1, diferindo significativamente dos demais tratamentos. Esta maior
deposição pode ser explicada devido ao tamanho reduzido das gotas formadas, que proporcionou uma
cobertura menos heterogênea, juntamente com o uso do óleo na calda, que reduziu perdas ocasionadas
pela evaporação.
CONCLUSÃO
Não houve diferenças de produtividade na cultura do arroz irrigado, devidas aos equipamentos
testados.
Para rendimento de engenho, a maior percentagem de grãos inteiros e percentagem total de grãos
foi obtida através da utilização dos equipamentos bico hidráulico, com taxa de 20 L.ha-1 e atomizador
rotativo discos, com taxa de 15 L.ha-1.
O equipamento atomizador rotativo de discos, na taxa de 15 L.ha-1, proporcionou maior
densidade de gotas, nos estratos inferior e médio do dossel, quando avaliado através de papel
hidrossensível.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos parceiros do Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação –
Grupo Geta – e às seguintes instituições: Granjas 4 Irmãos, Clínica Fitossanitária da UFSM, Schroder
Consultoria, Taim Aeroagrícola, Bayer CropScience, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica e Sindicato
Nacional das Empresas de Aviação Agrícola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CELMER, A.; MADALOSSO, M.C.; DEBORTOLI, M.P.; NAVARINI, L.; BALARDIN, R.S. Controle químico de
doenças foliares na cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.42, n.6, p.901-904, jun. 2007.
CUNHA, J.P.A.R.; MOURA, E.A.; SILVA JUNIOR, J.L.; ZAGO, F.A.; JULIATTI, F.C. Efeito de pontas de pulverização
no controle químico da ferrugem da soja Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.28, n.2, p.283-291, abr./jun. 2008.
EMBRAPA. Ambiente de Software NTIA, versão 4.2.2: Manual do usuário- ferramental estatístico. Campinas: Centro
nacional de pesquisa tecnológica em informática para a agricultura, 1997. 258 p.
MARZARI, V.; MARCHEZAN, E.; SILVA, L.S. da; CAMARGO, E.R.; TELÓ, G.M. População de plantas, dose de
nitrogênio e aplicação de fungicida na produção de arroz irrigado: I – características agronômicas. Ciência Rural, v.37,
p.330-336, 2007.
OZEQUI, Y. Manual de aplicação aérea. São Paulo, Ed. do editor, 2006.
OZMERI, A, CILINGIR, I. Use of colorimetric technique in determining surface coverage in spraying. Agric.
mechanization in asia, africa and latin america, 1992. v. 23, n.1, p. 37-8.
RESENDE, L.J. Pulverizações aéreas contra a cárie do arroz. Artigos técnicos, 2007. Disponível em:
<http://www.agrolink.com.br/aviacao/artigos_pg_detalhe_noticia.asp?cod=51361>. Acesso em: 21.maio.2007.
SCHRÖDER, E.P. Aplicações em soja. Cultivar Máquinas, n.58, 14p., 2004. (Caderno Técnico)
SCHRÖDER, E.P. Pulverização eletrostática aérea: Experiência e perspectivas no Brasil. Pelotas: Ed. do autor, 2002.
66p.
SOSBAI. Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do
Brasil; IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, XXVI Reunião da Cultura do Arroz Irrigado. – Santa Maria: SOSBAI
2005, 159 p., il. Disponível em: <http://www.sosbai.com.br/recomendacoes2005.pdf>. Acesso em 20 maio 2006.
Letras iguais, em cada equipamento não diferem entre si, pela Teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro
Figura 1. Produtividade de arroz irrigado(Kg.ha-1), obtida em lavoura tratada com fungicida, aplicado
com diferentes equipamentos e taxas de aplicação. Santa Maria-RS, 2008.
Letras iguais, em cada equipamento não diferem entre si, pela Teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro
Figura 2. Rendimento de engenho (%), para amostras de grãos de arroz, colhidas em lavoura tratada
com fungicidas e utilizando diferentes equipamentos e taxas de aplicação. Santa Maria-RS,
2008.
Letras iguais, em cada equipamento não diferem entre si, pela Teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro
Figura 3. Densidade de gotas (gt.cm-2), em três estratos do dossel de uma lavoura de arroz irrigado,
produzida por pulverização com diferentes equipamentos e taxas de aplicação. Santa MariaRS, 2008.
Tabela 1. Incidência e severidade foliar de mancha estreita Cercospora oryzae em cultivar Qualimax 1.
Santa Maria-RS. 2008.
Equipamentos
Bico hidráulico
Bico hidráulico
Eletrostático
Eletrostático
Atomizador Rotativo de disco
Atomizador Rotativo de disco
Atomizador Rotativo de disco
Testemunha
Coeficiente de variação (%)
Taxas de aplicação
30 L.ha-1
20 L.ha-1
10 L.ha-1
5 L.ha-1
15 L.ha-1
10 L.ha-1
6 L.ha-1
----
Incidência
Severidade (%)
3,66 cd
0,19 c
6,08 ab
0,13 c
4,50 bcd
0,34 bc
2,75 d
0,14 c
5,25 abc
0,39 bc
4,58 bcd
0,19 c
6,75 a
0,63 ab
5,58 abc
0,81 a
30,56
85,85
104. INFLUÊNCIA DE NÍVEIS DE INÓCULO DE Bipolaris oryzae EM
SEMENTES NAS EPIDEMIAS DE MANCHA PARDA E NA PRODUTIVIDADE
DO ARROZ IRRIGADO
André A. Schwanck1, Gustavo D. Funck2, Piérri Spolti3, Carlos F. A. de B. e Silva Filho3, Daniel S. Grohs2, Cândida R. J.
Farias4 ,,Priscila R. Menezes4, Alexandre Deibler4, Emerson M. Del Ponte3
Palavras-chave: patologia de sementes, Bipolaris oryzae
INTRODUÇÃO
A mancha parda, causada por Bipolaris oryzae, vem aumentando em importância no Rio Grande
do Sul nos últimos anos (CELMER et al., 2007; MARZARI et al., 2007). Em condições favoráveis que
levem a severas epidemias, a mancha parda pode causar perdas na produção por afetar desde a
emergência das plântulas, quando presente nas sementes, até o enchimento dos grãos pela presença da
mancha em grãos (MALAVOLTA et al., 2002). A presença do inóculo na semente, além de introduzi-lo
em áreas novas, pode contribuir para o desenvolvimento das epidemias quando disponível no início de
desenvolvimento do hospedeiro, sendo a sanidade das sementes uma estratégia de controle (COSTA et
al., 2005). A definição dos padrões de tolerância de incidência máxima de patógenos em sementes
precisa ser embasada em estudos epidemiológicos que levem em conta as situações regionais
(MACHADO & POZZA, 2005). O presente trabalho objetivou avaliar o impacto de níveis de inóculo
de B. oryzae associado às sementes de arroz no progresso temporal de mancha parda e no rendimento
do arroz sob cultivo irrigado no Rio Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na safra 2008/09 na Estação do Instituto Rio Grandense do Arroz
(IRGA), localizado em Cachoeirinha, RS, e na área experimental da Universidade da Região da
Campanha (URCAMP), localizada em Bagé, RS. A cultivar IRGA 424 foi utilizada em ambos os locais,
sendo que os tratos culturais foram realizados conforme a Comissão Técnica Sul - Brasileira de Arroz
Irrigado (CTAR-I). Os tratamentos consistiram da semeadura de lotes com seis níveis de inóculo de B.
oryzae nas sementes: 1; 3; 6; 12; 24 e 48%. Os níveis foram obtidos pela mistura de um lote
contaminado no nível máximo, com lotes limpos, sendo reavaliados após a mistura pelo método do
substrato de papel. Um sétimo tratamento contendo sementes com o nível mínimo de inóculo e tratada
com o fungicida carboxin-tiran (Vitavax-thiram 200 mL p.c./100kg de sementes) foi utilizado como
controle. Além dos níveis de inóculo, para cada local, duas datas de semeadura foram utilizadas, em
22/11 e 22/12/2008, datas estas respectivas à primeira e à segunda época de semeadura, e tardias em
relação à época recomendada, quando as condições ambientais são mais favoráveis às doenças.
Após o estágio reprodutivo, em intervalos semanais, foram realizadas três avaliações da
severidade da mancha parda (%) na folha bandeira de 12 plantas marcadas e posicionadas
sistematicamente dentro de cada parcela. Tal dado foi utilizado para a obtenção da área abaixo da curva
de progresso da doença (AACPD), sumarizando o progresso temporal das epidemias. Ainda, na última
data de avaliação, as panículas das plantas marcadas foram colhidas manualmente para estimar-se a
severidade da mancha em grãos (%), com auxilio de uma escala visual (IRRI, 1996) e o peso de 1000
grãos. Exclusivamente para o experimento conduzido em Cachoeirinha, os dados de rendimento da
cultura (t/ha) foram obtidos pela colheita mecânica das parcelas experimentais. Dados meteorológicos
de ambos os locais foram coletados por estações automáticas localizadas próximas às parcelas
experimentais. Os valores de AACPD, incidência de grãos manchados e peso de grãos foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo modelo linear (GLM) e as médias separadas pela
1
Acadêmico de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bento Gonçalves 7712, 91540000, Porto Alegre, RS. Email:
[email protected].
2
Instituto Rio Grandense do Arroz.
3
Depto de Fitossanidade, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
4
Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal, Universidade de Região da Campanha.
diferença mínima significativa (DMS; P<0,05) com auxílio do programa SAS (SAS, Proc GLM). Como
estatística descritiva foi utilizada análise de correlação (coeficiente de Spearman) entre: i) o peso de
1000 grãos e a severidade de grãos manchados e; ii) entre severidade de mancha parda nas folhas
bandeira com a severidade de grãos manchados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para ambos os locais e datas de semeadura a intensidade das epidemias foi considerada baixa,
uma vez que a severidade máxima da mancha foliar nas folhas bandeiras manteve-se abaixo de 9%
(Figura 1). A análise de variação não mostrou diferença significativa na AACPD nos diferentes
tratamentos de níveis de inóculo, para ambos os locais. A AACPD foi menor na segunda época
(P<0,0001). Durante a safra ocorreu uma distribuição desuniforme das chuvas, com volume inferior na
segunda época de semeadura, onde, em Bagé, o volume total de chuva mensal no mês de abril foi de
apenas 3 mm (Figura 1).
Quanto à produtividade, não foi verificada diferença significativa para o fator inóculo (P>0,05).
O período de estiagem na segunda época de semeadura pode ter levado à baixa produtividade das
parcelas (Figura 2). Em Cachoeirinha, a produtividade média foi de 8,73t/ha para a primeira época e de
7,51 t/ha para segunda época. Os resultados de produtividade concordam com aqueles obtidos por
Malavolta et al. (2002), também sob condições de baixa favorabilidade ambiental às epidemias, em que
parcelas experimentais de arroz irrigado com níveis de incidência de B. oryzae nas sementes em até
65% não apresentaram diferença significativa quanto a produtividade, embora a emergência tenha sido
afetada negativamente nos níveis mais altos de incidência. O presente trabalho demonstra ainda que os
níveis de inóculo na semente não contribuíram para a severidade da mancha parda. Não foi verificada
correlação significativa entre a severidade da mancha parda nas folhas em cada parcela com a
severidade da mancha nos grãos na parcela. O peso de 1000 grãos apresentou correlação negativa
inversa com a severidade de manchas em grãos (R= -0,241; P=0,01), concordando com trabalhos
anteriores que verificaram relação inversa entre intensidade de manchas e peso de panículas (Malavolta
et al., 2007).
Figura 1. Total de chuva e progresso temporal da severidade de epidemias de mancha parda na safra
2008/09 em Cachoeirinha (A) e Bagé (B) em duas datas de semeadura. Linhas correspondentes à
severidade média da mancha parda em folhas bandeiras, sendo os dados dos tratamentos
correspondentes aos níveis de inóculo agrupados.
Figura 2. Produtividade de parcelas experimentais (t/ha) na primeira e segunda época de semeadura.
Cachoeirinha, safra 2008/09. Diagrama onde as linhas transversais superiores, centrais e
inferiores correspondem ao quartil de 75%, à mediana e ao quartil de 25%. Linhas verticais
indicam a extensão da variação dos dados aos quartis de 95% e 5%.
CONCLUSÃO
A presença de inóculo natural de B. oryzae, em níveis de até 48% de incidência em sementes de
arroz, não influencia no progresso das epidemias de mancha parda nas folhas e na produtividade da
cultura sob condições pouco favoráveis ao progresso da doença e em regiões com histórico da doença.
A incidência de manchas em grãos não apresentou correlação com a severidade da mancha parda nas
folhas. A severidade de manchas em grãos tem impacto negativo no peso de grãos.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa PIBIC/IRGA
para o primeiro autor e pelo auxílio de pesquisa (CNPq/CT-Agro no 42/2008) ao último autor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CELMER, A., MADALOSSO, M.G., DEBORTOLI, M.P., NAVARINI, L., BALARDIN, R.S. Controle químico de
doenças foliares na cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, n.6, p.901-904, 2007.
COSTA, M.L.N., DHINGRA, O.D., SILVA, J.L. DA. Influence of internal seedborne Fusarium semitectum on cotton
seedlings. Fitopatologia Brasileira, v.30, p.183-186, 2005.
IRRI. INTERNATIONAL RICE RESEARCH INSTITUTE. Standard evaluation system for Rice.
Manilla:INGER/Genetic Resources Center, 1996. 52p.
MACHADO, J.C., POZZA, E.A. Razões e procedimentos para o estabelecimento de padrões de tolerância a patógenos
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MALAVOLTA, V. M. A. ; PARISI, J. J. D. ; TAKADA, H. M. ; MARTINS, M. C. . Efeito de diferentes níveis de
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MALAVOLTA, V.M.A.; SOLIGO, E.A.; DIAS, D.D.; AZZINI, L.E.; BASTOS, C.R. Incidência de fungos e
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MARZARI, V., MARCHEZAN, E., SILVA, L.S. da, CAMARGO, E.R., TELÓ, G.M. População de plantas, dose de
nitrogênio e aplicação de fungicida na produção de arroz irrigado: I – características agronômicas. Ciência Rural, v.37,
p.330-336, 2007.
105. FUNGICIDA EM CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO E SEU EFEITO
NA QUALIDADE FÍSICA E FISIOLÓGICA DE GRÃOS E SEMENTES
COLHIDOS COM DIFERENTES GRAUS DE UMIDADE
Gustavo Mack Teló1, Enio Marchesan², Rafael Bruck Ferreira², Nilson Lemos de Menezes², Alessandro Dal’Col Lúcio²
Diogo Machado Cezimbra², Marcos Venicios Evaldt da Silveira²
Palavras-chave: atraso na colheita, germinação de sementes, grãos inteiros.
INTRODUÇÃO
Em determinadas situações de lavoura não é possível realizar a colheita do arroz no momento
ideal. A colheita realizada fora dos limites de umidade adequada dos grãos pode influenciar em aspectos
da produção de grãos e na qualidade do produto, afetando a rentabilidade da cultura do arroz irrigado.
Quando realizada com grau de umidade dos grãos elevado proporciona ocorrência de grãos verdes,
gessados e mal formados, que não completaram o seu desenvolvimento (RIBEIRO et al., 2004). Já, a
colheita com baixo grau de umidade média dos grãos, provoca aumento de degrane natural,
acamamento e ataque de insetos, além da diminuição no percentual de grãos inteiros no beneficiamento,
afetando também a germinação e o vigor das sementes de arroz (SMIDERLE et al., 2008).
Com relação ao uso de fungicidas, esta é uma tecnologia muito importante, pois na condição de
clima subtropical, as doenças da parte aérea são economicamente mais importantes, embora estejam
relacionadas com o clima e o manejo da lavoura, se manifestam mais intensamente a partir da floração.
Além da produtividade, é necessário avaliar o efeito do fungicida na qualidade física de grãos, a qual
pode ser expressa pelo rendimento de grãos. A hipótese é de que o uso de fungicida mantém a qualidade
de grãos e sementes, especialmente quando colhidos com grau de umidade abaixo do recomendado,
devido à manutenção de área foliar fotossinteticamente ativa por mais tempo. O presente trabalho teve
como objetivo verificar o efeito do fungicida aplicado na parte aérea das plantas, em grãos e sementes
de cultivares de arroz irrigado colhidos com diferentes níveis de umidade, pelo atraso da colheita.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em campo, durante a estação de crescimento de 2007/08, na área de
várzea do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), localizada no
município de Santa Maria-RS. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em
esquema trifatorial, com cultivo em faixas (4x4x6) e quatro repetições. O fator A, em faixas, foi
composto por quatro cultivares de arroz irrigado: BR-IRGA 409, IRGA 417, IRGA 422CL e IRGA 423.
O fator C foi composto pela aplicação de fungicida na sub-parcela dentro de cada faixa, utilizando
fungicida propiconazol+trifloxistrobina aplicado na parte aérea das plantas em diferentes estádios de
desenvolvimento (T1-testemunha sem aplicação de fungicida, T2-aplicação em R2, T3-aplicação em R3
e T4-aplicação em R2+R4, segundo a escala de COUNCE et al., 2000). O fator D foi constituído na
sub-subparcela dentro de cada faixa, pelos diferentes níveis de umidade média dos grãos no momento
da colheita (24, 22, 20, 18, 16 e 14% de umidade).
A semeadura do experimento ocorreu no dia 17/11/2007, no sistema convencional na densidade de
100 kg ha-¹ de semente. A adubação de base foi procedida com a distribuição na linha de semeadura de
17,5 kg ha-1 de N, 52,5 kg ha-1 de P2O5 e 105 kg ha-1 de K2O. A emergência das plântulas ocorreu 10
dias após a semeadura e o controle das plantas daninhas e a irrigação definitiva foi realizada aos 16 dias
após a emergência (DAE). A utilização do nitrogênio em cobertura ocorreu em duas aplicações, um dia
antes da inundação, na quantidade de 70 kg ha-1 de N e 50 kg ha-1 de N na iniciação da panícula (R0).
Os demais tratos culturais foram conduzidos conforme a recomendação técnica para a cultura (SOSBAI,
2007).
1
Eng° Agr° Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria. CEP 97.105-900, Santa Maria, RS.
E-mail: [email protected].
² Universidade Federal de Santa Maria.
Cada parcela foi constituída por 9 linhas espaçadas em 0,17 m e com 7 m de comprimento, sendo
colhida uma área útil de 1,07 m² para cada nível de umidade. O monitoramento do nível de umidade das
sementes e grãos foi realizado sempre no mesmo horário durante o período de colheita das cultivares. A
colheita e a trilha das sementes e grãos foram realizadas manualmente, seguidas por pré-limpeza e
secagem forçada com monitoramento da temperatura de 36±2ºC até atingirem umidade de 12,5%. Após,
esse material experimental foi armazenado em local seco por três meses para início das avaliações.
Os parâmetros analisados neste trabalho foram os testes de germinação de sementes e o percentual
de grãos inteiros. O teste de germinação foi realizado com quatro amostras de 100 sementes cada, que
foram colocadas em substrato papel de germinação, formando rolos, mantidos em germinador à
temperatura constante de 25ºC. Foi realizado uma contagem de plântulas aos 14 dias após a semeadura
para estimar a germinação das sementes. O percentual de grãos inteiros foi avaliado com amostras de
100g por repetição, em testadora de arroz (marca “Suzuki”).
Os dados foram transformados para yt = ( y + 0 , 5 ) . A análise da variância dos dados do
experimento foi realizada através do teste F, e as médias dos fatores quantitativos, quando significativas,
foram submetidas à análise de regressão polinomial, testando-se os modelos linear e quadrático. Para os
resultados expressos graficamente, determinou-se o intervalo de confiança (P≤0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com relação à germinação de sementes (Figura 1), ocorreu somente interação entre as variáveis
cultivar e umidade de colheita. Para a cultivar BR-IRGA 409, a germinação de sementes não foi afetada
pela umidade de colheita, não se ajustando a nenhuma equação testada. Entretanto, a cultivar IRGA 417,
proporcionou um comportamento linear para germinação de sementes, com pequena redução da
germinação devido ao atraso da colheita. Destaca-se também que esta cultivar apresentou valores de
germinação semelhantes a da BR-IRGA 409, com o decréscimo da umidade de colheita. Porém as
cultivares IRGA 422 CL e IRGA 423 apresentaram comportamento quadrático, sendo a germinação
máxima observada quando as sementes foram colhidas com umidade de 22% para ambas as cultivares.
100
Germinação de sementes (%)
98
96
94
92
90
88
86
84
B R -IR G A 4 0 9
IR G A 4 1 7
y= 9 2 ,7 0 0 + 0 ,2 6 x (R ²= 0 ,1 9 2 P < 0 ,0 0 0 1 )
IR G A 4 2 2 C L y= 3 2 ,3 4 + 6 ,1 0 x-0 ,1 4 x² (R ²= 0 ,6 2 7 P < 0 ,0 0 0 1 )
IR G A 4 2 3
y= 0 1 ,3 8 + 8 ,8 0 x-0 ,2 0 x² (R ²= 0 ,4 8 1 P < 0 ,0 0 0 1 )
82
80
26
24
22
20
18
16
14
U m id a d e d e c o lh e ita (% )
Figura 1. Valores médios de germinação de sementes de quatro cultivares de arroz irrigado
colhidas em seis níveis de umidade. Santa Maria-RS, 2009.
A cultivar IRGA 423, apresentou diferença de 10% de seu ponto máximo de germinação quando
comparado com os valores obtidos com a última colheita realizada. Esta mesma cultivar apresentou
diferença decrescente na germinação em relação as demais cultivares a partir das colheitas realizadas
com 18% de umidade.
O decréscimo na germinação observado a partir das colheitas realizadas com 20% de umidade
pode estar relacionado à fatores como umedecimento e secagem alternados no campo durante o dia e a
noite, de modo que esta situação pode provocar uma redução na qualidade das sementes devido à rápida
e diferenciada absorção de água pelos diferentes tecidos das sementes e subsequentemente a sua
deterioração. Em trabalho realizado com a cultivar BRS-Talento, com variação da época de colheita
entre 37 e 23 % de umidade, Binotti et al. (2007) não observaram efeito no vigor e germinação das
sementes de arroz, entretanto Pedroso (1996) verificou que o atraso na colheita do arroz irrigado reduz a
germinação das sementes.
Para o percentual de grãos inteiros (Figura 2), houve interação tripla entre as variáveis estudadas
no trabalho, atendendo um comportamento quadrático polinomial. Os melhores resultados de percentual
de grãos inteiros foram observados quando os grãos foram colhidos com níveis de umidade entre 22 e
20%, sendo observada pequena redução no percentual com umidade de 24% para algumas cultivares.
70
Testemunha
Percentual
de grãos
inteiros
Rendimento
do grão
(%) (%)
Percentual
de do
grãos
(%)
Rendimento
grãointeiros
(%)
70
65
60
55
50
45
BR-IRGA 409 y=-49,29+10,33x-0,23x2 (R2=0,934)
IRGA 417
y=-71,04+12,15x-0,27x2 (R2=0,968)
IRGA 422 CL y=-95,52+14,18x -0,31x2 (R2=0,991)
40
IRGA 423
60
55
50
45
BR-IRGA 409 y=-26,33+08,00x-0,17x2
IRGA 417
y=-54,12+10,73x-0,24x2
IRGA 422 CL y=-64,41+11,14x-0,24x2
IRGA 423
y=-53,16+10,95x-0,25x2
40
y=-88,04+14,33x-0,33x2 (R2=0,907)
35
(R2=0,945)
(R2=0,984)
(R2=0,988)
(R2=0,947)
35
70
70
Aplicação em R3
Percentual
de grãos
(%)
Rendimento
do grãointeiros
(%)
Percentual
de grãos
inteiros
Rendimento
do grão
(%) (%)
Aplicação em R2
65
65
60
55
50
45
BR-IRGA 409 y=-32,41+08,80x-0,20x2
IRGA 417
y=-47,72+10,89x-0,23x2
IRGA 422 CL y=-61,72+10,89x-0,23x2
IRGA 423
y=-57,22+11,20x-0,25x2
40
(R2=0,945)
(R2=0,980)
(R2=0,984)
(R2=0,979)
Aplicação em R2+R4
65
60
55
50
45
BR-IRGA 409 y=-05,61+06,18x-0,13x2
IRGA 417
y=-19,45+07,46x-0,16x2
IRGA 422 CL y=-28,77+07,77x-0,16x2
IRGA 423
y=0,09+05,53x+0,11x2
40
35
(R2=0,928)
(R2=0,960)
(R2=0,990)
(R2=0,982)
35
26
24
22
20
18
16
14
26
24
22
20
18
16
14
---------------------------------------------------------- Umidade de Colheita ----------------------------------------------------------
Figura 2. Valores médios da percentagem de grãos inteiros com aplicação de fungicida em diferentes
estádios do desenvolvimento do arroz irrigado para quatro cultivares colhidas em seis níveis
de umidade. Santa Maria-RS, 2009.
Com relação ao uso de fungicida, a testemunha (sem aplicação) apresentou os menores valores do
percentual de grãos inteiros com a menor umidade de colheita quando comparados com os tratamentos
que utilizaram fungicida. A cultivar BR-IRGA 409 apresentou valores mais elevados de percentual de
grãos inteiros, independente do uso de fungicida e quando realizada colheita com 14% de umidade.
Sendo que para cultivar IRGA 422 CL houve um acréscimo no percentual de grãos inteiros, quando
comparando à testemunha e o uso de duas aplicações de fungicida, com acréscimo de 17% no
percentual de grãos inteiros quando colhido com baixa umidade (14% de umidade). Além disso, o uso
de duas aplicações de fungicida expressa uma elevada manutenção no percentual de grãos inteiros
colhidos abaixo de 18% de umidade, o que não se observa quanto ao uso de uma aplicação de fungicida.
Isto pode estar correlacionado com a manutenção da área foliar e senescência das folhas das plantas,
proporcionada pelo uso de duas aplicações de fungicida que prolongam o período de proteção da área
foliar.
Baseado nos resultados obtidos, a maior percentagem de grãos inteiros foi obtida quando a
colheita do arroz foi realizada com umidade média de 22 a 20%, estando de acordo com resultados
relatados por, Ribeiro et al. 2004. Trabalho realizado por Lopes et al. (2005), onde estudaram 7
cultivares de arroz irrigado, destacam que o atraso no momento da colheita do arroz reduz o percentual
de grãos inteiros em todas as cultivares, apresentando um máximo percentual de grãos inteiros quando a
colheita foi realizada no momento em que o nível de umidade dos grãos estava entre 24 e 18%, ponto
ideal de colheita. Resultados semelhantes foram encontrados por Marchezan et al. (1993), os quais
observaram que colheitas realizadas com umidade de 23 a 19% de umidade dos grãos proporcionaram
maior percentual de grãos inteiros em cultivo irrigado.
CONCLUSÕES
As cultivares IRGA 422 CL e IRGA 423 quando colhidas com umidade média dos grãos inferior
a 20% apresentam decréscimo na germinação das sementes. O uso de fungicida não afeta o percentual
de grãos inteiros quando colhidos entre 24 e 20% umidade. Com umidade de grãos inferiores a 20%
constata-se redução no percentual de grãos inteiros para todos os tratamentos, mas com menor redução
quando realizada duas aplicações de fungicidas. A cultivar IRGA 422 CL diferencia-se das demais por
apresentar maior redução no percentual de grãos inteiros com retardamento da colheita a partir de 20%
de umidade, independente do uso de fungicida.
AGRADECIMENTO
À CAPES pela bolsa de Mestrado ao primeiro autor, ao CNPq pela concessão de bolsa de
Produtividade em Pesquisa ao segundo, quarto e quinto autores, a bolsa PIBIC ao terceiro autor e aos
recursos para a execução do projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Maringá- PR, v.29, n.2, p.219-226, 2007.
COUNCE, P.A. et al. A uniform, objective and adaptive system for expressing rice development. Crop Science, MadisonUnited States, n.40, p.436-443, 2000.
LOPES, M.C.B. et al. Redução no rendimento de grãos inteiros em cultivares de arroz irrigado com o atraso na colheita.
Anais... IV CBAI. Santa Maria-RS, 2005.
MARCHEZAN, E. et al. Relações entre época de colheita e rendimento de grãos inteiros de cultivares de arroz irrigado.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília-DF, v. 28, n. 7, p. 843-848, 1993.
PEDROSO, B.A. Efeito do ponto de colheita em cultivares de arroz irrigado. In: V REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA
DE ARROZ, 1994, Goiânia-GO. Anais... Goiânia: Embrapa-CNPAF-APA, v.2, p.230.1996.
RIBEIRO, G.J. et al. Efeitos do atraso na colheita e do período de armazenamento sobre o rendimento de grãos inteiros de
arroz de terras altas. Ciência e Agrotecnologia, Lavras-MG, v. 28, n. 5, p. 1021-1030, 2004.
SMIDERLE, O. J. & PEREIRA, P.R.V.S. Épocas de colheita e qualidade fisiológica das sementes de arroz irrigado cultivar
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SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO (SOSBAI) Arroz Irrigado: Recomendações técnicas da
pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas-RS: SOSBAI, 161p. 2007.