A emergência no ensino dos Desportos de Combate nas aulas de
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A emergência no ensino dos Desportos de Combate nas aulas de
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro 2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO A emergência do ensino dos Desportos de Combate nas aulas de Educação Física Miguel Ângelo de Almeida Lima Orientador: Professor Doutor Abel Figueiredo Vila Real, 24 de julho de 2012 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO 2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO A EMERGÊNCIA DO ENSINO DOS DESPORTOS DE COMBATE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA MIGUEL ÂNGELO DE ALMEIDA LIMA Orientador: Professor Doutor Abel Figueiredo VILA REAL, 2012 Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor Doutor Abel Figueiredo. Agradecimentos A realização deste estudo não seria possível sem a ajuda e apoio indispensáveis de algumas pessoas que estiveram sempre disponíveis a colaborar na elaboração do mesmo. Assim, deixo o meu profundo agradecimento às pessoas envolvidas: - Ao Doutor Abel Figueiredo, por tudo que ele significa para mim neste meu trajeto no mundo das artes marciais, meu mestre, meu parceiro de treino, meu conselheiro, meu amigo e pela sua superior orientação no decurso deste estudo; - Ao Dr. Bruno Rosa, por ter apoiado este trabalho indicando algumas das importantes fontes de informação, cujo apoio durante a fase de recolha bibliográfica me permitiu arrecadar um manancial de informação que em muito contribuiu para a execução da tese; - Aos meus pais, por todo o sacrifício que sempre fizeram para me tornarem um ser humano melhor, que me ensinaram a ser Homem, a honrar a palavra e a valorizar o trabalho, pelas palavras de incentivo e por todo o carinho e força que sempre me transmitiram, não só durante a realização deste trabalho, mas em toda a minha vida; - À minha companheira Rita e ao nosso filho Sebastião que conseguem fazer brilhar os meus olhos com o amor que nos une. Foram também eles que me deram a energia necessária nos momentos mais difíceis através do seu incentivo e força. - Aos meus amigos e colegas que me apoiaram em todos os momentos, com oportunas manifestações de companheirismo e de encorajamento. ix Resumo Analítico A prática dos desportos de combate, desde que bem orientada, assume uma utilidade educativa onde reúne um conjunto de oportunidades que contribuem para o desenvolvimento integral do aluno. Tendo em consideração o seu potencial pedagógico, é um instrumento de grande valor, nas mãos do professor, pela sua ação corporal exclusiva, pela sua natureza histórica, e também o seu rico acervo cultural. O presente estudo foi elaborado sob o tema ― A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física‖, e teve como objetivo, aferir qual a formação dos docentes nesta área e qual a importância que os mesmos dão à abordagem dos desportos de combate nas suas aulas. Neste trabalho a população foi caracterizada pelo conjunto dos professores de educação física das escolas do concelho de Viseu. O estudo teve um carácter exploratório onde foi utilizada uma abordagem qualitativa, através de um questionário fechado, pelos professores inquiridos. Dos 50 professores questionados, realçamos as seguintes conclusões: A grande maioria dos professores atribui um grau positivo de importância à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. No que respeita à formação destes, durante o percurso académico, constata-se que aproximadamente dois terços dos docentes adquiriram essas competências. As modalidades que mais lecionam, privilegiam em primeiro lugar, a abordagem da luta, seguido dos desportos de combate (de forma geral), aparecendo em terceiro lugar, o judo. Os principais motivos encontrados pelos professores para não abordarem os desportos de combate nas suas aulas de educação física, passam pela falta de domínio técnico dos docentes nas modalidades e também pelo facto de não fazerem parte do plano anual da disciplina na escola. Palavras-Chave: Desportos de Combate; Educação Física; Ensino x Abstract The practice of combat sports, if well guided, assumes an educational utility which brings together a range of opportunities that contribute to the development of the student in its whole. Taking into account their pedagogical value is a highly valuable instrument in the hands of the teacher, for his exclusive physical action, by its historical nature and also its rich and cultural heritage. The present study was organized under the theme "The surfacing of combat sports teaching in physical education classes," and aimed to assess which was the teachers‘ training in this area and what importance they give to the approach of fighting sports in their classes. In this study, population was characterized by the set of physical education teachers from schools belonging to the municipality of Viseu. The study had an exploratory character where was used a qualitative approach, through a closed survey, by the teachers inquired. Of the 50 teachers interviewed, we give emphasis to the following conclusions: Most teachers give a positive degree of importance to the approach of combat sports in physical education classes. Regarding their formation, during the academic path, it can be observed that approximately two thirds of teachers have acquired these formative skills. Among the modalities they teach the most, fight approach is privileged as the first choice, followed by combat sports (in general), and judo appears in third place. The main reasons established by teachers for not approaching combat sports in their physical education classes, go from the lack of technical expertise of teachers in the modalities, to the fact that these modalities are not part of the subject‘s annual planning at school. Keywords: Combat Sports; Physical Education; Teaching xi Índice Geral Agradecimentos ...................................................................................................... ix Resumo Analítico .................................................................................................... x Abstract .................................................................................................................. xi Índice Geral ........................................................................................................... xii Índice de Tabelas ................................................................................................... xv Índice de Figura .................................................................................................... xiii Índice de Apêndices ............................................................................................. xix Abreviaturas e Siglas ............................................................................................. xx Introdução ................................................................................................................ 1 PARTE I – ENQUADRAMENTO I CAPÍTULO – OS DESPORTOS DE COMBATE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................................. 7 1. Enquadramento Histórico .................................................................................... 7 2. Os Desportos de Combate nos programas de Educação Física ......................... 11 2.1. Análise crítica ao programa do 1ºciclo do ensino básico ............................... 11 2.2. Análise crítica ao programa do 2ºciclo do ensino básico ............................... 13 2.3. Análise crítica ao programa do 3ºciclo do ensino básico ............................... 14 2.4. Análise crítica ao programa do ensino secundário ......................................... 15 2.5. Comentário crítico aos programas .................................................................. 15 3. A Formação de Professores ............................................................................... 17 4. Sistematização dos Desportos de Combate ....................................................... 21 5. Os Desportos de Combate no contexto escolar ................................................. 27 xii 6. Um desporto completo ...................................................................................... 38 6.1. Vantagens da sua prática ................................................................................ 42 PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO II CAPÍTULO – PROBLEMÁTICA DO ESTUDO ............................................. 49 1. Formulação do Problema................................................................................... 49 2. Definição dos Objetivos .................................................................................... 49 3. Operacionalização das Variáveis ....................................................................... 50 3.1. Variável Dependente ...................................................................................... 50 3.2. Variáveis Independentes................................................................................. 50 3.3. Variáveis Moderadoras................................................................................... 52 4. Formulação das Hipóteses ................................................................................. 53 III CAPÍTULO – METODOLOGIA ..................................................................... 55 1. Tipo de estudo ................................................................................................... 55 2. Procedimentos ................................................................................................... 55 3. Instrumento de Recolha de Dados ..................................................................... 56 3.1. Estrutura do Questionário ............................................................................... 56 3.2. Validação do Questionário ............................................................................. 57 4. Amostragem ...................................................................................................... 57 IV CAPÍTULO – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .... 59 Introdução .............................................................................................................. 59 1. Análise Descritiva ............................................................................................. 59 1.1. Variáveis Sociodemográficas ......................................................................... 59 1.2. Caracterização da organização da abordagem dos desportos de combate ..... 62 1.3. Caracterização da valorização da abordagem dos desportos de combate ...... 67 1.4. Caracterização da formação na abordagem dos desportos de combate .......... 70 xiii 2. Análise Inferencial ............................................................................................ 73 2.1. Teste de Hipóteses .......................................................................................... 74 H01: Não existem diferenças significativas na importância que atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função das variáveis sociodemográficas. ........................................................ 74 H02: Não existem diferenças significativas na importância que atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da prática dos desportos de combate. .................................................. 77 H03: Não existem diferenças significativas na importância que atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da formação específica em desportos de combate. .............................. 78 H04: Não existem diferenças significativas nas razões apontadas pelos professores face à importância que atribuem ao ensino dos DC nas aulas de educação física ...................................................................................................... 81 Conclusões............................................................................................................. 83 Bibliografia ............................................................................................................ 87 APÊNDICES ......................................................................................................... 95 xiv Índice de Tabelas Tabela 1. Programa de educação física desde 2001. ............................................. 15 Tabela 2. Desportos de Combate abordados nos estabelecimentos de ensino superior .................................................................................................................. 20 Tabela 3. Integração dos dois sistemas de classificação das AFDC. .................... 22 Tabela 4. Integração dos Desportos de Combate no sistema desportivo. ............. 23 Tabela 5. Domínio Taxonómico dos Desportos de Combate. ............................... 24 Tabela 6. Classificação das Lutas por Espartero (1999). ...................................... 26 Tabela 7. Habilitações dos professores ................................................................. 58 Tabela 8. Escolas envolvidas................................................................................. 58 Tabela 9. Distribuição do género. ......................................................................... 60 Tabela 10. Distribuição das classes de idade. ....................................................... 60 Tabela 11. Anos que lecionam .............................................................................. 60 Tabela 12. Tempo de serviço dos professores ....................................................... 61 Tabela 13. Instituições de formação inicial ........................................................... 61 Tabela 14.Abordagem dos DC nas aulas de educação física ................................ 62 Tabela 15. Quais as modalidades leccionadas nas aulas de educação física ......... 63 Tabela 16. Razões para não abordar os DC nas aulas de educação física ............. 63 Tabela 17. Integração dos DC no programa anual da disciplina. .......................... 64 Tabela 18. Ciclos de ensino onde os DC integram os programas da disciplina. ... 65 Tabela 19. Ciclos de ensino da preferência dos professores para abordar os DC . 65 Tabela 20. Duração da leccionação dos DC nas aulas de educação física ............ 65 xv Tabela 21. Dificuldades no caso de lecionar DC nas aulas de educação física. ... 66 Tabela 22. Gosto pelos desportos de combate ...................................................... 67 Tabela 23. Influência da abordagem dos DC, pelo facto de gostar ou não gostar. 67 Tabela 24. Concordância com a leccionação dos DC nas aulas de educação física ............................................................................................................................... 68 Tabela 25. Importância dos DC nas aulas de educação física ............................... 68 Tabela 26. Fundamentação da importância da abordagem dos DC ...................... 69 Tabela 27. Formação em DC durante o percurso académico ................................ 70 Tabela 28. Modalidades onde os professores têm formação ................................. 70 Tabela 29.Duração da formação nas modalidades ................................................ 71 Tabela 30. Formação de treinador como praticante .............................................. 71 Tabela 31. Pratica ou praticou DC. ....................................................................... 72 Tabela 32. Contexto institucional da prática dos DC. ........................................... 72 Tabela 33. Razões para não ter praticado DC. ...................................................... 73 Tabela 34. Teste de normalidade para as variáveis independentes e moderadoras ............................................................................................................................... 74 Tabela 35. Testes não paramétricos relativos ao género ....................................... 75 Tabela 36. Testes não paramétricos respeitantes à idade ...................................... 75 Tabela 37. Testes não paramétricos respeitantes aos anos de escolaridade que os professores lecionam ............................................................................................. 76 Tabela 38. Testes não paramétricos relativos ao tempo de serviço ....................... 76 Tabela 39. Testes não paramétricos referentes à formação na universidade/instituto politécnico.......................................................................... 77 Tabela 40. Testes não paramétricos referentes à prática ou não, dos DC ............. 77 Tabela 41. Testes não paramétricos referentes à formação específica em DC no percurso académico ............................................................................................... 78 Tabela 42. Testes não paramétricos referentes à formação específica em DC no percurso académico - modalidades........................................................................ 79 xvi Tabela 43. Testes não paramétricos referentes à formação específica em DC no percurso académico - duração ............................................................................... 80 Tabela 44. Testes não paramétricos referentes à formação específica como treinador................................................................................................................. 81 Tabela 45. Teste de X2 para comparar o nível de importância atribuído à abordagem dos DC nas aulas de EF com os motivos da escolha. ......................... 81 xvii Índice de Figura Figura 1. Adaptado de Kenji Tokitsu (1979). ....................................................... 24 Figura 2. Proposta para uma abordagem aos desportos de combate ..................... 30 Figura 3. Adaptado de Bompa (1990). .................................................................. 41 Figura 4. Adaptado de Figueiredo (1996). ............................................................ 42 xiii Índice de Apêndices Apêndice 1. Questionário. ..................................................................................... 97 xix Abreviaturas e Siglas (DC) Desportos de Combate (EF) Educação Física (CEB) Ciclo do ensino básico. (PNEF) Programa Nacional de Educação Física (JPP) Jogo do Pau Português (AFDC) Atividades físico desportivas de combate (cf.) Conforme. (N) Frequências absolutas. (SPSS) Statistical Package for Social Sciences. (%) Frequências relativas. ( X ) Média. (dp) Desvio padrão. xx Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário ____________________________________________________________________________________ Introdução Falarmos de ensino, neste caso particular dos desportos de combate (DC) nas aulas de educação física (EF), remete-nos, naturalmente, a falarmos de aprendizagem, pelo que o objetivo do ensino promovido pelo professor não pode nunca dissociar-se da aprendizagem protagonizada pelos alunos. De acordo com Grosser e Neumaier (1986), citados por Gonçalves (2005, p.4) ―a aprendizagem surge de uma série de trocas, modificações ou transformações que têm lugar no ser humano através das experiências‖. As intenções organizadas de promover a aprendizagem dos alunos através de situações experienciais específicas são uma preocupação relevante, principalmente em conteúdos com complexidades intrínsecas muito próprias. Figueiredo (1995, p.I) destaca que ―abordar os desportos de combate nas aulas de educação física não pressupõe, necessariamente, um conhecimento profundo das diversas modalidades‖. Segundo o mesmo autor, o interesse de uma abordagem eclética e inclusiva em detrimento de um ensino reducionista e elitista, assume uma relevância fundamental no desenvolvimento completo da criança/jovem. Na esteira deste autor, numa primeira abordagem de ensino nas aulas ecléticas de Educação Física, a terminologia utilizada pelo professor deverá ser simplista, sem introduzir precocemente o conceito de ―desportos de combate‖, mas utilizando jogos duais de distância, toques, desequilíbrios e imobilizações para estimular a etapa seguinte do grupo específico dessas tarefas em torno dos desportos de combate, complexificando as tarefas para desenvolver técnicas corporais ecléticas aos jogos de combate: deslocamentos, guardas, socos, pontapés, bloqueios, derivações, esquivas, pegas, projeções, imobilizações, chaves e estrangulamentos. ____________________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 1 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário ____________________________________________________________________________________ Na escola interessa valorizar a sociabilização dos alunos, nomeadamente nas aulas de educação física. Neste ponto, os desportos de combate assumem um papel preponderante, uma vez que através do cerimonial da saudação incute um sentido de respeito mútuo pela integridade física do parceiro. Todo este processo respeitoso vai facilitar a integração da criança, não só nas outras atividades da aula, mas também no relacionamento com os outros fora do contexto sala de aula. O âmago dos desportos de combate e o seu desenvolvimento nas escolas depende, essencialmente, do modo como o professor leciona, transmitindo os conteúdos, que embora pertinentes para os especialistas de cada uma das várias modalidades, não o são para a maioria dos professores de educação física. É nossa convicção que a maioria dos professores não aborda os desportos de combate nas aulas de educação física. Vários estudos em Portugal identificam esta falta de abordagem, seja no continente (Figueiredo, 1997; 1998) seja na Região autónoma da Madeira (Vasconcelos, 2006; Camacho, 2007). Mas esta situação é generalizada a vários países como ficou evidente no recente estudo de Gomes e Avelar-Rosa (2012) que cita os seguintes exemplos de estudos identificadores dessa fragilidade pela não abordagem real aos Desportos de Combate nas aulas de Educação Física em países como Portugal, Espanha, França e Brasil: Figueiredo, 1998; Brousse et al., 1999; Espartero et al., 2001; Villamón et al., 2001; Gutiérrez et al., 2003; Espartero & Gutiérrez, 2004; Vasconcelos, 2006; Camacho, 2007; Ramon, 2007; Nascimento & Almeida, 2007; Robles, 2008; Santos et al., 2010; Silva & Souza, 2010; Vieira et al., 2011; Passos-Santos et al., 2011; Estevan et al., 2011; Ruiz et al., 2011. (Avelar-Rosa; 2012, p. 15) Para Figueiredo (1998, p.1) ―esse afastamento deve-se, por um lado, a um desconhecimento preciso dos conteúdos respetivos, o que dificulta a intervenção didática e pedagógica, e, especialmente a um desconhecimento das suas imensas potencialidades para o desenvolvimento sócioafectivo, e percetivo-motor da criança. Por outro lado, existe ainda a falsa crença de que este tipo de atividades implica um material muito específico‖. ____________________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 2 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário ____________________________________________________________________________________ A nossa investigação situa-se no estudo do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, no contexto escolar. Este foi um dos principais fundamentos que nos levaram à preferência deste tema e consequentemente à realização deste trabalho de investigação, de forma a determinar o grau de formação dos professores de educação física das escolas do concelho de Viseu. O presente trabalho está dividido em 5 capítulos fulcrais: Capítulo I – Os desportos de combate nas aulas de educação física; Capítulo II – Problemática do estudo; Capítulo III – Metodologia; Capítulo IV – Apresentação e discussão dos resultados. No final apresentamos as conclusões, as referências bibliográficas e os anexos. ____________________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 3 PARTE I – ENQUADRAMENTO Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ I CAPÍTULO – OS DESPORTOS DE COMBATE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1. Enquadramento Histórico Falarmos sobre um enquadramento histórico dos desportos de combate, remetenos a uma viagem através dos tempos, que nos permitirá refletir sobre a forma como o conhecimento, as técnicas, foram transmitidas ao longo dos tempos, tendo em conta o processo evolutivo, fruto de relações sucessivas e de encontros de diferentes culturas que mutuamente se enriqueceram (Dias, 2005). Desde a história da humanidade, o homem movimentou-se em busca de alimentos para também assegurar a sua própria sobrevivência (Ramos, 1992) sendo que o uso do corpo como arma através da luta é uma manifestação tão antiga como o homem. Pode considerar-se que o confronto físico faz parte da atividade da espécie humana e portanto a sua origem perde-se no tempo. Para Figueiredo (1995), os desportos de combate tiveram origem em culturas medievais, ou em culturas idênticas. A essência do desporto e das artes marciais, reside no facto de serem atividades humanas para servirem o seu promotor: o ser humano. São atividades que estimulam os padrões bio-psico-socio-axiológicos, que entrelaçam com fenómenos culturais indiscutíveis cujo princípio, como sabemos, está marcada por determinadas formas de pensar, sentir e agir em determinado tempo, espaço e referencial, e onde se podem reconhecer normas, valores e símbolos característicos e seus caracterizadores. (Figueiredo, 2002). Os primeiros indicadores do uso pelo homem de algumas formas primitivas de sistemas de luta data de três a quatro mil anos a.C., a partir daí, poderemos afirmar que praticamente todos os povos da remota antiguidade já praticavam alguma forma de luta desportiva ou guerreira. Foram os hindus, os chineses, os povos da Europa, das _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 7 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Américas e da Ásia, inclusive do Japão onde, segundo alguns historiadores, algumas formas de lutas já eram conhecidas a cerca de dois mil anos a.C. De acordo com Reid e Croucher (2003), citados por Ferreira (2006, p.38), histórias sobre lutadores são transmitidas de gerações a gerações. Textos bíblicos já comentam confrontos entre oponentes. ―Desde as épocas antigas temos registo de lutas a dois. A história de Davi, que matou Golias com uma pedra atirada por uma funda, é uma das descrições mais detalhadas (...) com sua arma simples, Davi foi capaz de obter uma precisão comparada à de um samurai quando dá um golpe com sua espada (...). ― A origem dos desportos de combate e das artes marciais continua a ser um mistério nos dias de hoje. Nos primeiros jogos olímpicos da era antiga, os gregos tinham uma forma caraterística de combater que ficou conhecida como pancrácio. Também os gladiadores romanos, já naquela época, faziam a utilização de técnicas de combate de um contra um. No oriente, nomeadamente, na China e na Índia, surgiram os primeiros indícios de formas organizadas de combate. A história das formas de combate ou das artes marciais é um processo muito difícil de perceber, existem poucos registos documentados, os antigos mestres não repassavam seus conhecimentos facilmente, as tradições eram passadas de forma oral, de mestre para discípulo. Alves Jr. (2001), referido por Ferreira (2006, p. 38), considera que existem vários registos consideráveis nas diferentes civilizações até aos nossos tempos. Assegura que os Sumérios deixaram imagens de três duplas de lutadores, representando diversas fases de uma luta entre os anos 3000 e 1500 AC. Outras provas de práticas de lutas, foram igualmente encontradas noutras culturas, como as gravuras da tumba egípcia em Beni Hassan, como também na Grécia, na ilha de Creta, por volta de 2000 a.C. Algumas informações levam-nos a crer que os sistemas de lutas chegaram à China e a Índia no século V a.C., através do comércio marítimo. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 8 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Ainda fazendo referência a Reid e Croucher (2003) citados por Ferreira (2006, p.38), muitos artistas marciais consideram a China como o berço desta cultura: (...) um monge indiano chamado Bodhidharma chegou certo dia ao templo e mosteiro de Songshan Shaolin, na China, onde passou a ensinar um tipo novo e mais direto de Budismo, que envolvia longos períodos de estática (...) para ajudá-los a aguentar as longas horas de meditação, ensinou-lhes técnicas de respiração e exercícios para desenvolver a força e a capacidade de defender-se na remota e montanhosa região onde residiam. A filosofia do budismo influenciou profundamente os sistemas de lutas de todo o oriente, principalmente a China, Coreia, Japão, Índia e os países do Sudeste Asiático, permitindo assim, que as técnicas de luta se multiplicassem pelo oriente. Há relatos de que os monges nos seus antigos templos desenvolviam técnicas de luta sem armas, objetivando a saúde e a autodefesa. Para (Sasaki, 1989), estes exercícios eram muito penosos do ponto de vista físico e mental onde o objetivo seria promover a paz de espírito e a verdade religiosa. No oriente é que se tem os primeiros indícios do surgimento das artes marciais, acredita-se que as técnicas de defesa e ataque tiveram origem partindo da necessidade de sobrevivência e obtenção de alimentos. Deve ser ressaltado que neste período surgem os lutadores sábios e suas estratégias militares, são exemplos Sun Tzu, um general de guerra chinês e Miyamoto Musashi, o mais famoso dos samurais do antigo Japão. Ambos escreveram clássicos da arte da guerra. Estes clássicos são utilizados até os dias de hoje por empresários e empreendedores. Também pela sua importância, os livros de Sun Tzu, ―A Arte da Guerra‖, e de Musashi, ―O livro dos Cinco Anéis‖, foram adotados como leitura obrigatória na escola de administração de empresas da Universidade de Harvard. Após o século XIV, os europeus começaram as expansões e descobertas de territórios. Neste período, tiveram contato com a cultura e com os povos destes países. Apenas em 1900, dois ou três ingleses e outros tantos norte-americanos, começaram a aprender judo e outras artes marciais japonesas. Após 1945, os nortes americanos que _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 9 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ estavam em serviço no Japão disseminaram as lutas do oriente no mundo ocidental (Reid & Croucher, 2003). Almada (1984), afirma que os desportos de combate têm um passado de séculos. As descontinuidades que a história apresenta no tempo e no espaço incompatibilizam a linearidade que simplificaria a exposição de definir uma época para o seu aparecimento ou para o seu apogeu. No entanto, é possível definir as condições socioculturais mais propícias ao seu desenvolvimento e localizá-las no tempo. Segundo o autor, julga-se que esse desenvolvimento se deu na Europa, por volta dos séculos XII ou XIII quando se realizava um reordenamento territorial, na fase final de todo um processo resultante da desagregação do Império Carolíngio e de uma aceleração da evolução económica. Embora seja difícil generalizar, atendendo à grande diversidade de situações, quer no espaço quer no tempo, que gerou estruturas tão diferentes como por exemplo as existentes na região do Loire e do Reno, as «feudalidades de importação» da Inglaterra ou a situação difusa da Península Ibérica ligada às relações com a civilização árabe, podemos no entanto apreender uma forma de estar que se vai naturalmente transformando. As transformações sociais, económicas, tecnológicas, filosóficas, conduzem o europeu para outros espaços de comunicação, outros valores, outras necessidades, outras preocupações. O indivíduo passa a ser cada vez mais integrado no grupo e a necessidade de colaborar leva a um aumento das convenções. Pouco a pouco é trilhado o caminho que levará a revolução industrial e as condições que levaram ao aparecimento das formas primitivas, que mais tarde se chamará de desporto de combate, vão desaparecendo. Para Almada (1984), no Oriente a evolução é semelhante à que se sucedeu nas culturas Ocidentais, mas ainda mais dispersa no tempo. O Japão fechado em relação ao mundo exterior até meados do século passado mantém até esta altura condições idênticas às da Europa na Idade Média, agravadas pela pequenez do espaço em que se desenvolveram e pela inexistência de um inimigo exterior visto que para além de ser uma ilha as condições climatéricas, com os seus famosos tufões, sempre destruíram as veleidades de grandes empreendimentos guerreiros quer num sentido quer no outro. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 10 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Na China, já existiam há muito condições socioculturais diferentes. Tendo atingido uma idade de ouro no período T´ang, a estruturação social com o confucionismo e a sua complementaridade o taoismo, o carácter gregário e de massas da guerra abafam o guerreiro independente e livre na tática e na logística fazendo com que as formas de combate individual venham imbuídas de um espírito diferente e mais como consequência de atividades que visavam outros objetivos tais como o tai-chi. A Ásia Central e o Norte de África são também zonas importantes a ter em conta, porém, o seu apagamento atual e o desconhecimento geral da sua história devido aos problemas de adaptação que os fenómenos de aculturação levantam, levam a prescindir de as utilizar como exemplos (Almada, 1984). 2. Os Desportos de Combate nos programas de Educação Física O Programa Nacional de Educação Física (PNEF), é um projeto curricular que apresenta um quadro, de alguma forma, detalhado das diferentes modalidades nucleares e alternativas para a prática na Educação Física, o que faculta aos professores escolher um conjunto de metas e atividades apropriadas para que os alunos adquiram os objetivos do Ciclo. A educação física que queremos é a de qualidade e, como tal, a diversidade é um ponto fundamental para se conseguir esta finalidade. ―Na diversidade, valoriza-se a dimensão das múltiplas leituras da realidade e a consequente ampliação das possibilidades de comunicação e de relacionamento entre as pessoas,‖ (Ferreira, 2006, p.1). Neste contexto, os desportos de combate assumem capital importância uma vez que têm características únicas onde enaltecem a relação com o parceiro. 2.1. Análise crítica ao programa do 1ºciclo do ensino básico Neste ciclo de ensino, a Expressão e Educação Físico-Motora, não comtempla qualquer referência específica aos desportos de combate nem tão pouco, à aplicação das modalidades como a luta, judo, jogo do pau ou outras. Os desportos de combate não são abordados diretamente, mas existem aspetos pertinentes, como alguns conteúdos referentes a alguns blocos. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 11 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Nos objetivos gerais do programa, os primeiros três pontos, são comuns a todos os blocos de atividades do 1º Ciclo do Ensino Básico, estes, estão também presentes nos objetivos que caracterizam os desportos de combate. No entanto, salientamos o ponto dois, onde se refere o ―Cooperar com os companheiros nos jogos e exercícios, compreendendo e aplicando as regras combinadas na turma, bem como os princípios de cordialidade e respeito na relação com os colegas e o professor‖. Este ponto remete-nos, claramente, segundo Figueiredo (1998, p.36), para uma perspetiva dos desportos de combate, onde elogiam a necessidade de estimular de forma correta a dimensão axiológica do Homem contemporâneo, o que é perfeitamente assumido em conteúdos específicos dos desportos de combate nos ciclos seguintes. Segundo o mesmo autor, citando Louka (1990), realça o facto de que existe uma sensibilidade generalizada para com as noções fundamentais de respeito, de rigor, de mestria e de coragem e, quanto a ele, o elemento ético é fundamental nos desportos de combate No bloco 4, referente aos Jogos, são apresentadas algumas características, que estarão relacionadas com os desportos de combate, no que respeita, à dualidade, responsabilidade e tipo de tarefa. Poderemos dar como exemplo, o jogo do ―Puxa e Empurra‖, cujo primeiro objetivo esclarece um dos conteúdos fundamentais dos desportos de combate como matéria de ensino: ―Respeitar as regras de segurança estabelecidas e a integridade física do parceiro, mesmo à custa da sua vantagem‖ trata-se de um objetivo claramente direcionador da gestão do fator psicológico no treino em educação física e desporto, (Figueiredo 1998, p.36). Relativamente a este jogo de Puxa e Empurra, há fatores de treino de base como a técnica e tática do jogo. No primeiro, enaltecemos a sua forma ofensiva, ―…puxando-o ou empurrando-o diretamente ou em rotação, pelos braços e ou tronco...‖, e defensiva ―... esquivando-se às ações do parceiro, aproveitando para passar ao ataque.‖. Relativamente á gestão tática, tentar procurar mecanismos de rentabilizar as ações de forma a concretizar os objetivos do jogo. Ofensivamente, ―…colocar o parceiro fora dos limites de um quadrado ou círculo... aproveitando a ação do oponente‖ e defensivamente ―Evitar ser colocado fora do quadrado ou círculo...‖ _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 12 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Existem, nos programas, muitas outras situações que têm coerência com algumas tarefas típicas dos desportos de combate, como alguns exercícios propostos no bloco das ―Perícias e Manipulações‖, ―Lançar uma bola em precisão a um alvo fixo, por baixo e por cima…‖ poderá perfeitamente cumprir, com algumas adaptações, ao desenvolvimento técnico do ―tsuki‖ (soco) ou até mesmo no bloco dos ―Deslocamentos e Desequilíbrios onde Figueiredo (1998) dá como exemplo, a queda na patinagem remetendo-nos para as quedas nos jogos de desequilíbrio antecedentes das projeções, e como é o caso do jogo da rolha (caçador, fugitivo), do ―bitoque‖ (dois toques), nas coxas ou cintura do adversário de forma a obrigá-lo a largar a bola de râguebi, ou mesmo, embora já em menor grau, no jogo do mata. 2.2. Análise crítica ao programa do 2ºciclo do ensino básico Os desportos de combate neste ciclo de ensino, já são referenciados, concretamente no que respeita às modalidades, como a luta, (matéria nuclear), o jogo do pau (jogo tradicional), e o judo como matérias alternativas. As modalidades são enunciadas no programa de uma forma específica, sendo apresentadas de forma seletiva com terminologias próprias o que poderá contribuir para um afastamento dos docentes na sua abordagem. Temos no 5ºe 6º ano a luta como matéria nuclear, com respetivamente, nível introdutório e conclusão de nível introdutório. Poderemos perceber que já nos objetivos gerais de ciclo a luta apela para a importância dos valores axiológicos e éticos, quando referencia ―...respeito pelos seus companheiros, quer no papel de parceiros quer no de adversários‖. Para Rosa et al (2005, p.23) a luta, além de agregar os princípios expressos no primeiro ciclo, ao fazer referência a objetivos de ―utilizar técnicas fundamentais de controlo e desequilíbrio, com segurança (própria e do opositor), aplicando as regras e os princípios éticos‖, surge como ―etapa de maior complexidade dos jogos de oposição e baseando opções dos alunos pela prática dos desportos ou jogos tradicionais de combate no que diz respeito a atitudes, organização e aptidão técnico tática‖. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 13 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Para Figueiredo (1998, p.37) O Jogo do Pau ―merece ser um verdadeiro complemento à Luta ou ao Judo‖. ―Se as situações características destes últimos apelam ao trabalho em distâncias muito curtas (desde o agarrar ao imobilizar), as situações de Jogo do Pau, largando a natureza inerente do Judo e da Luta, apelam a distâncias muito longas. Entre estes extremos, no entanto, faltam as situações de curta e média distância (toque com braços e pernas), e mesmo de longa distância sem armas (jogos de distância preparatórias da aproximação.) ‖Depreende-se neste sentimento que o autor denuncia nos programas a ausência de modalidades com características comparáveis com o karaté, taekwondo, etc. 2.3. Análise crítica ao programa do 3ºciclo do ensino básico No terceiro ciclo, as três modalidades, são matérias de ensino alternativas, onde é visível uma maior complexidade na abordagem dos desportos de combate. Relativamente à luta, esta passa para nível elementar, numa primeira fase, culminando em nível avançado. Nota-se aqui uma preocupação de manter alguma coerência com o ciclo anterior, uma vez que este, se reportava unicamente á introdução da modalidade. O judo, por sua vez, em parceria com o jogo do pau, mantém os três níveis de desenvolvimento (introdutório, elementar e avançado), á semelhança do que acontecia no ciclo anterior, contudo, parece-nos mais uma vez, que existe congruência com um ensino apostado na gradual complexificação das tarefas de aprendizagem. Todavia, qualquer uma das três poderá atingir o nível Avançado, sendo que na luta e no judo é dada a possibilidade de arbitragem ― … significado das ações e sinais de arbitragem, adequando a sua atuação a esse conhecimento enquanto praticante, marcador e cronometrista, e árbitro de tapete‖., hetero-correção, e de procura de situações explícitas de vantagem, ―cria e aproveita situações de vantagem nítida, executando com correção e eficácia as técnicas de…‖. No jogo do pau, já nos remete para um enquadramento histórico da modalidade, ―Conhece a origem cultural e histórica do jogo do pau português…‖ _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 14 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ 2.4. Análise crítica ao programa do ensino secundário No caso do ensino secundário, o programa relativo aos desportos de combate mantém-se sem alterações, em relação ao do ciclo anterior. Contudo, no 10ºano, não encontramos quaisquer referências às modalidades de combate. Estas, só aparecem nos programas do 11º e 12ºanos. Esta situação, é justificada, ―considera-se que no 10ºano interessa consolidar e, eventualmente, completar a formação diversificada do ensino básico‖,‖ … este é um ano em que se mantêm os objetivos do 9ºano‖. Também os objetivos gerais e a terminologia técnica que cada uma das disciplinas sugere, não sofrem alterações. Luta, judo e jogo do pau continuam como matérias alternativas e com as mesmas possibilidades de desenvolvimento: A luta aborda os níveis elementar e avançado, enquanto o judo e o jogo do pau mantém a abordagem segundo os níveis introdutórios, elementar e avançado. Tabela 1. Programa de educação física desde 2001. Ciclos de Ensino Níveis Nuclear Jogo puxa/empurra 1º ciclo Quedas Introdução Luta 2 ciclo Elementar Avançado Introdução 3ºciclo Elementar Avançado Introdução Secundário Elementar Avançado - Alternativo Ausente - Desportos de combate Judo; J. Pau Judo; J. Pau Judo; J. Pau Judo; J. Pau Luta; Judo; J. Pau Luta; Judo; J. Pau Judo; J. Pau Luta; Judo; J. Pau Luta; Judo; J. Pau Luta Luta Luta Luta - Fonte: adaptado de Figueiredo (1997), revista Horizonte, Vol. XIV 2.5. Comentário crítico aos programas O último programa de (2001) apresenta, relativamente ao anterior (1991) uma melhoria significativa. Podemos verificar, que a grande alteração se produziu, na luta, com a sua inclusão como matéria alternativa no 3º ciclo, onde não estava contemplada, apesar de o estar no 2º ciclo, como nuclear, e no secundário como alternativa. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 15 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Segundo Lima (1997), a não representação de nenhuma modalidade dos desportos de combate de percussão sem instrumento nos atuais programas, representa uma lacuna importante na concretização da função que estes desportos de percussão têm como reguladores sociais da violência gratuita veiculada socialmente por múltiplos jogos de lazer, vídeo filmes, cinema pela própria comunicação social. Contudo, este autor aponta algumas restrições quando refere que a existência da percussão implica a aplicação de normas que condicionam o natural desenrolar das ações atacantes para que a segurança do defensor seja garantida, sendo em consequência, solicitada a capacidade de abstração para análise do combate de percussão. Diz ainda que, o combate fica pouco atrativo para os escalões mais jovens devido, por um lado, à existência de situações de menor índice de concretização prática que implicam uma abstração tanto mais desmotivante quanto menor a idade, por outro, à capacidade de abstração ser indiretamente proporcional ao prazer lúdico. O autor defende, que estes desportos, quando bem orientados e com os benefícios naturais que a prática desportiva protagoniza, assumem um importante papel educativo, ao viabilizarem o desenvolvimento de elevados níveis de autodomínio e de estabilidade psíquica. Sustenta que a presença nos programas e sua utilização deverá ser apenas a partir do ensino secundário. Figueiredo (1998, p.39) refere, relativamente à exclusão dos desportos de combate de percussão sem armas, serem estes, ―aqueles que os ―filmes‖ e ―jogos eletrónicos‖ mais exploram pela sua natureza expressiva, ficando sem enquadramento pedagógico adequado na instituição escola que continuamente compete com currículos paralelos.‖ Apontamos como grande lacuna, o facto de, no primeiro ciclo, não existir a nomenclatura de ―desportos de combate‖, o que faz com que a sua abordagem fique condicionada, remetendo para o professor e para a escola a preferência da utilização dos princípios primários destes desportos. Outro aspeto que poderá levar ao afastamento dos professores a lecionar os DC nas suas aulas de EF, será com certeza, a terminologia adotada pelos PNEF, que na nossa opinião, se trata de uma linguagem pouco esclarecedora, muito específica e técnica, que não estará ao alcance interpretativo de todos os professores. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 16 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ 3. A Formação de Professores A problemática que envolve a formação inicial de professores foi muito debatida na década de setenta e oitenta. A partir destes anos, efetuou-se uma generalização gradual dos cursos de formação de professores, pressupondo-se que as instituições de ensino superior, enquanto entidades responsáveis pela orientação e preparação de futuros professores, iriam introduzir mudanças não só na sua organização, como nas escolas que aceitarem colaborar na formação prática dos professores em formação inicial, nomeadamente no seu acompanhamento por parte do orientador. A década de noventa, foi dedicada à formação contínua e formação especializada. Na atual década volta a questionar-se sobre a formação inicial de professores, agora ―à luz da experiência adquirida na formação contínua e especializada‖ (Formosinho, 2001). A formação inicial dos professores, assume primordial importância, pois neste processo deve ocorrer uma preparação para uma adequada conceção da prática pedagógica e das experiências profissionais, bem como para um confronto tão eficaz quanto possível com as situações profissionais, para que o professor consiga alcançar os resultados que pretende, sendo bem-sucedido no processo de ensino aprendizagem. (Jesus, 1996). Peres (2003) afirma que para melhorar a formação dos professores é necessário termos uma visão interativa, ou seja, não uma visão apenas teórica ou uma visão exclusivamente prática, deve existir uma relação constante entre a teoria e a prática, entre o terreno escolar e o terreno universitário. O autor acrescenta ainda que a articulação entre a teoria e a prática é, ainda, o ―calcanhar de Aquiles” da formação dos professores. De acordo, com o Instituto Nacional de Acreditação da Formação de Professores (INAFOP), citado por Peres (2003), regista as bases que devem orientar os padrões de qualidade da formação inicial dos professores, a saber: _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 17 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ a formação cultural, social e ética ; a formação na especialidade da(s) área(s) de docência ; a formação educacional que abrange as didáticas especificas da área de docência para que o curso habilita e outros domínios do saber sobre educação, relevantes para a compreensão do ato educativo, incluindo uma perspetiva de atenção à diversidade; a iniciação à prática profissional que inclui a observação, colaboração, intervenção, análise e reflexão sobre situações educativas. O desenvolvimento profissional do professor é hoje encarado como um processo contínuo, sistemático e organizado. Daqui ressalta a ideia de que o professor não pode ser considerado um produto acabado, mas pelo contrário um sujeito em constante evolução e desenvolvimento (Marcelo, 1999). Segundo Nóvoa (1992, p.67) "A formação contínua de professores assume uma importância crucial. Por aqui pode passar um esforço de renovação, com consequências para os programas de formação inicial, o estatuto da profissão, a mudança das escolas e o prestígio social dos professores". Com a publicação do Decreto-Lei nº 242/92 de 9 de Novembro, a formação contínua tem como objetivos fundamentais: "a melhoria da qualidade do ensino, através da permanente atualização e aprofundamento de conhecimentos, nas vertentes teórica e prática; o aperfeiçoamento da competência profissional e pedagógica dos docentes nos vários domínios da sua atividade; o incentivo à autoformação, à prática de investigação e à inovação educacional; a viabilização da reconversão profissional, permitindo uma maior mobilidade entre os diversos níveis e graus de ensino e grupos de docência". Os professores do ponto de vista do aprender a ensinar passam por várias etapas ao longo da sua vida profissional, que vão desde a pré formação, formação inicial, iniciação e formação permanente. É no primeiro ano de ensino que os professores fazem a transição de estudantes a professores e fazem-na através de uma série de estádios e transições que são irreversíveis. A mudança ocorre por interação entre as características _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 18 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ pessoais e a estimulação do meio, o que corresponde a fatores de maturidade do professor e à socialização profissional, (Marcelo, 1999). A formação de professores tem algumas especificidades em relação à formação de outros profissionais, porque existem parâmetros específicos intrínsecos à profissão docente (Formosinho, 2001). O mesmo autor refere que a docência é uma profissão que se aprende desde que se entra na escola pela observação do comportamento dos nossos professores. Segundo Schön (1983), a prática profissional tem saberes táticos escondidos e há um saber escondido no agir profissional. Para o autor, à prática dos bons profissionais está inerente um saber-fazer que quase se aproxima da sensibilidade artística. É esta competência artística e que ele designa por artistry que lhe permite agir em contextos indeterminados, instáveis e complexos. Subjacente a esta competência está um conhecimento tático. O conhecimento tático manifesta-se espontaneamente na ação e em conjunto com o conhecimento científico e o conhecimento técnico que possui, permite ao professor agir criativamente e desenvolver novas formas de utilizar as competências anteriormente adquiridas, construindo novos saberes (Alarcão, 1996). Em relação aos desportos de combate, parece-nos que existe, um défice na sua abordagem pelos professores, justificada pela formação que estes adquirem no seu percurso académico. Figueiredo (1998, p. I) afirma, que os mesmos não os lecionam nas aulas de educação física, segundo o autor, talvez por ―desconhecimento preciso dos conteúdos respetivos, o que dificulta a intervenção didática e pedagógica e, especialmente, a um desconhecimento por parte das suas imensas potencialidades para o desenvolvimento sócio- afetivo e percetivo-motor da criança‖. No seguimento deste ponto sobre a formação de professores, achamos importante fazer uma curta pesquisa das instituições do ensino superior que possuem, nos seus planos de estudos, os desportos de combate e apurar ainda que modalidades são abordadas. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 19 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Esta pequena investigação, foi efetivada através de relatos de professores que concluíram a sua formação nesses estabelecimentos de ensino e através da internet, no ―site‖ das respetivas instituições. Uma dificuldade encontrada foi o facto de não estarem discriminadas as modalidades que faziam parte das disciplinas de cariz mais prático, como por exemplo, as disciplinas de opção, o que nos leva a pensar que o número de estabelecimentos que englobam este tipo de modalidades no seu plano de estudo poderá ser ainda superior. Verificou-se que algumas universidades optam por uma abordagem mais exclusiva, nomeadamente da luta e do judo, e pensamos que isto se justifica pelo facto de que estas modalidades, a par do jogo do pau português, serem as únicas que surgem nos programas de educação física. Alguns estabelecimentos de ensino apresentam no seu plano de estudos a designação generalista de desportos de combate, não sendo possível apurar qual o tipo de abordagem que fazem das modalidades. Tabela 2. Desportos de Combate abordados nos estabelecimentos de ensino superior Estabelecimentos de ensino Modalidades Faculdade de Motricidade Humana (FMH) Luta e Judo Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física – Universidade do Judo Porto (FCDEF-UP) Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física – Universidade de Desportos de Combate, Coimbra (FCDEF-UC) Judo Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV) Desportos de Combate Universidade de Évora (UE) Desportos de Combate Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM) Judo e Taekwondo Universidade da Madeira (UMa) Judo Escola Superior de Educação de Torres Novas Judo Instituto Piaget (Almada) Judo Instituto Piaget (Gaia) Desportos de Combate Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria Judo Judo, Karaté, Lutas Escola Superior de Educação do Porto Amadoras Instituto Superior D. Afonso III Judo Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte Desportos de Combate Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes Luta, Judo, Jogo do Pau Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Luta, Judo, Jogo do Pau Educação Física e Desporto _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 20 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ 4. Sistematização dos Desportos de Combate Nas diversas atividades físicas e desportivas, como por exemplo, na maioria dos desportos coletivos, com base na oposição direta, a bola é o objeto de intervenção pelo outro em função do objetivo baliza. Nos desportos de combate, o objeto intervencionado é o nosso próprio corpo que se transforma em alvo para o outro (Terrisse, 1991, p.57), afirmando-se assim que ―o corpo do outro é ‗objeto‘ e ‗objetivo‘ de jogo‖ (Figueiredo, 1997, p. 37). Os desportos de combate como ação dual, permitem um rol de situações ilimitadas que poderão complexificar-se sem total controlo, se o professor não estiver atento aos desenvolvimentos do seu ensino. Encarar estas tarefas como um jogo pelos jovens praticantes tornar-se-ão, certamente, mais aprazíveis à sua aprendizagem. Para Huizinga (1971), o jogo é uma atividade voluntária exercida dentro de determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana. Este capítulo procura perceber as diferentes formas que fazem dos desportos de combate poderem ser organizados de acordo com os princípios comuns que os regem, com o intuito de contribuir para a estruturação pedagógica deste conhecimento na área da educação física De acordo com Theebom e Knop (1999), os desportos de combate podem ser classificados segundo diversos preceitos, que vão desde os critérios fisiológicos, funcionais, culturais, históricos e até filosóficos. Parece-nos pertinente fazer uma classificação de acordo com as ações motoras caraterísticas destas modalidades, como descreve Lima (1997) que considera que as ações utilizadas nos desportos de combate, têm um cariz um pouco diferente da classificação feita por outros autores. Classifica o combate em dois grandes grupos, podendo ser estes de preensão ou percussão e com ou sem instrumento. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 21 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ As ações de preensão iniciais são quase sempre realizadas com as mãos. A sua evolução para outras zonas corporais é depois determinada pelos regulamentos específicos de cada modalidade. Podemos, assim, situar um primeiro grupo de classificação, em que o combate pode ser considerado: Combate de preensão; Combate de percussão; Combate misto. O segundo grupo refere-se à eventual introdução de instrumento/s no combate. Grande parte das modalidades com instrumento inserem-se nos desportos de percussão, podendo à partida, serem organizadas de acordo com as seguintes variáveis, características do combate: Modalidades sem instrumento; Modalidades com instrumento; Modalidades mistas. Assim, para Lima (1990) teremos o seguinte ordenamento das modalidades, onde o autor lhe chama AFDC ―atividades físico desportivas de combate‖. Tabela 3. Integração dos dois sistemas de classificação das AFDC. Combate De preensão Judo Sem instrumento Luta Com instrumento De percussão Boxe Karatê-do Tai-kwon-do Kick-boxing Savate Full-contact Kung-fu Jogo do Pau Português Kendo Esgrima Misto (com e sem instrumento) Misto (preensão percussão) e Jiu-jitsu Aikido Fonte: Adaptado de Lima (1990). Revista Horizonte, Vol. VII – nº 40. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 22 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Para Lima (1997), as diferentes formas terminológicas e interpretações das práticas ficam abrangidas pela designação genérica de desportos de combate, os quais estão inseridos no sistema desportivo como ―modalidades de oposição individual direta‖ (cf. Tabela 4) e neles estão contempladas atividades físicas de carácter tradicional como o do jogo do pau português, estando este, incluído nas atividades físico desportivas sociais. Tabela 4. Integração dos Desportos de Combate no sistema desportivo. Sub – sistemas desportivos Classes Categorias desportos combate Identificação de de Exemplos de DC I – D. Coletivos II – D. Individuais - Judo - Luta III B1 – DC Preensão - Sumo III A Oposição Individual Indireta D. Desportos raquetes - Galhofa - Boxe de III B 2.1 Percussão instrumento III – D. Oposição individual III B Oposição Individual III B 2.1 Percussão instrumento D. – DC sem - Savate – DC com Desportos de combate - Capoeira - Esgrima - JPP - Kendo III B3 – DC Mistos Direta - Karaté-do - Jiu-jitsu - Aikido IV – Outros (…) Fonte: Adaptado de Lima (1997). Revista horizonte, Vol. VII – nº 40. Para Figueiredo (1997, p.3), os desportos de combate (jogos duais) estão no mesmo domínio taxionómico dos desportos individuais ou dos desportos coletivos. Enquanto nos desportos individuais a tarefa é fechada e a responsabilidade de realização _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 23 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ é individual, nos desportos coletivos a tarefa é aberta mas a responsabilidade é coletiva. Nos desportos de combate, como em todos os desportos duais, a tarefa é aberta e a responsabilidade é individual. Parece-nos, pois, que ficam num ―entre dois‖. Tabela 5. Domínio Taxonómico dos Desportos de Combate. Domínio Taxonómico dos Desportos de Combate Desportos Individuais Desportos Combate de Desportos Coletivos Tipo de tarefa Fechada Aberta Aberta Nível de responsabilidade Individual Individual Coletiva Fonte: Adaptado de Figueiredo (1997). Revista horizonte, Vol. XIV – nº 80. Para o mesmo autor, trata-se de um jogo de informação incompleta e sem estratégia ótima, de duas pessoas, e, dependendo dos casos, pode ser finito (termina ao fim de um número finito de jogadas) e de soma zero (se um ganha, o outro perde). Uma das suas características é que, por outro lado, toda a responsabilidade de interpretação do jogo é individual; por outro lado, a situação é aberta, isto é, não depende apenas da própria intervenção, mas de todo um diálogo corporal com o ―outro‖. Permite, assim, uma canalização centrífuga da atenção do protagonista, rumo ao ―outro‖, sem apelar de forma demasiado complexa à cooperação. É um autêntico comportamento de sociabilização. Tokitsu, (1979), citado por Figueiredo (1997, p.6), salienta três dimensões que caracterizam a maioria das tradicionais artes marciais e que sendo inerentes a todos os desportos, se evidenciam nos desportos de combate: Maai (Distancia), Yomi (perceção) e Hyoshi (ritmo). Figura 1. Adaptado de Kenji Tokitsu (1979). Maai Yomi Hyoshi _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 24 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Ma pretende exprimir ―distância‖, quer no sentido espacial como temporal, e o verbo ai ―exprime um reencontro entre duas pessoas ou objetos‖. Assim, diz-nos este autor, Maai exprimirá um ―(...) movimento de aproximação e afastamento entre duas pessoas ou objetos‖, movimento entendido num sentido espaciotemporal, pelo que podemos compreender, desde já, a intrínseca relação com a noção de Hyoshi, ao integrar dois tipos de movimentos: um em relação a si mesmo, e outro em relação ao adversário. Se Maai tem a ver com distância espaciotemporal relativa (eu-eu/eu-outro), Hyoshi tem a ver com o estado de modificações sucessivas que o Maai vai tendo no desenrolar do jogo de combate dual. Quando ambos os ritmos (Hyoshi) ou cadências estão concordantes, não há iniciativa explícita que frutifique em ataque eficaz, já que os movimentos dos protagonistas completam-se e evitam-se tal como se estivessem parados. Só quando se toma a iniciativa de criar um ritmo discordante, é que, ao se criar ―desarmonia‖, se torna possível o jogo, a vitória e a derrota. Yomi, tradicionalmente e no Japão, refere-se à ―arte de adivinhar e prever o adversário (...) e compreende igualmente a arte de adivinhar e prever as ideias, os pensamentos, as vontades e os desejos‖. Para nós, Yomi tem a ver com a capacidade de percecionar a situação, e especificamente, de ler as distâncias já referidas, e os ritmos da sua modificação, numa relação que ultrapassa a simplicidade de abordagem. Para sermos rigorosos, devemos subentender que, nestas dimensões, estão subjacentes estruturas biopsicossociais bem complexas. E se isto é inerente ao jogo dual de combate, deve ser solicitado em exercícios específicos durante as aulas de Educação Física. O gestor das tarefas de exercício/treino, características dos desportos de combate inclui nessa gestão os requisitos bioinformacionais (Yomi – perceção ou leitura da situação) ao salientar, por exemplo, que só se deve tocar na zona aberta, que se devem fazer forças desequilibradoras num plano vertical perpendicular ao plano vertical que passa pelos dois apoios de quem queremos desequilibrar, etc. Isto vai levar a que o aluno procure percecionar a informação que lhe permita decidir mediante esse objetivo particular que medeia a estimulação/adaptação das estruturas implicadas. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 25 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ A estrutura espacial é fundamental na gestão deste tipo de situações. Ninguém toca eficazmente no adversário se permanecer muito distante ou muito colado a ele, pelo que tem que se aproximar e afastar e evitar a aproximação e afastamento do adversário com mesmas intenções. Tocar com a ponta do pau (jogo do pau) numa determinada parte do corpo do adversário implica ter uma distância adequada ao efeito; imobilizá-lo implica uma outra gestão de distância. A estrutura temporal que marca o ritmo das aproximações e afastamentos, a velocidade das execuções, etc., é gerida no sentido de proporcionar uma estimulação inicialmente adequada pela diminuição da velocidade de execução, por exemplo. (Figueiredo 1997, pp.6-7). Para Gomes (2008), os desportos de combate, pelas suas características de complexidade a vários níveis, são classificados em função de uma série de critérios como: os objetivos de um combate, tipo de contato entre oponentes, suas ações motoras, distância entre oponentes, tipo de meta na oposição. Estas particularidades unem os desportos de combate pelo que têm em comum, como também os separam através das suas diferenças. Classificar os desportos de combate, segundo Espartero (1999) referido por Gomes (2008), aciona uma organização de elementos ou categorias de acordo com um determinado critério, que permite estabelecer uma diferenciação entre eles, o que facilitaria o ensino e a escolha do mais adequado a ser ensinado. Tabela 6. Classificação das Lutas por Espartero (1999). Pega Golpes Obrigatória (Luta leonesa, Luta Uso exclusivo escocesa, Judô paraolímpico) punhos (boxe) Não Obrigatória (Judô, Sambo, Jiu jitsu) Finalidade do combate Projeção( luta leonesa, luta canária) Projeção com continuidade no solo ( judo, jiu jitsu, luta livre, sambo) Implemento dos O objetivo é tocar o implemento em determinadas áreas do corpo do adversário Uso exclusivo das pernas (savate ou boxe francês) Uso de punhos e pernas (karaté, taekwondo) Fonte: Adaptado de Espartero (1999). Aproximação histórico-conceptual dos desportos de combate _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 26 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ O autor, na tentativa de classificar os desportos de combate de acordo com o tipo de contato entre os oponentes, criou uma categoria chamada “Esportes de Luta com agarre”( Desportos de combate com pega). Essa ―pega‖ interpreta uma ação básica que representa os objetivos comuns entre as modalidades, tais como a queda, as projeções e o controle no solo. Assim o autor subdivide essa categoria, em consequência da imposição inicial da pega (Luta leonesa, Luta escocesa, Luta islandesa etc.) ou da não imposição dessa pega (Judô, Jiu Jitsu Brasileiro, Sambo etc.). Além disso, estabelece uma outra subdivisão, de acordo com a finalidade do combate. O objetivo principal da luta é projetar o oponente ao solo, o que caracteriza o fim do combate, ou após a projeção, continua-se a luta no solo. A categoria seguinte refere-se a “Esportes de Luta com golpes” (desportos de combate com golpes) subdivididos em: aqueles que utilizam apenas os punhos (Boxe); os com utilização exclusiva das pernas (Boxe Francês); e aqueles em que se usam mãos e pernas conjuntamente (Karate, Taekwondo). O critério neste grupo é o tipo de golpe (pontapés, socos isoladamente ou numa mesma luta). A terceira categoria é a que trata dos “Esportes de Luta com Implemento” (desportos de combate com instrumento), na qual o objetivo é tocar as determinadas áreas do corpo do adversário com a mediação de uma espada, por exemplo, (Kendo, Esgrima). Estamos de acordo com o autor quando afirma que se trata de uma ―divisão que classifica com base nas especificidades e não nos princípios comuns‖. (Gomes, 2008, p.211) 5. Os Desportos de Combate no contexto escolar Com o desenvolvimento dos estudos relacionadas com o desporto e a educação física, surgiu a necessidade de compreender os desportos de combate como conhecimento, desmistificando os métodos de ensino, a fim de aproximar este conteúdo dos alunos dos clubes e academias, como também, de todos aqueles que eventualmente o queiram praticar. O ensino de uma atividade física e desportiva como os desportos de _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 27 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ combate, é uma tarefa complexa que, cada vez mais requer um conhecimento multi e inter disciplinar, que permitirá, de uma forma coerente e eficaz, transmitir às crianças e jovens os estímulos necessários para que elas possam aprender a gostar de praticar a modalidade. O fenómeno de luta é motivado pelas diferentes distâncias, que determinam o tipo de ação a desenvolver, onde o âmago do ―saber lutar‖ está no desenvolvimento dos aspetos percetivos (Terrisse, 1991, 1996, Terrisse et al., 1995). O ―saber lutar‖, expressão, também, utilizada e referenciada no trabalho de investigação de Avelar e Figueiredo (2009, p.46) realça ―a capacidade que permite ao desportista solucionar as diversas situações que se sucedem durante um combate, independentemente dos modelos técnicos de execução que caraterizam as diferentes modalidades e cujo reconhecimento institucional impõe determinadas restrições.‖ Estes autores (idem, p.52), robustecem ainda esta linha de pensamento quando afirmam que ―Em todas as disciplinas de combate encontramos uma mesma problemática (combate) utilizando diferentes ferramentas (técnicas), expressadas segundo diferentes circunstâncias (distância, deslocamentos, contato, referentes espaciais pé-solo)‖. Para Figueiredo (1998, p. I), ―abordar os desportos de combate nas aulas de educação física, não requer grande especialização nas diversas modalidades‖. Com esta afirmação, o autor pretende demonstrar que não será pertinente, uma diferenciação nas múltiplas modalidades, enaltecendo uma abordagem aos padrões motores gerais e ao aproveitamento dos elementos comuns destas disciplinas com vista ao seu desenvolvimento. Faz claramente um elogio à situação do jogo dual, desvalorizando qualquer e todo o pormenor técnico que inviabilize a abordagem destes desportos, pelos professores de educação física. Por outro lado, Lima (1997), vai também de encontro a este princípio, quando refere que a abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física, deverão apontar, para uma formação eclética, em que os conteúdos e matérias devem estar _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 28 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ sujeitos às exigências do sucesso do processo de ensino-aprendizagem, devendo os desportos de combate ser equacionados de forma integrada, embora este autor, defenda uma abordagem um pouco mais tecnicista, como evidenciaremos mais à frente. No ensino dos desportos de combate, segundo Ménard (2000), é importante desenvolver nos alunos, a capacidade de controlar as suas reações emocionais durante uma situação de exercício dual e codificada e, por outro lado, a capacidade de escolha, de tomar decisões e de assumir a sua responsabilidade. Os desportos de combate podem estar relacionados a diferentes áreas de estudo e atuação como a filosofia, religião, a história, a fisiologia, a pedagogia. Porém, neste momento, torna-se urgente analisar os métodos utilizados para o ensino dos desportos de combate no que respeita a sua iniciação, que antecede a prática especializada dos movimentos e que contribui para o desenvolvimento global dos alunos (Paes, 2002). Seguem-se algumas propostas, defendidas por diferentes autores especialistas nesta área dos desportos de combate, acerca de como poderá ser feita a abordagem deste tipo de modalidades no meio escolar, tanto nas aulas de educação física, como em núcleos criados (como o desporto escolar), com o propósito de desenvolver estas modalidades na escola. Segundo Figueiredo (1998), o jogo de combate, tem sempre presente, a componente lúdica. Esta componente integra o próprio indivíduo, numa dinâmica afetiva, intelectual e volitiva e, circunstancialmente, envolve um oponente, o adversário, e todo o espaço limitado por determinadas dimensões e conteúdos como as regras. A partir daqui, desenvolve-se toda a estrutura do jogo de combate. O autor propõe situações lúdicas, para uma abordagem inicial à solicitação de estruturas onde temos mais dificuldade em chegar com outro tipo de jogos (mesmo que duais), situações essas que o próprio autor denomina como jogos de combate. A estratégia de apresentação e progressão dependerá do escalão etário, da ausência ou presença de co ensino e, fundamentalmente, dos objetivos fundamentais da aula. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 29 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ As regras podem permitir tocar no adversário, imobilizá-lo ou, num nível mais complexo, projetá-lo para o chão, fazer-lhe uma chave a uma articulação ou ainda fazer um estrangulamento. Inerente às técnicas de resolução destas situações por um lado estão as adaptações estruturais do organismo aluno e por outro lado estão as variáveis a gerir pelo professor na tarefa (exercício) prescrita na aula. Figura 2. Proposta para uma abordagem aos desportos de combate Fonte: Adaptado de Figueiredo (1997). Revista Horizonte, Vol. XIV. Jogos de Toque Numa abordagem inicial aos desportos de combate inermes de percussão, com um jovem praticante ou uma criança, devemos desde logo, salientar bem que ―tocar‖, não é bater. Para Figueiredo (1998, p.VI), quando combatem, são adversários, e a vitória, agonisticamente, pode simbolizar a ―morte‖ do adversário, representando, pois, esse papel, e a competição só existe enquanto o fazem; por outro lado, estão conscientes que representam um papel e de que não são o papel representado, não são adversários reais. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 30 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ A regra que introdutoriamente é considerada pelo autor, como a mais importante no jogo de combate, é a regra do controlo dos impactos transmitidos ao "adversário" que é, na verdade, o companheiro de jogo. O jogo baseia-se na aproximação ou no toque com as superfícies de impacto virtual, que regulamentarmente são os pés e as mãos para o karaté e outras modalidades similares, cujo objetivo é o impacto. Estes jogos ―solicitam, em primeiro lugar, a leitura das zonas abertas, no corpo do adversário, para lá tocar e, simultaneamente, a coordenação dos movimentos para um toque preciso e eficaz‖. Segundo o mesmo autor, nestes jogos, ―além da solicitação de qualidades como a velocidade segmentar, a precisão, a velocidade de reação, etc., permitem solicitar a estrutura mental ao nível da atenção e concentração e, muito importante para nós, permitem a introdução simplificada do raciocínio táticoestratégico‖. Figueiredo (1998) entende que a precisão do toque é a primeira função que tem que ser objetivada (direção e sentido do impacto virtual), definindo a compreensão das técnicas de aproximação e percussão. Relativamente à guarda, o autor define-a como uma atitude preparadora do ataque e da defesa, rendibilizadora, assim, de movimentos de aproximação e afastamento do adversário de luta, surge como aspeto importantíssimo para o apoio de todo o jogo. A guarda não se restringe a uma posição das mãos, antebraços, braços, pés, pernas, coxas, tronco e cabeça, mas assume importância ao nível mental (atenção/concentração). Para Rosa et al. (2005, p.49), estes ―toques‖ poderão ainda ser, em zonas específicas que não o corpo do adversário, como a utilização de algum equipamento que estes usem com esse propósito (por exemplo, um lenço preso nalguma parte do corpo). A defesa será efetuada, em consequência, ―tendo em atenção a direção do ataque (direto ou circular) e, essencialmente o nível (alto, médio ou baixo) ‖. A esquiva é outra alternativa viável, assim como o contra-ataque enquanto consequência situacional. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 31 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Jogos da distância Para Figueiredo (1998, p.V),―Os jogos de distância emergem como situações de apelo à gestão da distância e à escolha do momento de entrada já que o movimento humano caracteriza-se, pela sua bipedalidade, por ser um movimento sucessivo de desequilíbrios equilibradores.‖ Desta forma, quem executa, deverá ter em conta as componentes críticas para um melhor rendimento dos seus deslocamentos, assim deverá: - Colocar-se de frente para o adversário, com um polígono de sustentação estável, onde os apoios deverão estar afastados à largura dos ombros ou cintura pélvica, direcionados para o sentido da movimentação, com a particularidade de procurar potenciar o pé de trás, através da sua colocação para a frente. Os deslocamentos deverão ser executados sem saltar, em forma de deslize com o centro de massa baixo. - Enquanto atacante, a sua atenção/concentração irá progredindo das preocupações técnicas, com deslocamentos para a frente e para trás ou mesmo para todas as direções, para preocupações verdadeiramente táticas com variações da distância e a com procura permanente do momento correto para ―entrar‖ no adversário; - Enquanto defensor, ao tentar manter a distância de segurança que o atacante quebra permanentemente. Jogos de Desequilíbrio Estes jogos, são característicos dos desportos de combate de preensão, onde segundo Figueiredo (1998, p.VI), ―As forças exercidas sobre o centro de gravidade do adversário através de vínculos diversos (do mão com mão à pega mais complexa) tendem a resultar em direções com uma componente horizontal que passe no plano vertical perpendicular ao plano vertical definido pelos dois apoios do adversário. Deste modo potenciaremos o deslocamento de um dos apoios do adversário para que recupere o equilíbrio.‖ _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 32 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ O fator desequilíbrio poderá levar, eventualmente, a uma queda, que poderá ser feita para trás, lado ou à frente e com ou sem enrolamento. É assim introduzido um dos estandartes fundamentais dos desportos de combate de preensão. Poderemos diferenciar dois exemplares de projeções mais utilizadas: Existem as projeções onde se perde o contacto com o solo, de ambos os apoios ou somente na perca de contacto com o chão de um apoio e após aplicada uma força desestabilizadora. Há autores que os classificam, ao primeiro, de projeções e derrubes à segunda situação. Para Rosa et al. (2005, p.55), ―As projeções podem ser executadas segundo a utilização de ―alavancas‖ ou ―binómios de força‖, enquanto os derrubes caracterizam-se pela sua direção: anterior ou posterior.‖ Para as quedas, Figueiredo (1998), considera a utilização de colchões fundamental, para assim ser possível desenvolver, a partir dos jogos de desequilíbrio, projeções mais complexas, com níveis de segurança aceitáveis, que de outra forma seriam muito difíceis de abordar. Jogos de Imobilização Tal como os jogos de desequilíbrio, estes são orientados grandemente para os desportos de combate de preensão. Segundo Figueiredo (1998, p.VII) ―os jogos de imobilização caracterizam-se pelo grande contacto corporal entre os intervenientes mas não permitem que surjam pancadas provocadas pela aceleração das extremidades segmentares como é o caso dos jogos de toque‖. O autor refere ainda que ―é de elogiar a sua introdução nos casos em que não conhecemos os comportamentos normais dos alunos em situações lúdicas de jogo dual. As regras que inicialmente poderão ser restritivas serão um instrumento essencial para essa introdução. À medida que se vai evoluindo nos problemas axiológicos de respeito mútuo pela integridade física do parceiro de jogo, as situações podem complexificar-se.‖ _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 33 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Ainda o mesmo autor alerta para o facto de, nestes jogos, ―devemos procurar inicialmente que o chão seja seguro, sem necessidade exclusiva de colchões adequados‖. Para Rosa et al. (2005, p.50), ―estes jogos podem ser iniciados com a utilização de uma técnica codificada ou, meramente, buscando a imobilização do adversário. Neste sentido, é também possível iniciarem os dois combatentes com o mesmo objetivo ou, por outro lado, haver um imobilizado e um imobilizador.‖ A incidência da energia sobre o parceiro, deverá ser efetuada primeiramente sobre a cintura escapular, no entanto, não nos devemos esquecer da cintura pélvica, como uma forma de complemento a não descurar. Figueiredo (1998) refere que o ajuste do corpo em relação ao parceiro é fundamental no sentido do impedimento da fuga da respetiva imobilização. A linha de gravidade do imobilizador não deve cair no tronco do parceiro imobilizado já que ele utilizará esse fator para a rotação de saída da imobilização; por outro lado, não deverão existir demasiadas folgas que proporcionem espaço de rotação debaixo do imobilizador. Segundo Monteiro (2001), citado por Rosa et al. (2005, p.56) as técnicas de imobilização dependem das seguintes variáveis: O Controlo; Os Apoios; A Utilização do peso do corpo; A Pressão/Superfície de contacto. O mesmo autor (idem), relativamente à oposição da imobilização refere que esta pode ser de: oposição direta à pressão exercida pela componente gravítica (método da ponte); oposição indireta à pressão exercida pela componente gravítica (método do momento rotativo); oposição combinada à pressão exercida pela componente gravítica (método da ponte com aplicação de um momento rotativo). _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 34 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Jogos de Saudação A saudação é um cerimonial que é usado na maioria das artes marciais, embora em alguns desportos de combate ela não se verifique. Louka (1990) referenciado por Figueiredo (1998), realça o facto de que existe uma sensibilidade generalizada para com as noções fundamentais de respeito, de rigor, de mestria e de coragem e, quanto a ele, o elemento ético é fundamental aos desportos de combate. Rosa et al. (2005) vai de encontro ao mesmo pensamento, quando atribui à saudação um significado que se prende com o clima de respeito, colaboração, entreajuda e progresso mútuo que é fundamental estar sempre presente numa sessão de desportos de combate. A saudação representa o cumprimento ao parceiro/adversário de treino, mas também, a garantia que existirá em todas as circunstâncias de treino um respeito mútuo pela integridade dos protagonistas. Para Figueiredo (1998), a saudação inicial e final, na aula de artes marciais, têm um significado, tal como o tem a saudação ao parceiro de jogo, ao adversário, agregados pelo sentimento de respeito, só diferenciados no sujeito visado. Esta saudação inicial e final da aula está dividida em três grandes momentos. Numa primeira fase, executa-se o cerimonial aos mestres antigos e mais velhos, numa alusão simbólica ao passado, é depois feita uma saudação intermédia, em que o professor realiza o ritual ao grupo, onde faz referência ao momento presente, por fim, uma terceira saudação entre os companheiros de aula, que faz menção ao futuro. Figueiredo (1998, p.VII), assegura que o seu significado, o seu valor, deve ser transmitido às crianças, porque a imagem que estas têm do adulto são, normalmente, ―lisonjeadoras‖. No entanto, relativamente à educação física, o autor, sublinha a importância do sentido de respeito ser sempre vinculado pela saudação ao parceiro de jogo. Acrescenta ainda a importância de a aula ter os seus momentos marcantes de início e de fim, ou seja, os seus ―rituais de saudação‖. Assim, o professor marca o início das atividades que cortam com as anteriores (chamada: todos sentados no chão, etc.). No fim da aula também deve existir este momento. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 35 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Jogos de Eficiência Esta é uma categoria de jogo referenciada por Rosa et al. (2005), citando Theebom e Knop (1999), que está focalizada grandemente para os desportos de combate, de percussão e preensão (Mistos), como por exemplo, o jiu jitsu e o aikido. Classificam os desportos de combate em três categorias: Tradicionalista, Desportivistas e de Eficiência, estando esta última mais vocacionada para a aplicação de técnicas de defesa pessoal. Deste modo, a eficiência faz referência ao modo mais objetivo de solucionar um problema de combate real, vinculado claramente aos atos habituais de violência física de McCarthy (2005). Para Rosa et al. (2005, p.51), ―são jogos/exercícios de desenvolvimento e controlo técnico que privilegiam os princípios motores básicos de execução das técnicas de defesa a partir de bloqueios a percussões/toques (por parte do combatente em processo defensivo) e de preensão (por parte do mesmo combatente em processo ofensivo de contra-ataque).‖ Na nossa perspetiva, poderá adotar-se uma complexificação gradual das tarefas, tendo sempre em atenção as fases de desenvolvimento que se situa a classe, tanto do ponto de vista etário como no aspeto da maturidade técnica. As chaves e os estrangulamentos são parte integrante dos mecanismos motores básicos, para poder rapidamente finalizar com sucesso uma ação de ataque. Quando se controla uma articulação nos seus limites e se exerce uma força até ao limiar suportável da dor, estamos perante uma chave. Existem dois tipos de abordagem à execução de este gesto técnico: ou através da hiperextensão da articulação, muito usada no jiu jitsu, ou pelo contraio, através da hiperflexão da articulação, utilizada frequentemente no aikido. No que respeita aos estrangulamentos, segundo Monteiro (2001), podem ser de três tipos: _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 36 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Estrangulamentos Sanguíneos: caracterizam-se por haver uma pressão repartida em volta do pescoço, provocando uma estenose sanguínea devido à forte compressão dos vasos sanguíneos, com particular realce para as veias jugulares; Estrangulamentos Respiratórios: caracterizam-se por haver uma compressão localizada nas vias respiratórias, com particular realce para a traqueia, provocando uma situação dolorosa que leva pode levar à desistência do combate; Estrangulamentos de Ação Combinada: provocam, concomitantemente, uma ação de compressão dos vasos sanguíneos e vias respiratórias do pescoço. Figueiredo (1998) alerta para os perigos que podem ocorrer na abordagem incorreta destas técnicas e refere que por razões de segurança as abordagens a estas situações deverão surgir apenas após diagnóstico de nível maturacional e de relacionamento entre os alunos suficiente. Por seu lado, Lima (1997), na sua proposta para a abordagem dos desportos de combate na escola defende que as sessões dos mesmos, independentemente da modalidade em causa, na 2ª e 3ª infâncias pressuponham jogos de contacto corporal, específicos à introdução da prática dos desportos de combate de preensão, eventualmente também inerentes à educação física infantil. Para o autor (idem), as técnicas de queda deverão ser desenvolvidas logo no primeiro ciclo, para que adquiram a capacidade de saber cair, através de exercícios de critério individual ou até de ações exteriores, para assim ganharem segurança que poderá evitar ou suavizar muitos acidentes onde a perda de equilíbrio e o risco consequente sejam eminentes, quer em situações desportivas, quer na vida diária. Lima (1997), propõe ainda em relação a metodologia de ensino, que no 1ºciclo do ensino básico, até ao 4º ano, sejam ensinadas as quedas roladas, características de modalidades como o Aikido, deixando as quedas placadas, usadas normalmente no Judo, para um nível mais adiantado, a partir do 5ºano. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 37 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ No 2º ciclo do Ensino Básico, o mesmo autor (idem) aconselha que sejam desenvolvidos os desportos de combate de preensão, de forma adaptada aos recursos efetivos das escolas. No 3º ciclo do Ensino Básico, o Judo e a Luta, desde que estejam salvaguardados os recursos materiais, tatami de judo e equipamentos específicos, que possibilitem a efetiva operacionalização dos conteúdos técnicos, devem ser abordados de forma mais específica e profunda. A introdução nos currículos dos desportos de combate de percussão de forma obrigatória na variante desportiva de especialização, 9º, 10º e 11º anos, e a sua abordagem mais global por todos os alunos do 9º ao 12º ano, é defendida por Lima (1997). Relativamente ao jogo do pau português, o autor (idem), considera, pelo fato de ser um desporto de combate de origem nacional, com raízes técnicas perfeitamente imbuídas na nossa cultura popular e literária e dadas as potencialidades de desenvolvimento motor que possibilita, é da opinião que deve ser especialmente protegido e incrementado. Poderemos reconhecer então, que estamos perante propostas distintas, Figueiredo, (1998) defende uma abordagem mais geral, eclética e inclusiva, através de um ensino lúdico, com denominação de jogos de combate. Por outro lado, Lima (1997) propõe uma abordagem mais técnica e específica, na medida em que defende o ensino das próprias modalidades. Podemos sempre questionar a operacionalização destes dois modelos, quer em termos de motivação, metodologia, recursos materiais, sendo que, a diferença para a plenitude do sucesso estará, com certeza, numa orientação conveniente por um professor devidamente qualificado e competente. 6. Um desporto completo O início da prática desportiva é fundamental para o desenvolvimento e crescimento harmonioso das crianças. Muitos pais, sabendo da importância do exercício e dos benefícios do mesmo, procuram encontrar a modalidade certa para os seus filhos. É comum rotular, no senso comum, algumas modalidades como o desporto mais _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 38 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ completo, como a natação por exemplo, contudo e com toda a valia dessas modalidades, esta afirmação pode não corresponder concretamente à verdade. Não existe desporto 100% completo. A modalidade deve ser escolhida de acordo com os objetivos e necessidades de cada um. Gustavo Pires no seu livro Gestão do Desporto de (2003, p.46-47) faz referência a várias definições de desporto segundo variados autores, sendo algumas as seguintes: Coubertin (1934): ―(…)‖ o desporto é um culto voluntário e habitual de exercício muscular intenso suscitado pelo desejo de progressão e não hesitando em ir até ao risco‖; Dicionário Larousse: ―(…)‖pratica metodológica de exercícios físicos com a finalidade de aumentar a força, a destreza e a beleza do corpo‖; Hébert, (1935): ―(…)‖o desporto é ―todo o género de exercícios ou de atividades físicas tendo por fim a realização de uma performance e cuja execução repousa essencialmente sobre um elemento definido: uma distância, um tempo, um obstáculo uma dificuldade material, um perigo, um animal, um adversário e por extensão, o próprio desportista‖; Gillet (1949): ―(…)‖resumidamente diz que o desporto é uma atividade física intensa, submetida a regras precisas e preparada por um treino físico e metódico‖; Huizinga (1951): ―(…)‖no seu, já célebre livro ―Homo Ludens, Essai sur la Fonction Social du Jeu‖ definiu jogo da seguinte maneira: ― jogar é uma atividade ou ocupação voluntária executada dentro de determinados limites de tempo e de lugar de acordo com regras livremente aceites, mas absolutamente obrigatórias tendo o seu objetivo em si próprio, e sendo acompanhado por um sentimento de tensão, alegria e consciência de que isso é diferente da vida normal‖; Para Gustavo Pires (2003) decorre de todas estas e de outras definições que desporto envolve: ―(…)‖exercício físico, competição, desafio, esforço, luta, apetrechos, estratégia, e tática, princípios, objetivos, instituições, regras, classificações, tempo livre, jogo, vertigem, aventura, investigação, dinheiro, lazer, sorte, rendimento, simulação, _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 39 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ códigos, resultados, prestações, treino, força, destreza, meditação, tempo, espaço, beleza, medição, voluntarismo, morte, etc.‖. Embora a capacidade física seja o fator chave para o resultado final da prática desportiva, existem outros fatores igualmente decisivos, como é o caso da destreza mental ou ainda do equipamento do desportista. Acima do seu lado competitivo, os desportos são uma forma de entretenimento quer para os praticantes, quer para os espectadores. Ainda que, por vezes, sejam confundidos os conceitos de desporto e atividade física, estes não são sinónimos. A atividade física é uma mera prática, ao passo que o desporto implica uma competência sempre com vista num resultado. Os desportos de combate, são uma ―modalidade‖ de potencial indubitável que ao nível dos diversos fatores de treino, poderão ser explorados e desenvolvidos de forma acertada e concertada. Não podemos afirmar que determinado exercício solicite componentes exclusivamente ―físicas‖ ou predominantemente ―táticas‖ ou qualquer outro fator de treino. O combate é uma atividade onde todos estes fatores se cruzam e entrelaçam como em qualquer outro exercício, qualquer que seja a modalidade. Pode existir, no entanto, uma determinada preponderância de um fator em relação ao outro, dependendo da finalidade do treino. Quando se sistematizam estes fatores, percebemos que o objetivo, será seguramente para ajudar a perceber os processos de gestão de treino, constituindo um referencial importante na análise mais detalhada da preparação do atleta. Bompa (1990), citado por Figueiredo (1996, p.63), refere que existem cinco fatores fundamentais no treino: físico, técnico, tático, psicológico e teórico. Embora tentando evidenciar uma certa natureza relacional, não deixa de elogiar a seguinte ordem: "a preparação física e técnica representam a base sobre a qual a prestação desportiva é construída. À medida que o atleta vai adquirindo uma técnica mais aperfeiçoada, vai-se enfatizando a preparação tática. E quando a preparação tática estiver adquirida, o atleta deve enfatizar a preparação psicológica." A componente teórica será sempre um complemento muito importante de suporte a não desprezar. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 40 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Esta forma de interpretação de treino acaba por ter contrariedades reais de aplicação metodológica no exercício, uma vez que o treino físico surge como dinamizador, assumindo-se como a base de todos os fatores de treino. Como se poderá observar na figura 4. Figura 3. Adaptado de Bompa (1990). Treino Teórico Treino Psicológico Treino Tático Treino Técnico Treino Físico Assumindo a importância primária do treino físico (condicionante bioenergética) nas modalidades, não poderemos descurar a relevância do nível técnico no controlo rigoroso e preciso das ações motoras. Do mesmo modo a fusão entre a técnica e tática individual deverá ser um procedimento natural, onde o executor desenvolverá condicionantes biomecânicas e bioinformacionais respetivamente. Todos estes fatores servem de sustentação aos aspetos mentais/psicológicos e teóricos. Para Figueiredo (1996), toda a produção motora de jogo (técnica) assenta no controlo motor fundamentado na integração constante de informações que sustentam as decisões (tática).Toco no parceiro, quando perceciono que o alvo está aberto e estou em condições de executar a técnica com sucesso, projeto o parceiro, quando perceciono o enquadramento desequilibrado do mesmo, etc. Por vezes, o bioinformacional (o quando/tática) é mais desprezado que o biomecânico (o como/técnica). Em termos metodológicos ambos deveriam estar interligados. Não quer isto dizer que não devamos treinar exclusivamente a técnica, _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 41 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ poderemos faze-lo em situações analíticas de treino com objetivo de corrigir algumas componentes críticas de pormenor. Poderemos mesmo acrescentar que o sucesso de um treinador advém da sua capacidade de interrelacionar todos estes fatores de treino na abordagem do treino desportivo. Figura 4. Adaptado de Figueiredo (1996). Treino Teórico Treino Psicológico Treino Tático Treino Técnico Treino Físico Figueiredo (1996, p.64) com sustentação teórica em António Damásio (1995), aduz que ―existe suporte neurológico recente para o rompimento conceptual das separações extremistas entre o físico, o técnico, o tático, o psicológico e o teórico.‖ Acrescenta ainda que, tal como uma rede de centros fisicamente separados e ligados entre si o físico inclui técnico, tático, psicológico e mesmo teórico, e vice-versa entre cada um e os outros todos. Pensar que se podem trabalhar separadamente é, eventualmente, fazer uma espécie de ―leucotomia pré-frontal‖ que, resolvendo aparentemente alguns problemas de índole superficial (do ponto de vista do treinador), promove o aparecimento de outros porventura menos evidentes mas de conteúdo bem profundo: falta de coerência entre os exercícios propostos e, treino desfasado da realidade objetivada. 6.1. Vantagens da sua prática A prática dos desportos de combate, representam hoje um meio eficaz de educação e um conjunto de conteúdos altamente valiosos a serem trabalhados, por _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 42 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ exemplo, nas aulas de educação física. Desta forma, a escola poderá ter um papel fundamental no desenvolvimento desta modalidade, uma vez que se os professores de educação física abordarem os desportos de combate nas suas aulas, poderão desenvolver alunos interessados em pratica-los fora do contexto escolar. O seu objetivo educacional deve ser coerente com a realidade do aluno, onde este é levado a vivenciar as mais diversas manifestações da cultura corporal de maneira crítica e consciente, estabelecendo relações com a sociedade em que vive. Deste modo, o papel dos desportos de combate na educação física, visa proporcionar ao aluno um conhecimento de si mesmo e do mundo através da prática de várias atividades, elevando, a aquisição de valores e princípios essenciais para a formação do ser humano na sua generalidade. Alguns professores, menos informados relativamente a um dos grandes benefícios dos desportos de combate, como é o controlo da agressividade, acreditam que a sua prática contribui para a diminuição desses níveis. Na realidade, estudos comprovam o contrário, pois a prática destes desportos, desde que bem orientados, produzem efeitos altamente positivos no controlo da agressividade, na formação do carácter das crianças, elevando a sua autoestima, podendo ser uma arma para eliminar as tensões do dia-a-dia. Para Lima (1998), existem vantagens patentes na inserção dos desportos de combate, na educação física curricular com benefícios evidentes a partir dos escalões etários mais baixos. O autor (idem), considera que os mesmos constituem uma atividade ideal para o desenvolvimento das relações sócio-afectivas, pois podem ser instrumentos que impulsionem a diferenciação de papéis complementares das crianças. Podendo mesmo dizer-se que nos efeitos das relações interpessoais produzidas pelo combate com preensão derivarão progressos importantes na respetiva ―sociabilização‖. Acrescenta ainda, que possibilitam a libertação direta de impulsos agressivos, mais ou menos inatos, e provocam a respetiva regulamentação sócio-afectiva. Um estudo realizado por Zivin et al. (2001), demonstrou que os programas de artes marciais nas escolas reduzem efetivamente os comportamentos violentos e as características psicológicas que estão correlacionadas com a violência e delinquência. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 43 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Segundo Zetaruk et al. (2000), as crianças podem beneficiar por participarem em atividades ligadas às artes marciais. E esses benefícios incluem a melhoria do seu comportamento disciplinar, da sua capacidade de concentração mental, da sua condição física sem descurar a vivência lúdica. A sua importância afirma-se também nas questões éticas que induzem, tão só por a sua prática permitir um contacto tão próximo que exige na mesma proporção normas de etiqueta que salvaguardem o bom relacionamento e o respeito pelo outro parceiro de forma completa e eficaz. Para Núñez (1994), uma prática bem orientada dos desportos de combate trazem melhorias no esquema corporal dos atletas. Define-o como um grupo de elementos, que consiste no conhecimento dos limites do nosso corpo, das nossas capacidades motoras, das nossas possibilidades de expressão através do corpo, assim como na perceção das diferentes partes do corpo, no conhecimento dos diferentes elementos corporais e nas possibilidades de representação que temos do nosso corpo. Os esquemas corporais envolvem elementos associados ao controlo do tónus muscular e postural, lateralidade e estruturação espácio temporal. Para desenvolver o controlo da tonicidade, é importante que as crianças passem por atividades que tendam a proporcionar-lhes o máximo de sensações possíveis do seu corpo, em diversas posições, em atitudes estáticas ou dinâmicas, e com diversos graus de dificuldade, utilizando vários níveis de tensão muscular. Os desportos de combate, são uma excelente atividade para proporcionar um aumento do tónus muscular (estado constante de ligeira contração no qual se encontram os músculos estriados, servindo de base para a movimentação e a manutenção da postura). Além disso, o controlo deste, consiste também na capacidade de relaxamento corporal, que é extraordinariamente importante nestes desportos. Relativamente à lateralidade, quem a comanda é o cérebro, sendo que a sua definição final finalizará por volta dos 6 a 8 anos. Cada hemisfério controla os movimentos da parte oposta do corpo. Assim, a mão e o pé esquerdos são acionados _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 44 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ pelo hemisfério cerebral direito, nos destros, o hemisfério dominante é o esquerdo. Apesar disso, ela também pode ser influenciada pelos hábitos sociais, dessa forma constitui um elemento importante da adaptação psicomotora. Pode perceber-se com facilidade, que um atleta que passou por um bom processo de desenvolvimento bilateral, e por um trabalho qualificado de transferência bilateral de aprendizagem, terá maior destaque entre os demais, uma vez que terá condições de aplicar as técnicas das formas mais variadas e imprevisíveis. Por último, a estruturação espácio temporal resulta da integração de uma estrutura temporal e de outra espacial e que estão relacionadas às perceções auditivas, visuais e propriocetivas. Ela surge durante os movimentos e quando da relação com os objetos e pessoas distribuídos pelo espaço, onde ocorrem as experiências com a lateralidade, com o equilíbrio e da perceção que o indivíduo tem de seu corpo. Por outras palavras, é a maneira como a criança se localiza no espaço e como situa os outros e as coisas, umas em relação às outras. Uma das etapas da estruturação espacial é a sua orientação, é saber, ir para frente, trás, direita e esquerda, para baixo, para cima etc., e por isso a dominância lateral é de grande importância. A orientação ou estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, após, durante), da duração dos intervalos (noção de tempo longo e curto, noção de cadência rápida e lenta). É exercitada no protótipo quando a criança precisa prever os passos para executar uma atividade, ou quando deve associar materiais a determinadas situações, ou ainda quando precisa trabalhar com intervalos, fazer contas matemáticas. Na execução de qualquer exercício, o esquema corporal é extremamente importante. É através dele que o aluno será capaz de realizar uma prática segura, uma vez que terá conhecimento dos seus limites e capacidades, evitando que se lesione a si e aos seus companheiros. A partir do conhecimento das partes do corpo, atleta poderá realizar as técnicas utilizando estratégias que o ajudarão a ter bom desempenho na aplicação dos golpes. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 45 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Se a escola tem como função o desenvolvimento das capacidades físicas, cognitivas e sócio-afectivas, então os desportos de combate são um bom meio para contribuir e tentar alcançar tais pressupostos no desenvolvimento integral do aluno, assegurando através dos recursos motores, um bom desenvolvimento da postura e base, controlo do equilíbrio, coordenação dos movimentos, tirar, empurrar, apreender, levar, tocar, arrastar, evitar, levantar, imobilizar, voltar, etc. Através da estimulação cognitiva, como elaborar estratégias, construir e apropriar-se das regras de funcionamento, avaliar, decidir, observar, reconhecer, comparar. Sem nunca perder o incentivo às potencialidades que estas modalidades proporcionam no aspeto sócio-afectivo, através do respeito pelo outro, domínio das emoções, controlo da agressividade, aceitar a derrota e respeito pelas regras. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 46 PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ II CAPÍTULO – PROBLEMÁTICA DO ESTUDO 1. Formulação do Problema O ensino dos desportos de combate, nas aulas de educação física, pretende ser um meio educativo de eleição. Assim, pretendemos aferir neste estudo: Qual o grau de importância que os professores dão a abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física? Qual a formação dos professores em desportos de combate durante o seu percurso universitário? Quais as modalidades de desportos de combate mais lecionadas? Quais as principais razões, apontadas pelos professores, para não ensinar desportos de combate nas suas aulas? No desenvolvimento deste estudo, far-se-ão diversas procuras que nos orientem para a aquisição de uma base conceptual sobre o tema. Realizar-se-á, ainda, um recolher de informação acerca da temática em estudo, junto da nossa amostra de docentes a fim de dar respostas às questões acima expostas. 2. Definição dos Objetivos Com a realização da presente pesquisa pretendemos atingir os seguintes objetivos. Gerais: Contribuir para uma reflexão sobre a emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física; Analisar o grau de implementação dos desportos de combate nas escolas da região; _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 49 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Conferir a formação dos professores neste tema. Específicos Centrais: Aferir o grau de importância que os professores dão à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física e compreender a influência que alguns fatores possam ter neste fenómeno; Específicos Secundários: Identificar as modalidades dos desportos de combate mais abordadas nas aulas de educação física; Apurar quais as principais razões apontadas pelos professores para a não abordagem dos desportos de combate nas suas aulas; Contribuir para a melhoria, em contexto educativo, das formações científica, humanística e artística da comunidade escolar; Definir metas para o nosso próprio percurso formativo em ordem a um desempenho profissional futuro progressivamente mais autónomo, crítico e responsável. De forma a cumprir as exigências desta investigação pretendemos realizar e operacionalizar procedimentos metodológicos e estatísticos que nos permitam atingir estes objetivos. 3. Operacionalização das Variáveis 3.1. Variável Dependente Como variável dependente definimos a ―Importância atribuída ao ensino da prática dos desportos de combate nas aulas de educação física‖ 3.2. Variáveis Independentes Como variáveis independentes consideramos alguns fatores, que de alguma forma poderão estar associados à ―Importância atribuída ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física‖, nomeadamente: _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 50 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Género - variável dicotómica que se diferencia em masculino e feminino; Idade dos professores - de acordo com Huberman (1989) categorizou-se a idade em 5 grupos: 21 – 28 anos; 28 – 33 anos; 33 – 40 anos; 40 – 55 anos; >55 anos. Anos em que lecionam – variável categorizada no questionário aplicado em, 2ºCEB, 3ºCEB e secundário, no entanto, após analisadas as respostas dos professores verificou-se que alguns destes, lecionavam em vários ciclos de ensino, daí acrescentarmos mais duas categorias de ensino, 2º e 3º CEB e 3ºCEB e secundário. Tempo de serviço que, de acordo com Huberman (1989), será classificado em 5 grupos: 1 – 3 anos;‖exploração” 4 – 6 anos;”estabilização” 7 – 25 anos;‖ experimentação e diversificação” 25 – 35 anos;‖questionamento” 35 – 40 anos.” libertação progressiva” Ainda de acordo com o mesmo autor, relativamente aos cinco ciclos vitais dos professores, o professor passa por uma fase inicial de exploração, relativo aos 2-3 primeiros anos de ensino, em que pretende estabelecer os parâmetros da condição de ensino e os comportamentos que devem ser seguidos pelo professor. A fase da estabilização, acontece entre 4 e 6 anos de carreira, neste estádio, são usuais os sentimentos de uma crescente competência pedagógica que cria a sensação geral de segurança, descontração, confiança e algum conforto. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 51 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ A fase de experimentação e diversificação, que se situa entre os 7 e 25 anos de carreira, podem observar-se algumas disposições gerais nos professores: a consolidação pedagógica, as experiências pessoais que passam pela diversificação dos modos de avaliação do material didático. Nesta fase os professores procuram lançar ataques às anomalias do sistema de ensino. Por volta dos 25 a 35 anos de carreira, segundo o autor, entra-se na fase do questionamento, um período caracterizado por uma descida do nível de ambição pessoal, do nível de investimento e um aumento da sensação de confiança e serenidade em situação de sala de aula e um distanciamento afetivo nas relações com os alunos. No final da carreira profissional dos 35 a 40 anos de carreira, é frequente uma libertação progressiva do investimento no trabalho e uma maior consagração de tempo a interesses exteriores à escola e a uma vida social de maior reflexão. Trata-se de um fenómeno que se pode considerar de desinvestimento nos planos pessoal e institucional, um retrocesso face às ambições e ideias presentes à partida. Instituição onde realizou a formação superior – variável dicotómica categorizada em ensino universitário e ensino politécnico; 3.3. Variáveis Moderadoras Algumas variáveis estudadas permitem compreender melhor a influência da variável independente no estudo do comportamento da sua problemática relativa à dependente. Assim sendo, identificámos como variáveis moderadoras, as seguintes: Prática dos desportos de combate – variável dicotómica categorizada em sim e não; Formação como treinador em desportos de combate - variável dicotómica categorizada em sim e não; _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 52 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ 4. Formulação das Hipóteses H01: Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função das variáveis sociodemográficas. H02: Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da prática dos desportos de combate. H03: Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da formação específica em desportos de combate. H04: Não existem diferenças significativas nas razões apontadas pelos professores face à importância que atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 53 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ III CAPÍTULO – METODOLOGIA 1. Tipo de estudo O presente estudo terá um carácter exploratório pois não são conhecidos dados acerca desta matéria nos Agrupamentos eleitos e de onde será retirada a amostra. É descritivo e transversal porque será analisada e caracterizada a informação obtida durante o presente ano letivo. 2. Procedimentos No seguimento da candidatura ao curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundários procedemos a uma análise bibliográfica acerca da atualidade do tema proposto definindo, assim, a pertinência do estudo. A revisão foi estruturada a partir de informações contempladas na literatura e referências oficiais da legislação em vigor. Foram efetuadas reuniões com o orientador a fim de definir as etapas metodológicas do trabalho. Como único critério de inclusão para o nosso estudo definimos que os professores teriam que lecionar nos 2º, 3º ciclos do ensino básico ou ensino secundário numa escola pública do concelho de Viseu. Para poderemos atingir os objetivos a que nos propusemos, necessitámos de elaborar um questionário de forma a recolher informação acerca da importância atribuída ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, sendo que a validação foi efetuada por peritagem junto de quatro professores com a função de avaliadores. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 55 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Antes da entrega nas escolas, os inquéritos por questionário foram sujeitos à autorização dos agrupamentos para posterior distribuição e preenchimento dos docentes. Aos professores deste agrupamento será solicitado para colaborarem no estudo, garantindo-lhes respeito pessoal e confidencialidade dos elementos de informação recolhidos, antes, durante e após o estudo. Os preenchimentos dos questionários serão efetuados aquando das reuniões de grupo de recrutamento. Serão fornecidas todas as informações dos objetivos do estudo. Em relação aos inquéritos por questionário, apresentam instruções precisas quanto ao seu preenchimento. Apesar de conhecermos os riscos pessoais do comprometimento assumido, especialmente no que diz respeito à partilha de informações, tudo faremos para cumprir o acordado no que respeita à responsabilidade ética para com os inquiridos. No que diz respeito aos procedimentos estatísticos far-se-á uma análise descritiva com frequências e percentagens de cada questão e, ainda, uma análise inferencial para testar a hipótese formulada. A análise dos dados vai ser efetuada no programa estatístico SPSS 19,0 (Statistical Package for the Social Sciences) e, dependendo da análise e estudo da normalidade dos dados recolhidos aplicar-se-ão testes paramétricos e não paramétricos para pudermos testar as hipóteses formuladas. 3. Instrumento de Recolha de Dados 3.1. Estrutura do Questionário A escolha e elaboração do questionário passaram pela identificação das variáveis dependentes e independentes. No que diz respeito à estrutura do questionário apresentado considerou-se necessário diferenciar duas partes (cf. Apêndice 1). _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 56 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ I Parte – Questionário sociodemográfico: Diz respeito às variáveis independentes que considerámos pertinentes para caracterizar a amostra dos professores envolvidos. São colocadas 7 questões. II Parte – Questionário sobre a importância no ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física: Identifica 8 questões pertinentes sobre a importância que os professores de educação física atribuem aos desportos de combate. 3.2. Validação do Questionário Com o objetivo de identificar a importância do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física desenvolvemos um questionário validado e pré testado por peritagem (Fortin, 1999). Assim, foi efetuada a análise por quatro professores, dois dos quais com formação em desportos de combate e os restantes sem formação em desportos de combate. O parecer destes professores é no sentido de que, o instrumento é representativo do domínio que pretendemos analisar. Consideraram que o conteúdo dos itens permite a análise do estudo da importância do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física. 4. Amostragem Para D‘Hainaud (1990), o conjunto dos elementos de entre os quais se poderia escolher a amostra, ou seja, o conjunto dos elementos que possuem as características que queremos observar, chama-lhe população. No nosso exemplo, a população é constituída pelo conjunto dos professores de Educação Física do concelho de Viseu. Ainda para o mesmo autor, a amostragem consiste na operação que toma um certo número de elementos (uma amostra) no conjunto dos elementos que queremos observar ou tratar (população). A nossa amostra é constituída por 50 professores de Educação Física do ensino básico e secundário de nove escolas do concelho de Viseu. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 57 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Tabela 7. Habilitações dos professores Habilitação F % Licenciatura 29 58,0 Mestrado 21 42,0 Total 50 100,0 No que concerne às habilitações superiores dos docentes inquiridos, 58,0% enquadram o grau de Licenciados, restando 42,0% para o título de Mestres (cf. Tabela 7). Uma vez que na nossa amostra já aparecem muitos professores Mestres, podemos reconhecer que os docentes inquiridos, procuraram uma continuidade na sua formação após a conclusão da licenciatura. Tabela 8. Escolas envolvidas Escolas F % E.B.2,3 do Viso 7 14,0 EBIS Jean Piaget 3 6,0 E. Secundária Viriato 13 26,0 Colégio da Via Sacra 3 6,0 E.B.2,3 Dr. Azeredo Perdigão 5 10,0 E.B.2,3 Infante D. Henrique 6 12,0 E.B.2,3 Grão Vasco 6 12,0 E. Secundária Alves Martins 3 6,0 E.B.2,3 de Mundão 4 8,0 Total 50 100,0 No que concerne às nove escolas envolvidas, verifica-se que 26,0% respeitam à escola secundária Viriato, 14,0% à escola básica 2, 3 do Viso, 12,0% às escolas básicas 2,3 Infante D. Henrique e 2, 3 Grão Vasco, 10,0% à escola básica 2, 3 Azeredo Perdigão, 8,0% à escola básica 2,3 de Mundão e por último, 6,0% às escolas Ebis Jean Piaget, colégio da Via Sacra e secundária Alves Martins (cf. Tabela 8). _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 58 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ IV CAPÍTULO – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Introdução Neste capítulo pretendemos apresentar os resultados sendo que, a sua análise passará por duas etapas: descritiva e inferencial. Na primeira utiliza-se uma estatística descritiva que permite descrever a importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física. A estatística descritiva utiliza-se para descrever os dados através de indicadores de frequências, medidas de tendência central e de dispersão: Frequências absolutas (N); Frequências relativas (%); Média ( X ); Desvio Padrão (dp). Na segunda vai utilizar-se uma análise inferencial que permite testar as hipóteses formuladas. De acordo com Pestana e Gageiro (2003) as inferências são feitas através de intervalos de confiança e de testes paramétricos ou não paramétricos, aplicados a amostras aleatórias aceitando-se a probabilidade para p <0,050. 1. Análise Descritiva 1.1. Variáveis Sociodemográficas Como variáveis sociodemográficas caracterizadoras da nossa amostra temos as seguintes: a idade; o género; as habilitações académicas; pós-graduações e especializações; situação profissional; tempo de serviço docente; grupo de recrutamento; departamento a que pertence e níveis que leciona. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 59 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Os resultados do nosso estudo vão ser discutidos à luz das pesquisas efetuadas ao longo do desenvolvimento deste trabalho. Tabela 9. Distribuição do género. Sexo Feminino Masculino Total F 16 34 50 % 32,0 68,0 100,0 No que diz respeito ao género, pode verificar-se que a maioria (68,0%) dos professores é do sexo masculino. Contudo, este padrão não está de acordo com o que se passa a nível nacional onde maioritariamente o exercício da função docente é efetuado por mulheres. Tabela 10. Distribuição das classes de idade. Classes de Idade 21 - 28 anos 28 - 33 anos 33 - 40 anos 40 - 55 anos Total F 2 5 20 23 50 % 4,0 10,0 40,0 46,0 100,0 Os professores inquiridos têm idades que variam entre os vinte e um e os cinquenta e cinco anos. Quanto às suas faixas etárias, o principal aspecto que se destaca ao analisarmos a Tabela 10, é que o intervalo mais representativo da amostra enquadra a classe dos 40 aos 55 anos com 46,0% e os professores que se situam entre os 33 e os 40 anos apresentam percentagens de 40. Tabela 11. Anos que lecionam Anos que lecionam 2ºCEB 3ºCEB 2º e 3ºCEB Secundário 3ºCEB e Secundário Total F 7 12 17 6 8 50 % 14,0 24,0 34,0 12,0 16,0 100,0 _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 60 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ A maioria dos professores inquiridos 34,0% lecionam, nos 2º e 3º ciclos do ensino básico, 24,0% no 3º ciclo do ensino básico, 16,0% no 3ºciclo e secundário, 14,0% no 2ºciclo do ensino básico e apenas 12,0% no ensino secundário. Estes valores poder-se -ão justificar, pelo facto da maioria das escolas envolvidas serem EB2,3 do ensino básico. Tabela 12. Tempo de serviço dos professores Tempo de serviço 1 - 3 anos 4 - 6 anos 7 - 25 anos 25 - 35 anos Total F 3 3 38 6 50 % 6,0 6,0 76,0 12,0 100,0 Verifica-se que, relativamente ao tempo de serviço a maioria dos professores envolvidos, 76,0% enquadram entre os 7 e os 25anos de tempo trabalho, para Huberman (1989), estes professores encontram-se numa fase de experimentação e diversificação, apostando na consolidação pedagógica onde procuram vincar a sua prestação e impacto no seio das turmas, fazendo algumas experiencias pessoais que passam pelo modo de avaliar, diversificação do material didático, a forma de agrupar os alunos, as sequências dos programas e outros, são um pouco contra o sistema de ensino, sendo muito argumentativos. Esta realidade, pelas características dos professores, poderá ser benéfica a uma inserção dos DC nos planos anuais de EF das escolas, uma vez que se trata de um desporto com características diferentes. Tabela 13. Instituições de formação inicial Universidade/Instituição Superior Instituto Superior Ciências Educativas Escola Superior de Educação de Viseu Escola Superior de Educação Jean Piaget FCDEF Universidade de Coimbra Instituto Superior da Maia ISEF/UTL Instituto Politécnico de Macau FCDEF Universidade do Porto Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro Faculdade de Motricidade Humana Universidade da Beira Interior Total F 2 9 4 8 4 4 1 6 7 2 3 50 % 4,0 18,0 8,0 16,0 8,0 8,0 2,0 12,0 14,0 4,0 6,0 100,0 _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 61 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Da análise do quadro, podemos verificar que a formação inicial dos professores, se realizou numa diversidade de instituições, desde as universidades às instituições superiores. No que respeita aos locais de formação dos docentes, a maioria dos professores formaram-se na Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV) 18,0%, na Faculdade de Ciências e Desporto da Educação Física da Universidade de Coimbra (FCDEF UC) 16,0% e na Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) 14,0%. (cf. Tabela 13). A maior percentagem de professores formados na Escola Superior de Educação de Viseu, poderá dever-se ao facto de grande parte destes, serem de Viseu e optarem por permanecer na sua cidade, ou porque talvez, a ESEV nos pré requisitos de entrada no curso, tenha procedimentos específicos de preferência regional. 1.2. Caracterização da organização da abordagem dos desportos de combate Neste ponto descrevem-se as características dos professores inquiridos, na forma como se organizam na abordagem dos desportos de combate. Os dados serão apresentados em tabelas para melhor visualização. Tabela 14.Abordagem dos DC nas aulas de educação física Abordagem dos DC nas aulas de EF Sim Não Total F 37 13 50 % 74,0 26,0 100,0 Relativamente à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física, 74,0% dos professores respondentes, assumiram que já lecionaram estes desportos, enquanto, os restantes 26,0% asseveram que nunca abordaram os desportos de combate nas suas aulas (cf. Tabela 14). Embora a maioria dos professores tenham dito que os DC fazem ou fizeram parte integrante das suas matérias a lecionar na EF, um quarto destes inquiridos, nunca fizeram referência a estes desportos nas suas aulas. Na nossa opinião, trata-se de um dado significativo e preocupante, até porque os desportos de combate, fazem parte dos _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 62 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ PNEF em todos os níveis de ensino, com denominações de nuclear e noutros casos de alternativas. Tabela 15. Quais as modalidades leccionadas nas aulas de educação física Quais as modalidades abordadas nas aulas de EF Desportos de Combate (de forma geral) Judo Luta Karaté Outra F 14 10 19 2 2 % 28,0 20,0 38,0 4,0 4,0 De acordo com os resultados aferidos, poderemos certificar que 38,0% dos professores, nas suas aulas de educação física, já leccionaram Luta, 28,0% desportos de combate (de forma geral), 20,0% judo, 4,0% karaté e apenas dois inquiridos indicaram outras modalidades como o kung fu e a defesa pessoal, perfazendo 4,0% (cf. Tabela 15). Aqui, o aspecto central a distinguir, com base nos dados apresentados, é que nenhum professor abordou o jogo do pau português, apesar de um inquirido ter afirmado usufruir formação universitária nesta modalidade. Lima (1997) afirma que, o JPP pelas suas potencialidades de desenvolvimento motor que possibilita, deve ser especialmente protegido e incrementado, por ser o único desporto de combate de origem nacional, com raízes técnicas perfeitamente imbuídas na nossa cultura popular e literária. No entanto, estes resultados vão ao encontro à lógica/normalidade, pois a Luta e o Judo são as modalidades que são definidas pelo PNEF para serem abordados nas aulas, embora na maioria das vezes, como modalidades alternativas. Os desportos de combate abordados de uma forma geral, ou seja, sem que seja especificada qualquer modalidade, também estão entre os preferidos dos professores. Tabela 16. Razões para não abordar os DC nas aulas de educação física Razões para não abordar Desportos de Combate Falta de Motivação Falta de Domínio Técnico Alunos não apresentam motivação Falta de condições materiais Não faz parte do plano anual de matérias a abordar F 1 7 1 2 7 % 2,0 14,0 2,0 4,0 14,0 _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 63 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ No que respeita aos fundamentos para os professores não abordarem os desportos de combate nas suas aulas de educação física, destacamos aqui dois motivos principais como a falta de domínio técnico dos docentes nas modalidades 14,0% e também com 14,0% o facto de não fazerem parte do plano anual de matérias a abordar. (cf. Tabela 16). Esta situação vai um pouco contra os dados apresentados mais a frente, na tabela 27, onde há 64% de docentes que dizem que tiveram formação específica a nível dos desportos de combate, assim, esta grande percentagem que justifica a falta de domínio técnico, talvez não seja de todo aceitável. Estamos de acordo com Figueiredo (1995) quando defende uma abordagem aos DC eclética e inclusiva em detrimento de um ensino mais especializado, acrescentado ainda, que não será necessário um conhecimento profundo e grande domínio técnico das diferentes modalidades. O outro aspeto a realçar, como principal razão para não abordarem os DC, é o facto de não ter sido definido pelo grupo disciplinar de EF na sua planificação anual de escola, como se mostra na tabela 17. Tabela 17. Integração dos DC no programa anual da disciplina. Integração dos DC no plano anual da disciplina F % Sim 15 30,0 Não 35 70,0 Total 50 100,0 Denota-se que nas escolas, existe uma percentagem muito elevada, 70,0% de estabelecimentos de ensino que não incluem os desportos de combate nos seus planos, (cf. Tabela 17). Estes valores eram expectáveis, pois a principal justificação dada pelos professores para a não abordagem dos desportos de combate nas suas aulas, foi a ausência dos mesmos nos planos anuais de modalidades da sua escola. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 64 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Tabela 18. Ciclos de ensino onde os DC integram os programas da disciplina. Ciclos de Ensino onde os DC integram os programas da disciplina F % 2º Ciclo do Ensino Básico 15 30,0 No que concerne aos ciclos de ensino onde os desportos de combate integram os programas da disciplina de educação física, verifica-se que, as escolas optam por inserilos no segundo ciclo do ensino básico, completando 30% das interrogadas (cf. Tabela 18). Justifica-se, porque nos PNEF o único ciclo de ensino que enquadra um DC categorizado como matéria nuclear, é o 2ºCEB com a modalidade de luta. Tabela 19. Ciclos de ensino da preferência dos professores para abordar os DC Ciclos de ensino designados para abordar DC 1ºCEB e 2ºCEB 2ºCEB e 3ºCEB 3ºCEB e Secundário 2ºCEB 3ºCEB Secundário Todos os Ciclos de Ensino F 3 2 5 6 1 4 26 % 6,0 4,0 10,0 12,0 2,0 8,0 52,0 Observa-se que a maioria dos professores 52,0%, têm preferência pela abordagem dos desportos de combate em todos os ciclos de ensino. (cf. Tabela 19). Esta grande percentagem, pode ser explicada pelo fato dos professores atribuírem grande importância a abordagem dos DC nas suas aulas de EF e reconhecerem lhe efeitos benéficos em todas as suas vertentes. Segundo um estudo efetuado por Zetaruk et al. (2000), esses resultados incluem a melhoria do comportamento disciplinar, da capacidade de concentração mental, da condição física sem descurar a vivência lúdica. Tabela 20. Duração da leccionação dos DC nas aulas de educação física Duração da leccionação dos DC F % Pontualmente 15 30,0 Um Período 24 48,0 Durante todo o ano letivo 8 16,0 _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 65 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ No que diz respeito ao período de tempo de lecionação dos desportos de combate nas aulas de educação física, 48,0% consideram que um período letivo será o tempo aconselhado, 30,0% afirmam que a duração da abordagem deverá ser pontual, enquanto 16,0% entendem que a situação ideal passaria por uma abordagem da modalidade durante todo o ano letivo (cf. Tabela 20). Tabela 21. Dificuldades no caso de lecionar DC nas aulas de educação física. Dificuldades na leccionação dos DC F % Ao nível do ensino da parte prática 12 24,0 Ao nível do ensino da parte teórica 8 16,0 Dificuldades em fornecer os feedbacks adequados 10 20,0 Dificuldade em incentivar/motivar os alunos para os DC 1 2,0 Não sentirei dificuldade em nenhuma destas situações 10 20,0 Sentirei algumas dificuldades em todas estas situações 16 32,0 Relativamente às contrariedades que os professores sentiriam, no caso de lecionarem desportos de combate nas suas aulas de educação física, 32,0% patenteiam que mostravam algumas dificuldades em todas as situações expostas, 24,0% revelam que teriam dificuldades na parte prática, 20,0% não se sentiriam confortáveis em fornecer os feedbacks adequados, também com 20,0% mostram que não teriam quaisquer dificuldades em nenhuma das situações referidas, 16,0% assumem que possuiriam lacunas no ensino da parte teórica, por último, 2,0% dizem que não iriam ter facilidades em incentivar/motivar os alunos para os desportos de combate (cf. Tabela 21). Denota-se que, a maioria dos professores inquiridos revelam dificuldades na lecionação dos DC, em diversos aspetos. Os DC têm caraterísticas um pouco diferentes das diversas modalidades, para Figueiredo (1997), estes encontram-se no mesmo domínio taxionómico dos desportos individuais e dos desportos coletivos, para o autor situam-se ―num entre dois‖. Já para Paes (2002), torna-se urgente analisar os métodos utilizados para o ensino dos desportos de combate no que respeita a sua iniciação, que _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 66 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ antecede a prática especializada dos movimentos e que contribui para o desenvolvimento global dos alunos. Podemos depreender através da análise destes dados, que os professores deveriam, pelas dificuldades que evidenciam na abordagem dos DC, investir mais na formação das respetivas modalidades. 1.3. Caracterização da valorização da abordagem dos desportos de combate Neste ponto descrevem-se as características dos professores inquiridos, na forma como valorizam os desportos de combate na sua abordagem. Os dados serão apresentados em tabelas para melhor visualização. Tabela 22. Gosto pelos desportos de combate Gosto pelos Desportos de Combate F % Sim 33 66,0 Não 17 34,0 Total 50 100,0 No que respeita ao gosto pelos desportos de combate, 66,0% dos professores respondentes, afirmam que gostam destas modalidades, enquanto 34,0% dizem não gostar deste tipo de desportos. (cf. Tabela 22). Tendo em consideração que o sentimento de gostar é um pouco subjetivo, estes valores, nomeadamente, os relativos às respostas ―não‖, poder-se-ão justificar pelo interesse de outras modalidades de diferentes áreas ou até mesmo por alguma conjugação de outros aspetos, que condicionam a atração pelos desportos de combate. Tabela 23. Influência da abordagem dos DC, pelo facto de gostar ou não gostar. Influência da abordagem pelo gosto dos DC F % Sim 16 32,0 Não 34 68,0 Total 50 100,0 Observa-se que a maioria dos professores 68,0%, não está condicionada, na abordagem dos desportos de combate nas suas aulas de educação física, pelo motivo de não gostarem destes desportos. (cf. Tabela 23). _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 67 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Camacho (2006), refere que estudos concluídos em outras modalidades, dão-nos conta que existe uma associação positiva entre o gostar da modalidade e a sua abordagem, o que não se verifica neste contexto. Tabela 24. Concordância com a leccionação dos DC nas aulas de educação física Concordância com a leccionação dos DC nas aulas de EF F % Sim 47 94,0 Não 3 6,0 Total 50 100,0 Relativamente à concordância da leccionação dos desportos de combate nas aulas de educação física pelos professores, 94,0% deles afiançam que estão de acordo com a sua abordagem, sobrando 6,0% com opinião contrária (cf. Tabela 24). Estes professores, na sua maioria, entendem que a sua abordagem deverá ser efetuada durante um período letivo (cf. Tabela 20), em todos os ciclos de ensino (cf. Tabela 19). Segundo Le Boulch (1991) citado por Gallego (s.d), a atividade desportiva pode ser iniciada após a conclusão da etapa do estágio da educação psicomotora, a partir dos 8 a 9 anos. Esta afirmação vai um pouco de encontro ao nosso estudo e às opiniões dos professores, no que se refere à preferência da abordagem dos DC, uma vez que eles situam a abordagem em todos os ciclos de ensino, onde as idades são superiores às referidas por Le Boulch. Tabela 25. Importância dos DC nas aulas de educação física Importância dos DC nas aulas de EF F % Não é importante 0 0,0 Pouco importante 6 12,0 Importante 31 62,0 Muito importante 9 18,0 Extremamente importante 4 8,0 Total 50 100,0 De acordo com os questionados, constata-se que a grande maioria dos professores (88,0%) atribui um grau positivo de importância à abordagem dos DC nas aulas de EF, _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 68 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ sendo ainda de realçar que nenhum deles afirmou que não são importantes. 62,0% consideram importante a abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física, 18,0% muito importante, 12,0% pouco importante e somente 8,0% extremamente importante (cf. Tabela 25). Bento (1991), refere que a Escola é o único local onde podem e devem ser oferecidas experiências e competências em todas as partes do panorama desportivo, por ser uma instituição que reúne as crianças e os jovens. Assim sendo, é nossa convicção que os professores de educação física, como agentes de ensino e como promotores de exercício físico, devem direccionar a sua actividade para uma diversidade de práticas desportivas afirmativas, com alegria, motivação, organização, adequadas, como forma de despertar nos alunos a motivação para a prática de actividade física regular durante a vida pós escolar e sensibiliza-los para os benefícios que essa actividade física acarreta. Tabela 26. Fundamentação da importância da abordagem dos DC Fundamentação da importância dos DC Motivos/Razões F % Desporto fora do comum 1 2,0 Modalidade cativante e motivadora 12 24,0 Promove uma variedade de experiências 28 56,0 Existem outras modalidades mais cativantes… 5 10,0 Sem conhecimentos suficientes para abordar de forma capaz 6 12,0 Outra 1 2,0 No que pertence à fundamentação dos professores relativamente à importância da abordagem dos desportos de combate, destacamos dois motivos principais: 56,0% referem que é um desporto que promove uma variedade de experiências, e 24,0%, afirmam que se trata de uma modalidade cativante e motivadora. (cf. Tabela 26). Poderemos interpretar estes dados da tabela mais significativos, como sendo positivos, uma vez que nos remetem para o ecletismo dos DC, onde se adjetivam valores como multiplicidade, alternativa, diversidade com o complemento, sempre importante, de ser um desporto atraente, e fascinante. Para Figueiredo (1998), promover actividades físicas de uma forma reducionista e elitista, é trair a ideia actual de educação física, o autor defende uma conceção eclética e inclusiva da disciplina. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 69 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ 1.4. Caracterização da formação na abordagem dos desportos de combate Neste ponto descrevem-se as características dos professores inquiridos, no que respeita à sua formação específica na abordagem dos desportos de combate. Os dados serão apresentados em tabelas para melhor visualização. Tabela 27. Formação em DC durante o percurso académico Formação em Desportos de Combate Sim Não Total F 32 18 50 % 64,0 36,0 100,0 Relativamente à formação exclusiva dos professores de educação física em desportos de combate, constata-se que 64,0% adquiriram formação e os restantes 36,0% não a obtiveram (cf. Tabela 27). O número elevado dos professores com alguma formação, poder-se-á justificar pela grande maioria dos mesmos terem sido formados na ESEV, escola que aborda os DC de forma geral e na Faculdade de Ciências e Desporto da Educação Física da Universidade de Coimbra (FCDEF UC) com a abordagem do judo. Tabela 28. Modalidades onde os professores têm formação Modalidades com formação Desportos Combate (de forma geral) Judo Karaté Luta Jogo do Pau Português F 16 14 9 4 1 % 32,0 28,0 18,0 8,0 2,0 De acordo com as modalidades onde os professores evidenciam mais formação, obtivemos 32,0% nos desportos de combate (de forma geral), 28,0% de formação no judo, 18,0% no karaté, 8,0% na luta ficando reservados 2,0% ao jogo do pau português (cf. Tabela 28). _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 70 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Estes valores vão de encontro à análise do quadro anterior, que justifica, através das universidades / institutos envolvidos as modalidades mais representativas em que os professores apresentam maior formação. Tabela 29.Duração da formação nas modalidades Duração da formação Menos de 20 horas 20 a 40 horas 40 a 80 horas Mais de 80 horas F 9 9 11 3 % 18,0 18,0 22,0 6,0 Relativamente à duração da formação dos professores, constata-se que 22,0% enquadram o segmento das 40 às 80 horas; 18,0% com menos de 20 horas e também com a mesma percentagem de 18,0%, professores com duração da sua formação entre as 20 horas e 40 horas; contudo existe uma minoria com valores de 6,0% com formação de mais de 80 horas (cf. Tabela 29). Pelos valores apresentados, apreende-se que a maioria dos professores apresenta mais ou menos um semestre de formação: (uma média de 4 horas por cada uma das 15 semanas normais de um semestre). Na nossa opinião, já são valores de alguma forma significativos para uma formação inicial, embora em modalidades não tradicionais à cultura desportiva em Portugal, tal como se pode observar nos resultados seguintes. Nesse sentido, consideramos a necessidade de nos atualizarmos permanentemente, para assim adquirirmos formação complementar com acreditação ou competências alternativas, tendo em vista a consolidação das matérias e proporcionar mais confiança aos professores nessa abordagem. Tabela 30. Formação de treinador como praticante Formação de Treinador Sim Não Total F 3 47 50 % 6,0 94,0 100,0 _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 71 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ No que concerne à formação de treinadores como praticantes, verifica-se que 94,0% dos professores não apresenta qualquer formação específica, por outro lado, os restantes 6,0% possuem formação de treinador (cf. Tabela 30). Estes dados da tabela, são justificados com a grande desmotivação apresentada pelos professores, pelo seu desinteresse e consequente afastamento dos desportos de combate, que levam ao desinvestimento de qualquer formação especializada. Tabela 31. Pratica ou praticou DC. Praticante Sim Não Total F 14 % 28,0 36 50 72,0 100,0 Observa-se que 72,0% dos professores questionados, nunca praticou qualquer tipo de modalidade relacionada com os desportos de combate. As razões invocadas pelos inquiridos, como veremos a seguir, prendem-se com falta de motivação 36,0%, falta de oportunidade 26,0%, falta de tempo 12,0% e 4,0% alegam que sentiam falta de ações de formação específicas destas modalidades. Pelos motivos apresentados, estamos em querer que seria essencial, apostar em ações de formação nas escolas, até para desmistificar um pouco o conceção que eventualmente os professores tenham dos DC e potenciar assim o seus objetivos educacionais e contrariar o pensamento de Figueiredo (1998) que defende que o afastamento dos professores, se devem a um desconhecimento preciso dos conteúdos respetivos, o que dificulta a intervenção didática e pedagógica, e, especialmente, a um desconhecimento das suas imensas potencialidades para o desenvolvimento sócioafectivo e percetivo-motor da criança. Tabela 32. Contexto institucional da prática dos DC. Contexto institucional da prática dos Desportos de Combate Desporto Federado Desporto Universitário Informalmente Outro F 6 3 7 3 % 12,0 6,0 14,0 6,0 _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 72 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ No que pertence à contextualização da prática dos inquiridos, verifica-se que 14,0% praticam ou praticaram informalmente estes desportos, 12,0% também o fizeram em contexto federado, 6,0% em contexto universitário, ficando também reservados 6,0% a outro tipo de contexto (cf. Tabela 32). Tabela 33. Razões para não ter praticado DC. Motivos para não ter praticado D.C. Falta de Motivação Falta de Tempo Falta de Oportunidade Outra F 18 6 13 2 % 36,0 12,0 26,0 4,0 Relativamente às motivações dos professores, por não terem qualquer proximidade com as modalidades, 36,0% apresentaram o argumento de falta de motivação, 26,0% falta de oportunidade, 12,0% falta de tempo e 4,0% alegam que sentiam falta de ações de formação específicas destas modalidades (cf. Tabela 33). As fontes de motivação podem ser classificadas em intrínsecas e extrínsecas, e de acordo com Morris e Maisto (2004), motivação intrínseca diz respeito às recompensas que se originam da actividade em si e a motivação extrínseca refere-se às recompensas que não são obtidas da actividade, mas são as consequências dessa actividade. Se existir falta de motivação, facilmente se podem arranjar pretextos para não criar as oportunidades necessárias a uma prática física educativa, como são os desportos de combate. 2. Análise Inferencial Na análise inferencial far-se-ão os testes das hipóteses formuladas relativamente à análise das diferentes variáveis como fatores preditores da importância atribuída aos desportos de combate nas aulas de educação física. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 73 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Tabela 34. Teste de normalidade para as variáveis independentes e moderadoras Variáveis Género Idades Tempo de serviço Instituição Praticante Formação treinador Feminino Masculino 28-33anos 33-40anos 40-55anos 1-3anos 7-25anos 25-35anos Universidade Politécnico Sim Não Sim Não Kolmogorov-Smirnov Estatística gl p ,382 16 ,000 ,337 34 ,000 ,231 5 ,200 ,358 20 ,000 ,380 23 ,000 ,385 3 . ,335 38 ,000 ,407 6 ,002 ,362 34 ,000 ,313 16 ,000 ,264 14 ,009 ,353 36 ,000 ,385 3 . ,348 46 ,000 Shapiro-Wilk Estatística gl ,760 16 ,817 34 ,881 5 ,791 20 ,756 23 ,750 3 ,818 38 ,640 6 ,786 34 ,787 16 ,853 14 ,732 36 ,750 3 ,802 46 P ,001 ,000 ,314 ,001 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,002 ,025 ,000 ,000 ,000 Conforme a tabela apresentada, fica evidente que temos apenas uma classe da variável idade com valores de p>0,050, o que nos leva a decidir pela aplicação de testes não paramétricos relativamente às hipóteses em estudo. 2.1. Teste de Hipóteses Uma hipótese em estatística, é uma proposição relativa a uma ou várias populações principalmente referente à forma ou aos parâmetros da distribuição dessas populações. Uma hipótese diz sempre respeito a uma ou a várias populações e nunca às amostras, até porque estas são conhecidas e não podem ser objeto de hipóteses. H01: Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função das variáveis sociodemográficas. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 74 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Tabela 35. Testes não paramétricos relativos ao género Género N Feminino Masculino Total 16 34 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio Z p 23,84 26,28 -0,635 0,526 Relativamente à interpretação da tabela, poderemos observar que no género feminino se evidencia um rank de 23,84 enquanto no masculino assume valores de 26,28. Os professores do género masculino atribuem mais importância que o género feminino contudo, o valor do teste relativo ao género é de Z=-0,635 com p=0,526. Pode inferir-se que não há diferenças entre géneros no que diz respeito à importância que atribuem ao ensino dos desportos de combate. Tabela 36. Testes não paramétricos respeitantes à idade Idades N 21-28anos 28-33anos 33-40anos 40-55anos Total 2 5 20 23 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio X2 p 22,00 18,60 25,20 2,262 0,520 27,57 No que respeita à tabela, percebemos que os professores de educação física que se situam na faixa etária entre os 40-55 anos, dão mais importância ao ensino dos desportos de combate nas suas aulas, com um rank de 27,57, que os de idades inferiores. Nas idades compreendidas entre os 33-40 verifica-se um rank de 25,20; nas idades abrangidas entre os 28-33 anos, constatámos um rank de 18,60 e por último, nas idades inferiores dos 21 aos 28 anos, obtemos um rank de 22,00. O valor do teste relativo às idades é de X2=2,262 com p=0,520, podemos assim depreender que não há diferenças significativas entre idades no que diz respeito à importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas suas aulas de educação física. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 75 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Tabela 37. Testes não paramétricos respeitantes aos anos de escolaridade que os professores lecionam Anos em que lecionam N 2ºCEB 3ºCEB 2º e 3ºCEB Secundário 3ºCEB e Secundário Total 7 12 17 6 8 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio X2 p 30,57 23,46 21,09 30,83 29,50 5,366 0,252 De acordo com a tabela, percebe-se que os professores de educação física que lecionam no secundário, são aqueles que dão mais importância ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, com um rank de 30,83. Os professores que lecionam no 2ºCEB, têm também um valor muito próximo do referido anteriormente, com um rank de 30,57. O valor do teste relativo aos anos de escolaridade que os professores lecionam, é de X2=5,366 com p=0,252, podemos assim deduzir, que não há diferenças significativas em relação aos anos que os professores lecionam, relativamente à importância que estes atribuem ao ensino dos desportos de combate nas suas aulas de educação física. Tabela 38. Testes não paramétricos relativos ao tempo de serviço Tempo de Serviço N 1-3anos 4-6anos 7-25anos 25-35anos Total 3 3 38 6 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio X2 p 15,83 22,00 26,04 2,424 0,489 28,67 No que concerne aos valores da tabela, entendemos que os professores de educação física que têm mais tempo de serviço, 25-35 anos, dão mais importância ao ensino dos desportos de combate nas suas aulas, com um rank de 28,67. Nos valores de tempo de serviço compreendidos entre os 7-25 anos, verifica-se um rank de 26,04; entre os 4-6 anos, constatámos um rank de 22,00 e por último, no início da carreira com tempo de serviço até aos 3 anos, obtemos um rank de 15,83. O valor do teste relativo ao tempo de serviço dos professores, é de X2=2,424 com p=0,489, podemos assim depreender, que não há diferenças significativas no tempo de serviço dos professores, _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 76 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ no que respeita à importância que estes atribuem ao ensino dos desportos de combate nas suas aulas de educação física Tabela 39. Testes não paramétricos referentes à formação na universidade/instituto politécnico Instituição N Universitário Politécnico Total 34 16 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio Z p 27,01 22,28 -1,234 0,217 No que pertence à interpretação dos dados da tabela, constata-se que os professores que realizaram a sua formação inicial nas universidades, têm um rank mais elevado, 27,01, em relação aos que se formaram nos institutos politécnicos, com um valor de rank um pouco inferior de grandeza 22,28. Os professores com formação nas universidades, atribuem mais importância que os que obtiveram formação nos institutos politécnicos, contudo, o valor do teste é de Z=-1,234 com p=0,217. Pode entender-se que não há diferenças significativas entre escolas de formação no que diz respeito à importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física. Aceita-se a hipótese H01 formulada. H02: Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da prática dos desportos de combate. Tabela 40. Testes não paramétricos referentes à prática ou não, dos DC Praticante N Ex Praticante Sim Não Total 14 36 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio Z p 32,54 22,76 -2,451 0,014 No que respeita aos valores apontados pela tabela, apura-se que os professores que praticam ou já praticaram desportos de combate, dão maior importância ao ensino _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 77 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ dos mesmos nas suas aulas de educação física, assumindo um valor de rank de 32,54, enquanto os que nunca praticaram, acusam valores de rank de 22,76. Com um valor de Z=-2,451 com p=0,014, constatamos que existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da prática dos desportos de combate. Não se aceita a hipótese H02 formulada. H03: Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da formação específica em desportos de combate. Tabela 41. Testes não paramétricos referentes à formação específica em DC no percurso académico Percurso Académico N Sim Não Total 32 18 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio Z p 24,64 27,03 -0,640 0,522 Relativamente aos dados da tabela, os professores que não tiveram qualquer formação durante o seu percurso académico, atribuem mais importância ao ensino dos DC nas aulas de EF com valores de rank de 27,03. Com um valor de Z=-0,640 com p=0,522, constatamos que não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da suja formação específica durante o seu percurso académico. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 78 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Tabela 42. Testes não paramétricos referentes à formação específica em DC no percurso académico modalidades Modalidades que tiveram formação no Percurso Académico DC (de forma geral) Judo Luta Jogo do Pau Português Karaté Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Total N 34 16 36 14 46 4 49 1 41 9 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio Z p 24,79 -0,575 0,565 27,00 25,67 -0,149 0,881 25,07 26,21 -1,339 0,181 17,38 25,57 -0,279 0,780 22,00 26,23 -0,872 0,383 22,17 De acordo com a tabela, verifica-se que todos os professores que usufruíram formação durante o seu percurso académico, obtiveram-na em modalidades diferentes e alguns em mais do que uma modalidade. Dos que tiveram formação em DC (de forma geral), denotamos que estes atribuem mais importância à abordagem dos mesmos nas aulas de EF, apresentando um rank de 27,00, com um valor de Z=-0,575 com p=0,565. Contudo, não há diferenças significativas entre quem teve ou não formação em DC de forma geral. Relativamente ao judo, os professores que não tiveram formação nesta modalidade, dão maior importância à abordagem dos DC nas aulas de EF do que aqueles que tiveram formação. Estes apresentam um rank de 25,67 com valores de Z=0,149 com p=0,881, o que se infere que não existem diferenças significativas entre os que tiveram formação ou não. Em relação à luta, os professores que não tiveram formação nesta modalidade, dão maior importância à abordagem dos DC nas aulas de EF do que aqueles que a tiveram. Estes, apresentam um rank de 26,21 com valores de Z=-1,339 com p=0,181, o que se infere que não existem diferenças significativas entre os professores que tiveram formação e aqueles que não tiveram. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 79 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ No que respeita ao jogo do pau português, só um professor teve formação nesta modalidade no seu percurso académico, contudo os professores que não tiveram formação nesta modalidade, dão maior importância à abordagem dos DC nas aulas de EF do que aqueles que a tiveram. Estes, apresentam um rank de 25,57 com valores de Z=-0,279 com p=0,780, o que se deduz que não existem diferenças significativas entre os professores que usufruíram formação e aqueles que não a tiveram. Quanto ao karaté, os professores que não tiveram formação nesta modalidade, dão maior importância à abordagem dos DC nas aulas de EF do que aqueles que a tiveram. Estes, apresentam um rank de 26,23 com valores de Z=-0,872 com p=0,383, o que se depreende que não existem diferenças significativas entre os professores que tiveram formação e os outros que não a tiveram. Pode inferir-se que o facto de usufruírem de formação específica nestas modalidades não influencia significativamente a importância atribuída ao ensino de DC nas aulas de educação física Tabela 43. Testes não paramétricos referentes à formação específica em DC no percurso académico duração Duração da formação N Menos de 20 horas 20 a 40 horas 40 a 80 horas Mais de 80 horas Total 9 9 11 3 32 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio X2 p 17,72 13,11 18,64 2,948 0,400 15,17 No que concerne aos valores da tabela, entendemos que os professores de educação física que têm mais horas de formação, durante o seu percurso académico (40 a 80 h), dão mais importância ao ensino dos desportos de combate nas suas aulas, com um rank atribuído de 18,64. O valor do teste, relativo ao tempo de serviço dos professores, é de X2=2,948 com p=0,400, podemos assim depreender, que não há diferenças significativas no tempo de serviço dos professores, no que respeita à importância que estes atribuem ao ensino dos desportos de combate nas suas aulas de educação física. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 80 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Tabela 44. Testes não paramétricos referentes à formação específica como treinador Formação de Treinador N Sim Não Total 3 47 50 Que importância atribui à abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física. Rank médio Z p 28,00 24,80 -0,430 0,667 Relativamente aos dados verificados, embora só existam três professores com formação de treinador, denota-se que estes, que possuem habilitação específica em desportos de combate, dão maior importância ao ensino dos mesmos nas suas aulas de educação física, assumindo um valor de rank superior (28,00), enquanto os que não têm formação específica, apontam valores de rank inferiores (24,80). No entanto, com um valor de Z=-0,430 e p=0,667, constatamos que não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da habilitação técnica nestes desportos. Aceita-se a hipótese H03 formulada. H04: Não existem diferenças significativas nas razões apontadas pelos professores face à importância que atribuem ao ensino dos DC nas aulas de educação física Tabela 45. Teste de X2 para comparar o nível de importância atribuído à abordagem dos DC nas aulas de EF com os motivos da escolha. Motivos/Razões 1.Desporto fora do comum 2.Modalidade cativante e motivadora 3.Promove uma variedade de experiências 4.Existem outras modalidades mais cativantes e importantes 5Não tenho conhecimentos suficientes para poder abordar de forma capaz 6.Modalidade tão importante como as outras Que importância atribui à abordagem dos DC nas aulas de EF? Não é Pouco Muito Extre Import. Impor Impor Import. Impo N % N % N % N % N % 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 5 10 6 12 1 2 0 0 0 0 22 44 2 4 4 8 0 0 0 0 0 0 X2 p 4,649 11,932 0,199 0,008 17,765 0,000 5 10 0 0 0 0 0 0 40,741 0,000 1 2 4 8 1 2 0 0 0,700 0,873 0 0 1 2 0 0 0 0 0,625 0,891 _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 81 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ De acordo com a tabela, podemos observar se existem, ou não, diferenças significativas entre os níveis de importância atribuídos à abordagem dos DC nas aulas de EF e os motivos associados a esta escolha. Os professores que consideraram que os DC são fundamentais e que a sua inclusão nas aulas de EF assume benefícios como sendo uma modalidade que promove uma variedade de experiencias, desporto fora de comum, bem como, uma modalidade cativante e motivadora, atribuem um grau de importante, muito importante e extremamente importante relativa à sua abordagem. Os professores que deram como fundamento que este desporto era fora do comum, 2,0% atribuíram muita importância à sua abordagem nas aulas de EF. Contudo, o valor do teste não se revela significativo (X2=4,649 com p=0,199). Verificamos, ainda, que a maioria dos professores que respondeu como sendo uma modalidade cativante e motivadora, 12,0% afirmam ser muito importante e 10,0% como sendo importante a sua abordagem nas aulas de EF. Podemos dizer, que as diferenças são significativas (X2=11,932 com p=0,008). Por fim, grande parte dos docentes que consideram que se trata de uma modalidade que promove uma variedade de experiências, 44,0% dizem que é importante a abordagem dos DC nas aulas de EF, 8,0% destes docentes, consideram que se trata de uma abordagem extremamente importante e unicamente 4,0% refere que é muito importante a lecionaçao destes desportos nas aulas de educação física. Neste seguimento, constatamos um (X2=17,765 com p=0,000), razão pela qual podemos afirmar que há diferenças significativas. Dos professores que responderam que era pouco importante a abordagem dos DC, nas aulas de EF 10,0%, assinalam que existem outras modalidades mais cativantes e importantes. No estudo, constatamos um (X2=40,741 com p=0,000), razão pela qual podemos afirmar que há diferenças significativas. Não se aceita a hipótese H04 formulada. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 82 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Conclusões É por demais evidente o valor educativo que a prática de desportos de combate, quando devidamente orientada, apresenta na formação do jovem. Estes desportos, são uma manifestação de cultura de movimento que não pode ser negada, e o seu ensino na escola não pode exigir que o professor seja treinador ou especialista em artes marciais, já que não se pretende formar um atleta/lutador, mas sim que os alunos se adaptem e considerem a riqueza ímpar destas modalidades. De acordo com os resultados alcançados durante este estudo, destacamos assim, os dados mais visíveis desta investigação. Como resposta às questões do estudo, iniciamos por uma abordagem mais de carácter geral e posteriormente refletiremos sobre as hipóteses formuladas, tendo em atenção os objetivos delineados bem como a sua problemática. Relativamente à parte descritiva do estudo, exibimos as seguintes conclusões: • A maioria dos professores inquiridos, são do género masculino, com idades que variam entre os 40-55 anos, que apresentam um tempo de serviço de 7-25 anos, professores estes, que lecionam nos 2º e 3ºCEB, com a sua formação inicial efetuada maioritariamente, na Escola Superior de Educação de Viseu. • Evidencia-se que grande parte dos professores, abordam ou já abordaram os DC nas suas aulas, onde a Luta assume um papel de destaque em relação às outras modalidades. Contudo, os restantes 25% de professores que nunca abordaram os DC, sustentam a sua atitude na falta de domínio técnico e também, pelo facto de estes desportos não fazerem parte do plano anual de matérias a lecionar. No que pertence aos ciclos de ensino onde os DC integram os programas da disciplina de educação física, verifica-se que, as escolas optam por inseri-los no _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 83 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ segundo ciclo do ensino básico, no entanto, é da preferência generalizada dos professores, que estas modalidades sejam abordadas em todos os ciclos de ensino com uma duração mínima de um período letivo. Relativamente às adversidades que os professores sentiriam, no caso de lecionarem desportos de combate nas suas aulas de educação física, denota-se que todos eles evidenciariam dificuldades em todas as situações expostas, como por exemplo, na emissão de feedbacks adequados, explanação teórica e mesmo na parte prática. • A maioria dos professores questionados, afirmam que gostam de DC, no entanto, 68% dizem que não estão condicionados na sua abordagem pelo facto de gostarem ou não destes desportos. Grande parte destes docentes atribuem grande importância ao ensino dos mesmos e na sua maioria afirmam que concordam com a sua lecionação nas aulas de educação física. No que pertence à fundamentação dos professores relativamente à importância da abordagem dos desportos de combate, destacamos dois motivos principais que passam pela promoção de uma variedade de experiências e também por se tratar de uma modalidade cativante e motivadora. • Dois terços dos professores inquiridos obtiveram formação exclusiva em DC. Estas formações basearam-se essencialmente nas modalidades de base adquiridas nas suas universidades / institutos de formação inicial. Assim, temos os DC (de forma geral), como a modalidade que apresenta maior percentagem de formação seguida do judo. Relativamente à duração desta formação, constatamos que 22,0% enquadram o segmento das 40 às 80 horas. Dos cinquenta professores questionados, só três dizem ter formação de treinador como praticante, quer isto dizer que 92,0% dos professores não apresentam qualquer formação específica nas modalidades. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 84 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ A grande maioria dos docentes nunca praticou estes desportos. Aqueles que o fizeram 28%, dividem a sua experiência com prática informal das modalidades, com outros com contexto institucional federativo. No que respeita às causas apontadas pelos professores, por não terem qualquer proximidade com os DC, estes argumentam de falta de motivação e também segundo eles, falta de oportunidade. Realçamos, ainda, as seguintes conclusões sob o ponto de vista inferencial: • Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função das variáveis sociodemográficas. • Existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos DC nas aulas de educação física, quando comparada em função da prática dos mesmos. Os professores que praticam ou já praticaram desportos de combate, dão maior importância ao ensino dos mesmos nas suas aulas de educação física. • Não existem diferenças significativas na importância que os professores atribuem ao ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física, quando comparada em função da formação específica em desportos de combate. • Existem diferenças significativas nas razões apontadas pelos professores face à importância que atribuem ao ensino dos DC nas aulas de educação física. Os professores que afirmam que se trata de uma modalidade cativante e motivadora que promove grande variedade de experiências, atribuem grande importância ao ensino dos DC nas aulas de EF. Por outro lado, aqueles que consideram que existem outras modalidades mais cativantes e importantes, encaram estes desportos como pouco importantes. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 85 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Como mostrámos ao longo deste trabalho, o ecletismo dos desportos de combate proporcionam uma atividade física que envolve um excelente complexo bio-psico-sócio motor. É esta ação educativa, baseada e fundamentada no movimento consciente e no esforço espontâneo, que tem por finalidade normalizar, complementar e aperfeiçoar a conduta global da criança de hoje e do Homem de amanhã. Torna-se necessário, portanto, promover o desenvolvimento do jogo dual nestes desportos, tanto como factor lúdico, de educação do corpo, do gesto (desenvolvendo nas crianças o campo das possibilidades de interpretar o mundo, de exprimir o pensamento, de criar, etc.), tanto como fator de competição desportiva. Com certeza, que na elaboração deste trabalho, algo poderá ter ficado por dizer/transmitir, caso contrário incorreríamos num processo de estagnação, e não é isso que pretendemos com este trabalho, é necessário evoluir, acrescentar ―velhos e novos‖ conceitos, metodologias, com o propósito de contribuir em primeiro lugar, para o crescimento do nosso saber, procurando a seguir partilha-lo em benefício dos outros, neste particular, com a comunidade escolar. . _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 86 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Bibliografia Alarcão, I. (org.) (1996). Formação reflexiva de professores - Estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora. Almada, F. (1984). Os Desportos de Combate. 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Revista Adolescence, vol. 36, nº143, outubro. _______________________________________________________________________________ A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 93 APÊNDICES Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Apêndice 1. Questionário. Caro (a) Professor (a) Este questionário foi elaborado no âmbito do curso de mestrado em ensino da educação física, nos ensinos básicos e secundário com o objetivo de recolher informações acerca da opinião dos professores de educação física, que lecionam nas escolas públicas do 2º e 3º ciclo e secundário do Concelho de Viseu, sobre a importância do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física. Dessa forma, agradecemos desde já a sua preciosa participação. I PARTE – QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO 1. Sexo: F M 2. Idade: ________ 3. Escola: __________________________________________________________ 4. Anos que leciona: 2º ciclo 3º ciclo Secundário 5. Há quantos anos exerce a sua profissão de Professor(a)? ______ ano(s) 6. Em que Universidade/Instituto realizou a sua formação superior? ________________________________________________________________ 7. Qual a designação da sua formação superior? Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento II PARTE – QUESTIONÁRIO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DOS DESPORTOS DE COMBATE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 8. Teve formação em Desportos de Combate durante o seu percurso académico? Sim Não A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 97 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Se sim, 8.1. Em que modalidades Desportos de Combate ( de forma geral) Judo Luta Jogo do Pau Português Karaté Outra:__________________________________________ 8.2. Que duração teve essa formação? menos de 20 horas 20 a 40 horas 40 a 80 horas mais de 80 horas 9. Fora do âmbito da sua formação superior, pratica ou praticou Desportos de Combate? Sim Não Se sim, 9.1. Onde? Nas aulas de Educação Física; No Desporto Escolar; No Desporto Federado; No Desporto Universitário; No Desporto Autárquico; Informalmente; Outro:_____________________________________________________________ Se não, 9.2. Porquê? Falta de motivação; Falta de habilidade motora; Falta de tempo; Falta de oportunidade; A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 98 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Outra:__________________________________________________________ 9.3. Como praticante possui alguma formação de treinador? Sim Não 10. Gosta de Desportos de Combate? Sim Não 10.1. Considera que a sua resposta anterior influencia o facto de optar por abordar ou não os Desportos de Combate nas aulas de Educação Física? Sim Não 11. Que importância atribui à abordagem dos Desportos de Combate nas aulas de Educação Física. 1 2 Não é importante Pouco importante 3 4 Importante Muito importante 5 Extremamente importante 11.1. Das opções seguintes, escolha aquela que mais fundamenta a sua resposta anterior: Desporto fora do comum Modalidade cativante e motivadora Promove uma variedade de experiências Existem outras modalidades mais cativantes e importantes Não gosto destes desportos Não tenho conhecimentos suficientes para poder abordar de forma capaz Os alunos não gostam de Desportos de Combate Outra:____________________________________________________________ 12. Já alguma vez abordou os Desportos de Combate nas aulas de Educação Física? Sim Não Se sim, 12.1. Quais as modalidades Desportos de Combate (de forma geral) Judo A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 99 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Luta Jogo do Pau Português Karaté Outra:_______________________________________ Se não, 12.2. Indique a razão (escolha uma hipótese): Falta de motivação Falta de domínio técnico Os alunos não apresentam motivação Falta de condições materiais Não faz parte do programa anual de matérias a abordar Dureza da modalidade Outra:______________________________________________ 13. Na sua escola, os Desportos de Combate fazem parte do programa anual da disciplina? Sim Não Se sim, 13.1. Em que ciclos de ensino? 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclos Secundário 14. Concorda com a leccionação dos Desportos de Combate na disciplina de Educação Física? Sim Não Se sim, 14.1. Em que ciclos de ensino 1º ciclo ensino 2º ciclo 3º ciclo Secundário Todos os ciclos de 14.2. Com que duração? A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 100 Curso de mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundário _______________________________________________________________________________ Pontualmente Um período Dois períodos Durante todo o ano lectivo 15. Em qual destas situações sentiria maior dificuldade no caso de ter que lecionar desportos de Combate nas aulas de Educação Física (escolha uma hipótese)? Ao nível do ensino da parte prática Ao nível do ensino da parte teórica Dificuldade em fornecer os feedbacks adequados Dificuldade em incentivar/ motivar os alunos para esta modalidade Não sentirei dificuldade em nenhuma destas situações Sentirei algumas dificuldades em todas estas situações Outra:_____________________________________________________________ Agradecemos a sua colaboração. A emergência do ensino dos desportos de combate nas aulas de educação física 101