Pedon nº 20 - SPCS - Sociedade Portuguesa de Ciência do Solo
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Pedon nº 20 - SPCS - Sociedade Portuguesa de Ciência do Solo
índice 3. editorial 5. assembleias gerais da SPCS 7. eventos spcs 8. em memória 17. opinião: notas sobre agricultura sustentável rejeição de organismos geneticamente modificados de Ana M. Domingues 31. resumos de teses e dissertações 39. movimento de sócios 41. nota final 43. ficha de inscrição editado pela Direcção da S.P.C.S. O presente número do Pedon, embora dando sequência à numeração anterior, apresenta, contudo, um carácter algo especial por dois motivos principais: em primeiro lugar porque surge após um intervalo de tempo mais alargado do que o habitual e, em segundo lugar, porque pretende marcar o encerramento de um ciclo e o anunciar de um novo ciclo de edições. Este modelo de Pedon foi iniciado em 1999, com o nº 13, coincidindo com a decisão da ISSS – Sociedade Internacional da Ciência do Solo – se transformar em IUSS – União Internacional das Ciências do Solo, que acarretou também algumas alterações à vinculação das sociedades nacionais à IUSS, deixando de existir sócios individuais a nível internacional, passando a ser a SPCS (com toda a sua colectividade de sócios) a representar Portugal junto da IUSS. Assumiu-se, nessa altura, que, uma vez que o “Boletim” da ISSS deixaria de ser distribuído em formato de papel aos sócios individuais de cada país, o Pedon deveria assegurar, de alguma forma, a distribuição dessa informação internacional. O Pedon passou, então, ao formato que o caracterizou ao longo dos números seguintes, de boletim essencialmente informativo, muito embora se considerasse que deveria constituir-se, também, como “fórum de troca de ideias e opiniões, de divulgação de conceitos e tecnologias, de discussão de políticas …”, ou seja, constituir “um meio de discutir o uso do solo enquanto recurso natural e meio fundamental de preservação da qualidade ambiental”, tendo sido feito, nessa altura, um apelo expresso e directo aos sócios na concretização destes objectivos. A intenção, nessa altura, de assegurar uma publicação semestral do Pedon, não foi, porém, conseguida, tendo sido publicados apenas 6 números, entre Maio de 2000 e Dezembro de 2005. A partir dessa data, em parte devido às dificuldades logísticas e de falta de tempo das pessoas responsáveis pela publicação, mas também devido à maior facilidade de divulgação dos eventos e informações da Sociedade por via electrónica, a publicação do Pedon foi sendo protelada e adiada indefinidamente. Durante todo este período as contribuições dos sócios para o Pedon revelaram-se também muito diminutas, com algumas honrosas excepções, não obstante os repetidos apelos nesse sentido. Ainda assim, ao longo dos 6 números atrás referidos, foram sendo publicados dois artigos de opinião (“Acerca das funções e da degradação do solo”, de Edgar C. Sousa, e “Da ‘política de solos’ a uma política de protecção do solo”, de Carlos Alexandre), 28 resumos de teses de mestrado e doutoramento, bem como diversos textos de homenagem a sócios importantes entretanto falecidos, para além dos novos estatutos da SPCS (publicados no nº 17, de Julho de 2003). 3 No contexto actual, com a rapidez de divulgação por via digital, e em que os sócios podem facilmente aceder aos Boletins e Newsletters da IUSS através da página de internet, não faz sentido manter um Boletim informativo de formato clássico para a divulgação desse tipo de informação. Deste modo, o presente número pretende constituir-se como o ponto de viragem de um segundo para um terceiro ciclo de edições do Pedon. Conclui-se o seu formato de boletim da SPCS em suporte de papel e, com o próximo número, abre-se um terceiro ciclo do Pedon com publicação apenas em suporte electrónico. No seu próximo e terceiro formato, o Pedon continuará a ter muitos dos objectivos gerais que já tem na presente versão mas, para além da diferença de suporte, pretende-se que venha a funcionar em articulação com uma renovada página web da SPCS. Esta deverá ser o principal repositório de informação da SPCS, podendo ser actualizada e receber contributos temáticos dos sócios em qualquer momento, passando o Pedon a funcionar como uma Newsletter simplificada, instrumento de alerta e de apelo a toda a comunidade de potenciais interessados, onde se destaquem os tópicos e ocorrências de maior relevo num dado período de tempo. Esses destaques devem remeter para o sítio da SPCS, ou para outros sítios, onde se encontrará disponível a totalidade do conteúdo em causa. O presente número faz um breve balanço da actividade da SPCS e do trabalho mais relevante dos seus sócios, com destaque para os resumos recebidos de teses de doutoramento realizadas neste período, apresenta textos submetidos e inclui um obituário sobre sócios de grande relevo que nos deixaram entre 2005 e 2013. Finalizamos este editorial com uma nota de espectativa e de esperança quanto à abordagem dos problemas do recurso solo à escala global. Para tal concorrem alguns marcos recentes de grande significado: i) aprovação na 68ª sessão do Segundo Comité das Nações Unidas (a 6/12/ 2013) do dia 5/Dezembro como ‘Dia Mundial do Solo’ (World Soil Day) e da declaração do ano de 2015 como ‘Ano Internacional dos Solos’ (International Year of Soils); ii) aprovação pelo Conselho da FAO (entre 3 e 7/12/2012) da Global Soil Partnership (GSP), actualmente já em actividade e que representa uma iniciativa de grande potencial transformador da administração do solo à escala global. Estas iniciativas inéditas demonstram o reconhecimento da dependência da humanidade do recurso solo e constituem também uma forte motivação para todos os sócios da SPCS, bem como outros interessados, prosseguirem nos seus esforços por uma melhor administração e por uma gestão mais sustentável deste recurso vital para o País. 4 Assembleias Gerais de 7 de Junho de 2006, em Lisboa Nomeação de sócios honorários Alfredo Teixeira Constantino Ário Lobo de Azevedo Edgar da Conceição e Sousa Joaquim Quelhas dos Santos José Vicente de Jesus de Carvalho Cardoso Rui Pinto Ricardo Eleição dos órgãos da Sociedade para o período 2006/2010 Direcção Fernanda Miranda Cabral – Presidente Carlos Alberto de Jesus Alexandre – Secretário Fernando Manuel Girão Monteiro – Tesoureiro Henrique Manuel Ribeiro – Vogal Raquel Soveral Dias – Vogal Assembleia Geral Manuel Armando Valeriano Madeira – Presidente Armindo Aires Afonso Martins – 1º secretário Ernesto José Pestana de Vasconcelos – 2º secretário Conselho Fiscal Maria da Graça Serrão – Presidente José Casimiro Martins – Relator Luís Lopes dos Reis – Vogal Assembleia Geral de 6 de Julho de 2010, em Lisboa Eleição dos órgãos da Sociedade para o período 2010/2014 Direcção Carlos Alberto de Jesus Alexandre - Presidente Henrique Manuel Filipe Ribeiro - Secretário Fernando Girão Monteiro - Tesoureiro Fernanda Maria Miranda Cabral - Vogal Raquel Soveral Dias Mano - Vogal Assembleia Geral Manuel Armando Valeriano Madeira – Presidente Armindo Aires Afonso Martins – 1º secretário Ernesto José Pestana de Vasconcelos – 2º secretário 5 Conselho Fiscal Manuel Frazão – Presidente Amélia Castelo Branco – Relator Luis F. C. Lopes dos Reis - Vogal Assembleia Geral de 20 de Junho de 2014, em Lisboa Eleição dos órgãos da Sociedade para o período 2014/2018 Direcção Carlos Alberto de Jesus Alexandre - Presidente Maria da Conceição Gonçalves - Secretário Fernando Girão Monteiro - Tesoureiro Henrique Manuel Filipe Ribeiro - Vogal Tiago Ramos - Vogal Assembleia Geral Manuel Armando Valeriano Madeira – Presidente Armindo Aires Afonso Martins – 1º secretário Ernesto José Pestana de Vasconcelos – 2º secretário Conselho Fiscal Maria do Carmo Horta – Presidente Amélia Castelo Branco – Relator Luis F. C. Lopes dos Reis – Vogal Assuntos Gerais Para além da eleição dos órgãos da Sociedade, efectuada de quatro em quatro anos, as Assembleias Gerais têm vindo a ser realizadas anualmente, como estabelecido no ponto 2 do Artº 17º dos Estatutos, coincidindo em geral com a realização dos Encontros Anuais da SPCS ou com os Congressos Ibéricos, quando estes tiveram lugar em Portugal, para apreciação e aprovação do Relatório e Contas da Direcção. Nessas Assembleias Gerais têm sido também aprovadas as admissões de novos sócios, sendo dado conta do movimento global de sócios ocorrido durante o período que decorreu desde 2005 até à actualidade, através da lista publicada no final deste Boletim. 6 Durante o período que decorreu desde 2005 até à actualidade, a SPCS organizou ou colaborou na organização dos seguintes eventos científicos: 2006 - II CICS - Congresso Ibérico da Ciência do Solo 13 a 17 de Junho, em Huelva (Espanha). 2007 - Encontro Anual da SPCS O Solo, a Paisagem e o Uso da Terra 4 a 6 de Julho, em Vila Real, Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro 2008 - III CICS - Congresso Ibérico da Ciência do Solo Uso do solo e qualidade ambiental num contexto de mudanças globais 1 a 4 de Julho, em Évora, Universidade de Évora 2009 - Encontro Anual da SPCS 8 a 10 de Julho, em Faro, Universidade do Algarve 2010 - IV CICS - Congresso Ibérico da Ciência do Solo 21 a 24 de Setembro, em Granada (Espanha) 2011 – não se realizou o Encontro Anual da SPCS 2012 - V CICS - Congresso Ibérico da Ciência do Solo O solo suporte da produção alimentar, do meio ambiente e da paisagem 6 a 10 de Setembro, em Angra do Heroísmo (Açores) 2013 - Encontro Anual da SPCS Solo, produção agrária e sustentabilidade dos ecossistemas. 26 a 28 de Junho, em Oeiras, INIAV (ex-Estação Agronómica) 2014 - VI CICS - Congresso Ibérico da Ciência do Solo Desafios e Oportunidades em Ciência do Solo 22 a 25 de Junho, em Santiago de Compostela (Espanha) 7 JOSÉ MANUEL MAGALHÃES BASTOS DE MACEDO (1923-2005) José M. M. Bastos de Macedo nasceu em Vale Formoso (Covilhã) no dia 4 de Novembro de 1923. Completou o curso liceal em 1941 e, após a realização de exame de admissão, matriculou-se no Instituto Superior de Agronomia (ISA), da Universidade Técnica de Lisboa, havendo finalizado a parte escolar do Curso de Engenheiro Agrónomo no ano lectivo de 1945/46. Efectuou a seguir o respectivo tirocínio durante cerca de dois anos, no próprio ISA (cadeira de Física Agrícola), sobre o estudo das argilas dos solos de Angola, apresentando em 1948 o Relatório Final do Curso, que foi classificado com 19 valores, assim tendo concluído a licenciatura com a classificação final de 14 valores. Iniciou a carreira profissional logo após a conclusão da licenciatura, em Novembro de 1948, como Segundo-Assistente do 2º Grupo de Disciplinas do ISA, passando em Agosto de 1955 a Professor Extraordinário do mesmo Grupo de Disciplinas, mediante concurso de provas públicas no qual foi aprovado por unanimidade. Esteve ausente do ISA, em comissões de serviço, desde Janeiro de 1963 até Junho de 1975. Foi nomeado Professor Catedrático do ISA em Janeiro de 1979, tendo sido aposentado a seu pedido em Maio de 1990. Nos doze anos fora do ISA, em comissões de serviço, esteve como Director do Instituto de Investigação Agronómica de Angola (1963-1965) e desempenhou funções docentes nos Estudos Gerais Universitários de Moçambique/Universidade de Lourenço Marques (1965-1975). Aqui, começou como Professor Extraordinário, passando a Professor Catedrático em Janeiro de 1967, após concurso de provas públicas em que foi aprovado por unanimidade, situação mantida até regressar ao ISA em 1975. Durante a sua permanência nessa Universidade, desempenhou o cargo de Director dos Cursos Superiores de Agronomia e Silvicultura, tendo sido homenageado por duas vezes (em 1969 e 1971) pelo Corpo Docente e pelo Pessoal Técnico dos Cursos, bem como por Agrónomos e Silvicultores dos Serviços e Empresas ligados à Agricultura Moçambicana, em virtude de o reconhecerem como “grande obreiro do ensino superior agronómico” em Moçambique e devido ao “esforço desenvolvido na resolução dos problemas que levaram à efectivação do novo edifício dos Cursos de Agronomia e Silvicultura”. No ISA, teve à sua responsabilidade, até 1963, as aulas práticas das disciplinas de Física Agrícola, de Mesologia e Meteorologia Agrícolas e de Pedologia e Conservação do Solo, nesta última colaborando também nas aulas teóricas a partir do ano lectivo de 1955/56; além disso, leccionou a matéria sobre “Os Minerais de Argila e os Processos Pedogenéticos”, num Curso Complementar de Pedologia realizado no ISA em 1958. Por outro lado, de 1959 a 1962, regeu a disciplina de Química Geral e Análise. Ao regressar ao ISA (em 1975) ficou com a responsabilidade da disciplina de Mesologia e Meteorologia Agrícolas, leccionando as matérias teóricas respeitantes ao Meio 8 Terrestre e dando algumas aulas práticas; a partir do ano lectivo de 1986/87, com uma reforma dos cursos do ISA, passou a ser o responsável da disciplina de Mesologia (dando aulas teóricas e práticas) e no ano lectivo de 1989/90, devido a nova reformulação dos curricula, regeu uma disciplina de Geoquímica do Ambiente acabada de ser criada por proposta sua. Orientou e dirigiu numerosos Relatórios Finais dos Cursos do ISA, bem como estágios de vários técnicos de outros Organismos, sobretudo no domínio da mineralogia do solo. Orientou também algumas teses de doutoramento. Na Universidade de Lourenço Marques, foi titular da disciplina de Pedologia e Conservação do Solo e leccionou também, durante alguns anos, Química Geral e Análise, ambas dos Cursos Superiores de Agronomia e Silvicultura. Em paralelo com a docência, dedicou-se à investigação, colaborando até 1962 com a Missão de Pedologia de Angola e o Centro de Estudos de Pedologia Tropical (uma e outro, estruturas pertencentes à ex-Junta de Investigações Científicas do Ultramar) onde dirigiu a Secção de Mineralogia do Solo. Na sua actividade de investigação desenvolveu as seguintes linhas fundamentais relativamente aos solos das regiões tropicais: a) mineralogia das fracções finas e semi-finas dos solos; b) química-física dos solos, em particular no que respeita a problemas referentes à retenção, à distribuição e ao comportamento do fósforo no solo; c) pedogénese. Por outro lado, participou no reconhecimento e na cartografia detalhada de solos em Angola, nas bacias do Cuanza e do Cunene e na região da Cela, integrado na Missão de Estudos de Hidráulica Agrícola (1952) e, com funções de chefia, na Brigada Agrológica da Cela (1955). Em 1953 o Instituto de Alta Cultura concedeu-lhe uma bolsa de estudo para Inglaterra, onde aprofundou os seus estudos sobre a retenção do fósforo pelos óxidos de ferro, no Departamento de Física da Rothamsted Experimental Station, sob a orientação do Dr. R. K. Schofield. Apresentou número expressivo de comunicações a reuniões científicas internacionais e nacionais, tendo participado directamente em muitas delas, nalgumas das quais chefiou a delegação de Angola, de que fazia parte. Realizou vários colóquios sobre questões da Ciência do Solo. É extensa a sua bibliografia científica, sendo muitos dos seus trabalhos referidos com frequência em publicações estrangeiras e nacionais sobre temas de Ciência do Solo. Os trabalhos publicados, em grande parte, contribuíram de forma marcada para o desenvolvimento da Ciência do Solo Tropical, tendo mesmo alguns deles carácter pioneiro no âmbito do estudo dos solos do Continente Africano. Publicou ainda vários trabalhos didácticos em relação com as matérias que leccionou, quer na Universidade de Lourenço Marques quer no ISA. Pertenceu à Sociedade Internacional da Ciência do Solo e à Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo. RUI PINTO RICARDO 9 ANTÓNIO AUGUSTO GUERRA RÉFFEGA (1935-2005) António A. G. Réffega nasceu em Milhão (Bragança) no dia 14 de Fevereiro de 1935. Realizou o Curso de Engenheiro Agrónomo (ramo de Agricultura e Pecuária) no Instituto Superior de Agronomia (ISA), tendo obtido em 1960 o seu diploma com a classificação de 14 valores. No ano lectivo de 1958/59 frequentou, igualmente no ISA, todas as disciplinas do Curso Superior de Agronomia Tropical, em que foi aprovado com a classificação de 15 valores. Em 1973 obteve o grau de Doutor em Ciências Agronómicas pela Universidade de Luanda, com distinção. Iniciou a sua carreira profissional como Assistente de Investigação na ex-Junta de Investigações Científicas do Ultramar (hoje Instituto de Investigação Científica Tropical - IICT), trabalhando na Missão de Pedologia de Angola, de 1960 a 1965. Desde 1965 até 1974 fez parte do corpo docente da Universidade de Luanda (Angola) – Cursos Superiores de Agronomia e Silvicultura –, primeiro como Assistente (1965-1973) e depois como Professor Auxiliar (ano de 1973). Em Janeiro de 1974 transferiu-se para o Instituto Politécnico de Vila Real (Trás-os-Montes e Alto Douro – Portugal), desempenhando aí as funções de Presidente da respectiva Comissão Instaladora e de Director. Transitou em 1975 para a Universidade de Évora, onde permaneceu como Professor Extraordinário até finais de 1979. Em 1980, como Professor Catedrático, foi convidado para a Universidade Nova de Lisboa, passando aí a integrar o respectivo corpo docente na qualidade de Professor Titular de Cadeira da Faculdade de Ciências e Tecnologia, na Área das Ciências do Ambiente, situação em que se manteve até à sua aposentação no ano de 2001; continuou, todavia, a dar apoio à Universidade, a título gracioso, até ter falecido. Simultaneamente com a docência, a partir de 1984, ocupou o cargo de Vice-Presidente do IICT, funções que desempenhou até à data da aposentação. Em paralelo com semelhante carreira profissional, assessorou durante oito anos (1974-1982) o Ministério da Educação em questões do ensino superior. Por outro lado, quando faleceu, era o Representante de Portugal, na OCDE, do Ensino Superior Agrícola, o Representante Nacional nos Programas de Investigação STD e INCO2 da União Europeia e Membro do Grupo de Trabalho responsável pelo Programa de Acção Nacional da Convenção das Nações Unidas de Luta Contra a Desertificação. Dedicou-se à investigação – como Assistente da Junta de Investigações Científicas do Ultramar e, também, ao longo de toda a sua carreira docente –, exerceu de forma activa a docência universitária e, além disso, ainda conseguiu dispor de tempo para a gestão científica e para se ocupar com questões do ensino superior em Portugal. A actividade de investigação respeitou à Ciência do Solo (dirigida sobretudo para os solos das regiões tropicais), nomeadamente em relação com: Carta Geral dos Solos de Angola, bem como cartas de solos semidetalhadas e detalhadas; taxonomia pedológica; mineralogia do solo; micromorfologia e micromorfometria dos solos; pedogénese. Como professor universitário ensinou principalmente Pedologia, Conservação do Solo, Mesologia e Meteorologia Agrícolas, Climatologia e Poluição dos Solos. A sua actividade docente decorreu sobretudo na Universidade Nova de Lisboa, na Universidade de Évora e na Universidade de 10 Luanda (Angola); também dispensou colaboração ao Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica de Lisboa), à Universidade Aberta de Lisboa e às Escolas Superiores Agrárias. Além do ensino, orientou várias teses de doutoramento no domínio da Pedologia. Enquanto Vice-Presidente do IICT, além de se ocupar com os problemas de gestão científica do Organismo (que muito o absorveram), coordenou e colaborou num grande número de projectos de investigação (nacionais e internacionais) como, por exemplo, Agro-Ecologia e Vegetação de São Tomé e Príncipe, Parques Naturais da Guiné-Bissau, Sistemas de Produção e Desenvolvimento Agrícola da Amazónia (Brasil), Preservação e Gestão dos Recursos Naturais no Vale do Zambeze (Moçambique, Zâmbia e Zimbabwe). Como assessor do Ministério da Educação teve a seu cargo a implantação no País da rede do ensino superior politécnico no domínio agrícola e trabalhou no sentido da abertura de novas Universidades. Publicou para cima de uma centena de trabalhos: a maioria de investigação; em menor número, de divulgação científica e técnica; uns quantos, para fins didácticos; e também, alguns deles, sobre problemas relativos ao ensino superior agrário. Do mesmo modo, escreveu vários artigos para jornais e revistas sobre temas pedológicos e agrícolas. Presidiu à Comissão Técnica que supervisionou e acompanhou a execução do projecto referente à Cartografia dos Solos do Nordeste de Portugal, a cargo do Consórcio Coba-Agroconsultores. Proferiu algumas conferências e palestras. Realizou numerosas visitas de estudo e de trabalho, no País e no Estrangeiro. Pertenceu às seguintes Sociedades Científicas: Sociedade Internacional da Ciência do Solo, Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo, Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal, Sociedade Portuguesa de Microscopia Electrónica e Liga para a Protecção da Natureza. RUI PINTO RICARDO JOSÉ VICENTE JESUS DE CARVALHO CARDOSO (1923-2010) Carvalho Cardoso, concluiu o curso de Engenheiro Agrónomo em 1945, com a nota mais alta do seu curso (16 valores), tendo sido convidado imediatamente para a equipa chefiada pelo Engº Agrónomo Luís de Sequeira Bramão no Departamento de Pedologia da EAN. Fez parte da 1º equipa encarregue da elaboração da Carta de Solos de Portugal, na escala 1/25 000, de que tinham saído as folhas de Almoster (1942), Fráguas (1943), Pernes Pombalinho (1944), tendo o então recémformado Carvalho Cardoso participado na elaboração da folha de Bombarral (1949). Nessa altura estavam no trabalho de campo, para além do chefe de Departamento Sequeira Bramão, os colegas Sacadura Garcia, Mateus Nunes, Alfredo Cluny, Sacramento Marques, Emídio Durão, Melo Sampaio, Neves Taborda, Videira de Castro, Faustino Fernandes, Ramos Telhada, Pádua de Carvalho, para além do Carvalho Cardoso. Os trabalhos de campo eram assessorados pelo trabalho de laboratório, onde estavam na altura Orlando de Azevedo, Câmara de Freitas, Godinho Gouveia, António Teixeira, Salema Veiguinha, Antunes da Silva e Ferreira Malha. 11 Nessa época áurea da Pedologia em Portugal, a Pedologia na Estação Agronómica Nacional, era chefiada pelo Luís de Sequeira Bramão, e rivalizava com o ISA onde a Pedologia tinha igualmente um lugar de destaque, chefiada então pelo Professor Doutor Botelho da Costa, com ênfase na física do solos e cartografia e na Pedologia tropical, incluída no Centro de Investigação Científica Algodoeira, nos trabalhos da Junta de Investigação do Ultramar e depois na Missão de Pedologia de Angola, Centro de Estudos de Pedologia Tropical da Junta de Investigação do Ultramar. O colega Carvalho Cardoso logo no início do seu trabalho no Departamento de Pedologia da EAN, foi enviado para “Iowa State Unieversity” nos Estados Unidos da América, para se especializar em Classificação e Cartografia de Solos, tendo obtido aí o seu Doutoramento. É dessa época, a primeira polémica politico/científica, que muito prejudicou a Pedologia em Portugal e na qual o colega Carvalho Cardoso participou. De facto em 1947, o Chefe de Departamento Luís de Sequeira Bramão, com o apoio do então Director da Estação Agronómica Nacional Professor António Sousa da Câmara, tentaram criar um “Serviço Especial Permanente” para, no espaço previsível de 20 anos, elaborar a carta dos solos de Portugal, numa escala de 1:25.000. Para isso foi elaborada uma proposta de Lei pelo Professor Emídio Silva, proposta aceite pela Câmara Corporativa, e cujo debate foi iniciado na então Assembleia Nacional. Em 1948 o Departamento de Pedologia foi visitado pelo Professor Mário de Figueiredo, Líder da Assembleia Nacional para embargar a proposta de Lei da Carta dos solos de Portugal. De facto, o cientista emérito Professor António Câmara cometeu um erro politico grave quando, na Assembleia onde era então Deputado, defendeu a necessidade da elaboração da Carta de Solos de Portugal como base científica para se puder efectuar uma reforma Agrária. Tal foi suficiente para que a cartografia de solos e os trabalhos de campo fossem interrompidos, esse sector fosse retirado do Departamento e da própria Estação Agronómica Nacional, o que amputou o Departamento e levou o Chefe de Departamento de solos Luís de Sequeira Bramão a sair do Departamento e do país, passando a chefiar o Departamento o colega Fernando Câmara de Freitas. Em 1950 foi então no Plano de Fomento Agrário criado um sector para a elaboração da carta de solos, base científica do Ordenamento Agrário, e futuro Centro Nacional de Reconhecimento e Ordenamento Agrário (o CNROA) Carvalho Cardoso mantém a ligação entre o Departamento e a cartografia de solos no CNROA, tendo neste intervalo publicado 8 trabalhos científicos. A partir de 1858 foi iniciada a colaboração entre o Departamento de Solos e a Missão de Estudos do Ultramar, tendo o pessoal do Departamento passado a exercer funções de orientação e de formação de especialistas e a colaboração em vários projectos entre os quais se contam o reconhecimento dos solos de S. Tomé e Príncipe onde o colega Carvalho Cardoso trabalhou (5 trabalhos publicados). A partir do fim dos anos 50 passa a trabalhar no CNROA, na elaboração da carta de solos de Portugal, passando a partir de 1958 a orientar a Carta dos solos de Portugal e a Carta de Capacidade de uso do Solo. 12 Em 1961 foi aberto concurso para Investigador na Área da Pedologia tendo concorrido 3 Investigadores oriundos do Departamento, entre os quais o Colega José de Carvalho Cardoso, na altura no CNROA, concorreu. Do trabalho apresentado a concurso resultou entre outros a publicação (1965 - Os Solos de Portugal. Sua Classificação e Génese. I- A Sul do Rio Tejo. DGSA, SEA). De 1979 a 1987 foi nomeado Director da Estação Agronómica Nacional, acumulando com a função de Deputado à Assembleia da República até 1987, tendo interrompido as funções directivas da Estação Agronómica no período em que teve funções Governativas (de 10 de Janeiro de 1980 a 8 Janeiro de 1981- Secretario de Estado do Fomento Agrário, e de 8 de Setembro de 1981 a 9 de Junho de 1983). Em Julho de 1987 foi eleito para o Parlamento Europeu onde se manteve até 1994. No período em que dirigiu os destinos da EAN, instituição desde há muito enfrentava grandes dificuldades, desenvolveu várias actividades que projectaram a Instituição na vida rural de que destaco de forma notável os PIDR do Baixo Mondego e o PIDR da Cova da Beira, sector Investigação, programas em que participei activamente. Pela primeira vez, que eu tenha conhecimento, os projectos foram programados de forma integrada para dar resposta aos problemas de uma dada região, desde o estudo dos solos, à tecnologia do solo (não lavoura, etc.), à fertilização, à escolha de variedades, aos sistemas culturais e rotações, aos problemas de sanidade vegetal, aos problemas da produção animal, aios aspectos florestais etc. Ainda aceitou integrar nos projectos de investigação os problemas ambientais tal como aconteceu quando nos projectos do arroz, sua tecnologia, aceitou integrar a conservação das espécies cinegéticas e a conservação de zonas húmidas, etc. Estes programas foram acompanhados por debates de integração dos vários projectos e debates dos investigadores, por “dias abertos” em que se receberam os agricultores, etc. Ainda me lembro dos dias abertos no “Taveiro” na “Quinta do Canal”, integrado no PIDR do Baixo Mondego, e os dias abertos nos Lamaçais, e dos resultados obtidos na difusão face aos agricultores. Se hoje existe a “Beira Baga” se deve ás colecções de pequenos frutos existentes nos Lamaçais, se a sementeira directa funciona em algumas regiões se deve aos trabalhos no Taveiro, na Quinta do Canal, se a fertilização e as variedades de milho foram alteradas, também se deve à divulgação (extensão) feita pelos nossos colaboradores que nos ajudavam nos ensaios e a quem os agricultores iam perguntar o que fazíamos nos vários ensaios. A sensibilidade mostrada pelo colega Carvalho Cardoso, a capacidade de integrar e de programar para resolver os problemas do mundo rural, devese ao facto de não ser apenas um cientista, um especialista de génese e cartografia, mas ser um agricultor, um dirigente das ONGs de Agricultura, das cooperativas (Adega Cooperativa da Vermelha, onde era proprietário, Cooperativa de frutas do Cadaval, da Caixa de Crédito Agrícola do Cadaval, da FENACAM - Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo; da CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal, etc.) conhecedor dos problemas reais. 13 Igualmente a sua tentativa de resolver os problemas do mundo Rural, levou-o a uma actividade politica activa através do seu partido, quer na actividade autárquica, quer no Parlamento, quer no Parlamento Europeu, quer como membro executivo na governação. Foi esse mesmo conhecimento do mundo real, dos problemas que informou a sua acção como dirigente da actividade de Investigação e que o levou quer à participação activa dos PIDR, quer a levar os cientistas de vários Departamentos e Instituições, a visitas conjuntas de campo e a debates internos de coordenação entre os vários projectos, quer à organização de “dias abertos” para debate com os agricultores e suas organizações. Igualmente, foi no sentido de abrir a Instituição EAN ao exterior que organizou dias abertos por departamento, com sessões públicas e que organizou em 1986 as comemorações dos 50 anos da EAN, e publicou um sumario dos 50 anos de actividade. Não posso deixar de referir uma história, passada comigo, que reflecte bem a sua forma de encarar a investigação, a carreira científica ao serviço da tutela e em especial a forma como a ciência deve ser encarada. Devo referir, que as nossas ideias políticas sempre foram antagónicas, mesmo no que respeita à política científica, mas que tal não impede de manifestar a minha consideração, amizade e respeito. Politicamente o colega Carvalho Cardoso foi Membro da Câmara Corporativa no Governo do Prof. Marcelo Caetano (na chamada Primavera Marcelista) era da Comissão de Economia e Finanças, aderiu ao Partido do Centro Democrático e Social (CDS) após a revolução de Abril, quando eu era dirigente do MDP (Movimento Democrático Popular) e depois do Partido Socialista. Quanto à politica científica a visão que tinha do INIA (na altura INIAER) era a visão napoleónica, apologista da estrutura Administrativa, Burocrática pesadíssima, com a criação de um Serviço Central, com um planeamento centralizado e de grande peso administrativo, enquanto eu era apologista da manutenção das Instituições existentes na altura e a constituição apenas de um Conselho Científico, acompanhado de um Secretariado (2 a 3 pessoas) que distribuíssem as verbas, dirigissem a politica de Investigação e monitorizassem os trabalhos numa visão Anglo – Saxónica. Muitos debates tivemos quando no período revolucionário fui adjunto do Ministro da Agricultura. A História é a seguinte: Carvalho Cardoso depois de sair do Governo em 1986 participou na preparação do projecto CORINE “Soil Erosion Risk and Important Land Resources in the Southern Regions of European Community. An Assessment to Evaluate and Map the Distribution of Land Quality and Soil Erosion Risk” do Programa Europeu CORINE, com a colaboração dos colegas Bailim Piçarra, Pereira Gomes e mais 3 jovens recém-formados. Este projecto, liderado pela Itália (A. Giordano) e em que participava a Espanha (Roquero de Laburu - na altura presidente da Sociedade Espanhola da Ciência do Solo), a Grécia (N. Yassuglu), aFrança (Bonfils), etc. etc. Tinha a fina flor da pedologia europeia. Eu já era chefe de Departamento de Solos (a partir de 1983), mas era apenas Investigador Principal, responsável pelo bom andamento dos projectos a cargo de Departamento. Em 1987, Carvalho Cardoso foi eleito para o Parlamento Europeu, o colega Bailim morreu, o colega Pereira Gomes sofria de claustrofobia de forma extrema, não podendo viajar de avião e havia uma reunião (a 1ª reunião) do projecto em Bruxelas dentro de 10 dias. 14 Telefonei para o Carvalho Cardoso para Bruxelas, a perguntar o que fazer, uma vez que ele era o responsável pelo projecto. A sua resposta reflecte a sua visão da carreira e do papel dos investigadores. Perguntou-me se eu iria concorrer para a vaga de Investigador Coordenador em Pedologia que iria abrir a breve prazo. Tendo dito que sim, disse-me textualmente: A função de um Investigador Coordenador é Coordenar os trabalhos na sua área, isto é na Pedologia. Ou és capaz de coordenar e podes ser coordenador, ou não és capaz de sair da tua especialidade – génese do solo e comportamento dos metais pesados - e abarcar a qualidade do solo e o risco de erosão, coordenando, ou eu como futuro membro do júri chumbo-te na prova pois serei certamente arguente. Depois disse-me, tens a chave do meu gabinete, em cima de secretaria no cesto estão todos os documentos do projecto, no meio está um conjunto de bibliografia que separei para que nestes 10 dias que faltam para a reunião te prepares para Bruxelas. Tu és capaz e tenho confiança que te vais safar. Para ele um Investigador, quando passa a fase do Doutoramento tem que deixar de ser meramente um especialista e tem que ser capaz de orientar outros investigadores e coordenar programas de investigação, para o que tem que ter uma visão alargada Sendo um adversário politico, mesmo um adversário quanto à visão da organização e administração da Ciência era um cientista, tinha uma visão da agricultura Nacional, das suas necessidades e do que se deveria estudar para resolver os problemas, era efectivamente um CIENTISTA, um HOMEM dos Solos que muita falta nos faz, um bom amigo a quem muito devo. EUGÉNIO SEQUEIRA ALFREDO FERNANDES TEIXEIRA CONSTANTINO (1926-2011) O Eng.º Alfredo Fernandes Teixeira Constantino nasceu em Murça – Vila Real (província de Trás-os-Montes) a 2 de Novembro de 1926 e faleceu em Lisboa no dia 8 de Fevereiro de 2011 (tendo a idade de 84 anos). Frequentou o Liceu Nacional de Camilo Castelo Branco, em Vila Real, onde concluiu em 3 de Julho de 1945 o Curso Complementar de Ciências dos Liceus obtendo a Classificação de 18 valores. Entrou para o Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica de Lisboa) no ano lectivo de 1945/46, tendo-se matriculado no Curso de Engenheiro Agrónomo; terminou a parte escolar do Curso no ano lectivo de 1949/50. Estagiou no Laboratório de Entomologia Agrícola e Florestal (Instituto Superior de Agronomia) no domínio da Entomologia Agrícola, sendo orientador o Prof. Carlos Manuel Leitão Baeta Neves. Apresentou e discutiu perante um Júri o Relatório Final de Curso em 5 de Fevereiro de 1952, com o título “O Gorgulho do Feijão (Acanthoscelides obtectus Say). Contribuição para o seu estudo em Portugal”, o qual foi classificado com 19 valores; ficou licenciado nessa data (recebendo o título de Engenheiro Agrónomo) com a classificação final de 16 valores. Iniciou a actividade profissional no Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário (SROA), trabalhando no reconhecimento e na cartografia dos Solos de Portugal a Sul do Rio Tejo desde 1952 a 1956. Em 1956 constituiu uma equipa pedológica com os Eng.os Agr.mos Amílcar Lopes 15 Cabral, Alberto Castanheira Diniz e Rui de Azevedo Vaz, a qual procedeu ao reconhecimento e à cartografia detalhada de solos da Fazenda Agrícola do Cassequel (Lobito-Angola) com vista à sua recuperação para a produção da cana-de-açúcar. Depois deste primeiro estudo de solos manteve-se em Angola a trabalhar no mesmo domínio, chefiando até 1960 a equipa acima referida. A seguir, constituiu o gabinete de estudos GABINETE A.T. CONSTANTINO e Colaboradores que continuou os estudos de solos em Angola, inclusive após a independência da Colónia (até 1984), os quais foram levados a cabo em todas as Companhias Açucareiras e a seguir a estes estenderam-se às áreas do café, do algodão, da banana, da aptidão para o regadio e da exploração agroflorestal. Simultaneamente desenvolveu estudos similares em Moçambique, sobretudo no domínio da cartografia de solos e da aptidão dos solos para o regadio e para a cultura da cana-de-açúcar e do tabaco. No mesmo período coordenou actividades de cartografia de solos e da aptidão para o regadio no Brasil, bem como na Guiné e em Cabo Verde. Na década de 60 efectuou alguns estudos de cartografia de solos em Portugal Continental, mas foi a partir de 1975 que passou sistematicamente a proceder ao estudo dos solos do País (Continente e Região Autónoma da Madeira); em cerca de 120 trabalhos visou a cartografia detalhada ou semidetalhada e a aptidão de solos de áreas de regadios e de outra índole. Em 1985 criou uma Empresa a que deu o nome de Agroconsultores Lda e, então, direccionou a partir de meados da década de oitenta a sua actividade principal para a cartografia geral dos solos de Portugal continental (cerca de 44,3 % da respectiva área) na escala 1.100 000. Na sequência de concursos internacionais foi, então, o responsável pela execução da Carta dos Solos e Carta do Uso Actual da Terra e Carta da Aptidão da Terra do Nordeste de Portugal (Trás os Montes e Alto Douro) de 1986 a 1991, das Cartas de Solos e da Aptidão da Terra de Entre - Douro e Minho de 1992 a 1995, e das Cartas de Solos e da Aptidão da Região Interior – Centro de 2002 a 2005. Nestes estudos aplicou a Legenda da FAO, a Legenda da FAO Revista e o sistema da WRB, respectivamente, bem como a metodologia da land evaluation; simultaneamente coordenou a execução da Carta de Solos e da Aptidão da Terra (na escala 1:25 000) da área considerada com aptidão agrícola de Entre - Douro e Minho de 1994 a 1999. No âmbito da cooperação internacional, colaborou em actividades da FAO apoiando e avaliando estudos de solos na Rondónia, estudos agropedológicos relacionados com a reabilitação da produção cafeeira (em Angola) e o plano de trabalho para a cartografia e classificação de solos (na República Árabe do Iémen); no mesmo período foi consultor da FAO no âmbito de estudos realizados em Cabo Verde e na Guiné. O Eng.º Alfredo Constantino foi uma figura marcante no estudo e na cartografia dos solos de Portugal e das ex-colónias; essa actividade foi sempre associada a estudos de avaliação do uso solo. Foi um pedologista de grande saber e de vasta capacidade de aplicação da Ciência do Solo. A sua personalidade caracterizou-se pela simplicidade, recusando qualquer projecção mediática. Foi sempre um esteio importante dos eventos científicos da SPCS, tanto pela sua presença activa como pelo suporte material às diferentes realizações. Em suma, foi uma personalidade cujo labor no âmbito da Ciência do Solo não deve ser esquecido. RUI PINTO RICARDO & MANUEL A. V. MADEIRA 16 Notas sobre Agricultura Sustentável Rejeição de Organismos Geneticamente Modificados Ana M. Domingues (Engª Agrónoma, Instituto de Investigação Científica Tropical) 1. O solo como recurso natural não renovável O solo é a camada superficial da crosta terrestre formada por partículas minerais e orgânicas, água, ar e organismos vivos específicos. Constitui um recurso natural primordial à vida, estendendo-se até uma profundidade muito reduzida da superfície do planeta. E, é considerado um recurso não renovável, pois os processos de pedogénese requerem em média um centenário para formar um único centímetro de espessura de solo. Porém, a explosão demográfica e o desenvolvimento económico desenfreado, que se verificam actualmente, incrementaram os riscos de degradação intensa e acentuaram as exigências de racionalização do uso antropo-ecológico e socioeconómico deste suporte edáfico fundamental o solo [Alexandre, 2005]. Também, as alterações climáticas aumentam a sua vulnerabilidade, especialmente no tocante à erosão e contaminação acidental [Wiki, 2010]. A sustentabilidade implica a busca contínua dos melhores resultados produtivos, em termos humanos e ambientais, no presente e no tempo futuro. Frequentemente, nos países em desenvolvimento é muito problemática a situação vivida pelas populações dramaticamente carentes de alimentos, o que impõe pertinentes desafios de sustentabilidade à Agricultura moderna [Altieri, 1994]. O teor de matéria orgânica do solo foi considerado o factor chave da fertilidade do solo a médio e longo prazo [Swift & Woomer, 1993], observando Rattan Lal (ref. in [Keerthisinghe et al., 2003]) que em África o esgotamento da matéria orgânica nos solos das regiões tropicais atinge normalmente 70% num período de dez anos de cultivo. Tem sido dada ênfase ao apoio tecnológico adequado à lavoura e foram apontadas medidas agronómicas tendentes à conservação do solo e águas naturais, com fixação de carbono no solo e biomassa, reduzindo a sua concentração na atmosfera 17 [MADRP, 1999]. Os incentivos à rega e à fertilização azotada foram considerados agronómica os factores sustentável fertilização, sobretudo fundamentais [Keerthisinghe ao et incremento al., 2003]. da No produção entanto, a azotada e fosfatada, quando excessiva provoca poluição, pelo que se impõe uma criteriosa aplicação de adubos e correctivos [MADRP, 1997]. Nos três parágrafos seguintes são analisados exemplos concretos focados na fertilização azotada. Tomateiro Faixas com gramíneas Sistema radicular muito profundante de feijão arroz (V. umbellata) Figura 1 – A consociação de milho (Zea mays L.) e feijão arroz (Vigna umbellata (Thunb.) Ohwi & H. Ohashi) permite estabilizar os solos, em zonas montanhosas do Norte do Vietnam (à esquerda em cima). Estes agricultores mostram o sistema radicular do feijoeiro (à esquerda em baixo). A delimitação por sebes arbustivas e arbóreas de tomateiro (Lycopersicon esculentum Miller) tutorado, instalado segundo as curvas de nível, permite a conservação do solo (à direita em cima). A cultura de hortícolas em parcelas delimitadas por faixas de gramíneas, as quais exercem funções de filtração de água e nutrientes e, de modo económico e pouco trabalhoso, tende à formação de terraços naturais, reduz o aparecimento de sulcos de erosão hídrica e conserva a terra fina (à direita em baixo). Fontes: (da esquerda) Cairns, M., Hairiah, K. & Burgers, P. Indigenous fallow management. Fotografias de Klaus Prinz e Nguyen Tuan Hao; respectivamente, em cima e em baixo; (da direita) Agus, F.; Van Noordwijk, M. & Verbist, B. - Soil and water conservation. Fotografias de Umi Haryati e Fahmuddin Agus, respectivamente, em cima e em baixo [WAC, -]. 18 Na Província de Shandong (China), às produções básicas de trigo, no Outono-Inverno, e de milho, no Verão, associaram-se o algodoeiro e o cebolinho, entre outras hortícolas, num intensivo sistema agrícola com grande utilização de mão-de-obra [Zhen et al., 2006]. Devido à elevada densidade demográfica, a média de distribuição de terras agrícolas chegou a 0,10 hectares (ha) per capita. Contribuíram para a fertilidade do solo as pesadas adubações mineral (N-P-K) e orgânica (estrumes animais), a incorporação dos restolhos das culturas e, após o algodoeiro, um curto pousio regenerador das terras. No trigo a adubação ascendeu a 375 kg N mineral/ ha e 150 kg estrume/ há, enquanto o rendimento médio foi de 5475 kg de grão/ ha. Naquele contexto, foi detectada elevada concentração de nitratos na água subterrânea, frequentemente igual ou superior a 71-80 mg/ L. Foram preconizadas diversas medidas de racionalização dos meios de produção [Zhen et al., 2006] nomeadamente do factor laboral, da adubação mineral e da irrigação, bem como o incremento da criação de gado e o aumento da estrumação em todas as culturas, a inclusão de leguminosas nas rotações, e a integração de novas técnicas agronómicas adequadas, de modo a aumentar as produções agrícolas, a melhorar a fertilidade do solo e a beneficiar o bemestar das comunidades rurais. Num outro estudo sobre a dinâmica de agro-químicos das camadas superficiais para as mais profundas dos solos da região ribatejana (Portugal), em cultura de milho, foi aplicado o total de 200-300 kg N mineral/ ha e, logo após a emergência das plantas, a atrazina (exclusivamente ou em mistura com outro herbicida) doseando 0,5 kg de substância activa/ ha [Cerejeira et al., 2000], para controlo da competição por água, nutrientes e luz pelas infestantes. Foi concluído ter havido acumulação do herbicida nos primeiros dez centímetros do solo, na linha de vegetação (com baixa concentração na entrelinha), tendo as concentrações de resíduos diminuído ao longo do tempo devido a processos de degradação e de percolação ao longo do perfil do solo, devido à rega e precipitação. No entanto, cerca de 22% das 225 amostras de água subterrânea captadas apresentaram teores de nitrato entre 25 e 50 mg/ L e 36% ultrapassaram 50 mg/ L. Estas concentrações de nitrato representam os valores máximos recomendável (VMR = 25 mg NO3-/ L) e admissível (VMA 19 = 50 mg NO3-/ L) estabelecidos na legislação portuguesa vigente para águas destinadas ao consumo humano [Decreto-Lei nº 236/ 98] enquanto em águas para rega o VMR é de 50 mg NO3-/ L. Os autores [Cerejeira et al., 2000] alertaram para o perigo de reacção daqueles contaminantes no sistema digestivo, com a produção de N-nitroso-atrazina, composto azotado genotóxico e carcinogénico para os animais de sangue quente. Efectivamente, os aquíferos constituem reservatórios de água doce para consumo diário das populações, sendo muito grave a sua contaminação com poluentes persistentes. Noutro estudo [Carranca et al., 1999] realizado no distrito de Elvas (Portugal), foi efectuado o balanço azotado em cultura de trigo, de sequeiro, em Luvissolo Háplico, onde se realizaram três aplicações de 60 kg N/ ha (adubação de fundo com 15 NH415NO3 e mais duas de cobertura com ureia-15N ou Ca(15NO3)2). A absorção de azoto pela planta variou muito ao longo dos três anos deste estudo (sucessivamente 87, 254 e 218 kg N/ ha). A adsorção de amónio nos colóides do solo, os quais apresentam carga predominantemente negativa à sua superfície, dependeu no presente caso do teor de montmorilonites do solo. No primeiro ano, em condições de limitação hídrica, ocorreriam perdas por volatilização de amoníaco das plantas, enquanto nas duas campanhas seguintes se observou a mobilização de reservas azotadas acumuladas sobretudo nos 30 cm superficiais do solo (originadas pelo adubo marcado, não esgotado, e por resíduos culturais remanescentes no terreno). No solo ocorreria, também, a oxidação do amónio, desnitrificação e a volatilização de compostos NOx quimicamente reactivos e de N2 inerte. Por outro lado, teriam ocorrido perdas de nitrato quer por percolação, quer por escorrimento superficial devido à baixa taxa de infiltração do solo, nos períodos chuvosos Outono-Invernais do segundo e do terceiro anos. Nos três anos, as perdas do azoto marcado aplicado contabilizaram-se entre 0 e 55%, correspondendo a 0-99 kg N/ ha, evidenciando grande variação anual [Carranca et al., 1999]. Sob o ponto de vista ecológico, as barreiras vivas ripícolas, as sebes arbustivas e arbóreas delimitantes dos campos de cultura e a estratificação de culturas distintas segundo as curvas de nível são fundamentais na conservação do solo e da biodiversidade, sobretudo da fauna 20 do solo. Também, a ocupação sucessiva, com rotações adequadas, pode melhorar o controlo de pragas e doenças, o aproveitamento dos factores de produção e, por outro lado, retardar ou restringir mecanicamente os fluxos de nutrientes no solo para evitar a contaminação de lençóis freáticos e águas superficiais [MADRP, 1997 e 1999]. São especialmente importantes as práticas de culturas intercalares para adubação verde ou forragem, de cobertura morta (mulching) nas entrelinhas, de consociações e de sistemas agroflorestais. A policultura (com presença de culturas diferentes simultaneamente, sejam misturadas nas pequenas parcelas de terreno ou, eventualmente mais extensivamente, em faixas alternadas), privilegiando as espécies vegetais perenes, permite a ocupação contínua no espaço e ao longo do tempo [Altieri, 1994]. As discrepâncias proporcionadas sob os pontos de vista físico e bioquímico, quer na parte aérea, quer em profundidade no sistema radicular aumentam a produtividade global e contribuem para a conservação do solo. As descontinuidades promovidas poderão contribuir para o melhor controlo de doenças e pragas. As pastagens naturais e semeadas, perenes ou inseridas em rotações, permitem uma utilização pouco intensiva em condições edafo-climáticas limitantes, contribuindo para a melhoria das características do solo e ambiente em geral. O sistema radicular fasciculado das gramíneas (Poaceae) favorece a formação de agregados estáveis no solo. A simbiose de leguminosas (Fabaceae) com bactérias do género Rhizobium permite a fixação de azoto atmosférico e sua disponibilização para as culturas presentes ou seguintes na rotação. Em solos ácidos, os ácidos orgânicos exsudados por raízes permitem a quelatização de catiões, como o Al3+, frequentemente existentes em concentração elevada e tóxica para a maioria das plantas, permitindo ainda a mobilização de fosfatos presentes, mas precipitados e inacessíveis, e a redução de compostos férricos de reduzida solubilidade. Em particular, a utilização de variedades geneticamente melhoradas pelo Homem associa as vantagens ecológicas, bem adaptadas às condições edáficas limitantes, à melhoria da produtividade agrícola [Foy, 1993]. Na luta pela redução da poluição ambiental de origem agrícola é de salientar a produção integrada das culturas, incluindo medidas eficientes na sua protecção integrada [Amaro, 2008]. Potencialmente interessantes são a 21 introdução de espécies vegetais alelopáticas, contendo fitoncidas (ou seja, substâncias naturalmente produzidas por plantas e activas contra microrganismos) e compostos repelentes de insectos junto às culturas ou, alternativamente, a utilização de formulações com pesticidas naturais [Matos, 2000]. Também, a luta biológica contra pragas e doenças, recorrendo aos inimigos naturais das culturas tem menor risco de toxicidade para a fauna benéfica do solo [Wardle et al., 2004], a qual é indispensável aos ciclos biogeoquímicos da água e dos elementos nutrientes. Leucaena Coqueiro Gliricidia Cafeeiro Mandioca Hortícolas Figura 2 – Um sistema agroflorestal na Indonésia, onde coqueiros (Cocus nucifera L.) e gliricídias (Gliricidia sepia (Jacq.) Kunth ex-Walp.) ensombram cacaueiros (Theobroma cacao L.), enquanto nos níveis inferiores existem mandioca (Manihot esculenta Crantz), pimentos (Capsicum annum L.) e outras culturas herbáceas alimentares (à esquerda). Várias plantas locais são simbiontes capazes de fixar o azoto atmosférico (como, por exemplo, numerosas espécies arbóreas das famílias Fabaceae, Betulaceae ou Casuarinaceae), fornecendo forragem para o gado, enquanto este produz estrume para a cultura de milho, em Timor (à direita). Fonte: Cairns, M., Hairiah, K. & Burgers, P. - Indigenous fallow management. Fotografias à esquerda e à direita, respectivamente, de Meine van Noordwijk e Tony Djogo [WAC, -]. 22 Por outro lado, somente através da diversificação da produção agroalimentar pode ser alcançada a almejada sustentabilidade dos agricultores directamente envolvidos na produção. A diversidade de alimentos disponíveis localmente constitui uma condição necessária à segurança alimentar regional, bem como à obtenção de dietas equilibradas indispensáveis ao bom estado nutricional e saúde das populações, sobretudo em solos caracterizados por muito baixas ou altas concentrações de micronutrientes e elementos potencialmente nocivos [Abrahams, 2002]. Realmente, a satisfação das necessidades alimentares de seres humanos adultos nunca poderá limitar-se ao consumo de um único alimento como, por exemplo, o “arroz dourado” com o endosperma enriquecido com β-caroteno [Potrykus, 2001]. Finalmente, o balanço positivo do sistema agrícola, tendencialmente sustentável, depende de decisões adequadas e é conferido pela segurança económica permitida por diversificado conjunto de culturas lucrativas, destinadas à subsistência familiar e/ ou ao mercado, local e regional (de culturas básicas, como a cerealífera ou de hortícolas) e, em certos casos, internacional (por exemplo, de cacaueiro). 2. Rejeição de organismos geneticamente modificados (OGM) em Agricultura Os transgenes são genes estranhos ao genoma da planta, geralmente retirados de organismos arbitrariamente escolhidos e casualmente “enxertados”, através de metodologias defectivas da Genética Molecular, nos cromossomas das células vegetais [WGGE, 2005]. As células transformadas, possuindo múltiplas cópias do transgene devido à sua amplificação, são seleccionadas e, posteriormente, em condições laboratoriais condicionadas e estritamente controladas, são destinadas a formar calli, os quais são multiplicados in vitro, originando plantas transgénicas ou geneticamente modificadas (GM). Destas plantas GM, são, posteriormente, seleccionadas secções que são multiplicadas massivamente obtendo-se diferentes clones de milhares de plantas GM idênticas, as quais se multiplicam para obter sementes GM usadas em monoculturas agrícolas ou são directamente transplantadas formando florestas GM extensivas, exibindo propriedades potencialmente interessantes, como a resistência a um herbicida [Salema, 1999]. São seguidamente apresentadas duas hipótese pertinentes no âmbito da poluição 23 dos solos e águas, superficiais e subterrâneas, devido à utilização de plantas GM. HIPÓTESE I. Hipoteticamente, no genoma de células radiculares e da parte aérea das culturas GM, individualizar-se-iam in vivo “unidades destacadas de ácido desoxiribonucleico” (“UD ADN”) – cadeias simples ou duplas de ADN, muito reactivas bioquimicamente, relativamente pequenas com dezenas a centenas de milhar de bases nucleotídicas, incluindo o transgene e outros elementos externos, originários do ADN inserido, e, ainda, sequências vizinhas de nucleótidos da planta hospedeira que se ligariam, as quais constituiriam partículas instáveis e com capacidade infecciosa (semelhantes às fracções nucleotídicas virais). Desde o núcleo duma célula vegetal transformada activa (ou em desagregação), aquelas “UD ADN” atravessariam a carioteca, o plasmalema e a parede celular, acompanhando os fluxos celulares e apoplásticos. As “UD ADN” poderiam eventualmente ser inseridas deslocalizadamente no genoma in vivo. Daí surgirem diferentes expressões genotípicas numa mesma planta GM ao longo do seu crescimento (quimeras). Ocorrendo livremente as “UD ADN” reactivas das culturas GM poderiam ser transmitidas para outros sistemas biológicos, como micorrizas, fungos fitopatogénicos ou plantas parasitas que estabelecem ligações génicas com o hospedeiro. Poderiam ainda ser absorvidos e veiculados no ambiente por pragas fitófagas. Naturalmente, porções mais ou menos longas das cadeias do ADN permanecem intactas, embora a maioria do ADN vegetal seja degradada no interior das células mortas, sendo aquelas libertadas no solo onde integram a matéria vegetal morta húmida e persistem, adsorvidas em colóides minerais e orgânicos [Ceccherini et al., 2003]. Algumas porções de ADN são assimiladas (por exemplo, através de endocitose) por espécies de Eubacteria ou Archaea. Não sendo efectivamente digeridos pelo sistema enzimático microbiano, podem ser rapidamente integradas no genoma microbiano (transformação ou transdução, quando o processo é mediado por bacteriófagos), onde iniciam activamente a sua transcrição – processo designado por transferência horizontal de genes (THG). 24 No caso das culturas transgénicas (onde ocorre efectiva expressão fenotípica forçada pela associação de regiões promotoras), as “UD ADN” integradas confeririam as características, possivelmente exacerbadas, da expressão directa do transgene (1) ou, indirectamente, do(s) gene(s) externos “arrastados” do dador (2), de sequências de ADN do hospedeiro vegetal GM (3) ou, ainda, eventualmente, novas características resultantes da co-integração dessas “UD ADN” no genoma microbiano (4). Como consequência, possivelmente, aumentaria a virulência do agente microbiano receptor para os seus hospedeiros habituais ou desenvolver-se-ia patogenia, geralmente associada aos organismos dadores do transgene, no sistema biológico receptor, habitualmente não patogénico (em ambos os casos, constituiriam nucleotídicas microrganismos de transformados, características semelhante às incluindo as sequências virais, com capacidade infecciosa e capazes de produzir situações de lisogenia). Assim, surgiriam situações patológicas produzidas pela “UD ADN”, por exemplo, em Escherichia coli, bactéria entérica que se encontra normalmente presente em elevado número nos intestinos de espécies animais. As probabilidades de destaque nas células vegetais e de co-integração no genoma procariótico das “UD ADN” não são quantificáveis, mas previsivelmente são ambas tanto mais elevadas quanto maior for o número de células geneticamente modificadas presentes no solo e maior a diversidade de transgenes. A consubstanciação no genoma hospedeiro transformado dependeria da natureza e, possivelmente, da própria eficiência do “promotor” (criteriosamente seleccionado com o fim de, independentemente do local imprevisível do genoma onde se insere, induzir a forte expressão do transgene em quaisquer condições, sobrepondo-se ao genótipo selvagem (inicial) exclusivo da espécie Eucariota, com uma estrutura fina complexa, basicamente caracterizada por cromossomas lineares delimitados pela carioteca). Dependeria da diversidade e actividade microbiana do meio, especificidade e competência dos microrganismos presentes. Ainda, dependeria das condições envolventes, como a temperatura e o tempo de contacto entre o material vegetal proveniente de OGM e os microrganismos envolvidos. 25 Naturalmente, as comunidades microbiológicas são ubíquas, diversificadas e muito prolíferas, onde ocorrem continuamente múltiplos processos de THG. As THG podem ocorrer entre quaisquer micróbios activos, por vezes envolvidos em interacções simbióticas com Eucariotas [Melcher, 2001], residentes ou casualmente presentes nos solos, nos meios aquosos, no ar envolvente [Whitfield, 2005], ou localizados normalmente em grande número em determinados orgãos do corpo de animais. Frequentemente, existem entre 5 e 10 mil espécies diferentes de microrganismos por grama de solo [Wardle et al., 2004], constituindo o meio edáfico um verdadeiro bioreactor, gigantesco e aberto. Devido ao perfazimento biotecnológico, a frequência de sequências de ADN inseridas por transgénese nos genomas das populações microbiológicas circundantes das culturas GM tenderá a aumentar, desde que confira vantagens selectivas relativamente aos tipos selvagens, iniciando a proliferação de novas estirpes especialmente activas. HIPÓTESE II. Pelo fornecimento de forragem proveniente de plantas GM a gado ruminante seriam induzidas “infecções” em microrganismos do reticulo-rúmen pelas “UD ADN”, segundo proposto na referida hipótese I. Estes microrganismos modificados espontaneamente in vivo metabolizariam irregularmente as suas proteínas, eventualmente produzindo priões ou polipéptidos anómalos com capacidade auto-catalítica, que seriam assimilados pelas paredes do estômago dos animais. Esses microrganismos modificados causariam directamente patogenia e, indirectamente, os priões propagariam a doença através do contacto com as fezes ou com a carne de animais enfermos. Naturalmente, a água gravitacional arrasta os agentes e as partículas com capacidade infecciosa que estão presentes à superficie, frequentemente adsorvidos em partículas coloidais, para camadas mais profundas do solo húmido. Deste modo, podem ocorrer contaminações e THG em lençóis freáticos, ou em cursos de água e zonas marinhas litorais. Segundo as hipóteses avançadas, a característica inserida por ou derivada da transgénese poderia 26 ser propagada rápida, indelével e ocultamente, intra- e interespecíficamente, em Procariotas e possivelmente mais raramente em Eucariotas (por infecção ou transfecção), em qualquer ambiente favorável ao processo. As perturbações ambientais provocadas pela Agricultura, nunca foram tão irregulares, imprevisíveis, incontroláveis e irreversíveis, conformando uma nova natureza contaminante: a POLUIÇÃO GENÉTICA DA BIOSFERA PELOS OGM libertados, irresponsavelmente, no ambiente [Garcia, 2001]. Os Agricultores familiares, detentores de conhecimentos tradicionais, os Agricultores convencionais praticantes de sistemas intensivos ou industriais livres de OGM e os Agricultores alternativos adeptos da Agricultura Orgânica sentem-se ameaçados e opõem-se, firmemente, à introdução de culturas transgénicas em zonas vizinhas das suas parcelas de terreno, atribuindo aos OGM graves prejuízos da integridade varietal e qualitativa das suas produções e da ecologia dos solos, bem como o aparecimento de infestantes invasoras resistentes aos herbicidas [Silva, 1999]. Mas, são os Povos Nativos, possuidores de sabedoria ancestral praticantes de sistemas agrícolas ecológicos, que refutam vigorosamente a perda irreversível dos seus valores naturais e dos seus direitos, apontando constantemente como condição necessária à vida em abundância a abolição total de OGM no ambiente [WGGE, 2005]. 3. Recurso ao Melhoramento Estritamente Mendeliano A Genética Mendeliana ou Clássica permite obter variedades melhoradas através de cruzamentos de progenitores compatíveis que incluem sucessivas selecções artificiais das descendências. Possui metodologias próprias desenvolvidas nos bem definidos contextos próprios, resultando produtos nos quais se conjugam influências a todos os níveis, nomeadamente: molecular (das fracções de ADN nuclear, mitocondrial e cloroplástico do genoma integral), citológico, fisiológico (dos tecidos, órgãos e globalidade do organismo individual), edafo-climático e interacções locais). biológicas O biótico (relativo às diversificadas fenótipo efectivamente expresso pelo indivíduo depende das potencialidades genéticas, num determinado meio envolvente. A harmonização com os critérios produtivos, ainda que arbitrários por selecção artificial, é unicamente realizada após a formação do propágulo. 27 Aqui as técnicas científicas de identificação da Biologia Molecular podem orientar vantajosamente os seleccionadores de modo a garantir a presença do gene desejado na descendência natural a eleger em posteriores cruzamentos. Os processos de Melhoramento clássico ou convencional de plantas têm resultados com probabilidades previsíveis e, embora lentos, garantem a adaptação a condições ambientais limitantes ao desenvolvimento vegetal e desfavoráveis à produção agrícola economicamente viável [Foy, 1993], conferem resistência com base genética alargada a pragas e doenças, permitem a obtenção de características qualitativas especiais multigénicas e aumentam os rendimentos unitários das culturas, mesmo ultrapassando os valores alcançados pelos progenitores, segundo potenciado pelo vigor híbrido. A hibridação de espécies vegetais botanicamente próximas ocorre espontaneamente, tem sido utilizada pelo Homem com muito sucesso agronómico [Farooq & Azam, 2007] e, embora envolva problemas particulares (como, por exemplo, frequentemente, a infertilidade dos híbridos), invariavelmente, valida as regras da hereditariedade dos caracteres dos progenitores cruzados, ditadas pelas Leis de Mendel. Por outro lado, a enxertia de um órgão somático destacado de variedade fruteira especial, realiza-se desde tempos imemoriais sobre um tronco ou ramo, anatomicamente diferenciado, de planta viva do mesmo género ou botanicamente afim. Seguramente permite a obtenção de resultados reprodutíveis, de acordo com as características do material de origem, como diferentes qualidades de fruto numa mesma planta. Pode ser utilizada para conferir à planta características particulares da parte radicular, como porta-enxerto resistente a certa doença ou praga. A enxertia convencional mantém a estabilidade genética dos materiais envolvidos, o que não acontece na “enxertia molecular” dum transgene numa célula hospedeira, a qual se multiplica ocorrendo “deslocalizações” do trangene nas células filhas, devido a instabilidade genética. A Agricultura induz sempre, deliberada ou inadvertidamente e em maior ou menor intensidade, alterações aos ecossistemas naturais. No entanto, a preservação da Biodiversidade e a conservação dos Ecossistemas (particularmente os recursos naturais não renováveis que constituem os solos 28 de aptidão agrícola e os aquíferos), pela aplicação de tecnologias não poluentes e holisticamente integradas, adaptadas a cada caso, convergem no único caminho seguro para aumentar as produções agrícolas e permitir o desenvolvimento sustentável dos Povos. Referências Abrahams, P.W. 2002 Soils: their implications to human health. Sci. Total Environ. 291(1-3): 1-32. 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Manag. 79(4): 409-419. 30 TESES E DISSERTAÇÕES Ermelinda Lopes Pereira INFLUÊNCIA DO FREIXO NO MICROCLIMA, NAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO E DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES, E NA VEGETAÇÃO HERBÁCEA DE LAMEIROS DO NORDESTE DE PORTUGAL Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Agronómica no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (2004) No presente estudo procedeu-se à caracterização das áreas sob e fora do coberto arbóreo de freixo através da: monitorização de parâmetros climáticos, do fluxo de nutrientes e matéria orgânica, das características do solo, da caracterização e quantificação da vegetação herbácea. Além disso, avaliou-se o efeito da sombra e da adição de nutrientes na biomassa aérea e subterrânea da vegetação herbácea, bem como da respectiva composição química. As áreas sob coberto apresentaram uma redução da quantidade de precipitação, de radiação e das amplitudes térmicas do ar e do solo. Os valores de pH, teores de C e N orgânico e de nutrientes foram mais elevados nas áreas próximas do tronco da árvore, devendo-se essencialmente ao contributo do escorrimento ao longo do tronco, gotejo e queda da folhada. As condições microclimáticas e pedológicas sob coberto modificaram a produção e composição das herbáceas. As áreas sob coberto apresentaram, em geral, menor produção de matéria seca, maior predomínio de gramíneas e menor número de espécies do que as localizadas fora do mesmo. Os teores de nutrientes das herbáceas foram, de um modo geral, superiores nas áreas sob coberto. ([email protected]) Henrique Manuel Filipe Ribeiro A FERTILIZAÇÃO AZOTADA DE PÉS-MÃE DE Eucalyptus globulus LABILL. ssp. globulus: EFEITO NA PROPAGAÇÃO VEGETATIVA POR ESTACAS CAULINARES E ESTABELECIMENTO DE INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Agronómica no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (2004) Com o objectivo de estudar o efeito da fertilização azotada de pés-mãe de Eucalyptus globulus Labill. ssp. globulus na propagação vegetativa por estacas caulinares foi conduzido, durante 3 anos, um ensaio com 2 clones desta espécie (HD161 e CN5) aos quais se aplicaram 5 soluções nutritivas com diferentes concentrações de azoto (50, 100, 200, 400 e 800 mg L-1). A aplicação de níveis crescentes de azoto conduziu a: i) um aumento da produção de biomassa; ii) um aumento da produção de estacas; iii) um aumento do enraizamento das estacas obtidas. Contudo, a optimização do enraizamento ocorreu para níveis de azoto inferiores aos necessários para 31 obter a produção de biomassa mais elevada. O teor foliar de azoto, a leitura SPAD na folha e o teor de azoto no caule (indicadores do estado nutricional azotado) apresentaram uma resposta à fertilização azotada de natureza assimptótica com coeficientes de determinação superiores a 90% quando se procedeu ao ajustamento do modelo de Mitscherlich modificado. O indicador teor de nitratos no caule apresentou uma resposta de natureza sigmoidal. Com base nos resultados da produção de estacas e do enraizamento, foi possível estabelecer como gama de valores adequados os teores foliares de azoto entre 29 e 34 g kg-1 no primeiro ano de crescimento dos pés-mãe e entre 25 e 30 g kg-1 nos anos seguintes. Relativamente à leitura SPAD, os valores entre 44 e 48 no primeiro ano e entre 41 e 47 nos anos seguintes poderão ser considerados como adequados para os dois clones em estudo. ([email protected]) Alberto Macedo de Azevedo Gomes ANÁLISE ESPAÇO – TEMPORAL DE PARÂMETROS QUÍMICOS EM COMPARTIMENTOS DO CICLO DE NUTRIENTES EM MONTADOS DE SOBRO. RELAÇÃO COM O ESTADO VEGETATIVO DOS SOBREIROS Dissertação original para efeitos de acesso à categoria de Investigador Auxiliar, da Carreira de Investigação do INIAP, Estação Florestal Nacional (2004) A alteração de características dos solos, nomeadamente de fertilidade, decorrentes das práticas culturais e sistemas de uso sob coberto, têm vindo a afirmar-se como um dos factores de predisposição dos ecossistemas "Montado de sobro" para o progressivo declínio vegetativo e decréscimo da sua produtividade. O diagnóstico foliar tem sido utilizado como método de avaliação do estado de nutrição dos povoamentos florestais, através da associação da composição mineral das folhas com os parâmetros de produção, os indicadores do estado sanitário das árvores e as características do solo. A aplicação de tais metodologias a espécies esclerófilas mediterrâneas é complexa devido à própria natureza destas últimas. Têm vindo a ser desenvolvidos estudos para o sobreiro (Quercus suber) nesta área, embora se encontrem ainda numa fase inicial. A observação da evolução destes aspectos nos sobreiros em diferentes condições edafo-climáticas é necessária à percepção do seu funcionamento e compreensão do complexo puzzle que esta espécie insere. Neste sentido, efectuou-se uma avaliação espaço-temporal do teor de nutrientes nas folhas de sobreiros (N, P, Na, K, Ca e Mg), em montados localizados em duas estações edafológicas distintas: em Leptosolos Dístricos de xistos do Carbónico e em Cambisolos Êutricos de arenitos do plioceno. A evolução dos teores de nutrientes nas folhas foi analisada do ponto de vista da sua associação com o complexo de troca do solo, com a estrutura dos povoamentos e com o grau de desfoliação das árvores. Foi efectuado o cálculo do teor anual de nutrientes restituídos ao solo pela queda de biomassa aérea. O estudo desenvolveu-se de duas maneiras: uma primeira em que se analisaram as relações entre os factores no conjunto dos dois montados e uma segunda em que se compararam as evoluções independentemente em cada montado. 32 Os resultados apontam para uma clara diferenciação das relações entre variáveis em cada montado, verificando-se ocorrência de estados de nutrição distintos e específicos para cada montado. ([email protected]) Maria do Carmo Simões Mendonça Horta Monteiro LA DISPONIBILIDAD DE FÓSFORO EVALUADO POR EL MÉTODO DE OLSEN EN SUELOS ÁCIDOS DE PORTUGAL: SIGNIFICADO AGRONÓMICO Y AMBIENTAL Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Agronomia, no ramo de Edafologia e Ambiente na Universidade de Córdoba, Espanha (2005) Present day freshwater eutrophication is mainly attributed to non point source pollution from agricultural land. Analytical methods for soil P evaluation are diverse and have mainly been used for agronomic purposes. Therefore, it is difficult to compare results and establish guide-lines aiming at a common policy to assess the risk of P loss in environmental and agronomic terms. The aim of the present dissertation is to evaluate the capability of the worldwide-known Olsen method to estimate P availability for agronomic and environmental purposes. 32 agricultural soils were used, chosen as characteristic of different Portuguese regions. The basic properties and P chemical forms of these soils were determined. Phosphorus dynamics was evaluated by both 6-day long sorption experiments and by desorption kinetics. The latter was determined by Cl− form resin bag. Further P desorption experiments were carried out: a pot experiment with plants until exhaustion of soil P (to evaluate P phytoavailability); using a diluted electrolyte with different soil:solution ratios (1:100, 1:1000, 1:10000) simulating P transfer from soil to drainage water (1:100), runoff water (1:1000) and freshwater (1:10000). The Olsen method has proved capable of evaluating desorbable phosphorus (P) with agronomic (phyto-available P) and environmental significance. However, in order to reach this last purpose some P mobility related soil properties need to be included in the evaluation procedure through a multiple regression model. Actually, P transfer from soil to water seems to be controlled by a partition between adsorbed and precipitated P forms in soil. This partition seems to be influenced by the solid phase properties namely P adsorption active surfaces such as Fe and Al /hydroxides. The presence of these adsorption surfaces favours P adsorption rather than phosphate precipitation. Phosphate enhances P mobility from soil to water, particularly in low soil:solution ratios. The soils used in this study showed low to medium P sorption and buffer capacity. Moreover, short term (24 hours) evaluation done by resin bag extraction, revealed that these soils had a high capacity to desorb P. This further suggests high soil potential to desorb P. Over 50 mg kg−1 of Olsen P there is a significant increase in desorption capacity in this soils. This value can be considered high by agronomic standards, though the Olsen method has no agronomic calibration for theses soils. Low to medium P adsorption capacity and easiness of P loss at not too high values of Olsen P require careful agricultural management of these soils. ([email protected]) 33 Maria Regina Rodrigues de Sousa Botelho de Gusmão Valério Menino EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DO AZOTO EM JOVENS LARANJEIRAS ‘LANE LATE’ ENXERTADAS EM CITRANJEIRA ‘CARRIZO’, NA CAMPINA DE FARO Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Agronómica no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (2005) Efectuou-se um estudo da resposta à adubação azotada, em fertirrega gotaa-gota, e da dinâmica do 15N no sistema solo-planta, num pomar de laranjeiras ‘Lane Late’ enxertadas em citranjeira ‘Carrizo’, num solo arenoso no Algarve, durante os primeiros cinco anos após transplantação para o local definitivo. Concluiu-se que: i) a dotação óptima de N na fertirrega poderá situar-se, ao longo dos cinco primeiros anos, a níveis, sucessivamente, de 10, 15, 80, 120 e 160 g N por árvore, sem compromisso da potencialidade do pomar e com uma maior eficiência de utilização do fertilizante azotado; ii) os valores óptimos da concentração do N foliar aqui determinados, expressos em g N kg-1 PS, estão em conformidade com um ajuste logarítmico (N=34,7-7,4 log (x), x = anos após transplantação), correspondendo para os primeiros cinco anos os valores de 34,7, 32,5, 31,2, 30,2 e 29,5; iii) no 1º ano, a eficiência de utilização do fertilizante azotado foi de 6%, no 2º ano, situou-se entre 20% e 24% e, no 3º ano, foi superior a 31%; iv) no final do 3º ciclo vegetativo, a contribuição do N aplicado nesse ano totaliza cerca de 40% do N total nos órgãos formados no próprio ano (folhas, ramos, raízes e frutos). ([email protected]) Jorge Manuel da Silva Delgado Nunes INTERACÇÃO SOLO - ÁRVORE ISOLADA EM MONTADOS DE AZINHO (Quercus rotundifolia Lam.): PROCESSOS FUNDAMENTAIS Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Biologia na Universidade de Évora (2005) Os componentes dos ciclos de nutrientes em montados de Quercus rotundifolia Lam., relacionados com a precipitação foram estudados na região de Évora, de Novembro de 1996 a Dezembro de 2000. A precipitação bruta, o gotejo a diferentes distâncias do tronco e o escorrimento ao longo do tronco das árvores foram quantificados de modo contínuo, sendo colhidas amostras semanalmente para se proceder à respectiva caracterização química. Mediu-se de modo contínuo a radiação fotossintéticamente activa, a radiação solar global e a temperatura do solo sob e fora da acção do coberto de Quercus rotundifolia , bem como sob a acção do estrato arbustivo. Estudaram-se características físicas e químicas do solo sob a influência da copa de Quercus rotundifolia e fora dela, em sistemas em que as árvores apresentam grande espaçamento entre si. Além disso, também se avaliaram as quantidades das camadas orgânicas. As amostragens foram efectuadas a várias distâncias do tronco das árvores, segundo a direcção dos pontos cardeais. A transformação do azoto foi examinada nas áreas sob e fora do coberto de Quercus rotundifolia, avaliando-se a disponibilidade do N no campo, usando a técnica da mineralização sequencial in situ, e em laboratório por meio de incubações 34 aeróbias e anaeróbias. O efluxo de CO2 do solo foi igualmente avaliado no solo dessas áreas. A produção da vegetação herbácea sob e fora da acção da copa de Quercus rotundifolia foi quantificada durante dois anos. Verificou-se um acréscimo da concentração das espécies iónicas no gotejo em relação à precipitação bruta, o qual foi ainda mais manifesto no escorrimento ao longo do tronco. Paralelamente observou-se uma diferenciação horizontal da concentração das espécies iónicas, patente no decréscimo significativo da concentração de todas elas com o aumento da distância ao tronco. Os fluxos médios anuais de Ca, Mg, Na, K, N-NH4+, N-NO3-, P, Cl e S-SO42- na precipitação bruta foram, respectivamente, 3,5, 1,8, 8,7, 4,0, 0,8, 2,8, 2,1, 17,9 e 3,9 kg ha-1; os valores respeitantes ao gotejo atingiram 21,1, 6,5, 22,4, 38,4, 1,4, 4,2, 5,4, 54,2 e 7,1 kg ha-1. Os fluxos inerentes ao escorrimento ao longo do tronco variam com a área, em torno do tronco da árvore, susceptível de ser influenciada por esta solução. A intercepção pela copa de Quercus rotundifolia da radiação solar global e da radiação fotossintéticamente activa, atingiu valores entre 75 a 90 % consoante a época do ano. A temperatura do solo fora da acção da copa das árvores foi em geral superior à das áreas sob a copa, chegando a relação entre elas a ser de duas vezes durante o Inverno. A massa das camadas orgânicas decresceu significativamente das distâncias mais próximas (3,83 t ha-1) do tronco para a distância correspondente ao limite da projecção da copa das árvores (1,77 t ha-1), bem como em relação às distâncias situadas para além deste (0,45 t ha-1). A massa volúmica aparente à profundidade 0-5 cm no solo do sob coberto diferenciou-se significativamente, da observada no solo das áreas fora deste. O teor de humidade do solo à superfície tendeu por um lado, a decrescer mais rapidamente nas zonas fora da acção da copa das árvores e, por outro, a restabelecer-se mais rapidamente nestas mesmas áreas. Os teores do solo em C orgânico e N foram significativamente mais elevados nas áreas sob as copas das árvores do que naquelas fora da influência destas. Tendência semelhante foi apresentada pelo teor de bases de troca (Ca, Mg e K) e de K e P extractáveis. Estes teores, bem como os de C orgânico e N, decresceram da proximidade do tronco para o limite da projecção vertical da copa. O Mg de troca e o valor de pH não apresentaram qualquer diferenciação devido à presença das árvores. A mineralização do N do solo ocorreu principalmente na profundidade 0-10 cm, tendo sido significativamente superior nas áreas do sob-coberto, do que nas áreas fora deste. A mineralização acumulada de N foi de 128,62 kg ha-1 no solo das áreas fora da copa e de 166,69 kg ha-1 nas áreas do sob coberto. O efluxo de CO2 do solo nas áreas do sob coberto de Q. rotundifolia foi cerca do dobro do efluxo registado nas áreas fora da acção da copa. A produção anual média de biomassa herbácea foi de 343,10 g m-2 nas áreas fora do coberto de Q. rotundifolia, de 109,34 g m-2 nas áreas do sob coberto, de 124,59 g m-2 com radiação reduzida artificialmente. Os teores em N, P, K, Mg, Mn e Ca da biomassa herbácea foram em geral superiores nos tratamentos com redução de radiação. A presença de árvores de Quercus rotundifolia Lam, modifica as condições das físicas, químicas e biológicas das áreas do sob coberto, criando ilhas de fertilidade e qualidade do solo relativamente às áreas circundantes, criando a necessidade de uma gestão criteriosa das áreas de montado. ([email protected]) 35 António Canatário Duarte POLUIÇÃO DIFUSA ORIGINADA PELA ACTIVIDADE AGRÍCOLA DE REGADIO, À ESCALA DA BACIA HIDROGRÁFICA Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Agronomia, na Universidade de Córdoba, Espanha (2006) A crescente preocupação pelos problemas ambientais causados pela actividade agrícola, particularmente a poluição da água, motiva a repensar a gestão dos sistemas agrícolas e a definir códigos de boas práticas agrícolas. Além da importância da monitorização e controlo dos meios aquáticos que recebem os contaminantes, os modelos de simulação apresentam-se como ferramentas bastante úteis na previsão de impactes. Este estudo propôs-se estudar a poluição difusa da água superficial originada pela actividade agrícola de regadio, à escala da bacia hidrográfica, no que respeita ao azoto, sais e sedimentos. A bacia hidrográfica seleccionada para este estudo (189 ha) localiza-se no Aproveitamento Hidroagrícola de Idanha-a-Nova, e tem como culturas principais de regadio o tabaco, o milho e o sorgo, e como culturas de sequeiro, a aveia. A compreensão do comportamento hidrológico da bacia é fundamental para entender a dinâmica dos contaminantes. O comportamento hidrológico durante a estação de rega mostrou-se muito sensível às práticas de rega, particularmente a frequência e dotações de rega. Durante a estação da chuva, o modelo hortoniano domina os processos de escoamento gerado na bacia, sendo a teor de humidade do solo decisivo na magnitude das situações de ponta. A água derivada para a bacia de estudo durante as campanhas de rega apresentou-se de muita boa qualidade relativamente aos parâmetros estudados (azoto, condutividade eléctrica e sedimentos), não se constatando uma degradação significativa da sua qualidade quando restituída ao meio hídrico. No decorrer da estação da chuva, a qualidade da água que é drenada da bacia depende da conjugação de eventos de precipitação e escoamento intensos e da disponibilidade dos contaminantes no solo. Não se obteve nenhuma relação estatística aceitável entre a concentração dos contaminantes na água e o caudal que os transporta para fora da bacia, tanto na estação da chuva como na da rega, exceptuando as situações de ponta em que o grau de correlação depende das condições vigentes na bacia. Por outro lado, a dependência da carga contaminante diária do volume de escoamento, como outra forma de analisar a dinâmica dos contaminantes, mostrou-se fortemente influenciada pela solubilidade dos contaminantes na água. Com vista à aplicação de um modelo de simulação à bacia hidrográfica de estudo, e perante uma multiplicidade de modelos hidrológicos que simulam a poluição difusa, seleccionamos a modelo AnnAGNPS pela sua relativa facilidade de utilização e suficiente rigor das aproximações usadas. Como exercício prévio à aplicação do modelo AnnAGNPS e para uma conveniente configuração topográfica e hidrológica da bacia de estudo, concluímos que um modelo digital de elevação do terreno com resolução vertical de 1 metro é suficiente para contemplar a topografia da bacia e para definir a rede de drenagem natural existente, sendo a resolução vertical de 5 metros insuficiente para o mesmo propósito. A razoável proximidade dos dados de escoamento observados, na estação hidrológica instalada, e dos dados simulados pelo modelo AnnAGNPS, indica este modelo como uma boa ferramenta de previsão da hidrologia da bacia de estudo. Não obstante, a proximidade das duas 36 categorias de dados relativos aos sedimentos não se mostrou tão satisfatória, sendo mesmo pouco satisfatória relativamente ao azoto (nitrato). É provável que um esquema experimental de registo contínuo daqueles contaminantes, permita o apuramento de melhor proximidade entre os dados observados e simulados. Pela forma como se distribui espacialmente o escoamento na bacia de estudo, deduz-se que a topografia do terreno e a cobertura do solo são os factores que mais influenciam o volume médio de escoamento. A produção e arrastamento de azoto (nitratos) por unidade de área e de tempo, evidenciaram uma dependência da distribuição espacial do escoamento, não se verificando tão claramente o mesmo relativamente aos sedimentos, dado que apenas uma parte do volume de escoamento tem energia suficiente para destacar e arrastar os sedimentos. ([email protected]) Pedro Manuel Sousa Lopes METODOLOGIAS DE CALIBRAÇÃO E VALIDAÇÃO DO MODELO DE SIMULAÇÃO CLIMÁTICA CLIGEN DE APOIO À MODELAÇÃO DE PERDA DE SOLO Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Solo e da Água na Universidade de Évora (2006) Os objectivos deste trabalho são a calibração e validação do modelo de simulação climática CLIGEN de apoio ao modelo de previsão de erosão do solo WEPP. Para a realização deste trabalho foram utilizados os dados meteorológicos recolhidos no posto meteorológico e na estação experimental de erosão de solo da Escola Superior Agrária de Castelo Branco. Para comparação dos dados simulados pelo CLIGEN com os dados observados, fez-se correr o modelo por um período de cem anos, sendo os resultados obtidos comparados estatística ente com os observados. Verificou-se que o CLIGEN simula bem os valores médios de precipitação mensal, precipitação diária máxima mensal, precipitação média em dia chuvoso, número de dias de precipitação mensal, mas não os respectivos desvios padrão e distribuição em termos de percentis. Quando se faz correr o modelo CLIGEN com os parâmetros separadamente de anos secos e de anos chuvosos, há melhorias no desempenho do modelo. Foi feita uma proposta de alteração do código do CLIGEN, com desactivação do controlo de qualidade da geração dos números aleatórios pelo CLIGEN e com uma rotina que permite determinar estocasticamente se um ano é seco ou chuvoso. Verificou-se que com esta alteração se conseguiram melhorias no desempenho do CLIGEN, nomeadamente em termos de uma melhor representação da variabilidade. Posteriormente procedeu-se à validação do modelo com as alterações propostas com um novo conjunto de dados meteorológicos recolhido num clima semelhante, tendo-se verificado que o modelo com as alterações propostas tem um desempenho satisfatório. ([email protected]) 37 Daniela Valente Simões dos Santos TRANSFERÊNCIAS HÍDRICAS E COMPORTAMENTO DO AZOTO EM SISTEMAS ALTERNATIVOS DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO. APLICAÇÃO DO MODELO OPUS NA GESTÃO DA FERTIRREGA EM CONDIÇÕES DE DRENAGEM LIVRE E NA PRESENÇA DE TOALHA FREÁTICA Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Agronómica no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (2006) O elevado número de zonas vulneráveis identificadas em Portugal e no resto da Europa nas últimas décadas são o reflexo inequívoco dos processos poluentes decorrentes de uma inadequada gestão da água e azoto. A modelação das transferências hídricas e movimento de solutos, como o azoto, representa uma ferramenta primordial na previsão dos efeitos de diferentes práticas de gestão dos referidos factores num determinado sistema de produção agrícola, podendo contribuir para a definição de políticas de recuperação e prevenção de novas zonas vulneráveis. O presente trabalho desenvolveu-se no Vale do Sorraia, onde se destacam duas manchas de solo, cujas transferências hídricas e de solutos são bastante distintas: os aluviossolos modernos não-calcários de textura mediana, profundos e de drenagem deficiente devido à presença de toalha freática superficial, permanecendo alagados durante a estação chuvosa e os solos litólicos não-húmicos de arenitos grosseiros, que se encontram mais elevados, com boa drenagem. Na mancha dos solos de aluvião foram realizados os balanços hídrico e de azoto em dois sistemas alternativos de mobilização do solo em canteiros de nível cultivados com milho-grão: mobilização convencional e mobilização reduzida. Na mancha de solos arenosos, também foram realizados balanços hídrico e de azoto num sistema de produção tradicional na região, cultivado com milho para forragem, regado por aspersão. Realizou-se uma caracterização hidrodinâmica completa in situ e em laboratório, bem como uma caracterização do comportamento do azoto in situ, o que permitiu estimar as taxas de mineralização, absorção e perdas de azoto para a atmosfera por análise comparativa entre tratamentos com presença ou ausência de cultura e azoto. Identificaram-se e quantificaram-se diferenças de estrutura do solo, de comportamento hidrodinâmico e do azoto entre os dois sistemas alternativos de mobilização do solo. As informações retiradas das observações e registos realizados foram essenciais ao processo de calibração dos parâmetros do modelo determinístico Opus que integra as diferentes componentes de gestão de um sistema agrícola ao nível da parcela. Identificaram-se vários “pontos fracos” no modelo quando aplicado a um sistema de produção com características hidrodinâmicas tão peculiares como as apresentadas pelos solos de aluvião, cujas transferências hídricas são fortemente influenciadas pela sazonalidade da toalha freática. Alguns foram ultrapassados com as alterações introduzidas, decorrentes do estudo realizado, permanecendo ainda limitações ao nível da caracterização do comportamento do azoto. Os resultados de calibração foram satisfatórios nas componentes hidrodinâmicas para os dois sistemas de produção estudados, mas manifestamente insuficientes nas componentes relativas ao azoto, ficando identificadas as razões de tais deficiências como contributo para uma futura melhoria do modelo na predição de tais processos. ([email protected]) 38 A SPCS dá as boas vindas aos novos sócios aprovados nas Assembleias Gerais que tiveram lugar desde a saída do último Pedon: Em 2007 340 CORDOVIL, Cláudia M. S. 341 MALHEIRO, Aureliano Natálio Coelho 342 PERDIGÃO, Maria Adelaide Homem 343 QUEDA, Ana Cristina Ferreira da Cunha Em 2008 344 FARROPAS, Lídia Maria Tavares 345 ALMEIDA, Ana Filipa da Silva Botelho 346 MARTINS, Maria do Rosário Caeiro 347 SERAFIM, António Marcelino Palma de Borja 348 FANGUEIRO, David 349 GAMA, Florinda Maria Martins Em 2009 350 ALVARENGA, Paula Maria da Luz Figueiredo (Estudante) 351 SAAVEDRA, Teresa Maria Rego 352 SANTOS, Erika S. 353 JONES, Nádia Manuela (Estudante) 354 CANDEIAS, Mª da Fé dos Santos Ramos Correia 356 DUARTE, Amilcar Manuel Marreiros 357 PEDRAS, Celestina Maria Gago 358 DUARTE, Inês Guedelha Rebelo Marques 359 CRUZ Houghton, Cristina Mª N. S. Vilhena 360 CARNEIRO, João Paulo Baptista 361 MELO, José Vanzeler 362 FERNANDES, Eliana D. D. (Estudante) Em 2011 363 ANTUNES, Carla Maria Rolo Em 2012 364 RODRIGUES, Ana Raquel M. S. Felizardo (Estudante) 365 PENA Baldaia, Selma Beatriz de Almeida Nunes (Estudante) 366 INÁCIO, Maria Manuela da Silva Em 2013 367 BARRONA, João Filipe Boiões (Estudante) 368 LOPES da FONSECA, Inês de Figueiredo Mascarenhas Em 2014 369 PARELHO, Carolina Paulo Furtado de Medeiros (Estudante) 370 RAMOS, Tiago Cunha Brito 39 Sócios cessantes, durante o mesmo período, por falecimento, falta de pagamento de quotas ou desistência: Em 2005 120 SIMÕES, Ana Maria Oliveira 160 VIDEIRA DA COSTA, A.S. 169 PACHECO, Cecília C. Alves 297 CARDOSO, Ana Salomé D. M. Vale Em 2006 42 MAYER GONÇALVES, M.A. (Falecido) 57 SANCHES FURTADO, A.F.A. 103 GUSMÃO, M. Regina L.B. 300 MACHADO, Inês Mª I. Aleixo Teixeira (Estudante) Em 2007 295 COELHO, Sebastião Teixeira 297 CARDOSO, Ana Salomé D. M. Vale Em 2008 54 RAMOS, Firmino M. 113 RAMOS DO VALE, Rui 127 CORREA DE SEPÚLVEDA, Isabel 129 MESQUITA, M. Eulália R. 150 PISCO, Joaquim M.C. 164 DUARTE, M. Luísa Saraiva 183 VICENTE, J.M. 184 GOMES, Adjuto 193 FERNANDO, Rui Marçal Campos 194 BRITO RAMOS, J. António Sequeira 207 SANTOS, Regina Esteves 211 MILHO DA CONCEIÇÃO, Francisco A. (Falecido) 220 FURTADO, Alexandre José 222 ANDRADE, Anabela 224 CARVALHO, António Jesus 228 FARIA, Cristiano 229 TEIXEIRA, Daniela 230 ESTEVES, David Ferreira 231 PEREIRA, Eloi 233 BERNARDO, Isabel Sofia 236 SILVA, José Manuel 238 PALAS, Luis Miguel 239 FELGUEIRAS, Mafalda 240 SAMPAYO, Manuel Mello 241 GANDAREZ, Marco 242 BRANCO, Mª Isabel Linhares 245 PINTO, Paulo Jorge 246 DI NUNZIO, Sérgio 247 GUERREIRO, Isabel Mª Raposo 249 SOARES, Sérgio Bernardo Pereira 251 PIRES, Levi Manuel G. Roçadas 40 252 253 256 274 298 SILVA, Marcos H. Pinto da AZEVEDO FONSECA, Susana Cristina M. CABRITA, Rui Jorge Lúcio MIRA da SILVA, Luis VIEIRA, Sara Amaral Em 2010 25 CARVALHO CARDOSO, José.V.J. (Honorário, Falecido) 203 SOUTO, Rodolfo Ferreira 304 DE VARENNES, Amarilis 326 SILVA, Luis Leopoldo de Sousa 336 ALEXANDRE, Patrícia Malico de Mello (Estudante) 355 RODRIGUES, Pedro Em 2011 180 CONSTANTINO, Alfredo F.T. (Honorário, Falecido) Em 2012 69 VIEIRA E SILVA, José Maria dos Anjos 218 TORRES, Maria Odete Pereira 273 HILÁRIO, Luís Filipe Mendes (Estudante) 302 SEQUEIRA BRAGA, Maria Amália 314 MELO E ABREU, José Paulo Mourão 338 NOGUEIRA, Clotilde da Conceição Ferreira 356 DUARTE, Amílcar Manuel Marreiros Em 2014 347 SERAFIM, António Marcelino Palma de Borja O Pedon - Boletim Informativo da Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo tem, como principal objectivo, proporcionar aos seus sócios uma informação actualizada e, tanto quanto possível, rápida. Pretende-se que o Pedon seja, também, um meio de comunicação e debate de ideias entre os sócios da SPCS. Por esse motivo, estamos igualmente empenhados em publicar artigos de opinião, ou pontos de vista, dos interessados, sobre assuntos que se julguem relevantes, declinando, naturalmente, qualquer responsabilidade em relação ao seu conteúdo. Embora terminando aqui esta fase/formato, solicita-se a todos os sócios da SPCS, e a outros leitores do Pedon, que continuem a enviar-nos informações que julguem de interesse, as quais passarão a ser incluídas na página da SPCS, ou no novo formato de newsletter. 41 Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo DIRECÇÃO Presidente: Carlos Alberto de Jesus Alexandre Secretário: Maria da Conceição Gonçalves Tesoureiro: Fernando Girão Monteiro Vogal: Henrique Manuel Filipe Ribeiro Vogal: Tiago Ramos MESA DA ASSEMBLEIA GERAL Presidente: Manual Armando Valeriano Madeira 1º Secretário: Armindo Aires Afonso Martins 2º Secretário: Ernesto Pestana de Vasconcelos CONSELHO FISCAL Presidente: Maria do Carmo Horta Relator: Amélia Castelo Branco Vogal: Luís Lopes dos Reis EDITORES DO PEDON Nuno Renato Cortez Henrique Manuel Filipe Ribeiro S.P.C.S. Instituto Superior de Agronomia Departamento de Recursos Naturais, Ambiente e Território Tapada da Ajuda 1349-017 Lisboa Direcção: 21 365 3270, [email protected] Tesoureiro: 21 365 3268, [email protected] Editores do Pedon: 21 365 3293, [email protected] 42 Ficha de inscrição de sócio na SPCS (esta ficha pode ser fotocopiada ou recortada e enviada para a SPCS) À Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo Nome (1) :___________________________________________________ Títulos académicos e profissionais:______________________________ Instituição onde trabalha ou estuda:_____________________________ ________________________________________________________________ Morada para onde pretende ser contactado:_______________________ ________________________________________________________________ Telefone: __________________ Fax: _________________________ E-mail: _________________________________________________________ Especialidade no campo das Ciências do Solo:_____________________ ________________________________________________________________ Solicita admissão como sócio Colectivo / Singular(2) da Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo (SPCS). Assinale aqui _____ se for Estudante(3). Data: ___/ ___/ _______ Assinatura _________________________________________________________________ (1) - Sublinhar os apelidos que deseja inscritos na lista de sócios - Riscar o que não interessa (3) - Os sócios estudantes deverão apresentar anualmente prova dessa qualidade Quotas mínimas, a pagar anualmente até ao dia 15 de Janeiro: Sócio colectivo 275,00 €; sócio singular 20,00 €; sócio estudante 10,00€ ___________________________________________________________________________________ (2) Para Uso da Direcção Admitido como sócio na reunião da Assembleia Geral realizada em