EXPRESSIONISMO

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EXPRESSIONISMO
EXPRESSIONISMO
O expressionismo foi um movimento cultural de vanguarda surgido na
Alemanha no início do século XX, transversal aos campos artísticos da arquitetura, artes
plásticas, literatura, música, cinema, teatro, dança e fotografia. Manifestou-se
inicialmente através da pintura, coincidindo com o aparecimento do fauvismo francês, o
que tornaria ambos os movimentos artísticos os primeiros representantes das chamadas
"vanguardas históricas". Mais do que meramente um estilo com características em
comum, o Expressionismo é sinônimo de um amplo movimento heterogêneo, de uma
atitude e de uma nova forma de entender a arte, que aglutinou diversos artistas de várias
tendências, formações e níveis intelectuais. O movimento surge como uma reação ao
positivismo associado aos movimentos impressionista e naturalista, propondo uma arte
pessoal e intuitiva, onde predominasse a visão interior do artista – a "expressão" – em
oposição à mera observação da realidade – a "impressão".
O expressionismo compreende a deformação da
realidade para expressar de forma subjetiva a natureza e o
ser humano, dando primazia à expressão de sentimentos
em relação à simples descrição objetiva da realidade.
Entendido desta forma, o expressionismo não tem uma
época ou um espaço geográfico definido, e pode mesmo
classificar-se como expressionista a obra de autores tão
diversos como Matthias Grünewald, Pieter Brueghel, o
Matthias Grünewald - The Small
Crucifixion, 1511-20, National Gallery
of Art at Washington D.C.
Velho, El Greco ou Francisco de Goya (Séculos antes).
Alguns historiadores, de forma a estabelecer uma distinção
entre termos, preferem o uso de "expressionismo" – em
minúsculas – como termo genérico, e "Expressionismo" – em maiúsculas– para o
movimento alemão.
Através de uma paleta cromática vincada e agressiva e do recurso às temáticas
da solidão e da miséria, o expressionismo é um reflexo da angústia e ansiedade que
dominavam os círculos artísticos e intelectuais da Alemanha durante os anos anteriores
à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e que se prolongaria até ao fim do período
entre-guerras (1918-1939). Angústia que suscitou um desejo veemente de transformar a
vida, de alargar as dimensões da imaginação e de renovar a linguagem artística. O
expressionismo defendia a liberdade individual, o primado da subjetividade, o
irracionalismo, o arrebatamento e os temas proibidos – o excitante, diabólico, sexual,
fantástico ou perverso. Pretendeu ser o reflexo de uma visão subjetiva e emocional da
realidade, materializada através da expressividade dos meios plásticos, que adquiriram
uma dimensão metafísica, abrindo os sentidos ao mundo interior. Muitas vezes visto
como genuína expressão da alma alemã, o seu caráter existencialista, o seu anseio
metafísico e a sua visão trágica do ser humano são características inerentes a uma
concepção existencial aberta ao mundo espiritual e às questões da vida e da morte. Fruto
das peculiares circunstâncias históricas em que surge, o expressionismo veio revelar o
lado pessimista da vida e a angústia existencialista do indivíduo, que na sociedade
moderna, industrializada, se vê alienado e isolado.
O expressionismo não foi um movimento homogêneo, coexistindo vários pólos
artísticos com uma grande diversidade estilística, como a corrente modernista (Munch),
fauvista (Rouault), cubista e futurista (Die Brücke), surrealista (Klee), ou a abstracta
(Kandinsky). Embora o seu maior pólo de difusão se encontrasse na Alemanha, o
expressionismo manifestou-se também através de artistas europeus como Modigliani,
Chagall, Soutine ou Permeke, e norte-americanos como Orozco, Rivera, Siqueiros ou
Portinari. Na Alemanha existiram dois grupos dominantes: Die Brücke (fundado em
1905), e Der Blaue Reiter (fundado em 1911), embora tenha havido artistas
independentes e não afiliados com nenhum dos grupos. Depois da Primeira Guerra
Mundial surge a Nova Objetividade que, embora tenha sido uma reação ao
individualismo expressionista e procurasse a função social na arte, a sua distorção das
formas e o seu intenso colorido fazem do grupo um herdeiro direto da primeira geração
expressionista.
DIE BRÜCKE
Die Brücke, também conhecido simplesmente como Brücke, (do alemão, A
ponte), refere-se a um grupo artístico alemão inserido no movimento expressionista.
O nome do grupo, A Ponte, escolhido por Rottluff com base numa passagem de
Also sprach Zarathustra (Assim Falou Zaratustra), de Nietzsche, é representativo dos
seus objectivos artísticos no campo da pintura. A intenção prática é estabelecer uma
passagem (ponte) entre a arte sua contemporânea e a arte do futuro, renegando os
cânones existentes na arte alemã neo-romântica e estabelecendo, para isso, um contacto
íntimo com a natureza e a realidade.
Os conflitos que resultam deste contato com a realidade vão ser assimilados e
transpostos expressivamente para a tela negando a preocupação pela representação exata
e fiel do objeto observado. Buscam o inalterado, o não-falsificado, a alma das coisas, o
que não se vê, mas sente-se. Assim, o que é representado na tela é o resultado da
emoção do observador/pintor, o objeto observado altera-se consoante os seus
sentimentos. Em primeiro plano passa a estar o como e não a coisa representada.
Expressionismo Vanguarda surgida na Alemanha e que se espalhou pelos países
do norte da Europa.
Desenvolve-se numa sociedade marcada por fortes contrastes e tensões sociais, sendo
reflexo dos desajustamentos e problemas sociais.
Opção figurativa e utilização de cores fortes com uma intencionalidade – acentuar o
caráter subjetivo das composições e imprimir-lhes maior expressividade;
Temáticas centradas nas questões sociais e com propósitos claros de denúncia e crítica
– intervenção social;
Encontra na 1ª Guerra Mundial temática abundante;
Vai até 1933 (ano em que Hitler sobe ao poder). Durou mais tempo que o fauvismo
devido à 1ª Guerra Mundial (temática fértil para o expressionismo desenvolver a sua
pintura). A solidão é uma das temáticas apresentadas.
Na Alemanha vão existir 2 grupos principais de expressionismo: Die Brucke (A Ponte)
e Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul).
Der Blaue Reiter- vai servir-se da pintura como campo de pesquisa e vai relacioná-la
com a música. A figura maior deste grupo é o russo Kandinsky que, a partir deste
grupo, vai chegar ao abstracionismo (é através da investigação que chega a esta
corrente).
DER BLAUE REITER
O grupo de artistas de inspiração expressionista
Der Blaue Reiter ("O cavaleiro azul") formou-se a
partir de 1911, em Munique, e se manteve até o início
da
Primeira
Guerra
Mundial.
Seus
principais
integrantes são Wassily Kandinsky, Franz Marc,
August Macke, Paul Klee e Marianne von Werefkin.
Cavalos vermelho e azul, de Franz Marc
(1912)
É pouco posterior a Die Brücke ("A ponte"), outro grande grupo expressionista
alemão, surgido em Dresden, em 1905. Opunha-se ao cubismo, do qual reconhece a
ação renovadora, mas contesta o fundamento racionalista e implicitamente realista.
Pretendia ver a Natureza e o Homem a partir das experiências, sensações e sentimentos
individuais, mas com um sentido universal, para a construção de uma arte pessoal,
fundada na meditação que, tal como disse Kandinsky (fundador e idealizador do grupo),
nascesse da necessidade interior.
Sem um programa preciso, mas com uma orientação decididamente
espiritualista, Der Blaue Reiter editou uma revista, Almanach der Blaue Reiter, e
organizou diversas exposições. Seu grande objetivo era reunir nestas exposições a
vanguarda da arte europeia - artistas alemães, russos, franceses, italianos e outros,
superando fronteiras e barreiras nacionais. Era o elemento artístico que deveria
preponderar. De qualquer modo seus integrantes sofreram influências dos pintores
franceses Cézanne e Matisse.
Como pontos comuns aos principais elementos do grupo, destacam-se:
A dimensão lírica da cor, a claridade e luminosidade, pura e límpida, podendo
ser dura/macia, quente/fria, doce/amarga;
O dinamismo da forma, sobretudo a sua capacidade de fascinar, a sua magia
interna, a sua emoção;
A reconquista da pureza da natureza, com tendência emotiva e abstrata da
superfície.
O nome Der Blaue Reiter teve origem na paixão de Marc pelos cavalos e no
amor de Kandinsky pela cor azul. Para Kandinsky, o azul é a cor da espiritualidade e
quanto mais escuro, mais desperta o desejo humano pelo eterno, conforme escreve em
seu livro On the Spiritual in Art, (1911). Além disso, Kandinsky havia criado uma obra
com o mesmo nome (Der Blaue Reiter), em 1903.
O GRUPO DE VIENA
Em Áustria, os expressionistas receberam a influência do modernismo alemão
(Jugendstil) e austríaco (Sezession), bem como dos simbolistas Gustav Klimt e
Ferdinand Hodler. O expressionismo austríaco destacou-se pela tensão da composição
gráfica, deformando a realidade subjetivamente, com uma temática nomeadamente
erótica – representada por Schiele – ou psicológica – representada por Kokoschka. Em
contraste com o impressionismo e a arte acadêmica do século XIX preponderante na
Áustria do novo século, os novos artistas austríacos seguiram a estrela de Klimt, à
procura de uma maior expressividade, refletindo nas suas obras uma temática
existencial de grande fundo filosófico e psicológico, focado na vida e a morte, a doença
e o dor, o sexo e o amor.
Os seus principais representantes foram Egon Schiele, Oskar Kokoschka,
Richard Gerstl, Max Oppenheimer, Albert Paris von Gütersloh e Herbert Boeckl, além
de Alfred Kubin, membro de Der Blaue Reiter. Caberia destacar-se a obra do artista:
Egon Schiele: discípulo de Klimt, a sua obra girou em uma temática baseada na
sexualidade, a solidão e a incomunicação, com certo ar de voyeurismo, com obras
explícitas pelas quais até mesmo esteve preso, acusado de pornografia. Dedicado
nomeadamente ao desenho, outorgou um papel essencial à linha, com a que baseou as
suas composições, com figuras estilizadas imersas num espaço opressivo, tenso.
Recriou uma tipologia humana reiterativa, com um cânone alongado, esquemático,
afastado do naturalismo, com cores vivas, exaltadas, destacando-se o caráter linear, o
contorno.
G
GA
ALLEER
RIIA
AD
DO
OA
AR
RTTIISSTTA
A
EDVARD MUNCH
The Scream. 1893. Oil, tempera and pastel on cardboard. 91 x 73.5 cm.
Anxiety. 1894. Oil on canvas. 94 x 73 cm. Munch Museum, Oslo, Norway
Nasjonalgalleriet, Oslo, Norway.
ERNST LUDWIG KIRCHNER
Girl under japanese umbrella - 1909. oil on canvas. 92,5x 80,5
Woman at the Mirror,1912. Musee Nationale d'Art Moderne (Centre
Pompidou), Paris
FRANZ MARC
Vermelho e azul, 1912.
Tirol, 1914
EGON SCHIELE
Fighter – 1913. Gouache and pencil on paper. 48.8 x 32.2 cm.
Female Nude – 1910. Gouache, watercolor and black chalk with
Private collection
white highlighting, 44.3 x 30.6 cm. Graphische Sammlung Albertina,
Vienna

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