vamos ao mercado - Sociedade Ponto Verde

Transcrição

vamos ao mercado - Sociedade Ponto Verde
Esta revista é distribuída aos assinantes das revistas Caras e Activa e não pode ser vendida separadamente. É impressa em papel reciclado e tintas ecológicas.
Abril - junho 2013
n.º 11 | trimestral
vamos ao
mercado
De norte a sul são muitas as
cidades que acolhem feiras e
mercados de produtos biológicos
ou de artesanato urbano. Parta à
descoberta do evento mais próximo
de si. E boas compras!
Eco cidades
Sustentabilidade e urbanismo
de mãos dadas, um pouco por
todo o mundo
Um português, uma árvore
A associação Plantar uma árvore lança o
desafio. Por um país mais verde
Tecnologia inclusiva
Conheça o wi-GO, carrinho
inteligente que facilita o dia-a-dia
Para começar
Ilustração: Mário Pedro
Sabia que um litro de óleo alimentar usado (OAU) vertido no lava-loiça
pode contaminar até um milhão de litros de água? Sim, leu bem, um
milhão. Só esse facto é motivo mais do que suficiente para depositar
o OAU em local próprio, os oleões. De norte a sul do país existem vários
pontos de recolha, colocados nas ruas ou em cadeias de hipermercados.
Mas valorizar o OAU tem outra grande vantagem: produção de biodiesel,
combustível com índices de emissão de CO2 até 80% mais baixos do
que os gerados pelo gasóleo. Aliás, mil litros de OAU podem originar
entre 920 e 980 litros de biodiesel. Do que está à espera para
procurar um oleão perto de si? E lembre-se: deposite sempre o
OAU em garrafas e garrafões fechados. No site da Agência Portuguesa
do Ambiente encontra a lista dos vários oleões existentes no país
(políticas/resíduos/fluxos específicos de resíduos/óleos alimentares
usados/documentos/pontos de recolha).
Editorial
Um passo em frente
Temos em nós todos os sonhos do mundo.
Mas isso não basta. É preciso dar um passo
em frente e tentar que se tornem realidade.
Dar um passo em frente é o que distingue os
sonhadores dos empreendedores, os cidadãos
activos daqueles que só se queixam.
Nesta edição contamos histórias de gente que
não hesita em seguir em frente. Como Luís
de Matos que, a partir de uma necessidade
pessoal, criou uma solução inclusiva que ajuda
pessoas em cadeira de rodas (e não só) a
fazerem compras de forma autónoma, facilitando o transporte dos produtos. Chamou-lhe
wi-GO e espera, em breve, ver este projecto
implementar-se por todo o mundo. Ou Patrícia
Vasconcelos, directora de castings e fundadora de uma escola para actores de cinema
e teatro, que não só dá vida aos seus sonhos
como, através de gestos do dia-a-dia, procura
contribuir para uma sociedade melhor. Num
momento difícil para a economia portuguesa
mostramos empresas que dão um passo em
frente na política de recursos humanos, adoptando estratégias de valorização dos colaboradores. E ainda projectos arquitectónicos que
tornam as cidades mais verdes, apostando na
construção sustentável. Não, não são casos
isolados nem futuristas; antes exemplos de
uma tendência crescente, já implementada
em vários pontos do mundo.
Também a RECICLA deu um passo e frente: a
par da edição em papel, a versão digital encontra-se disponível na app store e play store, para
tablets. A revista está ainda acessível para
download para os assinantes das edições
digitais do Expresso, Visão e Caras. Boas
leituras! R
Sumário
n.º11 abril - junho 2013
8
www.pontoverde.pt
8
Reportagem
Bem-vindo às eco cidades! Porque é urgente
tornar a vida urbana mais sustentável
14
Rosto
20
Pequenos gestos
32
Atitude
36
Lazer sustentável
5
19
20
28
42
Miguel Teles tem um sonho: ver cada
português a plantar uma árvore por ano
14
Zero desperdício, máxima reutilização,
assim é o dia-a-dia de Patrícia Vasconcelos
Ginástica no trabalho? Sim, com todo o
gosto. Motivação e saúde de mãos dadas
32
Roteiro por alguns mercados e feiras de
produtos biológicos e artesanato urbano
Ponto Verde
Planeta Verde
Tendências Eco
Eco empreendedores
Sustentabilidade é
RECICLA/Ficha Técnica
Propriedade: Sociedade Ponto Verde SA, Morada: Rua João Chagas, 53, 1.Dto, 1495-764 Cruz
Quebrada, Dafundo, Tel: 210 102 400, Fax: 210 102 499, www.pontoverde.pt, [email protected],
NIF: 503 794 040, Director: Mário Raposo, Directora-adjunta: Teresa Cortes
Edição: Have a Nice Day - Conteúdos Editoriais, Lda., www.haveaniceday.pt, [email protected], Tel:217 950 389 Directora: Ana Rita Ramos, Editora: Teresa Violante, Redacção: Ana Sofia Rodrigues, Teresa Ribeiro, Projecto Gráfico e Paginação:
Mário Pedro, Fotografia: Agência Fotográfica Filipe Pombo, Thinkstock, Impressão: SIG - Sociedade Industrial Gráfica, Lda,
Tiragem: 17.000 exemplares, Depósito Legal: 215010/04, ICS: 124501 A RECICLA é impressa em papel reciclado com tintas
ecológicas. Depois de a ler, dê-lhe um final ecológico: partilhe-a com um amigo ou coloque-a no ecoponto azul.
36
Fotos Thomas Dambo Winther
Arte urbana para pássaros
O jovem dinamarquês Thomas Dambo Winther trocou os graffitis por casas para pássaros.
Continua a ser arte urbana, mas mais consensual, reconhece. “Quando eu fazia arte urbana
convencional, não sentia que as pessoas a apreciassem da mesma forma que apreciam as
casas para pássaros”, diz. Thomas torna as cidades mais hospitaleiras para os pássaros e mais
bonitas para os humanos.
“Tudo começou quando tropecei numa grande pilha
de tábuas de madeira que iam ser deitadas fora. Então,
pedi a um amigo que me ajudasse a levá-las para casa.
Na altura eu fazia arte urbana normal. Só alguns meses
depois tive a ideia de fazer arte urbana com casas para
pássaros a partir dessas tábuas”, recorda. Aliás, este é
o seu método criativo: “Em vez de fazer um desenho e
depois comprar os materiais necessários, encontro os
materiais e crio alguma coisa a partir deles”.
Coloridas e acolhedoras, as casas que constrói são
colocadas em locais mais ou menos óbvios, como parques
e jardins, ou ruas muito movimentadas e barulhentas para
chamar a atenção dos transeuntes, como se perguntassem:
“Não seria bom se vivêssemos de maneira a que os
pássaros vivessem connosco?”. “Os pássaros são os únicos animais que vemos todos os dias em
ambiente urbano. E são uma parte importante da natureza na cidade: espalham sementes, comem
insectos, etc. A forma como construímos as nossas cidades, parques e edifícios não deixa muito
espaço para eles. As casas para pássaros procuram ajudá-los”, diz Thomas.R
|
ponto verde
Hortas em garrafas de vinho
Portugal mais
acessível
A Associação Salvador, com o
patrocínio da Fundação PT e da
Microsoft, lançou a aplicação para
smartphones Portugal Acessível
Mobile. Em tempo real, qualquer
pessoa com deficiência motora
obtém informações sobre as
acessibilidades de 3.500 espaços
a nível nacional, de restaurantes
a praias, todos visitados por um
elemento da Associação Salvador,
garante da fiabilidade da informação
disponibilizada. “A nova aplicação
não é um mero guia de locais
acessíveis para todas as pessoas
com deficiência motora; é também
uma forma de explicar que, para
uma sociedade ser democrática,
é fundamental que todos, sem
excepção, tenham o direito a
aceder aos mesmos locais em
condições de igualdade”, sublinha
Salvador Mendes de Almeida,
fundador da Associação. Disponível
em português, inglês e alemão, a
aplicação promove ainda o turismo
acessível.R
|
Ervas aromáticas sempre à mão é a
proposta do Bottle-kit da My Little
Garden (www.my-little-garden.com).
Garrafas de vinho usadas, depois de
lavadas e sem rótulo, transformam-se em mini-hortas. Anthony Carter,
natural de Tomar, filho de mãe
portuguesa e pai
britânico, teve esta
ideia no Natal de
2011. Para evitar
“consumismos
desmedidos típicos
dessa época”,
criou prendas
para oferecer
aos familiares.
“A reacção foi
tão positiva que
questionei: ‘por que
não?’”, recorda. O
Bottle-kit inclui um
saco com substrato,
outro com pedras
de argila expandida,
um pacote de sementes genuínas
e certificadas como não tratadas,
pavio de fibra natural e livro de
instruções. Depois de montado, é só
aguardar que floresça; nem é preciso
regar. O segredo está no pavio que
tem a “função de, por capilaridade,
manter a terra húmida dispensando
a rega constante, ou seja, a parte de
baixo da garrafa passa a funcionar
como reservatório de água e a de
cima como ‘vaso’”, explica Anthony.
Depois da primeira colheita as
garrafas podem (e devem) ser
reutilizadas.
Ecológico, o
Bottle-kit tem
uma componente
social, graças a
parcerias com o
Estabelecimento
Prisional de Leiria
e a Organização
de Apoio e
Solidariedade
para a Integração
Social, que ajudam
na remoção de
rótulos, lavagem
de garrafas,…
Até ao Verão a
My Little Garden
terá mais dois produtos. Sem
avançar pormenores, Anthony Carter
garante que “serão feitos integral ou
parcialmente a partir de produtos
reciclados ou reutilizados”. Afinal,
“essa é a primeira proposta do
projecto”.R
Elevador solar
Já não é preciso corrente eléctrica para andar de elevador. A Schindler
desenvolveu um elevador movido a energia solar, o Solar Elevator,
versão adaptada do modelo Schindler 3300. O elevador dá os primeiros
passos no mercado, prevendo-se para este ano o seu lançamento em
grande escala. Este eco modelo pode ser usado com energia solar,
electricidade da rede, ou uma combinação de ambas. Os painéis
solares para abastecer o elevador, instalados no telhado do edifício,
são dimensionados de acordo com os níveis previstos de utilização,
e permitem o funcionamento do aparelho mesmo durante longos
períodos de reduzida exposição solar. A energia captada pode ser
utilizada imediatamente, armazenada em baterias ou vendida à rede.R
Centro de congressos
sustentável
Eventos há muitos, mas poucos são ‘verdes’. Desde 2007 que o
Centro de Congressos do Estoril (CCE) detém uma estratégia de
sustentabilidade, sendo o “único ‘green venue’ em Portugal”,
distinguido com Silver Certifications da EarthCheck, afirma Teresa
Farias, do Marketing & Sustainability do Centro. Mais: “Foi pioneiro
a nível europeu (recebeu a Green Globe Certification em 2008),
tendo-se convertido num case study de sucesso em matéria de
sustentabilidade no sector de turismo e negócios”, acrescenta.
O Plano Estratégico Destino Verde 2007 assentou em três vertentes:
investimento no edifício e em procedimentos de gestão de modo
a obter maior eficiência energética e menor impacto ambiental;
criação de metodologia na organização de “Green Events”; e
obtenção de certificação internacional. Sustentabilidade
é palavra de ordem no CCE, desde os suportes de
comunicação e ferramentas de marketing ao programa
de reciclagem que estabeleceu com a Sociedade
Ponto Verde. “Qualquer evento, desde uma
pequena reunião a uma grande conferência
internacional, pode ser um evento
sustentável”, refere Teresa Farias.
E não tem de ser mais caro,
garante.R
Nova edição dos
Green Project
Awards
É já no próximo dia 31 que terminam
as candidaturas para o Green
Project Awards 2013, abertas a
universidades, empresas, ONG e
cidadãos. Na 6.ª edição, mantém
o objectivo de levar os temas da
sustentabilidade para o debate
público. Há sete categorias a
concurso. A saber: Agricultura,
Mar e Turismo; Investigação e
Desenvolvimento; Information
Technology; Gestão Eficiente de
Recursos; Produto ou Serviço;
Campanha de Mobilização e
Iniciativa Jovem – Projeto 80,
destinada às associações de
estudantes. A edição conta ainda
com o Prémio Obra Escrita Original
Green Project Awards – Sociedade
Ponto Verde, à semelhança do
ano passado, e “Distinção Green
Project Awards – CPLP”, fruto da
parceria estabelecida entre a CPLP
– Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa, que será atribuída no
final de 2013 nos países onde o GPA
está presente (Portugal, Brasil, Cabo
Verde, Moçambique ou Angola).
O Green Project Awards é uma
iniciativa da GCI, Agência Portuguesa
do Ambiente e Quercus. Em
Portugal, já distinguiu mais de 40
projetos, tendo recebido mais de
800 candidaturas ao longo das cinco
edições.R
|
reportagem
Cidades para
A arquitectura amiga do ambiente é cada vez mais uma realidade.
Ainda em maquete, em construção ou já em funcionamento,
um pouco por todo o mundo não faltam projectos de eco bairros
ou eco cidades. Exemplos de cidadania e sustentabilidade.
Texto Teresa Violante
Fotos Cedidas
Em 2050 o planeta será habitado por 9 mil milhões de
pessoas, dos quais, estima-se, 75% viverão em cidades.
Não é preciso ser especialista para perceber que a forma
como vivemos terá de mudar. Os recursos são finitos e
cada vez mais escassos. Solução? Arquitectura sustentável.
“Não há alternativa, é o único caminho a seguir”, afirma,
peremptório, o jovem arquitecto Ricardo Barbosa Vicente, do ateliê Oto, responsável, entre outros, pela sede do
Parque Natural da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, estrutura
sustentável e eficiente, em fase final de construção. “Sa|
bemos o que queremos das cidades, dos espaços públicos:
queremos aproveitar as águas das chuvas para a rega,
casas frescas e protegidas no Verão, que aproveitem o
calor no Inverno, … Agora temos que pôr isso em prática”,
sublinha.
Da Velha Europa ao gigante chinês, há um sem fim de
projectos em curso, planos para cidades mais verdes,
com construções auto-suficientes em termos energéticos,
baixos níveis de poluição, rede de transportes ecológicos e eficientes, entre outros. Em Oslo, na Noruega, dois
viver. E bem
edifícios de escritórios com 30 anos estão a ser adaptaverdes, com intenção de reconhecer produtos e serviços
dos de maneira a quase não gastarem electricidade. Pelo
excepcionais, construídos e entregues de forma ambiencontrário: devem antes produzir energia de origem solar e
talmente amiga”, apresenta o fundador Hossein Farmani.
geotérmica. E em excesso. Para a mega cidade de ShenA portuguesa Casa Godiva, em Cascais, desenhada pela
zhen, na China, a empresa francesa
Empty Space Arquitectura, recebeu, na
Vincent Callebaut Architects projectou
edição passada, uma menção honrosa.
cada vez mais
seis eco torres com zonas de escritóFelizmente, não faltam soluções
cidades adoptam
rios, habitação, hortas e lojas. Além da
arquitectónicas em nome de um
estratégias
energia renovável, apostarão ainda na
mundo melhor. Como refere o estudo
ambientais
agricultura sustentável e na recuperaIt’s Alive, elaborado pelo think-tank
ção das águas pluviais. E em CuritiForesight+Innovation da Arup, emprena construção
ba, cidade brasileira apontada como
sa britânica de designers, engenheiros,
dos seus bairros.
exemplo mundial quanto ao respeito
a sustentabilidade consultores e técnicos especializados,
pelo ambiente, os telhados verdes
“na era ecológica os edifícios não
urbana veio
podem vir a tornar-se obrigatórios nos
criam simplesmente espaços, esculpara ficar
novos empreendimentos residenciais
pem ambientes. Ao produzirem comida
ou de escritórios.
e energia, e fornecerem ar puro e
Todos os anos o Green Dot Awards recebe, em média, 200
água, os edifícios evoluem de conchas passivas para orgaa 300 candidaturas. De reputação internacional, este prénismos adaptativos e responsáveis – estruturas vivas que
mio foi criado “para aumentar a consciência para as causas suportam as cidades de amanhã”.R
|
Songdo International Business District – Incheon, Coreia do Sul
Ao largo do Mar Amarelo, em Incheon, o Songdo International Business District, com 600 hectares, acolherá, quando estiver concluído, em 2017, 65 mil moradores e 300 mil pessoas que por ali passarão. De momento, 50% da estrutura planeada está edificada, seguindo cuidados ecológicos como eficiência energética, rede de transportes públicos, incluindo autocarros com zero emissões
de CO2 movidos a hidrogénio, telhados verdes, 25 quilómetros de ciclovias, ... Aliás, trata-se de um dos projectos mais verdes de
toda a Ásia, que pretende estabelecer-se como líder mundial na certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela ONG norte-americana U.S. Green Building Council. Um amplo parque central, inspirado no Central Park, em
Nova Iorque, com espécies autóctones, é uma das principais atracções.
reportagem
Vastra Hamnen – Malmo,
Suécia
Por ocasião da exposição internacional sobre sustentabilidade “Bo01City of Tomorrow”, o velho porto industrial de Malmo
transformou-se numa área urbana ecológica, com residências,
escritórios e lojas. Vastra Hamnen assenta em habitações de
qualidade, variedade arquitectónica e espaços verdes, respeitando princípios de sustentabilidade. Eficiência energética, uso
de materiais renováveis e não poluentes, ciclovias e espaços ao
ar livre caracterizam esta zona da cidade. Mais: recorre a um
aquífero termal que funciona como sistema de armazenamento
de energia, bombeando água, com recurso a energia eólica, para
arrefecer as habitações no Verão e aquecê-las no Inverno.
Em nome da diversidade, Vastra Hamnem é formado por casas
de diferentes tipologias comercializadas a diferentes valores,
fomentando assim a presença de famílias mais ou menos numerosas, solteiros, casais sem filhos, etc. E apresenta-se como o
primeiro bairro europeu neutro em emissões de carbono.
Masdar – Abu Dhabi,
Emirados Árabes
Unidos
Na terra do petróleo vai nascer uma
cidade que pretende ser uma montra de
como é possível viver sem… petróleo. As
últimas soluções tecnológicas aliam-se
aos princípios de construção árabe, dando
forma a uma comunidade que pretende ser
neutra em termos de emissões de carbono
e produzir zero desperdício. Sem veículos
movidos a combustíveis fósseis, assegura
uma distância máxima de 200 metros até
à ligação mais próxima de transporte, e
convida a andar a pé, com ruas agradáveis, protegidas das condições climatéricas extremas. Nos arredores da cidade
encontram-se campos de produção de
energia eólica e solar, que tornam Masdar
auto-suficiente.
11 |
BedZED – Londres,
Reino Unido
No subúrbio londrino de Wallington
ergue-se o Baddington Zero Energy Development (BedZED), complexo residencial e de escritórios amigo do ambiente.
Alimentado apenas por energia renovável
produzida no local, o complexo inclui painéis solares e aquecimento por biomassa
combinado com central eléctrica, além
de tratamento e reutilização da água da
chuva e ventilação natural através do
vento.
As casas estão viradas a sul, para beneficiarem da exposição solar, têm vidros
triplos e são super-isoladas. Privilegiaram-se os materiais reciclados e renováveis, provenientes da região (no máximo
a uma distância de 55 quilómetros, para
reduzir o impacto do transporte). Há ainda abastecimento para carros eléctricos
e os habitantes são incentivados a usar o
sistema de carpool.
12 |
reportagem
Logroño Montecorvo
Ecocity – Logroño,
Espanha
A construção ainda não foi iniciada, mas o
projecto está bem definido e já foi premiado.
Desenvolvida pelos holandeses MVRDV e pelos
espanhóis GRAS, a extensão da área urbana
de Logroño, na região vinícola da La Roja, será
auto-suficiente. O projecto prevê a construção
de cerca de 3.000 habitações e estruturas complementares (escolas, edifícios sociais e zonas
desportivas), edificadas de forma sustentável.
Com recurso a células fotovoltaicas e turbinas de vento instaladas nas montanhas que
envolvem a zona, Montecorvo e Fonsalada, toda
a energia necessária será produzida no local.
E apenas 10% da área total (56 hectares) será
ocupada por edifícios.
Arkadien Winnenden
– Alemanha
Antiga zona industrial, na sombra da cidade de
Stuttgart, Arkadien Winnenden é hoje um dos
bairros mais sustentáveis do mundo. Graças a
uma visão holística, foi desenhado para oferecer às
famílias casas a valores acessíveis, sustentáveis e
saudáveis. Na construção das habitações privilegiaram-se os materiais locais, não tóxicos e amigos
do ambiente. Todas as casas têm elevados níveis
de eficiência energética e a água das chuvas é
recolhida num lago e limpa através de um processo
natural com plantas, antes de ser encaminhada
para uma enseada nas imediações. No exterior,
granito alemão reciclado entrecruza-se, com bom
gosto, a pavimento em concreto e asfalto, proporcionando boa impermeabilização. Nos espaços
verdes, a vegetação autóctone convida os pássaros
e as abelhas a também habitarem o bairro. A urbanização é perfeita para passeios a pé e pauta por
um ambiente que fomenta a boa vizinhança.
13 |
14 |
rosto
SONHAR
COM UMA
fLORESTA
A associação Plantar uma Árvore sonha com o dia em que cada
pessoa plante uma árvore por ano. Portugal ganharia anualmente
novas florestas de milhões de árvores. Miguel Teles, o seu
presidente, dedica os dias a fazer germinar essa ideia.
Texto Ana Sofia Rodrigues
Fotos Filipe Pombo/AFFP
O Homem Que Plantava Árvores, escrito por Jean Giono, é
um conto inspirado em acontecimentos verdadeiros, que
narra a história de um pastor que do nada faz surgir uma
floresta inteira, numa das regiões mais inóspitas de França.
Quando o leu, Miguel Teles, geógrafo, sentiu uma profunda identificação. Nos últimos anos, também ele já perdeu
conta a quantas árvores plantou. “Descobri que a enxada
e o meu ombro encaixam perfeitamente. É uma aptidão
natural”, revela com entusiasmo. Na associação Plantar
uma Árvore, à qual preside, persegue uma utopia: “Levar
cada pessoa a plantar uma árvore por ano”. Ao longo dos
seus 38 anos, Miguel já passou por áreas tão distintas
como planeamento e ordenamento, engenharia geográfica,
cartografia ou consultoria na área do turismo. Foi preciso
ficar desempregado para descobrir o local onde lhe apetece
finalmente criar raízes. “Plantar uma Árvore foi um projecto
que mudou tudo. É isto que me imagino a fazer para o resto da vida”. Prestes a ser pai pela primeira vez, Miguel Teles
participa encantado no concretizar vagaroso do tal sonho
de plantar um bosque inteiro.
Como surgiu a Plantar uma Árvore na sua vida?
Coincidiu com uma fase pela qual estava a passar, de falta
de identificação em termos do meu esquema de valores
e ideais. Sentia que precisava de fazer algo e, na altura,
envolvi-me no movimento Limpar Portugal. Entusiasmado,
15 |
Aos 38 anos, Miguel Teles já
perdeu conta às árvores que
plantou. Inspirado pelo conto
O Homem que Plantava
Árvores, acalenta o sonho de
fazer germinar uma floresta
procurei outras iniciativas e fiquei a
conhecer a Plantar uma Árvore. Ofereci-me como voluntário e apaixonei-me rapidamente por todas as suas
iniciativas.
A Plantar uma Árvore também
começou como movimento.
Sim, a Plantar uma Árvore começou em Novembro de 2009, como
movimento de cidadania. Um grupo de
amigos, após a típica vaga de incêndios de Verão, resolveu agir e, através
das redes sociais, convocaram amigos,
colegas, vizinhos e familiares para um
dia de plantação. O resultado superou
as expectativas e, no Dia das Florestas Autóctones, juntou cerca de 300
pessoas que plantaram 1.000 árvores
em Monsanto, em Lisboa. Percebeu-se que era uma forma muito simples
e apelativa de mobilizar as pessoas.
Como passou de voluntário a presidente da associação?
Após a primeira acção as solicitações
foram muitas, mas a certa altura
percebemos que não conseguíamos
dar resposta a todas. No final de
2011 fiquei desempregado, estava a
separar-me da minha companheira
e propuseram-me agarrar a sério no
projecto. Para mim, funcionou quase
como terapia, paliativo para tudo o
que se passava. Assumi o desafio e a
minha vida mudou completamente.
Foi um recomeço.
Curiosamente, a criação da associação foi formalizada num dia
25 de Abril.
Foi e não foi por acaso. Sucedeu que o
processo estava a decorrer nessa altu16 |
“queremos cuidar
da terra, dos
recursos, mas
também das pessoas.
funcionamos como
plataforma de
mobilização cívica,
fazendo a ponte
entre a sociedade
civil, os projectos
ambientais
e os sociais”
ra e aproveitámos então a data. Como
acreditamos que plantar uma árvore
pode ser um acto de protesto positivo,
à nossa medida também gostávamos
de fazer uma revolução.
Que revolução é essa?
Mais do que plantar árvores nós
gostamos de dizer que plantamos
ideias para um novo paradigma. Em
todas as nossas acções não olhamos
apenas para a questão ambiental. Introduzimos sempre uma componente
social. Queremos cuidar da terra, dos
recursos, mas também das pessoas.
Funcionamos como plataforma de
mobilização cívica, fazendo a ponte
entre a sociedade civil, os projetos
ambientais e os sociais.
Essa mudança espelha-se
também numa nova metodologia
de trabalho?
Sim, implica aproveitar sinergias, trabalhar em rede e de forma cooperativa, quer com os voluntários, entidades
públicas, privadas e associativas, quer
com os cidadãos. Há tantos projetos
ao longo do país com o mesmo espírito e que já envolveram os parceiros
rosto
“O nosso objectivo
é ‘uma pessoa,
uma árvore por
ano’. seriam cerca
de 10 milhões de
árvores plantadas
anualmente”
têm de cumprir?
Têm sempre de obedecer a um
conjunto de quatro regras: só plantar espécies autóctones, incluir uma
iniciativa para crianças e outra para
o público em geral, plantar sempre
em espaços de fruição pública, e as
entidades têm de assumir uma gestão
a longo prazo dessas áreas.
locais certos, que não faz sentido
replicar as coisas. Preferimos criar
uma rede de parceiros a nível nacional
e funcionar como plataforma de mobilização para todas as suas iniciativas.
Assim, como conseguem o vosso
próprio reconhecimento?
O que interessa é que as iniciativas
se façam. Mais cedo ou mais tarde o reconhecimento vai surgir. Por
exemplo, em regra estima-se que a
plantação em regime florestal tenha
taxas de sobrevivência na ordem dos
30%. Nas nossas iniciativas chegamos
a ter áreas com taxas de sobrevivência
de 70%. Estes dados são por si só um
valor acrescentado. Além disso, organizamos as nossas próprias iniciativas,
temos mais de 22.500 seguidores
no Facebook e já contamos com um
banco de voluntariado com mais de
2.650 pessoas.
Em relação às iniciativas a
que se associam, que critérios
Relativamente às vossas actividades, quais gostaria de destacar?
Além das iniciativas de plantação de
gramíneas, herbáceas, arbustos e
árvores, organizamos actividades de
conservação, recolha de sementes,
rega. Organizamos oficinas de hortas
ecológicas em quintais, de hortas
verticais num plano de permacultura,
saídas de campo com intervenção,
acções de formação, além de vários
projectos para escolas e empresas.
Estamos também a preparar uma
grande campanha nacional, totalmente
inovadora, em parceria com a Associação Terra dos Sonhos, cujo objectivo é
plantar 100 mil plantas e realizar mil
sonhos de crianças e jovens doentes,
carenciados e idosos.
E como tem sido para si este ano
como presidente da Plantar uma Árvore? Também um sonho realizado?
Neste momento trabalho mais do que
alguma vez trabalhei na minha vida.
17 |
rosto
“Sempre foi na
natureza que
encontrei maior
tranquilidade e paz de
espírito. E por causa
da minha formação
em Geografia tudo faz
ainda mais sentido”
o grupo de Lisboa do movimento Guerrilla Gardening, movimento
internacional em que as pessoas
fazem intervenções muito rápidas
de plantação de árvores e flores em
espaços abandonados na cidade.
Foi nesse movimento que plantei a
minha primeira árvore, mas depressa
o grupo acabou por desaparecer. Foi
na Plantar uma Árvore que realmente
aprendi e descobri que a enxada e o
meu ombro encaixam perfeitamente.
Gosto de “desaparecer” e estar horas e
horas só a plantar árvores.
Acordo e deito-me a pensar no projeto. Se fosse outro tipo de trabalho,
seria uma função que me esgotaria.
Esta, pelo contrário, alimenta-me.
Nunca trabalhei com tanto prazer.
É isto que gostaria de fazer para o
resto da vida.
Num dia de plantação, o que sente
ao ver tanta gente mobilizada?
Já tivemos, em Monsanto, duas acções
em que estiveram 500 pessoas em
cada dia. É estupendo! É difícil explicar
a sensação… Talvez seja perceber que
18 |
ainda existe… esperança.
A vossa utopia inicial mantém-se?
Sim! O objectivo é “uma pessoa, uma
árvore por ano”. Seriam cerca de 10
milhões de árvores plantadas anualmente. É isso que nós queremos:
que cada pessoa aprenda a colher
a semente, a semear e depois a vir
plantar. A utopia mantém-se.
Lembra-se da primeira árvore que
plantou?
Logo após o Limpar Portugal, criei
O contacto com a natureza foi sempre uma constante no seu percurso?
Foi sempre na natureza que encontrei
maior tranquilidade e paz de espírito.
As minhas férias foram sempre passadas a fazer percursos e caminhadas
em alta montanha. Chegar ao cume
e sentir-me pequeno, mas grande ao
mesmo tempo, é único. E por causa
da minha formação em Geografia tudo
faz ainda mais sentido. Um professor
na faculdade disse-nos que depois de
tirarmos o curso passaríamos a olhar
para a paisagem de forma diferente. E
é verdade.
Criar um bosque demora cerca de
30 anos. Essa espera necessária não
o desincentiva?
Há outra visibilidade do nosso trabalho
que é incomparável. Tem a ver com as
pessoas, com a sua sensibilização, com
ver as crianças plantarem e quererem
voltar. O empenho e cuidado das pessoas é muito visível e compensador.R
planeta verde
Guia para
eco-compras
Na hora de pagar os produtos que consumimos, há uma factura que
não se recebe, mas pela qual também somos responsáveis: o impacto
ambiental das nossas escolhas. Saiba como diminui-lo.
Texto Teresa Violante
Fotos Thinkstock
1- Zero desperdício
não testado em animais, …
Não tenha mais olhos do
que barriga: compre apenas
o que necessita. Aquando
promoções/ofertas especiais,
atente na validade dos produtos:
por vezes, os artigos com
desconto têm uma duração
mais diminuta. Certifique-se
que é possível consumir tudo
dentro do prazo. Assim, evita
o desperdício.
5- Da época é que é
Respeite o ritmo da
natureza e consuma os
produtos da época. Para
conhecer a altura ideal
de cada alimento (frutas
e legumes), consulte esta
ferramenta online da Deco
Proteste: http://www.deco.
proteste.pt/alimentacao/
produtos-alimentares/dicas/
fruta-legumes-epoca-ideal.
2- Na conta certa
Privilegie compras avulso. Ao mesmo tempo
que escolhe os produtos que irá consumir,
evita o uso, por vezes excessivo, de materiais
como cartão, plástico ou vidro. Sempre que
consumir produtos embalados, faça a separação
doméstica e coloque os resíduos nos respectivos
ecopontos.
3- Local é bom
Opte por produtos de origem nacional: estimula a
economia do país e reduz as deslocações necessárias
para que cheguem até si. Menos deslocações, menos
emissões de CO2.
4- Símbolos eco
Procure, nas embalagens, símbolos que comprovam o
respeito pelo ambiente e pelas comunidades onde os
artigos foram produzidos: rótulo ecológico europeu,
agricultura biológica, rainforest alliance, comércio justo,
6- Sempre à mão
Tenha consigo um ou mais
sacos reutilizáveis. Há vários
modelos fáceis de dobrar, que ocupam pouco espaço
– até podem ser levados no bolso ou na mala.
7- Além do slogan
Na hora de escolher um artigo, veja além do logótipo
e do slogan da marca. Informe-se sobre a estratégia
ambiental da empresa, quais as práticas adoptadas, os
cuidados seguidos em prol do ambiente, etc…
8- Sem emissões
Se possível, não use o carro quando for às compras;
apanhe um transporte público ou vá a pé. Que tal colocar
um cesto na sua bicicleta e pedalar?R
19 |
pequenos gestos
Casting
à reutilização
Patrícia Vasconcelos, que profissionalizou os castings em Portugal
e fundou uma escola de actores para cinema e televisão, vive a
cidadania activa de forma natural. Tão natural, que teve de “puxar
pela cabeça” para falar com a RECICLA sobre os seus eco hábitos.
Texto Teresa Violante
Fotos Filipe Pombo/AFFP
“Isto é recente”, diz Patrícia Vasconcelos assim que se senta
tence à associação Dariacordar, que através do Movimento
na esplanada num jardim perto da sua casa, onde converZero Desperdício evita que alimentos bons para consumo
sou com a RECICLA. “Isto” é um rabisco grafitado num bus- acabem no lixo. E gostava de implementar um novo hábito
to que ali se encontra. “Sou muito bairrista”, assume. Para
nos restaurantes: “A pessoa, quando pede o prato, pergunela, a casa não é apenas da porta para dentro. “Quando
ta: ‘Vem com o quê?’”. Então, o acompanhamento de que
cheguei aqui dava por mim, ao fim-de-semana, a dobrar
não gosta ou que não quer não vem para a mesa. Ao hábito
o cartão que as pessoas deixavam ao lado do ecoponto e
de levar para casa a comida que sobrou numa refeição fora,
a coloca-lo lá dentro”. E se um dos ecopontos estiver sujo
o chamado doggy bag, Patrícia rebaptizou de smart people’s
“sou capaz de ir lá com uma esfregona limpar”. Com àbag. Sem qualquer pudor recorda a ocasião em que, num
-vontade, Patrícia Vasconcelos aborda as pessoas que
jantar na Lx Factory, em Lisboa, pediu para sobremesa as
deitam lixo para o chão: “Deixou cair o maço de tabaco”.
duas trouxas-de-ovos que, intactas, tinham ficado no prato
Até agora, só lhe responderam mal uma vez. “Esse tipo de
da mesa em frente à sua. “Acho o desperdício criminoso”.
reacção não me faz calar. Mas fico
E às razões sociais juntam-se as
danada”, reconhece.
ambientais: a destruição de comida
A cidadania faz-se de gestos e
é responsável pela emissão de gases
“o desperdício
atitudes. Só que para a fundadora da
com efeitos de estufa.
alimentar é
escola de actores para cinema e teleQuase como uma fórmula matemácriminoso”, acusa
visão Act, em Lisboa, são rotinas tão
tica, menos desperdício e mais reutiintrínsecas que é difícil enumerá-las.
Patrícia Vasconcelos lização resulta na partilha. De roupa,
É como perguntar quantas vezes
de livros, de dvd, do jornal do dia…
inspira. Como as conversas são como
Entre amigas, Patrícia tem por hábito
as cerejas, ficámos a saber que Patrícia Vasconcelos reutitrocar a roupa dos filhos, dos mais velhos para os mais
liza até à exaustão. “Se me dão um guardanapo num café
novos, e não deixa os livros ganhar pó. “Foram escritos
com um croquete, não deixo lá esse guardanapo. Tenho ficom amor e vontade de serem lidos. Se ficarem estagnados
lhos, tenho um cão, há sempre qualquer coisa para limpar”,
numa estante ficam tristes”. Por isso, passa-os de mão em
diz. As embalagens de comida take-away, por exemplo,
mão. Os livros que já foram dos seus dois filhos mais velhos
podem levar o lanche da filha para a escola, e a caixa que
estão agora com o seu sobrinho. Há alguns anos deixou
acondicionava uma vela serve para guardar pincéis. “Tenho
de comprar jornais e revistas, mas lê-os em cafés. Única
imensa dificuldade em deitar coisas fora porque acho que
excepção: a Elle francesa, da qual é assinante desde os
me podem ser úteis. E normalmente são”.
18 anos. Depois de lida, deixa-a na Act, no cabeleireiro, …
O que também não deita fora é comida. Aliás, Patrícia perPartilha + reutilização = menos desperdício. R
20 |
Em casa de Patrícia
Vasconcelos são
muitos os objectos que
escondem histórias
de outros tempos, de
móveis antigos a peças
que foram reutilizadas
e ganharam nova vida
21 |
Porta-a-porta
Patrícia Vasconcelos consome produtos frescos e da época. “Não é
sequer uma preocupação”, afirma. É uma questão de lógica: “Estou a
pisar esta terra; como o que ela me dá”. E aderiu, há muito, aos cabazes
entregues em casa. Com regularidade encomenda fruta e legumes
à Herança Rural (http://herancarural.com/), de produção biológica,
enquanto o peixe vem de Sesimbra, através da loja.peixefresco.com.pt.
Saúde no prato e no planeta.
Filha do realizador António-Pedro
Vasconcelos, Patrícia nasceu em
Lisboa em 1966. Viveu fora de
Portugal de 1976 a 1988. Quando
regressou, chegou a dizer ao pai que
“adorava vir a tomar conta do lixo
na cidade de Lisboa”. Seguiu por
outro caminho e estreou-se como
directora de casting em 1989. Hoje é
a “rainha” dos castings, responsável
pela seleccção de actores para filmes
nacionais e estrangeiros, programas
e séries para a televisão, e filmes
publicitários. Convidada, ao longo
dos anos, a ensinar técnicas de
casting na Escola Superior de Teatro
e Cinema em Lisboa, e na Academia
Contemporânea do Espectáculo no
Porto, criou no Verão de 2000, com
Elsa Valentim, os Act – Workshops
Iniciação às Técnicas do Actor para
Cinema e Televisão, que deram
origem, no ano seguinte, à Act, escola
de actores para cinema e teatro. Além
da Act, dá também aulas na Escola
Superior de Teatro de Cascais.
Mas o talento de Patrícia não se
esgota aqui. Em 2007 lançou o
primeiro disco Se o amor fosse só
isso. Os seus dotes musicais podem
ser escutados nas Jazz Nights, no
Altis Belém Hotel & Spa, em Lisboa
(próximas actuações: 24 de Maio e
28 de Junho). Em 2010 realizou o seu
primeiro documentário, O meu Raul,
sobre a vida de Raul Solnado.R
o Maria Vasconcelos
Mulher de mil talentos
pequenos gestos
Zero desperdício
Simples e prático: depois utilizar a botija de água
quente para se aquecer, Patrícia Vasconcelos
reaproveita o precioso líquido para regar as plantas
que tem em casa.
Armários de memórias
Porque os bons momentos são para recordar (e acalentam a alma), Patrícia enche as portas
dos armários da cozinha com fotografias. E os abat-jours, prendendo as imagens com molas.
Não só decora a casa de forma original, como aproveita ao máximo a utilidade dos objectos,
atribuindo-lhe novas finalidades.
Prendas de afectos
No dia do seu aniversário, os
filhos da “rainha dos castings”
oferecem-lhe prendas
caseiras, a transbordar de
amor. Para quê gastar dinheiro
a comprar uma lembrança ou
desperdiçar materiais? Afinal,
o afecto não tem preço e pode
ser expresso de mil e uma
maneiras. Há vários anos que
Thomas, o filho mais velho,
escreve-lhe um poema, que
Patrícia emoldura e coloca na
cozinha, enquanto Laura, a
sua filha com 9 anos, faz-lhe
um desenho. Mas para o ano
também será um poema: já
está prometido.
23 |
Hugo Silva tornou-se adepto
da reciclagem por influência
da sua companheira. Aliás,
a compra de um ecoponto
doméstico foi das primeiras
aquisições que fizeram
quando foram viver juntos.
Entretanto, perderam
um dos ecobags, mas
improvisaram uma solução,
usando o saco verde para
colocar os plásticos
24 |
tendências eco
,
o
l
c
i
c
e
r
Eu
eles reciclam…
e você?
Há quem diga que não vale a pena, dá muito trabalho, é complicado.
A verdade é que os argumentos para não reciclar esgotaram-se.
Conheça a história de duas pessoas que não separavam os resíduos
e passaram a fazê-lo com gosto e motivação. E, claro, junte-se a eles.
Texto Teresa Violante
Fotos Filipe Pombo/AFFP
Por amor. Foi esse o motivo que levou Hugo Silva, 36 anos,
à alteração de hábitos. No entanto, houve um material que
a aderir à separação doméstica dos resíduos de embalaHugo Silva sempre separou: vidro. E, muito pontualmente,
gens. Há quatro anos, na hora de partilhar casa com a sua
na sequência de uma festa ou um encontro, nos quais “se
companheira, Hugo, assistente comercial, foi confrontado
acumulavam muitos papéis”, lá levava esse resíduo para o
com uma decisão unilateral. “Ou reciclamos, ou então…”,
ecoponto. “Quotidianamente não era um hábito”, assume.
conta, meio a sério, meio a brincar. Pode não ter sido um
Sem querer arranjar desculpas, Hugo reflecte sobre esta
ultimato, mas a verdade é que ele começou a reciclar por
questão: “Também tem a ver com dar o exemplo. Tal como
influência (positiva) da sua comos meus pais não deram o exempanheira. “A partilha de casa e
plo, o facto de eu não ter outras
da vida com uma pessoa que
pessoas a quem dar o exemplo
A separação
fazia reciclagem” foi fundamental,
capaz de ter tido influência. Se
doméstica de resíduos étivesse
reconhece, para a mudança de
filhos, certamente seria
não só reduz a nossa
comportamento. “Comprámos,
diferente”, afirma. Mas os papéis
pegada ecológica,
de imediato, um ecoponto
inverteram-se e Hugo Silva não
doméstico”, recorda.
só recicla como já transmitiu esse
como dá origem a
“Eu não reciclava. Antes, era
hábito
aos pais. “Quando comecei
novos produtos
uma pessoa que não dava
a fazer separação dos resíduos
muita atenção a este aspecto do
recomendei a várias pessoas,
comportamento cívico”, admite.
incluindo aos meus pais”, conta. Até
Motivo? Comodidade; estava bem assim. Mas sabia que
lhes comprou um ecoponto e aos poucos conquistou mais
podia (e devia) fazer diferente: “Ocorria-me pensar que
dois adeptos da reciclagem.
podia reciclar. Sabia que estava a ser mal comportado com
Com este eco gesto vieram outros, espécie de contágio de
o ambiente. Tinha essa consciência”. Na altura não havia
acções ecologicamente correctas. Hugo procura reduzir o
ecopontos próximo da sua casa, o que também não ajudava consumo de água quando lava a loiça ou os dentes, colocou
25 |
tendências eco
A maternidade foi o
clique que Rosa Markov
necessitava para fazer
da separação dos resíduos
domésticos um hábito
diário. Hoje é adepta
acérrima deste gesto
Bê-á-Bá da
reciclagem
Três cores,
três ecopontos.
Saiba onde colocar
o quê. É simples.
Verde
Colocar: Garrafas de vinho,
azeite, refrigerantes ou
cerveja, boiões de doces
e conservas, frascos de
perfume e cosmética.
Não colocar: pratos,
copos, chávenas, jarras,
cristal, embalagens de
medicamentos, materiais
de construção civil,
janelas, espelhos, vidraças,
lâmpadas.
Amarelo
Colocar: sacos de plástico,
frascos de champô, gel
de banho ou detergentes,
garrafas de água, sumos
ou óleo alimentar,
embalagens de iogurte,
pacotes de leite, sumo e
vinho, latas de bebidas e
de conserva, tabuleiros
de alumínio, aerossóis,
esferovite.
Não colocar: baldes,
canetas, cd e dvd, rolhas
de cortiça, talheres, tachos
e panelas, talheres de
metal, pilhas e baterias.
Azul
Colocar: caixas de cartão,
sacos de papel, papel de
escrita e envelopes, jornais
e revistas, caixas de ovos.
Não colocar: papel
26 |
autocolante, papel
plastificado, sacos de
cimento, embalagens
de produtos químicos,
toalhetes, fraldas, lenços
de papel, guardanapos
ou papel de cozinha sujos,
embalagens de cartão
com gordura, como
caixas de pizzas.
Dicas:
• Não é preciso retirar
a tampa dos frascos e
boiões quando os coloca
no ecoponto verde. Mas
se quiser pode fazê-lo e
depositá-la no ecoponto
amarelo.
• As folhas de papel podem
ser colocadas no ecoponto
azul com agrafos. O
mesmo acontece aos
envelopes com janela: não
é necessário removê-la.
• Pode, se quiser, passar
as latas de conserva por
água para evitar odores
desagrádaveis em casa,
enquanto não as leva para
o ecoponto amarelo.
• Escorra as embalagens
e espalme-as para que
ocupem menos espaço no
seu ecoponto doméstico.
• Se o ecoponto estiver
cheio, não deixe na rua os
resíduos de embalagem
que separou. Isso é
considerado abandono
de lixo na via pública,
punível por lei. Se possível,
dirija-se a outro ecoponto;
caso contrário, leve os
resíduos de volta para casa
e tente no dia seguinte.
Certamente que a recolha
será efectuada em breve.R
lâmpadas de baixo consumo em casa,
usa papel reciclado, recicla os tinteiros
da impressora… Comportamentos que
vieram para ficar, diz. “Com o hábito
vamos percebendo que vale a pena”.
O poder da maternidade
Também Rosa Markov, coordenadora
logística e operadora numa empresa
em Lisboa, não era adepta da reciclagem. À medida que o tempo passava,
uma questão impunha-se: “Porque
é que eu não reciclo?”. Até porque o
círculo de amigos que separava os
resíduos de embalagens era cada vez
maior. “Fui a casa de uma amiga e
vi que ela não tinha um caixote do
lixo para a reciclagem. Mas isso não
invalidava que tivesse um saco para
o papel, plástico, vidro e que depois
fizesse a divisão correcta no ecoponto.
Não era complicado”, recorda.“Percebi
que não tinha desculpas para não
fazer”, acrescenta.
A alteração de comportamento deu-se
com duas mudanças fulcrais na sua
vida: a saída de casa dos pais e o nascimento da sua filha. “O clique surgiu
quando fui mãe pela primeira vez e
percebi que a minha contribuição para
auxiliar o planeta, o ambiente, através
da reciclagem é muito fácil”, reconhece. Decisão tomada em conjunto com
o marido. “Ele foi um grande impulsionador. Isto foi conversado e a consciencialização foi dos dois. Assumimos
os dois este compromisso”.
Hoje, passados uns anos, e com mais
dois filhos, Rosa Markov é uma adepta
incondicional da reciclagem. Tanto que
levou esta eco prática para o seio da
empresa onde trabalha. “Quando vim
para cá ainda era tudo colocado no
mesmo sítio. Houve, da minha parte,
educação no local de trabalho das
pessoas que dividiam este espaço comigo”, conta. Dos resíduos aí produzidos, 80% é papel e 20% plástico. “É lixo
praticamente limpo”, sublinha. Apesar
da idade mais avançada dos colegas,
que não tinham este hábito em casa,
a reciclagem passou a fazer-se sem
“que fosse um incómodo ou algo mais
trabalhoso”. Os ecopontos encontramse à porta da loja e as embalagens de
Sem desculpas
Para acabar com ideias feitas, a RECICLA desconstrói
alguns dos argumentos mais invocados por quem não
recicla. Não há mesmo desculpa: é hora de passar à acção.
1- Gostava de reciclar, mas não tenho ecoponto.
E não precisa. Claro que dá jeito, e há muitas opções no mercado, mas
não é imprescindível. Pode improvisar o seu ecoponto: transforme
t-sirts velhas em sacos, dê nova vida às caixas da fruta, reutilize uma
caixa de cartão, sacos de plástico…
2- A minha cozinha é pequena, não tenho espaço para
separar os resíduos de embalagens.
A boa notícia? Qualquer recanto, por mais pequeno que seja, é
suficiente, basta que não deixe amontoar muitas embalagens. Leve-as
para o ecoponto à medida que as inutiliza.
3- Não tenho ecoponto perto de casa.
A rede de ecopontos em Portugal é vasta. Segundo a primeira avaliação
efectuada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos,
divulgada em Abril, existem cerca de 40 mil ecopontos no país (três
vezes mais ecopontos do que caixas multibanco). Pode não ter um
mesmo à porta de casa, mas não deverá estar longe.
4- Acho que separar os resíduos é uma perda de tempo.
Aquando da recolha, é tudo misturado.
Isso não é verdade. Se vir um único camião a recolher os materiais
depositados nos ecopontos, não pense que são todos amontoados
no interior do veículo. Nesses casos trata-se de camiões
bicompartimentados; os resíduos são colocados em cubas diferentes.
A Sociedade Ponto Verde paga aos municípios pelos resíduos
de embalagens que recolhem, são triados e encaminhados para
reciclagem. Daria mais trabalho, e seria mais dispendioso, misturar
tudo o que foi separado pelos cidadãos e efectuar nova triagem.
5- Reciclar ou não, não faz diferença: sou apenas um…
Nunca se esqueça que a união faz a força e que grandes mudanças
resultam de muitas micro acções. Todos os anos a SPV encaminha
milhares de toneladas de embalagens para reciclagem fruto de
pequenas participações de milhares de cidadãos. Para ter uma
ideia, hoje cerca de 70% dos lares portugueses fazem separação das
embalagens.R
cartão mais volumosas são reunidas
no armazém e entregues directamente na autarquia. É uma prática
instalada. “Já nem consigo admitir
outra coisa”, confessa a coordenadora
logística.
De não ‘recicladora’, Rosa Markov
passou a defensora acérrima deste
eco hábito. Tanto que lhe perturba ir
de férias para a aldeia dos pais, na
zona da Lousã, e não ter ecopontos
para fazer a separação diferenciada
dos resíduos. Ou ir até à Bulgária,
terra natal do marido, e não ter como
reciclar. “Sinto-me mal quando coloco
um papel, um plástico no mesmo sítio,
misturados com o lixo”, assume.
Os filhos também já têm essa preocupação, adoptando este hábito de
forma natural. “É minha pretensão
criar três seres humanos que consigam avançar com esta rotina”. Estão
no bom caminho.R
27 |
28 |
Foto Pedro Azevedo
Para dar resposta a uma
necessidade pessoal,
Luís de Matos criou
o wi-GO, carrinho de
compras que, em vez de
ser empurrado, segue a
pessoa que o utiliza
eco-empreendedores
Autonomia
sobre rodas
Tirar produtos da prateleira do supermercado e colocá-los
no carrinho é um gesto rotineiro, mas pode ser missão impossível
para quem está numa cadeira de rodas. Luís de Matos inventou
uma solução, o wi-Go, inovação inclusiva que torna a vida
de todos mais fácil.
Texto Teresa Violante
Fotos Cedidas (excepto onde indicado)
Mais do que o fim de uma fase, a tese de licenciatura de
Luís de Matos marcou o início de uma aventura que iria
mudar a sua vida. Foi para essa derradeira prova académica, na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã,
onde estudava engenharia informática, que teve uma ideia
revolucionária: criar um carrinho de compras que, em vez
de ser empurrado, seguisse quem dele precisa. Inicialmente
desenhado a pensar nas pessoas com mobilidade reduzida,
em cadeira de rodas, o wi-GO revelou-se uma solução útil
também para idosos e grávidas, com aplicação quer nos
momentos de lazer e recreativos, quer a nível profissional.
Afinal, trata-se de “utilizar a tecnologia para facilitar a vida
das pessoas”, sublinha Luís de Matos, 26 anos. Aliás, essa
era uma vontade do jovem engenheiro, que acalentava
há muito o sonho de “conciliar a área da saúde com as
novas tecnologias”. E “embora o wi-GO não esteja directamente relacionado com a área da saúde, acaba por
influenciar positivamente a mobilidade das pessoas”, afirma.
Como? Ao facilitar o transporte e a deslocação de bens,
de artigos das prateleiras do supermercado a documentos
ou peças de roupa.
“O wi-GO é, basicamente, um sistema inteligente que foi
feito para servir as pessoas com mobilidade reduzida. E não
só. Tem o design de um carrinho de compras, mas é muito
mais do que isso. Acima de tudo, é um transportador”,
explica o mentor desta solução. Supermercados, centros
29 |
eco-empreendedores
desenhado
para pessoas
com mobilidade
reduzida, o wi-go
revelou-se uma
solução inclusiva,
com aplicações em
vários ambientes.
do supermercado
ao aeroporto, é
útil também para
idosos e grávidas.
Porque, acima de
tudo, o wi-go é um
transportador que
facilita o dia-a-dia
das pessoas
30 |
comerciais, aeroportos, a própria
residência ou local de trabalho são
alguns dos muitos espaços onde pode
ser utilizado. “É um sistema que auxilia as pessoas a transportar os seus
objectos”, resume. Uma pessoa que
trabalhe no sector industrial pode usar
o wi-GO para transportar objectos de
um lado para o outro, ou num hipermercado quando repõe o stock das
prateleiras – em vez de empurrar um
empilhador, pode o empilhador seguir
o funcionário. “Em termos tecnológicos é exactamente a mesma coisa, só
muda a carcaça física”, diz o inventor
do wi-GO, que entretanto criou a
empresa IS2you – Intelligent Systems,
spin-off da UBI.
Aceno tecnológico
Facilitador de rotinas do dia-a-dia, o
wi-GO é também simples de usar. “A
pessoa tem apenas de se colocar em
frente ao wi-GO, fazer um gesto, um
‘olá’ para ele identificar, e está pronto
a seguir essa pessoa em detrimento
das outras”, descreve Luís de Matos.
Feito o reconhecimento, o utilizador
coloca no seu interior os objectos ou
produtos que pretende transportar.
Por exemplo, se estiver no hipermercado, pode percorrer os vários
corredores e selecionar os artigos que
pretende, e o wi-GO irá segui-lo. No
final, “tal como deixamos um carrinho
de compras, deixamos o wi-GO na sua
base. E está pronto a ser usado por
outras pessoas”. Esta solução tecnológica é composta por motores, baterias
e diversos sensores, entre os quais
sobressai o sensor Kinect, câmara de
profundidade 3D “que analisa o meio
envolvente e identifica em específico a
pessoa que vai seguir”.
Da ideia, quando terminava a licenciatura, aos dias de hoje, com o equipamento em fase final de prototipagem,
prestes a ser testado pelos utilizadores, o wi-GO sofreu vários ajustes
e melhoramentos. “Não tem nada
a ver”, afirma o jovem engenheiro.
“Quando comecei a desenhá-lo a
pessoa ainda era obrigada a ter um
sensor na roupa. Depois, evoluí para o
sensor Kinect e vi que podia ser aplicado no wi-GO. Permitia que a pessoa
fosse reconhecida sem outro sensor
colocado nela própria, ou sem uma
roupa especial. Isso foi uma evolução”,
reconhece.
Para o desenvolvimento do wi-GO
tem sido fundamental a conquista de
prémios que distinguem – e apoiam
– projectos inovadores. A começar pelo
WinUBI - Concurso de ideias da UBI,
quando a invenção de Luís de Matos
ainda não saíra do papel. Graças a
esta conquista foi possível construir
o primeiro protótipo. “Depois fomos
ganhando outros prémios e começámos a evoluir no conceito estético, na
autonomia da bateria…”, recorda.
Porque o mérito das boas ideias não
conhece fronteiras, não faltam distinções e reconhecimentos também a
nível internacional. No ano passado, a
equipa do wi-GO conquistou o terceiro
lugar na categoria “software design”
na final mundial da Imagine Cup,
competição de tecnologia promovida
pela Microsoft para estudantes do
ensino superior. Em Sidney, num total
Solução global
Também a utilidade do wi-GO ultrapassa fronteiras. “Pode ser aplicado
em qualquer parte do mundo. Realmente, não existe nenhuma solução
sequer parecida”, afirma o seu inventor. No entanto, de início “não tinha
noção da potencialidade do projecto”,
nem naquilo que viria a tornar-se.
Hoje, 15 pessoas dedicam-se a tempo
inteiro a esta solução, jovens sub 30,
oriundos da zona centro do país, com
formação em áreas tão variadas e
complementares como engenharia
informática e electrotécnica, gestão,
economia e marketing. “Uma equipa
multifacetada e nas áreas que nos
permitem finalizar o produto”, apresenta Luís de Matos. Entusiasmados
com o wi-GO, trabalham de corpo
e alma para um projecto que ainda
não é rentável. “Nenhum membro
da equipa recebe salário. Um esforço
pessoal em nome de um projecto no
qual acreditam. Contudo, “só com a
nossa boa vontade não conseguimos.
Precisamos de um mínimo de dinheiro
para converter isto em produtividade”, admite o mentor do wi-GO. Para
tal, estão a ultimar o apoio de um
investidor através da Business Angels,
angariadora de capitais de risco que
facilitem o financiamento a start-ups,
ponto de encontro entre empreendedores que procuram capital e investidores que procuram oportunidades de
investimento.
“Queremos ter o produto completamente pronto até ao final do ano,
capaz de escalar para todo o mundo,
e avançar com a internacionalização
ainda este ano”, revela Luís de Matos.
A curto prazo pretendem “ter um wi-GO nalguns centros comerciais do
país para testá-los e ver a receptividade das pessoas, como é que o
material se comporta, …”. Feitas as
últimas afinações, o jovem engenheiro
espera terminar o ano com um wi-GO
em cada centro comercial do país e ter
uma marca internacional interessada
nesta solução tecnológica. “Seria uma
vitória para nós”, confessa.
A par do wi-GO, a IS2you dedica-se
a outras áreas, como o desenvolvimento da publicidade interactiva,
que também assenta na utilização do
sensor Kinect. E está em curso um
projecto na área da saúde, ligado à
fisioterapia, mas sobre a qual Luís
não avança pormenores. Uma coisa é
certa: promete.R
Num hipermercado o wi-GO é um carrinho de
compras inteligente. Graças ao sensor Kinect,
o aparelho identifica a pessoa que deve
seguir em detrimento das outras: basta fazer
um gesto para que identifique o utilizador,
acompanhando-o ao longo do seu trajecto.
No final, deve ser colocado na base, tal como
fazemos com os carrinhos convencionais.
Infografia Recicla
de 72 equipas, o grupo liderado por
Luís de Matos obteve a melhor classificação de sempre para Portugal. “Foi,
sem dúvida, o prémio que me deu
mais gozo ganhar”, assume. “Estamos
a utilizar tecnologia da Microsoft e
ganhar um prémio promovido pela
própria Microsoft que é, digamos, a
mãe da nossa tecnologia, é sempre
um reconhecimento. E depois dá mais
prazer quando ganhamos a nível
internacional a países que investem
muito dinheiro nos projectos que
levam a concurso”. Com o mérito e a
divulgação internacional – preciosos
para um projecto que quer chegar
a todo o mundo – veio também um
prémio monetário no valor de 5.000
dólares.
31 |
atitude
ELIXIR DA
PRODUTIVIDADE
A felicidade tornou-se vantagem competitiva, por isso há cada vez
mais empresas a apostar na saúde e bem-estar dos seus quadros.
Em recursos humanos, pensar fora da caixa é não ter medo de
presentear os colaboradores com tudo o que merecem.
Texto Teresa Ribeiro
Fotos Filipe Pombo/AFFP
Nem tudo são más notícias. Se é verdade que a crise
relaxamento e alimentação saudável. Na fase das marmitas
desumanizou o mercado, instigando à competição desentornou-se mais fácil educar as pessoas em termos alifreada, por outro lado expôs o papel dos activos humanos
mentares, por isso também vimos nesta circunstância uma
no sucesso das empresas. Na busca de receitas inovadoras
oportunidade para intervir na área do wellness empresarial
para aumentar a produtividade, os empresários descobride forma mais integrada”.
ram que há mais vida além do trabalho, e que a motivação
Filipa Amaral, vice-presidente de marketing do Clube TAP,
e o bem-estar dos seus colaboradores têm maior impacto
centro cultural e recreativo da companhia aérea, levou a
nos resultados das organizações do que horários pesados e
Get Zen à empresa e gostou. “Montaram um gabinete de
altos níveis salariais. Aos poucos esta
massagem com música ambiente, luz
convicção consolida-se através das
de velas, aromas, e fizeram sessões
notícias que chegam a público sobre
individuais com cada um de nós.
nem só do
as empresas que apostam nessa via
Nunca tínhamos experimentado nada
salário depende
e conseguem não só aumentar a
semelhante na TAP, mas a adesão
a motivação
facturação, como passar uma imagem
foi total e no fim todos disseram que
de excelência para o mercado. É toda
queriam repetir”, conta. Depois de
no trabalho
uma cultura empresarial que está a
passar pela marquesa Filipa sentiumudar, com vantagens para todos:
-se revigorada: “Num local stressante
empresários, colaboradores e até empreendedores, que
como um aeroporto, é essencial ter momentos de desconvêem nas novas políticas de gestão de recursos humanos
tracção cujos efeitos se repercutam por muitas horas. Uma
uma oportunidade.
pausa para um café não chega”.
Foi o caso de Pedro Costa, que percebeu haver espaço no
Feng shui, shiatsu, musicoterapia, terapia do riso e camimercado para um projecto de saúde e bem-estar diriginhadas nórdicas são algumas das actividades que a Get
do às empresas. Chamou-lhe Get Zen e diz que mais do
Zen propõe às empresas conforme as suas necessidades.
que um produto promove “um conceito e uma filosofia de
Mas verdadeiramente exclusiva é a oferta de um tipo de
vida”. “Trabalhamos a saúde através de exercícios físicos,
ginástica que a marca concebeu com bolas de pilates, a que
massagens e fisioterapia, mas também de programas de
chama Zen Ball. “O conceito está a ser desenvolvido em
32 |
Filipa Amaral, vice-presidente
de marketing do Clube TAP,
contratou os serviços da Get Zen,
responsável por levar a saúde
e o bem-estar para dentro das
empresas. O balanço é muito
positivo: “A adesão foi total e no
final todos disseram que queriam
repetir”.
33 |
atitude
termos científicos por colaboradores
nossos com formação em fisioterapia.
É inovador porque associa a ginástica
a exercícios de fisioterapia”, explica Pedro Costa. A completar o primeiro ano
de actividade, a Get Zen está a abrir
caminho no mercado: “Quando as
empresas percebem que levar saúde
e bem-estar para o seu seio aumenta
a produtividade e diminui os custos
relacionados com baixas e seguros de
saúde, passam a encarar os serviços
que oferecemos como um investimento com retorno garantido e não uma
despesa”.
Pausa para ginástica
No parque industrial da Autoeuropa
decorre uma aula de ginástica com
operários fabris. A sessão realiza-se
dentro do horário de trabalho e nas
próprias instalações da fábrica, a
poucos metros das linhas de montagem de componentes para automóvel,
onde labora o grupo que começa a
fazer os exercícios de aquecimento.
Durante cerca de 15 minutos fazem
alongamentos, jogos de coordenação
de movimentos, mas também trocam
piadas. O momento é desfrutado com
evidente prazer. Iniciaram esta experiência há dois anos, ao ritmo de duas
vezes por semana.
Paula Cabrita, uma das beneficiárias,
diz que este programa lhe caiu do céu:
“A ginástica tem sido muito importante
para mim, porque como passo o dia
a lixar peças à mão, canso muito os
braços. Antes tinha sempre muitas
dores, sobretudo nos ombros, agora
ando muito melhor”. Também Mafalda
Ângelo, outro elemento do grupo, já
não passa sem a sua ginástica. “Devia
ser todos os dias”, desabafa com um
sorriso. Porque não é só ao corpo que
lhe faz bem: “Saio daqui sempre muito
menos stressada”, admite. Não fosse
a iniciativa da Workwell, empresa que
leva este programa à Autoeuropa, e
Paula e Mafalda provavelmente não
saberiam até que ponto ter ou não ter
ginástica no local de trabalho faz
a diferença.
Desde 2008 que é precisamente esse
o discurso que João Sousa, manager
34 |
da Workwell, faz aos empresários
e directores de recursos humanos
que contacta. E a verdade é que as
virtudes do exercício físico são já tão
reconhecidas que não lhe tem sido
difícil sensibilizar os potenciais clientes
para as vantagens do serviço que
oferece, apesar da crise. “Temos um
crescimento sustentado, com empresas a aderir de norte a sul. Ao fim de
três meses os benefícios da ginástica
começam a notar-se, de modo que
muitas renovam os contratos connosco. De facto, todos ficamos a ganhar
com este tipo de serviço”.
Só o salário não chega
Antes não se faziam rankings das
melhores empresas para se trabalhar;
hoje são várias as entidades que se
ocupam desse escrutínio e cada vez
mais as empresas a candidatar-se a
essa distinção. Raquel Rebelo, organizadora da Expo RH, encontro anual
dirigido a todos os profissionais que
actuam na área de recursos humanos,
testemunha a evolução que o mercado
Porque há vida para
além do trabalho,
cada vez mais as
empresas valorizam
componentes
extra salariais na
hora de estimular
a produtividade.
apostar no
bem-estar e saúde
dos colaboradores
começa a ganhar
adeptos
registou desde que lançou o evento,
há 12 anos. “Em 2001 não havia a
mesma preocupação com a qualidade
de gestão das equipas. Hoje sabe-se
que a motivação pelo aumento salarial
é temporária e que o bem-estar é
decisivo para levar os colaboradores a
vestir a camisola”. A Expo RH, que na
primeira edição atraiu 550 pessoas,
reuniu este ano, nos dias 13 e 14 de
Março no Centro de Congressos do
Estoril, 3.200, número considerável
visto ser uma iniciativa para um nicho
de mercado. Entre as atracções da
feira não faltou a apresentação de
empresas fornecedoras de programas
de wellness empresarial, oferta que,
segundo Raquel Rebelo, começou a ter
expressão no mercado há pouco mais
de três anos.
Kula foi uma das vedetas desta edição
da feira. Com percurso ligado à música, este português de origem cabo-verdiana empenhou-se em descobrir a fórmula que lhe permitisse
viver das sonoridades. Foi assim que
lançou a Ritmundo, empresa que
trabalha sobretudo na área do team
building. “Improvisamos situações que
envolvem o corpo como instrumento
do ritmo, do movimento e do canto”,
descreve. Na prática, Kula, músico que
também foi performer, põe grupos a
tocar instrumentos de percussão, a
fazer vocalizações e a dançar ao ritmo
dos sons que se vão improvisando,
mas de acordo com uma harmonia
que exige trabalho de grupo. “É uma
técnica que trabalha a coordenação
e comunicação entre pares. Algo que
nos transporta para os ritos tribais em
que me inspirei para criar exercícios
de team building”, resume. A apresentação foi um êxito. Encheu um
auditório com capacidade para 500
pessoas e nos dias seguintes o telefone da Ritmundo, garante Kula, não
parou de tocar.
Procurar sentido no trabalho seria
algo impensável há uma geração
atrás. Agora que os efeitos do ritmo
desenfreado já se conhecem, está na
hora de contratar a felicidade para
gestora de projectos. As ferramentas já
andam por aí.R
Na Autoeuropa há tempo, em horário laboral,
para a prática de exercícios de ginástica. Um
serviço oferecido pela Workwell, com claros
benefícios para a saúde dos operários fabris
35 |
lazer sustentável
Vamos
ao mercado!
De norte a sul multiplicam-se as feiras e mercados de produtos
biológicos, artesanato urbano, venda e troca de artigos em
segunda mão. Parta à descoberta de alguns dos eventos que se
realizam regularmente em vários pontos do país.
Texto Teresa Violante
Ao domingo é certo e sabido: Luís Martins participa no Lx Market, em Lisboa.
É aí que apresenta as suas criações
feitas com caixas de madeira para vinhos,
projecto a que deu o nome de Art’encaixa.
“Faço desta feira a minha montra onde
exponho e explico o meu trabalho,
e dou a cara pelo mesmo”. Situado na Lx Factory, um dos locais
mais trendy da cidade, o Lx
Market é ponto de encontro de
pessoas que apreciam produtos
caseiros, objectos originais feitos
à mão, peças vintage e artigos
que valorizam a reutilização e
reciclagem de materiais. Presença
assídua desde o início deste evento
domingueiro, Luís Martins faz um
“balanço altamente positivo” desta
experiência. Aliás, é na feira que vende
grande parte do seu trabalho: “Pode ser
36 |
adquirido pela net ou no meu ateliê, mas a esmagadora
maioria é adquirido na feira. Ver e tocar as caixas faz toda a
diferença”, reconhece. Aquilo que começou como uma
preocupação pessoal – “Sempre achei que as
caixas de madeira que transportavam
vinho tinham um triste destino
ao serem utilizadas como lenha,
caixas para graxa…” – é hoje
uma solução original muito
apreciada. “A recptividade tem
sido muito boa, bem acima das
minhas expectativas. Não fosse
as feiras e
a crise e penso que não teria
mercados estreitam
muito tempo para responder a
as relações dos
todos os pedidos”. Luís Martins
usa
as caixas como se fossem
produtores e
telas,
de acordo com dois princíartesãos com os
pios: “Não trabalhar o exterior da
consumidores
caixa, respeitando a sua memória,
e não utilizar fotocópias ou prints, só
originais, que podem ser do século XVIII, ou
mais recentes”, para decorá-la.
Também Susana Soares, designer e
criadora da marca Sushie, participa regularmente em feiras
e mercados onde mostra
as suas malas, pochetes,
lenços em “tubo”. Mas cada vez é mais
exigente. “Houve uma altura em que chegava a participar em três feiras por mês, até que
deixou de fazer sentido”. Porque trabalhava apenas
para produzir stock para o próximo evento, explica.
Com boas vendas online (Facebook e blog), Susana
opta por “fazer uma ou duas feiras por mês, no
máximo, mas escolhendo sempre as melhores”. As
vantagens de participar nestes encontros são várias, e
não apenas económicas. “O carinho das clientes ao vivo é
inexplicável”, orgulha-se. Com público interessado e sempre
receptivo às novas criações, Susana vê a actual tendência
de valorizar o trabalho manual e a reutilização de materiais
como algo simultaneamente positivo e negativo. “Há uma
série de projectos a nascer com materiais usados por causa
da crise. As pessoas ficam sem emprego ou numa situação instável e sentem necessidade de fazer algo por elas
próprias. Com a crise económica chegou também uma crise
de valores e nem tudo o que é novo é bom. Há centenas de
coisas copiadas e vendidas em “feirinhas”. A moda do feito
à mão vale nada se a pessoa estiver a roubar o trabalho de
alguém”, lamenta.
Príncipe Real”, recorda Nelson Silva, director do departamento técnico da Agrobio. Hoje estes mercados decorrem
em várias cidades, como Amadora, Oeiras, Setúbal e Aveiro,
sempre com o apoio das autarquias. E com benefícios para
produtores e consumidores: para os primeiros, “estarem
agregados à associação mais antiga que promove e defende a agricultura biológica”; para os segundos, a garantia
de que os produtos vendidos são alvo de controlo através
de análises de rotina, além de se encontrarem certificados,
aponta Nelson Silva.
Para comprar produtos frescos, há também uma
alternativa às bancas dos mercados: os cabazes.
Desde 2006 que a iniciativa Prove fomenta
a criação de núcleos de pequenos agricultores. “Todas as semanas reúnem as
suas produções e preparam cabazes de
hortofrutícolas da época produzidas localmente
com técnicas amigas do ambiente, que entregam
directamente ao consumidor final”, apresenta José Diogo,
técnico da ADREPES (Associação para o Desenvolvimento
Rural da Península de Setúbal), responsável pelo Prove.
Hoje existem 53 núcleos Prove, com 80 locais de entrega,
envolvendo 120 agricultores e respectivas famílias. E cerca
de 2.500 pessoas adquirem os cabazes com regularidade
(semanal ou quinzenal). Um caso de sucesso que “contribui
para a competitividade da pequena agricultura que utiliza
técnicas tradicionais respeitadoras do ambiente, a criação
de emprego e crescimento da económica local”, defende
José Diogo. Escolhas com eco consciência, alternativas às
grandes superfícies.R
Cabazes bio
Nem só de moda ou decoração vivem as feiras e mercados,
também muito procurados para comprar frutas e legumes
biológicos. A Agrobio, Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, dinamiza desde 2003 pontos de venda de
produtos de qualidade, cultivados segundo princípios que
respeitam a natureza. “O primeiro surgiu no Jardim de
S. Pedro de Alcântara, em Lisboa, e depois passou para o
37 |
Feiras há muitas
A RECICLA apresenta mercados e feiras que se realizam um pouco
por todo o país. Não é um roteiro exaustivo, mas um ponto de
partida para descobrir eventos próximos de si.
Mercado Biológico de Óbidos
Bem no coração da vila, o Mercado Biológico de Óbidos é
uma montra de sabores, cores e aromas. Há um pouco de
tudo: hortícolas verdes, fruta, aromáticas, vinho, licores,
azeite, vinagres, bolachas, bombons, doçaria e salgados
caseiros…. Realizado há seis anos, esta iniciativa da Green
Services Lda. e COOPSTECO (Cooperativa dos serviços Técnicos e Conhecimento, CRL), com apoio da câmara municipal, decorre às 6.ª-feiras, Sábados e Domingos, das 10:00
às 19:30 (horário de Verão), na Rua Direita, n.º28.
O mercado acompanha ainda as festividades de Óbidos
(Vila Natal, Festival de Chocolate, Mercado Medieval…),
prolongando-se durante os dias dos eventos.
Mercado Biológico de Tomar
Um sábado por mês, das 10:00 às 14:00, a principal artéria
do centro histórico da cidade dos Templários, Rua Serpa
Pinto, acolhe o mercado biológico. Há um pouco de tudo,
de hortaliças a vinhos, de frutas a doces. Todos os produtos
respeitam os princípios da agricultura biológica. Esta iniciativa surgiu em Fevereiro do ano passado, com
duplo objectivo: animar o centro histórico
de Tomar e fomentar hábitos de alimentação saudável. Próxima data: 29 de Junho.
Feira de
Agricultura
Biológica,
Santarém
Quinzenalmente, o
Jardim da Liberdade, em
Santarém, transforma-se
numa montra de produtos biológicos. No âmbito
do Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Biológica, as Escolas Superiores de
Educação e Agrária de Santarém,
com apoio da autarquia, organizam este encontro de frutas
e hortícolas, entre outros. Das 10:00 às 14:00, todas as
segundas e quartas 4.ª-feiras do mês.
Zimbr’Arte – Feira de Artes e Artesanato,
Sesimbra
Conhecida pelo areal dourado, mar tranquilo e boa gastronomia, a vila de Sesimbra realiza desde 2004 a Zimbr’Arte,
Feira de Artes e Artesanato. De Junho a Setembro, habitantes, turistas e visitantes são convidados a descobrir as criações de mais de 30 artesãos, autores de peças de bijutaria,
peças decorativas, pinturas… Com habilidade e imaginação
dão nova vida a materiais tão diferentes como conchas,
estanho, cortiça, madeira. Na Fortaleza de Santiago, das
10:00 às 23:00, no segundo e quarto domingo do mês.
38 |
lazer sustentável
Mercados Agrobio
O primeiro surgiu em 2003 e desde então multiplicaram-se os pontos de venda com selo Agrobio,
Associação Portuguesa de Agricultura Biológica. Em
breve, também Almada terá um mercado Agrobio e
a médio prazo será a vez de Portimão. Mas os locais
com mercados Agrobio são já muitos:
Algés
Jardim de Algés, Sábado, das 9.00 às 14:00
Amadora
Cascais
Parque Marechal Carmona, Sábado,
das 9:00 às 14:00
Lisboa
Jardim do Campo Pequeno, Sábado,
das 9:00 às 14:00
Loures
Praça da Liberdade, Sábado, das 9:00
às 14:00
Jardim Delfim Guimarães (junto à Estação CP),
4.ª-feira, das 14:00 às 20:00 (horário de Verão);
das 14:00 às 18:00 (horário de Inverno)
Oeiras
Aveiro
Setúbal
Mercado Manuel Firmino, Sábado, das 9:00 às 14:00
Carcavelos
Quinta da Alagoa, Sábado, das 9:00 às 14:00
O Berdinho – Mercado
Rural, Porto
Dez bancas a preceito
decoram de 15 em 15
dias, das 12:00 às 18:00,
o pátio do Centro Comercial
Bombarda, na Rua Miguel
Bombarda, na Invicta. São
um regalo para os sentidos.
Legumes frescos, plantas
medicinais e ervas aromáticas,
sal e azeite, queijos e enchidos, pasta fresca,
chutneys, pestos variados, pão, broa… Os vendedores vão
rodando de edição para edição, mas mantém-se a qualidade e a diversidade da oferta. O Berdinho surgiu pela
primeira vez em Outubro do ano passado, no Passeio das
Virtudes, fruto de um dos projectos desenvolvidos pela
SPOT, que se apresenta como “sociedade promotora e produtora de ideias, eventos e iniciativas culturais, no âmbito
da realidade cultural urbana ou contemporânea”. A boa
adesão dos vendedores e dos compradores leva a organização a ponderar a hipótese de tornar o mercado semanal.
Próximas datas: 1, 15 e 29 de Junho.
Jardim de Oeiras, Sábado,
das 9:00 às 14:00
Jardim do Quebedo,
5.ª-feira, das 14:00 às
20:00 (horário de Verão);
das 14:00 às 18:00
(horário de Inverno)
aninam a Rua Direita, Praça da República e Rua
Nascimento Leitão na cidade dos moliceiros.
A iniciativa partiu da Associação Comercial de
Aveiro – núcleo de Indústria criativa, em parceria
com a autarquia e Junta de Freguesia da Glória.
Próximas datas: 8 de Junho, 13 de Julho, 10 e
24 de Agosto e 14 de Setembro, das 9:30 às
19:00 (no horário de Inverno, de Outubro a
Fevereiro, realiza-se das 10:00 às 17:00).
Braga Urban Market
Com o mote “uma feira de primeira, em segunda
(mão)”, o BUM – Braga Urban Market apresenta-se como
mercado de compra, venda e troca de artigos em segunda
mão. Organizado por duas jovens bracarenses que pretendem dinamizar a cidade, realiza-se ao segundo sábado de
cada mês no Largo Carlos Amarante, das 10:00 às 18:00
(se as condições atmosféricas não o permitirem decorre
nos claustros da Rua do Castelo).
Feira Criativa – Artesanato Urbano, Aveiro
Exposição e venda de artesanato urbano, tradicional
e gastronómico, e artes plásticas (pintura e escultura)
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lazer sustentável
Lx Market, Lisboa
Todos os domingos, das 11:00 às 18:00, a Lx
Factory ganha ainda mais vida. Roupa em segunda mão, roupa nova e acessórios de moda,
artigos vintage, decoração, antiguidades, cerâmicas, livros, ilustrações, quadros e produtos
artesanais feitos pelos vendedores atraem
gente dos vários cantos da cidade (e não
só). Há ainda momentos de animação
neste mercado que tem como slogan
“segunda mão de primeira”.
Mercado Quebra Costas,
Coimbra
O nome advém da rua onde se realiza: Quebra
Costas, na cidade dos estudantes. Mas as actividades estendem-se ao Pátio do Castilho e Sala Arte à Parte,
na Rua Fonseca Tomás, n.29. Porque o mercado Quebra
Costas é mais do que um encontro de venda de produtos
de artesanato urbano, livros, discos e vinis, venda e prova
de iguarias gastronómicas. É também um evento com propostas culturais e artísticas, que entende “o espaço urbano
como um espaço para o diálogo permanente, aberto à
experimentação artística e à participação de todos”, lê-se
na página de Facebook deste evento. Todos os segundos
sábados de cada mês.
Feira de Artesanato Português, Lisboa
A beleza da portugalidade, expressa em peças de artesanato nacional, genuíno e de autor, assim é a Feira de Artesanato Português. Decorre na Praça do Campo Pequeno, na
capital, todos os sábados, das 10:00 às 19:00. Preservar,
fomentar e divulgar ofícios portugueses – alguns ameaçados de extinção; estimular e promover novos conceitos e
tendências no artesanato contemporâneo, e criar um local
de referência turística, são os principais objectivos deste
encontro.
Urban Market, Porto
Sem data fixa, o Urban Market é um festival de três dias
ou uma edição especial de um dia que procura promover
artistas e criadores portugueses de áreas como ilustração,
joalharia, design de moda, design de produto, arts&crafts
e food design, valorizando também o património e espaços da cidade do Porto. Conceito da Portugal Lovers, inclui
ainda concertos, promovendo bandas nacionais, lançamento de espaços novos no centro histórico da Invicta, passatempos, activações de marca, exibição de documentários,
provas de vinhos, entre outras. Mais informações:
www.facebook.com/portugalovers.R
sustenta
bilidade é...
Ilustração Pedro Salvador Mendes
Cuidados eco
Vida selvagem na sua mão
Dias 1 e 2 de Junho o Jardim
Zoológico de Lisboa organiza
o workshop Iniciação de
Fieldsketching da Vida Selvagem.
Pedro Salvador Mendes partilha com
os participantes conhecimentos de
ilustração científica e de desenho
de campo, técnicas de desenho e
de cor. Teórico-prático, o workshop
inclui um safari pelo Zoo com o
objectivo de desenhar de forma
solta, recolher dados, tomar notas
e fazer apontamentos de cor, e
termina com a produção de uma
peça acabada segundo a técnica
escolhida. Mais informações: www.
zoo.pt/educacao_formacao.aspx. R
Biológicos, com certificação
da Soil Association, e com selo
Leaping Bunny, garantia de que
não são testados em animais, os
detergentes Greenscents são bons
para a casa e para o planeta. Sem
recurso a fragâncias artificiais,
produtos químicos ou corantes, são
perfumados com óleos essenciais
biológicos. É só escolher o aroma
que mais lhe agrada: cítrico, herbal,
lavanda, menta, ou sem perfume.
A gama de produtos é variada e
inclui diversas soluções de limpeza,
de amaciador a detergente para
a roupa, limpa móveis, multiusos,
detergente para o chão… Disponível
em Portugal através da Pronatural
(www.pronatural.com.pt). R
Santarém em flor
Pela primeira vez a Lusoflora, maior
exposição nacional de plantas
ornamentais e flor de corte, que
decorre em Santarém há 26 anos,
tem uma edição de Verão. Integrada
nas celebrações da 50.ª edição
da Feira Nacional da Agricultura,
também em Santarém, o evento
contará com a mostra e venda de
plantas e flores, a presença dos
fornecedores e a realização de
colóquios, seminários e workshops.
De 8 a 16 de Junho, no Cnema
(Centro Nacional de Exposições).R
De jangada pelo Douro
A OPE (Organização Promoção dos Ecoclubes) e os Ecoclubes de Portugal realizam uma descida de jangadas
pelo rio Douro no fim-de-semana de 29 e 30 de Junho. A concentração e saída decorre no dia 29, às 9:00, no
Areinho de Crestuma, e a chegada ao Areinho de Avintes está prevista para as
14:00, seguindo-se acções de sensibilização. A aventura prossegue no dia seguinte
e termina às 11h, com as jangadas a atracar no Cais de Gaia. O desafio está
lançado e o apoio ao ambiente pode ser feito na água, em jangada, ou em terra,
nas margens do rio. O importante é participar nesta acção, a VII Manifestação
Ambiental da OPE e Ecoclubles de Portugal, que assinala o Ano Internacional de
Cooperação pela Água. As inscrições decorrem até 22 de Junho. R
Mais informações: http://opeportugal.wix.com/ecoclubes_pt#!projetos.
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UMA MARCA AZUL
POR NATUREZA
MAS VERDE NA
SUA ESSÊNCIA
Sabia que as embalagens de Água de Luso
reduziram, no período entre 2006 e 2012,
2.500 toneladas de plástico? Esta redução de
27% no peso das nossas garrafas, tem um
impacto positivo no nosso meio ambiente.
Obrigado pela sua confiança.
GERACÕES SAUDAVEIS