1º - Almasurf

Transcrição

1º - Almasurf
01
ed.79
sumário.
Imagem
Terra, o planeta das
pranchas
“Com a prancha, sentimos o que ninguém sente... Só quem desliza sobre ela
sente e entende...”
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10
“O Festival de Curtas mostrou que as produções
independentes estão a todo vapor.”
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Efêmera
Tempestade
“Viva o Brasil! Que reine por muitos anos como a
NOVA CAPITAL MUNDIAL DO SURF!”
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“Andres durou pra Santos algumas
horas, mas vai ficar no pensamento de
todos os que estiveram nas areias do
Canal 3 naquele sábado.”
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Board Connection
28 pranchas/28 artistas.
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Som
“O Festivalma XI se preocupou em montar
um laboratório experimental, onde a música
não tem fronteiras, sendo um elemento
de conexão, misturando ritmos e unindo
pessoas.”
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Pranchas de surf, shapers e artistas
“O objeto de desejo dos surfistas representado por artistas
visuais conceituados. Um sonho? Realidade!”
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20
Diretor Comercial: Fábio Bueno [email protected]
Gerente de Promoção e Comercial: Patrícia Mekitarian [email protected]
Gerente Financeiro e Administrativo: Fabio Pilch [email protected]
Improve Produção e
Curadoria Editorial Ltda.
Romeu Andreatta Filho
Publisher: Romeu Andreatta Filho
Direção Executiva: Renata Tripoli [email protected]
Editor e Curador: Jair Bortoleto [email protected]
Assistente de Redação: Vitor Hugo Souza [email protected]
Brasil, a Capital Mundial
do Surf por David Carson.
Diretor de arte: Cassio Leitão
Diretor de arte da casa: Renato Faustino [email protected]
Assistente de arte: Aline Freitas [email protected]
Revisão: Francisco José M. Couto
Tráfego: João Carlos Ferreira de Araujo
Advocacia: Amauri Correa
Serviços Gerais: Doricas Xavier
Jornalista Responsável: Romeu Andreatta Filho
Impressão: Burti Gráfica
A revista Alma Surf é uma publicação trimestral da Improve Produção e Curadoria
Editorial Ltda. As matérias publicadas não refletem necessariamente a opinião da revista
e sim a de seus autores.
www.almasurf.com.br
ALE RODRIGUES
B
rasil, a capital mundial do surf.
rasil, a capital mundial da praia.
rasil, a capital mundial da alegria.
rasil, a capital mundial da paixão.
Estamos com o tema do XI Festivalma, “Novas Conexões”, ancorando
a edição temática número 79 da ALMA SURF, com a instalação Board
Connection.
Com a prancha, sentimos o que ninguém sente... Só quem desliza sobre
ela sente e entende...
A conexão da prancha com a nossa vida, através das ondas, da gravidade,
das ruas, das montanhas, da força dos ventos, gera sentimentos e
sensações que vêm transformando o mundo.
Temos construído um mundo melhor, mais intenso, alegre e para todos.
A democracia da prancha... Todos podem sentir.
Ela é uma ferramenta de vida, força e sintonia com Deus e com a
natureza.
Fizemos a instalação Board Connection para que seja o grande elo das
novas conexões...
Estas, na verdade, serão as transformações! O Brasil das pranchas....
Surf e praia para todos.
SUP para todos.
Skate para todos.
Kite para todos.
Assim queremos o mundo, todos fortes, alegres e hedonistas.
A prancha é esse equipamento, e com ela nos conectamos.
A arte nos ajuda a tocar mais pessoas. Os esportes criam a experiência.
Queremos transformar o mundo em um board planet.
Através das pranchas, navegar pelos mares, rios, lagos, montanhas,
descidas, corrimãos e bowls...
Conecte-se, descubra qual é a sua prancha.
Medite, pense, ame e surfe.
Sempre.
Para sempre.
Para todos.
Terra,
o planeta
das pranchas
editorial nº1
por Romeu Andreatta
11
JAIR BORTOLETO
M
neste outono.
e sinto honrado de ser o único gringo chamado para
participar do Board Connection, no Festivalma de 2015.
Foi um projeto divertido, com ótimas artes nas pranchas.
Espero receber a minha e surfar com ela aqui no Caribe
Quanta torcida americana você viu na praia no último campeonato em
Trestles? Bom, tinha a família e alguns amigos dos irmãos Gudauskas, e
todos viram eles perderem, o pai de Brett Simpson e o pai de Kolohe, que
foi banido da transmissão ao vivo e estava sem dúvida se escondendo e se
contorcendo de raiva por aí...
Em minha prancha decidi escrever: “Brasil, the surfing capital of the
world”.
Por quê? Porque é!
E evento da WSL no Rio. AQUILO é o novo modelo de surf!
Surf radical, apoio radical da família, apoio radical dos fãs, apoio radical
do país, orgulho radical pelo país. Beleza radical das mulheres...
E coloquei uma melancia gritando e reagindo contra todos os australianos que odeiam os brasileiros, e outros que parecem não aceitar o fato de
que os brasileiros são os melhores surfistas do mundo AGORA! O atual
campeão mundial, outros que estão na cola e mais um zilhão da próxima
geração que está por vir, logo, logo!
Austrália? Por quanto tempo ainda vamos ter que aguentar Taj, Parko,
Mick e Bede? E o rei do estilo Wilco? Bede contra Felipe Toledo na final
fala muito sobre a situação atual. Foi ali. Passado versus o agora, o futuro.
Adivinha quem ganhou?
Ah! e nas ondas grandes e cavadas, alguém pode perguntar!
Olha só, Gabs Medina foi multado por repetir uma palavra que foi dita
a ele, depois de sua bateria em uma entrevista. Mas o australiano Owen
Wright usou a mesma palavra na entrevista, depois de sua vitória em Fiji,
e não teve multa alguma...
Os drops atrasados de Adriano em The Box? As manobras absurdas
dele em Margareth? Ricardinho dos Santos e a melhor onda do inverno
havaiano? Medina vencendo Slater em condições épicas no Taiti?
Surfo por mais tempo do que faço design. Mais de trinta anos de surf,
competindo, como juiz da ASP, viajando, fazendo design de revistas de
surf, trabalhando pras maiores e menores marcas de surf do mundo, e
surfando regularmente...
E os havaianos? Sea Bass já parece comum... e .... Keanu? Hummm...
E os australianos? Dois estreantes ano passado, e os dois sem conseguirem se classificar pra primeira divisão. E agora Banting....
O velho modelo de surf, nascido e criado nos países habituais, é isso,
velho e usado.
Queimado.
De ressaca.
Não funciona mais.
Os americanos? O melhor surfista de San Clemente é um brasileiro!
Kolohe ERA a grande esperança americana. Tinha toda a hype e grandes
patrocinadores. Em sua quarta temporada, o grande acontecimento é
estar em 30º no ranking da WSL...
No Fiji Pro, o comentador da WSL disse que Nat Young, o californiano,
“surfa como um atleta e não como um artista”. Os surfistas brasileiros
estão reinventando a maneira como a tela deve ser pintada.
É verdade que a Austrália nos deu campeões mundiais como Barton
Lynch e Damien Hardman e os Estados Unidos nos deram C. J., mas
é tempo de mudar! E mudar pra bem longe dos surfistinhas loirinhos,
curtindo, clichê, abusando de drogas e álcool.
É hora de ir adiante dos fading super 8 californianos, dos então chamados
anos gloriosos dos surfistas australianos e americanos (leia californianos).
Enquanto isso, todos os hipsters barbudinhos continuam se matando,
afundando e só às vezes conseguindo deslizar uma onda ao pôr do sol,
com equipamentos retrôs ou um pedaço caro de madeira...
O futuro do surf, o novo modelo, é o Brasil!
É incrivelmente colorido, energético, um modelo. Completamente em
forma e sóbrio.
Surf de primeira, combinado com talento, paixão e dedicação nunca
vistos antes no mundo do surf.
A estrela mais cara do WSL tem 43 anos, e está perdendo para os novatos
brasileiros.
editorial nº2
O novo modelo de surf é o Brasil. É demais! Saudável, apaixonado, progressivo e positivo!
Os brasileiros têm a reputação de ser agressivos e usar uma etiqueta
questionável na água... assim como tantas outras nacionalidades pelo
mundo do surf.
Viva o Brasil! Que reine por muitos anos como a NOVA CAPITAL
MUNDIAL DO SURF!
O surf mais progressivo do mundo, os fãs e familiares mais alucinados,
muito orgulho do país. Mulheres lindas e talvez a melhor surfista do
mundo também...
É, e que dure por bons anos, o momento mais empolgante da história do
surf.
David Carson nos enviou
duas opções de capa, e
seria um pecado deixar a
segunda opção de fora.
por David Carson
Andres Amador
Natural de São Francisco, Andres Amador faz arte efêmera. Com rastelos
e muita visão, o californiano faz na areia o que a maioria das pessoas
não conseguem fazer em um pequeno papel. Seu objetivo é explorar
os conceitos da autocriação. Da arte que dura o tempo de uma maré.
Das linhas que progridem em formas incríveis em uma tela enorme,
a areia da praia. Chega a ser dramático ver Andres trabalhando, pois
os transeuntes pisam e ignoram ou simplesmente não veem o que está
acontecendo. A mágica acontece quando se vê dos olhos de um pássaro,
no caso um drone. Deslumbradas com a perfeição das curvas criadas
por ele, a relação de paixão das pessoas é instantânea. Santos ganhou
um presente tocante. Quase como um ramalhete de rosas, que depois
de alguns dias murcham e apenas ficam na memória na pessoa amada.
Andres durou pra Santos algumas horas, mas vai ficar no pensamento de
todos os que estiveram nas areias do Canal 3 naquele sábado.
Por Jair Bortoleto
FOTOS: DELAMONICA/ALMASURF
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Arte efêmera
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
board
connec tion
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JAIR BORTOLETO
ALEXANDRE VIANNA
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
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Sesper
Alexandre Vianna
O que é o surf para você?
Eu andei de skate a vida inteira.
Não surfei. Minha relação com o
surf é essa relação histórica que existe entre os dois esportes. O skate
nasceu como o “surf no asfalto” na
década de 1960, depois tomou seu
rumo próprio. Mas o DNA de contracultura sempre uniu os dois.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Rua. Atitude. Amor. Construção.
Desconstrução. Ver e mostrar
beleza na imperfeição.
O que acha que é a surf art?
É uma arte como qualquer outra.
Mas ligada ao universo amante do
estilo de vida do surf.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Eu não surfo. Mas posso dar um
relato lúdico, ligado à minha vivência no skate e à minha visão do que
o surf proporciona de felicidade
e emoção, pra quem ama fazê-lo.
O meu ímpeto criativo é gerado
pelas minhas emoções internas, de
admiração e amor pela vida, que se
unem ao prazer de criar e inspirar.
Praticar ações que te dão prazer,
como andar de skate ou surfar, te
motiva a viver e fazer coisas que
possam contribuir pra um mundo
melhor, te dá ideias, energiza teus
neurônios. E essa é a conexão, na
minha opinião.
www.avnove.com
O que é o surf para você?
Nasci em Santos e cheguei a viver aquele início, nos anos 1980.
Morava na Ponta da Praia e passava sempre na oficina da Special
Royd e na Water Fox, que eram
ali, próximas, e comecei a andar
de skate em 1985/1986. O surf na
minha vida era uma coisa muito
diferente do que eu assisto hoje em
dia. Tinha um outro ideal, tudo
era novo, eu também, tinha 10 ou
11 anos quando comecei a surfar
com os amigos da rua e da escola.
Às vezes, como morava do lado da
balsa, ia para o Guarujá. Era mais
fácil surfar no Tombo do que ir
andando pela praia até o Canal 1
ou Itararé e voltar. O surf foi um
período muito feliz na minha vida.
Entre os 10 e 15 anos de idade,
descobri muita coisa relacionada
a arte e música, e acredito que foi
graças ao surf que descobri o skate.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Moro em São Paulo há mais de
vinte anos, então acredito que,
de certa forma, meu trabalho de
colagem e mixed media tem muito
a ver com o caos de uma grande
metrópole, poluição, aglomeração
de pessoas. Acho que atualmente
isso se reflete muito no meu trabalho. Como referências, tenho
Fred Otnes, Winston Smith, capas
de disco punk/new wave do final
dos 70 e início dos 80, e o espírito
DIY (do it yourself) dos anos 1990.
O que acha que é a surf art?
Eu acompanho algumas coisas que
acabo descobrindo por conta dos
meus amigos que ainda surfam e
estão distantes do surf competição/
corporativo, que eu nem assimilo!
Acho que, apesar de tecnicamente
ter evoluído muito, a cultura real
do surf fica em segundo ou terceiro
plano. Acredito que surf art é entender todo o conceito por trás da
cultura e estilo de vida da prática
do surf, não apenas um desenho
em uma prancha e também não
apenas um cara que apavora com
manobras técnicas; tem muito mais
envolvido nisso tudo, as amizades
feitas, o contato com a natureza,
a cultura dos shapers... Acho que
essa é a verdadeira essência da surf
art.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Eu tive um exemplo real disso no
final do ano. Estava em São Francisco com o Nei Caetano, o Alexandre Tavares da King Boards e
seu filho Ícaro. No primeiro dia de
janeiro de 2015, eu estava meio depressivo com relação ao que tinha
feito em arte no ano de 2014, a vida
em São Paulo estava me repugnando. Daí fomos a Mavericks, em
Santa Cruz, Califórnia, e ficamos
numa casa em Pescadero, coisa
que não iria fazer se estivesse com
meus amigos do punk rock junkies.
Lá comecei a encontrar pedaços
de madeira que chegavam à praia
por conta das chuvas das últimas
semanas. E vi, nessas madeirinhas
que o tempo já tinha consumido,
um novo caminho em instalações
e assemblages, então acho que,
graças ao surf e aos meus amigos
que vivem o surf, consegui abrir a
cabeça para novas ideias de arte!
http://www.sesper.com
https://instagram.com/repses/
ARQUIVO PESSOAL
Rafael
Calsinski
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Primeiramente Deus, e as ações do
dia a dia.
O que acha que é a surf art?
É unir as duas artes, e o melhor de
cada um.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Creio que é o contato com a natureza e a criação de Deus que traz
a inspiração!
@sipros_sipros
RAFAEL CALSINSKI
Sipros
O que é o surf para você?
Sinto que vá além de um esporte,
pois quando o ser humano tem
contato com a natureza está em
contato consigo mesmo.
O que é o surf para você?
O surf quando eu era criança era
minha principal fonte de diversão,
e logo se tornou uma paixão. Hoje
eu me relaciono com o surf de
várias maneiras diferentes, não
apenas surfando, mas também
registrando, assistindo filmes e
campeonatos. É quando eu me
reconecto com a natureza. O
surf também se tornou a minha
fonte de renda, mas uma coisa
não mudou, continua sendo uma
das minhas principais formas de
diversão.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
A facilidade de se conectar com
o mundo todo através das mídias
sociais frequentemente me deixa
surpreso com as imagens de
alguém que até pouco tempo eu
não conhecia. Uma inspiração que
eu conheci através do Instagram
foi o fotógrafo Warren Keelan.
Minhas principais inspirações são
Sebastian Rojas, Ben Thouard,
Ryan Craig, Chris Burkard,
Jeremiah Klein, Zak Noyle,
Henrique Pinguim, Morgan
Maassen, Luke Shadbolt, Ted
Grambeau... são muitos (risos).
O que acha que é a surf art?
Eu descreveria praticamente da
mesma forma que descrevo a
fotografia: “É a maneira particular
que cada artista encontra para
descrever o sentimento, a
percepção, a emoção da sua relação
com o surf e o oceano”.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Acredito que quanto mais tempo
você se dedica a alguma coisa,
maior é o aprendizado. O ato
de correr uma onda amplia sua
percepção do esporte, muda a sua
visão, conecta você. Estar no lugar
certo e na hora certa para registar
ação dentro do mar não depende
de sorte, depende de conexão e
conhecimento.
www.rafaski.com
www.facebook.com/rafaski
www.instagram.com/rafaski
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ANA CATARINA TELES
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
Ju Martins
O que é o surf para você?
O surf pra mim é inspiração, é
poesia em forma de ação. Um
espetáculo que te prende a todo
instante, seja ele na forma de um
ballet clássico, onde o surfista faz
a linha da onda, tem movimentos
leves e suaves, ou na forma power,
onde a liberdade de expressão é
plena! Poder assistir e eternizar
esses espetáculos sempre foi uma
terapia.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
O mar, onde os respingos d’água,
o volume do lip da onda, cada
movimento do surfista até o ir e
vir da água na beira me inspiram.
Ler me inspira muito. Buscar
referências desde movimentos
artísticos como o surrealismo,
passando por filósofos como
Thoreau, poetas como Kerouac
e cineastas do meio do surf e
já consagrados, como Andrew
Kidman, ajuda muito meu processo
criativo. Acho que o segredo da
inspiração é não parar de pesquisar
jamais.
O que acha que é a surf art?
Para mim a surf art é uma forma
de expressão, um jeito de mostrar
através de ações (surf) e emoções
(art) sua opinião, sua revolta, seu
pensamento. Qualquer tipo de
sentimento ou mensagem que se
queira passar.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
O ato de surfar, seja de prancha,
peito, “mat” ou como mais for
possível, é a maior diversão que
pode existir, deslizar em uma onda
já é uma sensação indescritível,
portanto nada mais inspirador
que a diversão em um lugar onde
as possibilidades de bem-estar
são inúmeras. Essa sensação de
bem-estar, a forma de poder se
enxergar o oceano, como senti-lo,
desde a beira com o ir e vir da água
nos tornozelos até um caldo onde
você pode “chacoalhar” a ponto
de perder a direção da superfície,
geram sensações infinitas e é isso
que agita meu lado artístico. Desde
a tranquilidade de entrar em um
mar calmo até o tal caldo que faz
você se questionar se deve ou não
retornar para o fundo.
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Leo Uzai
Instagram: @jumartinss
www.jumartins.com.
O que é o surf para você?
Durante muito tempo o surf foi o
meu esporte, minha fuga, minha
rotina. Hoje em dia, vejo o surf
como uma poesia em movimento
que me inspira e está dentro de
mim. Apesar de não surfar mais
diariamente, ainda me sinto muito
envolvido com o surf e o mar.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Me inspiro de diversas formas, nos
meus sentimentos, nas situações
que vivo. Quando morava no Rio
de Janeiro, sentia uma necessidade
do concreto, minha linguagem
era mais pesada, me inspirava
em cenas mais urbanas, acho que
buscava muito isso. Depois que
vim pra São Paulo, busco observar
mais a natureza, as formas naturais
me inspiram muito hoje em dia, e
tento misturar um pouco do que
estudo e vejo com o que sinto.
O que acha que é a surf art?
Acho que surf é arte em diversas
formas. No movimento corporal,
na forma de se envolver com
a natureza em sintonia. Quem
surfa e tem uma pesquisa artística
certamente será influenciado.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
De diversas formas. Uma delas é
me desconectar de tudo e ficar com
o pensamento livre para pensar no
que estou desenvolvendo no meu
trabalho e até mesmo na minha
vida.
Instagram: @leouzai
Tumblr: leouzai.tumblr.com
cargocollective.com/leouzai
29
DIVULGAÇÃO
Demian Jacob
Daniel Melim
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Minhas inspirações são a rua e
toda a cultura que envolve isso.
Mas tenho muita referência da
música também, principalmente o
punk rock, que sempre teve uma
influência muito forte aqui na
região do ABC paulista.
O que acha que é a surf art?
Surf art não é só o tema, mas sim
estar dentro da cultura que é o
surf de alguma forma, isso talvez
seja o primordial para aí produzir
realmente uma arte ligada à
cultura.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
O surf possibilita ver o mundo de
uma perspectiva diferente, isso
com certeza se reflete na produção
artística de alguma forma.
www.demianjacob.tumblr.com www.melim.art.br
DEMIAN JACOB
O que é o surf para você?
Além do estilo de vida, acredito é
um momento de testar os limites e
criar uma conexão entre a natureza
e o homem.
O que é o surf para você?
O surf para mim é a calma e a
intensidade do mundo com o
horizonte à sua frente.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Quais suas inspirações em seu
Tudo que fazemos tem um lado
trabalho artístico?
criativo e um mais técnico; o surf
A natureza, as cores e a luz. O ser ajuda a desenvolver o pensamento,
humano também me inspira, suas seja encima de uma prancha ou
contradições. Mas a minha busca observando uma onda quebrar.
pela luz e a forma como vemos as Eu gosto, por exemplo, de shapear
cores do mundo têm sido o objeto minhas próprias pranchas,
do meu trabalho ultimamente.
as trato como uma escultura
hidrodinâmica. Com o único
O que acha que é a surf art?
objetivo de deslizar no mar. O
Um grupo de pessoas que pelo
oceano também nos mostra o quão
mundo descobriram como
pequenos somos perante o mundo,
canalizar o clímax do surf para as isso ajuda a criar e questionar o
artes e pensamentos livres.
homem.
31
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
Tom Veiga
Ignácio Aronovich
Louise Chin (Lost Art)
O que é o surf para vocês?
O surf é um estilo de vida que vai
além do ato de estar no mar. Há
muito que se aprender e aplicar do
surf fora d’água e na vida.
Quais suas inspirações em seus
trabalhos artísticos?
Outros artistas, música, cinema e
viagens. Somos a soma da nossa
experiência de vida e as inspirações
vêm de toda parte.
O que acham que é a surf art?
Não sabemos dizer, parece um
rótulo desnecessário e um tanto
limitador. Muitos grandes artistas
surfam: Barry McGee, David
Carson, Thomas Campbell, só para
citarmos alguns, mas nem todos
precisam ter o surf como temática
de sua produção.
Como acham que o ato de surfar
pode se conectar com seus lados
artísticos?
Surfar é uma forma de expressão.
Tirando o lado de alta performance
em campeonatos julgados, o ato
de decidir o que fazer, para onde
remar, escolher uma onda e o que
fazer, uma vez surfada, parece mais
ligado à expressão pessoal que ao
esporte.
www.lost.art.br
REPRODUÇÃO
IGNÁCIO ARANOVICH/LOST ART
O que é o surf para você?
Surf é a perfeita conexão do
homem com a natureza, é o
momento perfeito onde usamos o
parque de diversões chamado onda
que Deus criou aqui na terra para
nos alegrar e nos divertir, então o
surf é mais que um esporte, é sim
um estilo de vida, uma cultura
própria e uma conexão com um
parque de diversões divino.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Deus fez o mar perfeito, e as
ondas são as expressões artísticas
do oceano. O mar flat é lindo,
mas quando eu vejo uma onda
no horizonte é como se o mar
estivesse sorrindo, e o fato de
existirem ondas de todas as formas,
grandes, pequenas, grossas, finas,
quentes, frias, azuis, verdes, longas,
rápidas, me inspira a refletir
essas diferenças entre elas; meu
ponto de partida criativo são as
formas diferentes das ondas, pois
quando vejo uma onda diferente
automaticamente sinto vontade
de refleti-la através da minha
visão para mostrar a todos, não
só a pessoas ligadas ao surf, que o
mesmo mar tem diferentes ondas,
e isso é capricho de Deus para nos
fazer admirar.
O que acha que é a surf art?
Expressões de uma paixão pelas
ondas, pois muitos artistas usam
diferentes formas e materiais para
materializar sua paixão pelo surf,
seja na pintura, em esculturas,
fotos, design, músicas, dança,
vídeo, enfim todas as expressões
artísticas, buscando de alguma
forma refletir a sua visão e paixão
pelas ondas. Para mim, a surf
art é o resultado de uma paixão
pelas ondas traduzida através de
uma identidade artística pessoal,
expressões de uma paixão, apenas
isso.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Tudo que o inspira o deixa mais
próximo do seu lado artístico,
ainda mais para quem é ligado à
cultura surf. O ato de surfar libera
a onda de criatividade para suas
expressões artísticas; existe uma
conexão com sua paixão que o
ajuda no seu processo criativo.
www.tomveiga.com
33
ARQUIVO PESSOAL
REPRODUÇÃO
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
O que é o surf para você?
Minha paixão é uma parte enorme
de quem eu sou. Surfo há mais de
50 anos. Minha paixão pelo design
gráfico me permitiu comprar
uma casa de frente para um point
perfeito no Caribe. Perdi poucos
swells nos últimos 15 anos, e não
tenho nenhum longboard.
Você é um ícone do design e uma
inspiração para muitos, mas
quais são suas inspirações?
A vida. Eu tiro muitas fotos,
observo e escrevo em todas minhas
viagens, e acho que você tem que
fazer o melhor trabalho possível
como individuo. Ninguém pode
fazer isso por você. Qualquer
pessoa pode comprar um software,
então você tem que colocar mais
de você mesmo, mais do seu
background e personalidade no
seu trabalho, seja qual for. Você vai
aproveitar mais e fará o seu melhor.
O que é surf art para você?
Muita coisa ruim, clichês batidos,
infelizmente… palmeiras feitas
com airbrush, vento terral e garotas
bronzeadas surfando. Eu amo a
maioria das artes que não têm esse
apelo “surf art”, seja qual for. Acho
que se alguém surfa e faz arte, isso
é a verdadeira surf art. Gosto das
coisas esquisitas que os surfistas de
hoje desenham em suas pranchas.
Mas não faixas… hora de ir adiante
amigos... mesmo assim, ainda se vê
uma incrível quantidade de cores
e designs ruins nas pranchas dos
profissionais.
David Carson
Você acha que o ato de surfar o
ajudou a se conectar com seu lado
artístico?
Me ajuda a refocar, relaxar,
reenergizar. Às vezes, ajuda estar
perto de pessoas criativas. Das
pranchas às belezas do mar, até
surfar as ondas, tudo é arte.
www.davidcarsondesign.com
35
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
ARQUIVO PESSOAL
“O Brasil é o centro do surf mundial!”
Convidamos o designer americano David Carson para
participar do Board Connection no Festivalma 2015.
Brifamos ele com o tema Novas Conexões. David mandou
uma sapecada com uma frase antológica escrita na prancha:
“BRASIL, SURFING CAPITAL OF THE WORLD”. Isso
veio de um dos mais influentes designers da história.
Abaixo, uma entrevista sobre seu começo como competidor do tour mundial de surf até seu refúgio caribenho de
direitas perfeitas.
Jair Bortoleto – David, você é
um grande surfista, qual a sua
história nas ondas? Como tudo
começou?
David Carson – Comecei a surfar
em Cocoa Beach, na Flórida, e
frequentei a mesma escola que
o Kelly Slater! Um ou dois anos
mais cedo do quando as pranchas
começaram a diminuir de
tamanho.
Minha família estava na Flórida,
pois meu pai trabalhava no
programa espacial americano e foi
um dos responsáveis pelo pouso
do primeiro veículo na Lua. Eu
comecei a competir no surfe com
14 anos, escrevia uma coluna sobre
surf no jornal local e era do time
de surf da Con Surfboards. Daí
mudamos para o sul da Califórnia,
e foi quando meu surf começou
realmente a melhorar. Eu competi
nos eventos profissionais por
alguns anos e fui convidado para
participar do Smirnoff Pro-Am,
em Sunset Beach, quando tinha
18 anos. Apenas dois surfistas
da Califórnia foram convidados.
Sunset estava enorme – pra mim,
pelo menos –, e me lembro de
assistir a uma bateria antes da
minha e ver Larry Bertlemann
arrepiando as ondas. Ele não
saía da água depois de a bateria
dele terminar, o mar estava bom
demais, e ficavam chamando o
nome dele pelo sistema de som,
ele não saía, e acabou sendo
desclassificado. Sempre achei
aquilo demais!
Tive uma surf shop em Huntington
Beach e depois em San Diego;
tinha meu modelo de prancha pela
Infinity Surfboards e um modelo
de quilhas pela Rainbow Funs.
Apareci em anúncio da Kanvas By
Katin, da Hang 10 Wetsuits, marcas
de leashes, e fui o primeiro surfista
profissional a ser patrocinado por
uma marca de skate, a Kryptonics
– tinha um adesivo gigante deles
nas minhas pranchas. Depois de
REPRODUÇÃO
Por Jair Bortoleto
uso um modelo ou algum sistema
de design já pronto. Meu modo
de trabalhar é começar lendo as
matérias e tentando desenhar algo
que faça o leitor sentir o que ele
está lendo, ou escutando, se for
uma música.
Jair – Em outra entrevista você
disse que tem muita “surf art”
ruim, por que isso?
David – Os surfistas podem ser
um grupo bem conservador,
especialmente fora da água.
Quando redesenhei a revista Surfer,
eles receberam muitas cartas
de ódio dos antigos assinantes,
Jair – Falando de arte, você se
porque agora a revista deles
inspira no surf?
estava diferente, e isso os deixou
David – Não acho que exista um
link direto entre surf e arte. Talvez com muito raiva. Muita raiva
mesmo. Daí, depois de algumas
você goste de um tipo de arte ou
edições, os anúncios se pareciam
design, você goste de um tipo de
com o conteúdo editorial que eu
surf. Acho que por crescer no sul
desenhava, e tudo se acalmou. Surf
da Califórnia, com a cultura surf,
art tradicionalmente, e ainda hoje,
isso me deu um jeito diferente
significa um airbrush de palmeiras,
de ver as coisas, “por que não?”,
ondas perfeitas com terral e uma
“por que não tentar isso?”. Fui
morena seminua, provavelmente
para a faculdade de sociologia e
com uma flor na orelha. Nada
me formei, e mais tarde descobri
progressivo ou que tenha impacto
o design gráfico, quando tinha
no mundo da arte e design. Se
26 anos; então, na realidade, é
você olhar os pôsteres dos eventos
uma segunda profissão pra mim.
da Tríplice Coroa Havaiana de
No meu caso deu certo, mas
trinta anos, a mesma fórmula
não aprendi tudo que deveria
básica. Então, quando escuto esse
ter aprendido, eu apenas faço
termo “surf art”, geralmente penso:
design, o que tem sentido pra
“argh!”. Mas nestes últimos anos
mim. Meu primeiro trabalho
tem melhorado, principalmente
foi fazer o design da revista
porque alguns surfistas tem
Transworld Skateboarding, depois
feito sua própria arte, em tudo é
da Transworld Snowboarding,
quanto é lugar, nada da fórmula
depois da Beach Culture, e então
redesenhei a Surfer. Após isso, uma “palmeiras, ondas perfeitas e uma
peituda seminua com uma flor na
revista de música chamada Ray
orelha”! Fico impressionado com
Gun. Eu fui afortunado, pois meu
jeito de fazer design se encaixa bem a quantidade de filmes de surf que
com o surf, o skate e a música. Mas terminam ou começam com o pôr
era tudo bem experimental. Eu não do sol, como o Endless Summer
especialmente quando a revista
era realmente relevante. Mais
tarde fui o responsável pelo visual
e branding dos campeonatos da
Quiksilver em Nova York e na
França.
competir por muitos anos, fui
convidado para ser juiz da ASP,
agora a WSL.
Jair – Então você chegou a
competir por muitos anos?
David – Eu competia em um
tempo em que os campeonatos
de surf estavam em baixa na
Califórnia. Wetsuits pretos,
localismo, um tempo
anticampeonatos. Fui subindo
os degraus do que era chamado
1ª Divisão para a 4ª Divisão, que
era a profissional. Ganhei muitos
troféus, que estão cobertos de
poeira em algum depósito por aí.
Não tinha muito dinheiro naquela
época, mas não importava, era
demais ganhar campeonatos ou
ter fotos estampadas nas revistas.
Havia apenas algumas revistas, e
elas eram nossas bíblias. Tínhamos
de esperar um ou dois meses
pela próxima edição, e eu ainda
poderia lhe dizer, quando era
jovem, as legendas de cada revista
de surf e o nome dos surfistas!
Eu nunca poderia imaginar que
um dia iria mudar o design e me
tornar o diretor de arte da Surfer,
fez há cinquenta anos atrás! Então,
eu digo que, no geral, a surf art tem
a tradição de ser bem conservadora,
clichê e apenas há pouco tempo se
abriu para experimentações. Algumas
aberturas ou créditos de filmes são
legais, e qualquer coisa que o Dane
Reynolds desenhe é bem legal!
Jair – Na arte de sua prancha para o
Board Connection, você escreveu:
“Brasil, a capital mundial do surf ”.
O que te levou a pensar isso?
David – O melhor, mais excitante
e progressivo surf do mundo no
momento vem do Brasil. Acredito
100% nisso. O entusiasmo, a
camaradagem, o amor pelo país,
amigos e família. É algo novo, fora
dos parâmetros no mundo do
surf. Os modelos californianos,
australianos e havaianos são velhos e
usados, como muitas das estrelas do
WSL. O surfista mais hype, e muitas
vezes over hype da Califórnia, é
Kolohe Andino, que está em 30º no
ranking mundial, em seu quarto ano
no tour. Matt Biolos, shaper da Lost,
disse recentemente que os surfistas
profissionais americanos são todos
umas bonecas preguiçosas, e ele fala
com propriedade... A Califórnia
teve Miki Dora, Tom Curren e Dane
Reynolds. Estilo e performance.
Mas ninguém mais chega perto
dos três. Apesar de Dane continuar
arrebentando. Então, sim! O real
centro do surf no mundo agora é o
Brasil. É uma época excitante para
o surf, para o Brasil e para o mundo
todo. E todos esse australianos que
não gostam do Brasil, bom, isso é
mais do conservadorismo do surf
que eu experimentei há 25 anos atrás,
quando redesenhei a revista Surfer.
Com uma pitada de racismo, ódio e
estupidez.
Jair – Você vive em uma ilha do
Caribe, certo? Como é a vida aí?
David – Minha casa fica em frente a
um point break perfeito de direitas.
Eu a tenho há quinze anos e sempre
passo os invernos aqui. Não tem
ondas no verão, então aproveito pra
viajar. Quando tem onda, pulo do
meu quintal na água quente, com
direitas longas e perfeitas. Surfo
com pranchas de 5’8 a 6’0, muitas
mini-simmons e versões da Tomo,
hidrodinâmicas, com duas, três e
quatro quilhas, e sempre experimento
novos equipamentos. Tenho mais de
cinquenta pranchas, inclusive duas
guns ocas de balsa e cacto, feitas por
Gary Linden. É engraçado como o
mundo dá voltas. Eu comecei fazendo
não mais do que surfar por mais de
vinte anos, daí descobri o design
gráfico, e muita energia criativa foi
dirigida para isso. Estive falido por
mais de metade da minha carreira,
o que não me importou, pois estava
fazendo o que amava. Continuo
dizendo que pago minhas contas
com o meu hobby. Posteriormente
o design gráfico começou a render,
e tive como comprar esta casa no
Caribe com uma direita perfeita
quebrando de frente, e pude voltar
com tudo para o surf. Então foi um
ciclo perfeito, mesmo eu querendo
fazer as duas coisas pelo máximo
de tempo possível.
Jair – Você acha que se isolar dos
epicentros da arte te ajuda a criar
melhor?
David – Não, eu me isolo aqui pra
surfar! E ocasionalmente volto aos
epicentros da arte e design para me
reabastecer. É um bom mix. Mas,
na real, muitos dos meus melhores
trabalhos recentes foram feitos da
minha varanda caribenha.
Rafael
Uzai
ROX REZENDE
REPRODUÇÃO
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
O que é o surf para você?
O surf para mim é o que me dá
energia, o que me desconecta
do mundo. O surf é essencial na
minha vida, me inspira para viajar,
pintar e encontrar os amigos.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Meu trabalho está muito ligado
à natureza. O lugar em que eu
trabalho, uma casa no meio do
mato e ao mesmo tempo perto
do mar, é parte do processo de
inspiração. As formas orgânicas
das pedras, das sementes etc. são
minhas referências de cor, formato
e encaixe.
O que acha que é a surf art?
Pode ser tudo aquilo que vem
derivado ou inspirado pelo
universo do surf e do mar.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Acredito que a busca pelo
diferente, pelos movimentos
mais redondos… se relaciona
diretamente com a pintura.
www.rafaeluzai.com
37
Cassio Leitão
O que é o surf para você?
Importante. Fundamental na
formação da minha identidade.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Pessoas, história, pensamento,
sensações, técnica...
O que acha que é surf art?
Um rótulo vazio, mais do mesmo.
Arte é mais.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Enfrentamentos, coragem, medo,
prazer, força, decisões, realidade,
insignificância, técnica, preparo…
o ato de surfar escancara nossas
limitações físicas e mentais, tudo
muito útil para um artista.
www.cassioleitao.com.br
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
O próprio universo da arte. O eixo
histórico da arte permeia toda a
evolução do imaginário humano,
O que é o surf para você?
O surf é uma experiência única que e participar disso me inspira, estar
conectado com um pensamento
conecta todos os sentidos através
abstrato que registrou o passado,
de um esporte! E confronta os
limites do humano com a natureza, vivencia o presente e constrói o
conceito do futuro. É um privilegio
na sua forma mais radical ou mais
incrível.
poética.
O que acha que é a surf art?
A surf art a meu ver é uma
realidade. Ela existe, mas ainda
é um bebê. Sem dúvida existem
grandes artistas que retratam o surf
e o lifestyle da praia, mas também
existem surfistas que querem
expressar suas emoções através
da arte, e aí a coisa fica um pouco
confusa. Só o tempo vai esclarecer
quem é quem. Mais uma vez é a
história que vai nos contar o que é
a surf art. Agora o negócio é curtir
sem preconceitos esta explosão de
criatividade!
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Comecei a surfar criança, na
década de 1970, e nunca mais
parei. Não tenho nenhuma
referência visual direta do surf na
minha obra, mas subjetivamente.
Puta que pariu, o surf é pura
inspiração, um drive não só para a
arte, mas para minha vida!
http://andrepoli.com.br
REPRODUÇÃO
Andre Poli
O que é o surf para você?
É amor! Um amor atemporal.
Mesmo antes de subir em uma
prancha, eu já amava o surf. Ainda
que eu esteja longe do mar, que
outros estejam na onda, que seja
pela TV, que seja nos meus sonhos,
na minha memória, ou na minha
fissura pela próxima onda, na onda
que fiz agora, torcendo por um
atleta, ou para um desconhecido
completar a manobra, é algo
que sempre fará parte de mim,
independentemente até mesmo de
eu estar neste mundo, ou vivo, acho
que é um jeito de viver, de morrer,
e que sempre vale a pena.
Carlos Carpinelli
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Tentar deixar uma mensagem de fé
e amor, para qualquer um, no meio
de tanta tristeza e medo, enviar
uma energia bela, que possa trazer
um momento que seja inspiração
para o dia a dia, onde quem surfa
se imagine no mar e quem não
surfa veja mais uma forma de o
oceano ser lindo e vivo.
O que acha que é a surf art?
Toda obra de criação artística
inspirada na cultura surf, feita por
praticantes ou simpatizantes desse
estilo de vida. Para os praticantes
pode ser uma forma de expressar
um sentimento ou expectativa de
exteriorizar um anseio ou uma
vivência, um desejo que muitas
vezes é comum a essa tribo,
outras vezes é uma visão única e
surpreendente dessa relação.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Surfar é uma arte também, logo a
conexão é inevitável. No meu caso,
a pintura é o complemento do meu
jeito de surfar, sobre a prancha
coloco minha agressividade e sobre
a tela transmito a paz e o equilíbrio
do oceano. Os dois juntos são a
combinação da minha relação com
o surf, onde adrenalina e paz se
completam.
www.carpinelli-art.com
JAMES THISTED
39
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
41
KLAUS MITTELDORF
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
Marcelus Viana
O que é o surf para você?
O surf me ajudou a crescer, a
amadurecer, a fazer amigos e a
conhecer o mundo. Me ensinou
a cair, a enfrentar, a resistir, a
contemplar, a curtir e a celebrar.
Me ajuda a me manter equilibrado,
calmo, motivado, leve e feliz. O
surf me ajuda a ser quem eu sou.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
A minha principal inspiração é
justamente o processo criativo.
Pra mim, tudo é relativo e motivo
para pensar e fazer. Qual a
imagem, a frase? Que cor usar?
Qual o suporte? Me interessa a
textura, a composição, o processo
de impressão. São pequenos
problemas que eu crio e resolvo
dentro de um universo bem
particular. Eu gosto de pensar,
planejar, desenhar, fotografar,
editar e imprimir. Eu gosto mesmo
é de fazer. Na verdade, eu não
me considero um artista. Sou um
designer gráfico que adora arte.
O que acha que é a surf art?
O mar, o vento e as ondas sempre
inspiraram e influenciaram artistas.
De Homero a Luís de Camões,
de Hokusai a Hemingway. Para
escritores como Jack London ou
a portuguesa Sophia de Mello
Andresen, o mar era quase uma
obsessão, e influenciou grande
parte de suas obras. Artistas
que surfam são naturalmente
influenciados pelo surf e, de
maneiras bem particulares,
expressam essa influência em
seus trabalhos pessoais. Existem
surfistas que são artistas e artistas
que surfam. Na minha maneira de
ver, muitos surfistas se expressam
artisticamente através do surf,
como o Fitzgerald, o Gerry Lopez,
o Wayne Lynch, o Occy, o Tom
Curren, o Joel Tudor e muitos
outros. Mas não acho que a ’surf
art’ seja um movimento artístico.
Klaus Mitteldorf
O que é o surf para você?
Surf é um paixão eterna e meu
refúgio do mundo real…
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Surfar me faz uma pessoa melhor.
Quer melhor conexão que essa?
www.gruposal.com.br
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Minhas Inspirações vêm sem
explicação... do fundo da alma e
dos momentos importantes que
vivi cada fase da minha vida.
O que acha que é a surf art?
A surf art é a simples consequência
das muitas inspirações que o surf
nos proporciona... e são muitas!
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
O ato de surfar é um momento de
pura introspecção. Estamos sós. É
a hora em que conseguimos paz e
reflexão interior. É a hora perfeita
para a criação!
klausmitteldorf.com
rio-santos.com
cansonthebeach.com
DIVULGAÇÃO
43
JUAN ESTEVES
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
Presto
O que é o surf para você?
Eu nasci e cresci na cidade e nunca tive
muito contato com o mar. Comecei a
andar de skate em 1986, aos 10 anos
de idade, aprendi a cair e me ralar no
asfalto antes até de aprender a nadar.
O surf pra mim é como um ancestral.
Graças a ele alguém resolveu pôr rodas
numa prancha, transformou a cidade
e sua arquitetura opressora num mar
de ondas duras. Minha relação com
a cidade mudou, comecei a enxergar
possibilidades onde, até então, só via
a frieza do concreto e aço. No início
da década de 1990 tive meu primeiro
contato com graffiti, e nesse momento
a minha relação com a cidade se
expandiu, contribuindo para minha
formação artística e para a proposta
visual que desenvolvi ao longo desses
anos.
O que acha que é a surf art?
Eu acho que pode ser o conjunto de
expressões artísticas relacionadas a esse
universo e linguagem.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
São as lembranças, inconscientes,
antigas ou recentes. Procurei
desenvolver uma linguagem
desafiadora, que provocasse o senso
de realidade das pessoas. Algo que
fosse abrangente e mostrasse diversas
possibilidades da vida onde essência,
pensamento e matéria não se
distinguem.
Como acha que o ato de surfar pode
se conectar com seu lado artístico?
Acho que da mesma forma que outros
esportes, através da vivência que
proporciona, e de seus benefícios, tanto
para o corpo como para a mente.
facebook.com/prestosp
Mauricio Lima
Não conseguimos entrevistar o fotógrafo
Mauricio Lima, pois ele estava na
fronteira entre a Turquia e a Síria,
tentando fotografar a guerra.
docfoto.com.br/site/fotografo/mauricio-lima/
Juan Esteves
O que é o surf para você?
Surf é prazer puro! O contato
direto com a natureza.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Minha inspirações são as formas,
cores, texturas.
O que acha que é a surf art?
Quando comecei a surfar, em
1970, fabricávamos longboards
usando tecidos floridos nas bordas.
Acho que a prancha é um suporte
interessante para se aplicar um
padrão gráfico! Tenho séries
geométricas que se moldam bem
ao formato.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
O ato de surfar é acima de tudo
um momento de reflexão e prazer,
o que está intimamente conectado
com a inspiração artística.
www.blogdojuanesteves.tumblr.com
45
FERNANDO COSTA NETTO
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
Fernando Costa Netto
O que é o surf para você?
Meu esporte. O mar, meu
playground.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
A cidade, as pessoas, as notícias
nos jornais.
O que acha que é a surf art?
A surf art é estranhamente carente,
dado o ambiente lindo e inspirador
que oferece.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
As ideias nascem quando estou sob
pressão. O surf me relaxa.
Me fale sobre essa série que você vai apresentar, uma das imagens na
prancha.
São Paulo é o 6º maior conglomerado do planeta. 20 milhões de seres vão
e voltam 24 horas por dia e dão forma a uma das maiores aglomerações
urbanas do mundo, ruas e trânsito mal-educados e não recomendados
para pessoas muito tímidas.
Em um minuto você pode dar um beijo em alguém e tomar uma surra
do asfalto. Uma cidade temperamental, com altos índices de poluição,
tomada por uma frota recorde e crescente de 7 milhões de automóveis
e motocicletas. Para nós, paulistanos, moradores e acostumados com o
fluxo intenso do dia a dia, o conjunto dessas vias desnudadas transmite a
sensação do surreal, como um filme de ficção científica.
Mas esquecendo isso e analisando apenas o espaço, São Paulo vista dessa
forma desagasalhada se mostra uma cidade verde e humana, digna de
pensamentos interessantes. E se essa revolução não tivesse volta? E nós,
consumidores de gente, como fazer para devorar um semelhantezinho?
Seria mixuruca o noticiário sem seus protagonistas quase sempre à beira
de um ataque de nervos, ou sobre o que a Folha de S.Paulo iria falar
amanhã e quem os vereadores iriam enganar?
Privados da progressão fulminante da vida moderna, enlouqueceríamos
mais na boa, de repente livres das garrafas PET, das filas no Bradesco,
do louco com o tresoitão na mão, do excesso de informação, da
concentração que um simples cruzamento sob semáforo vermelho exige
do motorista... e retomaríamos um ritmo mais uruguaio de vida, de uma
calma... insuportável.
Durante quatro anos, fotografei São Paulo nos pouco minutos possíveis
de encontrar zero pessoa, zero carro, entre as 6h00 e as 7h00 da manhã
dos dias 1º de janeiro, período de ressaca das festas do final do ano e do
feriado prolongado. Dirigindo pela
Marginal Pinheiros, Rebouças,
Amaral Gurgel, Pacaembu,
Sumaré, Faria Lima, Dr. Arnaldo,
Heitor Penteado, 9 de Julho... dá
para testemunhar a cidade sem
vivalma nos pontos de ônibus, sem
automóveis circulando, um corpo
livre do diabo.
Essas fotos são puras, não há
retoque de photoshop ou de
qualquer programa de edição de
imagem.
docfoto.com.br
JAIR BORTOLETO
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
Paulo Von Poser
O que é o surf para você?
Surf é um movimento, uma
relação especial com a vida e a
natureza. Mesmo sem praticar
me sinto inspirado por essa ação
tão integrada e esse sentimento
de conexão com algo que está
passando, essa «carona» existencial
num fluxo; quando faço grandes
aquarelas e aproveito cada
«respingado» da tinta me sinto
assim também. Surf é ainda o
horizonte e a espera, a amizade e o
encontro.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Hoje acredito que cada traço que
fiz foi um gesto pela PAZ, mas
o silêncio e a força da natureza
numa simples flor ou num grão
de areia ainda me tocam e geram
minha arte, mesmo no caos
urbano onde vivo...Minhas aulas
de desenho e alunos também são
grandes motivações! Acredito
muito que esses jovens arquitetos
têm tudo para mudar o que está
demorando...
Transformar a cidade, com mais
espaços de lazer e parques, é
também uma grande inspiração, e
no momento estou muito animado
com o projeto e luta do movimento
Parque Minhocão na tentativa de
reverter esse espaço numa «praia»
para os moradores do centro da
cidade
O que acha que é a surf art?
Uma estética ou um estilo? A surf
art influenciou tantas outras tribos
e se disseminou na street art, no
grafite urbano, na música e até nas
artes gráficas e design... mas para
mim também é uma ética, uma
ecologia, uma forma de resistência.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Acredito que surfar pode te colocar
em mil estados de contemplação
e até meditação incríveis, e que
essa experiência pode te trazer
mais liberdade artística e de
movimentos: estar na paisagem,
dançar na brisa do mar, flutuar
e respirar são ações altamente
criativas.
http://paulovonposer.com.br
47
MARCOS PIFFER
Marcos Piffer
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Creio que minha principal
O que é o surf para você?
O surf para mim é o esporte onde o inspiração é a natureza, e o ser
humano incluído nela.
contato com a natureza é total.
E isso vale também para o ser
Liberdade, alegria, interação,
humano vivendo nos ambientes
saúde, uma cultura própria e um
urbanos.
lifestyle também.
Binho Ribeiro
O que acha que é a surf art?
Como falei, o surf tem uma cultura
e um modo de viver bem próprios
e característicos, que valorizam
o contato com a natureza, a
preservação e a interação com ela.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Creio que o ato de surfar é
transcender espiritualmente, e isso
tem tudo a ver com o fazer a arte.
www.marcospiffer.com.br
www.revistaguaiao.com.br
O que é o surf para você?
O desafio de interagir com
a natureza buscando aliar a
adrenalina, o estilo e a consciência
com o planeta.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Momentos do início da minha
carreira com os graffiti clássicos,
como personagens e letras. E um
segundo momento trabalhando
com criações surrealistas
envolvendo animais e elementos da
imaginação.
O que acha que é a surf art?
A interação da obra do artista com
elementos da natureza e as raízes
que constroem essa cultura.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
O visual, a atmosfera, o estilo
de vida e a harmonia entre o ser
humano e a natureza podem
transformar elementos criativos
para essa proposta.
www.binhoribeiro.com.br
DIVULGAÇÃO
49
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
51
DIVULGAÇÃO
Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
Mottilaa
Pepe Cesar
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Minhas inspirações vão desde, obO que é o surf para você?
Pra mim, o surf é o pai de uma das viamente, artistas que admiro, mas
igualmente de pessoas, amigos,
grandes paixões da minha vida: o
parentes, minha esposa Mari, o
skate. Apesar de não surfar, tenho
skate, a natureza e as ruas.
muito respeito pelo surf, não só
Sem ordem de importância, pra
pelo skate ter nascido dele, mas
não ter injustiça! Acredito que cada
também por toda a cultura e o
um desses elementos que fazem
contato com a natureza que ele
proporciona. Na real, acho que ten- parte da minha vida, somados,
fazem de mim quem eu sou e o
ho cagaço de me meter depois da
arrebentação e passar apuro! Hahá. meu trabalho ser o que é.
O que acha que é a surf art?
Pra mim, surf art é a arte inspirada
no surf, no estilo de vida do surf.
Acertei?! Tem prêmio?
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Como eu disse, meu surf é o de
asfalto. Quando simplesmente
me desloco de um pico pro outro
na sessão, é como se eu estivesse
surfando pela cidade.
E muitas vezes esse prazer é tão
puro, que só lembrar disso já é uma
inspiração pra arte que faço!
www.mottamobil.com.br
O que é o surf para você?
Alegria, filosofia, viagem, magia,
transcendência, arte, espiritualidade, dança, acrobacia e equilíbrio.
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Artistas de plástico, artistas
plásticos, artesãos, designers,
poetas, fotógrafos, escritores,
surfistas e mágicos… me inspiro,
imito e admiro todos eles: Cecília
Meireles, Sophia de Mello, Manoel
de Barros, Carlos Pena Filho, Ed
Emberley, Hundertwasser, Agnès
Varda, Bruce Webber, Wes Anderson, Millôr Fernandes...
O que acha que é a surf art?
Prefiro não teorizar sobre a surf
art… a palavra surf já tem “deslimites” suficientes… não carece da
palavra arte ao seu lado...
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Para mim, ficar dentro do mar e
olhar a vida do ponto de vista do
horizonte propõe reflexões imprevisíveis. Verbal e visualmente.
Com sal nas sobrancelhas ouço o
gorjeio dos peixes e aprendo sobre
a caligrafia das quilhas. Onda é
design de água salgada.
http://deslimites.tumblr.com
HENRIQUE PINGUIM
Henrique Pinguim
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Tenho muitas inspirações com
que eu tento moldar minha linha
de fotografia. Sou um cara muito
curioso, sempre estou na busca
de referências. O Facebook e o
Instagram me ajudam a conhecer
outros fotógrafos. Mas, citando
alguns nomes, destaco Ray Colins,
Burkard, Todd Glasser, que no
O que é o surf para você?
Primeiramente uma paixão. Segun- meio do surf têm uma pegada mais
artística.
do, meu estilo de vida.
O que acha que é a surf art?
Tudo que envolve o surf! Seja um
shaper desenvolvendo modelos,
fotografia, música, lifestyle, linha
de onda de cada surfista.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
A cultura do surf é muito rica e os
elementos são puramente artísticos. Um simples cutback com estilo
vira uma coisa plástica, os detalhes
da prancha cortando a onda, as
formas de cada onda ou uma onda
sozinha quebrando com uma
luz bonita, tudo isso em minha
opinião tem uma essência muito
artística quando registrada por foto
ou vídeo.
www.henriquepinguim.com.br
www.instagram.com/henriquepinguim
O que é o surf para você?
Para mim o surf transcende o
esporte, é uma filosofia de vida que
é regida pelo contato e respeito
com o mar e toda a natureza.
Cadumen
Quais suas inspirações em seu
trabalho artístico?
Sou apaixonado pela natureza,
mas vivo em São Paulo, que é uma
cidade cinza, poluída, barulhenta
e quase sem beleza natural, por
isso eu pinto animais e plantas nos
muros da cidade, para torná-la um
pouco mais amigável e chamar a
atenção das pessoas para tentar
tirá-las da rotina: de casa para o
trabalho e do trabalho para casa.
O que acha que é a surf art?
Hahahahá, não sei o que é. Mas
acho que deve ser uma arte que
retrata o surf, onde o artista pinta
ondas, mar e coisas do universo da
praia.
Como acha que o ato de surfar
pode se conectar com seu lado
artístico?
Acho que já estão conectados.
Eu não surfo, mas vou muito à
praia e gosto muito da energia
fantástica que vem do mar, isso me
inspira a desenhar. Creio que meu
trabalho tem muito a ver com surf
pela relação com a natureza e os
desafios do trabalho em si. Pintar
nas ruas de São Paulo é meio que
surfar num mar de prédios.
www.cadumendonca.com
FÁBIO BUENO
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Mostra New Era de Arte e Cultura Surf
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Festival Internacional Mormaii de Curtas-Metragens Surf e Praia
Curtas-Metragens:
1º
2º
3º
Essence
Miragem
Swell Invitation
Binho Nunes e Rafael Pasin
Corrente Rangel Roma
Fabiano Sperotto
Henrique Vieira
1º
2º
3º
Entre Rosas e Espinhos
The Nica Days
(Dis)connected
Gustavo Neves
Petterson Thomaz
Douglas Alvares
Curtas-Metragens, Curtas-Documentários e VideoSelfies. Foram três
categorias, com 58 vídeos inscritos e participação recorde de 18.224
votos dos internautas. O festival de curtas mostrou que as produções
independentes estão a todo vapor. A novidade deste ano foi a inclusão
da categoria VideoSelfie, a nova revolução popular mundial.
Curtas-Documentários:
Video Selfie:
1º
2º
3º
Bali Bagus
bem-vindos à Finolândia
Surf GoPro Moçamba
Feriado em Búzios
SUP, praia e diversão
Marcelo Alves Pereira Neto
Rodrigo Martins
Douglas Siqueira Corrêa
Festival Quiksilver de Música
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Gabriel O Pensador
Afiado nas rimas e surfista de alma,
Gabriel O Pensador foi o último a
se apresentar no Ibirapuera com
um show contagiante. O rap rock,
com letras críticas e também divertidas agitaram e uniram a plateia.
A energia era tanta, que Gabriel
pulou nos braços do público e foi
carregado, fechando com chave de
ouro o primeiro dia de Festivalma
XI Novas Conexões. O carioca surgiu no cenário musical, no início
dos anos 90, quando lançou a música “Tô feliz (matei o presidente)”.
Ao todo são sete álbuns gravados
em estúdios, destaque para “Quebra-Cabeça”, que vendeu cerca de
1,5 milhão de cópias.
FOTOS: DELAMONICA/ALMASURF
No lineup musical, o Festivalma XI se preocupou em montar um
laboratório experimental, onde a música não tem fronteiras, sendo
um elemento de conexão, misturando ritmos e unindo pessoas.
Makua Rothman, Samuel J, Gabriel O Pensador e Gustavo Fildzz
compartilharam a positividade das ondas no palco do Festival
Quiksilver de Música. Todos são surfistas.
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Festival Quiksilver de Músicaw
Samuel J
O britânico Samuel J colocou em
prática no Festivalma XI o que
ele mais acredita: a música como
ponto de conexão entre as pessoas. Com seu violão, o músico
e também surfista espalhou boas
vibrações ao público com melodias
e arranjos cheios de harmonia no
Ibirapuera e na Concha Acústica
Vicente de Carvalho, em Santos.
Samuel desenvolveu o projeto Samuel J Brasil Live Project, no qual
faz parceria com cantores brasileiros, misturando vários ritmos.
Ele também trabalha com projetos
sociais e ambientais.
FOTOS: DELAMONICA/ALMASURF
Makua Rothman
Além de seu talento para surfar ondas gigantes, o havaiano
Makuakai Rothman também sabe
fazer música. Com total domínio
sobre o ukulele, o Campeão Mundial de Ondas Grandes de 2015 foi
o primeiro a se apresentar no palco
do Festivalma XI, no Ibirapuera,
transmitindo a energia da praia
com suas canções, no ritmo do
“hawaiian reggae”. Makua também
levou a vibe do espírito aloha para
o berço do surf no Brasil, a cidade
de Santos.
Gustavo Fildzz
O vocalista Gustavo Fildzz, da
banda Aliados, é um dos ícones
do cenário musical da baixada
santista, sendo reconhecido pelo
seu rock pop envolvente que leva
mensagens positivas aos fãs. Músico, surfista e skatista, Fildzz não
poderia ficar de fora do Festivalma
XI em Santos. Ele e a banda Tr3vo
fizeram um show acústico que
combinou com a energia e a cultura praiana da cidade santista.
JAIR BORTOLETO
E
ra um sujeito esguio, de cabelos compridos e olhos pequenos
de tanta fumaça que tinha na casa. Lembro até hoje da
primeira vez que vi um shaper. Meu primo Juninho Giroldo,
que é meu primo de segundo grau – coisa que minha mulher
insiste em dizer que não existe –, me levou com ele para discutir
sua encomenda com um tal de Fernando Aquarius. Eu tinha 10
anos e aquilo foi um impacto enorme na época. Um shaper!
Alguns meses depois eu ganhei minha primeira prancha. Numa
viagem de família para a Bahia, aonde íamos de carro, parando e
acampando. Em Setiba, no Espírito Santo, meu pai comprou uma
5’8 triquilha de uma marca chamada Local Mole. Comecei minha
história com as pranchas ali – sem contar as de isopor em que
surfava deitado no Boqueirão da Praia Grande.
Aos 18 anos consegui trabalho de cortador de quilhas na antiga
fábrica da Lightning Bolt, no Guarujá. Ali tive contato com os
shapers Neco Carbone, Hélio Coquinho e Paulo Rabello, além de
alguns gringos que passavam por lá na época.
Neco foi quem me ajudou a shapear minha primeira prancha.
Aquilo foi mágico!
Tempo passou e aqui estou eu, na ALMASURF, fazendo a
curadoria do Festivalma, e durante as várias reuniões em que
discutimos as ações de arte para a edição 2015 nasceu o Board
Connection – pranchas de surf com interferências de artistas
visuais. Elas novamente, as pranchas!
28 pranchas, 28 artistas. Os modelos de prancha que escolhemos?
Mini-simmons e fish. Uma derivada da outra. Uma é a evolução
da outra. Os shapers? Dois grandes! Dois não, três, pois a máquina
de shape da Gzero, um robozão futurístico, fez o trabalho pesado!
Os dois outros, Fernando Longarina e Kareca, e esses incríveis
pedaços de espuma foram feitos na mesma fábrica onde shapeei
minha primeira prancha, na antiga Lightning Bolt, atual Gzero, na
Rua do Sol, no Guarujá.
Misturar prancha com arte é algo incrível, e a curadoria de artistas
foi bem especial. Grandes fotógrafos – um de guerra –, grafiteiros
renomados, artistas contemporâneos e dois designers referências.
Todos misturados, mas com um só tema, as Novas Conexões. Um
novo caminho para nossa cultura surf. Invertemos a base dessa
cultura tão rica. Saímos do eixo do Pacífico, do espírito aloha, da
Califórnia/Hawaii. Revelamos a magnética Atlântica, a praia e o
surf pra todos. Surf for all!
O objeto de desejo dos surfistas representado por artistas visuais
conceituados. Um sonho? Realidade! E tudo reunido, híbrido,
lindo, no Ibirapuera, no coração da selva de concreto. A maior da
série veio, e nós botamos pra baixo!
Jair Bortoleto
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