DIFICULTADES Y LIMITACIONES DE CUIDADORES DE
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DIFICULTADES Y LIMITACIONES DE CUIDADORES DE
DIFICULTADES Y LIMITACIONES DE CUIDADORES DE PERSONAS MAYORES CON ENFERMEDADES CRÓNICO-DEGENERATIVAS Dificuldades e limitações dos cuidadores de idosos portadores de doença crônicodegenerativa Difficulties and limitations of caregivers of elderly people with chronic degenerative diseases ANNA MARÍA SARAIVA SARAIVA DE LIMAI MARISA MACIEL GONÇALVESI DENISE PESSOA BISPO DOS SANTOS I GEILSA SORAIA C. VALENTE II RESUMEN Estudio bibliográfico que tiene por objeto identificar y describir, sobre la base de la literatura existente, las cuestiones y necesidades de los cuidadores familiares, esto permite reflexionar sobre las estrategias de la atención que mejor se ajusten a dichas necesidades. Categorías de análisis: las dificultades encontradas por las familias en el cuidado durante el proceso de la enfermedad, los cuidadores familiares se ocupan de las dudas sobre el cuidado, las situaciones que impiden la realización de la diligencia debida para el paciente y el conocimiento sobre la enfermedad y su evolución. Se concluyó que, la mayoría de los cuidadores, expresaron incertidumbre, Membros do Núcleo de Pesquisa Educação e Saúde em Enfermagem–NUPESENF–Escola de Enfermagem Anna Nery–UFRJ II Professora do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administraçãoda I Universidade Federal Fluminense-MFE/UFF. Doutoranda em Enfermagem Pela Escola de Enfermagem Anna Nery–UFRJ; Membro da diretoria colegiada do NUPESENF – Núcleo de Pesquisa, Educação e Saúde em Enfermagem. Endereço: Av. Braz de Pina, 1705/101, Vista Alegre–Rio de Janeiro–RJ, cep: 21235-602, e-mail: [email protected] 59 duda y miedo, asociados con la falta de conocimientos, dando lugar a dificultades en la aplicación de la atención. Palabras clave: Cuidadores, salud del anciano, enfermería geriátrica. RESUMO Estudo bibliográfico, que objetivou: identificar e descrever, com base na literatura existente, as dúvidas e carências do familiar cuidador, possibilitando-nos refletir sobre as estratégias de cuidado que melhor correspondam a tais necessidades. Categorias de análise: as dificuldades encontradas pelas famílias no cuidado ao longo do processo evolutivo da doença; o familiar cuidador lidando com as dúvidas em relação ao cuidado adequado; as situações que impedem a efetivação do devido cuidado ao doente e o conhecimento sobre a doença e sua evolução. Concluiu-se que a maioria dos cuidadores expressa insegurança, dúvida e medo associados à falta de conhecimento, levando às dificuldades na execução dos cuidados. Palavras chave: Cuidadores, Saúde do idoso, Enfermagem geriátrica. ABSTRACT Bibliographical study, which aimed to: identify and describe, based on existing literature, the questions and needs of family caregivers, enabling us to reflect on strategies of care that best meet those needs. Categories of analysis: the difficulties encountered by families in care throughout the process of the disease, the family caregivers dealing with the doubts regarding the proper care, the situations that prevent the realization of due care to the patient and knowledge about the disease and its evolution. It was concluded that the majority of caregivers expressed uncertainty, doubt and fear associated with lack of knowledge, leading to difficulties in the implementation of care. Key words: Caregivers, Health of the elderly, Geriatric nursing. 60 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O aumento da expectativa de vida da população brasileira está ocorrendo com considerável velocidade e esta mudança do padrão demográfico traz, como uma de suas conseqüências, um aumento na prevalência dos problemas de saúde característicos da população acima de 60 anos de idade, na faixa etária denominada idosa. Assim, pode-se antever que é necessário valorizar os modelos inovadores de atenção domiciliar e oferecer suporte ao cuidador informal, figura central e fundamental deste cuidado. O cuidado domiciliar vem sendo abordado, principalmente a partir da perspectiva da interação domiciliar adotada como uma estratégia de desospitalização, visando à humanização do cuidado e à redução de custos e de riscos com internações hospitalares prolongadas.1 “Nos extremos da vida, seja na primeira infância, seja na senectude, encontramos uma maior limitação social do indivíduo, que passa a depender, por vezes de maneira vital, da sociedade que o envolve e assiste”.2 Desta forma, os idosos portadores de doenças crônico-degenerativas que adquirem seqüelas inevitáveis, as quais causam limitações, passam a necessitar de ajuda temporária ou permanente para suas atividades de vida diária. Sendo assim, torna-se de extrema importância o incentivo e a valorização da participação da família na terapia, garantindo valores culturais e evidenciando a relevância do ambiente terapêutico familiar. Na maioria das vezes observa-se o desconhecimento por parte da família, no que diz respeito a uma conduta adequada diante da necessidade de cuidado característico do quadro. Ao cuidador se deve oferecer não somente as orientações a respeito da patologia em questão, mas também acessibilidade para que suas limitações e inseguranças sejam manifestadas. Para isso, se faz necessária a compreensão das inter-relações pertinentes ao domicílio e aos familiares, o que pode ser alcançado através da identificação e descrição das ações e interações desenvolvidas no contexto domiciliar. Assim, 61 apresentamos como objeto de estudo: as dificuldades e limitações do familiar cuidador da pessoa idosa portadora de doença crônico-degenerativa. Objetivos: Identificar e descrever, com base na literatura existente, as dúvidas e carências do familiar cuidador, possibilitando-nos refletir sobre as estratégias de cuidado que melhor correspondam a tais necessidades. O presente estudo é do tipo bibliográfico e descritivo, de abordagem qualitativa: “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, e constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas”.3,8 Foram consultados dezessete periódicos indexados a diversas bases de dados, dentre estas SCIELO, LILACS, CAPES e BDENF, dos quais foram utilizados para a análise de dados sete artigos publicados nos últimos quatro anos (2003-2007), nas revistas cientificas brasileiras: Revista da Enfermagem USP, Revista Gaúcha de Enfermagem e Revista Técnico Científica de Enfermagem. A escolha da bibliografia foi realizada mediante a leitura, a fim de confirmar a temática proposta até que pudéssemos definir a inclusão ou não dos conteúdos no estudo. Portanto, os conteúdos selecionados refletem a real necessidade, no contexto domiciliar, dos familiares cuidadores de idosos portadores de doenças crônicodegenerativas, após análise das informações captadas, os enfoques priorizados foram agrupados e apresentados de acordo com a sua temática: família, cuidador familiar e assistência ao idoso. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO: Dificuldades encontradas pelas famílias no cuidado ao longo do processo evolutivo da doença 62 A relação do cuidador com seu familiar é uma relação fundamentada em uma história anterior e a fragilidade gera novas percepções. Para o idoso, pode gerar um sentimento de impotência frente à impossibilidade de fazer por si mesmo, para o cuidador, a percepção da necessidade de dependência é constante. Assim, ao mesmo tempo em que a dependência do idoso causa no cuidador o peso da responsabilidade, pode surgir o sentimento da posse sobre o outro em detrimento de sua autonomia levando a uma relação ambígua entre cuidador e idoso.4 A falta de referencial por parte dos familiares também é motivo de conflito, pois embora lhes faltem elementos para esse entendimento, eles percebem sua existência sinalizada com o agravamento dos sinais e sintomas no doente. Além disso, a dificuldade de aceitar o familiar como doente está relacionada ao fato de que os primeiros sinais e sintomas da doença são cognitivos (referindo-se ao Alzheimer) e o que se visualiza é um corpo, muitas vezes, com aparência saudável. A verdade é que todos esses conflitos e a dificuldade de interação como doente podem desencadear até mesmo o distanciamento entre ele e a família.4,5 As principais dificuldades vivenciadas pelos familiares no cuidado ao idoso no domicílio foram: a disponibilidade de transporte para os Serviços de Saúde, a resistência do idoso ao cuidado, o ambiente inadequado para um melhor atendimento, a falta de conhecimento para o cuidado e para a distinção entre uma necessidade orgânica e uma necessidade emocional por carência afetiva e a falta de paciência, contribuindo como fatores estressantes.6 Um dos problemas mais importantes no acompanhamento dos pacientes, é o aparecimento das complicações da terapia medicamentosa e efeitos colaterais. Estes fatos, associados à progressão natural da doença, provocam alterações na qualidade de vida do cliente, trazendo significativas implicações nas taxas de morbidade e mortalidade e afirmam, ainda, que as modificações no estilo de vida decorrentes da doença são fontes consideráveis de estresse; necessitando, portanto de ajuda da família, adaptando o ambiente emocional e social de acordo com o novo estilo de vida.1 63 Dentre tantas dificuldades com que o familiar cuidador se depara ao proporcionar a atenção ao idoso, o estresse é quase que inevitável tornando-se portanto primordial a divisão das tarefas. Nessa situação, é extremamente importante que possa receber o apoio de outras pessoas da família. “... a sobrecarga imposta pela execução das tarefas, pela dificuldade financeira, pela dificuldade no manejo com o doente, bem como pelo seu cansaço físico e mental pode contribuir para o aparecimento de estresse”.4,5 A sobrecarga que a família, ou determinado familiar assume é um ponto bastante relevante e lembrado por uma diversidade de autores, que ressaltam esta situação como bastante comum em famílias de baixa renda, visto que estas contam com poucos recursos, que por sua vez, estão destinados a suprir o básico, tornando assim ilusória a possibilidade de dividir a tarefa do cuidado com algum tipo de auxílio profissional, nos fazendo observar o fato da figura feminina ser tradicionalmente vista como a provedora do cuidado, sendo esta, na maioria das ocasiões, privada de escolha e cabendo a ela assumir os mais variados compromissos e responsabilidades no núcleo familiar.6 Mais uma vez constata-se o difícil papel “multifuncional” que a mulher, na maioria das ocasiões, se vê obrigada a assumir, tornando-se assim solitária em meio a responsabilidade de se fazer cumprir inúmeras tarefas que não podem ser adiadas, visto que cada uma tem sua prioridade. Quando falamos a respeito da questão do cuidar, falamos em suprir necessidades das mais diversas, tais que não podem, por vezes, receber uma distinção de valores entre si que as coloquem em detrimento umas das outras, sendo assim, o provedor do cuidado deve possuir sensibilidade e capacidade de planejar tarefas o tempo todo. Outro fato de extrema importância, relevante de ser ressaltado, trata-se da adaptação residencial a uma nova realidade, que aos poucos vai exigindo cada vez mais de quem é cuidado e de quem cuida, visto que o idoso tem o nível de suas capacidades físicas e orgânicas naturalmente em declínio, que mesmo sendo um 64 fator fisiológico, torna-se potencialmente acentuado quando o idoso em questão é um portador de doença crônico-degenerativa. “A manutenção do ambiente e de materiais também é tarefa do familiar cuidador, pois as modificações ambientais são inevitáveis em face às repercussões da doença e das necessidades do idoso”.4 Essa adaptação do ambiente proporciona maior segurança ao cliente, portanto é vista como primordial, já que o familiar cuidador nem sempre pode estar presente, ou mesmo contar com alguém que fique ao lado do idoso durante todo o tempo, haja visto que há ocasiões em que o cuidador necessita ausentar-se a fim de dar andamento a outras providências que também são de sua responsabilidade. As dificuldades referidas pelos cuidadores na atenção ao paciente são relacionadas a falta de tempo e de dinheiro para os gastos com remédios, plano de saúde, consultas médicas, alimentação balanceada e específica. As dificuldades financeiras são relatadas principalmente por familiares cuidadores de pacientes com renda menor que três salários mínimos, que, mesmo tendo ajuda de outros membros da família,sentem de perto o alto custo com a doença. O cansaço e a sobrecarga física e emocional também são dificuldades apontadas pelos cuidadores, principalmente dos pacientes totalmente dependentes, uma vez que, são necessários esforços físicos para cuidados diários, como banhos e troca de fraldas.1 O transporte de pessoas idosas, principalmente demenciadas, além da própria remoção, torna-se uma problemática quando a família não conta com recursos materiais e financeiros. A questão financeira é uma dificuldade bastante mencionada pelos cuidadores de um modo geral, uma vez que se sabe que a doença crônicodegenerativa representa um alto custo financeiro para a família. Percebe-se que, apesar da compreensão do familiar a respeito da importância da higiene e do conforto para o doente, a dificuldade de realizar tais tarefas está tão presente no seu cotidiano que o estresse resultante da execução do cuidado é inevitável. Os familiares cuidadores de idosos apresentam a tendência para o isolamento, a solidão, a depressão, o estresse, causados pela ausência de suporte informal. Os 65 autores afirmam que o grau de não participação social está relacionado à falta de conscientização por parte do cuidador sobre a importância de seu afastamento, que, muitas vezes, acaba provocando sua anulação como pessoa.3 Na tentativa de se explorar as necessidades e o bem estar dos cuidadores, os estudos revelam problemas como: cansaço entre a maioria dos cuidadores, distúrbios do sono pelo fato de dormirem pouco e terem seu sono interrompido para oferecer cuidados, cefaléia e perda de sono. Outras alterações na saúde são levantadas pelos autores junto a cuidadores familiares quando referem que, após assumirem este papel, perceberam algumas mudanças como ingestão maior de alimentos do que o habitual devido aos seus sentimentos.6 O familiar cuidador lidando com as dúvidas em relação ao cuidado adequado As pessoas acometidas por uma enfermidade e seus familiares têm que se adaptar às exigências dos diferentes estágios da doença. A doença crônica envolve mudanças complexas no estilo de vida e um futuro incerto. Os cuidadores familiares são pessoas muito carentes, que sentem necessidade de falar e de serem ouvidos. Precisam de atenção e de um momento para si, para falarem de suas angústias, de seus sofrimentos, para contarem suas histórias, para desabafar.2 As dificuldades enfrentadas para cuidar de idosos portadores de doença crônicodegenerativa são ainda agravadas pela deficiência do serviço público de saúde em apoiar o cuidador e quem é cuidado, seja qual for o nível de atenção.6 Uma crise no desempenho do cuidador é iniciada, quando este se vê com dificuldades em obter apoio para a divisão de tarefas e quando isso se dá por um tempo tão prolongado que, conseqüentemente, leva a um desgaste físico, emocional e até mesmo da relação pré-existente entre cuidador e idoso. Acerca deste aspecto, apontam para a necessidade urgente de intervenção, de socorro a essas famílias, o que poderia ser providenciado pela sociedade através da criação de redes sociais de 66 apoio às famílias desses idosos. Entidades de apoio que atuem no esclarecimento necessário aos familiares fazendo com que estes se sintam menos solitários em meio à “batalha” e assim amenizando o estresse, turbilhão de sentimentos que invade a família.4,5,6 Mesmo que ocultos, solitários, invisíveis aos nossos olhos e aos de instituições públicas de saúde, tais cuidadores são reconhecidos e valorizados pelos pesquisadores desta área, considerando-os fundamentais para a existência de nossos idosos e familiares, recebendo hoje o apoio de entidades, mesmo que estas sejam ainda em número reduzido. Situações que impedem a efetivação do devido cuidado ao doente Nem todos os familiares estão preparados física e psicológicamente para conviver e cuidar desses idosos e por isso é importante o acesso às informações sobre a patologia e sobre como desenvolver os cuidados domiciliares.6 A dinâmica da atividade de cuidar no domicílio pode gerar uma ambigüidade identificada pelo bem-estar e pela tensão entre os familiares. A maioria dos estudos vincula ao papel do familiar cuidador ônus e estresse, segundo o relato dos familiares que desempenham esse papel.2 Além do exposto, há também a necessidade de dividir com outras pessoas o desgaste provocado pelas situações de enfretamento de eventos negativos, o que é evidenciado nos diversos relatos de cuidadores, ressalta-se o fato de que a sobrecarga vivida pelo familiar cuidador acaba por conduzí-lo a uma situação de estresse, que mantida por um longo período, culmina em um estado de depressão pois a medida que a doença evolui as demandas de cuidados contribuem para aumentar a sobrecarga dos cuidadores, provocando, conseqüentemente, o aumento do grau das dificuldades por eles percebidas. O referido autor fala ainda do quanto os conflitos interpessoais são agravados, de sentimentos que se tornam intensificados, pela situação de estresse.4 67 O cuidador que se vê sozinho, sobrecarregado, acaba por se deparar com uma vida social estagnada e com seus poucos relacionamentos em um nível bastante defasado. Desta forma, o cuidador se sente injustiçado e sem o devido reconhecimento, quer seja pela própria família, quer pelos serviços de saúde.2 O impacto provocado pelo diagnóstico é angustiante tanto para o doente quanto para o familiar, e na evolução da doença, é comum se deparar com a situação desconhecida, fazendo-se necessário o conhecimento acerca da doença e sobre as estratégias que devem ser usadas nos cuidados.1 Alguns familiares acham que, com o diagnóstico da doença, o paciente é incapaz de realizar qualquer tipo de atividade, limitando assim suas capacidades e afirmam que tal comportamento é extremamente prejudicial, uma vez que diminui a autoestima, deixando o doente frustrado e com uma enorme sensação de inutilidade e que o ideal é que cada cuidador observe o que o cliente ainda pode fazer, incentivando o auto-cuidado, a habilidade de pensar e realizar tarefas que o satisfaçam.7 Enfocamos então, a necessidade de não fazer pelo outro o que ele ainda pode fazer sozinho. Por mais difícil que seja esta conduta, é de extrema importância para a manutenção da autonomia do cliente pelo maior tempo possível. O conhecimento sobre a doença e sua evolução Existe ainda uma grande dificuldade em lidar com as doenças crônicodegenerativas. “Observa-se a dificuldade que as famílias, de uma forma geral, encontram em obter informações que lhes possibilitem entender e enfrentar uma situação de infortúnio como o aparecimento da Doença...”.4 Quando falamos de doença crônico-degenerativa, devemos levar em conta que o desconhecimento a respeito do diagnóstico, por um determinado tempo, leva o familiar a conduzir o tratamento inadequadamente de forma indevida, para as necessidades reais do quadro: 68 ...o tempo transcorrido para se estabelecer um diagnóstico clínico deforma mais precoce e precisa contribui para criar uma atmosfera de insegurança e confusão para o familiar, fazendo que se trate o doente de forma inadequada.5 O conhecimento sobre a doença é fator importante para que muitos cuidadores ofereçam atenção direcionada às necessidades do portador da doença e conseqüentemente, com melhor qualidade. De acordo com as situações expostas, o conhecimento por parte dos familiares cuidadores a respeito das doenças crônicodegenerativas e sua evolução, cada qual com suas peculiaridades, está longe de ser o ideal para a efetivação de um cuidado satisfatório. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do envelhecimento e a partir dos dados obtidos pelos autores citados, foi possível observar o motivo pelo qual o familiar torna-se cuidador do idoso doente e dependente no domicilio. Desta forma, pode-se apreender um pouco do processo que envolve o cuidar e refletir sobre esta realidade, muitas vezes ignorada pela própria sociedade e, de certa forma, afastada das discussões familiares e do cotidiano dos profissionais da saúde. A dependência do idoso portador de doença crônico-degenerativa deve ser destacada como um processo dinâmico no ambiente familiar, pois a evolução da doença pode ser modificada ou até ser prevenida se houver ambiente e assistência adequados. Portanto, a solução do problema representado pela doença inclui o esclarecimento de dúvidas e orientações para o familiar que cuida. É primordial que se trabalhe tendo como objetivo a melhora na qualidade de vida do paciente e de sua família, por meio de abordagem multidisciplinar. Entre as estratégias mais utilizadas estão: prestar esclarecimentos devidos quanto aos diagnósticos, o treinamento adequado quanto aos procedimentos adotados conforme 69 o quadro, o treinamento cognitivo, técnicas para implementar a estruturação do ambiente doméstico, orientação nutricional, programa de exercícios físicos e suporte psicológico aos familiares e cuidadores. A dependência de um familiar idoso gera impacto na dinâmica, na economia familiar e na saúde dos membros da família que se ocupam dos cuidados. É evidente, portanto, que as doenças crônico-degenerativas não dizem respeito apenas ao paciente, atingem inevitavelmente o sistema familiar e sua rede social de apoio. É essencial que profissionais estejam preparados para detectar e diagnosticar as diversas formas de doenças crônico-degenerativas, devendo o tratamento ser implementado por equipe multidisciplinar. Só desta forma será possível uma atenção integral não apenas ao idoso, mas também à sua família, que necessita receber orientação e apoio para enfrentar melhor a sobrecarga, que pode persistir por anos. As condições de “sobrevida” da família, entre outras dimensões devem ser incluídas, como equilíbrio emocional e saúde mental, necessários ao cuidado de um familiar dependente. Em meio à realização dos cuidados surgem, no decorrer do cotidiano, sentimentos muitas vezes ambíguos por parte do cuidador, que estão relacionados à evolução da doença e ao tipo de dependência apresentado pelo familiar que está sendo cuidado. Para desempenhar tal tarefa é necessário ter ou desenvolver algumas características que possibilitem enfrentar o cuidar de forma objetiva e/ou subjetiva. É fato que torna-se fundamental aos profissionais de saúde a compreensão de que familiares são também seus clientes em sentido amplo e, simultaneamente, parceiros no tratamento do idosos. Necessitam de orientação e suporte para cumprir bem esses encargos, preservando sua saúde e qualidade de vida. 70 REFERÊNCIAS 1 Barroso, K. S. H., “Conhecendo as Repercussões Biopsicossociais da Doença de Parkinson no Cotidiano de Famílias: Estudo de Caso”, Revista Técnico-científica de Enfermagem, 2005, 3 (12): 336-345. 2 Freire, G. D., Campos, D. R., Boemer, M. R., “Compreendendo o paciente gravemente enfermo e sua família na realidade domiciliar”, Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS), 2004, dezembro, 346-356. 3 Gonçalves, A. G., Sena, R. R., Dias, D. G., Queiroz, C. M., Ditz, E, Vivas, K. L., “Cuidadora Domiciliar: ¿por qué cuido?”, Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte (MG), 2005, out/dez: 315-320. 4 Luzardo, A. R., Waldman, B. F., “Atenção ao familiar cuidador do idoso com doença de Alzheimer. Acta Scientiarum”, Health Sciences, 2004, 26(1): 135-145, disponível em http://www.ppg.uem.br/Docs/ctf/Saude/2004_1/17_23803%20Adriana%20Remiao%20Luzardo_Atencao%20ao%20familiar%20cuida.pdf, acesso em 08/08/2006. 5 Netto, M. P., A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada, São Paulo, Editora Atheneu, 1996. 6 Silva, W. F., Sentimentos e dficuldades de familiares que cuidam de doentes com Alzheimer e atuação do enfermeiro (Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem), Universidade Estácio de Sá, 2006. 7 Veras, R., “Em busca de uma assistência adequada à saúde do idoso: revisão da literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de previsibilidade de agravos”, Caderno de saúde pública, 2003, 19(3): 705-715. 8 Gil, A. C., Métodos e técnicas de pesquisa social, 5ª ed., São Paulo, Atlas, 1999. 71
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