João Abel Benedet - Hexa Comunicação

Transcrição

João Abel Benedet - Hexa Comunicação
João Abel Benedet
Comerciantes
do meu tempo
Décadas de 1950 a 1980
Criciúma - 2012
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Comerciantes do meu tempo
Décadas de 1950 a 1980
João Abel Benedet
Projeto Gráfico
Hexa Comunicação Integral
Editoração Eletrônica
Monique Longaretti
Capa
Renan Rovaris
Revisão
Suzi Nascimento
Impressão
Soller Indústria Gráfica Ltda.
Fotos
Acervo do autor, familiares dos donos dos
estabelecimentos, Casa da Cultura, Foto Zappelini e Manif Zacarias
(livro Vultos do Passado e Personalidades Contemporâneas)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
MB462c
Benedet, João Abel.
Comerciantes do meu tempo : décadas de 1950 a
1980 / João Abel Benedet. – Criciúma, SC : Edição
do Autor, 2012.
379 p. : il. ; 23 cm.
1. Comércio – Criciúma (SC) - História. 2.
Comerciantes – Criciúma (SC). 3. Empresários –
Criciúma (SC). I. Título.
CDD – 22. ed. 380.1098164
Bibliotecária Rosângela Westrupp - CRB 0364/14ª
Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC
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Agradecimentos
Antes de tudo, quero agradecer a Deus por me dar esta
oportunidade de, já com meus cabelos brancos, conseguir realizar meu
sonho de escrever este livro.
Aos meus pais, Abel e Giulia, que me deram a vida e cuidaram
de mim e de meus irmãos, Olívio, Zelindro, Joventino, José e Maria
Graciosa, com muito amor e carinho, transmitindo-nos as noções de
dignidade e educação, de acordo com suas possibilidades.
À minha amada esposa, Maria Irene, que tem me acompanhado
nestes 60 anos de vida a dois, dando-me apoio e encorajamento.
Aos meus filhos, Renato, Ronaldo, Rosane e Rosimara; a seus
cônjuges, Ana, Laura, Varselei e Rogério; aos meus netos, Renato,
Jemima, Letícia, Bibiana, Maria Irene, Lourenço, Mariana, Gabriela,
Rodrigo e Gustavo; aos meus bisnetos, Pietra, João Otávio, Bernardo,
Vitório, Lisa Beatrice e Renato Neto, que nasceu há pouco tempo, no
dia 25 de setembro de 2012; ou seja, a todos os meus familiares, que são
a razão de minha vida.
Para os netos Rodrigo e Gustavo, um agradecimento todo
especial, pois também participaram e colaboraram com seus talentos
na revisão dos textos.
À minha cunhada Maria Teresa Rovaris Conti, que muito
colaborou neste meu trabalho, principalmente com seu incentivo.
Talvez, sem ele, não tivesse alcançado meu objetivo, a conclusão deste
livro.
Ao Antônio Ferro Kestering, jovem dedicado, que, além de
cumpridor dos compromissos com seu trabalho na Casa Imperial,
muito me ajudou com os seus conhecimentos na área da informática.
Sua ajuda foi decisiva para esta realização.
Agradeço, por fim, aos amigos comerciantes, cujas histórias me
inspiraram a escrever estas memórias, e a seus descendentes, que me
auxiliaram na construção destes relatos.
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Sumário
Agradecimentos.......................................................................................... 05
Prefácio....................................................................................................... 11
Introdução.................................................................................................. 13
Tecidos, Confecções, Alfaiatarias, Armarinhos e Calçados
A Cinderela..............................................................20
A Triunfante............................................................22
Alfaiataria Campos.................................................23
Alfaiataria De Bem................................................ 24
Alfaiataria De Lucca.............................................. 26
Armarinho Irmãos Góes...................................... 27
Armarinho Sul Pérolas.......................................... 30
Atacado de Armarinho Cavaler........................... 31
Atacado de Tecidos Algemiro Manique
Barreto.........
32
Boutique Irazê........................................................ 35
Boutique Jane..........................................................36
Calças Calcutá Indústria e Comércio Ltda......... 37
Casa Alba.................................................................40
Casa América.......................................................... 41
Casa Arco-Íris......................................................... 42
Casa Barreto............................................................44
Casa Berenice..........................................................46
Casa Brasília............................................................ 48
Casa Cardoso.......................................................... 50
Casa Chapeuzinho Vermelho............................... 51
Casa Coelho............................................................ 52
Casa Comércio de Tecidos Leão..........................53
Casa Damasco.........................................................54
Casa das Sedas........................................................ 55
Casa do Povo e A Brasileira..................................57
Casa Guaspari.........................................................58
Casa Honório Búrigo e Lojão HB.......................59
Casa Imperial.......................................................... 61
Casa Irmãos Benedet.............................................67
Casa Lanatex........................................................... 69
Casa Leão.................................................................70
Casa Londres...........................................................72
Casa Lorena............................................................ 74
Casa Natal............................................................... 75
Casa Nova............................................................... 77
Casa Ouro............................................................... 80
Casa Roque............................................................. 85
Casa Santa Catarina............................................... 87
Casa São José.......................................................... 89
Casa Savi................................................................. 90
Casas Jaraguá.......................................................... 91
Casas Pernambucanas........................................... 92
Cricifios – Comércio de Fios e Linhas Ltda...... 93
Dedal de Ouro........................................................95
Délia Calçados...................................................... 96
Enxovais Karina.................................................... 98
Fábrica de Camisas Aguiar................................... 99
Fox Calçados..........................................................101
Livraria Osvaldo Souza e Osvaldo Esporte.....103
Loja Kemps............................................................104
Loja Linamar..........................................................105
Lojas Renner............................................................
106
Loja Tijuana............................................................107
Lojão 50 Graus.....................................................109
Lojão Eldorado e Armarinhos Mano............... 111
Lojas Fátima......................................................... 113
Lúcio Cavaler Amarinho, Construção,
Indústria e Imobiliária......................................... 116
Marusca Modas.................................................... 119
Maurino de Silva.................................................. 120
Modas Canadá...................................................... 121
Osvaldo Guidi...................................................... 122
Pavone Calçados.................................................. 123
Pedro Alves Comércio e
Prestação de Serviços.......................................... 124
Rocha Magazine................................................... 125
Sapataria Flórida.................................................. 126
Sapataria Lurdete................................................. 127
Sapataria Santa Bárbara...................................... 128
Tecidos Sul América............................................ 130
Vidal Modas.......................................................... 132
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Armazéns, Supermercados e
Atacados de Bebidas
Farmácias e Drogarias
Drogaria e Farmácia Catarinense.......................200
Farmácia e Laboratório Confiança....................202
Farmácia Drogalíder............................................204
Farmácia Moderna...............................................206
Farmácia Rosário..................................................208
Farmácia Sampaio.................................................209
Farmácia Santa Albertina....................................210
Farmácia Santa Terezinha...................................211
Farmácia São José.................................................212
Farmácia São Luiz................................................213
Althoff Supermercados.......................................136
Armazém Althoff.................................................138
Armazém Amboni...............................................139
Armazém Castelo.................................................140
Armazém Euzébio Martins................................ 142
Armazém Matias Paz...........................................143
Armazém Progresso............................................ 145
Armazém Santa Catarina.................................... 147
Armazém Santa Terezinha..................................148
Armazém Irmãos Zappelini...............................150
Balsini Bebidas..................................................... 151
Bebidas Nuernberg.............................................. 152
Casa Zilli................................................................154
Justi Bebidas......................................................... 155
Sesi..................................................................... 159
Supermercado Angeloni..................................... 160
Supermercado Giassi...........................................162
Supermercado Ouro Negro................................164
Padarias e Panificadoras
Cilo Panificadora..................................................216
Padaria Brasil........................................................ 218
Padaria Búrigo...................................................... 219
Padaria, Bar, Lanchonete
e Sorveteria Excelsior.......................................... 220
Padaria Pão Quente............................................. 222
Padaria Popular.................................................... 223
Padaria São José................................................... 225
Panificadora Universo......................................... 227
Materiais de Construção e Ferragens
Alcino Zanatta e Irmãos......................................168
Campos e Búrigo..................................................170
Carlos Hoepcke....................................................172
Casa Americana....................................................173
Casa Dragão..........................................................175
Casa Globo............................................................176
Corrêa e Cia.......................................................... 177
David Conti.......................................................... 179
Iray Rolamentos................................................... 181
Irmãos Bergmann................................................ 183
Jorge Zanatta e Cia.............................................. 184
Mega Engenharia................................................. 187
Otávio Búrigo e Cia.............................................189
Rafael Zanette.......................................................191
Timaco................................................................... 193
União Comercial.................................................. 194
Vidraçaria Prata.................................................... 195
Vidraçaria Santa Cecília.......................................196
Vinícius De Lucca e Cia......................................197
Eletrodomésticos
Casa das Bicicletas Balod....................................230
Casa Benedet.........................................................231
Casa das Gaitas.........................................................
233
Casa Moto Parque................................................235
Casa Radiolândia.................................................. 237
Corcril.................................................................... 238
Estofaria Dudu.................................................... 240
Galeria Gigante.................................................... 242
Hermes Macedo S/A.......................................... 244
Lojas Fretta.......................................................... 245
Lojas Koerich....................................................... 247
Loja Broleis........................................................... 249
Lojas Santa Fé...................................................... 251
Loja Santo Antônio............................................ 252
Móveis Canarim................................................... 254
Princesa dos Móveis e Loja UD....................... 255
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Forauto Veículos.................................................. 314
Jugasa..................................................................... 316
Sebastião Ramos.................................................. 319
Vitral Comércio de Acessórios
para Veículos Ltda............................................... 322
Relojoarias, Joalherias e Óticas
Joalheria e Ótica Alcidino................................... 258
Joalheria e Ótica Vitoreti.................................... 260
Joalheria e Ótica Cristal.......................................261
Joalheria e Relojoaria Valmor Crema........... 263
Juner Joalheiro...................................................... 264
Ótica Lino............................................................. 266
Ótica e Relojoaria Osvaldo Silvestre................. 268
Relojoaria e Ótica Eraldo....................................269
Relojoaria e Ótica Guzzatti.................................270
Relojoaria e Ótica Odete.....................................272
Relojoaria e Ótica Precisão.................................274
Relojoaria e Ótica Rosil.......................................275
Relojoaria e Ótica Silvestre.................................276
Postos de Gasolina
Posto Chic Chic....................................................326
Posto Copa 70...................................................... 328
Posto São Pedro................................................... 329
Posto Soratto........................................................ 330
Posto Spillere........................................................ 333
Posto Wilson Barata............................................ 335
Atividades Diversas
Hotéis, Bares e Restaurantes
Abílio Paulo.......................................................... 338
Auto Viação São Cristóvão................................ 340
Benevenuto Guidi............................................... 342
Carlos Augusto Borba........................................ 343
Casa Caça e Pesca................................................ 344
Cinemas - Rovaris, Milanez e Ópera.................346
Compania Telefônica Catarinense.................... 347
Foto Lino.............................................................. 348
Foto Zappelini.................................................... 350
Frigorífico Sul Catarinense................................ 352
Fruteira Ávila....................................................... 354
João Carlos de Campos...................................... 356
Livraria e Tipografia Progresso......................... 357
Plácido Serviços Contábeis................................ 358
Rui Esmeraldino Comércio
de Representações............................................... 359
Valmor Bif.............................................................360
Wilson Freire Lopes Barata................................362
Bar e Confeitaria Caçulinha................................280
Bar e Lanchonete Ugioni....................................281
Café Damasco e Musidisc............................. 282
Café e Bar Ouro Preto........................................ 283
Café Rio.................................................................285
Café São Paulo......................................................286
Carlitos Bar e Lanchonete.................................. 288
Churrascaria Ok................................................... 290
Churrascaria Riachuelo....................................... 292
Crisul Hotel Turismo.......................................... 294
Golden Bar........................................................... 296
Gruta Baiana........................................................ 298
Hotel Brasil........................................................... 300
Hotel Palace.......................................................... 301
Restaurante Capri................................................ 302
Restaurante Castelinho........................................303
Restaurante Colúmbia......................................... 304
Restaurante Mochilas...........................................305
Restaurante Recanto de Kátia............................ 306
Siso’s Restaurante.................................................307
CDL - Acic - Sindilojas
Bancos em Criciúma
Entidades Empresariais.......................................366
Bancos em Criciúma............................................376
Veículos e Autopeças
Auto Peças Leal................................................... 310
Casa Castelan........................................................311
Crivel Automóveis............................................... 312
João Abel Benedet....................... 378
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Prefácio
Ler este livro do João foi, para mim, um prazer imenso.
Parecia reviver minha infância e mocidade, quando, filha de
comerciantes, ficava muito pelo Centro da cidade de nossa querida
Criciúma.
Convivíamos muito bem. Os comerciantes eram nossos
vizinhos e nossos amigos, que compartilhavam dos mesmos
problemas e das mesmas alegrias.
Lendo tudo o que o João escreveu me fez e fará a todos que
participaram do comércio retornar a um passado muito querido e feliz.
Parece-me ver tudo novamente o que acontecia então, pois foi
escrito com muito sentimento, descrevendo muito bem todos os fatos.
Só quem esteve ligada àqueles queridos comerciantes poderá
sentir tudo de bom que esta obra contém. É para guardar no coração
e nas nossas casas para que nossos filhos possam conhecer a nossa
história, que em tão pouco tempo mudou demais.
Os filhos dos comerciantes de então, na sua maioria, ajudavam
nos empreendimentos desde crianças, misturando-se com os
colaboradores, como se fossem de uma mesma família.
A semana de Natal, então, é inesquecível, com o comércio
fechando altas horas da noite. No dia 24 de dezembro, as lojas ficavam
abertas até a meia-noite, quando então começava a missa de Natal,
cognominada Missa do Galo.
A Praça Nereu Ramos, nesse horário, ainda estava repleta de
pessoas de todas as idades, naturalmente, com poucas luzes, mas nas
nossas recordações, parece que era a mais iluminada do mundo.
João certamente fez também reascender todas essas luzes das
nossas lembranças e também de nossos corações de filhos e filhas de
comerciantes, que têm tanto amor aos pais, que trabalharam muito para
manter sua família e dar o melhor aos seus e à nossa cidade. Realmente
mostraram o amor ao trabalho e a persistência nas horas difíceis. E não
existe bem maior para deixar aos filhos do que o exemplo, e isto eles
deixaram.
Para aqueles que nasceram após esta época, este livro vai ser uma
mostra real de nossos comerciantes de então. É bom que vejam como
a cidade, sem as luzes de hoje, sem os lindos shoppings e as grandiosas
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lojas, também fazia seus munícipes felizes, seus empresários dedicados
e audaciosos e os clientes participantes do progresso do comércio e da
cidade.
Parece incrível como João soube colocar no papel todo este
conteúdo, que quase por inteiro foi tirado de sua prodigiosa memória.
Agora que já está escrito tanta coisa sobre o nosso comércio,
penso como ficaria tudo perdido, se não fosse a persistência de João, que
muitas vezes foi desanimado por pessoas que achavam sem importância
esta narrativa.
Mostrou que, com garra, vontade, ânimo, amigos e família,
muito se pode conseguir.
Parabéns, cunhado, e muito obrigada (agradeço em nome de
todos os filhos dos comerciantes aqui lembrados).
Maria Teresa Rovaris Conti
12
Introdução
Esta é a história dos comerciantes de Criciúma a partir do mês
de junho de 1950 até a década de 1980. Por que essa época?
Foi quando eu, João Abel Benedet, cheguei a esta cidade
para dirigir a filial das Casas Pernambucanas. Vim em substituição
ao companheiro Amilton Viana, que, seguindo o seu destino, fora
transferido para a filial da cidade de Caçador.
As Casas Pernambucanas estavam presentes de Norte a Sul, de
Leste a Oeste do País, mas, com a graça de Deus, vim para Criciúma,
cidade vizinha da minha terra natal, Tubarão, que me adotou como
filho desde os primeiros dias em que cheguei.
Após fazer o balanço da loja e receber a chave, comecei a fazer
meus contatos, inicialmente com meus auxiliares, e, logo a seguir, com
os comerciantes da cidade para oferecer a minha amizade. Fui muito
bem recebido por todos.
Minha intenção, com este memorial, é fazer o resgate da
história dos comerciantes de Criciúma a fim de que não se perca nada
do que essa classe fez em prol do crescimento e do desenvolvimento
desta terra. Muito pouco, infelizmente, se escreve sobre essa gente
trabalhadora, que, além de vender e fazer circular suas mercadorias,
faz amigos, cria riquezas, conversa, consola, faz favores e muito mais.
Afinal, nós mercadores convivemos com grande número de pessoas,
que, além de fregueses, se tornam nossos amigos.
Sinto-me muito honrado em fazer parte dessa laboriosa
categoria, pois, apesar de não perdermos de vista o fato de sermos
concorrentes, sempre fazemos isso dentro da ética, da amizade e da
harmonia. São raríssimos, dentre nós, os casos em que isso não ocorre.
Graças a essa união da classe – e também por necessidade –, foram
criadas as seguintes entidades: Associação Empresarial de Criciúma,
Sindicato do Comércio Varejista e Câmara de Dirigentes Lojistas.
Nossa classe enfrentou muitas dificuldades ao longo desses
mais de 50 anos, entre elas, a falta de crédito, a exagerada carga
tributária incidente sobre nossos produtos e atividades, além da falta de
comunicação, em tempos antigos, com as outras cidades. Os aparelhos
de telefones acionados por manivela foram nossos instrumentos –
era um martírio! Para falar com algum interlocutor de São Paulo, por
13
exemplo, podia-se esperar horas ou até dias.
Nós também viajávamos muito a São Paulo nas décadas de 1950
a 1970 a fim de adquirirmos mais variedades de mercadorias por preços
muito menores. Essas viagens eram uma verdadeira peripécia. Uma
maneira era viajar de ônibus, saindo de Criciúma, indo a Florianópolis
e lá, após uma espera de três a quatro horas, transladava-se para outro
ônibus de uma outra empresa. Chegava-se assim a Curitiba (PR), onde
novamente se trocava de veículo depois de uma espera de igual monta.
A viagem a São Paulo levava mais de 24 horas.
Outra forma era ir de carro próprio, o que geralmente se fazia
em parceria com outros comerciantes. Não quer dizer, porém, que
simplificava muito. Era uma viagem também muito difícil a de carro.
Passávamos por Tubarão, Imbituba, Paulo Lopes, Enseada do Brito,
Palhoça, São José, Estreito, Biguaçu, Tijucas, Porto Belo, Itapema, Itajaí
e Joinville, em estradas cheias de curvas, buracos e com as famosas
costeletas (saliências provocadas pela chuva), que mais pareciam estradas
especiais para carroças e não para os carros. Tínhamos a sensação de
que eles iriam se desmontar antes de chegarmos ao destino.
Nos idos das décadas de 1950 a 1970, de Joinville a Curitiba,
a estrada ainda era de barro, e na fronteira de Santa Catarina com o
Paraná, tinha uma serra cheia de curvas, que tornava o percurso muito
mais difícil. Finalmente, Curitiba. Chegando lá, íamos para o hotel, só
seguindo viagem no dia seguinte pela Serra da Ribeira, cuja estrada
também era péssima. Indo adiante, só íamos encontrar asfalto nas
proximidades de Sorocaba (SP) e então até São Paulo (SP).
Portanto, mesmo de carro, levávamos quase dois dias para
chegar ao nosso destino. Havia uma terceira opção, que era ir por
Lages, subindo a Serra do Rio do Rastro, sempre com estrada de barro
e cheia de buracos. De Lages até Curitiba pela BR-116, já havia 300
quilômetros de asfalto, mas daí em diante, voltávamos a enfrentar o
mesmo problema das sinuosas estradas de terra. Continuava o drama.
Na década de 1970, com o início da construção da BR-101, que era
mais ampla, apesar da lentidão dos trechos de terra batida, melhorou
bastante a qualidade das nossas viagens.
Ainda nas décadas de 1950 a 1970, o transporte de passageiros
e cargas era, na maior parte, feito pela Estrada de Ferro Dona Tereza
Cristina, que iniciava em Imbituba, passava por Laguna, Tubarão
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e Criciúma e ia até Araranguá. Nesse tempo, o transporte por
caminhões era muito precário, porém tudo foi melhorando aos
poucos e à proporção do desenvolvimento da cidade.
Após a inauguração em 1957, do Aeroporto Leoberto Leal,
melhoraram muito as nossas viagens de longa distância. O avião mais
usado na época era o Douglas DC-3, que tinha capacidade para 28
passageiros e mais quatro tripulantes. Contava com dois motores - Pratt
& Whitney - de 1.200 HP cada. Nossas viagens eram um verdadeiro
“pinga-pinga”. O avião - hoje isso seria inconcebível - pousava em
Tubarão, Florianópolis, Itajaí, Joinville, Curitiba (PR), e, finalmente, São
Paulo (SP). Era de médio porte e, para os padrões da época, até muito
seguro. Em muitos anos em que funcionou nessa rota, só sofreu um
acidente, em Itajaí. A desvantagem desse avião era que não tinha as
cabines pressurizadas e voava em baixa altura, o que fazia comumente
entrar em vácuo, dando uma nada prazerosa sensação de queda. Outro
problema era o tempo em que se perdia nos aeroportos, mas, comparado
às maratonas das viagens por terra, foi um grande avanço.
Douglas DC-3, avião que os comerciantes utilizavam
para viajar para São Paulo. Décadas de 1950/1960
(fonte: Internet)
Mais adiante, surgiram outras companhias de aviação: Varig,
Sadia e Companhia Real de Transportes. Em 1979, foi construído um
novo aeroporto no distrito de Forquilhinha (Aeroporto Diomício
Freitas). O local onde estava o Aeroporto Leoberto Leal foi ocupado
com o prédio da nova Prefeitura, o teatro Elias Angeloni, o prédio
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do Fórum e o Centro de Eventos José Ijair Conti. Sobre esse assunto
de aviação e aeroportos, caberia escrever outro livro, mas como
meu objetivo é destacar os comerciantes da nossa cidade, dou por
encerrado esse assunto.
Sigamos, então, com as outras dificuldades pelas quais os
comerciantes passaram ao longo desta história, que ora tomo a
iniciativa de contar. Quando aconteciam as greves dos mineiros, tudo
paralisava. Nós ficávamos de cabelo em pé. No governo do presidente
José Sarney, foi criado o Plano Cruzado em 28 de fevereiro de 1986,
quando eram seus ministros Dílson Funaro e João Sayad, que foram os
idealizadores da famosa “tablita”, tão prejudicial aos comerciantes da
época. De tudo que se havia vendido a prazo, tínhamos que descontar
25%, mesmo que já tivéssemos pago todos os impostos e a comissão
dos empregados. Era um verdadeiro assalto ao nosso cofre. É verdade
que também tínhamos esse mesmo desconto de nossos fornecedores,
porém quem tinha muito para receber e pouco a pagar, saía com
um prejuízo inevitável. Essa atitude do Governo foi um verdadeiro
horror econômico. Posteriormente, no Governo do presidente Collor,
sofremos também com o sequestro do nosso dinheiro nos bancos.
Além de todos esses problemas, a inflação nos corroía, vendíamos
bem, mas, quando íamos repor a mercadoria, faltava dinheiro. Éramos
verdadeiros escravos do sobe e desce dos preços e dos bancos, aos
quais vez ou outra éramos obrigados a recorrer.
Da centena de comerciantes da década de 1950 a 1960, no
segmento de tecidos, confecções, calçados e veículos, só restam
cinco em atividade: Osvaldo Patrício de Souza, Guerino De Boit,
Júlio Wessler, Diniz Gaidzinski e eu. Podemos dizer que somos os
remanescentes de nossa geração.
Os comerciantes do meu tempo que contribuíram para o INSS
com dez salários referência - este era o teto máximo de sua aposentadoria,
congelado por muitos anos - hoje só recebem de três a quatro salários
mínimos, não chegando a mais de 30% do que tinham direito. Aqueles
que se aposentaram até 1992 nem tiveram direito a recorrer. Só os que
receberam seus aposentos entre 1993 a 1997 tiveram direito a alguns
reajustes, recorrendo por intermédio de advogados especializados nessa
área jurídica.
Os empresários que estão requerendo sua aposentadoria hoje
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em dia recebem, no máximo, cinco salários mínimos, que é um pouco
melhor que a remuneração de seus companheiros antigos. Ao contrário,
os funcionários públicos ganham seus salários integrais sobre suas
contribuições, chegando até a 40 salários mínimos. Não estou contra
essa categoria, pois estão recebendo o justo, só não me conformo com
essa desigualdade com os empresários, já que a Constituição Brasileira
diz que todo brasileiro é igual perante à lei.
Este trabalho de pesquisa foi realizado quase todo só pelo meu
conhecimento, porque não possuía nenhum banco de dados oficial para
as minhas consultas. Recorri à Associação Empresarial de Criciúma
(Acic) para colher alguns dados sobre os comerciantes da cidade, porém
não foi possível. O secretário da entidade me informou que o arquivo
todo foi danificado por ocasião das enchentes de 1974, pois estava
depositado no porão onde funcionava a antiga sede da Acic, situada
na Rua Miguel Giacca. A partir da Junta Comercial, achei complicado,
tornando-se inviável.
Consegui cadastrar mais de 200 firmas das décadas de 1950
a 1980. Para isso, somente foi usada a minha memória e a ajuda de
familiares e de alguns envolvidos. Portanto, gostaria de ressaltar que é
possível haver alguns enganos de datas e nomes. Caso isso aconteça,
peço mil desculpas, pois minha intenção foi fazer tudo da melhor
maneira possível.
Também é importante registrar a dificuldade de conseguir fotos
dos comerciantes envolvidos nos relatos deste livro. Por isso, em muitos
estabelecimentos, foi destacada apenas uma ou nenhuma foto.
Nas próximas páginas, contarei, com destaque, sobre as
atividades dos habilidosos comerciantes desde a década de 1950 até os
meados dos anos 80 do século passado, os quais são dignos de aplauso
entre nós criciumenses e merecem ter sua memória lembrada nesta
compilação.
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19
A Cinderela
Os proprietários desta loja eram os irmãos Serafim: Vaudrílio
Manoel, conhecido como Dilo, e Milton. O estabelecimento funcionou
em dois endereços, ambos na Rua João Zanette; no início, em imóvel
alugado e, depois, em imóvel próprio.
Antes de iniciarem este comércio, os irmãos Serafim
percorreram uma grande trajetória. Nasceram na localidade chamada
Rua do Fogo, atualmente conhecida por Sangão, no município de
Jaguaruna, entre 1928 e 1930. Em 1939, foram morar em Laguna, onde
trabalharam desde a infância; Dilo, de balconista em um armazém, e
Milton, de engraxate.
Em 1944, vieram morar em Criciúma, onde Dilo passou a
trabalhar como funcionário da loja Casa do Povo, e Milton, como
auxiliar de açougueiro e envernizador de móveis. No ano de 1946,
ambos passaram a trabalhar nas lojas de Max Finster: Casa do Povo
e A Brasileira.
Em setembro de 1959, Milton, já casado e sem nenhum sócio,
fez a primeira viagem a São Paulo a fim de comprar mercadoria para
o primeiro estabelecimento próprio, “A Barraquinha”, localizada na
antiga estação de trem, que ficava perto do terminal central de hoje.
Obteve grande sucesso vendendo confecção infantil e adulta.
Dois anos depois, vendeu o empreendimento e, novamente com
seu irmão Dilo, passou a tocar o Carlitos Bar. Milton conta que, nessa
época, trabalhou arduamente, chegando a exercer uma jornada diária de
16 horas. No ano seguinte, os irmãos passaram a ser donos também do
Café São Paulo.
Valdrílio Manoel Serafim
Milton Manoel Serafim
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Em 1963, venderam os dois bares e investiram na fundação da
loja A Cinderela, onde vendiam confecções e tecidos, além de roupas
de cama, mesa e banho. Foi de grande prosperidade. A seguir, a loja
passou para prédio próprio, construído pelos irmãos na mesma rua, ao
lado do antigo prédio do União Turismo Hotel, ficando nesse local até
o ano de 1978.
Em 1980, Milton reiniciou sua vida de comerciante individual,
abrindo a loja Mamãe Coruja, que funcionou até setembro de 1997.
Dilo, com outros sócios, abriu uma indústria chamada Embasul. Depois,
vendeu essa empresa e montou uma imobiliária para administrar seus
imóveis.
Vaudrílio (já falecido) era casado com Denir Constância
Bortoluzzi, com quem teve os filhos: Gisele (professora) e Márcio
Sílvio (economista, trabalha atualmente na Prefeitura de Criciúma).
Atualmente, Milton apenas administra seu patrimônio. Era
casado com Maria de Lourdes Búrigo (já falecida), com quem teve os
filhos: Lízia (bioquímica), Miltinho (falecido), Lenize (professora) e
Marcus (médico).
21
A Triunfante
Neste estabelecimento pode-se encontrar desde os mais simples
até os mais sofisticados tecidos, contando com um grupo de atendentes
que primam pela boa maneira de receber e atender os clientes.
Pertencia ao palestino Antônio Abdel Fattah Salim Omar, pessoa
muito estimada entre os comerciantes de Criciúma, bom pagador de
seus compromissos comerciais, de boa imagem entre seus fornecedores,
competente na sua atividade de lojista. Graças a sua capacidade,
conseguiu um bom patrimônio. A Triunfante já esteve localizada na
Rua João Pessoa e atualmente atende na Rua Conselheiro João Zanette
e também na Praça Nereu Ramos, ao lado da Casa Imperial.
Dado o seu sucesso, adquiriu da família de Honório Búrigo, na
Rua João Zanette, um prédio de quatro andares, onde agora funcionam
as Lojas Koerich.
Com o falecimento de Antônio, seu filho Riad está dando
continuidade com muita competência aos negócios de seu pai, o que já
vinha fazendo devido à sua enfermidade.
Antônio era casado com Ilarisvalda Figueira, com a qual teve os
filhos: Mariam, Sálua, Nádia e Riad (todos comerciantes) e Fauzi (que
faleceu muito jovem).
Abdel F. Salim Omar
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Alfaiataria Campos
A Alfaiataria Campos esteve instalada em três endereços: iniciou
sua atividade na Rua Conselheiro João Zanette, mudando-se depois
para a Seis de Janeiro e, finalmente, fixou-se na Rua João Pessoa. Era
de propriedade de Demerval Campos, conhecido como Chichi, um
grande profissional do ramo de alfaiataria. O apelido se deve a um
barulho que Demerval sempre fazia ao lavar o rosto com água fria:
“chiiiichiiiiii”. Como morava numa república, os amigos não perdoaram
e o apelidaram dessa forma.
Foi o meu primeiro alfaiate em Criciúma, além de meu grande
amigo. Eu e Demerval tínhamos uma amizade quase fraterna. Também
era meu companheiro, como hóspede do Hotel Palace, de propriedade
da saudosa Dona Leopoldina, que nos tratou sempre como filhos.
Como alfaiate, conseguiu uma grande clientela, e seu maior
movimento era na época dos festejos religiosos, como Festa de Santa
Bárbara, Festa de São José e Natal. Nessas épocas, com a grande
demanda, eram necessários 60 dias para encomendar um terno.
Era um homem honesto, trabalhador e ético, tanto com seus
clientes, como com seus amigos, e um excelente chefe de família. Como
vemos, um homem digno de ser imitado.
Com a aposentadoria, encerrou essa atividade desgastante na
alfaiataria, continuando a trabalhar por dez anos na loja Caça e Pesca,
que pertencia a seu irmão, Bernardino Campos.
Demerval faleceu muito cedo, mas deixou boas recordações a
familiares e amigos. Era casado com Maria Ione Pizzetti, profissional
competente, que teve um instituto de beleza por 46 anos. O casal teve os
filhos: Humberto (funcionário público), Carlos Aquiles (comerciante),
Elaine Terezinha (lojista) e Wilson (estudante de informática).
Demerval Campos
23
Alfaiataria De Bem
Conheci Otacílio João De Bem, proprietário da Alfaiataria De
Bem, em 1950, quando sua oficina era a mais conceituada da cidade.
Era ele que atendia a alta sociedade, e ser seu cliente era um privilégio.
Tubaronense como eu, foi em São Paulo que aprendeu sua
profissão, por isso era conhecido como profissional paulista. Otacílio
teve grandes colaboradores, como Francisco Rufino, Rubens Medeiros
e Pompílio Luiz Florentino.
Possuía um grande estoque de tecidos de primeira qualidade.
Cassimiras de marcas famosas, como Aurora, Santa Branca, Scurachi,
Tropical Inglês e Linho Irlandês S. 120, eram muito usadas naquele
período de 1950 a 1970, e não as deixava faltar em seu estoque. Só os
citadinos, chamados de “caixa-alta”, podiam ter seus ternos feitos com
esses panos.
Em 1970, Otacílio resolveu mudar de ramo, passando a trabalhar
com confecções, principalmente malhas. Foi então que se mudou para
um novo endereço, na Rua Seis de Janeiro, no Edifício Mampituba.
Ficou nessa atividade por muitos anos, quando novamente resolveu
trocar de comércio.
Comprou então uma casa de tintas de Félix Michels, formando
uma grande freguesia no endereço da Travessa Padre Pedro Baldoncini.
De Bem adaptou-se com facilidade a essa atividade e só parou por
ocasião de sua aposentadoria em 1976, quando passou a administrar
seu patrimônio.
Otacílio João De Bem
24
Otacílio foi um dos primeiros maçons de Criciúma, tendo
ocupado vários cargos na Loja Presidente Roosevelt. Foi sócio-fundador
da Acic (Associação Comercial e Industrial de Criciúma, que mais
tarde passou a ser chamada de Associação Empresarial de Criciúma),
pertenceu ao CDL (Clube de Diretores Lojistas, hoje denominado de
Câmara de Dirigentes Lojistas) e ao Sindicato do Comércio Varejista,
sempre ocupando cargos importantes, tendo sido presidente em vários
mandatos. Portanto, contribuiu muito com a vida social de nossa cidade.
Otacílio João De Bem era casado com Zulmira Arantes,
professora muito considerada, pois foi uma dedicada educadora. O
casal (já falecido) teve os filhos: Joaquim (advogado e biólogo), Janice
(pedagoga), Joel (engenheiro agrimensor), Jane (economista) e Otacílio
(empresário).
25
Alfaiataria De Lucca
Esta alfaiataria pertenceu a Jorge De Lucca, que a iniciou em
1951, na Praça Nereu Ramos, onde hoje se situa a Galeria Benjamin
Bristot. Trabalhando com afinco, formou uma fiel e grande clientela
devido a sua determinação e ao seu bom atendimento.
Jorge passou a ser industrial do ramo da confecção em 1970,
quando começou a fabricar calça social, trajes e blazers, fixando instalação
próximo à estação rodoviária. Hoje essa indústria está localizada na
Rodovia Jorge Lacerda, com modernas instalações, produzindo roupas
para todo o mercado nacional. Foi administrada, no início, pelo próprio
Jorge. Hoje, porém, a família toda está dando continuidade ao negócio
do pai, com grande sucesso.
Jorge, além de fabricante, também tem uma loja de varejo, que se
situava na Rua Henrique Lage e hoje está localizada nas proximidades
da estação rodoviária, onde consegue um bom movimento.
É casado com Esmeralda Ghellere e tem os filhos: Osmar
(bioquímico), Jorge Luiz (formado em Ciências Contábeis), Maria
Terezinha (artista plástica), Maria de Fátima (bióloga), Maria de Lourdes
(artista plástica) e Maria Regina (biblioteconomista).
Jorge De Lucca
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Armarinho Irmãos Góes
Ernesto e Décio Bianchini Góes, depois de deixarem a sociedade
com o irmão mais velho, Antônio Caldeira Góes, estabeleceram-se na
Rua João Zanette, com um atacado de armarinhos e derivados (Góes e
Cia.). Na época, as mercadorias vinham de navio ao Porto de Laguna
e pela Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina até Criciúma, de onde as
distribuíam de caminhonete para a região. Décio e os outros viajantes
da empresa faziam as vendas e entregavam-nas na viagem posterior.
No início da década de 1950, também possuíam uma linha de
ônibus (Rápido Sul Catarinense), que fazia o percurso entre Criciúma e
Laguna. Esses ônibus iam para Laguna pela estrada do Camacho e Farol
Santa Marta, passando pela balsa; era um verdadeiro desafio enfrentar
aquelas estradas quase intransponíveis. Enquanto durou essa sociedade
dos dois irmãos, Ernesto estudou Direito na Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC) junto com Hélcio, o irmão mais novo, que
residia na Capital. Depois de formados, no ano de 1957, instalaram-se
com uma banca advocatícia, que foi muito bem sucedida.
No final dos anos 50, construíram a sede própria na Rua Seis
de Janeiro e ampliaram os negócios, tornando-se um dos maiores
atacadistas da cidade, que abastecia os armazéns e vendas do interior
de todo o sul catarinense. Na loja ao lado, representavam a TACTransportes Aéreos Catarinenses/Cruzeiro do Sul e vendiam passagens
aéreas.
Ernesto Biachini Góes
Décio Biachini Góes
27
Posteriormente, passaram a desenvolver a representação das
máquinas de costura Singer, oferecendo cursos de Corte e Costura
para mulheres que adquiriam o produto. Produziram artesanalmente os
primeiros jogos de lençol que surgiram no comércio local. Paralelamente,
atuavam com comércio de papel e papelão Pedras Brancas, tintas
Louçalin, farinha de trigo do Moinhos Germani, entre outras.
No início dos anos 70, com o encerramento das atividades
da firma, transferiram suas atenções para a Góes Cobradora de
Títulos, Administração de Bens e Imóveis Ltda. Na década de 1980,
desmembraram, sendo que as atividades de cobrança de títulos e
valores foram incorporadas ao escritório de advocacia de Ernesto e
Hélcio e à administradora e corretora de imóveis (Góes Imóveis) pelo
irmão Décio, que levou seus filhos a contribuirem nessa nova etapa
do empreendimento.
Apesar do falecimento prematuro de Décio, alguns de seus
filhos continuaram o trabalho.
Décio era casado com Antônia Gomes, mulher que se destacou
por seu modo especial de tratar os menos favorecidos pela sorte. Ele
também era torcedor, um dos grandes colaboradores e diretor do
Comerciário, depois Criciúma Esporte Clube.
Foi um dos fundadores do Lions Clube Criciúma Sul e do
Clube de Diretores Lojistas (hoje Câmara de Dirigentes Lojistas),
tendo sido, neste último, tesoureiro por muitos anos. Ele e Toninha,
como carinhosamente Antônia era chamada, tiveram os filhos:
Vicente e José Paulo (formados em Administração de Empresas),
Geraldo (formado em Administração de Empresas e Educação
Física), Aída (assistente social) - estes quatro administram a Góes
Imóveis - Silvana (comerciária), Ricardo (músico) e Maria Alvina
(advogada e também presta serviço à Góes Imóveis). O filho mais
velho, Décio Góes Filho, é um arquiteto de muita competência,
moderno e habilidoso. Foi prefeito de Criciúma (2001-2004) e
deputado estadual (2007-2011). É muito respeitado, tanto na vida
política, como na vida profissional.
Ernesto, além de um grande advogado, foi um sócio muito ativo
do Rotary Club, colaborando bastante com entidades sociais. Inclusive,
participou da criação do Bairro da Juventude, que hoje tem como
28
presidente do Conselho seu filho, Tito Lívio.
Além de participar do Rotary, teve participação na Associação
Empresarial de Criciúma, na Câmara de Dirigentes Lojistas, na Fucri
(Fundação Universitária de Criciúma), na Subseção da OAB de Criciúma
e em inúmeras entidades sindicais patronais.
Participou ativamente como presidente do Conselho Deliberativo
do Comerciário Esporte Clube e do Serra Clube. Foi vereador (19511962) e também um dos defensores da instalação do curso de Direito
na Fucri. Todos os filhos continuam o desenvolvimento do escritório
Góes e Advogados, fundado pelo pai. Ernesto, que não está mais entre
nós, era casado com Maria de Assis, também já falecida, e com ela teve
os filhos: Tito Lívio, Luiz Carlos, Carlos Alberto e Paulo Henrique todos advogados.
Hélcio, quando jovem, morando em Florianópolis, cursou
Direito, além de ter sido jogador do Figueirense. Dedicado ao seu
trabalho de advogado, é um homem de destaque na sociedade. Foi
presidente do Criciúma Clube e do Comerciário E.C., membro do
Conselho da Sociedade Recreativa Mampituba, além de atuante nos
movimentos da Igreja Católica e do Lions Clube Criciúma Centro, do
qual foi um dos fundadores.
Por 27 anos, deu assistência judicial ao Albergue São José.
Hélcio recebeu a medalha de Honra ao Mérito João Batista
Bonnassis, que é a maior homenagem que a OAB Subseção de Santa
Catarina concede a um advogado.
Casado com Cylézia Correa, tem três filhos: Tatiana (analista
de sistemas, presta serviço no setor), André e Cláudia (advogados trabalham com o pai no escritório de advocacia e consultoria).
Os irmãos Góes tinham uma irmã mais nova, Irene, já falecida,
que era casada com Danyr Ulysséa, com quem teve quatro filhos: João
Batista (desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina),
Adriana (enfermeira), Janine (dona de casa) e Luiz Fernando (promotor).
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Armarinho Sul Pérolas
Proprietário deste estabelecimento, Tobias Pereira teve
seus dois empreendimentos em dois logradouros de nossa cidade. O
primeiro endereço foi na Rua Conselheiro João Zanette e o segundo, na
Travessa Padre Pedro Baldoncini.
Iniciou no comércio criciumense com uma casa de frutas, uma
novidade na época, onde fazia uma deliciosa batida – assim se chamava
– de frutas, que era feita no liquidificador. O nome do estabelecimento
era Gruta Azul, que Tobias comprou de seu cunhado, Hélio Gazola.
Depois, Tobias inaugurou uma loja de miudezas – vendia botões,
rendas, lantejoulas, bordados, linhas e outros – na mesma rua, na
Conselheiro João Zanette. Com toda sua dedicação e bom atendimento,
conseguiu grande sucesso.
Mais adiante, comprou uma sala bem mais ampla, agora na
Travessa Padre Pedro Baldoncini, dispondo nesse espaço todo o seu
estoque. A loja foi denominada de Sul Pérolas.
Tobias continuou seu trabalho sempre acompanhado de sua
dedicada esposa, Júlia Buratto Pereira.
São filhos do casal: Marcelo (administrador de empresas),
Daniela (psicóloga) e Samuel (estudante).
Infelizmente, Tobias não faz mais parte do nosso convívio.
Tobias Pereira
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Atacado de Armarinho Cavaler
Pertencia a dois irmãos muito esforçados e competentes:
Hercílio e Glaudino Cavaler, que começaram a atividade em 1953
com uma loja de atacado de armarinhos e muitos outros produtos.
Desenvolveram seu comércio em virtude da competência e do
trabalho árduo que praticavam. Além disso, eram muito econômicos e
habilidosos.
Vieram do interior e eram filhos de agricultores, que, com muita
garra e vontade de vencer, construíram um belo patrimônio.
Depois que desfizeram a sociedade, Hercílio construiu um
prédio de dez andares e lá instalou o Hotel Cavaler Palace, tornando-se
um notável empresário no segmento hoteleiro.
Há poucos anos, Hercílio aposentou-se e vendeu o hotel
para um grupo empresarial da cidade de Turvo, passando, então, o
estabelecimento a ser denominado de Royal Criciúma Hotel.
Já Glaudino, após desfeita a sociedade, mudou sua atividade
para uma indústria de confecções, cujo nome era Cedro Rio, na qual
trabalhou por muitos anos, só vindo a mudar novamente de ramo
quando seus filhos ingressaram no mercado financeiro.
Hercílio era casado com Driz Amboni, com a qual teve os
filhos: Cíntia (advogada), Denise (arquiteta) e Oylense (contabilista e
empresário).
Glaudino, por sua vez, era casado com Maria de Lourdes Zanette.
O casal (ambos falecidos, ela muito jovem) teve os filhos: Eliane
(formada em Administração), Celso (engenheiro eletricista), Silvano
(engenheiro civil), Adriana (formada em Ciência da Computação) e
Luiz Carlos (engenheiro mecânico).
Hercílio Cavaler
Glaudino Cavaler
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Atacado de Tecidos
Algemiro Manique Barreto
Iniciou sua atividade comercial como alfaiate em 1948 em
sociedade com Osni Gomes, que exercia o mesmo ofício e possuía
grande conhecimento trazido da Capital do Estado. Formaram uma
boa parceria, passando a atender ampla clientela. Na época, as pessoas
não possuíam o costume de comprar roupa pronta, recorrendo ao
trabalho dos alfaiates.
Manique, homem de visão, resolveu ampliar seus negócios e
montou outra firma de tecidos por atacado - vendendo cassimira, linho
e aviamentos - para atender todas as alfaiatarias da região sul catarinense.
Para suprir a demanda, convidou para ser seu sócio o irmão Arcângelo
e, posteriormente, seu irmão mais moço, Roque. Trabalharam juntos
durante muito tempo, atendendo numerosos clientes que vinham de
todo o sul do Estado.
Em 1957, formou outra sociedade, comigo e com Itamar
Campos, inaugurando a Casa Imperial, cuja razão social foi denominada
Benedet, Manique e Cia. A loja foi instalada na Praça Nereu Ramos, na
esquina com a Travessa Padre Pedro Baldoncini. Representava, à época,
um ramo comercial relativamente inovador, porque trabalhava com o
varejo de tecidos, confecções e roupas de cama e banho.
Algemiro Manique Barreto
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A Casa Imperial criou ainda a indústria de confecção Ômega,
especializada em calças sociais para atender a clientela de todo o
Estado catarinense. Mais tarde, a empresa passou a se chamar Indústria
de Confecção Calcutá, da qual Santos Longaretti se tornou sócio
posteriormente, sendo, atualmente, seu único proprietário.
Manique foi ainda cerealista do ramo de engenho de arroz,
adquirindo com isso muitos caminhões e carretas. Em razão disso, em
1972, criou a Transportadora Manique e Cia. Ltda.
Algemiro também fez muito pela comunidade: sócio-fundador
do Lions Clube Criciúma Centro em 1959, galgou todos os cargos de
diretoria, chegando a governador do Distrito em 1965-1966 e em 19841985, sempre acompanhado de sua esposa, Zulma Naspolini Manique
Barreto, que muito se dedicou a esse clube de serviço.
De 1963 a 1965, foi presidente do Comerciário Esporte Clube,
quando foram lançados os títulos patrimoniais, bem como foi construída
a primeira cobertura da arquibancada do estádio.
Manique ainda se tornou político. Foi vereador de 1966 a
1969. Neste último ano, também atuou como presidente da Câmara
de Vereadores de Criciúma. Em 1972, foi eleito prefeito municipal,
exercendo o cargo de 1973 a 1977. Durante seu mandato, foi feita a
retirada dos trilhos da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, que vinham
sufocando a cidade em crescimento. Naquele espaço, foi construída a
Avenida Centenário, que viabilizou o futuro e o desenvolvimento viário
da cidade. Além disso, foram implantados 380 quilômetros de rede de
abastecimento de água, beneficiando bairros e localidades vizinhas.
Outra importante ação de sua administração foi em 1973:
a criação da AFASC (Associação Feminina de Assistência Social),
presidida por sua esposa, Zulma, que muito fez para elevar o nome da
associação. Inclusive, minha sogra, Elza Conti, participou dos trabalhos
e colaborou muito com seu crescimento. Realmente podemos dizer que
Algemiro foi um grande prefeito, e Zulma, uma primeira-dama que
cumpriu seu papel com louvor.
Eleito deputado estadual para o mandato de 1977 a 1983, deu
continuidade a seu espírito combatente em defesa dos interesses de
Criciúma e de toda a região sul. De 1983 a 2004, quase sempre como
presidente, fez parte do Conselho Deliberativo do Bairro da Juventude,
onde prestou um admirável trabalho pela mocidade desfavorecida de
nossa cidade.
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Portanto, Algemiro Manique Barreto escreve com a sua vida
uma bela história no cenário social, comercial, industrial e político de
Criciúma.
Ele e Zulma casaram-se em 1951 e têm cinco filhos: Zulmar
(formado em Administração, aposentado), Zulnei (jornalista), Zurene
(professora universitária), Algemiro Filho (formado em Administração
e empresário) e Emanuel (empresário). O casal possui sete netos e uma
bisneta.
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Boutique Irazê
Era uma loja de primeira linha pertencente às irmãs Irani e Zeni
Búrigo Campos. A partir das sílabas iniciais dos nomes de cada sócia,
foi criado o nome da boutique, a qual se especializou em confecções de
grandes marcas e acessórios lindíssimos que Zeni trazia de São Paulo e
deixava as criciumenses encantadas.
Muitos itens que as freguesas precisavam e não havia prontaentrega, Zeni logo pedia que viessem de São Paulo (SP), Porto Alegre
(RS) e mesmo do Rio de Janeiro (RJ), e assim o pedido da freguesia era
muito rapidamente satisfeito.
Por tudo isso, esta boutique angariou uma excelente e fiel clientela
feminina. Igualmente, muitos maridos por ocasião do aniversário de
suas esposas e nas festas de Natal, procuravam a Boutique Irazê para
comprarem os presentes.
Irani não se casou e Zeni foi casada com Hervalino Campos,
também comerciante, sócio da firma Campos e Búrigo Material de
Construção. Depois de ficar viúva, Zeni resolveu não mais trabalhar.
O casal teve dois filhos, Carlos e Cláudio, ambos bioquímicos, que
moram, há muito tempo, na cidade de Pinhalzinho, no oeste de Santa
Catarina.
Zeni e Irani Búrigo
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Boutique Jane
Esta loja representou papel muito especial no comércio de
Criciúma. Situava-se na Rua João Pessoa, onde hoje está a Livraria
Fátima. Apesar de o nome ser boutique, o principal artigo de venda eram
flores e arranjos ornamentais.
Suas colaboradoras e mesmo sua proprietária, Janice, trabalhavam
desde a madrugada para poder satisfazer sua clientela.
Ofereciam flores naturais e artificiais de todo o gabarito. Quando
chegavam os dias especiais de maior venda, a loja virava um aglomerado
de clientes, querendo todos as mais belas flores, as mais frescas e as
mais bonitas, fossem com o cabo curto ou longo, conforme o gosto do
cliente e o seu vaso. Outros vinham buscar aquelas flores que já estavam
encomendadas; as atendentes corriam de um lado para outro fazendo
ramalhetes, embrulhando, cobrando, mas no fim tudo dava certo. Seus
proprietários eram Leoni Lemos, conhecido por todos como o Gelson
da Caixa Econômica, pois trabalhou lá por muito tempo, e sua esposa,
Janice.
A Boutique Jane não vendia só flores; também comercializava
roupas íntimas, bijuterias, acessórios e muitas outras mercadorias.
O estabelecimento terminou com o falecimento dos dois
proprietários. O casal teve três filhos: Jane (professora de Matemática
em curso superior), Janete (empresária aposentada) e Sérgio Leoni (era
um moço especial, já falecido).
Casal Janice e Gelson Lemos
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Calças Calcutá Indústria
e Comércio Ltda.
Para falar da Calcutá, não se pode deixar de conhecer um pouco
da vida de seu proprietário, Santos Longaretti, empresário atuante na
cidade de Criciúma.
Filho de agricultor, Longaretti nasceu na localidade Nova Roma,
município de Morro Grande, cidade vizinha de Turvo e Meleiro. Ainda
muito jovem, resolveu mudar-se para Criciúma, cidade que despontava
com grande crescimento, alavancada pela mineração do carvão, ao
mesmo tempo que surgiam outras indústrias nos setores cerâmico, metalmecânico e de confecção. Ao chegar a Criciúma, iniciou trabalhando na
firma de tecidos Manique e Cia. Ltda.
A fábrica de confecções Calcutá já existia, como consta neste
livro. Portanto, o foco principal é o industrial e comerciante Santos
Longaretti, que adquiriu experiência e se especializou no ramo da
produção de confecções com a firma acima citada.
Em 1979, acompanhado pela sua família, Santos adquiriu
todo o complexo da fábrica de confecções Calcutá, levando adiante
o empreendimento com muita vontade e dedicação. O resultado foi o
crescimento da empresa em ritmo acelerado.
Hoje a Calcutá completa 50 anos, com uma participação
importante no mercado desse setor em Santa Catarina, Rio Grande
do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, oferecendo excelente
atendimento por intermédio de seus representantes.
Santos Longaretti
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Até 1975, a empresa dedicou-se somente à industrialização de
confecções de calças sociais. A partir daí, resolveu também comercializar
tecidos (Calcutá Tecidos). Está localizada ao lado da fábrica onde
passaria a vender tecidos no varejo e atacado. Foi uma tarefa fácil,
devido ao grande estoque já existente na fábrica, oferecendo uma
grande variedade de produtos nacionais e importados, principalmente
tecidos para atender o público feminino.
Em 1990, além da produção de calça social, etiqueta já
consagrada pelos seus clientes, passou a confeccionar trajes, blazers e
casacos masculinos, o que incrementou ainda mais esse segmento no
mercado sul brasileiro.
Em 2000, mais um empreendimento foi inaugurado, a loja Di
Santi, localizada na Rua Henrique Lage, número 45, em prédio próprio,
num dos pontos mais privilegiados de Criciúma. Além dos produtos
de sua fabricação, oferece artigos de outras procedências, camisas,
gravatas, camisetas, meias e cintos, enfim, tudo para o homem de bom
gosto.
A iniciativa desta empresa não parou por aí. Em 2005, na feira
de Gramado (Fenin), foi lançada a coleção feminina com acabamento
de alfaiataria, acompanhando a tendência da moda atual desse setor.
Colaboraram nesta empresa, além do proprietário e seus
familiares, três pessoas que merecem destaque: João Pescador (já
falecido), que foi trazido de Caxias do Sul (RS), com grande experiência
adquirida nas fabricas caxienses. Implantou seu conhecimento como
modelista, cortador e encarregado de produção, com um resultado
extraordinário. Zélio Spilere trabalha há dezenas de anos como
representante comercial. Já Sálvio José De Lucca, que foi encarregado
por muitos anos da parte contábil da empresa, hoje está aposentado.
Até aqui, citamos o empreendedor, nosso personagem, Santos
Longaretti, porém não podemos deixar de comentar sua participação
na sociedade criciumense. Desde 1964, participa da Associação
Empresarial de Criciúma (Acic) como membro efetivo do Conselho
Deliberativo; de 1985 a 1987, participou como vice-presidente
da Diretoria Executiva; de 1987 até 2007, exerceu o cargo do vicepresidente tesoureiro; de dezembro de 2007 a dezembro de 2009, foi
presidente da Diretoria Executiva; a partir de março de 2010, assumiu
a presidência do conselho da entidade.
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Em 1977, em parceria com alguns empresários na área de
confecção, fundou o Sindicato da Indústria do Vestuário de Criciúma,
buscando os sócios de empresa em empresa. Participou como tesoureiro
de 1977 a 1991, cargo que ocupou novamente de 1994 a 2000. De
março de 2000 a 2007, exerceu a presidência do sindicato.
Foi também presidente da Cooperativa de Crédito Mútuo dos
Confeccionistas do Vestuário da Região Sul Catarinense (Sicredi). De
2005 até a presente data, vem participando como membro do Conselho
de Administração dessa cooperativa.
Entre 1982 e 1983, participou efetivamente do processo de
implantação do Senai na cidade de Criciúma. Sua atuação junto ao Senai
e Sesi é bastante importante, pois, com isso, foram conseguidos vários
cursos para a formação de mão-de-obra na área da confecção.
É representante do Sindicato das Indústrias do Vestuário de
Criciúma como delegado na Federação das Indústrias do Estado de
Santa Catarina (Fiesc).
Desde 1996, é membro do Conselho Municipal de Trabalho
e Emprego, ocupando a presidência no período de agosto de 2001 a
setembro de 2002.
Faz parte do Sindicato do Comércio Varejista e da Câmara de
Dirigentes Lojistas (CDL), sendo sempre um grande colaborador dessas
duas entidades, muito estimado e respeitado pelos seus companheiros.
Na vida comunitária, é membro atuante do Comitê de
Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, conselheiro
suplente pela Acic no Conselho Curador da Unesc, membro do
Conselho Deliberativo do Criciúma Esporte Clube e colaborador
atuante do Bairro da Juventude, uma instituição que dá atendimento a
1.500 crianças em situação de risco social. É também católico praticante
e sempre esteve à disposição da Matriz São José, hoje catedral.
Além de tudo isso, juntamente com outros empresários, vem
contribuindo com o grande desenvolvimento da Região Carbonífera, o
que merece o aplauso de todos nós.
Santos Longaretti é casado com Maria Aparecida Manique
Barreto, tendo com ela quatro filhos: Maria Edi, Eli Teresinha, Edgar
José e Edson Santos. Todos fazem parte da empresa.
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Casa Alba
Era uma loja situada na Rua Conselheiro João Zanette, onde
se encontravam tecidos e armarinhos da mais alta qualidade, e estava
sempre muito bem arrumada. A clientela era atendida com tratamento
especial, principalmente porque as filhas do proprietário dedicavam-se
a suprir as necessidades dos compradores.
O proprietário era Abdon Alexandrino, que trabalhava só com
suas três filhas. Saindo pelos fundos da loja, chegava-se à residência da
família, o que tornava muito cômodo o ir e vir do trabalho.
Abdon também teve um filho, Nelson, que não trabalhou
na loja por ter saído de Criciúma para estudar fora e, ao voltar, foi
administrador de empresas atuante em diversos segmentos, entre eles:
Jugasa (Comércio de Véiculos S.A.) e Crivel (Comércio Criciumense de
Veículos). Depois, entrou para a política, tendo ocupado uma cadeira
na Câmara de Vereadores, e, logo após, galgou o cargo de prefeito
municipal.
Abdon, além de comerciante, também exerceu a função de Juiz
de Paz do ano de 1951 até 1967.
Foi ainda presidente da banda Cruzeiro do Sul e membro do
Conselho da Sociedade Recreativa Mampituba.
Era casado com Corina da Silva, com quem teve, além de
Nelson, as filhas: Maria Conceição, Nilse (já falecidas) e Alba, todas
empresárias.
Após a morte dos pais e porque Nelson fora morar em
Florianópolis, as irmãs, sentindo-se um tanto sós, encerraram suas
atividades em Criciúma e foram residir também na Capital.
Abdon Alexandrino
40
Casa América
Esta loja, localizada da Rua Conselheiro João Zanette, iniciou
suas atividades no ano de 1950. Pertencia a Francisco Dornier de
Oliveira, que trabalhava junto com seu filho, Ademar, no ramo de
tecidos, confecções e dos famosos chapéus da marca Cury.
Tinham boa freguesia. Mais tarde, trocou seu endereço e foi se
instalar na Rua João Pessoa, onde deu continuidade no mesmo ritmo e
dedicação. A sua antiga clientela o acompanhou no novo local.
Em 1967, Francisco se aposentou, mas como naquela época,
quem se aposentava não podia continuar seu negócio, vendeu sua loja
a seu genro, Maurino Ortêncio da Silva, e a sua filha, Ludi, que deram
continuidade à firma.
Com a transferência da loja para Maurino, Ademar, seu filho,
aproveitou o espaço deixado com o encerramento da Casa Leão (no
Edifício Mampituba) e começou uma outra loja, agora com o nome de
São Francisco, também com tecidos e confecções.
Com a experiência adquirida com seu pai, Ademar trabalhou
por alguns anos com muita dedicação e bom atendimento.
Porém, anos mais tarde, resolveu se transferir para a cidade de
Americana, em São Paulo, e vendeu sua loja para Sílvio Búrigo.
Francisco Dornier de Oliveira era casado com Olinda Cabral,
com a qual teve dez filhos: Dornier (empresário aposentado),
Etelvina (empresária, falecida), Raul (empresário aposentado), Manoel
(mais conhecido por Manequinha da Laguna, industrial), Valdemar
(empresário, já falecido), Ademar (empresário aposentado, já falecido),
Antônia, Alda, Nilda e Maria Olinda (todas empresárias aposentadas).
Francisco D. de Oliveira
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Casa Arco-Íris
De propriedade de Delmiro Zanette, a Casa Arco-Íris teve seu
primeiro endereço na Galeria Lúcio Cavaler, seguido da Rua Marechal
Floriano Peixoto.
Conheci Delmiro na década de 1950, quando me foi apresentado
por um velho amigo, Nereu Ribeiro, que era gerente da autopeças,
filial da revenda Ford de Tubarão. Daí em diante, tornamo-nos muito
amigos.
Delmiro, antes de ser comerciante, foi motorista do caminhão
de propriedade de seu pai. Mais adiante, trabalhou como representante
comercial e foi sócio da indústria de papel e embalagens Zapel.
Anos mais tarde, resolveu dedicar-se ao comércio de tecidos,
atividade com a qual se deu muito bem. Inicialmente montou uma
pequena loja de retalhos na Galeria Lúcio Cavaler, contando com a
colaboração de sua esposa.
Resolveu mudar de endereço para a Rua Marechal Floriano
Peixoto, com uma loja bem mais ampla, a Casa Arco-Íris, passando a
vender tecidos no varejo e fornecendo também a pequenas confecções.
Como possuía um grande estoque de tecidos e oferecia bom
atendimento, revolucionou esse ramo de atividade.
Delmiro, com sua força de vontade, dedicação, competência e
muito trabalho, conseguiu um bom patrimônio, acompanhado por sua
família.
Delmiro Zanette
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Os filhos, Ricardo e Eduardo, formaram outra empresa na Rua
Henrique Lage, em sede própria, denominada de Teciza, tornandose fornecedores de tecido por atacado para a maioria das fábricas de
confecções em toda a região do sul catarinense.
Em 1996, Delmiro decidiu se aposentar e transferiu sua loja
Arco-Iris (Comércio Varejista de Tecido Ltda.) para sua filha Leila, que
deu continuidade ao empreendimento até a data de hoje.
Delmiro era casado com Sirley, com a qual teve os filhos: Leila
(contabilista e comerciante), Jane (formada em Letras e empresária de
hotelaria), Ricardo (engenheiro agrônomo e comerciante), Eduardo
(formado em Administração e comerciante) e Lislane (odontóloga).
Delmiro, infelizmente, faleceu em março de 2011, deixando um
grande vazio em sua família e em seus inúmeros amigos, entre os quais
eu me incluo.
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Casa Barreto
Era uma sociedade comercial, situada na Rua João Pessoa,
pertencente a Arcângelo Manique Barreto e a seu cunhado, Wenceslau
Gregório Burg, que foi sempre um grande colaborador.
Antes dessa loja, Arcângelo era dono de uma sapataria na
Rua Henrique Lage e na Praça Nereu Ramos. Nesses dois endereços,
Arcângelo angariou uma ótima freguesia, obtendo bastante sucesso,
pois conhecia a fundo o ramo de calçados.
Mais adiante, Arcângelo resolveu trocar de atividade e associouse a seu irmão, Algemiro, passando a trabalhar no atacado de tecidos e
aviamentos. Nessa época, o comércio dos irmãos atendia as alfaiatarias
de toda a região sul do Estado de Santa Catarina e do norte do Rio
Grande do Sul. Formaram uma grande clientela devido ao ótimo
atendimento que dispendiam a seus fregueses.
Essa loja esteve sediada na Travessa Padre Pedro Baldoncini em
prédio próprio por muitos anos. Foi então que Arcângelo se retirou da
sociedade com Algemiro e formou um novo empreendimento com seu
filho, Álvaro Augusto, e com seu cunhado, Wenceslau Burg. Consistia
em uma atuante loja de tecidos e confecções, tanto no atacado, como
no varejo.
Paralelamente, iniciaram uma fábrica de calças jeans, no bairro
Vinte, também na Rua João Pessoa, tal como a loja anterior de tecidos
e confecções.
Arcângelo Manique Barreto
Wenceslau Gregório Burg
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Ambas, tanto a loja, como a fábrica, obtiveram frutífera clientela,
tendo Burg se dedicado como viajante do atacado e ao atendimento
aos alfaiates, enquanto Arcângelo e Álvaro se dedicavam com mais
afeição à administração da empresa. Com essa combinação de sucesso,
tudo foi dando muito certo. Esse foi o último empreendimento do
meu amigo Arcângelo, porque, falecendo sua esposa, começou a ter
problemas de saúde, acabando por também falecer. Sua firma, então,
encerrou as atividades.
Arcângelo foi casado com Ângela Gomes, mulher de fino
trato. Formavam um casal muito simpático e estimado por todos
que os conheciam. Tiveram os filhos Álvaro Augusto (formado em
Economia) e Pedro Luiz (formado em Bioquímica).
Wenceslau Burg foi casado com Geni Gomes, irmã de Ângela,
esposa de Arcângelo. O casal teve duas filhas: Jane (professora, formada
em Ciências Biológicas) e Josane (professora, formada em Letras).
Wenceslau faleceu em 31 de março de 2012.
Os filhos de Arcângelo e as filhas de Burg, como visto, não se
dedicaram à profissão de seus pais.
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Casa Berenice
De propriedade de Nereu e Antônia Batista, a loja funcionou
primeiramente na Rua Seis de Janeiro. Depois, como Bazar dos Plásticos,
na Galeria Benjamin Bristot.
Nereu Batista iniciou suas atividades com uma loja de tecidos
e confecções por volta de 1960, acredito que em 1962, na Rua Seis de
Janeiro.
Nereu era um homem austero, honesto e muito trabalhador,
sempre acompanhado de sua esposa, Antônia. Juntos desenvolveram
seus negócios com muita dedicação e vontade de vencer. Porém, nesse
ramo, havia muita concorrência, somando-se ainda o fato de ter que
entregar o ponto comercial para o proprietário do imóvel. Dessa forma,
foi obrigado a mudar de endereço, indo para a Galeria Benjamin Bristot
num espaço bem menor.
Diante disso, houve a necessidade de mudar de estratégia. Foi
quando surgiu a ideia de sua esposa de trocar de atividade, já que ela
havia herdado de seu pai e de seu irmão, Manoel (mais conhecido
por Manequinha da Laguna, que foi um excelente comerciante) essa
habilidade comercial.
Dona Antônia teve uma ideia iluminada e vislumbrou um novo
filão de negócios. Foi quando surgiu o Bazar dos Plásticos, que era a
grande novidade daquele momento. O plástico veio substituir outros
produtos com muitas vantagens, principalmente o preço. As variedades
eram muitas, de utensílios domésticos a brinquedos, ou seja, carrinhos
e bonecas, além de flores, bijuterias, embalagens e outros artigos desse
segmento.
Nereu Batista
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Dona Antônia se deu muito bem nessa nova atividade e viu que
estava no caminho certo.
Ela conta que era necessário viajar para São Paulo quase
permanentemente, trazendo sempre de lá muitas novidades e grande
estoque, que eram vendidos com muita facilidade.
Nereu, seu marido, passou a dar total apoio a sua iniciativa, e por
muito tempo, os negócios foram ótimos. Com o falecimento de Nereu,
porém, Antônia sentiu-se só e em pouco tempo resolveu encerrar as
atividades e gozar dos benefícios de sua aposentadoria.
Antônia não se arrepende de ter fechado a loja, pois está fazendo
o que gosta. Tem viajado bastante e está muito feliz.
O casal teve os filhos: Cláudio (empresário do setor de
transporte), Érico, Edson, Berenice e Eliane (todos comerciantes, mas
não continuaram o negócio dos pais).
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Casa Brasília
Este estabelecimento pertencia ao comerciante Musa Ahamad
Abder Rahman, palestino que veio de uma pequena cidade próxima a
Jerusalém, chegando ao Brasil em 1954. Sua decisão foi motivada por
questões políticas e sociais, além da influência de seu irmão, que morava
na cidade gaúcha de Arroio Grande.
Iniciou como mascate, vendendo de porta em porta. Percorria
muitos quilômetros diariamente, enfrentando ainda a dificuldade da
Língua Portuguesa, porém, com sua força de vontade e juventude,
conseguiu realizar bons negócios. Permaneceu no Rio Grande do Sul
por cinco anos, e lá encontrou uma jovem gaúcha, Sílvia Andrade, com
quem se casou.
Mudou-se então para Curitibanos, onde iniciou uma loja que
teve bom desenvolvimento. Acompanhado de sua esposa, tudo foi
dando certo. A essa altura, já falava um razoável Português.
Permaneceu somente seis meses em Curitibanos. Em 1959,
transferiu sua loja para Araranguá e finalmente em 1967 veio morar em
Criciúma, instalando-se na Rua Conselheiro João Zanette, número 103,
com comércio de confecções, tecidos, cama, mesa e banho.
Paralelamente, possuía uma fábrica de camisas da marca Brasília,
a qual dava suporte ao seu varejo.
Era muito simpático e adquiriu uma grande freguesia. Seus
clientes o chamavam de “compadre”. Na verdade, foi padrinho de
casamento de muitos. Os negócios ficaram cada vez melhores, e seu
círculo de amizades, cada vez maior. À medida que seus filhos foram
crescendo, passaram a ajudar no trabalho e na continuidade da empresa.
Musa Ahamad Abder Rahman
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Musa era uma pessoa muito religiosa. Foi um dos idealizadores
da construção da Mesquita Palestina em Criciúma no ano de 1997. A
obra foi finalizada em 1999, contribuindo para a prática de adoração a
Allah e para o embelezamento da cidade.
Infelizmente, em 2009, Musa faleceu, e seus quatro filhos
trocaram a razão social para J. J. R. Comércio e Confecções Cia. Ltda.,
porém o nome fantasia continuou o mesmo.
Musa era casado com Sílvia Andrade, e eles tiveram quatro
filhos: Jalila (formada em Psicologia, atua na área clínica), Guiman,
Jamal e Jamil (empresários do comércio, continuam, com muito esforço
e dedicação, os negócios de seu pai).
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Casa Cardoso
Situada na esquina das ruas Conselheiro João Zanette e Marechal
Floriano, esta casa de comércio vendia tecidos, confecções, artigos de
cama, mesa e banho, além de outros itens.
Seu proprietário, José Geraldino Cardoso, adquiriu o ponto que
pertencera a Antônio Roque, o qual havia se transferido para Laguna.
José Geraldino, seu filho Alcides e seu genro Ludovico passaram a
administrar este estabelecimento com muito entusiasmo. Dado o
crescimento vertiginoso da Região Carbonífera, o negócio ía de vento
em popa.
Geraldino, também conhecido como Bem-Bem, tornou-se
político, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e foi candidato
à Prefeitura de Criciúma em 1950. Foi muito bem votado e só não
venceu a disputa porque o candidato adversário era muito forte.
Paulo Preis, seu opositor, era filiado ao Partido Social
Democrático (PSD) e foi apoiado pela tradicional família Ramos, que,
na época, tinha um grande poder político.
Terminada essa campanha, Geraldino voltou a sua atuação
comercial, mas por pouco tempo. Um tanto fragilizado, resolveu partir
para outra atividade e devolveu o ponto comercial ao Antônio Roque,
que estava voltando de Laguna, para novamente continuar seu negócio.
José Geraldino era casado com Maria Cardoso (ambos falecidos),
com a qual teve os filhos: Alcides (empresário, já falecido), Ciso, Zuleide,
Aldo, Zulma e Nério (todos empresários).
José Geraldino Cardoso e família
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Casa Chapeuzinho Vermelho
Esta loja pertencia a Omari Mohamed Malih e se situava na
Rua Conselheiro João Zanette. Antes de possuir este empreendimento,
Malih, como era chamado, havia adquirido a loja A Cinderela. Na loja
Chapeuzinho Vermelho se podiam comprar tecidos e confecções para
adultos e crianças.
Tinha muito bom estoque e um atendimento primoroso. Malih
residiu em Criciúma por 25 anos e deixou sua marca como ótimo
comerciante e de muito bom desempenho.
Foi um dos que lideraram a construção da Mesquita de Criciúma,
templo que acolhe os fiéis do Islamismo que moravam e ainda moram
em nossa cidade.
Sempre participou da Festa das Etnias e trabalhou bastante no
restaurante da cultura árabe, trazendo algumas das especiarias típicas
desta região para o conhecimento da comunidade criciumense.
Malih era casado com Monalisa Charuguech, com a qual teve
sete filhos: Omar, Ali, Vemen, Zainab, Joaffar, Hachen e Carimeh.
Deixo de colocar as profissões dos filhos por não obter
informações a respeito.
Omari Mohamed Malih
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Casa Coelho
De propriedade de Antonino Isaías Coelho e Etelvina Oliveira,
a Casa Coelho iniciou suas atividades em Criciúma em 1942, na Rua
Henrique Lage, conforme informações de Sebastião, filho de Antonino.
Era uma loja mista, com armazém, tecidos e armarinhos.
Em 1955, mudou-se para a Rua Conselheiro João Zanette,
número 78, esquina com a Rua Paulo Marcus, hoje Avenida Centenário,
trabalhando somente com tecidos, confecções, cama, mesa e chapéus.
Nesse endereço, com novas instalações e amplo espaço, passou
a ter uma nova freguesia, já que era um local privilegiado. Situava-se em
frente à nova estação ferroviária, onde havia uma grande movimentação
de pessoas que embarcavam e desembarcavam dos trens.
A loja era administrada por Isaías, como era mais conhecido,
acompanhado de sua esposa, Etelvina. Ela tinha um grande dom
para trabalhar no comércio, era já uma tradição de sua família,
pois era filha de Francisco D. Oliveira, também conhecido como
Chiquinho, um grande comerciante da cidade. Com sua disposição,
aliada ao esforço do marido, muito conseguiram; contavam com
muito movimento de fregueses da cidade e das redondezas.
Foi nesse período, de 1955 em diante, que passei a conhecer
Isaías, uma pessoa muito amiga e cordial com seus companheiros do
comércio.
O desenvolvimento desta loja durou até 1978, quando Isaías
resolveu se aposentar achando ter cumprido seu objetivo como
empresário.
O casal Antonino Isaías e Etelvina Oliveira teve dois filhos:
Manuel Antônio, que era representante comercial, mas infelizmente
veio a falecer em um acidente com seu automóvel, quando voltava de
uma viajem de trabalho; Sebastião, o filho mais novo, trabalhou algum
tempo com seus pais, mas depois resolveu ser representante comercial.
Continuou nessa profissão até pouco tempo, quando se aposentou.
Isaías faleceu em 1984, por ocasião de uma viagem ao Rio de
Janeiro (RJ), onde fora visitar um parente, e Etelvina faleceu alguns
anos mais tarde, em 1997.
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Casa Comércio de Tecidos Leão
Os proprietários desta loja, localizada na Praça Nereu Ramos,
eram Zulma e Valmor Vargas, um casal muito dedicado ao trabalho
e que todos apreciavam pela maneira como recebiam e tratavam seus
clientes.
Tempos depois de a Casa Leão da família Souza ter encerrado
suas atividades em Criciúma, Valmor e Zulma estabeleceram sua loja
com a mesma denominação, já que esse nome era da família e nada
mais justo que o fizessem.
Zulma, com toda a experiência adquirida desde menina, quando
trabalhava com seu pai no ramo comercial, organizou uma bela loja e,
como já falei, com um atendimento maravilhoso, pois ela é portadora
de muita simpatia e grande capacidade para o trabalho. Logo adquiriu
uma grande e fiel clientela, e daí para o sucesso foi um passo.
Contou ainda com a ajuda de seu marido, Valmor Vargas, na
parte administrativa, pois ele fora gerente de banco por muitos anos, o
que o favoreceu ainda mais na missão.
O casal Valmor (já falecido) e Zulma teve os filhos: Alexandre
(engenheiro civil), Ricardo (funcionário da Caixa Econômica) e Henrique
(formado em Administração e diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas
- CDL).
Zulma Souza
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Casa Damasco
Abdo Muhammad Adeh Hamad iniciou sua loja na Rua Marechal
Floriano Peixoto, esquina com a Rua Conselheiro João Zanette, em
1962. Estabeleceu-se com o ramo de tecidos, roupas feitas, calçados e
acessórios.
O estabelecimento já se situou nas ruas Conselheiro João
Zanette e Henrique Lage e atualmente está localizado na Rua Henrique
Lodetti.
Seu estoque foi enriquecido, pois, além de tecidos, roupas e
calçados, também está comercializando uma boa quantidade de artigos
de viagem, bolsas, mochilas e malas.
Seu atual endereço é bem próximo à agência do INSS. Em toda
a sua trajetória, teve sempre sua esposa ao lado, que, com sua simpatia,
dedicação e trabalho, ajudou-o muito a atingir suas metas.
Ele é um fiel seguidor da religião islâmica e possui o hábito de
fazer meditações diariamente, mesmo durante o trabalho.
Abdo é casado com Maria Helena Campos. O casal tem três
filhos: Jamila e Samira, que residem em Jerusalém, pois são casadas
com árabes, e Muhammad Abdo, que estuda Comércio Exterior.
Abdo M. A. Hamad
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Casa das Sedas
Situada por muitos anos na Rua Conselheiro João Zanette,
mudou-se depois para a Rua Seis de Janeiro, quando trocou seu nome
para Casa Elisa. Era de propriedade de Silvino Rovaris, que a havia
adquirido de Abílio Paulo. Distinguia-se por vender tecidos finos, mas
também comercializava muita renda, bordado inglês, botões e todos
os aviamentos necessários para a confecção. Além dessas mercadorias,
vendiam brinquedos e cristais.
Nesta loja, eram feitos vestidos de festa, principalmente de
casamento, pois mantinha uma equipe de costureiras, que lograva suprir
as necessidades das mulheres elegantes de Criciúma. Também eram
feitos trajes mais simples para vender a pronta entrega na loja.
A esposa de Silvino, Elisa, era uma pessoa de bom trato e de
muita simpatia. Por isso, mesmo tendo vindo de Tubarão - ela era
minha conterrânea -, fez muitas amizades pela forma como tratava
suas clientes, as quais, mais do que freguesas, tornavam-se suas amigas.
Era, de fato, uma das melhores costureiras de Criciúma naquela
época. Possuía sempre de quatro a cinco costureiras auxiliares, que
permaneceram muitos anos no trabalho.
Casal Elisa e Silvino Rovaris
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Silvino, filho de Marcos Rovaris, era criciumense nato, um homem
correto, honesto, muito bem conceituado entre seus fornecedores e por
isso tinha sempre mercadorias de alta qualidade. Muitos representantes
comerciais davam preferência a sua loja. Inclusive, tinha um representante
de São Paulo que vendia unicamente para Silvino e para mais ninguém.
Tinha por hábito pagar suas duplicatas sempre previamente para nunca
perder os descontos oferecidos para a quitação antecipada.
Após realizar as compras de seus representantes mais especiais,
Silvino e sua família tinham o costume de levá-los para almoçar ou
jantar na Churrascaria Ok, pois realmente eram amigos.
Com o falecimento prematuro de sua esposa, Silvino já não
mantinha mais muito ânimo para o trabalho na loja.
O casal Silvino e Elisa teve três filhos: Maria Teresa, formada
em História Natural, tornou-se professora de Biologia; Marcos
formou-se em Engenharia Civil, tendo trabalhado, até se aposentar, no
Governo do Estado. Foi secretário de Transportes e hoje é funcionário
de uma multinacional; Márcio, durante algum tempo, continuou com
a loja de seu pai e depois foi funcionário do Deter (Departamento
de Transportes e Terminais) até se aposentar. Hoje, Márcio mantém
escritório de seguros.
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Casa do Povo e A Brasileira
A Casa do Povo e A Brasileira eram de propriedade de Max
Finster e se situavam na Rua Conselheiro João Zanette e na Praça Nereu
Ramos, respectivamente.
As duas lojas eram do ramo de confecções masculinas e
marcaram época, pois as roupas eram de excelente qualidade.
Max Finster, o homem de mãos grandes do tamanho do seu
coração (segundo o que dizia dele seu amigo, nosso companheiro de
Rotary, Olavo de Assis Sartori), foi sócio-fundador da Loja Maçônica
de Criciúma e também do Rotary Club.
Junto a seus companheiros rotarianos, contribuiu para a criação
do Bairro da Juventude, que hoje acolhe 1.500 crianças de famílias
carentes. Nessa instituição, elas recebem instrução básica e formação
profissionalizante, além de quatro refeições diárias. O Bairro da
Juventude merece tanto comentário que seria preciso um livro só para
ele.
Citarei ainda muitas vezes o Bairro da Juventude, pois muitos
comerciantes e rotarianos participaram intensamente desta empreitada
tão benemérita em nossa cidade e região.
Max Finster (já falecido) foi casado em primeiras núpcias
com Rosita Bonovith, uma pessoa muito participativa na sociedade
criciumense e que tanto colaborou nas campanhas do Rotary e da
Maçonaria. Infelizmente faleceu muito nova, e Max sofreu demais com
esta perda. Deste casamento não teve filhos.
Do segundo casamento, com Maria Barreiros, Max teve os
filhos Nathan (falecido) e Jacques, que é músico.
Max Finster
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Casa Guaspari
Como havia ternos bonitos nesta loja!
Localizada na Rua João Pessoa, pertencia a Ernesto José Milioli,
que representava as Lojas Guaspari de Porto Alegre (RS).
Vendia roupas sob medida, e, como no auge da mineração do
carvão os mineiros ganhavam bem, Ernesto não dava conta de tantos
trajes que vendia, principalmente por ocasião do Natal e da Festa de
Santa Bárbara.
Depois de uns tempos, Ernesto começou a comercializar rádios
e seus componentes, conseguindo bastante freguesia.
Com o seu falecimento, essa loja continuou as atividades, pois
seu filho Valdir a assumiu e continuou o trabalho do pai por muitos
anos. Quando se aposentou, encerrou a loja e hoje administra seus
bens.
Ernesto foi muito atuante na área política. Foi o fundador e
presidente do Diretório Municipal do Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), além de vereador de 1951 a 1954.
Era casado com Elvira Stradioto e com ela teve os filhos: Adair
(funcionário público aposentado), Nadir (do lar), Waldir (empresário
aposentado), Nair (já falecida), Altair (empresário aposentado) e
Altamiro (bancário aposentado).
Infelizmente, o querido casal Elvira e Ernesto não está mais no
nosso convívio.
Ernesto José Milioli
Valdir Milioli
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Casa Honório Búrigo e Lojão HB
No final do ano de 1966, Honório Búrigo retirou-se da sociedade
que mantinha com seus irmãos, Pedro e Lédio. Esta funcionava sob a
razão social de Honório Búrigo e Cia. e denominação comercial de
Casa Nova, cuja história também está retratada neste livro. Em seguida,
formou sociedade com seus dois filhos, Luiz Carlos e Cézar Elias,
fundando a Casa Honório Búrigo, localizada na Rua João Pessoa.
Honório, com seu vasto conhecimento comercial e muita
facilidade em fazer amigos, conseguiu rapidamente grande sucesso
com seu novo empreendimento. Durante 12 anos, exerceu sua
atividade no mesmo endereço, vendendo tecidos, confecções,
armarinhos e artigos congêneres.
Conseguiu bastante lucro, o que o levou a sonhar mais alto,
principalmente porque as oportunidades encontravam êxito na
Criciúma evoluída e progredida, que Honório observava com sua visão
sempre empreendedora e corajosa. Planejou a construção de uma loja
de departamentos, o sonho de sua vida comercial, e investiu quase toda
a sua reserva financeira no negócio. Adquiriu um imóvel que pertencera
a Heriberto Hülse, situado no início da Rua Conselheiro João Zanette,
onde construiu um prédio de quatro pavimentos com 1.200 metros
quadrados, cujo padrão de qualidade era comparável ao das grandes
lojas do sul do Estado.
Passou a ser chamada de Lojão HB e comercializou grande
variedade de produtos por dez anos. A loja era linda. Fazia bem entrar
nela e ver que belos produtos eram vendidos.
Honório Búrigo
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E eis que Honório se viu doente, em meio a seu franco progresso
empresarial. Uma doença irreversível que o levou a propor, com muito
pesar, a seus 11 herdeiros, o encerramento de suas atividades comerciais,
pois achava inviável manter uma loja com tantos sócios. Seus herdeiros,
então, atendendo à solicitação do pai, decidiram por encerrar o comércio
e vender o prédio.
Honório não cuidava só de seus negócios; era também muito
dedicado a obras de solidariedade. Católico fervoroso, muito colaborou
com a paróquia São José. As festas do padroeiro contaram sempre com
sua ajuda e seu trabalho; a barraca das prendas sempre ficava a cargo
dele e de meu sogro, David Conti, que muito se esmeravam para o
sucesso das vendas e do festejo.
Participou como sócio batalhador do Lions Clube Criciúma
Centro e foi grande colaborador do Comerciário, o atual Criciúma
Esporte Clube. Foi, ainda, sócio-fundador da CDL e responsável pela
manutenção do SPC por muitos anos.
Casado com Geny Búrigo, teve os filhos: Luiz Carlos (advogado,
falecido), Maria Inês (professora), Cézar Elias (empresário), Maria Célia
(professora), Maria Bernadete (professora), José Honório (engenheiro
mecânico), Maria Geny (professora), João Batista (advogado), Maria
Sílvia (pedagoga e professora de Artes), Antônio Luiz (mais conhecido
como Tonico, advogado) e Maria Emília (formada em Educação Física
e Psicologia).
O casal Honório e Geny infelizmente não está mais entre nós.
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Casa Imperial
Em meio às mais de 200 crônicas de meus amigos comerciantes
de Criciúma, passo agora a dissertar sobre a Casa Imperial, cuja história
se confunde com a minha própria biografia.
A Casa Imperial foi fundada em 17 de outubro de 1957 com
a razão social de Benedet, Manique e Cia., pois essa sociedade era
formada por três sócios e amigos, Algemiro Manique Barreto, Itamar
Campos e por mim, João Abel Benedet. Suas atividades eram voltadas
ao varejo e atuava em vários ramos: tecidos, confecções, cama, mesa e
banho.
Inicialmente, o estabelecimento se situava na Praça Nereu
Ramos, na esquina com a travessa Padre Pedro Baldoncini - onde hoje
se localiza a Casa Londres -, coincidentemente ao lado do seu endereço
atual.
A administração coube a Itamar e a mim, uma vez que Algemiro
já gerenciava outra empresa de sua propriedade - um atacado de tecidos
voltado à alfaiataria. Na nossa sociedade, sua participação era mais
de conselheiro de negócios. Foi uma parceria que deu muito certo,
pois podíamos contar com minha experiência adquirida nas Casas
Pernambucas e Casa Leão e, também, com o talento de Itamar na
alfaiataria. Não foi difícil, assim, levar nosso negócio adiante.
Não podemos deixar de considerar que, além desses fatores
internos, contribuiu para a prosperidade inicial o favorável momento
socioeconômico no qual nosso país e região viviam. Com a boa fase
da mineração de carvão em nossa cidade, que empregava milhares de
operários em toda a Região Carbonífera, as vendas duplicavam a cada
ano, e tudo foi se encaminhando de maneira muito acertada.
Maria Irene e João Abel
61
Dado esse sucesso, encorajamo-nos a expandir e adquirimos
outro estabelecimento, localizado na Rua Seis de Janeiro, de propriedade
de Silvio Búrigo. Era a Casa São Francisco, que passou a ser uma filial
da Casa Imperial, incorporada à sociedade Benedet, Manique e Cia.
Em meados de 1960, ainda com o negócio crescendo e se
desenvolvendo, resolvemos investir em outra empresa, uma fábrica
têxtil que produzia exclusivamente calças sociais. Assim, criamos a
Confecções Ômega, que posteriormente viria a se chamar Indústria de
Confecções Calcutá - existente ainda nos dias atuais, agora com outro
proprietário -, pois em São Paulo já existia uma empresa com o nome
de Ômega, atuante no mesmo ramo comercial.
Foram três os motivos que nos impulsionaram a criar esse novo
empreendimento: primeiro, contávamos com um grande estoque de
tecidos de alfaiataria; depois, porque não existia em nosso Estado
nenhuma fábrica nesse segmento; e, por último, porque podíamos
contar com a vantagem de ter como sócio um excepcional alfaiate, nosso
amigo Itamar, um profissional de grande competência no segmento. E
assim, mais um negócio dessa prodigiosa sociedade deu certo.
Essa firma durou sete anos, até que, em 1964, ocorreu o
desmembramento da empresa. Em comum acordo entre os sócios,
ficaram assim distribuídos os estabelecimentos: João Abel Benedet
ficou com a Casa Imperial. Algemiro e Itamar ficaram com a fábrica
de calças e com o ponto da Praça Nereu Ramos, além de uma quantia
em dinheiro. Coube a mim, então, o estoque das duas lojas e o ponto
comercial localizado na Rua Seis de Janeiro. Sempre me orgulhei do
desfecho dessa nossa sociedade, eis que se deu de maneira correta, justa
e harmoniosa para as três partes tanto que somos muito amigos até
hoje, eu e Algemiro, já que nosso saudoso Itamar há muito não está
mais entre nós.
A partir desse fato, a empresa Benedet, Manique e Cia. passou
a se denominar J. A. Benedet e Cia. Ltda., mantendo o nome fantasia
de Casa Imperial e o endereço na Rua Seis de Janeiro. Nesse momento,
uma nova sócia se juntou à empresa: minha esposa, Maria Irene.
Com o vigor de nossa juventude, além de muito trabalho,
esforço, dinamismo e dedicação, Maria Irene e eu conseguimos dar
continuidade ao crescimento da loja no mesmo ritmo que vinha
acontecendo anteriormente.
62
Após a mudança de regime em 1964, o país passou a viver a
era do “Milagre Brasileiro”, com grande desenvolvimento econômico
em todas as áreas. E Criciúma acompanhava todo esse crescimento: o
carvão já não era sua única economia, começaram a surgir as cerâmicas,
o ramo metal-mecânico também aparecia e a cidade prosperava. Com a
Casa Imperial também não foi diferente. Maria Irene e eu, junto com a
maravilhosa equipe de colaboradores, trabalhávamos muito, e as vendas
melhoravam a cada dia. Assim, o sucesso da Casa Imperial crescia cada
vez mais.
Entusiasmados com esse sucesso, em setembro de 1970,
conseguimos realizar um dos nossos sonhos, que era a aquisição de uma
sede própria. Assim, adquirimos a propriedade de Ademar Canarim,
na Praça Nereu Ramos, vizinha da antiga Casa Imperial. Compramos
também, quase que na mesma ocasião, a propriedade de Vidal de
Oliveira, onde funcionava o Restaurante Rancho Alegre, na Travessa
Padre Pedro Baldoncini. No início de 1972, as duas construções antigas
foram demolidas, e foi dado início ao projeto de edificação da sede
própria, com área construída de 1.280 metros quadrados, em forma de
“L” e com duas frentes, uma para a praça e a outra para a travessa lateral,
tornando-se, com isso, um ponto comercial bastante privilegiado. Nessa
sede, estamos instalados ainda hoje, após 40 anos.
Quando já estávamos no final da construção da nova sede, em
março de 1974, houve um grave contratempo nos nossos negócios:
a grande enchente que assolou o sul de Santa Catarina. Nossa loja
ainda funcionava na Rua Seis de Janeiro, e o Rio Criciúma passava
por uma estreita canaleta por baixo. Assim, na tarde de domingo, as
águas invadiram a loja em mais de um metro de altura, pegando todos
nós desprevenidos. Eu nem estava na cidade, pois me encontrava em
Tubarão ajudando os meus irmãos que também tinham sido vítimas
dessa devastadora inundação. Nosso estoque ficou prejudicado em
mais de 70%, pois as roupas ficaram encharcadas. O prejuízo foi
incomensurável.
Nesse momento difícil para minha empresa, pude contar com a
ajuda muito especial da senhora Assunta Garbelotto, que me cedeu as
salas de seu apartamento, localizado em cima de meu estabelecimento,
para depositar parte dos tecidos salvos na enchente.
63
Mas, como nunca fomos de nos abater com as dificuldades,
resolvemos fazer algo para minimizar tal infortúnio. Lavamos, nas
lavanderias da cidade, todas as mercadorias atingidas e as estendemos
para secar por toda a arquibancada do Estádio do Comerciário, hoje
Criciúma Esporte Clube. Temos muito que agradecer à diretoria da
época, que nos prestou tal auxílio. Em seguida, fizemos uma grande
liquidação com as peças, chamada de “Salvados da Enchente”.
Obtivemos venda destacável e, assim, pudemos amenizar parte do
prejuízo financeiro havido, o que representou simbolicamente o
recomeço do sempre árduo trabalho de toda a equipe Imperial.
Comércio é atingido pela enchente de 1974
Em meados de 1975, mudamos para a sede nova, na Praça
Nereu Ramos, realizando, enfim, o nosso antigo sonho.
Agora, neste ano de 2012, estamos completando 55 anos de
trabalho na Casa Imperial. Durante todo esse tempo, trabalhamos
muito. Enfrentamos concorrência de grandes grupos, momentos
econômicos conturbados, aberturas para o mercado externo, inflações
altíssimas, mudanças de valores e grande desenvolvimento tecnológico.
Entretanto, sempre lutando e enfrentando todos esses obstáculos,
conseguimos nos manter no comércio. E para isso ocorrer, nossa
empresa teve que fazer certas mudanças, criar novas estratégias.
Foi assim então que, no início do ano 2000, deixamos de trabalhar
com tecidos - que anteriormente era o carro-chefe de nossas vendas - e nos
focamos nas confecções femininas e masculinas. Isso porque as fábricas de
confecções no Brasil se tornaram muito boas, produzindo ótimas peças de
vestuário, que urgiam ser comercializadas em Criciúma. Sem falar, também,
que a entrada no mercado brasileiro das confecções vindas da China deixou
os produtos muito mais competitivos e com preços bastante atraentes. Em
64
Criciúma houve, igualmente, o boom das facções e indústrias da confecção,
que absorviam a mão-de-obra de costureiras. Os tecidos deixaram de ser
consumidos devido à escassez de costureiras sob-medida disponíveis na
região. Deixamos também de trabalhar com produtos do setor de cama,
mesa e banho, porque esses ocupavam muito espaço na loja e tiravam
lugar das mercadorias de maior rentabilidade e rotatividade.
Além de grande dedicação ao nosso negócio, Maria Irene e eu
também sempre procuramos participar de várias entidades e instituições
sociais, educacionais, filantrópicas e de classe aqui na nossa cidade.
Participei das diretorias do Criciúma Clube e do Asilo São Vicente de
Paulo, onde exerci, em ambas, a função de tesoureiro. Ainda fui curador
da Fucri (Fundação Universitária de Criciúma), sócio-fundador da CDL
de Criciúma, tendo sido presidente e participado de outras diretorias.
Além disso, diretor do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e vicepresidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa
Catarina (FCDL SC) por dois mandatos.Ainda fui sócio-fundador e
primeiro presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma,
assim como sócio-fundador da Associação Ítalo-Brasileira de Tradição e
Cultura (AIBTC). Representando minha empresa, sempre fui associado
à Acic (Associação Empresarial de Criciúma), tendo participado de
algumas diretorias.
Pertenço ao Rotary Club de Criciúma desde 1962 e exerci as
diversas lideranças na entidade. Em 1994 e 1995, ocupei o honroso cargo
de Governador do Distrito 4650 do Rotary Internacional, cargo este que
tenho muito orgulho de ter exercido.
Enfim, essas são algumas, entre outras atividades, que tenho
desenvolvido ao longo de minha trajetória como Cidadão Honorário de
Criciúma e sempre, é claro, acompanhado de minha eterna companheira,
Maria Irene, que vem participando dessas ações com muito entusiasmo.
Temos quatro filhos: Renato, formado em Engenharia Civil,
Administração e Literatura Italiana, hoje aposentado e morando na Itália;
Ronaldo, formado em Direito e hoje deputado federal; Rosane, formada em
Enfermagem, atua comigo e Maria Irene na loja; e Rosimara, formada em
Psicologia, trabalha como empresária com seu marido. Nossos quatro filhos
nos deram a felicidade de sermos avós de dez amados netos e bisavós de seis
queridos bisnetos.
Ao finalizar esta pequena história da Casa Imperial é mais do
65
que justo agradecer a toda nossa equipe de colaboradores, tanto os exfuncionários, como os atuais.
Gostaria de destacar alguns deles por suas competências e amor
a nossa empresa, mas prefiro não citá-los para não melindrar os demais,
que foram todos nossos verdadeiros amigos.
Inauguração da sede própria da Imperial em 28 de julho de 1975
66
Casa Irmãos Benedet
Os irmãos Benedet, João, José, Jorge e Zeferino, primando pela
grande amizade e lealdade, conseguiram, com muito trabalho, esforço e
dedicação, contribuir para o desenvolvimento da cidade de Criciúma.
Nascidos na localidade de Morro Estevão (filhos de Fioravante
Benedet e Amabile Buzzanelo), suas experiências eram no manuseio da
terra, plantavam e comercializavam banana e açúcar.
Estiveram no Estado do Paraná trabalhando com café por
alguns anos, quando resolveram retornar à terra natal, Criciúma, e aqui
iniciar uma nova caminhada em direção ao comércio.
Em 1953, construíram um prédio na Rua Henrique Lage para
a instalação da primeira loja comercial, com o nome de Casa Irmãos
Benedet. Após cinco anos de muito trabalho, vislumbrando o crescimento
da cidade, fez-se necessária a ampliação do espaço. Construíram então
um novo edifício, de quatro andares, na Rua Conselheiro João Zanette.
Sempre com uma visão empreendedora comum entre os irmãos
Benedet, eles diversificaram o ramo.
Em 1961, Jorge, um dos irmãos deixou a sociedade e montou
uma malharia. Expandiu o ramo têxtil com camisaria e fábrica de
enxoval de bebê e fundou a primeira empresa de jeans, segmento do
qual a cidade se tornou polo.
Os outros três irmãos adquiriram o Posto São Pedro, localizado
na Rua Henrique Lage (gerenciado por João, falecido em 1968), e o
Posto Pinheirinho.
Irmãos Benedet: Zeferino, Jorge e José
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Com ações efetivas para atividades diversificadas, em
1968, emerge a oportunidade fora de Criciúma, com a compra da
Araranguaense, concessionária da Chevrolet, empresa esta gerenciada
por José (Bepe) e Zeferino Benedet.
Em 1978, duas novas empresas são adquiridas em Criciúma, as
empresa de ônibus São Marcos e Expresso Forquilhinha, que faziam o
itinerário pelos municípios.
Quanto ao Posto São Pedro, mesmo após o falecimento de João,
seus filhos deram continuidade ao negócio, que permanece até os dias
atuais.
Os irmãos Benedet seguiram caminhos distintos em seus ramos
comerciais, porém a harmonia, amizade, respeito e amor fraterno jamais
se dividiu.
João Benedet (já falecido) era casado com Olívia Dalpont, com a
qual teve cinco filhos: Zulmira (professora aposentada), Zelma (formada
em Administração), Antônio, João Paulo e Roberto (empresários do
comércio de combustíveis).
José Benedet (Bepe) é casado com Perpétua Zanette (Nina). O
casal teve dois filhos: Marcio (já falecido) e Terezinha (assistente social).
Jorge Benedet era casado com Dionízia Knaben (já falecida)
e tiveram três filhos: Jorge (já falecido), Paulo de Tarso (advogado) e
Denise (empresária).
Zeferino Benedet, falecido em 2001, foi casado com Dizelda
Coral, com quem teve quatro filhos: Edna (formada em Administração
de Empresas e empresária), Edmilson (advogado e político), Fabíola
(psicóloga) e Miriam (tem curso técnico em Administração).
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Casa Lanatex
Bem no Centro de nossa cidade, situava-se aquela loja onde
todos que precisavam de lãs e linhas não tinham dúvida: era lá que
encontrariam.
Quanta lã para tricô havia naquela loja! Era bonito ver lãs de
todas as cores, de todas as espessuras, no balcão, na prateleira e muitas
vezes até no chão, pois não dava tempo de guardar, e as clientes já
queriam comprar.
Agulhas de tricô finas e grossas, de crochê, de costurar à mão
e à máquina, afinal, tudo que se precisasse para trabalhos manuais ali
existia.
Antes de vir para Criciúma, Jorge Salim Elias foi, por muitos
anos, comerciante na vizinha cidade de Araranguá. Lá e aqui trabalhou
com muita competência, atendendo sua clientela com muito carinho,
paciência e dedicação.
Jorge Salim Elias, conhecido por todos como Salim, era casado
com Alaíde Correia, de quem sempre teve grande auxílio, eis que ela
trabalhou muito ao lado de seu companheiro. O casal teve seis filhos:
Jorge (engenheiro agrônomo), Jane (professora), Jaira (empresária),
Jadne (empresária de gastronomia), Salim (médico veterinário) e Gisela
(assistente social).
Jorge Salim Elias, o senhor Salim, faleceu em 30 de novembro
de 1996.
Jorge Salim Elias
69
Casa Leão
A história da Casa Leão em Criciúma tem origem na antiga
Casa Souza, de Eduvirges Souza, localizada na cidade de Maracajá, no
extremo sul de Santa Catarina, do ramo de tecidos e confecções no
varejo e no atacado. Tinha uma grande freguesia, como se dizia naquela
época, por todas as regiões vizinhas.
Conheci muitas pessoas que embarcavam no trem para o trajeto
Criciúma-Araranguá, desciam na estação de Maracajá e aproveitavam
o intervalo de duas horas, que era o tempo de o trem passar de volta,
para fazer suas compras. Voltavam carregadas de mercadorias e muito
satisfeitas.
O setor de atacado era liderado por seu filho, Ari, que, com
muita visão, resolveu mudar para a cidade de Tubarão, pois achava que
teria maior desenvolvimento no seu comércio de tecidos e confecções.
Em Maracajá, só ficou seu irmão Rui com a loja de varejo. O
restante da família foi para Tubarão, onde se instalaram no Centro da
cidade com uma grande loja e deram continuidade ao sucesso que já
haviam tido em Maracajá.
Nessa mesma época, eu estava hospedado no Hotel Palace, em
Criciúma, e Ari Souza também frequentava esse hotel.
Tornamo-nos muito amigos, e ele me convidou para trabalhar
em sua empresa, pois já tinha vislumbrado a ideia de criar novas lojas
de varejo e sabia de minha experiência nesse setor. Ofereceu-me uma
grande oportunidade, uma melhor remuneração, por isso aceitei o
convite.
Ari Souza
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Fiz, por alguns meses, estágio na loja de Tubarão; em seguida, ele
me autorizou a instalar a primeira filial em Criciúma, com denominação
de Casa Leão. O endereço escolhido foi a Rua Seis de Janeiro, no
Edifício Mampituba.
Não foi difícil gerenciar essa filial, pois eu já tinha uma boa
experiência adquirida nas Casas Pernambucanas. Somando-se ainda a
competência do diretor, Ari, consegui fazer um bom trabalho.
Ele conhecia as melhores fábricas de tecidos de todo o país, sabia
quais ofereciam os melhores preços e qualidade, o que muito colaborou
para o grande sucesso que teve esta empresa. Era muito grande a nossa
clientela.
Minha convivência com Ari Souza foi muito boa, e somei
muito ao meu conhecimento sobre comércio. Eu o considerava um
comerciante muito inteligente, competente e habilidoso. Infelizmente,
Ari e sua esposa, Leda Ghizo, já faleceram há bastante tempo.
Em 1957, surgiu a oportunidade de formar outra empresa, em
sociedade com Algemiro Manique Barreto, a Casa Imperial, já citada.
Com minha retirada, assumiu a gerência o jovem Pedro Alves,
que já era meu auxiliar. Este, muito talentoso e competente, deu
continuidade por mais alguns anos a esta filial, com o mesmo ritmo.
Permaneceu até o ano de 1961, quando assumiu a gerência Zulma
Souza Vargas, que fazia parte da família Souza. Ela permaneceu até o
ano de 1970, pois nesse ano teve que mudar de residência para a cidade
de Rio do Sul a fim de acompanhar seu marido, Valmor Vargas, que
fora nomeado gerente do Banco Nacional do Comércio naquela cidade.
Com isso, a família achou por bem encerrar suas atividades em
Criciúma, sendo vendida esta loja para Ademar de Oliveira, que, em
seguida, trocou o nome para Casa São Francisco.
Ari Souza era casado com a Leda Maria Guizo, com
quem teve os filhos: Eduvirges (comerciante aposentado), João
Batista (comerciante aposentado), Maria Conceição (formada em
Administração), Yara (advogada) e Raquel (dentista).
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Casa Londres
Está situada na Praça Nereu Ramos numa casa já tombada como
patrimônio público, muito bonita e bem conservada. Anteriormente
pertencente a Cincinato Naspolini, a Casa Londres era de propriedade
de João Manoel da Rocha, de quem, com muita honra, fui sócio.
João Manoel da Rocha iniciou sua vida como alfaiate no Bairro
Próspera, onde trabalhou por alguns anos e formou uma grande
clientela. Transferiu-se depois para o Centro, estabelecendo-se na
Travessa Engenheiro Boa Nova, quando então tinha como colaborador
seu irmão Osmar. E foi para Osmar que João Manoel transferiu a sua
alfaiataria, pois resolveu tentar a sorte em outra atividade.
Por uma feliz coincidência, João e eu, que já éramos amigos,
combinamos fazer uma viagem a São Paulo (SP) e ao Rio de Janeiro
(RJ), acompanhados de nossas esposas. Nessa viagem, discutimos
a possibilidade de formar uma sociedade no ramo da indústria. Ao
chegarmos de volta a Criciúma, começamos a estudar alternativas.
A primeira ideia foi colocar uma indústria de malhas para confecção
de camisetas, porém, consultando outros industriais do ramo, fomos
informados de que aqui na região não existia tinturaria para tingir
as malhas. Assim, teríamos que depender dos insumos vindos de
Brusque ou de Blumenau, circunstância que nos fez desistir desse
empreendimento.
João Manoel da Rocha
72
Nesse ínterim, foi posta à venda a Casa Londres, que nessa época
pertencia a Bonifácio Manique Barreto. Verificamos a possibilidade
e, achando que era viável, compramos a loja. Nossa sociedade deu
muito certo. João, muito trabalhador, logo se acostumou ao novo tipo
de trabalho, e, com o bom atendimento que nós fazíamos, logo a loja
conquistou uma grande clientela.
Algum tempo depois, eu comprei a propriedade de Ademar
Canarim – onde hoje é a Casa Imperial – e propus a João Manoel a
venda de minha parte. Ele gostou muito, pois já estava com vontade
de que sua família viesse trabalhar junto. Terminamos assim a nossa
sociedade da mesma maneira que começamos: na maior harmonia.
João Manoel continuou seu negócio com sua família, tendo
conseguido um grande progresso. Adquiriu o prédio onde funciona a
loja, bem ao lado da minha.
Era casado com Alaíde, com a qual teve quatro filhos: João
Luiz (médico), Bernadete (formada em Letras), Mirinha (formada em
Administração) e Maria Jucineia, a Cineia (pedagoga, que administra a
Casa Londres).
Quase no final da edição deste livro, em 2 de outubro de 2012,
faleceu meu ex-sócio e vizinho de loja, João Manoel da Rocha, que
deixou um grande vazio entre seus familiares e na sociedade criciumense.
Especialmente para mim, significou a perda de um grande amigo,
73
Casa Lorena
Esta loja, de grande credibilidade, está situada na Rua Henrique
Lage e pertence ao comerciante Guerino De Boit.
Guerino começou sua atividade no comércio em 1961 com
uma loja de confecções e, com muita vontade de trabalhar e dedicação
extraordinária, formou uma grande clientela.
Construiu um prédio na mesma rua de sua loja, mas não se
transferiu para o local; alugou para outras firmas. Guerino contou com
a ajuda de sua esposa, Lony Peplau De Boit, que trabalhou muito a seu
lado, e, juntos, adquiriram um bom patrimônio.
Infelizmente, em 2003, sua esposa faleceu, todavia Guerino não
parou sua atividade e está presente em sua loja até hoje, ou seja, há 51
anos. O casal teve os filhos: Lorena e Leamarta (também comerciantes),
Ilca Simone (odontóloga), Cristina (médica) e Michele (bioquímica).
Guerino, anos após ter perdido sua esposa, contraiu novas
núpcias com Solani Donato Scur.
Guerino De Boit
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Casa Natal
De propriedade dos irmãos Antônio e Faustino Zappelini, esta
loja começou na Rua Conselheiro João Zanette, número 40, mudandose depois para o número 56 da mesma rua, na esquina com a Marechal
Floriano Peixoto.
Além desse estabelecimento comercial, existiam mais dois,
pertencentes aos mesmos proprietários: a Galeria das Sedas, que ficava
na Rua João Pessoa, na quadra da Igreja Católica, e a outra se chamava
Alfaiataria Elias, localizada na Rua Conselheiro João Zanette.
O foco dessa história é principalmente a Casa Natal, iniciada em
1940 com muito trabalho e dedicação pelos irmãos Antônio Adélio e
Faustino Zappelini. Antônio criou uma clientela tão grande a ponto de
ter que trocar de endereço na mesma rua em 1952.
A nova instalação era bem moderna, mais ampla e possuidora
de belíssimas vitrines, onde eram expostas as mercadorias. Em 1954,
Antônio adquiriu as cotas de seu irmão Faustino. Nessa mesma época,
fechou as outras duas pequenas lojas e concentrou toda a força na
principal. Aumentou então seu mix de produtos em tecidos e aviamentos
- especialmente para alfaiatarias - e ainda confecções, cama, mesa e
banho, chapéus e muitos outros itens desse segmento.
Antônio da Casa Natal, como todos o conheciam, era um
homem dinâmico, com ideias avançadas, que viajava constantemente
para São Paulo (SP) para adquirir artigos da moda atualizada. Até a
propaganda da loja era bem interessante. Usava o seguinte slogan: “Fale
bem ou fale mal, mas fale sempre da Casa Natal”.
Antônio Adélio Zappelini
75
Muito estudioso, falava corretamente inglês e ensinou o idioma
ao seu filho, Plínio. Antônio deixou uma boa marca no comércio de
Criciúma.
Em 1958, transferiu a administração de seus negócios para
Plínio e para seu sobrinho, Antônio Mazzuco. Essa sociedade durou até
1960, quando o sobrinho se retirou, só ficando Plínio na administração
da loja, o que fez com muita competência até 1968.
Nesse ano, Plínio vendeu a firma aos árabes Armando
Muhammad, seu sócio, Manoel Muhammad e Musa Abdel.
Antônio Adélio Zappelini era casado com Hermezinda de Araújo
(ambos já falecidos), com quem teve os filhos: Plínio (empresário, já
falecido) e Teodoro (empresário).
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Casa Nova
Honório, primogênito do casal Luiz Búrigo e Santina Cechinel,
e seus irmãos, Pedro, Paulino, Sílvio e Lédio, resolveram, em meados
do ano de 1945, constituir uma sociedade com o objetivo de explorar
o comércio de tecidos, confecções e artigos congêneres.
Sob a denominação comercial de Casa Nova, os irmãos Búrigo
instalaram sua loja em um ponto comercial estratégico, ou seja, no início
da Rua João Pessoa, na esquina com a Travessa Padre Pedro Baldoncini,
onde ocuparam a sala de um prédio de propriedade de Paulino, um dos
sócios. Cabe destacar que meus conhecimentos e observações sobre o
desempenho comercial dessa loja tiveram início no ano de 1950.
Como tive o privilégio de ter uma grande amizade com todos
os irmãos Búrigo, posso, modestamente, defini-los individualmente,
como segue:
Honório era o líder da Casa Nova, empreendedor com vasto
conhecimento no ramo de tecidos e confecções, desempenhava sua
função com muita competência.
Pedro, conhecido como Pedrinho, era um ótimo administrador
na área do Departamento Pessoal da loja, sempre procurando manter a
ordem e a disciplina dos funcionários.
Paulino gostava de participar de política partidária tanto que o
levou a eleger-se deputado estadual. Gostava muito também de futebol,
sendo um dirigente de destaque do Comerciário Esporte Clube,
inclusive, foi, em diversas ocasiões, seu treinador.
Lédio Búrigo
77
Sílvio, além de ter uma ótima visão comercial, era muito
comunicativo e tinha extrema facilidade de fazer amigos. Quem o
conheceu sabia de suas qualidades, pois elas afloravam. Falarei dele
ainda quando me referir à Casa Santa Catarina.
Lédio, sempre de bem com a vida, alegre, comunicativo, era
considerado o Relações Públicas da loja. Fanático por futebol, foi jogador
e diretor do Comerciário Esporte Clube. Jogou futebol enquanto suas
forças físicas consentiram e recebeu o título de “Lédio Maradona”.
Luiz, o pai, muito competente, foi uma presença forte na empresa,
sempre aconselhando, orientando e repartindo seus conhecimentos
adquiridos nos seus negócios em Cocal do Sul, de onde veio.
Em meados de 1950, trocaram o endereço para um prédio
próprio de dois pavimentos na mesma rua, com uma vasta área
comercial, onde funcionou até pouco tempo, 2009.
Cabe ressaltar que no período de 1950 a 1970, a Casa Nova
foi a maior loja comercial do sul do Estado no segmento de tecidos e
confecções, sendo detentora com exclusividade das melhores marcas
e etiquetas da época. Sem medo de errar, afirmo que era muito difícil
concorrer com ela, pois os fornecedores mais importantes sempre lhe
davam preferência.
Outro detalhe que ajudou muito foi a língua italiana que os
sócios da Casa Nova falavam fluentemente, pois eram de Cocal do Sul,
onde falar italiano era normal. Assim, havia muita facilidade de vender
aos descendentes de italianos. Como a grande maioria dos criciumenses
era de origem italiana ou até de italianos natos, preferia-se comprar em
lojas onde a língua seria bem compreendida.
Durante o tempo em que exerceu suas atividades, a Casa Nova
passou por muitas alterações no seu quadro de sócios cotistas.
O primeiro a sair da sociedade foi Paulino, que, juntamente com
Osvaldo Souza, instalou uma loja de calçados, denominada Feira dos
Calçados.
Sílvio, ao sair, constituiu sociedade com Vidal de Oliveira e
começou uma loja de tecidos e confecções que se chamava Casa Santa
Catarina, cuja história contarei logo em seguida neste livro..
Honório permaneceu até 1966, quando se retirou para formar
com os filhos a Casa Honório Búrigo, situada na Rua João Pessoa,
ao lado de onde hoje funciona o Bortoluzzi Center. A história dessa
78
empresa também está neste livro.
Com a saída de Honório, permaneceram somente dois sócios,
Pedrinho e Lédio, por isso a firma passou a se chamar Irmãos Búrigo e
Cia.
No ano de 1985, Pedrinho montou uma firma com seu filho
Marcos, a Loja 50 graus, e também deixou a sociedade.
Lédio, sozinho, permaneceu como proprietário da Casa Nova,
admitindo seus filhos como sócios. Permaneceram com a loja até o ano
de 2009, quando resolveram encerrar as atividades, porém continuam
como proprietários do imóvel onde agora se localiza uma grande loja
de calçados.
Lédio era casado com Araci Benedet (ambos falecidos), e o
casal teve os filhos: José Sérgio, Roberto, Rosângela e Maria Grazia.
Os filhos cursaram Engenharia Mecânica, e as filhas são empresárias.
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Casa Ouro
O proprietário da Casa Ouro era Esperandino Damiani, que era
mais conhecido como “Ouro”. Realmente mereceu esse apelido, dado
ainda quando criança por força de sua personalidade extraordinária (ou
quase perfeita). Tive a ventura de tê-lo como um dos primeiros contatos
entre os comerciantes de sua época, quando cheguei a Criciúma em
1950. Ele era o maior comerciante de armarinhos e brinquedos do sul
do Estado, tanto no varejo, como no atacado.
Tudo que se possa falar sobre o Ouro não conseguirá exprimir
o que ele era. Gentil com todas as pessoas, modesto, companheiro e de
uma bondade sem igual. No dia de Natal, pela manhã, distribuía muitos
brinquedos aos carentes sem pedir colaboração a ninguém; fazia isso
com recursos próprios.
Entregava também brinquedos da sua própria campanha,
jogando-os da sacada de seu prédio diretamente às crianças, que se
aglomeravam à espera. Após, procurava alguém que o acompanhasse
e ía para o hospital dar continuidade ao trabalho solidário. Fazia uma
relação das crianças pobres que iam passar o dia de Natal no Hospital
São José e entregava para cada uma delas um brinquedo. Essa campanha
ele fazia com companheiros do Lions Clube.
O Ouro não falava mal de ninguém; quando era provocado,
sorria e desconversava. Daí considerá-lo um homem cheio de qualidades,
digno de ser imitado em todos os sentidos.
Casal Aurora e Esperandino Damiani
80
Fundador do Lions Clube Criciúma Centro, do Clube de
Diretores Lojistas (hoje Câmara de Dirigentes Lojistas) e do Sindicato
do Comércio Varejista, além de membro atuante da Associação
Comercial e Industrial de Criciúma (hoje Associação Empresarial de
Criciúma), sempre prestou o seu trabalho de forma honesta e dava o
seu exemplo à sociedade. Na Sociedade Recreativa Mampituba, foi o
eterno tesoureiro.
Nos churrascos que o Lions fazia no Dia das mães, Dia dos Pais,
Dia da Criança e aniversário do clube, o Ouro fazia questão de entregar
a cada domadora – era o nome que se dava às esposas dos sócios - o
pão do churrasco e de oferecer as boas vindas.
Esperandino era casado com Aurora Bortoluzzi, que, além
de sua esposa, foi uma grande colaboradora nas atividades. Tiveram
os filhos: Vilson Jacinto (comerciante atacadista aposentado), Vera
Inês (pensionista), Venício José (comerciante aposentado), Valfredo
(empresário de gastronomia), Tânia Maria (do lar), Regina Irene
(comerciante), Jorge Paulo (representante comercial), Rogério (leiloeiro
comercial), Rita de Cássia (do lar) e Nazaré (comerciante).
A praça, bem em frente ao Colégio Marista, chama-se Praça
Esperandino Damiani em sua homenagem.
Fato importante: para escrever a história de Esperandino
Damiani, pedi ajuda a seu filho Venício para conhecer mais detalhes
sobre seu pai. Fui gentilmente atendido e recebi algum material, como
fotos e um envelope, onde encontrei a cópia de um pronunciamento
memorável sobre a vida extraordinária do Ouro. Após ler com toda
a atenção, notei que tudo que eu queria relatar sobre ele estava nesse
discurso, porém não constava o nome do autor. Inicialmente achei
que tinha sido um membro da diretoria do Lions, mas perguntando a
Carlos Borba e a João Campos, soube que não era. Não me conformei
e continuei a pesquisar. Descobri então que o pronunciamento foi feito
na inauguração de um dos salões de festas do Mampituba, que leva o
nome de Esperandino.
Por sorte minha, essa pessoa é meu companheiro de Rotary: é o
meu velho amigo Ari Nardino Praessler, que me autorizou a transcrevêlo integralmente, como faço a seguir.
81
PRONUNCIAMENTO SOBRE ESPERANDINO DAMIANI
“O casal Loli e Ouro teve 10 filhos: Vilson Jacinto, Vera Inês, Venicius José,
Valfredo, o Fefê, Tânia Maria, Regina Irene, Jorge Paulo, o Fidel, Rogério, o “Queda”, Rita
de Cássia e Nazaré. Esses filhos e filhas foram o orgulho e a principal razão de vida dos papais
corujas.
Esperandino foi uma pessoa extremamente voltada para a sua comunidade. Foi
fundador do Lions Criciúma Centro e foi um leão 100%, significando que nunca faltou
a uma reunião do seu clube. Os que participaram de clubes de serviços sabem como isso é
difícil, sendo poucos os que conseguem esse feito. Ouro desempenhou todas as funções dentro do
Lions, tesoureiro, secretário, presidente. Sempre que solicitado a prestar sua colaboração em
campanhas beneficentes e filantrópicas se apresentava solícito, pronto a dar a tudo de si.
Muitas entidades de Criciúma devem muito ao seu trabalho, pois nelas ficou a marca
do seu desprendimento, como o asilo dos velhinhos, o Bairro da Juventude, o Colégio Marista,
o Colégio Michel, o Corpo de Bombeiros. E não foi por menos, que os Leões de Criciúma,
juntamente com a Prefeitura Municipal, homenagearam Esperandino Damiani, com uma
praça, perpetuando, dessa forma, a lembrança daquele que dedicou muito do seu esforço em prol
dos seus semelhantes. Ali, em frente ao Colégio Marista, que ele ajudou a construir buscando
tijolos de caminhão no Morro da Fumaça, está a praça que leva o seu nome e na qual o bronze
de uma placa sintetiza e perpetua o sentimento dos seus companheiros e amigos: “Esperandino
Damiani. Uma vida dedicada à comunidade”.
Profissionalmente, Esperandino sempre esteve presente nos movimentos de sua
atividade.
Foi fundador junto com vários companheiros do Clube de Diretores Lojistas, nos idos
de 1966, numa reunião no Restaurante Castelinho. Participava assiduamente das convenções
que se realizavam no Estado, atento às nuances, e pronto a trazer para si e para seus pares as
novidades de atividade lojista.
Foi membro atuante da Associação Comercial e Industrial, participando de várias
diretorias.
Fez parte da comissão pró-industrialização de Criciúma, no final da década de 60,
quando a cidade concentrava sua economia no carvão. Juntamente com abnegados da época,
como Wilson Barata, Lúcio Cavaller, Antônio Caldeira Góes e outros, a comissão visitou as
principais cidades industrializadas do Estado, como Blumenau, Brusque, Jaraguá, Joinville,
trazendo para Criciúma, subsídios para novos investimentos, buscando a sua diversificação
econômica. Esperandino foi também um dos pioneiros na indústria de confecções, tendo fundado
a Confecção Aurora, que funcionou na Rua Floriano Peixoto, e que mais tarde foi vendida. O
nome Aurora era uma explícita homenagem a sua esposa e companheira.
Esperandino era um patrão extremamente querido pelos seus colaboradores. Muitas
das suas atitudes ficaram marcadas na lembrança de seus filhos, como ocorria em todas as
vésperas de Natal, quando a loja encerrava as suas atividades, às vezes tarde da noite, depois
de um estafante dia de trabalho. Todas as funcionárias eram reunidas, as efetivas e aquelas
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contratadas temporariamente para o mutirão de Natal, e a todas, indistintamente, era pago
o salário do mês e entregue um mimo, expressando de forma concreta o agradecimento do
empresário àquelas que, com esforço e sacrifício, ajudaram a vencer mais uma etapa.
E quem não se lembra nos natais a distribuição de balas e brinquedos, que era feita
na Rua João Zanete. Os menos favorecidos já sabiam. A Casa Ouro do Seu Esperandino
distribui brinquedos aos pobres todos os anos. E o povo fechava a rua.
Esperandino Damiani, uma vida dedicada à comunidade
Esperandino Damiani nasceu na Serra do Doze. Como ele dizia, no começo da
Serra. Foi em 24 de setembro de 1917. Teria completado há 6 dias 79 anos. Era filho de
Jacinto Damiani e de Dona Ignes Brescianni. Foi o primeiro filho do casal. Esperandino teve
ainda duas irmãs, a Nena, que se chamava Amélia, e a Pupa, que era a Maria Madalena.
Sua infância foi como a de qualquer garoto, mas os seus cabelos dourados e cacheados lhe deram
um apelido que carregou com muito orgulho pelo resto da vida: “Ouro”.
Desde cedo, o gosto pelo trabalho foi uma característica de Esperandino. Pelo início
dos anos 30, no Bar do Basilio Aguiar, em Nova Veneza, Ouro começava a trabalhar para
ajudar sua mãe já viúva. Um dia no bar, a encantadora menina Aurora Bortoluzzi, a Loli,
foi comprar coco. O Esperandino sorriu, a Loli não conseguiu se conter e sorriu também.
Estava nascendo ali, no Bar do Basilio, um sentimento que entrelaçaria duas vidas, fundindose numa única caminhada.
Esperandino veio morar em Criciúma, onde sua mãe, Dona Ignes, instalou uma
padaria.
Ouro, com o auxílio de uma cesta, fazia entrega nas residências. A namorada ainda
estava em Nova Veneza. A distância era grande. Muito embora alguns familiares da jovem
Loli achassem que Esperandino não “tinha chapéu”, o namoro continuava, e ele haveria de
conquistar a todos com o seu exemplo de honradez e trabalho.
Em 1937, o jovem Ouro, com 20 anos de idade, no dia 1º de abril, montou seu
próprio negócio, uma lojinha, que recebeu o nome de Casa das Novidades, ali na Rua João
Zanete.
Foi um início difícil, mas inteiramente superável pela abnegação e pela vontade de
trabalho daquele jovem. Com o negócio montado, a grande decisão: em 02 de julho de 1938,
Nova Veneza assistiu ao casamento de Ouro e Loli, testemunhado pelos Leões da igreja de São
Marcos e por uma infinidade de convidados que foram saudar os noivos naquele lindo sábado
de sol, como a prenunciar uma vida radiante de felicidade e realizações.
Esperandino e Loli foram morar numa modesta casa de madeira junto aos trilhos
da estrada de ferro, onde hoje é a Rua Paulo Marcus e Avenida Centenário. Nas noites frias,
usava-se cobertor para fechar as frestas que não tinham mata-juntas. Foram tempos difíceis.
Mas o casal, com amor, tudo superou.
Na loja, agora, a jovem Loli ajudava. O negócio prosperou. Mas na cidade as
pessoas falavam em comprar na Casa do Ouro, e essa forma de referenciar a loja de maneira
extremamente generalizada, acabou obrigando o casal, Ouro e Loli, a mudar a denominação
de Casa das Novidades para Casa Ouro, o nome que se notabilizou em Criciúma de uma
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forma tradicional. O trabalho que se seguiu fez com que a fama da Casa Ouro, na venda de
armarinhos, brinquedos e material escolar, ultrapassasse as fronteiras da cidade, espalhandose por toda a região e alcançando clientes até no oeste de Santa Catarina. A Casa Ouro
funcionava, no mesmo local, mas em prédio mais amplo e mais moderno. Agora Esperandino
Damiani podia mostrar que tinha Chapéu.
Os amigos do seu Ouro que com ele conviveram o consideravam uma pessoa que era
a expressão da bondade, um comerciante símbolo de honradez e que usou a honestidade como
apanágio de sua vida.
E aqui na Sociedade Recreativa Mampituba, Esperandino Damiani foi um
baluarte, um batalhador. Exerceu funções na diretoria executiva, principalmente na tesouraria
desde 1946, ficando continuamente no cargo de 1948 a 1969, com intervalo somente em 1950
e 1951. Quantas e quantas vezes, nos bailes, o Seu Ouro ficava assessorando os porteiros até
altas horas da madrugada, zeloso pelo cumprimento das normas do clube, prejudicando com isso
o seu próprio direito de lazer.
Seu Ouro foi presidente do clube em 1970 e 1971 e a ele se deve a efetiva aquisição
do terreno que hoje ocupa o clube e que é a grande base de sua grandeza. Ao saber que o
Sr. Honório Búrigo desejava vender a área, Antônio Baltazar levou a ideia a Esperandino
Damiani, para que o clube a comprasse e a usasse para uma futura sede campestre. Este, com
visão do futuro, muito embora não houvesse a disponibilidade dos recursos de forma imediata,
após uma consulta ao seu assessor e amigo João Carlos de Campos e inspirado pelo valoroso
Abílio Paulo, não vacilou e concretizou o negócio. A visão daquele grupo de homens tornou real
a grandeza de um clube que hoje se orgulha de ter um patrimônio invejável e uma estrutura que
ombreia como os melhores clubes do País.
A Sociedade Recreativa Mampituba hoje, no seu corpo de associados, se sente
orgulhosa e agradecida pela iniciativa e pela visão daquele grupo de homens liderados por
Esperandino Damiani.
Como prova de reconhecimento e de gratidão, por todos esses imensos serviços que o
Seu Ouro prestou à Sociedade Recreativa Mampituba, esta diretoria dá a essa dependência
do Clube o seu nome, e da mesma forma que fez o Lions Clube, perpetua a lembrança desse
homem, que foi um exemplo de vida para todos nós. A homenagem simples não tem outro
propósito que não seja a de simbolizar o orgulho que sentimos por termos, de certa forma,
convivido com Esperandino Damiani, que fez de Criciúma a sua cidade, e que deixou nela a
sua marca de amor, honestidade e trabalho.
Receba, pois, Dona Loli, filhos e filhas, netos e netas do Seu Ouro, o nosso abraço
simples e sincero, simbolizando nosso agradecimento, orgulho e gratidão.
Criciúma, 30 de março de 1996.”
Infelizmente, o casal Ouro e Loli já não se encontra entre nós.
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Casa Roque
A história da Casa Roque teve início em 1941. A loja se situava
na esquina da Rua Conselheiro João Zanette com a Rua Marechal
Floriano Peixoto.
Nesse período, teve uma interrupção de aproximadamente
quatro anos, quando o proprietário, Antônio Roque Júnior, mudou sua
loja para a cidade de Laguna. Cedeu seu ponto comercial de Criciúma a
José Geraldino Cardoso, mais conhecido como “Bem-Bem”. Sobre ele
dissertei em outra oportunidade.
Roque voltou em 1951 e readquiriu o mesmo local que tinha
antes. Retornou a conviver com seus velhos amigos e foi nessa
oportunidade que tive o privilégio de conhecê-lo e me privar de sua
amizade.
Era uma pessoa de muito bom caráter, trabalhador, correto e
grande comerciante na sua atividade. Gozava de muito crédito junto
a seus fornecedores e era despojado de egoísmo. Ajudava todos os
seus companheiros do comércio local. Nós da Casa Imperial, quando
iniciamos nossa atividade em 1957, recebemos sua ajuda, recomendandonos sempre aos seus fornecedores.
Um destes fornecedores foi Pedro Michaluart, um grande
atacadista da cidade de São Paulo (SP), do qual, além de nos tornarmos
clientes, fomos grandes amigos.
Michaluart não é mais comerciante, mas nossa amizade continua
até hoje, trocando telefonemas constantemente.
Antônio Roque Jr.
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Além de todas as boas qualidades de comerciante, Antônio
Roque colaborou muito com a sociedade criciumense, onde deixou
sua marca. Foi sócio-fundador da Associação Empresarial de Criciúma
(Acic) e seu primeiro presidente.
Plantou aí uma boa semente, que vem se reproduzindo até
os dias de hoje com ótimos resultados. Foi sucedido por dezenas de
presidentes. Essa associação hoje se chama Associação Empresarial de
Criciúma, que se destaca em todo o Estado pela moderníssima sede
própria que construiu.
Antônio também teve grande participação na fundação do Asilo
São Vicente de Paulo, pois era muito católico e de espírito desprendido,
sempre colaborando em todas as atividades religiosas.
Roque era conhecido por seus amigos como Tonico. Casado
com Sueli Pereira, com ela teve os filhos: Aroldo (contador de muitas
empresas da cidade), Arnoldo (o Dinho, que trabalhou na loja com o
pai, mas depois se tornou funcionário público da Fazenda Estadual),
Geraldo (contabilista, foi secretário da Prefeitura de Tubarão, falecido),
Maria Tereza (professora, falecida), José Carlos (contador, falecido),
Luiz Tadeu (advogado), Maria da Graça (professora) e Antônio Roque
Neto (contador de diversas empresas e hoje atuante na firma Alcino
Zanatta e Cia.).
O casal Roque e Sueli também não está mais entre nós.
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Casa Santa Catarina
Instalada na Praça Nereu Ramos, foi de propriedade de Sílvio
Búrigo e Vidal de Oliveira. Essa sociedade surgiu quando Sílvio deixou
a Casa Nova, da qual tinha sido um dos sócios-fundadores.
Vidal tinha uma sala disponível no prédio de seu sogro, Cincinato
Naspolini. No local, Vidal, tinha um restaurante chamado de Gruta
Baiana. Sílvio e Vidal reformaram a sala e começaram uma linda loja de
tecidos e confecções.
Com a experiência que Sílvio adquirira na Casa Nova, os negócios
foram muito bem, de vento em popa, como se falava na época. Essa
sociedade se desfez alguns anos após.
Vidal retomou suas atividades de gastronomia, inaugurando a
Churrascaria Rancho Alegre, muito bem frequentada, com boa cozinha,
destacando-se principalmente pelo risoto de frango e pelo churrasco,
que eu, João Abel Benedet, muito apreciava, tornando-me seu assíduo
frequentador.
Sílvio, por sua vez, começou a trabalhar com construção civil,
edificando um prédio com salas comerciais na Travessa Padre Pedro
Baldoncini.
Sílvio Búrigo
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Além da Casa Santa Catarina e da construção deste prédio
na Travessa Padre Pedro Baldoncini, Sílvio fez muitos outros
empreendimentos: Casa São Francisco, na Rua Seis de Janeiro, no
Edifício Mampituba, adquirida de Adhemar de Oliveira; Casa Sílvio
Búrigo, na Rua Conselheiro João Zanette, adquirida dos irmãos João,
Jorge, Zeferino e José (Bepe) Benedet; Jugasa, da qual foi sócio, quando
estava situada na Rua Marcos Rovaris, transferindo-se, posteriormente,
para a Rua Coronel Pedro Benedet com novas e modernas instalações;
Comércio de Veículos Automotores e Terraplanagem.
Em todas as empresas em que atuou, seja como proprietário ou
como sócio, sempre mostrou uma competência extraordinária, elevada
retidão, muita visão e forte tino comercial.
Corajoso e entusiasmado, tinha grande poder de convencimento.
Seu sócio e compadre, Diniz Gaidzinski, sempre comenta o quanto foi
importante a contribuição de Sílvio Búrigo no sucesso da Jugasa.
Sílvio também foi sócio do Lions Clube Criciúma Centro,
colaborando muito com a sociedade criciumense. Era um conhecedor
da arte de cozinhar e fez muitos jantares de confraternização, tanto
no Lions, como para seus amigos e familiares. Tinha um alto espírito
altruísta, era muito solidário para com aqueles que o procuravam em
busca de auxílio.
Outro traço forte de Sílvio era seu bom humor, cujas estórias e
histórias ainda hoje arrancam boas gargalhadas quando recontadas por
aqueles que o conheceram.
Sílvio, já falecido, casado com Maria Tereza Corrêa Búrigo,
de Tubarão, teve seis filhos: João Luiz (engenheiro civil), Júlio César
(engenheiro agrônomo), George Elias (administrador de empresas),
José Juarez (representante comercial), Sílvio Augusto (advogado) e a
única filha, Maria Tereza (do lar).
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Casa São José
Pertenceu a Eugênio José Goulart, que veio de Jaguaruna com
o dinheiro da venda de uma junta de bois. Aqui chegando, começou
a comercializar tecidos e confecções em uma sala alugada, que se
localizava, inicialmente, na Rua Coronel Pedro Benedet, vindo a mudarse depois, para a Rua Conselheiro João Zanette.
Eugênio iniciou sem ter muito conhecimento de comércio, mas
com garra e a vontade férrea de vencer na vida, conseguiu muito êxito.
Sua esposa, Joaquina Ferreira, mais conhecida como Cotinha,
foi uma grande colaboradora. O casal conseguiu uma fiel clientela, e o
sucesso aconteceu rapidamente.
Ele se tornou um grande amigo meu, a ponto de viajarmos juntos
para São Paulo e nos hospedarmos no mesmo hotel. Combinávamos
que, no primeiro dia, cada um tomaria rumo diferente para fazer
pesquisa de preço. À noite, no hotel, fazíamos uma avaliação das
pesquisas e no outro dia íamos às compras.
Mais tarde, Eugênio modificou sua maneira de negociar; deixou
de vender no varejo e começou seu comércio de atacado, ramo em que
se deu muito bem. Trabalhou incansavelmente até o final da vida.
Eugênio e Cotinha (também já falecida) tiveram nove filhos:
Itamar Eugênio (trabalha na área de transporte), Nadir Joaquina
(professora de Biologia), Lenir Joaquina (professora de Matemática),
Neide Joaquina (professora de Artes Plásticas), Nídia Joaquina
(professora de Matemática, diretora do Colégio Maximiliano Gaidzinski
por 17 anos, até falecer), Marlene Joaquina (professora de Matemática),
Rosane Joaquina (engenheira civil), Márcia Joaquina (arquiteta) e José
Eugênio, o “Lote” (engenheiro mecânico).
Casal Joaquina e Eugênio
José Goulart
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Casa Savi
Esta loja tinha como proprietários Isidoro Savi, seu filho
Abelardo Rovaris Savi e seu sobrinho, Aci Savi (todos já falecidos).
Situava-se na Praça Nereu Ramos.
Vendia confecções e roupas de cama, mesa e banho. Toda a
sua mercadoria era de muito boa qualidade, principalmente na moda
homem. A apresentação desta loja era muito bonita, muito bem
arrumada, expunha sua mercadoria com muito gosto.
Possuía um grande sortimento: as roupas de cama, mesa e
banho eram muito procuradas, principalmente pelas noivas que faziam
seu enxoval para o casamento.
Do seu primeiro casamento com Luíza Rovaris (já falecida),
filha de Marcos Rovaris, Isidoro teve ainda, além do filho Abelardo,
que sempre foi comerciante, outros cinco filhos: Maria Íris (bancária,
já falecida), Maria de Lourdes (bancária aposentada), Luiz (bancário
aposentado como gerente do Banco do Brasil) e Rui (bancário, faleceu
muito jovem). De um segundo casamento, com Irene, teve mais dois
filhos, Isidoro Filho (bancário, aposentado como gerente do Besc Banco do Estado de Santa Catarina) e Gecy (funcionária pública).
Quando resolveram encerrar seus negócios, venderam a Casa
Savi para uma sociedade liderada por Antônio Búrigo.
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Casas Jaraguá
As Casas Jaraguá pertenciam ao Grupo Votorantim, da cidade
de São Paulo (SP), que contavam com lojas por todo o país. Essa filial
teve início entre os anos de 1951 e 1952, com atividade de vendas
no varejo e especialidade em tecidos, dos quais eles eram grandes
fabricantes.
Como o produto era fabricado por eles mesmos, tinham preços
bastante competitivos. Por esse motivo, as vendas cresceram muito.
Em Criciúma, situava-se na Rua Conselheiro João Zanette, esquina
com a Rua Seis de Janeiro.
Foram seus gerentes: Milton Paladini, João Anselmo, Luiz
Cascaes, Lídio Ginevro, José Joel Duarte e Acelon Santos.
Essa firma existiu em Criciúma até a década de 1970, tendo
encerrado suas atividades na cidade, porque o Grupo Votorantim
se direcionou ao ramo da metalurgia e mineração, além do famoso
cimento Votorantim.
Todos os gerentes acima citados foram meus amigos, porém
João Anselmo, como era meu conterrâneo e permaneceu em Criciúma
por mais tempo, teve mais contato comigo, e nossa amizade foi bem
grande. De Criciúma, ele foi gerenciar a filial das Casas Jaraguá em
Tubarão, tendo então continuado nosso bom relacionamento. Lá ele
se tornou rotariano e participou com seus companheiros de muitos
trabalhos comunitários em prol da “Cidade Azul”. Infelizmente João
Anselmo já faleceu.
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Casas Pernambucanas
Em Criciúma, surgiram lá pelos anos de 1947 ou 1948. Eu
assumi a gerência da subfilial das Casas Pernambucanas em junho de
1950, em substituição ao companheiro Amilton Viana.
Ele havia feito uma boa administração, muito bem organizada.
Graças a isso, também pude fazer um bom trabalho. Diante desse
excelente resultado, a subfilial, que dependia da filial de Tubarão, passou
a ser filial, dependendo diretamente da matriz do Rio de Janeiro.
Para que tudo isso acontecesse, contei com uma ótima equipe de
funcionários, destacando-se entre eles Salute Beloli, uma das melhores
balconistas que conheci e que contava com sua fiel clientela. Quando
estavam à porta da loja, já chamavam pelo seu nome. Ela nunca perdeu
o primeiro lugar em vendas.
Eu me sinto muito honrado em ter trabalhado nessa grande
empresa, pois nela adquiri muita experiência administrativa, galgando
meus primeiros passos na vida comercial. Aprendi principalmente
sobre vendas, propaganda e disciplina, que eram o ponto forte dessa
organização, presente na maioria das cidades brasileiras.
Realmente foi muito gratificante trabalhar na maior empresa
especializada em tecidos, sem competição no mercado brasileiro.
Em 1953, recebi um convite irrecusável do meu grande amigo
Ari Souza para fazer parte de sua empresa, a Casa Leão. Desliguei-me
das Casas Pernambucanas, que permaneceram ainda em Criciúma por
muitos anos, contando ainda com muitos gerentes, até que encerraram
a maioria das filiais de Santa Catarina.
As Casas Pernambucanas voltaram há pouco tempo para
Criciúma, mas esta pertence à sucursal de São Paulo, que trabalha com
o ramo de eletrodomésticos e confecções.
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Cricifios Comércio de Fios e Linhas Ltda.
A Cricifios iniciou suas atividades na Rua Coronel Pedro Benedet
em 1970 e tinha como proprietários os irmãos Manoel Frontino
Geremias e José Geremias.
Posteriormente houve a transferência para a Praça Nereu Ramos
e outra foi aberta na Rua Paulo Marcus, hoje Avenida Centenário.
A Cricifios chegou a estar em quatro endereços, simultaneamente,
no Centro de Criciúma. Hoje todas as lojas estão centralizadas em um
único endereço, na Galeria Benjamin Bristot, que tem duas entradas,
uma na Praça Nereu Ramos e outra na Rua João Pessoa.
Manoel e sua esposa, Tereza Casagrande Geremias, trabalharam
muito até alguns anos atrás. Atualmente o casal está aposentado.
Tiveram os filhos: Salete (comerciante), Lourdes (já falecida), Adelina
(do lar), Rui (empresário), Rubens (odontólogo, já falecido), Raimundo
(empresário), Solange (professora), Rodeval (representante comercial),
Rogério (engenheiro mecânico), Reginaldo (professor universitário) e
Ricardo (engenheiro de Minas e Energia).
A empresa foi transferida para a filha de Manoel Geremias, a
dinâmica Salete, que, juntamente com seu marido e grande companheiro,
Braz Malaquias de Amorim, tem levado avante com muito sucesso o
trabalho da loja.
O casal, que é muito dedicado e batalhador, transformou o
empreendimento em um dos melhores no ramo de aviamentos para
costura, bordados e trabalhos manuais.
Manoel Geremias
Casal Salete e Braz
Amorim
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Entre seus clientes, estão indústrias de confecções, além de uma
grande gama de freguesia do varejo, que atendem também com muito
carinho, seguindo a tradição de seus fundadores.
Braz e Salete são também ótimos colaboradores da comunidade.
Eles têm três filhos: Erlon (advogado), Gustavo (bioquímico) e
Leonardo (formado em Administração).
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Dedal de Ouro
De propriedade de Hélio Gazola desde o início de suas
atividades, esta loja começou numa pequena sala na Rua Conselheiro
João Zanette, onde vendia material de costura, armarinho, bijuterias,
acessórios femininos e muitas outras miudezas.
Com a grande disposição para o trabalho de Hélio e seu bom
atendimento aos fregueses, logo esse estabelecimento ficou muito
pequeno, insuficiente para seu trabalho.
Hélio mudou-se então para uma sala bem mais ampla na Praça
Nereu Ramos. A partir daí, passou a contar com a colaboração de Zélia,
sua esposa, que foi uma batalhadora eficiente. Com a parceria dela,
a loja cresceu a olhos vistos. Alguns anos depois, iniciaram a loja no
Shopping Della Giustina, onde também é um sucesso.
Hélio ainda construiu um prédio com uma grande sala térrea
e vários apartamentos na Rua Henrique Lage. Nessa sala, montou um
grande atacado da mesma especialidade em sociedade com sua filha
Sílvia e com o genro, Renato Carvalho.
Atualmente este atacado está situado na Rua Pedro Beneton,
com instalações modernas e um especial atendimento.Trabalha com
todo o sul do Estado e também parte do Rio Grande do Sul.
Além de Sílvia, mais dois filhos trabalham na empresa: Andrea e
Mateus.
O casal Hélio e Zélia ainda tem mais duas filhas e um filho:
Silvana (médica), Synara (odontóloga) e Mateus Felipe (trabalha na
Souza Cruz e estuda).
Casal Zélia e Hélio Gazola
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Délia Calçados
Esta sapataria iniciou com o nome de Carbone Calçados
em agosto de 1986 na Rua Conselheiro João Zanette. Eram seus
proprietários Adélia Mazzuco Stopassoli, seu marido, Jaime Domingos
Stopassoli, e Rosalino Mazzuco.
Adélia e Rosalino tinham adquirido muita experiência quando
trabalharam na Pavone Calçados, de propriedade de Antônio Mazzuco.
Lá eles aprenderam a vender, gerenciar e tudo o que era necessário para
bem administrar uma empresa.
Por vários anos, com muita dedicação, amor ao trabalho e bom
atendimento, os negócios de Adélia e Rosalino foram fluindo a ponto
de criarem outra loja onde funcionou por muitos anos a Sapataria
Lurdete. O nome da loja era Zappata Calçados, com a qual tiveram
grande sucesso.
Em 1988, resolveram dividir a sociedade. Rosalino ficou com
a Carbone Calçados. Já Adélia e seu marido, Jaime, com a filial da
Rua João Zanette, número 83, e com a Zappata Calçados, que passou
a ser chamada de Délia Calçados quase imediatamente. Essa sapataria
também contou com uma filial na Rua Seis de janeiro.
Esses estabelecimentos tiveram muito progresso graças à boa
administração do casal, que teve sempre a colaboração dos filhos.
Seguiam o lema: “Família que trabalha unida, permanece unida”.
Assim, conseguiram uma grande clientela.
Casal Adélia e Jaime Stopassoli
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Adélia, com a perda de seu marido, Jaime, fez as seguintes
alterações na empresa: a loja da Rua Conselheiro João Zanette foi
desativada, e a da mesma rua, número 29, passou para os filhos Sandra
e Clayton, os quais vêm dando continuidade com muito trabalho e
determinação.
A loja Pé Calçado, situada na Rua Seis de Janeiro, coube ao filho
Everaldo, que levou o estabelecimento adiante no mesmo ritmo até o ano
de 2011. Como ele também perdeu sua esposa, em memória a ela, trocou
o nome para Leila Calçados, mantido até hoje.
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Enxovais Karina
De propriedade de Paulinho Raul Garcia e atuante no ramo de
roupas de cama, mesa e banho, enxovais e lingerie, a loja Enxovais
Karina iniciou suas atividades em 14 de março de 1978. Localizava-se
na Praça Nereu Ramos, na Galeria Benjamin Bristot, sala 12.
Paulinho começou a trabalhar muito jovem, inicialmente nas
Lojas Fretta, sob a administração do competente e dinâmico João
Alfredo Campos. Com ele aprendeu o espírito de lutador. Fez de tudo
naquela firma: foi até montador, entregador de móveis, motorista e
vendedor.
Após sair das Lojas Fretta, Paulinho foi trabalhar na firma
de Antônio Lima, em Içara, uma das primeiras que fez consórcio de
televisores. Lá foi vendedor, viajou para vender os consórcios, aparelhos
de televisão, antenas e outros artigos desse segmento. Paulinho cita
sempre Antônio Lima como um ótimo patrão e diz que tem por ele
uma grande consideração.
Mais adiante, ele montou sua própria loja no endereço acima
citado. Trabalhador como sempre, não foi difícil levar adiante o
empreendimento. Com bom atendimento e carinho aos seus clientes,
alcançou muito sucesso nessa atividade durante 20 anos.
Paulinho, após vender seu negócio, resolveu criar uma nova
empresa, a prestadora de serviços Cascão, especializada em coleta de
entulhos.
Inicialmente, ele mesmo dirigia seu caminhão e fazia o trabalho.
Hoje tem uma pequena frota e, sempre com a sua orientação e
com seu tirocínio, está indo muito bem neste novo empreendimento.
Paulinho era casado com Regina Búrigo (falecida), com quem
teve a filha Karina, para a qual fez uma homenagem, dando o nome
dela a sua loja.
Paulino Raul Garcia
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Fábrica de Camisas Aguiar
Era de propriedade de Moysés José de Aguiar, que ouviu falar
do progresso de Criciúma e se mudou para cá com sua família e sua
alfaiataria para tentar melhor condição de vida.
Começou seu trabalho na própria casa, mas logo depois de
alguns contatos, mudou sua alfaiataria para o Centro e ali conquistou
muitas amizades e fregueses, pois era muito bom profissional. Tinha
o curso de corte e costura para homens, feito em Porto Alegre (RS),
o que lhe valeu o diploma assinado por Duílio Perrone, secretário da
Escola Profissional de Corte e Costura Modern Style.
Com o crescimento da cidade, resolveu começar uma confecção,
com a participação de alguns sócios, entre eles, Esperandino Damiani.
Tornou-se, assim, o diretor da primeira indústria de confecção, que
já de entrada deu emprego para moças que sabiam costurar. Homens
também foram contratados como representantes comerciais.
A sociedade foi desfeita. Com a parte que lhe coube, Zezinho,
como era chamado, deu início à Fábrica de Camisas Aguiar, situada na
Praça Nereu Ramos. Toda a família participava. No começo, faziam
todas as caixas para embalar as peças confeccionadas.
Com seu conhecimento e com muito trabalho, Zezinho viu
sua fábrica ter o nome reconhecido em toda a região. Camisas, cuecas
e pijamas eram vendidos por meio dos representantes nas cidades
vizinhas. Também eram vendidas no varejo na sede da fábrica.
Zezinho levava muita mercadoria para vender na serra catarinense.
Dirigia seu próprio carro, sempre na companhia de um amigo.
Moysés José de Aguiar
99
Em 1954, mudou sua fábrica para prédio próprio na Rua
Floriano Peixoto. No primeiro piso, funcionava a fábrica e no andar
superior morava a família. Permaneceu no local até a década de 1970,
quando se mudou para outro endereço. Nessa ocasião, a empresa já era
dirigida por seu filho Sálvio.
Zezinho entendia muito bem de música. Por isso, com muita
alegria, participou da fundação da banda musical Cruzeiro do Sul, para
a qual doou um instrumento: seu saxofone.
Moysés era casado com Francisca Pacheco (ambos já falecidos),
com a qual teve os filhos: Dalva (auxiliar de Administração), Sálvio
(empresário), Elisabeti (auxiliar de Administração) e Claudete
(costureira).
100
Fox Calçados
Este estabelecimento era de propriedade de Aldo Bortolloto,
nascido no distrito de São Bento Baixo, no município de Nova Veneza.
Seus pais mudaram de residência para Criciúma.
Quando chegou, Aldo ainda era uma criança. Além de estudar,
iniciou suas atividades no mercado de trabalho, tendo seu primeiro
emprego no Bar e Café Damasco e, em seguida, na Sapataria Dalsasso.
Posteriormente, foi trabalhar com Antônio Mazzuco na Sapataria
Pavone, loja de grande expressão no ramo calçadista, tendo se tornado
grande especialista em calçados.
Porém, com espírito inovador, resolveu trocar de ramo de
negócio. Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar no ramo de
foto com o empresário Faustino Zappelini. Aprendeu muito com ele
nessa nova especialidade e tornou-se um campeão de vendas. Com
isso, recebeu o prêmio pelo seu sucesso na venda de mil máquinas
fotográficas Kodak no Natal de 1979, tendo ocupado espaço na capa
de revista editada no Japão.
Sua fama ficou tão evidente que a apresentadora da TV
Eldorado, de Criciúma, Lenita Cauduro, convidou-o para fazer parte
de seu programa e dar instruções de como fotografar e filmar, que era
a novidade naquela época.
Tendo se destacado muito bem nessa demonstração, mesmo
galgando os patamares nas empresas onde prestou serviços, em 1980,
resolveu montar seu próprio negócio. Dessa forma, abriu uma loja
de calçados, denominada de Fox Calçados, localizada na Rua Coronel
Pedro Benedet, e mais duas, uma na Rua Seis de Janeiro e outra no
espaço cedido pela firma Hermes Macedo, que, naquela época, resolveu
locar seções com diferentes mercadorias.
Aldo Bortolloto
101
Essas duas últimas lojas eram chamadas de ABC Calçados, e os
negócios foram progredindo.
Nosso personagem sempre foi uma pessoa muito comunicativa
entre seus companheiros de comércio; participou ativamente do então
Clube de Diretores Lojistas de Criciúma (CDL), hoje Câmara de
Dirigentes Lojistas, estando sempre presente nas reuniões. Fez inclusive
parte da diretoria nas funções de diretor social, vice-presidente e
presidente por dois mandatos.
Aldo tinha como seus ídolos na CDL os senhores Honório
Búrigo, Antônio Caldeira Góes, João Abel Benedet, Valmor Vargas e
Antenor Felipe, que representava as Lojas Fretta.
Alcançando a maioria de seus objetivos no ramo comercial,
Aldo resolveu também ingressar na vida política, candidatando-se a
vereador, isso porque ele achava que possuía uma boa popularidade e
por ser incentivado por alguns políticos da época.
Nessa área, porém, as coisas não foram como ele esperava:
acabou não se elegendo como vereador, mesmo gastando uma boa
quantia de dinheiro. Ficou decepcionado e entristecido com esse fato,
porém deu continuidade a sua loja, Fox Calçados, por mais algum
tempo.
Durante a Presidência da República por José Sarney e Fernando
Collor de Mello, o Brasil passou por uma grande transformação,
com diversos planos econômicos, todos fracassados, deixando a
classe empresarial, comercial e industrial totalmente atordoada, sem
alternativa de luta. Diante dessa dificuldade, nosso companheiro Aldo,
muito deprimido, resolveu em 1995 encerrar sua loja, mudando-se para
a Europa em busca de novos horizontes.
Sua esposa, Ieda, que esteve sempre lutando a seu lado no
negócio do casal em Criciúma, não o acompanhou em sua ida à Europa.
Ficou em Criciúma e passou a administrar um pequeno negócio de loja
de confecções na Rua Anita Garibaldi, denominada de Preço Redondo.
Ela é bastante competente e fiel no trabalho e vem desenvolvendo essa
loja até os dias de hoje.
O Casal Ieda e Aldo tem os filhos: Jordana (formada em
Psicologia) e Ramon, que fez seu estudo básico em Criciúma e está
trabalhando na Alemanha.
102
Livraria Osvaldo Souza
e Osvaldo Esportes
Aqui não vamos só falar da livraria, mas também de Osvaldo
Souza, que começou sua história administrando diversas lojas em
Criciúma, entre elas, a Casa do Povo, de Leon Axelrud, A Brasileira, de
Max Finster, a Casa Nova, de Honório Búrigo, e uma loja de roupas
infantis pertencente à Ladislawa Sampaio. A partir de 1953, estabeleceu
seu próprio empreendimento vendendo revistas e papelaria.
Paralelamente, nessa mesma época, em sociedade com Paulino
Búrigo, criou a loja Feira do Calçado na esquina da Travessa Padre
Pedro Baldoncini com a Rua João Pessoa. Durou pouco tempo essa
firma, porque Paulino resolveu partir para a política, tendo sido eleito
deputado estadual.
No ano de 1954, Osvaldo começou a sapataria A Preferida, na
Rua Seis de Janeiro, novamente em uma esquina da Rua Conselheiro
João Zanette. Administrou essa sapataria por 14 anos até 1970,
quando, apesar de ter grande clientela, um lindo estoque e estar bem
financeiramente, vendeu para seu cunhado Dalsasso.
Dessa data em diante, Osvaldo criou a firma Osvaldo Esporte,
anexa a sua antiga atividade, comercializando, além de revistas e
papelaria, material escolar e artigos de esporte, como tênis, bolas,
uniformes esportivos, medalhas, taças e tudo mais desse segmento.
Esta firma continua até hoje se destacando nesse setor. Osvaldo
conta com a ajuda de sua esposa, Zaira Rovaris, e mais ainda com a
colaboração de seus dois filhos, Sandra e Paulo.
Osvaldo Souza é um dos mais antigos comerciantes da cidade.
Osvaldo Souza
103
Loja Kemps
Na Avenida Getúlio Vargas, número 95, está situada esta tão
bonita loja, que pertence à Tereza Peruchi.
Conheci Tereza, esposa de Sálvio Pacheco de Aguiar, no tempo
em que eu era gerente da filial das Casas Pernambucanas. Ela era minha
colaboradora, uma excelente vendedora.
Desde aquele tempo, bem nova ainda, demonstrava verdadeiro
espírito comercial. Hoje, na sua loja e de sua filha, Tereza vem
desempenhando muito bom atendimento, com simpatia e muito
conhecimento no ramo da confecção feminina, com a moda sempre
atual. Sua filha também tem o carisma de boa comerciante.
Ali se pode comprar roupas esportivas e trajes de gala, além
de lindos acessórios, como bijuterias, cintos, lenços, enfim, todo o
complemento que se desejar.
Cumprimento Terezinha, como todos a conhecem, pelo espírito
de luta, que é tão importante na atividade lojista nos dias de hoje.
O Casal Tereza e Sálvio tem quatro filhos: Cristiane (empresária
e muito dedicada à loja), Sálvio (corretor de seguros), Jaqueline
(arquiteta) e Luciene (empresária).
Tereza Peruchi
104
Loja Linamar
A Linamar, uma loja de muito glamour para a época, funcionou
em dois pontos da Rua Conselheiro João Zanette. Começou suas
atividades bem perto da estação ferroviária e depois se mudou para
bem mais perto da Praça Nereu Ramos, próximo ao Café São Paulo.
Esta loja foi por muitos anos uma das mais bem equipadas para
quem queria trajes de primeira qualidade. Os tecidos eram lindos e muito
modernos. Por algum tempo, teve costureiras que confeccionavam
trajes para as freguesas.
Sua proprietária, Marcolina Rovaris, teve, no início, por muito
pouco tempo, uma sócia, Marta, filha do casal Albino (conhecido
como o Cabeça Branca) e Zeli. Devido ao nome das duas proprietárias
da loja, surgiu o nome Linamar. Lina, de Marcolina, e Mar, de Marta.
Realmente quem cuidava da loja era Marcolina, que primava por
só comprar dos melhores fornecedores e sabia escolher muito bem os
padrões e texturas.
Oferecia também tecidos lindíssimos para confecção de cortinas.
Trabalhou durante muito tempo nessa loja uma pessoa bastante
conhecida, a Meji, que era uma ótima vendedora. Era filha do senhor
Tuffi Schead.
Marcolina era casada com o gaúcho Hermínio Delavi (ambos já
falecidos), com o qual teve três filhos: Marcos Dagoberto (funcionário
da Cesaca por muitos anos), Rosa Maria (funcionária pública) e Celita
Maria (professora, já falecida).
Nenhum de seus filhos continuou com a loja, que foi vendida
para Armando Mahamud Jaber e para seu sócio, Manuel Muhamad
Musa Abdel.
Marcolina Rovaris
105
Lojas Renner
Este estabelecimento iniciou suas atividades antes de 1950,
pois quando vim para Criciúma, já existia. Fugia do comum na nossa
pequena cidade de então. Seus proprietários eram os cunhados Sinval
Rosário Bohrer e João Tomé. Situava-se na Avenida Getúlio Vargas,
esquina com a Rua Santo Antônio, e era uma loja especializada em
roupas da marca Renner, uma franquia das lojas do mesmo nome, de
Porto Alegre (RS), daí seu nome.
João Tomé era um homem sereno, amigo de todos e sabia
fazer um bom atendimento aos clientes. Tinha o hobby de colecionar
orquídeas e foi sócio-fundador do Lions Clube Criciúma Centro, onde
prestou um ótimo trabalho.
Sinval Bohrer era culto, muito educado, um verdadeiro gentleman.
Foi um dos idealizadores do Rotary Club de Criciúma e seu primeiro
presidente. É da época de sua gestão a fundação do grandioso Bairro
da Juventude, que até os dias de hoje continua dando tantos frutos.
Os dois sócios administraram a loja com muita competência e
modernidade; construíram sua sede própria, que existe até hoje. Com
o falecimento de ambos, a firma foi encerrada.
Sinval também tinha veia política e elegeu-se vereador, assim
como foi presidente da Câmara e prefeito, em substituição a Paulo
Preis.
Ele era casado com Júlia Tomé, tendo com ela uma filha, Lorena
Bohrer (esposa de bancário). Mãe e filha também já faleceram.
João era casado com Maria Zilli (já falecida), com a qual teve
um filho, João Tomé Filho (empresário).
Sinval Rosário Bohrer
João Tomé
106
Loja Tijuana
Esta loja tem como proprietários João Quintino Dalpont e sua
esposa, Virgínia Motta Pedro Dalpont, que carinhosamente é chamada
de Gina. João, formado pela Escola Técnica de Comércio de Criciúma,
adquiriu muita experiência comercial nas empresas em que trabalhou.
Foi administrador das Lojas Santo Antônio, da Galeria Gigante,
dos Tecidos Saleh, das lojas Panamericanas e da Cetel (Central de
Tecidos), da qual se tornou sócio no ano de 1980. Dois anos depois,
vendeu a cota dessa sociedade e, juntamente com Gina, resolveu colocar
seu próprio negócio. Gina também já tinha bastante experiência no
comércio, pois trabalhara na Casa Imperial.
Assim surgiu a Loja Tijuana, situada na Travessa Padre Pedro
Baldoncini. É uma loja especializada em confecções masculinas e
femininas, com marcas muito boas, algumas até famosas e exclusivas.
Tornou-se uma boutique com uma clientela muito especial de Criciúma,
de cidades vizinhas e até de visitantes do exterior.
O casal desenvolveu muito bem seus negócios. Graças a muito
trabalho e dedicação, adquiriu sede própria, comprando com outros
parceiros comerciantes o prédio onde funcionava a empresa São
Cristóvão. Cada um dos comerciantes ficou com uma parte dessa
grande área comercial.
João Quintino diz que eu e Milton Serafim muito o incentivamos
para que ele iniciasse seu próprio negócio. Além de comerciantes, João
e Gina ainda têm tempo para se dedicar à comunidade.
João Quintino Dalpont
107
João foi sócio-fundador do Lions Clube de Criciúma Capital
do Carvão e seu presidente por duas gestões, ocupando ainda todos os
outros cargos do clube.
Em 1982, foi presidente da Comissão da Construção da linda
Igreja Matriz São Paulo Apóstolo, no Bairro Michel. Nesta comissão,
foi um grande líder.
Também é membro da AIBTC (Associação Ítalo-Brasileira
de Tradição e Cultura), da qual participa com muita garra, tendo sido
ainda seu presidente. No seu mandato, conseguiu comprar mais uma
sala no Edifício Martinho Acácio Gomes, o que veio melhorar muito
as instalações dessa entidade.
João Quintino e Virgínia têm os filhos: Giovana (engenheira
química), Janaína Augusta (advogada) e Jaqueline (formada em
Administração).
A família sempre trabalhou unida com muita dedicação,
dispensando a todos os clientes muita atenção e simpatia.
108
Lojão 50 Graus
Esta loja surgiu em 1991, graças à iniciativa de Pedro Búrigo,
seu filho, Marcos Antônio, e sua nora, Edna. Com a grande capacidade
de Pedro, que, por 46 anos, trabalhou na administração da Casa Nova,
e também de Marcos, que há dez anos trabalhava no comércio, e a
disposição de Edna, esta loja já estava com seu futuro garantido.
Além de tudo, instalou-se em uma sala ampla, em prédio próprio,
em um ponto privilegiado, ligado ao Shopping Della Giustina e com
uma área de 484,12 metros quadrados.
Situa-se na Rua Marechal Floriano e desde o início das atividades
contou com um mix de produtos diversificados da moda masculina,
com as melhores marcas fabricadas no país, anexando também uma
seção de surf shop.
O Lojão 50 Graus é daquelas lojas que conta com colaboradores
muito bem treinados para o bom atendimento dos clientes e assim
conquistar a sua confiança.
As iniciativas dessa empresa não param. Em 2010, por ocasião
da inauguração do Supermercado Giassi, no Bairro Santa Bárbara,
pude constatar a presença da 50 Graus com um setor de moda jovem.
Parabéns aos proprietários desta loja, que vem valorizando o comércio
Criciumense com ética e dignidade.
Pedro Búrigo
109
Pedro e Marcos, além de ótimos comerciantes, sempre foram
muito dedicados pais de família e não pouparam esforços para oferecer
a seus filhos a oportunidade de frequentar as melhores escolas.
Atualmente, com Marcos e Edna, a 50 Graus continua firme, seguindo
o ritmo de empresa bem segura.
Pedro, além de ter trabalhado muito, 56 anos, teve participação
relevante na sociedade criciumense.
Era um torcedor fanático do Comerciário, hoje Criciúma Esporte
Clube, e foi seu diretor, fazendo parte do trabalho para angariar fundos
para a construção das arquibancadas.
Era muito religioso, católico e um grande colaborador da sua
paróquia. Foi um dos fundadores do Serra Clube (grupo de católicos que
se preocupa com as vocações sacerdotais), tendo sido seu presidente.
Também pertenceu ao Lions Clube.
Marcos Búrigo deu sua contribuição à CDL e foi, inclusive, seu
presidente, oferecendo assim o seu talento em favor da entidade. Ele
sempre representava sua empresa no Sindicato do Comércio Varejista
de Criciúma.
Pedro era casado com Ielva Carvalho, florianopolitana, muitos
anos professora em Criciúma. O casal teve cinco filhos: Marcos (formado
em Administração, empresário do comércio), Maria do Carmo, Maria
Elisabeth, Maria Regina e Maria Augusta (todas professoras).
O casal Marcos e Edna tem os filhos: Aline (fisioterapeuta) e
Felipe (médico).
Pedro, ou Pedrinho como era conhecido, faleceu no ano de
2000, deixando uma lacuna na nossa sociedade.
110
Lojão Eldorado e Armarinhos Mano
Vindo do pequeno vilarejo árabe de Kuful Hares, 60 quilômetros
distante de Jerusalém, Husein Abdel Hamid Ali Shaqur, com 18 anos
de idade, chegou ao porto de Santos (SP). Era o décimo filho de uma
família de classe média islâmica, em que o amor aos filhos era uma
prática constante e comum. Porém, Mano, como o conheço, resolveu
vir para o Brasil.
Chegou com 150 dólares, sem nunca ter ouvido uma palavra em
Português e com uma pergunta que não lhe saía da cabeça: “Será que
fiz a escolha certa?”
Em Caxias do Sul (RS), seu primeiro endereço, trabalhou como
servente de pedreiro e, após algum tempo, conseguiu comprar alguns
produtos, os quais carregava em uma mala, batendo de porta em porta
e oferecendo aos clientes. Além de servente e mascate, também vendeu
retratos e trabalhou como camelô.
Depois de passar por muitas cidades do Rio Grande do Sul,
chegou a Criciúma em 1968. Em 1970, conheceu Claudete Maria
Serafin, com quem se casou e teve três filhos: Magda (economista),
Karina (dentista) e Heron (engenheiro civil).
No mesmo ano em que chegou a Criciúma, abriu a loja
denominada de Armarinhos Mano, situada na Rua Conselheiro
João Zanette, no Edifício Fiorento Meller. Nessa loja, ele e a esposa
trabalharam por 23 anos com muita persistência, vencendo todas as
dificuldades surgidas.
Husein Abdel Hamid Ali
Shaqur
111
Em 1975, passou a trabalhar com construção civil, estendendo
suas funções até 1980. Porém, sentindo que sua vocação era mesmo o
comércio, decidiu com sua família abrir outra loja, o Lojão Eldorado,
situada na Rua Padre Pedro Baldoncini.
Anos mais tarde, adquiriu parte do terreno da antiga empresa de
ônibus São Cristóvão, onde seu filho e sua esposa, que é realmente a
responsável pelo sucesso de Mano (segundo ele), seguem trabalhando
com muita determinação, persistência e honestidade, qualidades que
acreditamos, tanto ele quanto eu, serem o segredo para tudo na vida. Agora com 70 anos, Mano acredita que cumpriu e ainda cumpre
seu dever de cidadão.
Desembarcou com aquela pergunta na cabeça, cuja resposta
agora é evidente, escrita nas linhas acima.
112
Lojas Fátima
Júlio A. Wessler, seu proprietário, após ter finalizado seus
estudos primários na pequena localidade de Rio Cedro, no município
de Nova Veneza, trabalhou um tempo na agricultura e depois saiu para
estudar no seminário de São Ludgero.
Lá recebeu uma boa educação básica, como acontece
normalmente com todos os seminaristas, e com Júlio não foi diferente.
Soube muito bem aproveitar essa oportunidade.
Aos 16 anos, percebendo que a vida religiosa não era seu
objetivo, veio para Criciúma atrás de outros sonhos.
Continuou a estudar no Colégio Madre Teresa Michel e
na Escola Técnica do Comércio, onde se graduou Técnico em
Contabilidade, o que veio somar ainda mais a seus conhecimentos.
Iniciou sua vida profissional trabalhando em um estabelecimento
comercial nas mais diversas funções e depois, na Rádio Eldorado, como
sonotécnico e em outras atividades.
O professor Arlindo Junkes e o atuante advogado Benedito
Narciso da Rocha, que tinham um bom relacionamento com o padre
Estanislaw Cizeski, foram influenciados por ele a iniciar uma pequena
loja de artigos religiosos, livros de orações, terços, santinhos, imagens e
outros itens dessa área.
Assim surgiu a pequena livraria, com o nome em homenagem
a Nossa Senhora de Fátima, que começou a funcionar em 1958, no
subsolo da Igreja São José, com acesso pela Rua Santo Antônio.
Arlindo e Benedito (já falecidos) não tinham tempo disponível
para se dedicar ao negócio, por isso foi convidado o jovem Júlio Wessler,
irmão de Arlindo, para colaborar nesta loja.
Arlindo Junkes
Benedito Narciso da
Rocha
113
Casal Maria Francisca e
Júlio Wessler
Foi então que Júlio descobriu sua verdadeira vocação para
o comércio. Com o perfil de grande vendedor e com muita visão, o
que realmente é sua característica, passou também a incluir artigos de
papelaria e de Natal, o que aumentou muito o movimento de clientes.
Nesse meio tempo, Benedito retirou-se da sociedade.
Após algum tempo, Arlindo achou por bem vender sua parte
no empreendimento a seu irmão Júlio, pois estava sem tempo. Arlindo
estava muito ocupado como professor, dirigente e maestro de coral, além
de político. Elegera-se vereador e, como presidente da Câmara, chegou
a prefeito de Criciúma. Então Júlio se tornou o único proprietário da
livraria. Agilizou ainda mais a empresa, graças a seu grande otimismo
e fé no poder do trabalho, acreditando no seu potencial e senso
econômico.
Ele mesmo cuidava das vitrines, colocando os artigos chamativos
que atraíam seus clientes.
Em pouco tempo, os negócios foram se avolumando, e o espaço
ficou pequeno, quando resolveu transferir a loja para a Rua João Pessoa.
Nesse novo endereço, na Galeria Benjamin Bristot, com um
espaço muito maior, passou a vender um novo leque de produtos,
como brinquedos, artigos para presentes, discos, materiais escolares e
uniformes colegiais. Completando as necessidades dos alunos em um
só local, permaneceu no mesmo endereço por mais de 30 anos.
Tudo foi dando certo, e o trabalho aumentou. A essa altura, Júlio
convidou seu irmão Fernando Gabriel para fazer parte da sociedade, e
este se tornou vendedor de artigos a pronta entrega por oito anos.
Em 1976, compraram a Livraria Progresso, que pertencia a César
Lodeti. Abriram a sociedade, e a Livraria Progresso coube a Fernando
Gabriel, que a transformou na Livraria Brasil. Passou a trabalhar com
a colaboração de sua família e conseguiu um bom desenvolvimento,
tendo até construído um prédio na Rua Marechal Floriano Peixoto,
número 42.
Voltemos a nosso personagem Júlio. Permaneceu com a loja
na Galeria Benjamin Bristot com grande progresso. Também esse
espaço não era mais suficiente. Então, Júlio construiu um prédio, que
passou a ser sede própria na mesma rua, com área aproximada de 1.400
metros quadrados, tornando-se uma belíssima loja, com andar térreo e
sobreloja.
114
Como diz o próprio Júlio: “O homem não vive só de trabalho”,
assim também ele, em 1963, quando conheceu a jovem Maria Francisca
Moreira, gaúcha vinda de Pelotas, apaixonou-se. Dois anos depois, já
estavam casados, cheios de planos e sonhos.
Maria Francisca, após alguns anos trabalhando como professora
em diversos colégios, em comum acordo com seu marido, passou a
trabalhar a seu lado com muita dedicação e participou da expansão e
aprimoramento da loja.
Anos mais tarde, graças ao sucesso dessa empresa, foi possível
adquirir outro prédio na Praça Nereu Ramos, onde foi instalada mais
uma excelente loja, especializada em materiais esportivos (esporte e
surf).
Esse tipo de produto, muito usado pelos jovens adeptos das
diversas atividades esportivas, teve grande aceitação, e as vendas foram
além de satisfatórias. Júlio Cesar, filho de Júlio e de Maria Francisca,
que sempre gostou de jogar basquete e surfar, tornou-se o responsável
pela Fátima Esportes.
Anexa a esta loja, no primeiro andar, funciona também a antiga
livraria, que é mantida como tradição, por ser uma das primeiras da
cidade, hoje administrada por Maria Francisca.
A seção de papelaria e brinquedo é gerenciada pelo genro,
Gelson, e por sua esposa, Maria Emília. Já a filial de Araranguá, por
Felipe Paz Souza.
Boa parte da família participa da administração da empresa.
As Lojas Fátima contam com mais de 80 colaboradores muito bem
treinados, que procuram fazer o melhor serviço à população sul
catarinense. Neste ano de 2012, a loja de Júlio e Maria Francisca
completa 54 anos.
O casal tem os filhos: Maria Emília (formada em Odontologia
e empresária), Júlio Cesar (formado em Administração e empresário),
Patrícia Helena (empresária) e Ana Lúcia (formada em Odontologia).
Além da vida profissional, o casal também se dedica à comunidade.
Júlio e Maria Francisca participaram da fundação da Câmara Júnior e
por muito tempo colaboraram com a entidade.
Júlio é sócio da CDL, onde ocupou todos os cargos do Conselho
Diretor e foi presidente por mais de um mandato. Também para a
Igreja São José prestaram sua colaboração, principalmente ministrando
palestra nos cursos de noivos.
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Lúcio Cavaler
Armarinho, Construção, Indústria e Imobiliária
A história comercial de Lúcio Cavaler começou em 1956,
quando trabalhava na agricultura e plantava arroz na propriedade de
seu pai, onde colheu 400 sacas e apurou 40 mil cruzeiros (moeda da
época). Com o dinheiro que conseguiu com essa grandiosa venda,
animou-se em realizar seu sonho, que era o de entrar para o ramo do
comércio.
Mas, antes de começar seu próprio negócio, acreditava que
necessitava adquirir conhecimentos com alguém mais experiente.
Assim, foi trabalhar com seu irmão mais velho, Eliziário, que tinha
uma loja na cidade de Tubarão. Permaneceu por lá durante 18 meses,
tempo suficiente para se tornar um profissional competente no ramo
comercial.
Em 28 de dezembro de 1959, iniciou uma sociedade com seu
outro irmão, Anerino. Abriram uma loja de armarinhos no varejo e no
atacado, localizada na Rua Marechal Floriano Peixoto, número 42.
Com vontade férrea de progredir, o empreendimento deu bons
resultados, mas mesmo assim os dois resolveram dividir a sociedade.
Anerino continuou com o ramo de armarinhos e foi muito bem
sucedido tanto que construiu dois prédios, um na Rua Paulo Marcus
e outro na Henrique Lage. Já Lúcio entrou, em 1962, para o ramo
imobiliário. Iniciou com a construção da Galeria Lúcio Cavaler, entre
as ruas Paulo Marcus e a Marechal Floriano Peixoto, interligando a
estrada de ferro com o Centro da cidade. As dezenas de lojas dessa
galeria foram todas alugadas imediatamente, o que ainda hoje lhe dá
bons rendimentos.
Lúcio Cavaler
Edifício Lúcio Cavaler
116
Em 1963, fundou a malharia Crimalhas na Rua Joaquim Nabuco,
em sociedade com seus irmãos Valdir e Silvino e com Juventino Barp.
Essa empresa foi mais um empreendimento de muito sucesso; atendia
no atacado todo o Estado catarinense e parte do Rio Grande do Sul.
Porém, Lúcio, sempre otimista, resolveu entrar em outro
segmento.
Em meados dos anos 60, Criciúma começava a ficar forte no
setor cerâmico. Assim, em 1966, com outros sócios, abriu a Cerâmica
Luciane, situada no bairro São Luiz. Essa sociedade era formada por
Lúcio e por seus irmãos, Galdino, Anerino, Sílvio e Valdir, além dos
irmãos Zanatta. Essa empresa funcionou até 1970, quando foi vendida
para o Grupo Sartor.
Em 1977, criou a firma Lúcio Imóveis Ltda. para administrar os
aluguéis de suas lojas, o que perdura ainda hoje.
Em 1980, enveredou-se para o ramo da construção civil.
Seu grande empreendimento nesse setor foi a ousada construção
do Edifício Cavaler na Rua Cecília Darós Casagrande, número
150, com 28 andares. Lúcio queria deixar sua marca na cidade e
realmente deixou, pois até hoje não foi superado por outro prédio
dessa altura, sendo ainda o mais imponente da região.
Em 1985, Lúcio comprou a Construtora Criciumense, de
propriedade de Jorge Frydberg, tendo como sócios João Bortoluzzi
e Urbano Manoel Amaro dos Santos. Essa empresa realizou muitas
obras na cidade, bem como em outras localidades.
Retornou para o ramo cerâmico em 1990 e construiu uma fábrica
de refratários, próximo da cidade de Siderópolis, que foi vendida algum
tempo depois.
Em 1994, criou a Construtora Lúcio Cavaler, agora como
único sócio-proprietário. Na época, a Prefeitura de Criciúma estava
construindo um novo terminal rodoviário, com uma passagem
subterrânea para interligar os dois lados da cidade. Com um acordo
entre as partes, a Prefeitura cedeu à nova construtora uma parte do
subsolo para construir uma galeria subterrânea que interligasse a sua.
Assim, sua grande obra foi a construção de outra galeria, agora
no subsolo da Avenida Centenário, com três entradas de acesso: pela
Rua Paulo Marcus, pela Rua Duque de Caxias e outra com acesso ao
terminal rodoviário. Mais uma vez, ele estava interligando a cidade.
117
Essa obra foi muito importante para Lúcio, que construiu
dezenas de lojas, tendo ótima renda. Mas foi melhor ainda para o
município, pois facilitou o grande fluxo dos passageiros que utilizam
aquele terminal, trazendo inclusive benefícios ao comércio em geral
no Centro. Os criciumenses, portanto, só têm a agradecer por esse
monumental empreendimento.
Mais outra iniciativa de Lúcio se deu em 1995, desta vez na
cidade de Morro da Fumaça, onde construiu um prédio de 11 andares,
o mais alto do município até hoje.
No ano de 1997, continuando com seu espírito de empreendedor,
Lúcio fez outra grandiosa obra, às margens da BR-101, na localidade de
Quarta Linha. Um pavilhão de 10.800 metros quadrados, onde instalou
uma grande loja direcionada ao ramo de cama, mesa e banho., a Big Box.
Assim, em 1998, ele marcou sua volta para o comércio da cidade, dessa
vez, com a grande ajuda de sua esposa, Adelina. Com sucesso, levaram
adiante o novo negócio, expandindo a marca para mais três lojas, uma na
Avenida Centenário (subsolo), outra na Rua Henrique Lage e também
uma filial em Florianópolis.
Em 2002, ele construiu outro grande pavilhão com 5.110 metros
quadrados no município de Içara, no trevo do bairro Getúlio Vargas.
Lá instalou a Malharia Lumatex, outra empresa de sua propriedade, que
fabrica centenas de malhas, vendidas em todo o país.
A saga de nosso personagem não para por aí, pois em 2005,
construiu uma grande fábrica, a Golden Tintas, em um pavilhão de
10.700 metros quadrados, no bairro Demboski, Içara, na SC-446, que
liga Criciúma a Morro da Fumaça. Segundo Lúcio, esse está sendo seu
melhor negócio.
Além de tudo isso, existem muitas outras construções espalhadas
por todo o lado, que seria muito difícil de enumerá-las aqui.
A história de Lúcio Cavaler, nascido em 7 de setembro de 1937,
hoje com 75 anos, mostra-nos seu grande espírito empreendedor.
Lúcio é casado com Adelina Zanette, com quem tem quatro
filhos: Luciane (advogada), Lúcio, Júlio César (administradores de
empresas) e Jean (engenheiro civil). O casal também tem sete netos,
que são sua grande paixão.
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Marusca Modas
Esta loja pertence a Dalva Maria de Oliveira, que iniciou sua
empresa em 1964, na Rua Desembargador Pedro Silva, onde ficou até
1976, com o nome de Dalva Modas. Depois, foi para a Praça Nereu
Ramos, de 1976 a 1980, quando se mudou para a João Pessoa, onde
está há 30 anos, com o nome de Marusca Modas.
Dalva tem um grande carisma para o comércio, dom que herdou
de sua mãe, Ana Bitencourt da Rosa, uma comerciante muito lutadora
e competente. Devido a essa capacidade, tem tido muito sucesso e
formado um bom patrimônio.
Viaja constantemente a São Paulo (SP) e está sempre atualizada
em moda, trazendo novidades para sua fiel clientela.
Era casada com Lindino Benedet, que trabalhava com uma
oficina de pintura de automóveis. O casal teve os filhos: Rosângela
(empresária), Roselei (empresária), Rogério (comerciante, falecido),
Renata (advogada) e Lindino Filho (oceanógrafo).
Viúva de Lindino, contraiu segundas núpcias com Valmor
Garbelotto, que foi empresário industrial do ramo de alumínio e
professor de desenho do Colégio Marista. Dalva e Valmor foram muito
felizes, mas novamente ela ficou viúva.
Dalva continua na loja com a disposição de sempre e é muito
considerada por sua força e perseverança. Também conta com a
colaboração de duas filhas, Rosângela e Roselei.
Ligada à Igreja Católica, colabora com a Diocese, emprestando
seu talento de cantora quando a comunidade solicita. Participa
intensamente do MCC (Movimento de Cursilhos de Cristandade).
Dalva Maria de Oliveira
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Maurino da Silva
Maurino começou sua vida profissional ajudando seu pai,
Ortêncio da Silva, como barbeiro.
Em 1967, resolveu iniciar sua carreira comercial e abriu uma
pequena loja de miudezas e de material de costura na Rua Conselheiro
João Zanette. Anos mais tarde, Maurino assumiu a loja de seu sogro,
Francisco Dornier de Oliveira, a Casa América, na Rua João Pessoa,
onde continuou com o mesmo ramo de tecidos, confecções, roupas de
cama, mesa e banho, além dos famosos Chapéus Cury.
Em 1972, aconteceu uma fatalidade: Maurino foi modificar
a posição da antena de televisão de cima de uma janela, perdeu o
equilíbrio e caiu. Em consequência desse acidente, veio a falecer.
Sua esposa, Maria Olinda de Oliveira, deu continuidade aos
trabalhos por mais dez anos até 1983. Como Maurino, ela continuou
com a mesma eficiência, dedicação e bom atendimento a sua clientela.
Com o encerramento dessa loja, ficou um vazio naquela rua, fez
falta aos seus vizinhos e aos seus clientes.
Maurino e Maria Olinda tiveram os filhos: Ludi Terezinha
(empresária aposentada), Flávia (empresária) e Carlos Alberto
(representante comercial).
Maurino da Silva
120
Modas Canadá
Situada ao lado da Sapataria Lurdete, na Rua Conselheiro
João Zanette, era uma loja pequena de tamanho, porém grandiosa na
qualidade de suas mercadorias.
No início, foi de propriedade das irmãs Norma e Calixta, que se
esforçavam para trazer para Criciúma a moda feminina mais atualizada
e prestigiada do país.
Vendiam roupas e acessórios de grife, de muito bom gosto, com
um atendimento especial, pois Norma e Calixta tratavam suas clientes
com muita educação e simpatia.
Em 1971, venderam a loja. Norma mudou-se para Curitiba
(PR), e Calixta casou-se, indo morar em outro Estado.
A loja passou então a ser administrada por sua nova proprietária,
Maura Petronilha de Sousa Santos, que já possuía uma outra loja,
denominada Nouvelle Modas, situada na Rua Coronel Pedro Benedet,
no Edifício Dr. Peres. Maura juntou o estoque das duas lojas e, com
muito bom gosto, passou a vender roupas e acessórios do mesmo
segmento anterior. Também buscava seus produtos nos maiores e
melhores centros do país, sempre com novidades.
Em 1976, seu esposo, Adolfo Antônio dos Santos, professor e
pastor, foi transferido para Itajaí, onde assumiu a direção geral da Igreja
Presbiteriana. Como Maura acompanhou o marido, foram encerradas
as atividades do estabelecimento.
O casal Maura e Adolfo (já falecidos) teve sete filhos: Sandra
Maura (médica), César Roberto (cirurgião-dentista), Ana Petronilha
(arquiteta e minha nora), Adolfo Antônio (farmacêutico), Isabel
(arquiteta), Luciana (engenheira agrônoma) e Débora (enfermeira).
Maura Petronilha de
Sousa Santos
121
Osvaldo Guidi
Eu o conheci como balconista da filial criciumense das Casas
Jaraguá. Naquela época, Osvaldo Guidi já se destacava como uma
pessoa de visão.
A Casa São José, de Eugênio José Goulart, resolveu criar uma
seção de atacado, além do costumeiro comércio de varejo, e convidou
Osvaldo para ser seu viajante nesse setor.
Ele aceitou a oferta e trabalhou por algum tempo com muito
sucesso, a ponto de se entusiasmar e chamar seus irmãos Leonardo e
Neri para constituir uma firma de atacado de armarinhos em geral.
Começou no Bairro Pinheirinho, e, com a vontade inabalável
de Osvaldo, acompanhado dos irmãos, tudo foi dando certo, até que
construíram sede própria na Rua Henrique Lage. Sempre com a mesma
prosperidade do início, passou a fabricar calças e camisas da marca Twist.
Tempo depois, Osvaldo comprou a parte de seus irmãos,
mantendo o mesmo ritmo de produção e passando a fabricar também
as roupas Mormaii, com a devida autorização da marca.
Osvaldo passou a ser também construtor de prédios e de salas
comerciais. Por fim, ele criou a grande firma financeira Factory TWA.
Portanto, é um verdadeiro visionário de nossa comunidade e,
merecidamente, um dos empresários mais bem sucedidos de Criciúma.
De seu primeiro casamento, com Letícia Milanez, teve os filhos:
Roberto (formado em Contabilidade) e Osvaldo Guidi Filho (formado
em Administração). Os dois continuam no setor da indústria de
confecções. Do segundo casamento, com a esposa atual, Estela Mares
Felisberto, teve um filho: Lucas Guidi (formado em Administração e
cursando Direito). Este está mais envolvido na área de construção.
Osvaldo Guidi
122
Pavone Calçados
Esta casa de calçados fez história na nossa cidade. Pertencia a
Antônio Mazzuco, que contava no início com os sócios Osmar e Atair
Zappelini. Seu primeiro endereço foi na Rua João Pessoa e depois na
Praça Nereu Ramos, onde funcionou por muitos anos.
Antônio Mazzuco inaugurou a loja em 1965, com a ajuda de seu
tio, Faustino Zappelini. Depois de um tempo, assumiu sozinho a direção
do empreendimento e tornou-se um dos maiores comerciantes do ramo
de calçados em nossa região.
Muito trabalhador e possuidor de bastante crédito junto a seus
fornecedores, Antônio construiu um patrimônio considerável. Ele
também teve grande ajuda de sua esposa, Ângela.
A Pavone Calçados, como era chamada essa loja, chegou a ter
três endereços simultaneamente, dois deles com prédio próprio. Um
desses era situado no antigo Cine Rovaris, comprado para dar lugar à
imponente sapataria. Atualmente, no local funciona a Loja Colombo.
O segundo prédio Antônio comprou da família de José Casagrande,
transformando-o em uma bela loja de calçados. Hoje o local ainda
abriga uma bela sapataria da cidade, o Baratão Calçados.
Antônio foi sucedido por seu filho, que ainda trabalhou no ramo
por alguns anos e depois vendeu o empreendimento ao proprietário do
Baratão Calçados, Alcir Barner. Antônio (já falecido) teve com Ângela
dois filhos: Fernando (empresário) e Raquel (empresária).
Casal Ângela e Antônio
Mazzuco
123
Pedro Alves
Comércio e Prestação de Serviços
Pedro começou suas atividades comerciais trabalhando na Casa
Leão, pelos idos de 1953. Foi meu colaborador, quando eu era o gerente
dessa loja. Desde o início, mostrava grande tirocínio, e quando eu saí da
empresa, ele já estava preparado para me substituir na gerência.
Permaneceu nesse empreendimento até 1961, quando foi
substituído por Zulma Souza, uma das herdeiras da família Souza. A
partir daí, continuou até o encerramento da Casa Leão em Criciúma.
Em 1961, Pedro montou uma loja de atacado em armarinhos na
Travessa Padre Pedro Baldoncini.
Já em 1966, estabeleceu-se na Rua Henrique Lage com um
atacado de confecções. No ano de 1974, vendia roupas de cama, mesa e
banho na Rua Itajaí. Em todas essas lojas, atendia todo o sul do Estado,
sempre com ótimo atendimento e muita competência.
De 1986 a 2002, na Avenida Getúlio Vargas, abriu o Lojão,
atacado e varejo, atendendo pequenos comerciantes, principalmente
sacoleiros. No varejo, conseguiu uma grande clientela da cidade e de
turistas argentinos e uruguaios que visitavam Criciúma.
A partir de 2003, Pedro, como sempre, um grande estrategista,
resolveu explorar o ramo de estacionamento; já possui 12 deles, entre
Criciúma e Araranguá, e é o campeão nesse segmento.
Portanto, está provado: onde Pedro coloca a mão, seja comércio
ou prestação de serviços, o sucesso é certo. Falando com suas filhas,
disse a elas que tinham a mesma disposição do pai, e uma delas me
respondeu: “Não chegamos nem perto; meu pai tem uma disposição
que nós nunca conseguiremos ter”.
Pedro é casado com Terezinha Milioli, com a qual tem os filhos:
Sônia, Simone, Adriana e Paulo Henrique, empresários que seguem os
passos do pai.
Pedro Alves
124
Rocha Magazine
Osmar Rocha, natural de Rio dos Anjos, município de Araranguá,
aos 13 anos, já era alfaiate, profissão que aprendeu com seu irmão João
Rocha.
Veio para Criciúma em 1958. Casou-se com Nice Sorato e teve
dois filhos: Osmar Júnior e Karina. Pouco tempo depois, a convite de
seu irmão, tornou-se sócio da alfaiataria Rocha.
Em 1965, criou sua própria empresa, a Rocha Magazine, e ali
exerceu a profissão de alfaiate e lojista, pois além dos trajes sob medida,
começou a comercializar todo o tipo de confecção masculina.
Em 1991, fundou a Homem e Cia., dividindo a direção com seu
filho, Osmar Rocha Júnior, que acabara de se formar em Administração.
Mais tarde, sua filha, Karina, também empresária, uniu-se ao grupo.
Teve filiais em Tubarão e em Florianópolis - no Beiramar
Shopping e na Rua Felipe Schmidt - durante 12 anos. Atualmente,
dedica-se de forma exclusiva às lojas de Criciúma. Uma delas, na Praça
Nereu Ramos, e a outra, em sede própria, na Rua Coronel Pedro
Benedet, no Edifício Martinho Acácio Gomes.
Osmar foi membro ativo da Câmara Júnior, Lions Clube e
Sindicato do Comércio Varejista, tendo exercido a presidência desta
última. Católico praticante, foi durante cinco anos presidente do
Conselho Administrativo Paroquial.
Sentiu-se realizado em participar da Câmara de Dirigentes
Lojistas, da qual foi presidente por dois mandatos. Num desses mandatos,
inaugurou a sede própria da entidade, onde ainda está instalada a unidade
criciumense do Serviço de Proteção ao Crédito - SPC. Sente-se honrado
também por ter recebido o título de Cidadão Honorário de Criciúma.
Osmar Rocha
125
Sapataria Flórida
Esta sapataria pertencia a Valdemar e Aquilino Cirimbelli e ficava
na esquina da Rua João Pessoa com a Santo Antônio. Era, na verdade,
filial da Matriz de Nova Veneza, dirigida por Valdemar. Conheci esse
tão prestativo amigo quando eu ainda era solteiro. Eis que, por algum
tempo, nós dois nos hospedamos no Hotel Palace, de propriedade de
Leopoldina Scheidt, a qual considerávamos nossa segunda mãe.
Aquilino, alguns anos depois, deixou a sociedade, tendo
Valdemar continuado os trabalhos com a Sapataria Flórida.
Valdemar casou-se com Lenir Damiani, que também muito
colaborou para o sucesso do empreendimento. O nome foi dado em
razão da viagem de lua-de-mel do casal para Buenos Aires (Argentina),
cuja principal rua de comércio se chama Florida.
Como Lenir sabia comprar e vender calçados! Ela sempre tinha
em seus estoques lindos sapatos masculinos e especialmente femininos.
Ninguém precisava ir a centros maiores para comprar sapatos da
última moda; bastava visitar a loja de Valdemar e de Lenir, onde se
podia encontrar sapatos com saltos exuberantes para festas, sapatos
sem saltos, sapatos bem leves e macios e ainda aqueles especiais para a
terceira idade.
Após a morte de Valdemar, Lenir ainda continuou por muitos
anos, com muita garra, seu trabalho frente à loja. Juntos, tiveram
três filhas: Mirela (professora de curso superior), Tatiana (psicóloga
e professora), e Morgana (bióloga, professora na Universidade do
Extremo Sul Catarinense - Unesc). As duas primeiras prestaram
proverbial ajuda à mãe ao conduzir a loja nos últimos anos. Lenir,
contudo, hoje é aposentada e continua administrando seus bens.
Casal Lenir e Valdemar Cerimbelli
126
Sapataria Lurdete
De propriedade de Elias Sprícigo e Rosa Goulart, situava-se na
Rua Conselheiro João Zanette e se destacou por muitos anos como
sendo a melhor sapataria da cidade, pois sempre tinha no seu estoque
os calçados mais finos e da melhor qualidade.
A clientela era enorme, e todos tinham vontade de comprar um
sapato na Lurdete.
O atendimento era sempre muito terno e atencioso por parte
dos proprietários, Elias e Rosa, e de seus funcionários excelentes. Entre
eles, podemos lembrar a Mariza, que hoje mora em Caxias do Sul (RS),
e Terezinha, que é casada com Sálvio Aguiar e atualmente é dona da
Loja Kemps. A filha do casal, Lurdete, também trabalhou por alguns
anos na sapataria que leva seu nome.
Do seu primeiro casamento com Rosa, Elias teve, além de
Lurdete (contabilista), outro filho, Luiz (já falecido, professor na
faculdade de Farmácia, em Curitiba/PR). Do seu casamento com Maria
teve duas filhas: Eliane (geóloga) e Eliziane (advogada).
Elias faleceu em 23 de janeiro de 1997.
Elias Sprícigo
127
Sapataria Santa Bárbara
Esta sapataria iniciou suas atividades com três sócios: Antenor
Longo, Mário da Cunha Carneiro e Desidério Meller, o Deio, como era
conhecido.
Situava-se na Rua Conselheiro João Zanette, em frente à Casa
Ouro. Quem cuidou da sapataria e nela trabalhou foi o Antenor, que fez
dela uma casa de calçados com bom estoque e um ótimo atendimento.
Por isso, a loja conseguiu ter uma grande clientela.
Depois de alguns anos, Antenor trocou de atividade e tornou-se
industrial, indo trabalhar na fabricação de massas alimentícias. Criou
o Pastifício Fio de Ouro, que funcionou muito bem e teve notável
sucesso.
Mais uma vez, entretanto, Antenor resolveu mudar de ramo.
Adquiriu a Estação de Águas Termais São Pedro, próximo à estação
ferroviária de Cocalzinho. Lá, construiu um magnífico balneário de
águas mornas, um bom hotel e restaurante, muito bem frequentados
pelas famílias criciumenses, que, além dos banhos hidrominerais,
podiam usufruir de ótimas refeições no almoço e no jantar. Era, de
fato, a grande atração da época.
Mais adiante, esse magnífico empreendimento foi vendido para
uma mineradora de fluorita, e, infelizmente, o agradável recanto termal
foi encerrado, deixando inconsolável falta à nossa região. Esse mesmo
empresário constituiu a firma comercial Ferro Sul Ltda. com material
de construção, especializada em pisos e azulejos.
Antenor Longo
128
Antenor era casado com Maria Sílvia Carneiro, que por
muito tempo teve uma escola de datilografia de destaque, onde teve
oportunidade de ensinar centenas de jovens a serem datilógrafos
profissionais. Seus alunos, hoje na terceira idade, têm muita facilidade
para digitar quando frequentam as aulas de computação.
Antenor e Maria Sílvia (já falecidos) tiveram os filhos: Rui
(engenheiro, falecido), Maria Bernadete (formada em Artes, é também
pedagoga, especializada na Educação de Deficientes Visuais, e mora
em Salvador/BA), Marília (psicóloga formada em Letras, é professora
da Escola de Polícia no Paraná/PR), Guilherme (engenheiro civil),
Maria Sílvia (a única que atualmente reside em Criciúma, com
curso universitário incompleto) e Maria Vitória (arquiteta, mora em
Florianópolis).
129
Tecidos Sul América
Atraídos pelo franco desenvolvimento de Criciúma, os irmãos
Saleh, Abdul Mohamad, Khaled Mohamad, Ahmad Mohamad e Mustafá
Mohamad, vieram de Curitiba (PR), em 1963, e se estabeleceram na
esquina da Rua João Pessoa com a Travessa Padre Pedro Baldoncini.
Ali iniciaram uma loja denominada de Comercial de Tecidos
Sul América, que, desde o começo, obteve grande sucesso. Os quatro
irmãos eram muito trabalhadores e logo perceberam a possibilidade
de expansão. Já no ano seguinte, em 1964, inauguraram outra empresa
com a denominação de Comercial Central de Tecidos, destinada à
venda de tecidos por atacado.
Atendiam inicialmente os Estados de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul com caminhões próprios para entrega de mercadorias
e cobravam os títulos em carteira, tendo em vista a dificuldade de
cobrança bancária. Em 1966, inauguraram mais um empreendimento,
a Indústria de Confecções Satex Ltda., uma das primeiras confecções
de Criciúma.
Com o crescimento da Central de Tecidos, passaram também a
atender o Estado do Paraná. Com esse crescimento, tiveram que trocar
de endereço, saindo da Padre Pedro Baldoncini para a Rua Seis de
Janeiro e, posteriormente, para a Rua João Pessoa.
No ano de 1971, os irmãos Abdul e Mustafá venderam suas
cotas da empresa para o irmão Ahmad e foram em busca de novos
desafios na cidade de São Paulo (SP), estabelecendo-se no bairro do
Brás com indústria de confecção.
Abdul Mohamad Saleh
130
Em 1976, o sócio Ahmad vendeu a sua parte para o irmão
Khaled e também foi para São Paulo. Com essa transação, a firma
mudou a razão social para Cetel – Central de Tecidos Ltda.
Em 1979, Khaled comprou uma fazenda em Mato Grosso e foi
embora. Resolveu ser fazendeiro. Vendeu a loja para um sobrinho, José
Antônio, e para João Quintino Dal Pont, que era seu funcionário. Estes,
então, continuaram com a firma até 1985, quando Khaled voltou do
Mato Grosso e readquiriu a loja.
Abdul era casado com Fátima Heraki, com quem teve os filhos:
Riad (falecido), Joheina e Najua.
Khaled casou-se com Odila Dabul Maluf (já falecida), tendo
com ela os filhos Omar e Leila.
131
Vidal Modas
Os dois irmãos Vidal, Oreste e Diomício, vindos de Imaruí,
iniciaram suas atividades como alfaiates no ano de 1959. Em 1965, a
Vidal Modas tornou-se a primeira alfaiataria a confeccionar camisas
sob medida. Na época do Esporte Clube Metropol, os jogadores eram
fregueses dessa camisaria, como também os atletas do Comerciário e
do Atlético. Os uniformes que o time do Metropol utilizou na turnê
pela Europa foram feitos pelos irmãos Vidal.
Adquiriram, em 1974, o seu prédio próprio na Rua João Pessoa,
bem no Centro. Alguns anos depois, foi adquirido o prédio da Rua
Henrique Lage.
Em 1986, foi dissolvida a sociedade, e Oreste ficou com a
administração da loja e da alfaiataria (Vidal Modas), localizada na área
central, juntamente com a esposa e filhos. Diomício, por sua vez, ficou
com o prédio da Rua Henrique Lage e continuou com a fábrica de
camisas Modal.
Oreste é muito trabalhador, competente, correto e ético;
dispensa sempre bom trato para com sua clientela. É também muito
amoroso com sua família.
Participa das entidades patronais há mais de 40 anos. Na
Associação Empresarial de Criciúma (Acic), foi membro da diretoria
vários anos; na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), foi presidente
por dois mandatos; no Sindicato do Comércio, foi presidente por
18 anos; e na Federação do Comércio (Fecomércio), foi membro da
diretoria executiva por 21 anos.
Oreste Vidal
132
Oreste também liderou a campanha para a edificação dos prédios
do Sesc e do Senac. Foi o primeiro presidente do Conselho Consultivo
desta última entidade, reeleito juiz vogal da Justiça do Trabalho (juiz
classista) em dois mandatos não consecutivos de três anos cada. Como
se vê, Oreste é um homem de trajetória incomum, que se dedica por
demais a sua classe. É impressionante e admirável a sua capacidade de
dedicação aos negócios, à família e à comunidade.
Oreste é casado com Nadir Dagostim, com quem tem os filhos:
Elton (contabilista) e Vilton (comerciante, formado em Administração
de Empresas).
Diomício é casado com Ana Maria Serafim, com a qual tem um
filho: Diomício Júnior (empresário).
133
134
135
Althoff Supermercados
Em 1952, os irmãos Althoff, Tarcísio e Paulo, vindos da cidade de
Santo Amaro da Imperatriz, chegaram a Criciúma para desbravar o comércio
de armarinhos no atacado. Assim, com muita vontade e trabalho, formou-se
entre nós uma das maiores empresas desse ramo.
Estabeleceram-se na Rua Henrique Lage e comercializavam, entre
tantos outros, os produtos Fleschmann, Royal, Nestlé, Kolynos e ColgatePalmolive. Foram grandes distribuidores de sal, pregos Gerdau, arame
farpado da marca Motto, produtos Nadir Figueiredo, cordas de sisal e nylon.
Ainda foram um dos maiores distribuidores de cimento Votorantim
para toda a Região Carbonífera, sendo os principais fornecedores das
construtoras de Criciúma, inclusive a sede da Casa Imperial consumiu
centenas e centenas de sacas de cimento na sua construção.
Toda essa variedade de produtos perfazia um mix de mais de seis
mil produtos e tornava o comércio dos irmãos Althoff um dos líderes no
segmento.
Em 1977, o grande atacado Althoff resolveu mudar o ramo de
suas atividades para o varejo, criando-se então o Althoff Supermercados.
A iniciativa dos irmãos foi inaugurar a primeira filial na cidade de Imbituba,
cujo resultado foi mais próspero do que o previsto.
Em 1979, houve a separação dos sócios, sendo que Tarcisio retirouse da firma para iniciar com seus filhos outro segmento empresarial. Paulo,
de seu turno, não esmoreceu e, com muita disposição, deu continuidade ao
destino desta consolidada empresa de nossa região.
Paulo Althoff
Tarcísio Althoff
136
Assim é que, em 1980, surgiu a filial de Criciúma. Em seguida,
em 1984, a de Urussanga. Já a de Garopaba foi inaugurada em 1986. Em
1998, foi a vez de Orleans ser contemplada com a abertura de um dos
maiores mercados da cidade. Em 2001, surgiu a filial de Laguna, e mais
recentemente, em 2005, o Althoff chegou à cidade de Tubarão.
Conta com diversas facilidades pensadas para favorecer a
comodidade do consumidor, tais como o amplo estacionamento coberto,
projetos modernos de layout e comunicação visual, lanchonete, sala para
cursos e palestras oferecidos aos clientes e, ainda, outras cinco lojassuporte.
Além das sete filiais, há mais um amplo centro de distribuição,
onde é pensado todo o plano estratégico da empresa, que muito tem
contribuído com o progresso de Criciúma e de todas as regiões onde está
presente. Atua, outrossim, no investimento e desenvolvimento de software
de gerenciamento, que monitora todo o estoque e também a validade de
seus produtos, dando agilidade ao atendimento de toda a rede, com cartão
de crédito especial, capaz de conceder facilidades no pagamento para seus
clientes.
Ouso afirmar, ademais, que o maior patrimônio desta empresa é o
seu quadro de funcionários, que recebem permanente treinamento, o que
resulta em ótimo atendimento, sempre em parceria com seus milhares de
clientes.
Com o passar dos anos, os filhos de Paulo Althoff, Fláris e Flávio,
assumiram o comando da empresa, com modernidade, competência e muito
entusiasmo. Mantiveram, porém, as características de seus antecessores no
fiel comprometimento da organização.
Este é um pequeno resumo da história dos dois irmãos Althoff.
Parabéns aos que arquitetaram esta grande empresa.
Tarcísio (já falecido) foi casado com Lina Ferraro. Tiveram os filhos:
Augusto, formado em Medicina, que após alguns anos deixou a profissão,
tornou-se um empresário e formou-se em Direito; Antônio, também formado
em Medicina, é reumatologista, detentor de muito prestígio na profissão; e
Ana, que era odontóloga e faleceu muito nova. Da segunda união, com Laís
Bitencourt, nasceram Jaqueline, que é médica, e Josiane, arquiteta.
Paulo era casado com Madalena Lehmkuhl (ambos já falecidos), com
a qual teve os filhos: Flávio, que é formado em Medicina e exerce a profissão
até hoje com grande competência, e Fláris, formado em Administração, é
diretor do grupo Althoff Supermercados.
137
Armazém Althoff
Pertencente a Antônio Augusto Althoff, conhecido por todos
como Nico, esse comércio iniciou seu funcionamento em 1946, na
Rua João Pessoa, mudando-se depois para a Rua Henrique Lage e
estabelecendo-se em definitivo na Rua Anita Garibaldi, local onde
encerrou suas atividades no ano de 1975.
Era um excelente armazém de secos e molhados, que atendia
grande parte da cidade com produtos de primeira qualidade. Guardadas
as devidas proporções, representava à época o que hoje se conhece
como supermercado.
Como era uma pessoa extremamente correta, Nico tinha
a preferência dos melhores fornecedores. O comércio, como já
mencionado, durou quase 30 anos, apesar de representar uma venda de
pequena estatura frente à acirrada concorrência dos mercados modernos.
Em virtude da expansão desse novo modelo de comércio de suprimentos
do dia a dia, o armazém de secos e molhados de Nico viu-se forçado a
encerrar suas atividades.
Antônio era casado com Maria Harger. O casal teve os filhos:
Nezi (professora), Neri (empresário, já falecido), Sueli (professora),
Roseli (professora) e Darci (engenheiro agrônomo).
Nico e Maria (já falecidos) foram muito estimados por todos
que os conheceram, pela simpatia e exemplo de pessoas trabalhadoras,
corretas e dignas.
Antônio Althoff
138
Armazém Amboni
Foi Arnoldo Amboni que deu início a este armazém em
1954 e, logo em seguida, admitiu como sócio seu irmão, Aristides.
Funcionava na Rua Henrique Lage e tinha de tudo que se precisasse
comprar. Vendiam comestíveis em geral, bebidas e miudezas na área de
armarinhos. Junto ao armazém, mantinham uma padaria e um pequeno
restaurante.
Usavam, para anotar as compras a prazo, o sistema das cadernetas,
método que apresentava suas notáveis debilidades - não possibilitava
qualquer comprovação de quais mercadorias realmente haviam sido
vendidas -, mas era o mais comum na época e que nós comerciantes
lembramos com nostalgia. Embora funcionasse na base da confiança
entre vendedor e cliente, por certo, havia quem não pagasse, assim
como acontece hoje em dia, mesmo com os métodos modernos.
A loja funcionou até 1957, quando foi vendida para a família de
José Angeloni, que, a partir desse modesto empreendimento, construiu
a portentosa rede de supermercado que conhecemos hoje em dia.
Após a venda, Arnoldo passou a atuar em diversas atividades,
entre elas, uma loja de atacado, onde comercializou balas e congêneres
no bairro Santa Bárbara.
Casado com Ivanir Oliveira Gomes, tem as filhas Débora
(psicóloga), Liziane (professora) e Adriana (secretária).
Aristides (já falecido), por sua vez, tornou-se funcionário público
e trabalhou na Prefeitura de Criciúma até se aposentar. Era casado com
Judite Casagrande, e juntos tiveram os filhos Geraldo e Alcione (falecidos),
Jói (funcionário da Prefeitura) e Solange (do lar).
Arnoldo Amboni
139
Armazém Castelo
O armazém pertencia a Vespasiano Mondardo e se situava na
Rua Coronel Pedro Benedet, número 12. Vespasiano sempre havia
se dedicado à agricultura, tendo prósperas propriedades localizadas em
São Bento Alto (localidade de Nova Veneza), no Centro do município
de Nova Veneza e em Criciúma.
Para facilitar o estudo de seus filhos, Vespasiano mudou sua
residência e seu negócio para Nova Veneza. Ficou lá alguns anos, mas
sempre pensava em se mudar para Criciúma, onde o progresso era
muito visível, alavancado principalmente pela indústria carbonífera. E
Vespasiano veio para Criciúma.
Adquiriu de Zoide Costa um armazém em março de 1962, que
se chamava Castelo. Estava situado num ponto ideal para a instalação
de um armazém. Além disso, com a disposição para o trabalho, o
sucesso logo apareceu. Não podemos deixar de considerar também a
ajuda fenomenal que obteve de sua esposa, Ophélia Manique Barreto,
filha de Manoel Manique Barreto, que nessa época já estava morando
em Criciúma.
Trabalhou também nesse armazém Aloísio Preuss, famoso
tocador de gaita, pessoa alegre, que sabia fazer amigos e com isto
conquistava a freguesia. Preuss ainda tinha mais uma qualidade que
o tornava bastante conhecido, era sobrinho da mártir Albertina
Berkembrock, da Serra de São Luiz, próximo à cidade de São Bonifácio.
Nessa localidade, existe uma capela em sua homenagem, que recebe
muita visitação.
Vespasiano Mondardo
140
Voltemos ao Armazém Castelo. Vespasiano expandiu seus
negócios, montou um engenho de arroz no distrito de São Bento Baixo,
município de Nova Veneza, e administrou mais este empreendimento.
Com todo esse trabalho, proporcionou uma vida boa para sua família e
com prazer viu seus três filhos formados em curso superior. Contudo,
não continuaram o trabalho do pai.
O casal Vespasiano e Ophelia teve três filhos: José Mondardo,
o Duda, é proprietário da imobiliária Duda Imóveis, uma das maiores
do Sul do Estado, tendo, inclusive, uma filial em Florianópolis; Maria
Salete, que mora em Porto Alegre (RS). Foi cirurgiã-dentista em
Criciúma e hoje ajuda o marido, Bruno Foernges, na Ótica Foernges,
tradicional na Capital gaúcha, com várias filiais; a caçula, Dóris Beatriz,
mora em Criciúma e é uma professora de inglês muito considerada.
Vespasiano já faleceu, mas deixou bons exemplos para seus
filhos.
141
Armazém Euzébio Martins
Euzébio João Martins possuía um pequeno armazém de secos
e molhados e armarinhos nos altos da Rua Pedro R. Lopes, nas
proximidades do City Clube, do Museu Augusto Casagrande e da sede
da LARM (Liga Atlética da Região Mineira).
Nesse recanto, ele desenvolveu seu negócio com muita simpatia
e dedicação aos clientes. Eu mesmo fui um de seus fregueses, torneime seu amigo, e ele também era um ótimo cliente da Casa Imperial.
Naqueles anos, de 1950 a 1970, ter um armazém de secos e
molhados era um bom negócio, o suficiente para manter a família.
Após essa data, começou uma grande dificuldade com a chegada dos
supermercados. A maioria dos armazéns teve que fechar suas portas.
Euzébio foi um verdadeiro pai de família; criou e educou seus 12
filhos com muito carinho e dedicação, portanto cumpriu sua obrigação
com dignidade.
Euzébio se casou duas vezes. Do primeiro casamento, com
Ema Ernestina de Oliveira, teve os filhos: Wanderlei (comerciário),
João (mecânico), Valdeia, Valmoci e Valmira (comerciantes).
Do segundo casamento, com Tereza, teve os filhos: Eliete e
Elizabete (comerciárias aposentadas), Luiz (comerciante), José Carlos
(funcionário público), Elioni (empresária aposentada), Terezinha e
Maria de Lurdes (comerciantes aposentadas).
Nenhum de seus filhos deu continuidade aos negócios do pai,
que já é falecido e deixou muitas saudades.
Euzébio João Martins
142
Armazém Matias Paz
De propriedade de Matias Ricardo Paz, o Armazém Matias Paz
estava situado na Rua Acácio Moreira. Vindo de Laguna, na década de
1950, Matias estabeleceu-se no antigo bairro Vinte e Cinco, hoje São
Cristovão, com seu armazém de secos e molhados.
Quem não se lembra do armazém do Matias, com verduras
fresquinhas, galinhas da colônia, queijo favadinho? E das carnes de
porco que ele mesmo criava? Progrediu bastante, ampliou e reformou
seu negócio, que depois passou a ser chamado de Fiambreria Doce Lar.
Matias convidou o padre Estanislau Cizeski para dar a bênção
no local na década de 1960. Como era um visionário, eliminou os
balcões, e os próprios fregueses escolhiam seus produtos. Parece que
anteviu o que mais tarde aconteceria com os mercados.
Esse armazém tinha como panorama a Estrada de Ferro Dona
Tereza Cristina, que transportava as riquezas do Sul e muitas pessoas
que viajavam entre Araranguá e Imbituba. Sua chegada às 5 horas
da tarde era uma verdadeira festa, com pessoas que chegavam com
novidades, vindas principalmente das cidades de Imbituba, Laguna e
Tubarão.
Matias não cuidou só de seus negócios e de sua família; era muito
dedicado à comunidade. A Capela São Cristóvão, o Neblina Clube, a
escola do bairro e a Associação de Amigos do Bairro tiveram início nas
mãos de Matias e contaram com seu incentivo. Também estava entre os
fundadores da antiga Fundação Universitária de Criciúma - Fucri - e da
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Apae.
Matias Paz
143
Eleito vereador, continuava cada vez mais dedicado à
comunidade. Há uma rua com seu nome, no bairro Próspera, próximo
ao Batalhão da Polícia Militar, como reconhecimento da população
por tudo que Matias fez e viveu. Foi ele também um dos criadores do
Colégio São Cristóvão.
Na família, foi muito dedicado. Tratava sua esposa, Maria Lima,
como uma eterna namorada, pela qual tinha um amor incomensurável.
Com ela teve dez filhos: Maria da Glória (empresária), César (advogado),
Inocência (professora), Dercy (empresária), Maria das Dores (religiosa,
advogada e pós-graduada em Direito Canônico), Zenaide (pedagoga),
Matias (falecido), Marlene (professora), Líbia (bancária) e Albertina
(professora).
A morte de Matias deixou um vazio entre seus familiares e seus
amigos da comunidade.
144
Armazém Progresso
Os proprietários vieram da localidade de Santana, município
de Urussanga, onde possuíam um pequeno armazém. Procurando
desenvolver com maior intensidade esse ramo em Criciúma, Maurílio
Pereira e João Eliseu Martins migraram para o município com muita
disposição em 1954. Trabalhando a todo vapor, tornaram-se verdadeiros
gigantes em nosso comércio.
Podia-se considerar um grande supermercado, pois lá se
encontrava de tudo; atendiam sua clientela com excelente tratamento,
afinal era um empreendimento que gozava de muito bom conceito,
tanto dos clientes, como dos fornecedores.
Maurílio e João eram realmente empresários competentes,
honestos e ótimos pais de família. Esse armazém durou algumas décadas,
mas posteriormente foi desfeita a sociedade, que começara em 1954 na
Rua Paulo Marcus.
Maurílio construiu um prédio na Rua Anita Garibaldi, o qual
dispunha de uma grande sala na parte térrea e de vários apartamentos
para a família na parte superior. Nesse local, foi criado um outro
armazém, denominado de Bom Preço. Abriu também uma loja que
vendia artigos para presentes em uma sala adquirida do Banco Bradesco,
na Rua Coronel Pedro Benedet.
Mais tarde, essa sala foi vendida a Taurino Pereira, e a loja foi
transferida para a Praça Nereu Ramos. Nesse local, ficou funcionando
por algum tempo até que seu estoque de mercadorias foi vendido para
Antônio Omar Salim, da loja A Triunfante.
Maurílio Pereira
João E. Martins
145
Maurílio Pereira está aposentado e administrando suas
propriedades. É casado com Luíza Marcelino e tem os filhos: Nilza,
Vilma, Maria Neuza, Maurílio Nascimento (Nascimento por ter
nascido no dia de Natal) e José Carlos, todos empresários de diversas
atividades.
O sócio, João Eliseu Martins, após o encerramento da sociedade
do Armazém Progresso, criou a Gráfica Editora Tabajara, que deixou
sob a direção de seu irmão Venício e posteriormente de seu filho
Obdúlio. Tanto Venício quanto Obdúlio tiveram muito sucesso em
seus serviços gráficos, atendendo toda a Região Carbonífera.
João (já falecido) era casado com Júlia Rota, com quem teve
os filhos: Odilor (dentista), Obdúlio (empresário gráfico), Odila
(pedagoga) e Ozane (química industrial).
146
Armazém Santa Catarina
O Armazém Santa Catarina era de Secos e Molhados, como se
dizia na época. Localizado na Rua Cecília Darós Casagrande, pertencia
a Prezalino Pereira. Esse nobre cidadão de nossa comunidade iniciou
seu comércio próximo ao ano de 1960 e o manteve por 20 anos, sendo
que nos dois últimos, foi administrado por Tobias, seu filho.
Nesse estabelecimento, todos os produtos eram pesados e
embalados na hora da compra, à vista do comprador. O café, além
de pesado e embalado, também era moído na hora da compra, fator
que importou em grande fidelização dos consumidores, haja vista a
sua aproximação com o modo de produção. A balança de dois pratos,
usada na época, foi substituída por uma mais moderna, da marca
Filizola, com um único prato. Nada era produzido no local, mas era
um mercado completo. Lá se encontravam pães fresquinhos, bolachas,
bebidas alcoólicas – como vinho, cerveja e cachaça –, além de bebidas
não alcoólicas, como guaraná e gasosa.
Além dos produtos comestíveis, lá se podia adquirir produtos de
limpeza e de higiene pessoal, como também material escolar (cadernos,
lápis e borrachas). As panelas e as famosas baterias de alumínio,
que podiam ficar de pé na cozinha ou suspensas na parede, podiam
igualmente ser adquiridas ali. Conjuntos de pratos e aparelhos de xícaras
de café ainda faziam parte das mercadorias. Ademais, lembro que esse
armazém era muito procurado em razão dos belíssimos vasos de barro
que vendia.
Prezalino (já falecido) era casado com Maria Tavares, tendo
quatro filhos: Zaira, que casou cedo e se dedicou ao lar, além de Zélia,
Zoe e Tobias, que se dedicaram, como o pai, ao comércio.
Prezalino Pereira
147
Armazém Santa Terezinha
Este armazém pertencia a Domingos Prezalino Serafim, que
veio da Rua do Fogo, município de Jaguaruna, para Criciúma, em 1940.
Abriu seu armazém de secos e molhados em frente à antiga cadeia
pública, onde hoje funciona o Departamento Estadual de Trânsito
(Detran).
Tendo obtido sucesso em seu empreendimento, permaneceu
nesse endereço por alguns anos. Conheceu, em 1945, a jovem
tubaronense, natural da localidade da Guarda, Maria de Bem, no
restaurante de um hotel em que ela trabalhava e ele frequentava.
Casaram-se em julho deste mesmo ano. Daí em diante, marido e mulher
passaram a trabalhar juntos e tudo começou a dar mais resultado.
Em 1953, o comércio passou para outro endereço. Estabeleceuse na Rua Desembargador Pedro Silva, em frente ao antigo cemitério
municipal, onde funciona hoje o Supermercado Bistek.
Nesse novo endereço, o armazém teve seu grande
desenvolvimento, dada a boa fase da mineração do carvão mineral em
nossa região, fazendo com que muitos operários viessem trabalhar
nas minas. Esse motivo, somado ainda ao vigor e à competência desse
jovem casal, que muito trabalhou e se dedicou aos clientes, fez os
negócios progredirem cada vez mais rapidamente.
Domingos Prezalino Serafim
148
O empreendimento vendia de tudo, desde alimentos em geral,
verduras, bebidas e café moído na hora, até armarinhos, cigarros e
fumo em corda. Uma característica desse armazém era a venda de velas
da marca Linda, principalmente nas proximidades do Dia dos Finados,
quando toda a família ajudava no balcão, pois o movimento aumentava
muito. Além de velas, vendiam também vasos para serem colocados
sobre os túmulos, cheios de flores, o que melhorava muito o visual
do cemitério. Contribuiu bastante o fato de a loja estar localizada em
região bem próxima ao Cemitério Municipal.
Os produtos negociados no armazém eram recebidos em sacarias,
que vinham de seus fornecedores, principalmente farinha de trigo dos
moinhos, açúcar das refinarias, sal dos atacadistas e muitas mercadorias da
agricultura local, sendo que também essas eram acondicionadas em sacos
de fibra de aniagem, populares na época.
Para a venda desses produtos, usavam-se balanças que possuíam
pesos de ferro, colocados diretamente nos pratos delas, e, depois de
pesadas, essas mercadorias eram embrulhadas com muito cuidado.
Nada vinha já embalado.
A esposa, Maria de Bem, muito colaborou com o trabalho de seu
marido. Ela fez um curso de Corte e Costura, tornando-se uma excelente
costureira, muito contribuindo com isso também na renda familiar.
Conseguiram assim dar uma boa educação a seus filhos.
Dessa união, nasceram os filhos Terezinha (professora e, tal
como a mãe, costureira), José (já falecido, era funcionário na direção
geral do BESC, em Florianópolis), Maria Lenir e Nelma (aposentadas do
Banco do Brasil e psicólogas), Maria Helena (fez carreira no Banco do
Brasil, é aposentada, mas continua trabalhando na confecção de doces
e salgados lindos e gostosos), Elenita (professora do Colégio Marista),
Tânia (professora e diretora educacional), Paulo (empresário do setor
gráfico), Eduardo (engenheiro civil, titular da empresa Construfase).
Domingos trabalhou em seu armazém até 1982, quando
encerrou as atividades e aposentou-se, indo morar na Rua Santo
Antônio, próximo ao Hospital São José. Nunca deixou de visitar seus
velhos amigos do comércio e fumar seu cigarrinho de palha na praça.
Faleceu em 1984, com 63 anos, deixando um vazio em seus familiares
e amigos. A esposa, Maria de Bem, faleceu há cerca de dois anos.
149
Armazém Irmãos Zappelini
Era um armazém de secos e molhados, como se falava na época,
que funcionou por mais de 30 anos em Criciúma - de 1958 a 1990 -, e
pertencia aos irmãos Mário e Clito Zappelini. Miriam, esposa de Clito,
também colaborou muito com seu trabalho para estabelecer o renome
do empreendimento familiar na região de Criciúma.
Vendiam produtos de primeiríssima qualidade, como verduras
bem fresquinhas, vindas diretamente dos agricultores, queijo serrano,
muito procurado pelos seus clientes - inclusive eu -, e muita variedade
de bebidas e refrigerantes.
Portanto, durante a existência deste armazém, muita amizade foi
gerada devido à dedicação de seus proprietários para com seus clientes.
Mário é casado com Evoni. O casal tem o filho Jônata (estudante).
Clito, já falecido, era casado com Miriam Medeiros, com a qual
teve os filhos Giovani, Giorgiano e Gian Carlos. Giovani é advogado,
político, vereador de Criciúma e meu companheiro rotariano. Pertence
ao Rotary Club Criciúma Oeste. Bastante simpático e trabalhador,
é muito estimado por seus companheiros de clube. Giorgiano é
comerciante, e Gian Carlos é médico, formado na Argentina.
Mario Zappelini
Clito Zappelini
150
Balsini Bebidas
Em 1951, Tarquínio Balsini, o Quino, ao visitar seus irmãos José,
que era médico em Criciúma, e Mário, engenheiro da Companhia de
Mineração Próspera, e antevendo o futuro do comércio de Criciúma,
resolveu abrir uma filial, oriunda da matriz de Tubarão. Foi estabelecida
na Rua Henrique Lage.
Além de Tarquínio, havia outro sócio tubaronense, Tubalcain.
Os dois convidaram para gerenciá-la o jovem Rui Esmeraldino, que
marcou sua passagem com ótimos resultados.
Essa empresa era a única distribuidora das firmas: S.A. Moinhos
Rio Grandense (farinha Primor e Cruzeiro), Companhia Antarctica Paulista
e Cervejaria Catarinense (cerveja Ouro e Malzbier), refrigerantes e licores,
Companhia Wetzel, produtores do sabão Joinville e velas Linda, refinaria de
açúcar Magalhães (açúcar Neve). Muitos outros produtos eram vendidos
para toda a Região Carbonífera.
Um fato curioso era o modo como era feito o transporte de toda
essa mercadoria, vinda de Tubarão: pela Estrada de Ferro Dona Tereza
Cristina até a estação local, seguindo depois por carroças movidas a
cavalo, muito comuns naquele tempo.
Em 1958, a Balsini e Cia. foi vendida para outra empresa, a
Brognoli e Silveira, mudando novamente de proprietários em 1960.
Passou para os irmãos Martins, liderada por Antônio Martins e por seu
filho, Edgar, acompanhado pelos seus irmãos.
A nova empresa continuou funcionando por mais alguns anos.
Posteriormente, a representação da Cervejaria Antarctica paulista foi
cedida aos irmãos Justi, que criaram a firma Justi Bebidas (citada em
outro capítulo).
Os irmãos Martins resolveram mudar de ramo, dedicando-se à
industrialização de derivados de carvão com a firma Coque Catarinense,
que produzia carvão coque.
Com o falecimento de Antônio Martins e, anos depois, de
seu filho, Edgar, a empresa passou para outros proprietários, que a
administram até hoje. Quando a firma Brognoli e Silveira, em 1960,
vendeu seu estabelecimento para Antônio Martins, o gerente, Rui
Esmeraldino, retirou-se e resolveu criar sua própria empresa de
representações, que devo destacar em outro capítulo deste livro.
151
Bebidas Nuernberg
Por volta de 1947, oriundos de São Bento Baixo, município de
Nova Veneza, vieram o pai, Gregório, e os filhos, Roberto, Situnius e
Abílio, com o intuito de iniciarem algum negócio em Criciúma. Em
setembro de 1949, foi fundada a Gregório Nuernberg e Filhos, loja que
vendia produtos coloniais e de fabricação de gasosas e aguardentes.
Três anos depois, iniciaram a venda de produtos da Brahma e
pouco depois também da Coca-Cola, que iam buscar em Porto Alegre
(RS) em viagens que levavam até três dias, pois não havia boa estrada
nem bom transporte. Viajavam pela praia, estradas estaduais e balsas.
Houve, com o tempo, muitas mudanças no quadro social da empresa.
Abílio foi o primeiro a sair, entrando Vendolino. Depois, foi a vez do
pai, que saiu para o ingresso de Pedro e Lúcio, e a empresa, então, teve
que trocar o nome para Irmãos Nuernberg e Cia.
Em 1970, retiraram-se da empresa os sócios Roberto e Lúcio.
Neste ano, a firma deixou de comercializar os produtos Brahma e
passou a vender os produtos Polar, da cidade de Estrela, no Rio Grande
do Sul. No ano seguinte, as marcas Skol e Caracu, de Londrina (PR),
começaram a ser vendidas.
Em meados de 1971, mudou-se para sua sede nova na Avenida
Victor Meirelles, em frente ao Corpo de Bombeiros de Criciúma, já
com a nova denominação de Bebidas Nuernberg Ltda., permanecendo
nesse endereço até 2004.
Roberto Nuernberg
Situnius Nuernberg
152
A partir dessa data, foi para uma sede muito bem equipada com
todas as qualidades para ser trimarca Ambev, o que veio a acontecer
em 2004/2005 com a aquisição da parte de comercialização do mix
Brahma. Os atuais sócios são os irmãos Edgar e Ademir e o cunhado
Josué Rosso.
A empresa conta com 140 colaboradores, o que faz com que
tenha grande importância representativa na região de Criciúma, com
faturamento estimado de R$ 60 milhões por ano.
Roberto, casado com Olívia Damiani, teve os filhos Edite
(empresária), Valda (empresária), Lédio Edir (economista e funcionário
público) e Élcio Aires (empresário).
Situnius, casado com Dorilda Gobo, teve os filhos: Ademir
(engenheiro mecânico), Edgar (engenheiro civil), Jane Elisabete
(professora), Dóris (odontóloga), Sandra (enfermeira) e Soraia
(nutricionista).
Roberto, Olívia e Situnius, infelizmente, já não estão mais entre
nós.
153
Casa Zilli
Era um armazém, como se chamava na época. Tinha tudo que
se precisasse para o funcionamento de uma perfeita cozinha, mas
também vendia outros itens, como ferragens.
Seu proprietário era Celeste Zilli, homem de muito prestígio e
bastante conhecido na cidade, que, com muito esmero, cuidava de seu
armazém de secos e molhados, o mais tradicional no ramo. Servia à
maior parte da população do Centro de Criciúma.
Era muito comum comprar na época com a tão conhecida
caderneta. Ali se anotavam todas as compras e se pagava só no final do
mês.
Seus filhos, Abílio e Tinisa, continuaram por muito tempo o
trabalho do pai.
Seu Celeste era irmão de Celestina, a segunda esposa de Marcos
Rovaris, o primeiro prefeito de Criciúma. A esposa de Seu Celeste
se chamava Amábile Bristot. O casal teve, além de Abílio e Tinisa
(empresários), outros filhos: Irma, Maria, Edite e Olga (todas casadas
com empresários e já falecidas). Abílio também já é falecido, e Tinisa é
aposentada.
Celeste Zilli (já falecido) deixou um grande patrimônio em
terras e propriedades para sua família.
Celeste Zilli
Abílio Zilli
154
Justi Bebidas
O início desta empresa se deu com a compra de um caminhão
da marca FNM em 1954 pelos irmãos Pedro e Ângelo e o cunhado,
Flávio Spillere.
Era, na época, o sonho de muitos jovens do interior adquirir um
caminhão e sair mundo afora. E foi o que fizeram com muita coragem,
na certeza de que começariam o empreendimento do futuro.
Ângelo e Flávio começaram a viajar para o Rio de Janeiro (RJ) e
para São Paulo (SP), cidades que eles só conheciam no mapa. Iniciaram
com transporte de trigo, arroz, banha, farinha de mandioca, feijão e
batata, além de explosivos para as minas de carvão.
Ao Pedrinho cabia a tarefa de gerenciar as cargas. Até aí, foi
dando tudo certo. Em 1955, surgiu a ideia de abrir um atacado de
cereais. Para isso, convidaram mais sócios: Antônio Justi, Jorge Albino
Justi, Gregório Nuernberg, Aquilino e Pasqual Meller, todos sócios, que
constituíram a empresa Justi e Cia Ltda., localizada na Rua Henrique
Lage, 441. Coube a administração aos sócios Albino e Pedrinho.
Em 1963, eles adquiriram da Cervejaria Antarctica o direito de
distribuir seus produtos. Criaram então uma firma paralela, denominada
de Justi Bebidas e Cia. Ltda. Era gerenciada por Valdemar e Ângelo,
tendo se tornado uma empresa de muito sucesso e um dos maiores
distribuidores de bebidas da Região Carbonífera. Além dos produtos da
Antárctica, cerveja e refrigerante, também eram vendidos vinho, água
mineral, whisky e outros produtos desse segmento.
Pedro Justi
155
Seus maiores clientes eram os mercados, bares, festas religiosas
e familiares. Como era tranquilo negociar com a Justi Bebidas nos
aniversários e casamentos! As famílias criciumenses sabiam qual o
caminho para buscar bebidas. Também existia o caminhão da empresa,
que fazia a entrega; vinha trazer as bebidas e, depois, retornava para levar
de volta os engradados com os vasilhames. Se, por ventura sobrasse
bebida, era possível negociar a devolução.
A firma Justi e Cia., da Rua Henrique Lage, trabalhou por mais
16 anos. Em 1970, houve o desmembramento da companhia, tendo
permanecido os sócios Jorge Albino Justi e Flávio Spillere, que deram
continuidade até 1986. Após esta data, em comum acordo, deram baixa
na empresa Justi e Cia.
A Justi Bebidas e Cia. Ltda., dado o seu grande desenvolvimento,
teve a necessidade de adquirir uma área maior. Foi quando se mudou
para novo endereço, na Rua Anita Garibaldi, esquina com a Rua
Henrique Lage.
Como esperado, nesse grande espaço, tiveram a oportunidade
de instalar uma câmara fria e uma fábrica de gelo, resultando num
extraordinário aumento de vendas.
As atividades continuaram até o ano de 1999. Daí em diante,
a empresa foi cedida aos sócios Anísio Augusto Harger e Valdemar
Justi, que substituiriam os demais sócios, desenvolvendo um excelente
trabalho. Eles também transferiram a empresa para um novo local, em
um grande pavilhão na Rua Júlio Gaidzinski, próximo ao Hospital São
José. Contrataram diversos vendedores, que usavam motos a fim de
facilitar as vendas, o que deu um ótimo resultado.
Anos mais tarde, apesar do bom andamento dos negócios,
devido à incorporação das cervejarias Antarctica, Brahma e Skol pela
Ambev, venderam o estabelecimento em 2004 para os proprietários
da empresa Bebidas Nuernberg, pois estes já eram distribuidores das
cervejas Brahma e Skol e tiveram o privilégio de assumir todos os
produtos da Ambev.
Pedrinho, que sempre liderou os negócios da família, teve a
seu lado um grupo de pessoas do mais alto gabarito, com qualidades
extraordinárias, seus irmãos e os demais sócios, que, juntos, trabalharam
com eficiência e dedicação para o sucesso dessas duas empresas.
Além dos sócios acima citados, participou também Luiz Justi,
156
que, mesmo não fazendo parte da sociedade dos seus irmãos, prestava
excelente serviço na administração, como encarregado da contabilidade
e do setor financeiro,dentro do período de 1960-1983. Posteriormente,
de 1989 a 2000, também ajudou no êxito da empresa.
Pedrinho, além de grande empresário e amigo de todos, foi um
colaborador da sociedade criciumense. Sempre esteve engajado nos
mais diversos eventos da comunidade. Participei com ele da fundação
da Associação Ítalo-Brasileira de Tradição e Cultura (AIBTC). Foi
presidente dessa entidade com muita dedicação, conseguindo pleno
êxito. Trabalhou com seus companheiros por mais de 20 anos e deixou
saudades.
Nas Festas das Etnias, lá estava sempre o Pedrinho e sua esposa
liderando o trabalho da etnia italiana, com todo o seu esforço para que
tudo estivesse pronto no dia e na hora.
Pertencia ao Movimento Familiar Cristão, no qual fez um
trabalho muito bom na Pastoral Familiar da Igreja Católica.
Nessas atividades todas, Pedrinho sempre contou com a ajuda
da diretoria, muito coesa, tanto na parte econômica, como repartindo
também a amizade entre seus companheiros.
Realmente por esta história, vemos que as empresas Justi e Cia.
Ltda. e Justi Bebidas e Cia. Ltda. muito colaboraram com o progresso
da região de Criciúma.
Ângelo Justi é casado com Augusta Meller, com a qual tem as
filhas Silvana e Adriana (empresárias).
Flávio Spillere é casado com Iraci Meller. O casal tem os filhos:
Flávio Júnior (médico), César (geólogo) e Pascoal Luiz (empresário).
Valdemar Justi é casado com Líbia Dal Bó, tendo com ela as
filhas: Marcela (pedagoga) e Mirela (formada em Educação Física).
Pedrinho Justi era casado com Ilda Meller. O casal teve os filhos:
Renato (geólogo), José Roberto, Sérgio (empresários aposentados),
Maria Aparecida (formada em Música) e Roselis (formada em
Administração e funcionária da CEF). A esposa de Pedrinho, Ilda, já
faleceu há muito tempo, e Pedrinho, recentemente, em 2 de julho de
2012. Perdi um grande companheiro e um amigo fraternal.
Anísio A. Harger é casado com Maria Justi, com quem tem
os filhos: José Augusto (formado no Ensino Médio), Ana Angélica
(formada em Administração e Pedagogia) e Luiz Fernando (formado
157
em Administração).
Jorge Albino Justi (já falecido) era casado com Aldina Nuernberg.
São seus filhos: Maria Janete (psicóloga), Jaison (formado em
Administração), Josane (dentista), Jorge (formado em Administração),
Jadna (professora) e Jarvis (engenheiro mecânico).
Luiz Justi é casado com Marlene Milaneze, com a qual tem as
filhas Gislene (curso superior em Artes Plásticas) e Gisele (formada em
Arquitetura).
158
Sesi
O Serviço Social da Indústria (Sesi) teve seu início, em
Criciúma, em 1950, na Rua Anita Garibaldi, com o objetivo principal
de atender os operários da indústria da região com preços mais baratos
na atividade do ramo alimentício e seus derivados. A intenção do Sesi
era oferecer preços regulados para facilitar o acesso dos industriais e
trabalhadores aos insumos básicos. Hoje não existe mais este sistema,
que foi desativado no ano de 1996.
Posteriormente, também foi criado o serviço de farmácia e
assistência médica - que está funcionando na Rua Marechal Deodoro,
esquina com a Rua Rui Barbosa. Além dessa farmácia, foram abertas
mais três unidades: uma na Rua João Zanette, outra na Rua Coronel
Pedro Benedet e a terceira no Distrito do Rio Maina.
Em 1982, graças ao trabalho incansável dos presidentes dos
sindicatos patronais da Confecção, Diomício Vidal, dos Metalúrgicos,
Mário Búrigo, e da Panificação, Lauro Mor Cardoso, o Sesi ganhou
um moderno prédio na Rua Lauro Sodré, número 250, no bairro
Comerciário.
Nesse local, funciona o atendimento à educação infantil, com
creches muito bem instaladas, o ensino fundamental e cursos de Corte
e Costura. Esses muitas vezes são ministrados fora de sua sede, como
no Bairro da Juventude, para as mães das crianças que estudam nesta
entidade. A parte administrativa do Sesi, desde 2004, funciona na Rua
Marechal Deodoro, número 234.
Essa instituição foi administrada por diversos gerentes, os quais
passo a citar: Eugênio Wittits, Valdir Viana, Ado Caldas Faraco, Moacir
Barbieri, Nelson de Almeida Machado, José Henrique Zim, Ademar
Lotin Frasseto e, atualmente, Jovilde Parisotto, que vem oferecendo
muito bom trabalho.
Na Unidade Regional do Sesi, localizada no Bairro Comerciário,
Ademar Lotin Frasseto teve um grande destaque, pois revolucionou
aquele setor. Moacir Barbieri trazia a experiência de ter inaugurado
muitas filiais em todo o Estado de Santa Catarina no setor comercial de
alimentação.
O Sesi está presente em muitos locais de nossa região, trazendo
extraordinários benefícios à comunidade.
159
Supermercado Angeloni
Começou suas atividades em 1958, quando o jovem Antenor
Angeloni abriu uma fiambreria em sociedade com Silvino Rovaris,
então dono da loja Casa das Sedas, instalada no prédio vizinho, na
Rua Seis de Janeiro. Antenor não precisava propriamente de um sócio,
mas a escolha se deveu, talvez, à intenção de demonstrar a sua família
que seu negócio inspirava respeito na ala mais tradicional do comércio
local. Silvino, já experiente mercador, também ficou muito alegre pelo
fato de um jovem tê-lo procurado como sócio e tomou tal convite por
sincera prova de confiança e admiração.
A fiambreria fez o maior sucesso! Todos os clientes ficaram
muito satisfeitos com a novidade, ainda mais porque os frios - como
se falava para designar o nicho alimentício que compreende os queijos,
presuntos e derivados, como mortadela e salames – eram comprados
em fatias bem fininhas e caprichadas, o que fazia render os gramas
adquiridos. Isso na época era novidade.
Pouco tempo depois, Antenor transferiu as cotas de Silvino para
seu irmão mais moço, Arnaldo, e até hoje permanecem sócios. Com o
espírito empreendedor, Antenor foi buscar em São Paulo (SP) o sistema
de Pegue-Pague, trazendo para Criciúma essa ideia revolucionária das
grandes cidades. Os criciumenses adoraram a modalidade, e o sucesso
apareceu.
Com o progresso, foi aberta uma filial da empresa em Tubarão;
a segunda, em Laguna; e, a seguir, em Florianópolis, Lages, Blumenau,
Joinville, Jaraguá do Sul, Balneário Camboriú e Itajaí. Finalmente, fora
do nosso Estado, no vizinho Paraná, foi inaugurado o Supermercado
Angeloni em Curitiba.
Antenor Angeloni
Arnaldo Angeloni
160
Ao todo, são 19 lojas de alto padrão e excelente estoque. Esta
organização se tornou um verdadeiro gigante na economia catarinense
e, sem dúvida, é uma das maiores redes de supermercados atuantes no
sul do País.
O conglomerado Angeloni tem também grandiosas seções de
eletrodomésticos, farmácias e postos de gasolina. Os empregados
recebem um treinamento qualificado e estão sempre bem uniformizados.
Apesar desse fenomenal sucesso, a empresa também teve sua
fase difícil. Foi em 1974, por ocasião das enchentes em Criciúma e
da grande catástrofe em Tubarão, que causaram um enorme prejuízo,
pois as águas invadiram seus estabelecimentos e galpões. Além disso,
em Tubarão, tudo que restou do estoque foi saqueado pelos famintos e
flagelados. No entanto, coragem não faltou aos dirigentes: em mais ou
menos um ano, tudo foi restabelecido.
Recentemente, o grupo inaugurou uma linda sede em Criciúma.
É um supermercado enorme, com uma gama extraordinária de
mercadorias. Lá podem ser encontrados não só alimentos nacionais
e importados, como também bebidas, eletrodomésticos, remédios e
outros. Há também outros atendimentos, como floricultura, salão de
beleza, pet shop, agência bancária, lotérica, loja de lingerie, ambientes para
lanches e laboratório bioquímico.
Além de oferecer cursos de culinária, conta com um bom
restaurante. Ainda dispõe, próximo a sua padaria, de um espaço
para lanches, que permite ao cliente interromper suas compras e
saborear um bom café com quitutes bem quentinhos. A esse novo
empreendimento, com suas escadas rolantes e rampas, vale a pena
ir para observar o vai-e-vem de tantas pessoas, pois é realmente um
momento prazeroso.
Há pouco tempo, Antenor foi reconduzido ao cargo de
presidente do Criciúma Esporte Clube e tem feito muito por esse
time. Os criciumenses estão muito agradecidos por sua competente
administração.
Antenor foi casado (primeiro casamento) com Nolênia Lazarin,
tendo com ela os filhos: Roberto, Cristina e Henrique, todos formados
em Administração.
Arnaldo foi casado (primeiro casamento) com Maria do Carmo
Neves, com a qual tem os filhos: Maurício, Gustavo e Sabrina (formados
em Administração). Toda a família faz parte da empresa.
161
Supermercado Giassi
De propriedade de Zefiro Giassi, originou-se no município de
Içara em 1960, mas por muitos anos está também em Criciúma com
estrondoso sucesso.
Os produtos que oferece a sua clientela são de primeiríssima
qualidade, além do atendimento simpático e eficiente de seus
colaboradores, o que torna seus mercados um lugar aprazível,
causando satisfação a todos os que o procuram.
O Supermercado Giassi está presente, além de Içara e Criciúma,
nas cidades de Araranguá, Sombrio, Tubarão, Florianópolis, São José,
Blumenau, Palhoça e Joinville. Em novembro de 2010, inaugurou
um grandioso mercado em Criciúma, com área de 6.000 metros
quadrados, sendo que possui um estacionamento para 700 carros. Este
empreendimento mais parece um shopping, pois conta com mais de 60
lojas para outras finalidades, desde floricultura a laboratório de análises
clínicas.
Zefiro é conhecido por amigos e clientes como uma pessoa
realmente extraordinária, de total dedicação a sua empresa, e por ser
um dos mais destacados empresários do nosso Estado. Intimamente,
contudo, mantém sempre a mesma modéstia de quando era um
professor primário.
A história de Zefiro já é muito conhecida. Não há necessidade
de maiores detalhes sobre a grandeza deste cidadão tão importante
para a região sul catarinense. Sempre a seu lado, dando seu apoio, sua
ajuda e seus conselhos, está sua esposa, Ana Maria.
Zefiro Giassi
162
Há pouco tempo, foi inaugurado um café colonial muito
saboroso, que caiu no gosto dos criciumenses que frequentam o local
com muito prazer. Esse café tem o nome de Ana Maria, uma merecida
homenagem de Zefiro à companheira.
Ana Maria se dedica muito também ao cultivo de flores. Já
Zefiro não cuida só de seus mercados; ele é muito receptivo a pedidos
por parte das entidades beneficentes. Católico praticante, não mede
esforços para auxiliar sua Igreja na evangelização.
O casal tem os filhos: Rosária, Osni, Rogério, Maristela e
Mariléia. Seus filhos são seus únicos sócios.
Além dos 11 supermercados, a empresa conta com a
administração central em Içara, com um espaço de 14 mil metros
quadrados e ainda ganhará a ampliação de mais dez mil metros
quadrados. É aí, na administração central, que estão situados o
Departamento de Compras, o Contábil, a Tesouraria, o Setor de
Tecnologia de Informação, o Jurídico, o de Publicidade, o Setor
Pessoal, o de Recursos Humanos, entre outros.
O Centro de Distribuição também está localizado na
administração central. Grande parte das mercadorias abastecidas nas
lojas é originada do Centro de Distribuição.
Conta ainda com o Centro de Produção 1, onde são beneficiados
os cereais da marca Giassi, e o Centro de Produção 2, que é o Frigorífico
Giassi.
No primeiro semestre de 2012, foi inaugurado o décimo segundo
supermercado da rede, em São José, que atenderá seus clientes com
uma área de 20.500 metros quadrados, sendo 4.500 metros quadrados
de vendas.
Atualmente, o Supermercado Giassi ocupa o segundo lugar
no ranking catarinense de supermercados em termos de faturamento.
Na região sul do país, o Giassi está em quinto lugar e no Brasil, em
vigésimo.
A rede possui cerca de quatro mil colaboradores, e os itens
comercializados nas 11 lojas Giassi chegam a 25 mil.
163
Supermercado Ouro Negro
Para contar a história desta empresa, faz-se necessário relembrar
um pouco de Moacir Barbieri, que foi por muitos anos gerente do
SESI - Serviço Social da Indústria. Foi responsável por sua instalação e
organização, o que já havia feito em diversas cidades, participando de
atividades das mais diversas e em promoções de caráter social.
Em 1958, trabalhava na cidade de Jaraguá do Sul; em 1960, em
Joinville, onde fez uma remodelação naquela filial ocupando o cargo de
gerente. Para Criciúma, ele veio em 1962 e também aqui desenvolveu
seu trabalho com muita competência e capacidade na administração da
filial.
No ano de 1968, convidado por um grupo de amigos, ajudou
a fundar a firma Comércio e Representações Ouro Negro, instalando
uma rede de supermercados nos bairros de Criciúma. Em 1969,
desligou-se desta última firma, fundando outra empresa, a Barbieri e
Cia., que trabalhava com atacado de cereais e engenho de arroz da
marca Moabas, cuja produção era vendida nas cidades de Curitiba
(PR), São Paulo (SP) e Guanabara (RJ). Mantinha ainda um depósito
na cidade de São Gonçalo (RJ).
Em 1971, ampliou seus negócios e criou o Mercado Barbieri
Ltda., tendo adquirido uma rede de supermercados, que contava, na
época, com oito filiais. Era seu sócio Aristides Bolan.
Moacir Barbieri
164
Foi uma grande novidade o tipo de comércio chamado de
Pegue-Pague. Era verdade que esta prática de supermercado era
muito diferente, mas se adaptou muito bem em nossa cidade.
Aristides Bolan, por sua vez, tinha sido eleito deputado
estadual e ficou muito mais envolvido na política do que no mercado.
Trabalharam alguns anos e resolveram de comum acordo encerrar a
empresa.
Moacir foi trabalhar em outro ramo, montou um engenho de
arroz no bairro Pinheirinho, que funcionou por algum tempo, até que
houve um triste imprevisto, um incêndio. Instalou, então, em seguida,
uma fábrica de calçados, que exportava para os Estados Unidos.
Moacir é um homem inteligente, competente e trabalhador, que
sempre soube recomeçar quando algo não dava certo. É um lutador.
Era casado com Joana Brenki (já falecida), com a qual teve os
filhos: Moacir Filho (falecido), Silvana (cursou Serviço Social), Vera
Regina (formada em Ciências Biológicas), Giovani (falecido), Brigite
(empresária, mora nos Estados Unidos) e Márcia (formada em Letras,
professora do Colégio Marista).
165
166
167
Alcino Zanatta e Irmãos
Esta era uma tradicional casa de ferragens, que colocava à
disposição do público diversos produtos, desde ferramentas agrícolas,
correias transportadoras, bicicletas, lonas e encerados para caminhão.
O comércio principal, porém, era o de explosivos, como dinamite,
espoletas, estopim e cordel detonante, tendo inclusive, no início das
atividades, comercializado outros itens, como farinha de trigo e açúcar.
Seus proprietários eram Alcino Zanatta e seu irmão Jorge.
A empresa era de grande representatividade na economia sul
catarinense, pois era a única fornecedora de explosivos para a mineração
de extração de carvão de Criciúma.
Suas atividades começaram em 1953 à Rua Coronel Marcos
Rovaris, esquina com a Rua Marechal Deodoro, no sobrado de
propriedade de João Emílio Serafim, que foi um dos primeiros taxistas
de Criciúma. Hoje no local funciona um bar.
Em 1959, foi admitido mais um sócio, Jayme Zanatta, que
permaneceu na firma até 1965, tendo posteriormente se desligado o
sócio Jorge e, em seguida, Jayme. Em virtude disso, foi mudada a razão
social da empresa, que passou a se chamar Alcino Zanatta e Cia., tendo
como sócios os filhos de Alcino.
Em seguida, foi construído, na mesma Rua Coronel Marcos
Rovaris, número 125, um prédio para sede própria com amplo
estacionamento a fim de proporcionar facilidade a seus inúmeros
clientes. Nesse local, permaneceu por mais de 45 anos.
Alcino Zanatta
168
Alcino sempre contou com a colaboração de funcionários
eficientes, entre eles, o mais antigo, Jairo Canarim, que trabalha no
estabelecimento desde 1966. Como sabemos, eram muitas as minas de
carvão na região, por isso, o desenvolvimento da empresa de Alcino foi
admirável, conseguindo um grande patrimônio.
Com o falecimento de Alcino e de seus filhos, Saulo e Sérgio,
os atuais herdeiros resolveram fazer uma grande reforma no prédio da
Rua Marcos Rovaris e alugá-lo para o grupo Quero-Quero.
Em setembro de 2011, a antiga empresa Alcino Zanatta e Cia.
mudou-se para a Avenida Centenário, número 4130, alterando também
a denominação para Alcino Zanatta Comércio de Ferragens Ltda.
Os responsáveis pela administração são sua filha, Sandra, e seu neto,
Ricardo, acompanhados por um eficiente quadro de funcionários, que
vêm desenvolvendo ótimos negócios com a mesma eficiência e bom
desempenho de Alcino, fundador da empresa.
Além de grande empresário, Alcino teve participação na
comunidade. Foi sócio do Lions Clube Criciúma Centro, participando
de várias campanhas em prol da coletividade.
Era casado com Eleonora Martins, com quem teve três filhos:
Sandra (pedagoga), Saulo e Sérgio (empresários, já falecidos).
169
Campos e Búrigo
Era uma linda loja de material de construção, com grande e
diversificado estoque, muito organizada e bem localizada na esquina da
Rua Marechal Deodoro com a Rua Rui Barbosa. Pertencia a três sócios:
Jaime Búrigo, Hervalino Campos e Hélio Búrigo.
Esta empresa começou a operar suas atividades em 1960, com
grande capacidade de arregimentar clientela na área de material de
construção, motivo pelo qual se desenvolveu muito. Ano a ano, suas
vendas cresciam, e a lucratividade ia “de vento em popa”, como se
costuma dizer.
Em 1970, os sócios compraram um terreno no Bairro Próspera
e construíram um grande depósito a fim de fazer a entrega diretamente
aos seus clientes. Abriram, em seguida, algumas filiais, expandindo seus
negócios nas mais importantes cidades da região sul: a primeira, ainda
em Criciúma, no bairro Próspera; a segunda, na cidade de Tubarão; a
terceira, em Araranguá; e a quarta, localizada em Orleans.
Tornou-se, por conseguinte, a maior empresa do sul do Estado
de Santa Catarina no ramo de material de construção, pois tinha tudo
que se poderia precisar nesse setor.
Em 1990, a sociedade foi desfeita e trespassada para Gilson e
Luiz Gabriel Zanette. Encerrando-se esta empresa, restou um grande
vácuo em nossa região, pois quando se precisava de algum material de
construção, logo nos vinha à ideia a saudosa loja Campos e Búrigo.
Hélio Búrigo, um dos sócios
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Jaime era casado com Nair Búrigo e com ela teve os filhos: Nancy
Maria (formada em Geografia e Educação Física, é aposentada), Edson
(economista, é auditor fiscal), Jaime (formado em Administração, é
empresário da área de terraplenagem), Regina Helena (falecida), Vera
Terezinha (professora), Sérgio Rui (faleceu ainda jovem), Elisabeth
Amália (funcionária da CASAN) e Solange Beatriz (empresária do
ramo de confecção).
Hervalino era casado com Zeni Búrigo, com quem teve dois
filhos: Cláudio e Carlos, ambos bioquímicos, que residem há muitos
anos na cidade de Pinhalzinho, no oeste catarinense.
Hélio, casado com Sônia Victor, tem os filhos: Hélio (formado em
Marketing e Sistemas), Marcelo (musicista, é maestro de uma orquestra
na Itália), Henrique (formado em Filosofia, é professor universitário) e
Daniel (formado em Jornalismo, dedica-se mais à fotografia).
171
Carlos Hoepcke
Esta loja era filial da Hoepcke de Laguna, a qual, por sua vez, era
uma filial da loja matriz de Florianópolis, por isso a chamo de subfilial.
Era gerente aqui em Criciúma o saudoso Tiago Antunes Teixeira, que,
além de meu conterrâneo tubaronense, foi um grande amigo.
Nesta loja encontravam-se produtos de muito boa qualidade,
que se tornavam mais e mais especiais porque eram vendidos pelo
sempre atencioso Tiago.
Lá existiam as famosas Frigidaire. Isso me faz recordar de
uma pitoresca história. Era o ano de 1954, lembro-me muito bem.
Tiago soube por alguém que minha residência não tinha geladeira.
Amigo que era, mandou-me uma novinha e a instalou na minha
casa, sem saber se eu podia ou não pagar. Esse ato benemérito me
tirou o sono por alguns dias, pois achava eu não possuir condições
de comprar o dito refrigerador. Ele pareceu nem se importar: disse
que eu pagasse em dez vezes sem juros, mas que não a devolvesse,
pois seria uma desfeita. Deu tudo certo, afinal, a Irene ficou muito
feliz com a geladeira nova, que durou muito mais de 20 anos, pois
era de muito boa qualidade.
Vendia, ademais - no atacado e no varejo -, máquinas, motores
e ferragens para todo o sul do Estado. Confeccionava, ainda, lindos
bordados para revestir vestidos e toalhas, muito usados devido a
sua beleza, mas caros para os padrões da época. Todas as mulheres
desejavam esse bordado – chamado bordado inglês – em suas roupas.
Lembro-me de umas louças sofisticadas que comercializavam,
que pareciam feitas de vidro, com bolas salientes, azuis e transparentes,
e que dificilmente quebravam. Era alta novidade!
Tiago era casado com Denize Carneiro, tendo com ela os filhos:
Maria Luíza (assistente social), Jaime e Luiz Otávio, ambos engenheiros
civis, que trabalham com construções.
Quando Tiago foi embora de Criciúma, deixou saudades, pois
era muito estimado, em virtude de sua lealdade para com seus amigos
e de sua simpatia no trato com os clientes.
172
Casa Americana
Era de propriedade dos irmãos Zanatta - Domerval e Dorival -,
que vieram do município de Morro da Fumaça e se estabeleceram em
Criciúma, conseguindo grande sucesso com seu comércio.
A loja ficava situada na Rua Marcos Rovaris, primeiramente em
sala alugada de João Soratto, depois em casa própria, quase em frente
ao antigo endereço. Vendia ferragens, materiais elétricos, materiais de
construção, motores, ferramentas e tudo mais neste segmento.
Enquanto Domerval cuidava do setor administrativo, Dorival
era responsável pela parte comercial, pelas vendas.
Os irmãos Zanatta eram muito trabalhadores, por isso fizeram
da Casa Americana um marco na cidade, conhecida pelo seu estoque
de primeira qualidade. Assim, arregimentaram enorme confiança da
clientela.
Sabe-se que o começo não foi tão fácil, pois dispunham de pouca
mercadoria para abrir a loja. Então, foram a Imbituba e adquiriram dois
caminhões de louça de barro para, junto com algumas mercadorias
trazidas da loja do pai, em Morro da Fumaça, encher as prateleiras de
seu estabelecimento.
Por muito tempo também venderam alguns alimentos em
sacas, no atacado, como feijão, sal e farinha. Depois de algum tempo
de funcionamento, outro irmão se associou, Fernando Zanatta Filho,
o Nandinho, mas por pouco tempo.
Domerval Zanatta
Dorival Zanatta
173
Domerval e Nandinho acabaram partindo para outros
empreendimentos, restando a loja somente para Dorival e seus filhos.
Dorival a manteve até dois anos antes de falecer. Era casado com
Lourdes Souza, com a qual teve os filhos: Márcio (empresário), Dorival
Filho (comerciante), Ricardo (contabilista) e Renata (arquiteta).
Os outros dois irmãos, Domerval e Fernando, associaram-se ao
tio Jorge Zanatta na fábrica Inza. Tempos depois, Domerval resolveu
abrir a sua própria empresa de plásticos no município de Içara com o
nome de Copaza Descartáveis.
Junto com seus filhos, Domerval, além da Copaza, é proprietário
da Icopp, empresa de copos plásticos. Também atua no ramo de
transportes com as empresas Barriga Verde e DZ Empreendimentos e
Participações Ltda., oferecendo um total de 800 empregos diretos.
Além de ser expoente cidadão na área industrial, Domerval
participou ainda da vida social de Criciúma. Foi presidente do Lions
Clube, prestando, junto a seus pares, muita ajuda aos menos favorecidos.
Foi também presidente da Associação Empresarial de Criciúma e do
Criciúma Esporte Clube, além de candidato a vice-prefeito do município
junto a Algemiro Manique Barreto, que foi candidato a prefeito.
Domerval é casado com Sílvia Luz, com quem teve os filhos:
Gláucia (já falecida), Rodrigo, Ana Luíza e Cláudio (todos empresários).
174
Casa Dragão
Criada no ano de 1962, estava localizada na Rua Henrique Lage
e comercializava material elétrico e ferragens.
No início, pertenceu a Arcedônio Costa, José Alfredo Beirão,
João Alfredo Campos e Fiume Tonon. Tinha como gerente o Arcedônio,
muito conhecido pela alcunha de Sapo, que trabalhou muitos anos, até
que resolveu se aposentar em 1981. Os três proprietários já tinham se
retirado da sociedade anos antes.
Além de comerciante, Arcedônio tinha um jeito muito bonito
de festejar o Natal. Colocava a roupa de Papai Noel e visitava muitas
casas para entregar brinquedos às crianças. Sua representação do Papai
Noel era muito especial e simpática, contagiando a todos.
Em muitas vésperas de Natal, debaixo daquela roupa vermelha
e barba branca, não importando o calor que fizesse, lá ia o Arcedônio
de casa em casa. As famílias faziam o agendamento das visitas com
antecedência e, mesmo assim, muitas ficavam sem atendimento, devido
à falta de horário.
Com essa atitude, ele deixou uma forte marca nas lembranças
de Natal de muitas crianças. Hoje, já adolescentes e mesmo adultas,
relembram dessa experiência com muito carinho.
Arcedônio é casado com Zilah Freccia, com a qual tem três
filhos: Cássio (formado em Logística Empresarial), Hervy (empresário
do ramo de transporte) e Cacilda (professora, formada em Artes).
Arcedônio Costa
175
Casa Globo
Foi uma loja de muita importância para Criciúma na época de
sua existência e se situava na Rua Henrique Lage.
Pertenceu aos irmãos Serafim - Vitório, Antônio, João e
Rafael -, que trabalharam por muitos anos juntos, num clima de muita
colaboração e amizade. Era uma loja que vendia ferragens, ferramentas
e materiais de construção.
Esse estabelecimento gozava de muito bom conceito,
aumentando cada vez mais o número de clientes.
Porém, no dia 8 de dezembro de 1958, a fatalidade colheu a vida
de Vitório, que, ao ver sua filha pedindo socorro num banho de mar,
tentou resgatá-la e acabou sendo levado pela correnteza juntamente
com ela. Foi uma grande tristeza para toda a família Serafim.
Antônio continuou cuidando por muito tempo da loja, mas em
1978, ainda muito desanimado, acabou encerrando as atividades.
Vitório era casado com Vitalina Serafim e teve dois filhos: Vilnei
(empresário aposentado) e Maria Vienir (falecida ainda menina).
Antônio (já falecido) era casado com Salunila e teve com ela
cinco filhas: Eliane (formada em Economia), Maria Amábile (professora
de Biologia), Dóris (pedagoga), Bárbara (advogada) e Eloísa (formada
em Administração).
Vitório Serafim
176
Corrêa e Cia
Quem não se lembra desta loja de material de construção
que tinha de tudo: ferragens, materiais elétricos, acabamentos para
construção, eletrodomésticos (principalmente aspirador de pó e
liquidificador) e aqueles lustres e abajures de pé alto, uma novidade
na época?
Situava-se na Praça Nereu Ramos e pertencia aos cunhados
Lindolfo Corrêa e Heriberto Hülse, sendo que posteriormente, com
a morte de Heriberto, passou a ser de Lindolfo, Rui e José. Estes dois
últimos eram os filhos de Heriberto.
Desde o começo, quem gerenciava, comprava e vendia era
Lindolfo, que era muito bom companheiro no meio dos comerciantes
e transmitia toda a sua simpatia a sua empresa.
Esta loja marcou época de 1940 a 1970.
O nosso personagem Lindolfo Corrêa destacou-se como líder
empresarial e na política. Mas mesmo não tendo sido candidato, foi
um grande colaborador da União Democrática Nacional (UDN).
Proprietário de uma das casas mais bonitas da cidade, hospedava
muitos políticos que aqui chegavam. Um de seus hóspedes foi o tão
controverso Jânio Quadros, que na época era candidato a presidente
da República e considerado uma esperança nacional.
Lindolfo era amigo de pessoas de todas as facções ideológicas.
Ele não confundia amizade com política.
Lindolfo Corrêa
177
A Corrêa e Cia teve em seu quadro de funcionários Antoninho
e Lili, verdadeiros baluartes da firma, dedicados ao seu bom
desenvolvimento. No meio da loja, tinha um trilho, onde corria um
carrinho que trazia as mercadorias do fundo do estabelecimento até a
frente, o que facilitava muito o trabalho do vendedor.
Lindolfo era casado com Armeli Esmeraldino (ambos já
falecidos) e teve com ela dois filhos Cylésia (pedagoga) e José Carlos
(cirurgião-dentista).
Heriberto era casado com Lucy Sampaio (irmã de Lindolfo),
com a qual teve também dois filhos: os engenheiros José (falecido) e
Rui (diretor da Satc - Associação Beneficente da Indústria Carbonífera
de Santa Catarina -, membro do Sindicato dos Mineradores, prefeito de
Criciúma e deputado estadual).
178
David Conti
David Conti não era formado em Engenharia, mas era um
excelente construtor, muito considerado desde a década de 1940.
Além de uma construtora, David também possuía uma loja de
material de construção muito bem montada para os padrões da época.
Vendia tudo que se precisava para construção: ferragens, cimento, pisos,
azulejos, louças sanitárias, encanamentos e muitas outras mercadorias.
David construiu muitos prédios em nossa cidade, pode-se até
dizer que até a década de 1950 construiu a maioria.
São obras dele o Edifício Mampituba, o prédio onde se situa o
Café Rio, a Galeria Bristot, o Edifício Leandro Martignago, o Edifício
Zézinho Aguiar, o Edifício João Paz e muitos outros.
Também muitas residências foram construídas por ele, e algumas
existem até hoje.
Foi um homem muito trabalhador. Não media esforços para
chegar ao término de suas obras no prazo prometido.
Depois de ver seus filhos formados, transformou a construtora
na firma Coenco (Conti Engenharia e Construções), quando então
passou a participar de concorrências públicas, principalmente no setor
de saneamento básico, fazendo muitas obras por todo o Estado de
Santa Catarina.
David Conti
179
Nessa época, contava com a colaboração de seu filho José
Ijair, que passou a administrar a empresa. Seu outro filho, Pedro Esaú,
engenheiro mecânico, sempre trabalhou na sua especialidade. Sérgio
Victor, genro de David, também trabalhava na firma.
Casado com Elza de Bom, além dos filhos Ijair e Pedro Esaú
(ambos já falecidos), teve duas filhas: Maria Irene, comerciante e minha
esposa, e Maria Inês, formada em Pedagogia, uma professora renomada
e de muito prestígio.
A construtora tornou-se uma grande empresa do setor de
saneamento básico, graças ao bom trabalho que realizava, sendo
reconhecida por todo o Estado. Muito católico, David estava sempre
disponível para ajudar a sua paróquia.
Torcedor fanático e presidente por mais de uma vez do
Criciúma Esporte Clube, dava muito de seu tempo e de sua sabedoria
em prol do time do seu coração, deixando seus afazeres muitas vezes
em segundo plano.
O casal David e Elza não se encontra mais no nosso convívio.
180
Iray Rolamentos
Este estabelecimento pertence a Mário Sônego. Porém, antes
de entrar na vida comercial, Mário fez o Curso Normal Regional no
Grupo Escolar Professor Lapagesse, foi professor de escola pública e
contabilista, tendo se formado na Escola Técnica Contábil de Curitiba
(PR).
Depois de formado, montou seu primeiro escritório de
contabilidade na Rua Conselheiro João Zanette, número 53, dando
atendimento especializado à grande clientela do comércio e indústria,
com muita competência e responsabilidade.
Passados alguns anos, verificou que entre seus clientes havia
empresários do ramo metal-mecânico, que tinham dificuldade em
adquirir rolamentos, mancais, correias de transmissão e tudo mais deste
segmento, só encontrados nos grandes centros, como Porto Alegre
(RS) e São Paulo (SP). Então surgiu a ideia de entrar nesse ramo de
negócio.
Montou sua primeira loja na Rua Henrique Lage e se deu muito
bem nessa atividade.Temos que considerar que Mário é filho de Giácomo
Sônego, que foi um ótimo comerciante em sua época, trabalhando na
antiga Cooperativa, depois União Comercial. O filho herdou as mesmas
qualidades de honestidade e retidão do pai.
Mário Sônego
181
Sua atividade comercial começou a prosperar, tendo contado
ainda com o grande desenvolvimento comercial, industrial e agrícola de
nossa região.
A animação foi tanta que resolveu construir uma sede própria
na Avenida Centenário, com modernas instalações, para onde transferiu
sua empresa. Ali continuou o ótimo atendimento, só que com maior
organização para melhor servir seus clientes. Com os negócios cada
vez mais desenvolvidos, em 2011, construiu uma nova loja, na Avenida
Jorge Elias De Luca, quase no limite do município de Içara, dando
continuidade com muito bom desempenho.
Nosso personagem não foi bem sucedido só como empresário,
mas também teve grande atuação na vida social e política.
Participou do Lions Clube de Criciúma e é grande colaborador
da Paróquia Santa Bárbara, sempre acompanhado de sua esposa.
Na política, foi membro do Partido Social Democrático (PSD),
da Aliança Renovadora Nacional (Arena) e ainda foi um dos fundadores
do Partido da Frente Liberal (PFL) em Criciúma, sendo seu primeiro
presidente.
Foi eleito vereador no mandato de 1973 a 1977, quando era
prefeito de Criciúma Algemiro Manique Barreto. Foi eleito vice-prefeito
na chapa do prefeito Altair Guidi, de 1977 a 1983.
Mário Sônego é casado com Iraydes A. Smânia. O casal tem
os filhos: Rosângela (contabilista), Rosemeri (administra o lar), Rosely
(bancária), Mário Filho (engenheiro e comerciante, trabalha na Iray
Rolamentos), Márcio (engenheiro agrônomo, trabalha na Epagri),
Marcos (arquiteto respeitadíssimo e ótimo chargista) e Marcelo
(comerciante, trabalha na Iray Rolamentos).
182
Irmãos Bergmann
Agenor e seus irmãos, Nilson e Aldomar, após encerrarem a
sociedade com seu cunhado, Jorge Zanatta, continuaram com a loja
por mais algum tempo no mesmo endereço.
Situava-se na Rua Marcos Rovaris e depois em sede própria na
Rua Marechal Deodoro, onde haviam construído um prédio de dois
andares.
A loja, ao ser transferida, também mudou a denominação para
Irmãos Bergmann. Essa nova firma iniciou em 1970 e comercializava
materiais de construção, ferragens, ferramentas, materiais hidráulicos,
tintas e tantas outras mercadorias do ramo.
Os proprietários eram muito trabalhadores e, por serem
agradáveis com os fregueses, conquistaram grande clientela.
Porém, em 2004, os Irmãos Bergmann resolveram parar suas
atividades.
Agenor é casado com Adulci Simon, com a qual tem os filhos:
Ingrid (autônoma) e Gilberto (empresário).
Nilson (falecido) era casado com Luiza Dal Bó, com quem teve
duas filhas: Gracilene (formada em Pedagogia Educacional) e Grasiela
(formada em Pedagogia).
Aldomar é casado com Isolete Maragno. O casal tem dois filhos:
Marcos (formado em Comércio Exterior) e Fernando (Odontologia).
Agenor Bergmann
183
Jorge Zanatta e Cia.
Quando começou suas atividades em 1956, estava localizada
na Rua Marcos Rovaris, tendo como sócios Jorge Zanatta e seus
cunhados, Agenor e Nilson Bergmann. A empresa tinha como foco a
venda de materiais de construção, ferragens em geral, pisos e azulejos,
tubos e conexões, sanitários, tintas, produtos para instalações elétricas
e equipamentos agrícolas, contando ainda com excelente atendimento,
tanto pelos seus sócios, como por seu excelente quadro de funcionários.
Formaram assim uma grande clientela, ajudados pelo grande
impulso do desenvolvimento da cidade de Criciúma.
Jorge Zanatta, mesmo tendo se concretizado como excelente
comerciante, sempre sonhou em partir para a atividade industrial.
Em comum acordo, retirou-se da sociedade, transferindo suas
cotas a Agenor e Nilson Bergmann. Nessa transformação, os sócios
remanescentes mudaram o nome da empresa para Irmãos Bergmann.
Porém, resolveram mudar de endereço, deslocando-se para a Rua
Marechal Deodoro, onde foi construída uma sede própria. A história
dessa nova firma, Irmãos Bergmann, foi relatada no capítulo anterior.
Jorge Zanatta, após retirar-se da sociedade em 22 de maio de
1970, fundou a empresa Canguru Indústria de Embalagens Criciúma
Ltda., inicialmente no bairro Pio Corrêa, em um pequeno pavilhão.
Jorge Zanatta
184
Os negócios foram se desenvolvendo acima do esperado.
Houve, então, a necessidade de uma expansão. Adquiriu um terreno no
Bairro Próspera, onde construiu uma grande e moderna fábrica. Com
isso, criou o parque industrial que até hoje abriga a principal unidade de
produção da empresa, passando a aumentar seus negócios em outros
segmentos. Em pouco tempo, a marca Canguru tornou-se referência
na produção de embalagens, e foram criadas filiais em diversas outras
cidades.
Jorge Zanatta, com seu espírito empreendedor, em uma de suas
viagens, ao tomar um cafezinho em copo plástico descartável, teve a ideia
de criar uma nova empresa. E assim, em 1974, foi iniciada a primeira
indústria de plásticos descartáveis, surgindo dessa vez a Industrial de
Plásticos Zanatta Ltda. (Inza). Seu sucesso não foi diferente da primeira,
passando a dominar o mercado brasileiro com seu produto.
Jorge ainda não estava satisfeito e, em 1974, iniciou a fábrica de
telhas de amianto, a Imbralit, que se tornou uma das maiores produtoras
desse segmento.
A ideia que surgiu para a formação da empresa veio por acaso.
Tendo em vista o grande desenvolvimento de suas indústrias, houve
necessidade de construir novos pavilhões. Constatou que havia uma
grande carência no mercado nacional de telhas de amianto. Visitou
então diversos países em busca de maquinário para fabricação desse
produto.
A Imbralit hoje faz parte do Grupo Empresarial Jorge Zanatta,
produzindo telhas onduladas de fibrocimento e caixas d’água plásticas.
A empresa atua em todo o mercado brasileiro, principalmente
na região Sul, e está instalada em um grande espaço, no Bairro Brasília.
Além da fábrica, o local conta com uma área recreativa, oferecendo
assim um espaço de lazer aos seus funcionários.
Em 1985, criou a filial de Chapecó, a Canguru Embalagens
Chapecó.
Já em 1992, foi a vez da filial Canguru Embalagens Riograndense,
com sede na cidade de Pelotas (RS).
No ano seguinte, foi criada a TSC Química do Brasil com outros
sócios.
Em 1997, a ITW Canguru Rótulos, em Criciúma, uma joint
venture com a Illinois Tool Works Inc.
185
Em setembro de 1998, foi inaugurada a filial Descartáveis
Zanatta Três Corações (MG).
No ano de 1999, adquiriu a cerâmica Meneghel - Volpato Ltda.,
que passou a se chamar Cerâmica Zanatta, uma indústria de telhas
cerâmicas, com sede em Cocal do Sul.
Jorge, além de ter conseguido todos esses empreendimentos,
ainda se tornou um médio pecuarista, sendo este um de seus hobbies.
É possível ter ficado de fora mais alguns de seus empreendimentos,
pois foram tantos que é possível que eu não tenha lembrado de todos.
Na vida social, Jorge foi também um grande entusiasta.
Apaixonado pelo Criciúma Esporte Clube, sempre deu uma grande
contribuição a esse seu time do coração. Para isso, não mediu esforços
com seu trabalho em favor do esporte.
Foi sócio do Lions Clube Criciúma Sul, onde prestou inestimáveis
trabalhos de solidariedade. Além disso, Jorge foi também um grande
colaborador da área cultural, por isso recebeu em homenagem o seu nome
no Espaço Cultural.
Em 1995, recebeu merecidamente o título de Cidadão Honorário
de Criciúma.
Além dessas homenagens, foram oferecidas outras em nível
municipal e estadual e até do Exército brasileiro. Foi homenageado
pelo Governo do Estado de Santa Catarina com seu nome em uma
rodovia.
Esta é uma pequena história deste grande empresário, que
muito contribuiu com o desenvolvimento do comércio e da indústria, o
senhor Jorge Zanatta, que merece o aplauso dos criciumenses.
Jorge era casado com Adelinda Bergmann e teve com ela os
filhos: Rozane e Rejane (formadas em Letras), Jorge Eduardo (formado
em Administração) e Luiz Carlos (formado em Direito).
Faleceu com 83 anos de idade em 4 de outubro de 2008.
186
Mega Engenharia
Antes de relatar a história desta empresa, de propriedade de Ari
Nardino Praessler, é necessário comentar os fatos anteriores.
Na década de 1970, havia duas lojas do ramo de material elétrico,
a loja pertencente a Vinícius de Lucca, estabelecida no início da Rua
Marcos Rovaris, e a H. Aeckerle, que era uma filial de Porto Alegre (RS),
instalada também na Rua Marcos Rovaris. Esta última permaneceu em
Criciúma até o ano de 1990, quando encerrou suas atividades, voltando
para sua cidade de origem.
O engenheiro e eletricista Ari Nardino Praessler, gaúcho de Porto
Alegre, chegou em 1970 para prestar serviço na cerâmica Cecrisa e fez
parte do seu corpo técnico. Permaneceu nessa empresa por quatro anos,
transferindo-se para a Industrial Conventos, onde trabalhou por igual
período.
Depois de atuar nas duas empresas acima citadas, Ari criou
sua própria empresa em 1977, a Mega Engenharia, estabelecendo-se
primeiramente na Rua Anita Garibaldi, no Edifício Dona Maria, de
propriedade da família Góes.
A Mega Engenharia foi responsável por um grande número de
projetos na cidade, atendendo diversos estabelecimentos bancários,
comerciais e industriais na Região Carbonífera. Marcou presença
também com seu corpo técnico altamente qualificado.
A partir da parceria com outras empresas, principalmente do
setor cerâmico, especializou-se em painéis eletroeletrônicos e atendeu
até demandas do exterior: Cerâmica Celima, no Peru, e Cerâmica de
Gana, na África.
Ari Nardino Praessler
187
O crescimento da empresa obrigou a mudança para outro lugar
mais adequado. Por isso, transferiu-se para a Rua Marcos Rovaris, no
prédio onde funcionou a firma Coenco, de José Ijair Conti.
Neste novo endereço, teve o seu apogeu e marcou época em
suas atividades, funcionando ali até início do ano 2000, quando o prédio
foi vendido, e a firma mudou-se para o bairro São Luiz.
Hoje a loja está desativada, continuando somente o setor de
projetos. É interessante notar que esses empreendimentos citados não
atuam mais em Criciúma, e a demanda de nossa cidade está sendo
suprida por novas empresas.
O companheiro Ari é rotariano há muitos anos; sempre fez parte
do conselho diretor, ou seja, foi secretário, diretor de protocolo, cargo
no qual permaneceu muito tempo devido a sua eficiência, e presidente,
com destacado trabalho. Acompanhado de sua esposa, muito deu de si
em prol da comunidade criciumense.
Ari Nardino Praessler é casado com Hilda Paim, também
gaúcha. O casal tem três filhos criciumenses, hoje integrados na nossa
comunidade: André (pastor da Igreja Luterana Renovada), Alessandro
(atua na área de Marketing na empresa de Sérgio Cadorin) e Anelise
(advogada, atua no Procon).
188
Otávio Búrigo e Cia.
Esta casa de ferragens, que pertencia aos sócios e irmãos Otávio,
Mário e Eloy Búrigo, situava-se na Praça Nereu Ramos. Otávio, apesar
de sócio, deixou a administração a cargo dos dois irmãos, pois morava
em Laguna.
O estabelecimento ficou em atividade de 1950 até 1969,
trabalhando com mercadorias de alta qualidade e com muito
prestígio perante os seus fregueses, uma grande parcela de
criciumenses.
Tanto Mário como Eloy atendiam seus clientes com grande
simpatia. Muito bonito foi ver sempre a união entre os dois irmãos.
Mário era mais ligado à parte comercial e administrativa, enquanto Eloy
se dedicava com mais entusiasmo ao setor de vendas.
Em 1960, os irmãos constituíram a indústria metalúrgica
Mecril, especializada na construção de redes de eletrificação. Também
fabricaram por muito tempo pás e enxadas usadas para a agricultura e
para a mineração de carvão.
Ainda fundaram as seguintes empresas: em 1964, a Consórcio
Econômico Criciumense; em1982, a Mecânica Milano Ltda.; em 1987, a
Mecril Eletro Ferragens; e, em 1988, a Mário Búrigo – Administração
e Participações Ltda.
Mário ainda teve participações que o destacaram na sociedade
de Criciúma. Foi presidente do Sindicato das Metalúrgicas e de Material
Elétrico de Criciúma, tesoureiro da Associação Empresarial de
Criciúma, vice-presidente da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado
de Santa Catarina) e, desta mesma associação, conselheiro fiscal.
Mário Búrigo
Eloy Búrigo
189
Pelos seu méritos, Mário foi homenageado com o título de
Cidadão Honorário de Criciúma em 27 de outubro de 1988.
Era casado com Adelina Bosa (ambos já falecidos), com a qual
teve os filhos: Marilina (pedagoga), Mário César (médico), Guido José,
Rui Carlos (empresários), Rogério (engenheiro, já falecido), Márcio
(bioquímico e atual vice-prefeito de Criciúma) e Hélder (empresário).
Eloy pertenceu muitos anos ao Lions Clube Criciúma Sul, onde
colaborou, junto com seus companheiros, com muitas campanhas em
prol da comunidade. Apoiou sempre sua esposa no trabalho da Atupam
(Associação Turma Unida para Ajudar Menores), que faz um bonito e
significativo trabalho com roupinhas de bebês, filhos de mães pobres.
É casado com Carmem Bosa (irmã da esposa de Mário), com
quem tem os filhos: Carlos Humberto (engenheiro), Eduardo (médico),
Alexandre (administrador) e Maria Eloy (enfermeira).
Otávio era casado com Eduarda Pereira, tendo com ela um filho,
Djalma (empresário)
190
Rafael Zanette
Esta empresa, de propriedade de Rafael Zanette, iniciou suas
atividades em 1966 com o nome de Casa Zanette. Era uma pequena
loja de 80 metros quadrados na Rua Cônego Aníbal Di Francia,
número 1325, no bairro Pinheirinho. Os materiais postos à venda eram
expostos pendurados no forro da loja, e a entrega das mercadorias,
como areia, cimento e tijolos, era feita por carroça com cavalo.
Além das vendas, a Casa Zanette também fabricava tanques de
cimento para lavar roupas, o que era feito à mão, sem luvas, pela esposa
de Rafael Zanette, Ana Salete.
Naquela época, só contava com dois empregados. O contador
era Francisco Faraco, e no escritório só existia uma máquina de escrever
e uma calculadora. As contas eram registradas em um caderno, e esse
serviço era feito também por Ana Salete.
Em 1969, foi comprada a primeira caminhonete, o que veio
facilitar a entrega de material e assim oferecer um melhor atendimento
aos seus clientes.
Em 1985, a Casa Zanette passou a se denominar Rafael Zanette.
Daí em diante, o crescimento da empresa foi sempre constante, tornandose um verdadeiro gigante no segmento de material de construção com
clientes em todo o bairro Pinheirinho e em boa parte da cidade.
Hoje, esta loja ocupa um espaço de 1.600 metros quadrados
e conta com uma variedade de mais de 20 mil itens dentro de sua
especialidade. Além disso, dispõe de excelente equipe de funcionários,
destacando-se João Batista Pinheiro e Arlindo Ugioni. Ao todo são 40
colaboradores, todos com treinamento permanente.
Casal Salete e Rafael Zanette
191
Seus principais fornecedores sempre foram tintas Renner,
cimento Votoran, metais Docol, tubos e conexões Tigre e cerâmicas
da melhor qualidade, com centenas de variedades, dando oportunidade
para a melhor escolha a seus clientes.
Pode-se dizer que o sonho do casal Rafael e Ana Salete tornouse realidade.
O casal tem três filhos, que, desde os nove anos, começaram a
ajudar seus pais na loja. Cléber Realdo e Cláudio Rafael são formados
em Administração, e a filha, Ana Cláudia, é formada em Arquitetura.
Porém, todos continuaram na empresa e contribuíram na formação de
outras lojas do mesmo ramo.
O filho mais velho, Cléber, aproveitou o incentivo do Governo
Federal e criou uma empresa para construir casas populares. Para isso,
contou com a participação de sua esposa, Bibiana Benedet, minha neta.
Juntos estão realizando um ótimo trabalho e já entregaram dezenas de
moradias, deixando muito felizes seus compradores.
A família Zanette, além de cuidar da parte comercial, participa
muito da área social e apoia diversos eventos religiosos e esportivos na
região do Pinheirinho.
Paralelamente, Rafael tem outra paixão, que é a pesca. Construiu
uma casa na localidade de Ilhas, próximo ao Morro dos Conventos,
onde ele, lá com sua tarrafa, faz ótimas pescarias, dedicando-se um
pouco ao lazer e recuperando suas energias de uma semana de trabalho.
192
Timaco
Este estabelecimento, que pertence a Silvestre Borsato, foi
inaugurado em 1971, quando ele se associou com Gabriel Zanette
Aléssio e Júlio Bernardo da Silva. Durou até 1984, quando Gabriel saiu
e deu lugar à participação de Tereza Ferro, esposa de Silvestre. Essa
nova sociedade durou até 1987, quando, no lugar de Júlio Bernardo,
integrou-se João Estevão, filho de Silvestre.
Atualmente está localizada na Avenida Centenário, num prédio
muito bonito, e conta com o maior estoque de material de construção
de Criciúma ou talvez de todo o sul do nosso Estado. A loja dispõe de
muitos atendentes, prontos para receber grande número de clientes.
Borsato trabalhou na lavoura até os 12 anos, quando veio para
Criciúma estudar. Fez parte da primeira turma de contabilidade da Escola
Técnica de Criciúma, tendo concluído o último ano em Florianópolis
enquanto prestava o serviço militar obrigatório. Trabalhou muitos anos
como contador, antes de se dedicar ao comércio.
Silvestre também faz trabalhos voluntários. Há muito tempo,
é diretor do Asilo São Vicente de Paulo, onde exerce a função de
tesoureiro. Também fez parte da diretoria do Albergue São José. Quando
era sócio do escritório de contabilidade, juntamente com Arlindo Dal
Toé e Osmar Piovesan, conseguiu o suporte contábil ao albergue sem
ônus algum. Esse trabalho continua até os dias de hoje, mesmo depois
do Silvestre deixar de ser um dos sócios. Participa ainda do Movimento
Familiar Cristão da Igreja Católica e é um colaborador sempre operante.
Do primeiro casamento, com Tereza Ferro (já falecida), teve dois
filhos: João (empresário do comércio) e Jorge (já falecido). Atualmente
é casado com Solange Benedet, com a qual não teve filhos.
Silvestre Borsato
193
União Comercial
Este estabelecimento teve como proprietários, em um primeiro
momento, os irmãos Dal Bó, representados por Elias, integrando-se,
posteriormente, Luigi Bertollo. Situava-se na Rua Henrique Lage.
A União Comercial originou-se de uma antiga cooperativa. Não
tive o prazer de conhecê-la, mas soube que foi de grande importância
para o comércio de Criciúma.
Os irmãos Dal Bó e Luigi Bertollo vendiam nessa loja material
de construção, material elétrico – por sinal tinha sempre uma coleção
de lustres maravilhosos –, louças, inclusive importadas, e muitos outros
tipos de mercadorias, tornando-se um estabelecimento comercial de
destacada abrangência em todo o sul catarinense.
Dado o sucesso do empreendimento, as famílias Dal Bó e
Bertollo construíram o União Turismo Hotel, que tem dez pavimentos,
bem no Centro da cidade.
A esposa de Luigi Bertollo, Antonieta, e seus filhos, Alessandro
(administrador de empresas), Margarete (formada em Artes Plásticas)
e Cátia (formada em Administração de Empresas), continuam
administrando o patrimônio da família.
Elias Dal Bó era casado com Madalena Righetto. O casal
teve os filhos: João (empresário, falecido), Luíza (professora), Maria
(empresária), Sílvio (empresário industrial), Ida, Líbia e Iva (professoras
aposentadas).
Os sócios Elias e Luiz já faleceram.
Elias Dal Bó
Luigi Bertollo
194
Vidraçaria Prata
Esta vidraçaria está localizada na Rua Henrique Lage, número
27, e pertencia a Avelino Custódio, que tinha em seu estabelecimento
vidros em geral, espelhos, molduras e quadros, box para banheiros e
tudo o que se referia a essa atividade.
Iniciou em 1960 e muito contribuiu para o progresso de
Criciúma, pois sempre atendeu às demandas das construtoras de
prédios com enorme quantidade de material envidraçado.
Sua esposa, Enedina Pinheiro, foi muito importante para o bom
funcionamento da empresa, devido a sua grande capacidade de trabalho
– sempre foi uma grande batalhadora! Apesar de não ter nascido aqui,
tornou-se uma verdadeira criciumense.
Avelino foi fundador do Rotary Club Criciúma Oeste e,
juntamente com a esposa, muito colaborou para a construção da Casa
da Amizade, que, desde sua fundação, vem desenvolvendo muitas
atividades sociais.
Avelino já faleceu, mas sua esposa e seus filhos deram
continuidade aos negócios. O casal teve os filhos: Ernane (advogado),
Renato, César, Antônio Luiz, Rene Carlos, Sandra (todos comerciantes)
e Rose (arquiteta).
Avelino Custódio
195
Vidraçaria Santa Cecília
Na descida da estação, como se falava na época, ou seja, na
Rua Conselheiro João Zanette, situava-se esta linda loja, que, além de
vidraçaria, era uma verdadeira exposição de belos objetos.
Seu proprietário, Osni Koch, por muito tempo dominou o
mercado da região no setor de vidraçaria. Osni havia trabalhado nesse
ramo com seus familiares na cidade de Braço do Norte, de onde veio
a sua experiência, sendo esta a proverbial razão para o rápido sucesso
atingido.
Sua esposa, Cecília Effting, que deu o nome à empresa,
colaborou muito no trabalho e tinha muito bom relacionamento com
os fregueses. Além de Osni e Cili - como Cecília era conhecida -, havia
na vidraçaria uma equipe eficiente de profissionais bem treinados.
Na sala da frente, misturavam-se aos vidros louças lindíssimas,
enfeites e cristais de primeira linha, que deixavam as donas de casa
encantadas. Era, como se diz, um colírio para os olhos. Muitos
presentes de casamento eram comprados na Vidraçaria Santa Cecília.
Osni e Cili participavam bastante da vida social da cidade; ele foi
sócio do Lions Clube Criciúma Centro e, junto com seus companheiros,
fez ótimo trabalho na comunidade.
O Casal (já falecido) teve dois filhos: Jaime e Rosângela.
Osni Koch
196
Vinícius De Lucca e Cia.
Em 1967, Vinícius iniciou suas atividades com uma loja de
materiais elétricos na Rua Marcos Rovaris. Passado algum tempo, fez
uma construção moderna na mesma rua, em uma sala bem ampla, onde
se podia encontrar de tudo em materiais elétricos e seus componentes.
Vinícius De Lucca pertence a uma família tradicional de Criciúma
e foi pioneiro na venda de materiais elétricos, atendendo construtoras,
mineradoras e o mercado em geral.
Marcou sua trajetória no comércio de Criciúma até dezembro
de 1984, quando vendeu sua propriedade para o grupo Fidelis Barato e
foi morar na cidade de Florianópolis, exercendo outras atividades.
Vinícius, acompanhado de sua esposa, Jaira Elias, participava da
vida social da cidade. Foi membro ativo do Lions Clube de Criciúma
e, junto com seus companheiros e suas domadoras (termo como são
conhecidas as esposas dos sócios do Lions), realizou muitas promoções
em favor dos mais carentes.
São seus filhos: José Eduardo (formado em Engenharia de
Informática, é professor da Universidade Federal de Santa Catarina);
Mônica (formada em Direito e atualmente juíza de Direito na cidade de
Indaial); Vinícius (formado em Ciência da Computação e professor do
Instituto Federal de Santa Catarina).
Vinícius De Lucca
197
198
199
Drogaria e Farmácia Catarinense
Esta extraordinária empresa do ramo farmacêutico, originária
de Joinville, teve início no dia 25 de janeiro de 1964 e permanece entre
nós até hoje, prestando um belo trabalho.
A primeira farmácia situava-se na Praça Nereu Ramos. Cinco
anos depois, surgia a segunda, na esquina das ruas Seis de Janeiro e
Conselheiro João Zanette, que foi instalada em 1º de agosto de 1969. Não parou aí o desenvolvimento desta empresa. Em 3 de
setembro de 1973, uma terceira unidade era instalada na Rua João
Pessoa, bem na esquina com a Travessa Padre Pedro Baldoncini; em
primeiro de maio de 1982 surge a quarta filial, em sede própria, no
Edifício São Vicente, na Rua Coronel Pedro Benedet, nas proximidades
do Hospital São José; mais uma loja, a quinta unidade, foi aberta na
Avenida Centenário, próximo da Rodoviária. Com bastante modernidade
e layout diferenciado, completa o que a Região Carbonífera necessita
nesse ramo.
O primeiro gerente da Drogaria e Farmácia Catarinense foi
Desmundo Bramoski, de Blumenau; o subgerente foi Rubens Simas, de
Itajaí; o gerente de vendas, Airton Novelletto, de Rio do Sul; o chefe de
escritório foi Osmar Vogel, de Blumenau; o chefe do setor dentário, Joel
Dominoni, de Florianópolis; Mario Pruste, de Joinville, foi o estoquista;
o responsável técnico, o farmacêutico e bioquímico Ernesto Lacombe.
Diretoria da Drogaria e Farmácia Catarinense por ocasião
da inauguração da filial da Rua Coronel Pedro Benedet, com destaque
para seu gerente, Airton Novelletto (de paletó escuro)
200
Com essa equipe bem montada, a Drogaria e Farmácia Catarinense
foi muito bem administrada. Em 1967, a empresa nomeou Airton
Novelletto como gerente regional para regionalizar o sul do Estado,
tendo Osmar Vogel como subgerente. Também abriu novas filiais, duas
em Criciúma, duas em Tubarão, uma em Araranguá e uma em Içara, com
atendimento em toda a região, de Imbituba até Torres (RS).
Quando abriu suas portas em prédio próprio na Rua Coronel
Pedro Benedet, encantou todos com a beleza e com o grande estoque
de remédios, cosméticos, artigos para cabeleireiros, perfumaria e um
setor de produtos dentários. Na inauguração dessa bela loja, estiveram
presentes os diretores da empresa Eloy Sérgio Struve e Raulino
Kamaradt, que eram os mais importantes membros da diretoria
estadual da Catarinense. Esses diretores se sentiam muito orgulhosos
de entregar a Criciúma a unidade, afirmando que “era a mais bonita do
Estado de Santa Catarina”.
Muito gratificado, Airton Novelletto esteve presente na
inauguração em meio a presenças importantes. Ele salientava a grande
colaboração de seu quadro de funcionários e de sua clientela de todo o
sul catarinense.
Outro orgulho de Novelletto foi o de conseguir com a Câmara
de Vereadores um projeto de lei para permitir o plantão de 24 horas,
podendo atender em qualquer hora do dia ou da noite os receituários
médicos de urgência. Hoje muitas farmácias também fazem esses
plantões, mas, na época, eram uma grande novidade.
Após a passagem muito bem sucedida de Airton Novelletto,
outros gerentes se sucederam. Mas como o meu foco são as décadas de
1950 a 1980, dou a esse tempo o maior destaque.
Hoje ainda permanece a loja da Rua Coronel Pedro Benedet e a
filial na Avenida Centenário, número 1976; as outras duas filiais foram
incorporadas a essas duas que permanecem.
Esta é uma pequena história da grande Drogaria e Farmácia
Catarinense em Criciúma.
Airton, de seu primeiro casamento, com Lurdes Cardoso, tem
os filhos: Andreia, (formada em Administração), Patrícia (pedagoga) e
Airton Júnior (formado em Administração).
Do segundo casamento, com Marilene de Melo, tem os filhos:
Everton, Cleyton e Helton (estudantes).
201
Farmácia e Laboratório Confiança
Ficava bem perto da estação ferroviária, na Rua Paulo Marcus,
e pertencia a Ernesto Lacombe Filho, figura carismática, de grande
inteligência.
Era polivalente, atendia os clientes da farmácia e os que
precisavam fazer exames de laboratório, pois era formado nas duas
especialidades, Farmácia e Bioquímica. Tinha como auxiliar uma
enfermeira alemã, que o ajudou muito.
Gostava de ensinar exercícios para curar certas doenças. Para
amidalite, por exemplo, fazia umas aplicações de iodo: enrolava algodão
num bastão, molhava-o no produto e passava na garganta. Quem
queria sarar, sujeitava-se a esse tratamento durante 15 dias, indo todas
as manhãs no seu laboratório.
Esse profissional muito contribuiu para a saúde dos criciumenses.
Conheci Ernesto no período entre os anos de 1950 a 1970 (mais ou
menos), e suas atividades se encerraram com a sua morte.
No tempo em que o conheci, era considerado como uma pessoa
polêmica, por ser um político de esquerda, circunstância que atualmente
é bastante normal. No entanto, foi também um dos fundadores da Loja
Maçônica Presidente Roosevelt.
Era casado com Emília Ramos, mulher muito considerada por
todos os criciumenses e que se dedicou bastante a angariar doações
para os pobres.
Ernesto Lacombe Filho
202
Desse casamento sobrevieram os filhos: Clélia Eunice
(professora, muito cedo casou e foi morar em Porto Alegre/RS) e
Eloísa (professora), além dos demais, todos falecidos: Carlos Ernesto
(bancário, funcionário público, trabalhou na Casa da Cultura. Muito
inteligente, era ainda cantor, músico, e entre suas composições, está
o Hino do Criciúma Esporte Clube), Eduardo (contabilista), Elenita
(professora) e Ivan (profissional de rádio).
203
Farmácia Drogalíder
O estabelecimento foi inaugurado no ano de 1972 e era a terceira
filial do jovem Ademir Lemos, que, depois de sua larga experiência no
ramo, resolveu implantar este seu mais ousado projeto. Assim nascia a
Drogalíder na Praça Nereu Ramos, esquina com a Seis de Janeiro, com
uma estrutura arrojada para os padrões da época.
Vale lembrar que Ademir Lemos iniciou muito cedo seu
aprendizado no ramo farmacêutico com seu saudoso mestre e amigo
Luiz Bortolluzzi na Farmácia São Luiz. Posteriormente, trabalhou na
filial de Criciúma da Drogaria Catarinense. Em 1967, com 17 anos,
implantou sua primeira farmácia, no Bairro Pinheirinho, a Farmácia
Nossa Sra. de Lourdes, inaugurando ainda sua primeira filial, a Farmácia
Popular, no município de Lauro Müller, em 1969.
Em 1976, optou por mudar para o ramo industrial e encerrou
suas atividades farmacêuticas com a venda de suas farmácias.
Em janeiro de 1981, a Drogalíder foi adquirida pelos irmãos
Valmor e Juceli da Silva. Valmor, que já havia trabalhado em outras
farmácias e com uma grande experiência no ramo, e Juceli continuaram
o trabalho com competência, profissionalismo e muito trabalho.
Meu relacionamento com Valmor, além de eu ser seu cliente,
é também por ele ter sido genro de Antônio Pavei, meu vizinho na
localidade de Morro Albino, onde eu tinha uma chácara e costumávamos
bater um bom papo.
Valmor da Silva
204
Além de comerciante, Valmor tem uma boa atuação na sociedade
e até hoje faz parte da Maçonaria. Com seus companheiros, está sempre
presente nas campanhas beneficentes do Bairro da Juventude, Apae e
muitas outras.
Em 2007, os irmãos Silva resolveram trocar de atividade e se
mudaram para o município vizinho de Içara. Venderam o estabelecimento
aos atuais proprietários, que lhe deram nova denominação, Farmácia
Modelo, localizada no mesmo endereço.
Valmor da Silva é casado com Maria da Graça Pavei, e o casal
tem os filhos: Fabrício e Diego (bancários) e Tatiana (engenheira
agrônoma).
Juceli da Silva é casado com Roselene de Assis, com a qual tem os
filhos: Naiara (estudante), Leonardo (bancário) e Gustavo (engenheiro
mecânico).
Ademir Lemos é casado com Cleusa Maria Costa (professora).
O casal tem os filhos: Kilian (administrador de empresas), Douglas
(administrador de empresas), Julian (formado em Administração em
Comércio Exterior), Gustavo (formado em Engenharia de Produção) e
Natália (psicóloga).
Ato inaugural da Farmácia Drogalíder em 1972
205
Farmácia Moderna
Esta farmácia, muito conhecida por todos os criciumenses,
pertence ao casal Vadonir e Volnete Cardoso.
Nízio, como é mais conhecido Vadonir, começou ainda muito
jovem o trabalho com farmácia, seguindo o exemplo de seus tios, Juca
e João Cardoso, e aprendendo muito com eles no município vizinho de
Içara.
Com muita garra, determinação e empreendedorismo, ao lado
de sua esposa, Volnete, conseguiu muito sucesso.
Hoje a Farmácia Moderna conta com uma matriz, inaugurada em
1968, e mais duas filiais. Volnete, sempre muito dedicada ao trabalho,
ajuda seu esposo com toda sua simpatia no trato com os clientes e
também com a sua capacidade administrativa.
Nízio e Volnete, além do trabalho à frente das farmácias, têm
um grande legado de bons serviços prestados à cidade de Criciúma.
Durante anos, participaram do Lions Clube, em que foram muito ativos.
Nízio presidiu o Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma,
foi também presidente do Criciúma Clube e, junto com a Volnete,
presidiu o Asilo São Vicente de Paulo, entidade que abriga mais de
70 idosos. Ainda foi presidente e da Câmara de Dirigentes Lojistas de
Criciúma, por mais de um mandato, da qual ainda é sócio.
Volnete também fez grande trabalho presidindo a Câmara da
Mulher Empresária. Uma de suas campanhas foi com relação ao lixo
que era depositado em frente às lojas pela manhã. O caminhão que
fazia o recolhimento só passava à noite. Durante todo o dia, os sacos
de lixo ficavam na praça.
Casal Volnete e Vadonir Cardoso
206
Volnete, inconformada, saiu com suas companheiras a visitar
todas as lojas, orientando e pedindo que colocassem o lixo somente
depois das 18 horas. E conseguiu. A praça ficou muito mais limpa e
bonita! Foi um gesto de líder, que eu apreciei muito!
O casal tem três filhos: Paulo Henrique (médico cardiologista),
Luiz Fernando e Patrícia (advogados). Luiz Fernando foi eleito vereador
e atualmente é secretário de Desenvolvimento Regional de Criciúma,
onde realiza um grande trabalho.
207
Farmácia Rosário
Esta farmácia esteve localizada na Rua Seis de Janeiro, onde
funciona hoje a Farmácia Moderna. De propriedade de Ilbe Crema,
o ponto passou para outros proprietários em 1964. Em seguida, Ilbe
Crema adquiriu a farmácia de Álvaro Costa (Bolinha). Estava situada na
Praça Nereu Ramos, esquina com a Avenida Rui Barbosa, conservando
o mesmo nome fantasia de Farmácia Rosário.
Ilbe Crema era formado em curso superior e muito dedicado
a sua profissão. Pessoa muito responsável, estava sempre presente no
atendimento a seus clientes, dando informações adequadas e, em casos
mais complicados, recomendava a ida aos médicos.
Em 1980, vendeu sua farmácia para Jucemar Lima, que deu
continuidade ao estabelecimento por mais algum tempo. Com o
falecimento de Jucemar, sua esposa continuou trabalhando na mesma
atividade, vendendo a farmácia posteriormente para Lino Michels.
Ilbe pertenceu ao Rotary e prestou serviços à comunidade. Foi
ainda presidente da LARM (Liga Atlética da Região Mineira) de 1961 a
1963 e sócio-fundador do Criciúma Clube.
Com Erna formava um casal muito unido. Iam e voltavam para
sua farmácia sempre caminhando juntos. Ilbe e Erna já faleceram, mas
deixaram muito boas recordações a todos nós.
Tiveram os filhos: Maria Helena e Nanci (professoras, já
falecidas), José Augusto (médico), Vera Lúcia (engenheira) e Antônio
Luiz (engenheiro).
Ilbe Crema
208
Farmácia Sampaio
Realmente marcou a sociedade em sua época, pela grande
quantidade de clientes que atendia. Situava-se, como a maioria dos
estabelecimentos, na Praça Nereu Ramos, bem ao lado da Prefeitura
Municipal.
Iniciou sob a administração de Carlos Sampaio, mas, com o seu
falecimento, a farmácia continuou sob a tutela de sua esposa, Ladislawa
Angulski, a “ dona Lady”, como foi sempre conhecida. Ela trabalhou
muitos anos até falecer.
Muito competente, com seu porte de mulher grande e disposta,
mas também muito enérgica e trabalhadora, conseguiu imprimir um
razoável progresso ao empreendimento.
Porém o grande desenvolvimento da farmácia se deu quando a
administração passou para seu genro, João Balestro, que se tornou um
farmacêutico conhecidíssimo na região.
Faziam-se filas para o atendimento com Balestro. Vindo de
Porto Alegre (RS), casou-se com a filha de Carlos e Lady, a Voly, que
também trabalhou muito junto com a família no empreendimento. O
casal (já falecido) teve dois filhos: Carlos (também falecido) e Rita.
Balestro tinha muitos conhecimentos de farmácia, era um
carismático vendedor e resolvia vários casos de doença. O seu
falecimento deixou um grande vazio na cidade.
Carlos Sampaio e Lady tiveram outros filhos, além de Voly:
Vânio, que também trabalhou muito com farmácia, e Vitor (falecido),
que era bioquímico.
João Balestro
Ladislawa Angulski
209
Farmácia Santa Albertina
Era uma farmácia muito estimada por seus fregueses, devido
ao bom atendimento de seu proprietário, Ary Osvaldo, que todos
chamavam de Ary, e de sua esposa, Eulália, que carinhosamente é
chamada de Lala.
Ary e Lala criavam, no ambiente da farmácia, um verdadeiro
clima de amizade, onde todos se sentiam muito bem. Ary era um
farmacêutico de grande capacidade e com muitos conhecimentos nesse
ramo de negócio.
Amenizava muitos males com suas prescrições. Tornava-se
amigo de todos e, quando sentia que o caso não era de sua alçada,
encaminhava a pessoa para o médico.
Ary também foi rotariano e, junto a seus companheiros, sempre
participou das campanhas beneficentes do Rotary. Infelizmente, não
está mais entre nós.
Lala, por sua vez, muito serviu na Casa da Amizade, tendo sido
um baluarte, principalmente na confecção de roupinhas para bebês que
nascem de mães carentes.
Ary e Eulália tiveram os filhos: Ary Osvaldo (engenheiro
eletricista e professor de Física), Air Geraldo (gerente da Caixa
Econômica Federal) e Arleu Ronaldo (bioquímico e secretário da
Prefeitura).
Ary Osvaldo
210
Farmácia Santa Terezinha
Localizada inicialmente em Forquilhinha, esta farmácia pertencia
a Vânio Carlos Sampaio, funcionando depois, por muitos anos, em
Criciúma.
Situava-se na Praça Nereu Ramos, no andar térreo do prédio
da Sociedade Recreativa Mampituba, bem na esquina da Praça Nereu
Ramos, um local bastante privilegiado.
Sempre com a colaboração de sua esposa, Odília Arns, Vânio
conseguiu uma grande clientela. Foi uma farmácia que deixou saudades
pela maneira gentil e alegre com que o proprietário atendia seus clientes.
Ao lado da farmácia do Vânio, estava instalado o consultório
dentário de seu cunhado, Adolfo Arns, que era casado com Dilza
Freitas, filha do saudoso Diomício Freitas.
Vânio, sempre atencioso, ajudava Adolfo muitas vezes, quando
este realizava cirurgias em seus clientes.
Por 12 anos, Vânio e Odília tiveram uma malharia, Malhas ArSAM, onde peças lindíssimas foram fabricadas. Neste empreendimento
tiveram uma colaboração considerável da cunhada, Adelina Arns. A
malharia começou seu funcionamento na Praça Nereu Ramos, no
Edifício Martignago, e depois se mudou para a Rua Marechal Floriano.
Vânio tem um hobby: faz consertos de peças com engrenagens
e motores bem diminutos. Assim, é um exímio arrumador de relógios,
molinetes e outros.
Vânio e Odília têm três filhos: Dagmar (cursou Odontologia),
Rogério e Carlos (engenheiros).
Vânio Carlos Sampaio
211
Farmácia São José
Esta farmácia, que esteve situada na Praça Nereu Ramos
e, depois, na Rua Marcos Rovaris, pertencia ao casal Ruth Becker e
Adamastor Martins Rocha.
Ruth era filha de Louise Becker, que se destacou por sua venerável
dedicação aos doentes e principalmente às parturientes. Por isso, Ruth,
além de ser farmacêutica formada, possuía muito conhecimento.
Adamastor tinha sido militar. No Exército, aprendeu a
profissão de Enfermagem. Foi realmente muito dedicado a todos que
o procuravam. Atendia a qualquer hora da noite, sempre com boa
vontade e com a gentileza que lhe era peculiar.
Continuou com a farmácia, mesmo depois da morte da esposa,
com a colaboração da filha, Ana Maria, seu genro e sua neta.
Além de enfermeiro, Adamastor tinha uma atividade esportiva
muito interessante, era piloto. Possuía um pequeno avião e muitas
vezes foi com ele até a Praia do Rincão, momentos em que provocava
admiração de todos por sua indômita coragem. Chegou a fundar em
Criciúma um aeroclube.
Adamastor fazia parte também da comissão que criou o
Olímpico Basquete Clube, o qual funcionou na Praça Nereu Ramos,
onde a mocidade, quase todas as semanas, realizava domingueiras e
bailes. Esse recreativo foi incorporado ao atual Criciúma Clube.
Adamastor teve uma vida bastante longa e ativa, tendo, inclusive,
dirigido ele mesmo seu automóvel quase até o fim de seus dias.
Casal Ruth e Adamastor Martins Rocha
212
Farmácia São Luiz
De propriedade de Luiz Bortoluzzi, a farmácia situava-se na Rua
João Pessoa, bem ao lado do antigo Banco Inco. Porém, esteve instalada
anteriormente em Braço do Norte no início da vida profissional de Luiz.
Nessa cidade, ele encontrou a normalista Bernardina Antunes Martins,
que lá trabalhava, apesar de ela ser natural de Tubarão, vindo a desposá-la
em 1938.
De Braço do Norte, a farmácia foi transferida para Nova
Veneza. Daí então, para Criciúma, cidade que, na época, estava em
grande evolução devido ao desenvolvimento da extração de carvão.
Assim, na Praça Nereu Ramos, onde funcionam atualmente
as Lojas Fátima, surgiu, primeiramente, a Farmácia São João, de
propriedade de Luiz. O nome foi dado em homenagem ao seu pai, João
Bortoluzzi. Foi apenas em 1944 que Luiz transferiu sua farmácia para
prédio próprio, na Rua João Pessoa, alterando o nome para Fármácia
São Luiz. Trocou o nome por ter se tornado muito conhecido, e todos
dizerem que compravam na farmácia do Seu Luiz.
Luiz Bortoluzzi foi um dos poucos farmacêuticos com curso
superior de Farmácia naquela época. Seu trabalho profissional em
Criciúma fez história. Deixou marcada a sua sabedoria, eficiência
e dedicação. Também sagrou-se pela responsabilidade ética com
que fazia o aviamento dos receituários médicos, tanto por meio dos
medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica, como pelos
medicamentos oficinais.
Luiz Bortoluzzi
213
Estes últimos eram elaborados em seu próprio estabelecimento,
prática comum na época e que Luiz desempenhava com maestria
em laboratório anexo a sua farmácia, equipado com os aparelhos e
princípios ativos necessários à confecção de uma grande variedade de
poções, cápsulas, pílulas, cremes e pomadas.
Trabalhou por 40 anos, até que nos anos 70, com os filhos já
formados, aposentou-se e fechou seu estabelecimento.
Luiz, porém, não deixou de ficar ligado a sua profissão. Tornouse responsável pela farmácia do Hospital de Rio Maina e pela Farmácia
Moderna, que então se estabelecia na cidade. Esses dois trabalhos ele
exerceu até os últimos dias de sua vida.
O casal Luiz e Bernadina (já falecidos) – ele como empresário do
ramo de farmácia e ela, como professora, por muitos anos, do Grupo
Escolar Professor Lapagesse – ofereceu bastante conforto e uma
excelente formação a seus filhos. São eles: Sérgio e Dalton, médicos, e
Maria Adélia, pedagoga.
No local onde funcionava a farmácia, os filhos mandaram
construir um grande prédio de quatro andares, onde hoje funciona
o Bortoluzzi Center, que vem sendo administrado pela família com
muito sucesso.
214
215
Cilo Panificadora
Esta panificadora pertenceu a Hercílio Amante Guimarães, que
todos conheciam por Cilo. Teve início em 1961 e situava-se na Rua
Henrique Lage, na sala térrea do prédio de seu sogro, Jorge Savi.
Este estabelecimento do ramo de panificação deixou sua
marca pela inovação com maquinários ultramodernos, da marca Sian,
fabricados em São Paulo.
Graças a essa modernidade, podia fabricar produtos
diferenciados, como gostosos pães, bolos e doces, tudo feito na hora, já
que os equipamentos lhe davam esta facilidade. Devido a essa maneira
de trabalhar, angariou uma grande clientela, principalmente no Centro
da cidade.
Os negócios melhoravam a cada dia que passava, com a freguesia
muito satisfeita.
Porém, Cilo resolveu, em 1971, trocar de atividade e vendeu
sua firma para Flávio Dias, que trabalhara por muito tempo no Banco
Inco, onde mantinha uma grande amizade e deu continuidade ao bom
trabalho do Cilo.
Flávio trocou o nome do estabelecimento para Panificadora
e Lanchonete Criciumense e trabalhou por quatro anos com muita
dedicação. O sucesso foi grande.
Em 1975, Flávio resolveu construir um edifício na Praia do
Rincão, na Avenida Beira-Mar, com quatro pavimentos, onde instalou
o hotel e restaurante denominado de Verdão, que está lá presente até
hoje.
Hercílio A. Guimarães
216
Por mais algum tempo, continuou com os dois empreendimentos,
porém quando encontrou dificuldades em levar adiante essa dupla
tarefa, resolveu ficar somente com o Hotel e Restaurante Verdão.
Hercílio Amante Guimarães era casado com Severina Savi
(Nine), professora, pedagoga, com especialização em Administração
Escolar. Com seu trabalho paralelo, muito contribuiu com a renda
familiar.
O casal teve três filhos: Cláudio (engenheiro eletrônico, trabalha
em uma grande empresa de telefonia, a Intelbrás, em Florianópolis),
Denise (formada em Comunicação, com especialização em Publicidade)
e Cleber (fez o curso de Processos Gerenciais Trabalhistas e trabalha na
Metais Zanatta).
Faz pouco tempo que Cilo faleceu, deixando para sua família e
para todos nós o seu modo alegre de viver.
217
Padaria Brasil
Situada na Rua Marcos Rovaris, pertenceu a José Rosalino
Zacaron, que era um profundo conhecedor do ramo de panificação e
conseguiu, com sua experiência e cortesia, ter ótima clientela, não só
da redondeza central, como de toda a Região Carbonífera. Sua esposa
foi um braço forte nesta padaria. Ambos eram de fino trato e sabiam
atender seus fregueses com muito carinho.
Dois cunhados, a Neia e o Gílio, também se dedicaram bastante
a este empreendimento. Depois de um tempo, José Zacaron se tornou
fabricante de bolachas e biscoitos Araré, muito conhecido entre nós,
servindo toda a região.
Entre seus produtos, eram famosas as latas de bolachas sortidas,
as rosquinhas de mel e a merendinha. Muitas crianças iam todas as
tardes com trocados comprar merendinha para o lanche, mas o biscoito
era tão adorado que elas mal continham o apetite e comiam a maioria
pelo caminho. O pão francês desta padaria era também muito apreciado.
José Zacaron, devido a sua competência e honestidade, gozava
de muito bom crédito e, assim, construiu um grande patrimônio. Foi
substituído pelos filhos após o seu falecimento e o de sua esposa. Os
filhos, após algum tempo, encerraram este ramo e partiram para outras
atividades.
José era casado com a gaúcha - que amou muito a nossa cidade
- Maria Cecília Mayer e teve os filhos Aldo, Adenor e Nicolau, todos
empresários.
Zacaron foi ainda participante da Associação Empresarial de
Criciúma e presidente do Sindicato de Panificação e Confeitaria de
Criciúma.
José Rosalino Zacaron
218
Padaria Búrigo
Vindo de Azambuja, hoje município de Pedras Grandes,
Guerino Búrigo chegou a Criciúma em 1949 e estabeleceu-se com
panificação, fábrica de biscoitos e bolachas na Rua Coronel Marcos
Rovaris, número 432.
Seus produtos eram muito apreciados por todos os seus clientes
e principalmente pelos moradores das proximidades, que, além de seus
fregueses, tornaram-se seus amigos.
Quando trocou de endereço, após 15 anos, deixou muitas
saudades. Guerino construiu um prédio na Rua Henrique Lage, número
500, e para lá levou seu empreendimento.
Continuou com as mesmas atividades, só acrescentando ainda
uma ótima lanchonete, que fornecia, além de seus deliciosos pães,
biscoitos, bolachas e tortas, acompanhadas de café, sucos e refrigerantes.
Este empreendimento continua até os dias de hoje, atendendo
um público grande, sobretudo transeuntes do Centro de Criciúma.
Guerino, além de desenvolver seu trabalho com maestria, fazia
parte da comunidade católica e muito colaborava com sua paróquia.
Era um dos organizadores das festas de São José.
Gostava de jogar bocha no Círculo São José e ganhou muitas
medalhas nos torneios dos quais participou. Foi um colaborador da
banda Cruzeiro do Sul e da Associação Empresarial de Criciúma. Além
disso, sempre procurava ajudar os necessitados.
Sua família é muito grata pelo exemplo de vida deixado por ele.
Seus filhos deram continuidade ao seu negócio com o mesmo carinho
e dedicação herdados de seu pai.
Era casado com Eliza De Nez, com a qual teve os filhos: Valdir,
Aldo, Acir (empresários de panificação), Valda e Ledenir (formadas em
Ciências Biológicas e professoras aposentadas).
Guerino Búrigo
219
Padaria, Bar, Lanchonete e Sorveteria Excelsior
Situada na Praça Nereu Ramos, foi a padaria mais central da
cidade de Criciúma e pertenceu aos sócios Firmino Guedes de Farias e
Izário Scussel de Farias. Pai e filho foram ótimos no ramo de padaria, bar
e lanchonete por muitos anos, servindo grande parte dos criciumenses,
principalmente no Centro da cidade.
Os pães, sempre muito bem feitos, tinham uma excelente
qualidade, e na lanchonete tudo era muito gostoso. Tortas, doces,
pastéis e empadas eram bastante apreciados, além do sorvete, que era o
melhor de toda a cidade.
O ambiente era dividido em dois setores: na parte menor,
funcionava a padaria cuidada por Firmino e Eroídes; na maior, um
bar, muito bem cuidado por Izário, que tinha grande ajuda de sua
esposa, Cecília, e da Itália, pessoa que, apesar de não ter nenhum laço
de parentesco, esteve sempre junto a essa família, como se fosse a sua.
Havia mesinhas e cadeiras para o conforto maior dos clientes, que ali
faziam seus encontros, principalmente os casais de namorados.
Quando encerrou essa atividade em 1956, Izário trocou de ramo:
colocou uma loja de eletrodomésticos, especializada em geladeiras,
rádios, televisores, eletrolas e piano da marca Schwartzman.
Izário, como já era de se esperar, continuou com a mesma
forma simpática e atenciosa de tratar seus clientes, e por isso também
nessa nova atividade, conseguiu muito sucesso. Em 1966, por motivo
de saúde, Izário vendeu sua empresa a Taurino Pereira.
Firmino era casado com Eroídes Flauzino da Silva. Ambos não
estão mais entre nós.
Firmino Guedes de Farias
Izário S. de Farias
220
Izário (já falecido) era casado com Cecília Flauzino da Silva, tendo
com ela os filhos: Vera Maria (professora), Sônia Regina (professora
especializada em Educação de Crianças Deficientes), Nara Maria (química
industrial), Gladis Helena (professora) e Carlos Roberto (formado em
Administração e Contabilidade).
221
Padaria Pão Quente
Localiza-se no Centro da cidade, na Travessa Boa Nova, e
pertence a Olídio Pescador, que iniciou, 43 anos atrás, uma grande
inovação no ramo da panificação. Lá sempre se encontram pães
quentinhos, pães para dieta, pães caseiros, docinhos variados, roscas,
salgados, bolos e tortas maravilhosas.
Faz bastante tempo que muitos saem de suas casas para tomar
café da manhã e fazer o lanche da tarde na Pão Quente, pois tem um
ótimo ambiente para atender o cliente com conforto e qualidade.
Há pouco tempo, Olídio também abriu, aos fundos da padaria,
um restaurante de comida caseira, muito elogiada pelos fregueses. Olídio
teve por muitos anos a ajuda de sua esposa, Açueli, que todos chamam de
Sueli. Atualmente, quem mais o ajuda são suas filhas, que praticamente
administram todo o empreendimento.
O casal Olídio e Sueli participa muito dos eventos de nossa
sociedade, nas obras de caridade e religiosas. Sua colaboração,
principalmente ao Asilo São Vicente de Paulo, para o qual sempre faz
doação de pães, é muito importante e reconhecida. Eles participam
também de um programa no Bairro da Juventude, fornecendo farinha
para que os jovens façam curso técnico de padeiro. A produção dos
alunos é doada inteiramente às entidades beneficentes. Colaboram
ainda muito com a Igreja como ministros da Eucaristia, distribuindo a
santa comunhão aos fiéis e também na casa de doentes.
Olídio e Sueli têm quatro filhos: Giovânio (formado em
Administração e empresário), Gilceia (empresária), Gilmeri (formada
em Pedagogia e empresária) e Gilmara (falecida).
Olídio Pescador
222
Padaria Popular
Esta padaria foi um marco na cidade de Criciúma e pertencia
a Manoel Gonçalves de Farias, nascido em Tubarão, a quem todos na
cidade conheciam pelo nome de Bá.
Situava-se na Rua Henrique Lage e teve início em 1937 - dados
estes que eu colhi no livro de Rubens Costa, escrito pelo historiador
Mário Beloli.
Como eu cheguei a Criciúma somente em 1950, não conheci
muitos detalhes deste início, porém, graças ao mencionado livro e à ajuda
dos familiares, consegui algumas informações interessantes que aqui
descreverei.
Desde muito jovem, Manoel já mostrava um espírito
empreendedor. Montou a padaria com muito sacrifício e conseguiu
torná-la muito apreciada pelo povo, por isso recebeu este nome de
Padaria Popular, que atendia grande parte dos criciumenses com pães
de alta qualidade e com um atendimento excelente. Muitas unidades
eram entregues de casa em casa, conforme o costume da época. No
início, a entrega era feita a pé, com cestos, e depois passou a ser feita
com carroças.
Apesar de pouco saber sobre este empreendimento, conheci
muito bem o Bá. Era uma pessoa muito bondosa, simpática, bom
político, tendo sido vereador de 1947 a 1950 e, depois, de 1955 a 1960.
Foi também delegado de Polícia, cargo que exerceu com muita
moderação. O terreno onde se situa o Asilo São Vicente de Paulo
pertencia a Pedro Guidi e ao Bá, os quais o doaram para que no local
fosse construída essa casa de descanso dos velhinhos carentes. Além
disso, muitos outros atos sociais foram exercidos por ele. Para uma boa
causa, raramente dizia não, envidando, na maioria das vezes, seu mais
sincero esforço para atingir os objetivos.
Manoel Gonçalves de Farias
223
Bá foi fundador da banda Cruzeiro do Sul, tendo sido durante
muito tempo seu presidente. Foi grande colaborador da paróquia, foi
presidente do Clube União Mineira, ajudou na construção do Hospital
São José e muito colaborou na Sociedade Recreativa Mampituba.
Certa vez, a Prefeitura precisava enviar uma comissão ao Rio
de Janeiro, devido a uma grande crise do carvão, e não havia dotação
orçamentária para tanto. O Bá, então, emprestou o dinheiro para a
empreitada. Gostava muito de se divertir e de dançar, principalmente
no Carnaval. Era uma pessoa muito alegre e gostava muito, de pescar.
Veraneava na Praia do Rincão, onde eu partilhava da amizade dele, de
Dona Herondina, sua esposa, e de seus filhos. Sei que o Bá foi um dos
primeiros frequentadores do Rincão; sua casa se situava bem perto da
primeira igreja do balneário.
Em certa época, quando ele chegava, havia o costume de tocar
o sino da capela, de tão adorado que ele era. Aproveitava a viagem e já
levava um pouco de pão para vender, e ele mesmo ou seus filhos faziam
a entrega.
Bá era casado com Herondina Rosso, que muito o ajudou no
trabalho da padaria. O casal (já falecido) teve os filhos Luiz Geraldo
(formado em Economia, funcionário público, já falecido), Janes
(professora aposentada e empresária do ramo de confecções), Janice
(pedagoga), Janilde (formada em Administração e empresária do
ramo de cozinha industrial) e Luiz Vanderlan, o Guego (formado em
Administração e funcionário público).
224
Padaria São José
Esta padaria, tão apreciada pelos criciumenses, teve seu início
em 1950, em uma rua paralela à Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina,
hoje Avenida Centenário, no Bairro São Cristovão, e pertencia a Luiz
Cardoso Rocha.
A década era de expansão da mineração do carvão, que, após a
Segunda Guerra Mundial, progredia na nossa região. A venda do carvão
era facilitada pela grande procura deste minério, pois, além do mercado
brasileiro, até na Europa era vendido, devido à carência mundial por
toda a forma de combustível. Mesmo com a facilidade na venda, a
extração do carvão ainda era precária, o serviço era completamente
manual, com picaretas, pás e com detonação de explosivos de dinamite.
O transporte do carvão debaixo das minas era feito por vagonetas,
empurradas por homens ou puxadas por cavalo.
Devido à grande necessidade de mão de obra, chegavam à
cidade milhares de jovens corajosos, rudes e fortes, atraídos por um
bom salário e pelo sonho de casar, manter a casa e formar uma família.
Com a significativa prosperidade da indústria mineira em Criciúma, o
comércio acompanhou a crescente explosão econômica e se desenvolveu
a olhos vistos em pouco tempo. Nesta mesma oportunidade, surgiram
muitas panificadoras.
A padaria São José foi uma delas. Iniciou os trabalhos com o
sistema artesanal da época. Era uma empresa familiar, com equipamentos
manuais, porém, com a vontade férrea de vencer os obstáculos, tudo foi
se desenvolvendo muito rápido.
Luiz Cardoso Rocha
225
No local eram feitos pão de ló, biscoitos, pão de mel, bolacha
Maria, gostosos pães franceses, doces e os famosos pães de rala, como
eram conhecidos. Os empregados eram poucos, mas o serviço, muito.
O comércio dos produtos era feito em um balcão rústico, com bastante
volume de entrega em domicílio. A distribuição em maior quantidade
era feita com carrocinhas puxadas a cavalo, como era de costume.
Como era pitoresco!
Com empenho do Seu Luiz e de toda a família, o negócio
progredia a todo vapor, atendendo com carinho e dedicação seus
clientes de toda a região do bairro São Cristóvão e das proximidades,
com seus deliciosos produtos.
Seu Luiz e dona Luiza, sua esposa, além de ótimos empresários,
foram bons pais de família, dando aos seus filhos a oportunidade de
estudar. Assim, formou dois deles médicos e duas professoras. Seu
filho mais velho, Lauro, deu continuidade à firma do pai, tornando-se
empresário.
Na década de 1980, pai e filho, com a visão do futuro e precisando
de maior espaço, deixaram o Bairro São Cristóvão e mudaram de
endereço, indo fixar seu estabelecimento às margens da SC-444, no
município de Içara. No local, instalaram uma moderna fábrica de
biscoitos e bolachas, denominada de Biscoitos Bislau, que vem até hoje
mostrando resultados excelentes. Esta empresa está a cargo do neto,
Ramiro Cardoso.
Luiz Cardoso Rocha era casado com Luíza da Silva (ambos
já falecidos), com a qual teve cinco filhos: Lauro Mor (já falecido,
empresário do ramo de panificação), Manuel (médico), Maria Inez
(professora), Maria José (professora) e Júlio Márcio (médico).
Seus filhos, Manuel e Júlio Márcio, depois de formados,
dedicaram-se cada um a sua especialidade. Hoje ambos possuem suas
próprias clínicas. Manuel é proprietário da Clinigastro, localizada na
Rua Antônio De Luca, número 50, enquanto Júlio Márcio também é
proprietário da Interclínica, especializada em Nefrologia, na Rua João
Cechinel, número 352.
226
Panificadora Universo
Esta panificadora está situada na Rua Desembargador Pedro
Silva (ou na esquina do Michel, como todos falam). Pertence a
Alvederino Martins, que fez desta padaria um local encantador pela
qualidade de seus produtos, juntamente com sua esposa, Nadir.
É grande o movimento, principalmente no fim da tarde, quando
todos querem levar para casa aquele pão delicioso, ou o bolo, a rosca,
a torta, os salgados, afinal, é difícil escolher o que comprar. Tudo feito
por pessoas capacitadas e que entendem do processo de fabricação de
pães. O bairro todo é freguês da Panificadora Universo.
Além dos produtos prontos, ainda lá se pode encomendar
tortas, docinhos e salgadinhos para comemorações.
Atualmente seus filhos é que estão dando continuidade ao trabalho
na padaria. Alvederino Martins era casado com Nadir M. Cardoso (falecida),
com a qual teve os filhos Reginaldo (também empresário de panificação),
Ronaldo (já falecido), Rosana (empresária) e Renato (empresário).
Esta padaria existe desde o ano de 1977 e cada dia está inovando
na sua produção. Atualmente, ainda tem anexo um minimercado para
melhor atender sua clientela, que aumenta cada dia que passa.
Alvederino Martins
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229
Casa das Bicicletas Balod
Foi fundada em 1945, quando o saudoso Vítor Henrique Balod,
mais conhecido como Juca Balod, migrou da cidade de Orleans para
Criciúma e abriu aqui uma pequena loja de bicicletas e máquinas de
costura. No início, para a alegria de muitos consumidores, Juca Balod
começou a alugar bicicletas.
Alguns as utilizavam como meio de transporte para o trabalho, e
outros, principalmente nos fins de semana, usavam-nas para dar voltas
pela cidade. Chegou a ter época de haver 30 bicicletas para locação. Até
hoje, alguns sentem saudades das bicicletas alugadas no Balod.
Também lá se conseguia consertar as bicicletas e máquinas
de costura quebradas. Os reparos eram feitos com muito cuidado e
responsabilidade. Por toda a loja, viam-se penduradas peças avulsas para
reposição, destacando-se as tão procuradas pelas crianças: buzinas, luzes
e outros aparatos.
A primeira localização da loja de Balod foi próximo ao antigo
Banco Nacional, na Rua Seis de Janeiro, mudando-se mais tarde para
a Rua Henrique Lage, onde funcionou por mais de 60 anos. Encerrou
suas atividades em 2005.
Juca, sempre muito bem acompanhado de sua esposa, Ana
Frida, administrou sua loja até seu falecimento, em 18 de julho de 1984.
A partir desta data, o filho Wilson e sua mãe, Ana (há pouco tempo nos
deixou), conduziram com muito carinho e competência os negócios.
Além de Wilson, o casal teve outro filho, Edson, o nosso grande artista
plástico Ed Balod.
Vítor Balod e família
230
Casa Benedet
Situada na Praça Nereu Ramos, a casa mais antiga no ramo
de rádios e televisões em nossa cidade deve ser a Casa Benedet, que
pertencia primitivamente a Mário Stefano Benedet. Além de rádio
e televisão, ainda vende instrumentos musicais, peças e acessórios
referentes ao ramo.
Na mocidade, Mário trabalhava como carpinteiro e, nos finais
de semana, fazia-se marceneiro, tendo, inclusive, moldado os móveis
para sua casa. Depois, em sociedade, comprou uma máquina de cinema
e, nas localidades onde fazia projeção cinematográfica, aproveitava para
fazer seu comércio ambulante, vendendo máquinas de costura, rádios,
entre outros.
Mário começou vendendo rádios desde o tempo em que estes
eram alimentados por bateria. Ele mesmo entregava em domicílio e
fazia a instalação para o cliente. As baterias tinham que ser recarregadas
por um catavento ou levadas onde pudesse ser feito esse trabalho de
recarga.
Na Praça Nereu Ramos, sua loja funcionava em uma sala anexa
à Farmácia Sampaio. Posteriormente, Mário construiu um edifício na
Rua Henrique Lage, em sociedade com Antônio Serafim, e lá, em
um dos lados, passou a funcionar a Casa Benedet e de outro, a Casa
Globo, separadas somente por uma escada. Mário conseguiu, com
muito esforço e enfrentando muita dificuldade, um bom patrimônio
comercial, graças a sua fiel clientela, pois primou sempre pelo bom
atendimento e também pela assistência técnica, que sempre foi feita
com muita responsabilidade.
Mário Stefano Benedet
231
Assim, a Casa Benedet conseguiu tornar-se referência em toda
a região de Criciúma.
Mário também foi sócio-fundador do Rotary Club Criciúma
Oeste, e a sua participação na sociedade foi muito importante,
principalmente na construção da Casa da Amizade. Ele cumpriu o
lema: “Dar de si sem pensar em si” e dedicou-se com o máximo de seu
esforço à construção da obra da Casa da Amizade, tirando, inclusive,
dinheiro de seu próprio bolso, ou angariando ofertas de outros, com
doações também de cimento, madeira e tijolos.
Nessa obra, Mário teve grande ajuda de Ieda Góes, esposa
do nosso companheiro Antônio Góes. Ela conseguiu, entre outros
materiais, todo o piso e o azulejo, que lhes foram doados por Dite
Freitas.
No seu empreendimento comercial, Mário contou com a ajuda
da maioria de seus filhos, que hoje ainda continuam levando adiante
esse ramo de negócios. Era casado com Maria Venson, que conheceu
numa festa na localidade de Morro Estevão. O casal já faleceu.
Tiveram dez filhos: Artêmio (industrial), Ademar (comerciante),
Itamar (formado em Administração, é comerciante), Altair (comerciante),
Elza (professora), Carlos Alberto, Diana, Maria Helena, Maria Estela e
Júlia (todos empresários).
232
Casa das Gaitas
Por muitos anos, foi a única loja especializada em instrumentos
musicais em nossa cidade, a Casa das Gaitas, pertencente aos irmãos
Albino e Lino De Bona Castelan.
Vendia acordeões da marca Todeschini, que antigamente eram
encontrados em quase todas as residências, violões Giannini, Di
Giorgio, além do piano Essenfelder. Assim, quem quisesse comprar
um bom instrumento sabia onde encontrá-lo.
Além disso, vendia brinquedos da marca Bandeirantes e
máquinas de costura da marca Vigorelli.
Lino e Albino já não estão mais entre nós, mas a loja continua
com Djalma e Júnior. Djalma é filho de Lino, e Júnior é neto, filho de
Adair.
Lino, além de ótimo comerciante, possuía uma qualidade muito
importante: era incapaz de comentar alguma coisa que desabonasse
alguém. Casado com Irma Garbelotto, teve dois filhos, Adair e Djalma.
Este último, como já citei, é o que continua trabalhando na loja, enquanto
Adair (já falecido) foi bancário e posteriormente executivo de empresa,
tendo trabalhado muitos anos na cerâmica Eliane, pertencente ao
Grupo Maximiliano Gaidzinski.
Adair foi também sócio muito ativo do Rotary, sempre fazendo
parte de sua diretoria. Junto com seus companheiros, prestou muitos
serviços à comunidade. Seu falecimento provocou muita consternação
e fez muita falta aos seus companheiros rotarianos.
Albino De Bona Castelan
Lino De Bona Castelan
233
Albino era casado com Amélia Cechinel (também já falecida).
O casal não teve filhos. Amélia era muito boa cabeleireira, conhecida
também por fazer o penteado “permanente”, uma técnica muito
utilizada na época para encaracolar o cabelo das mulheres.
Albino e Lino eram exímios tocadores de gaita. Aliás, a família
Castelan tem, em seu meio, muitos músicos. A Casa das Gaitas, graças
a Djalma e Júnior, continua como um baluarte do comércio de nossa
cidade.
234
Casa Moto Parque
Conheci Pedro Milanez quando ele era dono da Casa Moto
Parque, estabelecimento comercial situado na Praça Nereu Ramos,
especializado em motores e fornecedor de equipamentos de mineração.
Para Pedro, era importante a loja suprir o setor mineiro, pois
além de ele próprio ser do ramo, era sócio de mina e da Força e Luz.
Pedro também construiu o Cine Milanez e lá colocou Túlio Bastian
como gerente. Essa casa de espetáculo fez grande sucesso por muitos
anos no Centro de Criciúma.
Sócio-fundador do Rotary Club em nossa cidade, foi um grande
companheiro e também o primeiro governador indicado do Rotary
Club de Criciúma, do distrito 465, do ano rotário de 1958-1959.
Gostava de contar e ouvir histórias de sua terra, das tradições,
de lembrar do passado e de contar as suas próprias viagens.
Possuía como relíquia a escrivaninha que pertencera ao primeiro
prefeito de Criciúma. Não era um móvel bonito, mas o fato de pertencer
a Marcos Rovaris - ou ao velho Marcos, como dizia - era para ele muito
importante. Seus móveis da sala de jantar haviam pertencido a Paulo
Marcus, um engenheiro que trabalhou em Criciúma e tinha seu nome
em uma rua onde hoje passa a Avenida Centenário. Esses móveis
tinham uma beleza que chamava a atenção.
Pedro Milanez
235
Entre todos nós, foi o empresário que mais viajou pelo mundo:
sua passagem pela Governadoria do Rotary também facilitou muito
suas viagens. Além do conhecimento que adquiriu como governador,
Pedro era muito bem articulado nos idiomas inglês e italiano. Por muitos
anos, foi agente consular da Itália na região sul de Santa Catarina.
Pertenceu também ao grupo de fundadores do Bairro da
Juventude e foi eleito presidente da LARM (Liga Atlética da Região
Mineira) em 25 de maio de 1948.
Participou da criação da banda musical Cruzeiro do Sul
e deixou-nos um livro de sua autoria com o título Fundamentos
Históricos de Criciúma.
Como se vê, era muito dedicado a sua terra. Faleceu
inesperadamente no dia 1º de agosto em 1992. Pedro era casado com
Virgínia Furghesti, também já falecida.
A comunidade criciumense sentiu, desde então, bastante falta
desse estimado casal.
236
Casa Radiolândia
A Radiolândia pertencia a João Elpídio Pelegrin e começou
a funcionar na Praça Nereu Ramos, onde hoje é a Galeria Benjamin
Bristot. Seu segundo endereço foi na Rua Seis de Janeiro, no Edifício
Mampituba.
João começou suas atividades como radiotécnico e depois
transformou seu empreendimento em uma loja de eletrodomésticos.
Tornou-se revendedor da marca Phillips; vendia rádios e
televisores desta marca de renomada qualidade. Quando se mudou para
a Rua Seis de janeiro, além dos eletrodomésticos, começou a vender
excelentes móveis.
Comprando os eletrodomésticos de João Pelegrin, os clientes
obtinham uma grande vantagem, pois ele mesmo dava assistência
técnica. Essa circunstância funcionou de modo muito eficaz no sentido
de fidelizar a clientela. Por muitos anos, João contou com a ajuda
de Roberto Cologni, italiano e primo de sua esposa, Francisca, que
também trabalhou na loja.
Era um estabelecimento amplo e parecia ter tudo que o cliente
pudesse precisar na montagem de uma casa. Atualmente, seu filho
Júlio continua trabalhando no comércio, hoje situado no distrito de
Rio Maina.
João é casado com Francisca Colombi. O casal tem os filhos:
Luiz Carlos (engenheiro agrônomo), Lúcia Regina (falecida), Júlio César
(empresário comercial), Maria Helena e Maria Cristina (empresárias),
Jorge Henrique (empresário comercial), Pedro Luiz (falecido) e Marco
Antônio (empresário).
João Elpídio Pelegrin
237
Corcril
O estabelecimento Comércio e Refrigeração Criciúma Ltda.
teve início no dia 1º de fevereiro de 1972, na Rua São José, número
191, em um edifício ao lado da Feira Livre.
Nessa época, suas atividades eram voltadas para a fabricação de
balcões e geladeiras industriais, e a sociedade era composta pelos irmãos
Antônio, Vitório e José Ernesto Fabris, além de Manoel Machado.
De 1972 a 1974, houve um grande desenvolvimento desta
indústria de refrigeração. Com muito trabalho e dedicação, tornou-se
um ótimo empreendimento. Em 17 de julho de 1974, mudou-se para
a Praça Nereu Ramos, número 186, onde atualmente funcionam as
Lojas Fátima, iniciando a venda de equipamentos e acessórios para
lanchonete e restaurante. Foi a pioneira neste ramo em toda a região
sul do Estado.
Nesse novo endereço, deixaram o setor de fabricação e
passaram a dedicar-se somente à venda, trazendo ótimo resultado e
muito entusiasmo.
Em 10 de abril de 1980, a empresa adotou a sigla Corcril. Nesse
período, Antônio adquiriu as cotas do único sócio que ainda tinha na
sociedade e, em seu lugar, admitiu sua esposa, Anícia Vendrame, e mais
suas cinco filhas. Em 20 de agosto de 1985, dado o sucesso da loja,
resolveu construir um prédio na Avenida Centenário, número 3970,
com muito espaço e bom estacionamento, objetivando o conforto a
sua vasta clientela.
Antônio Fabris
238
Em 1997, no dia 10 de agosto, Antônio, sentindo-se um pouco
cansado e com problemas de saúde, resolveu distribuir seus bens a
seus familiares, sendo que a Corcril passou a sua filha Anie Juçara e
ao seu marido, Zalmir A. Casagrande, que deram continuidade a esta
formidável firma, com um estoque cada vez mais variado dentro do
setor de refrigeração.
Antônio, mesmo não pertencendo mais à empresa, diariamente a
visitava para receber seus velhos amigos e juntos tomar um cafezinho, ler
e comentar os jornais do dia. Nesse tempo, aproveitou para fazer pescarias
no litoral do Rio Grande do Sul, atividade de que ele muito gostava. Sentiase muito feliz com essas pescarias.
Além de um homem de negócios, Antônio era muito religioso.
Pertencia ao Movimento Familiar Cristão e, juntamente com sua
esposa e seu grupo, trabalhou bastante pelo Reino de Deus e pela
evangelização das famílias.
Sob a tutela de Zalmir e Anie, o sucesso da loja continua a todo vapor,
graças ao espírito empreendedor de seus proprietários, que construíram, na
Rua Marcos Rovaris, número 525, uma megaloja de quatro pavimentos,
com uma área de 1.800 metros quadrados. Esta loja comporta milhares de
itens de sua especialidade, ficando tudo muito mais organizado, com uma
ampla seção de vendas, escritório, setor administrativo, moderna oficina para
oferecer garantia de seus produtos e, como não poderia deixar de ser, um
amplo estacionamento para facilitar a vida de seus clientes.
A Corcril, sem dúvida, se enquadra em uma das melhores lojas
de toda a região no segmento a que ela se propõe. Parabéns à família
Fabris, que veio enriquecer ainda mais o comércio de Criciúma.
Antônio Fabris, que faleceu em 22 de julho de 2008, faz muita
falta a seus familiares e a seus amigos que acompanharam sua trajetória.
O casal Antônio e Anícia (a Nice, como é carinhosamente
chamada) teve cinco filhas: Anie Juçara (psicóloga), Adenise Brígida
(formada em Administração de Empresa, é artista plástica), Adjane
Simerie (nutricionista), Andréa Graciela (formada em Ciência da
Computação) e Andressa Legian (jornalista).
239
Estofaria Dudu
Pertenceu a Manoel de Souza Ávila, tubaronense que se mudou
para Criciúma em 1950, quando então abriu uma loja de calçados
no coração da cidade, mais precisamente na Praça Nereu Ramos, no
prédio que abriga a loja Osvaldo Esportes.
Comercializava calçados da indústria Brodbeck, vindos de
Tubarão. Anos mais tarde, inclinou-se para outro segmento do
comércio: colchoaria e estofamentos para automóveis e residências.
Reformava e fabricava sofás para grande parte dos criciumenses. Seu
serviço sempre foi de primeira qualidade.
Este empreendimento foi denominado de Estofaria Dudu.
Dudu era o apelido carinhoso com que toda a cidade se referia a Manoel
de Souza Ávila.
Em 1960, construiu sua sede própria, transferindo-se da Rua
Getúlio Vargas para a Rua Coronel Pedro Benedet, onde a Estofaria
Dudu se fixou por muito anos, ampliando o leque de opções, com um
mix de produtos para estofadores e calçadistas. Tornou-se referência
na região.
Dudu era uma pessoa extremamente simpática e caridosa,
amigo de todos e muito correto. Fui testemunha de um ato seu, que foi
comovente. Uma senhora que ia fazer uma adoção pediu a Dudu que
cobrisse um berço, serviço deveras complicado de efetuar. Quando
a pessoa foi pagar, ao saber que o berço era para uma criança que
a senhora ia adotar, Dudu não quis, de maneira nenhuma, cobrar as
despesas e o trabalho. Ele disse então: “Acho tão bonito o gesto que
a senhora vai fazer que quero participar. Estou até emocionado pelo
carinho que está tendo com esta criança”.
Manoel de Souza Ávila
240
Fez parte da Associação Empresarial de Criciúma e foi grãomestre da Loja Maçônica Presidente Roosevelt, onde desempenhou um
grande trabalho social. Atualmente esta empresa se dedica ao comércio
de colchões e é administrada pelo seu filho Alcemir e seu neto Paulo,
em uma ampla loja, na Rua Hercílio Luz.
Era casado com Luíza Medeiros, com quem teve os filhos: Almir
(comerciante, falecido), Alnair (empresária), Alcemir (comerciante),
Alenir (formada em Belas Artes e pintora reconhecida), Alcir
(empresário no ramo do automóvel) e Alvanir (estilista de moda).
O casal já é falecido.
241
Galeria Gigante
Antes da instalação da Galeria Gigante em Criciúma, eu já
era amigo de Antônio Chede (Nico), por termos sido moradores do
Hotel Palace, eu como mensalista, e ele como hóspede, por ocasião das
viagens que ele fazia na região. Era vendedor da empresa de sua família,
atacadista de tecidos, com sede na vizinha cidade de Laguna. Foi nessa
oportunidade que firmamos uma grande amizade.
Em 1960, os irmãos Chede resolveram diversificar seus negócios,
criando uma nova firma, a Galeria Gigante, especializada em móveis,
eletrodomésticos e produtos eletrônicos. Eles já haviam aberto lojas em
Laguna e Tubarão e resolveram criar uma filial também em Criciúma.
Seu primeiro gerente foi Carlos Alberto Neto (mais conhecido por
Carlinhos Goiaba), de quem também me tornei muito amigo. Esta
primeira filial de Criciúma foi instalada na Rua Coronel Pedro Benedet.
Carlinhos me confidenciou que estava muito preocupado,
pois a localização não parecia ser das melhores. E aí aconteceu um
fato muito positivo: entrou na loja um senhor e sua esposa, vindos da
cidade de Braço do Norte e que estavam se estabelecendo em Criciúma.
Precisando montar a casa onde iriam residir, naquele momento,
compraram um quarto completo da melhor qualidade. Daí em diante,
a animação foi tanta que os negócios começaram a deslanchar, e a sala
comercial tornou-se pequena.
Mais adiante, tiveram que mudar de endereço para uma sala mais
ampla na Rua Coronel Marcos Rovaris, e os negócios continuaram em
ritmo acelerado.
Antônio Chede
Carlos Alberto Neto
242
Casal Regina e Alberto Chede
Próximo de 1970, adquiriram um terreno na Rua Seis de Janeiro,
onde foi construída uma grande loja de dois pisos, com amplo espaço,
dando oportunidade de expandir ainda mais os negócios da empresa.
A família Chede adquiriu também o Ravena Cassino Hotel, na
cidade de Laguna.
Antônio era o líder dos negócios da família, passando a
administrar a parte hoteleira. Para isso, convidou o senhor Carlos
Alberto Neto, que vinha dirigindo a filial de Criciúma, para trabalhar
com ele.
No lugar de Carlos, assumiu a gerência da Galeria Gigante em
Criciúma João Mafiolete, que levou para trabalhar com ele João Quintino
Dal Pont e Sebastião Pacheco dos Santos, dando continuidade ao bom
desenvolvimento dessa filial.
Tempos depois, houve uma divisão na sociedade da família
Chede, e a Alberto Chede coube a loja de Criciúma, que ele administrou
com a ajuda de sua esposa, Regina Maluf.
De 1987 a 1991, Luiz Porto foi convidado a colaborar com a
gerência, passando a auxiliar o casal Alberto e Regina. Prestou um ótimo
trabalho, pois havia tido uma boa experiência em outro estabelecimento.
Com o falecimento de Alberto, sua esposa, Regina, ainda
deu continuidade por mais algum tempo. Depois resolveu somente
administrar seus bens e alugou o prédio a um grupo das Lojas Arapuã de
São Paulo. Com o encerramento da loja, transferiu para as Casas Bahia,
que funcionam até hoje no local.
Antônio (Nico) e seu irmão, Emil, ficaram com a empresa
hoteleira de Laguna, que administram até os dias atuais, incluindo outros
hotéis na cidade de Florianópolis.
Esta é uma pequena história da empresa dos irmãos Chede.
Antônio Chede é casado com Maria Aparecida, com a qual
tem os filhos: César (empresário, trabalha na empresa do pai), Simaya
(advogada), Sara e Anny (empresárias).
Alberto Chede era casado com Regina Maluf (ambos já falecidos).
O casal teve os filhos: Regina Lúcia (engenheira civil, com licenciatura em
Matemática), Christina (psicóloga), Alberto Elias (engenheiro químico),
César Alberto (engenheiro químico), Andreia (administradora de uma
imobiliária), Carla (tem uma firma de reciclagem), Renata (comerciante),
Cláudia (supervisora de pesquisas) e Simone, que faleceu muito nova.
243
Hermes Macedo S/A.
A Hermes Macedo S/A. iniciou suas atividades em Criciúma
em maio de 1971, tendo seu primeiro endereço na Rua Marcos Rovaris,
número 109. Posteriormente, a empresa construiu uma grande loja, na
Rua Coronel Pedro Benedet.
Foi uma megaloja, das mais completas. Quase tudo se encontrava
neste grande estabelecimento: eletrodomésticos, móveis, brinquedos,
materiais para decoração e também consórcios.
Foram gerentes desta loja os senhores: Victor Marcos, Nelson
Silva e Reinaldo Roldão.
Em 1979, foi inaugurada outra loja na Rua Marechal Deodoro,
com ligação com a Rua Marcos Rovaris, especializada em venda de
pneus, barcos, motos da marca Honda, material para acampamento,
equipamentos agrícolas e acessórios industriais. Alvim Daltoé
gerenciava a seção de motos Honda, e cabia a Luiz Gonzaga Olivier a
gerência da parte pesada.
Tinha muitos encarregados de setores, como tesouraria,
recursos humanos e caixa. Contava também com uma enorme clientela
e dezenas de funcionários treinados, todos uniformizados com o
símbolo da empresa. A cada cinco anos, recebiam uma carta assinada
pelo presidente, Hermes Macedo, agradecendo pelo serviço prestado,
com premiação. Na entrega, havia sempre uma grande festa, com a
presença dos diretores vindos da matriz.
Nas vendas de Natal, faziam uma belíssima decoração, que era
uma atração para a cidade.
A propaganda tornou-se seu ponto forte, utilizando panfletos,
rádio e televisão.
Contava com uma rede de lojas presentes nos Estados do
Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
Durante sua permanência em Criciúma, de 1971 a 1988, prestou
grande serviço à Região Carbonífera e muito contribuiu com o patrocínio
ao esporte amador.
Colaboraram com essas informações os ex-funcionários: Agda
Candiotto Feltrin, Luiz Gonzaga Olivier, Madalena de Jesus, Alvim
Daltoé e Zunilda G. Kestering.
244
Lojas Fretta
As Lojas Fretta iniciaram suas atividades no ano de 1946, na
pequena localidade de Azambuja, no município de Pedras Grandes.
Em 1953, transferiu sua sede para Tubarão, já em prédio próprio.
Com o extraordinário desenvolvimento, cinco anos depois,
em 1958, instalou a filial de Criciúma na Rua Henrique Lage, sob a
gerência do competente João Alfredo Campos. Posteriormente, João
foi substituído pelo sócio, Agenor Fretta, acompanhado do gerente
financeiro, Antenor Filipe, que presta seu serviço à firma há mais de 50
anos.
Em 1958, o estabelecimento era chamado de José Fretta e Cia.;
em 1970, Fretta e Cia. Ltda.; em 1995, a firma passou a ser denominada
de Fretta e Fretta Ltda. e estava situada na Rua Coronel Pedro Benedet,
numa sede própria, em área total de nove mil metros quadrados.
Nessa mudança, foi desmembrada da matriz e passou a ser
propriedade dos sócios Agenor e Vitorino Fretta. Em seguida, o nome
fantasia passou a ser Fretta Home Center.
Esta loja, tão estimada pelos moradores de Criciúma, sempre
será conhecida como Lojas Fretta, apesar de já ter tido todas as
denominações acima citadas.
Atualmente, são andares e andares, com tudo que se pode imaginar
para montar uma casa. Móveis, desde os simples até os mais requintados,
eletrodomésticos modernos, cristais, porcelanas, não esquecendo das
seções de cama e mesa, compostas de produtos de especial qualidade e
beleza, das melhores procedências.
José Fretta, pioneiro do grupo
245
Agenor Fretta
Em 1998, com o falecimento do sócio, Vitorino, assumiu no seu
lugar o filho Ricardo, que deu continuidade ao trabalho do pai até os
dias de hoje.
Esta loja conta com uma equipe de funcionários excelentes,
num total de mais de cem, e é, sem dúvida, a maior loja do sul do
Estado de Santa Catarina no setor.
A atual empresa tem filial em Urussanga, Araranguá e Orleans.
Vitorino era casado com Altair Tonon, com a qual teve os filhos:
Ricardo (engenheiro químico, participa da administração da empresa),
Jamile (engenheira química), Beatriz (formada em Enfermagem) e
Mirtes (analista de sistemas).
Agenor é casado com Lígia Tonon, tendo com ela os filhos:
Alexandre (administrador de empresa, participa da administração do
grupo), José Augusto (administrador de empresa, é presidente do
grupo Angeloni) e Débora (administradora de empresa, é gerente da
L.F. Joias).
Casa onde funcionava a venda da família Fretta em Azambuja
(Pedras Grandes), onde tudo começou
246
Lojas Koerich
Esta grande organização veio para Criciúma com sua primeira loja
em 28 de fevereiro de 1979, portanto há 33 anos. E mesmo não sendo
originária de Criciúma, ela merece ter sua história muito considerada
pelos criciumenses, pois veio para ficar.
O primeiro endereço foi na Rua Coronel Marcos Rovaris,
mudando-se posteriormente para a mesma rua, no número 109, em um
espaço muito mais amplo. Já a segunda filial foi instalada na Avenida
Getúlio Vargas, número dez, próximo à Praça Nereu Ramos. A terceira
filial, por sua vez, foi para a Rua Conselheiro João Zanette, número 30,
no local onde funcionava o antigo Lojão HB.
As Lojas Koerich são uma empresa familiar, com 13 sócios,
atuando em diversos ramos do comércio catarinense desde 1955.
Destes 13 participantes, conheci muito de perto os irmãos
Walter e Antônio, que eram os principais líderes desta empresa. Minha
proximidade com eles se deu graças aos encontros que tínhamos
na Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina,
quando participávamos das convenções estaduais e nacionais. Ficamos
realmente grandes amigos, o que me é muito gratificante.
Tanto Walter como Antônio foram muito simpáticos e davam
toda a atenção aos companheiros cedelistas. Embora fôssemos de
cidade interiorana, eles não se faziam de superirores.
Eluir Brunel
247
Voltando à primeira filial em Criciúma, o seu gerente foi
Carlos Eduardo Merízio, que comandava oito auxiliares na época com
competência e entusiasmo. Os negócios foram muito bem, pois criaram
uma grande clientela. Carlos cativava todos nós com sua participação
efetiva nas reuniões da FCDL/SC, onde angariou muitos amigos. Esta
filial era a décima primeira do grupo.
Foi o Grupo Koerich que construiu o primeiro grande shopping na
ilha de Santa Catarina, denominado de Beiramar Shopping, inaugurado
em 27 de outubro de 1993.
Dada a sua excelente localização, no Centro de Florianópolis,
com arquitetura ultramoderna, o sucesso foi fabuloso.
Em 30 de setembro de 1993, houve a cisão do grupo, e a
administração das Lojas Koerich passou para Antônio e seus filhos,
Ronaldo e Sérgio.
Passaram a administrar uma rede de 37 lojas espalhadas por todo
o Estado e deram continuidade no mesmo ritmo e desenvolvimento.
Cada ano que passava, eram abertas novas lojas, hoje num total de 84,
três delas localizadas no Centro de Criciúma.
Em 1993, o primeiro gerente, Carlos, trocou de atividade e
desligou-se da empresa. Em seu lugar, assumiu a direção geral das três
filiais o jovem Eluir Brunel, que, com entusiasmo, muito trabalho e
dedicação, deu continuidade até hoje ao trabalho de seu antecessor
com a mesma participação nas ações do comércio criciumense.
Usando estratégias avançadas de marketing, contando
também com o quadro de 39 colaboradores, todos com treinamento
especializado, o estabelecimento enfrenta com galhardia a
concorrência das gigantes empresas nacionais que estão atuando no
comércio local.
Cumprimentamos os diretores e o gerente Eluir pelo seu
trabalho, que vem valorizando o comércio de Criciúma com suas
excelentes lojas e oferecendo ao público mais oportunidade de compra.
Walter Koerich é casado com Lindomar Silva, com a qual tem os
filhos: Rozane, Márcia, Eliane, Walter Filho, Mariza e Joyce.
Antonio é casado com Ony Furtado, com a qual tem os filhos:
Ronaldo e Sérgio.
Eluir é casado com Vilma Berckembrock e tem com ela uma
filha, Érica.
248
Loja Broleis
A loja Írio Broleis e Irmãos, que tinha como nome fantasia Loja
Broleis, estava situada na Praça Nereu Ramos e depois na Travessa
Padre Pedro Baldoncini. Pertencia aos irmãos Broleis: Írio, Círio,
Constantino e Júlio.
Vendiam geladeiras domésticas e industriais, bem como todos
os acessórios e materiais elétricos. Esta Loja foi sucessora da loja Moto
Parque, de propriedade de Pedro Milanez, sendo que os Broleis deram
continuidade a ela.
Trabalharam durante muitos anos com muita determinação e
capacidade, sob a direção de Írio, que tinha seus irmãos como sócios.
Anos depois, a loja foi transferida para o segundo endereço, na
Travessa Padre Pedro Baldoncini.
Além de muito trabalhar, Írio ainda tinha tempo para se
preocupar e se dedicar ao próximo. Foi sócio-fundador do Rotary Club
Criciúma Oeste e muito contribuiu com a sociedade como rotariano e
cidadão.
Era um ótimo comerciante, agindo com muita correção, além
de muito bom pai de família, que dava bons exemplos a todos. Com
o falecimento dos dois irmãos, Írio e Círio, esta firma encerrou suas
atividades.
Írio era casado com Lili Zanette. O casal teve os filhos: Derci
Diórgines (empresário), Darci Elder e Maria de Fátima (falecidos),
além de Írio Broleis Filho (empresário).
Írio Broleis
Círio Broleis
249
Júlio Broleis
Círio Broleis era casado com Líbera Pesenti. São seus filhos: Maria
Dalila e Maria Dolores (formadas em Contabilidade e funcionárias da
Eletrosul, hoje aposentadas), além de Roberto Éder Broleis (formado
em Engenharia Civil, com pós-graduação em Gerência da Produção
e especialização em Avaliação de Imóveis Urbanos, atualmente presta
seus serviços para a Duda Imóveis).
Júlio Broleis é casado com Maria Salete Dal Toé, com a qual
tem as filhas Ana Rosa e Milena (ambas comerciantes, que deram
continuidade aos negocios do pai).
250
Lojas Santa Fé
Esta filial das Lojas Santa Fé, oriunda de cidade de Tubarão,
pertencia a um grupo integrado por membros da família Bitencourt
(João, Antônio e Manoel do Nascimento, o Mena, como era conhecido),
além de mais alguns sócios.
Esses proprietários criaram a firma Santa Fé Comércio e Indústria
Ltda. e incorporaram ainda a firma Madureira e Cia. Formaram assim
uma grande loja em Tubarão. Em 1949, começaram suas atividades no
ramo de ferragens, tintas, materiais elétricos e hidráulicos, bem como
uma vasta linha de papelaria.
Além dos produtos acima citados, eles conseguiram a revenda
dos veículos da marca Dodge e, mais adiante, em 1956, também a
revenda dos veículos da marca DKW Vemag, que já eram fabricados
aqui no Brasil.
Devido ao grande sucesso, em 1962, resolveram estender seus
negócios e criaram a filial de Criciúma.
Escolheram um excelente local, na Rua João Pessoa, na Galeria
Benjamin Bristot, bem no Centro da cidade. A administração dessa
filial foi entregue ao jovem e competente Antônio Carlos Heitich, que
deu continuidade ao ritmo das vendas. As mercadorias postas à venda
eram as mesmas da matriz.
Antônio Carlos recebeu o apoio do sócio Manoel do Nascimento
Bitencourt. Os negócios da filial foram muito bem sucedidos, com
ótima clientela e bom desenvolvimento até 1974.
Após essa data, como consequência das enchentes de Tubarão,
a empresa resolveu diminuir suas atividades, encerrando a filial de
Criciúma. Antônio Carlos, seu gerente, passou a trabalhar no serviço
de contabilidade, sua verdadeira profissão e, hoje, é executivo de uma
grande empresa do ramo de plástico.
Antônio Carlos é casado com Marcolina Sorato, com quem tem
os filhos: Magda Helena e Alessandra (bioquímicas), além de Marco
Antônio (empresário no ramo de hotelaria).
251
Loja Santo Antônio
Esta loja pertencia a Antônio Caldeira Góes e esteve instalada
em vários endereços: Rua João Pessoa, Rua Seis de Janeiro, Rua Coronel
Pedro Benedet e Avenida Centenário.
Antônio – ou Antoninho, como todos o conheciam – iniciou
seu trabalho com um armazém de secos e molhados e representação
da farinha de trigo dos Moinhos Germânia. Posteriormente, trabalhou
com móveis e eletrodomésticos, amealhando um admirável patrimônio.
Além disso, Antoninho também se dedicou à vida social da
cidade. Foi sócio-fundador da Câmara de Dirigentes Lojistas, tendo
sido seu primeiro presidente. Foi sócio-fundador também do Sindicato
do Comércio Varejista de Criciúma. Presidiu, por alguns anos, a
Associação Comercial e Industrial de Criciúma (Acic), hoje Associação
Empresarial de Criciúma. Nessa época, visitou com outros empresários
diversas cidades do norte de Santa Catarina para observar o modelo
de gestão no setor do vestuário a ser implantado aqui no sul. Foi um
rotariano que enobreceu seu clube com suas atitudes sempre corretas e
honradas.
Sua esposa, Ieda, lutou muito pela construção da Casa da
Amizade, conseguindo a ajuda de vários empresários. Recebeu todos
os pisos, azulejos e telhas por intermédio de Dite Freitas. Ela foi
incansável e cumpriu de forma louvável seu dever como esposa de
rotariano. Naturalmente, foi apoiada pelo esposo. Além disso, tinha
uma educação primorosa e um coração grandioso.
Antônio Caldeira Góes
252
O casal (já falecido) teve os filhos: Luiz Antônio (grande
empresário em Braço do Norte, Carlos Vicente (advogado, é juiz do
Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina), Tânia (formada em
Contabilidade), Paulo César e Paulo Roberto (advogados), além de
Moisés (administrador).
253
Móveis Canarim
Era um bela loja de móveis, situada na Praça Nereu Ramos, no
número 308, onde hoje funciona a Casa Imperial.
De propriedade de Ademar Canarim e de sua esposa, Mafalda
Cechinel, era a melhor loja de móveis da região. Além de venderem
móveis de fabricação própria, muito bem feitos, ainda revendiam os
famosos Móveis Cimo, de Rio Negrinho.
Casal competente e muito trabalhador, deixou sua marca na
cidade. Tiveram três filhos: Adenis, que todos conheciam como Chico
(empresário, falecido), Adalberto (empresário) e Sônia Regina (do lar).
Anos após a morte de Mafalda, Ademar tornou a casar. Sua
segunda esposa foi Célia Rovere, professora universitária, que lhe deu
mais uma filha: Célia Maria.
Muitos anos depois, Ademar, já aposentado, encerrou sua
atividade.
Eu tive o privilégio de adquirir este imóvel, que, como já falei
acima, hoje é sede do meu empreendimento, a Casa Imperial.
Infelizmente, Ademar também já nos deixou.
Ademar Canarim
254
Princesa dos Móveis e Loja UD
Era de propriedade de Taurino Pereira, que, ainda jovem, estudou
no Grupo Escolar Professor Lapagesse. Trabalhou no Cine Rovaris,
na seção de venda de balas e outros itens, e aprendeu a profissão de
marceneiro com seu pai, que tinha uma pequena marcenaria na Rua
Henrique Lage.
Tornando-se adulto, mudou de residência e foi para a cidade
de Porto Alegre (RS). Lá trabalhou em uma grande fábrica de móveis,
quando se tornou um grande profissional, competente no ramo
moveleiro. Trabalhou por alguns anos nessa empresa, adquirindo então
muita experiência.
Voltando a morar em Criciúma, montou uma marcenaria de
sua propriedade, denominada de Princesa dos Móveis, na Rua Marcos
Rovaris.
Com sua habilidade e muita força de vontade, conquistou uma
grande clientela e também a jovem Ana Caroli, com quem se casou.
Após seu casamento, sua companheira muito colaborou no
desenvolvimento de seus negócios, pois ela tem grande capacidade para
o comércio. Nina, como Ana é carinhosamente chamada, é professora
por formação, mas deixou de dar aulas e se dedicou muito às atividades
comerciais do casal. Taurino cuidava da fábrica, e Ana, da parte de
vendas, assim os dois passaram a ter muito sucesso.
Nosso personagem não parou por aí. Comprou a loja de
eletrodomésticos de Izário S. de Farias, que se situava na Rua João
Pessoa, especializada em venda de rádios, eletrolas, televisores,
geladeiras, artigos para presentes e muitos outros artigos para o lar.
Taurino Pereira
255
Mais adiante, montou uma grande distribuição de gás de cozinha
que dava atendimento à maioria das casas de Criciúma.
Na sequência de bons negócios, apareceu outra grande
oportunidade: comprou o prédio da firma Corrêa e Cia, localizada
na Praça Nereu Ramos, que estava desativado. Contratou o arquiteto
Fernando Carneiro, que deu uma belíssima transformação nessa loja.
Nesse novo endereço, montou a Loja UD (Utilidades
Domésticas), juntando a esta os móveis de sua fabricação, a Princesa dos
Móveis, além dos artigos vindos da loja de Izário S. Farias. Completou
assim o estabelecimento de seus sonhos, consolidando-se cada vez mais
o espírito vencedor de nosso amigo Taurino.
Mais adiante, em uma parceria com seu amigo Natalício Della
Giustina, cedendo parte de seu terreno, construíram o Shopping Della
Giustina. Coube a Taurino diversas salas paralelas a sua loja principal.
Hoje Taurino trocou de atividade. Montou uma empresa para
administrar seu patrimônio com muita serenidade e ótimos rendimentos.
Não podemos deixar de mencionar aqui a grande participação
de Taurino em diversas atividades sociais, além de grande torcedor
e colaborador do Comerciário E.C., usando seu próprio carro no
transporte dos jogadores. Como se vê, ele foi muito importante para o
clube.
Foi ainda sócio-fundador do Centro de Tradição Gaúcha (CTG)
Pedro Raimundo, o qual ele presidiu, ou seja, era o patrão, conforme
denominação dos aficcionados por esse assunto.
Participa até hoje do rodeio crioulo de toda a região e também
fora do Estado, sendo muito estimado e respeitado por todos.
Taurino é sócio do Rotary Club de Criciúma há mais de 40
anos. Foi presidente por mais de dois mandatos, deixando sua marca de
grande rotariano. Sua esposa, Ana, está sempre ao seu lado dirigindo a
Casa da Amizade, que é ligada ao Rotary.
Parabéns a esse casal, que construiu um belo exemplo de grandes
empresários.
Seus filhos são: Carlos Alberto (engenheiro civil), Rosemari
(assistente social), Rosane (formada em Administração), Ricardo
(empresário) e Raquel (formada em Letras).
256
257
Joalheria e Ótica Alcidino
Tendo como diretores o casal Alcidino Eduardo Fernandes e
Maria Terezinha da Rosa Fernandes, a rede de lojas Alcidino iniciou
suas atividades em 1961, na cidade de Santa Rosa, hoje Santa Rosa do
Sul.
Em 1969, abriu a filial número um em Araranguá, mas em
função de a matriz de Santa Rosa ter sido transferida para aquela cidade,
a filial passou a ser nessa.
Em 26 de outubro de 1976, foi instalada a segunda filial, agora
em Criciúma, na Rua Conselheiro João Zanette, número 100. O gerente
é o cunhado de Alcidino, Paulo Martins da Rosa, casado com Doroti
Trajano, que continua trabalhando até hoje no mesmo endereço.
A filial número três foi aberta na cidade de Tubarão, em fevereiro
de 1982, e tem como gerente Eliane da Rosa Fernandes, a filha mais
velha de Alcidino, que, com muita competência, ainda continua na loja.
Com seu desprendimento ainda arranja tempo para se preocupar com o
desenvolvimento do comércio de Tubarão. Foi presidente do Sindicato
Patronal, da CDL por duas gestões e da Associação Empresarial de
Tubarão (Acit).
Em 1989, com a construção do Shopping Della Giustina (hoje
Shopping Della) foi inaugurada a filial número quatro, tendo como
gerente o filho Everton Luiz Fernandes, que, depois, foi substituído
pela irmã Elizane.
Casal Maria Terezinha e Alcidino Eduardo Fernandes
258
Em 1989, a filial de Santa Rosa do Sul foi transferida para a
cidade de Sombrio, que atende o sul do Estado.
Hoje, então, a Ótica Alcidino tem duas lojas em Araranguá,
uma em Sombrio, duas em Criciúma, uma em Tubarão e outra em
Florianópolis. Com a graça de Deus, a família Alcidino é uma família
vencedora.
Atendendo seus clientes e funcionários com seriedade,
transparência, honestidade e trabalho, agradecem a Deus pelo sucesso
alcançado. A união faz a força. “Família que reza unida permanece
unida, e toda família que trabalha unida, olhando na mesma direção,
com os mesmos princípios, alcançará os objetivos desejados”. Essas
palavras foram fornecidas pelo gerente e cunhado de Alcidino, Paulo
Martins da Rosa.
Como vimos, o casal tem três filhos: Eliane, Everton Luiz e
Elizane, que fazem parte da empresa.
259
Joalheria e Ótica Vitoreti
Situada na Avenida Rui Barbosa, número 56, esta bela loja
(matriz) pertence ao casal Vilma da Rosa e Darci Orlandino Vitoreti.
Antes de trabalhar com a joalheria, Darci foi gerente dos Correios e
Telégrafos de Criciúma, onde adquiriu uma boa base em administração.
Vilma, que também trabalhou no comércio, na Casa São José, por 14
anos, teve uma excelente experiência comercial.
Assim, os dois, juntando seus conhecimentos, tiveram muita
facilidade para criar e desenvolver sua empresa no ano de 1979. A
atividade básica era Ótica, mas, logo a seguir, veio a venda de joias e
relógios, consertos em geral e ainda a criação de um laboratório próprio
para elaboração de óculos de grau.
No início, trabalhavam o casal e um funcionário do laboratório,
mas como obtiveram um sensível desenvolvimento, no ano de 1995,
foi preciso expandir seu negócio.
Inauguraram então uma segunda unidade, na Rua Coronel Pedro
Benedet, no Edifício Catarina Gaidzinski, que está sob o comando da
filha Andreia e de seu marido, Valdir Malkowski.
A matriz e a filial são lojas de muito sucesso graças à capacidade
dos proprietários, ao estoque precioso que possuem e, principalmente,
à maneira com que os clientes são atendidos.
O casal Darci e Vilma tem os filhos: Andreia Maria, Dineia
Carla (comerciantes, formadas em Administração) e Carlos Augusto
(representante comercial).
Casal Vilma e Darci Vitoreti
260
Joalheria e Ótica Cristal
Silvino Guzzatti iniciou as atividades em sua relojoaria em
1963, na Praça Nereu Ramos. Ali, Silvino vendia joias, relógios e
óculos. Havia também uma boa oficina de consertos, que valorizou
muito o seu comércio, pois os clientes eram muito bem atendidos e
encontravam sempre a solução para o problema de seus pertences que
apresentavam defeitos ou desgastes. Não raro acabavam adquirindo
um ou outro produto novo quando iam apenas reparar seus relógios e
óculos.
Anos mais tarde, Silvino mudou-se para uma sala bem maior, na
Rua Seis de Janeiro, mantendo seu comércio e atendimento primoroso.
As lindas vitrines decoradas com joias e adornos de cristal, além do
espaço amplo, boa iluminação, estoque maior e mais vendedores, enfim,
toda essa modernidade e qualidade fez com que a loja crescesse a passos
largos.
Em 1974, por ocasião da grande enchente que assolou nossa
cidade - quando a água invadiu a maioria das lojas de Criciúma -, Silvino
também teve muito prejuízo. Foi infelizmente um episódio difícil de
superar para todos os comerciantes.
Entretanto, com muita luta, trabalho e persistência, devagar as
coisas voltaram ao normal, e a Relojoaria Cristal voltou a funcionar
com todas as forças.
Casal Iraci Laudina da Luz e Silvino Guzzatti
261
A partir do início de 2010, vêm colaborando na administração as
filhas e o genro de Silvino, que passaram a implementar a modernização
do sistema eletrônico. Com isso, Silvino tem tido mais comodidade em
seu trabalho.
Silvino, de seu primeiro casamento, com Niete Dias, tem três
filhas: Sílvia Helena (bancária, trabalha na Caixa Econômica Federal),
Andreia (professora da Apae) e Milene (professora do Colégio São
Bento). De seu segundo casamento, com Iraci Laudina da Luz, tem as
filhas: Silvana (arquiteta) e Giovana (médica).
262
Joalheria e Relojoaria Valmor Crema
Esta loja pertenceu a Valmor Crema, que a instalou na Rua João
Pessoa, no ano de 1964.
Como as demais da cidade, esta relojoaria teve uma fase de
grande desenvolvimento, graças ao bom trabalho de Valmor - que
entendia muito de joias - e, também, graças ao ótimo relacionamento
que mantinha com os seus fregueses.
Valmor sofreu um grande contratempo na sua vida profissional:
a sala onde estava instalado seu empreendimento não tinha laje na
cobertura, e, em uma certa noite, uns “amigos do alheio” invadiram a
relojoaria e levaram quase todo o estoque de joias e relógios. Realmente
foi um grande abalo.
Valmor, depois desse roubo, ficou muito desanimado, mas
continuou ainda bastante tempo com seu trabalho com joias e relógios.
Em 1992, encerrou essa sua atividade.
Trabalhou também como funcionário da Prefeitura de Criciúma,
mas sempre lembrava com mágoa o grande prejuízo havido com aquele
roubo. Um homem incapaz de fazer mal ao próximo não podia entender
como as pessoas fazem uma maldade desse quilate.
Valmor Crema, que já é falecido, teve, de seu primeiro casamento,
com a senhora Susete Domingos, o filho Emerson.
Do seu segundo casamento, com a senhora Zenaide, teve os
filhos Felipe e Fábio.
263
Juner Joalheiro
O proprietário deste empreendimento, Gilson da Silva, iniciou
suas atividades como ourives em outubro de 1981, na Rua Marcos
Rovaris, 79, em um estacionamento de carros ao lado do escritório da
Carbonífera Metropolitana.
Nessa empresa, a Metropolitana, Gilson trabalhou como
motorista da família Guglielmi por cinco anos aproximadamente.
Com o dinheiro da rescisão do contrato de motorista foi a Blumenau
e contratou um profissional de ourivesaria, comprou um laminador,
fieiras, alicates, limas, enfim, o dinheiro deu para comprar o básico para
o início de seu trabalho.
No primeiro ano com a joalheria, ganhou mais dinheiro do que
nos cinco anos trabalhando como motorista. Recebeu muito incentivo
de Realdo e Reginaldo Guglielmi, que sempre iam visitá-lo.
Em 1982, Reginaldo alugou uma sala para Gilson trabalhar
na Travessa Padre Pedro Baldoncini, número 26, onde funcionara a
Lanchonete Caçulinha e em frente à Casa Imperial, onde está até hoje.
Gilson recentemente adquiriu mais uma sala para ampliar sua
joalheria, tendo assim mais espaço para melhor atender sua fiel clientela.
No local se encontram lindas joias, óculos modernos e relógios,
muito bem expostos nos 160 metros quadrados de loja. Realmente
tudo adquirido com muito bom gosto, o que embeleza o ambiente e
agrada ao comprador.
Gilson da Silva
264
Apesar de ter alcançado seu objetivo como comerciante,
Gilson, com muito incentivo de sua esposa, Mônica Julita Bez Fontana,
ingressou, em 1995, na Universidade de Direito da Ulbra (Universidade
Luterana do Brasil), na cidade de Torres (RS).
No ano seguinte, conseguiu sua transferência para o curso de
Direito da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), que funciona
em Araranguá, onde se formou em Bacharel em Direito em 2002. Para
essa transferência teve ajuda do saudoso político, talvez o político mais
educado que já tivemos, Adhemar Paladini Ghisi, que, na época, era
ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Palavras essas do
próprio Gilson.
Em 2003, o empresário conseguiu ser aprovado na OAB de Santa
Catarina e desde então exerce com muita competência a atividade de
advogado, principalmente na área criminal, na qual vem conseguindo
muito êxito em toda a comarca.
Gilson tem um sentimento de muita gratidão para com sua
esposa, à família Guglielmi e para com Adhemar Paladini Ghisi. Sei,
porém, que o importante foi o esforço de Gilson, sua humildade em
aceitar a ajuda e, mais ainda, em agradecer, fato esse não tão comum
nos dias atuais.
265
Ótica Lino
Localizada na Travessa Padre Pedro Baldoncini, iniciou suas
atividades em 12 de junho de 1982. Pertence a Hélcio Hélio Lino,
mais conhecido como Lino, que começou trabalhando com seu irmão,
proprietário da Ótica Veja, na Rua João Pessoa.
Ao comprar seu próprio negócio, Lino foi fazer curso técnico de
ótica, mantendo-se no ramo até os dias de hoje. No início, ele exercia
pessoalmente todo o serviço do estabelecimento, atendia, cobrava,
embrulhava. Hoje ele tem seu quadro de funcionários.
Seu último feito foi, depois de muitos anos de trabalho, investir
em um curso de tecnologia chamado Optometria, que dá direito e a
qualificação de o profissional fazer exame de vista para o uso de óculos.
Lino também incentivou seu filho Gregori, que acabou se tornando
bacharel em Optometria.
Lino teve três filhos de seu primeiro casamento, com Maria
Aparecida Budni: Graziela (advogada), Gregori (formado em
Optometria) e Greice (acadêmica de Odontologia). Do segundo
casamento, com Naiara Henrique dos Santos, tem uma filha: Anne
(ainda estudante).
O comércio de Criciúma cresceu muito desde que Lino iniciou
seu negócio, e, como todos os outros comerciantes, teve que acompanhar
o ritmo de desenvolvimento populacional e econômico de nossa cidade.
Aumentou a área física de seu estabelecimento, o que proporcionou muito
melhor atendimento, além de a loja ter ficado mais moderna e bonita.
Hélcio Hélio Lino
266
O início sofrido, quando trabalhava mais de 15 horas por dia,
vendendo e consertando os produtos comercializados, ficou para trás.
Hoje, mais tranquilo, dá maior valor ao tempo, às amizades adquiridas
e à felicidade do que ao dinheiro.
Está tentando, com isso, fazer com que o comércio seja tão
prazeroso como qualquer outra atividade de sua vida.
267
Ótica e Relojoaria Osvaldo Silvestre
Vindo de Orleans por volta de 1950, Osvaldo começou a trabalhar
com o ramo de tecidos e confecções por curto período de tempo. Seu
estabelecimento teve início em uma garagem, localizada onde hoje está a
Galeria Benjamin Bristot, na Rua João Pessoa.
Por solicitação da Igreja, o imóvel foi entregue, e o endereço
comercial passou para a Rua Conselheiro João Zanette, número 36,
localizado sobre o Rio Criciúma, em edificação posteriormente
adquirida do senhor Beloli.
Nesse local, já em 1954, mudou de ramo e passou a trabalhar
com relógios, joias e óculos. Fazia muito bom negócio, vendia joias
lindíssimas e tinha um gosto muito apurado para adquiri-las.
Seu sonho, desde que chegou a Criciúma, era ter uma relojoaria
e, realmente, Osvaldo tinha uma grande vocação para lidar com joias.
Fazia também consertos e tinha uma boa clientela. Sua esposa e seu
filho colaboravam com o trabalho.
Ficou com este empreendimento até o ano de 1978, quando
vendeu as instalações e a respectiva edificação para seu irmão, Altino.
Ainda trabalhou experimentalmente como faccionista por dois
anos e, então, aposentou-se definitivamente.
Osvaldo (já falecido) era casado com Stela Marques (irmã do tão
considerado Cônego Agenor Neves Marques), com a qual teve os filhos:
Marineuza (empresária da confecção), Milton Osvaldo (almoxarife),
Marilene (formada em Administração, Letras e Música) e Edson Luiz
(arquiteto e empresário de ótica).
Osvaldo Silvestre
268
Relojoaria e Ótica Eraldo
Iniciou seus trabalhos no início dos anos 50 com esta casa de
joias e relógios que pertenceu aos irmãos Leôncio e Vergilino de Souza
(já falecidos).
Situava-se próximo às Casas Pernambucanas, na Rua Conselheiro
João Zanette. Devido a essa proximidade, tornei-me muito amigo dos
irmãos e, assim, quando noivei, comprei as alianças, minha e da Irene,
na Relojoaria e Ótica Eraldo, onde fui muito bem acolhido.
Era costume de Leôncio e Vergilino tratar todos com muita
gentileza. Além disso, os irmãos Souza eram bons comerciantes e
competentes e gozavam de muita credibilidade, tanto dos seus colegas
de comércio, quanto de seus fornecedores e clientes.
Havia, como de costume, um setor na loja, onde faziam – e
muito bem! – o conserto de joias e relógios.
A sociedade foi desfeita somente em 1969, quando Vergilino
retirou-se da atividade, deixando a relojoaria para Leôncio, que,
então, transferiu a direção para seus filhos, Eraldo e Aldo. Tiveram,
posteriormente, que desocupar o prédio, que seria em seguida demolido,
passando, afinal, a instalar o empreendimento na Travessa Padre Pedro
Baldoncini, onde permaneceram por bastante tempo.
Leôncio era casado com Bernardina de Jesus e juntos tiveram os
filhos: Eraldo (empresário do ramo de joia, já falecido) e Aldo (piloto
de avião).
Vergilino era casado com Ruth Carvalho, com quem teve os
filhos: Raquel (formada em Relações Públicas), Valter (técnico em
Telecomunicações e Agrimensura), Rosana (empresária), Rúbia (formada
em Pedagogia) e Jardel (técnico em Eletrônica).
Leôncio de Souza
Vergilino de Souza
269
Relojoaria e Ótica Guzzatti
Antes de abrir seu próprio negócio, Hélio Aníbal Guzzatti, já
havia adquirido grande experiência quando trabalhou, por onze anos,
com seu irmão Silvino.
Em 1975, porém, Hélio resolveu abrir sua pequena loja na Rua
Seis de Janeiro, no Centro de Criciúma, com muito trabalho, vontade
férrea, determinação e competência. Formaria ali então sua enorme
clientela, sempre atendida com muito carinho. A cada ano que passava,
a relojoaria de Hélio prosperava mais e mais.
Lá sempre foram encontradas refinadas joias, óculos e relógios
das melhores grifes. Há 35 anos funcionando, conta hoje com quatro
lojas: duas no Centro de Criciúma, uma no Criciúma Shopping e outra
na cidade de Içara.
Há mais de três décadas, Hélio vem sendo acompanhado pela
esposa, a professora Dalila Costa, sempre presente no dia a dia de
sua loja. Ambos, além de excelentes comerciantes, foram ótimos pais,
tendo educado todos seus filhos nas melhores escolas.
Hélio e Dalila têm quatro filhos: Thales é engenheiro sanitarista
e ambiental; Thaise é formada em Agronomia e doutora em Geografia
– com vários prêmios de nível nacional; Thiago é formado em
Optometria; e Thaiane é formada em Odontologia.
Hélio Aníbal Guzzatti
270
Embora todos eles sejam formados em cursos superiores, três
deles resolveram administrar a empresa da família, cada um gerenciando
uma das filiais. Esta é uma pequena síntese da história da Relojoaria
e Ótica Guzzatti, que, como muitos outros empreendimentos, vem
enriquecendo o comércio de Criciúma.
271
Relojoaria e Ótica Odete
De propriedade de Thadeu Silvestre, em sociedade com seus
filhos Duílio, Primo e Dionízio, situou-se durante os primeiros anos na
Rua Conselheiro João Zanette, transferindo-se depois para a Rua Seis
de Janeiro, no prédio da Sociedade Recreativa Mampituba.
Esta firma, do ramo de joias e relógios, foi de muito bom
conceito em Criciúma e na região, principalmente para os clientes mais
exigentes e de maior poder aquisitivo, clientes preferenciais desta loja.
Thadeu construiu, anos depois, um prédio de dois andares na
Rua Conselheiro João Zanette, alocando a relojoaria no andar térreo e
residindo no andar superior, onde construiu um belo apartamento.
A família Silvestre tem um carinho especial no trato com joias,
seja para vendê-las ou repará-las. Havia também uma oficina anexa ao
estabelecimento. Todos que ali entravam eram muito bem atendidos.
Como em toda sociedade familiar, a tendência dos filhos e sócios
é almejar outros segmentos. Assim foi o destino da Relojoaria Odete. O
primeiro a se retirar foi o filho Primo, que formou uma sociedade com
Vante Rovaris, criando a Relojoaria Rosil, também na Rua Conselheiro
João Zanette.
Depois, foi a vez de Duílio, que passou a se dedicar à pesquisa
e mineração de pedras de feldspato e resolveu também estudar nos
bancos acadêmicos, formando-se engenheiro agrimensor. Dionísio,
contudo, deu continuidade aos negócios da família e, com sua notável
experiência no ramo, levou adiante a relojoaria com muita dedicação e
competência, aumentando ainda mais a já grande clientela.
Thadeu Silvestre
272
Dionísio também contou com a colaboração de sua esposa, Kênia.
Infelizmente, a firma não teve continuidade, devido ao falecimento
do patriarca e, anos mais tarde, também de Dionísio, que nos deixou
muito cedo. Kênia encerrou as atividades da empresa, transferindo sua
residência para a cidade de Florianópolis.
Thadeu era casado com Liduína Fretta (já falecida). Além dos
filhos já citados, Primo, Duílio e Dionísio, tiveram mais cinco: Agenor,
Alexandre (ambos médicos), Jandira (já falecida), Janete (formada em
Administração) e Odete (professora).
273
Relojoaria e Ótica Precisão
Bem no Centro de Criciúma, na Praça Nereu Ramos, estava
localizada a relojoaria de Feliberto Silvestre, conhecido por todos como
Félix. Anteriormente ele era um dos sócios da Relojoaria Silvestre,
juntamente com Altino e Carmela.
Acompanhado de sua esposa, Lúcia, Félix oferecia um excelente
atendimento a sua vasta clientela. Possuía um estoque de alta qualidade
e de muito bom gosto, em joia e relógios, além de um serviço muito
bom em ótica. Deixaram sua marca indelével no comércio da cidade.
Por muitos anos ainda poderia existir esta ótica entre nós, mas
Félix faleceu bastante novo. Por isso, sua esposa, depois de pouco tempo,
resolveu encerrar as atividades comerciais e mudou sua residência para
a cidade de Florianópolis.
O casal teve três filhos: Carlos Henrique (empresário do setor
de combustíveis), Valquíria e Beatriz (comerciantes).
274
Relojoaria e Ótica Rosil
O nome Rosil vem de Rovaris e Silvestre (as primeiras sílabas
dos sobrenomes de cada sócio), pois esta casa de comércio pertenceu
a Rui Passavante Rovaris (o Vante) e a Primo Silvestre.
No início, funcionou na sala ocupada antes pela Relojoaria
Odete, do pai de Primo. Passado algum tempo, mudou-se para mais
perto da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, também na Rua
Conselheiro João Zanette.
Os dois trabalharam juntos por muitos anos e possuíam uma
grande clientela, pois faziam conserto de relógios, serviço muito
procurado. Depois que Primo deixou a sociedade, Vante continuou o
trabalho, ajudado pela esposa, Edi, carinhosamente chamada de Didi.
Como a rua era muito movimentada, em razão da proximidade
com a estação ferroviária, vendia muitas joias, pois todos que chegavam
a Criciúma, vindo das cidades vizinhas, passavam por ali.
Certa vez, a relojoaria foi assaltada. A mãe de Vante, ao falar com
uma senhora que possuía uma pensão, soube que um dos hóspedes que
dormira lá estava com uma mala suspeita, pois apresentava um barulho
semelhante ao remexer de joias. Descreveu o homem e disse que a
bagagem era de papelão (a maioria das malas mais simples daquele
tempo eram de papelão). Vante, então, foi à estação ferroviária e viu
o tal sujeito. Em momento de descuido do desconhecido, pegou-lhe
subitamente a mala e foi à delegacia, onde recuperou tudo.
Vante faleceu prematuramente. Didi e um dos filhos ainda
continuaram com a relojoaria por alguns anos.
O casal teve os filhos: Cláudio (funcionário público, mora em
Florianópolis), e Rui (comerciante, mora em Novo Hamburgo/RS).
Rui Passavante Rovaris
275
Relojoaria e Ótica Silvestre
Todos os criciumenses adultos, na década de 1950, estiveram nesta
relojoaria ou ouviram falar dela, a Relojoaria da Dona Liduína Zappellini.
Iniciou as atividades em 1939, quando Affonso Silvestre, acompanhado
por sua família, veio da cidade de Orleans e abriu seu comércio.
Situava-se na Rua João Pessoa e vendia as mais lindas joias e
relógios. Especialmente nos noivados, nos dias de Natal e de aniversários,
quem tinha um certo poder aquisitivo comprava uma joia para presentear
sua filha, noiva, esposa, mãe ou amiga. Também aparelhos de louças
importadas, cristais e instrumentos musicais podiam ser adquiridos nesta
loja.
Liduína Zappelini tinha o carisma de empresária. Sabia muito
bem servir sua clientela, no que foi muito bem assessorada por sua filha
Idalina, que todos chamam carinhosamente de Vita, hoje empresária. E
mais, atendiam prontamente mesmo fora do horário comercial.
Os outros filhos do casal, Jaci, conhecido como Cizo
(empresário), Agostinho (empresário no setor pesqueiro) e Antônio,
que conhecíamos como Tonico (já falecido), foram morar na cidade de
Itajaí.
Em 1958, Liduína, já viúva, vendeu sua relojoaria aos cunhados,
Altino, Félix e Carmela. Félix logo se desligou, e Altino continuou
trabalhando com seu sobrinho Valmor Carrer, que também fazia
parte da sociedade, pois era filho de Carmela. Valmor foi um grande
vendedor de joias, graças a sua simpatia e alegria. Faleceu muito cedo, e
Altino adquiriu as cotas da esposa de Valmor.
Affonso Silvestre
Liduína Zappellini
276
Altino Silvestre
As atividades continuaram muito bem, graças à competência e
dinamismo de Altino. Ele e seus filhos implantaram na loja a tecnologia
de montagem de óculos de grau, atendendo às receitas e prescrições
dos médicos oftalmologistas.
Altino também participou de muitas outras atividades sociais. Foi
meu companheiro de Rotary Club, ocupando vários cargos, inclusive de
tesoureiro da Governadoria do Distrito 4650 do Rotary Internacional
durante meu mandato de governador.
Participava ainda da Câmara de Dirigentes Lojistas e do
Sindicato do Comércio de Criciúma, além de muitas outras atividades.
Com o falecimento de Altino, a firma continua aos cuidados de seu
filho Pedro.
Altino era casado com Lair Fabre, e o casal teve os filhos: Márcia
(professora, falecida), Alexandre (comerciante), Vanderlei (engenheiro
civil), Pedro Luiz (economista e comerciante) e Sílvia (cirurgiã-dentista).
Valmor era casado com Marlene Coral, com a qual teve os filhos
Ludimila, André e Carolina. Depois de ficar viúva, todos foram morar no
vizinho Estado do Paraná.
277
278
279
Bar e Confeitaria Caçulinha
Pertencia a Ana Serafina de Souza e a Mário Antunes Leandro,
casal que se desdobrava dia e noite para dar um bom andamento ao seu
empreendimento. Situou-se na Travessa Padre Pedro Baldoncini durante
os anos de 1964 até 1981. Depois, mudou de endereço, instalando-se na
Rua Lauro Müller, no dia 3 de abril de 1981, ali permanecendo até 1990.
O estabelecimento era conhecido praticamente por toda a
cidade. Os empregados do comércio frequentavam-no diariamente,
assim como muita gente adorava fazer seus lanches nesse local.
Dona Nicota, era assim que todos chamavam Ana, sempre deu
um atendimento muito especial a seus fregueses. Ela também contava
com a ajuda de seu marido e filhos, que, quando não estavam estudando,
lá estavam colaborando.
Todos trabalhavam com muita competência e simpatia no
atendimento, com seus deliciosos sanduíches, pastéis (a prata da casa),
empadas, bolos, tortas, café e sucos, tudo feito na hora. Também
aceitavam encomendas para festas de todos os tipos.
O casal Ana e Mário (ambos falecidos) sempre foi solidário
na formação da família e teve sete filhos, quase todos formados em
curso superior (não muito comum na época), o que merece o aplauso
da comunidade. São seus filhos: Claudete Maria (do lar), Cleusa Maria
(assistente social), Maria Cleonice (farmacêutica e bioquímica), Maria
Clésia (engenheira civil), Maria Cleia (farmacêutica e bioquímica), João
Claudemir (mais conhecido como Mica, empresário) e João Claudenir
(Médico).
Esta empresa encerrou suas atividades em 1990.
Casal Ana Serafina e Mário Antunes Leandro
280
Bar e Lanchonete Ugioni
A história de Elias Ugioni teve início como agricultor na
localidade de Rio do Meio, no município de Meleiro, sul de Santa
Catarina. Após trabalhar por muitos anos nessa atividade, com a
necessidade de facilitar os estudos de seus filhos, resolveu mudarse para Criciúma, onde adquiriu um bar na Praça Nereu Ramos, no
endereço onde funcionava o antigo Café Damasco.
Apesar dessa nova atividade ser muito cansativa, Elias não teve
maiores dificuldades. É que, em comparação com o extenuante serviço
que praticava na agricultura, o comércio revelou-se um esforço muito
mais fácil e gratificante. Nesse local, permaneceu por quatro anos.
Em 1996, ele adquiriu outro bar e lanchonete de João Montini,
que se situava na Rua Seis de Janeiro, número 19. Nesse novo local, deu
continuidade ao seu bar anterior, com muita dedicação, trabalho, força
de vontade e ótimo atendimento. Fornecia café e cafezinhos, sucos e
refrigerantes, além de gostosos lanches. A sua clientela tornou-se cada vez
maior e mais fiel, porque ficou mais satisfeita.
Com o passar do tempo, seus filhos, que vieram a Criciúma
para estudar, paralelamente começaram a ajudar seu pai nesse negócio
e tomaram gosto por essa atividade. Deram continuidade ao comércio
do pai com a mesma dedicação, pois herdaram de Elias as melhores
qualidades possíveis.
Com o falecimento de seu pai, em 27 de outubro de 2000, esses
jovens se prepararam para substituí-lo em definitivo. Portanto, com o
bom trabalho desenvolvido em família, este estabelecimento ainda hoje
está presente com muito vigor no mesmo endereço.
Elias Ugioni era casado com Zenir Milioli, com a qual teve
os filhos Antônio Nelson, Maria Eliane e Rosilei Martinho, todos
comerciantes.
Elias Ugioni e filhos
281
Café Damasco e Musidisc
O Café Damasco se situava na Praça Nereu Ramos e pertencia a
Elpídio Stopassoli e Antônio Mazzuco. Parece-me que este café esteve
ativo na década de 1950.
Destacava-se pelo bom atendimento que seus proprietários
dispensavam aos clientes, todos muito bem acolhidos. Oferecia
café e todos os produtos de uma lanchonete. Para a época, este
empreendimento foi de excelente qualidade.
Com o encerramento da sociedade do Café Damasco, Elpídio
Stopassoli, acompanhado de sua segunda esposa, Zuleide Daniel, instalou
uma excelente loja, denominada Musidisc, tendo como sócio José Carlos
Corrêa, que ali permaneceu por pouco tempo. Era especializada em venda
de discos e fitas cassete nos primeiros tempos, passando a seguir a vender
CD.
Esta loja foi única nesse gênero em toda a Região Carbonífera
por muitos anos. Preencheu com sucesso a lacuna que havia nesse
ramo de negócio. Cuidava de ter sempre os últimos lançamentos de
músicas tocadas na maioria das rádios e nos programas de televisão do
Brasil.
Portanto, não se pode deixar de destacar o pioneirismo e a
eficiência dessa casa de música.
A Musidisc marcou época no desenvolvimento da cidade de
Criciúma, até que encerrou suas atividades em 30 de agosto de 1999.
Elpídio (já falecido) era casado com Maria Fernandes e teve com
ela três filhos: José Roberto (empresário de móveis), Rosana (funcionária
pública) e Soraia (comerciante, mora na Itália).
De seu segundo casamento, com Zuleide Daniel, teve um filho,
Fernando, que é formado em Design Gráfico.
Elpídio Stopassoli
282
Café e Bar Ouro Preto
Quando cheguei a Criciúma, em 1950, este estabelecimento
fazia parte dos três bares e cafés mais tradicionais da cidade e ficava
situado na Praça Nereu Ramos, ao lado do Edifício Mampituba. Foram
vários os seus proprietários, porém, foi com um deles, o senhor Inácio
Gaidzinski, que mais tive amizade. Inácio, além de servir todos com
muita simpatia e ótimo atendimento, também fazia os melhores cafés
e cafezinhos, por isso marcou sua forte presença entre seus clientes
assíduos.
Antes dessa data, Inácio já havia participado de diversas outras
atividades, conforme informações de seu filho, o arquiteto Nelson.
Em 1941, ele e sua esposa, Irma, trabalharam na casa Zilli, de
propriedade de seu sogro, Celeste Zilli.
Em 1945, o casal foi morar na localidade de Santana, município
de Urussanga, atendendo a um convite de Júlio Gaidzinski para
administrar um bar e lanchonete naquele local.
Em 1952, após a venda do Café Ouro Preto, estabeleceuse com armazém de secos e molhados na Rua João Pessoa, ponto
posteriormente vendido a Antônio Caldeira Góes, que o transformou
em Empório Santo Antônio (já citado no livro).
Em seguida, Inácio voltou à velha atividade: comprou o Bar
Gruta Azul, localizado no Edifício Mampituba.
Em 1956, ele e seu irmão Venício arrendaram o Bar São José,
de propriedade de José Darós, situado na antiga Rua Paulo Marcus,
próximo à estação da estrada de ferro.
Em 1964, foi trabalhar em Forquilhinha, na Agroeliane,
permanecendo nesse trabalho até sua aposentadoria.
Inácio Gaidzinski
283
Este é o resumo da história de Inácio Gaidzinski e do Café Ouro
Preto, que teve tantos proprietários, porém por falta de conhecimento,
citei somente meu velho amigo Inácio, que considerei o principal e do
qual tenho grata memória.
Inácio Gaidzinski e sua esposa, Irma (já falecidos), tiveram os
filhos: Nelson (formado em Arquitetura, com grande atividade em toda
a Região Carbonífera, com excelentes obras arquitetônicas), Nilton
(comerciante do ramo da Gastronomia, hoje aposentado) e uma única
filha, Nelma (falecida).
284
Café Rio
O início da história do Café Rio remete ao ano de 1942, data
de sua fundação. Porém, vou falar somente deste estabelecimento a
partir do ano de 1951. Deste ano até hoje, o empreendimento teve
dez proprietários. Vou citá-los pela ordem: Luiz da Silva, conhecido
como Luiz Açougueiro, Túlio Cascaes, Antônio Colossi, Sírio Broleis,
Haires Pesenti, irmãos Scot, Nereu, Mário e seu cunhado, Herculano,
Reinaldo Rzatik e Adão da Cunha Claro.
Há possibilidade de terem existido mais alguns proprietários,
mas não foi possível pesquisar.
Atualmente, o proprietário é Brás Batista De Bem, que vem
administrando o Café Rio desde 1975, portanto há quase 40 anos.
Vem atuando com muito esforço, bastante competência e experiência,
adquiridas nesse ramo de negócio na cidade de São Paulo.
O local é muito frequentado pelos comerciantes e comerciários
vizinhos do estabelecimento, que fazem seu lanche no local, e por
outros que já são clientes costumeiros e não sabem ir ao Centro sem
dar uma chegada no Café Rio, o point da cidade.
Aos sábados, a movimentação cresce bem mais que nos outros
dias da semana. Brás sempre contou com a colaboração preciosa de
sua esposa, Marta Cancelier, e de seu filho, Daniel, no sucesso deste
tradicional café de Criciúma.
Haires Pesenti
Reinaldo Rzatik
285
Casal Marta e Brás De Bem
Café São Paulo
Bem numa esquina da Praça Nereu Ramos, situava-se o Café São
Paulo, que tinha este nome devido ao primeiro proprietário, Abílio Paulo,
que o colocou no andar térreo de um prédio, o Edifício Filhinho.
Este bar tinha um tamanho razoável e servia café e sorvete em
mesinhas redondas, com pés de ferro e tampos de mármore.
O sorvete, em especial, era servido em taças de prata,
acompanhadas sempre de um copo com água bem gelada. Os garçons
eram muito atenciosos.
Depois, foi adquirido pelo senhor Almiro Rusa, que, no final de
1951, vendeu o estabelecimento a Sebastião e Cantídio Ramos. Com
habilidade, muito trabalho e simpatia, sob a tutela de Sebastião, teve
grande sucesso.
Anos mais tarde, os irmãos Ramos repassaram este estabelecimento
para Antônio Colossi e Antônio Milioli (Nim). Estes trabalharam muito
bem por alguns anos e passaram o negócio para Milton Serafim, que se
dedicou por um ano com bastante competência e bom desenvolvimento.
Como Milton já administrava também o Carlitos Bar, sentiu-se muito
atarefado e resolveu vender para seu cunhado Lauro Búrigo, que teve ali
uma breve passagem.
O próximo proprietário foi Vitorino Fernandes, que, vindo
da vizinha cidade de Tubarão, já com muita experiência nesse ramo,
conseguiu um bom retorno financeiro.
Entre 1973 a 1976, foi adquirido por José Kras Borges, que,
acompanhado pelos seus filhos, deu continuidade na administração
deste bar, com muito carinho a seus clientes.
Antônio Colossi
Antônio Milioli
José Kras Borges
286
Vitorino Fernandes
A seguir, houve um novo administrador, João Patrício Lima,
que permaneceu por pouco tempo.
O penúltimo proprietário foi Hélio Paz, que tinha adquirido
muita experiência em São Paulo e tinha um novo estilo de atividade.
Ficou com este café durante 16 anos e fez um trabalho excelente.
Os últimos administradores foram Lúcio Martins e Francisco
de Souza Costa, que trabalharam por mais 13 anos e também deixaram
sua marca.
Em 2007, venderam os direitos do “ponto” a uma belíssima
sapataria.
Essa venda interrompeu um ciclo de várias décadas do tão
querido Café São Paulo, ponto de encontro de políticos, famílias e
jovens. Seus proprietários foram muitos, mais de dez, que contribuíram
com a história deste estabelecimento. Na sua maioria, não se encontram
mais em nosso meio.
287
Carlitos Bar e Lanchonete
Os proprietários deste estabelecimento fizeram uma verdadeira
revolução nesse segmento, construindo instalações ultramodernas, que
ainda hoje seriam consideradas bastante luxuosas. Aliás, está fazendo
falta uma casa dessa qualidade.
Seu proprietário foi Carlos (Carlitos) Rovaris, que, juntamente
com sua irmã, Dozola, e o cunhado, João Fernandes dos Reis, muito se
dedicou para que sempre se oferecesse um bom atendimento. Situavase na Praça Nereu Ramos, na parte térrea da residência da família
Rovaris.
Naquela época, era ponto de encontro dos jovens enamorados,
das famílias, enfim, de todos os criciumenses.
Era um lugar aprazível, onde todos se sentiam muito à vontade.
Essa experiência foi trazida por Fernando (mais conhecido por
Fernandão) e Dozola do Rio de Janeiro.
Carlitos era casado com Arcirene Bianchini, a Neneca, como
era conhecida, e eles tiveram duas filhas: Maria Helena (casou-se muito
nova, é administradora do lar) e Miriam (formada em Enfermagem).
Fernando e Dozola, antes de se associarem a Carlitos, moraram
muitos anos em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. O casal teve
dois filhos: Mário (que faleceu muito jovem) e Madalena (psicóloga).
Modernas instalações do Carlitos Bar
Carlitos Rovaris
288
Os quitutes servidos no bar eram de primeira qualidade, e o
ambiente, muito agradável, porque seus proprietários eram pessoas
alegres e sabiam receber todos muito bem. Após as sessões de cinema, muitos se aligeiravam para ocupar
os melhores lugares e por lá ficavam conversando e se deliciando com
os quitutes por uma parte da noite. Este bar foi vendido para os irmãos
Vaudrílio e Milton Serafim em 1961.
Todos os sócios da família de Carlitos e também Vaudrílio já
faleceram.
Carlitos Bar por ocasião de sua inauguração
289
Churrascaria Ok
De tão famosa, creio que não precisaria escrever sobre esta
churrascaria: ela está na mente da maioria dos criciumenses, que, quase
choraram quando ela fechou suas portas. Sempre esteve na Rua Seis de
Janeiro em dois lugares diferentes.
Em 1950, eu conheci esta churrascaria, que tinha como
proprietário Aníbal Meller. Funcionava no porão do prédio da Sociedade
Recreativa Mampituba, que foi fechado com treliças de madeira,
revestidas de trepadeira. Algum tempo depois, o estabelecimento foi
adquirido pelos primos Ari Fernando e Murici José Búrigo, que a
transferiram para outro ponto da mesma rua, mas desta vez para sede
própria.
Ali ficaram por muito tempo, oferecendo um excelente trabalho,
um saboroso churrasco e aquela chuleta assada que só eles sabiam fazer.
As pessoas se sentiam tão bem naquele restaurante, como se estivessem
em casa.
Seus garçons se tornaram tão próximos dos fregueses que
conheciam o ponto do churrasco que cada um gostava.Tinha também
o famoso bife acebolado, que nunca mais se vai comer igual. Os
comerciantes, quando queriam agradar os representantes comerciais
que vinham de outras cidades, os levavam a almoçar ou jantar na Ok.
À noite, era ponto marcado para levar as famílias ou para o
encontro de amigos, principalmente depois dos jogos do Comerciário
Esporte Clube, hoje Criciúma Esporte Clube.
Murici José Búrigo
Ari Fernando Búrigo
290
Ari e Murici tinham sido excelentes jogadores do Comerciário e
ficavam conversando sobre futebol com muita sabedoria. Eram ídolos
da torcida. Com a qualidade que possuíam, hoje haveriam de se tornar
jogadores milionários.
Ari era casado com Neide Pereira (ambos falecidos), com
quem teve os filhos Rui Fernando (agrimensor), Sara (contadora),
Raquel (formada em Biblioteconomia e funcionária pública), Renato
(engenheiro civil) e Valério (representante comercial).
Murici é casado com Darcy Frasson, com a qual tem os filhos:
Maria de Fátima (formada em Biblioteconomia), Maria Isabela (formada
em Administração, falecida) e André João (comerciante, também
formado em Administração).
291
Churrascaria Riachuelo
Esta casa de gastronomia funcionou na década de 1960 a 1970,
na Rua Seis de Janeiro, próximo ao Cine Milanez. Oferecia aos seus
inúmeros clientes ótimas refeições, especialmente gostoso churrasco e
outros acompanhamentos à moda da casa.
Pertencia a João Oliveira Rosa, conhecido carinhosamente
como João Victor, e à sua esposa, Ana Clarinda Bitencourt, que muito
contribuiu com seu companheiro.
João contava, além de sua esposa, com seus filhos, João Luiz
(Dango) e Macário, como também com seus genros, Altair e Adilson,
que colaboravam, tanto na cozinha, como nos serviços de atendimento
às mesas.
Como era bom ser freguês desta churrascaria. Eu mesmo
gostava de fazer minhas refeições com eles, pois a gente se sentia em
casa, devido ao carinho recebido.
Em 1972, este estabelecimento foi cedido ao craque do E.C.
Metropol, Carlos Alberto Bezerra, que mudou o nome para Bezerrão.
O novo proprietário, além de dar o mesmo bom atendimento
aos antigos clientes do senhor João, ainda contava com a preferência de
seus companheiros, jogadores e torcedores do E.C. Metropol.
Permaneceu no mesmo endereço por mais algum tempo,
mudando-se depois para a Rua Cecília Darós Casagrande, nas
proximidades da LARM (Liga Atlética da Região Mineira).
Infelizmente, todos os ex-proprietários são falecidos, mas deixaram
um pouco de suas histórias.
Casal Ana Clarinda e João Oliveira Rosa
292
João Oliveira Rosa e Ana Clarinda tiveram os filhos: Dalva
(comerciante), Daura (professora), Dora (professora e comerciante),
Laura (contadora), José (caminhoneiro), Macário (comerciante),
Zélia (comerciante), Liana (comerciária), Sônia (professora e
comerciária), Regina (comerciante), João (representante comercial),
Tânia (comerciária), Albertina (do lar), Ricardo (representante) e Jorge
(falecido).
293
Crisul Hotel Turismo
Situado na Avenida Centenário, número 3001, este extraordinário
empreendimento hoteleiro é uma belíssima construção de 21 andares.
É o segundo prédio mais alto da cidade até os dias de hoje, só sendo
ultrapassado pelo Edifício Cavaler.
Argemiro Bongiolo e Ari Dal Bó eram os seus proprietários. E
foi com muito planejamento e entusiasmo que construíram este hotel.
Conta com 123 apartamentos de luxo, uma ampla recepção, um
enorme restaurante, salão de convenções e tudo que se faz necessário
para a sua categoria de quatro estrelas.
Este hotel foi inaugurado em 18 de fevereiro de 1982 com uma
grande festa, pois foi um acontecimento marcante para o todo o sul do
Estado de Santa Catarina.
Essa iniciativa partiu de pessoas que eram os proprietários da
antiga fábrica de calçados Crisul. Devido ao grande desenvolvimento
da sua empresa, especialmente com a exportação de calçados para o
exterior, resolveram expandir os seus negócios para outras atividades.
Tiveram a feliz ideia de construir o Crisul Hotel Turismo, aproveitando
a marca já consagrada, Crisul.
Esses empreendedores ajudaram a alavancar o desenvolvimento
de nossa região. Criaram, com essa iniciativa, oportunidades para se
realizar grandes eventos, como convenções e inúmeras atividades
comerciais e industriais, acomodando todos os participantes que
vinham de outras cidades com o devido cuidado, pois eficiência e
profissionais bem treinados não faltam até hoje neste hotel.
O trabalho oferecido e o atendimento especial deixam os
hóspedes muito satisfeitos.
Argemiro Bongiolo
Crisul Hotel Turismo
294
Esses empresários já faleceram, mas deixaram seus exemplos de
dignidade para seus descendentes.
Argemiro era casado com Alda Oliveira, com a qual teve as filhas:
Teresinha (formada em Relações Públicas e empresária do comércio),
Cleuza (tem curso de Arquitetura incompleto, hoje empresária), Valdeia
(empresária do ramo de hotelaria, deu continuidade ao trabalho de seu
pai).
Ari era casado com Neide Gonçalves. O casal teve os filhos:
Alexandre (engenheiro químico, com doutorado na França e hoje
professor da Universidade de Extremo Sul Catarinense - Unesc), Rodrigo
(estudante de Engenharia) e Fernando (formado em Engenharia de
Materiais, presta serviço na fábrica de plásticos Cristal).
295
Golden Bar
Este bar se situava no Edifício Benjamin Bristot, na Praça Nereu
Ramos. Seus primeiros proprietários foram Antônio Mazzuco e Elpídio
Stopassoli, os quais, em maio de 1962, venderam o estabelecimento
para José Zomer e Polidoro de Lorenzi Cancelier.
Com muita dedicação, José e Polidoro administraram este
bar, que estava localizado em um local muito procurado por casais
enamorados e pelos comerciários que ali faziam diariamente seus
lanches, bem como pelas famílias criciumenses. Lá eram servidos café
e cafezinhos, sucos, saborosos lanches, refrigerantes e aperitivos, tudo
ao gosto dos clientes.
Em 1966, o Golden Bar foi vendido para Ivo Nuernberg, que,
logo em seguida, repassou-o para Jaime Manique Barreto. Este deu
continuidade ao bom atendimento e dedicou-se dia e noite a um trabalho
correto, desempenhando muito bem o seu papel.
No ano de 1970, Jaime transferiu seu negócio para seu primo
Francisco Manique Barreto (mais conhecido por Titi).
De 1970 a 1974, Titi cuidou muito bem do bar, dando tudo
de si para o bom atendimento a seus clientes, que, na grande maioria,
tornaram-se seus amigos. Porém, esse tipo de trabalho é muito
desgastante, por isso Titi resolveu mudar de atividade, vendendo o bar
para Francisco de Souza Costa e Vilmar Amorim.
Esses dois sócios já tinham muita experiência nesse tipo de
trabalho, adquirida em São Paulo. Como lá trabalhavam perto do Hotel
Cadoro, trocaram o nome do Golden Bar para Lanchonete e Bar
Cadoro.
José Zomer
Jaime Manique Barreto
296
Francisco Manique Barreto
A sociedade durou quatro anos, obteve sucesso e muitos clientes.
Os proprietários, porém, resolveram desativar o empreendimento,
dando fim, assim, ao Golden Bar, após 18 anos de funcionamento. No
local, passou a funcionar a Cricifios.
José Zomer é casado com Iracema de Lorenze Cancelier e juntos
tiveram uma filha, Sílvia Regina (advogada).
Jaime é casado com Sueli Garbelotti, com a qual tem o filho
Rogério, que trabalha com terraplenagem e é sócio de seu pai.
Francisco é casado com Laura Dassoler, tendo com ela dois
filhos: Giovane (é padre, formado em 1963, em Roma) e Gilberto
(comerciante, cuida da loja de seu pai).
297
Gruta Baiana
Vidal de Oliveira começou sua atividade profissional como
barbeiro. Tempos depois, passou a empresário do ramo de gastronomia,
sendo o seu primeiro restaurante a Gruta Baiana, localizada na Praça
Nereu Ramos.
Ele era amigo de todos e possuía ótima freguesia. Trabalhou
com este restaurante alguns anos, somente encerrando as atividades do
estabelecimento quando fez sociedade com Silvio Búrigo na instalação,
nesse mesmo local, da Casa Santa Catarina, já citada em outro capítulo.
Paralelo a esse negócio, construiu a Churrascaria Rancho Alegre
na Travessa Padre Pedro Baldoncini, que durou bastante tempo,
servindo, além de um ótimo churrasco acompanhado de saladas, pratos
bem diversificados. Entre esses, havia um gostoso arroz com galinha,
muito apreciado por todos.
Nesta churrascaria, Vidal contou com a grande ajuda de seu
cunhado, Fúlvio Naspolini, que era o responsável pelo caixa, com
muita firmeza e dedicação.
Vidal determinava o funcionamento da cozinha.
Seu último empreendimento foi a construção de um prédio de
quatro andares, também na Travessa Padre Pedro Baldoncini.
Na parte superior, foram construídos diversos apartamentos
residenciais, que foram ocupados por ele e sua família.
Na parte térrea, foi instalado o Restaurante Pigalli, com modernas
instalações. Era um restaurante de primeira linha em qualidade, onde as
famílias criciumenses se reuniam para apreciar suas boas refeições.
Vidal de Oliveira
298
Vidal de Oliveira era casado com Gília Naspolini, e o casal
teve os filhos: Leda (empresária de confecções e estilista), Edson
(engenheiro agrônomo), Elga e Leia (ambas empresárias do comércio)
e Dóris (professora de Inglês).
Infelizmente, o casal Vidal e Gília já é falecido.
299
Hotel Brasil
Situado na esquina das ruas Conselheiro João Zanette e Paulo
Marcus, este hotel já existia em 1950. Seu proprietário era o senhor
Esaú, que o administrou por muitos anos. Foi depois adquirido pela
família Dal Bó, liderada por Augusta Message Dal Bó, com o auxílio
dos filhos: Basílio, José, Lino, Terezinha e Mário.
A família Dal Bó administrou muito bem este hotel até 1960,
quando o passou para as mãos de Hilário Milanez, que o levou avante
até 1968. Deixou sua marca de ótimo gerenciamento no ramo de
hotelaria. Infelizmente não participa mais de nosso convívio.
O hotel foi vendido então para João Raupp (já falecido) e
Antônio Augustinho (Pimenta, como era conhecido). Além do hotel,
começou a funcionar também no local um ótimo restaurante. O Lions
Clube Criciúma Centro, por exemplo, era uma das entidades que faziam
lá seus jantares festivos.
Mas mesmo com os bons serviços que eram oferecidos, essa
sociedade acabou em 1976. Foi então vendido para um gaúcho. Daí
em diante, sucederam-se muitos proprietários, como Aládio Bum, que
o vendeu para Ricardo Spilere. Este, acompanhado de sua mãe, Alzira
Zata Borges, levou adiante o empreendimento até 2008.
O Hotel Brasil muito contribuiu no atendimento aos visitantes
da cidade, principalmente os viajantes comerciais que chegavam de
trem ou de ônibus, desembarcando bem próximo ao estabelecimento.
Hilário Milanez
Antônio Augustinho
300
João Raupp
Hotel Palace
Este hotel, que no seu tempo era tido como o mais hospitaleiro
no Centro de Criciúma, na Rua Coronel Pedro Benedet, pertencia a
Dona Leopoldina Scheidt.
Eu a conheci comandando, com muita competência, tanto o
hotel como o restaurante em 1950. Era, sem dúvida, o melhor hotel
da cidade. Os viajantes e representantes comerciais que passavam por
Criciúma eram fregueses assíduos e sempre retornavam, em virtude da
qualidade do atendimento oferecido.
Eu, Valdemar Cirimbelli e Edemerval Campos éramos hóspedes
mensalistas. Em razão dessa proximidade, Dona Leopoldina sempre
nos tratou como se fosse nossa segunda mãe. Tenho muitas saudades
dessa senhora, e acredito que todos os hóspedes que por lá passaram
nutrem este mesmo sentimento.
Dona Leopoldina era viúva e teve três filhos: Abelardo
(proprietário de hotel, como a mãe), Alaíde e Aracy, esta conhecida
como Sissi (ambas professoras de grande prestígio na cidade).
Dona Leopoldina faleceu no dia 15 de fevereiro de 1980, aos 81
anos de idade.
Leopoldina Scheidt
301
Restaurante Capri
Situado na Praça Nereu Ramos e administrado pelo seu
dono sempre simpático e solícito, Cyro Bacha, tínhamos o excelente
Restaurante Capri.
Cyro foi comerciante do ramo da gastronomia e trabalhou
com muita dedicação neste seu restaurante. Produzia pratos deliciosos
e foi por muitos anos o chef cozinheiro das reuniões do Rotary Club
de Criciúma, do qual também fazia parte e onde teve oportunidade de
prestar um bom serviço à comunidade. Sua esposa, Valmira Luz, que
todos chamávamos de Mirinha, também trabalhou na Casa da Amizade,
dirigida pelas esposas dos rotarianos.
Cyro exerceu também a profissão de radialista, tendo sido
locutor esportivo na Rádio Eldorado. Foi vereador no período de 1970
a 1976 e membro da Loja Maçônica Presidente Roosevelt. Alguns anos
antes de falecer, foi morar na cidade de Florianópolis e deixou em
Criciúma muitos amigos que o admiravam.
O casal teve os filhos: Ana Soraya (enfermeira de alto padrão),
Cyro Filho (advogado) e Simon Habibe (empresário).
Cyro Bacha
302
Restaurante Castelinho
Situado na esquina da Avenida Rui Barbosa com a Rua Marechal
Deodoro, este restaurante se destacou pela forma de sua construção:
era todo de madeira e lembrava um castelinho. Foi uma novidade muito
interessante na época. Seu primeiro proprietário foi um gaúcho que
deu início a um restaurante especializado em churrasco, à moda do Rio
Grande do Sul.
Ele obteve um bom sucesso. Lembro, ainda, de um detalhe: a
formação do então Clube dos Diretores Lojistas (CDL), hoje Câmara de
Dirigentes Lojistas de Criciúma foi realizada neste restaurante durante um
almoço. Naquele momento, foram denominados os membros da primeira
diretoria desta tão importante instituição para o comércio de Criciúma.
Depois de algum tempo, o estabelecimento foi adquirido
por Antônio Milioli (mais conhecido como Nim), que levou adiante
o empreendimento por mais alguns anos, sempre dedicando muita
atenção a seus clientes.
A construção onde se localizava o Castelinho foi demolida
e deu lugar a um prédio, o Edifício Padoim, encerrando, assim, este
emblemático restaurante, que deixou sua marca na história da cidade.
Antônio e Simone, sua esposa (ambos falecidos), tiveram 11 filhos:
Francisco, carinhosamente chamado de Milioli Neto (jornalista esportivo),
Terezinha (casada com empresário), José, o Mochila (empresário do setor
da gastronomia), Herta (professora), Agenor (empresário do setor da
gastronomia), Maria de Lourdes, a Nega (professora), Geraldo (decorador,
trabalha com artes em geral), Antônio (professor, foi reitor da Universidade
do Extremo Sul Catarinense - Unesc), Irene (comerciante), Ademir
(empresário) e Gilberto (engenheiro metalúrgico).
Casal Simone e Antônio Milioli
303
Restaurante Colúmbia
Pertencente a Abelardo Scheidt, funcionou por muitos anos
na Rua Coronel Pedro Benedet como um restaurante de muito boa
qualidade e altamente frequentado pelos representantes comerciais e
por outras pessoas que visitavam a cidade.
Por alguns anos, nesse local se realizaram as reuniões do Rotary
Clube. Graças ao bom atendimento do proprietário, os rotarianos
saíam satisfeitos.
Anos mais tarde, Abelardo construiu um prédio na Praça Nereu
Ramos, onde por muito tempo funcionou o Hotel Criciúma.
Além deste empreendimento, esse criciumense tinha o hábito
de caçar, e, por isso, acabou fundando o Clube de Caça e Pesca Alberto
Scheidt, nome de seu pai, tendo sido seu primeiro presidente.
Era casado com Hélia Angeloni e juntos formaram um admirável
patrimônio.
Depois de seu falecimento, esposa e filhos resolveram desistir
dos negócios e, então, puseram o imóvel à locação. No local hoje
funciona a Loja Koerich.
O casal teve os filhos Adalberto (engenheiro civil), Ivan
(comerciante, falecido), Elias (médico ortopedista) e Eveline (pedagoga).
Abelardo Scheidt
304
Restaurante Mochilas
Este restaurante era administrado por José Milioli, conhecido
como Mochila, e Agenor Milioli, o Noni. Ambos já eram especializados
em gastronomia, pois trabalharam muito tempo com seu pai, Antônio
Milioli (Nim), nos restaurantes Castelinho, já mencionado, e Recanto de
Kátia, que relatarei em seguida.
Antes de trabalhar no restaurante Mochilas, José, juntamente
com sua esposa, Ana, arrendou o restaurante do Criciúma Clube e
lá, atendendo sócios e não sócios, conseguiu uma enorme clientela.
Tornou-se muito considerado no setor pelo bom trabalho que realizou.
Ele e Ana faziam ótimos jantares, ceias, buffets de casamento e outras
recepções, sempre com muito capricho.
Posteriormente, com seu irmão Agenor, montou o Restaurante
Mochilas na Rua Seis de Janeiro, que funcionou nesse endereço por
muitos anos, com grande clientela, até que se mudou para a Rua Marcos
Rovaris, na esquina com a Rua Domingos Darós. Agenor, a essa altura,
já não mais tocava o negócio, tendo deixado unicamente a administração
a seu irmão José (Mochila).
Este último era um espaço muito mais amplo, aconchegante e
bonito. Continuou com o mesmo sucesso por muitos anos.
José era casado com Ana Maria Tomaz (já falecida), com a qual
teve os filhos: Eduardo (professor de jiu-jitsu), Henrique (empresário)
e Tatiana (empresária).
Agenor, o Noni, é casado com Jeane Tiscoski. O casal tem
os filhos: Rafael (formado em Administração) e Geanini (estilista de
moda).
Agenor Milioli
305
Restaurante Recanto de Kátia
Este pitoresco restaurante funcionava na parte dos fundos da
Galeria Beneton. Seus primeiros proprietários foram Francisco Serafim
e sua esposa, Nilda de Oliveira.
A origem do nome Recanto de Kátia se deu por um fato muito
interessante: assim que o casal iniciou o restaurante, este ainda não havia
sido intitulado, mas já era muito frequentado pelos seus diversos clientes.
Um deles, muito especial, era o famoso cantor e compositor catarinense
Pedro Raimundo. Francisco, que se tornara conhecido do músico,
pediu uma sugestão de nome a seu estabelecimento. Imediatamente,
Pedro Raimundo olhou para a filha do casal ali presente e perguntou
como se chamava a menina, e os proprietários responderam: “Kátia”.
Pedro Raimundo, então, sugeriu “Recanto de Kátia” por situar-se em
um recanto da Praça Nereu Ramos.
Devido a sua localização no Centro da cidade e seu ótimo
atendimento, além do cardápio sempre variado e gostoso, mantinha
um grande número de fregueses.
Anos mais tarde, Francisco e Nilda admitiram como sócio
Antônio Milioli, que todos conheciam como Nim, e, juntos, trabalharam
muito tempo com bastante sucesso. Ainda após muitos anos inativo, o
Recanto de Kátia deixa saudades no comércio de Criciúma.
Francisco (já falecido) e Nilda tiveram cinco filhos: Carlos
(formado em Recursos Humanos, já falecido), Gilberto (comerciante
da indústria de confecções), Kátia (secretária), Gisele (comerciante) e
Marisa (do lar).
Sobre Antônio Milioli (Nim), deixo de comentar neste capítulo,
pois já foi citado inúmeras vezes em razão de suas atividades em outros
estabelecimentos comerciais.
Casal Nilda e Francisco Serafim
306
Siso’s Restaurante
Esta é mais uma história de muito trabalho e dedicação de
Linário Marcello, conhecido como Siso, e de sua esposa, Olga Serafim.
Siso começou sua trajetória no ramo da gastronomia trabalhando como
garçom por alguns anos. Devido a sua maneira educada de atender,
angariou muita simpatia, amizade e experiência, por isso se tornou
empresário de restaurante, obtendo muito sucesso.
Iniciou essa nova opção de trabalho no restaurante do Campestre
Iate Clube, na Lagoa dos Esteves, em 1970. Em 1975, trabalhava no
restaurante Azulão, do Criciúma Esporte Clube. Em 1978, assumiu
como ecônomo da Sociedade Recreativa Mampituba e do restaurante
do Criciúma Clube, sendo que para este último encarregou seu irmão,
Leoni. Essa orientação não foi necessária muito tempo, pois daí em
diante Leoni ficou sozinho e comandou o restaurante, ajudado por sua
esposa. Atualmente sua família está dando continuidade ao trabalho.
No Mampituba, Siso, e sua esposa, Olga, trabalharam sempre
muito bem, realizando a parte gastronômica do restaurante do clube e
de muitos acontecimentos empresariais, políticos e festivos. Sempre de
fácil e agradável trato, era muito fácil combinar com ele cardápios para
todos os gostos e capacidades financeiras.
Foram muitos casamentos, bodas de prata e de ouro, aniversários,
jantares de clubes de serviço, convenções, formaturas, afinal, é
impossível citar todos os tipos de acontecimentos que festejavam suas
datas no Mampituba.
Siso fazia com o mesmo capricho jantares simples ou
sofisticados. Sempre teve muita colaboração de sua esposa. Atualmente,
ela e seus filhos estão levando adiante o trabalho iniciado por Siso, que
infelizmente já faleceu.
Casal Olga e Linário
Marcello
307
Com a união e harmonia da família, o empreendimento foi
crescendo e hoje é uma grande empresa. Os filhos, Fernando e
Gustavo, junto à mãe, Olga, construíram no quilômetro número 5635
da Rodovia Otávio Dassoler, no bairro Imigrantes, uma grande casa
de festa, o Siso’s Hall, inaugurado em 2007. No local, são atendidos
inúmeros eventos, exposições, feiras industriais, desfiles de moda,
enfim, encontros com grande número de pessoas. Todo o sul do
Estado procura este estabelecimento quando precisa realizar grandes
promoções.
O casal Siso e Olga teve os filhos Fernando e Gustavo, ambos
empresários do ramo da gastronomia.
308
309
Auto Peças Leal
Esta firma, no início, foi gerenciada por Jorge Leal, com a
colaboração de Egídio Soratto, apesar de este não ser sócio. Paulo
Freitas era seu sócio, mas como era funcionário público, fazia só o
papel de conselheiro.
A Auto Peças Leal era especializada em vendas de peças de
automóveis e caminhões, bem como de todos os acessórios desse
segmento, principalmente os usados em oficinas mecânicas.
Após alguns anos de trabalho, este empreendimento passou para
as mãos de Daci Amboni, que continuou contando com a colaboração
de Egídio.
Para Daci, era um trabalho que ele muito bem sabia fazer, pois
trabalhou muitos anos na Jugasa, onde foi diretor. Com muita eficiência,
Daci e Egídio levaram avante esse trabalho por alguns anos.
Com a criação do Calçadão na Rua Seis de Janeiro, houve
um problema: não havia mais estacionamento para carros naquele
logradouro, o que dificultava a vinda dos clientes para a loja. Em 1977,
Daci se aposentou e encerrou suas atividades nesse negócio, passando
a administrar seu patrimônio.
Jorge Leal (já falecido) era casado com Ondina Custódio, que
tiveram os filhos: Carlos Rogério (advogado) e Luiz Jorge (químico
industrial).
Paulo era casado com Sueli Espíndola (ambos já falecidos), com
a qual teve somente um filho, Paulo José.
Daci (também falecido) era casado com Délvia Minatto. O
casal teve os filhos: Anelise (médica), César (odontólogo) e Luciene
(bancária, já aposentada).
Daci Amboni
Jorge Leal
310
Casa Castelan
Este era o nome da loja de peças de automóveis, localizada na
Rua João Pessoa, que pertenceu ao saudoso João De Bona Castelan.
Ninguém se preocupava quando precisava de uma peça de carro,
pois se não tivesse no estoque, Seu Joanim, como todos o chamavam,
mandava buscar.
Muito trabalhador, era um homem sereno, correto e muito bom
chefe de família. Adorava falar do Criciúma Esporte Clube, de quem era
colaborador e um dos mais destacáveis torcedores. Apesar da avançada
idade, não perdia nenhum jogo, mesmo que o time não estivesse muito
bem no campeonato.
Foi casado por mais de 60 anos com a florianopolitana, que
se tornou criciumense de coração, Maria José Nunes Pires (Zezé).
Professora do mais alto gabarito, ocupou por 17 anos o cargo de
direção de escolas e transmitiu seus conhecimento a muitos jovens
criciumenses.
O casal teve seis filhos: Valter (engenheiro, faleceu muito novo
num acidente aéreo), João (médico-cirurgião e professor da Universidade
do Extremo Sul de Santa Catarina - Unesc), Maria de Lourdes (advogada),
Maria Helena (professora, também já falecida), Maria Bernadete
(professora universitária de Música e exímia pianista) e Eugênio
(engenheiro, professor da Universidade Federal de Santa Catarina).
Joanim e Zezé, que já não estão mais conosco, tiveram a
desventura de perder dois de seus filhos, mas não se tornaram pessoas
duras. Eram muito católicos e possuidores de muita fé. Passavam a
todos muita simpatia, conformação e alegria. Era um prazer e um
aprendizado conversar com eles.
João De Bona Castelan
311
Crivel Automóveis
Situada na Rua Itajaí, pertencia ao empreendedor Martinho
Acácio Gomes, que também foi proprietário das empresas Transportes
Criciumense e Ouro Preto Hotel. Ainda era dono de outras
concessionárias de automotores, a Comat, em Tubarão, a Dimasa,
em Araranguá, e a Guaíba Car, em Porto Alegre (RS), todas da marca
Volkswagen.
A Transportes Criciumense era, na época, a maior transportadora
do sul do Estado. Sua frota de caminhões transportava a maioria das
cargas do comércio e da indústria local. Atendia Porto Alegre, Criciúma,
Tubarão, Florianópolis, São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), além de
outras cidades de Santa Catarina.
Desse segmento Martinho entendia muito, pois começou
como caminhoneiro e se tornou, a partir de sua experiência, grande
empresário. Chegou a ser revendedor autorizado da Volkswagen em
todo o litoral sul catarinense.
O Ouro Preto Hotel foi outra grande iniciativa de Martinho.
Situava-se num lindo prédio que ele próprio construiu. Era, entre
todos, o hotel mais luxuoso da época: possuía quatro andares de suítes
e um serviço de hotelaria impecável para bem servir os viajantes que
chegavam em nossa cidade. No andar térreo, além da portaria, havia
diversas lojas comerciais. O dia de sua inauguração foi como, bem
lembro, um marco para a sociedade de Criciúma.
Martinho Acácio Gomes
312
Não se pode deixar, obviamente, de mencionar o acontecimento
anual de 1º de outubro, quando Martinho, ano após ano, patrocinava
a grande festa dos viajantes, que vinham das mais diversas cidades,
faziam carreata pelo Centro e almoçavam todos juntos, numa grande
confraternização. No fim das contas, mobilizava e atraía toda a cidade.
Casado com Lavina Machado, teve os filhos: Maria Helena
(pedagoga), Neri (administrador de empresas), Vantenor (economista),
Lenir (jornalista, grande colaboradora do Supermercado Angeloni) e
Maria Salete (psicóloga).
Martinho faleceu muito jovem e, por incrível coincidência do
destino, em 1º de outubro, dia de sua tão amada Festa dos Viajantes, no
ano de 1967. Criciúma perdeu, nesta data, um grande batalhador.
313
Forauto Veículos
Quando se vai de Criciúma em direção ao município de Içara,
não se pode deixar de observar a Forauto Veículos, localizada na Avenida
Centenário, no Bairro Próspera. Esta grandiosa empresa foi adquirida
em 1967 da Comercial Importadora Criciumense de Automóveis S.A.,
pertencente à família Amin, de Florianópolis. Iniciava em Criciúma, na
Rua Marcos Rovaris, como revendedora Willys. Dez meses depois, com
a aquisição da Willys Overland do Brasil pela Ford, passou a ser sua
distribuidora.
A empresa atua no ramo de veículos novos, seminovos, peças,
acessórios, serviços e consórcios, sendo que todas as lojas Forauto seguem
o novo padrão mundial da Ford.
No início tinha como sócios-fundadores Rubens Costa, João
Thadeu Bialecki, José Alfredo Beirão, Diniz Gaidzinski, Epitácio
Benedet e Antônio Sílvio Carneiro.
A direção desta empresa ficou muito tempo a cargo de João
Thadeu Bialecki, que, com sua vasta experiência e muita competência,
levou adiante o sucesso do empreendimento. Contava ainda com a
ajuda de Rubens Costa, que, apesar do envolvimento com seu cartório,
o mais importante da cidade, sempre fez parte das decisões.
A evolução da Forauto iniciou a partir dos lançamentos dos
novos carros de fabricação nacional.
Rubens Costa
João Thadeu Bialecki
314
Os primeiros, em 1970, foram a caminhonete Belina, Corcel I e
Corcel II. Daí em diante, até 2003, houve uma sequência permanente
de novos lançamentos: a picape Pampa, o belíssimo carro Del Rey, os
sedans Escort e Verona, o belo e espaçoso Versailles, o moderno Fiesta,
o pequeno carro Ka, que caiu no gosto dos brasileiros, a picape Courier
e a possante picape Ranger, além da caminhonete EcoSport, também
muito bem aceita.
Com a retirada dos sócios-fundadores, Rubens Costa os sucedeu.
Hoje a direção desta grande empresa está a cargo de Renato Angeloni
Costa, que, com muita capacidade, continua o trabalho de seu pai e de
seus antecessores.
Com o acordo comercial do Brasil com outros países,
principalmente da América Latina, a Forauto vem tendo um grande
incremento no setor comercial de carros importados. Portanto, tanto
na linha nacional ou importada, a Forauto está sempre atualizada,
acompanhando com muito sucesso o mercado mundial.
A empresa conta com um quadro de excelentes funcionários, muito
bem treinados, tanto nas vendas, como em sua oficina especializada. Ainda
oferece ótimo atendimento em pós-venda, assegurando a garantia de um
bom negócio aos seus melhores clientes.
A Forauto é hoje uma das mais importantes concessionárias de
carros Ford de todo o sul do Estado. Além de Criciúma, está presente
em Araranguá desde 1982, com a revenda Ford completa, e também
no município de Içara, no bairro Vila Nova, na BR-101, com a Forauto
Caminhões, desde 1985. Foi a primeira revenda Ford com instalações
exclusivas para caminhões no Brasil. Também, em 2008, foi inaugurada
a segunda revenda de caminhões Ford na cidade de Osório, no Rio
Grande do Sul.
Rubens Costa era casado com Olga Angeloni (já falecida) e teve
com ela os filhos: Renato (formado em Engenharia Mecânica) e Lilian
(formada em Administração).
João Thadeu Bialecki era casado com Márcia Meller (ambos
falecidos) e teve com ela os filhos: Cirilo (empresário), André
(engenheiro civil) e Rachel (formada em Administração).
315
Jugasa
Esta firma pertencia a Júlio Gaidzinski, pai de Diniz, que
continuou o trabalho, desenvolvendo muito a então concessionária de
veículos Chevrolet.
Quando cheguei a Criciúma, esta empresa já estava presente,
por isso não vi seu início, mas graças a informações confiáveis, me
autorizo a escrever sobre ela.
Com a experiência adquirida, quando prestou sua contribuição
à Companhia Carbonífera Próspera, o competente jovem Júlio
Gaidzinski, em 1941, começou uma sociedade com a participação de
seu irmão, José, e de seus cunhados, José Angeloni e Nelson Teixeira.
O local escolhido foi a esquina da Avenida Rui Barbosa com
a Rua Marcos Rovaris. Ali construíram um galpão com a finalidade
de formar uma empresa diversificada, com mecânica de caminhões e
automóveis, posto de gasolina (foi um dos primeiros) e também ferraria,
a fim de atender à demanda desses serviços aos veículos existentes na
época.
Com o grande desenvolvimento da mineração de carvão mineral
na região, em 1946, a empresa achou por bem aumentar o número
de sócios, passando a ser denominada Júlio Gaidzinski S.A. – Jugasa.
Estendendo suas atividades, passou a revender veículos e tornou-se
subagente da Chevrolet.
Os carros eram importados pela firma Carlos Hoepcke.
Nessa época, adquiriram alguns ônibus e entraram também no
ramo do transporte coletivo, que fazia a linha de Criciúma a Siderópolis
com bastante eficiência.
Júlio Gaidzinski
Diniz Gaidzinski
316
Em 1961, a empresa estava estabilizada, e o futuro era promissor.
Surgiu então a oportunidade de adquirir a concessão da revenda Chevrolet
para atender toda a Região Carbonífera com caminhões e caminhonetes,
consolidando-se, nessas duas décadas, como uma das maiores revendedoras
do sul do Estado de Santa Catarina.
Em 1962, o filho de Júlio, Diniz, assumiu a direção da empresa,
enfrentando uma grande crise econômica após a Revolução de 1964,
que atingiu todo o setor. Júlio faleceu antes de ver todo o sucesso de sua
empresa.
Com espírito empreendedor e dinamismo, Diniz conseguiu levar
avante o estabelecimento, formando uma outra equipe de colaboradores
com novas ideias.
Convidou para a sociedade seu amigo Sílvio Búrigo, tornandose ambos sócios majoritários. Com essa reforma administrativa, a
Jugasa voltou a ter seu crescimento a todo vapor. O novo sócio, Sílvio,
na qualidade de grande vendedor, comunicativo e falando muito bem
o italiano, percorria o interior do município e trazia quase sempre a
notícia da venda de um veículo.
As vendas ainda tiveram maior desenvolvimento quando,
em 1968, a Chevrolet lançou o carro Opala, de fabricação nacional,
belíssimo, com excelente motor de quatro cilindros e linhas modernas.
Devido a todo esse desenvolvimento, houve a necessidade de
maior espaço físico. Assim, foi construído, na Rua Coronel Pedro
Benedet, em 1970, em uma ampla área, um novo prédio, com arquitetura
e instalações ultramodernas.
Nesse ponto, Diniz deu continuidade ao bom atendimento a
sua grande clientela, tanto no setor de vendas, como no da oficina,
tornando-se uma liderança no segmento automobilístico.
Em 1982, a Chevrolet lançou outro carro, o Monza, que mais
uma vez revolucionou o mercado e deu à Jugasa o prêmio de Campeão
Nacional de Vendas de Automóveis.
No ano de 1984, surgiu outra grande iniciativa do grupo com a
criação do Consórcio Jugasa, que incrementou ainda mais as vendas de
automóveis.
Em 1991, ao comemorar os 50 anos da empresa, Diniz construiu,
na Avenida Centenário, no Bairro Próspera, uma nova e grande agência,
numa área de 7.500 metros quadrados, oferecendo ainda melhor
317
oportunidade a toda sua cinquentenária clientela.
Nessa época, Diniz passou a contar na sua diretoria com seus
filhos, Ricardo e Pércio, além de seu genro Rogério. Com sua família
unida em torno da empresa, esta se tornou um verdadeiro gigante
no mundo dos negócios automobilísticos. Após esse período, entrou
também na diretoria o segundo genro de Diniz, Vanderlei.
Com a entrada do novo século, a família Gaidzinski, além da
bandeira Chevrolet, passou a ser revendedora autorizada da famosa
marca Honda (loja Gendai) e Peugeot (loja Bourbon) em Criciúma.
Também se tornou concessionária da Fiat em Araranguá (loja Napoly),
e revendedora Fiat em Tubarão, Criciúma, Içara e Laguna (lojas Unità).
É preciso destacar o excelente quadro de colaboradores desta
empresa, sempre com treinamento especializado para bem atender
todos que a procuram.
Por tudo isso, Diniz é merecedor da mais alta consideração,
como um homem empreendedor.
É casado com Zulma Beneton, com quem tem os filhos:
Ricardo, Liliane, Pércio e Denise. Todos são empresários e fazem parte
da empresa.
318
Sebastião Ramos
Conheci Sebastião na minha chegada a Criciúma em 1950. Ele
era garçom do Café São Paulo, e desde aquele tempo, já via nele um
grande talento para o comércio. Cheguei a convidá-lo para trabalhar
comigo nas Casas Pernambucanas, porém, nesse meio tempo, ele e seu
irmão, Cantídio, compram o Café São Paulo, que era de propriedade do
senhor Almiro Rusa.
Se como empregado ele já fazia um excelente trabalho, como
proprietário, passou a ser ainda melhor, despertando sua excepcional
qualidade de comerciante.
Alguns anos depois, mesmo com excelente desempenho do
empreendimento, resolveram vendê-lo. Sebastião empregou o capital
obtido no ramo de venda de veículos.
O carro mais vendido por ele na época era da marca Simca, com
linhas modernas e grande estabilidade, que ele adquiria da concessionária
da cidade de Tubarão. Nesse setor, ele foi um verdadeiro fenômeno,
tornando-se um dos maiores vendedores do sul do Estado.
Chegando ao conhecimento dos diretores da montadora, ele foi
convidado a visitar a fábrica, onde lhe ofereceram a concessão para a
cidade de Criciúma. Esse fato aconteceu em 1964, quando foi criada a
firma Auto Distribuidora Sebastião Ramos.
Daí em diante, o sucesso se tornou ainda maior, e as vendas
dispararam, já que a fábrica se renovava constantemente, com modelos
cada vez mais atrativos, conforme passo a relatar.
No ano de 1958, a fábrica Simca iniciou sua fabricação na cidade
de São Bernardo do Campo (SP).
Sebastião Ramos
319
Em 1959, a empresa lançou o Simca Chambord, automóvel
derivado do modelo Francês Vedette, com suas linhas modernas, que
teve uma grande aceitação no mercado brasileiro.
Em meados de 1962, essa empresa lançou uma versão esportiva
do Chambord, denominada de Rally. Nesse mesmo ano, foi lançado
um novo modelo, a Perua Jangada, derivada do Chambord, que foi a
primeira perua de grandes dimensões.
Acompanhando as tendências das fábricas brasileiras, a Simca
lançou o modelo Alvorada.
Em 1964, a empresa lançou o Chambord Rally e o Tufão Rally
e em 1965, o Simca Presidence.
Ainda em 1965, foram introduzidos novos aperfeiçoamentos no
Tufão de 1966. Nesse mesmo ano, foi lançado o primeiro modelo de
luxo Rally Emi-Sul.
Em novembro de 1967, a Simca foi absorvida pela Chrysler, que
continuou produzindo o Esplanada e o Regente até 1969.
Em julho desse mesmo ano, teve início a fabricação do primeiro
Dodge Dart nacional.
O novo modelo, lançado na versão quatro portas, veio para
competir com outras marcas de fábricas diferentes. Foi lançado em seis
cores diversas. Com essa nova linha, passou a ter penetração de 41,4%
no mercado brasileiro, tanto pelo preço, como pela beleza. Foi um
verdadeiro “carrão”, muito cobiçado pelos seus clientes.
Em 1973, foi lançado o Charger R/T. No mesmo ano, foram
produzidos mais de 17 mil veículos das linhas Dart/Charger.
Já no ano de 1978, foram montados os últimos Gran Sedan, que
apresentaram mudanças nos seus automóveis, incluindo duas versões
bem luxuosas, o Magnum de duas portas e o Le Baron de quatro portas.
A Volkswagen alemã finalmente comprou 67% das ações da
Chrysler brasileira em 1979.
Apesar das promessas de dar continuidade à produção dos carros
Dodge e o Charger R/T, aconteceu bem o contrário: eles praticamente
desapareceram.
Em novembro de 1980, a Volkswagen comprou o restante
das ações da empresa e, apesar da promessa, em agosto 1981, parou
de fabricar a linha Dodge. O diretor alemão mesmo disse: “Esses
carros seriam fabricados no máximo mais seis meses”. E foi o que se
320
concretizou.
A montadora alemã passou a utilizar as antigas instalações da
Brasmotor/Chrysler para fabricar seus caminhões, encerrando assim a
história da Dart/Charger no Brasil.
Contando com a boa fase dessa empresa até o ano de 1977, em
sua extraordinária linha Simca/Dart, somada ainda a sua estratégia de
venda e competência de Sebastião Ramos, não foi difícil dominar o
mercado criciumense na venda destes belíssimos automóveis.
Em 1978, percebendo os problemas criados na transformação
da empresa acima, resolveu procurar outra bandeira e conseguiu a
concessão da fábrica Fiat, que produzia os carros mais populares do
Brasil. Formou uma nova empresa, denominada de Novitalia Sebastião
Ramos.
Com essa nova bandeira, o sucesso não tardou a aparecer,
tendo dominado essa faixa do mercado em toda a Região Carbonífera
por dois anos.
Não era só no setor de venda que mereceu destaque. Foi
também, nas modernas instalações de sua oficina, que dava suporte e
bom atendimento a sua grande clientela.
Mesmo com todo o sucesso na venda nos carros Fiat, em 1980,
Sebastião resolveu vender a concessão para um amigo empresário de
Araranguá.
Daí em diante, decidiu trocar de atividade e partiu para o ramo
carbonífero. Montou a Coquesul, localizada na Rodovia SC-445,
no quilômetro 5, incluindo nela seus familiares, liderados pelo filho
Sebastião Francisco, que está dando continuidade à empresa até hoje.
Sebastião aposentou-se e vem administrando somente seu
patrimônio particular, mas deixou sua marca de grande empresário
no comércio de carros, contribuindo e valorizando a região sul do
Estado nesse segmento.
Sebastião era casado com Dalvina Gomes (já falecida), com a
qual teve os filhos: Sebastião Francisco (empresário de mineração e
indústria de coque), Saulo Adriano e Sérgio Forte (falecidos), Celso
Renato (empresário), Célia Rogéria e Silvana Maria (empresárias).
321
Vitral Comércio de Acessórios para Veículos Ltda.
De propriedade de Sílvio Damiani Búrigo, a Vitral representa
com louvor em nossa cidade o comércio de acessórios veiculares.
Natural de Urussanga, mas radicado em Criciúma desde 1970,
Sílvio é médico urologista de destacada competência e dignidade nas
áreas de clínica médica e cirúrgica. Por isso, é respeitado entre seus
colegas e pacientes. É também sócio da Clínica Médica Criciúma e da
Unirim.
Além de seus reconhecidos atributos científicos, não posso
deixar, evidentemente, de destacar o lado empresarial e empreendedor
que caracteriza o espírito de Sílvio Búrigo.
Sempre atuante na sociedade, liderou diversas empresas, entre
as quais, a Vitral, inicialmente situada na Avenida Getúlio Vargas, e a
antiga Vidrocar, inaugurada em 20 de janeiro de 1972, antecessora da
Vitral.
Em 1979, a sede da Vitral no Centro foi transferida para
um prédio próprio com amplas e modernas instalações na Avenida
Centenário, número 3450.
Em sociedade com sua mãe, Lema Damiani Búrigo (já falecida),
e juntamente com Moacir Araújo, Sílvio manteve a Vitral até 1989.
Nesse ano, Moacir afastou-se da sociedade, restando apenas Sílvio
e sua mãe como sócios. Já a administração da empresa ficou sob a
responsabilidade de seu irmão, Alamiro Damiani Búrigo, um importante
colaborador por 20 anos e responsável pela expansão e amplificação da
loja.
Sílvio Damiani Búrigo
322
A Vitral permanece no comércio criciumense até hoje e é líder
regional no segmento de vidros e acessórios para veículos de todas as
marcas e modelos. Desde fevereiro de 2000, Márcio Becker Pedroso é
o sócio-administrador do empreendimento.
Além de ser excelente médico e empresário, merece nosso
reconhecimento pelo seu profícuo e destacável trabalho social e
político prestado à comunidade de Criciúma. Foi presidente do
Criciúma Esporte Clube, propiciando muitas alegrias aos torcedores
desse clube juntamente com sua diretoria; além disso, é Rotariano há 37
anos, com participação contínua no Conselho Diretor do Rotary Club,
tendo sido presidente dessa entidade por três mandatos, sempre muito
atuante; foi ainda presidente da Fundação Municipal de Cultura, eleito
em 1987; durante o Centenário do município de Criciúma foi um dos
organizadores dos festejos.
Modernas instalações da Vitral na Avenida Centenário
323
324
325
Posto Chic Chic
Este posto de combustível funcionou nas décadas de 1980 e
1990, no Centro da cidade, mais precisamente na Avenida Getúlio
Vargas, entre as ruas Santo Antônio e Lauro Müller. Situava-se em um
dos muitos terrenos de propriedade de Santos Guglielmi.
Sua origem se deveu a uma conversa no Bar Pipocas, que, ao
lado do Cri Lanches, era uma espécie de clube privado. Ali os executivos,
com seus copos de whisky, se reuniam para papos descontraídos nos
finais de tarde.
Num desses encontros, Milton Carvalho, conversando com
Realdo Guglielmi, que era o filho mais velho de Santos, ouviu a sugestão
de ser instalado um posto de serviço, com lavação rápida e atendimento
na venda de gasolina, pois na área não havia nenhum. Realdo cederia o
terreno sem nenhum ônus.
Milton, que na época assessorava a Transportadora Manique,
imaginou que, juntamente com seu pai, Heitor Carvalho, poderia tocar
o negócio e imediatamente fez contato com a Atlantic, empresa que na
época ainda operava no Brasil com distribuição de combustíveis.
Técnicos da empresa vieram a Criciúma olhar o local e aprovaram
a construção do posto, muito embora tenham mencionado as restrições
naturais causadas pelo posicionamento do terreno, em meio de quadra,
que prejudicava sensivelmente a manobra dos veículos e de certa forma
inibia a entrada de clientes.
Milton imediatamente comprou duas máquinas de lavar, montou
o posto, com assessoria e cobertura da Atlantic, e se especializou em
lavação, com venda de gasolina.
Algum tempo depois, Milton Carvalho foi convidado a voltar
para a Construtora Criciumense, da família Fridberg, onde já havia
trabalhado anteriormente e resolveu vender o negócio.
Milton Carvalho
Ari Nardino
326
Jacinto Caetano, um gaúcho que havia trabalhado na Industrial
Conventos, tinha um trailer de lanches e procurou Milton e seu pai,
Heitor, para colocá-lo no pátio do posto. Ficou sabendo que o posto
estava à venda.
Imediatamente, Caetano procurou seu conterrâneo e amigo Ari
Nardino Praessler, que era, na época, diretor da Industrial Conventos, e
propôs parceria, pois assim, além de trabalhar com o trailer de lanches,
Caetano administraria o Posto.
Ari não podia se envolver com atividades que comprometessem
suas responsabilidades na empresa onde trabalhava e só aquiesceu
depois de muita insistência e da promessa de que Caetano tocaria o
negócio sozinho, prestando-lhe contas do movimento financeiro.
O negócio foi concretizado graças a uma permuta de um
terreno, localizado na Rua Frei Caneca, atrás do antigo Pastifício Fio
de Ouro, que foi propriedade de Raul Oliveira e onde posteriormente a
Construtora Criciumense edificou um pequeno prédio.
A administração de Jacinto Caetano não deu o resultado
esperado, tendo que ser desfeita a parceria.
Ari então procurou seu amigo Lino Bortolotto, que trabalhou na
Cecrisa como motorista e estava aposentado. Lino tinha um caminhão,
mas não podia dirigi-lo devido a problemas de coluna. Convidou-o a
administrar o posto e lhe deu participação.
Lino Bortolotto tinha talento para esse tipo de negócio. Era
cordial, atencioso, cativava os clientes e fez o negócio progredir.
O Posto Chic Chic foi por muito tempo uma referência no
Centro da Cidade, e Lino tornou-se, graças a sua simpatia, conhecido e
reconhecido por todos.
Continuaram com o trabalho até meados dos anos 90, quando
desfizeram a sociedade e fecharam o posto.
Ari é casado com Hilda Paim, com a qual tem dois filhos: André
(pastor da Igreja Luterana Renovada), Alessandro (atua na área de
Marketing na empresa de Sérgio Cadorin) e Anelise (advogada, atua no
Procon).
Milton é casado com Vera Farias, tendo com ela dois filhos:
Juliano (advogado) e Fernanda (formada em Comércio Exterior).
327
Posto Copa 70
Situado na Avenida Rui Barbosa, número 320, este posto
de gasolina foi construído em um terreno de propriedade da Loja
Maçônica Presidente Roosevelt nos idos dos anos 70, provavelmente
em comemoração à Copa do Mundo daquele ano.
O primeiro proprietário arrendatário foi Basílio De Caro, que
o administrou por muitos anos com muita competência. Eu o conheci
bem, pois morava próximo a sua residência e passava sempre por ele.
Os outros proprietários foram: Antônio Soratto (Pipoca), Jacinto
Carboni Nicoladelli, Mário Elói Pizzetti, Ângelo Marcos (Baixadinha),
Tito Milioli e Jonilton Rosso.
De 1976 até setembro de 2001, este autoposto foi de propriedade
de Pedro G. da Rosa, sendo o seu penúltimo proprietário. Daí em diante,
até os dias de hoje, está sendo administrado por Gilmar Sechet.
Todos os seus proprietários foram excelentes administradores, tendo
em vista o sucesso mantido até os dias de hoje. Entre eles, posso destacar
Basílio De Caro e Pedro G. da Rosa, por terem sido muito estimados.
Não fazendo menos dos demais, saliento a força de trabalho desses dois
grandes amigos, sobre quem me autorizo a afirmar que foram excelentes
administradores, pois, além de competentes, foram muito cativantes no
trato a sua grande clientela.
Além de comercializar combustíveis, o posto conta com uma
seção de lavação de carros, tornando-se, pela completude de seus
serviços e pela ótima localização (entre a Avenida Rui Barbosa e a Rua
Tiradentes), um dos mais conhecidos da cidade.
É possível não ter citado alguns ex-proprietários, por falta de
mais fontes. Caso isso tenha acontecido, minhas sinceras desculpas.
Pedro G. da Rosa, um
dos proprietários
328
Posto São Pedro
Situado na Rua Henrique Lage, esquina com Anita Garibaldi,
desde 1961, tinha a bandeira Texaco. Seus primeiros proprietários
foram os Irmãos Benedet, já citados em outro capítulo.
Posteriormente, passou a ser de propriedade da família de João
Fioravante Benedet. Após o falecimento trágico de João, seus filhos,
Antônio, Paulo Roberto e João Paulo, deram continuidade a esta
empresa.
Este estabelecimento comercial do ramo de combustíveis, antes,
como já citamos, de bandeira Texaco, foi incorporado pela Companhia
Ipiranga. Tornou-se um posto dos mais tradicionais da nossa cidade,
com serviços de lavação, abastecimento de gasolina, álcool e muitos
outros produtos do ramo.
Além deste posto no Centro de Criciúma, os irmãos Benedet
construíram um outro, moderníssimo, no bairro Próspera, próximo
ao terminal rodoviário. Nesse novo empreendimento, foram usadas
bombas especiais de gasolina e GNV, além de uma moderna seção de
conveniências, com excelente atendimento aos motoristas que por ali
passam.
Os três filhos de João, liderados pelo irmão mais velho, Antônio,
carinhosamente chamado de Toninho, administram esses postos com
competência, dando continuidade ao trabalho do pioneiro, seu pai.
João Fioravante Benedet, como salientado em texto anterior,
era casado com Olívia Dal Pont, com a qual teve os filhos: Antônio
(empresário do ramo de combustíveis), João Paulo, Paulo Roberto
(formados em Administração e empresários), Zulmira (professora,
atualmente empresária do ramo da gastronomia) e Zelma (formada em
Administração e Serviço Social).
João Fioravante Benedet
329
Posto Soratto
Um dos mais antigos postos de gasolina de Criciúma, estava
instalado na Rua Marcos Rovaris, esquina com a Rua Marechal Deodoro,
tendo como primeiros proprietários os irmãos Soratto: João, José e
Tranquilo.
Quando cheguei a Criciúma em 1950, este posto de gasolina já
existia com a bandeira Atlantic. A família Soratto veio do ex-distrito de
Içara, hoje município, em 1940, e adquiriu um terreno em Criciúma no
endereço acima citado, montando uma oficina mecânica.
João Soratto, o irmão mais velho, teve conhecimento de que havia
sido desativado um posto de gasolina de bandeira Atlantic na cidade
de Araranguá, pois este não estava cumprindo as normas do Governo
Federal. Entrou em contato imediatamente com a empresa Atlantic, que
ficava na cidade de Curitiba (PR), e ofereceu a oportunidade de instalar
um posto em Criciúma, pois eles já tinham uma oficina mecânica e
possuíam um gerador potente para fornecimento de energia elétrica.
A companhia de petróleo Atlantic, tão logo recebeu a proposta,
enviou um inspetor para Criciúma, sendo em seguida instalada a primeira
bomba elétrica de toda a Região Carbonífera. Isso foi facilitado, pois a
firma já possuía energia própria, que, além da bomba, também acionava
o macaco hidráulico para lavação de carros e lubrificação. Ainda possuía
uma loja anexa de autopeças.
Depois de algum tempo, a empresa dos irmãos Soratto passou
a ser revendedora autorizada da International Harvester Máquinas, que
fabricava caminhões e caminhonetes, tratores e equipamentos agrícolas,
além da revenda dos automóveis Citroën e Vanguard Standard.
Irmãos Soratto: João, José e Tranquilo
330
Este posto era muito importante, pois era um dos poucos de toda
a Região Carbonífera que realizava um bom trabalho no fornecimento de
gasolina, bem como no serviço de lavação de carros e caminhões, muito
necessário, devido ao material que era usado nas estradas, a pirita, tão
prejudicial para os carros. Esse contratempo ainda era maior nos dias de
chuva, em que os carros, muito enlameados, precisavam ser lavados com
urgência.
Mais ou menos no ano de 1980, João, que sempre exerceu uma
liderança diante dos irmãos, retirou-se da sociedade para tratar de outras
atividades. Começou a trabalhar com imobiliária, tanto em Criciúma
como no norte do Paraná, e tornou-se um grande vendedor de terras
naquela região.
Em Criciúma, ele fez um loteamento na região do Hospital São
João Batista, construiu na Rua Marechal Deodoro o Hotel Roma, que
era controlado por ele e por sua esposa e, posteriormente, passou a ser
administrado por outro membro da família.
Tomando gosto pelo ramo hoteleiro, seu filho Mário, formado
em Ciências Econômicas e pós-graduado em Marketing Aplicado ao
Turismo, construiu outro hotel, com instalações bem mais modernas, na
mesma rua, com a denominação de Soratur Palace Hotel, em setembro
de 1979.
No antigo posto permaneceu seu irmão José, o Bepe, que,
acompanhado de seus filhos e genros, trabalhou por mais alguns anos,
àquelas alturas, com a bandeira Texaco. Mais adiante, este posto se
mudou para a rodovia SC-446, no Bairro Mina Brasil.
Após o falecimento de José, em 6 de janeiro de 2001, seu filho,
Silvino, e o genro, Mário Doneda, continuaram o trabalho e estão firmes
até hoje.
O irmão Tranquilo ficou com o Posto São João, de bandeira
Esso, na mesma Rua Marcos Rovaris, número 405, em frente à Padaria
Brasil. Esse posto passou depois para os cuidados de Lédio, filho de
Tranquilo, que continuou o trabalho do pai. Lédio faleceu muito jovem.
Com o falecimento do pai e do filho, hoje o posto pertence a outros
proprietários, com nova bandeira.
João Soratto era casado com Helena Salvador (já falecidos). O
casal teve os filhos: Maria (do lar), Marly Terezinha (do lar, já falecida),
Mário (formado em Economia e empresário do ramo de hotelaria),
331
Marcolina (empresária) e Mauro Luiz (engenheiro mecânico).
José era casado com Olinda Cesca (ambos já falecidos) e
tiveram os filhos: Elzira (bancária da CEF), Augusta (do lar) e Silvino
(empresário).
Tranquilo (também já falecido) era casado com Filomena Rizieri,
com a qual teve os filhos: Maria Amélia, Onélia e Zélia (professoras),
além de Valmor e Lédio (empresários), Valdir (engenheiro mecânico),
Sandra Regina (nutricionista) e Maria Tereza (formada em Enfermagem).
332
Posto Spillere
Este posto foi fundado em 1960 com o nome de Posto Nossa
Senhora das Graças na Rua Cônego Aníbal de Francia, no Bairro
Pinheirinho, com a bandeira Atlantic. Seu proprietário, João Spillere,
e seus filhos muito se dedicaram e, com muita eficiência, formaram
uma grande clientela. Este posto permaneceu com a família até 1969.
Após venderem o estabelecimento, construíram, ainda no
Pinheirinho, o posto que recebeu o nome de Posto Pinheirão, com bandeira
da Petrobrás. Em seguida, em 1975, adquiriram o Posto Sociedade Santa
Bárbara - Nosso Posto - com a bandeira da Texaco. No mesmo ano, em 4 de
maio, faleceu João Spillere. Em seguida, o posto foi totalmente reformado,
e ali funcionou a primeira loja de conveniência de Criciúma.
Os filhos continuaram com a atividade de postos de gasolina,
sendo todos sócios, adquirindo ainda um posto nas proximidades do
Estádio do Criciúma Esporte Clube, com a bandeira Petrobrás.
Em 1989, a sociedade foi desmembrada. Nelson, Nereu e Nilton
permaneceram com os dois postos com bandeira Petrobrás, e Nério e
Neri, com o Nosso Posto Sociedade Abastecedora Santa Bárbara, de
bandeira Texaco. Posteriormente, foi adquirido pelos sócios Nério e
Neri o Posto de Maracajá, localizado na BR-101, de bandeira Texaco,
com o nome de Nosso Posto.
Em 1998, foi construído o Nosso Posto em Florianópolis,
na SC-401, quilômetro número 11, também com a bandeira Texaco.
Atualmente, esses postos estão com a bandeira Ipiranga, uma vez que a
Texaco vendeu a parte que atuava no Brasil.
João Spillere
Nério Spillere
333
Nelson Spillere
Nelson tornou-se o único proprietário do Posto Pinheirão, o
antigo Posto Nossa Senhora das Graças, por ter comprado a parte de
seus dois outros sócios, Nereu e Nilton.
Vemos que a família Spillere continuou uma bela história iniciada
por João, acompanhando o progresso de nossa Criciúma, pois agora
são filhos, genros, noras, netos e netas que administram os postos.
João Spillere era casado com Ana Zanardo, tendo com ela os
filhos: Nério, Nelson, Neri, Elsa Maria, Nereu e Nilton.
Nério é casado com Olívia Salvador, com a qual tem as
filhas Juliana (empresária), Cibele (pedagoga) e Cíntia (formada
em Administração), todas trabalhando no ramo do comércio de
combustível.
Nelson, antes de assumir como empresário, trabalhou como
radialista na extinta Rádio Difusora de Criciúma por muitos anos.
Trabalhou também na Rádio Marconi de Urussanga. Lembro-me bem
desse fato, porque a Casa Imperial era uma das patrocinadoras de seu
programa radiofônico.
Nelson, casado com Maria Ivone Gomes, tem uma filha, Lília
Luzia (pedagoga, especializada em Educação Infantil). O casal também
teve o filho Júlio César (já falecido).
Neri é casado com Vera Búrigo, com a qual tem os filhos: Ricardo
(empresário, trabalha no Posto Santa Bárbara) e Felipe (odontólogo).
334
Posto Wilson Barata
Por volta de 1956, Wilson Freire Lopes Barata arrendou um
terreno na esquina da Avenida Rui Barbosa com a Rua Marechal
Deodoro e construiu um posto de distribuição de combustíveis, que
oferecia gasolina, óleo lubrificante e tudo mais desse setor. Instalou
também no local um ótimo serviço de lavação de veículos, o que era
muito importante naquela época, devido às péssimas estradas, revestidas
com pirita queimada (resíduo extraído na mineração do carvão), que os
deixava em péssimo estado quanto à limpeza.
Wilson administrou esse posto por um período de dez anos
e tinha como colaboradores seu cunhado, Mauro Meller, que era seu
braço direito, e Laurindo Meneguel, entre outros.
Durante esse período, foram prestados ótimos serviços,
conseguindo assim uma grande clientela, tanto pela eficiência de sua
equipe de trabalho, como também por estar localizado em um ponto
estratégico, no Centro da cidade.
Após esses dez anos, quem assumiu a direção deste posto
de combustíveis foi Henrique Dauro Martinhago, filho de Leandro
Martinhago, este proprietário do terreno.
Henrique Dauro montou uma ótima equipe de colaboradores
e deu continuidade ao estabelecimento por dois anos. Ele era uma
pessoa muito ocupada, pois exercia a profissão de cirurgião-dentista,
atendendo em seu consultório particular e também no INSS, onde era
funcionário. Além disso, dava plantão no Hospital São José, por ser
especialista nessa área.
Wilson Barata
Américo Cadorim
Benicto Amboni
335
Henrique Dauro
Martinhago
Tinha adquirido, junto com seu sogro, Dino Gorini, a Mineradora
São Marcos. Por falta de tempo, resolveu vender o posto a Américo
Cadorin e Benicto Amboni.
A partir daí, os novos proprietários deram nova denominação
ao posto, que passou a se chamar Cadorin e Amboni com mudança de
bandeira para a Esso.
Esses dois sócios trabalharam juntos por 13 anos e deram
continuidade ao posto no mesmo ritmo em eficiência e trabalho.
Em 1979, Américo Cadorin, resolveu trocar de atividade
e partiu para o transporte coletivo ao adquirir a empresa Expresso
Coletivo Içarense. Dessa forma, cedeu sua parte do posto ao sócio
Benicto Amboni. Este continuou trabalhando no estabelecimento por
mais de 20 anos com muita dedicação e eficiência, sempre muito cortês
e elegante com seus fregueses. Só fechou o posto na data do término
do arrendamento do terreno.
Após ter ficado algum tempo desativado, eis que surge um novo
proprietário: Paulo, filho de Dauro, que, após fazer uma grande reforma
no estabelecimento e já com a nova bandeira da Petrobrás-BR, assume o
posto. Com as moderníssimas instalações e mais alguns novos serviços
de excelente qualidade, incluindo uma loja de conveniência, funciona
até hoje.
Portanto, somando o trabalho de todos os proprietários, o posto
completa mais de meio século de serviços prestados à comunidade
criciumense. Daí merecer esse registro.
336
337
Abílio Paulo
Abílio, como era conhecido por todos, não possuía loja na época
em que o conheci. Foi proprietário do Café São Paulo e do Cine Rovaris,
que ostentou o nome da família de sua esposa, Cândida Rovaris, filha do
primeiro prefeito de Criciúma, Marcos Rovaris.
Ele teve a loja muito tempo antes de eu vir para Criciúma e a
transferiu para seu cunhado, Silvino Rovaris, que deu prosseguimento ao
estabelecimento, denominado de Casa das Sedas (também descrita neste
livro).
Abílio Paulo era o proprietário do prédio onde se localizava
a filial das Casas Pernambucanas, da qual eu era gerente. Por isso,
tornamo-nos grandes amigos.
Durante muito anos, foi presidente da Sociedade Recreativa
Mampituba, a qual, por intermédio dele, pude frequentar e formar
muitas e belas amizades. Abílio era um presidente responsável e por
demais dedicado a esse clube, que fazia bailes maravilhosos.
Muitos anos depois, quando eu me tornei proprietário da Casa
Imperial, vendia para ele meus produtos a preço de custo, não só por
ser seu amigo, mas também por exercício de gratidão, ideal que sempre
mantive em minhas relações de amizade. Falei-lhe certa vez que não iria
mais lhe vender qualquer produto, pois ele contava para todos quanto
havia pago, e os outros vinham pretender a mesma regalia.
Tivemos um pequeno atrito por causa de política. Abílio era da
UDN (União Democrática Nacional), e eu, apesar de não demonstrar
tendência para nenhum partido – pois comerciante tem que se manter
isento e agradável aos olhos de todos –, sempre tive uma pequena queda
pelo PSD (Partido Social Democrático), que rivalizava com a UDN no
cenário político da época.
Abílio Paulo
338
Certo dia, ele me flagrou defendendo o PSD e ficou muito
brabo, deveras sentido. Passado algum tempo, tudo voltou ao normal,
sem ressentimento, o que me deixou muito satisfeito.
Abílio possuía muitos imóveis. Num deles, situado na Rua
Melvin Jones, onde, aliás, tinha uma chácara, construiu duas casas, uma
para seu uso próprio e outra para seu filho. Cuidadoso, não deixava
que as casas ficassem com a pintura feia ou com algum detalhe sem
conserto. Isso ele fazia também com seus prédios, que eram todos
muito bem cuidados.
Andava sempre de terno e, na maioria das vezes, com gravata.
Conta-se que quando tinha loja, foi roubado por três homens,
e a polícia, ao prendê-los, pediu que ele mandasse a comida, pois não
tinha como sustentar os presidiários. Ele mandou comida por uns dias
e depois mandou soltar os três elementos. Só que antes de mandá-los
embora, fez uma fotografia deles, de pé, encostados numa parede, pois
caso voltassem, seriam reconhecidos.
Abílio era casado com Cândida Rovaris. O casal teve um filho
com o mesmo nome do pai, por isso é conhecido por Filhinho.
Abílio faleceu de problema cardíaco, enquanto veraneava na
Praia do Rincão. Posteriormente sua esposa também faleceu.
339
Auto Viação São Cristóvão
A Auto Viação São Cristóvão era de propriedade dos irmãos
Névio, Nereu, Aristides e Elvídio Lazzarin, que tinham como sócios
Waldemar Machado e Arno Hertel. Situava-se na Travessa Padre Pedro
Baldoncini, na esquina com a Rua Marechal Floriano Peixoto.
Iniciou sua atividade como posto de gasolina e foi em seguida
transformada em empresa de transporte coletivo, que fazia o percurso
de Criciúma a Nova Veneza e de Criciúma a Içara.
Mais adiante, compraram os direitos da empresa Rápido
Criciumense, de propriedade de Érico Becker, que fazia o trajeto de
Criciúma a Porto Alegre (RS).
Posteriormente, adquiriram também de outro empresário o
trecho de Florianópolis a Porto Alegre.
A Auto Viação São Cristóvão tornou-se muito importante,
adquirindo dezenas de ônibus novos. Contando ainda com o
asfaltamento da BR-101, as viagens de Criciúma a Porto Alegre e a
Florianópolis tornaram-se mais agradáveis.
Além de transportar passageiros, também era muito comum
levar encomendas, principalmente dos pais para os estudantes que eram
obrigados a morar e estudar em outras cidades, pois, na época, Criciúma
ainda era carente de bons educandários. Muitos mandavam roupas,
dinheiro e almoços de domingo para seus filhos em Porto Alegre e
Florianópolis pela Auto Viação São Cristóvão.
Arno Hertel, Névio Lazzarin e Waldemar Machado
340
Antes da São Cristovão, uma viagem até Porto Alegre era feita
por caminhos muito diversos de hoje. Passava-se pelo Bairro Mãe
Luzia, seguindo pelos municípios de Maracajá e Araranguá, no sul de
Santa Catarina – onde se atravessava o rio com balsa –, e daí a Torres,
onde se passava a viajar pela praia. Nesse trajeto da praia, o ônibus
atolava muitas vezes.
Daí em diante, ainda existiam diversas balsas, mas nas
proximidades de Porto Alegre, a estrada se tornava um pouco melhor.
A minha primeira viagem a Porto Alegre foi com a empresa
Jaeger. Saí às 3 horas da manhã de Criciúma e cheguei às 10 horas da
noite. Foi uma verdadeira aventura! Nesse ponto, realmente a empresa
Auto Viação São Cristóvão merece a glória de ter sido a pioneira do
bom transporte dos criciumenses para o Rio Grande do Sul.
Em agosto de 1989, a Auto Viação São Cristóvão foi vendida
para a empresa EUCATUR.
O sócio Arno Hertel era casado com Elga Tasso Bianchini.
O casal teve os filhos: Artur (engenheiro civil), Liliane (advogada e
administradora de empresas), Janine (enfermeira), Cibele (empresária),
Cynara e Cíntia (professoras).
Névio Lazzarin era casado com Lídia Filipe, com a qual teve os
filhos: Alberto, Jorge, Janete e Joel (todos advogados).
Waldemar Machado era casado com Gerda Becke (já falecida),
tendo com ela os filhos: Helena (marchand de tableaux), Dóris (escritora e
cantora lírica), Edson (administrador de empresas) e Paulo (já falecido).
Nereu é casado com Maria Helena Espíndola, tendo com ela os
filhos: Marcio (comerciante) e Luiz Carlos (secretário da Prefeitura de
Garopaba).
Aristides era casado com Hermínia, com a qual teve os filhos:
Carlos Alberto (fisioterapeuta) e Luciana (do lar).
Elvídio era casado com Delícia Vasconcelos. O casal teve os
filhos: Carlos (comerciante), Lucimar e Eva (do lar).
Dos irmãos Lazzarin, apenas Nereu continua vivo. Os sócios
Arno e Waldemar também não fazem mais parte de nosso convívio.
341
Benevenuto Guidi
Este comerciante de madeira teve seu empreendimento situado
em dois endereços: o primeiro foi na Rua Henrique Laje, e o segundo,
na Rua Anita Garibaldi. Somente conheci Benevenuto a partir de 1950,
quando ele era comerciante de madeira e já havia conseguido com esse
trabalho um patrimônio considerável, deixando uma boa herança aos
seus familiares.
Todos o chamavam carinhosamente de Nuto, e sua residência
era ao lado da Casa Imperial, na Travessa Padre Pedro Baldoncini.
Tornei-me seu grande amigo, pois adorávamos conversar e colocar os
assuntos em dia.
Além disso, Nuto conhecera meu pai, Abel Benedet, na cidade
de Lauro Müller. Com meu pai, ele aprendeu a trabalhar em serraria,
por isso o chamava de mestre nessa profissão de madeireiro. Fiquei
muito orgulhoso em saber desses elogios a meu pai e adorava escutar
essas palavras vindas de alguém tão valoroso e honrado como Nuto,
que infelizmente não está mais em nosso meio.
Era casado com Anunciata Milioli. O casal teve quatro filhos:
Arlindo (administrador de empresa carbonífera, já falecido), Lídia (do
lar), Airton (comerciante, falecido) e Maria Zélia (do lar, falecida).
Benevenuto Guidi
342
Carlos Augusto Borba
Carlos não é comerciante, mas sua vida toda foi ligada ao
comércio de Criciúma, por meio do escritório em que atende com seu
eficiente e honesto trabalho contábil.
Além desse trabalho, Carlos foi professor da Escola Técnica
de Comércio e secretário de Finanças da Prefeitura de Criciúma na
gestão de Algemiro Manique Barreto. É membro atuante do Lions
Clube Criciúma Centro, atuando em campanhas memoráveis em prol
da sociedade criciumense junto com seus companheiros leões.
Por seus méritos, foi agraciado com o título de Cidadão Honorário
de Criciúma no dia 19 de junho de 1956, quando, representando os outros
homenageados, fez um discurso que surpreendeu e emocionou todos que
estavam presentes.
Foi também membro do Conselho Curador da Fundação
Educacional de Criciúma - Fucri - e seu primeiro presidente, reeleito por
quatro períodos. Depois disso, foi nomeado presidente do Conselho
Técnico Pedagógico dessa faculdade pelo então prefeito municipal.
Recentemente, publicou seu livro Reminiscências em Gotas, que
tem tido muito boa aceitação por realmente ser bastante interessante.
Carlos Augusto Borba é casado com Elza Meller, com a qual
tem dois filhos: Maria Isabel (escritora) e Luiz Augusto (médico).
Carlos Augusto Borba
343
Casa Caça e Pesca
Como seu próprio nome já diz, esta loja era especializada em
produtos para caça, pesca e também fogos de artifício. Situava-se na
Rua Conselheiro João Zanette.
Na seção de pesca, eram encontrados bons molinetes, caniços,
anzóis e tarrafas. No setor de caça, eram oferecidos os melhores
produtos: espingardas, revólveres, cartuchos, espoletas e todo o tipo de
munição.
Na parte de fogos, também tudo que existia de moderno era
vendido. Foguetes de lágrimas – como eram apreciados! –, foguetes
comuns, bombas, bombinhas e rojões, tudo que era muito usado em
festas de São João, Reveillón e muitos outros acontecimentos.
O proprietário era Bernardino João Campos, o tão conhecido e
amigo Dino, que trabalhou também por muitos anos nesta loja. Atendia
paralelamente no Instituto Nacional dos Profissionais do Comércio.
Como agente nomeado por esse órgão, fez um trabalho muito bom,
atendendo muito bem todos que o procuravam.
Na parte comercial, Dino também teve muita competência,
tanto nas compras, quanto nas vendas, e foi muito bem assessorado por
uma antiga funcionária, a Lurdes. Em alguns momentos, ainda contou
com a colaboração de seu irmão Demerval (o Chichi), que, após ter se
aposentado e fechado sua alfaiataria, foi trabalhar com Dino. Este, com
aquele modo alegre de ser, conquistava cada vez mais a clientela.
Bernardino João Campos
344
Juntamente com seu cunhado, Abelardo, e por serem muito
ligados à caça esportiva, fundaram o Clube de Caça e Pesca, que levou
o nome de Alberto Scheidt, pai de Abelardo.
Dino (já falecido) era casado com Alaíde Scheidt, professora de
muita sabedoria, simpática e muito humana, que soube transmitir seus
conhecimentos a muitos criciumenses.
O casal teve dois filhos: Vera Lúcia (professora de História Natural
em Porto Alegre/RS e muito dedicada ao artesanato), Ricardo (engenheiro
civil, seguidor dos negócios do pai, que se expandiram muito sob seu
comando, tendo, inclusive, em sua gestão, trocado o nome da loja para
Náutica Esporte, hoje situada na Rua Anita Garibaldi).
345
Cinemas
Cine Rovaris
Esta casa de espetáculos foi construída por Abílio Paulo
na Praça Nereu Ramos. Por muito tempo, foi a única atração dos
criciumenses, principalmente dos jovens, que tinham lá encontro
marcado, principalmente nas noites de sábado e domingo.
Durante a semana, para atrair mais público, tinha o programa
duplo, que era uma sessão com dois filmes na sequência. Havia também
o dia da sessão das moças, quando elas pagavam a metade do valor da
entrada.
O Cine Rovaris cumpriu sua missão de entreter os criciumenses
com ótimos filmes por algumas décadas.
Cine Milanez
Era um cinema lindo, considerando a época em que foi
construído. Era amplo e moderno e situava-se na Rua Seis de Janeiro,
onde funcionou por mais de duas décadas.
O cine Milanez encerrou suas atividades com a morte de Pedro
Milanez, seu proprietário. O prédio foi vendido para uma rede de lojas,
e hoje ali funciona o Magazine Luíza, loja de eletrodomésticos.
Cine Ópera
Clodoaldo Althoff, que tinha um cinema na cidade de Tubarão e
muito entendia do ramo, resolveu construir outro em Criciúma na Rua
Coronel Pedro Benedet.
Muitos filmes de alto gabarito e alguns famosos foram vistos
neste cinema. Espetáculos foram apresentados no local, com a vinda,
inclusive, de artistas de vários pontos do Brasil.
Formaturas escolares e muitos outros eventos foram realizados
neste lindo cinema. Há alguns anos, a sala foi vendida para a Igreja
Universal, que funciona ali até hoje.
346
Compania Telefônica Catarinense
A Telefônica, como era chamada, esteve localizada em dois
endereços: na Rua Seis de Janeiro e na Rua Marechal Floriano. Na
realidade, era filial da empresa de Florianópolis que pertencia a um
grupo da família Ganzo, Coronel João Carlos Ganzo, isso em 1932.
Em 1950, essa empresa era já gerenciada por Malvina Lemos
Heinzen, que, apesar das dificuldades para se fazer uma ligação
telefônica, conduziu muito bem sua incumbência, no que foi ajudada
por suas filhas.
As ligações eram tão difíceis para se conseguir, até mesmo para
a cidade vizinha de Tubarão. Por isso, as pessoas constumavam deixar
o pedido da chamada e voltava, às vezes, até horas depois, para realizála. Durante muito tempo, o telefone usado era tocado à manivela,
porém Malvina atendia todos com muito bom humor e aptidão, nunca
perdendo a paciência, o que a tornou assim muito estimada por todos
que precisavam de seu trabalho.
Anos mais tarde, a companhia foi vendida a uma sociedade
criciumense que tinha como presidente Wilson Barata e passou a
funcionar, com sede própria, na Avenida Getúlio Vargas. Naquela
época, os telefones já eram mais modernos, com discagem, e não mais
com manivela. Passado certo tempo, essa empresa foi incorporada pela
Telesc (Telecomunicações de Santa Catarina), um órgão estadual.
Dona Malvina, natural de Pedras Grandes, teve uma vida muito
longa, desfrutando sempre de boa saúde. Era casada com José Heinzen
e com ele teve os filhos: Ivoly, Iezo, Naor, Lêda e Aleida (todos
falecidos), Haidê (ex-funcionaria da Força e Luz e da Companhia
Telefônica Catarinense), Helena (do lar) e Marli (autônoma).
Malvina Lemos Heinzen
347
Foto Lino
Era um empreendimento que tinha como atividade a comercialização
de produtos do ramo de fotos e material fotográfico. Era administrada
com muito carinho por seus proprietários, Paulo Medeiros e sua esposa,
Abegail. O nome da firma, entretanto, já havia sido dado pelo proprietário
anterior.
O casal trabalhou com muito afinco no ramo da fotografia,
atendendo ao chamado de muitas festas de casamento, aniversários,
batizados e outras mais. Estava sempre com as máquinas em mãos a fim
de fotografar o que fosse necessário, a gosto dos clientes, participando
ativamente da vida social de Criciúma.
Paulinho, como Paulo era conhecido, prestou um grande serviço
aos lojistas quando foi presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas.
Em um movimento benéfico, conseguiu a separação da Associação
Empresarial de Criciúma (Acic) do Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC), que pertencia àquela associação.
Foi um momento muito polêmico, pois a empreitada dividia
opiniões, porém acabou dando tudo certo, e hoje as duas entidades estão
caminhando muito bem, cada uma com suas atividades características.
Paulinho, com a colaboração de sua diretoria, também modernizou
o SPC com computadores, dando rapidez às consultas dos comerciantes
associados, fator que alegrou todos. Em ato de coragem da diretoria,
liderada novamente por Paulinho, foi adquirido todo o quarto andar
do prédio Martinho Acácio Gomes, antigo Ouro Preto Hotel, para
funcionamento da sede própria da CDL.
Casal Abegail e Paulo Medeiros
348
Funciona no local toda a administração, o SPC, o auditório, com
capacidade para 50 pessoas, e o restaurante, a serviço exclusivo dos
associados e convidados.
Todos os sócios da CDL são muito agradecidos a esse grande
líder, por tão belo trabalho na entidade.
Encerrando seu trabalho, Paulinho mudou sua residência para
a cidade de Gravatal, tendo feito, desde então, muita falta em nosso
meio.
Paulinho era casado, como já dito, com Abegail de Oliveira
(carinhosamente chamada de Bega), que lamentavelmente faleceu
em 2009, deixando um vazio em nossa sociedade, impossível de ser
preenchido. O casal teve filhos: Paulo Júnior (representante comercial),
Fabiano (músico) e Bruno (enfermeiro e técnico em Radiologia).
349
Foto Zappelini
De propriedade de Faustino Zappelini (já falecido), inicialmente
se situava ao lado da Igreja São José e, posteriormente, na Praça Nereu
Ramos, já em instalações próprias onde funciona até hoje num prédio
de quatro andares.
Faustino era uma pessoa extraordinária, sempre muito otimista,
inovadora, perspicaz e, acima de tudo, um bom conselheiro para os
amigos. Eu mesmo me vali muito de seus conselhos em ocasiões
importantes.
Ele apostou em um negócio inovador e de muito risco, que,
a princípio, era tido por muitos e principalmente por seus pais como
uma loucura e bobagem que o levaria a perder seu valioso dinheiro,
conquistado com muito suor na lavoura.
Mas ele não enfraqueceu, obedeceu a seus sonhos e correu atrás
deles em Criciúma, uma cidade que, na época, era tida como muito
promissora, devido a sua riqueza natural derivada do carvão mineral.
Foi com grande êxito então que galgou o topo do sucesso. Por
muitos anos, dominou esse segmento sozinho em nossa cidade e hoje
ainda é considerado como um dos melhores. Sempre acompanhou as
inovações da fotografia, setor em que houve um notável desenvolvimento
tecnológico.
Casal Amélia e Faustino Zappelini
350
Inicialmente, valeu-se das mudanças trabalhistas pelas quais
foram implantadas as carteiras de trabalho, documento em cujas
páginas se tornou indispensável a anexação de uma foto três por quatro
do trabalhador, gerando, dessa forma, grandes lucros ao fotógrafo. Ao
mesmo tempo, a cidade crescia, e o dinheiro começava a aparecer com
mais vigor, originando-lhe, assim, mais trabalho
Pode-se dizer que a história de Criciúma e dos criciumenses está
sempre relacionada aos “clicks” de Faustino. Ele sempre estava presente
em todos os momentos importantes para registrar as inaugurações,
paradas cívicas, visitas importantes, eventos políticos, culturais e
sociais, bem como batizados, casamentos, aniversários e tantas outras
passagens importantes das famílias criciumenses.
Falando em trabalho, não posso deixar de falar de sua eterna
companheira e também uma mulher de fibra e muito apoiadora. Assim,
homenagear Faustino é também lançar tributos a Dona Amélia, pois
sempre, em todos os momentos de labuta e de sonhos, ela esteve ao
lado de seu marido. Ainda hoje, no alto de seus 98 anos, vibra muito
com os negócios da família.
Hoje as lojas são comandadas pela segunda e até pela terceira
geração. Quem está no comando principal são os filhos: Osmar (mais
conhecido por Babá), Zaida, Atair e Sérgio.
Portanto, não se deve hesitar em dizer que Faustino e Dona
Amélia foram pessoas à frente de seu tempo. Ele deixou muita falta na
sociedade criciumense.
O casal teve os filhos: Osmar, Atair (empresários da fotografia),
Valdir (empresário, falecido), Zilda (esposa e mãe de músicos), Zaida
(empresária, trabalha na loja), Maria de Lurdes (doceira famosa) e Sérgio
(administrador de empresa e Secretário da Cultura de Criciúma).
351
Frigorífico Sul Catarinense
O Frigorífico Sul Catarinense era uma indústria, mas também
vendia carne no varejo. Por isso, podemos colocá-lo entre as casas
de comércio. Ficava na Rua São José e era administrado por Mário
Diomário da Rosa e Hercílio Teixeira.
Penso, até hoje, que pouquíssimos moradores da cidade deixaram
de comprar carne neste estabelecimento, conhecido como “sindicato”.
Diariamente, filas enormes se formavam para as pessoas poderem
comprar carne fresca.
No frigorífico, além de Mário e Hercílio, que eram os
administradores, ainda havia outros sócios, que deixaram tudo na mão
dos dois e não tiveram problemas, porque a dupla foi muito correta e
eficiente.
Mário também foi sócio-fundador do Rotary Club de Criciúma. Ele
e seus companheiros fundaram o Bairro da Juventude, onde construíram
três casas para abrigar os meninos pobres. Hoje essa instituição abriga
1.500 menores, dando-lhes educação escolar, refeições diárias e ensino
profissionalizante. Esse assunto do Bairro da Juventude já foi citado em
outras páginas em que apareceram rotarianos fundadores.
Católico praticante, muito colaborou com os seminaristas
na formação daqueles que tinham dificuldades financeiras. Hercílio
também colaborava muito com outras entidades beneficentes.
Mário era casado com Maria Philippe, com a qual teve os filhos:
Ada, Adésia, Adiles, Adoralice (todas formadas no Curso Normal),
Antônio Diomário (empresário) e Mário Diomário (engenheiro civil).
Adésia e Adiles já faleceram.
Mário Diomário da Rosa
352
Hercílio Teixeira
Hercílio era casado com Zeferina José. O casal teve os filhos:
Antenor (comerciante, já falecido), Maria de Lourdes (costureira), Volnei
(professor), Alcides (comerciante), Maria Salete (do lar), José Paulo
(professor), João Paulo (construtor civil), Maria Bárbara (professora),
Jorge José (comerciante), Joaquim (professor) e Regina (professora).
Mário e Hercílio já faleceram.
353
Fruteira Ávila
Em 1980, foi iniciado um comércio de frutas e verduras, que se
destacou e se tornou referência por ter produtos sempre fresquinhos e
de boa qualidade, além de muito bom atendimento aos fregueses.
Em pouco tempo, a marca Ávila conquistou o mercado em toda
a Região Carbonífera. Seus proprietários, Germano Ávila e sua esposa,
Bernadete Rios, resolveram estender suas atividades com fabricação de
pães e bolachas.
Dona Bernadete, com a experiência adquirida de sua mãe,
conseguiu fabricar produtos especiais, que caíram no gosto dos
criciumenses, chegando ao ponto de serem disputados pelos clientes.
Esse casal tem hábitos saudáveis de alimentação, e, em virtude
disso, resolveu abrir um restaurante de comida natural na casa do
Agente Ferroviário, na Avenida Centenário.
O estabelecimento funcionou durante três anos e fechou, devido
à dificuldade de conseguir colaboradores especializados.
No local, passou a funcionar uma loja de produtos naturais,
que posteriormente foi transferida para o túnel do terminal rodoviário,
com amplas instalações.
Assim, a loja, que vendia chás, cereais do tipo integral, pães,
biscoitos, frutas cristalizadas, balas e, mais recentemente, mistura de
farinhas e frutas, prontas para a produção de bolos deliciosos, tornouse um lugar muito agradável e com uma clientela fiel.
Um dos filhos do casal, ao relatar ao médico homeopata, Valter
Alves Júnior, que tinha um problema de amigdalite, foi aconselhado a
fazer um tratamento com homeopatia. Como não havia farmácia dessa
especialidade em Criciúma, os remédios foram trazidos de Porto Alegre
(RS).
Germano Ávila
354
Em virtude desse acontecimento, médico e paciente resolveram
abrir uma farmácia homeopática nos fundos da fruteira. Contrataram
um técnico especializado, e, mais uma vez, um novo empreendimento
deu certo.
Os filhos de Germano continuam o trabalho dos pais. Sua filha
Nilceia e seu esposo estão administrando a loja do terminal rodoviário,
e o filho Nelzo Luiz, também com a esposa, Nadir Bernardino, estão
dando continuidade à farmácia homeopática, onde também se pode
comprar os chás e produtos naturais, além dos remédios.
Essa farmácia está situada na Rua Lauro Müller, próximo ao
Banco do Brasil, e herdou a mesma competência da família Ávila,
sempre dispensando o melhor tratamento aos seus clientes.
O casal Germano e Bernadete (já falecidos) teve os filhos: Maria
Neide, José Neuzo, Neri Hernane, Nelzo Luiz, Niceia Terezinha e Sílvio
Orlando, todos empresários.
355
João Carlos de Campos
João se formou em Contabilidade no ano de 1944 e em
Economia no ano de 1956. Apesar de não ser comerciante, sempre
participou ativamente, dando assessoria contábil à maior parte do
comércio de Criciúma e, por isso, não poderia ficar fora desta história
do comércio de nossa cidade.
De 1945 a 1958, foi contador da Prefeitura de Criciúma e,
durante aquele período, chegou a ser prefeito interino do mês de janeiro
a junho de 1947.
Foi vereador de 1970 a 1973.
João sempre gostou de trabalhar pelo social da cidade. Participou
da criação da Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), foi membro
participante da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), fundador
do Lions Clube Criciúma Centro, onde foi um membro atuante, com
tantos trabalhos sociais realizados na nossa cidade.
João, por muitos merecimentos, recebeu o título de Cidadão
Honorário de Criciúma.
Casado com Celeste Formel, tem os filhos: Eduardo e Evandro
(engenheiros) e Samira (jornalista e apresentadora de televisão).
João Carlos de Campos
356
Livraria e Tipografia Progresso
Estabelecida na Rua Conselheiro João Zanette, tinha como
proprietário César Lodetti, homem muito competente, principalmente
no setor gráfico. Não tinha concorrente nas décadas de 1950 a 1970.
A gráfica fazia os mais diversos impressos, desde material para
escritório até convites de formatura e de casamento. Também, depois
de algum tempo, passou a vender brinquedos e livros, especialmente de
histórias infantis.
Referente à papelaria, também era praticamente o único na
cidade, oferecendo muitas variedades de artigos nesse segmento. A
garotada adorava comprar material escolar do senhor César.
César, que há muito tempo não se encontra mais em nosso
convívio, era casado com Maria de Lourdes Hülse, uma das professoras
mais destacadas de Criciúma, até hoje citada e relembrada por seus
alunos, que têm muitas saudades de suas aulas.
O casal teve só uma filha, Thamar, que não continuou os negócios
do pai na atividade gráfica, mas se tornou uma grande empresária no
ramo de malharia. É proprietária, juntamente com seu marido, da
Malharia Thayse, que tem uma enorme e fiel clientela, devido à alta
qualidade de seus produtos. Também participam da empresa os netos
de César: Thayse e César.
César Lodetti
357
Plácido Serviços Contábeis
Plácido Pizzeti é contabilista por profissão e sempre trabalhou
em escritórios de contabilidade. Começou em 1964 com Mário Sônego
na Rua Conselheiro João Zanette e, a partir de 1993, montou escritório
próprio, onde trabalha até hoje. Conta com uma clientela de mais de
200 empresas, dos mais variados segmentos do comércio, indústria
e serviços, atuando também na área da saúde, com clínicas médicas,
dentárias e laboratoriais.
Atualmente seu escritório fica na Rua Floriano Peixoto, número
145, e ocupa o terceiro andar do Edifício Bertollo, contando com uma
equipe de mais de 20 colaboradores.
Aventurou-se também no comércio varejista, participando
como sócio da Agropecuária Amigo do Agricultor no período de 1986
a 1992. A empresa funcionou na Rua Henrique Lage.
Além de empresário, Plácido se envolve também em outras
atividades na sociedade criciumense: é rotariano desde 1996, tendo
já ocupado todos os cargos do Conselho Diretor, inclusive como
presidente em 2001-2002; ainda é conselheiro do Bairro da Juventude
como representante do Rotary Club Criciúma; faz parte do Conselho
Fiscal da Sociedade Recreativa Mampituba, do Conselho Superior da
Associação Empresarial de Criciúma (Acic), do Conselho Deliberativo
da Fundação Fênix, instituição criada principalmente para transplante
de órgãos, especialmente o de rins, além de participar também do
Conselho Fiscal da Associação dos Aposentados, que tem sede no
distrito de Rio Maina.
É pai de Marcelo Aurélio, Rafael Maurício e Carla Manuela, além
de avô de Yuri, Caio, Maria Luíza e Vitória.
Plácido Pizzetti
358
Rui Esmeraldino Comércio de Representações
Rui Esmeraldino, após se retirar da firma Balsini e Cia., quando
esta foi vendida para os Irmãos Martins, resolveu montar seu próprio
negócio, passando a representar a Cia. Fiat Lux, fabricante dos fósforos
Pinheiro, do açúcar Duçula e de muitos outros produtos.
Com a experiência adquirida da Balsini e Cia., além da força de
vontade, otimismo e determinação, os bons resultados não tardaram
a aparecer. Instalou-se na Rua Henrique Lage, esquina da Rua Anita
Garibaldi, mudando-se em seguida, com seu escritório, para a Rua Lauro
Müller, onde construiu uma sala nos fundos de sua própria residência.
Em 1970, Rui construiu também uma bela residência nos altos
da Rua São José. No local havia uma ampla sala para instalação de seu
escritório de representação.
Meu velho amigo e conterrâneo, realizou um excelente trabalho
nesta sua empresa, adquirindo a confiança de sua clientela e realizando
ótimos negócios, que lhe deram grande estabilidade, tanto profissional
como financeira. Hoje esse patrimônio é administrado por seu filho,
Ricardo.
Era casado com a professora Vitória Genovês, também
tubaronense, que, devido a seu trabalho como mestra e por sua simpatia
e bom trato, tornou-se uma criciumense por adoção. O casal teve os
filhos: Ricardo, que é engenheiro, administrador e advogado, e Cibele,
que era professora, formada em Sociologia.
Infelizmente, pai e filha são falecidos, deixando muita saudade à
família e aos seus amigos, que são muitos.
Rui Esmeraldino
359
Valmor Bif
Valmor iniciou muito jovem no comércio, na Casa Nova, sendo
admitido em 1º de julho de 1961 para exercer a atividade de balconista,
muito embora, antes dessa data, já houvesse ingressado na Escola
Técnica de Comércio de Criciúma, estudando no período noturno.
Com muita força de vontade e perseverança, em 5 de dezembro de
1962 recebeu o certificado de Técnico em Contabilidade, passando
então a exercer o cargo de contador na Casa Nova.
Em janeiro de 1967, Honório Búrigo se desligou do quadro
societário da Casa Nova e formou outra empresa comercial, denominada
de Casa Honório Búrigo. Honório tinha fortes ligações de confiança e
amizade com Valmor e o convidou para exercer a função de contador
da loja.
Posteriormente, em março de 1978, fundou o Lojão HB, local
para onde Valmor passou a exercer sua atividade profissional até junho
de 1989, data em que essa empresa encerrou suas atividades.
Depois disso, Valmor montou um escritório particular com sede
na Rua João Pessoa, número 151, exercendo como autônomo a função
de contador. Paralelamente a essa atividade, Valmor, em sociedade com
seu irmão Jorge, fundou uma olaria e uma loja de material de construção
na localidade de Esplanada, no município de Morro da Fumaça.
Valmor Bif
360
Também participou de atividades sociais como fundador e
presidente do Sindicato dos Contabilistas de Criciúma e Região. E
durante oito anos consecutivos foi vice-presidente da Apae de Criciúma.
Cumprimento o amigo Valmor, que sempre prestou seus
serviços com dignidade e competência em todos os setores em que
exerceu sua atividade profissional.
Casou-se em 10 de outubro de 1970 com Maria da Graça Canto,
nascendo dessa união os filhos: Valmor (especial), Felipe (funcionário
da BPM Pré-Moldados) e Roberto (estudante).
361
Wilson Freire Lopes Barata
Wilson tinha a profissão de perito contador, mas também foi
comerciante. Foi representante da Recauchutagem de Pneus Tyressoles
e teve um posto de gasolina. Seu escritório de contabilidade era o mais
aprimorado da cidade.
Possuía também uma gráfica, que tinha seu nome, a
Gráfica Wilson Barata. Além disso, Wilson participou de muitos
empreendimentos em nossa cidade: foi membro fundador da Satc
(Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão); atuou na
empresa Maximiliano Gaidzinski como diretor; trabalhou na Ceusa
(Cerâmica Urussanga S/A.) também como diretor; foi membro da
comissão que fundou a Cia. Criciumense de Telefones e depois foi seu
diretor; fez parte da fundação da Cooperativa de Crédito Criciumense
- já extinta.
Wilson ainda atuou como professor, com mérito incontestável,
na Escola Técnica de Contabilidade de Criciúma, da qual foi fundador;
participou da comissão que fundou a Associação Empresarial de
Criciúma (Acic), tendo participado por muitos anos de sua diretoria.
Foi, ainda, membro do Conselho Curador da Fundação Educacional
de Criciúma (Fucri) e também colaborou com o prefeito José Augusto
Hülse como secretário municipal.
Sócio-fundador do Rotary Club de Criciúma, foi presidente no
período de 1956 a 1957, tendo frequência de cem por cento durante os
56 anos em que permaneceu na entidade. Nesse clube, participou de
ações muito importantes, entre elas, a fundação do Bairro da Juventude.
Wilson Barata
362
Não foi só no Rotary que Wilson se envolveu com ações sociais
na nossa região, pois participou de muitas outras. Merecidamente,
recebeu o título de Cidadão Honorário de Criciúma.
Wilson era casado com Dilza Meller, com a qual teve os filhos
Newton Luiz, Carlos Alberto (engenheiros), Maria Inês (formada em
Letras) e Cristiane (analista de Sistemas).
Infelizmente o casal não está mais entre nós. Com a morte de
Wilson, perdi um grande amigo.
363
364
365
Entidades Empresariais
Ao relatar um pouco da história dos comerciantes de Criciúma,
não posso deixar de falar das três instituições muito importantes, que
sempre valorizaram os empresários da região: Associação Empresarial
de Criciúma (no início, Associação Comercial e Industrial de Criciúma Acic); Sindicato do Comércio Varejista de Criciúma - Sindilojas; Câmara
de Dirigentes Lojistas - CDL (antes Clube dos Diretores Lojistas).
Um resumo de cada uma dessas entidades merece um registro
neste livro sobre os comerciantes de Criciúma nas décadas de 1950 a
1980.
Associação Empresarial de Criciúma
Fundada como Associação Comercial de Criciúma, a Acic surgiu
por uma iniciativa de diversos empresários no ano de 1944, sendo
liderada na época pelo senhor Antônio Roque Júnior, eleito presidente,
que permaneceu até o ano de 1951.
Ela foi fundada em 18 de junho desse ano no então Cine Rovaris.
Em seguida, já em 1952, passou a ser chamada de Associação Comercial
e Industrial de Criciúma. Com o crescimento da entidade e a inclusão
de empresas prestadoras de serviços em seu quadro de associados, foi
transformada em Associação Empresarial de Criciúma em 31 de maio de
2001.
Desde o primeiro presidente, Antônio Roque Júnior, até hoje,
presidiram também a associação: José Pimentel (1951/1955); Wilson F.
L. Barata (1955/1971); Antônio Caldeira Góes (1971/1979); Otacílio
João De Bem (presidente temporário - 1979); Domerval Zanatta
(1979/1981); José Antônio Bongiolo (1981/1987); Jayme Antônio
Zanatta (1987/1991); Carlos Alberto Barata (1991/1993); Guido José
Búrigo (1993/1997); Alvaro Roberto de Freitas Arns (1998/1999);
Diomício Vidal (2000/2003); Edilandro de Moraes (2004/2007); Santos
Longaretti (2008/2009); Olvacir J. Bez Fontana (2010/2013).
Parabéns a todos os presidentes desta associação e a todos os
membros de suas diretorias, que construíram uma grande entidade e
tanto elevaram o seu nome, conquistando o respeito dos seus associados
e de todos os criciumenses.
366
A associação já existe há quase 70 anos, prestando ótima
contribuição aos empresários de toda a região e sempre presente nas
grandes decisões no âmbito municipal, estadual e federal. Até o ano
de 1966, sua participação sempre foi muito eficiente dentro de sua
capacidade.
Com a entrada e parceria do sindicato e da CDL, houve um
reforço de recurso, que veio melhorar ainda mais suas atividades.
Anos mais tarde, essa parceria foi desfeita, mas, como as entidades
já estavam consolidadas, essas deram continuidade com sucesso.
A Acic teve uma enorme expansão ao longo de sua história.
Foi construída a primeira sede própria na Rua 15 de Novembro, onde
funcionou por muitos anos, e nesta última década, ganhou uma moderna
sede, com aproximadamente 4.000 metros quadrados, nos altos da Rua
Ernesto Bianchini Góes, número 91, com vista panorâmica para o Parque
das Nações e para todo o bairro Próspera.
Suas instalações abrigam dezenas de sindicatos patronais, com
amplo salão de recepção, dois auditórios, dez salas de treinamento, três salas
de reuniões e restaurante. Umas das salas é ocupada pela Junta Comercial do
Estado de Santa Catarina (Jucesc), AR-Acic Certificado Digital, dispondo
também de sala de diretoria, com amplas instalações, sala da presidência e
estacionamento para mais de 150 carros para atender os associados e os
participantes dos grandes eventos.
Portanto, a Associação Empresarial de Criciúma é hoje uma das
maiores sedes de Santa Catarina.
Atual sede da Associação Empresarial de Criciúma
367
Sindicato do Comércio Varejista
Numa feliz iniciativa de alguns comerciantes, foi estudada a
possibilidade de criar a associação profissional de classe do comércio de
Criciúma, que mais adiante foi transformada em Sindicato do Comércio
Varejista.
A primeira reunião de preparação foi realizada em 20 de
dezembro de 1965, quando foram abordadas as enormes vantagens
de se criar essa instituição, idealizada e liderada por mim e por outros
companheiros.
A iniciativa contou também com a grande colaboração de Usmar
Pereira (Mainho), que era gerente da filial das Casas Pernambucanas
em Criciúma. Como antes tinha ocupado o mesmo cargo na cidade
de Itajaí, onde ele tinha participado na formação do sindicato daquela
cidade, ele nos ofereceu seu conhecimento e sua experiência para a
formação da nossa entidade.
Nessa reunião, ele se dispôs a secretariar os trabalhos. Portanto,
temos muito a agradecer a esse grande companheiro, que colaborou
conosco e que daí em diante acompanhou de perto todo o sucesso no
encaminhamento do nosso sindicato.
Após a realização dessa reunião de preparação, onde foram
esclarecidas as vantagens, foi marcada uma segunda reunião, a qual foi
realizada em 30 de dezembro de 1965 para a criação da Associação
Profissional do Comércio Varejista de Criciúma. Nessa ocasião, foi
aprovado o estatuto e escolhida a primeira diretoria assim constituída:
João Abel Benedet (presidente); Domerval Zanatta (secretário);
Esperandino Damiani (tesoureiro). Como membro do Conselho Fiscal
ficaram: Izário S. de Farias, Honório Búrigo e Antônio Caldeira Góes.
A diretoria se reunia periodicamente e discutia todos os assuntos
referentes ao destino da nossa entidade, pois antes da criação, a
contribuição sindical cobrada do comércio era enviada para a Federação
de Santa Catarina e nada voltava para a região criciumense, uma vez que
já havia o Sindicato dos Empregados do Comércio, e as negociações do
dissídio coletivo eram dirigidas pela federação.
Após a formação da nossa entidade patronal, os próximos
dissídios já foram feitos entre os sindicatos patronais e dos comerciários.
O processo enviado ao Ministério do Trabalho teve o número
368
159865 em 1966.
Era ministro do Trabalho nessa época Jarbas Passarinho, que
aprovou os estatutos do Sindicato do Comércio de Criciúma, sendo que
a carta sindical foi expedida em 18 de abril de 1968, passando logo em
seguida a nosso poder.
Em 8 de agosto de 1968, foi realizada a assembleia geral para
eleger a diretoria efetiva do novo sindicato, que ficou assim constituída,
ou seja, a mesma diretoria que estava dirigindo a associação até aquele
momento, com exceção do Conselho Fiscal: João Abel Benedet
(presidente); Domerval Zanatta (secretário); Esperandino Damiani
(tesoureiro). Fizeram parte do Conselho Fiscal: Ilbe Crema, Mário
Stefano Benedet e Moacir Barbieri.
Também nessa assembleia foi aprovada a indicação dos
representantes na federação, conforme relação a seguir: João Abel
Benedet, Domerval Zanatta e Esperandino Damiani.
Assim foi efetivada a primeira diretoria do sindicato, e daí em
diante, no próximo ano, já recebemos os valores do fundo sindical,
que trouxe um novo reforço financeiro, pois as contribuições dos
associados eram bastante moderadas. Com essa nova ajuda, foi feita
uma parceria com a Associação Empresarial de Criciúma, reunindo as
duas entidades no mesmo local. Com esse reforço, foi possível comprar
móveis e máquinas de escrever.
A Associação Empresarial de Criciúma sempre foi muito
eficiente, porém detinha poucos recursos. Nessa época, era presidente
Wilson F. L. Barata, com o qual tínhamos um bom relacionamento.
Essa união passou a dar bons resultados.
Antes a secretaria era exercida pelo abnegado Célio Rolim, que
trabalhava somente por amor à causa.
Começamos os entendimentos em relação aos dissídios
coletivos com o Sindicato dos Empregados do Comércio, dirigido pelo
competente e astucioso Francisco Alano, que nos dava aquele cansaço,
porém, no final, tudo era acertado em bons termos.
Valeu a pena esse nosso trabalho. Após encerrar meu mandato
de presidente e de minha diretoria, foi eleita a segunda diretoria,
presidida por Cézar Elias Búrigo. Na sequência, o terceiro presidente,
foi Valdonir Cardoso, o quarto foi Oreste Vidal e o quinto, José Sérgio
Búrigo, que exerce o cargo até hoje.
369
Todos os diretores que dirigiram o sindicato dedicaram toda a
sua eficiência e determinação. Foi adquirido um terreno com uma sala na
Rua Lúcia Milioli, onde funcionou por muito tempo. Na última década,
foi adquirida mais uma ampla sede própria, com modernas instalações,
localizadas na Travessa Padre Pedro Baldoncini, prestando ótimo serviço
a seus associados.
Câmara de Dirigentes Lojistas
Foi fundada em 4 de setembro de 1966. Até a década de 1980,
essa entidade era chamada de Clube de Diretores Lojistas (CDL). A
partir da década de 1990, passou a denominar-se Câmara de Dirigentes
Lojistas, continuando com a mesma sigla, CDL.
Um pouco antes da fundação, fomos procurados por um
emissário, vindo a mando do empresário Mário Rocha Meyer da cidade
de Florianópolis, a fim de incentivar a criação de um clube diretor lojista
em nossa cidade. Ele argumentava que já existia uma cadeia desses
em todo o Brasil e que os benefícios eram muitos, incluindo novas
tecnologias, divulgadas nos encontros nacionais realizados anualmente
em rodízio em todo o Brasil.
Desse primeiro encontro, registrado em foto em nosso poder,
que foi realizado no Restaurante Castelinho (hoje extinto), participaram
mais de uma dezena de lojistas, os quais acataram os argumentos do
nosso visitante. Foi marcado então o próximo encontro para o dia
4 de setembro de 1966 com jantar festivo. Nessa reunião, houve a
participação de diversos comerciantes de Florianópolis, como Mário
Rocha Meyer, Walter Koerich, Antônio Severo e Emílio da Silva Júnior,
que procuraram Waldir Duminelli e solicitaram a ele convidar os
principais empresários para o encontro no Restaurante Castelinho.
Além da presença dos companheiros de Florianópolis, houve
também uma grande participação dos novos companheiros cedelistas
de Criciúma, sendo eleita e empossada a primeira diretoria: Antônio
Caldeira Góes (presidente); José João Vitório (vice-presidente); Írio
Broleis (secretario); Milton Serafim (tesoureiro); Sílvio Búrigo (diretor
de Relações Públicas); João Abel Benedet (diretor social); Silval R. Bohrer
(Setor do SPC); Waldir Duminelli (secretário executivo). Faziam parte
da Comissão Social: Márcio Rovaris, Esperandino Damiani e Orlando
370
Nicoladelli. A Comissão de Relações Públicas tinha como membros:
Djalma Lazarim, Pedro Búrigo e Décio Góes (pai).
Marco histórico da reunião preparativa para a formação do então Clube de Diretores
Lojistas de Criciúma
Reunião do então CDL no Dia das Mães, em 1967, na presidência de Antônio Caldeira
Góes (terceiro da esquerda para a direita)
371
Um fato que deve ser registrado: o SPC em todo o Brasil era de
propriedade do CDL, porém, em Criciúma, já existia um SPC, criado
por Waldir Duminelli e registrado em seu nome no Cartório de Registro
de Título e Documento no dia 7 de janeiro de 1966. Após alguns meses,
foi transferido para a Associação Comercial e Industrial de Criciúma,
que comandava o SPC na época. Porém, dado o bom relacionamento
entre as duas entidades, essa parceria foi muito bem sucedida, com
ótimos resultados.
O SPC foi um grande avanço, e após sua aplicação, foram
reduzidas enormemente as perdas com os clientes inadimplentes. Para
isso, foi criada uma diretoria específica para cuidar desse setor.
No início, houve certa dificuldade por falta de comunicação,
uma vez que os telefones eram precários. Com a aquisição de novos
equipamentos, como uma central telefônica, já foi um grande avanço.
Mais adiante, as novidades foram os computadores, que deram mais
velocidade. Atualmente esses serviços já estão cada vez mais atualizados,
via Internet.
Toda essa modernidade foi resultado da presença dos associados
do SPC, que participavam anualmente dos grandes encontros estaduais e
nacionais, onde conseguíamos essas atualizações. Valeu a pena procurar
mais tecnologia.
Anos mais tarde, com grande esforço de negociação com a Acic,
o SPC passou a ser de propriedade da CDL, já que era uma tendência
em todo o território nacional.
No ano de 2011, a CDL de Criciúma completou 45 anos
de existência, o que foi registrado com grande jantar festivo nas
dependências do Centro de Eventos Germano Rigo.
Em termo municipal, a presença da CDL é muito atuante, como,
por exemplo, nas seguintes promoções: Natal Mágico, Megaliquidação
e Sábado Mais. Com parceria do Governo Municipal, também foram
feitas as decorações natalinas e muitas outras atividades.
Em sua história, já passou por 20 conselhos diretores. Merece
também registro o nome dos presidentes que comandaram a CDL nesses
45 anos de existência: Antônio Caldeira Góes (1966/1969); Vandrílio
Manoel Serafim (1969/1970); Otacílio João de Bem (1970/1971 1972/1973); João Abel Benedet (1971/1972); Milton Manoel Serafim
(1973/1974); Valdonir Arino Cardoso (1974/1975); José Paulo Tirlon
372
(1976/1977); Sílvio Giassi (1977/1978); Osmar Rocha (1978/1979
- 1994/1997); Ruy Carneiro Longo (1979/1980); Marcos Antônio
Búrigo (1980/1981); Oreste Vidal (1981/1982 - 1984/1986); Júlio
A. Wessler (1982/1984); Aldo Bortolotto (1986/1989); Paulo de
Medeiros (1990/1994); José Sérgio Búrigo (1997/2000); Henrique
Vargas (2001/2004); Renato Campos Carvalho (2005/2008); Júlio
César Moreira Wessler (2009/2010); Zalmir Antônio Casagrande
(2011/2012).
Todos os presidentes e suas diretorias usaram todo o seu talento,
com muito trabalho, competência, eficiência e dedicação, em beneficio
dessa grande organização. Porém, gostaria de destacar a gestão do
presidente Paulo Medeiros, pois, após ter resolvido a separação do SPC
com a Acic em 1992, os resultados foram visíveis, dando oportunidade
de adquirir a sede própria, localizada no Edifício Martinho Acácio
Gomes, onde ocupa todo o quarto andar. No local, foi instalado o SPC,
sala da diretoria, restaurante e um amplo auditório, onde são realizadas
mensalmente as reuniões de seus associados para decidir o rumo da
entidade. Não podemos deixar de registrar também que essa sede foi
inaugurada na presidência do companheiro Osmar Rocha.
Comerciantes de Criciúma na Convenção Nacional do
Comércio Lojista de Porto Alegre (RS) em 1971
373
Esposas de cedelistas na 12ª Convenção Nacional do Comércio Lojista
em Porto Alegre (RS) em 1971
Esposas dos comerciantes na Convenção Estadual do
Comércio Lojista em Lages em 1972
374
Esposas de comerciantes na 10ª Convenção Estadual do
Comércio Lojista em Criciúma em 1976
Comerciantes de Criciúma na 1ª Convenção Técnica
Estadual em Florianópolis em junho de 1981
Comerciantes de Criciúma na Convenção Nacional
do Comércio em Blumenau em 1992
Aldo Bortoloto, Carlo Stüpp, Júlio Colombo e João Abel Benedet
na 27ª Convenção do Comércio Lojista de SC em Criciúma em 1993
375
Os bancos em Criciúma
Após relatar a história dos comerciantes de Criciúma nas
décadas de 1950 a 1980, achei necessário registrar também os bancos
existentes nesse mesmo período.
Em 1950, só existiam dois bancos e a Caixa Econômica Federal.
O Banco Indústria e Comércio, mais conhecido por Banco Inco, com
matriz na cidade de Itajaí, que era liderado pela família Bornhausen. Foi
gerenciado em Criciúma por Francisco Corbetta. O outro era o Banco
Nacional do Comércio, que tinha matriz na cidade de Porto Alegre
(RS). Em Criciúma, o gerente era Roberto Bessa. Já a Caixa Econômica
Federal era dirigida por Agenor Faraco.
Os bancos Inco e Nacional do Comércio faziam o suporte
financeiro dos comerciantes e industriais da época, porém não supriam
as demandas de crédito, que eram muito restritas, apesar de toda a boa
vontade de seus gerentes.
A Caixa Econômica era direcionada mais ao público em geral,
principalmente com a criação da caderneta de poupança, cujo objetivo
era financiar a casa própria. Quem tinha a sorte de conseguir empréstimo,
ganhava um verdadeiro presente, já que na época não havia correção
monetária sobre o saldo devedor e sem inflação nas prestações, que se
tornavam irrisórias.
Entre as décadas de 1950 e 1980, Criciúma começou a receber novas
agências bancárias, dado o grande desenvolvimento da Região Carbonífera:
Banco do Brasil, Besc, Banespa, Bamerindus, Banrisul, Banco Mercantil do
Brasil, Itaú, Unibanco, Banco Real, Safra, Sudameris, Banco Sul do Brasil
e Nossobanco (teve como origem o Banco do Estado do Paraná e Santa
Catarina, do qual um dos sócios era o ex-governador do Estado de Santa
Catarina Aderbal Ramos da Silva, que facilitou a abertura de agências em
todo o Estado).
Essas instituições financeiras vieram em boa hora, pois em
nossa região foram criadas novas indústrias, que muito contribuíram na
expansão desse setor.
Grande parte dos bancos acima citados foi incorporada por
outras instituições financeiras. O Banco Inco e o Banco Mercantil do
Brasil foram incorporados pelo Bradesco, o Besc foi absorvido pelo
Banco do Brasil, e o Bamerindus, pelo HSBC. Já o Banco Sul do Brasil
376
foi vendido ao Banrisul, e o Sudameris, ao Banco Real.
O Banco Nacional do Comércio deixei por último, pois teve
diversas transformações, ou seja, Banco Sul Brasileiro, Banco Meridional,
Banco Bozano Simonsen e Banespa. Este, em uma transição milionária,
foi adquirido pelo banco espanhol Santander, que, em seguida, comprou
também o antigo Banco Real.
Além dos bancos citados acima, podemos também mencionar as
cooperativas de crédito Sicoob e Sicredi, que funcionam como bancos.
Este é um pequeno relato sobre a influência dos bancos no
comércio de Criciúma, sendo, direta ou indiretamente, nossos parceiros
indispensáveis.
Nota de esclarecimento: é possível que alguns dados não estejam
devidamente corretos, pois não tive acesso a melhores fontes, contando
apenas com minha modesta memória.
377
João Abel Benedet
Natural da vizinha cidade de Tubarão, fez seu estudo primário
da primeira à terceira série em uma escola isolada municipal, na pequena
localidade de São João. O curso complementar (como era chamado na
época) estudou no Grupo Escolar Mauá, no bairro Oficinas. Na década
de 1970, cursou o Supletivo (1º e 2º graus da época) em Criciúma.
Em Tubarão, trabalhou em diversas atividades no comércio.
Mudou-se para Criciúma em 1950 para dirigir a filial das
Casas Pernambucanas e três anos depois, passou a desempenhar suas
atividades na Casa Leão.
No ano de 1957, estabeleceu-se com a Casa Imperial, em
sociedade com Algemiro Manique Barreto e Itamar Campos.
Alguns anos mais tarde, em 1964, adquiriu as cotas de seus sócios
e admitiu sua esposa, Maria Irene Conti Benedet, dando continuidade
até os dias de hoje, portanto, há 55 anos.
João Abel Benedet integrou-se muito bem à sociedade
criciumense: foi membro do Conselho Curador da Fundação
Educacional de Criciúma (Fucri), hoje Universidade do Extremo Sul
Catarinense (Unesc); sócio do Rotary Club de Criciúma há 50 anos,
participando de todos os cargos do Conselho Diretor e chegando a ser
governador do Distrito 4650 entre 1994 e 1995; sócio da Associação
Empresarial de Criciúma (Acic); sócio-fundador do Sindicato do
Comércio Varejista de Criciúma e primeiro presidente; sócio-fundador
da Câmara de Dirigentes Lojistas de Criciúma (CDL); sócio-fundador
da Associação Ítalo-Brasileira de Tradição e Cultura; diretor e tesoureiro
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do Asilo São Vicente de Paulo; diretor tesoureiro do Criciúma Clube;
sócio remido da Sociedade Recreativa Mampituba; colaborador por
muitos anos do Bairro da Juventude.
Pelos seus méritos, foi agraciado com o título de Cidadão
Honorário de Criciúma, conferido pela Câmara Municipal em 2003.
É casado com Maria Irene Conti há 60 anos, com a qual tem os
filhos: Renato Luiz (formado em Engenharia, aposentado, residindo
atualmente na Itália), Ronaldo José (formado em Direito, político,
foi deputado estadual por três mandatos, secretário de Segurança do
Estado de Santa Catarina por seis anos, elegendo-se em 2010 deputado
federal), Rosane (formada em curso superior de Enfermagem, trabalha
no comércio), Rosimara (formada em Psicologia, trabalha na empresa
de seu marido, a Aramar).
Contatos João Abel Benedet
Comercial/Casa Imperial: Praça Nereu Ramos, 308, Centro - CEP: 88801-505
Criciúma (SC) - Fone: (48) 3433.0225
e-mail: [email protected]
Residencial: (48) 3433.0620
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