revista notícias da construção - Sinduscon-SP

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revista notícias da construção - Sinduscon-SP
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
1
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
EDITORIAL
Questões que não calam
Sergio Watanabe*
A
presente campanha eleitoral foi
marcada por embates políticopartidários centrados em temas
como educação, saúde e qualificação
para o emprego. Praticamente nada se
falou sobre economia, e pouco sobre
habitação e infraestrutura. É como se o
crescimento econômico desobrigasse
os candidatos de anunciarem propostas
para a superação dos gargalos existentes.
Uma destas questões econômicas
espinhosas são os chamados restos a
pagar do Orçamento, para quitar obras
executadas no exercício anterior. Preocupa que, segundo a ONG Contas Abertas,
os restos de 2010 a serem pagos em
2011 atingirão o recorde de R$ 90 bilhões.
Neste caso, o desafio do próximo
presidente será compatibilizar os restos
a pagar com a execução dos novos
investimentos previstos no Orçamento,
indispensáveis para a sustentação do
crescimento.
Outro desafio será o crescente déficit
na conta corrente externa. Em agosto,
o Ministério da Fazenda projetava esse
déficit para 2011 em US$ 56 bilhões,
e o Banco Central o estimava em US$
58 bilhões. O problema é que o déficit
vem sendo coberto por investimentos
estrangeiros formados em sua maior
parte por capitais de curto prazo e não por
Investimento Estrangeiro Direto (IED) na
produção. Voláteis, esses capitais podem
sumir, gerando uma crise.
Isto remete a um olhar bastante acurado para o nível do câmbio, as reservas
cambiais, a equação câmbio-juros, enfim,
questões com as quais o próximo presidente precisará se deparar de imediato.
Também será necessário enfrentar o
crescente nível de gasto público, o endividamento interno. Como os candidatos
Crescimento da
economia abafa
debate eleitoral
sobre gargalos
pretendem racionalizar o gasto público
e abrir o caminho para a tão esperada
redução de tributos?
Nesse processo de racionalização,
é essencial preservar e aumentar os
recursos do Orçamento destinados a
investimentos. É nos gastos de custeio
da máquina administrativa que se devem
centrar os esforços do próximo governo.
Para tanto não faltam ferramentas.
O próprio Ministério do Planejamento
disponibiliza em seu site desde 2008
uma “Coletânea de Melhores Práticas de
Gestão do Gasto Público”, com exemplos
sobre a racionalização das despesas de
governo. Além de medidas de economia e
sustentabilidade, há até sugestões como
contenção de diárias de viagens e de
passagens de avião, bem como a reco-
mendação da substituição de cargos em
comissão por assessorias. São sugestões
que todos os atuais e futuros governantes
deveriam ler e colocar em prática.
Mas, uma vez que somente estas
medidas não têm evitado o aumento do
gasto público e dos tributos, também é
necessário definir uma meta de redução
da carga tributária. A ideia é proceder da
mesma forma pela qual o governo estabelece uma meta de inflação, e depois toma
medidas para que a evolução dos preços
não ultrapasse a meta. O próximo governo poderia fazer o mesmo em relação à
carga tributária, montando um plano para
que ela diminua progressivamente em 10
anos, até atingir 25% do PIB.
Na área da habitação e infraestrutura,
permanecem as indagações sobre a continuidade do PAC e do Programa Minha
Casa, Minha Vida, bem como sobre a
mobilização dos recursos financeiros
para viabilizar as metas estabelecidas
no quadro de aquecimento da atividade
econômica.
Também continuam de pé as indagações sobre os estímulos que precisam ser
instituídos para estimular a oferta crescente de materiais e equipamentos, bem
como a necessidade de se incrementar
a formação de profissionais qualificados
para atuarem efetivamente no segmento
formal da construção.
* Presidente do SindusCon-SP
,
entários, críticas
Envie seus com
stões de temas
perguntas e suge
:
para esta coluna
sconsp.com.br
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presid
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
3
Presidente
Sergio Tiaki Watanabe
voz do leitor
OBRA LEGAL
Agradeço e parabenizo Notícias da
Construção. Vi que Bauru lançou uma
Cartilha “Obra Legal”, sabemos que com menos
custo se pode fazer uma bela obra e em lugar
adequado. O Município de São Paulo mantém
convênio com o Estado na defesa dos mananciais, que está à disposição das construtoras.
Walter Tesch
Coordenador Executivo Adjunto da Operação
Defesa das Águas, São Paulo
[email protected]
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Capa
Seminário mostra
estado da arte
em tecnologia
de estruturas
O preparo para a “senóide da vida”
Modelagem do BIM ganha força no Brasil
“Concreto é amigo do homem”
Professor alerta para “projetos pueris”
Especialista aponta atrasos para a Copa
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Eleições 2010
Russomanno promete qualificação
Candidato visita o SindusCon-SP
Feldmann frisa importância ambiental
da indústria da construção
Berzoini dialoga com o setor
15
Imobiliário
Mais agilidade no Programa Minha Casa
Surgem alternativas ao crédito imobiliário
Escreva para esta Seção
[email protected]
Fax (11) 3334-5646
R. Dona Veridiana 55, 2º andar
01238-010 - São Paulo
18
Responsabilidade social
Ação elevará escolaridade nos canteiros
22
Qualidade
Mudanças na Norma de Desempenho
28
Insumos
Concrete Show: parcerias com o exterior
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SindusCon-SP em Ação
Construção tem cenário favorável
Setor ajuda a renovar currículo na Poli
Evento aborda lençóis freáticos
Sul-africanos visitam o sindicato
Ishikawa toma possa na CPN
Parlamentares visitam a Diretoria
38
Notícias das Regionais
Regional visita o prefeito de Santos
Baixada investe em qualidade
Ciesp de Sorocaba festeja 60 anos
Piedade terá curso de qualificação
Unidade do Seconci-SP em Ribeirão
Minha Casa terá primeiras unidades
Programa de Segurança realiza reunião
Campinas discute tributos abusivos
colunistas
5
Robson Gonçalves - Conjuntura
32
Maria Angelica Lencione Pedreti – Gestão
10
José Carlos B. Puoli – Legislação Ambiental
36
José Carlos Sampaio – Desafios no Canteiro
14
Celso Petrucci – Financiamento
42Antonio Jesus de Britto Cosenza – Marketing
20
Fernando A. Corrêa da Silva – Ponto de Vista
44Aline Zucchetto – Jurídico
24
Maria Angelica Covelo Silva – Gestão da Obra
46Angela Nogueira da Silva - Prevenção e Saúde
30
Pedro Luiz Alves – Motivação
48Ercio Thomaz - Soluções Inovadoras
50Vahan Agopyan – Inovação
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Vice-presidentes
Cristiano Goldstein
Delfino Paiva Teixeira de Freitas
Francisco Antunes de Vasconcellos Neto
Haruo Ishikawa
José Antonio Marsilio Schwarz
José Carlos Molina
José Roberto Pereira Alvim
Luiz Antônio Messias
Marcos Roberto Campilongo Camargo
Maristela Alves Lima Honda
Mauricio Linn Bianchi
Odair Garcia Senra
Paulo Brasil Batistella
Diretores das Regionais
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José Roberto Alves (São José dos Campos)
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Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas)
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Paulo Piagentini (Santo André)
Ricardo Beschizza (Santos)
Ronaldo de Oliveira Leme (Sorocaba)
Silvio Benito Martini Filho (São José do Rio Preto)
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REDAÇÃO:
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Ester Mendonça e Ana Lígia Paschoaletti (Rio Preto)
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Tiragem desta edição: 9 mil exemplares
As opiniões dos colaboradores não refletem
necessariamente as posições do SindusCon-SP
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www.sindusconsp.com.br
“O papel desta revista foi feito com madeira de florestas
certificadas FSC e de outras fontes controladas.”
CONJUNTURA
Alternativas para o câmbio
D
ólar barato rima com eleição. Essa
é uma lição que nós, brasileiros,
aprendemos há algum tempo e
repassamos a cada quatro anos.
O câmbio valorizado permite à classe
média viajar ao exterior com menos sentimento de culpa, mas também favorece as
famílias de baixa renda, ajudando a conter
os preços de produtos que vão do pãozinho
ao óleo de soja, passando indiretamente
pelos aluguéis. No entanto, passada a
eleição, seja quem for o próximo presidente,
será momento de arrumar a casa.
Em grande medida, esse desalinhamento cambial é reflexo do mix de política
econômica adotado, com grande sucesso,
desde 1999 e mantido intacto na “Era Lula”.
O crescimento muito forte da demanda
gerou pressões inflacionárias e o Banco
Central (BC), em resposta, elevou a taxa
de juros básica para conter a alta de preços.
Como efeito colateral, o país se tornou
mais atrativo aos capitais de curto prazo,
e a grande oferta de dólares derrubou a
cotação cambial. Tudo isso agravado pela
manutenção dos juros lá fora em níveis
microscópicos.
Segundo dados do BC, de janeiro a julho deste ano ingressaram no país mais de
US$ 28 bilhões em capitais de curto prazo.
Isso representa um crescimento de 210%
na comparação com igual período de 2009.
Mais: esse número é quase quatro
vezes e meia maior do que os ingressos de
capitais produtivos. Conclui-se que o nível
atual da taxa de câmbio não se deve apenas, como alguns dizem, ao “bom momento
vivido pelo país”. Esse nível é reflexo de
uma soma de elementos conjunturais, mas
que causa impactos relevantes à estrutura
produtiva brasileira.
Esse cenário está gerando grandes
desequilíbrios que, por vezes, acabam
Robson Gonçalves*
Governo pode taxar
entrada de capitais
e comprar dólares
mantendo o regime
encobertos pelo brilhantismo dos grandes
números como a alta do PIB e do emprego.
Mas muito produtores de bens intermediários têm sido fortemente impactados pela
concorrência externa.
É verdade que as importações baratas
são benéficas para suplementar a oferta
local, permitindo contornar diversos gargalos produtivos surgidos com a aceleração
do crescimento. Mas, em algumas cadeias,
há setores inteiros fragilizados pela pressão
competitiva externa.
No outro extremo, existe o caso dos
segmentos que conseguem se proteger das
importações e praticar preços aqui dentro
claramente acima daqueles do mercado
internacional.
A conclusão mais imediata é que a casa
está de fato desarrumada e o impacto do
comércio externo gera mais distorções do
que benefícios.
Mas quando se fala na possível adoção
de medidas na área cambial, via de regra
surge uma grande confusão nos termos
do debate. Essa confusão existe porque a
imensa maioria das pessoas não distingue
Tesouro, Fisco e Banco Central, agentes de
política econômica muito próximos, mas
distintos.
Se vierem, as mudanças na área cambial não devem comprometer o atual regime
de flutuação administrada, no qual o Bacen
intervém apenas com o objetivo de evitar
oscilações excessivas.
Mantida essa diretriz, peça chave do
regime de política econômica inaugurado
em 1999, outras medidas poderão ser
adotadas pelo Tesouro e pelo Fisco sem
caracterizar mudança alguma no regime
cambial.
Dentre elas, estariam maior tributação
sobre os ingressos de capital atraídos pelas
altas de juros e maiores compras cambiais
por parte do Tesouro, preferencialmente a
partir da geração sustentada de superávits
nas contas públicas.
Seriam medidas de bom senso, adotadas sem gerar choques ou surpresas e
sem o espírito aventureiro que, há anos,
felizmente, está fora de moda na política
econômica brasileira.
* Professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos
,
entários, críticas
Envie seus com
as
tem
stões de
perguntas e suge
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[email protected]
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robson.gonca
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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CAPA
O futuro chegou
Nathalia Barboza
Inserido há dois anos no âmbito da
Concrete Show South America, um dos
mais importantes eventos da cadeia
produtiva do concreto, o tradicional Seminário Tecnologia de Estruturas: Projeto
e Produção com Foco na Racionalização
e Qualidade, realizado pelo CTQ (Somitê de Tecnologia e Qualidade) e pelo
Comasp (Comitê de Meio ambiente) do
SindusCon-SP, chegou em 2010 à sua
12ª edição trazendo para cerca de 320
participantes mais uma vez o estado da
arte na engenharia estrutural mundial.
Neste ano, os destaques ficaram
para as apresentações de cases nacionais e internacionais de sucesso, entre
eles o Trecho Sul do Rodoanel, inaugurado em abril.
A Engemix forneceu o concreto para
as obras do trecho Sul do Rodoanel Mario Covas ou Rodoanel Metropolitano de
São Paulo, que possui 177 Km totais em
2 pistas com total de 6 faixas de rodagem. Eliron Maia Souto Júnior, gerente
de Tecnologia da empresa, contou que
foram instaladas três centrais dosadoras
de concreto, para garantir uma pequena
distância entre a central e as obras.
Segundo ele, um dos desafios foi atender ao volume necessário de concreto nos
diferentes trechos do canteiro.
“Nos lotes 1 e 2, foram entregues aproximadamente 222
mil m³ de concreto. Na média,
foram 7.900 m³ por mês, com
picos de 16.000 m³ por mês”,
revelou. “Foram fornecidos 106
traços diferentes de concreto”,
completou.
Produtividade
A preocupação com a
produtividade também foi
constante nas obras do REC
Berrini, erguido pela Hochtief
do Brasil num terreno de 23,5 Oliveira, da Método: combinar soluções traz ganhos de produção
mil m². Pedro Keleti, gerente
VOC (componente orgânico volátil)”,
de Contrato da construtora,
disse. “A Hochtief destacou dois funfalou sobre as obras, cuja previsão de
cionários só para monitorar o uso de
entrega é no primeiro semestre de 2011.
produtos com estas características”,
O edifício, de 140 metros de altura e
completou.
101 mil m² de área construída, terá 35
Em parceria com a Engemix, a
andares, 5 subsolos e heliponto.
construtora foi pioneira em adotar um
Entre os desafios estão o prazo de
mastro lançador de concreto, acoplado
execução da obra (24 meses) e o volume
à tubulação e fixado provisoriamente na
total de concreto (38,5 mil m³), entregue
estrutura interna do edifício. Segundo
em uma região de trânsito intenso.
Keleti, a altura do mastro ia subindo
Segundo Keleti, a implosão de um
conforme o andamento da obra. “Isso
prédio de 16 andares da década de
facilitou a concretagem dos pilares,
70 que estava no terreno criou uma
oportunidade de reaproveitar
85% dos mais de 10 mil m³ de
entulho gerado. “A aplicação
de insumos com alto índice
de reciclagem é uma das exigências da certificação Leed
conquistada previamente pelo
projeto, assim como o uso de
materiais com baixo teor de
Cases são a vedete
da edição 2010
do Seminário
de Estruturas
Para Souto Jr., suprimento de concreto
no Rodoanel foi desafio
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Fotos: Leandro Donato
liberando as gruas para outras tarefas”,
afirmou o gerente.
A ideia era reduzir os ciclo de produção. Segundo ele, o caminhão bomba
foi posicionado no térreo e alimentado
simultaneamente por 2 betoneiras, com
um intervalo de 10 a 15 minutos. “A produtividade de lançamento foi de 50 m³/h,
até 80 metros de altura, e daí em diante
reduzida a 30 m³/h, até o topo do prédio.
Com isso, diminuiu-se significativamente o
tempo de concretagem, de 12 horas para
de 6 a 8 horas”, revelou.
A concretagem foi programada em 2
etapas, pelo alto volume de concreto por
laje e pelas dificuldades de acesso de
caminhões nos horários de pico. “Chegamos a consumir 3.400 m³ de concreto
em um mês, o que é uma façanha na Berrini”, comemorou. Segundo Keleti, com
isso, o prazo de execução da estrutura
foi menor que o planejado, passando de
15 meses para 13 meses.
Auto-adensável
Outra solução cada vez mais comum
nas grandes obras brasileiras é o uso do
concreto auto-adensável, que embora
seja mais caro tem um desempenho
notadamente melhor. Agora, ele começa a ser associado ao uso do mastro
distribuidor, o que melhora ainda mais
os ganhos de produtividade das obras.
Paulo Sergio Ferreira de Oliveira,
diretor da Unidade de Serviços e Tecnologia da Método Engenharia, disse que,
a obra do Rochaverá Corporate Towers
é a primeira experiência da empresa
neste sentido.
A Método, que oferecerá em breve
“um pacote de soluções completas e
integradas em estruturas de concreto”,
está erguendo a Torre C, a última e mais
alta das quatro do complexo “Triple A”
de escritórios. “A logística do canteiro é
zero, não tem espaço para manobras.
Por isso, a construtora está usando 3
ou 4 elevadores tipo cremalheira e duas
gruas, além de um mastro de concretagem”, afirmou.
Entre as justificativas para o uso do
concreto auto-adensável e do mastro de
Cerca de 320 participantes assistiram a palestras nacionais e internacionais do 12º Seminário de Estruturas
concretagem na obra estão a garantia do
ciclo de produção e do prazo de entrega. “A combinação das duas soluções
proporciona redução da ociosidade da
mão de obra e maior produtividade na
concretagem –são 5 operários contra 16
do sistema convencional–, embora isso
implique aumento do custo do concreto.
Além disso, segundo ele, o mastro preserva as armaduras, porque não há o
arraste do mangote. “Uma estrutura mais
íntegra melhora a qualidade e diminui os
retrabalhos”, disse.
Para Oliveira, a solução otimiza ainda
o tempo de uso da grua, por torná-la desnecessária na concretagem de pilares,
e elimina a montagem e desmontagem
de tubulações. “A confiabilidade do
concreto também aumenta, porque o
auto-adensável tem maior compacidade,
melhor aderência aço/concreto, melhor
controle sobre a relação aço/concreto
e menor desvio padrão para a mesma
resistência de dosagem”, afirmou.
“Toda a recepção de materiais é feita
no período noturno, para não atrapalhar
a movimentação dos escritórios durante
o dia”, completa Oliveira.
Watanabe diz que setor deve se
preparar para “senóide da vida”
Na abertura do seminário, o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe,
afirmou que nos próximos 5 anos a
construção registrará um forte ritmo de
crescimento. “Esta curva não será sempre ascendente. Quando ela estabilizar
ou cair, precisamos estar preparados
para esta ‘senóide da vida’, e aí o conhecimento tecnológico será importante para
enfrentar a concorrência acirrada que
aparece em monetos de crise”.
O vice-presidente de Tecnologia e
Qualidade, Mauricio Bianchi, enfatizou
“a importância de eventos como esse,
resultado da filosofia do CTQ de que é
mais fácil enfrentar as dificuldades juntos.
É nesses instantes, de intensa atividade,
que precisamos de calma e capacitação
tecnológica, para não sermos geradores
de passivos no futuro”.
O coordenador do CTQ, Paulo San-
chez, falou de sua emoção em realizar
o evento de estruturas e o diretor de
Relações Internacionais e coordenador
do GT de Missões e Eventos do CTQ,
Salvador Benevides, destacou o fato
de os participantes dedicarem um dia
de seu trabalho para participarem do
seminário.
Watanabe e Bianchi, na abertura do evento
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
7
Modelagem é realidade
Para Correa, BIM é um processo
que permite antecipar e resolver
problemas de projeto
Utilizado já em países como Finlândia,
Noruega, Alemanha, Japão e Inglaterra, o
BIM (Building Information Modeling), o mais
recente processo tecnológico digital de
construção civil, começa a tomar força também no Brasil. “É uma tecnologia associada
ao conhecimento e à informação e significa
uma mudança do modelo mental, no qual a
engenharia deve ser vista de forma estratégica. Com ele, os profissionais deixam de
trabalhar com linhas para manipular objetos, e conseguem extrair qualquer dado do
modelo, sem perder tempo ou informação”,
apontou Verena Arantes Balas, superintendente da Matec Engenharia.
O membro do CTQ do SindusCon-SP
Fernando Correa (veja artigo à pág. 20),
lembrou que a plataforma é utilizada pela
prefeitura de Cingapura para checar e aprovar projetos através da internet e que, nos
EUA, o órgão que rege todas as contratações de obras e serviços utiliza o BIM para
compras. “BIM é a representação digital
do processo de construção que facilita a
troca e interoperabilidade de informações
no formato digital”, definiu Correa, usando
uma frase de Charles Easteman.
Correa lembra que o BIM não é um software e sim um processo que utiliza vários
softwares integrados e ajuda o setor a diminuir os riscos de um projeto malfeito, porque
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é capaz de simular o prédio com
os sistemas em operação.
Para Verena, a grande mudança é que, com o BIM, a
engenharia é toda pensada no
escritório, deixando para o canteiro de obras a execução simples
do que já foi desenhado, testado
e validado no computador.
Segundo ela, todas as obras
da Matec já estão modeladas,
mas o caminho é um pouco maior
do que deveria, porque o trabalho
do projetista ainda tem de ser redesenhado pela construtora, que descobre
opções e as reencaminha ao projetista para
validação e comentários.
A solução também pode antecipar incompatibilidades que costumam ainda hoje
ser detectadas somente durante as obras,
resultando em retrabalhos que atrasam o
cronograma e encarecem seu custo final,
afirmou Correa. “Do projeto à demolição,
tudo está registrado e parametrizado nele,
e o prédio pode ser gerido a partir de seus
dados ao longo de toda a sua vida útil.”
Mercado nacional
Segundo Correa, um grupo de trabalho
com representantes do SindusCon-SP e da
Asbea, Abrasip, Abece, universidades e a
consultoria NGI tem estudado o tema no
Brasil, levantado junto a projetistas e construtoras informações sobre o atual estágio
do BIM e conversado com empresas de
software do mercado nacional.
Estão em curso ainda as aprovações
junto ao Finep do projeto para o suporte
ao processo de gerenciamento de projetos,
simulação de desempenho e operação
de edificações via BIM, a serem desenvolvidos pela Poli-USP; e do projeto para
implantação do processo nos escritórios
de arquitetura, a ser desenvolvido pela
FAU-USP/Mackenzie. “A norma técnica
‘Modelagem de Informação da Construção’
já foi aprovada na ABNT e o próximo passo
é normatizar o sistema de bibliotecas de
dados parametrizados”, disse Correa.
Concreto: amigo do homem
muito bem para evitar pro“O concreto e o cachorblemas”, garante.
ro são os melhores amiSegundo ela, uma progos do homem”, afirmou a
va da confiabilidade do
doutora em engenharia e
concreto é que ensaios
diretora da Escola de Enrealizados mostraram não
genharia da UFRS, Denise
haver alterações estruturais
Dal Molin, a despeito dos
significativas ao longo do
problemas do dia a dia das
tempo em lajes desformaempresas, como retração
das muito jovens –é uma
de pisos, deformações das
prática cada vez mais coestruturas, baixa durabiDenise: confiabilidade
mum retirar as fôrmas após
lidade e grande variação
4 dias, quando há pouco tempo elas só
dos resultados do concreto dosado em
eram retiradas depois de 15 dias. “Basta
central. “Podemos trabalhar adequadaincluir no cálculo estrutural a deformação
mente com qualquer tipo de cimento,
imediata (inicial)”, recomendou.
mas é necessário que o conheçamos
Alguns projetos
são “pueris”,
alerta especialista
Grandes estruturas podem ruir por
pequenos erros de detalhamento de uma
peça fundamental ao projeto. O alerta é do
professor Ricardo Leopoldo e Silva França,
do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotecnia da Poli-USP, que explicou
que muitas vezes os softwares não são
capazes de “denunciar” o equívoco. “Alguns
projetos estão saindo sem malícia, são até
‘pueris’. Pequenos mas importantes ajustes
só podem ser filtrados por um engenheiro
experiente. Pior do que isso, 70% dos erros
Mesa-redonda reuniu Ceotto, Suely, Monteiro e França
são cometidos na fase de modificação do
projeto, que é feita sem critério”, afirmou.
Por isso, para Luiz Henrique Ceotto,
diretor de Projeto e Construção da Tishmann Speyer Properties e colunista de
Notícias da Construção, a verificação dos
projetos é fundamental. “Tem que ver se
os princípios estão corretos e foram todos
cumpridos”, disse. Segundo ele, “contratar
outro escritório para isso não deveria causar
conflitos. “Faz parte do enriquecimento do
projeto e deve ser encarado como um con-
fronto natural de ideias.” Para Suely Bueno,
diretora da Abece (Associação Brasileira de
Engenharia e Consultoria Estrutural), “é um
meio de adquirir confiança nas respostas”.
O presidente da Abece, Marcos Monteiro, reconheceu que “há problemas
seriíssimos porque alguns engenheiros de
obra têm inventado procedimentos para
aumentar a produtividade que não são
devidamente acompanhados nem têm
respaldo técnico” e recomendou a prática
da verificação dos projetos.
‘Cronograma da Copa é crítico’
A expertise na construção acelerada
dos principais estádios da Copa do Mundo
2010, na África do Sul, da Grinaker-LTA
Group foi motivo de grande curiosidade por
parte dos presentes ao 12º Seminário de
Estruturas. Em sua palestra, Danny Quan,
diretor de Desenvolvimento de Negócios
e Marketing da Grinaker, destacou que o
estádio Nelson Mandela Bay, em Porto
Elizabeth, por exemplo, ficou pronto em
24 meses, transformando-se na obra do
gênero mais rápida do mundo. Segundo
ele, o uso de pré-moldados nos seis níveis
de arquibancada do estádio foi um dos
responsáveis pelo sucesso da empreitada.
O principal palco dos jogos do Mundial,
o Soccer City, por sua vez, foi entregue
em 3 anos. O
canteiro empregou 4.600
trabalhadores
e utilizou 80
mil m³ de concreto e 100 mil
ton de vergalhões. “As de“Consultoria é experiência positiva”,
afirma Yabiku
cisões no Brasil têm de ser aceleradas. O
cronograma das obras já é crítico”, disse
Quan.
Em outra palestra aguardada, o arquiteto Edson Yabiku, sócio do escritório Foster + Partners (Londres), e o engenheiro
estrutural titular do escritório Halvorson
and Partners Structural Engineers, de
Chicago (EUA), Robert Halvorson, falaram
sobre o processo colaborativo de projeto
entre arquitetura e engenharia de estruturas. “Como engenheiro, sinto-me à vontade
para expor humildemente minhas ideias
dentro de um time de profissionais que têm
de fazer as melhores escolhas”, afirmou
Halvorson. “Não exigimos dos clientes que
contratem a consultoria desde o começo,
mas nossa missão é deixar claro para os
investidores a nossa experiência positiva
neste processo”, completou Yabiku.
Eles mostraram vários exemplos de
prédios desenhados pelos arquitetos da
Foster e que tiveram a colaboração desde
o início de engenheiros estruturais. Um
deles, a Torre Caja Madrid, que abriga
os escritórios da Repsol em Madri, tem
250 m de altura
e o desafio de
abrigar um grande vão livre, que
permite plantas
comerciais bem
flexíveis. “Para
garantir a estabilidade das estruturas, dividimos
o prédio em três
blocos verticais
e distribuímos
dois cores, um
de cada lado
da construção”, Quan: parceria pela Copa 2014
contou Halvorson. A solução de colocar as estruturas
para fora da massa do prédio tem sido
usada em edifícios criados pelos dois
escritórios. Segundo Yabiku, a escolha
garante espaço interno nos pavimentos.
Ele também destacou a tendência de
misturar os usos de uma mesma torre,
com pisos dedicados a escritórios, hotel
e residências.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Interesses difusos
José Carlos Baptista Puoli *
D
uas recentes notícias evidenciam
o quanto são polêmicas as situações envolvendo meio ambiente
e urbanismo. A primeira dá conta da
criação de associação de moradores de
Higienópolis, na Capital, para impedir a
construção da estação Angélica do Metrô,
sob alegação de que o fluxo de pessoas
no bairro seria aumentado, levando a
“ocorrências indesejáveis”, além de poder
atrair público não desejado. Na mesma reportagem, alguns moradores contestam
a legitimidade da entidade.
A outra notícia menciona que moradores do Morumbi, em São Paulo, se
articulam para mudar a proposta do monotrilho da linha 17 do Metrô. O argumento principal é de cunho paisagístico, além
de também se mencionar o potencial de
a linha (e suas estações) atraírem para o
local camelôs “não desejados”.
Nas duas notícias fica evidente que,
a despeito das notórias virtudes de alternativas mais modernas para realizar
o transporte público, há com frequência
questionamentos aos impactos para o
entorno.
Os argumentos constantes das reportagens tratam, escamoteadamente, de
um suposto direito a impedir que qualquer
alteração seja realizada em determinados bairros, ainda que, como ocorre nas
situações comentadas, as obras sejam
de fundamental importância para um
contingente populacional de muito maior
envergadura e tragam evidentes ganhos
de qualidade de vida para a população
em geral.
Não estou aqui defendendo que tais
obras sejam realizadas sem os estudos
pertinentes. Quando exigido pela lei,
deve ser elaborado completo Estudo de
Impacto Ambiental. Apenas destaco uma
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Construção requer
marco regulatório
ambiental a fim de
reduzir insegurança
característica dos interesses difusos, gênero do qual meio ambiente e urbanismo
são espécies: a elevada conflituosidade
das decisões relativas a este tipo de interesse coletivo.
Por maiores e/ou melhores que sejam
as análises e estudos prévios, sempre
haverá parte da população que entende
ser a obra valorosa e parte da população
que se oporá à sua realização.
Ora! É justamente para evitar que
tais embates sejam feitos sem parâmetro
objetivo que, em alguns casos, a própria
legislação exige o EIA-Rima, como instrumento técnico que fará a necessária
ponderação das repercussões, positivas e
negativas da obra, opinando se a mesma
é viável ou não.
Acontece que isto não tem sido sufi-
ciente. Ainda falta que, em respaldo aos
próprios estudos, haja desenvolvimento
do Direito Ambiental o qual, salvo melhor juízo, tem de criar, por lei, índices
objetivos para tolerância de determinadas
atividades. Isto, para tentar reduzir a insegurança gerada pelos, cada vez mais
comuns, questionamentos subjetivos à
realização de obras, tenham estas interesse público envolvido ou não.
Deve-se buscar maneira de conseguir indicadores que, com maior rapidez,
permitam concluir se a reclamação tem
respaldo, caso em que ela deverá ser
prestigiada, e casos em que, por falta de
mínimo conteúdo, ela deverá ser sepultada com rapidez.
Não faz sentido, além de ser pernicioso para a própria sociedade, que
quaisquer reclamações possam, ainda
que permeadas de “nobre” objetivo
preservacionista, impedir a execução
de obras, notadamente quando estas
estejam devidamente aprovadas pelas
autoridades competentes, num resultado
preocupante que tem sido verificado com
espantosa frequência.
Devemos lutar pela definição de um
marco regulatório para a construção civil,
de modo que, com isto, se possa diminuir
a sensação de insegurança que tem
levado a sérios prejuízos, não apenas
para o setor, mas também para a própria
sociedade.
* Advogado do Escritório Duarte Garcia, Caselli
Guimarães e Terra, Doutor em Direito/USP e
Membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP
ntários, críticas,
Envie seus come
stões de temas
perguntas e suge
.br
: [email protected]
para esta coluna
ca autorizou o início do processo de revisão
do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa
de Custos e Índices da Construção Civil),
com base nas propostas apresentadas pela
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da
Construção) com o apoio do SindusCon-SP.
Este foi o resultado de reunião realizada
em agosto entre a subchefe de Articulação
e Monitoramento da Casa Civil, Miriam
Belchior, e representantes da Comissão
de Obras Públicas da CBIC, entre os quais
o vice-presidente de Obras Públicas do
SindusCon-SP Luiz Antonio Messias.
Os preços utilizados pelos órgãos de
controle do governo no monitoramento
das contratações de obras e serviços de
engenharia utilizam como base o Sinapi.
O sistema pretende captar a composição de custos de cada serviço de construção por meio de um modelo quantitativo.
Para cada serviço, ele relaciona os insumos
(materiais, mão de obra e equipamentos)
adequados e indispensáveis à sua execução.
Ocorre que a metodologia empregada para apurar esses preços em muitos
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ELEIÇÕES 2010
Russomanno promete qualificação
Rafael Marko
O deputado federal Celso Russomanno (PP-SP) se comprometeu,
caso seja eleito governador do Estado,
a trazer recursos do FAT para qualificar
trabalhadores; realizar parcerias com
as construtoras na formação de mão
de obra e estimular os formandos em
construção das Escolas de Tecnologia
(Etecs) a efetivamente trabalharem
O pepista dá entrevista antes do debate com a construção
no setor.
Os compromissos foram assumidos em resposta a uma indagação
Russomanno aceitou a proposta do
do presidente do SindusCon-SP, Sergio
presidente do SindusCon-SP para uma
Watanabe, na continuação do ciclo de
aproximação entre a construção civil e a
debates “A Construção do DesenvolvimenCâmara dos Deputados, visando uma “reto Sustentado”, em
lação de consumo
agosto, no Instituto
justa e transparente
de Engenharia.
entre o setor e seus
Em resposta a
clientes”, nas palaoutra indagação de
vras do deputado.
Watanabe, o candidato afirmou que
Moradia
pretende agilizar a
Afirmando que
regularização da hatem recebido muibitação para baixa
tas queixas sobre
renda com a simpliempreendimentos
ficação dos procedimentos de registro, a
imobiliários no Instituto Nacional de Defesa
exemplo, segundo ele, do que ocorre no
do Consumidor (que ele preside), especialRio de Janeiro. Lá, declarações de posse
mente em relação à baixa qualidade das
registradas em cartório pelos interessados
moradias da CDHU, o candidato prometeu
ajudam nos processos de legalização.
reforçar a fiscalização a respeito e licitar
O deputado fala em
trazer recursos do
FAT para formação
da mão de obra
habitações com mais qualidade.
Propôs construir bairros novos em
vez de verticalizar favelas; desonerar
o ICMS da construção; viabilizar um
mercado secundário para possibilitar
o pagamento de tributos com precatórios; diminuir a burocracia, e acabar
com o excesso de publicidade e de
cargos de confiança.
Parceria na infraestrutura
Comprometeu-se também a viabilizar a expansão da infraestrutura em
parceria com o governo federal; desmembrar a Secretaria de Esportes e Turismo
em duas, para alavancar esta última, beneficiando a construção civil; baixar o valor
dos pedágios; construir mais piscinões e
estações de saneamento; canalizar córregos, e reforçar financeiramente o Judiciário
estadual.
Além do presidente do SindusCon-SP,
participaram do encontro os presidentes do
Instituto de Engenharia, Aluizio de Barros
Fagundes; do Secovi-SP, João Crestana;
do Sinaenco nacional, João Viol; do Conselho Deliberativo da Apeop, Arlindo Moura,
e o diretor do Sinicesp, Manoel Carlos de
Lima Rossito. Acompanhou Russomanno
o candidato ao Senado, Ciro Moura.
Nos debates anteriores, os candidatos
Geraldo Alckmin e Aloísio Mercadante
haviam sido sabatinados.
Candidato visita o SindusCon-SP
O candidato a governador pelo PV,
Fabio Feldmann, visitou em agosto o
SindusCon-SP, acompanhado do presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Marcelo Takaoka.
Receberam os visitantes o presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os
vice-presidentes Luiz Antonio Messias e
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Francisco Vasconcellos, e o representante
à Fiesp Eduardo Capobianco.
Na ocasião, os representantes do
sindicato defenderam a necessidade de
maior empenho por parte do governo na
qualificação profissional de trabalhadores
para a construção civil e outros setores.
Também houve troca de ideias em
relação a temas como o combate a práticas abusivas de mercado por parte de
fornecedores de insumos; as dificuldades
técnicas para a utilização de materiais reciclados a partir dos resíduos da construção, e a proposta do candidato de aplicar
uma tributação diferenciada aos produtos
segundo seu impacto ambiental.
O candidato do PV ao Estado de São
Paulo, Fabio Feldmann, afirmou que a
construção, “por seu papel na mitigação e
na adaptação [dos impactos ambientais]”,
deveria ter uma representação própria
no Conselho Estadual da Política de
Resíduos Sólidos, e
se comprometeu a
gestionar junto ao governo paulista para
que isso aconteça.
O compromisso
foi assumido em resposta a uma indagação do presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe, no ciclo de debates “A Construção do Desenvolvimento Sustentado”, em
agosto, no Instituto de Engenharia.
O candidato concordou com o presidente do SindusCon-SP, sobre a necessidade
de a construção ser uma atividade urbana
e portanto requerer um tratamento em separado no projeto de lei do Código Florestal.
Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico
Feldmann frisa
importância da
construção para
o meio ambiente
Após o debate, Watanabe cumprimenta Feldman, para quem a União deveria
subsidiar aperfeiçoamentos de sustentabilidade em projetos de moradia popular
a transparência para permitir mudanças no
processo de licitação.”
O candidato afirmou se favorável à
instituição de uma Lei de Responsabilidade
Ambiental, pela qual
municípios que atinjam metas ambientais recebam mais
recursos que outros.
Opinou que a União
deveria subsidiar
aperfeiçoamentos
de sustentabilidade em projetos de
moradia popular.
Defendeu o estabelecimento de metas para a Sabesp e seu
monitoramento pela sociedade.
“Setor deveria ter
representação no
Conselho Estadual da
Política de Resíduos”
“Gato por lebre”
Feldmann atacou a MP 489, por restringir a concorrência nas licitações de obras
para a Copa e as Olimpíadas de 2016.
Defendeu a utilização do poder de compra
do Estado para promover a sustentabilidade. Mas criticou a Lei de Licitações (Lei
8.666): “A lei foi feita para evitar a corrupção.
Mas ela amarrou [o administrador público]
de tal jeito que ele ficou sem margem de
manobra. Você licita gato e compra lebre,
e tem medo de ser processado por improbidade administrativa. A Internet pode dar
Feldmann disse ser favorável ao prosseguimento do Rodoanel, à construção
de hidrovias nos rios Tietê e Pinheiros, a
dutovias para o transporte de etanol, e à
ampliação do transporte ferroviário, mas
contrário ao trem-bala (“com ele poderíamos construir 300 km de metrô”).
Além do presidente do Sindus­Con-SP,
participaram do debate os presidentes da
Apeop, Luciano Amadio; do Instituto de
Engenharia, Aluizio de Barros Fagundes;
do Secovi-SP, João Crestana; do Sinaenco
de São Paulo, José Roberto Bernasconi;
do Sinaenco nacional, João Viol, e o vice-presidente do Sinicesp, Silvio Ciampaglia.
Acompanhou o candidato o presidente do
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Marcelo Takaoka.
Berzoini dialoga com o setor
Alguns gargalos ao desenvolvimento
da construção civil foram relatados ao
deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), em encontro no SindusCon-SP, em
setembro: entraves ao desenvolvimento
do Programa Minha Casa, Minha Vida nas
regiões metropolitanas; falta de recursos
permanentes do Orçamento para a erradicação do déficit habitacional; limites ao
endividamento do município de São Paulo
que inibem novos investimentos públicos;
alterações no Registro Eletrônico de Ponto que vão onerar o custo da construção, e
cobrança indevida de ISS sobre materiais
e subempreitadas.
Acompanhado dos superintenden-
tes da Caixa Valter Nunes e Henrique
Parra Parra, o deputado comentou cada
problema e propôs que alguns deles
sejam objeto de seminários para que
os congressistas possam conhecê-los e
colaborar na busca de soluções.
Receberam Berzoini o presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os
vice-presidentes Luiz Antonio Messias e
Marcos Campilongo Camargo; os representantes à Fiesp Eduardo Capobianco
e Sergio Porto; o vice-presidente da
Apeop , Osvaldo Garcia; o conselheiro do
Instituto de Engenharia, Eduardo Lafraia,
e o assessor da diretoria do Sinicesp,
Alfredo Petrilli.
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FINANCIAMENTO
Reflexões oportunas
É
impressionante a atuação da
Caixa no segmento de crédito
imobiliário. Segundo números
divulgados em 23/8, a instituição já havia
contratado o financiamento de 231 mil
unidades com recursos do FGTS e 348
mil operações com recursos da Caderneta de Poupança. Em valores, estamos
falando de investimentos que alcançaram
R$ 15,4 bilhões (sem computar valores de
subsídios) do Fundo, e R$ 19,4 bilhões da
Poupança. Além desses recursos, haviam
sido contratadas 126 mil unidades do
programa Minha Casa, Minha Vida por
meio do FAR (Fundo de Arrendamento
Residencial) destinadas às famílias de
até três salários de renda familiar, com a
aplicação de R$ 5,2 bilhões.
Os recursos orçamentários do FGTS
foram suplementados em R$ 3 bilhões
pelo Conselho Curador do FGTS para
fazer frente à demanda acelerada, principalmente, pelas contratações do Minha
Casa, Minha Vida acima de três salários
mínimos. Além disso, especula-se que
os montantes destinados à contratação
dos empreendimentos de até três salários já estão totalmente comprometidos.
Vale a pena, com base nesses números,
explorar três pontos que julgamos fundamentais observar no momento: o market
share da Caixa; a reversão histórica na
aplicação dos recursos do FGTS, e a
“obstinação” em manter congelados os
limites operacionais daquele Fundo.
Mesmo após quase dois anos da
eclosão da crise financeira internacional, quando o governo brasileiro acertadamente determinou que os bancos
públicos (aí inseridos Banco do Brasil e
BNDES) acelerassem sua participação
no Sistema Financeiro Nacional, a Caixa mantém 76% do mercado de crédito
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Celso Petrucci *
É incompreensível o
congelamento dos
limites do FGTS
para financiamento
imobiliário. Apesar de não termos idéia
de qual seria a fatia ideal para o agente,
é preocupante a concentração atual.
Quanto às aplicações do FGTS, que
no início da década eram fortemente
voltadas ao financiamento de imóveis
usados e de material de construção
(mais de 80%), a partir de 2008/2009,
e com o estímulo do programa Minha
Casa, Minha Vida, passaram a se
destinar cada vez mais a financiar a
produção e aquisição de imóveis novos.
Hoje, esse percentual sobre o total
de aplicações do Fundo já ultrapassa
50% das contratações e a tendência
é que continue a abocanhar cada vez
mais recursos, sem que o FGTS tenha
deixado de atender as operações de
balcão. Lembramos que, para produção,
as empresas ainda contam com os recursos do FAR.
Agora, o que mais nos causa espanto
é a falta de percepção do Ministério das
Cidades em reconhecer que os limites
do FGTS não estão mais atendendo ao
mercado imobiliário. Os limites de R$ 130
mil, R$ 100 mil e R$ 80 mil válidos para o
enquadramento das operações em todo
o Brasil, conforme a população das cidades, foram fixados em outubro de 2007,
ou seja, há quase três anos. Os limites
para concessão de descontos (subsídios)
foram congelados no valor do salário mínimo de 2009, o que provoca distorções
e não-enquadramentos, mesmo para as
operações realizadas no Minha Casa,
Minha Vida, e os valores fixados para
aquisição de empreendimento de até três
salários tornaram-se insuficientes para
contratação de novas obras.
Mesmo nos momentos em que o
mercado se mostra amplamente favorável
ao setor produtivo, temos a obrigação
de abordar temas que poderão, em um
futuro próximo, comprometer todos os esforços do Brasil em favor do crescimento
sustentado. Precisamos refletir sobre o
que é melhor para quem sonha com um
programa habitacional de Estado, que nos
próximos anos possa reduzir, ou mesmo
erradicar, o deficit de moradias.
* economista-chefe do Secovi-SP, diretor-executivo da vice-presidência de Incorporação Imobiliária
do
Sindicato e membro titular do Conselho Cura-
dor do
FGTS
,
entários, críticas
Envie seus com
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tem
stões de
perguntas e suge
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uol.com.br
celsopetrucci@
Minha Casa: mais rapidez
O SindusCon-SP fará o que estiver
ao seu alcance para sensibilizar os
órgãos estaduais e municipais a contratarem mais servidores ou serviços
terceirizados, com o objetivo de agilizar
as aprovações de projetos habitacionais
do Programa Minha Casa, Minha Vida
(PMCMV). Foi o que afirmou o vice­
presidente de Habitação Popular do sindicato, José Carlos Molina, em resposta
ao pedido do superintendente nacional
de Negócios da Caixa, Mauricio Quarezemin, para que essa sensibilização
seja feita, uma vez que alguns órgãos
públicos estão demorando até 30 dias
ou mais para analisar os projetos.
Este foi um dos resultados da reunião entre dirigentes da Caixa e representantes do segmento habitacional,
realizada em agosto no SindusCon-SP.
Quarezemin veio acompanhado dos superintendentes José Urbano Duarte, Valter Nunes e Maria
Cristina Chiquetti.
O superintendente nacional de
Negócios informou
que, até meados
de agosto, cerca
de 600 mil unidades habitacionais
haviam sido contratadas no PMCMV.
Afirmou acreditar que a meta de 1 milhão
de moradias contratadas será atingida até o fim deste ano. Segundo ele,
mesmo os projetos excedentes serão
analisados, para inclusão na segunda
fase do PMCMV.
Questionado por Molina sobre como
será possível atingir a meta nestes
meses que restam, Quarezemin disse
que nela estarão incluídas 70 mil unidades habitacionais em aprovação no
Ministério das Cidades e 30 mil a serem
contratadas para atender aos flagelados
das chuvas em Pernambuco e Alagoas.
Robusti: os valores estão defasados
Molina: prazo até dezembro é curto
Indagado pelo representante à Fiesp
João Claudio Robusti sobre a necessidade de um “gatilho” para atualizar os valores do programa,
o superintendente
afirmou que estes
e outros aperfeiçoamentos estão em
estudos no PMCMV
2, que está sendo
discutido com o setor da construção
e com movimentos
sociais.
No Estado de São Paulo, segundo
ele, as 223 empresas que participam
do programa já apresentaram propostas
que superam a cota de 184 mil unidades
habitacionais. Destas, 118 mil já haviam
sido contratadas até a data da reunião,
sendo 36,6 mil na Região Metropolitana
de São Paulo e 81,4 mil no Interior.
Para o PMCMV 2, a Caixa espera
contratar 2 milhões de unidades habitacionais, das quais 60% na faixa de menor
renda, com investimentos de R$ 71,7
bilhões, dos quais R$ 62,2 bilhões vindos
do Orçamento da União.
Mais crédito
Para atender a crescente demanda
por crédito habitacional, a Caixa pretende
lançar ainda neste semestre títulos las­
trea­dos na securitização de recebíveis
dos seus financiamentos habitacionais.
A taxa de inadimplência desses financiamentos, de 2,6% em junho de 2009, caiu
para 2,1% em 2010, disse Quarezemin.
Já o superintendente Urbano anunciou que a Caixa planeja montar um
esquema pelo qual será possível gerar
crédito diretamente no estande de vendas
de empreendimentos imobiliários em até
48 horas.
Da reunião conduzida pelo presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe,
também participaram, entre outros, o vice­
presidente Marcos Roberto Campilongo
Camargo; o representante à Fiesp Sergio
Porto; o diretor de Economia, Eduardo
Zaidan; o vice-presidente da Apeop Osvaldo Garcia; o presidente do Conselho
do Instituto de Engenharia, Eduardo
Lafraia, e o coordenador de Programas
Habitacionais do Secovi-SP, João Cesar
Botelho de Miranda.
(Rafael Marko)
SindusCon-SP e Caixa
querem que os órgãos
estaduais e municipais
agilizem as aprovações
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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Raspa do tacho
O setor da construção está preocupado com a capacidade de fornecimento
de recursos financeiros dos tradicionais
instrumentos para o crédito imobiliário, a
Caderneta de Poupança e o FGTS, a partir
de 2012. “Os bancos terão de buscar alternativas. A demanda por imóveis cresce em
ritmo maior que os depósitos dos poupadores, e mesmo com a geração de 2 milhões
de empregos ao ano, os recursos do FGTS
são limitados”, alertou o presidente da
Ordem dos Economistas do Brasil (OEB),
Francisco da Silva Coelho, durante evento
promovido em agosto no Secovi-SP.
Apesar disso, Coelho acredita no desenvolvimento de fontes alternativas para o
financiamento imobiliário brasileiro nos próximos anos. “A securitização pode ser um
caminho, assim como o desenvolvimento
de fundos imobiliários”, apontou.
O vice-presidente do Secovi-SP, Flávio
Prando, acredita que o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) seja o funding
do futuro. “Esse é um grande tema a ser
discutido, pois a Poupança cresce a um
ritmo de 18% ao ano, está em R$ 270
bilhões, mas o setor imobiliário vai precisar
de R$ 520 bilhões em 2012”, calculou o
presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades
de Crédito Imobiliário
e Poupança), Luís
Antônio França.
O mercado de
CRI, Letras de Crédito Imobiliário e Cédulas de Crédito Imobiliário deve atingir R$
7 bilhões em 2010,
projetou Fábio Nogueira, da Brazilian Mortgages. No primeiro semestre, as emissões
destes papéis atingiram R$ 2,8 bilhões. “A
imaturidade do mercado brasileiro é boa,
porque nos permite ver o que deu errado
em mercados mais fortes e adotar somente
as boas práticas”, disse Fernando Brasileiro, da securitizadora Cibrasec.
Valor dos imóveis nos EUA
Fonte: William Handorf
O Brasil é mesmo um mercado em
potencial. “Nos Estados Unidos, o mercado secundário atinge 62,7% do volume
de crédito imobiliário concedido; no Chile,
12,8%; no México, 7,9%. No Brasil, só
agora alcançamos 2,3%”, disse Brasileiro.
110% de crédito
Apesar do otimismo, o experiente
Willian Charles Handorf, diretor do Federal
Home Loan Bank of Atlanta e ex-diretor do
Fed de Richmond, alertou: “Não cometam
o erro do mercado americano de dar 110%
de crédito para a especulação imobiliária”.
Segundo o economista, os problemas com empréstimos imobiliários
ainda são realidade,
mesmo após o governo ter liberado
cerca de 20% do
PIB para estabilizar
os ativos problemáticos. Para ele, a escalada dos preços dos
imóveis a partir do estouro da bolha das
empresas “pontocom” permitiu a expansão
robusta do consumo interno, gerando uma
nova bolha. “A inadimplência continua alta
e a perspectiva de uma recuperação lenta
pode deteriorar o quadro, com mais execuções de hipotecas, mais pressão sobre
Em 2 anos, Poupança
será insuficiente
para cobrir crédito
imobiliário
16
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
os preços dos imóveis e a entrada dessas
residências de novo no mercado”, avaliou.
Ele lembrou que um dos maiores
problemas foi o desequilíbrio entre percentual de crédito concedido e o valor real
do imóvel, o chamado loan-to-value. Para
Luís Antônio França, no entanto, ainda há
uma boa margem de conforto para que os
bancos financiem imóveis sem riscos de
estourar uma bolha como a que custou 8
milhões de empregos aos EUA. “Nossa
macroeconomia é mais sólida, não há
desregulamentação financeira em curso
e a classe média está em expansão. Além
disso, neste ano, a média dos créditos
concedidos é de 61,9% do preço do imóvel
enquanto os bancos podem financiar até
80% do preço final”, comentou.
Embora a economia esteja se fortalecendo, o diagnóstico de Handorf não é
tão favorável. “A antiga regulamentação
financeira americana era um manual de
36 páginas. A nova, do [Barack] Obama,
tem mais de 2.000 e é tão ruim quanto a
outra”, criticou.
Segundo ele, 2011 e 2012 ainda serão
anos com crescimento anêmico para os
EUA, mas não com uma nova recessão.
“Ainda há muitos bancos com problemas,
e o governo está assumindo muito gastos
para evitar novas falências”, revelou.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
Lápis e papel na mão
Um programa grandioso. Foi assim
que o presidente do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe, definiu o Programa de
Elevação de Escolaridade, recém-lançado
em parceria com o Sesi-SP. O objetivo da
nova iniciativa é elevar a escolaridade dos
trabalhadores da construção civil que não
completaram os primeiros anos do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) ou ainda
que precisam aperfeiçoar seus conhecimentos relativos a Língua Portuguesa e
Matemática.
“O programa ajudará o trabalhador a
entender melhor seu papel na sociedade
e melhorar a comunicação com os companheiros”, afirmou Maristela Alves Honda,
vice-presidente de Responsabilidade
So­cial do SindusCon-SP.
Resultado das avaliações feitas pelos
profissionais do Sesi-SP no “cantinho
Hora do Saber”, durante o ConstruSer, o
programa sofreu ajustes solicitados pelo
SindusCon-SP, conforme as necessidades práticas das empresas construtoras,
e agora passa a ser disponibilizado a até
900 canteiros das associadas.
O presidente do SindusCon-SP lembrou que o setor abriu mais de 1 milhão
de postos de trabalho nos últimos 5 anos.
“Grande parte deste contingente ainda
precisa de treinamento e o setor deve
se mobilizar para capacitar sua mão de
obra. O empresário que quiser fidelizar
seus trabalhadores terá que
treiná-los no
próprio canteiro”, disse.
Watanabe afirmou ainda que
o novo programa deve “an-
das obras terá o seu dia a dia completado
com salas de aula.”
Maristela: melhorar a comunicação na empresa
dar junto” com o projeto de Qualificação
Profissional no Setor da Construção Civil,
que vem sendo realizado em parceria com
o Senai-SP.
Segundo a Rais 2008, quase 55 mil
trabalhadores da construção civil no Estado de São Paulo
são analfabetos ou
não concluíram o
ensino fundamental, sem contar os
analfabetos funcionais.
“ Montar uma
escola no canteiro
de obra não é fácil, mas hoje já é
menos difícil do que há algum tempo”,
garantiu Watanabe. Para ele, o sucesso
da nova iniciativa passa necessariamente
pela cultura do empresário e do próprio
canteiro. “O ambiente quase sempre rude
Como vai funcionar
Após a adesão voluntária de cada
empresa, os trabalhadores estudantes
responderão um questionário que deverá
identificar seus conhecimentos de Língua
Portuguesa e Matemática. Com esses
dados, as aulas serão planejadas conforme as necessidades dos alunos a fim de
promover sua capacidade de linguagem
(narrar, instruir/prescrever, argumentar etc.)
e do conteúdo de Matemática.
A supervisora de Metodologia e Alfabetização do Sesi-SP, Maria Alcira da Cruz e
Sá, explica que as atividades, desafiadoras e lúdicas, serão contextualizadas, tendo como referência o ambiente de trabalho,
com foco nos temas saúde, meio ambiente
e segurança. Leitura e compreensão de
texto, por exemplo, focarão as instruções
de uso de EPIs, os avisos no canteiro, as
placas de sinalização, entre outros.
No programa, o Sesi-SP oferecerá o
acompanhamento in loco de um analista
pedagógico e professores com jornada de 9 horas semanais, sendo 1h30
com o aluno e 1h30
destinada ao planejamento docente,
além de apostilas
para 10 a 30 alunos
por canteiro.
À empresa caberá disponibilizar espaço para as aulas,
mesa, cadeira, lousa, caderno, lápis, caneta, borracha e um lugar seguro para a
guarda dos documentos escolares.
(Nathalia Barboza)
Programa pretende
elevar escolaridade de
trabalhadores em
900 canteiros de obra
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
19
PONTO DE VISTA
O inovador BIM
Fernando Augusto Corrêa da Silva *
O
aumento de produtividade e
eficiência ao longo do ciclo de
vida de qualquer tipo de empreendimento é a principal razão para o
desenvolvimento de novas tecnologias. É
necessário criar continuamente métodos
mais rápidos, de baixo custo, melhores e
mais eficientes na concepção, construção,
gerenciamento, operação, uso, reparo e até
demolição e reuso das construções.
O desenvolvimento da tecnologia BIM
(Building Information Modeling) é determinado por estes objetivos que direcionam
a construção civil. Há uma escassez de
termos para descrever os principais direcionais deste setor: a entrega de projetos
integrados, planejamento de cenários,
rapidez e concepção interativa, projeto
e construção virtual, construção enxuta,
engenharia de valor, sustentabilidade,
gestão de ativos de propriedade, manutenção preventiva, conservação de energia,
administração ambiental, custeio do ciclo
de vida e precisão na determinação dos
retornos dos investimentos exigidos pelos
investidores.
O BIM é uma tecnologia de constante
aprimoramento que permite atingir estes
objetivos. A interoperabilidade de todos os
dados envolvidos e fornecidos pelos atores
Tecnologia estimula
cooperação de todos
os envolvidos na
concepção do projeto
das diversas disciplinas que participam do
empreendimento são fundamentais dentro
de todo o processo. Charles Eastman, um
dos principais precursores, dá a seguinte
definição: “BIM é a representação digital do
processo de construção que facilita troca e
interoperabilidade de informaExemplo de interoperabilidade das diversas disciplinas em um projeto de edifício
ções no formato digital” (CRC
Press,1999).
A abordagem desta sistemática requer
que todos os
envolvidos no
projeto do empreendimento
comecem a
20
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
pensar seus produtos e sua parte do sistema. Neste ponto inicia-se a mudança de
mentalidade que o BIM introduz e produz
a principal alteração dos processos atuais.
Empresas começam a colaborar. A troca
de dados é desafio superado. Assuntos
contraditórios ou cláusulas contratuais punitivas que criam riscos no projeto artificial
(modelo) são substituídos por cláusulas
de indenização mútua com incentivo de
desempenho reduzindo os riscos do projeto
real.Tarefas que não agregam valor são automatizadas. Documentações irrelevantes e
defensivas são eliminadas. A qualidade do
projeto melhora. Gastos são reduzidos. Produtividade aumenta. Custos tendem a cair
e consequentemente os lucros sobem. Os
participantes enxergam oportunidades para
melhorar seus produtos, e assim tendem a
aperfeiçoar os serviços que oferecem.
O BIM vem sendo desenvolvido e utilizado nos EUA, Cingapura, Japão, Noruega,
Finlândia e Inglaterra. Em Cingapura, o
governo incentivou a criação de uma rede
de cooperação com a iniciativa privada de
modo a possibilitar a utilização do BIM na
aprovação de projetos nos órgãos públicos.
Nos EUA, o governo, por meio dos US
General Services of America e da Guarda
Costeira Americana, desenvolveu sistemas
de padronização para utilização de BIM por
todos que vendem serviços de projeto e
construção. Na Europa, os países nórdicos,
como Finlândia e Noruega, tiveram um
grande desenvolvimento em aplicações
BIM a partir de 1999, onde se pode destacar
o sistema Solibri.
Grandes construtoras e projetistas nos
EUA, como a Turner Construction, Beck
Group e Ghery Technologies, já vêm desenvolvendo seus sistemas BIM para uso em
seus projetos e oferecendo seus serviços
ao mercado.
Ilustrações: Gehry Technologies
Os principais softwares atualmente
disponibilizados em mercado, que integram
as soluções BIM por meio da utilização
de uma linguagem neutra IFC (Industry
Foundation Classes), são ArchiCAD da
Graphisoft; Graitec; Microstation da Bentley;
Revit da Autodeck; Solibri; Tekla da área
de estrutura; TQS da área de estrutura,
totalmente desenvolvido no Brasil; e os
sistemas integrados da Gehry Tecnologies,
da Onuma Inc. e do Beck Group.
A introdução do BIM no Brasil vem
ocorrendo há alguns anos, e o CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do Sindus­
Con-SP vem participando e fomentando
sua evolução desde 2007, com criação do
“Projeto 5D”, posteriormente renomeado
de “Projeto nD”, que tinha como objetivo
inicial checar as ferramentas BIM existentes
no mercado nacional mediante um projeto
padrão predeterminado. Participa também
do Grupo BIM, iniciativa coordenada pela
NGI, com Asbea, Abece, Abrasip, USP e
Universidade Mackenzie, que tem como
objetivo principal disseminar e implantar o
conceito BIM no mercado nacional.
Em fevereiro de 2010, com a coordenação do SindusCon-SP e da Epusp, foi
aprovada a ABNT/CEE -134- Modelagem
de Informação da Construção. Essa norma,
que define a Estrutura para Classificação
de Informação, agora tem como sequência
a normalização de classificação de materiais e componentes da construção com o
desenvolvimento de uma hierarquia que
define os principais requisitos de conteúdo, formatação, precisão e parâmetros de
arquivos BIM. Com esta formatação, todos
os participantes da cadeia produtiva ligados
à construção civil poderão contribuir organizadamente na montagem de bibliotecas
e padrões para especificações.
Destaco os objetivos estabelecidos
pelo Grupo BIM para a disseminação desta
nova tecnologia no Brasil, possibilitando
que cada um enxergue sua parte e possa
contribuir neste contínuo trabalho:
1. Promover e disseminar o emprego
e entendimento da conceituação sobre
a abordagem BIM por parte de todos os
agentes da cadeia produtiva alinhados com
as tendências internacionais e adequados
O BIM permite fácil visualização de projetos na concepção da obra de um teatro
às características do mercado brasileiro;
2. Levantar e analisar as necessidades
do mercado brasileiro para a implementação da abordagem BIM com o conceito
de padrões abertos, interoperabilidade e
viabilizando as ações setoriais para isso.
3. Interagir com agentes visando o
desenvolvimento de bibliotecas e padrões
para especificações:
4. Interagir com os fabricantes de
sistemas visando o encaminhamento de
soluções adequadas e trabalho conjunto
para disseminação do emprego da abordagem BIM;
5. Interagir com os fabricantes de materiais, componentes e sistemas construtivos
visando o desenvolvimento de bibliotecas e
padrões para especificações;
6. Interagir com os organismos governamentais diretamente envolvidos no tema
para adequação de estágios e etapas de
implantação das ferramentas nas instâncias
de análise e aprovação de empreendimentos bem como de contratação de projetos e
obras pelo poder público;
7. Interagir com esta mesma finalidade com contratantes de obras privadas
seriadas que possam tirar partido das
ferramentas BIM para projeto, construção
e operação de edifícios;
8. Promover o desenvolvimento dos
padrões e normas necessários do ponto
de vista das ferramentas, das relações con-
tratuais e de interação entre os agentes em
consonância com os padrões internacionais
e adequados à operação do mercado brasileiro (porém promovendo o aperfeiçoamento das condições brasileiras de operação de
sistemas de informação aplicados a projeto
e construção de edifícios);
9. Identificar, desenvolver e promover
a geração de cursos de capacitação e
treinamento de equipes das empresas de
projeto e de construção;
10. Viabilizar a formação de especialistas no tema e em todas as suas implicações;
11. Viabilizar a criação de linhas de
financiamento acessíveis às empresas de
todos os segmentos diretamente envolvidas
para permitir a viabilização de recursos para
compra de hardware, software e capacitação e treinamento;
12. Analisar e disseminar casos de
sucesso na implantação do BIM.
* Engenheiro civil, coordenador da Comissão de
Projetos do CTQ do SindusCon-SP e da Comissão de
Estudo da Modelagem da Informação na
Construção da ABNT, e diretor da Sinco Consórcio
Técnico
,
entários, críticas
Envie seus com
as
tem
stões de
perguntas e suge
:
na
lu
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ia.com.br
sincoengenhar
fernandocorrea@
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
21
Dedo na ferida
Foto: Recesa/Divulgação
Outra demanda da Afeal é a
Detectar os erros, equívocos
diferenciação dos conceitos de
e discordâncias do atual texto da
sombreamento e escurecimento
Norma de Desempenho (NBR
presentes na norma. “Do jeito
15.575 – partes 1 a 6) em relaque estão, os dois se confunção às práticas de mercado, aos
dem”, disse Fabiola.
materiais e sistemas disponíveis
e às normas prescritivas vigentes
Placas cerâmicas
foi a “lição de casa” cumprida
A preocupação da Anfacer
pelos representantes da cadeia
(Associação Nacional dos Faprodutiva da construção civil no
bricantes de Cerâmica para Remês passado.
vestimento) é em relação à Parte
Uma reunião técnica realizaPisos brilhantes não passam no teste de escorregamento da norma
3. Ana Paula Menegazzo, supeda em agosto, antes mesmo da
rintendente do CCB (Centro Cerâmico
segmento os mais relevantes a serem
aprovação, pela ABNT (Associação
do Brasil), ligado à entidade, arrolou
modificados, todos da Parte 4 da NBR
Brasileira de Normas Técnicas), do prodez sugestões, muitas delas relativas
15.575. “Hoje, só os produtos topo de
cesso de revisão da NBR 15.575, deixou
a conflitos com as normas prescritivas
linha atenderiam à norma por conta das
clara a determinação de toda a cadeia
vigentes. “Defendemos remeter às norexigências mínimas de desempenhos
em trabalhar intensa e rapidamente os
mas específicas, sempre que isso for
acústico e térmico. As janelas de correr,
pontos conflitantes da norma, a fim de
possível”, afirmou.
tão usadas no país, estariam inviabilizaque ela possa ser exigida o mais cedo
O segmento está incomodado com
das”, disse. “A adaptação do mercado a
possível.
o coeficiente de resistência a escorrenovas tipologias, naturalmente, precisaA norma já está em vigor, mas o
gamento dos pisos exigido pela norma.
rá de um prazo maior”, apontou.
setor precisa de um prazo maior para
“Não existe produto antiderrapante; o
Fabiola também alertou que as
que a NBR comece a ser exigida pelas
que há são condições de uso que evijanelas tipo Maxim-air –aquelas que
autoridades. A norma técnica NBR
tam o escorregão.
possuem duas
15.575 define critérios de desempenho
Em vários tipos de
aberturas, uma na
para a habitabilidade, segurança e sususo, não há propar te de baixo e
tentabilidade de edificações ao longo de
blema algum em
outra na parte de
uma vida útil mínima obrigatória.
ter um piso com
cima– também não
coeficiente menor
poderiam mais ser
Esquadrias
que o exigido pela
utilizadas. “A única
Ficou definido que, após informar
NBR”, comentou
tipologia preparada
quais os pontos problemáticos da norAna Paula. “Como
para atender à norma, cada segmento deverá propor a
está, a norma veta
ma é a de fechar e
melhor forma de mudança dos trechos.
o uso de porcelatombar, muito mais
“Depois disso, um grupo reduzido denato”, lembrou Zigmantas.
cara”, advertiu.
verá compilar as alterações e fechar o
Renato Ventura, representante de
Em relação ao desempenho acústexto final”, afirmou José Carlos Martins,
um grupo de grandes construtoras que
tico, os estudos preliminares feitos
vice-presidente da CBIC, que coordese juntaram para estudar a norma,
pela Afeal nos produtos disponíveis
nou a reunião técnica ao lado de Luiz
contou que um dos 24 itens destacados
mostraram que os níveis de redução
Zigmantas, gerente do Gidur (Gerência
é o da estanqueidade, que precisa de
de ruídos estão aquém do que exige a
de Desenvolvimento Urbano) da Caixa.
definição sobre o que será necessário
norma. “Sugerimos a classificação das
Fabiola Rago, consultora e coimpermeabilizar. “Também exigir que
esquadrias conforme a NBR 10.152,
ordenadora do grupo de normas da
a pintura dure cinco anos é um prazo
definida a partir das condições externas
Associação Nacional de Fabricantes de
longo demais”, disse.
e de uso (cômodos)”, explicou a consulEsquadrias de Alumínio (Afeal), desta(Nathalia Barboza)
tora da Afeal.
cou os cinco itens considerados pelo
Segmentos apontam
o que precisa
mudar na Norma
de Desempenho
22
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
23
GESTÃO DA OBRA
Novos tempos
A
s empresas do setor de construção e sua gestão foram
moldadas durante anos a partir
de escala que estava muito aquém das
necessidades do país quanto à produção
de bens imóveis de toda natureza. Hoje,
com a mudança completa de cenário
num período muito curto, ainda não
deu tempo para que a gestão completa
de todo o processo do setor se ajuste à
nova realidade.
Na nova realidade, o projeto precisa
ser desenvolvido em menos tempo, mas
as ferramentas de gestão do processo
de projeto são as mesmas. Durante anos
ficamos à margem do que acontecia
nos países desenvolvidos em evolução
nas ferramentas de desenvolvimento e
sistemas de contratação e gestão do
processo de projeto. Além disso, crescer
a produção de projetos de arquitetura e
engenharia demanda profissionais que
não foram formados em quantidade e
qualificação suficientes e agora não se
formam com rapidez.
Se durante anos planejar a obra
significava planejar a sequência de atividades, usando uma ferramenta simples,
agora planejar envolve usar dados de
comportamento de chuvas, ventos e
temperaturas, planejar detalhadamente
a logística da obra, o canteiro em todo o
seu dinamismo, a qualidade e os riscos
de engenharia, a gestão dos resíduos,
a segurança no trabalho, o impacto
sobre a vizinhança, a produtividade da
mão de obra, simular cenários, ou seja,
um planejamento com amplitude muito
maior e controle minucioso sobre este
planejamento.
Se durante anos a gestão dos
trabalhadores foi transferida para terceirizados, agora a necessidade de
24
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Maria Angelica Covelo Silva *
Investidor também
deveria ter como
aferir a qualidade
de quem constrói
produtividade condizente com os prazos,
e a falta de terceirizados em número
suficiente –considerando os regulares
do ponto de vista trabalhista e fiscal, que
consigam atender requisitos de segurança e qualidade–, fazem muitas empresas
voltarem a ter a sua mão de obra própria,
sendo obrigadas a reaprender a geri-la
e capacitá-la nos canteiros de obras em
tempo real de produção, face à inexistência de pessoal treinado e capacitado
em número suficiente.
Estes fatores em processo de transição estão levando as empresas a um
duro esforço para viabilizar o cumprimento
de prazos, assegurar obras sem riscos
excessivos quanto à segurança, garantir
a qualidade exigida pelos consumidores e,
por consequência, estabilizar seus custos,
riscos e atendimento aos seus clientes.
Algumas empresas estão mais preparadas para isso, como resultado de
seus princípios de atuação, métodos de
gestão e investimento em engenharia e
vão aos poucos se aperfeiçoando e enfrentando as dificuldades sem que suas
obras apresentem deficiências graves.
Mas existem obras que denotam
princípios de atuação ou capacitação
de engenharia que não condizem com
nossas leis, normas e exigências da
sociedade.
O mercado financeiro, que atualmente tem forte papel no desenvolvimento
do setor da construção, não avalia a
qualidade empresarial por estes fatores. Para que o ambiente competitivo
seja saudável, seria necessário que os
investidores tivessem medidas da qualidade empresarial por dados que olhem
para o futuro dos empreendimentos, seu
desempenho e custos para o usuário e
para a assistência técnica, e que olhem
para as condições dos canteiros de obras
que denotam a qualidade do trabalho.
Seria saudável que o capital se dirigisse prioritariamente para empresas
que assegurem um patamar condizente
de qualidade global do processo de
produção e do produto ao longo de sua
vida útil.
* Engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da
NGI Consultoria e Desenvolvi-
mento
,
entários, críticas
Envie seus com
as
tem
stões de
perguntas e suge
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ngi@ngiconsul
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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26
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
27
INSUMOS
Volta ao mundo
a execução da obra por apenas 3
pessoas, que fazem o trabalho em
3 dias. O recurso Drophead da Titan HV é outro diferencial, afirma a
Oeste, por ser o único que permite
a remoção precoce dos membros
do enquadramento.
A nova parceria da Metax com
a americana Efco oferecerá os
sistemas de fôrmas Hand-e-Form
Lança de distribuição do mastro Placing Boom, da Kaiobá,
e Plate Girder, de aço. Segundo a
que permite bombear o concreto a 32 metros de altura
Metax, enquanto a primeira pode
ser montada e desmontada por um só
para selagem de juntas secas de pisos
trabalhador, dispensando o uso de guinrevestidos com pedras, blocos intertravadastes, porque pesa no máximo 29 kg/m²,
dos ou placas pré-fabricadas de concreto
a segunda é autoportante e proporciona
maciço ou drenante. O produto substitui a
“acabamento de qualidade do concreto e
areia comum de rejuntamento de blocos
resultado arquitetônico”.
intertravados.
Trazido ao Brasil pela Kaiobá em
Já a Rohr destacou o sistema de cimparceria com a norte-americana C&C
bramento autobloqueante multidirecional
Concrete Pumping, o mastro distribuiKibloc, composto por postes dotados de
dor Placing Boom, da SchwingSetter, é
rosáceas a cada 50 cm, onde se encaixam
formado por lança de distribuição, que
barras em até 8 direções –mesmo em candistribui o concreto pela laje, e torre de
tos de difícil acesso– e que formam torres
fixação, presa à superestrutura do prédio.
de diversas geometrias.
O equipamento permite bombeamento de
Um dos destaques da Votorantim
concreto com rotação de 360° e alcance
Cimentos foi o lançamento dos sacos de
de 28 metros na horizontal e de 32 m na
agregados (areia e brita), linha antes só
vertical.
vendida a granel.
Já a Metroform System mostrou a EuroA Basf apresentou o Delvo Control,
prop A3, em parceria com o grupo espanhol
um aditivo que estabiliza a hidratação do
Alsina. Trata-se da única escora do mundo
concreto por até 64 horas, adequado para
que cumpre a norma europeia EM 1065,
controlar o início de pega e manter as prosegundo a Metroform, sendo que o tempo
priedades do concreto quando ele precisa
de desmontagem é 80% mais rápido que o
ser transportado em viagens longas.
realizado em escoras convencionais.
A empresa também mostrou a resina
Masterseal CR, que substitui lonas e
Ousadia e inovação
plásticos na proteção a ambiente na hora
A Intecity, por sua vez, expôs uma node pintar ou de colocar gesso. A grande
vidade exclusiva para Brasil: a PaveSand,
vantagem da resina é que a camada prouma areia seca, quimicamente aditivada,
tetora sai com água, sem gerar entulho
para a construtora.
O sistema de fôrmas Plate Girder,
(Nathalia Barboza)
da MetaxEfco, é autoportante e
ajuda no acabamento do concreto
28
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Fotos: Divulgação
A parceria brasileira com empresas
líderes de mercado em outras partes do
mundo deu o tom de vários estandes da
Concrete Show South America 2010, que
aconteceu em agosto. A sociedade com os
estrangeiros aconteceu especialmente no
segmento de fôrmas metálicas.
A Divisão Jahu, da Mills, por exemplo,
apostou no Easy Set, introduzido no Brasil
junto com a canadense Aluma Systems. A
Mills diz que o sistema modular de alumínio
pode ser utilizado até 2 mil vezes e permite
erguer paredes estruturais de concreto
armado moldadas in loco em larga escala,
tendo sido aplicada em mais de 10 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida.
A Oeste Formas trouxe com exclusividade dos Estados Unidos o sistema Titan
HV e diz que os painéis em alumínio são
montados com encaixes, o que otimizaria
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
29
MOTIVAÇÃO
Narcisos corporativos
Pedro Luiz Alves *
O
mito de Narciso estimula uma
analogia com o comportamento
da liderança corporativa, conforme me ensinou uma das consultoras de
nossa equipe, Ivana Tolotti.
Menino de beleza reservada apenas
aos deuses, Narciso não deveria ver sua
imagem, sob pena de morrer.Tornou-se um
adolescente arrogante e desdenhoso. Um
dia, encontrou a ninfa Eco, que encantada
com sua beleza, passou a segui-lo. Desesperado, ele fugiu. Eco, envergonhada,
passou a definhar nas cavernas até morrer, mas sempre ecoando nossas últimas
palavras.
No Olimpo, Nêmesis decidiu punir
Narciso. Levou-o a se aproximar de uma
fonte onde, debruçado, ele viu pela primeira
vez sua própria imagem, apaixonando-se.
Cada vez que Narciso encostava na água
para tentar beijar a imagem, ela se desvanecia. Tomado por tanta indiferença, suas
lágrimas caíam na fonte, turvando-a. Narciso gritava: –Fica, se não posso tocar-te,
deixe-me pelo menos admirar-te! E assim,
apaixonado por si, sem água e alimento,
definhou até a morte.
Quantos Narcisos não estão incrustados nas empresas ocupando posições de
liderança?
Quantos líderes narcisistas não estão
ou são tão indiferentes aos subordinados,
acreditando serem os mais perfeitos dos
profissionais, imobilizados e dominados
pelo poder e pelo conhecimento, enquanto
deveriam estar desenvolvendo a capacidade de ouvir com empatia, de serem
solícitos e receptivos à equipe que deseja
e necessita tanto se desenvolver, compartilhar e aprender com suas competências
indiscutíveis?
Quantos Narcisos não estão seduzidos pela própria imagem e, com isso, não
30
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Presos à própria
imagem, líderes
acabam sofrendo
rejeição da equipe
conseguem focar seu olhar nos processos
que os rodeiam, na condução e no desenvolvimento das pessoas, responsáveis por
fazerem e atingirem os resultados que têm
como maior beneficiário o próprio líder?
Presos à própria imagem, muitos
líderes não conseguem ter uma visão
holística da situação ou do ambiente.
Estão sempre olhando para baixo, para
o próprio umbigo, perdendo de vista seu
papel como facilitadores, monitores, coordenadores e principalmente mentores de
pessoas. Líderes que só olham para si não
conseguem perceber o que as pessoas de
sua equipe sentem ou querem lhes dizer,
transformando-se em indivíduos indiferentes, preocupados apenas com o próprio
êxito. Contudo, como toda ação provoca
uma reação em sentido oposto, com igual
ou maior intensidade, as pessoas que se
preocupam apenas com a própria imagem
acabam repelidas pelas demais, tornandose solitárias, sem companhia até mesmo
para o almoço ou um happy hour.
Por isso, o que parece ser uma completude da pessoa, trata-se apenas de ilusão.
E assim como aconteceu com Narciso, a
pessoa definha até morte, muitas vezes
sem perceber o que está acontecendo.
No caso, sugiro que todos os dias os
líderes se façam ao menos três perguntas,
para não correrem o risco de cair no mito
de Narciso:
“Para onde estou fixando o meu olhar?”,
certificando-se de que estão com o olhar
direcionado para as pessoas e para os
processos.
“As pessoas que estão ao meu redor
precisam de mim?”, preocupando-se em
serem facilitadores, mentores, difusores do
conhecimento e, principalmente, portadores
de uma energia contagiante e motivadora.
“Como posso agir para demonstrar
minha disposição de ajudar os demais nos
momentos de dificuldade?”, assegurando­
se de que terão um comportamento digno
de crédito e confiança por parte do grupo.
Espero que você não caia na armadilha
de olhar apenas para o “ideal de si mesmo”
e deixe que as pessoas se aproximem,
conheçam e compartilhem mais de sua
energia, como líder e pessoa.
Administrador, consultor de RH e diretor da
ASTD-Brasil – American Society for Training and
Development
,
entários, críticas
Envie seus com
as
tem
de
stões
perguntas e suge
:
na
lu
co
para esta
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nsultoria.com.b
pedro@acaoco
OUTUBRO 2010
Dia 1, em São Paulo
Técnicas para
Aperfeiçoamento da
Redação Moderna
Dia 4, em Bauru
Gestão de Empreiteiros na
Construção Civil
Dia 5, em Campinas
Recrutamento, Seleção
e Relacionamento
Interpessoal na
Construção Civil
Dia 5, em São Paulo
Gestão Estratégica de
Almoxarifado e Estoques
Dia 6, em Santos
Conceitos e aplicação do
Consórcio SPE e SCP na
Construção Civil
Dia 7, em Santo André
ICMS na Construção Civil –
Aplicação da Substituição
Tributária
Dia 7, em São J. dos Campos
Planejamento Tributário no
Setor da Construção Civil
Dia 8, em Mogi das Cruzes
Administrando as
Ferramentas do 5S na
Construção Civil Dia 13, em Santo André
Desenvolvimento de
Analista em Administração
do Pessoal na Construção
Civil
Dia 13, em São Paulo
Lucro Real e Lucro
Presumido na Construção
Civil
Dia 14, em Ribeirão Preto
Como Evitar Autuações
Fiscais na Construção Civil Dia 14, em São Paulo
Cuidados na Elaboração de
Contratos
Dia 18, em São Paulo
Controladoria e Gestão
Econômica
Dia 19, em São Paulo
O Papel do Lider na
Formação de Equipes
Comprometidas
Dia 20, em São Paulo
Legislação Previdenciária
com Foco na Construção
Civil
Dia 20, em São Paulo
Gestão Estratégica de
Contas a Pagar
Dia 21, em Santo André
INSS na Construção Civil –
Importantes Mudanças na
Legislação
Dia 22, em São Paulo
Técnicas de Vendas para uma
Excelente Negociação
Dia 22, em São José dos
Campos
Orçamento de Obras e
Cálculo de BDI
Dia 26, em São Paulo
Os Contratos no Processo
de Gerenciamento de Riscos
Tributários na Construção
Civil
Dia 28, em São Paulo
INSS na Construção Civil –
Importantes Mudanças na
Legislação
Dia 29, em São Paulo
Conceitos e aplicação do
Consórcio SPE e SCP na
Construção Civil
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
31
GESTÃO EMPRESARIAL
A evolução contábil
Maria Angelica Lencione Pedreti *
M
uito tem sido dito sobre as
novas regras da contabilidade e que ela deverá mudar
no Brasil. E muitas dúvidas há para
serem resolvidas. Nos próximos meses, dedicarei minha coluna ao tema,
que, sem dúvida, interessa a todos os
executivos da atualidade: a contabilidade internacional.
Mas, se nada melhor que o passado para se entender o presente, inicio
a discussão pelas origens da contabilidade, que explicarão as origens de
tanta dúvida e apreensão.
A contabilidade foi sistematizada
e divulgada pelo frei Luca Paccioli,
professor da Universidade de Perugia,
que havia viajado por toda a Europa
aprendendo a forma de controle que
era usada por mercadores e banqueiros da época.
Ele não clama pela originalidade
das idéias, mas pela divulgação delas,
de forma sistemática. Em resumo: ele
a popularizou, em seu estudo Summa
Aritmetica, um livro sobre matemática
que dedicava um capítulo à aplicação
desta disciplina no raciocínio contábil.
Vale ressaltar que a contabilidade
não se desenvolveu, como é hoje,
instantaneamente: ela foi mudando,
para atender às mudanças das regras
de negócios, à medida em que novos
negócios, novas tecnologias e novas
necessidades surgiam. Isso nos ajuda
a não temer as mudanças de hoje: não
são quebras de ordem, são evoluções.
Inicialmente usada pelos mercadores das regiões comerciais da Itália,
a contabilidade seguiu a ajudar o
controle das finanças públicas no surgimento dos Estados-Nação. Alguns
deles, inclusive, passam a depender
32
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Há empresas que
precisam publicar
três demonstrações
financeiras diversas
de números contábeis para efetuarem
seus planejamentos econômicos (caso
da China e França) e seus impostos
(caso da Alemanha).
Com a Revolução Industrial, assumem importância os conceitos como
economias de escala, custos fixos,
estoques e demanda. A contabilidade
evolui, com conceitos como depreciação e custo de mercadoria vendida.
No século 20, a onda de fusões e
aquisições traz novas necessidades
para a contabilidade e as companhias multinacionais. A utilização de
sistemas contábeis absolutamente
diferentes faz surgir a necessidade
de uma contabilidade unificada, em
todos os países.
Enquanto isso não existir, pasme o
leitor, há empresas que precisam divulgar três demonstrações financeiras
diferentes, para atender a diferentes
necessidades de diferentes interessados: credores, acionistas e governos.
Isso sem contar as diferenças de terminologias, línguas e moedas!
Todas essas diferenças acontecem
porque, em cada país, a contabilidade
evoluiu de forma diferente, para atender à realidade local e ao stakeholder
local de maior importância, ou poder.
Assim, em países em que as empresas são financiadas por capital
próprio ou governamental, o investidor
(aquele das SAs, anônimo) tem menos
poder e as demonstrações financeiras, bem como as regras contábeis,
privilegiam a tomada de decisão dos
proprietários e do governo. Tais países
possuem contabilidades tipicamente
mais regradas, regras absolutamente
formalizadas e relativamente pouco
juí­z o profissional e pouca transparência (afinal, quem precisa da informação e tem poder para pressionar a
contabilidade, já a tem).
Por outro lado, países com empresas financiadas por capital público
(mercado de capitais) possuem uma
contabilidade mais transparente; e
se é assim, tem que ser equitativa
não pode ter regras que atendam aos
interesses de algum stakeholder em
detrimento de outro; e se deve ser
equitativa também precisa privilegiar
a essência da operação sobre a forma
(regra formalizada), o que exige muito
mais aplicação de juízo profissional
que, por sua vez, necessita de uma
profissão respeitada e capacitada a
pensar e não somente preparada a
cumprir disposições legais.
Tudo isso nos remete ao estágio
de desenvolvimento das economias
e das culturas: países baseados em
agricultura possuem contabilidades
preocupadas com conceitos de depreciação e leasings; aqueles baseados
em indústrias preocupam-se com
ferramentas de apuração de custos
e avaliação e controles de estoques;
e os que baseiam sua economia em
serviços terão preocupações com contabilização de intangíveis, investimentos em recursos humanos, ou seja: já
passaram pela fase da depreciação e
da avaliação de estoques.
É assim que estudar as diversas
contabilidades e os diversos conceitos
usados nos mais diferentes lugares
nos fará preparados a enfrentarmos
as situações quando se apresentarem,
sem contudo deixar de considerar as
especificidades locais e principalmente culturais.
Tudo isso pode ser estudado à luz
de quatro dimensões, a saber:
Contabilidade é
mais transparente
quando o mercado
acionário financia
a) profissionalismo X normatização: o grau em que uma contabilidade
privilegia a essência da operação sobre a forma, a norma escrita e formal;
b) conservadorismo X otimismo:
o grau em que as operações reportam,
em situações de incerteza, a visão
mais pessimista ou menos pessimista
do contexto;
c) Uniformidade X flexibilidade:
o grau em que a contabilidade exige
que as operações sejam registradas
da mesma forma, ou se ela permite
seu registro de forma diferente, res-
peitando a essência de cada situação.
d) Maior X menor transparência:
o grau de transparência em termos de
quantidade e qualidade das informações reportadas.
A par tir dos próximos meses,
discutiremos estes e outros pontos,
buscando a evolução dos nossos
conceitos.
* Professora de Contabilidade e Finanças da
FGV, mestra em Administração de Empresas,
trabalha em
Planejamento Estratégico
,
entários, críticas
Envie seus com
as
stões de tem
perguntas e suge
:
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maria.lencione
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
33
SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Construção tem cenário favorável
Foto: Alberto Greiber Rocha
Falando aos membros de uma missão
econômica japonesa na Fiesp, o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe,
reafirmou em agosto o cenário favorável
aos investimentos na construção para os
próximos anos.
“Temos uma demanda contínua de
novos domicílios a cada ano. O Programa
Minha Casa Minha Vida pretende contratar
mais 2 milhões de unidades habitacionais
até 2014, contribuindo para reduzir o déficit
habitacional. A Copa e as Olimpíadas demandarão R$ 60 bilhões de investimentos
diretos, além das necessidades de rede hoteleira e infraestrutura urbana. E a expansão
em energia, comunicações, transportes e
saneamento requererem investimentos de
R$ 160 bilhões por ano até 2014”, afirmou.
Neste cenário, prosseguiu, abrem-se
oportunidades para as empresas japonesas
realizarem parcerias, investirem capital,
Watanabe na Fiesp: crescimento até 2014
aportarem tecnologia em construtoras
brasileiras, bem como trazerem financiamentos e tecnologia para a construção
ambientalmente sustentável.
Com representantes de indústrias
Setor ajuda a renovar a
grade curricular da Poli
O presidente do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe, recebeu em agosto a
visita do professor José Roberto Cardoso, diretor da Escola Politécnica da USP
(Poli-USP) e coordenador do Conselho
Tecnológico do Seesp (Sindicato dos
Engenheiros do Estado de São Paulo)
e de Francisco Sanchez, diretor geral da
construtora Cunha Braga. O objetivo é
criar um canal de relacionamento para
melhorar a qualificação dos engenheiros
civis por meio de contribuições do setor
em relação ao perfil profissional exigido
pelo mercado atual.
O momento é oportuno para aumentar
o grau de afinidade entre o profissional
que a universidade pode oferecer e o que
34
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
as construtoras exigem dos engenheiros
civis. A Poli-USP está em pleno processo
de revisão da grade curricular dos cursos,
que vigora com o mesmo modelo desde
1999. Segundo Cardoso, a ideia é implantar um novo padrão de ensino em 2012.
Ficou decidido que o diretor da Poli­
USP facilitará a interlocução do SindusCon-SP com os membros da Caec (Comissão Acadêmica da Engenharia Civil)
e com os diretores de departamentos da
universidade ligados à Engenharia Civil
(Infraestrutura, Hidráulica, Civil e Transportes). Nova reunião foi programada para
se realizar com professores da Poli ainda
em setembro, para discutir a formação de
um currículo mais moderno.
química, metalúrgica e de tratamento de
resíduos industriais, a missão econômica
japonesa foi liderada pelo presidente do
Iwata Shinkin Bank, Shouzo Takagi, que
mostrou os problemas enfrentados pela
economia japonesa nos últimos anos. O
presidente do SindusCon-SP colocou a
entidade e seus 10 mil filiados à disposição
dos visitantes.
Falando no evento, a presidente da
Caixa Econômica Federal afirmou que a
instituição deverá conceder créditos habitacionais no valor de R$ 60 bilhões em 2010.
Também estiveram presentes, entre
outros, o vice-presidente do Sindus­Con-SP
Marcos Campilongo Camargo; o diretor adjunto de Relações Internacionais da Fiesp,
José Augusto Correa; o vice-presidente de
Pessoa Jurídica da Caixa, Carlos Brito, e os
superintendentes Valter Nunes e Henrique
Parra Parra.
Evento aborda
lençóis freáticos
Representando o presidente do
SindusCon-SP, o vice-presidente de
Meio Ambiente, Francisco Vasconcellos
Neto, participou em agosto da abertura
do seminário “Planejamento Municipal:
Mudanças Climáticas e a Sustentabilidade dos Aquíferos”. Com o apoio do
sindicato, o evento foi promovido pela
Escola Superior do Ministério Público
em parceria com o Centro de Apoio
Operacional Cível e de Tutela Coletiva
–Áreas da Habitação e Urbanismo e do
Meio Ambiente.
No painel sobre planejamento municipal, participou o membro do Conselho
Jurídico do SindusCon-SP e colunista da
revista Notícias da Construção, José
Carlos Baptista Puoli.
Empresários sul-africanos
visitam o SindusCon-SP
Danny Quan, diretor executivo da
Grinaker-LTA, empresa que executou as
obras do estádio Soccer City, sede da
abertura e do encerramento da Copa do
Mundo em Johannesburgo; e Mark Stannius, presidente da BMS Enterprises, que
desenvolveu um sistema de construção
com sacos de areia na África do Sul, visitaram o SindusCon-SP em 23 de agosto.
Eles foram recebidos pelo diretor de
Relações Internacionais, Salvador Benevides, e por membros da Missão Técnica
do sindicato que visitou a África do Sul em
abril, entre os quais Carlos Franck, Renato
Genioli Jr. e Gianfranco Asdente. Benevides
agradeceu aos visitantes a acolhida proporcionada à missão e colocou o sindicato à
Parlamentares
fazem visita
à Diretoria
A Diretoria do SindusCon-SP recebeu em agosto as visitas do deputado
estadual Paulo Alexandre Barbosa e
do vereador de Santos, Sadao Nakai.
Barbosa afirmou que o maior desafio
para a construção é elevar a escolaridade e qualificar profissionalmente os
trabalhadores em número suficiente
para atender ao aumento da demanda.
Somente em Santos, segundo ele,
haverá necessidade de muito pessoal
qualificado para as obras da Petrobras,
de ampliação do porto, da ponte Santos­
Guarujá, e outras.
Nakai, autor do requerimento aprovado pela Câmara Municipal de Santos
que resultou na homenagem pelos 75
anos do SindusCon-SP, destacou a importância da construção e se colocou à
disposição do setor para trabalhar pelo
desenvolvimento do município.
disposição para ajudá-los em
sua visita ao Brasil.
Quan informou que estava
realizando contatos para sua
empresa em uma série de
áreas, como construção de Genioli, Quan, Benevides, Stannius e Asdente, no sindicato
arenas esportivas, de ferroEconômico da África do Sul, Jacob Moatvias e mineração. Já Stannius
she, o assessor comercial Mark Rabbitts
disse que em breve serão construídas as
e o presidente regional do Sinaenco, José
primeiras casas com a tecnologia de sua
Roberto Bernasconi. Na ocasião, Sindusempresa em Fortaleza e Recife. Ambos
Con-SP e Sinaenco ratificaram o objetivo
receberam exemplares da revista Notícias
comum de fortalecer o setor e reiteraram a
da Construção, com a reportagem sobre
disposição de dedicar ao Consulado Geral
a viagem da Missão Técnica.
da África do Sul o mesmo apoio recebido
Para organizar a recepção aos empara a organização na bem-sucedida Mispresários, Benevides havia recebido
são Técnica realizada em abril àquele país.
anteriormente no SindusCon-SP o cônsul
Ishikawa toma posse no CPN
A capacitação do trabalhador dentro do
canteiro de obras, inclusive com aprendizado prático sobre a Norma Regulamentadora
18 (que dispõe sobre saúde e segurança do
trabalho na construção), foi defendida pelo
vice-presidente do SindusCon-SP, Haruo
Ishikawa, ao tomar posse na coordenação
do CPN –Comitê Permanente Nacional
sobre Condições e Meio Ambiente de
Trabalho da Indústria da Construção, em
agosto, no SindusCon-SP.
Na posse, a dedicação de Ishikawa à
questão da saúde e segurança do trabalhador recebeu elogios de vários presentes,
entre os quais o presidente da Comissão de
Política de Relações Trabalhistas da CBIC
(Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Antonio Carlos Mendes Gomes.
Elevar o padrão
Com a participação de 33 membros
do comitê de todo o país representando a
construção, o governo e os trabalhadores,
a reunião debateu a necessidade de uma
elevação no padrão de qualificação da
formação profissional dos trabalhadores.
“É preciso treinar e capacitar o pessoal
com relação à NR-18. Estamos fazendo
a qualificação por meio do Senai e em
breve deveremos iniciar um programa de
elevação do conhecimento. Trabalhadores e empregadores devem se unir para
pressionar o Sistema S a trabalhar nes­sa
direção, capacitando nos canteiros”, disse
o presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe.
Segundo ele, o fato de muitos formandos do Senai acabarem indo trabalhar
como autônomos ou informais lança um
novo desafio. “Possivelmente a saída seja
o estabelecimento de uma remuneração
por produção, porque hoje o trabalhador
não tem estímulo para trabalhar como
horista”, comentou.
Watanabe concordou com a ideia,
lançada na reunião, de se criar uma
estrutura de ensino voltada especificamente à formação de trabalhadores
para a construção civil. Na Espanha, por
exemplo, uma instituição dessas funciona
sob gerenciamento de empregadores e
trabalhadores.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
35
Desafios no canteiro
Como na escola de samba
José Carlos de Arruda Sampaio *
A
ordem traz o progresso ou o
progresso gera a ordem? Alguns canteiros de obras não
são organizados no Brasil porque ainda
não atingimos o progresso necessário
para se manterem em ordem de forma
automática? Ou por falta de ordem não
alcançamos o progresso neles?
Se analisarmos o processo criativo
em empresas como Google, nas quais
pessoas sentadas em almofadas geram
pequenas idéias que trazem milhões de
dólares de retorno, conclui-se que muita
ordem pode dificultar o progresso.
Por outro lado, como trabalhar num
canteiro onde a bagunça pode gerar
acidentes graves, doenças ocupacionais
e outras situações que comprometem o
planejamento das atividades, atrasam os
prazos e aumentam os custos?
Grande parte das obras mantém programas de 5S’s que não duram mais de
seis meses. Profissionais conservadores
não se sensibilizam sobre a importância
que o ambiente de trabalho tem nos resultados do empreendimento e na condução
dos negócios.
Mas as escolas de samba realizam
um primoroso trabalho e quase todas
conseguem uma nota final bastante
elevada. Elas usam o ciclo do PDCA de
Deming para a realização do desfile, sem
saber teoricamente do que se trata.
Ao “Planejar”, essas escolas definem
o objetivo maior (“ser a melhor”), as metas
quanto a definição do samba enredo, preparação do pessoal, da bateria e dos figurantes. Estabelecem as metodologias para
a afinação dos instrumentos, organização
e treinamento, realização de ensaios semanais para a porta-bandeira, passistas e
comissão de frente. Um mínimo erro e lá
se foram as chances da escola.
36
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Se o gestor do
contrato progredir,
haverá ordem nos
canteiros de obras
Ao “Executar”, elas desfilam conforme
os parâmetros preestabelecidos: tempo,
ritmo, harmonia e enredo, e há um trabalho imenso do “Verificar” os resultados,
observar os desvios e eliminá-los, na
confecção das fantasias e carros alegóricos conforme enredo, na qualidade do
som e dos instrumentos de percussão,
no tempo de preparação de cada ala, na
harmonia da bateria, no conhecimento da
letra e música do samba, nas fantasias e
adereços, nas reuniões mensais de avaliação e no cumprimento do cronograma.
Intriga que mais de 50% dos figurantes chegam no dia do desfile, não
conhecem ninguém do grupo e desfilam
por mais de uma hora entre outras pessoas que nunca viram antes. Como o
ciclo do PDCA dá certo entre pessoas
que não têm a mesma classe social,
nível intelectual, habilidade em sambar,
e compromisso com a escola?
É que quando chegam carregam dentro de si o entusiasmo, o desejo de vencer,
de participar com garra e determinação e
obedecem totalmente aos chefes de ala.
Da mesma forma, o ideal é termos um
canteiro de obras projetado e construído
de forma correta quanto ao conforto,
logística, segurança do trabalho e meio
ambiente, e que cada profissional tenha
a informação de que ali só trabalhará se
houver total cumprimento das regras, manutenções das condições do ambiente de
trabalho e que não será tolerada nenhuma
situação de risco no desenvolvimento dos
serviços. Todo o rigor ao atendimento das
normas, regras e recomendações deve
ser continuamente cobrado pelo gestor
do contrato, que deve dar o exemplo e
não permitir a desorganização.
Vários exemplos deram certo em
dezenas de canteiros. Se as condições
forem melhores do que se espera e houver gerenciamento efetivo sobre elas, os
canteiros estarão sempre organizados,
independentemente do nível do pessoal
operacional que ali trabalhe.
Quanto à pergunta inicial, será preciso mais progresso de nossos gestores
para que a ordem se estabeleça automaticamente em nossos canteiros.
* Consultor de empresas e diretor da JDL Qualidade,
Segurança no Trabalho e Meio Ambiente
ntários, críticas,
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
37
regionais
Regional visita
prefeito de Santos
O diretor da Regional Santos, Ricardo Beschizza, e o diretor adjunto, Luiz
Antônio Paiva dos Reis, fizeram uma
visita de cortesia ao prefeito de Santos,
João Paulo de Tavares Papa, em julho.
Beschizza e Reis acompanharam o presidente do Secovi-SP, João Crestana.
Laerte Temple, Luiz Reis, Beschizza, Crestana, João Papa, Domingos Oliveira,
Renato Monteiro, Carlos Camargo e Becharra Neves, na sede da prefeitura
Crestana participou do Encontro
Secovi do Mercado Imobiliário da
Baixada Santista, realizado com o
apoio da Regional na Associação de
Engenheiros e Arquitetos de Santos,
e proferiu palestra sobre o futuro do
mercado imobiliário.
“Ele visitou Santos também para
verificar o estágio de desenvolvimento
imobiliário em que se encontra a cidade
após a chegada da Petrobras, em consequência da descoberta de novos poços
de petróleo e gás na Bacia de Santos”,
disse Beschizza.
(Giselda Braz)
Ciesp-Sorocaba festeja Piedade terá
A vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, Maristela Honda, participou do jantar que
comemorou os 60 anos do Ciesp em
Sorocaba. O evento, ocorrido em julho,
reuniu 700 pessoas, entre autoridades,
empresários e convidados.
Na ocasião, o ex-presidente do
Fiesp/Ciesp de São Paulo, Paulo Skaf,
foi homenageado com uma placa de
agradecimento pelo apoio e parceria
ao Ciesp de Sorocaba.
(NP)
Construtoras da Baixada
investem em qualidade
A necessidade imediata de aplicação
do controle de qualidade, visando à redução do custo da construção e ao aumento
da durabilidade das obras, fez a Regional
Santos receber em agosto, em sua sede,
o conselheiro do SindusCon-SP Roberto
José Falcão Bauer, que proferiu a palestra técnica “Controle de Qualidade”.
“O evento foi um sucesso, porque
Falcão Bauer (em pé) mostra vantagem do controle
38
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
além da crescente exigência de mercado,
qualidade é um tema que desperta grande interesse nos empresários. A Regional
Santos é uma peça do SindusCon-SP
empenhada no trabalho de aprimoramento, atualização e reciclagem dos
engenheiros”, comentou o diretor Ricardo
Beschizza.
Com a mesma preocupação,
a Regional levou à Riviera de São
Lourenço, em agosto, o seminário
Segurança e Saúde no Trabalho,
destinado aos engenheiros e
mestres. “A palestra foi voltada
à prevenção de acidentes em
elevadores e em altura, além da
preocupação com os resíduos da
construção.”
(GB)
qualificação
A Regional Sorocaba do Sindus­ConSP, em parceria com o Senai de Alumínio
e a Prefeitura de Piedade, implantará um
curso de qualificação naquela cidade.
De acordo com o diretor da Regional,
Ronaldo de Oliveira Leme, o curso será
relevante porque a construção é um dos
segmentos que mais vagas oferecem,
mas se ressente da falta de profissionais.
A parceria foi firmada durante reunião
em Alumínio, entre o coordenador da
Regional, José Sarraccini Jr.; o diretor
do Senai local, Alcebíades Ramires; o
agente de treinamento do Senai, Adriano
Secco; o diretor de Ação Social de Piedade, Cristóvio Domingues, e o vereador
Geraldo Camargo, de Piedade. Também
participou o vereador Izidio de Brito Correia, de Sorocaba, que levou à Regional
a solicitação da Prefeitura de Piedade.
O Senai fornecerá o corpo docente e
o material didático, ficando o Sindus­ConSP responsável pelos insumos e a Prefeitura de Piedade pela disponibilização
do local. “Depois de avaliar o resultado
deste curso-piloto, daremos continuidade
às outras modalidades”, afirmou Adriano
Secco.
(Nerli Peres)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
39
Nova unidade
do Seconci-SP
chega a Ribeirão
Ribeirão Preto tornou-se em agosto
a nona cidade do Estado de São Paulo
a receber uma unidade do Seconci-SP.
Participaram da inauguração, entre outros, o presidente da entidade, Antonio
Carlos Salgueiro de Araújo; o presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; o
diretor da Regional Ribeirão Preto, José
Batista Ferreira; o secretário municipal de
Obras Públicas, Abranche Fuad Abdo, e
o vereador André Luís da Silva.
“Chegamos a Ribeirão atendendo a
um pedido dos empresários, em especial
Batista, Watanabe, Araújo e Costa, na inauguração da unidade
do SindusCon-SP, na certeza de que daremos um grande passo no atendimento
aos trabalhadores da construção civil”,
afirmou Araújo. Segundo ele, o Se­­­con­­­­­­
ci-­­­­SP vai oferecer atendimento médico­
ambulatorial e odontológico, assim
como todos os programas de Medicina
Ocupacional e Engenharia de Segurança
exigidos pelo Ministério do Trabalho.
“Tenho certeza de que todos os empresários do setor terão um apoio muito
grande desta nova unidade. É mais um
enorme passo que damos no atendimen-
Em nova sede, Campinas
discute tributos abusivos
O novo escritório da Regional Campinas do SindusCon-SP sediou em
agosto reunião com os representantes
da diretoria e associados, para debater
a questão do ISS e outras cobranças
consideradas abusivas, como a taxa de
uso de subsolo para ligações de energia
elétrica. De acordo com a legislação, a
tarifação deve incidir sobre a concessionária e não sobre os consumidores.
Decidiu-se reunir outras entidades para
definir as formas de ação.
A reunião também contou com a
participação da assessora jurídica do
sindicato, Rosilene Santos. Em relação
ao ISS, ela recomendou aguardarem-se
as providências a serem adotadas em
nível nacional pelo SindusCon-SP sobre
o assunto. O tema voltará a ser debatido
nas próximas reuniões. “O importante é
a participação de todos da diretoria para
que nosso sindicato se fortaleça cada
40
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
vez mais”, afirma o diretor da Regional,
Luiz Cláudio Amoroso. “A presença de
todos fortalece a entidade e facilita a
busca por soluções para as questões
do setor.”
Atrair investimentos
Amoroso participou em agosto de
missão comercial pelo Nordeste, em
parceria com a Prefeitura do município,
com o objetivo de atrair investimentos e
turistas para a região.
Para o diretor adjunto da Regional,
Marcelo Goraieb, “esse modelo de missão amplia as possibilidade de acordos
e parcerias, já que há um volume grande
de obras no Nordeste em que as empresas de Campinas podem investir”.
Ele também destaca o fortalecimento
do SindusCon-SP como entidade parceira na atração de investimentos para a
região de Campinas. (Vilma Gasques)
to dos trabalhadores da construção, que
são nosso maior patrimônio”, afirmou
Watanabe.
O diretor da Regional ressaltou que a
unidade também vai ajudar a desafogar a
rede pública de saúde, oferecendo atendimento que poderá ser extensivo aos
familiares. “O sistema público de saúde
é carente, por isso nos mobilizamos para
oferecer medicina e saúde preventiva
de qualidade aos trabalhadores e às
empresas da construção”, disse Batista.
(Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin)
Minha Casa terá
primeiras unidades
O diretor da Regional Ribeirão Preto, José Batista Ferreira, participou em
agosto da solenidade que anunciou a
construção de 312 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha
Vida. O evento aconteceu na Prefeitura
de Ribeirão Preto. Em seus discursos, a
prefeita Dárcy Vera, o presidente da Companhia Habitacional, Rodrigo Arenas, e o
superintendente da Caixa, Luís Figueiredo, ressaltaram a importância do apoio do
SindusCon-SP ao desenvolvimento dos
projetos no setor.
(MJ e APP)
PSS realiza reunião
Para melhorar as condições dos canteiros de obras, o Grupo de Trabalho do
Programa SindusCon-SP de Segurança
reuniu-se em agosto na Regional Ribeirão
Preto. Participaram, entre outros, o diretor
José Batista Ferreira; o presidente do
Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Carlos Miranda; e o auditor
do trabalho Édson Bin.
(MJ e APP)
Santo André tem intensa
programação de cursos
A Regional Santo André do SindusCon-SP e o Senai realizaram em julho um
curso de gestão em segurança e saúde
do trabalho para engenheiros e técnicos
da Geribello Engenharia.
Segundo o diretor-adjunto da Regional, Ricardo Di Folco, quanto mais
empresas treinarem seus funcionários,
maior será o benefício para todos. “Dessa
forma, cresce a consciência do trabalhador sobre segurança.”
O diretor-superintendente da construtora, Marcos de Carvalho Geribello,
afirmou que uma das atribuições mais
importantes nos contratos da empresa
é verificar o atendimento à segurança no
trabalho nas obras. “Temos obrigação de
garantir que o contratante não vá enfrentar problemas neste quesito”.
Segundo a diretora de Qualidade e
Desenvolvimento da Geribello, Maria
Amalia Sá Moreira, “a parceria com o
SindusCon-SP e o Senai permitiu tornar
esses treinamentos mais convincentes,
pois o técnico visitou obras nossas e
apresentou evidências e exemplos (bons
e ruins) facilmente entendidos pelos engenheiros e técnicos.”
Ponto eletrônico
A Regional Santo André realizou em
julho o curso Jornada de Trabalho e as
Novas Regras para o Registro Eletrônico
de Ponto (REP). Segundo a auxiliar de
Departamento Pessoal da Consladel
Construtora, Alba Lúcia Neves de Lima,
“o curso possibilitou dirimir todas as dúvidas para a implementação do sistema.”
Os Geribello também participaram do treinamento
Já a assistente de Departamento
Pessoal da Empresa Nacional de Sinalização, Rita de Cássia Alves Feliciano,
considerou o curso muito esclarecedor.
“Utilizamos o sistema digital e tínhamos
intenção de migrar para o ponto eletrônico; esclarecemos as dúvidas e optamos
pelo sistema mecânico.”
No lucro
Em agosto, a Regional promoveu o
curso Lucro Real e Lucro Presumido,
com o palestrante Wagner Mendes.
Para o diretor-adjunto, Ricardo Di Folco,
um dos participantes, o curso tornou a
contabilidade um pouco mais fácil para
quem não é contador. “O palestrante nos
deu boas noções para nos balizarmos na
nossa empresa.” (Sueli Osório)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
41
marketing
Os marqueteiros prevalecem
Antonio Jesus de Britto Cosenza *
U
m aluno me perguntou quando
Marketing, no Brasil, seria uma
disciplina séria, sem a galhofa que
se lê e se ouve na mídia. Para responder,
busquei a perspectiva histórica.
Fomos colonizados por predadores que
vieram para cá em busca de riqueza fácil,
prazeres e liberdade. Muitos eram condenados ao desterro. Essa herança histórica só
se modifica com a colonização do Sudeste
e do Sul do país.
Marketing é uma atividade que se adapta à cultura local, aos hábitos e atitudes do
mercado, ou seja, da população que realiza
transações comerciais para satisfazer suas
necessidades de sobrevivência e, depois,
de segurança, de convívio social, de autoestima e de autorrealização (Abraham
Maslow, 1908-1970, USA).
É uma área de conhecimento que não
se originou na academia, mas foi para a
lá como resultado de best practices de
mercado. Reflete desse modo, o modus
vivendi do mercado em que atua.
Tanto é verdade que o conceito de mar­
keting, chamado indevidamente pela AMA
de definição, muda de tempos em tempos.
Não quero opinar se isso é uma evolução
ou não. Apenas constato a mudança que
ocorre. A última “definição” vige desde 2008.
Nesse contexto, cada nação tem o mar­
keting que reflete sua postura, sua cultura.
A compreensão do que ele seja, no Brasil,
e o uso que aqui se faz dele, estão diretamente relacionados à cultura brasileira, aos
hábitos e atitudes de sua população.
Se a corrupção é a regra do jogo, as
estratégias de marketing vão privilegiar a
falcatrua.
Se a mentira é a postura de momento,
as táticas de marketing vão dar ênfase à
enganação e aos discursos vazios. Se a
esperteza e a “malandragem” (compor-
42
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Se os líderes só
preferem a imagem,
o marketing irá na
mesma direção
tamento eminentemente brasileiro, com
certidão de nascimento de seu aperfeiçoa­
mento) são confundidas com diplomacia,
as atividades de marketing vão privilegiar
a veia diplomática.
Cenário nebuloso e desanimador.
Quando a liderança eleita, pela juventude, prestigia a imagem e não o conteúdo,
as atividades promocionais de marketing
farão o mesmo. O ilusionismo se transforma em realidade –“eu vi na TV”, “eu vi na
internet”–, as metáforas se transformam
em fatos e as percepções se transformam
em realidade.
Há falta de perspectiva. Há ausência
de objetivos. Há carência de escopos claramente definidos.
Pergunte a um jovem sobre as ambições para o futuro pessoal e profissional
dele e teremos como respostas o “ter” e
não o “ser” –“eu quero ter isso ou aquilo”
ganha o espaço do “eu quero ser isso ou
aquilo”. O Big Brother adquire status de
conversa social com opiniões acaloradas
sobre a disputa.
Não há mais espaços para análises políticas, econômicas ou sociais. As denúncias
e as transgressões policiais ocupam todo o
tempo da mídia em manchetes.
Perde-se a capacidade analítica e a
crítica que transformam os dados (eventos)
em informação e geram o conhecimento.
O processo educacional –fruto de
explanação e argumentação lógica e analítica– cede lugar ao processo de construção
de imagens vazias, mas esteticamente
aceitas.
Os debates são substituídos por uma
oratória de fachada. E tudo, em nome e sob
a égide do marketing.
Como esperar que marketing, no Brasil,
seja uma disciplina séria, sem a galhofa que
se lê e se ouve na mídia?
Difícil imaginar que nessa área geográfica “paradisíaca”, os profissionais de
marketing substituirão os “marqueteiros”.
Falta liderança e escopo para tanto,
assim como faltam esses dois atributos na
condução do destino político dos países da
América Latina.
Cada país tem..... que merece.....!
* Consultor de empresas e professor da EAESP­
FGV e da BBS
ntários, críticas,
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om.br
aeassociados.c
nz
cosenza@cose
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
43
JURÍDICO
Calote legal
Aline Zucchetto *
A
Emenda Constitucional (EC) 62,
de 9/12/09, foi noticiada como
sendo a “PEC do Calote”. Não
foi à toa, na medida em que, deixando
importantes lacunas para a regulamentação, concedeu prazo de até 15 anos
para a quitação de precatórios devidos
pela União, Estados e Municípios.
Mediante a criação de mecanismos
como destinação de parcela mínima da
receita líquida, leilões às avessas (com
deságio), compensações compulsórias
e acordos, criou-se um conjunto de fórmulas um tanto quanto “mágicas” que
“serão cumpridas” para zerar o estoque
de precatórios não pagos nas datas
anteriormente fixadas pela Constituição
Federal (CF).
Em 29/6/10, veio a Resolução 115
do Conselho Nacional de Justiça, que
dispôs sobre a Gestão de Precatórios no
âmbito do Judiciário. Aspectos positivos:
criação de um Cadastro de Entidades
Devedoras Inadimplentes (Cedin) para
aquelas que não realizarem a liberação
tempestiva dos recursos, padronização
dos formulários para a expedição de
ofício requisitório, lance mínimo para
aquisição do precatório em leilão de 50%
do valor do precatório, acordos diretos
com os credores a serem realizados
perante uma câmara de conciliação (cuja
criação deverá ser feita por lei).
Uma das previsões normativas quiçá
mais preocupantes é a constante do §9º
do art. 100 da CF, com a redação da EC
62/09, que previu uma espécie de “compensação compulsória”, sem que ao
contribuinte seja assegurado o direito ao
contraditório: “No momento da expedição
dos precatórios, independentemente
de regulamentação, deles deverá ser
abatido, a título de compensação, valor
44
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Espera-se que os
precatórios sejam
pagos no mais
tardar em 15 anos
correspondente aos débitos líquidos e
certos, inscritos ou não em dívida ativa e
constituídos contra o credor original pela
Fazenda Pública devedora, incluídas
parcelas vincendas de parcelamentos,
ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação
administrativa ou judicial”.
Embora a Resolução do CNJ tenha
tentado contornar a ausência do contraditório estabelecendo um prazo de
dez dias para o credor do precatório se
manifestar, depreende-se do art. 6º da
Resolução que a compensação ficará
ao arbítrio do juízo da execução antes
do encaminhamento do precatório ao
Tribunal quando o contribuinte tiver
uma dívida cuja exigibilidade não esteja
suspensa em virtude de contestação
administrativa ou judicial.
Inúmeras são as ocorrências de
créditos “líquidos e certos” que, em verdade, são indevidos, seja porque houve a
decadência, seja por terem prescrito. No
entanto, a prevalecer tal normatização, a
discussão será deslocada, por exemplo,
de uma execução fiscal, para o juízo do
crédito do contribuinte.
Ademais, a EC 62 apresenta reflexos
no Código Tributário Nacional, na medida
em que “reescreve” o art. 156 para retirar
o efeito da suspensão da exigibilidade do
crédito das hipóteses de parcelamento,
obrigando o contribuinte a se submeter
ao abatimento das parcelas vincendas
antes mesmo da expedição do precatório, ainda que prefira pagar sua dívida de
forma paulatina.
Independentemente do desfecho a
ser dado à ADI 4357/09, que questiona a
constitucionalidade da referida emenda,
espera-se que as “fórmulas mágicas”
surtam os efeitos desejados para que
todos os detentores de precatórios sejam efetivamente pagos no mais tardar,
em 15 anos, sob pena de não mais
merecerem fé as obrigações dos entes
públicos, enfraquecendo-se o Judiciário,
pois de nada adianta vencer a causa e
jamais experimentar o efeito econômico
da vitória.
* Sócia do escritório Zucchetto Advogados
Associados, Mestre em Direito Tributário pela
PUC/SP, Bacharel em Contabilidade pela Fecap­
SP, Conselheira do Conselho Municipal de Tributos de
São Paulo e do Conselho Jurídico do
SindusCon-SP.
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45
PREVENÇÃO E SAÚDE
Dengue: alerta geral
Angela Nogueira Braga da Silva *
F
alar sobre dengue é recorrente,
mas diante do aumento alarmante
do número de casos no Brasil,
este assunto não pode nem deve sair das
nossas conversas e ações do dia a dia.
Os motivos são claros, pois ainda
conviveremos com essa doença por
muitos anos, uma vez que as condições
atuais –meio ambiente, aglomeração urbana, coleta inadequada do lixo, hábitos
da população– contribuem para a criação
e manutenção do mosquito transmissor.
Resgatando um pouco da história,
existem registros de casos de dengue
no país desde 1851. Entre essa data
até 1980, o vetor da doença, a fêmea do
mosquito Aedes Aegypti, foi praticamente
eliminado. Mas houve a reinstalação em
1967, e a volta com força total a partir dos
anos 80.
Embora seja uma doença típica de
verão, o problema vem persistindo durante
todo o ano, até porque as variações climáticas têm contribuído amplamente para a
formação de criadouros.
Um exemplo recente é o dos Estados de Alagoas e Pernambuco. Depois
das enchentes que assolaram cidades
inteiras, trazendo destruição e deixando
milhares de desabrigados, a dengue vem
fazendo suas vítimas em progressão
geométrica.
No período de 3 de janeiro a 10 de
julho deste ano, foram confirmados 18 mil
casos de dengue em Alagoas, segundo a
Secretaria de Estado da Saúde. Esse número representa um aumento de cerca de
800% nos casos confirmados da doença,
em relação ao mesmo período de 2009.
Mas não é só na região Nordeste que
a dengue tem se alastrado. Em Ribeirão
Preto, no interior paulista, somente este
ano foram confirmados quase 27 mil
46
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Varredura nos
canteiros permite
erradicar focos do
inseto transmissor
casos, tornando-se a pior epidemia da
história da cidade.
Diante desse quadro tão preocupante,
a constatação: segundo a Secretaria da
Saúde do município, 80% dos criadouros estão dentro de casa. Para reduzir a
incidência e eliminar os focos da dengue,
a Justiça teve que intervir expedindo
ordens judiciais para garantir o ingresso
dos agentes de saúde em casas fechadas
ou naquelas em que os moradores não
permitem a entrada.
A disseminação da informação continua sendo a principal arma para combater
a doença. De nossa parte, o Seconci-SP
tem clara a missão de cuidar da saúde do
trabalhador da construção e a importância
de promover ações educativas, ministrando palestras sobre o controle e combate
à dengue, tanto nas salas de espera das
nossas unidades de atendimento, como
nas empresas.
Um bom exemplo desse trabalho foi
o que ocorreu no mês de maio. A pedido
de uma grande construtora, realizamos
palestras em todos os seus canteiros de
obra na capital e no interior do Estado. A
preocupação com a dengue foi reforçada,
pois um de seus funcionários morreu em
razão da doença e muitos outros acabaram também sendo infectados.
Foi um exercício muito produtivo, visto
que no local tivemos a oportunidade de
fazer uma ação mais dirigida. Além das
orientações, fizemos uma pequena varredura nos canteiros, apontando os criadouros existentes, desde um simples copo de
café esquecido no canto, até o poço do elevador tomado de água. Constatamos que
muitos sabiam da importância de secar a
água parada, mas o nosso compromisso
naquele momento era lembrá-los.
Há uma distância entre conhecer as
causas e colocar em prática ações de prevenção, por isso o nosso papel é lembrar
os funcionários de não esquecerem da
responsabilidade de cada um de acabar
com os criadouros, em casa, no local de
trabalho e na comunidade e, principalmente, de que um simples e pequeno mosquito
pode matar.
* Coordenadora de Serviço Social do Seconci­
SP, pós-graduada em Administração Hospitalar,
com
MBA em Gestão de Pessoas e Gestão Es-
tratégica do
Terceiro Setor
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conci-sp.org.br
se
comunicacao@
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47
SOLUÇÕES INOVADORAS
Argamassas decorativas
Ercio Thomaz *
C
omo proteção das fachadas, mas
principalmente para embelezá-las,
o consumo das argamassas decorativas industrializadas vem crescendo,
principalmente no Sudeste. O emprego
ocorre particularmente na cidade de São
Paulo, onde os estilos “clássico” e “neoclássico” são consagrados pelos arquitetos
e consumidores, talvez em decorrência de
certo saudosismo das mansões dos barões
do café, quase todas destruídas. Obras emblemáticas com fachadas em argamassa
decorativa, com 60 anos ou mais, ainda
estão presentes e bem conservadas na
capital paulista, como o Teatro Municipal
(1911), o edifício CBI/Esplanada (1948,
antiga sede do Automóvel Clube) e o antigo
prédio da Light no Viaduto do Chá (1941),
muitas delas revestidas ou restauradas com
o talento do saudoso Moacyr Longo, fundador da Durex, a mais tradicional empresa
brasileira do setor ainda em operação.
De lá para cá, muita coisa mudou.
As modernas argamassas decorativas
cimentícias incorporam agregados graníticos e dolomíticos com cuidadosa seleção
granulométrica e de cores, cimentos e cales
de elevada pureza, pigmentos inorgânicos
de última geração, aditivos plastificantes,
incorporadores de ar e retentores de
água, adesivos, hidrofugantes e fungicidas.
Aplicados originalmente sobre camada
regularizadora de emboço, com espessura
em torno de 5 ou 6mm, esses revestimentos evoluíram para camadas únicas, mais
espessas (monocamada ou monocapa,
com espessuras entre 15 e 30mm), e
Modernos, esses
insumos requerem
cuidados para um
bom desempenho
para camadas extremamente finas, sendo
nesse caso os agregados aglutinados com
resinas acrílicas, estirenos e outros (constituindo as chamadas massas texturizadas
poliméricas).
Independentemente da formulação,
na escolha do sistema de revestimento
das fachadas deverão ser consideradas,
além dos custos, prazos e necessidades
operacionais, diferentes exigências de
desempenho, incluindo:
• estanqueidade à água;
• resistência a atmosferas agressivas,
principalmente para obras em regiões com
intenso tráfego de veículos, possibilidade de
chuvas ácidas e outros;
• facilidade de limpeza/manutenção,
principalmente para obras em regiões
com intenso tráfego de veículos, poluição
atmosférica etc.;
• boa estabilidade de cor sob ação dos
raios ultravioletas;
• bom poder de cobertura, capacidade
de disfarçar imperfeições da base;
• relativa capacidade de acomodar
deformações higrotérmicas da base;
• relativa capacidade de recobrir fissuras da base, sem refleti-las;
• boa aderência com a base;
• não favorecer proliferação de fungos
ou bactérias;
• não apresentar manchas decorrentes
da formulação ou da aplicação;
• colaborar, na medida do possível, para
a resistência ao fogo, isolação térmica e
acústica das fachadas.
No caso das argamassas cimentícias,
com espessura da ordem de 5 ou 6mm,
verificam-se as seguintes características
principais: regular capacidade de absorver
irregularidades da base; emendas devem
ser executadas em frisos ou outros detalhes; necessitam eficiente treinamento
da mão de obra e aplicação cuidadosa;
apresentam riscos de formação de manchas em função da fabricação e da forma
de aplicação; quantidade considerável
de poeira gerada nos acabamentos raspados (exigindo cuidados na proteção
de logradouros e obras vizinhas, autos
Massa texturizada não disfarça destacamento entre alvenaria e pilar; alguns acabamentos de massas decorativas; detalhe de fachada revestida com travertino
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Foto: Construtora Eztec
Foto: Art Spray
Foto: Ercio Thomaz
48
Foto: Wikipedia
Foto: Hospital Santa Catarina
Fachada do Hospital Santa Catarina, revestida com argamassa monocapa; no centro de São Paulo, fachada em argamassa decorativa do Teatro Municipal
Fungos em fachada com argamassa decorativa
Foto: Ercio Thomaz
recomenda a aplicação em locais sujeitos
ao respingamento ou empoçamento de
água, incluindo-se aí as bases dos edifícios
e as superfícies horizontais de peitoris,
platibandas, cornijas, molduras e outros
elementos arquitetônicos. A aplicação do
material pode ser manual ou por projeção
mecânica, não raras vezes uma mistura dos
dois: primeira camada aplicada com desempenadeira e a segunda por projeção. Quanto ao acabamento, diversas possibilidades:
massa raspada, camurçada, vassourada,
espatulada, chapiscada, travertino e outros,
sempre a contar com a criatividade dos
arquitetos e perícia dos aplicadores. Vale
mencionar que, particularmente no caso do
acabamento travertino, que não gera poeira
decorrente da raspagem, deve ser grande
a habilidade do aplicador, pois pequenas
variações no amassamento dos picos do
chapisco inicial implicarão acentuadas
diferenças de textura e cor do revestimento.
A durabilidade desses revestimentos
estará intimamente associada à qualidade
do projeto arquitetônico das fachadas,
que deverá prever diversos recursos para
absorver tensões e prevenir o escorrimento e a deposição de água: juntas, frisos,
bunhas, peitoris, testeiras, pingadeiras,
soleiras, cobre-muros, molduras, drenos
e outros. Para as argamassas cimentícias,
mesmo que constituídas por hidrofugantes
e impermeabilizantes de massa, é sempre
recomendável após a secagem do material
a aplicação de duas hidrofugações, de
preferência por aspersão, de silano-siloxano
oligomérico, composto de moléculas de
tamanho bastante reduzido e grande capacidade de penetração.
As fachadas deverão ainda receber
constantes operações de manutenção,
representadas por hidrolavagem à baixa
pressão, reparos localizados, re-hidrofugação ou mesmo aplicação de pintura no
caso de revestimentos muito manchados ou
descorados. A ausência desses cuidados
tenderá a repercutir em extensas formações
de fungos nas fachadas, patologia mais
frequente nesses tipos de revestimento. Outros problemas relativamente comuns são
diferenças de cores/manchas decorrentes
da formulação ou aplicação do produto,
eflorescências (manchas esbranquiçadas
decorrentes de lixiviação de cal hidratada)
e microfissuração, sendo raros os casos de
descolamentos e desagregações.
* Doutor pela EPUSP, pesquisador do IPT, professor na pós graduação do
IPT e do Mackenzie.
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uo
@
az
erciothom
Fachada em massa raspada
Foto: Construtora São José
etc.); mediana capacidade de absorverem
fissuração da base; necessitam posterior
aplicação de material hidrofugante; necessitam ponte de aderência (chapiscos etc.)
no caso de aplicação sobre estrutura de
concreto. Para revestimentos monocamada,
com espessura da ordem de 15 a 30mm,
verifica-se maior capacidade de compensar
irregularidades da base e maior poder de
disfarçar microfissuras sob o revestimento.
As massas texturizadas têm a vantagem da rápida aplicação, não necessitam
posterior aplicação de hidrofugante ou
impermeabilizante, não necessitam juntas
de dilatação ou construtivas, têm pouca
propensão à formação de manchas decorrentes da aplicação, de certa forma aceitam
emendas/recuperações localizadas, têm
boa potencialidade de aderência à base
sem necessidade de pontes de aderência.
Todavia, não têm a nobreza das argamassas decorativas tradicionais e apresentam
as seguintes desvantagens: não conseguem disfarçar irregularidades da base
mesmo que pequenas, não preenchem
frestas presentes por exemplo entre paredes e batentes de portas, têm média capacidade de absorver fissuração da base,
praticamente em nada colaboram para a
isolação térmica e acústica da edificação.
Num ou noutro caso, mas especialmente para as argamassas cimentícias, não se
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
49
INOVAÇÃO
Enfrentando obstáculos
Vahan Agopyan *
N
ovamente respondo a questões
de leitores que não se conformam com as dificuldades na im­
plantação de inovações em suas empresas,
colocando até em dúvida se isto é viável.
A inovação não é modismo ou algo
passageiro, mas sua adoção é a única
alternativa para manter as empresas
competentes e competitivas num mercado estruturado e globalizado. A partir
da estabilização do real, as empresas
precisaram se modernizar na gestão e na
execução de suas atividades, buscando
a máxima otimização dos serviços com
novas metodologias de gestão, projeto
e execução. A empresa que não o conseguiu num curto espaço de tempo foi
excluída do sistema.
Por isso, há quase um consenso
da importância e necessidade de se
implantar inovações nas empresas, nos
diversos escalões. Essa busca frenética
de assimilar rapidamente as novidades
fez crescerem o número e o tamanho das
empresas de consultoria e assessoria,
para acelerar a apropriação das novas
ideias. No entanto, mesmo contando com
a decisão da alta administração, com a
boa vontade dos escalões intermediários
e com o apoio de consultores experientes,
a dificuldade da aplicação das inovações
é sempre enorme e até inexequível em
alguns casos. Por que isso ocorre?, indagam alguns leitores.
A situação não é tão negativa. A
construção civil no país inovou muito
nas últimas décadas, e vem se desenvolvendo em condições satisfatórias,
em padrões internacionais. No entanto,
toda a alteração de um sistema exige um
esforço adicional.
Consideremos as dificuldades dos
escalões intermediários em assimilar
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Introduzir inovação
requer estratégia
que envolva todo o
pessoal da empresa
as inovações, quando têm a obrigação
de cumprir cronogramas estabelecidos,
solucionar problemas pontuais, enfrentar
imprevistos, manter a rotina dos serviços
e atender às demandas dos clientes internos ou externos (cabe aqui uma ressalva,
pois para os gestores e consultores puristas, uma obra bem planejada não terá
imprevistos, já que todas as atividades
devem estar previamente previstas e
estudadas; no entanto, desconheço obra
real, por mais planejada que seja, que
não apresente imprevistos, logicamente
num número bem inferior do que a média
das obras). Não se trata aqui de pedir a
boa vontade das equipes, elas não têm
condições físicas de assimilar essas mudanças sem dispor de um apoio externo
efetivo. Além disto, elas precisam de
um treinamento adicional, o que implica
interromper suas atividades, o que é
estressante.
Para os gestores dos escalões superiores, acostumados com processos
e produtos consagrados, a decisão de
mudanças, mesmo que já tenham sido
comprovadas como adequadas em outras
empresas, traz um desconforto e preocupação adicional, pela incerteza sempre
existente. Para o trabalhador em geral,
a inovação é um desafio e pode colocar
o seu emprego em risco, ou por ele não
conseguir se adequar ou por sua função
se tornar desnecessária.
Os gestores sabem que a introdução
de uma inovação na empresa necessita
de uma estratégia complexa, iniciando
pela coopção e o treinamento dos funcionários, e de uma logística especial
que pode implicar a contratação de
temporários, além dos consultores, para
garantir a transição tranquila do existente
para o novo.
Algumas construtoras optaram por
implantar as inovações a partir de certos
canteiros. Isto só é possível quando se tratar de inovações de sistemas construtivos
ou de produtos, pois se incluir atividades
de gestão ou de projeto pode-se ter problemas, porque a empresa como um todo
não terá assimilado a novidade e precisará
conviver com duas (ou mais) culturas.
* Professor Titular da Escola Politécnica da USP
e
Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP
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poli.usp.br
n@
vahan.agopya
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