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Ediçao I- Março de 2015 N°23 VISCONDATA E A UNIVERSIDADE REPORTAGEM: A CIÊNCIA DO VESTIBULAR O Visconde MARÇO 2014 - SUMARIO COLABORE VOCÊ TAMBÉM COM EDITORIAL USP, Crises e Rupturas ACONTECE NA USP VISCONDATA CAVC FALA CAIXA O Álcool e a segurança na USP A universidade Ano novo, gestão nova Prestação de contas CAVC BRASIL E DAÍ A crise de abastecimento PAPO DE EMPREENDEDOR Envie textos, imagens, sugestões e críticas para [email protected]. REPORTAGEM A ciência do vestibular e a FUVEST 2015 QUEBRANDO A ROTINA Para saber mais, acesse: www.ovisconde.com Play the call: Transformar o mundo pode ser uma brincadeira VISCONDE RECRUTA Arte na adversidade Olhar para a USP é olhar para a sociedade paulista A FEA TAMBEM É PÉROLAS O MUNDO LÁ FORA EXPEDIENTE - O ESPAÇO ABERTO* PESQUISAS ECONÔMICAS Visconde CONSELHO EDITORIAL Ana Carolina Fouto Andrei Armino Laskievic Danilo Oliveira Imbimbo Isabela Isper Rocha João Pedro Fabra Matheus Rezende Dias Nina Amora Souza Vítor Araújo Hallack EDITORAÇÃO Sobre os ataques na França IMPRESSÃO Uma visão concorrencial sobre o setor de petróleo no Brasil AGENDA CULTURAL ENRETENIMENTO CRUZADINHA CRÔNICA Beira-mar SOBE E DESCE TÚNEL DO TEMPO A experiência universitária: Um alerta aos novatos ENVIE SUAS SUGESTÕES, TAMBÉM PARA UM DE NOSSOS ENDEREÇOS ELETRÔNICOS! /OVISCONDE - O Visconde MARÇO 2014 [email protected] *Os textos da seção Espaço Aberto são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não refletemOa Visconde opinião doMARÇO Centro Acadêmico 2014 - 42 EDITORIAL EDITORIAL USP, Crises e Rupturas Começado o ano de 2015, inicia-se um novo ciclo n’O Visconde. Agora sob a gestão de nova chapa, a Desenredo, tentaremos dar nossa contribuição para a melhoria do periódico feano. Dentre todas as motivações que nos levaram a optar pelo tema Universidade, tendo enfoque principalmente na nossa USP, como o primeiro tema do ano, três merecem ser destacadas. A primeira é, sem sombra de dúvidas, o fato de contarmos com cerca de 600 ingressantes, que ainda estão descobrindo sobre o que se trata, afinal, nossa Universidade de São Paulo. Esperamos que os textos dessa edição tornem mais fácil a compreensão a respeito da Universidade e seus desafios. Já a segunda motivação é a própria situação crítica pela qual passamos. Nem mesmo quem está chegando agora ficou alheio ao momento de 4 - O Visconde MARÇO 2014 crise, tamanho o destaque dado pela mídia durante o ano passado. Assim, torna-se essencial a discussão profunda do que é a UNIVERSIDADE, seja ela como espaço de construção de ideias e ciência, como espaço de lazer e convivência e sua função para com a sociedade. Tratando-se especificamente da USP, os dois anos anteriores - 2013 e 2014 - foram bastante turbulentos e as perspectivas também não são alentadoras. No ano de 2013, último da Gestão Rodas, a democratização da USP voltou a ser um tema amplamente debatido após a deflagração de uma greve estudantil. A paralisação teve início após a tentativa do reitor de decidir em uma reunião do Conselho Universitário qual seria o modelo das eleições dos dirigentes. Os alunos tinham as eleições diretas para reitor como uma das princi- pais reivindicações, dentre algumas outras. Pode-se dizer, ainda, que o princípio da Democracia não é um dos mais respeitados em nossa Universidade. Sua Estrutura de Poder conta com baixa participação de alunos e funcionários para realizar diversas decisões, desde as mais cotidianas, até as escolhas mais estruturantes. Para além disso, a “influência” da sociedade civil através da indicação do reitor pelo governador do estado também não parece estar dando grandes resultados. Por fim, o próprio ingresso na USP, tratado em nossa reportagem especial, ainda tende a favorecer grupos já privilegiados socialmente. Já no ano de 2014 diversas outras pautas surgiram. Veio a público a crise financeira para qual a Gestão Rodas nos havia conduzido de forma acelerada e que ainda vivenciamos a duras penas na Gestão Zago. A proposta de não reajustar salários do então novo reitor fez com que outra greve fosse deflagrada. Essa, porém, veio a se tornar a mais longa na História da USP com 118 dias e apoiada pelas três entidades representativas: Adusp, Sintusp e DCE. O final da greve ocorreu com a conquista do reajuste por parte dos professores e funcionários. Afora todas as greves, outra questão torna-se cada vez mais latente: o combate às opressões. A denúncia dos casos de estupro na Medicina e a atuação dos coletivos locais possibilitou a instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa sobre o tema. Dessa forma, a situação crítica da universidade é reafirmada por casos de violência e acidentes trágicos como do garoto encontrado morto na raia. A terceira motivação para escolha do tema é a mesma que nos levou à ampliação de nosso Editorial e está nos próprios objetivos de nossa gestão. Esperamos, acima de tudo, fazer com que o Centro Acadêmico seja cada vez mais enxergado como uma entidade legítima na construção política e que essa se aproxime da maioria dos alunos. Por isso, apesar de conturbado, acreditamos ter sido muito frutífero esse começo de ano com um debate entre Sintusp, Reitoria, DCE e CAVC; um diálogo com o reitor sobre as principais questões da Universidade e a nota do Coletivo Histéricas com grande repercussão no grupo de Facebook FEA USP, apontando para um espaço mais amplo de diálogo, que esperamos expandir ao longo do ano. Também buscando tais objetivos, nos posicionaremos constantemente enquanto gestão sobre os temas que julgarmos relevantes, esperando estimular a aproximação dos alunos nos espaços de decisão da entidade, como em assembleias e votações. Por fim, conseguimos notar nesse início de ano uma possível mudança de postura que parece ter se iniciado em nosso ambiente. Sabemos todos que nossa universidade é elitista e seus ambientes são majoritariamente homofóbicos e machistas. Por isso mesmo, discutir tais assuntos, assim como fazer aquilo que está a nosso alcance para enfrentá-los é um primeiro passo fundamental. Nesse sentido, as discussões a respeito do Teatro dos Bixos, com a publicação de posicionamentos dos coletivos Histéricas e FEA Society e depois da própria AAAVC (responsável pela organização da Gincana dos Bixos) marcam uma postura de enfrentamento às opressões importante para nossa faculdade. Desejamos a todos um bom começo de ano! O Visconde MARÇO 2014 - 5 ACONTECE NA USP O ÁLCOOL E A SEGURANÇA NA USP 2014 foi um ano conturbado para a Universidade de São Paulo. Além das costumeiras greves, outros eventos fizeram voltar as atenções da mídia à USP. Talvez o mais impactante tenha sido o sumiço – depois confirmado como morte por ingestão de drogas – de Victor Hugo Marques dos Santos, estudante do SENAC, em uma festa organizado pelo Grêmio Politécnico. Outras tragédias, como o atropelamento de 5 pessoas, em meados de agosto, no campus da Cidade Universitária, reforçaram a inexorável necessidade de um debate contundente em relação à segurança na Universidade. Os principais veículos midiáticos, como de praxe, não hesitaram em decretar como responsável por esses episódios a prática de festas e a constante presença de bebidas alcoólicas no campus universitário. A pergunta que deve ser respondida para a aprimoramento da segurança: a presença de bebidas alcoólicas no campus é prejudicial ou não? Para o Conselho Gestor da USP, órgão criado em 2014, que contém a participação de representantes de diversas unidades, essa resposta é sim. No final do ano passado foi aprovado um documento que explicitava a proibição da venda de álcool e a realização de grandes festas. Segundo o Conselho, “só serão autorizados eventos festivos que tenham compatibilidade com a vida universitária, em locais que comportem o público esperado, que não interfiram nas atividades essenciais à universidade e reúnam, majoritariamente, pessoas da comunidade da USP”. 6 - O Visconde MARÇO 2014 A FEA, assim como diversas outras unidades, cumprirá à risca as decisões deliberadas no Conselho Gestor. Em dezembro do ano passado, a Comissão Técnico Administrativa (CTA) se posicionou veemente a favor da proibição e extinguiu consumo de álcool, em festas, na Vivencia e no Sweden. Forçados a acatar as decisões da diretoria, os alunos se vêem, no momento, sem muitas alternativas. O Comitê Gestor já declarou que haverá pena estudantil para aqueles que organizarem e promoverem festas que não cooptarem com as adequações previstas. Os estudantes, sem voz o suficiente para reinvindicações, estão incapacitados de reverter a situação atual. Com uma imagem que vem sendo denegrida a cada episódio problemático e com uma crise financeira eminente, a reitoria transfere a responsabilidade aos alunos. Ao invés de promover o debate sobre a segurança e, junto com o corpo discente, achar soluções viáveis, prefere escamotear o problema através de medidas autoritárias, que nada mais são do que resoluções superficiais, voltadas a opinião externa. O show de horrores, promovido pela mídia, não pode diminuir a importância da USP na sociedade, tampouco limitar o poder dos alunos nas deliberações. Neste ano de 2015, com a entrada de novos alunos, será fundamental uma maior articulação dos centros acadêmicos, pressionando a reitoria para reconsiderar sua postura. Os estudantes não podem perder mais espaço nas decisões sobre sua própria universidade. O Visconde MARÇO 2014 - 7 A L A F C V A C Ano Novo, Gestão Nova Admnistrativa: Além de ser uma grande conquista do CAVC, a Vivência também é uma fonte de renda alternativa para a entidade. Para mantê-la funcionando, é preciso controlar seu abastecimento, pesquisar novos produtos, decidir preços e analisar as diferentes demandas de seus frequentadores. Como muitos sabem, a Vivência é recente na nossa faculdade e, por isso, ainda precisa de diversas implementações. Entre elas um aumento da área coberta, novos móveis, criação de um depósito, entre outras coisas. Assim, trabalhamos para que nos próximos anos o projeto possa ser concluído para a Vivência ser um espaço de grande conforto para os alunos. Para que tudo isso seja possível, o Centro Acadêmico está sempre correndo atrás de novos parcerias. A Diretoria Administrativa se responsabiliza por procurar patrocínios que não apenas nos ajudarão a terminar as implementações da Vivência, mas que também colaborarão com outros projetos do CAVC, com destaque para o Resgate Histórico, livro que será publicado sobre a história do centro acadêmico feano. Finalmente, a gestão do CAVC Idiomas é uma das partes mais importantes do trabalho desta diretoria. A empresa, criada em 1989, tem como objetivo fornecer aos alunos a oportunidade de cursar novas línguas com um ensino de qualidade e preço acessível. Además, ela tem papel essencial nos projetos do Centro Acadêmico pois ajuda financiando os diversos eventos internos promovidos por outras diretorias. 9 - O Visconde MARÇO 2014 Mobilização: Durante a formação da Desenredo, as discussões tocaram repetidamente na questão do engajamento FEAno e na necessidade de se ampliar o contato com o dia a dia da política universitária. Pensando nisso, decidimos pela criação de uma diretoria, a de Mobilização, que se encarregasse especificamente dessa tarefa. Uma das nossas frentes de atuação está na promoção de um acúmulo amplo a partir das questões que envolvem a vivência universitária, avançando para o âmbito da cidade e do país, através de diferentes ciclos de debates. Fiquem atentos pois o primeiro ciclo, que tem como tema a Universidade, se inicia já no começo de março! Partiremos da aparência do problema, analisando o que salta aos olhos da sociedade através da mídia com “Greve, Porrada e Bomba: Como fazer uma universidade pública?”, para em seguida penetrar sua essência em “Saber que cada um tem na USP o seu lugar: O que significa ser público e democrático?”. Em “Fechou, e olha onde a gente chegou: Qual a história da democracia na USP?” estenderemos nossa análise por uma perspectiva histórica. E como não poderia faltar na FEA, “A USP atoladinha: Financiamento da Universidade” discutirá alternativas para a atual crise financeira. Fecharemos o ciclo com “O que eu quero é ser feliz: O que significa ser engajado na Universidade?”, trazendo representantes de diversas correntes do Movimento Estudantil para discutir o sentido de suas atuações para a transformação da realidade concreta. Sociocultural: A Diretoria Sociocultural é responsável por promover a integração entre os FEAnos e a inserção em debates de assuntos de grande importância para o cidadão. Para isso foi planejado para a semana dos bixos um pedágio solidário junto com o FEA Social. Já para o mês de março organizaremos o Fórum Felipe Ramos de Paiva onde ocorrerá debate sobre segurança no campus com profissionais da área. Além deste também teremos o Sebo CAVC para facilitar a venda de livros entre os alunos. Na vivencia teremos sarau e happy hour que acontecerão todo mês, assim como o Clube de Cinema nas salas da FEA. Para abril, alem dos eventos mensais, também teremos a Semana da Arte com oficinas, intervenções, exposições e muito mais. A Diretoria Sociocultural (ou só sócio para os íntimos) tem reuniões semanais abertas a todos os FEAnos que quiserem participar tanto da idealização quanto da realização dos projetos. Eventos: Hey guys!!! Início de semestre e eventos já está a mil! Trouxemos logo de cara a festa de matrícula mais inesperada, simplesmente com a Letras e a História! Logo depois, brilhamos na tão tradicional cervejada do Imperador marcando a semana dos bixos e bixetes. E no meio de tantas aulas, feriados e tudo o mais, teremos a SPRING BREAK SUNSET! Uma festa diferente de tudo o que a galera da FEA está acostumada! Acadêmica: A Desenredo traz uma novidade substancial em relação à gestão anterior Síntese no que diz respeito à diretoria voltada aos assuntos acadêmicos da FEA. No lugar da Diretoria de Graduação, trazemos para o CAVC a Diretoria Acadêmica, que tem a missão de manter o trabalho referente à graduação, mas também ampliar suas fronteiras de atuação. É função da diretoria zelar pelo manutenção da qualidade dos cursos da FEA e aprimorar a experiência acadêmica dos alunos, com monitorias, grupos de estudo, banco de textos e provas, além de todo tipo de evento que possa complementar a formação recebida em sala de aula. Será tarefa também da Diretoria Acadêmica fazer a ligação entre os estudantes e a Direção da faculdade, através da articulação de Fóruns de Representantes Discentes e Reuniões periódicas com os Representantes de Classe. A diretoria pretende também familiarizar o feano com o universo das pesquisa acadêmicas, através de workshops para pesquisas de Iniciação Científica e workshops com alunos de pós-graduação da FEA. E, por fim, tomaremos como missão a promoção e divulgação dos encontros nacionais de estudantes da áreas correspondentes aos cursos da FEA, como o ENECO, ENEAD, ENECIC e ENEAT. FEAnos e FEAnas, fiquem atentos à divulgação dos nossos eventos, pois eles começam já em Março. Visconde: A diretoria do Visconde começa o ano com o espírito e energias renovadas, iniciando com o tema UNIVERSIDADE, pauta de muitas discussões midiáticas no ano de 2014, principalmente de nossa Universidade, a USP. Já na próxima edição abordaremos a CIDADE DE SÃO PAULO, assunto que envolve a todos no sentido mais amplo. Sendo assim contamos com a ajuda de todos, mandem textos, crônicas, artes e etc. Quanto mais conjunta e diversa, a construção se torna mais rica e interessante!! O Visconde MARÇO 2014 - 9 - O Visconde MARÇO 2014 O Visconde MARÇO 2014 - R$ 55.194,90 R$ 4.525,82 R$ 4.399,82 R$ 126,00 R$ R$ R$ 34.018,55 Outros...................................................................................................R$ 12.101,10 Dívidas com outras entidades......................................................R$ 240,00 Locação de armários........................................................................R$ 425,00 Entradas de Eventos.........................................................................R$ 7.179,00 Vendas Vivência.................................................................................R$ 4.257,10 Sub Total - Entradas ......................................................R$ 56.232,38 R$ 20.963,14 R$ R$ R$ 20.000,00 R$ 963,14 R$ 306,50 R$ 306,50 R$ R$ R$ R$ R$23.621,54 R$ 23.496,00 R$ 40,00 R$ R$ 85,84 R$ R$ - R$ 45.267,58 R$ 11.249,03 Repasses............................................................................................. R$ 29.160,92 Repasse entidade estudantil.........................................................R$ Repasse AAAVC..................................................................................R$ Intermédio para entidade estudantil.........................................R$ 22.160,92 Devolução para o CAVC Idiomas.................................................R$ 7.000,00 Diretorias.............................................................................................R$ 6.668,00 Eventos..................................................................................................R$ 6.668,00 Administrativa....................................................................................R$ Acadêmica...........................................................................................R$ Sociocultural........................................................................................R$ Mobilização..........................................................................................R$ Outros...................................................................................................R$2.949,10 Projeto Resgate Histórico................................................................R$ Devolução de locação de armário.............................................. R$ 360,00 Multa sobre dívida trabalhista......................................................R$ 2.500,00 Tarifas e Impostos Bancários ........................................................ R$ 89,10 Amortizações de dívidas.................................................................R$ Erros e Omissões................................................................................R$ - Sub Total - Saídas ....................................................................... R$ 40.269,65 Resultado do Período .................................................................R$ 15.962,73 R$ 4.713,70 R$ R$ R$ - Vivência...............................................................................................R$ 910,05 Custeio de estoque...........................................................................R$ 910,05 Manutenção Vivência.......................................................................R$ - Resultado acumulado .................................................................R$ 15.962,73 R$ 376,40 R$ R$ R$ R$ R$ R$ 196,60 R$ 179,80 Despesas Admninistrativas....................................................... R$ 581,58 Doações................................................................................................R$ Serviços de informática...................................................................R$ Serviços diversos................................................................................R$ 115,00 Papelaria e xerox................................................................................R$ 205,10 Hospedagem de website e email - Locaweb...........................R$ 81,68 Telefone - Claro...................................................................................R$ TV - Sky..................................................................................................R$ 179,80 SAÍDAS R$ 27.981,20 R$ R$ 25,00 R$ 27.956,20 R$ - R$ 8.530,00 R$ 700,00 R$ 7.830,00 Patrocínios..........................................................................................R$ 15.666,00 Makis..................................................................................................... R$ Outros patrocínios............................................................................R$ 15.666,00 R$ 27.784,21 R$ 23.070,51 R$ 32.124,39 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ - R$ 25.310,05 R$ 23.640,05 R$1.670,00 R$ R$ R$ - R$ 5.289,94 R$ R$ R$ R$ 5.289,94 R$ 1344,60 R$ 1344,60 R$ - R$ 179,80 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 179,80 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ - R$ 22.000,00 R$ 22.000,00 R$ R$ - R$ 5.000,00 R$ R$ R$ 5.000,00 Repasses..............................................................................................R$ 7.660,48 Repasse CAVC Idiomas.....................................................................R$ Repasse c/c Santander................................................................. R$ Intermédio para Entidade Estudantil.........................................R$ 7.660,48 Fev/2015 R$4.713,70 R$ 4.405,00 R$ 308,70 Jan/2015 R$15.962,73 R$ 15.435,93 R$ 526,80 Dez/2014 Saldo Inicial ......................................................................................R$ 20.804,80 CC CAVC................................................................................................R$ 20.440,00 Dinheiro em Caixa.............................................................................R$ 364,80 ENTRADAS PRESTAÇÃO DE CONTAS . . brasil e dai brasil e dai A CRISE DE ABASTECIMENTO Quando escrevo, o nível do reservatório do Sistema Cantareira está em 7.1% de sua capacidade total (já consumidos os dois volumes mortos), um ligeiro aumento em comparação com a semana passada. Certamente, na data de publicação deste texto, este número já terá mudado (para um digito maior se tivermos sorte). Há tempos em que vivemos esta catarse coletiva, parecida com uma corrida de cavalos ou com qualquer outro jogo de aposta: “hoje o Cantareira subiu 0.1 pontos percentuais”, “subiu 0.2”, “permaneceu estável”. O acompanhamento do nível dos reservatórios já virou algo cotidiano para o paulistano. Paradoxalmente, o recurso mais imprescindível à vida do ser humano, um dos mais abundantes em nosso país está em grande escassez em São Paulo. A cidade dispõem de grande abundância hídricas: dois grandes rios que cortam a cidade, diversas represas, mananciais e o maior aquífero do mundo logo abaixo de nós. Infelizmente parte des- 12 - O Visconde MARÇO 2014 mentação de técnicas na indústria e na agricultura para diminuir o consumo, mantendo ou quem sabe aumentando a produtividade do uso de recursos hídricos. Dentre elas podemos citar a irrigação por gotejamento, pouco usada no Brasil devido ao alto custo de implementação (apesar de ser muito mais eficiente) e o reuso da água no âmbito industrial e doméstico que já vem sendo estimulado pela Sabesp. Várias outras técnicas estão sendo usadas e pensadas para reverter a situação. Já foi falado em um possível terceiro volume morto, redução da pressão da água nos canos, despoluição de corpos d’água, usar fontes hídricas do Rio de Janeiro, dessalinizar a água do mar e o famigerado (e já real) racionamento. Além das diversas gambiarras feitas pela população buscando a economia de água que vemos todos os dias nos jornais. Infelizmente, a situação não é exclusiva de São Paulo, várias outras cidades do Sudeste vem sofrendo com a seca. As principais represas do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, Paraibuna e Serra Azul, já utilizaram suas cotas do volume morto. Outro fator preocupante: vários dos reservatórios que abastecem as metrópoles citadas fazem parte de complexos hidrelétricos. Um dilema fatal surge para a administração pública: como alocar o restante da água? As termoelétricas já foram acionadas para suprir o défict de geração de energia, juntamente com um grande aumento na conta para o consumidor e o racionamento já está sendo usado em diversas cidades, ocorrendo casos extremos como o da cidade de Itu no qual ele durou 10 meses. Temos sorte em viver em um dos países com a maior abundância de recursos hídricos no mundo. Talvez passado esta crise, comecemos a tratar a água como o que ela verdadeiramente é: um recurso escasso e de imensa valia tanto para a economia quanto para a sobrevivência e funcionamento da sociedade, que tentemos melhorar a gestão dos recursos hídricos em todas as esferas do poder e, quem sabe, não surjam grandes esforços acadêmicos em relação à Economia da Água. tes recursos estão inutilizáveis devido à poluição (rios Tietê e Pinheiros e respectivos córregos além da represa Billings) e ainda são pouco explorados, caso do aquífero Guarani. Os fatores naturais como a não ocorrência do El Niño ano passado e a diminuição nas massas de ar carregadas oriundas da Amazônia que descarregam no Sudeste - os chamados rios voadores - juntamente com a má administração pública dos recursos hídricos tornaram a atual situação possível. Diversas vezes foi apontado que esta seca já estava prevista anos atrás. Cidades como Nova York, que no século passado passou por uma crise semelhante a nossa atual, planejam seu abastecimento de água para os próximo 50 anos. Sabemos que a totalidade dos recursos hídricos não é usada apenas para o uso doméstico, que representa apenas 10% do total no Brasil. Então, seria muito mais eficiente focar na diminuição da perda de água por vazamentos e na impleO Visconde MARÇO 2014 - 13 PAPO EMPREENDEDOR PAPO EMPREENDEDOR PLAY THE CALL Transformar o mundo pode ser uma brincadeira O encontro foi marcado para as 22 horas de uma segunda-feira. O local, conhecido como “base”, ficava em uma das desconhecidas ruas do Pacaembu. A equipe d’O Visconde foi recebida num clima de muita descontração pelo empreendedor social Pedro Limeira, economista de formação, 27 anos, na casa coletiva da equipe do Play The Call, movimento extremamente ambicioso e apaixonante que busca mobilizar 2 bilhões de pessoas em quatro anos. O projeto, conta Pedro, tem como principal objetivo salvar o mundo através das crianças, algo que soa num primeiro momento como ingenuidade, só num primeiro momento. A estrutura do projeto demonstra por si que a transformação é possível se seguir princípios simples, diretos e objetivos e contar, é claro, com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada. Tendo isso em vista, Edgard Gouveia, idealizador do movimento, começou a se questionar como seria feita essa mobilização e chegou a conclusão fundamental de que para articulações em massas é necessário seguir um modelo que seja rápido, de graça e divertido (fast, free and fun). O Play The Call nascia, então, como um “game”, que de maneira resumida cria missões que devem ser cumpridas e gradativamente aumentam seu nível de dificuldade. O público-alvo tem 8 a 18 anos de idade e para dar sentido ao seu engajamento, foi criada uma espécie de ViscondeNOVEMBRO MARÇO 2014 2014 14 --OOVisconde mito/lenda que conta uma história, dando formato para a “brincadeira”. Basicamente, esse mito funciona como uma alavanca de start para entrar no projeto e conta uma história sobre um grande “chamado cósmico”: os seres mais importantes de todas as dimensões (água, fogo, terra e ar), que são super heróis, foram acionados para ajudar o planeta. Para participar do jogo é necessário “renascer” como simples ser humano, mas com algumas exigências: esquecer quem você era, quais eram seus poderes, de onde você veio, e até qual é sua missão. Conforme o participante vai se desen- volvendo no jogo, lembranças de sua antiga vida são ativadas e ele terá três missões principais: desenvolver seus “super-poderes”; organizar-se em grupos, ressaltando a importância da coletividade; convencer os outros a realizarem ações práticas, colocando a mão na massa. Por trás dessa grande brincadeira, está se estruturando uma plataforma inovadora e complexa que conta com profissionais altamente qualificados de todas as áreas. Em São Paulo, o ambiente de trabalhao não poderia ser aquele escritório tradicional na Faria Lima ou na Paulista. As atividades são desenvolvidas numa casa no Pacaembú, denominada “base”, onde moram dez pessoas (algumas de nacionalidades diferentes) com perfis diversos que entraram de cabeça no projeto e dedicam a maior parte do seu tempo a esse propósito. A casa funciona de acordo com os valores do movimento, é pautada na “gift economy”. Tudo que existe na casa é fruto de ações coletivas e de doações de pessoas que realmente acreditam na transformação que o projeto pode causar. Hoje, o projeto está sendo testado em um “closer beta” e tem apresentado excelentes resultados. O movimento conta com embaixadores e apoiadores em mais de 27 países, espalhados por todos os continentes e o principal desafio é validar se o modelo atual é o mais correto, mas a equipe se mostra otimista já que sempre há muito planejamento na estrutura. O que o leitor deve se perguntar agora é: mas como mobilizar os 2 bilhões de pessoas? A resposta é simples: através das crianças. No caso, 30 milhões de crianças. Esse é o número estimado para transformar o mundo. E como essas crianças vão convencer todo o resto a entrar nessa brincadeira? Cada uma vai repassar a mensagem para o macro-ambiente em que está inserida de forma gradual. Com o avanço das missões, as crianças vão sendo forçadas a buscar ajuda coletiva para realizar algumas delas, e é ai que se torna imprescindível o apoio de colegas, família, vizinhos, escola, etc. Se chega a um ponto em que é impossível realizar uma tarefa sem a força coletiva, como por exemplo, plantar mil árvores até o final do mês. Como Edgard Gouveia fala, quando uma dessas crianças bater à sua porta pedindo ajuda para concluir alguma dessas missões, ajude-a de alguma maneira. Por esses motivos o Play The Call quer mostrar que transformar o mundo pode, sim, ser uma brincadeira. Uma brincadeira fácil, de graça e divertida. O Visconde MARÇO 2014 - 15 REPORTAGEM REPORTAGEM A CIÊNCIA DO VESTIBULAR E A FUVEST 2015 Aproveitando o tema Universidade abordado nesta edição, O Visconde mergulha em uma discussão delicada, um tabu o qual pouco é discutido apesar de tanto impactar a vida de várias pessoas: o vestibular. Todos os estudantes de graduação que estão na USP passaram por esse processo e devem conhecer como ele funciona. Há diferentes abordagens a respeito dos princípios por ele valorizados, sua eficácia e seus resultados e essa reportagem tentará abordá-los, além de esmiuçar os motivos da diminuição do número de inscrições na Fundação Universitária para o Vestibular 2015. Em entrevista à Época, em 2004, o recémfalecido escritor Rubem Alves, ex-pró-reitor de graduação da Unicamp e defensor de um método de seleção que consiste em uma espécie de sorteio para o ingresso nas universidades, definiu o 16 - O Visconde MARÇO 2014 vestibular como “uma grande perda de tempo, de dinheiro, de inteligência e de conhecimento.” De fato, o vestibular é uma ferramenta de seleção que preza a meritocracia em relação ao desempenho em algumas provas e ao mesmo tempo contraditória na supervalorização desse justo princípio, uma vez que apenas é requerida a conclusão do ensino médio para o ingresso nas universidades, não se levando em consideração o desempenho dos candidatos nessa mesma etapa do ensino. Esse método por ele defendido não se trata de um mero sorteio. O educador propunha que houvesse esse processo dentre todos os candidatos a vagas, que deveriam ser aprovados em um exame nacional realizado ao final do colegial, que verificaria “se os alunos atingiram um ponto mínimo exigido”, sendo que quem nele fosse reprovado poderia refazê-lo, e os alunos poderiam se inscrever em todos os anos que desejassem, o que acabaria com “o sofrimento psicológico dos alunos, que têm a autoimagem destruída”, inclusive alegando que trataria-se de um sistema, ainda que um tanto injusto, mais correto do que o atual modelo. Outro método por muitos defendidos é o utilizado em universidades estadunidenses, no qual se é considerado, também, o desempenho dos inscritos durante o ensino médio, algo que, apesar de ser sujeito a certas arbitrariedades em alguns casos, condiz com a forte cultura da meritocracia do país em questão. O modelo atual adotado no Brasil encontrase em uma situação cômoda. Apesar de seus defeitos, trata-se, em uma maneira positivista de se analisar e reforçada pelos sistemas de cotas, como um processo em que todos possuem as mesmas chances de serem bem sucedidos e com a qual as instituições já estão acostumadas e já há toda uma logística que atende aos seus requisitos (principalmente com os famosos “cursinhos” pré-vestibulares, que movem muito dinheiro). No entanto, o que se observa é um sistema em que já está estaticamente provado (60 % dos alunos da Universidade de São Paulo poderiam pagar uma mensalidade de R$ 2.600,00) que aqueles que possuem recursos para estudar em universidades, faculdades e centros universitários particulares conseguem as vagas nas instituições de ensino público gratuito, que, a priori, são sustentadas pelo propósito, também, de que os que não possuem esses recursos possam, assim como os outros, ter acesso a um ensino superior de qualidade. Apesar de haver diversos cursos e diferentes dificuldades de ingresso entre eles, é importante ter em mente o perfil das pessoas que prestam o vestibular e, talvez ainda mais importante seja, daquelas que conseguem passar nele e garantem as tão almejadas vagas. Retrospectiva do número de inscrições da FUVEST desde 1998, com realce na recente queda Fonte: http://www.jornaldocampus.usp.br/index. php/2014/11/greve-nao-justifica-queda-de-30-mil- inscritos-na-fuvest/; Infográfico: Thiago Quadros Nessa última edição da FUVEST houve 141.888 inscritos para 12.077 vagas, o que resultou em uma relação de 11,75 candidatos por vaga. O que, como já dito e visível no infográfico acima, mais surpreendeu a opinião pública em relação a esses números foi a expressiva queda nas inscrições, de 17,5% em comparação aos 172.037 candidatos do processo de seleção para o ano passado. Nessa edição anterior, essa estatística foi um recorde histórico para esse famoso vestibular, mas isso não ofusca o fato de que esse último processo tenha sido o com menos inscritos nos últimos 4 anos, algo no mínimo inusitado, vide a curva ascendente que se observava ao longo desse período. Alguns possíveis motivos foram a greve de 2014 e a crise financeira pela qual a Universidade passa, assim como as outras unidades estaduais, a Estadual de Campinas, a Unicamp, e a Estadual Paulista, a Unesp, que também passaram por greves no ano passado. Com a greve das 3 categorias, professores, funcionários e estudantes, no último ano (a maior da História da USP) e a greve parcial de alunos em 2013 também influenciando esse cenário, motivo alegado pela Pró-Reitoria da Universidade para o ocorrido, e a ausência de boas perspectivas para o futuro próximo da Universidade por conta de seus graves problemas financeiros, muitos daqueles que prestam os diversos vestibulares se vêem desmotivados a entrar na universidade que é considerada como a melhor do país. A princípio, por essa perspectiva, era de se esperar que as notas de corte abaixassem, uma vez que os vestibulandos que optaram por não prestar a FUVEST (mais provável), foram aqueles que possuem recursos suficientes para pagar as mensalidades de instituições de ensino superior particulares. Como se sabe, esses são os que geralmente costumam obter as melhores notas na disputa pelos cursos mais concorridos, já que não necessitam frequentar o deficiente ensino médio público do país e podem arcar com os custos de bons cursos preparatórios para vestibulares. No entanto, O Visconde MARÇO 2014 - 17 Arte na adversidade REPORTAGEM o que se observou foi um não aguardado aumento em grande parte das notas de corte da 1ª fase, algo ainda mais impressionante se considerarmos que houve muitas alegações de que foi um processo mais difícil do que de costume. Tal resultado pode ter sido fruto do diferente mecanismo utilizado para as cotas nesse último processo, algo já previsto pela Pró-Reitoria de Graduação da USP, uma demanda já de tempos de movimentos sociais e coletivos, uma vez que até o último processo vestibular a Fundação propiciava o benefício máximo apenas para aqueles que obtivessem mais de 60 acertos dentre as 90 questões da 1ª fase, enquanto nesse último, para todos que acertassem mais de 27 (requisito mínimo para qualquer candidato passar à 2ª fase). Na FUVEST 2015, os benefícios concedidos a partir do Inclusp (Programa de Inclusão Social) e do Pasusp (Programa de Avaliação Seriada) foram desde 12% (disponível àqueles que cursaram o ensino médio na rede pública) à 25% (para os autodeclarados pretos, pardos ou indígenas participantes do Pasusp). O valor médio de bonificação para os ingressantes de 2014 foi de 9%. Apesar disso, há outras explicações que não necessariamente vão de encontro às já mencionadas. Essas partem do fato de que Unicamp e Unesp, que, como já mencionado, também passaram por greves no ano passado e se encontram em delicada situação financeira, não 18 - O Visconde MARÇO 2014 só obtiveram um aumento nesse número como também alcançaram recordes históricos, com a Estadual Paulista, inclusive, ultrapassando pela primeira vez a marca de 100 mil inscritos. Elas também partem do fato de que as greves de 2013 e de 2011 não induziram uma queda nas inscrições para as edições de 2014 e 2012 da FUVEST. Outro ponto de vista é a leitura de que há mais possibilidades hoje para os vestibulandos, não só na grande São Paulo, com alguns cursos da Unifesp e UFABC, por exemplo, mas também por conta dos programas federais de ingresso à universidade, como o Prouni (Programa Universidade para Todos), Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e o Sisu, abrindo as portas de instituições privadas para aqueles que possuem menos dinheiro e de diferentes instituições de ensino superior brasileiras. Estabelecido esse cenário, é possível enxergar um declínio no prestígio da Universidade considerada como a melhor do Brasil. Também é visível a existência de alternativas, viáveis ou não, em relação ao atual modelo de vestibular adotado no Brasil. A discussão acerca do sistema vigente é pouco corriqueira fora do ambiente universitário, sem o estabelecimento de diferentes visões por parte do debate público, sem um mínimo e necessário questionamento, que não necessariamente precisaria acarretar em mudanças drásticas, mas no esclarecimento de seu significado e de sua eficiência em alcançar os objetivos por ele aspirados. Instituto de Artes. Unicamp. Barão Geraldo. Campinas. O calor, escaldante. Uma vermelhidão ardida tinge peles jovens que caminham ou pedalam entre árvores e casarões, fadigados pelo peso dos livros e da responsabilidade crescente. Tênis gastos, havaianas sujas, olhos semicerrados ou cobertos por lentes escuras, suor e riso. O Instituto de Artes teve início em 1970 como Escola de Música. A estrutura é precária. O prédio que abriga os jovens artistas é “provisório” há mais de vinte anos e nada parece ser feito no sentido de que isso mude. Negligenciados pela reitoria da Universidade, os alunos sofrem com recursos extremamente escassos. Um exemplo claro desse negligenciamento é a falta de espaço para os alunos de dança e artes cênicas ensaiarem. Reclusos no que chamam de “barracão”, distante da sede da unidade, a situação das salas de ensaio, bem como dos materiais disponíveis para ambos os cursos, é decepcionante. Além disso, artes plásticas e midialogia sofrem com falta de material, as paredes do prédio são inadequadas à prática musical, e não há acessibilidade. Ainda assim, frente a todas as adversidades ligadas ao preconceito contra o estudo de artes, os alunos atingem feitos incríveis em termos artísticos e criativos. Os alunos de artes cênicas criam e interpretam de forma inigualável peças de teatro que fazem rir e chorar, como foi a peça adaptação de O Cortiço de Aluísio Azevedo, por exemplo, apresentado pela Cia. Histriônica de Teatro, composta por alunos. Com um formato irreverente no qual vários atores interpretam um mesmo personagem no palco ao mesmo tempo, a companhia conquistou, não só o público de Campinas, como também o de São Paulo e Lisboa, em Portugal. O curta-metragem “A estrutura da bolha de sabão”, baseado no conto homônimo de Lygia Fagundes Telles e produzido por estudantes da Midialogia foi selecionado para participar do Festival de Cannes quebrando a rotina na mostra Short Film Corner, para citar apenas dois exemplos. Visando o fomento à produção artística e contribuição com a sociedade, destaca-se o Festival do Instituto de Artes: O FEIA é um evento de difusão cultural que acontece em Setembro na cidade de campinas. A iniciativa surgiu em 2000, organizada por estudantes dos Institutos de Artes e Arquitetura da Unicamp, com o apoio dessa universidade. Celebrando em 2014 sua décima quinta edição, é composto pelas áreas de artes visuais, midialogia, música, artes cênicas e dança (podendo receber, eventualmente, atividades de outros institutos), as quais busca contemplar, com suas atividades, integralmente. A programação (gratuita a toda a comunidade) possui oficinas, palestras, apresentações de música, dança, teatro, exibições de filmes e vídeos. Além disso, há também performances, intervenções, exposições artísticas e festas (o único item da programação que não é gratuito). Os estudantes se mobilizam durante todo o ano para organizar um festival abrangente e interessante, levan do nomes de destaque no meio artístico para performances, como foi o caso do cantor Tom Zé, e para palestras e oficinas, além de estimularem a participação dos universitários em todo o tipo de atividade, de forma que há espaço para o jovem artista se expressar e transmitir todo o seu conhecimento. A arte pulsa através das paredes de PVC. Ainda que sufocante, a visão do céu azul de tom sem igual traz um sorriso aos lábios dos que sabem que o dia será maravilhoso, os que deitarão na sombra fresca de uma árvore com os amigos e rirão até perder a hora, os que tomarão um suco-do-dia com suas últimas moedas e os que matarão aula para tomar uma cerveja no Marambar. Discute-se política, economia, discute-se arte. É um ambiente estimulante de produção artística e mobilização estudantil. Há sempre um lugar para ir, há sempre uma pressa meio sossegada. As testas suadas e havaianas sujas se esforçam em uma situação quase sempre adversa, e dela arrancam arte, quase que à força. E que arte. E quanta arte. O Visconde MARÇO 2014 - 19 VISCONDE RECRUTA VISCONDE RECRUTA Olhar para a USP é olhar para a sociedade paulista Não é de hoje que ouvimos falar da injustiça social da propalada meritocracia dos vestibulares, especialmente da nossa tão memorável FUVEST. Uma meritocracia de fato seria aquela na qual todos os concorrentes a um número limitado de vagas tivessem exatamente as mesmas condições de acesso às mesmas formas de preparação e sustento no momento inicial da disputa. Mas nós sabemos que este cenário, dito por alguns como utópico, não é o cenário real. Pessoas que conseguem pagar pela educação básica e secundária e pessoas que conseguem pagar por um bom cursinho pré-vestibular saem muito na frente daqueles que não têm condições de pagar por nada disso. Some-se a esta diferença de acesso simples à educação a possibilidade familiar do sustento de um estudante para que ele possa se dedicar aos estudos de forma exclusiva. Esta não é a situação da maior parte das famílias no Brasil. Muitas vezes, crianças precisam sair da escola e ir trabalhar para que ajudem no custeio básico da família, como pagamento de contas ou de aluguel. Isto faz toda a diferença, pois aquele que consegue estudar de forma exclusiva leva vantagem na disputa, ganhando mais alguns metros imaginários nesta corrida que é o vestibular da FUVEST. Porém, esta característica não é exclusiva do sistema vestibular, sendo também observada dentro da USP. O regime de créditos e de optativas obrigatórias privilegia aqueles que conseguem apenas estudar, que acabarão a faculdade no período ideal calculado, sem correr o risco da jubilação. Tentemos agora imaginar um fenótipo para os dois padrões. Imaginaremos um branco da 20 - O Visconde MARÇO 2014 classe média ou da classe média alta e um negro, pobre e morador, provavelmente, de algum bairro periférico da cidade. Desnecessário dizer que o branco da classe média é, via de regra, aquele que consegue estudar o dia inteiro e levar vantagem na corrida da meritocracia, enquanto que o negro e pobre é aquele que, novamente, via de regra, precisa trabalhar para colaborar no sustento e estuda em escolas sucateadas do sistema público, saindo muitos passos atrás nesta tão injusta corrida. Esta linha de raciocínio nos leva agora a pensar nos motivos de este ser o cenário das sociedades brasileira, paulista e uspiana. Fomos uma colônia portuguesa, de 1500 a 1822, e um país escravista, de 1500 a 1888, quando foi proclamada a Lei Áurea, resultado de uma luta muito forte do movimento abolicionista, tendo também colaborado a crise econômica que o país vivia por causa do mercado de escravos. Neste período de quase 400 anos, a quase totalidade da mão de obra escrava foi negra africana. Homens, mulheres e crianças que foram brutalmente arrancados de seus territórios para servir de forma escrava a donos de terras. Foi um tempo em que o negro valia menos, muito menos, do que a terra. Era posse, era mercadoria sujeita à lei de oferta e demanda, tão conhecida dos meus colegas da FEA. Com a promulgação da Lei Áurea, foi necessário, de alguma forma, incluir o negro na sociedade comum. Mas, sem o apoio do Estado, não foi uma ação bem sucedida. De mercadoria, o negro passou a ser visto como cidadão de segunda ordem, não tendo direito às mesmas coisas que os brancos, que sempre foram vistos como superiores. Aos negros, ficou como direito apenas trabalhar nos mesmos trabalhos que antes, com uma remuneração extremamente baixa, e o direito a habitar em cortiços e favelas, preferencialmente longe das vistas da sociedade branca e limpa, tão favorecida pelo Estado. De maneira a perpetuar estas relações de poder é que o governo de São Paulo, há 24 anos nas mãos do PSDB, escolhe seus reitores. A professora da FFLCH Marilena Chauí explicou com perfeição o lugar de onde fala o reitor. A conclusão da professora é que o reitor fala como uma marionete do governador e de seus colegas, que têm, desde a fundação do PSDB, um interesse no projeto neoliberal, com foco nas privatizações. Isto é facilmente comprovado quando se lê a teoria da dependência, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Não causa espanto a governador ou a reitor que a Universidade passe pela crise que passa. É o resultado esperado para o objetivo de privatização total da USP, podendo assim deixar de lado as “balelas” da esquerda e cobrar a tão sonhada mensalidade. Como a USP é pública, tem um compromisso, ainda que apenas nominal, com a promoção da redução das desigualdades socioeconômicas. Sendo privada, não haveria mais esta necessidade. É desta forma que devemos enxergar a situação da USP atualmente. Não é uma ocorrência isolada de má gestão do exreitor João Grandino Rodas, nem uma questão de austeridade de Marco Antônio Zago. São questões programáticas, estratégicas, que servem aos interesses daqueles que apoiam o PSDB e o projeto de sociedade privada. Diante deste cenário, é pertinente que imaginemos possibilidades de políticas públicas para a redução das desigualdades e para a inclusão real do negro na sociedade. O sistema de cotas raciais não é, do meu ponto de vista, eficaz, uma vez que, na prática, estimulou ainda mais o ranço entre brancos e negros. Vejo o sistema de cotas raciais como parcialmente responsável pela enxurrada de discursos de ódio, sempre inflamando o “nós contra eles”, independente de quem sejamos nós e de quem sejam eles. Uma justificativa possível é a de que toda mudança na estrutura social do poder incomoda àqueles que têm o poder e estão deixando de tê-lo. Esta justificativa me leva a pensar que não, não é possível a correção das injustiças no plano de curto prazo. Desta forma, creio que a solução resida na melhora significativa da qualidade do ensino de base federalizado, nas cotas sociais até que a educação de qualidade surta efeito e nos programas maciços de transferência de renda, tão transformadores na última década. A construção de uma Pátria Educadora é dever de cada um de nós. Ulysses Szajnbok de Faria – Estudante de Jornalismo na ECA/USP – Membro da gestão Pode Chegar e Não Pára! do CALC 2015 O Visconde MARÇO 2014 - 21 , , A FEA TAMBEM E A FEA TAMBEM E FEA SOCIAL COMPLETA 1 ANO DE EXISTÊNCIA A FEA Social agradece ao CAVC e ao Visconde a oportunidade de escrever sobre nossa trajetória até aqui. Em nossa pesquisa de imagem, realizada no final do ano passado, identificamos que muitos FEAnos enxergam a entidade como fechada e ausente no meio universitário. Logo, esperamos que este seja o primeiro passo para o aprimoramento da relação FEA Social - FEAno, e também para nossa maior transparência e envolvimento com os alunos, de forma a atingirmos nossos objetivos de obter um maior alcance no meio universitário. No primeiro aniversário da FEA Social, temos lindas histórias para contar. Trabalhamos com ONGs que atendem a diversos segmentos da população. Os nossos projetos de assessoria foram dirigidos às ONGs: APAM , ABRAZ, Bê-a-Bá do cidadão, Instituto Íris, Operaçao Arco-Íris e Projeto Travessia. Essas buscam impactar a vida de pessoas em situações diversas: mulheres em situações instáveis, com apoio e capacitação; pacientes de Alzheimer e suas famílias, com assistência; crianças e suas famílias, com capacitação ao pleno exercício da cidadania por meio de atividades participativas; deficientes visuais, por meio do treinamento de cães guias que permitem uma maior acessibilidade; crianças hospitalizadas, com palhaços tornando o dia-a-dia mais leve; e por fim, crianças em situação de risco, com a garantia e defesa de seus direitos. Respectivamente. Também trabalhamos com projetos pilotos como o CAOS e o CREN; A consultoria CAOS Focado é especializada em Inovação e, por meio de seu Centro de Inovações na comunidade Vila Nova Esperança (VNE), têm colocado à disposição dos moradores ferramentas que os ajudem a descobrir suas próprias capacidades de criação. O papel da FEA Social tem sido de prestar consultoria direta aos moradores da VNE que buscam usar suas habilidades e conhecimentos para gerarem algum impacto positivo e direto na Vila, além de estimular neles o empreendedorismo. O CREN – Centro de 22 - O Visconde MARÇO 2014 Recuperação e Educação Nutricional é uma organização sem fins lucrativos que atende crianças socialmente vulneráveis, atuando no combate e prevenção à situação de má nutrição. A FEA Social, juntamente com estudantes intercambistas do HEC Paris (École des Hautes Études Commerciales de Paris), prestou uma consultoria à ONG, na qual se estudou a viabilidade em transformá-la em Negócio Social, a fim de se reverter a atual situação de 80% do financiamento proveniente da prefeitura de São Paulo. Já na nossa segunda área core, Eventos, realizamos diversas parcerias com entidades (CAVC, FEA Júnior, Liga de Mercado Financeiro, Bateria S/A, Atlética AAAVC), sendo o primeiro o Pedágio Solidário na semana de recepção em conjunto com o CAVC. Também tivemos dois Atos Voluntários com a Júnior e um aberto a toda a comunidade Uspiana, que permitiram aos alunos, mesmo que de forma pequena, um primeiro contato com o voluntariado. Esperamos que neste ano consigamos fazer muito mais! Dentro dos eventos ligados diretamente à área feana de atuação, realizamos o Impacto 2.5, introduzindo na FEA o conceito de “Negócio Social”. Esta modalidade de negócio, ao mesmo tempo em que é viável economicamente por meio de suas próprias atividades e faz parte do espaço empresarial, também é geradora de impacto e se propõe a buscar solução a uma questão social. Exemplos dessas empresas fora da curva são Yunus&Youth, VIVENDA e GREENTEE. Vemos que, em um ano de entidade nos já alcançamos muito, contudo esperamos nos próximos anos irmos além e envolvermos mais pessoas com a causa social. Afinal, permitir que todos possam estar #fazendoadiferença para melhorar o mundo é o que nós mais desejamos. Muito obrigado a todas as entidades e pessoas que tem nos acompanhado! A FEA Social espera que seja um ano incrível para todos nós! Rafael S. Koraicho Diretor de Marketing da FEA Social MATRÍCULA, TROTE E FEA ♥ FFLCH No último dia 11 de fevereiro, tivemos um momento único e inesquecível na vida dos recém ingressantes da Universidade de São Paulo, o dia da matrícula na USP. O dia começou cedo para a maioria dos membros das entidades FEAnas, que se preparavam para apresentar suas entidades para os novos ingressantes. Neste ano foi feito algo totalmente diferente do que vinha ocorrendo nos últimos anos e com a presença da Vivência - que no ano de 2014 estava inviável a ser usada - pode-se fazer uma linda festa para os bixos e bixetes da FEA-USP. Foi preparada uma festa em protesto as últimas proibições da diretoria FEAna ao consumo de bebidas alcoólicas em nosso espaço de vivência universitária. Dessa forma, o CAVC promoveu shows de bandas dos próprios alunos e ainda contou com a presença da grande Bateria S/A para levantar o astral dos calouros e calouras da FEA-USP. Além disso contou com muitos comes e bebes, tinta para pintar os bixos, dentre outras coisas para a promoção da diversão e integração nesse momento único para cada um. A Festa da Matrícula foi um sucesso, bixos e bixetes de diversos outros cursos, sem ser da FEA, apareceram no nosso espaço para dar uma olhada no que estava ocorrendo. Além disso, com a ajuda da Comissão de Veteranos em conjunto com o CAVC, não foi relatado nenhum caso de abuso ou trote for- çado por parte dos veteranos. Mas o dia estava ainda longe do fim e o melhor estaria por vir. A Choque de Monxtros, festa promovida pelo CAVC em parceria com o CAELL e CAHIS - centros acadêmicos da Letras e História, respectivamente - no Quadrado das Letras agitou a noite USPiana no dia do trote aos novos ingressantes e cumpriu bem, e muito, seu papel. A parceria ousada foi um sucesso e promoveu uma integração incrível entre os “novos veteranos” que nunca antes alguém havia imaginado, em resumo, foi HISTÓRICO. Infelizmente, apesar de todas as recomendações e avisos contra atos machistas e homofóbicos, houve relatos de ambas situações no evento. Felizmente, ambos foram controlados rapidamente e as providências foram tomadas para que não fossem repetidos tais atos. Mesmo assim, a festa movimentou a Cidade Universitária e reuniu os mais diferentes cursos e faculdades, gente de todo lugar (ECA, POLI, FEA, FAU, FFLCH, IME, etc etc), todos juntos em prol da vivência universitária, dado que as festas nada mais são do que um espaço de integração e confraternização que também faz parte do âmbito universitário. A festa conseguiu cumprir seus grandes objetivos principais, recepcionar de maneira única os novos calouros e de mostrar para aqueles que ainda acreditam que as festas são um grande problema, que estas não o são. O Visconde MARÇO 2014 - 23 - O Visconde MARÇO 2014 O Visconde MARÇO 2014 - o mundo la fora o mundo la fora SOBRE OS ATAQUES NA FRANÇA Em 7 de Janeiro de 2015, a sede do jornal satírico Charlie Hebdo em Paris sofreu um ataque terrorista de autoria do Estado Islâmico. Doze pessoas foram mortas, 2 policias e outros 10 membros do próprio jornal. A repercussão do evento foi imediata e a cobertura do atentado durou vários dias, englobando a perseguição aos atiradores e os posteriores protestos do povo francês. O mundo mobilizou-se e as redes sociais fervilharam com posts sobre o assunto. Logo surgiu-se o refrão “Je suis Charlie” em apoio às vítimas do massacre que ecoou através da internet. Houve também diversas declarações de autoridades, como a de Marie Le Pen, líder do partido Frente Nacional da extrema-direita francesa, “a nação foi atacada, a nossa cultura, o nosso modo de vida. Foi a eles que a guerra foi declarada” Frases como essa incitaram diversos comentários avessos ao islamismo na França, culminando no dia 11 de Janeiro em uma das maiores passeatas da história da França levando 4 milhões de pessoas às ruas. Na passeata estavam presentes diversos líderes mundiais, dentre eles Benjamin Netanyahu, François Hollande e Mahmoud Abbas. Muitos atentaram ao fato de diversos desses líderes serem famosos em seus países pela intolerância e pela repressão sobre as minorias étnico-religiosas, chamando para uma reflexão sobre a hipocrisia e a opressão dos grandes governos. Generalizar o extremismo do Estado Islâmico para toda a religião do Islão é o maior erro de todos. É tomar como dado que todos os muçulmanos são violentos e intolerantes, que sua religião prega a violência e o extermínio de ideias contrárias. Tal fato é a base para a intolerância e para a segregação das minorias já tão afetadas pelo processo de exclusão social, político e econômica. Na França, 10% da população é de origem islâmica e certamente pagará o preço pelos atos de extremismo no jornal Charlie Hebdo. A intolerância está presente nos dois lados, a hipocrisia e a falta de tolerância rondam e alimen- 26 - O Visconde MARÇO 2014 tam o ódio pelas minorias, e no caso francês não é nada diferente. O discurso de grande parte da população da França já se transformou em xenofobia clara. O islamismo é a toda hora taxado de violento e intolerante, enquanto, na verdade, apenas uma pequena parcela radical que não representa nem de longe a totalidade dos muçulmanos é que deveria levar a culpa. Não é o Islão que deve ser atacado, e sim o Estado Islâmico e qualquer outra organização violenta e repressora, independente de religião ou orientação política. Hollywood ajuda pouco nesse aspecto: nas últimas edições do Oscar filmes como Sniper Americano, A Hora Mais Escura e Guerra ao Terror foram aclamados pela crítica e pela Academia, principalmente por tratarem a luta contra os terrorista como um ato heroico e de puro extermínio do islamismo. Outras produções como a série Homeland do canal Showtime oferecem vislumbres de reflexão ao pautar a situação de ambos os povos atingidos pelo extremismo religioso. A situação de prisioneiros de guerra americanos convertidos para o islamismo e o recente uso de drones para bombardeio de áreas suspeitas em abrigar terroristas, causando em muitos casos e morte de milhares de inocentes, são usadas na série para criar uma crítica que, apesar de certas vezes ser bem sutil, é muito válida e importante para a atual conjuntura que estamos presenciando. Há também o recém-lançado documentário Timbuktu que retrata com maestria como a população da cidade homônima, no Mali, sofre com 30 as proibições dos terrorista locais e como se dá sua luta diária pela liberdade. Nesta discussão toda, também esbarra-se na questão da regulação midiática. Muitos confundem a liberdade de expressão com a liberação de qualquer tipo de discurso, inclusive aquele puramente de ódio, e é aqui que precisamos definir uma barreira: a censura repressiva e repreensiva. A primeira ocorria, por exemplo, em nossa ditadura: ideias contrárias entendidas como perigosas pelo governo eram censuradas e retiradas de circulação. Apenas o que convinha ao governo militar era publicado. Já a segunda procura inibir qualquer tipo de manifestação de ódio, tentando sempre difundir a diversidade cultural, evitando, assim, a incitação à violência. Talvez umas das maiores barreiras das democracias atuais seja promover a tolerância entre seu povo. Facilmente, a falta de conhecimento público sobre o islamismo e toda a conjuntura do terrorismo do novo milênio acabam por criar um medo de toda a religião do Islã, e, rapidamente, esse medo transforma-se no ódio coletivo que percebemos tão facilmente ao nosso redor. O Visconde MARÇO 2014 - 27 ESPACO ABERTO ESPACO ABERTO LUTA CONTRA O AUMENTO DAS TARIFAS O CURSINHO FEA-USP E O VESTIBULAR Foi em um momento de sensações contrastantes, o pesar da derrota e a euforia da fundação da Universidade de São Paulo, que Sergio Milliet disse, “De São Paulo, não sairão mais guerras civis anárquicas, e sim uma revolução intelectual e científica suscetível de mudar as concepções econômicas e sociais dos brasileiros”. Contudo, oitenta anos passados e o que se percebe é a manutenção da elite social, como, majoritária na elite intelectual. E, nesse mar de problemas e crises que a comunidade uspiana vive, acabamos por esquecer um dos maiores empecilhos, que deveria deixar boquiabertos e pasmados todos os grandes pensadores da sociedade, a dificuldade das classes mais baixas em ingressar na USP. Com um processo seletivo extremamente meritocrático e um sistema de ensino público deixado em um profundo limbo, chamado popularmente de “ao Deus dará”, jovens (porque jovem é um estado de espirito) repletos de sonhos e ambições vêem-se impedidos de, ao menos, tentar realizá-los, pois, deparam-se diante de uma esfinge, chamada vestibular, que lhes faz uma série de enigmas (decifra-me ou devoro-te), que não sabem responder, pois, suas escolas não tinham professor de matemática, ou algo assim. É exatamente, nestes pilares que se baseia a luta diária de cursinhos populares, como o Cursinho FEAUSP, a injustiça do sistema e a ambição de pessoas desfavorecidas, e a vontade delas de berrar na cara da sociedade: “Sim, nós podemos”. O Cursinho FEAUSP consolidou-se como um dos maiores cursinhos populares de São Paulo, quiçá do país. Administrado, e não lecionado, pelos próprios FEAnos, transformou-se em uma referência, com um processo seletivo com mais de 1700 candidatos e um alto índice de aprovação. Em 2013 tivemos 111 aprovações. Em 2014, 141 aprovações, sendo 24 delas na USP. Em 2015, 25 aprovações apenas na USP (parcial até o dia 06\02). Destes, três são FEAnos, Natanael da Silva Rosado, Kaique Gonçalves e Edivaldo Leite. Ainda é um trabalho pequeno, ainda mais se levarmos em conta, o sistema opressor em que estamos mergulhados e que, apenas, 25% dos ingressantes na USP em 2014, tinha até 3 salários mínimos. Contudo, são muitas as vidas que nós e todos os cursinhos populares, conseguimos mudar. E, esta é a beleza deste trabalho, ajudamos a realizar sonhos, a dar uma nova esperança, que havia sido tolhida (ou nunca existiu) por um sistema patriarcal e elitista. Edivaldoo Leite Ciências Contábeis - FEA Kaique Gonçalves Administração - FEA 28 - O Visconde MARÇO 2014 Coordenação Cursinho FEAUS Do momento que escrevo esse texto, não é possível dizer ao certo os acontecimentos que estão por vir. Espero que o leitor não o encontre tão desatualizado quando de sua publicação, mas é uma esperança vã, dado que o ritmo de acontecimentos políticos do primeiro mês de 2015 está tão frenético que nem parece que passaram-se somente 31 dias. Grandes mudanças no panorama geral político-econômico sacodem nosso dia-a-dia e não apenas aumentam as tiragens e audiência dos jornais como também afetam nosso bolso e em especial dos trabalhadores. Após a reeleição de Dilma Roussef (PT) para a presidência, muito do que havia sido dito em campanha eleitoral não foi cumprido. A nomeação de um banqueiro para o ministério da fazenda e de uma latifundiária do agronegócio para ministra da agricultura foi um prelúdio do que estava para acontecer. Já presenciamos cortes de dezenas de bilhões das verbas destinadas à população e o simultâneo aumento do juros para a dívida pública, sendo que 90% dela é de propriedade de grandes bancos. Além, é claro, da crise no abastecimento de água engendrada pelo descaso dos governos do Sudeste, que atinge em especial São paulo, mas também Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em face a tantos ataques, tivemos algumas experiências que mostraram como resistir. No ABC, na grande São Paulo, fábricas da Volkswagen, Ford e Mercedes foram paralisadas por greves e um grande ato com mais de 15 mil pessoas obrigou os patrões negociarem. Os 800 demitidos da Volks foram reintegrados após 11 dias de greve e essa vitória inspirou a todos no país: Demitiu, Parou! Só lutando podemos vencer as políticas de austeridade! Estive neste ato do ABC. Estive também nos (até agora) 6 atos que tiveram contra o aumento da tarifa. O próximo será sexta feira (06/02). Em geral as passeatas estão se mantendo em um número elevado. De acordo com a polícia entre 1000 e 5000. De acordo com o MPL (Movimento Passe-Livre), que está convocando os atos, entre 10.000 e 30.000 pessoas. Os atos contam com muitas entidades, coletivos, chapas de centro acadêmico e de sindi- catos, além de partidos políticos. Também contam com uma adesão de muitos independentes, que adotam uma das colunas ou mesmo transitam entre várias. Também estão presentes os ambulantes, com suas águas, cervejas e capas de chuva. Jornalistas da grande mídia e de mídias alternativas e até repórteres internacionais estiveram presentes. É um mar de gente e quem vai pela primeira vez, tem uma experiência incrível. Em princípio, ouve-se baterias antes mesmo de se chegar a ver as pessoas. Depois, vemos gente de vermelho, de amarelo, de verde, laranja, preto e toda uma sorte de cores. É notável que cada um compõe uma coluna, com suas faixas, bandeiras, dizeres e nomes. Além dos que lá estão para tentar influenciar na política e garantir que os problemas econômicos não recaiam sob as costas dos trabalhadores, tem um bloco que vem uniformizado e pronto para o confronto. Em geral estão de preto, com máscaras e parecem estar dispostos a ir para o enfrentamento a qualquer momento. Eles são a tropa de choque. A polícia está em todos os atos, às centenas e as vezes milhares de soldados. Eles aparecem com seus caveirões, viaturas e ônibus. Também com seus helicópteros. Tentam nos intimidar. Não é raro vê-los atacando milhares de manifestantes sob a declaração de que reagiram à alguma suposta pedra. Suas ações não são a de quem quer garantir a segurança das pessoas. Eles praticam verdadeiros crimes nos atos, como quando soltaram gás lacrimogênio dentro do metrô e ambientes fechados. Muitos da própria polícia tiveram problemas com isso além da população em volta que não entendia porque apanhava. Por isso cada vez mais cresce dentro da própria polícia o sentimento de desmilitarização. Mas se o papel da polícia é fazer com que a passagem aumente para que se mantenha a arrecadação necessária para pagar os altos lucros das máfias dos transportes, o papel da população é o de voltar para as ruas, para mostrar que aprendemos a lição: só a luta muda a vida, e suas bombas não vão sufocar nossos sonhos! Marcel Giglio, 3º ano de Administração O Visconde MARÇO 2014 - 29 ^ ESPACO ABERTO PESQUISAS ECONOMICAS UNIVERSIDADE, A MELHOR FASE DA VIDA A felicidade de abrir o site da FUVEST e ver seu nome na lista de aprovados é indescritível. A partir desse momento você se torna um aluno da melhor universidade do Brasil, a USP, e, por consequência, irá conviver com pessoas de todo o país, todas as classes sociais, e toda a diversidade que há aqui. O sentimento de se tornar um universitário pode ser inesquecível, mas, com certeza, viver esse período será muito melhor. Com a universidade surgem muitas novidades, tais como festas e viagens, mas também muitas responsabilidades, como acompanhar o curso e conseguir se formar. Mas, mesmo com tudo isso, o que realmente importa nesse momento é aproveitar ao máximo o que a USP tem a oferecer de melhor: a diversidade entre seus alunos e professores. Uma vez que entrar na universidade significa, na maioria dos casos, ter tido a chance de frequentar uma ótima escola, uma consequência natural desse processo é que os universitários constituam um grupo menos plural e mais homogêneo. Mas, mesmo com essa tendência a elitizar as universidades públicas, verifica-se que isso ocorre em menor frequência na USP. A USP, por ser a maior universidade do país, agrega estudantes de todas as classes sociais, crenças, etnias e vontades. Não há a menor dúvida que, em um lugar como esse, aprender a lidar com o diferente seja o maior dos benefícios para a vida de um cidadão. Em meu ver, a USP não é apenas uma formação acadêmica de alta qualidade, mas também um espaço no qual torna-se possível ser um alguém realmente inserido em um contexto que agrega gente de todo tipo. Como ex-vestibulanda e agora universitária, acredito que as minhas ansiedades para a universidade sejam semelhantes às de meus colegas calouros. É cabível dizer que o ânimo para conhecer pessoas novas, ir a festas e jogos universitários é enorme, mas que ao mesmo tempo uma insegurança nos ronda, uma vez que estamos entrando em uma nova fase da vida. A universidade representa o começo de um momento em que você passa a decidir seu futuro, e o principal: fazer o que gosta. Com certeza a USP será muito mais do que qualquer calouro pode imaginar, sonhar e querer. Agora, o importante é aproveitar todas as oportunidades que virão e fazer do ambiente universitário algo construtivo, pois com certeza esses serão os melhores anos da vida de cada um dos novos uspianos. Marcela Picarelli – Bixete Economia Diurno UMA VISÃO CONCORRENCIAL SOBRE O SETOR DE PETRÓLEO NO BRASIL Cleveland Prates¹ Desde pequeno ouço dizer que a Petrobrás é um orgulho nacional e que o petróleo é um patrimônio brasileiro. Estes slogans, criado durante o segundo governo Vargas, serviu de base para que os nacionalistas da época, inclusive com forte apoio dos militares, alterassem a Constituição Federal de 1946, que permitia a participação do capital estrangeiro nas atividades de exploração mineral, inclusive do petróleo. Assim, em 3 de outubro de 1953, foi aprovada a Lei n° 2004 que criou a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) e instituiu o monopólio estatal da exploração, do refino e do transporte. Este monopólio só começou a ser questionado a partir 1995, quando da aprovação da Emenda Constitucional No 9, que modificou o artigo 177 da Constituição Federal, acabando com a distinção entre (i) empresa brasileira e (ii) empresa brasileira de capital nacional e terminou o tratamento preferencial dada à segunda. Em termos práticos, a discussão sobre alterações do setor partiu de um estudo realizado à época por uma consultoria que desenhou quatro cenários para o governo: (i) desmonopolização, com abertura para a entrada de novas empresas; (ii) reestruturação parcial, com a venda de 1/3 da capacidade de refino e das reservas de petróleo e gás da Petrobrás; (iii) reestruturação abrangente, com a proposta de venda de 50% da capacidade de refino e das reservas de petróleo e gás da Petrobrás, além da venda de participações majoritárias em certos terminais marítimos e dutos; e (iv) uma combinação de 1- Sócio-Diretor da PezcoMicroAnalysis, coordenador do curso de MBA de Regulação de Mercados da FIPE e professor - O Visconde MARÇO 2014 de microeconomia do curso de Direito da FGV-Law. O Visconde MARÇO 2014 - 31 ESPACO ABERTO uma reestruturação abrangente com a privatização da empresa. A opção à época foi a desmopolização, fundamentalmente devido a restrições de ordem política. Assim, o processo se completou legalmente com a aprovação, em 1997, da Lei do Petróleo (lei n° 9.478) e a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), cujo objetivo foi quebrar o monopólio da Petrobrás (apesar de preservar o monopólio da união) e estimular a concorrência no setor. Neste novo modelo reconheceu-se, acertadamente, que a oferta do produto petróleo não se caracterizaria como um bem público[2] e que, em algumas etapas da cadeia produtiva (principalmente a exploração/produção e distribuição), não teríamos a presença de monopólios naturais[3]. Em outras palavras, no novo cenário pressupunha-se a concorrência em alguns segmentos, notadamente na Exploração/Produção (E&P) e na distribuição, com perspectivas de se estender para a área de refinarias. Ademais, a ANP seria a responsável por corrigir as falhas de mercado (regulando tarifas, questões relacionadas à assimetria informacional e, em certa medida, ao meio ambiente), além de criar e coordenar modelos competitivos para concessões em áreas de E&P e para ampliação de redes de distribuição e gás. ESPACO ABERTO Ainda neste novo cenário o CADE teria o papel de analisar contratos que implicassem concentrações econômicas excessivas e punir eventuais condutas anticompetitivas. Este arcabouço institucional seria responsável por induzir a concorrência e elevar os níveis de eficiência no setor, de maneira a que o consumidor final se beneficiasse com maior oferta de produtos e menores preços. Passadas quase duas décadas da implantação do então novo modelo, o que se observa é que os resultados não foram o esperado. Tomado o conjunto da cadeia produtiva (inclusive na infraestrutura para importação e transporte), o nível de concentração até aumentou, garantindo um elevado poder de mercado para a Petrobrás. Em parte isso ocorreu pela crença de que a manutenção da mesma estrutura à época não implicaria problemas para a concorrência. Na realidade, uma análise mínima de sua posição no mercado já indicava que ela teria fortes incentivos para adotar praticas anticompetitivas, o que, por si só, já desestimularia a entrada de novas empresas no mercado, que pudessem contestar sua posição[4] . Fato é que a Petrobrás consolidou seu monopólio na refinação de petróleo, por meio de aquisições, e verticalizou-se para várias distribuido- 2-Os públicos são aqueles que incorporam duas características fundamentais: (a) a não rivalidade no consumo, que em última instância indica que para uma dada quantidade de oferta de um determinado bem, um consumidor extra não afeta a utilidade dos outros consumidores; e (ii) a não exclusão, que equivale dizer que é economicamente inviável excluir aqueles que se recusam a pagar pelo consumo do bem. Um bom exemplo disso é o caso da iluminação pública, citado em livros de microeconomia. 3- De maneira resumida, um segmento de uma indústria é um monopólio natural se é mais eficiente (eficiência produtiva) ter uma única empresa produzindo do que duas ou mais. 32 - O Visconde MARÇO 2014 ras de gás; particularmente vale lembrar os casos da CEG e CEG-Rio. Também contribuiu para o problema a polí tica de preços discricionária adotada pela Petrobrás, que, submetida à política macroeconômica do governo e a decisões gerenciais no mínimo duvidosas, distorceu os sinais de mercado e desestimulou novos investimentos no setor; culminando, inclusive, com efeitos colaterais indesejáveis sobre o mercado de etanol. Finalmente, no setor de E&P, a manutenção do domínio da Petrobrás está em grande medida associada às assimetrias de informação criadas ao longo dos anos sobre o real valor das reservas a serem licitadas e exploradas, fruto do monopólio estatal que perdurou por anos. Neste contexto, a maioria dos potenciais competidores procurou evitar o que se conhece na literatura econômico como a “maldição do vencedor”[5] , abdicando de uma participação mais agressiva nas várias rodadas ou procurando se associar à própria Petrobrás nos seguidos leilões. A situação que já não era animadora piorou com a mudança recente do marco regulatório[6] , que instituiu o modelo de partilhas no lugar do de concessões em áreas estratégias, fundamentalmente o pré-sal. No novo regime, as empresas devem “concorrer” pelo direito explorar as novas regiões necessariamente em parceria com a Petrobrás. Tal alteração, além de impor onerosos custos à Petrobrás, e consequentemente ao governo (nós, contribuintes), enterra de vez qualquer possibilidade de estimular a competição neste segmento de mercado. Assim chegamos hoje a um ponto de termos um monopólio sobre domínio público, que, por absurdos políticos cometidos, e contrariando a lógica econômica, está descapitalizado e sem condições de fazer frente aos investimentos propostos pelo modelo atual. Reforce-se que tais investimentos, que já seriam naturalmente de altíssimo risco, tendem a ser muito mais complicados em um contexto de baixa do preço internacional do petróleo e de todos os problemas de governança vivenciados por uma empresa com características eminentemente estatal. Este cenário só indica que já passou da hora de revisitar os estudos realizados na década de 90, e avaliar de uma maneira menos emotiva o contexto atual, de forma a adotar um modelo efetivamente competitivo no setor, que gere reais benefícios à sociedade. Uma possibilidade, que me parece a mais racional, seria retomar a ideia de adotar a privatização com uma reestruturação abrangente. Esta decisão envolveria vender a empresa em partes, estimulando a concorrência onde fosse factível, desverticalizando segmentos mais propícios a gerar problemas anticompetitivos (notadamente no transporte via dutos e na distribuição de gás), além de reforçar os mecanismos regulatórios e de defesa da concorrência. Este caminho teria ainda a vantagem de minimizar o custo de oportunidade que o Estado incorre ao ter que investir pesadamente em um setor de alto risco, sabendo-se que a demanda da sociedade é mais premente para a realização de investimentos em outros setores, tais como saúde, educação e segurança. Seja qual for a escolha do modelo futuro, está mais do que na hora da sociedade empreender uma discussão mais transparente e menos visceral, que evite influências de marketing político difundido por grupos de interesses, e que ponha de maneira clara na mesa os benefícios e perdas associadas à manutenção da estrutura atual. 4- De maneira resumida, um segmento de uma indústria é um monopólio natural se é mais eficiente (eficiência produtiva) ter uma única empresa produzindo do que duas ou mais. 5- Na última década, inclusive, houve relatos e questionamento de prática de subsídio cruzado no segmento de refinarias e de discriminação de preços no uso do gasoduto Brasil-Bolívia. 6- A maldição do vencedor ocorre quando vencedores de leilões sistematicamente adquirem objetos à venda por um valor maior do que o seu valor real. No caso de exploração de petróleo, o problema seria o de que, dados os riscos de não saber a priori o que se encontrará em determinada área, o retorno obtido pode não ser suficiente para cobrir os custos de exploração e prospecção ao longo do tempo. Para maiores detalhes, ver Lei 12.351/2010 e Lei 12.276/2010. O Visconde MARÇO 2014 - 33 AGENDA CULTURAL PICASSO E A MODERNIDADE ESPANHOLA A exposição conta com 90 obras e deixa clara a influência de Picasso na Arte Moderna da Espanha. A mostra também apresenta a trajetória do gênio, até sua obra mais famosa, a Guernica, que representa a Guerra Civil Espanhola, além de sua relação com outros artistas espanhóis, como o próprio Dalí. QUANTO? Catraca Livre WAKING UP IN NEWS AMERICA A exposição traz um dos nomes mais reconhecidos da fotografia experimental, Robert Heine- ONDE? Museu da Imagem e Som Catraca Livre tes até por volta das 7hrs da manhã.Funciona por meio de comandas individuais a melhor pedida é a cerveja (a garrafa sai por volta de 6 reais). Além disso, o bar oferece um clima altamente convidativo e uma ótima música no ambiente. O espaço pequeno e intimista do bar faz a casa passar um ar de muita simplicidade e uma cara de porão. Até 12 de abril ONDE? ~ Lapeju Bar, Rua Frei Caneca, 892 Um dos artistas mais comentados no Dividida por núcleos temáticos, tem o objetivo de passar pela mente de um dos maiores criadores e gênios da humanidade da época renascentista: Leonardo da Vinci (1452-1519).São mais de 40 peças e 10 instalações interativas responsáveis por essa ruptura na história. ONDE? Sesi-SP, Avenida Paulista, 1313, Metro Trianon-Masp MARÇO 2014 34- O- Visconde O Visconde JUNHO 2014 QUANTO? Catraca Livre QUANDO? Até 10 de maio SAMBA-ROCK, BLACK E MPB Na noite badalada da Bela Vista, o bar Lapeju reúne Samba-Rock, Black Music, Funk e muita MPB. O bar que esquenta a partir das 23hrs e prende seus clien- QUANDO? A NATUREZA DA INVENCAO ´ LEONARDO DA VINCI QUANDO? Até 8 de junho cket, que agora ganha uma sala inteira no MIS pra expor seu trabalho. O interessante é o enfoque dessa exposição, que são os meios de comunicação e o poder da televisão. O visitante terá a oportunidade de mergulhar no universo do fotógrafo e em seus pensamentos. QUANTO? ONDE? Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Rua Álvares Penteado, 112 - Centro QUANTO? QUANDO? 5 reais mulher, 10 reais homem Quarta a Domingo, a partir das 21hrs LOLLAPALOOZA O festival já consagrado no mundo volta ao Brasil pelo quinto ano consecutivo. Se nas outras edições, haviam nomes como Pearl Jam, Foo Fighters, Arctic Monkeys, The Killers e Muse, nesse ano de 2015 vem mais contido, em uma pegada mais pop eletro, entretanto, sem deixar o velho rock’n roll de lado. O festival traz bons nomes, como Robert Plant, Calvin Harris, Jack White, Foster The People entre outros. Pra saber o Line-Up completo: http://www. lollapaloozabr.com/line-up-2015 QUANTO? De 170 a 660 reais ONDE? Autódromo de Interlagos. Avenida Senador Teotônio Vilela, 261 QUANDO? 28 e 29 de março O Visconde JUNHO 2014 O Visconde MARÇO 2014 - 39 35 quebrando a rotina LÓGICA ENTRETEnIMENTO Um casal foi ao casamento da filha. O juiz perguntou a jovem: “Filha quantos anos você tem?” A jovem respondeu: “Tenho a metade da idade de minha mãe”. O juiz virou-se para a mãe da jovem e perguntou: “Quantos anos a senhora tem?” A mulher respondeu: “Sou 10 anos mais nova do que meu marido”. O juiz virou-se para o marido da senhora e perguntou-lhe: “Quantos anos o senhor tem?” O Homem respondeu. A soma das nossas três idades é igual a um século Quais são as idades da mãe, do pai e da filha? 36 - O Visconde MARÇO 2014 ViscondeMARÇO MARÇO2015 2014- - 37 OO Visconde CRONICA Cruzadinha Beira-mar Venta. Muito. Talvez por isso a noite seja clara. Como pode a noite ser clara, se é negra por definição? É pela luz da lua e das estrelas - como são visíveis as estrelas por aqui! - que a noite pode, enfim, trazer em si a qualidade que deveria ser só de seu irmão, Dia. E a claridade da grande lua ilumina, também, a negritude do mar - reza a lenda que os reflexos prateados sobre as águas são, na verdade, os cabelos de Iemanjá, senhora das águas, esposa e mãe dos homens do mar. É justamente o lar de tais homens que quebra a linha tênue que separa a noite negra do mar negro - como pode haver separação entre duas negritudes? Mar e noite se fundem. Veja! Quem será dono daquele barquinho? Aquele, ali, que bóia com tanta calma sobre os mistérios que carregam as águas do mar. Quem será ele? Tem uma esposa? Filhos? Hei de confessar que os invejo. Sim, invejo a todos os donos de barquinhos que flutuam por aí. O mar é grandioso e não há pessoa alguma no mundo que possa explicar a sensação de pequenez diante dele. Por isso invejo os homens do mar: tem coragem o bastante para enfrentar o abismo que os cerca. 38 - O Visconde MARÇO 2014 Abismo, sim senhor: não são léguas de profundidade suficientes para definir o mar. Este guarda toda a beleza e todo o perigo existentes por aí. Quem será o dono daquele barquinho? Não importa. Carrega com ele, assim como todos os homens do mar, uma certeza inabalável: sua paixão pela imensidão azul das águas. Sim, pois é apenas a paixão que pode calar o medo inerente da vastidão do mar. Paixão essa que os homens da terra não poderão nunca compreender: os ofícios daqui, que não lhes oferecem maiores perigos, jamais serão suficientes para aqueles que foram gerados e nasceram nas águas. E agora percebi, o barquinho tem um nome: Clara. Clara, sua esposa, sua amada. Que deve estar sempre aflita por seu homem - tem medo dos perigos das águas traiçoeiras. Decidi-me: quero um barco com meu nome. Mas não quero ser esposa. Quero ser mulher do mar. Thais Haddad 5º período - Economia O Visconde MARÇO MARÇO2014 2014-- 39 SOBE • Calouros/as: Enfim saiu a tão esperada lista do vestibular mais concorrido do país e com ela, 590 rostos novos para a FEA. • Regionais: Com o início da temporada 2015 de futebol, começam também os campeonatos regionais, destaque para o Paulistinha e o trio de ferro paulista (Palmeiras, Corinthians e São Paulo). • Choque de Monstros: Foi bonito foi, foi insano foi!!! Na festa mais inexperada da USP, deu FEA ♥ FFLCH. • Rio de Janeiro: A cidade maravilhosa e uma das mais importantes do país completa em 2015, 450 anos. 40-- O Visconde MARÇO 2014 • 5 dias sem Água, 2 com:s Apear da volta das chuvas, a preocupação continua no dia a dia para saber se os níveis das represas estão subindo ou não. Preparem-se, a caça a água vai começar. • Álcool: Depois de tirarem a mesinha e nossas festas, a diretoria resolveu abolir por tempo indeterminado aquela queridíssima breja na vivência. • Economia: Últimas previsões dos índices de crescimento de 2015 não são nada otimistas, crescimento inferior a 0,3%. Sra. Presidenta terá muito trabalho e encontrará uma oposição muito forte pela frente nos próximos 4 anos. • SPIDER: Depois de um ano fora do octógono, Anderson Silva vence duas vezes em uma noite, uma Ao Vivo na TV paga e outra Ao Vivo na Rede Globo e é pego no anti-dopping pelo uso de esteróides. Que mancada! DESCE O Visconde MARÇO 2014 - -41 TUNEL DO TEMPO A EXPERIÊNCIA UNIVERSITÁRIA: Um alerta aos novatos - Março 2011 A lista da FUVEST saiu. Mãe, corre aqui. Aquela sensação de euforia. Passei, porra!!! Passada a euforia do resultado, leva um certo tempo para a ficha cair. Uma sensação estranha de alegria e insegurança nos arrebata: E agora? Virei gente? Ainda não. O Mundo mudou. Saímos do colégio, é hora de nos distanciarmos dos amigos que- bem ou mal- cultivamos desde o jardim de infância e sempre foram vizinhos de bairro ou do mesmo grupo de estudos. A casa caiu. Mas como toda nova experiência, a vivência universitária traz uma série de incertezas e eu vejo duas maneiras de encará-las: De contas ou de frente. A primeira opção é simplesmente fugir das novidades que te esperam e comparecer apenas às aulas escapando de eventos sociais, dos eventos sociais, dos bares e botecos, que agora farão parte do dia-a-dia, e dos jogos universitários com seus porres homéricos. Talvez você consiga ler toda a bibliografica indicada pelo seu professor no 1ºdia de aula. Talvez você faça isso, mas realmente acho que o conceito de Universidade vai muito além, como o próprio nome sugere: um universo de oportunidades. Por outro lado, você pode encarar os desafios de frente e entrar de cabeça nessa aventura, a começar pelo Trote Solidário. Cara...não passar pelos rituais mais banais como raspar a cabeça ou acentar que pintem sua cara é simplesmente inaceitável. Sou contra qualquer tipo de agressão nos Trotes, mas você precisa comemorar a sua façanha de ter entrado na FEA USP para dar o devido valor à sua conquista. Aceitado o desafio, é hora de se reinventar. Aproveite o fato de estar entrando num mundo no qual ninguém sabe que você era o NERD que sentava na primeira fileira da sala, o boçal que só perdeu 42 - O Visconde MARÇO 2014 o BV no 3º ano ou o desenturmado que passou os três anos do colegial sem amigos. Esse “recomeço” permite que você se infiltre em qualquer grupo ou comunidade da faculdade que você sempre sonhou, com a possibilidade de fazer novas amizades sem pré-conceitos sobre sua pessoa e pegar até aquela potencial líder de torcida que você nunca imaginou sequer tocar. Você pode inventar as histórias mais cabeludas sobre seu passado (até forjar uma susposta perda da virgindade) que ninguém checará a veracidade dos fatos. E isso tudo é apenas o deslumbramento do primeiro ano. Mas relaxe que, se você perdeu a chance no início, pode muito bem aproveitar da alcunha de “veterano” para enganar uma nova leva de bixos e bixetes desavisados a todo ano que se passa. Só fique atento para que as máscaras não caiam antes do pessoal realmente acreditar em você Minha dia para os novos ingressantes (bixos burros e virgens) é: Aproveitem esses 4,5 ou 6 anos como se fossem os seus últimos, Os conhecimentos e experiências adquiridos durante esse periodo são muito mais valiosos para seu futuro que sua preocupação boba em não ficar de reaval. Viva cada detalhe. Faça com que suas lembranças sejam positivas, que você tenha vivido momentos inesquecíveis e feito amigos para a vida toda. Isso tudo sem esquecer que voce nunca mais encontrará festas OPEN BAR por R$50,00 ou menos. Após a formatura as responsabilidades só aumentam, portanto, experimente tudo que a vida universitária pode te proporcionar. Amadureça, chegue ao final da graduação, olhe para trás e sinta: “Agora sim, SOU gente”. Guilherme Marques- “Coca” FEA - Administração Formado em 2010 O Visconde MARÇO 2014 - 43 - O Visconde MARÇO 2014