Animais da fauna brasileira - Sociedade Nacional de Agricultura
Transcrição
Animais da fauna brasileira - Sociedade Nacional de Agricultura
Animais da fauna brasileira Animals of the Brazilian fauna Por/Text Prof. Dr. Antonio Carlos Cunha Lacreta Junior Depto. De Medicina Veterinária – Universidade Federal de Lavras Department of Veterinary Medicine – Federal University of Lavras Sumário Quando se pensa em uma serpente como animal de estimação, há quem ache muito estranho e esquisito! As serpentes estiveram e estão presentes em diversos momentos da civilização humana e são famosas desde os primórdios. Nas inscrições da Bíblia, foi uma serpente que corrompeu Eva, fazendo-a saborear o fruto da árvore da ciência, do bem e do mal. Talvez por isso, seja uma das metáforas mais utilizadas para os vilões e mal intencionados Summary When one thinks about a snake as a pet, there are those who find it very strange and weird! At different times of human civilization, snakes were and still are present and are famous since the beginning of times. In the Bible scriptures it was a snake that corrupted Eve, causing her to taste the fruit of the tree of science, of good and evil. Perhaps for this reason it is one of the most used metaphores for villains and ill intentioned individuals. 6_Animal Business-Brasil Animal Business-Brasil_7 ”São animais pacíficos e dóceis, extremamente lentos em terra, levando muito tempo para se deslocar em pequenas distâncias” Cultuada por diversos povos é figura mitológica no antigo Oriente Médio; foi escolhida como algoz de uma das mais famosas rainhas, Cleópatra, a rainha do Egito. Conta a lenda que Hipócrates, o pai da medicina, quase foi morto pela picada de uma serpente peçonhenta que estava enrolada em seu cajado, por sua sabedoria e o poder do saber a dominou, portanto, imortalizou sua imagem nos símbolos das profissões que lidam com a saúde. Quando “dançam” encantadas pelas flautas dos hindus, atraem pessoas não só por curiosidade mas, também, porque promovem um efeito quase alucinógeno nos observadores. São temas de diversos programas de televisão e filmes “hollywoodianos”; utilizadas em shows e até cultos por determinadas religiões. Sua peçonha é pesquisada em diversos campos da ciência, tendo sua aplicação em antídotos e diversos outros produtos com fins terapêuticos. Por essas histórias, fatos e lendas, fica mais fácil entender como as serpentes fascinam e encantam pessoas, ao ponto destas as terem como animais de estimação. As serpentes estão incluídas na ordem Squamata que compõe a subordem Ophidea. Já foram descritas cerca de 2.930 espécies de serpentes no mundo e aproximadamente 10% delas estão no Brasil. São encontradas em quase todas as partes do globo terrestre, preferencialmente nas regiões temperadas e tropicais. Habitam diversos biomas, ocupando vários ambientes naturais: terrestre, subterrâneo, arbóreo e aquático. Esses animais são chamados de ectotermos, pois necessitam de uma fonte de calor externa para regular a tempe8_Animal Business-Brasil ratura. Das 370 espécies que ocorrem no Brasil, 57 são peçonhentas e dividem-se entre as famílias Elapidae e Viperidae, as demais, não peçonhentas, estão distribuídas nas famílias Anilidae, Colubridae e Boidae. As serpentes pertencentes à família Boidae são as mais procuradas para criação em cativeiro e as mais comercializadas como pet exótico. Essa família é a mais primitiva entre as famílias de serpentes, sua existência data de 146 milhões de anos. Apresentam até hoje vestígios dos membros pélvicos, chamados popularmente de unhas ou esporões, localizados ao lado da cloaca. As serpentes píton da família Pitonidae, por vezes são confundidas erroneamente como membros dessa família. Existem 4 espécies da família Boidae no Brasil: Eunectes (Sucurí), Epicrates (Salamantas), Corallus (Suaçuboia e Periquitambóia) e a Boa (Jibóias), as três últimas divididas em duas subespécies cada. São tidas como uma das maiores serpentes do planeta, em tamanho e peso, a exemplo da Sucuri ou Anaconda (Eunectes murinus) com registro de animais com 11 metros de comprimento, podendo chegar a 250 quilos. Animais chamados de constrictores esmagam suas presas envolvendo-se em torno do corpo das mesmas até asfixiarem-nas. São áglifos (sem dentes), não possuem presa inoculadora de veneno e predam principalmente mamíferos, roedores, pássaros, lagartos e anfíbios. Dentre os Boídeos descreve-se sobre duas espécies de ocorrência nacional: a Boa constrictor e a Corallus caninus. A Boa constrictor, ou Jibóia-constrictora é a segunda maior espécie de cobra do Brasil. Existem duas subespécies, a Boa constrictor amarali (Jibóia) e a Boa constrictor constrictor (Jibóia amazônica), esta última chegando a 4 metros de comprimento e 40 quilos de peso. Chegam a viver 30 anos e são encontradas em, praticamente, todas as regiões do Brasil; caatinga, cerrado, mata atlântica, floresta amazônica, restingas e mangues. Seu corpo é alongado roliço e ligeiramente comprido nas laterais. Possui cor camuflada, com tons de marrom, bege e cinza, sendo a Boa constrictor constrictor mais amarelada. São animais pacíficos e dóceis, extremamente lentos em terra, levando muito tempo para se deslocar em pequenas distâncias. Consideradas vivíparas, embora alguns pesquisadores a classifiquem como ovovivíparas produzem ninhadas entre 12 e 64 crias, que nascem com 40 cm de comprimento e 80 gramas de peso e a gestação pode durar 180 dias. Tem hábito noturno, vivendo a maior parte do tempo em árvores e se alimentam principalmente de aves, roedores e lagartos. A Corallus caninus, também conhecida como cobrapapagaio, arabóia, ararambóia, araumbóia, boaarborícola-esmeralda, jibóia-verde, periquitambóia e píton-verde-da-árvore, é um dos ofídeos mais bonitos e exuberantes do mundo, muito valorizada e desejada pelos amantes destes animais. Seu corpo é longo e fino, com o dorso verde apresentando barras transversais branco-amareladas e região ventral amarela. A cabeça é grande e pouco achatada, com o focinho ligeiramente curvado para baixo e bem distinta do corpo. Uma curiosidade é a fenda que possui na parte de cima da cabeça, que serve para acumular água da chuva, para ir bebendo aos poucos. É encontrada na região amazônica, possui hábito noturno e permanece a maior parte do tempo enrolada nos troncos das árvores, assumindo uma posição característica com a cabeça apoiada no centro das voltas do corpo. Adulta atinge dimensões entre 1,50 e 2,20 metros e alimen- ta-se, principalmente, de aves e morcegos. Assim como as jibóias, são áglifas, embora possuam dentes grandes e poderosos, particularidade que lhe dá o nome (caninus). São ovovivíparas, a gestação dura em torno de 6 a 7 meses, parindo cerca de 6 a 18 filhotes. Os filhotes quando nascem possuem cor vermelha, amarela ou alaranjada (variação ortogenética da cor), mudando para o verde em 12 meses, que se intensifica com o passar da idade. São difíceis de serem reproduzidas em cativeiro, possuem uma índole mal-humorada e agressiva e não gostam muito de ser manipuladas. A criação e comercialização de serpentes no Brasil é regulamentada pelo IBAMA, que concede autorização para instalação de criatórios permanentes. A aquisição deve ser feita apenas em criatórios credenciados e de maneira alguma deve-se obter exemplares da natureza, o que caracteriza crime ambiental. Para o transpote em território nacional é exigido uma guia (GTA) expedida pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, além de nota fiscal emitida por criador registrado. Para entrada dessas serpentes em outros países deve-se consultar a legislação local. Os exemplares de jibóia e periquitambóia custam em torno de R$1.500,00 a R$6.000,00 e, para aqueles que desejam criar esses animais, há necessidade de ambiente apropriado que possa mimetizar as condições naturais. Conta a lenda, que Hipócrates, o pai da medicina, quase foi morto pela picada de uma serpente peçonhenta que estava enrolada em seu cajado. Por sua sabedoria e o poder do saber, a dominou e imortalizou sua imagem nos símbolos das profissões que lidam com a saúde. Animal Business-Brasil_9
Documentos relacionados
Leia - Camirim
membro da família há 12 anos. Como se não bastasse, Guilherme montou um aquário para acomodar sua nova paixão: raias de água doce! Para assegurar o bom estado de saúde dos animais, ele precisa cria...
Leia mais