13-09-2014 - XII Congresso SPCE

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13-09-2014 - XII Congresso SPCE
XII Congresso da
Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Ciências da Educação:
Espaços de investigação, reflexão e
ação interdisciplinar
Resumo das Comunicações
13 de setembro de 2014
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Vila Real, 11 a 13 de setembro de 2014
Índice
54. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ....... 8
54.1.Roteiro da excelência na escola pública portuguesa: tendências
normativas e conceções dominantes ............................................................. 9
54.2. O coordenador de departamento curricular: modelo de liderança e
atuação política ......................................................................................... 11
54.3. A liderança dos diretores de escolas na região do Alentejo ......................... 13
54.4. Estratégia como prática nas instituições de ensino superior ........................ 15
54.5. Avaliação Externa em Portugal: do referencial aos estudos empíricos ........ 17
54.6. Práticas de liderança de professores na dinamização de projetos
escolares inovadores .................................................................................. 18
55. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E INTERCULTURALIDADE .... 20
55.1. O olhar e a palavra de famílias portuguesas migradas a propósito de
quotidianos escolares- narrativas lusomorphos ........................................... 21
55.2. Encontro entre gerações em sala de aula .................................................... 23
55.3. Políticas públicas brasileiras: ações educativas no programa mulheres
mil ............................................................................................................ 25
55.4. Arte: recurso, conteúdo e estratégia de educação intercultural .................... 27
55.5. A extensão em direitos humanos na educação superior no Brasil ................ 28
55.6. Do pensar ao agir: representações dos professores na aprendizagem da
cidadania ................................................................................................... 29
56. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM
EDUCAÇÃO ...................................................................................... 31
56.1. A utilização de ferramentas de ensino à distância para motivar alunos
Nativos-Digitais no ensino presencial ........................................................ 32
56.2. Emocionar: experiências enquanto acontecimentos e as TDIC.................... 36
56.3. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) no ensino
superior: práticas docentes de um Centro Universitário na cidade de São
Paulo......................................................................................................... 38
56.4. A liderança do Plano Tecnológico da Educação nas escolas: a perceção
dos coordenadores PTE ............................................................................. 40
56.5. A educação para os media e a prevenção do cyberbulling........................... 42
2
57. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS
DOCENTES....................................................................................... 44
57.1. Interação curricular e etodologias alternativas no subprojeto Pibid
Letras a Mais: a prática docente de Língua Portuguesa em foco .................. 45
57.2. Reconstrução de práticas em contexto de creche: relato de uma
investigação-ação ...................................................................................... 47
57.3. (In)preparação dos docentes face a novos desafios pedagógicos ................. 49
57.4. O uso do jogo do baralho como facilitador na alfabetização de
adolescentes e adultos ................................................................................ 51
57.5. A Banda desenhada como estratégia Pedagógica em Contexto do
1ºCiclo ...................................................................................................... 53
57.6. Diálogos com a luz: o contributo da caixa de luz no desenvolvimento
integrador das crianças .............................................................................. 54
58. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS .......................... 55
58.1. Recantos de individualidade no(s) contexto(s) do desenho ......................... 56
58.2. Contexto, parcerias e envolvimento parental para a inclusão ...................... 57
58.3. Sim, NÃO FALO, MAS COMUNICO… A comunicação aumentativa
como facilitador da participação num grupo de jardim de infância .............. 58
58.4. Princesas e Super-Heróis nas Representações sociais de Gênero em
Educadoras e Educadores Infantis .............................................................. 60
58.5. Educação Inclusiva: ConcDucação Inclusiva: Concepções de Docentes
em escolas participantes do PIBID/UNIMONTES ...................................... 62
58.6. Desigualdade e diferenças como problemas de justiça na escola:
perspectivas dos alunos em contextos escolares distintos ............................ 64
59. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS
DOCENTES....................................................................................... 65
59.1. Compreender e Prevenir o Erro: Contributos para a Aprendizagem da
Competência Ortográfica (Um estudo no 2.º ano do 1.º Ciclo do Ensino
Básico) ...................................................................................................... 66
59.2. Pensamento de Alunos do 2º Ciclo em Tarefas de Geometria: Notas de
um Estudo Exploratório ............................................................................. 68
59.3. Desafios atuais da educação e do currículo nos países da periferia – o
protagonismo dos estados nacionais, das escolas e dos professores ............. 70
59.4. A Valorização da Cultura Local como contexto para o desenvolvimento
do Currículo na Educação Básica: contributos do Projeto Curricular
Integrado ................................................................................................... 72
59.5. Descontruindo o Currículo Oculto – a experiência de uma proposta de
formação continuada de professores da escola do campo na região
Nordeste do Brasil ..................................................................................... 74
3
59.6. Análise reflexiva de uma experiência pedagógica interdisciplinar............... 76
59.7. Pedagogia de Projetos – Trabalhando a Interdisciplinaridade e os Temas
Transversais nas aulas de Educação física do Ensino Fundamental II .......... 78
60. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS DE ESCOLARIZAÇÃO ........... 79
60.1. Violência Doméstica e Educação: Avaliação do Envolvimento Parental
na Escola em Mulheres Vítimas de Violência Conjugal .............................. 80
60.2. Um Olhar sobre as Práticas socioeducativas em Contexto Não Formal ....... 82
60.3. FRACASSO (de quem?) ESCOLAR: Um estudo sobre as escolas
públicas de Santa Catarina ......................................................................... 84
60.4. Abandono Escolar e Transição para a Idade Adulta .................................... 86
60.5. A escolarização secundária artística especializada em Portugal: um
retrato de trajetórias educativas juvenis ...................................................... 88
60.6. Estratégias familiares em um espaço de disputa: Escolha e acesso em
escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro/Brasil .................................... 90
61. PEDAGOGIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO ..... 92
61.1. Educação Popular, uma Prática da Pedagogia Social na Formação
Profissional em Saúde ............................................................................... 93
61.2. A Música e o Desenvolvimento Individual e Comunitário – Um estudo
exploratório ............................................................................................... 95
61.3. A importância dos espaços não formais de educação para a formação do
cidadão: experiência da Biblioteca do Instituto Vital Brazil (RJ) com o
público infantil .......................................................................................... 96
61.4. Animação Socio Cultural .......................................................................... 98
61.5. O Animador Sociocultural e a sua Intervenção no Século XXI: os
desafios que se colocam ........................................................................... 100
61.6. A Influência da Técnica Vocal na Execução dos Instrumentos de Sopro
em Alunos do Ensino Vocacional de Música ............................................ 102
62. FORMAÇÃO E POLÍTICAS NEOVOCACIONALISTAS .................. 104
62.1. O papel da imprensa escrita na construção de políticas de aprendizagem
ao longo da vida: o caso da Iniciativa Novas Oportunidades ..................... 105
62.2. O Profuncionário como Política de Formação do técnico em Educação:
reflexões e desafios ................................................................................. 107
62.3. Educação Profissionalizante na EU: convergências e divergências no
espaço europeu ........................................................................................ 109
62.4. As Implicações dos Processos de Globalização na Educação
Profissional e Tecnológica Brasileira ....................................................... 111
4
62.5. O Programa de Licenciaturas Internacionais e a Mobilidade académica
em um Curso de Formação de professores de Química: algumas
reflexões ................................................................................................. 113
63. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 115
63.1. A Relação Universidade-Escola no Sistema de Ensino Brasileiro:
contribuições do Programa Institucional de bolsas de Iniciação à
Docência – PIBID ................................................................................... 116
63.2. A inserção profissional de diplomados em Educação de Infância e em
Ensino Básico – 1º Ciclo, pela Universidade do Minho, entre 2001 e
2010 ........................................................................................................ 118
63.3. A “administração educacional” como domínio de formação na
habilitação profissional para a docência ................................................... 120
63.4. Formação docente para a infância: o delegado pedagógico da professora
Eloisa Marinho a partir dos relatórios de alunas do curso de educação
pré-primário (1958-1964) ........................................................................ 122
63.5. Desenvolvimento profissional docente num contexto de aprendizagem
ao longo da vida: Perceções em diferentes períodos da carreira................. 124
64. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 126
64.1. Estudos sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID): aspectos metodológicos da produção de
conhecimento sobre a formação docente no Brasil .................................... 127
64.2. O PIBID no curso de Pedagogia à Distância na UFRN: limites e
possibilidades na formação docente ......................................................... 129
64.3. A escrita e o seu ensino no curso de Pedagogia da UFRJ: quem quer ser
professor?................................................................................................ 131
64.4. A Formação inicial de Professores de Biologia no contexto do
Programa institucional de bolsas de iniciação à docência- PIBID: o que
dizem os participantes ............................................................................. 133
65. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR....................................... 135
65.1. Pronatec Mulheres Mil e os desafios da metodologia de acesso e a
permanência das mulheres no IFB – Brasil ............................................... 136
65.2. A Dimensão Artístico-Cultural da Formação de Professores..................... 138
65.3. As exigências da contemporaneidade e o Mestrado Profissional ............... 140
65.4. Avaliação do Programa PARFOR de formação docente em uma
universidade brasileira ............................................................................. 142
65.5. Aspectos que influenciam os resultados do Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes – ENADE – na ótica de estudantes do
Ensino Superior ....................................................................................... 144
5
65.6. As Cotas Étnico-Raciais e os seus Reflexos na Conquista da Cidadania ... 146
66. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 148
66.1. Os saberes dos Formadores de Professores de Leitura e escrita e a
Universidade Brasileira Contemporânea................................................... 149
66.2. A Atuação Profissional da Supervisão Escolar na Educação Infantil ......... 151
66.3. Conceções de Professoras do Ensino Fundamental sobre o Ensino de
Ciências para os anos iniciais ................................................................... 153
66.4. Formação Docente Continuada em uma Unidade Universitária Federal
de Educação Infantil: desafios e potencialidades ...................................... 155
66.5. A importância da formação para o desenvolvimento qualitativo das
escolas: exemplo de um projeto que está a ser desenvolvido em S. Tomé
e Príncipe ................................................................................................ 157
67. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS
DOCENTES..................................................................................... 158
67.1. Processos de Mudança Educativa ............................................................ 159
67.2. Gestão da qualidade do ensino superior brasileiro e sua eficácia frente
aos instrumentos de avaliação e regulação ................................................ 161
67.3. Ativar as criatividades na educação artístico-musical: metodologias e
práticas docentes no ensino superior ........................................................ 163
67.4. Projeto Tecer: produção textual e têxtil .................................................... 165
67.5. Organização do espaço: prisão da sala versus liberdade do saber .............. 167
67.6. Clube de arqueologia: experiência didática e patrimonial em contexto
educativo formal...................................................................................... 168
68. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 170
68.1. A Profissionalidade Emergente do Professor de Música: O PIBID como
Entre-Lugar da Formação Docente........................................................... 171
68.2. A Atuação do PIBID Letras Português na Formação de
Professor/Pesquisador .............................................................................. 173
68.3.
Discutindo experiências para redefinir saberes: a prática docente
do curso de História das Faculdades INTA no Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à docência- PIBID ...................................................... 175
68.4. O Plano de Ações Articuladas (PAR) e as Políticas de valorização
docente em Municípios Sul-Mato-Grossense ............................................ 177
68.5.
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID)
como Estratégia para a Formação Docente no Brasil ................................ 179
68.5. Um Estudo Comparativo entre diferentes Projetos Pedagógicos de
Cursos de Licenciatura de Ciências Biológicas: Contradições,
Semelhanças e Proposições ...................................................................... 181
6
69. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM
EDUCAÇÃO .................................................................................... 183
69.1. Políticas públicas: novas geografias e desigualdades socioeducativas ....... 184
69.2. Atividades, redes e lógicas de ação múltiplas em educação: dispersão
do Estado, governação e ação local .......................................................... 186
69.3. Reconstruir o espaço de ação educacional ou localizar problemas
escolares? Interrogações a partir de uma pesquisa exploratória ................. 188
69.4. A construção da oferta educativa na escola pública: análise das lógicas
em presença............................................................................................. 190
69.5. O centro e as periferias educativas. Deambulações sobre o escolar e o
não-escolar no arquipélago cultural da cidade .......................................... 191
70. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E INTERCULTURALIDADE .. 193
70.1. Uma cidadania que se pratica .................................................................. 194
70.2. O direito da criança em ser indígena: vozes que ecoam suas culturas da
infância ................................................................................................... 196
70.3. Trabalhar o género e a cidadania desde a educação pré-escolar:
fundamentos, objetivos e exemplos de práticas ......................................... 198
70.4. Parceria público-privada na educação em Rio do Sul- Santa CatarinaBrasil: o projeto E-Culturas executado pelo Senac do Rio do Sul nas
escolas municipais da cidade Eli ............................................................. 199
70.5. Formação em Direitos Humanos na Educação Superior no Brasil ............. 200
70.6. Cidadania e Direitos Humanos: Eixos Norteadores à Reconfiguração da
Prática Docente no Hospital ..................................................................... 202
71. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E INTERCULTURALIDADE .. 203
70.1. Encontros culturais para promoção da educação intercultural: uma
perspetiva comparatista............................................................................ 204
70.2. Finding meaning in measurements of intercultural competences ............... 206
70.3. Estudo comparativo intercultural entre Freire e Dewey: o sul e o norte
nas matrizes «pós»coloniais das américas ................................................ 208
70.4. De intercultural role of literature in foreign language teaching- a
comparative study (Portugal and Japan) ................................................... 209
70.5. Educação estética e artística em sistemas de ensino europeus: análise
comparativa............................................................................................. 211
70.6. Mediação de Conflitos: um exercício de cidadania ................................... 212
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54. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,
GESTÃO E LIDERANÇAS
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
54.1.Roteiro da excelência na escola pública portuguesa: tendências
normativas e conceções dominantes
LeonorTorres
University of Minho
José Palhares
University of Minho, Institut of Education
Germano Borges
University of Minho, Institut of Education
Resumo
Um número crescente de escolas e agrupamentos de escolas tem vindo a
assumir, de forma mais ou menos explícita, a excelência académica como
objetivo prioritário. A inscrição deste mandato na agenda normativa das
organizações escolares é cada vez mais evidente, embora com ênfases,
tonalidades e significados diferentes. A presente comunicação visa discutir
as conceções de excelência que enformam as orientações políticas das
escolas e a sua tradução nas práticas de gestão quotidiana. Constituindo
uma das dimensões investigativas do projeto PTDC/IVC-PEC/4942/2012 Entre Mais e Melhor escola: a excelência académica na escola pública
portuguesa, esta abordagem tem como principal objetivo problematizar a
centralidade que este fenómeno vem granjeando no quadro do ensino
secundário público em Portugal. Qual a conceção de excelência académica
instituída na escola pública portuguesa? Será que o tipo de distinção
normativamente instituído diverge do tipo de distinção implementado?
Quais são os mecanismos de distinção instituídos? Estas interrogações
orientaram a pesquisa empírica numa lógica extensiva, com o intuito de
mapear os rituais de distinção formalmente previstos e implementados no
universo dos estabelecimentos escolares (escolas e agrupamentos de
escolas) com ensino secundário em Portugal. Numa primeira fase,
procedeu-se ao cruzamento de informação presente nos principais
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
documentos orientadores das escolas, com informação complementar
disponibilizada nos sítios da internet dos estabelecimentos de ensino, de
páginas eletrónicas de órgãos locais de comunicação social e no motor de
pesquisa “Google”. A observação das páginas de internet das escolas
decorreu durante o período de setembro de 2013 a março de 2014 e a
análise de conteúdo debruçou-se sobre cerca de mil documentos. Numa
segunda fase, inseriram-se os dados no programa SPSS, de acordo com
uma tipologia criada para caraterizar as práticas de distinção das diferentes
organizações escolares.
Dos dados já obtidos verifica-se que 70% das 490 escolas analisadas
contemplam nos documentos estruturantes mecanismos de distinção de
“tipo misto”, focados numa distinção de desempenhos académicos, valores
e comportamentos. Contudo, uma análise mais aprofundada revela-nos que
uma grande parte destas escolas apenas publicita uma distinção “focada nos
resultados”, ancorada exclusivamente no desempenho académico de
excelência. Algumas conclusões apontam efetivamente para a existência de
contradições entre o tipo de distinção prevista nos documentos orientadores
e as práticas efetivadas nas instituições de ensino, constatando-se
igualmente diferenças significativas no tipo de reconhecimento e
valorização do mérito dos alunos, segundo o âmbito geográfico.
Palavras-chave:
Excelência académica; Gestão e liderança escolar; Rituais de distinção.
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54.2. O coordenador de departamento curricular: modelo de liderança
e atuação política
Henrique Ferreira
ESE do IP Bragança
NoéliaVillas-Boas
Escola Secundária Miguel Torga, Bragança
Resumo
Os autores apresentam os resultados de um estudo à escala micro numa
escola secundária com terceiro ciclo no concelho de bragança, incidindo
sobre a atuação de um coordenador de departamento curricular (CDC) e
sobre as relações entre ele e os professores do departamento.
A investigação enquadrou-se no paradigma qualitativo, tendo sido utilizado
o estudo de caso como estratégia metodológica, baseado, essencialmente,
na análise de inquérito por questionário aos 30 professores do departamento
e de entrevista semiestruturada ao CDC. Esta pesquisa visou estudar o
método de atuação política de um coordenador de departamento curricular,
assim como os tipos de liderança que caraterizaram a sua ação. E, também,
definir o perfil profissional do coordenador de departamento, tendo em
conta os diplomas legais que regulamentam o cargo, a opinião dos parescoordenandos, o testemunho próprio e a literatura teórica, no âmbito de
dois tópicos essenciais: liderança e gestão intermédia.
O estudo permite apresentar um retrato definidor do coordenador de
departamento curricular, figura central na investigação. E que a nova
reforma educativa veio exigir ao coordenador um conjunto de
competências-outras face à complexidade do trabalho e das relações,
exigindo uma liderança distribuída e transformacional.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Permite ainda concluir que o coordenador manifesta tendência para o tipo
de competências pressupostas pela definição formal do cargo e para uma
liderança distribuída e transformacional. E que a gestão intermédia é
fundamental numa escola de sucesso mas que existem dificuldades de
gestão burocrática que urge superar.
Palavras-chave:
Liderança; Gestão intermédia; Liderança distribuída; Liderança
transformacional; Coordenação curricular; Coordenador de departamento
curricular.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
54.3. A liderança dos diretores de escolas na região do Alentejo
Serafim Inocêncio
Universidade Aberta
Lídia Grave-Resendes
Universidade Aberta
Resumo
Tendo em conta o modelo de direção e gestão escolar vigente em Portugal,
esta comunicação tem como objetivo principal apresentar os resultados de
uma investigação que teve como ponto de partida as perceções de membros
da comunidade educativa sobre o estilo de liderança protagonizado pelo(a)
Diretor(a) desenvolvido em oito escolas secundárias não agrupadas da
região do Alentejo, pertencentes à DREAL (Direção Regional de Educação
do Alentejo). As questões principais de investigação foram. (i) identificar e
analisar os comportamentos de liderança característicos dos Diretores(as)
nas diferentes organizações educativas; (ii) identificar as diferenças entre a
perceção dos docentes e dos não docentes em relação aos processos de
liderança do Diretor(a), enquanto dimensões determinantes no
desenvolvimento das organizações educativas; (iii)Verificar qual a relação
entre os comportamentos apresentados, subjacentes aos estilos de liderança
desenvolvidos pelo Diretor(a), tendo em conta que se trata de um órgão
unipessoal, instituído pelo Decreto-Lei n.º75/2008 e os resultados da
liderança; (iv)identificar como atua o(a) Diretor(a), enquanto líder, numa
perspetiva de melhoria da organização escolar, tendo em conta este modelo
de direção e gestão e (v)analisar a correlação entre o estilo de liderança do
Diretor e os resultados escolares.
O design da investigação empírica foi concebido como um estudo de caso
múltiplo.
13
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Para complementar a recolha de dados do inquérito por questionário,
distribuído por 591 professores, 161 assistentes operacionais e 70
assistentes técnicos, optamos também pela entrevista semiestruturada
focalizada aos oito diretores das respetivas escolas em estudo.
A partir dos dados apresentados e discutidos nesta investigação, tendo
como referencial o quadro teórico proposto, identificámos o estilo de
liderança transformacional como o mais utilizado pelos diretores das
escolas, aberta à participação, consultiva, colaborativa, partilhada, aberta à
inovação e com uma grande visão de futuro, isto é, partem do princípio de
que é um estilo de liderança mais democrático, proporcionando nos
docentes e não docentes, uma maior satisfação e motivação; seguido do
transacional, abertos a recompensas e ao reconhecimento do trabalho
efetuado pelos seus colaboradores; como o menos utilizado o laissez-faire,
embora pouco expressivo no nosso estudo, não podemos deixar de realçar
que existem diferenças entre a perceção dos docentes e dos não docentes
sobre o estilo de liderança apresentado pelos diretores na maioria das
escolas em estudo, mais concretamente, na gestão por exceção passiva.
Palavras-chave:
Liderança escolar; Diretores; Escolas públicas.
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54.4. Estratégia como prática nas instituições de ensino superior
VálterGomesvaltergomes17
Centro Universitário do Planalto de Araxá
Maria De Lourdes Machado-Taylor
Center for Research on Higher Education Policies (CIPES)
Ernani Viana Saraiva
Universidade Federal Fluminense
Resumo
As universidades têm sido consideradas, ao longo do tempo, Instituições de
Ensino que realizam pesquisa científica, fornecem soluções para problemas
dos países, capacitam pessoas para o mercado de trabalho e desempenham
papel de liderança no desenvolvimento das nações. Ressalta-se a
importância destas Instituições para o desenvolvimento econômico e social;
e, observa-se que os estudos na área de estratégia ajustados às
especificidades de tais Instituições é ainda incipiente e mais premente do
que se possa imaginar. Observa-se ainda que a estratégia como prática
aplicada às Universidades é uma área nova a ser explorada, carente de
estudos com o objetivo de entender o processo de formação e implantação
de estratégia.
O presente estudo visa a identificar e analisar como ocorre o processo de
formação e implantação, na prática, da estratégia em Instituições de Ensino
Superior Privadas, sem fins lucrativos, com vistas aos resultados esperados
pela organização. Trata-se de um estudo de múltiplos casos, com pesquisas
semiestruturadas qualitativas que estão sendo realizadas em três Centros
Universitários. Serão investigadas as ações dos gestores das Instituições de
Ensino em estudo e das respectivas Mantenedoras. As Instituições
escolhidas estão situadas no estado de Minas Gerais, Brasil; e, são
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Instituições Privadas, sem fins lucrativos, mantidas por Fundações e
possuem entre 40 a 45 anos de existência.
Espera-se, com este trabalho, contribuir para a identificação de como a
estratégia é praticada nas organizações e colaborar com as pesquisas em
torno do tema, no sentido de promover o direcionamento adequado das
ações que venham a sustentar, de fato, a melhor gestão das organizações,
especialmente, a exercida nas Instituições de Ensino Superior Brasileiras;
aproximando, assim, a teoria da prática.
Palavras-chave:
Estratégia; Planejamento; Ensino superior.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
54.5. Avaliação Externa em Portugal: do referencial aos estudos
empíricos
Eduarda Rodrigues
Universidade do Minho
Helena Queirós
Universidade do Minho
Joana Sousa
Universidade do Minho
Natália Costa
Universidade do Minho
Resumo
Na procura de respostas para algumas das questões de investigação
formuladas no âmbito do projeto sobre Avaliação Externa de Escolas
(AEE), nomeadamente, ao nível do impacto e efeitos na escola e na
comunidade, pretende-se com esta comunicação apresentar os resultados de
estudos empíricos realizados em Portugal, tendo como referências o
contexto da União Europeia (UE) e da Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE). Neste quadro analisam-se
perspetivas de diferentes atores educativos, integrados em contextos de
educação implicados por modelos de AEE, apresentando a diversidade de
resultados, incluindo a educação pré-escolar, os ensinos básico e secundário
e o ensino de música.
Esta comunicação insere-se no projeto de investigação de Avaliação
Externa de Escolas no Ensino Não Superior (FCT – PTDC/CPECED/116674/2010) coordenado pela Universidade do Minho.
Palavras-chave:
Avaliação externa de escolas; Referencial; Estudos empíricos; Resultados.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
54.6. Práticas de liderança de professores na dinamização de projetos
escolares inovadores
Júnia Pereira
Escola DR. Afonso Rodrigues Pereira
Lídia Grave
Universidade Aberta
Resumo
Esta comunicação pretende relatar uma investigação que teve como
principal finalidade investigar as práticas de liderança dos professores nos
projetos escolares inovadores e em que medida e de que forma se
mobilizam os professores e a organização escolar para o desenvolvimento e
dinamização dos projetos, assim como também averiguar as formas de
exercício da liderança dos respetivos professores na escola básica dos 2º e
3º ciclos Dr. Afonso Rodrigues Pereira, no Concelho da Lourinhã.
A investigação apresenta-se sob a forma de Estudo de caso, pelo que se
optou por uma análise qualitativa dos dados, recolhidos através do
instrumento de recolha de dados documento e entrevista semi-estruturada,
por se pretender fundamentalmente ouvir as vozes dos professores sobre as
suas próprias práticas.
O enquadramento teórico sobre a problemática em estudo incidiu em
reflexões acerca dos conceitos de Projeto e Cultura de Projetos Escolares,
Práticas de Liderança, Inovação e Dinâmica da Liderança e da Inovação.
Foi também efetuada uma análise ao enquadramento legal em matéria de
legislação educativa, essencialmente no que toca aos conceitos de projeto e
de liderança em contexto escolar e também sobre a Reorganização
Curricular no seu diploma legal, o Decreto-Lei nº 6 de 18 de Janeiro de
2001.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
A partir da interpretação e análise dos dados nesta investigação, tendo
como referencial o enquadramento teórico proposto, chegamos à conclusão
de que existe uma clara cultura de trabalho por projetos, com fortes
evidências do exercício da liderança dos professores - lideranças de topo e
intermédias em redes colaborativas; promoção de práticas de liderança na
equipa e nos alunos. Verificou-se também que os constrangimentos na
implementação de projetos são exteriores à escola e às motivações dos
professores, sendo que as potencialidades são maioritariamente geradas
dentro da escola.
Palavras-chave:
Práticas de Liderança; Professores; Projetos inovadores.
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55. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E
INTERCULTURALIDADE
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
55.1. O olhar e a palavra de famílias portuguesas migradas a propósito
de quotidianos escolares- narrativas lusomorphos
Elisabete Carvalho
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto, Programa Doutoral
em Ciências da Educação
Elisabete Ferreira
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação/ Membro do CIIE – Educational Research
Centre da Universidade do Porto
José AlbertoCorreia
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação/ Membro do CIIE - Educational Research
Centre da Universidade do Porto
Resumo
Este trabalho assume uma abordagem heurística e compreensiva sobre as
narrativas de duas famílias migradas nos Estados Unidos com filhos em
idade escolar. Os participantes são as crianças e os seus encarregados de
educação denominados no estudo de Lusomorphos; trata-se de um
construto cujo potencial se desenvolve e descobre para um sentido do
fenómeno. A metodologia é de cariz qualitativo e com desenho de
investigação narrativo (Clandinin & Connelly, 2000; Creswell, 2008)*.
Inscreve-se numa tentativa de apreender como de fora, recai o olhar destas
famílias migrantes, para dentro da escola com o estudo contribui-se para a
Rede Sirius**.
*Clandinin, D. J. & Connelly, F. M. (2000). Narrative inquiry. Experience
and story in qualitative research. S. Francisco: Jossey-Bass. Creswell, J.W.
(2008). Educational research: planning, conducting, and evaluating
quantitative and qualitative research (3rd ed.). Upper Saddle River: Pearson
Publications.
21
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
**http://www.sirius-migrationeducation.org/ que desenvolve o seu trabalho
no sentido de garantir às crianças e jovens migrantes ou pertencentes a
minorias, uma maior equidade e aprendizagem na educação.
Palavras-chave:
Educação; InterCulturalidade; Cidadanias; Migrantes.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
55.2. Encontro entre gerações em sala de aula
António Carmo
Universidade Lusófona
Resumo
A população está a envelhecer por toda a Europa, “a média de idades na
europa aumentará dos 37,7 anos em 2003 para os 52,3 em 2050” (Hahn, J.
et Andor, L., 2013, p. 12). Portugal não é exceção, de 2001 para 2011 os
jovens entre os 0 e os 14 anos diminuíram 1,1%, e a população idosa
aumentou 2,6%.
Atendendo ao fato de que os seniores não são devidamente valorizados,
porque “são já muito poucas as culturas que valorizam devidamente a
experiência e o saber acumulados dos seus membros mais velhos”
(Fonseca, 2004, p.107 in Carneiro et. al, 2012, p. 150) pretende-se dar um
contributo para a aproximação geracional valorizando a experiência de vida
das gerações mais velhas, contribuindo igualmente para o enriquecimento
das mais novas.
Para o efeito, a partir de programas do ensino secundário, promove-se o
encontro de gerações em sala de aula.
Com os módulos de formação onde se possam integrar a experiência de
vida dos idosos desenvolvendo trabalhos com o apoio das Tecnologias da
Informação e Comunicação (páginas web, apresentações multimédia,
vídeos) em conjunto com os mais velhos, promovendo assim um
enriquecimento e partilha de parte a parte.
Para uma primeira observação, analisam-se a integração dos utentes do
centro de dia AURPIPP – Associação Unitária dos Reformados
Pensionistas e Idosos de Paio Pires, na sala de aula partilhando as suas
experiências de vida com os alunos da Escola Profissional Bento de Jesus
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Caraça – delegação do Seixal (EPBJC), e assim darem o mote para o
desenvolvimento de trabalhos no módulo de páginas web e de bases de
dados da disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Numa segunda análise, integram-se o mesmo número de alunos da
Universidade Sénior do Seixal (UNISSeixal), desenvolvendo no mesmo
formato de trabalho, testando a hipótese de proporcionar aos alunos da
EPBJC uma maior aquisição de conhecimentos e de experiências de vida,
atendendo à diferença do perfil das pessoas das duas instituições, na
UNISSeixal: nível médio de idades substancialmente inferior; nível de
atividade maior; média de habilitações superior. De uma maneira ou de
outra estuda-se qual a melhor forma de estabelecer o encontro na sala de
aula testando o enriquecimento mútuo das diferentes gerações.
O estudo tem o objetivo de estudar qual a melhor forma de implementar
projetos intergeracionais de uma forma continuada, envolvendo outras
instituições em parceria com a EPBJC – interação com jovens que
frequentam os cursos profissionais, possibilitando a criação de Redes e
Parcerias em Educação.
Palavras-chave:
Intergeracional; Idosos; Envelhecer; Tecnologias da Informação e
Comunicação; Ensino Profissional.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
55.3. Políticas públicas brasileiras: ações educativas no programa
mulheres mil
FernandaTrindade
Instituto Federal Farroupilha
Maria Simone Schwengber
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
Resumo
O movimento feminista, que ganhou força na década de 1960, trouxe à
discussão questões sobre a desigualdade de gênero, melhorando a situação
de muitas mulheres e oportunizando o acesso a uma cidadania mais “ativa”,
à educação e ao mundo do trabalho público. Destacamos que as mulheres
sempre trabalharam, realizando atividades domésticas, dedicando-se ao lar
e ao cuidado com os filhos.
As desigualdades de gênero no Brasil, impostas pelos princípios
discriminatórios do Código Civil de 1916, foram minimizadas pelo
processo de redemocratização, que possibilitou a criação da “Nova
República” (1985), e consolidadas na Constituição Federal de 1988 – um
marco na instituição da cidadania e dos direitos humanos das mulheres no
país. Além disso, foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e,
mais tarde, a Secretaria Especial de Direitos da Mulher. Esse movimento de
institucionalização completou-se com a criação da Secretaria Especial de
Políticas Públicas para as Mulheres, com status de Ministério, responsável
pela Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, que resultou no
Plano Nacional de Políticas para Mulheres.
Neste artigo, trabalhamos com o Programa Nacional Mulheres Mil, que tem
por objetivo oferecer as bases de uma política de inclusão social produtiva
e oportunizar que mulheres tenham acesso à educação profissional,
emprego e renda. O Programa é um investimento do Estado brasileiro para
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
a ampliação do bem-estar social, para que a pobreza seja erradicada e a
desigualdade social diminuída.
Desta forma, pretendemos analisar as estratégias de governamento
presentes no Programa Mulheres Mil, sob “lentes” dos estudos
foucaultianos, em especial do conceito de governamento. Buscamos
compreender as principais estratégias educativas presentes no Programa de
modo a governar a população de mulheres a ele vinculada.
Os materiais encontrados foram pré-analisados, descritos analiticamente, e
interpretados à luz do referencial teórico de Michel Foucault. Percebe-se
que o Programa se apoia em módulos flexíveis, de acordo com o universo
de mulheres, estruturados de forma a avaliar a aprendizagem prévia das
mulheres, bem como a contribuir com o aumento da autoestima, com a
elevação da escolaridade e com o acesso ao mundo do trabalho e ao
empreendedorismo, oferecendo formação em áreas profissionais específicas
de acordo com a realidade de cada comunidade.
O Programa abriu um importante espaço educativo para as mulheres
levando-as a uma aproximação com o mudo do trabalho mais
profissionalizado, mas acreditamos que necessita de um tempo maior de
duração, uma vez que esse grupo de mulheres, muitas analfabetas,
frequenta o Programa por cerca seis meses, tempo insuficiente para
alcançar resultados tão significativos como a promoção da equidade, o
combate à violência, o acesso à educação e ao empreendedorismo.
Palavras-chave:
Educação; Governamento;
Mulheres Mil.
Mulheres;
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Políticas
Públicas;
Programa
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
55.4. Arte: recurso, conteúdo e estratégia de educação intercultural
Susana Gonçalves
Instituto Politécnico de Coimbra/Escola Superior de Educação de Coimbra
Resumo
A Comunicação apresenta uma visão da arte como recurso, como conteúdo
e como estratégia que pode ser usada na educação intercultural, tendo como
foco projectos desenvolvidos ao longo de vários anos, com grupos
nacionais e internacionais, quer na formação de professores quer com
outros grupos de estudantes e profissionais.
Serão identificados os conceitos basilares na intervenção (zona de contacto,
cosmopolitismo, transculturalidade, paisagem e património cultural, foco e
objecto da educação intercultural) e apresentados vários projectos que
tomaram a arte como forma de promover a sensibilidade intercultural, a
análise crítica de factores históricos, sociais e políticos nas relações
interétnicas e interculturais entre grupos, étnicas, cultuais e povos. Nas
conclusões serão apresnr4tados os resultados desta intervenção, quer ao
nível de conhecimentos quer de mudança de atitudes e perspectivas pro
parte dos participantes nos projectos descritos.
Palavras-chave:
Educação intercultural; Multiculturalismo; Cosmopolitismo;Cidadania
global.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
55.5. A extensão em direitos humanos na educação superior no Brasil
Maria Zenaide
Universidade Federal da Paraiba
GiuseppeTosi
Universidade Federal da Paraíba
Resumo
A presente proposta de apresentação oral tem como objetivo expor um
painel da extensão universitária em direitos humanos nas universidades
públicas brasileiras, fruto de trabalho de militante, coordenadora e
pesquisadora realizado durante nove anos de trabalho junto ao Fórum de
Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. A
inserção dos direitos humanos na educação superior no Brasil tem na
extensão universitária o espaço de aproximação com os movimentos sociais
e o poder público, gestando experiências contra-hegemônicos de direitos
humanos, impactando no ensino, na pesquisa e na gestão. Os Congressos
Brasileiros de Extensão têm constituídos em espaços de articulação e de
pesquisa, na medida em que oportuniza a articulação e a identificação dos
projetos de extensão em direitos humanos, os eixos e subáreas. A partir da
pesquisa documental nos anais dos congressos brasileiros de extensão
universitária a pesquisa oportunizou a elaboração de um perfil acadêmico
da extensão em direitos humanos, envolvendo ações relacionadas a
educação popular e movimentos sociais, violência e segurança pública,
sistema penitenciário, memória e verdade, diversidades sócio-culturais,
criança e adolescente, políticas púbicas e direitos humanos.
Palavras-chave:
Extensão Universitária; Direitos Humanos; Educação Superior no Brasil.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
55.6. Do pensar ao agir: representações dos professores na
aprendizagem da cidadania
Ilda Freire-Ribeiro
IPB
Resumo
Nos últimos anos tem vindo a crescer a importância dada à formação
pessoal, social e cívica dos jovens. No contexto das sociedades
contemporâneas o papel da escola e dos professores, como motor de
mudança e de inovação, é fundamental para o desenvolvimento de
estratégias que visem a melhoria, a qualidade e a mudança da educação de
todos os alunos de forma a promover uma formação que responda ao
pluralismo e às novas exigências da sociedade contemporânea.
Surge deste modo a cidadania em contexto escolar, que de uma maneira
geral, deverá ser um assunto de responsabilidade partilhada entre a escolafamília-sociedade, mas caberá à escola ter um papel ativo na sua construção
contribuindo para a configuração de um espaço aberto e polivalente, onde
se possa preparar os jovens para o pleno exercício da cidadania, ou seja, na
sua essência a escola do século XXI deverá promover espaços de cidadania.
O êxito ou o fracasso de uma matéria depende, entre outros fatores, do
corpo docente e do seu posicionamento face aos assuntos, assim os
professores como principais atores educativos devem sentir-se preparados
para levar a bom porto esta difícil mas aliciante tarefa que é educar para a
cidadania pela cidadania.
Nesta comunicação é nossa intenção apresentar os indicadores que revelam
as representações de oito professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico sobre
cidadania, e práticas de educação para a cidadania.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Os dados recolhidos através de uma entrevista deixam transparecer
diferentes pontos de vista sobre o conceito, não existindo uma só definição,
simples e definitiva. Dos discursos sobressai a ideia que o conceito vai-se
(re)construindo através das mudanças ocorridas e das necessidades da
própria sociedade. Os entrevistados afirmam ainda promover a cidadania
em contexto escolar, através de estratégias que convidam à participação e
privilegiando uma abordagem transdisciplinar.
Palavras-chave:
Cidadania; Formação de professores; Educação.
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56. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA,
REDES E PARCERIAS EM
EDUCAÇÃO
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
56.1. A utilização de ferramentas de ensino à distância para motivar
alunos Nativos-Digitais no ensino presencial
Mara Cynthia Ferreira de Carvalho
Universidade Paulista (UNIP)
Claudio Ferreira de Carvalho
Universidade Paulista –UNIP
Resumo
Esse estudo propõe uma mudança de paradigmas na metodologia de ensino
e nas práticas docentes da educação presencial, através da utilização de
ferramentas de ensino à distância, considerando as características do
público que hoje se apresenta ao ensino superior, apontando a necessidade
da utilização de “tecnologia em sala de aula”. As formas como as chamadas
gerações digitais interagem com as tecnologias, cada uma a seu tempo, não
podem mais ser desprezadas. A grande maioria dos professores é imigrante
digital, enquanto que seus alunos são nativos digitais, portanto, gerações
diferentes que reconhecem a tecnologia de maneira diferente. As novas
tecnologias podem ser utilizadas para obter maior interesse e participação
dessa geração, utilizando as suas características principais, que são o uso da
internet e a necessidade de respostas rápidas. Cabe ainda ao professor
utilizar ferramentas tecnológicas disponíveis tais como AVAs (Ambientes
Virtuais de Aprendizagem) de maneira a disponibilizar materiais e tarefas,
que podem ser utilizados, em dispositivos que fazem parte do dia a dia dos
alunos. A metodologia utilizada é pesquisa de campo com embasamento
em revisão bibliográfica sobre o assunto. A grande maioria dos alunos
universitários é Nativo Digital, é necessário, portanto rever a metodologia
de ensino e renovar, utilizando as tecnologias disponíveis. Para Grinspun
(2009), a educação tem um compromisso com a transmissão do saber
sistematizado, por um lado, e por outro, ela deve conduzir à formação do
educando, fazendo-o capaz de viver e conviver na sociedade, participar de
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
sua vida na relação com o outro. Segundo Paulin (2004), a Internet e as
novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as
universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso, precisam
aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta,
equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula
equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao
laboratório conectado em rede para desenvolver atividades de pesquisa e de
domínio técnico-pedagógico. Essas atividades se ampliam a distância, nos
ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet e se
complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento
da realidade, de inserção em ambientes profissionais e informais. É
fundamental, hoje, planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o
tempo e as atividades de presença física em sala de aula e o tempo e as
atividades de aprendizagem conectadas, à distância. Só assim haverá
avanço de verdade, e poder-se-á falar de qualidade na educação e de uma
nova didática. É necessário, portanto, disponibilizar ao aluno materiais
utilizando ferramentas de ambientes virtuais de aprendizagem. Aquela
apresentação em PowerPoint precisa ser executada também no celular, no
iPhone, IPad, no Tablet e nos demais dispositivos que são utilizados por
esses jovens. Mais que isto, é preciso que o aluno possa interagir com a
apresentação, da mesma maneira que seu celular lhe permite em um jogo.
Uma parte do conteúdo, disponibilizado no AVA, cujo acesso pode ser via
computador, ou qualquer outra ferramenta precisa permitir interatividade de
maneira ao aluno acrescentar seus próprios conteúdos. Esse tipo de aluno,
não deseja receber somente material pronto, precisa mostrar que pode
procurar este material e principalmente adaptá-lo de maneira que este fique
com a “sua cara”. É sabido que a educação busca a promoção do homem
através de novos conhecimentos. A tecnologia o impulsiona a saber agir
face às novas mudanças e a educação tecnológica promove uma educação
capaz de ajudar o homem a criar, inventar e formar-se para um tempo em
que conviver com a tecnologia é uma realidade. A pesquisa consiste em
disponibilizar em um AVA baseado no Moodle, o conteúdo a ser explanado
em sala de aula, em várias versões: aulas em Power Point, em Word, com
conteúdo para impressão ou para copia em computador e em outros
dispositivos móveis. Alguns alunos assistem à aula com os seus
dispositivos móveis. São disponibilizadas também, tarefas do tipo:
exercícios complementares, questionários e outras, para que eles possam
estudar a qualquer momento, utilizando seus dispositivos móveis. Os
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
questionários, normalmente, além apresentarem questões do conteúdo
programático, também apresentam questões de concursos, para que os
alunos possam, também, se preparar para essas modalidades de provas. As
aulas são ministradas normalmente, em sala de aula, e o aluno leva o
material para acompanha-la, em versão impressa ou nos seus laptops ou
Tablets. A implantação do projeto foi feita por professores, que se
disponibilizaram a participar, pertencentes à Universidade Paulista – UNIP,
Campus Rangel, na cidade de Santos, S.P. Brasil. A amostra escolhida para
essa apresentação é composta por 392 alunos pertencentes à quatro salas de
1º semestre de engenharia (civil, elétrica, produção e produção mecânica).
A matéria escolhida foi Tópicos de Informática, em que se apresenta a
utilização do programa Microsoft Excel e suas aplicações em engenharia.
Outras salas também participam do projeto com professores de
Metodologia do Trabalho Acadêmico, Estatística, Bioestatística para cursos
de Educação Física, Engenharia, Enfermagem e Nutrição, além de
Programação de Computadores em Engenharia. Essa prática docente já se
entende por pelo menos 3 anos. Os alunos fazem os questionários e
recebem notas individuais gerenciadas pelo próprio site. Esses
questionários podem ser feitos com inúmeras tentativas, pois o objetivo é
que o aluno estude. A cada questão, ele pode ver a resposta correta e assim
saber se acertou ou errou (imediatismo como os pontos de videogame,
constante necessidade de feedback) e pode retornar para fazer a questão
corretamente. Após o término do questionário ele pode ver o que errou e a
nota que lhe foi atribuída, se quiser melhorar a sua nota, pode retornar e
refazer o questionário. O mais importante é que o valor da nota do site não
é considerada no computo da média do aluno, e sim o fato dele ter realizado
a tarefa, “responder aos questionários”, o aluno fica com dois pontos na
nota da prova, que vale oito, simplesmente por ter feito o questionário,
independente da nota do site. O interessante é que os alunos tentam fazer
várias vezes, pois querem a nota máxima nos questionários, mesmo que ela
não seja utilizada, pois como nos videogames eles querem sempre a maior
pontuação. Uma semana antes da avaliação, a aula é aberta para a discussão
das questões do site e dúvidas geradas pelas suas respostas. Os alunos,
neste dia, normalmente imprimem as suas respostas dos questionários e
levam para a sala de aula para discussão com o professor. É muito difícil
não haver dúvidas sobre as questões, pois elas têm alto grau de dificuldade.
A utilização das características dessa geração em favor do professor pode
ser a maior aliada na dinâmica para uma nova maneira de aprender, de
34
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
ensinar, de motivar, e, ao mesmo tempo, contemplar uma nova relação
professor-aluno, tendo como resultado melhor relação ensinoaprendizagem.
Palavras-chave:
Nativos Digitais; Aprendizagem; Tecnologias Digitais.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
56.2. Emocionar: experiências enquanto acontecimentos e as TDIC
César Augusto Müller
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Nize M. C.Pellanda
Universidade de Santa Cruz do Sul
Bettina S. DosSantos
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Resumo
Tendo em vista que as práticas tradicionais ainda vigentes na educação
tratam o conhecimento de forma simplificada, como representação de um
mundo objetivo e externo ao sujeito que conhece, elaboramos a Pesquisa
Emocionar: experiências enquanto acontecimentos e as TDIC. A pesquisa
parte do eixo teórico do Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas GAIA - da Universidade de Santa Cruz do Sul. O objetivo da pesquisa é
observar e compreender a utilização das Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação - TDIC - como dispositivos que operam
problematizações nos processos cognitivo\emocionais, gerando sentimentos
que podem criar outros modos de existir para conhecer e viver a vida.
Fundamenta-se a pesquisa na Biologia da Cognição de Humberto Maturana
e Francisco Varela; na emoção/sentimento de António Damásio, na
complexidade da aprendizagem pelo Ruído de Henri Atlan; na
compreensão da experiência/acontecimento em Gilles Deleuze e reflexões
sobre a técnica de Ortega y Gasset. A pesquisa-intervenção baliza a
investigação, pois se vincula à reflexão dos modelos pedagógicos,
institucionais e culturais estabelecidos, podendo gerar outros entendimentos
entre teoria e prática. Utilizar-se-á também, a autonarrativa, para
cartografar as tessituras cognitivo/emocionais - vozes, escritas, rimas,
danças, corpo - na processualidade da pesquisa-intervenção por meio das
experiências enquanto acontecimentos. Para melhor compreensão, situamos
36
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
as oficinas: 15 adolescentes em situação de vulnerabilidade social de um
bairro de Santa Cruz do Sul, RS/Brasil, que utilizam os Laboratório de
Informática da UNISC. Consideramos que as TDIC romperam com os
entendimentos de instrumentalização oferecendo aos sujeitos implicados a
liberdade para criarem a si próprios. Isso porque, as conversações
constituíram redes de ações coordenadas, as quais instauraram ações e
expressões das emoções e sentimentos. A partir desses entendimentos,
buscamos operar novos modos de se emocionar pelas autonarrativas que
poderão insistir em não permitir a cristalização das experiências enquanto
acontecimento, porque acreditamos que esses princípios poderão contribuir
à criação de outros modos de existir entre os sujeitos da pesquisa,
autorizando-os a protagonizar a própria vida.
Palavras-chave:
Emoção; Experiências; Acontecimentos; TDIC.
37
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
56.3. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) no ensino
superior: práticas docentes de um Centro Universitário na cidade
de São Paulo
NeiliaBraga
UNASP-SP
Resumo
O exercício da prática docente em tempos de globalização exige cada vez
mais dos educadores uma quebra de paradigmas em suas concepções de
educação que resultarão em uma ressignificação da forma de pensar e agir
as práticas pedagógicas nas salas de aula universitárias. Há um grande
desafio na implementação de métodos de ensino que façam uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) de forma mais
abrangente, acionando diferentes interfaces e plataformas de interação on
line à serviço de um ensino e aprendizagem mais significativo para os
estudantes na contemporaneidade. Assim, esse estudo teve como propósito
compreender a percepção e uso das TICs por docentes do Ensino Superior
em sua prática pedagógica cotidiana. A metodologia, de abordagem
qualitativa e de caráter exploratório, utilizou como instrumento de coleta de
dados um questionário aberto, com questões que atendiam ao objetivo da
investigação.O ambiente do estudo foi um Centro Universitário na zona sul
da cidade de São Paulo com cerca de 4 mil graduandos e 144 docentes
universitários dos quais 37 da área de humanas, biológicas, exatas e
tecnológicas, que voluntariamente aceitaram a participação na pesquisa. Os
resultados indicam que os docentes interagem com as novas tecnologias e
buscam de forma geral inseri-las no processo ensino-aprendizagem. Ficou
evidenciado que 52% percebem o uso das tecnologias em classe como
contribuição positiva para o aprendizado e 26% acreditam que elas são
indispensáveis.No entanto, o maior desafio no uso das TICs, para 43% dos
docentes, é o despreparo na sua formação e para 36% são questões
38
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
relacionadas à infraestrutura na universidade. Ao lançar mão dessas
tecnologias em suas práticas docentes, 43% percebem que as aulas são mais
interativas e criativas. Concluímos que as novas TICs, na percepção dos
docentes investigados, auxiliam na aprendizagem do estudante no ensino
superior, mas sua formação ainda é frágil, o que pode comprometer não só
a extensão do seu uso para novas plataformas de interação, como também a
construção de uma concepção mais crítica e transformadora da educação
por meio das mesmas. Faz-se urgente ao docente repensar o seu fazer
pedagógico, não apenas numa perspectiva técnico instrumental mas
também crítico e política.
Palavras-chave:
Práticas pedagógicas; Tecnologias de informação e comunicação (tics);
Métodos de ensino.
39
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
56.4. A liderança do Plano Tecnológico da Educação nas escolas: a
perceção dos coordenadores PTE
Susana Gonçalves
Escola Secundária das Cidadela
GlóriaBastos
Universidade Aberta
Maria Carmo Botelho
PortugalInstituto Universitario de Liboa- ISCTE
Resumo
Segundo a Organização para a cooperação e desenvolvimento económico
(2010) a inovação não é um conceito ambíguo, mas depende do contexto
em que se insira. Uma forma de introduzir a inovação é através das
tecnologias nomeadamente na educação, e muitos países têm investido
bastante na promoção de inovações educacionais baseadas em tecnologias,
por vezes com intervenções em larga escala. Podemos afirmar que Portugal
foi um destes países, com a implementação do Plano Tecnológico nas
escolas. A forma como o PTE foi concretizado tem sido estudada em
alguns dos seus contornos, todavia tem sido dada pouca ênfase ao papel
desempenhado pelos coordenadores do PTE nas escolas, nomeadamente no
que se refere às suas competências para o cargo, entre as quais podemos
identificar as questões relacionadas com a liderança.
Sabendo-se a importância dos processos de liderança quando se analisam
tentativas de mudança educacional, na nossa comunicação pretendemos
apresentar dados relacionados com a liderança desempenhada pelos
Coordenadores do Plano Tecnológico de Educação (CPTE) nas escolas
secundárias. Esta liderança é nitidamente uma liderança intermédia, e a
forma como é exercida, aliada a outras características do perfil dos CPTE
(nomeadamente competências de gestão, tecnológicas e pedagógicas,
40
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
considerando os três eixos de intervenção do PTE) podem ser
determinantes na eficácia da implementação do PTE e apontando também
lições para outras intervenções de larga escala na educação.
O estudo foi realizado através da aplicação do questionário MLQ Multifactor Leadership Questionnaires (Avolio & Bass, 1995) a uma
amostra constituída por 100 CPTE de todo o país. Dos dados obtidos
verificamos que a média mais elevada se registou nos fatores / categorias
relacionados com a liderança transformacional seguidos pela transacional.
A média relacionada com o tipo de liderança Laissez-Faire é muito
pequena, não tendo quase significado. Ao nível da liderança
transformacional evidenciaram-se aspetos relacionados, por exemplo, com
a influência idealizada a nível do comportamento (valor do exemplo) e, em
consonância com esta dimensão, também o relevo da motivação
inspiradora. No perfil de liderança transaccional, evidenciou-se a gestão por
exceção (ativa), que se caracteriza pelo facto de os Coordenadores do Plano
tecnológico de educação procurarem sobretudo manterem-se a par de todos
os erros e em focarem a sua atenção ainda em irregularidades, exceções e
em desvios às regras.
Palavras-chave:
Liderança educacional; Inovação educacional; Plano Tecnológico de
Educação.
41
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
56.5. A educação para os media e a prevenção do cyberbulling
Armanda Matos
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Resumo
Os media têm vindo a desempenhar um papel de crescente protagonismo no
âmbito da comunicação e das relações interpessoais, e a transformar
significativamente a forma de interagirmos e de nos relacionarmos
socialmente, em virtude das potencialidades oferecidas pelas novas
tecnologias da informação e da comunicação. Estes ‘novos’ media são
explorados particularmente pelas crianças e pelos jovens, que os utilizam
para comunicar com os seus pares, para ouvir rádio ou ver televisão,
participar em jogos, ver filmes, ouvir música e publicar conteúdos em
websites (Seybert, 2012), assumindo com grande naturalidade o seu papel
enquanto participantes na comunicação mediada pelas tecnologias e
produtores de mensagens e de textos mediáticos.
Estas possibilidades de participação e de produção associadas aos media da
atualidade, ao favorecerem uma postura mais ativa e criativa por parte dos
utilizadores têm vindo, simultaneamente, a contribuir para que a
comunicação online se torne uma forma privilegiada de comunicação e de
interação entre as crianças e entre os jovens. Por esta razão, a comunicação
mediada pelas tecnologias transporta para o ambiente ‘virtual’ questões e
problemas que têm sido investigados e discutidos a propósito da
comunicação face a face e das relações interpessoais em contextos ‘reais’
como a escola, de que constitui exemplo o bullying, enquanto forma de
agressão entre pares. A utilização da Internet e do telemóvel para a
concretização de atos de agressão, de perseguição e de intimidação entre
pares, considerada uma norma forma de bullying designada cyberbullying,
veio reforçar a necessidade de formar as crianças, desde muito cedo, para
42
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
uma utilização segura e responsável dos media, no âmbito de um processo
contínuo de promoção de competências de literacia mediática.
Nesta comunicação, propõe-se uma reflexão sobre a importância da
educação para os media, enquanto estratégia chave de prevenção dos riscos
associados à utilização dos novos media, em particular do problema do
cyberbullying. Esta reflexão será alicerçada nas conclusões que diversos
estudos nacionais e internacionais têm produzido sobre este fenómeno,
nomeadamente um estudo desenvolvido no âmbito do projeto
"Cyberbullying – Um diagnóstico da situação em Portugal”, que visou
caracterizar a natureza e a prevalência do cyberbullying entre os alunos do
ensino básico e secundário de escolas portuguesas.
Com base nos resultados obtidos neste estudo e em outras investigações
efetuadas com crianças e adolescentes em diferentes países, espera-se
sensibilizar para a importância de desenvolver iniciativas e ações de
educação para os media, tendo em vista a promoção da capacidade dos
cidadãos em geral, e em particular de cada criança e de cada jovem, para
“fazer um uso eficaz dos media no exercício dos seus direitos democráticos
e responsabilidades cívicas”, tal como é preconizado na “Carta Europeia
para uma literacia mediática”.
Seybert, H. (2012). Internet use in households and by individuals in 2012.
Eurostat, Statistics in Focus. Eurostat, 50. Consultado em
http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/product_details/publicati
on?p_product_code=KS-SF-12-050.
Palavras-chave:
Novos media; Cyberbullying; Educação para os media.
43
57. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE
ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
57.1. Interação curricular e etodologias alternativas no subprojeto
Pibid Letras a Mais: a prática docente de Língua Portuguesa em
foco
Samara Rocha
Unimontes
Sandra Oliveira
Unimontes
Resumo
Objetivo: evidenciar de que maneira o subprojeto de Letras Português do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – Pibid – da
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, “Letras a Mais” tem
proporcionado a interseção entre a leitura, a produção textual e a análise
linguística, afastando-se do ensino artificial da língua portuguesa (sem
conexão com a realidade linguística dos indivíduos), a partir de uma
metodologia que preze pela interação dos conteúdos curriculares,
valorizando o uso da língua materna como lugar de interação, de forma a
proporcionar a proficiência na leitura e, consequentemente, o aprendizado
da norma padrão e o aperfeiçoamento do desempenho linguístico dos
alunos atendidos. Metodologia: este trabalho tem se realizado com alunos
dos 6º anos de uma escola da rede estadual localizada na cidade de Montes
Claros – MG (Brasil). A pesquisa fez-se descritiva (documental), baseandose no método qualitativo-interpretativista e no estudo particular do caso
aqui apresentado. O referencial teórico baseia-se em autores como Rodolfo
Ilari (1997) e em João Wanderley Geraldi (1984). Resultados: a interseção
dos conteúdos curriculares, através de uma metodologia interacionista,
auxilia os alunos a compreenderem de forma global os conteúdos
trabalhados, entrelaçando os conhecimentos e colocando-os em prática
concomitantemente, conforme acontece na realidade linguística, fazendo
com que eles concebam o estudo da linguagem com funcionalidade, e não
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
somente como forma de abstração distante do seu cotidiano. Conclusão:
apesar das dificuldades extra escolares enfrentadas pelos alunos, o
subprojeto tem cumprido o objetivo de capacitar os discentes atendidos a
utilizar a língua portuguesa das mais diversas maneiras e, a cada aula, a
capacidade linguística dos alunos se aperfeiçoa, sendo visível sua melhora e
seu entusiasmo pela aprendizagem. É possível observar a importância do
respeito às variedades linguísticas e ao tempo de aprendizagem de cada
aluno, fator que faz com que a aprendizagem seja constante.
Palavras-chave:
Língua Portuguesa; Pibid; Currículo; Metodologias.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
57.2. Reconstrução de práticas em contexto de creche: relato de uma
investigação-ação
Tânia Monteiro
Escola Superior de Educação do Porto
Sara Barros Araújo
Escola Superior de Educação do Porto
Resumo
O presente estudo visou descrever e compreender um processo de
reconstrução de práticas em contexto de creche, em dimensões pedagógicas
centrais da ação docente. Mais especificamente, consideraram-se os
seguintes objetivos: i) implementar mudanças em salas de atividades ao
nível de espaço, materiais e atividades, tomando como referência propostas
pedagógicas de natureza participativa; ii) regular o processo de mudança
através de processos reflexivos colaborativos; iii) compreender o impacto
percebido dos processos reflexivos colaborativos na reconstrução das
práticas e na mudança contextual, pela voz dos atores implicados. Do ponto
de vista metodológico, trata-se de um estudo de investigação-ação que
envolveu a equipa pedagógica da valência de creche de uma instituição
localizada na cidade do Porto. O estudo envolveu uma primeira fase de
reconhecimento de necessidades e estabelecimento de prioridades de ação,
a que se seguiu, numa segunda fase, um processo de transformação de
práticas sustentado em referenciais pedagógicos de natureza participativa,
nomeadamente a abordagem High Scope (Post & Hohmann, 2003) e a
perspetiva de Elinor Goldschmied (Goldschmied & Jackson, 2000). O
processo de reconstrução de práticas foi regulado através de encontros de
formação e de narrativas colaborativas. Numa terceira fase, foi realizada
uma avaliação dos efeitos do processo de reconstrução de práticas no
desenvolvimento profissional.
47
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
A recolha de dados envolveu o registo de notas de campo, entrevistas e
narrativas colaborativas realizadas em díade, que foram, posteriormente,
sujeitas a análise de conteúdo.
Os resultados obtidos indicam uma mudança nas representações e atitudes
dos profissionais em creche ao adotarem uma postura reflexiva sobre a sua
ação, assumindo-se como corresponsáveis na reconstrução de um ambiente
educativo mais rico e estimulante para as crianças, em termos materiais e
interativos. Foi possível observar que as crianças usufruíram de mais
oportunidades educativas, sendo que estas se tornaram mais coerentes com
as formas privilegiadas pela criança nos seus processos de exploração e
construção de significado.
Este projeto ilustra ainda as potencialidades e constrangimentos de uma
intervenção que ambiciona a transformação pedagógica de um contexto
específico e dos seus profissionais, na procura da melhoria da qualidade em
educação.
Palavras-chave:
Creche; Perspetivas pedagógicas; Reconstrução de práticas.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
57.3. (In)preparação dos docentes face a novos desafios pedagógicos
Rui Lopes
Instituto Politécnico de Bragança
Cristina Mesquita
Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
A valorização da componente científica no ensino superior marcou, desde
sempre, os processos de ensino e aprendizagem centrados no transmitir/
apreender. Os docentes do ensino superior, formados para a especificidades
dos saberes, raramente tiveram formação na vertente pedagógica. Na
maioria dos casos a sua ação pedagógica assume-se como isomórfica. Cada
nova geração de professores herda de seus professores a forma de ensinar
que se reproduz, persistindo.
Numa perspectiva tecnicista e utilitária, os conhecimentos são colocados à
disposição do aluno de forma transmissiva, muitas vezes descentradas das
suas necessidades de aprendizagem. Assim, o professor baseia-se em
diapositivos e em exercícios práticos para que o aluno possa apreender os
conceitos e estabelecer as relações com a prática.
Contudo, os crescentes desafios colocados ao ensino superior, tanto os
relacionados com a diversidade de públicos, como os associados ao novo
paradigma explicitado na Declaração de Bolonha levam a que sejam
equacionadas alternativas que incluam a discussão sobre questões
contextuais e curriculares que ultrapassem os temas exclusivamente
disciplinares.
Este trabalho discute a perceção das dificuldades e limitações dos docentes
relacionadas com a construção de uma prática pedagógica não
convencional, que recorre a conceitos de jogos para incrementar a
49
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
motivação dos alunos. Esta surge na unidade curricular de Gestão de
Sistemas e de Redes do curso de Engenharia Informática numa instituição
do ensino superior politécnico e procura substituir o sistema de avaliação
tradicional por uma lógica de aprendizagem/avaliação cooperada, associada
ao desafio/superação que se traduzem em níveis e pontuação.
Adicionalmente, também inclui jogos educativos (role-playing games,
jogos de cartas, jogos de tabuleiro) nas experiências de aprendizagem,
dando a possibilidade de os alunos optarem pelo caminho mais adequado à
sua própria forma de aprender.
Palavras-chave:
Prática pedagógica; Jogos educativos; Gamification; Ensino superior.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
57.4. O uso do jogo do baralho como facilitador na alfabetização de
adolescentes e adultos
Elisabete Castro D’Oliveira
Instituto de Educação Sarah Kubitschek – SEEDUC, Rio de Janeiro
Resumo
A alfabetização de adolescentes e adultos é, por vezes, uma tarefa difícil,
devido a aspectos como desmotivação por repetências sucessivas,
conciliação de trabalho e estudo e cansaço por múltiplas tarefas. A
sociedade atual é cada vez mais dinâmica, interativa e rápida. Na
contramão dessa realidade, nossas escolas ainda trabalham o processo de
ensino com aulas expositivas em quadro branco. Observando essas duas
problemáticas, torna-se cada vez mais difícil obter resultados positivos em
turmas com característica de ensino supletivo. A didática tradicional já não
dá conta das aspirações desses alunos e uma alternativa para a dinamização
das aulas é variar as técnicas de ensino empregadas, utilizando jogos e
outros recursos didáticos para facilitar a aprendizagem.
Este trabalho teve como objetivo trazer, para sala de aula, jogos que fossem
do conhecimento dos alunos e tivessem sua preferência, sendo adaptados às
necessidades pedagógicas. Após uma pesquisa prévia, sobre quais jogos
mais gostavam de utilizar nas horas vagas, o baralho comum foi escolhido
pela maioria dos alunos. Inicialmente, os alunos adolescentes, passaram por
tentativas frustradas de alfabetização através de métodos fônicos, silábicos
e programas específicos. Observou-se que os alunos apresentavam
dificuldade de memorização. Em contrapartida, todos tinham muita
facilidade em jogos como buraco e sueca. Aproveitando essa observação
foram criados dois jogos: O Baralho Alfa e o Baralho Silábico. O Baralho
Alfa, baseado no jogo de buraco, trazia todos os fonemas em nipes de
famílias silábicas, onde os alunos deveriam formar sequências se baseando
51
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
pela ordem alfabética da posição das vogais. Cada carta trazia em si a
sílaba a ser trabalhada e um desenho que lembrasse ao aluno o som do
fonema. O Baralho Silábico trazia cartas com fonemas repetidos, baseado
no jogo de sueca, onde o aluno deveria formar palavras. Diferente dos
jogos de memória e dominó, adaptados ao ensino, os jogos de baralho
trazem regras minuciosas que aumentam a quantidade de esquemas a serem
elaborados para que se obtenha êxito no jogo. A aceitação ao jogo,
copiando as mesmas regras do baralho normal, fez com que os alunos
jogassem dentro e fora de sala de aula, substituindo o baralho comum. A
repetição do jogo mostrou ser eficiente para a retenção das letras e fonemas
na memória dos alunos, fazendo com que, depois da inserção dos jogos nas
turmas, os alunos melhorassem consideravelmente seu desenvolvimento e
respondessem aos métodos de alfabetização utilizados anteriormente. Os
jogos foram posteriormente reproduzidos em turmas de educação de jovens
e adultos, tornando as aulas mais dinâmicas e os alunos mais motivados e
participativos.
Palavras-chave:
Jogo de baralho; Alfabetização; Adolescente; Adultos.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
57.5. A Banda desenhada como estratégia Pedagógica em Contexto do
1ºCiclo
Tatiana Santos
Instituto Politécnico de Leiria
Sandrina Milhano
Instituto Politécnico de Leiria
Resumo
O resumo submetido apresenta os seguintes tópicos:
- Contextualização/Propósito do estudo
- Pergunta de investigação/objetivos do estudo
- Metodologia
- Considerações finais.
Palavras-chave:
Banda desenhada; Níveis de compreensão leitora; Produção oral de textos;
1.º ciclo do ensino básico.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
57.6. Diálogos com a luz: o contributo da caixa de luz no
desenvolvimento integrador das crianças
LilianaJ orge
Instituto Politécnico de Leiria
Clarinda Barata
Instituto Politécnico de Leiria
Resumo
O resumo submetido apresenta os seguintes aspetos:
-Contextualização/propósito do estudo
-Pergunta de investigação/objetivos do estudo
-Metodologia
-Considerações finais.
Palavras-chave:
Caixa de luz; Desenvolvimento global das crianças; Jardim de Infância; 1.º
Ciclo do Ensino Básico.
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58. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E
DIFERENÇAS
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
58.1. Recantos de individualidade no(s) contexto(s) do desenho
VeraSilva
Universidade do Porto
Resumo
A proposta a enviar foi desenvolvida enquanto fragmento de uma tese em
curso no âmbito do Doutoramento em Educação Artística, da Faculdade de
Belas Artes da Universidade do Porto. O artigo incide nas expressões e
campos do desenho na atualidade, com importantes implicações nos
contextos de ensino. Assumindo definitivamente um carácter espacial e
temporal, o desenho como área central da prática artística confronta-se com
desafios que o transportam para uma diversidade de processos que
ltrapassaram há muito a sua prática bidimensional. Dentro do campo
expandido do desenho, o estudo em questão procura um entendimento
dessas práticas nos contextos de ensino para, num segundo momento,
procurar um acercamento às possibilidades pedagógicas no e pelo desenho.
É importante um estudo desta natureza que reflita a relação ambígua e
controversa dos professores no ensino do desenho com o próprio desenho,
enquanto prática e objeto artístico. O estudo permitirá observar quais os
lugares reservados ao desenho instrumental e ao desenho autoral na
formação dos estudantes e no seu percurso enquanto artistas.
Palavras-chave:
Desenho; Re) inscrição; Individualidades; Criticas.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
58.2. Contexto, parcerias e envolvimento parental para a inclusão
Sara Felizardo
Escola Superior de Educação de Viseu
Esperança Ribeiro
Escola Superior de Educação de Viseu
Resumo
No quadro da abordagem inclusiva, o modelo colaborativo e de parceria do
envolvimento parental constitui um sólido referencial para os profissionais.
O presente estudo é correlacional e tem como objetivo analisar as relações
entre as perceções dos pais e dos professores sobre o envolvimento parental
na escola. Para o efeito, constituímos duas amostras, uma de 301 pais (com
e sem NEE) e outra de 107 professores. Os dados foram recolhidos em
agrupamentos de escolas de Viseu. A análise comparativa das perceções
dos pais e professores revela que a maior divergência ocorre entre os
professores do ensino regular e os pais de alunos com NEE. Em contraste,
não encontrámos diferenças significativas entre as perceções dos pais de
crianças com NEE e os professores de educação especial. Constatamos,
ainda, diferenças significativas entre os dois tipos de professores (ensino
regular e educação especial) sobre o envolvimento dos pais. A leitura dos
resultados do presente estudo é feita à luz do paradigma inclusivo e do
quadro legal em vigor.
Palavras-chave:
Necessidades Educativas
Envolvimento parental.
Especiais;
57
Educação
Especial;
Inclusão;
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
58.3. Sim, NÃO FALO, MAS COMUNICO… A comunicação aumentativa
como facilitador da participação num grupo de jardim de infância
Isabel Sanches
Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento – CeiED, ULHT
RodrigoTeixeira
Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento – CeiED, ULHT
Resumo
O presente trabalho é o relatório de um projeto de investigação-ação, no
âmbito do Mestrado em Ciências da Educação – Educação Especial:
domínio cognitivo e motor. Implicou os diferentes contextos educativos,
respetivos intervenientes e os próprios pares, no desenvolvimento de uma
criança, em idade pré-escolar, com Paralisia Cerebral e consequentes
dificuldades motoras e de comunicação, sem oralidade, em contexto de sala
de aula, com o grupo/turma. Esta intervenção teve como objetivos
principais não só melhorar os níveis de interação entre as crianças,
educadoras e familiares, como também, promover o desenvolvimento da
comunicação e da participação nas atividades do jardim-de-infância,
através de um sistema de Comunicação Aumentativa, Sistema Pictográfico
de Comunicação (SPC). Foi utilizado este Sistema de Comunicação para,
numa perspetiva ecológica de desenvolvimento, promover uma maior
adaptação do aluno ao meio envolvente e a sua participação na turma. Este
sistema foi utilizado por nós, pelas crianças do grupo/turma, pelas
educadoras de infância, pelas assistentes operacionais, pelos técnicos e pela
família da criança. Promoveu-se o diálogo, a partilha de conhecimentos, a
participação ativa em diferentes espaços e entre os vários intervenientes
educativos desenvolvendo um trabalho assente em respostas inclusivas
dirigidas à criança, aos seus pares e à sua família. Os resultados alcançados
foram expressivos a nível da alteração das dinâmicas educativas na sala de
aula; da participação de todos e de cada um nas atividades desenvolvidas;
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
da utilização do Sistema Alternativo e Aumentativo de Comunicação –
SPC como um facilitador da participação da Criança com Paralisia Cerebral
no Ensino Pré-escolar; do fazer da sala do jardim-de-infância um espaço de
todos, com todos e para todos.
Palavras-chave:
Comunicação Alternativa e Aumentativa Investigação-ação; Paralisia
Cerebral; Práticas de Educação Inclusiva; Tecnologias de Apoio.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
58.4. Princesas e Super-Heróis nas Representações sociais de Gênero
em Educadoras e Educadores Infantis
LeilaSotero
UNIP
Resumo
Como ponto de partida, proponho uma consideração de ideologia de acordo
com Destutt de Tracy, como o "estudo científico das ideias",
compreendendo aí a razão, a vontade, a percepção, a moral, e levando-se
em conta a origem e a formação das mesmas, a partir da observação do
indivíduo em contextos de interação. Assim, uma abordagem das
representações sociais encontra afinidade com a reflexão filosófica dos
valores e das ideologias, em educação. Eivados de subjetividades, crenças,
ideologias e valores, os temas do gênero, bem como as questões relativas à
sexualidade, vêm ganhando cada vez mais espaço, não só nas agendas
políticas, nas pautas de discussões docentes, nas investigações acadêmicas,
mas, sobretudo nas formas de vida humana e nas suas interações. A
contemporaneidade tem-nos possibilitado testemunhar fatos significativos,
como alguns avanços rumo à equidade de gênero, às novas configurações
familiares, expressas por conjugalidades e parentalidades não hegemônicas;
a ampliação dos direitos civis, como a união civil e o casamento entre
pessoas do mesmo sexo. No âmbito das políticas em educação constatamos
inúmeras secretarias estaduais que determinam a adoção do nome social de
trangêneros e transexuais, visando garantir a permanência e minimizar
evasões do sistema de ensino, ocasionadas pelo preconceito e o
constrangimento. O mundo está mudando. Em contrapartida, e conforme
afirma Jacques Delors (2001) em seu informe intitulado Educação: um
tesouro a descobrir, o sistema de educação que temos é defasado com
relação às mudanças que vêm acontecendo no mundo.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Daí o propósito desta investigação, centrada na análise das representações
sociais de gênero e sexualidade de educadoras e educadores infantis e suas
repercussões nas práticas docentes. Admitida no enfoque qualitativo com
inspiração etnográfica, a presente investigação evidenciou práticas docentes
irrefletidas e orientadas por crenças pessoais com características sexistas e
heterossexistas. No que tange às lógicas de formação, socialização e
cuidado, encontrou estereotipias ligadas a um só modelo de masculinidade
e de feminilidade – princesas e super-heróis - além da heteronormatividade
como regra. Neste sentido, recomendou uma formação docente capaz de
promover significativas reflexões acerca de que imagens de masculinidades
e de feminilidades a escola veicula irrefletidamente, e, em última instância
perpetua nas mentalidades, desde a mais tenra idade. Acrescido a isso, que
tipo de sociedade forma e conforma no que tange ao reconhecimento e
consequente respeito à diversidade de gênero e sexualidade, e todas as suas
expressões e marcas sociais.
Palavras-chave:
Valores; Representações sociais; Gênero; Sexualidade; Educação Infantil
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
58.5. Educação Inclusiva: ConcDucação Inclusiva: Concepções de
Docentes em escolas participantes do PIBID/UNIMONTES
Jussara Rodrigues Cardoso
Universidade Estadual de Montes Claros
GrazieleSoares Magalhães
Universidade Estadual de Montes Claros
Silvana Diamantino França
Universidade Estadual de Montes Claros
Adalton ViniciosVeloso Silva
Universidade Estadual Montes Claros
Simone Mendes Medeiros
Universidade Estadual de Montes Clarosa
Resumo
Pretende com esse trabalho divulgar os resultados de uma pesquisa feita por
bolsistas do Programa institucional de Bolsas de Iniciação à
Docencia/PIBID da Universidade estadual de Montes Claros/MG. O PIBID
é um programa do governo Federal brasileiro que tem como objetivo
motivar os licenciandos a exercerem à docência na Educação Básica após a
graduação.Essa pesquisa, objetivou-se descrever a concepção de
professores, diretores e serviço pedagógico, sobre a educação inclusiva em
escola publica de Montes Claros/MG/Brasil. Para chegar aos resultados
aplicou-se questionários semi estruturados. A partir das respostas
constatou-se a fundamental importância da inclusão escolar para o
desenvolvimento não só do aluno com problemas especiais, mas de toda
comunidade, pois a educação é uma questão de direitos humanos e os
indivíduos com necessidades especiais devem fazer parte da escola regular
conforme sugerido na declaração de Salamanca. A partir dessa pesquisa
concluiu-se o quanto é importante o envolvimento conjunto da direção,
serviço pedagógico, estudantes e pais. Percebeu-se também que apesar da
62
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
consciência e da importância da inclusão escolar ela ainda não está
efetivamente resolvida pelos pares.
Palavras-chave:
Educação inclusiva; Escola pública; Programa Institucional de bolsas de
Iniciação à Docência.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
58.6. Desigualdade e diferenças como problemas de justiça na escola:
perspectivas dos alunos em contextos escolares distintos
AlineBernardes Seiça
UIDEF- Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Resumo
O crescimento das desigualdades económicas e sociais nos últimos anos em
Portugal e a subordinação das políticas educativas a medidas economicistas
restritivas trouxeram à escola dificuldades de justiça acrescidas. Dividida
entre exigências de eficácia e prestação de contas, por um lado, e de
inclusão de todos os alunos e flexibilização das práticas de acordo com a
diversidade, por outro, a escola e os professores enfrentam escolhas que, do
ponto de vista da justiça, são dilemáticas.
Sendo parte de uma investigação mais vasta sobre a problemática da justiça
na escola, esta comunicação focaliza-se nas perspectivas de justiça dos
alunos acerca das suas experiências escolares. Questiona-se (1) como
interpretam os alunos as situações escolares que sentem como injustas; (2)
como avaliam a justiça da escola e das práticas docentes e que ideias de
justiça lhes contrapõem.
Com recurso a dados provenientes de um estudo de caso realizado em duas
escolas urbanas, apresentam-se resultados parciais do questionário para
alunos, relativos à percepção da justiça interaccional e de reconhecimento
de direitos. A análise fez emergir dimensões de justiça como
reconhecimento e de justiça retributiva a que os alunos parecem atribuir
maior relevância.
Palavras-chave:
Justiça escolar; Inclusão; Justiça como reconhecimento; Justiça retributiva;
Justiça interaccional.
64
59. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE
ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
59.1. Compreender e Prevenir o Erro: Contributos para a
Aprendizagem da Competência Ortográfica (Um estudo no 2.º ano
do 1.º Ciclo do Ensino Básico)
Diana Ribeiro
Universidade do Minho
Carlos Silva
Universidade do Minho
Resumo
Este trabalho apresenta todo o percurso investigativo realizado durante um
projeto de intervenção pedagógica desenvolvido numa turma do 2.º ano de
escolaridade do Ensino Básico. Configurando-se como um projeto de
investigação-ação, este teve finalidades, quer de natureza pedagógica, quer
de natureza investigativa. Desta forma, o objetivo central deste projeto
formaliza-se pelo interesse em conhecer o impacto de estratégias de
intervenção no âmbito da promoção da competência ortográfica e da
aprendizagem dos processos de escrita de textos. Nesse sentido, teve se
também como objetivo compreender, aperfeiçoar e avaliar as práticas
pedagógicas nas áreas em estudo, permitindo, assim, o desenvolvimento de
competências profissionais.
A intervenção pedagógica foi desenvolvida através da metodologia de
Projeto Curricular Integrado, no qual se destaca a atividade integradora
“Caça ao erro para melhor escrever!”, que é o objeto de estudo central da
investigação. Esta intervenção consistiu na implementação de diferentes
atividades e estratégias, mobilizadas em torno da ortografia e da escrita de
textos, promovendo as habilidades metacognitivas dos alunos, para tornar
as aprendizagens significativas e enriquecedoras. Para isso, recorre-se a
diversas estratégias e instrumentos de recolha de informação que
66
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
permitiram sustentar a avaliação do projeto. A análise dos dados recolhidos
foi predominantemente qualitativa e pontualmente quantitativa.
Os resultados obtidos revelam que os alunos evoluíram nos seus saberes
relativamente às convenções da ortografia e aos processos de escrita de
textos, nos quais se evidenciou igualmente a revisão ortográfica.
Especificamente tendo em conta a competência ortográfica, os alunos
compreenderam as estratégias recorrentes das duas vias utilizadas no acesso
à escrita ortográfica das palavras do português: a via fonológica (unidades e
regras de correspondência entre sons e unidades sonoras) e a via lexical
(memorização da forma ortográfica da palavra). Do mesmo modo, os
alunos demonstraram ter aprendido explicitamente estratégias que podem
mobilizar para futuras situações de escrita, tanto ao nível da questão
ortográfica, como de outros aspetos em jogo numa produção textual.
A análise deste projeto finaliza-se com uma reflexão sobre os contributos
do Projeto Curricular Integrado no desenvolvimento do currículo da
educação básica, assim como no impacto do trabalho realizado no
desenvolvimento de competências do perfil profissional da educação
básica, das quais se salienta as capacidades de investigação, colaboração e
reflexão.
Palavras-chave:
Competência Ortográfica; Currículo da Educação Básica; Projeto
Curricular Integrado; Perfil profissional.
67
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
59.2. Pensamento de Alunos do 2º Ciclo em Tarefas de Geometria:
Notas de um Estudo Exploratório
Paula Vieira Da Silva
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Leonor Santos
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Resumo
As tarefas desempenham um papel fundamental no processo de ensinoaprendizagem. As especificidades das tarefas apresentadas nas provas de
avaliação externa, ao darem relevo a certos conteúdos da matemática e a
certas dimensões e processos mentais, influenciam, em geral, as práticas de
ensino dos professores e, consequentemente, as aprendizagens matemáticas
dos alunos. No caso particular do ensino e da aprendizagem da geometria,
as tarefas podem constituir um contexto natural para o desenvolvimento do
raciocínio e da argumentação, e até mesmo culminar no trabalho de
demonstração. Este estudo apresenta dados parcelares de uma investigação
em curso que tem como objetivo a análise das características das tarefas de
geometria que constam das provas de aferição (2010 e 2011) e das provas
finais (2012 e 2013) do 2.º ciclo. Mais concretamente, são analisados os
conceitos necessários à resolução de tarefas, as representações e os
processos mentais matemáticos solicitados e utilizados pelos alunos, no
âmbito da geometria. As questões de investigação que conduziram a este
estudo foram: A que processos mentais fazem apelo as tarefas de geometria
que constam das provas de aferição (2010 e 2011) e das provas finais (2012
e 2013) do 2.º ciclo? Que processos mentais usam os alunos? Face aos
objetivos definidos e às questões formuladas, o estudo adota uma
abordagem interpretativa. A compilação de dados decorre da recolha
documental (produções dos alunos e provas de avaliação externa) e a
entrevistas semiestruturadas gravadas em suporte áudio e vídeo. Os dados
68
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
serão analisados tendo por base categorias, a partir da literatura convocada
sobre o tema, e a partir das informações que emergiram nas produções dos
alunos e nas entrevistas, sendo interpretados em confronto com o
enquadramento teórico e os objetivos e questões de investigação definidos
para o estudo. De uma forma geral, os resultados obtidos da análise de três
tarefas e da sua resolução evidenciaram que as capacidades de visualização
quando não se encontram convenientemente desenvolvidas tornam-se
impeditivas de processos cognitivos que possam desencadear a escolha de
uma estratégia adequada para a resolução das tarefas.
Palavras-chave:
Pensamento geométrico; Avaliação externa; Tarefas de geometria; 2.º ciclo
de escolaridade.
69
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
59.3. Desafios atuais da educação e do currículo nos países da
periferia – o protagonismo dos estados nacionais, das escolas e
dos professores
Bartolomeu Varela
Universidade de Cabo Verde
Resumo
Se ao longo dos tempos e nos diversos lugares tem sido relativamente
pacífico o entendimento de que a ação educativa deve combinar o
conhecimento universal com a cultura, a idiossincrasia e as especificidades
nacionais e locais, na atualidade, as políticas e tendências de
internacionalização da educação e do currículo segundo perspetivas
hegemónicas tendem a ignorar o imperativo da ligação entre o global e o
local como dimensões constitutivas do processo de formação dos
indivíduos e relegar para o segundo plano o contributo das epistemologias
ditas do sul na promoção do património universal da cultura e do
conhecimento.
A prescrição de opções e metas de política educativa numa perspetiva topdown, a uniformização de standards curriculares e a adoção de mecanismos
de avaliação que privilegiem os resultados mensuráveis, na lógica de uma
accountability focalizada no controlo e sem preocupações democráticas,
são algumas das formas em que se expressam as tendências de
hegemonização da agenda educativa global e, em consequência, da
taylerização das práticas educativas e curriculares.
O alinhamento dos estados nacionais da periferia com a agenda global
dominante fica a dever-se a diversos fatores, nomeadamente: a existência
de possíveis alianças ou afinidades políticas, ideológicas e económicas
entre as respetivas elites governamentais e os grupos dominantes nos países
centrais; o forte condicionamento imposto pelos países centrais e pelas
70
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
organizações internacionais sob seu controlo no acesso aos financiamentos
das políticas educacionais e de desenvolvimento nos países ditos do sul.
Nesta comunicação, sustenta-se, com base na experiência de Cabo Verde,
que é possível contrariar-se a lógica dominante na agenda educativa global,
mediante (i) a maximização das oportunidades de inserção dos estados
nacionais em redes internacionais de colaboração solidária na definição e
realização de políticas educativas, de investigação científica e de inovação
tecnológica (ii) o empenhamento dos estados nacionais na conceção e
negociação de políticas e reformas educacionais que traduzam os grandes
desafios da educação e da formação no contexto universal (iii) a
maximização do aproveitamento dos espaços de realização dos currículos,
conferindo maior protagonismo às escolas e aos professores, tendo em vista
uma abordagem reflexiva, crítica, inovadora e emancipadora do ato
pedagógico
Palavras-chave:
Agenda educativa global; Políticas nacionais; Epistemologias do sul;
Protagonismo das escolas e dos professores.
71
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
59.4. A Valorização da Cultura Local como contexto para o
desenvolvimento do Currículo na Educação Básica: contributos
do Projeto Curricular Integrado
Diana Neto
Universidade do Minho
Carlos Silva
Universidade do Minho
Resumo
Muito se tem questionado sobre o desenvolvimento do currículo na
educação e no ensino, mais propriamente sobre a questão da forma de o
desenvolver e avaliar. O currículo não é um pronto-a-vestir de tamanho
único (Formosinho, 2007) e impera-se por o surgimento de um currículo
integrado que respeite as diferenças culturais, sociais, cognitivas e
económicas dos alunos. Nesta perspetiva, considera-se que o contexto local
e a sua cultura devem coexistir e ser parte integrante do currículo nacional,
através de processos de ensino e de aprendizagem dinâmicos e contínuos
em função das características, necessidades, interesses e potencialidades
dos alunos. Portanto, a investigação que se apresenta tem como objeto de
estudo o desenvolvimento curricular através da cultura local e recorrendo à
metodologia do Projeto Curricular Integrado (Alonso, 1998). Por
conseguinte, são propósitos da investigação analisar a importância que a
cultura local desempenha no desenvolvimento curricular e em que medida
pode ser conciliada com os conteúdos curriculares.
O Projeto Curricular Integrado (PCI) encara o currículo sobre a perspetiva
de projeto que permite aos alunos uma maior responsabilidade,
participação, interesse e motivação no seu processo de ensino e
aprendizagem. Os alunos constroem o seu próprio conhecimento
assumindo um papel central na sua aprendizagem e o profissional de
72
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
educação assume a função de mediador e promotor de oportunidades. Esta
investigação analisa dois projetos de intervenção pedagógica em que o
currículo se desenvolve sobre a perspetiva de Projeto Curricular Integrado e
tendo como Núcleo Globalizador a cultura local. Estes foram
desenvolvidos no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado
em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, da
Universidade do Minho, com um grupo de 15 crianças de cinco anos e
outro grupo com 15 alunos do 2.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
Seguindo uma metodologia de investigação-ação-reflexiva colaborativa
(Alonso & Lourenço, 1998; Alonso, 1998), o principal objetivo dos
projetos focalizou-se na descoberta e conhecimento profundo da cultura
local. Os resultados demonstram o desenvolvimento de competências
(saber, saber-fazer, saber-ser e estar, saber conviver), a aprendizagem de
aspetos da cultura local, o envolvimento das famílias e da comunidade
educativa em geral.
As principais conclusões aferidas com a investigação apontam para a
possibilidade de conciliar a cultura local com o desenvolvimento do
currículo. Desenvolver o currículo através do PCI, tendo como tema
transversal a cultura local, permite ao profissional de educação
proporcionar atividades integradoras, contextualizadas e significativas,
onde os alunos aprendem de forma integrada e significativa conteúdos
ligados à cultura e às diferentes áreas do conhecimento.
Palavras-chave:
Currículo da Educação Básica; Desenvolvimento Curricular; Projeto
Curricular Integrado; Cultural Local.
73
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
59.5. Descontruindo o Currículo Oculto – a experiência de uma
proposta de formação continuada de professores da escola do
campo na região Nordeste do Brasil
Maria De Lourdes Albuquerque De Souza
Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Estadual de Feira de Santana
Nelmira MoreiraDa Silva
Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana
Resumo
Neste texto fazemos a análise de uma proposta pedagógica idealizada num
Projeto de Extensão Universitária que tem como objetivo principal a
formação de professores de escolas do campo/rurais da região semiárida do
Nordeste brasileiro. A proposta tem como fundamento a pedagogia de
Paulo Freire (AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO) numa perspectiva da educação
contextualizada do campo visando contribuir para o desenvolvimento local
sustentável das comunidades rurais. Essa proposta tem como pano de fundo
a tentativa de desconstrução do currículo oculto (das práticas e
comportamentos que silenciam vozes, dispositivos e rituais que ocasionam
a submissão) como estratégia para a valorização do homem e da mulher do
campo. Inicialmente, nos propomos fazer uma breve revisão das teorias
críticas e sua aproximação com a noção de currículo oculto. Em um
segundo momento, falaremos sobre a escola e seu papel na formação do
homem e da mulher do campo, considerando as relações sociais dentro da
escola, a transmissão de valores e crenças que reforçam a desigualdade
social e a preservação do modelo urbano centrista de desenvolvimento. Por
último, faremos a análise crítica da experiência do Projeto Conhecer,
Analisar e Transformar a realidade do campo (CAT) que, através de sua
74
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
metodologia, propõe atuar na desconstrução do currículo oculto nas escolas
do campo onde o Projeto é aplicado.
Palavras-chave:
Currículo oculto; Educação contextualizada do campo; Formação
continuada de professores do campo.
75
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
59.6. Análise reflexiva de uma experiência pedagógica interdisciplinar
Margarida Quinta e Costa
ESEPF
Vítor Ribeiro
ESEPF
Isilda Monteiro
ESEPF
Resumo
O projeto Cada coisa no seu lugar – a ciência no tempo e no espaço foi
delineado tendo como pressupostos essenciais que, primeiro, o carácter
globalizador do Estudo do Meio apresentado nos princípios orientadores
que antecedem o programa do 1º ciclo, identificado como “uma área para a
qual concorrem conceitos e métodos de várias disciplinas científicas como
a História, a Geografia, [e] as Ciências da Natureza”, não pode prescindir
dos contributos específicos das várias ciências que o integram, e que,
segundo, cabe ao professor, como gestor do processo de ensinoaprendizagem, promover a abordagem interdisciplinar. Dessa forma a sua
implementação no terreno, iniciada experimentalmente, este ano letivo, ao
nível da licenciatura em Educação Básica, propõe-se, contribuir para a
reconstrução em novas bases das representações dos estudantes sobre o
ensino do Estudo do Meio, promover a perspetiva interdisciplinar no ensino
dessa área curricular e fomentar a prática investigativa dos estudantes.
Delineado como projeto de investigação-ação, Cada coisa no seu lugar – a
ciência no tempo e no espaço. Um projeto interdisciplinar contou com a
participação dos estudantes, que, organizados em grupo, desenvolveram um
trabalho de investigação em torno de uma figura portuguesa de relevo no
meio científico em Portugal, tendo em conta os seguintes aspetos:
- contexto político, social e cultural da época em que viveu;
76
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
- percurso biográfico (percurso de vida e formação, espaços geográficos em
que se moveu);
- atividade científica desenvolvida.
No âmbito da investigação desenvolvida pelos estudantes foi produzido um
documento escrito, com o limite máximo de 20 páginas, e um poster
construído como material didático a ser utilizado no ensino do 1º ciclo do
Ensino Básico.
A comunicação que nos propomos apresentar procurará, assim, analisar
reflexivamente os primeiros resultados desta experiência pedagógica
interdisciplinar, tendo por base os materiais produzidos e a perceção das
sensibilidades dos estudantes envolvidos, bem como os ajustamentos
metodológicos que foi necessário fazer tendo em vista o desenvolvimento
do projeto.
Palavras-chave:
Didática; Interdisciplinaridade; Experiência pedagógica.
77
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
59.7. Pedagogia de Projetos – Trabalhando a Interdisciplinaridade e os
Temas Transversais nas aulas de Educação física do Ensino
Fundamental II
Marlene de Souza Oliveira
Escola Municipal Professor Joaquim de Freitas
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi mensurar o impacto da aplicabilidade dos
Temas Transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais,
elaborados pelo Ministério da Educação e Cultura do Brasil, e a
interdisciplinaridade presente nos diversos segmentos do aprendizado e que
puderam com suas respectivas peculiaridades, contribuir no enriquecimento
das práticas curriculares. A observação foi concluída nas turmas do Ensino
Fundamental II, objetivando a abordagem nas aulas de Educação Física da
Escola Municipal Professor Joaquim de Freitas, Queimados, Rio de
Janeiro, Brasil, e que foram desenvolvidas nesta unidade escolar desde o
ano de 2010. Os projetos trabalhados abordaram diferentes temas da
Educação Física, tais como, “Bons hábitos que fazem a diferença”,
“Badminton na minha escola”, “Ética: uma reflexão”, “O negro e a cultura
corporal brasileira” e “Jogos e brincadeiras do nosso povo”. O percurso
desta produção demonstrou resultados os quais sinalizaram que o processo
de desenvolvimento de aprendizagem, através de tais projetos, ocorre por
meio da interação e articulação entre conhecimentos das diversas áreas de
conhecimento resultando no despertar do interesse nos alunos pelo método
utilizado e a percepção de uma aprendizagem significativa.
Palavras-chave:
Pedagogia de projetos; Interdisciplinaridade; Temas transversais.
78
60. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS
DE ESCOLARIZAÇÃO
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
60.1. Violência Doméstica e Educação: Avaliação do Envolvimento
Parental na Escola em Mulheres Vítimas de Violência Conjugal
Miguel Rodrigues
ULHT – CEIED
Resumo
O presente artigo insere-se na problemática da violência conjugal sobre a
mulher por parte do seu companheiro masculino, relacionando-a com o
envolvimento parental na escola, e o comportamento e sucesso dos filhos,
em contexto escolar. O objetivo do trabalho é apresentar uma análise do
envolvimento parental, e do percurso educativo dos filhos, como a
violência doméstica interfere na vida dos sujeitos, sobretudo no âmbito
escolar. Em Portugal a Violência Doméstica é crime. Não obstante, a
mulher vítima de violência no contexto doméstico continua a protagonizar
o cenário das estatísticas criminais portuguesas. Em 2013, registaram-se 27
318 casos deste crime com 81,4 % das vítimas do sexo feminino, com 30
femicídios. Em 39% dos casos em que estas mulheres foram vítimas os
filhos menores presenciaram-no (DGAI-RASI, 2014). Quanto ao seu perfil
são, geralmente, mulheres entre os 26 e os 45 anos que vivem em família
nuclear com filhos. Além dos problemas físicos, a mulher violentada
experimenta sentimentos de vergonha, degradação, temor, fúria, desânimo
e síndrome de stress pós-traumático, para além de pesadelos. Para esta
investigação utilizaremos uma metodologia de abordagem quantitativa,
com recurso a um questionário denominado Questionário de Envolvimento
Parental na Escola, versão para pais (Pereira, 2002; 2008), um instrumento
composto por 24 itens com três categorias ou dimensões segundo a teoria
de Epstein (2001): obrigações básicas da escola; comunicação escolafamília e envolvimento em atividades na escola; envolvimento em
atividades de aprendizagem em casa (Pereira, 2008). Foi nosso propósito
auscultar as perceções das vítimas deste crime, através de uma amostra de
80
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
âmbito nacional. Com a parceria da PSP, encontra-se já em fase de recolha
da amostra, até novembro do presente ano, um Consentimento Informado
em todas as Esquadras da PSP, num total de 306. Dividindo o país em 7
partes, segundo as Nomenclaturas de Unidades Territoriais para Fins
Estatísticos (NUTS II-INE), pretende-se compor uma amostra de 100
mulheres vítimas deste crime com filho(s) a estudar, para cada
Nomenclatura, num total de 700 inquiridas, com o intuito de ser assim
generalizável a Portugal. Nesta primeira fase do estudo, percecionamos que
a concretização efetiva do seu papel enquanto progenitora torna-se
complicada quando a violência faz parte do quotidiano familiar. Como
consequência para os seus filhos que vivenciam a violência, muitas vezes
para além de apresentarem um baixo rendimento escolar, mostram uma
agressividade excessiva ou uma total apatia.
Palavras-chave:
Violência Doméstica; Envolvimento Parental na Escola; Educação;
Violência Conjugal sobre a Mulher; Crianças em período escolar.
81
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
60.2. Um Olhar sobre as Práticas socioeducativas em Contexto Não
Formal
Angélica Monteiro
Instituto Piaget/FPCEUP
AlcinaFigueiroa
Instituto Piaget
Rita Barros
Instituto Piaget
Resumo
Este estudo enquadra-se num projeto de investigação acerca das práticas
socioeducativas em contexto não formal, tendo em vista a construção de
um modelo compreensivo de análise das referidas práticas.
O presente texto tem por objetivo apresentar os resultados preliminares da
fase exploratória no que diz respeito às parcerias, aos projetos, à utilização
do espaço físico e dinâmica relacional em diferentes contextos de educação
não formal de Vila Nova de Gaia, designadamente centros de estudo,
piscinas municipais, ginásios e cooperativas e a sua relação com o contexto
formal (escolas básicas) e os espaços não formais destas.
O desenho metodológico segue uma orientação qualitativa de cariz
interpretativo, recorrendo, numa primeira fase exploratória, a análise
documental, observações sistemáticas e entrevistas semiestruturadas
conduzidas por estudantes do 1.º ciclo de estudos de um curso de
Licenciatura em Educação Básica. Os resultados apontam para uma
crescente simbiose entre o trabalho educativo em contextos formais e os
não formais, o que possibilita que os mediadores socioeducativos —
profissionais com formações iniciais em diferentes áreas ou, mesmo,
professores e membros de órgãos de gestão das escolas — possam ter um
papel significativo na promoção de resultados sociais e o reconhecimento
82
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
das instituições junto à comunidade educativa. Nota-se, contudo, em alguns
casos, algum desfasamento e descoordenação entre as práticas
desenvolvidas nestes dois contextos, sem que a priori se percam os
benefícios mútuos deste sistema.
Palavras-chave:
Práticas socioeducativas; Educação não formal; Projetos e parcerias.
83
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
60.3. FRACASSO (de quem?) ESCOLAR: Um estudo sobre as escolas
públicas de Santa Catarina
Helena Cândido
Universidade Federal de Santa Catarina
Erni JoséSeibel
Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo
A universalização do acesso à escola pública para o Ensino Fundamental no
Brasil, a partir de 1990, produziu uma nova realidade no mundo escolar.
Avanços e contradições se produziram: a taxa de frequência líquida para o
Ensino Fundamental passou de 75,03% (1990) para 92,14% (2010), porém
a defasagem de mais de dois anos entre alunos de 6 a 14 anos é de 15,10 %,
a taxa de analfabetismo de pessoas com mais de 18 anos ainda é de 10,19%
e somente 54,92% das pessoas com 18 anos ou mais têm Ensino
Fundamental completo. Consideramos a questão do fracasso escolar
(repetência, distorção idade-série e evasão escolar) não somente um
fenômeno circunscrito ao universo escolar ou às limitações pedagógicas e
sim uma primeira manifestação de exclusão social ou um sintoma de que a
justiça social, principalmente no âmbito educacional, apresenta seus
limites. A base de dados utilizada é a Prova Brasil, edição de 2011,
aplicada aos alunos matriculados em 5ª e 9ª séries das escolas públicas do
país. Concomitantemente à resolução das provas de português e
matemática, eles também respondem a um questionário com 47 perguntas
sobre seu perfil individual, perfil familiar, práticas e hábitos escolares,
assim como perspectivas de futuro escolar. A partir destas respostas,
analisamos a questão do fracasso escolar dos alunos registrados na 9ª série
das escolas públicas de Santa Catarina, um universo composto por 87.607
indivíduos. Para este processamento utilizamos o software estatístico SPSS.
A pesquisa revelou que a proporção de alunos matriculados na 9ª série do
84
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Ensino Fundamental identificados em situação de fracasso escolar é de
16,1% nas escolas públicas de Santa Catarina. Realizamos cruzamentos
deste grupo com variáveis expressas no questionário, como gênero, raça e
cor, tamanho da família, escolaridade dos pais, renda dos pais, hábitos
escolares, atividades de contra turno e perspectivas de futuro escolar. As
análises indicam que a situação de fracasso escolar recai fortemente sobre
alunos do sexo masculino autodeclarados pretos e pardos. Os resultados
sugerem que assegurar o acesso ao Ensino Fundamental, sem que as
condições de permanência e de sucesso na escola sejam ponderadas, pode
se mostrar menos como um mecanismo de compensação e mais como um
processo de produção e reprodução de novas formas de desigualdade social.
Palavras-chave:
Fracasso Escolar; Ensino Fundamental; Escola Pública; Prova Brasil;
Políticas Públicas.
85
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
60.4. Abandono Escolar e Transição para a Idade Adulta
Maria Das Dores Formosinho
Universidade de Coimbra
António Castro Fonseca
Universidade de Coimbra
Resumo
Um dos marcadores da transição para a vida adulta é, em muitos países
desenvolvidos, a conclusão de estudos secundários e obtenção de um
diploma que permita aos jovens uma entrada sem sobressaltos no mundo do
trabalho. Daí os esforços feitos, nas últimas décadas, pelos governos de
vários países, incluindo Portugal, para alargar a idade da escolaridade
obrigatória. A ideia subjacente a essas políticas é a de que os alunos que
abandonam a escola antes do tempo experimentam frequentemente grandes
dificuldades de adaptação na vida adulta (Bloom,2010) e, em consequência,
contribuirão menos para o desenvolvimento e a riqueza do país. Por isso, a
sua identificação e a sua caracterização são duas tarefas importantes para o
desenvolvimento de eventuais programas de prevenção do abandono
escolar.
Os objetivos do estudo, que a seguir se descrevem, são : (1) identificar as
dimensões do problema em Portugal; (2) analisar as suas consequência a
curto e médio prazo; (3) identificar variáveis que, desde cedo na infância,
colocam os sujeitos em risco de abandono escolar precoce.
Os dados utilizados na análise das respostas são provenientes de um estudo
português, no qual uma amostra da comunidade escolar foi seguida desde
os primeiros anos do ensino básico até ao fim da terceira década de vida.
Através das cinco avaliações levadas a cabo, durante o referido período de
tempo, recolheram-se numerosas informações, não só sobre o percurso
86
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
académico dos participantes, mas também relativamente ao nível de
adaptação dos indivíduos em diferentes áreas do seu funcionamento.
Os resultados mostram que o número de jovens adultos que não concluiu os
estudos secundários é ainda elevado nesta amostra e que os mesmos
apresentam mais problemas de adaptação laboral e de saúde mental.
Finalmente, os resultados de uma análise retrospetiva evidenciam que os
sujeitos que abandonaram cedo a escola, sem terem obtido um diploma de
estudos secundários, já se distinguiam dos seus pares em diversos aspetos
importantes das suas vidas na infância (v.g. dificuldades de aprendizagem
reportadas pelos professores, repetências ou diversos sintomas de
psicopatologia). Isso sugere que a decisão de abandonar os estudos é,
muitas vezes, o último elo de dificuldades de adaptação manifestadas
precocemente.
Palavras-chave:
Abandono escolar; Transição para a idade adulta; Adaptação laboral; Saúde
mental.
87
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
60.5. A escolarização secundária artística especializada em Portugal:
um retrato de trajetórias educativas juvenis
Thiago Rodrigues
FPCEUP
Resumo
Ao reconhecer que a escola sempre esteve face a desafios tecidos numa
relação dialética entre a sociedade e os interesses desta perante os processos
de escolarização (cf. Canário, 2005; Boavida e Amado, 2006), o trabalho de
investigação que se apresenta foca a discussão de narrativas de alunos/as do
ensino secundário artístico especializado, a fim de se compreender os
efeitos, nesses jovens, das dinâmicas escolares que ocorrem em um
contexto específico da educação escolar pública.
O material é referenciado por perspetivas teóricas sobre a organização do
trabalho escolar em Portugal (Correia e Matos, 2001; Barroso, 2003) e se
propõe discutir como a escola artística especializada responde às
componentes social, cognitiva, cívica e profissional que são intrínsecas à
formação identitária dos jovens. A esse cenário, o quadro teórico acrescenta
a questão da participação dos pais, da família e dos amigos nos processos
de formação educativa, procurando elucidar o contributo destes atores
sociais nos percursos juvenis por relação com as vivências experienciadas
na escolarização.
Em termos metodológicos, realizaram-se seis entrevistas do tipo biográfico
a estudantes dos três anos do ensino secundário artístico especializado de
uma escola do Norte de Portugal. Os jovens tinham idades compreendidas
entre os 16 e os 18 anos e suas entrevistas permitem explorar as respetivas
trajetórias educacionais e situar, biograficamente, o lugar e a importância
que se atribui à frequência da via artística especializada, no ensino
secundário.
88
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
A análise privilegiou uma abordagem narrativa, com o auxílio de
procedimentos de pesquisa da análise de conteúdo. Os resultados se
organizam em três grandes dimensões : a escola, a família e o futuro, de
modo que o ensino artístico especializado é considerado numa análise
transversal. A interpretação dos resultados aponta para uma valorização do
processo educativo por parte dos alunos/as, em que sobressai a importância
de dinâmicas escolares que viabilizam a desconstrução de sistemas
hierárquicos, numa aposta veiculada pela informalidade e a inovação,
sentidos corroborados por um espírito de diversidade e diálogo social (cf.
Abrantes, 2003).
Referências Bibliográficas
Abrantes, Pedro (2003). Os sentidos da escola. Identidades juvenis e
dinâmicas de escolaridade. Oeiras: Celta Editora.
Barroso, João (2003). Organização e regulação dos ensinos básico e
secundário, em Portugal: sentidos de uma evolução. Educação e Sociedade,
24(82), 63-92.
Boavida, João, & Amado, João (2006). Ciências da Educação.
Epistemologia, identidade e perspectivas. Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra.
Canário, Rui (2005). O que é a escola. Um “olhar” sociológico. Porto:
Porto Editora.
Correia, José Alberto, & Matos, Manuel (2001). Da crise da escola ao
escolocentrismo. In Stephen Stoer & L. Cortesão & J. Correia (Orgs),
Transnacionalização da educação. Da crise da educação à “educação” da
crise (p. 91-117). Porto: Edições Afrontamento.
Palavras-chave:
Ensino Secundário; Escolarização pública; Artes.
89
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
60.6. Estratégias familiares em um espaço de disputa: Escolha e
acesso em escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro/Brasil
Pires DoPrado
Universidade Federal do Rio de Janeiro
RodrigoRosistolato
Universidade Federal do Rio de Janeiro/Brasil
Amanda Moreira
Universidade Federal do Rio de Janeiro/Brasil
Resumo
A cidade do Rio de Janeiro possui uma rede de escolas públicas que atende
aos anos iniciais e finais do ensino fundamental. Esse nível de ensino está
universalizado e as regras de matrícula permitem que as famílias escolham
as escolas de seus filhos. No entanto, os resultados nas avaliações externas
de aprendizagem indicam que o sistema é estratificado, com hierarquias de
desempenho entre escolas da rede, mesmo aquelas próximas
geograficamente. Além disso, as famílias e suas redes de sociabilidades
organizam as escolas em hierarquias de prestígio criando um conjunto de
escolas mais desejáveis para seus filhos do que outras.
Considerando que as escolas não são iguais e que as famílias são
responsáveis pelas escolhas das instituições que desejam matricular seus
filhos, esse trabalho pretende descrever e analisar os elementos que
orientam as escolhas das escolas pelas famílias e as estratégias utilizadas e
os caminhos percorridos para ter acesso à vaga desejada.
Em 2013 realizamos 52 entrevistas com famílias de estudantes de escolas
públicas municipais que mudaram de escola do 1º para o 2º segmento do
ensino fundamental. As famílias, selecionadas a partir do Banco de Dados
da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, escolheram e
90
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
tiveram acesso a escolas localizadas em duas regiões da cidade do Rio de
Janeiro: a Zona Sul e a Zona Norte. São áreas populosas,
socioeconomicamente diversas, com grande concentração de escolas
municipais e com grande variabilidade nos seus desempenhos.
Os resultados indicam que a alocação dos estudantes influencia diretamente
a qualidade de sua formação escolar. Os dados também apontam que tanto
as direções das escolas como as redes sociais das famílias tendem a orientar
as escolhas e possibilitar os acessos às escolas, principalmente as mais
prestigiadas, desafiando o ideário republicano de oferecimento universal e
equânime de oportunidades educacionais.
Palavras-chave:
Desigualdades educacionais; Escolha escolar; Acesso às escolas públicas.
91
61. PEDAGOGIA SOCIAL E
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
61.1. Educação Popular, uma Prática da Pedagogia Social na Formação
Profissional em Saúde
Marta Luiza Dias
UFVJM
Ana Luiza Dias
UFVJM
Wellington deOliveira
UFVJM
Resumo
Introdução: A educação popular teve grande repercussão na década de 60
com os trabalhos de Paulo Freire. Entre seus objetivos está a promoção da
justiça social centrada no ativismo político e na organização das classes
subalternas. Atualmente a educação popular orienta as ações de vários
setores, entre eles o da saúde. Assim, segundo o Ministério da Saúde (MS),
a Educação Popular em Saúde (EPS) inserida num plano institucional
contribui para a efetividade do Sistema Único de Saúde (SUS), cujos
princípios são: universalidade, integralidade e equidade. Ressalta-se a
importância da inserção da EPS como estratégia de formação profissional
em saúde, uma vez que colabora com o desenvolvimento de profissionais
aptos para trabalhos comunitários e, consequentemente para a consolidação
e afirmação de políticas públicas em saúde.
Propósito: Inserir e debater a EPS na formação dos profissionais de saúde
da Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), na cidade
de Diamantina, Brasil.
Metodologia: O estudo é qualitativo e o trabalho de campo tem sido
realizado em duas fases: 1) Análise documental das Diretrizes Curriculares
Nacionais dos cursos de saúde da UFVJM e Projetos Políticos Pedagógicos
desses cursos para analisar a abordagem da EPS nesses documentos. 2)
93
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Entrevistas com professores dos cursos de saúde da UFVJM com o
procedimento da história oral para diagnosticar saberes, práticas, ideais e
aprendizagens que foram constituídas ao longo de suas experiências como
formadores dos profissionais de saúde.
Resultados: Foi formado o grupo de estudos Pedagogia da Saúde, que
objetiva a reflexão e percepção da necessidade de desenvolver
metodologias e práticas de ensino de formação em saúde que considerem a
educação e particularmente a EPS como uma estratégia de formação para
trabalhos comunitários em saúde. Foi elaborado de forma interdisciplinar
um programa de extensão que busca a inserção e efetivação da EPS nos
espaços de formação dos profissionais de saúde da UFVJM, contribuindo
assim, para o desenvolvimento das comunidades atendidas pelo projeto.
Espera-se ainda como resultados do estudo, a emergência e materialização
de propostas pedagógicas interdisciplinares, onde professores, estudantes,
profissionais e comunidade possam ocupar o espaço de protagonistas na
educação em saúde e na mobilização em defesa do SUS.
Conclusões: A EPS, apesar de ser uma estratégia fundamental para a
efetividade do SUS, ainda se apresenta como um grande desafio para a
formação de profissionais em saúde. A educação, como defende o MS é
base da participação popular na efetivação de políticas públicas em saúde e
tem sido pouco debatida na formação em saúde.
Palavras-chave:
Educação Popular; Participação; Saúde; SUS; Formação.
94
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
61.2. A Música e o Desenvolvimento Individual e Comunitário – Um
estudo exploratório
Agostinho Gomes
Universidade de Trás-os-Montes e alto Douro
Resumo
Desta forma, tendo em atenção a evolução do conceito de educação de
adultos, permanente e comunitária e a análise documental sobre a educação
musical emergente, quer da educação formal genérica e vocacional, quer da
educação não formal, somos levados a considerar que a participação das
pessoas numa Banda Filarmónica inserida numa comunidade rural se
enquadrada na educação não formal e é um factor de desenvolvimento do
ser humano que deve ser valorizado numa perspectiva de educação ao
longo da vida. Assim, com esse intuito, foi efetuado um estudo exploratório
com uma banda de música durante um período de três anos, desde a sua
fundação e a metodologia utilizada, de caráter qualitativo, privilegiou a
observação direta e o inquérito por questionário, tendo sido utilizados dois
questionários abertos, um quando a banda se constituiu, questionando
expectativas, e o outro três anos depois, perscrutando realizações e
representações face às vivências efetuadas. Os dados recolhidos, traduzidos
em indicadores como a socialização, a solidariedade, a participação, a
animação e o sentimento de pertença, elementos caracterizadores de
interacções pessoais e sociais, ilustram a evolução dos participantes que
confirmam a música como factor de desenvolvimento individual e
comunitário, no contexto da educação permanente e comunitária.
Palavras-chave:
O presente artigo questiona sobre a importância da participação em
filarmónicas para desenvolvimento individual e comunitário.
95
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
61.3. A importância dos espaços não formais de educação para a
formação do cidadão: experiência da Biblioteca do Instituto Vital
Brazil (RJ) com o público infantil
LiviaNascente
Instituto Vital Brazil
Gisele Aparecida Batista
Instituto Vital Brazil
SilvioSoares Júnior
Instituto Vital Brazil
Resumo
As descobertas das áreas científicas têm impacto na dinâmica social do
indivíduo e por isto a educação científica deve ser uma preocupação não só
das escolas, mas também das instituições de ciência e pesquisa. O
desenvolvimento de atividades para vulgarizar o conhecimento científico é
um dos muitos mecanismos viáveis para que tais conhecimentos sejam
acessíveis a todos os cidadãos. As bibliotecas são espaços não formais de
educação e contribuem para preencher as lacunas dos modelos de educação
formal. Analisamos aqui as bibliotecas vinculadas aos centros pesquisa e as
formas com estes espaços de disseminação da informação devem ser uma
ponte entre a sociedade civil e a produção cientifica. Os acidentes com
animais peçonhentos, por exemplo, ocupam a terceira posição no quadro
epidemiológico do Brasil. O Instituto Vital Brazil (RJ – Brasil) desenvolve
pesquisas e produz soros contra picadas e mordeduras de serpentes, aranhas
e escorpiões. Para que o número de acidentes diminua e a comunidade em
geral conheça o comportamento destes animais é de extrema importância à
realização de atividades educativas. Trazemos aqui a experiência da
Biblioteca do Instituto Vital Brazil que, embora especializada em
Biomedicina, recebe diariamente não só pesquisadores, mas também a
96
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
comunidade em geral, que buscam informações sobre animais peçonhentos.
Percebemos a importância de construir um espaço e uma coleção específica
para o público infantil, visto que a maioria das crianças possui um fascínio
e destemor dos animais, inclusive dos peçonhentos. As crianças, desta
forma, se tornaram um canal de transmissão de informação entre o
conhecimento científico disponibilizado pelo Instituto Vital Brazil e seus
familiares, amigos, colegas e professores. Criamos uma coleção
bibliográfica com linguagem e ilustrações adequada para o público infantil;
veracidade das informações sobre a biologia e as relações ecológicas dos
animais peçonhentos; além de estórias e mitos em que tais animais
tivessem uma imagem positiva. A partir de um grupo de crianças que
frequentam a Biblioteca quase todos os dias, após a escola, nós pudemos
estabelecer um ciclo de atividades que culminam com uma visita orientada
aos setores de produção e zoologia do Instituto Vital Brazil: Em primeiro
lugar, as crianças têm contato com o ambiente de bibliotecas; desenvolvem
o gosto pela leitura e; são estimulados a questionarem as informações que
lhes são transmitidas, já que, posteriormente terão contato com biólogos e
veterinários ao realizarem a visita monitorada. Concluímos que as
bibliotecas especializadas podem contribuir para a vulgarização e difusão
do conhecimento científico para além dos grupos de especialistas.
Palavras-chave:
Educação Não-Formal; Biblioteca; Instituto Vital Brazil.
97
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
61.4. Animação Socio Cultural
Marcelino Lopes
Universidade de Trás-os-montes e Alto Douro
Resumo
Procuramos neste artigo analisar o contributo da animação sociocultural
como pedagogia participativa e interativa, que entre outras coisas, procura a
promoção de uma educação resultante da vivência plasmada na
convivência, partilha, participação,pilares que constituem, a nosso ver o
âmago da Educação Intergeracional.
Analisamos ainda os princípios norteadores da educação intergeracional
onde não basta a existência de diferentes gerações e uma interação
ritualista, praticista e cristalizada, mas antes o implicar das diferentes
gerações numa ação que visa o compromisso em torno de praticas
educativas com ligações a vida em comum.
Pretendemos refletir sobre a similitude existente entre Animação
Sociocultural, Gerontologia e Educação Intergeracional, pois, tal como a
Animação Sociocultural a Educação Intergeracional também requer
participação, compromisso social, educação, interação, partilha de saberes e
consciencialização. Acresce o facto de a Animação Sociocultural constituir
uma eficaz metodologia para potenciar a Educação Intergeracional e a
Gerontologia Social, Cultural e Educativa.
Desejamos ainda aprofundar questionar uma intervenção à volta da tríade:
Animação Sociocultural, Educação Intergeracional e Gerontologia pois na
sua mediação a Animação Sociocultural propõe-se ser uma metodologia
potenciadora de diálogo, ação e educação intergeracional indo ao encontro
de uma gerontologia ativa que seja simultaneamente e cumulativamente
social, cultural e educativa projetando uma aprendizagem bidirecional onde
98
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
os gerontes aprendem e ensinam numa permanete partilha com os outros
grupos etários.
Palavras-chave:
Animação Sociocultural;
bidirecional
Educação
99
Intergeracional;
Aprendizagem
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
61.5. O Animador Sociocultural e a sua Intervenção no Século XXI: os
desafios que se colocam
Marina Maltez
Gabinete de Apoio ao Estudo MH+
MarcelinoLopes
Universidade de Trás-os-montes e Alto Douro
Resumo
Procuramos neste artigo, à luz das profundas e constantes mutações do
século XXI, perceber/reflectir que desafios se colocam à intervenção deste
profissional nos âmbitos em que se move: social, cultural, educativo e até
mesmo económico, sobretudo procurando dar resposta a uma questão que
inquieta: que Animador é necessário no século XXI?
Sabemos que a figura do Animador não é estereotipada, varia mediante as
necessidades do público-alvo, as características da entidade onde este
exerce funções e até mesmo dos recursos de que dispõe (para não falar do
reconhecimento que tem por parte do próprio Estado) e definem a sua
metodologia de intervenção que deverá ser sempre dinâmica, audaz para
dar resposta às interrogações deste Tempo de incerteza e desta Sociedade
amorfa. São estes alguns dos desafios que se colocam.
Analisaremos os eixos que orientam o perfil deste técnico: ser (aprender a
ser pessoa); saber (associado ao fazer, na medida em que a teoria se deve
aliar à prática); saber-fazer (a devida ênfase às diferentes e complementares
metodologias e técnicas que procuram colmatar as necessidades aferidas);
aprender a viver junto. Talvez este último pilar se assuma com uma
importância vital e um dos desafios acima mencionados. Num mundo
globalizado e marcado pela multiculturalidade há que aprender a respeitar
as opções e as diferenças do Outro.
100
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Nesse sentido procuraremos estabelecer a ponte entre o legado do século
XX e esta nova realidade que requer novos compromissos, mesmo porque
os desafios estendem-se a todos os domínios da sociedade. Importa aqui ter
presente que estes anos iniciais do século XXI pouco trouxeram de
inovador à Animação Sociocultural e aos Animadores, mas as mudanças
ocorreram. Neste artigo, centrar-nos-emos precisamente no novo perfil que
urge delinear para que a herança do século passado faça sentido e permita
evoluir no futuro deste século. Assistimos neste início de século a uma
reflexão séria, inevitável e necessária sobre Educação em geral e aqui
incluímos o papel, a função, o dever e obrigação do Animador enquanto
agente educativo num Tempo marcado pela necessária intervenção tanto
nos espaços formais como informais. Neste artigo incidiremos também
nesta reflexão do que se pode, deve fazer nestes espaços por forma a que
efectivamente se aprenda a ser pessoa, dinâmica, activa, responsável pelo
seu desenvolvimento e agente do meio em que se insere, num profundo
respeito pelo Outro.
Palavras-chave:
Animador Sociocultural; Animação Sociocultural; Desafios e necessidades
para o século XXI.
101
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
61.6. A Influência da Técnica Vocal na Execução dos Instrumentos de
Sopro em Alunos do Ensino Vocacional de Música
João Barrigas
CITAR
Resumo
Esta investigação procura verificar de que forma o ensino do canto e da
técnica vocal se interrelaciona com a execução dos instrumentos de sopro.
A metodologia utilizada para a recolha de dados contemplou inicialmente
um questionário exploratório colocado a professores de canto, de
instrumentos de sopro e de formação musical. As respostas ao mesmo
orientaram, em certa medida, a elaboração do questionário efetuado à
população estudantil alvo - alunos do ensino vocacional de música, de
instrumentos de sopro e canto, integrados nas quatro escolas de ensino
vocacional. Efetuámos também entrevistas a professores de canto,
instrumento de sopro e formação musical e ainda, aos diretores das escolas
onde realizámos o estudo, com a finalidade de recolher as suas opiniões
face à importância da técnica vocal na execução dos instrumentos de sopro,
tema da investigação.
O estudo mostra com bastante objetividade que a opinião dos diferentes
inquiridos (diretores, professores e alunos), vai de encontro às hipóteses por
nós formuladas, confirmando-as e revelando que todos conhecem,
valorizam e cumprem os cuidados com a voz, dado que uma adequada
utilização da mesma é fator relevante, não só ao nível do canto, mas
também ao nível da influência positiva na execução dos instrumentos de
sopro.
102
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Existe uma inter-relação biunívoca entre o ensino de uma correta técnica
vocal e o ensino de um instrumento de sopro, isto é, uma adequada
utilização da voz e da técnica vocal implica a melhoria da execução e da
técnica dos instrumentos de sopro: a utilização correta da voz influencia a
performance instrumental.
Palavras-chave:
Música; Voz; Instrumentos; Educação.
103
62. FORMAÇÃO E POLÍTICAS
NEOVOCACIONALISTAS
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
62.1. O papel da imprensa escrita na construção de políticas de
aprendizagem ao longo da vida: o caso da Iniciativa Novas
Oportunidades
Ana Paula Natal
Agrupamento de Escolas da Cidadela
Mariana Gaio Alves
UIED – FCT/Universidade Nova de Lisboa
Resumo
Durante a primeira década do século XXI, um conjunto significativo de
iniciativas de política educativa desenvolvidas em Portugal visavam
promover uma economia/sociedade do conhecimento alicerçada em grande
medida em políticas de Aprendizagem ao Longo da Vida. É neste âmbito
que inserimos a Iniciativa Novas Oportunidades, programa desenvolvido
em 2005 pelo XVII Governo Constitucional, cuja estratégia tinha como
argumento a importância do investimento em capital humano (a) para o
crescimento económico, maior produtividade e competitividade e melhoria
dos níveis de empregabilidade; (b) como forma de promoção de maior
igualdade social, e (c) como condição de desenvolvimento pessoal.
Na presente comunicação, damos a conhecer resultados preliminares de
uma pesquisa que procura contribuir para explicitar os processos de
interação entre os meios de comunicação social e a educação e, desse
modo, clarificar alguns aspetos da construção das políticas educativas,
designadamente analisando o papel dos jornais nessa construção tendo por
base o caso da Iniciativa Novas Oportunidades. De facto, a Iniciativa Novas
Oportunidades foi uma política que revelou uma adesão significativa de um
público jovem e adulto e que despertou o interesse dos media, os quais
mantiveram o assunto em agenda durante um longo período.
105
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
A pesquisa baseia-se no pressuposto de que a imprensa escrita desempenha
um papel fundamental nos processos de formulação, interpretação e
implementação das políticas educativas, designadamente porque a
qualidade da argumentação no espaço público, o conhecimento que os
atores detêm do jogo que se joga em vários campos sociais e os capitais que
mobilizam, são fatores determinantes quer da forma como interpretam os
problemas quer dos efeitos dos seus discursos nas práticas de outros
agentes. O discurso, além de reproduzir a realidade, transporta
conhecimento que alimenta a consciência individual e coletiva que
determina a ação.
Considerando a Iniciativa Novas Oportunidades enquanto política
educativa produzida (também) na interação com os media, discutimos
algumas perspetivas que estiveram em jogo nos discursos e na
argumentação publicados sob a forma de textos de opinião e editoriais em
três jornais—Público, Correio da Manhã e Expresso—, no período
compreendido entre 2005 e 2013, utilizando a análise do discurso como
método de análise. Assim, através da desconstrução e reconstrução dos
textos descobrimos as formas de capital que os seus atores mobilizaram, os
pontos críticos que assinalaram, as tensões que se evidenciaram em torno
das medidas tomadas, os interesses e as ideologias políticas dominantes.
Palavras-chave:
Cursos profissionais; Mercado de trabalho; Jovens; Sensibilização
plurilingue; Jardim-de-infância; Estudo comparado.
106
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
62.2. O Profuncionário como Política de Formação do técnico em
Educação: reflexões e desafios
Angélica Inês Miotto
Secretaria de Educação do Distrito Federal - Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais
da Educação
Resumo
No panorama do debate das políticas da educação vem se expandindo e
intensificando a discussão sobre a participação dos funcionários da
educação no trabalho escolar. O presente estudo objetiva analisar a questão
da profissionalização do Técnico em Educação a partir da experiência de
formação continuada do Programa Profuncionário: Técnico em Multimeios
Didáticos, desenvolvido no Distrito Federal, por iniciativa da Escola de
Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (EAPE) da Secretaria de
Estado de Educação do Distrito Federal. O Profuncionário: Curso Técnico
de Formação para os Funcionários da Educação (2005), protagonizado pelo
governo federal brasileiro e de abrangência nacional, decorre dos acordos
MEC / UNDIME / CONSED / CEE e CNTE. Sua proposta fomenta o
desenvolvimento de ações para a promoção e valorização do segmento dos
funcionários da educação, agrupada em três frentes: reconhecimento das
identidades funcionais; oferta de escolarização, formação inicial e
continuada; e, composição de planos de carreira e implementação de piso
salarial. Nesse sentido, buscamos por meio dos elementos discursivos no
campo das políticas produzidas no âmbito do programa e nas narrativas dos
trabalhadores integrantes da Carreira Assistência à Educação, identificar
como foco de análise as tendências emergentes do contexto das reformas
educativas empreendidas no campo das políticas educacionais. A
abordagem metodológica da investigação foi qualitativa e os dados foram
coletados a partir da revisão bibliográfica, análise de documentos e
pesquisa de campo. Dos resultados dessa investigação, provisoriamente, foi
107
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
possível abstrair alguns olhares para os repertórios e valores de cada campo
relacionados ao processo de profissionalização, valorização e
reconhecimento dos trabalhadores da educação.
Palavras-chave:
Políticas de educação; Formação; Profissionais da educação.
108
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
62.3. Educação Profissionalizante na EU: convergências e
divergências no espaço europeu
Natália Alves
Instituto de Educação da ULisboa
Paula Guimarães
Instituto de Educação da ULisboa
Resumo
A aposta na educação profissionalizante tem vindo a impor-se nos países da
União Europeia como uma das soluções mais eficazes para aumentar a
competitividade da economia europeia e combater as elevadas taxas de
desemprego juvenil, contribuindo para a consolidação de uma deriva
vocacionalista (Leney e Green, 2005) e para o Tanguy (1989) designou por
um processo de profissionalização dos sistemas educativos. No entanto, a
difusão da educação profissionalizante ao mesmo tempo que tem sido
sustentada por um conjunto de dogmas de natureza económica e educativa
(Alves, 2009), tem contribuído para manter ou instituir fileiras de relegação
no interior dos sistemas educativos (Bathmaker, 2005; 2005, Bills, 2004;
Duru-Bellat, 2006).
Neste texto, pretendemos analisar a posição ocupada pela educação
profissionalizante nos sistemas educativos europeus quer no plano
quantitativo quer qualitativo. No primeiro caso, baseamo-nos nos dados
fornecidos anualmente pela OCDE (Education at Glance) e analisamos a
evolução da percentagem de jovens que frequenta esta modalidade de
formação. A abordagem qualitativa baseia-se na análise dos Relatórios
nacionais sobre a educação profissional e a formação publicados pelo
CEDEFOP entre 2011 e 2012.
A análise destes dados permite-nos identificar diferentes padrões de
inscrição da educação profissionalizante nos sistemas educativos europeus
109
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
quer ao nível do ensino básico quer secundário em função da idade em que
ocorre a orientação para esta oferta e do tipo de diversificação curricular e
institucional. No plano quantitativo, é possível detetar três tendências
distintas: o aumento significativo da percentagem de alunos que frequenta
esta modalidade de educação e formação; a diminuição dessa percentagem
e por último, a sua manutenção. Os dados obtidos são reveladores da
diversidade existente no espaço europeu e do papel que a educação
profissionalizante assume na diversificação estrutural dos diferentes
sistemas educativos e na construção de formas de” exclusão doce” (Dubet,
1996).
Palavras-chave:
Educação Profissionalizante; Vocacionalismo; Diversificação curricular.
110
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
62.4. As Implicações dos Processos de Globalização na Educação
Profissional e Tecnológica Brasileira
João Paulo de Oliveira
IFRN
Ilane FerreiraCavalcante
IFRN
Resumo
O século XX foi marcado por uma série de transformações econômicas,
políticas, sociais e culturais que, articuladas entre si, passaram a garantir a
internacionalização do capitalismo. Dessa articulação, resultam os
processos de globalização hegemônicos e contra-hegemônicos que trazem
em sua essência fortes implicações para a educação profissional e
tecnológica. A discussão acerca das características desses diferentes modos
de globalização e suas consequências para a educação profissional se faz
relevante, tendo em vista a necessidade de desenvolvermos práticas
coletivas que conduzam a um novo sistema mundial. A construção de outro
mundo passa pela superação das injustiças sociais e a educação profissional
pode assumir um papel estratégico na consolidação de uma outra
globalização. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo
discutir os processos de globalização e analisar suas relações com a
educação profissional e tecnológica em uma perspectiva de transformação
da sociedade e construção de um mundo igualitário. Para tanto, realizamos
uma pesquisa bibliográfica, fundamentada em Boaventura Santos (2002),
Milton Santos (2011), Magalhães (2004), Marx e Engels (1998) e Gadotti
(2003), a qual permitiu o delineamento da nossa proposta. Ao longo da
pesquisa , analisamos as transformações do conceito de globalização, suas
múltiplas faces na história e nas sociedades modernas e suas interfaces com
a educação. Identificamos a existência de dois principais processos de
globalização (hegemônicos e contra-hegemônicos) que se manifestam de
111
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
diferentes maneiras: fortalecendo a hegemonia do capitalismo ou
contribuindo para a superação dos problemas sociais e para a emancipação
humana. Como resultados da pesquisa, identificamos as possibilidades de
ação da educação profissional e tecnológica no contexto globalizado,
demonstrando que ela pode se desenvolver curvando-se aos desígnios do
mercado capitalista e se tornando mais um elemento dentro da lógica do
sistema; ou atuando em uma perspectiva contrária à lógica do capital como
um elemento de transformação social, utilizando-se de práticas
emancipadoras. Concluímos que, em um processo de globalização contrahegemônica, a educação pode funcionar como um forte instrumento de
transformação e libertação das classes dominadas. A educação profissional
e tecnológica, especificamente, emerge, assim, como possibilidade de
desenvolver uma educação humana integral pautada no potencial humano e
não apenas no mercado.
Palavras-chave:
Educação profissional e tecnológica;
Globalização contra-hegemônica.
112
Processos
de
globalização;
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
62.5. O Programa de Licenciaturas Internacionais e a Mobilidade
académica em um Curso de Formação de professores de
Química: algumas reflexões
Glaucia Maria da Silva
Universidade de São Paulo
NoeliRivas
Universidade de São Paulo/FFCLRP/BRASIL
Resumo
O presente trabalho apresenta reflexões sobre as experiências do grupo
formado por sete alunos de um curso brasileiro de formação de professores
de Química, que realizaram intercâmbio de dois anos em um curso de
licenciatura em Química de uma universidade portuguesa. Tem por
objetivos perceber aspectos da permanência dos alunos em Portugal, além
de fatores relacionados à sua aprendizagem cognitiva, cultural e
psicosocial. Esses alunos fizeram parte do Programa de Licenciaturas
Internacionais (PLI), que é um programa de dupla titulação para alunos de
cursos brasileiros de formação de professores criado em 2010 pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo que utilizou um questionário
de acompanhamento do PLI como instrumento de coleta de dados e a
análise de conteúdo de Bardin como metodologia de análise. Os resultados
indicaram que as principais dificuldades encontradas pelos bolsistas foram
a adaptação ao novo ambiente escolar e cultural e a gestão do próprio
dinheiro. Quanto à recepção da universidade de destino, todos os bolsistas a
consideraram muito boa e fundamental para sua adaptação ao novo curso e
país. Além disso, a confluência de saberes científicos e culturais vivenciada
em Portugal configurou-se como uma oportunidade ímpar para os
estudantes ampliarem sua compreensão da Natureza da Ciência e seus
conhecimentos acerca das Ciências. Outrossim, o contato com um sistema
113
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
educacional competitivo em relação à tecnologia e inovação na
universidade portuguesa contribuiu para uma melhor compreensão da
relação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Essa vivência poderá
facilitar a construção de práticas pedagógicas que valorizem a importância
do processo de construção dos saberes científicos e das relações CTS. Em
síntese, a participação dos estudantes no PLI foi uma experiência muito
importante em suas vidas pois propiciou a ampliação do seu conhecimento
acadêmico, cultural e social através do contato com pessoas de outras
culturas, da vivência de realidades distintas e da apropriação de saberes
diversificados, enriquecendo assim sua formação humana e profissional.
Palavras-chave:
Internacionalização; Programa de Licenciaturas Internacionais; Formação
de Professores; Educação Superior; Brasil.
114
63. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
ÉTICA PROFISSIONAL
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
63.1. A Relação Universidade-Escola no Sistema de Ensino Brasileiro:
contribuições do Programa Institucional de bolsas de Iniciação à
Docência – PIBID
NiágaraVieira Soares Cunha
Faculdades INTA
Marcel Lima Cunhal
Faculdades INTA
Resumo
Diante do atual cenário social em que se localiza o sistema de ensino
público brasileiro numa situação de permanente avaliação de suas práticas
para detectar os motivos que levam a baixos índices educacionais,
encontramos uma busca de alternativas para reverter este quadro e
proporcionar a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, da formação
do professor etc. A partir deste contexto, o Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID surge como uma das alternativas
ao incentivo e valorização do magistério e de aprimoramento do processo
de formação de docentes para educação básica e junto a estes objetivos,
contribui com a busca por melhoria dos índices das escolas públicas
cadastradas no programa. Assim, o objetivo desta pesquisa é verificar as
possibilidades que o Programa Institucional de Bolsas de iniciação à
Docência – PIBID apresenta para a constituição da relação universidadeescola como parte de uma política educacional para o Sistema de Ensino
Brasileiro. Para tanto, definimos um percurso metodológico que seja ideal à
meta de encontrar respostas às perguntas de pesquisa, refletindo acerca do
mundo da necessidade que por ser complexo aberto e desafiante, exige
procedimentos fundados num rigor lógico. Por fim, não podemos também
retratar o PIBID como redentor do Sistema de Ensino Brasileiro, outrora,
os problemas ainda perpassam as condições estruturais atribuídas a este
programa. Precisamos reconhecer os avanços, mas, sobretudo compreender
116
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
que muito ainda precisa ser feito, pois a proposta deve ser caracterizada
como um acerto e a expansibilidade desta ideia como uma necessidade.
Palavras-chave:
Educação; Ensino Público Brasileiro; PIBID.
117
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
63.2. A inserção profissional de diplomados em Educação de Infância e
em Ensino Básico – 1º Ciclo, pela Universidade do Minho, entre
2001 e 2010
Fernando Ilídio Ferreira
Universidade do Minho
Resumo
Nas últimas décadas, a relação entre o diploma e o emprego sofreu
profundas transformações. O desemprego e o trabalho precário têm afetado
especialmente os grupos sociais mais vulneráveis, entre os quais se incluem
hoje muitos jovens com qualificações académicas de nível superior.
Conhecer estas transformações é fundamental para repensar os modelos e
as práticas de formação inicial de professores, por maioria de razão porque,
em Portugal, a formação dos professores se realiza actualmente num
contexto em que os recém-licenciados não têm lugar no sistema de ensino
e, frequentemente, têm de optar por trabalhar noutra área.
Esta comunicação apresenta um estudo de Doutoramento que está em
conclusão na Universidade do Minho (UM), tendo como principal objetivo
conhecer e analisar os processos de transição e inserção no mercado de
trabalho por parte dos licenciados em Ensino Básico - 1º Ciclo e em
Educação de Infância, formados entre 2001 e 2010 nesta mesma
Universidade. Pretendeu-se conhecer as suas expectativas e percursos
académicos e profissionais, através de um inquérito por questionário
enviado a todos os estudantes que frequentaram os dois cursos durante a
referida década, ao qual responderam aproximadamente 250. Dos
resultados salienta-se que a principal expectativa dos licenciados, após a
conclusão da licenciatura, é obter um “trabalho/emprego”,
independentemente da área, atividade ou função. Em segundo lugar, a
expectativa recai no desempenho docente como titular de grupo/turma, no
118
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
sector público, com particular destaque entre os diplomados em Ensino
Básico - 1.º ciclo.
Grande parte dos licenciados consegue desempenhar a primeira atividade
profissional num período de três meses após a conclusão do curso,
independentemente da área profissional. Cerca de um terço desempenha a
sua primeira atividade profissional como titular de grupo/turma e outro
terço desempenha atividades profissionais relacionadas com a área da
educação/ensino. Atualmente, mais de metade dos licenciados
desempenham a atividade de docente titular de grupo/turma, no entanto,
quase todo os licenciados em Educação de Infância trabalham em creches e
jardins-de-infância privados e a maioria dos licenciados em Ensino Básico 1.º Ciclo em escolas públicas. Pondo em destaque a relação entre formação
e trabalho, os resultados têm implicações relevantes para as vertentes
teórica e prática da formação inicial de professores e a sua relação com os
processos de inserção e indução profissional.
Palavras-chave:
Formação inicial de professores; Inserção profissional; Diplomados em
Educação de Infância e Ensino Básico.
119
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
63.3. A “administração educacional” como domínio de formação na
habilitação profissional para a docência
Carlos Pires
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa
Resumo
O mapeamento dos planos de estudo dos cursos que habilitam
profissionalmente para a docência permite constatar uma grande
diversidade na oferta formativa, apesar dos referenciais uniformizadores
vertidos nos regimes jurídicos que os regulamentam. Diferentes lógicas de
construção dos planos de estudo desenvolvidas nas instituições de ensino
superior ditam, condicionam ou omitem a presença de domínios
disciplinares (em particular das ciências da educação), sob a forma de
“unidades curriculares” (u.c.). É neste âmbito que se problematiza a oferta
formativa no domínio da “Administração Educacional” (AE) nos ciclos de
estudo conducentes à aquisição de habilitação profissional para a docência,
em particular, nos “primeiros anos” (educação pré-escolar, 1.º e 2.º ciclos
do ensino básico): a sua presença ou ausência e os fatores que justificam
essa diversidade; as vertentes e abordagens dominantes existentes e como
aquelas são percecionadas pelos atores educativos.
Assim, a intencionalidade investigativa pressupõe a configuração de um
estudo orientado nas seguintes vertentes: i) o mapeamento da oferta
nacional de formação no âmbito da AE, nos ciclos de estudo que habilitam
profissionalmente para a docência nos “primeiros anos” – recolha dos
planos de estudo aprovados e das designações das u.c. e caracterização dos
docentes que as lecionam e/ou são responsáveis pela sua coordenação;
análise das “fichas de u.c.”; ii) a recolha e análise das perceções dos
principais atores educativos envolvidos (professores/coordenadores das UC
da área da AE e estudantes dos cursos de mestrado profissionalizantes
120
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
sobre a oferta de uma componente formativa naquele domínio, no âmbito
dos ciclos de estudo em referência; iii) a realização de “estudos de casos”
sobre a integração de u.c. do domínio científico da AE no âmbito dos
processos de construção/reformulação dos planos de estudo e a sua
articulação com outros domínios de formação.
Alguns dos resultados provisórios apontam para uma consolidação do
ensino da AE nos cursos de mestrado profissionalizante para a docência nos
“primeiros anos” que, apesar de significativa, ocorre apenas em cerca de
um terço das instituições de ensino superior com cursos autorizados. Os
estudantes inquiridos revelam uma noção clara das finalidades de uma u.c.
no âmbito da AE e da sua importância no processo formativo de qualquer
docente, privilegiando a sua orientação para o papel do decente e as suas
funções nas organizações educativas. As tendências emergentes apontam
para uma perceção que privilegia a existência de abordagens híbridas que
articulem lógicas formativas de caráter crítico e interpretativo com outras
de caráter instrumental e utilitarista.
Palavras-chave:
Administração educacional; Formação de professores; Educação básica.
121
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
63.4. Formação docente para a infância: o delegado pedagógico da
professora Eloisa Marinho a partir dos relatórios de alunas do
curso de educação pré-primário (1958-1964)
Ana Claudia Carmo Dos Reis
ProPEd/UERJ
Resumo
Nos arquivos pessoais da professora Heloisa Marinho (1903-1994) é
possível encontrar documentos que permitem pensar como era a formação
de professores da pré-escola presente na primeira metade do século XX. O
pioneirismo nas ações desta educadora ficam evidentes na análise de sua
trajetória profissional, em especial, na formação de professoras no Instituto
de Educação do Rio de Janeiro/IERJ de 1934 a 1978, no qual foi
responsável pela criação do Curso de Especialização em educação préprimária (1949). O estudo sobre as contribuições pedagógicas deixadas por
Heloisa Marinho, mais especificamente as destinadas à formação de
professores da pré-escola, é parte da presente pesquisa de mestrado em fase
final de desenvolvimento, que se propôs a investigar os processos
formativos a partir dos relatórios das alunas do curso de educação préprimário ministrado pela professora Heloisa Marinho. Dentre os
documentos pesquisados, foram encontrados 30 relatórios de observação de
crianças de dois meses a dois anos e nove meses elaborados por alunas dos
curso de educação pré-primário datados do período de 1958 a 1964. A
abordagem metodológica escolhida para esta pesquisa foi a qualitativa,
privilegiando a pesquisa bibliográfica e análise de documentos seguida da
análise de conteúdo em consonância com a perspectiva histórica. Os
relatórios apontam que a criança, para a professora Heloisa Marinho, é
objeto de investigação e será em toda sua trajetória profissional tema
central de seus estudos. Suas investigações perpassam pela psicologia do
desenvolvimento, na qual considera que o estudo do desenvolvimento
122
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
infantil proporciona à professora a possibilidade de reunir em conjunto
harmonioso a educação social e aprendizagem indispensável da leitura e da
escrita e demais matérias. A presente pesquisa buscou pensar e revisitar
concepções e práticas educativas referentes ao lugar que a criança ocupava
na educação, assim como o desenvolvimento da linguagem, eixo principal
das investigações da professora Heloisa Marinho.
Palavras-chave:
Formação de professores; Educação infantil; Infância.
123
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
63.5. Desenvolvimento profissional docente num contexto de
aprendizagem ao longo da vida: Perceções em diferentes
períodos da carreira
Rui Pires
Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências e Tecnologias/ Unidade de
Investigação em Educação e Desenvolvimento (UIED)
Mariana Alves
Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências e Tecnologias/ Unidade de
Investigação em Educação e Desenvolvimento (UIED)
Teresa Gonçalves
Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências e Tecnologias/Unidade de
Investigação em Educação e Desenvolvimento (UIED)
Resumo
O estudo aqui apresentado centra-se nas perceções dos professores sobre o
desenvolvimento profissional docente, tendo em conta que os docentes são
atores principais no processo de implementação de mudanças educativas e
elemento fundamental para garantir a qualidade do ensino. Tentando ser
eficazes na sua ação, ao longo da carreira, recorrem à questionação dos
colegas mais experientes, à reflexão individual e conjunta, à consulta de
literatura, à formação continua, ou a pós-graduações. É reconhecido por
vários autores que a profissão se desenvolve ao longo da vida e que os
professores vão passando por diferentes etapas no decurso do seu percurso
profissional, evidenciando-se alterações na forma como vivem a profissão e
na sua aprendizagem ao longo da carreira. Paralelamente, por ação de
fatores externos, como são as políticas educativas nacionais, ligadas ao
estatuto e definição da carreira, o desenvolvimento profissional não é,
muitas vezes, promovido da melhor forma, advindo dai perdas em termos
de rendimento profissional e consequentemente da eficácia da escola. Nesta
comunicação apresentamos resultados preliminares de um estudo de
124
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
natureza qualitativa que se baseia na recolha de dados através do método de
Focus Group. Procurámos dar voz a um grupo de docentes do 1º e 2º Ciclos
do Ensino Básico, de um agrupamento da área de Lisboa, posicionados em
três períodos de vida da carreira: o início, o meio e o fim. Procurámos
recolher as suas perceções sobre o seu desenvolvimento profissional. Entre
os dados obtidos destaca-se a perceção por parte dos entrevistados da
existência de falta de sintonia entre os vários agentes envolvidos neste
processo: docentes, escola, centros de formação e administração central.
Destacam-se também as propostas apresentadas pelos participantes para um
desenvolvimento profissional docente mais coerente, devidamente apoiado,
que contribua mais significativamente para a melhoria da docência e
eficácia do ensino.
Palavras-chave:
Desenvolvimento Profissional Docente; Aprendizagem ao Longo da Vida;
Período de Vida Profissional Docente.
125
64. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
ÉTICA PROFISSIONAL
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
64.1. Estudos sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID): aspectos metodológicos da produção de
conhecimento sobre a formação docente no Brasil
Giovana Falcão
Universidade estadual do Ceará
Jeanne Medeiros
Universidade Estadual do Ceará
Isabel Farias
Universidade Estadual do Ceará
Resumo
O estado da arte permite um olhar amplo sobre os diversos trabalhos que
vem sendo desenvolvidos nos mais variados campos do conhecimento,
além de favorecer possibilidades de reflexão para novos caminhos e
avanços sobre diferentes temáticas. Este ensaio tem por objetivo apresentar
Estado da Arte das produções que versam sobre o Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), de modo mais específico, os
trabalhos apresentados no Encontro Nacional de Didática e Prática de
Ensino (ENDIPE). A escolha pela análise deste evento aconteceu em
função de sua relevância na cena educativa brasileira, sendo referência no
que concerne à pesquisa em Didática e Prática de Ensino campos do
conhecimento que mantém estreita relação com a natureza do PIBID, além
de ser um evento representativo nacionalmente segundo o sistema
Qualis/Capes. A pesquisa de natureza qualitativa se propôs a analisar os
trabalhos publicados sobre o PIBID em três edições do evento (2008, 2010
e 2012), focando o olhar para os aspectos metodológicos dos estudos.
Considerando que o primeiro edital do PIBID foi lançado em dezembro de
2007, o recorte temporal acontece nesse período. A busca pelos textos se
deu nos anais eletrônicos do ENDIPE, os quais foram acessados por meio
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
de sítios na internet ou através de mídias de armazenamento (CD-ROM,
DVD-R). O referencial teórico apoiou-se especialmente nas proposições de
autores como Ferreira, Minayo e Nóvoa. Os resultados revelaram que o
PIBID vem se constituindo importante elemento de pesquisa no que se
refere à formação docente no Brasil, mas que é preciso ampliar esses
estudos em algumas regiões do país. Além disso, a investigação mostrou
que a maioria dos trabalhos publicados não apresenta o devido
detalhamento metodológico necessário ao fazer científico. Assim, um
maior rigor na avaliação dos trabalhos, com relação a metodologia
utilizada, parece ser uma necessidade urgente, pois irá favorecer uma
postura mais responsável e ética em relação à pesquisa, o que sem dúvida,
se constitui elemento primordial à produção científica em qualquer que seja
a área de conhecimento.
Palavras-chave:
Formação de professores; Metodologia de pesquisa; Política educacional.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
64.2. O PIBID no curso de Pedagogia à Distância na UFRN: limites e
possibilidades na formação docente
GilbertoFerreira Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Resumo
O Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID) é um programa
vinculado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e tem se constituído, no Brasil, como um importante programa de
iniciação à docência, destinado a alunos e alunas de cursos de licenciaturas.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) tem sido, desde
2007, uma das Instituições de Ensino Superior que muito tem avançado
nesse Programa, sendo protagonista em um grande projeto institucional que
se expande, na forma de subprojetos, por 26 cursos de licenciaturas
presenciais e a distância, envolvendo 794 alunos como bolsistas de
iniciação à docência. A inserção do Programa nas licenciaturas a distância
aconteceu em 2014, sendo uma dessas o curso de Pedagogia. Atualmente
esse curso funciona em 12 Polos da Universidade Aberta do Brasil e um
desses Polos localiza-se na cidade de Marcelino Vieira, distante 420 km de
Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Tem-se como hipótese
que a intervenção por meio do PIBID contribui para a articulação teoria e
prática, além dos aspectos didático-metodológicos relacionados ao uso da
tecnologia na formação de professores a distância. Assim, considerando a
especificidade de uma licenciatura a distância e a implementação do PIBID
por meio dessa modalidade, tem-se como objetivo investigar e refletir
acerca do impacto do Programa na qualidade do curso de Pedagogia
ofertado no âmbito do referido Polo. O olhar sobre essa ação encontra em
António Nóvoa o pressuposto de que uma boa formação docente perpassa
pela atenção às diversas dimensões, entre elas: o ser enquanto pessoa, o
respeito ao seu percurso, às suas especificidades, atrelado à defesa de que a
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
formação inicial deve acontecer num ambiente que permita a inovação, a
criatividade, a socialização e a troca de experiências. Considera-se também
a escola um espaço de formação onde a prática posta em reflexão pode ser
assim reconstruída. Espera-se que a intervenção na formação inicial, por
meio do PIBID, possibilite, ao licenciando, a produção de conhecimentos
relevantes ao exercício da prática docente.
Palavras-chave:
PIBID; Formação docente; Pedagogia; Educação a distância.
130
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
64.3. A escrita e o seu ensino no curso de Pedagogia da UFRJ: quem
quer ser professor?
Marcelo Castro
Universjdade Federal do Rio de Janeiro
Resumo
Este texto apresenta uma síntese dos estudos empreendidos sobre perfil
socioeconômico de estudantes do curso de Pedagogia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, no âmbito do projeto de pesquisa Saberes
docentes e formação de professores para o ensino da escrita (2010-2014),
com vistas a estabelecer ponte deste com um novo projeto, iniciado em
março do presente, intitulado A escrita e o seu ensino no curso de
Pedagogia da UFRJ: experiências e proposições, cujos principais objetivos
consistem em (1) identificar, por meio das experiências de escolarização
dos estudantes de Pedagogia da UFRJ os sentidos que atribuem ao ato de
escrever, a avaliação que fazem da sua produção textual e as medidas que
vislumbram como possíveis caminhos de formação para o ensino da escrita;
(2) identificar, junto aos professores do referido curso: que avaliação fazem
com relação ao preparo dos estudantes para a produção textual acadêmica,
que medidas pedagógicas propõem em suas disciplinas para lidar com
possíveis dificuldades de escrita dos estudantes, que avaliação fazem dos
resultados da aplicação de tais medidas, como se consideram em termos de
capacitação para atuar como docentes no que se refere ao ensino da escrita
e que medidas vislumbram como possíveis caminhos de formação para o
ensino da escrita; (3) relacionar os dados coletados e possíveis ações de
intervenção no currículo do referido curso. Os dados foram obtidos no
universo de 150 estudantes matriculados no curso em 2010, respondentes
de questionário socioeconômico-cultural aplicado pela UFRJ, e abrangem
quatro categorias: escolarização básica; escolha do curso; condições
socioeconômico-culturais da família; e acesso a bens culturais. A análise
131
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
dialoga com estudos de Pereira (2006) e Gatti (2010). As conclusões
apontam para a existência de um corpo discente que ingressa na
licenciatura em condições desfavoráveis no que se refere à formação para o
magistério na educação básica.
Palavras-chave:
Formação de professores; Licenciatura em Pedagogia; Ensino da escrita.
132
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
64.4. A Formação inicial de Professores de Biologia no contexto do
Programa institucional de bolsas de iniciação à docência- PIBID: o
que dizem os participantes
André Luis Oliveira
Universidade Estadual de Maringá
Maria JúliaCorazza
Universidade Estadual de Maringá
Resumo
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - Pibid - foi
lançado em 2007 como uma iniciativa conjunta do Ministério da Educação
e Cultura – MEC, por intermédio da Secretaria de Educação Superior –
SESu, da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - CAPES, e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
- FNDE, para fomentar a iniciação à docência de estudantes de cursos de
licenciatura presencial plena de instituições públicas de Educação Superior,
com a finalidade de preparar a formação de docentes em nível superior para
atuar como professores da educação básica pública. O Pibid foi implantado
na Universidade Estadual de Maringá - UEM, Maringá, Brasil, em abril de
2010, ocasião em que o projeto “Intervenção pedagógica no processo de
ensino e aprendizagem em Biologia”, teve início e envolveu vinte bolsistas
do segundo ao último ano do curso de licenciatura em Ciências Biológicas,
além do coordenador, dois professores participantes da UEM e dois
professores supervisores das escolas públicas conveniadas. No que diz
respeito a formação inicial nos cursos de licenciatura em Ciências
Biológicas, tem sido evidenciado que muitos estudantes ingressam no curso
para serem biólogos e não professores. Nesta perspectiva, o presente estudo
teve como objetivo investigar as contribuições e limitações do Projeto
Pibid/Biologia para o aprimoramento da formação inicial de professores.
Para a constituição dos dados aplicamos quatro instrumentos aos bolsistas
133
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
de iniciação à docência, a saber: um roteiro para elaboração de texto
descritivo, aplicado no final de 2011 e dois questionários, os quais foram
aplicados em períodos diferentes, ou seja, no final do ano de 2012 e no
final do ano de 2013. Os conteúdos do texto descritivo, bem como dos
questionários, por meio de unidades de registro, constituíram as seguintes
categorias: Aspectos principais da atuação dos Bolsistas de Iniciação à
Docência no Pibid - atividades desenvolvidas; Importância do grupo de
estudos para formação profissional e; Experiência vivenciada no Pibid e a
formação profissional. Nesse contexto, a implementação na UEM do
Projeto e do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência
(PIBID), fomentado pela CAPES/DEB, representa uma iniciativa singular
de incentivo à formação inicial de professores, uma vez que possibilita a
inserção dos licenciandos no cotidiano das escolas públicas desde os
primeiros anos do curso de graduação, contribuindo para a ressignificação
da prática docente.
Palavras-chave:
Ensino de Biologia; Experiência docente; Formação docente.
134
65. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO
SUPERIOR
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
65.1. Pronatec Mulheres Mil e os desafios da metodologia de acesso e
a permanência das mulheres no IFB – Brasil
Veronica Lima Da Fonseca Almeida
IFB
Resumo
Este artigo trata sobre o Pronatec Mulheres Mil no Instituto Federal de
Brasília Campus Taguatinga Centro. O PRONATEC é o Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi criado
pelo Governo Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de
cursos de educação profissional e tecnológica. Objetiva-se discutir os
desafios enfrentados pelo PRONATEC Mulheres Mil de formação
educacional e profissional para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Este programa educacional possui uma metodologia de acesso,
permanência e êxito próprio. Na atualidade busca-se manter a essência
deste e garantir na oferta gratuita de cursos de Formação Inicial e
Continuada (FIC) e técnicos. O Pronatec Mulheres Mil ofertar cursos em
articulação com a rede sociassistêncial (Centros de Referência de
Assistência Social - CRAS e Centro de Referência Especializada de
Assistência Social – CREAS). Também busca assegurar um atendimento
especializado, no que tange as questões de formação das mulheres com
debates, palestras e orientações envolvendo as necessidades existentes na
formação das estudantes como pessoas, profissionais e mulheres. No
campus, o programa conta ainda com uma Brinquedoteca para atender as
filhas das estudantes e interpretes de Libras para garantir a acessibilidade
de estudantes com surdez. Diante deste novo cenário da metodologia de
acesso, novos desafios surgem na articulação com os demandantes que
encaminham as mulheres. Bem como, verifica-se outras situações de
vulnerabilidade uma vez que temos muitas mulheres vindas de casa de
acolhimento com dificuldades de aprendizagem e dentre outras situações
136
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
que afetam diretamente a sua permanência no processo de formação. Diante
destas condições, conclui-se que é necessário compreender o perfil das
mulheres para traçarmos novas ações dentro do programa de forma a
garantir sua permanência nos processos formativos nos cursos de Auxiliar
de Arquivo, Auxiliar de Biblioteca e Camareira em Meios de Hospedagens
ofertados pelo Campus Taguatinga Centro. Os resultados apontaram para a
realização da Capacitação da equipe gestora e docentes envolvidos no
Programa Pronatec Mulheres Mil, aplicação da metodologia e a intervenção
pedagógica com professores e alunos nos cursos ofertados.
Palavras-chave:
Mulheres-Perfil; Intervenção-pedagógica; Cursos-profissionais.
137
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
65.2. A Dimensão Artístico-Cultural da Formação de Professores
Karyne Dias Coutinho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Resumo
Situado no contexto de elaboração da política de formação de professores
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal/RN/Brasil), este
trabalho emergiu como dobradiça das discussões sobre: 1) a política
nacional de formação de professores no Brasil; 2) os resultados
preliminares do projeto de pesquisa Contemporaneidade e Educação,
vinculado ao Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM). Tem como
objetivo problematizar a constituição de estratégias para a formação
artístico-cultural de estudantes de Licenciatura da UFRN. A precariedade
de espaços permanentes de cultura e a dificuldade de acesso às
manifestações artísticas no Brasil evidencia a escassez de políticas de
investimento em fruição da arte e composição de experiências estéticas.
Nesse sentido, questiona-se: qual o espaço da arte-cultura na trajetória
formativa dos estudantes de Licenciatura da UFRN? De que modos a
experimentação do pensamento por meio da arte-cultura pode ser
incorporada às discussões sobre a política de formação de professores na
UFRN? Com quais estratégias é possível ampliar o repertório artísticocultural desses professores em formação? Com base em Deleuze e Guattari,
parte-se do pressuposto de que é possível fazer da arte-cultura um campo
de experimentação do pensamento, no sentido de se ensaiar modos
diferentes de ver o mundo sob o ponto de vista da multiplicidade. Assim, a
formação artístico-cultural dos futuros professores torna-se eixo importante
a partir do qual se vislumbra incitar novos olhares para as práticas
educativas, já que, através dos estranhamentos e deslocamentos que a artecultura efetua, podem-se provocar rupturas nos modos habituais de pensar.
Na esteira disso, a formação artístico-cultural dos professores pode trazer
138
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
inúmeras contribuições para as demandas educacionais contemporâneas,
incluindo-se as que estão recentemente contempladas nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Básica no Brasil, relativas à
diversidade e inclusão (educação escolar indígena, quilombola, de jovens e
adultos em situação de itinerância ou privação de liberdade, relações
étnico-raciais e de gênero). Para além de conhecimento técnico-científico, o
trato de tais questões requer um profissional minimamente sensível às
questões da diferença, não apenas teorizando-as cientificamente, mas
principalmente percebendo-as filosófica e artisticamente como intrínsecas
às relações humanas.
Palavras-chave:
Educação Superior; Formação de Professores; Arte-Cultura.
139
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
65.3. As exigências da contemporaneidade e o Mestrado Profissional
Luiza Beth Nunes Alonso
UCB
Clarisse Droval
UTAD
Resumo
O objetivo deste artigo é o de discutir as razões e motivos que
determinaram a criação e consolidação da modalidade MP - Mestrado
Profissional no Brasil. Para discutir as práticas teórico-metodológicas
adotadas por esta modalidade educacional na construção de conhecimento
técnico e científico, e problematizar a separação entre mestrados
acadêmicos e mestrados profissionais, foram analisados documentos legais
que lhes deram origem e as respectivas interpretações desses documentos.
Pretende-se, dessa forma, além de estabelecer a relação entre os
documentos legais e as respectivas construções teóricas que os
fundamentaram, analisar como esses aspectos de traduziram em práticas
educacionais.
O MP se concretiza de diferentes modos, mas prioriza o diálogo e a
interface entre o domínio conceitual, fortemente desenvolvido na academia,
e os campos de aplicabilidades sugeridos e oportunizados por diferentes
agentes e atores da sociedade. Na academia o MP representa um exercício
de alteridade porque envolve vários agentes sociais. O MP inclui pessoas
de diferentes segmentos sociais como sujeitos da construção do
conhecimento, reconhecendo o conhecimento tácito como objeto de
investigação científica. O MP inclui o mercado que tem uma lógica
diferente da Universidade, o que obriga os seus participantes a
problematizarem questões que não são tradicionais no campo acadêmico.
140
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
O curso de mestrado seja ele profissional ou acadêmico deve ter como parte
do seu processo de avaliação, a inclusão do futuro pesquisador ou mestre na
comunidade científica, seja por meio da apresentação de trabalhos em
congressos, seja pela publicação de artigos científicos, ou de outros tipos de
diálogos com os seus pares. Aqui é preciso lembrar que quem orienta os
mestrandos é cocriador desse conhecimento de natureza “profissional”.
As discussões aqui propostas indicam que a construção social da identidade
do MP não é pela oposição ao Mestrado Acadêmico. Tampouco é pela
complementaridade, o aluno de MP ao concluir o curso está apto para fazer
o doutorado. Na prática dos MP existe uma indissociável relação entre
pesquisa pura e pesquisa aplicada. Dado a procura crescente é de se supor
que MP estão atendendo uma demanda desassistida, portanto, em uma
perspectiva longitudinal poderá ocorrer a formalização de um novo
Mestrado, nem acadêmico e nem profissional, porém com uma nova lógica:
nem da oposição e nem da complementação.
Palavras-chave:
Mestrados Profissionais; Teoria e prática; Demandas sociais.
141
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
65.4. Avaliação do Programa PARFOR de formação docente em uma
universidade brasileira
Cristina Zukowsky-Tavares
Centro Universitário Adventista De São Paulo - UNASP SP
Resumo
A investigação que propomos apresentar no XII Congresso da Sociedade
Portuguesa de Ciências da Educação refere-se a um estudo realizado com
graduandos inseridos no Plano Nacional de Formação dos Professores da
Educação Básica (PARFOR). Essa política é resultado de um conjunto de
ações do Ministério da Educação (MEC), por meio dos Fóruns Estaduais,
em colaboração com as Secretarias de Educação dos estados e municípios e
das Instituições de Educação Superior neles sediadas, com fins à melhoria
da formação do corpo docente brasileiro já em exercício nas escolas
públicas.
A investigação de natureza qualitativa teve como instrumento de coleta de
dados o questionário aberto sobre caracterização do perfil dos participantes,
suas perspectivas profissionais, contribuições recebidas em processo e
encaminhamentos que realizam ao curso formador. Os sujeitos de pesquisa
referem-se ao total de graduandos PARFOR concluintes (72) de Pedagogia
nessa instituição de ensino superior localizada na zona sul da cidade de São
Paulo. A metodologia, de natureza qualitativa e orientada por uma análise
temática dos dados de um questionário aberto, objetivou trazer para a pauta
de discussões a percepção dos participantes sobre o processo de formação
vivido e a repercussão dessa formação em sua prática pedagógica cotidiana.
Os resultados expressam uma contribuição relevante do curso em termos
conceituais e atitudinais na formação de uma visão de mundo e educação
capaz de nortear e fundamentar critica e eticamente sua prática pedagógica,
e em alguns momentos ressignificá-la ou transformá-la. É notória a
142
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
intenção de continuidade nos estudos para além da graduação que
acompanha a possibilidade de progresso na carreira profissional e um
exercício docente mais consciente e significativo. Sugerem dentre outros
aspectos que haja maior diálogo entre os docentes participantes de um
módulo integrado do currículo, maior número de aulas voltadas à pesquisa
e às linhas de pensamento filosófico aliadas à prática pedagógica. Alguns
mencionam também alterações no espaço físico das salas de aula.
Concluímos em todos os relatos que a maior conquista evidenciada pelos
pesquisados reside no reconhecimento e valorização pessoal , profissional e
econômico. Ao portar o diploma, os auxiliares de ensino passam a ser
nomeados como PROFESSORES o que altera substancialmente sua
identidade como profissional do ensino.
Palavras-chave:
Pedagogia; Formaçao inicial; Parfor.
143
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
65.5. Aspectos que influenciam os resultados do Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes – ENADE – na ótica de estudantes
do Ensino Superior
Josiane Carvalho
Centro Universitário Adventista De São Paulo - UNASP SP
CristinaZukowsky -Tavares
Centro Universitário Adventista De São Paulo - UNASP SP
Resumo
A ampliação do acesso bem como a implantação de políticas de inclusão
colaboraram com a possibilidade de expansão do Ensino Superior
brasileiro. Vivenciamos também um período de flexibilização legal e
curricular com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
nesse segmento. No Ensino Superior, o Sistema Nacional de Avaliação
Educação Superior (SINAES) é introduzido em 2004 como uma nova
modalidade de avaliação que intenciona controlar a qualidade do ensino
nessa etapa da escolarização. Como parte integrante desse sistema temos o
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE. Essa prova
tornou-se alvo de preocupações e cuidado das instituições de Ensino
Superior que por meio dos resultados de seus alunos nesse exame prestarão
contas do seu investimento e progresso na educação. Tendo em vista esse
contexto avaliativo em que nos inserimos na educação superior é que
buscamos nessa pesquisa identificar elementos e ações que podem
contribuir com a melhoria do ensino, formação e a consequente elevação de
resultados no ENADE, na ótica dos próprios estudantes. A metodologia da
investigação, de abordagem qualitativa teve como instrumento de coleta de
dados uma questão aberta com possibilidade para duas sugestões que foram
aplicadas a 188 sujeitos de pesquisa de cursos da área de saúde que
participariam do ENADE em 2010: Fisioterapia, Enfermagem, Educação
Física e Nutrição. O ambiente de pesquisa foi um Centro Universitário na
144
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Zona Sul da cidade de São Paulo. Os resultados expressaram que o aluno
do Ensino Superior declara estar ciente dos fatores que influenciam o seu
aprendizado e bom desempenho nas provas, bem como o preparo para o
mercado de trabalho. Eles destacaram como questões prioritárias para a sua
aprendizagem, motivação ao estudo, e melhoria da qualidade dos resultados
educacionais os insumos relacionados ao corpo docente (30,77%), bem
como as abordagens e condições de ensino (42,77%). Para ampliação desse
debate acreditamos ser oportuno discutir detalhamentos dessas percepções
dos estudantes sobre o exame no XII Congresso da Sociedade Portuguesa
de Ciências da Educação em 2014.
Palavras-chave:
Avaliação; Ensino superior; Enade.
145
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
65.6. As Cotas Étnico-Raciais e os seus Reflexos na Conquista da
Cidadania
Marluce de Souza Oliveira Lima
UFRRJ - Brasil
ÂngelaFerreira Pace
UFRRJ
Joanna De Ângelis Lima Roberto
UFRRJ - Brasil
Ahyas Siss
UFRRJ
Resumo
O presente artigo se propõe a expor as decisões recentes do Supremo
Tribunal Federal (STF) a respeito da constitucionalidade e aplicabilidade
das cotas étnico-raciais nas universidades federais brasileiras, bem como,
suscitar as experiências de tais políticas, ocorridas nas universidades
estaduais UERJ, UENF, UEZO e UNEB. Apesar da recente polêmica
envolvendo a implementação das cotas etnico-raciais no acesso ao ensino
superior brasileiro, a primeira experiência de implantação e execução de tal
política pública no Brasil, nesse âmbito, se deu nos estabelecimentos de
ensino médio agrícola e nas escolas superiores de Agricultura e Veterinária.
O debate em torno do público que se quer alcançar com esta política de
ação afirmativa, que em um passado não tão distante expôs interesses e
motivações diversas, onde, nem sempre, o objetivo que se queria alcançar
era de fato combater a discriminação racial, de gênero, por deficiência
física ou de origem nacional, bem como corrigir ou mitigar os efeitos
presentes na discriminação praticada no passado, torna-se necessário para
que, neste momento da obrigatoriedade de aplicação da lei de cotas nas
universidades federais, a ação seja estruturada no objetivo da concretização
146
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais, propiciado
pela satisfação dos direitos civis, políticos e sociais a todos os brasileiros,
sem distinção de cor/raça.
Palavras-chave:
Cotas étnico-raciais; STF; Universidades federais.
147
66. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
ÉTICA PROFISSIONAL
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
66.1. Os saberes dos Formadores de Professores de Leitura e escrita e
a Universidade Brasileira Contemporânea
Elizabeth Orofino Lucio
CAPES/PSDE/UFRJ/PPGE
Resumo
O objetivo do artigo é apresentar reflexões advindas de um estudo de tese
em andamento, intitulado “ A palavra conta, o discurso revela: Os saberes
dos formadores de professores de leitura e escrita” que analisa os saberes
dos formadores de de leitura e escrita, em um contexto universitário e
escolar de uma grande metrópole brasileira. Especificamente no âmbito da
pesquisa mater “As (im) possíveis alfabetizações de alunos de classes
populares na visão de docentes da escola pública, realizada pelo
Laboratório de Estudos de Linguagem, Leitura, Escrita e Educação LEDUC/Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de
Janeiro”, e seu desdobramento os Encontros de Professores de Estudos
sobre Letramento, Leitura e Escrita (EPELLE).
O referencial teórico-metodológico adotado tem como base os pressupostos
de Mikhail Bakhtin (2003, 2009, 2010) , Maurice Tardif (2007) e Nóvoa
(1992). Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, de abordagem
sócio-histórica, em que assume-se a concepção de que o ser humano é
constituído socialmente, na e pela linguagem, e que a pesquisa é uma
relação dialógica entre sujeitos produtores de discursos. Sendo assim, partese da premissa de que o discurso move o mundo (SOBRAL, 2009), e adotase a dimensão histórico-dialética e dialógica para a abordagem, dentro da
pesquisa no campo da formação de formadores de professores de leitura e
escrita, considerando que o discurso move a formação docente.
A análise de alguns eventos de pesquisa permite concluir que os discursos
de ambos os sujeitos, professores e formadores, são carregados de
149
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
diferentes intencionalidades, refletem e refratam posições teóricas,
experiências e expectativas diversas acerca dos processos de ensino e
aprendizagem dos alunos de camadas populares. A relevância do trabalho
constitui-se uma questão importante para pesquisadores- formadores do
campo que assumem uma perspectiva enunciativo-discursiva e concebem
os docentes autores de seus dizeres e fazeres. Sendo o cerne da questão
uma temática global, pois o diálogo entre a universidade, a escola pública e
o campo da formação são pauta da agenda contemporânea da Educação.
Palavras-chave:
Universidade; Formadores de professores; Leituraescrita.
150
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
66.2. A Atuação Profissional da Supervisão Escolar na Educação
Infantil
Cristina FilomenaBastos Cabral
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
Mônica Appezzato Pinazza
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
Resumo
Este trabalho teve como objeto de pesquisa a prática de profissionais da
Supervisão Escolar na Educação Infantil. O objetivo da investigação foi
trazer a discussão sobre as atribuições do Supervisor Escolar, mediante a
realização de um estudo de caso em uma Escola Municipal de Educação
Infantil (EMEI) da rede pública da cidade de São Paulo, envolvendo um
total de seis supervisores que atuaram na unidade estudada. Considerado o
período de 1997 a 2007, em dez anos de vigência da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, o estudo constou do exame
documental de dispositivos legais relativos à normatização da ação
supervisora no município de São Paulo e de registros escritos realizados
pelos supervisores escolares em forma de Termos de Visita. Também
envolveu a análise de relatos orais, obtidos a partir de entrevistas
semiestruturadas com esses profissionais. Este estudo identificou três
aspectos fundamentais no que diz respeito à atuação do Supervisor Escolar,
especialmente na Educação Infantil da Unidade escolar analisada:
primeiramente, o discurso presente nos Termos de Visita demonstra que
existe um acúmulo de tarefas de cunho administrativo e burocrático, em
que são priorizadas ações no Ensino Fundamental em detrimento da
Educação Infantil na prática desses profissionais. Quanto aos dados obtidos
nas entrevistas, pode-se comprovar que a formação continuada em serviço
destinada aos profissionais da Supervisão é uma necessidade premente; e,
151
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
finalmente, a falta de uma legislação que oriente a prática da Supervisão de
modo mais integrado com as reais demandas do seu campo de atuação.
Palavras-chave:
Supervisão escolar; Educação infantil; Formação profissional.
.
152
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
66.3. Conceções de Professoras do Ensino Fundamental sobre o
Ensino de Ciências para os anos iniciais
Aparecida de Fatima Silva
Universidade de São Paulo
Maria Eunice Marcondes
Universidade de São Paulo
Maria De FátimaPaixão
Universidade de Aveiro
Resumo
A investigação conduzida visou compreender as conceções de professoras
sobre o ensino de Ciências para os anos iniciais do Ensino Fundamental,
com recurso a questionários, entrevistas e registos das reuniões do grupo
numa fase inicial de um Processo de Reflexão Orientada (Peme-Aranega,
2008). Para a análise dos dados obtidos, a metodologia, de índole
qualitativa, centrou-se na utilização do programa webQDA e na análise de
conteúdo de Bardin (1977). As professoras trabalham numa escola de
Viçosa, Brasil, e as suas conceções de ensino estão relacionadas com a
abordagem cognitivista (Mizukami, 1986). Para estas professoras, o
conteúdo de Ciências é fundamental para o desenvolvimento de
capacidades cognitivas. Afirmam que utilizam diferentes estratégias de
ensino, desde aulas expositivas, trabalho prático, leitura e incentivo à
produção de textos. Entretanto, confusões sobre o ensino de Ciências por
pesquisa ainda são encontradas nas conceções evidenciadas pelas
professoras durante uma discussão acerca deste assunto, quando não houve
referência a um problema inicial nem a discussão a ser promovida para a
resolução do problema, na qual o professor orienta a busca do “como” e
“pelo porquê”, no processo de concetualização (Carvalho, 2013). As
conclusões da investigação apontam, deste modo, para tomar as conceções
expressadas pelas professoras como divergentes quanto ao ensino de
153
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Ciências por pesquisa e convergentes com o discurso de inovação
curricular presente em documentos do Ministério da Educação do Brasil
(Brasil, 2000).
Referências
Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Brasil. (2000). Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ciências Naturais, V. 4. Brasília: MEC/ SEF.
Carvalho, A. M. P. (2013) O ensino de Ciências e a proposição de
sequências de ensino investigativas. In Carvalho, A. M. P. Ensino de
Ciências por investigação: Condições para implementação em sala de aula.
São Paulo; Cengage Learning.
Mizukami, M. G. N. (1986) Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:
EPU.
Peme-Aranega, C. et al. (2008). El proceso de reflexión orientado como
una estrategia de investigación y formación: estudio longitudinal de caso.
Tecné, Episteme y Didaxis, N. 24.
Palavras-chave:
Conceções; Ensino de Ciências; Formação Professores.
154
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
66.4. Formação Docente Continuada em uma Unidade Universitária
Federal de Educação Infantil: desafios e potencialidades
Josiane Barros
UERJ
Resumo
O presente trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa de doutorado
que está sendo desenvolvida em uma Creche Universitária Federal no
estado do Rio de Janeiro/Brasil. O objetivo central desta pesquisa
qualitativa é conhecer, analisar e refletir sobre as ações e processos de
formação docente continuada desenvolvidos no período de 2000 a 2012,
levando em consideração as ações de formação e as concepções de
infâncias, assim como as dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão,
próprios de uma unidade universitária. Conta com a metodologia dialética
materialista histórica e elege Gramsci como o principal referencial teórico
para pensar a formação de professores, dialogando com renomados autores
do campo da formação continuada: Schön, Tardif, Nóvoa, Zeichener, entre
outros. Este trabalho busca compartilhar observações, gráficos e análises de
conteúdo dos documentos institucionais sobre formação continuada que
oferecem elementos para a realização das primeiras reflexões, as quais tem
evidenciado a importância das UUFEI´s no cenário nacional como lócus de
produção de conhecimento, superando uma visão dicotômica de formação
universitária e continuada, contribuindo para a construção de uma
identidade clara e fundamentada no profissionalismo para a educação
infantil, fundada na intrínseca relação teoria e prática que integram os
saberes da docência, na pesquisa como elemento essencial na/da formação;
na valorização da docência como atividade intelectual, crítica, política,
reflexiva e transformadora, e na ética e na democracia como elemento
155
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
indispensável à formação e à atuação dos professores, fortalecendo os
processos instituintes.
Palavras-chave:
Formação docente continuada; Educação infantil; Creche universitária.
156
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
66.5. A importância da formação para o desenvolvimento qualitativo
das escolas: exemplo de um projeto que está a ser desenvolvido
em S. Tomé e Príncipe
Maria João Cardona
Instituto Politécnico de Santarém
Isabel Piscalho
Instituto Politécnico de Santarém – Escola Superior de Educação
Resumo
Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, desde 2003, uma equipa
de consultores da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de
Santarém está a participar num projeto que visa o apoio à organização do
sistema de formação inicial e contínua de docentes (Projeto Reforço
Institucional e Qualitativo do Ensino Básico) na República Democrática de
São Tomé e Príncipe. Este projeto surge na sequência da colaboração
anterior de uma equipa da ESE de Santarém num projeto que visou a
reforma do ensino básico e a construção de manuais (da 1ª à 6ª classe) neste
país. Nesta comunicação após uma contextualização da realidade educativa
de São Tomé e Príncipe, serão apresentados os objetivos e metodologias
das várias áreas de intervenção deste projeto.
Palavras-chave:
São Tomé e Príncipe; Formação; Escola.
157
67. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE
ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
67.1. Processos de Mudança Educativa
Roque Antunes
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Resumo
Pretende-se analisar os modelos de mudança, os agentes intervenientes na
mudança, os fatores que a favorecem, tendo em vista um processo de
mudança sustentável. Huberman (1993), analisando a literatura sobre a
inovação e mudança, sistematiza-a em três modelos, contendo cada um
deles um conjunto de aspetos diferentes visando operacionalizar a
mudança. O modelo de investigação e desenvolvimento (I & D), um
modelo planificado que opera a partir da teoria à prática, concebendo o
processo de mudança como um conjunto de fases passando pela invenção
até à sua difusão com vista à sua aplicação. O modelo da interação social
que privilegia a difusão da informação sobre novos dispositivos e práticas,
tomando como base “técnicas de interação social”, com realce para as redes
interpessoais de informação, contacto pessoal e integração social. O modelo
da resolução de problemas partindo de uma necessidade (“problema”)
sentida pelo utilizador, faz o seu diagnóstico, procurando informações
sobre inovações a ele ligadas, adaptando-as e experimentando, procedendo
posteriormente à sua avaliação, tendo como foco principal a resolução
desse problema. Quanto aos agentes que intervêm na mudança, Huberman
(1993) preconiza que, aquando da inovação no ensino, há três unidades de
análise que entram em ação: «o indivíduo enquanto adotante»; «o grupo,
parâmetro-chave» e «o quadro institucional». No concernente aos fatores
que favorecem a mudança, Morgado (2010) aponta os seguintes: a criação
de maiores margens de autonomia, uma atualização constante dos atores da
organização e a inovação das práticas curriculares. No que respeita aos
fatores de resistência à mudança, vários autores (Morgado, 2010; Murillo &
Krichesky, 2012; Nkizamacumu & Kozlowski, 2006; Nóvoa, 2009;
159
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Whitaker, 1999) apresentam um conjunto de aspetos que dificultam a
implementação de mudanças e a inovação, entre os quais: o medo do
desconhecido e a incerteza provocada pela mudança, deficiência na
comunicação e na informação, medo de falhar, relutância em vivenciar
situações novas, conservadorismo, falta de confiança em si mesmo, ameaça
aos saberes existentes, experiências anteriores menos positivas em
tentativas de mudança, relacionamento entre os pares muito débil,
deficiências no apoio mútuo nas inovações…Relativamente a mudança
sustentável, Dean (2006) apresenta sete princípios para conseguir a
mudança e a melhoria sustentáveis: a profundidade, longitude, extensão,
justiça, diversidade, recursos e conservação.
Palavras-chave:
Modelos de mudança; Mudança sustentável; Inovação.
160
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
67.2. Gestão da qualidade do ensino superior brasileiro e sua eficácia
frente aos instrumentos de avaliação e regulação
Agenor Manoel Carvalho
UTAD, Centro Universitário do Planalto de Araxá - UNIARAXÁ
Carlos Machado Santos
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD
Maria Celeste Moura Andrade
Centro Universitário do Planalto de Araxá - UNIARAXÁ
Resumo
A avaliação do Ensino Superior, como um processo dinâmico, exige
mediação pedagógica permanente e o uso de eficazes instrumentos
balizadores da qualidade de ensino, tanto por parte dos órgãos reguladores
externos, quanto dos envolvidos na gestão interna das Instituições. O
governo brasileiro iniciou em 1995 um Sistema de Avaliação do Ensino
Superior que estabeleceu, entre outras medidas, o Exame Nacional de
Cursos, o Censo da Educação Superior e a Avaliação das Condições de
Ensino por meio de visitas de comissões às Instituições de Ensino Superior
(IES). A pesquisa, ainda em andamento, tem por objetivo analisar a eficácia
da gestão interna das Instituições de Ensino Superior – IES, em duas
microrregiões do Estado de Minas Gerais - Brasil (Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba) frente aos instrumentos avaliativos a que estão submetidas.
Tais instrumentos estão inseridos nos processos de regulação utilizados
pelo INEP/MEC - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira/Ministério da Educação do Brasil - e serão confrontados
com aqueles usados internamente pelas IES – Instituições de Ensino
Superior das regiões em estudo. A pesquisa tem, portanto, três focos
principais. O primeiro, de cunho bibliográfico, fundamentado em autores
nacionais e estrangeiros que abordam a temática. O segundo, de cunho
161
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
documental, buscará estabelecer paralelos entre os documentos normativos
do INEP/MEC e os relatórios que as Instituições colocam
à disposição dos avaliadores. O terceiro consistirá de pesquisa de campo, a
ser realizada com gestores, professores e alunos das IES investigadas,
buscando verificar a eficácia da administração interna, face aos
mecanismos de avaliação externa. Espera-se, com o estudo, contribuir para
ampliar a reflexão das Instituições em questão (e outras afins)sobre as
possibilidades de revisão de processos de implementação da qualidade de
ensino.
Palavras-chave:
Avaliação; Ensino Superior, Gestão da Qualidade, Regulação.
162
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
67.3. Ativar as criatividades na educação artístico-musical:
metodologias e práticas docentes no ensino superior
António ÂngeloVasconcelos
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal
Resumo
A contemporaneidade formativa, artística e cultural é caracterizada por um
conjunto alargado de fatores que passam pela individualização,
diferenciação e pluralismo; pela globalização de ideias e procedimentos;
pela multiplicidade de práticas, muitas vezes afastadas das suas tradições
históricas; pela multi-centralidade da vida cultural, artística e formativa;
por uma formação policentrada que não se exerce penas no contexto escolar
e académico. Todos estes fatores, e as complexidades e os paradoxos que
lhe estão subjacentes, interpelam de modos diferenciados a educação e a
formação não só nas suas dimensões curriculares e metodológicas mas
também no que se refere às práticas docentes.
Partindo das singularidades artísticas dos compositores que exercem
atividades docentes no âmbito do ensino superior de música em Portugal, o
trabalho tem como ponto de partida a interrogação “de que modos é
conceptualizada e exercida a prática criativa nos compositores
contemporâneos e como é que estas criatividades acionam uma formação e
uma carreira criativa numa era de incertezas e ambiguidades?” Procura-se
compreender e problematizar os modos como as práticas criativas e as
criatividades singulares dos compositores de música erudita ocidental
potenciam uma formação mais criativa tentando identificar um conjunto de
indicadores que potenciam o trabalho formativo e o exercício de uma
carreira criativa
Defende-se a ideia de que a activação das criativiaddes individuais e
colectivas se inscreve num contexto formativo complexo, multi-situado,
163
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
multi-modal e multi-referencial e que, esta via, se afigura como um
instrumento potenciador do desenvolvimento de uma educação
transformadora e emancipatória podendo constituir-se como uma força
alternativa aos diferentes tipos de funcionalizações da educação, à
mercadorização das artes e do seu ensino.
Palavras-chave:
Curriculo; Metodologias; Criatividades; Práticas; Docentes ensino superior.
164
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
67.4. Projeto Tecer: produção textual e têxtil
Mariana Guimaraes
UFRJ
Marcela Carvalho
PUC/Rio
Resumo
Neste artigo, pretendemos apresentar e narrar o Projeto Tecer: produção
textual e têxtil, desenvolvido no Colégio de Aplicação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, no primeiro semestre de 2014, pelas artistas
educadoras Ma. Mariana Guimarães e Ma. Marcela de Carvalho em
parceria com a Biblioteca escolar dessa instituição. Trata-se de um Projeto
de extensão em parceria com a Escola Estadual Ignácio Azevedo do
Amaral, e tem como público alvo estudantes do terceiro ano do curso
técnico de formação de professores. Esta ação está inserida no Projeto de
Pesquisa intitulado Arte do Fio , desenvolvido no CAp/UFRJ pela artista
educadora Mariana Guimarães que tem como objetivo oferecer aos
estudantes um campo de estudo e pesquisa formal e conceitual sobre o uso
da linguagem da bordadura nas artes visuais e na educação.
Apresentaremos nesse artigo a metodologia que estamos investigando e
desenvolvendo no âmbito educacional e artístico no qual criamos um
espaço tensionado pela experiência da narrativa em sua trama e enredo
tecido por palavras assim como pela experiência da bordadura em sua
trama tecida por fios. Narrativa e Bordado, ou seja, o texto e o têxtil
apresentam infinitas semelhanças no gestual de uma memória tradicional
atualizada pela prática da repetição. Além de serem palavras de mesmo
radical com qualidade revelada pela etimologia onde todo texto é tecido.
Através da atualização de gestos ancestrais fundamentados na execução de
rituais com inicio, meio e fim, como contar histórias e bordar buscamos
165
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
promover o empoderamento dos estudantes frente às demandas vividas por
cada um em seus processos pessoais e sociais. Promovendo o dialogo entre
a educação e a arte com o objetivo de investigar e explorar novos materiais
e usos das técnicas ligadas às artes do fio, bem como na catalogação de
mitos e histórias relacionadas ao ato de tecer e na produção textual.
Visamos à ampliação do potencial estético, ético e político desses
educandos, bem como a construção de uma autonomia pedagógica na
elaboração de materiais didáticos e no estudo e consolidação da bordadura
como linguagem artística e educativa.
Palavras-chave:
Bordadura; Narrativa; Formação de professores.
166
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
67.5. Organização do espaço: prisão da sala versus liberdade do saber
Elza Mesquita
Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior de Educação
CIEC - Instituto de Educação, Universidade do Minho
Resumo
Na escola continuam a existir espaços de educação que ainda são tidos
como equívocos de encontros e desencontros. Diacronicamente, e em
função das conceções políticas de educação que foram surgindo, procurouse criar novas estruturas pedagógicas de educar. Uma delas – o espaço –, o
designado “terceiro educador”, conduziu-nos à questão: como pensam os
futuros professores a organização do espaço nas salas de aula do 1.º Ciclo
do Ensino Básico?, sabendo nós pelas palavras de Daniel Sampaio (2006)
que a escola nova não é muito diferente e que, por exemplo, as carteiras
continuam organizadas por filas. Os dados foram recolhidos através de
inquérito por questionário com questões abertas e fechadas a um grupo de
alunos da formação inicial de professores. Se a sala de aula é um espaço
socialmente instituído e é um espaço historicamente conquistado e
construído, também é claro para estes alunos que, sendo um espaço social,
o acesso a ele não se encontra plenamente garantido. Neste sentido,
percebemos que ninguém melhor do que os futuros professores para nos dar
o “retrato” de como o espaço se encontra organizado no momento em que
chegam aos contextos de estágio e que mudanças lhes são permitidas
realizar ao longo da realização da prática de ensino supervisionada.
Palavras-chave:
Organização do espaço; Sala de aula;Liberdade.
167
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
67.6. Clube de arqueologia: experiência didática e patrimonial em
contexto educativo formal
Miguel Feio
Associação de Educação e Defesa do Património e Desenvolvimento Profissional (AEDP)
Resumo
A sensibilização para o património cultural é quase obrigatória nos dias que
correm, é um problema que invade a Escola e que exige dela uma resposta
adequada, um tratamento pedagógico-didático que motive os jovens para o
estudo das realidades patrimoniais e que desenvolva capacidades de
investigação e de «leitura» histórica do património. Dar ao aluno a
possibilidade de aprender fazendo, é promover a motivação para a
construção do saber histórico a partir da experiência, sensibilizando para a
descoberta do património, a sua valorização, a sua preservação e o
conhecimento da história local. Processo este, que constitui parte integrante
e significativa do percurso temporal da sociedade em que se inserem.
Neste contexto, é assaz importante que os professores dos vários graus e
áreas de ensino reflictam, sejam sensibilizados e conheçam novos recursos
para abordagem da história e património local, independentemente da área
do saber. Os Clubes de Arqueologia, através da experiência arqueológica
são umas das diversas estratégias de ensino e aprendizagem, motivadora
pela sua forma prática de operacionalizar e pela curiosidade que gera.
Entendida como “uma ciência geradora de história”, mais do que como
uma “disciplina auxiliar da História”, a arqueologia possui um enorme
potencial educativo, podendo representar um recurso didáctico de grande
interesse, aplicável, em todos os graus de ensino, a todos os períodos
históricos e a todo o tipo de vestígios materiais. Numa perspectiva do
“estudo da história pelo estudo do meio”, a arqueologia afigura-se
constituir um dos principais recursos educativos ao dispor dos docentes e
168
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
será talvez o mais popular e mais acessível de todos. A articulação com as
novas tecnologias, a multidisciplinariedade e a capacidade de gerar
parcerias caracteriza o Clube de Arqueologia e o projeto de educação
patrimonial, que encerra nos seus princípios pedagógicos uma
aprendizagem pela prática e pela descoberta, nas suas diferentes dimensões.
Palavras-chave:
Arqueologia; Educação; Património; Novas tecnologias.
169
68. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
ÉTICA PROFISSIONAL
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
68.1. A Profissionalidade Emergente do Professor de Música: O PIBID
como Entre-Lugar da Formação Docente
Nair Pires
Universidade Federal de Ouro Preto
Ana PaulaCaetano
Universidade de Lisboa
Ângela I. L. De F.Dalben
Universidade Federal de Minas Gerais
Resumo
Em 2008, a Lei 11.768 torna obrigatório o ensino de música nas escolas de
educação básica, e, em decorrência disso, instaura-se um movimento na
área de Música em torno da formação do professor de música para atuar nas
escolas de educação básica. Apesar do esforço em torno da melhoria da
qualidade da formação do professor e da inserção da música nos currículos
escolares, temos uma vasta literatura que denuncia a ineficiência da
formação dos professores e das práticas musicais desenvolvidas nas escolas
públicas de educação básica, advogando a urgência de se pensar em ações
que possibilitem construir caminhos efetivos para o ensino de música
nesses espaços escolares. Portanto, o problema passa também pelos
modelos de formação do professor de música, os quais não têm dado conta
de construir com os alunos conhecimentos que possibilitem a organização,
realização e reflexão de práticas musicais significativas e contextualizadas.
Como o problema da articulação teoria e prática não é um problema
localizado da formação do professor de Música, mas que afeta todas as
áreas do conhecimento científico, no ano de 2007, o Ministério da
Educação criou, como resposta à demanda por um investimento na
formação inicial dos professores, o Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência - PIBID. Com o propósito de atuar sobre a desejada
articulação teoria e prática, o PIBID tem como finalidade a melhoria da
formação dos professores através da articulação entre instituições
(universidade e escolas de educação básica), sujeitos (professores
171
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
universitários, alunos licenciandos e professores das escolas de educação
básica) e saberes (acadêmicos e teórico-práticos). Apesar de o PIBID ser
destinado aos alunos dos cursos de licenciatura, o Programa tem incidido
também na formação do professor universitário e do professor da escola de
educação básica.
Ao se constituir em um lugar de fronteira, um entre-lugar entre a
universidade e as escolas de educação básica, o PIBID torna-se um
importante espaço de investigação no atual cenário de formação de
professores no Brasil. Sendo assim, propomos realizar uma investigação
que tem como objetivo geral analisar o PIBID-Música do estado de Minas
Gerais, compreendendo quais aspectos configuram uma profissionalidade
docente emergente. A metodologia adotada foi a análise documental,
entrevistas semi-abertas com o coordenador geral do PIBID e com os seis
professores universitários coordenadores dos subprojetos da área de
Música, questionários e seis grupos focais com os licenciandos dos cursos
de Música, bolsistas de iniciação à docência do PIBID-Música do Estado.
Nessa comunicação pretendemos questionar o conceito de profissionalidade
e analisar os primeiros dados sobre o tema conhecimento profissional que
emergem das produções realizadas nos grupos focais. A análise de
conteúdo será adotada para compreender as dimensões que se desenham de
uma profissionalidade emergente (Jorro & De Ketele, 2011) no ensino de
música nas escolas de educação básica, num processo formativo onde a
relação entre a universidade e a escola é central e tem um papel crucial para
a sua construção. Desde já os dados indicam que compreender a
profissionalidade emergente implica relacioná-la com todos os contextos –
o contexto político, a universidade e as escolas de educação básica – e
sujeitos que definem a prática educativa, uma vez que as ações se
constroem por meio do diálogo e da reflexão coletiva.
Palavras-chave:
Profissionalidade emergente; Formação inicial de professor de música;
Política pública.
172
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
68.2. A Atuação do PIBID Letras Português na Formação de
Professor/Pesquisador
Sinvagna Oliveira Neto
Unimontes
Sandra Oliveira
Unimontes
Resumo
O Programa Institucional de Bolsas de Incentivo à Docência (Pibid) tem
como objetivos incentivar a formação de professores para a Educação
Básica; valorizar o magistério com intuito de incentivar os acadêmicos da
licenciatura para executar a sua profissão; fazer a promoção de melhoria na
qualidade de ensino da Educação Básica; ser um elo de integração entre
Educação Superior e Educação Básica da rede pública, bem como fomentar
práticas docentes de caráter inovador, com a intenção de sanar as
dificuldades identificadas no processo de ensino-aprendizagem. Assim o
presente trabalho objetiva mostrar a atuação do Pibid Letras Português do
Subprojeto “Letras a mais” nesse processo, bem como apresentar resultados
obtidos para os acadêmicos participantes desse subprojeto. Metodologia:
este trabalho tem se realizado com acadêmicos da Universidade Estadual de
Montes Claros - MG (Brasil). A pesquisa fez-se descritiva (documental),
baseando-se no método qualitativo-interpretativista e no estudo particular
do caso aqui apresentado. O embasamento teórico será feito a partir de
autores como Marília G. de Miranda (2006) e Selma Garrido Pimenta
(1998). Resultados: sabe-se que compreender as mudanças pelas quais
passa a educação é imprescindível para que o processo de ensinoaprendizagem possa ser melhorado de forma eficaz. Nessa perspectiva, o
papel do professor é de grande valor, tendo em vista que ele é o intercessor
entre conhecimento e aluno. Investir em pesquisas, analisar as práticas e
promover estratégias educacionais inovadoras é de extrema importância.
173
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Isso tem sido um grande desafio para os docentes, principalmente da
educação básica. O Pibid cumpre esses objetivos, pois possibilita e oferece
subsídios para os acadêmicos participantes do programa fazerem pesquisas,
tornando-os acadêmicos pesquisadores e futuros professores/pesquisadores.
Conclusão: Pode-se concluir que os resultados foram significativos uma
vez que o Pibid estimula aos acadêmicos a pesquisarem e produzirem
trabalhos para eventos (Fóruns, congressos, colóquios, seminários e etc.)
locais, nacionais e internacionais, publicações em revistas e fomenta a
pesquisar práticas e estratégias inovadoras de ensino o que contribui
significativamente para o sucesso do programa e para o crescimento dos
bolsistas.
Palavras-chave:
Pibid; Pesquisa; Professor-pesquisador; Docência.
174
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
68.3. Discutindo experiências para redefinir saberes: a prática docente
do curso de História das Faculdades INTA no Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à docência- PIBID
Tito Medeiros
Faculdades INTA
Carla Silvino
Faculdades INTA
Resumo
O trabalho tem por objetivo apresentar os resultados mais recentes da
experiência vivenciada na execução do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência - PIBID, fomentado pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e aplicado pelas
faculdades de História, Educação Física e Pedagogia, cursos que compõem
o quadro de licenciaturas do Instituto Superior de Teologia Aplicada INTA. Trataremos especificamente das metodologias e resultados
alcançados até o momento pela equipa de 44 pessoas diretamente
envolvidas no trabalho da Licenciatura em História. O grupo em questão é
composto por: 35 licenciandos em História que desenvolvem projetos em
Escolas Públicas de Ensino Médio, promovendo a articulação entre o saber
acadêmico e o saber escolar; 7 Professores do Ensino Médio que
supervisionam e auxiliam nas ações dos licenciandos; e 2 Coordenadores
de área, nomeadamente os autores deste trabalho, cuja obrigação consiste
em fomentar o debate entre teorias e práticas educacionais com todos os
envolvidos, além de concorrerem na reta execução dos projetos. Neste
sentido, o projeto buscar alterar o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica - Ideb de algumas escolas da região Norte do Estado do Ceará,
especificamente localizadas nas cidades de Sobral (5 escolas), de Cariré (1
escola) e de Caridade (1 escola). Para o desenvolvimento do projeto, os
Professores Coordenadores de área desenvolveram metodologias que
175
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
envolvem ações presenciais e à distância com todos os demais envolvidos
no projeto. A proposta deste estudo é, portanto, apresentar as metodologias
desenvolvidas pelos licenciandos nas escolas onde atuam, as trocas de
experiências acadêmico-escolares fomentadas pelo PIBID/INTA e as ações
coordenativas levadas a tino pelos Professores Coordenadores.
Palavras-chave:
PIBID; Metodologias do Ensino de História; Práticas Docentes.
176
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
68.4. O Plano de Ações Articuladas (PAR) e as Políticas de valorização
docente em Municípios Sul-Mato-Grossense
Fabiana Rodrigues Dos Santos
ElisangelaAlves Da Silva Scaff
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo identificar os impactos do Plano de Ações
Articuladas (PAR) para a valorização dos profissionais da educação, em
quatro municípios do estado de Mato Grosso do Sul. A justificativa para o
estudo esta na necessidade de analisar as ações políticas voltadas para a
valorização e profissionalização do magistério nos municípios, com ênfase
na melhoria das condições de trabalho desses profissionais, levando com
isso a melhoria da escola pública. Dessa forma, o problema que guia as
reflexões é responder em que medida o PAR instrumento de apoio técnico e
financeiro tem contribuído para o Plano de políticas de valorização docente.
Esta pesquisa está inserida no projeto denominado Valorização Docente no
Plano de Ações Articuladas (PAR): análise de municípios Sul-MatoGrossenses. Como embasamento teórico, são mencionados autores que se
debruçam sobre a temática da valorização docente dando enfoque a
questões relacionadas à formação inicial, formação continuada, carreira e
remuneração, como conjunto de ações políticas para a valorização do
magistério. A metodologia de pesquisa utilizada será procedimentos
qualitativos e quantitativos, constituídos por levantamento de dados gerais
de caracterização dos municípios, Coxim, Dourados, Ponta Porã e
Corumbá. E para efeito de caracterização geral e educacional dos
municípios serão consultadas diferentes bases de dados com destaque para
aquelas preparadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
(IBGE) e pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos Anísio Teixeira
(INEP) pesquisa documental realizada no site do PAR/MEC, outras fontes
secundárias serão utilizadas para a obtenção de informações e
177
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
fundamentação das análises: livros, artigos de Periódicos Científicos,
Teses, Dissertações e trabalhos publicados em Anais de eventos,
previamente selecionados, publicações nos diários oficiais dos municípios
em análise, nos jornais locais, entre outros documentos identificados no
decorrer da pesquisa. Serão realizadas entrevistas semiestruturadas com os
gestores municipais, com a possibilidade que esse instrumento abre para a
captação de informações que permitam correções e esclarecimentos ao
estudo, assim como ao aprofundamento das interpretações dos sujeitos
implicados no processo. Pretende-se que esse estudo, em conjunto com os
demais pesquisadores integrantes do projeto, colabore no entendimento de
como o PAR de cada município pode contribuir com a melhoria da
valorização docente e com isso melhorar a as condições de vida desses
profissionais atingindo assim diretamente a educação.
Palavras-chave:
Valorização docente; Plano de Ações Articuladas; Políticas Educacionais.
178
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
68.5. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID)
como Estratégia para a Formação Docente no Brasil
Giovana Falcã
Universidade Estadual do Ceará
Jeanne Medeiros
Universidade Estadual do Ceará
Isabel Farias
Universidade Estadual do Ceará
Resumo
A formação de professores tem sido uma temática amplamente discutida
por especialistas em educação, que recorrentemente destacam a necessidade
de fortalecer a relação teoria e prática nos currículos específicos para cursos
de licenciatura. Nesse contexto, Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID) aparece no cenário, em meio a essas novas
demandas da educação brasileira, pressupondo a inserção de alunos dos
diversos cursos de licenciatura em escolas públicas, reconhecendo esses
locais como importantes espaços de formação profissional. O presente
estudo buscou analisar a percepção dos alunos de um curso de Pedagogia
de uma universidade pública, sobre sua formação, a partir das vivências
como bolsistas do PIBID. As discussões elaboradas apoiaram-se,
principalmente, nos estudos de Nóvoa (1992), Garcia (1999), Alarcão
(2007), Tardif (2002) e Mizukami (2010). Com base na abordagem
qualitativa, utilizou-se a entrevista estruturada como técnica de coleta de
dados. O estudo revelou que o contato dos licenciandos com a escola tem
oportunizado uma aproximação com a formação teórico-prática desses
sujeitos. A partir das respostas coletadas foi possível perceber que a
experiência no PIBID tem contribuído significativamente para o
desenvolvimento profissional dos mesmos. Observou-se ainda, que apesar
do PIBID se ancorar em elementos potenciais no processo formativo, não
179
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
pode ser considerado solução para todos os problemas associados à
formação docente, afinal não abrande a totalidade dos estudantes.
Considerando que a formação e o desenvolvimento profissional
compreendem questões situadas em um sistema complexo de relações, é
preciso pensar alternativas que garantam o acesso supervisionado e
responsável de todos os licenciandos ao ambiente escolar, pois, no PIBID,
essa prática tem se mostrado positiva para o processo formativo dos futuros
professores. Além disso, podemos considerar que o Programa tem se
constituído elemento fundamental para o fortalecimento da parceria
firmada entre a Universidade e Escola Básica.
Palavras-chave:
Formação Docente; Licenciatura; PIBID.
180
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
68.5. Um Estudo Comparativo entre diferentes Projetos Pedagógicos
de Cursos de Licenciatura de Ciências Biológicas: Contradições,
Semelhanças e Proposições
Jeanne Medeiros
Universidade Estadual do Ceará
Raffaelle Araújo
Instituto Federal do Maranhão
MeireceleLeitinho
Universidade Estadual do Ceará
Resumo
O presente estudo visa compreender como projetos pedagógicos (PPs) de
Cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual
do Ceará (UECE), foram elaborados, a partir dos ordenamentos legais
vigentes no Brasil. Como metodologia utilizamos a pesquisa bibliográfica e
documental, a partir da análise de documentos prescritivos numa
perspectiva descritiva, interpretativa e crítico-dialética. Como categoria
central elegemos a contradição, agregando-se as análises comparativas
entre três projetos pedagógicos: uma licenciatura na capital, outra de um
município do interior do Estado (ambas presenciais) e uma na modalidade a
distância, esta ofertada simultaneamente em outros municípios do Ceará. A
investigação nos mostra que a grande contradição existente nos PPs
analisados é a diferença na concepção de formação profissional, que no
caso dos cursos presenciais está pautada na formação do Biólogo Professor,
enquanto que no curso à distância, está voltada à formação específica do
Professor de Ciências e Biologia para a Educação Básica. A estrutura
curricular dos projetos se encontra organizada de maneira semelhante em
suas dimensões relativas às práticas pedagógicas (estágios curriculares e
práticas como componente curricular). Outra semelhança observada diz
181
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
respeito aos componentes curriculares pedagógicos e específicos da
formação docente, pois contemplam as mesmas disciplinas nos três
documentos analisados. Entretanto, disciplinas optativas se apresentam
ofertadas de maneira significativamente diferenciadas, face aos contextos
específicos, tendo em vista que um dos cursos se localiza na capital, e os
outros dois em diferentes municípios do Ceará. Sabe-se que a organização
dos referidos PPs é feita por grupos de professores que pertencem aos
respectivos colegiados e que na maioria das vezes não possuem formação
específica na área de currículo, o que dificulta a compreensão dos
fundamentos teóricos e metodológicos determinantes do processo de
construção desses documentos prescritivos. O curso na modalidade a
distância surgiu como licenciatura e não guarda a tradição histórica da
formação de bacharéis, o que nos possibilita inferir que a sua estrutura
curricular enfatiza a identidade da formação docente, surgindo como
resposta à carência de professores com formação no âmbito das ciências
biológicas o que pode ter possibilitado um currículo diferenciado. De
acordo com exposto, concluímos ser urgente o redimensionamento dos
projetos dos cursos investigados, à luz dos ordenamentos legais e das
condições específicas dos contextos sócio-político-culturais e econômicos.
Palavras-chave:
Currículo; Formação de Professores; Licenciatura.
182
69. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA,
REDES E PARCERIAS EM
EDUCAÇÃO
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
69.1. Políticas públicas: novas geografias e desigualdades
socioeducativas
Almerindo Afonso
Universidade do Minho
Resumo
O estudo Reformas do Estado, políticas públicas e educação ao longo da
vida: novas geografias e desigualdades socioeducativas tem como objetivos
compreender processos e dinâmicas de constituição dos domínios público e
privado, estudar articulações e fronteiras entre Estado, mercado e terceiro
sector e entre educação escolar e não-escolar/não-formal. Procura-se
entender implicações destas mudanças face à criação e gestão de
desigualdades sociais e escolares, bem como esclarecer processos e formas
que assumem.
A investigação desenvolve-se em duas fases: uma primeira aproximação,
mais extensiva, através de entrevistas exploratórias a responsáveis de um
conjunto de instituições educativas não-escolares e escolares, públicas e
privadas, de dois concelhos; uma segunda fase mais intensiva, que incidirá
sobre um campo mais delimitado, com duas (ou três) unidades de
observação, abordado a partir de diversas estratégias metodológicas e
técnicas de recolha de informação (entrevistas, observação, inquérito por
questionário).
As comunicações agora apresentadas discutem, de forma preliminar, dados
parcelares construídos a partir de informação recolhida através de
entrevistas exploratórias. São trabalhadas relações entre a educação e a
cultura na cidade; procura-se entender práticas de orientação educativa e de
definição da oferta das escolas, designadamente de educação profissional, e
problematiza-se o seu envolvimento na construção de desigualdades
socioeducativas; descrevem-se atividades, redes e lógicas de ação múltiplas
184
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
em educação no contexto local e questionam-se conexões com processos de
dispersão do Estado e de governação; analisam-se práticas e dinâmicas
educacionais que desafiam e definem contornos e atores do espaço
educacional, interpelando sentidos de tais processos.
Mesmo se os dados e a sua discussão se apresentam incompletos, são
sugestivos de pistas de aprofundamento em torno quer dos modos diversos
como a resposta educativa pública pode gerar atividades, contextos ou
parcerias público-privados e formais para-escolares; pode desenvolver
significados e utilizações das vias de educação profissional para naturalizar
e gerir desigualdades escolares e sociais; quer das formas plurais pelas
quais com ou em vez da escola, por causa da escola, no exterior e para lá da
escola, múltiplos atores desenvolvem atividades que às vezes desafiam e
forçam, outras vezes reforçam, fronteiras e destituições, ações e
questionamentos cívicos e ambivalentes.
Palavras-chave:
Políticas públicas; Gestão das desigualdades, Público e privado; Educação
escolar e não escolar.
185
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
69.2. Atividades, redes e lógicas de ação múltiplas em educação:
dispersão do Estado, governação e ação local
Fátima Antunes
Instituto de Educação/Universidade do Minho
Esmeraldina Veloso
Instituto de Educação/Universidade do Minho
EmíliaVilarinho
Instituto de Educação/Universidade do Minho
Resumo
O trabalho que apresentamos mobiliza conhecimento produzido no campo
da análise sociológica das políticas educativas e da sociologia da educação
para compreender articulações de escalas, atores, instituições e estratégias
do pós-Estado providência de regulação e governação da educação, o papel
da sociedade civil (mercado e comunidade) nestes processos e as
implicações destas mudanças na criação e gestão das desigualdades sociais
e educativas.
Nesta comunicação analisamos dados preliminares recolhidos na primeira
fase do estudo, de carácter mais extensiva, através de entrevistas semiestruturadas (e exploratórias) a responsáveis de um conjunto de instituições
educativas não-escolares e escolares, públicas e privadas de dois concelhos.
Centramos a nossa análise em algumas dimensões do objeto de estudo: (i)
Atores, processos e metamorfoses dos domínios público e privado, formal e
não-formal em educação; (ii) Escalas, modos de coordenação e lógicas de
ação em educação. Assim, apresentamos uma descrição de atividades
educativas e uma topografia (mapeamento) de redes constituídas ao nível
local entre escolas e outras instituições públicas e privadas para assegurar a
governação da educação e prover projetos de educação escolar e nãoescolar, identificando os seus atores e cursos de ação envolvidos. Ensaia-se
186
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
discutir a génese, a composição e a estrutura (Lima, 2007) das redes, as
parcerias estabelecidas (Rodrigues & Stoer, 1998) e discute-se as lógicas de
justificação e as racionalidades dos atores e entidades em interação.
Palavras-chave:
Políticas públicas; Governação da educação; Dispersão do Estado, Redes;
Parcerias; Lógicas de acção.
187
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
69.3. Reconstruir o espaço de ação educacional ou localizar problemas
escolares? Interrogações a partir de uma pesquisa exploratória
Fátima Antunes
Instituto de Educação/Universidade do Minho
Rosanna Barros
Universidade do Algarve
Resumo
Nesta comunicação apresenta-se a discussão ainda inicial de alguns dados
parcelares de um estudo em curso intitulado Reformas do Estado, políticas
públicas e educação ao longo da vida: novas geografias e desigualdades
socioeducativas. Nesta investigação procura-se explorar a problemática da
governação, enquanto nova matriz de regulação social (Santos, 2005),
analisando os arranjos institucionais de coordenação das atividades
envolvidas com a condução das sociedades, designadamente em setores em
que se destaca a centralidade das autoridades públicas, como é o caso da
educação.
Pretende-se estudar práticas que, no campo das políticas públicas de
educação: (i) visibilizam a reconstituição das formas e do sentido da
centralidade do Estado e das autoridades públicas (como a UE); (ii)
concretizam a formação de diversos espaços, escalas e atores supra e
subnacionais que conjuntamente constroem e definem as atividades do
setor.
Centraremos a atenção em algumas dimensões do objeto de estudo,
designadamente: (i) Atores, processos e dinâmicas de constituição de
relações e interseções entre os domínios público e privado e os espaços
formal e não-formal da educação.
188
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Numa outra comunicação no âmbito deste estudo, questionava-se em que
sentidos as políticas públicas promovem o envolvimento das comunidades
na realização de projetos e atividades educativas, por um lado, e quais as
implicações deste trabalho de fabricação de contornos e fronteiras do
espaço educacional (Seddon, 2014).
No seguimento destas interrogações e tomando como ponto de partida
informação recolhida através de entrevistas exploratórias realizadas a
responsáveis de instituições (escolares e não escolares, públicas e privadas)
e disponibilizada em relatórios nacionais do Programa Escolhas, procura-se
agora: (i) identificar modos como são trabalhados fora da escola, por
referência à escola, a educação, escolar e não escolar, o fracasso e o
abandono escolares; (ii) apreender relações constituídas ao nível local entre
escolas e instituições públicas e entidades privadas, por exemplo, no âmbito
do Programa Escolhas.
Palavras-chave:
Políticas Públicas Sociais; Educação ao Longo da Vida; Fracasso Escolar;
Abandono Escolar; Desigualdades Socioeducativas.
189
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
69.4. A construção da oferta educativa na escola pública: análise das
lógicas em presença
Carlos AlbertoGomes
Universidade do minho
Manuel AntónioFerreira Da Silva
Universidade do minho
Resumo
Na comunicação apresentaremos resultados de investigação obtidos no
âmbito do desenvolvimento do sub-projeto de investigação Reformas do
Estado, Políticas Públicas e Educação ao Longo da Vida, por sua vez
inserido num projeto mais vasto intitulado Política, Governação e
Administração da Educação, que está a ser desenvolvido pelo
Departamento de Ciências Sociais da Educação do Instituto de Educação da
Universidade do Minho. Na comunicação será dado especial relevo à
análise de discursos produzidos, em entrevista, por directores de escolas
e/ou agrupamentos de escolas, procurando compreender e analisar
sociologicamente o processo de construção da oferta educativa nas escolas
analisadas, identificando os principais actores, as lógicas (políticas e
organizacionais), os interesses em jogo, as decisões tomadas, e as suas
consequências sociais e educativas.
Palavras-chave:
Escola pública; Oferta educativa; Desigualdades.
190
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
69.5. O centro e as periferias educativas. Deambulações sobre o
escolar e o não-escolar no arquipélago cultural da cidade
José AugustoPalhares
Universidade do Minho
Resumo
A cultura e a educação são, na atualidade, simultaneamente objetos e
desafios a apelar à descompartimentação analítica, em relação aos quais a
sociologia da educação deverá ser chamada a pronunciar-se. Um primeiro
passo apela à superação da ordem burocrática-analítica que estrutura as
relações entre o escolar e o não-escolar, exigindo uma nova hermenêutica
do chão cultural da cidade e a consequente problematização do universo
tripartido da educação. Tal démarche pressupõe olhar os cantos e os
recantos da cidade com a acutilância rasteadora dos sentidos e das diversas
inscrições do cidadão no seu seio, de modo a que se exponha a
artificialidade das fronteiras entre a educação e a cultura, entre o escolar
(formal) e o não-escolar (não-formal e informal), entre o sujeito e o
contexto. O passo seguinte obrigar-nos-á a descodificar as lógicas que
sustentam o fluxo das transações e tensões entre o centro e as periferias
educativas, pondo em evidência as hierarquias, as parcerias e os programas
institucionais que alimentam o quotidiano das crianças, jovens e adultos.
Por conseguinte, procuraremos nesta comunicação ilustrar que: i) a atual
política educativa tende a remeter o jovem à condição de aluno,
subjugando-o às lógicas de um ofício mais reprodutor e cognitivista; ii) a
hegemonia do escolar tende a apartar os jovens de outras esferas culturais e
significativas da cidade; iii) as instituições educativas e culturais tendem a
desenvolver relações intermitentes, contribuindo de forma desigual para a
construção das subjetividades e da cidadania democrática; iv) a cultura e a
educação, que deveriam alimentar uma cumplicidade recíproca, oferecemse a desiguais apropriações, traduzindo as distintas experiências em
191
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
distintas mais-valias na sala de aula. Para suportar esta abordagem iremos
fazer-nos valer do capital reflexivo e empírico acumulado no âmbito da
dimensão de um projeto de investigação intitulada “Reformas do Estado,
políticas públicas e educação ao longo da vida”, em curso no Instituto de
Educação da Universidade do Minho, mobilizando sobretudo dados
recolhidos através de entrevistas semi-diretivas realizadas a diretores de
escolas (publicas e privadas), a dirigentes e atores de instituições do
terceiro setor.
Palavras-chave:
Educação Escolar e Não-escolar; Centro e periferia educativa; Sociologia
da educação.
192
70. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E
INTERCULTURALIDADE
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.1. Uma cidadania que se pratica
Amadeu Faria
Núcleo de Estudos 25 de Abril
Resumo
A nossa proposta baseou-se num ponto metodológico fundamental
Este projeto apresenta ao fim de 5 anos de vida resultados muito
animadores
O Núcleo de Estudos 25 de Abril (NE25A), nasce com base no sentimento
que, educadores e professores, tem relativamente ao afastamento que
valores como a democracia, a cidadania e a solidariedade, sofrem do
ideário das nossas comunidades educativas e até, porque não dizer-se, do
tipo de escola. Assim, este projeto que começa por estar adstrito a um
agrupamento específico (AE de Briteiros), cresce, desenvolve-se e
transforma-se, a partir de 2011, num espaço de cidadania, de formação e
educação para todas as comunidades e agentes educativos que connosco
partilharem aqueles que consideramos serem os valores da democracia e,
por tal, de construção de uma cidadania democrática.
Desde logo, a nossa proposta baseou-se num ponto metodológico
fundamental: só aprendendo, praticando, fazendo a cidadania, esta seria
uma realidade de vida para os nossos jovens. Por tal, fizemos a aposta na
metodologia de trabalho de projeto, em que todos seriam levados a
conhecer uma realidade nacional (próxima no tempo, afastada da nossa
realidade atual – Revolução dos Cravos de 1974 –) e a partir dela inferir os
que são, na nossa opinião, os mais importantes valores da
contemporaneidade: a cidadania democrática, a solidariedade, a justiça, a
tolerância.
194
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Este projeto apresenta, ao fim de 5 anos de vida, resultados muito
animadores: conseguimos promover todos os anos um conjunto de
atividades construídas pelos alunos e centradas no 25 de Abril de 1974,
apresentando diversos tipos de materiais comunicativos aos nossos públicos
(teatros de fantoches, declamações e sessões de leitura públicas,
espetáculos musicais, conferências, seminários, debates e exposições),
construídos pelas escolas e inseridos nos diferentes planos anuais de
atividades. Conseguimos também, o apoio de várias juntas de freguesia,
câmaras municipais, empresas e de um centro de formação de professores (
essencial para a credibilidade cientifica que alguma das nossas atividades
exigem no âmbito da formação de professores).
Palavras-chave:
O Núcleo de Estudos 25 de Abril NE25A
195
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.2. O direito da criança em ser indígena: vozes que ecoam suas
culturas da infância
Roberto Mubarac Sobrinho
Universidade do Estado do Amazonas
Resumo
O presente artigo consiste na apresentação dos resultados da pesquisa
realizada junto à comunidade indígena da etnia Sateré-Mawé – a partir de
uma inserção participante e de viés etnográficos em seus contextos
cotidianos. A comunidade pesquisada se localiza em uma área urbana na
cidade de Manaus, estado do Amazonas, Brasil, tendo como sujeitos um
grupo de 12 crianças entre 04 e 12 anos que durante 08 meses foram nossas
interlocutoras e nos evidenciaram, através de diversas linguagens, como
elas vivem e constroem suas culturas da infância, tendo tanto os elementos
tradicionais da cultura de seu povo quanto as diversas influências do meio
urbano, elencados nos seus jeitos de viver a infância. O texto reflete
juntamente com as crianças a importância da valorização da cultura SateréMawé através das brincadeiras, dos rituais, das músicas tradicionais e da
língua, e como neste entre-lugar – o espaço urbano – são construídas
estratégias para garantir seus jeitos” próprios de ser indígenas, de viver e
construir suas culturas da infância, de ser da etnia Sateré-Mawé e, ainda de
se relacionar com o mundo e a escola do branco. A pesquisa nos
demonstrou a importância de olhar e compreender a infância sob a ótica das
crianças Sateré-Mawé – entendendo que neste grupo indígena o conceito de
infância é bastante distinto dos conceitos veiculados nos espaços
acadêmicos – e o quanto, a partir desta compreensão, passamos a respeitar
o seu direito de ser criança. Não aquela criança que se enquadra nos
padrões das sociedades de consumo e que tem no brinquedo industrial e na
mídia, a definição da imagem de si mesma. Mas as crianças, que ao
valorizarem suas culturas, mostram-nos o quanto vale a pena ser diferente
196
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
num mundo que tanto impõe a padronização. Elas nos ensinaram que viver
a infância é uma atividade plena e que se constrói nas relações mais
intensas vividas no dia-a-dia. O desafio está lançado, o texto é um convite a
“entrarmos” nos seus mundos infantis.
Palavras-chave:
Infância; Cultura Sateré-Mawé; Crianças indígenas urbanas.
197
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.3. Trabalhar o género e a cidadania desde a educação pré-escolar:
fundamentos, objetivos e exemplos de práticas
Maria João Cardona
Instituto Politécnico de Santarém; Escola Superior de Educação
CIEd/Universidade do Minho
Marta Uva
Politécnico de Santarém – Escola Superior de Educação
Resumo
Na sequência da publicação dos guiões de educação Género e Cidadania na
Educação Pré-escolar e Género e Cidadania no 1º Ciclo do Ensino Básico ,
numa parceria entre a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género
(CIG) e a Direção Geral de Educação (DGE), têm sido organizadas várias
ações de formação para a sua divulgação e para a avaliação da sua
utilização pelos/pelas docentes. Estes guiões apresentam diferentes
situações e sugestões que pretendem fomentar um questionamento das
práticas educativas no sentido de promover uma maior intencionalidade
educativa no trabalho desenvolvido relativamente às questões de género,
numa perspetiva de educação para a cidadania desde a educação préescolar. Na sequência das práticas de formação realizadas, nesta
comunicação serão apresentados alguns exemplos de práticas de trabalho
resultantes da utilização destes guiões, analisando os aspetos mais
valorizados pelas educadoras e professoras, assim como as maiores
dificuldades sentidas na realização deste trabalho.
Palavras-chave:
Género; Cidadania; Igualdade
intencionalidade educativa.
de
198
oportunidades
e
participação
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.4. Parceria público-privada na educação em Rio do Sul- Santa
Catarina- Brasil: o projeto E-Culturas executado pelo Senac do
Rio do Sul nas escolas municipais da cidade Eli
Eli Lopes DaSilva
Senac Rio do Sul
Silvana PamplonaTrierweiler
Senac Rio do Sul
Resumo
Este artigo apresenta as ações do projeto e-Culturas viabilizado pela
parceria entre a Universidade de Jaén, o Senac de Rio do Sul e a Secretaria
Municipal de Educação. O objetivo é evidenciar como parcerias podem
modificar o ambiente escolar e permitir que seja construído o currículo em
ação. As tarefas ganham novas possibilidades pedagógicas, pela
intervenção dos gestores. Em 2013 participaram do projeto duas escolas e
em 2014 são sete. Argumentamos em favor da criação de parcerias públicoprivadas para inserção de projetos nas escolas públicas brasileiras, como
forma de melhorar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos por elas.
Palavras-chave:
Parceria Pública-Privada; Currículo em ação; Práticas pedagógicas.
199
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.5. Formação em Direitos Humanos na Educação Superior no Brasil
GiuseppeTosi
Universidade Federal Da Paraíba
Maria De Nazaré Zenaide
Universidade Federal Da Paraíba
Resumo
Trata-se da apresentação dos resultados da pesquisa sobre realizada pelo
Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB em 2011 com o apoio
da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil.
A pesquisa foi realizada em 54 Universidades públicas, federais e
estaduais, particulares e comunitárias através de formulários e de busca nos
sites da internet. O ensaio identifica três fases com relação à inserção dos
DH nas universidades: a transição democrática, a institucionalização dos
anos 90, e a expansão dos anos 2000. Em seguida, são apresentados vários
levantamentos da atuação institucional das IES em DH no campo do
ensino, da pesquisa e da extensão, divididos por: região, ordem
cronológica, tipo de órgão (núcleos, comissões, laboratórios, observatórios,
cátedras, etc...), com as respectivas vinculações institucionais e áreas de
conhecimento disciplinares (direito, sociologia, antropologia, educação,
serviço social, filosofia) e interdisciplinares e as redes e articulações
nacionais e internacionais. As linhas de pesquisa em direitos humanos dos
núcleos e programas de pós-graduação são reunidas ao redor de alguns
eixos temáticos: História, Memória e Verdade; Teorias dos Direitos
Humanos; Democracia e Direitos Humanos; Cultura e Educação em
Direitos Humanos; Instrumentos Jurídicos de Promoção dos Direitos
Humanos; Políticas Públicas em Direitos Humanos. A partir deste
levantamento são feitas algumas considerações sobre a proliferação das
demandas em direitos humanos e a definição mais precisa do que são os
direitos humanos. Finalmente, é realizado um levantamento do ensino dos
200
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
direitos humanos na pós-graduação lato sensu (cursos de especialização) e
stricto sensu (mestrados e doutorados) na área de direito e, mais
recentemente, na área interdisciplinar. A parte conclusiva da pesquisa
aponta para a internacionalização e a integração latino-americana, através
da criação de redes acadêmicas em Direitos Humanos. A pesquisa mostra,
entre outros aspetos, o processo de expansão quantitativo e qualitativo dos
direitos humanos no ensino superior e o seu caráter claramente
interdisciplinar.
Palavras-chave:
Educação em Direitos
Interdisciplinaridade.
Humanos;
201
Ensino
Superior
no
Brasil;
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.6. Cidadania e Direitos Humanos: Eixos Norteadores à
Reconfiguração da Prática Docente no Hospital
Lêda Vírginia Alves Moreno
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Regina Lúcia Giffoni Luz DeBrito
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Resumo
O estudo objetivou investigar o trabalho pedagógico no hospital a partir de
questões centrais como: cidadania, direitos humanos e a relação com a
epistemologia da prática docente. Mais especificamente, este estudo
centrou-se no propósito de investigar os professores pedagogos que atuam
com escolares internados na área da Oncologia Pediátrica de um hospital na
cidade de São Paulo, Brasil, considerando como eixos norteadores:
cidadania e direitos humanos relacionados à formação e prática docente. O
percurso metodológico baseou-se na pesquisa bibliográfica e documental
complementada por pesquisa qualitativa por meio de estudo de caso. À luz
dos referenciais de Bauman, Lévinas, Foucault, e de demais dados
levantados destacou-se o processo de constituição da condição docente no
âmbito hospitalar. Entre os dados conclusivos, este estudo pontuou que a
reconfiguração do trabalho pedagógico no hospital atrela-se à construção de
uma epistemologia da prática relacionada a ações integradoras e
interfaciadas que garantam aos escolares hospitalizados, efetivamente, sua
cidadania e o que têm por direito inalienável: a dignidade da vida humana.
Palavras-chave:
Cidadania;
Direitos
Humanos;
Hospitalizados; Prática pedagógica.
202
Formação
docente;
Escolares
71. CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E
INTERCULTURALIDADE
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.1. Encontros culturais para promoção da educação intercultural:
uma perspetiva comparatista
Margarida Morgado
IPCB
Resumo
A presente comunicação sugere que se explorem representações e
interpretações das profundas mudanças das sociedades atuais por
intermédio de uma forma cultural e literária específica: a ficção para
crianças e jovens a partir de um conjunto de dados de diversos países. Nas
suas formas popular, material e de consumo, esta literatura deve ser
analisada em função do seu potencial de impacto sobre a formação de
identidades e atitudes de crianças e jovens, sobretudo em tempos de
grandes convulsões e transformações sociais, como sejam as migrações e
mobilidades ou o tempo dedicado à comunicação e à vivência virtuais. A
ficção para crianças e jovens adultos, em particular aquela que recorre a
texto e imagem, não se mantém inalterada face aos contextos de mudança,
também ela se reinventa para oferecer novos modos de interpretação da
experiência humana; é o caso do romance gráfico ou do álbum ilustrado
para jovens adultos ou a experimentação com o álbum ilustrado infantil
produzido para públicos duais de adultos e crianças. Por outro lado,
qualquer interpretação que se possa fazer de um texto de ficção fica
também sujeita à análise das circunstâncias da sua leitura, das relações
entre público e texto, de contextos geopolíticos específicos, bem como das
expectativas, interesses e condições de mundovisão de leitores económica,
social e politicamente situados numa dado espaço/tempo. Será que ela se
altera em função das afiliações circunstanciais, de língua/território dos
jovens? Neste sentido, esta ficção constitui um artefacto cultural complexo,
ideal para trabalhar o conceito de ‘encontro cultural’, encontro entre
pessoas de culturas diferentes e a partir de leituras em contextos diversos, e
204
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
de educação intercultural, pois pode constituir um repositório de incidentes
diversos, na história e no espaço geográfico, que tanto se podem representar
como modos de encontro/conflito/resolução de conflito da humanidade
(supranacional), como podem ser lidos como representações de crenças,
valores e práticas culturais, espacial e historicamente situadas. A
comunicação apresentará exemplos de encontros culturais passíveis de
clarificar alguns aspetos das migrações atuais e dos encontros culturais
delas derivados, com o intuito de identificar o seu potencial educativo no
sentido da interculturalidade e apresentará sugestões de como desenvolver
o projeto em termos comparatistas.
Palavras-chave:
Educação intercultural comparada; Encontro cultural; Literatura para
jovens adultos.
205
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.2. Finding meaning in measurements of intercultural competences
María Del Carmen Arau Ribeiro
Instituto Politécnico da Guarda
Resumo
The panel will discuss the plausibility of both measuring Intercultural
Competence in its affective and ethical dimensions (cf. Sercu 2010) and
finding meaningful ways to use these instruments in the foreign language
classroom. A careful look at the most recent Intercultural Development
Inventory (IDI, Hammer et al. 2003), its partner Intercultural Development
Continuum, and IDI-Guided Development for study abroad programs
launched from the United States will establish its relevance for
ERASMUS+ programs in Europe. Both the quantitative and qualitative
assessment protocols will be reviewed and discussion will require an
incursion into influences on Hammer’s design (cf. Developmental Model of
Intercultural Sensitivity, Bennet 1986, 1993), which has been shown to
conflict with Byram’s (1997) Multimodal Model of Intercultural
Competence (Garrett-Rucks 2012), to better understand the new
contributions of the IDI beyond its web-based analytical systems. Other
measuring instruments (cf. Fantini 2006; Humphrey 2007) to be kept in
mind from the end of the millennium are Casse’s (1999) four-value
orientation exercise, Tucker’s (1999) Overseas Assignment Inventory, and
Kelley and Meyers’ (1999) Cross-Cultural Adaptability Inventory. The
Worldmindedness Scale and the Intercultural Anxiety scale (Hammer et al.
2003) as well as the Monolingual Mindset (Hammer 2012) with its relation
to the notion of subjective culture (Triandis 1994) will be debated to
determine its pertinence in pluricultural Europe. Additionally, the
Immersion Assumption and its assorted mechanisms will be examined.
Much like the Georgetown Consortium, which promotes cultural mentoring
(cf. Pederson 2010), this action-concept will be suggested as an important
206
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
function in higher education that aims to effectively promote intercultural
competence. The conclusion should rest upon the value of any of the
instruments in shifting cultural perspective and adapting behavior across
cultures for students, faculty, and administration in higher education.
Palavras-chave:
Intercultural Competence; Assessment Instruments; Higher Education;
ERASMUS; Teaching; Foreign Languages.
207
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.3. Estudo comparativo intercultural entre Freire e Dewey: o sul e o
norte nas matrizes «pós»coloniais das américas
Maria Manuela Guilherme
Centro de Estudos Sociais
Resumo
Esta comunicação pretende apresentar um estudo comparativo entre a obra
de John Dewey e a de Paulo Freire, sob uma perspectiva intercultural,
tendo em conta as tradições culturais e as matrizes (pós-)coloniais das
Américas, do Norte e do Sul. Começarei por examinar as diferenças
contextuais e epistemológicas, tendo em conta as diferenças epocais, as
respectivas matrizes coloniais, os fundamentos filosóficos e ideológicos de
cada autor e os correspondentes pressupostos pedagógicos. De seguida,
abordarei os pontos em comum entre as obras de ambos os autores,
nomeadamente sobre a relação entre teoria e prática, a natureza política da
educação, o papel do professor e o seu enfoque na educação para a
cidadania. Por fim, discutiremos as principais linhas de diálogo que
poderemos estabelecer entre os dois principais ideólogos da educação no
século XX, numa perspectiva intercultural. Aqui, deter-nos-emos na análise
do diálogo intercultural que se pode encetar entre os respectivos quadros
conceptuais, entre as suas abordagens às línguas e linguagens, os seus
diferentes entendimentos sobre a diversidade cultural e, por fim, as suas
particulares visões de futuro. Pretendendo esta comunicação apresentar um
olhar original sobre as obras tão estudadas dos dois maiores teóricos da
educação do século XX, uma que nos oferece o legado intelectual do Norte
para a educação política e a outra que nos apresenta a tradução do Sul para
uma pedagogia crítica, espera-se que gere uma discussão rica de ideias e
muito participada.
Palavras-chave:
Interculturality; (Post)colonialismo;
Comparative Education.
208
Paulo
Freire;
John
Dewey;
XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.4. De intercultural role of literature in foreign language teaching- a
comparative study (Portugal and Japan)
Mark Sawyer
Japan Kwansei Gakuin University, Japan
Ana Matos
Faculty of Social Sciences and Humanities/UNLisbon
Resumo
Nowadays the need to equip our students and citizens with competencies
which will enable them to mediate linguistic and cultural difference, at the
personal and professional level, is more pressing than ever, and foreign
language education has a special role to play in this area.
This presentation starts from the position that successful foreign language
education requires the use of meaningful, relevant, and challenging texts.
Arguments for the reading and study of literary texts often refer to two
fundamental goals of foreign language education: to develop a humanistic
dimension that includes the cultural facet of language and intercultural
competencies; and to promote critical thinking skills. Both of these goals
are encompassed in the concept of critical cultural awareness (CCA),
developed by Guilherme (2002, 2007, 2013). Moreover, literary texts offer
the opportunity to relate language with a meaningful context, to handle
ambiguity, paradox and other difficulties in building meaning.
In view of these considerations, Mark Sawyer, from Kwansei Gakuin
University in Japan, included an inquiry into the use of literary texts by
foreign language educators in his international comparative study on the
role of CCA in foreign language teaching.
This presentation will examine how foreign language teachers in Portugal
see a role for literature in developing critical cultural awareness. It will
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
focus on the preliminary results of interviews with 12 experienced
secondary English teachers, regarding how their English language teaching
practice includes the use of literary texts. Of special interest is how their
practices are compatible with the proposals in Matos’ (2012) Literary texts
and intercultural learning: Exploring new directions.
Since the first author of the study is based in Japan, the presentation will
conclude with a brief discussion of the next phase of the research, i.e. the
exploration of CCA in language teaching in East Asian contexts.
Palavras-chave:
Critical cultural awareness; Intercultural learning; Foreign language
education; Literary texts.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.5. Educação estética e artística em sistemas de ensino europeus:
análise comparativa
Raquel FilipaSantos Mateus
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Resumo
As artes constituem uma componente curricular fundamental no quadro de
uma educação escolar que vise o desenvolvimento alargado e equilibrado
das crianças e jovens, nas dimensões cognitiva, afetiva e motora. Tal como
outras componentes, convoca uma pluralidade de saberes, mas encontra
especificidade na integração de linguagens diferenciadas que facultam uma
visão do mundo que, não se sobrepondo às visões da ciência, da filosofia,
ou de outras, as complementam. Não obstante este reconhecimento nos
sistemas de ensino europeus, a sua concretização é frequentemente
secundarizada, tanto nas diretrizes e orientações oficiais, como nas práticas
escolares. Assim, é comum traduzir-se em atividades circunstanciais que
serve um objetivo tido por mais relevante: coadjuvar o ensino de “matérias
nucleares”, descontrair ou comemorar efemérides.
Nesta comunicação, apresenta-se uma análise comparativa da atual situação
da educação estética e artística nos primeiros anos de escolaridade em
alguns países europeus: Portugal, Holanda, Inglaterra e Finlândia. Trata-se
de uma análise que entra em linha de conta com os objetivos, os conteúdos,
as metodologias, e a carga horária atribuídos a esta área.
Palavras-chave:
Educação Estética e Artística; Primeiros Anos de Escolaridade; Análise
Comparativa; Países Europeus.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
70.6. Mediação de Conflitos: um exercício de cidadania
Elisabete Pinto da Costa
Instituto de Mediação da Universidade Lusófona do Porto
RenataTeles
Instituto de Mediação da Universidade Lusófona do Porto
Resumo
As competências cívicas são consideradas mais amplas do que as
competências interpessoais em virtude das exigências que a existência a
nível social implica. Contudo, importa cuidar das competências que
permitem ao indivíduo conquistar uma participação na vida social
propulsora de uma boa convivência.
As competências cívicas e interpessoais, assim imbricadas, adquirem-se em
distintos contextos, caso da escola, a primeira comunidade formal em que
todos convivem. Aí os indivíduos têm a possibilidade de aprender a
conviver e deparam-se com dificuldades inerentes à convivência,
manifestadas muitas vezes em conflitos.
Segundo o modelo de intervenção construtivista, as competências sociais
são nucleares à educação integral dos jovens. Tamanha aprendizagem
permite-lhes adquirir conhecimentos, treinar habilidades e fomentar
atitudes adequadas à vida em sociedade.
Neste contexto, a mediação de conflitos surge como uma metodologia
impulsionadora da cidadania, porquanto desperta nos indivíduos o cidadão,
ator capaz de agir na realidade que o rodeia.
Tendo por base as ideias expostas, pretende-se compreender a atuação de
um grupo de jovens na convivência entre pares, através da intervenção na
mediação de conflitos e acompanhamento na integração na escola.
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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação
Para o efeito, contamos com a participação de oito alunos mediadores, entre
os 15 e 20 anos de idade, que participam na equipa de mediação de uma
escola secundária do norte do país. Estes alunos tiveram formação e atuam
como mediadores junto dos seus pares. Já como alunos mediadores
padrinhos/madrinhas acompanham alunos que estão na escola pela primeira
vez.
Para a recolha de dados utilizou-se três de questionários: Ser mediador;
Realização de mediações; Atuação do mediador padrinho/madrinha. Os
questionários são compostos por questões fechadas, de escolha múltipla e
abertas, tendo sido preenchidos no início de uma reunião para troca de
vivências.
Para a análise dos dados e em função dos objetivos a prosseguir no estudo
utilizou-se uma metodologia mista, predominantemente qualitativa,
recorrendo análise de conteúdo.
Os resultados permitiram constatar que os alunos realizaram apenas
mediações informais, todos foram contactados para mediações e nem todos
são padrinhos/madrinhas. Disseram ser conhecidos como mediadores e têm
a perceção que são aceites. Manifestaram ainda que se sentem úteis,
confiantes e são respeitados no seu desempenho. As mediações foram
realizadas fora da sala de aula e ficaram resolvidas. Como mediadores
padrinhos/madrinhas sentem-se úteis e foram muito bem aceites,
considerando que o mais fácil foi a comunicação. Manifestaram ainda que
o papel de mediadores é útil pois ajuda-os a ter mais confiança em si
próprios.
Em suma, dia a dia assiste-se a uma nova forma de atuação dos jovens que
pugnam por agir de forma ativa na convivência cívica da sua escola.
Palavras-chave:
Convivência; Cidadania; Escola; Mediação de conflitos.
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