A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim

Transcrição

A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
Rosh Gilnei Ben Avraham
- A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim Primeira Parte
‫מֹוׁשי ַע‬
ִ ‫נֹכִי נֹכִי יְהוָה | וְאֵין ִמ ַּב ְל ָעדַי‬
“Anochy, anochy kiy Yahweh vê`ein mibaleaday moshia.
Eu Sou o Eterno, e fora de mim não há Salvador.”
Yeshayahú/Is 43:10
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
Introdução:
A base fundamental da emunat israeli (fé comum israelita) é a crença no
Adonay Echad ou Único Soberano que sendo invisível e inigualável que não divide
sua glória com ninguém e isso a distingue de todas as religiões.
Nada é mais claro no Tanach, acróstico para Torah (Lei), nevim (profetas) e
ketuvim (escritos), como o conceito de que Yah é a Única Rocha, o Criador e Rei do
Universo e Moschia (Salvador) a quem devemos adorar, e que antes dele nunca
existiu nem um Elohim e depois também não haverá.
1
Por outro lado os ketuvim netzarim (escritos
nazarenos) do “NT” conhecidos como em aramaico
como peshita, e apresentam a Yeshua como Filho de
Yah, Maschiach (ungido), Moschiá (Salvador), e
Elohim assentado ao lado do Pai, num trono preparado
pelo Pai para ele.
Estas expressões parecem conflitar com a fé
judaica de um Messias de alma pré-existente, elevado
à suprema grandeza terrena, mas ainda assim um
homem e jamais um sócio ou parceiro do Eterno, a
segunda pessoa de uma trindade e muito menos o
próprio Eterno feito gente de carne e osso.
Contudo, os primeiros nazarenos ou messiânicos eram judeus e quando seus
escritos são estudados sob uma ótica judaica se descobre que eles conciliavam
ambas as coisas. Para os primeiros nazarenos o Rei do Universo era de fato não
apenas o Elohim Av (Supremo Pai), mas também o Yahweh Echad ou seja, o Único
Eterno auto-existente e Yeshua, o Filho gerado ou criado por ele para ser herdeiro de
sua natureza e exaltado com plenos poderes, e ocasionalmente denominado Elohim,
mas isso por imputação e não por inerência.
Eram uma seita judaica que cria que Yeshua era o Maschiach e o Bar Enash, o
Filho do Homem, não um igual ao Eterno. A fé deles era, portanto judaica e nada
devia as principais religiões pagãs que adoravam vários ídolos aos quais chamavam
deuses, ainda que centralizassem o culto numa trindade como os egípcios, babilônios,
indianos, gregos e romanos.
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Fonte: http://www.bl.uk/onlinegallery/sacredtexts/images/syriacbib_lg.jpg
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ְ ‫ֻׁשּתָפּות ָקהַל י‬
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
Origens Pagãs da Doutrina da Trindade
Apesar de que o cristianismo venha defendendo a doutrina da Trindade
literalmente a ferro e fogo ao longo dos séculos, o que muitos ignoram e que a
doutrina não só não se harmoniza com a Bíblia como também aproxima o cristianismo
das grandes religiões dos impérios pagãos que foram o berço da civilização como
mostra a história.
Em Mitzraim (Egito), apesar de seus pelo menos 34
deuses, havia três que terminaram ocupando o centro de
toda a adoração, Ozires, o deus dos mortos e da
ressurreição, elevado a posição de supremo, sua esposa
Istet (Ísis) a mãe suprema de todos os homens e seu filho
Horus, o deus menino, o senhor do céu. 2
Já em Bavel (Babilônia), também politeísta, tal como
qualquer potência do mundo antigo, três de seus deuses
ocupavam o centro do culto nacional, Belos, Ena e Enu, no
que será seguida por Javan (Grécia) onde Zeus dividia seu
trono com Apolo e Hermes.
3Roma,
sucessora e herdeira destes
impérios adotou sua versão da trindade, que
era composta por Júpiter, Juno sua esposa
(Hera dos gregos) e Minerva a deusa da
sabedoria. Seres mitológicos que ocupavam
o centro da reverência em Roma como ilustra
a moeda ao lado, cunhada em 112 AM para
honrar numa face a Escipião, o Africano e na outra os três deuses principais.
Mais tarde, percebendo que faltava ao Império um fator
aglutinador de suas forças, o que ameaçava sua estabilidade,
Constantino, adorador convicto de Apolo, como mostra a
moeda de ouro que mandou cunhar em honra a si e a seu
grande ídolo, exigiu que o monoteísmo judaico dos seguidores
de Yeshua se adaptasse ao culto imperial, e que todas as
discussões sobre a natureza do Messias fossem finalizadas. 4
2
Fonte: http://www.egyptos.net/image/photos/Dieux/Triade-Divine/Egypte_louvre_triade.jpg
Fonte: http://www.beastcoins.com/RomanRepublican/C0161.jpg
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Fonte da Imagem: http://www.answers.com/topic/constantine-i-the-great
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ְ ‫ֻׁשּתָפּות ָקהַל י‬
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
Para isso foi convocado um concílio na cidade de Nicéia, no ano 325 e no
centro dos debates, estava a natureza do Messias, que se intentava definir com
palavra que salvassem a precária unidade da igreja. Alguns insistiam que o Messias
fosse declarado “"homousios" da mesma natureza do Pai. Outros, temendo que isso
fortalecesse o partido dos que criam que o filho é co-eterno e co-igual ao Pai,
propunham o termo “homoiusios" de natureza semelhante à do Pai.
Prevaleceu o conceito “homousios” e em conseqüência Yeshua foi guindado à
posição de plena igualdade para com Pai, não uma igualdade derivada, tal como
revelada nas Escrituras, mas uma igualdade de co-eternidade nascida na cabeça de
Alexandre, Bispo de Roma, e imposta goela abaixo sobre toda a cristandade através
do seguinte credo:
Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e
invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, unigênito do Pai, da substância
do Pai; Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado,
consubstancial ao Pai; por quem foram criadas todas as coisas que estão no céu ou na
terra. O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu (do céu), se encarnou e se fez
homem. Padeceu e ao terceiro dia ressuscitou e subiu ao céu. Ele virá novamente para
julgar os vivos e os mortos. E (cremos) no Espírito Santo. E quem quer que diga que houve
um tempo em que o Filho de Deus não existia, ou que antes que fosse gerado ele não
existia, ou que ele foi criado daquilo que não existia,ou que ele é de uma substância ou
essência diferente (do Pai),ou que ele é uma criatura,ou sujeito à mudança ou
transformação, todos os que falem assim, são ex-comungados (anatemizados) pela Igreja
Católica e Apostólica."
5Ao
assumir que Yeshua não apenas participava
da natureza do Criador, por determinação e imputação
do Pai, mas sim por inerência e essência que a ruach há
Kodesh (espírito santo) não era o simples atributo do
Criador que é espírito, mas o terceiro parceiro da
divindade, Roma cristalizou a mistura de judaísmo com
o paganismo derivado dos antigos mistérios do Egito,
Babilônia, Grécia e Roma. O deus da igreja de Roma é
portanto Único não no sentido de ser um só, como os
judeus sempre creram, e como a Bíblia ensina, mas no
sentido de que sua unidade é composta por três seres
harmônicos e co-iguais, assim como uma família se
compõe pelo marido, pela esposa e o filho.
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Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:THE_FIRST_COUNCIL_OF_NICEA.jpg
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
Saíram os deuses que brigavam entre si pelo governo do universo, e entraram
em seu lugar “deuses” unidos em propósito. O que Roma vai fazer é polir, maquiar, e
transformar um culto reservado a um enorme panteão de deuses e deusas numa
doutrina com uma forte aparência de verdade bíblica segundo a qual, três seres
distintos, co-iguais, co-essencias e co-eternos, adotam uma hierarquia de governo
ante suas criaturas.
Por mais que se esforce, a Igreja
Romana jamais se desvencilhará do fato de
que sua trindade guarda enorme semelhança
com a tríade capitolina de Júpiter, Juno e
Minerva. Como explicar que Pai, Filho e
Espírito Santo sejam três seres supremos, e
não obstante não sejam três deuses?
6
E como definir que tenham uma hierarquia e não obstante sejam fundidos
numa eterna e única vontade e poder é uma confusão da qual Roma é incapaz de
esclarecer como se vê na confusa e débil tentativa de seu atual catecismo em
parecerem monoteístas.
§ 253 A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas só Deus em três
pessoas: "a Trindade consubstancial". As pessoas divinas não dividem entre si a única
divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é
aquilo que é o Pai, O Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por
natureza". "Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou
a natureza divina"
§ 254 As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não
solitário". "Pai", "Filho", "Espírito Santo” não são simplesmente nomes que designam
modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o
Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o
Filho". São distintos entre si por suas relações de origem: "E o Pai que gera, o Filho que é
gerado, o Espírito Santo que procede".7
Roma sabe que essa barafunda toda a coloca numa confusão muito grande
entre politeísmo centralizado no triteísmo de seu passado pagão com o monoteismo
praticado pelos judeus, tanto os tradicionais essênios, zelotes, fariseus e saduces,
como os seguidores de Yeshua, conhecidos as vezes por meshichim e outras por
notzirim. Como não se trata de uma doutrina lógica, e clara, Roma declara:
6
Imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7c/Triade_Capitolina_img126.jpg
Catecismo da Igreja Católica, PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO - A PROFISSÃO DA
FÉ CRISTÃ, OS SÍMBOLOS DA FÉ - PARÁGRAFO 2 - O PAI Fonte:
http://angelgireh.tripod.com/pp08.html
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
§ 232 A Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um do “mistérios escondidos
em Deus que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto". Sem dúvida,
Deus deixou vestígios de seu ser trinitário em sua obra de Criação e em sua Revelação ao
longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade de seu Ser como Santíssima Trindade
constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel antes da
Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo.”8
Roma, tudo fez ao longo dos séculos para que a doutrina da trindade fosse
considerada o centro da doutrina cristã. Tanto que São Gregório Nazianzeno de
Constantinopla ensinava aos catecúmenos que os entregava a um só deus e a três
seres, a três seres a um só deus.9 Nada há aqui de misterioso, mas apenas de
confusa, anti-bíblica e abominável teoria que nunca encontrou amparo nos ensinos do
grande Rabi Yeshua.
As Declarações de Yeshua Desmentem que ele Faça Parte de uma Trindade
Claro, que dentro desse esquema de Roma, Yeshua
era de fato um com o Pai, não em unidade como ele ensinou,
mas um em essência, como ele próprio negou. Roma, em seu
célebre diagrama afirma que o Pai não é Elohim sozinho, nem
o Filho, e nem o Espírito Santo, mas que os três o são em
unidade e Yeshua é uma extensão do ser Eterno, Onipotente,
Onisciente e Onipresente revelado no Tanach.
Entretanto, é o próprio Yeshua, cujas palavras são reputadas como
verdadeiras, que desmistifica a crença católica de ser ele da mesma essência do Pai.
Diversas declarações do Maschiach porão de manifesto que tanto o trinitarianismo
seguido pelo catolicismo como o modalismo de pentecostais, neo-pentecostais e
nazarenos, são doutrinas cristãs pagãs, e não messiânicas e judaicas e que não
passam no crivo das escrituras, ainda que pareçam monoteístas como se verá.
8
Catecismo da Igreja Católica, PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO - A PROFISSÃO DA
FÉ CRISTÃ, OS SÍMBOLOS DA FÉ - PARÁGRAFO 2 - O PAI Fonte:
http://angelgireh.tripod.com/pp08.html
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“Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de maneira
distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau
inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si
mesmo é Deus todo inteiro... Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade,
e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma
conta de mim.” Catecismo da Igreja Católica, PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO - A
PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ, OS SÍMBOLOS DA FÉ - PARÁGRAFO 2 - O PAI Fonte:
http://angelgireh.tripod.com/pp08.html
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O Filho não é Onipotente:
Embora “Jesus,” o Messias católico seja apresentado como “Deus” em seu
mais alto sentido, e por isso mesmo em nada inferior ao Pai ou a qualquer outro ser
no céu ou na terra, e, por conseguinte onipotente, o Yeshua, Messias judeu declarou
que todo o poder que possuía, não procedia dele como fonte, mas do Pai que o
exaltou e lhe deu poder e autoridade:
“E, chegando-se Yeshua, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu
e na terra.” Yochanam/João 28:28.
Como seguidores de Yeshua, os shalichim ou enviados por ele criam
sim que o Maschiach era o Ben Elion, o Filho do Altíssimo e o mais
exaltado de todos os seres da criação, mas tinham, não
obstante a isso uma apreciação devida de sua verdadeira
posição ante o Pai.
“Por isso, também Elohim o exaltou soberanamente, e
lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome
de Yeshua se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na
terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Yeshua há
Maschiach é Adon, para kvod (glória) de Elohim Av (Pai).” Filipenses 2:9-11.
Ora você não pode glorificar adequadamente ao Pai enquanto imagina pelos
sortilégios de Roma que Yeshua é inerentemente exaltado acima de todas as
criaturas. As Escrituras dizem coisa completamente diferente, dizem que o Pai o
exaltou e lhe deu autoridade, para salvar aqueles que lhe foram entregues. Isso é o
testemunho de Yeshua.
“Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a
todos quantos lhe deste.” Yochanan/João 17:2.
Os verdadeiros crentes na bessorat ou evangelho são tão firmes na sua
convicção de que Yeshua veio a possuir todo o poder como na certeza de que esse
poder não proveio dele mesmo, mas lhe foi outorgado pelo Pai. Isso em nada diminui
Yeshua, pelo contrário o coloca no lugar que ele sempre desejou que os talmidim o
colocassem, que é o lugar de servo, que não tinha nem a vontade e nem o poder para
fazer nada por si mesmo.
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
“Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e
o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me
enviou.” Yochanan/João 5:30.
O Pai é Maior do que o Filho:
Duas coisas deveriam ser claras. A primeira é que o Pai é onipotente, está
acima de todos, inclusive de seu Filho. A segunda é que não há poder na terra, no céu
ou no inferno capaz de arrebatar e levar à perdição uma única das ovelhas salvas
pelo Messias. A razão disso é dada nessas palavras do Maschiach:
“Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da
mão de meu Pai.” Yochanan/João 10:28.
Os sortilégios de Roma, abundantes como suas catedrais, bispos e prelados,
são de que o Pai é maior que todos os seres criador no universo, mas não maior que
Yeshua, pois como poderia ser alguém maior que aquele que lhe é co-igual?
Entretanto não deveria haver a menor dúvida quanto ao fato de que Yeshua
não é co-igual ao Pai, ainda que por comunhão pudesse dizer eu e o Pai somos um,
pois ele mesmo disse que o Pai era maior do que ele.
“Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis,
certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do
que eu.” Yochanan/João 14;28.
A linguagem da bessorat não comporta dúvidas, Yeshua
é o Filho de Elohim, e por isso mesmo menor que seu Pai de
quem recebeu seu poder e sua glória. Por essa mesma razão
ele se reduziu a nada para que o Pai o exaltasse sobre todos. Ele
fez lembrar que ele não se tinha glorificado a si mesmo como
afirmam os sofistas cristãos, trinitarianos e triunirarianos,
(modalistas), sim que havia sido glorificado pelo Pai que o
tinha enviado, e que se ele tivesse se glorificado a si mesmo a sua própria glória não
teria nenhum valor.
“Yeshua respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é
nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Elohim.” Yochanan/João
8:54.
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Yeshua é o Ben Elion – O Filho do Altíssimo – não Seu Irmão
Embora Roma assevere que Yeshua é co-eterno com o Pai, que nunca nasceu
ou foi criado, as Escrituras revelam em contrapartida que ele é o “amen” (a fidelidade),
e “a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Elohim.”
(Guylyanáh/Apocalipse 3:14). Isso o eleva por certo acima de todas as criaturas, pois
profeticamente Davi o contempla declarando sua posição como Filho do Eterno:
| ‫ֲא ַס ְּפרָה אֶל חֹק‬
Asaperah el chok
Proclamarei o decreto:
:‫יְהוָה מַר ֵאלַי ְּבנִי (ּתָה ֲאנִי הַּיֹום יְִל ְדּתִי ָך‬
Yahweh amar elay b`ney ata hani hayom eledetichá.
O Eterno me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.
Tehilim/Salmos 2:7.
Assim, em cumprimento aquilo que está escrito acerca do Maschiach nos
profetas, o anjo Gavriel anunciou a Myryam sua mãe: “‫ ֶעלְיֹון י ְהיֶה ּגדֹול וְהּוא‬+‫ ּוּבֶן‬UbenElyon yheyeh gadol vê`hu” (ele será Filho do Altíssimo e grande será). Nossas bíblias
des
“Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo (hebraico Ben Elyon
‫ ֶעלְיֹון‬+‫ּבֶן‬, aramaico ‫ ּבָר ָליָאּד ֵע‬Bar d`elaya, grego υιος υψιστου uios ufistou.” Lucas
1:32.
Esta declaração do anjo foi plenamente cumprida. Marcos começa sua epístola
declarando: “Princípio do evangelho de Yeshua Há Maschiach, Filho de Elohim.”
(Marcos 1:1) Yeshua se apresentou aos homens como o Ben Elohim ou Filho do
Eterno de Israel, que o santificou e enviou ao mundo:
“Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas,
porque disse: Sou Filho de Elohim?” Yochanan/João 10:36
Logo, o ensino de que Yeshua é co-eterno com o Criador, a segunda pessoa
da divindade, uma espécie de irmão gêmeo de YHWH, idêntico a ele em tudo, e que
veio a esse mundo disfarçado sob uma identidade irreal, se passando por filho,
quando na verdade era o próprio Pai se apóia apenas em conceitos mitológicos
romanistas e nas vacas sagradas da teologia cristã e não nos testemunhos das
Escrituras. Yeshua, o Maschiach judeu na mais popular de suas declarações disse:
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“Elohim amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Yochanan/João 3:16.
Uma vez que Yeshua se apresentou como o Filho Unigênito do Pai, enviado
por ele em missão de resgate, uma missão de resgate muito maior que a de
Yehoshua, enviado para levar o povo ao Eretz Yisrael, pois é sua missão redimir um
povo do pecado e levá-lo ao mundo vindouro, o testemunho da Brit Chadashá é
unânime. Crentes, incrédulos e até demônios reconheciam nele, não o Elohim
descido ao mundo, mas o Filho de Elohim enviado ao mundo.
Natanael declarou: “Rabi, tu és o Filho de Elohim; tu és o Rei de Israel.”
(Yochanan/João 1:49). O centurião romano que conduziu a guarda durante sua
execução disse ao vê-lo expirar: “Verdadeiramente este homem era o Filho de
Elohim.”(Marcos 15:39). Os “espíritos imundos vendo-o, prostravam-se diante dele, e
clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Elohim.” (Marcos 3:11).
Mas o testemunho maior é o do próprio Pai, que através de sua ruach
declarou: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Matytyahú/Mateus
3:17). As Escrituras foram produzidas, não para que criemos nossa própria teologia e
muito menos que creiamos que Yeshua é o Elohim Único, pelo contrário.
“Estes, porém, foram escritos para que creiais que Yeshua é o Maschiach, o
Bem Elohim (Filho de Elohim), e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”
Yochanan/João 20:31.
Yeshua não é Co-eterno, mas Recebeu Vida do Pai
Ora, não existem filhos com a idade dos pais. Se o Criador quisesse dar a
conhecer o mistério de um ser co-eterno com ele, certamente não o chamaria de filho,
pois essa palavra está indelevelmente ligada ao conceito de origem e procedência. E
se emprega para descrever aqueles que procedem de nós ou por nós adotados, e
esse é um conceito universal que vale tanto para um nigeriano como para um
tibetano, para um italiano como para um israelita.
Ora, um filho é sempre alguém menor, mais jovem, que recebe proteção, ajuda
e dom de seu Pai. Yeshua como Filho, é não apenas herdeiro da vida de seu Pai, mas
também seu receptor.
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“Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a
vida em si mesmo.” Yochanan/João 5:26.
Avançar, além disso, supor que o Messias possuía vida inerente, não derivada
de ninguém, é ir além do que ele mesmo declarou, e mais do que isso, é criar um
Messias à imagem e semelhança de nossos gostos e inclinações e recusar o
testemunho do Messias de Israel.
É evidente que não colocamos Yeshua em nível dos demais homens, seus
irmãos. A razão disso é que ele recebeu poder sobre toda a carne, a fim de salvar
dela (de toda a carne), aqueles que Pai lhe deu.
“Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a
todos quantos lhe deste.” Yochanan/João 17:2.
Como Filho de Elohim, Yeshua recebeu autoridade para dar vida na sua
expressão maior, aquela que pode ser chamada de vida eterna, e esta vida ele pode
transmitir a seus irmãos, a quem chama de suas ovelhas.
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;
dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha
mão.” Yochanan/João 10:27-28.
Yeshua não é Onisciente:
A onisciência é um dos atributos do Criador que diz de si mesmo:
“anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que
ainda não sucederam;” (Yeshayahú/Isaías 46:10). Nesse propósito o
Eterno emprega profetas, que antecipam os acontecimentos.
O profeta Eliaha previu com absoluta precisão que no
dia seguinte o trigo e a cevada despencariam de preço numa cidade
sitiada, e no outro dia, para espanto de todos, os inimigos se retiraram
misteriosamente deixando suas provisões, nas mãos dos sitiados e os
preços caíram. (Melachim Beit/2 Reis 7:1, 16). Da mesma forma como
“homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Elohim e de
todo o povo,” (Lucas 24;19) Yeshua declarou: “Desde agora vo-lo
digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que
eu sou.” Yochanan/João 3:19.
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Como profeta que era, Yeshua sabia “desde o princípio, quem eram os que
não criam, e quem era o que o havia de entregar,” (Yochanan/João 6:64), e sabia
quem de fato haveria de ser salvo, pois ele mesmo disse: “manifestei o teu nome aos
homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua
palavra.” (Yochanan/João 17:6)
Ele sabia também que seria entregue pelos seus irmãos judeus aos gentios
que o matariam, e que ressuscitaria ao terceiro dia (Matytyahú/Mateus 20:19), mas
nada disso faz dele um ser onisciente. Moshe sabia o que os israelitas fariam quando
ele partisse, e Eliasha o que ocorreria no outro dia, e não obstante, não eram
oniscientes.
Da mesma forma Yeshua, apesar de ter sido avisado de muitas coisas por seu
Pai, ele não era onisciente, pois sabia por revelação, e não meramente por saber
como se dava com seu Pai. Nesse sentido pode-se dizer que YHWH é a fonte da
sabedoria e que Yeshua é o conduto dessa sabedoria. Em sua comunhão perfeita
com o pai Yeshua falava aquilo que o Pai o revelava, como ele mesmo disse:
“Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que
eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as
obras.” Yochanan 14:10.
Trinitarianos e modalistas, dando às palavras de Yeshua um sentido que ele
não deu, dizem que ele estava por dentro de todos os segredos do Pai, e portanto,
tinha conhecimento prévio de tudo, e não apenas de tudo o que lhe era mostrado.
Claro que essa é uma doutrina da razão especulativa e não da revelação. O
próprio Yeshua mostrou que não sabia o dia de sua vinda, que isso só o Pai sabia e
mais ninguém.
“Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente
meu Pai.” Matytyahú/Mateus 24:36
Ainda que os trinitarianos e seus pares modalistas afirmem que essa era uma
postura intermediária, da manjedoura ao Calvário apenas, e que mais tarde Yeshua
voltou à sua natural e divina onisciência isso também não pode ser provado pelas
Escrituras, mas pode ser reprovado. Os talmidim lhe perguntaram, já depois de sua
ressurreição, e imediatamente antes de sua ascensão quando ele voltaria. Sua
resposta foi exatamente a mesma:
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ְ ‫ֻׁשּתָפּות ָקהַל י‬
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
“Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pela
sua exclusiva autoridade.” Atos 1:7.
Anos e anos se passaram, Yochanan estava na ilha de Patmos, Yeshua estava
à direita de seu Pai no céu, e apesar disso, ainda não era onisciente. Pelo contrário, o
testemunho das Escrituras dizem que ele ainda precisava da revelação do Pai a fim
de conhecer o futuro particular de seu povo Israel e das nações que o cercam:
“Revelação de Yeshua há Maschiach, a qual Elohim lhe deu, para mostrar aos
seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e
as notificou a Yochanan seu servo.” Guylyanáh/Apocalipse 1:1.
O que está revelado aqui? Que Yeshua como profeta maior recebeu uma
revelação da parte de Elohim, e que o anjo que estava a seu serviço foi enviado a
Yochanan para que este escrevesse essa revelação a fim de que chegasse até nós.
Portanto ele não era onisciente, pois um ser onisciente não pode jamais receber
revelação. Não pode por que não precisa, e não precisa por que é o autor da
revelação.
Ora nesse caso, Elohim o Pai é o autor da revelação dada a Yeshua enquanto
o ano é seu transmissor, Yochanan o seu escritor e nós, os seus servos somos o seu
objetivo final.
Conclusão: O conceito de um deus trino ou triúno, apesar de extremamente antigo,
posto que já existia muito antes de Tertuliano criar a palavra trinitas, de onde deriva
trindade, é um conceito completamente pagão.
É importante que se diga ainda que embora se atribua a doutrina da Trindade a
Tertuliano, que viveu no segundo século, aquele que é chamado um dos pais da
igreja, não tinha em mente a criação de três seres idênticos em natureza, essência e
existência como Roma ensina hoje. Tertuliano na verdade, era um monoteísta no
sentido em que cria que há um só Criador como ele expressa nessa declaração:
“Não devemos supor que haja algum outro ser, exceto unicamente Deus, que
seja não gerado e incriado. . . . Como pode algo, exceto o Pai, ser mais velho, e por
isso deveras mais nobre, do que o Filho de Deus, o Verbo unigênito e primogênito? . .
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A Divindade de Yeshua e a Unicidade de Elohim
. Esse [Deus] que não precisou de um Criador para lhe dar existência, será muito mais
elevado em categoria do que [o Filho] que teve um autor que o trouxe à existência.”10
De fato, não há de bíblico na doutrina que nega a filiação de Yeshua a Yah
como seu Pai, e nada há de bíblico na doutrina que afirma que Deus é um conjunto de
três seres igualmente eternos, onipotentes, oniscientes e onipresentes, que pela sua
tão inigualável unidade formam não três, mas um único deus em três pessoas.
Isso é paganismo, uma lamentável influencia da igreja de Roma que ainda
teima e subsistir entre os cristãos. Chegou o tempo para que as Escrituras porém
falem mais alto que todos os concílios e que todos os homens reunidos. Já é hora de
despertar do sono letárgico a que Roma submeteu as ovelhas ao longo desses
séculos.
Resta uma pergunta a responder: Se Yeshua não é Elohim no mais amplo
sentido do termo, e se ele é chamado Elohim da mesma forma que Moshe, os juízes
de Israel e os anjos são assim denominados, então por que Shaul diz que nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade como aparece em Colossenses 2:9?
É evidente que o texto foi traduzido de forma tendenciosa na maioria das
Bíblias. O próprio texto receptus, cuja autoridade é questionável, e que serviu de base
à Almeida, diz: οτι εν αυτω κατοικει παν το πληρωµα της θεοτητος Oti em auto
katoikei to pleroma tes teotetos isso é, “nele mora a perfeição da divindade.”
Nada de corpo (grego σοµα) que nem sequer é mencionado no texto, e muito
menos de plenitude, mas de perfeição. Shaul nos está estimulando à πληρωµα
pleroma ou perfeição a que um dia chegaremos (não antes de seu retorno é claro),
recordando que já a temos por imputação como prova a declaração seguinte: και εστε
εν αυτω πεπληρωµενοι ος εστιν kai este em auto pepleromenoi os estin e estais
perfeitos nele.
O texto quer dizem simplesmente que em Yeshua está a perfeição de Elohim,
assim como somos perfeitos em seu filho. Evidentemente o texto foi forçado para
passar uma idéia contrária a tudo o que o próprio Maschiach disse, a saber, que ele é
menor que o Pai, e não igual a ele.
Que Yah pois nos guarde dos sortilégios de Roma. Amen v`amen.
10
26. The Ante-Nicene Fathers, Volume III, página 487.
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