UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID
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UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID
UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID MESTRADO EM FISIOTERAPIA CAMILA THAIS PINTO CAMARA INFLUÊNCIA DA ALTURA DA BENGALA SOBRE O CONTROLE POSTURAL DE IDOSOS QUE VIVEM NA COMUNIDADE: ESTUDO EXPERIMENTAL EXPLORATÓRIO SÃO PAULO 2014 CAMILA THAIS PINTO CAMARA INFLUÊNCIA DA ALTURA DA BENGALA SOBRE O CONTROLE POSTURAL DE IDODOS QUE VIVEM NA COMUNIDADE: ESTUDO EXPERIMENTAL EXPLORATÓRIO Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Fisioterapia, da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito para obtenção do título de Mestre sob orientação da Profa.Dra.Monica Rodrigues Perracini e co-orientação do Prof. Dr. César Amorim e da Profa. Dra. Sandra Maria S. Freitas. SÃO PAULO 2014 CAMILA THAIS PINTO CAMARA INFLUÊNCIA DA ALTURA DA BENGALA SOBRE O CONTROLE POSTURAL DE IDOSOS QUE VIVEM NA COMUNIDADE: ESTUDO EXPERIMENTAL EXPLORATÓRIO Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Fisioterapia, da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito para obtenção do título de Mestre sob orientação da Profa.Dra.Monica Rodrigues Perracini e co-orientação do Prof. Dr. César Amorim e da Profa. Dra. Sandra Maria S. Freitas. Área de concentração: Geriatria e Gerontologia Data da defesa: 28/03/2014 Resultado: aprovado_________________________ Banca examinadora: Prof Dr José Angelo Barela Universidade Cruzeiro do Sul Prof Dr Rosimeire Simprini Padula Universidade Cidade de São Paulo Prof Dr Monica Rodrigues Perracini Universidade Cidade de São Paulo DEDICATÓRIA Aos meus pais, Sueli e Muniz, que sempre apóiam minhas decisões e escolhas, que me estimulam nos momentos mais difíceis, não só com palavras de carinho mas com exemplo de dedicação e superação. Meu muito obrigada, nem a minha vida inteira serei capaz de devolver metade do que vocês me proporcionaram, amo vocês incondicionalmente. Ao meu namorado, Caio que sempre esteve ao meu lado, que me acalmou nos momentos de desespero, me estimulou quando foi necessário, e que foi muito compreensivo nos momentos de ausência, que não foram poucos. Muito obrigada meu amor! Aos meus irmãos, Sérgio e Renata, pelo amor, carinho e atenção, e principalmente por me darem sobrinhos tão lindos e carinhosos, crianças que inocentemente nos trazem calma e paz nos momentos difíceis, nos fazem esquecer os problemas e as dificuldades momentaneamente. Aos primos que sempre apoiaram e ajudaram efetivamente para que esse trabalho ficasse mais "bonito", e ao restante da família Fernandes muito obrigada por me escutarem pacientemente, estimularem e me fazerem dar altas risadas. Vocês são muito especiais na minha vida. A família, bem mais preciosos que possuo. Tenho muito orgulho de todos vocês. Aos amigos, que além de me escutarem, me aconselharem, me proporcionaram momentos de descontração, essencial para aliviar a pressão e manter a determinação para caminhar adiante. E aos pacientes que acreditam no meu trabalho, que compreenderam alguns momentos de ausência para que pudesse concluir essa etapa da minha vida. E que em parte são motivadores para que busque sempre me aprimorar. AGRADECIMENTOS Primeiramente quero agradecer à minha querida orientadora, Monica Perracini, por dedicar com carinho e competência sua função de educadora, afinal além de excelente pesquisadora você é uma grande educadora. Agradecer por compartilhar seu vasto conhecimento e experiência comigo, por ter tido paciência, por ter me estimulado nos momentos difíceis, por ter se dedicado efetivamente para que esse trabalho fosse concluído. Te admiro muito, você é exemplo de dedicação, superação e humildade. Você sempre estará na minha vida e na minha lembrança, muito obrigada. Aos meus co-orientadores, à querida Sandra Freitas, por sua dedicação em me ensinar com toda a paciência do mundo, sem medir esforços para que eu pudesse aprender. E ao querido César Amorin, que dedicou seu tempo viabilizando uma parcela da parte operacional desse estudo. À querida companheira Waléria, que foi fundamental para que esse estudo fosse realizado, obrigada por me auxiliar nas coletas de dados, por escutar os meus desabafos e por ir tão longe para me ajudar. À querida Camila, que me ajudou muito com as coletas de dados, mas que também foi companheira nos momentos difíceis, e que também me fez dar muitas risadas para descontrair. À Turma da Monica, todos direta ou indiretamente ajudaram para que esse trabalho fosse concluído. Esse grupo é muito bom. Aos participantes desse estudo, pois, sem a disponibilidade deles este trabalho não se faria presente. À todos os professores do programa de Mestrado em Fisioterapia, os quais transmitiram seus conhecimentos e que de certa forma me tornaram uma pessoa mais crítica. À todos os colegas do mestrado e às secretárias do programa, Cláudia e Sheila, por me atenderem sempre com cordialidade esclarecendo todas as duvidas que surgiram durante esses anos. RESUMO INTRODUÇÃO: O uso de bengala é frequente em idosos com problemas de mobilidade. Estudos apontam que parte dos idosos passam a utilizar bengala sem a adequada avaliação e prescrição, o que poderia aumentar o risco de queda. Contudo não há estudos sobre a confiabilidade das medidas utilizadas para prescrição da altura da bengala e se diferentes alturas influenciam o controle postural. Foram realizados dois estudos, sendo que o primeiro investigou a confiabilidade intra-avaliador e inter-avalidores das medidas antropométricas utilizadas para estabelecer a altura ideal na prescrição da bengala, definir o erro da medida e a diferença minimamente detectável. O segundo teve como objetivo analisar a influência da altura da bengala de único apoio sobre controle postural. MÉTODO: O primeiro estudo, de delineamento transversal e exploratório, foi realizado com 117 idosos de ambos os sexos, com 60 anos ou mais, que vivem na comunidade. Foram analisadas as medidas distância punho-solo (PS), distância trocânter maior do fêmur até o solo (TM) e flexão do cotovelo ao segurar a bengala, por dois avaliadores independentes e pelo mesmo avaliador em um intervalo de 1545 dias. O segundo estudo, de caráter experimental, foi realizado com 18 idosos, do gênero feminino, com 60 anos ou mais que usavam bengala de apoio único há pelo menos 6 meses. Foram conduzidas análises da oscilação corporal e da força vertical aplicada sobre a bengala na posição de pés paralelos e pés um a frente do outro (sobre passo) e em três alturas da bengala (PS, PS +7,5cm e PS +10cm). As variáveis de oscilação postural das participantes foram obtidas através de registro de forças e momentos aplicados numa plataforma de força e a força vertical aplicada na bengala foi captada por uma célula de carga. RESULTADOS: No primeiro estudo, 79% dos participantes eram do gênero feminino e a idade média foi de 73,2±7,0 anos. A confiabilidade inter- avaliadores ICC2,1 e intra- avaliadores ICC3,1 foi alta para ambas as medidas, sendo de 0,94 para a medida TM e de 0,97 para PS. A flexão de cotovelo esteve dentro do recomendado (20 a 30° ±10°) em 0,9% utilizando-se a medida TM e em 29% dos casos para medida PS. O erro padrão da medida foi de 0,71 cm e a diferença mínima detectável foi de 2,2 cm. No segundo estudo, a idade média foi de 77,9±9,0 anos e o tempo médio de uso da bengala foi de 63,0±49,6 meses. Não houve influência da altura da bengala sobre as variáveis de oscilação postural e sobre a força aplicada na bengala, na condição de pés paralelos. Foram observadas diferenças significativas na condição de posição de pés em sobre passo para a variável amplitude média de deslocamento (p= 0,014) e para a variável velocidade de deslocamento do centro de pressão (p = 0,004) ambas no sentido médio-lateral. CONCLUSÃO: No primeiro estudo concluímos que a medida PS é a mais adequada para determinar a altura da bengala de único apoio e que a diferença na altura que pode ser detectada corresponde aproximadamente um ajuste na bengala. No segundo concluímos que a altura da bengala pode influenciar o controle postural de idosas na posição de sobre passo. Palavras-chave: idosos, bengala, reprodutibilidade de testes, controle postura, equilíbrio postural. ABSTRACT INTRODUCTION: The use of the canes is common in older people with mobility problems. Studies show that part of the elderly use the walking sticks without proper evaluation and injunction, what could increase the risk of falling. However, there were no studies on the reliability of the measures used for prescribing the height of the canes and whether or not different heights influence on postural control. Two studies were conducted. The first one investigated the reliability intra-observer and interobserver of the biomechanical measures used to establish the ideal length in the prescription of the canes, set the error of measurement and the minimal detectable difference. The second one examined the influence of the ne-point cane heigth on postural control. METHOD: The first study, with an exploratory cross-sectional design, was conducted with 117 elderly from both sexes, aged 60 or more, living in the community. The measures analyzed were the distance from wrist the crease to the floor, the distance from the top the greater trochanter of the femur to the floor and the ground and elbow flexion while holding the cane, by two independent observers and by the same observers at an interval of 15-45 days. The second study, with an experimental basis, was conducted with 18 female elderly, aged 60 years and over who used the one-point canes for at least 6 months. It was conducted analysis concernig the body sway and the vertical force applied to the cane in the position of side-by-side feet and semi-tandem, and in three different cane height (WF, WF+7.5 and WF+10 cm). The postural sway variables of the participants were acquired through registration of forces and moments applied on a force platform and the vertical force applied on the cane was recorded by a load cell. RESULTS: In the first study, 79% of participants were female and the average age was 73.2 ± 7.0 years. The reliability inter-observer ICC²'¹ and intra-observer ICC¹'³ was high for both measures, with 0.94 for the TF measure and 0.97 for the WF measure. The elbow flexion was within the recommended levels (20 to 30° ±10°) in 0.9% of the cases using the TF measure and in 29% of cases for WF measure. The standard error of the measure was 0.71 cm and the minimum detectable difference was 2.2 cm. In the second study, the average age was 77.9±9,0 years and the average time of use of the walking stick was 63.0±49.6 months. There was no influence of the cane height on variables of postural sway and on the applied force on the walking stick, in the condition of side-by-side feet. Significant differences were observed in the condition of one semi-tandem feet for the body sway amplitude (p= 0,014) and mean sway velocity of the center of pressure (p = 0,004), both variables mediolateral direction. CONCLUSION: The first study concluded that even though both measures are reliable, cane length determined by WF distance is more appropriate to keep the elbow flexion angle within the standard recommendation. The minimal detectable change corresponds to approximately a hole in the cane adjustment . The second one concluded that cane may can influence the postural control of female elder people in the semi-tandem position. Keywords: elderly, canes, reproducibility of tests, postural control, balance, somatosensory. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Fluxograma para tomada de decisão clínica sobre o tipo de dispositivo de auxílio à marcha........................................................................................................ 20 Figura 2. Foto demonstrando procedimento para realização das medidas TM........26 Figura 3. Foto demonstrando procedimento para realização das medidas PS.........26 Figura 4. Foto demonstrando a medida da flexão do cotovelo formada ao segurar a bengala de único apoio à 15 cm da borda lateral do pé............................................27 Figura 5. Fluxograma da seleção dos participantes do estudo 1..............................30 Figura 6. Representação esquemática do aumento da BS durante a posição ortostática e na marcha..............................................................................................41 Figura 7. Foto demonstrando a posição adotada pela participante durante as tarefas experimentais na condição dos pés em sobre passo.................................................49 Figura 8. Fluxograma da seleção dos participantes do estudo 2..............................52 Figura 9. Gráficos representando valores médios da amplitude média do CP (em A), velocidade do CP (em B) nas direções ap e ml e área do CP (em C) para as alturas da bengala: A1, em PS; A2, em PS+7,5cm e A3, em PS+10cm para a condição dos pés paralelos..............................................................................................................55 Figura 10. Gráficos representando valores médios da amplitude média do CP (em A), velocidade do CP (em B) nas direções ap e ml e área do CP (em C) para as alturas da bengala: A1, em PS; A2, em PS+7,5cm e A3, em PS+10cm para a condição dos pés em sobre passo.............................................................................56 LISTA DE TABELAS Tabela1. Caracterização dos participantes do Estudo 1...................................31 Tabela 2. Índices de confiabilidade intra avaliador ICC3,1 e inter avaliadores ICC2,1 para a média das medidas TM e PS e para a medida da bengala a partir das medidas TM e PS........................................................................................32 Tabela 3. Valores do erro padrão da medida e da diferença mínima detectável da altura da bengala a partir da medida PS......................................................33 Tabela 4. Caracterização dos participantes do Estudo 2..................................53 Tabela 5. Valores médios e DP da força aplicada sobre a bengala em diferentes posições de pés e alturas.................................................................57 Lista de Abreviaturas ADM: Amplitude de movimento ap: ântero-posterior AVE: Acidente vascular encefálico BS: Base de suporte CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade COG: Centro de gravidade CP: Centro de pressão DP: Desvio padrão FES-I: Falls Efficacy Scale – International HA: Hipertensão arterial IC: Intervalo de confiança ICC: Coeficiente de correlação intraclasse IPGG: Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia MDC: Minimal Detectable Change ml: médio-lateral MMII: Membros inferiores MMSE: Mini Mental State Examination MMSS: Membros superiores OA: Osteoatrite PS: Distância do processo estilóide da ulna até o solo SEM: Standard Error of the Measurement SNC: Sistema nervoso central SPPB: Short Physical Performance Battery TM: Distância do trocanter maior do fêmur até o solo SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16 ESTUDO 1:CONFIABILIDADE INTRA-AVALIADOR E INTER-AVALIADORES DA ALTURA DA BENGALA DE ÚNICO APOIO EM IDOSOS RESIDENTES DA COMUNIDADE .......................................................................................................... 18 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 18 OBJETIVOS .............................................................................................................. 23 MÉTODO................................................................................................................... 24 Delineamento ..............................................................................................................................................24 Contexto .......................................................................................................................................................24 Participantes................................................................................................................................................24 Instrumentos e procedimentos ................................................................................................................24 Parâmetros biomecânicos e antropométricos ............................................................................................ 25 Análise estatística ......................................................................................................................................28 RESULTADOS .......................................................................................................... 30 Amostra ........................................................................................................................................................30 Confiabilidade Intra e Inter avaliadores ..................................................................................................32 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 34 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 37 ESTUDO 2 – A INFLUÊNCIA DA ALTURA DA BENGALA SOBRE A OSCILAÇÃO CORPORAL .............................................................................................................. 38 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 38 OBJETIVOS .............................................................................................................. 43 Hipóteses: ....................................................................................................................................................43 MÉTODO................................................................................................................... 44 Delineamento ..............................................................................................................................................44 Contexto .......................................................................................................................................................44 Participantes................................................................................................................................................44 Instrumentos ...............................................................................................................................................45 Procedimentos ............................................................................................................................................47 Análise dos dados ......................................................................................................................................49 Cálculo do Tamanho da Amostra ............................................................................................................50 Análise estatística ......................................................................................................................................50 RESULTADOS .......................................................................................................... 52 Amostra ........................................................................................................................................................52 Variáveis da oscilação postural e da força da bengala .......................................................................54 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 58 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62 ANEXO I ANEXO II ANEXO III INTRODUÇÃO A mobilidade, que envolve a capacidade de andar de forma independente e segura, é importante para manutenção da independência funcional e da qualidade de vida na velhice(1). A mobilidade pode ser definida como "capacidade de se mover de modo independente e seguro de um lugar para o outro".(1) Incorporando assim alguns tipos de tarefas como a capacidade de ficar em pé, andar, correr, fazer transferências, subir e descer escadas. Em pessoas idosas a limitação da mobilidade global é preditora de limitação no desempenho em atividades básicas e instrumentais do dia a dia.(1) Há um comprometimento progressivo da mobilidade com o avançar da idade. Mais de um quarto da população idosa na faixa etária entre 65 e 74 anos e cerca de 70% dos idosos com 85 anos ou mais apresentam limitações para deambular.(2) Cerca de 10% dos idosos utilizam bengala diariamente para melhorar a mobilidade e permitir a deambulação.(3) Essa melhora é garantida devido ao alivio da dor e da sobrecarga nas articulações, especialmente quadril e joelho, do aumento da estabilidade corporal e melhora da função neuromuscular de membros inferiores (MMII).(4) Dentre os benefícios do uso da bengala destacam-se o aumento da base de sustentação, o auxílio na aceleração e na frenagem da locomoção, a redução da carga nos MMII, diminuição da energia despendida no deslocamento do centro de gravidade durante a locomoção.(4) Outro benefício seria o uso do toque suave, o que poderia melhorar a estabilidade corporal.(5, 6) No entanto, uma bengala inadequada pode gerar desconforto, dor e incapacidade funcional decorrentes de problemas como tendinites, osteoartrite (OA) e síndrome do túnel do carpo o que pode contribuir para o abandono da bengala, fato que ocorre entre 30% a 50% das pessoas.(7) Além disso, estudos têm apontado que o uso de dispositivo de auxilio à marcha pode ser um fator de risco para quedas em idosos(8, 9) e que a altura incorreta da bengala, dentre outros fatores poderia explicar este maior risco.(3) Apesar disso, é comum encontrar na prática clínica idosos usando bengalas com altura fora dos padrões antropométricos e biomecânicos estabelecidos.(10-12) Quando isso ocorre, os profissionais de reabilitação enfrentam o dilema de adequar a bengala ou manter o comprimento tal 17 como utilizado pelo paciente, já que se pressupõe que este estaria adaptado aquela altura. No entanto, se desconhece a influencia de diferentes alturas da bengala sobre o controle postural. O que se sabe é que o toque suave e o toque aumentado diminuem a oscilação corporal, porém esta redução é ainda maior para a condição de toque aumentado, sugerindo que o suporte mecânico, por exemplo aquele proporcionado por uma bengala, poderia contribuir para esta maior redução.(13) O objetivo principal deste estudo é analisar a influência da altura da bengala no controle postural. Inicialmente, procuramos na literatura estudos que pudessem fundamentar qual a medida antropométrica seria mais adequada para determinar altura da bengala de único apoio na população idosa. Foram encontrados um livro texto na área de Fisioterapia(12)e poucos artigos(11, 14), nos quais são sugeridas duas medidas para determinar a altura da bengala: a distância do trocânter maior do fêmur até o solo (TM) e a distância do punho até o solo (PS). Nenhuma destas referencias, no entanto traz considerações específicas para população idosa. Além disso, apenas um artigo se baseou em estudo de natureza observacional com o intuito de comparar as duas medidas.(15) Os demais replicam uma informação advinda de um manuscrito opinativo que não tem nenhum referencial teórico, datado do ano de 1967.(10) Apesar destas medidas serem universalmente aceitas, estas não foram testadas quanto a reprodutibilidade e a adequação para população idosa. Tendo em vista a ausência de estudos que pudessem subsidiar os procedimentos experimentais quanto a determinação da altura adequada da bengala, decidimos realizar primeiramente um estudo (Estudo 1) para avaliar a confiabilidade intra-avaliador e inter-avaliadores das medidas TM e PS, o erro padrão da medida e, especialmente, a diferença mínima detectável, que serviriam de base metodológica para o delineamento experimental do estudo principal (Estudo 2), que se propôs a identificar a influência da altura da bengala sobre o controle postural. 18 ESTUDO 1:Comparação de dois métodos que estimam a altura da bengala de único apoio em idosos residentes da comunidade CONTEXTUALIZAÇÃO Os dispositivos auxiliares à marcha, de acordo com a proposta da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) têm por objetivo maximizar a funcionalidade, proporcionando um aumento da estabilidade postural, maior independência nas atividades e menor restrição na participação em pacientes com diversas condições crônicas de saúde.(16) Estes dispositivos permitiriam uma mobilidade mais eficiente e segura.(16, 17) O tratamento de distúrbios de marcha muitas vezes inclui o uso de dispositivos como bengalas, muletas e andadores, que devem ser prescritos para pessoas que apresentam instabilidade postural, para aqueles com dificuldade em andar por fraqueza, dor ou lesão nos MMII. Muitos idosos recorrem ao uso de dispositivos de auxílio à marcha para alivio da dor e sobrecarga, especialmente no quadril e joelho, o que pode contribuir para a diminuição da ocorrência de quedas.(4) É recomendável que o dispositivo seja prescrito por um profissional de saúde pois, a escolha aleatória pode causar alguns danos à saúde do idoso, tais como, alterações indesejáveis do padrão de marcha, aumento do gasto energético e aumento do risco de quedas.(14) Para a tomada de decisão sobre o uso do dispositivo o profissional deve levar em consideração as características físico-funcionais e psico-sociais do usuário, as condições do ambiente no qual o dispositivo será utilizado e as atividades que o paciente realiza com maior frequência. A interação entre as condições das atividades, do ambiente e os déficits funcionais serão usadas pelo profissional para a tomada de decisão clínica quanto ao dispositivo mais adequado. (18) A gravidade da deficiência pode restringir o uso seguro do dispositivo.(11, 14) O dispositivo de auxílio à marcha se faz necessário nas seguintes situações: instabilidade postural e ou desequilíbrio, fraqueza muscular, dor ou lesão articular nos MMII.(4) Uma vez estabelecida a necessidade de deambulação com a ajuda de dispositivos auxiliares, o profissional de saúde deve levar em consideração os fatores do próprio indivíduo que impossibilitariam ou limitariam o seu uso, tais como 19 alterações cognitivas, sensoriais, neuromusculares e osteoarticulares. Nas pessoas idosas, particularmente o declínio na função cognitiva que acompanha algumas síndromes demenciais compromete a atenção que restringe a percepção de riscos do ambiente e o aprendizado de novas estratégias motoras, o que pode restringir o uso seguro do dispositivo.(19) As limitações na função neuromuscular incluem incoordenação motora, fraqueza de membros superiores (MMSS) e baixa resistência muscular. Estudo recente observou que em pacientes com OA de joelho unilateral o uso da bengala aumenta o gasto energético,(20) podendo provocar fadiga. Além das características individuais, fatores ambientais e socioeconômicos também devem ser levados em consideração para prescrição de dispositivos auxiliares à deambulação. O uso destes dispositivos para atividades fora de casa, como rua e parques pode restringir a indicação de andadores, por exemplo, que são pouco funcionais uma vez que se tornam instáveis em terrenos mais irregulares. (14) Os dispositivos usados com maior frequência pelos idosos são as bengalas e os andadores e o seu uso é maior a partir dos 65 anos. Cerca de 14% a 18% da população idosa usa diariamente auxiliares à marcha sendo as bengalas as utilizadas com maior freqüência, cerca de 10%.(3) A bengala simples de único apoio é tradicionalmente prescrita com a finalidade de melhorar o equilíbrio proporcionando um aumento da base de suporte(21). Além disso, a bengala também fornece informação tátil (somatossensorial) o que auxilia no controle postural. (4) As bengalas simples de único apoio podem ser de madeira ou de alumínio. As de madeira são de baixo custo. Já as de alumínio são um pouco mais caras porém, são mais leves e sua altura é facilmente ajustável, facilitando o manuseio.(14) Existem outros modelos de bengala, como a bengala offset e a bengala de quatro apoios. O modelo offset geralmente é de alumínio e facilmente ajustável, a diferença é que ela permite maior descarga de peso do que a bengala simples de único apoio. Com isso, ela deve ser prescrita para pessoas que necessitem de maior descarga de peso, como no caso das OA de joelho e quadril, impedindo que forças reativas durante o apoio sejam totalmente transferidas para o segmento do membro 20 superior, especialmente a região do punho.(14) A bengala de quatro apoios também é de alumínio o que facilita o ajuste e também suporta maiores descarga de peso, no entanto sua maior vantagem é esta oferece uma maior base de suporte e o membro superior fica livre para execução de tarefas manuais, uma vez que a bengala não precisa ser apoiada.(22) No entanto, seu uso deve ser visto com cautela quando o paciente deambula em terrenos irregulares. A tomada de decisão entre o uso de bengalas ou andadores é feita a partir da necessidade de uso do dispositivo para alívio de carga sobre a coluna vertebral e MMII e do tamanho da base de suporte necessária para manutenção da estabilidade corporal (Figura 1). Figura 1. Fluxograma para tomada de decisão clínica sobre o tipo de dispositivo de auxílio à marcha. Fonte: Traduzido Geriatric Assistive Devices, Sara M. Bradley e Cameron R. Hernandez.(23) Uma vez decidido o tipo de dispositivo há necessidade da prescrição da altura. Estudos mostram que existe controvérsia sobre qual parâmetro antropométrico deve ser levado em consideração para que a altura da bengala seja adequadamente prescrita para a população idosa. Jebsen em 1967(10) relatou que a altura ideal da bengala seria equivalente a medida TM e que o ângulo de flexão do cotovelo formado ao segurar o dispositivo a uma distância de 6 polegadas (15 cm) da borda lateral do pé deveria ser entre 20o e 30o(12) . Porém, o mesmo autor sugere 21 que o ângulo do cotovelo, medido por meio de um goniômetro, enquanto o individuo segura a bengala, não seria um método prático a ser utilizado no ambiente clínico (10). Outra forma de medir a altura da bengala (10, 11) é medida PS, no entanto, não há comprovação de que este método proporcionaria a flexão de cotovelo considerada adequada, ou seja, entre 20° e 30°. Com isso, em 1995, Kumar et al(15) realizaram um estudo com 52 voluntários entre 22 e 78 anos e mensuraram a flexão do cotovelo ao segurar uma bengala em duas alturas diferentes, as quais foram estipuladas a partir das medidas TM e PS. A partir da análise destas duas medidas os autores identificaram que quando utilizada a distancia TM apenas 7,7% dos indivíduos apresentavam a flexão de cotovelo desejada e quando utilizada a distância PS, 94,3% dos indivíduos apresentavam a flexão do cotovelo desejada. Dessa forma os autores sugeriram que a melhor medida para determinar a altura da bengala deve ser a distância PS. Para a determinação da altura da bengala o individuo deve utilizar o seu calçado habitual.(14) Para a realização da medida TM o examinador faz a localização do trocânter maior do fêmur através da palpação e afere a distância do solo até o ponto do trocânter maior. Para a medida PS o examinador localiza o processo estilóide da ulna através da inspeção e afere a distância do solo até este ponto. Não é incomum, no entanto, que a bengala seja adquirida diretamente em fornecedores pelos próprios idosos ou familiares ou ainda cedida por conhecidos. Em um estudo conduzido por Sainsbury et al(24) no qual foram avaliados 60 pacientes com idade média de 77 anos, os participantes foram questionados sobre quem indicou a bengala, se foi realizada alguma medida, e se caíram utilizando o dispositivo. Do total de participantes, 75% apresentavam bengala com comprimento inadequado, destes a maioria com comprimento maior do que o ideal. Dos 60 idosos, 24 caíram utilizando a bengala e destes 18 tinham bengala com comprimento inadequado.(24) Além dos parâmetros antropométricos adequados, relacionados à altura da bengala outros fatores parecem ter impacto na mobilidade ao se utilizar a bengala como, por exemplo, qual membro superior irá segurar e carregar esse dispositivo. No caso da bengala de único apoio, ela deve ser manuseada durante a marcha pelo membro superior contralateral ao membro inferior acometido e no caso de distúrbios 22 do equilíbrio sem que haja um acometimento dos MMII, deve ser utilizada pelo membro superior dominante.(14) Embora os fisioterapeutas, frequentemente tomem decisões envolvendo a determinação da altura da bengala, poucos estudos analisaram qual a melhor medida para essa determinação e ainda nenhum estudo analisou a confiabilidade e a adequação dessas medidas. Nenhum estudo foi realizado apenas com pessoas idosas. Com o aumento da expectativa de vida e do número de pessoas idosas na população, espera-se que um número cada vez maior de idosos precise usar bengala, como resultado de problemas de mobilidade. Certamente, estas pessoas se beneficiariam de um processo de prescrição mais preciso e adequado. OBJETIVOS O objetivo geral deste estudo foi determinar qual a medida antropométrica é melhor para prescrever a altura da bengala de único apoio para população idosa, medida TM ou medida PS. Os objetivos específicos deste estudo são: 1. Investigar a confiabilidade intra-avaliador e inter-avaliadores da altura da bengala a partir das distancias TM e PS. 2. Investigar a adequação do ângulo de flexão do cotovelo a partir da altura da bengala definida pelas medidas TM e PS. 3. Definir o erro da medida e a diferença mínima detectável da altura da bengala a partir das medidas TM e PS. MÉTODO Delineamento Trata-se de um estudo transversal exploratório no qual foram recrutados 117 idosos, de ambos os sexos com 60 anos ou mais. Contexto Os idosos foram recrutados no IPGG – Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (Centro de Referência do Idoso da Zona Leste) e na clínica de fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), no período de Julho/2012 a Fevereiro/2013. Participantes Foram incluídos idosos que tinham idade igual ou superior a 60 anos, do gênero masculino ou feminino, que eram capazes de adotar e permanecer na posição ortostática. Foram excluídos idosos que apresentaram distúrbio de linguagem que impedia a comunicação e compreensão do procedimento experimental e aqueles que participaram de apenas uma avaliação das três avaliações propostas nesse estudo. Todos os indivíduos receberam informações sobre os objetivos e procedimentos do estudo e foram convidados a participar. Assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I). Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo ( número do protocolo 04400112.9.0000.0064 - Anexo II). Instrumentos e procedimentos Foi utilizado um questionário para caracterização da amostra contendo dados sociodemográficos, doenças referidas e a dominância a partir do Inventário de Edinburgh(25), que é composto por dez itens relacionados com a mão que os indivíduos usam para realizar tarefas. 25 Foi utilizado um estadiômetro portátil para mensuração da estatura dos participantes, uma trena antropométrica e um eletrogoniometro (EMG system do Brasil®) para a aferição dos parâmetros biomecânicos e antropométricos estudados. Parâmetros biomecânicos e antropométricos Estatura A estatura dos participantes foi aferida na posição ortostática por meio do estadiômetro (WISO®) fixado em uma parede plana a 2 metros do solo. Os idosos foram instruídos a encostarem o dorso e os pés rentes à parede e permanecerem com a cabeça em posição neutra, mantendo o olhar no horizonte. O examinador posicionou o braço do estadiômetro e fez a leitura da estatura em centímetros, com uma casa decimal. Medida do trocânter maior do fêmur até o solo A medida TM foi aferida no mesmo lado do membro superior dominante e com o individuo calçado. O avaliador fez a localização do trocânter maior do fêmur na posição ortostática através da palpação, essa estrutura óssea foi localizada da seguinte maneira: o avaliador posicionava o polegar sobre a crista ilíaca antero superior e com o terceiro dedo alcançava a parte lateral da coxa. Em seguida solicitava que o idoso fizesse o deslocamento latero-lateral do peso (transferência de peso). Se ainda assim não fosse possível localizar o trocânter maior, o avalaidor requisitava o apoio unipodal contralateral e a rotação interna e externa do membro avaliado. Esta proeminência óssea foi demarcada com fita adesiva no sentido horizontal. O idoso foi alertado para ficar na posição ortostática em base de sustentação confortável, utilizando seu calçado habitual. O avaliador fixou a trena no solo e mediu a distância do solo até a fita adesiva. (Figura 2) Esse procedimento foi realizado três vezes consecutivas, e se computou a média. 26 Figura 2. Foto demonstrando a realização da medida TM Medida do punho até o solo A medida PS seguiu os mesmos critérios com relação ao posicionamento do individuo. O avaliador localizou o processo estilóide da ulna através da inspeção e demarcou com fita adesiva. Foi fixada a trena no solo e a medida solo até a fita adesiva foi anotada. (Figura 3) Após isso, o avaliador retirou a fita adesiva e procedeu mais duas medidas consecutivas, e computou a média. 27 Figura 3 .Foto demonstrando a realização da medida PS Altura da bengala Para a determinação da altura da bengala foi usada uma bengala de alumínio ajustável de apoio único, com ajustes à uma distância de 2,5cm entre eles. A altura da bengala foi determinada pelo examinador a partir do ajuste mais próximo da média das medidas PS e TM. Flexão de cotovelo As medidas de flexão de cotovelo foram realizadas a partir das alturas TM e PS. O eletrogoniômetro (EMG System do Brasil®) foi utilizado para mensuração do ângulo de flexão do cotovelo ao segurar o dispositivo de auxilio à marcha, neste caso o fulcro do eletrogoniômetro foi posicionado sobre o epicôndilo lateral do úmero, a haste fixa foi alinhada com o úmero no sentido da cabeça umeral, e a haste móvel com o rádio no sentido do processo estilóide. Após o posicionamento do eletrogoniômetro o examinador solicitava ao idoso que segurasse a bengala à 15 cm da borda lateral do pé, e registrava o valor em graus da flexão de cotovelo. Figura 4. Foto demonstrando a medida da flexão do cotovelo formada ao segurar a bengala de único apoio à 15 cm da borda lateral do pé 28 As medidas TM e PS, a altura da bengala e o ângulo de flexão do cotovelo foram realizados por dois avaliadores no mesmo dia de forma independente e cega e pelo mesmo avaliador em um intervalo de tempo de 15-45 dias. Os avaliadores eram fisioterapeutas, com 6 e 4 anos de experiência profissional e foram treinados quanto aos procedimentos do estudo. Análise estatística Inicialmente foram realizados os testes de aderência à normalidade em todos os dados analisados, utilizando as curvas de distribuição normal e o teste de Kolmogorov Smirnov. Em seguida foi feita a análise descritiva para caracterização da amostra, utilizando média e desvio padrão para as variáveis numéricas e frequência para as variáveis categóricas. A confiabilidade intra e inter avaliadores foi calculada por meio do coeficiente de correlação intraclasse, ICC3,1 e ICC2,1 respectivamente, com índice de confiabilidade de 95% (α = 0,05). Foi considerada uma confiabilidade alta ou excelente valores de ICC>0,75, moderada ou boa entre 0,40 e 0,75 e baixa ou ruim com valores de ICC< 0,40.(26) Para identificar a adequação do ângulo do cotovelo, inicialmente foi determinado o desvio-padrão (DP) da medida de flexão do cotovelo ao segurar a bengala, que foi calculado utilizando-se a diferença entre as medidas de flexão do cotovelo aferida pelos dois avaliadores a partir das medidas em que a altura da bengala era idêntica para ambos. Foi encontrando um DP de ±10°. A adequação do ângulo da flexão do cotovelo foi estabelecida a partir da porcentagem dos casos em que o ângulo de flexão do cotovelo estava entre 20º e 30º ± 10° a partir das alturas PS e TM. A análise da concordância entre o avaliador 1 e o avaliador 2, foi realizada através da análise de concordância pelo Coeficiente de Kappa. Valor de kappa foi considerado pobre, entre 0,01 e 0,20 como fraco, entre 0,21 e 0,40 como leve, entre 0,41 e 0,60 como moderado, entre 0,61 e 0,80 como substancial e entre 0,81 e 1como quase perfeito.(27, 28) 29 O erro padrão da medida, Standard Error of the Measurement (SEM) reflete a maneira como medidas repetidas de uma pessoa sobre o mesmo instrumento tendem a ser distribuídas em torno do seu verdadeiro escore, e foi calculado a partir da fórmula abaixo(29), na qual S é o desvio padrão da medida inicial e o ICC é o valor dos coeficientes intraclasse intra e inter avaliadores: A diferença mínima detectável ou Minimal Detectable Change (MDC)(30) refere-se à quantidade mínima de mudança que não se deve ao erro padrão (variação da medida), que foi calculada pela fórmula(29) Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SPSS 13.0. RESULTADOS Amostra Foram incluídos 117 idosos, destes 112 foram avaliados pelos dois avaliadores e 93 foram avaliados em dois momentos diferentes, com um intervalo de no mínimo 15 dias e no máximo 45 dias entre as duas avaliações, como mostra o fluxograma do estudo (Figura 5). Figura 5. Fluxograma da seleção dos participantes do estudo 1. Dos 113 indivíduos, 24 (21%) eram do gênero masculino e 89 (79%) eram do gênero feminino. Nesta amostra 11% (13) utilizavam bengala e 88% (100) não utilizavam e a maioria com dominância à direita (95%). A idade média foi de 73,2±7 anos, variando de 60 a 94 anos. A estatura média foi de 157,4±8,6cm e o número de doenças variou de zero a 12 com uma média de doenças de 3,6±1,9, as mais prevalentes foram hipertensão arterial (HA) e OA, sendo relatadas por 72% e 48% dos participantes, respectivamente.(Tabela 1). 31 Tabela1. Caracterização da amostra (n=113). Variável Valores Gênero Masculino 24 (21%) Feminino 89 (79%) Membro superior dominante Direito Esquerdo 107 (95%) 6 (5%) Usam bengala Sim 13 (12%) Não 100 (88%) Idade em anos, média ± DP 73,2±7,0 Número de doenças, média ± DP 3,62±1,93 Osteoartrite, n (%) 55 (48%) Hipertensão Arterial, n (%) 82 (72%) Osteoporose, n (%) 37 (32%) AVE, n (%) 13 (11%) Doença de Parkinson, n (%) 4 (3%) Tontura, n (%) 6 (5%) Estatura em cm, média ± DP 157,4±8,6 Distância TM em cm, média ± DP 87,0 ± 5,1 Distância PS em cm, média ± DP 77,7 ± 4,8 Altura da bengala TM em cm ± DP 86,8 ± 5 Altura da bengala PS em cm ± DP 78,3 ± 3,9 Flexão do cotovelo TM (°) ± DP 59,9 ± 10 Flexão do cotovelo PS (°) ± DP 36,4 ± 9,5 32 Confiabilidade Intra e Inter avaliadores Foi observada alta confiabilidade inter avaliadores e intra avaliadores tanto para as medidas TM e PS. A tabela 2 apresenta os valores de ICC com seus respectivos intervalos de confiança a 95% para a média das três medidas da distância TM e da distância PS e para a medida da bengala regulada a partir da distância TM e PS. A altura da bengala a partir da distância TM e PS também apresentou confiabilidade alta, tanto inter avaliadores (ICC2,1= 0,91 e 0,96, respectivamente) quanto intra avaliadores (ICC3,1= 0,93 e 0,96, respectivamente). Já a confiabilidade inter avaliadores e intra avaliadores para a medida do ângulo de flexão de cotovelo foi moderada para a altura da bengala a partir da distância TM (ICC2,1= 0,72; ICC3,1 = 0,72) e para distância PS (ICC2,1= 0,56; ICC3,1 = 0,56) Tabela 2. Índices de confiabilidade intra avaliador ICC3,1 e inter avaliadores ICC2,1 para a média das medidas TM e PS e para a medida da bengala a partir das medidas TM e PS. Medidas Confiabilidade ICC, (IC 95%) Inter avaliadores (ICC 2,1) (Avaliador1 vs Avaliador2) Média das três medidas Medida da bengala TM 0,94 (0,91 a 0,96) 0,91 (0,86 a 0,94) PS 0,97 (0,96 a 0,98) 0,96 (0,95 a 0,97) TM 0,94 (0,89 a 0,96) 0,93 (0,88 a 0,96) PS 0,97 (0,96 a 0,98) 0,96 (0,93 a 0,97) Intra avaliador (ICC 3,1) (Avaliador 1 vs Avaliador 1 na segunda avaliação) ICC= Coeficiente de correlação intraclasse, IC= Intervalo de confiança 33 A flexão de cotovelo avaliada a partir da TM se encontrou dentro do recomendado (20 a 30° já computando um erro de ±10°) em apenas 0,9% dos casos, enquanto que em 29% dos casos avaliados pela medida PS a flexão do cotovelo se encontrou dentro do parâmetro recomendado. O grau de concordância entre o avaliador 1 e 2 (avaliado pelo Coeficiente Kappa) quanto a recomendação da flexão do cotovelo a partir da medida da bengala feita pela distância TM e PS foi respectivamente de 0,49 (p<0,001) e 0,12 (p=0,179). A medida da bengala pela distância PS foi utilizada para calcular o erro padrão da medida e a diferença clinicamente detectável por ter sido identificada como a medida mais confiável inter avaliadores e intra-avaliador. A Tabela 3 apresenta o erro padrão da medida e diferença minimamente detectável. Tabela 3. Valores do erro padrão da medida e da diferença mínima detectável da altura da bengala a partir da medida PS Análise SEM MDC Avaliador 1 e 2 0,71 2,2 cm Avaliador 1 e segunda avaliação 0,78 2,1 cm SEM = Standard Error of the Measurement (erro padrão da medida); MDC = Minimal Detectable Change (diferença mínima detectável) DISCUSSÃO Este estudo teve como um de seus objetivos investigar a confiabilidade intraexaminador e inter-examinador das medidas antropométricas utilizadas para estabelecer os parâmetros adequados para a prescrição da bengala de único apoio. Primeiramente observamos que a medida que teve maior concordância entre diferentes avaliadores e entre o mesmo avaliador ao longo do tempo foi a medida PS quando comparada com a TM, apesar da alta confiabilidade para ambas as medidas. Não encontramos nenhum estudo de confiabilidade para as medidas antropométricas PS e TM e nem para o angulo de flexão do cotovelo utilizadas na determinação da altura da bengala. Em um único estudo foi relatado (24) que 1/3 dos pacientes avaliados apresentavam bengala com altura 5 cm acima do ideal considerando a medida a partir da distância PS e da mesma forma 1/3 dos pacientes avaliados apresentavam altura da bengala 10 cm ou mais acima do ideal. Além disso, foi observado que em 33% dos pacientes havia uma diferença entre as medidas PS e TM de mais de 4 cm, sendo a medida TM maior do que a PS No entanto, apesar da alta confiabilidade das medidas PS e TM, apenas a medida da bengala a partir da distância PS possibilita que em cerca de 30% dos casos o cotovelo assuma uma flexão entre 20°-30º±10°. A porcentagem de idosos que assumem uma flexão do cotovelo adequada a partir da medida TM é substancialmente pequena (cerca de 1%). E ainda a concordância pelo coeficiente de Kappa entre os avaliadores com relação a flexão de cotovelo é fraca e leve para as medidas PS e TM respectivamente. As medidas TM e PS apresentam alta confiabilidade já a flexão de cotovelo realizada através dessas medidas se aproximam muito pouco da desejada, ainda que a flexão do cotovelo seja mensurada com um eletrogoniômetro. A determinação do ângulo de flexão do cotovelo depende da identificação de mais pontos anatômicos quando comparada a medida da distância TM e PS, tais como o fulcro que deve estar posicionado sobre o epicôndilo lateral do úmero, a haste fixa alinhada com o úmero no sentido da cabeça umeral, e a haste móvel com o rádio no sentido do processo estilóide. Além disso, outros fatores dificultam a utilização do eletrogoniômetro, tais como a circunferência do braço, a existência de limitação na amplitude de movimento (ADM) na articulação do cotovelo, devido as restrições 35 provocadas por alterações nos tecidos não contráteis, gerando uma flexão estruturada de cotovelo, mais comuns em pessoas idosas. Todos esses fatores podem gerar maior variabilidade nesta medida. Já a mensuração do comprimento TM ou PS é realizada mais facilmente, pois estas medidas dependem apenas de uma estrutura óssea de mais fácil visualização e localização. No entanto, possíveis erros durante a aferição da flexão do cotovelo não explicam a razão pelo qual uma parcela substancial dos participantes estejam fora dos padrões estabelecidos como adequados. Uma explicação possível é a diminuição da estatura do individuo com o envelhecimento, que ocorre em maior proporção no tronco e menor nos MMII. Na população idosa encontramos um aumento da cifose torácica, associada a fraqueza muscular e doenças degenerativas dos discos intervertebrais.(31) Da infância até a terceira década de vida o ângulo da cifose varia de 20° a 29°(32), ao fim dos 40 anos a cifose começa aumentar e em mulheres entre 76 a 80 anos a cifose pode atingir em média 52°(31) Outro fator que pode contribuir para a baixa concordância quanto a flexão do cotovelo é que os avaliadores podem ter optado por ajustes diferentes na bengala. Na bengala de alumínio ajustável em nosso estudo, os ajustes estão a 2,5cm de distância. Embora, as medidas TM e PS sejam próximas das proporcionadas pelos furos, diferentes avaliadores podem optar por diferentes furos, proporcionando alturas diferentes da bengala e conseqüentemente diferentes ângulos de flexão de cotovelo ao se segurar a bengala. Nossos achados foram similares aos de Kumar et al(15) que concluíram que o comprimento da bengala deve ser determinado a partir da medida PS para proporcionar o ângulo de flexão desejado.(15) No estudo de Jones et al(20), realizado com indivíduos que apresentavam OA de joelho unilateral e uma média de idade de 62,5±5, observou uma diferença significativa entre a flexão de cotovelo formada a partir da medida TM (média 37,6°) e PS (média 28,3°), ou seja, a medida PS nesse caso também possibilitou em média uma melhor adequação da flexão do cotovelo.(20) O outro objetivo era determinar o erro padrão da medida e a diferença minimamente detectável que foi utilizada como parâmetro para o Estudo 2. Os nossos dados mostram que o SEM a partir da medida PS na análise entre os dois 36 avaliadores foi de 0,71cm, o que reflete a maneira como medidas repetidas de uma pessoa sobre o mesmo instrumento tendem a ser distribuídas em torno do seu verdadeiro escore(29), já a MDC foi de 2,2cm, que é o comprimento mínimo de mudança que não se deve a variação da medida (29), o que corresponde aproximadamente a distância entre um ajuste e outro da bengala de alumínio utilizada nesse estudo. A altura inadequada da bengala pode ser um fator de risco para quedas em idosos.(8, 9) Liu et al(3) sugeriu que a prescrição inadequada, a altura incorreta da bengala, a utilização da bengala no membro superior errado, a incapacidade de manter a alternância adequada durante a marcha e a postura inadequada durante deambulação são igualmente fatores que explicam o risco aumentado de quedas em idosos que utilizam bengala. Sainsbury et al (24) avaliaram 60 pacientes, dos quais 24 caíram utilizando a bengala e destes 18 tinham bengala com comprimento inadequado. Nossos resultados sugerem que ao se prescrever uma bengala para a população idosa o comprimento deve ser determinado a partir da medida PS, pois além de reprodutível, apresentou melhor adequação da flexão do cotovelo. É importante considerar outros fatores ao prescrever a bengala para a população idosa, como alterações posturais que proporcionem flexões ou desvios laterais de coluna exacerbados, o que dificultaria seu manuseio. Além disso, nossos achados apontam que se um idoso estiver com a bengala na altura inadequada, devemos lembrar que se esta diferença for de cerca de 1cm pode se tratar apenas do erro da medida e a diferença detectável é de 2,2 cm, o que em uma bengala ajustável comum trata-se da diferença entre um furo e outro. No entanto, ainda é desconhecido se esta diferença tem algum impacto sobre a funcionalidade ou o risco de queda dos idosos. CONCLUSÃO Podemos concluir que a melhor medida antropométrica para determinar a altura da bengala de único apoio para a população idosa é a distância aferida do solo ao processo estilóide da ulna. A diferença mínima detectável é de 2,2cm, o que corresponde aproximadamente a diferença de furação utilizadas nas bengalas de alumínio com alturas ajustáveis. ESTUDO 2 – A influência da altura da bengala sobre a oscilação corporal CONTEXTUALIZAÇÃO O controle postural é fundamental para a realização eficiente de todas as atividades de vida diária, pois, para executar um movimento de forma controlada, ou simplesmente se manter parado na postura ereta é necessário que os músculos sejam ativados tanto para realizar o movimento quanto para manter a orientação postural. Desta forma, o controle postural é responsável por dois principais objetivos: manutenção da estabilidade corporal e orientação postural.(33) O estabilidade corporal é definida como a capacidade de manter a postura estável, permitindo que o corpo se mantenha em uma posição desejada ou que se mova de maneira controlada.(33) Por exemplo, em ortostatismo a manutenção da estabilidade corporal se deve a manutenção e/ou recuperação da projeção vertical do centro de gravidade (COG) dentro dos limites da base de suporte (BS). A BS se refere a área envolvida pelas bordas externas dos pés em contato com uma superfície externa. Já os limites da estabilidade se refere à área em que a projeção vertical do COG pode ser movida de forma segura, sem a necessidade de alterar a BS, logo os limites da estabilidade se altera de acordo com a tarefa, as características do indivíduo e as características do ambiente.(34) Já a orientação postural pode ser definida como a capacidade de manter uma relação efetiva entre os segmentos corporais, entre corpo e o ambiente para realização de determinada tarefa(1). O mecanismo de controle postural envolve uma complexa integração entre os sistemas sensorial e motor, utilizando as múltiplas informações sensoriais a fim de coordenar e controlar a ação motora desejada. De uma maneira simplificada, os estímulos provenientes dos sistemas sensoriais sobre a relação entre a posição dos segmentos corporais entre si e entre o corpo todo em relação ao ambiente são integradas pelo sistema nervoso central (SNC) que, por sua vez, envia impulsos nervosos aos músculos que geram respostas motoras adequadas.(33, 35) Os estímulos sensoriais necessários para o controle postural são provenientes principalmente de três sistemas sensoriais: visual, vestibular e 39 somatossensorial, cada um deles fornece ao SNC estímulos específicos sobre a posição e os movimentos do corpo.(35) O sistema visual é uma importante fonte de informação para o manutenção do controle postural pois, identifica imagens do ambiente e do próprio corpo através da reflexão da luz. Esse sistema fornece informações do ambiente e da direção e velocidade dos movimentos corporais em relação ao ambiente.(36) Já o sistema vestibular fornece informações sobre a orientação da cabeça em relação à atuação da força da gravidade. Os movimentos da cabeça ou mudanças de sua posição devido acelerações ou desacelerações são capazes de estimular tal sistema, o que se faz necessário para a manutenção da postura e do equilíbrio. (36) E por fim, o sistema somatossensorial apresenta receptores distribuídos no corpo, os quais respondem a estímulos de toque, dor, temperatura, sentido de posição e cinestesia(33, 37) . Esses receptores são: os exteroceptores e os proprioceptores que são localizados respectivamente na pele e, no músculo, tendões e articulações(34). Os exteroceptores são sensíveis às deformações da pele o que pode ser causado pelo toque, pressão ou vibração. Ao tocar uma superfície externa, diferentes exteroceptores podem ser estimulados e cada um responde de forma diferente, dependendo das características do estímulo aplicado, tal como vibração e pressão. Eles estão presentes ao longo do corpo, porém sua maior densidade está nas mãos, em particular nas pontas dos dedos(38). Já os proprioceptores, são estimulados a partir de alterações no comprimento e tensão muscular, isso ocorre com o movimento articular, identificando a posição do corpo no espaço, a direção do movimento, a intensidade, aceleração e desaceleração do movimento. Então, as informações oriundas dos exteroceptores e dos proprioceptores são importantes para os ajustes posturais, para manutenção do equilíbrio e para o reconhecimento da forma dos objetos(34). Como mencionado anteriormente, o SNC recebe as informações oriundas de cada sistema sensorial, de forma dinâmica e continua, seleciona as mais importantes dentro de um determinado contexto, as integra e envia impulsos nervosos aos músculos, os quais geram respostas motoras adequadas. Ou seja, o 40 sistema motor seria o responsável pela realização de respostas motoras oriundas do SNC.(33, 34) Uma alteração em qualquer um ou mais de um desses sistemas sensoriais leva a instabilidade postural que, por sua vez, aumenta o risco de quedas. Esse aumento não esta associado ao envelhecimento desse sistema diretamente mais sim ao aumento da probabilidade de disfunções nos canais sensoriais(33). As causas da diminuição no desempenho do controle postural em idosos estão relacionadas às alterações estruturais e funcionais nos sistemas sensoriais e motores e a problemas na integração das informações sensoriais(39) No estudo de Toledo e Barela(40), o desempenho do sistema sensorial e motor de jovens e idosos foi comparado e os autores concluíram que nos testes sensoriais e motores os idosos tinham um desempenho inferior aos jovens, e ainda apresentavam maior oscilação corporal na direção antêro-posterior e que foi explicada pela redução da percepção do movimento passivo, principal componente que prejudica o controle postural em idosos. Além das alterações sensoriais, o envelhecimento também causa mudanças estruturais e funcionais no sistema neuromuscular. Tais mudanças provocam diminuição de força, aumento no tempo para a produção de força máxima e redução na capacidade elástica do músculo, o que pode levar os idosos a apresentar menor grau de flexibilidade e, conseqüentemente, menor amplitude de movimento articular e menor torque muscular(41, 42). Ocorre ainda com o envelhecimento alterações no sistema nervoso, como: a diminuição na velocidade de transmissão do impulso nervoso nos neurônios sensoriais e motores(43), a perda significativa de neurônios, de dendritos e redução no número de ramificações nervosas que prejudicam a comunicação entre as células nervosas; a diminuição do metabolismo cerebral, a redução da perfusão cerebral e alteração no metabolismo dos neurotransmissores, que podem interferir no desempenho do sistema de controle postural. A diminuição na velocidade de transmissão do impulso nervoso pode afetar o controle postural em situações de perturbação, onde o tempo necessário para desencadear uma resposta postural é imprescindível para o sucesso da recuperação do equilíbrio. Outro problema seria o 41 aumento no tempo necessário para o processamento da informação e para o início da resposta motora.(39, 43) Tendo em vista essas alterações sensórias e neuromusculares a bengala pode ser utilizada para facilitar a marcha dando maior estabilidade biomecânica durante a execução do movimento permitindo uma mobilidade eficiente e segura. A função deste dispositivo é aumentar a BS permitindo que o usuário mantenha o COG dentro dos limites desta base aumentada durante os ciclos da marcha, maximizando a funcionalidade da marcha em idosos com incapacidade funcional(4). Na figura 6 podemos observar o aumento da BS que ocorre com uso da bengala durante as fases da marcha, como no quadro 2 (fase de duplo apoio) e 3 (fase de apoio simples). Figura 6. Representação esquemática do aumento da BS durante a posição ortostática e na marcha. Fonte: Bateni H, Maki BE. Assistive devices for balance and mobility: benefits, demands, and adverse consequences. Arch Phys Med Rehabil 2005; 86 (1):134-45. O estudo conduzido por Chun-Liang Lu et al(44) realizado com pacientes do sexo masculino que sofreram AVE e tinham em média 59 anos, concluiu que a área e velocidade de deslocamento do CP, principalmente na direção médio lateral, diminuíram significativamente com o individuo em pé utilizando a bengala. E ainda a oscilação máxima do CP nas direções anteroposterior e médio lateral também diminui com uso da bengala. O dispositivo de auxilio ainda permite que as forças de reação para estabilização sejam geradas também pelos MMSS reduzindo a força vertical de 42 reação exercida sobre a perna de apoio numa situação estática. Tal benefício é importante para indivíduos com fraqueza muscular ou dor nos MMII podendo ainda evitar a instabilidade ou auxiliar a recuperação do equilíbrio caso a instabilidade ocorra.(4, 45) Estudos apontam que informações adicionais provenientes do sistema somatossensorial favorecem a manutenção do equilíbrio corporal quando o individuo se mantém em pé(5, 33) . Baldan(46) verificou diferentes condições do uso do toque sobre o oscilação postural em indivíduos pós AVE, utilizando o toque suave e o toque aumentado no segundo dedo e concluiu que independente do tipo de toque, a amplitude, velocidade e área de deslocamento do CP foram menores quando comparado com a condição sem toque. Idosos são capazes de diminuir a oscilação postural quando recebem estimulo somatossensorial adicional, permitindo sugerir que o dispositivo de auxilio à marcha pode não ser apenas um suporte mecânico, mas também um estímulo somatossensorial emitido nas mãos e seria capaz de diminuir a oscilação corporal.(13, 47) Baccini et al(13) observaram que há uma redução maior na oscilação corporal de idosos quando é oferecido um toque suave na ponta do dedo sobre o controle postural quando comparado a adultos jovens. De qualquer forma, os autores sugerem que o toque aumentado (acima de 4N) produz uma maior estabilização do que o toque suave(13). No entanto, a influência da altura da bengala sobre o controle postural é ainda desconhecida. Trata-se se uma lacuna importante no conhecimento. O fisioterapeuta, ao prescrever uma bengala, leva em consideração as medidas antropométricas mas, pode buscar um posicionamento melhor do tronco (melhor endireitamento) e sugerir uma bengala mais alta, evitando uma postura fletida. Além disso, é comum que idosos usem bengalas sem prescrição e cheguem para um tratamento fisioterápico já com uma bengala mais alta. Alguns estudos apontam que é mais frequente que os idosos utilizem bengalas mais altas (de 5 a 10cm) do que a altura determinada pelos parâmetros antropométricos.(10-12) 43 OBJETIVOS Analisar a influência da altura da bengala de único apoio sobre a oscilação corporal de idosos da comunidade que fazem uso do dispositivo há pelo menos seis meses. Hipóteses: - ao mudar a altura da bengala a amplitude da oscilação corporal também sofrerá mudanças, e quanto mais alta estiver a bengala maior será a área de oscilação corporal e a velocidade de deslocamento. - quanto mais alta for a bengala menor será a força aplicada sobre a bengala, ou seja, a amplitude média será menor. 44 MÉTODO Delineamento Trata-se de um estudo exploratório observacional com 18 idosos que fazem uso de bengala de apoio único há pelo menos 6 meses e, nos quais foram coletados os dados sobre a influência da altura da bengala sobre a oscilação corporal. Contexto Os idosos foram recrutados no IPGG e na clínica de fisioterapia da Unicid no período de Outubro/2013 a Janeiro/2014. Participantes Os critérios de inclusão foram: ter idade igual ou superior a 60 anos; ser do gênero masculino ou feminino e usar uma bengala de único apoio há pelo menos 6 (seis) meses em pelo menos um ambiente (dentro e ou fora de casa). Foram excluídos os idosos que apresentavam: Dificuldade em compreender os comandos necessários para executar os testes fisico-funcionais e o procedimento experimental, avaliado por meio do Mini Mental State Examination – MMSE ajustado pela escolaridade, de acordo com a pontuação proposta por Bruki e colaboradores de 17 para analfabetos, 24 para baixa e média escolaridade e 26 para alta escolaridade(48); Incapacidade permanente ou temporária para ficar em pé e andar, mesmo com uso de bengala; Amputação em MMSS e MMII mesmo que o individuo faça uso de prótese, substituindo a ausência do membro; Limitação grave na audição ou visão, impedindo a comunicação e/ou a execução dos testes e do procedimento experimental; Ter sofrido AVE e ter diagnóstico médico da doença de Parkinson; 45 Dor incapacitante no lado de uso da bengala. Os participantes receberam informações sobre os objetivos e procedimentos do estudo e foram convidados a participar do estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I). Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo (protocolo: 04400112.9.0000.0064 - Anexo II). Instrumentos Para realização do procedimento experimental foi utilizada uma plataforma de força modelo OR6-7, AMTI com dimensões 46,4 × 50,8 × 8,25 cm e uma bengala de alumínio instrumentada com uma célula de carga Modelo TRF_AP na sua extremidade superior (abaixo da empunhadura) da EMG System do Brasil para registro da força executada durante o apoio no solo. A aquisição dos sinais da plataforma de força sincronizado ao sinal da bengala instrumentada (transdutor de força de apoio-TRF-AP) foi realizada pelo Software LabView, os dados foram registrados e armazenados em um disco rígido de um computador no Laboratório de Análise de Movimento I (LAMI) da UNICID. Para caracterização dos participantes foi utilizado um questionário multidimensional (Anexo III) contendo: Dados sociodemograficos – idade, gênero, anos de escolaridade (0; 1 a 4 anos, 5 a 8 anos, 9 ou mais anos); Dados Clínicos – número de doenças, número de medicamentos, uso de medicamentos psicotrópicos, presença de hipotensão ortostática, doenças diagnosticadas pelo médico no último ano (doença do coração, hipertensão, diabetes, artrite ou reumatismo, incontinência urinária, osteoporose), história prévia de quedas no último ano, história de fratura de quadril, uso de prótese de quadril ou joelho, dominância a partir do Inventário de Edinburgh composto por dez itens relacionados com a mão que os indivíduos usam para realizar dez tarefas. 46 Dados fisico-funcionais – Desempenho em atividades de vida diária e prática avaliadas pelo BOMFAQ e capacidade funcional mensurada por meio do Short Physical Performance Battery – SPPB. O BOMFAQ(49) é um questionário composto de 15 atividades de vida diária e de vida prática no qual o próprio idoso ou responsável pelos cuidados dele responde ao questionário informando o grau de dificuldade e a necessidade de ajuda para realização das atividades de auto cuidado com levantar da cama, comer, pentear o cabelo, vestir-se, tomar banho, andar no plano, subir um lance de escada e cortar as unhas dos pés. E ainda as atividades de vida prática como ir ao banheiro em tempo, preparar refeições, medicar-se na hora, fazer compras, andar perto de casa, fazer limpeza e tomar condução. Avaliando assim o desempenho em executar atividades de vida diária e prática nesta população idosa. A Short Physical Performance Battery – SPPB(50) é um instrumento objetivo, padronizado, multidimensional e eficaz para avaliar o desempenho físico dos membros inferiores da população idosa além disso pode ser utilizado para rastrear idosos com risco de desenvolver incapacidades futuras e mudanças na funcionalidade com o decorrer dos anos. O instrumento é composto por três testes que avaliam: equilíbrio estático em pé, velocidade de marcha em passo habitual, e indiretamente, força muscular dos MMII. Para avaliar o equilíbrio estático em pé o indivíduo deve conseguir se manter na posições side-by-side, semi-tandem e tandem por 10 segundos. O escore é zero para o idoso incapaz de manter-se em equilíbrio na primeira posição por 10 s. Caso o idoso permaneça na primeira posição por 10 s, mas incapaz de manter a segunda posição, por 10 s, o escore é um ponto. Atribui-se escore dois ao participante que consegue permanecer na segunda posição, por 10 s, e não o consegue na terceira posição, por mais de 3 s. Atribui-se escore três para permanecer na terceira posição por 3 a 9 segundos e atribui-se o escore máximo de quatro pontos se ele conseguir ficar na terceira posição, por 10s. Para avaliar a velocidade de marcha habitual foi utilizada a distância de 4 metros, onde o participante deverá caminhar em um percurso de ida e volta calmamente como realiza habitualmente. A pontuação é realizada da seguinte maneira: pontua zero o participante incapaz de completar o teste; pontua 1 para 47 velocidade menor ou igual a 0,46 metros por segundo (m/s) ou para tempo maior que 8,70 s; pontua 2, para velocidade entre 0,47 a 0,64 m/s ou tempo entre 6,21 a 8,70 s; pontua 3, para velocidade entre 0,65 a 0,82 m/s ou tempo entre 4,82 a 6,20 s e pontua o máximo de 4 pontos, para velocidade maior que 0,83 m/s ou tempo menor que 4,82 s para realização do teste. Para avaliar a força muscular do MMII de maneira indireta, o participante deve levantar e sentar da cadeira por cinco vezes consecutivas e sem o auxílio dos MMSS; o participante pontua zero, quando não completa o teste; pontua um, para tempo de levantar-se da cadeira, nas cinco vezes consecutivas, maior que 16,7 s; pontua dois, para o tempo entre 13,7 a 16,6 s; pontua três, para o tempo entre 11,2 a 13,6 s e pontua quatro pontos, para o tempo menor que 11,1 s. O escore total da SPPB é obtido pela soma das pontuações dos três testes, variando de zero (pior desempenho) a 12 pontos (melhor desempenho). Para avaliar o medo de cair foi utilizada da FES-I Falls Efficacy Scale – International(51)que é uma versão modificada da FES- Falls Efficacy Scale que foi a primeira escala para avaliação de auto eficácia relacionada à quedas, porém a FES-I apresenta seis itens a mais que avalia atividades externas e participação social. Esta é uma escala que apresenta questões sobre a preocupação de cair durante a execução de 16 atividades, com escores de 1 a 4 para cada atividade, sendo 1 ausência de preocupação e 4 preocupação extrema, chegando a um escore total 64 pontos. Dados de uso do dispositivo: tempo de uso da bengala, quem fez indicação, por qual motivo usa a bengala, qual membro superior que segura o dispositivo, altura da bengala em centímetros, medida PS e a medida da angulação do cotovelo ao segurar o dispositivo em contato com o solo. Procedimentos Os idosos foram avaliados em uma plataforma de força com a bengala em três alturas diferentes: a altura ideal determinada pela distância PS, a altura ideal acrescida de 3x o valor que foi determinado pela MDC no estudo 1 e a altura PS mais o valor correspondente a 4x o valor determinado pela MDC. Tais alturas foram 48 aleatorizadas. As avaliações foram realizadas ainda com duas posições diferentes de pés sendo elas: pés em paralelos estando afastados o mais confortável possível, sem ultrapassar a largura do quadril, e pés em sobre passo, no qual o pé adiante seria o esquerdo, o pé direito era posicionado próximo a porção medial do outro pé, e ambos os pés o mais próximo possível para cada participante. A condição posição dos pés não foi aleatorizada, foram coletadas na seguinte ordem, primeiramente pés paralelos e em seguida pés em sobre passo. Para todas as tarefas experimentais o participante permanecia calçado na posição ereta e a posição dos pés adotada na plataforma de força durante a primeira tentativa era demarcada com giz para que pudesse ser reproduzida nas demais tentativas. A bengala era posicionada à 15 cm da borda lateral do pé direito e também demarcada sua posição com giz. Para cada tentativa o participante foi instruído a se manter o mais parado possível na postura adotada, manter o olhar fixo em um alvo ajustado na altura do olhar a 1 metro de distância e ainda utilizar a bengala de acordo com suas necessidades (sem restrição de descarga de peso) durante 40 segundos. Os dados foram coletados a uma frequência de 100Hz em três tentativas válidas. Foram consideradas tentativas válidas aquela em que os participantes permanecerem com os pés sem se deslocar da posição inicial e o mais parado possível durante os 40 segundos. Os participantes realizaram seis condições experimentais, que foram 3 com os pés em paralelo e 3 com os pés em sobre passo: Pés paralelos: 1. Com a bengala na altura PS (A1) 2. Com a bengala na altura PS+7,5cm (A2) 3. Com a bengala na altura PS+10cm (A3) Pés em sobre passo 4. Com a bengala na altura PS (A1) 5. Com a bengala na altura PS+7,5cm (A2) 6. Com a bengala na altura PS+10cm (A3) 49 A Figura 7 abaixo demonstra uma das tarefas do procedimento experimental. Figura 7. Posição adotada pela participante durante as tarefas experimentais na condição dos pés em sobre passo, com altura da bengala PS + 10cm. Análise dos dados Os dados da plataforma de força foram utilizados para calcular a posição do CP nas direções ântero-posterior (ap) e médio-lateral (ml). As séries temporais do CP e da força aplicada na bengala foram filtradas utilizando um filtro passa-baixa de Butterworth de 10Hz. Os primeiros 2,5s e os 2,5s finais foram excluídos da análise por serem considerados um período de adaptação à tarefa e expectativa de término da mesma, respectivamente. A técnica utilizada nesse estudo para avaliar oscilação corporal foi a posturografia, e a medida utilizada na avaliação do controle postural foi o CP, que é 50 o ponto de aplicação das resultantes das forças verticais atuando sobre a plataforma de força, o que irá definir a oscilação corporal. As variáveis de oscilação corporal a analisadas foram área de deslocamento do CP, amplitude média de oscilação e velocidade de oscilação do CP ap e ml calculadas separadamente, que foi calculada como a somatória das diferenças entre cada par de quadros da série temporal do CP dividida pelo tempo total da tentativa que foi de 35s. A amplitude média da oscilação foi calculada pelo desvio padrão dos dados do CP em cada uma das direções ap e ml. A área de oscilação foi definida pela área de uma elipse englobando 85% dos dados do CP nas direções ap e ml. A força aplicada sobre a bengala foi definida pelo valor da força média registrada durante os 35 s. A média entre as tentativas para cada variável foi utilizada para análise estatística. Cálculo do Tamanho da Amostra Para o cálculo amostral foi utilizada a fórmula n=16x σ2/d2 onde σ é a variância dos dados e d é o tamanho do efeito ou da diferença esperada, pressupondo um valor de α de 5% e de β de 80%. Para isto utilizou-se os resultados do estudo de Baccini et al(13) que indica um tamanho de amostra de 18 indivíduos, assumindo a diferença entre o uso do toque suave e do toque aumentado. Análise estatística Inicialmente foram realizados os testes de aderência à normalidade em todos os dados analisados utilizando o teste de Shapiro Wilk. Em seguida foi feita a análise descritiva para caracterização dessa amostra, utilizando média e DP para as variáveis numéricas e frequência para as variáveis categóricas. As análises da oscilação do CP e da força da bengala foram realizadas separadamente para cada posição dos pés. Para verificar o efeito da altura da bengala sobre as variáveis amplitude média do CP nas direções ml e ap e velocidade de deslocamento do CP também nas direções ap e ml foram utilizadas análises de multivariância (MANOVA) sendo a altura da bengala tratada como um fator de medidas repetidas. Para verificação do efeito da altura da bengala sobre as variáveis área de deslocamento do CP e força aplicada sobre a bengala foram 51 realizadas duas análises de variância (ANOVA). Testes pos hoc com ajuste de Bonferroni foram utilizados quando necessário e o valor de significância foi mantido em 0,05. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SPSS 21.0. RESULTADOS Amostra Foram incluídos 29 idosos, destes 11 foram excluídos pois, 3 haviam sofrido AVE, 2 apresentavam diagnóstico de doença de Parkinson, 1 apresentava tremor essencial, 1 foi excluído por apresentar dificuldade em compreender os comandos necessários para executar os testes físico-funcionais e 4 não compareceram para a avaliação. Com isso, foram avaliados 18 idosos como representa o fluxograma na Figura 8. Figura 8. Fluxograma da seleção dos participantes do estudo 2. Dos 18 idosos, 100% eram do gênero feminino, com idade média de 77,9±9,0 anos variando de 61 a 92 anos, estatura de 150,6±8,4 cm e massa corporal de 73,1± 13,9 Kg. Do total de mulheres 2 eram analfabetas, 9 tinham baixa escolaridade (14anos), 3 tinham média escolaridade (5-8anos) e apenas 4 tinham alta escolaridade (9 ou mais anos). A pontuação média no MMSE foi de 26,0±2,5 pontos. As participantes apresentaram em média 4,8±1,5 doenças sendo as mais prevalentes artrose/artrite (94,4%) e hipertensão arterial (88,8%) e as menos prevalentes foram diabetes e incontinência urinária (27,7%). As idosas relataram fazer uso de 5,3±2,5 remédios por dia em média, destas apenas 16,6% faziam uso 53 de medicamentos psicotrópicos. O relato de ao menos uma queda nos últimos 12 meses foi feito em 44,4% das idosas e 1 idosa relatou fratura decorrente de queda. Do total das participantes 27,2% usam prótese de quadril ou de joelho. Nenhuma delas apresentou hipotensão ortostática. Com relação as AVD e AIVD aproximadamente metade (55,6%) das idosas apresentaram dificuldade em 7 ou mais tarefas, e ainda 38,9% das participantes apresentavam dificuldade em 4 a 6 tarefas. A pontuação do SPPB foi em média 6,7±2,4. A pontuação da FESI foi de 34±7,7. (Tabela 4) Tabela 4. Caracterização dos participantes do estudo 2. Variável Valores Gênero Feminino 18(100%) Idade em anos, média±DP 77,9±9,03 Estatura em cm, média ±DP 150,6±8,4 Massa corporal em Kg, média ±DP 73,18±13,93 Número de doenças, média±DP 4,8±1,5 Osteoartrite, n (%) 17 (94,4%) Hipertensão arterial, n (%) 16 (88,8%) Diabetes mellitus, n (%) 5 (27,7%) Incontinência urinária, n (%) 5 (27,7%) Número de medicamentos, média±DP 5,3±2,5 Quedas 8 (44,4%) Prótese de quadril ou joelho 5 (27,7%) Dominância à direita 18 (100%) BOMFAQ 1 ou 2 atividades com dificuldade 1 (5,6%) 4 a 6 atividades com dificuldade 7 (38,9%) 7 ou mais atividades com dificuldade 10 (55,6%) SPPB, média±DP 6,7±2,4 FESI, média±DP 34±7,7 54 Essa população usa a bengala de único apoio em média há 63±49,6 meses, a maioria (14) recebeu orientação médica para iniciar o uso da bengala, porém, sem orientação quanto aos parâmetros adequados, com isso 83,3% (15) apresentavam a bengala maior do que a altura PS, a medida PS foi em média 74,4cm e a média das alturas das bengalas usadas pelos sujeitos eram de 81,3cm, a flexão do cotovelo formada a partir da bengala na altura determinada pela distância PS foi em média de 37,5±9,7graus. A diferença média entre a altura ideal (preconizada pela medida PS) e altura que o participante usa a bengala foi de 6,9±4,4, e seu respectivo intervalo de confiança foi de 4,7 a 9,1(IC 95%). Variáveis da oscilação postural e da força da bengala Pés paralelos Os resultados das trajetórias do CP nas direções ap e ml e da força aplicada sobre a bengala quando o sujeito realizava as tarefas com os pés posicionados lado a lado parecem não sofrerem influência da altura da bengala. Os valores médios e erro padrão das variáveis analisadas referentes a oscilação postural na posição de pés paralelos são apresentados na figura 9. 55 Figura 9: Valores médios da amplitude média do CP (em A), velocidade do CP (em B) nas direções ap (barras cinzas) e ml (barras pretas) e área do CP (em C) para as alturas da bengala: A1, em PS; A2, em PS+7,5cm e A3, em PS+10cm para a condição PP. As barras de erro representam o erro padrão. Para a variável amplitude média de oscilação do CP, os efeitos não foram estatisticamente significantes da altura da bengala [Wilks Lambda= 0,786; F(4,66)= 2,108; p= 0,090]. MANOVA também não indicou efeito da altura da bengala sobre a variável velocidade [Wilks Lambda= 0,700; F(4,66)= 3,225; p= 0,18]. A ANOVA não revelou efeito na variável área de oscilação do CP para as diferentes alturas da bengala [F(2,34)= 5,473, p = 0,062], nem para força aplicada sobre a bengala [F(2,34)= 1,644, p = 0,208]. Pés na posição sobre passo Os valores médios e erro padrão das variáveis analisadas referentes a oscilação postural na posição de pés em sobre passo são apresentados na figura 10. 56 Figura 10: Valores médios da amplitude média do CP (em A), velocidade do CP (em B) nas direções ap (barras cinzas) e ml (barras pretas) e área do CP (em C) para as alturas da bengala: A1, em PS; A2, em PS+7,5cm e A3, em PS+10cm para a condição dos pés sobre passo (PSP). As barras de erro representam o erro padrão. Amplitude média de oscilação do CP (Figura 10. em A) Para a variável amplitude média de oscilação do CP, efeitos estatisticamente significantes da altura da bengala [Wilks Lambda= 0,688; F(4,66)= 3,391; p= 0,014] foram revelados pela MANOVA. A análise de univariância indicou efeito apenas na direção ml [F(2,34)= 6,181, p = 0,005]. A amplitude média de oscilação foi maior na direção ml quanto mais alta era a bengala, como observado nas comparações entre as alturas da bengala A1xA3 e ainda A2xA3. Velocidade média de oscilação do CP (Figura 10. em B) MANOVA indicou efeito da altura da bengala sobre a variável velocidade [Wilks Lambda= 0,677; F(4,66)= 3,553; p= 0,011]. A análise de univariância assim como na variável amplitude média indicou efeito apenas na direção ml [F(2,34)= 57 6,450, p = 0,004]. Neste caso a velocidade de oscilação foi maior quanto mais alta era a bengala, revelando diferença significativa quando comparações foram feitas entre A1xA2 e ainda A1xA3. Área de oscilação do CP (Figura 10. em C) A ANOVA não revelou efeito na variável área de oscilação do CP para as diferentes alturas da bengala [F(2,16)= 2,477, p = 0,116]. Força da bengala Os valores médios e desvio padrão da variável força aplicada sobre a bengala durante as tarefas experimentais estão apresentadas na tabela 5. Tabela 5. Valores médios e DP da força aplicada sobre a bengala em diferentes posições de pés e alturas. Altura Força aplicada (N) Pés Paralelos Pés sobre passo A1 (PS) 17,6 ± 11,0 28,5 ± 15,3 A2 (PS + 7,5cm) 19,5 ± 12,2 23,8 ± 10,7 A3 (PS + 10cm) 15,8 ± 9,9 21,0 ± 9,9* * ANOVA; p < 0,05 ANOVA revelou efeito da altura da bengala sobre a força aplicada sobre a mesma na condição de pés em sobre passo [F(2,34)= 5,786, p = 0,007]. A diferença entre as alturas na força aplicada foi significativa na comparação entre A1xA3. DISCUSSÃO Este estudo teve como objetivos investigar qual é a influencia da altura da bengala de único apoio sobre a oscilação corporal em diferentes posições dos pés (pés paralelos e pés em sobre passo) e também observar a influência da altura da bengala sobre a força aplicada verticalmente na mesma. Observamos que na posição de pés paralelos a altura da bengala não influencia as variáveis de oscilação postural. Podemos supor que as mudanças da altura da bengala não interferem no controle postural pois, nesta posição de pés a maior oscilação seria na direção ap e é provável que a localização da bengala tenha favorecido a diminuição da oscilação nesta direção. Este achado foi observado no estudo de Rabin et al (52) que investigou o efeito do toque suave em uma barra de toque posicionada paralelamente ou perpendicularmente à direção de maior instabilidade do corpo, e observaram que o posicionamento da barra de toque paralelamente a direção de maior instabilidade interfere significativamente no controle postural. Tal efeito também foi encontrado em outros estudos.(53, 54) Alguns estudos identificam que existe efeito do toque suave na oscilação postural. No entanto, esses estudos não identificam se existe diferença no efeito do toque para diferentes posições de pés. Apenas Clap e Wing (55) sugeriram que o efeito do toque suave sobre a oscilação corporal foi menor em seu estudo, no qual adotavam a postura de pés paralelos quando compararam com o estudo do Jeka e Lackner(56) que investigou o efeito do toque leve na oscilação corporal na posição de tandem. Na posição de pés paralelos as idosas escolheram uma base confortável, com pés alinhados aproximadamente ao quadril, o que pode ter contribuído para a ausência de efeito, uma vez que a tarefa não aumentou a demanda sobre o controle postural, visto que não houve diferença significativa na força aplicada sobre a bengala em diferentes alturas. É sabido que a redução da oscilação corporal está diretamente relacionada com a força aplicada verticalmente, ou seja, quanto maior a força aplicada menor é a oscilação postural.(13, 46) Na condição de sobre passo observamos que a altura da bengala interfere na oscilação corporal, quanto mais alta for a bengala maior é a oscilação corporal para as variáveis, velocidade de deslocamento do CP e amplitude média de 59 deslocamento do CP ambas na direção ml. Podemos sugerir que para a condição de pés em sobre passo quanto mais alta for a bengala menor força é aplicada na sua extremidade o que resulta em maior oscilação corporal. Nossos resultados podem ser explicados, em parte, pelo estudo de Baccini et al(13), no qual observou-se uma diminuição da oscilação corporal também com os pés em semi-tandem, tanto para o toque suave quanto para o toque aumentado. Porém, o toque suave foi menos eficaz para essa redução, tanto na população jovem quanto na população idosa. Os autores acreditam que o toque aumentado estabiliza fisicamente o corpo. Em indivíduos sadios, jovens, o mesmo efeito foi observado por Holden et al(57) que manipularam a informação somatossensorial, analisando a oscilação corporal em indivíduos sadios sem toque, com toque suave e com toque forte, e observaram que ocorre uma redução significativa na oscilação postural, tanto no toque suave quanto no toque aumentado. Porém, no toque aumentado a redução da oscilação é maior e os autores sugerem que isto ocorra em virtude do suporte mecânico. Nessa condição de pés, as idosas aplicaram menos força na bengala mais alta. Com isto, podemos supor que a bengala mais alta dificulta biomecanicamente a descarga de peso executada pelo membro superior que manipula o dispositivo. É possível que uma flexão do cotovelo acima de 20°a 30° não permita a ativação adequada dos extensores de cotovelo e flexores do punho, restringindo assim uma maior descarga de peso. Esses achados podem auxiliar na tomada de decisão do profissional de saúde entre adequar ou não a bengala de único apoio em idosos que estiverem utilizando sua bengala mais alta do que a distância PS pois, se sabe que sujeitos que apresentam maior oscilação postural na direção médio lateral apresentam maior chance de cai,(58, 59) e como observado neste estudo quanto mais alta for a bengala em uma condição de maior instabilidade (pés em sobre passo) maior será a oscilação na direção ml. Além disso, no momento da prescrição o profissional deve levar em conta também esta informação, para tomar a decisão sobre a altura adequada da bengala. 60 É importante a realização de outros estudos para investigar se durante a marcha a altura da bengala interfere na biomecânica e na mobilidade de idosos e se ainda se diferentes alturas de bengala aumenta o risco de quedas na população idosa. 61 CONCLUSÃO Podemos concluir que a altura da bengala influencia a oscilação corporal de idosas na posição de pés em sobre passo, e que quanto maior for a bengala menor será a descarga de peso vertical na mesma e maior será a oscilação corporal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Shumway-Cook A, Woollacott M. Controle Motor: Teoria e aplicações praticas. Terceira Edição ed. 2. Gooberman-Hill R, Ebrahim S. Making decisions about simple interventions: older people's use of walking aids. Age Ageing. 2007;36(5):569-73. 3. Liu HH, Eaves J, Wang W, Womack J, Bullock P. 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ANEXO I Termo de Consentimento Livre e Esclarecido O Sr.(a) _________________________________________________________ RG n.o _____________________________, nascido em __________________, do sexo ___________________, residente em (a)________________________ ________________________________________________________________ na cidade de São Paulo, está sendo convidado a participar do estudo HÁ INFLUENCIA DA ALTURA DA BENGALA SOBRE O CONTROLE POSTURAL E MOBILIDADE DE IDOSOS? Esse estudo será dividido em duas fases. Na primeira fase o objetivo será investigar se as medidas utilizadas para indicar a altura adequada de uma bengala de único apoio são confiáveis em idosos que vivem na comunidade. Para tal faremos a medida da sua altura, do tamanho da perna e do ângulo de flexão do cotovelo ao segurar uma bengala fornecida pelo pesquisador. Na segunda fase os idosos que usam bengala há pelo menos seis meses serão convidados a realizar uma avaliação em uma plataforma de força em pé segurando uma bengala com diferentes alturas que será oferecida pelo pesquisador e a fazer alguns testes físicos com o objetivo de analisar a influência da altura da bengala sobre o equilíbrio e mobilidade em idosos. Neste estudo os riscos são mínimos, já que o Sr(a). só irá ficar em pé e parado, caminhar, sentar e levantar da cadeira e responder a algumas perguntas sobre suas atividades diárias e medo de cair. Então, os riscos são os mesmos que o Sr(a). corre durante o seu dia-dia. O Sr(a). poderá sentir-se cansado porém será permitido uma pausa caso haja necessidade. Há um risco mínimo de queda que será amenizado pela presença constante do pesquisador, caso uma queda ocorra um médico do Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (CRI Leste) fará um pronto-atendimento e encaminhará a outro serviço de saúde se houver necessidade. Qualquer dúvida ou esclarecimento poderá ser dado pelo pesquisador responsável, Monica Rodrigues Perracini e Camila Thaís Pinto Camara, que podem ser encontrado Rua Cesário Galeno, 448 ou através dos telefones 21781564/ 92636891. O Sr. (a) _________________________________________________________ tem garantia de sigilo de todas as informações coletadas e pode retirar seu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de benefício. 69 Declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos deste estudo, sobre as técnicas e procedimentos a que estarei sendo submetido e sobre os riscos e desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter novos esclarecimentos sempre que desejar. Assim, concordo em participar voluntariamente deste estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de qualquer benefício (caso o sujeito de pesquisa esteja matriculado na Instituição onde a pesquisa está sendo realizada). Data: __ /_ / __ _____________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa ou representante legal _____________________________________________ Pesquisador responsável / orientador Eu, _____________________________________________________________, responsável pela pesquisa HÁ INFLUENCIA DA ALTURA DA BENGALA SOBRE O CONTROLE POSTURAL E MOBILIDADE DE IDOSOS? declaro que obtive espontaneamente o consentimento deste sujeito de pesquisa para realizar este estudo. Data: __/__/___ __________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável ANEXO II ANEXO III Questionário Multidimensional Nome: ______________________________________ Idade: ___________ Gênero: (1) M (2) F Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) 1 a 4 anos ( ) 5 a 8 anos ( ) 9 ou mais anos Mini Exame do Estado Mental - MMSE Que dia é hoje? Certo ( ) Errado ( ) Em que mês estamos? Certo ( ) Errado ( ) Em que ano estamos? Certo ( ) Errado ( ) Em que dia da semana estamos? Certo ( ) Errado ( ) Qual a hora aproximada? Certo ( ) Errado ( ) Em que local nós estamos (consultório, sala, apontando para o chão) Certo ( ) Errado ( ) Que local/instituição é este (a) aqui? Certo ( ) Errado ( ) Em que bairro nós estamos? Certo ( ) Errado ( ) Em que cidade nós estamos? Certo ( ) Errado ( ) Em que estado nós estamos? Certo ( ) Errado ( ) Vou dizer 3 palavras, e o senhor irá repeti-las a seguir:CARRO, VASO, TIJOLO (caso não Carro ( ) consiga, repita no máximo 3 vezes para aprendizado. Pontue a 1ª tentativa) Vaso ( ) Tijolo ( ) Gostaria que o senhor dissesse quanto é 100 – 7 e do resultado vá subtraindo o 7? (Se 93 ( ) 86 ( ) 79 ( ) houver erro corrija-o e prossiga) 72 ( ) 65 ( ) 93 86 79 72 65 Alternativa: Soletre "MUNDO" de trás para frente: O – D – N – U -M O( ) D( ) N( ) U( )M( ) O senhor consegue se lembrar das 3 palavras que lhe pedi que repetisse agora há pouco? Carro ( ) Vaso ( ) Tijolo ( ) Mostre um RELÓGIO e CANETA peça ao entrevistado que diga os nomes Relógio ( ) Caneta ( ) Preste atenção: vou lhe dizer uma frase e quero que repita depois de mim NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ (Considere somente se a repetição for perfeita) Certo ( ) Errado ( ) Agora pegue este papel com a mão direita. Dobre-o ao meio e coloque-o no chão. “Pegue a folha com a mão correta” ( ) “Dobra corretamente ( ) “Coloca no chão” ( ) Vou lhe mostrar uma folha onde está escrita uma frase. Gostaria que fizesse o que está Certo ( ) Errado ( ) escrito. (FECHE OS OLHOS) Gostaria que o senhor escrevesse uma frase de sua escolha, qualquer uma, não precisa ser Certo ( ) Errado ( ) grande. (Se não compreender, ajuda com: alguma frase que tenha começo, meio e fim; alguma coisa que aconteceu hoje; alguma coisa que queira dizer). Não são considerados e erros gramaticais ou ortográficos Vou lhe mostrar um desenho, gostaria que você copiasse tentando fazer o melhor possível. (Considere apenas se houver 2 pentágonos interseccionados, 10 ângulos, formando uma figura de 4 lados ou com 2 ângulos) TOTAL: Certo ( ) Errado ( ) H.D.: Quais diagnosticadas pelo médico no último ano: ( ) doença do coração; ( ) hipertensão; ( ) diabetes; ( ) artrite ou reumatismo; ( ) incontinência urinária; ( ) OP Medicamentos em uso: Quantos?: Faz uso de psicotrópicos: ( Se sim, quais e qual dosagem) __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _ Quedas Ocorreu queda no último ano? Se sim, quantas? ___________________ Sofreu alguma fratura? Se sim, onde? ___________________________ Faz uso de prótese de joelho e/ou quadril? _______________________ Dados de uso do dispositivo Tempo de uso da bengala ________________ Quem fez indicação _____________________ Por qual motivo usa a bengala Qual membro superior que segura o dispositivo Altura da bengala em centímetros Distância TM Distancia PS Medida da angulação do cotovelo ao segurar o dispositivo em contato com o solo I. nventário de Edinburgh Assinale (+)=realiza na maioria das vezes; (++)=sempre realiza Esquerda Direita Escrever Desenhar Arremessar Usar a tesoura Escovar os dentes Uso de faca (sem garfo) Uso a colher Uso de vassoura (mão superior) Ascender um fósforo (mão do fósforo) Abrir uma caixa (mão da tampa) II. Hipotensão Ortostática: O diagnóstico de hipotensão ortostática será definido logo após a aferição da pressão arterial (sistólica e diastólica), com o sujeito de pé por três minutos. Braço direito sentado Braço direito em pé (1) Hipotensão Ortostática presente se PAD tiver diminuição igual ou maior do que 20 mmHg e/ou se houver diminuição igual ou maior do que 10 mmHg na PAS. (2) Ausência de Hipotensão Ortostática. I. Brazilian OARS Multidimensional Functional Assessment Questionnaire – BOMFAQ Agora eu gostaria de perguntar sobre algumas atividades e tarefas do seu dia a dia. Estamos interessados em saber se o (a) sr (a) consegue fazer estas atividades sem nenhuma necessidade de auxílio ou se precisa de alguma ajuda, ou se não consegue fazer tais atividades de forma nenhuma. SEM COM DIF. Não Sabe Não Respondeu DIF. POUCA MUITA 8.1 Deitar/Levantar – cama (1) (2) (3) (9) (0) 8.2 Comer (1) (2) (3) (9) (0) 8.3 Pentear cabelo (1) (2) (3) (9) (0) 8.4 Andar no plano (1) (2) (3) (9) (0) 8.5 Tomar banho (1) (2) (3) (9) (0) 8.6 Vestir-se (1) (2) (3) (9) (0) 8.7 Ir ao banheiro em tempo (1) (2) (3) (9) (0) 8.8 Subir escada (1 lance) (1) (2) (3) (9) (0) 8.9 Medicar-se na hora (1) (2) (3) (9) (0) 8.10 Andar perto de casa (1) (2) (3) (9) (0) 8.11 Fazer compras (1) (2) (3) (9) (0) 8.12 Preparar refeições (1) (2) (3) (9) (0) 8.13 Cortar unhas dos pés (1) (2) (3) (9) (0) 8.14 Sair de condução (1) (2) (3) (9) (0) 8.15 Fazer limpeza de casa (1) (2) (3) (9) (0) TOTAL III. Short Physical Performance Battery – SPPB Tempo da 1a velocidade (ida)______________ Tempo da 2a velocidade (volta) _______________ 76 Para pontuar utilize o menor tempo. ( ) > 8,7” – 1 ponto ( ) 4,82” – 4 pontos ( ) 6,21≥ e ≤ 8,70” – 2 pontos ( ) 4,82≥ e ≤ 6,20” – 3 pontos ( ) Incapaz – 0 ponto. O idoso deve levantar e sentar de uma cadeira com encosto reto e sem apoio lateral com aproximadamente 45 cm de altura, cinco vezes consecutiva o mais rápido possível com os membros superiores cruzados sobre o peito. Tempo: ______________ Caso o participante use os MMSS ou não consiga completar as 5 repetições ou ainda demore mais que 1 minuto para completar, finalize o teste e pontue zero. ( ) > 16,7” – 1 ponto ( ) 11,19” – 4 pontos ( ) 13,7” ≥ e ≤ 16,69” – 2 pontos ( ) 11,19” ≥ e ≤ 13,69” – 3 pontos ( ) Incapaz ou tempo ≥ 60” – 0 ponto IV. Falls Efficacy Scale International (FESIBrasil)