XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015

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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015
XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Uso de óleo na dieta de equinos quarto de milha atleta em corridas de vaquejada 1
Use of oil in the diet of quarter horses athlete in racing “vaquejada”
Camila Ferreira e Silva2, Amanda Nunes Assis dos Anjos3, Cleber Barbosa de Oliveira 4, Ives Charlie Silva 5,
Ana Carla Chaves Dias 6, Bruna Carolline Franzan 7, Raissa Antunes Martins8
1
Parte do trabalho de conclusão de curso do primeiro autor, financiada pelo IFTM- campus Uberaba
Pós Graduanda UFRRJ– Seropédica-RJ, Brasil. Bolsista CAPES. e-mail: [email protected]
3
Programa de Pós Graduação em Zootecnia -UFSM, Santa Maria-RS, Brasil.
4
Professor IFTM- campus Uberaba-MG, Brasil.
5
Doutorando UNESP- Jabotical-SP, Brasil.
6 7
e Mestranda do Programa de pós graduação em Zootecnia da UFRRJ, Seropédica – RJ.
8
Zootecnista
2
Resumo: A demanda energética de cavalos atletas aumenta em função do tipo e da duração da atividade
física realizada. Para obter o máximo desempenho de cavalos atletas em trabalho ou no decorrer de provas
equestres, é importante a obtenção de conhecimentos que contribuam para uma nutrição adequada que supra
as exigências energéticas, sem causar distúrbios digestivos e que corroborem para retardar o início da fadiga
muscular. O objetivo deste experimento foi mensurar as alterações da glicose plasmática e frequência
respiratória em animais consumindo diferentes níveis de óleo de soja em detrimento da quantidade de
concentrado. Foram utilizados 8 cavalos Quarto de Milha competidores de “Vaquejada”, fêmeas e machos
adultos com peso corporal de 430±16,19 Kg, cuja função era de “puxar” o boi. O experimento teve duração
de 40 dias, com 10 dias de adaptação ao manejo alimentar. Não houve diferença significativa para as
variáveis analisadas. Fato justificado pelo pouco tempo de consumo da dieta experimental e pela falta de
condicionamento adequado à treinamento anaeróbio.
Palavras–chave: esporte, frequência respiratória, glicose, óleo de soja
Abstract: The energetic demand of horses athletes increases depending on the type and duration physical
activity performed. To obtain a ultimate performance in athletic horses in work or during equestrian
evidence, is important to obtain knowledge that contribute to a proper nutrition that meets the energy
requirements without causing digestive disorders and to collaborate to delay the onset of muscle fatigue. The
objective of this study was measuring changes at the in the plasma glucose and respiratory frequency in
animals fed different levels of soybean oil with respect to amount of concentrate. There was used 8 mature
Quarter horse competitors "Vaquejada", adult males and females with a body weight of 430 ± 16.19 kg,
whose function was to "pull" the ox, were use. The experiment lasted 40 days, with 10 days of adaptation to
feeding management. Justified by the little time consumption of the diet and the lack of adequate training to
anaerobic conditioning.
Keywords: glucose, respiratory rate, soybean oil, sport
Introdução
A demanda energética de cavalos atletas aumenta em função do tipo e da duração da atividade
física realizada. Dentre as inúmeras utilizações dos cavalos no Brasil, destaca-se o esporte vaquejada.
No decorrer das provas de vaquejadas os cavalos são extremamente exigidos e realizam atividades de
explosão, alta intensidade com curta duração (Lopes et al., 2009). Para obtenção do máximo
desempenho de cavalos atletas em trabalho ou no decorrer de provas equestres, é importante a obtenção
de conhecimentos que contribuam para uma nutrição adequada que supra as exigências energéticas,
sem causar distúrbios digestivos e que corroborem para retardar o início da fadiga muscular. Acreditase que vários fatores podem levar a fadiga muscular, entre eles o baixo nível de glicose sanguínea,
esgotamento do glicogênio muscular, aumento de lactato, acúmulo de NH3 na célula, perda de
adenosina trifosfato (ATP) muscular e eletrólitos conduzem à fadiga (Mattos et al., 2006). Os óleos
vegetais são fontes de energia disponíveis e que podem ser utilizados nas dietas de equinos atletas,
reduzindo os riscos da ocorrência de casos clínicos de cólicas, diarréias e laminites (Almeida et al.,
2009). A utilização prática de dietas hiperlipidêmicas aumentou o número de pesquisas com o objetivo
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de avaliar as implicações nos parâmetros da glicose plasmática e frequência respiratória dos equinos.
Porém, os resultados são contraditórios, o que explica as diferenças quanti e qualitativas dos lipídios
fornecidos aos animais. O uso de óleo na dieta de equinos pode influenciar também a glicose do animal.
Os substratos mais utilizados pelas células musculares para produção de energia são a glicose,
glicogênio e os ácidos graxos livres (AGL). No entanto, há vários fatores que podem limitar sua
utilização como: velocidade da demanda em energia, presença de oxigênio, mobilização e transporte
dos AGL para dentro da célula e para dentro da mitocôndria e a presença e atividade de enzimas
relacionadas ao seu catabolismo, dentre outros (Brandi et al., 2008). Brandi et al., (2008) justifica a
utilização da frequência respiratória como parâmetro à ser observado devido à hipotética redução do
coeficiente respiratório através da diminuição na taxa do catabolismo de carboidrato em consequência
da menor utilização do glicogênio muscular e da glicose sanguínea e aumento da oxidação de lipídeos
durante o exercício. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o fornecimento de concentrado
com dois níveis de óleo de soja, para equinos submetidos à simulação de corridas de vaquejada, sobre a
resposta da glicose plasmática e frequência respiratória no retardo do início da fadiga muscular.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Parque de Vaquejada, localizado no município de Coração de Jesus,
MG, no decorrer de duas simulações de provas de Vaquejadas durante os meses de agosto à outubro de 2013.
Foram utilizados oito equinos da raça Quarto de milha, fêmeas e machos adultos com peso corporal de
430±16,19 Kg, cuja função era de “puxar” o boi nas provas de vaquejadas. O experimento teve duração de 40
dias, com 10 dias de adaptação ao manejo alimentar. Os cavalos foram alojados em baias individuais de
alvenaria no próprio parque de vaquejada. Os tratamentos foram constituídos por duas dietas isonergéticas:
controle (T1) composta por 54% de concentrado comercial, 40,5% de volumoso e 5% de óleo de soja; dieta
teste (T2) composta por 25% de concentrado comercial, 60,5% de volumoso, 10,8% de óleo de soja e 5% de
farelo de soja, combinadas a diferentes tempos de mensuração da glicose plasmática e frequência
respiratória. As dietas foram formuladas utilizando-se concentrado comercial, volumoso de capim elefante
picado e óleo de soja proporcional ao peso metabólico de cada cavalo (2,5% PV). Os cavalos receberam as
dietas duas vezes por dia (6 da manhã e 4 da tarde). A glicose plasmática foi avaliada em 6 tempos (antes do
início, após, 5, 10, 30 minutos e 6 horas após a simulação de prova de vaquejada) com um intervalo de 5
minutos entre um animal e outro, para que não houvesse choque entre as coletas. O teste de glicose foi
mensurado via aparelho de glicosímetro portátil Accu-Chek Active® e a frequência respiratória aferida
através dos movimentos de flanco. O delineamento experimental foi de blocos inteiramente casualizado, com
quatro repetições (cavalos), em um arranjo de parcela subdividida, sendo o bloco representado pelos
diferentes dias de execução da prova; a parcela os tratamentos (diferentes níveis de óleo na dieta) e na
subparcela os diferentes tempos de avaliação das variáveis antes e após a execução da simulação de prova de
vaquejada.
Resultados e Discussão
Não houve diferença significativa (P>0,05) dos diferentes níveis de óleo na dieta e tempos avaliados
na concentração sérica de glicose (Tabela 1). Os resultados da glicose plasmática se encontram dentro do
intervalo (71 e 104 mg/dL) estabelecido por Robinson (1992) para animais saudáveis em jejum.
Tabela 1. Concentração de glicose (glicosímetro portátil) plasmática mg/dL de equinos alimentados com
dietas de 5% (T1) de EE e 10,8% (T2) de EE.
Concentração de Glicose em diferentes tempos mg/Dl
Dieta
Antes
Após
5min
10min
30min
6horas
T1
97,2
118,0
115,37
116,8
108,6
99,5
T2
104,2
103,7
102,2
106,2
97,7
93,1
CV%= 3,83
Significância P
Dieta
Tempo
DxT
0,1884
0,1904
NS
Possivelmente a grande variabilidade de valores encontrado no T2, pode ter sofrido influência dos
fatores como: intensidade de treinamento, o desempenho, o manejo, e tempo de consumo da dieta
experimental (Oliveira et al., 2010). Marqueze et al. (2001) afirmaram encontrar maiores níveis de glicose
após o exercício quando os cavalos foram condicionados a exercícios com alta demanda anaeróbica ou após
terem recebido dieta contendo óleo de soja por períodos longos de 7 a 8 meses, o que no presente
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experimento se deu apenas por 40 dias. Na tabela 2, também não houve diferença significativa para
frequência respiratória (P>0,05), sendo as maiores frequências respiratórias encontradas após e a 5 minutos
da realização da prova de vaquejada, semelhantes aos valores encontrados por Lopes et al. (2009). O elevado
valor observado após e a 5 minutos da prova de vaquejada pode estar relacionado à redução da capacidade de
oxigênio, resultado da intensificação da atividade respiratória e tentativa do organismo em manter a
temperatura corporal constante (Mattos et al., 2006).
Tabela 2. Frequência respiratória (movimentos por minutos) de equinos alimentados com dietas de 5% de EE
e 10,8% de EE.
Frequência respiratória em diferentes tempos (MPM)
Significância P
Dieta
Antes
Após
5min
10min
30min
6horas
Dieta
Tempo
DxT
T1
53
67
61
54
44
43
0,2218 0,0000
NS
T2
54
69
64
58
49
44
Média
54C
68A
63B
56C
46D
44D
Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste Scott-Knott (5%); CV%=13,7
Conclusões
Não foram observados efeitos dos níveis de óleo de soja sobre os parâmetros fisiológicos avaliados.
Fato justificado através do pouco tempo hábil para adaptação enzimática do novo substrato (Ácidos Graxos
Livres) e condicionamento físico anaeróbico adequado. Pesquisas demonstram que a utilização de óleos em
diferentes dietas auxilia na redução do incremento calórico, facilita o trânsito da digesta, aumenta a
densidade das dietas e reduz a quantidade de concentrado ingerido. Desse modo, a utilização de óleo de soja
em dietas de equinos deve ser estudada em teores adequados ao manejo e aliado à um treinamento
equivalente ao esporte praticado.
Literatura citada
ALMEIDA, F. N. G. F. Q.; GUARIENTI, G. A.; JÚNIOR, J. M. S. D. G.; NOGUEIRA, Y. & BRASILEIRO,
L. S. Perfil Hematológico E Características Das Fezes De Equinos Consumindo Dietas
Hiperlipidêmicas. Ciência Rural, v. 39, n. 9, p. 2571-2577, 2009.
BRANDI, R. A.; FURTADO, C. E.; MARTINS, E. N.; FREITAS, E. V. V.; LACERDA-NETO,J. C.;
QUEIROZ-NETO, A. Efeito De Dietas Com Efeito De Dietas Com De Dietas Com Adição De Óleo E Do
Treinamento Sobre Adição De Óleo E Do Treinamento Sobre A Atividade Muscular De Equinos Atividade
Muscular De Equinos Submetidos Submetidos Submetidos À Prova De Resistência Prova De Resistência.
Acta Science. Animal. Sci. Maringá, v. 30, n. 3, p. 307-315, 2008.
LOPES, K. R. F., BATISTA, J. S., da CUNHA DIAS, R. V., & Soto-Blanco, B. Influência das competições
de vaquejada sobre os parâmetros indicadores de estresse em equinos. Ciência Animal Brasileira, v. 10, n.
2, p. 538-543, 2009.
MARQUEZE, A.; KESSLER, A. M.; BERNARDI, M. L. Aumento Do Nível De Óleo Em Dietas
Isoenergéticas Para Cavalos Submetidos A Exercício. Ciência Rural, v. 31, n. 3, 2001.
MATTOS, F., ARAÚJO, K. V., LEITE, G. G., & GOULART, H. D. M. Uso de óleo na dieta de equinos
submetidos ao exercício. Revista Brasileira de Zootecnia. 35, n. 4, p. 1373-1380, 2006.
ROBINSON, E. Current therapy in equine medicine, Philadelphia: W. b. Saunders Company, 847 p. 1992.
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