Confira o Diagnóstico PDDUA (Revisado)
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Confira o Diagnóstico PDDUA (Revisado)
PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL DE PAULO AFONSO – BAHIA LEITURA DA REALIDADE LOCAL PAULO AFONSO JULHO 2016 PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL DE PAULO AFONSO – BAHIA LEITURA DA REALIDADE LOCAL Prefeitura Municipal de Paulo Afonso - BA PAULO AFONSO JULHO 2016 Equipe de Apoio Técnico: Elisamara Emiliano Bárbara Lopes Barbosa Bruno Heim Ana Clara Moreira da Silva - SEC MUN DE DESENV. SOCIAL Maria Selma Carvalho - SEC MUN DE EDUCAÇÃO Ana Patrícia de Alcântara e Silva Ribeiro - SEC MUN DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO Danusa Emile Luna Hélvia Almeida SETOR PÚBLICO LEGISLATIVO Ver. Albério Carlos Caetano da Silva - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES SETOR PÚBLICO EXECUTIVO Hermes Benzota Carvalho - CHEFE GABINETE PMPA Flávio Henrique Magalhães Lima - PROCURADORIAMUNICIPAL Kleylson Barbosa - CONTROLADORIAMUNICIPAL Leobson Kleber Sena Teles - SEC MUN DE DESENV. ECONÔMICO Wilson Pereira Filho - SEC MUN DE INFRAESTRUTRA E MEIO ABIENTE Valdenor Alves Teixeira - SEC MUN DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Alexei Vinícius da Silva - SEC MUN DE SAÚDE Marlos Guerra de França - SEC MUN DE TURISMO Paulo Mergulhão - SEC MUN DE SERVIÇOS PÚBLICOS Francisca Jorlania - ADMINISTRADOR BTN Jânio José Ferreira Soares - SEC MUN DE ESPORTE E CULTURA Luis Carlos Carvalho - SEC MUN DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Ver. Albério Faustino Farias - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Antônio Alexandre dos Santos - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Edson Oliveira Maciel - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Ivaldo Sales Nascimento - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. José Carlos Coelho - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. José Gomes de Araújo - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Vera. Lêda Maria Rocha Araújo Chaves - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Luiz Aureliano de Carvalho Filho - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Manoel Messias Moreno da Silva - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Marconi Daniel Melo Alencar - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Marcondes Francisco dos Santos - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Pedro Macário Neto - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Petrônio José Lima Nogueira - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Ver. Regivaldo Coriolano da Silva - CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Esse relatório foi atualizado em Julho de 2016, com contribuições da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF, através do Ofício CE-APA-0881/2016. 4 6.3.2. Sumário 6.4. Monumento Natural Do Rio São Francisco .......................................58 Espaços com possibilidade de proteção................................................60 6.4.1. Serra Do Umbuzeiro .........................................................................60 APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 9 6.4.2. Rotas da Arara-Azul-de-Lear .............................................................61 1. 6.5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 11 1.1. - BA Plano Diretor de desenvolvimento Urbano e Ambiental de Paulo Afonso 13 2. APRESENTAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO E INSERÇÃO REGIONAL ............... 15 3. PRINCIPAIS ACESSOS E MOBILIDADE INTERURBANA ................................ 21 6.6. A abordagem sobre o Meio Ambiente Natural no plano diretor municipal em vigor ...........................................................................................63 6.7. Arborização urbana ..............................................................................65 6.8. Outros Espaços Territoriais Especialmente Protegidos .........................70 3.1. Consórcios Intermunicipais .................................................................. 22 7. 3.2. Economia local..................................................................................... 23 7.1. 4. ASPECTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E SIGNOS URBANOS .... 27 Áreas destinadas para cemitérios .........................................................61 8. TURISMO ...................................................................................................71 Principais eventos e atrações turísticas ................................................75 A COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO ...................................76 4.1. A formação urbana de Paulo Afonso.................................................... 27 8.1. Caracterização e localização das usinas e reservatórios ........................78 4.2. Patrimônio cultural e signos urbanos do município. ............................ 30 8.2. Segurança de Barragens .......................................................................79 5. COMUNIDADES TRADICIONAIS E SEUS TERRITÓRIOS ................................ 35 9. CARACTERIZAÇÃO URBANA E ARQUITETÔNICA.........................................80 5.1. Pescadores artesanais ......................................................................... 35 9.1. 5.2. Povos de Terreiro ................................................................................ 39 Região do Bairro Alves de Souza................................................................82 5.3. Povos Indígenas ................................................................................... 40 Região dos Bairros General Dutra / Oliveira Lopes ....................................84 5.3.1. Truká-Tupan .................................................................................... 40 5.3.2. Pankararés ...................................................................................... 45 Região do Bairro Vila Nobre ......................................................................85 5.3.3. Outros povos indígenas em Paulo Afonso........................................ 46 Região do Bairro Perpétuo Socorro ...........................................................86 Região do Bairro Clériston Andrade ..........................................................87 Região dos Bairros Abel Barbosa / Caminho dos Lagos ..............................88 Região dos Bairros Bairro BNH / Panorama ...............................................89 Região do Bairro Vila Poty .........................................................................90 Região dos Bairros Centenário / Sal Torrado .............................................91 Região do Sal Torrado II ............................................................................93 6. MEIO AMBIENTE ....................................................................................... 47 6.1. Áreas de Preservação Permanente ...................................................... 47 6.2. Áreas de Proteção Permanente com função hídrica............................. 48 6.2.1. 6.3. 6.3.1. APP’s com outras funções ecológicas .............................................. 53 Unidades De Conservação ................................................................... 54 Estação Ecológica Raso Da Catarina ................................................. 54 Características construtivas e de uso e ocupação da sede municipal ....82 Região do Bairro Vila Moxotó ................................................................... 93 11. SERVIÇO E INFRAESTRUTURA URBANA ..............................................121 Região do Bairro Tancredo Neves ............................................................. 94 11.1. Infraestrutura do Sistema Viário - Mobilidade e Acessibilidade .........121 Região do Bairro Fazenda CHESF............................................................... 95 11.2. Abastecimento de água ......................................................................127 Região dos Bairros Senhor do Bonfim / Dom Mario Zanetta ..................... 96 11.3. Coleta de lixo......................................................................................127 Região dos Bairros Prainha / Brita ............................................................ 97 11.4. Energia elétrica...................................................................................129 Região do Bairro Jardim Bahia .................................................................. 97 12. Educação ............................................................................................130 Região dos Bairros Jardim Aeroporto / Siriema ........................................ 98 13. Saúde .................................................................................................132 Avenida Apolônio Sales ............................................................................ 99 14. Assistência Social ...............................................................................134 Região do Centro da Cidade .................................................................... 100 15. Segurança ...........................................................................................138 Zona Comercial do BTN........................................................................... 101 16. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL ............................................................140 Zona Comercial do Jardim Bahia ............................................................. 102 Rua Otaviano Leandro de Moraes .......................................................... 102 9.2. local REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................143 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO: Análise da política e legislação urbana 103 9.2.1. A política urbana na lei orgânica.................................................... 103 9.2.2. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental .................. 105 9.2.3. Loteamentos ................................................................................. 108 9.2.4. Parcelamento em condomínios ..................................................... 109 9.2.5. Código de obras ............................................................................. 110 9.2.6. Código de posturas ........................................................................ 112 9.2.7. Lacunas legislativas: ...................................................................... 112 10. HABITAÇÃO SOCIAL ........................................................................... 114 10.1. Aspectos Gerais ................................................................................. 114 10.2. Paulo Afonso e Habitação Social ........................................................ 114 10.3. O instrumento da ZEIS no PLHIS. ........................................................ 117 10.4. Programas e Ações em Andamento/Planos e projetos ...................... 117 6 7 “(...) cidade sonhada, imaginada, desejada, cidade vivenciada, alterada, cindida. Muitas cidades cabem em uma mesma formação urbana, e suas facetas poderão ser mais bem captadas se o olhar que se lança sobre ela for igualmente múltiplo”. (Nascimento e Bitencourt, 2008). 8 Leitura da inserção regional: análise territorial das polaridades que APRESENTAÇÃO impactam os desenvolvimentos local e regional. Especialmente pela inserção de Paulo Afonso em uma área de O presente documento, referente à Leitura da Realidade Local de Paulo fronteiras de quatro estados. Afonso, é o produto da Fase 2 do processo de elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Paulo Afonso – Bahia (PDDUA Leitura da dinâmica urbana: as características estruturais e – PA) - 2015/2016. O PDDUA – PA vem sendo desenvolvido com apoio morfológicas predominantes do ambiente urbano; o processo metodológico da Vivenda Consultoria através de Contrato de Prestação de de produção e expansão do espaço urbano; especialização e Serviços nº 0275/15 firmado com a Prefeitura de Paulo Afonso em 29 de espacialização das atividades – configuração das polaridades junho de 2015, em conformidade com o Edital de Licitação n° 0039/15 com econômicas, a dinâmica da ocupação nos espaços centrais – vigência de doze meses. A prestação de serviços de consultoria para a considerando os núcleos da ilha e suas duas outras porções, e o elaboração se refere à revisão, adequação e compatibilização do Plano ritmo/caracterização da construção civil; Diretor Participativo do Município de Paulo Afonso - Bahia, visando à Leitura das funções sociais da cidade e da propriedade. Análise adoção de mecanismos e instrumentos previstos na Lei Federal espacial-territorial das funções sociais da cidade: Habitação, 10.257/2001 - Estatuto da Cidade. mobilidade, educação, saúde, cultura, lazer, prestação de O material aqui apresentado como Produto 2 – DIAGNÓSTICO: serviços (abastecimento de água, coleta/tratamento de esgoto LEITURA DA REALIDADE LOCAL DE PAULO AFONSO – BA consiste em um sanitário/industrial, coleta/tratamento de resíduos sólidos, trabalho de identificação, levantamento, coleta, sistematização e análise distribuição de energia), preservação do patrimônio cultural e de dados e informações, comprometido com propostas de orientação do natural. planejamento da produção do espaço urbano e rural – principal Análise dos assentamentos de interesse social com problemas característica de um plano diretor participativo. Assim, são abordados os sociais, de regularização fundiária e de infraestrutura urbana seguintes aspectos: para promover a regularização fundiária e moradia digna; 9 O objetivo da leitura aqui sintetizada é identificar a situação existente configuração e a dinâmica da área urbana, bem como as tendências do desenvolvimento do território municipal. Através da consolidação das Leituras de viés técnico e comunitário serão desenvolvidas as análises e, posteriormente, as propostas para Plano Diretor Participativo para o município. 10 ordenação do uso do solo, pois o espaço urbano envolve aspectos 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA econômicos, ambientais, sociais, fisiográficos e de gestão, necessitando “O espaço foi formado, modelado a partir de elementos históricos ou naturais, mas politicamente. O espaço é político e ideológico. É uma representação literalmente povoada de ideologia. Existe uma ideologia do espaço. Por quê? Porque esse espaço, que parece homogêneo, que parece dado de uma vez na sua objetividade, na sua forma pura, tal como o constatamos, é um produto social. A produção do espaço não pode ser comparada à produção deste ou daquele objeto particular, desta ou daquela mercadoria. (...) O espaço é um produto da história, como algo outro e algo mais que a história no sentido clássico do termo (…).” (LEFEBVRE, 2008, p. 62). assim, do pensamento integrado destas diversas áreas. O Plano Diretor Participativo (PDP) é definido como instrumento básico de desenvolvimento urbano pelo artigo 182 da Constituição Federal de 1988. Ao ratificar e regulamentar o art. 182 e 183 da CF88, a Lei federal 10.257, conhecida como Estatuto das Cidades, define obrigatoriedades, prazos para elaboração, penalidades legais e conteúdo mínimo para os planos diretores. Este plano que deve ser aprovado por Lei Municipal é uma ferramenta de fortalecimento do planejamento urbano construída de modo participativo objetivando a garantia ampla ao direito à cidade. A concepção do plano diretor deve ser baseada em um processo de construção coletiva, utilizando metodologias de participação popular, A cidade contemporânea tem sido objeto de rápidas mudanças que são respeitando as realidades territoriais e incluindo todos os segmentos definidas em muitos campos, na ordem política, tecnológica, econômica e socioculturais do município, buscando produzir uma cidade socialmente social. Entender e planejar a cidade de hoje é um desafio e exercício que justa, ecologicamente e culturalmente equilibrada. Assim, esta concepção exige possibilidades de rearranjo que busquem garantir a qualidade de deverá ser aplicada durante todo o processo de elaboração do plano, não vida de todos os seus habitantes. se restringindo à etapa propositiva do mesmo. O planejamento urbano é um processo contínuo e dinâmico que Para garantia de acesso aos benefícios que a cidade proporciona a necessita de uma abordagem transdisciplinar com ação corretiva, todos os seus habitantes, deve existir uma completa supremacia do preventiva, propositiva e principalmente participativa. O processo de interesse público em detrimento dos interesses privados na produção do pensar sobre a produção urbana não deve se restringir simplesmente à 11 espaço urbano. Neste sentido, a função social da propriedade é destacada capacidade de gestão das administrações municipais, gerando aplicações pelo Estatuto das Cidades como um elemento fundamental para o equivocadas destes instrumentos. Por estes motivos, segundo Barbosa planejamento urbano. (2015) “(...) é necessário que a administração pública alcance autonomia “A função social da propriedade não questiona o fundamento da para buscar avanços no campo urbanístico, atendendo às bases e diretrizes propriedade privada, mas é definida como uma estratégia de equilíbrio do Estatuto da Cidade, apoiando suas decisões na função social da entre a lógica liberal e a social. A priori, ela impõe a utilização da propriedade e na gestão social da cidade.” (pág.134). Conforme a Resolução nº 34, Conselho das Cidades, o Plano Diretor propriedade para a realização de interesses sociais ou coletivos”. (Barbosa, 2015. Pág. 33). Assim, a Função Social da Propriedade Urbana busca deve prever no mínimo: atender às funções desempenhadas na cidade, ou seja, às funções do 1 – As ações e medidas para assegurar o cumprimento das funções urbanismo: a habitação, o trabalho, o lazer, a locomoção no território sociais da cidade, considerando o território rural e urbano; urbano, etc. 2 – As ações e medidas para assegurar o cumprimento da função social Neste sentido, o Estatuto das Cidades apresenta alguns instrumentos da propriedade urbana, tanto privada como pública; de política urbana que podem contribuir para a efetivação da função social 3 – Os objetivos, temas prioritários e estratégias para o da propriedade. Alguns instrumentos incentivam a utilização de vazios urbanos, priorizam o atendimento aos interesses públicos desenvolvimento da cidade e para a reorganização territorial do município, em considerando sua adequação aos espaços territoriais adjacentes; equipamentos urbanos e contribuem com a captura de “mais valias” 4 – Os instrumentos da política urbana previstos pelo art. 42 do urbanas que consiste na reversão, para a sociedade, da valorização Estatuto da Cidade, vinculando-se aos objetivos e estratégias estabelecidos imobiliária gerada por investimentos públicos. no Plano Diretor. Em muitos municípios brasileiros estes instrumentos são apropriados pelo mercado imobiliário, fazendo com que eles não cumpram as funções Os princípios pelos quais a Função Social da Cidade será cumprida em para as quais foram criados. Em outros casos há uma falta de controle e Paulo Afonso devem estar explicitados em ações e projetos que visem 12 atingir tal cumprimento. As propostas serão traduzidas em meios pelos interesse social. Outros instrumentos como Direito de Preempção que quais os principais objetivos da Função Social da Cidade serão cumpridos, garante ao poder público a preferência de compra em determinado como por exemplo: a demarcação de um perímetro de expansão urbana terreno de interesse para políticas públicas, ou Consórcio Imobiliário que para promoção do adensamento em algumas regiões para baratear o custo possibilita cooperação entre poder público e iniciativa privada para fins de da habitação regular; o incentivo das unidades habitacionais verticalizadas urbanização para áreas que tenham carência de infraestrutura, poderão (até 4 pavimentos) e as vilas habitacionais para conter a produção do lote integrar o PDDU a partir do debate no processo de sua elaboração. urbanizado irregular; a promoção da regularização fundiária e edilícia para erradicar as ocupações precárias e em locais de risco; a criação de projetos 1.1. urbanísticos de readequação infra estrutural e urbana em algumas áreas para incentivar o potencial turístico e melhorias do centro comercial; a Plano Diretor de desenvolvimento Urbano e Ambiental de Paulo Afonso - BA O PDP recebe diferentes nomenclaturas de acordo com as demarcação das áreas de proteção ambiental de forma a limitar ocupações particularidades de cada município, sendo denominado PLANO DIRETOR em áreas próximas a cursos d’água ou alagadiças, por exemplo. DE DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL (PDDUA) no município de As ações e medidas devem traduzir-se em programas de melhorias, Paulo Afonso – BA. obras e intervenções, assim os instrumentos da política urbana, deverão De acordo com o Ministério das Cidades, o processo de elaboração de ser definidos vinculando-se às estratégias estabelecidas no Plano Diretor. um Plano Diretor pressupõe a realização de, pelo menos, quatro etapas: Por exemplo, o instrumento de Estudo de Impacto de Vizinhança para definição da metodologia, leitura da realidade municipal, seleção e pactos empreendimentos que impactem o município com adensamento populacional, valorização imobiliária (os critérios do porte em relação a temas prioritários e elaboração do projeto de lei do plano do diretor. Quando um plano passa por revisão, é importante que estas empreendimentos devem ser definidos no processo de discussão do etapas sejam atendidas de forma a concentrar esforços nas mudanças PDDUA), a demarcação das Zonas Especiais de Interesse Social- ZEIS necessárias e na reavaliação das diretrizes propostas anteriormente. facilitam os processos de regularização urbanística e fundiária, além de definir vazios urbanos com potencial para produção de habitação de 13 De acordo com a avaliação desenvolvida pelo Ministério das Cidades, O primeiro produto elaborado, o Plano Executivo, apresentou: a os problemas mais comuns encontrados entre os planos diretores metodologia de trabalho, as etapas, as qualificações e atribuições da aprovados após o Estatuto das Cidades em 2001 são: equipe, além de prazos e detalhamento dos produtos a serem entregues. Baixa aplicabilidade direta: remissão constante à legislação Neste material que se segue, a equipe apresenta a sistematização dos dados primários e secundários na forma de uma leitura da Realidade Local, complementar; que se baseia no material repassado pelos secretários e técnicos da Pouco rebatimento territorial: diretrizes genéricas desvinculadas do prefeitura municipal, além dos levantamentos técnicos realizados in loco território (zoneamento); pela equipe de apoio. Incompatibilidade com o Plano Plurianual - PPA e com os orçamentos municipais: PD não avança na definição de investimentos prioritários/ estratégicos. Assim, para garantir a efetividade deste processo, são colocadas três regras principais para a revisão de um plano diretor: 1) Conformidade com o Estatuto da Cidade; 2) Necessidade de processo participativo; 3) Submissão ao Conselho da Cidade ou similar, quando existente. Para a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Paulo Afonso foi proposta uma metodologia de trabalho em que essas etapas foram subdivididas em produtos a fim de encaixar a produção dos materiais ao planejamento físico-financeiro do projeto, além de, principalmente, facilitar a interlocução entre a equipe técnica e a comunidade. 14 2. APRESENTAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO E INSERÇÃO REGIONAL Paulo Afonso é um município baiano que faz fronteira com os estados de Sergipe, Alagoas e Pernanbuco. O Rio São Francisco é o principal marco da divisão política destes estados e o município de Paulo Afonso está localizado na margem direita deste rio. O perímetro municipal de Paulo Afonso é delimitado a leste, com o Rio São Francisco e o Estado de Alagoas; a oeste, com o município de Rodelas – BA; ao norte, com o município de Glória – BA; e ao sul, com os municípios de Jeremoabo – BA, Santa Brígida - BA e o Estado de Sergipe. O município pertence à microrregião que leva o nome “Sertão de Paulo Afonso” e à mesorregião Vale São-Franciscano da Bahia. Fazem parte desta microrregião Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso e Rodelas. Paulo Afonso ocupa uma área territorial de 1.579,723 km² quilômetros Mapa 1 - Localização Paulo Afonso - BA. 2016. quadrados. Sua população foi estimada em 119.214 para 2015 e foram contabilizados 108.396 habitantes no município pelo CENSO de 2010. Sua sede está a 460 quilômetros de Salvador, 480 quilômetros de Recife, 380 quilômetros de Maceió e 280 quilômetros de Aracaju. 15 evidenciou modificações marcantes no território graças à introdução de novas tecnologias, alterações nas redes técnicas e o aprofundamento da globalização da economia brasileira e o avanço da fronteira de ocupação. De acordo com o IBGE (2007), a hierarquia dos centros urbanos leva em conta a classificação dos centros de gestão do território, a intensidade de relacionamentos e a dimensão da região de influência de cada centro, bem como as diferenciações regionais. As áreas de influência dos centros, por sua vez, foram delineadas a partir da intensidade das ligações entre as cidades. As redes são diferenciadas em termos de tamanho, organização e complexidade e apresentam interpenetrações devidas à ocorrência de vinculação a mais de um centro, resultando em dupla ou tripla inserção na rede. (pág. 11, REGIC, 2007) Mapa 2 – Caracterização da população. 2016. Para analisar a inserção regional do município de Paulo Afonso é possível se utilizar também as informações apresentadas pelo REGIC – Regiões de Influência das Cidades. O REGIC é um estudo elaborado pelo Devido ao destaque que Paulo Afonso possui no cenário nacional no IBGE em 2007 no intuito de subsidiar o planejamento estatal e prover tocante ao turismo e à economia ligada à Usina Hidrelétrica, a análise das ferramentas para conhecer as relações sociais e os seus padrões espaciais. questões destacadas se mostram ainda mais importantes. O município de Apesar deste material estar relativamente desatualizado, o REGIC ainda Paulo Afonso é classificado como Centro Sub-regional A1 no REGIC e faz representa de forma contundente as relações regionais e de hierarquia de polos regionais e nacionais que se mantem hoje em dia. 1 Esta subcategoria se insere na categoria Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste. No referido estudo, investigou-se a intensidade dos fluxos de consumidores em busca de bens e serviços. Essa análise ao longo dos anos 16 parte da rede de influência da Metrópole Nacional Salvador-BA e da Salvador - BA (metrópole nacional) >>> Aracaju – SE (Capital Regional) Capital Regional Aracaju – SE, que por sua vez, também pertence à rede de >>> Paulo Afonso - BA (Subcentro – regional) >>> Jatobá –PE, Petrolândia – Salvador – metrópole Nacional. A subcategoria Centro Sub-regional é PE, Tacaratu – PE, Água Branca – AL, Pariconha – AL, Abaré – BA, constituída por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112 Chorrochó – BA, Glória – BA, Jeremoabo – BA, Macururé – BA, Rodelas – relacionamentos. BA, Santa Brígida (BA), Sítio do Quinto (BA) (Centros Locais). A primeira rede de influência da qual Paulo Afonso é parte, é estruturada da seguinte forma: Salvador – BA (metrópole nacional) >>> Paulo Afonso - BA (Subcentro – regional) >>> Jatobá - PE, Tacaratu - PE, Água Branca - AL, Pariconha - AL, Abaré – BA, Chorrochó - BA, Glória - BA, Jeremoabo - BA, Macururé - BA, Rodelas - BA, Santa Brígida - BA, Sítio do Quinto - BA (Centros Locais). Mapa 3- Rede de Influências da Metrópole Nacional - Salvador - BA. Fonte: REGIC / IBGE. 2007. Já na segunda rede de influências, Paulo Afonso se conecta à capital Regional de Aracaju - SE: 17 Paulo Afonso se encontra na região do São Francisco conhecida como Sub-médio São Francisco, que posui 440 km de extensão e vai de Remanso na Bahia até Paulo Afonso. O município faz parte do perímetro que delimita o Monumento Natural do Rio São Francisco – MONA, que é uma unidade de conservação brasileira de proteção integral da natureza localizada na divisa entre os estados de Alagoas, da Bahia e do Sergipe. A cidade também é conhecida pelos achados arqueológicos, que hoje integram o Museu Arqueológico de Xingó, da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Com o objetivo de identificar prioridades temáticas definidas a partir da realidade local, o Governo da Bahia, através da Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia (SEPLAN) em 2010, passou a reconhecer a existência de 27 Territórios2 de Identidade, constituídos a partir da especificidade de cada região. Na classificação dos Territórios de Identidade (TI) desenvolvida pelo estado da Bahia, o município faz parte do TI Itaparica. 2 De acordo com o Decreto 12.354, de 25.08.2010: “O território é conceituado como um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, caracterizado por critérios multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade, coesão social, cultural e territorial”. Mapa 4 - Região de Influência da Capital Regional de Aracaju - SE. Fonte: REGIC / IBGE. 2007. 18 Paulo Afonso tem seu desenvolvimento urbano muito ligado à implantação da Usina Hidrelétrica de Angiquinho em 1913, na margem do Rio São Francisco. Hoje, o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso é formado pelo conjunto de usinas: Paulo Afonso I, II, III, IV e Apolônio Sales (Moxotó), que produz 4.279,6 megawatts de energia, gerada a partir da força das águas da Cachoeira de Paulo Afonso, um desnível natural de 80 metros do Rio São Francisco. A cidade de Paulo Afonso está organizada em 3 núcleos principais: PORÇÃO INSULAR, ou Ilha, onde se localizam o antigo acampamento CHESF que hoje é formado por um conjunto de bairros (General Dutra, Oliveira Lopes, Alves de Souza, Fazenda CHESF, Vila Operária e Vila Nobre), a antiga Vila Poty, hoje composta pelos Bairros Centro, Perpétuo Socorro e Nossa Senhora de Fátima e onde se encontra o centro comercial e administrativo da cidade, e alguns bairros um pouco mais dispersos, como o Bairro Centenário, Sal Torrado, Abel Barbosa, Caminho dos Lagos, Loteamento Tropical, Conjunto Habitacional BNH e Bairro Panorama. A PORÇÃO SUL -A região conhecida como Tancredo Neves (BTN) que se localiza do lado oposto à barragem de PAIV e é formada Mapa 5 - Bacia hidrográfica São Francisco. pelos bairros BTN I, II e III, Bairro Cardeal Brandão Vilela, Bairro 19 Tabela 1 - Povoados do município de Paulo Afonso. Santa Inês, Rodoviário e o DNER. Esta é a região populosa da cidade. A PORÇÃO NOROESTE - terceiro núcleo que se desenvolve no entorno do Aeroporto e em direção ao Município vizinho de Glória. Esta região é formada pelos bairros: Clériston Andrade, Siriemas I, II e III, Jardim Bahia, Jardim Aeroporto, Bairro Prainha, e de outros mais dispersos, como Oliveira Brito, Pedra Comprida, Vila Moxotó e Barroca. Segundo Gomes (2011), o município possui 74 povoados reconhecidos pela prefeitura e muitos destes povoados estão localizados em áreas distantes da sede e de difícil acesso. São eles: Fonte: Gomes 2011. 20 esta demanda, há algumas linhas de transporte coletivo que servem à 3. PRINCIPAIS ACESSOS E MOBILIDADE INTERURBANA estas cidades, como será apresentado no item específico de mobilidade. Pode-se dizer que um dos primeiros elementos que determinam a A operação das linhas intermunicipais e interestaduais é executada por influência de um Município é o acesso a ele. Paulo Afonso, apesar de ter o 6 empresas. A Agência Nacional de Transportes Terrestres tem registradas aeroporto como um grande facilitador de conexões, assim como a maior as seguintes linhas: parte dos municípios brasileiros, tem as rodovias como principal forma de acesso. Tabela 2- Disponibilidade de linhas de transporte coletivo terrestre para Paulo Afonso BA. O aeroporto encontra-se a 6 Km do centro da cidade e seu atendimento abrange toda a região. Possui pista asfaltada de 1.800 metros Empresa Linhas Senhor do Bonfim Ltda. Aracajú (SE) – Paulo Afonso; Nova Canindé de comprimento e 45 metros de largura e permitie a aterrissagem de de São Francisco (SE) – Paulo Afonso. Via: grandes aeronaves (como Boing 737 / 727 / 707), atualmente existe um Própria (SE), São Sebastião (AL), Jaramataia vôo regular operado pela Azul Linhas Aéreas com destino a Salvador/BA, (AL), Batalha (AL), Olho D’água das Flores (AL), Capiá Novo (AL), Siriri (SE), Nossa em dois dias da semana. Senhora das Dores (SE), Nossa Senhora da Existe um fluxo intenso de moradores de Paulo Afonso para as capitais Glória (SE), Monte Alegre de Sergipe (SE), dos estados que fazem limite com o município, um dos principais motivos Poço Redondo (SE), Itabaiana (SE), Frei Paulo (SE), Mocambo (SE), Jeremoabo (BA). é a busca pelas instituições de ensino superior que se concentram nestas CIA São Geraldo de Viação capitais. Paulo Afonso – São Paulo; Paulo Afonso Rio de Janeiro. Além disso, há um fluxo intenso partindo das pequenas cidades do entorno que procuram em Paulo Afonso os serviços e a variedade do Auto Viação Progresso S/A comércio que por vezes não encontram em suas cidades. Para atender à Recife (PE) – Paulo Afonso; Caruaru – Paulo Afonso. Via: Garanhuns (PE), Iati (PE), Aguas Belas (PE), Capiá Novo (AL). 21 Gontijo de transportes Ltda. Paulo Afonso – São Paulo; Paulo Afonso – de PA com os municípios vizinhos e capitais. Sendo um dos destinos Governador Valadares; Paulo Afonso – turísticos da Bahia, o município apresenta limitações de articulação Juazeiro do Norte (CE). Rodoviária Leão do Norte Ltda. regional, novas articulações são possíveis através da construção de alguns Recife(PE) – Paulo Afonso Via: Caruaru(PE), Belo Jardim(PE), trechos de interligação de estradas existentes que dariam acesso aos Pesqueira(PE), municípios de Juazeiro, Senhor do Bonfim e Salgueiro. Arcoverde(PE), Cruzeiro do Nordeste(PE), Ibimirim(PE); Hotel do Peba(PE), Nova Petrolina(PE). Real Alagoas de Viação Ltda. 3.1. Paulo Afonso – Arapiraca (AL); Recife (PE) – Consórcios Intermunicipais Paulo Afonso; Arcoverde (PE) – Paulo Os Consórcios intermunicipais são constituídos sob a forma de Afonso; Nova Petrolina (PE) – Paulo Afonso. associação pública, consistindo em parcerias entre municípios para a Via: Maceió (AL), Arapiraca (AL), Santana do realização de ações conjuntas, que permitem um aumento da qualidade Ipanema dos serviços públicos prestados à população, sendo seu custo diluído entre (AL), Delmiro Gouveia (AL), Caruaru (PE), Garanhuns (PE), Aguas Belas os municípios participantes. (PE), Capia Novo (AL), Vitória de Santo Estes consórcios surgiram através de ações regionais de implantação Antão (PE), Gravatá (PE), Lajedo (PE), Iati (PE), Ibimirim (PE) e Nova Petrolina (PE). de infraestrutura e oferecimento de serviços públicos que demandam Fonte: Agencia Nacional de Transportes Terrestres. recursos financeiros e estruturais que ultrapassam a capacidade individual https://appweb.antt.gov.br/transp/secao_localidade_tarifa.asp . Acesso 01/02/2016 às do município. No Brasil, destacam-se os consórcios intermunicipais em 14:30. ações de saneamento, instalação de infraestrutura de energia elétrica, construção de estradas e atividades relacionadas à promoção de saúde O transporte interurbano de Paulo Afonso atende diretamente 36 pública, proteção ambiental e promoção do turismo regional. municípios fora do estado da Bahia, sendo 15 de Pernambuco, 11 de Sergipe, 09 de Alagoas, 01 do Ceará, além de possuir linhas para São Paulo, Até o momento, o município possui apenas o Consórcio Público de Rio de janeiro e Governador Valadares, apontando para um fluxo intenso Saúde, criado em 2012, que engloba nove municípios da região Norte da 22 De acordo com o IBGE, Paulo Afonso possuia um dos maiores PIB Bahia que aderiram ao Consórcio são: Paulo Afonso, Abaré, Santa Brígida, Glória, Pedro Alexandre, Macururé, Jeremoabo, Chorrochó e Rodelas. O (Produto Interno Bruto) do estado da Bahia. objetivo principal do Consórcio Intermunicipal de Saúde é a construção de unidades de atendimento de saúde na região, através de um novo modelo de financiamento e gestão destes serviços de saúde, descentralizando a assistência e desonerando as despesas municipais. Outro consórcio está em andamento junto ao Governo do Estado, para administração do aterro sanitário de Paulo Afonso e para a implantação do Plano de Saneamento Básico. Salienta-se, entretanto, que esta política é incipiente e pode ser ampliada. Gráfico 1 - Fonte: Contas anuais. Receitas orçamentárias realizadas (Anexo I-C) 2014 e Despesas orçamentárias empenhadas (Anexo I-D) 2014. In: Brasil. Secretaria do Tesouro Nacional. Siconfi: sistema de informações contábeis e fiscais do setor público brasileiro 3.2. Economia local As receitas municipais provêm basicamente da produção de energia O setor secundário, especialmente o da indústria aparece com elétrica (Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso), pecuária, avicultura, destaque dentre as variáveis do PIB municipal, devido, principalmente, ao apicultura e indústria. Os maiores rebanhos são os bovinos, caprinos e parque hidroelétrico que se estende em todo o seu território e cidades do ovinos. Na avicultura destaca-se a produção de galináceos. entorno. O município e sua região têm destaque também no setor da piscicultura, principalmente na criação de Tilápias, apesar deste ramo não Na apicultura, é expressivo produtor de mel de abelhas. O município ter se desenvolvido tão amplamente como o projetado. possui também 80 indústrias e 1.931 casas comerciais, que vêm apresentando crescimento no que se refere ao número de estabelecimentos e pessoas empregadas. 23 Ocorre que, com a Lei nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013, “sobre as concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, sobre a redução dos encargos setoriais e sobre a modicidade tarifária”, que atribuiu competência à Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL para remuneração por tarifa calculada para cada usina hidrelétrica, o município de Paulo Afonso sofreu perda de R$ 1.105.676 (um bilhão cento e cinco milhões seiscentos e setenta e seis reais) do ano de 2010 ao ano de 20133. Tabela 3 – PIB da Agropecuária, Indústria e Serviços PIB (mil reais) Valor adicionado bruno agropecuária indústria serviços 2008 2009 2010 2011 2012 2013 9.656,00 10.005,00 16.744,00 15.040,00 16.715,00 20.335,00 1.493.188,00 1.030.773,00 1.501.247,00 1.488.429,00 515.392,00 395.571,00 430.911,00 491.671,00 391.137,00 435.920,00 525.107,00 635.759,00 Fonte: IBGE. Elaboração: PMPS. Gráfico 2 – Produto interno bruto de Paulo Afonso, 2013. Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA. 3 24 Os dados mais recentes divulgados pelo IBGE Cidades referem-se ao ano de 2013. Há no município quatro organizações ligadas à atividade comercial , o Sindicato dos Comerciários de Paulo Afonso e Região-SINCOPA, o Sindicato dos Comerciantes de Paulo Afonso-SINPA, a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Paulo Afonso – ASCOPA que foi constituída em 25 de setembro de 1968, com objetivo de unir, através do associativismo, a classe empresarial de Paulo Afonso e a CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas de Paulo Afonso, fundada em 02 de dezembro de 2000, Gráfico 3 – PIB de Paulo Afonso Entre os anos de 2008 e 2013. Fonte: IBGE. entidade Civil sem fins lucrativos, com o objetivo de aproximar os diversos segmentos varejistas para tratar de interesses comuns ao comércio, As atividades de comércio e serviços em Paulo Afonso têm uma maior propiciando um clima de cooperação e troca de informações e ideias. representatividade nas variáveis apresentadas pelo IBGE. A principal atividade econômica do Município de Paulo Afonso é a Há, no Bairro Tancredo Neves III um Centro de Abastecimento – CEASA produção de energia elétrica realizada pela CHESF – Companhia Hidro que fornece produtos de hortifruticultura ao comércio local de feiras, Elétrica do São Francisco. É dela que provêm basicamente as principais mercados, restaurantes, lanchonetes, além de hotéis e pousadas. No receitas municipais, o ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadoria e entanto, como o município não possui uma produção efetiva de alimentos, Serviços e o CFRH – Compensação Financeira de Recursos Hídricos, a partir este equipamento não opera em toda sua capacidade. dos quais seguem outras receitas inerentes aos Municípios brasileiros, Destaca-se que as principais atividades de comércio e serviços estão como FPM – Fundo de Participação dos Municípios, FUNDEB - Fundo de concentradas, na região da ilha, no centro tradicional da cidade. Nos Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos bairros do entorno existe oferta de comércio e serviços de pequeno porte, Profissionais da Educação, SUS – Sistema Único de Saúde, entre outras. sendo necessária uma maior descentralização destas atividades, visto que Além dos impactos supra mencionados no PIB, decorrentes da redução existe certa dificuldade de acesso à ilha, dentro das atuais condições de do valor da tarifa pagos às usinas do complexo Paulo Afonso, que tráfego. 25 reduziram significamente na arrecadação municipal, outras perdas somamse para a administração pública e os cidadãos pauloafonsinos, também extremamente significativos, o que implica num comprometimento da prestação de serviços essenciais como coleta de lixo, saúde, educação, além da perda da capacidade de investimento. A crise econômica financeira e política nos anos de 2015 e 2016, rebate no FPM, cuja composição de receitas engloba o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados e o Imposto de Renda. No primeiro trimestre de 2016, em comparação com o mesmo período do ano anterior, Paulo Afonso acumula uma perda de mais de meio milhão de reais no FPM4. O royalties – CFRH, é outra fonte de receita que sofreu redução e Gráfico 4 – Arrecadação de Royalties – CFRH. Fonte ANEEL. Elaboração PMPA. impacto nas finanças municipais a partir do ano de 2013, por consequência de ações judiciais promovidas pelos municípios circunvizinhos, que questionaram a distribuição dos valores. O município de Paulo Afonso sofreu grande redução de arrecadação, perdendo ao longo dos últimos anos, com as devidas correções, mais de cinquenta milhões de reais. 4 Fonte: PMPS. 26 Esta usina foi desativada em 1960, mas o seu desempenho, inspirou a 4. ASPECTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E SIGNOS URBANOS criação da CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco, através do Decreto-Lei Federal nº 8.031, de 3 de outubro de 1945. Seu objetivo era 4.1. A formação urbana de Paulo Afonso gerar energia para grande parte do Nordeste, em um raio de 450 Km, a A história do Município de Paulo Afonso está intimamente ligada à partir de uma usina na cachoeira de Paulo Afonso. exploração da Cachoeira de Paulo Afonso, quando em 1913, o Antes mesmo do início das obras da usina, foi construído um empreendedor Delmiro Gouveia, a fim de gerar energia elétrica para sua acampamento para abrigar os funcionários com conforto e segurança. Este fábrica, instalou uma pequena usina na margem alagoana do Rio São acampamento foi construído nas terras de uma fazenda chamada Francisco. Forquilha, e nas proximidades havia um povoado com este mesmo nome que pertencia ao município de Glória. A área foi planejada levando-se em consideração o aspecto paisagístico, incluindo-se no projeto áreas intensamente arborizadas e iluminadas, com excelentes condições urbanísticas, como casas de alvenaria, rede de esgoto, água encanada, serviço de limpeza pública, belas praças e jardins, igreja, clubes, hospital, dentre outros. No segundo quartel do século XX, o semiárido baiano presenciou o surgimento de uma cidade planejada: a influência do ideário das cidadesjardim, perceptível no traçado viário, na lógica da ocupação do solo e na presença marcante da vegetação no espaço urbano, e a profusão de equipamentos públicos instalados concomitantemente ao início do processo de urbanização, garantindo a esta cidade uma Foto 1- Cachoeira de Paulo Afonso e Usina Angiquinho. Fonte: Oliveira. 2012. 27 infraestrutura que as grandes cidades do interior baiano ainda não possuíam à época. (ANDRADE) genericamente de Vila Operária e foi concebida com base no urbanismo moderno, seguindo as diretrizes de planos da época, notadamente baseado no modelo cidade jardim. O programa básico do conjunto planejado, para construção da cidade da CHESF, seguia uma lógica já utilizada em modelos de “cidade jardim”, sendo previstos: vias hierarquizadas com traçado radial e concêntrico; baixa densidade construtiva; segregação entre vila operária e vila dos técnicos e Engenheiros; casas construídas de forma isolada em seus respectivos lotes; clubes; centro médico; hangar e campo de aviação; casa de hospedes; mercado; padaria; escolas; áreas administrativas; conjunto de praças, área verdes e lagos artificiais”. (OLIVEIRA, 2015) No entanto, na parte externa da Vila Operária, surge aos poucos a Vila Poty5, um conglomerado de casas residenciais e casas comerciais, construídas de modo desordenado pelos retirantes que chegavam em busca de emprego na empresa ou para desenvolver alguma atividade comercial. Foto 2 - Vista aérea da Cidade Industrial fonte: Memorial CHESF data da foto: 1949. Nesta Vila, que surgiu de maneira espontânea, não havia infraestrutura urbana e serviços básicos para dar suporte aos seus moradores. Os Na descrição de Oliveira, barracos foram sendo montados sem qualquer planejamento e o povoado A vila da CHESF, que foi subdividida entre vila dos operários, técnicos e engenheiros, também era conhecida como Acampamento da CHESF ou 5 O nome Vila Poty decorre da utilização dos sacos de cimento daquela marca na construção das suas casas (JUCÁ, 1982, p. 272). 28 foi se consolidando a partir dos casebres toscos e casas de taipa. O aspecto da Vila Poty era o de uma concentração de tendas de ciganos prontas para serem desarmadas a qualquer momento para a próxima partida. Mesmo nestas condições a Vila Poty continuou crescendo, com pessoas chegando de todos os lugares em busca de oportunidades de renda e emprego. A Vila Operária tinha o seu acesso restrito através de guaritas que se localizavam ao longo da rua que delimitava as duas vilas, também conhecida como "Rua da Frente", atualmente denominada Avenida Getúlio Vargas. Estas guaritas tinham vigilância permanente, e os trabalhadores “chesfianos” só tinham acesso à área após apresentarem identificação própria [...] A cerca de arame farpado, que depois foi substituída por um muro de pedra, era, para a CHESF, o marco divisor de suas terras e um meio de segurança dos moradores do acampamento. Já para os moradores de Forquilha, era o “muro da vergonha” que separava os moradores, criando uma segregação social inaceitável. (SILVA, 2014) Foto 3 - Guaritas da CHESF. Fonte: Acervo de João de Sousa Lima. A convivência entre estes dois cenários acabou por gerar um conflito de identidades que fomentou o desejo de emancipação política do município. Segundo SILVA, No interior dos muros da CHESF também havia um zoneamento Em dezembro de 1953, a Vila Poty passou a ser o Distrito de Paulo Afonso, no município de Glória. A feira livre só saiu do Acampamento da CHESF em 1960. Depois da derrubada do muro, por volta de 1985, ao longo do trecho que separava o acampamento do centro da cidade, foi construído um loteamento para construção de bares, lojas comerciais, hotéis. (SILVA, 2014) que evidenciava a lógica da segregação social. Na área definida para habitações, as quadras eram divididas por tipologias residenciais que separavam os operários, chamados de “cassacos”, dos encarregados, engenheiros e médicos, que possuíam maiores benefícios. 29 4.2. Patrimônio cultural e signos urbanos do município. Acompanhando os anseios de democracia que marcaram o fim do Além da paisagem urbana marcante, quanto à contribuição governo militar, a CHESF permite a derrubada do muro que dividia a cidade arquitetônica da CHESF, são destacados os equipamentos criados para dar e, paulatinamente, a área do acampamento passa a ser administrada pela apoio aos moradores do acampamento da empresa, como escolas, clubes Prefeitura Municipal da cidade. sociais, casas, desde as casas da diretoria, de Hóspedes, até às residências mais simples destinadas aos operários, e a igreja São Francisco. Estas Assumir os equipamentos de uso coletivo, principalmente de educação edificações, em seus aspectos construtivos, têm a prevalência de utilização e saúde, que anteriormente eram administrados e financiados pela CHESF de pedras encontradas em grande quantidade na região e seguem os foi um grande desafio para a administração municipal. Este desafio foi princípios, ainda que com variações, da arquitetura moderna e da contornado e hoje estes equipamentos possuem sua gestão ligada ao arquitetura “Neocolonial”, bastante difundida no Brasil nos anos 40. governo estadual, municipal e federal. Apesar destas mudanças, ainda hoje a cidade mantém a característica (...), este é o panorama do conjunto moderno de Paulo Afonso, formado por um plano urbanístico no modelo cidade jardim, por edificações modernas de matrizes diversas, pelo Complexo das Usinas e por outros artefatos e os vestígios que constituem esse patrimônio como o citado muro que dividia a cidade. Portanto, entende -se que esta cidade tem grande importância para a própria história da industrialização brasileira, pois o seu conjunto urbano se revela como um patrimônio de sítio industrial, bem como se apresenta com valor estético arquitetônico e narra a própria história do urbanismo e arquitetura moderna brasileira. (OLIVEIRA, 2015) heterogenia social, havendo uma maior valorização cultural, social e econômica dos bairros que faziam parte do antigo acampamento da CHESF. A paisagem urbana local possui uma clara divisão entre a cidade planejada e a cidade espontânea, que aos poucos vem ganhando melhorias da infraestrutura e serviços urbanos não pensados no momento da ocupação. A cidade, de forma geral, possui ambiência agradável e grande potencial para valorização das peculiaridades de sua formação urbana. Entre as construções com linguagem arquitetônica moderna mais representativa, destaca-se o antigo Grande Hotel de Paulo Afonso, 30 elemento passa a ser um artefato autônomo sem as suas relações originais com o ambiente urbano. (OLIVEIRA, 2015, p.608) implantado às margens do Cânion do rio São Francisco. O hotel foi projetado em 1947 pelo arquiteto baiano Diógenes Rebouças, considerado por Lúcio Costa “uma das melhores obras de arquitetura que existem no Outros edifícios foram construídos com base no estilo neocolonial, Brasil” (OLIVEIRA, 2015). também ligado ao movimento moderno brasileiro. Entre estas construções se destacam as escolas, os clubes, a casa de hóspedes e a Igreja de São Francisco. Foto 5 - Casa de Hóspedes (esquerda) e Escola Murilo Braga (direita). Fonte: Memorial CHESF (1951). Foto 4 - Grande Hotel e o Cânion do Rio São Francisco. Fonte: Memorial CHESF (1951). Nas palavras de Oliveira (2015): Apesar de todos os benefícios sociais alcançados através da derrubada dos muros da CHESF, segundo Oliveira (2015), “(...) a abertura para uma Uma das características do patrimônio de sítio industrial é ter uma significante importância como conjunto, ou seja, o todo e suas partes são indissociáveis, pois apresentam uma configuração própria, harmoniosa e derivada de uma organização e fluxos destinados à produção industrial. Por outro lado, quando ocorre a descaracterização progressiva deste tipo de patrimônio, esta leitura de conjunto também vai se perdendo, sendo substituída por uma percepção fragmentada do sítio, onde cada nova administração, acarretou na apropriação de algumas edificações pela iniciativa privada, a qual, dentro de uma lógica de especulação imobiliária, colaborou para a descaracterização espacial do conjunto edificado, promovendo também demolições e, consequentemente, fraturas urbanas”. Assim, em decorrência do não reconhecimento destas obras como um patrimônio importante para o processo de construção histórica 31 do município, com o passar dos anos, este patrimônio arquitetônico vem 2015 a proteção por tombamento municipal, que resguarda, além do apresentando descaracterização em seus aspectos originais. edifício, o seu entorno, para manutenção da paisagem cultural do bem. Incialmente, as residências do acampamento foram sendo reformadas, chegando a tornarem-se prédios com sete pavimentos, como é o caso do Hotel San marino que teve um novo prédio construído no terreno onde outrora havia uma típica residência chesfiana. Depois das residências, alguns dos prédios mais tradicionais também foram se modificando, a exemplo das escolas e dos clubes. Mais Foto 6 - Igreja de São Francisco (esquerda) e Casa da vila militar (direita). Fonte: Autoria – Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. (2015). recentemente, alguns foram totalmente reformados, como é o caso da Salienta-se também que espaços públicos com grande relevância na antiga COOCHESF – Cooperativa dos Operários da CHESF, que deu lugar às ambiência local foram criados na cidade que nasceu de forma espontânea, instalações provisórias da sede da Justiça Federal no município. Outros, a especialmente na ocupação mais antiga da “Ilha” - parte da cidade cercada exemplo do CFPPA – Centro de Formação Profissional de Paulo Afonso, por água - a exemplo da Praça das Mangueiras, construída onde antes além de atender às demandas de capacitação dos empregados da funcionava uma antiga guarita de acesso ao acampamento e o Centro de Companhia, compartilha seus espaços com outras instituições de ensino, Cultura Lindinalva Cabral, fruto da reforma no primeiro hangar da CHESF, como é o caso da UNIVASF que passou a ocupar alguns blocos daquelas localizado nas proximidades da antiga pista de pouso, onde se encontra instalações. hoje consolidada a Avenida Apolônio Sales. Por outro lado, construções importantes, como a igreja de São O Código de Meio Ambiente do Município de Paulo Afonso (Lei nº Francisco, a Casa de Hóspedes, a Casa da Diretoria e o Jardim Belvedere 906/2000) inclui o tombamento como instrumento da Política Municipal mantêm-se praticamente sem nenhuma alteração em seu projeto original, de Meio Ambiente (art. 8º) e prevê que o tombamento poderá ser feito apenas algumas poucas modificações necessárias à sua manutenção foram por lei municipal, tendo os mesmos efeitos do tombamento previsto da realizadas. Destaca-se o fato de a Igreja São Francisco ter recebido em legislação federal pertinente. A própria Lei, em ser artigo 42, institui o 32 tombamento dos seguintes bens: “I - o Monumento ao Touro e à Sucuri, este trabalho, a participação comunitária é fundamental para um efetivo simbolizando a inteligência do homem vencendo a força do Rio; II - a reconhecimento da identidade local. estátua de Castro Alves, na Ilha do Urubu; III - o vagão de ferro, na Ilha do A secretaria de cultura e turismo disponibilizou uma listagem de bens Urubu; IV - o modelo reduzido da Cidade; V - o teleférico, na área da móveis, imóveis, materiais e imateriais que já são classificados como de CHESF; VI - o Edifício cogumelo, do Complexo de Usinas da CHESF; VII - a interesse cultural. A listagem contendo alguns destes bens, segue abaixo: Usina piloto; VIII - a Igreja de São Francisco; IX - a Casa da Diretoria no Monumento ao Trabalhador; Obelisco; Ponte Dom Pedro Segundo; Touro e a Sucuri; A Amazona e o Cavalo; Em que pese os bens supra terem sido individualizados e passarem a Monumento do Primeiro Decênio da CHESF; integrar o patrimônio cultural brasileiro, inexiste lei municipal acerca do Igreja São Francisco de Assis; tombamento, bem como a definição de estrutura e competências para Catedral de Nossa Senhora de Fátima; atuação do poder público municipal no estudo, definição, efetivação e Rio são Francisco posterior salvaguarda dos bens culturais tombados. Gastronomia típica; Raso da Catarina; Sítios arqueológicos; Parque Belvedere; Praça das mangueiras; Muro da Chesf; Serra do umbuzeiro; Museu Casa de Maria Bonita; Bairro General Dutra; X - a Casa de Hóspedes no Alves de Souza; XI – modelos reduzidos das Usinas; XII – salas dos visitantes; XIII – espaço cultural Raso da Catarina;”. Não obstante, a Igreja de São Francisco teria sido novamente tombada através de Lei no ano de 2015. Para caracterização dos bens de valor cultural do município e possível proteção enquanto patrimônio natural, arquitetônico, urbanístico e paisagístico, é imprescindível que a administração desenvolva um trabalho de catalogação, inventariado e pesquisa acerca destes bens. Além disso, é de extrema importância que seja reconhecido o patrimônio imaterial do município, na forma dos costumes e tradições dos povos indígenas e sertanejos que viveram e ainda vivem neste território. Destaca-se que para 33 Cachoeira de Paulo Afonso; Bondinho da Chesf; Artesanato típico; Casa da cultura; Espaço cultural raso da Catarina; Espaço cultural Lindinalva Cabral; Lagos do belvedere; Lago do touro e a sucuri; Casa da diretoria da Chesf; Casa de hóspedes; Modelo reduzido; Ilha do urubu; Grupo cangaceiro; Ponte de acesso à ilha. 34 5. COMUNIDADES TRADICIONAIS E SEUS TERRITÓRIOS 5.1. Pescadores artesanais Os povos e comunidades tradicionais - terminologia adotada no Brasil A pesca é classificada como “artesanal” pela Política Nacional de para designar aqueles que em diversos tratados internacionais foram Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, Lei n. 11.959/09, denominados população local, povos tribais e outros – são sujeitos na hipótese: culturalmente diferenciados na sociedade, que muitas vezes mantém Art. 8º Pesca, para os efeitos desta Lei, classificase como: formas próprias de sociabilidade, relação com a terra e os recursos naturais, bem como normas de organização próprias. De acordo com a I – comercial: Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto n. 6.040/07 são: a) artesanal: quando praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte; (...) grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição; O pescador artesanal, porém, deve ser compreendido como uma categoria identitária e não ser reduzido àquele que exerce atividade profissional relacionada à pesca com tecnologia simples. Sua distinção reside na tradição, da confecção e manejo dos apetrechos, das técnicas de Entre os diversos povos tradicionais, são identificados ao menos três em Paulo Afonso: povos indígenas, povos de terreiro e pescadores pescaria, nos mitos e crenças, no manuseio das embarcações, suas artesanais. canções e na oralidade com que o conhecimento é transferido. Nas palavras de Valencio, sobre pescadores artesanais do rio São Francisco (2010, p. 203): 35 Mais do que uma atividade de trabalho, a pesca artesanal no rio São Francisco constitui-se um modo de vida; significa dizer, uma identidade territorializada. O rio passa de tal sorte a ser um ator da vida social que os conflitos são nele dinamicamente refletidos. Os pescadores artesanais não podem ser explicados sem o rio, o seu rio, onde seguem encadeando as características ecossistêmicas próprias do lugar – ritmos das águas, comportamento das espécies – com o ser fazer social. série primária todos casados que sobrevivem exclusivamente dos recursos adquiridos através da pesca para supri as suas necessidade, ou seja, não possuem outra fonte de renda para manter sua família vivem exclusivamente do que o rio oferece, não têm apoio ou orientação de nenhum órgão do governo e só recebem o seguro defeso com muita dificuldade devido a burocracia e a exigência de vários documentos, provocando assim um atraso no repasse pelos órgãos públicos e seus filhos devido a dificuldades na lida diária não seguem a profissão do pai. (2014, p. 31) Os pescadores artesanais de Paulo Afonso não possuem significativa organização social. Mesmo a Colônia de pescadores não representa a totalidade destes, sendo compreendida pelos mesmos como uma colônia com fins meramente cartoriais, ou seja, sem uma “vida própria”, mas apenas para angariar pessoas que recebam o seguro-defeso. Neste sentido, identificaram-se nove famílias de pescadores de Paulo Afonso filiados às colônias de Delmiro Gouveia-AL, Jatobá-PE ou Glória-BA, mas a grande maioria não se encontra filiada a nenhuma colônia e não acessam, Foto 7 - Pescado vendido na feira livre. Fonte: Alzeni Tomaz, 2014. portanto, o seguro-defeso (Tomaz, et al., 2014). Wellington Lima descreve os pescadores artesanais de Paulo Estes pescadores enfrentam diversas ordens de conflitos, como a Afonso: escassez dos peixes nativos, em decorrência dos barramentos no rio para produção de energia, que impedem a piracema, o cercamento das águas [....] são pessoas humildes, todos moradores em bairros mais afastados da cidade possuem uma média de idade entre 40 à 60 anos de idade frequentaram a escola até no máximo a quarta pelos projetos de produção aquícola, poluição e lixo nas águas, as referidas dificuldades de filiação na colônia de pesca Paulo afonsina, mas, 36 - o lago da PA IV, em sua porção a oeste da ponte da rodovia BA- principalmente, os pescadores de Paulo Afonso enfrentam o problema de inacessibilidade do rio. 210 tem as margens praticamente todas ocupadas e cercadas, restando apenas um pequeno pedaço na entrada da “Vila Matias” sem cercas; - A porção leste do pago da PA IV não é aproveitável para atividade pesqueira, provavelmente pela proximidade da Usina; - à montante do Canal da PA IV, as atividades de pesca e banho são proibidas, em atenção às orientações da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Compete à Marinha do Brasil a delimitação de área navegável, bem como a fiscalização para este uso; Foto 8 – Sr. Louro Pescador, coletando lixo no Cânion. Autor: Clara Campos. Fonte: Tomáz, 2014. Em que pese o Rio São Francisco ser parte da identidade de Paulo Afonso, assumindo destaque em quase todas as imagens que registrem o município, parte da população e, entre ela, os povos tradicionais tem tido dificuldade de acessar o rio, parte integrante de seus territórios tradicionais. Foto 9 - Placas de proibição da pesca ao longo do bairro centenário. Fonte: Tomáz, 2014. Os pescadores de Paulo Afonso indicam que: 37 - o outra margem à montante, no bairro Barroca, foi praticamente toda ocupada por posses individuais, restando apenas três pontos estreitos de acesso ao rio. Foto 11 - Pescador demonstra dificuldade de acessar o rio diante de muros colocados em locais tradicionais. Foto: Alzení Tomáz, 2014 Uma alternativa para todos os pescadores da Vila Mathias e BTN seria o estabelecimento de um porto, com equipamento de uso coletivo para Foto 10 - Pontos de acesso ao rio na Barroca. Fonte: Edição sobre imagem de satélite GoogleMapas. Equipe Vivenda. 2016. guardar embarcações e petrechos relativos à pesca artesanal às margens do Lago da PA IV, na entrada da Vila Mathias. Nas fotos abaixo o pescador que reside na Vila Matias aponta para as dificuldades de acessar o lago da PA IV, uma vez que as beiras do rio, antes utilizadas, foram cercadas e muradas. A segunda foto mostra o último ponto de acesso ao rio, que teria sido fechado com muro de alvenaria. Foto 12 - Proposta de localização de equipamento no Lago da PA IV. Fonte: Edição sobre imagem de satélite GoogleMapas. Equipe Vivenda. 2016. 38 de terreiros, povos de religião de matriz africana, povos de terreiros de religiões de matriz africana, comunidades tradicionais de terreiros, povos de santo ou comunidades de religiões afrobrasileiras. Outra proposta reside no estabelecimento de marcos nos três pontos de acesso ao rio no bairro da Barroca, para que as vias ainda existentes não sejam porventura fechadas6. Além disso, o poder público municipal poderia identificar os acessos É comum os munícipes de Paulo Afonso desconhecerem a existência de tradicionais à beira do rio e estabelecer instrumentos que garantam à templos de religiões afro-brasileiras, particularmente candomblé e população tradicional o local e direito de acessar as águas do São umbanda, em Paulo Afonso. Entretanto, levantamento realizado pela Francisco, um bem público de uso comum do povo. Universidade do Estado da Bahia mapeou quase quarenta terreiros de candomblé e umbanda em Paulo Afonso, no ano de 2009 (MARQUES; 5.2. SENA, 2009). Povos de Terreiro Os povos de terreiro são aqueles que se organizam em torno da Os povos de terreiro da cidade experimentam diversos conflitos, que religiosidade afro-brasileira. Segundo o Decreto estadual n. 15.671, de 19 geram demandas, como conflitos de vizinhança quando realizam as festas de novembro de 2014, que regulamentou o estatuto da igualdade racial do nos terreiros e preconceito quando realizam práticas litúrgicas em locais Estado da Bahia, “povos de terreiros de religiões afro-brasileiras” são: públicos, o que tem levado terreiros a se deslocarem do centro da cidade para locais mais periféricos. Entretanto, registre-se que os terreiros os grupos ligados aos espaços de culto de religiões afro-brasileiras, segundo critérios de auto atribuição, que utilizam espaços comuns para a manutenção das tradições de matriz africana, respeito aos ancestrais e forças da natureza, e mediante relações pautadas pelo conceito de família ampliada, também denominados de povos conseguem apoio do poder público municipal para algumas atividades, como os tradicionais cortejos e oferendas para Iemanjá, no dia 02 de fevereiro. 6 Recentemente o possuidor de um lote às margens do rio, que faz limite com o ponto de acesso identificado como número 3 na figura acima, avançou as cercas de seu lote, inclusive dentro d´água, reduzindo ainda mais o pequeníssimo espaço de lazer e dos moradores da região e de realização de atividades por povos e comunidades tradicionais locais. 39 falecimento do dirigente, bem como a inaplicabilidade da imunidade tributária conferida pelo artigo 150, VI, ‘b’, da constituição federal para templos religiosos de qualquer culto. Em especial os terreiros da Barroca queixam-se pela rápida e desordenada ocupação das margens do rio por lotes, dificultando o exercício da religião que possui forte relação com o rio. Entre as propostas para os povos de terreiros estão: apoio à constituição de associações; regularização fundiária dos templos; reconhecimento da imunidade tributária; livre exercício de culto; proteção dos pontos de acesso ao rio na Barroca. 5.3. Povos Indígenas 5.3.1. Truká-Tupan Os Truká-Tupan são um povo indígena novo. Em que pese os indígenas serem povos pré-colombianos, a constituição de novos povos indígenas Mapa 6- Terreiros de Paulo Afonso. Fonte: MARQUES; SENA, 2009. não é uma realidade incomum, pois a cultura e a construção de identidades coletivas é algo dinâmico, sofrendo influências e adaptações Outro ponto comum entre terreiros é a ausência de uma associação na medida que os fatores culturais, sociais, econômicos e ambientais se legalmente constituída, necessária para evitar conflitos sucessórios desenrolam. envolvendo a posse e propriedade do espaço físico do templo em caso de 40 que o tráfico de drogas desterritorializou-as todas. Deve-se, portanto, contextualizar a desterritorialização ocorrida. Se os povos perderam a sua terra, ou seja, o controle do espaço em que viviam, pela criminalidade da região, tem-se que estes povos perderam o território como fonte de recursos, ou seja, o território natural desta comunidade. Todavia, as relações simbólicas existentes naquele espaço não se perderam, continuando como territorialidade simbólico cultural, impulsionando os indígenas desterritorializados em busca de um novo território para manutenção desta territorialidade. (2013 p. 44-45) Este povo tem origem na reunião de indígenas de diversos povos, como os Truká e Atikum, que povoam a Bahia e Pernambuco, Fulni-ô, de Pernambuco e os Kiriri, da Bahia. Se reuniram no ano de 2004, quando elegeram sua Cacique, Neide (RELATÓRIO, 2015) . São sujeitos que se desterritorilizaram, em parte, por diferentes motivos. Encontraram-se no espaço urbano de Paulo Afonso e restabelecendo relações culturais e simbólicas (Souza, 2013). Souza explica esse processo de desterritorialização: Em se tratando dos Truká-Tupan, seus membros são de etnias cujos territórios já estavam demarcados, contudo, processos de desterritorialização retiraram deles a possibilidade de exercer a sua cultura, desterritorializando-os. Fato marcante é o da Cacica da etnia e de sua família Truká. Segundo ela, a região onde habitava sua família ficou tão perigosa em razão do tráfico de drogas da região que restou impossibilitada a criação de seus filhos e a manutenção de seus costumes tradicionais. Ocorre aqui uma desterritorialização de parte do grupo em sua origem pela territorialização do tráfico de drogas na região. A lógica do tráfico de drogas não respeita os limites demarcados pelo Estado, expulsando os indígenas do seu território. Neste sentido, os sujeitos de diferentes origens, desterritorializados no espaço físico, se reuniram para o exercício de rituais, consagrando sua territorialidade simbólica através do rito, da dança do toré. Foi justamente esta territorialidade simbólicocultural o elemento-chave para unir povos de origens diversas num lugar comum no seio do ambiente urbano, localizado no bairro Tancredo Neves III, da cidade de Paulo Afonso, Bahia. Esta territorialidade simbólico-cultural pode ser vislumbrada nos motivos de união dos povos que formaram os Truká-Tupan, que foram os de realizar os seus rituais e a prática ancestral do Toré. O Toré é uma dança na qual os índios invocam os encantados para realizar curas físicas e espirituais, além de fortalecer o corpo, a alma Entretanto, partindo da concepção de multiterritorialidade, tem-se que as comunidades indígenas possuem diversos territórios e territorialidades, de modo a não se poder afirmar 41 do indivíduo, bem como um fortalecimento de todo o grupo. Os Truká-Tupan informam que passaram a habitar uma área cedida pelo poder público municipal no Bairro BTN III, mas mesmo a criminalidade que motivou a desterritorialização da cacica Neide, voltou a assombrar estes sujeitos, que não conseguem mais permanecer no local. Os TrukáTupan se tornaram alvo constante da ação de condutas criminosas e tiveram a oportunidade de se estabelecer no local hoje ocupado, a aldeia Foto 13 - Pilão encontrado na área, com datação de mais de 12.000 mil anos. Fonte: RELATÓRIO, 2015. Truká-Tupan. Mudaram-se com apoio do Exército. O local ocupado pelos Truká-Tupan é hoje um território físico e Os truká-Tupan estão plantando para sua própria subsistência e simbólico, inclusive com reminiscências de ocupação ancestral indígena. vendendo o excedente na feira da cidade para obtenção de renda. Entre os Nas falas da Cacique Neide: produtos produzidos estão a cebola, arroz, alface, coentro, criação de galinhas e outros animais (FUNAI, 2014), tendo iniciado a produção de mel, Aqui encontramos a felicidade, aqui encontramos a vida e os Encantos dos nossos antepassados indígenas. Quando chegamos aqui, logo os Encantados nos deram um presente, dois pilões de pedra, que prova que aqui era território dos antigos. Então, não podemos mais viver sem essa terra, eles nos aceitaram. (RELATÓRIO, 2015, p. 04) sendo todos os produtos orgânicos, livre de agrotóxicos. O excedente é comercializado, os únicos produtos de conhecida origem orgânica oferecidos para os munícipes de Paulo Afonso. Foto 14 - Produção dos Truká-Tupan. Fonte: Tomáz, 2014 e Silva, 2015 In: Relatório, 2015. 42 Foto 15 - Produtos orgânicos comercializados pelos Truká-Tupan na feira de Paulo Afonso. Fonte: Bruno Heim/Vivenda, 2016. Foto 16- Casa de Prensa de Tijolos. Fonte: Bruno Heim/Vivenda, 2016. A aldeia possui uma escola, com dos professores indígenas, está Através do manejo de uma prensa hidráulica, com assistência construindo um posto de saúde com os tijolos ecológicos, mantém um técnica de entidades rurais, o Truká-Tupan estão produzindo tijolos cruzeiro, conseguiram, através de parcerias uma bomba para irrigar a artesanais e iniciando construções ecológicas que utilizam baixíssimo agricultura irrigada. índice de água. É o caso da oca ecológica, construída utilizando em grande Entretanto, a condição das habitações são precárias, sendo medida matéria prima local. basicamente construídas com taipa, modelo muito comum no sertão do Brasil, mas que, sem um cuidado apropriado, pode contribuir para a proliferação de barbeiros, Trypanosoma cruzi, transmissores da doença de chagas. 43 A área ocupada pelos índios é hoje caracterizada como “posse indígena”, sua “terra tradicional”. A posse indígena é aquela posse heterônoma, de natureza constitucional, fundada na tradicionalidade de relação dos povos indígenas com a terra, distante, portanto, do conceito civilista. Na explicação de Freitas Júnior: [...] uma vez verificado que a terra é ocupada nos moldes tradicionais da cultura indígena, lança uma garantia para o futuro, de forma a consagrar, para frente, o direito dos índios sobre as terras que habitam, de forma clássica. Foto 17 - Oca ecológica na aldeia Truká-Tupan. Fonte: Vivenda, 2016. Assim, para que a terra indígena se considere tradicionalmente ocupada, não se procura saber a quantidade de anos que a população habita a gleba. Deveras, o que se investiga é se os índios empregam a tradição de seus antepassados e de seus costumes peculiares na ocupação da terra e na inter-relação com seus elementos vivos. (2007, p. 314). Reconhecendo o direito dos Truká-Tupan ao seu território, o Ministério Público Federal ajuizou a ação civil pública n. 1180-08.2013.4.01.3306, obtendo decisão liminar em janeiro de 2014 para a União e a FUNAI promovessem os atos administrativos necessários à aquisição das terras e regularização do território. Foto 18 - Casas de Taipe dos Truká-Tupan. Fonte: Bruno Heim/Vivenda, 2016. 44 (BRASIL 1983), no quadrilátero formado pelas cidades de Paulo Afonso, Jeremoabo, Canudos e Macururé. Segundo o governo do Estado da Bahia, os Pankararés possuem uma população de 1.470 índios. Desde o fim do século XVI, muitas missões de evangelizadores foram enviadas para o nordeste, especialmente para as regiões que margeavam o Rio São Francisco, com objetivo de catequisar os povos indígenas que ocupavam estas áreas, além de abrir possibilidades de exploração destas terras. Estas ações extinguiram e dispersaram muitas tribos indígenas que se distribuíram em povoados, sendo estes inseridos na massa da população civilizada (MAIA 1992). Segundo COLAÇO (2006): Com os aldeamentos em decadência, os habitantes de Curral dos Bois se encontravam espalhados pelos seus arredores, e muitos deles tiveram que abandonar as margens do rio, buscando "áreas de refúgio", nos brejos ou altos de serras próximas, como os Pankararé do Brejo do Burgo e os Pankararu do povoado, que posteriormente seria denominado de Brejo dos Padres. O parentesco entre os Pankararé e Pankararu, é apontado tanto pela história oral do grupo, como também por autores como Pinto (1956) e Hohenthal (1960), devido as frequentes referências feitas aos Pankararu a partir do século XVIII, em detrimento dos Pankararé (MAIA 1992). Foto 19 - Documento referente ao pedido liminar de regularização fundiária da aldeia. Por ser um território tradicional, necessário à sobrevivência material, cultural e espiritual do povo, é necessário que a área seja incorporada no plano diretor municipal sob a perspectiva de ser protegida. 5.3.2. Pankararés A Terra Indígena Pankararé ocupa uma área de 45.600 ha. no nordeste do estado da Bahia situada dentro da região denominada Raso da Catarina 45 Como será detalhado a seguir, ainda hoje em Paulo Afonso há 5.3.3. Outros povos indígenas em Paulo Afonso descendentes do povo Pankaru que se fixaram no bairro BTN III na sede Além das aldeias citadas, em Paulo Afonso encontram-se Pankararús municipal. não aldeiados, que habitam residências no bairro BTN III, próximo da O mapa a seguir traz a localização da terra indígena dos Pankarés, com antiga área onde habitavam os Truká-Tupan. Apesar de não constituírem destaque para os três municípios nos quais ela se insere. uma aldeia, os Pankararús de Paulo Afonso têm organização própria, inclusive com Cacique próprio. Também residem no território pauloafonsino os Kalancós. Das informações obtidas, os Kalancós moram em uma roça adquirida com recursos próprios, no povoado da Barriga. Mapa 7 - Localização Terra Indígena Pankararé. Fonte: Colaço, 2006. Hoje os Pankararés possuem uma boa articulação enquanto grupo, se organizando em associações que visam a captação de recursos para melhoria da condição de vida de seus membros. 46 Ao plano diretor, cabe a normatização da ocupação urbana e rural, e 6. MEIO AMBIENTE O meio ambiente é compreendido como “conjunto de condições, leis, regulamentação de instrumentos de proteção e recuperação da paisagem influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e natural, objetivando a manutenção do equilíbrio ambiental no município. urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, Para desenvolvimento destas futuras propostas, neste item, serão conforme conceito previsto na resolução n. 306/02 do Conselho Nacional apresentadas as áreas que se destacam no município por seu valor de Meio Ambiente. ambiental e paisagístico, assim como, pontos de conflito que merecem uma maior atenção na gestão urbana e rural. O direito brasileiro compreende meio ambiente de forma ampla, holística, compreendendo-o como um bem que merece proteção legal e 6.1. goza de autonomia em relação aos diversos bens que lhe compõem, ou As áreas de preservação permanente são definidas pelo “Novo Código seja, o meio ambiente é a totalidade de interações de ordem físico, Áreas de Preservação Permanente Florestal”, a Lei n. 12.651 de 2012, como: químico, biológico, cultural, social, urbanístico, e porque não, psicológicas, genéticas e outras que, interagindo, permitem, abrigam e regem todas as (...) área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. (BRASIL, Lei nº 12.651, 2012, art. 3º). formas de vida. Tudo isso faz com que a cultura, fauna, flora, e outros componham a noção de meio ambiente, mas com ele não se confundam conceitualmente. Enquanto bem jurídico autônomo o meio ambiente é protegido pela Constituição Federal, mas isso não impede – pelo contrário – que a Estas áreas possuem relevante interesse ambiental, elas se destinam a proteção ambiental recaia sobre os bens ambientais em espécie. Neste proteger solos e, principalmente, as matas ciliares. As APP’s podem se sentido, o PDDUA poderá e efetivamente deverá ser mais um instrumento encontrar em propriedades públicas ou particulares, devendo o para efetiva proteção ambiental, quando regula os espaços habitáveis pelo proprietário, possuidor ou ocupante, manter a vegetação nela existente ou homem. recompô-la no caso de degradação. Os perímetros definidos como APP são sujeitos a rígidos limites de exploração e ocupação. 47 A lei define diversas hipóteses de áreas de preservação permanente, tamanho destas faixas marginais varia de 30 m a 500 m, conforme a sendo especialmente relevante para o Município de Paulo Afonso aquelas largura do rio, sendo a medição feita a partir do leito regular. destinadas à proteção dos recursos hídricos, uma vez que seu território é Ao restringir as Áreas de Proteção Permanente- APPs aos leitos cortado pelo leito natural do Rio São Francisco e margeado pelos lagos naturais do rio, restam excluídos, logicamente, os leitos artificiais. Neste oriundos dos barramentos para geração de energia elétrica. Além disso, a sentido, conforme se observa no mapa abaixo, apenas as margens do leito cidade possui um sistema de lagos artificiais, projetado pela CHESF para natural do Rio São Francisco possuem APP, que variarão conforme largura impactar no microclima de sua área urbana, além de diversos “riachos”, do rio. nascentes e olhos d´água, principalmente em sua zona rural. Ocorre, porém, que o “novo código florestal” não encerra todas as áreas que podem ser protegidas como APP. Isto porque a legislação federal é norma geral sobre floresta, podendo ser suplementada pela legislação estadual e municipal, nos termos dos artigos 24, VI e 30, II, da Constituição Federal. Assim, no subitem que se segue serão analisadas as possibilidades colocadas pela legislação federal, seguida da análise complementar da legislação do Estado da Bahia e do município de Paulo Afonso direcionadas ao tema. Mapa 8 - Mapa de Paulo Afonso – Leito do Rio São Francisco. Fonte: Google Maps (Adaptada) 6.2. Áreas de Proteção Permanente com função hídrica Dentro das delimitações colocadas pela lei federal, encontramos como No que tange aos denominados “lagos”, constituídos pelos áreas de proteção permanente as faixas marginais de leitos naturais de reservatórios das usinas de geração de energia elétrica, encontramos na rios, córregos, e cursos d’água, desde que perenes ou intermitentes. O 48 Lei n. 12.651 de 2012 diferentes normas, nos artigos 4º, III; 4o, §1º; 4o, §5o; Tabela 4 – área dos reservatórios. PA I 5º e 62. Início da Operação do gerador O reservatório de Moxotó, fruto de barramento no leito natural do Rio São Francisco, é responsável pelo abastecimento do complexo hidroelétrico das usinas PA I, II e III. 01g1 15/01/55 01g2 15/01/55 01g3 18/09/55 PA II 01g1 24/10/61 01g2 02/02/62 01g3 30/12/64 01g4 09/03/67 01g5 11/05/67 01g6 18/12/67 PA III Gerador 01G1 Gerador 01G2 Gerador 01G3 Gerador 01G4 Usina Piloto 21/10/71 05/04/72 09/04/74 05/08/74 Área do 4,8 km² 4,8 km² 4,8 km² reservatório Cota 230,8 m 230,8 m 230,8 m máximo maximorum Nível 230,3 m 230,3 m 230,3 m máximo operativo normal Fonte: Criação própria. Dados: Companhia Hidroelétrica do São Francisco7 Foto 20 - Usinas PA I, II e III. Fonte: CHESF Em que pese os contratos de concessão de exploração de energia elétrica tenham sido renovados em data posterior à edição da Medida Provisória n. 2.166-67/01 – como por exemplo o “Contrato de Concessão n. 006/2004 – ANEEL – CHESF”, decorrente do processo 48500.000752/01- Sabendo que 1 hectare corresponde a 1km², nenhum dos reservatórios 10” – a concessão originária para exploração destas usinas é anterior à se enquadra na norma prevista no artigo 4o, §4o. Desta forma, todos referida Medida Provisória, portanto as usinas PA I, II, III e IV se possuem faixa de preservação permanente correspondente à distância enquadrariam na norma prevista no artigo 62 da Lei. 7 Disponível em: <http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/sistema_chesf_ geracao/conteiner_geracao?p_name=8A2EEABD3C03D002E0430A803301D002>. Acesso em: 15 dez 2015. 49 entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum. Esta faixa de APP possui o irrisório tamanho de meio metro, ou 50 cm, cujo início reside na cota máxima maximorum. Assim, de acordo com a legislação federal: o leito natural possui APP, cuja faixa variará conforme a largura do rio; os lagos da PA I, II e III possuem área protegida de 0,5m, contados da cota máxima maximorium; e não possuem APP o canal da PA IV, bem como o reservatório da PA IV. Resta um ponto de divergência, estaria a margem direita do leito natural do rio, aquela margem que hoje compreende a “ilha de Paulo Afonso”, protegida como área de preservação permanente? Mapa 9- margem do Rio São Francisco que compõe “ilha de Paulo Afonso”. Questionamento que se justifica em razão das ilhas fluviais não gozarem de APP, mas apenas as margens dos rios. Por se tratar de uma ilha artificial, gerada pelo leito não natural do rio São Francisco, aberto pela CHESF para encher o reservatório da usina PA IV, estas margens da ilha possuem faixa de APP. De outra sorte, em razão do leito artificial do rio haveria diminuição do espeço territorial protegido, uma vez que as duas margens do leito artificial não estariam protegidas e neste trecho apenas uma das margens do leito natural8. No que tange ao sistema de lagos urbanos, estes não possuiriam, pela lei federal, faixa protegida como área de proteção permanente, uma vez Em sentido oposto se posicionou o representante do INEMA, autarquia estadual integrante do sistema nacional de meio ambiente, em reunião pública realizada para elaboração deste plano diretor. 8 50 paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; que estes reservatórios não decorrem de barramentos do leito natural do rio. De igual sorte, os “riachos” existentes no território municipal não estariam protegidos com áreas de preservação permanente, uma vez que Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; [...] § 1º Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água que não se tratam de cursos d´água efêmeros. Nascentes e olhos d´água são compreendidos respectivamente como “afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água” e “afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente” pela Lei n. 12.651/12 e possuem área de preservação permanente em faixa mínima de 50m. Considerando a possível sobreposição da legislação federal por leis estaduais e municipais, abaixo segue tabela elaborada com os dispositivos que tratam de áreas de preservação permanente no “novo código florestal”, Lei Estadual n. 10431/06 e Lei Municipal n. 906 de 2000. Tabela 5 - Dispositivos que tratam de Áreas de Preservação Permanente no Novo Código Florestal. Lei n. 12.651 de 2012 Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a Lei Estadual n. 10431 de 2006 Art. 89 - Sem prejuízo do disposto na legislação federal pertinente, são considerados de preservação permanente, na forma do disposto no artigo 215 da Constituição do Estado da Lei Municipal n. 906 de 2000 ANEXO I Para fins desta Lei considerase: 1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE: porções do território municipal, de domínio público ou privado, 51 Bahia, os seguintes bens e espaços: V - os lagos, lagoas e nascentes existentes em centros urbanos, mencionados no Plano Diretor do respectivo município; VI - as áreas de proteção das nascentes e margens dos rios compreendendo o espaço necessário à sua preservação; VII- as matas ciliares; definidas pela legislação como destinadas à proteção integral de suas características ambientais. Art. 39 Consideram-se de preservação permanente, independentemente de declaração expressa, e deverão ser cadastradas como espaços territoriais especialmente protegidos: [...] Seção III Espaços Protegidos Art. 38 São espaços territoriais especialmente protegidos, além das áreas de preservação permanente, previstas na legislação federal: IV - sistemas de lagos e suas margens, até 15m (quinze metros) do nível mais alto. decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais. § 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. Art 4º [...] IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; inserido no rol de áreas de preservação permanente pela legislação estadual. Neste ponto há uma questão importante, qual seria o tamanho da área protegida? A legislação estadual não estabelece o tamanho da faixa protegida como APP, limitando-se a estipular que as “matas ciliares” e a “área de proteção” são protegidas. Outrossim, a lei dispõe que os lagos existentes na zona urbana e mencionados nos respectivos planos diretores são protegidos como área de preservação permanente, o que, em conjunto com o inciso VI, faz com Art. 39 Consideram-se de preservação permanente, independentemente de declaração expressa, e deverão ser cadastradas como espaços territoriais especialmente protegidos: II - a vegetação ciliar às margens dos rios, riachos e nascentes; que reconheçamos os lagos internos da ilha, construídos pela CHESF, bem como suas possíveis matas ciliares, sejam protegidos como área de preservação permanente. Em síntese conclusiva quanto as áreas de preservação permanente com função de proteção hídrica: Fonte: Elaboração equipe Vivenda, com base em dados do Novo Código Florestal. Da lei estadual n. 10431/06 verificamos que “Sem prejuízo do disposto - as margens do leito natural do Rio São Francisco são protegias como na legislação federal” os rios, ou melhor, “as áreas de proteção das APP, com faixa variável, correspondente à largura do rio, estando nelas nascentes e margens dos rios compreendendo o espaço necessário à sua inseridas os trechos do leito que compõem a ilha de Paulo Afonso; preservação” (art. 89, V) e suas “matas ciliares” (art. 89, VI) são protegidos - as áreas de proteção do leito artificial do Rio São Francisco – o “canal como áreas de preservação permanente. Por não tratar apenas do leito da PA – natural do rio, mas das águas dos rios, sem distinção, entendemos que o entretanto, não define a extensão desta faixa que poderá ser definida pelo leito artificial do São Francisco, composto pelo “canal da PA IV”, está plano diretor ou legislação própria; 52 IV”, é protegido como APP pela legislação estadual, que, correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; (BRASIL. Lei 12.651,2012, art. 3º). - os reservatórios das usinas PA I, PA II e PA III possuem APP de 0,5m, enquanto o reservatório da usina PA IV não possui APP. - o sistema de lagos internos da ilha é considerado área de preservação permanente, bem como suas margens, até 15m dos níveis mais altos, conforme legislação municipal. - os riachos e suas margens, por serem cursos d´água efêmeros, não O mapeamento da declividade do relevo municipal demanda são protegidos pela legislação federal, tão pouco pela legislação estadual estudos específicos, mas, de antemão, identificam-se áreas que são ou municipal. protegidas como APP pelas hipóteses acima referidas. À exemplo da Serra - as nascentes e olhos d´água possuem APP em faixa mínima de 50m. do Umbuzeiro, que possui parte de suas encostas com declividade superior à 45º, além de possuir altitude superior à 100m, com declividade média 6.2.1. APP’s com outras funções ecológicas maior que 25º. Além das áreas de preservação permanente com função precípua de A legislação estadual define como APP as “áreas que abriguem proteção dos recursos hídricos, encontramos outras APPs no município de comunidades indígenas na extensão necessária à sua subsistência e Paulo Afonso. manutenção de sua cultura”. Ao definir como espaço protegido áreas que abriguem comunidades indígenas, e não as terras tradicionalmente A Lei n. 12.651/12 define como APPs as “(...) as encostas ou partes ocupadas pelos índios, terminologia esta adotada pela Constituição destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) Federal, a lei estadual abarca toda e qualquer área onde as comunidades na linha de maior declive (...)” e: indígenas habitadas por índios, sejam aquelas protegidas nos moldes do artigo 231 da Constituição Federal, demais territórios indígenas previstos (...) no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível do Estatuto do Índio ou mesmo as áreas ainda não regularizadas, mas que abrigam comunidades. Neste sentido, cabe avaliar caso a caso as 53 garantias adequadas de proteção. (Lei Federal nº 9.985 de 2000) comunidades indígenas presentes no município de Paulo Afonso. Este tema será abordado com maior aprofundamento em item específico. Por fim, a legislação municipal estabelece os seguintes espaços como As unidades de conservação subdividem-se em dois grupos, as áreas de preservação permanente. unidades de uso sustentável, que têm por objetivo “compatibilizar a - Os contrafortes da Cachoeira de Paulo Afonso, o Véu da Noiva e a Ilha conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus do Urubu; recursos naturais” e as de proteção integral, cujo objetivo “é preservar a - A parte da Reserva Ecológica do Raso da Catarina situada no território natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, municipal; com exceção dos casos previstos nesta Lei”. - As encostas sujeitas à erosão e deslizamento. No município de Paulo Afonso são encontradas duas unidades de conservação, ambas de proteção integral e instituídas pela União. 6.3. Unidades De Conservação 6.3.1. Estação Ecológica Raso Da Catarina A unidade de conservação é uma modalidade de espaço territorial especialmente protegido, sendo definida pela Lei n. 9.985, de 18 de julho A estação ecológica é uma unidade de conservação de proteção de 2000, que instituiu o sistema nacional de unidades de conservação integral, uma das mais restritivas às atividades humanas. Seus objetivos como: envolvem a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. A visitação somente é permitida para fins educacionais e em (...) espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam conformidade com as disposições do plano de manejo ou regulamento específico. Mesmo as pesquisas científicas, um dos objetivos de constituição da unidade de conservação, demandam autorização do órgão responsável pela administração da unidade. 54 Foi criada pelo Decreto n. 89.268, de 03 de janeiro de 1984, e recategorizada através da Portaria n. 373, de 11 de outubro de 2001, em razão da publicação da lei do sistema nacional de unidades de conservação. Foto 21- Estação Ecológica Raso da Catarina. Fonte: www.secti.ba.gov.br 55 A ESEC Raso da Catarina se confunde, mas não encerra a região denominada Raso da Catarina, conforme afirmam Paes e Dias. Segundo as autoras: É preciso salientar a diferença existente entre o que este plano de manejo denomina como região da Esec (sua área de influência) e a região do Raso da Catarina qualificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Do ponto de vista fisiográfico, ecológico e social, essa região de 5.000 km² se configura na mais homogênea das regiões áridas da América do Sul (AB’SABER, 2001). A Esec protege cerca de 1/5 dessas terras. (2008, p. 46) Esta unidade de conservação engloba parcela do território de três Perímetro da Estação Ecologica do raso da Catarina. Foto 22 - Estação Ecológica do Raso da Catarina. Fonte: PAES, DIAS, 2008. Municípios, Rodelas, Jeremoabo e Paulo Afonso, todos da Bahia, totalizando 104.842,84 hectares. O escritório da estação está localizado a De acordo com a lei, nesta unidade de conservação não são permitidas 40km da sede do município de Paulo Afonso. posses ou propriedades particulares. Todos os proprietários, possuidores ou ocupantes da área devem ser retirados através dos procedimentos legais que dispõe o poder público, porém até o presente momento não foram realizadas as devidas desapropriações de propriedades particulares ou realizados os desentranhamentos dos ocupantes. O plano de manejo da unidade de conservação propõe uma zona de amortecimento para a unidade de conservação, mas não foram localizados 56 diplomas legais que instituíssem esta zona. Esta zona de amortecimento teria 269.130 hectares e perímetro aproximado de 258.527 km. Segundo o plano de manejo: A zona de amortecimento (ZA proposta) constituise em um raio aproximado de dez quilômetros de entorno da Estação Ecológica Raso da Catarina. Nas áreas que contêm vilarejos urbanos, a área é menor e, naquelas em que há maior parcela de área conservada a área é maior (Quadro 2.1 e Figura 2.2). A ZA se insere nas terras pertencentes aos municípios de Canudos, Glória, Jeremoabo, Macururé, Paulo Afonso e Santa Brígida. (PAES; DIAS, 2008, p. 47) Assumindo a forma da figura 1. Figura 1 - Zona de amortecimento da ESEC. Fonte: Paes e Dias, 2008. 57 Os rejeitos nucleares são um dos grandes problemas relacionados às Criado através do Decreto s.n. de 05 de junho de 2009, o MONA do rio usinas nucleares. Notícias informam que as Usinas de Angra I e Angra II São Francisco está localizado nos Municípios de Piranhas, Olho D’água do deverão começar a ser desativadas em 2017 e 2018, respectivamente, em Casado e Delmiro Gouveia, no Estado de Alagoas, Paulo Afonso, no Estado razão do esgotamento dos depósitos provisório destes rejeitos. da Bahia, e Canindé de São Francisco, no Estado de Sergipe. Muito se anunciou a instalação de novas usinas nucleares no país, sendo duas no Nordeste. Foram noticiadas a instalação de uma usina em Itacuruba, Pernambuco, com depósito de rejeitos no Raso da Catarina. Segue-se a velha lógica, onde o lixo – em especial o radioativo – deve ser direcionado a áreas de menor valor. Neste caso, a caatinga. 6.3.2. Monumento Natural Do Rio São Francisco O Monumento Natural é uma unidade de conservação de proteção integral, cujo objetivo reside na preservação de sítios naturais raros, Perímetro do MONA do rio São Francisco. Mapa 10 - MONA do Rio São Francisco. Fonte: ICMBio – Mapa Interativo. singulares ou de grande beleza cênica. Menos restritiva que a Estação Ecológica, na poligonal do MONA podem existir posses e propriedades A lei n. 9985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de particulares, desde que compatíveis com os objetivos do MONA. Em que Conservação criou o instrumento da compensação ambiental. Através pese a lei determinar que a visitação pública esteja sujeita às normas deste, para todo licenciamento de atividade ou empreendimento de previstas pelo órgão administrador da unidade e regulamentos, sabe-se significativo impacto ambiental, o empreendedor deveria apoiar uma que a proteção destas áreas objetiva, justamente, manter locais de unidade paisagens monumentais para apreciação humana. de conservação de proteção integral atingida pelo empreendimento, ou a constituição de uma. Neste sentido, com o licenciamento da Usina de Xingó, localizada no Município de Canindé do 58 São Francisco-SE, a União teve de criar uma unidade de proteção integral, atividade pesqueira sustentável e poderiam ter sua forma de vida com apoio financeiro da CHESF. interrompida diante das normas restritivas impostas ao Parque. Pactuada a criação do MONA, o decreto supra mencionado estabeleceu os limites da unidade e trouxe previsão expressa constando a permissão da atividade da pesca artesanal e agropecuária de baixa intensidade, desde de que forma sustentável, conforme regras previstas no plano de manejo da unidade e regulamentos. O plano de manejo, instrumento conhecido como “lei interna da unidade de conservação”, já deveria ter sido realizado, mas até o presente momento sua elaboração não teve início. Diferentemente da ESEC do Raso da Catarina, o decreto de criação do MONA já trouxe a poligonal da zona de amortecimento desta unidade. Esta zona de amortecimento engloba área com feições urbanas do município de Foto 23 - Monumento Nacional do Rio São Francisco. Fonte: www.folhadaregiao.com.br Paulo Afonso, que vem sofrendo ocupação desordenada. É sabido que, apesar do município possuir competência para ordenar o Inicialmente se propôs a constituição de um Parque Nacional, unidade uso e ocupação do solo urbano, uma vez constituída unidade de de conservação bastante restritiva às atividades humanas, porém esta conservação por outro ente federativo, este possuirá a competência para ideia sofreu diversas críticas por parte da sociedade e setor acadêmico, em estabelecer as possíveis regras de ocupação na unidade e sua zona de especial por demonstrarem que na região supostamente não ocupada amortecimento. existiam mais de mil famílias de pescadores artesanais que sobreviviam da Neste sentido, é recomendável que o PDDUA de Paulo Afonso estabeleça regras de uso e ocupação do solo para a zona de 59 amortecimento enquanto a autarquia federal não elabora normas próprias 6.4. através do seu plano de manejo, para racionalizar a ocupação humana no Espaços com possibilidade de proteção 6.4.1. Serra Do Umbuzeiro local, evitando a consolidação de situações que não se adequem à A serra do umbuzeiro tem um dos pontos mais altos do Município proteção da unidade. de Paulo Afonso, com 136m de altitude – contados do início da “trilha” de No dia 15 de dezembro de 2015 tomaram posse os membros do subida, onde foi assentado um cruzeiro. A serra é importante ponto de Conselho Consultivo do MONA, em reunião realizada na Universidade visitação turística, tanto por parte dos moradores do município, que Federal de Alagoas, em Delmiro Gouveia-AL. Nesta reunião, a equipe da apreciam trilhas leves, como por parte de turistas de outras cidades que Vivenda Consultoria, Assessoria e Planejamento solicitou que fosse procuram em Paulo Afonso um turismo com maior contato com a incluída na pauta do conselho discussão sobre possíveis normas relativas natureza, o ecoturismo. ao uso e ocupação do solo na zona de amortecimento da unidade no município de Paulo Afonso, para que pudessem ser inseridas no PDDUA. Foto 25 - Serra do Umbuzeiro. Fonte: Vivenda Consultoria. Foto 23 - Reunião do Conselho Consultivo do MONA. Fonte: Vivenda Consultoria. Uma vez por ano, no dia 22 de maio, dia de Santa Rita, os moradores do distrito do Riacho seguem em procissão até o cruzeiro. Na ritualística, os fieis simulam as 14 estações de Cristo. 60 Nesta serra foi identificado sítio de pinturas rupestres ainda não 6.4.2. Rotas da Arara-Azul-de-Lear estudados, o que demonstra que povos pré-colombianos estiveram no A arara-azul-de-lear, Anodorhynchus leari, é um animal em perigo de local e o utilizaram, seja como abrigo ou local litúrgico. extinção, que ganhou grande notoriedade mundial, inclusive com Sob o ponto de vista dos elementos abióticos, na serra do umbuzeiro é produção de um longa-metragem de animação dos estúdios 20th Century encontrada também uma nascente com água potável, própria para o Fox e Blue Sky Studios, “Rio”, que retrata o tráfico internacional de consumo humano, sem demandar tratamento. espécies de aves da fauna brasileira. Segundo o Projeto Arara Azul: Além disso, técnicos do poder público municipal afirmam que a serra do umbuzeiro é ponto da rota migratória da Águia Chilena, que após Até o ano de 2008 encontrava-se na categoria criticamente ameaçada, sendo incluída no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA 2003). Após a verificação de que sua população havia alcançado o número de 960 indivíduos, foi considerada como espécie “Em Perigo” de acordo com os critérios do CITES. O principal motivo para o declínio da espécie foi o tráfico ilegal dessas aves para criadouros particulares no Brasil e exterior e a destruição do seu habitat, afetando principalmente as áreas de alimentação. passar pelo território pauloafonsino, segue para a serra de Água BrancaAL. Abaixo uma proposta de poligonal para instituição de unidade de conservação. 6.5. Foto 26 - Proposta de poligonal de unidade de conservação na serra do umbuzeiro. Fonte: GoogleEarth/Silvano Wanderley. Áreas destinadas para cemitérios O Município de Paulo Afonso possui dois cemitérios em sua zona urbana, o Padre Lourenço Tori, no bairro Centenário e o São Lucas, no BTN 61 III, além de alguns cemitérios na zona rural, como aqueles situados nos transferidos para o novo cemitério, construído em local pouco habitado e povoados do Riacho, Malhada Grande, Barro Vermelho, Várzea e Juá. afastado da cidade, nos idos de 1973. O cemitério recebeu este nome em homenagem póstuma ao padre italiano Dom Lourenço Tori, que veio ao Brasil em 1968 e faleceu em acidente de trânsito no ano de 1973. O padre foi a primeira pessoa a ser enterrada no novo cemitério. Mapa 11- Cemitérios Padre Lourenço Tori e São Lucas. Fonte: GoogleMaps. Foto 27- Entrada do cemitério e túmulo do Padre Lourenço. Fonte: CAMPOS, 2014. Ambos os cemitérios localizados na cidade de Paulo Afonso são Com o processo de expansão urbana, o cemitério foi “cercado” pela públicos e administrados pelo poder público municipal. cidade, estando hoje situado entre os populosos bairros do centenário e sal torrado. Destaca-se a situação do Cemitério Padre Lourenço Tori, que além de estar praticamente esgotado para novos sepultamentos, possui problemas Entre os problemas ambientais enfrentados estão a proximidade das ambientais. jazidas ao perímetro do cemitério, que deveriam respeitar a distância Este cemitério foi construído pela CHESF em decorrência da inundação mínima de 5m; outros potenciais problemas estão na ausência de de um antigo cemitério existente na região denominada “Tapera”, próximo conhecimento quanto à distância das sepulturas e possível lençol freático; à atual “fazenda Chesf”, alagado pelas águas decorrentes do barramento ausências de técnicas e materiais que impeçam a passagem de gases dos no Rio. Os restos mortais existentes no antigo cemitério da Tapera foram túmulos, bem como de tratamento dos resíduos gasosos; eventuais 62 vazamentos de líquidos decorrentes de coliquação. Ademais, os resíduos 6.6. sólidos não possuem local de descarte adequado e ossos são incinerados A abordagem sobre o Meio Ambiente Natural no plano diretor municipal em vigor em espécie de buraco com outros resíduos sólidos, como caixões. O PDDUA de 2000 apresentou, entre seus objetivos gerais, a elação da (CAMPOS, 2014) “qualidade do meio ambiente no território municipal” (art. 2º, II), ao qual corresponde os objetivos específicos de intervenções ambientais macro, de intervenção do município nas “condições naturais do clima e da paisagem para elevar a qualidade ambiental nas suas dimensões de conforto térmico e de proteção ambiental, compreendendo”: “a implantação da agricultura e piscicultura urbana intensivas na periferia da cidade”, “efetivação de um amplo programa de proteção ao meio Foto 28 - Gavetas e local de incineração de ossos. Fonte: CAMPOS, 2014. ambiente que inclui a consolidação e expansão do sistema de lagos para amenizar o microclima da cidade”, “arborização intensiva das ruas, avenidas e outros espaços públicos” e “criação de uma franja de proteção em torno da interface entre a cidade e a represa, para resguardar a qualidade da água e dos solos por meio de áreas arborizadas, praias e instalações públicas de turismo e lazer”; intervenções micro, envolvendo melhoramento ambiental dos bairros, no sistema viário e controle do solo. Para isto o município deveria criar um Sistema Municipal de Gestão Ambiental e a adoção de critérios de qualidade ambiental deveria orientar Foto 249 - Local de descarte de resíduos sólidos não humanos e proximidade dos jazigos ao perímetro do cemitério. Fonte: CAMPOS, 2014. todas as atividades administrativas da gestão municipal (art. 5º). 63 Foram previstas categorias específicas de uso do solo, com objetivo de tecnologias adequadas às características ambientais, econômicas e sociais “proteção ambiental”, envolvendo as modalidades: rigorosa, uso de Paulo Afonso”. recreativo; uso educacional; uso produtivo; agrícola; e pesqueira (art. 35, As ZPA4, seguindo a mesma sistemática de necessária autorização do IV). conselho municipal de meio ambiente, permitem autorização de Ao definir o zoneamento urbano, foram previstas as seguintes zonas de “atividades agrícolas e pesqueiras”. proteção ambiental (art. 42): rigorosa (ZPA1); recreativa (ZPA2); Estas Zonas de Proteção Ambiental são, portanto, bastante restritivas educacional (ZPA3); e produtiva (ZPA4). às intervenções humanas. Afora as ZPA1, não se vislumbra nem mesmo possibilidade de ocupação para fins residenciais9. A ZPA1 não permite atividades que “não a preservação da vegetação e dos recursos hídricos, sendo proibidas quaisquer atividades localizadas à Como pode ser observado no mapa do zoneamento constante do margem destas zonas que possam produzir dejetos ou poluir de qualquer Termo de Referências de Políticas Públicas, parte integrante do PDDUA, outra maneira o meio ambiente”. A ZPA1 contorna o reservatório da Usina grande parte das áreas ocupadas no território Paulo Afonso, urbanas ou PA IV e o reservatório das Usinas PA I, II e III, protegendo o entorno dos próximas à atual zona urbana, são consideradas ZPAs, tornando as “lagos”. ocupações destas localidades irregulares. Nas ZPA2 podem ser autorizadas, a critério do Conselho Municipal de Ocorre que, a ocupação de determinadas áreas encontra-se Meio Ambiente (CMMA), “em regime de concessão pelo Poder Executivo, nitidamente consolidada, à exemplo dos bairros Barroca e Pedra quando previsto livre acesso do público, atividades recreativas, desde que Comprida, previstas como ZPA4, o que torna ineficaz qualquer tentativa de a sua conservação e manutenção fiquem sob a responsabilidade da estabelecer usos exclusivamente agrícolas ou de incentivo à atividade concessionária”. pesqueira nestas áreas. Nas ZPA3, também a critério do CMMA, podem ser autorizadas “atividades educativas e de pesquisa vinculadas com o desenvolvimento de 9 O PDDUA, porém, permite que as zonas sejam alteradas mediante aprovação do Conselho de Desenvolvimento. 64 realizada, para que o planejamento e a cidade não sejam coisas diacrônicas. 6.7. Arborização urbana As árvores podem contribuir sobremaneira com a qualidade de vida urbana, sendo esta uma percepção comum dos moradores das cidades, principalmente no tocante ao benefício climático do sombreamento. As diferenças de temperatura nas áreas sombreadas por árvores, ou não, é significativa. Uma área concretada pode ter redução de 10°, quando abaixo de uma árvore e área com gramíneas uma diferença de 13°. A arborização possibilita a criação de um microclima em seu entorno com um conforto térmico que ameniza os efeitos da urbanização nas cidades. Não é por outro motivo que as áreas sombreadas são disputadas para estacionamento de veículo e repouso de pessoas. Mapa 12- Zoneamento ambiental do plano diretor municipal em vigor. 2000. Foto 30 - carros disputam sombra na Rua General Dutra. Fonte: Google StreetView A alteração do PDDUA deverá adequar o zoneamento à cidade existente, prevendo regras que possam transplantar o papel e se tornar 65 Mas não é só através das sombras que as árvores impactam sintomas de hiperatividade e déficit de atenção; o impacto de positivamente. Pode-se destacar : a) Absorção da poluição atmosférica, embelezamento na paisagem traz bem-estar. Entre os benefícios neutralizando os seus efeitos na população; b) Proteção, redução e econômicos são listados a valorização imobiliária das propriedades que direcionamento dos ventos; c) Amortecimento dos ruídos e diminuição da possuem vegetação e possibilitam a geração de empregos diretos e poluição sonora; d) Reduz o impacto da água da chuva e seus indiretos. Nas palavras da autora Sucomine (2009): escorrimentos superficiais, evitando assim a erosão e o assoreamento do Árvores estrategicamente colocadas no meio urbano afetam o consumo de energia elétrica em residências por meio da interceptação da radiação solar incidente. Elas contribuem significativamente para o resfriamento das cidade e para economia de energia, refletindo em redução com gastos com eletricidade. Em Sacramento, Califórnia, por exemplo, os resultados indicam que as árvores plantadas são responsáveis por uma economia de energia elétrica de aproximadamente 157 GWH, que equivale a 18,5 milhões de dólares por ano [...] solo; e) Auxílio na diminuição da temperatura, uma vez que absorvem os raios solares e refrescam o ambiente devido à grande quantidade de água transpirada pelas folhas; f) melhorando a umidade relativa do ar; g) Proporciona abrigo e alimentação para a fauna urbana (EMBU DAS ARTES, 2011); h) depuração bacteriana no ar; i) absorção de gases tóxicos (SUCOMINE, 2009). Além disso, existem impactos sociais, psicológicos e econômicos da arborização urbana. Sucomine (2009) nos lista: beneficiam o lazer, [...] o cálculo dos benefícios da vegetação foi baseado na economia obtida com eletricidade (KWh); na quantidade de CO₂ e NO₂ e material particulado retirados da atmosfera (kg/árvore); no volume de água reduzido do escoamento superficial (m³/árvore); e em alguns parâmetros qualitativos do indivíduo. Os resultados comprovaram que, apenas com essas variáveis, os benefícios que a vegetação promove na cidade (US$, 1,7 milhões) superam os custos do programa em si (US$499 mil), pois a cada dólar aplicado na arborização, obtiveram um “lucro” de US$ 3,78. (p. 24). diversão, sendo fator importante da salubridade mental. Pesquisas demonstram aumento produtivo em áreas arborizadas; aumento do consumo em estabelecimentos que mantém vegetação, em detrimento de outros que não o tem; diminuição de violência doméstica e melhoria dos laços entre vizinhos; redução do nível de stress, agressividade e irritabilidade; diminuição do tempo de recuperação de doentes em hospitais; em crianças o contato com árvores pode melhorar o desempenho escolar, desenvolver atividades cognitivas e a agir sob 66 No caso de Paulo Afonso, o Município não possui plano de arborização, A Algaroba é uma espécie também exótica, oriunda do Peru, definição de espécimes a serem introduzidas ou regras para plantio. introduzida no sertão brasileiro na década de 1940. Se alastrou Predominam, na arborização urbana do Município de Paulo Afonso, rapidamente, uma vez que demanda baixa disponibilidade hídrica, se espécies exóticas, em especial o fícus, Ficus benjamina e a Algaroba, desenvolve em solos com pouca fertilidade e mantém cobertura verde, Prosopis juliflora. O Código de Obras, apenas estipula um índice de mesmo em período de estiagem. Por se alastrar facilmente na região e não arborização, para as zonas da cidade; definidos em uma árvore a cada possuir inimigos naturais, hoje é considerada um problema para a 50m² nas ZR1, ZR2, ZR3, ZCR, NU, ZC1 e ZC2, e uma árvore a cada 100m² caatinga, ameaçando a biodiversidade local. Um problema, em especial, nas zonas ZC3, ZAI e ZSR. tem se destacado nos últimos anos pelo meio urbano pauloafonsino. Por O Ficus Benjamina, como uma espécie de fácil adaptação em diferentes possuir raízes rasas e atingir altura média de 8m, as algarobas não resistem climas e circunstâncias, é uma planta que se popularizou em grande parte a ventos fortes e comumente caem pelas ruas da cidade, ocasionando das cidades brasileiras. O Fícus é uma árvore de características danos ao patrimônio público e particular, bem como à rede de ornamentais por existir facilidade em sua poda. infraestrutura10, além de colocar em risco a vida de seus habitantes. No entanto, o Ficus é uma espécie que, quando plantada fora de vasos que a limitem, ou seja, diretamente no solo, ela pode chegar a 30 metros de altura. Neste processo de crescimento, mesmo com poda constante, suas raízes podem provocar grandes prejuízos, já que são agressivas e destroem encanamentos, galerias pluviais, de esgoto, fiações enterradas, fundações e o que mais houver pela frente. Muitos moradores plantam fícus em frente às suas residências, mas ela predomina em regiões com projetos paisagísticos promovidos pelo poder público municipal. Entre as 10 No dia 29 de fevereiro de 2016 uma algaroba tombou na Rua dos Grararapes, sob um poste de luz, o que ocasionou queda na distribuição de energia de boa parte da ilha por diversas horas. Situações como esta são comuns na cidade. vantagens desta espécie, estão o crescimento rápido e o razoável sombreamento. 67 Foto 31 – (esquerda) Algaroba cai sobre estrutura de lazer no campus da UNEB. Fonte: Vivenda Consultoria. (direita) Algaroba tomba sobre casa na rua da Harmonia. Fonte: Ozildo Alves, 2013. Outra espécime marcante na paisagem pauloafonsina é a Caraibeira, Tabebuia caraíba, árvore de porte médio, que atinge de 12 a 20m de Foto 32- Área arborizada, próxima à Praça da mangueira. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. altura, sendo típica da caatinga e cerrado. No período de estiagem, a Pela sua beleza e por fazer parte da identidade do povo pauloafonsino caraibeira perde suas folhas e floresce, criando uma grande coroa amarela com sua cidade, as Caraibeiras foram consideradas patrimônio municipal e um tapete da mesma cor pelo chão. De beleza singular, as caraibeiras pelo Código Ambiental do Município. Ao definir esta espécime como foram plantadas pela CHESF nos bairros construídos para seus patrimônio, o Município não está incorporando-a ao patrimônio público, funcionários, mas também estão localizadas em outros pontos da cidade. mas reconhecendo que relação subjetiva existente entre os munícipes e a planta, bem como assumindo o compromisso legal de adotar medidas para sua proteção. Destarte, tal previsão legal, algumas caraibeiras têm sido cortadas sem que ao menos haja sua substituição. Outra característica acerca da arborização urbana de Paulo Afonso refere-se à distribuição espacial das árvores. O quadro abaixo relaciona a dimensão linear de algumas ruas e o número de árvores contidas neste 68 espaço. Neste levantamento, realizado em campo (com auxílio de imagens Foram verificadas três ruas nos bairros BTN, Centro e General Dutra, de satélite) pela equipe em três distintos bairros da cidade, foi possível tendo sido constatado que no BTN há a menor média de árvores, sendo perceber que não só o planejamento do desenho urbano influencia na 2,8 a cada 100 m; já o Centro possui uma média de 4,7 árvores a cada 100 proporção da arborização urbana de Paulo Afonso, mas também a m, nas ruas pesquisadas, representando um aumento de 67,8% em relação segmentação social reflete esta proporção. ao BTN. O bairro General Dutra, antigo bairro residencial de engenheiros da CHESF, possui uma média significativamente maior que os demais Tabela 6 - Levantamento de arborização em algumas vias feitas em campo pela Equipe Vivenda. Via Tamanho bairros pesquisados, com 18,3 árvores a cada 100 m, o que representa Quantidade de árvores 553,6% a mais que o BTN e 289,4% em relação ao Centro. BAIRRO BTN R. 13 de maio R. Juscelino Kubitscheck R. Delmiro Gouveia11 GENERAL DUTRA Av. Centenário Av. Marcondes Ferraz12 Rua da Alvorada CENTRO R Padre João Evangelista Rua Manoel Novaes General Dutra 1,0 km 750m 1,5 km 3250 m 57 32 56 93 2,8 árvores/100 m Nesta pesquisa, pode ser constatado também que o bairro General Dutra, além do significativo número de árvores que possui em suas vias, apresenta grande diversidade de espécies, enquanto que nas ruas do Centro e BTN há uma nítida hegemonia de fícus. Isto traz impactos 300 m 450 m 360 m 1110 m 39 95 69 203 18,3 Árvores/100 m positivos na paisagem e ambiência do bairro, destacando-o dos demais. 700 m 800 m 800 m 2300 m 39 39 30 108 4,7 árvores/100 m Fonte: Elaboração Equipe Vivenda. 11 Das 56 árvores, 41 estão em projeto paisagístico no canteiro central da via. 12 Trecho com residências, do Clube Paulo Afonso ao Instituto Federal da Bahia. Foto 33 - Árvores no bairro General Dutra. Fonte: Bruno Heim/Vivenda (2016) 69 Sendo uma cidade com temperaturas médias mensais acima de 27°no - Unidades de conservação que venham a ser criadas pelo Município; verão, atingindo marcas de 40°durante o dia neste período, recomenda-se - O sistemas de lagos e suas margens, até 15 m (quinze metros) do a elaboração de um plano de arborização urbana, bem como a eliminação nível mais alto. de todas as algarobas em áreas urbanas, cuja substituição deve ser progressiva, em um horizonte definido de aproximadamente 5 anos. Uma sugestão de ação de arborização está no modelo do “projeto plante vida”, do município de Blumenau, que através da lei municipal Nº 7222, de 13 de fevereiro de 2008, incentiva o plantio de árvores através da doação de mudas de árvores da flora local e de parcerias com órgãos públicos e privados para distribuição. 6.8. Outros Protegidos Espaços Territoriais Especialmente O Código de Meio Ambiente de Paulo Afonso considera espaços territoriais especialmente protegidos: - As Zonas de Proteção Ambiental (ZPA), assim definidas no zoneamento urbano do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental; - As áreas verdes de loteamentos; 70 disso, possui atrativos culturais e históricos, que fazem do município um 7. TURISMO cenário complexo de beleza singular. O Rio São Francisco é, sem dúvida, a principal razão de ser do turismo O Turismo é uma atividade econômica que traz possibilidades e em Paulo Afonso. Os passeios de catamarã e a prática de esportes náuticos alternativas de desenvolvimento para muitas localidades, em especial para e de aventura ao longo das águas tranquilas do cânion atraem turistas de municípios interioranos, ainda pouco explorados que apresentam todos os lugares do Brasil e do mundo. potencial para se desenvolver através da perspectiva do Turismo. A casa na qual nasceu Maria Bonita e alguns dos esconderijos do bando A OMT (Organização Mundial de Turismo - ONU) prevê que o turismo de Lampião podem ser citados como importantes locais de visitação. O deve se tornar a principal fonte geradora de riqueza do século XXI, já complexo hidrelétrico da CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco, sendo considerada, desde dezembro de 1999, como a maior atividade responsável pelo desenvolvimento da cidade e a única reserva de caatinga econômica do mundo, tendo superado a indústria bélica e automotiva. do mundo, o Raso da Catarina, contribuem para agregar valor às visitas a Este tópico foi elaborado com base no plano de turismo de Paulo Paulo Afonso. Afonso. Cabe destacar que o planejamento deste setor é de extrema O fato de fazer divisa com outros municípios que também possuem importância para municípios como Paulo Afonso, que possuem atrativos grande potencial turístico aumenta o número de turistas recebidos a cada turísticos que demandam uma infraestrutura adequada da cidade para ano. receber seus visitantes. No entanto, é imprescindível que este plano setorial tenha como objetivo central o bem estar da população de Paulo O munícipio possui culinária típica, mantém tradições culturais Afonso e o incentivo à ampliação da renda e a equilibrada distribuição evidentes, incentiva grupos artísticos de manifestação popular tradicional entre seus moradores. Destaca-se ainda que, a proteção ao meio ambiente e possui atividade artesanal típica comercializada em esfera nacional, ou deva ser primordial frente às ações empreendedoras do turismo local. seja, dispõe de um conjunto de produções culturais associadas ao turismo que podem gerar fluxo de visitantes para a região. O município de Paulo Afonso ostenta belezas naturais e apresenta grande potencial para a prática e o desenvolvimento do Turismo. Além 71 Registra-se ainda a existência de sítio arqueológico tombado pelo Apesar do crescimento deste setor no município, Paulo Afonso ainda IPHAN e o Monumento Natural do Rio São Francisco – MONA, gerido e não possui um zoneamento turístico definido e leis específicas que versem monitorado sobre o turismo no município, além disso, a cidade ainda não faz parte de pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO, Órgão ambiental do Governo Federal. associações ou consórcios de circuitos turísticos. O plano setorial de Turismo apresenta como objetivos a elevação do No tocante às tendências, características e oportunidades listadas pelo turismo à 1ª economia do município Paulo Afonso, a promoção de sítios de plano setorial, é possível destacar: vocação turística do município, a promoção do intercâmbio cultural e Tabela 7 - Destaques das propostas do Plano Setorial de Turismo. econômico, a conservação e promoção do uso sustentável dos recursos Tendência Econômicas naturais, históricos, culturais e cênicos disponíveis, o gerenciamento da demanda e da oferta de bens e serviços turísticos do município e a criação e proteção da marca e da identidade do destino turístico – Paulo AfonsoBA. Apesar de a concorrência entre cidades ser uma característica comum Culturais aos planos setoriais desenvolvidos nos últimos anos o Brasil, é importante destacar que nos diversos setores, inclusive no turismo, a Ambientais complementariedade e cooperação entre municípios são pontos fundamentais para a efetivação de políticas públicas. O plano diretor deve destacar neste sentido a importância dos Consórcios Regionais como Sociais instrumento de fortalecimento da economia e geração de renda através do turismo nas cidades. 72 Característica Oportunidade Facilidade de compra acessibilidade. Preços mais acessíveis que concorrentes internacionais / devido à desvalorização da moeda nacional, frente ao dólar. Redução de impostos para incentivar a implantação de empreendimentos turísticos. Maior interesse por pequenas comunidades. Valorização de costumes locais autênticos. Crescente consciência ecológica. Preocupação com a responsabilidade ambiental das empresas e da qualidade ambiental dos empreendimentos. Atração de públicos específicos por alternativas e acessibilidade disponibilizada. Direcionamento do fluxo regional, estadual e nacional que não consumirá o destino internacional. Atração de empreendimentos ancora que valorizam e promovem o destino turístico. Turismo cultural e histórico Criação e formação de grupos culturais Resgate e valorização cultural Turismo Ecológico, Ecoturismo, Turismo Rural e Turismo de Aventura. Qualidade ambiental em processos produtivos e de prestação de serviços. Cobrança de taxas ambientais e sociais que firmam-se como benefícios ao desenvolvimento local. Segmentação do mercado e proporcionalização de vivência Maior interesse e respeito pela condição humana e o meio ambiente. Necessidade de contato com a natureza. Preocupação com a qualidade de As ações do governo municipal como um todo, devem basear-se em vida das comunidades receptoras e humana saudável e agradável. pessoais. Respaldo para parcerias e cobranças por investimentos em infraestrutura básica local. Política Imagem institucional positiva para Promoção política institucional, de quem protege e respeita seus alcance nacional e internacional. recursos naturais, culturais, históricos e cênicos. Fonte: Elaboração Equipe Vivenda com dados do Plano Setorial de Turismo. pressupostos para o desenvolvimento sustentável, que resultem em: consciência cidadã e ambiental, formação humana e profissional, desenvolvimento social e econômico e preservação de valores e culturas locais. Sendo o turismo a atividade econômica em maior desenvolvimento no mundo, com os maiores índices de geração de emprego e renda e de Quanto às funções da gestão pública para o turismo, é importante indiscutível efeito multiplicador, não pode ser conduzido de forma mencionar que cabe à gestão municipal, definir as políticas e os objetivos amadora. Deve haver um planejamento claro e de reais possibilidades, que vão direcionar o desenvolvimento do turismo local, de forma a onde ações de execução imediata se combinem a ações de médio e longo democratizar o acesso ao mercado e valorizar o produto existente, não prazo para viabilizar o desenvolvimento e a consolidação do município no permitindo a depreciação dos recursos e equipamentos instalados. mercado turístico nacional e internacional. São, portanto, funções da gestão pública municipal: disponibilizar O Poder Público Municipal tem empreendido esforços para captação informação turística - banco de dados, fomentar a atividade turística no de recursos para o setor, como pode ser observado na relação de município, formatar e estruturar o produto turístico, capacitar mão-de- contratos firmados entre o município e o governo federal para obra para o Turismo e promover marketing do destino turístico. intervenções na área de turismo e esporte. O setor de esporte possui grande proximidade com o setor turístico por haver um grande fluxo de O papel do setor público é estabelecer a agenda do turismo, gerenciar a sua direção e proteger a imagem do país ou município, a melhoria do nível de recursos do turismo e a qualidade de vida da população/comunidade anfitriã, como também a experiência do turista. (Stephen Wanhill, O papel dos setores públicos e privados, 1998). visitantes com interesse nos esportes radicais que são praticados na região. 73 A infraestrutura turística do Município de Paulo Afonso é formada por 04 hotéis, cerca de 08 pousadas, diversos bares, restaurantes, lanchonetes, pizzarias, empresas de turismo, dentre outros. Para profissionalizar o turismo e consolidá-lo como fonte de riquezas, é necessário fomentar a atividade junto a hotéis, pousadas, agências de viagem, operadoras, companhias aéreas, transportadoras rodoviárias, locadoras de veículos e equipamentos turísticos, bares, restaurantes, promotores de eventos, comunidade receptora, escolas, profissionais das diversas áreas e outras empresas que atuam em torno da atividade turística. Neste sentido, o poder público deve estar atento para que as empresas assumam a responsabilidade para com o bem estar coletivo, Foto 34 - Sinalização Turística na região central da cidade. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. agindo de forma sustentável no âmbito social e ambiental. A Secretaria Municipal de Turismo, como órgão oficial de turismo no município, responsabiliza-se pela gestão da atividade e direciona seu Do ponto de vista de investimentos, a tabela abaixo aponta os planejamento através de funções específicas que permitem, não só um investimentos dos últimos 11 anos a partir da captação de recursos junto ordenamento das atividades a serem executadas, como também um ao governo federal, tendo sido concluídas obras de pavimentação na mecanismo de controle para o trade turístico e a comunidade local. ordem de mais de R$ 1 milhão, estando contratadas para futura execução, Os principais eventos e atrações Turísticas são: Copa-Vela, Encontro de obras na ordem de cerca de R$ 5 milhões. Moto Clubes, Complexo Hidroelétrico CHESF, as Cachoeiras, a prática de esportes de aventura como tirolesa, trilhas, visita a Serra do Umbuzeiro, Passeio de Catamarã pelo Rio São Francisco, Ponte D. Pedro II , casa de 74 Maria Bonita, Estação Ecológica Raso da Catarina, Igreja São Francisco e - Pinturas Rupestres (Povoado Malhada Grande) Catedral Nossa Senhora de Fátima, Monumento O Touro e a Sucuri, - Raso da Catarina Amazonas e o Cavalo, Obelisco, Parque Belvedere, Praça das Mangueiras, - Ponte D. Pedro II Museu a Céu Aberto com Pinturas Rupestres Povoado Rio do Sal, Centro de Artesanato, Praças do Centro Comercial com bares com músicas ao - Igreja São Francisco de Assis vivo, Cânions do São Francisco, Vista da Usina Angiquinho , Ilha do Urubu, - Catedral de Nossa Senhora de Fátima Balneário Prainha, Sistema de Lagos. 7.1. - Igreja de São Lourenço Principais eventos e atrações turísticas - Monumento ao Trabalhador São destacados aqui alguns pontos da cidade que já foram - O Obelisco caracterizados como patrimônio local. Neste sentido, é importante - O Touro e a Sucuri destacar que estes dois setores devem se manter em diálogo constante para que suas ações sejam coordenadas, visto que há muitos pontos de - A Amazona e o Cavalo convergência entre suas políticas. - Monumento do Primeiro Decênio da CHESF Os principais eventos e atrações turísticas do município são elencados - Cânions do Rio São Francisco abaixo: - Lago do Capuxu - Copa Vela e Encontro de Moto Clubes - Complexo Hidroelétrico da CHESF - Cachoeiras - Serra do Umbuzeiro (Povoado Riacho) - Passeios de Catamarã no cânion do São Francisco 75 Recursos Hídricos e participação na receita gerada pelas Usinas 8. A COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO Hidrelétricas. Após a formação do lago da barragem de Paulo Afonso IV, A CHESF tem uma importância indiscutível para cidade de Paulo transformando a parte central da cidade em uma ilha, a CHESF construiu Afonso, seja na economia, na memória, na cultura e até nos valores da uma ponte rodoviária para o acesso de toda a população da região, que sociedade local. converge para o centro da cidade, local principal do comércio e de serviços Paulo Afonso tem uma geografia específica, diferente das cidades do município. brasileiras, e mais diferente ainda das cidades do sertão nordestino. Se por É visível que ao longo dos anos, alguns bairros, a exemplo do BTN, já um lado a presença constante da água a torna agradável e aprazível, com começam a se tornar autossuficientes, com um comércio local bem um sistema de lagos que corta a cidade, além do canal do Lago de PA IV, estruturado e alguns serviços começam a aparecer. Ocorre que, o modelo por outro lado, para a administração municipal sua separação geográfica precisa ser reprisado nas demais áreas da cidade. em três porções distintas resulta em maior despesa no custeio, na manutenção, nos investimentos em infraestrutura básica, além da O fluxo diário de acesso à ilha transforma a ponte em um gargalo, com necessidade de um maior número de equipamentos públicos de saúde, congestionamento em horários de pico, pois por lá passam veículos de educação e lazer para atender ao cidadão com a menor distância até a sua tração animal, motos, carros e pedestres. residência. O PDDUA de 2000 aponta como objetivo estratégico a necessidade de Na década de 70, parte de Paulo Afonso tornou-se uma grande Ilha uma nova ponte, e só recentemente, no ano de 2016, foi licitado, pelo artificial para possibilitar a implantação do complexo hidrelétrico de Paulo Governo do Estado da Bahia, o Projeto Executivo, que ligará a Pedra Afonso IV e, desta forma, ampliar o parque energético da CHESF em Comprida no dique do fusível até o Bairro Centenário. A nova ponte surgirá atendimento à demanda crescente por energia elétrica no Nordeste, o que como um novo vetor de expansão urbana, e ocorre em um momento resultou na Receita do CFRH Royalties - Compensação Financeira de oportuno de revisão do PDDUA, visto que parte da sua alça estará implantada em uma área considerada rural pela Lei de 2000. 76 A construção de uma nova ponte ultrapassa a condição orçamentária cultural do município. É importante que todas as discussões, debates, e financeira municipal, daí a necessidade de que a execução conte com reuniões, ocorram dentro dessa perspectiva, buscando soluções que recursos estaduais e/ou federais. atendam as demandas e as atividades inerentes a cada ente envolvido, CHESF, Prefeitura Municipal de Paulo Afonso e População local. O canal do Lago de PA IV transformou a borda da ilha, na proximidade da ponte, em diques, em áreas de segurança e estrada de serviço da A atuação da CHESF ocorre em Paulo Afonso, desde a manutenção do CHESF. principal Hospital da região, inclusive atendendo a população dos três Essa área está sob a responsabilidade da CHESF, uma área de estados vizinhos, como a cessão de suas áreas a instituições que aqui se segurança dentro de uma cidade que se consolidou, é um desafio instalam, com Justiça Federal, OAB, CREA, UNIVASF, UNEB, IFBA, Corpo de constante para a CHESF e para a administração municipal controlar os usos Bombeiros, ICMBIO, entre outros. e acessos da população a essas áreas. Muitas das áreas utilizadas pela população são de propriedade da A CHESF está submetida à fiscalização da ANEEL – Agência Nacional de CHESF, cedidas ao município de Paulo Afonso, como o Centro de Cultura Energia Elétrica, que exige que o acesso na margem do canal seja de uso Lindinalva Cabral, o Núcleo de atendimento ao Turista, alguns galpões nas exclusivo da CHESF, solicitando que a CHESF construa muros ou barreiras proximidades da Igreja São Francisco, os clubes de Futebol, ou babas para impedir o acesso da população ao canal e resguardar os diques, e popularmente conhecidos. nesse ponto entra a atuação do poder público municipal, entendendo a A visita ao Complexo Hidroelétrico da CHESF é um dos grandes necessidade do monitoramento constate dos diques para que se atrativos do município, com seus belvederes, parques, lagos e jardins, com mantenha a segurança da população pauloafonsina, além de preservar e o bondinho, e todo o tratamento urbanístico e paisagístico que envolve as garantir a função de geração de energia elétrica da CHESF, mas em usinas. contrapartida, permitindo que as ações de segurança da CHESF possam A Prefeitura Municipal de Paulo Afonso tem buscado desenvolver o acontecer, mas sem que essas impactem de forma negativa no potencial turismo de forma sustentável, com ações que sejam socialmente justas, turístico da cidade de Paulo Afonso e na redução da qualidade de vida dos economicamente viáveis e ecologicamente corretas, solicitando o apoio e que aqui moram, além de proteger o patrimônio ambiental, paisagístico e 77 a interferência da CHESF para que algumas ações resultem em um turismo crescente, e mais e mais visitantes venham a Paulo Afonso, e consequentemente, gerem empregos e renda. 8.1. Caracterização reservatórios e localização das usinas e As Usinas Paulo Afonso I, II e III integram o complexo Paulo Afonso e são construídas praticamente no mesmo local, com um único represamento. Segundo a Companhia Hidroelétrica do São Francisco: As Usinas Paulo Afonso I, Paulo Afonso II e Paulo Afonso III estão em um mesmo represamento, constituído de uma barragem do tipo gravidade em concreto armado, com altura máxima de 20 m e comprimento total da crista de 4.707m, associado às estruturas de concreto tais como: 01 (um) vertedouro do tipo Krieger, com descarga livre; 04 (quatro) vertedouros de superfície, com comportas vagão; 01 descarregador de fundo; 2 drenos de areia; tomada d'água e casa de força subterrâneas, escavada em rocha sólida, com profundidade aproximada de 80 m15. Foto 35 - Reservatórios. Fonte: GoogleMaps (adaptada). Estas usinas recebem águas turbinadas pela Usina Apolônio Sales, reservatório Moxotó, também integrante do Complexo Paulo Afonso, porém localizada no município de Delmiro Gouveia - AL. O reservatório Moxotó fornece águas também para o acionamento da Usina PA IV, enchente o “canal da PA IV” e seu reservatório. 15 Disponível em: < http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/sistem a_chesf_geracao/conteiner_geracao?p_name=8A2EEABD3BFFD002E0430A803301D002>. Acesso em: Acesso em: 23 jan. 2016. A Usina PA IV tem o maior aproveitamento energético entre as 5 usinas do complexo. Sobre esta usina: 78 O represamento de Paulo Afonso IV é constituído de barragens e diques de seção mista terraenrocamento num comprimento total de 7.430 m e altura máxima de 35,00 m; estruturas de concreto num comprimento total de 1.053,50m compreendendo: vertedouro com 8 comportas tipo de crista/controlado, com capacidade de descarga de 10.000 m3/s, tomada d'água, casa de máquinas do tipo subterrânea com 6 unidades geradoras cada uma, com capacidade nominal de 410.400 kW, totalizando 2.462.400 kW. A energia gerada é transmitida por uma subestação elevadora, com 18 transformadores monofásicos de 150 MVA cada um, que elevam a tensão de 18 kV para 500 kV.16 Foto 36 - Usinas de Paulo Afonso. Fonte: GoogleMaps (adaptada) 8.2. Segurança de Barragens As barragens, por serem estruturas de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou líquidas e sólidas, são potencialmente danosas e demandam constante monitoramento, fiscalização e atuação preventiva 16 Disponível em: <http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/sistema_c hesf_geracao/conteiner_geracao?p_name=8A2EEABD3BF8D002E0430A803301D002>. Acesso em: Acesso em: 23 jan. 2016. do poder público. 79 Neste sentido, o Brasil elaborou a Lei n. 12.334/10, que estabelece a 9. CARACTERIZAÇÃO URBANA E ARQUITETÔNICA Política Nacional de Segurança de Barragens e entre outros instrumentos desta política, deverá conter, entre outros, a “indicação da área do A sede de Paulo Afonso possui três núcleos principais: a entorno das instalações e seus respectivos acessos, a serem resguardados Ilha, resultante da construção da usina PA-IV e do canal que alimenta seu de quaisquer usos ou ocupações permanentes, exceto aqueles reservatório, onde se localiza o antigo acampamento CHESF que hoje é indispensáveis à manutenção e à operação da barragem” (art. 8º, VI). formado por um conjunto de bairros (General Dutra, Oliveira Lopes, Alves Assim, o Plano Diretor deverá entrar em harmonia com os preceitos de Souza, Fazenda CHESF, Vila Operária e Vila Nobre), a antiga Vila Poty, determinados em Lei para que CHESF possa garantir a segurança de hoje composta pelos Bairros Centro, Perpétuo do Socorro e Nossa Senhora barragens, uma vez que a intervenção humana desordenada pode de Fátima e onde se encontra o centro comercial e administrativo da prejudicar, por exemplo, as ações de monitoramento das estruturas que cidade, e alguns bairros, um pouco mais dispersos, como o Bairro circundam a cidade. Centenário, Sal Torrado , Abel Barbosa, Caminho dos Lagos, Loteamento Sendo assim, as áreas de segurança de barragens e seus respectivos Tropical, Conjunto Habitacional BNH e Bairro Panorama. A PORÇÃO SUL acessos devem ser respeitados, conforme determina a Lei 12.334/2010, conhecida como Tancredo Neves (BTN) que se localiza do lado oposto à para que sejam incluídas no instrumento de política urbana como áreas de barragem de PAIV é formada pelos bairros BTN I, II e III, Bairro Cardeal restrições ao uso e ocupações permanentes, exceto àqueles indispensáveis Brandão Vilela, Bairro Santa Inês, Rodoviário e o DNER. Esta é a região à manutenção e à operação, em prol da segurança da barragem e da mais populosa da cidade. E por último, a A PORÇÃO NOROESTE - terceiro coletividade. núcleo que se desenvolve no entorno do Aeroporto e em direção ao Município vizinho de Glória. Esta região é formada pelos bairros: Clériston Andrade, Siriemas I, II e III ,Jardim Bahia, Jardim Aeroporto, Bairro Prainha, e de outros mais dispersos, como Oliveira Brito, Pedra Comprida, Vila Moxotó e Barroca. 80 Segundo o PDDUA (2000): desafios da administração. O uso destas técnicas, sem o devido acabamento, pode facilitar a proliferação de vetores de transmissão de O Acampamento CHESF é caracterizado por casa com gabarito de um pavimento, construídas com material durável de boa qualidade, com bom acabamento, dotadas de infraestrutura e serviços, até o momento com administração da própria companhia, inseridas em áreas arborizadas e equipadas com várias estruturas de lazer. doenças, como é o caso do barbeiro (doença de chagas). Há ainda outras situações de risco, com maior concentração ao longo das torres de alta tensão da Chesf e às margens dos lagos e do muro da barragem, com um grande número de ocupações informais, tanto de habitações precárias, como de alto padrão construtivo. A Vila Moxotó localiza-se fora da ilha, foi construída para abrigar funcionários das empreiteiras e ao longo dos anos degradou-se bastante. No Conjunto Habitacional BNH há habitações de um pavimento que obedecem aos padrões mínimos das casas populares financiadas pelo banco. O conjunto habitacional de casas no BTN foi construído pela URBIS nos anos 80. No item que se segue, foi desenvolvida uma caracterização dos bairros consolidados de Paulo Afonso, que busca atualizar a leitura elaborada pelo plano diretor de 2000, que ainda se encontra em vigor, e pela proposta de plano desenvolvida em 2006 que não foi aprovada pela Câmara Municipal de Vereadores. São apresentados aspectos do zoneamento, ordenamento e uso do Ao longo da Avenida Apolônio Sales e no Bairro Beira Rio encontram-se as habitações com melhor qualidade da cidade. solo propostos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental aprovado em 2000. Para compreensão da classificação deste A maior parte dos bairros que surgiu de maneira espontânea possui zoneamento, destacam-se alguns artigos definidos pela referida lei: ambiência agradável e apresenta potencial para melhorias urbanas. Há exceções de bairros que possuem vielas mais estreitas e necessitam de (...) Art. 38 - As Zonas Residenciais (ZR) caracterizam-se pela predominância de moradias. maior atenção no sentido de prover todas as moradias de infraestrutura básica. § 1.º - Embora a moradia seja a atividade principal das Zonas Residenciais, outras atividades serão permitidas quando complementares de atividades habitacionais, incluindo oficinas artesanais, lojas Em muitas das ocupações espontâneas recentes, as condições higiênico-sanitárias são precárias, sendo esta demanda um dos maiores 81 de comércio varejista, serviços pessoais, agências bancárias, ou outras atividades de acordo com a aprovação da Secretaria de Meio Ambiente, juntamente com o Conselho ou entidade associativa de cada bairro. (...) § 1.º - São consideradas Zonas Especiais (ZE) as áreas onde se situam as usinas hidroelétricas, o aeroporto e as instalações militares. (...) 9.1. Art. 40 - As Zonas Industriais (ZI) caracterizam-se pela presença de atividades que requeiram tráfico constante de veículos pesados, e que produzem emissões atmosféricas, ruídos e efluentes industriais. (...) Características construtivas e de uso e ocupação da sede municipal17 Região do Bairro Alves de Souza Este bairro se insere na Zona Residencial I do zoneamento urbano estabelecido pelo plano diretor de 2000. O Alves de Souza é habitado por Art. 41 - As Zonas de Comércio e Serviços Centrais (ZCS) são caracterizadas pela predominância de atividades como comércio por atacado, escritórios profissionais, sedes de empresas privadas, administração pública, hotéis, restaurantes, bancos, agências de turismo, serviços especializados, mercados, podendo admitir atividades habitacionais. (...) uma comunidade de classe média, com nível de renda variado, formado por funcionários ativos e aposentados da CHESF. O padrão espacial de urbanização corresponde ao tipo formal aberto, com grande diversidade nos tamanhos dos lotes e no padrão construtivo, programado e construído para alojar empregados da empresa. Apresenta baixa densidade de ocupação, com tamanho médio de lote acima de 500 m2 e alto índice de Art. 42 - As Zonas de Proteção Ambiental dividemse em: Zonas de Proteção Ambiental rigorosa (ZPA1); Zonas de Proteção Ambiental recreativa (ZPA2); Zonas de Proteção Ambiental educacional (ZPA3); Zonas de Proteção Ambiental produtiva (ZPA4); (...) construção. É bem servido de infraestrutura (água, esgotamento sanitário) com ruas de 10 metros de largura, bem arborizadas e pavimentadas com asfalto. Nesta área existem várias edificações ocupadas por instituições, notadamente dois núcleos da Universidade do Estado da Bahia, escola primária e clube social. Recentemente foram instaladas unidades Art. 43 - As Zonas Especiais (ZE) caracterizam-se pela predominância de atividades de caráter público vinculadas com os governos local, estadual e federal, assim como atividades do setor privado de peculiar interesse público. comerciais variadas, como padaria, livraria, salas para profissionais autônomos e pequenas empresas, posto de combustível e pequenos 17 82 Atualização do termo de referências de políticas urbanas. comércios. Estes novos equipamentos contribuem com a modificação do adensamento do bairro, visto que esta área já era naquele momento bem perfil de determinadas vias, como a “Rua D”, que assume cada vez mais servida de infraestrutura e serviços. caráter comercial, o que resulta em usos do solo e frequência de trânsito No entanto, destacam-se duas questões com efetividade pendente: conflitante com o caráter residencial original da área. O adensamento - Preservar as praças, áreas verdes e áreas non ædificandi existentes sofrido nos últimos anos tem acontecido via verticalização dos lotes. Os conforme decreto da CHESF, que constituiu o bairro. casos de desmembramento são raros e pontuais. Uma das principais - A existência neste bairro de numerosas instituições públicas e transformações ocorridas no bairro refere-se ao crescente corte de privadas faz aconselhar tratamento especial da rede viária, privilegiando a árvores. rua da Gangorra, que deverá ser tratada como via de penetração, com estacionamento restrito. Tabela 8 - Ordenamento para o Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA ZR1 Foto 38 - Ambiência bairro Alves de Souza. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015. LOCALI ZAÇÃO ALVES DE SOUZA USOS PERMITIDOS IU IP UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 450 12 4 1,5 2,5 3 PAV 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV * INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO MISTO LOTE MÍNIMO IO 0,8 0,2 0,4 RECUO MÍNIMO (m) GABA AREA TEST. FRENTE LAT. FUNDO RITO (m2) MÍN.(m) * Ver restrições no plano diretor 2000. Fonte: Caires de Brito, 1999. Dentre as propostas apontadas pelo plano diretor de 2000, é possível identificar a concretização da proposta que se refere ao incentivo ao 83 Região dos Bairros General Dutra / Oliveira Lopes O bairro não sofreu praticamente nenhum desmembramento e pouca verticalização. Estes bairros também se inserem na Zona Residencial I do zoneamento urbano estabelecido pelo plano diretor de 2000. Desde a aprovação do plano diretor de 2000 o bairro manteve a qualidade de sua ambiência. Estas áreas têm suas comunidades formadas por antigos funcionários executivos e técnicos de alto nível da CHESF, o que configura condições sociais e econômicas de classe média alta. O padrão espacial de urbanização é formalmente mais aberto que qualquer outro em Paulo Afonso, com uma das menores densidades de ocupação. Tamanho do lote médio é o maior da cidade e com edificação média de. o bairro dispõe de infraestrutura completa, com ruas largas e bem arborizadas. as moradias, geralmente de um único pavimento, são de boa qualidade. Foto 39 - Ambiência bairro General Dultra, Av. Centenário. Fonte: Google Street View. Nesta região, na área do antigo COLEPA, foi instalado o IFBA que Tabela 9 - Ordenamento para o Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000). realizou a construção de um prédio de três gabaritos, destoando da paisagem local. Na área da antiga escolinha da CHESF encontra-se em RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO funcionamento a Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), com o ZONA LOCALI ZAÇÃO USOS PERMITIDOS curso de Medicina e o Centro de Arqueologia (CAAPA) da Universidade do Estado da Bahia. Ambos os equipamentos educacionais necessitam de GENERAL DUTRA / ZR 1 OLIVEIRA LOPES transporte público municipal por possuírem um público de variadas regiões do município e entorno. Foram instalados alguns pontos comerciais, como lava a jato, pizzaria e LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) IU IP IO AREA TEST. GABARITO FRENTE LATERAL FUNDO 2 (m ) MÍN.(m) UNIFAMILIAR 0,6 0,3 0,3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 0.8 0,3 0.4 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV 12 4 1,5 2,5 2 PAV - - - - - 12 4 1,5 2,5 2 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO INDUSTRIAL MISTO 0.6 0.3 0.3 450 - - - - 0.6 0.3 0.3 450 academia de karatê. Fonte: Caires de Brito, 1999. 84 Região do Bairro Vila Nobre equipamentos de saúde, educação e segurança. Apenas uma de suas duas Esta área, também definida como Zona Residencial I pelo PDDUA, praças é urbanizada. usufrui de posição privilegiada em relação à paisagem voltada para o Apesar de haver uma proposta PDDUA de 2000 acerca da criação de cânion do Rio São Francisco. Aproximadamente uma terça parte dela foi zonas de proteção ambiental rigorosa ao longo das margens superiores do urbanizada pela CHESF para seus funcionários. A urbanização do bairro cânion, não conseguiu-se coibir a implantação de residências nesta área. seguia padrão aberto, porém hoje caracteriza-se pelo padrão de casas geminadas, com poucos espaços disponíveis para expansão urbana. A CHESF promoveu a venda de glebas remanescentes da urbanização original sem intervenção da Prefeitura, com isso, as ocupações desordenadas, fruto de loteamentos clandestinos nestas glebas, permanecem ainda hoje irregulares. Destes lotes clandestinos, muitos foram desmembrados informalmente, tendo muitas unidades um tamanho médio inferior ao previsto na legislação municipal. O bairro dispõe de boa infraestrutura. Foto 40 - Ambiência bairro Vila Nobre, Rua Engenheiro Amaury A. de Menezes. Fonte: Google Street View. Num de seus extremos, localiza-se o prédio do antigo Grande Hotel de Tabela 10 - Ordenamento para o Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) Paulo Afonso, embora com estado de conservação ruim, possui alto RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO padrão construtivo, de propriedade da CHESF, com características ZONA arquitetônicas a serem preservadas. O bairro encontra-se quase LOCALI ZAÇÃO totalmente ocupado, inclusive na área correspondente à margem do cânion, obliterando a visão ao mesmo e impedindo o acesso público a este recurso da maior relevância de paisagem. ZR1 VILA NOBRE USOS PERMITIDOS LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) IU IP IO AREA TEST. GABARITO FRENTE LATERAL FUNDO (m2) MÍN.(m) UNIFAMILIAR 0,6 0,3 0,3 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 0,8 0,3 0,4 450 12 4 1,5 2,5 2 PAV 12 4 1,5 2,5 2 PAV - - - - - 12 4 1,5 2,5 2 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO INDUSTRIAL Possui pequenos serviços, como mercearias, mecânica e serviços MISTO automotivos e lavanderia. Possui duas creches particulares. Não possui 85 0,6 0,3 0,3 450 - - - - 0,6 0,3 0,3 450 Região do Bairro Perpétuo Socorro localização de várias instituições públicas na área contribui para destacar o Entre as ruas Hemetério de Carvalho e Perimetral existe uma área com aspeto heterogêneo do bairro. O perfil médio da população corresponde padrão de urbanização muito diferente de Vila Poty, que lhe é contígua, todavia, a uma classe média de nível intermediário formada por correspondendo a uma população com nível de renda um pouco mais empregados públicos, pequenos comerciantes com melhores condições de elevado. O bairro Perpétuo Socorro foi classificado pelo PDDUA 2000 como vida que os habitantes da Vila Poty. Zona Residencial II. O bairro sofreu grande adensamento populacional, fruto da construção de unidades habitacionais nas áreas livres dos lotes, o que reduziu consideravelmente o tamanho médio destes. A densidade de ocupação está estimada em 74.72 hab./ha, com tamanho médio de lote superior (560,82m2), embora seu índice de ocupação por lote seja 0,16. A Faculdade Sete de Setembro, importante instituição de ensino superior do município, localiza-se no bairro Perpétuo socorro. Gerando um grande fluxo de pedestres e veículos na área ao seu redor. Foto 41 - Av. da Maçonaria. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015. Na área do bairro que fica de frente para o rio, existe uma barragem de O bairro resultou de um processo de ocupação descontínua, com 30 metros de altura que impede a vista e prejudica a ventilação, além de domínio de um modelo de desenho similar ao do bairro Panorama, com constituir-se em massa radiante do calor acumulado durante o dia pelas ruas mais largas que as de Vila Poty, traçado geométrico mais livre e lotes pedras da barragem. A CHESF , para proteger a barragem de PA IV e seu consideravelmente maiores. Observa-se no bairro dois padrões diferentes: monitoramento construiu um muro paralelo ao Paredão da PA IV, para uma antiga formação de lotes bem menores com caráter similar ao de Vila impedir que os ocupantes dos terrenos próximos estendessem, de forma Poty (ZR4); e uma zona de invasão com padrão caraterístico de favela. A 86 ilegal, suas posses até este marco. Esse recanto da cidade foi Região do Bairro Clériston Andrade completamente ocupado nos últimos anos. Classificado como Zona Residencial III pelo PDDUA (2000), o Clériston Andrade é um bairro com visível evolução em seu padrão construtivo, localizado na margem da Av. Aeroporto, próximo ao bairro Jardim Bahia. Sua densidade de ocupação é de 17,68 hab/ha, com lotes de tamanho médio de 392,47 m2 e edificação média por lote de 80,49 m2. O bairro foi bastante ocupado nos últimos anos, porém mantendo-se o padrão de dimensionamento de lotes. Ainda restam diversos lotes não utilizados e vazios no bairro. Possui uma praça e alguns poucos comércios, que não garantem autossuficiência relativa ao bairro. Em direção ao Foto 42 - Paredão da represa PAIV no bairro Perpétuo Socorro. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2105. Parque de Exposição existem inúmeros empreendimentos automotivos, como oficinas, lojas de peças, concessionárias e também pousadas. Os Tabela 11 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) moradores servem-se do comércio e serviços oferecidos pelo bairro Jardim RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA ZR2 LOCALI ZAÇÃO PERPETUO SOCORRO USOS PERMITIDOS LOTE MÍNIMO Bahia. RECUO MÍNIMO (m) GABA IU IP IO AREA TEST. RITO FRENTE LATERAL FUNDO (m2) MÍN.(m) UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 450 12 4 1,5 2,5 3 PAV 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 3 PAV * INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV 10 4 1,5 2,5 3 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO MISTO 0,8 0,2 0,4 450 Fonte: Caires de Brito, 1999. 87 Região dos Bairros Abel Barbosa / Caminho dos Lagos Trata-se de duas comunidades pouco diferenciadas, que possuem lotes com toda a infraestrutura urbana. São classificadas como Zona Residencial III pelo PDDUA (2000). Padrão espacial indefinido resultante de loteamento promovido pelo poder público, com traçado urbanístico definido. As Foto 43 - Ambiência bairro Cleriston Andrade, Rua General Osório. Fonte: Google Street View. ruas são escassamente arborizadas, pavimentadas com paralelepípedos. O bairro apresenta uma densidade de ocupação de 18.26 hab/ha, possuindo poucos espaços vazios; tamanho médio de lote de 390,05 m2 e índice de construção médio de 99,0 m2. O CETEP II, que serve Tabela 12 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) a cidade toda, se encontra localizado nesta área. RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA LOCALI ZAÇÃO USOS PERMITIDOS UNIFAMILIAR ZR3 CLERISTON ANDRADE IU IP Nos últimos anos houve investimentos em infraestrutura para o bairro LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) IO AREA TEST. GABARITO FRENTE LAT. FUNDO 2 (m ) MÍN.(m) 1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 1,2 0,2 0,6 350 12 4 1,5 2,5 3 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO 1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV * INDUSTRIAL 1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV MISTO 1 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV que segue com ocupação crescente. * Ver restrições em 2.2.1. Fonte: Caires de Brito, 1999. Foto 44 - Ambiência bairro Caminho dos Lagos, Rua Lago da Paz. Fonte: Google Street View. 88 Tabela 13 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) social, um Restaurante Popular, poucos e pequenos comércios, como clínica, restaurante, escritório de arquitetura, clínica de fisioterapia, RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA LOCALI ZAÇÃO USOS PERMITIDOS mecânicas e home care (assistência domiciliar de saúde). LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) IU IP UNIFAMILIAR 0.8 0,2 ABEL MULTIFAMILIAR 1,2 0,2 BARBOSA / COMÉRCIO / ZR3 1 0,2 CAMINHO SERVIÇO DOS * INDUSTRIAL 0.8 0.2 LAGOS MISTO 1 0,2 IO AREA TEST. GABARITO FRENTE LAT. FUNDO 2 (m ) MÍN.(m) 0.5 250 10 4 1,5 2.5 2 PAV 0.5 350 12 4 1.5 2.5 3 PAV 0,4 250 10 4 1.5 2.5 3 PAV 0.4 250 10 4 1.5 2.5 2 PAV 0,4 250 10 4 1.5 2.5 3 PAV Por ter lotes grandes e estar situada acima do nível do espelho d´água e dos paredões, além de possuir ruas largas e passeios extensos, o BNH constitui-se como área prioritária para verticalização. O bairro Panorama tem padrão de lotes variados, com lotes grandes e outros de 16m de testada. O adensamento populacional é maior do que o BNH. Os passeios são de aproximadamente 2m. Ver restrições em 2.2.1. Fonte: Caires de Brito, 1999. Região dos Bairros Bairro BNH / Panorama A área do BNH / Panorama foi classificada pelo PDDUA (2000) como Zona Residencial II. Trata-se de uma comunidade Territorial formada por aproximadamente 300 famílias mutuarias do BNH. Sua ocupação consiste em famílias de renda média, bastante integradas socialmente. O padrão da Foto 45 - Ambiência bairro BNH, Rua Veneza. Fonte: Google Street View. urbanização é formalmente aberto, com tamanho médio dos lotes de 656.22 m2, com situação semelhante a do bairro Alves de Souza e apenas pouco inferior ao Bairro General Dutra. As moradias são de boa qualidade e estão servidas por infraestrutura completa e serviços comunitários básicos. Possui cinco praças, sendo quatro urbanizadas. Os passeios públicos possuem cerca de 5 a 6 m de largura. No bairro há um clube Foto 46 - Ambiência bairro Panorama, Rua Maranhão. Fonte: Google Street View. 89 início do surgimento da cidade ao longo do muro que separava o acampamento CHESF da cidade informal, daí seu traçado orgânico, Tabela 14 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) compacto e homogêneo, com ruas estreitas (aprox. 7m) e muitos RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA LOCALI ZAÇÃO USOS PERMITIDOS BNH / PANORAMA IU IP IO AREA TEST. (m2) MÍN.(m) cruzamentos. O bairro tem a maior densidade de ocupação de Paulo RECUO MÍNIMO (m) GABA FRENTE LATERAL FUNDO RITO Afonso e o menor tamanho médio de lote, assim como a menor área 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV construída por lote. Tem também o maior índice bruto de ocupação de MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 450 10 4 1,5 2,5 3 PAV toda a cidade. 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV A paisagem urbana de Poty é árida, sem árvores e poucos espaços * INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 450 10 4 1,5 2,5 2 PAV abertos. Possui Infraestrutura urbana completa (água, esgotamento, 10 4 1,5 2,5 3 PAV UNIFAMILIAR ZR 2 LOTE MÍNIMO COMÉRCIO / SERVIÇO MISTO 0,8 0,2 0,4 450 sanitário, ruas pavimentadas com asfaltos). As moradias multifamiliares de * Ver restrições em 2.2.1. Fonte: Caires de Brito, 1999. dois pavimentos em média, convivem juntamente com lojas de comércio varejista, oficinas de serviço e pequenos escritórios. Pode ser considerada Região do Bairro Vila Poty como estável do ponto de vista urbano. Iniciada na época da construção da primeira barragem por invasão de operários, a área está totalmente ocupada. A área é habitada por Um dos principais problemas enfrentados no bairro está na ausência empregados públicos e privados, pequenos comerciantes, artesãos e de vagas para estacionamento de veículos. Além da ampliação operários autônomos com nível de renda familiar média de 6 a 7 salários generalizada do consumo de automóveis, as unidades habitacionais deste mínimos, tem atingido alto nível de integração social. bairro, antes unifamiliares, hoje apresentam padrão multifamiliar, saindo do padrão térreo, ou térreo e primeiro andar, para um modelo de maior É classificada pelo PDDUA (2000) como Zona Residencial IV. Seu padrão verticalização. espacial da urbanização não foi programado, ocorreu de forma espontânea e hoje se encontra completamente consolidado, resultou dos pequenos barracos cobertos com sacos de cimento Poty que se implantavam no 90 Outro grande problema está na mobilidade, já que as vias pouco largas Tabela 15 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) com grande quantidade de veículos estacionados inviabilizam o trânsito de ônibus na maior parte do bairro. RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZON A DE USO As áreas de lazer comunitário, como praças, são poucas e esparsas, LOCALIZAÇÃ O USOS PERMITIDOS LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO I U IP IO UNIFAMILIAR 1 0, 2 0, 5 200 6 - - 4 2 PAV MULTIFAMILI AR 1 0, 2 0, 5 250 8 - - 4 3 PAV COMÉRCIO / SERVIÇOS 1 0, 2 0, 5 200 6 - - 4 3 PAV definida pelo PDDUA (2000): “Em caso de remembramento de lotes cuja * INDUSTRIAL 1 0, 2 0, 5 200 6 - - 4 2 PAV soma das testadas seja igual ou maior que 10 metros, os recuos laterais e MISTO 1 0, 2 0, 5 250 8 - - 4 3 PAV mas as existentes são bastante utilizadas pela população. Muitos moradores avançaram sobre as calçadas com grades para poder estacionar seus veículos, diminuindo o passeio público e prejudicando a acessibilidade, já precária. ZR 4 Destaca-se a proposta relativa ao remembramento de lotes no bairro frontais deverão obedecer aos seguintes valores: 1.5 para as laterais POTY ÁRE LAT TEST FRENT A . . (m) E (m) (m2) (m) FUND O (m) GABARIT O Fonte: Caires de Brito, 1999. (ambos os lados) e 4m de frente”. Região dos Bairros Centenário / Sal Torrado O bairro Centenário é uma comunidade originada numa ocupação informal, sendo a antiga tapera de Paulo Afonso, ocupação mais antiga da Cidade. Sofreu ocupação desordenada, hoje completamente consolidada. Seus membros são pessoas de renda familiar baixa e média, formadas essencialmente por funcionários de comércio e serviços, pequenos Foto 47 - Ambiência bairro Vila Poty, Rua Marechal Castelo Branco. Fonte: Google Street View. 91 Tabela 16 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) empresários e empregados públicos. O padrão de urbanização é indefinido, com baixa densidade de ocupação, com razoável urbanização. RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO Ao lado do bairro Centenário existe uma área conhecida como Sal ZONA LOCALI ZAÇÃO USOS PERMITIDOS Torrado, adjacente ao Cemitério da cidade, que foi loteada pela CHESF, hoje bastante ocupada, com poucos lotes vazios. Sua infraestrutura é razoável, porém sem água tratada. A concessionária de serviços e água e CENTENÁRIO ZR5 / SAL TORRADO esgoto pretendia implementar serviço de abastecimento de água tratada no local, mas a população não aceitou. LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GABA IU IP IO AREA TEST. FRENTE LAT. FUNDO RITO (m2) MÍN.(m) UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 350 10 4 1,5 2,5 3 PAV 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV * INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV 10 4 1,5 2,5 3 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO MISTO 1 0,2 0,5 350 Fonte: Caires de Brito, 1999. Os dois bairros foram classificados como Zona Residencial 5 pelo PDDUA (2000). O bairro Sal Torrado II é uma área contígua ao Sal Torrado I, do lado oposto da Av. da Amizade. Está disponível como vetor de expansão residencial, ainda sem um projeto de ocupação. Foi classificado pelo PDDUA (2000) como Zona residencial VIII. No Sal Torrado está prevista a implantação do Campus da UNIVASF, além de destacar ali a presença do Polo Empresarial Nicolson Chaves, cujas atividades desenvolvidas são diversificadas, destacando-se a Foto 48 - Ambiência bairro Vila Poty, Rua Marechal Castelo Branco. Fonte: Google Street View. fabricação e comercialização de mármores e granitos, forro de gesso, distribuição de material de construção, serviços automotivos, distribuição de alimentos, produção de medicamentos fitoterápicos, fabricação de portas, janelas e móveis, coberturas e fachadas metálicas, estofados, lavanderia, distribuidora de gás, entre outros. 92 Região do Sal Torrado II A barroca, localizada próxima a esta área é considerada Zona Rural No plano diretor (2000) figura-se como zona não ocupada, disponível pelo plano Diretor de 2000 e sofreu processo intenso desordenado e para expansão residencial, sem definição de parâmetros urbanísticos. A irregular de ocupação, com características urbanas, apresentando lotes CHESF propôs o leilão de lotes na região, em loteamento aprovado em para fins habitacionais com espaços utilizados para criação de animais, gestões passadas, sem, entretanto, alocar a infraestrutura mínima exigida como pasto para cavalos e granjas. por lei. O poder público interpôs impugnação ao Edital do processo de A região possui uma praça com quadra, construída pelo poder público concorrência nacional, que, após análise da CHESF, anuiu-se pela decisão municipal, dispõe de ônibus em alguns horários do dia e algumas ruas de revogar a licitação. estão calçadas. Parte das residências ainda é servida com água bruta, mas o início do bairro já foi contemplado com obras de água e saneamento básico pela EMBASA. Região do Bairro Vila Moxotó A Pedra Comprida, situada no lado Oeste da Vila Moxotó é um bairro Comunidade situada fora da ilha, teve origem no assentamento em construção. Grande loteamento formal está sendo implementado, organizado pela CHESF para operários das empresas que participaram na junto a diversos loteamentos clandestinos. Atualmente, poucas unidades construção das primeiras barragens. É classificada como Zona Residencial 5 habitacionais estão concluídas e habitadas. pelo PDDUA (2000). Teve desenvolvimento limitado por estar bastante isolada da cidade. Planejada formalmente com lotes grandes e ruas extensas, dispõe de infraestrutura básica e alguns serviços urbanos (posto médico, escola municipal). A maior parte das ruas não têm pavimentação. A Vila Moxotó sofreu adensamento nos últimos anos, com a construção de novas Foto 49 - Ambiência bairro Barroca. Fonte: Google Street View. unidades habitacionais nas áreas livres dos lotes. 93 renda, grande parte da qual cumpre funções de serviço na cidade. O Tancredo Neves dispõe de infraestrutura urbana e serviços públicos suficientes. A densidade de ocupação do assentamento é estimada em 44,06 hab/ha, com tamanho médio de lote de 473,2m2 e índice de construção por lote de 42,61m2. Esses dados indicam uma situação ainda não consolidada com grande capacidade para receber novos contingentes Foto 50 - Ambiência bairro Vila Moxotó. Fonte: Google Street View. de população. É o que tem acontecido neste bairro que sofre expansão Tabela 17 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) horizontal, bem como adensamento a partir de desmembramento de lotes ou construções nas áreas livres dos lotes existentes, sem promoção do RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA ZR5 LOCALI ZAÇÃO VILA MOXOTÓ USOS PERMITIDOS LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) GABA IU IP IO AREA TEST. RITO FRENTE LATERAL FUNDO (m2) MÍN.(m) UNIFAMILIAR 0,8 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 2 PAV MULTIFAMILIAR 1 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 3 PAV 0,8 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 2 PAV * INDUSTRIAL 0,8 0,3 0,4 450 10 4 1,5 4 2 PAV 10 4 1,5 4 3 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO MISTO 1 0,3 0,5 450 desmembramento cartorial. De fato, o assentamento cresceu até hoje por agregação de novas moradias na sua periferia, como é visível no padrão de organização espacial: os lotes são maiores no núcleo central, que representa metade da superfície ocupada, e tendem a se reduzir conforme se avança em direção a periferia e muda o padrão da urbanização que passa de formas mais livres para quarteirões retangulares. Não existem limites naturais para a Fonte: Caires de Brito, 1999. expansão do assentamento, o que indica estagnação no crescimento da Região do Bairro Tancredo Neves demanda de terra urbana. É classificado como Zona Residencial 6 pelo PDDUA (2000). Originado na Apesar do tecido urbano de Tancredo Neves parecer homogêneo numa transferência da população das terras inundadas por efeito da barragem, o primeira análise, quando se observa com maior detalhe percebe-se bairro Tancredo Neves tem se desenvolvido como uma pequena cidade padrões diferenciados. O bairro apresenta três zonas principais, sendo (30. 000 habitantes) composta por uma comunidade de baixos níveis de 94 Tabela 18 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) duas predominantemente residenciais (Tancredo Neves “anel” e “miolo”) e uma zona com predominância de comércio e serviço. RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO Cada uma dessas duas zonas residenciais subdivide-se em outras subzonas ZON A LOCALI ZAÇÃO que apresentam peculiaridades: USOS PERMITIDO S LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) IU IP IO ARE TEST. FRENT LAT A MÍN.(m E . 2 (m ) ) FUND O GABA RITO Tancredo Neves (anel) é formado pelo BTN I, BTN III e Bairro dos UNIFAMILIA R 1 0,2 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV Rodoviários, enquanto BTN II corresponde a Tancredo Neves (miolo). Por MULTIFAMI LIAR 1,8 0,3 0,6 350 12 4 1.5 2,5 LIBERAD O COMÉCIO / SERVIÇO 1,8 0,3 0,6 250 10 4 1.5 2,5 LIBERAD O * INDUSTRIAL 1 0,3 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV MISTO 1,8 0,2 0,6 350 12 4 1.5 2,5 3 PAV sua vez o BTN III é formado pelos seguintes bairros: Santa Inês, Benone ZCS 5 TANCRED O NEVES Resende, Mutirão da Moradia, Três Lagoas, Mutirão Habitacional e Marina França. Fonte: Caires de Brito, 1999. Região do Bairro Fazenda CHESF O bairro é parte do Loteamento Fazenda CHESF. É também classificado como Zona Residencial 6 pelo PDDUA (2000) e corresponde a um pequeno parcelamento em lotes para residências de funcionários ligados à fazenda, que deveriam estar próximo do local de trabalho. Possui quadras para Foto 52 - Ambiência bairro Tancredo Neves (BTN), Rua Chico Mendes . Fonte: Google Street View. expansão residencial e glebas para as atividades agrícolas e de piscicultura. A área residencial está separada da área da Fazenda pela Av. Maranhão, tendo padrão espacial de urbanização semelhante aos demais bairros da Área da CHESF, abrigando uma comunidade de poucas centenas de pessoas. 95 desmembramentos irregulares na Av. Maranhão e construção de unidades Região dos Bairros Senhor do Bonfim / Dom Mario Zanetta habitacionais construídas próximas ao galpão da CHESF e da área da Igreja É classificado como Zona Residencial 7 pelo PDDUA (2000). Alguns grupos Católica. Estas unidades encontram-se na zona de amortecimento do ocuparam uma franja de 700 metros nas margens de uma lagoa e iniciaram MONA do Rio São Francisco. a construção de moradias precárias, sem serviços, mas após intervenções A expansão residencial não foi significativa com alguns públicas, houve melhoria de sua qualidade habitacional. A embasa realizou obras e o despejo de esgotamento não é destinado mais aos lagos internos. O Dom Mário Zanetta, antiga Vila Mocó, é um bairro fruto de ocupação irregular, com habitações precárias, com baixa acessibilidade de ruas e Foto 52 - Ambiência bairro Tancredo Neves (BTN), Rua Chico Mendes . Fonte: Google Street View. calçadas, alocação de postes na via pública, quase cem por cento de Tabela 19 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) ocupação dos lotes, em geral pequenos. A situação habitacional é mais precária que a o Senhor do Bonfim. RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA LOCALI ZAÇÃO USOS PERMITIDOS UNIFAMILIAR ZR6 FAZENDA CHESF LOTE MÍNIMO IU IP IO AREA TEST. (m2) MÍN.(m) GABARITO FRENTE LAT. FUNDO RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO 0,8 0,2 0,5 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 1,2 0,2 0,4 350 10 4 1,5 2,5 3 PAV 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO * INDUSTRIAL MISTO 1 0,2 0,5 Tabela 20 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) RECUO MÍNIMO (m) ZONA LOCALI USOS ZAÇÃO PERMITIDOS LOTE MÍNIMO IU IP IO UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,5 0,8 0,2 0,4 1 0,2 0,4 250 10 4 1,5 2,5 2 PAV 250 10 4 1,5 2,5 3 PAV MULTIFAMILI 1 0,2 0,5 AR VILA MOCÓ COMÉRCIO / ZR 7 0,8 0,2 0,5 /SR. DO SERVIÇO BONFIM * 0,8 0,2 0,5 INDUSTRIAL Fonte: Caires de Brito, 1999. MISTO 96 1 0,2 0,5 RECUO MÍNIMO (m) AREA TEST. FREN LAT. FUNDO GABARITO (m2) MÍN.(m) TE 200 8 3 - 2,5 2 PAV 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV 200 8 3 - 2,5 2 PAV 200 10 3 1,5 2,5 2 PAV 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV Região dos Bairros Prainha / Brita Esta área, definida como Zona Residencial 7 pelo PDDUA (2000), está situada próxima ao Aeroporto, compreende uma área entre a BR 110 e a orla sul da Macrozona Noroeste, estendendo-se entre a ponte e o Balneário da Prainha. É uma zona heterogênea, com atividades residenciais e de comércio e Foto 53 - Ambiência bairro Prainha. Fonte: Google Street View. serviços, cuja ocupação se deu de forma espontânea, através de invasões não planejadas e com crescimento desordenado. Tabela 21 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) O bairro apresenta problemas diante da ocupação da borda do lago; interferência ao longo da BR 110; proximidade da pista do Aeroporto e RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZON LOCALI A ZAÇÃO vizinhança com a Prainha, problemas estes que só poderão ser resolvidos USOS PERMITIDOS LOTE MÍNIMO IP IO 1 0,2 0,6 200 8 3 0,2 0,4 250 10 1 0,2 0,6 200 * INDUSTRIAL 1 0,2 0,4 MISTO 1,2 0,2 0,6 mediante projeto emergencial de urbanização. UNIFAMILIAR Foram realizadas obras de infraestrutura de água e esgoto, em que pese PRAINH ZR 7 A/ BRITA muitas unidades ainda despejarem esgoto no rio, calçamento de vias e energia elétrica. Algumas vias possuem bons passeios públicas, mas sem padronização e em grande maioria, sem acessibilidade. As ruas não são planejadas e padronizadas, em alguns pontos são RECUO MÍNIMO (m) IU MULTIFAMILIA 1,2 R COMÉRCIO / SERVIÇO AREA TEST. FREN LAT. (m2) MÍN.(m) TE FUNDO GABARIT O - 2,5 2 PAV 3 1,5 2,5 3 PAV 8 3 - 2,5 2 PAV 200 10 3 1,5 2,5 2 PAV 250 10 3 1,5 2,5 3 PAV Região do Bairro Jardim Bahia estreitas, impossibilitando a passagem de ônibus e caminhões de bombeiros. Está localizado na Macro Zona Noroeste entre a Av. Aeroporto e o Dique Fusível. Sua localização central, em relação as três Macro Zonas, e um sistema viário eficiente, oferece condições favoráveis para um desenvolvimento urbano de qualidade. 97 Esta zona, classificada como Zona Residencial 5 pelo PDDUA (2000), Região dos Bairros Jardim Aeroporto / Siriema incorpora uma área contígua do Beira Rio, onde existem algumas casas de Situados nas adjacências do Aeroporto, constituem-se em comunidades originadas em ocupações informais que reivindicam a posse alto padrão construtivo. da terra. O padrão de organização territorial é caótico, mas o As principais vias estão adensadas, sem espaço de expansão, mesclando assentamento recebeu obras de infraestrutura de água, esgoto, energia e usos de serviço, comércio e habitacional. calçamento. O poder público municipal implantou empreendimento habitacional de interesse social próximo ao aeroporto e posteriormente outro, contíguo, através do Programa Minha Casa Minha Vida na faixa de 0-3 salários mínimos. É definida como Zona Residencial 7 pelo PDDUA (2000). Foto 54 - Ambiência bairro Jardim Bahia, Rua Tancredo Neves. Fonte: Google Street View. Tabela 22 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZON A LOCALI ZAÇÃO VILA MOCÓ ZR 7 /SR. DO BONFIM USOS PERMITIDOS LOTE MÍNIMO IU IP IO RECUO MÍNIMO (m) TEST. AREA FREN LAT MÍN.( 2 (m ) TE . m) FU ND O GABARIT O UNIFAMILIAR 0,8 0,2 0,5 200 8 3 - 2,5 2 PAV MULTIFAMILIAR 1 0,2 0,5 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV COMÉRCIO / SERVIÇO 0,8 0,2 0,5 200 8 3 - 2,5 2 PAV * INDUSTRIAL 0,8 0,2 0,5 200 10 3 1,5 2,5 2 PAV MISTO 1 0,2 0,5 250 10 3 1,5 2,5 2 PAV Foto 55 - Ambiência bairro Siriema, Rua da Amizade. Fonte: Google Street View. Fonte: Caires de Brito, 1999. 98 Tabela 23 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) Nesta avenida está localizada a Sede da Prefeitura e da Câmara Municipal, hotéis, supermercado, o ginásio municipal, restaurantes, RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZON A LOCALI ZAÇÃO USOS PERMITIDOS UNIFAMILIAR ZR 7 JARDIM AEROPORT O/ SIRIEMA MULTIFAMILI AR COMÉRCIO / SERVIÇO * INDUSTRIAL MISTO LOTE MÍNIMO IU IP IO 0, 8 0, 2 0, 2 0, 2 0, 2 0, 2 0, 5 0, 5 0, 5 0, 5 0, 5 1 0, 8 0, 8 1 clínicas, lojas de departamento e locais de empresas comerciais. RECUO MÍNIMO (m) ARE A (m2) TEST. MÍN.( m) 200 8 3 250 10 200 FRENT LAT E . FUND O GABARIT O - 2,5 1 PAV 3 1,5 2,5 1 PAV 8 3 - 2,5 1 PAV 200 10 3 1,5 2,5 1 PAV 250 10 3 1,5 2,5 1 PAV Embora existam algumas residências, se configura cada vez mais como área comercial, bastando para isso um passeio em seu calçadão, para perceber sua ocupação comercial e institucional cada vez maior, com poucas residências que ao longo dos anos vêm sendo substituídas por comércios e serviços. É definida como Zona de Comércio e Serviços 1 pelo PDDUA (2000). Fonte: Caires de Brito, 1999. Com calçadas e pistas largas, a Avenida Apolônio Sales, apesar da disponibilidade do Plano Diretor de 2000, não sofreu ao longo de 16 anos, Avenida Apolônio Sales a verticalização permitida pela Lei nº 905/2000. Embora o PDDUA trate de Bairros, e a Avenida Apolônio Sales esteja Os edifícios implantados ao longo da avenida possuem, no máximo, localizada no Bairro Centro, e se constitua como Avenida, é inevitável não quatro pavimentos, gabarito bem inferior ao permitido pela tabela de uso tratá-la com destaque face a sua importância e a sua notoriedade na ocupação proposta pela Lei. conjuntura urbana da cidade. Resultante da antiga pista de pouso de aeronaves da CHESF, que ficava ao lado do antigo Hangar, hoje transformado no Teatro do Centro de Cultura Lindinalva Cabral. Trata-se de uma área comercial privilegiada, pois possui, depois da Avenida Getúlio Vargas, o mais alto custo por metro quadrado da cidade de Paulo Afonso. 99 Região do Centro da Cidade Compreende uma grande faixa formada por duas avenidas paralelas com o canteiro central urbanizado, com áreas de lazer, que se estendem da praça das mangueiras, na confluência da Av. Apolônio Sales, até a igreja. Divisa entre a Vila Poty e os bairros da CHESF, é um local que possui grande frequência de público devido ao comércio variado que se desenvolveu, pelo movimento nos bares, restaurantes e áreas de recreação que atendem a uma grande parte da população da ilha. É nesta região que está localizado o principal centro comercial da Foto 56 - Ambiência Avenida Apolônio Sales. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015. cidade de Paulo Afonso, com destaque ao longo da Avenida Getúlio Tabela 24 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) Vargas, Rua São Francisco, Rua Santo Antônio, Rua Amâncio Pereira, Avenida Landulfo Alves e Avenida Otaviano Leandro de Morais. RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA SZCM1 LOCALI ZAÇÃO APOLONIO SALES IU IP IO UNIFAMILIAR 0,8 0,3 0,4 450 15 4 1,5 2,5 MULTIFAMILIAR 3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 COMÉRCIO / SERVIÇO 3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 INDUSTRIAL 3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 MISTO 3 0,3 0,5 450 15 4 1,5 2,5 LOTE MÍNIMO AREA TEST. (m2) MÍN(m) Nos últimos anos, esse centro comercial, vem se irradiando, RECUO MÍNIMO (m) GABA RITO FRE LAT FUN USOS PERMITIDOS adentrando inclusive ao longo da antiga Rua D e da Rua Padre João Evangelista, além de outras áreas de bairros circunvizinhos. 2 PAV 17 PAV 4 PAV 4 PAV 17 PAV É definida como Zona de Comércio e Serviços 3 pelo PDDUA (2000). Fonte: Caires de Brito, 1999. 100 Zona Comercial do BTN Neste bairro, as áreas onde se localizam as atividades comerciais e os serviços estão bem definidas ao longo de algumas avenidas no BTN II e as margens da BA 210, no trecho do BTN III. Foto 57 - Ambiência Avenida Getúlio Vargas. Fonte: Google Street View. Foto 58 - Ambiência do BTN, BA 210. Fonte: Google Street View. Tabela 25 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) Tabela 26 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZON A LOCALIZAÇÃ O USOS PERMITIDOS ZCS 3 GETÚLIO VARGAS LOTE MÍNIMO RECUO MÍNIMO (m) ARE TEST. A MÍN.(m (m2) ) FRENT E LAT . FUND O - - 4 2 PAV - 2,5 4 PAV - - 2,5 4 PAV 8 - - 4 2 PAV 8 - - 2,5 4 PAV I U IP IO 1 0, 2 0, 5 MULTIFAMILIA R 2 0, 2 0, 6 250 8 - COMÉCIO / SERVIÇO 2 0, 2 0, 6 250 8 * INDUSTRIAL 1 0, 2 0, 5 250 MISTO 2 0, 2 0, 6 250 UNIFAMILIAR RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO 250 8 GAB A RITO ZON LOCALI USOS A ZAÇÃO PERMITIDOS TANCR EDO NEVES 1 0,2 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV MULTIFAMILI 1,8 0,3 0,6 350 AR 12 4 1.5 2,5 LIBER ADO 10 4 1.5 2,5 LIBER ADO 0,3 0,5 250 10 4 1.5 4 2 PAV 1,8 0,2 0,6 350 12 4 1.5 2,5 3 PAV COMÉCIO / SERVIÇO MISTO 101 GABA IO ARE TEST. FREN FUN RITO A MÍN.( LAT. TE DO (m2) m) IP * INDUSTRIAL Fonte: Caires de Brito, 1999. RECUO MÍNIMO (m) IU UNIFAMILIAR ZCS 5 LOTE MÍNIMO 1,8 0,3 0,6 250 1 Tabela 27 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) Zona Comercial do Jardim Bahia RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO Localizada às margens da Av. Aeroporto, Macro Zona Noroeste, no LOTE MÍNIMO ZO LOCALI USOS NA ZAÇÃO PERMITIDOS bairro Jardim Bahia, esta zona constitui-se de duas áreas contíguas que IO RECUO MÍNIMO (m) GAB A ARE TEST. FRENT FUND RITO A MÍN.(m LAT. E O (m2) ) IU IP 1 0,2 0,5 400 10 5 1,5 2,5 2 PAV. O bairro possui localização privilegiada, situado na região central, em MULTIFAMILI 1,8 0,3 0,6 AR 400 10 5 1,5 2,5 4 PAV. relação às três Macro Zonas, entre duas zonas predominantemente ZCS JARDIM COMÉRCIO / 1,8 0,3 0,6 4 BAHIA SERVIÇO 400 10 5 1,5 2,5 4 PAV. * 1,5 0,3 0,5 INDUSTRIAL 400 10 5 1,5 2,5 2 PAV. 400 10 5 1,5 2,5 4 PAV. formam um grande espaço vazio preservado da ocupação residencial e atualmente ocupado pelo CREIA e AABB. UNIFAMILIAR residenciais (Jardim Bahia e Clériston Andrade), além de contar com fácil acesso viário (Av. Moxotó e Av. Boa Viagem). Caracteriza-se como área de reserva adequada para atividades complementares aos MISTO bairros 2 0,3 0,5 circunvizinhos e, de forma mais abrangente, ao desenvolvimento urbano Rua Otaviano Leandro de Moraes de Paulo Afonso. Entre o Centro, Apolônio Sales e a Vila Poty estende-se um conjunto de cerca de 30 quarteirões ocupados por uma mistura de prédios com Ocorreram verticalizações nas principais vias e nesta região será funções institucionais, locais comerciais e de serviços, pequenos escritórios instalado o primeiro Shopping Center da cidade. e moradias de nível médio, entre as quais as 60 casas construídas para os funcionários do Banco do Brasil e número bem maior de moradias de tipo comum encontrado em Poty. Trata-se de uma área heterogênea e de usos múltiplos que dificilmente poderá vir a ser a base de uma comunidade territorial de características eminentemente habitacionais, pelo que deve Foto 59 - Ambiência da zona comercial do Jardim Bahia. Fonte: Google Street View. 102 ser considerada como um centro de negócios combinados com moradia de pessoas com nível de renda médio. 9.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO: Análise da política e legislação urbana local No que se refere à política urbana, ordenação do uso do solo e regras urbanísticas e construtivas, Paulo Afonso possui atualmente: a lei orgânica do município, que traz um tópico acerca da política urbana municipal, a lei do Plano Diretor, o Código de Obras, estes dois últimos elaborados por empresa de consultoria no ano de 1999, tendo sido aprovados e Foto 60 - Ambiência da zona comercial da Rua Otaviano Leandro de Moraes. Fonte: Google Street View. sancionados como lei no ano de 2000, Lei Nº 905/2000, além de legislações ambientais esparsas que interferem no ambiente urbano, o Código de Posturas e o Código Tributário. Em 1999 junto do plano diretor, foi elaborado o Código de Meio Ambiente para o município, no entanto Tabela 28 - Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo Urbano proposto pelo PDDUA (2000) este projeto de lei não foi aprovado. RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO ZONA ZCS 2 LOCALIZ USOS AÇÃO PERMITIDOS LOTE MÍNIMO IU IP IO 9.2.1. A política urbana na lei orgânica RECUO MÍNIMO (m) ARE TEST. FRENT A MÍN.( LAT. FUNDO E (m2) m) GABA RITO A Lei Orgânica de Paulo Afonso foi aprovada em 21 de junho de 1990 em consonância com a Constituição Federal de 1988, que garantiu aos UNIFAMILIAR 0,8 0,3 0,5 350 10 4 1,5 2,5 2 PAV MULTIFAMILI 1,5 0,3 0,5 AR 350 10 4 1,5 2,5 4 PAV 350 10 5 1,5 2,5 4 PAV 350 10 4 1,5 2,5 2 PAV O Plano Diretor está previsto nesta norma fundamental do Município 350 10 5 1,5 2,5 4 PAV como instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão OTAVIAN COMÉRCIO / O DE 1,5 0,2 0,5 SERVIÇO MORAIS * 0,8 0,3 0,5 INDUSTRIAL MISTO 2 0,3 0,5 Municípios a autonomia organizacional. A lei apresenta em seu Capítulo VI as diretrizes que devem guiar a política urbana municipal. 103 urbana. Dentre suas diretrizes, cabe destacar alguns aspectos de maior situação definidas. No entanto, após aprovação do Estatuto da Cidade em relevância quanto ao planejamento e à política urbanos. 2001, estas possibilidades foram ampliadas com a inserção de novos instrumentos de política urbana como será tratado no relatório propositivo A lei orgânica estabelece em seu art. 169 que o Plano Diretor fixará deste plano. normas sobre zoneamento, parcelamentos, loteamentos, uso e ocupação do solo, contemplando áreas destinadas as atividades econômicas, área de Neste mesmo artigo, a lei define que “As terras públicas não utilizadas lazer, cultura e desporto, residenciais, reservas de interesse urbanístico, ou subutilizadas e as terras discriminadas serão destinadas ecológico e turístico. E que sua abrangência de atuação deverá prioritariamente a assentamento de população de baixa renda e a compreender todo o território municipal. instalação de infraestrutura coletiva”. Em seu art. 170, a lei introduz alguns instrumentos, que quando Por fim, seu artigo 176 define que “Será criado o Conselho Municipal aprovados em lei específica e previstos no plano diretor teriam como de Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente, com representação de objetivo flexibilizar o uso ilimitado e incondicionado da propriedade órgãos públicos, entidades profissionais e de moradores, objetivando privada em benefício da coletividade. definir diretrizes e normas, planos e programas a serem submetidos à Câmara Municipal, além de acompanhar e avaliar as ações do Poder I - parcelamento ou edificação compulsória; Público, na forma da Lei”. II - imposto sobre propriedade predial e territorial urbana progressivo; Destaca-se que em 2001 foi criado o município o Conselho Municipal III - desapropriação, com pagamento mediante título da dívida pública do Meio Ambiente, através da lei nº 916/01: da emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Neste capítulo, a legislação prevê ainda a utilização do instrumento usucapião para fins de moradia, assim como a concessão de uso em 104 foi aprovada pela câmara municipal, sendo mantido o PDDUA – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Paulo Afonso de 2000 em vigor até os dias de hoje. Segundo a lei n. 905, integram o Plano Diretor o Sistema Municipal de Informações, o Termo de Referências de Políticas Urbanas, com seus mapas temáticos, além da lei do Plano Diretor, o Código de Obras, o Código de Meio Ambiente e o a legislação tributária aplicável. O Sistema municipal de Informações é um instrumento preparado para captação de recursos, tendo a Secretaria Municipal de Planejamento e Orçamento (SEPLAN) uma Assessoria de Modernização e Informática, Figura 2 - Recorte da lei municipal que cria o Conselho Municipal de Meio Ambiente. 2001. criada para essa finalidade, o que permite ao município elaborar e gerir uma carteira permanente de projetos. 9.2.2. Plano Diretor Ambiental de Desenvolvimento Urbano O Plano apresenta entre seus objetivos gerais: (...) melhorar as condições de vida da população: o Poder Público Municipal deve intervir como agente promotor de programas e projetos orientados a melhorar as condições de vida da população, promovendo novas atividades econômicas capazes de gerar oportunidade de emprego e aumento da renda familiar. (art. 2º, I) O plano diretor em vigor no município de Paulo Afonso foi aprovado através da lei Nº 905 de 2000 na gestão do Prefeito Paulo Barbosa de Deus, sancionada em dezembro do ano de 2000, ou seja , 7 meses antes da Lei Nº 10.257 , de 10 de Julho de 2001, que originou o Estatuto das Cidades. Completados seis anos desta aprovação, em 2006, foi Em desdobramento deste objetivo geral, foi estabelecido objetivo desenvolvido um novo estudo para revisão deste plano diretor na gestão específico de: “geração de emprego e renda, que deverá ser atingido pela do então Prefeito Raimundo Cayres Rocha. No entanto, esta revisão não 105 “parcelamento ou edificação compulsórios”, bem como as referências à propriedade urbana e ao instituto da desapropriação são todas relacionadas ao urbanismo. Conclui-se daí que o plano diretor de que fala a Constituição é exclusivamente urbanístico, não se destinando a tratar de políticas setoriais ou da promoção do desenvolvimento econômico. (PINTO, 2010, p. 117-118) intervenção do Município como agente promotor de programas e projetos de desenvolvimento econômico que resultem em novas oportunidades de trabalho para a população local” (art. 4º). Além disso, o plano diretor dedica um capítulo especificamente para a política de desenvolvimento social, que engloba, além de políticas urbanas setoriais, como a habitação e tráfego na zona urbana, diversas outras políticas, podendo citar “educação”, “saúde”, “assistência social”, “turismo, esporte e cultura”, “abastecimento”, “defesa civil” e “segurança” Não obstante, além do objetivo geral apontado, o plano apresentava (arts. 59 a 72). os seguintes objetivos gerais (art. 2º, II e III): Tudo isso aponta para um modelo de plano diretor pré-constitucional, (...) elevar a qualidade do meio ambiente no território municipal: a noção de qualidade de vida compreende a qualidade ambiental como referência fundamental dos objetivos de toda política de Desenvolvimento Urbano do Município; quando, na ausência de regulação constitucional e infralegal sobre o tema, os planos abarcavam inúmeras políticas, constituindo-se verdadeiras propostas de desenvolvimento local, ao invés de desenvolvimento urbano. Este modelo não se coaduna mais com a Constituição Federal, que ao tratar de planos diretores apontou funções urbanísticas, ou seja, de cunho Aumentar a eficiência da gestão urbana: o Poder Público deve mudar o perfil da estrutura administrativa municipal para aproximá-la do modelo empresarial moderno, com relevo nas questões de eficiência e flexibilidade, integrando e orientando a ação dos agentes públicos e privados. territorial, ainda que permaneça difundido na concepção de muitos institutos e profissionais da área do planejamento urbano. Os parágrafos do art. 182 deixam claro que o objeto do plano direito é apenas o ordenamento territorial. As expressões “obrigatório para cidades”, “política de desenvolvimento e expansão urbana”, “ordenação da cidade”, “área incluída”, “solo urbano não edificado”, Para tanto foi proposta a criação de uma carteira de projetos de médio e longo prazo, que visava à continuidade da gestão administrativa, como: a 106 criação, por meio desta lei, do fundo municipal de desenvolvimento; planejamento da época, mas assegurando para isto a aprovação do órgão instituição de um modelo de agricultura urbana; e a recuperação de ambiental e da sociedade, através dos conselhos de bairro ou entidades investimentos públicos em obras de urbanização. representativas (art. 38). Como condição para aprovação das atividades Ao estabelecer o zoneamento territorial urbano, a Lei n. 906 previu a complementares, exige-se “não produzir ruído acima de 60 dB (sessenta identificação de “usos desconformes”, que não sofreriam embargos de decibéis)”, “não originar efluentes industriais ou emissões atmosféricas” e uso, mas ficando vedadas reconstruções ou reformas nas edificações, salvo “não sobrecarregar as vias locais e a infraestrutura do bairro” (art. 39). “obras essenciais à segurança e higiene das edificações ou das obras a As zonas industriais têm na “presença de atividades que requeiram serem realizadas para a melhoria das condições de trabalho ou destinadas tráfico constante de veículos pesados, e que produzem emissões a atividades de lazer e recreação” (art. 37). atmosféricas, ruídos e efluentes industriais” suas características principais. Foram previstas cinco modalidades de uso: residencial, industrial, A lei proibiu a instalação de novas indústrias na macrozona insular e comércio e serviços, proteção ambiental e especiais. Nas zonas residências definiu como “uso desconformes” as aqui existentes, que deverão ser há gradativamente retiradas (art. 40). preponderância de residências, mas permitem-se atividades complementares, “oficinas artesanais, lojas de comércio varejista, serviços Nas zonas de comércio e serviço há lógica inversa das zonas pessoais e agências bancárias”, podendo ser instaladas outras atividades, residenciais, predominando atividades do segundo setor, podendo admitir desde aprovadas pela Secretaria de Meio Ambiente, bem como com o unidades residenciais. Nestas zonas, a abertura de novos loteamentos conselho ou entidade associativa de cada bairro. Quando se tratar de demandaria anuência de maioria absoluta dos membros do conselho de atividade industrial, é demandado parecer técnico da Secretaria de Meio desenvolvimento (art. 41). Ambiente. As zonas de proteção ambiental foram detalhadas no tópico 6 acerca Neste sentido, vê-se que o zoneamento não foi proposto como algo do meio ambiente. As zonas especiais tem atividades relacionadas ao eminentemente excludente e homogêneo. Habitações demandam serviços poder público, ficando assim estabelecidas as áreas das usinas, aeroporto e e comércio, podendo ser instaladas atividades inclusive não previstas no instalações militares. 107 O mapa do zoneamento está previsto no Termo de Referências de de meio ambiente (art. 31) e pelo Conselho Municipal do Desenvolvimento Políticas Urbanas, que integra o PDDUA, mas a lei n. 906 previu que os (art. 75 e 76). limites das zonas podem sofrer ajuste pela via administrativa, para “maior Seguindo previsão da resolução n. 237/97 do Conselho Nacional de precisão de limites ou obter melhor adequação ao sítio onde se propuser a Meio Ambiente, que inclui os loteamentos entre as atividades e alteração à ocorrência de elementos naturais e outros fatores biofísicos empreendimentos potencialmente poluidores ou capazes de causar condicionantes, divisas dos imóveis e ao sistema viário”, desde que ouvido degradação ambiental e assim demandariam licenciamento ambiental, a o Conselho Municipal de Desenvolvimento e homologado pelo chefe do lei exigiu explicitamente o licenciamento, mas proibiu loteamentos em poder executivo municipal (art. 44)18. terrenos: “alagadiços ou sujeitos à inundações, antes de serem tomadas providências que assegurem o escoamento das águas”; “que tenham sido 9.2.3. Loteamentos aterrados com material nocivo à saúde pública, sem prévio saneamento”, O atual plano diretor, em seu artigo 34, descreve o Perímetro Urbano, “em que seja tecnicamente comprovado que as condições geológicas não dividindo a cidade em Urbana e Rural, e não prevê uma zona de expansão aconselham a edificação”, “onde a poluição impeça condições sanitárias urbana na qual poderia ser promovido o parcelamento do solo com fins suportáveis, até urbanísticos, e que transformaria o solo rural em urbano. Apesar disto, o a sua correção”, “situados nas zonas de proteção ambiental”, “contíguos a mananciais, cursos d’ água, represas e demais plano diretor não proibiu a implementação de novos parcelamentos, em recursos hídricos, sem a prévia manifestação dos órgãos competentes” especial de loteamentos. Pelo contrário, definiu que o solo rural se (art. 46). transforma em urbano através da “habilitação urbana”, ou seja, da aprovação de loteamentos ou parcelamentos urbanos. Esta habilitação Diante da inexistência de lei estadual suplementando a lei n. 6.766/79 pode ocorrer, portanto, em qualquer parte da zona rural do município, e de legislação municipal acerca do parcelamento do solo urbano, o poder mas demanda observação de critérios estabelecidos pelo conselho público municipal observa os parâmetros da legislação federal citada e as municipal de meio ambiente, e a emissão de parecer técnico da secretaria normas contidas na seção 2 do capítulo V da lei n. 905/00. 18 Ver Mapa 12 na página 63. 108 Neste sentido, a lei n. 905/00 define que as “áreas destinadas a Por ser um espaço privado da cidade, com controle de acesso, a Lei n. sistemas de circulação, implantação de equipamentos urbanos e 905/00 fez bem ao tornar obrigatória e de responsabilidade exclusiva do comunitários e espaços livres de uso público” deverão encontrar empreendedor a instalação da seguinte infraestrutura: redes e proporcionalidade na densidade de ocupação para a zona que se situam e equipamentos para o abastecimento de água potável; energia elétrica; que a localização destes será definida pela Secretaria de Meio Ambiente, iluminação das vias; redes de drenagem pluvial; sistema de coleta, com parecer técnico fundamentado (art. 47). tratamento e disposição de esgotos sanitários; obras de pavimentação; tratamento das áreas de uso comum. Ratifica que as obras previstas no O município poderá emitir orientação prévia quanto ao traçado do projeto sobre (art. 53) sistema viário, articulação e classificação das vias, áreas de preservação permanente e as áreas destinadas a equipamentos e áreas livres, uma vez Buscando garantir a efetividade do dispositivo, a lei prevê que “obras solicitada esta orientação pelo empreendedor, que deverá apresentar os relativas às edificações e instalações de uso comum” devem ser documentos exigidos no art. 48, caput. simultâneas às obras para unidades autônomas e que a expedição do Após a aprovação do loteamento, o poder público expedirá alvará de “habite-se” aos prédios edificados em unidades autônomas está urbanização, com prazo de validade a ser fixado, que não ultrapassará 2 condicionada à “completa e efetiva execução das obras relativas às anos, podendo ser renovado mediante decisão do Conselho Municipal de edificações e instalações de uso comum” (art. 55), aplicando-se aos Desenvolvimento (art. 49), podendo ser modificado antes do registro no condomínios as mesmas exigências de garantias dos loteamentos (art. 57 e Cartório de Registro de Imóveis (art. 51). Destarte, a execução das obras 50) Estes condomínios só poderão ser aprovados diante de duas condições previstas no projeto deverão ser garantidas pelo empreendedor (art. 50). mínimas: “previsão, no projeto, da área máxima de construção e da taxa 9.2.4. Parcelamento em condomínios de ocupação atribuídas ao terreno de utilização exclusiva de cada unidade O parcelamento em condomínios destina-se a “abrigar conjuntos de autônoma”; e “cronograma de execução das obras relativas aos prédios edificações assentadas em um ou mais lotes, dispondo de espaços de uso que forem edificados no terreno de utilização exclusiva de cada unidade comum, caracterizados como bens em condomínio” (art. 52). 109 b) multifamiliar: quando corresponder a mais de uma unidade agrupadas em sentido horizontal ou vertical, dispondo de áreas e instalações comuns que garantam o seu funcionamento. autônoma, cujo prazo máximo não poderá exceder de 2 (dois) anos, a partir da aprovação do projeto do condomínio” (art. 56). 9.2.5. Código de obras - comerciais: as destinadas à armazenagem e venda de mercadorias pelo sistema de varejo ou atacado; O Código de Obras é divido em sete capítulos: disposições gerais; responsabilidades; licenças; execução e segurança de obras; condições gerais da edificação; fiscalização; infrações e penalidades. - industriais: as destinadas à extração, beneficiamento, desdobramento, manufatura, montagem, transformação, manutenção ou guarda de matérias-primas ou mercadorias de origem mineral, vegetal ou animal, caracterizando-se pelas emissões atmosféricas, ruídos e efluentes industriais e pela exigência de tráfego constante de veículos pesados, para carga e descarga; Deixa determinado que todos os projetos deverão ser aprovados em conformidade com as normas do código e do plano diretor (art. 5º), e que mesmo aquelas instalações provisórias deverão observar os parâmetros “relativos a conforto, segurança e higiene estabelecidos, bem como normas específicas segundo a natureza da atividade" (art. 4º). São definidas três modalidades de obras: construção, reforma sem - serviços: as destinadas às atividades de serviços à população e de apoio às atividades comerciais e industriais; modificação da área construída e reforma com modificação da área construída (art. 2º), além da categoria de uso das edificações (art. 3º): - especiais: aquelas destinadas às atividades de educação, pesquisa e saúde e locais de reunião que desenvolvam atividades de cultura, religião, recreação, esporte, lazer, hoteleiras e associativas; (...) - residenciais: aquelas que dispuserem de, pelo menos, um dormitório, uma cozinha e um compartimento sanitário, sendo destinadas predominantemente à habitação de caráter permanente, podendo ser: - mistas: aquelas que reúnem em uma mesma edificação, ou num conjunto integrado de edificações, duas ou mais categorias de uso. a) unifamiliar: quando corresponder a uma única unidade habitacional por lote de terreno; 110 São previstas quatro licenças: “Localização”, “Execução de Obras e ou o decréscimo na área construída do imóvel; reforma que interfira na Urbanização de Áreas Particulares”, “Mudança de Uso” e o “Habite-se”. segurança, estabilidade ou conforto da construção; implantação de A licença de localização é a de caráter ambiental e não urbanístico, canteiros de obras em imóvel distinto daquele onde se desenvolve a obra; sendo necessária esta “autorização19 prévia de novas construções, implantação e utilização de construção para vendas de lotes ou unidades abertura e ligação de novos logradouros ao sistema viário urbano e autônomas de condomínios; a demolição de edificação que afete os abertura de novos loteamentos urbanos” (art. 10), “se a obra causar ou elementos estruturais. Todavia, é isenta nos casos de (art. 15): a limpeza tiver o potencial de causar significativo dano ou impacto ao meio ou pintura externa e interna de edifícios, que não exijam a instalação de ambiente, ou se tratar de novo loteamento ou ainda transformação de tapumes, andaimes ou tela de proteção; a construção de muros divisórios área rural em urbana” (art. 11), tendo prazo de validade máxima de dois que não necessitem de elementos estruturais de apoio à sua estabilidade; anos. a construção de abrigos provisórios para operários ou de depósitos de materiais, no decurso de obras já licenciadas. A Licença de Execução de Obras e Urbanização de Áreas Particulares No caso de “construções de residências unifamiliares de interesse “destina-se à avaliação dos projetos, objetivando assegurar, no território municipal, a observância de padrões mínimos de segurança, higiene, social, construídas sob o regime de mutirão ou auto - construção que não salubridade e conforto das edificações” e possui prazo de validade de 1 pertençam a nenhum programa habitacional” a lei permite que seja (um) ano, que poderá ser ampliado pelo poder público, no ato de emissão exigida apenas esta licença (art. 16). O responsável técnico, conforme art. 13, só é indispensável para da licença, consideradas as características da obra. Uma vez atingido o prazo, fica considerada revogada a licença, devendo ser analisado construções com mais de um pavimento. novamente o projeto para renovação da licença. O Certificado de Mudança de Uso é necessário quando há mudança do Esta licença é necessária para (art. 14): construção previamente uso ao qual foi licenciado ou, mesmo nos casos de inexistência da licença, autorizada por Licença de Localização; reforma que determine o acréscimo ao qual o imóvel está sendo empregado. Tais mudanças deverão ser aprovadas pelo conselho municipal de desenvolvimento. 19 Tecnicamente não se trata de “autorização”, mas de verdadeira licença ambiental. 111 O “habite-se”, apesar de ser considerado uma licença, é também uma aprovado”, ou seja, apenas o projeto de solução de esgotamento sanitário forma de controle sucessivo das licenças já conferidas (SILVA, 2010). Em é exigência irrefutável, podendo as demais não ser exigidas pela muitos municípios o “habite-se” destina-se a toda e qualquer construção administração. ou reforma que tenha sido licenciada urbanisticamente pelo poder público No anexo III do Código de Obras é prevista uma tabela com as infrações municipal. Em Paulo Afonso, o artigo 18, caput, do Código de Obras urbanísticas, porém na lei aprovada não constam os valores a serem pagos começa dispondo que “uma obra será considerada em condições de pelos infratores. habitabilidade e receberá o ‘habite-se’ [...]”, o que pode sugerir ser 9.2.6. Código de posturas empregado de modo restrito, apenas nos empreendimentos de caráter habitacional. Uma leitura mais detalhada dos demais dispositivos, porém, Esta lei foi aprovada em 2001 e contém medidas de política permite compreender que a licença destina-se às demais modalidades de administrativa a cargo do município, explicitando regras, responsabilidades uso. É o que se depreende do §2º, quando permite a emissão de habite-se e penalidades que objetivam garantir a urbanidade e prevalência do parcial em “caso de prédio composto de área comercial e residencial, interesse coletivo. utilizadas de forma independente”, ou seja, está prevista a imissão de um As normas trazidas por esta lei são concernentes à ordem, à segurança, “habite-se” para área comercial, ou residencial, que tenha sido concluída à preservação estética e ambiental para os diversos ambientes físicos do primeiramente, devendo, ao final da obra, ser obtido o “habite-se” que município, referem-se ao uso dos espaços públicos, ao funcionamento de podemos chamar de conclusivo, ou total. estabelecimentos, à higiene e ao sossego público. O “habite-se” será concedido se a obra “estiver concluída, garantir 9.2.7. Lacunas legislativas: segurança a seus usuários e à população indiretamente a ela afetada e Alguns instrumentos presentes no Estatuto da Cidade - Lei Nº 10.257 apresentar as instalações previstas no projeto aprovado, funcionando a serão inseridos na política urbana municipal a partir da revisão do plano contento”, porém sua emissão não exige execução total do projeto diretor, para a gestão do uso e ocupação do solo e busca pela melhoria das aprovado. Segundo o §1º esta licença não poderá ser concedida “se não for realizada a solução de esgotamento sanitário prevista no projeto 112 Esta lei concentra as normas técnicas de edificações e no zoneamento condições de vida na cidade, além desses é importante a criação e aprovação de outras leis complementares, tais como: da cidade. As normas de edificações procuram estabelecer parâmetros detalhados sobre todos os aspectos das construções, incluindo tanto a Revisão do perímetro urbano com definição das zonas de expansão: relação da edificação com seu entorno (recuos, número de pavimentos, O perímetro urbano é a fronteira que separa a área urbana da área altura máxima) quanto a sua configuração interior (insolação, ventilação, rural no território de um município. Ele é de extrema importância, pois dimensão de cômodos). Esta lei deverá se basear nas definições de dependem dele as demais divisões do espaço urbano do município. Além zoneamento apresentadas pelo plano diretor revisado. disso, resulta dele também os impostos sobre o território urbano ou rural. No caso do urbano, o responsável pela arrecadação é o município, através do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano , que fica responsável também pelos serviços públicos, como coleta de lixo e infraestrutura básica. Parcelamento do solo: Apesar de o plano diretor em vigor trazer algumas normas para a aprovação de loteamentos, a lei de parcelamento do solo se mostra imprescindível. Esta lei deve regulamentar o parcelamento do solo urbano que poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, promovendo adequado ordenamento territorial. Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes. Uso e ocupação do solo: 113 necessariamente produzida pelos governos, podendo a sua produção ser 10. HABITAÇÃO SOCIAL 10.1. assumida por empresas, associações e outras formas instituídas de Aspectos Gerais atendimento à moradia; é destinada sobretudo a faixas de baixa renda que A Constituição Brasileira de 1988 (CF-88), através da Emenda nº 26, de são objeto de ações inclusivas, notadamente as faixas até três salários- 12/02/2000, elencou o direito à moradia como direito constitucional, mínimos; e embora o interesse social da habitação se manifeste indicando-o como direito social, visto a demanda por habitação existente especialmente em relação ao aspecto de inclusão das populações de no país naquele momento. menor renda, pode também manifestar-se em relação a outros aspectos como situações de risco, preservação ambiental ou cultural. Em 2001, com o advento do Estatuto da Cidade, firmou-se definitivamente o direito à moradia como inalienável, pertencente à 10.2. personalidade do indivíduo, sendo ainda imprescritível, irrenunciável, Paulo Afonso e Habitação Social O censo demográfico de 2010 aponta que o Brasil apresenta um déficit posto que, pressupõe condições de vida digna, devendo ser garantido pelo habitacional de 6,490 milhões de unidades, o correspondente a 12,1% do Estado (SOUZA, 2004). Tal norma veio munir o Estado de ferramentas total de domicílios no país. Cerca de 70% deste está localizado nas regiões técnico-jurídicas capazes de garantir o exercício da função social da Sudeste e Nordeste. (Fonte: IBGE) propriedade. Seguindo a direção apontada pela CF-88, o Estatuto da Cidade trouxe ainda instrumentos que objetivam criar condições de Em 2012 foi elaborado no município de Paulo Afonso o Plano Local de gerenciamento das políticas habitacionais em âmbito municipal, como o habitação de Interesse Social. Este plano foi desenvolvido através de uma Plano Diretor (que indica diretrizes gerais para as políticas públicas parceria da prefeitura municipal com a Fundação Apolônio Salles de prioritárias) e o Plano Local de Habitação de Interesse Social. Desenvolvimento Educacional (FADURPE). O PLHIS se propõe a reforçar as políticas voltadas para a habitação social no município, inserindo novos A provisão de moradia voltada à população de baixa renda no Brasil é instrumentos de política urbana que visam à garantia da função social da definida como Habitação de Interesse Social (HIS). Sua conceituação é propriedade e melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. bastante discutida. Segundo Larcher (2005) o termo pode ser caracterizado pelos seguintes requisitos: é financiada pelo poder público, mas não 114 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta em seu propriedade da moradia digna atinge um patamar de 69%, considerando banco de dados que, Paulo Afonso possuía em 2010, 108.396 habitantes, os domicílios que são imóveis próprios e quitados (IBGE,2010). com população estimada para 2015 de 119.214 habitantes e IDHM O município de Paulo Afonso, que, de acordo com a divisão proposta apurado de 0,674. pelo Plano Estadual de Habitação e Regularização Fundiária está inserido Para 2022, calcula-se uma população de 116.758 habitantes, no território de identidade (TI) “ITAPARICA”, é cadastrado no sistema do considerando-se, ainda, que não haverá uma variação na quantidade de Governo do Estado da Bahia que sistematiza as demandas por habitação. pessoas por habitação, projeta-se a necessidade de 32.578 residências Neste programa as famílias são inscritas como forma de facilitar o para atender as necessidades locais. cadastramento dos municípios e evitar que uma mesma pessoa se cadastre em mais de uma localidade. De acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE, o município possuía, em 2010, 31.183 habitações, sendo possível afirmar que há um déficit No que se diz respeito a Paulo Afonso especificamente, foram habitacional de 2.704 unidades. Deste modo, como 92,98% dos habitantes levantados 36.027 domicílios particulares, sendo 31.049 ocupados com de Paulo Afonso possui renda média de até três salários mínimos, uso, 248 ocupados fechados, 31.297 o total de domicílios ocupados, 1.163 considera-se que 2.514 unidades habitacionais referem-se ao déficit de uso ocasional e 3.567 vagos. No que se refere aos domicílios habitacional dessa camada da população. improvisados (domicílio particular localizado em uma edificação que não O quadro de necessidades habitacionais deve ser confrontado ao fato tem dependência destinada exclusivamente à moradia, como também os de que em mais de 17.000 domicílios (mais de 40% do total), a renda locais inadequados para habitação e ocupados por moradores), constatou- familiar é de até um salário mínimo. Entretanto, alguns dados dão conta se que 20 estão na zona urbana, 82 na rural, totalizando 102 unidades. Já que o acesso a serviços e infraestrutura urbana tem cobertura adequada, quanto aos domicílios rústicos (sem paredes de alvenaria ou de madeira com 88% dos domicílios abastecidos por água pela rede geral e 97% dos aparelhada) foram levantadas 174 unidades na zona urbana, 92 na zona domicílios possuem sanitário. Ademais, o acesso à terra urbana à rural, totalizando 266. 115 Domicílios com adensamento excessivo são aqueles cujo número de de PA IV, os esgotos também são jogados diretamente nas águas, sem moradores por dormitório é superior a 3. Nesta categoria foram nenhum tratamento. Apenas algumas ruas são pavimentadas. identificados pelo PLHIS 1.176 na zona urbana, 256 na zona rural, O poder público em Paulo Afonso tem atuado com a oferta de totalizando 1.432 domicílios em Paulo Afonso. unidades habitacionais, realização de urbanização de assentamentos e Segundo SILVA (2012), os lagos, presentes na porção ilhada de Paulo doação de materiais de construção. A produção de mercado imobiliário em Afonso, encontram-se ocupados por habitações precária. Entretanto, a Paulo Afonso tem se intensificado nos últimos anos, sendo possível EMBASA, através do PAC, realizou obras recentes, entroncando na sua encontrar vários edifícios e habitações isoladas ou em condomínio já rede de esgoto os pontos de lançamento nos lagos, e o esgoto está sendo entregues ou em construção. tratado. O Município encontra-se entre os grupos mais desenvolvidos do Estado O bairro Senhor do Bonfim e toda a área ao longo da rua do Sossego e da Bahia, podendo aumentar a sua capacidade em administrar e gerenciar do bairro Sal Torrado, também, possuem habitações precárias. Já o Bairro os recursos oriundos do governo federal para construção de habitações Prainha, embora seja uma Zona de Proteção Ambiental recreativa (ZPA), com a criação de órgão específico, uma Secretaria de Habitação, e encontra-se com ocupação consolidada com ruas pavimentadas e implantação de programas habitacionais com recursos próprios e de infraestrutura. Muitas habitações são de população de baixa renda, órgãos federais. Esta possível autonomia institucional possibilitará uma algumas em estado precário e seus efluentes são jogados no lago. O PLHIS maior capacidade de implementação do PLHIS. apontou a necessidade da regularização urbanística e fundiária de 3.300 Paulo Afonso possui Conselho Gestor do fundo Municipal de Habitação unidades habitacionais nos bairros citados acima. criado através da Lei nº 1109, de 26 de dezembro de 2007. No que tange à Vários loteamentos irregulares estão em expansão no Bairro Moxotó, legislação relacionada, ressalte-se que está em processo de aprovação lei Jardim Bahia e Pedra Comprida, com a construção de condomínios que regulamenta os programas de habitação de interesse social no horizontais de classe média e alta. No trecho que fica às margens do lago município, assim como seu Conselho de Habitação. Nesta lei, estão inclusos os critérios de seleção de famílias beneficiadas pelo Minha Casa 116 Minha Vida, consoante autoriza a Portaria nº 595, de 18 de dezembro de Nesta área, conhecida como Seriema II, após a elaboração do PLHIS , já 2013, ambas do Ministério das Cidades, que dispõe sobre os parâmetros foram construídos alguns conjuntos habitacionais unifamiliares que se de priorização e o processo de seleção dos beneficiários do Programa encontram ainda sem a infraestrutura urbana adequada, havendo ainda Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). dificuldade de acesso a comércio e serviços. Além disso, algumas unidades se encontram muito próximas ao perímetro com controle de ocupação do 10.3. O instrumento da ZEIS no PLHIS. aeroporto. A definição da área vizinha a esta como prioritária para O instrumento da ZEIS – Zona de Especial Interesse Social tem como habitação social necessita ser balizada a outras propostas de melhoria da um de seus objetivos, definir regiões da cidade prioritárias para a infraestrutura urbana local, assim como a definição de outras áreas em implantação de habitação de interesse social. Assim, o PLHIS (2012) traz diferentes regiões do município, a fim de que os munícipes com diferentes uma proposta de localização de zona especial de interesse social condições de renda não se mantenham segregados, evitando a favelização concentrada na região próxima ao aeroporto, como demonstra o mapa da periferia da cidade e garantindo a qualidade de vida a todos os que se segue (ver mapa 17). habitantes de Paulo Afonso. Foto 61 - Habitações Sociais no Bairro Seriema. Autoria: Bárbara Lopes, Equipe Vivenda. 2015. 10.4. Programas e Ações em Andamento/Planos e projetos Mapa 13 - Proposta ZEIS do PLHIS. 2011. De acordo com as informações coletadas junto a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Paulo Afonso, entre os anos de 2009 e 2015, 117 a referida Secretaria incorporou as suas atividades, o trabalho voltado à moradia digna, tendo como base critérios que se consubstanciam nas famílias em situação de vulnerabilidade e risco social. A Política de Habitação no município se inscreve dentro da concepção Construção de Unidades Sanitárias; O Programa atende famílias na condição de vulnerabilidade social e em situações de extrema precariedade. Tendo os mesmos critérios para enquadramento do programa de Concessão do Material de Construção. de desenvolvimento urbano integrado, no qual a habitação não se restringe a casa, incorporando o direito à infraestrutura, saneamento ambiental, mobilidade e transporte coletivo, equipamentos e serviços urbanos e sociais. O objetivo é viabilizar o acesso à moradia digna e adequada a segmentos da população especialmente o de baixa renda na área urbana e rural do município, contribuindo, assim, para a inclusão social. Os programas desenvolvidos pelo setor estão relacionados na tabela abaixo. Tabela 29 - Programas Habitacionais no município Programa Concessão de material de construção, com mão de obra do beneficiário: Características O Programa de Concessão de Material de Construção atende famílias em condição de vulnerabilidade social e em situações de extrema precariedade. O atendimento é realizado por meio de cadastro prévio; visita do técnico social; visita do fiscal de obras; elaboração do parecer; e encaminhamento do material para o beneficiário, tendo como critérios para enquadramento: Habitações que não estejam assentadas em áreas área de risco (áreas alagadiças, alta tensão, diques) e em áreas de preservação permanente; Habitações fora de áreas consideradas de invasão; Famílias de comprovada vulnerabilidade social, com renda per capita igual ou inferior a 30% (trinta por Reforma de Unidades Habitacionais: O Programa atende famílias em 118 cento) do salário mínimo nacional; Famílias que possuam dependentes, na condição de menores de idade; Famílias que possuam idosos; pessoas com deficiência física, intelectual e mental; Famílias em que a mulher é comprovadamente chefe de família. Foram atendidas 625 famílias nas seguintes localidades e número de atendimentos: Bairro Jardim Aeroporto 01; Bairro Jardim Bahia 05; Bairro Siriema 29; Bairro Moxotó/ P. Comprida 07; BTN 69; Bairro Barroca 19; Bairro Centro 03; Bairro Prainha 35; Bairro Dom Mário Zaneta 01; Bairro Centenário 03; Povoado Juá 25; Povoado Placas 15; Povoado Xingozinho 34; Povoado Ludovico 31; Povoado Angico 06; Povoado Poço da Umburana 12; Povoado Caiçara I e II 30; Povoado Baixa da Onça 20; Povoado Campos Novos 21; Povoado Lagoa do Rancho 04; Povoado Baixa do Boi 08; Povoado Riacho Grande 05; Povoado Lajinha 02; Povoado Muriçoca 01; Povoado Izídio 06; Povoado Lagoa Grande 10; Povoado Alto da Espora 03; Povoado Nambebé 15 Povoado Olho D’água do Paulo 02; Povoado Malhada Grande 20 Povoado Pias 01; Povoado Duas Barras 02; Povoado Arrastapé 11; Povoado Lagoa da Pedra 19; Povoado Macambira 02; Povoado Bonomão 09; Povoado Santo Antônio 09; Povoado Tabuleirinho 32; Povoado Sítio do Tará 12; Povoado Serrote 08 Povoado Batatinha 11; Povoado Vila Matias 01; Povoado Casa de Pedra 02; Povoado Salobro 27; Povoado Grossos 07; Povoado Serra do Padre 04; Povoado Malhada da Caiçara 12; Povoado Baixa Verde 07; Povoado Lagoa Seca 03; Povoado Pedreizinha 04 Foram atendidas 5 famílias, nas seguintes localidades: Bairro Tancredo Neves/ 01; Bairro Centro /02; Bairro situação de risco social, com terreno próprio, que residam em casas precárias ou em situação de desabamento. Construção de Unidades Habitacionais com recursos próprios. O Programa atende famílias em situação de risco social, com terreno próprio, que residam em casas precárias ou em situação de desabamento. Elaboração e execução do Projeto de Trabalho Social referente ao Programa Minha Casa Minha Vida Seleção dos beneficiários para inserção no Programa Nacional de Habitação Rural/PNHR que atende a agricultores e famílias moradoras em zonas rurais; Elaboração e execução do Projeto de Trabalho Técnico Social referente ao Programa Nacional de Habitação Rural/ PNHR. Programa de Habitação de Centenário /01; Bairro Nossa Senhora Perpétuo Socorro /01 Interesse Social Os critérios para a inserção no programa se baseiam nas famílias em situação de vulnerabilidade social, priorizando as mulheres chefes de família com o maior número dos filhos. construído com recursos do OGU- Orçamento Geral da União, localizado no Bairro Tancredo Neves III, atendendo a 200 famílias. Com recursos do FGTS, em parceria com o governo Federal e Estadual, o município de Paulo Afonso executou a construção das residências, sob o regime de mutirão assistido e o Projeto de Trabalho Social do Conjunto Habitacional Dona Ceci, localizado no Bairro Siriema I, atendendo a 215 famílias. O Conjunto Habitacional Dona Ceci foi construído em um terreno antes utilizado como área de invasão, os moradores que habitavam o terreno não possuíam condições básica de infra-estrutura e saneamento básico. Desta forma, os critérios para inserção no programa foram os moradores da antiga invasão, desde que de baixa renda e em situação de vulnerabilidade. Entregues: Conjunto Habitacional Ceci Soares / HIS - FGTS Conjunto Habitacional Sargento Jaime / HIS Residencial Tancredo Neves– Bairro Tancredo Neves I / MCMV Residencial Beira Rio – Vila Moxotó / MCMV Residencial Amanda Morais – Barroca / MCMV Residencial Celidone de Deus – Bairro Tancredo Neves III / MCMV Previstos: Loteamento Dom Mario – Bairro Tancredo Neves III / MCMV Fonte: PLHIS, 2015 – Estratégias e ações Foram atendidas 92 famílias, nas seguintes localidades: Bairro Jardim Bahia /01; Bairro Moxotó/ P. Comprida /02; BTN /27; Bairro Barroca /05; Bairro Centro/ 03; Bairro Centenário /05; Bairro Perpétuo Socorro/ 01; Povoado Juá /01; Povoado Poço da Umburana/ 01; Povoado Caiçara I e II/ 02; Povoado Baixa da Onça/ 01; Povoado Baixa do Boi/ 02; Povoado Riacho Grande /02; Povoado Muriçoca /01; Povoado Alto da Espora /01 Povoado Bonomão /02; Povoado Tabuleirinho /03; Povoado Tigre /03; Povoado Riacho /06; Povoado Papagaio /03; Povoado Alto do Araticum /01; Povoado Bogó/ 01; Povoado Sítio do Lúcio /06; Povoado Casa de Pedra /02; Povoado São José /04; Povoado Salgadinho/ 01; Povoado Barro Vermelho/ 03; Povoado Mosquito/ 01 Povoado São Domingos/ 01 Todos os empreendimentos do PMCMV Foram contempladas 24 (vinte e quatro) famílias, localizadas nos seguintes Povoados: Nambebé/ 04; Izidio /01; Riacho /01; São José /02; Papagaio /01 Bonomão /01; Xingozinho /01; Grosso/ 01; Alto do Araticum/ 01 Baixa Verde /01; Caiçara /03; Mão – Direita/ 01; Açude /02; Tabuleirinho/ 01; Macambira /01; Casvavel / 01; Tigre /01 Todos os empreendimentos do PNHR. Com relação especificamente ao Programa Minha Casa Minha Vida, hoje o município demonstra um grande avanço na área de habitação, haja vista O conjunto habitacional Sargento Jaime foi que, no quesito modalidade urbana, possui 05 (cinco) empreendimentos, 04 (quatro) já entregues e 01 (um) em andamento, 119 Tabela 30 - Operações Contratadas pelo município pela CAIXA cada um com 200 (duzentas) unidades, totalizando 1000 (um mil) famílias, nas seguintes localidades: Ano Contrato Programa/Ação Descrição da obra/serviço Valor do investimento Status 2006 019319613 HAB INT SOCIAL Construção de unidades habitacionais. R$ 1.099.405,17 Concluída HAB INT SOCIAL Produção Habitacional Paulo Afonso/BA Bairro Tancredo Neves III R$ 1.871.097,27 Concluída PMCMV Construção de 200 vilages com sala cozinha área de serviço sanitário dois quartos. R$ 8.281.786,95 Concluída R$ 8.278.290,47 Concluída 1. Bairro Tancredo Neves: Residencial Tancredo Neves; 2007 023327647 2. Bairro Moxotó: Residencial Beira Rio; 3. Bairro Barroca: Residencial Amanda Morais; 2010 031071480 4. Bairro Tancredo Neves: Residencial Celidone de Deus; 2010 029625525 PMCMV Construção de 200 villages duplex com 2 quartos, sala, Cozinha, banheiro e área de serviço 2010 033142079 HAB INT SOCIAL Construção de 15 unidades para habitação de interesse social R$ 327.657,82 Concluída PMCMV Const. de 200 uhs casa Térrea com 02 quartos, sala, Cozinha, sanitário e área de serviço. R$ 9.998.567,58 Concluída PMCMV Construção de 200 casas térreas com 02 quartos, sala, cozinha, sanitário e área de serviço. R$ 12.000.000,00 Concluída 5. Bairro Tancredo Neves: Residencial Dom Mário. Destaque-se ainda que na região do BTN, apesar de haver acesso aos equipamentos e serviços públicos de educação, saúde e assistência social, há uma grande concentração das habitações precárias do município, 2012 estando ligadas também à concentração de baixa renda sem fonte de 036673517 renda. Nesta área, segundo dados da Subprefeitura do BTN, após a aprovação do PDDU de 2000, que define como lote mínimo pra área a 2013 dimensão de 10 X 20 metros, apontou-se um problema, haja vista que a 040881696 Fonte: Tabela construída a partir dos dados disponibilizados pela CAIXA "SIURB" Acompanhamento de Obras. população de baixa renda tem a necessidade de subdividir seus lotes para moradia de familiares, surgindo a demanda de aprovação de desmembramento de lotes de 7,5 X 10 metros (aproximadamente). 120 11.SERVIÇO E INFRAESTRUTURA URBANA Em aspectos gerais, segundo o Diagnóstico elaborado pelo Ministério de Minas e Energia em 2005, o município apresenta ótima infraestrutura de serviços, contando com 8 agências bancárias (2 do Banco do Brasil, 2 do Bradesco, 1 da Caixa Econômica Federal, 1 do Banco do Nordeste, 1 do HSBC e 1 do Itaú), várias casas lotéricas, agências postais, hotéis e que totalizam cerca de 800 leitos no total, empresas de transporte rodoviário urbano e interurbano, estação rodoviária, um aeroporto com pista Foto 62 - Transporte público - ônibus urbano de Paulo Afonso. Fonte: Prefeitura municipal. http://www.pauloafonso.ba.gov.br/internas/secretarias/informativos/read.php?id=31 31&id_sec=7. Acesso: 01/02/2016. asfaltada com extensão de 1.800 x 45m equipado para visão diurna, noturna e IFR; estação repetidora de televisão, estações de rádio (2 AM e 1 O poder público municipal não tem controle efetivo dos itinerários, FM) e terminais telefônicos com acesso DDD, DDI e celular. horários de partida dos ônibus e quantidade de ônibus operando, tento as 11.1. Infraestrutura do Sistema Viário - Mobilidade e Acessibilidade empresas, na prática, liberdade de escolha da forma de oferta do serviço público. Devido à particularidade da sede municipal estar dividida em três núcleos, sendo o núcleo central localizado na ilha formada pela barragem As rotas de ônibus são as mesmas desde a década de 1970, de tal de PA-IV e pelo braço do Rio São Francisco, a acessibilidade e mobilidade forma que diversos bairros não são servidos por linhas de ônibus operadas na cidade são questões de extrema importância. A cidade de Paulo Afonso pelas empresas VITRAN e DISBEM, como a Vila Nobre, o bairro General é servida pelas empresas DISBEN/ARATU e VITRAN. Ainda assim há uma Dutra20 e outras localidades que receberam empreendimentos do PMCMV demanda por um maior número de linhas e trajetos, além de haver a e carecem da implementação de transporte adequado. necessidade de adaptação dos veículos para o transporte de cadeirantes e O bairro General Dultra tem um único ônibus que passa pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA), cujo destino é o Estado de Alagoas, Município de Delmiro Gouveia, distrito da Barragem Leste. 20 pessoas com mobilidade reduzida. 121 Outro meio de transporte existente no município é o comumente fiscais para tal. A principal organização do sistema de taxis parte dos denominado “alternativo”, que foi regulado pela Lei Municipal 1.218/2011, próprios taxistas, através de sua associação, que tenta regulamentar os onde resta permitido o uso de vans como meio de transporte pontos de taxis e quem nele pode operar. complementar. A ideia seria controlar o sistema de vans que operam de O moto-taxi, um dos principais meios de transporte da cidade, não forma intermunicipal e interestadual e acabam também coletando possui regulamentação municipal ou federal. Operam de forma livre, com passageiros das linhas urbanas de ônibus. Porém, até o momento a taxas instituídas pela associação de moto-taxistas. O poder público prefeitura não regulamentou a lei e não possuem procedimentos municipal não sabe quantos pontos de moto-taxis existem ou mesmo administrativos para atuação destes transportes, cadastro, taxas, rotas e quantos moto-taxistas circulam na cidade. outros. A rede viária do município é composta por diversos tipos de vias, que O serviço de taxi é regulado pela lei municipal 1084/2007. Segundo cumprem, na prática, a função de vias artérias, coletoras e locais, sem que dados do departamento municipal de Trânsito, Paulo Afonso possui 12 haja, entretanto, um sistema de mapeamento das vias existentes no pontos de taxi e 72 veículos cadastrados e com permissão para operar. A município. lei instituiu diversas obrigações, como padronização dos táxis, porém estes Algumas vias projetadas, como “o anel viário de contorno da ilha”, não são cumpridos e não possuem fiscalização do poder público. deveriam se constituir como elemento de articulação básico do sistema Os valores das tarifas são propostos pela associação de taxistas e arterial do interior da ilha que interliga a ponte e todas as radiais de acesso ratificados pelo poder público municipal. A utilização de taxímetro não é ao centro, mas não cumprem esta função. Entretanto, esta via deverá ser exigida no Município, e o valor das corridas é definido pelo destino do planejada e demanda nova intervenção física, uma vez que dará acesso à passageiro (ex: rodoviária/centro ou centro/BTN), sem proporção por segunda ponte de acesso ao núcleo insular, ligando os bairros Centenário e distâncias percorridas. Jardim Bahia. Da mesma maneira que o sistema complementar, os taxis operam sem Por ser plana a cidade favorece o uso da bicicleta como meio eficiente fiscalização na cidade, pois a Secretaria de Serviços Públicos não possui de transporte urbano na cidade. Esse meio de transporte, entretanto, não 122 possui vias específicas de circulação, precisando disputar espaço com os Segundo o DENATRAM, o município contava com uma frota viária de automóveis, o que diminui a segurança do ciclista. 47.920 veículos em dezembro de 2015, mais que o triplo da frota de 2001 que era 13.940 veículos, conforme se observa na tabela 9: Apesar das águas serem divisores das três porções urbanas do Tabela 31 - Frota de veículos de PA 2001 e 2015 município, núcleos insular, sul e noroeste, não há sistema de transporte aquaviário no município. As águas são fonte de sustento de pescadores Veículos 2001 2015 Automóvel 7375 21.411 que nela transitam, bem como de lazer para os munícipes, com o crescente Caminhão 520 903 uso de lanchas, jet-skis, além de modalidades esportivas como “carranca Trator 36 67 boat”, caiaque e stand up surf. Caminhonete 214 3560 Camioneta 1308 671 Ciclomotor 0 05 penetração ao bairro, todas implantadas, mas com carência de Micro-ônibus 84 334 acessibilidade a pedestres e portadores de deficiência (DIAS:2014). Motocicleta 3937 16.076 Segundo Raimundo Caires (2005) Motoneta 231 3.752 Ônibus 134 366 Reboque 50 433 Semi reboque 49 190 Triciclo 1 19 Utilitário 0 133 Outros 1 0 Total 13.940 47.920 O município conta com vias radiais de acesso ao centro e vias de Sem um planejamento básico, a cidade se estendeu através da multiplicação de loteamentos concebidos de forma independente, articulados a BR, que acabou se conformando na espinha dorsal de circulação das Macrozonas Sul e Oeste da cidade, estruturando e articulando seus espaços. O tecido urbano de Paulo Afonso se apresenta desta forma como uma colcha de retalhos, disforme e extensa, apoiada na BR, impondo a seus habitantes e aos que trafegam nas BR um atrito mutuamente perigoso e muitas vezes fatal. Fonte: DENATRAM;2015. O destaque é para a frota de automóvel que aumentou quase 300% e motocicleta que aumentou mais de 400%, apontando a tendência da utilização crescente do automóvel particular no município. 123 A maior parte dos equipamentos de uso coletivo e oportunidades de O município não possui levantamento de estacionamentos públicos emprego do município estão concentradas na região insular, gerando existentes e vagas. Sabe-se que a quantidade de vagas no centro é grande tráfego de pedestres, ciclistas e veículos nas pontes que ligam as deficitária. três regiões da cidade – Ilha, região do aeroporto e BTN. O maior gargalo Uma situação desregulada no Município é o horário para carga e destes fluxos está na Avenida Apolônio Sales e na Ponte que conecta a ilha descarga de mercadorias, que acabam acontecendo em qualquer lugar e às duas outras regiões. Pela manhã, forma-se um congestionamento no hora do dia. Com isso, automóveis de grande porte acabam estacionando sentido de entrada na ilha e no horário de almoço e fim de tarde, o maior nas vias públicas para descarga de mercadorias, ou mesmo para aguardar fluxo é contrário. A foto 38 registra este trecho no meio da tarde, com o horário que o estabelecimento irá receber as mercadorias, atrapalhando movimento já reduzido. o trânsito e fechando vias. A título de exemplo, nas fotos abaixo um caminhão cegonha estaciona em uma pequena via lateral da Av. Apolônio Sales, impedindo o acesso de veículos pelo local e ocupando as vagas de estacionamento, durante todo o dia, aguardando o fechamento da concessionária Maracá. O referido caminhão estacionou no local pela manhã e nenhum carro pode estacionar no trecho, que pode suportar cerca de 10 veículos. Foto 63 - Ponte Boa Viagem. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015. Foto 64 - Caminhão cegonha às 12h e 18:00 ocupando via pública no dia 10.02.16. Fonte: Vivenda Consultoria. 124 Em outra situação, caminhões estacionam próximo aos supermercados A gestão do serviço de transporte é realizada pela Secretaria Municipal DM e Santa Luzia, na Av. José Hemetério de Carvalho, uma das vias que de Serviços Públicos que conta com o Departamento Municipal de Trânsito congestionam na cidade, e uma caminhonete chega a estacionar em fila – DEMUTRAN. O controle social deveria ser feito pelo Conselho Municipal dupla para descarga de mercadorias, no final da manhã de uma sexta-feira, de Transito (Lei Municipal 1041/2006) e os recursos são administrados quando a localidade está repleta de consumidores e feirantes. pelo Fundo Municipal de Transito (Lei Municipal 1040/2006), porém não foram criados de fato. Quando há intenção de majorar o valor das tarifas as empresas de ônibus se reúnem na sede do poder público municipal com as associações representativas da sociedade para discutir, fazendo às vezes de conselho. Do ponto de vista de investimentos a tabela abaixo aponta os Foto 65 - (esquerda) Via sendo utilizada para trânsito e estacionamento de veículos. (direita) Veículos estacionados em fila dupla para descarga de mercadorias na Av. José Hemetério de Carvalho, dia 11.03.16. Fonte: Vivenda Consultoria investimentos dos últimos 10 anos a partir da captação de recursos junto ao governo federal, tendo sido concluídas obras de pavimentação na ordem de R$4,4 milhões, estando contratado para futura execução obras O controle de meia passagem estudantil é realizado pela própria de pavimentação na ordem de R$4,2 milhões. concessionária. Os estudantes fazem uma carteira de meia passagem na empresa e compram um passe estudantil. As pessoas com deficiência são Tabela 32 - Captação de recursos para viário 2005-2015. avaliadas nos postos de saúde, com médicos, para verificar se têm direito gratuidade da passagem e por assistente social, para verificar a renda, Ano Contrato Programa/Ação Descrição da obra/serviço Valor do investimento Status posteriormente são cadastrados do Departamento Municipal de Trânsito, 2005 017720718 PRO-MUN-PEQ POR Pavimentação de vias R$ 107.250,00 Concluída 2005 018856699 PRO-MUN-PEQ POR Pavimentação em paralelepípedo R$ 4.161.278,74 Concluída 2010 031007110 PRO-MUNMD/GR Pavimentação de rua no bairro R$ 153.390,11 Concluída onde emitem uma carteira que lhes faculta a meia passagem. Os idosos possuem direito à gratuidade e, conforme Estatuto do Idoso, apenas precisam apresentar o documento de identidade para tal. 125 urbanos. Nota-se a necessidade de adaptação também dos equipamentos Prainha 2014 2014 2014 2015 PROG. APOIO AO DESE. DO SETOR AGROPECUAR Pavimentação de estradas vicinais nos povoados do Riacho e do Juá no município de Paulo Afonso R$ 359.425,00 0101454211 PLANEJAMENTO URBANO Pavimentação de ruas nos bairros: Rodoviário, Sal Torrado e Siriema no município de Paulo Afonso R$ 2.160.000,42 Não iniciada 0101754360 PLANEJAMENTO URBANO Pavimentação de vias urbanas no bairro Tancredo Neves R$ 685.298,09 Não iniciada PLANEJAMENTO URBANO Pavimentação de vias no bairro Cardeal Brandão Vilela no município de Paulo Afonso R$1.036.980,00 Não iniciada 0100944842 0102494608 públicos ou privados de acesso público. Atrasada 2,42% executada As calçadas dos bairros centrais que surgiram de forma espontânea apresentam uma maior dificuldade de adequação, devido à dimensão estreita das vias. Assim, mostra-se necessária a elaboração de estudos específicos que embasem possíveis soluções para a acessibilidade local. Fonte: Tabela construída a partir de dados disponibilizados pela SIURB/CAIXA;2016 Sendo Paulo Afonso um município com mais de 60 mil habitantes, deve Foto 66 - Vias da região central da sede com acessibilidade reduzida. Autoria: Bárbara Lopes. Equipe Vivenda. 2015. ser elaborado o Plano de Mobilidade Urbana, o prazo previsto pela Política A questão da acessibilidade também vem sendo discutida na Nacional de Mobilidade Urbana era abril de 2015, estando em tramitação necessidade de adaptação do transporte público aos deficientes físicos e na Câmara Federal o PL 7898/14 que propõe a prorrogação do prazo até com dificuldades motoras. A frota de veículos adaptados na cidade é de 2018. dois ônibus e um micro-ônibus. Quanto à acessibilidade das vias e calçadas da cidade, há uma clara necessidade de adequação à norma brasileira ABNT NBR 9050 que exige o acesso universal a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos 126 11.2. Portanto, essas inadequações estão ligadas às áreas de assentamentos Abastecimento de água O sistema de abastecimento atende a 20.267 domicílios com rede precários localizadas às margens dos lagos, que jogam seus dejetos geral, 368 com poços ou nascentes e 3.106 de outras de formas. O diretamente na água. O poder público municipal possui programa para abastecimento de água no município é feito pela EMBASA, que tem água construção de sanitários destinados às famílias de baixa renda, mas nos de rio como principal fonte de captação. Segundo os levantamentos do casos de ocupações em lugares inadequados para moradia não é possível PLHIS alguns bairros ainda não possuem ligações de água à rede da executar esses programas, e também não é possível implantar sistema de EMBASA, como Boa esperança (antigo Lixão) e Loteamento Santo Antônio. saneamento, todas estas questões estão sendo tratadas no Plano Municipal de Saneamento Básico que está sendo elaborado pelo município Na zona rural, informa Silva (2012) que a prefeitura instalou 2310 com apoio da EMBASA. cisternas para resolver o problema da falta d’água, uma vez que a seca nesta região acaba com a vegetação e o gado também morre de sede na 11.3. época de estiagem. A Prefeitura Municipal de Paulo Afonso administra os serviços de Quanto ao saneamento, cerca de 17.572 domicílios apresentam Coleta de lixo limpeza urbana através da Secretaria de Serviços Públicos que além desta, banheiros e sanitários ligados à rede geral, enquanto 20.696 possuem sistema de transportes dos resíduos. banheiros e sanitários com esgotamento através de fossas sanitárias. Em A gestão adotada pela Prefeitura contempla a terceirização dos 3.045 residências não existem instalações sanitárias. A área da Prainha de serviços, exceto alguns poucos complementares e de caráter emergencial, Brita, de interesse para a EMBASA, que precisa de uma faixa de 8.00 já tendo passado por várias licitações e empresas que se sucederam metros para instalação da rede de esgoto. O censo do IBGE (2010) revelou através de contratos diretos com a Prefeitura Municipal ou da cessão de que o maior problema de “Inadequação “ em Paulo Afonso está contratos, ou subcontratação. relacionado com o esgotamento sanitário. Existem 4.901 domicílios sem A área de abrangência ou de atuação da Secretaria de Serviços Públicos ligação de rede de esgoto. se estende além da sede municipal, coleta os resíduos dos povoados maiores que ficam em volta da cidade. Segundo o IBGE (2010) a cobertura 127 dos serviço de coleta de lixo atende a 26.589 domicílios, ou seja 85% dos O lixo de estabelecimentos de saúde como hospitais e clínicas é domicílios, há que se considerar que os domicílios em regiões rurais coletado separadamente em roteiro específico através de veículo da possuem outro tipo de solução. empresa SERQUIP e destinados a incineração pela mesma empresa. O sistema de varrição e manutenção é realizado pela empresa GARD. Após aquisição de caminhões compactadores, os serviços de limpeza urbana foram otimizados, reformulando-se e melhorados os circuitos de As feiras são varridas pela própria equipe de varrição, e a produção é coleta, com melhor distribuição dos serviços, após a frota ter sido coletada totalmente substituída por veículos compactadores novos, comprado pela acompanhamento da produção de lixo gerado. Prefeitura, fazendo com que a abrangência fosse mais bem atendida e a juntamente com a coleta domiciliar, impedindo o Segundo informação da Prefeitura, a varrição é realizada com produção coletada também ampliada. frequência diária no centro, nos dois turnos, e alternada de três em três Do lixo coletado, a prefeitura municipal é responsável por 96% e o dias nos trechos das avenidas, utilizando-se pás, carrinhos de mão tipo restante é coletado por particulares, cerca de 4%. “contêiner” e vassouras de piaçava. Em atendimento aos dispositivos da Lei Federal nº 12.305/2010, em Estão distribuídas cerca de 1.500 cestas para pedestres, ao longo das agosto de 2014 foi inaugurado o Aterro Sanitário de Paulo Afonso, próximo vias, estando afastadas distantes uma das outras em cerca de 30 metros. ao Povoado Campos Novos para a destinação final do lixo produzido no Essas cestas têm a finalidade de receber a produção de lixo de pedestres, e Município. estão localizadas nas principais avenidas e praças do centro da cidade, como Avenida Apolônio Sales, Avenida Otaviano Leandro de Morais, A coleta dos resíduos das feiras e do Centro de Abastecimento é diária Avenida Getúlio Vargas, Avenida Contorno, Praça do Trabalhador, Praça e noturna, sendo realizada pelos veículos compactadores. das Mangueiras, Praça entre outras. A coleta de entulho é feita por máquina tipo pá carregadeira e por Ressalta-se que cada agente de limpeza dispõe de um carrinho de mão veículos tipo caçamba da própria prefeitura e/ou terceiros. (tipo bambolê) com 100 litros de capacidade, munido de tampa e rodas, sacos plásticos para acondicionar o lixo varrido, vassoura e pá. Esses 128 equipamentos são guardados em pontos estratégicos de apoio localizados nos setores de varrição. 11.4. Energia elétrica A energia elétrica é distribuída pela COELBA - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, sendo o IBGE (2010) o município possui 25.397 domicílios cadastrados na companhia elétrica 81,5% de cobertura, e 751 domicílios recebendo energia informalmente (2,4%). O município conta com o programa de Tarifa Social da Coelba que beneficia as famílias inscritas no CadUnico com desconto de até 65% da tarifa. 129 Entre 2005 e 2012 as matrículas do ensino médio caíram de 7.160 para 12. Educação 4.652, mesmo com o surgimento de vagas no ensino público federal. Em É um consenso a relevância da formação pessoal para o exercício do relação ao quadro docente, este permaneceu com poucas alterações ao trabalho e da cidadania, sendo suficientemente repetido que a educação é longo do período analisado. uma prioridade nacional e dever do Estado, mesmo que a repetição do O número de escolas oscilou somente no ano de 2007, quando é bordão não se converta em um campo imediatamente efetivo. Fundações possível notar uma nítida diminuição no ensino pré-escolar e fundamental privadas e sistemas de ensino podem se interessar por educação, mas é e, por outro lado, um aumento significativo no número de escolas no uma ação elementar do Estado que deve prover financiamento, tecnologia, ensino médio. estratégias e formação para a realização dos objetivos, buscando Tabela 33 - Ensino: Matrículas, docentes e rede escolar, município de Paulo Afonso-BA, 2007-2012. universalizar o acesso e a qualidade. Cabe ao município, em seu nível estatal, prover a educação fundamental, pois é aqui onde começa o ENSINO desenvolvimento da cidadania. Pré-escolar Fundamental Abaixo, quadros comparativos apresentam dados fornecidos pelo IBGE Médio nos anos de 2005 a 2012 informando o número de matrículas, docentes e Paulo Afonso, em escolas públicas e privadas. matrículas, docentes e escolas só aumentou, basicamente, no ensino pré- MATRÍCULAS 2009 MATRÍCULAS 2012 2.538 2.716 2.527 2.726 19.102 18.078 18.008 17.084 7.160 5.697 5.205 4.652 DOCENTES 2007 DOCENTES 2009 DOCENTES 2012 Pré-escolar 147 124 123 145 Fundamental 856 767 714 788 Médio 306 257 242 288 ENSINO Em análise das tabelas, comprova-se que nesse período, o número de MATRÍCULAS 2007 DOCENTES 2005 ENSINO escolas na pré-escola, ensinos fundamental e médio, no município de MATRÍCULAS 2005 ESCOLAS 2005 ESCOLAS 2007 ESCOLAS 2009 ESCOLAS 2012 Pré-escolar 54 37 62 64 Fundamental 84 49 73 76 9 15 8 10 Médio Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP Censo Educacional 2005, 2007, 2009 e 2012 e IBGE - Censo Demográfico 2010. escolar. Quanto às matrículas no ensino fundamental e no ensino médio, observa-se uma acentuada queda de cerca de 2.000 matrículas no ensino fundamental e de 2.500 matrículas no ensino médio. 130 - UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco) com o curso Dados mais recentes, fornecidos pela Secretaria de Educação de Paulo Afonso, em novembro de 2015, informam que o município conta hoje com de Medicina cerca de 40 escolas municipais, nas quais estão matriculados cerca de Ensino Superior Público Estadual: 3.214 alunos, assistidos por cerca de 40 docentes e por 02 auxiliares - UNEB (Universidade do Estado da Bahia) com os cursos de administrativos. Matemática, Engenharia de Pesca, Ciências Biológicas, Direito, Pedagogia e Arqueologia. Ensino Superior Privado: - FASETE (Faculdade Sete de Setembro) com os cursos de Administração, Biomedicina, Direito, Educação Física, Enfermagem, Letras, Psicologia e Sistemas de Informação. Ensino Privado Educação a Distância - EAD - Universidade de Santo Amaro (UNISA) Foto 67 - (esquerda) Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus. Foto: Site Ozildo Alves. (direita) Escola Municipal CEMPA Foto: Site da Prefeitura Municipal - Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi) (FASETE EAD) No tocante ao ensino superior, o município configura-se atualmente como um importante polo universitário formado por instituições estaduais, federais e privadas. Ensino Superior Público Federal: - IFBA (Instituto Federal da Bahia) com o curso de Engenharia Elétrica. 131 João; Rodoviário. E nos povoados: Riacho; Malhada grande; Várzea; São José e Juá. Conta também com 02 hospitais, o Nair Alves de Souza-HNAS, localizado no bairro Alves Souza (antigo acampamento da Chesf) e HMPA Hospital Municipal de Paulo Afonso, localizado no BTN III, sendo o primeiro administrado pela CHESF, ambos sem estrutura de UTI. O HNAS está em Foto 67 - (esquerda) Faculdade Sete de Setembro – FASETE (Rede particular de ensino) Foto: Institucional. (direita) Universidade Estadual da Bahia – UNEB Campus VIII Foto: Site Folha Sertaneja (http://www.folhasertaneja.com.br/local.kmf?cod=10151100&indice=10) processo de transferência de sua Gestão para a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A perspectiva é que, em breve, a CHESF juntamente com o Governo do Estado, instalarão 30 leitos de UTI Adulto e UTI Neonatal, garantindo assim uma ampliação significativa da assistência 13.Saúde para a região. Na área da saúde o município conta com a seguinte rede de Outros equipamentos da política pública de saúde: atendimento e estratégia de saúde da família: Estratégia Saúde da Família: 26 Unidades com 27 Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas – CAPS AD e equipes de Saúde CAPS 2; da Família, sendo destas, 21 com Saúde Bucal. Centro de Referência a Mulher - CAM; Quanto à cobertura das Unidades Básicas de Saúde – UBS, há equipamentos em 21 bairros e 5 povoados: Centro unidade Américo Centro Médico de Especialidades - CME Centro Oliveira e Pedro Alvares; PACS Josefino; Perpetuo Socorro; Rua do Sol; São Centro Médico de Especialidades - CME BTN Francisco; Nossa Senhora de Fátima; Irmã Rita; Senhor do Bonfim; Jardim O município conta com o Departamento de Vigilância (DEVISA) Bahia; Moxotó; Siriema; Prainha; Boa Esperança; Maruim; Santa Inês; vinculado à secretaria de saúde que articula um conjunto de ações Delmiro Gouveia BTN II; Padre Lourenço BTN II; Santa Quitéria BTN III; São preventivas e de controle de riscos e danos à saúde da população e 132 atualmente desenvolve os seguintes projetos/programas: Programa Municipal de Imunização, Monitorizarão das Doenças Diarréicas Agudas, . Programa Municipal do Controle de Dengue, Programa Municipal do Combate a Chagas, Programa de Controle de Raiva, Programa de Controle de Leishmaniose Visceral Canina, Programa de Educação em Saúde da Unidade de Controle de Zoonoses. Com relação ao número de profissionais atuando na rede Municipal, prestam atendimento nas unidades básicas de saúde, 26 médicos, 21 odontólogos, 48 enfermeiros e 165 agentes comunitários de saúde. 133 A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEDES) é 14.Assistência Social responsável pela Gestão Plena da Política Municipal de Assistência Social Em Paulo Afonso, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é de em Paulo Afonso e atua de forma integrada com órgãos governamentais e 0,674 (IBGE, 2010), acima da média do Estado que é de 0,660, e abaixo da instituições não-governamentais que compõem a Rede de Garantia de média nacional que é de 0,744. No município segundo o IBGE (2010) a Direitos no Município; também propicia o desenvolvimento e a incidência da pobreza da população é de 42,01%, como já citado, mais implementação da política de assistência social no município, priorizando pouco mais de 40% da população tem renda de até 1 SM, e o índice Gini de cidadãos, grupos e famílias em situação de vulnerabilidade e risco social. 0,50 (o Coeficiente de Gini é um parâmetro internacional usado para medir São executadas ações de proteção social básica para o fortalecimento a desigualdade de distribuição de renda entre cidades e países). de vínculos familiares e comunitários e desenvolvimento de potencialidades das famílias com ênfase nas ações de geração de trabalho e renda. Para as famílias e indivíduos em situação de risco são desenvolvidas ações de proteção social especial, com vistas à reestruturação familiar, elaboração de novas referências afetivas e reintegração social. A política de assistência social no município conta com uma estrutura de cinco Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, com cobertura em todo território, situados nos bairros: Prainha, Centenário, Barroca, Tancredo Neves II e BTN III, o também Centro de Referência CREAS situado no bairro Perpétuo Socorro, e outros equipamentos: o Gráfico 5: Renda per capta Paulo Afonso. Fonte: DeepAsk Núcleo Social do BTN (BTNII), o Banco de Alimentos (BTNIII), o Centro de Referência da Mulher (BNH), Cozinha Comunitária, e dois equipamentos para acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco. 134 Há, ainda, no município uma gama de projetos e programas sociais - Programa de Aquisição de Alimentos (fortalecimento agricultura para atender as demandas da população em situação de vulnerabilidade familiar); no município, conforme apresentado na tabela 12. - Instalação de Cisternas na área rural; O programas social Bolsa Família possui 20.701 de famílias cadastradas - Projovem Adolescente; no CadUnico distribuídas da seguinte forma - Restaurante Popular. - 14.126 com renda per capita familiar de até R$77,00; O município conta com um Conselho Tutelar e do ponto de vista da - 2.438 com renda per capita familiar entre R$77,00 e R$ 154,00; gestão participativa com o Conselho Municipal da Assistência Social. - 2.871 com renda per capita familiar entre R$ 154,00 e meio salário Na tabela 34 que trata das ações da Política de Assistência Social no mínimo e município, é possível averiguar que a cobertura social é ampla e se dá em - 1.266 com renda per capita acima de meio salário mínimo diferentes projetos e programas, abrangendo as várias demandas sociais E atendeu em janeiro de 2016 13.835 famílias, representando uma como habitação, complementação de renda, educação e acolhimento a crianças e adolescentes em casos de vulnerabilidade. cobertura de 128,0 % da estimativa de famílias pobres no município (IBGE: 2016). A prefeitura possui também outros programas de pagamentos de auxilio que complementam os programas federais o Paulo Afonso Cidadania como demonstra a planilha anterior. Quanto ao Benefício de Prestação Continuada destinado para idosos e portadores de necessidades especiais em situação de vulnerabilidade, em dezembro de 2015 foram pagos 3.168 benefícios. Os principais projetos e programas sociais em desenvolvimento são: - Programa de erradicação do trabalho infantil; 135 Tabela 34 - Ações da Política de Assistência Social em Paulo Afonso. Nome do Serviço Objetivo do Serviço Benefícios Eventuais Oferecer, de caráter suplementar e provisório, benefícios prestados aos cidadãos e às famílias em virtude de morte, nascimento, calamidade pública e situações de vulnerabilidade temporária. Habitação Auxiliar famílias carentes que necessitem de habitação. Programa Paulo Afonso Cidadania Promover ações de transferência de renda com condicionalidades e capacitação profissional. Educação Inclusiva Oferecer bolsas integrais para estudantes: cursos pré-vestibulares; cursos preparatórios para concursos. Casa do Estudante em Salvador. Curso de Inglês; Cursos de informática para melhor idade e curso de informática itinerante. Programa de Inclusão Produtiva. Programa Arte de Buscar a autonomia das famílias usuárias da Política de Assistência Social, através do incentivo à geração de Tecer (03 Núcleos; Seriema, BTN III e Jardim trabalho e renda, promovendo ações de capacitação, instrumentalização para o trabalho e formação de grupos Aeroporto) de produção. Programa Vida Saudável Incentivar a prática do esporte na terceira idade. Projeto Celebrando a vida com os idosos/ Chá Proporcionar momento de lazer, dança e cultura aos idosos que fazem parte do Programa Vida Saudável e do Dançante Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O Programa é realizado mensalmente. Assessoria Jurídica Municipal Oferecer atendimento jurídico gratuito a pessoas em situação de vulnerabilidade. Programa Estação Juventude Ampliar o acesso de jovens de 15 a 29 anos – sobretudo aqueles que vivem em áreas de vulnerabilidades sociais – às políticas, programas e ações integradas no território que assegurem seus direitos de cidadania e ampliem a sua inclusão e participação social. Centro de Referência da Assistência Social - CRAS Atender a famílias em situação de vulnerabilidade e risco social 136 Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes, jovens e idosos e oportunizar o (Crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosos) acesso às informações sobre direitos e participação cidadã. Programa Bolsa Família Cadastrar, monitorar e acompanhar as famílias beneficiárias do PBF. CREAS Atender as famílias e indivíduos em situação de risco e violação de direitos. Centro de Referência da Mulher Acolher, atender, acompanhar e encaminhar mulheres que sofreram algum tipo de violência. Conselho Tutelar Fiscalizar e proteger os direitos da criança e do adolescente. Casa de Passagem – Meninos da Terra e Menina Flor Acolher temporariamente crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados. Cozinha Comunitária Fornecer alimentos, a preços irrisórios, a famílias que deles necessitar. Cozinha Experimental Capacitar, através de oficinas de manipulação de alimentos, famílias em situação de vulnerabilidade social. Restaurante Popular Fornecer alimentos, a preços acessíveis, a famílias que deles necessitar. Banco de Alimentos Garantir a segurança alimentar de famílias e indivíduos, através das instituições e serviços socioassistenciais. Auxilio Natalidade Concessão de uma cesta de alimentos para crianças de 0 a 6 meses pertencentes a famílias em situação de vulnerabilidade. Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, 2016. 137 estados brasileiros (São Paulo em 1o), com 5.542 homicídios em 201321, 15.Segurança nesse cenário é preciso estar atento para os índices que o município apresenta, buscando ampliar a política pública de segurança. A cidade é sede do 20º Batalhão de Polícia do Estado da Bahia, que A UNESCO desde 1998 elabora o Mapa da Violência, buscando abrange cerca de 11 municípios, com uma população estimada em 500 mil contribuir para a reflexão da sociedade brasileira sobre a violência social, habitantes. Também é sede da 18ª COORPIN (Coordenadoria de Policia onde as práticas violentas validadas pela cultura e o imenso arsenal de Civil do Interior) e agrupa o 15º GBM (Grupamento de Bombeiros armas de fogo no país, se refletem nos indicadores equivalentes ou Militares). Abriga ainda a 1ª Cia de Infantaria do Exército brasileiro desde a superiores ao de países em situação de guerra ou conflito civil armado chegada da CHESF no município. Possui uma guarda municipal constituída (Mapa da Violência: 2015). A partir destes estudos seguem alguns dados há pouco mais de oito anos. do município, com a posição em relação aos demais municípios brasileiros: Possui uma Delegacia Civil, uma delegacia da Mulher e um Presídio. Por ser uma cidade localizada na divisa de vários estados, Paulo Afonso Tabela 35 - Taxas de óbito de Paulo Afonso 2010/2012. conta também com o apoio da Policia Rodoviária Federal. ORDENAMENTO DAS TAXAS DE ÓBITO Paulo Afonso 2010/2012. Com intuito de minimizar os índices de violência o governo do estado da Bahia implantou os programas Ronda nos Bairros e PROERD – Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. Atualmente, o Município UF População Paulo Afonso BA 110.193 n. homicídios AF n. óbitos AF Tx. Média* 2010 2011 2012 2010 2011 2012 48 28 38 51 30 40 Homic. 34,5 PosiÓbitos ção 36,6 180º Fonte: Mapa da Violência 2015, Mortes Matadas por Arma de Fogo – AF; disponível em município de Paulo Afonso foi incluído no programa Pacto pela vida. http://www.mapadaviolencia.org.br/ Diante dos índices da violência que assola o país, quanto ao índice de homicídios o estado da Bahia figura em segundo lugar no ranking dos Segundo o 9o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2015, disponível em http://www.forumseguranca.org.br/produtos/anuario-brasileiro-de-seguranca-publica/9oanuario-brasileiro-de-seguranca-publica 21 138 Tabela 36 - Taxas de óbito população jovem de de Paulo Afonso 2010/2012. Tabela 38 - Número de óbitos em acidentes de trânsito (2007/2011) e taxas (por 100 mil) para Paulo Afonso em 2011. ORDENAMENTO DAS TAXAS DE ÓBITO da População Jovem de Paulo Afonso. 2010/2012. Município UF Paulo Afonso BA População 29.619 n. homicídios AF n. óbitos AF Tx. Média* 2010 2011 2012 2010 2011 2012 Homic. 27 16 18 29 17 18 Óbitos 68,6 72,0 Município Pos. Paulo Afonso UF População 2011 BA 109.310 2007 6 Número de óbitos 2008 2009 2010 11 8 14 2011 27 Taxa 2011 24,7 Posição nacional 611º Fonte Mapa da Violência 2011 – Óbitos em acidente de transito 123º http://www.mapadaviolencia.org.br/ Fonte Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por arma de fogo – População Jovem http://www.mapadaviolencia.org.br/ A política de segurança pública deve estar articulada às demais políticas setoriais urbanas e sociais, contribuindo paulatinamente com a redução dos índices e aumento da cobertura das vulnerabilidades sociais, O município conta com o Centro de Referência da Mulher para dar que influem diretamente no cenário da violência no Brasil. atendimento necessário as mulheres vitimadas pela violência. Tabela 37 - Número e taxas médias de homicídio (2009/2013) de mulheres em Paulo Afonso Município UF População Média F Paulo Afonso BA 56.905 Homicídio de mulheres Taxa 2009 2010 2011 2012 2013 3 6 4 2 4 Pos. Média 6,7 346º Fonte Mapa da Violência 2015 - Homicídio de Mulheres no Brasil http://www.mapadaviolencia.org.br/ No transito é necessário observar que a frota de veículos triplicou nos últimos 14 anos, conforme apontado no tópico da mobilidade, sendo necessário desenvolver política pública adequada a essa nova realidade. 139 Essa 16.ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL queda tem desdobramentos na execução da Lei de Responsabilidade Fiscal que limita as despesas com pessoal em 51,30%. O município é organizado e regido pela Lei Orgânica (aprovada em 21 Assim, o município passou por reajustes como a redução salarial de de junho de 1990) que define dentre outras questões: o funcionalismo gestores e cortes no quadro funcional. Segundo a secretária de público, a tributação, o orçamento e os deveres municipais para alguns Planejamento Patrícia Alcântara, de 2010 até hoje, a perda de receita do setores básicos das necessidades da população. CFRH – Compensação Financeira de Recursos Hídricos é superior a 60 A estrutura formal de Paulo Afonso (aprovada pela lei 1291/2014) é milhões de reais, gerando dificuldades orçamentárias e financeiras para o composta pelo gabinete do prefeito, onze secretarias municipais, município. Procuradoria e Controladoria, uma Administração Regional (BTN) e alguns De outro lado, as metas fiscais orçamentárias constantes nas diretrizes departamentos conforme o organograma representado na figura 5. para elaboração e execução da lei orçamentária de 2014 (Lei 1.277 de Do ponto de vista dos recursos para gestão e execução das políticas julho/2013), apontam para a retomada do equilíbrio no orçamento. públicas, as finanças municipais baseiam-se em receitas oriundas de recursos próprios como ISS, TLF, IPTU, etc. e de recursos do Governo Federal como CFRH, royalties, ICMS, FUNDEF, etc. e Estadual. (LEITE:2008). Ressalta-se que o município teve queda acentuada na arrecadação desde 2011/2012 com a redução dos pagamentos dos CFRH -Royalties pela CHESF, em função de questão jurídica e fiscal. 140 Figura 2 - Organograma da administração do poder executivo municipal. 141 Quanto ao patrimônio, segundo Mércia Leite (2008) a prefeitura conta com 25.261 bens (moveis e imóveis) avaliados em R$ 11.738.806,51 (onze milhões setecentos e trinta e oito mil, oitocentos e seis reais e cinquenta e um centavos). E, segundo a PMPA, em 2013 o quadro funcional era de 4.168 servidores nas categorias estatutárias, celetistas, trabalhos temporários, cargos em comissão e agentes políticos. Com essa estrutura patrimonial, orçamentaria e de recursos humanos são geridas as políticas públicas no município. Como quase todos os municípios brasileiros, Paulo Afonso não conta com um cadastro único de informações administrativas que permita a avaliação e monitoramento das políticas públicas. Avaliar a cobertura geográfica, ainda que necessário, não é suficiente para mensurar o nível e a qualidade de atendimento. O Plano Diretor é fundamental para a gestão da política urbana local, devendo buscar se aliar a outros instrumentos de gestão das demais políticas de forma a contribuir com a eficácia das políticas públicas. Sendo importante a articulação do executivo aos demais poderes como legislativo e judiciário e também garantir o controle social para consolidação da política. 142 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______ Decreto n. 5.051, de 19 de abril de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2004/decreto/d5051.htm>. Acesso em: 27 jan. 2016. Andrade Junior, N. V. de (2012). Arquitetura moderna na Bahia, 1947 1951: uma história a contrapelo. 305 f. Volume 1. 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