prevenção e protecção das construções contra riscos sísmicos
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prevenção e protecção das construções contra riscos sísmicos
PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS FUNDAÇÃO LUSO-AMERICANA PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS EDIÇÃO Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento DESIGN B2 Atelier Design IMPRESSÃO Textype REVISÃO E ORGANIZAÇÃO DOS TEXTOS Manuel Borges TIRAGEM 600 exemplares Lisboa, Abril 2005 ISBN 972-8654-14-6 DEPÓSITO LEGAL 231 563/05 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Lisboa, 2004 Índice 007 Apresentação Rui Chancerelle de Machete | Presidente do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana 011 Sessão de Abertura Luís Valente de Oliveira | Membro do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana 015 Jorge Costa | Secretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas 023 025 1.ª Sessão A SISMOLOGIA E A DINÂMICA PLANETÁRIA Luís Mendes Victor | Presidente do Instituto de Ciência da Terra e do Espaço 053 Earthquake Hazards in the US and around the World Walter D. Mooney | Senior Research Geophysicist USGS, Menlo Park, CA 071 073 2.ª Sessão Preservation of monumental buildings in seismic areas: vulnerability assessment and rehabilitation techniques Sergio Lagomarsino | Diseg, University of Genoa 085 Design of R/C Structures and Rehabilitation and Protection of Ancient Masonry Buildings in Turkey Mustafa Erdik | Bogazici University, Istanbul 111 Role of Insurance and Reinsurance in Managing Financial Risks Due to Natural CAtastrophic Events Haresh C. Shah | Stanford University Obayashi Professor of Engineering, Emeritus, Founder and Senior Advisor, RMS, Inc., Honorary Member, EERI Weimin Dong | Founder and Chief Risk Officer, RMS, Inc., Member of the Board, WSSI, Inc. 004 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 139 141 3.ª Sessão EUROCÓDIGOS ESTRUTURAIS Eduardo Cansado Carvalho | Investigador – Coordenador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil 155 CURRENT DEVELOPMENTS & FUTURE PROSPECTS OF THE EUROPEAN CODE FOR SEISMIC DESIGN & REHABILITATION OF BUILDINGS: EUROCODE 8 Michael N. Fardis | Department of Civil Engineering, University of Patras, Greece 177 179 4.ª Sessão PREVENTION AND PROTECTION POLICIES AGAINST THE EFFECTS OF EARTHQUAKES Carlos Alberto de Sousa Oliveira | Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Instituto Superior Técnico, Lisboa. Presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica 231 Risco sísmico: acção interventiva do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil Manuel João Ribeiro | Sociólogo. Vice-Presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil 251 253 Sessão de Encerramento 257 Paulo Pereira Coelho | Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna 005 Luís Valente de Oliveira | Membro do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Apresentação [ Rui Chancerelle de Machete | Presidente do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana ] No quadro de uma abordagem sistemática dos grandes riscos que podem afectar a sociedade e o território portugueses – quer naturais quer antropogénicos – a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) organizou um segundo seminário, desta vez sobre os riscos sísmicos. A metodologia, definida pelo Prof. Doutor Luís Valente de Oliveira, foi idêntica à que se usou em relação à prevenção e luta contra os fogos florestais. Começou-se por fazer uma reunião com peritos que nos deram sugestões acerca dos temas a tratar e das pessoas que o poderiam fazer com profundidade e sentido prático. Estamos, naturalmente, gratos a todos quantos contribuíram com o seu saber e com os contactos que nos facultaram para garantir eficácia e rigor ao seminário que organizámos. Foram percorridos os domínios mais relevantes quer para assegurar a protecção das pessoas face às consequências das destruições provocadas por um sismo, quer para a elaboração de planos de emergência que aos níveis local, regional e nacional devem existir e ser devidamente publicitados, de modo a que cada um saiba o que deve fazer em caso de sinistro. Além de técnicos portugueses com créditos firmados na matéria, tivemos o concurso de académicos italianos, gregos, turcos e norte-americanos, todos eles com atributos profissionais conhecidos e com grande prática no tratamento dos capítulos que abordaram. 007 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Tal como o anterior seminário, este despertou o interesse dos especialistas que acorreram em grande número. A verdade é que, depois da sua realização, algumas autarquias já decidiram elaborar planos de emergência contra os efeitos dos sismos, para os seus concelhos. A publicação dos textos ou conjuntos de diapositivos apresentados visa prolongar o efeito do seminário. Além do registo do que foi dito, o propósito é, especialmente, pôr nas mãos das entidades responsáveis ou dos profissionais interessados, a informação relevante sobre a matéria tratada que pode remeter para estudos complementares, ajudando dessa forma a robustecer a capacidade de ambos. Estamos gratos a todos os participantes: aos que expuseram e aos que ouviram, intervindo no sentido de esclarecer melhor o que foi dito. Esperamos que esta iniciativa tenha contribuído, também neste domínio, para tornar a sociedade portuguesa mais segura e mais informada, dessa forma assegurando a minoração das consequências de um desastre natural de que, infelizmente, não estamos livres que ocorra. 008 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 12 de Novembro, 2004 Sessão de Abertura [ Luís Valente de Oliveira | Membro do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana ] Depois de termos realizado um programa, com várias componentes, sobre a prevenção e combate aos fogos florestais, decidimos aplicar a mesma forma de abordagem a outros riscos que impendem sobre a vida e os bens dos nossos concidadãos. Surge, assim, como segundo tema, a prevenção e protecção das construções contra os riscos sísmicos. Começámos por reunir um conjunto de personalidades que connosco discutiram os temas a tratar, sugerindo nomes de especialistas para os analisar. Estou muito grato aos intervenientes nessa estimulante sessão, onde ficou praticamente desenhado o esquema deste nosso dia de trabalho. E estou particularmente reconhecido aos Senhores Professores Mendes Victor e Sousa Oliveira pela colaboração subsequente na escolha dos nossos convidados. A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento pretende ver abordados em sessão como esta, ou sob outras formas, os principais riscos a que estão sujeitas as populações. Alguns são naturais, como é o caso dos sismos ou das grandes chuvadas e cheias subsequentes. Outros têm uma intervenção humana muito nítida, como é o caso dos fogos florestais ou dos acidentes rodoviários ou, ainda, das catástrofes ambientais provocadas pelo derrame de hidrocarbonetos no mar. 011 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Pretende a Fundação promover reflexões sobre os principais riscos, numa perspectiva prática, ajudando a incrementar a prevenção e protecção contra os efeitos dos acidentes que podem ocorrer. O nosso objectivo é contribuir para tornar a sociedade portuguesa mais segura, no plano pessoal e no plano material. A segurança, todavia, previnese mais do que se garante após os acidentes terem acontecido. Com as poucas excepções dos acidentes com causas naturais, a maior parte dos outros são causados pelo Homem, por incúria ou por ganância. Quando se atenta contra a Natureza, ela costuma vingar-se. Por isso convém conhecer as consequências potenciais das actuações negligentes e, também, as que são determinadas por factores que não comandamos, como é o caso dos sismos. A lógica de organização do nosso dia de trabalho é começar por caracterizar o fenómeno, encontrando as explicações que o estudo da ciência fornece para a sua ocorrência. Na segunda sessão pretendemos ver de que forma se pode proteger as construções, precavendo-nos, fazendo construções resistentes ao tipo de solicitações que os sismos determinam. Distinguir-se-ão os casos das construções novas daquelas que foram erguidas quando ainda não se sabia o suficiente sobre a natureza das solicitações sísmicas, mas que têm de ser protegidas caso elas ocorram. Tem havido enormes progressos científicos e tecnológicos, tanto na avaliação das causas, como na concepção das formas e dimensões estruturais. Muitos dos conhecimentos adquiridos permitiram a definição de normas a que devem obedecer as construções, tendo-se já codificado os preceitos correspondentes, no espaço da União Europeia. Por isso, teremos uma sessão exclusivamente dedicada aos chamados Eurocódigos, no que respeita ao domínio da protecção contra os efeitos dos sismos sobre as construções. Finalmente, abordar-se-ão as políticas de prevenção e protecção contra os sismos. Pretende-se chegar à formulação de planos de emergência, nos quais esteja definida a intervenção reservada aos agentes que têm de curar delas e onde também se vejam especificadas normas que devem ser conhecidas da população em geral, para que cada um saiba o que deve fazer e, especialmente, o que não deve fazer, em caso de ocorrência de um sismo. 012 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS A Fundação Luso-Americana está grata aos palestrantes deste Seminário pelo trabalho que desenvolveram no sentido de transmitir a todos os mais recentes conhecimentos e as mais apropriadas recomendações. Está reconhecida, também, aos participantes que acorreram em número tão expressivo. E, finalmente, quer agradecer ao Senhor Secretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas que, como Engenheiro, se interessa especialmente por estas matérias mas que, como membro do Governo, veio conferir maior relevância pública e política a este nosso encontro. 013 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS [ Jorge Costa | Secretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas ] Começo por felicitar a FLAD pela iniciativa e pela oportunidade, num momento em que o Governo tem em desenvolvimento um conjunto de propostas legislativas para o sector dos projectos e da construção, como veremos mais adiante. E agradeço à Fundação Luso-Americana o honroso convite para estar presente nesta iniciativa de grande relevância científica, onde participam reputados especialistas nacionais e estrangeiros, oriundos de Universidades e Institutos reconhecidos a nível internacional pelas pesquisas feitas nesta área. É importante para Portugal a organização de uma iniciativa deste género, não só pelo acréscimo de conhecimento sobre a natureza destes fenómenos como pela sensibilização da sociedade civil para os riscos inerentes aos acontecimentos sísmicos, e assim estar melhor preparada para, caso aconteçam, minimizar, o mais possível, os seus efeitos. Os sismos são fenómenos cíclicos e perante a sua inevitabilidade é necessário que as entidades públicas mais directamente ligadas à questão, nomeadamente as que têm responsabilidades nos sectores da Protecção Civil, do Ordenamento do Território, das Obras Públicas, dos Transportes e das Forças de Segurança, estejam devidamente habilitadas a lidar com os seus efeitos e que, entretanto, contribuam para a prevenção e controlo dos riscos associados a um evento desta natureza. 014 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 015 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Naturalmente, o cenário de Lisboa em 1755 regressa sempre que se discute este assunto. Surpreendemo-nos com a magnitude de oito na escala de Richter, do dramatismo consequente, dos efeitos devastadores na população e na cidade de Lisboa e da posterior reforma pombalina. Outro, mais recente, de 1 de Janeiro de 1980, no Grupo Central, Açores, com a magnitude de 7.0, colocou em ruínas mais de 60% do património construído na cidade de Angra do Heroísmo, provocou dezenas de mortos e 15 mil desalojados. Mas as simples narrações históricas são insuficientes. Devemos retirar ilações, aprender com os erros e omissões e elaborar estratégias e planos sectoriais de contingência prospectiva para que no futuro as cidades do País não sejam surpreendidas por falta de preparação, como aconteceu com Lisboa em meados do século XVIII e Angra do Heroísmo nos finais do século XX. Sabemos que a dimensão e a gravidade dos efeitos de um sismo resultam em simultâneo da intensidade da acção sísmica e da vulnerabilidade dos elementos expostos. Ou seja, o risco será tanto maior quanto maior for o grau de violência com que se manifesta, bem como pela presença de vários factores que, em conjunto, aumentam o seu grau de destruição: entre outros, o número de edifícios com insuficiente resistência sísmica de raiz ou em avançado estado de degradação, a grande densidade populacional, a concentração de população em centros urbanos mais ameaçados e a expansão de infra-estruturas e equipamentos. Em Portugal, destes factores de risco o mais determinante é a crescente concentração demográfica e o surgimento permanente de novas infra-estruturas. Estudos recentes revelam que o nosso país tem mais 50% de área urbana do que tinha há dez anos. O litoral, as áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Algarve são as zonas onde o aumento de construções foi mais significativo, e sabe-se que, a acontecer um sismo, ele seria mais devastador nas zonas de Lisboa e Algarve. A concentração nas faixas litorais é um fenómeno que vem dos finais dos anos cinquenta. Uma deslocação interior-litoral que se manifestou num crescimento urbano caótico, apoiado na permissividade das autoridades perante a construção clandestina e desregramento da construção civil. Os Municípios, ansiosos pela dinamização económica, não estavam preparados técnica e cientificamente para planeamentos e inspecções rigorosas e, tudo 016 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS em conjunto, permitiu criar desordenamentos ambientais e económicos que permanecerão vivos durante as próximas gerações. Falta de planeamento e de ordenamento que teve consequências desastrosas, económicas, sociais e ambientais e que, em relação à construção propriamente dita, resultou em duas sequelas fundamentais: – Um parque clandestino de dimensão gigantesca nas zonas periféricas dos grandes centros urbanos, em particular na área metropolitana de Lisboa e no Algarve, e que nada abona à qualidade da construção existente; – O surto de construção operado, insuficientemente fiscalizado e por isso sem garantias de que tenham sido respeitadas na construção as disposições regulamentares do projecto. Para percebermos melhor a complexidade do problema, há muito pouco tempo a AICCOPN (Associação dos Industriais da Construção e Obras Públicas), num inquérito sobre engenharia sísmica e do seu impacto no imobiliário verificou que as 300 empresas que responderam concordam que a qualidade final da estrutura construída depende fundamentalmente da competência e da motivação dos diversos intervenientes (projecto e construção). Ou seja, a grande incidência da fiscalização das entidades municipais não pode ser apenas sobre questões de natureza arquitectónica, deixando a segurança estrutural como objecto de uma observação marginal. Ora, como se sabe, em geral, não são os terramotos, só por si, que causam danos pessoais, mas sim os edifícios e outras estruturas construídas. Por isso, a nossa atenção deverá centrar-se nas construções novas para que estas garantam as condições legalmente estabelecidas, e nas mais antigas que terão de ser reabilitadas e reforçadas na sua estrutura. E apesar do reconhecido risco sísmico existente, no nosso país não se pratica muito a ciência de reabilitar estruturalmente os edifícios antigos (há cerca de um milhão). Segundo estatísticas, a nível europeu 34% das construções são reabilitadas; no nosso país apenas cerca de 4 a 5%. Só em Lisboa 64% dos edifícios foram construídos antes da legislação anti-sísmica (a primeira legislação anti-sísmica surgiu em Portugal em 1958 e actualmente está em vigor o RSA – Regulamento de Segurança e Acções em Estruturas de Edifícios e Pontes, publicado em 1983). Aliás, é de justiça afirmar-se que não é por falta de capacidade técnica no nosso país que este problema se pode equacionar. Portugal dispõe de 017 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS um Centro de Excelência em investigação sísmica, um dos mais avançados do mundo, e tem disposições regulamentares extremamente exigentes ao nível da construção anti-sísmica. Salienta-se ainda que foi recentemente elaborada pelo LNEC uma proposta de colaboração com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil com vista à divulgação do Simulador de Cenários Sísmicos integrado no estudo do risco sísmico da Área Metropolitana de Lisboa e concelhos limítrofes (ERS AML). No âmbito deste Simulador, o LNEC desenvolveu e implementou a análise e processamento da informação e os procedimentos para avaliação da acção e perigosidade sísmica, e para a estimativa dos danos, em função de um dado cenário sísmico pré-estabelecido. Estas questões, em conjunto, remetem para a natureza do sector da construção em Portugal e da qualidade do que se constrói. O Governo tem-se empenhado no reenquadramento legislativo do sector, de forma a promover uma legislação mais adequada à realidade nacional. O Novo Regime de Alvarás (DL n.o 12/2004, de 9 de Janeiro), que entrou em vigor em Fevereiro último, regula a entrada e permanência das empresas de construção no mercado, com o objectivo de o tornar mais transparente e eficiente, e é um instrumento de combate às chamadas “empresas informais” e à economia paralela. Estão em curso dezenas de processos de reavaliação de empresas por não cumprirem os requisitos de permanência na actividade, impostos por lei. Um esforço que tem por base a convicção de que é a qualificação das empresas o único estatuto que dá garantias aos investidores, segurança aos trabalhadores e, em última análise, aos consumidores que vão usufruir dos equipamentos públicos ou privados. Por outro lado, neste quadro de contextualização legal da actividade da construção, está a preparar-se o Código de Contratação Pública que irá transpor a Directiva 2004/18/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março de 2004, relativa à coordenação dos processos de adjudicação dos contratos de empreitada de obras públicas, dos contratos públicos de fornecimento e de serviços, o que vai obrigar a uma reformulação do quadro legal vigente em Portugal em matéria de contratação pública. Nesse âmbito serão revistos o DL 59/99 – Regime Jurídico das Empreitadas de Obras Públicas, o DL 018 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 197/99 – Regime Jurídico de Aquisição de Bens e Serviços e o DL 223/2001 Regime Jurídico dos Sectores Especiais (Água, Gás e Telecomunicações). No âmbito do CSOPT – Conselho Superior de Obras Públicas e Transportes – funciona desde 2 de Julho de 2004 uma Subcomissão de Regulamentos de Segurança Contra Incêndios de forma a criar um diploma que seja um “corpo único” legislativo de segurança contra incêndios para todos os edifícios, e posteriormente serão criados regulamentos autónomos de acordo com as características próprias de cada um deles (habitações, escolas, hospitais...). Um trabalho que estará concluído até ao final deste ano. Também o RGEU tem já um novo projecto de regulamento. No domínio da regulamentação, assumem particular importância os denominados Eurocódigos. Aliás, Portugal tem a seu cargo o Secretariado do Eurocódigo 8 que aborda as disposições para projectos de estruturas sismo-resistentes. Os Eurocódigos Estruturais assumem a forma de normas europeias, mantendo cada Estado-Membro a competência para a definição dos níveis de segurança específicos e dos aspectos com influência na durabilidade e economia. Estes aspectos de competência nacional são tratados nos Documentos Nacionais que cada Estado-Membro pode anexar a cada Eurocódigo e que dele farão parte integrante, podendo estes Documentos abordar, ainda, matérias relativas ao enquadramento de cada um dos Eurocódigos com a regulamentação nacional e com as normas relevantes para a sua aplicação. Grande parte das normas encontram-se concluídas e em aplicação em alguns Estados-Membros. Encontram-se, nesta altura, publicados pelo IPQ, como normas portuguesas, 17 partes de Eurocódigos. As partes publicadas correspondem aos Eurocódigos 1 a 8 relacionados com os conceitos gerais de segurança estrutural e ao projecto de edifícios. Embora os Estados-Membros não sejam ainda obrigados a aplicar as normas, considera-se que é importante possibilitar, desde já, a aplicação do novo normativo, a fim de ser leccionado nas várias Escolas de Engenharia e de permitir ao meio técnico nacional adquirir progressivamente experiência na sua aplicação. A criação das condições para a utilização dos Eurocódigos em Portugal dá também cumprimento a compromissos assumidos pelo nosso país em conjunto com os restantes Estados-Membros. 019 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Neste sentido, o Governo pretende imprimir um carácter de urgência em se proceder à publicação da legislação correspondente aos Eurócodigos Estruturais, como alternativa à legislação em vigor sobre projecto estrutural, nomeadamente o Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes, Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré‑Esforçado e o Regulamento de Estruturas de Aço para Edifícios. Importa, pois, que o sector da construção se prepare para as alterações económicas e sociológicas que já hoje são visíveis. Uma sociedade que valoriza cada vez mais a memória histórica das cidades e dos edifícios tornando urgente e atractiva a requalificação urbana; uma sociedade da qualidade de vida, cada vez mais exigente quanto ao ordenamento do território, à defesa do ambiente e do património natural; uma sociedade do bem-estar que prefere a defesa da paisagem aos atropelos de uma construção desordenada. Uma sociedade cada vez mais atenta à segurança e à qualidade da construção. Vertentes que obrigam os diferentes agentes a prepararem-se estrategicamente para esse mercado do futuro. O mercado de reabilitação é um dos caminhos do futuro da construção civil em Portugal, um segmento com enormes potencialidades e que as empresas devem explorar cada vez mais. Repito, em Portugal, a actividade da reabilitação na área da construção civil representa cerca de quatro a cinco por cento do sector, ao passo que a média europeia se situa nos trinta e quatro por cento. Na vizinha Espanha, o índice que representa o segmento da reabilitação no sector da construção civil é de 23 por cento. No sentido de criar condições para que a sociedade civil possa reabilitar o parque imobiliário degradado, o DL n.o 104/2004 aprova um regime jurídico excepcional de reabilitação urbana para zonas históricas e áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística. Uma grande oportunidade para melhorar a resistência anti-sísmica dos edifícios existentes mais antigos e que não pode ser desempenhada pelos municípios. Para terminar. Naturalmente, não é só a resistência dos edifícios o único elemento a ponderar quando se reflecte sobre a gravidade dos efeitos de um sismo. Mas numa sociedade cada vez mais urbana é um dos principais factores que determinarão o maior ou menor grau de danificação provocado, caso aconteça. Só empresas de construção modernas, com estratégias mol- 020 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS dadas em função de um mercado mais selectivo e exigente e com capacidade técnica e financeira, poderão ser competitivas neste sector e capazes de colocar no mercado construção de alta qualidade. O Governo pretende ter um papel decisivo na modernização e eficiência desta área de actividade, com um enquadramento legal mais adequado, maior cumprimento das obrigações legais, uma fiscalização mais eficaz e maior envolvimento dos agentes rumo à qualificação. Acreditamos que dessa forma as cidades portuguesas estarão melhor defendidas perante a possibilidade de fenómenos sísmicos. Formulo votos de bom trabalho a todos e agradeço a vossa atenção. Muito obrigado. 021 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 1.ª Sessão A SISMOLOGIA E A DINÂMICA PLANETÁRIA [ Luís Mendes Victor | Presidente do Instituto de Ciência da Terra e do Espaço ] 1 | Introdução: Objectivos da Sismologia 2 | O Conceito do conhecimento global do Planeta 3 | Sismicidade Histórica: Exemplos dos Sismos que mais afectaram o Continente Português 4 | Estrutura da Terra 4.1 | Perfis de refracção/reflexão sísmica 4.2 | Projectos financiados pela comunidade Europeia: IAM (Iberian Atlantic Margins) DETWS [Destructive Earthquake and Tsunami Warning System] GITEC Project [Genesis and Impact of Tsunamis on the European Coasts] GITEC TWO [Genesis and Impact of Tsunamis on the European Coasts: Tsunami Warning and Observations] BIGSETS [Big Sources of Earthquake and Tsunami in SW Iberia] 4.3 | Sismicidade a SW do Cabo de S. Vicente 4.4 | Perfis de reflexão sísmica – BIGSETS 4.5 | Mapa estrutural 5 | Sismologia Experimental em Portugal 6 | Sismicidade 7 | Modelação Global 8 | Telescópio Geofísico de Banda Larga para observar o interior planetário 9 | Desafios tecnológicos tário 025 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 1 | INTRODUÇÃO O desenvolvimento tecnológico, operado nos sistemas de observação geofísica planetária, possibilitou a elaboração de modelos globais de referência, fundamentais para o relançamento de novos alvos de investigação. A elevada capacidade de processamento da informação foi e continuará a ser o pilar das descobertas dos fenómenos que ocorrem no interior do planeta. A resolução do problema inverso, em múltiplos domínios e particularmente em Sismologia, cuja expressão gráfica se tornou extraordinariamente eloquente, abre novas perspectivas de desenvolvimento do conhecimento da dinâmica planetária. Os principais objectivos da Sismologia centram-se: I. na compreensão e modelação da estrutura da Terra desde a crusta até ao núcleo interno; II. no registo sistemático dos sismos provenientes de todos os azimutes e fontes, qualquer que seja a distância percorrida pelas ondas sísmicas. Se a dinâmica planetária é melhor alcançada pelo primeiro destes objectivos, pelo segundo assegura-se uma importante contribuição nos domínios da prevenção do risco sísmico. 2 | O CONCEITO DO CONHECIMENTO GLOBAL DO PLANETA A PARTIR DA ANÁLISE FENOMENOLÓGICA O conhecimento global do planeta não se pode dissociar da sua própria história. A camada externa actual do planeta tem uma espessura variável de cinco até poucas dezenas de quilómetros. O manto ocupa quase metade do raio da esfera equivalente e estende-se até cerca de 2 900 km de profun didade. O núcleo, cuja composição essencial é Ferro, tem uma camada fluída envolvente, o núcleo externo, e uma parte sólida dentro de uma esfera de 1 225 km de raio, aproximadamente 1/5 do raio da Terra esférica. FIG 01 026 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Os registos das primeiras tentativas do Homem para compreender ou descrever o planeta perdem-se na antiguidade. No século III já os gregos sabiam que a Terra era um globo finito e foram capazes de estimar a sua circunferência. Desde então, a inteligência e a força do raciocínio foram chamadas a entender os processos do planeta Terra e a explorar o seu lugar no Sistema Solar Na figura, a Terra é apenas a expressão dum logro, se não forem introduzidos esclarecimentos complementares. Torna-se assim necessário mobilizar a comunidade científica para se dispor da visão real do planeta, introduzindo-se-lhe a parametrização e a dinâmica próprias. 3 | Sismicidade Histórica Ao longo dos séculos vários sismos afectaram Portugal, sendo o de 1755 o mais devastador. Os mais importantes, no período compreendido entre 309 e 1969, estão referenciados na tabela: Síntese dos sismos que mais afectaram o Continente [dados de Martins e Mendes Victor, 1990] 027 Ano Mês Dia Latitude Longitude Magnitude 309 2 22 37.00 -11.00 7.00 382 1 1 36.88 -10.00 7.50 1356 8 24 36.00 -10.70 7.50 1504 4 5 38.70 -5.00 7.00 1719 3 6 37.10 -7.00 7.00 1722 12 27 37.17 -7.58 7.80 1755 11 1 36.88 -10.00 8.50 1856 1 12 37.10 -8.00 6.00 1858 11 11 38.20 -9.00 7.20 1896 10 30 37.50 -8.20 5.00 1903 8 9 38.40 -9.00 5.50 1909 4 23 37.10 -8.90 3.00 1921 10 23 37.30 -9.20 4.30 1969 2 28 36.20 -10.60 7.50 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Para uma melhor compreensão dos vários sismos, apresentam-se por ordem cronológica algumas descrições da época: 309 22 de Fevereiro – Antes de amanhecer ocorreu um espantoso terramoto em Portugal e em toda a Europa. (Rodriguez, 1932) 382 Frei Bernardo de Brito, na Monarquia Lusitana, baseando-se em Amiano Marcelino e em Laymudo, refere-se a um terramoto que causou grandes danos na Sicília, Grécia e Palestina e também nas terras marítimas da Península Ibérica. Submergiram-se ilhas situadas em frente do Cabo de S. Vicente, das quais actualmente ainda existem vestígios, e esclarece “Laymudo faz grande fundamento desta inundação do mar, referindo-se quase as formais palavras do monge Eutrópio... a crescente do mar abriu algumas ilhas que antigamente se povoavam... das quais ficaram no meio do mar algumas rochas que o mar deixou descarnadas da terra, as quais se vê... principalmente no Cabo de S. Vicente, onde ficaram uns pequenos sinais de certa ilha antiga... podemos conjecturar que nesta ruína pereceria a antiga ilha Eritreia que, segundo Pomponio Mella, esteve na costa da Lusitânia”. (...) (...) A existência de ilhas ao largo de S. Vicente é assinalada por Estrabão nos seguintes termos: “o litoral adjacente ao promontório sagrado (Cabo de S. Vicente) forma o começo do lado ocidental da Ibéria até à boca do Tejo e o começo do lado meridional até à foz de outro rio chamado Anas (Guadiana)... Este cabo (promontório Sagrado) marca o extremo ocidente não só da Europa, mas de toda a terra habitada... Artimidoro, que diz ter estado naquele sítio, compara-o na forma de um navio; segundo ele, o que ainda mais faz lembrar um navio é a proximidade das três ilhotas de tal modo colocadas, que uma figura o esporão, e as outras duas com o duplo porto assaz considerável que formam, figuram epótides do navio”. São estas as ilhas que, segundo Eutrópio, desapareceram em consequência do sismo e maremoto. No que se refere à ilha Eritreia que Frei Bernardo de Brito “conjectura” que tenha desaparecido por ocasião deste terramoto, não pode ser localizada com precisão, pois parece ter havido mais do que uma com o mesmo nome. (Moreira, 1991) 028 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Moreira de Mendonça diz que neste ano houve um grande terramoto “no qual padecerão muito as terras marítimas de Portugal. Subverterão-se Ilhas, de que ainda ao presente apparecem algumas eminencias defronte ao cabo de S. Vicente”. A zona epicentral talvez fosse o afundiamento em oval lusitano-hispano-marroquino. No ano 345, antes da era cristã, o mesmo autor diz que houve grandes terramotos de terra em Espanha, tendo-se submergido uma parte da ilha de Cadiz e, portanto, talvez a zona epicentral tivesse sido no mesmo afundimento. (Sousa, 1919) Neste ano houve terramotos por quase todo o mundo, sofrendo muito as costas marítimas de Portugal. Apareceram e desapareceram ilhas, das quais ainda existem alguns vestígios frente ao Cabo de S. Vicente. (Rodriguez, 1932) 1356 No dia 24 de Agosto, Quarta-feira, pouco antes do pôr do Sol houve um grande terramoto em toda a Península que provocou o badalar dos sinos das igrejas e abriu de alto a baixo a capela-mor da Sé de Lisboa que poucos dias antes se acabara de edificar por ordem de el-rei D. Afonso IV. Esta capela já tinha sido destruída pelo terramoto de 1344. (...) (...) Este terramoto provocou grande pânico e destruições em Espanha, especialmente na Andaluzia. Em Sevilha houve estragos na torre da catedral (Giralda) e em Córdova também houve destruições, tendo morrido muitas pessoas e arruinaram-se bastantes igrejas. Ayala (1591) diz que “houve um terramoto em dia de S. Bartolomeu, caíram as manzanas que estavam na torre de Santa Maria de Sevilha, e tremeu a terra em muitos lugares do reino e fez grande estremecimento no reino de Portugal e do Algarve”. (...) (...) Não se encontrou todavia qualquer referência a maremoto provocado por este sismo. (Moreira, 1991) 1504 (...) No dia 5 de Abril um sismo com epicentro na região de Carmona (Espanha) causou aí grandes destruições, arruinando a catedral e outras igrejas, além de muitas casas, e causou a morte de muitas pessoas. Este sismo parece ter causado destruição no Algarve. Navarro Neuman, Montandon (1953) e Ferreras (1724) referem todavia que, em Portugal, os abalos ocorreram no fim do Outono. Alguns autores referem-se ainda a réplicas durante o ano de 1505. (Moreira, 1991) 029 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Em 5 de Abril de 1504 – Deu-se neste dia um grande terramoto, cujos efeitos são principalmente conhecidos na região sísmica de Sevilha, em Sevilha, Alcalá, Los Alcores, Carmona, Tocina, Lora del Rio. Este terramoto foi muito extenso, sendo sentido em quási toda a Espanha, como em Medina del Campo, Murcia, etc., ao N. de Marrocos; mas não pude obter dados precisos sôbre os seus efeitos em Portugal, principalmente no Algarve, de modo que pode considera-lo como submarino e partindo do mesmo afundimento ao S. do Algarve que o de 1755. Apenas Moreira de Mendonça diz que, em 1504, foram tão violentos os terramotos em Portugal, “que subverterão povoações inteiras, e fizerão andar a gente fugitiva pelos montes”. (Sousa, 1919) No dia 5 de Abril do ano de 1504, Sexta-feira Santa, entre as nove e as dez, a terra tremeu em Espanha, foi o maior terramoto da Andaluzia, e foi tão grande o espanto que as pessoas caíram por terra, ficaram fora de si. Foi ouvido um grande ruído, todos os edifícios, fortalezas, igrejas e casas estremeceram. Foi muito destruidor no Algarve e muito violento no N. de Marrocos, Málaga e Granada, todavia notado em Murcia. (Rodriguez, 1932) 1719 Em 6 de Março de 1719, pelas 5 horas da manhã, sentiu-se em Portugal um forte tremor de terra, mais intenso no sul do País. Em Portimão, as pessoas levantaram-se das camas descompostas. A abóbada da Igreja do Colégio dos Padres da Companhia abriu fendas, assim como a Torre sineira da Igreja Matriz. Todas as casas tiveram danos, especialmente as mais altas. Em Lagoa o abalo teve intensidade semelhante, assim como em Ameixoeira, Carregação e Estombar. No lugar dos Escontos, situado a meia légua de Portimão, morreram 3 mulheres de susto. O abalo, que foi acompanhado de forte ruído subterrâneo, foi também sentido em Lisboa, onde não causou prejuízos. (Moreira,1991) Em 6 de Março de 1719 – Obtive deste megasismo a seguinte descrição (Anno Historico. Diario Portuguez, tom. I, fl. 400): “Neste dia 6 de março do anno 1719, hum quarto antes de nascer o Sol, padecendo a Lua eclipse na Villa de Portimão do Reyno do Algarve, pela parte do mar, hum ruido horrivel, e a terra padeceo hum formidavel terramoto por trez, ou quatro minutos, no qual tempo os moradores da dita Villa tiverão huma tal consternação, que decompostos sahirão de suas 030 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS cazas, procurando fugir ao perigo. Huma das torres da muralha, as abobedas das Igrejas, e as cazas padecerão alguma ruina, especialmente as mais altas, e de mais fortaleza. O mesmo experimentárão os moradores dos lugares da Ameixoeira, Carregação, Estombar, Lagoa de alem do Rio, e particularmente o ultimo. No dos Escontos, meya legoa da dita Villa, e já termo da de Alvor, atemorizou tanto os visinhos, que morrerão algumas pessoas de susto”. (Sousa, 1919) No dia 6 de março de 1719 houve um tremor de terra que arruinou muitos edifícios de Lagos. (Rocha, 1991) 6 de Março – Um quarto de hora antes do Sol nascer sentiu-se no reino do Algarve, região de Vila Nova de Portimão, Lagos, um ruído subterrâneo ao que se seguiu um formidável terramoto que durou 3 ou 4 minutos. O pânico foi geral, saindo os habitantes para o campo. Uma das torres da muralha, as abobadas das igrejas e muitas casas ficaram em ruínas. O fenómeno sentiu-se em vários lugares próximos e morreram algumas pessoas. (Rodriguez, 1932) 1722 Em 27 de Dezembro, entre as 5 e as 6 da tarde, sentiu-se em Portugal um forte tremor de terra, mais intenso no sul do País. Foi sentido fortemente do Cabo de S. Vicente a Castro Marim e provocou estragos em Loulé, Tavira, Faro, Albufeira e Portimão. Houve muitos mortos, edifícios destruídos e muitas casas ficaram inabitáveis. (Moreira, 1991) Em 27 de Dezembro de 1772 – “Algarve. Villa Nova de Portimão 3 de Janeiro. Das 5 para as 6 horas da tarde do dia 27 de Dezembro se sentio nesta Villa hum tremor de terra, que não durou mais espaço que o de huma Ave Maria; mas tam violento, que fez hum grande abalo, e se abrirão algumas fendas na abobada da Igreja do Collegio, estallando algumas pedras das tribunas e portas. O mesmo padeceo a Igreja, e mais officinas do Convento dos Capuchos, onde se tocarão per si as campainhas, que costumão estar junto aos altares. Tem-se noticia de vir correndo este movimento desde o Cabo de S. Vicente, e de se ir dilatando pela extensão do reino: experimentando-se maior violência nas Villas de Albufeira, e Loulé, e nas cidades de Faro e Tavira. (...)” Segundo Moreira de Mendonça, “padeceo o Reyno do Algarve hum Terramoto fatalissimo, que durando pouco mais espaço, que o de uma 031 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Ave-Maria, forão tão grandes os abalos, que causou muitos estragos. Em Villa Nova de Portimão, ficarão arruinadas a Igreja do Collegio da Companhia, e a Igreja do Convento dos Capuchos. Em Tavira acabou como hum horroroso trovão, cahirão 27 moradas de casas, a as mais ficarão arruinadas. No rio se apartarão as agoas, de forma, que huma Caravella, que por elle hia sahindo ficou em seco por muito tempo. O Convento de S. Francisco ficou muito arruinado. Em Faro cahirão muitas casas, em que morreu alguma gente, ficando as mais abertas. O mesmo sucedeu á Torre da Igreja Cathedral, na qual fez o movimento de tocar os sinos. No Anno Historico vem a seguinte descrição deste megasismo: “No mesmo dia 27 de dezembro, anno de 1722, houve no Reyno do Algarve hum grande, e violento tremor da terra, que pricipiando do Cabo de S. Vicente correo, e se dilatou por aquelle Reyno. Experimentarão mayor estragos, e violencia as Villas de Villa nova de Portimão, Albufeira, Loulé, e as cidades de Faro e Tavira, com morte de muitas pessoas, e da admiração de todas, com a ruina de Igrejas, Conventos, torres, muralhas, e de innumeraveis casas, que ou ficarão totalmente caidas ou abertas, e inhabitaveis“. (Sousa, 1919) No dia 27 de dezembro de 1722, das 5 para as 6 horas da tarde, houve novo tremor de terra, que começando no cabo de S. Vicente, se estendeu por todo o reino, destruindo innumeraveis edificios e fazendo muitas victimas, principalmente em Lagos, Portimão, Albufeira, Loulé, Faro e Tavira. (...) (Rocha, 1991) 27 de Dezembro – Teve lugar no Algarve oriental, entre as 17h e as 18h, um terramoto que parece ter-se propagado segundo a linha sismotectónica Albufeira-Estoy-Tavira-Vila Real de Santo António-Castro Marim, ao largo da costa, linha que Pereira de Souza assinalou a propósito de outros abalos sísmicos. Houve alguns mortos e edifícios destruídos. Pode‑se notar que Tavira teve a intensidade X, Faro IX, Loulé e Lagos VIII, Vila Nova de Portimão VII. (...) (Rodriguez, 1932) 1755 No dia 1 de Novembro pelas 09h30 min ocorreu um dos maiores sismos que têm afectado a Península Ibérica; a sua elevada magnitude (8,75-9) e a enorme superfície macrossísmica situam-no entre os maiores sismos conhecidos a nível mundial. Pela intensidade que atingiu Lisboa é talvez o maior 032 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS sismo que afectou a cidade. O maremoto que provocou foi também um dos maiores que têm afectado Portugal Continental e a Península Ibérica só comparável aos que ocorreram em 60 a.C. e 382 d.C. (...) (...) No Algarve o maremoto foi muito violento. Na ponta da Arrifana, promontório situado a norte do cabo de S. Vicente, o mar destruiu um forte situado à cota de 60 metros. Em Sagres, o mar galgou as falésias que têm cerca de 30 metros de altura e transportou para dentro das muralhas peixes e grandes pedras, tendo arrancado os matos na retirada. Para leste de Sagres, as fortalezas da Balieira e do Zavial ficaram destruídas. Em Lagos, o mar entrou pelo vale da ribeira de Bensafrim e elevouse até à parte superior das muralhas da cidade (cerca de 11 metros) e destruiu-as nalguns locais. As águas penetraram em terra até mais de meia légua, transportando pequenas embarcações e devastando culturas. (...) (...) O intervalo de tempo entre o início do terramoto e a chegada do maremoto foi de 6 a 7 minutos no Algarve e 15 minutos na Cruz Quebrada. A intensidade do maremoto foi maior no Algarve do que no resto do País. (...) (...) O abalo principal foi seguido por grande número de réplicas, no próprio dia e nos dias seguintes. No dia 1 de Novembro as réplicas principais ocorreram cerca das 11 horas e às 15h30 min. Em 8 e em 15 de Novembro houve novas réplicas que sobressaíram, mas as mais importantes ocorreram em 11 de Dezembro pelas 4 horas da manhã e em 21 de Dezembro pelas 9 horas da manhã. (Moreira, 1991) 1 de Novembro – o terramoto ocorrido neste dia foi um dos maiores registados na Península Ibérica, comparável ao de 26 de Janeiro de 1531 em Lisboa, mas com uma área macrossísmica mais extensa, que avaliou Mr. Reid em 16 milhões de quilómetros quadrados; foi sentido em toda a Europa e em algumas zonas de África, causou numerosas vitimas, mais do que pelas oscilações terrestres do sismo e suas consequências, devido ao maremoto que se seguiu. Dá-se o nome de terramoto de Lisboa, porque foi aqui que se deram os danos mais impressionantes, caindo em ruína grande parte da mesma e causando a morte de, pelo menos, 4000 pessoas. (Rodriguez, 1932) 033 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 1856 No dia 12 de Janeiro, cerca das 12 horas, um importante abalo sísmico afectou o sotavento algarvio. Em Loulé o abalo foi precedido por um estrondo semelhante ao de um trovão. O abalo, embora de curta duração, causou importantes estragos, ruiram 100 casas e alguns feridos, além da morte de duas pessoas em Tavira, sepultadas de baixo das ruínas de uma casa. Em Loulé e arredores sofreram estragos quase todos os edifícios salientando-se, na vila, a igreja Matriz e a igreja de S. Nicolau. O abalo foi seguido por réplicas tendo parte da população abandonado a Vila. No campo, abriram-se fendas no solo que chegaram a sorver algumas arvores. Em Faro houve estragos consideráveis, especialmente no edifício do governo civil e no zimbório da igreja da Misericórdia. Em Olhão houve também importantes estragos. O abalo foi sentido em Lisboa com pequena intensidade mas, no Terreiro do Paço, algumas pessoas fugiram para a rua. Aí, descaiu um torreão construído sobre estacaria e abriu fendas na abóbada da arcada. Foi sentido em Setúbal e, em Espanha, há informações de ter sido sentido em Madrid e em Sevilha. Este sismo foi precedido de abalos preliminares a partir das 3 horas do dia 11 e foi seguido de algumas réplicas sentidas pela população nas 2 horas que se seguiram ao abalo principal. (...) (Moreira, 1991) 12 de Janeiro de 1856 – Houve um tremor de terra no Algarve, que se fez sentir principalmente em Loulé. (Sousa, 1919) 12 de Janeiro – às 11h 20m, sentiu-se em Loulé (Algarve, Portugal) um terramoto importante, que derrubou algumas casas. A terra abriu-se, sepultando algumas árvores. Num espaço de três quartos de hora repetiram-se cinco sacudidelas; mas com menor violência. Ouviram-se fortes ruídos subterrâneos. Em Faro, Albufeira e Tavira houve danos importantes. Em Lisboa, à mesma hora, sentiram-se duas sacudidelas. Em Sevilha, pelas 11h 52m, ocorreu uma sacudidela que durou 20 a 23 segundos. (Rodriguez, 1932) 1858 No dia 11 de Novembro, pelas 7h 15min, ocorreu em Portugal um dos abalos mais importantes que têm afectado o território do continente. Situou-se o seu epicentro na região de Setúbal, provavelmente no mar, e foi sentido em todo o País. 034 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Foi precedido de abalos preliminares que se iniciaram às 6 horas. (...) (...) Em Alcácer do Sal todas as casas sofreram estragos e uma das velhas torres do castelo desabou em grande parte. Em Santiago do Cacém todos os prédios ficaram abalados e com ruínas consideráveis. Em Sines caíram algumas casas e as restantes ficaram inabitáveis. A muralha do castelo rachou de alto a baixo e em Santo André abriram-se fendas no solo. Melides ficou quase arrasada. Em Lagos caíram algumas casas de construção mais débil e agitaram-se as águas da baía. (Moreira, 1991) 11 de Novembro – Ocorreram em Portugal, durante este ano, vários terramotos, sendo o mais importante o deste dia, não só pela sua extensão, pois afectou também grande parte de Espanha, mas pela sua intensidade, que alcançou a região epicentral, segundo Choffat, o grau X ou IX (R.F). Constou de quatro séries de sacudidelas, a primeira série, às 6h, em Lisboa; a segunda e mais importante, às 7h30m, em Setúbal e às 7h e 15m, em Lisboa, com 8 s de duração; a terceira série, às 9h15m, em Setúbal, e quarta série, às 11h, em Lisboa. (...) (...) Sofreram-se muitos danos em Portugal, Setúbal, só se salvou um edifício. Também o sentiram com grau X ou IX: Azeitão, Sesimbra e Alcácer do Sal; com VIII: Sines, Santiago do Cacém, Évora, Montemor-o-Novo, Almada, Lisboa, Sintra, Sacavém, Leiria, Alqueidão, St.o Amaro, Tomar, Borba, Algarve, Faro, Lagos; com VII: Tavira, Olivarez, Mafra, Cartaxo, Santarém, Abrantes, Coimbra; com VI: Aveiro; Oliveira-de-Arenas, Porto, Braga, Caminha, Valença do Douro; com V: Vila Real. Em Espanha, em Sevilha, sentiu-se às 7h40m e foi de grau IV, e em Cáceres o grau VI. (...) (Rodriguez, 1932) 1896 Em 30 de Outubro, cerca das 8h 50 min da manhã, foi sentido um forte abalo de terra no Algarve. (Moreira, 1991) 30 de Outubro – Pelas 8h 50m ocorreu um tremor bastante forte no Algarve. (Rodriguez, 1932) 1903 No dia 9 de Agosto, cerca das 22h10 min, foi sentido um abalo de terra em quase todo o País. Em Espanha foi sentido na parte sul da 035 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS província de Badajoz, em Huelva, Sevilha e Valladolid. Em Portugal provocou fendas nas paredes nalguns locais e em Mafra fez tocar os sinos grandes. No Algarve produziu alguns estragos em Portimão, Silves e Monchique. Este sismo foi estudado por Choffat (1904). (Moreira, 1991) 9 de Agosto – Pelas 22h e 10m 10s ocorreram em Lisboa dois abalos, separados com uma pausa de 2s; depois outras três, a primeira durou uns 3s, a segunda 10s e a terceira 7 a 8s. A intensidade do fenómeno pode fixar-se em VII (E.M.). (...) (Rodriguez, 1932) 1909 23 de Abril – (...) Villa do Bispo, IV; Sagres, III a IV; Senhora da Luz, IV; Bemsafrim, III; Lagos e Alvor, IV a V; Portimão IV; Lagoa, V; Silves IV?; Algoz, IV ou V?; Guia III a IV. Depois de uma interrupção de 24 quilómetros, seguem: Querença III a IV; Faro e Estoy, V; S. Braz, Olhão e Moncarapacho, IV; Santa Catharina, II; Tavira, VI; e Vila Real, V a VI. A intensidade não atingiu VI, senão na extremidade oriental, Tavira e Vila Real (?), onde se produziram algumas fendas que não atravessaram as paredes. Outras fendas ainda menos importantes foram registadas em Lagos, Faro e Estoy. Contudo, em algumas localidades manifestou-se um certo panico, nomeadamente em Portimão. O sr. Paroco da Guia informa que bem poucas pessoas da sua freguezia deram pelo sismo, apesar de terem rangido os madeiramentos! Não se tornam evidentes as relações entre a natureza do solo e a intensidade, visto que Lagos e Estoy, assentes sobre rocha solida, soffreram tanto como Portimão e Faro, que assentavam sobre o Pliocenico. Tavira e Villa Real, em parte sobre aluviões e areias, não vão alem do indice VI. (...) (Bensaude e Choffat, 1912) 1921 23 de Outubro – Nesta data deu-se um sismo no Algarve ocidental pelas 12 horas e 30. Foi sentido em Odeceixe, Bordeira e Carrapateira, onde parece ter tido o grau V. Foi também muito sentido em Lagos, mas com menor intensidade (IV), e em Faro levemente (III). 036 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Este abalo de terra é muito interessante, porque vem confirmar a linha sismo-tectonica Bordeira-Aljezur-Odeceixe, revelada no terramoto de 1 de Novembro de 1755. (Sousa, 1922) 1969 Lagos – Na Zona de S. José, próximo do quartel, um casal, ao arrastar os filhos para a rua, mal puseram os pés fora da porta, a casa desabou, ficando reduzida a um montão de ruínas. Este desabamento deve-se ao facto de ter caído uma parede de um prédio contíguo, mas mais alto. As igrejas de S. Sebastião e Santa Maria, e ainda a igreja das freiras, e o monumento nacional que é a igreja de Santo António sofreram bastantes danos. Na igreja de Santa Maria caiu a cruz de Cristo. Na Praça de Armas, na escola Conde Ferreira a platibanda e a pedra trabalhada onde estava suspenso um sino caiu, arrastando tudo na queda. Há muitas casas danificadas, com fendas. Em Bensafrim há cerca de 30 casas derrubadas e também Vila do Bispo sofreu muitos danos. No Hotel Golfinho a garrafaria estava mais ou menos inutilizada e os vinhos derramados pelo chão, bem assim como nalguns estabelecimentos comerciais. Na casa Trindade, de loiças, há a registar muitos prejuízos, pois partiu-se muita loiça. In Diário de Notícias do dia 28 de Fevereiro de 1969. 4 | ESTRUTURA DA TERRA A Terra pode ser descrita em termos das distribuições das suas propriedades físicas. As configurações, que resultam das observações dos sistemas geofísicos, podem cartografar-se e informar das: – Velocidades e propagação das diferentes fases sísmicas – Densidades – Temperaturas – Susceptibilidades magnéticas; magnetizações – Resistividades – Emanações e materiais radioactivos. O objectivo da exploração geofísica é reconstruir a estrutura da Terra, a partir dos dados recolhidos à sua superfície, acima ou abaixo do solo. 037 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 4.1 | Perfis de refracção/reflexão sísmica Primeiros perfis Os primeiros perfis de refracção/reflexão grande ângulo foram realizados no início da década de 70 no Sul e orla ocidental de Portugal graças a um esforço conjunto das instituições nacionais em cooperação com os Institutos Geofísicos da U. de Karlsruhe, de Paris, de Estrasburgo e a ETH de Zurique. Os resultados obtidos forneceram as primeiras imagens da estrutura profunda da crusta em dois domínios do Maciço Ibérico, a Zona Sul P No século passado, a partir dos anos 70, foram executados trabalhos de pesquisa sísmica no território de Portugal Continental. Na carta estão assinalados os perfis executados com sinais gerados em terra e no mar por explosivos. Localização aproximada das primeiras sondagens sísmicas profundas realizadas nos anos 70 no SW da Península com a apresentação das velocidades sísmicas em profundidade Perfil Peniche-Montemor No ano de 1978 um conjunto de rebentamentos foi registado ao longo da linha Peniche-Montemor com uma orientação aproximada NW-SE. Pretendia-se com este perfil obter um modelo para a estrutura profunda da crusta sob a bacia Lusitânia numa região que havia sido afectada por sismo destruidor em 1909 (Benavente). 038 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Localização aproximada do perfil Peniche ‑Montemor com a interpretação da secção até 40 km de profundidade A campanha do Alentejo Em 1979 foi registado um grande número de perfis de refracção/reflexão grande ângulo no sul de Portugal em torno da falha da Messejana. Pretendeu-se com este estudo obter uma imagem a três dimensões da estrutura da crusta nas zonas Sul Portuguesa e Ossa Morena que permitisse detectar as variações na espessura. Localização aproximada dos perfis realizados durante a campanha do Alentejo de 1979 e do Alqueva de 1981 Campanhas no Norte de Portugal Em 1981 foram registados dois perfis sísmicos de refracção realizados na região do maciço de Morais. Com um comprimento curto (60km) pretendia-se determinar a estrutura da crusta superior de forma a contribuir para a resolução da questão sobre a origem superficial ou profunda dos maciços máficos e ultra-máficos da sub-zona de Galiza e Trás-os-Montes. A interpretação destes perfis (Hirn et al., 1982) revelou uma velocidade elevada para o maciço (6.4km/s) que no entanto se encontrava limitada em profundidade, confirmando assim que se trata de uma estrutura sem raiz profunda. A velocidade estimada para a crusta superior “normal” do para-autóctone foi de 5.8km/s. 039 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Localização aproximada dos perfis registados nas campanhas de Minho e Trás-os-Montes e da Galiza em 1981 e 1982 4.2 | Projectos financiados pela Comunidade Europeia O projecto ILIHA-DSS O projecto ILIHA (Iberian Lithosphere Heterogeneity and Anisotropy) foi concebido como um projecto em grande escala para estudar a heterogeneidade (lateral e vertical) e anisotropia da litosfera sub-crustal no domínio varisco na Península Ibérica (Paulssen, 1990). Uma das componentes deste projecto consistiu na realização de um conjunto de perfis sísmicos de refracção/reflexão grande ângulo, a experiência DSS (Deep Seismic Sounding). Foram feitos registos de vários rebentamentos efectuados nas extremidades e interior de 6 linhas de grande comprimento (600 a 1000km) dispostas grosseiramente de forma a se obter na região central do Maciço Ibérico uma cobertura da litosfera superior segundo diversos azimutes. Localização aproximada dos pontos de tiro e linhas de registo ocupadas durante a campanha ILIHA-DSS. Indicam-se também as posições das estações de banda larga NASR ocupadas durante o projecto ILIHABBS. O mapa base é o esboço do mapa morfo-estrutural da Península Ibérica (adaptado de Ribeiro et al., 1979). 1 – bacias; 2 – orlas e cadeias moderadamente deformadas; 3 – cadeias alpinas; 4 – soco varisco; 5 – pontos de tiro; 6 – estações NARS 040 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Localização aproximada dos perfis registados na campanha do ILIHA e alguns dos perfis significativos que foram reinterpretados recentemente A Campanha IAM O projecto IAM (Iberian Atlantic Margins) foi desenvolvido para estudar a estrutura profunda das margens continental e oceânica que rodeiam a costa Atlântica da Península Ibérica essencialmente através da aquisição de 3500 km de perfis sísmicos de incidência vertical. Os disparos dos canhões a ar de grande capacidade produzidos Localização esquemática das linhas sísmicas de reflexão vertical realizadas durante a campanha do IAM. A cheio assinalam-se os segmentos que foram registados em terra como perfis de refracção/ reflexão grande ângulo, segundo o programa coordenado pela UL. Estão assinaladas as posições das estações em terra e no mar (OBS’s) durante a campanha foram registados por estações móveis em terra e OBS’s (Ocean Bottom Seismometer) no mar dando origem a um grande número de perfis de refracção/reflexão grande ângulo. Projectos Gitec [Genesis and Impact of Tsunamis on the European Coasts], Gitec-Two [Genesis and Impact of Tsunamis on European Coasts: Tsunami Warning and Observations], Bigsets [Big Sources of Earthquake and Tsunami in SW Iberia] A proposta da estrutura tectónica da região SW por Tortella et al. (1997) foi um dos argumentos para desencadear o vasto programa de pesquisas que se seguiu. 041 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Sismicidade 1995-1997 Sismicidade a SW do Cabo de S. Vicente 042 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Perfis de Reflexão Sísmica Mapa estrutural da área em estudo. As falhas activas estão representadas por linhas contínuas com blocos negros, as inactivas têm apenas pequenos triângulos sobrepostos. PSF – Falha Pereira de Sousa; MPF – Falha Marquês de Pombal; TTR–10 – Falha detectada pelos cruzeiros com o mesmo nome. A posição dos perfis MCS do projecto BIGSETS indica-se pelas linhas ponteadas. [Em L.Mendes-Victor et al., 2003, Progresses in the Assessment of Tsunami Genisis and Impacts Around the Portuguese Coasts. XXV General Assembly of IUGG, Sapporo – Japan] 043 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Ruptura principal do sismo de 1755, segundo trabalhos executados no âmbito do Projecto BIGSETS 5 | Sismologia Instrumental em Portugal A sismologia instrumental apareceu em Portugal no início do século XX e durante sete décadas sofreu uma considerável evolução impulsionada pela ocorrência de alguns sismos. Quando, no dia 23 de Abril de 1909, ocorreu um sismo em Benavente, a rede sísmica portuguesa apenas estava equipada com um pêndulo horizontal de Milne, instalado no observatório da Universidade de Coimbra. No IGIDL, em Lisboa, no dia 10 de Janeiro de 1910, decidiu-se instalar três sismoscópios Agamemnon (Penhas Douradas, Évora e Lagos) e um sismógrafo vertical Mainka (Lisboa), para uma melhor cobertura sísmica do território nacional. Entre 1913 e 1914, dois sismógrafos Wiechert de três componentes foram adquiridos embora tenham sido apenas instalados em Lisboa em 1919. Coimbra foi equipada com um sismógrafo equivalente entre 1915 e 1926. Em 1920/1921 o Observatório do Infante D. Luís (Universidade de Lisboa) publicou os primeiros resultados da análise dos sismogramas obtidos pelas estações sísmicas. A partir de 1946, a rede sísmica nacional passou a ser coordenada por uma nova instituição criada para apoiar as observações geofísicas e meteorológicas de Portugal, o Serviço Meteorológico Nacional (SMN). Entre 1946 e 1969 novos sismógrafos foram instalados nos três Institutos Geofísicos (Lisboa, Porto e Coimbra). Após o sismo de 28 de Fevereiro de 1969 a rede sísmica nacional melhorou significativamente. Até àquela data apenas os Institutos Geofísicos 044 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS das Universidades tinham tido capacidade para actualizar os seus sismógrafos; em Coimbra havia um sismógrafo electrónico de curto período e no Porto, desde 1957, um sismógrafo Sprengnether idêntico ao instalado no Instituto Geofísico do Infante D. Luís (IGIDL) desde 1954. Em 1963, uma estação sismográfica da rede “World Wide Seismic Station Network” (WWSSN) foi instalada no Instituto Geofísico da Universidade do Porto. Em 1970 o SMN instalou uma estação sísmica de curto período em Faro e em 1975 outra em Manteigas. No ano de 1976, para substituir o SMN foi criado o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), actualmente Instituto de Meteorologia (IM). Nesse ano, foram instalados pelo INMG cinco sismógrafos (Monchique, Moncorvo, Portalegre, Montemor-o-Novo e Monte Figo-Faro). Em 1977, o Instituto Geofísico do Infante D. Luís, em colaboração com o Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa (CGUL), melhorou o equipamento existente e instalou novos sismógrafos. Em 1987, a mesma colaboração permitiu a utilização de estações sísmicas digitais em Lisboa, Almeirim e Fóia. Em 1991 um novo Centro de Geofísica foi criado na Universidade de Évora, com o apoio do “Programa Ciência” (co-financiado pela Comunidade Europeia). Actualmente, Portugal Continental dispõe de uma rede sísmica digital, constituída pelas estações representadas na figura, cujos dados são transmitidos via telefónica para Lisboa. Os dados obtidos por esta rede são complementados com os dados provenientes de redes locais e regionais. Rede Sísmica de Portugal Continental 045 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Sismicidade histórica e instrumental de Portugal Continental -63 a 2000 Magnitudes na Escala Richter Algarve e região adjacente. Sismicidade no período 1/1/1961 – 29/2/2004 046 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Sismicidade de Portugal Continental: Janeiro 2002-Agosto 2004 Carta de Isossistas de Intensidades Máximas 6 | Sismicidade No século passado o reconhecimento do valor da cooperação internacional, para se assegurarem observações globais, determinou a organização de dois grandes projectos globais (nos anos 30 o Ano Internacional Polar e nos anos 50 o Ano Geofísico Internacional). Obtiveram-se então longas séries de observações em locais da Terra onde eram insuficientes os dados para compreender o comportamento das geoesferas fluída e sólida. O êxito destes programas motivou o aparecimento de Observatórios Multidisciplinares permanentes e a criação de um sistema internacional de permuta e arquivo de dados. Todavia, em mais de 2/3 da superfície do planeta não existem sistemas de aquisição permanente dos parâmetros geofísicos essenciais. 7 | Modelação Global A investigação desenvolvida para descrever a estrutura da Terra, em termos globais, acaba por deparar com a fronteira núcleo-manto, onde importantes transições de fase e trocas de energias ocorrem ao longo dessa descontinuidade. Os processos dinâmicos e químicos, que aí se 047 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS desenvolvem, influenciam fortemente a convecção no manto, a formação de plumas, a variação secular do campo magnético terrestre e possivelmente as inversões de polaridade, assim como as variações de grande comprimento de onda do campo gravítico e a própria evolução química da Terra. Portanto, da pesquisa dos processos tectónicos e vulcânicos, que estão intimamente relacionados, será possível responder a estas questões. O crescimento do sistema de falhas na região axial das cristas oceânicas, normal e possivelmente associado a microssismos, pode proporcionar uma alimentação contínua de rochas cristalinas quentes, que constituirão a fonte de calor para uma circulação hidrotermal estável de longa duração. De forma idêntica, o aparecimento de novos sistemas de fissuras em unidades vulcânicas pode provocar o aparecimento de episódios devido à deformação frágil da crusta superficial. A ligação entre a sismicidade (à escala global) e os estudos geodinâmicos deve responder a questões científicas fundamentais, tais como: • As subidas de energia no manto, sob forma de plumas, por debaixo das cristas, são passivas, derivando do movimento de placas, ou são activas, resultando dum fluxo de material flutuante? • As subidas são bi ou tridimensionais? Serão as plumas suficientemente extensas para que a sua identificação seja possível? Nas figuras seguintes estão apresentados os esquemas de circulação interna bi-celular e mono-celular. A compreensão da natureza e da escala dos fluxos de energia é essencial para a modelação de todos os processos terrestres activos. A determinação das velocidades e da propagação sísmica, da atenuação das ondas 048 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS e das características anisotrópicas respectivas, até à profundidade de várias centenas de quilómetros, por debaixo das cristas médias oceânicas, são essenciais para constranger os modelos de fluxos de energia e de transporte de materiais fundidos. É possível estabelecer a ligação entre os fluxos no manto superior e no manto profundo? Para responder a esta questão a comunidade sismológica (IRISIncorporated Research Institutions for Seismology, FDSN-Federation of Digital Broadband Seismograph Networks, etc.) tem-se debruçado com grande empenho desde as últimas décadas, procurando obter coberturas globais, com a participação de centros especializados de recolha, validação e arquivo de dados (ISC, EMSC, ORFEUS, NEIC, etc.), e intensa investigação científica (Harvard, Berkeley, Paris, Oxford, etc.). Todavia, as questões que se formulam para a compreensão dos processos e dos sistemas geofísicos devem ainda compreender as parametrizações seguintes: I. Quantificação das trocas instantâneas de calor, de volume fluído e de massa bioquímica entre os sistemas hidrotermais e o oceano, em escalas espaciais várias (desde metros na escala local, até quilómetros no caso de segmentos). II. Pormenorização da circulação hidrotermal nos 2 primeiros quilómetros da crusta incluindo a pesquisa dos parâmetros (pressão e permeabilidade) que controlam os fluxos físicos. Portanto, da pesquisa dos processos tectónicos e vulcânicos, que estão intimamente relacionados, será possível responder a estas questões. O crescimento do sistema de falhas na região axial das cristas oceânicas, possivelmente provocando microssismos, pode proporcionar uma alimentação contínua de rochas cristalinas quentes, que constituirão a fonte de calor para uma circulação hidrotermal estável de longa duração. 049 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS De forma idêntica, o aparecimento de novos sistemas de fissuras em unidades vulcânicas pode iniciar o aparecimento de episódios por deformação frágil da crusta superficial. A periodicidade da descarga de fluídos e a emigração dos locais que poderão ser detectados pela actividade sísmica informarão do controlo estrutural em profundidade. A monitorização, que hoje se pratica correntemente, também a longo prazo, no campo das deformações, e também junto das erupções vulcânicas na região das cristas oceânicas, pode informar das configurações espaciais e temporais da actividade vulcânica e da geração de falhas, servindo ainda para se estimar a frequência e as quantidades de magma que são introduzidas, pelo manto, na base da crusta. A sismicidade natural, resultante destes movimentos, é uma importante demonstração das relações interprocessuais – crista, tectónica e magma. É evidente que a investigação sísmica global de rigor é fortemente limitada devido à cobertura inadequada de observatórios permanentes no hemisfério sul, sobretudo nas vastas áreas oceânicas do Índico e do Pacífico. Ao melhorar o conjunto de modelos cinemáticos, associados às placas globais, mediante observação geodésica, podem resultar ensinamentos para a compreensão da amplitude das deformações frágeis intra-placa,cuja expressão sísmica é muitas vezes crítica. Tem sido reconhecida a utilidade das observações do campo das deformações associadas aos grandes sismos. A modelação dos ciclos respectivos talvez se possa vir a aplicar na previsão a curto ou a longo prazo. Reconhece-se que a instalação de uma rede sísmica digital de estações de larga banda passante, de alta qualidade, no fundo do mar, poderia, complementando as redes já existentes nos continentes, contribuir fortemente para ajudar a solucionar as questões enunciadas. 050 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS A extensão desta cobertura introduz o conceito novo de observatórios do fundo do mar onde, no seu ambiente tectónico, são feitas observações relativas aos processos físicos, químicos e biológicos por períodos que se vão estender por vários anos. Relevantes problemas científicos dizem respeito sobretudo à dinâmica do manto superior, aos processos tectónicos e vulcânicos e hidrotermais. As margens continentais constituem uma descontinuidade litosférica fundamental, apelando para observações geofísicas em ambos os sectores, para que se determinem com rigor os mecanismos das fontes sísmicas, as relações entre o campo das tensões e o das deformações e se possa estimar a propagação de rupturas. Inúmeros riscos não poderão ser avaliados nem ser assegurada a respectiva monitorização, sem o recurso a observatórios permanentes situados no sector oceânico: sismos, tsunamis, erupções vulcânicas submarinas, deslizamentos submarinos. Manter durante anos a funcionar convenientemente uma plataforma oceânica, onde se instalam antenas para transmissão e recepção de sinais provenientes de satélites, não é uma tarefa fácil. Se não existirem, à disposição, os meios de acesso e de substituição rápida, em zonas de maiores profundidades do oceano, outros tipos de equipamentos e de recepção dos resultados das observações terão de ser encarados. A modelação da cinemática global, assim como a monitorização dos processos activos na crista medio-oceânica e o estudo da convergência e dos desligamentos ao longo das fronteiras de placas, para além da informação sismológica, carecem de resultados geodésicos obtidos por observações GPS e INSAR. É bem provável que, a médio prazo, as concepções tecnológicas, que serão mobilizadas pela comunidade geofísica para responder ao desafio do conhecimento científico da Terra, se comecem a concretizar. Veja-se a figura seguinte: 051 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Telescópio Geofísico de Banda Larga para observar o Interior Planetário (a instalar no fundo dos oceanos) 9 | DESAFIOS TECNOLÓGICOS O desenvolvimento do conceito de observação geofísica integrada depende de disponibilidade variada e de esforços concentrados para a mobilização de meios humanos e financeiros adequados. Nos domínios da Sismologia, em anos recentes, foi alcançado um progresso notável na construção de sensores adaptados às características da observação pretendida. Se bem que, em alguns domínios, haja inovação ao nível de desenho e de construção de alguns protótipos, em múltiplos aspectos as soluções mais convenientes ainda não foram encontradas. 052 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Earthquake Hazards in the US and around the World [ Walter D. Mooney | Senior Research Geophysicist USGS, Menlo Park, CA ] Seismicity map of the Earth, showing earthquake distribution and the large regions threatened by earthquake hazards. Seismicity of the world The plate tectonic framework of the Earth, showing a cross-section of the three main types of continental boundaries: convergent, divergent, and transform. Regions with one or more of these active tectonic environments are places where we observe active seismicity on the Earth today. 053 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Plate Tectonic Theory Shown here is the Global Seismic Hazard Map. This map not only takes into account active plate boundaries, but seismically active faults and other factors including soil consolidation and rock type which can often affect the amount of shaking from an earthquake. Global Seismic Hazard Map The USGS has worked very hard to identifying seismically active areas in the U.S. and are continually updating the Seismic Hazard maps. New research on earthquake potential in the northwest has greatly increased the hazard in areas like Oregon, Washington, and northern California. These hazard maps directly affect communities in high-danger areas by causing changes in building codes and public awareness programs to reduce loss of life, injury, and property from Earthquakes. 054 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Seismic Hazard in the US Hazard Maps Help Save Lives and Property One of the major goals the U.S. Geological Survey is addressing is earthquake probabilistic forecasting. For the San Francisco bay area of Northern California, historic data and earthquake recurrence information has been accumulated to evaluate the probability of major earthquake potential in the future. This “tombstone diagram” clearly shows the earthquake cycle and has played a pivotal role in the understanding of how and when earthquakes occur. 055 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Earthquake probabilistic Forecasting The regional differences in seismic shaking are very important for determining the amount of damage, and the area that will be affected by earthquake shaking. This figure shows a comparison of the impacted area by shaking from earthquakes of similar magnitude. In southern California, where historic volcanic activity dominates the landscape, the wave propagation is dramatically reduced in comparison to the sediment rich Mississippi valley, where large earthquakes have been known to strike in the historical record. 056 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Regional Differences in Seismic Shaking Comparison of the area of affected from a similar magnitude event in Southern California and the Mississippi valley. The dramatic contrast in the amplitude of shaking can also be seen here, in areas of Oakland, California where the 1989 Loma Prieta earthquake caused incredible destruction to some parts of the highway, and left others undamaged. It was later discovered that areas of the road that were built atop unconsolidated soil or soft mud expeImportance of Engineering Amplification of unconsolidated vs consolidated materials. rienced much higher degrees of shaking and even amplification. This knowledge has gone into the reconstruction of these highways so that the disasters that occurred in 1989 will not occur again. Importance of Engineering Saving Lives through Better Standards. 057 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS The importance of shaking and engineering buildings has been implemented in many of the new building around the world, where seismic hazard is high. High building codes, and better engineering will save lives and money, and the U.S. Geological Survey is working hard to make sure that people and earthquakes can co-exist. Building Safer Structures Now, I will mention some of the major recent and historic Earthquakes that have occurred around the World: Bhuj, India, January 26th 2001 Izmit, Turkey, August 17th 1999 Bam, Iran, December 26th 2003 Niigata, Japan, October 23rd 2004 Chi-Chi, Taiwan, 1999 San Francisco, 1906 Examples of Earthquakes in areas of High Seismic Risk 058 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS The Bhuj Earthquake, India occurred on January 26th, 2001. It was recorded a moment magnitude of 7.7. The destruction was tremendous, over 20,000 lives were lost, and as many as 200,000 people injured. One of the major factors that influenced the amount of devastation was the low building quality and very high population density. Nearly 400,000 houses were destroyed, including Bhuj Earthquake, India: Mw = 7.7 many high-rise apartment buildings. Historically, central India has relatively few earthquakes. However, the tectonic regime in the area is a continental collision between India and Eurasia. Therefore, the northern part of the country, and Tibet, are extremely seismically active resulting in a very high seismic hazard in the north. Bhuj, India. Peak Ground Acceleration (m/s2) with 10% Probability of Excedance in 50 years Bhuj, India. Here is just a fraction of the damage that occurred in Bhuj, India as a result of the major 2001 earthquake. Furthermore, the less than adequate building codes resulted in more damage. 059 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Bhuj, India The Izmit Earthquake, along the North Anatolian Fault in Turkey occurred on August 17, 1999 with a moment magnitude of 7.4. The Izmit Earthquake, Turkey: Mw=7.4 Implications for Earthquake Risk from Historical Earthquakes 060 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS The devastation of the Izmit Earthquake in Turkey was similar to that of India. With high population, and relatively low building codes, damage was tremendous. Also shown are shearing patterns of the surface rupture from the earthquake. Nearly 110 km of the fault surface broke during this earthquake. Izmit Earthquake, Turkey The death toll stands at over 18,000, with some 44,000 people injured, nearly 300,000 homes either damaged or collapsed. As seen in the tectonic map, the North Anatolian Fault runs across the entire of Turkey. This area is very tectonically active, with convergence between the African and Eurasian plate to the south. The transform motion along the North Anatolian Fault results as a consequence of this convergence. Regional Tectonics 061 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS As a result of these active tectonics, the seismic hazard throughout Turkey is very high. Also shown here is a map of seismicity. Although the North Anatolian Fault is not clearly visible from seismicity patterns, large earthquakes occur throughout the country, and cause tremendous damage on a yearly basis. Izmit Earthquake, Turkey Izmit Earthquake, Turkey Seismicity (top) and Seismic Hazard Map (right) for Turkey 062 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS This fault is very well studied, and the possibility of another earthquake is very high. This figure shows where and when the North Anatolian Fault has ruptures through time. In general, large earthquakes have occurred from east to west along the fault, initiating the following portion of the fault to break, sequentially. This will not be the last earthquake in Turkey, and the people and the government need to increase the building standards and public awareness so that the next earthquake does not result in the number of deaths that was seen in 1999. Historic Rupture of the North Anatolian Fault, Turkey The Bam Earthquake, in Iran occurred on the 26th of December, 2003, with a magnitude of 6.6. This is another area that is incredibly tectonically active, thus causing the seismic hazard to be very high throughout the country. 063 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS The Bam Earthquake, Iran: Mw = 6.6 064 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS This earthquake occurred along the Bam Bam, Iran Fault, and resulted in very high damage. Due to dominantly clay and brick building style throughout the country, reportedly 70% of the buildings within the city were destroyed or damaged, and over 15,000 people perished. The October 23rd, 2004 earthquake near Niigata, Japan was one of the more recent earthquakes that caused significant damage to the area. Japan is an island arc that is the result of subduction by the Pacific and Philippine plates beneath the Amur plate. This not only results in volcanism, but large amounts of seismicity, as seen in the seismicity map. 065 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Niigata Earthquake, Japan : Mw = 6.6 Unfortunately, this large earthquake struck after Japan had been drenched by monsoon rains, saturating the soil. As a result of the earthquake and rain, multiple large landslides occurred and ground shaking was significantly amplified. The pictures above show a bridge vertically offset on the left, and the support of another bridge horizontally displaced multiple inches, in the middle. And, on the right, a roadside slumped almost a foot as the result to shaking induced land sliding. Niigata Earthquake, Japan : Mw = 6.6 066 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS These pictures are from the historic 1906 San Francisco earthquake. The damage was tremendous, and the ensuing fire destroyed almost the entire city. Niigata Earthquake, Japan : Mw = 6.6 Unfortunately, during the 1989 Loma Prieta Earthquake, the parts of San Francisco most heavily damaged were areas that had been built on the unconsolidated rubble of the 1906 earthquake. Although ironic, this is another example of problems that the USGS is trying to prevent in further earthquakes. Marina district of San Francisco built on “fill land” after 1906 earthquake 067 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS The last example is the 1999 Chi-Chi earthquake, in Taiwan, measuring a moment magnitude of 7.6. Similar tectonically to Japan, Taiwan is a subduction related island. It was also an earthquake that was very well studied. 1999 Chi-Chi Earthquake, Taiwan: Mw = 7.6 This figure shows the seismicity of Taiwan, color coded for depth. This is another country that has a very high seismic hazard due to its location on a plate boundary. 068 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Although Taiwan is advanced in its earthquake preparedness, there was significant damage. The offset of the fault was tremendous. These photographs show the more than 5 feet of offset of a school track, and the waterfall created by the fault in the picture on the upper right. Chi-Chi Earthquake, Taiwan Historic Seismicity with depth Global seismicity, as shown above causes very large natural hazards that threaten millions around the globe. Agencies like the U.S. Geological Survey are constantly attempting to assess hazards, and incorporate new data from earthquakes such as these and others that occur at a daily basis. With this data, we are trying to prevent loss of life, and property, and increase the public’s knowledge of these hazards. 069 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 2.ª Sessão Preservation of monumental buildings in seismic areas: vulnerability assessment and rehabilitation techniques [ Sergio Lagomarsino | Diseg, University of Genoa ] Acknowledgements: A significant part of this research has been funded within the 5th Framework European Commission Project: RISK-UE – An advanced approach to earthquake risk scenarios with applications to different European towns. 073 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 074 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 075 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 076 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 077 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 078 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 079 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 080 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 081 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 082 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 083 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Design of R/C Structures and Rehabilitation and Protection of Ancient Masonry Buildings in Turkey [ Mustafa Erdik | 085 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Bogazici University, Istanbul ] 086 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 087 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 088 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 089 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 090 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 091 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 092 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 093 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 094 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 095 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 096 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 097 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 098 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 099 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 100 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 101 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 102 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 103 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 104 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 105 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 106 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 107 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 108 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 109 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Role of Insurance and Reinsurance in Managing Financial Risks Due to Natural Catastrophic Events [ Haresh C. Shah | Stanford University Obayashi Professor of Engineering, [ Weimin Dong | Emeritus, Founder and Senior Advisor, RMS, Inc., Honorary Member, EERI ] Founder and Chief Risk Officer, RMS, Inc., Member of the Board, WSSI, Inc. ] Abstract During the past 15 years, there has been spectacular growth in the use of risk analysis and risk management tools developed by engineers in the financial and insurance sectors. In particular, the insurance, the reinsurance, and the investment banking sectors have enthusiastically adopted loss estimation tools developed by engineers in developing their business strategies and for managing their financial risks. As a result, insurance/reinsurance strategy has evolved as a major risk mitigation tool in managing catastrophe risk at the individual, corporate, and government level. This is particularly true in developed countries such as US, Western Europe, and Japan. Unfortunately, it has not received the needed attention in developing countries, where such a strategy for risk management is most needed. In the earlier years of catastrophe model development, risk analysts were mainly concerned with risk reduction options through engineering strategies, and relatively little attention was given to financial and economic strategies. This state of affairs still exists in many developing countries. 111 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS The new developments in the science and technologies of loss estimation due to natural catastrophes have made it possible for financial sectors to model their business strategies such as peril and geographic diversification, premium calculations, reserve strategies, reinsurance contracts, and other underwriting tools. These developments have not only changed the way in which financial sectors assess and manage their risks, but have also changed the domain of opportunities for engineers and scientists. This paper will describe the role catastrophe risk insurance and reinsurance has played in managing financial risk due to natural catastrophes. Historical losses and the share of those losses covered by insurance will be presented. How such risk sharing can help the nation share the burden of losses between tax paying public, the “at risk” property owners, the insurers and the reinsurers will be discussed. The paper will summarize the tools that are used by the insurance and reinsurance companies for estimating their future losses due to catastrophic natural events. The paper will also show as to how the results of loss estimation technologies developed by engineers are communicated to the business flow of insurance/reinsurance companies. Introduction Recent developments in loss estimation technologies have impacted the way insurance and reinsurance industries have developed their busiDefinition of great *natural catastrophes is taken from Munich Re. [See Ref 2.]: Natural catastrophes are classed as great if the ability of the region to help itself is distinctly overtaxed, making interregional or international assistance necessary. This is usually the case when thousands of people are killed, hundreds of thousands are made homeless, or when a country suffers substantial economic losses, depending on the economic circumstances generally prevailing in that country. 112 ness strategies in recent years. Let us look at the role insurance industry has played in mitigating the economic impacts of recent disasters. Table 1 shows the top 10 US insured property losses in the last 15 years (Ref. 1). Table 2 shows long-term statistics of losses – insured and total – for great natural catastrophes* between 1950 and 2002 (Ref. 2). All losses in this table are in billions of US$ and they are normalized to 2002 values. This table demonstrates some very interesting trends. The absolute value of the economic losses is increasing every decade and so is the value of insured losses. What is more interesting is the ratio of losses. The ratio of economic losses in 60s compared to 70s, 80s and 90s has gone up from 1.83 to 7.3. However, similar ratio for the insured properties have gone up from 2.11 to 13.9. This indicates that the insurance has taken larger and larger burden of natural disaster losses. Not only the absolute numbers PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS transferred to insurance. This transfer of risk is quite significant. Similar statements cannot be made for developing countries such as for India. Figure 1 shows losses due to great natural catastrophes worldwide by year and by decade. Figure 2 shows similar losses for the United States. It is clear that in U.S., the burden of losses is shared by insurance where as it is not so true on the worldwide basis. [TABLE 1] Top 10 U.S. insured property losses (in bilions of dollars) Dollars Event World Trade Center (2001) $40.0 $40.0 Hurricane Andrew (1992) $15.5 $19.6 Northridge Earthquake (1994) $12.5 $14.9 Hurricane Hugo (1989) $4.2 $6.0 Hurricane Georges (1998) $2.9 $3.2 Tropical Storm Allison (2001) $2.5 $2.5 Hurricane Opal (1995) $2.1 $2.4 Hurricane Floyd (1999) $2.0 $2.1 20-state winter storm (1993) $1.8 $2.1 Oakland Firestorm (1991) $1.7 $2.2 [TABLE 2] 113 2001 Dollars when occurred Long Term Statistics 1950-2002 (Taken from Ref. 2) Decade 1950-59 1960-69 1970-79 1980-89 1990-99 Last 10 Years Number of Event 20 27 47 63 91 70 Economic Losses 42.1 75.5 138.4 213.9 659.9 550.9 Insured Loss − 6.1 12.9 27 124 84.5 Ratio of Insured to Economic Losses % − 8.1 9.3 12.6 18.8 16.6 Factor 70s/60s 80s/60s 90s/60s Last10/60s Number 1.74 2.3 3.4 2.6 Economic Losses 1.83 2.8 8.7 7.3 Insured 2.11 4.4 20.4 13.9 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Figure 1. Losses due to Great Natural Catastrophes Worldwide; (a) by Year and (b) by Decade 114 [Source: Munich Re (2002) Topics: Natural Catastrophes 2002] PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Figure 2. Losses Due to Significant U.S. Natural Disasters; (a) by Year and (b) by Decade. [Source: American Re 2002. Topics: Annual Review of North American Natural Catastrophes, 2002] So what is the message of these numbers and statistics? The message is that a prudent strategy of catastrophe risk management requires that besides focusing on technological fixes to reduce losses, a nation must develop financial risk management strategies which include risk transfer strategies to insurance, reinsurance and capital markets. In the next section, we will look at the stakeholders in this financial risk management pyramid. 115 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Insurance could play a very important role in disaster recovery. In the 1994 Northridge Earthquake in U.S.A., two third of the loss was paid by the insurance industry, which greatly reduced the government’s burden and resulted in rapid post disaster recovery. As opposed to this, in the 1995 Kobe earthquake, less than 5% of the burden of economic losses was covered by the insurance, leaving the rest to come from the taxpayers of Japan and from local governments. In a wealthy country, this strategy may work but for the rest of the world, this certainly is not the most desirable way of managing catastrophe risk. Basic Issues of Catastrophe Insurance The main stakeholders in managing financial risk are shown in Figure 3. The property owners are the ones who can potentially bear losses due to natural catastrophes. To protect themselves, they may transfer some of their risk to insurance companies. When insurance companies accumulate large amount of risk in the above process, they may want to transfer some of their risk to reinsurance companies. Figure 3.Key Stakeholders in the Management of Financial Risk [Source: Private Communication Ref. 1] The capital markets at the top of the risk pyramid provide the capital to the insurance and reinsurance markets through financial instruments such as catastrophe bonds. 116 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS The insurance rating agencies and the state insurance commissioners generally regulates the functioning of the insurance and the reinsurance companies. The Security and Exchange Commission regulates the capital markets. Thus, in the above pyramid of stakeholders, the government, the private industries, the capital markets, and the society at large are interested parties. Though all the above stakeholders may have interest in developing a workable mechanism for risk transfer, due to the nature of the catastrophe risk (rare events with huge consequences), insurance companies in general may be reluctant to issue insurance policies and could eventually claim that such a risk is un-insurable. So, what does the insurer need to know in order to make catastrophe insurance work? Simply, an insurer needs to know the following: 1. What is the expected annual (or annualized) loss? Is it $100 per policy or $200 per policy? That will make a difference in the determination of the premium rate charged to customers. 2. Of course, every insured property is different. As an example for earthquake risk, some houses may be located on bay mud like soils (like in the Marina district of San Francisco); some may be on rock. Their expected annual loss would be very different. Therefore, the premium needs to be adjusted to account for various site conditions, building types, building performance under earthquake loads, and construction quality. 3. For a company portfolio, what is the probable maximum loss? The probable maximum loss often times is expressed as a loss for a selected return period (e.g. 250, or 500-year return period loss). How much surplus does the company need in order to cover losses of such magnitude? 4. How to control over-concentration of exposure by limiting underwriting in over-exposed regions? It has been a common practice in the insurance industry to seek answers to the above questions by resorting to accumulated loss data, such as those collected by the Property Claims Services (PCS) for earthquakes and hurricanes. However, because catastrophes are rare events, these catastrophe loss databases are small and sporadic (modern times loss records for the U.S. date back only to 1949). 117 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS But the most important reason that dissuades sole use of historical data as the basis for catastrophe risk management is that the data window is simply too narrow to catch the full impact of rare, adverse events. This window is very short compared with the return period of catastrophic events. Typically, major earthquakes have an average return period in the order of hundreds of years. The length of historical loss data is too short to allow its use as empirical basis for reliable loss estimates. Missing an extreme loss (event) will result in a much lower estimate of the average annual loss. Conversely, including a big one in a short time interval will overestimate the annual loss. For illustration, Table 3 is a tabulation of the premium income/loss histories in California with regard to earthquakes since 1970. From this table, it is obvious that a single modern event can alter the historical estimates significantly. In particular, according to the historical data, the average loss ratio for the period 1970-1993 is 0.26, but increases to 2.07 when 1994 is included. The Northridge earthquake was a moderate earthquake. The jump would be much greater in case of an event on the Newport Inglewood Fault, or a repeat of the 1906 San Francisco earthquake (see Refs. 3 and 4). Based on the short historical data, it is impossible to obtain the probable maximum loss for much longer term. From Table 3, the maximum loss is $433 millions (1989) before the Northridge earthquake, but $7,414 millions (1994) after this event. Inclusion of the Northridge event will boost the maximum loss about 18 times even for short return periods (say 25 years or less). For these reasons, the use of historical data only to forecast catastrophe losses is unsatisfactory since such estimates contain large uncertainties. The uncertainties could be quantified and understood through the use of physically based engineering models. 118 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS [TABLE 3]Underwriting Experience (1970-1994, including Northridge), Earthquake Insurance Premiums and Losses (in Million US$, from Ref. 4) Year Earthquake Event 1970 1971 Losses paid in each year 5.9 0 4.6 .8 1972 9.0 2.1 1973 10.9 .1 1974 13.0 .4 13.8 0 17.1 .1 1975 San Fernando (6.6) Premium collected in each year Oroville 1976 1977 19.8 .1 1978 Santa Barbara 23.2 .4 1979 Imperial Valley (6.6) 29.0 .6 1980 38.5 3.5 1981 50.2 .5 1982 58.9 0 1983 Coalinga (6.7) 70.4 2.0 1984 Morgan Hill (6.2) 79.5 4.0 132.9 1.7 1985 1986 Southern California 180.0 16.7 1987 Whittier (5.9) 208.4 47.6 1988 277.8 31.8 1989 Loma Prieta (7.1) 333.6 433.0 1990 Southern California 384.6 180.9 1991 Northern California 427.4 73.7 479.9 87.7 521.0 13.2 619.4 7414.1 4008.7 8295.0 1992 1993 1994 Total Northridge (6.9) Average loss ratio (excl. 1994) 0.26 Average loss ratio (incl. 1994) 2.07 119 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Loss Estimation Technologies and Catastrophe Insurance Recent advances in loss estimation technologies based on mechanistic and scientific principles have made it possible to quantify losses from catastrophes with reasonable accuracy for insurance purposes where this type of information is needed at the portfolio level rather than a micro level of a specific building. Phenomenological models developed have been used to estimate potential losses to insurance exposure under any conceivable scenario. While modeling does not eliminate the uncertainty, loss estimates based on engineering models can complement the information distilled from historical data because they can be made to reflect current and future exposure, vulnerability, and valuation changes. At present, almost all major property and casualty insurance and reinsurance companies use engineering based models to help them underwriting, risk control, price setting, reinsurance purchase and optimal capital allocation. In general, catastrophe impact models have four components or modules; stochastic event module, attenuation module (for earthquakes or for hurricanes), vulnerability module, and financial analysis module. Technical and scientific professionals mainly provide the input for the first three modules whereas insurance professionals provide the input for the financial analysis module. This last module converts damage information into dollar loss estimates, and propagates this loss through the entire insurance financial structure. The loss estimation technology provides input to the insurance professionals in the following four formats. 1. The Event Loss Table 2. Average Annual Loss and Standard Deviation 3. Occurrence Loss Exceeding Probability (OEP) 4. Aggregate Loss Exceeding Probability (AEP). Table 4 shows a typical Event Loss Table (ELT). Contents of the ELT are considered as the basic interface of loss estimation technology with insurance applications, since its content drives important financial parameters of the insurance business. Each row of the ELT corresponds to a catastrophe event taken from a group of credible scenarios (e.g., earthquakes from nearby faults that are 120 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS [TABLE 4]Event Loss Table (ELT) judged to have substantial effects on the assets should they occur). The event Event ID Annual Rate Loss 1 l1 L1 ID = j, for example) and the annual rate 2 l2 L2 of occurrence of the event is also noted : : : in the table. Each scenario event is sim- j lj Lj ulated using the engineering models : : : described, and losses sustained by the J lJ LJ scenario is given an identification (Event assets are computed and entered into the table. The ELT also contains measures of variation (uncertainty) of the parameters (event rates and losses), which are not elaborated on in this paper. The information in the ELT on losses due to individual events lends itself readily to the calculation of the average annual loss and the standard deviation of the loss due to all events. It can also be used to quantify concentration of exposure, as well as solvency positions. Given below are some applications. The average Annual Loss E(L) and the Standard Deviation of the loss s are then given as: E(L)= J s j=1 lj Lj (1) And σ= J s Ll j=1 2 j j (2) The summation index J corresponds the total number of independent events in the ELT, i.e., number of rows in the table. It is well known that E(L) are the two key variables that govern insurance pricing. A common pricing formula is: P = E(L) + α · σ + e (3) P is the premium while e covers the expense and profit margin. The parameter a is also called risk load factor. Hence, the basic cost of the policy is the average annual loss E(L) plus expenses and target profit, with a premium added to protect against any instability effects due to the variability in the loss estimate. The term a◊s is often referred to as the “risk premium”. Entries in the ELT are based on the events occurring individually within the year. However, within a particular year, many of these events may 121 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS occur and the losses can be compounded. In the worst-case situation, the compounded loss may be so severe that the company becomes insolvent. To get an approximate measure of the compound losses, the multiple events could be treated as a compound Poisson process with a rate that is based on the rates of the member events: sl l = j (4) j The summation is carried over all member events. It is quite straightforward to demonstrate that the probability of loss being greater than or equal to a particular value is: s P(Llj)=1–P(Llj)=1– e – li ij (5) Equation 5 defines the OEP curve (Occurrence Loss Exceeding Probability) when secondary uncertainties, i.e., coefficient of variation of the loss given an event, are ignored. For the OEP, each loss corresponds to a particular event. For each event one could define the loss return period as the reciprocal of the exceeding probability: 1 RP(Llj)= P(Llj) (6) For a compound process involving n events, the probability that the aggregate loss L is less than a particular value of lj is: F ( L l j| n ) = F ( L 1 L 2, . . . . . . L n l j ) = F n*( L l j) (7) In the equation above F n * ( L l j ) is the nth convolution of F evaluated at the loss l j . Hence, the probability that the aggregated loss L is less than a particular value of l j is: P ( L l j) = e ∞ – e n !. F n=1 – n n* L l j) (8) To evaluate Eq. 8 a very large number of calculations are required in order to generate the various convolutions of the severity distribution given that a certain number of events have occurred. To reduce the computational effort required, one could use Panjer’s recursive approach (Ref. 5). 122 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Figure 4 shows an AEP curve (enlarged) for a particular portfolio, with a corresponding mean loss of $6.5 million and a standard deviation of $10.1 million (=coefficient of variation 1.565*=10.1/6.5). Based on this curve, if the company wants to maintain solvency at the 1% probability level, the surplus allocated to this line of business must be at least $50 million. This example is typical of AEP curves for catastrophe events in that it exhibits a highly skewed distribution. In particular, recall that the normal distribution requires a surplus equal to the mean loss plus 2.3 times the standard deviation to maintain a 1% exceeding probability. The surplus required here to maintain the same 1% exceeding probability corresponds to the mean loss (at $6.5 million) plus 4.3 times the standard deviation (at $10.1 million). The example underscores the fact that caution is required when determining the marginal surplus necessary to maintain a solvency criterion based on conventional wisdom (Ref. 6). Figure 4. Aggregate Loss Exceeding Probability (AEP) Curve [Source: Ref. 1] It could also be shown that the AEP is always greater than or equal to the OEP for any loss level. This is illustrated with an example shown in Figure 5. For an expected loss of $50 million, the AEP is 4.14% and the OEP is 0.8% as indicated in the inset box. The box also indicates the option of computing AEP and OEP with secondary uncertainty, i.e., Figure 5. Comparison of Aggregate Loss Exceeding Probability (AEP) and Occurrence Exceeding Probability (OEP) Curves [Source: Ref.1] 123 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS uncertainty associated with the engineering models rather than the rate of occurrence only. Due to space limitations this paper does not elaborate on OEP and AEP derivations with secondary uncertainty. Summary In this paper, the various kinds of information that an integrated engineering and financial modeling system can provide have been presented. The main aim of this presentation is to show how the currently available technologies from loss estimation modeling can be readily utilized to provide business decision models for insurance and reinsurance strategies. For further details, see Ref. 7. It is important to recognize the role played by risk transfer strategies in meeting the risk mitigation needs of any developing societies. It would be a shame not to consider insurance and reinsurance as one of the strategies in a portfolio of many technical, social, and financial strategies that are currently available to manage catastrophe risk. References 1. Dong, W., Private Communication. Risk Management Solutions, Inc. 2. Munich Re 2002 Topics: Natural Catastrophes, 2002 3. American Re 2002 Topics: Annual Review of North American Natural Catastrophes, 2002 4. Roth, R. J. Jr. & Van, T. Q., “California Earthquake Zoning and Probable Maximum Loss Estimation Program”, Calif. Dept. of Insurance, Los Angeles, CA, 1993-1994 5. Panjer, H. H., “The Aggregate Claims Distribution and Stop-Loss Reinsurance”, Proceedings of the Casualty Actuarial Society, XXXII, 523-545, 1980 6. Kreps, R., “Reinsurer Risk Loads from Marginal Surplus Requirements”, Proceedings of the Casualty Actuarial Society, LXXVII, 196-203, 1990 7. Stojanovski, P., Shah, H. C., Dong, W., “Bridging the Gap Between Earthquake Engineering and Insurance”, Paper presented at the SE-40EEE Skopje Conference, August 26-29, 2003, Skopje, Republic of Macedonia 8. Kunreuther, H., Roth, R. J. Jr., “Paying the Price – The Status and Role of Insurance Against Natural Disasters in the United States”, National Academy of Sciences, Joseph Henry Press, Washington D. C., 1998 124 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Nota Durante a palestra o professor Haresh C. Shah apresentou mais diapositivos do que os que estão referidos no texto. Para não se perder nada do que foi dito adicionam-se a seguir aqueles que não foram mencionados anteriormente. 125 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 126 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 127 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 128 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 129 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 130 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 131 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 132 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 133 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 134 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 135 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 136 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 137 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 3.ª Sessão EUROCÓDIGOS ESTRUTURAIS [ Eduardo Cansado Carvalho | 141 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Investigador-Coordenador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil ] 142 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 143 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 144 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 145 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 146 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 147 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 148 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 149 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 150 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 151 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 152 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 153 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 154 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS CURRENT DEVELOPMENTS & FUTURE PROSPECTS OF THE EUROPEAN CODE FOR SEISMIC DESIGN & REHABILITATION OF BUILDINGS: EUROCODE 8 [ Michael N. Fardis | Department of Civil Engineering, University of Patras, Greece ] 155 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 156 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 157 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 158 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 159 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 160 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 161 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 162 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 163 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 164 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 165 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 166 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 167 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 168 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 169 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 170 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 171 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 172 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 173 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 174 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 4.ª Sessão PREVENTION AND PROTECTION POLICIES AGAINST THE EFFECTS OF EARTHQUAKES [ Carlos Alberto de Sousa Oliveira | Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Instituto Superior Técnico, Lisboa. Presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica ] 1. Natural disasters: perspectives and earthquakes Multi-disciplinary approaches on natural risks and managing throughout the world and also in Europe (Veyret et al. editors, 2004) have been gaining a growing concern of many agencies and institutions. It is also considered at the European Union as a topic for research and possibly for a “Solidarity Fund”. Natural disasters throughout the centuries have always caused from times to times great convolutions in the process of human development. Even though the advancements in science and technology have produced a great deal of knowledge on the causes of those disasters, the enormous amount of population increase and the form society is organized to face those threats has not yet given the sensation that human kind has taken control of natural disasters. Man-made disasters do dominate the entire panorama of death toll around the world (for the year 2003 the number of deaths from road accidents in the World is slightly larger – 2.2 Millions – than the total number of deaths from earthquake activity during the XX century – 1.5 M). In the topic of natural catastrophes, earthquakes play a very important role, worldwide. As a matter of fact, statistics taken from the period 179 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 1973-1997 (http://www.cred.be), organized by 5-year bins, show that earthquakes are among the disasters with larger death impact [Fig. 1], even though the total number of flood events is twice per year. Figure 1. C omparison since 1973 by periods of 5 years of reported killed by earthquake, drought and famine, floods, highwinds, landslide and volcano [Oliveira, 2003] A simplified analysis of the evolution of human casualties and economic losses all around the world caused by the seismic activity during the XX century (Pinto, 1998, Oliveira et al., 2002) [Figures 2 and 3], clearly indicates a steady increase of economic losses [Fig. 2], especially in the last decade, in contrast with a slight decrease in human casualties [Yong et al., 1997, Fig. 2]. In fact, while casualty figures oscillate around the 150,000 per decade (in a total of 1.5 Million) and are marked by the occurrence of very large events (Japan, Kwant, 1923, China, 1920, etc., in the decade 1920-30 and Tangshan, China, 1976, decade 1970-80), the economic losses [Fig. 3], corrected to the year 1997, show an exponential increase. Such increase can be attributed to earthquakes striking regions of high urban concentration, for which no seismic protection has been implemented due to difficulty in transferring of technology to the construction industry. Fig. 4 details the evolution of the number of deaths in the twentieth century by presenting the results per year. Similar pattern is repeated in the first 4 years of 2000. 180 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Figure 2 Human losses in the world during the XX century Figure 3 Economical losses in the world during the XX century Figure 4 List of damaging earthquakes by number of deaths for the period 19002004 [adapted from Coburn and Spence (2003), Samardjieva and Badal, (2002), Scawthorn (2003), USGS (2004) http://www.usgs. gov (consulted Nov. 2004), http://www. em-dat.net (consulted Nov. 2004)]. 181 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Figure 5. N umber of deaths versus magnitude [Note: the ordinates are logarithm neperian of number of deaths] Fig. 5 presents the number of deaths versus magnitude showing differences a great dispersion in data. Of course this index is a very poor indicator due to the number of parameters contributing to “human losses”, besides the magnitude. Epicentral distance to the centre of gravity of the affected population, type of construction and population density (a measure of the GNP), do influence the final numbers presented in Fig. 5. However, in gross terms we can say that the developing regions tend to lie on the upper side of the diagram whereas the developed regions are in general towards the lower side. An effort to reduce the number of deaths in developing countries should be a first worldwide priority; the economical losses occurring in developing countries constitute the other important policy to follow. All this is related to political aspects. There are many regions that can be affected in both ways, with a high death toll and an important social economical impact. The next Figs. 6 and 7 show the correlation between death and injures and homeless and injures, which give a good perspective on how the society can expect to have their major impacts. 182 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Figure 6. Human casualties: deaths versus injures caused by earthquakes (same Note) Figure 7. Human casualties: homeless versus injures caused by earthquakes (same Note) 183 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 2. Object of Vulnerability a. Building stock b. Industrial buildings c. Important structures d. Lifelines – roads, gas, water, communications, etc. e. Geotechnical structures: landslides, liquefaction f. Historical Heritage g. Economical and social Impacts (indirect costs: interruption of activities, work stoppages) h. Political consequences: instability, migration 3. Earthquakes in Europe: statistics of the XX century 4. Earthquakes in Portugal: statistics from historical times a. Continent b. Azores 5. What to do to mitigate Earthquake Losses a. Understand the entire seismic and earthquake engineering process b. Act through Codes: Construction and land-use c. Civil Protection: Emergency on the occurrence of event d. Reconstruction: post-event MULTI-DISCIPLINARY APPROACHES ON NATURAL RISKS AND MANAGING THROUGHOUT THE WORLD AND ALSO IN EUROPE MITIGATION OF EARTHQUAKE RISK AND PREPAREDNESS In order to mitigate the earthquake risk as seen in the previous chapters it is necessary to act at several levels of the society, in a pure scientific/technical point of view, involving the social, fiscal and political issues (SPES, 2001. “A Contribution to the reduction of seismic vulnerability of the building stock”, http://www.spes-sismica.org/). What can we do to reduce the impact of future earthquakes in the building stock and in the monumental structures? The following general topics are of most importance: (i) perception of the origin of earthquakes and of propagation of seismic waves; (ii) understanding of the behaviour 184 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS of all kind of structures under seismic action; (iii) rehabilitation and retrofit of existing structures; (iv) development of appropriated code of practice; and (v) development of quality control to insure a correct application of all legislation. In terms of earthquake preparedness, one can act at two different levels: Institutional > Different Ministries (risk mitigation). > Civil Protection: Risk study; Information and education; Response preparedness (EMERGENCY PLANNING). Individual > Home preparation; > Family emergency planning; > Self-protection measures. Because it is not possible to predict earthquakes, it is necessary to minimize the risk, preparing a Preventive Planning and to minimize the effects of the event, developing an Operational Planning. In order to minimize seismic risk, one should: (i) develop and enforce preventive measures; (ii) improve building regulations for construction and reinforcement; (iii) develop appropriate land use plans; and (iv) carry out civil protection awareness and educational programs for the population, civil protection entities and decision-makers. The measures to minimize the effects after the occurrence of the event should be prepared: (i) plan civil protection actions to activate when an earthquake occurs; (ii) organise civil protection entities involved in aid operations, concerning its mission and operational procedures; and (iii) plan emergency means and resources and their allocation, and plan management. These last issues require Emergency Master Plans and Detailed Response Plans for specific risks – i.e. the Seismic Risk Emergency Plan. 6. Tools (new technologies) a. Structural Geology, Urban movements: GPS; PSInSAR; DifInSAR, etc. b. Real time monitoring of special situations (strong motion networks) c. Vulnerability assessment: Continuous Monitoring of structures; 185 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS experimental testing; post-earthquake evaluations d. New materials for construction and repair: CFR, Plastics, high resistance, epoxies e. New techniques for structural control: base isolation; dampers f. Early warning systems: stop important systems, shutdown networks g. Rapid damage evaluation: satellite and aerial pictures 7. Policies a. Diagnosis: reduce the large existing uncertainties (more applied research) SEISMIC SCENARIOS b. Prevention: code application (separate developed and developing regions) and repair (quality control) c. Rehabilitation of most vulnerable structures: develop simple and costeffective techniques d. Civil Protection: emergency, international co-operation, organization, efficiency 8. Politics a. Define the politician’s Agenda b. Prepare cost-benefit analysis on a “urban system” - holistic approach c. Use insurance companies to provide differentiated premiums 9. Education and the Culture of Risk 10. The Role of International and National Seismological and Earthquake Engineering Communities a. The SPES (Portuguese Society for Earthquake Engineering) b. The EAEE (European Association for Earthquake Engineering) 11. Earthquake prediction and prevention The seismic phenomena have been largely studied by seismologists and comprehend a large number of disciplines, approaches and deep knowledge. From the night of times, prediction of natural phenomena and, in particular, earthquakes has been one of the objectives of human kind. 186 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS However, the complexity of the rupture processes at the origin of earthquakes does not yet allow the science to produce earthquake predictions in the short term period as anyone would like: to know the time, location and size of the next important event within narrow and accurate windows. Even present scientific tendencies point out to the non-linearity of the phenomenon, with the consequence of a non-possibility of prediction. In the 1980’s several researchers have brought to the scientific community their studies, indicating possible forecasts of important events. The well-publicised case of Peru (1980?) was never given great attention by the scientific community. But the case of Parkfield in the San Andrea´s fault was seriously adopted by senior researchers to be used as a laboratory to measure physical parameters to be correlated with the occurrence of the earthquake. Unfortunately, the predicted event only took place at a time much off the mean predicted value. Figure 8 shows the sequence of 5 events occurred in the region and the last one (2004) that breaks the “good behaviour” of the fault. Other elaborated methods as the ones developed by Keilis-Borok and his colleagues at Moscow are interesting tools capable of detecting patterns in the earthquake activity as far as times and locations of very large events are concerned. However, the estimative for future activity leads to such large time and space windows that predictions become of low interest for the populations and authorities of the affected regions. Even in the case of precise prediction at short term (days or weeks) which would save human lives by moving the population to safer places, economical losses would not be avoided because of the impossibility to protect the structures and the economical tissue at such short notice. In recent years, with the development of rapid data Figure 8. P arkfield sequence of events. An announced prediction: 2004 (EERI web page, 2004) 187 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS transmission and treatment, it has been possible to design early-warning systems, which, after the occurrence of an earthquake, produce information about the possible arrival of strong seismic waves. In some cases, when the source is distant enough from the urban area, a few tens of seconds can be used to issue warnings to the population (see Chapter 15). In any case, it is more and more possible to produce information about the possible effects and their geographical distribution by an early scenario simulation (see Chapter 10), in order to speed up the intervention of emergency services acting to rescue the populations (see Chapters 16 and 17). On the other hand, prediction in the medium and long term (tens to hundreds of years) is routinely used for assessing the seismic hazard at regional or local levels and for specific sites with critical facilities, evaluating the more exposed zones and quantifying the possible seismic actions (see Chapters 2, 3, 4, 5 and 14). This constitutes the first step of the strategy of PREVENTION. This is in fact, at the moment, the only way to fight against earthquakes. The basic formulations of the seismic process from the source to the site are dealt within a very classic format as described in many review papers and recent books. The matter is presented here not only for reasons of completeness but also to point out to major issues related to the several topics necessary to define ground motion acting at a site or set of sites. 12. Earthquake prevention An adequate strategy of prevention should include three main principles: (i) acknowledge the seismic phenomenon and its consequences in the built environment; (ii) assessment of the risk in both the seismic hazard and vulnerability of all components of the built environment; and (iii) be aware of the importance of these assessments and put in practice different actions in order to mitigate the estimated risks. Among these principles, the first two, are of scientific and technical nature and they are developed in great extension in the first parts of the book (Chapters 2 to 12). The third one has an important political component and the technical aspects are introduced below and developed in Chapters 13 to 20. 188 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 13. Construction practices and urban planning One form of great efficiency to mitigate earthquake risks is through an adequate construction practice and urban planning. In both cases for most countries, codes, either for construction and urban planning, define the minimum requirements or recommendations for a “good performance” in face of the possible seismic action that may occur during the lifetime of a given construction. 13.1. New constructions and existing building stock New construction should by all means reflect the knowledge and good practices of present day developments. This means that no society, wherever it is, should not build without the necessary means in order to provide safe structures. Seismology/geology and engineering have all the means to do it at a reasonable low price compared to the price without those means. Quality control has to be practiced in a very strict way in order that everything built from now onwards can be considered safe in all senses and can be considered as posing almost “null” risk to the new generations. To accomplish these requirements, large campaigns should be done specially in countries with poorer knowledge and capacities. Simple and efficient techniques have to be upgraded in order to make simple transfer of technology. 13.2. Building Codes Building codes and “good building practice” have been throughout the decades the only effective way to mitigate earthquake damage. Historically they were developed upon the construction knowledge accumulated by generations that suffered the action of earthquakes. Along the XX century, the developments of science and technology, especially in the last 20 years, led to complete new formulations of building codes, adapted to the construction standards. Present codes are instruments of great use in all countries and should constitute the most important form of quality control in earthquake resistant construction. But codes by themselves cannot … The philosophy of codes has changed in recent years creating a more stringent concept of life-save and introducing the concept of minimization of certain types of losses, via the concept of performance. This last criterion depends very much on the type and importance of a facility. Vision 189 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 2000 (SEAOC, 1995) introduces this philosophy and tries to apply it to common construction (the housing stock), to important structures (schools, places of large concentration of population), and to very important structures (hospitals, decision centres, etc.). Another category of facilities should have a very special treatment due to the critical consequences in case of partial failure (critical structures, power plants, etc.). Fig. 9 shows the performance stage for different frequencies of events (probability of occurrence). Figure 9. Performance of construction in function of probability of occurrence The philosophy of codes has changed quite significantly in the last 50 years. The first generation of codes in the 1950´s took as main goal the preservation of lives only, for a low probability of occurrence. But the latest generation follows very much the “performance criteria” as referred in Figure 1.7, requiring the verification of “performance” for different levels of ground motion. Chapter 2 discusses this subject under the concept of acceptable probability of occurrence of that risk, i.e. what is acceptable or unacceptable risk for the community and how far can we go with codes. As for the legal character of codes, there are various status among countries and among regions. In many countries in Europe codes are mandatory rules, while in the USA great differences do exist from state to state; in many cases codes are nothing more than recommendations: Ex: Spain, Switzerland, France, Italy, Japan, California… Freeman (2004), analysing the performance of properly designed and constructed buildings, concluded that there are several reasons to 190 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS explain why so many buildings survived with relatively little or no damage, given the large strong motion records observed near those buildings. He refers that the better performance is due to some conservatism in design, that the excess of vertical capacity increases lateral resisting forces and that the experience of engineering design can anticipate potential for weak links and consequently provide alternative loading systems. 13.3. Mandatory Codes Mandatory Codes are associated to terms of responsibility on the part of the agents practicing the whole act of construction, from the design point of view, to the constructor and to the maintenance. The authorities in charge of these matters should also respond for their policies and technical work. If a code is not appropriate due to lack of adequate investment, they should be responsible for their actions. Insurances (public and private), differentiating the premium may contribute to control the quality of design and construction. Several models for the application of insurance are available and practiced throughout the world (see Chapter 18). Essentially one can have centralized bodies as practiced in Spain (Consorcio), or a moderate centralized scheme as the Solidarity Fund created in the EU in the aftermath of the large Central Europe floods of summer 2002. But the most practiced case is the existence of individual national or international companies with pools through reinsurance. All these schemes could help in increasing the public awareness towards seismic risk, creating the culture of risk. It should be mentioned that for large installations it is already current practice to have expert judgement on these matters. It is now necessary to extend this policy to the more common types of buildings. Private and public interference in these matters is a matter of political environment, but should stay outside the basic problem of quality control. 13.4. Urban planning Urban planning is an important component of earthquake risk mitigation. One can say that, in extremis, engineering and the scientific/technical knowledge can overpass all difficult natural environments. But this may pose important costs in design and construction and it can be a less equilibrated solution. Urban planning should define the better use of that 191 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS environment in view of all the possible threats, setting limits to the types of construction, layouts and size or defining more detailed seismic action for that environment, including exclusion of high level on hazard zones. Urban planning may establish the degree of intervention in an existing block of buildings, the need for reinforcing, etc. But a great deal of application comes from the integration in the urban planning of land-use restrictions related to other effects beyond the direct ground motion such as the influence of known active faults (California, Japan?), the induced phenomena of liquefaction and landslides, but also the tsunami flooding, flooding from dam failure, etc. (Implication with municipal urban developments PPR-POS France). 14. Emergency planning and managing Preparation of Civil Protection for possible events is of prime importance because Civil Protection is the agency, together with other entities, responsible for the actions for mitigating earthquake risk of larger public impact and visibility. Emergency preparedness is the direct consequence of a good definition of hazard, vulnerability and risk assessment. Planning the operations of rescue, transportation of casualties, directing the homeless, etc., and managing the post-event in all their fronts is of most importance in reducing the suffering of the affected populations and in bringing the estranged life to a normal standard. Chapters 16 and 17 will elaborate on these multiple issues, and Chapters 21 to 23 present several case studies dealing with cities, metropolitan areas and large regions for scenario evaluations. 14.1. Planning Planning requires a prior definition of the seismic scenario or collection of seismic scenarios. For each one, the effect of the simulated motion is treated and transformed into variables to be used in the planning of all the operations. The planning should consider the zones more prone to the different incidences, and prepare exercises helping in the case of a real earthquake. 14.2. Managing disaster recovery Managing the earthquake disaster has two essential components: the one right after the earthquake (few hours that follow) and the one in its 192 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS sequence (few days or weeks). The first one deals with all the operational measures to be taken in relation to the established planning, which includes a fast assessment of damage evaluation. Chapters 10, 15 and 20 devote a great deal of their contents to this subject. The second has to do with the actions to be made in order to lead to the normal life. Detailed field surveys for precise evaluation of damage distribution are among the actions to be taken for deciding building occupation and urgent building intervention. Rapid damage assessment after the occurrence is an essential part for the emergency process. Indeed, the knowledge of the areas more affected by the earthquake should be an activity to be launched at the shortest time possible. This requires a fast and accurate assessment of what has occurred, where and what type of problems should be addressed. For instance, the suffering of the populations can be slightly mitigated if information is given with precision, injured population is recovered at the earliest possible time, the homeless are transported to temporary shelters. The rapid damage assessment tool should help in determining the areas more affected, the blocks of higher damage, the constrains in the emergency road circuitry, the buildings with higher concentration of victims, the structures in the event of collapse for some aftershock activity needing immediate shoring, etc. At another level insurance companies can start understanding the part of their portfolio that has been affected, the degree of interruption of operation of networks (telephonic, gas, electricity, etc.) and industrial activities, and policies for intervention can be devised. Civil Protection organization and actions depend largely on an efficient rapid damage evaluation. Modern technological developments are supporting other forms of mitigation with approaches such as the seismic Early Warning Systems (EWS). In generalized sense these systems are essentially of two types. The most widely accepted system takes advantage of real time modern seismology and deals with the leading time one can gain after the onset of an event by identifying from the first seconds of the P-wave the size of the S-wave which will arrive at a later stage. If the distance that the waves travel to a site is sufficiently large, one can gain ten to tens of 193 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS seconds and be able to send information prior to the arrival of the large S-amplitudes. This technique will allow, depending on the gained time, to launch important actions such as shutdown of industries, close networks, stop dangerous activities, or prepare for active control of constructions. These new ideas are already being practiced in several locations as testing cases: the most known one is the system for stopping the Sinkansan train in Japan. Chapter 15 will present the most recent advancements dealing with this technology, which requires well coordinate efforts between the instrumental seismology, communication science and technology and engineering knowledge on how to use the information. The second type deals with EWS for tsunami alerts. In this case the time to send the alert may be much larger depending on the distance that ocean waves travel. An alert of this type already exists for many years in the Pacific Ocean, for waves to travel during several hours to reach the target, but in other situations the times are less than half an hour. To be effective in these cases, good SEW should also be implemented with the most modern technological knowledge. 15. Reinforcing and reconstruction of the building stock Reinforcing the most vulnerable construction and upgrading the critical facilities is the best way to prepare the society for future earthquake events. In case of the occurrence of an earthquake, reconstruction following the most well known principles and techniques should be practiced. Reinforcing is a large burden to be taken by various generations but cost-benefit analysis may indicate in the long run the best policy to follow. Chapter 19 deals with this matter and presents practical situations where scientific and new technologies were used, with particular emphasis in the case of low rise old masonry buildings. A construction that can resist to higher and adequate levels of the seismic action will survive the earthquake, probably keeping its operational integrity. Damage may occur in some cases but casualties are reduced tremendously. Even in the worst cases the housing facilities can be used right away, not causing huge amounts of homeless. 194 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS A programme for reinforcing has to be planned carefully in order to optimize resources and establish priorities along the times. For instance, schools and hospitals are in the first line of priorities, and then certain networks (lifelines). Housing, construction of cultural value, etc. are matters of different kind. The first has to deal with private/public ownership, the second with the level of cultural value attributed. But, in all cases, an accurate evaluation of seismic vulnerability, probability of attaining some damage limit state, the cost of the intervention and the benefit produced has to be made. Policies on rent, incentives, market expectations, architectural/historical values, insurance, land-use regulation, etc. play decisive roles on decisionmaking about this issue. 16. Philosophies and policies Philosophies and policies are human attitudes evolving rapidly with the course of events. Ever since history documentation reveals the influence of earthquake impacts in the form of dealing with earthquakes in order to mitigate their action. Reporting only to the last decade, one can recognize that the philosophy of modern codes is changing rapidly in order to have more adequate response to the problems that may arise. As an example, one can quote the principle of no damage for certain structures, which a few years ago could suffer some type of damage. Similar arguments can be brought in relation to policies. Nowadays, the Californian law requires retrofit of special structures to be made within a certain limited time period. “Field-Acts” have been the legal instruments to fulfil some of these compulsory requirements. The oldest “Alquist-Priolo Earthquake Fault Zone Act” (1953) was made about the location of schools and is more than 60 years old. The recent “Seismic Hazards Mapping Act” (1990) defines the land-use areas and the “California State Bill” (1953) dedicated to hospitals was updated in 1995 after the Northridge 1994 earthquake. Retrofit in certain environments is being practiced everywhere. In contrast, in Europe, only after important events policies tend to change. The most recent case is in Italy, with the new legislation “Nuova Ordinanza, 3274” (2003), which revises many sensible points of acceptable risk. 195 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 17. Lessons learned from last earthquakes In the past decade many lessons were learned from earthquakes. In fact, not only large and diverse types of events occurred but also the monitoring of the seismic process was very detailed. These circumstances allowed a move towards a better understanding of many of the parameters entering in the characterization of, for instance, the ground motion, the site effects, the damage quantification and the impact of earthquakes in more qualified terms. Also, emergency responses in terms of its achievements were able to be characterized in a more effective form with clear identification of zones of success and zones of failure. So in almost all topics new information can be used for a better characterization of the whole process and to calibrate the different models which have been developed throughout the years. 18. Political considerations The scientific and technical knowledge has improved considerably in the last decade, as it is clearly shown by the technological achievements, the number of scientists devoted to these subjects with an excellent research production provided through a large and diverse number of research programmes and national and international initiatives, proved by a huge amount of publications with quality (books, specialized journals, frequent international conferences, meetings, workshops, etc.). These scientific achievements led in the last years to an increase in the efforts towards the assessment of hazard and vulnerability, but the political awareness only very recently has been gaining some notorious visibility, specially in the more rich earthquake prone countries. It is clear that much is still needed to understand the seismic phenomenon and the performance of the most varied types of constructions and facilities, but a great effort has to be placed now on the communication, public information, contribute to the Administration awareness in order to support public and private actions leading to the mitigation of risk. The final word in prevention is to develop programmes and initiatives by using the tools developed at the scientific/technical circles, to avoid “damage” and “collapse” of individual constructions and avoid the stoppage of “operation status” or “collapse” of network systems. This can be made prior to 196 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS the earthquake occurrence, by reinforcing the most vulnerable constructions in order to reduce their probability of failure. Bachmann (2004) enquires the engineering community if it is doing the right things, and what policies to achieve a substantial reduction of seismic risk. He advocates that to significantly reduce casualties in the third world countries, the best policy is to apply simple construction technologies to withstand earthquake action, which are well known for a long time. In developing countries, for new construction, the developments of recent codes are good enough to prevent large problems if quality is assured. In the cases with large ancient housing stocks the policy of retrofitting and the use of modern control systems depend very much on the hazard level. Simple and cost-effective techniques are not yet sufficiently developed to be accepted by the generality of the community. 19. Education and mass media risk communication This last topic is of great importance and perhaps the one that might be more effective to increase public awareness on the risks one faces in zones of high potential for earthquake activity. Increasing the number of people who can understand the risks associated to their lives and be aware of how to cope with them in a conscientious way is the most effective form of reducing disaster impact. Prior-to-the-event awareness may press decision makers to take the most adequate decisions on time, such as launching policies for the reinforcement of the most vulnerable/risky structures. An integrated information system for disaster management is a comprehensive way to cope with emergency post-event, using simulators for disaster scenarios training, e-learning as a form to divulgate concepts, actions, and a data-archive to bring together all available post-event information. References: Bachmann, H. (2004). “Political activities of earthquake engineers for seismic risk mitigation?”, Proceedings 13th World Conference on Earthquake Engineering, Vancouver, B. C., Canada, Keynote lecture, paper #5004. Bolt, B. A. (2003). Earthquakes, 5th edition, W.H. Freeman, New York. Bozorgnia, Y. and Bertero, V. V. (editors) (2004). Earthquake Engineering: From Engineering Seismology to Performance-Based Engineering. CRC Press. 197 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS EERI (2004). (http://www.eeri.org – consulted Sept. 2004). Freeman, S. A. (2004). “Why properly code designed and constructed buildings have survived major earthquakes”. Proceedings 13th World Conference on Earthquake Engineering, Vancouver, B. C., Canada, CD-Rom, paper #1689. Housner, G. W. (editor) (1990). Competing against time. Report to Governor George Deukmejian. State of California, Office of Planning and Research, 264 pp. ISO/IEC (1999?). 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Para não se perder nada do que foi dito adicionam-se a seguir aqueles que não foram mencionados anteriormente. 198 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 199 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 200 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 201 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 202 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 203 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 204 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 205 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 206 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 207 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 208 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 209 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 210 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 211 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 212 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 213 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 214 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 215 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 216 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 217 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 218 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 219 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 220 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 221 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 222 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 223 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 224 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 225 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 226 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 227 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 228 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 229 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Risco sísmico: acção interventiva do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil [ Manuel João Ribeiro | Sociólogo. Vice-Presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil ] 1. Introdução A presente comunicação constitui uma reflexão em torno da problemática do risco sísmico numa lógica de entendimento localizada no domínio da segurança em protecção civil. Abordar-se-ão, inicialmente, os pressupostos e os conceitos fundamentais que conferem pertinência explicativa aos desastres enquanto fenómenos de cunho socialmente relevante. Seguidamente, procurar-se-á estruturar, no mesmo fio condutor, as actividades levadas a cabo no âmbito do sistema nacional de protecção civil, com ênfase particular para as acções desenvolvidas pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC). De forma sintética configurar-se-ão, como matriz expositiva fundamental, as acções relativas ao planeamento de emergência sísmica, com incursões, quer no domínio da prevenção, quer no âmbito da respectiva preparação para as acções de resposta a promover na eventualidade de ocorrência de um fenómeno sísmico com consequências desastrosas. Algumas considerações finais abordarão as acções que derivam de uma aposta forte relativamente aos processos educativos e formativos 231 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS de base, num processo generativo de criação de uma cultura de segurança em toda a população, mas enfatizando os grupos etários mais baixos. 232 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 2. Os desastres (sismos) como processos sociais Nas representações e nas práticas sociais associadas aos desastres ainda prevalece um entendimento de que a explicação destes fenómenos, pelo menos na sua origem, assenta em processos sobretudo físicos e/ou metafísicos. Consideram-se assim os desastres como fenómenos externos e, portanto, não directamente imputáveis do ponto de vista da sua construção social. Contudo, é somente enquanto processos de cunho socialmente relevante que os desastres encontram pertinência analítica e explicativa. Neste enquadramento, reflectir-se-á em torno dos sismos de forma a colocar a discussão desta temática num quadro marcadamente de produção social. Isto é, reposiciona-se a abordagem destes fenómenos naturais em relação aos contextos sociais em que eles se evidenciam e não como manifestações geofísicas autónomas em si mesmo. Os desastres consistem, assim e sobretudo, em processos de ruptura social, reflectindo, necessariamente, o tipo e o grau de preparação do sistema social para lidar com riscos naturais e tecnológicos e para gerir fenómenos em grande parte por ele próprio criados, na produção de um ambiente cada vez mais socialmente construído. De uma maneira decisiva os desastres evidenciam o estádio de desenvolvimento das sociedades e, inerentemente, da sua respectiva capacidade de adaptação e preparação, para incorporar e gerir os efeitos desses fenómenos sociais não rotineiros. Estabelecidas através dos processos de articulação entre o sistema social e o ambiente construído, as rupturas sociais associadas aos desastres são, deste modo, uma resultante da conjugação entre os mecanismos de causalidade genética e sistémica. 233 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS A construção deste paradigma explicativo dos desastres tem óbvias repercussões na forma e no modo de abordar esta temática. Passa-se, efectivamente, de uma lógica patenteada pelo entendimento de que as sociedades são receptoras involuntárias das consequências dos desastres, cujas causas apenas têm explicação no domínio natural e/ou sobrenatural, para um assumir das responsabilidades inerentes às decisões e às opções 234 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS que vinculam a própria organização do sistema social no já referido processo de articulação com o ambiente construído. É, portanto, neste quadro de referência conceptual que se consubstanciam e traduzem o conjunto de acções implementadas relativamente aos processos de organização, preparação e gestão das actividades ligadas ao risco sísmico pelo SNBPC. 235 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 3. Intervenção do SNBPC face ao risco sísmico O risco sísmico sempre se assumiu como uma das preocupações centrais por parte das entidades, serviços e organismos que, genérica e abrangentemente, constituem o sistema nacional de protecção civil. Procurar-se-á, de uma forma necessariamente sucinta, referenciar agora algumas das acções desenvolvidas pelo sistema de protecção civil, em relação às medidas e actividades tendentes a minimizar e reduzir os factores de risco e vulnerabilidade, face a eventuais ocorrências sísmicas. Chama-se, desde já, a atenção para o facto de não estar subjacente, nesta comunicação, o propósito de fazer um recenseamento exaustivo e completo de todas as acções e linhas de actividade, levadas a cabo pelos vários interlocutores, que concorrem para a produção e desenvolvimento deste processo interventivo. Nos anos 80 regista-se uma primeira incursão relativamente à temática do risco sísmico, quando, sob a alçada do então Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC) se constituiu um grupo de trabalho, congregando diversas especialidades científicas, com a finalidade de elaborar um “Programa de Acções para a Minimização do Risco Sísmico” para a cidade de Lisboa. Desta fase resultaria um conjunto de levantamentos e estudos de cariz analítico, nomeadamente a Carta Geológica do Concelho de Lisboa, as Plantas de Microzonagem Sísmica da cidade de Lisboa, o Levantamento das Principais Tipologias Construtivas de Lisboa e a Estimativa da População Presente por Zonas e Intervalos de Tempo. Razões diversas terão estado por detrás da falta de continuidade destes trabalhos que, no entanto, viriam a ser recuperados, já nos inícios dos anos 90, pelo Serviço Municipal de Protecção Civil da Câmara de Lisboa (SMPCL). Esta estrutura autárquica, reunindo a maioria dos antigos membros do grupo de trabalho científico, deu continuidade e actualizou os referidos estudos com a finalidade de elaborar o Plano de Emergência para o Risco Sísmico da Cidade de Lisboa. De entre as várias acções então desenvolvidas, e entre outras, salientase, pelo seu carácter informativo e pedagógico e pela inovação que constituiu à data (1994), a produção de um CD-Rom de tema “Os sismos e a gestão de emergência – Lisboa”. Publicação conjunta entre o SNPC e o 236 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS SMPCL, contou com o financiamento da Comissão Europeia e de uma companhia de seguros portuguesa. Em 1997, o SNPC encomenda ao Instituto Superior Técnico um estudo de “Avaliação de segurança estrutural de quatro viadutos na zona de Lisboa face à acção sísmica”. Esta opção deveu-se aos resultados e ensinamentos decorrentes da missão de estudo que uma equipa de técnicos nacionais efectuou após o sismo de Northridge (Los Angeles – 1994), produzidos em relatório e, posteriormente, editados em livro. A forte implantação e expansão, demográfica e urbana, em toda a Área Metropolitana de Lisboa, reflectida numa grande concentração de pessoas, estruturas e equipamentos e num acentuado crescimento económico, consciencializou as autoridades técnicas, científicas e políticas da potencial gravidade que previsíveis fenómenos sísmicos produziriam, em termos de danos, nesta zona, uma vez que ela se localiza numa região de intensidade sísmica máxima do território nacional. Neste contexto, determinou-se através do Despacho n.º 32/97, de 21 de Julho, que a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e os municípios de Benavente, Salvaterra de Magos, Cartaxo, Alenquer, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos e Torres Vedras (Figura 1), fossem objecto dum conjunto de actividades conducentes a um conhecimento pormenorizado do risco e vulnerabilidade sísmica e, consequentemente, de um adequado planeamento de emergência. Este estudo veio a concluir-se em meados de 2001, dando origem, quer a um relatório final de caracterização do risco sísmico na AML Figure 1. Á rea do Estudo do Risco Sísmico na Área Metropolitana de Lisboa e concelhos limítrofes. 237 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS e concelhos limítrofes, quer Figure 2. P lano de Emergência para o Risco Sísmico de Lisboa: Áreas Críticas de Risco Sísmico e Zona Vermelha. à construção de um suporte instrumental informático – simulador – habilitado a produzir, de acordo com diversos e adequados inputs, cenários de danos com respectiva georeferenciação. Dentro desta lógica interventiva, e de modo a reforçar a interacção estabelecida com a comunidade técnico-científica, o SNPC celebra um protocolo com essas entidades, possibilitando dar início aos estudos de caracterização do risco sísmico no Algarve. Por motivos de cariz orçamental estes trabalhos vieram a parar em 2003, estando prevista a sua reactivação para 2005. Entretanto, no início de 2003, a Câmara Municipal de Lisboa, através do respectivo Serviço de Protecção Civil, apresenta o Plano de Emergência para o Risco Sísmico. Este instrumento constitui um referencial de importância decisiva para o planeamento de emergência, definindo através da sua estrutura, conceito e organização, um suporte essencial para o desenvolvimento subsequente de 238 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS acções relativas à prevenção, preparação e resposta face a estes fenómenos naturais. De realçar, nesta circunstância, a excelente colaboração e o esforço conjunto desenvolvido por variados serviços, organismos e actores, individual e/ou institucionalmente considerados, que contribuíram decisivamente para o produto alcançado. Todas estas acções, aqui referenciadas de forma meramente sintética, tiveram, entre outras virtudes, efeitos determinantes no despoletar de um novo entendimento cultural face à temática dos sismos. De forma decisiva e irreversível, contribuíram para uma nova consciencialização dos riscos e vulnerabilidades que atravessam a sociedade portuguesa, capacitando o emergir de novas atitudes face à problemática do risco sísmico. 239 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 240 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 241 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 242 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 243 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 244 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 245 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 246 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 247 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 248 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS 4. Considerações finais Como nota conclusiva aproveita-se para salientar, sobretudo, dois aspectos fundamentais em torno desta problemática. O primeiro deriva das acções anteriormente consideradas, nomeadamente em relação à continuidade a dar aos estudos de caracterização do risco sísmico na AML e concelhos limítrofes. Elegeu-se e definiu-se neste domínio o levar à prática a elaboração do Plano de Emergência do Risco Sísmico da AML, apontando-se, como meta referencial, o final do ano de 2005 enquanto factor simbólico em relação ao processo de comemoração dos 250 anos do Terramoto de 1755. Esta manifestação de intenção, e subsequente compromisso, suporta-se na colaboração que deverá ser assegurada pelos concelhos envolvidos, em relação aos trabalhos relacionados com as suas respectivas áreas de jurisdição. Encontram-se para tal, e desde já, definidos os calendários relativos às acções a desenvolver com a finalidade de se possuir um primeiro documento estruturado, embora ainda não necessariamente completo, no último trimestre de 2005. O segundo, mas de uma importância estratégica incontornável, prendese com o domínio da sensibilização e informação pública. Aposta fundamental do SNBPC, esta matéria tem procurado vir a ocupar, de forma consistente, um espaço que permita (re)produzir modelos de comportamento e atitudes baseadas numa cultura de segurança. Neste âmbito, para além das campanhas, mais ou menos tradicionais, relacionadas com a distribuição e exploração de folhetos elucidativos das medidas preventivas e de resposta a fornecer face aos fenómenos sísmicos, também se salientam as acções direccionadas para os escalões etários mais jovens, sem esquecer obviamente os outros, através de acções e fóruns formativos e informativos. Estas sustentam-se no pressuposto de se poder constituir uma consciência crítica e protagonista da mudança de comportamentos, individuais e colectivos, por parte das gerações futuras, na produção de uma existência social mais adequada aos padrões de qualidade de vida e, por inerência, de segurança em protecção civil. 249 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Sessão de Encerramento [ Luís Valente de Oliveira | Membro do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana ] Suponho que se está a revelar útil a decisão que a Fundação LusoAmericana tomou de tratar, em seminários como este, os principais riscos a que a sociedade portuguesa está sujeita. Começámos com a prevenção e luta contra os fogos florestais. Abordámos hoje a prevenção e protecção das construções contra os riscos sísmicos. Seguir-se-ão, para o ano que vem, as cheias; e, posteriormente, as secas e algumas outras formas de risco mais associadas à acção dos homens. Os furacões não costumam apoquentar-nos e, por isso, não serão tratados. Mas há riscos de natureza social que estão nas nossas preocupações. O Senhor Dr. Manuel João Ribeiro referiu-se a esses riscos. Teremos de os abordar, neles incluindo as formas de minorar os riscos da incultura cívica no comportamento dos condutores automobilísticos nas estradas e de numerosas outras formas dessa incultura na vida em sociedade. Não podemos fazer um seminário como este, com frequência, porque a sua organização, envolvendo profissionais e especialistas competentes, reclama tempo. Mas parece claro que ele foi de grande utilidade para quem nele participou e, também – espero – para aqueles que consultarem as notas que serão publicadas. Ficámos com alguns apontamentos da intervenção dos palestrantes; eles serão reunidos numa brochura para prolongar a utilidade desta sessão. Houve boas sugestões que serão encaminhadas para as autoridades responsáveis. 253 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Uma das mais urgentes e basilares respeita ao conhecimento da realidade no que concerne o risco sísmico que nos ameaça, dada a nossa localização geográfica nas imediações da junção de três “placas”. Devemos investir no conhecimento do comportamento respectivo, conjugando estudos nossos e dos outros e distribuindo instrumentação de observação onde ela for necessária. Devemos articular-nos com os nossos parceiros comunitários para definir projectos no novo programa-quadro da Ciência da União Europeia que, interessando particularmente aos países do Sul da Europa, acabarão por ser interessantes para todos, incluindo os das outras partes do mundo com riscos sísmicos semelhantes aos nossos. É, assim, importante investir na aquisição de conhecimentos e no seu desenvolvimento. Terá de se começar, naturalmente, pela aquisição e distribuição de instrumentos não esquecendo, todavia, as instituições que os exploram e a operacionalização dos conhecimentos que eles permitirem que adquiramos. A investigação científica e a cooperação entre instituições de diferentes países são fundamentais para podermos evoluir de forma consistente. O Prof. Lagomarsino apresentou sugestões muito interessantes em matéria de protecção de monumentos antigos contra os efeitos dos sismos. O nosso património tem de ser protegido e, para isso, são instrumentais as cartas de vulnerabilidade que ele mencionou e ilustrou. Ficou claro que hoje estamos já em posição de antecipar os efeitos dos abalos nessas construções e de as proteger adequadamente. Devemos elaborar um programa nesse sentido. O Prof. Erdik, na mesma linha, ilustrou o que ele próprio está a fazer em Santa Sofia, para proteger um dos mais marcantes monumentos do Mundo, munindo-o de dispositivos que garantem o reforço das suas principais debilidades. Deu, além disso, uma outra sugestão particularmente dirigida à nossa Ordem dos Engenheiros: a criação de uma qualificação especial para os Engenheiros que sabem e que, por isso, estão preparados para tratar dos problemas mais delicados suscitados pelas solicitações sísmicas. Não, obviamente, a construção corrente para a qual todos os projectistas devem estar habilitados. Mas para os casos especiais de grandes obras ou de construções especiais, entre as quais se incluem, naturalmente, os monumentos. 254 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS O Prof. Shah alertou-nos para o papel das companhias de seguros, neste domínio. É tema que merece um grande aprofundamento, nomeadamente quando se tem de reflectir e decidir acerca de quem suporta os riscos da protecção e da necessidade de distribuição dos encargos correspondentes por um grande número de agentes. O Prof. Fardis também abordou esta questão, chamando a atenção para a circunstância de, ao impormos regulamentos de construção muito exigentes, estarmos a concentrar numa classe especial de cidadãos o pagamento do grau acrescido de segurança que pretendemos. Desta forma voltou-se à discussão acerca do papel das companhias de seguros. Tivemos uma sessão sobre os novos euro-códigos para o projecto de edifícios e outras obras. A profissão de engenheiro civil está a tornar-se, naturalmente, mais exigente. Foram feitos anúncios acerca dessa exigência acrescida para os formandos em engenharia e para os projectistas que, já exercendo, se têm de actualizar em permanência. Na última sessão foram dadas informações muito úteis. É bom que as pessoas tenham a consciência de que não estamos em branco e de que, tanto na Academia como na Administração, há especialistas que sabem do seu ofício. Talvez devam encontrar-se mais vezes uns com os outros de maneira a transformar os conhecimentos que possuem em práticas que a todos nos protejam de modo eficaz. Quero agradecer, em nome da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, ao Senhor Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna a sua presença nesta sessão de encerramento. Insisto em agradecer aos participantes que seguiram as diferentes sessões com tanta atenção, aos palestrantes que tão úteis recomendações nos fizeram e ao grupo inicial de peritos que me ajudou a definir a forma deste seminário e indicou intervenientes que tornaram este dia de trabalho tão proveitoso. 255 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS [ Paulo Pereira Coelho | Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna ] Exmo. Senhor Presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento Exmos. Senhores conferencistas Senhores participantes Minhas senhoras, meus senhores Só no ano passado, o Instituto de Meteorologia registou 362 sismos com epicentro em Portugal continental ou muito próximo – o que dá quase um abalo por dia. Doze deles foram mesmo sentidos pelas populações. Houve muitos mais a ser observados, com origem em locais mais distantes. Os sismos são catástrofes de origem natural, explicáveis pela ciência, mas impossíveis de prever quando ocorrem e com que força se dispõem a destruir bens e vidas humanas. Os sismos escapam a qualquer controlo pessoal, independentemente do comportamento de cada um de nós. Daí que, toda a actividade humana, quer da população em geral, quer dos técnicos especializados nas diferentes áreas do saber, seja no sentido de actuar de forma a diminuir ou eliminar os efeitos e correspondentes danos provocados pelos sismos. No meio ambiente, geralmente não há quaisquer indícios que permanentemente façam lembrar à população o risco que corre. Mesmo em zonas de grande actividade sísmica, muito raramente esta se manifesta em intensidade que seja perceptível ao ser humano. É inevitável, súbito e imprevisto, de tal forma que não é possível proteger as populações através de pré-aviso ou de evacuação prévia. 257 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS As características intrínsecas ao próprio risco sísmico, em parte contribuem para que as populações, mesmo quando devidamente informadas, minimizem ou ignorem o perigo e a sua vulnerabilidade pessoal, pelo que tendem a desvalorizar a importância dos comportamentos adequados, antes, durante ou após o sismo. Outras variáveis devem, ainda, ser tidas em consideração, quando se pretende compreender a ausência de acções de preparação pela população, nomeadamente as de carácter pessoal e social. Educar para a prevenção do risco é vital. Mas esta vai para além da explicação do processo, descrição das possíveis consequências ou, mesmo, do treino adequado ao que o cidadão deve fazer antes, durante e depois do sismo. Para que a mensagem a transmitir, os canais utilizados e a forma como é veiculada contribuam para a sua percepção e assimilação, é fundamental que as respostas no âmbito da auto-protecção das populações sejam preocupação não só dos “especialistas do risco” como também de outras disciplinas, como a comunicação social, a psicologia, a sociologia, as ciências da saúde, etc., de modo a que as pessoas se sintam implicadas e responsáveis pela acção a desenvolver. De acordo com estudos efectuados sobre a matéria, Portugal está classificado como um país de risco sísmico moderado, embora se considere que existem zonas de diferentes vulnerabilidades, quer se trate apenas do continente, quer considerando as regiões autónomas. Dos registos sobre episódios sísmicos no continente, destacam-se os ocorridos em 1531, 1755, 1858, 1909 e, mais recentemente, em 1969. Nas regiões autónomas, mais concretamente nos Açores, estão bem na nossa memória os sismos que afectaram o grupo central em 1980 e 1997. O estudo e o planeamento face ao risco sísmico é de grande importância, pois para além de, por si só, poder provocar uma catástrofe, normalmente está associado a uma série de outros acidentes não menos graves, como deslizamentos, desabamentos, rotura de barragens, incêndios, etc. Neste propósito, insere-se, sem dúvida, a prevenção e a protecção das construções contra riscos sísmicos, para as quais V. Exas. bem contribuíram pela troca de experiências e saberes neste seminário internacional. 258 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Também a avaliação do impacto económico dos sismos nem sempre constituiu preocupação importante por parte dos analistas. Em primeiro lugar, porque pouco se espera que daí resulte para o avanço da ciência económica e, simultaneamente, e em consequência, porque os instrumentos para uma avaliação séria do problema já existem. Por outro lado, a análise do impacto económico dos sismos tem-se resumido à avaliação do custo dos bens de capital destruídos pelos sismos e, eventualmente, das perdas de produtos ocasionadas pela inoperacionalidade das unidades económicas após uma catástrofe. Esta iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento desempenha, um papel relevante na tomada de medidas preventivas relativamente a sismos, nomeadamente através dos contributos que possa oferecer à avaliação dos benefícios económicos resultantes da prevenção dos efeitos dos sismos, quando comparados com as experiências hoje aqui demonstradas pelos peritos representantes de países como os Estados Unidos, Turquia ou Grécia. Na verdade, as motivações para este papel são grandes e resultam das enormes perdas geralmente associadas aos sismos de magnitude mais elevada; a evidência empírica mostra que a dimensão das perdas tem vindo a aumentar e que mesmo sismos de escala relativamente pequena tendem a provocar grandes custos. As razões para o aumento das perdas associadas a sismos e, portanto, dos ganhos potenciais da prevenção, resultam de uma multiplicidade de factores, nomeadamente, o aumento dos quantitativos populacionais, a concentração crescente das populações e valores em áreas urbanas, a complexidade crescente e consequente vulnerabilidade das infra-estruturas e tecnologias modernas. Para além do enorme sofrimento humano que provocam, alguns sismos têm causado perdas económicas colossais. Como exemplo refira-se o sismo de Northridge (Califórnia) que quase não provocou perdas humanas mas que mesmo assim implicou perdas de mais de 20 mil milhões de euros (quase um quarto do PIB português). As estimativas para as perdas da repetição hoje de um sismo igual ao de Tóquio de 1923 são estimadas em mais de 10 vezes o PIB português. 259 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Acontece ainda que muitas vezes os valores apresentados constituem uma sub-estimação dos verdadeiros valores uma vez que se limitam à contabilização do valor das estruturas destruídas. A estes custos há, no mínimo, que acrescentar as perdas relativas à cessação ou redução da actividade económica que ocorre na sequência dos sismos de magnitude elevada. No caso português esses custos serão sempre muito elevados caso ocorra na região de Lisboa um sismo de magnitude idêntica aos maiores já aqui registados no passado, dada a concentração de população e actividade económica. A questão importante não é a da quantificação do impacto económico de um sismo, mas antes a avaliação do benefício líquido da prevenção, isto é, da diferença entre os custos evitados pela tomada de medidas preventivas e os custos de concretização dessas medidas. Há assim que encontrar uma política de gestão integrada do risco envolvendo a prevenção do risco e o financiamento dos riscos. A determinação do risco envolve duas componentes. Em primeiro lugar, a determinação da probabilidade de ocorrência, tarefa extremamente difícil, uma vez que a escassez de observações torna impossível o conhecimento da distribuição de eventos. Em segundo lugar, há que proceder à determinação do risco em resultado da combinação da probabilidade de ocorrência com os valores em risco, e correspondente vulnerabilidade implica necessariamente a inventariação dos edifícios e de outros valores expostos ao risco e a distinção e consequente análise tanto dos impactos directos como indirectos. No que respeita ao financiamento do risco, há que destacar que se trata essencialmente da disponibilização de fundos para reconstrução e desenvolvimento das áreas afectadas, sendo que o montante de fundos necessários é, em larga medida, função da eficácia das medidas de prevenção. Estas medidas deverão ser partilhadas por todas as partes potencialmente afectadas: sector privado, autoridades públicas (nacionais e comunitárias) e seguradoras, podendo estas desempenhar um papel crucial no “financiamento dos riscos”. As companhias de seguros poderão ter um papel essencial na reconstrução e também por via do estabelecimento de incentivos adequados à prevenção, por exemplo, ligando a actividade de seguro à realização de medidas de prevenção. 260 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Em conclusão constatamos que os custos económicos associados aos sismos têm assumido dimensões crescentemente relevantes. No entanto, mais importante do que contabilizar os impactos de um sismo particular (directos e indirectos na generalidade do tecido económico) há que envidar esforços na tomada de medidas que mitiguem os impactos económicos no caso de uma possível ocorrência. O esforço de prevenção deverá envolver muito mais agentes do que os tradicionalmente associados à actividade de construção, quer de edifícios residenciais, quer de obras públicas, quer de infra-estruturas industriais ou de serviços. Os poderes públicos desempenham aqui um papel fundamental dada a sua possível actuação em várias vertentes: mentalidade de prevenção, fiscalização e monitorização da aplicação das normas preventivas, supervisão da actividade seguradora. Para além do Estado, também entidades particulares, nomeadamente as empresas de seguro e resseguro, poderão e deverão assumir um papel insubstituível na prevenção e, caso ocorram os eventos cujos efeitos se pretendem mitigar, no financiamento da reconstrução. Sendo um dos riscos que com mais gravidade pode afectar o equilíbrio sócio‑económico do País, tal como foi referido, estamos a promover dois estudos que tiveram como cenários a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e a Região do Algarve. O estudo do risco sísmico da AML foi já apresentado publicamente, tendo os resultados contribuído para a elaboração de planos especiais que vêm melhorar substancialmente o planeamento de emergência actualmente existente para esta zona, o que, não sendo embora capaz de os evitar – o que é manifestamente impossível –, pelo menos poderá atenuar os seus efeitos, contribuindo para o socorro mais eficaz a todos quantos forem afectados. O estudo do risco sísmico do Algarve está em curso, contando com a participação de um conjunto de entidades técnico-científicas que, com excepção da Universidade do Algarve, já tinham colaborado no projecto anterior. São elas o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, o Instituto de Engenharia de Estruturas, Território e Construção do Instituto Superior Técnico e o Instituto das Ciências da Terra e do Espaço. 261 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS Paralelamente, a situação em Portugal no que concerne a segurança contra incêndios encerra alguma dispersão de normativos resultantes da existência de um documento para cada tipo de edifício, que não permite, deste modo, uma avaliação rápida e fácil das medidas de segurança para fazer face a este tipo de catástrofe. Assim, estamos a promover a futura aprovação de um documento único, que irá congregar toda a componente técnico-operacional e substituir muita da legislação avulsa, com o objectivo de agilizar as soluções. O Estado reconhece o esforço que tem vindo a ser feito, em prol da procura de soluções preventivas e clarificadoras do fenómeno que hoje avaliamos, não só pela comunidade científica mas de modo muito relevante pelas instituições e organismos nacionais, de entre os quais destaco a anfitriã deste Seminário Internacional, a Fundação Luso Americana. Caminhando juntos – Governo, entidades privadas e especialistas neste tão importante conjunto de matérias – vamos alcançar os propósitos que nos orientam: contribuir fortemente para a salvaguarda da vida e dos bens dos portugueses, face a um risco tão terrível como inesperado, como é o risco sísmico. 262 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS FUNDAÇÃO LUSO-AMERICANA PREVENÇÃO E PROTECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES CONTRA RISCOS SÍSMICOS