João Abel Benedet - Hexa Comunicação
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João Abel Benedet - Hexa Comunicação
João Abel Benedet Comerciantes do meu tempo Décadas de 1950 a 1980 Criciúma - 2012 3 Comerciantes do meu tempo Décadas de 1950 a 1980 João Abel Benedet Projeto Gráfico Hexa Comunicação Integral Editoração Eletrônica Monique Longaretti Capa Renan Rovaris Revisão Suzi Nascimento Impressão Soller Indústria Gráfica Ltda. Fotos Acervo do autor, familiares dos donos dos estabelecimentos, Casa da Cultura, Foto Zappelini e Manif Zacarias (livro Vultos do Passado e Personalidades Contemporâneas) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação MB462c Benedet, João Abel. Comerciantes do meu tempo : décadas de 1950 a 1980 / João Abel Benedet. – Criciúma, SC : Edição do Autor, 2012. 379 p. : il. ; 23 cm. 1. Comércio – Criciúma (SC) - História. 2. Comerciantes – Criciúma (SC). 3. Empresários – Criciúma (SC). I. Título. CDD – 22. ed. 380.1098164 Bibliotecária Rosângela Westrupp - CRB 0364/14ª Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC 4 Agradecimentos Antes de tudo, quero agradecer a Deus por me dar esta oportunidade de, já com meus cabelos brancos, conseguir realizar meu sonho de escrever este livro. Aos meus pais, Abel e Giulia, que me deram a vida e cuidaram de mim e de meus irmãos, Olívio, Zelindro, Joventino, José e Maria Graciosa, com muito amor e carinho, transmitindo-nos as noções de dignidade e educação, de acordo com suas possibilidades. À minha amada esposa, Maria Irene, que tem me acompanhado nestes 60 anos de vida a dois, dando-me apoio e encorajamento. Aos meus filhos, Renato, Ronaldo, Rosane e Rosimara; a seus cônjuges, Ana, Laura, Varselei e Rogério; aos meus netos, Renato, Jemima, Letícia, Bibiana, Maria Irene, Lourenço, Mariana, Gabriela, Rodrigo e Gustavo; aos meus bisnetos, Pietra, João Otávio, Bernardo, Vitório, Lisa Beatrice e Renato Neto, que nasceu há pouco tempo, no dia 25 de setembro de 2012; ou seja, a todos os meus familiares, que são a razão de minha vida. Para os netos Rodrigo e Gustavo, um agradecimento todo especial, pois também participaram e colaboraram com seus talentos na revisão dos textos. À minha cunhada Maria Teresa Rovaris Conti, que muito colaborou neste meu trabalho, principalmente com seu incentivo. Talvez, sem ele, não tivesse alcançado meu objetivo, a conclusão deste livro. Ao Antônio Ferro Kestering, jovem dedicado, que, além de cumpridor dos compromissos com seu trabalho na Casa Imperial, muito me ajudou com os seus conhecimentos na área da informática. Sua ajuda foi decisiva para esta realização. Agradeço, por fim, aos amigos comerciantes, cujas histórias me inspiraram a escrever estas memórias, e a seus descendentes, que me auxiliaram na construção destes relatos. 5 6 Sumário Agradecimentos.......................................................................................... 05 Prefácio....................................................................................................... 11 Introdução.................................................................................................. 13 Tecidos, Confecções, Alfaiatarias, Armarinhos e Calçados A Cinderela..............................................................20 A Triunfante............................................................22 Alfaiataria Campos.................................................23 Alfaiataria De Bem................................................ 24 Alfaiataria De Lucca.............................................. 26 Armarinho Irmãos Góes...................................... 27 Armarinho Sul Pérolas.......................................... 30 Atacado de Armarinho Cavaler........................... 31 Atacado de Tecidos Algemiro Manique Barreto......... 32 Boutique Irazê........................................................ 35 Boutique Jane..........................................................36 Calças Calcutá Indústria e Comércio Ltda......... 37 Casa Alba.................................................................40 Casa América.......................................................... 41 Casa Arco-Íris......................................................... 42 Casa Barreto............................................................44 Casa Berenice..........................................................46 Casa Brasília............................................................ 48 Casa Cardoso.......................................................... 50 Casa Chapeuzinho Vermelho............................... 51 Casa Coelho............................................................ 52 Casa Comércio de Tecidos Leão..........................53 Casa Damasco.........................................................54 Casa das Sedas........................................................ 55 Casa do Povo e A Brasileira..................................57 Casa Guaspari.........................................................58 Casa Honório Búrigo e Lojão HB.......................59 Casa Imperial.......................................................... 61 Casa Irmãos Benedet.............................................67 Casa Lanatex........................................................... 69 Casa Leão.................................................................70 Casa Londres...........................................................72 Casa Lorena............................................................ 74 Casa Natal............................................................... 75 Casa Nova............................................................... 77 Casa Ouro............................................................... 80 Casa Roque............................................................. 85 Casa Santa Catarina............................................... 87 Casa São José.......................................................... 89 Casa Savi................................................................. 90 Casas Jaraguá.......................................................... 91 Casas Pernambucanas........................................... 92 Cricifios – Comércio de Fios e Linhas Ltda...... 93 Dedal de Ouro........................................................95 Délia Calçados...................................................... 96 Enxovais Karina.................................................... 98 Fábrica de Camisas Aguiar................................... 99 Fox Calçados..........................................................101 Livraria Osvaldo Souza e Osvaldo Esporte.....103 Loja Kemps............................................................104 Loja Linamar..........................................................105 Lojas Renner............................................................ 106 Loja Tijuana............................................................107 Lojão 50 Graus.....................................................109 Lojão Eldorado e Armarinhos Mano............... 111 Lojas Fátima......................................................... 113 Lúcio Cavaler Amarinho, Construção, Indústria e Imobiliária......................................... 116 Marusca Modas.................................................... 119 Maurino de Silva.................................................. 120 Modas Canadá...................................................... 121 Osvaldo Guidi...................................................... 122 Pavone Calçados.................................................. 123 Pedro Alves Comércio e Prestação de Serviços.......................................... 124 Rocha Magazine................................................... 125 Sapataria Flórida.................................................. 126 Sapataria Lurdete................................................. 127 Sapataria Santa Bárbara...................................... 128 Tecidos Sul América............................................ 130 Vidal Modas.......................................................... 132 7 Armazéns, Supermercados e Atacados de Bebidas Farmácias e Drogarias Drogaria e Farmácia Catarinense.......................200 Farmácia e Laboratório Confiança....................202 Farmácia Drogalíder............................................204 Farmácia Moderna...............................................206 Farmácia Rosário..................................................208 Farmácia Sampaio.................................................209 Farmácia Santa Albertina....................................210 Farmácia Santa Terezinha...................................211 Farmácia São José.................................................212 Farmácia São Luiz................................................213 Althoff Supermercados.......................................136 Armazém Althoff.................................................138 Armazém Amboni...............................................139 Armazém Castelo.................................................140 Armazém Euzébio Martins................................ 142 Armazém Matias Paz...........................................143 Armazém Progresso............................................ 145 Armazém Santa Catarina.................................... 147 Armazém Santa Terezinha..................................148 Armazém Irmãos Zappelini...............................150 Balsini Bebidas..................................................... 151 Bebidas Nuernberg.............................................. 152 Casa Zilli................................................................154 Justi Bebidas......................................................... 155 Sesi..................................................................... 159 Supermercado Angeloni..................................... 160 Supermercado Giassi...........................................162 Supermercado Ouro Negro................................164 Padarias e Panificadoras Cilo Panificadora..................................................216 Padaria Brasil........................................................ 218 Padaria Búrigo...................................................... 219 Padaria, Bar, Lanchonete e Sorveteria Excelsior.......................................... 220 Padaria Pão Quente............................................. 222 Padaria Popular.................................................... 223 Padaria São José................................................... 225 Panificadora Universo......................................... 227 Materiais de Construção e Ferragens Alcino Zanatta e Irmãos......................................168 Campos e Búrigo..................................................170 Carlos Hoepcke....................................................172 Casa Americana....................................................173 Casa Dragão..........................................................175 Casa Globo............................................................176 Corrêa e Cia.......................................................... 177 David Conti.......................................................... 179 Iray Rolamentos................................................... 181 Irmãos Bergmann................................................ 183 Jorge Zanatta e Cia.............................................. 184 Mega Engenharia................................................. 187 Otávio Búrigo e Cia.............................................189 Rafael Zanette.......................................................191 Timaco................................................................... 193 União Comercial.................................................. 194 Vidraçaria Prata.................................................... 195 Vidraçaria Santa Cecília.......................................196 Vinícius De Lucca e Cia......................................197 Eletrodomésticos Casa das Bicicletas Balod....................................230 Casa Benedet.........................................................231 Casa das Gaitas......................................................... 233 Casa Moto Parque................................................235 Casa Radiolândia.................................................. 237 Corcril.................................................................... 238 Estofaria Dudu.................................................... 240 Galeria Gigante.................................................... 242 Hermes Macedo S/A.......................................... 244 Lojas Fretta.......................................................... 245 Lojas Koerich....................................................... 247 Loja Broleis........................................................... 249 Lojas Santa Fé...................................................... 251 Loja Santo Antônio............................................ 252 Móveis Canarim................................................... 254 Princesa dos Móveis e Loja UD....................... 255 8 Forauto Veículos.................................................. 314 Jugasa..................................................................... 316 Sebastião Ramos.................................................. 319 Vitral Comércio de Acessórios para Veículos Ltda............................................... 322 Relojoarias, Joalherias e Óticas Joalheria e Ótica Alcidino................................... 258 Joalheria e Ótica Vitoreti.................................... 260 Joalheria e Ótica Cristal.......................................261 Joalheria e Relojoaria Valmor Crema........... 263 Juner Joalheiro...................................................... 264 Ótica Lino............................................................. 266 Ótica e Relojoaria Osvaldo Silvestre................. 268 Relojoaria e Ótica Eraldo....................................269 Relojoaria e Ótica Guzzatti.................................270 Relojoaria e Ótica Odete.....................................272 Relojoaria e Ótica Precisão.................................274 Relojoaria e Ótica Rosil.......................................275 Relojoaria e Ótica Silvestre.................................276 Postos de Gasolina Posto Chic Chic....................................................326 Posto Copa 70...................................................... 328 Posto São Pedro................................................... 329 Posto Soratto........................................................ 330 Posto Spillere........................................................ 333 Posto Wilson Barata............................................ 335 Atividades Diversas Hotéis, Bares e Restaurantes Abílio Paulo.......................................................... 338 Auto Viação São Cristóvão................................ 340 Benevenuto Guidi............................................... 342 Carlos Augusto Borba........................................ 343 Casa Caça e Pesca................................................ 344 Cinemas - Rovaris, Milanez e Ópera.................346 Compania Telefônica Catarinense.................... 347 Foto Lino.............................................................. 348 Foto Zappelini.................................................... 350 Frigorífico Sul Catarinense................................ 352 Fruteira Ávila....................................................... 354 João Carlos de Campos...................................... 356 Livraria e Tipografia Progresso......................... 357 Plácido Serviços Contábeis................................ 358 Rui Esmeraldino Comércio de Representações............................................... 359 Valmor Bif.............................................................360 Wilson Freire Lopes Barata................................362 Bar e Confeitaria Caçulinha................................280 Bar e Lanchonete Ugioni....................................281 Café Damasco e Musidisc............................. 282 Café e Bar Ouro Preto........................................ 283 Café Rio.................................................................285 Café São Paulo......................................................286 Carlitos Bar e Lanchonete.................................. 288 Churrascaria Ok................................................... 290 Churrascaria Riachuelo....................................... 292 Crisul Hotel Turismo.......................................... 294 Golden Bar........................................................... 296 Gruta Baiana........................................................ 298 Hotel Brasil........................................................... 300 Hotel Palace.......................................................... 301 Restaurante Capri................................................ 302 Restaurante Castelinho........................................303 Restaurante Colúmbia......................................... 304 Restaurante Mochilas...........................................305 Restaurante Recanto de Kátia............................ 306 Siso’s Restaurante.................................................307 CDL - Acic - Sindilojas Bancos em Criciúma Entidades Empresariais.......................................366 Bancos em Criciúma............................................376 Veículos e Autopeças Auto Peças Leal................................................... 310 Casa Castelan........................................................311 Crivel Automóveis............................................... 312 João Abel Benedet....................... 378 9 10 Prefácio Ler este livro do João foi, para mim, um prazer imenso. Parecia reviver minha infância e mocidade, quando, filha de comerciantes, ficava muito pelo Centro da cidade de nossa querida Criciúma. Convivíamos muito bem. Os comerciantes eram nossos vizinhos e nossos amigos, que compartilhavam dos mesmos problemas e das mesmas alegrias. Lendo tudo o que o João escreveu me fez e fará a todos que participaram do comércio retornar a um passado muito querido e feliz. Parece-me ver tudo novamente o que acontecia então, pois foi escrito com muito sentimento, descrevendo muito bem todos os fatos. Só quem esteve ligada àqueles queridos comerciantes poderá sentir tudo de bom que esta obra contém. É para guardar no coração e nas nossas casas para que nossos filhos possam conhecer a nossa história, que em tão pouco tempo mudou demais. Os filhos dos comerciantes de então, na sua maioria, ajudavam nos empreendimentos desde crianças, misturando-se com os colaboradores, como se fossem de uma mesma família. A semana de Natal, então, é inesquecível, com o comércio fechando altas horas da noite. No dia 24 de dezembro, as lojas ficavam abertas até a meia-noite, quando então começava a missa de Natal, cognominada Missa do Galo. A Praça Nereu Ramos, nesse horário, ainda estava repleta de pessoas de todas as idades, naturalmente, com poucas luzes, mas nas nossas recordações, parece que era a mais iluminada do mundo. João certamente fez também reascender todas essas luzes das nossas lembranças e também de nossos corações de filhos e filhas de comerciantes, que têm tanto amor aos pais, que trabalharam muito para manter sua família e dar o melhor aos seus e à nossa cidade. Realmente mostraram o amor ao trabalho e a persistência nas horas difíceis. E não existe bem maior para deixar aos filhos do que o exemplo, e isto eles deixaram. Para aqueles que nasceram após esta época, este livro vai ser uma mostra real de nossos comerciantes de então. É bom que vejam como a cidade, sem as luzes de hoje, sem os lindos shoppings e as grandiosas 11 lojas, também fazia seus munícipes felizes, seus empresários dedicados e audaciosos e os clientes participantes do progresso do comércio e da cidade. Parece incrível como João soube colocar no papel todo este conteúdo, que quase por inteiro foi tirado de sua prodigiosa memória. Agora que já está escrito tanta coisa sobre o nosso comércio, penso como ficaria tudo perdido, se não fosse a persistência de João, que muitas vezes foi desanimado por pessoas que achavam sem importância esta narrativa. Mostrou que, com garra, vontade, ânimo, amigos e família, muito se pode conseguir. Parabéns, cunhado, e muito obrigada (agradeço em nome de todos os filhos dos comerciantes aqui lembrados). Maria Teresa Rovaris Conti 12 Introdução Esta é a história dos comerciantes de Criciúma a partir do mês de junho de 1950 até a década de 1980. Por que essa época? Foi quando eu, João Abel Benedet, cheguei a esta cidade para dirigir a filial das Casas Pernambucanas. Vim em substituição ao companheiro Amilton Viana, que, seguindo o seu destino, fora transferido para a filial da cidade de Caçador. As Casas Pernambucanas estavam presentes de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País, mas, com a graça de Deus, vim para Criciúma, cidade vizinha da minha terra natal, Tubarão, que me adotou como filho desde os primeiros dias em que cheguei. Após fazer o balanço da loja e receber a chave, comecei a fazer meus contatos, inicialmente com meus auxiliares, e, logo a seguir, com os comerciantes da cidade para oferecer a minha amizade. Fui muito bem recebido por todos. Minha intenção, com este memorial, é fazer o resgate da história dos comerciantes de Criciúma a fim de que não se perca nada do que essa classe fez em prol do crescimento e do desenvolvimento desta terra. Muito pouco, infelizmente, se escreve sobre essa gente trabalhadora, que, além de vender e fazer circular suas mercadorias, faz amigos, cria riquezas, conversa, consola, faz favores e muito mais. Afinal, nós mercadores convivemos com grande número de pessoas, que, além de fregueses, se tornam nossos amigos. Sinto-me muito honrado em fazer parte dessa laboriosa categoria, pois, apesar de não perdermos de vista o fato de sermos concorrentes, sempre fazemos isso dentro da ética, da amizade e da harmonia. São raríssimos, dentre nós, os casos em que isso não ocorre. Graças a essa união da classe – e também por necessidade –, foram criadas as seguintes entidades: Associação Empresarial de Criciúma, Sindicato do Comércio Varejista e Câmara de Dirigentes Lojistas. Nossa classe enfrentou muitas dificuldades ao longo desses mais de 50 anos, entre elas, a falta de crédito, a exagerada carga tributária incidente sobre nossos produtos e atividades, além da falta de comunicação, em tempos antigos, com as outras cidades. Os aparelhos de telefones acionados por manivela foram nossos instrumentos – era um martírio! Para falar com algum interlocutor de São Paulo, por 13 exemplo, podia-se esperar horas ou até dias. Nós também viajávamos muito a São Paulo nas décadas de 1950 a 1970 a fim de adquirirmos mais variedades de mercadorias por preços muito menores. Essas viagens eram uma verdadeira peripécia. Uma maneira era viajar de ônibus, saindo de Criciúma, indo a Florianópolis e lá, após uma espera de três a quatro horas, transladava-se para outro ônibus de uma outra empresa. Chegava-se assim a Curitiba (PR), onde novamente se trocava de veículo depois de uma espera de igual monta. A viagem a São Paulo levava mais de 24 horas. Outra forma era ir de carro próprio, o que geralmente se fazia em parceria com outros comerciantes. Não quer dizer, porém, que simplificava muito. Era uma viagem também muito difícil a de carro. Passávamos por Tubarão, Imbituba, Paulo Lopes, Enseada do Brito, Palhoça, São José, Estreito, Biguaçu, Tijucas, Porto Belo, Itapema, Itajaí e Joinville, em estradas cheias de curvas, buracos e com as famosas costeletas (saliências provocadas pela chuva), que mais pareciam estradas especiais para carroças e não para os carros. Tínhamos a sensação de que eles iriam se desmontar antes de chegarmos ao destino. Nos idos das décadas de 1950 a 1970, de Joinville a Curitiba, a estrada ainda era de barro, e na fronteira de Santa Catarina com o Paraná, tinha uma serra cheia de curvas, que tornava o percurso muito mais difícil. Finalmente, Curitiba. Chegando lá, íamos para o hotel, só seguindo viagem no dia seguinte pela Serra da Ribeira, cuja estrada também era péssima. Indo adiante, só íamos encontrar asfalto nas proximidades de Sorocaba (SP) e então até São Paulo (SP). Portanto, mesmo de carro, levávamos quase dois dias para chegar ao nosso destino. Havia uma terceira opção, que era ir por Lages, subindo a Serra do Rio do Rastro, sempre com estrada de barro e cheia de buracos. De Lages até Curitiba pela BR-116, já havia 300 quilômetros de asfalto, mas daí em diante, voltávamos a enfrentar o mesmo problema das sinuosas estradas de terra. Continuava o drama. Na década de 1970, com o início da construção da BR-101, que era mais ampla, apesar da lentidão dos trechos de terra batida, melhorou bastante a qualidade das nossas viagens. Ainda nas décadas de 1950 a 1970, o transporte de passageiros e cargas era, na maior parte, feito pela Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, que iniciava em Imbituba, passava por Laguna, Tubarão 14 e Criciúma e ia até Araranguá. Nesse tempo, o transporte por caminhões era muito precário, porém tudo foi melhorando aos poucos e à proporção do desenvolvimento da cidade. Após a inauguração em 1957, do Aeroporto Leoberto Leal, melhoraram muito as nossas viagens de longa distância. O avião mais usado na época era o Douglas DC-3, que tinha capacidade para 28 passageiros e mais quatro tripulantes. Contava com dois motores - Pratt & Whitney - de 1.200 HP cada. Nossas viagens eram um verdadeiro “pinga-pinga”. O avião - hoje isso seria inconcebível - pousava em Tubarão, Florianópolis, Itajaí, Joinville, Curitiba (PR), e, finalmente, São Paulo (SP). Era de médio porte e, para os padrões da época, até muito seguro. Em muitos anos em que funcionou nessa rota, só sofreu um acidente, em Itajaí. A desvantagem desse avião era que não tinha as cabines pressurizadas e voava em baixa altura, o que fazia comumente entrar em vácuo, dando uma nada prazerosa sensação de queda. Outro problema era o tempo em que se perdia nos aeroportos, mas, comparado às maratonas das viagens por terra, foi um grande avanço. Douglas DC-3, avião que os comerciantes utilizavam para viajar para São Paulo. Décadas de 1950/1960 (fonte: Internet) Mais adiante, surgiram outras companhias de aviação: Varig, Sadia e Companhia Real de Transportes. Em 1979, foi construído um novo aeroporto no distrito de Forquilhinha (Aeroporto Diomício Freitas). O local onde estava o Aeroporto Leoberto Leal foi ocupado com o prédio da nova Prefeitura, o teatro Elias Angeloni, o prédio 15 do Fórum e o Centro de Eventos José Ijair Conti. Sobre esse assunto de aviação e aeroportos, caberia escrever outro livro, mas como meu objetivo é destacar os comerciantes da nossa cidade, dou por encerrado esse assunto. Sigamos, então, com as outras dificuldades pelas quais os comerciantes passaram ao longo desta história, que ora tomo a iniciativa de contar. Quando aconteciam as greves dos mineiros, tudo paralisava. Nós ficávamos de cabelo em pé. No governo do presidente José Sarney, foi criado o Plano Cruzado em 28 de fevereiro de 1986, quando eram seus ministros Dílson Funaro e João Sayad, que foram os idealizadores da famosa “tablita”, tão prejudicial aos comerciantes da época. De tudo que se havia vendido a prazo, tínhamos que descontar 25%, mesmo que já tivéssemos pago todos os impostos e a comissão dos empregados. Era um verdadeiro assalto ao nosso cofre. É verdade que também tínhamos esse mesmo desconto de nossos fornecedores, porém quem tinha muito para receber e pouco a pagar, saía com um prejuízo inevitável. Essa atitude do Governo foi um verdadeiro horror econômico. Posteriormente, no Governo do presidente Collor, sofremos também com o sequestro do nosso dinheiro nos bancos. Além de todos esses problemas, a inflação nos corroía, vendíamos bem, mas, quando íamos repor a mercadoria, faltava dinheiro. Éramos verdadeiros escravos do sobe e desce dos preços e dos bancos, aos quais vez ou outra éramos obrigados a recorrer. Da centena de comerciantes da década de 1950 a 1960, no segmento de tecidos, confecções, calçados e veículos, só restam cinco em atividade: Osvaldo Patrício de Souza, Guerino De Boit, Júlio Wessler, Diniz Gaidzinski e eu. Podemos dizer que somos os remanescentes de nossa geração. Os comerciantes do meu tempo que contribuíram para o INSS com dez salários referência - este era o teto máximo de sua aposentadoria, congelado por muitos anos - hoje só recebem de três a quatro salários mínimos, não chegando a mais de 30% do que tinham direito. Aqueles que se aposentaram até 1992 nem tiveram direito a recorrer. Só os que receberam seus aposentos entre 1993 a 1997 tiveram direito a alguns reajustes, recorrendo por intermédio de advogados especializados nessa área jurídica. Os empresários que estão requerendo sua aposentadoria hoje 16 em dia recebem, no máximo, cinco salários mínimos, que é um pouco melhor que a remuneração de seus companheiros antigos. Ao contrário, os funcionários públicos ganham seus salários integrais sobre suas contribuições, chegando até a 40 salários mínimos. Não estou contra essa categoria, pois estão recebendo o justo, só não me conformo com essa desigualdade com os empresários, já que a Constituição Brasileira diz que todo brasileiro é igual perante à lei. Este trabalho de pesquisa foi realizado quase todo só pelo meu conhecimento, porque não possuía nenhum banco de dados oficial para as minhas consultas. Recorri à Associação Empresarial de Criciúma (Acic) para colher alguns dados sobre os comerciantes da cidade, porém não foi possível. O secretário da entidade me informou que o arquivo todo foi danificado por ocasião das enchentes de 1974, pois estava depositado no porão onde funcionava a antiga sede da Acic, situada na Rua Miguel Giacca. A partir da Junta Comercial, achei complicado, tornando-se inviável. Consegui cadastrar mais de 200 firmas das décadas de 1950 a 1980. Para isso, somente foi usada a minha memória e a ajuda de familiares e de alguns envolvidos. Portanto, gostaria de ressaltar que é possível haver alguns enganos de datas e nomes. Caso isso aconteça, peço mil desculpas, pois minha intenção foi fazer tudo da melhor maneira possível. Também é importante registrar a dificuldade de conseguir fotos dos comerciantes envolvidos nos relatos deste livro. Por isso, em muitos estabelecimentos, foi destacada apenas uma ou nenhuma foto. Nas próximas páginas, contarei, com destaque, sobre as atividades dos habilidosos comerciantes desde a década de 1950 até os meados dos anos 80 do século passado, os quais são dignos de aplauso entre nós criciumenses e merecem ter sua memória lembrada nesta compilação. 17 18 19 A Cinderela Os proprietários desta loja eram os irmãos Serafim: Vaudrílio Manoel, conhecido como Dilo, e Milton. O estabelecimento funcionou em dois endereços, ambos na Rua João Zanette; no início, em imóvel alugado e, depois, em imóvel próprio. Antes de iniciarem este comércio, os irmãos Serafim percorreram uma grande trajetória. Nasceram na localidade chamada Rua do Fogo, atualmente conhecida por Sangão, no município de Jaguaruna, entre 1928 e 1930. Em 1939, foram morar em Laguna, onde trabalharam desde a infância; Dilo, de balconista em um armazém, e Milton, de engraxate. Em 1944, vieram morar em Criciúma, onde Dilo passou a trabalhar como funcionário da loja Casa do Povo, e Milton, como auxiliar de açougueiro e envernizador de móveis. No ano de 1946, ambos passaram a trabalhar nas lojas de Max Finster: Casa do Povo e A Brasileira. Em setembro de 1959, Milton, já casado e sem nenhum sócio, fez a primeira viagem a São Paulo a fim de comprar mercadoria para o primeiro estabelecimento próprio, “A Barraquinha”, localizada na antiga estação de trem, que ficava perto do terminal central de hoje. Obteve grande sucesso vendendo confecção infantil e adulta. Dois anos depois, vendeu o empreendimento e, novamente com seu irmão Dilo, passou a tocar o Carlitos Bar. Milton conta que, nessa época, trabalhou arduamente, chegando a exercer uma jornada diária de 16 horas. No ano seguinte, os irmãos passaram a ser donos também do Café São Paulo. Valdrílio Manoel Serafim Milton Manoel Serafim 20 Em 1963, venderam os dois bares e investiram na fundação da loja A Cinderela, onde vendiam confecções e tecidos, além de roupas de cama, mesa e banho. Foi de grande prosperidade. A seguir, a loja passou para prédio próprio, construído pelos irmãos na mesma rua, ao lado do antigo prédio do União Turismo Hotel, ficando nesse local até o ano de 1978. Em 1980, Milton reiniciou sua vida de comerciante individual, abrindo a loja Mamãe Coruja, que funcionou até setembro de 1997. Dilo, com outros sócios, abriu uma indústria chamada Embasul. Depois, vendeu essa empresa e montou uma imobiliária para administrar seus imóveis. Vaudrílio (já falecido) era casado com Denir Constância Bortoluzzi, com quem teve os filhos: Gisele (professora) e Márcio Sílvio (economista, trabalha atualmente na Prefeitura de Criciúma). Atualmente, Milton apenas administra seu patrimônio. Era casado com Maria de Lourdes Búrigo (já falecida), com quem teve os filhos: Lízia (bioquímica), Miltinho (falecido), Lenize (professora) e Marcus (médico). 21 A Triunfante Neste estabelecimento pode-se encontrar desde os mais simples até os mais sofisticados tecidos, contando com um grupo de atendentes que primam pela boa maneira de receber e atender os clientes. Pertencia ao palestino Antônio Abdel Fattah Salim Omar, pessoa muito estimada entre os comerciantes de Criciúma, bom pagador de seus compromissos comerciais, de boa imagem entre seus fornecedores, competente na sua atividade de lojista. Graças a sua capacidade, conseguiu um bom patrimônio. A Triunfante já esteve localizada na Rua João Pessoa e atualmente atende na Rua Conselheiro João Zanette e também na Praça Nereu Ramos, ao lado da Casa Imperial. Dado o seu sucesso, adquiriu da família de Honório Búrigo, na Rua João Zanette, um prédio de quatro andares, onde agora funcionam as Lojas Koerich. Com o falecimento de Antônio, seu filho Riad está dando continuidade com muita competência aos negócios de seu pai, o que já vinha fazendo devido à sua enfermidade. Antônio era casado com Ilarisvalda Figueira, com a qual teve os filhos: Mariam, Sálua, Nádia e Riad (todos comerciantes) e Fauzi (que faleceu muito jovem). Abdel F. Salim Omar 22 Alfaiataria Campos A Alfaiataria Campos esteve instalada em três endereços: iniciou sua atividade na Rua Conselheiro João Zanette, mudando-se depois para a Seis de Janeiro e, finalmente, fixou-se na Rua João Pessoa. Era de propriedade de Demerval Campos, conhecido como Chichi, um grande profissional do ramo de alfaiataria. O apelido se deve a um barulho que Demerval sempre fazia ao lavar o rosto com água fria: “chiiiichiiiiii”. Como morava numa república, os amigos não perdoaram e o apelidaram dessa forma. Foi o meu primeiro alfaiate em Criciúma, além de meu grande amigo. Eu e Demerval tínhamos uma amizade quase fraterna. Também era meu companheiro, como hóspede do Hotel Palace, de propriedade da saudosa Dona Leopoldina, que nos tratou sempre como filhos. Como alfaiate, conseguiu uma grande clientela, e seu maior movimento era na época dos festejos religiosos, como Festa de Santa Bárbara, Festa de São José e Natal. Nessas épocas, com a grande demanda, eram necessários 60 dias para encomendar um terno. Era um homem honesto, trabalhador e ético, tanto com seus clientes, como com seus amigos, e um excelente chefe de família. Como vemos, um homem digno de ser imitado. Com a aposentadoria, encerrou essa atividade desgastante na alfaiataria, continuando a trabalhar por dez anos na loja Caça e Pesca, que pertencia a seu irmão, Bernardino Campos. Demerval faleceu muito cedo, mas deixou boas recordações a familiares e amigos. Era casado com Maria Ione Pizzetti, profissional competente, que teve um instituto de beleza por 46 anos. O casal teve os filhos: Humberto (funcionário público), Carlos Aquiles (comerciante), Elaine Terezinha (lojista) e Wilson (estudante de informática). Demerval Campos 23 Alfaiataria De Bem Conheci Otacílio João De Bem, proprietário da Alfaiataria De Bem, em 1950, quando sua oficina era a mais conceituada da cidade. Era ele que atendia a alta sociedade, e ser seu cliente era um privilégio. Tubaronense como eu, foi em São Paulo que aprendeu sua profissão, por isso era conhecido como profissional paulista. Otacílio teve grandes colaboradores, como Francisco Rufino, Rubens Medeiros e Pompílio Luiz Florentino. Possuía um grande estoque de tecidos de primeira qualidade. Cassimiras de marcas famosas, como Aurora, Santa Branca, Scurachi, Tropical Inglês e Linho Irlandês S. 120, eram muito usadas naquele período de 1950 a 1970, e não as deixava faltar em seu estoque. Só os citadinos, chamados de “caixa-alta”, podiam ter seus ternos feitos com esses panos. Em 1970, Otacílio resolveu mudar de ramo, passando a trabalhar com confecções, principalmente malhas. Foi então que se mudou para um novo endereço, na Rua Seis de Janeiro, no Edifício Mampituba. Ficou nessa atividade por muitos anos, quando novamente resolveu trocar de comércio. Comprou então uma casa de tintas de Félix Michels, formando uma grande freguesia no endereço da Travessa Padre Pedro Baldoncini. De Bem adaptou-se com facilidade a essa atividade e só parou por ocasião de sua aposentadoria em 1976, quando passou a administrar seu patrimônio. Otacílio João De Bem 24 Otacílio foi um dos primeiros maçons de Criciúma, tendo ocupado vários cargos na Loja Presidente Roosevelt. Foi sócio-fundador da Acic (Associação Comercial e Industrial de Criciúma, que mais tarde passou a ser chamada de Associação Empresarial de Criciúma), pertenceu ao CDL (Clube de Diretores Lojistas, hoje denominado de Câmara de Dirigentes Lojistas) e ao Sindicato do Comércio Varejista, sempre ocupando cargos importantes, tendo sido presidente em vários mandatos. Portanto, contribuiu muito com a vida social de nossa cidade. Otacílio João De Bem era casado com Zulmira Arantes, professora muito considerada, pois foi uma dedicada educadora. O casal (já falecido) teve os filhos: Joaquim (advogado e biólogo), Janice (pedagoga), Joel (engenheiro agrimensor), Jane (economista) e Otacílio (empresário). 25 Alfaiataria De Lucca Esta alfaiataria pertenceu a Jorge De Lucca, que a iniciou em 1951, na Praça Nereu Ramos, onde hoje se situa a Galeria Benjamin Bristot. Trabalhando com afinco, formou uma fiel e grande clientela devido a sua determinação e ao seu bom atendimento. Jorge passou a ser industrial do ramo da confecção em 1970, quando começou a fabricar calça social, trajes e blazers, fixando instalação próximo à estação rodoviária. Hoje essa indústria está localizada na Rodovia Jorge Lacerda, com modernas instalações, produzindo roupas para todo o mercado nacional. Foi administrada, no início, pelo próprio Jorge. Hoje, porém, a família toda está dando continuidade ao negócio do pai, com grande sucesso. Jorge, além de fabricante, também tem uma loja de varejo, que se situava na Rua Henrique Lage e hoje está localizada nas proximidades da estação rodoviária, onde consegue um bom movimento. É casado com Esmeralda Ghellere e tem os filhos: Osmar (bioquímico), Jorge Luiz (formado em Ciências Contábeis), Maria Terezinha (artista plástica), Maria de Fátima (bióloga), Maria de Lourdes (artista plástica) e Maria Regina (biblioteconomista). Jorge De Lucca 26 Armarinho Irmãos Góes Ernesto e Décio Bianchini Góes, depois de deixarem a sociedade com o irmão mais velho, Antônio Caldeira Góes, estabeleceram-se na Rua João Zanette, com um atacado de armarinhos e derivados (Góes e Cia.). Na época, as mercadorias vinham de navio ao Porto de Laguna e pela Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina até Criciúma, de onde as distribuíam de caminhonete para a região. Décio e os outros viajantes da empresa faziam as vendas e entregavam-nas na viagem posterior. No início da década de 1950, também possuíam uma linha de ônibus (Rápido Sul Catarinense), que fazia o percurso entre Criciúma e Laguna. Esses ônibus iam para Laguna pela estrada do Camacho e Farol Santa Marta, passando pela balsa; era um verdadeiro desafio enfrentar aquelas estradas quase intransponíveis. Enquanto durou essa sociedade dos dois irmãos, Ernesto estudou Direito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) junto com Hélcio, o irmão mais novo, que residia na Capital. Depois de formados, no ano de 1957, instalaram-se com uma banca advocatícia, que foi muito bem sucedida. No final dos anos 50, construíram a sede própria na Rua Seis de Janeiro e ampliaram os negócios, tornando-se um dos maiores atacadistas da cidade, que abastecia os armazéns e vendas do interior de todo o sul catarinense. Na loja ao lado, representavam a TACTransportes Aéreos Catarinenses/Cruzeiro do Sul e vendiam passagens aéreas. Ernesto Biachini Góes Décio Biachini Góes 27 Posteriormente, passaram a desenvolver a representação das máquinas de costura Singer, oferecendo cursos de Corte e Costura para mulheres que adquiriam o produto. Produziram artesanalmente os primeiros jogos de lençol que surgiram no comércio local. Paralelamente, atuavam com comércio de papel e papelão Pedras Brancas, tintas Louçalin, farinha de trigo do Moinhos Germani, entre outras. No início dos anos 70, com o encerramento das atividades da firma, transferiram suas atenções para a Góes Cobradora de Títulos, Administração de Bens e Imóveis Ltda. Na década de 1980, desmembraram, sendo que as atividades de cobrança de títulos e valores foram incorporadas ao escritório de advocacia de Ernesto e Hélcio e à administradora e corretora de imóveis (Góes Imóveis) pelo irmão Décio, que levou seus filhos a contribuirem nessa nova etapa do empreendimento. Apesar do falecimento prematuro de Décio, alguns de seus filhos continuaram o trabalho. Décio era casado com Antônia Gomes, mulher que se destacou por seu modo especial de tratar os menos favorecidos pela sorte. Ele também era torcedor, um dos grandes colaboradores e diretor do Comerciário, depois Criciúma Esporte Clube. Foi um dos fundadores do Lions Clube Criciúma Sul e do Clube de Diretores Lojistas (hoje Câmara de Dirigentes Lojistas), tendo sido, neste último, tesoureiro por muitos anos. Ele e Toninha, como carinhosamente Antônia era chamada, tiveram os filhos: Vicente e José Paulo (formados em Administração de Empresas), Geraldo (formado em Administração de Empresas e Educação Física), Aída (assistente social) - estes quatro administram a Góes Imóveis - Silvana (comerciária), Ricardo (músico) e Maria Alvina (advogada e também presta serviço à Góes Imóveis). O filho mais velho, Décio Góes Filho, é um arquiteto de muita competência, moderno e habilidoso. Foi prefeito de Criciúma (2001-2004) e deputado estadual (2007-2011). É muito respeitado, tanto na vida política, como na vida profissional. Ernesto, além de um grande advogado, foi um sócio muito ativo do Rotary Club, colaborando bastante com entidades sociais. Inclusive, participou da criação do Bairro da Juventude, que hoje tem como 28 presidente do Conselho seu filho, Tito Lívio. Além de participar do Rotary, teve participação na Associação Empresarial de Criciúma, na Câmara de Dirigentes Lojistas, na Fucri (Fundação Universitária de Criciúma), na Subseção da OAB de Criciúma e em inúmeras entidades sindicais patronais. Participou ativamente como presidente do Conselho Deliberativo do Comerciário Esporte Clube e do Serra Clube. Foi vereador (19511962) e também um dos defensores da instalação do curso de Direito na Fucri. Todos os filhos continuam o desenvolvimento do escritório Góes e Advogados, fundado pelo pai. Ernesto, que não está mais entre nós, era casado com Maria de Assis, também já falecida, e com ela teve os filhos: Tito Lívio, Luiz Carlos, Carlos Alberto e Paulo Henrique todos advogados. Hélcio, quando jovem, morando em Florianópolis, cursou Direito, além de ter sido jogador do Figueirense. Dedicado ao seu trabalho de advogado, é um homem de destaque na sociedade. Foi presidente do Criciúma Clube e do Comerciário E.C., membro do Conselho da Sociedade Recreativa Mampituba, além de atuante nos movimentos da Igreja Católica e do Lions Clube Criciúma Centro, do qual foi um dos fundadores. Por 27 anos, deu assistência judicial ao Albergue São José. Hélcio recebeu a medalha de Honra ao Mérito João Batista Bonnassis, que é a maior homenagem que a OAB Subseção de Santa Catarina concede a um advogado. Casado com Cylézia Correa, tem três filhos: Tatiana (analista de sistemas, presta serviço no setor), André e Cláudia (advogados trabalham com o pai no escritório de advocacia e consultoria). Os irmãos Góes tinham uma irmã mais nova, Irene, já falecida, que era casada com Danyr Ulysséa, com quem teve quatro filhos: João Batista (desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina), Adriana (enfermeira), Janine (dona de casa) e Luiz Fernando (promotor). 29 Armarinho Sul Pérolas Proprietário deste estabelecimento, Tobias Pereira teve seus dois empreendimentos em dois logradouros de nossa cidade. O primeiro endereço foi na Rua Conselheiro João Zanette e o segundo, na Travessa Padre Pedro Baldoncini. Iniciou no comércio criciumense com uma casa de frutas, uma novidade na época, onde fazia uma deliciosa batida – assim se chamava – de frutas, que era feita no liquidificador. O nome do estabelecimento era Gruta Azul, que Tobias comprou de seu cunhado, Hélio Gazola. Depois, Tobias inaugurou uma loja de miudezas – vendia botões, rendas, lantejoulas, bordados, linhas e outros – na mesma rua, na Conselheiro João Zanette. Com toda sua dedicação e bom atendimento, conseguiu grande sucesso. Mais adiante, comprou uma sala bem mais ampla, agora na Travessa Padre Pedro Baldoncini, dispondo nesse espaço todo o seu estoque. A loja foi denominada de Sul Pérolas. Tobias continuou seu trabalho sempre acompanhado de sua dedicada esposa, Júlia Buratto Pereira. São filhos do casal: Marcelo (administrador de empresas), Daniela (psicóloga) e Samuel (estudante). Infelizmente, Tobias não faz mais parte do nosso convívio. Tobias Pereira 30 Atacado de Armarinho Cavaler Pertencia a dois irmãos muito esforçados e competentes: Hercílio e Glaudino Cavaler, que começaram a atividade em 1953 com uma loja de atacado de armarinhos e muitos outros produtos. Desenvolveram seu comércio em virtude da competência e do trabalho árduo que praticavam. Além disso, eram muito econômicos e habilidosos. Vieram do interior e eram filhos de agricultores, que, com muita garra e vontade de vencer, construíram um belo patrimônio. Depois que desfizeram a sociedade, Hercílio construiu um prédio de dez andares e lá instalou o Hotel Cavaler Palace, tornando-se um notável empresário no segmento hoteleiro. Há poucos anos, Hercílio aposentou-se e vendeu o hotel para um grupo empresarial da cidade de Turvo, passando, então, o estabelecimento a ser denominado de Royal Criciúma Hotel. Já Glaudino, após desfeita a sociedade, mudou sua atividade para uma indústria de confecções, cujo nome era Cedro Rio, na qual trabalhou por muitos anos, só vindo a mudar novamente de ramo quando seus filhos ingressaram no mercado financeiro. Hercílio era casado com Driz Amboni, com a qual teve os filhos: Cíntia (advogada), Denise (arquiteta) e Oylense (contabilista e empresário). Glaudino, por sua vez, era casado com Maria de Lourdes Zanette. O casal (ambos falecidos, ela muito jovem) teve os filhos: Eliane (formada em Administração), Celso (engenheiro eletricista), Silvano (engenheiro civil), Adriana (formada em Ciência da Computação) e Luiz Carlos (engenheiro mecânico). Hercílio Cavaler Glaudino Cavaler 31 Atacado de Tecidos Algemiro Manique Barreto Iniciou sua atividade comercial como alfaiate em 1948 em sociedade com Osni Gomes, que exercia o mesmo ofício e possuía grande conhecimento trazido da Capital do Estado. Formaram uma boa parceria, passando a atender ampla clientela. Na época, as pessoas não possuíam o costume de comprar roupa pronta, recorrendo ao trabalho dos alfaiates. Manique, homem de visão, resolveu ampliar seus negócios e montou outra firma de tecidos por atacado - vendendo cassimira, linho e aviamentos - para atender todas as alfaiatarias da região sul catarinense. Para suprir a demanda, convidou para ser seu sócio o irmão Arcângelo e, posteriormente, seu irmão mais moço, Roque. Trabalharam juntos durante muito tempo, atendendo numerosos clientes que vinham de todo o sul do Estado. Em 1957, formou outra sociedade, comigo e com Itamar Campos, inaugurando a Casa Imperial, cuja razão social foi denominada Benedet, Manique e Cia. A loja foi instalada na Praça Nereu Ramos, na esquina com a Travessa Padre Pedro Baldoncini. Representava, à época, um ramo comercial relativamente inovador, porque trabalhava com o varejo de tecidos, confecções e roupas de cama e banho. Algemiro Manique Barreto 32 A Casa Imperial criou ainda a indústria de confecção Ômega, especializada em calças sociais para atender a clientela de todo o Estado catarinense. Mais tarde, a empresa passou a se chamar Indústria de Confecção Calcutá, da qual Santos Longaretti se tornou sócio posteriormente, sendo, atualmente, seu único proprietário. Manique foi ainda cerealista do ramo de engenho de arroz, adquirindo com isso muitos caminhões e carretas. Em razão disso, em 1972, criou a Transportadora Manique e Cia. Ltda. Algemiro também fez muito pela comunidade: sócio-fundador do Lions Clube Criciúma Centro em 1959, galgou todos os cargos de diretoria, chegando a governador do Distrito em 1965-1966 e em 19841985, sempre acompanhado de sua esposa, Zulma Naspolini Manique Barreto, que muito se dedicou a esse clube de serviço. De 1963 a 1965, foi presidente do Comerciário Esporte Clube, quando foram lançados os títulos patrimoniais, bem como foi construída a primeira cobertura da arquibancada do estádio. Manique ainda se tornou político. Foi vereador de 1966 a 1969. Neste último ano, também atuou como presidente da Câmara de Vereadores de Criciúma. Em 1972, foi eleito prefeito municipal, exercendo o cargo de 1973 a 1977. Durante seu mandato, foi feita a retirada dos trilhos da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, que vinham sufocando a cidade em crescimento. Naquele espaço, foi construída a Avenida Centenário, que viabilizou o futuro e o desenvolvimento viário da cidade. Além disso, foram implantados 380 quilômetros de rede de abastecimento de água, beneficiando bairros e localidades vizinhas. Outra importante ação de sua administração foi em 1973: a criação da AFASC (Associação Feminina de Assistência Social), presidida por sua esposa, Zulma, que muito fez para elevar o nome da associação. Inclusive, minha sogra, Elza Conti, participou dos trabalhos e colaborou muito com seu crescimento. Realmente podemos dizer que Algemiro foi um grande prefeito, e Zulma, uma primeira-dama que cumpriu seu papel com louvor. Eleito deputado estadual para o mandato de 1977 a 1983, deu continuidade a seu espírito combatente em defesa dos interesses de Criciúma e de toda a região sul. De 1983 a 2004, quase sempre como presidente, fez parte do Conselho Deliberativo do Bairro da Juventude, onde prestou um admirável trabalho pela mocidade desfavorecida de nossa cidade. 33 Portanto, Algemiro Manique Barreto escreve com a sua vida uma bela história no cenário social, comercial, industrial e político de Criciúma. Ele e Zulma casaram-se em 1951 e têm cinco filhos: Zulmar (formado em Administração, aposentado), Zulnei (jornalista), Zurene (professora universitária), Algemiro Filho (formado em Administração e empresário) e Emanuel (empresário). O casal possui sete netos e uma bisneta. 34 Boutique Irazê Era uma loja de primeira linha pertencente às irmãs Irani e Zeni Búrigo Campos. A partir das sílabas iniciais dos nomes de cada sócia, foi criado o nome da boutique, a qual se especializou em confecções de grandes marcas e acessórios lindíssimos que Zeni trazia de São Paulo e deixava as criciumenses encantadas. Muitos itens que as freguesas precisavam e não havia prontaentrega, Zeni logo pedia que viessem de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e mesmo do Rio de Janeiro (RJ), e assim o pedido da freguesia era muito rapidamente satisfeito. Por tudo isso, esta boutique angariou uma excelente e fiel clientela feminina. Igualmente, muitos maridos por ocasião do aniversário de suas esposas e nas festas de Natal, procuravam a Boutique Irazê para comprarem os presentes. Irani não se casou e Zeni foi casada com Hervalino Campos, também comerciante, sócio da firma Campos e Búrigo Material de Construção. Depois de ficar viúva, Zeni resolveu não mais trabalhar. O casal teve dois filhos, Carlos e Cláudio, ambos bioquímicos, que moram, há muito tempo, na cidade de Pinhalzinho, no oeste de Santa Catarina. Zeni e Irani Búrigo 35 Boutique Jane Esta loja representou papel muito especial no comércio de Criciúma. Situava-se na Rua João Pessoa, onde hoje está a Livraria Fátima. Apesar de o nome ser boutique, o principal artigo de venda eram flores e arranjos ornamentais. Suas colaboradoras e mesmo sua proprietária, Janice, trabalhavam desde a madrugada para poder satisfazer sua clientela. Ofereciam flores naturais e artificiais de todo o gabarito. Quando chegavam os dias especiais de maior venda, a loja virava um aglomerado de clientes, querendo todos as mais belas flores, as mais frescas e as mais bonitas, fossem com o cabo curto ou longo, conforme o gosto do cliente e o seu vaso. Outros vinham buscar aquelas flores que já estavam encomendadas; as atendentes corriam de um lado para outro fazendo ramalhetes, embrulhando, cobrando, mas no fim tudo dava certo. Seus proprietários eram Leoni Lemos, conhecido por todos como o Gelson da Caixa Econômica, pois trabalhou lá por muito tempo, e sua esposa, Janice. A Boutique Jane não vendia só flores; também comercializava roupas íntimas, bijuterias, acessórios e muitas outras mercadorias. O estabelecimento terminou com o falecimento dos dois proprietários. O casal teve três filhos: Jane (professora de Matemática em curso superior), Janete (empresária aposentada) e Sérgio Leoni (era um moço especial, já falecido). Casal Janice e Gelson Lemos 36 Calças Calcutá Indústria e Comércio Ltda. Para falar da Calcutá, não se pode deixar de conhecer um pouco da vida de seu proprietário, Santos Longaretti, empresário atuante na cidade de Criciúma. Filho de agricultor, Longaretti nasceu na localidade Nova Roma, município de Morro Grande, cidade vizinha de Turvo e Meleiro. Ainda muito jovem, resolveu mudar-se para Criciúma, cidade que despontava com grande crescimento, alavancada pela mineração do carvão, ao mesmo tempo que surgiam outras indústrias nos setores cerâmico, metalmecânico e de confecção. Ao chegar a Criciúma, iniciou trabalhando na firma de tecidos Manique e Cia. Ltda. A fábrica de confecções Calcutá já existia, como consta neste livro. Portanto, o foco principal é o industrial e comerciante Santos Longaretti, que adquiriu experiência e se especializou no ramo da produção de confecções com a firma acima citada. Em 1979, acompanhado pela sua família, Santos adquiriu todo o complexo da fábrica de confecções Calcutá, levando adiante o empreendimento com muita vontade e dedicação. O resultado foi o crescimento da empresa em ritmo acelerado. Hoje a Calcutá completa 50 anos, com uma participação importante no mercado desse setor em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, oferecendo excelente atendimento por intermédio de seus representantes. Santos Longaretti 37 Até 1975, a empresa dedicou-se somente à industrialização de confecções de calças sociais. A partir daí, resolveu também comercializar tecidos (Calcutá Tecidos). Está localizada ao lado da fábrica onde passaria a vender tecidos no varejo e atacado. Foi uma tarefa fácil, devido ao grande estoque já existente na fábrica, oferecendo uma grande variedade de produtos nacionais e importados, principalmente tecidos para atender o público feminino. Em 1990, além da produção de calça social, etiqueta já consagrada pelos seus clientes, passou a confeccionar trajes, blazers e casacos masculinos, o que incrementou ainda mais esse segmento no mercado sul brasileiro. Em 2000, mais um empreendimento foi inaugurado, a loja Di Santi, localizada na Rua Henrique Lage, número 45, em prédio próprio, num dos pontos mais privilegiados de Criciúma. Além dos produtos de sua fabricação, oferece artigos de outras procedências, camisas, gravatas, camisetas, meias e cintos, enfim, tudo para o homem de bom gosto. A iniciativa desta empresa não parou por aí. Em 2005, na feira de Gramado (Fenin), foi lançada a coleção feminina com acabamento de alfaiataria, acompanhando a tendência da moda atual desse setor. Colaboraram nesta empresa, além do proprietário e seus familiares, três pessoas que merecem destaque: João Pescador (já falecido), que foi trazido de Caxias do Sul (RS), com grande experiência adquirida nas fabricas caxienses. Implantou seu conhecimento como modelista, cortador e encarregado de produção, com um resultado extraordinário. Zélio Spilere trabalha há dezenas de anos como representante comercial. Já Sálvio José De Lucca, que foi encarregado por muitos anos da parte contábil da empresa, hoje está aposentado. Até aqui, citamos o empreendedor, nosso personagem, Santos Longaretti, porém não podemos deixar de comentar sua participação na sociedade criciumense. Desde 1964, participa da Associação Empresarial de Criciúma (Acic) como membro efetivo do Conselho Deliberativo; de 1985 a 1987, participou como vice-presidente da Diretoria Executiva; de 1987 até 2007, exerceu o cargo do vicepresidente tesoureiro; de dezembro de 2007 a dezembro de 2009, foi presidente da Diretoria Executiva; a partir de março de 2010, assumiu a presidência do conselho da entidade. 38 Em 1977, em parceria com alguns empresários na área de confecção, fundou o Sindicato da Indústria do Vestuário de Criciúma, buscando os sócios de empresa em empresa. Participou como tesoureiro de 1977 a 1991, cargo que ocupou novamente de 1994 a 2000. De março de 2000 a 2007, exerceu a presidência do sindicato. Foi também presidente da Cooperativa de Crédito Mútuo dos Confeccionistas do Vestuário da Região Sul Catarinense (Sicredi). De 2005 até a presente data, vem participando como membro do Conselho de Administração dessa cooperativa. Entre 1982 e 1983, participou efetivamente do processo de implantação do Senai na cidade de Criciúma. Sua atuação junto ao Senai e Sesi é bastante importante, pois, com isso, foram conseguidos vários cursos para a formação de mão-de-obra na área da confecção. É representante do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Criciúma como delegado na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). Desde 1996, é membro do Conselho Municipal de Trabalho e Emprego, ocupando a presidência no período de agosto de 2001 a setembro de 2002. Faz parte do Sindicato do Comércio Varejista e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), sendo sempre um grande colaborador dessas duas entidades, muito estimado e respeitado pelos seus companheiros. Na vida comunitária, é membro atuante do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, conselheiro suplente pela Acic no Conselho Curador da Unesc, membro do Conselho Deliberativo do Criciúma Esporte Clube e colaborador atuante do Bairro da Juventude, uma instituição que dá atendimento a 1.500 crianças em situação de risco social. É também católico praticante e sempre esteve à disposição da Matriz São José, hoje catedral. Além de tudo isso, juntamente com outros empresários, vem contribuindo com o grande desenvolvimento da Região Carbonífera, o que merece o aplauso de todos nós. Santos Longaretti é casado com Maria Aparecida Manique Barreto, tendo com ela quatro filhos: Maria Edi, Eli Teresinha, Edgar José e Edson Santos. Todos fazem parte da empresa. 39 Casa Alba Era uma loja situada na Rua Conselheiro João Zanette, onde se encontravam tecidos e armarinhos da mais alta qualidade, e estava sempre muito bem arrumada. A clientela era atendida com tratamento especial, principalmente porque as filhas do proprietário dedicavam-se a suprir as necessidades dos compradores. O proprietário era Abdon Alexandrino, que trabalhava só com suas três filhas. Saindo pelos fundos da loja, chegava-se à residência da família, o que tornava muito cômodo o ir e vir do trabalho. Abdon também teve um filho, Nelson, que não trabalhou na loja por ter saído de Criciúma para estudar fora e, ao voltar, foi administrador de empresas atuante em diversos segmentos, entre eles: Jugasa (Comércio de Véiculos S.A.) e Crivel (Comércio Criciumense de Veículos). Depois, entrou para a política, tendo ocupado uma cadeira na Câmara de Vereadores, e, logo após, galgou o cargo de prefeito municipal. Abdon, além de comerciante, também exerceu a função de Juiz de Paz do ano de 1951 até 1967. Foi ainda presidente da banda Cruzeiro do Sul e membro do Conselho da Sociedade Recreativa Mampituba. Era casado com Corina da Silva, com quem teve, além de Nelson, as filhas: Maria Conceição, Nilse (já falecidas) e Alba, todas empresárias. Após a morte dos pais e porque Nelson fora morar em Florianópolis, as irmãs, sentindo-se um tanto sós, encerraram suas atividades em Criciúma e foram residir também na Capital. Abdon Alexandrino 40 Casa América Esta loja, localizada da Rua Conselheiro João Zanette, iniciou suas atividades no ano de 1950. Pertencia a Francisco Dornier de Oliveira, que trabalhava junto com seu filho, Ademar, no ramo de tecidos, confecções e dos famosos chapéus da marca Cury. Tinham boa freguesia. Mais tarde, trocou seu endereço e foi se instalar na Rua João Pessoa, onde deu continuidade no mesmo ritmo e dedicação. A sua antiga clientela o acompanhou no novo local. Em 1967, Francisco se aposentou, mas como naquela época, quem se aposentava não podia continuar seu negócio, vendeu sua loja a seu genro, Maurino Ortêncio da Silva, e a sua filha, Ludi, que deram continuidade à firma. Com a transferência da loja para Maurino, Ademar, seu filho, aproveitou o espaço deixado com o encerramento da Casa Leão (no Edifício Mampituba) e começou uma outra loja, agora com o nome de São Francisco, também com tecidos e confecções. Com a experiência adquirida com seu pai, Ademar trabalhou por alguns anos com muita dedicação e bom atendimento. Porém, anos mais tarde, resolveu se transferir para a cidade de Americana, em São Paulo, e vendeu sua loja para Sílvio Búrigo. Francisco Dornier de Oliveira era casado com Olinda Cabral, com a qual teve dez filhos: Dornier (empresário aposentado), Etelvina (empresária, falecida), Raul (empresário aposentado), Manoel (mais conhecido por Manequinha da Laguna, industrial), Valdemar (empresário, já falecido), Ademar (empresário aposentado, já falecido), Antônia, Alda, Nilda e Maria Olinda (todas empresárias aposentadas). Francisco D. de Oliveira 41 Casa Arco-Íris De propriedade de Delmiro Zanette, a Casa Arco-Íris teve seu primeiro endereço na Galeria Lúcio Cavaler, seguido da Rua Marechal Floriano Peixoto. Conheci Delmiro na década de 1950, quando me foi apresentado por um velho amigo, Nereu Ribeiro, que era gerente da autopeças, filial da revenda Ford de Tubarão. Daí em diante, tornamo-nos muito amigos. Delmiro, antes de ser comerciante, foi motorista do caminhão de propriedade de seu pai. Mais adiante, trabalhou como representante comercial e foi sócio da indústria de papel e embalagens Zapel. Anos mais tarde, resolveu dedicar-se ao comércio de tecidos, atividade com a qual se deu muito bem. Inicialmente montou uma pequena loja de retalhos na Galeria Lúcio Cavaler, contando com a colaboração de sua esposa. Resolveu mudar de endereço para a Rua Marechal Floriano Peixoto, com uma loja bem mais ampla, a Casa Arco-Íris, passando a vender tecidos no varejo e fornecendo também a pequenas confecções. Como possuía um grande estoque de tecidos e oferecia bom atendimento, revolucionou esse ramo de atividade. Delmiro, com sua força de vontade, dedicação, competência e muito trabalho, conseguiu um bom patrimônio, acompanhado por sua família. Delmiro Zanette 42 Os filhos, Ricardo e Eduardo, formaram outra empresa na Rua Henrique Lage, em sede própria, denominada de Teciza, tornandose fornecedores de tecido por atacado para a maioria das fábricas de confecções em toda a região do sul catarinense. Em 1996, Delmiro decidiu se aposentar e transferiu sua loja Arco-Iris (Comércio Varejista de Tecido Ltda.) para sua filha Leila, que deu continuidade ao empreendimento até a data de hoje. Delmiro era casado com Sirley, com a qual teve os filhos: Leila (contabilista e comerciante), Jane (formada em Letras e empresária de hotelaria), Ricardo (engenheiro agrônomo e comerciante), Eduardo (formado em Administração e comerciante) e Lislane (odontóloga). Delmiro, infelizmente, faleceu em março de 2011, deixando um grande vazio em sua família e em seus inúmeros amigos, entre os quais eu me incluo. 43 Casa Barreto Era uma sociedade comercial, situada na Rua João Pessoa, pertencente a Arcângelo Manique Barreto e a seu cunhado, Wenceslau Gregório Burg, que foi sempre um grande colaborador. Antes dessa loja, Arcângelo era dono de uma sapataria na Rua Henrique Lage e na Praça Nereu Ramos. Nesses dois endereços, Arcângelo angariou uma ótima freguesia, obtendo bastante sucesso, pois conhecia a fundo o ramo de calçados. Mais adiante, Arcângelo resolveu trocar de atividade e associouse a seu irmão, Algemiro, passando a trabalhar no atacado de tecidos e aviamentos. Nessa época, o comércio dos irmãos atendia as alfaiatarias de toda a região sul do Estado de Santa Catarina e do norte do Rio Grande do Sul. Formaram uma grande clientela devido ao ótimo atendimento que dispendiam a seus fregueses. Essa loja esteve sediada na Travessa Padre Pedro Baldoncini em prédio próprio por muitos anos. Foi então que Arcângelo se retirou da sociedade com Algemiro e formou um novo empreendimento com seu filho, Álvaro Augusto, e com seu cunhado, Wenceslau Burg. Consistia em uma atuante loja de tecidos e confecções, tanto no atacado, como no varejo. Paralelamente, iniciaram uma fábrica de calças jeans, no bairro Vinte, também na Rua João Pessoa, tal como a loja anterior de tecidos e confecções. Arcângelo Manique Barreto Wenceslau Gregório Burg 44 Ambas, tanto a loja, como a fábrica, obtiveram frutífera clientela, tendo Burg se dedicado como viajante do atacado e ao atendimento aos alfaiates, enquanto Arcângelo e Álvaro se dedicavam com mais afeição à administração da empresa. Com essa combinação de sucesso, tudo foi dando muito certo. Esse foi o último empreendimento do meu amigo Arcângelo, porque, falecendo sua esposa, começou a ter problemas de saúde, acabando por também falecer. Sua firma, então, encerrou as atividades. Arcângelo foi casado com Ângela Gomes, mulher de fino trato. Formavam um casal muito simpático e estimado por todos que os conheciam. Tiveram os filhos Álvaro Augusto (formado em Economia) e Pedro Luiz (formado em Bioquímica). Wenceslau Burg foi casado com Geni Gomes, irmã de Ângela, esposa de Arcângelo. O casal teve duas filhas: Jane (professora, formada em Ciências Biológicas) e Josane (professora, formada em Letras). Wenceslau faleceu em 31 de março de 2012. Os filhos de Arcângelo e as filhas de Burg, como visto, não se dedicaram à profissão de seus pais. 45 Casa Berenice De propriedade de Nereu e Antônia Batista, a loja funcionou primeiramente na Rua Seis de Janeiro. Depois, como Bazar dos Plásticos, na Galeria Benjamin Bristot. Nereu Batista iniciou suas atividades com uma loja de tecidos e confecções por volta de 1960, acredito que em 1962, na Rua Seis de Janeiro. Nereu era um homem austero, honesto e muito trabalhador, sempre acompanhado de sua esposa, Antônia. Juntos desenvolveram seus negócios com muita dedicação e vontade de vencer. Porém, nesse ramo, havia muita concorrência, somando-se ainda o fato de ter que entregar o ponto comercial para o proprietário do imóvel. Dessa forma, foi obrigado a mudar de endereço, indo para a Galeria Benjamin Bristot num espaço bem menor. Diante disso, houve a necessidade de mudar de estratégia. Foi quando surgiu a ideia de sua esposa de trocar de atividade, já que ela havia herdado de seu pai e de seu irmão, Manoel (mais conhecido por Manequinha da Laguna, que foi um excelente comerciante) essa habilidade comercial. Dona Antônia teve uma ideia iluminada e vislumbrou um novo filão de negócios. Foi quando surgiu o Bazar dos Plásticos, que era a grande novidade daquele momento. O plástico veio substituir outros produtos com muitas vantagens, principalmente o preço. As variedades eram muitas, de utensílios domésticos a brinquedos, ou seja, carrinhos e bonecas, além de flores, bijuterias, embalagens e outros artigos desse segmento. Nereu Batista 46 Dona Antônia se deu muito bem nessa nova atividade e viu que estava no caminho certo. Ela conta que era necessário viajar para São Paulo quase permanentemente, trazendo sempre de lá muitas novidades e grande estoque, que eram vendidos com muita facilidade. Nereu, seu marido, passou a dar total apoio a sua iniciativa, e por muito tempo, os negócios foram ótimos. Com o falecimento de Nereu, porém, Antônia sentiu-se só e em pouco tempo resolveu encerrar as atividades e gozar dos benefícios de sua aposentadoria. Antônia não se arrepende de ter fechado a loja, pois está fazendo o que gosta. Tem viajado bastante e está muito feliz. O casal teve os filhos: Cláudio (empresário do setor de transporte), Érico, Edson, Berenice e Eliane (todos comerciantes, mas não continuaram o negócio dos pais). 47 Casa Brasília Este estabelecimento pertencia ao comerciante Musa Ahamad Abder Rahman, palestino que veio de uma pequena cidade próxima a Jerusalém, chegando ao Brasil em 1954. Sua decisão foi motivada por questões políticas e sociais, além da influência de seu irmão, que morava na cidade gaúcha de Arroio Grande. Iniciou como mascate, vendendo de porta em porta. Percorria muitos quilômetros diariamente, enfrentando ainda a dificuldade da Língua Portuguesa, porém, com sua força de vontade e juventude, conseguiu realizar bons negócios. Permaneceu no Rio Grande do Sul por cinco anos, e lá encontrou uma jovem gaúcha, Sílvia Andrade, com quem se casou. Mudou-se então para Curitibanos, onde iniciou uma loja que teve bom desenvolvimento. Acompanhado de sua esposa, tudo foi dando certo. A essa altura, já falava um razoável Português. Permaneceu somente seis meses em Curitibanos. Em 1959, transferiu sua loja para Araranguá e finalmente em 1967 veio morar em Criciúma, instalando-se na Rua Conselheiro João Zanette, número 103, com comércio de confecções, tecidos, cama, mesa e banho. Paralelamente, possuía uma fábrica de camisas da marca Brasília, a qual dava suporte ao seu varejo. Era muito simpático e adquiriu uma grande freguesia. Seus clientes o chamavam de “compadre”. Na verdade, foi padrinho de casamento de muitos. Os negócios ficaram cada vez melhores, e seu círculo de amizades, cada vez maior. À medida que seus filhos foram crescendo, passaram a ajudar no trabalho e na continuidade da empresa. Musa Ahamad Abder Rahman 48 Musa era uma pessoa muito religiosa. Foi um dos idealizadores da construção da Mesquita Palestina em Criciúma no ano de 1997. A obra foi finalizada em 1999, contribuindo para a prática de adoração a Allah e para o embelezamento da cidade. Infelizmente, em 2009, Musa faleceu, e seus quatro filhos trocaram a razão social para J. J. R. Comércio e Confecções Cia. Ltda., porém o nome fantasia continuou o mesmo. Musa era casado com Sílvia Andrade, e eles tiveram quatro filhos: Jalila (formada em Psicologia, atua na área clínica), Guiman, Jamal e Jamil (empresários do comércio, continuam, com muito esforço e dedicação, os negócios de seu pai). 49 Casa Cardoso Situada na esquina das ruas Conselheiro João Zanette e Marechal Floriano, esta casa de comércio vendia tecidos, confecções, artigos de cama, mesa e banho, além de outros itens. Seu proprietário, José Geraldino Cardoso, adquiriu o ponto que pertencera a Antônio Roque, o qual havia se transferido para Laguna. José Geraldino, seu filho Alcides e seu genro Ludovico passaram a administrar este estabelecimento com muito entusiasmo. Dado o crescimento vertiginoso da Região Carbonífera, o negócio ía de vento em popa. Geraldino, também conhecido como Bem-Bem, tornou-se político, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e foi candidato à Prefeitura de Criciúma em 1950. Foi muito bem votado e só não venceu a disputa porque o candidato adversário era muito forte. Paulo Preis, seu opositor, era filiado ao Partido Social Democrático (PSD) e foi apoiado pela tradicional família Ramos, que, na época, tinha um grande poder político. Terminada essa campanha, Geraldino voltou a sua atuação comercial, mas por pouco tempo. Um tanto fragilizado, resolveu partir para outra atividade e devolveu o ponto comercial ao Antônio Roque, que estava voltando de Laguna, para novamente continuar seu negócio. José Geraldino era casado com Maria Cardoso (ambos falecidos), com a qual teve os filhos: Alcides (empresário, já falecido), Ciso, Zuleide, Aldo, Zulma e Nério (todos empresários). José Geraldino Cardoso e família 50 Casa Chapeuzinho Vermelho Esta loja pertencia a Omari Mohamed Malih e se situava na Rua Conselheiro João Zanette. Antes de possuir este empreendimento, Malih, como era chamado, havia adquirido a loja A Cinderela. Na loja Chapeuzinho Vermelho se podiam comprar tecidos e confecções para adultos e crianças. Tinha muito bom estoque e um atendimento primoroso. Malih residiu em Criciúma por 25 anos e deixou sua marca como ótimo comerciante e de muito bom desempenho. Foi um dos que lideraram a construção da Mesquita de Criciúma, templo que acolhe os fiéis do Islamismo que moravam e ainda moram em nossa cidade. Sempre participou da Festa das Etnias e trabalhou bastante no restaurante da cultura árabe, trazendo algumas das especiarias típicas desta região para o conhecimento da comunidade criciumense. Malih era casado com Monalisa Charuguech, com a qual teve sete filhos: Omar, Ali, Vemen, Zainab, Joaffar, Hachen e Carimeh. Deixo de colocar as profissões dos filhos por não obter informações a respeito. Omari Mohamed Malih 51 Casa Coelho De propriedade de Antonino Isaías Coelho e Etelvina Oliveira, a Casa Coelho iniciou suas atividades em Criciúma em 1942, na Rua Henrique Lage, conforme informações de Sebastião, filho de Antonino. Era uma loja mista, com armazém, tecidos e armarinhos. Em 1955, mudou-se para a Rua Conselheiro João Zanette, número 78, esquina com a Rua Paulo Marcus, hoje Avenida Centenário, trabalhando somente com tecidos, confecções, cama, mesa e chapéus. Nesse endereço, com novas instalações e amplo espaço, passou a ter uma nova freguesia, já que era um local privilegiado. Situava-se em frente à nova estação ferroviária, onde havia uma grande movimentação de pessoas que embarcavam e desembarcavam dos trens. A loja era administrada por Isaías, como era mais conhecido, acompanhado de sua esposa, Etelvina. Ela tinha um grande dom para trabalhar no comércio, era já uma tradição de sua família, pois era filha de Francisco D. Oliveira, também conhecido como Chiquinho, um grande comerciante da cidade. Com sua disposição, aliada ao esforço do marido, muito conseguiram; contavam com muito movimento de fregueses da cidade e das redondezas. Foi nesse período, de 1955 em diante, que passei a conhecer Isaías, uma pessoa muito amiga e cordial com seus companheiros do comércio. O desenvolvimento desta loja durou até 1978, quando Isaías resolveu se aposentar achando ter cumprido seu objetivo como empresário. O casal Antonino Isaías e Etelvina Oliveira teve dois filhos: Manuel Antônio, que era representante comercial, mas infelizmente veio a falecer em um acidente com seu automóvel, quando voltava de uma viajem de trabalho; Sebastião, o filho mais novo, trabalhou algum tempo com seus pais, mas depois resolveu ser representante comercial. Continuou nessa profissão até pouco tempo, quando se aposentou. Isaías faleceu em 1984, por ocasião de uma viagem ao Rio de Janeiro (RJ), onde fora visitar um parente, e Etelvina faleceu alguns anos mais tarde, em 1997. 52 Casa Comércio de Tecidos Leão Os proprietários desta loja, localizada na Praça Nereu Ramos, eram Zulma e Valmor Vargas, um casal muito dedicado ao trabalho e que todos apreciavam pela maneira como recebiam e tratavam seus clientes. Tempos depois de a Casa Leão da família Souza ter encerrado suas atividades em Criciúma, Valmor e Zulma estabeleceram sua loja com a mesma denominação, já que esse nome era da família e nada mais justo que o fizessem. Zulma, com toda a experiência adquirida desde menina, quando trabalhava com seu pai no ramo comercial, organizou uma bela loja e, como já falei, com um atendimento maravilhoso, pois ela é portadora de muita simpatia e grande capacidade para o trabalho. Logo adquiriu uma grande e fiel clientela, e daí para o sucesso foi um passo. Contou ainda com a ajuda de seu marido, Valmor Vargas, na parte administrativa, pois ele fora gerente de banco por muitos anos, o que o favoreceu ainda mais na missão. O casal Valmor (já falecido) e Zulma teve os filhos: Alexandre (engenheiro civil), Ricardo (funcionário da Caixa Econômica) e Henrique (formado em Administração e diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL). Zulma Souza 53 Casa Damasco Abdo Muhammad Adeh Hamad iniciou sua loja na Rua Marechal Floriano Peixoto, esquina com a Rua Conselheiro João Zanette, em 1962. Estabeleceu-se com o ramo de tecidos, roupas feitas, calçados e acessórios. O estabelecimento já se situou nas ruas Conselheiro João Zanette e Henrique Lage e atualmente está localizado na Rua Henrique Lodetti. Seu estoque foi enriquecido, pois, além de tecidos, roupas e calçados, também está comercializando uma boa quantidade de artigos de viagem, bolsas, mochilas e malas. Seu atual endereço é bem próximo à agência do INSS. Em toda a sua trajetória, teve sempre sua esposa ao lado, que, com sua simpatia, dedicação e trabalho, ajudou-o muito a atingir suas metas. Ele é um fiel seguidor da religião islâmica e possui o hábito de fazer meditações diariamente, mesmo durante o trabalho. Abdo é casado com Maria Helena Campos. O casal tem três filhos: Jamila e Samira, que residem em Jerusalém, pois são casadas com árabes, e Muhammad Abdo, que estuda Comércio Exterior. Abdo M. A. Hamad 54 Casa das Sedas Situada por muitos anos na Rua Conselheiro João Zanette, mudou-se depois para a Rua Seis de Janeiro, quando trocou seu nome para Casa Elisa. Era de propriedade de Silvino Rovaris, que a havia adquirido de Abílio Paulo. Distinguia-se por vender tecidos finos, mas também comercializava muita renda, bordado inglês, botões e todos os aviamentos necessários para a confecção. Além dessas mercadorias, vendiam brinquedos e cristais. Nesta loja, eram feitos vestidos de festa, principalmente de casamento, pois mantinha uma equipe de costureiras, que lograva suprir as necessidades das mulheres elegantes de Criciúma. Também eram feitos trajes mais simples para vender a pronta entrega na loja. A esposa de Silvino, Elisa, era uma pessoa de bom trato e de muita simpatia. Por isso, mesmo tendo vindo de Tubarão - ela era minha conterrânea -, fez muitas amizades pela forma como tratava suas clientes, as quais, mais do que freguesas, tornavam-se suas amigas. Era, de fato, uma das melhores costureiras de Criciúma naquela época. Possuía sempre de quatro a cinco costureiras auxiliares, que permaneceram muitos anos no trabalho. Casal Elisa e Silvino Rovaris 55 Silvino, filho de Marcos Rovaris, era criciumense nato, um homem correto, honesto, muito bem conceituado entre seus fornecedores e por isso tinha sempre mercadorias de alta qualidade. Muitos representantes comerciais davam preferência a sua loja. Inclusive, tinha um representante de São Paulo que vendia unicamente para Silvino e para mais ninguém. Tinha por hábito pagar suas duplicatas sempre previamente para nunca perder os descontos oferecidos para a quitação antecipada. Após realizar as compras de seus representantes mais especiais, Silvino e sua família tinham o costume de levá-los para almoçar ou jantar na Churrascaria Ok, pois realmente eram amigos. Com o falecimento prematuro de sua esposa, Silvino já não mantinha mais muito ânimo para o trabalho na loja. O casal Silvino e Elisa teve três filhos: Maria Teresa, formada em História Natural, tornou-se professora de Biologia; Marcos formou-se em Engenharia Civil, tendo trabalhado, até se aposentar, no Governo do Estado. Foi secretário de Transportes e hoje é funcionário de uma multinacional; Márcio, durante algum tempo, continuou com a loja de seu pai e depois foi funcionário do Deter (Departamento de Transportes e Terminais) até se aposentar. Hoje, Márcio mantém escritório de seguros. 56 Casa do Povo e A Brasileira A Casa do Povo e A Brasileira eram de propriedade de Max Finster e se situavam na Rua Conselheiro João Zanette e na Praça Nereu Ramos, respectivamente. As duas lojas eram do ramo de confecções masculinas e marcaram época, pois as roupas eram de excelente qualidade. Max Finster, o homem de mãos grandes do tamanho do seu coração (segundo o que dizia dele seu amigo, nosso companheiro de Rotary, Olavo de Assis Sartori), foi sócio-fundador da Loja Maçônica de Criciúma e também do Rotary Club. Junto a seus companheiros rotarianos, contribuiu para a criação do Bairro da Juventude, que hoje acolhe 1.500 crianças de famílias carentes. Nessa instituição, elas recebem instrução básica e formação profissionalizante, além de quatro refeições diárias. O Bairro da Juventude merece tanto comentário que seria preciso um livro só para ele. Citarei ainda muitas vezes o Bairro da Juventude, pois muitos comerciantes e rotarianos participaram intensamente desta empreitada tão benemérita em nossa cidade e região. Max Finster (já falecido) foi casado em primeiras núpcias com Rosita Bonovith, uma pessoa muito participativa na sociedade criciumense e que tanto colaborou nas campanhas do Rotary e da Maçonaria. Infelizmente faleceu muito nova, e Max sofreu demais com esta perda. Deste casamento não teve filhos. Do segundo casamento, com Maria Barreiros, Max teve os filhos Nathan (falecido) e Jacques, que é músico. Max Finster 57 Casa Guaspari Como havia ternos bonitos nesta loja! Localizada na Rua João Pessoa, pertencia a Ernesto José Milioli, que representava as Lojas Guaspari de Porto Alegre (RS). Vendia roupas sob medida, e, como no auge da mineração do carvão os mineiros ganhavam bem, Ernesto não dava conta de tantos trajes que vendia, principalmente por ocasião do Natal e da Festa de Santa Bárbara. Depois de uns tempos, Ernesto começou a comercializar rádios e seus componentes, conseguindo bastante freguesia. Com o seu falecimento, essa loja continuou as atividades, pois seu filho Valdir a assumiu e continuou o trabalho do pai por muitos anos. Quando se aposentou, encerrou a loja e hoje administra seus bens. Ernesto foi muito atuante na área política. Foi o fundador e presidente do Diretório Municipal do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), além de vereador de 1951 a 1954. Era casado com Elvira Stradioto e com ela teve os filhos: Adair (funcionário público aposentado), Nadir (do lar), Waldir (empresário aposentado), Nair (já falecida), Altair (empresário aposentado) e Altamiro (bancário aposentado). Infelizmente, o querido casal Elvira e Ernesto não está mais no nosso convívio. Ernesto José Milioli Valdir Milioli 58 Casa Honório Búrigo e Lojão HB No final do ano de 1966, Honório Búrigo retirou-se da sociedade que mantinha com seus irmãos, Pedro e Lédio. Esta funcionava sob a razão social de Honório Búrigo e Cia. e denominação comercial de Casa Nova, cuja história também está retratada neste livro. Em seguida, formou sociedade com seus dois filhos, Luiz Carlos e Cézar Elias, fundando a Casa Honório Búrigo, localizada na Rua João Pessoa. Honório, com seu vasto conhecimento comercial e muita facilidade em fazer amigos, conseguiu rapidamente grande sucesso com seu novo empreendimento. Durante 12 anos, exerceu sua atividade no mesmo endereço, vendendo tecidos, confecções, armarinhos e artigos congêneres. Conseguiu bastante lucro, o que o levou a sonhar mais alto, principalmente porque as oportunidades encontravam êxito na Criciúma evoluída e progredida, que Honório observava com sua visão sempre empreendedora e corajosa. Planejou a construção de uma loja de departamentos, o sonho de sua vida comercial, e investiu quase toda a sua reserva financeira no negócio. Adquiriu um imóvel que pertencera a Heriberto Hülse, situado no início da Rua Conselheiro João Zanette, onde construiu um prédio de quatro pavimentos com 1.200 metros quadrados, cujo padrão de qualidade era comparável ao das grandes lojas do sul do Estado. Passou a ser chamada de Lojão HB e comercializou grande variedade de produtos por dez anos. A loja era linda. Fazia bem entrar nela e ver que belos produtos eram vendidos. Honório Búrigo 59 E eis que Honório se viu doente, em meio a seu franco progresso empresarial. Uma doença irreversível que o levou a propor, com muito pesar, a seus 11 herdeiros, o encerramento de suas atividades comerciais, pois achava inviável manter uma loja com tantos sócios. Seus herdeiros, então, atendendo à solicitação do pai, decidiram por encerrar o comércio e vender o prédio. Honório não cuidava só de seus negócios; era também muito dedicado a obras de solidariedade. Católico fervoroso, muito colaborou com a paróquia São José. As festas do padroeiro contaram sempre com sua ajuda e seu trabalho; a barraca das prendas sempre ficava a cargo dele e de meu sogro, David Conti, que muito se esmeravam para o sucesso das vendas e do festejo. Participou como sócio batalhador do Lions Clube Criciúma Centro e foi grande colaborador do Comerciário, o atual Criciúma Esporte Clube. Foi, ainda, sócio-fundador da CDL e responsável pela manutenção do SPC por muitos anos. Casado com Geny Búrigo, teve os filhos: Luiz Carlos (advogado, falecido), Maria Inês (professora), Cézar Elias (empresário), Maria Célia (professora), Maria Bernadete (professora), José Honório (engenheiro mecânico), Maria Geny (professora), João Batista (advogado), Maria Sílvia (pedagoga e professora de Artes), Antônio Luiz (mais conhecido como Tonico, advogado) e Maria Emília (formada em Educação Física e Psicologia). O casal Honório e Geny infelizmente não está mais entre nós. 60 Casa Imperial Em meio às mais de 200 crônicas de meus amigos comerciantes de Criciúma, passo agora a dissertar sobre a Casa Imperial, cuja história se confunde com a minha própria biografia. A Casa Imperial foi fundada em 17 de outubro de 1957 com a razão social de Benedet, Manique e Cia., pois essa sociedade era formada por três sócios e amigos, Algemiro Manique Barreto, Itamar Campos e por mim, João Abel Benedet. Suas atividades eram voltadas ao varejo e atuava em vários ramos: tecidos, confecções, cama, mesa e banho. Inicialmente, o estabelecimento se situava na Praça Nereu Ramos, na esquina com a travessa Padre Pedro Baldoncini - onde hoje se localiza a Casa Londres -, coincidentemente ao lado do seu endereço atual. A administração coube a Itamar e a mim, uma vez que Algemiro já gerenciava outra empresa de sua propriedade - um atacado de tecidos voltado à alfaiataria. Na nossa sociedade, sua participação era mais de conselheiro de negócios. Foi uma parceria que deu muito certo, pois podíamos contar com minha experiência adquirida nas Casas Pernambucas e Casa Leão e, também, com o talento de Itamar na alfaiataria. Não foi difícil, assim, levar nosso negócio adiante. Não podemos deixar de considerar que, além desses fatores internos, contribuiu para a prosperidade inicial o favorável momento socioeconômico no qual nosso país e região viviam. Com a boa fase da mineração de carvão em nossa cidade, que empregava milhares de operários em toda a Região Carbonífera, as vendas duplicavam a cada ano, e tudo foi se encaminhando de maneira muito acertada. Maria Irene e João Abel 61 Dado esse sucesso, encorajamo-nos a expandir e adquirimos outro estabelecimento, localizado na Rua Seis de Janeiro, de propriedade de Silvio Búrigo. Era a Casa São Francisco, que passou a ser uma filial da Casa Imperial, incorporada à sociedade Benedet, Manique e Cia. Em meados de 1960, ainda com o negócio crescendo e se desenvolvendo, resolvemos investir em outra empresa, uma fábrica têxtil que produzia exclusivamente calças sociais. Assim, criamos a Confecções Ômega, que posteriormente viria a se chamar Indústria de Confecções Calcutá - existente ainda nos dias atuais, agora com outro proprietário -, pois em São Paulo já existia uma empresa com o nome de Ômega, atuante no mesmo ramo comercial. Foram três os motivos que nos impulsionaram a criar esse novo empreendimento: primeiro, contávamos com um grande estoque de tecidos de alfaiataria; depois, porque não existia em nosso Estado nenhuma fábrica nesse segmento; e, por último, porque podíamos contar com a vantagem de ter como sócio um excepcional alfaiate, nosso amigo Itamar, um profissional de grande competência no segmento. E assim, mais um negócio dessa prodigiosa sociedade deu certo. Essa firma durou sete anos, até que, em 1964, ocorreu o desmembramento da empresa. Em comum acordo entre os sócios, ficaram assim distribuídos os estabelecimentos: João Abel Benedet ficou com a Casa Imperial. Algemiro e Itamar ficaram com a fábrica de calças e com o ponto da Praça Nereu Ramos, além de uma quantia em dinheiro. Coube a mim, então, o estoque das duas lojas e o ponto comercial localizado na Rua Seis de Janeiro. Sempre me orgulhei do desfecho dessa nossa sociedade, eis que se deu de maneira correta, justa e harmoniosa para as três partes tanto que somos muito amigos até hoje, eu e Algemiro, já que nosso saudoso Itamar há muito não está mais entre nós. A partir desse fato, a empresa Benedet, Manique e Cia. passou a se denominar J. A. Benedet e Cia. Ltda., mantendo o nome fantasia de Casa Imperial e o endereço na Rua Seis de Janeiro. Nesse momento, uma nova sócia se juntou à empresa: minha esposa, Maria Irene. Com o vigor de nossa juventude, além de muito trabalho, esforço, dinamismo e dedicação, Maria Irene e eu conseguimos dar continuidade ao crescimento da loja no mesmo ritmo que vinha acontecendo anteriormente. 62 Após a mudança de regime em 1964, o país passou a viver a era do “Milagre Brasileiro”, com grande desenvolvimento econômico em todas as áreas. E Criciúma acompanhava todo esse crescimento: o carvão já não era sua única economia, começaram a surgir as cerâmicas, o ramo metal-mecânico também aparecia e a cidade prosperava. Com a Casa Imperial também não foi diferente. Maria Irene e eu, junto com a maravilhosa equipe de colaboradores, trabalhávamos muito, e as vendas melhoravam a cada dia. Assim, o sucesso da Casa Imperial crescia cada vez mais. Entusiasmados com esse sucesso, em setembro de 1970, conseguimos realizar um dos nossos sonhos, que era a aquisição de uma sede própria. Assim, adquirimos a propriedade de Ademar Canarim, na Praça Nereu Ramos, vizinha da antiga Casa Imperial. Compramos também, quase que na mesma ocasião, a propriedade de Vidal de Oliveira, onde funcionava o Restaurante Rancho Alegre, na Travessa Padre Pedro Baldoncini. No início de 1972, as duas construções antigas foram demolidas, e foi dado início ao projeto de edificação da sede própria, com área construída de 1.280 metros quadrados, em forma de “L” e com duas frentes, uma para a praça e a outra para a travessa lateral, tornando-se, com isso, um ponto comercial bastante privilegiado. Nessa sede, estamos instalados ainda hoje, após 40 anos. Quando já estávamos no final da construção da nova sede, em março de 1974, houve um grave contratempo nos nossos negócios: a grande enchente que assolou o sul de Santa Catarina. Nossa loja ainda funcionava na Rua Seis de Janeiro, e o Rio Criciúma passava por uma estreita canaleta por baixo. Assim, na tarde de domingo, as águas invadiram a loja em mais de um metro de altura, pegando todos nós desprevenidos. Eu nem estava na cidade, pois me encontrava em Tubarão ajudando os meus irmãos que também tinham sido vítimas dessa devastadora inundação. Nosso estoque ficou prejudicado em mais de 70%, pois as roupas ficaram encharcadas. O prejuízo foi incomensurável. Nesse momento difícil para minha empresa, pude contar com a ajuda muito especial da senhora Assunta Garbelotto, que me cedeu as salas de seu apartamento, localizado em cima de meu estabelecimento, para depositar parte dos tecidos salvos na enchente. 63 Mas, como nunca fomos de nos abater com as dificuldades, resolvemos fazer algo para minimizar tal infortúnio. Lavamos, nas lavanderias da cidade, todas as mercadorias atingidas e as estendemos para secar por toda a arquibancada do Estádio do Comerciário, hoje Criciúma Esporte Clube. Temos muito que agradecer à diretoria da época, que nos prestou tal auxílio. Em seguida, fizemos uma grande liquidação com as peças, chamada de “Salvados da Enchente”. Obtivemos venda destacável e, assim, pudemos amenizar parte do prejuízo financeiro havido, o que representou simbolicamente o recomeço do sempre árduo trabalho de toda a equipe Imperial. Comércio é atingido pela enchente de 1974 Em meados de 1975, mudamos para a sede nova, na Praça Nereu Ramos, realizando, enfim, o nosso antigo sonho. Agora, neste ano de 2012, estamos completando 55 anos de trabalho na Casa Imperial. Durante todo esse tempo, trabalhamos muito. Enfrentamos concorrência de grandes grupos, momentos econômicos conturbados, aberturas para o mercado externo, inflações altíssimas, mudanças de valores e grande desenvolvimento tecnológico. Entretanto, sempre lutando e enfrentando todos esses obstáculos, conseguimos nos manter no comércio. E para isso ocorrer, nossa empresa teve que fazer certas mudanças, criar novas estratégias. Foi assim então que, no início do ano 2000, deixamos de trabalhar com tecidos - que anteriormente era o carro-chefe de nossas vendas - e nos focamos nas confecções femininas e masculinas. Isso porque as fábricas de confecções no Brasil se tornaram muito boas, produzindo ótimas peças de vestuário, que urgiam ser comercializadas em Criciúma. Sem falar, também, que a entrada no mercado brasileiro das confecções vindas da China deixou os produtos muito mais competitivos e com preços bastante atraentes. Em 64 Criciúma houve, igualmente, o boom das facções e indústrias da confecção, que absorviam a mão-de-obra de costureiras. Os tecidos deixaram de ser consumidos devido à escassez de costureiras sob-medida disponíveis na região. Deixamos também de trabalhar com produtos do setor de cama, mesa e banho, porque esses ocupavam muito espaço na loja e tiravam lugar das mercadorias de maior rentabilidade e rotatividade. Além de grande dedicação ao nosso negócio, Maria Irene e eu também sempre procuramos participar de várias entidades e instituições sociais, educacionais, filantrópicas e de classe aqui na nossa cidade. Participei das diretorias do Criciúma Clube e do Asilo São Vicente de Paulo, onde exerci, em ambas, a função de tesoureiro. Ainda fui curador da Fucri (Fundação Universitária de Criciúma), sócio-fundador da CDL de Criciúma, tendo sido presidente e participado de outras diretorias. Além disso, diretor do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e vicepresidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL SC) por dois mandatos.Ainda fui sócio-fundador e primeiro presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma, assim como sócio-fundador da Associação Ítalo-Brasileira de Tradição e Cultura (AIBTC). Representando minha empresa, sempre fui associado à Acic (Associação Empresarial de Criciúma), tendo participado de algumas diretorias. Pertenço ao Rotary Club de Criciúma desde 1962 e exerci as diversas lideranças na entidade. Em 1994 e 1995, ocupei o honroso cargo de Governador do Distrito 4650 do Rotary Internacional, cargo este que tenho muito orgulho de ter exercido. Enfim, essas são algumas, entre outras atividades, que tenho desenvolvido ao longo de minha trajetória como Cidadão Honorário de Criciúma e sempre, é claro, acompanhado de minha eterna companheira, Maria Irene, que vem participando dessas ações com muito entusiasmo. Temos quatro filhos: Renato, formado em Engenharia Civil, Administração e Literatura Italiana, hoje aposentado e morando na Itália; Ronaldo, formado em Direito e hoje deputado federal; Rosane, formada em Enfermagem, atua comigo e Maria Irene na loja; e Rosimara, formada em Psicologia, trabalha como empresária com seu marido. Nossos quatro filhos nos deram a felicidade de sermos avós de dez amados netos e bisavós de seis queridos bisnetos. Ao finalizar esta pequena história da Casa Imperial é mais do 65 que justo agradecer a toda nossa equipe de colaboradores, tanto os exfuncionários, como os atuais. Gostaria de destacar alguns deles por suas competências e amor a nossa empresa, mas prefiro não citá-los para não melindrar os demais, que foram todos nossos verdadeiros amigos. Inauguração da sede própria da Imperial em 28 de julho de 1975 66 Casa Irmãos Benedet Os irmãos Benedet, João, José, Jorge e Zeferino, primando pela grande amizade e lealdade, conseguiram, com muito trabalho, esforço e dedicação, contribuir para o desenvolvimento da cidade de Criciúma. Nascidos na localidade de Morro Estevão (filhos de Fioravante Benedet e Amabile Buzzanelo), suas experiências eram no manuseio da terra, plantavam e comercializavam banana e açúcar. Estiveram no Estado do Paraná trabalhando com café por alguns anos, quando resolveram retornar à terra natal, Criciúma, e aqui iniciar uma nova caminhada em direção ao comércio. Em 1953, construíram um prédio na Rua Henrique Lage para a instalação da primeira loja comercial, com o nome de Casa Irmãos Benedet. Após cinco anos de muito trabalho, vislumbrando o crescimento da cidade, fez-se necessária a ampliação do espaço. Construíram então um novo edifício, de quatro andares, na Rua Conselheiro João Zanette. Sempre com uma visão empreendedora comum entre os irmãos Benedet, eles diversificaram o ramo. Em 1961, Jorge, um dos irmãos deixou a sociedade e montou uma malharia. Expandiu o ramo têxtil com camisaria e fábrica de enxoval de bebê e fundou a primeira empresa de jeans, segmento do qual a cidade se tornou polo. Os outros três irmãos adquiriram o Posto São Pedro, localizado na Rua Henrique Lage (gerenciado por João, falecido em 1968), e o Posto Pinheirinho. Irmãos Benedet: Zeferino, Jorge e José 67 Com ações efetivas para atividades diversificadas, em 1968, emerge a oportunidade fora de Criciúma, com a compra da Araranguaense, concessionária da Chevrolet, empresa esta gerenciada por José (Bepe) e Zeferino Benedet. Em 1978, duas novas empresas são adquiridas em Criciúma, as empresa de ônibus São Marcos e Expresso Forquilhinha, que faziam o itinerário pelos municípios. Quanto ao Posto São Pedro, mesmo após o falecimento de João, seus filhos deram continuidade ao negócio, que permanece até os dias atuais. Os irmãos Benedet seguiram caminhos distintos em seus ramos comerciais, porém a harmonia, amizade, respeito e amor fraterno jamais se dividiu. João Benedet (já falecido) era casado com Olívia Dalpont, com a qual teve cinco filhos: Zulmira (professora aposentada), Zelma (formada em Administração), Antônio, João Paulo e Roberto (empresários do comércio de combustíveis). José Benedet (Bepe) é casado com Perpétua Zanette (Nina). O casal teve dois filhos: Marcio (já falecido) e Terezinha (assistente social). Jorge Benedet era casado com Dionízia Knaben (já falecida) e tiveram três filhos: Jorge (já falecido), Paulo de Tarso (advogado) e Denise (empresária). Zeferino Benedet, falecido em 2001, foi casado com Dizelda Coral, com quem teve quatro filhos: Edna (formada em Administração de Empresas e empresária), Edmilson (advogado e político), Fabíola (psicóloga) e Miriam (tem curso técnico em Administração). 68 Casa Lanatex Bem no Centro de nossa cidade, situava-se aquela loja onde todos que precisavam de lãs e linhas não tinham dúvida: era lá que encontrariam. Quanta lã para tricô havia naquela loja! Era bonito ver lãs de todas as cores, de todas as espessuras, no balcão, na prateleira e muitas vezes até no chão, pois não dava tempo de guardar, e as clientes já queriam comprar. Agulhas de tricô finas e grossas, de crochê, de costurar à mão e à máquina, afinal, tudo que se precisasse para trabalhos manuais ali existia. Antes de vir para Criciúma, Jorge Salim Elias foi, por muitos anos, comerciante na vizinha cidade de Araranguá. Lá e aqui trabalhou com muita competência, atendendo sua clientela com muito carinho, paciência e dedicação. Jorge Salim Elias, conhecido por todos como Salim, era casado com Alaíde Correia, de quem sempre teve grande auxílio, eis que ela trabalhou muito ao lado de seu companheiro. O casal teve seis filhos: Jorge (engenheiro agrônomo), Jane (professora), Jaira (empresária), Jadne (empresária de gastronomia), Salim (médico veterinário) e Gisela (assistente social). Jorge Salim Elias, o senhor Salim, faleceu em 30 de novembro de 1996. Jorge Salim Elias 69 Casa Leão A história da Casa Leão em Criciúma tem origem na antiga Casa Souza, de Eduvirges Souza, localizada na cidade de Maracajá, no extremo sul de Santa Catarina, do ramo de tecidos e confecções no varejo e no atacado. Tinha uma grande freguesia, como se dizia naquela época, por todas as regiões vizinhas. Conheci muitas pessoas que embarcavam no trem para o trajeto Criciúma-Araranguá, desciam na estação de Maracajá e aproveitavam o intervalo de duas horas, que era o tempo de o trem passar de volta, para fazer suas compras. Voltavam carregadas de mercadorias e muito satisfeitas. O setor de atacado era liderado por seu filho, Ari, que, com muita visão, resolveu mudar para a cidade de Tubarão, pois achava que teria maior desenvolvimento no seu comércio de tecidos e confecções. Em Maracajá, só ficou seu irmão Rui com a loja de varejo. O restante da família foi para Tubarão, onde se instalaram no Centro da cidade com uma grande loja e deram continuidade ao sucesso que já haviam tido em Maracajá. Nessa mesma época, eu estava hospedado no Hotel Palace, em Criciúma, e Ari Souza também frequentava esse hotel. Tornamo-nos muito amigos, e ele me convidou para trabalhar em sua empresa, pois já tinha vislumbrado a ideia de criar novas lojas de varejo e sabia de minha experiência nesse setor. Ofereceu-me uma grande oportunidade, uma melhor remuneração, por isso aceitei o convite. Ari Souza 70 Fiz, por alguns meses, estágio na loja de Tubarão; em seguida, ele me autorizou a instalar a primeira filial em Criciúma, com denominação de Casa Leão. O endereço escolhido foi a Rua Seis de Janeiro, no Edifício Mampituba. Não foi difícil gerenciar essa filial, pois eu já tinha uma boa experiência adquirida nas Casas Pernambucanas. Somando-se ainda a competência do diretor, Ari, consegui fazer um bom trabalho. Ele conhecia as melhores fábricas de tecidos de todo o país, sabia quais ofereciam os melhores preços e qualidade, o que muito colaborou para o grande sucesso que teve esta empresa. Era muito grande a nossa clientela. Minha convivência com Ari Souza foi muito boa, e somei muito ao meu conhecimento sobre comércio. Eu o considerava um comerciante muito inteligente, competente e habilidoso. Infelizmente, Ari e sua esposa, Leda Ghizo, já faleceram há bastante tempo. Em 1957, surgiu a oportunidade de formar outra empresa, em sociedade com Algemiro Manique Barreto, a Casa Imperial, já citada. Com minha retirada, assumiu a gerência o jovem Pedro Alves, que já era meu auxiliar. Este, muito talentoso e competente, deu continuidade por mais alguns anos a esta filial, com o mesmo ritmo. Permaneceu até o ano de 1961, quando assumiu a gerência Zulma Souza Vargas, que fazia parte da família Souza. Ela permaneceu até o ano de 1970, pois nesse ano teve que mudar de residência para a cidade de Rio do Sul a fim de acompanhar seu marido, Valmor Vargas, que fora nomeado gerente do Banco Nacional do Comércio naquela cidade. Com isso, a família achou por bem encerrar suas atividades em Criciúma, sendo vendida esta loja para Ademar de Oliveira, que, em seguida, trocou o nome para Casa São Francisco. Ari Souza era casado com a Leda Maria Guizo, com quem teve os filhos: Eduvirges (comerciante aposentado), João Batista (comerciante aposentado), Maria Conceição (formada em Administração), Yara (advogada) e Raquel (dentista). 71 Casa Londres Está situada na Praça Nereu Ramos numa casa já tombada como patrimônio público, muito bonita e bem conservada. Anteriormente pertencente a Cincinato Naspolini, a Casa Londres era de propriedade de João Manoel da Rocha, de quem, com muita honra, fui sócio. João Manoel da Rocha iniciou sua vida como alfaiate no Bairro Próspera, onde trabalhou por alguns anos e formou uma grande clientela. Transferiu-se depois para o Centro, estabelecendo-se na Travessa Engenheiro Boa Nova, quando então tinha como colaborador seu irmão Osmar. E foi para Osmar que João Manoel transferiu a sua alfaiataria, pois resolveu tentar a sorte em outra atividade. Por uma feliz coincidência, João e eu, que já éramos amigos, combinamos fazer uma viagem a São Paulo (SP) e ao Rio de Janeiro (RJ), acompanhados de nossas esposas. Nessa viagem, discutimos a possibilidade de formar uma sociedade no ramo da indústria. Ao chegarmos de volta a Criciúma, começamos a estudar alternativas. A primeira ideia foi colocar uma indústria de malhas para confecção de camisetas, porém, consultando outros industriais do ramo, fomos informados de que aqui na região não existia tinturaria para tingir as malhas. Assim, teríamos que depender dos insumos vindos de Brusque ou de Blumenau, circunstância que nos fez desistir desse empreendimento. João Manoel da Rocha 72 Nesse ínterim, foi posta à venda a Casa Londres, que nessa época pertencia a Bonifácio Manique Barreto. Verificamos a possibilidade e, achando que era viável, compramos a loja. Nossa sociedade deu muito certo. João, muito trabalhador, logo se acostumou ao novo tipo de trabalho, e, com o bom atendimento que nós fazíamos, logo a loja conquistou uma grande clientela. Algum tempo depois, eu comprei a propriedade de Ademar Canarim – onde hoje é a Casa Imperial – e propus a João Manoel a venda de minha parte. Ele gostou muito, pois já estava com vontade de que sua família viesse trabalhar junto. Terminamos assim a nossa sociedade da mesma maneira que começamos: na maior harmonia. João Manoel continuou seu negócio com sua família, tendo conseguido um grande progresso. Adquiriu o prédio onde funciona a loja, bem ao lado da minha. Era casado com Alaíde, com a qual teve quatro filhos: João Luiz (médico), Bernadete (formada em Letras), Mirinha (formada em Administração) e Maria Jucineia, a Cineia (pedagoga, que administra a Casa Londres). Quase no final da edição deste livro, em 2 de outubro de 2012, faleceu meu ex-sócio e vizinho de loja, João Manoel da Rocha, que deixou um grande vazio entre seus familiares e na sociedade criciumense. Especialmente para mim, significou a perda de um grande amigo, 73 Casa Lorena Esta loja, de grande credibilidade, está situada na Rua Henrique Lage e pertence ao comerciante Guerino De Boit. Guerino começou sua atividade no comércio em 1961 com uma loja de confecções e, com muita vontade de trabalhar e dedicação extraordinária, formou uma grande clientela. Construiu um prédio na mesma rua de sua loja, mas não se transferiu para o local; alugou para outras firmas. Guerino contou com a ajuda de sua esposa, Lony Peplau De Boit, que trabalhou muito a seu lado, e, juntos, adquiriram um bom patrimônio. Infelizmente, em 2003, sua esposa faleceu, todavia Guerino não parou sua atividade e está presente em sua loja até hoje, ou seja, há 51 anos. O casal teve os filhos: Lorena e Leamarta (também comerciantes), Ilca Simone (odontóloga), Cristina (médica) e Michele (bioquímica). Guerino, anos após ter perdido sua esposa, contraiu novas núpcias com Solani Donato Scur. Guerino De Boit 74 Casa Natal De propriedade dos irmãos Antônio e Faustino Zappelini, esta loja começou na Rua Conselheiro João Zanette, número 40, mudandose depois para o número 56 da mesma rua, na esquina com a Marechal Floriano Peixoto. Além desse estabelecimento comercial, existiam mais dois, pertencentes aos mesmos proprietários: a Galeria das Sedas, que ficava na Rua João Pessoa, na quadra da Igreja Católica, e a outra se chamava Alfaiataria Elias, localizada na Rua Conselheiro João Zanette. O foco dessa história é principalmente a Casa Natal, iniciada em 1940 com muito trabalho e dedicação pelos irmãos Antônio Adélio e Faustino Zappelini. Antônio criou uma clientela tão grande a ponto de ter que trocar de endereço na mesma rua em 1952. A nova instalação era bem moderna, mais ampla e possuidora de belíssimas vitrines, onde eram expostas as mercadorias. Em 1954, Antônio adquiriu as cotas de seu irmão Faustino. Nessa mesma época, fechou as outras duas pequenas lojas e concentrou toda a força na principal. Aumentou então seu mix de produtos em tecidos e aviamentos - especialmente para alfaiatarias - e ainda confecções, cama, mesa e banho, chapéus e muitos outros itens desse segmento. Antônio da Casa Natal, como todos o conheciam, era um homem dinâmico, com ideias avançadas, que viajava constantemente para São Paulo (SP) para adquirir artigos da moda atualizada. Até a propaganda da loja era bem interessante. Usava o seguinte slogan: “Fale bem ou fale mal, mas fale sempre da Casa Natal”. Antônio Adélio Zappelini 75 Muito estudioso, falava corretamente inglês e ensinou o idioma ao seu filho, Plínio. Antônio deixou uma boa marca no comércio de Criciúma. Em 1958, transferiu a administração de seus negócios para Plínio e para seu sobrinho, Antônio Mazzuco. Essa sociedade durou até 1960, quando o sobrinho se retirou, só ficando Plínio na administração da loja, o que fez com muita competência até 1968. Nesse ano, Plínio vendeu a firma aos árabes Armando Muhammad, seu sócio, Manoel Muhammad e Musa Abdel. Antônio Adélio Zappelini era casado com Hermezinda de Araújo (ambos já falecidos), com quem teve os filhos: Plínio (empresário, já falecido) e Teodoro (empresário). 76 Casa Nova Honório, primogênito do casal Luiz Búrigo e Santina Cechinel, e seus irmãos, Pedro, Paulino, Sílvio e Lédio, resolveram, em meados do ano de 1945, constituir uma sociedade com o objetivo de explorar o comércio de tecidos, confecções e artigos congêneres. Sob a denominação comercial de Casa Nova, os irmãos Búrigo instalaram sua loja em um ponto comercial estratégico, ou seja, no início da Rua João Pessoa, na esquina com a Travessa Padre Pedro Baldoncini, onde ocuparam a sala de um prédio de propriedade de Paulino, um dos sócios. Cabe destacar que meus conhecimentos e observações sobre o desempenho comercial dessa loja tiveram início no ano de 1950. Como tive o privilégio de ter uma grande amizade com todos os irmãos Búrigo, posso, modestamente, defini-los individualmente, como segue: Honório era o líder da Casa Nova, empreendedor com vasto conhecimento no ramo de tecidos e confecções, desempenhava sua função com muita competência. Pedro, conhecido como Pedrinho, era um ótimo administrador na área do Departamento Pessoal da loja, sempre procurando manter a ordem e a disciplina dos funcionários. Paulino gostava de participar de política partidária tanto que o levou a eleger-se deputado estadual. Gostava muito também de futebol, sendo um dirigente de destaque do Comerciário Esporte Clube, inclusive, foi, em diversas ocasiões, seu treinador. Lédio Búrigo 77 Sílvio, além de ter uma ótima visão comercial, era muito comunicativo e tinha extrema facilidade de fazer amigos. Quem o conheceu sabia de suas qualidades, pois elas afloravam. Falarei dele ainda quando me referir à Casa Santa Catarina. Lédio, sempre de bem com a vida, alegre, comunicativo, era considerado o Relações Públicas da loja. Fanático por futebol, foi jogador e diretor do Comerciário Esporte Clube. Jogou futebol enquanto suas forças físicas consentiram e recebeu o título de “Lédio Maradona”. Luiz, o pai, muito competente, foi uma presença forte na empresa, sempre aconselhando, orientando e repartindo seus conhecimentos adquiridos nos seus negócios em Cocal do Sul, de onde veio. Em meados de 1950, trocaram o endereço para um prédio próprio de dois pavimentos na mesma rua, com uma vasta área comercial, onde funcionou até pouco tempo, 2009. Cabe ressaltar que no período de 1950 a 1970, a Casa Nova foi a maior loja comercial do sul do Estado no segmento de tecidos e confecções, sendo detentora com exclusividade das melhores marcas e etiquetas da época. Sem medo de errar, afirmo que era muito difícil concorrer com ela, pois os fornecedores mais importantes sempre lhe davam preferência. Outro detalhe que ajudou muito foi a língua italiana que os sócios da Casa Nova falavam fluentemente, pois eram de Cocal do Sul, onde falar italiano era normal. Assim, havia muita facilidade de vender aos descendentes de italianos. Como a grande maioria dos criciumenses era de origem italiana ou até de italianos natos, preferia-se comprar em lojas onde a língua seria bem compreendida. Durante o tempo em que exerceu suas atividades, a Casa Nova passou por muitas alterações no seu quadro de sócios cotistas. O primeiro a sair da sociedade foi Paulino, que, juntamente com Osvaldo Souza, instalou uma loja de calçados, denominada Feira dos Calçados. Sílvio, ao sair, constituiu sociedade com Vidal de Oliveira e começou uma loja de tecidos e confecções que se chamava Casa Santa Catarina, cuja história contarei logo em seguida neste livro.. Honório permaneceu até 1966, quando se retirou para formar com os filhos a Casa Honório Búrigo, situada na Rua João Pessoa, ao lado de onde hoje funciona o Bortoluzzi Center. A história dessa 78 empresa também está neste livro. Com a saída de Honório, permaneceram somente dois sócios, Pedrinho e Lédio, por isso a firma passou a se chamar Irmãos Búrigo e Cia. No ano de 1985, Pedrinho montou uma firma com seu filho Marcos, a Loja 50 graus, e também deixou a sociedade. Lédio, sozinho, permaneceu como proprietário da Casa Nova, admitindo seus filhos como sócios. Permaneceram com a loja até o ano de 2009, quando resolveram encerrar as atividades, porém continuam como proprietários do imóvel onde agora se localiza uma grande loja de calçados. Lédio era casado com Araci Benedet (ambos falecidos), e o casal teve os filhos: José Sérgio, Roberto, Rosângela e Maria Grazia. Os filhos cursaram Engenharia Mecânica, e as filhas são empresárias. 79 Casa Ouro O proprietário da Casa Ouro era Esperandino Damiani, que era mais conhecido como “Ouro”. Realmente mereceu esse apelido, dado ainda quando criança por força de sua personalidade extraordinária (ou quase perfeita). Tive a ventura de tê-lo como um dos primeiros contatos entre os comerciantes de sua época, quando cheguei a Criciúma em 1950. Ele era o maior comerciante de armarinhos e brinquedos do sul do Estado, tanto no varejo, como no atacado. Tudo que se possa falar sobre o Ouro não conseguirá exprimir o que ele era. Gentil com todas as pessoas, modesto, companheiro e de uma bondade sem igual. No dia de Natal, pela manhã, distribuía muitos brinquedos aos carentes sem pedir colaboração a ninguém; fazia isso com recursos próprios. Entregava também brinquedos da sua própria campanha, jogando-os da sacada de seu prédio diretamente às crianças, que se aglomeravam à espera. Após, procurava alguém que o acompanhasse e ía para o hospital dar continuidade ao trabalho solidário. Fazia uma relação das crianças pobres que iam passar o dia de Natal no Hospital São José e entregava para cada uma delas um brinquedo. Essa campanha ele fazia com companheiros do Lions Clube. O Ouro não falava mal de ninguém; quando era provocado, sorria e desconversava. Daí considerá-lo um homem cheio de qualidades, digno de ser imitado em todos os sentidos. Casal Aurora e Esperandino Damiani 80 Fundador do Lions Clube Criciúma Centro, do Clube de Diretores Lojistas (hoje Câmara de Dirigentes Lojistas) e do Sindicato do Comércio Varejista, além de membro atuante da Associação Comercial e Industrial de Criciúma (hoje Associação Empresarial de Criciúma), sempre prestou o seu trabalho de forma honesta e dava o seu exemplo à sociedade. Na Sociedade Recreativa Mampituba, foi o eterno tesoureiro. Nos churrascos que o Lions fazia no Dia das mães, Dia dos Pais, Dia da Criança e aniversário do clube, o Ouro fazia questão de entregar a cada domadora – era o nome que se dava às esposas dos sócios - o pão do churrasco e de oferecer as boas vindas. Esperandino era casado com Aurora Bortoluzzi, que, além de sua esposa, foi uma grande colaboradora nas atividades. Tiveram os filhos: Vilson Jacinto (comerciante atacadista aposentado), Vera Inês (pensionista), Venício José (comerciante aposentado), Valfredo (empresário de gastronomia), Tânia Maria (do lar), Regina Irene (comerciante), Jorge Paulo (representante comercial), Rogério (leiloeiro comercial), Rita de Cássia (do lar) e Nazaré (comerciante). A praça, bem em frente ao Colégio Marista, chama-se Praça Esperandino Damiani em sua homenagem. Fato importante: para escrever a história de Esperandino Damiani, pedi ajuda a seu filho Venício para conhecer mais detalhes sobre seu pai. Fui gentilmente atendido e recebi algum material, como fotos e um envelope, onde encontrei a cópia de um pronunciamento memorável sobre a vida extraordinária do Ouro. Após ler com toda a atenção, notei que tudo que eu queria relatar sobre ele estava nesse discurso, porém não constava o nome do autor. Inicialmente achei que tinha sido um membro da diretoria do Lions, mas perguntando a Carlos Borba e a João Campos, soube que não era. Não me conformei e continuei a pesquisar. Descobri então que o pronunciamento foi feito na inauguração de um dos salões de festas do Mampituba, que leva o nome de Esperandino. Por sorte minha, essa pessoa é meu companheiro de Rotary: é o meu velho amigo Ari Nardino Praessler, que me autorizou a transcrevêlo integralmente, como faço a seguir. 81 PRONUNCIAMENTO SOBRE ESPERANDINO DAMIANI “O casal Loli e Ouro teve 10 filhos: Vilson Jacinto, Vera Inês, Venicius José, Valfredo, o Fefê, Tânia Maria, Regina Irene, Jorge Paulo, o Fidel, Rogério, o “Queda”, Rita de Cássia e Nazaré. Esses filhos e filhas foram o orgulho e a principal razão de vida dos papais corujas. Esperandino foi uma pessoa extremamente voltada para a sua comunidade. Foi fundador do Lions Criciúma Centro e foi um leão 100%, significando que nunca faltou a uma reunião do seu clube. Os que participaram de clubes de serviços sabem como isso é difícil, sendo poucos os que conseguem esse feito. Ouro desempenhou todas as funções dentro do Lions, tesoureiro, secretário, presidente. Sempre que solicitado a prestar sua colaboração em campanhas beneficentes e filantrópicas se apresentava solícito, pronto a dar a tudo de si. Muitas entidades de Criciúma devem muito ao seu trabalho, pois nelas ficou a marca do seu desprendimento, como o asilo dos velhinhos, o Bairro da Juventude, o Colégio Marista, o Colégio Michel, o Corpo de Bombeiros. E não foi por menos, que os Leões de Criciúma, juntamente com a Prefeitura Municipal, homenagearam Esperandino Damiani, com uma praça, perpetuando, dessa forma, a lembrança daquele que dedicou muito do seu esforço em prol dos seus semelhantes. Ali, em frente ao Colégio Marista, que ele ajudou a construir buscando tijolos de caminhão no Morro da Fumaça, está a praça que leva o seu nome e na qual o bronze de uma placa sintetiza e perpetua o sentimento dos seus companheiros e amigos: “Esperandino Damiani. Uma vida dedicada à comunidade”. Profissionalmente, Esperandino sempre esteve presente nos movimentos de sua atividade. Foi fundador junto com vários companheiros do Clube de Diretores Lojistas, nos idos de 1966, numa reunião no Restaurante Castelinho. Participava assiduamente das convenções que se realizavam no Estado, atento às nuances, e pronto a trazer para si e para seus pares as novidades de atividade lojista. Foi membro atuante da Associação Comercial e Industrial, participando de várias diretorias. Fez parte da comissão pró-industrialização de Criciúma, no final da década de 60, quando a cidade concentrava sua economia no carvão. Juntamente com abnegados da época, como Wilson Barata, Lúcio Cavaller, Antônio Caldeira Góes e outros, a comissão visitou as principais cidades industrializadas do Estado, como Blumenau, Brusque, Jaraguá, Joinville, trazendo para Criciúma, subsídios para novos investimentos, buscando a sua diversificação econômica. Esperandino foi também um dos pioneiros na indústria de confecções, tendo fundado a Confecção Aurora, que funcionou na Rua Floriano Peixoto, e que mais tarde foi vendida. O nome Aurora era uma explícita homenagem a sua esposa e companheira. Esperandino era um patrão extremamente querido pelos seus colaboradores. Muitas das suas atitudes ficaram marcadas na lembrança de seus filhos, como ocorria em todas as vésperas de Natal, quando a loja encerrava as suas atividades, às vezes tarde da noite, depois de um estafante dia de trabalho. Todas as funcionárias eram reunidas, as efetivas e aquelas 82 contratadas temporariamente para o mutirão de Natal, e a todas, indistintamente, era pago o salário do mês e entregue um mimo, expressando de forma concreta o agradecimento do empresário àquelas que, com esforço e sacrifício, ajudaram a vencer mais uma etapa. E quem não se lembra nos natais a distribuição de balas e brinquedos, que era feita na Rua João Zanete. Os menos favorecidos já sabiam. A Casa Ouro do Seu Esperandino distribui brinquedos aos pobres todos os anos. E o povo fechava a rua. Esperandino Damiani, uma vida dedicada à comunidade Esperandino Damiani nasceu na Serra do Doze. Como ele dizia, no começo da Serra. Foi em 24 de setembro de 1917. Teria completado há 6 dias 79 anos. Era filho de Jacinto Damiani e de Dona Ignes Brescianni. Foi o primeiro filho do casal. Esperandino teve ainda duas irmãs, a Nena, que se chamava Amélia, e a Pupa, que era a Maria Madalena. Sua infância foi como a de qualquer garoto, mas os seus cabelos dourados e cacheados lhe deram um apelido que carregou com muito orgulho pelo resto da vida: “Ouro”. Desde cedo, o gosto pelo trabalho foi uma característica de Esperandino. Pelo início dos anos 30, no Bar do Basilio Aguiar, em Nova Veneza, Ouro começava a trabalhar para ajudar sua mãe já viúva. Um dia no bar, a encantadora menina Aurora Bortoluzzi, a Loli, foi comprar coco. O Esperandino sorriu, a Loli não conseguiu se conter e sorriu também. Estava nascendo ali, no Bar do Basilio, um sentimento que entrelaçaria duas vidas, fundindose numa única caminhada. Esperandino veio morar em Criciúma, onde sua mãe, Dona Ignes, instalou uma padaria. Ouro, com o auxílio de uma cesta, fazia entrega nas residências. A namorada ainda estava em Nova Veneza. A distância era grande. Muito embora alguns familiares da jovem Loli achassem que Esperandino não “tinha chapéu”, o namoro continuava, e ele haveria de conquistar a todos com o seu exemplo de honradez e trabalho. Em 1937, o jovem Ouro, com 20 anos de idade, no dia 1º de abril, montou seu próprio negócio, uma lojinha, que recebeu o nome de Casa das Novidades, ali na Rua João Zanete. Foi um início difícil, mas inteiramente superável pela abnegação e pela vontade de trabalho daquele jovem. Com o negócio montado, a grande decisão: em 02 de julho de 1938, Nova Veneza assistiu ao casamento de Ouro e Loli, testemunhado pelos Leões da igreja de São Marcos e por uma infinidade de convidados que foram saudar os noivos naquele lindo sábado de sol, como a prenunciar uma vida radiante de felicidade e realizações. Esperandino e Loli foram morar numa modesta casa de madeira junto aos trilhos da estrada de ferro, onde hoje é a Rua Paulo Marcus e Avenida Centenário. Nas noites frias, usava-se cobertor para fechar as frestas que não tinham mata-juntas. Foram tempos difíceis. Mas o casal, com amor, tudo superou. Na loja, agora, a jovem Loli ajudava. O negócio prosperou. Mas na cidade as pessoas falavam em comprar na Casa do Ouro, e essa forma de referenciar a loja de maneira extremamente generalizada, acabou obrigando o casal, Ouro e Loli, a mudar a denominação de Casa das Novidades para Casa Ouro, o nome que se notabilizou em Criciúma de uma 83 forma tradicional. O trabalho que se seguiu fez com que a fama da Casa Ouro, na venda de armarinhos, brinquedos e material escolar, ultrapassasse as fronteiras da cidade, espalhandose por toda a região e alcançando clientes até no oeste de Santa Catarina. A Casa Ouro funcionava, no mesmo local, mas em prédio mais amplo e mais moderno. Agora Esperandino Damiani podia mostrar que tinha Chapéu. Os amigos do seu Ouro que com ele conviveram o consideravam uma pessoa que era a expressão da bondade, um comerciante símbolo de honradez e que usou a honestidade como apanágio de sua vida. E aqui na Sociedade Recreativa Mampituba, Esperandino Damiani foi um baluarte, um batalhador. Exerceu funções na diretoria executiva, principalmente na tesouraria desde 1946, ficando continuamente no cargo de 1948 a 1969, com intervalo somente em 1950 e 1951. Quantas e quantas vezes, nos bailes, o Seu Ouro ficava assessorando os porteiros até altas horas da madrugada, zeloso pelo cumprimento das normas do clube, prejudicando com isso o seu próprio direito de lazer. Seu Ouro foi presidente do clube em 1970 e 1971 e a ele se deve a efetiva aquisição do terreno que hoje ocupa o clube e que é a grande base de sua grandeza. Ao saber que o Sr. Honório Búrigo desejava vender a área, Antônio Baltazar levou a ideia a Esperandino Damiani, para que o clube a comprasse e a usasse para uma futura sede campestre. Este, com visão do futuro, muito embora não houvesse a disponibilidade dos recursos de forma imediata, após uma consulta ao seu assessor e amigo João Carlos de Campos e inspirado pelo valoroso Abílio Paulo, não vacilou e concretizou o negócio. A visão daquele grupo de homens tornou real a grandeza de um clube que hoje se orgulha de ter um patrimônio invejável e uma estrutura que ombreia como os melhores clubes do País. A Sociedade Recreativa Mampituba hoje, no seu corpo de associados, se sente orgulhosa e agradecida pela iniciativa e pela visão daquele grupo de homens liderados por Esperandino Damiani. Como prova de reconhecimento e de gratidão, por todos esses imensos serviços que o Seu Ouro prestou à Sociedade Recreativa Mampituba, esta diretoria dá a essa dependência do Clube o seu nome, e da mesma forma que fez o Lions Clube, perpetua a lembrança desse homem, que foi um exemplo de vida para todos nós. A homenagem simples não tem outro propósito que não seja a de simbolizar o orgulho que sentimos por termos, de certa forma, convivido com Esperandino Damiani, que fez de Criciúma a sua cidade, e que deixou nela a sua marca de amor, honestidade e trabalho. Receba, pois, Dona Loli, filhos e filhas, netos e netas do Seu Ouro, o nosso abraço simples e sincero, simbolizando nosso agradecimento, orgulho e gratidão. Criciúma, 30 de março de 1996.” Infelizmente, o casal Ouro e Loli já não se encontra entre nós. 84 Casa Roque A história da Casa Roque teve início em 1941. A loja se situava na esquina da Rua Conselheiro João Zanette com a Rua Marechal Floriano Peixoto. Nesse período, teve uma interrupção de aproximadamente quatro anos, quando o proprietário, Antônio Roque Júnior, mudou sua loja para a cidade de Laguna. Cedeu seu ponto comercial de Criciúma a José Geraldino Cardoso, mais conhecido como “Bem-Bem”. Sobre ele dissertei em outra oportunidade. Roque voltou em 1951 e readquiriu o mesmo local que tinha antes. Retornou a conviver com seus velhos amigos e foi nessa oportunidade que tive o privilégio de conhecê-lo e me privar de sua amizade. Era uma pessoa de muito bom caráter, trabalhador, correto e grande comerciante na sua atividade. Gozava de muito crédito junto a seus fornecedores e era despojado de egoísmo. Ajudava todos os seus companheiros do comércio local. Nós da Casa Imperial, quando iniciamos nossa atividade em 1957, recebemos sua ajuda, recomendandonos sempre aos seus fornecedores. Um destes fornecedores foi Pedro Michaluart, um grande atacadista da cidade de São Paulo (SP), do qual, além de nos tornarmos clientes, fomos grandes amigos. Michaluart não é mais comerciante, mas nossa amizade continua até hoje, trocando telefonemas constantemente. Antônio Roque Jr. 85 Além de todas as boas qualidades de comerciante, Antônio Roque colaborou muito com a sociedade criciumense, onde deixou sua marca. Foi sócio-fundador da Associação Empresarial de Criciúma (Acic) e seu primeiro presidente. Plantou aí uma boa semente, que vem se reproduzindo até os dias de hoje com ótimos resultados. Foi sucedido por dezenas de presidentes. Essa associação hoje se chama Associação Empresarial de Criciúma, que se destaca em todo o Estado pela moderníssima sede própria que construiu. Antônio também teve grande participação na fundação do Asilo São Vicente de Paulo, pois era muito católico e de espírito desprendido, sempre colaborando em todas as atividades religiosas. Roque era conhecido por seus amigos como Tonico. Casado com Sueli Pereira, com ela teve os filhos: Aroldo (contador de muitas empresas da cidade), Arnoldo (o Dinho, que trabalhou na loja com o pai, mas depois se tornou funcionário público da Fazenda Estadual), Geraldo (contabilista, foi secretário da Prefeitura de Tubarão, falecido), Maria Tereza (professora, falecida), José Carlos (contador, falecido), Luiz Tadeu (advogado), Maria da Graça (professora) e Antônio Roque Neto (contador de diversas empresas e hoje atuante na firma Alcino Zanatta e Cia.). O casal Roque e Sueli também não está mais entre nós. 86 Casa Santa Catarina Instalada na Praça Nereu Ramos, foi de propriedade de Sílvio Búrigo e Vidal de Oliveira. Essa sociedade surgiu quando Sílvio deixou a Casa Nova, da qual tinha sido um dos sócios-fundadores. Vidal tinha uma sala disponível no prédio de seu sogro, Cincinato Naspolini. No local, Vidal, tinha um restaurante chamado de Gruta Baiana. Sílvio e Vidal reformaram a sala e começaram uma linda loja de tecidos e confecções. Com a experiência que Sílvio adquirira na Casa Nova, os negócios foram muito bem, de vento em popa, como se falava na época. Essa sociedade se desfez alguns anos após. Vidal retomou suas atividades de gastronomia, inaugurando a Churrascaria Rancho Alegre, muito bem frequentada, com boa cozinha, destacando-se principalmente pelo risoto de frango e pelo churrasco, que eu, João Abel Benedet, muito apreciava, tornando-me seu assíduo frequentador. Sílvio, por sua vez, começou a trabalhar com construção civil, edificando um prédio com salas comerciais na Travessa Padre Pedro Baldoncini. Sílvio Búrigo 87 Além da Casa Santa Catarina e da construção deste prédio na Travessa Padre Pedro Baldoncini, Sílvio fez muitos outros empreendimentos: Casa São Francisco, na Rua Seis de Janeiro, no Edifício Mampituba, adquirida de Adhemar de Oliveira; Casa Sílvio Búrigo, na Rua Conselheiro João Zanette, adquirida dos irmãos João, Jorge, Zeferino e José (Bepe) Benedet; Jugasa, da qual foi sócio, quando estava situada na Rua Marcos Rovaris, transferindo-se, posteriormente, para a Rua Coronel Pedro Benedet com novas e modernas instalações; Comércio de Veículos Automotores e Terraplanagem. Em todas as empresas em que atuou, seja como proprietário ou como sócio, sempre mostrou uma competência extraordinária, elevada retidão, muita visão e forte tino comercial. Corajoso e entusiasmado, tinha grande poder de convencimento. Seu sócio e compadre, Diniz Gaidzinski, sempre comenta o quanto foi importante a contribuição de Sílvio Búrigo no sucesso da Jugasa. Sílvio também foi sócio do Lions Clube Criciúma Centro, colaborando muito com a sociedade criciumense. Era um conhecedor da arte de cozinhar e fez muitos jantares de confraternização, tanto no Lions, como para seus amigos e familiares. Tinha um alto espírito altruísta, era muito solidário para com aqueles que o procuravam em busca de auxílio. Outro traço forte de Sílvio era seu bom humor, cujas estórias e histórias ainda hoje arrancam boas gargalhadas quando recontadas por aqueles que o conheceram. Sílvio, já falecido, casado com Maria Tereza Corrêa Búrigo, de Tubarão, teve seis filhos: João Luiz (engenheiro civil), Júlio César (engenheiro agrônomo), George Elias (administrador de empresas), José Juarez (representante comercial), Sílvio Augusto (advogado) e a única filha, Maria Tereza (do lar). 88 Casa São José Pertenceu a Eugênio José Goulart, que veio de Jaguaruna com o dinheiro da venda de uma junta de bois. Aqui chegando, começou a comercializar tecidos e confecções em uma sala alugada, que se localizava, inicialmente, na Rua Coronel Pedro Benedet, vindo a mudarse depois, para a Rua Conselheiro João Zanette. Eugênio iniciou sem ter muito conhecimento de comércio, mas com garra e a vontade férrea de vencer na vida, conseguiu muito êxito. Sua esposa, Joaquina Ferreira, mais conhecida como Cotinha, foi uma grande colaboradora. O casal conseguiu uma fiel clientela, e o sucesso aconteceu rapidamente. Ele se tornou um grande amigo meu, a ponto de viajarmos juntos para São Paulo e nos hospedarmos no mesmo hotel. Combinávamos que, no primeiro dia, cada um tomaria rumo diferente para fazer pesquisa de preço. À noite, no hotel, fazíamos uma avaliação das pesquisas e no outro dia íamos às compras. Mais tarde, Eugênio modificou sua maneira de negociar; deixou de vender no varejo e começou seu comércio de atacado, ramo em que se deu muito bem. Trabalhou incansavelmente até o final da vida. Eugênio e Cotinha (também já falecida) tiveram nove filhos: Itamar Eugênio (trabalha na área de transporte), Nadir Joaquina (professora de Biologia), Lenir Joaquina (professora de Matemática), Neide Joaquina (professora de Artes Plásticas), Nídia Joaquina (professora de Matemática, diretora do Colégio Maximiliano Gaidzinski por 17 anos, até falecer), Marlene Joaquina (professora de Matemática), Rosane Joaquina (engenheira civil), Márcia Joaquina (arquiteta) e José Eugênio, o “Lote” (engenheiro mecânico). Casal Joaquina e Eugênio José Goulart 89 Casa Savi Esta loja tinha como proprietários Isidoro Savi, seu filho Abelardo Rovaris Savi e seu sobrinho, Aci Savi (todos já falecidos). Situava-se na Praça Nereu Ramos. Vendia confecções e roupas de cama, mesa e banho. Toda a sua mercadoria era de muito boa qualidade, principalmente na moda homem. A apresentação desta loja era muito bonita, muito bem arrumada, expunha sua mercadoria com muito gosto. Possuía um grande sortimento: as roupas de cama, mesa e banho eram muito procuradas, principalmente pelas noivas que faziam seu enxoval para o casamento. Do seu primeiro casamento com Luíza Rovaris (já falecida), filha de Marcos Rovaris, Isidoro teve ainda, além do filho Abelardo, que sempre foi comerciante, outros cinco filhos: Maria Íris (bancária, já falecida), Maria de Lourdes (bancária aposentada), Luiz (bancário aposentado como gerente do Banco do Brasil) e Rui (bancário, faleceu muito jovem). De um segundo casamento, com Irene, teve mais dois filhos, Isidoro Filho (bancário, aposentado como gerente do Besc Banco do Estado de Santa Catarina) e Gecy (funcionária pública). Quando resolveram encerrar seus negócios, venderam a Casa Savi para uma sociedade liderada por Antônio Búrigo. 90 Casas Jaraguá As Casas Jaraguá pertenciam ao Grupo Votorantim, da cidade de São Paulo (SP), que contavam com lojas por todo o país. Essa filial teve início entre os anos de 1951 e 1952, com atividade de vendas no varejo e especialidade em tecidos, dos quais eles eram grandes fabricantes. Como o produto era fabricado por eles mesmos, tinham preços bastante competitivos. Por esse motivo, as vendas cresceram muito. Em Criciúma, situava-se na Rua Conselheiro João Zanette, esquina com a Rua Seis de Janeiro. Foram seus gerentes: Milton Paladini, João Anselmo, Luiz Cascaes, Lídio Ginevro, José Joel Duarte e Acelon Santos. Essa firma existiu em Criciúma até a década de 1970, tendo encerrado suas atividades na cidade, porque o Grupo Votorantim se direcionou ao ramo da metalurgia e mineração, além do famoso cimento Votorantim. Todos os gerentes acima citados foram meus amigos, porém João Anselmo, como era meu conterrâneo e permaneceu em Criciúma por mais tempo, teve mais contato comigo, e nossa amizade foi bem grande. De Criciúma, ele foi gerenciar a filial das Casas Jaraguá em Tubarão, tendo então continuado nosso bom relacionamento. Lá ele se tornou rotariano e participou com seus companheiros de muitos trabalhos comunitários em prol da “Cidade Azul”. Infelizmente João Anselmo já faleceu. 91 Casas Pernambucanas Em Criciúma, surgiram lá pelos anos de 1947 ou 1948. Eu assumi a gerência da subfilial das Casas Pernambucanas em junho de 1950, em substituição ao companheiro Amilton Viana. Ele havia feito uma boa administração, muito bem organizada. Graças a isso, também pude fazer um bom trabalho. Diante desse excelente resultado, a subfilial, que dependia da filial de Tubarão, passou a ser filial, dependendo diretamente da matriz do Rio de Janeiro. Para que tudo isso acontecesse, contei com uma ótima equipe de funcionários, destacando-se entre eles Salute Beloli, uma das melhores balconistas que conheci e que contava com sua fiel clientela. Quando estavam à porta da loja, já chamavam pelo seu nome. Ela nunca perdeu o primeiro lugar em vendas. Eu me sinto muito honrado em ter trabalhado nessa grande empresa, pois nela adquiri muita experiência administrativa, galgando meus primeiros passos na vida comercial. Aprendi principalmente sobre vendas, propaganda e disciplina, que eram o ponto forte dessa organização, presente na maioria das cidades brasileiras. Realmente foi muito gratificante trabalhar na maior empresa especializada em tecidos, sem competição no mercado brasileiro. Em 1953, recebi um convite irrecusável do meu grande amigo Ari Souza para fazer parte de sua empresa, a Casa Leão. Desliguei-me das Casas Pernambucanas, que permaneceram ainda em Criciúma por muitos anos, contando ainda com muitos gerentes, até que encerraram a maioria das filiais de Santa Catarina. As Casas Pernambucanas voltaram há pouco tempo para Criciúma, mas esta pertence à sucursal de São Paulo, que trabalha com o ramo de eletrodomésticos e confecções. 92 Cricifios Comércio de Fios e Linhas Ltda. A Cricifios iniciou suas atividades na Rua Coronel Pedro Benedet em 1970 e tinha como proprietários os irmãos Manoel Frontino Geremias e José Geremias. Posteriormente houve a transferência para a Praça Nereu Ramos e outra foi aberta na Rua Paulo Marcus, hoje Avenida Centenário. A Cricifios chegou a estar em quatro endereços, simultaneamente, no Centro de Criciúma. Hoje todas as lojas estão centralizadas em um único endereço, na Galeria Benjamin Bristot, que tem duas entradas, uma na Praça Nereu Ramos e outra na Rua João Pessoa. Manoel e sua esposa, Tereza Casagrande Geremias, trabalharam muito até alguns anos atrás. Atualmente o casal está aposentado. Tiveram os filhos: Salete (comerciante), Lourdes (já falecida), Adelina (do lar), Rui (empresário), Rubens (odontólogo, já falecido), Raimundo (empresário), Solange (professora), Rodeval (representante comercial), Rogério (engenheiro mecânico), Reginaldo (professor universitário) e Ricardo (engenheiro de Minas e Energia). A empresa foi transferida para a filha de Manoel Geremias, a dinâmica Salete, que, juntamente com seu marido e grande companheiro, Braz Malaquias de Amorim, tem levado avante com muito sucesso o trabalho da loja. O casal, que é muito dedicado e batalhador, transformou o empreendimento em um dos melhores no ramo de aviamentos para costura, bordados e trabalhos manuais. Manoel Geremias Casal Salete e Braz Amorim 93 Entre seus clientes, estão indústrias de confecções, além de uma grande gama de freguesia do varejo, que atendem também com muito carinho, seguindo a tradição de seus fundadores. Braz e Salete são também ótimos colaboradores da comunidade. Eles têm três filhos: Erlon (advogado), Gustavo (bioquímico) e Leonardo (formado em Administração). 94 Dedal de Ouro De propriedade de Hélio Gazola desde o início de suas atividades, esta loja começou numa pequena sala na Rua Conselheiro João Zanette, onde vendia material de costura, armarinho, bijuterias, acessórios femininos e muitas outras miudezas. Com a grande disposição para o trabalho de Hélio e seu bom atendimento aos fregueses, logo esse estabelecimento ficou muito pequeno, insuficiente para seu trabalho. Hélio mudou-se então para uma sala bem mais ampla na Praça Nereu Ramos. A partir daí, passou a contar com a colaboração de Zélia, sua esposa, que foi uma batalhadora eficiente. Com a parceria dela, a loja cresceu a olhos vistos. Alguns anos depois, iniciaram a loja no Shopping Della Giustina, onde também é um sucesso. Hélio ainda construiu um prédio com uma grande sala térrea e vários apartamentos na Rua Henrique Lage. Nessa sala, montou um grande atacado da mesma especialidade em sociedade com sua filha Sílvia e com o genro, Renato Carvalho. Atualmente este atacado está situado na Rua Pedro Beneton, com instalações modernas e um especial atendimento.Trabalha com todo o sul do Estado e também parte do Rio Grande do Sul. Além de Sílvia, mais dois filhos trabalham na empresa: Andrea e Mateus. O casal Hélio e Zélia ainda tem mais duas filhas e um filho: Silvana (médica), Synara (odontóloga) e Mateus Felipe (trabalha na Souza Cruz e estuda). Casal Zélia e Hélio Gazola 95 Délia Calçados Esta sapataria iniciou com o nome de Carbone Calçados em agosto de 1986 na Rua Conselheiro João Zanette. Eram seus proprietários Adélia Mazzuco Stopassoli, seu marido, Jaime Domingos Stopassoli, e Rosalino Mazzuco. Adélia e Rosalino tinham adquirido muita experiência quando trabalharam na Pavone Calçados, de propriedade de Antônio Mazzuco. Lá eles aprenderam a vender, gerenciar e tudo o que era necessário para bem administrar uma empresa. Por vários anos, com muita dedicação, amor ao trabalho e bom atendimento, os negócios de Adélia e Rosalino foram fluindo a ponto de criarem outra loja onde funcionou por muitos anos a Sapataria Lurdete. O nome da loja era Zappata Calçados, com a qual tiveram grande sucesso. Em 1988, resolveram dividir a sociedade. Rosalino ficou com a Carbone Calçados. Já Adélia e seu marido, Jaime, com a filial da Rua João Zanette, número 83, e com a Zappata Calçados, que passou a ser chamada de Délia Calçados quase imediatamente. Essa sapataria também contou com uma filial na Rua Seis de janeiro. Esses estabelecimentos tiveram muito progresso graças à boa administração do casal, que teve sempre a colaboração dos filhos. Seguiam o lema: “Família que trabalha unida, permanece unida”. Assim, conseguiram uma grande clientela. Casal Adélia e Jaime Stopassoli 96 Adélia, com a perda de seu marido, Jaime, fez as seguintes alterações na empresa: a loja da Rua Conselheiro João Zanette foi desativada, e a da mesma rua, número 29, passou para os filhos Sandra e Clayton, os quais vêm dando continuidade com muito trabalho e determinação. A loja Pé Calçado, situada na Rua Seis de Janeiro, coube ao filho Everaldo, que levou o estabelecimento adiante no mesmo ritmo até o ano de 2011. Como ele também perdeu sua esposa, em memória a ela, trocou o nome para Leila Calçados, mantido até hoje. 97 Enxovais Karina De propriedade de Paulinho Raul Garcia e atuante no ramo de roupas de cama, mesa e banho, enxovais e lingerie, a loja Enxovais Karina iniciou suas atividades em 14 de março de 1978. Localizava-se na Praça Nereu Ramos, na Galeria Benjamin Bristot, sala 12. Paulinho começou a trabalhar muito jovem, inicialmente nas Lojas Fretta, sob a administração do competente e dinâmico João Alfredo Campos. Com ele aprendeu o espírito de lutador. Fez de tudo naquela firma: foi até montador, entregador de móveis, motorista e vendedor. Após sair das Lojas Fretta, Paulinho foi trabalhar na firma de Antônio Lima, em Içara, uma das primeiras que fez consórcio de televisores. Lá foi vendedor, viajou para vender os consórcios, aparelhos de televisão, antenas e outros artigos desse segmento. Paulinho cita sempre Antônio Lima como um ótimo patrão e diz que tem por ele uma grande consideração. Mais adiante, ele montou sua própria loja no endereço acima citado. Trabalhador como sempre, não foi difícil levar adiante o empreendimento. Com bom atendimento e carinho aos seus clientes, alcançou muito sucesso nessa atividade durante 20 anos. Paulinho, após vender seu negócio, resolveu criar uma nova empresa, a prestadora de serviços Cascão, especializada em coleta de entulhos. Inicialmente, ele mesmo dirigia seu caminhão e fazia o trabalho. Hoje tem uma pequena frota e, sempre com a sua orientação e com seu tirocínio, está indo muito bem neste novo empreendimento. Paulinho era casado com Regina Búrigo (falecida), com quem teve a filha Karina, para a qual fez uma homenagem, dando o nome dela a sua loja. Paulino Raul Garcia 98 Fábrica de Camisas Aguiar Era de propriedade de Moysés José de Aguiar, que ouviu falar do progresso de Criciúma e se mudou para cá com sua família e sua alfaiataria para tentar melhor condição de vida. Começou seu trabalho na própria casa, mas logo depois de alguns contatos, mudou sua alfaiataria para o Centro e ali conquistou muitas amizades e fregueses, pois era muito bom profissional. Tinha o curso de corte e costura para homens, feito em Porto Alegre (RS), o que lhe valeu o diploma assinado por Duílio Perrone, secretário da Escola Profissional de Corte e Costura Modern Style. Com o crescimento da cidade, resolveu começar uma confecção, com a participação de alguns sócios, entre eles, Esperandino Damiani. Tornou-se, assim, o diretor da primeira indústria de confecção, que já de entrada deu emprego para moças que sabiam costurar. Homens também foram contratados como representantes comerciais. A sociedade foi desfeita. Com a parte que lhe coube, Zezinho, como era chamado, deu início à Fábrica de Camisas Aguiar, situada na Praça Nereu Ramos. Toda a família participava. No começo, faziam todas as caixas para embalar as peças confeccionadas. Com seu conhecimento e com muito trabalho, Zezinho viu sua fábrica ter o nome reconhecido em toda a região. Camisas, cuecas e pijamas eram vendidos por meio dos representantes nas cidades vizinhas. Também eram vendidas no varejo na sede da fábrica. Zezinho levava muita mercadoria para vender na serra catarinense. Dirigia seu próprio carro, sempre na companhia de um amigo. Moysés José de Aguiar 99 Em 1954, mudou sua fábrica para prédio próprio na Rua Floriano Peixoto. No primeiro piso, funcionava a fábrica e no andar superior morava a família. Permaneceu no local até a década de 1970, quando se mudou para outro endereço. Nessa ocasião, a empresa já era dirigida por seu filho Sálvio. Zezinho entendia muito bem de música. Por isso, com muita alegria, participou da fundação da banda musical Cruzeiro do Sul, para a qual doou um instrumento: seu saxofone. Moysés era casado com Francisca Pacheco (ambos já falecidos), com a qual teve os filhos: Dalva (auxiliar de Administração), Sálvio (empresário), Elisabeti (auxiliar de Administração) e Claudete (costureira). 100 Fox Calçados Este estabelecimento era de propriedade de Aldo Bortolloto, nascido no distrito de São Bento Baixo, no município de Nova Veneza. Seus pais mudaram de residência para Criciúma. Quando chegou, Aldo ainda era uma criança. Além de estudar, iniciou suas atividades no mercado de trabalho, tendo seu primeiro emprego no Bar e Café Damasco e, em seguida, na Sapataria Dalsasso. Posteriormente, foi trabalhar com Antônio Mazzuco na Sapataria Pavone, loja de grande expressão no ramo calçadista, tendo se tornado grande especialista em calçados. Porém, com espírito inovador, resolveu trocar de ramo de negócio. Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar no ramo de foto com o empresário Faustino Zappelini. Aprendeu muito com ele nessa nova especialidade e tornou-se um campeão de vendas. Com isso, recebeu o prêmio pelo seu sucesso na venda de mil máquinas fotográficas Kodak no Natal de 1979, tendo ocupado espaço na capa de revista editada no Japão. Sua fama ficou tão evidente que a apresentadora da TV Eldorado, de Criciúma, Lenita Cauduro, convidou-o para fazer parte de seu programa e dar instruções de como fotografar e filmar, que era a novidade naquela época. Tendo se destacado muito bem nessa demonstração, mesmo galgando os patamares nas empresas onde prestou serviços, em 1980, resolveu montar seu próprio negócio. Dessa forma, abriu uma loja de calçados, denominada de Fox Calçados, localizada na Rua Coronel Pedro Benedet, e mais duas, uma na Rua Seis de Janeiro e outra no espaço cedido pela firma Hermes Macedo, que, naquela época, resolveu locar seções com diferentes mercadorias. Aldo Bortolloto 101 Essas duas últimas lojas eram chamadas de ABC Calçados, e os negócios foram progredindo. Nosso personagem sempre foi uma pessoa muito comunicativa entre seus companheiros de comércio; participou ativamente do então Clube de Diretores Lojistas de Criciúma (CDL), hoje Câmara de Dirigentes Lojistas, estando sempre presente nas reuniões. Fez inclusive parte da diretoria nas funções de diretor social, vice-presidente e presidente por dois mandatos. Aldo tinha como seus ídolos na CDL os senhores Honório Búrigo, Antônio Caldeira Góes, João Abel Benedet, Valmor Vargas e Antenor Felipe, que representava as Lojas Fretta. Alcançando a maioria de seus objetivos no ramo comercial, Aldo resolveu também ingressar na vida política, candidatando-se a vereador, isso porque ele achava que possuía uma boa popularidade e por ser incentivado por alguns políticos da época. Nessa área, porém, as coisas não foram como ele esperava: acabou não se elegendo como vereador, mesmo gastando uma boa quantia de dinheiro. Ficou decepcionado e entristecido com esse fato, porém deu continuidade a sua loja, Fox Calçados, por mais algum tempo. Durante a Presidência da República por José Sarney e Fernando Collor de Mello, o Brasil passou por uma grande transformação, com diversos planos econômicos, todos fracassados, deixando a classe empresarial, comercial e industrial totalmente atordoada, sem alternativa de luta. Diante dessa dificuldade, nosso companheiro Aldo, muito deprimido, resolveu em 1995 encerrar sua loja, mudando-se para a Europa em busca de novos horizontes. Sua esposa, Ieda, que esteve sempre lutando a seu lado no negócio do casal em Criciúma, não o acompanhou em sua ida à Europa. Ficou em Criciúma e passou a administrar um pequeno negócio de loja de confecções na Rua Anita Garibaldi, denominada de Preço Redondo. Ela é bastante competente e fiel no trabalho e vem desenvolvendo essa loja até os dias de hoje. O Casal Ieda e Aldo tem os filhos: Jordana (formada em Psicologia) e Ramon, que fez seu estudo básico em Criciúma e está trabalhando na Alemanha. 102 Livraria Osvaldo Souza e Osvaldo Esportes Aqui não vamos só falar da livraria, mas também de Osvaldo Souza, que começou sua história administrando diversas lojas em Criciúma, entre elas, a Casa do Povo, de Leon Axelrud, A Brasileira, de Max Finster, a Casa Nova, de Honório Búrigo, e uma loja de roupas infantis pertencente à Ladislawa Sampaio. A partir de 1953, estabeleceu seu próprio empreendimento vendendo revistas e papelaria. Paralelamente, nessa mesma época, em sociedade com Paulino Búrigo, criou a loja Feira do Calçado na esquina da Travessa Padre Pedro Baldoncini com a Rua João Pessoa. Durou pouco tempo essa firma, porque Paulino resolveu partir para a política, tendo sido eleito deputado estadual. No ano de 1954, Osvaldo começou a sapataria A Preferida, na Rua Seis de Janeiro, novamente em uma esquina da Rua Conselheiro João Zanette. Administrou essa sapataria por 14 anos até 1970, quando, apesar de ter grande clientela, um lindo estoque e estar bem financeiramente, vendeu para seu cunhado Dalsasso. Dessa data em diante, Osvaldo criou a firma Osvaldo Esporte, anexa a sua antiga atividade, comercializando, além de revistas e papelaria, material escolar e artigos de esporte, como tênis, bolas, uniformes esportivos, medalhas, taças e tudo mais desse segmento. Esta firma continua até hoje se destacando nesse setor. Osvaldo conta com a ajuda de sua esposa, Zaira Rovaris, e mais ainda com a colaboração de seus dois filhos, Sandra e Paulo. Osvaldo Souza é um dos mais antigos comerciantes da cidade. Osvaldo Souza 103 Loja Kemps Na Avenida Getúlio Vargas, número 95, está situada esta tão bonita loja, que pertence à Tereza Peruchi. Conheci Tereza, esposa de Sálvio Pacheco de Aguiar, no tempo em que eu era gerente da filial das Casas Pernambucanas. Ela era minha colaboradora, uma excelente vendedora. Desde aquele tempo, bem nova ainda, demonstrava verdadeiro espírito comercial. Hoje, na sua loja e de sua filha, Tereza vem desempenhando muito bom atendimento, com simpatia e muito conhecimento no ramo da confecção feminina, com a moda sempre atual. Sua filha também tem o carisma de boa comerciante. Ali se pode comprar roupas esportivas e trajes de gala, além de lindos acessórios, como bijuterias, cintos, lenços, enfim, todo o complemento que se desejar. Cumprimento Terezinha, como todos a conhecem, pelo espírito de luta, que é tão importante na atividade lojista nos dias de hoje. O Casal Tereza e Sálvio tem quatro filhos: Cristiane (empresária e muito dedicada à loja), Sálvio (corretor de seguros), Jaqueline (arquiteta) e Luciene (empresária). Tereza Peruchi 104 Loja Linamar A Linamar, uma loja de muito glamour para a época, funcionou em dois pontos da Rua Conselheiro João Zanette. Começou suas atividades bem perto da estação ferroviária e depois se mudou para bem mais perto da Praça Nereu Ramos, próximo ao Café São Paulo. Esta loja foi por muitos anos uma das mais bem equipadas para quem queria trajes de primeira qualidade. Os tecidos eram lindos e muito modernos. Por algum tempo, teve costureiras que confeccionavam trajes para as freguesas. Sua proprietária, Marcolina Rovaris, teve, no início, por muito pouco tempo, uma sócia, Marta, filha do casal Albino (conhecido como o Cabeça Branca) e Zeli. Devido ao nome das duas proprietárias da loja, surgiu o nome Linamar. Lina, de Marcolina, e Mar, de Marta. Realmente quem cuidava da loja era Marcolina, que primava por só comprar dos melhores fornecedores e sabia escolher muito bem os padrões e texturas. Oferecia também tecidos lindíssimos para confecção de cortinas. Trabalhou durante muito tempo nessa loja uma pessoa bastante conhecida, a Meji, que era uma ótima vendedora. Era filha do senhor Tuffi Schead. Marcolina era casada com o gaúcho Hermínio Delavi (ambos já falecidos), com o qual teve três filhos: Marcos Dagoberto (funcionário da Cesaca por muitos anos), Rosa Maria (funcionária pública) e Celita Maria (professora, já falecida). Nenhum de seus filhos continuou com a loja, que foi vendida para Armando Mahamud Jaber e para seu sócio, Manuel Muhamad Musa Abdel. Marcolina Rovaris 105 Lojas Renner Este estabelecimento iniciou suas atividades antes de 1950, pois quando vim para Criciúma, já existia. Fugia do comum na nossa pequena cidade de então. Seus proprietários eram os cunhados Sinval Rosário Bohrer e João Tomé. Situava-se na Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Rua Santo Antônio, e era uma loja especializada em roupas da marca Renner, uma franquia das lojas do mesmo nome, de Porto Alegre (RS), daí seu nome. João Tomé era um homem sereno, amigo de todos e sabia fazer um bom atendimento aos clientes. Tinha o hobby de colecionar orquídeas e foi sócio-fundador do Lions Clube Criciúma Centro, onde prestou um ótimo trabalho. Sinval Bohrer era culto, muito educado, um verdadeiro gentleman. Foi um dos idealizadores do Rotary Club de Criciúma e seu primeiro presidente. É da época de sua gestão a fundação do grandioso Bairro da Juventude, que até os dias de hoje continua dando tantos frutos. Os dois sócios administraram a loja com muita competência e modernidade; construíram sua sede própria, que existe até hoje. Com o falecimento de ambos, a firma foi encerrada. Sinval também tinha veia política e elegeu-se vereador, assim como foi presidente da Câmara e prefeito, em substituição a Paulo Preis. Ele era casado com Júlia Tomé, tendo com ela uma filha, Lorena Bohrer (esposa de bancário). Mãe e filha também já faleceram. João era casado com Maria Zilli (já falecida), com a qual teve um filho, João Tomé Filho (empresário). Sinval Rosário Bohrer João Tomé 106 Loja Tijuana Esta loja tem como proprietários João Quintino Dalpont e sua esposa, Virgínia Motta Pedro Dalpont, que carinhosamente é chamada de Gina. João, formado pela Escola Técnica de Comércio de Criciúma, adquiriu muita experiência comercial nas empresas em que trabalhou. Foi administrador das Lojas Santo Antônio, da Galeria Gigante, dos Tecidos Saleh, das lojas Panamericanas e da Cetel (Central de Tecidos), da qual se tornou sócio no ano de 1980. Dois anos depois, vendeu a cota dessa sociedade e, juntamente com Gina, resolveu colocar seu próprio negócio. Gina também já tinha bastante experiência no comércio, pois trabalhara na Casa Imperial. Assim surgiu a Loja Tijuana, situada na Travessa Padre Pedro Baldoncini. É uma loja especializada em confecções masculinas e femininas, com marcas muito boas, algumas até famosas e exclusivas. Tornou-se uma boutique com uma clientela muito especial de Criciúma, de cidades vizinhas e até de visitantes do exterior. O casal desenvolveu muito bem seus negócios. Graças a muito trabalho e dedicação, adquiriu sede própria, comprando com outros parceiros comerciantes o prédio onde funcionava a empresa São Cristóvão. Cada um dos comerciantes ficou com uma parte dessa grande área comercial. João Quintino diz que eu e Milton Serafim muito o incentivamos para que ele iniciasse seu próprio negócio. Além de comerciantes, João e Gina ainda têm tempo para se dedicar à comunidade. João Quintino Dalpont 107 João foi sócio-fundador do Lions Clube de Criciúma Capital do Carvão e seu presidente por duas gestões, ocupando ainda todos os outros cargos do clube. Em 1982, foi presidente da Comissão da Construção da linda Igreja Matriz São Paulo Apóstolo, no Bairro Michel. Nesta comissão, foi um grande líder. Também é membro da AIBTC (Associação Ítalo-Brasileira de Tradição e Cultura), da qual participa com muita garra, tendo sido ainda seu presidente. No seu mandato, conseguiu comprar mais uma sala no Edifício Martinho Acácio Gomes, o que veio melhorar muito as instalações dessa entidade. João Quintino e Virgínia têm os filhos: Giovana (engenheira química), Janaína Augusta (advogada) e Jaqueline (formada em Administração). A família sempre trabalhou unida com muita dedicação, dispensando a todos os clientes muita atenção e simpatia. 108 Lojão 50 Graus Esta loja surgiu em 1991, graças à iniciativa de Pedro Búrigo, seu filho, Marcos Antônio, e sua nora, Edna. Com a grande capacidade de Pedro, que, por 46 anos, trabalhou na administração da Casa Nova, e também de Marcos, que há dez anos trabalhava no comércio, e a disposição de Edna, esta loja já estava com seu futuro garantido. Além de tudo, instalou-se em uma sala ampla, em prédio próprio, em um ponto privilegiado, ligado ao Shopping Della Giustina e com uma área de 484,12 metros quadrados. Situa-se na Rua Marechal Floriano e desde o início das atividades contou com um mix de produtos diversificados da moda masculina, com as melhores marcas fabricadas no país, anexando também uma seção de surf shop. O Lojão 50 Graus é daquelas lojas que conta com colaboradores muito bem treinados para o bom atendimento dos clientes e assim conquistar a sua confiança. As iniciativas dessa empresa não param. Em 2010, por ocasião da inauguração do Supermercado Giassi, no Bairro Santa Bárbara, pude constatar a presença da 50 Graus com um setor de moda jovem. Parabéns aos proprietários desta loja, que vem valorizando o comércio Criciumense com ética e dignidade. Pedro Búrigo 109 Pedro e Marcos, além de ótimos comerciantes, sempre foram muito dedicados pais de família e não pouparam esforços para oferecer a seus filhos a oportunidade de frequentar as melhores escolas. Atualmente, com Marcos e Edna, a 50 Graus continua firme, seguindo o ritmo de empresa bem segura. Pedro, além de ter trabalhado muito, 56 anos, teve participação relevante na sociedade criciumense. Era um torcedor fanático do Comerciário, hoje Criciúma Esporte Clube, e foi seu diretor, fazendo parte do trabalho para angariar fundos para a construção das arquibancadas. Era muito religioso, católico e um grande colaborador da sua paróquia. Foi um dos fundadores do Serra Clube (grupo de católicos que se preocupa com as vocações sacerdotais), tendo sido seu presidente. Também pertenceu ao Lions Clube. Marcos Búrigo deu sua contribuição à CDL e foi, inclusive, seu presidente, oferecendo assim o seu talento em favor da entidade. Ele sempre representava sua empresa no Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma. Pedro era casado com Ielva Carvalho, florianopolitana, muitos anos professora em Criciúma. O casal teve cinco filhos: Marcos (formado em Administração, empresário do comércio), Maria do Carmo, Maria Elisabeth, Maria Regina e Maria Augusta (todas professoras). O casal Marcos e Edna tem os filhos: Aline (fisioterapeuta) e Felipe (médico). Pedro, ou Pedrinho como era conhecido, faleceu no ano de 2000, deixando uma lacuna na nossa sociedade. 110 Lojão Eldorado e Armarinhos Mano Vindo do pequeno vilarejo árabe de Kuful Hares, 60 quilômetros distante de Jerusalém, Husein Abdel Hamid Ali Shaqur, com 18 anos de idade, chegou ao porto de Santos (SP). Era o décimo filho de uma família de classe média islâmica, em que o amor aos filhos era uma prática constante e comum. Porém, Mano, como o conheço, resolveu vir para o Brasil. Chegou com 150 dólares, sem nunca ter ouvido uma palavra em Português e com uma pergunta que não lhe saía da cabeça: “Será que fiz a escolha certa?” Em Caxias do Sul (RS), seu primeiro endereço, trabalhou como servente de pedreiro e, após algum tempo, conseguiu comprar alguns produtos, os quais carregava em uma mala, batendo de porta em porta e oferecendo aos clientes. Além de servente e mascate, também vendeu retratos e trabalhou como camelô. Depois de passar por muitas cidades do Rio Grande do Sul, chegou a Criciúma em 1968. Em 1970, conheceu Claudete Maria Serafin, com quem se casou e teve três filhos: Magda (economista), Karina (dentista) e Heron (engenheiro civil). No mesmo ano em que chegou a Criciúma, abriu a loja denominada de Armarinhos Mano, situada na Rua Conselheiro João Zanette, no Edifício Fiorento Meller. Nessa loja, ele e a esposa trabalharam por 23 anos com muita persistência, vencendo todas as dificuldades surgidas. Husein Abdel Hamid Ali Shaqur 111 Em 1975, passou a trabalhar com construção civil, estendendo suas funções até 1980. Porém, sentindo que sua vocação era mesmo o comércio, decidiu com sua família abrir outra loja, o Lojão Eldorado, situada na Rua Padre Pedro Baldoncini. Anos mais tarde, adquiriu parte do terreno da antiga empresa de ônibus São Cristóvão, onde seu filho e sua esposa, que é realmente a responsável pelo sucesso de Mano (segundo ele), seguem trabalhando com muita determinação, persistência e honestidade, qualidades que acreditamos, tanto ele quanto eu, serem o segredo para tudo na vida. Agora com 70 anos, Mano acredita que cumpriu e ainda cumpre seu dever de cidadão. Desembarcou com aquela pergunta na cabeça, cuja resposta agora é evidente, escrita nas linhas acima. 112 Lojas Fátima Júlio A. Wessler, seu proprietário, após ter finalizado seus estudos primários na pequena localidade de Rio Cedro, no município de Nova Veneza, trabalhou um tempo na agricultura e depois saiu para estudar no seminário de São Ludgero. Lá recebeu uma boa educação básica, como acontece normalmente com todos os seminaristas, e com Júlio não foi diferente. Soube muito bem aproveitar essa oportunidade. Aos 16 anos, percebendo que a vida religiosa não era seu objetivo, veio para Criciúma atrás de outros sonhos. Continuou a estudar no Colégio Madre Teresa Michel e na Escola Técnica do Comércio, onde se graduou Técnico em Contabilidade, o que veio somar ainda mais a seus conhecimentos. Iniciou sua vida profissional trabalhando em um estabelecimento comercial nas mais diversas funções e depois, na Rádio Eldorado, como sonotécnico e em outras atividades. O professor Arlindo Junkes e o atuante advogado Benedito Narciso da Rocha, que tinham um bom relacionamento com o padre Estanislaw Cizeski, foram influenciados por ele a iniciar uma pequena loja de artigos religiosos, livros de orações, terços, santinhos, imagens e outros itens dessa área. Assim surgiu a pequena livraria, com o nome em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, que começou a funcionar em 1958, no subsolo da Igreja São José, com acesso pela Rua Santo Antônio. Arlindo e Benedito (já falecidos) não tinham tempo disponível para se dedicar ao negócio, por isso foi convidado o jovem Júlio Wessler, irmão de Arlindo, para colaborar nesta loja. Arlindo Junkes Benedito Narciso da Rocha 113 Casal Maria Francisca e Júlio Wessler Foi então que Júlio descobriu sua verdadeira vocação para o comércio. Com o perfil de grande vendedor e com muita visão, o que realmente é sua característica, passou também a incluir artigos de papelaria e de Natal, o que aumentou muito o movimento de clientes. Nesse meio tempo, Benedito retirou-se da sociedade. Após algum tempo, Arlindo achou por bem vender sua parte no empreendimento a seu irmão Júlio, pois estava sem tempo. Arlindo estava muito ocupado como professor, dirigente e maestro de coral, além de político. Elegera-se vereador e, como presidente da Câmara, chegou a prefeito de Criciúma. Então Júlio se tornou o único proprietário da livraria. Agilizou ainda mais a empresa, graças a seu grande otimismo e fé no poder do trabalho, acreditando no seu potencial e senso econômico. Ele mesmo cuidava das vitrines, colocando os artigos chamativos que atraíam seus clientes. Em pouco tempo, os negócios foram se avolumando, e o espaço ficou pequeno, quando resolveu transferir a loja para a Rua João Pessoa. Nesse novo endereço, na Galeria Benjamin Bristot, com um espaço muito maior, passou a vender um novo leque de produtos, como brinquedos, artigos para presentes, discos, materiais escolares e uniformes colegiais. Completando as necessidades dos alunos em um só local, permaneceu no mesmo endereço por mais de 30 anos. Tudo foi dando certo, e o trabalho aumentou. A essa altura, Júlio convidou seu irmão Fernando Gabriel para fazer parte da sociedade, e este se tornou vendedor de artigos a pronta entrega por oito anos. Em 1976, compraram a Livraria Progresso, que pertencia a César Lodeti. Abriram a sociedade, e a Livraria Progresso coube a Fernando Gabriel, que a transformou na Livraria Brasil. Passou a trabalhar com a colaboração de sua família e conseguiu um bom desenvolvimento, tendo até construído um prédio na Rua Marechal Floriano Peixoto, número 42. Voltemos a nosso personagem Júlio. Permaneceu com a loja na Galeria Benjamin Bristot com grande progresso. Também esse espaço não era mais suficiente. Então, Júlio construiu um prédio, que passou a ser sede própria na mesma rua, com área aproximada de 1.400 metros quadrados, tornando-se uma belíssima loja, com andar térreo e sobreloja. 114 Como diz o próprio Júlio: “O homem não vive só de trabalho”, assim também ele, em 1963, quando conheceu a jovem Maria Francisca Moreira, gaúcha vinda de Pelotas, apaixonou-se. Dois anos depois, já estavam casados, cheios de planos e sonhos. Maria Francisca, após alguns anos trabalhando como professora em diversos colégios, em comum acordo com seu marido, passou a trabalhar a seu lado com muita dedicação e participou da expansão e aprimoramento da loja. Anos mais tarde, graças ao sucesso dessa empresa, foi possível adquirir outro prédio na Praça Nereu Ramos, onde foi instalada mais uma excelente loja, especializada em materiais esportivos (esporte e surf). Esse tipo de produto, muito usado pelos jovens adeptos das diversas atividades esportivas, teve grande aceitação, e as vendas foram além de satisfatórias. Júlio Cesar, filho de Júlio e de Maria Francisca, que sempre gostou de jogar basquete e surfar, tornou-se o responsável pela Fátima Esportes. Anexa a esta loja, no primeiro andar, funciona também a antiga livraria, que é mantida como tradição, por ser uma das primeiras da cidade, hoje administrada por Maria Francisca. A seção de papelaria e brinquedo é gerenciada pelo genro, Gelson, e por sua esposa, Maria Emília. Já a filial de Araranguá, por Felipe Paz Souza. Boa parte da família participa da administração da empresa. As Lojas Fátima contam com mais de 80 colaboradores muito bem treinados, que procuram fazer o melhor serviço à população sul catarinense. Neste ano de 2012, a loja de Júlio e Maria Francisca completa 54 anos. O casal tem os filhos: Maria Emília (formada em Odontologia e empresária), Júlio Cesar (formado em Administração e empresário), Patrícia Helena (empresária) e Ana Lúcia (formada em Odontologia). Além da vida profissional, o casal também se dedica à comunidade. Júlio e Maria Francisca participaram da fundação da Câmara Júnior e por muito tempo colaboraram com a entidade. Júlio é sócio da CDL, onde ocupou todos os cargos do Conselho Diretor e foi presidente por mais de um mandato. Também para a Igreja São José prestaram sua colaboração, principalmente ministrando palestra nos cursos de noivos. 115 Lúcio Cavaler Armarinho, Construção, Indústria e Imobiliária A história comercial de Lúcio Cavaler começou em 1956, quando trabalhava na agricultura e plantava arroz na propriedade de seu pai, onde colheu 400 sacas e apurou 40 mil cruzeiros (moeda da época). Com o dinheiro que conseguiu com essa grandiosa venda, animou-se em realizar seu sonho, que era o de entrar para o ramo do comércio. Mas, antes de começar seu próprio negócio, acreditava que necessitava adquirir conhecimentos com alguém mais experiente. Assim, foi trabalhar com seu irmão mais velho, Eliziário, que tinha uma loja na cidade de Tubarão. Permaneceu por lá durante 18 meses, tempo suficiente para se tornar um profissional competente no ramo comercial. Em 28 de dezembro de 1959, iniciou uma sociedade com seu outro irmão, Anerino. Abriram uma loja de armarinhos no varejo e no atacado, localizada na Rua Marechal Floriano Peixoto, número 42. Com vontade férrea de progredir, o empreendimento deu bons resultados, mas mesmo assim os dois resolveram dividir a sociedade. Anerino continuou com o ramo de armarinhos e foi muito bem sucedido tanto que construiu dois prédios, um na Rua Paulo Marcus e outro na Henrique Lage. Já Lúcio entrou, em 1962, para o ramo imobiliário. Iniciou com a construção da Galeria Lúcio Cavaler, entre as ruas Paulo Marcus e a Marechal Floriano Peixoto, interligando a estrada de ferro com o Centro da cidade. As dezenas de lojas dessa galeria foram todas alugadas imediatamente, o que ainda hoje lhe dá bons rendimentos. Lúcio Cavaler Edifício Lúcio Cavaler 116 Em 1963, fundou a malharia Crimalhas na Rua Joaquim Nabuco, em sociedade com seus irmãos Valdir e Silvino e com Juventino Barp. Essa empresa foi mais um empreendimento de muito sucesso; atendia no atacado todo o Estado catarinense e parte do Rio Grande do Sul. Porém, Lúcio, sempre otimista, resolveu entrar em outro segmento. Em meados dos anos 60, Criciúma começava a ficar forte no setor cerâmico. Assim, em 1966, com outros sócios, abriu a Cerâmica Luciane, situada no bairro São Luiz. Essa sociedade era formada por Lúcio e por seus irmãos, Galdino, Anerino, Sílvio e Valdir, além dos irmãos Zanatta. Essa empresa funcionou até 1970, quando foi vendida para o Grupo Sartor. Em 1977, criou a firma Lúcio Imóveis Ltda. para administrar os aluguéis de suas lojas, o que perdura ainda hoje. Em 1980, enveredou-se para o ramo da construção civil. Seu grande empreendimento nesse setor foi a ousada construção do Edifício Cavaler na Rua Cecília Darós Casagrande, número 150, com 28 andares. Lúcio queria deixar sua marca na cidade e realmente deixou, pois até hoje não foi superado por outro prédio dessa altura, sendo ainda o mais imponente da região. Em 1985, Lúcio comprou a Construtora Criciumense, de propriedade de Jorge Frydberg, tendo como sócios João Bortoluzzi e Urbano Manoel Amaro dos Santos. Essa empresa realizou muitas obras na cidade, bem como em outras localidades. Retornou para o ramo cerâmico em 1990 e construiu uma fábrica de refratários, próximo da cidade de Siderópolis, que foi vendida algum tempo depois. Em 1994, criou a Construtora Lúcio Cavaler, agora como único sócio-proprietário. Na época, a Prefeitura de Criciúma estava construindo um novo terminal rodoviário, com uma passagem subterrânea para interligar os dois lados da cidade. Com um acordo entre as partes, a Prefeitura cedeu à nova construtora uma parte do subsolo para construir uma galeria subterrânea que interligasse a sua. Assim, sua grande obra foi a construção de outra galeria, agora no subsolo da Avenida Centenário, com três entradas de acesso: pela Rua Paulo Marcus, pela Rua Duque de Caxias e outra com acesso ao terminal rodoviário. Mais uma vez, ele estava interligando a cidade. 117 Essa obra foi muito importante para Lúcio, que construiu dezenas de lojas, tendo ótima renda. Mas foi melhor ainda para o município, pois facilitou o grande fluxo dos passageiros que utilizam aquele terminal, trazendo inclusive benefícios ao comércio em geral no Centro. Os criciumenses, portanto, só têm a agradecer por esse monumental empreendimento. Mais outra iniciativa de Lúcio se deu em 1995, desta vez na cidade de Morro da Fumaça, onde construiu um prédio de 11 andares, o mais alto do município até hoje. No ano de 1997, continuando com seu espírito de empreendedor, Lúcio fez outra grandiosa obra, às margens da BR-101, na localidade de Quarta Linha. Um pavilhão de 10.800 metros quadrados, onde instalou uma grande loja direcionada ao ramo de cama, mesa e banho., a Big Box. Assim, em 1998, ele marcou sua volta para o comércio da cidade, dessa vez, com a grande ajuda de sua esposa, Adelina. Com sucesso, levaram adiante o novo negócio, expandindo a marca para mais três lojas, uma na Avenida Centenário (subsolo), outra na Rua Henrique Lage e também uma filial em Florianópolis. Em 2002, ele construiu outro grande pavilhão com 5.110 metros quadrados no município de Içara, no trevo do bairro Getúlio Vargas. Lá instalou a Malharia Lumatex, outra empresa de sua propriedade, que fabrica centenas de malhas, vendidas em todo o país. A saga de nosso personagem não para por aí, pois em 2005, construiu uma grande fábrica, a Golden Tintas, em um pavilhão de 10.700 metros quadrados, no bairro Demboski, Içara, na SC-446, que liga Criciúma a Morro da Fumaça. Segundo Lúcio, esse está sendo seu melhor negócio. Além de tudo isso, existem muitas outras construções espalhadas por todo o lado, que seria muito difícil de enumerá-las aqui. A história de Lúcio Cavaler, nascido em 7 de setembro de 1937, hoje com 75 anos, mostra-nos seu grande espírito empreendedor. Lúcio é casado com Adelina Zanette, com quem tem quatro filhos: Luciane (advogada), Lúcio, Júlio César (administradores de empresas) e Jean (engenheiro civil). O casal também tem sete netos, que são sua grande paixão. 118 Marusca Modas Esta loja pertence a Dalva Maria de Oliveira, que iniciou sua empresa em 1964, na Rua Desembargador Pedro Silva, onde ficou até 1976, com o nome de Dalva Modas. Depois, foi para a Praça Nereu Ramos, de 1976 a 1980, quando se mudou para a João Pessoa, onde está há 30 anos, com o nome de Marusca Modas. Dalva tem um grande carisma para o comércio, dom que herdou de sua mãe, Ana Bitencourt da Rosa, uma comerciante muito lutadora e competente. Devido a essa capacidade, tem tido muito sucesso e formado um bom patrimônio. Viaja constantemente a São Paulo (SP) e está sempre atualizada em moda, trazendo novidades para sua fiel clientela. Era casada com Lindino Benedet, que trabalhava com uma oficina de pintura de automóveis. O casal teve os filhos: Rosângela (empresária), Roselei (empresária), Rogério (comerciante, falecido), Renata (advogada) e Lindino Filho (oceanógrafo). Viúva de Lindino, contraiu segundas núpcias com Valmor Garbelotto, que foi empresário industrial do ramo de alumínio e professor de desenho do Colégio Marista. Dalva e Valmor foram muito felizes, mas novamente ela ficou viúva. Dalva continua na loja com a disposição de sempre e é muito considerada por sua força e perseverança. Também conta com a colaboração de duas filhas, Rosângela e Roselei. Ligada à Igreja Católica, colabora com a Diocese, emprestando seu talento de cantora quando a comunidade solicita. Participa intensamente do MCC (Movimento de Cursilhos de Cristandade). Dalva Maria de Oliveira 119 Maurino da Silva Maurino começou sua vida profissional ajudando seu pai, Ortêncio da Silva, como barbeiro. Em 1967, resolveu iniciar sua carreira comercial e abriu uma pequena loja de miudezas e de material de costura na Rua Conselheiro João Zanette. Anos mais tarde, Maurino assumiu a loja de seu sogro, Francisco Dornier de Oliveira, a Casa América, na Rua João Pessoa, onde continuou com o mesmo ramo de tecidos, confecções, roupas de cama, mesa e banho, além dos famosos Chapéus Cury. Em 1972, aconteceu uma fatalidade: Maurino foi modificar a posição da antena de televisão de cima de uma janela, perdeu o equilíbrio e caiu. Em consequência desse acidente, veio a falecer. Sua esposa, Maria Olinda de Oliveira, deu continuidade aos trabalhos por mais dez anos até 1983. Como Maurino, ela continuou com a mesma eficiência, dedicação e bom atendimento a sua clientela. Com o encerramento dessa loja, ficou um vazio naquela rua, fez falta aos seus vizinhos e aos seus clientes. Maurino e Maria Olinda tiveram os filhos: Ludi Terezinha (empresária aposentada), Flávia (empresária) e Carlos Alberto (representante comercial). Maurino da Silva 120 Modas Canadá Situada ao lado da Sapataria Lurdete, na Rua Conselheiro João Zanette, era uma loja pequena de tamanho, porém grandiosa na qualidade de suas mercadorias. No início, foi de propriedade das irmãs Norma e Calixta, que se esforçavam para trazer para Criciúma a moda feminina mais atualizada e prestigiada do país. Vendiam roupas e acessórios de grife, de muito bom gosto, com um atendimento especial, pois Norma e Calixta tratavam suas clientes com muita educação e simpatia. Em 1971, venderam a loja. Norma mudou-se para Curitiba (PR), e Calixta casou-se, indo morar em outro Estado. A loja passou então a ser administrada por sua nova proprietária, Maura Petronilha de Sousa Santos, que já possuía uma outra loja, denominada Nouvelle Modas, situada na Rua Coronel Pedro Benedet, no Edifício Dr. Peres. Maura juntou o estoque das duas lojas e, com muito bom gosto, passou a vender roupas e acessórios do mesmo segmento anterior. Também buscava seus produtos nos maiores e melhores centros do país, sempre com novidades. Em 1976, seu esposo, Adolfo Antônio dos Santos, professor e pastor, foi transferido para Itajaí, onde assumiu a direção geral da Igreja Presbiteriana. Como Maura acompanhou o marido, foram encerradas as atividades do estabelecimento. O casal Maura e Adolfo (já falecidos) teve sete filhos: Sandra Maura (médica), César Roberto (cirurgião-dentista), Ana Petronilha (arquiteta e minha nora), Adolfo Antônio (farmacêutico), Isabel (arquiteta), Luciana (engenheira agrônoma) e Débora (enfermeira). Maura Petronilha de Sousa Santos 121 Osvaldo Guidi Eu o conheci como balconista da filial criciumense das Casas Jaraguá. Naquela época, Osvaldo Guidi já se destacava como uma pessoa de visão. A Casa São José, de Eugênio José Goulart, resolveu criar uma seção de atacado, além do costumeiro comércio de varejo, e convidou Osvaldo para ser seu viajante nesse setor. Ele aceitou a oferta e trabalhou por algum tempo com muito sucesso, a ponto de se entusiasmar e chamar seus irmãos Leonardo e Neri para constituir uma firma de atacado de armarinhos em geral. Começou no Bairro Pinheirinho, e, com a vontade inabalável de Osvaldo, acompanhado dos irmãos, tudo foi dando certo, até que construíram sede própria na Rua Henrique Lage. Sempre com a mesma prosperidade do início, passou a fabricar calças e camisas da marca Twist. Tempo depois, Osvaldo comprou a parte de seus irmãos, mantendo o mesmo ritmo de produção e passando a fabricar também as roupas Mormaii, com a devida autorização da marca. Osvaldo passou a ser também construtor de prédios e de salas comerciais. Por fim, ele criou a grande firma financeira Factory TWA. Portanto, é um verdadeiro visionário de nossa comunidade e, merecidamente, um dos empresários mais bem sucedidos de Criciúma. De seu primeiro casamento, com Letícia Milanez, teve os filhos: Roberto (formado em Contabilidade) e Osvaldo Guidi Filho (formado em Administração). Os dois continuam no setor da indústria de confecções. Do segundo casamento, com a esposa atual, Estela Mares Felisberto, teve um filho: Lucas Guidi (formado em Administração e cursando Direito). Este está mais envolvido na área de construção. Osvaldo Guidi 122 Pavone Calçados Esta casa de calçados fez história na nossa cidade. Pertencia a Antônio Mazzuco, que contava no início com os sócios Osmar e Atair Zappelini. Seu primeiro endereço foi na Rua João Pessoa e depois na Praça Nereu Ramos, onde funcionou por muitos anos. Antônio Mazzuco inaugurou a loja em 1965, com a ajuda de seu tio, Faustino Zappelini. Depois de um tempo, assumiu sozinho a direção do empreendimento e tornou-se um dos maiores comerciantes do ramo de calçados em nossa região. Muito trabalhador e possuidor de bastante crédito junto a seus fornecedores, Antônio construiu um patrimônio considerável. Ele também teve grande ajuda de sua esposa, Ângela. A Pavone Calçados, como era chamada essa loja, chegou a ter três endereços simultaneamente, dois deles com prédio próprio. Um desses era situado no antigo Cine Rovaris, comprado para dar lugar à imponente sapataria. Atualmente, no local funciona a Loja Colombo. O segundo prédio Antônio comprou da família de José Casagrande, transformando-o em uma bela loja de calçados. Hoje o local ainda abriga uma bela sapataria da cidade, o Baratão Calçados. Antônio foi sucedido por seu filho, que ainda trabalhou no ramo por alguns anos e depois vendeu o empreendimento ao proprietário do Baratão Calçados, Alcir Barner. Antônio (já falecido) teve com Ângela dois filhos: Fernando (empresário) e Raquel (empresária). Casal Ângela e Antônio Mazzuco 123 Pedro Alves Comércio e Prestação de Serviços Pedro começou suas atividades comerciais trabalhando na Casa Leão, pelos idos de 1953. Foi meu colaborador, quando eu era o gerente dessa loja. Desde o início, mostrava grande tirocínio, e quando eu saí da empresa, ele já estava preparado para me substituir na gerência. Permaneceu nesse empreendimento até 1961, quando foi substituído por Zulma Souza, uma das herdeiras da família Souza. A partir daí, continuou até o encerramento da Casa Leão em Criciúma. Em 1961, Pedro montou uma loja de atacado em armarinhos na Travessa Padre Pedro Baldoncini. Já em 1966, estabeleceu-se na Rua Henrique Lage com um atacado de confecções. No ano de 1974, vendia roupas de cama, mesa e banho na Rua Itajaí. Em todas essas lojas, atendia todo o sul do Estado, sempre com ótimo atendimento e muita competência. De 1986 a 2002, na Avenida Getúlio Vargas, abriu o Lojão, atacado e varejo, atendendo pequenos comerciantes, principalmente sacoleiros. No varejo, conseguiu uma grande clientela da cidade e de turistas argentinos e uruguaios que visitavam Criciúma. A partir de 2003, Pedro, como sempre, um grande estrategista, resolveu explorar o ramo de estacionamento; já possui 12 deles, entre Criciúma e Araranguá, e é o campeão nesse segmento. Portanto, está provado: onde Pedro coloca a mão, seja comércio ou prestação de serviços, o sucesso é certo. Falando com suas filhas, disse a elas que tinham a mesma disposição do pai, e uma delas me respondeu: “Não chegamos nem perto; meu pai tem uma disposição que nós nunca conseguiremos ter”. Pedro é casado com Terezinha Milioli, com a qual tem os filhos: Sônia, Simone, Adriana e Paulo Henrique, empresários que seguem os passos do pai. Pedro Alves 124 Rocha Magazine Osmar Rocha, natural de Rio dos Anjos, município de Araranguá, aos 13 anos, já era alfaiate, profissão que aprendeu com seu irmão João Rocha. Veio para Criciúma em 1958. Casou-se com Nice Sorato e teve dois filhos: Osmar Júnior e Karina. Pouco tempo depois, a convite de seu irmão, tornou-se sócio da alfaiataria Rocha. Em 1965, criou sua própria empresa, a Rocha Magazine, e ali exerceu a profissão de alfaiate e lojista, pois além dos trajes sob medida, começou a comercializar todo o tipo de confecção masculina. Em 1991, fundou a Homem e Cia., dividindo a direção com seu filho, Osmar Rocha Júnior, que acabara de se formar em Administração. Mais tarde, sua filha, Karina, também empresária, uniu-se ao grupo. Teve filiais em Tubarão e em Florianópolis - no Beiramar Shopping e na Rua Felipe Schmidt - durante 12 anos. Atualmente, dedica-se de forma exclusiva às lojas de Criciúma. Uma delas, na Praça Nereu Ramos, e a outra, em sede própria, na Rua Coronel Pedro Benedet, no Edifício Martinho Acácio Gomes. Osmar foi membro ativo da Câmara Júnior, Lions Clube e Sindicato do Comércio Varejista, tendo exercido a presidência desta última. Católico praticante, foi durante cinco anos presidente do Conselho Administrativo Paroquial. Sentiu-se realizado em participar da Câmara de Dirigentes Lojistas, da qual foi presidente por dois mandatos. Num desses mandatos, inaugurou a sede própria da entidade, onde ainda está instalada a unidade criciumense do Serviço de Proteção ao Crédito - SPC. Sente-se honrado também por ter recebido o título de Cidadão Honorário de Criciúma. Osmar Rocha 125 Sapataria Flórida Esta sapataria pertencia a Valdemar e Aquilino Cirimbelli e ficava na esquina da Rua João Pessoa com a Santo Antônio. Era, na verdade, filial da Matriz de Nova Veneza, dirigida por Valdemar. Conheci esse tão prestativo amigo quando eu ainda era solteiro. Eis que, por algum tempo, nós dois nos hospedamos no Hotel Palace, de propriedade de Leopoldina Scheidt, a qual considerávamos nossa segunda mãe. Aquilino, alguns anos depois, deixou a sociedade, tendo Valdemar continuado os trabalhos com a Sapataria Flórida. Valdemar casou-se com Lenir Damiani, que também muito colaborou para o sucesso do empreendimento. O nome foi dado em razão da viagem de lua-de-mel do casal para Buenos Aires (Argentina), cuja principal rua de comércio se chama Florida. Como Lenir sabia comprar e vender calçados! Ela sempre tinha em seus estoques lindos sapatos masculinos e especialmente femininos. Ninguém precisava ir a centros maiores para comprar sapatos da última moda; bastava visitar a loja de Valdemar e de Lenir, onde se podia encontrar sapatos com saltos exuberantes para festas, sapatos sem saltos, sapatos bem leves e macios e ainda aqueles especiais para a terceira idade. Após a morte de Valdemar, Lenir ainda continuou por muitos anos, com muita garra, seu trabalho frente à loja. Juntos, tiveram três filhas: Mirela (professora de curso superior), Tatiana (psicóloga e professora), e Morgana (bióloga, professora na Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc). As duas primeiras prestaram proverbial ajuda à mãe ao conduzir a loja nos últimos anos. Lenir, contudo, hoje é aposentada e continua administrando seus bens. Casal Lenir e Valdemar Cerimbelli 126 Sapataria Lurdete De propriedade de Elias Sprícigo e Rosa Goulart, situava-se na Rua Conselheiro João Zanette e se destacou por muitos anos como sendo a melhor sapataria da cidade, pois sempre tinha no seu estoque os calçados mais finos e da melhor qualidade. A clientela era enorme, e todos tinham vontade de comprar um sapato na Lurdete. O atendimento era sempre muito terno e atencioso por parte dos proprietários, Elias e Rosa, e de seus funcionários excelentes. Entre eles, podemos lembrar a Mariza, que hoje mora em Caxias do Sul (RS), e Terezinha, que é casada com Sálvio Aguiar e atualmente é dona da Loja Kemps. A filha do casal, Lurdete, também trabalhou por alguns anos na sapataria que leva seu nome. Do seu primeiro casamento com Rosa, Elias teve, além de Lurdete (contabilista), outro filho, Luiz (já falecido, professor na faculdade de Farmácia, em Curitiba/PR). Do seu casamento com Maria teve duas filhas: Eliane (geóloga) e Eliziane (advogada). Elias faleceu em 23 de janeiro de 1997. Elias Sprícigo 127 Sapataria Santa Bárbara Esta sapataria iniciou suas atividades com três sócios: Antenor Longo, Mário da Cunha Carneiro e Desidério Meller, o Deio, como era conhecido. Situava-se na Rua Conselheiro João Zanette, em frente à Casa Ouro. Quem cuidou da sapataria e nela trabalhou foi o Antenor, que fez dela uma casa de calçados com bom estoque e um ótimo atendimento. Por isso, a loja conseguiu ter uma grande clientela. Depois de alguns anos, Antenor trocou de atividade e tornou-se industrial, indo trabalhar na fabricação de massas alimentícias. Criou o Pastifício Fio de Ouro, que funcionou muito bem e teve notável sucesso. Mais uma vez, entretanto, Antenor resolveu mudar de ramo. Adquiriu a Estação de Águas Termais São Pedro, próximo à estação ferroviária de Cocalzinho. Lá, construiu um magnífico balneário de águas mornas, um bom hotel e restaurante, muito bem frequentados pelas famílias criciumenses, que, além dos banhos hidrominerais, podiam usufruir de ótimas refeições no almoço e no jantar. Era, de fato, a grande atração da época. Mais adiante, esse magnífico empreendimento foi vendido para uma mineradora de fluorita, e, infelizmente, o agradável recanto termal foi encerrado, deixando inconsolável falta à nossa região. Esse mesmo empresário constituiu a firma comercial Ferro Sul Ltda. com material de construção, especializada em pisos e azulejos. Antenor Longo 128 Antenor era casado com Maria Sílvia Carneiro, que por muito tempo teve uma escola de datilografia de destaque, onde teve oportunidade de ensinar centenas de jovens a serem datilógrafos profissionais. Seus alunos, hoje na terceira idade, têm muita facilidade para digitar quando frequentam as aulas de computação. Antenor e Maria Sílvia (já falecidos) tiveram os filhos: Rui (engenheiro, falecido), Maria Bernadete (formada em Artes, é também pedagoga, especializada na Educação de Deficientes Visuais, e mora em Salvador/BA), Marília (psicóloga formada em Letras, é professora da Escola de Polícia no Paraná/PR), Guilherme (engenheiro civil), Maria Sílvia (a única que atualmente reside em Criciúma, com curso universitário incompleto) e Maria Vitória (arquiteta, mora em Florianópolis). 129 Tecidos Sul América Atraídos pelo franco desenvolvimento de Criciúma, os irmãos Saleh, Abdul Mohamad, Khaled Mohamad, Ahmad Mohamad e Mustafá Mohamad, vieram de Curitiba (PR), em 1963, e se estabeleceram na esquina da Rua João Pessoa com a Travessa Padre Pedro Baldoncini. Ali iniciaram uma loja denominada de Comercial de Tecidos Sul América, que, desde o começo, obteve grande sucesso. Os quatro irmãos eram muito trabalhadores e logo perceberam a possibilidade de expansão. Já no ano seguinte, em 1964, inauguraram outra empresa com a denominação de Comercial Central de Tecidos, destinada à venda de tecidos por atacado. Atendiam inicialmente os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul com caminhões próprios para entrega de mercadorias e cobravam os títulos em carteira, tendo em vista a dificuldade de cobrança bancária. Em 1966, inauguraram mais um empreendimento, a Indústria de Confecções Satex Ltda., uma das primeiras confecções de Criciúma. Com o crescimento da Central de Tecidos, passaram também a atender o Estado do Paraná. Com esse crescimento, tiveram que trocar de endereço, saindo da Padre Pedro Baldoncini para a Rua Seis de Janeiro e, posteriormente, para a Rua João Pessoa. No ano de 1971, os irmãos Abdul e Mustafá venderam suas cotas da empresa para o irmão Ahmad e foram em busca de novos desafios na cidade de São Paulo (SP), estabelecendo-se no bairro do Brás com indústria de confecção. Abdul Mohamad Saleh 130 Em 1976, o sócio Ahmad vendeu a sua parte para o irmão Khaled e também foi para São Paulo. Com essa transação, a firma mudou a razão social para Cetel – Central de Tecidos Ltda. Em 1979, Khaled comprou uma fazenda em Mato Grosso e foi embora. Resolveu ser fazendeiro. Vendeu a loja para um sobrinho, José Antônio, e para João Quintino Dal Pont, que era seu funcionário. Estes, então, continuaram com a firma até 1985, quando Khaled voltou do Mato Grosso e readquiriu a loja. Abdul era casado com Fátima Heraki, com quem teve os filhos: Riad (falecido), Joheina e Najua. Khaled casou-se com Odila Dabul Maluf (já falecida), tendo com ela os filhos Omar e Leila. 131 Vidal Modas Os dois irmãos Vidal, Oreste e Diomício, vindos de Imaruí, iniciaram suas atividades como alfaiates no ano de 1959. Em 1965, a Vidal Modas tornou-se a primeira alfaiataria a confeccionar camisas sob medida. Na época do Esporte Clube Metropol, os jogadores eram fregueses dessa camisaria, como também os atletas do Comerciário e do Atlético. Os uniformes que o time do Metropol utilizou na turnê pela Europa foram feitos pelos irmãos Vidal. Adquiriram, em 1974, o seu prédio próprio na Rua João Pessoa, bem no Centro. Alguns anos depois, foi adquirido o prédio da Rua Henrique Lage. Em 1986, foi dissolvida a sociedade, e Oreste ficou com a administração da loja e da alfaiataria (Vidal Modas), localizada na área central, juntamente com a esposa e filhos. Diomício, por sua vez, ficou com o prédio da Rua Henrique Lage e continuou com a fábrica de camisas Modal. Oreste é muito trabalhador, competente, correto e ético; dispensa sempre bom trato para com sua clientela. É também muito amoroso com sua família. Participa das entidades patronais há mais de 40 anos. Na Associação Empresarial de Criciúma (Acic), foi membro da diretoria vários anos; na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), foi presidente por dois mandatos; no Sindicato do Comércio, foi presidente por 18 anos; e na Federação do Comércio (Fecomércio), foi membro da diretoria executiva por 21 anos. Oreste Vidal 132 Oreste também liderou a campanha para a edificação dos prédios do Sesc e do Senac. Foi o primeiro presidente do Conselho Consultivo desta última entidade, reeleito juiz vogal da Justiça do Trabalho (juiz classista) em dois mandatos não consecutivos de três anos cada. Como se vê, Oreste é um homem de trajetória incomum, que se dedica por demais a sua classe. É impressionante e admirável a sua capacidade de dedicação aos negócios, à família e à comunidade. Oreste é casado com Nadir Dagostim, com quem tem os filhos: Elton (contabilista) e Vilton (comerciante, formado em Administração de Empresas). Diomício é casado com Ana Maria Serafim, com a qual tem um filho: Diomício Júnior (empresário). 133 134 135 Althoff Supermercados Em 1952, os irmãos Althoff, Tarcísio e Paulo, vindos da cidade de Santo Amaro da Imperatriz, chegaram a Criciúma para desbravar o comércio de armarinhos no atacado. Assim, com muita vontade e trabalho, formou-se entre nós uma das maiores empresas desse ramo. Estabeleceram-se na Rua Henrique Lage e comercializavam, entre tantos outros, os produtos Fleschmann, Royal, Nestlé, Kolynos e ColgatePalmolive. Foram grandes distribuidores de sal, pregos Gerdau, arame farpado da marca Motto, produtos Nadir Figueiredo, cordas de sisal e nylon. Ainda foram um dos maiores distribuidores de cimento Votorantim para toda a Região Carbonífera, sendo os principais fornecedores das construtoras de Criciúma, inclusive a sede da Casa Imperial consumiu centenas e centenas de sacas de cimento na sua construção. Toda essa variedade de produtos perfazia um mix de mais de seis mil produtos e tornava o comércio dos irmãos Althoff um dos líderes no segmento. Em 1977, o grande atacado Althoff resolveu mudar o ramo de suas atividades para o varejo, criando-se então o Althoff Supermercados. A iniciativa dos irmãos foi inaugurar a primeira filial na cidade de Imbituba, cujo resultado foi mais próspero do que o previsto. Em 1979, houve a separação dos sócios, sendo que Tarcisio retirouse da firma para iniciar com seus filhos outro segmento empresarial. Paulo, de seu turno, não esmoreceu e, com muita disposição, deu continuidade ao destino desta consolidada empresa de nossa região. Paulo Althoff Tarcísio Althoff 136 Assim é que, em 1980, surgiu a filial de Criciúma. Em seguida, em 1984, a de Urussanga. Já a de Garopaba foi inaugurada em 1986. Em 1998, foi a vez de Orleans ser contemplada com a abertura de um dos maiores mercados da cidade. Em 2001, surgiu a filial de Laguna, e mais recentemente, em 2005, o Althoff chegou à cidade de Tubarão. Conta com diversas facilidades pensadas para favorecer a comodidade do consumidor, tais como o amplo estacionamento coberto, projetos modernos de layout e comunicação visual, lanchonete, sala para cursos e palestras oferecidos aos clientes e, ainda, outras cinco lojassuporte. Além das sete filiais, há mais um amplo centro de distribuição, onde é pensado todo o plano estratégico da empresa, que muito tem contribuído com o progresso de Criciúma e de todas as regiões onde está presente. Atua, outrossim, no investimento e desenvolvimento de software de gerenciamento, que monitora todo o estoque e também a validade de seus produtos, dando agilidade ao atendimento de toda a rede, com cartão de crédito especial, capaz de conceder facilidades no pagamento para seus clientes. Ouso afirmar, ademais, que o maior patrimônio desta empresa é o seu quadro de funcionários, que recebem permanente treinamento, o que resulta em ótimo atendimento, sempre em parceria com seus milhares de clientes. Com o passar dos anos, os filhos de Paulo Althoff, Fláris e Flávio, assumiram o comando da empresa, com modernidade, competência e muito entusiasmo. Mantiveram, porém, as características de seus antecessores no fiel comprometimento da organização. Este é um pequeno resumo da história dos dois irmãos Althoff. Parabéns aos que arquitetaram esta grande empresa. Tarcísio (já falecido) foi casado com Lina Ferraro. Tiveram os filhos: Augusto, formado em Medicina, que após alguns anos deixou a profissão, tornou-se um empresário e formou-se em Direito; Antônio, também formado em Medicina, é reumatologista, detentor de muito prestígio na profissão; e Ana, que era odontóloga e faleceu muito nova. Da segunda união, com Laís Bitencourt, nasceram Jaqueline, que é médica, e Josiane, arquiteta. Paulo era casado com Madalena Lehmkuhl (ambos já falecidos), com a qual teve os filhos: Flávio, que é formado em Medicina e exerce a profissão até hoje com grande competência, e Fláris, formado em Administração, é diretor do grupo Althoff Supermercados. 137 Armazém Althoff Pertencente a Antônio Augusto Althoff, conhecido por todos como Nico, esse comércio iniciou seu funcionamento em 1946, na Rua João Pessoa, mudando-se depois para a Rua Henrique Lage e estabelecendo-se em definitivo na Rua Anita Garibaldi, local onde encerrou suas atividades no ano de 1975. Era um excelente armazém de secos e molhados, que atendia grande parte da cidade com produtos de primeira qualidade. Guardadas as devidas proporções, representava à época o que hoje se conhece como supermercado. Como era uma pessoa extremamente correta, Nico tinha a preferência dos melhores fornecedores. O comércio, como já mencionado, durou quase 30 anos, apesar de representar uma venda de pequena estatura frente à acirrada concorrência dos mercados modernos. Em virtude da expansão desse novo modelo de comércio de suprimentos do dia a dia, o armazém de secos e molhados de Nico viu-se forçado a encerrar suas atividades. Antônio era casado com Maria Harger. O casal teve os filhos: Nezi (professora), Neri (empresário, já falecido), Sueli (professora), Roseli (professora) e Darci (engenheiro agrônomo). Nico e Maria (já falecidos) foram muito estimados por todos que os conheceram, pela simpatia e exemplo de pessoas trabalhadoras, corretas e dignas. Antônio Althoff 138 Armazém Amboni Foi Arnoldo Amboni que deu início a este armazém em 1954 e, logo em seguida, admitiu como sócio seu irmão, Aristides. Funcionava na Rua Henrique Lage e tinha de tudo que se precisasse comprar. Vendiam comestíveis em geral, bebidas e miudezas na área de armarinhos. Junto ao armazém, mantinham uma padaria e um pequeno restaurante. Usavam, para anotar as compras a prazo, o sistema das cadernetas, método que apresentava suas notáveis debilidades - não possibilitava qualquer comprovação de quais mercadorias realmente haviam sido vendidas -, mas era o mais comum na época e que nós comerciantes lembramos com nostalgia. Embora funcionasse na base da confiança entre vendedor e cliente, por certo, havia quem não pagasse, assim como acontece hoje em dia, mesmo com os métodos modernos. A loja funcionou até 1957, quando foi vendida para a família de José Angeloni, que, a partir desse modesto empreendimento, construiu a portentosa rede de supermercado que conhecemos hoje em dia. Após a venda, Arnoldo passou a atuar em diversas atividades, entre elas, uma loja de atacado, onde comercializou balas e congêneres no bairro Santa Bárbara. Casado com Ivanir Oliveira Gomes, tem as filhas Débora (psicóloga), Liziane (professora) e Adriana (secretária). Aristides (já falecido), por sua vez, tornou-se funcionário público e trabalhou na Prefeitura de Criciúma até se aposentar. Era casado com Judite Casagrande, e juntos tiveram os filhos Geraldo e Alcione (falecidos), Jói (funcionário da Prefeitura) e Solange (do lar). Arnoldo Amboni 139 Armazém Castelo O armazém pertencia a Vespasiano Mondardo e se situava na Rua Coronel Pedro Benedet, número 12. Vespasiano sempre havia se dedicado à agricultura, tendo prósperas propriedades localizadas em São Bento Alto (localidade de Nova Veneza), no Centro do município de Nova Veneza e em Criciúma. Para facilitar o estudo de seus filhos, Vespasiano mudou sua residência e seu negócio para Nova Veneza. Ficou lá alguns anos, mas sempre pensava em se mudar para Criciúma, onde o progresso era muito visível, alavancado principalmente pela indústria carbonífera. E Vespasiano veio para Criciúma. Adquiriu de Zoide Costa um armazém em março de 1962, que se chamava Castelo. Estava situado num ponto ideal para a instalação de um armazém. Além disso, com a disposição para o trabalho, o sucesso logo apareceu. Não podemos deixar de considerar também a ajuda fenomenal que obteve de sua esposa, Ophélia Manique Barreto, filha de Manoel Manique Barreto, que nessa época já estava morando em Criciúma. Trabalhou também nesse armazém Aloísio Preuss, famoso tocador de gaita, pessoa alegre, que sabia fazer amigos e com isto conquistava a freguesia. Preuss ainda tinha mais uma qualidade que o tornava bastante conhecido, era sobrinho da mártir Albertina Berkembrock, da Serra de São Luiz, próximo à cidade de São Bonifácio. Nessa localidade, existe uma capela em sua homenagem, que recebe muita visitação. Vespasiano Mondardo 140 Voltemos ao Armazém Castelo. Vespasiano expandiu seus negócios, montou um engenho de arroz no distrito de São Bento Baixo, município de Nova Veneza, e administrou mais este empreendimento. Com todo esse trabalho, proporcionou uma vida boa para sua família e com prazer viu seus três filhos formados em curso superior. Contudo, não continuaram o trabalho do pai. O casal Vespasiano e Ophelia teve três filhos: José Mondardo, o Duda, é proprietário da imobiliária Duda Imóveis, uma das maiores do Sul do Estado, tendo, inclusive, uma filial em Florianópolis; Maria Salete, que mora em Porto Alegre (RS). Foi cirurgiã-dentista em Criciúma e hoje ajuda o marido, Bruno Foernges, na Ótica Foernges, tradicional na Capital gaúcha, com várias filiais; a caçula, Dóris Beatriz, mora em Criciúma e é uma professora de inglês muito considerada. Vespasiano já faleceu, mas deixou bons exemplos para seus filhos. 141 Armazém Euzébio Martins Euzébio João Martins possuía um pequeno armazém de secos e molhados e armarinhos nos altos da Rua Pedro R. Lopes, nas proximidades do City Clube, do Museu Augusto Casagrande e da sede da LARM (Liga Atlética da Região Mineira). Nesse recanto, ele desenvolveu seu negócio com muita simpatia e dedicação aos clientes. Eu mesmo fui um de seus fregueses, torneime seu amigo, e ele também era um ótimo cliente da Casa Imperial. Naqueles anos, de 1950 a 1970, ter um armazém de secos e molhados era um bom negócio, o suficiente para manter a família. Após essa data, começou uma grande dificuldade com a chegada dos supermercados. A maioria dos armazéns teve que fechar suas portas. Euzébio foi um verdadeiro pai de família; criou e educou seus 12 filhos com muito carinho e dedicação, portanto cumpriu sua obrigação com dignidade. Euzébio se casou duas vezes. Do primeiro casamento, com Ema Ernestina de Oliveira, teve os filhos: Wanderlei (comerciário), João (mecânico), Valdeia, Valmoci e Valmira (comerciantes). Do segundo casamento, com Tereza, teve os filhos: Eliete e Elizabete (comerciárias aposentadas), Luiz (comerciante), José Carlos (funcionário público), Elioni (empresária aposentada), Terezinha e Maria de Lurdes (comerciantes aposentadas). Nenhum de seus filhos deu continuidade aos negócios do pai, que já é falecido e deixou muitas saudades. Euzébio João Martins 142 Armazém Matias Paz De propriedade de Matias Ricardo Paz, o Armazém Matias Paz estava situado na Rua Acácio Moreira. Vindo de Laguna, na década de 1950, Matias estabeleceu-se no antigo bairro Vinte e Cinco, hoje São Cristovão, com seu armazém de secos e molhados. Quem não se lembra do armazém do Matias, com verduras fresquinhas, galinhas da colônia, queijo favadinho? E das carnes de porco que ele mesmo criava? Progrediu bastante, ampliou e reformou seu negócio, que depois passou a ser chamado de Fiambreria Doce Lar. Matias convidou o padre Estanislau Cizeski para dar a bênção no local na década de 1960. Como era um visionário, eliminou os balcões, e os próprios fregueses escolhiam seus produtos. Parece que anteviu o que mais tarde aconteceria com os mercados. Esse armazém tinha como panorama a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, que transportava as riquezas do Sul e muitas pessoas que viajavam entre Araranguá e Imbituba. Sua chegada às 5 horas da tarde era uma verdadeira festa, com pessoas que chegavam com novidades, vindas principalmente das cidades de Imbituba, Laguna e Tubarão. Matias não cuidou só de seus negócios e de sua família; era muito dedicado à comunidade. A Capela São Cristóvão, o Neblina Clube, a escola do bairro e a Associação de Amigos do Bairro tiveram início nas mãos de Matias e contaram com seu incentivo. Também estava entre os fundadores da antiga Fundação Universitária de Criciúma - Fucri - e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Apae. Matias Paz 143 Eleito vereador, continuava cada vez mais dedicado à comunidade. Há uma rua com seu nome, no bairro Próspera, próximo ao Batalhão da Polícia Militar, como reconhecimento da população por tudo que Matias fez e viveu. Foi ele também um dos criadores do Colégio São Cristóvão. Na família, foi muito dedicado. Tratava sua esposa, Maria Lima, como uma eterna namorada, pela qual tinha um amor incomensurável. Com ela teve dez filhos: Maria da Glória (empresária), César (advogado), Inocência (professora), Dercy (empresária), Maria das Dores (religiosa, advogada e pós-graduada em Direito Canônico), Zenaide (pedagoga), Matias (falecido), Marlene (professora), Líbia (bancária) e Albertina (professora). A morte de Matias deixou um vazio entre seus familiares e seus amigos da comunidade. 144 Armazém Progresso Os proprietários vieram da localidade de Santana, município de Urussanga, onde possuíam um pequeno armazém. Procurando desenvolver com maior intensidade esse ramo em Criciúma, Maurílio Pereira e João Eliseu Martins migraram para o município com muita disposição em 1954. Trabalhando a todo vapor, tornaram-se verdadeiros gigantes em nosso comércio. Podia-se considerar um grande supermercado, pois lá se encontrava de tudo; atendiam sua clientela com excelente tratamento, afinal era um empreendimento que gozava de muito bom conceito, tanto dos clientes, como dos fornecedores. Maurílio e João eram realmente empresários competentes, honestos e ótimos pais de família. Esse armazém durou algumas décadas, mas posteriormente foi desfeita a sociedade, que começara em 1954 na Rua Paulo Marcus. Maurílio construiu um prédio na Rua Anita Garibaldi, o qual dispunha de uma grande sala na parte térrea e de vários apartamentos para a família na parte superior. Nesse local, foi criado um outro armazém, denominado de Bom Preço. Abriu também uma loja que vendia artigos para presentes em uma sala adquirida do Banco Bradesco, na Rua Coronel Pedro Benedet. Mais tarde, essa sala foi vendida a Taurino Pereira, e a loja foi transferida para a Praça Nereu Ramos. Nesse local, ficou funcionando por algum tempo até que seu estoque de mercadorias foi vendido para Antônio Omar Salim, da loja A Triunfante. Maurílio Pereira João E. Martins 145 Maurílio Pereira está aposentado e administrando suas propriedades. É casado com Luíza Marcelino e tem os filhos: Nilza, Vilma, Maria Neuza, Maurílio Nascimento (Nascimento por ter nascido no dia de Natal) e José Carlos, todos empresários de diversas atividades. O sócio, João Eliseu Martins, após o encerramento da sociedade do Armazém Progresso, criou a Gráfica Editora Tabajara, que deixou sob a direção de seu irmão Venício e posteriormente de seu filho Obdúlio. Tanto Venício quanto Obdúlio tiveram muito sucesso em seus serviços gráficos, atendendo toda a Região Carbonífera. João (já falecido) era casado com Júlia Rota, com quem teve os filhos: Odilor (dentista), Obdúlio (empresário gráfico), Odila (pedagoga) e Ozane (química industrial). 146 Armazém Santa Catarina O Armazém Santa Catarina era de Secos e Molhados, como se dizia na época. Localizado na Rua Cecília Darós Casagrande, pertencia a Prezalino Pereira. Esse nobre cidadão de nossa comunidade iniciou seu comércio próximo ao ano de 1960 e o manteve por 20 anos, sendo que nos dois últimos, foi administrado por Tobias, seu filho. Nesse estabelecimento, todos os produtos eram pesados e embalados na hora da compra, à vista do comprador. O café, além de pesado e embalado, também era moído na hora da compra, fator que importou em grande fidelização dos consumidores, haja vista a sua aproximação com o modo de produção. A balança de dois pratos, usada na época, foi substituída por uma mais moderna, da marca Filizola, com um único prato. Nada era produzido no local, mas era um mercado completo. Lá se encontravam pães fresquinhos, bolachas, bebidas alcoólicas – como vinho, cerveja e cachaça –, além de bebidas não alcoólicas, como guaraná e gasosa. Além dos produtos comestíveis, lá se podia adquirir produtos de limpeza e de higiene pessoal, como também material escolar (cadernos, lápis e borrachas). As panelas e as famosas baterias de alumínio, que podiam ficar de pé na cozinha ou suspensas na parede, podiam igualmente ser adquiridas ali. Conjuntos de pratos e aparelhos de xícaras de café ainda faziam parte das mercadorias. Ademais, lembro que esse armazém era muito procurado em razão dos belíssimos vasos de barro que vendia. Prezalino (já falecido) era casado com Maria Tavares, tendo quatro filhos: Zaira, que casou cedo e se dedicou ao lar, além de Zélia, Zoe e Tobias, que se dedicaram, como o pai, ao comércio. Prezalino Pereira 147 Armazém Santa Terezinha Este armazém pertencia a Domingos Prezalino Serafim, que veio da Rua do Fogo, município de Jaguaruna, para Criciúma, em 1940. Abriu seu armazém de secos e molhados em frente à antiga cadeia pública, onde hoje funciona o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Tendo obtido sucesso em seu empreendimento, permaneceu nesse endereço por alguns anos. Conheceu, em 1945, a jovem tubaronense, natural da localidade da Guarda, Maria de Bem, no restaurante de um hotel em que ela trabalhava e ele frequentava. Casaram-se em julho deste mesmo ano. Daí em diante, marido e mulher passaram a trabalhar juntos e tudo começou a dar mais resultado. Em 1953, o comércio passou para outro endereço. Estabeleceuse na Rua Desembargador Pedro Silva, em frente ao antigo cemitério municipal, onde funciona hoje o Supermercado Bistek. Nesse novo endereço, o armazém teve seu grande desenvolvimento, dada a boa fase da mineração do carvão mineral em nossa região, fazendo com que muitos operários viessem trabalhar nas minas. Esse motivo, somado ainda ao vigor e à competência desse jovem casal, que muito trabalhou e se dedicou aos clientes, fez os negócios progredirem cada vez mais rapidamente. Domingos Prezalino Serafim 148 O empreendimento vendia de tudo, desde alimentos em geral, verduras, bebidas e café moído na hora, até armarinhos, cigarros e fumo em corda. Uma característica desse armazém era a venda de velas da marca Linda, principalmente nas proximidades do Dia dos Finados, quando toda a família ajudava no balcão, pois o movimento aumentava muito. Além de velas, vendiam também vasos para serem colocados sobre os túmulos, cheios de flores, o que melhorava muito o visual do cemitério. Contribuiu bastante o fato de a loja estar localizada em região bem próxima ao Cemitério Municipal. Os produtos negociados no armazém eram recebidos em sacarias, que vinham de seus fornecedores, principalmente farinha de trigo dos moinhos, açúcar das refinarias, sal dos atacadistas e muitas mercadorias da agricultura local, sendo que também essas eram acondicionadas em sacos de fibra de aniagem, populares na época. Para a venda desses produtos, usavam-se balanças que possuíam pesos de ferro, colocados diretamente nos pratos delas, e, depois de pesadas, essas mercadorias eram embrulhadas com muito cuidado. Nada vinha já embalado. A esposa, Maria de Bem, muito colaborou com o trabalho de seu marido. Ela fez um curso de Corte e Costura, tornando-se uma excelente costureira, muito contribuindo com isso também na renda familiar. Conseguiram assim dar uma boa educação a seus filhos. Dessa união, nasceram os filhos Terezinha (professora e, tal como a mãe, costureira), José (já falecido, era funcionário na direção geral do BESC, em Florianópolis), Maria Lenir e Nelma (aposentadas do Banco do Brasil e psicólogas), Maria Helena (fez carreira no Banco do Brasil, é aposentada, mas continua trabalhando na confecção de doces e salgados lindos e gostosos), Elenita (professora do Colégio Marista), Tânia (professora e diretora educacional), Paulo (empresário do setor gráfico), Eduardo (engenheiro civil, titular da empresa Construfase). Domingos trabalhou em seu armazém até 1982, quando encerrou as atividades e aposentou-se, indo morar na Rua Santo Antônio, próximo ao Hospital São José. Nunca deixou de visitar seus velhos amigos do comércio e fumar seu cigarrinho de palha na praça. Faleceu em 1984, com 63 anos, deixando um vazio em seus familiares e amigos. A esposa, Maria de Bem, faleceu há cerca de dois anos. 149 Armazém Irmãos Zappelini Era um armazém de secos e molhados, como se falava na época, que funcionou por mais de 30 anos em Criciúma - de 1958 a 1990 -, e pertencia aos irmãos Mário e Clito Zappelini. Miriam, esposa de Clito, também colaborou muito com seu trabalho para estabelecer o renome do empreendimento familiar na região de Criciúma. Vendiam produtos de primeiríssima qualidade, como verduras bem fresquinhas, vindas diretamente dos agricultores, queijo serrano, muito procurado pelos seus clientes - inclusive eu -, e muita variedade de bebidas e refrigerantes. Portanto, durante a existência deste armazém, muita amizade foi gerada devido à dedicação de seus proprietários para com seus clientes. Mário é casado com Evoni. O casal tem o filho Jônata (estudante). Clito, já falecido, era casado com Miriam Medeiros, com a qual teve os filhos Giovani, Giorgiano e Gian Carlos. Giovani é advogado, político, vereador de Criciúma e meu companheiro rotariano. Pertence ao Rotary Club Criciúma Oeste. Bastante simpático e trabalhador, é muito estimado por seus companheiros de clube. Giorgiano é comerciante, e Gian Carlos é médico, formado na Argentina. Mario Zappelini Clito Zappelini 150 Balsini Bebidas Em 1951, Tarquínio Balsini, o Quino, ao visitar seus irmãos José, que era médico em Criciúma, e Mário, engenheiro da Companhia de Mineração Próspera, e antevendo o futuro do comércio de Criciúma, resolveu abrir uma filial, oriunda da matriz de Tubarão. Foi estabelecida na Rua Henrique Lage. Além de Tarquínio, havia outro sócio tubaronense, Tubalcain. Os dois convidaram para gerenciá-la o jovem Rui Esmeraldino, que marcou sua passagem com ótimos resultados. Essa empresa era a única distribuidora das firmas: S.A. Moinhos Rio Grandense (farinha Primor e Cruzeiro), Companhia Antarctica Paulista e Cervejaria Catarinense (cerveja Ouro e Malzbier), refrigerantes e licores, Companhia Wetzel, produtores do sabão Joinville e velas Linda, refinaria de açúcar Magalhães (açúcar Neve). Muitos outros produtos eram vendidos para toda a Região Carbonífera. Um fato curioso era o modo como era feito o transporte de toda essa mercadoria, vinda de Tubarão: pela Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina até a estação local, seguindo depois por carroças movidas a cavalo, muito comuns naquele tempo. Em 1958, a Balsini e Cia. foi vendida para outra empresa, a Brognoli e Silveira, mudando novamente de proprietários em 1960. Passou para os irmãos Martins, liderada por Antônio Martins e por seu filho, Edgar, acompanhado pelos seus irmãos. A nova empresa continuou funcionando por mais alguns anos. Posteriormente, a representação da Cervejaria Antarctica paulista foi cedida aos irmãos Justi, que criaram a firma Justi Bebidas (citada em outro capítulo). Os irmãos Martins resolveram mudar de ramo, dedicando-se à industrialização de derivados de carvão com a firma Coque Catarinense, que produzia carvão coque. Com o falecimento de Antônio Martins e, anos depois, de seu filho, Edgar, a empresa passou para outros proprietários, que a administram até hoje. Quando a firma Brognoli e Silveira, em 1960, vendeu seu estabelecimento para Antônio Martins, o gerente, Rui Esmeraldino, retirou-se e resolveu criar sua própria empresa de representações, que devo destacar em outro capítulo deste livro. 151 Bebidas Nuernberg Por volta de 1947, oriundos de São Bento Baixo, município de Nova Veneza, vieram o pai, Gregório, e os filhos, Roberto, Situnius e Abílio, com o intuito de iniciarem algum negócio em Criciúma. Em setembro de 1949, foi fundada a Gregório Nuernberg e Filhos, loja que vendia produtos coloniais e de fabricação de gasosas e aguardentes. Três anos depois, iniciaram a venda de produtos da Brahma e pouco depois também da Coca-Cola, que iam buscar em Porto Alegre (RS) em viagens que levavam até três dias, pois não havia boa estrada nem bom transporte. Viajavam pela praia, estradas estaduais e balsas. Houve, com o tempo, muitas mudanças no quadro social da empresa. Abílio foi o primeiro a sair, entrando Vendolino. Depois, foi a vez do pai, que saiu para o ingresso de Pedro e Lúcio, e a empresa, então, teve que trocar o nome para Irmãos Nuernberg e Cia. Em 1970, retiraram-se da empresa os sócios Roberto e Lúcio. Neste ano, a firma deixou de comercializar os produtos Brahma e passou a vender os produtos Polar, da cidade de Estrela, no Rio Grande do Sul. No ano seguinte, as marcas Skol e Caracu, de Londrina (PR), começaram a ser vendidas. Em meados de 1971, mudou-se para sua sede nova na Avenida Victor Meirelles, em frente ao Corpo de Bombeiros de Criciúma, já com a nova denominação de Bebidas Nuernberg Ltda., permanecendo nesse endereço até 2004. Roberto Nuernberg Situnius Nuernberg 152 A partir dessa data, foi para uma sede muito bem equipada com todas as qualidades para ser trimarca Ambev, o que veio a acontecer em 2004/2005 com a aquisição da parte de comercialização do mix Brahma. Os atuais sócios são os irmãos Edgar e Ademir e o cunhado Josué Rosso. A empresa conta com 140 colaboradores, o que faz com que tenha grande importância representativa na região de Criciúma, com faturamento estimado de R$ 60 milhões por ano. Roberto, casado com Olívia Damiani, teve os filhos Edite (empresária), Valda (empresária), Lédio Edir (economista e funcionário público) e Élcio Aires (empresário). Situnius, casado com Dorilda Gobo, teve os filhos: Ademir (engenheiro mecânico), Edgar (engenheiro civil), Jane Elisabete (professora), Dóris (odontóloga), Sandra (enfermeira) e Soraia (nutricionista). Roberto, Olívia e Situnius, infelizmente, já não estão mais entre nós. 153 Casa Zilli Era um armazém, como se chamava na época. Tinha tudo que se precisasse para o funcionamento de uma perfeita cozinha, mas também vendia outros itens, como ferragens. Seu proprietário era Celeste Zilli, homem de muito prestígio e bastante conhecido na cidade, que, com muito esmero, cuidava de seu armazém de secos e molhados, o mais tradicional no ramo. Servia à maior parte da população do Centro de Criciúma. Era muito comum comprar na época com a tão conhecida caderneta. Ali se anotavam todas as compras e se pagava só no final do mês. Seus filhos, Abílio e Tinisa, continuaram por muito tempo o trabalho do pai. Seu Celeste era irmão de Celestina, a segunda esposa de Marcos Rovaris, o primeiro prefeito de Criciúma. A esposa de Seu Celeste se chamava Amábile Bristot. O casal teve, além de Abílio e Tinisa (empresários), outros filhos: Irma, Maria, Edite e Olga (todas casadas com empresários e já falecidas). Abílio também já é falecido, e Tinisa é aposentada. Celeste Zilli (já falecido) deixou um grande patrimônio em terras e propriedades para sua família. Celeste Zilli Abílio Zilli 154 Justi Bebidas O início desta empresa se deu com a compra de um caminhão da marca FNM em 1954 pelos irmãos Pedro e Ângelo e o cunhado, Flávio Spillere. Era, na época, o sonho de muitos jovens do interior adquirir um caminhão e sair mundo afora. E foi o que fizeram com muita coragem, na certeza de que começariam o empreendimento do futuro. Ângelo e Flávio começaram a viajar para o Rio de Janeiro (RJ) e para São Paulo (SP), cidades que eles só conheciam no mapa. Iniciaram com transporte de trigo, arroz, banha, farinha de mandioca, feijão e batata, além de explosivos para as minas de carvão. Ao Pedrinho cabia a tarefa de gerenciar as cargas. Até aí, foi dando tudo certo. Em 1955, surgiu a ideia de abrir um atacado de cereais. Para isso, convidaram mais sócios: Antônio Justi, Jorge Albino Justi, Gregório Nuernberg, Aquilino e Pasqual Meller, todos sócios, que constituíram a empresa Justi e Cia Ltda., localizada na Rua Henrique Lage, 441. Coube a administração aos sócios Albino e Pedrinho. Em 1963, eles adquiriram da Cervejaria Antarctica o direito de distribuir seus produtos. Criaram então uma firma paralela, denominada de Justi Bebidas e Cia. Ltda. Era gerenciada por Valdemar e Ângelo, tendo se tornado uma empresa de muito sucesso e um dos maiores distribuidores de bebidas da Região Carbonífera. Além dos produtos da Antárctica, cerveja e refrigerante, também eram vendidos vinho, água mineral, whisky e outros produtos desse segmento. Pedro Justi 155 Seus maiores clientes eram os mercados, bares, festas religiosas e familiares. Como era tranquilo negociar com a Justi Bebidas nos aniversários e casamentos! As famílias criciumenses sabiam qual o caminho para buscar bebidas. Também existia o caminhão da empresa, que fazia a entrega; vinha trazer as bebidas e, depois, retornava para levar de volta os engradados com os vasilhames. Se, por ventura sobrasse bebida, era possível negociar a devolução. A firma Justi e Cia., da Rua Henrique Lage, trabalhou por mais 16 anos. Em 1970, houve o desmembramento da companhia, tendo permanecido os sócios Jorge Albino Justi e Flávio Spillere, que deram continuidade até 1986. Após esta data, em comum acordo, deram baixa na empresa Justi e Cia. A Justi Bebidas e Cia. Ltda., dado o seu grande desenvolvimento, teve a necessidade de adquirir uma área maior. Foi quando se mudou para novo endereço, na Rua Anita Garibaldi, esquina com a Rua Henrique Lage. Como esperado, nesse grande espaço, tiveram a oportunidade de instalar uma câmara fria e uma fábrica de gelo, resultando num extraordinário aumento de vendas. As atividades continuaram até o ano de 1999. Daí em diante, a empresa foi cedida aos sócios Anísio Augusto Harger e Valdemar Justi, que substituiriam os demais sócios, desenvolvendo um excelente trabalho. Eles também transferiram a empresa para um novo local, em um grande pavilhão na Rua Júlio Gaidzinski, próximo ao Hospital São José. Contrataram diversos vendedores, que usavam motos a fim de facilitar as vendas, o que deu um ótimo resultado. Anos mais tarde, apesar do bom andamento dos negócios, devido à incorporação das cervejarias Antarctica, Brahma e Skol pela Ambev, venderam o estabelecimento em 2004 para os proprietários da empresa Bebidas Nuernberg, pois estes já eram distribuidores das cervejas Brahma e Skol e tiveram o privilégio de assumir todos os produtos da Ambev. Pedrinho, que sempre liderou os negócios da família, teve a seu lado um grupo de pessoas do mais alto gabarito, com qualidades extraordinárias, seus irmãos e os demais sócios, que, juntos, trabalharam com eficiência e dedicação para o sucesso dessas duas empresas. Além dos sócios acima citados, participou também Luiz Justi, 156 que, mesmo não fazendo parte da sociedade dos seus irmãos, prestava excelente serviço na administração, como encarregado da contabilidade e do setor financeiro,dentro do período de 1960-1983. Posteriormente, de 1989 a 2000, também ajudou no êxito da empresa. Pedrinho, além de grande empresário e amigo de todos, foi um colaborador da sociedade criciumense. Sempre esteve engajado nos mais diversos eventos da comunidade. Participei com ele da fundação da Associação Ítalo-Brasileira de Tradição e Cultura (AIBTC). Foi presidente dessa entidade com muita dedicação, conseguindo pleno êxito. Trabalhou com seus companheiros por mais de 20 anos e deixou saudades. Nas Festas das Etnias, lá estava sempre o Pedrinho e sua esposa liderando o trabalho da etnia italiana, com todo o seu esforço para que tudo estivesse pronto no dia e na hora. Pertencia ao Movimento Familiar Cristão, no qual fez um trabalho muito bom na Pastoral Familiar da Igreja Católica. Nessas atividades todas, Pedrinho sempre contou com a ajuda da diretoria, muito coesa, tanto na parte econômica, como repartindo também a amizade entre seus companheiros. Realmente por esta história, vemos que as empresas Justi e Cia. Ltda. e Justi Bebidas e Cia. Ltda. muito colaboraram com o progresso da região de Criciúma. Ângelo Justi é casado com Augusta Meller, com a qual tem as filhas Silvana e Adriana (empresárias). Flávio Spillere é casado com Iraci Meller. O casal tem os filhos: Flávio Júnior (médico), César (geólogo) e Pascoal Luiz (empresário). Valdemar Justi é casado com Líbia Dal Bó, tendo com ela as filhas: Marcela (pedagoga) e Mirela (formada em Educação Física). Pedrinho Justi era casado com Ilda Meller. O casal teve os filhos: Renato (geólogo), José Roberto, Sérgio (empresários aposentados), Maria Aparecida (formada em Música) e Roselis (formada em Administração e funcionária da CEF). A esposa de Pedrinho, Ilda, já faleceu há muito tempo, e Pedrinho, recentemente, em 2 de julho de 2012. Perdi um grande companheiro e um amigo fraternal. Anísio A. Harger é casado com Maria Justi, com quem tem os filhos: José Augusto (formado no Ensino Médio), Ana Angélica (formada em Administração e Pedagogia) e Luiz Fernando (formado 157 em Administração). Jorge Albino Justi (já falecido) era casado com Aldina Nuernberg. São seus filhos: Maria Janete (psicóloga), Jaison (formado em Administração), Josane (dentista), Jorge (formado em Administração), Jadna (professora) e Jarvis (engenheiro mecânico). Luiz Justi é casado com Marlene Milaneze, com a qual tem as filhas Gislene (curso superior em Artes Plásticas) e Gisele (formada em Arquitetura). 158 Sesi O Serviço Social da Indústria (Sesi) teve seu início, em Criciúma, em 1950, na Rua Anita Garibaldi, com o objetivo principal de atender os operários da indústria da região com preços mais baratos na atividade do ramo alimentício e seus derivados. A intenção do Sesi era oferecer preços regulados para facilitar o acesso dos industriais e trabalhadores aos insumos básicos. Hoje não existe mais este sistema, que foi desativado no ano de 1996. Posteriormente, também foi criado o serviço de farmácia e assistência médica - que está funcionando na Rua Marechal Deodoro, esquina com a Rua Rui Barbosa. Além dessa farmácia, foram abertas mais três unidades: uma na Rua João Zanette, outra na Rua Coronel Pedro Benedet e a terceira no Distrito do Rio Maina. Em 1982, graças ao trabalho incansável dos presidentes dos sindicatos patronais da Confecção, Diomício Vidal, dos Metalúrgicos, Mário Búrigo, e da Panificação, Lauro Mor Cardoso, o Sesi ganhou um moderno prédio na Rua Lauro Sodré, número 250, no bairro Comerciário. Nesse local, funciona o atendimento à educação infantil, com creches muito bem instaladas, o ensino fundamental e cursos de Corte e Costura. Esses muitas vezes são ministrados fora de sua sede, como no Bairro da Juventude, para as mães das crianças que estudam nesta entidade. A parte administrativa do Sesi, desde 2004, funciona na Rua Marechal Deodoro, número 234. Essa instituição foi administrada por diversos gerentes, os quais passo a citar: Eugênio Wittits, Valdir Viana, Ado Caldas Faraco, Moacir Barbieri, Nelson de Almeida Machado, José Henrique Zim, Ademar Lotin Frasseto e, atualmente, Jovilde Parisotto, que vem oferecendo muito bom trabalho. Na Unidade Regional do Sesi, localizada no Bairro Comerciário, Ademar Lotin Frasseto teve um grande destaque, pois revolucionou aquele setor. Moacir Barbieri trazia a experiência de ter inaugurado muitas filiais em todo o Estado de Santa Catarina no setor comercial de alimentação. O Sesi está presente em muitos locais de nossa região, trazendo extraordinários benefícios à comunidade. 159 Supermercado Angeloni Começou suas atividades em 1958, quando o jovem Antenor Angeloni abriu uma fiambreria em sociedade com Silvino Rovaris, então dono da loja Casa das Sedas, instalada no prédio vizinho, na Rua Seis de Janeiro. Antenor não precisava propriamente de um sócio, mas a escolha se deveu, talvez, à intenção de demonstrar a sua família que seu negócio inspirava respeito na ala mais tradicional do comércio local. Silvino, já experiente mercador, também ficou muito alegre pelo fato de um jovem tê-lo procurado como sócio e tomou tal convite por sincera prova de confiança e admiração. A fiambreria fez o maior sucesso! Todos os clientes ficaram muito satisfeitos com a novidade, ainda mais porque os frios - como se falava para designar o nicho alimentício que compreende os queijos, presuntos e derivados, como mortadela e salames – eram comprados em fatias bem fininhas e caprichadas, o que fazia render os gramas adquiridos. Isso na época era novidade. Pouco tempo depois, Antenor transferiu as cotas de Silvino para seu irmão mais moço, Arnaldo, e até hoje permanecem sócios. Com o espírito empreendedor, Antenor foi buscar em São Paulo (SP) o sistema de Pegue-Pague, trazendo para Criciúma essa ideia revolucionária das grandes cidades. Os criciumenses adoraram a modalidade, e o sucesso apareceu. Com o progresso, foi aberta uma filial da empresa em Tubarão; a segunda, em Laguna; e, a seguir, em Florianópolis, Lages, Blumenau, Joinville, Jaraguá do Sul, Balneário Camboriú e Itajaí. Finalmente, fora do nosso Estado, no vizinho Paraná, foi inaugurado o Supermercado Angeloni em Curitiba. Antenor Angeloni Arnaldo Angeloni 160 Ao todo, são 19 lojas de alto padrão e excelente estoque. Esta organização se tornou um verdadeiro gigante na economia catarinense e, sem dúvida, é uma das maiores redes de supermercados atuantes no sul do País. O conglomerado Angeloni tem também grandiosas seções de eletrodomésticos, farmácias e postos de gasolina. Os empregados recebem um treinamento qualificado e estão sempre bem uniformizados. Apesar desse fenomenal sucesso, a empresa também teve sua fase difícil. Foi em 1974, por ocasião das enchentes em Criciúma e da grande catástrofe em Tubarão, que causaram um enorme prejuízo, pois as águas invadiram seus estabelecimentos e galpões. Além disso, em Tubarão, tudo que restou do estoque foi saqueado pelos famintos e flagelados. No entanto, coragem não faltou aos dirigentes: em mais ou menos um ano, tudo foi restabelecido. Recentemente, o grupo inaugurou uma linda sede em Criciúma. É um supermercado enorme, com uma gama extraordinária de mercadorias. Lá podem ser encontrados não só alimentos nacionais e importados, como também bebidas, eletrodomésticos, remédios e outros. Há também outros atendimentos, como floricultura, salão de beleza, pet shop, agência bancária, lotérica, loja de lingerie, ambientes para lanches e laboratório bioquímico. Além de oferecer cursos de culinária, conta com um bom restaurante. Ainda dispõe, próximo a sua padaria, de um espaço para lanches, que permite ao cliente interromper suas compras e saborear um bom café com quitutes bem quentinhos. A esse novo empreendimento, com suas escadas rolantes e rampas, vale a pena ir para observar o vai-e-vem de tantas pessoas, pois é realmente um momento prazeroso. Há pouco tempo, Antenor foi reconduzido ao cargo de presidente do Criciúma Esporte Clube e tem feito muito por esse time. Os criciumenses estão muito agradecidos por sua competente administração. Antenor foi casado (primeiro casamento) com Nolênia Lazarin, tendo com ela os filhos: Roberto, Cristina e Henrique, todos formados em Administração. Arnaldo foi casado (primeiro casamento) com Maria do Carmo Neves, com a qual tem os filhos: Maurício, Gustavo e Sabrina (formados em Administração). Toda a família faz parte da empresa. 161 Supermercado Giassi De propriedade de Zefiro Giassi, originou-se no município de Içara em 1960, mas por muitos anos está também em Criciúma com estrondoso sucesso. Os produtos que oferece a sua clientela são de primeiríssima qualidade, além do atendimento simpático e eficiente de seus colaboradores, o que torna seus mercados um lugar aprazível, causando satisfação a todos os que o procuram. O Supermercado Giassi está presente, além de Içara e Criciúma, nas cidades de Araranguá, Sombrio, Tubarão, Florianópolis, São José, Blumenau, Palhoça e Joinville. Em novembro de 2010, inaugurou um grandioso mercado em Criciúma, com área de 6.000 metros quadrados, sendo que possui um estacionamento para 700 carros. Este empreendimento mais parece um shopping, pois conta com mais de 60 lojas para outras finalidades, desde floricultura a laboratório de análises clínicas. Zefiro é conhecido por amigos e clientes como uma pessoa realmente extraordinária, de total dedicação a sua empresa, e por ser um dos mais destacados empresários do nosso Estado. Intimamente, contudo, mantém sempre a mesma modéstia de quando era um professor primário. A história de Zefiro já é muito conhecida. Não há necessidade de maiores detalhes sobre a grandeza deste cidadão tão importante para a região sul catarinense. Sempre a seu lado, dando seu apoio, sua ajuda e seus conselhos, está sua esposa, Ana Maria. Zefiro Giassi 162 Há pouco tempo, foi inaugurado um café colonial muito saboroso, que caiu no gosto dos criciumenses que frequentam o local com muito prazer. Esse café tem o nome de Ana Maria, uma merecida homenagem de Zefiro à companheira. Ana Maria se dedica muito também ao cultivo de flores. Já Zefiro não cuida só de seus mercados; ele é muito receptivo a pedidos por parte das entidades beneficentes. Católico praticante, não mede esforços para auxiliar sua Igreja na evangelização. O casal tem os filhos: Rosária, Osni, Rogério, Maristela e Mariléia. Seus filhos são seus únicos sócios. Além dos 11 supermercados, a empresa conta com a administração central em Içara, com um espaço de 14 mil metros quadrados e ainda ganhará a ampliação de mais dez mil metros quadrados. É aí, na administração central, que estão situados o Departamento de Compras, o Contábil, a Tesouraria, o Setor de Tecnologia de Informação, o Jurídico, o de Publicidade, o Setor Pessoal, o de Recursos Humanos, entre outros. O Centro de Distribuição também está localizado na administração central. Grande parte das mercadorias abastecidas nas lojas é originada do Centro de Distribuição. Conta ainda com o Centro de Produção 1, onde são beneficiados os cereais da marca Giassi, e o Centro de Produção 2, que é o Frigorífico Giassi. No primeiro semestre de 2012, foi inaugurado o décimo segundo supermercado da rede, em São José, que atenderá seus clientes com uma área de 20.500 metros quadrados, sendo 4.500 metros quadrados de vendas. Atualmente, o Supermercado Giassi ocupa o segundo lugar no ranking catarinense de supermercados em termos de faturamento. Na região sul do país, o Giassi está em quinto lugar e no Brasil, em vigésimo. A rede possui cerca de quatro mil colaboradores, e os itens comercializados nas 11 lojas Giassi chegam a 25 mil. 163 Supermercado Ouro Negro Para contar a história desta empresa, faz-se necessário relembrar um pouco de Moacir Barbieri, que foi por muitos anos gerente do SESI - Serviço Social da Indústria. Foi responsável por sua instalação e organização, o que já havia feito em diversas cidades, participando de atividades das mais diversas e em promoções de caráter social. Em 1958, trabalhava na cidade de Jaraguá do Sul; em 1960, em Joinville, onde fez uma remodelação naquela filial ocupando o cargo de gerente. Para Criciúma, ele veio em 1962 e também aqui desenvolveu seu trabalho com muita competência e capacidade na administração da filial. No ano de 1968, convidado por um grupo de amigos, ajudou a fundar a firma Comércio e Representações Ouro Negro, instalando uma rede de supermercados nos bairros de Criciúma. Em 1969, desligou-se desta última firma, fundando outra empresa, a Barbieri e Cia., que trabalhava com atacado de cereais e engenho de arroz da marca Moabas, cuja produção era vendida nas cidades de Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Guanabara (RJ). Mantinha ainda um depósito na cidade de São Gonçalo (RJ). Em 1971, ampliou seus negócios e criou o Mercado Barbieri Ltda., tendo adquirido uma rede de supermercados, que contava, na época, com oito filiais. Era seu sócio Aristides Bolan. Moacir Barbieri 164 Foi uma grande novidade o tipo de comércio chamado de Pegue-Pague. Era verdade que esta prática de supermercado era muito diferente, mas se adaptou muito bem em nossa cidade. Aristides Bolan, por sua vez, tinha sido eleito deputado estadual e ficou muito mais envolvido na política do que no mercado. Trabalharam alguns anos e resolveram de comum acordo encerrar a empresa. Moacir foi trabalhar em outro ramo, montou um engenho de arroz no bairro Pinheirinho, que funcionou por algum tempo, até que houve um triste imprevisto, um incêndio. Instalou, então, em seguida, uma fábrica de calçados, que exportava para os Estados Unidos. Moacir é um homem inteligente, competente e trabalhador, que sempre soube recomeçar quando algo não dava certo. É um lutador. Era casado com Joana Brenki (já falecida), com a qual teve os filhos: Moacir Filho (falecido), Silvana (cursou Serviço Social), Vera Regina (formada em Ciências Biológicas), Giovani (falecido), Brigite (empresária, mora nos Estados Unidos) e Márcia (formada em Letras, professora do Colégio Marista). 165 166 167 Alcino Zanatta e Irmãos Esta era uma tradicional casa de ferragens, que colocava à disposição do público diversos produtos, desde ferramentas agrícolas, correias transportadoras, bicicletas, lonas e encerados para caminhão. O comércio principal, porém, era o de explosivos, como dinamite, espoletas, estopim e cordel detonante, tendo inclusive, no início das atividades, comercializado outros itens, como farinha de trigo e açúcar. Seus proprietários eram Alcino Zanatta e seu irmão Jorge. A empresa era de grande representatividade na economia sul catarinense, pois era a única fornecedora de explosivos para a mineração de extração de carvão de Criciúma. Suas atividades começaram em 1953 à Rua Coronel Marcos Rovaris, esquina com a Rua Marechal Deodoro, no sobrado de propriedade de João Emílio Serafim, que foi um dos primeiros taxistas de Criciúma. Hoje no local funciona um bar. Em 1959, foi admitido mais um sócio, Jayme Zanatta, que permaneceu na firma até 1965, tendo posteriormente se desligado o sócio Jorge e, em seguida, Jayme. Em virtude disso, foi mudada a razão social da empresa, que passou a se chamar Alcino Zanatta e Cia., tendo como sócios os filhos de Alcino. Em seguida, foi construído, na mesma Rua Coronel Marcos Rovaris, número 125, um prédio para sede própria com amplo estacionamento a fim de proporcionar facilidade a seus inúmeros clientes. Nesse local, permaneceu por mais de 45 anos. Alcino Zanatta 168 Alcino sempre contou com a colaboração de funcionários eficientes, entre eles, o mais antigo, Jairo Canarim, que trabalha no estabelecimento desde 1966. Como sabemos, eram muitas as minas de carvão na região, por isso, o desenvolvimento da empresa de Alcino foi admirável, conseguindo um grande patrimônio. Com o falecimento de Alcino e de seus filhos, Saulo e Sérgio, os atuais herdeiros resolveram fazer uma grande reforma no prédio da Rua Marcos Rovaris e alugá-lo para o grupo Quero-Quero. Em setembro de 2011, a antiga empresa Alcino Zanatta e Cia. mudou-se para a Avenida Centenário, número 4130, alterando também a denominação para Alcino Zanatta Comércio de Ferragens Ltda. Os responsáveis pela administração são sua filha, Sandra, e seu neto, Ricardo, acompanhados por um eficiente quadro de funcionários, que vêm desenvolvendo ótimos negócios com a mesma eficiência e bom desempenho de Alcino, fundador da empresa. Além de grande empresário, Alcino teve participação na comunidade. Foi sócio do Lions Clube Criciúma Centro, participando de várias campanhas em prol da coletividade. Era casado com Eleonora Martins, com quem teve três filhos: Sandra (pedagoga), Saulo e Sérgio (empresários, já falecidos). 169 Campos e Búrigo Era uma linda loja de material de construção, com grande e diversificado estoque, muito organizada e bem localizada na esquina da Rua Marechal Deodoro com a Rua Rui Barbosa. Pertencia a três sócios: Jaime Búrigo, Hervalino Campos e Hélio Búrigo. Esta empresa começou a operar suas atividades em 1960, com grande capacidade de arregimentar clientela na área de material de construção, motivo pelo qual se desenvolveu muito. Ano a ano, suas vendas cresciam, e a lucratividade ia “de vento em popa”, como se costuma dizer. Em 1970, os sócios compraram um terreno no Bairro Próspera e construíram um grande depósito a fim de fazer a entrega diretamente aos seus clientes. Abriram, em seguida, algumas filiais, expandindo seus negócios nas mais importantes cidades da região sul: a primeira, ainda em Criciúma, no bairro Próspera; a segunda, na cidade de Tubarão; a terceira, em Araranguá; e a quarta, localizada em Orleans. Tornou-se, por conseguinte, a maior empresa do sul do Estado de Santa Catarina no ramo de material de construção, pois tinha tudo que se poderia precisar nesse setor. Em 1990, a sociedade foi desfeita e trespassada para Gilson e Luiz Gabriel Zanette. Encerrando-se esta empresa, restou um grande vácuo em nossa região, pois quando se precisava de algum material de construção, logo nos vinha à ideia a saudosa loja Campos e Búrigo. Hélio Búrigo, um dos sócios 170 Jaime era casado com Nair Búrigo e com ela teve os filhos: Nancy Maria (formada em Geografia e Educação Física, é aposentada), Edson (economista, é auditor fiscal), Jaime (formado em Administração, é empresário da área de terraplenagem), Regina Helena (falecida), Vera Terezinha (professora), Sérgio Rui (faleceu ainda jovem), Elisabeth Amália (funcionária da CASAN) e Solange Beatriz (empresária do ramo de confecção). Hervalino era casado com Zeni Búrigo, com quem teve dois filhos: Cláudio e Carlos, ambos bioquímicos, que residem há muitos anos na cidade de Pinhalzinho, no oeste catarinense. Hélio, casado com Sônia Victor, tem os filhos: Hélio (formado em Marketing e Sistemas), Marcelo (musicista, é maestro de uma orquestra na Itália), Henrique (formado em Filosofia, é professor universitário) e Daniel (formado em Jornalismo, dedica-se mais à fotografia). 171 Carlos Hoepcke Esta loja era filial da Hoepcke de Laguna, a qual, por sua vez, era uma filial da loja matriz de Florianópolis, por isso a chamo de subfilial. Era gerente aqui em Criciúma o saudoso Tiago Antunes Teixeira, que, além de meu conterrâneo tubaronense, foi um grande amigo. Nesta loja encontravam-se produtos de muito boa qualidade, que se tornavam mais e mais especiais porque eram vendidos pelo sempre atencioso Tiago. Lá existiam as famosas Frigidaire. Isso me faz recordar de uma pitoresca história. Era o ano de 1954, lembro-me muito bem. Tiago soube por alguém que minha residência não tinha geladeira. Amigo que era, mandou-me uma novinha e a instalou na minha casa, sem saber se eu podia ou não pagar. Esse ato benemérito me tirou o sono por alguns dias, pois achava eu não possuir condições de comprar o dito refrigerador. Ele pareceu nem se importar: disse que eu pagasse em dez vezes sem juros, mas que não a devolvesse, pois seria uma desfeita. Deu tudo certo, afinal, a Irene ficou muito feliz com a geladeira nova, que durou muito mais de 20 anos, pois era de muito boa qualidade. Vendia, ademais - no atacado e no varejo -, máquinas, motores e ferragens para todo o sul do Estado. Confeccionava, ainda, lindos bordados para revestir vestidos e toalhas, muito usados devido a sua beleza, mas caros para os padrões da época. Todas as mulheres desejavam esse bordado – chamado bordado inglês – em suas roupas. Lembro-me de umas louças sofisticadas que comercializavam, que pareciam feitas de vidro, com bolas salientes, azuis e transparentes, e que dificilmente quebravam. Era alta novidade! Tiago era casado com Denize Carneiro, tendo com ela os filhos: Maria Luíza (assistente social), Jaime e Luiz Otávio, ambos engenheiros civis, que trabalham com construções. Quando Tiago foi embora de Criciúma, deixou saudades, pois era muito estimado, em virtude de sua lealdade para com seus amigos e de sua simpatia no trato com os clientes. 172 Casa Americana Era de propriedade dos irmãos Zanatta - Domerval e Dorival -, que vieram do município de Morro da Fumaça e se estabeleceram em Criciúma, conseguindo grande sucesso com seu comércio. A loja ficava situada na Rua Marcos Rovaris, primeiramente em sala alugada de João Soratto, depois em casa própria, quase em frente ao antigo endereço. Vendia ferragens, materiais elétricos, materiais de construção, motores, ferramentas e tudo mais neste segmento. Enquanto Domerval cuidava do setor administrativo, Dorival era responsável pela parte comercial, pelas vendas. Os irmãos Zanatta eram muito trabalhadores, por isso fizeram da Casa Americana um marco na cidade, conhecida pelo seu estoque de primeira qualidade. Assim, arregimentaram enorme confiança da clientela. Sabe-se que o começo não foi tão fácil, pois dispunham de pouca mercadoria para abrir a loja. Então, foram a Imbituba e adquiriram dois caminhões de louça de barro para, junto com algumas mercadorias trazidas da loja do pai, em Morro da Fumaça, encher as prateleiras de seu estabelecimento. Por muito tempo também venderam alguns alimentos em sacas, no atacado, como feijão, sal e farinha. Depois de algum tempo de funcionamento, outro irmão se associou, Fernando Zanatta Filho, o Nandinho, mas por pouco tempo. Domerval Zanatta Dorival Zanatta 173 Domerval e Nandinho acabaram partindo para outros empreendimentos, restando a loja somente para Dorival e seus filhos. Dorival a manteve até dois anos antes de falecer. Era casado com Lourdes Souza, com a qual teve os filhos: Márcio (empresário), Dorival Filho (comerciante), Ricardo (contabilista) e Renata (arquiteta). Os outros dois irmãos, Domerval e Fernando, associaram-se ao tio Jorge Zanatta na fábrica Inza. Tempos depois, Domerval resolveu abrir a sua própria empresa de plásticos no município de Içara com o nome de Copaza Descartáveis. Junto com seus filhos, Domerval, além da Copaza, é proprietário da Icopp, empresa de copos plásticos. Também atua no ramo de transportes com as empresas Barriga Verde e DZ Empreendimentos e Participações Ltda., oferecendo um total de 800 empregos diretos. Além de ser expoente cidadão na área industrial, Domerval participou ainda da vida social de Criciúma. Foi presidente do Lions Clube, prestando, junto a seus pares, muita ajuda aos menos favorecidos. Foi também presidente da Associação Empresarial de Criciúma e do Criciúma Esporte Clube, além de candidato a vice-prefeito do município junto a Algemiro Manique Barreto, que foi candidato a prefeito. Domerval é casado com Sílvia Luz, com quem teve os filhos: Gláucia (já falecida), Rodrigo, Ana Luíza e Cláudio (todos empresários). 174 Casa Dragão Criada no ano de 1962, estava localizada na Rua Henrique Lage e comercializava material elétrico e ferragens. No início, pertenceu a Arcedônio Costa, José Alfredo Beirão, João Alfredo Campos e Fiume Tonon. Tinha como gerente o Arcedônio, muito conhecido pela alcunha de Sapo, que trabalhou muitos anos, até que resolveu se aposentar em 1981. Os três proprietários já tinham se retirado da sociedade anos antes. Além de comerciante, Arcedônio tinha um jeito muito bonito de festejar o Natal. Colocava a roupa de Papai Noel e visitava muitas casas para entregar brinquedos às crianças. Sua representação do Papai Noel era muito especial e simpática, contagiando a todos. Em muitas vésperas de Natal, debaixo daquela roupa vermelha e barba branca, não importando o calor que fizesse, lá ia o Arcedônio de casa em casa. As famílias faziam o agendamento das visitas com antecedência e, mesmo assim, muitas ficavam sem atendimento, devido à falta de horário. Com essa atitude, ele deixou uma forte marca nas lembranças de Natal de muitas crianças. Hoje, já adolescentes e mesmo adultas, relembram dessa experiência com muito carinho. Arcedônio é casado com Zilah Freccia, com a qual tem três filhos: Cássio (formado em Logística Empresarial), Hervy (empresário do ramo de transporte) e Cacilda (professora, formada em Artes). Arcedônio Costa 175 Casa Globo Foi uma loja de muita importância para Criciúma na época de sua existência e se situava na Rua Henrique Lage. Pertenceu aos irmãos Serafim - Vitório, Antônio, João e Rafael -, que trabalharam por muitos anos juntos, num clima de muita colaboração e amizade. Era uma loja que vendia ferragens, ferramentas e materiais de construção. Esse estabelecimento gozava de muito bom conceito, aumentando cada vez mais o número de clientes. Porém, no dia 8 de dezembro de 1958, a fatalidade colheu a vida de Vitório, que, ao ver sua filha pedindo socorro num banho de mar, tentou resgatá-la e acabou sendo levado pela correnteza juntamente com ela. Foi uma grande tristeza para toda a família Serafim. Antônio continuou cuidando por muito tempo da loja, mas em 1978, ainda muito desanimado, acabou encerrando as atividades. Vitório era casado com Vitalina Serafim e teve dois filhos: Vilnei (empresário aposentado) e Maria Vienir (falecida ainda menina). Antônio (já falecido) era casado com Salunila e teve com ela cinco filhas: Eliane (formada em Economia), Maria Amábile (professora de Biologia), Dóris (pedagoga), Bárbara (advogada) e Eloísa (formada em Administração). Vitório Serafim 176 Corrêa e Cia Quem não se lembra desta loja de material de construção que tinha de tudo: ferragens, materiais elétricos, acabamentos para construção, eletrodomésticos (principalmente aspirador de pó e liquidificador) e aqueles lustres e abajures de pé alto, uma novidade na época? Situava-se na Praça Nereu Ramos e pertencia aos cunhados Lindolfo Corrêa e Heriberto Hülse, sendo que posteriormente, com a morte de Heriberto, passou a ser de Lindolfo, Rui e José. Estes dois últimos eram os filhos de Heriberto. Desde o começo, quem gerenciava, comprava e vendia era Lindolfo, que era muito bom companheiro no meio dos comerciantes e transmitia toda a sua simpatia a sua empresa. Esta loja marcou época de 1940 a 1970. O nosso personagem Lindolfo Corrêa destacou-se como líder empresarial e na política. Mas mesmo não tendo sido candidato, foi um grande colaborador da União Democrática Nacional (UDN). Proprietário de uma das casas mais bonitas da cidade, hospedava muitos políticos que aqui chegavam. Um de seus hóspedes foi o tão controverso Jânio Quadros, que na época era candidato a presidente da República e considerado uma esperança nacional. Lindolfo era amigo de pessoas de todas as facções ideológicas. Ele não confundia amizade com política. Lindolfo Corrêa 177 A Corrêa e Cia teve em seu quadro de funcionários Antoninho e Lili, verdadeiros baluartes da firma, dedicados ao seu bom desenvolvimento. No meio da loja, tinha um trilho, onde corria um carrinho que trazia as mercadorias do fundo do estabelecimento até a frente, o que facilitava muito o trabalho do vendedor. Lindolfo era casado com Armeli Esmeraldino (ambos já falecidos) e teve com ela dois filhos Cylésia (pedagoga) e José Carlos (cirurgião-dentista). Heriberto era casado com Lucy Sampaio (irmã de Lindolfo), com a qual teve também dois filhos: os engenheiros José (falecido) e Rui (diretor da Satc - Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina -, membro do Sindicato dos Mineradores, prefeito de Criciúma e deputado estadual). 178 David Conti David Conti não era formado em Engenharia, mas era um excelente construtor, muito considerado desde a década de 1940. Além de uma construtora, David também possuía uma loja de material de construção muito bem montada para os padrões da época. Vendia tudo que se precisava para construção: ferragens, cimento, pisos, azulejos, louças sanitárias, encanamentos e muitas outras mercadorias. David construiu muitos prédios em nossa cidade, pode-se até dizer que até a década de 1950 construiu a maioria. São obras dele o Edifício Mampituba, o prédio onde se situa o Café Rio, a Galeria Bristot, o Edifício Leandro Martignago, o Edifício Zézinho Aguiar, o Edifício João Paz e muitos outros. Também muitas residências foram construídas por ele, e algumas existem até hoje. Foi um homem muito trabalhador. Não media esforços para chegar ao término de suas obras no prazo prometido. Depois de ver seus filhos formados, transformou a construtora na firma Coenco (Conti Engenharia e Construções), quando então passou a participar de concorrências públicas, principalmente no setor de saneamento básico, fazendo muitas obras por todo o Estado de Santa Catarina. David Conti 179 Nessa época, contava com a colaboração de seu filho José Ijair, que passou a administrar a empresa. Seu outro filho, Pedro Esaú, engenheiro mecânico, sempre trabalhou na sua especialidade. Sérgio Victor, genro de David, também trabalhava na firma. Casado com Elza de Bom, além dos filhos Ijair e Pedro Esaú (ambos já falecidos), teve duas filhas: Maria Irene, comerciante e minha esposa, e Maria Inês, formada em Pedagogia, uma professora renomada e de muito prestígio. A construtora tornou-se uma grande empresa do setor de saneamento básico, graças ao bom trabalho que realizava, sendo reconhecida por todo o Estado. Muito católico, David estava sempre disponível para ajudar a sua paróquia. Torcedor fanático e presidente por mais de uma vez do Criciúma Esporte Clube, dava muito de seu tempo e de sua sabedoria em prol do time do seu coração, deixando seus afazeres muitas vezes em segundo plano. O casal David e Elza não se encontra mais no nosso convívio. 180 Iray Rolamentos Este estabelecimento pertence a Mário Sônego. Porém, antes de entrar na vida comercial, Mário fez o Curso Normal Regional no Grupo Escolar Professor Lapagesse, foi professor de escola pública e contabilista, tendo se formado na Escola Técnica Contábil de Curitiba (PR). Depois de formado, montou seu primeiro escritório de contabilidade na Rua Conselheiro João Zanette, número 53, dando atendimento especializado à grande clientela do comércio e indústria, com muita competência e responsabilidade. Passados alguns anos, verificou que entre seus clientes havia empresários do ramo metal-mecânico, que tinham dificuldade em adquirir rolamentos, mancais, correias de transmissão e tudo mais deste segmento, só encontrados nos grandes centros, como Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Então surgiu a ideia de entrar nesse ramo de negócio. Montou sua primeira loja na Rua Henrique Lage e se deu muito bem nessa atividade.Temos que considerar que Mário é filho de Giácomo Sônego, que foi um ótimo comerciante em sua época, trabalhando na antiga Cooperativa, depois União Comercial. O filho herdou as mesmas qualidades de honestidade e retidão do pai. Mário Sônego 181 Sua atividade comercial começou a prosperar, tendo contado ainda com o grande desenvolvimento comercial, industrial e agrícola de nossa região. A animação foi tanta que resolveu construir uma sede própria na Avenida Centenário, com modernas instalações, para onde transferiu sua empresa. Ali continuou o ótimo atendimento, só que com maior organização para melhor servir seus clientes. Com os negócios cada vez mais desenvolvidos, em 2011, construiu uma nova loja, na Avenida Jorge Elias De Luca, quase no limite do município de Içara, dando continuidade com muito bom desempenho. Nosso personagem não foi bem sucedido só como empresário, mas também teve grande atuação na vida social e política. Participou do Lions Clube de Criciúma e é grande colaborador da Paróquia Santa Bárbara, sempre acompanhado de sua esposa. Na política, foi membro do Partido Social Democrático (PSD), da Aliança Renovadora Nacional (Arena) e ainda foi um dos fundadores do Partido da Frente Liberal (PFL) em Criciúma, sendo seu primeiro presidente. Foi eleito vereador no mandato de 1973 a 1977, quando era prefeito de Criciúma Algemiro Manique Barreto. Foi eleito vice-prefeito na chapa do prefeito Altair Guidi, de 1977 a 1983. Mário Sônego é casado com Iraydes A. Smânia. O casal tem os filhos: Rosângela (contabilista), Rosemeri (administra o lar), Rosely (bancária), Mário Filho (engenheiro e comerciante, trabalha na Iray Rolamentos), Márcio (engenheiro agrônomo, trabalha na Epagri), Marcos (arquiteto respeitadíssimo e ótimo chargista) e Marcelo (comerciante, trabalha na Iray Rolamentos). 182 Irmãos Bergmann Agenor e seus irmãos, Nilson e Aldomar, após encerrarem a sociedade com seu cunhado, Jorge Zanatta, continuaram com a loja por mais algum tempo no mesmo endereço. Situava-se na Rua Marcos Rovaris e depois em sede própria na Rua Marechal Deodoro, onde haviam construído um prédio de dois andares. A loja, ao ser transferida, também mudou a denominação para Irmãos Bergmann. Essa nova firma iniciou em 1970 e comercializava materiais de construção, ferragens, ferramentas, materiais hidráulicos, tintas e tantas outras mercadorias do ramo. Os proprietários eram muito trabalhadores e, por serem agradáveis com os fregueses, conquistaram grande clientela. Porém, em 2004, os Irmãos Bergmann resolveram parar suas atividades. Agenor é casado com Adulci Simon, com a qual tem os filhos: Ingrid (autônoma) e Gilberto (empresário). Nilson (falecido) era casado com Luiza Dal Bó, com quem teve duas filhas: Gracilene (formada em Pedagogia Educacional) e Grasiela (formada em Pedagogia). Aldomar é casado com Isolete Maragno. O casal tem dois filhos: Marcos (formado em Comércio Exterior) e Fernando (Odontologia). Agenor Bergmann 183 Jorge Zanatta e Cia. Quando começou suas atividades em 1956, estava localizada na Rua Marcos Rovaris, tendo como sócios Jorge Zanatta e seus cunhados, Agenor e Nilson Bergmann. A empresa tinha como foco a venda de materiais de construção, ferragens em geral, pisos e azulejos, tubos e conexões, sanitários, tintas, produtos para instalações elétricas e equipamentos agrícolas, contando ainda com excelente atendimento, tanto pelos seus sócios, como por seu excelente quadro de funcionários. Formaram assim uma grande clientela, ajudados pelo grande impulso do desenvolvimento da cidade de Criciúma. Jorge Zanatta, mesmo tendo se concretizado como excelente comerciante, sempre sonhou em partir para a atividade industrial. Em comum acordo, retirou-se da sociedade, transferindo suas cotas a Agenor e Nilson Bergmann. Nessa transformação, os sócios remanescentes mudaram o nome da empresa para Irmãos Bergmann. Porém, resolveram mudar de endereço, deslocando-se para a Rua Marechal Deodoro, onde foi construída uma sede própria. A história dessa nova firma, Irmãos Bergmann, foi relatada no capítulo anterior. Jorge Zanatta, após retirar-se da sociedade em 22 de maio de 1970, fundou a empresa Canguru Indústria de Embalagens Criciúma Ltda., inicialmente no bairro Pio Corrêa, em um pequeno pavilhão. Jorge Zanatta 184 Os negócios foram se desenvolvendo acima do esperado. Houve, então, a necessidade de uma expansão. Adquiriu um terreno no Bairro Próspera, onde construiu uma grande e moderna fábrica. Com isso, criou o parque industrial que até hoje abriga a principal unidade de produção da empresa, passando a aumentar seus negócios em outros segmentos. Em pouco tempo, a marca Canguru tornou-se referência na produção de embalagens, e foram criadas filiais em diversas outras cidades. Jorge Zanatta, com seu espírito empreendedor, em uma de suas viagens, ao tomar um cafezinho em copo plástico descartável, teve a ideia de criar uma nova empresa. E assim, em 1974, foi iniciada a primeira indústria de plásticos descartáveis, surgindo dessa vez a Industrial de Plásticos Zanatta Ltda. (Inza). Seu sucesso não foi diferente da primeira, passando a dominar o mercado brasileiro com seu produto. Jorge ainda não estava satisfeito e, em 1974, iniciou a fábrica de telhas de amianto, a Imbralit, que se tornou uma das maiores produtoras desse segmento. A ideia que surgiu para a formação da empresa veio por acaso. Tendo em vista o grande desenvolvimento de suas indústrias, houve necessidade de construir novos pavilhões. Constatou que havia uma grande carência no mercado nacional de telhas de amianto. Visitou então diversos países em busca de maquinário para fabricação desse produto. A Imbralit hoje faz parte do Grupo Empresarial Jorge Zanatta, produzindo telhas onduladas de fibrocimento e caixas d’água plásticas. A empresa atua em todo o mercado brasileiro, principalmente na região Sul, e está instalada em um grande espaço, no Bairro Brasília. Além da fábrica, o local conta com uma área recreativa, oferecendo assim um espaço de lazer aos seus funcionários. Em 1985, criou a filial de Chapecó, a Canguru Embalagens Chapecó. Já em 1992, foi a vez da filial Canguru Embalagens Riograndense, com sede na cidade de Pelotas (RS). No ano seguinte, foi criada a TSC Química do Brasil com outros sócios. Em 1997, a ITW Canguru Rótulos, em Criciúma, uma joint venture com a Illinois Tool Works Inc. 185 Em setembro de 1998, foi inaugurada a filial Descartáveis Zanatta Três Corações (MG). No ano de 1999, adquiriu a cerâmica Meneghel - Volpato Ltda., que passou a se chamar Cerâmica Zanatta, uma indústria de telhas cerâmicas, com sede em Cocal do Sul. Jorge, além de ter conseguido todos esses empreendimentos, ainda se tornou um médio pecuarista, sendo este um de seus hobbies. É possível ter ficado de fora mais alguns de seus empreendimentos, pois foram tantos que é possível que eu não tenha lembrado de todos. Na vida social, Jorge foi também um grande entusiasta. Apaixonado pelo Criciúma Esporte Clube, sempre deu uma grande contribuição a esse seu time do coração. Para isso, não mediu esforços com seu trabalho em favor do esporte. Foi sócio do Lions Clube Criciúma Sul, onde prestou inestimáveis trabalhos de solidariedade. Além disso, Jorge foi também um grande colaborador da área cultural, por isso recebeu em homenagem o seu nome no Espaço Cultural. Em 1995, recebeu merecidamente o título de Cidadão Honorário de Criciúma. Além dessas homenagens, foram oferecidas outras em nível municipal e estadual e até do Exército brasileiro. Foi homenageado pelo Governo do Estado de Santa Catarina com seu nome em uma rodovia. Esta é uma pequena história deste grande empresário, que muito contribuiu com o desenvolvimento do comércio e da indústria, o senhor Jorge Zanatta, que merece o aplauso dos criciumenses. Jorge era casado com Adelinda Bergmann e teve com ela os filhos: Rozane e Rejane (formadas em Letras), Jorge Eduardo (formado em Administração) e Luiz Carlos (formado em Direito). Faleceu com 83 anos de idade em 4 de outubro de 2008. 186 Mega Engenharia Antes de relatar a história desta empresa, de propriedade de Ari Nardino Praessler, é necessário comentar os fatos anteriores. Na década de 1970, havia duas lojas do ramo de material elétrico, a loja pertencente a Vinícius de Lucca, estabelecida no início da Rua Marcos Rovaris, e a H. Aeckerle, que era uma filial de Porto Alegre (RS), instalada também na Rua Marcos Rovaris. Esta última permaneceu em Criciúma até o ano de 1990, quando encerrou suas atividades, voltando para sua cidade de origem. O engenheiro e eletricista Ari Nardino Praessler, gaúcho de Porto Alegre, chegou em 1970 para prestar serviço na cerâmica Cecrisa e fez parte do seu corpo técnico. Permaneceu nessa empresa por quatro anos, transferindo-se para a Industrial Conventos, onde trabalhou por igual período. Depois de atuar nas duas empresas acima citadas, Ari criou sua própria empresa em 1977, a Mega Engenharia, estabelecendo-se primeiramente na Rua Anita Garibaldi, no Edifício Dona Maria, de propriedade da família Góes. A Mega Engenharia foi responsável por um grande número de projetos na cidade, atendendo diversos estabelecimentos bancários, comerciais e industriais na Região Carbonífera. Marcou presença também com seu corpo técnico altamente qualificado. A partir da parceria com outras empresas, principalmente do setor cerâmico, especializou-se em painéis eletroeletrônicos e atendeu até demandas do exterior: Cerâmica Celima, no Peru, e Cerâmica de Gana, na África. Ari Nardino Praessler 187 O crescimento da empresa obrigou a mudança para outro lugar mais adequado. Por isso, transferiu-se para a Rua Marcos Rovaris, no prédio onde funcionou a firma Coenco, de José Ijair Conti. Neste novo endereço, teve o seu apogeu e marcou época em suas atividades, funcionando ali até início do ano 2000, quando o prédio foi vendido, e a firma mudou-se para o bairro São Luiz. Hoje a loja está desativada, continuando somente o setor de projetos. É interessante notar que esses empreendimentos citados não atuam mais em Criciúma, e a demanda de nossa cidade está sendo suprida por novas empresas. O companheiro Ari é rotariano há muitos anos; sempre fez parte do conselho diretor, ou seja, foi secretário, diretor de protocolo, cargo no qual permaneceu muito tempo devido a sua eficiência, e presidente, com destacado trabalho. Acompanhado de sua esposa, muito deu de si em prol da comunidade criciumense. Ari Nardino Praessler é casado com Hilda Paim, também gaúcha. O casal tem três filhos criciumenses, hoje integrados na nossa comunidade: André (pastor da Igreja Luterana Renovada), Alessandro (atua na área de Marketing na empresa de Sérgio Cadorin) e Anelise (advogada, atua no Procon). 188 Otávio Búrigo e Cia. Esta casa de ferragens, que pertencia aos sócios e irmãos Otávio, Mário e Eloy Búrigo, situava-se na Praça Nereu Ramos. Otávio, apesar de sócio, deixou a administração a cargo dos dois irmãos, pois morava em Laguna. O estabelecimento ficou em atividade de 1950 até 1969, trabalhando com mercadorias de alta qualidade e com muito prestígio perante os seus fregueses, uma grande parcela de criciumenses. Tanto Mário como Eloy atendiam seus clientes com grande simpatia. Muito bonito foi ver sempre a união entre os dois irmãos. Mário era mais ligado à parte comercial e administrativa, enquanto Eloy se dedicava com mais entusiasmo ao setor de vendas. Em 1960, os irmãos constituíram a indústria metalúrgica Mecril, especializada na construção de redes de eletrificação. Também fabricaram por muito tempo pás e enxadas usadas para a agricultura e para a mineração de carvão. Ainda fundaram as seguintes empresas: em 1964, a Consórcio Econômico Criciumense; em1982, a Mecânica Milano Ltda.; em 1987, a Mecril Eletro Ferragens; e, em 1988, a Mário Búrigo – Administração e Participações Ltda. Mário ainda teve participações que o destacaram na sociedade de Criciúma. Foi presidente do Sindicato das Metalúrgicas e de Material Elétrico de Criciúma, tesoureiro da Associação Empresarial de Criciúma, vice-presidente da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) e, desta mesma associação, conselheiro fiscal. Mário Búrigo Eloy Búrigo 189 Pelos seu méritos, Mário foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de Criciúma em 27 de outubro de 1988. Era casado com Adelina Bosa (ambos já falecidos), com a qual teve os filhos: Marilina (pedagoga), Mário César (médico), Guido José, Rui Carlos (empresários), Rogério (engenheiro, já falecido), Márcio (bioquímico e atual vice-prefeito de Criciúma) e Hélder (empresário). Eloy pertenceu muitos anos ao Lions Clube Criciúma Sul, onde colaborou, junto com seus companheiros, com muitas campanhas em prol da comunidade. Apoiou sempre sua esposa no trabalho da Atupam (Associação Turma Unida para Ajudar Menores), que faz um bonito e significativo trabalho com roupinhas de bebês, filhos de mães pobres. É casado com Carmem Bosa (irmã da esposa de Mário), com quem tem os filhos: Carlos Humberto (engenheiro), Eduardo (médico), Alexandre (administrador) e Maria Eloy (enfermeira). Otávio era casado com Eduarda Pereira, tendo com ela um filho, Djalma (empresário) 190 Rafael Zanette Esta empresa, de propriedade de Rafael Zanette, iniciou suas atividades em 1966 com o nome de Casa Zanette. Era uma pequena loja de 80 metros quadrados na Rua Cônego Aníbal Di Francia, número 1325, no bairro Pinheirinho. Os materiais postos à venda eram expostos pendurados no forro da loja, e a entrega das mercadorias, como areia, cimento e tijolos, era feita por carroça com cavalo. Além das vendas, a Casa Zanette também fabricava tanques de cimento para lavar roupas, o que era feito à mão, sem luvas, pela esposa de Rafael Zanette, Ana Salete. Naquela época, só contava com dois empregados. O contador era Francisco Faraco, e no escritório só existia uma máquina de escrever e uma calculadora. As contas eram registradas em um caderno, e esse serviço era feito também por Ana Salete. Em 1969, foi comprada a primeira caminhonete, o que veio facilitar a entrega de material e assim oferecer um melhor atendimento aos seus clientes. Em 1985, a Casa Zanette passou a se denominar Rafael Zanette. Daí em diante, o crescimento da empresa foi sempre constante, tornandose um verdadeiro gigante no segmento de material de construção com clientes em todo o bairro Pinheirinho e em boa parte da cidade. Hoje, esta loja ocupa um espaço de 1.600 metros quadrados e conta com uma variedade de mais de 20 mil itens dentro de sua especialidade. Além disso, dispõe de excelente equipe de funcionários, destacando-se João Batista Pinheiro e Arlindo Ugioni. Ao todo são 40 colaboradores, todos com treinamento permanente. Casal Salete e Rafael Zanette 191 Seus principais fornecedores sempre foram tintas Renner, cimento Votoran, metais Docol, tubos e conexões Tigre e cerâmicas da melhor qualidade, com centenas de variedades, dando oportunidade para a melhor escolha a seus clientes. Pode-se dizer que o sonho do casal Rafael e Ana Salete tornouse realidade. O casal tem três filhos, que, desde os nove anos, começaram a ajudar seus pais na loja. Cléber Realdo e Cláudio Rafael são formados em Administração, e a filha, Ana Cláudia, é formada em Arquitetura. Porém, todos continuaram na empresa e contribuíram na formação de outras lojas do mesmo ramo. O filho mais velho, Cléber, aproveitou o incentivo do Governo Federal e criou uma empresa para construir casas populares. Para isso, contou com a participação de sua esposa, Bibiana Benedet, minha neta. Juntos estão realizando um ótimo trabalho e já entregaram dezenas de moradias, deixando muito felizes seus compradores. A família Zanette, além de cuidar da parte comercial, participa muito da área social e apoia diversos eventos religiosos e esportivos na região do Pinheirinho. Paralelamente, Rafael tem outra paixão, que é a pesca. Construiu uma casa na localidade de Ilhas, próximo ao Morro dos Conventos, onde ele, lá com sua tarrafa, faz ótimas pescarias, dedicando-se um pouco ao lazer e recuperando suas energias de uma semana de trabalho. 192 Timaco Este estabelecimento, que pertence a Silvestre Borsato, foi inaugurado em 1971, quando ele se associou com Gabriel Zanette Aléssio e Júlio Bernardo da Silva. Durou até 1984, quando Gabriel saiu e deu lugar à participação de Tereza Ferro, esposa de Silvestre. Essa nova sociedade durou até 1987, quando, no lugar de Júlio Bernardo, integrou-se João Estevão, filho de Silvestre. Atualmente está localizada na Avenida Centenário, num prédio muito bonito, e conta com o maior estoque de material de construção de Criciúma ou talvez de todo o sul do nosso Estado. A loja dispõe de muitos atendentes, prontos para receber grande número de clientes. Borsato trabalhou na lavoura até os 12 anos, quando veio para Criciúma estudar. Fez parte da primeira turma de contabilidade da Escola Técnica de Criciúma, tendo concluído o último ano em Florianópolis enquanto prestava o serviço militar obrigatório. Trabalhou muitos anos como contador, antes de se dedicar ao comércio. Silvestre também faz trabalhos voluntários. Há muito tempo, é diretor do Asilo São Vicente de Paulo, onde exerce a função de tesoureiro. Também fez parte da diretoria do Albergue São José. Quando era sócio do escritório de contabilidade, juntamente com Arlindo Dal Toé e Osmar Piovesan, conseguiu o suporte contábil ao albergue sem ônus algum. Esse trabalho continua até os dias de hoje, mesmo depois do Silvestre deixar de ser um dos sócios. Participa ainda do Movimento Familiar Cristão da Igreja Católica e é um colaborador sempre operante. Do primeiro casamento, com Tereza Ferro (já falecida), teve dois filhos: João (empresário do comércio) e Jorge (já falecido). Atualmente é casado com Solange Benedet, com a qual não teve filhos. Silvestre Borsato 193 União Comercial Este estabelecimento teve como proprietários, em um primeiro momento, os irmãos Dal Bó, representados por Elias, integrando-se, posteriormente, Luigi Bertollo. Situava-se na Rua Henrique Lage. A União Comercial originou-se de uma antiga cooperativa. Não tive o prazer de conhecê-la, mas soube que foi de grande importância para o comércio de Criciúma. Os irmãos Dal Bó e Luigi Bertollo vendiam nessa loja material de construção, material elétrico – por sinal tinha sempre uma coleção de lustres maravilhosos –, louças, inclusive importadas, e muitos outros tipos de mercadorias, tornando-se um estabelecimento comercial de destacada abrangência em todo o sul catarinense. Dado o sucesso do empreendimento, as famílias Dal Bó e Bertollo construíram o União Turismo Hotel, que tem dez pavimentos, bem no Centro da cidade. A esposa de Luigi Bertollo, Antonieta, e seus filhos, Alessandro (administrador de empresas), Margarete (formada em Artes Plásticas) e Cátia (formada em Administração de Empresas), continuam administrando o patrimônio da família. Elias Dal Bó era casado com Madalena Righetto. O casal teve os filhos: João (empresário, falecido), Luíza (professora), Maria (empresária), Sílvio (empresário industrial), Ida, Líbia e Iva (professoras aposentadas). Os sócios Elias e Luiz já faleceram. Elias Dal Bó Luigi Bertollo 194 Vidraçaria Prata Esta vidraçaria está localizada na Rua Henrique Lage, número 27, e pertencia a Avelino Custódio, que tinha em seu estabelecimento vidros em geral, espelhos, molduras e quadros, box para banheiros e tudo o que se referia a essa atividade. Iniciou em 1960 e muito contribuiu para o progresso de Criciúma, pois sempre atendeu às demandas das construtoras de prédios com enorme quantidade de material envidraçado. Sua esposa, Enedina Pinheiro, foi muito importante para o bom funcionamento da empresa, devido a sua grande capacidade de trabalho – sempre foi uma grande batalhadora! Apesar de não ter nascido aqui, tornou-se uma verdadeira criciumense. Avelino foi fundador do Rotary Club Criciúma Oeste e, juntamente com a esposa, muito colaborou para a construção da Casa da Amizade, que, desde sua fundação, vem desenvolvendo muitas atividades sociais. Avelino já faleceu, mas sua esposa e seus filhos deram continuidade aos negócios. O casal teve os filhos: Ernane (advogado), Renato, César, Antônio Luiz, Rene Carlos, Sandra (todos comerciantes) e Rose (arquiteta). Avelino Custódio 195 Vidraçaria Santa Cecília Na descida da estação, como se falava na época, ou seja, na Rua Conselheiro João Zanette, situava-se esta linda loja, que, além de vidraçaria, era uma verdadeira exposição de belos objetos. Seu proprietário, Osni Koch, por muito tempo dominou o mercado da região no setor de vidraçaria. Osni havia trabalhado nesse ramo com seus familiares na cidade de Braço do Norte, de onde veio a sua experiência, sendo esta a proverbial razão para o rápido sucesso atingido. Sua esposa, Cecília Effting, que deu o nome à empresa, colaborou muito no trabalho e tinha muito bom relacionamento com os fregueses. Além de Osni e Cili - como Cecília era conhecida -, havia na vidraçaria uma equipe eficiente de profissionais bem treinados. Na sala da frente, misturavam-se aos vidros louças lindíssimas, enfeites e cristais de primeira linha, que deixavam as donas de casa encantadas. Era, como se diz, um colírio para os olhos. Muitos presentes de casamento eram comprados na Vidraçaria Santa Cecília. Osni e Cili participavam bastante da vida social da cidade; ele foi sócio do Lions Clube Criciúma Centro e, junto com seus companheiros, fez ótimo trabalho na comunidade. O Casal (já falecido) teve dois filhos: Jaime e Rosângela. Osni Koch 196 Vinícius De Lucca e Cia. Em 1967, Vinícius iniciou suas atividades com uma loja de materiais elétricos na Rua Marcos Rovaris. Passado algum tempo, fez uma construção moderna na mesma rua, em uma sala bem ampla, onde se podia encontrar de tudo em materiais elétricos e seus componentes. Vinícius De Lucca pertence a uma família tradicional de Criciúma e foi pioneiro na venda de materiais elétricos, atendendo construtoras, mineradoras e o mercado em geral. Marcou sua trajetória no comércio de Criciúma até dezembro de 1984, quando vendeu sua propriedade para o grupo Fidelis Barato e foi morar na cidade de Florianópolis, exercendo outras atividades. Vinícius, acompanhado de sua esposa, Jaira Elias, participava da vida social da cidade. Foi membro ativo do Lions Clube de Criciúma e, junto com seus companheiros e suas domadoras (termo como são conhecidas as esposas dos sócios do Lions), realizou muitas promoções em favor dos mais carentes. São seus filhos: José Eduardo (formado em Engenharia de Informática, é professor da Universidade Federal de Santa Catarina); Mônica (formada em Direito e atualmente juíza de Direito na cidade de Indaial); Vinícius (formado em Ciência da Computação e professor do Instituto Federal de Santa Catarina). Vinícius De Lucca 197 198 199 Drogaria e Farmácia Catarinense Esta extraordinária empresa do ramo farmacêutico, originária de Joinville, teve início no dia 25 de janeiro de 1964 e permanece entre nós até hoje, prestando um belo trabalho. A primeira farmácia situava-se na Praça Nereu Ramos. Cinco anos depois, surgia a segunda, na esquina das ruas Seis de Janeiro e Conselheiro João Zanette, que foi instalada em 1º de agosto de 1969. Não parou aí o desenvolvimento desta empresa. Em 3 de setembro de 1973, uma terceira unidade era instalada na Rua João Pessoa, bem na esquina com a Travessa Padre Pedro Baldoncini; em primeiro de maio de 1982 surge a quarta filial, em sede própria, no Edifício São Vicente, na Rua Coronel Pedro Benedet, nas proximidades do Hospital São José; mais uma loja, a quinta unidade, foi aberta na Avenida Centenário, próximo da Rodoviária. Com bastante modernidade e layout diferenciado, completa o que a Região Carbonífera necessita nesse ramo. O primeiro gerente da Drogaria e Farmácia Catarinense foi Desmundo Bramoski, de Blumenau; o subgerente foi Rubens Simas, de Itajaí; o gerente de vendas, Airton Novelletto, de Rio do Sul; o chefe de escritório foi Osmar Vogel, de Blumenau; o chefe do setor dentário, Joel Dominoni, de Florianópolis; Mario Pruste, de Joinville, foi o estoquista; o responsável técnico, o farmacêutico e bioquímico Ernesto Lacombe. Diretoria da Drogaria e Farmácia Catarinense por ocasião da inauguração da filial da Rua Coronel Pedro Benedet, com destaque para seu gerente, Airton Novelletto (de paletó escuro) 200 Com essa equipe bem montada, a Drogaria e Farmácia Catarinense foi muito bem administrada. Em 1967, a empresa nomeou Airton Novelletto como gerente regional para regionalizar o sul do Estado, tendo Osmar Vogel como subgerente. Também abriu novas filiais, duas em Criciúma, duas em Tubarão, uma em Araranguá e uma em Içara, com atendimento em toda a região, de Imbituba até Torres (RS). Quando abriu suas portas em prédio próprio na Rua Coronel Pedro Benedet, encantou todos com a beleza e com o grande estoque de remédios, cosméticos, artigos para cabeleireiros, perfumaria e um setor de produtos dentários. Na inauguração dessa bela loja, estiveram presentes os diretores da empresa Eloy Sérgio Struve e Raulino Kamaradt, que eram os mais importantes membros da diretoria estadual da Catarinense. Esses diretores se sentiam muito orgulhosos de entregar a Criciúma a unidade, afirmando que “era a mais bonita do Estado de Santa Catarina”. Muito gratificado, Airton Novelletto esteve presente na inauguração em meio a presenças importantes. Ele salientava a grande colaboração de seu quadro de funcionários e de sua clientela de todo o sul catarinense. Outro orgulho de Novelletto foi o de conseguir com a Câmara de Vereadores um projeto de lei para permitir o plantão de 24 horas, podendo atender em qualquer hora do dia ou da noite os receituários médicos de urgência. Hoje muitas farmácias também fazem esses plantões, mas, na época, eram uma grande novidade. Após a passagem muito bem sucedida de Airton Novelletto, outros gerentes se sucederam. Mas como o meu foco são as décadas de 1950 a 1980, dou a esse tempo o maior destaque. Hoje ainda permanece a loja da Rua Coronel Pedro Benedet e a filial na Avenida Centenário, número 1976; as outras duas filiais foram incorporadas a essas duas que permanecem. Esta é uma pequena história da grande Drogaria e Farmácia Catarinense em Criciúma. Airton, de seu primeiro casamento, com Lurdes Cardoso, tem os filhos: Andreia, (formada em Administração), Patrícia (pedagoga) e Airton Júnior (formado em Administração). Do segundo casamento, com Marilene de Melo, tem os filhos: Everton, Cleyton e Helton (estudantes). 201 Farmácia e Laboratório Confiança Ficava bem perto da estação ferroviária, na Rua Paulo Marcus, e pertencia a Ernesto Lacombe Filho, figura carismática, de grande inteligência. Era polivalente, atendia os clientes da farmácia e os que precisavam fazer exames de laboratório, pois era formado nas duas especialidades, Farmácia e Bioquímica. Tinha como auxiliar uma enfermeira alemã, que o ajudou muito. Gostava de ensinar exercícios para curar certas doenças. Para amidalite, por exemplo, fazia umas aplicações de iodo: enrolava algodão num bastão, molhava-o no produto e passava na garganta. Quem queria sarar, sujeitava-se a esse tratamento durante 15 dias, indo todas as manhãs no seu laboratório. Esse profissional muito contribuiu para a saúde dos criciumenses. Conheci Ernesto no período entre os anos de 1950 a 1970 (mais ou menos), e suas atividades se encerraram com a sua morte. No tempo em que o conheci, era considerado como uma pessoa polêmica, por ser um político de esquerda, circunstância que atualmente é bastante normal. No entanto, foi também um dos fundadores da Loja Maçônica Presidente Roosevelt. Era casado com Emília Ramos, mulher muito considerada por todos os criciumenses e que se dedicou bastante a angariar doações para os pobres. Ernesto Lacombe Filho 202 Desse casamento sobrevieram os filhos: Clélia Eunice (professora, muito cedo casou e foi morar em Porto Alegre/RS) e Eloísa (professora), além dos demais, todos falecidos: Carlos Ernesto (bancário, funcionário público, trabalhou na Casa da Cultura. Muito inteligente, era ainda cantor, músico, e entre suas composições, está o Hino do Criciúma Esporte Clube), Eduardo (contabilista), Elenita (professora) e Ivan (profissional de rádio). 203 Farmácia Drogalíder O estabelecimento foi inaugurado no ano de 1972 e era a terceira filial do jovem Ademir Lemos, que, depois de sua larga experiência no ramo, resolveu implantar este seu mais ousado projeto. Assim nascia a Drogalíder na Praça Nereu Ramos, esquina com a Seis de Janeiro, com uma estrutura arrojada para os padrões da época. Vale lembrar que Ademir Lemos iniciou muito cedo seu aprendizado no ramo farmacêutico com seu saudoso mestre e amigo Luiz Bortolluzzi na Farmácia São Luiz. Posteriormente, trabalhou na filial de Criciúma da Drogaria Catarinense. Em 1967, com 17 anos, implantou sua primeira farmácia, no Bairro Pinheirinho, a Farmácia Nossa Sra. de Lourdes, inaugurando ainda sua primeira filial, a Farmácia Popular, no município de Lauro Müller, em 1969. Em 1976, optou por mudar para o ramo industrial e encerrou suas atividades farmacêuticas com a venda de suas farmácias. Em janeiro de 1981, a Drogalíder foi adquirida pelos irmãos Valmor e Juceli da Silva. Valmor, que já havia trabalhado em outras farmácias e com uma grande experiência no ramo, e Juceli continuaram o trabalho com competência, profissionalismo e muito trabalho. Meu relacionamento com Valmor, além de eu ser seu cliente, é também por ele ter sido genro de Antônio Pavei, meu vizinho na localidade de Morro Albino, onde eu tinha uma chácara e costumávamos bater um bom papo. Valmor da Silva 204 Além de comerciante, Valmor tem uma boa atuação na sociedade e até hoje faz parte da Maçonaria. Com seus companheiros, está sempre presente nas campanhas beneficentes do Bairro da Juventude, Apae e muitas outras. Em 2007, os irmãos Silva resolveram trocar de atividade e se mudaram para o município vizinho de Içara. Venderam o estabelecimento aos atuais proprietários, que lhe deram nova denominação, Farmácia Modelo, localizada no mesmo endereço. Valmor da Silva é casado com Maria da Graça Pavei, e o casal tem os filhos: Fabrício e Diego (bancários) e Tatiana (engenheira agrônoma). Juceli da Silva é casado com Roselene de Assis, com a qual tem os filhos: Naiara (estudante), Leonardo (bancário) e Gustavo (engenheiro mecânico). Ademir Lemos é casado com Cleusa Maria Costa (professora). O casal tem os filhos: Kilian (administrador de empresas), Douglas (administrador de empresas), Julian (formado em Administração em Comércio Exterior), Gustavo (formado em Engenharia de Produção) e Natália (psicóloga). Ato inaugural da Farmácia Drogalíder em 1972 205 Farmácia Moderna Esta farmácia, muito conhecida por todos os criciumenses, pertence ao casal Vadonir e Volnete Cardoso. Nízio, como é mais conhecido Vadonir, começou ainda muito jovem o trabalho com farmácia, seguindo o exemplo de seus tios, Juca e João Cardoso, e aprendendo muito com eles no município vizinho de Içara. Com muita garra, determinação e empreendedorismo, ao lado de sua esposa, Volnete, conseguiu muito sucesso. Hoje a Farmácia Moderna conta com uma matriz, inaugurada em 1968, e mais duas filiais. Volnete, sempre muito dedicada ao trabalho, ajuda seu esposo com toda sua simpatia no trato com os clientes e também com a sua capacidade administrativa. Nízio e Volnete, além do trabalho à frente das farmácias, têm um grande legado de bons serviços prestados à cidade de Criciúma. Durante anos, participaram do Lions Clube, em que foram muito ativos. Nízio presidiu o Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma, foi também presidente do Criciúma Clube e, junto com a Volnete, presidiu o Asilo São Vicente de Paulo, entidade que abriga mais de 70 idosos. Ainda foi presidente e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Criciúma, por mais de um mandato, da qual ainda é sócio. Volnete também fez grande trabalho presidindo a Câmara da Mulher Empresária. Uma de suas campanhas foi com relação ao lixo que era depositado em frente às lojas pela manhã. O caminhão que fazia o recolhimento só passava à noite. Durante todo o dia, os sacos de lixo ficavam na praça. Casal Volnete e Vadonir Cardoso 206 Volnete, inconformada, saiu com suas companheiras a visitar todas as lojas, orientando e pedindo que colocassem o lixo somente depois das 18 horas. E conseguiu. A praça ficou muito mais limpa e bonita! Foi um gesto de líder, que eu apreciei muito! O casal tem três filhos: Paulo Henrique (médico cardiologista), Luiz Fernando e Patrícia (advogados). Luiz Fernando foi eleito vereador e atualmente é secretário de Desenvolvimento Regional de Criciúma, onde realiza um grande trabalho. 207 Farmácia Rosário Esta farmácia esteve localizada na Rua Seis de Janeiro, onde funciona hoje a Farmácia Moderna. De propriedade de Ilbe Crema, o ponto passou para outros proprietários em 1964. Em seguida, Ilbe Crema adquiriu a farmácia de Álvaro Costa (Bolinha). Estava situada na Praça Nereu Ramos, esquina com a Avenida Rui Barbosa, conservando o mesmo nome fantasia de Farmácia Rosário. Ilbe Crema era formado em curso superior e muito dedicado a sua profissão. Pessoa muito responsável, estava sempre presente no atendimento a seus clientes, dando informações adequadas e, em casos mais complicados, recomendava a ida aos médicos. Em 1980, vendeu sua farmácia para Jucemar Lima, que deu continuidade ao estabelecimento por mais algum tempo. Com o falecimento de Jucemar, sua esposa continuou trabalhando na mesma atividade, vendendo a farmácia posteriormente para Lino Michels. Ilbe pertenceu ao Rotary e prestou serviços à comunidade. Foi ainda presidente da LARM (Liga Atlética da Região Mineira) de 1961 a 1963 e sócio-fundador do Criciúma Clube. Com Erna formava um casal muito unido. Iam e voltavam para sua farmácia sempre caminhando juntos. Ilbe e Erna já faleceram, mas deixaram muito boas recordações a todos nós. Tiveram os filhos: Maria Helena e Nanci (professoras, já falecidas), José Augusto (médico), Vera Lúcia (engenheira) e Antônio Luiz (engenheiro). Ilbe Crema 208 Farmácia Sampaio Realmente marcou a sociedade em sua época, pela grande quantidade de clientes que atendia. Situava-se, como a maioria dos estabelecimentos, na Praça Nereu Ramos, bem ao lado da Prefeitura Municipal. Iniciou sob a administração de Carlos Sampaio, mas, com o seu falecimento, a farmácia continuou sob a tutela de sua esposa, Ladislawa Angulski, a “ dona Lady”, como foi sempre conhecida. Ela trabalhou muitos anos até falecer. Muito competente, com seu porte de mulher grande e disposta, mas também muito enérgica e trabalhadora, conseguiu imprimir um razoável progresso ao empreendimento. Porém o grande desenvolvimento da farmácia se deu quando a administração passou para seu genro, João Balestro, que se tornou um farmacêutico conhecidíssimo na região. Faziam-se filas para o atendimento com Balestro. Vindo de Porto Alegre (RS), casou-se com a filha de Carlos e Lady, a Voly, que também trabalhou muito junto com a família no empreendimento. O casal (já falecido) teve dois filhos: Carlos (também falecido) e Rita. Balestro tinha muitos conhecimentos de farmácia, era um carismático vendedor e resolvia vários casos de doença. O seu falecimento deixou um grande vazio na cidade. Carlos Sampaio e Lady tiveram outros filhos, além de Voly: Vânio, que também trabalhou muito com farmácia, e Vitor (falecido), que era bioquímico. João Balestro Ladislawa Angulski 209 Farmácia Santa Albertina Era uma farmácia muito estimada por seus fregueses, devido ao bom atendimento de seu proprietário, Ary Osvaldo, que todos chamavam de Ary, e de sua esposa, Eulália, que carinhosamente é chamada de Lala. Ary e Lala criavam, no ambiente da farmácia, um verdadeiro clima de amizade, onde todos se sentiam muito bem. Ary era um farmacêutico de grande capacidade e com muitos conhecimentos nesse ramo de negócio. Amenizava muitos males com suas prescrições. Tornava-se amigo de todos e, quando sentia que o caso não era de sua alçada, encaminhava a pessoa para o médico. Ary também foi rotariano e, junto a seus companheiros, sempre participou das campanhas beneficentes do Rotary. Infelizmente, não está mais entre nós. Lala, por sua vez, muito serviu na Casa da Amizade, tendo sido um baluarte, principalmente na confecção de roupinhas para bebês que nascem de mães carentes. Ary e Eulália tiveram os filhos: Ary Osvaldo (engenheiro eletricista e professor de Física), Air Geraldo (gerente da Caixa Econômica Federal) e Arleu Ronaldo (bioquímico e secretário da Prefeitura). Ary Osvaldo 210 Farmácia Santa Terezinha Localizada inicialmente em Forquilhinha, esta farmácia pertencia a Vânio Carlos Sampaio, funcionando depois, por muitos anos, em Criciúma. Situava-se na Praça Nereu Ramos, no andar térreo do prédio da Sociedade Recreativa Mampituba, bem na esquina da Praça Nereu Ramos, um local bastante privilegiado. Sempre com a colaboração de sua esposa, Odília Arns, Vânio conseguiu uma grande clientela. Foi uma farmácia que deixou saudades pela maneira gentil e alegre com que o proprietário atendia seus clientes. Ao lado da farmácia do Vânio, estava instalado o consultório dentário de seu cunhado, Adolfo Arns, que era casado com Dilza Freitas, filha do saudoso Diomício Freitas. Vânio, sempre atencioso, ajudava Adolfo muitas vezes, quando este realizava cirurgias em seus clientes. Por 12 anos, Vânio e Odília tiveram uma malharia, Malhas ArSAM, onde peças lindíssimas foram fabricadas. Neste empreendimento tiveram uma colaboração considerável da cunhada, Adelina Arns. A malharia começou seu funcionamento na Praça Nereu Ramos, no Edifício Martignago, e depois se mudou para a Rua Marechal Floriano. Vânio tem um hobby: faz consertos de peças com engrenagens e motores bem diminutos. Assim, é um exímio arrumador de relógios, molinetes e outros. Vânio e Odília têm três filhos: Dagmar (cursou Odontologia), Rogério e Carlos (engenheiros). Vânio Carlos Sampaio 211 Farmácia São José Esta farmácia, que esteve situada na Praça Nereu Ramos e, depois, na Rua Marcos Rovaris, pertencia ao casal Ruth Becker e Adamastor Martins Rocha. Ruth era filha de Louise Becker, que se destacou por sua venerável dedicação aos doentes e principalmente às parturientes. Por isso, Ruth, além de ser farmacêutica formada, possuía muito conhecimento. Adamastor tinha sido militar. No Exército, aprendeu a profissão de Enfermagem. Foi realmente muito dedicado a todos que o procuravam. Atendia a qualquer hora da noite, sempre com boa vontade e com a gentileza que lhe era peculiar. Continuou com a farmácia, mesmo depois da morte da esposa, com a colaboração da filha, Ana Maria, seu genro e sua neta. Além de enfermeiro, Adamastor tinha uma atividade esportiva muito interessante, era piloto. Possuía um pequeno avião e muitas vezes foi com ele até a Praia do Rincão, momentos em que provocava admiração de todos por sua indômita coragem. Chegou a fundar em Criciúma um aeroclube. Adamastor fazia parte também da comissão que criou o Olímpico Basquete Clube, o qual funcionou na Praça Nereu Ramos, onde a mocidade, quase todas as semanas, realizava domingueiras e bailes. Esse recreativo foi incorporado ao atual Criciúma Clube. Adamastor teve uma vida bastante longa e ativa, tendo, inclusive, dirigido ele mesmo seu automóvel quase até o fim de seus dias. Casal Ruth e Adamastor Martins Rocha 212 Farmácia São Luiz De propriedade de Luiz Bortoluzzi, a farmácia situava-se na Rua João Pessoa, bem ao lado do antigo Banco Inco. Porém, esteve instalada anteriormente em Braço do Norte no início da vida profissional de Luiz. Nessa cidade, ele encontrou a normalista Bernardina Antunes Martins, que lá trabalhava, apesar de ela ser natural de Tubarão, vindo a desposá-la em 1938. De Braço do Norte, a farmácia foi transferida para Nova Veneza. Daí então, para Criciúma, cidade que, na época, estava em grande evolução devido ao desenvolvimento da extração de carvão. Assim, na Praça Nereu Ramos, onde funcionam atualmente as Lojas Fátima, surgiu, primeiramente, a Farmácia São João, de propriedade de Luiz. O nome foi dado em homenagem ao seu pai, João Bortoluzzi. Foi apenas em 1944 que Luiz transferiu sua farmácia para prédio próprio, na Rua João Pessoa, alterando o nome para Fármácia São Luiz. Trocou o nome por ter se tornado muito conhecido, e todos dizerem que compravam na farmácia do Seu Luiz. Luiz Bortoluzzi foi um dos poucos farmacêuticos com curso superior de Farmácia naquela época. Seu trabalho profissional em Criciúma fez história. Deixou marcada a sua sabedoria, eficiência e dedicação. Também sagrou-se pela responsabilidade ética com que fazia o aviamento dos receituários médicos, tanto por meio dos medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica, como pelos medicamentos oficinais. Luiz Bortoluzzi 213 Estes últimos eram elaborados em seu próprio estabelecimento, prática comum na época e que Luiz desempenhava com maestria em laboratório anexo a sua farmácia, equipado com os aparelhos e princípios ativos necessários à confecção de uma grande variedade de poções, cápsulas, pílulas, cremes e pomadas. Trabalhou por 40 anos, até que nos anos 70, com os filhos já formados, aposentou-se e fechou seu estabelecimento. Luiz, porém, não deixou de ficar ligado a sua profissão. Tornouse responsável pela farmácia do Hospital de Rio Maina e pela Farmácia Moderna, que então se estabelecia na cidade. Esses dois trabalhos ele exerceu até os últimos dias de sua vida. O casal Luiz e Bernadina (já falecidos) – ele como empresário do ramo de farmácia e ela, como professora, por muitos anos, do Grupo Escolar Professor Lapagesse – ofereceu bastante conforto e uma excelente formação a seus filhos. São eles: Sérgio e Dalton, médicos, e Maria Adélia, pedagoga. No local onde funcionava a farmácia, os filhos mandaram construir um grande prédio de quatro andares, onde hoje funciona o Bortoluzzi Center, que vem sendo administrado pela família com muito sucesso. 214 215 Cilo Panificadora Esta panificadora pertenceu a Hercílio Amante Guimarães, que todos conheciam por Cilo. Teve início em 1961 e situava-se na Rua Henrique Lage, na sala térrea do prédio de seu sogro, Jorge Savi. Este estabelecimento do ramo de panificação deixou sua marca pela inovação com maquinários ultramodernos, da marca Sian, fabricados em São Paulo. Graças a essa modernidade, podia fabricar produtos diferenciados, como gostosos pães, bolos e doces, tudo feito na hora, já que os equipamentos lhe davam esta facilidade. Devido a essa maneira de trabalhar, angariou uma grande clientela, principalmente no Centro da cidade. Os negócios melhoravam a cada dia que passava, com a freguesia muito satisfeita. Porém, Cilo resolveu, em 1971, trocar de atividade e vendeu sua firma para Flávio Dias, que trabalhara por muito tempo no Banco Inco, onde mantinha uma grande amizade e deu continuidade ao bom trabalho do Cilo. Flávio trocou o nome do estabelecimento para Panificadora e Lanchonete Criciumense e trabalhou por quatro anos com muita dedicação. O sucesso foi grande. Em 1975, Flávio resolveu construir um edifício na Praia do Rincão, na Avenida Beira-Mar, com quatro pavimentos, onde instalou o hotel e restaurante denominado de Verdão, que está lá presente até hoje. Hercílio A. Guimarães 216 Por mais algum tempo, continuou com os dois empreendimentos, porém quando encontrou dificuldades em levar adiante essa dupla tarefa, resolveu ficar somente com o Hotel e Restaurante Verdão. Hercílio Amante Guimarães era casado com Severina Savi (Nine), professora, pedagoga, com especialização em Administração Escolar. Com seu trabalho paralelo, muito contribuiu com a renda familiar. O casal teve três filhos: Cláudio (engenheiro eletrônico, trabalha em uma grande empresa de telefonia, a Intelbrás, em Florianópolis), Denise (formada em Comunicação, com especialização em Publicidade) e Cleber (fez o curso de Processos Gerenciais Trabalhistas e trabalha na Metais Zanatta). Faz pouco tempo que Cilo faleceu, deixando para sua família e para todos nós o seu modo alegre de viver. 217 Padaria Brasil Situada na Rua Marcos Rovaris, pertenceu a José Rosalino Zacaron, que era um profundo conhecedor do ramo de panificação e conseguiu, com sua experiência e cortesia, ter ótima clientela, não só da redondeza central, como de toda a Região Carbonífera. Sua esposa foi um braço forte nesta padaria. Ambos eram de fino trato e sabiam atender seus fregueses com muito carinho. Dois cunhados, a Neia e o Gílio, também se dedicaram bastante a este empreendimento. Depois de um tempo, José Zacaron se tornou fabricante de bolachas e biscoitos Araré, muito conhecido entre nós, servindo toda a região. Entre seus produtos, eram famosas as latas de bolachas sortidas, as rosquinhas de mel e a merendinha. Muitas crianças iam todas as tardes com trocados comprar merendinha para o lanche, mas o biscoito era tão adorado que elas mal continham o apetite e comiam a maioria pelo caminho. O pão francês desta padaria era também muito apreciado. José Zacaron, devido a sua competência e honestidade, gozava de muito bom crédito e, assim, construiu um grande patrimônio. Foi substituído pelos filhos após o seu falecimento e o de sua esposa. Os filhos, após algum tempo, encerraram este ramo e partiram para outras atividades. José era casado com a gaúcha - que amou muito a nossa cidade - Maria Cecília Mayer e teve os filhos Aldo, Adenor e Nicolau, todos empresários. Zacaron foi ainda participante da Associação Empresarial de Criciúma e presidente do Sindicato de Panificação e Confeitaria de Criciúma. José Rosalino Zacaron 218 Padaria Búrigo Vindo de Azambuja, hoje município de Pedras Grandes, Guerino Búrigo chegou a Criciúma em 1949 e estabeleceu-se com panificação, fábrica de biscoitos e bolachas na Rua Coronel Marcos Rovaris, número 432. Seus produtos eram muito apreciados por todos os seus clientes e principalmente pelos moradores das proximidades, que, além de seus fregueses, tornaram-se seus amigos. Quando trocou de endereço, após 15 anos, deixou muitas saudades. Guerino construiu um prédio na Rua Henrique Lage, número 500, e para lá levou seu empreendimento. Continuou com as mesmas atividades, só acrescentando ainda uma ótima lanchonete, que fornecia, além de seus deliciosos pães, biscoitos, bolachas e tortas, acompanhadas de café, sucos e refrigerantes. Este empreendimento continua até os dias de hoje, atendendo um público grande, sobretudo transeuntes do Centro de Criciúma. Guerino, além de desenvolver seu trabalho com maestria, fazia parte da comunidade católica e muito colaborava com sua paróquia. Era um dos organizadores das festas de São José. Gostava de jogar bocha no Círculo São José e ganhou muitas medalhas nos torneios dos quais participou. Foi um colaborador da banda Cruzeiro do Sul e da Associação Empresarial de Criciúma. Além disso, sempre procurava ajudar os necessitados. Sua família é muito grata pelo exemplo de vida deixado por ele. Seus filhos deram continuidade ao seu negócio com o mesmo carinho e dedicação herdados de seu pai. Era casado com Eliza De Nez, com a qual teve os filhos: Valdir, Aldo, Acir (empresários de panificação), Valda e Ledenir (formadas em Ciências Biológicas e professoras aposentadas). Guerino Búrigo 219 Padaria, Bar, Lanchonete e Sorveteria Excelsior Situada na Praça Nereu Ramos, foi a padaria mais central da cidade de Criciúma e pertenceu aos sócios Firmino Guedes de Farias e Izário Scussel de Farias. Pai e filho foram ótimos no ramo de padaria, bar e lanchonete por muitos anos, servindo grande parte dos criciumenses, principalmente no Centro da cidade. Os pães, sempre muito bem feitos, tinham uma excelente qualidade, e na lanchonete tudo era muito gostoso. Tortas, doces, pastéis e empadas eram bastante apreciados, além do sorvete, que era o melhor de toda a cidade. O ambiente era dividido em dois setores: na parte menor, funcionava a padaria cuidada por Firmino e Eroídes; na maior, um bar, muito bem cuidado por Izário, que tinha grande ajuda de sua esposa, Cecília, e da Itália, pessoa que, apesar de não ter nenhum laço de parentesco, esteve sempre junto a essa família, como se fosse a sua. Havia mesinhas e cadeiras para o conforto maior dos clientes, que ali faziam seus encontros, principalmente os casais de namorados. Quando encerrou essa atividade em 1956, Izário trocou de ramo: colocou uma loja de eletrodomésticos, especializada em geladeiras, rádios, televisores, eletrolas e piano da marca Schwartzman. Izário, como já era de se esperar, continuou com a mesma forma simpática e atenciosa de tratar seus clientes, e por isso também nessa nova atividade, conseguiu muito sucesso. Em 1966, por motivo de saúde, Izário vendeu sua empresa a Taurino Pereira. Firmino era casado com Eroídes Flauzino da Silva. Ambos não estão mais entre nós. Firmino Guedes de Farias Izário S. de Farias 220 Izário (já falecido) era casado com Cecília Flauzino da Silva, tendo com ela os filhos: Vera Maria (professora), Sônia Regina (professora especializada em Educação de Crianças Deficientes), Nara Maria (química industrial), Gladis Helena (professora) e Carlos Roberto (formado em Administração e Contabilidade). 221 Padaria Pão Quente Localiza-se no Centro da cidade, na Travessa Boa Nova, e pertence a Olídio Pescador, que iniciou, 43 anos atrás, uma grande inovação no ramo da panificação. Lá sempre se encontram pães quentinhos, pães para dieta, pães caseiros, docinhos variados, roscas, salgados, bolos e tortas maravilhosas. Faz bastante tempo que muitos saem de suas casas para tomar café da manhã e fazer o lanche da tarde na Pão Quente, pois tem um ótimo ambiente para atender o cliente com conforto e qualidade. Há pouco tempo, Olídio também abriu, aos fundos da padaria, um restaurante de comida caseira, muito elogiada pelos fregueses. Olídio teve por muitos anos a ajuda de sua esposa, Açueli, que todos chamam de Sueli. Atualmente, quem mais o ajuda são suas filhas, que praticamente administram todo o empreendimento. O casal Olídio e Sueli participa muito dos eventos de nossa sociedade, nas obras de caridade e religiosas. Sua colaboração, principalmente ao Asilo São Vicente de Paulo, para o qual sempre faz doação de pães, é muito importante e reconhecida. Eles participam também de um programa no Bairro da Juventude, fornecendo farinha para que os jovens façam curso técnico de padeiro. A produção dos alunos é doada inteiramente às entidades beneficentes. Colaboram ainda muito com a Igreja como ministros da Eucaristia, distribuindo a santa comunhão aos fiéis e também na casa de doentes. Olídio e Sueli têm quatro filhos: Giovânio (formado em Administração e empresário), Gilceia (empresária), Gilmeri (formada em Pedagogia e empresária) e Gilmara (falecida). Olídio Pescador 222 Padaria Popular Esta padaria foi um marco na cidade de Criciúma e pertencia a Manoel Gonçalves de Farias, nascido em Tubarão, a quem todos na cidade conheciam pelo nome de Bá. Situava-se na Rua Henrique Lage e teve início em 1937 - dados estes que eu colhi no livro de Rubens Costa, escrito pelo historiador Mário Beloli. Como eu cheguei a Criciúma somente em 1950, não conheci muitos detalhes deste início, porém, graças ao mencionado livro e à ajuda dos familiares, consegui algumas informações interessantes que aqui descreverei. Desde muito jovem, Manoel já mostrava um espírito empreendedor. Montou a padaria com muito sacrifício e conseguiu torná-la muito apreciada pelo povo, por isso recebeu este nome de Padaria Popular, que atendia grande parte dos criciumenses com pães de alta qualidade e com um atendimento excelente. Muitas unidades eram entregues de casa em casa, conforme o costume da época. No início, a entrega era feita a pé, com cestos, e depois passou a ser feita com carroças. Apesar de pouco saber sobre este empreendimento, conheci muito bem o Bá. Era uma pessoa muito bondosa, simpática, bom político, tendo sido vereador de 1947 a 1950 e, depois, de 1955 a 1960. Foi também delegado de Polícia, cargo que exerceu com muita moderação. O terreno onde se situa o Asilo São Vicente de Paulo pertencia a Pedro Guidi e ao Bá, os quais o doaram para que no local fosse construída essa casa de descanso dos velhinhos carentes. Além disso, muitos outros atos sociais foram exercidos por ele. Para uma boa causa, raramente dizia não, envidando, na maioria das vezes, seu mais sincero esforço para atingir os objetivos. Manoel Gonçalves de Farias 223 Bá foi fundador da banda Cruzeiro do Sul, tendo sido durante muito tempo seu presidente. Foi grande colaborador da paróquia, foi presidente do Clube União Mineira, ajudou na construção do Hospital São José e muito colaborou na Sociedade Recreativa Mampituba. Certa vez, a Prefeitura precisava enviar uma comissão ao Rio de Janeiro, devido a uma grande crise do carvão, e não havia dotação orçamentária para tanto. O Bá, então, emprestou o dinheiro para a empreitada. Gostava muito de se divertir e de dançar, principalmente no Carnaval. Era uma pessoa muito alegre e gostava muito, de pescar. Veraneava na Praia do Rincão, onde eu partilhava da amizade dele, de Dona Herondina, sua esposa, e de seus filhos. Sei que o Bá foi um dos primeiros frequentadores do Rincão; sua casa se situava bem perto da primeira igreja do balneário. Em certa época, quando ele chegava, havia o costume de tocar o sino da capela, de tão adorado que ele era. Aproveitava a viagem e já levava um pouco de pão para vender, e ele mesmo ou seus filhos faziam a entrega. Bá era casado com Herondina Rosso, que muito o ajudou no trabalho da padaria. O casal (já falecido) teve os filhos Luiz Geraldo (formado em Economia, funcionário público, já falecido), Janes (professora aposentada e empresária do ramo de confecções), Janice (pedagoga), Janilde (formada em Administração e empresária do ramo de cozinha industrial) e Luiz Vanderlan, o Guego (formado em Administração e funcionário público). 224 Padaria São José Esta padaria, tão apreciada pelos criciumenses, teve seu início em 1950, em uma rua paralela à Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, hoje Avenida Centenário, no Bairro São Cristovão, e pertencia a Luiz Cardoso Rocha. A década era de expansão da mineração do carvão, que, após a Segunda Guerra Mundial, progredia na nossa região. A venda do carvão era facilitada pela grande procura deste minério, pois, além do mercado brasileiro, até na Europa era vendido, devido à carência mundial por toda a forma de combustível. Mesmo com a facilidade na venda, a extração do carvão ainda era precária, o serviço era completamente manual, com picaretas, pás e com detonação de explosivos de dinamite. O transporte do carvão debaixo das minas era feito por vagonetas, empurradas por homens ou puxadas por cavalo. Devido à grande necessidade de mão de obra, chegavam à cidade milhares de jovens corajosos, rudes e fortes, atraídos por um bom salário e pelo sonho de casar, manter a casa e formar uma família. Com a significativa prosperidade da indústria mineira em Criciúma, o comércio acompanhou a crescente explosão econômica e se desenvolveu a olhos vistos em pouco tempo. Nesta mesma oportunidade, surgiram muitas panificadoras. A padaria São José foi uma delas. Iniciou os trabalhos com o sistema artesanal da época. Era uma empresa familiar, com equipamentos manuais, porém, com a vontade férrea de vencer os obstáculos, tudo foi se desenvolvendo muito rápido. Luiz Cardoso Rocha 225 No local eram feitos pão de ló, biscoitos, pão de mel, bolacha Maria, gostosos pães franceses, doces e os famosos pães de rala, como eram conhecidos. Os empregados eram poucos, mas o serviço, muito. O comércio dos produtos era feito em um balcão rústico, com bastante volume de entrega em domicílio. A distribuição em maior quantidade era feita com carrocinhas puxadas a cavalo, como era de costume. Como era pitoresco! Com empenho do Seu Luiz e de toda a família, o negócio progredia a todo vapor, atendendo com carinho e dedicação seus clientes de toda a região do bairro São Cristóvão e das proximidades, com seus deliciosos produtos. Seu Luiz e dona Luiza, sua esposa, além de ótimos empresários, foram bons pais de família, dando aos seus filhos a oportunidade de estudar. Assim, formou dois deles médicos e duas professoras. Seu filho mais velho, Lauro, deu continuidade à firma do pai, tornando-se empresário. Na década de 1980, pai e filho, com a visão do futuro e precisando de maior espaço, deixaram o Bairro São Cristóvão e mudaram de endereço, indo fixar seu estabelecimento às margens da SC-444, no município de Içara. No local, instalaram uma moderna fábrica de biscoitos e bolachas, denominada de Biscoitos Bislau, que vem até hoje mostrando resultados excelentes. Esta empresa está a cargo do neto, Ramiro Cardoso. Luiz Cardoso Rocha era casado com Luíza da Silva (ambos já falecidos), com a qual teve cinco filhos: Lauro Mor (já falecido, empresário do ramo de panificação), Manuel (médico), Maria Inez (professora), Maria José (professora) e Júlio Márcio (médico). Seus filhos, Manuel e Júlio Márcio, depois de formados, dedicaram-se cada um a sua especialidade. Hoje ambos possuem suas próprias clínicas. Manuel é proprietário da Clinigastro, localizada na Rua Antônio De Luca, número 50, enquanto Júlio Márcio também é proprietário da Interclínica, especializada em Nefrologia, na Rua João Cechinel, número 352. 226 Panificadora Universo Esta panificadora está situada na Rua Desembargador Pedro Silva (ou na esquina do Michel, como todos falam). Pertence a Alvederino Martins, que fez desta padaria um local encantador pela qualidade de seus produtos, juntamente com sua esposa, Nadir. É grande o movimento, principalmente no fim da tarde, quando todos querem levar para casa aquele pão delicioso, ou o bolo, a rosca, a torta, os salgados, afinal, é difícil escolher o que comprar. Tudo feito por pessoas capacitadas e que entendem do processo de fabricação de pães. O bairro todo é freguês da Panificadora Universo. Além dos produtos prontos, ainda lá se pode encomendar tortas, docinhos e salgadinhos para comemorações. Atualmente seus filhos é que estão dando continuidade ao trabalho na padaria. Alvederino Martins era casado com Nadir M. Cardoso (falecida), com a qual teve os filhos Reginaldo (também empresário de panificação), Ronaldo (já falecido), Rosana (empresária) e Renato (empresário). Esta padaria existe desde o ano de 1977 e cada dia está inovando na sua produção. Atualmente, ainda tem anexo um minimercado para melhor atender sua clientela, que aumenta cada dia que passa. Alvederino Martins 227 228 229 Casa das Bicicletas Balod Foi fundada em 1945, quando o saudoso Vítor Henrique Balod, mais conhecido como Juca Balod, migrou da cidade de Orleans para Criciúma e abriu aqui uma pequena loja de bicicletas e máquinas de costura. No início, para a alegria de muitos consumidores, Juca Balod começou a alugar bicicletas. Alguns as utilizavam como meio de transporte para o trabalho, e outros, principalmente nos fins de semana, usavam-nas para dar voltas pela cidade. Chegou a ter época de haver 30 bicicletas para locação. Até hoje, alguns sentem saudades das bicicletas alugadas no Balod. Também lá se conseguia consertar as bicicletas e máquinas de costura quebradas. Os reparos eram feitos com muito cuidado e responsabilidade. Por toda a loja, viam-se penduradas peças avulsas para reposição, destacando-se as tão procuradas pelas crianças: buzinas, luzes e outros aparatos. A primeira localização da loja de Balod foi próximo ao antigo Banco Nacional, na Rua Seis de Janeiro, mudando-se mais tarde para a Rua Henrique Lage, onde funcionou por mais de 60 anos. Encerrou suas atividades em 2005. Juca, sempre muito bem acompanhado de sua esposa, Ana Frida, administrou sua loja até seu falecimento, em 18 de julho de 1984. A partir desta data, o filho Wilson e sua mãe, Ana (há pouco tempo nos deixou), conduziram com muito carinho e competência os negócios. Além de Wilson, o casal teve outro filho, Edson, o nosso grande artista plástico Ed Balod. Vítor Balod e família 230 Casa Benedet Situada na Praça Nereu Ramos, a casa mais antiga no ramo de rádios e televisões em nossa cidade deve ser a Casa Benedet, que pertencia primitivamente a Mário Stefano Benedet. Além de rádio e televisão, ainda vende instrumentos musicais, peças e acessórios referentes ao ramo. Na mocidade, Mário trabalhava como carpinteiro e, nos finais de semana, fazia-se marceneiro, tendo, inclusive, moldado os móveis para sua casa. Depois, em sociedade, comprou uma máquina de cinema e, nas localidades onde fazia projeção cinematográfica, aproveitava para fazer seu comércio ambulante, vendendo máquinas de costura, rádios, entre outros. Mário começou vendendo rádios desde o tempo em que estes eram alimentados por bateria. Ele mesmo entregava em domicílio e fazia a instalação para o cliente. As baterias tinham que ser recarregadas por um catavento ou levadas onde pudesse ser feito esse trabalho de recarga. Na Praça Nereu Ramos, sua loja funcionava em uma sala anexa à Farmácia Sampaio. Posteriormente, Mário construiu um edifício na Rua Henrique Lage, em sociedade com Antônio Serafim, e lá, em um dos lados, passou a funcionar a Casa Benedet e de outro, a Casa Globo, separadas somente por uma escada. Mário conseguiu, com muito esforço e enfrentando muita dificuldade, um bom patrimônio comercial, graças a sua fiel clientela, pois primou sempre pelo bom atendimento e também pela assistência técnica, que sempre foi feita com muita responsabilidade. Mário Stefano Benedet 231 Assim, a Casa Benedet conseguiu tornar-se referência em toda a região de Criciúma. Mário também foi sócio-fundador do Rotary Club Criciúma Oeste, e a sua participação na sociedade foi muito importante, principalmente na construção da Casa da Amizade. Ele cumpriu o lema: “Dar de si sem pensar em si” e dedicou-se com o máximo de seu esforço à construção da obra da Casa da Amizade, tirando, inclusive, dinheiro de seu próprio bolso, ou angariando ofertas de outros, com doações também de cimento, madeira e tijolos. Nessa obra, Mário teve grande ajuda de Ieda Góes, esposa do nosso companheiro Antônio Góes. Ela conseguiu, entre outros materiais, todo o piso e o azulejo, que lhes foram doados por Dite Freitas. No seu empreendimento comercial, Mário contou com a ajuda da maioria de seus filhos, que hoje ainda continuam levando adiante esse ramo de negócios. Era casado com Maria Venson, que conheceu numa festa na localidade de Morro Estevão. O casal já faleceu. Tiveram dez filhos: Artêmio (industrial), Ademar (comerciante), Itamar (formado em Administração, é comerciante), Altair (comerciante), Elza (professora), Carlos Alberto, Diana, Maria Helena, Maria Estela e Júlia (todos empresários). 232 Casa das Gaitas Por muitos anos, foi a única loja especializada em instrumentos musicais em nossa cidade, a Casa das Gaitas, pertencente aos irmãos Albino e Lino De Bona Castelan. Vendia acordeões da marca Todeschini, que antigamente eram encontrados em quase todas as residências, violões Giannini, Di Giorgio, além do piano Essenfelder. Assim, quem quisesse comprar um bom instrumento sabia onde encontrá-lo. Além disso, vendia brinquedos da marca Bandeirantes e máquinas de costura da marca Vigorelli. Lino e Albino já não estão mais entre nós, mas a loja continua com Djalma e Júnior. Djalma é filho de Lino, e Júnior é neto, filho de Adair. Lino, além de ótimo comerciante, possuía uma qualidade muito importante: era incapaz de comentar alguma coisa que desabonasse alguém. Casado com Irma Garbelotto, teve dois filhos, Adair e Djalma. Este último, como já citei, é o que continua trabalhando na loja, enquanto Adair (já falecido) foi bancário e posteriormente executivo de empresa, tendo trabalhado muitos anos na cerâmica Eliane, pertencente ao Grupo Maximiliano Gaidzinski. Adair foi também sócio muito ativo do Rotary, sempre fazendo parte de sua diretoria. Junto com seus companheiros, prestou muitos serviços à comunidade. Seu falecimento provocou muita consternação e fez muita falta aos seus companheiros rotarianos. Albino De Bona Castelan Lino De Bona Castelan 233 Albino era casado com Amélia Cechinel (também já falecida). O casal não teve filhos. Amélia era muito boa cabeleireira, conhecida também por fazer o penteado “permanente”, uma técnica muito utilizada na época para encaracolar o cabelo das mulheres. Albino e Lino eram exímios tocadores de gaita. Aliás, a família Castelan tem, em seu meio, muitos músicos. A Casa das Gaitas, graças a Djalma e Júnior, continua como um baluarte do comércio de nossa cidade. 234 Casa Moto Parque Conheci Pedro Milanez quando ele era dono da Casa Moto Parque, estabelecimento comercial situado na Praça Nereu Ramos, especializado em motores e fornecedor de equipamentos de mineração. Para Pedro, era importante a loja suprir o setor mineiro, pois além de ele próprio ser do ramo, era sócio de mina e da Força e Luz. Pedro também construiu o Cine Milanez e lá colocou Túlio Bastian como gerente. Essa casa de espetáculo fez grande sucesso por muitos anos no Centro de Criciúma. Sócio-fundador do Rotary Club em nossa cidade, foi um grande companheiro e também o primeiro governador indicado do Rotary Club de Criciúma, do distrito 465, do ano rotário de 1958-1959. Gostava de contar e ouvir histórias de sua terra, das tradições, de lembrar do passado e de contar as suas próprias viagens. Possuía como relíquia a escrivaninha que pertencera ao primeiro prefeito de Criciúma. Não era um móvel bonito, mas o fato de pertencer a Marcos Rovaris - ou ao velho Marcos, como dizia - era para ele muito importante. Seus móveis da sala de jantar haviam pertencido a Paulo Marcus, um engenheiro que trabalhou em Criciúma e tinha seu nome em uma rua onde hoje passa a Avenida Centenário. Esses móveis tinham uma beleza que chamava a atenção. Pedro Milanez 235 Entre todos nós, foi o empresário que mais viajou pelo mundo: sua passagem pela Governadoria do Rotary também facilitou muito suas viagens. Além do conhecimento que adquiriu como governador, Pedro era muito bem articulado nos idiomas inglês e italiano. Por muitos anos, foi agente consular da Itália na região sul de Santa Catarina. Pertenceu também ao grupo de fundadores do Bairro da Juventude e foi eleito presidente da LARM (Liga Atlética da Região Mineira) em 25 de maio de 1948. Participou da criação da banda musical Cruzeiro do Sul e deixou-nos um livro de sua autoria com o título Fundamentos Históricos de Criciúma. Como se vê, era muito dedicado a sua terra. Faleceu inesperadamente no dia 1º de agosto em 1992. Pedro era casado com Virgínia Furghesti, também já falecida. A comunidade criciumense sentiu, desde então, bastante falta desse estimado casal. 236 Casa Radiolândia A Radiolândia pertencia a João Elpídio Pelegrin e começou a funcionar na Praça Nereu Ramos, onde hoje é a Galeria Benjamin Bristot. Seu segundo endereço foi na Rua Seis de Janeiro, no Edifício Mampituba. João começou suas atividades como radiotécnico e depois transformou seu empreendimento em uma loja de eletrodomésticos. Tornou-se revendedor da marca Phillips; vendia rádios e televisores desta marca de renomada qualidade. Quando se mudou para a Rua Seis de janeiro, além dos eletrodomésticos, começou a vender excelentes móveis. Comprando os eletrodomésticos de João Pelegrin, os clientes obtinham uma grande vantagem, pois ele mesmo dava assistência técnica. Essa circunstância funcionou de modo muito eficaz no sentido de fidelizar a clientela. Por muitos anos, João contou com a ajuda de Roberto Cologni, italiano e primo de sua esposa, Francisca, que também trabalhou na loja. Era um estabelecimento amplo e parecia ter tudo que o cliente pudesse precisar na montagem de uma casa. Atualmente, seu filho Júlio continua trabalhando no comércio, hoje situado no distrito de Rio Maina. João é casado com Francisca Colombi. O casal tem os filhos: Luiz Carlos (engenheiro agrônomo), Lúcia Regina (falecida), Júlio César (empresário comercial), Maria Helena e Maria Cristina (empresárias), Jorge Henrique (empresário comercial), Pedro Luiz (falecido) e Marco Antônio (empresário). João Elpídio Pelegrin 237 Corcril O estabelecimento Comércio e Refrigeração Criciúma Ltda. teve início no dia 1º de fevereiro de 1972, na Rua São José, número 191, em um edifício ao lado da Feira Livre. Nessa época, suas atividades eram voltadas para a fabricação de balcões e geladeiras industriais, e a sociedade era composta pelos irmãos Antônio, Vitório e José Ernesto Fabris, além de Manoel Machado. De 1972 a 1974, houve um grande desenvolvimento desta indústria de refrigeração. Com muito trabalho e dedicação, tornou-se um ótimo empreendimento. Em 17 de julho de 1974, mudou-se para a Praça Nereu Ramos, número 186, onde atualmente funcionam as Lojas Fátima, iniciando a venda de equipamentos e acessórios para lanchonete e restaurante. Foi a pioneira neste ramo em toda a região sul do Estado. Nesse novo endereço, deixaram o setor de fabricação e passaram a dedicar-se somente à venda, trazendo ótimo resultado e muito entusiasmo. Em 10 de abril de 1980, a empresa adotou a sigla Corcril. Nesse período, Antônio adquiriu as cotas do único sócio que ainda tinha na sociedade e, em seu lugar, admitiu sua esposa, Anícia Vendrame, e mais suas cinco filhas. Em 20 de agosto de 1985, dado o sucesso da loja, resolveu construir um prédio na Avenida Centenário, número 3970, com muito espaço e bom estacionamento, objetivando o conforto a sua vasta clientela. Antônio Fabris 238 Em 1997, no dia 10 de agosto, Antônio, sentindo-se um pouco cansado e com problemas de saúde, resolveu distribuir seus bens a seus familiares, sendo que a Corcril passou a sua filha Anie Juçara e ao seu marido, Zalmir A. Casagrande, que deram continuidade a esta formidável firma, com um estoque cada vez mais variado dentro do setor de refrigeração. Antônio, mesmo não pertencendo mais à empresa, diariamente a visitava para receber seus velhos amigos e juntos tomar um cafezinho, ler e comentar os jornais do dia. Nesse tempo, aproveitou para fazer pescarias no litoral do Rio Grande do Sul, atividade de que ele muito gostava. Sentiase muito feliz com essas pescarias. Além de um homem de negócios, Antônio era muito religioso. Pertencia ao Movimento Familiar Cristão e, juntamente com sua esposa e seu grupo, trabalhou bastante pelo Reino de Deus e pela evangelização das famílias. Sob a tutela de Zalmir e Anie, o sucesso da loja continua a todo vapor, graças ao espírito empreendedor de seus proprietários, que construíram, na Rua Marcos Rovaris, número 525, uma megaloja de quatro pavimentos, com uma área de 1.800 metros quadrados. Esta loja comporta milhares de itens de sua especialidade, ficando tudo muito mais organizado, com uma ampla seção de vendas, escritório, setor administrativo, moderna oficina para oferecer garantia de seus produtos e, como não poderia deixar de ser, um amplo estacionamento para facilitar a vida de seus clientes. A Corcril, sem dúvida, se enquadra em uma das melhores lojas de toda a região no segmento a que ela se propõe. Parabéns à família Fabris, que veio enriquecer ainda mais o comércio de Criciúma. Antônio Fabris, que faleceu em 22 de julho de 2008, faz muita falta a seus familiares e a seus amigos que acompanharam sua trajetória. O casal Antônio e Anícia (a Nice, como é carinhosamente chamada) teve cinco filhas: Anie Juçara (psicóloga), Adenise Brígida (formada em Administração de Empresa, é artista plástica), Adjane Simerie (nutricionista), Andréa Graciela (formada em Ciência da Computação) e Andressa Legian (jornalista). 239 Estofaria Dudu Pertenceu a Manoel de Souza Ávila, tubaronense que se mudou para Criciúma em 1950, quando então abriu uma loja de calçados no coração da cidade, mais precisamente na Praça Nereu Ramos, no prédio que abriga a loja Osvaldo Esportes. Comercializava calçados da indústria Brodbeck, vindos de Tubarão. Anos mais tarde, inclinou-se para outro segmento do comércio: colchoaria e estofamentos para automóveis e residências. Reformava e fabricava sofás para grande parte dos criciumenses. Seu serviço sempre foi de primeira qualidade. Este empreendimento foi denominado de Estofaria Dudu. Dudu era o apelido carinhoso com que toda a cidade se referia a Manoel de Souza Ávila. Em 1960, construiu sua sede própria, transferindo-se da Rua Getúlio Vargas para a Rua Coronel Pedro Benedet, onde a Estofaria Dudu se fixou por muito anos, ampliando o leque de opções, com um mix de produtos para estofadores e calçadistas. Tornou-se referência na região. Dudu era uma pessoa extremamente simpática e caridosa, amigo de todos e muito correto. Fui testemunha de um ato seu, que foi comovente. Uma senhora que ia fazer uma adoção pediu a Dudu que cobrisse um berço, serviço deveras complicado de efetuar. Quando a pessoa foi pagar, ao saber que o berço era para uma criança que a senhora ia adotar, Dudu não quis, de maneira nenhuma, cobrar as despesas e o trabalho. Ele disse então: “Acho tão bonito o gesto que a senhora vai fazer que quero participar. Estou até emocionado pelo carinho que está tendo com esta criança”. Manoel de Souza Ávila 240 Fez parte da Associação Empresarial de Criciúma e foi grãomestre da Loja Maçônica Presidente Roosevelt, onde desempenhou um grande trabalho social. Atualmente esta empresa se dedica ao comércio de colchões e é administrada pelo seu filho Alcemir e seu neto Paulo, em uma ampla loja, na Rua Hercílio Luz. Era casado com Luíza Medeiros, com quem teve os filhos: Almir (comerciante, falecido), Alnair (empresária), Alcemir (comerciante), Alenir (formada em Belas Artes e pintora reconhecida), Alcir (empresário no ramo do automóvel) e Alvanir (estilista de moda). O casal já é falecido. 241 Galeria Gigante Antes da instalação da Galeria Gigante em Criciúma, eu já era amigo de Antônio Chede (Nico), por termos sido moradores do Hotel Palace, eu como mensalista, e ele como hóspede, por ocasião das viagens que ele fazia na região. Era vendedor da empresa de sua família, atacadista de tecidos, com sede na vizinha cidade de Laguna. Foi nessa oportunidade que firmamos uma grande amizade. Em 1960, os irmãos Chede resolveram diversificar seus negócios, criando uma nova firma, a Galeria Gigante, especializada em móveis, eletrodomésticos e produtos eletrônicos. Eles já haviam aberto lojas em Laguna e Tubarão e resolveram criar uma filial também em Criciúma. Seu primeiro gerente foi Carlos Alberto Neto (mais conhecido por Carlinhos Goiaba), de quem também me tornei muito amigo. Esta primeira filial de Criciúma foi instalada na Rua Coronel Pedro Benedet. Carlinhos me confidenciou que estava muito preocupado, pois a localização não parecia ser das melhores. E aí aconteceu um fato muito positivo: entrou na loja um senhor e sua esposa, vindos da cidade de Braço do Norte e que estavam se estabelecendo em Criciúma. Precisando montar a casa onde iriam residir, naquele momento, compraram um quarto completo da melhor qualidade. Daí em diante, a animação foi tanta que os negócios começaram a deslanchar, e a sala comercial tornou-se pequena. Mais adiante, tiveram que mudar de endereço para uma sala mais ampla na Rua Coronel Marcos Rovaris, e os negócios continuaram em ritmo acelerado. Antônio Chede Carlos Alberto Neto 242 Casal Regina e Alberto Chede Próximo de 1970, adquiriram um terreno na Rua Seis de Janeiro, onde foi construída uma grande loja de dois pisos, com amplo espaço, dando oportunidade de expandir ainda mais os negócios da empresa. A família Chede adquiriu também o Ravena Cassino Hotel, na cidade de Laguna. Antônio era o líder dos negócios da família, passando a administrar a parte hoteleira. Para isso, convidou o senhor Carlos Alberto Neto, que vinha dirigindo a filial de Criciúma, para trabalhar com ele. No lugar de Carlos, assumiu a gerência da Galeria Gigante em Criciúma João Mafiolete, que levou para trabalhar com ele João Quintino Dal Pont e Sebastião Pacheco dos Santos, dando continuidade ao bom desenvolvimento dessa filial. Tempos depois, houve uma divisão na sociedade da família Chede, e a Alberto Chede coube a loja de Criciúma, que ele administrou com a ajuda de sua esposa, Regina Maluf. De 1987 a 1991, Luiz Porto foi convidado a colaborar com a gerência, passando a auxiliar o casal Alberto e Regina. Prestou um ótimo trabalho, pois havia tido uma boa experiência em outro estabelecimento. Com o falecimento de Alberto, sua esposa, Regina, ainda deu continuidade por mais algum tempo. Depois resolveu somente administrar seus bens e alugou o prédio a um grupo das Lojas Arapuã de São Paulo. Com o encerramento da loja, transferiu para as Casas Bahia, que funcionam até hoje no local. Antônio (Nico) e seu irmão, Emil, ficaram com a empresa hoteleira de Laguna, que administram até os dias atuais, incluindo outros hotéis na cidade de Florianópolis. Esta é uma pequena história da empresa dos irmãos Chede. Antônio Chede é casado com Maria Aparecida, com a qual tem os filhos: César (empresário, trabalha na empresa do pai), Simaya (advogada), Sara e Anny (empresárias). Alberto Chede era casado com Regina Maluf (ambos já falecidos). O casal teve os filhos: Regina Lúcia (engenheira civil, com licenciatura em Matemática), Christina (psicóloga), Alberto Elias (engenheiro químico), César Alberto (engenheiro químico), Andreia (administradora de uma imobiliária), Carla (tem uma firma de reciclagem), Renata (comerciante), Cláudia (supervisora de pesquisas) e Simone, que faleceu muito nova. 243 Hermes Macedo S/A. A Hermes Macedo S/A. iniciou suas atividades em Criciúma em maio de 1971, tendo seu primeiro endereço na Rua Marcos Rovaris, número 109. Posteriormente, a empresa construiu uma grande loja, na Rua Coronel Pedro Benedet. Foi uma megaloja, das mais completas. Quase tudo se encontrava neste grande estabelecimento: eletrodomésticos, móveis, brinquedos, materiais para decoração e também consórcios. Foram gerentes desta loja os senhores: Victor Marcos, Nelson Silva e Reinaldo Roldão. Em 1979, foi inaugurada outra loja na Rua Marechal Deodoro, com ligação com a Rua Marcos Rovaris, especializada em venda de pneus, barcos, motos da marca Honda, material para acampamento, equipamentos agrícolas e acessórios industriais. Alvim Daltoé gerenciava a seção de motos Honda, e cabia a Luiz Gonzaga Olivier a gerência da parte pesada. Tinha muitos encarregados de setores, como tesouraria, recursos humanos e caixa. Contava também com uma enorme clientela e dezenas de funcionários treinados, todos uniformizados com o símbolo da empresa. A cada cinco anos, recebiam uma carta assinada pelo presidente, Hermes Macedo, agradecendo pelo serviço prestado, com premiação. Na entrega, havia sempre uma grande festa, com a presença dos diretores vindos da matriz. Nas vendas de Natal, faziam uma belíssima decoração, que era uma atração para a cidade. A propaganda tornou-se seu ponto forte, utilizando panfletos, rádio e televisão. Contava com uma rede de lojas presentes nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Durante sua permanência em Criciúma, de 1971 a 1988, prestou grande serviço à Região Carbonífera e muito contribuiu com o patrocínio ao esporte amador. Colaboraram com essas informações os ex-funcionários: Agda Candiotto Feltrin, Luiz Gonzaga Olivier, Madalena de Jesus, Alvim Daltoé e Zunilda G. Kestering. 244 Lojas Fretta As Lojas Fretta iniciaram suas atividades no ano de 1946, na pequena localidade de Azambuja, no município de Pedras Grandes. Em 1953, transferiu sua sede para Tubarão, já em prédio próprio. Com o extraordinário desenvolvimento, cinco anos depois, em 1958, instalou a filial de Criciúma na Rua Henrique Lage, sob a gerência do competente João Alfredo Campos. Posteriormente, João foi substituído pelo sócio, Agenor Fretta, acompanhado do gerente financeiro, Antenor Filipe, que presta seu serviço à firma há mais de 50 anos. Em 1958, o estabelecimento era chamado de José Fretta e Cia.; em 1970, Fretta e Cia. Ltda.; em 1995, a firma passou a ser denominada de Fretta e Fretta Ltda. e estava situada na Rua Coronel Pedro Benedet, numa sede própria, em área total de nove mil metros quadrados. Nessa mudança, foi desmembrada da matriz e passou a ser propriedade dos sócios Agenor e Vitorino Fretta. Em seguida, o nome fantasia passou a ser Fretta Home Center. Esta loja, tão estimada pelos moradores de Criciúma, sempre será conhecida como Lojas Fretta, apesar de já ter tido todas as denominações acima citadas. Atualmente, são andares e andares, com tudo que se pode imaginar para montar uma casa. Móveis, desde os simples até os mais requintados, eletrodomésticos modernos, cristais, porcelanas, não esquecendo das seções de cama e mesa, compostas de produtos de especial qualidade e beleza, das melhores procedências. José Fretta, pioneiro do grupo 245 Agenor Fretta Em 1998, com o falecimento do sócio, Vitorino, assumiu no seu lugar o filho Ricardo, que deu continuidade ao trabalho do pai até os dias de hoje. Esta loja conta com uma equipe de funcionários excelentes, num total de mais de cem, e é, sem dúvida, a maior loja do sul do Estado de Santa Catarina no setor. A atual empresa tem filial em Urussanga, Araranguá e Orleans. Vitorino era casado com Altair Tonon, com a qual teve os filhos: Ricardo (engenheiro químico, participa da administração da empresa), Jamile (engenheira química), Beatriz (formada em Enfermagem) e Mirtes (analista de sistemas). Agenor é casado com Lígia Tonon, tendo com ela os filhos: Alexandre (administrador de empresa, participa da administração do grupo), José Augusto (administrador de empresa, é presidente do grupo Angeloni) e Débora (administradora de empresa, é gerente da L.F. Joias). Casa onde funcionava a venda da família Fretta em Azambuja (Pedras Grandes), onde tudo começou 246 Lojas Koerich Esta grande organização veio para Criciúma com sua primeira loja em 28 de fevereiro de 1979, portanto há 33 anos. E mesmo não sendo originária de Criciúma, ela merece ter sua história muito considerada pelos criciumenses, pois veio para ficar. O primeiro endereço foi na Rua Coronel Marcos Rovaris, mudando-se posteriormente para a mesma rua, no número 109, em um espaço muito mais amplo. Já a segunda filial foi instalada na Avenida Getúlio Vargas, número dez, próximo à Praça Nereu Ramos. A terceira filial, por sua vez, foi para a Rua Conselheiro João Zanette, número 30, no local onde funcionava o antigo Lojão HB. As Lojas Koerich são uma empresa familiar, com 13 sócios, atuando em diversos ramos do comércio catarinense desde 1955. Destes 13 participantes, conheci muito de perto os irmãos Walter e Antônio, que eram os principais líderes desta empresa. Minha proximidade com eles se deu graças aos encontros que tínhamos na Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina, quando participávamos das convenções estaduais e nacionais. Ficamos realmente grandes amigos, o que me é muito gratificante. Tanto Walter como Antônio foram muito simpáticos e davam toda a atenção aos companheiros cedelistas. Embora fôssemos de cidade interiorana, eles não se faziam de superirores. Eluir Brunel 247 Voltando à primeira filial em Criciúma, o seu gerente foi Carlos Eduardo Merízio, que comandava oito auxiliares na época com competência e entusiasmo. Os negócios foram muito bem, pois criaram uma grande clientela. Carlos cativava todos nós com sua participação efetiva nas reuniões da FCDL/SC, onde angariou muitos amigos. Esta filial era a décima primeira do grupo. Foi o Grupo Koerich que construiu o primeiro grande shopping na ilha de Santa Catarina, denominado de Beiramar Shopping, inaugurado em 27 de outubro de 1993. Dada a sua excelente localização, no Centro de Florianópolis, com arquitetura ultramoderna, o sucesso foi fabuloso. Em 30 de setembro de 1993, houve a cisão do grupo, e a administração das Lojas Koerich passou para Antônio e seus filhos, Ronaldo e Sérgio. Passaram a administrar uma rede de 37 lojas espalhadas por todo o Estado e deram continuidade no mesmo ritmo e desenvolvimento. Cada ano que passava, eram abertas novas lojas, hoje num total de 84, três delas localizadas no Centro de Criciúma. Em 1993, o primeiro gerente, Carlos, trocou de atividade e desligou-se da empresa. Em seu lugar, assumiu a direção geral das três filiais o jovem Eluir Brunel, que, com entusiasmo, muito trabalho e dedicação, deu continuidade até hoje ao trabalho de seu antecessor com a mesma participação nas ações do comércio criciumense. Usando estratégias avançadas de marketing, contando também com o quadro de 39 colaboradores, todos com treinamento especializado, o estabelecimento enfrenta com galhardia a concorrência das gigantes empresas nacionais que estão atuando no comércio local. Cumprimentamos os diretores e o gerente Eluir pelo seu trabalho, que vem valorizando o comércio de Criciúma com suas excelentes lojas e oferecendo ao público mais oportunidade de compra. Walter Koerich é casado com Lindomar Silva, com a qual tem os filhos: Rozane, Márcia, Eliane, Walter Filho, Mariza e Joyce. Antonio é casado com Ony Furtado, com a qual tem os filhos: Ronaldo e Sérgio. Eluir é casado com Vilma Berckembrock e tem com ela uma filha, Érica. 248 Loja Broleis A loja Írio Broleis e Irmãos, que tinha como nome fantasia Loja Broleis, estava situada na Praça Nereu Ramos e depois na Travessa Padre Pedro Baldoncini. Pertencia aos irmãos Broleis: Írio, Círio, Constantino e Júlio. Vendiam geladeiras domésticas e industriais, bem como todos os acessórios e materiais elétricos. Esta Loja foi sucessora da loja Moto Parque, de propriedade de Pedro Milanez, sendo que os Broleis deram continuidade a ela. Trabalharam durante muitos anos com muita determinação e capacidade, sob a direção de Írio, que tinha seus irmãos como sócios. Anos depois, a loja foi transferida para o segundo endereço, na Travessa Padre Pedro Baldoncini. Além de muito trabalhar, Írio ainda tinha tempo para se preocupar e se dedicar ao próximo. Foi sócio-fundador do Rotary Club Criciúma Oeste e muito contribuiu com a sociedade como rotariano e cidadão. Era um ótimo comerciante, agindo com muita correção, além de muito bom pai de família, que dava bons exemplos a todos. Com o falecimento dos dois irmãos, Írio e Círio, esta firma encerrou suas atividades. Írio era casado com Lili Zanette. O casal teve os filhos: Derci Diórgines (empresário), Darci Elder e Maria de Fátima (falecidos), além de Írio Broleis Filho (empresário). Írio Broleis Círio Broleis 249 Júlio Broleis Círio Broleis era casado com Líbera Pesenti. São seus filhos: Maria Dalila e Maria Dolores (formadas em Contabilidade e funcionárias da Eletrosul, hoje aposentadas), além de Roberto Éder Broleis (formado em Engenharia Civil, com pós-graduação em Gerência da Produção e especialização em Avaliação de Imóveis Urbanos, atualmente presta seus serviços para a Duda Imóveis). Júlio Broleis é casado com Maria Salete Dal Toé, com a qual tem as filhas Ana Rosa e Milena (ambas comerciantes, que deram continuidade aos negocios do pai). 250 Lojas Santa Fé Esta filial das Lojas Santa Fé, oriunda de cidade de Tubarão, pertencia a um grupo integrado por membros da família Bitencourt (João, Antônio e Manoel do Nascimento, o Mena, como era conhecido), além de mais alguns sócios. Esses proprietários criaram a firma Santa Fé Comércio e Indústria Ltda. e incorporaram ainda a firma Madureira e Cia. Formaram assim uma grande loja em Tubarão. Em 1949, começaram suas atividades no ramo de ferragens, tintas, materiais elétricos e hidráulicos, bem como uma vasta linha de papelaria. Além dos produtos acima citados, eles conseguiram a revenda dos veículos da marca Dodge e, mais adiante, em 1956, também a revenda dos veículos da marca DKW Vemag, que já eram fabricados aqui no Brasil. Devido ao grande sucesso, em 1962, resolveram estender seus negócios e criaram a filial de Criciúma. Escolheram um excelente local, na Rua João Pessoa, na Galeria Benjamin Bristot, bem no Centro da cidade. A administração dessa filial foi entregue ao jovem e competente Antônio Carlos Heitich, que deu continuidade ao ritmo das vendas. As mercadorias postas à venda eram as mesmas da matriz. Antônio Carlos recebeu o apoio do sócio Manoel do Nascimento Bitencourt. Os negócios da filial foram muito bem sucedidos, com ótima clientela e bom desenvolvimento até 1974. Após essa data, como consequência das enchentes de Tubarão, a empresa resolveu diminuir suas atividades, encerrando a filial de Criciúma. Antônio Carlos, seu gerente, passou a trabalhar no serviço de contabilidade, sua verdadeira profissão e, hoje, é executivo de uma grande empresa do ramo de plástico. Antônio Carlos é casado com Marcolina Sorato, com quem tem os filhos: Magda Helena e Alessandra (bioquímicas), além de Marco Antônio (empresário no ramo de hotelaria). 251 Loja Santo Antônio Esta loja pertencia a Antônio Caldeira Góes e esteve instalada em vários endereços: Rua João Pessoa, Rua Seis de Janeiro, Rua Coronel Pedro Benedet e Avenida Centenário. Antônio – ou Antoninho, como todos o conheciam – iniciou seu trabalho com um armazém de secos e molhados e representação da farinha de trigo dos Moinhos Germânia. Posteriormente, trabalhou com móveis e eletrodomésticos, amealhando um admirável patrimônio. Além disso, Antoninho também se dedicou à vida social da cidade. Foi sócio-fundador da Câmara de Dirigentes Lojistas, tendo sido seu primeiro presidente. Foi sócio-fundador também do Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma. Presidiu, por alguns anos, a Associação Comercial e Industrial de Criciúma (Acic), hoje Associação Empresarial de Criciúma. Nessa época, visitou com outros empresários diversas cidades do norte de Santa Catarina para observar o modelo de gestão no setor do vestuário a ser implantado aqui no sul. Foi um rotariano que enobreceu seu clube com suas atitudes sempre corretas e honradas. Sua esposa, Ieda, lutou muito pela construção da Casa da Amizade, conseguindo a ajuda de vários empresários. Recebeu todos os pisos, azulejos e telhas por intermédio de Dite Freitas. Ela foi incansável e cumpriu de forma louvável seu dever como esposa de rotariano. Naturalmente, foi apoiada pelo esposo. Além disso, tinha uma educação primorosa e um coração grandioso. Antônio Caldeira Góes 252 O casal (já falecido) teve os filhos: Luiz Antônio (grande empresário em Braço do Norte, Carlos Vicente (advogado, é juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina), Tânia (formada em Contabilidade), Paulo César e Paulo Roberto (advogados), além de Moisés (administrador). 253 Móveis Canarim Era um bela loja de móveis, situada na Praça Nereu Ramos, no número 308, onde hoje funciona a Casa Imperial. De propriedade de Ademar Canarim e de sua esposa, Mafalda Cechinel, era a melhor loja de móveis da região. Além de venderem móveis de fabricação própria, muito bem feitos, ainda revendiam os famosos Móveis Cimo, de Rio Negrinho. Casal competente e muito trabalhador, deixou sua marca na cidade. Tiveram três filhos: Adenis, que todos conheciam como Chico (empresário, falecido), Adalberto (empresário) e Sônia Regina (do lar). Anos após a morte de Mafalda, Ademar tornou a casar. Sua segunda esposa foi Célia Rovere, professora universitária, que lhe deu mais uma filha: Célia Maria. Muitos anos depois, Ademar, já aposentado, encerrou sua atividade. Eu tive o privilégio de adquirir este imóvel, que, como já falei acima, hoje é sede do meu empreendimento, a Casa Imperial. Infelizmente, Ademar também já nos deixou. Ademar Canarim 254 Princesa dos Móveis e Loja UD Era de propriedade de Taurino Pereira, que, ainda jovem, estudou no Grupo Escolar Professor Lapagesse. Trabalhou no Cine Rovaris, na seção de venda de balas e outros itens, e aprendeu a profissão de marceneiro com seu pai, que tinha uma pequena marcenaria na Rua Henrique Lage. Tornando-se adulto, mudou de residência e foi para a cidade de Porto Alegre (RS). Lá trabalhou em uma grande fábrica de móveis, quando se tornou um grande profissional, competente no ramo moveleiro. Trabalhou por alguns anos nessa empresa, adquirindo então muita experiência. Voltando a morar em Criciúma, montou uma marcenaria de sua propriedade, denominada de Princesa dos Móveis, na Rua Marcos Rovaris. Com sua habilidade e muita força de vontade, conquistou uma grande clientela e também a jovem Ana Caroli, com quem se casou. Após seu casamento, sua companheira muito colaborou no desenvolvimento de seus negócios, pois ela tem grande capacidade para o comércio. Nina, como Ana é carinhosamente chamada, é professora por formação, mas deixou de dar aulas e se dedicou muito às atividades comerciais do casal. Taurino cuidava da fábrica, e Ana, da parte de vendas, assim os dois passaram a ter muito sucesso. Nosso personagem não parou por aí. Comprou a loja de eletrodomésticos de Izário S. de Farias, que se situava na Rua João Pessoa, especializada em venda de rádios, eletrolas, televisores, geladeiras, artigos para presentes e muitos outros artigos para o lar. Taurino Pereira 255 Mais adiante, montou uma grande distribuição de gás de cozinha que dava atendimento à maioria das casas de Criciúma. Na sequência de bons negócios, apareceu outra grande oportunidade: comprou o prédio da firma Corrêa e Cia, localizada na Praça Nereu Ramos, que estava desativado. Contratou o arquiteto Fernando Carneiro, que deu uma belíssima transformação nessa loja. Nesse novo endereço, montou a Loja UD (Utilidades Domésticas), juntando a esta os móveis de sua fabricação, a Princesa dos Móveis, além dos artigos vindos da loja de Izário S. Farias. Completou assim o estabelecimento de seus sonhos, consolidando-se cada vez mais o espírito vencedor de nosso amigo Taurino. Mais adiante, em uma parceria com seu amigo Natalício Della Giustina, cedendo parte de seu terreno, construíram o Shopping Della Giustina. Coube a Taurino diversas salas paralelas a sua loja principal. Hoje Taurino trocou de atividade. Montou uma empresa para administrar seu patrimônio com muita serenidade e ótimos rendimentos. Não podemos deixar de mencionar aqui a grande participação de Taurino em diversas atividades sociais, além de grande torcedor e colaborador do Comerciário E.C., usando seu próprio carro no transporte dos jogadores. Como se vê, ele foi muito importante para o clube. Foi ainda sócio-fundador do Centro de Tradição Gaúcha (CTG) Pedro Raimundo, o qual ele presidiu, ou seja, era o patrão, conforme denominação dos aficcionados por esse assunto. Participa até hoje do rodeio crioulo de toda a região e também fora do Estado, sendo muito estimado e respeitado por todos. Taurino é sócio do Rotary Club de Criciúma há mais de 40 anos. Foi presidente por mais de dois mandatos, deixando sua marca de grande rotariano. Sua esposa, Ana, está sempre ao seu lado dirigindo a Casa da Amizade, que é ligada ao Rotary. Parabéns a esse casal, que construiu um belo exemplo de grandes empresários. Seus filhos são: Carlos Alberto (engenheiro civil), Rosemari (assistente social), Rosane (formada em Administração), Ricardo (empresário) e Raquel (formada em Letras). 256 257 Joalheria e Ótica Alcidino Tendo como diretores o casal Alcidino Eduardo Fernandes e Maria Terezinha da Rosa Fernandes, a rede de lojas Alcidino iniciou suas atividades em 1961, na cidade de Santa Rosa, hoje Santa Rosa do Sul. Em 1969, abriu a filial número um em Araranguá, mas em função de a matriz de Santa Rosa ter sido transferida para aquela cidade, a filial passou a ser nessa. Em 26 de outubro de 1976, foi instalada a segunda filial, agora em Criciúma, na Rua Conselheiro João Zanette, número 100. O gerente é o cunhado de Alcidino, Paulo Martins da Rosa, casado com Doroti Trajano, que continua trabalhando até hoje no mesmo endereço. A filial número três foi aberta na cidade de Tubarão, em fevereiro de 1982, e tem como gerente Eliane da Rosa Fernandes, a filha mais velha de Alcidino, que, com muita competência, ainda continua na loja. Com seu desprendimento ainda arranja tempo para se preocupar com o desenvolvimento do comércio de Tubarão. Foi presidente do Sindicato Patronal, da CDL por duas gestões e da Associação Empresarial de Tubarão (Acit). Em 1989, com a construção do Shopping Della Giustina (hoje Shopping Della) foi inaugurada a filial número quatro, tendo como gerente o filho Everton Luiz Fernandes, que, depois, foi substituído pela irmã Elizane. Casal Maria Terezinha e Alcidino Eduardo Fernandes 258 Em 1989, a filial de Santa Rosa do Sul foi transferida para a cidade de Sombrio, que atende o sul do Estado. Hoje, então, a Ótica Alcidino tem duas lojas em Araranguá, uma em Sombrio, duas em Criciúma, uma em Tubarão e outra em Florianópolis. Com a graça de Deus, a família Alcidino é uma família vencedora. Atendendo seus clientes e funcionários com seriedade, transparência, honestidade e trabalho, agradecem a Deus pelo sucesso alcançado. A união faz a força. “Família que reza unida permanece unida, e toda família que trabalha unida, olhando na mesma direção, com os mesmos princípios, alcançará os objetivos desejados”. Essas palavras foram fornecidas pelo gerente e cunhado de Alcidino, Paulo Martins da Rosa. Como vimos, o casal tem três filhos: Eliane, Everton Luiz e Elizane, que fazem parte da empresa. 259 Joalheria e Ótica Vitoreti Situada na Avenida Rui Barbosa, número 56, esta bela loja (matriz) pertence ao casal Vilma da Rosa e Darci Orlandino Vitoreti. Antes de trabalhar com a joalheria, Darci foi gerente dos Correios e Telégrafos de Criciúma, onde adquiriu uma boa base em administração. Vilma, que também trabalhou no comércio, na Casa São José, por 14 anos, teve uma excelente experiência comercial. Assim, os dois, juntando seus conhecimentos, tiveram muita facilidade para criar e desenvolver sua empresa no ano de 1979. A atividade básica era Ótica, mas, logo a seguir, veio a venda de joias e relógios, consertos em geral e ainda a criação de um laboratório próprio para elaboração de óculos de grau. No início, trabalhavam o casal e um funcionário do laboratório, mas como obtiveram um sensível desenvolvimento, no ano de 1995, foi preciso expandir seu negócio. Inauguraram então uma segunda unidade, na Rua Coronel Pedro Benedet, no Edifício Catarina Gaidzinski, que está sob o comando da filha Andreia e de seu marido, Valdir Malkowski. A matriz e a filial são lojas de muito sucesso graças à capacidade dos proprietários, ao estoque precioso que possuem e, principalmente, à maneira com que os clientes são atendidos. O casal Darci e Vilma tem os filhos: Andreia Maria, Dineia Carla (comerciantes, formadas em Administração) e Carlos Augusto (representante comercial). Casal Vilma e Darci Vitoreti 260 Joalheria e Ótica Cristal Silvino Guzzatti iniciou as atividades em sua relojoaria em 1963, na Praça Nereu Ramos. Ali, Silvino vendia joias, relógios e óculos. Havia também uma boa oficina de consertos, que valorizou muito o seu comércio, pois os clientes eram muito bem atendidos e encontravam sempre a solução para o problema de seus pertences que apresentavam defeitos ou desgastes. Não raro acabavam adquirindo um ou outro produto novo quando iam apenas reparar seus relógios e óculos. Anos mais tarde, Silvino mudou-se para uma sala bem maior, na Rua Seis de Janeiro, mantendo seu comércio e atendimento primoroso. As lindas vitrines decoradas com joias e adornos de cristal, além do espaço amplo, boa iluminação, estoque maior e mais vendedores, enfim, toda essa modernidade e qualidade fez com que a loja crescesse a passos largos. Em 1974, por ocasião da grande enchente que assolou nossa cidade - quando a água invadiu a maioria das lojas de Criciúma -, Silvino também teve muito prejuízo. Foi infelizmente um episódio difícil de superar para todos os comerciantes. Entretanto, com muita luta, trabalho e persistência, devagar as coisas voltaram ao normal, e a Relojoaria Cristal voltou a funcionar com todas as forças. Casal Iraci Laudina da Luz e Silvino Guzzatti 261 A partir do início de 2010, vêm colaborando na administração as filhas e o genro de Silvino, que passaram a implementar a modernização do sistema eletrônico. Com isso, Silvino tem tido mais comodidade em seu trabalho. Silvino, de seu primeiro casamento, com Niete Dias, tem três filhas: Sílvia Helena (bancária, trabalha na Caixa Econômica Federal), Andreia (professora da Apae) e Milene (professora do Colégio São Bento). De seu segundo casamento, com Iraci Laudina da Luz, tem as filhas: Silvana (arquiteta) e Giovana (médica). 262 Joalheria e Relojoaria Valmor Crema Esta loja pertenceu a Valmor Crema, que a instalou na Rua João Pessoa, no ano de 1964. Como as demais da cidade, esta relojoaria teve uma fase de grande desenvolvimento, graças ao bom trabalho de Valmor - que entendia muito de joias - e, também, graças ao ótimo relacionamento que mantinha com os seus fregueses. Valmor sofreu um grande contratempo na sua vida profissional: a sala onde estava instalado seu empreendimento não tinha laje na cobertura, e, em uma certa noite, uns “amigos do alheio” invadiram a relojoaria e levaram quase todo o estoque de joias e relógios. Realmente foi um grande abalo. Valmor, depois desse roubo, ficou muito desanimado, mas continuou ainda bastante tempo com seu trabalho com joias e relógios. Em 1992, encerrou essa sua atividade. Trabalhou também como funcionário da Prefeitura de Criciúma, mas sempre lembrava com mágoa o grande prejuízo havido com aquele roubo. Um homem incapaz de fazer mal ao próximo não podia entender como as pessoas fazem uma maldade desse quilate. Valmor Crema, que já é falecido, teve, de seu primeiro casamento, com a senhora Susete Domingos, o filho Emerson. Do seu segundo casamento, com a senhora Zenaide, teve os filhos Felipe e Fábio. 263 Juner Joalheiro O proprietário deste empreendimento, Gilson da Silva, iniciou suas atividades como ourives em outubro de 1981, na Rua Marcos Rovaris, 79, em um estacionamento de carros ao lado do escritório da Carbonífera Metropolitana. Nessa empresa, a Metropolitana, Gilson trabalhou como motorista da família Guglielmi por cinco anos aproximadamente. Com o dinheiro da rescisão do contrato de motorista foi a Blumenau e contratou um profissional de ourivesaria, comprou um laminador, fieiras, alicates, limas, enfim, o dinheiro deu para comprar o básico para o início de seu trabalho. No primeiro ano com a joalheria, ganhou mais dinheiro do que nos cinco anos trabalhando como motorista. Recebeu muito incentivo de Realdo e Reginaldo Guglielmi, que sempre iam visitá-lo. Em 1982, Reginaldo alugou uma sala para Gilson trabalhar na Travessa Padre Pedro Baldoncini, número 26, onde funcionara a Lanchonete Caçulinha e em frente à Casa Imperial, onde está até hoje. Gilson recentemente adquiriu mais uma sala para ampliar sua joalheria, tendo assim mais espaço para melhor atender sua fiel clientela. No local se encontram lindas joias, óculos modernos e relógios, muito bem expostos nos 160 metros quadrados de loja. Realmente tudo adquirido com muito bom gosto, o que embeleza o ambiente e agrada ao comprador. Gilson da Silva 264 Apesar de ter alcançado seu objetivo como comerciante, Gilson, com muito incentivo de sua esposa, Mônica Julita Bez Fontana, ingressou, em 1995, na Universidade de Direito da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), na cidade de Torres (RS). No ano seguinte, conseguiu sua transferência para o curso de Direito da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), que funciona em Araranguá, onde se formou em Bacharel em Direito em 2002. Para essa transferência teve ajuda do saudoso político, talvez o político mais educado que já tivemos, Adhemar Paladini Ghisi, que, na época, era ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Palavras essas do próprio Gilson. Em 2003, o empresário conseguiu ser aprovado na OAB de Santa Catarina e desde então exerce com muita competência a atividade de advogado, principalmente na área criminal, na qual vem conseguindo muito êxito em toda a comarca. Gilson tem um sentimento de muita gratidão para com sua esposa, à família Guglielmi e para com Adhemar Paladini Ghisi. Sei, porém, que o importante foi o esforço de Gilson, sua humildade em aceitar a ajuda e, mais ainda, em agradecer, fato esse não tão comum nos dias atuais. 265 Ótica Lino Localizada na Travessa Padre Pedro Baldoncini, iniciou suas atividades em 12 de junho de 1982. Pertence a Hélcio Hélio Lino, mais conhecido como Lino, que começou trabalhando com seu irmão, proprietário da Ótica Veja, na Rua João Pessoa. Ao comprar seu próprio negócio, Lino foi fazer curso técnico de ótica, mantendo-se no ramo até os dias de hoje. No início, ele exercia pessoalmente todo o serviço do estabelecimento, atendia, cobrava, embrulhava. Hoje ele tem seu quadro de funcionários. Seu último feito foi, depois de muitos anos de trabalho, investir em um curso de tecnologia chamado Optometria, que dá direito e a qualificação de o profissional fazer exame de vista para o uso de óculos. Lino também incentivou seu filho Gregori, que acabou se tornando bacharel em Optometria. Lino teve três filhos de seu primeiro casamento, com Maria Aparecida Budni: Graziela (advogada), Gregori (formado em Optometria) e Greice (acadêmica de Odontologia). Do segundo casamento, com Naiara Henrique dos Santos, tem uma filha: Anne (ainda estudante). O comércio de Criciúma cresceu muito desde que Lino iniciou seu negócio, e, como todos os outros comerciantes, teve que acompanhar o ritmo de desenvolvimento populacional e econômico de nossa cidade. Aumentou a área física de seu estabelecimento, o que proporcionou muito melhor atendimento, além de a loja ter ficado mais moderna e bonita. Hélcio Hélio Lino 266 O início sofrido, quando trabalhava mais de 15 horas por dia, vendendo e consertando os produtos comercializados, ficou para trás. Hoje, mais tranquilo, dá maior valor ao tempo, às amizades adquiridas e à felicidade do que ao dinheiro. Está tentando, com isso, fazer com que o comércio seja tão prazeroso como qualquer outra atividade de sua vida. 267 Ótica e Relojoaria Osvaldo Silvestre Vindo de Orleans por volta de 1950, Osvaldo começou a trabalhar com o ramo de tecidos e confecções por curto período de tempo. Seu estabelecimento teve início em uma garagem, localizada onde hoje está a Galeria Benjamin Bristot, na Rua João Pessoa. Por solicitação da Igreja, o imóvel foi entregue, e o endereço comercial passou para a Rua Conselheiro João Zanette, número 36, localizado sobre o Rio Criciúma, em edificação posteriormente adquirida do senhor Beloli. Nesse local, já em 1954, mudou de ramo e passou a trabalhar com relógios, joias e óculos. Fazia muito bom negócio, vendia joias lindíssimas e tinha um gosto muito apurado para adquiri-las. Seu sonho, desde que chegou a Criciúma, era ter uma relojoaria e, realmente, Osvaldo tinha uma grande vocação para lidar com joias. Fazia também consertos e tinha uma boa clientela. Sua esposa e seu filho colaboravam com o trabalho. Ficou com este empreendimento até o ano de 1978, quando vendeu as instalações e a respectiva edificação para seu irmão, Altino. Ainda trabalhou experimentalmente como faccionista por dois anos e, então, aposentou-se definitivamente. Osvaldo (já falecido) era casado com Stela Marques (irmã do tão considerado Cônego Agenor Neves Marques), com a qual teve os filhos: Marineuza (empresária da confecção), Milton Osvaldo (almoxarife), Marilene (formada em Administração, Letras e Música) e Edson Luiz (arquiteto e empresário de ótica). Osvaldo Silvestre 268 Relojoaria e Ótica Eraldo Iniciou seus trabalhos no início dos anos 50 com esta casa de joias e relógios que pertenceu aos irmãos Leôncio e Vergilino de Souza (já falecidos). Situava-se próximo às Casas Pernambucanas, na Rua Conselheiro João Zanette. Devido a essa proximidade, tornei-me muito amigo dos irmãos e, assim, quando noivei, comprei as alianças, minha e da Irene, na Relojoaria e Ótica Eraldo, onde fui muito bem acolhido. Era costume de Leôncio e Vergilino tratar todos com muita gentileza. Além disso, os irmãos Souza eram bons comerciantes e competentes e gozavam de muita credibilidade, tanto dos seus colegas de comércio, quanto de seus fornecedores e clientes. Havia, como de costume, um setor na loja, onde faziam – e muito bem! – o conserto de joias e relógios. A sociedade foi desfeita somente em 1969, quando Vergilino retirou-se da atividade, deixando a relojoaria para Leôncio, que, então, transferiu a direção para seus filhos, Eraldo e Aldo. Tiveram, posteriormente, que desocupar o prédio, que seria em seguida demolido, passando, afinal, a instalar o empreendimento na Travessa Padre Pedro Baldoncini, onde permaneceram por bastante tempo. Leôncio era casado com Bernardina de Jesus e juntos tiveram os filhos: Eraldo (empresário do ramo de joia, já falecido) e Aldo (piloto de avião). Vergilino era casado com Ruth Carvalho, com quem teve os filhos: Raquel (formada em Relações Públicas), Valter (técnico em Telecomunicações e Agrimensura), Rosana (empresária), Rúbia (formada em Pedagogia) e Jardel (técnico em Eletrônica). Leôncio de Souza Vergilino de Souza 269 Relojoaria e Ótica Guzzatti Antes de abrir seu próprio negócio, Hélio Aníbal Guzzatti, já havia adquirido grande experiência quando trabalhou, por onze anos, com seu irmão Silvino. Em 1975, porém, Hélio resolveu abrir sua pequena loja na Rua Seis de Janeiro, no Centro de Criciúma, com muito trabalho, vontade férrea, determinação e competência. Formaria ali então sua enorme clientela, sempre atendida com muito carinho. A cada ano que passava, a relojoaria de Hélio prosperava mais e mais. Lá sempre foram encontradas refinadas joias, óculos e relógios das melhores grifes. Há 35 anos funcionando, conta hoje com quatro lojas: duas no Centro de Criciúma, uma no Criciúma Shopping e outra na cidade de Içara. Há mais de três décadas, Hélio vem sendo acompanhado pela esposa, a professora Dalila Costa, sempre presente no dia a dia de sua loja. Ambos, além de excelentes comerciantes, foram ótimos pais, tendo educado todos seus filhos nas melhores escolas. Hélio e Dalila têm quatro filhos: Thales é engenheiro sanitarista e ambiental; Thaise é formada em Agronomia e doutora em Geografia – com vários prêmios de nível nacional; Thiago é formado em Optometria; e Thaiane é formada em Odontologia. Hélio Aníbal Guzzatti 270 Embora todos eles sejam formados em cursos superiores, três deles resolveram administrar a empresa da família, cada um gerenciando uma das filiais. Esta é uma pequena síntese da história da Relojoaria e Ótica Guzzatti, que, como muitos outros empreendimentos, vem enriquecendo o comércio de Criciúma. 271 Relojoaria e Ótica Odete De propriedade de Thadeu Silvestre, em sociedade com seus filhos Duílio, Primo e Dionízio, situou-se durante os primeiros anos na Rua Conselheiro João Zanette, transferindo-se depois para a Rua Seis de Janeiro, no prédio da Sociedade Recreativa Mampituba. Esta firma, do ramo de joias e relógios, foi de muito bom conceito em Criciúma e na região, principalmente para os clientes mais exigentes e de maior poder aquisitivo, clientes preferenciais desta loja. Thadeu construiu, anos depois, um prédio de dois andares na Rua Conselheiro João Zanette, alocando a relojoaria no andar térreo e residindo no andar superior, onde construiu um belo apartamento. A família Silvestre tem um carinho especial no trato com joias, seja para vendê-las ou repará-las. Havia também uma oficina anexa ao estabelecimento. Todos que ali entravam eram muito bem atendidos. Como em toda sociedade familiar, a tendência dos filhos e sócios é almejar outros segmentos. Assim foi o destino da Relojoaria Odete. O primeiro a se retirar foi o filho Primo, que formou uma sociedade com Vante Rovaris, criando a Relojoaria Rosil, também na Rua Conselheiro João Zanette. Depois, foi a vez de Duílio, que passou a se dedicar à pesquisa e mineração de pedras de feldspato e resolveu também estudar nos bancos acadêmicos, formando-se engenheiro agrimensor. Dionísio, contudo, deu continuidade aos negócios da família e, com sua notável experiência no ramo, levou adiante a relojoaria com muita dedicação e competência, aumentando ainda mais a já grande clientela. Thadeu Silvestre 272 Dionísio também contou com a colaboração de sua esposa, Kênia. Infelizmente, a firma não teve continuidade, devido ao falecimento do patriarca e, anos mais tarde, também de Dionísio, que nos deixou muito cedo. Kênia encerrou as atividades da empresa, transferindo sua residência para a cidade de Florianópolis. Thadeu era casado com Liduína Fretta (já falecida). Além dos filhos já citados, Primo, Duílio e Dionísio, tiveram mais cinco: Agenor, Alexandre (ambos médicos), Jandira (já falecida), Janete (formada em Administração) e Odete (professora). 273 Relojoaria e Ótica Precisão Bem no Centro de Criciúma, na Praça Nereu Ramos, estava localizada a relojoaria de Feliberto Silvestre, conhecido por todos como Félix. Anteriormente ele era um dos sócios da Relojoaria Silvestre, juntamente com Altino e Carmela. Acompanhado de sua esposa, Lúcia, Félix oferecia um excelente atendimento a sua vasta clientela. Possuía um estoque de alta qualidade e de muito bom gosto, em joia e relógios, além de um serviço muito bom em ótica. Deixaram sua marca indelével no comércio da cidade. Por muitos anos ainda poderia existir esta ótica entre nós, mas Félix faleceu bastante novo. Por isso, sua esposa, depois de pouco tempo, resolveu encerrar as atividades comerciais e mudou sua residência para a cidade de Florianópolis. O casal teve três filhos: Carlos Henrique (empresário do setor de combustíveis), Valquíria e Beatriz (comerciantes). 274 Relojoaria e Ótica Rosil O nome Rosil vem de Rovaris e Silvestre (as primeiras sílabas dos sobrenomes de cada sócio), pois esta casa de comércio pertenceu a Rui Passavante Rovaris (o Vante) e a Primo Silvestre. No início, funcionou na sala ocupada antes pela Relojoaria Odete, do pai de Primo. Passado algum tempo, mudou-se para mais perto da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, também na Rua Conselheiro João Zanette. Os dois trabalharam juntos por muitos anos e possuíam uma grande clientela, pois faziam conserto de relógios, serviço muito procurado. Depois que Primo deixou a sociedade, Vante continuou o trabalho, ajudado pela esposa, Edi, carinhosamente chamada de Didi. Como a rua era muito movimentada, em razão da proximidade com a estação ferroviária, vendia muitas joias, pois todos que chegavam a Criciúma, vindo das cidades vizinhas, passavam por ali. Certa vez, a relojoaria foi assaltada. A mãe de Vante, ao falar com uma senhora que possuía uma pensão, soube que um dos hóspedes que dormira lá estava com uma mala suspeita, pois apresentava um barulho semelhante ao remexer de joias. Descreveu o homem e disse que a bagagem era de papelão (a maioria das malas mais simples daquele tempo eram de papelão). Vante, então, foi à estação ferroviária e viu o tal sujeito. Em momento de descuido do desconhecido, pegou-lhe subitamente a mala e foi à delegacia, onde recuperou tudo. Vante faleceu prematuramente. Didi e um dos filhos ainda continuaram com a relojoaria por alguns anos. O casal teve os filhos: Cláudio (funcionário público, mora em Florianópolis), e Rui (comerciante, mora em Novo Hamburgo/RS). Rui Passavante Rovaris 275 Relojoaria e Ótica Silvestre Todos os criciumenses adultos, na década de 1950, estiveram nesta relojoaria ou ouviram falar dela, a Relojoaria da Dona Liduína Zappellini. Iniciou as atividades em 1939, quando Affonso Silvestre, acompanhado por sua família, veio da cidade de Orleans e abriu seu comércio. Situava-se na Rua João Pessoa e vendia as mais lindas joias e relógios. Especialmente nos noivados, nos dias de Natal e de aniversários, quem tinha um certo poder aquisitivo comprava uma joia para presentear sua filha, noiva, esposa, mãe ou amiga. Também aparelhos de louças importadas, cristais e instrumentos musicais podiam ser adquiridos nesta loja. Liduína Zappelini tinha o carisma de empresária. Sabia muito bem servir sua clientela, no que foi muito bem assessorada por sua filha Idalina, que todos chamam carinhosamente de Vita, hoje empresária. E mais, atendiam prontamente mesmo fora do horário comercial. Os outros filhos do casal, Jaci, conhecido como Cizo (empresário), Agostinho (empresário no setor pesqueiro) e Antônio, que conhecíamos como Tonico (já falecido), foram morar na cidade de Itajaí. Em 1958, Liduína, já viúva, vendeu sua relojoaria aos cunhados, Altino, Félix e Carmela. Félix logo se desligou, e Altino continuou trabalhando com seu sobrinho Valmor Carrer, que também fazia parte da sociedade, pois era filho de Carmela. Valmor foi um grande vendedor de joias, graças a sua simpatia e alegria. Faleceu muito cedo, e Altino adquiriu as cotas da esposa de Valmor. Affonso Silvestre Liduína Zappellini 276 Altino Silvestre As atividades continuaram muito bem, graças à competência e dinamismo de Altino. Ele e seus filhos implantaram na loja a tecnologia de montagem de óculos de grau, atendendo às receitas e prescrições dos médicos oftalmologistas. Altino também participou de muitas outras atividades sociais. Foi meu companheiro de Rotary Club, ocupando vários cargos, inclusive de tesoureiro da Governadoria do Distrito 4650 do Rotary Internacional durante meu mandato de governador. Participava ainda da Câmara de Dirigentes Lojistas e do Sindicato do Comércio de Criciúma, além de muitas outras atividades. Com o falecimento de Altino, a firma continua aos cuidados de seu filho Pedro. Altino era casado com Lair Fabre, e o casal teve os filhos: Márcia (professora, falecida), Alexandre (comerciante), Vanderlei (engenheiro civil), Pedro Luiz (economista e comerciante) e Sílvia (cirurgiã-dentista). Valmor era casado com Marlene Coral, com a qual teve os filhos Ludimila, André e Carolina. Depois de ficar viúva, todos foram morar no vizinho Estado do Paraná. 277 278 279 Bar e Confeitaria Caçulinha Pertencia a Ana Serafina de Souza e a Mário Antunes Leandro, casal que se desdobrava dia e noite para dar um bom andamento ao seu empreendimento. Situou-se na Travessa Padre Pedro Baldoncini durante os anos de 1964 até 1981. Depois, mudou de endereço, instalando-se na Rua Lauro Müller, no dia 3 de abril de 1981, ali permanecendo até 1990. O estabelecimento era conhecido praticamente por toda a cidade. Os empregados do comércio frequentavam-no diariamente, assim como muita gente adorava fazer seus lanches nesse local. Dona Nicota, era assim que todos chamavam Ana, sempre deu um atendimento muito especial a seus fregueses. Ela também contava com a ajuda de seu marido e filhos, que, quando não estavam estudando, lá estavam colaborando. Todos trabalhavam com muita competência e simpatia no atendimento, com seus deliciosos sanduíches, pastéis (a prata da casa), empadas, bolos, tortas, café e sucos, tudo feito na hora. Também aceitavam encomendas para festas de todos os tipos. O casal Ana e Mário (ambos falecidos) sempre foi solidário na formação da família e teve sete filhos, quase todos formados em curso superior (não muito comum na época), o que merece o aplauso da comunidade. São seus filhos: Claudete Maria (do lar), Cleusa Maria (assistente social), Maria Cleonice (farmacêutica e bioquímica), Maria Clésia (engenheira civil), Maria Cleia (farmacêutica e bioquímica), João Claudemir (mais conhecido como Mica, empresário) e João Claudenir (Médico). Esta empresa encerrou suas atividades em 1990. Casal Ana Serafina e Mário Antunes Leandro 280 Bar e Lanchonete Ugioni A história de Elias Ugioni teve início como agricultor na localidade de Rio do Meio, no município de Meleiro, sul de Santa Catarina. Após trabalhar por muitos anos nessa atividade, com a necessidade de facilitar os estudos de seus filhos, resolveu mudarse para Criciúma, onde adquiriu um bar na Praça Nereu Ramos, no endereço onde funcionava o antigo Café Damasco. Apesar dessa nova atividade ser muito cansativa, Elias não teve maiores dificuldades. É que, em comparação com o extenuante serviço que praticava na agricultura, o comércio revelou-se um esforço muito mais fácil e gratificante. Nesse local, permaneceu por quatro anos. Em 1996, ele adquiriu outro bar e lanchonete de João Montini, que se situava na Rua Seis de Janeiro, número 19. Nesse novo local, deu continuidade ao seu bar anterior, com muita dedicação, trabalho, força de vontade e ótimo atendimento. Fornecia café e cafezinhos, sucos e refrigerantes, além de gostosos lanches. A sua clientela tornou-se cada vez maior e mais fiel, porque ficou mais satisfeita. Com o passar do tempo, seus filhos, que vieram a Criciúma para estudar, paralelamente começaram a ajudar seu pai nesse negócio e tomaram gosto por essa atividade. Deram continuidade ao comércio do pai com a mesma dedicação, pois herdaram de Elias as melhores qualidades possíveis. Com o falecimento de seu pai, em 27 de outubro de 2000, esses jovens se prepararam para substituí-lo em definitivo. Portanto, com o bom trabalho desenvolvido em família, este estabelecimento ainda hoje está presente com muito vigor no mesmo endereço. Elias Ugioni era casado com Zenir Milioli, com a qual teve os filhos Antônio Nelson, Maria Eliane e Rosilei Martinho, todos comerciantes. Elias Ugioni e filhos 281 Café Damasco e Musidisc O Café Damasco se situava na Praça Nereu Ramos e pertencia a Elpídio Stopassoli e Antônio Mazzuco. Parece-me que este café esteve ativo na década de 1950. Destacava-se pelo bom atendimento que seus proprietários dispensavam aos clientes, todos muito bem acolhidos. Oferecia café e todos os produtos de uma lanchonete. Para a época, este empreendimento foi de excelente qualidade. Com o encerramento da sociedade do Café Damasco, Elpídio Stopassoli, acompanhado de sua segunda esposa, Zuleide Daniel, instalou uma excelente loja, denominada Musidisc, tendo como sócio José Carlos Corrêa, que ali permaneceu por pouco tempo. Era especializada em venda de discos e fitas cassete nos primeiros tempos, passando a seguir a vender CD. Esta loja foi única nesse gênero em toda a Região Carbonífera por muitos anos. Preencheu com sucesso a lacuna que havia nesse ramo de negócio. Cuidava de ter sempre os últimos lançamentos de músicas tocadas na maioria das rádios e nos programas de televisão do Brasil. Portanto, não se pode deixar de destacar o pioneirismo e a eficiência dessa casa de música. A Musidisc marcou época no desenvolvimento da cidade de Criciúma, até que encerrou suas atividades em 30 de agosto de 1999. Elpídio (já falecido) era casado com Maria Fernandes e teve com ela três filhos: José Roberto (empresário de móveis), Rosana (funcionária pública) e Soraia (comerciante, mora na Itália). De seu segundo casamento, com Zuleide Daniel, teve um filho, Fernando, que é formado em Design Gráfico. Elpídio Stopassoli 282 Café e Bar Ouro Preto Quando cheguei a Criciúma, em 1950, este estabelecimento fazia parte dos três bares e cafés mais tradicionais da cidade e ficava situado na Praça Nereu Ramos, ao lado do Edifício Mampituba. Foram vários os seus proprietários, porém, foi com um deles, o senhor Inácio Gaidzinski, que mais tive amizade. Inácio, além de servir todos com muita simpatia e ótimo atendimento, também fazia os melhores cafés e cafezinhos, por isso marcou sua forte presença entre seus clientes assíduos. Antes dessa data, Inácio já havia participado de diversas outras atividades, conforme informações de seu filho, o arquiteto Nelson. Em 1941, ele e sua esposa, Irma, trabalharam na casa Zilli, de propriedade de seu sogro, Celeste Zilli. Em 1945, o casal foi morar na localidade de Santana, município de Urussanga, atendendo a um convite de Júlio Gaidzinski para administrar um bar e lanchonete naquele local. Em 1952, após a venda do Café Ouro Preto, estabeleceuse com armazém de secos e molhados na Rua João Pessoa, ponto posteriormente vendido a Antônio Caldeira Góes, que o transformou em Empório Santo Antônio (já citado no livro). Em seguida, Inácio voltou à velha atividade: comprou o Bar Gruta Azul, localizado no Edifício Mampituba. Em 1956, ele e seu irmão Venício arrendaram o Bar São José, de propriedade de José Darós, situado na antiga Rua Paulo Marcus, próximo à estação da estrada de ferro. Em 1964, foi trabalhar em Forquilhinha, na Agroeliane, permanecendo nesse trabalho até sua aposentadoria. Inácio Gaidzinski 283 Este é o resumo da história de Inácio Gaidzinski e do Café Ouro Preto, que teve tantos proprietários, porém por falta de conhecimento, citei somente meu velho amigo Inácio, que considerei o principal e do qual tenho grata memória. Inácio Gaidzinski e sua esposa, Irma (já falecidos), tiveram os filhos: Nelson (formado em Arquitetura, com grande atividade em toda a Região Carbonífera, com excelentes obras arquitetônicas), Nilton (comerciante do ramo da Gastronomia, hoje aposentado) e uma única filha, Nelma (falecida). 284 Café Rio O início da história do Café Rio remete ao ano de 1942, data de sua fundação. Porém, vou falar somente deste estabelecimento a partir do ano de 1951. Deste ano até hoje, o empreendimento teve dez proprietários. Vou citá-los pela ordem: Luiz da Silva, conhecido como Luiz Açougueiro, Túlio Cascaes, Antônio Colossi, Sírio Broleis, Haires Pesenti, irmãos Scot, Nereu, Mário e seu cunhado, Herculano, Reinaldo Rzatik e Adão da Cunha Claro. Há possibilidade de terem existido mais alguns proprietários, mas não foi possível pesquisar. Atualmente, o proprietário é Brás Batista De Bem, que vem administrando o Café Rio desde 1975, portanto há quase 40 anos. Vem atuando com muito esforço, bastante competência e experiência, adquiridas nesse ramo de negócio na cidade de São Paulo. O local é muito frequentado pelos comerciantes e comerciários vizinhos do estabelecimento, que fazem seu lanche no local, e por outros que já são clientes costumeiros e não sabem ir ao Centro sem dar uma chegada no Café Rio, o point da cidade. Aos sábados, a movimentação cresce bem mais que nos outros dias da semana. Brás sempre contou com a colaboração preciosa de sua esposa, Marta Cancelier, e de seu filho, Daniel, no sucesso deste tradicional café de Criciúma. Haires Pesenti Reinaldo Rzatik 285 Casal Marta e Brás De Bem Café São Paulo Bem numa esquina da Praça Nereu Ramos, situava-se o Café São Paulo, que tinha este nome devido ao primeiro proprietário, Abílio Paulo, que o colocou no andar térreo de um prédio, o Edifício Filhinho. Este bar tinha um tamanho razoável e servia café e sorvete em mesinhas redondas, com pés de ferro e tampos de mármore. O sorvete, em especial, era servido em taças de prata, acompanhadas sempre de um copo com água bem gelada. Os garçons eram muito atenciosos. Depois, foi adquirido pelo senhor Almiro Rusa, que, no final de 1951, vendeu o estabelecimento a Sebastião e Cantídio Ramos. Com habilidade, muito trabalho e simpatia, sob a tutela de Sebastião, teve grande sucesso. Anos mais tarde, os irmãos Ramos repassaram este estabelecimento para Antônio Colossi e Antônio Milioli (Nim). Estes trabalharam muito bem por alguns anos e passaram o negócio para Milton Serafim, que se dedicou por um ano com bastante competência e bom desenvolvimento. Como Milton já administrava também o Carlitos Bar, sentiu-se muito atarefado e resolveu vender para seu cunhado Lauro Búrigo, que teve ali uma breve passagem. O próximo proprietário foi Vitorino Fernandes, que, vindo da vizinha cidade de Tubarão, já com muita experiência nesse ramo, conseguiu um bom retorno financeiro. Entre 1973 a 1976, foi adquirido por José Kras Borges, que, acompanhado pelos seus filhos, deu continuidade na administração deste bar, com muito carinho a seus clientes. Antônio Colossi Antônio Milioli José Kras Borges 286 Vitorino Fernandes A seguir, houve um novo administrador, João Patrício Lima, que permaneceu por pouco tempo. O penúltimo proprietário foi Hélio Paz, que tinha adquirido muita experiência em São Paulo e tinha um novo estilo de atividade. Ficou com este café durante 16 anos e fez um trabalho excelente. Os últimos administradores foram Lúcio Martins e Francisco de Souza Costa, que trabalharam por mais 13 anos e também deixaram sua marca. Em 2007, venderam os direitos do “ponto” a uma belíssima sapataria. Essa venda interrompeu um ciclo de várias décadas do tão querido Café São Paulo, ponto de encontro de políticos, famílias e jovens. Seus proprietários foram muitos, mais de dez, que contribuíram com a história deste estabelecimento. Na sua maioria, não se encontram mais em nosso meio. 287 Carlitos Bar e Lanchonete Os proprietários deste estabelecimento fizeram uma verdadeira revolução nesse segmento, construindo instalações ultramodernas, que ainda hoje seriam consideradas bastante luxuosas. Aliás, está fazendo falta uma casa dessa qualidade. Seu proprietário foi Carlos (Carlitos) Rovaris, que, juntamente com sua irmã, Dozola, e o cunhado, João Fernandes dos Reis, muito se dedicou para que sempre se oferecesse um bom atendimento. Situavase na Praça Nereu Ramos, na parte térrea da residência da família Rovaris. Naquela época, era ponto de encontro dos jovens enamorados, das famílias, enfim, de todos os criciumenses. Era um lugar aprazível, onde todos se sentiam muito à vontade. Essa experiência foi trazida por Fernando (mais conhecido por Fernandão) e Dozola do Rio de Janeiro. Carlitos era casado com Arcirene Bianchini, a Neneca, como era conhecida, e eles tiveram duas filhas: Maria Helena (casou-se muito nova, é administradora do lar) e Miriam (formada em Enfermagem). Fernando e Dozola, antes de se associarem a Carlitos, moraram muitos anos em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. O casal teve dois filhos: Mário (que faleceu muito jovem) e Madalena (psicóloga). Modernas instalações do Carlitos Bar Carlitos Rovaris 288 Os quitutes servidos no bar eram de primeira qualidade, e o ambiente, muito agradável, porque seus proprietários eram pessoas alegres e sabiam receber todos muito bem. Após as sessões de cinema, muitos se aligeiravam para ocupar os melhores lugares e por lá ficavam conversando e se deliciando com os quitutes por uma parte da noite. Este bar foi vendido para os irmãos Vaudrílio e Milton Serafim em 1961. Todos os sócios da família de Carlitos e também Vaudrílio já faleceram. Carlitos Bar por ocasião de sua inauguração 289 Churrascaria Ok De tão famosa, creio que não precisaria escrever sobre esta churrascaria: ela está na mente da maioria dos criciumenses, que, quase choraram quando ela fechou suas portas. Sempre esteve na Rua Seis de Janeiro em dois lugares diferentes. Em 1950, eu conheci esta churrascaria, que tinha como proprietário Aníbal Meller. Funcionava no porão do prédio da Sociedade Recreativa Mampituba, que foi fechado com treliças de madeira, revestidas de trepadeira. Algum tempo depois, o estabelecimento foi adquirido pelos primos Ari Fernando e Murici José Búrigo, que a transferiram para outro ponto da mesma rua, mas desta vez para sede própria. Ali ficaram por muito tempo, oferecendo um excelente trabalho, um saboroso churrasco e aquela chuleta assada que só eles sabiam fazer. As pessoas se sentiam tão bem naquele restaurante, como se estivessem em casa. Seus garçons se tornaram tão próximos dos fregueses que conheciam o ponto do churrasco que cada um gostava.Tinha também o famoso bife acebolado, que nunca mais se vai comer igual. Os comerciantes, quando queriam agradar os representantes comerciais que vinham de outras cidades, os levavam a almoçar ou jantar na Ok. À noite, era ponto marcado para levar as famílias ou para o encontro de amigos, principalmente depois dos jogos do Comerciário Esporte Clube, hoje Criciúma Esporte Clube. Murici José Búrigo Ari Fernando Búrigo 290 Ari e Murici tinham sido excelentes jogadores do Comerciário e ficavam conversando sobre futebol com muita sabedoria. Eram ídolos da torcida. Com a qualidade que possuíam, hoje haveriam de se tornar jogadores milionários. Ari era casado com Neide Pereira (ambos falecidos), com quem teve os filhos Rui Fernando (agrimensor), Sara (contadora), Raquel (formada em Biblioteconomia e funcionária pública), Renato (engenheiro civil) e Valério (representante comercial). Murici é casado com Darcy Frasson, com a qual tem os filhos: Maria de Fátima (formada em Biblioteconomia), Maria Isabela (formada em Administração, falecida) e André João (comerciante, também formado em Administração). 291 Churrascaria Riachuelo Esta casa de gastronomia funcionou na década de 1960 a 1970, na Rua Seis de Janeiro, próximo ao Cine Milanez. Oferecia aos seus inúmeros clientes ótimas refeições, especialmente gostoso churrasco e outros acompanhamentos à moda da casa. Pertencia a João Oliveira Rosa, conhecido carinhosamente como João Victor, e à sua esposa, Ana Clarinda Bitencourt, que muito contribuiu com seu companheiro. João contava, além de sua esposa, com seus filhos, João Luiz (Dango) e Macário, como também com seus genros, Altair e Adilson, que colaboravam, tanto na cozinha, como nos serviços de atendimento às mesas. Como era bom ser freguês desta churrascaria. Eu mesmo gostava de fazer minhas refeições com eles, pois a gente se sentia em casa, devido ao carinho recebido. Em 1972, este estabelecimento foi cedido ao craque do E.C. Metropol, Carlos Alberto Bezerra, que mudou o nome para Bezerrão. O novo proprietário, além de dar o mesmo bom atendimento aos antigos clientes do senhor João, ainda contava com a preferência de seus companheiros, jogadores e torcedores do E.C. Metropol. Permaneceu no mesmo endereço por mais algum tempo, mudando-se depois para a Rua Cecília Darós Casagrande, nas proximidades da LARM (Liga Atlética da Região Mineira). Infelizmente, todos os ex-proprietários são falecidos, mas deixaram um pouco de suas histórias. Casal Ana Clarinda e João Oliveira Rosa 292 João Oliveira Rosa e Ana Clarinda tiveram os filhos: Dalva (comerciante), Daura (professora), Dora (professora e comerciante), Laura (contadora), José (caminhoneiro), Macário (comerciante), Zélia (comerciante), Liana (comerciária), Sônia (professora e comerciária), Regina (comerciante), João (representante comercial), Tânia (comerciária), Albertina (do lar), Ricardo (representante) e Jorge (falecido). 293 Crisul Hotel Turismo Situado na Avenida Centenário, número 3001, este extraordinário empreendimento hoteleiro é uma belíssima construção de 21 andares. É o segundo prédio mais alto da cidade até os dias de hoje, só sendo ultrapassado pelo Edifício Cavaler. Argemiro Bongiolo e Ari Dal Bó eram os seus proprietários. E foi com muito planejamento e entusiasmo que construíram este hotel. Conta com 123 apartamentos de luxo, uma ampla recepção, um enorme restaurante, salão de convenções e tudo que se faz necessário para a sua categoria de quatro estrelas. Este hotel foi inaugurado em 18 de fevereiro de 1982 com uma grande festa, pois foi um acontecimento marcante para o todo o sul do Estado de Santa Catarina. Essa iniciativa partiu de pessoas que eram os proprietários da antiga fábrica de calçados Crisul. Devido ao grande desenvolvimento da sua empresa, especialmente com a exportação de calçados para o exterior, resolveram expandir os seus negócios para outras atividades. Tiveram a feliz ideia de construir o Crisul Hotel Turismo, aproveitando a marca já consagrada, Crisul. Esses empreendedores ajudaram a alavancar o desenvolvimento de nossa região. Criaram, com essa iniciativa, oportunidades para se realizar grandes eventos, como convenções e inúmeras atividades comerciais e industriais, acomodando todos os participantes que vinham de outras cidades com o devido cuidado, pois eficiência e profissionais bem treinados não faltam até hoje neste hotel. O trabalho oferecido e o atendimento especial deixam os hóspedes muito satisfeitos. Argemiro Bongiolo Crisul Hotel Turismo 294 Esses empresários já faleceram, mas deixaram seus exemplos de dignidade para seus descendentes. Argemiro era casado com Alda Oliveira, com a qual teve as filhas: Teresinha (formada em Relações Públicas e empresária do comércio), Cleuza (tem curso de Arquitetura incompleto, hoje empresária), Valdeia (empresária do ramo de hotelaria, deu continuidade ao trabalho de seu pai). Ari era casado com Neide Gonçalves. O casal teve os filhos: Alexandre (engenheiro químico, com doutorado na França e hoje professor da Universidade de Extremo Sul Catarinense - Unesc), Rodrigo (estudante de Engenharia) e Fernando (formado em Engenharia de Materiais, presta serviço na fábrica de plásticos Cristal). 295 Golden Bar Este bar se situava no Edifício Benjamin Bristot, na Praça Nereu Ramos. Seus primeiros proprietários foram Antônio Mazzuco e Elpídio Stopassoli, os quais, em maio de 1962, venderam o estabelecimento para José Zomer e Polidoro de Lorenzi Cancelier. Com muita dedicação, José e Polidoro administraram este bar, que estava localizado em um local muito procurado por casais enamorados e pelos comerciários que ali faziam diariamente seus lanches, bem como pelas famílias criciumenses. Lá eram servidos café e cafezinhos, sucos, saborosos lanches, refrigerantes e aperitivos, tudo ao gosto dos clientes. Em 1966, o Golden Bar foi vendido para Ivo Nuernberg, que, logo em seguida, repassou-o para Jaime Manique Barreto. Este deu continuidade ao bom atendimento e dedicou-se dia e noite a um trabalho correto, desempenhando muito bem o seu papel. No ano de 1970, Jaime transferiu seu negócio para seu primo Francisco Manique Barreto (mais conhecido por Titi). De 1970 a 1974, Titi cuidou muito bem do bar, dando tudo de si para o bom atendimento a seus clientes, que, na grande maioria, tornaram-se seus amigos. Porém, esse tipo de trabalho é muito desgastante, por isso Titi resolveu mudar de atividade, vendendo o bar para Francisco de Souza Costa e Vilmar Amorim. Esses dois sócios já tinham muita experiência nesse tipo de trabalho, adquirida em São Paulo. Como lá trabalhavam perto do Hotel Cadoro, trocaram o nome do Golden Bar para Lanchonete e Bar Cadoro. José Zomer Jaime Manique Barreto 296 Francisco Manique Barreto A sociedade durou quatro anos, obteve sucesso e muitos clientes. Os proprietários, porém, resolveram desativar o empreendimento, dando fim, assim, ao Golden Bar, após 18 anos de funcionamento. No local, passou a funcionar a Cricifios. José Zomer é casado com Iracema de Lorenze Cancelier e juntos tiveram uma filha, Sílvia Regina (advogada). Jaime é casado com Sueli Garbelotti, com a qual tem o filho Rogério, que trabalha com terraplenagem e é sócio de seu pai. Francisco é casado com Laura Dassoler, tendo com ela dois filhos: Giovane (é padre, formado em 1963, em Roma) e Gilberto (comerciante, cuida da loja de seu pai). 297 Gruta Baiana Vidal de Oliveira começou sua atividade profissional como barbeiro. Tempos depois, passou a empresário do ramo de gastronomia, sendo o seu primeiro restaurante a Gruta Baiana, localizada na Praça Nereu Ramos. Ele era amigo de todos e possuía ótima freguesia. Trabalhou com este restaurante alguns anos, somente encerrando as atividades do estabelecimento quando fez sociedade com Silvio Búrigo na instalação, nesse mesmo local, da Casa Santa Catarina, já citada em outro capítulo. Paralelo a esse negócio, construiu a Churrascaria Rancho Alegre na Travessa Padre Pedro Baldoncini, que durou bastante tempo, servindo, além de um ótimo churrasco acompanhado de saladas, pratos bem diversificados. Entre esses, havia um gostoso arroz com galinha, muito apreciado por todos. Nesta churrascaria, Vidal contou com a grande ajuda de seu cunhado, Fúlvio Naspolini, que era o responsável pelo caixa, com muita firmeza e dedicação. Vidal determinava o funcionamento da cozinha. Seu último empreendimento foi a construção de um prédio de quatro andares, também na Travessa Padre Pedro Baldoncini. Na parte superior, foram construídos diversos apartamentos residenciais, que foram ocupados por ele e sua família. Na parte térrea, foi instalado o Restaurante Pigalli, com modernas instalações. Era um restaurante de primeira linha em qualidade, onde as famílias criciumenses se reuniam para apreciar suas boas refeições. Vidal de Oliveira 298 Vidal de Oliveira era casado com Gília Naspolini, e o casal teve os filhos: Leda (empresária de confecções e estilista), Edson (engenheiro agrônomo), Elga e Leia (ambas empresárias do comércio) e Dóris (professora de Inglês). Infelizmente, o casal Vidal e Gília já é falecido. 299 Hotel Brasil Situado na esquina das ruas Conselheiro João Zanette e Paulo Marcus, este hotel já existia em 1950. Seu proprietário era o senhor Esaú, que o administrou por muitos anos. Foi depois adquirido pela família Dal Bó, liderada por Augusta Message Dal Bó, com o auxílio dos filhos: Basílio, José, Lino, Terezinha e Mário. A família Dal Bó administrou muito bem este hotel até 1960, quando o passou para as mãos de Hilário Milanez, que o levou avante até 1968. Deixou sua marca de ótimo gerenciamento no ramo de hotelaria. Infelizmente não participa mais de nosso convívio. O hotel foi vendido então para João Raupp (já falecido) e Antônio Augustinho (Pimenta, como era conhecido). Além do hotel, começou a funcionar também no local um ótimo restaurante. O Lions Clube Criciúma Centro, por exemplo, era uma das entidades que faziam lá seus jantares festivos. Mas mesmo com os bons serviços que eram oferecidos, essa sociedade acabou em 1976. Foi então vendido para um gaúcho. Daí em diante, sucederam-se muitos proprietários, como Aládio Bum, que o vendeu para Ricardo Spilere. Este, acompanhado de sua mãe, Alzira Zata Borges, levou adiante o empreendimento até 2008. O Hotel Brasil muito contribuiu no atendimento aos visitantes da cidade, principalmente os viajantes comerciais que chegavam de trem ou de ônibus, desembarcando bem próximo ao estabelecimento. Hilário Milanez Antônio Augustinho 300 João Raupp Hotel Palace Este hotel, que no seu tempo era tido como o mais hospitaleiro no Centro de Criciúma, na Rua Coronel Pedro Benedet, pertencia a Dona Leopoldina Scheidt. Eu a conheci comandando, com muita competência, tanto o hotel como o restaurante em 1950. Era, sem dúvida, o melhor hotel da cidade. Os viajantes e representantes comerciais que passavam por Criciúma eram fregueses assíduos e sempre retornavam, em virtude da qualidade do atendimento oferecido. Eu, Valdemar Cirimbelli e Edemerval Campos éramos hóspedes mensalistas. Em razão dessa proximidade, Dona Leopoldina sempre nos tratou como se fosse nossa segunda mãe. Tenho muitas saudades dessa senhora, e acredito que todos os hóspedes que por lá passaram nutrem este mesmo sentimento. Dona Leopoldina era viúva e teve três filhos: Abelardo (proprietário de hotel, como a mãe), Alaíde e Aracy, esta conhecida como Sissi (ambas professoras de grande prestígio na cidade). Dona Leopoldina faleceu no dia 15 de fevereiro de 1980, aos 81 anos de idade. Leopoldina Scheidt 301 Restaurante Capri Situado na Praça Nereu Ramos e administrado pelo seu dono sempre simpático e solícito, Cyro Bacha, tínhamos o excelente Restaurante Capri. Cyro foi comerciante do ramo da gastronomia e trabalhou com muita dedicação neste seu restaurante. Produzia pratos deliciosos e foi por muitos anos o chef cozinheiro das reuniões do Rotary Club de Criciúma, do qual também fazia parte e onde teve oportunidade de prestar um bom serviço à comunidade. Sua esposa, Valmira Luz, que todos chamávamos de Mirinha, também trabalhou na Casa da Amizade, dirigida pelas esposas dos rotarianos. Cyro exerceu também a profissão de radialista, tendo sido locutor esportivo na Rádio Eldorado. Foi vereador no período de 1970 a 1976 e membro da Loja Maçônica Presidente Roosevelt. Alguns anos antes de falecer, foi morar na cidade de Florianópolis e deixou em Criciúma muitos amigos que o admiravam. O casal teve os filhos: Ana Soraya (enfermeira de alto padrão), Cyro Filho (advogado) e Simon Habibe (empresário). Cyro Bacha 302 Restaurante Castelinho Situado na esquina da Avenida Rui Barbosa com a Rua Marechal Deodoro, este restaurante se destacou pela forma de sua construção: era todo de madeira e lembrava um castelinho. Foi uma novidade muito interessante na época. Seu primeiro proprietário foi um gaúcho que deu início a um restaurante especializado em churrasco, à moda do Rio Grande do Sul. Ele obteve um bom sucesso. Lembro, ainda, de um detalhe: a formação do então Clube dos Diretores Lojistas (CDL), hoje Câmara de Dirigentes Lojistas de Criciúma foi realizada neste restaurante durante um almoço. Naquele momento, foram denominados os membros da primeira diretoria desta tão importante instituição para o comércio de Criciúma. Depois de algum tempo, o estabelecimento foi adquirido por Antônio Milioli (mais conhecido como Nim), que levou adiante o empreendimento por mais alguns anos, sempre dedicando muita atenção a seus clientes. A construção onde se localizava o Castelinho foi demolida e deu lugar a um prédio, o Edifício Padoim, encerrando, assim, este emblemático restaurante, que deixou sua marca na história da cidade. Antônio e Simone, sua esposa (ambos falecidos), tiveram 11 filhos: Francisco, carinhosamente chamado de Milioli Neto (jornalista esportivo), Terezinha (casada com empresário), José, o Mochila (empresário do setor da gastronomia), Herta (professora), Agenor (empresário do setor da gastronomia), Maria de Lourdes, a Nega (professora), Geraldo (decorador, trabalha com artes em geral), Antônio (professor, foi reitor da Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc), Irene (comerciante), Ademir (empresário) e Gilberto (engenheiro metalúrgico). Casal Simone e Antônio Milioli 303 Restaurante Colúmbia Pertencente a Abelardo Scheidt, funcionou por muitos anos na Rua Coronel Pedro Benedet como um restaurante de muito boa qualidade e altamente frequentado pelos representantes comerciais e por outras pessoas que visitavam a cidade. Por alguns anos, nesse local se realizaram as reuniões do Rotary Clube. Graças ao bom atendimento do proprietário, os rotarianos saíam satisfeitos. Anos mais tarde, Abelardo construiu um prédio na Praça Nereu Ramos, onde por muito tempo funcionou o Hotel Criciúma. Além deste empreendimento, esse criciumense tinha o hábito de caçar, e, por isso, acabou fundando o Clube de Caça e Pesca Alberto Scheidt, nome de seu pai, tendo sido seu primeiro presidente. Era casado com Hélia Angeloni e juntos formaram um admirável patrimônio. Depois de seu falecimento, esposa e filhos resolveram desistir dos negócios e, então, puseram o imóvel à locação. No local hoje funciona a Loja Koerich. O casal teve os filhos Adalberto (engenheiro civil), Ivan (comerciante, falecido), Elias (médico ortopedista) e Eveline (pedagoga). Abelardo Scheidt 304 Restaurante Mochilas Este restaurante era administrado por José Milioli, conhecido como Mochila, e Agenor Milioli, o Noni. Ambos já eram especializados em gastronomia, pois trabalharam muito tempo com seu pai, Antônio Milioli (Nim), nos restaurantes Castelinho, já mencionado, e Recanto de Kátia, que relatarei em seguida. Antes de trabalhar no restaurante Mochilas, José, juntamente com sua esposa, Ana, arrendou o restaurante do Criciúma Clube e lá, atendendo sócios e não sócios, conseguiu uma enorme clientela. Tornou-se muito considerado no setor pelo bom trabalho que realizou. Ele e Ana faziam ótimos jantares, ceias, buffets de casamento e outras recepções, sempre com muito capricho. Posteriormente, com seu irmão Agenor, montou o Restaurante Mochilas na Rua Seis de Janeiro, que funcionou nesse endereço por muitos anos, com grande clientela, até que se mudou para a Rua Marcos Rovaris, na esquina com a Rua Domingos Darós. Agenor, a essa altura, já não mais tocava o negócio, tendo deixado unicamente a administração a seu irmão José (Mochila). Este último era um espaço muito mais amplo, aconchegante e bonito. Continuou com o mesmo sucesso por muitos anos. José era casado com Ana Maria Tomaz (já falecida), com a qual teve os filhos: Eduardo (professor de jiu-jitsu), Henrique (empresário) e Tatiana (empresária). Agenor, o Noni, é casado com Jeane Tiscoski. O casal tem os filhos: Rafael (formado em Administração) e Geanini (estilista de moda). Agenor Milioli 305 Restaurante Recanto de Kátia Este pitoresco restaurante funcionava na parte dos fundos da Galeria Beneton. Seus primeiros proprietários foram Francisco Serafim e sua esposa, Nilda de Oliveira. A origem do nome Recanto de Kátia se deu por um fato muito interessante: assim que o casal iniciou o restaurante, este ainda não havia sido intitulado, mas já era muito frequentado pelos seus diversos clientes. Um deles, muito especial, era o famoso cantor e compositor catarinense Pedro Raimundo. Francisco, que se tornara conhecido do músico, pediu uma sugestão de nome a seu estabelecimento. Imediatamente, Pedro Raimundo olhou para a filha do casal ali presente e perguntou como se chamava a menina, e os proprietários responderam: “Kátia”. Pedro Raimundo, então, sugeriu “Recanto de Kátia” por situar-se em um recanto da Praça Nereu Ramos. Devido a sua localização no Centro da cidade e seu ótimo atendimento, além do cardápio sempre variado e gostoso, mantinha um grande número de fregueses. Anos mais tarde, Francisco e Nilda admitiram como sócio Antônio Milioli, que todos conheciam como Nim, e, juntos, trabalharam muito tempo com bastante sucesso. Ainda após muitos anos inativo, o Recanto de Kátia deixa saudades no comércio de Criciúma. Francisco (já falecido) e Nilda tiveram cinco filhos: Carlos (formado em Recursos Humanos, já falecido), Gilberto (comerciante da indústria de confecções), Kátia (secretária), Gisele (comerciante) e Marisa (do lar). Sobre Antônio Milioli (Nim), deixo de comentar neste capítulo, pois já foi citado inúmeras vezes em razão de suas atividades em outros estabelecimentos comerciais. Casal Nilda e Francisco Serafim 306 Siso’s Restaurante Esta é mais uma história de muito trabalho e dedicação de Linário Marcello, conhecido como Siso, e de sua esposa, Olga Serafim. Siso começou sua trajetória no ramo da gastronomia trabalhando como garçom por alguns anos. Devido a sua maneira educada de atender, angariou muita simpatia, amizade e experiência, por isso se tornou empresário de restaurante, obtendo muito sucesso. Iniciou essa nova opção de trabalho no restaurante do Campestre Iate Clube, na Lagoa dos Esteves, em 1970. Em 1975, trabalhava no restaurante Azulão, do Criciúma Esporte Clube. Em 1978, assumiu como ecônomo da Sociedade Recreativa Mampituba e do restaurante do Criciúma Clube, sendo que para este último encarregou seu irmão, Leoni. Essa orientação não foi necessária muito tempo, pois daí em diante Leoni ficou sozinho e comandou o restaurante, ajudado por sua esposa. Atualmente sua família está dando continuidade ao trabalho. No Mampituba, Siso, e sua esposa, Olga, trabalharam sempre muito bem, realizando a parte gastronômica do restaurante do clube e de muitos acontecimentos empresariais, políticos e festivos. Sempre de fácil e agradável trato, era muito fácil combinar com ele cardápios para todos os gostos e capacidades financeiras. Foram muitos casamentos, bodas de prata e de ouro, aniversários, jantares de clubes de serviço, convenções, formaturas, afinal, é impossível citar todos os tipos de acontecimentos que festejavam suas datas no Mampituba. Siso fazia com o mesmo capricho jantares simples ou sofisticados. Sempre teve muita colaboração de sua esposa. Atualmente, ela e seus filhos estão levando adiante o trabalho iniciado por Siso, que infelizmente já faleceu. Casal Olga e Linário Marcello 307 Com a união e harmonia da família, o empreendimento foi crescendo e hoje é uma grande empresa. Os filhos, Fernando e Gustavo, junto à mãe, Olga, construíram no quilômetro número 5635 da Rodovia Otávio Dassoler, no bairro Imigrantes, uma grande casa de festa, o Siso’s Hall, inaugurado em 2007. No local, são atendidos inúmeros eventos, exposições, feiras industriais, desfiles de moda, enfim, encontros com grande número de pessoas. Todo o sul do Estado procura este estabelecimento quando precisa realizar grandes promoções. O casal Siso e Olga teve os filhos Fernando e Gustavo, ambos empresários do ramo da gastronomia. 308 309 Auto Peças Leal Esta firma, no início, foi gerenciada por Jorge Leal, com a colaboração de Egídio Soratto, apesar de este não ser sócio. Paulo Freitas era seu sócio, mas como era funcionário público, fazia só o papel de conselheiro. A Auto Peças Leal era especializada em vendas de peças de automóveis e caminhões, bem como de todos os acessórios desse segmento, principalmente os usados em oficinas mecânicas. Após alguns anos de trabalho, este empreendimento passou para as mãos de Daci Amboni, que continuou contando com a colaboração de Egídio. Para Daci, era um trabalho que ele muito bem sabia fazer, pois trabalhou muitos anos na Jugasa, onde foi diretor. Com muita eficiência, Daci e Egídio levaram avante esse trabalho por alguns anos. Com a criação do Calçadão na Rua Seis de Janeiro, houve um problema: não havia mais estacionamento para carros naquele logradouro, o que dificultava a vinda dos clientes para a loja. Em 1977, Daci se aposentou e encerrou suas atividades nesse negócio, passando a administrar seu patrimônio. Jorge Leal (já falecido) era casado com Ondina Custódio, que tiveram os filhos: Carlos Rogério (advogado) e Luiz Jorge (químico industrial). Paulo era casado com Sueli Espíndola (ambos já falecidos), com a qual teve somente um filho, Paulo José. Daci (também falecido) era casado com Délvia Minatto. O casal teve os filhos: Anelise (médica), César (odontólogo) e Luciene (bancária, já aposentada). Daci Amboni Jorge Leal 310 Casa Castelan Este era o nome da loja de peças de automóveis, localizada na Rua João Pessoa, que pertenceu ao saudoso João De Bona Castelan. Ninguém se preocupava quando precisava de uma peça de carro, pois se não tivesse no estoque, Seu Joanim, como todos o chamavam, mandava buscar. Muito trabalhador, era um homem sereno, correto e muito bom chefe de família. Adorava falar do Criciúma Esporte Clube, de quem era colaborador e um dos mais destacáveis torcedores. Apesar da avançada idade, não perdia nenhum jogo, mesmo que o time não estivesse muito bem no campeonato. Foi casado por mais de 60 anos com a florianopolitana, que se tornou criciumense de coração, Maria José Nunes Pires (Zezé). Professora do mais alto gabarito, ocupou por 17 anos o cargo de direção de escolas e transmitiu seus conhecimento a muitos jovens criciumenses. O casal teve seis filhos: Valter (engenheiro, faleceu muito novo num acidente aéreo), João (médico-cirurgião e professor da Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina - Unesc), Maria de Lourdes (advogada), Maria Helena (professora, também já falecida), Maria Bernadete (professora universitária de Música e exímia pianista) e Eugênio (engenheiro, professor da Universidade Federal de Santa Catarina). Joanim e Zezé, que já não estão mais conosco, tiveram a desventura de perder dois de seus filhos, mas não se tornaram pessoas duras. Eram muito católicos e possuidores de muita fé. Passavam a todos muita simpatia, conformação e alegria. Era um prazer e um aprendizado conversar com eles. João De Bona Castelan 311 Crivel Automóveis Situada na Rua Itajaí, pertencia ao empreendedor Martinho Acácio Gomes, que também foi proprietário das empresas Transportes Criciumense e Ouro Preto Hotel. Ainda era dono de outras concessionárias de automotores, a Comat, em Tubarão, a Dimasa, em Araranguá, e a Guaíba Car, em Porto Alegre (RS), todas da marca Volkswagen. A Transportes Criciumense era, na época, a maior transportadora do sul do Estado. Sua frota de caminhões transportava a maioria das cargas do comércio e da indústria local. Atendia Porto Alegre, Criciúma, Tubarão, Florianópolis, São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), além de outras cidades de Santa Catarina. Desse segmento Martinho entendia muito, pois começou como caminhoneiro e se tornou, a partir de sua experiência, grande empresário. Chegou a ser revendedor autorizado da Volkswagen em todo o litoral sul catarinense. O Ouro Preto Hotel foi outra grande iniciativa de Martinho. Situava-se num lindo prédio que ele próprio construiu. Era, entre todos, o hotel mais luxuoso da época: possuía quatro andares de suítes e um serviço de hotelaria impecável para bem servir os viajantes que chegavam em nossa cidade. No andar térreo, além da portaria, havia diversas lojas comerciais. O dia de sua inauguração foi como, bem lembro, um marco para a sociedade de Criciúma. Martinho Acácio Gomes 312 Não se pode deixar, obviamente, de mencionar o acontecimento anual de 1º de outubro, quando Martinho, ano após ano, patrocinava a grande festa dos viajantes, que vinham das mais diversas cidades, faziam carreata pelo Centro e almoçavam todos juntos, numa grande confraternização. No fim das contas, mobilizava e atraía toda a cidade. Casado com Lavina Machado, teve os filhos: Maria Helena (pedagoga), Neri (administrador de empresas), Vantenor (economista), Lenir (jornalista, grande colaboradora do Supermercado Angeloni) e Maria Salete (psicóloga). Martinho faleceu muito jovem e, por incrível coincidência do destino, em 1º de outubro, dia de sua tão amada Festa dos Viajantes, no ano de 1967. Criciúma perdeu, nesta data, um grande batalhador. 313 Forauto Veículos Quando se vai de Criciúma em direção ao município de Içara, não se pode deixar de observar a Forauto Veículos, localizada na Avenida Centenário, no Bairro Próspera. Esta grandiosa empresa foi adquirida em 1967 da Comercial Importadora Criciumense de Automóveis S.A., pertencente à família Amin, de Florianópolis. Iniciava em Criciúma, na Rua Marcos Rovaris, como revendedora Willys. Dez meses depois, com a aquisição da Willys Overland do Brasil pela Ford, passou a ser sua distribuidora. A empresa atua no ramo de veículos novos, seminovos, peças, acessórios, serviços e consórcios, sendo que todas as lojas Forauto seguem o novo padrão mundial da Ford. No início tinha como sócios-fundadores Rubens Costa, João Thadeu Bialecki, José Alfredo Beirão, Diniz Gaidzinski, Epitácio Benedet e Antônio Sílvio Carneiro. A direção desta empresa ficou muito tempo a cargo de João Thadeu Bialecki, que, com sua vasta experiência e muita competência, levou adiante o sucesso do empreendimento. Contava ainda com a ajuda de Rubens Costa, que, apesar do envolvimento com seu cartório, o mais importante da cidade, sempre fez parte das decisões. A evolução da Forauto iniciou a partir dos lançamentos dos novos carros de fabricação nacional. Rubens Costa João Thadeu Bialecki 314 Os primeiros, em 1970, foram a caminhonete Belina, Corcel I e Corcel II. Daí em diante, até 2003, houve uma sequência permanente de novos lançamentos: a picape Pampa, o belíssimo carro Del Rey, os sedans Escort e Verona, o belo e espaçoso Versailles, o moderno Fiesta, o pequeno carro Ka, que caiu no gosto dos brasileiros, a picape Courier e a possante picape Ranger, além da caminhonete EcoSport, também muito bem aceita. Com a retirada dos sócios-fundadores, Rubens Costa os sucedeu. Hoje a direção desta grande empresa está a cargo de Renato Angeloni Costa, que, com muita capacidade, continua o trabalho de seu pai e de seus antecessores. Com o acordo comercial do Brasil com outros países, principalmente da América Latina, a Forauto vem tendo um grande incremento no setor comercial de carros importados. Portanto, tanto na linha nacional ou importada, a Forauto está sempre atualizada, acompanhando com muito sucesso o mercado mundial. A empresa conta com um quadro de excelentes funcionários, muito bem treinados, tanto nas vendas, como em sua oficina especializada. Ainda oferece ótimo atendimento em pós-venda, assegurando a garantia de um bom negócio aos seus melhores clientes. A Forauto é hoje uma das mais importantes concessionárias de carros Ford de todo o sul do Estado. Além de Criciúma, está presente em Araranguá desde 1982, com a revenda Ford completa, e também no município de Içara, no bairro Vila Nova, na BR-101, com a Forauto Caminhões, desde 1985. Foi a primeira revenda Ford com instalações exclusivas para caminhões no Brasil. Também, em 2008, foi inaugurada a segunda revenda de caminhões Ford na cidade de Osório, no Rio Grande do Sul. Rubens Costa era casado com Olga Angeloni (já falecida) e teve com ela os filhos: Renato (formado em Engenharia Mecânica) e Lilian (formada em Administração). João Thadeu Bialecki era casado com Márcia Meller (ambos falecidos) e teve com ela os filhos: Cirilo (empresário), André (engenheiro civil) e Rachel (formada em Administração). 315 Jugasa Esta firma pertencia a Júlio Gaidzinski, pai de Diniz, que continuou o trabalho, desenvolvendo muito a então concessionária de veículos Chevrolet. Quando cheguei a Criciúma, esta empresa já estava presente, por isso não vi seu início, mas graças a informações confiáveis, me autorizo a escrever sobre ela. Com a experiência adquirida, quando prestou sua contribuição à Companhia Carbonífera Próspera, o competente jovem Júlio Gaidzinski, em 1941, começou uma sociedade com a participação de seu irmão, José, e de seus cunhados, José Angeloni e Nelson Teixeira. O local escolhido foi a esquina da Avenida Rui Barbosa com a Rua Marcos Rovaris. Ali construíram um galpão com a finalidade de formar uma empresa diversificada, com mecânica de caminhões e automóveis, posto de gasolina (foi um dos primeiros) e também ferraria, a fim de atender à demanda desses serviços aos veículos existentes na época. Com o grande desenvolvimento da mineração de carvão mineral na região, em 1946, a empresa achou por bem aumentar o número de sócios, passando a ser denominada Júlio Gaidzinski S.A. – Jugasa. Estendendo suas atividades, passou a revender veículos e tornou-se subagente da Chevrolet. Os carros eram importados pela firma Carlos Hoepcke. Nessa época, adquiriram alguns ônibus e entraram também no ramo do transporte coletivo, que fazia a linha de Criciúma a Siderópolis com bastante eficiência. Júlio Gaidzinski Diniz Gaidzinski 316 Em 1961, a empresa estava estabilizada, e o futuro era promissor. Surgiu então a oportunidade de adquirir a concessão da revenda Chevrolet para atender toda a Região Carbonífera com caminhões e caminhonetes, consolidando-se, nessas duas décadas, como uma das maiores revendedoras do sul do Estado de Santa Catarina. Em 1962, o filho de Júlio, Diniz, assumiu a direção da empresa, enfrentando uma grande crise econômica após a Revolução de 1964, que atingiu todo o setor. Júlio faleceu antes de ver todo o sucesso de sua empresa. Com espírito empreendedor e dinamismo, Diniz conseguiu levar avante o estabelecimento, formando uma outra equipe de colaboradores com novas ideias. Convidou para a sociedade seu amigo Sílvio Búrigo, tornandose ambos sócios majoritários. Com essa reforma administrativa, a Jugasa voltou a ter seu crescimento a todo vapor. O novo sócio, Sílvio, na qualidade de grande vendedor, comunicativo e falando muito bem o italiano, percorria o interior do município e trazia quase sempre a notícia da venda de um veículo. As vendas ainda tiveram maior desenvolvimento quando, em 1968, a Chevrolet lançou o carro Opala, de fabricação nacional, belíssimo, com excelente motor de quatro cilindros e linhas modernas. Devido a todo esse desenvolvimento, houve a necessidade de maior espaço físico. Assim, foi construído, na Rua Coronel Pedro Benedet, em 1970, em uma ampla área, um novo prédio, com arquitetura e instalações ultramodernas. Nesse ponto, Diniz deu continuidade ao bom atendimento a sua grande clientela, tanto no setor de vendas, como no da oficina, tornando-se uma liderança no segmento automobilístico. Em 1982, a Chevrolet lançou outro carro, o Monza, que mais uma vez revolucionou o mercado e deu à Jugasa o prêmio de Campeão Nacional de Vendas de Automóveis. No ano de 1984, surgiu outra grande iniciativa do grupo com a criação do Consórcio Jugasa, que incrementou ainda mais as vendas de automóveis. Em 1991, ao comemorar os 50 anos da empresa, Diniz construiu, na Avenida Centenário, no Bairro Próspera, uma nova e grande agência, numa área de 7.500 metros quadrados, oferecendo ainda melhor 317 oportunidade a toda sua cinquentenária clientela. Nessa época, Diniz passou a contar na sua diretoria com seus filhos, Ricardo e Pércio, além de seu genro Rogério. Com sua família unida em torno da empresa, esta se tornou um verdadeiro gigante no mundo dos negócios automobilísticos. Após esse período, entrou também na diretoria o segundo genro de Diniz, Vanderlei. Com a entrada do novo século, a família Gaidzinski, além da bandeira Chevrolet, passou a ser revendedora autorizada da famosa marca Honda (loja Gendai) e Peugeot (loja Bourbon) em Criciúma. Também se tornou concessionária da Fiat em Araranguá (loja Napoly), e revendedora Fiat em Tubarão, Criciúma, Içara e Laguna (lojas Unità). É preciso destacar o excelente quadro de colaboradores desta empresa, sempre com treinamento especializado para bem atender todos que a procuram. Por tudo isso, Diniz é merecedor da mais alta consideração, como um homem empreendedor. É casado com Zulma Beneton, com quem tem os filhos: Ricardo, Liliane, Pércio e Denise. Todos são empresários e fazem parte da empresa. 318 Sebastião Ramos Conheci Sebastião na minha chegada a Criciúma em 1950. Ele era garçom do Café São Paulo, e desde aquele tempo, já via nele um grande talento para o comércio. Cheguei a convidá-lo para trabalhar comigo nas Casas Pernambucanas, porém, nesse meio tempo, ele e seu irmão, Cantídio, compram o Café São Paulo, que era de propriedade do senhor Almiro Rusa. Se como empregado ele já fazia um excelente trabalho, como proprietário, passou a ser ainda melhor, despertando sua excepcional qualidade de comerciante. Alguns anos depois, mesmo com excelente desempenho do empreendimento, resolveram vendê-lo. Sebastião empregou o capital obtido no ramo de venda de veículos. O carro mais vendido por ele na época era da marca Simca, com linhas modernas e grande estabilidade, que ele adquiria da concessionária da cidade de Tubarão. Nesse setor, ele foi um verdadeiro fenômeno, tornando-se um dos maiores vendedores do sul do Estado. Chegando ao conhecimento dos diretores da montadora, ele foi convidado a visitar a fábrica, onde lhe ofereceram a concessão para a cidade de Criciúma. Esse fato aconteceu em 1964, quando foi criada a firma Auto Distribuidora Sebastião Ramos. Daí em diante, o sucesso se tornou ainda maior, e as vendas dispararam, já que a fábrica se renovava constantemente, com modelos cada vez mais atrativos, conforme passo a relatar. No ano de 1958, a fábrica Simca iniciou sua fabricação na cidade de São Bernardo do Campo (SP). Sebastião Ramos 319 Em 1959, a empresa lançou o Simca Chambord, automóvel derivado do modelo Francês Vedette, com suas linhas modernas, que teve uma grande aceitação no mercado brasileiro. Em meados de 1962, essa empresa lançou uma versão esportiva do Chambord, denominada de Rally. Nesse mesmo ano, foi lançado um novo modelo, a Perua Jangada, derivada do Chambord, que foi a primeira perua de grandes dimensões. Acompanhando as tendências das fábricas brasileiras, a Simca lançou o modelo Alvorada. Em 1964, a empresa lançou o Chambord Rally e o Tufão Rally e em 1965, o Simca Presidence. Ainda em 1965, foram introduzidos novos aperfeiçoamentos no Tufão de 1966. Nesse mesmo ano, foi lançado o primeiro modelo de luxo Rally Emi-Sul. Em novembro de 1967, a Simca foi absorvida pela Chrysler, que continuou produzindo o Esplanada e o Regente até 1969. Em julho desse mesmo ano, teve início a fabricação do primeiro Dodge Dart nacional. O novo modelo, lançado na versão quatro portas, veio para competir com outras marcas de fábricas diferentes. Foi lançado em seis cores diversas. Com essa nova linha, passou a ter penetração de 41,4% no mercado brasileiro, tanto pelo preço, como pela beleza. Foi um verdadeiro “carrão”, muito cobiçado pelos seus clientes. Em 1973, foi lançado o Charger R/T. No mesmo ano, foram produzidos mais de 17 mil veículos das linhas Dart/Charger. Já no ano de 1978, foram montados os últimos Gran Sedan, que apresentaram mudanças nos seus automóveis, incluindo duas versões bem luxuosas, o Magnum de duas portas e o Le Baron de quatro portas. A Volkswagen alemã finalmente comprou 67% das ações da Chrysler brasileira em 1979. Apesar das promessas de dar continuidade à produção dos carros Dodge e o Charger R/T, aconteceu bem o contrário: eles praticamente desapareceram. Em novembro de 1980, a Volkswagen comprou o restante das ações da empresa e, apesar da promessa, em agosto 1981, parou de fabricar a linha Dodge. O diretor alemão mesmo disse: “Esses carros seriam fabricados no máximo mais seis meses”. E foi o que se 320 concretizou. A montadora alemã passou a utilizar as antigas instalações da Brasmotor/Chrysler para fabricar seus caminhões, encerrando assim a história da Dart/Charger no Brasil. Contando com a boa fase dessa empresa até o ano de 1977, em sua extraordinária linha Simca/Dart, somada ainda a sua estratégia de venda e competência de Sebastião Ramos, não foi difícil dominar o mercado criciumense na venda destes belíssimos automóveis. Em 1978, percebendo os problemas criados na transformação da empresa acima, resolveu procurar outra bandeira e conseguiu a concessão da fábrica Fiat, que produzia os carros mais populares do Brasil. Formou uma nova empresa, denominada de Novitalia Sebastião Ramos. Com essa nova bandeira, o sucesso não tardou a aparecer, tendo dominado essa faixa do mercado em toda a Região Carbonífera por dois anos. Não era só no setor de venda que mereceu destaque. Foi também, nas modernas instalações de sua oficina, que dava suporte e bom atendimento a sua grande clientela. Mesmo com todo o sucesso na venda nos carros Fiat, em 1980, Sebastião resolveu vender a concessão para um amigo empresário de Araranguá. Daí em diante, decidiu trocar de atividade e partiu para o ramo carbonífero. Montou a Coquesul, localizada na Rodovia SC-445, no quilômetro 5, incluindo nela seus familiares, liderados pelo filho Sebastião Francisco, que está dando continuidade à empresa até hoje. Sebastião aposentou-se e vem administrando somente seu patrimônio particular, mas deixou sua marca de grande empresário no comércio de carros, contribuindo e valorizando a região sul do Estado nesse segmento. Sebastião era casado com Dalvina Gomes (já falecida), com a qual teve os filhos: Sebastião Francisco (empresário de mineração e indústria de coque), Saulo Adriano e Sérgio Forte (falecidos), Celso Renato (empresário), Célia Rogéria e Silvana Maria (empresárias). 321 Vitral Comércio de Acessórios para Veículos Ltda. De propriedade de Sílvio Damiani Búrigo, a Vitral representa com louvor em nossa cidade o comércio de acessórios veiculares. Natural de Urussanga, mas radicado em Criciúma desde 1970, Sílvio é médico urologista de destacada competência e dignidade nas áreas de clínica médica e cirúrgica. Por isso, é respeitado entre seus colegas e pacientes. É também sócio da Clínica Médica Criciúma e da Unirim. Além de seus reconhecidos atributos científicos, não posso deixar, evidentemente, de destacar o lado empresarial e empreendedor que caracteriza o espírito de Sílvio Búrigo. Sempre atuante na sociedade, liderou diversas empresas, entre as quais, a Vitral, inicialmente situada na Avenida Getúlio Vargas, e a antiga Vidrocar, inaugurada em 20 de janeiro de 1972, antecessora da Vitral. Em 1979, a sede da Vitral no Centro foi transferida para um prédio próprio com amplas e modernas instalações na Avenida Centenário, número 3450. Em sociedade com sua mãe, Lema Damiani Búrigo (já falecida), e juntamente com Moacir Araújo, Sílvio manteve a Vitral até 1989. Nesse ano, Moacir afastou-se da sociedade, restando apenas Sílvio e sua mãe como sócios. Já a administração da empresa ficou sob a responsabilidade de seu irmão, Alamiro Damiani Búrigo, um importante colaborador por 20 anos e responsável pela expansão e amplificação da loja. Sílvio Damiani Búrigo 322 A Vitral permanece no comércio criciumense até hoje e é líder regional no segmento de vidros e acessórios para veículos de todas as marcas e modelos. Desde fevereiro de 2000, Márcio Becker Pedroso é o sócio-administrador do empreendimento. Além de ser excelente médico e empresário, merece nosso reconhecimento pelo seu profícuo e destacável trabalho social e político prestado à comunidade de Criciúma. Foi presidente do Criciúma Esporte Clube, propiciando muitas alegrias aos torcedores desse clube juntamente com sua diretoria; além disso, é Rotariano há 37 anos, com participação contínua no Conselho Diretor do Rotary Club, tendo sido presidente dessa entidade por três mandatos, sempre muito atuante; foi ainda presidente da Fundação Municipal de Cultura, eleito em 1987; durante o Centenário do município de Criciúma foi um dos organizadores dos festejos. Modernas instalações da Vitral na Avenida Centenário 323 324 325 Posto Chic Chic Este posto de combustível funcionou nas décadas de 1980 e 1990, no Centro da cidade, mais precisamente na Avenida Getúlio Vargas, entre as ruas Santo Antônio e Lauro Müller. Situava-se em um dos muitos terrenos de propriedade de Santos Guglielmi. Sua origem se deveu a uma conversa no Bar Pipocas, que, ao lado do Cri Lanches, era uma espécie de clube privado. Ali os executivos, com seus copos de whisky, se reuniam para papos descontraídos nos finais de tarde. Num desses encontros, Milton Carvalho, conversando com Realdo Guglielmi, que era o filho mais velho de Santos, ouviu a sugestão de ser instalado um posto de serviço, com lavação rápida e atendimento na venda de gasolina, pois na área não havia nenhum. Realdo cederia o terreno sem nenhum ônus. Milton, que na época assessorava a Transportadora Manique, imaginou que, juntamente com seu pai, Heitor Carvalho, poderia tocar o negócio e imediatamente fez contato com a Atlantic, empresa que na época ainda operava no Brasil com distribuição de combustíveis. Técnicos da empresa vieram a Criciúma olhar o local e aprovaram a construção do posto, muito embora tenham mencionado as restrições naturais causadas pelo posicionamento do terreno, em meio de quadra, que prejudicava sensivelmente a manobra dos veículos e de certa forma inibia a entrada de clientes. Milton imediatamente comprou duas máquinas de lavar, montou o posto, com assessoria e cobertura da Atlantic, e se especializou em lavação, com venda de gasolina. Algum tempo depois, Milton Carvalho foi convidado a voltar para a Construtora Criciumense, da família Fridberg, onde já havia trabalhado anteriormente e resolveu vender o negócio. Milton Carvalho Ari Nardino 326 Jacinto Caetano, um gaúcho que havia trabalhado na Industrial Conventos, tinha um trailer de lanches e procurou Milton e seu pai, Heitor, para colocá-lo no pátio do posto. Ficou sabendo que o posto estava à venda. Imediatamente, Caetano procurou seu conterrâneo e amigo Ari Nardino Praessler, que era, na época, diretor da Industrial Conventos, e propôs parceria, pois assim, além de trabalhar com o trailer de lanches, Caetano administraria o Posto. Ari não podia se envolver com atividades que comprometessem suas responsabilidades na empresa onde trabalhava e só aquiesceu depois de muita insistência e da promessa de que Caetano tocaria o negócio sozinho, prestando-lhe contas do movimento financeiro. O negócio foi concretizado graças a uma permuta de um terreno, localizado na Rua Frei Caneca, atrás do antigo Pastifício Fio de Ouro, que foi propriedade de Raul Oliveira e onde posteriormente a Construtora Criciumense edificou um pequeno prédio. A administração de Jacinto Caetano não deu o resultado esperado, tendo que ser desfeita a parceria. Ari então procurou seu amigo Lino Bortolotto, que trabalhou na Cecrisa como motorista e estava aposentado. Lino tinha um caminhão, mas não podia dirigi-lo devido a problemas de coluna. Convidou-o a administrar o posto e lhe deu participação. Lino Bortolotto tinha talento para esse tipo de negócio. Era cordial, atencioso, cativava os clientes e fez o negócio progredir. O Posto Chic Chic foi por muito tempo uma referência no Centro da Cidade, e Lino tornou-se, graças a sua simpatia, conhecido e reconhecido por todos. Continuaram com o trabalho até meados dos anos 90, quando desfizeram a sociedade e fecharam o posto. Ari é casado com Hilda Paim, com a qual tem dois filhos: André (pastor da Igreja Luterana Renovada), Alessandro (atua na área de Marketing na empresa de Sérgio Cadorin) e Anelise (advogada, atua no Procon). Milton é casado com Vera Farias, tendo com ela dois filhos: Juliano (advogado) e Fernanda (formada em Comércio Exterior). 327 Posto Copa 70 Situado na Avenida Rui Barbosa, número 320, este posto de gasolina foi construído em um terreno de propriedade da Loja Maçônica Presidente Roosevelt nos idos dos anos 70, provavelmente em comemoração à Copa do Mundo daquele ano. O primeiro proprietário arrendatário foi Basílio De Caro, que o administrou por muitos anos com muita competência. Eu o conheci bem, pois morava próximo a sua residência e passava sempre por ele. Os outros proprietários foram: Antônio Soratto (Pipoca), Jacinto Carboni Nicoladelli, Mário Elói Pizzetti, Ângelo Marcos (Baixadinha), Tito Milioli e Jonilton Rosso. De 1976 até setembro de 2001, este autoposto foi de propriedade de Pedro G. da Rosa, sendo o seu penúltimo proprietário. Daí em diante, até os dias de hoje, está sendo administrado por Gilmar Sechet. Todos os seus proprietários foram excelentes administradores, tendo em vista o sucesso mantido até os dias de hoje. Entre eles, posso destacar Basílio De Caro e Pedro G. da Rosa, por terem sido muito estimados. Não fazendo menos dos demais, saliento a força de trabalho desses dois grandes amigos, sobre quem me autorizo a afirmar que foram excelentes administradores, pois, além de competentes, foram muito cativantes no trato a sua grande clientela. Além de comercializar combustíveis, o posto conta com uma seção de lavação de carros, tornando-se, pela completude de seus serviços e pela ótima localização (entre a Avenida Rui Barbosa e a Rua Tiradentes), um dos mais conhecidos da cidade. É possível não ter citado alguns ex-proprietários, por falta de mais fontes. Caso isso tenha acontecido, minhas sinceras desculpas. Pedro G. da Rosa, um dos proprietários 328 Posto São Pedro Situado na Rua Henrique Lage, esquina com Anita Garibaldi, desde 1961, tinha a bandeira Texaco. Seus primeiros proprietários foram os Irmãos Benedet, já citados em outro capítulo. Posteriormente, passou a ser de propriedade da família de João Fioravante Benedet. Após o falecimento trágico de João, seus filhos, Antônio, Paulo Roberto e João Paulo, deram continuidade a esta empresa. Este estabelecimento comercial do ramo de combustíveis, antes, como já citamos, de bandeira Texaco, foi incorporado pela Companhia Ipiranga. Tornou-se um posto dos mais tradicionais da nossa cidade, com serviços de lavação, abastecimento de gasolina, álcool e muitos outros produtos do ramo. Além deste posto no Centro de Criciúma, os irmãos Benedet construíram um outro, moderníssimo, no bairro Próspera, próximo ao terminal rodoviário. Nesse novo empreendimento, foram usadas bombas especiais de gasolina e GNV, além de uma moderna seção de conveniências, com excelente atendimento aos motoristas que por ali passam. Os três filhos de João, liderados pelo irmão mais velho, Antônio, carinhosamente chamado de Toninho, administram esses postos com competência, dando continuidade ao trabalho do pioneiro, seu pai. João Fioravante Benedet, como salientado em texto anterior, era casado com Olívia Dal Pont, com a qual teve os filhos: Antônio (empresário do ramo de combustíveis), João Paulo, Paulo Roberto (formados em Administração e empresários), Zulmira (professora, atualmente empresária do ramo da gastronomia) e Zelma (formada em Administração e Serviço Social). João Fioravante Benedet 329 Posto Soratto Um dos mais antigos postos de gasolina de Criciúma, estava instalado na Rua Marcos Rovaris, esquina com a Rua Marechal Deodoro, tendo como primeiros proprietários os irmãos Soratto: João, José e Tranquilo. Quando cheguei a Criciúma em 1950, este posto de gasolina já existia com a bandeira Atlantic. A família Soratto veio do ex-distrito de Içara, hoje município, em 1940, e adquiriu um terreno em Criciúma no endereço acima citado, montando uma oficina mecânica. João Soratto, o irmão mais velho, teve conhecimento de que havia sido desativado um posto de gasolina de bandeira Atlantic na cidade de Araranguá, pois este não estava cumprindo as normas do Governo Federal. Entrou em contato imediatamente com a empresa Atlantic, que ficava na cidade de Curitiba (PR), e ofereceu a oportunidade de instalar um posto em Criciúma, pois eles já tinham uma oficina mecânica e possuíam um gerador potente para fornecimento de energia elétrica. A companhia de petróleo Atlantic, tão logo recebeu a proposta, enviou um inspetor para Criciúma, sendo em seguida instalada a primeira bomba elétrica de toda a Região Carbonífera. Isso foi facilitado, pois a firma já possuía energia própria, que, além da bomba, também acionava o macaco hidráulico para lavação de carros e lubrificação. Ainda possuía uma loja anexa de autopeças. Depois de algum tempo, a empresa dos irmãos Soratto passou a ser revendedora autorizada da International Harvester Máquinas, que fabricava caminhões e caminhonetes, tratores e equipamentos agrícolas, além da revenda dos automóveis Citroën e Vanguard Standard. Irmãos Soratto: João, José e Tranquilo 330 Este posto era muito importante, pois era um dos poucos de toda a Região Carbonífera que realizava um bom trabalho no fornecimento de gasolina, bem como no serviço de lavação de carros e caminhões, muito necessário, devido ao material que era usado nas estradas, a pirita, tão prejudicial para os carros. Esse contratempo ainda era maior nos dias de chuva, em que os carros, muito enlameados, precisavam ser lavados com urgência. Mais ou menos no ano de 1980, João, que sempre exerceu uma liderança diante dos irmãos, retirou-se da sociedade para tratar de outras atividades. Começou a trabalhar com imobiliária, tanto em Criciúma como no norte do Paraná, e tornou-se um grande vendedor de terras naquela região. Em Criciúma, ele fez um loteamento na região do Hospital São João Batista, construiu na Rua Marechal Deodoro o Hotel Roma, que era controlado por ele e por sua esposa e, posteriormente, passou a ser administrado por outro membro da família. Tomando gosto pelo ramo hoteleiro, seu filho Mário, formado em Ciências Econômicas e pós-graduado em Marketing Aplicado ao Turismo, construiu outro hotel, com instalações bem mais modernas, na mesma rua, com a denominação de Soratur Palace Hotel, em setembro de 1979. No antigo posto permaneceu seu irmão José, o Bepe, que, acompanhado de seus filhos e genros, trabalhou por mais alguns anos, àquelas alturas, com a bandeira Texaco. Mais adiante, este posto se mudou para a rodovia SC-446, no Bairro Mina Brasil. Após o falecimento de José, em 6 de janeiro de 2001, seu filho, Silvino, e o genro, Mário Doneda, continuaram o trabalho e estão firmes até hoje. O irmão Tranquilo ficou com o Posto São João, de bandeira Esso, na mesma Rua Marcos Rovaris, número 405, em frente à Padaria Brasil. Esse posto passou depois para os cuidados de Lédio, filho de Tranquilo, que continuou o trabalho do pai. Lédio faleceu muito jovem. Com o falecimento do pai e do filho, hoje o posto pertence a outros proprietários, com nova bandeira. João Soratto era casado com Helena Salvador (já falecidos). O casal teve os filhos: Maria (do lar), Marly Terezinha (do lar, já falecida), Mário (formado em Economia e empresário do ramo de hotelaria), 331 Marcolina (empresária) e Mauro Luiz (engenheiro mecânico). José era casado com Olinda Cesca (ambos já falecidos) e tiveram os filhos: Elzira (bancária da CEF), Augusta (do lar) e Silvino (empresário). Tranquilo (também já falecido) era casado com Filomena Rizieri, com a qual teve os filhos: Maria Amélia, Onélia e Zélia (professoras), além de Valmor e Lédio (empresários), Valdir (engenheiro mecânico), Sandra Regina (nutricionista) e Maria Tereza (formada em Enfermagem). 332 Posto Spillere Este posto foi fundado em 1960 com o nome de Posto Nossa Senhora das Graças na Rua Cônego Aníbal de Francia, no Bairro Pinheirinho, com a bandeira Atlantic. Seu proprietário, João Spillere, e seus filhos muito se dedicaram e, com muita eficiência, formaram uma grande clientela. Este posto permaneceu com a família até 1969. Após venderem o estabelecimento, construíram, ainda no Pinheirinho, o posto que recebeu o nome de Posto Pinheirão, com bandeira da Petrobrás. Em seguida, em 1975, adquiriram o Posto Sociedade Santa Bárbara - Nosso Posto - com a bandeira da Texaco. No mesmo ano, em 4 de maio, faleceu João Spillere. Em seguida, o posto foi totalmente reformado, e ali funcionou a primeira loja de conveniência de Criciúma. Os filhos continuaram com a atividade de postos de gasolina, sendo todos sócios, adquirindo ainda um posto nas proximidades do Estádio do Criciúma Esporte Clube, com a bandeira Petrobrás. Em 1989, a sociedade foi desmembrada. Nelson, Nereu e Nilton permaneceram com os dois postos com bandeira Petrobrás, e Nério e Neri, com o Nosso Posto Sociedade Abastecedora Santa Bárbara, de bandeira Texaco. Posteriormente, foi adquirido pelos sócios Nério e Neri o Posto de Maracajá, localizado na BR-101, de bandeira Texaco, com o nome de Nosso Posto. Em 1998, foi construído o Nosso Posto em Florianópolis, na SC-401, quilômetro número 11, também com a bandeira Texaco. Atualmente, esses postos estão com a bandeira Ipiranga, uma vez que a Texaco vendeu a parte que atuava no Brasil. João Spillere Nério Spillere 333 Nelson Spillere Nelson tornou-se o único proprietário do Posto Pinheirão, o antigo Posto Nossa Senhora das Graças, por ter comprado a parte de seus dois outros sócios, Nereu e Nilton. Vemos que a família Spillere continuou uma bela história iniciada por João, acompanhando o progresso de nossa Criciúma, pois agora são filhos, genros, noras, netos e netas que administram os postos. João Spillere era casado com Ana Zanardo, tendo com ela os filhos: Nério, Nelson, Neri, Elsa Maria, Nereu e Nilton. Nério é casado com Olívia Salvador, com a qual tem as filhas Juliana (empresária), Cibele (pedagoga) e Cíntia (formada em Administração), todas trabalhando no ramo do comércio de combustível. Nelson, antes de assumir como empresário, trabalhou como radialista na extinta Rádio Difusora de Criciúma por muitos anos. Trabalhou também na Rádio Marconi de Urussanga. Lembro-me bem desse fato, porque a Casa Imperial era uma das patrocinadoras de seu programa radiofônico. Nelson, casado com Maria Ivone Gomes, tem uma filha, Lília Luzia (pedagoga, especializada em Educação Infantil). O casal também teve o filho Júlio César (já falecido). Neri é casado com Vera Búrigo, com a qual tem os filhos: Ricardo (empresário, trabalha no Posto Santa Bárbara) e Felipe (odontólogo). 334 Posto Wilson Barata Por volta de 1956, Wilson Freire Lopes Barata arrendou um terreno na esquina da Avenida Rui Barbosa com a Rua Marechal Deodoro e construiu um posto de distribuição de combustíveis, que oferecia gasolina, óleo lubrificante e tudo mais desse setor. Instalou também no local um ótimo serviço de lavação de veículos, o que era muito importante naquela época, devido às péssimas estradas, revestidas com pirita queimada (resíduo extraído na mineração do carvão), que os deixava em péssimo estado quanto à limpeza. Wilson administrou esse posto por um período de dez anos e tinha como colaboradores seu cunhado, Mauro Meller, que era seu braço direito, e Laurindo Meneguel, entre outros. Durante esse período, foram prestados ótimos serviços, conseguindo assim uma grande clientela, tanto pela eficiência de sua equipe de trabalho, como também por estar localizado em um ponto estratégico, no Centro da cidade. Após esses dez anos, quem assumiu a direção deste posto de combustíveis foi Henrique Dauro Martinhago, filho de Leandro Martinhago, este proprietário do terreno. Henrique Dauro montou uma ótima equipe de colaboradores e deu continuidade ao estabelecimento por dois anos. Ele era uma pessoa muito ocupada, pois exercia a profissão de cirurgião-dentista, atendendo em seu consultório particular e também no INSS, onde era funcionário. Além disso, dava plantão no Hospital São José, por ser especialista nessa área. Wilson Barata Américo Cadorim Benicto Amboni 335 Henrique Dauro Martinhago Tinha adquirido, junto com seu sogro, Dino Gorini, a Mineradora São Marcos. Por falta de tempo, resolveu vender o posto a Américo Cadorin e Benicto Amboni. A partir daí, os novos proprietários deram nova denominação ao posto, que passou a se chamar Cadorin e Amboni com mudança de bandeira para a Esso. Esses dois sócios trabalharam juntos por 13 anos e deram continuidade ao posto no mesmo ritmo em eficiência e trabalho. Em 1979, Américo Cadorin, resolveu trocar de atividade e partiu para o transporte coletivo ao adquirir a empresa Expresso Coletivo Içarense. Dessa forma, cedeu sua parte do posto ao sócio Benicto Amboni. Este continuou trabalhando no estabelecimento por mais de 20 anos com muita dedicação e eficiência, sempre muito cortês e elegante com seus fregueses. Só fechou o posto na data do término do arrendamento do terreno. Após ter ficado algum tempo desativado, eis que surge um novo proprietário: Paulo, filho de Dauro, que, após fazer uma grande reforma no estabelecimento e já com a nova bandeira da Petrobrás-BR, assume o posto. Com as moderníssimas instalações e mais alguns novos serviços de excelente qualidade, incluindo uma loja de conveniência, funciona até hoje. Portanto, somando o trabalho de todos os proprietários, o posto completa mais de meio século de serviços prestados à comunidade criciumense. Daí merecer esse registro. 336 337 Abílio Paulo Abílio, como era conhecido por todos, não possuía loja na época em que o conheci. Foi proprietário do Café São Paulo e do Cine Rovaris, que ostentou o nome da família de sua esposa, Cândida Rovaris, filha do primeiro prefeito de Criciúma, Marcos Rovaris. Ele teve a loja muito tempo antes de eu vir para Criciúma e a transferiu para seu cunhado, Silvino Rovaris, que deu prosseguimento ao estabelecimento, denominado de Casa das Sedas (também descrita neste livro). Abílio Paulo era o proprietário do prédio onde se localizava a filial das Casas Pernambucanas, da qual eu era gerente. Por isso, tornamo-nos grandes amigos. Durante muito anos, foi presidente da Sociedade Recreativa Mampituba, a qual, por intermédio dele, pude frequentar e formar muitas e belas amizades. Abílio era um presidente responsável e por demais dedicado a esse clube, que fazia bailes maravilhosos. Muitos anos depois, quando eu me tornei proprietário da Casa Imperial, vendia para ele meus produtos a preço de custo, não só por ser seu amigo, mas também por exercício de gratidão, ideal que sempre mantive em minhas relações de amizade. Falei-lhe certa vez que não iria mais lhe vender qualquer produto, pois ele contava para todos quanto havia pago, e os outros vinham pretender a mesma regalia. Tivemos um pequeno atrito por causa de política. Abílio era da UDN (União Democrática Nacional), e eu, apesar de não demonstrar tendência para nenhum partido – pois comerciante tem que se manter isento e agradável aos olhos de todos –, sempre tive uma pequena queda pelo PSD (Partido Social Democrático), que rivalizava com a UDN no cenário político da época. Abílio Paulo 338 Certo dia, ele me flagrou defendendo o PSD e ficou muito brabo, deveras sentido. Passado algum tempo, tudo voltou ao normal, sem ressentimento, o que me deixou muito satisfeito. Abílio possuía muitos imóveis. Num deles, situado na Rua Melvin Jones, onde, aliás, tinha uma chácara, construiu duas casas, uma para seu uso próprio e outra para seu filho. Cuidadoso, não deixava que as casas ficassem com a pintura feia ou com algum detalhe sem conserto. Isso ele fazia também com seus prédios, que eram todos muito bem cuidados. Andava sempre de terno e, na maioria das vezes, com gravata. Conta-se que quando tinha loja, foi roubado por três homens, e a polícia, ao prendê-los, pediu que ele mandasse a comida, pois não tinha como sustentar os presidiários. Ele mandou comida por uns dias e depois mandou soltar os três elementos. Só que antes de mandá-los embora, fez uma fotografia deles, de pé, encostados numa parede, pois caso voltassem, seriam reconhecidos. Abílio era casado com Cândida Rovaris. O casal teve um filho com o mesmo nome do pai, por isso é conhecido por Filhinho. Abílio faleceu de problema cardíaco, enquanto veraneava na Praia do Rincão. Posteriormente sua esposa também faleceu. 339 Auto Viação São Cristóvão A Auto Viação São Cristóvão era de propriedade dos irmãos Névio, Nereu, Aristides e Elvídio Lazzarin, que tinham como sócios Waldemar Machado e Arno Hertel. Situava-se na Travessa Padre Pedro Baldoncini, na esquina com a Rua Marechal Floriano Peixoto. Iniciou sua atividade como posto de gasolina e foi em seguida transformada em empresa de transporte coletivo, que fazia o percurso de Criciúma a Nova Veneza e de Criciúma a Içara. Mais adiante, compraram os direitos da empresa Rápido Criciumense, de propriedade de Érico Becker, que fazia o trajeto de Criciúma a Porto Alegre (RS). Posteriormente, adquiriram também de outro empresário o trecho de Florianópolis a Porto Alegre. A Auto Viação São Cristóvão tornou-se muito importante, adquirindo dezenas de ônibus novos. Contando ainda com o asfaltamento da BR-101, as viagens de Criciúma a Porto Alegre e a Florianópolis tornaram-se mais agradáveis. Além de transportar passageiros, também era muito comum levar encomendas, principalmente dos pais para os estudantes que eram obrigados a morar e estudar em outras cidades, pois, na época, Criciúma ainda era carente de bons educandários. Muitos mandavam roupas, dinheiro e almoços de domingo para seus filhos em Porto Alegre e Florianópolis pela Auto Viação São Cristóvão. Arno Hertel, Névio Lazzarin e Waldemar Machado 340 Antes da São Cristovão, uma viagem até Porto Alegre era feita por caminhos muito diversos de hoje. Passava-se pelo Bairro Mãe Luzia, seguindo pelos municípios de Maracajá e Araranguá, no sul de Santa Catarina – onde se atravessava o rio com balsa –, e daí a Torres, onde se passava a viajar pela praia. Nesse trajeto da praia, o ônibus atolava muitas vezes. Daí em diante, ainda existiam diversas balsas, mas nas proximidades de Porto Alegre, a estrada se tornava um pouco melhor. A minha primeira viagem a Porto Alegre foi com a empresa Jaeger. Saí às 3 horas da manhã de Criciúma e cheguei às 10 horas da noite. Foi uma verdadeira aventura! Nesse ponto, realmente a empresa Auto Viação São Cristóvão merece a glória de ter sido a pioneira do bom transporte dos criciumenses para o Rio Grande do Sul. Em agosto de 1989, a Auto Viação São Cristóvão foi vendida para a empresa EUCATUR. O sócio Arno Hertel era casado com Elga Tasso Bianchini. O casal teve os filhos: Artur (engenheiro civil), Liliane (advogada e administradora de empresas), Janine (enfermeira), Cibele (empresária), Cynara e Cíntia (professoras). Névio Lazzarin era casado com Lídia Filipe, com a qual teve os filhos: Alberto, Jorge, Janete e Joel (todos advogados). Waldemar Machado era casado com Gerda Becke (já falecida), tendo com ela os filhos: Helena (marchand de tableaux), Dóris (escritora e cantora lírica), Edson (administrador de empresas) e Paulo (já falecido). Nereu é casado com Maria Helena Espíndola, tendo com ela os filhos: Marcio (comerciante) e Luiz Carlos (secretário da Prefeitura de Garopaba). Aristides era casado com Hermínia, com a qual teve os filhos: Carlos Alberto (fisioterapeuta) e Luciana (do lar). Elvídio era casado com Delícia Vasconcelos. O casal teve os filhos: Carlos (comerciante), Lucimar e Eva (do lar). Dos irmãos Lazzarin, apenas Nereu continua vivo. Os sócios Arno e Waldemar também não fazem mais parte de nosso convívio. 341 Benevenuto Guidi Este comerciante de madeira teve seu empreendimento situado em dois endereços: o primeiro foi na Rua Henrique Laje, e o segundo, na Rua Anita Garibaldi. Somente conheci Benevenuto a partir de 1950, quando ele era comerciante de madeira e já havia conseguido com esse trabalho um patrimônio considerável, deixando uma boa herança aos seus familiares. Todos o chamavam carinhosamente de Nuto, e sua residência era ao lado da Casa Imperial, na Travessa Padre Pedro Baldoncini. Tornei-me seu grande amigo, pois adorávamos conversar e colocar os assuntos em dia. Além disso, Nuto conhecera meu pai, Abel Benedet, na cidade de Lauro Müller. Com meu pai, ele aprendeu a trabalhar em serraria, por isso o chamava de mestre nessa profissão de madeireiro. Fiquei muito orgulhoso em saber desses elogios a meu pai e adorava escutar essas palavras vindas de alguém tão valoroso e honrado como Nuto, que infelizmente não está mais em nosso meio. Era casado com Anunciata Milioli. O casal teve quatro filhos: Arlindo (administrador de empresa carbonífera, já falecido), Lídia (do lar), Airton (comerciante, falecido) e Maria Zélia (do lar, falecida). Benevenuto Guidi 342 Carlos Augusto Borba Carlos não é comerciante, mas sua vida toda foi ligada ao comércio de Criciúma, por meio do escritório em que atende com seu eficiente e honesto trabalho contábil. Além desse trabalho, Carlos foi professor da Escola Técnica de Comércio e secretário de Finanças da Prefeitura de Criciúma na gestão de Algemiro Manique Barreto. É membro atuante do Lions Clube Criciúma Centro, atuando em campanhas memoráveis em prol da sociedade criciumense junto com seus companheiros leões. Por seus méritos, foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Criciúma no dia 19 de junho de 1956, quando, representando os outros homenageados, fez um discurso que surpreendeu e emocionou todos que estavam presentes. Foi também membro do Conselho Curador da Fundação Educacional de Criciúma - Fucri - e seu primeiro presidente, reeleito por quatro períodos. Depois disso, foi nomeado presidente do Conselho Técnico Pedagógico dessa faculdade pelo então prefeito municipal. Recentemente, publicou seu livro Reminiscências em Gotas, que tem tido muito boa aceitação por realmente ser bastante interessante. Carlos Augusto Borba é casado com Elza Meller, com a qual tem dois filhos: Maria Isabel (escritora) e Luiz Augusto (médico). Carlos Augusto Borba 343 Casa Caça e Pesca Como seu próprio nome já diz, esta loja era especializada em produtos para caça, pesca e também fogos de artifício. Situava-se na Rua Conselheiro João Zanette. Na seção de pesca, eram encontrados bons molinetes, caniços, anzóis e tarrafas. No setor de caça, eram oferecidos os melhores produtos: espingardas, revólveres, cartuchos, espoletas e todo o tipo de munição. Na parte de fogos, também tudo que existia de moderno era vendido. Foguetes de lágrimas – como eram apreciados! –, foguetes comuns, bombas, bombinhas e rojões, tudo que era muito usado em festas de São João, Reveillón e muitos outros acontecimentos. O proprietário era Bernardino João Campos, o tão conhecido e amigo Dino, que trabalhou também por muitos anos nesta loja. Atendia paralelamente no Instituto Nacional dos Profissionais do Comércio. Como agente nomeado por esse órgão, fez um trabalho muito bom, atendendo muito bem todos que o procuravam. Na parte comercial, Dino também teve muita competência, tanto nas compras, quanto nas vendas, e foi muito bem assessorado por uma antiga funcionária, a Lurdes. Em alguns momentos, ainda contou com a colaboração de seu irmão Demerval (o Chichi), que, após ter se aposentado e fechado sua alfaiataria, foi trabalhar com Dino. Este, com aquele modo alegre de ser, conquistava cada vez mais a clientela. Bernardino João Campos 344 Juntamente com seu cunhado, Abelardo, e por serem muito ligados à caça esportiva, fundaram o Clube de Caça e Pesca, que levou o nome de Alberto Scheidt, pai de Abelardo. Dino (já falecido) era casado com Alaíde Scheidt, professora de muita sabedoria, simpática e muito humana, que soube transmitir seus conhecimentos a muitos criciumenses. O casal teve dois filhos: Vera Lúcia (professora de História Natural em Porto Alegre/RS e muito dedicada ao artesanato), Ricardo (engenheiro civil, seguidor dos negócios do pai, que se expandiram muito sob seu comando, tendo, inclusive, em sua gestão, trocado o nome da loja para Náutica Esporte, hoje situada na Rua Anita Garibaldi). 345 Cinemas Cine Rovaris Esta casa de espetáculos foi construída por Abílio Paulo na Praça Nereu Ramos. Por muito tempo, foi a única atração dos criciumenses, principalmente dos jovens, que tinham lá encontro marcado, principalmente nas noites de sábado e domingo. Durante a semana, para atrair mais público, tinha o programa duplo, que era uma sessão com dois filmes na sequência. Havia também o dia da sessão das moças, quando elas pagavam a metade do valor da entrada. O Cine Rovaris cumpriu sua missão de entreter os criciumenses com ótimos filmes por algumas décadas. Cine Milanez Era um cinema lindo, considerando a época em que foi construído. Era amplo e moderno e situava-se na Rua Seis de Janeiro, onde funcionou por mais de duas décadas. O cine Milanez encerrou suas atividades com a morte de Pedro Milanez, seu proprietário. O prédio foi vendido para uma rede de lojas, e hoje ali funciona o Magazine Luíza, loja de eletrodomésticos. Cine Ópera Clodoaldo Althoff, que tinha um cinema na cidade de Tubarão e muito entendia do ramo, resolveu construir outro em Criciúma na Rua Coronel Pedro Benedet. Muitos filmes de alto gabarito e alguns famosos foram vistos neste cinema. Espetáculos foram apresentados no local, com a vinda, inclusive, de artistas de vários pontos do Brasil. Formaturas escolares e muitos outros eventos foram realizados neste lindo cinema. Há alguns anos, a sala foi vendida para a Igreja Universal, que funciona ali até hoje. 346 Compania Telefônica Catarinense A Telefônica, como era chamada, esteve localizada em dois endereços: na Rua Seis de Janeiro e na Rua Marechal Floriano. Na realidade, era filial da empresa de Florianópolis que pertencia a um grupo da família Ganzo, Coronel João Carlos Ganzo, isso em 1932. Em 1950, essa empresa era já gerenciada por Malvina Lemos Heinzen, que, apesar das dificuldades para se fazer uma ligação telefônica, conduziu muito bem sua incumbência, no que foi ajudada por suas filhas. As ligações eram tão difíceis para se conseguir, até mesmo para a cidade vizinha de Tubarão. Por isso, as pessoas constumavam deixar o pedido da chamada e voltava, às vezes, até horas depois, para realizála. Durante muito tempo, o telefone usado era tocado à manivela, porém Malvina atendia todos com muito bom humor e aptidão, nunca perdendo a paciência, o que a tornou assim muito estimada por todos que precisavam de seu trabalho. Anos mais tarde, a companhia foi vendida a uma sociedade criciumense que tinha como presidente Wilson Barata e passou a funcionar, com sede própria, na Avenida Getúlio Vargas. Naquela época, os telefones já eram mais modernos, com discagem, e não mais com manivela. Passado certo tempo, essa empresa foi incorporada pela Telesc (Telecomunicações de Santa Catarina), um órgão estadual. Dona Malvina, natural de Pedras Grandes, teve uma vida muito longa, desfrutando sempre de boa saúde. Era casada com José Heinzen e com ele teve os filhos: Ivoly, Iezo, Naor, Lêda e Aleida (todos falecidos), Haidê (ex-funcionaria da Força e Luz e da Companhia Telefônica Catarinense), Helena (do lar) e Marli (autônoma). Malvina Lemos Heinzen 347 Foto Lino Era um empreendimento que tinha como atividade a comercialização de produtos do ramo de fotos e material fotográfico. Era administrada com muito carinho por seus proprietários, Paulo Medeiros e sua esposa, Abegail. O nome da firma, entretanto, já havia sido dado pelo proprietário anterior. O casal trabalhou com muito afinco no ramo da fotografia, atendendo ao chamado de muitas festas de casamento, aniversários, batizados e outras mais. Estava sempre com as máquinas em mãos a fim de fotografar o que fosse necessário, a gosto dos clientes, participando ativamente da vida social de Criciúma. Paulinho, como Paulo era conhecido, prestou um grande serviço aos lojistas quando foi presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas. Em um movimento benéfico, conseguiu a separação da Associação Empresarial de Criciúma (Acic) do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que pertencia àquela associação. Foi um momento muito polêmico, pois a empreitada dividia opiniões, porém acabou dando tudo certo, e hoje as duas entidades estão caminhando muito bem, cada uma com suas atividades características. Paulinho, com a colaboração de sua diretoria, também modernizou o SPC com computadores, dando rapidez às consultas dos comerciantes associados, fator que alegrou todos. Em ato de coragem da diretoria, liderada novamente por Paulinho, foi adquirido todo o quarto andar do prédio Martinho Acácio Gomes, antigo Ouro Preto Hotel, para funcionamento da sede própria da CDL. Casal Abegail e Paulo Medeiros 348 Funciona no local toda a administração, o SPC, o auditório, com capacidade para 50 pessoas, e o restaurante, a serviço exclusivo dos associados e convidados. Todos os sócios da CDL são muito agradecidos a esse grande líder, por tão belo trabalho na entidade. Encerrando seu trabalho, Paulinho mudou sua residência para a cidade de Gravatal, tendo feito, desde então, muita falta em nosso meio. Paulinho era casado, como já dito, com Abegail de Oliveira (carinhosamente chamada de Bega), que lamentavelmente faleceu em 2009, deixando um vazio em nossa sociedade, impossível de ser preenchido. O casal teve filhos: Paulo Júnior (representante comercial), Fabiano (músico) e Bruno (enfermeiro e técnico em Radiologia). 349 Foto Zappelini De propriedade de Faustino Zappelini (já falecido), inicialmente se situava ao lado da Igreja São José e, posteriormente, na Praça Nereu Ramos, já em instalações próprias onde funciona até hoje num prédio de quatro andares. Faustino era uma pessoa extraordinária, sempre muito otimista, inovadora, perspicaz e, acima de tudo, um bom conselheiro para os amigos. Eu mesmo me vali muito de seus conselhos em ocasiões importantes. Ele apostou em um negócio inovador e de muito risco, que, a princípio, era tido por muitos e principalmente por seus pais como uma loucura e bobagem que o levaria a perder seu valioso dinheiro, conquistado com muito suor na lavoura. Mas ele não enfraqueceu, obedeceu a seus sonhos e correu atrás deles em Criciúma, uma cidade que, na época, era tida como muito promissora, devido a sua riqueza natural derivada do carvão mineral. Foi com grande êxito então que galgou o topo do sucesso. Por muitos anos, dominou esse segmento sozinho em nossa cidade e hoje ainda é considerado como um dos melhores. Sempre acompanhou as inovações da fotografia, setor em que houve um notável desenvolvimento tecnológico. Casal Amélia e Faustino Zappelini 350 Inicialmente, valeu-se das mudanças trabalhistas pelas quais foram implantadas as carteiras de trabalho, documento em cujas páginas se tornou indispensável a anexação de uma foto três por quatro do trabalhador, gerando, dessa forma, grandes lucros ao fotógrafo. Ao mesmo tempo, a cidade crescia, e o dinheiro começava a aparecer com mais vigor, originando-lhe, assim, mais trabalho Pode-se dizer que a história de Criciúma e dos criciumenses está sempre relacionada aos “clicks” de Faustino. Ele sempre estava presente em todos os momentos importantes para registrar as inaugurações, paradas cívicas, visitas importantes, eventos políticos, culturais e sociais, bem como batizados, casamentos, aniversários e tantas outras passagens importantes das famílias criciumenses. Falando em trabalho, não posso deixar de falar de sua eterna companheira e também uma mulher de fibra e muito apoiadora. Assim, homenagear Faustino é também lançar tributos a Dona Amélia, pois sempre, em todos os momentos de labuta e de sonhos, ela esteve ao lado de seu marido. Ainda hoje, no alto de seus 98 anos, vibra muito com os negócios da família. Hoje as lojas são comandadas pela segunda e até pela terceira geração. Quem está no comando principal são os filhos: Osmar (mais conhecido por Babá), Zaida, Atair e Sérgio. Portanto, não se deve hesitar em dizer que Faustino e Dona Amélia foram pessoas à frente de seu tempo. Ele deixou muita falta na sociedade criciumense. O casal teve os filhos: Osmar, Atair (empresários da fotografia), Valdir (empresário, falecido), Zilda (esposa e mãe de músicos), Zaida (empresária, trabalha na loja), Maria de Lurdes (doceira famosa) e Sérgio (administrador de empresa e Secretário da Cultura de Criciúma). 351 Frigorífico Sul Catarinense O Frigorífico Sul Catarinense era uma indústria, mas também vendia carne no varejo. Por isso, podemos colocá-lo entre as casas de comércio. Ficava na Rua São José e era administrado por Mário Diomário da Rosa e Hercílio Teixeira. Penso, até hoje, que pouquíssimos moradores da cidade deixaram de comprar carne neste estabelecimento, conhecido como “sindicato”. Diariamente, filas enormes se formavam para as pessoas poderem comprar carne fresca. No frigorífico, além de Mário e Hercílio, que eram os administradores, ainda havia outros sócios, que deixaram tudo na mão dos dois e não tiveram problemas, porque a dupla foi muito correta e eficiente. Mário também foi sócio-fundador do Rotary Club de Criciúma. Ele e seus companheiros fundaram o Bairro da Juventude, onde construíram três casas para abrigar os meninos pobres. Hoje essa instituição abriga 1.500 menores, dando-lhes educação escolar, refeições diárias e ensino profissionalizante. Esse assunto do Bairro da Juventude já foi citado em outras páginas em que apareceram rotarianos fundadores. Católico praticante, muito colaborou com os seminaristas na formação daqueles que tinham dificuldades financeiras. Hercílio também colaborava muito com outras entidades beneficentes. Mário era casado com Maria Philippe, com a qual teve os filhos: Ada, Adésia, Adiles, Adoralice (todas formadas no Curso Normal), Antônio Diomário (empresário) e Mário Diomário (engenheiro civil). Adésia e Adiles já faleceram. Mário Diomário da Rosa 352 Hercílio Teixeira Hercílio era casado com Zeferina José. O casal teve os filhos: Antenor (comerciante, já falecido), Maria de Lourdes (costureira), Volnei (professor), Alcides (comerciante), Maria Salete (do lar), José Paulo (professor), João Paulo (construtor civil), Maria Bárbara (professora), Jorge José (comerciante), Joaquim (professor) e Regina (professora). Mário e Hercílio já faleceram. 353 Fruteira Ávila Em 1980, foi iniciado um comércio de frutas e verduras, que se destacou e se tornou referência por ter produtos sempre fresquinhos e de boa qualidade, além de muito bom atendimento aos fregueses. Em pouco tempo, a marca Ávila conquistou o mercado em toda a Região Carbonífera. Seus proprietários, Germano Ávila e sua esposa, Bernadete Rios, resolveram estender suas atividades com fabricação de pães e bolachas. Dona Bernadete, com a experiência adquirida de sua mãe, conseguiu fabricar produtos especiais, que caíram no gosto dos criciumenses, chegando ao ponto de serem disputados pelos clientes. Esse casal tem hábitos saudáveis de alimentação, e, em virtude disso, resolveu abrir um restaurante de comida natural na casa do Agente Ferroviário, na Avenida Centenário. O estabelecimento funcionou durante três anos e fechou, devido à dificuldade de conseguir colaboradores especializados. No local, passou a funcionar uma loja de produtos naturais, que posteriormente foi transferida para o túnel do terminal rodoviário, com amplas instalações. Assim, a loja, que vendia chás, cereais do tipo integral, pães, biscoitos, frutas cristalizadas, balas e, mais recentemente, mistura de farinhas e frutas, prontas para a produção de bolos deliciosos, tornouse um lugar muito agradável e com uma clientela fiel. Um dos filhos do casal, ao relatar ao médico homeopata, Valter Alves Júnior, que tinha um problema de amigdalite, foi aconselhado a fazer um tratamento com homeopatia. Como não havia farmácia dessa especialidade em Criciúma, os remédios foram trazidos de Porto Alegre (RS). Germano Ávila 354 Em virtude desse acontecimento, médico e paciente resolveram abrir uma farmácia homeopática nos fundos da fruteira. Contrataram um técnico especializado, e, mais uma vez, um novo empreendimento deu certo. Os filhos de Germano continuam o trabalho dos pais. Sua filha Nilceia e seu esposo estão administrando a loja do terminal rodoviário, e o filho Nelzo Luiz, também com a esposa, Nadir Bernardino, estão dando continuidade à farmácia homeopática, onde também se pode comprar os chás e produtos naturais, além dos remédios. Essa farmácia está situada na Rua Lauro Müller, próximo ao Banco do Brasil, e herdou a mesma competência da família Ávila, sempre dispensando o melhor tratamento aos seus clientes. O casal Germano e Bernadete (já falecidos) teve os filhos: Maria Neide, José Neuzo, Neri Hernane, Nelzo Luiz, Niceia Terezinha e Sílvio Orlando, todos empresários. 355 João Carlos de Campos João se formou em Contabilidade no ano de 1944 e em Economia no ano de 1956. Apesar de não ser comerciante, sempre participou ativamente, dando assessoria contábil à maior parte do comércio de Criciúma e, por isso, não poderia ficar fora desta história do comércio de nossa cidade. De 1945 a 1958, foi contador da Prefeitura de Criciúma e, durante aquele período, chegou a ser prefeito interino do mês de janeiro a junho de 1947. Foi vereador de 1970 a 1973. João sempre gostou de trabalhar pelo social da cidade. Participou da criação da Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), foi membro participante da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), fundador do Lions Clube Criciúma Centro, onde foi um membro atuante, com tantos trabalhos sociais realizados na nossa cidade. João, por muitos merecimentos, recebeu o título de Cidadão Honorário de Criciúma. Casado com Celeste Formel, tem os filhos: Eduardo e Evandro (engenheiros) e Samira (jornalista e apresentadora de televisão). João Carlos de Campos 356 Livraria e Tipografia Progresso Estabelecida na Rua Conselheiro João Zanette, tinha como proprietário César Lodetti, homem muito competente, principalmente no setor gráfico. Não tinha concorrente nas décadas de 1950 a 1970. A gráfica fazia os mais diversos impressos, desde material para escritório até convites de formatura e de casamento. Também, depois de algum tempo, passou a vender brinquedos e livros, especialmente de histórias infantis. Referente à papelaria, também era praticamente o único na cidade, oferecendo muitas variedades de artigos nesse segmento. A garotada adorava comprar material escolar do senhor César. César, que há muito tempo não se encontra mais em nosso convívio, era casado com Maria de Lourdes Hülse, uma das professoras mais destacadas de Criciúma, até hoje citada e relembrada por seus alunos, que têm muitas saudades de suas aulas. O casal teve só uma filha, Thamar, que não continuou os negócios do pai na atividade gráfica, mas se tornou uma grande empresária no ramo de malharia. É proprietária, juntamente com seu marido, da Malharia Thayse, que tem uma enorme e fiel clientela, devido à alta qualidade de seus produtos. Também participam da empresa os netos de César: Thayse e César. César Lodetti 357 Plácido Serviços Contábeis Plácido Pizzeti é contabilista por profissão e sempre trabalhou em escritórios de contabilidade. Começou em 1964 com Mário Sônego na Rua Conselheiro João Zanette e, a partir de 1993, montou escritório próprio, onde trabalha até hoje. Conta com uma clientela de mais de 200 empresas, dos mais variados segmentos do comércio, indústria e serviços, atuando também na área da saúde, com clínicas médicas, dentárias e laboratoriais. Atualmente seu escritório fica na Rua Floriano Peixoto, número 145, e ocupa o terceiro andar do Edifício Bertollo, contando com uma equipe de mais de 20 colaboradores. Aventurou-se também no comércio varejista, participando como sócio da Agropecuária Amigo do Agricultor no período de 1986 a 1992. A empresa funcionou na Rua Henrique Lage. Além de empresário, Plácido se envolve também em outras atividades na sociedade criciumense: é rotariano desde 1996, tendo já ocupado todos os cargos do Conselho Diretor, inclusive como presidente em 2001-2002; ainda é conselheiro do Bairro da Juventude como representante do Rotary Club Criciúma; faz parte do Conselho Fiscal da Sociedade Recreativa Mampituba, do Conselho Superior da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), do Conselho Deliberativo da Fundação Fênix, instituição criada principalmente para transplante de órgãos, especialmente o de rins, além de participar também do Conselho Fiscal da Associação dos Aposentados, que tem sede no distrito de Rio Maina. É pai de Marcelo Aurélio, Rafael Maurício e Carla Manuela, além de avô de Yuri, Caio, Maria Luíza e Vitória. Plácido Pizzetti 358 Rui Esmeraldino Comércio de Representações Rui Esmeraldino, após se retirar da firma Balsini e Cia., quando esta foi vendida para os Irmãos Martins, resolveu montar seu próprio negócio, passando a representar a Cia. Fiat Lux, fabricante dos fósforos Pinheiro, do açúcar Duçula e de muitos outros produtos. Com a experiência adquirida da Balsini e Cia., além da força de vontade, otimismo e determinação, os bons resultados não tardaram a aparecer. Instalou-se na Rua Henrique Lage, esquina da Rua Anita Garibaldi, mudando-se em seguida, com seu escritório, para a Rua Lauro Müller, onde construiu uma sala nos fundos de sua própria residência. Em 1970, Rui construiu também uma bela residência nos altos da Rua São José. No local havia uma ampla sala para instalação de seu escritório de representação. Meu velho amigo e conterrâneo, realizou um excelente trabalho nesta sua empresa, adquirindo a confiança de sua clientela e realizando ótimos negócios, que lhe deram grande estabilidade, tanto profissional como financeira. Hoje esse patrimônio é administrado por seu filho, Ricardo. Era casado com a professora Vitória Genovês, também tubaronense, que, devido a seu trabalho como mestra e por sua simpatia e bom trato, tornou-se uma criciumense por adoção. O casal teve os filhos: Ricardo, que é engenheiro, administrador e advogado, e Cibele, que era professora, formada em Sociologia. Infelizmente, pai e filha são falecidos, deixando muita saudade à família e aos seus amigos, que são muitos. Rui Esmeraldino 359 Valmor Bif Valmor iniciou muito jovem no comércio, na Casa Nova, sendo admitido em 1º de julho de 1961 para exercer a atividade de balconista, muito embora, antes dessa data, já houvesse ingressado na Escola Técnica de Comércio de Criciúma, estudando no período noturno. Com muita força de vontade e perseverança, em 5 de dezembro de 1962 recebeu o certificado de Técnico em Contabilidade, passando então a exercer o cargo de contador na Casa Nova. Em janeiro de 1967, Honório Búrigo se desligou do quadro societário da Casa Nova e formou outra empresa comercial, denominada de Casa Honório Búrigo. Honório tinha fortes ligações de confiança e amizade com Valmor e o convidou para exercer a função de contador da loja. Posteriormente, em março de 1978, fundou o Lojão HB, local para onde Valmor passou a exercer sua atividade profissional até junho de 1989, data em que essa empresa encerrou suas atividades. Depois disso, Valmor montou um escritório particular com sede na Rua João Pessoa, número 151, exercendo como autônomo a função de contador. Paralelamente a essa atividade, Valmor, em sociedade com seu irmão Jorge, fundou uma olaria e uma loja de material de construção na localidade de Esplanada, no município de Morro da Fumaça. Valmor Bif 360 Também participou de atividades sociais como fundador e presidente do Sindicato dos Contabilistas de Criciúma e Região. E durante oito anos consecutivos foi vice-presidente da Apae de Criciúma. Cumprimento o amigo Valmor, que sempre prestou seus serviços com dignidade e competência em todos os setores em que exerceu sua atividade profissional. Casou-se em 10 de outubro de 1970 com Maria da Graça Canto, nascendo dessa união os filhos: Valmor (especial), Felipe (funcionário da BPM Pré-Moldados) e Roberto (estudante). 361 Wilson Freire Lopes Barata Wilson tinha a profissão de perito contador, mas também foi comerciante. Foi representante da Recauchutagem de Pneus Tyressoles e teve um posto de gasolina. Seu escritório de contabilidade era o mais aprimorado da cidade. Possuía também uma gráfica, que tinha seu nome, a Gráfica Wilson Barata. Além disso, Wilson participou de muitos empreendimentos em nossa cidade: foi membro fundador da Satc (Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão); atuou na empresa Maximiliano Gaidzinski como diretor; trabalhou na Ceusa (Cerâmica Urussanga S/A.) também como diretor; foi membro da comissão que fundou a Cia. Criciumense de Telefones e depois foi seu diretor; fez parte da fundação da Cooperativa de Crédito Criciumense - já extinta. Wilson ainda atuou como professor, com mérito incontestável, na Escola Técnica de Contabilidade de Criciúma, da qual foi fundador; participou da comissão que fundou a Associação Empresarial de Criciúma (Acic), tendo participado por muitos anos de sua diretoria. Foi, ainda, membro do Conselho Curador da Fundação Educacional de Criciúma (Fucri) e também colaborou com o prefeito José Augusto Hülse como secretário municipal. Sócio-fundador do Rotary Club de Criciúma, foi presidente no período de 1956 a 1957, tendo frequência de cem por cento durante os 56 anos em que permaneceu na entidade. Nesse clube, participou de ações muito importantes, entre elas, a fundação do Bairro da Juventude. Wilson Barata 362 Não foi só no Rotary que Wilson se envolveu com ações sociais na nossa região, pois participou de muitas outras. Merecidamente, recebeu o título de Cidadão Honorário de Criciúma. Wilson era casado com Dilza Meller, com a qual teve os filhos Newton Luiz, Carlos Alberto (engenheiros), Maria Inês (formada em Letras) e Cristiane (analista de Sistemas). Infelizmente o casal não está mais entre nós. Com a morte de Wilson, perdi um grande amigo. 363 364 365 Entidades Empresariais Ao relatar um pouco da história dos comerciantes de Criciúma, não posso deixar de falar das três instituições muito importantes, que sempre valorizaram os empresários da região: Associação Empresarial de Criciúma (no início, Associação Comercial e Industrial de Criciúma Acic); Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma - Sindilojas; Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL (antes Clube dos Diretores Lojistas). Um resumo de cada uma dessas entidades merece um registro neste livro sobre os comerciantes de Criciúma nas décadas de 1950 a 1980. Associação Empresarial de Criciúma Fundada como Associação Comercial de Criciúma, a Acic surgiu por uma iniciativa de diversos empresários no ano de 1944, sendo liderada na época pelo senhor Antônio Roque Júnior, eleito presidente, que permaneceu até o ano de 1951. Ela foi fundada em 18 de junho desse ano no então Cine Rovaris. Em seguida, já em 1952, passou a ser chamada de Associação Comercial e Industrial de Criciúma. Com o crescimento da entidade e a inclusão de empresas prestadoras de serviços em seu quadro de associados, foi transformada em Associação Empresarial de Criciúma em 31 de maio de 2001. Desde o primeiro presidente, Antônio Roque Júnior, até hoje, presidiram também a associação: José Pimentel (1951/1955); Wilson F. L. Barata (1955/1971); Antônio Caldeira Góes (1971/1979); Otacílio João De Bem (presidente temporário - 1979); Domerval Zanatta (1979/1981); José Antônio Bongiolo (1981/1987); Jayme Antônio Zanatta (1987/1991); Carlos Alberto Barata (1991/1993); Guido José Búrigo (1993/1997); Alvaro Roberto de Freitas Arns (1998/1999); Diomício Vidal (2000/2003); Edilandro de Moraes (2004/2007); Santos Longaretti (2008/2009); Olvacir J. Bez Fontana (2010/2013). Parabéns a todos os presidentes desta associação e a todos os membros de suas diretorias, que construíram uma grande entidade e tanto elevaram o seu nome, conquistando o respeito dos seus associados e de todos os criciumenses. 366 A associação já existe há quase 70 anos, prestando ótima contribuição aos empresários de toda a região e sempre presente nas grandes decisões no âmbito municipal, estadual e federal. Até o ano de 1966, sua participação sempre foi muito eficiente dentro de sua capacidade. Com a entrada e parceria do sindicato e da CDL, houve um reforço de recurso, que veio melhorar ainda mais suas atividades. Anos mais tarde, essa parceria foi desfeita, mas, como as entidades já estavam consolidadas, essas deram continuidade com sucesso. A Acic teve uma enorme expansão ao longo de sua história. Foi construída a primeira sede própria na Rua 15 de Novembro, onde funcionou por muitos anos, e nesta última década, ganhou uma moderna sede, com aproximadamente 4.000 metros quadrados, nos altos da Rua Ernesto Bianchini Góes, número 91, com vista panorâmica para o Parque das Nações e para todo o bairro Próspera. Suas instalações abrigam dezenas de sindicatos patronais, com amplo salão de recepção, dois auditórios, dez salas de treinamento, três salas de reuniões e restaurante. Umas das salas é ocupada pela Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (Jucesc), AR-Acic Certificado Digital, dispondo também de sala de diretoria, com amplas instalações, sala da presidência e estacionamento para mais de 150 carros para atender os associados e os participantes dos grandes eventos. Portanto, a Associação Empresarial de Criciúma é hoje uma das maiores sedes de Santa Catarina. Atual sede da Associação Empresarial de Criciúma 367 Sindicato do Comércio Varejista Numa feliz iniciativa de alguns comerciantes, foi estudada a possibilidade de criar a associação profissional de classe do comércio de Criciúma, que mais adiante foi transformada em Sindicato do Comércio Varejista. A primeira reunião de preparação foi realizada em 20 de dezembro de 1965, quando foram abordadas as enormes vantagens de se criar essa instituição, idealizada e liderada por mim e por outros companheiros. A iniciativa contou também com a grande colaboração de Usmar Pereira (Mainho), que era gerente da filial das Casas Pernambucanas em Criciúma. Como antes tinha ocupado o mesmo cargo na cidade de Itajaí, onde ele tinha participado na formação do sindicato daquela cidade, ele nos ofereceu seu conhecimento e sua experiência para a formação da nossa entidade. Nessa reunião, ele se dispôs a secretariar os trabalhos. Portanto, temos muito a agradecer a esse grande companheiro, que colaborou conosco e que daí em diante acompanhou de perto todo o sucesso no encaminhamento do nosso sindicato. Após a realização dessa reunião de preparação, onde foram esclarecidas as vantagens, foi marcada uma segunda reunião, a qual foi realizada em 30 de dezembro de 1965 para a criação da Associação Profissional do Comércio Varejista de Criciúma. Nessa ocasião, foi aprovado o estatuto e escolhida a primeira diretoria assim constituída: João Abel Benedet (presidente); Domerval Zanatta (secretário); Esperandino Damiani (tesoureiro). Como membro do Conselho Fiscal ficaram: Izário S. de Farias, Honório Búrigo e Antônio Caldeira Góes. A diretoria se reunia periodicamente e discutia todos os assuntos referentes ao destino da nossa entidade, pois antes da criação, a contribuição sindical cobrada do comércio era enviada para a Federação de Santa Catarina e nada voltava para a região criciumense, uma vez que já havia o Sindicato dos Empregados do Comércio, e as negociações do dissídio coletivo eram dirigidas pela federação. Após a formação da nossa entidade patronal, os próximos dissídios já foram feitos entre os sindicatos patronais e dos comerciários. O processo enviado ao Ministério do Trabalho teve o número 368 159865 em 1966. Era ministro do Trabalho nessa época Jarbas Passarinho, que aprovou os estatutos do Sindicato do Comércio de Criciúma, sendo que a carta sindical foi expedida em 18 de abril de 1968, passando logo em seguida a nosso poder. Em 8 de agosto de 1968, foi realizada a assembleia geral para eleger a diretoria efetiva do novo sindicato, que ficou assim constituída, ou seja, a mesma diretoria que estava dirigindo a associação até aquele momento, com exceção do Conselho Fiscal: João Abel Benedet (presidente); Domerval Zanatta (secretário); Esperandino Damiani (tesoureiro). Fizeram parte do Conselho Fiscal: Ilbe Crema, Mário Stefano Benedet e Moacir Barbieri. Também nessa assembleia foi aprovada a indicação dos representantes na federação, conforme relação a seguir: João Abel Benedet, Domerval Zanatta e Esperandino Damiani. Assim foi efetivada a primeira diretoria do sindicato, e daí em diante, no próximo ano, já recebemos os valores do fundo sindical, que trouxe um novo reforço financeiro, pois as contribuições dos associados eram bastante moderadas. Com essa nova ajuda, foi feita uma parceria com a Associação Empresarial de Criciúma, reunindo as duas entidades no mesmo local. Com esse reforço, foi possível comprar móveis e máquinas de escrever. A Associação Empresarial de Criciúma sempre foi muito eficiente, porém detinha poucos recursos. Nessa época, era presidente Wilson F. L. Barata, com o qual tínhamos um bom relacionamento. Essa união passou a dar bons resultados. Antes a secretaria era exercida pelo abnegado Célio Rolim, que trabalhava somente por amor à causa. Começamos os entendimentos em relação aos dissídios coletivos com o Sindicato dos Empregados do Comércio, dirigido pelo competente e astucioso Francisco Alano, que nos dava aquele cansaço, porém, no final, tudo era acertado em bons termos. Valeu a pena esse nosso trabalho. Após encerrar meu mandato de presidente e de minha diretoria, foi eleita a segunda diretoria, presidida por Cézar Elias Búrigo. Na sequência, o terceiro presidente, foi Valdonir Cardoso, o quarto foi Oreste Vidal e o quinto, José Sérgio Búrigo, que exerce o cargo até hoje. 369 Todos os diretores que dirigiram o sindicato dedicaram toda a sua eficiência e determinação. Foi adquirido um terreno com uma sala na Rua Lúcia Milioli, onde funcionou por muito tempo. Na última década, foi adquirida mais uma ampla sede própria, com modernas instalações, localizadas na Travessa Padre Pedro Baldoncini, prestando ótimo serviço a seus associados. Câmara de Dirigentes Lojistas Foi fundada em 4 de setembro de 1966. Até a década de 1980, essa entidade era chamada de Clube de Diretores Lojistas (CDL). A partir da década de 1990, passou a denominar-se Câmara de Dirigentes Lojistas, continuando com a mesma sigla, CDL. Um pouco antes da fundação, fomos procurados por um emissário, vindo a mando do empresário Mário Rocha Meyer da cidade de Florianópolis, a fim de incentivar a criação de um clube diretor lojista em nossa cidade. Ele argumentava que já existia uma cadeia desses em todo o Brasil e que os benefícios eram muitos, incluindo novas tecnologias, divulgadas nos encontros nacionais realizados anualmente em rodízio em todo o Brasil. Desse primeiro encontro, registrado em foto em nosso poder, que foi realizado no Restaurante Castelinho (hoje extinto), participaram mais de uma dezena de lojistas, os quais acataram os argumentos do nosso visitante. Foi marcado então o próximo encontro para o dia 4 de setembro de 1966 com jantar festivo. Nessa reunião, houve a participação de diversos comerciantes de Florianópolis, como Mário Rocha Meyer, Walter Koerich, Antônio Severo e Emílio da Silva Júnior, que procuraram Waldir Duminelli e solicitaram a ele convidar os principais empresários para o encontro no Restaurante Castelinho. Além da presença dos companheiros de Florianópolis, houve também uma grande participação dos novos companheiros cedelistas de Criciúma, sendo eleita e empossada a primeira diretoria: Antônio Caldeira Góes (presidente); José João Vitório (vice-presidente); Írio Broleis (secretario); Milton Serafim (tesoureiro); Sílvio Búrigo (diretor de Relações Públicas); João Abel Benedet (diretor social); Silval R. Bohrer (Setor do SPC); Waldir Duminelli (secretário executivo). Faziam parte da Comissão Social: Márcio Rovaris, Esperandino Damiani e Orlando 370 Nicoladelli. A Comissão de Relações Públicas tinha como membros: Djalma Lazarim, Pedro Búrigo e Décio Góes (pai). Marco histórico da reunião preparativa para a formação do então Clube de Diretores Lojistas de Criciúma Reunião do então CDL no Dia das Mães, em 1967, na presidência de Antônio Caldeira Góes (terceiro da esquerda para a direita) 371 Um fato que deve ser registrado: o SPC em todo o Brasil era de propriedade do CDL, porém, em Criciúma, já existia um SPC, criado por Waldir Duminelli e registrado em seu nome no Cartório de Registro de Título e Documento no dia 7 de janeiro de 1966. Após alguns meses, foi transferido para a Associação Comercial e Industrial de Criciúma, que comandava o SPC na época. Porém, dado o bom relacionamento entre as duas entidades, essa parceria foi muito bem sucedida, com ótimos resultados. O SPC foi um grande avanço, e após sua aplicação, foram reduzidas enormemente as perdas com os clientes inadimplentes. Para isso, foi criada uma diretoria específica para cuidar desse setor. No início, houve certa dificuldade por falta de comunicação, uma vez que os telefones eram precários. Com a aquisição de novos equipamentos, como uma central telefônica, já foi um grande avanço. Mais adiante, as novidades foram os computadores, que deram mais velocidade. Atualmente esses serviços já estão cada vez mais atualizados, via Internet. Toda essa modernidade foi resultado da presença dos associados do SPC, que participavam anualmente dos grandes encontros estaduais e nacionais, onde conseguíamos essas atualizações. Valeu a pena procurar mais tecnologia. Anos mais tarde, com grande esforço de negociação com a Acic, o SPC passou a ser de propriedade da CDL, já que era uma tendência em todo o território nacional. No ano de 2011, a CDL de Criciúma completou 45 anos de existência, o que foi registrado com grande jantar festivo nas dependências do Centro de Eventos Germano Rigo. Em termo municipal, a presença da CDL é muito atuante, como, por exemplo, nas seguintes promoções: Natal Mágico, Megaliquidação e Sábado Mais. Com parceria do Governo Municipal, também foram feitas as decorações natalinas e muitas outras atividades. Em sua história, já passou por 20 conselhos diretores. Merece também registro o nome dos presidentes que comandaram a CDL nesses 45 anos de existência: Antônio Caldeira Góes (1966/1969); Vandrílio Manoel Serafim (1969/1970); Otacílio João de Bem (1970/1971 1972/1973); João Abel Benedet (1971/1972); Milton Manoel Serafim (1973/1974); Valdonir Arino Cardoso (1974/1975); José Paulo Tirlon 372 (1976/1977); Sílvio Giassi (1977/1978); Osmar Rocha (1978/1979 - 1994/1997); Ruy Carneiro Longo (1979/1980); Marcos Antônio Búrigo (1980/1981); Oreste Vidal (1981/1982 - 1984/1986); Júlio A. Wessler (1982/1984); Aldo Bortolotto (1986/1989); Paulo de Medeiros (1990/1994); José Sérgio Búrigo (1997/2000); Henrique Vargas (2001/2004); Renato Campos Carvalho (2005/2008); Júlio César Moreira Wessler (2009/2010); Zalmir Antônio Casagrande (2011/2012). Todos os presidentes e suas diretorias usaram todo o seu talento, com muito trabalho, competência, eficiência e dedicação, em beneficio dessa grande organização. Porém, gostaria de destacar a gestão do presidente Paulo Medeiros, pois, após ter resolvido a separação do SPC com a Acic em 1992, os resultados foram visíveis, dando oportunidade de adquirir a sede própria, localizada no Edifício Martinho Acácio Gomes, onde ocupa todo o quarto andar. No local, foi instalado o SPC, sala da diretoria, restaurante e um amplo auditório, onde são realizadas mensalmente as reuniões de seus associados para decidir o rumo da entidade. Não podemos deixar de registrar também que essa sede foi inaugurada na presidência do companheiro Osmar Rocha. Comerciantes de Criciúma na Convenção Nacional do Comércio Lojista de Porto Alegre (RS) em 1971 373 Esposas de cedelistas na 12ª Convenção Nacional do Comércio Lojista em Porto Alegre (RS) em 1971 Esposas dos comerciantes na Convenção Estadual do Comércio Lojista em Lages em 1972 374 Esposas de comerciantes na 10ª Convenção Estadual do Comércio Lojista em Criciúma em 1976 Comerciantes de Criciúma na 1ª Convenção Técnica Estadual em Florianópolis em junho de 1981 Comerciantes de Criciúma na Convenção Nacional do Comércio em Blumenau em 1992 Aldo Bortoloto, Carlo Stüpp, Júlio Colombo e João Abel Benedet na 27ª Convenção do Comércio Lojista de SC em Criciúma em 1993 375 Os bancos em Criciúma Após relatar a história dos comerciantes de Criciúma nas décadas de 1950 a 1980, achei necessário registrar também os bancos existentes nesse mesmo período. Em 1950, só existiam dois bancos e a Caixa Econômica Federal. O Banco Indústria e Comércio, mais conhecido por Banco Inco, com matriz na cidade de Itajaí, que era liderado pela família Bornhausen. Foi gerenciado em Criciúma por Francisco Corbetta. O outro era o Banco Nacional do Comércio, que tinha matriz na cidade de Porto Alegre (RS). Em Criciúma, o gerente era Roberto Bessa. Já a Caixa Econômica Federal era dirigida por Agenor Faraco. Os bancos Inco e Nacional do Comércio faziam o suporte financeiro dos comerciantes e industriais da época, porém não supriam as demandas de crédito, que eram muito restritas, apesar de toda a boa vontade de seus gerentes. A Caixa Econômica era direcionada mais ao público em geral, principalmente com a criação da caderneta de poupança, cujo objetivo era financiar a casa própria. Quem tinha a sorte de conseguir empréstimo, ganhava um verdadeiro presente, já que na época não havia correção monetária sobre o saldo devedor e sem inflação nas prestações, que se tornavam irrisórias. Entre as décadas de 1950 e 1980, Criciúma começou a receber novas agências bancárias, dado o grande desenvolvimento da Região Carbonífera: Banco do Brasil, Besc, Banespa, Bamerindus, Banrisul, Banco Mercantil do Brasil, Itaú, Unibanco, Banco Real, Safra, Sudameris, Banco Sul do Brasil e Nossobanco (teve como origem o Banco do Estado do Paraná e Santa Catarina, do qual um dos sócios era o ex-governador do Estado de Santa Catarina Aderbal Ramos da Silva, que facilitou a abertura de agências em todo o Estado). Essas instituições financeiras vieram em boa hora, pois em nossa região foram criadas novas indústrias, que muito contribuíram na expansão desse setor. Grande parte dos bancos acima citados foi incorporada por outras instituições financeiras. O Banco Inco e o Banco Mercantil do Brasil foram incorporados pelo Bradesco, o Besc foi absorvido pelo Banco do Brasil, e o Bamerindus, pelo HSBC. Já o Banco Sul do Brasil 376 foi vendido ao Banrisul, e o Sudameris, ao Banco Real. O Banco Nacional do Comércio deixei por último, pois teve diversas transformações, ou seja, Banco Sul Brasileiro, Banco Meridional, Banco Bozano Simonsen e Banespa. Este, em uma transição milionária, foi adquirido pelo banco espanhol Santander, que, em seguida, comprou também o antigo Banco Real. Além dos bancos citados acima, podemos também mencionar as cooperativas de crédito Sicoob e Sicredi, que funcionam como bancos. Este é um pequeno relato sobre a influência dos bancos no comércio de Criciúma, sendo, direta ou indiretamente, nossos parceiros indispensáveis. Nota de esclarecimento: é possível que alguns dados não estejam devidamente corretos, pois não tive acesso a melhores fontes, contando apenas com minha modesta memória. 377 João Abel Benedet Natural da vizinha cidade de Tubarão, fez seu estudo primário da primeira à terceira série em uma escola isolada municipal, na pequena localidade de São João. O curso complementar (como era chamado na época) estudou no Grupo Escolar Mauá, no bairro Oficinas. Na década de 1970, cursou o Supletivo (1º e 2º graus da época) em Criciúma. Em Tubarão, trabalhou em diversas atividades no comércio. Mudou-se para Criciúma em 1950 para dirigir a filial das Casas Pernambucanas e três anos depois, passou a desempenhar suas atividades na Casa Leão. No ano de 1957, estabeleceu-se com a Casa Imperial, em sociedade com Algemiro Manique Barreto e Itamar Campos. Alguns anos mais tarde, em 1964, adquiriu as cotas de seus sócios e admitiu sua esposa, Maria Irene Conti Benedet, dando continuidade até os dias de hoje, portanto, há 55 anos. João Abel Benedet integrou-se muito bem à sociedade criciumense: foi membro do Conselho Curador da Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), hoje Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc); sócio do Rotary Club de Criciúma há 50 anos, participando de todos os cargos do Conselho Diretor e chegando a ser governador do Distrito 4650 entre 1994 e 1995; sócio da Associação Empresarial de Criciúma (Acic); sócio-fundador do Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma e primeiro presidente; sócio-fundador da Câmara de Dirigentes Lojistas de Criciúma (CDL); sócio-fundador da Associação Ítalo-Brasileira de Tradição e Cultura; diretor e tesoureiro 378 do Asilo São Vicente de Paulo; diretor tesoureiro do Criciúma Clube; sócio remido da Sociedade Recreativa Mampituba; colaborador por muitos anos do Bairro da Juventude. Pelos seus méritos, foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Criciúma, conferido pela Câmara Municipal em 2003. É casado com Maria Irene Conti há 60 anos, com a qual tem os filhos: Renato Luiz (formado em Engenharia, aposentado, residindo atualmente na Itália), Ronaldo José (formado em Direito, político, foi deputado estadual por três mandatos, secretário de Segurança do Estado de Santa Catarina por seis anos, elegendo-se em 2010 deputado federal), Rosane (formada em curso superior de Enfermagem, trabalha no comércio), Rosimara (formada em Psicologia, trabalha na empresa de seu marido, a Aramar). Contatos João Abel Benedet Comercial/Casa Imperial: Praça Nereu Ramos, 308, Centro - CEP: 88801-505 Criciúma (SC) - Fone: (48) 3433.0225 e-mail: [email protected] Residencial: (48) 3433.0620 379