revista notícias da construção - Sinduscon-SP
Transcrição
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 1 2 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO EDITORIAL Questões que não calam Sergio Watanabe* A presente campanha eleitoral foi marcada por embates políticopartidários centrados em temas como educação, saúde e qualificação para o emprego. Praticamente nada se falou sobre economia, e pouco sobre habitação e infraestrutura. É como se o crescimento econômico desobrigasse os candidatos de anunciarem propostas para a superação dos gargalos existentes. Uma destas questões econômicas espinhosas são os chamados restos a pagar do Orçamento, para quitar obras executadas no exercício anterior. Preocupa que, segundo a ONG Contas Abertas, os restos de 2010 a serem pagos em 2011 atingirão o recorde de R$ 90 bilhões. Neste caso, o desafio do próximo presidente será compatibilizar os restos a pagar com a execução dos novos investimentos previstos no Orçamento, indispensáveis para a sustentação do crescimento. Outro desafio será o crescente déficit na conta corrente externa. Em agosto, o Ministério da Fazenda projetava esse déficit para 2011 em US$ 56 bilhões, e o Banco Central o estimava em US$ 58 bilhões. O problema é que o déficit vem sendo coberto por investimentos estrangeiros formados em sua maior parte por capitais de curto prazo e não por Investimento Estrangeiro Direto (IED) na produção. Voláteis, esses capitais podem sumir, gerando uma crise. Isto remete a um olhar bastante acurado para o nível do câmbio, as reservas cambiais, a equação câmbio-juros, enfim, questões com as quais o próximo presidente precisará se deparar de imediato. Também será necessário enfrentar o crescente nível de gasto público, o endividamento interno. Como os candidatos Crescimento da economia abafa debate eleitoral sobre gargalos pretendem racionalizar o gasto público e abrir o caminho para a tão esperada redução de tributos? Nesse processo de racionalização, é essencial preservar e aumentar os recursos do Orçamento destinados a investimentos. É nos gastos de custeio da máquina administrativa que se devem centrar os esforços do próximo governo. Para tanto não faltam ferramentas. O próprio Ministério do Planejamento disponibiliza em seu site desde 2008 uma “Coletânea de Melhores Práticas de Gestão do Gasto Público”, com exemplos sobre a racionalização das despesas de governo. Além de medidas de economia e sustentabilidade, há até sugestões como contenção de diárias de viagens e de passagens de avião, bem como a reco- mendação da substituição de cargos em comissão por assessorias. São sugestões que todos os atuais e futuros governantes deveriam ler e colocar em prática. Mas, uma vez que somente estas medidas não têm evitado o aumento do gasto público e dos tributos, também é necessário definir uma meta de redução da carga tributária. A ideia é proceder da mesma forma pela qual o governo estabelece uma meta de inflação, e depois toma medidas para que a evolução dos preços não ultrapasse a meta. O próximo governo poderia fazer o mesmo em relação à carga tributária, montando um plano para que ela diminua progressivamente em 10 anos, até atingir 25% do PIB. Na área da habitação e infraestrutura, permanecem as indagações sobre a continuidade do PAC e do Programa Minha Casa, Minha Vida, bem como sobre a mobilização dos recursos financeiros para viabilizar as metas estabelecidas no quadro de aquecimento da atividade econômica. Também continuam de pé as indagações sobre os estímulos que precisam ser instituídos para estimular a oferta crescente de materiais e equipamentos, bem como a necessidade de se incrementar a formação de profissionais qualificados para atuarem efetivamente no segmento formal da construção. * Presidente do SindusCon-SP , entários, críticas Envie seus com stões de temas perguntas e suge : para esta coluna sconsp.com.br du sin @ te en presid REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 3 Presidente Sergio Tiaki Watanabe voz do leitor OBRA LEGAL Agradeço e parabenizo Notícias da Construção. Vi que Bauru lançou uma Cartilha “Obra Legal”, sabemos que com menos custo se pode fazer uma bela obra e em lugar adequado. O Município de São Paulo mantém convênio com o Estado na defesa dos mananciais, que está à disposição das construtoras. Walter Tesch Coordenador Executivo Adjunto da Operação Defesa das Águas, São Paulo [email protected] 6 Capa Seminário mostra estado da arte em tecnologia de estruturas O preparo para a “senóide da vida” Modelagem do BIM ganha força no Brasil “Concreto é amigo do homem” Professor alerta para “projetos pueris” Especialista aponta atrasos para a Copa 12 Eleições 2010 Russomanno promete qualificação Candidato visita o SindusCon-SP Feldmann frisa importância ambiental da indústria da construção Berzoini dialoga com o setor 15 Imobiliário Mais agilidade no Programa Minha Casa Surgem alternativas ao crédito imobiliário Escreva para esta Seção [email protected] Fax (11) 3334-5646 R. Dona Veridiana 55, 2º andar 01238-010 - São Paulo 18 Responsabilidade social Ação elevará escolaridade nos canteiros 22 Qualidade Mudanças na Norma de Desempenho 28 Insumos Concrete Show: parcerias com o exterior 32 SindusCon-SP em Ação Construção tem cenário favorável Setor ajuda a renovar currículo na Poli Evento aborda lençóis freáticos Sul-africanos visitam o sindicato Ishikawa toma possa na CPN Parlamentares visitam a Diretoria 38 Notícias das Regionais Regional visita o prefeito de Santos Baixada investe em qualidade Ciesp de Sorocaba festeja 60 anos Piedade terá curso de qualificação Unidade do Seconci-SP em Ribeirão Minha Casa terá primeiras unidades Programa de Segurança realiza reunião Campinas discute tributos abusivos colunistas 5 Robson Gonçalves - Conjuntura 32 Maria Angelica Lencione Pedreti – Gestão 10 José Carlos B. Puoli – Legislação Ambiental 36 José Carlos Sampaio – Desafios no Canteiro 14 Celso Petrucci – Financiamento 42Antonio Jesus de Britto Cosenza – Marketing 20 Fernando A. Corrêa da Silva – Ponto de Vista 44Aline Zucchetto – Jurídico 24 Maria Angelica Covelo Silva – Gestão da Obra 46Angela Nogueira da Silva - Prevenção e Saúde 30 Pedro Luiz Alves – Motivação 48Ercio Thomaz - Soluções Inovadoras 50Vahan Agopyan – Inovação 4 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Vice-presidentes Cristiano Goldstein Delfino Paiva Teixeira de Freitas Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Haruo Ishikawa José Antonio Marsilio Schwarz José Carlos Molina José Roberto Pereira Alvim Luiz Antônio Messias Marcos Roberto Campilongo Camargo Maristela Alves Lima Honda Mauricio Linn Bianchi Odair Garcia Senra Paulo Brasil Batistella Diretores das Regionais José Batista Ferreira (Ribeirão Preto) José Roberto Alves (São José dos Campos) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Paulo Piagentini (Santo André) Ricardo Beschizza (Santos) Ronaldo de Oliveira Leme (Sorocaba) Silvio Benito Martini Filho (São José do Rio Preto) Representantes junto à Fiesp Titulares: Eduardo Capobianco, João Claudio Robusti Suplentes: Sergio Porto, Artur Quaresma Filho Assessoria de Imprensa Rafael Marko - (11) 3334-5662 Nathalia Barboza - (11) 3334-5647 conselho editorial: Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto SUPERINTENDENTE: Antonio Laskos gerência de mercado: Igor Archipovas Secretaria: Marcia Laurino editor responsável: Rafael Marko REDAÇÃO: Nathalia Barboza (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça e Ana Lígia Paschoaletti (Rio Preto) Giselda Braz (Santos) Homero Ferreira (Presidente Prudente) José Carlos Ducatti (São José dos Campos) Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin (Ribeirão Preto) Nerli Peres (Sorocaba) Sabrina Magalhães (Bauru) Sueli Osório (Santo André) Vilma Gasques (Campinas) comunicação: Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte Jecyane Costa/Produtora Gráfica Sanders Caparroz Giuliani/ Designer Gráfico; Andressa Jesus da Silva/Web Designer PUBLICIDADE: Vanessa Dupont [email protected] Tel. (11) 3334-5627 [email protected] Tel. (11) 9212-0312 ENDEREÇO: R. Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010 São Paulo-SP Centro de Atenção ao Associado Tel. (11) 3334-5600 CTP/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica Tiragem desta edição: 9 mil exemplares As opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente as posições do SindusCon-SP [email protected] www.sindusconsp.com.br “O papel desta revista foi feito com madeira de florestas certificadas FSC e de outras fontes controladas.” CONJUNTURA Alternativas para o câmbio D ólar barato rima com eleição. Essa é uma lição que nós, brasileiros, aprendemos há algum tempo e repassamos a cada quatro anos. O câmbio valorizado permite à classe média viajar ao exterior com menos sentimento de culpa, mas também favorece as famílias de baixa renda, ajudando a conter os preços de produtos que vão do pãozinho ao óleo de soja, passando indiretamente pelos aluguéis. No entanto, passada a eleição, seja quem for o próximo presidente, será momento de arrumar a casa. Em grande medida, esse desalinhamento cambial é reflexo do mix de política econômica adotado, com grande sucesso, desde 1999 e mantido intacto na “Era Lula”. O crescimento muito forte da demanda gerou pressões inflacionárias e o Banco Central (BC), em resposta, elevou a taxa de juros básica para conter a alta de preços. Como efeito colateral, o país se tornou mais atrativo aos capitais de curto prazo, e a grande oferta de dólares derrubou a cotação cambial. Tudo isso agravado pela manutenção dos juros lá fora em níveis microscópicos. Segundo dados do BC, de janeiro a julho deste ano ingressaram no país mais de US$ 28 bilhões em capitais de curto prazo. Isso representa um crescimento de 210% na comparação com igual período de 2009. Mais: esse número é quase quatro vezes e meia maior do que os ingressos de capitais produtivos. Conclui-se que o nível atual da taxa de câmbio não se deve apenas, como alguns dizem, ao “bom momento vivido pelo país”. Esse nível é reflexo de uma soma de elementos conjunturais, mas que causa impactos relevantes à estrutura produtiva brasileira. Esse cenário está gerando grandes desequilíbrios que, por vezes, acabam Robson Gonçalves* Governo pode taxar entrada de capitais e comprar dólares mantendo o regime encobertos pelo brilhantismo dos grandes números como a alta do PIB e do emprego. Mas muito produtores de bens intermediários têm sido fortemente impactados pela concorrência externa. É verdade que as importações baratas são benéficas para suplementar a oferta local, permitindo contornar diversos gargalos produtivos surgidos com a aceleração do crescimento. Mas, em algumas cadeias, há setores inteiros fragilizados pela pressão competitiva externa. No outro extremo, existe o caso dos segmentos que conseguem se proteger das importações e praticar preços aqui dentro claramente acima daqueles do mercado internacional. A conclusão mais imediata é que a casa está de fato desarrumada e o impacto do comércio externo gera mais distorções do que benefícios. Mas quando se fala na possível adoção de medidas na área cambial, via de regra surge uma grande confusão nos termos do debate. Essa confusão existe porque a imensa maioria das pessoas não distingue Tesouro, Fisco e Banco Central, agentes de política econômica muito próximos, mas distintos. Se vierem, as mudanças na área cambial não devem comprometer o atual regime de flutuação administrada, no qual o Bacen intervém apenas com o objetivo de evitar oscilações excessivas. Mantida essa diretriz, peça chave do regime de política econômica inaugurado em 1999, outras medidas poderão ser adotadas pelo Tesouro e pelo Fisco sem caracterizar mudança alguma no regime cambial. Dentre elas, estariam maior tributação sobre os ingressos de capital atraídos pelas altas de juros e maiores compras cambiais por parte do Tesouro, preferencialmente a partir da geração sustentada de superávits nas contas públicas. Seriam medidas de bom senso, adotadas sem gerar choques ou surpresas e sem o espírito aventureiro que, há anos, felizmente, está fora de moda na política econômica brasileira. * Professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co [email protected] lve robson.gonca REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 5 CAPA O futuro chegou Nathalia Barboza Inserido há dois anos no âmbito da Concrete Show South America, um dos mais importantes eventos da cadeia produtiva do concreto, o tradicional Seminário Tecnologia de Estruturas: Projeto e Produção com Foco na Racionalização e Qualidade, realizado pelo CTQ (Somitê de Tecnologia e Qualidade) e pelo Comasp (Comitê de Meio ambiente) do SindusCon-SP, chegou em 2010 à sua 12ª edição trazendo para cerca de 320 participantes mais uma vez o estado da arte na engenharia estrutural mundial. Neste ano, os destaques ficaram para as apresentações de cases nacionais e internacionais de sucesso, entre eles o Trecho Sul do Rodoanel, inaugurado em abril. A Engemix forneceu o concreto para as obras do trecho Sul do Rodoanel Mario Covas ou Rodoanel Metropolitano de São Paulo, que possui 177 Km totais em 2 pistas com total de 6 faixas de rodagem. Eliron Maia Souto Júnior, gerente de Tecnologia da empresa, contou que foram instaladas três centrais dosadoras de concreto, para garantir uma pequena distância entre a central e as obras. Segundo ele, um dos desafios foi atender ao volume necessário de concreto nos diferentes trechos do canteiro. “Nos lotes 1 e 2, foram entregues aproximadamente 222 mil m³ de concreto. Na média, foram 7.900 m³ por mês, com picos de 16.000 m³ por mês”, revelou. “Foram fornecidos 106 traços diferentes de concreto”, completou. Produtividade A preocupação com a produtividade também foi constante nas obras do REC Berrini, erguido pela Hochtief do Brasil num terreno de 23,5 Oliveira, da Método: combinar soluções traz ganhos de produção mil m². Pedro Keleti, gerente VOC (componente orgânico volátil)”, de Contrato da construtora, disse. “A Hochtief destacou dois funfalou sobre as obras, cuja previsão de cionários só para monitorar o uso de entrega é no primeiro semestre de 2011. produtos com estas características”, O edifício, de 140 metros de altura e completou. 101 mil m² de área construída, terá 35 Em parceria com a Engemix, a andares, 5 subsolos e heliponto. construtora foi pioneira em adotar um Entre os desafios estão o prazo de mastro lançador de concreto, acoplado execução da obra (24 meses) e o volume à tubulação e fixado provisoriamente na total de concreto (38,5 mil m³), entregue estrutura interna do edifício. Segundo em uma região de trânsito intenso. Keleti, a altura do mastro ia subindo Segundo Keleti, a implosão de um conforme o andamento da obra. “Isso prédio de 16 andares da década de facilitou a concretagem dos pilares, 70 que estava no terreno criou uma oportunidade de reaproveitar 85% dos mais de 10 mil m³ de entulho gerado. “A aplicação de insumos com alto índice de reciclagem é uma das exigências da certificação Leed conquistada previamente pelo projeto, assim como o uso de materiais com baixo teor de Cases são a vedete da edição 2010 do Seminário de Estruturas Para Souto Jr., suprimento de concreto no Rodoanel foi desafio 6 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Fotos: Leandro Donato liberando as gruas para outras tarefas”, afirmou o gerente. A ideia era reduzir os ciclo de produção. Segundo ele, o caminhão bomba foi posicionado no térreo e alimentado simultaneamente por 2 betoneiras, com um intervalo de 10 a 15 minutos. “A produtividade de lançamento foi de 50 m³/h, até 80 metros de altura, e daí em diante reduzida a 30 m³/h, até o topo do prédio. Com isso, diminuiu-se significativamente o tempo de concretagem, de 12 horas para de 6 a 8 horas”, revelou. A concretagem foi programada em 2 etapas, pelo alto volume de concreto por laje e pelas dificuldades de acesso de caminhões nos horários de pico. “Chegamos a consumir 3.400 m³ de concreto em um mês, o que é uma façanha na Berrini”, comemorou. Segundo Keleti, com isso, o prazo de execução da estrutura foi menor que o planejado, passando de 15 meses para 13 meses. Auto-adensável Outra solução cada vez mais comum nas grandes obras brasileiras é o uso do concreto auto-adensável, que embora seja mais caro tem um desempenho notadamente melhor. Agora, ele começa a ser associado ao uso do mastro distribuidor, o que melhora ainda mais os ganhos de produtividade das obras. Paulo Sergio Ferreira de Oliveira, diretor da Unidade de Serviços e Tecnologia da Método Engenharia, disse que, a obra do Rochaverá Corporate Towers é a primeira experiência da empresa neste sentido. A Método, que oferecerá em breve “um pacote de soluções completas e integradas em estruturas de concreto”, está erguendo a Torre C, a última e mais alta das quatro do complexo “Triple A” de escritórios. “A logística do canteiro é zero, não tem espaço para manobras. Por isso, a construtora está usando 3 ou 4 elevadores tipo cremalheira e duas gruas, além de um mastro de concretagem”, afirmou. Entre as justificativas para o uso do concreto auto-adensável e do mastro de Cerca de 320 participantes assistiram a palestras nacionais e internacionais do 12º Seminário de Estruturas concretagem na obra estão a garantia do ciclo de produção e do prazo de entrega. “A combinação das duas soluções proporciona redução da ociosidade da mão de obra e maior produtividade na concretagem –são 5 operários contra 16 do sistema convencional–, embora isso implique aumento do custo do concreto. Além disso, segundo ele, o mastro preserva as armaduras, porque não há o arraste do mangote. “Uma estrutura mais íntegra melhora a qualidade e diminui os retrabalhos”, disse. Para Oliveira, a solução otimiza ainda o tempo de uso da grua, por torná-la desnecessária na concretagem de pilares, e elimina a montagem e desmontagem de tubulações. “A confiabilidade do concreto também aumenta, porque o auto-adensável tem maior compacidade, melhor aderência aço/concreto, melhor controle sobre a relação aço/concreto e menor desvio padrão para a mesma resistência de dosagem”, afirmou. “Toda a recepção de materiais é feita no período noturno, para não atrapalhar a movimentação dos escritórios durante o dia”, completa Oliveira. Watanabe diz que setor deve se preparar para “senóide da vida” Na abertura do seminário, o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, afirmou que nos próximos 5 anos a construção registrará um forte ritmo de crescimento. “Esta curva não será sempre ascendente. Quando ela estabilizar ou cair, precisamos estar preparados para esta ‘senóide da vida’, e aí o conhecimento tecnológico será importante para enfrentar a concorrência acirrada que aparece em monetos de crise”. O vice-presidente de Tecnologia e Qualidade, Mauricio Bianchi, enfatizou “a importância de eventos como esse, resultado da filosofia do CTQ de que é mais fácil enfrentar as dificuldades juntos. É nesses instantes, de intensa atividade, que precisamos de calma e capacitação tecnológica, para não sermos geradores de passivos no futuro”. O coordenador do CTQ, Paulo San- chez, falou de sua emoção em realizar o evento de estruturas e o diretor de Relações Internacionais e coordenador do GT de Missões e Eventos do CTQ, Salvador Benevides, destacou o fato de os participantes dedicarem um dia de seu trabalho para participarem do seminário. Watanabe e Bianchi, na abertura do evento REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 7 Modelagem é realidade Para Correa, BIM é um processo que permite antecipar e resolver problemas de projeto Utilizado já em países como Finlândia, Noruega, Alemanha, Japão e Inglaterra, o BIM (Building Information Modeling), o mais recente processo tecnológico digital de construção civil, começa a tomar força também no Brasil. “É uma tecnologia associada ao conhecimento e à informação e significa uma mudança do modelo mental, no qual a engenharia deve ser vista de forma estratégica. Com ele, os profissionais deixam de trabalhar com linhas para manipular objetos, e conseguem extrair qualquer dado do modelo, sem perder tempo ou informação”, apontou Verena Arantes Balas, superintendente da Matec Engenharia. O membro do CTQ do SindusCon-SP Fernando Correa (veja artigo à pág. 20), lembrou que a plataforma é utilizada pela prefeitura de Cingapura para checar e aprovar projetos através da internet e que, nos EUA, o órgão que rege todas as contratações de obras e serviços utiliza o BIM para compras. “BIM é a representação digital do processo de construção que facilita a troca e interoperabilidade de informações no formato digital”, definiu Correa, usando uma frase de Charles Easteman. Correa lembra que o BIM não é um software e sim um processo que utiliza vários softwares integrados e ajuda o setor a diminuir os riscos de um projeto malfeito, porque 8 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO é capaz de simular o prédio com os sistemas em operação. Para Verena, a grande mudança é que, com o BIM, a engenharia é toda pensada no escritório, deixando para o canteiro de obras a execução simples do que já foi desenhado, testado e validado no computador. Segundo ela, todas as obras da Matec já estão modeladas, mas o caminho é um pouco maior do que deveria, porque o trabalho do projetista ainda tem de ser redesenhado pela construtora, que descobre opções e as reencaminha ao projetista para validação e comentários. A solução também pode antecipar incompatibilidades que costumam ainda hoje ser detectadas somente durante as obras, resultando em retrabalhos que atrasam o cronograma e encarecem seu custo final, afirmou Correa. “Do projeto à demolição, tudo está registrado e parametrizado nele, e o prédio pode ser gerido a partir de seus dados ao longo de toda a sua vida útil.” Mercado nacional Segundo Correa, um grupo de trabalho com representantes do SindusCon-SP e da Asbea, Abrasip, Abece, universidades e a consultoria NGI tem estudado o tema no Brasil, levantado junto a projetistas e construtoras informações sobre o atual estágio do BIM e conversado com empresas de software do mercado nacional. Estão em curso ainda as aprovações junto ao Finep do projeto para o suporte ao processo de gerenciamento de projetos, simulação de desempenho e operação de edificações via BIM, a serem desenvolvidos pela Poli-USP; e do projeto para implantação do processo nos escritórios de arquitetura, a ser desenvolvido pela FAU-USP/Mackenzie. “A norma técnica ‘Modelagem de Informação da Construção’ já foi aprovada na ABNT e o próximo passo é normatizar o sistema de bibliotecas de dados parametrizados”, disse Correa. Concreto: amigo do homem muito bem para evitar pro“O concreto e o cachorblemas”, garante. ro são os melhores amiSegundo ela, uma progos do homem”, afirmou a va da confiabilidade do doutora em engenharia e concreto é que ensaios diretora da Escola de Enrealizados mostraram não genharia da UFRS, Denise haver alterações estruturais Dal Molin, a despeito dos significativas ao longo do problemas do dia a dia das tempo em lajes desformaempresas, como retração das muito jovens –é uma de pisos, deformações das prática cada vez mais coestruturas, baixa durabiDenise: confiabilidade mum retirar as fôrmas após lidade e grande variação 4 dias, quando há pouco tempo elas só dos resultados do concreto dosado em eram retiradas depois de 15 dias. “Basta central. “Podemos trabalhar adequadaincluir no cálculo estrutural a deformação mente com qualquer tipo de cimento, imediata (inicial)”, recomendou. mas é necessário que o conheçamos Alguns projetos são “pueris”, alerta especialista Grandes estruturas podem ruir por pequenos erros de detalhamento de uma peça fundamental ao projeto. O alerta é do professor Ricardo Leopoldo e Silva França, do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotecnia da Poli-USP, que explicou que muitas vezes os softwares não são capazes de “denunciar” o equívoco. “Alguns projetos estão saindo sem malícia, são até ‘pueris’. Pequenos mas importantes ajustes só podem ser filtrados por um engenheiro experiente. Pior do que isso, 70% dos erros Mesa-redonda reuniu Ceotto, Suely, Monteiro e França são cometidos na fase de modificação do projeto, que é feita sem critério”, afirmou. Por isso, para Luiz Henrique Ceotto, diretor de Projeto e Construção da Tishmann Speyer Properties e colunista de Notícias da Construção, a verificação dos projetos é fundamental. “Tem que ver se os princípios estão corretos e foram todos cumpridos”, disse. Segundo ele, “contratar outro escritório para isso não deveria causar conflitos. “Faz parte do enriquecimento do projeto e deve ser encarado como um con- fronto natural de ideias.” Para Suely Bueno, diretora da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), “é um meio de adquirir confiança nas respostas”. O presidente da Abece, Marcos Monteiro, reconheceu que “há problemas seriíssimos porque alguns engenheiros de obra têm inventado procedimentos para aumentar a produtividade que não são devidamente acompanhados nem têm respaldo técnico” e recomendou a prática da verificação dos projetos. ‘Cronograma da Copa é crítico’ A expertise na construção acelerada dos principais estádios da Copa do Mundo 2010, na África do Sul, da Grinaker-LTA Group foi motivo de grande curiosidade por parte dos presentes ao 12º Seminário de Estruturas. Em sua palestra, Danny Quan, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Marketing da Grinaker, destacou que o estádio Nelson Mandela Bay, em Porto Elizabeth, por exemplo, ficou pronto em 24 meses, transformando-se na obra do gênero mais rápida do mundo. Segundo ele, o uso de pré-moldados nos seis níveis de arquibancada do estádio foi um dos responsáveis pelo sucesso da empreitada. O principal palco dos jogos do Mundial, o Soccer City, por sua vez, foi entregue em 3 anos. O canteiro empregou 4.600 trabalhadores e utilizou 80 mil m³ de concreto e 100 mil ton de vergalhões. “As de“Consultoria é experiência positiva”, afirma Yabiku cisões no Brasil têm de ser aceleradas. O cronograma das obras já é crítico”, disse Quan. Em outra palestra aguardada, o arquiteto Edson Yabiku, sócio do escritório Foster + Partners (Londres), e o engenheiro estrutural titular do escritório Halvorson and Partners Structural Engineers, de Chicago (EUA), Robert Halvorson, falaram sobre o processo colaborativo de projeto entre arquitetura e engenharia de estruturas. “Como engenheiro, sinto-me à vontade para expor humildemente minhas ideias dentro de um time de profissionais que têm de fazer as melhores escolhas”, afirmou Halvorson. “Não exigimos dos clientes que contratem a consultoria desde o começo, mas nossa missão é deixar claro para os investidores a nossa experiência positiva neste processo”, completou Yabiku. Eles mostraram vários exemplos de prédios desenhados pelos arquitetos da Foster e que tiveram a colaboração desde o início de engenheiros estruturais. Um deles, a Torre Caja Madrid, que abriga os escritórios da Repsol em Madri, tem 250 m de altura e o desafio de abrigar um grande vão livre, que permite plantas comerciais bem flexíveis. “Para garantir a estabilidade das estruturas, dividimos o prédio em três blocos verticais e distribuímos dois cores, um de cada lado da construção”, Quan: parceria pela Copa 2014 contou Halvorson. A solução de colocar as estruturas para fora da massa do prédio tem sido usada em edifícios criados pelos dois escritórios. Segundo Yabiku, a escolha garante espaço interno nos pavimentos. Ele também destacou a tendência de misturar os usos de uma mesma torre, com pisos dedicados a escritórios, hotel e residências. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 9 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Interesses difusos José Carlos Baptista Puoli * D uas recentes notícias evidenciam o quanto são polêmicas as situações envolvendo meio ambiente e urbanismo. A primeira dá conta da criação de associação de moradores de Higienópolis, na Capital, para impedir a construção da estação Angélica do Metrô, sob alegação de que o fluxo de pessoas no bairro seria aumentado, levando a “ocorrências indesejáveis”, além de poder atrair público não desejado. Na mesma reportagem, alguns moradores contestam a legitimidade da entidade. A outra notícia menciona que moradores do Morumbi, em São Paulo, se articulam para mudar a proposta do monotrilho da linha 17 do Metrô. O argumento principal é de cunho paisagístico, além de também se mencionar o potencial de a linha (e suas estações) atraírem para o local camelôs “não desejados”. Nas duas notícias fica evidente que, a despeito das notórias virtudes de alternativas mais modernas para realizar o transporte público, há com frequência questionamentos aos impactos para o entorno. Os argumentos constantes das reportagens tratam, escamoteadamente, de um suposto direito a impedir que qualquer alteração seja realizada em determinados bairros, ainda que, como ocorre nas situações comentadas, as obras sejam de fundamental importância para um contingente populacional de muito maior envergadura e tragam evidentes ganhos de qualidade de vida para a população em geral. Não estou aqui defendendo que tais obras sejam realizadas sem os estudos pertinentes. Quando exigido pela lei, deve ser elaborado completo Estudo de Impacto Ambiental. Apenas destaco uma 10 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Construção requer marco regulatório ambiental a fim de reduzir insegurança característica dos interesses difusos, gênero do qual meio ambiente e urbanismo são espécies: a elevada conflituosidade das decisões relativas a este tipo de interesse coletivo. Por maiores e/ou melhores que sejam as análises e estudos prévios, sempre haverá parte da população que entende ser a obra valorosa e parte da população que se oporá à sua realização. Ora! É justamente para evitar que tais embates sejam feitos sem parâmetro objetivo que, em alguns casos, a própria legislação exige o EIA-Rima, como instrumento técnico que fará a necessária ponderação das repercussões, positivas e negativas da obra, opinando se a mesma é viável ou não. Acontece que isto não tem sido sufi- ciente. Ainda falta que, em respaldo aos próprios estudos, haja desenvolvimento do Direito Ambiental o qual, salvo melhor juízo, tem de criar, por lei, índices objetivos para tolerância de determinadas atividades. Isto, para tentar reduzir a insegurança gerada pelos, cada vez mais comuns, questionamentos subjetivos à realização de obras, tenham estas interesse público envolvido ou não. Deve-se buscar maneira de conseguir indicadores que, com maior rapidez, permitam concluir se a reclamação tem respaldo, caso em que ela deverá ser prestigiada, e casos em que, por falta de mínimo conteúdo, ela deverá ser sepultada com rapidez. Não faz sentido, além de ser pernicioso para a própria sociedade, que quaisquer reclamações possam, ainda que permeadas de “nobre” objetivo preservacionista, impedir a execução de obras, notadamente quando estas estejam devidamente aprovadas pelas autoridades competentes, num resultado preocupante que tem sido verificado com espantosa frequência. Devemos lutar pela definição de um marco regulatório para a construção civil, de modo que, com isto, se possa diminuir a sensação de insegurança que tem levado a sérios prejuízos, não apenas para o setor, mas também para a própria sociedade. * Advogado do Escritório Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra, Doutor em Direito/USP e Membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge .br : [email protected] para esta coluna ca autorizou o início do processo de revisão do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), com base nas propostas apresentadas pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) com o apoio do SindusCon-SP. Este foi o resultado de reunião realizada em agosto entre a subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Miriam Belchior, e representantes da Comissão de Obras Públicas da CBIC, entre os quais o vice-presidente de Obras Públicas do SindusCon-SP Luiz Antonio Messias. Os preços utilizados pelos órgãos de controle do governo no monitoramento das contratações de obras e serviços de engenharia utilizam como base o Sinapi. O sistema pretende captar a composição de custos de cada serviço de construção por meio de um modelo quantitativo. Para cada serviço, ele relaciona os insumos (materiais, mão de obra e equipamentos) adequados e indispensáveis à sua execução. Ocorre que a metodologia empregada para apurar esses preços em muitos REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 11 ELEIÇÕES 2010 Russomanno promete qualificação Rafael Marko O deputado federal Celso Russomanno (PP-SP) se comprometeu, caso seja eleito governador do Estado, a trazer recursos do FAT para qualificar trabalhadores; realizar parcerias com as construtoras na formação de mão de obra e estimular os formandos em construção das Escolas de Tecnologia (Etecs) a efetivamente trabalharem O pepista dá entrevista antes do debate com a construção no setor. Os compromissos foram assumidos em resposta a uma indagação Russomanno aceitou a proposta do do presidente do SindusCon-SP, Sergio presidente do SindusCon-SP para uma Watanabe, na continuação do ciclo de aproximação entre a construção civil e a debates “A Construção do DesenvolvimenCâmara dos Deputados, visando uma “reto Sustentado”, em lação de consumo agosto, no Instituto justa e transparente de Engenharia. entre o setor e seus Em resposta a clientes”, nas palaoutra indagação de vras do deputado. Watanabe, o candidato afirmou que Moradia pretende agilizar a Afirmando que regularização da hatem recebido muibitação para baixa tas queixas sobre renda com a simpliempreendimentos ficação dos procedimentos de registro, a imobiliários no Instituto Nacional de Defesa exemplo, segundo ele, do que ocorre no do Consumidor (que ele preside), especialRio de Janeiro. Lá, declarações de posse mente em relação à baixa qualidade das registradas em cartório pelos interessados moradias da CDHU, o candidato prometeu ajudam nos processos de legalização. reforçar a fiscalização a respeito e licitar O deputado fala em trazer recursos do FAT para formação da mão de obra habitações com mais qualidade. Propôs construir bairros novos em vez de verticalizar favelas; desonerar o ICMS da construção; viabilizar um mercado secundário para possibilitar o pagamento de tributos com precatórios; diminuir a burocracia, e acabar com o excesso de publicidade e de cargos de confiança. Parceria na infraestrutura Comprometeu-se também a viabilizar a expansão da infraestrutura em parceria com o governo federal; desmembrar a Secretaria de Esportes e Turismo em duas, para alavancar esta última, beneficiando a construção civil; baixar o valor dos pedágios; construir mais piscinões e estações de saneamento; canalizar córregos, e reforçar financeiramente o Judiciário estadual. Além do presidente do SindusCon-SP, participaram do encontro os presidentes do Instituto de Engenharia, Aluizio de Barros Fagundes; do Secovi-SP, João Crestana; do Sinaenco nacional, João Viol; do Conselho Deliberativo da Apeop, Arlindo Moura, e o diretor do Sinicesp, Manoel Carlos de Lima Rossito. Acompanhou Russomanno o candidato ao Senado, Ciro Moura. Nos debates anteriores, os candidatos Geraldo Alckmin e Aloísio Mercadante haviam sido sabatinados. Candidato visita o SindusCon-SP O candidato a governador pelo PV, Fabio Feldmann, visitou em agosto o SindusCon-SP, acompanhado do presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Marcelo Takaoka. Receberam os visitantes o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os vice-presidentes Luiz Antonio Messias e 12 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Francisco Vasconcellos, e o representante à Fiesp Eduardo Capobianco. Na ocasião, os representantes do sindicato defenderam a necessidade de maior empenho por parte do governo na qualificação profissional de trabalhadores para a construção civil e outros setores. Também houve troca de ideias em relação a temas como o combate a práticas abusivas de mercado por parte de fornecedores de insumos; as dificuldades técnicas para a utilização de materiais reciclados a partir dos resíduos da construção, e a proposta do candidato de aplicar uma tributação diferenciada aos produtos segundo seu impacto ambiental. O candidato do PV ao Estado de São Paulo, Fabio Feldmann, afirmou que a construção, “por seu papel na mitigação e na adaptação [dos impactos ambientais]”, deveria ter uma representação própria no Conselho Estadual da Política de Resíduos Sólidos, e se comprometeu a gestionar junto ao governo paulista para que isso aconteça. O compromisso foi assumido em resposta a uma indagação do presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, no ciclo de debates “A Construção do Desenvolvimento Sustentado”, em agosto, no Instituto de Engenharia. O candidato concordou com o presidente do SindusCon-SP, sobre a necessidade de a construção ser uma atividade urbana e portanto requerer um tratamento em separado no projeto de lei do Código Florestal. Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico Feldmann frisa importância da construção para o meio ambiente Após o debate, Watanabe cumprimenta Feldman, para quem a União deveria subsidiar aperfeiçoamentos de sustentabilidade em projetos de moradia popular a transparência para permitir mudanças no processo de licitação.” O candidato afirmou se favorável à instituição de uma Lei de Responsabilidade Ambiental, pela qual municípios que atinjam metas ambientais recebam mais recursos que outros. Opinou que a União deveria subsidiar aperfeiçoamentos de sustentabilidade em projetos de moradia popular. Defendeu o estabelecimento de metas para a Sabesp e seu monitoramento pela sociedade. “Setor deveria ter representação no Conselho Estadual da Política de Resíduos” “Gato por lebre” Feldmann atacou a MP 489, por restringir a concorrência nas licitações de obras para a Copa e as Olimpíadas de 2016. Defendeu a utilização do poder de compra do Estado para promover a sustentabilidade. Mas criticou a Lei de Licitações (Lei 8.666): “A lei foi feita para evitar a corrupção. Mas ela amarrou [o administrador público] de tal jeito que ele ficou sem margem de manobra. Você licita gato e compra lebre, e tem medo de ser processado por improbidade administrativa. A Internet pode dar Feldmann disse ser favorável ao prosseguimento do Rodoanel, à construção de hidrovias nos rios Tietê e Pinheiros, a dutovias para o transporte de etanol, e à ampliação do transporte ferroviário, mas contrário ao trem-bala (“com ele poderíamos construir 300 km de metrô”). Além do presidente do SindusCon-SP, participaram do debate os presidentes da Apeop, Luciano Amadio; do Instituto de Engenharia, Aluizio de Barros Fagundes; do Secovi-SP, João Crestana; do Sinaenco de São Paulo, José Roberto Bernasconi; do Sinaenco nacional, João Viol, e o vice-presidente do Sinicesp, Silvio Ciampaglia. Acompanhou o candidato o presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Marcelo Takaoka. Berzoini dialoga com o setor Alguns gargalos ao desenvolvimento da construção civil foram relatados ao deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), em encontro no SindusCon-SP, em setembro: entraves ao desenvolvimento do Programa Minha Casa, Minha Vida nas regiões metropolitanas; falta de recursos permanentes do Orçamento para a erradicação do déficit habitacional; limites ao endividamento do município de São Paulo que inibem novos investimentos públicos; alterações no Registro Eletrônico de Ponto que vão onerar o custo da construção, e cobrança indevida de ISS sobre materiais e subempreitadas. Acompanhado dos superintenden- tes da Caixa Valter Nunes e Henrique Parra Parra, o deputado comentou cada problema e propôs que alguns deles sejam objeto de seminários para que os congressistas possam conhecê-los e colaborar na busca de soluções. Receberam Berzoini o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os vice-presidentes Luiz Antonio Messias e Marcos Campilongo Camargo; os representantes à Fiesp Eduardo Capobianco e Sergio Porto; o vice-presidente da Apeop , Osvaldo Garcia; o conselheiro do Instituto de Engenharia, Eduardo Lafraia, e o assessor da diretoria do Sinicesp, Alfredo Petrilli. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 13 FINANCIAMENTO Reflexões oportunas É impressionante a atuação da Caixa no segmento de crédito imobiliário. Segundo números divulgados em 23/8, a instituição já havia contratado o financiamento de 231 mil unidades com recursos do FGTS e 348 mil operações com recursos da Caderneta de Poupança. Em valores, estamos falando de investimentos que alcançaram R$ 15,4 bilhões (sem computar valores de subsídios) do Fundo, e R$ 19,4 bilhões da Poupança. Além desses recursos, haviam sido contratadas 126 mil unidades do programa Minha Casa, Minha Vida por meio do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial) destinadas às famílias de até três salários de renda familiar, com a aplicação de R$ 5,2 bilhões. Os recursos orçamentários do FGTS foram suplementados em R$ 3 bilhões pelo Conselho Curador do FGTS para fazer frente à demanda acelerada, principalmente, pelas contratações do Minha Casa, Minha Vida acima de três salários mínimos. Além disso, especula-se que os montantes destinados à contratação dos empreendimentos de até três salários já estão totalmente comprometidos. Vale a pena, com base nesses números, explorar três pontos que julgamos fundamentais observar no momento: o market share da Caixa; a reversão histórica na aplicação dos recursos do FGTS, e a “obstinação” em manter congelados os limites operacionais daquele Fundo. Mesmo após quase dois anos da eclosão da crise financeira internacional, quando o governo brasileiro acertadamente determinou que os bancos públicos (aí inseridos Banco do Brasil e BNDES) acelerassem sua participação no Sistema Financeiro Nacional, a Caixa mantém 76% do mercado de crédito 14 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Celso Petrucci * É incompreensível o congelamento dos limites do FGTS para financiamento imobiliário. Apesar de não termos idéia de qual seria a fatia ideal para o agente, é preocupante a concentração atual. Quanto às aplicações do FGTS, que no início da década eram fortemente voltadas ao financiamento de imóveis usados e de material de construção (mais de 80%), a partir de 2008/2009, e com o estímulo do programa Minha Casa, Minha Vida, passaram a se destinar cada vez mais a financiar a produção e aquisição de imóveis novos. Hoje, esse percentual sobre o total de aplicações do Fundo já ultrapassa 50% das contratações e a tendência é que continue a abocanhar cada vez mais recursos, sem que o FGTS tenha deixado de atender as operações de balcão. Lembramos que, para produção, as empresas ainda contam com os recursos do FAR. Agora, o que mais nos causa espanto é a falta de percepção do Ministério das Cidades em reconhecer que os limites do FGTS não estão mais atendendo ao mercado imobiliário. Os limites de R$ 130 mil, R$ 100 mil e R$ 80 mil válidos para o enquadramento das operações em todo o Brasil, conforme a população das cidades, foram fixados em outubro de 2007, ou seja, há quase três anos. Os limites para concessão de descontos (subsídios) foram congelados no valor do salário mínimo de 2009, o que provoca distorções e não-enquadramentos, mesmo para as operações realizadas no Minha Casa, Minha Vida, e os valores fixados para aquisição de empreendimento de até três salários tornaram-se insuficientes para contratação de novas obras. Mesmo nos momentos em que o mercado se mostra amplamente favorável ao setor produtivo, temos a obrigação de abordar temas que poderão, em um futuro próximo, comprometer todos os esforços do Brasil em favor do crescimento sustentado. Precisamos refletir sobre o que é melhor para quem sonha com um programa habitacional de Estado, que nos próximos anos possa reduzir, ou mesmo erradicar, o deficit de moradias. * economista-chefe do Secovi-SP, diretor-executivo da vice-presidência de Incorporação Imobiliária do Sindicato e membro titular do Conselho Cura- dor do FGTS , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co uol.com.br celsopetrucci@ Minha Casa: mais rapidez O SindusCon-SP fará o que estiver ao seu alcance para sensibilizar os órgãos estaduais e municipais a contratarem mais servidores ou serviços terceirizados, com o objetivo de agilizar as aprovações de projetos habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). Foi o que afirmou o vice presidente de Habitação Popular do sindicato, José Carlos Molina, em resposta ao pedido do superintendente nacional de Negócios da Caixa, Mauricio Quarezemin, para que essa sensibilização seja feita, uma vez que alguns órgãos públicos estão demorando até 30 dias ou mais para analisar os projetos. Este foi um dos resultados da reunião entre dirigentes da Caixa e representantes do segmento habitacional, realizada em agosto no SindusCon-SP. Quarezemin veio acompanhado dos superintendentes José Urbano Duarte, Valter Nunes e Maria Cristina Chiquetti. O superintendente nacional de Negócios informou que, até meados de agosto, cerca de 600 mil unidades habitacionais haviam sido contratadas no PMCMV. Afirmou acreditar que a meta de 1 milhão de moradias contratadas será atingida até o fim deste ano. Segundo ele, mesmo os projetos excedentes serão analisados, para inclusão na segunda fase do PMCMV. Questionado por Molina sobre como será possível atingir a meta nestes meses que restam, Quarezemin disse que nela estarão incluídas 70 mil unidades habitacionais em aprovação no Ministério das Cidades e 30 mil a serem contratadas para atender aos flagelados das chuvas em Pernambuco e Alagoas. Robusti: os valores estão defasados Molina: prazo até dezembro é curto Indagado pelo representante à Fiesp João Claudio Robusti sobre a necessidade de um “gatilho” para atualizar os valores do programa, o superintendente afirmou que estes e outros aperfeiçoamentos estão em estudos no PMCMV 2, que está sendo discutido com o setor da construção e com movimentos sociais. No Estado de São Paulo, segundo ele, as 223 empresas que participam do programa já apresentaram propostas que superam a cota de 184 mil unidades habitacionais. Destas, 118 mil já haviam sido contratadas até a data da reunião, sendo 36,6 mil na Região Metropolitana de São Paulo e 81,4 mil no Interior. Para o PMCMV 2, a Caixa espera contratar 2 milhões de unidades habitacionais, das quais 60% na faixa de menor renda, com investimentos de R$ 71,7 bilhões, dos quais R$ 62,2 bilhões vindos do Orçamento da União. Mais crédito Para atender a crescente demanda por crédito habitacional, a Caixa pretende lançar ainda neste semestre títulos las treados na securitização de recebíveis dos seus financiamentos habitacionais. A taxa de inadimplência desses financiamentos, de 2,6% em junho de 2009, caiu para 2,1% em 2010, disse Quarezemin. Já o superintendente Urbano anunciou que a Caixa planeja montar um esquema pelo qual será possível gerar crédito diretamente no estande de vendas de empreendimentos imobiliários em até 48 horas. Da reunião conduzida pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, também participaram, entre outros, o vice presidente Marcos Roberto Campilongo Camargo; o representante à Fiesp Sergio Porto; o diretor de Economia, Eduardo Zaidan; o vice-presidente da Apeop Osvaldo Garcia; o presidente do Conselho do Instituto de Engenharia, Eduardo Lafraia, e o coordenador de Programas Habitacionais do Secovi-SP, João Cesar Botelho de Miranda. (Rafael Marko) SindusCon-SP e Caixa querem que os órgãos estaduais e municipais agilizem as aprovações REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 15 Raspa do tacho O setor da construção está preocupado com a capacidade de fornecimento de recursos financeiros dos tradicionais instrumentos para o crédito imobiliário, a Caderneta de Poupança e o FGTS, a partir de 2012. “Os bancos terão de buscar alternativas. A demanda por imóveis cresce em ritmo maior que os depósitos dos poupadores, e mesmo com a geração de 2 milhões de empregos ao ano, os recursos do FGTS são limitados”, alertou o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Francisco da Silva Coelho, durante evento promovido em agosto no Secovi-SP. Apesar disso, Coelho acredita no desenvolvimento de fontes alternativas para o financiamento imobiliário brasileiro nos próximos anos. “A securitização pode ser um caminho, assim como o desenvolvimento de fundos imobiliários”, apontou. O vice-presidente do Secovi-SP, Flávio Prando, acredita que o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) seja o funding do futuro. “Esse é um grande tema a ser discutido, pois a Poupança cresce a um ritmo de 18% ao ano, está em R$ 270 bilhões, mas o setor imobiliário vai precisar de R$ 520 bilhões em 2012”, calculou o presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), Luís Antônio França. O mercado de CRI, Letras de Crédito Imobiliário e Cédulas de Crédito Imobiliário deve atingir R$ 7 bilhões em 2010, projetou Fábio Nogueira, da Brazilian Mortgages. No primeiro semestre, as emissões destes papéis atingiram R$ 2,8 bilhões. “A imaturidade do mercado brasileiro é boa, porque nos permite ver o que deu errado em mercados mais fortes e adotar somente as boas práticas”, disse Fernando Brasileiro, da securitizadora Cibrasec. Valor dos imóveis nos EUA Fonte: William Handorf O Brasil é mesmo um mercado em potencial. “Nos Estados Unidos, o mercado secundário atinge 62,7% do volume de crédito imobiliário concedido; no Chile, 12,8%; no México, 7,9%. No Brasil, só agora alcançamos 2,3%”, disse Brasileiro. 110% de crédito Apesar do otimismo, o experiente Willian Charles Handorf, diretor do Federal Home Loan Bank of Atlanta e ex-diretor do Fed de Richmond, alertou: “Não cometam o erro do mercado americano de dar 110% de crédito para a especulação imobiliária”. Segundo o economista, os problemas com empréstimos imobiliários ainda são realidade, mesmo após o governo ter liberado cerca de 20% do PIB para estabilizar os ativos problemáticos. Para ele, a escalada dos preços dos imóveis a partir do estouro da bolha das empresas “pontocom” permitiu a expansão robusta do consumo interno, gerando uma nova bolha. “A inadimplência continua alta e a perspectiva de uma recuperação lenta pode deteriorar o quadro, com mais execuções de hipotecas, mais pressão sobre Em 2 anos, Poupança será insuficiente para cobrir crédito imobiliário 16 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO os preços dos imóveis e a entrada dessas residências de novo no mercado”, avaliou. Ele lembrou que um dos maiores problemas foi o desequilíbrio entre percentual de crédito concedido e o valor real do imóvel, o chamado loan-to-value. Para Luís Antônio França, no entanto, ainda há uma boa margem de conforto para que os bancos financiem imóveis sem riscos de estourar uma bolha como a que custou 8 milhões de empregos aos EUA. “Nossa macroeconomia é mais sólida, não há desregulamentação financeira em curso e a classe média está em expansão. Além disso, neste ano, a média dos créditos concedidos é de 61,9% do preço do imóvel enquanto os bancos podem financiar até 80% do preço final”, comentou. Embora a economia esteja se fortalecendo, o diagnóstico de Handorf não é tão favorável. “A antiga regulamentação financeira americana era um manual de 36 páginas. A nova, do [Barack] Obama, tem mais de 2.000 e é tão ruim quanto a outra”, criticou. Segundo ele, 2011 e 2012 ainda serão anos com crescimento anêmico para os EUA, mas não com uma nova recessão. “Ainda há muitos bancos com problemas, e o governo está assumindo muito gastos para evitar novas falências”, revelou. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 17 RESPONSABILIDADE SOCIAL Lápis e papel na mão Um programa grandioso. Foi assim que o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, definiu o Programa de Elevação de Escolaridade, recém-lançado em parceria com o Sesi-SP. O objetivo da nova iniciativa é elevar a escolaridade dos trabalhadores da construção civil que não completaram os primeiros anos do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) ou ainda que precisam aperfeiçoar seus conhecimentos relativos a Língua Portuguesa e Matemática. “O programa ajudará o trabalhador a entender melhor seu papel na sociedade e melhorar a comunicação com os companheiros”, afirmou Maristela Alves Honda, vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP. Resultado das avaliações feitas pelos profissionais do Sesi-SP no “cantinho Hora do Saber”, durante o ConstruSer, o programa sofreu ajustes solicitados pelo SindusCon-SP, conforme as necessidades práticas das empresas construtoras, e agora passa a ser disponibilizado a até 900 canteiros das associadas. O presidente do SindusCon-SP lembrou que o setor abriu mais de 1 milhão de postos de trabalho nos últimos 5 anos. “Grande parte deste contingente ainda precisa de treinamento e o setor deve se mobilizar para capacitar sua mão de obra. O empresário que quiser fidelizar seus trabalhadores terá que treiná-los no próprio canteiro”, disse. Watanabe afirmou ainda que o novo programa deve “an- das obras terá o seu dia a dia completado com salas de aula.” Maristela: melhorar a comunicação na empresa dar junto” com o projeto de Qualificação Profissional no Setor da Construção Civil, que vem sendo realizado em parceria com o Senai-SP. Segundo a Rais 2008, quase 55 mil trabalhadores da construção civil no Estado de São Paulo são analfabetos ou não concluíram o ensino fundamental, sem contar os analfabetos funcionais. “ Montar uma escola no canteiro de obra não é fácil, mas hoje já é menos difícil do que há algum tempo”, garantiu Watanabe. Para ele, o sucesso da nova iniciativa passa necessariamente pela cultura do empresário e do próprio canteiro. “O ambiente quase sempre rude Como vai funcionar Após a adesão voluntária de cada empresa, os trabalhadores estudantes responderão um questionário que deverá identificar seus conhecimentos de Língua Portuguesa e Matemática. Com esses dados, as aulas serão planejadas conforme as necessidades dos alunos a fim de promover sua capacidade de linguagem (narrar, instruir/prescrever, argumentar etc.) e do conteúdo de Matemática. A supervisora de Metodologia e Alfabetização do Sesi-SP, Maria Alcira da Cruz e Sá, explica que as atividades, desafiadoras e lúdicas, serão contextualizadas, tendo como referência o ambiente de trabalho, com foco nos temas saúde, meio ambiente e segurança. Leitura e compreensão de texto, por exemplo, focarão as instruções de uso de EPIs, os avisos no canteiro, as placas de sinalização, entre outros. No programa, o Sesi-SP oferecerá o acompanhamento in loco de um analista pedagógico e professores com jornada de 9 horas semanais, sendo 1h30 com o aluno e 1h30 destinada ao planejamento docente, além de apostilas para 10 a 30 alunos por canteiro. À empresa caberá disponibilizar espaço para as aulas, mesa, cadeira, lousa, caderno, lápis, caneta, borracha e um lugar seguro para a guarda dos documentos escolares. (Nathalia Barboza) Programa pretende elevar escolaridade de trabalhadores em 900 canteiros de obra REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 19 PONTO DE VISTA O inovador BIM Fernando Augusto Corrêa da Silva * O aumento de produtividade e eficiência ao longo do ciclo de vida de qualquer tipo de empreendimento é a principal razão para o desenvolvimento de novas tecnologias. É necessário criar continuamente métodos mais rápidos, de baixo custo, melhores e mais eficientes na concepção, construção, gerenciamento, operação, uso, reparo e até demolição e reuso das construções. O desenvolvimento da tecnologia BIM (Building Information Modeling) é determinado por estes objetivos que direcionam a construção civil. Há uma escassez de termos para descrever os principais direcionais deste setor: a entrega de projetos integrados, planejamento de cenários, rapidez e concepção interativa, projeto e construção virtual, construção enxuta, engenharia de valor, sustentabilidade, gestão de ativos de propriedade, manutenção preventiva, conservação de energia, administração ambiental, custeio do ciclo de vida e precisão na determinação dos retornos dos investimentos exigidos pelos investidores. O BIM é uma tecnologia de constante aprimoramento que permite atingir estes objetivos. A interoperabilidade de todos os dados envolvidos e fornecidos pelos atores Tecnologia estimula cooperação de todos os envolvidos na concepção do projeto das diversas disciplinas que participam do empreendimento são fundamentais dentro de todo o processo. Charles Eastman, um dos principais precursores, dá a seguinte definição: “BIM é a representação digital do processo de construção que facilita troca e interoperabilidade de informaExemplo de interoperabilidade das diversas disciplinas em um projeto de edifício ções no formato digital” (CRC Press,1999). A abordagem desta sistemática requer que todos os envolvidos no projeto do empreendimento comecem a 20 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO pensar seus produtos e sua parte do sistema. Neste ponto inicia-se a mudança de mentalidade que o BIM introduz e produz a principal alteração dos processos atuais. Empresas começam a colaborar. A troca de dados é desafio superado. Assuntos contraditórios ou cláusulas contratuais punitivas que criam riscos no projeto artificial (modelo) são substituídos por cláusulas de indenização mútua com incentivo de desempenho reduzindo os riscos do projeto real.Tarefas que não agregam valor são automatizadas. Documentações irrelevantes e defensivas são eliminadas. A qualidade do projeto melhora. Gastos são reduzidos. Produtividade aumenta. Custos tendem a cair e consequentemente os lucros sobem. Os participantes enxergam oportunidades para melhorar seus produtos, e assim tendem a aperfeiçoar os serviços que oferecem. O BIM vem sendo desenvolvido e utilizado nos EUA, Cingapura, Japão, Noruega, Finlândia e Inglaterra. Em Cingapura, o governo incentivou a criação de uma rede de cooperação com a iniciativa privada de modo a possibilitar a utilização do BIM na aprovação de projetos nos órgãos públicos. Nos EUA, o governo, por meio dos US General Services of America e da Guarda Costeira Americana, desenvolveu sistemas de padronização para utilização de BIM por todos que vendem serviços de projeto e construção. Na Europa, os países nórdicos, como Finlândia e Noruega, tiveram um grande desenvolvimento em aplicações BIM a partir de 1999, onde se pode destacar o sistema Solibri. Grandes construtoras e projetistas nos EUA, como a Turner Construction, Beck Group e Ghery Technologies, já vêm desenvolvendo seus sistemas BIM para uso em seus projetos e oferecendo seus serviços ao mercado. Ilustrações: Gehry Technologies Os principais softwares atualmente disponibilizados em mercado, que integram as soluções BIM por meio da utilização de uma linguagem neutra IFC (Industry Foundation Classes), são ArchiCAD da Graphisoft; Graitec; Microstation da Bentley; Revit da Autodeck; Solibri; Tekla da área de estrutura; TQS da área de estrutura, totalmente desenvolvido no Brasil; e os sistemas integrados da Gehry Tecnologies, da Onuma Inc. e do Beck Group. A introdução do BIM no Brasil vem ocorrendo há alguns anos, e o CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do Sindus Con-SP vem participando e fomentando sua evolução desde 2007, com criação do “Projeto 5D”, posteriormente renomeado de “Projeto nD”, que tinha como objetivo inicial checar as ferramentas BIM existentes no mercado nacional mediante um projeto padrão predeterminado. Participa também do Grupo BIM, iniciativa coordenada pela NGI, com Asbea, Abece, Abrasip, USP e Universidade Mackenzie, que tem como objetivo principal disseminar e implantar o conceito BIM no mercado nacional. Em fevereiro de 2010, com a coordenação do SindusCon-SP e da Epusp, foi aprovada a ABNT/CEE -134- Modelagem de Informação da Construção. Essa norma, que define a Estrutura para Classificação de Informação, agora tem como sequência a normalização de classificação de materiais e componentes da construção com o desenvolvimento de uma hierarquia que define os principais requisitos de conteúdo, formatação, precisão e parâmetros de arquivos BIM. Com esta formatação, todos os participantes da cadeia produtiva ligados à construção civil poderão contribuir organizadamente na montagem de bibliotecas e padrões para especificações. Destaco os objetivos estabelecidos pelo Grupo BIM para a disseminação desta nova tecnologia no Brasil, possibilitando que cada um enxergue sua parte e possa contribuir neste contínuo trabalho: 1. Promover e disseminar o emprego e entendimento da conceituação sobre a abordagem BIM por parte de todos os agentes da cadeia produtiva alinhados com as tendências internacionais e adequados O BIM permite fácil visualização de projetos na concepção da obra de um teatro às características do mercado brasileiro; 2. Levantar e analisar as necessidades do mercado brasileiro para a implementação da abordagem BIM com o conceito de padrões abertos, interoperabilidade e viabilizando as ações setoriais para isso. 3. Interagir com agentes visando o desenvolvimento de bibliotecas e padrões para especificações: 4. Interagir com os fabricantes de sistemas visando o encaminhamento de soluções adequadas e trabalho conjunto para disseminação do emprego da abordagem BIM; 5. Interagir com os fabricantes de materiais, componentes e sistemas construtivos visando o desenvolvimento de bibliotecas e padrões para especificações; 6. Interagir com os organismos governamentais diretamente envolvidos no tema para adequação de estágios e etapas de implantação das ferramentas nas instâncias de análise e aprovação de empreendimentos bem como de contratação de projetos e obras pelo poder público; 7. Interagir com esta mesma finalidade com contratantes de obras privadas seriadas que possam tirar partido das ferramentas BIM para projeto, construção e operação de edifícios; 8. Promover o desenvolvimento dos padrões e normas necessários do ponto de vista das ferramentas, das relações con- tratuais e de interação entre os agentes em consonância com os padrões internacionais e adequados à operação do mercado brasileiro (porém promovendo o aperfeiçoamento das condições brasileiras de operação de sistemas de informação aplicados a projeto e construção de edifícios); 9. Identificar, desenvolver e promover a geração de cursos de capacitação e treinamento de equipes das empresas de projeto e de construção; 10. Viabilizar a formação de especialistas no tema e em todas as suas implicações; 11. Viabilizar a criação de linhas de financiamento acessíveis às empresas de todos os segmentos diretamente envolvidas para permitir a viabilização de recursos para compra de hardware, software e capacitação e treinamento; 12. Analisar e disseminar casos de sucesso na implantação do BIM. * Engenheiro civil, coordenador da Comissão de Projetos do CTQ do SindusCon-SP e da Comissão de Estudo da Modelagem da Informação na Construção da ABNT, e diretor da Sinco Consórcio Técnico , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co ia.com.br sincoengenhar fernandocorrea@ REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 21 Dedo na ferida Foto: Recesa/Divulgação Outra demanda da Afeal é a Detectar os erros, equívocos diferenciação dos conceitos de e discordâncias do atual texto da sombreamento e escurecimento Norma de Desempenho (NBR presentes na norma. “Do jeito 15.575 – partes 1 a 6) em relaque estão, os dois se confunção às práticas de mercado, aos dem”, disse Fabiola. materiais e sistemas disponíveis e às normas prescritivas vigentes Placas cerâmicas foi a “lição de casa” cumprida A preocupação da Anfacer pelos representantes da cadeia (Associação Nacional dos Faprodutiva da construção civil no bricantes de Cerâmica para Remês passado. vestimento) é em relação à Parte Uma reunião técnica realizaPisos brilhantes não passam no teste de escorregamento da norma 3. Ana Paula Menegazzo, supeda em agosto, antes mesmo da rintendente do CCB (Centro Cerâmico segmento os mais relevantes a serem aprovação, pela ABNT (Associação do Brasil), ligado à entidade, arrolou modificados, todos da Parte 4 da NBR Brasileira de Normas Técnicas), do prodez sugestões, muitas delas relativas 15.575. “Hoje, só os produtos topo de cesso de revisão da NBR 15.575, deixou a conflitos com as normas prescritivas linha atenderiam à norma por conta das clara a determinação de toda a cadeia vigentes. “Defendemos remeter às norexigências mínimas de desempenhos em trabalhar intensa e rapidamente os mas específicas, sempre que isso for acústico e térmico. As janelas de correr, pontos conflitantes da norma, a fim de possível”, afirmou. tão usadas no país, estariam inviabilizaque ela possa ser exigida o mais cedo O segmento está incomodado com das”, disse. “A adaptação do mercado a possível. o coeficiente de resistência a escorrenovas tipologias, naturalmente, precisaA norma já está em vigor, mas o gamento dos pisos exigido pela norma. rá de um prazo maior”, apontou. setor precisa de um prazo maior para “Não existe produto antiderrapante; o Fabiola também alertou que as que a NBR comece a ser exigida pelas que há são condições de uso que evijanelas tipo Maxim-air –aquelas que autoridades. A norma técnica NBR tam o escorregão. possuem duas 15.575 define critérios de desempenho Em vários tipos de aberturas, uma na para a habitabilidade, segurança e sususo, não há propar te de baixo e tentabilidade de edificações ao longo de blema algum em outra na parte de uma vida útil mínima obrigatória. ter um piso com cima– também não coeficiente menor poderiam mais ser Esquadrias que o exigido pela utilizadas. “A única Ficou definido que, após informar NBR”, comentou tipologia preparada quais os pontos problemáticos da norAna Paula. “Como para atender à norma, cada segmento deverá propor a está, a norma veta ma é a de fechar e melhor forma de mudança dos trechos. o uso de porcelatombar, muito mais “Depois disso, um grupo reduzido denato”, lembrou Zigmantas. cara”, advertiu. verá compilar as alterações e fechar o Renato Ventura, representante de Em relação ao desempenho acústexto final”, afirmou José Carlos Martins, um grupo de grandes construtoras que tico, os estudos preliminares feitos vice-presidente da CBIC, que coordese juntaram para estudar a norma, pela Afeal nos produtos disponíveis nou a reunião técnica ao lado de Luiz contou que um dos 24 itens destacados mostraram que os níveis de redução Zigmantas, gerente do Gidur (Gerência é o da estanqueidade, que precisa de de ruídos estão aquém do que exige a de Desenvolvimento Urbano) da Caixa. definição sobre o que será necessário norma. “Sugerimos a classificação das Fabiola Rago, consultora e coimpermeabilizar. “Também exigir que esquadrias conforme a NBR 10.152, ordenadora do grupo de normas da a pintura dure cinco anos é um prazo definida a partir das condições externas Associação Nacional de Fabricantes de longo demais”, disse. e de uso (cômodos)”, explicou a consulEsquadrias de Alumínio (Afeal), desta(Nathalia Barboza) tora da Afeal. cou os cinco itens considerados pelo Segmentos apontam o que precisa mudar na Norma de Desempenho 22 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 23 GESTÃO DA OBRA Novos tempos A s empresas do setor de construção e sua gestão foram moldadas durante anos a partir de escala que estava muito aquém das necessidades do país quanto à produção de bens imóveis de toda natureza. Hoje, com a mudança completa de cenário num período muito curto, ainda não deu tempo para que a gestão completa de todo o processo do setor se ajuste à nova realidade. Na nova realidade, o projeto precisa ser desenvolvido em menos tempo, mas as ferramentas de gestão do processo de projeto são as mesmas. Durante anos ficamos à margem do que acontecia nos países desenvolvidos em evolução nas ferramentas de desenvolvimento e sistemas de contratação e gestão do processo de projeto. Além disso, crescer a produção de projetos de arquitetura e engenharia demanda profissionais que não foram formados em quantidade e qualificação suficientes e agora não se formam com rapidez. Se durante anos planejar a obra significava planejar a sequência de atividades, usando uma ferramenta simples, agora planejar envolve usar dados de comportamento de chuvas, ventos e temperaturas, planejar detalhadamente a logística da obra, o canteiro em todo o seu dinamismo, a qualidade e os riscos de engenharia, a gestão dos resíduos, a segurança no trabalho, o impacto sobre a vizinhança, a produtividade da mão de obra, simular cenários, ou seja, um planejamento com amplitude muito maior e controle minucioso sobre este planejamento. Se durante anos a gestão dos trabalhadores foi transferida para terceirizados, agora a necessidade de 24 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Maria Angelica Covelo Silva * Investidor também deveria ter como aferir a qualidade de quem constrói produtividade condizente com os prazos, e a falta de terceirizados em número suficiente –considerando os regulares do ponto de vista trabalhista e fiscal, que consigam atender requisitos de segurança e qualidade–, fazem muitas empresas voltarem a ter a sua mão de obra própria, sendo obrigadas a reaprender a geri-la e capacitá-la nos canteiros de obras em tempo real de produção, face à inexistência de pessoal treinado e capacitado em número suficiente. Estes fatores em processo de transição estão levando as empresas a um duro esforço para viabilizar o cumprimento de prazos, assegurar obras sem riscos excessivos quanto à segurança, garantir a qualidade exigida pelos consumidores e, por consequência, estabilizar seus custos, riscos e atendimento aos seus clientes. Algumas empresas estão mais preparadas para isso, como resultado de seus princípios de atuação, métodos de gestão e investimento em engenharia e vão aos poucos se aperfeiçoando e enfrentando as dificuldades sem que suas obras apresentem deficiências graves. Mas existem obras que denotam princípios de atuação ou capacitação de engenharia que não condizem com nossas leis, normas e exigências da sociedade. O mercado financeiro, que atualmente tem forte papel no desenvolvimento do setor da construção, não avalia a qualidade empresarial por estes fatores. Para que o ambiente competitivo seja saudável, seria necessário que os investidores tivessem medidas da qualidade empresarial por dados que olhem para o futuro dos empreendimentos, seu desempenho e custos para o usuário e para a assistência técnica, e que olhem para as condições dos canteiros de obras que denotam a qualidade do trabalho. Seria saudável que o capital se dirigisse prioritariamente para empresas que assegurem um patamar condizente de qualidade global do processo de produção e do produto ao longo de sua vida útil. * Engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da NGI Consultoria e Desenvolvi- mento , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co toria.com.br ngi@ngiconsul REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 25 26 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 27 INSUMOS Volta ao mundo a execução da obra por apenas 3 pessoas, que fazem o trabalho em 3 dias. O recurso Drophead da Titan HV é outro diferencial, afirma a Oeste, por ser o único que permite a remoção precoce dos membros do enquadramento. A nova parceria da Metax com a americana Efco oferecerá os sistemas de fôrmas Hand-e-Form Lança de distribuição do mastro Placing Boom, da Kaiobá, e Plate Girder, de aço. Segundo a que permite bombear o concreto a 32 metros de altura Metax, enquanto a primeira pode ser montada e desmontada por um só para selagem de juntas secas de pisos trabalhador, dispensando o uso de guinrevestidos com pedras, blocos intertravadastes, porque pesa no máximo 29 kg/m², dos ou placas pré-fabricadas de concreto a segunda é autoportante e proporciona maciço ou drenante. O produto substitui a “acabamento de qualidade do concreto e areia comum de rejuntamento de blocos resultado arquitetônico”. intertravados. Trazido ao Brasil pela Kaiobá em Já a Rohr destacou o sistema de cimparceria com a norte-americana C&C bramento autobloqueante multidirecional Concrete Pumping, o mastro distribuiKibloc, composto por postes dotados de dor Placing Boom, da SchwingSetter, é rosáceas a cada 50 cm, onde se encaixam formado por lança de distribuição, que barras em até 8 direções –mesmo em candistribui o concreto pela laje, e torre de tos de difícil acesso– e que formam torres fixação, presa à superestrutura do prédio. de diversas geometrias. O equipamento permite bombeamento de Um dos destaques da Votorantim concreto com rotação de 360° e alcance Cimentos foi o lançamento dos sacos de de 28 metros na horizontal e de 32 m na agregados (areia e brita), linha antes só vertical. vendida a granel. Já a Metroform System mostrou a EuroA Basf apresentou o Delvo Control, prop A3, em parceria com o grupo espanhol um aditivo que estabiliza a hidratação do Alsina. Trata-se da única escora do mundo concreto por até 64 horas, adequado para que cumpre a norma europeia EM 1065, controlar o início de pega e manter as prosegundo a Metroform, sendo que o tempo priedades do concreto quando ele precisa de desmontagem é 80% mais rápido que o ser transportado em viagens longas. realizado em escoras convencionais. A empresa também mostrou a resina Masterseal CR, que substitui lonas e Ousadia e inovação plásticos na proteção a ambiente na hora A Intecity, por sua vez, expôs uma node pintar ou de colocar gesso. A grande vidade exclusiva para Brasil: a PaveSand, vantagem da resina é que a camada prouma areia seca, quimicamente aditivada, tetora sai com água, sem gerar entulho para a construtora. O sistema de fôrmas Plate Girder, (Nathalia Barboza) da MetaxEfco, é autoportante e ajuda no acabamento do concreto 28 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Fotos: Divulgação A parceria brasileira com empresas líderes de mercado em outras partes do mundo deu o tom de vários estandes da Concrete Show South America 2010, que aconteceu em agosto. A sociedade com os estrangeiros aconteceu especialmente no segmento de fôrmas metálicas. A Divisão Jahu, da Mills, por exemplo, apostou no Easy Set, introduzido no Brasil junto com a canadense Aluma Systems. A Mills diz que o sistema modular de alumínio pode ser utilizado até 2 mil vezes e permite erguer paredes estruturais de concreto armado moldadas in loco em larga escala, tendo sido aplicada em mais de 10 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida. A Oeste Formas trouxe com exclusividade dos Estados Unidos o sistema Titan HV e diz que os painéis em alumínio são montados com encaixes, o que otimizaria REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 29 MOTIVAÇÃO Narcisos corporativos Pedro Luiz Alves * O mito de Narciso estimula uma analogia com o comportamento da liderança corporativa, conforme me ensinou uma das consultoras de nossa equipe, Ivana Tolotti. Menino de beleza reservada apenas aos deuses, Narciso não deveria ver sua imagem, sob pena de morrer.Tornou-se um adolescente arrogante e desdenhoso. Um dia, encontrou a ninfa Eco, que encantada com sua beleza, passou a segui-lo. Desesperado, ele fugiu. Eco, envergonhada, passou a definhar nas cavernas até morrer, mas sempre ecoando nossas últimas palavras. No Olimpo, Nêmesis decidiu punir Narciso. Levou-o a se aproximar de uma fonte onde, debruçado, ele viu pela primeira vez sua própria imagem, apaixonando-se. Cada vez que Narciso encostava na água para tentar beijar a imagem, ela se desvanecia. Tomado por tanta indiferença, suas lágrimas caíam na fonte, turvando-a. Narciso gritava: –Fica, se não posso tocar-te, deixe-me pelo menos admirar-te! E assim, apaixonado por si, sem água e alimento, definhou até a morte. Quantos Narcisos não estão incrustados nas empresas ocupando posições de liderança? Quantos líderes narcisistas não estão ou são tão indiferentes aos subordinados, acreditando serem os mais perfeitos dos profissionais, imobilizados e dominados pelo poder e pelo conhecimento, enquanto deveriam estar desenvolvendo a capacidade de ouvir com empatia, de serem solícitos e receptivos à equipe que deseja e necessita tanto se desenvolver, compartilhar e aprender com suas competências indiscutíveis? Quantos Narcisos não estão seduzidos pela própria imagem e, com isso, não 30 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Presos à própria imagem, líderes acabam sofrendo rejeição da equipe conseguem focar seu olhar nos processos que os rodeiam, na condução e no desenvolvimento das pessoas, responsáveis por fazerem e atingirem os resultados que têm como maior beneficiário o próprio líder? Presos à própria imagem, muitos líderes não conseguem ter uma visão holística da situação ou do ambiente. Estão sempre olhando para baixo, para o próprio umbigo, perdendo de vista seu papel como facilitadores, monitores, coordenadores e principalmente mentores de pessoas. Líderes que só olham para si não conseguem perceber o que as pessoas de sua equipe sentem ou querem lhes dizer, transformando-se em indivíduos indiferentes, preocupados apenas com o próprio êxito. Contudo, como toda ação provoca uma reação em sentido oposto, com igual ou maior intensidade, as pessoas que se preocupam apenas com a própria imagem acabam repelidas pelas demais, tornandose solitárias, sem companhia até mesmo para o almoço ou um happy hour. Por isso, o que parece ser uma completude da pessoa, trata-se apenas de ilusão. E assim como aconteceu com Narciso, a pessoa definha até morte, muitas vezes sem perceber o que está acontecendo. No caso, sugiro que todos os dias os líderes se façam ao menos três perguntas, para não correrem o risco de cair no mito de Narciso: “Para onde estou fixando o meu olhar?”, certificando-se de que estão com o olhar direcionado para as pessoas e para os processos. “As pessoas que estão ao meu redor precisam de mim?”, preocupando-se em serem facilitadores, mentores, difusores do conhecimento e, principalmente, portadores de uma energia contagiante e motivadora. “Como posso agir para demonstrar minha disposição de ajudar os demais nos momentos de dificuldade?”, assegurando se de que terão um comportamento digno de crédito e confiança por parte do grupo. Espero que você não caia na armadilha de olhar apenas para o “ideal de si mesmo” e deixe que as pessoas se aproximem, conheçam e compartilhem mais de sua energia, como líder e pessoa. Administrador, consultor de RH e diretor da ASTD-Brasil – American Society for Training and Development , entários, críticas Envie seus com as tem de stões perguntas e suge : na lu co para esta r nsultoria.com.b pedro@acaoco OUTUBRO 2010 Dia 1, em São Paulo Técnicas para Aperfeiçoamento da Redação Moderna Dia 4, em Bauru Gestão de Empreiteiros na Construção Civil Dia 5, em Campinas Recrutamento, Seleção e Relacionamento Interpessoal na Construção Civil Dia 5, em São Paulo Gestão Estratégica de Almoxarifado e Estoques Dia 6, em Santos Conceitos e aplicação do Consórcio SPE e SCP na Construção Civil Dia 7, em Santo André ICMS na Construção Civil – Aplicação da Substituição Tributária Dia 7, em São J. dos Campos Planejamento Tributário no Setor da Construção Civil Dia 8, em Mogi das Cruzes Administrando as Ferramentas do 5S na Construção Civil Dia 13, em Santo André Desenvolvimento de Analista em Administração do Pessoal na Construção Civil Dia 13, em São Paulo Lucro Real e Lucro Presumido na Construção Civil Dia 14, em Ribeirão Preto Como Evitar Autuações Fiscais na Construção Civil Dia 14, em São Paulo Cuidados na Elaboração de Contratos Dia 18, em São Paulo Controladoria e Gestão Econômica Dia 19, em São Paulo O Papel do Lider na Formação de Equipes Comprometidas Dia 20, em São Paulo Legislação Previdenciária com Foco na Construção Civil Dia 20, em São Paulo Gestão Estratégica de Contas a Pagar Dia 21, em Santo André INSS na Construção Civil – Importantes Mudanças na Legislação Dia 22, em São Paulo Técnicas de Vendas para uma Excelente Negociação Dia 22, em São José dos Campos Orçamento de Obras e Cálculo de BDI Dia 26, em São Paulo Os Contratos no Processo de Gerenciamento de Riscos Tributários na Construção Civil Dia 28, em São Paulo INSS na Construção Civil – Importantes Mudanças na Legislação Dia 29, em São Paulo Conceitos e aplicação do Consórcio SPE e SCP na Construção Civil Acesse www.sindusconsp.com.br e conheça o calendário completo de treinamentos Centro de Atenção ao Associado (11) 3334-5600 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 31 GESTÃO EMPRESARIAL A evolução contábil Maria Angelica Lencione Pedreti * M uito tem sido dito sobre as novas regras da contabilidade e que ela deverá mudar no Brasil. E muitas dúvidas há para serem resolvidas. Nos próximos meses, dedicarei minha coluna ao tema, que, sem dúvida, interessa a todos os executivos da atualidade: a contabilidade internacional. Mas, se nada melhor que o passado para se entender o presente, inicio a discussão pelas origens da contabilidade, que explicarão as origens de tanta dúvida e apreensão. A contabilidade foi sistematizada e divulgada pelo frei Luca Paccioli, professor da Universidade de Perugia, que havia viajado por toda a Europa aprendendo a forma de controle que era usada por mercadores e banqueiros da época. Ele não clama pela originalidade das idéias, mas pela divulgação delas, de forma sistemática. Em resumo: ele a popularizou, em seu estudo Summa Aritmetica, um livro sobre matemática que dedicava um capítulo à aplicação desta disciplina no raciocínio contábil. Vale ressaltar que a contabilidade não se desenvolveu, como é hoje, instantaneamente: ela foi mudando, para atender às mudanças das regras de negócios, à medida em que novos negócios, novas tecnologias e novas necessidades surgiam. Isso nos ajuda a não temer as mudanças de hoje: não são quebras de ordem, são evoluções. Inicialmente usada pelos mercadores das regiões comerciais da Itália, a contabilidade seguiu a ajudar o controle das finanças públicas no surgimento dos Estados-Nação. Alguns deles, inclusive, passam a depender 32 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Há empresas que precisam publicar três demonstrações financeiras diversas de números contábeis para efetuarem seus planejamentos econômicos (caso da China e França) e seus impostos (caso da Alemanha). Com a Revolução Industrial, assumem importância os conceitos como economias de escala, custos fixos, estoques e demanda. A contabilidade evolui, com conceitos como depreciação e custo de mercadoria vendida. No século 20, a onda de fusões e aquisições traz novas necessidades para a contabilidade e as companhias multinacionais. A utilização de sistemas contábeis absolutamente diferentes faz surgir a necessidade de uma contabilidade unificada, em todos os países. Enquanto isso não existir, pasme o leitor, há empresas que precisam divulgar três demonstrações financeiras diferentes, para atender a diferentes necessidades de diferentes interessados: credores, acionistas e governos. Isso sem contar as diferenças de terminologias, línguas e moedas! Todas essas diferenças acontecem porque, em cada país, a contabilidade evoluiu de forma diferente, para atender à realidade local e ao stakeholder local de maior importância, ou poder. Assim, em países em que as empresas são financiadas por capital próprio ou governamental, o investidor (aquele das SAs, anônimo) tem menos poder e as demonstrações financeiras, bem como as regras contábeis, privilegiam a tomada de decisão dos proprietários e do governo. Tais países possuem contabilidades tipicamente mais regradas, regras absolutamente formalizadas e relativamente pouco juíz o profissional e pouca transparência (afinal, quem precisa da informação e tem poder para pressionar a contabilidade, já a tem). Por outro lado, países com empresas financiadas por capital público (mercado de capitais) possuem uma contabilidade mais transparente; e se é assim, tem que ser equitativa não pode ter regras que atendam aos interesses de algum stakeholder em detrimento de outro; e se deve ser equitativa também precisa privilegiar a essência da operação sobre a forma (regra formalizada), o que exige muito mais aplicação de juízo profissional que, por sua vez, necessita de uma profissão respeitada e capacitada a pensar e não somente preparada a cumprir disposições legais. Tudo isso nos remete ao estágio de desenvolvimento das economias e das culturas: países baseados em agricultura possuem contabilidades preocupadas com conceitos de depreciação e leasings; aqueles baseados em indústrias preocupam-se com ferramentas de apuração de custos e avaliação e controles de estoques; e os que baseiam sua economia em serviços terão preocupações com contabilização de intangíveis, investimentos em recursos humanos, ou seja: já passaram pela fase da depreciação e da avaliação de estoques. É assim que estudar as diversas contabilidades e os diversos conceitos usados nos mais diferentes lugares nos fará preparados a enfrentarmos as situações quando se apresentarem, sem contudo deixar de considerar as especificidades locais e principalmente culturais. Tudo isso pode ser estudado à luz de quatro dimensões, a saber: Contabilidade é mais transparente quando o mercado acionário financia a) profissionalismo X normatização: o grau em que uma contabilidade privilegia a essência da operação sobre a forma, a norma escrita e formal; b) conservadorismo X otimismo: o grau em que as operações reportam, em situações de incerteza, a visão mais pessimista ou menos pessimista do contexto; c) Uniformidade X flexibilidade: o grau em que a contabilidade exige que as operações sejam registradas da mesma forma, ou se ela permite seu registro de forma diferente, res- peitando a essência de cada situação. d) Maior X menor transparência: o grau de transparência em termos de quantidade e qualidade das informações reportadas. A par tir dos próximos meses, discutiremos estes e outros pontos, buscando a evolução dos nossos conceitos. * Professora de Contabilidade e Finanças da FGV, mestra em Administração de Empresas, trabalha em Planejamento Estratégico , entários, críticas Envie seus com as stões de tem perguntas e suge : para esta coluna @fgv.br maria.lencione REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 33 SINDUSCON-SP EM AÇÃO Construção tem cenário favorável Foto: Alberto Greiber Rocha Falando aos membros de uma missão econômica japonesa na Fiesp, o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, reafirmou em agosto o cenário favorável aos investimentos na construção para os próximos anos. “Temos uma demanda contínua de novos domicílios a cada ano. O Programa Minha Casa Minha Vida pretende contratar mais 2 milhões de unidades habitacionais até 2014, contribuindo para reduzir o déficit habitacional. A Copa e as Olimpíadas demandarão R$ 60 bilhões de investimentos diretos, além das necessidades de rede hoteleira e infraestrutura urbana. E a expansão em energia, comunicações, transportes e saneamento requererem investimentos de R$ 160 bilhões por ano até 2014”, afirmou. Neste cenário, prosseguiu, abrem-se oportunidades para as empresas japonesas realizarem parcerias, investirem capital, Watanabe na Fiesp: crescimento até 2014 aportarem tecnologia em construtoras brasileiras, bem como trazerem financiamentos e tecnologia para a construção ambientalmente sustentável. Com representantes de indústrias Setor ajuda a renovar a grade curricular da Poli O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, recebeu em agosto a visita do professor José Roberto Cardoso, diretor da Escola Politécnica da USP (Poli-USP) e coordenador do Conselho Tecnológico do Seesp (Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo) e de Francisco Sanchez, diretor geral da construtora Cunha Braga. O objetivo é criar um canal de relacionamento para melhorar a qualificação dos engenheiros civis por meio de contribuições do setor em relação ao perfil profissional exigido pelo mercado atual. O momento é oportuno para aumentar o grau de afinidade entre o profissional que a universidade pode oferecer e o que 34 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO as construtoras exigem dos engenheiros civis. A Poli-USP está em pleno processo de revisão da grade curricular dos cursos, que vigora com o mesmo modelo desde 1999. Segundo Cardoso, a ideia é implantar um novo padrão de ensino em 2012. Ficou decidido que o diretor da Poli USP facilitará a interlocução do SindusCon-SP com os membros da Caec (Comissão Acadêmica da Engenharia Civil) e com os diretores de departamentos da universidade ligados à Engenharia Civil (Infraestrutura, Hidráulica, Civil e Transportes). Nova reunião foi programada para se realizar com professores da Poli ainda em setembro, para discutir a formação de um currículo mais moderno. química, metalúrgica e de tratamento de resíduos industriais, a missão econômica japonesa foi liderada pelo presidente do Iwata Shinkin Bank, Shouzo Takagi, que mostrou os problemas enfrentados pela economia japonesa nos últimos anos. O presidente do SindusCon-SP colocou a entidade e seus 10 mil filiados à disposição dos visitantes. Falando no evento, a presidente da Caixa Econômica Federal afirmou que a instituição deverá conceder créditos habitacionais no valor de R$ 60 bilhões em 2010. Também estiveram presentes, entre outros, o vice-presidente do SindusCon-SP Marcos Campilongo Camargo; o diretor adjunto de Relações Internacionais da Fiesp, José Augusto Correa; o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Carlos Brito, e os superintendentes Valter Nunes e Henrique Parra Parra. Evento aborda lençóis freáticos Representando o presidente do SindusCon-SP, o vice-presidente de Meio Ambiente, Francisco Vasconcellos Neto, participou em agosto da abertura do seminário “Planejamento Municipal: Mudanças Climáticas e a Sustentabilidade dos Aquíferos”. Com o apoio do sindicato, o evento foi promovido pela Escola Superior do Ministério Público em parceria com o Centro de Apoio Operacional Cível e de Tutela Coletiva –Áreas da Habitação e Urbanismo e do Meio Ambiente. No painel sobre planejamento municipal, participou o membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP e colunista da revista Notícias da Construção, José Carlos Baptista Puoli. Empresários sul-africanos visitam o SindusCon-SP Danny Quan, diretor executivo da Grinaker-LTA, empresa que executou as obras do estádio Soccer City, sede da abertura e do encerramento da Copa do Mundo em Johannesburgo; e Mark Stannius, presidente da BMS Enterprises, que desenvolveu um sistema de construção com sacos de areia na África do Sul, visitaram o SindusCon-SP em 23 de agosto. Eles foram recebidos pelo diretor de Relações Internacionais, Salvador Benevides, e por membros da Missão Técnica do sindicato que visitou a África do Sul em abril, entre os quais Carlos Franck, Renato Genioli Jr. e Gianfranco Asdente. Benevides agradeceu aos visitantes a acolhida proporcionada à missão e colocou o sindicato à Parlamentares fazem visita à Diretoria A Diretoria do SindusCon-SP recebeu em agosto as visitas do deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa e do vereador de Santos, Sadao Nakai. Barbosa afirmou que o maior desafio para a construção é elevar a escolaridade e qualificar profissionalmente os trabalhadores em número suficiente para atender ao aumento da demanda. Somente em Santos, segundo ele, haverá necessidade de muito pessoal qualificado para as obras da Petrobras, de ampliação do porto, da ponte Santos Guarujá, e outras. Nakai, autor do requerimento aprovado pela Câmara Municipal de Santos que resultou na homenagem pelos 75 anos do SindusCon-SP, destacou a importância da construção e se colocou à disposição do setor para trabalhar pelo desenvolvimento do município. disposição para ajudá-los em sua visita ao Brasil. Quan informou que estava realizando contatos para sua empresa em uma série de áreas, como construção de Genioli, Quan, Benevides, Stannius e Asdente, no sindicato arenas esportivas, de ferroEconômico da África do Sul, Jacob Moatvias e mineração. Já Stannius she, o assessor comercial Mark Rabbitts disse que em breve serão construídas as e o presidente regional do Sinaenco, José primeiras casas com a tecnologia de sua Roberto Bernasconi. Na ocasião, Sindusempresa em Fortaleza e Recife. Ambos Con-SP e Sinaenco ratificaram o objetivo receberam exemplares da revista Notícias comum de fortalecer o setor e reiteraram a da Construção, com a reportagem sobre disposição de dedicar ao Consulado Geral a viagem da Missão Técnica. da África do Sul o mesmo apoio recebido Para organizar a recepção aos empara a organização na bem-sucedida Mispresários, Benevides havia recebido são Técnica realizada em abril àquele país. anteriormente no SindusCon-SP o cônsul Ishikawa toma posse no CPN A capacitação do trabalhador dentro do canteiro de obras, inclusive com aprendizado prático sobre a Norma Regulamentadora 18 (que dispõe sobre saúde e segurança do trabalho na construção), foi defendida pelo vice-presidente do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, ao tomar posse na coordenação do CPN –Comitê Permanente Nacional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho da Indústria da Construção, em agosto, no SindusCon-SP. Na posse, a dedicação de Ishikawa à questão da saúde e segurança do trabalhador recebeu elogios de vários presentes, entre os quais o presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Antonio Carlos Mendes Gomes. Elevar o padrão Com a participação de 33 membros do comitê de todo o país representando a construção, o governo e os trabalhadores, a reunião debateu a necessidade de uma elevação no padrão de qualificação da formação profissional dos trabalhadores. “É preciso treinar e capacitar o pessoal com relação à NR-18. Estamos fazendo a qualificação por meio do Senai e em breve deveremos iniciar um programa de elevação do conhecimento. Trabalhadores e empregadores devem se unir para pressionar o Sistema S a trabalhar nessa direção, capacitando nos canteiros”, disse o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe. Segundo ele, o fato de muitos formandos do Senai acabarem indo trabalhar como autônomos ou informais lança um novo desafio. “Possivelmente a saída seja o estabelecimento de uma remuneração por produção, porque hoje o trabalhador não tem estímulo para trabalhar como horista”, comentou. Watanabe concordou com a ideia, lançada na reunião, de se criar uma estrutura de ensino voltada especificamente à formação de trabalhadores para a construção civil. Na Espanha, por exemplo, uma instituição dessas funciona sob gerenciamento de empregadores e trabalhadores. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 35 Desafios no canteiro Como na escola de samba José Carlos de Arruda Sampaio * A ordem traz o progresso ou o progresso gera a ordem? Alguns canteiros de obras não são organizados no Brasil porque ainda não atingimos o progresso necessário para se manterem em ordem de forma automática? Ou por falta de ordem não alcançamos o progresso neles? Se analisarmos o processo criativo em empresas como Google, nas quais pessoas sentadas em almofadas geram pequenas idéias que trazem milhões de dólares de retorno, conclui-se que muita ordem pode dificultar o progresso. Por outro lado, como trabalhar num canteiro onde a bagunça pode gerar acidentes graves, doenças ocupacionais e outras situações que comprometem o planejamento das atividades, atrasam os prazos e aumentam os custos? Grande parte das obras mantém programas de 5S’s que não duram mais de seis meses. Profissionais conservadores não se sensibilizam sobre a importância que o ambiente de trabalho tem nos resultados do empreendimento e na condução dos negócios. Mas as escolas de samba realizam um primoroso trabalho e quase todas conseguem uma nota final bastante elevada. Elas usam o ciclo do PDCA de Deming para a realização do desfile, sem saber teoricamente do que se trata. Ao “Planejar”, essas escolas definem o objetivo maior (“ser a melhor”), as metas quanto a definição do samba enredo, preparação do pessoal, da bateria e dos figurantes. Estabelecem as metodologias para a afinação dos instrumentos, organização e treinamento, realização de ensaios semanais para a porta-bandeira, passistas e comissão de frente. Um mínimo erro e lá se foram as chances da escola. 36 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Se o gestor do contrato progredir, haverá ordem nos canteiros de obras Ao “Executar”, elas desfilam conforme os parâmetros preestabelecidos: tempo, ritmo, harmonia e enredo, e há um trabalho imenso do “Verificar” os resultados, observar os desvios e eliminá-los, na confecção das fantasias e carros alegóricos conforme enredo, na qualidade do som e dos instrumentos de percussão, no tempo de preparação de cada ala, na harmonia da bateria, no conhecimento da letra e música do samba, nas fantasias e adereços, nas reuniões mensais de avaliação e no cumprimento do cronograma. Intriga que mais de 50% dos figurantes chegam no dia do desfile, não conhecem ninguém do grupo e desfilam por mais de uma hora entre outras pessoas que nunca viram antes. Como o ciclo do PDCA dá certo entre pessoas que não têm a mesma classe social, nível intelectual, habilidade em sambar, e compromisso com a escola? É que quando chegam carregam dentro de si o entusiasmo, o desejo de vencer, de participar com garra e determinação e obedecem totalmente aos chefes de ala. Da mesma forma, o ideal é termos um canteiro de obras projetado e construído de forma correta quanto ao conforto, logística, segurança do trabalho e meio ambiente, e que cada profissional tenha a informação de que ali só trabalhará se houver total cumprimento das regras, manutenções das condições do ambiente de trabalho e que não será tolerada nenhuma situação de risco no desenvolvimento dos serviços. Todo o rigor ao atendimento das normas, regras e recomendações deve ser continuamente cobrado pelo gestor do contrato, que deve dar o exemplo e não permitir a desorganização. Vários exemplos deram certo em dezenas de canteiros. Se as condições forem melhores do que se espera e houver gerenciamento efetivo sobre elas, os canteiros estarão sempre organizados, independentemente do nível do pessoal operacional que ali trabalhe. Quanto à pergunta inicial, será preciso mais progresso de nossos gestores para que a ordem se estabeleça automaticamente em nossos canteiros. * Consultor de empresas e diretor da JDL Qualidade, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge .br : [email protected] para esta coluna REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 37 regionais Regional visita prefeito de Santos O diretor da Regional Santos, Ricardo Beschizza, e o diretor adjunto, Luiz Antônio Paiva dos Reis, fizeram uma visita de cortesia ao prefeito de Santos, João Paulo de Tavares Papa, em julho. Beschizza e Reis acompanharam o presidente do Secovi-SP, João Crestana. Laerte Temple, Luiz Reis, Beschizza, Crestana, João Papa, Domingos Oliveira, Renato Monteiro, Carlos Camargo e Becharra Neves, na sede da prefeitura Crestana participou do Encontro Secovi do Mercado Imobiliário da Baixada Santista, realizado com o apoio da Regional na Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, e proferiu palestra sobre o futuro do mercado imobiliário. “Ele visitou Santos também para verificar o estágio de desenvolvimento imobiliário em que se encontra a cidade após a chegada da Petrobras, em consequência da descoberta de novos poços de petróleo e gás na Bacia de Santos”, disse Beschizza. (Giselda Braz) Ciesp-Sorocaba festeja Piedade terá A vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, Maristela Honda, participou do jantar que comemorou os 60 anos do Ciesp em Sorocaba. O evento, ocorrido em julho, reuniu 700 pessoas, entre autoridades, empresários e convidados. Na ocasião, o ex-presidente do Fiesp/Ciesp de São Paulo, Paulo Skaf, foi homenageado com uma placa de agradecimento pelo apoio e parceria ao Ciesp de Sorocaba. (NP) Construtoras da Baixada investem em qualidade A necessidade imediata de aplicação do controle de qualidade, visando à redução do custo da construção e ao aumento da durabilidade das obras, fez a Regional Santos receber em agosto, em sua sede, o conselheiro do SindusCon-SP Roberto José Falcão Bauer, que proferiu a palestra técnica “Controle de Qualidade”. “O evento foi um sucesso, porque Falcão Bauer (em pé) mostra vantagem do controle 38 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO além da crescente exigência de mercado, qualidade é um tema que desperta grande interesse nos empresários. A Regional Santos é uma peça do SindusCon-SP empenhada no trabalho de aprimoramento, atualização e reciclagem dos engenheiros”, comentou o diretor Ricardo Beschizza. Com a mesma preocupação, a Regional levou à Riviera de São Lourenço, em agosto, o seminário Segurança e Saúde no Trabalho, destinado aos engenheiros e mestres. “A palestra foi voltada à prevenção de acidentes em elevadores e em altura, além da preocupação com os resíduos da construção.” (GB) qualificação A Regional Sorocaba do SindusConSP, em parceria com o Senai de Alumínio e a Prefeitura de Piedade, implantará um curso de qualificação naquela cidade. De acordo com o diretor da Regional, Ronaldo de Oliveira Leme, o curso será relevante porque a construção é um dos segmentos que mais vagas oferecem, mas se ressente da falta de profissionais. A parceria foi firmada durante reunião em Alumínio, entre o coordenador da Regional, José Sarraccini Jr.; o diretor do Senai local, Alcebíades Ramires; o agente de treinamento do Senai, Adriano Secco; o diretor de Ação Social de Piedade, Cristóvio Domingues, e o vereador Geraldo Camargo, de Piedade. Também participou o vereador Izidio de Brito Correia, de Sorocaba, que levou à Regional a solicitação da Prefeitura de Piedade. O Senai fornecerá o corpo docente e o material didático, ficando o SindusConSP responsável pelos insumos e a Prefeitura de Piedade pela disponibilização do local. “Depois de avaliar o resultado deste curso-piloto, daremos continuidade às outras modalidades”, afirmou Adriano Secco. (Nerli Peres) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 39 Nova unidade do Seconci-SP chega a Ribeirão Ribeirão Preto tornou-se em agosto a nona cidade do Estado de São Paulo a receber uma unidade do Seconci-SP. Participaram da inauguração, entre outros, o presidente da entidade, Antonio Carlos Salgueiro de Araújo; o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; o diretor da Regional Ribeirão Preto, José Batista Ferreira; o secretário municipal de Obras Públicas, Abranche Fuad Abdo, e o vereador André Luís da Silva. “Chegamos a Ribeirão atendendo a um pedido dos empresários, em especial Batista, Watanabe, Araújo e Costa, na inauguração da unidade do SindusCon-SP, na certeza de que daremos um grande passo no atendimento aos trabalhadores da construção civil”, afirmou Araújo. Segundo ele, o Secon ci-SP vai oferecer atendimento médico ambulatorial e odontológico, assim como todos os programas de Medicina Ocupacional e Engenharia de Segurança exigidos pelo Ministério do Trabalho. “Tenho certeza de que todos os empresários do setor terão um apoio muito grande desta nova unidade. É mais um enorme passo que damos no atendimen- Em nova sede, Campinas discute tributos abusivos O novo escritório da Regional Campinas do SindusCon-SP sediou em agosto reunião com os representantes da diretoria e associados, para debater a questão do ISS e outras cobranças consideradas abusivas, como a taxa de uso de subsolo para ligações de energia elétrica. De acordo com a legislação, a tarifação deve incidir sobre a concessionária e não sobre os consumidores. Decidiu-se reunir outras entidades para definir as formas de ação. A reunião também contou com a participação da assessora jurídica do sindicato, Rosilene Santos. Em relação ao ISS, ela recomendou aguardarem-se as providências a serem adotadas em nível nacional pelo SindusCon-SP sobre o assunto. O tema voltará a ser debatido nas próximas reuniões. “O importante é a participação de todos da diretoria para que nosso sindicato se fortaleça cada 40 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO vez mais”, afirma o diretor da Regional, Luiz Cláudio Amoroso. “A presença de todos fortalece a entidade e facilita a busca por soluções para as questões do setor.” Atrair investimentos Amoroso participou em agosto de missão comercial pelo Nordeste, em parceria com a Prefeitura do município, com o objetivo de atrair investimentos e turistas para a região. Para o diretor adjunto da Regional, Marcelo Goraieb, “esse modelo de missão amplia as possibilidade de acordos e parcerias, já que há um volume grande de obras no Nordeste em que as empresas de Campinas podem investir”. Ele também destaca o fortalecimento do SindusCon-SP como entidade parceira na atração de investimentos para a região de Campinas. (Vilma Gasques) to dos trabalhadores da construção, que são nosso maior patrimônio”, afirmou Watanabe. O diretor da Regional ressaltou que a unidade também vai ajudar a desafogar a rede pública de saúde, oferecendo atendimento que poderá ser extensivo aos familiares. “O sistema público de saúde é carente, por isso nos mobilizamos para oferecer medicina e saúde preventiva de qualidade aos trabalhadores e às empresas da construção”, disse Batista. (Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin) Minha Casa terá primeiras unidades O diretor da Regional Ribeirão Preto, José Batista Ferreira, participou em agosto da solenidade que anunciou a construção de 312 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. O evento aconteceu na Prefeitura de Ribeirão Preto. Em seus discursos, a prefeita Dárcy Vera, o presidente da Companhia Habitacional, Rodrigo Arenas, e o superintendente da Caixa, Luís Figueiredo, ressaltaram a importância do apoio do SindusCon-SP ao desenvolvimento dos projetos no setor. (MJ e APP) PSS realiza reunião Para melhorar as condições dos canteiros de obras, o Grupo de Trabalho do Programa SindusCon-SP de Segurança reuniu-se em agosto na Regional Ribeirão Preto. Participaram, entre outros, o diretor José Batista Ferreira; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Carlos Miranda; e o auditor do trabalho Édson Bin. (MJ e APP) Santo André tem intensa programação de cursos A Regional Santo André do SindusCon-SP e o Senai realizaram em julho um curso de gestão em segurança e saúde do trabalho para engenheiros e técnicos da Geribello Engenharia. Segundo o diretor-adjunto da Regional, Ricardo Di Folco, quanto mais empresas treinarem seus funcionários, maior será o benefício para todos. “Dessa forma, cresce a consciência do trabalhador sobre segurança.” O diretor-superintendente da construtora, Marcos de Carvalho Geribello, afirmou que uma das atribuições mais importantes nos contratos da empresa é verificar o atendimento à segurança no trabalho nas obras. “Temos obrigação de garantir que o contratante não vá enfrentar problemas neste quesito”. Segundo a diretora de Qualidade e Desenvolvimento da Geribello, Maria Amalia Sá Moreira, “a parceria com o SindusCon-SP e o Senai permitiu tornar esses treinamentos mais convincentes, pois o técnico visitou obras nossas e apresentou evidências e exemplos (bons e ruins) facilmente entendidos pelos engenheiros e técnicos.” Ponto eletrônico A Regional Santo André realizou em julho o curso Jornada de Trabalho e as Novas Regras para o Registro Eletrônico de Ponto (REP). Segundo a auxiliar de Departamento Pessoal da Consladel Construtora, Alba Lúcia Neves de Lima, “o curso possibilitou dirimir todas as dúvidas para a implementação do sistema.” Os Geribello também participaram do treinamento Já a assistente de Departamento Pessoal da Empresa Nacional de Sinalização, Rita de Cássia Alves Feliciano, considerou o curso muito esclarecedor. “Utilizamos o sistema digital e tínhamos intenção de migrar para o ponto eletrônico; esclarecemos as dúvidas e optamos pelo sistema mecânico.” No lucro Em agosto, a Regional promoveu o curso Lucro Real e Lucro Presumido, com o palestrante Wagner Mendes. Para o diretor-adjunto, Ricardo Di Folco, um dos participantes, o curso tornou a contabilidade um pouco mais fácil para quem não é contador. “O palestrante nos deu boas noções para nos balizarmos na nossa empresa.” (Sueli Osório) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 41 marketing Os marqueteiros prevalecem Antonio Jesus de Britto Cosenza * U m aluno me perguntou quando Marketing, no Brasil, seria uma disciplina séria, sem a galhofa que se lê e se ouve na mídia. Para responder, busquei a perspectiva histórica. Fomos colonizados por predadores que vieram para cá em busca de riqueza fácil, prazeres e liberdade. Muitos eram condenados ao desterro. Essa herança histórica só se modifica com a colonização do Sudeste e do Sul do país. Marketing é uma atividade que se adapta à cultura local, aos hábitos e atitudes do mercado, ou seja, da população que realiza transações comerciais para satisfazer suas necessidades de sobrevivência e, depois, de segurança, de convívio social, de autoestima e de autorrealização (Abraham Maslow, 1908-1970, USA). É uma área de conhecimento que não se originou na academia, mas foi para a lá como resultado de best practices de mercado. Reflete desse modo, o modus vivendi do mercado em que atua. Tanto é verdade que o conceito de mar keting, chamado indevidamente pela AMA de definição, muda de tempos em tempos. Não quero opinar se isso é uma evolução ou não. Apenas constato a mudança que ocorre. A última “definição” vige desde 2008. Nesse contexto, cada nação tem o mar keting que reflete sua postura, sua cultura. A compreensão do que ele seja, no Brasil, e o uso que aqui se faz dele, estão diretamente relacionados à cultura brasileira, aos hábitos e atitudes de sua população. Se a corrupção é a regra do jogo, as estratégias de marketing vão privilegiar a falcatrua. Se a mentira é a postura de momento, as táticas de marketing vão dar ênfase à enganação e aos discursos vazios. Se a esperteza e a “malandragem” (compor- 42 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Se os líderes só preferem a imagem, o marketing irá na mesma direção tamento eminentemente brasileiro, com certidão de nascimento de seu aperfeiçoa mento) são confundidas com diplomacia, as atividades de marketing vão privilegiar a veia diplomática. Cenário nebuloso e desanimador. Quando a liderança eleita, pela juventude, prestigia a imagem e não o conteúdo, as atividades promocionais de marketing farão o mesmo. O ilusionismo se transforma em realidade –“eu vi na TV”, “eu vi na internet”–, as metáforas se transformam em fatos e as percepções se transformam em realidade. Há falta de perspectiva. Há ausência de objetivos. Há carência de escopos claramente definidos. Pergunte a um jovem sobre as ambições para o futuro pessoal e profissional dele e teremos como respostas o “ter” e não o “ser” –“eu quero ter isso ou aquilo” ganha o espaço do “eu quero ser isso ou aquilo”. O Big Brother adquire status de conversa social com opiniões acaloradas sobre a disputa. Não há mais espaços para análises políticas, econômicas ou sociais. As denúncias e as transgressões policiais ocupam todo o tempo da mídia em manchetes. Perde-se a capacidade analítica e a crítica que transformam os dados (eventos) em informação e geram o conhecimento. O processo educacional –fruto de explanação e argumentação lógica e analítica– cede lugar ao processo de construção de imagens vazias, mas esteticamente aceitas. Os debates são substituídos por uma oratória de fachada. E tudo, em nome e sob a égide do marketing. Como esperar que marketing, no Brasil, seja uma disciplina séria, sem a galhofa que se lê e se ouve na mídia? Difícil imaginar que nessa área geográfica “paradisíaca”, os profissionais de marketing substituirão os “marqueteiros”. Falta liderança e escopo para tanto, assim como faltam esses dois atributos na condução do destino político dos países da América Latina. Cada país tem..... que merece.....! * Consultor de empresas e professor da EAESP FGV e da BBS ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna om.br aeassociados.c nz cosenza@cose REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 43 JURÍDICO Calote legal Aline Zucchetto * A Emenda Constitucional (EC) 62, de 9/12/09, foi noticiada como sendo a “PEC do Calote”. Não foi à toa, na medida em que, deixando importantes lacunas para a regulamentação, concedeu prazo de até 15 anos para a quitação de precatórios devidos pela União, Estados e Municípios. Mediante a criação de mecanismos como destinação de parcela mínima da receita líquida, leilões às avessas (com deságio), compensações compulsórias e acordos, criou-se um conjunto de fórmulas um tanto quanto “mágicas” que “serão cumpridas” para zerar o estoque de precatórios não pagos nas datas anteriormente fixadas pela Constituição Federal (CF). Em 29/6/10, veio a Resolução 115 do Conselho Nacional de Justiça, que dispôs sobre a Gestão de Precatórios no âmbito do Judiciário. Aspectos positivos: criação de um Cadastro de Entidades Devedoras Inadimplentes (Cedin) para aquelas que não realizarem a liberação tempestiva dos recursos, padronização dos formulários para a expedição de ofício requisitório, lance mínimo para aquisição do precatório em leilão de 50% do valor do precatório, acordos diretos com os credores a serem realizados perante uma câmara de conciliação (cuja criação deverá ser feita por lei). Uma das previsões normativas quiçá mais preocupantes é a constante do §9º do art. 100 da CF, com a redação da EC 62/09, que previu uma espécie de “compensação compulsória”, sem que ao contribuinte seja assegurado o direito ao contraditório: “No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor 44 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Espera-se que os precatórios sejam pagos no mais tardar em 15 anos correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial”. Embora a Resolução do CNJ tenha tentado contornar a ausência do contraditório estabelecendo um prazo de dez dias para o credor do precatório se manifestar, depreende-se do art. 6º da Resolução que a compensação ficará ao arbítrio do juízo da execução antes do encaminhamento do precatório ao Tribunal quando o contribuinte tiver uma dívida cuja exigibilidade não esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. Inúmeras são as ocorrências de créditos “líquidos e certos” que, em verdade, são indevidos, seja porque houve a decadência, seja por terem prescrito. No entanto, a prevalecer tal normatização, a discussão será deslocada, por exemplo, de uma execução fiscal, para o juízo do crédito do contribuinte. Ademais, a EC 62 apresenta reflexos no Código Tributário Nacional, na medida em que “reescreve” o art. 156 para retirar o efeito da suspensão da exigibilidade do crédito das hipóteses de parcelamento, obrigando o contribuinte a se submeter ao abatimento das parcelas vincendas antes mesmo da expedição do precatório, ainda que prefira pagar sua dívida de forma paulatina. Independentemente do desfecho a ser dado à ADI 4357/09, que questiona a constitucionalidade da referida emenda, espera-se que as “fórmulas mágicas” surtam os efeitos desejados para que todos os detentores de precatórios sejam efetivamente pagos no mais tardar, em 15 anos, sob pena de não mais merecerem fé as obrigações dos entes públicos, enfraquecendo-se o Judiciário, pois de nada adianta vencer a causa e jamais experimentar o efeito econômico da vitória. * Sócia do escritório Zucchetto Advogados Associados, Mestre em Direito Tributário pela PUC/SP, Bacharel em Contabilidade pela Fecap SP, Conselheira do Conselho Municipal de Tributos de São Paulo e do Conselho Jurídico do SindusCon-SP. ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna v.br .ad tto he az@zucc REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 45 PREVENÇÃO E SAÚDE Dengue: alerta geral Angela Nogueira Braga da Silva * F alar sobre dengue é recorrente, mas diante do aumento alarmante do número de casos no Brasil, este assunto não pode nem deve sair das nossas conversas e ações do dia a dia. Os motivos são claros, pois ainda conviveremos com essa doença por muitos anos, uma vez que as condições atuais –meio ambiente, aglomeração urbana, coleta inadequada do lixo, hábitos da população– contribuem para a criação e manutenção do mosquito transmissor. Resgatando um pouco da história, existem registros de casos de dengue no país desde 1851. Entre essa data até 1980, o vetor da doença, a fêmea do mosquito Aedes Aegypti, foi praticamente eliminado. Mas houve a reinstalação em 1967, e a volta com força total a partir dos anos 80. Embora seja uma doença típica de verão, o problema vem persistindo durante todo o ano, até porque as variações climáticas têm contribuído amplamente para a formação de criadouros. Um exemplo recente é o dos Estados de Alagoas e Pernambuco. Depois das enchentes que assolaram cidades inteiras, trazendo destruição e deixando milhares de desabrigados, a dengue vem fazendo suas vítimas em progressão geométrica. No período de 3 de janeiro a 10 de julho deste ano, foram confirmados 18 mil casos de dengue em Alagoas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Esse número representa um aumento de cerca de 800% nos casos confirmados da doença, em relação ao mesmo período de 2009. Mas não é só na região Nordeste que a dengue tem se alastrado. Em Ribeirão Preto, no interior paulista, somente este ano foram confirmados quase 27 mil 46 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Varredura nos canteiros permite erradicar focos do inseto transmissor casos, tornando-se a pior epidemia da história da cidade. Diante desse quadro tão preocupante, a constatação: segundo a Secretaria da Saúde do município, 80% dos criadouros estão dentro de casa. Para reduzir a incidência e eliminar os focos da dengue, a Justiça teve que intervir expedindo ordens judiciais para garantir o ingresso dos agentes de saúde em casas fechadas ou naquelas em que os moradores não permitem a entrada. A disseminação da informação continua sendo a principal arma para combater a doença. De nossa parte, o Seconci-SP tem clara a missão de cuidar da saúde do trabalhador da construção e a importância de promover ações educativas, ministrando palestras sobre o controle e combate à dengue, tanto nas salas de espera das nossas unidades de atendimento, como nas empresas. Um bom exemplo desse trabalho foi o que ocorreu no mês de maio. A pedido de uma grande construtora, realizamos palestras em todos os seus canteiros de obra na capital e no interior do Estado. A preocupação com a dengue foi reforçada, pois um de seus funcionários morreu em razão da doença e muitos outros acabaram também sendo infectados. Foi um exercício muito produtivo, visto que no local tivemos a oportunidade de fazer uma ação mais dirigida. Além das orientações, fizemos uma pequena varredura nos canteiros, apontando os criadouros existentes, desde um simples copo de café esquecido no canto, até o poço do elevador tomado de água. Constatamos que muitos sabiam da importância de secar a água parada, mas o nosso compromisso naquele momento era lembrá-los. Há uma distância entre conhecer as causas e colocar em prática ações de prevenção, por isso o nosso papel é lembrar os funcionários de não esquecerem da responsabilidade de cada um de acabar com os criadouros, em casa, no local de trabalho e na comunidade e, principalmente, de que um simples e pequeno mosquito pode matar. * Coordenadora de Serviço Social do Seconci SP, pós-graduada em Administração Hospitalar, com MBA em Gestão de Pessoas e Gestão Es- tratégica do Terceiro Setor ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna conci-sp.org.br se comunicacao@ REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 47 SOLUÇÕES INOVADORAS Argamassas decorativas Ercio Thomaz * C omo proteção das fachadas, mas principalmente para embelezá-las, o consumo das argamassas decorativas industrializadas vem crescendo, principalmente no Sudeste. O emprego ocorre particularmente na cidade de São Paulo, onde os estilos “clássico” e “neoclássico” são consagrados pelos arquitetos e consumidores, talvez em decorrência de certo saudosismo das mansões dos barões do café, quase todas destruídas. Obras emblemáticas com fachadas em argamassa decorativa, com 60 anos ou mais, ainda estão presentes e bem conservadas na capital paulista, como o Teatro Municipal (1911), o edifício CBI/Esplanada (1948, antiga sede do Automóvel Clube) e o antigo prédio da Light no Viaduto do Chá (1941), muitas delas revestidas ou restauradas com o talento do saudoso Moacyr Longo, fundador da Durex, a mais tradicional empresa brasileira do setor ainda em operação. De lá para cá, muita coisa mudou. As modernas argamassas decorativas cimentícias incorporam agregados graníticos e dolomíticos com cuidadosa seleção granulométrica e de cores, cimentos e cales de elevada pureza, pigmentos inorgânicos de última geração, aditivos plastificantes, incorporadores de ar e retentores de água, adesivos, hidrofugantes e fungicidas. Aplicados originalmente sobre camada regularizadora de emboço, com espessura em torno de 5 ou 6mm, esses revestimentos evoluíram para camadas únicas, mais espessas (monocamada ou monocapa, com espessuras entre 15 e 30mm), e Modernos, esses insumos requerem cuidados para um bom desempenho para camadas extremamente finas, sendo nesse caso os agregados aglutinados com resinas acrílicas, estirenos e outros (constituindo as chamadas massas texturizadas poliméricas). Independentemente da formulação, na escolha do sistema de revestimento das fachadas deverão ser consideradas, além dos custos, prazos e necessidades operacionais, diferentes exigências de desempenho, incluindo: • estanqueidade à água; • resistência a atmosferas agressivas, principalmente para obras em regiões com intenso tráfego de veículos, possibilidade de chuvas ácidas e outros; • facilidade de limpeza/manutenção, principalmente para obras em regiões com intenso tráfego de veículos, poluição atmosférica etc.; • boa estabilidade de cor sob ação dos raios ultravioletas; • bom poder de cobertura, capacidade de disfarçar imperfeições da base; • relativa capacidade de acomodar deformações higrotérmicas da base; • relativa capacidade de recobrir fissuras da base, sem refleti-las; • boa aderência com a base; • não favorecer proliferação de fungos ou bactérias; • não apresentar manchas decorrentes da formulação ou da aplicação; • colaborar, na medida do possível, para a resistência ao fogo, isolação térmica e acústica das fachadas. No caso das argamassas cimentícias, com espessura da ordem de 5 ou 6mm, verificam-se as seguintes características principais: regular capacidade de absorver irregularidades da base; emendas devem ser executadas em frisos ou outros detalhes; necessitam eficiente treinamento da mão de obra e aplicação cuidadosa; apresentam riscos de formação de manchas em função da fabricação e da forma de aplicação; quantidade considerável de poeira gerada nos acabamentos raspados (exigindo cuidados na proteção de logradouros e obras vizinhas, autos Massa texturizada não disfarça destacamento entre alvenaria e pilar; alguns acabamentos de massas decorativas; detalhe de fachada revestida com travertino REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Foto: Construtora Eztec Foto: Art Spray Foto: Ercio Thomaz 48 Foto: Wikipedia Foto: Hospital Santa Catarina Fachada do Hospital Santa Catarina, revestida com argamassa monocapa; no centro de São Paulo, fachada em argamassa decorativa do Teatro Municipal Fungos em fachada com argamassa decorativa Foto: Ercio Thomaz recomenda a aplicação em locais sujeitos ao respingamento ou empoçamento de água, incluindo-se aí as bases dos edifícios e as superfícies horizontais de peitoris, platibandas, cornijas, molduras e outros elementos arquitetônicos. A aplicação do material pode ser manual ou por projeção mecânica, não raras vezes uma mistura dos dois: primeira camada aplicada com desempenadeira e a segunda por projeção. Quanto ao acabamento, diversas possibilidades: massa raspada, camurçada, vassourada, espatulada, chapiscada, travertino e outros, sempre a contar com a criatividade dos arquitetos e perícia dos aplicadores. Vale mencionar que, particularmente no caso do acabamento travertino, que não gera poeira decorrente da raspagem, deve ser grande a habilidade do aplicador, pois pequenas variações no amassamento dos picos do chapisco inicial implicarão acentuadas diferenças de textura e cor do revestimento. A durabilidade desses revestimentos estará intimamente associada à qualidade do projeto arquitetônico das fachadas, que deverá prever diversos recursos para absorver tensões e prevenir o escorrimento e a deposição de água: juntas, frisos, bunhas, peitoris, testeiras, pingadeiras, soleiras, cobre-muros, molduras, drenos e outros. Para as argamassas cimentícias, mesmo que constituídas por hidrofugantes e impermeabilizantes de massa, é sempre recomendável após a secagem do material a aplicação de duas hidrofugações, de preferência por aspersão, de silano-siloxano oligomérico, composto de moléculas de tamanho bastante reduzido e grande capacidade de penetração. As fachadas deverão ainda receber constantes operações de manutenção, representadas por hidrolavagem à baixa pressão, reparos localizados, re-hidrofugação ou mesmo aplicação de pintura no caso de revestimentos muito manchados ou descorados. A ausência desses cuidados tenderá a repercutir em extensas formações de fungos nas fachadas, patologia mais frequente nesses tipos de revestimento. Outros problemas relativamente comuns são diferenças de cores/manchas decorrentes da formulação ou aplicação do produto, eflorescências (manchas esbranquiçadas decorrentes de lixiviação de cal hidratada) e microfissuração, sendo raros os casos de descolamentos e desagregações. * Doutor pela EPUSP, pesquisador do IPT, professor na pós graduação do IPT e do Mackenzie. ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna l.com.br uo @ az erciothom Fachada em massa raspada Foto: Construtora São José etc.); mediana capacidade de absorverem fissuração da base; necessitam posterior aplicação de material hidrofugante; necessitam ponte de aderência (chapiscos etc.) no caso de aplicação sobre estrutura de concreto. Para revestimentos monocamada, com espessura da ordem de 15 a 30mm, verifica-se maior capacidade de compensar irregularidades da base e maior poder de disfarçar microfissuras sob o revestimento. As massas texturizadas têm a vantagem da rápida aplicação, não necessitam posterior aplicação de hidrofugante ou impermeabilizante, não necessitam juntas de dilatação ou construtivas, têm pouca propensão à formação de manchas decorrentes da aplicação, de certa forma aceitam emendas/recuperações localizadas, têm boa potencialidade de aderência à base sem necessidade de pontes de aderência. Todavia, não têm a nobreza das argamassas decorativas tradicionais e apresentam as seguintes desvantagens: não conseguem disfarçar irregularidades da base mesmo que pequenas, não preenchem frestas presentes por exemplo entre paredes e batentes de portas, têm média capacidade de absorver fissuração da base, praticamente em nada colaboram para a isolação térmica e acústica da edificação. Num ou noutro caso, mas especialmente para as argamassas cimentícias, não se REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 49 INOVAÇÃO Enfrentando obstáculos Vahan Agopyan * N ovamente respondo a questões de leitores que não se conformam com as dificuldades na im plantação de inovações em suas empresas, colocando até em dúvida se isto é viável. A inovação não é modismo ou algo passageiro, mas sua adoção é a única alternativa para manter as empresas competentes e competitivas num mercado estruturado e globalizado. A partir da estabilização do real, as empresas precisaram se modernizar na gestão e na execução de suas atividades, buscando a máxima otimização dos serviços com novas metodologias de gestão, projeto e execução. A empresa que não o conseguiu num curto espaço de tempo foi excluída do sistema. Por isso, há quase um consenso da importância e necessidade de se implantar inovações nas empresas, nos diversos escalões. Essa busca frenética de assimilar rapidamente as novidades fez crescerem o número e o tamanho das empresas de consultoria e assessoria, para acelerar a apropriação das novas ideias. No entanto, mesmo contando com a decisão da alta administração, com a boa vontade dos escalões intermediários e com o apoio de consultores experientes, a dificuldade da aplicação das inovações é sempre enorme e até inexequível em alguns casos. Por que isso ocorre?, indagam alguns leitores. A situação não é tão negativa. A construção civil no país inovou muito nas últimas décadas, e vem se desenvolvendo em condições satisfatórias, em padrões internacionais. No entanto, toda a alteração de um sistema exige um esforço adicional. Consideremos as dificuldades dos escalões intermediários em assimilar 50 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Introduzir inovação requer estratégia que envolva todo o pessoal da empresa as inovações, quando têm a obrigação de cumprir cronogramas estabelecidos, solucionar problemas pontuais, enfrentar imprevistos, manter a rotina dos serviços e atender às demandas dos clientes internos ou externos (cabe aqui uma ressalva, pois para os gestores e consultores puristas, uma obra bem planejada não terá imprevistos, já que todas as atividades devem estar previamente previstas e estudadas; no entanto, desconheço obra real, por mais planejada que seja, que não apresente imprevistos, logicamente num número bem inferior do que a média das obras). Não se trata aqui de pedir a boa vontade das equipes, elas não têm condições físicas de assimilar essas mudanças sem dispor de um apoio externo efetivo. Além disto, elas precisam de um treinamento adicional, o que implica interromper suas atividades, o que é estressante. Para os gestores dos escalões superiores, acostumados com processos e produtos consagrados, a decisão de mudanças, mesmo que já tenham sido comprovadas como adequadas em outras empresas, traz um desconforto e preocupação adicional, pela incerteza sempre existente. Para o trabalhador em geral, a inovação é um desafio e pode colocar o seu emprego em risco, ou por ele não conseguir se adequar ou por sua função se tornar desnecessária. Os gestores sabem que a introdução de uma inovação na empresa necessita de uma estratégia complexa, iniciando pela coopção e o treinamento dos funcionários, e de uma logística especial que pode implicar a contratação de temporários, além dos consultores, para garantir a transição tranquila do existente para o novo. Algumas construtoras optaram por implantar as inovações a partir de certos canteiros. Isto só é possível quando se tratar de inovações de sistemas construtivos ou de produtos, pois se incluir atividades de gestão ou de projeto pode-se ter problemas, porque a empresa como um todo não terá assimilado a novidade e precisará conviver com duas (ou mais) culturas. * Professor Titular da Escola Politécnica da USP e Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna poli.usp.br n@ vahan.agopya REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 51 52 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Documentos relacionados
“Lei tampão” reaquece a construção em São José - Sinduscon-SP
José Roberto Alves (São José dos Campos) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Paulo Piagentini (Santo André) Ricard...
Leia maisConstrução quer produtividade - Sinduscon-SP
aperfeiçoamento contínuo da construção brasileira. Parabéns à repórter Nathalia Barboza.” Salvador Benevides Diretor de Relações Internacionais do SindusCon-SP
Leia maisLTT - Sinduscon-SP
Conselho Editorial Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Po...
Leia maisCurso mestre-de-obras - Sinduscon-SP
Márcio Benvenutti (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Ricardo Beschizza (Santos) Rogério Penido (São José dos Campos) Sergio Ferreira dos Santos (Santo André)
Leia maisNC_edicao_86 (para Site)
PUBLICIDADE: Vanessa Dupont [email protected] Tel. (11) 3334-5627 [email protected] Tel. (11) 9212-0312 ENDEREÇO: R. DONA VERIDIANA, 55, CEP 01238-010 SÃO PAULO-SP CENTRO DE ...
Leia maisEm Santo André, participação expressiva - Sinduscon-SP
Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto
Leia maisUntitled - Sinduscon-SP
TEREZA CRISTINA PAIÃO, ANDRESSA JESUS DA SILVA/ WEB DESIGNERS PUBLICIDADE: Vanessa Dupont [email protected] Tel. (11) 3334-5627 [email protected] Tel. (11) 9212-0312 ENDEREÇO...
Leia mais