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CADERNO DE RESUMOS XVII ENCONTRO DIDÁTICO CIENTÍFICO DO CURSO DE MEDICINA Ano VII – Número 13 1 24,25 e 26 de fevereiro de 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO CAMPUS MORRO DO CRUZEIRO CADERNO DE RESUMOS XVII ENCONTRO DIDÁTICO CIENTÍFICO DO CURSO DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Ouro Preto, MG 2 XVII ENCONTRO DIDÁTICO CIENTÍFICO DO CURSO DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Marcone Jamilson Freitas Souza Reitor Célia Maria Fernandes Nunes Vice-Reitora ESCOLA DE MEDICINA Márcio Antônio Moreira Galvão Diretor George Luiz Lins Machado Coelho Vice-Diretor COLEGIADO DE MEDICINA Hugo Alejandro Cano Prais Presidente Leonardo Cançado Monteiro Savassi Presidente Docente Ana Cláudia dos Santos Presidente Discente ESCOLA DE MEDICINA OURO PRETO – MINAS GERAIS 3 PREFÁCIO O Encontro Didático Científico do Curso de Medicina da UFOP se renova a cada ano. E em sua décima sétima edição, tenho o prazer de ocupar a função de Presidente Docente, e confirmar como o evento avançou em termos de abrangência, qualidade e relevância, integrando várias disciplinas dos diversos setores da Escola de Medicina. Mais uma vez se percebe a importância de preparar os alunos para as futuras exposições em Congressos, com foco na habilidade de falar em público e de organizar suas apresentações de maneira correta e científica. Novamente o EDC cumpre o seu papel de preparar os alunos para a produção científica, como espaço para a elaboração e apresentação de resumos científicos, que são avaliados por bancas altamente qualificadas. Neste ano, além de sermos agraciados com a presença de professores dos diversos departamentos da Escola de Medicina, tivemos o prazer de poder contar com egressos desta casa, representados pelos Residentes de Medicina de Família e Comunidade da UFOP, participando ativamente das bancas julgadoras e apresentando suas contribuições, agora como médicos formados por esta Universidade. O EDC se reinventa, se renova, mas mantém-se como âmbito de compartilhamento de uma aprendizagem ativa, alicerçada na inserção oportunística dos alunos no campo da prática desde os primeiros períodos, resultando em um ensino baseado no contexto real. E isto por sua vez se reflete nas falas dos alunos apresentadores, que discorrem com propriedade sobre o que vivenciaram realmente nas unidades de saúde, e não apenas o que “aprenderiam” em salas de aula. O Encontro também funciona como local de troca de saberes de diversos períodos em suas mesas redondas e oficinas de conclusão de semestre. Professores e alunos podem compartilhar suas experiências ao longo das disciplinas e ponderar sobre propostas de aprimoramento, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade da graduação. Por fim, o EDC é o espaço privilegiado para a apresentação de trabalhos no âmbito da pesquisa em saúde e da extensão universitária. Com a estruturação dos “Cadernos de Resumos do Encontro Didático Científico do Curso de Medicina” como um periódico científico devidamente registrado sob o Número Internacional Normatizado para Publicações Seriadas (ISSN - International Standard Serial Number), tanto alunos quanto professores encontram nele mais uma excelente opção para o crescimento da produção científica da UFOP. Parabenizo a todos os participantes da comissão organizadora, na figura da Professora Adriana Maria de Figueiredo, pela oportunidade de mais uma vez participar deste evento, do qual já fiz parte com orientador, membro de banca avaliadora, e agora como presidente docente. É uma enorme honra e um prazer inenarrável poder ajudar a consolidar esta história. Prof. Leonardo Cançado Monteiro Savassi 4 CADERNO DE RESUMOS REALIZAÇÃO: ESCOLA DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO COMISSÃO ORGANIZADORA Professora Dra. Adriana Maria de Figueiredo (UFOP) Prof. Dr. Leonardo Cançado Monteiro Savassi (UFOP) Professor Dr. João Milton Martins Oliveira Penido (UFOP) Professora Dra. Olívia Maria de Paula Alves Bezerra (UFOP) Acadêmica de Medicina Allana Silva Mamédio (UFOP) Acadêmico de Medicina Arthur Vieira Piau (UFOP) Acadêmico de Medicina Bruno Jhônatan Costa Lima (UFOP) Acadêmica de Medicina Julia Taira Sarti Penha (UFOP) Acadêmica de Medicina Júlia Viegas Alves (UFOP) CADERNO DE RESUMOS ORGANIZADO POR Professora Dra. Adriana Maria de Figueiredo (UFOP) 5 SUMÁRIO Apresentações orais de trabalhos Disciplina Saúde e Sociedade ANÁLISE BIOLÓGICA E SOCIO CULTURAL ACERCA DO MANUSEIO DA PEDRA SABÃO (ESTEATITO) NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO-MG – PÁG. 12 ANÁLISE DA PROGRESSÃO DAS ARBOVIROSES E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE COMBATE NO BRASIL– PÁG.14 ESTIGMATIZAÇÃO NOS CENTROS DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO (CTAs): UMA ANÁLISE DOS DESAFIOS DOS PROFISSONAIS DE SAÚDE NO ACOLHIMENTO DE PACIENTES E PREVENÇÃO DO HIV. – PÁG.16 UM OLHAR SOCIOANTROPOLÓGICO SOBRE A EXPERIÊNCIA DO DIABETES– PÁG.18 USO DE DROGAS NO MEIO UNIVERSITÁRIO: UMA ABORDAGEM COGNITIVA E SOCIAL – PÁG.20 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA VISÃO SEXUALIDADE E CORPO FEMININO– PÁG.22 SOBRE GÊNERO, VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DAS CONSEQUÊNCIAS NA DINÂMICA SOCIAL APÓS UM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER– PÁG.24 Disciplina Práticas em Serviços de Saúde II OFICINAS SOBRE SEXUALIDADE PARA JOVENS DA ESCOLA ESTADUAL DE ANTÔNIO PEREIRA E A UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA BLOG– PÁG.26 RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ABORDAGEM SOCIAL A GESTANTES ATENDIDAS PELA UBS VIDA EM CACHOEIRA DO CAMPO, OURO PRETO: PLANEJAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS PELA MATRIZ SWOT– PÁG.28 6 Apresentações de pôsteres Disciplina Modelos Explicativos do Processo de Saúde e Doença A EPIDEMIA INGLESA DE CÓLERA: COMO O TRABALHO DE JOHN SNOW INFLUENCIOU O DESENVOLVIMENTO DA EPIDEMIOLOGIA MODERNA– PÁG.30 A PNEUMOCONIOSE EM TRABALHADORES DAS MINAS DE CARVÃO: UM REFLEXO DO MODELO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E DA EXPLORAÇÃO HUMANA– PÁG.32 A TUBERCULOSE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: UMA ANÁLISE À LUZ DA EPIDEMIOLOGIA PARA COMPREENSÃO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA– PÁG.34 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E SOCIOAMBIENTAIS DETERMINANTES NA INCIDÊNCIA DO VÍRUS ZIKA– PÁG.36 CORRELAÇÃO ENTRE OS FATORES SOCIOECONÔMICOS DAS REGIÕES SUDESTE E NORDESTE DO BRASIL NA PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS– PÁG.38 JOSUÉ DE CASTRO: A PERCEPÇÃO DA FOME NO BRASIL SOB O OLHAR DA GEOGRAFIA MÉDICA– PÁG.40 O COMPROMETIMENTO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE E DA BACIA DO RIO DOCE EM DECORRÊNCIA DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS DE FUNDÃO EM MARIANA, MINAS GERAIS– PÁG.42 PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR HIV NA POPULAÇÃO DE OURO PRETO-MG– PÁG.44 Temas Livres ACOLHIMENTO E VISITA DOMICILIAR: FERRAMENTAS ACESSIBILIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE– PÁG.46 DE ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E HISTOLÓGICOS DO CÂNCER DE PULMÃO– PÁG.48 7 Disciplinas Medicina Geral de Adultos I e II BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO MERGULHANTE: UM RELATO DE CASO– PÁG.90 DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 ASSOCIADA À INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA: UM RELATO DE CASO– PÁG.92 PÉ DIABÉTICO - UMA COMPLICAÇÃO DO DIABETES MELLITUS: RELATO DE CASO – PÁG.94 8 Apresentações orais de trabalhos Disciplinas Medicina Geral da Criança I e II ABORDAGEM DA CANDIDIASE NA PEDIATRIA: RELATO DE CASO CLÍNICO– PÁG.50 Disciplina Clínica Cirúrgica APENDICECTOMIA EM GESTANTE: REVISÃO DA LITERATURA– PÁG.51 CIRURGIA BARIÁTRICA VIDEOLAPAROSCÓPICA: UM PANORAMA GERAL– PÁG.53 DEFEITO DO SEPTO INTERATRIAL: UMA ABORDAGEM CLÍNICA E CIRÚRGICA– PÁG.55 ESTUDO DE REVISÃO DA CIRURGIA DE HERNIOPLASTIA INGUINAL: TÉCNICA DE LICHTENSTEIN VERSUS LAPAROSCÓPICA – PÁG.57 HEPATECMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA E ABERTA EM RESSECÇÃO DE TUMORES HEPÁTICOS: UM ESTUDO COMPARATIVO – PÁG.59 OS CUIDADOS COM O PACIENTE QUEIMADO– PÁG. 60 REVISÃO COMPARATIVA DO REGANHO DE PESO A MÉDIO E LONGO PRAZO APÓS BANDA GÁSTRICA AJUSTÁVEL LAPAROSCOPICA, BYPASS GÁSTRICO EM Y DE ROUX E SLEEVE GÁSTRICO LAPAROSCÓPICO – PÁG.62 VEIAS VARICOSAS: TERAPÊUTICO– PÁG.64 UM PANORAMA HISTÓRICO E Disciplinas Medicina Geral de Adultos I e II ABORDAGEM DA DISPEPSIA FUNCIONAL NO CONTEXTO DA CLÍNICA MÉDICA – PÁG.66 ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DE PACIENTE COM SEQUELAS DA DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL: SÍNDROME DE KORSAKOFF – PÁG.68 9 ANEMIA FALCIFORME E SUAS COMPLICAÇÕES: UMA ABORDAGEM AMBULATORIAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE– PÁG.70 GESTAÇÃO DE ALTO RISCO EM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA ATENDIDA NA UBS SÃO CRISTÓVÃO, OURO PRETO, MG – RELATO DE CASO– PÁG.72 HEMOCROMATOSE: UM RELATO DE CASO– PÁG.74 HIPERTROFIA DE PARÓTIDA: CORRELAÇÃO CLÍNICA ENTRE A SIALOSE E O ALCOOLISMO– PÁG.76 HIPOCRATISMO DIGITAL NA PRÁTICA CLÍNICA– PÁG.78 O DESAFIO CLÍNICO DA ASMA VARIANTE– PÁG.80 OS BENEFÍCIOS DO ESTUDO METABÓLICO EM PACIENTES COM NEFROLITÍASE – PÁG.82 RELATO DE CASO CLÍNICO DE OSTEOARTRITE EM PACIENTE DE 83 ANOS ATENDIDO EM UBS PASSAGEM DE MARIANA – PÁG.84 RELATO DE CASO DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ATENDIDO NA UBS PADRE FARIA EM OURO PRETO, MINAS GERAIS– PÁG.86 UMA ABORDAGEM CLÍNICA EM PACIENTE COM NEFROPATIA DIABÉTICA AVANÇADA– PÁG.88 Disciplinas de Saúde Mental A ABORDAGEM RESTRITA AOS PARÂMETROS BIOLÓGICOS E FISICALISTAS NO ENSINO DE SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO BÁSICA – UM RELATO QUALITATIVO DE UM GRUPO DE ESTUDANTES DO TERCEIRO PERÍODO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO (UFOP) – PÁG.96 ABORDAGEM DA INSÔNIA: RELATO DE DOIS CASOS– PÁG.98 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DE PESSOAS QUE CONVIVEM COM DOENÇAS CRÔNICAS: UM PARALELO ENTRE HIV/AIDS E DIABETES MELLITUS – PÁG. 100 ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE MENTAL: A PORTA DO SISTEMA – PÁG. 102 10 DOR E SOFRIMENTO: CONCEITOS, PERCEPÇÕES E PERCURSOS – PÁG.104 LUTO, LOGO EXISTO: A RESILIÊNCIA COMO FUNÇÃO PSÍQUICA NO TRAUMA – PÁG.106 MANIFESTAÇÕES PSICOLÓGICAS E SOMÁTICAS PÓS TRAUMÁTICAS – PÁG. 108 NEUROSES E A COMPREENSÃO SUBJETIVA DE SINTOMAS DE PACIENTES ATENDIDOS NO CENTRO DE SAÚDE DA UFOP, OURO PRETO/MG – PEQUENO RELATO DE 3 CASOS – PÁG. 110 PESQUISA SOBRE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS LÍCITAS UTILIZADAS POR DISCENTES DO CURSO DE TURISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO – PÁG. 112 QUANDO A REAÇÃO AO DESASTRE TORNA-SE PATOLÓGICA: ENTENDENDO O TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO – PÁG. 114 REFLEXÃO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE CARTILHA DE APOIO PSICOLÓGICO NO ACOMPANHAMENTO DE VÍTIMAS DE DESASTRES – PÁG. 116 REINSERÇÃO DO PACIENTE PSIQUIÁTRICO ESTÁVEL COMUNIDADE – DESAFIOS E PROPOSTAS ATUAIS – PÁG. 118 NA USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ENTRE ESTUDANTES DE DIREITO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO – PÁG. 120 Oficina Disciplina Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde A ABORDAGEM DOS SINTOMAS DEPRESSIVOS ENTRE ESTUDANTES DE MEDICINA DO CICLO BÁSICO – PÁG. 122 11 OS APRESENTAÇÕES ORAIS – DISCIPLINA SAÚDE E SOCIEDADE ANÁLISE BIOLÓGICA E SÓCIOCULTURAL ACERCA DO MANUSEIO DA PEDRA SABÃO (ESTEATITO) NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO - MG Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Júlia Viegas Alves ([email protected]) Bruno Demartini Carvalho ([email protected]) José Eustáquio De Assis Júnior ([email protected]) Marcos Vinícius De Oliveira Silva ([email protected]) Ruggeri Oliveira Sales Azeredo ([email protected]) Tales Tomé Lemos ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A pedra sabão (esteatito) faz parte da cultura de Ouro Preto e região desde a época do Brasil Colônia e foi eternizada nas obras artesanais de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, conferindo o título de patrimônio histórico da humanidade a Ouro Preto. Não há necessidade de ir a Ouro Preto para conhecer os produtos derivados da pedra sabão, pois seus resíduos podem ser encontrados em produtos como cerâmica, tecidos, medicamentos, inseticidas, cosméticos, sabões e tintas. A beleza e versatilidade desse minério, entretanto, esconde sua face nefasta, no processo de extração e de manufatura. A exposição acumulativa à poeira de talco pode desencadear um quadro de pneumoconiose, como a talcose, doença pouco estudada no Brasil e que se caracteriza pela fibrose pulmonar progressiva e irreversível, podendo se manifestar anos após o início da exposição. Trabalhadores, artesãos e suas famílias se tornam vítimas progressivas dessas morbidades, por não terem conhecimento desse dano e por não contarem com condições mínimas de segurança. OBJETIVOS: Analisar, baseando-se em revisão da literatura, as consequências biológicas e socioculturais relacionadas à extração e beneficiamento da pedra sabão no município de Ouro Preto-MG e propor soluções. DISCUSSÃO: A pedra sabão é uma rocha compacta, metamórfica, composta basicamente de filossilicato de magnésio hidratado, o talco, apesar de conter muitos outros minerais. Em função de sua composição, a pedrasabão, ao ser manipulada, torna-se uma grande geradora de resíduos, seja pela extração ou pelo esculpimento. Análises feitas nas áreas de extração da pedra-sabão, assim como nos locais de beneficiamento e regiões vizinhas, indicam uma quantidade de material particulado muito superior aos níveis seguros à saúde humana. Contudo, a extração de pedra sabão continua sendo a forma de sustento de famílias de artesãos em Ouro Preto, porém, os benefícios financeiros são pequenos quando comparados aos problemas que as práticas descontroladas de extração e beneficiamento de pedra sabão podem causar. CONCLUSÃO: Faz-se necessário intensificar a fiscalização na região para coibir a exploração inadequada da mão de obra local, principalmente infantil. Por se tratar de 12 um patrimônio cultural transmitido entre os membros daquela região, há a necessidade de regularizar a situação dos trabalhadores dando-lhes condições seguras para exercerem o artesanato. Os jovens da região podem ser inseridos em programas, como o Menor Aprendiz, que lhes garantirão o direito de permanecerem exercendo a prática de artesanato, além de direitos trabalhistas como remuneração, férias, FGTS e acesso de suas famílias a programas sociais do governo municipal, estadual e federal. Também são necessárias ações de controle e prevenção dessas doenças no ambiente de trabalho, principalmente com o uso de EPIs e instruções para o manuseio correto da pedra sabão, bem como o desenvolvimento de ações de vigilância ambiental e saúde do trabalhador. Problemas como estes precisam ser adequadamente enfrentados no âmbito da abordagem da saúde pública, para se obter uma aproximação da realidade epidemiológica da doença. Palavras-chave: talco, pneumoconiose, saúde pública. Referências: BEZERRA, Olívia Maria de Paula Alves; DIAS, Elizabeth Costa; GALVAO, Márcio Antônio Moreira and CARNEIRO, Ana Paula Scalia. Talcose entre artesãos em pedrasabão em uma localidade rural do Município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública [online]. 2003, vol.19, n.6, pp. 1751-1759. ISSN 1678-4464. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2003000600019. CASTRO, Hermano Albuquerque de; SILVA, Carolina Gimenes da and VICENTIN, Genésio. Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 19842003. Rev. bras. epidemiol. [online]. 2005, vol.8, n.2, pp. 150-160. ISSN 1980-5497. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2005000200007. 13 ANÁLISE DA PROGRESSÃO DAS ARBOVIROSES E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE COMBATE NO BRASIL Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Bruno Jhônatan Costa Lima ([email protected]) Bruna Lopes dos Santos Lages ([email protected]) Carolina Gomes Teixeira Cabral ([email protected]) Júlia Gallo de Alvarenga Mafra ([email protected]) Matheus Rodrigues Honorato ([email protected]) Sara Bueno Barros Alves ([email protected]) Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG Introdução: Entre as décadas de 50 e 70, houve o desaparecimento da dengue no Brasil, decorrente da erradicação do vetor (Aedes aegypti). A partir dos anos 80, essa arbovirose reemergiu devido à volta do mosquito ao país, o que culminou em uma epidemia generalizada da doença. O governo adotou programas de combate a dengue que, por sua vez, não se mostraram plenamente eficazes. Com isso, outras arboviroses, como a chikungunya e a zika, encontraram um ambiente favorável para sua proliferação. Um cenário epidemiológico que se restringia apenas à dengue ampliou-se também para essas outras enfermidades. Objetivos: Promover uma análise crítica sobre o avanço das arboviroses e da progressão das políticas públicas na prevenção dessas doenças. Metodologia: Revisão não sistemática da literatura. Busca na plataforma Scielo e Capes periódicos utilizando os descritores: dengue, chikungunya, arbovirose, políticas públicas, epidemia e os seus correlatos em língua inglesa e espanhola. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos períodos de 2003 a 2016 e foram excluídas referências duplicadas e as que não foram publicadas nos idiomas inglês, português e espanhol. Discussão: Por meio da análise das fontes é possível traçar um paralelo entre a evolução dos casos de dengue e a emergência dos casos de chikungunya e de zika, devido à ineficiência de combate ao vetor (Aedes aegypti). Como foco desse problema, foram evidenciadas três vertentes: a sazonalidade das medidas governamentais, a ausência de integração entre saúde e educação e o déficit de comunicação entre os agentes de saúde, a população e a mídia. Conclusão: Com base no paralelo traçado a partir da observação dos dados fornecidos pelos artigos lidos, é preciso que haja uma mudança no enfrentamento das epidemias, buscando métodos mais eficazes para combatê-las. Para tanto, é interessante que haja a criação de campanhas intermitentes, a introdução de medidas socioeducativas nas escolas e a busca por maior horizontalidade na relação entre o agente de saúde e a população. Palavras-chave: Dengue, chikungunya, arbovirose, políticas públicas, epidemia. 14 Referências: CHAVES, Moacir Rubens de Oliveira; BERNARDO, Adrielle Silmara; BERNARDO, Carla Daniela; FILHO, Josimar Francisco Dias, PAULA, Hellen da Cintra; PASSOS, Xisto Sena Dengue. Chikungunya e Zika: a nova realidade brasileira. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Paulista FERREIRA, Beatriz Jansen et al . Evolução histórica dos programas de prevenção e controle da dengue no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 961972, June 2009 15 ESTIGMATIZAÇÃO NOS CENTROS DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO (CTAs): UMA ANÁLISE DOS DESAFIOS DOS PROFISSONAIS DE SAÚDE NO ACOLHIMENTO DE PACIENTES E PREVENÇÃO DO HIV Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Allana Silva Mamedio ([email protected]) Erika Tiemi Kozima ([email protected]) Jennifer Soares Ferreira de Assis ([email protected]) Luís Heitor Marci Tette ([email protected]) João Otávio Oliveira Silva ([email protected]) João Pedro dos Santos Soares ([email protected]) Pedro Henrique Caldeira Brant Faria ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O Brasil é referência mundial no tratamento da AIDS, dentre outros motivos, pela sua gratuidade e fornecimento de antirretrovirais (TARV) desde o momento do diagnóstico. Nesse contexto, a orientação pré e pós exame sorológico são alguns dos pontos vitais para a trajetória do paciente e seu comprometimento com o tratamento. Tal orientação é feita, principalmente, pelos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs), cuja ação é baseada nos princípios da confidencialidade, consentimento informado e aconselhamento. Este também tem por objetivo a reflexão sobre o HIV e a AIDS e o estigma associado a esses. Observa-se, no entanto, problemas na abordagem dessas diretrizes pelos profissionais envolvidos nos CTAs, em parte devido ao estigma envolvido com a doença. OBJETIVO: Abordar o acolhimento do paciente com HIV nos CTAs e o paradoxo entre a abordagem profissional técnica e o lado emocional da doença. DISCUSSÃO: Com a terapia antirretroviral (TARV), na década de 90, o Brasil tornou-se um país atuante tanto na ação preventiva e detecção do vírus, quanto no tratamento da AIDS. A prevenção, por sua vez, é considerada uma das principais responsáveis pela queda no número de casos de soropositivos relatados nas duas últimas décadas. Tal fato pode ser percebido, por exemplo, pelo biênio 2014/15, no qual evidenciou-se uma diminuição de 14311 novos casos relatados anualmente, conforme dados do Boletim Epidemiológico. Dentro do contexto dessa nova política governamental de combate à AIDS, a prevenção é feita primordialmente a partir do acolhimento, pilar do atendimento fornecido nos CTAs. Tal acolhimento é focado principalmente na escuta ativa – competência fundamental que rege o funcionamento de tais instituições. Não obstante, em pesquisa realizadas em unidades de CTAs do município do Rio de Janeiro, por Sobreira et al (2012), tornou-se evidente que parte dos aconselhadores não realizava o acolhimento de forma efetiva. Quando entrevistados nessa ocasião, 23,8% desses confessaram não exercer a escuta ativa ou só a realizarem 16 quando solicitado, devido, principalmente, a considerarem a abordagem profissionalpaciente como não necessária e bastante sentimentalista. Tal visão, pode ser considerada como uma consequência dos estigmas envolvidos e que, talvez, influenciarão o serviço prestado pelos aconselhadores. A partir de relatos e análises levantados, também no município do Rio de Janeiro, por Soares e Brandão (2013), percebeu-se que a abordagem feita pelos acolhedores pode ter influência na forma como o usuário do CTA lida com um possível diagnóstico e tratamento. Quando os funcionários transmitem uma ideia de culpa aos pacientes agem questionavelmente por afastarem os usuários dos Centros, contribuindo negativamente no efetivo comprometimento desses com o tratamento e prevenção. Assim, os pacientes tendem a omitir dúvidas e informações. CONCLUSÃO: A abordagem dos sentimentos do paciente é vital para o sucesso do acolhimento e do tratamento. Para tanto, é necessária uma melhor preparação dos profissionais para combater estigmas pessoais envolvidos com a enfermidade, assim como saber abordar condutas de risco sem demonstrar preconceito pelo acolhido. Palavras-chaves: HIV; acolhimento; capacitação profissional. REFERÊNCIAS: MORA, Claudia; MONTEIRO, Simone; MOREIRA, Carlos Otávio Fiúza. Formação, práticas e trajetórias de aconselhadores de centros de testagem anti-HIV do Rio de Janeiro, Brasil. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 19, n. 55, p. 1145-1156, Dec. 2015 POLETTO, Mariana Pasquali et al. Pensamentos automáticos e crenças centrais associados ao HIV/AIDS em indivíduos soropositivos. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 23, n. 2, p. 243-253, jun. 2015. SOARES, Priscilla da Silva; BRANDAO, Elaine Reis. Não retorno de usuários a um Centro de Testagem e Aconselhamento do Estado do Rio de Janeiro: fatores estruturais e subjetivos. Physis, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, p. 703-721, Sept. 2013. SOBREIRA, Paula Guidone Pereira; VASCONCELLOS, Mauricio Teixeira Leite de; PORTELA, Margareth Crisóstomo. Avaliação do processo de aconselhamento pré-teste nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) no Estado do Rio de Janeiro: a percepção dos usuários e profissionais de saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 17, n. 11, p. 3099-3113, Nov. 2012. PORTAL SOBRE AIDS, DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E HEPATITES VIRAIS, Boletim Epidemiológico HIV/Aids – 2015. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/publicacao/2015/boletim-epidemiologico-aids-e-dst-2015>. Acesso em 16 de fevereiro de 2016. 17 UM OLHAR SOCIOANTROPOLÓGICO SOBRE A EXPERIÊNCIA DO DIABETES Alice Viana de Ávila Oliveira ([email protected]) Bárbara Luisa Coraspe Gonçalves ([email protected]) Isabella Silvestre Araujo ([email protected]) Julia Taira Sarti Penha, ([email protected]) Laryssa Lages ([email protected]) Monaliza Mesquita Pint¹ ([email protected]) Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Introdução: A cronicidade é um conceito que abrange as condições de saúde gerenciáveis, mas não curáveis, apresentando sintomas contínuos ou periódicos. Este conceito é entendido de modo desigual por grupos sociais e sensos comuns distintos. Analogamente, a experiência do diabetes se baseia no trabalho que cada um realiza sobre si mesmo, ou seja, baseia-se no olhar de cada pessoa e em um conjunto de externalidades relacionados à sua realidade, como serviços de saúde e rotina. Objetivos: Identificar a construção da doença, envolvendo questões individuais e multiculturais, e entender o seu impacto na identidade e no cotidiano do indivíduo. Discussão: O processo de vivenciar o diabetes e como lidar com ele comportam uma dimensão ideativa e outra concreta que se influenciam. Estas dimensões atuam na vivência do diabetes, logo as suas representações são revistas em função da experiência individual. Há diversas formas de o adoecido se enxergar como diabético e analisar a doença. Há os que nomeiam o problema de saúde percebido, localizam-no no corpo, associam a aspectos biológicos e recorrem ao senso comum para explicá-lo. Outros definem o diabetes por suas características e possíveis consequências. O início assintomático pode levar ao descrédito no diagnóstico, resultando em sua aceitação ou não, devido às perdas sociais e aos aspectos negativos que o sujeito considera resultantes da doença. A alimentação, por exemplo, constitui importante fator cultural, simbolizando socialização, manutenção da força física e nível de poder aquisitivo. Portanto, a dieta, fator essencial do controle da doença, pode não abordar a relevância dos alimentos nos aspectos sociais e pessoais do adoecido, tornando-se um empecilho. O uso de medicamentos também é encarado de maneiras distintas. O efeito das drogas pode oferecer uma sensação de controle sobre o problema, porém devido a ideia de normalização dos desequilíbrios corporais, alguns optam por suspender o uso. Semelhantemente, as crenças religiosas, nas quais a representação da força divina determina as condições de saúde dos enfermos, punindo-os ou agraciando-lhes, interferem no processo. O próprio gênero do adoecido atua sobre a experiência do diabetes. A mulher, geralmente relacionada à vida doméstica, encarrega-se da responsabilidade de manter a unidade familiar; ao passo que homens são mais 18 relacionados à vida social e devem garantir sustento por meio do mundo externo. Assim, o comprometimento da força de trabalho pode ser um fator pelo qual os homens sintam mais drasticamente o impacto da doença. Portanto, são mais tendenciosos ao descuido. Alguns casos clínicos abordados como relato pessoal expõem o impacto dos diversos aspectos anteriormente citados no processo de gerenciamento do diabetes, a exemplo da M.R.S., mulher solteira de 56 anos, diagnosticada há 8 com diabetes. Conclusão: A experiência do diabetes envolve um processo de gerenciamento que impacta a vida do adoecido individual e socioculturalmente. Desta forma, é extremamente importante não se restringir apenas à questão técnica do tratamento, mas também vinculá-la à questão da singularidade do paciente para que o tratamento seja de modo integral. Palavras-chaves: Diabetes Mellitus, Avaliação em Saúde, Sociocultural. Referências BARSAGLINI, R. A. As representações sociais e a Experiência com o Diabetes: um enfoque socioantropológico. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011. 245p. CANESQUI, A. M. (org.) Olhares socioantropológicos sobre os adoecidos crônicos. São Paulo: HUCITEC/FAPESP, 2007. 149p. BARSAGLINI, Reni Aparecida; CANESQUI, Ana Maria. A alimentação e a dieta alimentar no gerenciamento da condição crônica do diabetes. Saude soc., São Paulo, v. 19, n. 4, p. 919-932, Dez. 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010412902010000400018&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 18 de Fevereiro de 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902010000400018. 19 USO DE DROGAS NO MEIO UNIVERSITÁRIO: UMA ABORDAGEM COGNITIVA E SOCIAL Adriana Maria de Figueiredo (Orientadora)([email protected]) Arthur Vieira Piau ([email protected]) Alexandre Camargo Campos ([email protected]) Diogo Persilva Araújo ([email protected]) João Pedro Rodrigues Pereira ([email protected]) Tharick Antônio Xavier de Oliveira Leite ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Estudantes recém-egressos no meio acadêmico possuem forte tendência de se envolverem com drogas psicotrópicas, devido a uma série de fatores: a busca pelos efeitos plácidos dessas substâncias perante aos empecilhos sociais e estudantis, a sua disponibilidade e acessibilidade, dentre outros. Essas drogas podem causar modificações no estado mental do usuário e, quando usadas em demasia, podem ser tóxicas, provocando efeitos colaterais agudos e crônicos no indivíduo e sendo especialmente perigosas para adolescentes e jovens adultos. Isso ocorre de maneira frequente no cenário em análise, constituindo assim um problema de saúde pública com repercussões sociais. OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão teórico-metodológica de artigos que abordam as consequências biológicas, mentais e sociais acerca do uso de drogas por universitários e apresentar algumas referências estatísticas sobre o consumo nesse meio. DISCUSSÃO: Os estudos que evidenciam as más consequências das drogas para a saúde das pessoas, principalmente jovens, são enfáticos em demonstrar que quanto maior e mais prolongado o consumo, mais deterioração o organismo irá sofrer. Drogas depressoras, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso desregulam gravemente nossas funções neurológicas e podem causar prejuízos cognitivos, motores e psíquicos consideráveis a médio e longo prazo. A preocupação é maior com os jovens – principalmente os universitários – por duas razões principais: os jovens não possuem seu sistema nervoso completamente formado, sendo o córtex pré-frontal a área de maior preocupação dos especialistas por ser uma região do encéfalo ligada a tomada de decisões e definição do que é certo ou errado; e, além disso, os universitários estão inseridos num ambiente muito propício à experimentação, justamente pelo fato de a universidade ser um espaço de experiências novas e relacionamentos prematuros, em que a necessidade de afirmação e aceitação em meio a esses novos colegas é muito grande e as oportunidades para o uso de drogas são diversas. Leva-se em conta aqui tanto as drogas recreativas quanto aquelas estimulantes usadas para potencializar o estudo, muito comuns no meio acadêmico. Todos esses fatores, com o apoio de dados estatísticos, sugerem que o uso de drogas no meio 20 universitário é frequente e que os estudantes em questão podem sofrer graves consequências no futuro. Tanto na vida pessoal, pela possiblidade de ter sequelas que afetarão o seu dia a dia, como na vida profissional e acadêmica, visto que os danos neurológicos que poderão ser advindos do uso de drogas com certeza irão afetar o seu desempenho nos estudos e no trabalho. CONCLUSÃO: Em suma, é possível notar que o consumo de drogas está profundamente inserido naquilo popularmente conhecido como cultura universitária. Mesmo que muitas vezes indevidamente, os entorpecentes fazem parte do cotidiano de muitos estudantes, seja para fins recreativos, para suporte em desequilíbrios psíquicos ou para aumentar seus níveis de concentração durante seu tempo de estudo, refletindo em uma melhor perfomace acadêmica. Palavras-chave: drogas, universidade, abuso. Referências: CUNHA, P. Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas: foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período crítico de maturação cerebral. In: III JORNADA DE PSICOLOGIA: NEUROCIÊNCIAS E COMPORTAMENTO, 2008. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa São Paulo. 2009; 54(3): 127-33. NICASTRI, S. Drogas: classificação e efeitos no organismo. In: CURSO DE PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS PARA EDUCADORES DE ESCOLAS PÚBLICAS, 2006, Senad. 21 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA VISÃO SOBRE GÊNERO, SEXUALIDADE E CORPO FEMININO Professora orientadora: Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Fernanda Araujo Romera ([email protected]) Giselda Ribeiro da Silva ([email protected]) Nathália Moura de Melo Delgado ([email protected]) Renata Alexandre Gomes da Silva ([email protected]) Sara Mendonça Chahla ([email protected]) Monitor orientador: Bruno Jhonathan Costa Lima ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Relatos que carregam a percepção negativa do parto datam o século XVI. Desde então, a violência obstétrica vem sendo enraizada na sociedade, e é, muitas vezes, já esperada pelas mulheres. Ela pode ser considerada uma violência de gênero, pois está ligada à função social da mulher e à percepção do corpo feminino. OBJETIVOS: Relatar a violência obstétrica como uma tipificação de violência de gênero com a exposição de relatos de agressões e com um estudo histórico da continuidade da desumanização do parto e do cuidado da gestante, assim como a sua ligação com o tabu da sexualidade e do corpo feminino. DISCUSSÃO: A luta das mulheres pelo mundo, principalmente após a ascensão do feminismo na década de 50, levantou a questão das opressões sofridas pelo sexo feminino nas relações de gênero e a pauta da violência contra a mulher em seus diversos tipos. A violência de gênero pode ser conceituada como a violência exercida contra as mulheres “apenas pelo fato de sêlo”, e já está enraizada e naturalizada pela sociedade como um todo, muitas vezes necessitando até mesmo de uma reflexão e questionamento para ser percebida como de fato um problema. Dentro desse cenário de violência e coerção, a sociedade convenciona um papel reprodutor para a mulher, criando um “destino biológico” compulsório e duas situações ao mesmo tempo opostas e igualmente opressoras: no caso da gestação, ela está fadada à dor e à punição pela sexualidade que foi exercida, passando por abusos institucionais dos profissionais relacionados à saúde e às dores do parto; no caso da não gestação, ela é vista com maus olhos pela comunidade, assumindo que o papel a qual a ela foi dado não foi cumprido. Dessa forma, com um movimento social militando pelos direitos femininos e pelo respeito de gênero, começou a ser abordado o tema da violência obstétrica, um abuso constantemente relatado, porém muito negligenciado. O parto, historicamente vinculado ao sexo feminino, quando transformado em um saber e poder da medicina e, portanto, do homem, foi marginalizado e tirado do ambiente familiar para o hospitalar. No meio médico, foi 22 associado ao setor cirúrgico, incluindo procedimentos como o corte peritônio e o uso de fórceps. Além disso, a enfermagem, embora detentora do poder de acompanhar as parturientes e puérperas, ainda é vista como submissa ao médico e também sempre associada ao sexo feminino, demonstrando a histórica submissão da mulher ao homem e evidenciando a passagem dos conhecimentos sobre o trabalho de parto do sexo feminino ao masculino. CONCLUSÕES: A saúde pública e privada tem pela frente o grande desafio da violência obstétrica e da falta do respeito aos direitos humanos das mulheres em ambiente hospitalar no período pré-natal e de parto. O direito sexual e reprodutivo deve ser reconhecido e assegurado por profissionais de saúde que sejam formados para respeitar os processos fisiológicos e sociais da gestação e da mulher, garantindo a ela o poder de decisão sobre o seu corpo assim como a sua integridade física e psicológica. Além disso, é necessária a informação e o fortalecimento das famílias para aumentar a visibilidade do problema e a necessidade de intervenções. PALAVRAS-CHAVE: Gênero e Saúde; Saúde Sexual e Reprodutiva; Violência contra a Mulher. REFERÊNCIAS: REDE PARTO DO PRINCÍPIO. Violência Obstétrica - “Parirás com dor”. Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência Contra as Mulheres, 2012. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/comissoes/documentos/SSCEPI/DOC%20VCM%20367.pd f>. Acesso em: 26 de fevereiro de 2016. ROHDEN, Fabíola. Uma Ciência da Diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2001. 23 VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DAS CONSEQUÊNCIAS NA DINÂMICA SOCIAL APÓS UM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER Adriana Maria de Figueiredo ([email protected]) Júlia Viegas Alves ([email protected]) Caroline Tempesta Garbato ([email protected]) Marcus Vinicius da Silva Souza ([email protected]) Patricia Maria Wobeto ([email protected]) Rafael Boari de Souza ([email protected]) Sâmia de Matos Moura ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Os primeiros diagnósticos de câncer remetem à Grécia antiga, em que era considerado como doença incurável e, ao longo do tempo, o câncer também adquiriu significado de sujeira física, moral e até mesmo de punição divina. Atualmente, mesmo com a evolução dos tratamentos, a simbologia do câncer como sinônimo de eventual morte causa uma intensa alteração na dinâmica social em que o paciente oncológico está inserido. OBJETIVO: Analisar, a partir de uma perspectiva socioantropológica, alterações nas relações intra e interpessoais do paciente oncológico devido à associação do câncer com sua simbologia de sentença de morte.DISCUSSÃO: Como o câncer ainda está fortemente atrelado à ideia de morte, mesmo com a rápida evolução dos tratamentos, o seu diagnóstico causa alterações nas relações intra e interpessoais do paciente. Intrapessoalmente, ele passa por processos psicológicos até a aceitação da doença, semelhantes às fases do luto. Ao mesmo tempo, os tratamentos oncológicos, como a quimioterapia, a radioterapia e as cirurgias, podem ser muito invasivos, causando drásticas alterações no corpo do paciente, levando-o a vivenciar um sentimento de fracasso, causado pelo ideal de “culto ao corpo saudável” vigente na sociedade atual e a uma consequente perda da identidade pessoal.Interpessoalmente, o diagnóstico de câncer leva a toda uma nova dinâmica de interações sociais, seja no contexto familiar, em que a doença pode ser tomada como alvo de descargas de frustrações pessoais, além de aumento da disponibilidade de atenção ao parente afetado pela doença; como no ambiente de trabalho, onde os colegas tendem a se tornar mais solícitos; e também no contexto hospitalar, em que alguns profissionais estabelecem certo afastamento emocional e, em certos casos, o tratamento do paciente oncológico é tido como objeto a ser estudado e experimentado em busca de novos tratamentos.O câncer também está fortemente associado ao sofrimento e desgaste provocado pela doença e pelos seus métodos terapêuticos, o que torna necessário se atentar à percepção e expressão de dor do paciente. Deve-se considerar que o individuo pode assimilar a dor de maneira positiva ou negativa e essa percepção é influenciada pela interação com o meio social. Essa dor também pode ser associada à morte e essa percepção é desagradável e assustadora para o paciente, visto quenão possuímos controle sobre a morte. Por outro lado, percebe-se que alguns pacientes apresentam uma resposta 24 diferente diante da dor, enxergando-a como um sinal indicando a necessidade de um maior cuidado com o próprio corpo. Logo, essa percepção leva o paciente a encarar o seu quadro com uma maior tolerância. CONCLUSÃO: Conclui-se assim, que as alterações nas dinâmicas sociais de um paciente oncológico são devidas ao caráter de sentença de morte ainda associado à doença, independente da rápida evolução dos tratamentos oncológicos nos dias atuais. Dessa forma, compreende-se que ainda falta muito, do ponto de vista socioantropológico, para que o câncer não seja mais associado, necessariamente, como uma sentença de morte iminente. Palavras-chave: câncer, morte, psicológicos Referências: BARBOSA, Leopoldo Nelson Fernandes; FRANCISCO, Ana Lúcia. A subjetividade do câncer na cultura: implicações na clínica contemporânea. Rev. SBPH, v.10, n.1, Rio de Janeiro, jun. 2007. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151608582007000100003> Acesso em 15 de fevereiro de 2016. SETTE, Catarina Possenti; GRADVOHL, Silvia Mayumi Obana. Vivências emocionais de pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia.Rev. Psicol., UNESP, v.13, n. 2, Assis, dez. 2014. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198490442014000200003&lng=pt&nrm=iso> Acesso em 15 de fevereiro de 2016 25 APRESENTAÇÕES ORAIS – DISCIPLINA PRÁTICAS EM SERVIÇOS DE SAÚDE II OFICINAS SOBRE SEXUALIDADE PARA JOVENS DA ESCOLA ESTADUAL DE ANTÔNIO PEREIRA E A UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA BLOG Adriana Maria de Figueiredo (Orientadora) ([email protected]) Carolina Ponciano Gomes de Freitas ([email protected]) Danilo Correa de Oliveira ([email protected]) Fabio Lemos dos Santos ([email protected]) Igor Pimenta de Souza ([email protected]) Isabela Maria Silva Santos ([email protected]) Thaís Guimarães Miranda Xavier ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: A adolescência é uma fase marcada por modificações físicas e comportamentais que são influenciadas pelos contextos sociocultural e familiar. Almeida e Centa (2009) salientam que, nesta etapa há uma busca pela determinação de valores, ideologias e estilos de vida e uma vulnerabilidade a certos agravos relacionados ao abuso de drogas, álcool, práticas sexuais desprotegidas. Não obstante, o exercício da sexualidade de forma irresponsável e inconsequente acarreta conflitos e traz alterações nos projetos futuros de cada adolescente, resultando, muitas vezes, em situações de gravidez indesejada, aborto, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s), abandono escolar e delinquência que, consequentemente, interferirão em sua saúde integral (SOARES et. al., 2008, p. 486). Por isso, “é fundamental que a sexualidade seja discutida o mais precoce possível” (ALMEIDA, CENTA; 2009, p. 72). Essa foi a preocupação que conduziu o desenvolvimento de ações educativas com adolescentes do distrito de Antônio Pereira, Ouro Preto – MG, que levantou a gravidez imprevista como um dos desafios a serem enfrentados pela equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF) na atenção à saúde da população. CENÁRIO: A população adscrita à ESF compõe um total de 5422 pessoas, na qual há 1547 mulheres em idade reprodutiva (10 a 49 anos), (Dados do SIAB, 2012). A intervenção se constituiu de ações educativas junto à escola da localidade, para atingir mais diretamente os jovens. A Escola Estadual de Antônio Pereira possui 427 alunos distribuídos desde o 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio, além de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) Fundamental e EJA Médio. Participaram das dinâmicas, alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e dos 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio. DESENVOLVIMENTO: Sendo assim, desenvolveu-se dinâmicas, em grupo, com alguns dos jovens, da escola, com temas relacionados à sexualidade. Além disso, criou-se a ferramenta “blog”, onde os alunos podem enviar 26 possíveis dúvidas sobre o assunto e acompanhar as postagens sobre o tema. Segundo Valli, Cogo (2013), o desenvolvimento de blogs escolares é uma prática educativa que interessa aos estudantes adolescentes. PRINCIPAIS RESULTADOS: Foram realizadas dinâmicas em grupo com os temas: Pílula Anticoncepcional e Doenças Sexualmente transmissíveis (DST’s), nas quais, discutiram-se questões de mitos e verdades sobre os temas abordados. Durante as dinâmicas, perguntas diversas foram realizadas pelos alunos. Além das dinâmicas, realizou-se uma oficina para conhecimento e utilização da ferramenta “blog” pelos alunos, além da criação, por eles, de postagens para o blog. As dinâmicas e a oficina desenvolvidas em grupo, com os alunos, resultaram em bastante curiosidade acerca dos temas abordados. CONCLUSÃO: As dinâmicas serviram como um momento para a troca de experiências e para a discussão de assuntos relativos aos relacionamentos e à sexualidade em geral, oportunizar a reflexão sobre as consequências das próprias ações e as escolhas relativas ao exercício da sexualidade e informar sobre métodos contraceptivos em geral e DST’s. Palavras-chave: Sexualidade; Adolescente; Educação Sexual; Tecnologia Educacional. Referências: ALMEIDA, Ana Carla Campos Hidalgo de and CENTA, Maria de Lourdes.A família e a educação sexual dos filhos: implicações para a enfermagem. Acta paul. enferm.[online]. 2009, vol.22, n.1, pp. 71-76. ISSN 1982-0194. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002009000100012. SOARES, Sônia Maria et al . Oficinas sobre sexualidade na adolescência: revelando vozes, desvelando olhares de estudantes do ensino médio. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 12, n. 3, p. 485-491, Sept. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141481452008000300014&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Dec. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452008000300014. VALLI, Gabriela Petró; COGO, Ana Luísa Petersen. Blogs escolares sobre sexualidade: estudo exploratório documental. Rev Gaúcha Enferm, v. 3, n.4, p. 31-37, 2013. 27 RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ABORDAGEM SOCIAL A GESTANTES ATENDIDAS PELA UBS VIDA EM CACHOEIRA DO CAMPO, OURO PRETO: PLANEJAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS PELA MATRIZ SWOT Leonardo Cançado Monteiro Savassi ([email protected]) Ed Maciel Andrade Rodrigues ([email protected]) Edson Vander Ribeiro Junior ([email protected]) Fernanda Melazzo Nascimento Santos ([email protected]) José Sérgio Lopes Teixeira ([email protected]) Mauro Alberto do Espírito Santo ([email protected]) Stefânia Carolina Sousa Castanheira ([email protected]) Thiago Madureira Brandão ([email protected]) Wesley dos Santos Alves Marcelino ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: A partir de diagnóstico situacional de saúde dos alunos entre maio e junho de 2015, utilizando-se de observação ativa do território, entrevistas com informantes-chave e dados secundários da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vida, uma estimativa rápida participativa (ERP) definiu como prioritário o número acentuado de gestantes atendidas. Os dados obtidos no diagnóstico situacional foram relevantes para que o grupo delineasse um projeto de intervenção baseado na educação em saúde para gestantes. CENÁRIO: A UBS Vida localiza-se no distrito Cachoeira do Campo, Ouro Preto, com população estimada em 8.923 habitantes. Nessa unidade, anexa ao Centro de Atenção Integral à Criança (CAIC) , atuam as equipes Vida e Nova Aliança. O trabalho foi desenvolvido junto a última, que, de acordo com os dados por ela fornecidos, atende 921 famílias (cerca de 3.000 pessoas), nas quais existiam 22 gestantes. DESENVOLVIMENTO: O grupo de estudantes acompanhou agentes comunitárias de saúde (ACS) em visitas domiciliares, como parte do planejamento. Baseados nas entrevistas com ACS e gestantes, definiram-se temas a serem abordados em intervenção educativa em saúde. Foram identificados como problemas questões da dinâmica familiar, crenças e percepções potencialmente danosas a saúde, os processos de saúde-adoecimento, além de fatores de risco para doenças infecciosas. Levantou-se a proposta de grupos operativos com gestantes, bem recebida pela equipe da UBS, visto que grupos prévios foram descontinuados na unidade. Assim, os estudantes e ACS convidaram gestantes para participarem do grupo operativo proposto. PRINCIPAIS RESULTADOS: Apesar do empenho das ACS e dos estudantes em viabilizar os grupos operativos, houve baixa adesão pelas gestantes. Disponibilizou-se apenas duas datas devido a fatores como as greves do serviço de saúde e da UFOP, a mudança de cenário de vários alunos devido a remanejamentos, redução da turma pelas novas chamadas do Sistema de Seleção Unificada (SISU), e à interrupção do período no recesso de fim de ano, também devido a greve. Para avaliar a ação, o grupo utilizou a matriz SWOT, que consiste na listagem de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças ao projeto. Com essas variáveis foi possível avaliar e discutir a efetividade da proposta de intervenção. CONCLUSÕES: A intervenção foi analisada à luz do planejamento. Considerando os resultados obtidos pela avaliação da matriz 28 SWOT, observou-se que a ação apresentou mais fraquezas e ameaças do que forças e oportunidades. Dessa forma, conclui-se que realizar uma avaliação da viabilidade de implantação de determinada proposta utilizando-se dos instrumentos de planejamento é fundamental na escolha de um tipo de intervenção adequada. A matriz SWOT mostrouse capaz de identificar falhas do processo, que são discutidas à luz das várias especificidades deste semestre. Palavras-chaves: gravidez, educação, Planejamento em Saúde Referências SANTOS, Regiane Veloso; PENNA, Cláudia Maria de Mattos. A educação em saúde como estratégia para o cuidado à gestante, puérpera e ao recém-nascido. Texto contexto - enferm. Florianópolis , v. 18, n. 4, p. 652-660, Dec. 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010407072009000400006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 26 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072009000400006. HOGA, Luiza Akiko Komura; REBERTE, Luciana Magnoni. Pesquisa-ação como estratégia para desenvolver grupo de gestantes: a percepção dos participantes. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 41, n. 4, p. 559-566, Dec. 2007 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342007000400004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 26 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342007000400004. 29 APRESENTAÇÕES DE PÔSTERES – DISCIPLINA MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA A EPIDEMIA INGLESA DE CÓLERA: COMO O TRABALHO DE JOHN SNOW INFLUENCIOU O DESENVOLVIMENTO DA EPIDEMIOLOGIA MODERNA Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Fabiana Duarte Barbosa ([email protected]) Renan Ibrahim Neiva ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A epidemiologia é uma área de estudo da medicina, que tem como objetivo analisar quantitativamente a distribuição de determinadas doenças e a influencia do ambiente sobre a transmissão dessas patologias. Dessa forma, durante a segunda epidemia de cólera na Inglaterra, em 1854, o médico John Snow cria uma metodologia de análise epidemiológica que foi capaz de conter e reduzir os danos nacionais causados pelo cólera. OBJETIVO: Analisar o trabalho de John Snow, visando a evidenciar os seus progressos e a sua considerável influência para o desenvolvimento da Epidemiologia Moderna. DISCUSSÃO: A Inglaterra Vitoriana do século XIX era caracterizada por uma elevada densidade demográfica, associada a um ausente sistema de saneamento básico. Criou-se, nesse sentido, um ambiente propício para a propagação de diversas doenças, mas principalmente do cólera. O médico John Snow, assim, dá continuidade aos seus estudos sobre a doença, criando métodos analíticos para compreender a forma de transmissão do patógeno. Através do estudo de campo dentro do bairro de Soho - principal local com mortes por cólera - e da comparação de informações sobre os hábitos das famílias locais e de dados dos registros de nascimentos e óbitos, fornecidos, respectivamente, por Henry Whitehead e William Farr, o inglês fundamentou a teoria dele. Ao organizar e interpretar essas informações e utilizando o diagrama de Voronoi, construiu-se o Mapa Fantasma, que evidenciava a bomba de água da "Broad Street", como principal meio de contaminação pela doença. Além disso, na sociedade inglesa daquele período era vigente, tanto no meio político como no científico, a teoria dos Miasmas, fazendo com que as ideias de John Snow enfrentassem um ceticismo considerável, atrapalhando, até certo ponto, a aplicação da pesquisa dele. A significativa fundamentação de sua hipótese, tendo como base a tríade epidemiológica, todavia, fez com que sua teoria fosse aceita no meio político-científico. Criou-se, dessa forma, meios para atuar de forma massiva sobre a moléstia, diminuindo a sua transmissão dentro da sociedade inglesa. O trabalho do médico britânico, portanto, foi de grande importância para reduzir a mortalidade do cólera em todo o mundo e evidencia também os passos iniciais do estudo epidemiológico. CONCLUSÕES: O método de investigação e o estudo desenvolvido por John Snow, além de ainda serem usados por muitos estudiosos, demarcam um progresso considerável para a medicina e a saúde pública, possibilitando um aumento da qualidade de vida da população. Palavras-Chaves: Epidemiologia, Cólera, John Snow Referências: JOHNSON, Steven. O Mapa Fantasma. [S.l.]: Jorge Zahar Editor, 2008; 30 HERCULANO, Selene. O mapa fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles. Ambient. soc., Campinas, v. 13, n. 2, p. 429431, Dec. 2010; 31 A PNEUMOCONIOSE EM TRABALHADORES DAS MINAS DE CARVÃO: UM REFLEXO DO MODELO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E DA EXPLORAÇÃO HUMANA Olívia Maria de Paula Alves Bezerra (ompab@yahoo,com,br ) Gabriela Moreira do Nascimento ([email protected]) Kamylla Versiani Araújo Faro ([email protected]) Tatiana Dalat Coelho Furtado ([email protected]) UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, ESCOLA DE MEDICINA. OURO PRETO, MINAS GERAIS, BRASIL. Introdução: A mineração de carvão está classificada entre as atividades de maior insalubridade e periculosidade, pela Organização internacional do Trabalho (OIT) devido às características intrínsecas do processo de produção que podem ocasionar danos à saúde do trabalhador. Um exemplo é a Pneumoconiose dos Mineiros de Carvão (PMC), doença pulmonar ocupacional crônica que tem como causa a deposição de partículas respiráveis de carvão mineral. A probabilidade de um mineiro desenvolver PMC, na mineração brasileira é preocupante (ALGRANTI et.all, 1995), sendo então um problema de Saúde Pública das regiões de minas de carvão, ainda não refletido adequadamente pelos números registrados. Apesar disso, como insumo indispensável à fabricação do aço, o carvão mineral sustenta, a um alto preço, o conforto da modernidade. Preço este, pago pelos mineiros de carvão com sua saúde e seu trabalho. Objetivos: relacionar o modelo de produção capitalista aplicado às minas de carvão com a ocorrência de PMC nos trabalhadores desses locais. Discussão: o processo de produção capitalista, como um meio de obtenção de mais capital, impulsiona a prática de modalidades de trabalho assalariado por tarefa nas minas de carvão. Sem opção, os trabalhadores se entregam a esse regime de trabalho instável e explorador, mas que gera um salário capaz de garantir a subsistência, mesmo que o leve ao prejuízo de sua saúde, afetada principalmente pelas doenças no trato respiratório, como a PMC. Verificou-se que a grande maioria dos que apresentavam essa doença nas minas são homens, com idade entre 30 e 50 anos, com prevalência de 5-8% de trabalhadores com tempo de exposição (SOUZA E GALLA, 2013). Desse modo, o modelo de produção aplicado às minas de carvão está diretamente relacionado com o comum acometimento dos trabalhadores desses locais, uma vez que a busca pelo lucro tem levado a degradação cada vez maior das condições de trabalho. Além disso, o fato de que os mineiros de carvão não contam com sindicatos organizados capazes de garantir seus direitos e condições de trabalho, contribui ainda mais para sua superexploração. Outro aspecto relevante é que o ambiente da mina, de modo geral, é desorganizado e esfumaçado. Conclusão: o processo de trabalho em minas de carvão diz muito a respeito da saúde do trabalhador, pois se refere especialmente à sua capacidade produtiva. Portanto, esse contexto contribui para o aparecimento da PMC, principalmente se associado a práticas de dominação e superexploração dos trabalhadores, por intermédio de baixos 32 investimentos na infraestrutura das minas, bem como pelos baixos salários, altas cargas horárias de trabalho e pela abundante mão de obra disponível. Seu enfrentamento, ao lado de propiciar uma aproximação da real situação epidemiológica, contribuirá para orientar as medidas profiláticas de redução dos riscos e preparar o sistema assistencial para melhor atender aos expostos e doentes. Palavras-chaves: pneumoconiose dos mineiros de carvão, modelo de produção carvoeiro, más condições de trabalho. Referências: SOUZA, Fábio José Fabricio de Barros; GALLAS, Maria Gabriela; FILHO, Albino José de Souza. Análise documental do perfil epidemiológico de um grupo de mineiros da região Carbonífera do Extremo Sul Catarinense no ano de 2006. Arq Catarin Med. 2013 jul-set; 42(4): 73-78.Disponível em: < http://www.acm.org.br/acm/revista/pdf/artigos/1261.pdf>. Acesso em : 11 de Fevereiro de 2016. ALGRANTI, Eduardo; FILHO, Albino José de Souza; MENDONÇA, Elizabete Medina Coeli de; SILVA, Rita de Cássia Cruz da; ALICE, Sérgio Haertel. Pneumoconiose de mineiros de carvão: dados epidemiológicos de minas da bacia carbonífera brasileira. J Pneumol 1995; 21(1):9-12. Disponível em: < https://books.google.de/books?id=QyCR_7yJSQYC&pg=PA9&dq=eduardo+Algranti+ pneumoconiose&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwiavuKQovPKAhUEfpAKHY9nAOwQ6AEIHTAA#v=onep age&q=eduardo%20Algranti%20pneumoconiose&f=false >. Acesso em 15 de fevereiro de 2016. 33 A TUBERCULOSE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: UMA ANÁLISE À LUZ DA EPIDEMIOLOGIA PARA COMPREENSÃO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA. Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Alba Larissa dos Santos Esperidião ([email protected]) Giovanna de Souza Fernandes ([email protected]) Natália D'Arc Queiroz Pimenta ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) é a doença infectocontagiosa que causa o maior número de óbitos em adultos no mundo. Em 2009, no Brasil, foram notificados 71.686 novos casos e cerca de 4.800 óbitos, o que classificou o país em 19º lugar entre os 22 países onde estima-se que ocorram 80% de casos de TB (AUGUSTO, 2013). O aparato desenvolvido não é capaz de gerar a cobertura e efetividade possível e desejável no combate à TB. Ademais, o principal fator de manutenção desta como problema de saúde pública explica-se pela má distribuição de riquezas e desigualdade social (HIJJAR, 2005). OBJETIVOS: Compreender a distribuição da TB do Rio de Janeiro e sua relação com os indicadores sociais em diferentes regiões administrativas (RA) da cidade. DISCUSSÃO: O município apresentou em 2012 registro preliminar de 7.433 casos e incidência de 91,2/100 mil habitantes (SES-RJ, 2012), sendo o recomendado pela OMS, para controle da TB, incidência menor que 5/100 mil habitantes. Foi verificada, ainda, altas taxas de abandono do tratamento, resistência à medicação e recidiva da doença. Dessa forma, a literatura evidencia que o entendimento do processo saúde-doença para a TB, na cidade, ultrapassa a compressão biológica, demandando olhar atento e crítico sobre os procedimentos de notificação, tratamento, prevenção da doença e ações direcionadas às regiões mais abatidas. O padrão de distribuição da TB tem forte relação com o desenvolvimento histórico-social e as condições de vida da população (Vicentin et al, 2002). Ruffino e Pereira analisam a tendência de mortalidade por TB no município, entre 1860 e 1980, embasados nas transformações socio-políticas, culturais e econômicas, traçamdo um panorama histórico. Elas permitem a compreensão das raízes que corroboram para elevada prevalência da TB nas RA demarcadas nos estudos de Vincentin et al, que discorre sobre a associação da mortalidade aos indicadores sociais do ano de 1991, ratificando a determinação social do adoecimento. Os indicadores de maior significância para o enlace entre a mortalidade por TB e as condições socioeconômicas associam: predomínio da população de baixa renda, área física das moradias, número de cômodos da habitação e concentração humana no espaço intradomiciliar (Vicentin et al, 2002); o que respaldado pela literatura pode ser expandido para prevalência/incidência da TB. Nesse sentido, as características infraestruturais se mostraram como um fator determinante de gravidade da doença e de maior risco de morte (Vicentin et al, 2002). CONCLUSÕES: A partir da análise da literatura infere-se que o modo de organização social e a estruturação do sistema de prevenção/combate à TB, em suas complexidades, contribuem para a subnotificação de casos (Selig et al, 2004), para o insucesso do tratamento, o aumento da prevalência e recidivas da TB no município, sobretudo, em áreas carentes. Além disso, a TB deve ser compreendida holisticamente, em que os fatores socioeconômicos sejam devidamente analisados e as distorções corrigidas por políticas públicas de estado a fim de dirimirem 34 as desigualdades impostas na história, permitindo acesso à saúde, moradia e qualidade de vida equânime entre os cidadãos. PALAVRAS-CHAVE: Tuberculose, Vigilância epidemiológica, processo saúdedoença REFERÊNCIAS: RUFFINO-NETTO, Antonio. Tuberculose: a calamidade negligenciada. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba , v. 35, n. 1, p. 51-58, Feb. 2002 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003786822002000100010&lng=en&nrm=iso>. acesso em 20 Fev. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822002000100010. VICENTIN, Genésio; SANTO, Augusto Hasiak; CARVALHO, Marília Sá. Mortalidade por tuberculose e indicadores sociais no município do Rio de Janeiro. Ciênc. saúde coletiva, São Paulo , v. 7, n. 2, p. 253-263, 2002 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232002000200006&lng=en&nrm=iso>. acesso em 20 Fev. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232002000200006. 35 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E SOCIOAMBIENTAIS DETERMINANTES NA INCIDÊNCIA DO VÍRUS ZIKA Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Géssica Mendes de Almeida ([email protected]) Lucas Araújo Guedes ([email protected]) Nicole Naves da Silva ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus Zika, prolifera em países tropicais como o Brasil, pois nesses países ele encontra condições climáticas favoráveis, calor e umidade, estendendo-se as más condições de saneamento básico e a necessidade de armazenamento de água em regiões que possuem escassez desse recurso. Esse vírus foi introduzido no Brasil durante a Copa do Mundo de 2014, e desencadeou um surto preocupante no país nos últimos meses do ano de 2015, uma vez que em quadros mais severos ele acomete o sistema nervoso central de seus portadores. Dentre os acometidos, é importante ressaltar o grande número de casos de pessoas na região nordeste brasileira. OBJETIVO: Relacionar a alta incidência de casos de Zika na região nordeste com aspectos geográficos e sociais da região. DISCUSSÃO: Há maior proliferação do mosquito A. aegypti em áreas com temperaturas elevadas. Isso ocorre, pois as fêmeas infectadas apresentam mais chances de completarem seu período extrínseco de incubação nessas temperaturas. Por esse motivo verifica-se a proliferação em países tropicais, que contam com o clima quente e com chuvas, lembrando que a água parada faz parte do ciclo de vida do mosquito. Além disso, esses países frequentemente apresentam condições socioambientais precárias, e a falta de saneamento e a superpopulação pode contribuir para um aumento da proliferação do mosquito e, consequentemente, das doenças que transmitem. O acúmulo de lixo a céu aberto, presente em cidades com precário saneamento básico, é um potencial criadouro após períodos chuvosos, assim como o armazenamento de água feito por pessoas que não possuem um sistema de distribuição de água eficiente. Essas características ambientais e socioambientais são observadas principalmente nos estados do nordeste brasileiro, o que de certa forma nos explica o maior número de casos do vírus nessa região. A ineficácia na disponibilidade de água e de saneamento básico nessa região é algo que se arrasta há anos, tendo como causas não somente a escassez da água em alguns locais, mas também a gestão governamental, que não prioriza essas questões. Dessa forma, torna-se maior a quantidade de mosquitos A. aegypti nos estados nordestinos e, consequentemente, aumenta-se o risco de contaminação pelas doenças transmitidas pelo vetor. O vírus Zika apresenta como hospedeiro o ser humano e outros animais, o que desempenha um papel importante na sua perpetuação. CONCLUSÃO: As análises do vírus Zika e das condições ambientais e socioambientais do nordeste nos permitem concluir que esse surto observado na região é uma resposta não apenas ao aparecimento de uma nova doença, mas também leva em consideração aspectos geográficos e sociais do ambiente. Isso contribui para que haja uma ação mais eficiente na profilaxia da doença, levando em consideração não apenas a proliferação do vetor, mas também as condições socioambientais que contribuem para esse aumento. Palavras-chaves: Aedes aegypti, surto, condições sociais. 36 Referências: SILVA, J. S.; MARIANO, Z. F.; SCOPEL, I. A dengue no Brasil e as políticas de combate ao Aedes aegypti: da tentativa de erradicação às políticas de controle. Hygeia Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, Uberlândia, 3(6): 163-175, Jun/2008. REYMÃO, A. E.; SABER, B. A. Acesso à água tratada e insuficiência de renda: Duas dimensões do problema da pobreza no Nordeste brasileiro sob a óptica dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Revista Iberoamericana de Economia Ecológica, México, Vol 12: 1-15, 2009. 37 CORRELAÇÃO ENTRE OS FATORES SOCIOECONÔMICOS DAS REGIÕES SUDESTE E NORDESTE DO BRASIL NA PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS. Orientadora: Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Autores: Jordana Mol Teixeira Vieira ([email protected]) Vinícius Ferreira do Nascimento ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O termo Saúde mental é usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional do indivíduo, podendo incluir a capacidade de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. Quando isso não acontece, pode haver o desencadeamento dos transtornos mentais. No Brasil, estudos nacionais e estrangeiros indicam uma estimativa de 32 a 50 milhões de pessoas com alguma alteração psicológica. Diversos fatores podem implicar no desenvolvimento de alterações psíquicas, sendo alguns dos principais: fatores socioeconômicos, sexo, idade, desastres, doenças físicas e o ambiente familiar e social. OBJETIVO: O presente estudo busca comparar o perfil de acometimento de transtornos mentais comuns (TMC) entre as populações das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Afim, de fazer uma correlação entre alguns parâmetros socioeconômicos e a prevalência dos TMC nessas regiões. DISCUSSÃO: Pesquisas, em vários países, mostram uma relação entre os baixos indicadores socioeconômicos e os TMC. Pois, os fatores como insegurança, falta expectativas, rápidas mudanças sociais, riscos de violência, baixo apoio social, baixa escolaridade, pequena posse de bens duráveis, más condições de moradia, baixa renda, desemprego e trabalho informal, implicariam em maior vulnerabilidade dos socioeconomicamente desfavorecidos aos TMC. Em estudos populacionais no Brasil, os TMC acusam prevalência de 36 % na região Nordeste e 17% no Sudeste em adultos e adolescentes. Isso reflete as diferenças socioeconômicas das duas regiões e as discrepâncias na distribuição de renda do país. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2010, a taxa de analfabetismo nacional era de 9,6%, já nas regiões Nordeste e Sudeste, 19,1% e 5,5% respectivamente. Quanto aos anos totais de estudo, a média da região Sudeste foi de 8,1 anos e da Nordeste de apenas 6,2 anos. O rendimento médio mensal, em pessoas de 10 anos ou mais, é analisado regionalmente, o Sudeste apresenta o rendimento de R$ 1 396,00, enquanto no Nordeste é de apenas R$806,00. Nota-se também, a concentração regional quando se analisa a distribuição da produção e do PIB no país. Em 2010, a região Sudeste concentrava 55,4% do PIB brasileiro, enquanto a Nordeste 13,5% e a taxa de desemprego era de 9,63% no Nordeste e 7,28% no Sudeste. De acordo com dados do Datasus, em 2012, o estado no Nordeste com menor número de consultas médicas por habitante foi o Sergipe, com 1,95, enquanto a pior taxa no Sudeste foi em Minas Gerais, com 2,38, o que demonstra a discrepância das duas regiões quanto a assistência médica. 38 CONCLUSÃO: Tais dados epidemiológicos, sugerem uma correlação direta entre as condições socioeconômicas desfavoráveis e a prevalência de TMC na região Nordeste. Assim, nesse contexto, a Geografia Médica e a Geografia da Saúde, exercem papel relevante, pois ajudam explicar a influência direta dos aspectos sociais ambientais no desencadeamento dos problemas de saúde que afligem a população. PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental, Geografia médica e Iniquidade social. REFERÊNCIAS: Silva, D. F., & Santana, P. R. (2012). Transtornos mentais e pobreza no Brasil: Uma revisão sistemática. Tempus- Actas de Saúde Coletiva, 6(4), 175 - 185. Santos, M. J., & Kassouf, A. L. (2007). Uma investigação dos determinantes socioeconômicos da depressão mental no Brasil com ênfase nos efeitos da educação. Economia Aplicada, 11(1), 5-26. 39 JOSUÉ DE CASTRO: A PERCEPÇÃO DA FOME NO BRASIL SOB O OLHAR DA GEOGRAFIA MÉDICA Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Eduardo Nogueira Botinha ([email protected]) Matheus Alves de Lima ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Josué de Castro nasceu em 05 de setembro de 1908, em Recife, Pernambuco, Brasil. Viveu sua infância e adolescência em um bairro pobre de Recife, às margens do Rio Capibaribe. Formou-se em 1929 na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil. Retornou ao Recife para dar início a uma trajetória marcada principalmente pela compreensão do problema da fome e suas formas de enfrentamento. Em 1946, publicou o livro Geografia da Fome, em que fez o mapeamento do Brasil a partir de suas características alimentares. OBJETIVOS: Analisar a obra de Josué de Castro e relatar sua influência sobre a percepção do problema da fome no Brasil. Além de realizar uma síntese do mapa das cinco áreas alimentares do Brasil traçado no livro Geografia da Fome. Identificar as principais características dos seus regimes alimentares. Realizar uma síntese do mapa das principais carências nutricionais existentes no Brasil. DISCUSSÃO: A partir de Geografia da Fome, o país seria dividido em cinco diferentes áreas alimentares: Área Amazônica, Nordeste Açucareiro, Sertão Nordestino, Centro-Oeste e Extremo Sul. A área Amazônica apresentava como dieta básica o consumo de farinha de mandioca, associada ao feijão, peixe e rapadura. Foi considerada uma das áreas de fome endêmica, caracterizada pela presença de deficiências proteicas, vitamínicas e de sais minerais. No Nordeste Açucareiro a dieta básica era o consumo de farinha de mandioca, associada ao feijão, aipim e charque. Foi considerado uma área de fome endêmica, marcada por carências calóricas, proteicas, de vitaminas e minerais. O Sertão Nordestino apresentava como dieta básica o consumo de milho, associado ao feijão, carne (gado, carneiro e cabra) e rapadura. Conclui-se que o regime alimentar da área do Sertão Nordestino apresentava quantitativamente e qualitativamente equilibrado, entretanto esse equilíbrio estava sujeito aos períodos cíclicos da seca. O sertanejo passava para um regime de subalimentação marcado pelo consumo de um pouco de milho, feijão e farinha de mandioca. Quando esses recursos se esgotavam, o sertanejo passava a consumir raízes, sementes, frutos e animais resistentes à seca. O Sertão Nordestino foi caracterizado por epidemias de fome global quantitativa e qualitativa e que afetavam todos os habitantes da região. No Centro-Oeste a dieta básica era o consumo de milho, associado ao feijão, carne e toucinho. Foi considerada como uma área de subnutrição, de desequilíbrio e de carências parciais, restritas a determinados grupos ou classes sociais. O Extremo Sul consumia basicamente arroz, pão, batata e carne, sendo considerada a região de maior variedade alimentar. Portanto, 40 foi considerada uma área de deficiências alimentares discretas e menos generalizadas com carências parciais e restritas a determinados grupos ou classes sociais. CONCLUSÃO: A obra Geografia da Fome retrata a questão polêmica e paradoxal da fome que permanece como uma temática recorrente no Brasil. A adoção de dietas marcadas pelas características naturais e por influências etno-culturais contribuem para o estabelecimento de carências nutricionais específicas de cada região, exemplificando o fenômeno da fome no país. Palavras-chave: fome, mapeamento, carências. CASTRO, J. Geografia da Fome (O Dilema Brasileiro: Pão ou Aço). 10a Ed. Rio de Janeiro: Antares Achiamé; 1980. VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de. Josué de Castro e a Geografia da Fome no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 24, n. 11, p. 2710-2717, Nov. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2008001100027&lng=en&nrm=iso>. 41 O COMPROMETIMENTO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE E DA BACIA DO RIO DOCE EM DECORRÊNCIA DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS DE FUNDÃO EM MARIANA, MINAS GERAIS Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Maria Rita Alves Barbosa de Paiva ([email protected]) Mayra Fonseca Borges ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O rompimento da barragem de rejeitos de mineração do Fundão no município de Mariana, Minas Gerais no dia 5 de novembro de 2015, provocou o maior desastre socioambiental ocorrido no Brasil relacionado à atividade mineradora. Após a barragem se romper, a lama foi a jusante, favorecida pelo relevo, descendo pelo Rio Doce até chegar a sua foz no estado do Espírito Santo. OBJETIVOS: Analisar como a dimensão geográfica da tragédia e a perda do território impactou e impactará a saúde de milhares de pessoas ao longo da Bacia do Rio Doce. DISCUSSÃO: Os determinantes sociais da saúde associados com o desastre, como a perda da moradia, dos laços da comunidade e a incapacidade de exercer as atividades laborais, estão relacionadas com o surgimento e o agravamento de inúmeras enfermidades. Além disso, o reconhecimento da dinâmica social, hábitos e costumes é de grande importância para a determinação de vulnerabilidade para a saúde humana, originadas nas interações sociais em determinados espaços geográficos que são definidos por Milton Santos como um conjunto indissociável de sistemas de ações (a sociedade) e objetos (a materialidade). Portanto, a identificação de objetos geográficos, sua utilização e sua importância para os fluxos das pessoas e materiais são fundamentais para a análise e intervenção sobre as condições de saúde. Com o rompimento da barragem de Fundão em Mariana, o espaço geográfico ao longo do Rio Doce foi alterado e, dessa forma, os moradores de localidades completamente destruídas, pescadores, ribeirinhos e pequenos agricultores foram extensamente afetados tanto no consumo quanto na sua produção, tornando-se um grupo com alto risco de adoecimento a curto, médio e longo prazo. Dentre os impactos causados pelo desastre, a presença de metais pesados nos rejeitos da barragem pode apresentar um potencial tóxico direto de contaminação e efeitos bioacumulativos em toda a extensão do Rio Doce. Neste cenário, também pode-se ressaltar o preocupante impacto causado pela escassez de água, pois leva a diminuição da higienização dos alimentos, das moradias e dos próprios indivíduos, favorecendo a disseminação de doenças infecciosas como parasitoses e hepatite A. Além disso, os impactos relacionados com a saúde mental em uma situação de desastre, são os que costumam atingir um grande número de pessoas. As perdas humanas, materiais e ambientais, acrescidas da insegurança que se segue ao rompimento da barragem, afetam emocionalmente muitas pessoas e podem se manifestar com quadros de insônia, depressão e ansiedade. CONCLUSÕES: Mediante à complexidade do cenário do desastre, torna-se impossível mapear todos os danos à saúde devido à natureza e atemporalidade das manifestações clínicas. Sendo assim, os impactos a saúde dos indivíduos atingidos podem ser mais graves do que de fato está sendo dimensionado, porque houve interferência na flora, fauna e nas condições mínimas de sobrevivência das populações. 42 Palavras-chaves: saúde, geográfico, desastre. Referências: MONKEN, Maurício; BARCELLOS, Christovam. Vigilância em saúde e território utilizado: possibilidades teóricas e metodológicas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 898-906, junho 2005. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2005000300024&lang=pt >. Acesso em 12 de fevereiro de 2016. SAÚDE POPULAR. Possíveis impactos à saúde relacionados ao rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco em Mariana. Relatório preliminar Médicos e Médicas populares – 2016. Minas Gerais, janeiro 2016. 43 PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR HIV NA POPULAÇÃO DE OURO PRETOMG Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ([email protected]) Jorge Fernando de Souza Silva ([email protected]) Vitor Hugo de Souza Batista ([email protected]) Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto-MG Introdução: A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é responsável pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), que é decorrente da queda dos níveis séricos de linfócitos T CD4+, um dos principais componentes da imunidade celular. Atualmente, estima-se que 36,9 milhões de pessoas vivem com o HIV/AIDS no mundo (OMS, 2014). No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que, apenas nos últimos cinco anos, foram diagnosticados cerca de 138.000 novos casos. Destes, 12.466 concentram-se no estado de Minas Gerais. Objetivo: Levantamento do número de casos de HIV no município de Ouro Preto-MG, em comparação com o Brasil. Metodologia: Pesquisa de abordagem quantitativa, cujos dados foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde, com notificações registradas até 30/06/2015. Resultados: Entre 1980 e 2015, foram notificados um total de 103 casos de HIV/AIDS no município de Ouro Preto-MG. Destes, 69 são do sexo masculino (70%), e 34 são do sexo feminino (30%). Do total de casos registrados, 3 foram em indivíduos menores de 5 anos de idade, e 8 entre indivíduos com idades entre 15 e 24 anos. Do total de casos notificados em mulheres, entre 2003 e 2015, 13 foram em gestantes (43,3%). Segundo a categoria de exposição hierarquizada, em indivíduos do sexo masculino, com 13 anos de idade ou mais, 10 são homossexuais, 8 são bissexuais, 26 são heterossexuais e 3 são usuários de drogas injetáveis. Destes, 15 tiveram a categoria de exposição ignorada. Não foram notificados casos de transmissão vertical ou por transfusão sanguínea no período analisado. O total de óbitos registrados em decorrência da AIDS em Ouro Preto-MG, desde 1996, foi de 31 casos. No Brasil, entre 1980 e 2015, foram notificados um total de 798.366 casos. Destes, 519.183 são do sexo masculino (65%), e 278.960 são do sexo feminino (35%). Entre as gestantes, o total de casos notificados foi de 82.109 (29,43%). Segundo a categoria de exposição hierarquizada, em indivíduos do sexo masculino, com 13 anos de idade ou mais, 88.815 (27,1%) são homossexuais, 42.752 (13,0%) são bissexuais e 135.851 (41,4%) são heterossexuais. Quanto à categoria de exposição sanguínea, foram notificados, desde 1980, 57.712 (17,6%) usuários de drogas injetáveis, 1.187 (0,4%) infectados por transfusão de sangue e 753 (0,2%) por transmissão vertical. Do total de casos notificados, 74.154 (18,4%) tiveram a categoria de exposição ignorada. O total de óbitos por AIDS registrados no Brasil, desde 1996, foi de 222.301. Conclusão: Devido à prevalência da infecção pelo HIV em Ouro Preto-MG, é necessária a promoção de políticas públicas em saúde que visem à prevenção e redução do número de diagnósticos no município. Palavras-chave: Soroprevalência de HIV. Perfil de Saúde. Epidemiologia Referências Bibliográficas: 44 1. BRASIL, Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico HIV/AIDS. Ano IV, nº 1, p. 23. Brasília, 2015. 2. BRASIL, Ministério da Saúde. Indicadores e Dados Básicos do HIV/AIDS nos municípios brasileiros. Disponível em: < http://svs.aids.gov.br/aids>. Acesso em: 16 de fevereiro de 2016. 45 APRESENTAÇÔES DE PÔSTER - TEMA LIVRE ACOLHIMENTO E VISITA DOMICILIAR: FERRAMENTAS DE ACESSIBILIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE Leonardo Cançado Monteiro Savassi ([email protected]) Rodrigo Pastor Alves Pereira ([email protected]) Alba Larissa dos Santos Esperidião ([email protected]) Natália D’Arc Queiroz Pimenta ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Acolhimento e Visita Domiciliar (VD) são ferramentas corriqueiras de abordagem individual e familiar dentro da Estratégia Saúde da Família, sendo consideradas primordialmente ferramentas de acessibilidade, mesmo que cumpram papel importante na resposta aos demais atributos da Atenção Primária à Saúde (APS). Embora ambas sejam ferramentas de acesso, enquanto o acolhimento trabalha especialmente sob o princípio da equidade e universalidade, a VD responde aos princípios da integralidade, horizontalidade e coordenação do cuidado. De forma geral, o Acolhimento se presta ao atendimento a um grande número de pessoas, de maneira direcionada e muitas vezes selecionadora e a VD representa um modo de atendimento seletivo, com maior dispêndio de tempo e de maior complexidade clínica, o que em última análise ilustra o delicado balanço entre universalidade do acesso e integralidade da atenção. A proposta é aprofundar-se nas especificidades clínicas e do processo de trabalho dos profissionais da APS, entendendo que essas são fundamentais para a organização dos serviços de saúde, para a gestão do trabalho e para o planejamento de ações coletivas e de educação em saúde voltadas para estes profissionais, que deveriam responder primordialmente pelo acesso amplo e com qualidade dos cidadãos ao sistema de saúde. OBJETIVO: Compreender a prática de Acolhimento e VD. DISCUSSÕES: Há uma grande demanda por serviços de pesquisa em APS e na especialidade médica responsável pelo cuidado neste nível, a Medicina de Família e Comunidade. Tenta-se compreender a prática de Acolhimento e VD no âmbito da APS. Dada a enorme diversidade de formatos de prática dentro deste nível de atenção, esta compreensão é fundamental para o desenho de formatos reais e possíveis dentro dos arranjos de equipe que o SUS contempla atualmente. Atenção Domiciliar é atividade fundamental dentro do processo de trabalho da APS, mas o número de VD vem declinando globalmente. No Brasil, parte disto se justifica pela alta demanda dentro de consultórios. Já o Acolhimento é uma ferramenta de acesso foco de vários estudos teóricos, embora na prática represente uma tentativa frustrada dos profissionais de saúde em equacionar oferta e demanda em populações cujo número ultrapassa a capacidade das equipes e o limite máximo de cobertura. Torna-se necessário estudar ambas as ferramentas para entender seus desafios e propor soluções centradas na prática profissional, capazes de 46 qualificar o cuidado na APS. CONCLUSÕES: A partir da compreensão e do entendimento concomitante das dificuldades encontradas, pode-se obter uma proposta de novos arranjos, que podem ser alcançados a partir da reorganização de processos de trabalho mediante políticas públicas ou ações educativas em saúde. Além disto, a partir desta percepção, vislumbram-se novos formatos de pesquisa em continuidade ao que inicialmente se propõe, com foco no entendimento de como estes formatos podem potencializar a oferta do cuidado. Palavras-chave: Acolhimento, Visita Domiciliar, Atenção Primária à Saúde Referências: BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria 963/2013. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde. SAVASSI, L. C. M. ; PEREIRA, R. P. A. ; TURCI, M.A. ; LAGE, J.L. . Acolhimento. Belo Horizonte: Associação Mineira de Medicina de Família e Comunidade, 2006 (Artigo Virtual). 47 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E HISTOLÓGICOS DO CÂNCER DE PULMÃO Luciana Hoffert Castro Cruz ([email protected]) Laís Martins de Abreu ([email protected]) Raísa Becker ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O câncer de pulmão é o tumor maligno primitivo de natureza epitelial mais comum do trato respiratório inferior, sendo atualmente o câncer que gera a maior taxa de mortalidade mundial em indivíduos do sexo masculino e em segundo lugar em indivíduos do sexo feminino. A maioria dos carcinomas de pulmão, de modo semelhante ao câncer em outros locais, surge pelo acúmulo gradual de anormalidades genéticas que transforma o epitélio brônquico benigno em um tecido neoplásico. Sabese que apenas 20% dos casos são diagnosticados em fases iniciais, e o diagnóstico tardio impede o tratamento curativo eficaz. Portanto, diante desse cenário, é importante conhecer as características clínicas e histopatológicas deste carcinoma e suas variações. OBJETIVOS: Discutir os principais aspectos e os tipos histológicos do carcinoma brônquico a partir de uma revisão da literatura científica atual. DISCUSSÃO: Os principais sintomas do aparecimento do câncer de pulmão são: tosse (45% a 75%), hemoptise, dor torácica, sibilos ou estridor e dispneia. Os carcinomas de pulmão são classificados em quatro tipos principais de um modo geral: carcinoma de pequenas células, carcinoma de grandes células, carcinoma escamoso e adenocarcinoma. Os patologistas têm preferido a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicada pela primeira vez em 1997, que tem sido reeditada e amplamente utilizada. A OMS reconhece outros tipos de câncer de pulmão, sendo sua classificação elaborada em bases histológicas: carcinoma de células escamosas, carcinoma de pequenas células, adenocarcinoma, carcinoma de grandes células, carcinoma adenoescamoso, carcinoma sacomatóide, tumor carcinóide e tumores do tipo glândula salivar. O tipo histológico predominante é o carcinoma espinocelular, e o de menor frequência o carcinoma de grandes células. Em relação aos tumores carcinóides típicos e atípicos, apesar de ambos serem neuroendócrinos, eles têm prognóstico muito melhor, merecendo serem classificados à parte. O tratamento do câncer de pulmão, quando o tumor ainda se encontra localizado sem disseminação para fora do pulmão, é cirúrgico. Porém, aproximadamente 30-40% dos doentes têm indicação de radioterapia como principal modalidade de tratamento. Uma particularidade desse tipo de câncer é o fato de que a principal agressão ambiental que causa lesão genética no epitélio é conhecida: a fumaça do cigarro. Isso possibilita uma ação profilática concreta e com bons resultados por meio do combate ao tabagismo. CONCLUSÕES: Por meio dos estudos analisados, observa-se a alta agressividade do câncer de pulmão, demonstrando sobrevida em cinco anos de apenas 25%, mas com taxas bem maiores para estágios iniciais da doença. A incidência do câncer de pulmão continua sendo maior nos homens e a maioria dos casos apresenta-se em estágio avançado ao diagnóstico e necessita de quimioterapia. Os 48 estádios iniciais, com possibilidade de tratamento cirúrgico, correspondem à minoria. Estes dados reforçam a importância do diagnóstico precoce do carcinoma brônquico, que propicia melhor prognóstico, com razoável taxa de cura. Palavras chave: Carcinoma Broncogênico, Neoplasias pulmonares/histologia, Lesão pulmonar. Referências: NOVAES, Fabiola Trocoli et al . Câncer de pulmão: histologia, estádio, tratamento e sobrevida. J. bras. pneumol., São Paulo , v. 34, n. 8, p. 595-600, Aug. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180637132008000800009&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Feb. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132008000800009; UEHARA, César; JAMNIK, Sérgio; SANTORO, Ilka Lopes. CÂNCER DE PULMÃO. Medicina (Ribeirao Preto. Online), Brasil, v. 31, n. 2, p. 266-276, jun. 1998. ISSN 2176-7262. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/7673>. Acesso em: 02 fev. 2016. doi:http://dx.doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v31i2p266276. 49 APRESENTAÇÕES ORAIS – DISCIPLINAS MEDICINA GERAL DE CRIANÇAS I E II ABORDAGEM DA CANDIDIASE NA PEDIATRIA RELATO DE CASO CLÍNICO Thomás Viana de Souza ([email protected]) Fernanda Pinheiro Manhães ([email protected]) Lívia do Ó e Souza ([email protected]) Luisa Guimarães Hofner ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A candidíase, também conhecida como monilíase, é uma micose que atinge crianças e adultos de todas as faixas etárias. Seu agente etiológico principal, a Candida albicans, é um fungo oportunista que coloniza habitualmente as cavidades oral e genital, o trato gastrointestinal e, transitoriamente, regiões de dobra de pele, além de poder colonizar locais como bicos de mamadeiras e chupetas. RELATO DE CASO: Apresentamos um relato de caso de uma criança, 6 meses e 22 dias, sexo feminino, com hipótese diagnóstica de candidíase oral e cutânea. A mãe da paciente procurou a unidade de atenção básica devido a feridas na cavidade oral, e disfagia relacionada ao quadro. Ao exame físico foram observadas lesões esbranquiçadas, de aspecto cremoso, destacáveis, na cavidade oral (sapinho). Também observou-se a presença de pápulas eritematosas coalescentes, na região da fralda (intertrigo). As condutas foram prescrição de nistatina tópica e oral, com orientações específicas sobre aplicação nas regiões afetadas, prescrição de sulfato ferroso e protovit, retorno o mais breve possível caso não houvesse resolução do quadro após os sete dias de tratamento. DISCUSSÃO: Embora seja muito frequente, a monilíase não deve ser menosprezada pela equipe de saúde, pois a afecção oral pode levar à rejeição alimentar e, consequentemente, prejudicar o desenvolvimento da criança. A infecção da região das fraldas causa grande desconforto e é porta para infecções. O sucesso do tratamento da candidíase orofaríngea em crianças envolve, além de antifúngicos tópicos, medidas para prevenir a reinfecção, incluindo a esterilização ou a descolonização de itens e locais do corpo que são colocados na boca. Palavras-chave: candidíase, monilíase, pediatria. Referências: Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de Pediatria. 2ªed. Kauffman, C. A. et al. Overview of Candida Infection in children,2013. Uptodate. Acesso em 20 de janeiro de 2016. 50 APRESENTAÇÕES ORAIS DE TRABALHO – DISCIPLINA CIRURGIA APENDICECTOMIA EM GESTANTE: REVISÃO DA LITERATURA Joyce de Sousa Fiorini Lima ([email protected]) Carla Gomes Paiva ([email protected]) Juliana Oliveira Pedrosa ([email protected]) Larissa Meireles Braga ([email protected]) Ligiane Figueiredo Falci ([email protected]) Luana Almeida Silveira ([email protected]) Mariana Fontes Pereira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Introdução: O quadro de apendicite aguda é, de acordo com a literatura, o acometimento não obstétrico mais comum na gestação responsável por cirurgia de urgência. Estudos referem apendicite aguda confirmada em uma a cada 800 a 1.500 gestantes de maior incidência no segundo trimestre de gestação. Grávidas apresentam maior chance de manifestação não clássica da enfermidade. O diagnóstico pode ser clínico e se torna mais suspeitado quando se identifica a dor abdominal característica com migração para fossa ilíaca inferior somada a sensibilidade local, náuseas e/ou vômitos, febre e leucocitose com desvio à esquerda. A abordagem cirúrgica para resolução do quadro de apendicite aguda em gestantes pode ser efetuada realizando-se apendicectomia por laparotomia ou laparoscópica. Objetivo: Revisar a literatura a respeito das indicações, das vantagens e desvantagens da apendicectomia por laparotomia e laparoscópica em gestantes. Discussão: Diversas pesquisas têm sido feitas comparando a apendicectomia por laparoscopia ou laparotomia na gestante para tentar estabelecer qual apresenta menos complicações, menos risco à gestante e ao feto. Propõem-se um paralelo entre os achados científicos sobre ambas as abordagens cirúrgicas no que diz respeito a trabalho de parto prematuro, perda fetal, tempo de cirurgia, tempo de internação hospitalar, infecção de sítio cirúrgico e complicações no pós-operatório. Conclusão: Na verificação de estudos que avaliaram consequências relacionadas à ambas as técnicas operatórias, obteve-se resultados variados e alguns divergentes entre pesquisadores, parecendo ser o uso da via laparoscópica na apendicectomia em gestante ainda bastante controverso. Estudos observaram maior perda fetal na realização de laparoscopia quando comparado a laparotomia, e outros estudos mostram maior ocorrência de parto prematuro quando utilizado a laparotomia, alguns com resultados pouco significativos. É questionado o uso da laparoscopia em gestante e os dados presentes na literatura são bastante controversos. A escolha da melhor técnica cirúrgica deve ser feita levando-se em consideração o quadro apresentado pela paciente e as habilidades e experiência do cirurgião com a técnica. Resultados positivos na apendicectomia por laparoscopia dependem principalmente da experiência e habilidade do cirurgião. Palavras-Chave: Apendicite, Gestação, Apendicectomia. Referências: 51 KUMAMOTO, K. et al. Recent trend of acute appendicitis during pregnancy. Surg Today, v. 45, n. 12, p. 1521-6, Dec 2015. ISSN 1436-2813. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25721173 >. FRANCA NETO, A. H.; AMORIM, M. M.; NÓBREGA, B. M. Acute appendicitis in pregnancy: literature review. Rev Assoc Med Bras, v. 61, n. 2, p. 170-7, 2015 Mar-Apr 2015. ISSN 0104-4230. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26107368 >. 52 CIRURGIA BARIÁTRICA VIDEOLAPAROSCÓPICA: UM PANORAMA GERAL Aihancreson Kirchoff Vaz de Oliveira ([email protected]) Gabriela Ribeiro Salim Nogueira ([email protected]) Helena Távora de Senna Albuquerque Guimarães ([email protected]) Lauanny Ribeiro Aguiar ([email protected]) Lorena Caroline Lima de Oliveira ([email protected]) Joyce de Sousa Fiorini ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil INTRODUÇÃO: A obesidade é atualmente um dos mais preocupantes problemas de saúde pública no Brasil e no mundo, relacionada a comorbidades como hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia e diabetes mellitus tipo 2, o que causa redução na qualidade de vida dos pacientes e associa-se a elevadas taxas de morbidade e mortalidade. No tratamento clínico é essencial que o indivíduo tenha adesão a medidas comportamentais e terapia medicamentosa. Entretanto, sabe-se que na obesidade grave o tratamento clínico não é suficiente para proporcionar uma perda de peso satisfatória. Diante disso, a cirurgia bariátrica tem se consolidado como um eficaz tratamento da obesidade grave e pode ser realizada com base em diferentes técnicas. Neste contexto, a gastroplastia videolaparoscópica está em ascensão como um procedimento mais vantajoso e seguro que a cirurgia aberta. OBJETIVOS: Este artigo objetiva fazer uma revisão de literatura sobre aspectos gerais da cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, abordando seus benefícios e complicações associadas, as técnicas de gastroplastia mais utilizas atualmente, bem como a utilização desta cirurgia no panorama brasileiro. DISCUSSÃO: Atualmente o serviço público de saúde no Brasil oferece a possibilidade da realização das operações bariátricas em centros credenciados, porém a cobertura deste procedimento ainda é muito baixa e o método de esolha na maioria dos casos é a cirurgia aberta, devido aos maiores custos associados ao método laparoscópico. Na laparoscopia o grau de lesão tissular é menor que na laparotomia, o que acarreta reduzido índice de complicações como infecções e problemas cardiopulmonares, além de importantes benefícios como deambulação precoce, menor intensidade da dor no pós-operatório, melhor resultado estético e tempo de internação reduzido. Entretanto, a gastroplastia videolaparoscópica apresenta um maior grau de complexidade, exigindo maior experiência e aprimoramento técnico por parte do cirurgião e sua equipe. Não existe ainda uma técnica considerada ideal na gastroplastia videolaparoscópica, entretanto a gastrectomia vertical laparoscópica (Sleeve) e a derivação gastrojejunal em Y de Roux (DGJYR) são as que atualmente apresentam melhores resultados e são mais difundidas. CONCLUSÃO: A cirurgia bariátrica videolaparoscópica está emergindo como um procedimento mais eficaz e seguro que o método laparotômico, e por apresentar inúmeros benefícios e menor taxa de complicações, tem se popularizado mundialmente entre cirurgiões e pacientes. Palavras-Chave: Obesidade; Cirurgia Bariátrica; Laparoscopia. 53 Referências: 1- Cohen RV, Schiavon CA, Filho JCP, Correa JLL. Laparoscopia e cirurgia bariátrica. Einstein. 2006; Supl 1: S103-S106. 2- Mejia IAZ, Rogula T. Laparoscopic Single-Incision gastric bypass: initial experience, technique and short-terms outcomes. Ann Surg. 54 DEFEITO DO SEPTO INTERATRIAL: UMA ABORDAGEM CLÍNICA E CIRÚRGICA Thiago Vinicius Villar Barroso ([email protected]) Joyce de Sousa Fiorini Lima ([email protected]) Breno Muriel de Oliveira Fonseca ([email protected]) Daniel Magalhães Nobre ([email protected]) Henrique Resende Rodrigues ([email protected]) Ludmila Moreira Cruz ([email protected]) Luiz Gustavo Minaré Conessa ([email protected]) Pedro Fonseca Abdo Rocha ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O coração é um órgão muscular dividido em quatro câmaras, sendo o lado direito relacionado à circulação pulmonar e o lado esquerdo à circulação sistêmica. Os lados opostos do coração não possuem comunicação entre si, exceto durante a vida fetal, em que há passagem do sangue oxigenado do lado direito para o lado esquerdo, já que os pulmões não estão pérvios. Este fluxo ocorre por meio do forame oval, estrutura presente no septo interatrial. Essa comunicação pode persistir ao nascimento caracterizando a comunicação interatrial (CIA), causando sintomas, principalmente após os 40 anos de idade. Sua correção é cirúrgica ou de maneira percutânea com a introdução de uma prótese por via da veia femoral. OBJETIVO: Realizar uma revisão da literatura sobre CIA, seus sintomas e os tratamentos disponíveis atualmente, a fim de aprofundar os conhecimentos sobre tema MÉTODOS: Foram selecionados artigos científicos a partir de busca em sites de pesquisa, como Pubmed, Scielo, portal CAPES e LILACS. RESULTADOS: A CIA é um dos defeitos congênitos mais comuns, representando cerca de 6% a 10% das anomalias cardíacas congênitas, sendo que 75% dos defeitos do septo interatrial é do tipo Ostium secundum (OS). O quadro clínico geralmente surge na 3ª ou 4 ª década de vida. É caracterizado por dispneia de esforço, tendência a infecções do trato respiratório, palpitação por taquicardia paroxística atrial ou fibrilação atrial, hemoptise e, raramente, cianose. Entretanto, muitos pacientes podem ser assintomáticos para a doença. Existem algumas associações com a CIA destacando a hipertensão pulmonar, o prolapso de valva mitral e em casos mais severos, a regurgitação mitral. O diagnóstico pode feito a partir de sinais clínicos da CIA como a presença de sopro sistólico, desdobramento de B2 e murmúrio pulmonar suave, além de sinais de insuficiência cardíaca nos casos graves como a ingurgitação da jugular, esplenomegalia e cardiomegalia. O exame radiológico, eletrocardiograma também auxilia no diagnóstico, entretanto, o método de escolha é o ecocardiograma em duas dimensões. A correção da CIA é necessária para garantir uma qualidade de vida, já que a sobrevida dos pacientes com CIA após os 60 anos é de apenas 15 %, contra 85% da população geral. Existem algumas técnicas operatórias corretivas da CIA, dentre elas a cirurgia aberta, a videolaparoscopia e a cirurgia robótica. O fechamento percutâneo da CIA pela punção da veia femoral com a introdução do cateter com a prótese tem sido bastante aceito, tendo em vista sua elevada taxa de sucesso, 93%, além de evidenciar menores comorbidades. CONCLUSÃO: A intervenção para a correção da CIA deve fazer parte da rotina do médico, pois em longo prazo tal enfermidade pode trazer malefícios para o paciente, como insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar. Para 55 isso, a escolha da técnica do fechamento, como a cirúrgica ou a forma percutânea, deve ser individualizada para cada paciente sempre obedecendo às peculiaridades dos defeitos, às condições físicas, psíquicas e sociais do indivíduo, além da experiência do profissional em executar o procedimento. Palavras-chave: comunicação interatrial, forame oval, prótese. Referências: Cardoso CA, Filho RIR, Machado PR, François LMG, Horowitz ESK, Sarmento-Leite R. Effectiveness of the Amplatzer® device for Transcatheter Closure of an Ostium Secundum Atrial Septal Defect. Arq Bras Cardiol 2007; 88(4) : 338-342. Percutaneous versus Surgical Closure of Atrial Septal Defects in Children and Adolescent. Arq Bras Cardiol. 2013;100(4):354-361. da Costa RN, Ribeiro MS, Pereira FC, Pedra SRF, Jatene MB, Jatene IB, Santana MVT, Fontes VF, Pedra CAC. 56 ESTUDO DE REVISÃO DA CIRURGIA DE HERNIOPLASTIA INGUINAL: TÉCNICA DE LICHTENSTEIN VERSUS LAPAROSCÓPICA ¹ Carolina de Almeida e Silva ([email protected])² Fernanda Linhares Carvalho Pereira ([email protected])² Filipe Mateus Costa Teixeira ([email protected])² Francisco Patrus Ananias de Assis Pires ([email protected])² Mariane Habib de Sales Paula ([email protected] )² Joyce de Souza Fiorini Lima ([email protected])³ ¹ Trabalho realizado na disciplina Clínica Cirúrgica I - Escola de Medicina UFOP. ² Acadêmicos do oitavo período do curso de Medicina – UFOP. ³ Médica Cirurgiã Plástica; Professora da disciplina Clínica Cirúrgica I – UFOP. Introdução: Hérnia é uma protrusão anormal de um órgão ou tecido por um defeito em suas paredes circundantes. Podem ocorrer em vários locais do corpo, porém esses defeitos mais comumente envolvem a parede abdominal, em particular a região inguinal. Neste artigo abordaremos as hérnias inguinais, que são afecções extremamente frequentes nos serviços de cirurgia geral. As hérnias inguinais podem ser classificadas em indireta, que desce ao longo do canal inguinal, e direta, que faz protrusão através do triângulo de Hesselbach. Atualmente, persistem as dúvidas sobre qual o melhor método cirúrgico para a correção das hérnias inguinais. A técnica de Lichtenstein é realizada por inguinotomia, com a inserção de uma tela de polipropileno suturada sobre a fáscia transversal, substituindo a estrutura original por um forte reforço de tela. A herniorrafia inguinal totalmente extraperitoneal (TEP) e a correção transabdominal pré-peritoneal (TAPP) são as técnicas endoscópicas que mais comumente são usadas. A TEP tem como vantagem a ausência de tensão utilizando o reforço da tela na virilha com a cirurgia laparoscópica e pode ser considerada como um desenvolvimento adicional do procedimento de herniorrafia transabdomino-pré-peritoneal. Objetivos e Métodos: O objetivo deste artigo é fazer uma revisão de literatura não sistemática descrevendo e comparando a técnica aberta de Lichtenstein e a técnica laparoscópica, ressaltando os prós e contras de cada abordagem cirúrgica. Essa revisão foi realizada entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016 nos bancos de dados: PubMed / Medline, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Bireme, Scielo, Lilacs, além de livros. Todas as buscas basearam-se nos seguintes descritores: “Hernia inguinal, laparotomy, laparoscopic”. Discussão: Percebe-se que o reparo laparoscópico possui melhores indicativos quanto à dor crônica pós-operatória. As taxas de recidiva em análise de curto prazo são semelhantes, entretanto alguns estudos evidenciam divergências quanto aos resultados em longo prazo. O tempo de recuperação é menor na técnica por vídeo, porém o tempo de internação hospitalar pós-procedimento não apresentou variação significativa. A videolaparoscopia possui, entretanto, custos mais elevados e riscos mais severos quando comparada com a técnica aberta de Lichtenstein. Vários desses riscos são associados à necessidade de realização de anestesia geral, à maior curva de aprendizado no desenvolvimento da técnica e acarretam em estatísticas de complicações intraoperatórias bem mais evidentes que na técnica aberta. Conclusão: A escolha do método mais adequado para a hernioplastia deve ser feita levando-se em consideração os riscos de cada uma delas bem como características particulares de cada caso, como 57 experiência do cirurgião, preferência do paciente, estado de saúde, custo e benefícios de uma em relação à outra. DESCRITORES: Hernia inguinal, laparotomy, laparoscopic Referências 1. FORTELNY, René H; PUCHNER, Alexander H. Petter; REDL, Heinz; MAY, Christopher; POSPISCHIL,Wolfgang; GLASER, Karl. Assessment of Pain and Quality of Life in Lichtenstein Hernia Repair Using a New Monofilament PTFE Mesh: Comparison of Suture vs. Fibrin-Sealant Mesh Fixation. Front. Surg.v. 1, p.1-8, Nov. 2014. Disponível em <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4286975/> Acesso em: 16 dez. 2015. 2. SALMA, Umme; AHMED, Ishtiaq; ISHTIAQ, Sundas. A comparison of post operative pain and hospital stay between Lichtenstein’s repair and Laparoscopic TransabdominalPreperitoneal (TAPP) repair of inguinal hernia: A randomized controlled trial. Pak J MedSci. v. 31, n.5, p. 1062–1066, Sep-Oct 2015. Disponível em <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4641256/> Acesso em 16 dez. 2015. 58 HEPATECMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA E ABERTA EM RESSECÇÃO DE TUMORES HEPÁTICOS: UM ESTUDO COMPARATIVO ¹ Bianca Silveira ([email protected])² Flávia Pádua Tavares ([email protected])² Gustavo Moreira Madeira ([email protected])² Iara Proença Xavier ([email protected])² Jorge Henrique Costa Ribeiro ([email protected])² Túlio Felício Cunha Rodrigues ([email protected])² Joyce de Souza Fiorini Lima ([email protected])³; ¹ Trabalho realizado na disciplina de Clínica Cirúrgica I - Escola de Medicina UFOP; ² Acadêmicos do curso de Medicina – UFOP; ³ Professora da disciplina Clínica Cirúrgica I – Medicina UFOP. Introdução: Nas últimas décadas, inúmeros fatores transformaram as hepatectomias em operações cada vez mais seguras. A quimioterapia desenvolveu-se juntamente com novas drogas, principalmente para o tratamento de metástases, o que propiciou melhores respostas, e possibilitou a indicação de tratamento cirúrgico em pacientes que inicialmente não eram candidatos à ressecção. As lesões hepáticas são classificadas como benignas e malignas e podem ser diagnosticadas com o auxílio da ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, angiografia e biópsia. Essas lesões, muitas vezes, requerem ressecção, que pode ser realizada tanto por cirurgia aberta quanto por videolaparoscopia. Objetivo: O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura, com base em artigos científicos publicados nos últimos 17 anos, que objetiva comparar as técnicas cirúrgicas da hepatectomia aberta e da hepatectomia videolaparoscópica em ressecções de tumores hepáticos. Discussão: O estudo comparativo evidencia vantagens da videolaparoscopia sobre a técnica aberta, tais como menores incisões, redução na dor pós-operatória, menor tempo de recuperação dos doentes, menor resposta imune e metabólica, menor tempo de hospitalização, retorno mais rápido à ingestão oral bem como menores índices de morbidade. No entanto, a necessidade de uma equipe especializada e a restrição na manipulação da área, consiste, ainda, em desvantagens consideráveis da técnica laparoscópica. Conclusão: Apesar dos vários obstáculos e desafios, a hepatectomia laparoscópica demonstra inúmeras vantagens sobre a hepatectomia aberta. Dessa forma, indica-se a laparoscopia, a menos que haja alguma contraindicação para sua realização. PALAVRAS-CHAVE: Hepatectomia. Laparoscopia. Cirurgia. Fígado. 59 OS CUIDADOS COM O PACIENTE QUEIMADO André Caldeira Grobério ([email protected]) Caroline Ferreira Vieira ([email protected]) Geiza das Dores Conceição ([email protected]) Iure Kalinine ([email protected]) Joyce de Souza Fiorini Lima ([email protected]) Laís Sato dos Santos ([email protected]) Márcio Massao Santana Sueto (má[email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Introdução: Queimaduras são lesões teciduais provenientes de exposição à trauma térmico, químico ou elétrico. São consideradas uma das lesões mais devastadoras que o corpo pode sofrer e são importante causa de morbimortalidade. Anualmente, enorme quantidade de pessoas procura cuidados médicos devido a queimaduras. Em sua maioria, esses pacientes são jovens menores de 20 anos e do sexo masculino. Em grande parte desses atendimentos a internação hospitalar se faz necessária devido à gravidade do quadro clínico. Objetivos: Visto a grande parcela populacional à sofrer anualmente com queimaduras, propõe-se, no presente trabalho, a realização de revisão literária sobre o tema. À partir dessa, é possível melhorar a compreensão das modificações fisiológicas causadas pelas queimaduras bem como orientar a decisão do caminho à seguir para diagnóstico e tratamento das lesões típicas e suas repercussões orgânicas. Discussão: A gravidade e prognóstico das queimaduras dependem de vários aspectos, dentre eles podemos citar: quadro clínico do paciente, área corporal queimada e a profundidade das lesões. O quadro clínico deve ser cuidadosamente avaliado, as lesões classificadas em primeiro, segundo ou terceiro grau e a extensão queimada estimada à partir de regras simples e rápidas. Todos esses passos são essenciais para a decisão do tratamento ambulatorial ou hospitalar. O tratamento imediato e multidisciplinar desse tipo de doente é imprescindível para a boa evolução do quadro. Para que esse atendimento seja feito da melhor maneira possível é necessária a aplicação correta de protocolos e técnicas por parte de equipe de saúde multidisciplinar. Deve-se garantir ao paciente a correta hidratação, a analgesia, a limpeza das feridas, a prevenção de infecções e reparos por meio de procedimentos cirúrgicos como desbridamentos e enxertos. Conclusões: Os agravos orgânicos provocados por queimaduras são tanto piores quanto maiores forem a profundidade dessas e a área corporal atingida por elas. Os protocolos de assistência ao paciente queimado concordam em vários aspectos como ocorre com técnicas de reidratação, entretanto, discordam sobre outros pontos, como, por exemplo, o uso ou não de assepsia tópica com antimicrobianos durante a limpeza das feridas. Tais discordâncias permanecem em aberto devido à escassez de trabalhos populacionais de comparação entre as técnicas. O conhecimento sistematizado e baseado em evidências é a principal chave para a melhora dos indicadores referentes ao prognóstico dos pacientes queimados. 60 Palavras-chave: Unidades de Queimados, Protocolos, Desbridamento. Referências: 1. American Burn Association. Practice Guidelines for Burn Care Preface Acknowledgements. Chicago: American Burn Association; 2005; 2. Leão, CEG. Diretrizes Clínicas/Protocolos Clínicos: Atendimento ao Queimado. Hospital João XXIII/FHEMIG. 2013. Pg. 291-334. 61 REVISÃO COMPARATIVA DO REGANHO DE PESO A MÉDIO E LONGO PRAZO APÓS BANDA GÁSTRICA AJUSTÁVEL LAPAROSCOPICA, BYPASS GÁSTRICO EM Y DE ROUX E SLEEVE GÁSTRICO LAPAROSCÓPICO Joyce de Sousa Fiorini Lima ([email protected]) Eric Morais da Costa Braga ([email protected]) Izabela Zarnowski Passos ([email protected]) Linamar Salomé Sant´Ana Machado ([email protected]) Maria Alice Matias Cardoso ([email protected]) Paulo Henrique de Melo Figueiredo Neto ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Descrita como Índice de Massa Corpórea (IMC) maior que 30 kg/m 2, a obesidade é um risco à saúde principalmente em associação com diversas comorbidades. Medidas clínicas e de mudanças de hábitos para redução do excesso de peso, por vezes não conseguem reverter o processo. Nesse contexto, a cirurgia bariátrica mostra-se eficiente em pacientes com obesidade grau III, principalmente quando associada à educação nutricional e à atividade física. Procedimentos cirúrgicos tem crescido exponencialmente nos últimos anos e diferem em método e eficácia. Estudos recentes relatam taxa de reganho significativo de peso em todas as técnicas. A perda prevista ocorre entre 12 e 18 meses de pós-operatório. Após este período, algum reganho de peso é esperado. Se a recuperação de peso excede o que é estimado fisiologicamente, intervenções adicionais, tais como a farmacoterapia ou outra cirurgia devem ser consideradas. OBJETIVO: Comparar a taxa de incidência de reganho de peso entre as técnicas cirúrgicas - gastroplastia com desvio intestinal em Y de Roux, banda gástrica ajustável (LAGB) e Sleeve gástrico laparoscópico (LSG). MÉTODOS: Revisão de literatura baseada em artigos científicos publicados nos últimos 20 anos, com ênfase entre 2000 e 2016, sobre cirurgia bariátrica. Esses foram publicados em revistas indexadas nas bases de dados Lilacs, Medline, Scielo e Pubmed. Foram utilizados como descritores “cirurgia bariátrica”, “reganho ponderal”, “reganho de peso”, “bypass gástrico”, “banda gástrica ajustável”, “gastrectomia vertical”, “duodenal switch”, “sleeve gástrico”, “weight regain bariatric surgery”. Foram selecionados artigos envolvendo estudos randomizados e transversos, artigos de revisão, realizados em humanos, com idade superior a 19 anos. RESULTADOS: Nas técnicas citadas o reganho de peso não se relacionou com o gênero dos pacientes. Em longo prazo, a recuperação do peso acontece possivelmente devido aos processos de adaptações fisiológicas no trato gastrointestinal. Nessa fase, é de suma importância o acompanhamento da equipe interdisciplinar a fim de promover a adoção e a promoção de estilo de vida saudável e principalmente, favorecer a manutenção do peso. A manutenção do peso em longo prazo é um grande desafio, visto que os estudos evidenciam que aproximadamente 15% dos pacientes submetidos à cirurgia voltam a ganhar peso. Observou-se que em pacientes submetidos à LSG o reganho de peso parece estar relacionado à remoção do volume gástrico, indicando maior índice de reganho quando o volume abaixo de 500 ml é removido. Não existem estudos em longo prazo relacionados ao reganho de peso após LSG. Os estudos relacionados ao reganho 62 após a LAGB demonstram que apesar de 50% dos pacientes conseguirem perder o excesso de peso, em algum momento eles perdem a capacidade de manter e após 10 anos ganham ainda mais peso. CONCLUSÃO: Não há um consenso sobre a definição do reganho de peso, as diretrizes norte-americana descrevem como aceitável um aumento de 10% do peso após 10 anos de cirurgia. Entretanto mais estudos são necessários para avaliação do reganho de peso a longo prazo dentre as técnicas citadas. Palavras-chaves: Cirurgia Bariátrica, Obesidade, Derivação Gástrica. Referências: Silva RF; Kelly EO. Reganho de peso após o segundo ano do Bypass gástrico em Y de Roux. Com. Ciências Saúde. 2013; 24(4): 341-35 Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – SBCBM. Técnicas Cirúrgicas. Disponível em http://www.sbcbm.org.br/wordpress/tratamentocirurgico/cirurgia-laparoscopica/ acesso em 19 de janeiro de 2016. 63 VEIAS VARICOSAS: UM PANORAMA HISTÓRICO E TERAPÊUTICO Fernanda Pinheiro Manhães¹ < [email protected]>, Christiane Torres Felício da Silva¹ <[email protected]>, Luisa Guimarães Hofner¹ <[email protected]>, Maíra Lopes Xavier¹ < [email protected]>, Rayanna Mara de Oliveira Santos Pereira¹ < [email protected]>, Joyce de Sousa Fiorini Lima² < [email protected]> ¹Acadêmicas da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto/MG ²Docente da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto/MG INTRODUÇÃO:A doença venosa crônica é causada por obstrução e/ou insuficiência do sistema venoso profundo, gerando um estado de hipertensão nas veias e provocando sinais como veias varicosas, úlceras venosas, edema, eczema e hiperpigmentação da pele. Essa doença tem prevalência mundial de cerca de 83,6% e é classificada quanto a sua gravidade, em C1 a C6. O objetivo do tratamento de veias varicosas deve ser focado na melhora das manifestações clínicas e, principalmente, da dor do paciente. Assim, algum tipo de intervenção deve ser recomendada a qualquer paciente sintomático, sendo essa conduta mais efetiva clinicamente e mais barata do que o cuidado conservador com meias de compressão. OBJETIVOS: O objetivo dessa pesquisa é realizar uma revisão de literatura a cerca dos tratamentos disponíveis para varizes da veia safena magna, comparando-os quanto a eficácia, complicações e risco de recorrência.Foram pesquisados artigos nacionais e internacionais dos últimos 15 anos, nas plataformas MedLine/PubMed, LILACS/SciELO e Cochrane Library, com os descritores “varizes” e “tratamentos”. DISCUSSÃO: As cirurgias para a retirada das varizes evoluíram de incisões largas ao longo de toda a perna , para a retirada da veia através de incisões pequenas com o auxílio de equipamentos denominados de strippers.Assim, é feita a remoção da veia varicosa preservando a porção da perna, cuja retirada já foi associada a lesões do nervo safeno. Outra opção é a escleroterapia, que faz retirada química de veias varicosas utilizando o polidocanol ou o Sodium tetradecyl sulphate. A substância injetada destrói o endotélio vascular transformando o vaso em um cordão fibroso, sendo então equivalente à retirada cirúrgica do mesmo. Uma complicação possível é a administração do agente em artérias próximas a varizes levando a necroses extensas. Como alternativa do tratamento cirúrgico, existe a ablação térmica por laser e por radiofrequência, sem atingir a camada adventícia do vaso. A desvantagem destas técnicas é o risco de lesão de estruturas próximas ao vaso devido às altas temperaturas utilizadas. Estudos mostraram resultados similares quanto à melhora clínica, a abolição do refluxo, a segurança, a melhora na qualidade de vida e a severidade clínica. Porém, alguns estudos relatam mais chances de complicações no tratamento por cirurgia e 64 escleroterapia e uma ablação venosa mais completa após o tratamento com cirurgia ou laser. As técnicas minimamente invasivas se demonstraram superiores no período pósoperatório quanto a qualidade de vida, a velocidade de recuperação, o período de convalescença e o nível de dor. CONCLUSÃO: Apesar de todos os avanços, nenhum tratamento oferece ainda uma cura definitiva para a doença venosa crônica. Contudo, a intervenção vascular se mostra como a melhor alternativa para o alívio dos sintomas em casos de varizes graves ou não responsivas ao tratamento conservador. Dentro do contexto brasileiro, deve-se considerar ainda a baixa disponibilidade dos equipamentos necessários para a realização dos procedimentos minimante invasivos, sendo essa uma limitação para a expansão dessas técnicas. PALAVRAS-CHAVE: “Varizes”; “Tratamento”; “Escleroterapia”. REFERÊNCIAS: 1. DE MEDEIROS, C. A. F. Cirurgia de varizes: história e evolução. J Vasc Bras 2006; 5(4);295-302. 2. PEREIRA, Ana Filipa Abelha; MESQUITA, Almicar; GOMES, Carlos. Surgical approaches on treatment of varicose veins. Angiologia e Cirurgia Vascular. V. 10, n. 3, p. 132-140, 2014, Pages 132–140. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1646706X14000056 65 APRESENTAÇÕES DISCIPLINAS MEDICINA GERAL DE ADULTOS I E II APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL ABORDAGEM DA DISPEPSIA FUNCIONAL NO CONTEXTO DA CLÍNICA MÉDICA Danilo Jorge da Silva ([email protected])1 Letícia Aparecida de Figueiredo ([email protected])1 Letícia Rodrigues Silva (rs_letí[email protected])1 Mariana Cardoso Gomes Segato ([email protected])1 Míriam Cláudia Cardoso dos Santos Marçal ([email protected])1 Nicollai Silvério Silva ([email protected])1 Talles Augusto Martins Gomes ([email protected])1 Tamara Resende Costa ([email protected])1 Roberto Veloso Gontijo ([email protected])2 1 – Acadêmicos do Curso de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto 2 – Professor da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: A dispepsia é uma queixa clínica muito frequente na Atenção Básica à saúde. Dentre os sintomas típicos da dispepsia estão a plenitude pós-prandial, saciedade precoce, dor ou queimação epigástrica (SILVA, 2008). Estes devem estar presentes por pelo menos 12 semanas, contínuos ou intermitentes, e devem apresentar no mínimo 6 a 12 meses anteriores de história de acordo com o consenso Roma III. Na avaliação da dispepsia, é necessária atenção para os sinais de alarme indicativos de doença orgânica grave, como câncer gástrico. Os principais sinais/sintomas de alarme são: sangramento gastrointestinal, perda de peso involuntária progressiva, disfagia, vômitos persistentes, massa epigástrica, doença péptica ulcerosa prévia, história familiar de câncer gástrico e idade superior a 55 anos (MATSUDA, et al 2013). Se o paciente com dispepsia não apresenta nenhum dos sinais de alerta, inicia-se um tratamento de 4-6 semanas com inibidor da bomba de prótons. Não havendo melhora do quadro, prossegue-se com tratamento empírico para Helicobacter pylori. Se os sintomas persistirem ou na presença de um dos sinais de alerta, deve-se realizar a endoscopia digestiva alta. Com base no resultado, pode-se classificar a dispepsia. Denomina-se dispepsia funcional quando a endoscopia digestiva alta não revela uma causa potencial. RELATO DE CASO: J.A.O., 55 anos, morador de Amarantina. Procurou atendimento por dor abdominal, tontura e suor frio. Os sintomas surgiram há cerca de 3 meses, são recorrentes e precipitados por esforço físico. Não há melhora ou piora com alimentação e mudança de posição. Relatou disfagia e vômitos ocasionais pela manhã. A dor é de intensidade 6 em 10, acompanhada por saciedade precoce. Ao exame físico, pressão arterial de 120 x 80 mmHg. Pesava 71,5kg e tem 172 cm de altura. A hipótese diagnóstica foi de dispepsia a esclarecer. Como conduta foi pedida uma endoscopia digestiva alta. Retornou em um mês, ainda sem a endoscopia, relatando melhora espontânea da epigastralgia e saciedade precoce. DISCUSSÃO: Os sintomas de saciedade precoce e epigastralgia recorrentes por 3 meses de J.A.O se enquadram no diagnóstico de dispepsia de acordo com o consenso Roma III. Fez-se necessária uma propedêutica complementar devido à idade do paciente, 55 anos, e a presença de sinais de alerta como disfagia e vômitos, sendo nesses casos recomendadas endoscopia 66 digestiva alta para investigação. O resultado evidenciou apenas uma leve gastrite na região do fundo do estômago. Foram descartadas as hipóteses de Helicobacter pylori ou possível neoplasia gástrica, confirmando dispepsia funcional. Palavras chave: Dispepsia, Dor abdominal, Helicobacter pylori. Referências 1. SILVA, FM. Dispepsia: caracterização e abordagem. Revista Med. São Paulo: 2008. Vol 87 (4):213-23 2. MATSUDA, NM; MAIA, CC; TRONCON, LEA. Dispepsia funcional: revisão de diagnóstico e fisiopatologia. Diagn Tratamento. 2010; Vol 15(3):114-6 67 ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DE PACIENTE COM SEQUELAS DA DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL: SÍNDROME DE KORSAKOFF Allan Jefferson Cruz Calsavara ([email protected]) André Caldeira Grobério ([email protected]) Carla Gomes de Paiva ([email protected]) Caroline Ferreira Vieira ([email protected]) Geiza das Dores Conceição ([email protected]) Juliana Oliveira Pedrosa ([email protected]) Laís Sato dos Santos ([email protected]) Larissa Meireles Braga ([email protected]) Ligiane Figueiredo Falci ([email protected]) Luana Almeida Silveira ([email protected]) Márcio Massao Santana Sueto (má[email protected]) Mariana Fontes Pereira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Introdução: O uso abusivo de bebidas alcoólicas é considerado um problema de saúde pública de relevância e pode resultar na síndrome de Wernicke-Korsakoff. De maior prevalência em homens, no Brasil atinge 2,2% dos adultos acima de 15 anos. As síndromes de Wernicke e de Korsakoff são clinicamente distintas, referem-se a manifestações neuropsiquiátricas advindas da deficiência nutricional de tiamina. O quadro clínico consiste em duas etapas, a aguda e a crônica. Inicia-se com a encefalopatia de Wernicke composta pela tríade clássica de estado confusional agudo, oftalmoparesia e ataxia. A progressão crônica leva à síndrome de Korsakoff, definida por amnésia anterógrada e retrógrada associada à confabulação e desorientação no tempo e no espaço. A amnésia decorrente da psicose de Korsakoff é pronunciada por comprometimento da memória de curto prazo, evoluindo para dificuldade de aprendizado. Inicialmente a confusão mental é mais evidente, já na convalescência há lembranças de fragmentos de situações vivenciadas com permanência de lacunas. A recuperação da memória está relacionada à idade e à abstinência contínua de álcool, mesmo assim ocorre de forma lenta e incompleta. Relato de Caso: FSG, masculino, pardo, 49 anos, natural de Mariana, ex-etilista, ex-tabagista, hipertenso, foi encaminhado para a clínica médica pela psicologia. Paciente queixa-se de amnesia, dificuldade de deambulação, humor deprimido, cefaleia, dispneia, dor torácica em opressão e diminuição da acuidade visual. História de internação hospitalar entre janeiro e fevereiro de 2015 devido a quadro de anemia, astenia, adinamia e disfagia. Relatório de alta hospitalar afirma paciente é etilista crônico, desnutrido, desidratado, hipocorado, com alterações em transaminases e íons, à endoscopia, gastrite crônica e atrofia leve, evoluiu com pneumonia nosocomial e sepse grave. Foi orientado a abandonar o etilismo bem como a seguir em acompanhamento clínico e fisioterápico após alta. Paciente declara abstinência de álcool e tabaco desde a internação. Ao exame físico apresentouse se emagrecido, hipocorado, dor a palpação abdominal profunda, membros inferiores com cicatrizes de queimadura prévia. Solicitou-se exames laboratoriais para avaliação, os quais não apresentaram alterações. Prescrito losartana 50mg, manteve-se sulfato ferroso com ácido fólico e polimitaminico, além de encaminhado à nutricionista e à equipe matricial. Em consulta de retorno o paciente mantinha-se emagrecido, com 68 queixas anteriores, evidenciando não adesão ao tratamento. Suspendeu-se a losartana, prescrito hidroclorotiazida 25mg e citalopram 20mg, solicitada radiografia de tórax. Paciente iniciou acompanhamento psiquiátrico, acrescentado risperidona 1mg. Discussão: As hipóteses diagnósticas aventadas foram depressão maior, transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool associado à ataxia, fraqueza muscular generalizada e emagrecimento importante, possivelmente resultantes de doença degenerativa cerebral: síndrome de Korsakoff. O melhor prognóstico para o paciente pode ser alcançado por acompanhamento clínico e psicoterápico com orientação à adesão ao tratamento e abstinência contínua de álcool. Palavras-chave: Abuso de Álcool; Transtorno Amnésico Alcoólico; Síndrome de Korsakoff. Referências: Godman, L. et al. Cecil Medicina - Adaptado à realidade brasileira. 23ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, capítulo 443, páginas 3221-24; Silva, A.; Enes, A. Síndrome de Wernicke-Korsakoff - revisão literária da sua base neuroanatômica. Arq Med vol.27 no.3 Porto jun. 2013, páginas 121-27. 69 ANEMIA FALCIFORME E SUAS COMPLICAÇÕES: UMA ABORDAGEM AMBULATORIAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Alexandre Barbosa Andrade ([email protected]) Roberto Veloso Gontijo ([email protected]) Breno Muriel de Oliveira Fonseca ([email protected]) Christiane Torres Felício da Silva ([email protected]) Daniel Magalhães Nobre ([email protected]) Fernanda Pinheiro Manhães ([email protected]) Henrique Resende Rodrigues ([email protected]) Ludmila Moreira Cruz ([email protected]) Luisa Guimarães Hofner ([email protected]) Luiz Gustavo Minaré Conessa ([email protected]) Pedro Fonseca Rocha Abdo ([email protected]) Rayanna Mara de Oliveira Santos Pereira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A anemia falciforme é uma doença causada por um distúrbio genético hereditário, na qual uma mutação do gene que codifica o aminoácido valina acaba transcrevendo uma hemoglobina alterada. Caracteriza-se por uma anemia hemolítica, na qual a alteração nas células vermelhas se mostra como presença de uma hemoglobina anormal que, quando desoxigenada, forma agregados que distorcem sua forma e impedem o fluxo no interior dos vasos sanguíneos. Trata-se de uma doença crônica, tratável, e que geralmente traz alto grau de sofrimento aos seus portadores, que merecem atenção especial do ponto de vista médico, genético e psicossocial. RELATO DE CASO: Paciente chega à consulta solicitando atestado médico para a realização de procedimento odontológico. Portador de anemia falciforme relata acompanhamento mensal no Hemominas, fazendo uso diário de ácido fólico e hidroxiureia. Histórico de várias internações devido a crises de dor nas articulações antes do início do tratamento com hidroxiureia, relatando melhora significativa da qualidade de vida após o início desse tratamento. Histórico de colecistectomia em 2013 devido à colelitíase e três operações em decorrência de priapismo, sendo portador de prótese peniana. Relata baço não mais identificável em exames de imagem e um desgaste na articulação do quadril direito, o que lhe confere dor ao deambular ou quando se mantém em mesma posição por muito tempo. No momento aguarda vaga para a realização de artroplastia total do quadril direito. Relata uso diário de maconha desde o início do ano passado. Ao exame físico, paciente deambulando com dificuldade, mostrando articulação do quadril direito com projeção lateral exacerbada do trocanter maior do fêmur e lesões hipocrômicas puntiformes na pele dos membros superiores e tórax. Sem demais alterações. Como conduta houve solicitação de hemograma com plaquetas e tempo de protrombina, os quais tiveram seus resultados trazidos pelo paciente na consulta seguinte. Houve ainda uma terceira consulta, com o intuito de renovação hidroxiuréia 500 mg. DISCUSSÃO: A anemia falciforme é uma doença genética caracterizada pela presença de hemglobina S, sendo sua forma mais comum decorrente de uma herança autossômica recessiva, caracterizando o genótipo homozigoto SS. Nela ocorrem alterações nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica, adquirem o aspecto de foice e 70 endurecem, dificultando a passagem do sangue pelos vasos de pequenos calibres e a oxigenação dos tecidos. As crises vaso-oclusivas são as principais manifestações da doença, podendo ocorrer também hemólise crônica, hiperbilirrubinemia, priapismo, oclusão vascular e infartos repetidos no baço, ocasionando asplenia funcional. Geralmente a anemia é bem tolerada no dia a dia, prejudicando apenas a prática de atividade física pelo paciente. Seu tratamento baseia-se principalmente no controle da dor crônica, da anemia hemolítica crônica e de suas complicações. Farmacologicamente tem-se o uso de hidroxiureia, analgésicos opioides, antibióticos entre outros. Em casos de anemia grave, tem-se o uso de transfusões sanguíneas e para cura, tem-se o transplante de medula óssea. Palavras-chaves: drepanocitose, anemia, asplenia, Referências: PLATT OS, Brambilla DJ, Rosse WF, Milner PF, Castro O, Steinberg MH, et al. Mortality in sickle cell disease. Life expectancy and risk factors for early death. N Engl J Med. 1994 Jun 9. 330(23):1639-44. HOWARD, J., Anie, KA., Holdcroft, A., Korn, S. and Davies, SC. (2005, October). Cannabis use in sickle cell disease: a questionnaire study. British Journal of Haematology, 131(1), 123-8. – Disponível em <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2141.2005.05723.x/epdf. Acesso em 12 de fevereiro de 2016. 71 GESTAÇÃO DE ALTO RISCO EM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA ATENDIDA NA UBS SÃO CRISTÓVÃO, OURO PRETO, MG – RELATO DE CASO Ivan Batista Coelho ([email protected]) Amanda Leal Brangioni ([email protected]) Clarissa Queiroz Gonçalves ([email protected]) Felipe Guerra Quintão ([email protected]) Janaína Jubé Uhlein ([email protected]) Jaqueline Iara Doneda ([email protected]) Jorge Donizetti Yamamoto Júnior ([email protected]) Lucas Wendell da Cruz ([email protected]) Nagibe Tayfour Olivrira([email protected]) Taís Aparecida Coelho ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A insuficiência renal crônica (IRC) apresenta-se como doença de etiologia variada, acometendo praticamente todas as faixas etárias, o que possibilita a sua ocorrência em mulheres na fase reprodutiva (SASS et al, 2007). A IRC impõe à gestação alto risco materno e fetal e necessita adequado controle pré-natal (GADELHA et al, 2008). O grau de comprometimento funcional renal e a presença ou ausência de hipertensão, antes da concepção, determinam tanto a evolução da gravidez, como o efeito desta sobre a história natural da doença renal, o que torna essa condição usualmente preocupante diante das implicações que tem sobre a saúde materna e fetal. RELATO DO CASO: RT, sexo feminino, 26 anos com diagnóstico prévio de doença renal. Procura o centro de saúde com queixa de atraso menstrual de 3 meses. Teste adquirido em farmácia e exame de sangue com resultados positivos para gestação. Vem à consulta com o objetivo de confirmação do quadro. Ao exame físico detectou-se pressão arterial (PA) de 168/124mmHg. Ao exame do abdome, dor à palpação superficial e profunda, principalmente em hipogástrio, além de macicez à percussão nessa região. Foram solicitados ultrassom gestacional e exames laboratoriais, incluindo βHCG e função renal. Também foi prescrito Metildopa e solicitado retorno para avaliação dos exames. Estes confirmaram a gestação e evidenciaram insuficiência renal, com valores de creatinina de 1,3mg/dl e proteinúria. Foi feito referenciamento para centro de alto risco, mas devido a complicações hipertensivas e deterioração da função renal, paciente foi internada em CTI com evolução para o decesso fetal. Após o episódio, retornou à atenção básica para acompanhamento do quadro renal, onde também foi aconselhada a evitar futuras gestações. DISCUSSÃO: A gravidez determina modificações expressivas na função renal. Sendo assim, é de se esperar que tais repercussões possam influenciar o comportamento funcional do órgão em nefropatas, bem como a nefropatia agrava o prognóstico da gestação e aumenta seus riscos. A taxa de perdas fetais gira em torno de 16 a 36% com uma alta proporção de partos prematuros e recém-nascidos de baixo peso. Além disso, ocorre um aumento da aceleração da deterioração da doença renal em 1/3 das mulheres com doença glomerular (SASS et al, 2007). Com valores de creatinina e PA relativamente baixos, a incidência de prematuridade e de hipertensão arterial sistêmica (HAS) associada à gestação não se diferirá da população em geral. Entretanto, se houver HAS grave ou se a creatinina tiver 72 valores mais altos haverá risco de prematuridade, aumentando a taxa de mortalidade perinatal. A associação entre os valores aumentados de PA e o risco materno e perinatal mostra uma incidência maior de morbimortalidade, principalmente com níveis de PA maiores que 140/90mmHg e especialmente quando associados à proteinúria. Segundo a literatura, a conduta a ser adotada é o tratamento agressivo da HAS. Além disso, na prática clínica, é importante que cada caso seja analisado individualmente, sendo necessárias as contribuições de nefrologistas e de obstetras com experiência, tanto na orientação prévia à concepção, como na condução da gravidez. Palavras-chaves: Complicações na gravidez, gravidez abdominal, falência renal crônica Referências: SASS, N. et al. Hipertensão arterial e nefropatias na gestação. Diretrizes e rotinas assistenciais, Departamento de Obstetrícia, Universidade de São Paulo, 2 ed, 2007. Disponível em: http://www.hipertensaonagravidez.unifesp.br/download/manual_HA07.pdf. Acesso em: 22 de outubro de 2015 GADELHA, P., S. et al. Aspectos obstétricos e perinatais da gestante com insuficiência renal. FEMINA, v. 36, n. 7, 2008. Disponível em: http://febrasgo.luancomunicacao.net/wp-content/uploads/2013/05/Femina_julho20084251.pdf. Acesso em: 22 de outubro de 2015 73 HEMOCROMATOSE: UM RELATO DE CASO ¹ Bianca Silveira ([email protected])² Carolina de Almeida e Silva ([email protected])² Fernanda Linhares Carvalho Pereira ([email protected])² Filipe Mateus Costa Teixeira ([email protected])² Flávia Pádua Tavares ([email protected])² Francisco Patrus Ananias de Assis Pires ([email protected])² Gustavo Moreira Madeira ([email protected])² Iara Proença Xavier ([email protected])² Jorge Henrique Costa Ribeiro ([email protected])² Mariane Habib de Sales Paula ([email protected] )² Túlio Felício Cunha Rodrigues ([email protected])² Ivan Batista Coelho ([email protected])³; ¹ Trabalho realizado na disciplina de Medicina Geral de Adultos II- Escola de Medicina UFOP; na unidade básica de saúde Cabanas – Mariana (MG). ². Acadêmicos do curso de Medicina – UFOP ³ Médico da UBS Cabanas, Mariana; Professor da disciplina Medicina Geral de Adultos II – UFOP. Introdução: Hemocromatose é uma doença caracterizada pelo aumento patológico dos estoques de ferro do organismo. Esse acúmulo é progressivo condicionando sua deposição em órgãos parenquimatosos, com posterior dano funcional e estrutural destes. Em relação a etiologia pode ser hereditária ou secundária a outras enfermidades e transfusões de sangue de repetição. Relato de caso: A.E.S, sexo masculino, 50 anos, compareceu à UBS Cabanas em Mariana-MG com queixa de prurido intenso nos membros superiores e inferiores há uma semana. Nega outros sinais e sintomas associados. Solicita ainda avaliação pré-operatória. Na história pregressa alega ser tabagista e ex-etilista. Alega ainda ter hipertensão arterial sistêmica, cirrose hepática, colelitíase e história prévia de transfusão sanguínea há 2 anos devido a anemia. Ao exame físico possuía micropústulas em ambos os membros. Tórax em tonel. Palpação abdominal indolor, esplenomegalia e presença de aranhas vasculares. Foi prescrito antihistamínico e solicitado retorno com resultados de exames laboratoriais prévios. Retorna relatando melhora do quadro e com exames laboratoriais evidenciando anemia normocítica hipocrômica. A partir de então foram solicitados novos exames para avaliação pré-operatória e prescrito sulfato ferroso e complexo B. Esses novos exames foram apresentados pelo paciente e foi constatado um aumento isolado da ferritina sérica: 1965mg/ml. Porém, não se encontrava anêmico, mas optou-se por permanecer com os medicamentos até nova avaliação de ferritina sérica. Por fim, em outra consulta o paciente apresenta tal resultado confirmando o aumento (>2000mg/ml). Diante disso, foi definido o diagnóstico de hemocromatose, com suspensão dos medicamentos e encaminhamento do paciente para hematologia. Discussão: Na hemocromatose o ferro tem seu metabolismo prejudicado e pode se acumular em diferentes órgãos e lesá-los, especialmente fígado, pâncreas, coração, glândulas endócrinas, pele e articulações. Porém, essa lesão é lenta e progressiva, o que faz com que os sintomas apareçam sobretudo na quinta e sexta década de vida. As manifestações iniciais são geralmente inespecíficas, como fadiga, artralgia/artrite, dor abdominal e perda de peso. Com a evolução essas ficam mais específicas de acordo com o órgão atingido. Para o diagnóstico, além da história médica e exame físico minucioso, deve ser feita uma 74 avaliação global dos estoques e do metabolismo do ferro. É importante fazer o diagnóstico diferencial entre os subtipos de hemocromatose investigando desde enfermidades que podem gerar tal quadro assim como mutações genéticas. Os achados laboratoriais sugestivos da sobrecarga de ferro é a elevação de ferritina, associada à elevação do ferro sérico e da saturação da transferrina. Porém, em alguns subtipos de hemocromatose o aumento da ferritina pode ser isolado. O tratamento do paciente compreende a remoção do excesso de ferro do organismo seja por meio de flebotomia ou de quelantes do ferro. Diante disso é importante o conhecimento dessa enfermidade pelos profissionais da saúde, para que possam realizar o diagnóstico precoce buscando prevenir o aparecimento de complicações orgânicas graves. Palavras chaves: Hemocromatose, metabolismo do ferro, sobrecarga de ferro. Referências: 1. ALVES, Hirisleide Bezerra. Parâmetros clínicos da hemocromatose hereditária: toxicidade tecidual resultante da absorção excessiva de ferro. Estação Científica (UNIFAP). Macapá, v.4, n.1, p.07-15, Jan.-Jun. 2014. Disponível em <http://periodicos.unifap.br/index. php/estacao> Acesso em 11 de Fev. de 2016 2. SIDDIQUE, A; KOWDLEY, K. V. Review article: the iron overload syndromes. Alimentary Pharmacology & Therapeutics. v.35, n.8, p.876-93, Abril 2012. Disponível em <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22385471> Acesso em 11 de Fev. de 2016 75 HIPERTROFIA DE PARÓTIDA: CORRELAÇÃO CLÍNICA ENTRE A SIALOSE E O ALCOOLISMO Aihancreson Kirchoff Vaz Oliveira¹ ([email protected]) Eric Morais da Costa Braga¹ ([email protected]) Gabriel Ribeiro Salim Nogueira¹ ( [email protected]) Helena Távora de Senna Albuquerque Guimarães¹ ([email protected]) Izabela Zarnowski Passos¹ ([email protected]) Lauanny Ribeiro Aguiar¹ ([email protected]) Linamar Salomé Sant’Ana Machado¹ ([email protected]) Lorena Caroline Lima de Oliveira¹ ([email protected]) Maíra Lopes Xavier¹ ([email protected]) Maria Alice Matias Cardoso¹ ([email protected]) Paulo Henrique de Melo Figueiredo Neto¹ ([email protected]) João Milton Martins de Oliveira Penido² ([email protected]) ¹AUTORES ²ORIENTADOR INTRODUÇÃO: A maior parte das doenças benignas clinicamente significativas das glândulas salivares envolve primariamente as glândulas parótidas e submandibulares. A sialose ou sialadenose é uma condição não inflamatória rara que causa aumento bilateral, difuso e indolor das glândulas salivares, podendo causar mudanças degenerativas à inervação autônoma das glândulas, sendo que a parótida é a mais afetada. A etiologia desta afecção não é muito clara, mas várias condições são relatadas em associação, como cirrose alcoólica, diabetes, hiperlipidemia, obesidade, hipotireoidismo, anemia, gravidez, má nutrição, menopausa e medicamentos. O prognóstico está condicionado ao tratamento da condição subjacente. RELATO DE CASO: J. L. S., sexo masculino, 59 anos, casado, natural de Mariana – MG, compareceu a Unidade Básica de Saúde de Passagem – Mariana /MG, para “controle dos medicamentos”, sendo estes Hidroclorotiazida 25mg (1-0-0), Enalapril 20 mg (1-00) e Amiodarona 200 mg (1-0-0), todos os dias, sem interrupções. Ao exame físico, verificou-se que o paciente apresentava hipertrofia significativa de parótidas bilateralmente, porém sem queixas relacionadas. PA: 130 X 80 mmHg (MSE, sentado); peso: 87,600 kg; IMC: 27,3 kg/m2. Diante do quadro, foram requeridos exames de perfil lipídico, função hepática, glicemia em jejum e ácido úrico para melhor esclarecimento. Os resultados vieram dentro dos padrões de normalidade, inclusive TGO e TGP (20 e 15 U/L, respectivamente). Para o seguimento, foi interrogado sobre os hábitos etílicos do paciente, em que ele afirmou ser etilista social, porém em quantidade de 12 litros de cerveja, 500 ml de aguardente e 3 copos de vinho nos finais de semana, configurando volume excessivo de álcool. O questionário CAGE foi feito com resultado negativo. DISCUSSÃO: A sialose geralmente é assintomática e tem sido descrita como consequência direta especialmente do diabetes mellitus e do alcoolismo crônico. O paciente em questão possui história de consumo de álcool frequente de alto volume, o que alertou para uma correlação com a sialose. Apesar de o paciente ter resultado negativo para a Síndrome de Dependência do Álcool de acordo com o resultado CAGE, e exames de prova hepática dentro dos parâmetros normais, isso não exclui o fato de que o paciente faz uso abusivo de álcool. A partir de uma análise morfológica da glândula parótida de alcoolistas, Scott et al., 2007 mostraram que a hipertrofia das 76 parótidas acontece principalmente pela geração metabólitos tóxicos a partir da quebra do álcool, que podem modificar a forma e a função das glândulas salivares. O tratamento indicado é a ressecção cirúrgica da parótida, mas isso não é satisfatório caso a doença subjacente não seja tratada. Portanto, é necessária uma investigação mais aprofundada do paciente em questão, para diagnóstico precoce do distúrbio causado pelo alcoolismo ou de outro que possa estar relacionado com sialose, permitindo uma possível intervenção médica contra o problema de base. Além disso, é importante que o médico esteja atento a outros sinais como: inflamações, dores ou hipertrofia desigual das glândulas, permitindo diagnóstico diferencial com outras afecções. PALAVRAS CHAVE: sialose; sialadenose; parótidas. REFERÊNCIAS: 1 - Anil K. Lalwani. CURRENT: Otorrinolaringologia (Lange) 3ed: Diagnóstico e Tratamento. Artmed Editora, 2013. 2 - Carrard, V.C; Mendez, Marina; Nolde, Josué; Alves, Luciana D.; Fossa, Anna Christina;Filho, Manoel Sant’anna. Influência do consumo de etanol nas glândulas salivares - Influence of ethanol consumption in salivary glands. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 17, n. 2, p. 87-92, abr./jun. 2007 77 HIPOCRATISMO DIGITAL NA PRÁTICA CLÍNICA Orientador: Roberto Veloso Gontijo ([email protected]) Autores: Luisa Guimarães Hofner ([email protected]) Fernanda Pinheiro Manhães ([email protected]) Breno Muriel de Oliveira Fonseca ([email protected]) Christiane Torres Felício da Silva ([email protected]) Henrique Resende Rodrigues ([email protected]) Luiz Gustavo MinaréConessa ([email protected]) Pedro Fonseca Abdo Rocha([email protected]) Rayanna Mara de Oliveira Santos Pereira ([email protected]) Ludmila Moreira Cruz ([email protected]) Daniel Magalhães Nobre ([email protected]) Instituição de ensino: Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Local: Ouro Preto- Minas Gerais INTRODUÇÃO: O Hipocratismo digital, “baqueteamento digital” ou “unhas em vidro de relógio”, é um achado semiológico, primeiramente descrito por Hipócrates, que possui importantes significados na prática clínica. Ele consiste em um acúmulo focal de tecido conjuntivo na porção terminal das falanges distais, especialmente na face posterior, causando um aumento da curvatura longitudinal e transversal da placa ungueal. Esse achado pode estar relacionado a patologias pulmonares e cardiovasculares, como também a algumas outras afecções extratorácicas, além de estar associada a uma pior forma e a um pior prognóstico dessas doenças, quando presentes. Existem técnicas semiológicas para detectar essa alteração, como o uso do paquímetro ou as medições por sombra do dedo indicador, mas elas costumam ser de difícil aplicação e/ou difícil detecção e acompanhamento da evolução dos casos leves e moderados. OBJETIVO: Realizar uma breve revisão de literatura sobre as técnicas semiológicas para detectar o hipocratismo digital e as repercussões clínicas a esse achado e realizar uma reflexão sobre a importância de maiores investigações sobre essa alteração digital. DISCUSSÃO: O hipocratismo digital é uma afecção indolor, geralmente bilateral e com amplo espectro de apresentação. Quando há apresentação unilateral ou de um único dígito está comumente relacionada com lesões vasculares focais ou trauma. A principal hipótese para a fisiopatogenia diz respeito amicrotrombosplaquetários e megacariócitos na circulação periférica que não foram fragmentos no leite pulmonar alterado e que foram aprisionados nos leitos vasculares ungueais. Esses elementos produzem fatores de crescimento que explicam o aumento tecidual por proliferação de fibroblastos. Em algumas situações clínicas, o hipocratismo digital é capaz de modificar a interpretação diagnóstica, como, por exemplo, no caso de um paciente com tuberculose pulmonar, que pode sugerir complicações como bronquiectasia ou neoplasia. A presença dessa deformidade pode estar correlacionada ao prognóstico da doença, como no caso de uma pneumonia intersticial somada a esse achado, que conferiria pior evolução do quadro pulmonar e aumento da chance de desenvolvimento de fibrose pulmonar. Existem diversas técnicas morfométricas para a avaliação do aumento do ângulo na curvatura da base da unha em mais de 160º. Uma delas é a quantificação desse ângulo hiponiquial com a avaliação de sua sombra projetada, outra forma é o cálculo do índice digital(dado pela razão dos perímetros das falanges distal e intermédia de um mesmo dedo) e, também, foi descrito um sinal de Schamroth que provavelmente indicaria essa deformação. Porém, todas as 78 semiotécnicas existentes carecem de estudos de sensibilidade e especificidade, sendo difíceis no acompanhamento da evolução da alteração e na detecção de casos leves e moderados. É necessário ressaltar a importância, também, de não confundir esse achado com uma manifestação da osteoartropatiahipertrófica.CONCLUSÃO: O hipocratismo digital é um achado clínico de grande importância semiológica. Deve ser estimulada a realização de estudos controlados para determinar a melhor técnica para aferição. Palavras-chave: Deformidade; ungueal; semiologia Referências: 1- NETO, L. L. S; PASSOS, M. D. Semiotécnica do Hipocratismo digital. BrasiliaMed, 2001. 2- Rich, P. et al. Overview of nail disorders. Uptodate, 2013. 79 O DESAFIO CLÍNICO DA ASMA VARIANTE Luciana van den Bergen1 ([email protected]) Gustavo M. M. M. Ferreira Pinto2 ([email protected]) Isabela Gonzaga Silva2 ([email protected]) Marco Antônio Soares2 ([email protected]) Rafael Cândido Mota2 ([email protected]) Waleska Giarola Magalhães2 ([email protected]) 1- Orientadora e Docente do Setor de Clínica Médica da Escola de Medicina UFOP 2- Discentes da disciplina Medicina Geral de Adultos I do curso de Medicina UFOP Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Embora a tríade clássica de sintomas associados à asma seja tosse, dispnéia e sibilância ocorrendo simultaneamente, não é incomum um ou mais desses sintomas estarem ausentes. Podem se manifestar isoladamente, assim como ter manifestações variantes (Irwin, 2014) e, apesar de serem discutidas no meio científico há mais de 40 anos, ainda se apresentam negligenciadas. Esse trabalho propõe-se a discutir os desafios diagnósticos da asma variante cuja principal manifestação é o desconforto torácico. RELATO DO CASO CLÍNICO: NAR, 72 anos, sexo feminino, queixa-se de desconforto na região esternal, duração de 10 minutos, presente há um ano, não limitante, permitindo que continue realizando suas atividades. Associa-se ocasionalmente à dispneia, é desencadeado por grandes esforços majoritariamente, melhorando com repouso. É portadora de diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia e hipertensão arterial sistêmica controlados, com histórico de asma durante a infância. Em consulta prévia com pneumologista, realizou espirometria (VEF1>80%, sem alterações), sendo prescrito agonista adrenérgico β2 de curta duração antes das atividades físicas, devido à hipótese de asma induzida por exercício, sem aderência. O eletrocardiograma e o ecodopplercardiograma transtorácico não tiveram alterações. Optou-se pela prova terapêutica, em que foram prescritos: agonista adrenérgico β2 de longa duração e corticóide inalatório. Contudo, paciente fez uso de agonista β2 de curta duração, de 12/12 horas, evoluindo com melhora importante do desconforto. DISCUSSÃO: O diagnóstico de desconforto torácico é um desafio por incluir doenças graves. A paciente não preencheu critérios para outras doenças como angina, doença do refluxo gastroesofágico e tromboembolismo pulmonar, que, juntamente com a história pregressa de asma, indicou a necessidade de investigar asma variante. A asma é uma doença crônica, com manifestações heterogêneas, cujo diagnóstico é baseado em critérios clínicos, subsidiados por um teste de hiperresponsividade das vias aéreas e reversibilidade de obstrução de fluxo aéreo. Porém, essa abordagem isolada é insuficiente para direcionar seus desafios diagnósticos e terapêuticos (Hopkin, 2012). A obtenção de melhora clínica após instituição de terapêutica adequada é necessária para 80 confirmar que testes com hiperresponsividade brônquica não são falsos-positivos. (Shen apud Irwin, 2014). É incomum que a asma manifeste somente com desconforto torácico e dispneia, porém por ser heterogênea, é plausível que seja essa a etiologia das queixas, considerando o histórico de asma na infância e avaliação pelo especialista. Casos de asma que cursam com espirometria sem alterações são possíveis e não tão infrequentes, situações em que o teste de broncoprovocação seria fundamental para a confirmação do diagnóstico, o que não foi possível até o momento. Apesar disso, baseado nos critérios clínicos, a paciente foi submetida à prova terapêutica, considerada positiva por apresentar melhora do desconforto. Considerando a prova terapêutica positiva, insistimos até o momento na possibilidade de desconforto torácico variante de asma, reconhecendo as dificuldades desse diagnóstico. PALAVRAS-CHAVE: asma, dispneia, opressão no peito. REFERÊNCIAS: 1- HOPKIN, Julian M. The diagnosis of asthma, a clinical syndrome. Thorax, v. 67, n. 7, p. 660-662, 2012. 2- IRWIN, Richard S. Chest tightness variant asthma (CTVA): reconfirmed and not generally appreciated. Journal of thoracic disease, v. 6, n. 5, p. 405, 2014. 81 OS BENEFÍCIOS DO ESTUDO METABÓLICO EM PACIENTES COM NEFROLITÍASE João Milton Martins de Oliveira Penido ([email protected]); Dafne Fernandes Machado ([email protected]); Larissa Silveira Gusmão ([email protected]); Lívia Maria de Oliveira Gomes ([email protected]); Mariana Oliveira Teixeira ([email protected]); Neila Caroline Alves Amaral ([email protected]); Talita Ribeiro Monteiro ([email protected]); Victor Luiz de Matos Franco ([email protected]). Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A litíase renal é comumente encontrada em atendimentos ambulatoriais, de emergência e de urgência, e o aumento em sua prevalência está relacionado com sua etiologia multifatorial: fatores ambientais, dietéticos, metabólicos, anatômicos, genéticos, congênitos e associados a outras doenças. No Brasil, a prevalência da doença é cerca de 10% e a taxa de recidiva é alta, podendo chegar a 80% ao longo da vida e até 50% em cinco anos, sendo o grupo mais susceptível os indivíduos do sexo masculino, caucasianos e jovens (20 a 40 anos). RELATO DE CASO: Paciente C.S.S., sexo feminino, 24 anos, compareceu à Unidade Básica de Saúde de Antônio Dias, Ouro Preto, Minas Gerais, para avaliação e parecer sobre os resultados do estudo metabólico solicitado em decorrência de episódio de nefrolitíase. Diagnóstico metabólico: hipercalciúria idiopática. A paciente foi classificada como metabolicamente ativa. Conduta: Prescrição de diurético tiazídico, orientação nutricional e hidratação oral. Evolução: Melhora clínica dos episódios recorrentes de cólica renal. DISCUSSÃO: Em pacientes com história de nefrolitíase, quando metabolicamente ativos, torna-se imperativo a realização de um estudo metabólico em amostras de sangue e de urina de 24h o que possibilita o diagnóstico da anormalidade metabólica presente e um planejamento de um tratamento efetivo. Em um estudo metabólico completo, realizamos em três amostras de sangue a dosagem de creatinina, cálcio, magnésio, ácido úrico e fósforo e em três amostras de urina de 24h solicitamos a dosagem de cálcio magnésio, oxalato, citrato, ácido úrico e creatinina. Uma amostra de urina é reservada para a dosagem qualitativa de cistina. Aproximadamente 80% de todos os cálculos urinários são compostos de oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio, 10% de estruvita, 9% de ácido úrico e 1% de cistina. No caso relatado, a paciente foi orientada quanto à dieta normal em cálcio, pobre em proteínas e sal, rica em potássio e fibras e maior ingesta hídrica. Em adição, foi prescrito diurético tiazídico pelo seu efeito na redução da excreção urinária de cálcio. Há evidencias na literatura que tais medidas reduzem a formação e o crescimento dos cálculos renais, diminuindo a chance de recidivas. Palavras-Chaves: Nefrolitíase, Hipercalciúria, Estudo Metabólico Referências: 82 JOHRI, Nikhil et al. An Update and Practical Guide to Renal Stone Management. Nephron Clin Pract 2010;116: c159–c171. DOI: 10.1159/000317196. Acesso em 18 de fevereiro de 2016. SCHOR, Nestor; HEILBERG, Ita Pfeferman. Litíase Renal: Manual prático. Livraria Balieiro. 2015. 1ª ed. // 83 RELATO DE CASO CLÍNICO DE OSTEOARTRITE EM PACIENTE DE 83 ANOS ATENDIDO EM UBS PASSAGEM DE MARIANA Aihancreson Kirchoff Vaz Oliveira1([email protected]) Eric Morais da Costa Braga1 ([email protected]) Gabriela Ribeiro Salim Nogueira1 ([email protected]) Helena Távora de Senna Albuquerque Guimarães1 ([email protected]) Izabela Zarnowski Passos1 ([email protected]) Lauanny Ribeiro Aguiar1 ([email protected]) Linamar Salomé Sant’Ana Machado1 ([email protected]) Lorena Caroline Lima de Oliveira1 ([email protected]) Maíra Lopes Xavier1([email protected]) Maria Alice Matias Cardoso1 ([email protected]) Paulo Henrique de Melo Figueiredo Neto1 ([email protected]) João Milton Martins de Oliveira Penido2 ([email protected]) 1 Autores 2 Orientador Universidade Federal de Ouro Preto – Escola de Medicina Ouro Preto Introdução A osteoartrite é a mais frequente das artropatias. É uma doença da cartilagem diartrodial que se apresenta associada à participação do osso próximo da articulação e que acarreta sofrimento ao doente e restrição funcional. É considerada como doença generalizada e não localizada, sendo as apresentações clínicas principais nas mãos, no quadril e no joelho. Relato de Caso Clínico AP, sexo masculino, 83 anos. Em 29/10/15 comparece ao consultório com relato de dor em mãos e punho, de ambos os membros, principalmente à noite, que alivia com ibuprofeno. Apresentou mesma queixa há 2 meses. Informou que havia realizado radiografia das mãos solicitada pelo ortopedista. Ao exame físico, as mãos e punhos apresentavam-se com edema, calor local, dor ao toque e ao movimento das articulações, além de deformidades em dedos bilateralmente. Levantou-se a hipótese de artrite ou artrose e foi solicitada avaliação laboratorial (ácido úrico, PCR, fator reumatóide - FR e VHS) e retorno em 7 dias com o raio X. No retorno AP manteve a queixa e estava em uso de nimesulida 100mg para controle da dor. A radiografia mostrou encurtamento dos espaços interfalangianos, sinal de geodas em 2° dedo da mão esquerda e 5° dedo da mão direita,compatível com as hipóteses previamente levantadas. Suspendeu-se então o ibuprofeno e a nimesulida e foi iniciado o uso de prednisona 5mg. Em 19/11/15, o resultado da avaliação laboratorial revelou ácido úrico: 6,2 mg/dL, PCR: positivo, FR < 8 UI/mL e VHS: 51 mm3. O paciente relatava diminuição da dor. Ao exame físico, a mão esquerda não apresentava edema, calor e dor à palpação e a mão direita ainda apresentava edema e dor, porém inferior ao quadro prévio. A partir dos resultados foi estabelecido o diagnóstico de osteoartrite (OA) e mantido o uso de prednisona 5mg. Nos atendimentos subsequentes o paciente apresentou melhora pregressiva da dor e do edema nas mãos e punhos estando atualmente assintomático, porém ainda em uso da medicação. Discussão A OA desenvolve-se quando as propriedades da cartilagem e do uso subcondral são normais e a carga excessiva leva à falha dos tecidos ou quando a carga é razoável, mas as propriedades da cartilagem ou osso são inferiores. Logo, processos de reparação articular, atingindo todos os elementos anatômicos, levam à remodelação óssea, com esclerose subcondral. A reparação da cartilagem ocorre regularmente até certo 84 momento, quando a doença se torna avançada e existe perda progressiva da cartilagem articular. Essas alterações acarretam redução da força, de massa muscular e da propriocepção. Na OA são comuns os achados de: erosão de cartilagens, osteófitos marginais e periosteais, pseudocistos ósseos, hiperplasia sinovial, bursite, entesite, fibrose capsular, entre outros. Esses elementos devem ser identificados, pois a sua presença irá interferir no desfecho clínico e no alvo terapêutico, além de serem importantes para observação da progressão da enfermidade. O diagnóstico se faz quando há dor, sensibilidade ou rigidez das mãos associada a três de quatro critérios já estabelecidos. O tratamento da OA pode ser não-medicamentoso ou medicamentoso, sendo a corticoterapia o tratamento de escolha. Palavras-chave: artralgia; artropatia; osteoartrite. Referências COSSERMELLI, W. Terapêutica em Reumatologia. Lemos editorial, 2000. Cap. 81 (p. 779-798). IMBODEN, J. Hellmann, D. Stone, J. Current Reumatologia diagnóstico e tratamento. Segunda edição. Editora Lange. Cap. 44 (p. 339 – 344). 85 RELATO DE CASO DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ATENDIDO NA UBS PADRE FARIA EM OURO PRETO, MINAS GERAIS Amanda Leal Brangioni ([email protected])¹ Clarissa Queiroz Gonçalves ([email protected])¹ Felipe Guerra Quintão ([email protected])¹ Janaína Jubé Uhlein ([email protected])¹ Jaqueline Iara Doneda ([email protected])¹ Jorge Donizetti Yamamoto Júnior ([email protected])¹ Lucas Wendell da Cruz ([email protected])¹ Nagibe Tayfour Oliveira ([email protected])¹ Taís Aparecida Coelho ([email protected])¹ Fabiana Alves Nunes Maksud ([email protected])² ¹ Discentes da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto. ² Docente da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto, Minas Gerais Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune que pode afetar todos os sistemas do corpo. O sistema imune é responsável pelo dano de diversos tecidos que refletem na clínica apresentada pelo paciente e, por isso, é uma doença muito heterogênea já que cada pessoa portadora de LES apresenta diferentes combinações de características clínicas. Na maioria dos pacientes a doença caracterizase por evolução clínica com períodos de remissões e exacerbações. A produção de autoanticorpos com inúmeras especificidades é responsável pela patogênese da doença. Relato de caso: Paciente L.G.L, 53 anos. Chega ao consultório queixando de dispneia aos pequenos esforços, seguida de tosse seca. Relata diagnóstico de LES em 2007, atualmente com acometimento muscular, articular e pulmonar segundo relatório médico anterior. Tomografia de 2013 evidencia espessamento de septos inter e intralobulares em ambos os pulmões com predomínio de padrão fibrótico. Relata cianose das pontas dos dedos das mãos e dos pés concomitantes à parestesia, presente diariamente. Paciente descreve fraqueza muscular, principalmente em perna esquerda, em acompanhamento com fisioterapeuta. Relata quadro de capsulite adesiva em ombro direito. Atualmente impossibilitada de trabalhar. Discussão: As manifestações clínicas do LES envolvem diversos sistemas, entre eles: cardiovascular, pulmonar, nervoso, renal, locomotor, sanguíneo e gastrointestinal. O presente trabalho tem o objetivo de abordar a sintomatologia do caso relatado. O acometimento pulmonar é muito frequente no lúpus, sendo observado em 50 a 70% dos pacientes. As manifestações mais comuns são pleurite, derrame pleural, pneumonite lúpica, hemorragia e hipertensão arterial pulmonar. O desenvolvimento de fibrose pulmonar intersticial não é tão frequente, entretanto está muito associado a pacientes lúpicos já que 1/3 destes a apresentam. As manifestações articulares, como dor e edema, ocorrem em cerca de 90% das pessoas e, apesar de todas as articulações estarem susceptíveis, acometem principalmente mãos, punhos, joelhos e pés. A artrite tende a ser bastante dolorosa e ocorre em cerca de 10% dos pacientes. O tratamento do LES geralmente é feito com antiinflamatórios não 86 esteroidais (AINES) e imunossupressores. Entretanto, o uso crônico de corticoides orais pode levar a alterações nervosas e musculares. A miosite lúpica manifesta-se em 5% a 10% dos pacientes, causando redução da força muscular proximal, elevação das enzimas musculares e achados eletroneuromgráficos semelhantes aos das miopatias inflamatórias. Uma vez feito o diagnóstico, são fundamentais o aconselhamento e educação do paciente para adequado tratamento. Independentemente do órgão afetado, o uso contínuo de antimaláricos é indicado com a finalidade de reduzir a atividade da doença e poupar o uso de corticoides. Apesar disso, as drogas mais utilizadas para o tratamento de LES são os glicocorticoides, mesmo com seus conhecidos efeitos colaterais. Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico, fibrose pulmonar, capsulite adesiva. Referências: GOLDMAN, L., AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 23 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. FURTADO, A.P.A, et al. Fibrose pulmonar grave: Achado incomum em lúpus eritematoso sistêmico – Relato de um caso. Radiologia Brasileira, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rb/v34n1/12573. Acessado em: 18 de fevereiro de 2016. 87 UMA ABORDAGEM CLÍNICA EM PACIENTE COM NEFROPATIA DIABÉTICA AVANÇADA João Milton Penido ([email protected]) Dafne Fernandes Machado ([email protected]) Larissa Silveira Gusmão ([email protected]) Lívia Maria de Oliveira Gomes ([email protected]) Mariana Oliveira Teixeira ([email protected]) Neila Caroline Alves Amaral ([email protected]) Talita Ribeiro Monteiro ([email protected]) Victor Luiz de Matos Franco ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto, Minas Gerais Introdução: A nefropatia diabética (ND) se mostra cada vez mais importante como causa de insuficiência renal crônica (IRC) no mundo ocidental. Nos Estados Unidos, é a principal causa de IRC afetando 40% a 50% dos pacientes em diálise. No Brasil, ela compete com outras causas de IRC dialítica. A síndrome clínica conhecida como ND caracteriza-se por albuminúria persistente, hipertensão arterial sistêmica (HAS), declínio da função renal e alto risco de morbidade e mortalidade cardiovascular, particularmente nos portadores de diabetes melito tipo 2 (DM2). O rastreamento da ND é recomendado assim que o DM2 é diagnosticado e após 5 anos do diagnóstico de DM1. A literatura reconhece cinco estágios da ND. Clinicamente detecta-se três fases da ND: I- ND incipiente caracterizada pela microalbuminúria persistente, II-ND clinicamente manifesta caracterizada pela proteinúria e III-ND com IRC em seus diversos estágios de evolução. As estratégias de tratamento incluem prevenção primária, secundária e terciária. A prevenção primária são medidas terapêuticas adotadas para o tratamento de qualquer paciente diabético que apresente valores normais da excreção urinária de albumina. A prevenção secundária inclui a adoção de medidas para retardar o estágio de nefropatia clinicamente manifesta. Finalmente, a prevenção terciária inclui as medidas necessárias para retardar a evolução para a IRC e/ou a preparação do paciente para métodos dialíticos, diante da ND avançada. Relato de caso: CRC, sexo masculino, 68 anos, atendido na Unidade Básica de Saúde de Antônio Dias com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica, DM2. ND clinicamente manifesta (síndrome nefrótica) e IRC estágio G4, caracterizado por perda grave da taxa de filtração glomerular. A adoção de medidas terapêuticas específicas alcançaram êxito no controle do distúrbio hidroeletrolítico, metabólico e nutricional que incluiu o controle da pressão arterial, da glicemia, do hiperparatireoidismo secundário e déficit de vitamina D, da anemia e dislipidemia, além de monitoramento do quadro clinico e da função renal e avaliação do risco cardiovascular. Considerando o estágio da DRC informamos sobre as modalidades de diálise existentes e transplante renal. Referendamos o paciente para a Unidade de Diálise do Hospital Monsenhor Horta no 88 município de Mariana para realização precoce da via de acesso artério-venosa. Discussão: A história natural da ND é melhor exemplificada no DM1 em relação ao DM2, uma vez que a doença é mais claramente definida no DM1 por apresentar menor frequência de comorbidades (obesidade, HAS e doença cardiovascular aterosclerótica). Além disso, a idade dos pacientes com DM2 e a morbimortalidade cardiovascular excessiva nesta população podem impedir o desenvolvimento de todas as manifestações da ND. Enfatizamos que o rastreamento da ND no DM1 e DM2 é uma medida simples e necessária ao acompanhamento clinico dos diabéticos. Uma vez diagnosticada medidas terapêuticas específicas podem reverter e/ou retardar a rapidez de progressão para insuficiência renal terminal. No caso apresentado adotou-se medidas de prevenção terciária e preparo do paciente para o tratamento substitutivo da função renal. Palavras - Chaves: Diabetes Mellitus, Nefropatia Diabética , Insuficiência Renal Crônica. Referências: Nefropatia Diabética. Jornal Brasileiro de Nefrologia. vol XXVII - nº 1 - Supl. 1 - Maio de 2005. Goldman L.; Ausiello D. Cecil: Tratado de Medicina Interna. 22ª ed. Rio de Janeiro:ELSEVIER, 2009. F. M. Pinto et al. Insuficiência renal crônica por diabetes. Jornal Brasileiro de Nefrologia, 1997; 19(3): 256-263 89 APRESENTAÇÕES DISCIPLINAS MEDICINA GERAL DE ADULTOS I E II APRESENTAÇÃO DE TRABALHO PÔSTER BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO MERGULHANTE: UM RELATO DE CASO Danilo Jorge da Silva ([email protected])1 Letícia Aparecida de Figueiredo ([email protected])1 Letícia Rodrigues Silva ([email protected])1 Mariana Cardoso Gomes Segato ([email protected])1 Míriam Cláudia Cardoso dos Santos Marçal ([email protected])1 Nicollai Silvério Silva ([email protected])1 Talles Augusto Martins Gomes ([email protected])1 Tamara Resende Costa ([email protected])1 Roberto Veloso Gontijo ([email protected])2 1 – Acadêmicos do Curso de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto 2 – Professor da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto INTRODUÇÃO: O Bócio Multinodular Tóxico (BMT) é uma proliferação adenomatosa benigna da tireoide em que as células foliculares tornam-se autônomas e hiperfuncionantes devido a mutações nos receptores do hormônio tireoestimulante (TSH). Os nódulos hipersecretantes aumentam os níveis de hormônios tireoidianos, que passam a inibir o eixo hipotálamo-hipofisário, reduzindo os níveis de TSH circulantes. Acomete principalmente mulheres a partir da quinta década, com histórico familiar de tireoideopatia (PANAROTTO et al, 2006). RELATO DE CASO: Paciente, 65 anos, sexo feminino, procura a Unidade Básica de Saúde do distrito de Amarantina (Ouro Preto – MG), para controle de tireoideopatia. Há um ano, foi diagnosticada com hipertireoidismo, observando-se aumento rápido e progressivo do volume glandular desde então. Os sintomas iniciaram-se com secreção faríngea persistente e afonia transitória e, ao atendimento, apresentava calor excessivo, irritabilidade, agitação, palpitações, tosse persistente, disfagia e pele seca. Paciente hipertensa, com histórico de trombose venosa profunda e edema em membro inferior direito secundários a fratura traumática de quadril. Revisão laboratorial acusa anemia normocítica/normocrômica e pesquisa de sangue oculto nas fezes é positiva. Histórico familiar de tireoideopatia. Apresentou-se em bom estado geral, com pressão arterial elevada e lobo direito da tireoide aumentado (5x), sem nodulações dolorosas à palpação, com manobra de Pembertom positiva e ausência de sopros na topografia da glândula. Ausculta cardíaca revelou sopro sistólico de ejeção grau III/VI (Levine) em foco mitral. Solicitou-se tomografia computadorizada de região cervical, radiografia de tórax, cinética do ferro, eletroforese de proteínas, coagulograma e dosagem de vitamina B12 e ácido fólico. DISCUSSÃO: Os achados do exame físico e anamnese sugerem hipertireoidismo, com sinais e sintomas clássicos e características sugestivas de BMT mergulhante, como fenômenos compressivos (mais frequentes em bócios multinodulares do que nos uninodulares). A presença de nódulos tóxicos tem como apresentação comum o aumento no volume de um lobo da tireóide com supressão do lobo contralateral (PANAROTTO, 2006), fenômeno observado no caso, com aumento glandular à direita. Embora seja estabelecida uma maior prevalência de BMT em regiões onde há carência de iodo, a paciente não provém de região de risco, nem se identificou quaisquer erros 90 alimentares. Associação entre a BMT e sopro sistólico é esperada e pode ser explicada pelo estado hiperdinâmico provocado pelo hipertireoidismo e pelo quadro anêmico. Uma das preocupações em casos de BMT mergulhante é a exclusão de neoplasias, sendo que as características compressivas (tosse, disfagia e disfonia) e crescimento tumoral rápido apresentadas pela paciente, bem como a idade, constituem fatores de risco para malignidade (GRAF, 2004). Não se espera, nos casos de BMT, que ocorra remissão espontânea, como na Doença de Graves, sendo indicado tratamento definitivo (cirúrgico ou terapia com iodo radioativo) (PANAROTTO et al, 2006) que demanda uma história clínica, exame físico e propedêutica adequados para o correto manejo do quadro. Palavras chave: Hipertireoidismo, Bócio Nodular, Doenças da Glândula Tireóide Referências 1. PANAROTTO D, ABDALLA UM, BALESTRO AC, NETO FLD, DEXHEIMER ARA, MAY RS. Bócio uninodular tóxico volumoso – Relato de caso e discussão das opções terapêuticas. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 50 (2): 152-156, abr-jun. 2006. 2. GRAF H. Doença Nodular da Tireóide. Arq. Bras. de Endocrinol. Metab. Vol 48 (1): 93-104. 2004. 91 DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 ASSOCIADA À INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA: UM RELATO DE CASO Vinícius Tostes Carvalho ([email protected]) André Caldeira Grobério ([email protected]) Carla Gomes de Paiva ([email protected]) Caroline Ferreira Vieira ([email protected]) Geiza das Dores Conceição ([email protected]) Juliana Oliveira Pedrosa ([email protected]) Laís Sato dos Santos ([email protected]) Larissa Meireles Braga ([email protected]) Ligiane Figueiredo Falci ([email protected]) Luana Almeida Silveira ([email protected]) Márcio Massao Santana Sueto (má[email protected]) Mariana Fontes Pereira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Introdução: A vitamina B12, cobalamina, é componente do complexo B presente nos alimentos sob a forma de coenzima. Está envolvida no metabolismo dos aminoácidos, colesterol, timina, ácidos graxos, lipídeos, carboidratos. Relacionada à síntese de metionina, também envolvida na síntese de DNA e RNA. A deficiência pode se manifestar no sistema hematológico, gastrointestinal, dermatológico e sintomas psiquiátricos. O consumo de álcool, associado à dieta inadequada constitui causa comum de deficiência de B12. Em associação, a intoxicação por Trifluoperazina (Stelazine), medicação antipsicótica, pode gerar sedação, vertigem, xerostomia, insônia, fadiga, fraqueza muscular, anorexia e sintomas extrapiramidais. Relato de Caso: CRSS, sexo masculino, 58 anos, casado, vigilante aposentado, baixa escolaridade. Compareceu ao ambulatório alegando adinamia e vertigem. Negou síncope, êmese, febre, cefaleia e tosse. Relata náuseas por duas vezes no último mês, seguido de perda de aproximadamente 4 kg do seu peso. História prévia de etilismo e tabagismo de longa data. Em tratamento para convulsão há 37 anos, em uso de Trifluoperazina 5mg e Fenobarbital 100mg. Ao exame: estado geral regular, anictérico, acianótico, aspecto emagrecido, ausência de linfonodomegalias. Pulsos radial e pedioso presentes, simétricos. Sopro holossistólico grau 3 mais audível em foco mitral sem irradiação. Aorta abdominal pulsátil à palpação superficial. Demais sistemas sem alterações. Exames laboratoriais: vitamina B12 143pg/mL (Valor de referência: >200pg/mL); CHCM 28,7% e hemoglobina 11,9g/dL, todos diminuídos. Mini exame do estado mental: 23/30 (Valor de referência para escolaridade 1-4 anos: 25). Hipóteses diagnósticas: emagrecimento a esclarecer, tremores, deficiência de B12, intoxicação pelo Stelazine, sopro abdominal e cardíaco. Discussão: As manifestações neurológicas associadas à deficiência de cobalamina incluem polineuropatia, demência e neuropatia óptica. No caso apresentado o uso crônico do antipsicótico também pode explicar os sintomas relatados. O diagnóstico laboratorial é feito através da dosagem sérica de B12 e da excreção urinária de ácido metilmalônico. Optou-se por se iniciar a propedêutica com a esofagogastroduodenoscopia (ainda não realizada). Foi realizado ecocardiograma transtorácico que demonstrou regurgitação aórtica moderada, aumento do diâmetro do ventrículo esquerdo e função sistólica global levemente deprimida. Foram também solicitados ultrassom abdominal e pélvico além de eletrocardiografia. Enviado relatório 92 ao serviço de saúde mental solicitando avaliar mudança do Stelazine por outra droga, em virtude dos seus efeitos cumulativos. Para o tratamento da deficiência de B12 foi prescrito injeção intramuscular de B12, 1000ug, meia ampola 1 vez por semana durante 4 semanas. De acordo com a literatura, pode-se optar por duas vias de administração da vitamina: oral, com doses diárias de 2.000 mcg por 120 dias; intramuscular, com injeções de 1.000 mcg 3 vezes por semana durante duas semanas, seguidas de uma injeção mensal por mais três meses. Palavras-chave: Vitamina B12, Trifluoperazina, Emagrecimento Referências: Godman, L. et al. Cecil Medicina – Adaptado à realidade Brasileira. 23ªEd. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. Cap.237. Pág.1875. FABREGAS, Bruno Cópio; VITORINO, Flávia Domingues; TEIXEIRA, Antônio Lucio. Deficiência de vitamina B12 e transtorno depressivo refratário. J. bras. psiquiatr. 2011, vol.60, n.2. 93 PÉ DIABÉTICO - UMA COMPLICAÇÃO DO DIABETES MELLITUS: RELATO DE CASO Orientadora: Carolina Coimbra Marinho ([email protected]) Autores: Bianca Silveira ([email protected]) Carolina de Almeida e Silva ([email protected]) Fernanda Linhares ([email protected]) Filipe Mateus Costa ([email protected]) Flávia Pádua Tavares ([email protected]) Francisco Patruz Ananias de Assis Pires ([email protected]) Gustavo Moreira Madeira ([email protected]) Iara Proença Xavier ([email protected]) Jorge Ribeiro ([email protected]) Mariane Habib Sales de Paula ([email protected]) Túlio Felício da Cunha Rodrigues ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Introdução: O pé diabético é uma complicação crônica do diabetes mellitus (DM) e consiste na presença de infecções, ulcerações e/ou destruição de tecidos moles, em decorrência de alterações neurológicas e graus de doença arterial periférica nos membros inferiores (MMII). Alguns fatores como possuir DM há mais de dez anos, mau controle glicêmico, história prévia de úlceras e/ou amputações, presença de claudicação e morar sozinho, conferem risco aumentado ao surgimento das lesões. Úlceras infectadas e gangrenas podem estar presentes no pé diabético e são importantes causas de amputações não traumáticas de MMII desses pacientes, sendo necessário preveni-las. O exame dos pés em diabéticos deve, então, ser realizado em todas as consultas e orientações a estes pacientes são importantes para reduzir as chances de feridas. Relato do caso clínico: Foram realizadas duas vistas domiciliares à R.E.S., sexo feminino, 85 anos. Paciente com dor intensa em pé esquerdo, apresentando dificuldade de locomoção devido à amputação de todos os artelhos do pé esquerdo em agosto de 2015, em decorrência de infecção do pé diabético. Possui diabetes mellitus há 20 anos, com história de má adesão ao tratamento medicamentoso, e diagnóstico de arteriopatia diabética, indicando comprometimento das artérias tibial anterior, posterior, fibular esquerdas e femoral comum, pelo exame Duplex Scan (março de 2015). Segundo laudo, a revascularização de suas artérias obstruídas é inviável. Apresentava, ao exame físico, pulsos finos em MMII, redução da sensibilidade de ambos os pés e uma úlcera próxima à região da amputação, com exposição óssea e borda mal delimitada, e outra em região do arco plantar esquerdo, com borda bem delimitada. Ambas com pouco exsudato, pouca fibrina e sem sinais inflamatórios, coloração rósea e odor incaracterístico. R.E.S. estava em uso inadequado de sulfadiazina de prata nas regiões ulceradas, já que as lesões não apresentavam mais sinais de infecção. O antibiótico foi suspenso e o curativo passou a ser feito com hidrogel e, após melhor cicatrização da lesão, com óleo de girassol. Na última visita, notou-se cicatrização quase completa de ambas as úlceras, no entanto pode-se perceber o surgimento de uma terceira lesão na região tibial anterior, que passou a tratada com hidrogel. Discussão: R.E.S. possui fatores de risco para o surgimento de novas ulcerações como tempo de doença, mau controle glicêmico e antecedentes de úlceras e amputações, o que pode justificar suas recidivas. O 94 diagnóstico, tratamento precoce e a educação individual dos cuidados com os pés compreendem as bases sólidas para a prevenção da amputação de membros nesta população. A realização do diagnóstico diferencial assume grande importância e é determinante no tratamento e prognóstico da úlcera, sendo preciso excluir causas como insuficiência venosa, escaras, infecções prévias. No tratamento, a antibioticoterapia deve ser feita somente enquanto houver infecção, pois prejudica a formação do tecido de granulação. Assim, suspender a sulfadiazina de prata foi uma conduta adequada e contribuiu, juntamente com o uso do hidrogel e o óleo de girassol, para a cicatrização das lesões. Palavras-chave: Úlcera. Diabetes Mellitus. Pé diabético. Referências: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2014-2015/Sociedade Brasileira de Diabetes ; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. – São Paulo: AC Farmacêutica, 2015. Disponível em: < http://www.diabetes.org.br/images/2015/arearestrita/diretrizes-sbd-2015.pdf>. Acesso em 12 de fevereiro de 2016. CAIAFA, Jackson Silveira et al . Atenção integral ao portador de pé diabético. J. vasc. bras., Porto Alegre , v. 10, n. 4, supl. 2, p. 1-32, 2011 Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167754492011000600001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 12 de fevereiro de 2016 95 APRESENTAÇÕES DISCIPLINAS DE SAÚDE MENTAL APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL A ABORDAGEM RESTRITA AOS PARÂMETROS BIOLÓGICOS E FISICALISTAS NO ENSINO DE SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO BÁSICA – UM RELATO QUALITATIVO DE UM GRUPO DE ESTUDANTES DO TERCEIRO PERÍODO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO (UFOP). Hugo Alejandro Cano Prais ([email protected]) Maria Rita Alves Barbosa De Paiva ([email protected]) Mariana Campos Belo Moreira ([email protected]) Matheus Augusto de Araújo Baeta Vaz ([email protected]) Matteus Murta Lage ([email protected]) Mayra Fonseca Borges ([email protected]) Mona Rezende Ferreira Holanda ([email protected]) Oscar Campos Lisboa ([email protected]) Paulo Eduardo Lopes Ferreira ([email protected]) Pedro Martins Correa ([email protected]) Raisa Becker ([email protected]) Suzy Mairy Pessoa Figueiredo ([email protected]) Thais de Meira Alves ([email protected]) Tiago Medeiros Pravato ([email protected]) Yargos Rodrigues Menezes ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA: A tentativa da compreensão da sexualidade humana surgiu essencialmente a partir da sua abordagem restritamente biológica, manifestando-se e sendo produzida em contexto histórico-cultural. A diversidade de formações de signos e significados que envolvem o tema torna-se parte constituinte da identidade dos sujeitos e relacionam-se com os valores éticos e morais dominantes. O papel da educação como força transformadora, não obstante moduladora, no que concerne a crenças e preconceitos, percebe na temática da sexualidade uma realidade que tende a distanciar o entendimento da sexualidade do debate profundo e multifatorial necessário. Segundo Lorencine-Junior (1997, p.95), as aulas de educação sexual devem ser abordadas como um processo de transformação e mudança, partindo de um projeto coletivo e atingindo os indivíduos na busca particular pelos sentidos da sexualidade. A despeito, está socialmente delegada às instituições de ensino a responsabilidade pela abordagem da sexualidade de forma instruída aos jovens. CENÁRIO: O estudo que aqui se realiza teve como objetivo estudar e analisar o discurso assimilado no contexto escolar sobre sexualidade e que está acoplado aos estudantes de Medicina analisados, os 96 quais se propõem a replicar, capacitar e informar futuramente a comunidade. Observase a vigência de uma abordagem biológica e fisicalista no estudo da sexualidade nas instituições de Educação Básica em detrimento de uma educação sexual que busque abarcar a sexualidade em todas as suas nuances. DESENVOLVIMENTO: Sendo assim, a partir de uma metodologia qualitativa de pesquisa, foi registrado em forma de vídeo o depoimento de treze alunos do terceiro período do curso de Medicina da Faculdade Federal de Ouro Preto. Suas experiências de aprendizado no âmbito escolar sobre a temática, em suas respectivas escolas, durante o ensino fundamental e médio, foram relatadas e documentadas. PRINCIPAIS RESULTADOS: Verificou-se que, na grande maioria dos depoimentos, os alunos retrataram o predomínio da abordagem fisicalista com pouca ou nenhuma reflexão sobre aspectos psicológicos, sociais, ou cognitivos relacionados à sexualidade. CONCLUSÕES: O estudo suscita a necessidade de uma maior reflexão que oriente as práticas pedagógicas em direção a uma educação sexual de maior abrangência social, as quais não abordem apenas fatores biológicos da sexualidade, instrumentalizando, assim, para um agir social que não se cerceie pela culpa, e cujo conhecimento de si mesmo e do próximo possa representar empoderamento de suas ações. Palavras-chaves: sexualidade, educação, fisicalismo. Referências: LOURO, G. L (org.). O corpo educado: pedagogia da sexualidade. Ed. Autêntica. Belo Horizonte, 3ª ed. 2013. LORENCINI-JUNIOR, A. Os sentidos da sexualidade: natureza, cultura e educação. In: AQUINO, J. G. (Coord.). Sexualidade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997. p. 95. 97 ABORDAGEM DA INSÔNIA: RELATO DE DOIS CASOS Clarissa Queiroz Gonçalves – [email protected]¹ Jaqueline Iara Doneda – [email protected]¹ Hugo Alejandro Cano Prais – [email protected]² ¹ Discentes da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto. ² Docente da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto, Minas Gerais. Introdução: O Transtorno da Insônia (TI) caracteriza-se por uma dificuldade de iniciar o sono, dificuldade de manter o sono, despertar precoce e/ ou sono não restaurador. Estudos mostram que os indivíduos com insônia apresentam alterações do humor, ansiedade e redução da capacidade cognitiva relacionada à concentração, memória e atenção. Na prática da psiquiatria, é uma queixa recorrente por trazer contratempos nos âmbitos sociais, somáticos, psicológicos ou cognitivos do paciente. Apesar dos diferentes fatores causais, possui um quadro clínico muito semelhante, o que torna primordial a pesquisa de sua causa base no intuito de garantir uma eficácia no tratamento e maior qualidade de vida ao paciente. Relato dos casos: Paciente L.B.N.R, masculino, 35 anos, solteiro. Chega ao consultório queixando não conseguir dormir desde a cessação do uso de algumas substâncias psicoativas (crack, cocaína, maconha e álcool). Tem dificuldades em adormecer e não consegue permanecer a noite toda dormindo. Relata que a ausência de sono atrapalha nas atividades diárias porque está sempre cansado. Tabagista. Paciente D. R., masculino, 62 anos, casado, motorista. Chega ao consultório queixando de problemas para dormir. Relata que, há dois anos, não dorme bem durante a noite, pois demora a adormecer e tem dificuldades em permanecer dormindo. Portador de HAS, IAM em 2006, IMC 35,22 kg/m² (obesidade grau II). Não tabagista, não etilista. Discussão: Os casos clínicos relatados, apesar de toda sua distinção apresentam um elo muito comum, a insônia, principal distúrbio do sono que acomete a população adulta e que pode gerar inúmeros prejuízos ao indivíduo. Devido à grande proximidade entre os sintomas apesar de desencadeantes diferentes, a realização de uma anamnese completa é parte essencial para o tratamento do transtorno de insônia. O paciente L.B.R.N nos relata durante a consulta sintomas de insônia, inquietação, irritabilidade que são característicos de quadros de abstinência de substâncias psicoativas, no qual o interrompimento do consumo destas leva a uma dessensibilização do sistema nervoso central neuroadaptado ao estímulo provocado por estas drogas, levando a maior funcionamento do sistema excitatório por compensação e, assim, levando à insônia. A obesidade no paciente D.R. parece ser a causa principal de sua dificuldade para dormir, devido à apneia obstrutiva do sono. Em pacientes acima do peso, alterações fisiológicas e anatômicas explicam as pausas respiratórias, os roncos noturnos, o sono agitado com inúmeros despertares e, consequentemente, a insônia. Estes pacientes apresentam uma restrição do movimento da parede torácica, o que leva a um estreitamento mecânico das vias aéreas superiores e instabilidade respiratória. Uma pressão de fechamento faríngeo crítica se instala, levando ao colabamento da faringe 98 que só se abre para a próxima inspiração com o despertar. Apesar das causas claramente distintas, o tratamento destes pacientes consiste em medicação para indução do sono e técnicas de higiene do sono. O presente trabalho tem o intuito de abordar a insônia decorrente de duas situações clínicas distintas com conduta semelhante. Palavras-chave: Insônia, apneia obstrutiva do sono, síndromes de abstinência a substâncias Referências: FORLENZA, O.V., MIGUEL, E.C. Compêndio de Clínica Psiquiátrica. Barueri, SP: Manole 2012, 708p. GOLDMAN, L., AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 23 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 99 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DE PESSOAS QUE CONVIVEM COM DOENÇAS CRÔNICAS: UM PARALELO ENTRE HIV/AIDS E DIABETES MELLITUS Fernando Machado Vilhena Dias ([email protected]) Alice Soares Trindade ([email protected]) Anna Elisa Borges Barcelos ([email protected]) Bárbara Christina Noelly e Silva ([email protected]) Bianca Hellen Sousa Martins ([email protected]) Bruno Francia Maia Athadeu ([email protected]) Camila Eugênia Fonseca Passos ([email protected]) Carolina Bretas Araújo ([email protected]) Caroline Luchesi Pauletti ([email protected]) Clarissa Rodrigues Nardeli ([email protected]) Débora de Oliveira Antunes Rocha ([email protected]) Eduardo Mesquita de Souza ([email protected]) Erick Veiga Franco da Rosa ([email protected]) Frederico Starling Leão ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: As estatísticas de morbi-mortalidade apontam para um aumento significativo das doenças crônicas no Brasil. A definição para doença crônica mais aceita atualmente foi estabelecida pela Comissão de Doenças Crônicas de Cambridge e determina que a afecção que seja permanente, cause mudança patológica irreversível e preveja um longo período de supervisão, observação e cuidado é uma doença crônica. Por ter essas características, leva a eventos e restrições que causam alterações no modo de vida e na autopercepção das pessoas, além de impactar seu círculo social. O adoecimento, assim, é um processo físico e subjetivo e é constituído por meio de contextos socioculturais associados a redes de significados e interações do ator que o vivencia. Por estes motivos, as doenças crônicas, apesar de serem agrupadas em um conceito, têm desdobramentos e percepções sociais distintas. Isto pode ser verificado ao se analisar paralelamente a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e o Diabetes Mellitus (DM). OBJETIVOS: Analisar impactos psicossociais de doenças crônicas, enfocando AIDS e DM. MÉTODOS: Foi feita revisão sistemática da literatura nas bases de dados PubMed e LILACS utilizando os indexadores: doença crônica, qualidade de vida, síndrome da imunodeficiência adquirida, diabetes mellitus, estigma social e aspectos emocionais, no período de 2001 a 2016, nos idiomas inglês, português e espanhol. RESULTADOS: 14 publicações foram selecionadas, analisadas e agrupadas em duas categorias envolvendo conteúdos simbólicos elaborados por pessoas que convivem com HIV/AIDS em uma categoria e com DM em outra. Quanto à primeira, os aspectos mais abordados foram: culpabilização do indivíduo por ele mesmo e pela sociedade, afetando mais significativamente mulheres, devido às desigualdades de gênero; ocultamento da doença como estratégia de sobrevivência social; configuração da AIDS como uma doença crônica, mudando sua representação de morte, 100 para dar lugar a uma de vida e sobrevivência, após o advento dos antirretrovirais. Em relação à DM observou-se uma diferença na percepção e aceitação da doença conforme a faixa etária do diagnóstico, principalmente na população infanto-juvenil. Outro aspecto é a maneira como a DM e suas complicações interferem na rotina das pessoas, impondo padrões de comportamento contrastantes com seus desejos. Neste contexto, considerando o “comer” como um ritual social, observou-se limitação das pessoas que convivem com DM em sua participação neste. Percebeu-se que grupos de apoio são importantes estratégias para melhoria na convivência com a doença. CONCLUSÕES: A análise da AIDS e da DM evidenciou o quanto doenças crônicas interferem na qualidade de vida e nos aspectos psicossociais dos indivíduos. Pelas representações sociais da AIDS e da DM serem distintas, seus efeitos na vida das pessoas ocorrem de maneira diferente, interferindo na autopercepção, no modo como se apresentam à sociedade e no autocuidado, relacionando-se, assim, ao tratamento e prognóstico da doença. Dessa forma, a compreensão holística do homem é essencial para que se enxergue o doente como uma pessoa que não abandona o seu contexto de vida após o adoecimento. Palavras-chaves: Impacto psicossocial, Diabetes Mellitus, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Referências: GOMES, Antonio Marcos Tosoli; SILVA, Érika Machado Pinto; OLIVEIRA, Denize Cristina de. Social Representations of AIDS and their Quotidian Interfaces for People Living with HIV. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto , v. 19, n. 3, p. 485492, June 2011. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104 11692011000300006&lng=en&nrm=iso>. access on 13 Feb. 2016. SILVA, Sílvio Éder Dias da et al . Meu corpo dependente: representações sociais de pacientes diabéticos. Rev. bras. enferm., Brasília , v. 63, n. 3, p. 404-409, June 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672010000300009&lng=en&nrm=iso>. access on 17 Feb. 2016. 101 ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE MENTAL: A PORTA DO SISTEMA Talles Augusto Martins Gomes ([email protected]) Alexandre Costa Val ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Introdução: A Atenção Básica (AB) deve possibilitar o acesso de todos ao Sistema Único de Saúde, incluindo os sujeitos com sofrimento mental grave. O acolhimento e monitoramento desses pacientes deve seguir a lógica da territorialização, respeitando as áreas de cobertura das Equipes de Saúde da Família (ESF). Contudo, por diversos motivos, muitos desses sujeitos não são incluídos no sistema, ficando à margem, sem um tratamento efetivo. Relato do caso clínico: Dona S. tem 49 anos, mora em Antônio Pereira e viaja cerca de 30 minutos para atendimento na escola de medicina da UFOP. Há 20 anos, época em que teve o seu primeiro filho, desenvolveu sintomas sugestivos de esquizofrenia. Relata, predominantemente, sintomas negativos - como desânimo e isolamento social - durante os períodos que chama de “crise”. Nos momentos em que está pior, tende à errância e já foi, inclusive, encontrada por familiares entrando em uma represa. Sua história é marcada por passagens irregulares pelos serviços de saúde e diversas desestabilizações do quadro psiquiátrico. Há 6 anos, esteve internada no hospital psiquiátrico Raul Soares em Belo Horizonte. Após a alta, começou a se consultar no Posto da UFOP. O tratamento se manteve inconstante, sendo interrompido e recomeçado três vezes. Recentemente, foram realizados atendimentos mais sistemáticos com Dona S. e uma de suas sobrinhas no intuito de sensibilizá-las quanto a importância do acompanhamento sistemático. Desde então, tem apresentado significativa melhora dos sintomas, fato confirmado por ela e pelos familiares. Discussão: O caso de Dona S. é paradigmático para refletirmos a respeito da realidade vivida por muitos sujeitos psicóticos nas peregrinações pela rede de saúde. A ruptura com o laço social se constitui como um traço fundamental desses quadros (algo bastante evidente nos momentos de errância de Dona S.), cabendo aos profissionais o manejo adequado de forma a fomentar as possibilidades de reconexão. O desconhecimento, seja por parte do paciente, dos familiares e dos próprios profissionais de saúde, quanto ao fluxo da rede e a abordagem apropriada do sofrimento mental grave é um dos fatores que contribui para manutenção desse cenário. Sabe-se que o papel da ESF inclui tanto a oferta dos primeiros cuidados, quanto a manutenção do vínculo com o sistema, mesmo que secundariamente. A utilização de recursos mais complexos - como o CAPS e mesmo o serviço ambulatorial universitário - deve ser feita de forma oportuna, entendoos como ferramentas temporárias no processo de tratamento. Essa postura pode possibilitar a manutenção do elo do paciente com seu território e seu cosmo social. Seguindo esse raciocínio, observamos falhas importantes no acompanhamento de Dona S. O seu contato com a AB é praticamente inexistente e, suas passagens por serviços mais complexos, desconectadas de seu território. Tais achados parecem colaborar para uma estabilização psíquica precária. Palavras-chave: saúde mental, atenção básica, esquizofrenia. Referências: 102 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica . Saúde Mental. CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA, nº 34. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2013. 176p. ONOKO CAMPOS et al. "Avaliaçaõ Da Rede De Centros De Atençaõ Psicossocial: Entre a Saúde Coletiva E a Saúde Mental." Revista De Saúde Pública (2009): 16-22. 103 DOR E SOFRIMENTO: CONCEITOS, PERCEPÇÕES E PERCURSOS Fernando Machado Vilhena Dias² ([email protected]) Bruno Jhônatan Costa Lima¹ ([email protected]) Déborah Gomes Fernades¹ ([email protected]) Jéssica Alves Lage da Silva¹ ([email protected]) Lara Eponina Reis¹ ([email protected]) Matheus Martins Oliveira¹ ([email protected]) Monique Vieira de Moura¹ ([email protected]) Robson Moraes dos Santos¹ ([email protected]) Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG Introdução: A percepção dialética da dor e do sofrimento sempre foi foco de diversas culturas, e ainda hoje permeia as discussões sobre tais conceitos. Diferentemente dos gregos antigos, para o quais dor e prazer eram condições necessárias de existência (Berlinck, 2009), o homem moderno abomina a dor, acreditando, a partir do modelo cartesiano, ser capaz de aboli-la; ou seja, que a partir do conhecimento da força e das ações de tudo que o cerca, poderia tornar-se senhor da Natureza (Descartes, 1978). Objetivos: Elucidar aspectos conceituais e aplicados das definições de dor e sofrimento em termos psicopatológicos. Metodologia: Foi efetuada uma revisão não sistemática na base de dados Pubmed com os descritores “dor” e “sofrimento” e seus correlatos na língua inglesa. Referências duplicadas foram excluídas. Resultados: Faz-se, então, mister definir o que é a dor, e o que é o sofrimento, uma vez que já explicitou-se não se tratarem de sinônimos. De acordo com o dicionário da língua portuguesa Michaelis, dor é sensação desagradável ou penosa, causada por um estado anômalo do organismo ou parte dele; sofrimento físico ou moral; dó, pena; compaixão; remorso. Entrelinhas, alguns autores modernos e contemporâneos afirmam que ambos, a dor e o sofrimento, são tonalidades afetivas (percepções de mundo e realidade em relação ao modo que o indivíduo relaciona-se com a vida) existenciais, mas que, no entanto, são diferentes na medida em que a cadencia do sentir humano é afetada pelas modulações próprias de um determinado horizonte histórico de constituição de sentidos. Isto é: são facetas afetivas existenciais de todo indivíduo, porém são únicas em cada pessoa, uma vez que são moduladas por sua história de vida e experiências prévias. Baseando em ideias de Kierkegaard (1844/2005) dor é o que toma a criança quando algo a atinge, e a tristeza é profunda. Já desespero é definido como ato ou efeito de desesperança; aflição, angústia; ódio, cólera; contrariedade, desprazer, aborrecimento; coisa insuportável (Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa). Para o autor dinamarquês, o desespero é o que denominamos sofrimento. Conclusão: Diante do exposto, conclui-se que a dor é parte inseparável do homem, condição à que estão submetidos os que estão vivos e que fazem parte do mundo. A dor seria o físico, o mental, o incontrolável; e o sofrimento seria a racionalização dessa dor pela perspectiva dos pensamentos sociais, seria a aculturação da dor e a frustração por não poder impedir-se de senti-la. A dor, segundo Feijoo, é algo 104 do qual o existente jamais pode se esquivar, aliás, quanto mais tenta, mais dói, e é essa dor da dor que cabe os profissionais da Saúde Mental acompanhar de modo a que o homem afinal saiba que a dor é inevitável, a luta insana na tentativa de escapar da dor é sofrimento, que finaliza quando se para de lutar e se aceita que vida e dor são inseparáveis. Palavras-chave: Saúde Mental. Percepção da dor. Dor. Sofrimento. Referências: Feijoo, A. M. L.C.; Dor, Sofrimento e Desespero: Do Homem Grego ao Homem Moderno. No prelo 2016. Berlinck, M. T.; O corpo como fundamento do método clínico: dois momentos históricos e algumas implicações. Colóquio de Método Clínico, 2009. <http://www.fundamentalpsychopathology.org/uploads/files/coloquios/coloquio_metod o_clinico/mesas_redondas/o_corpo_como_fundamento_do_metodo_clinico.pdf> Acessado em 16/02/2016 às 21:00. Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis Online <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/> Acessado em 17/02/2016 às 10:00. __________________________________________________________________________________________________________ ¹ Graduandos em Medicina pela Universidade Federal de Ouro Preto. ² Professor do Departamento de Ciências Médicas da Universidade Federal de Ouro Preto. 105 LUTO, LOGO EXISTO: A RESILIÊNCIA COMO FUNÇÃO PSÍQUICA NO TRAUMA Fernando Machado Viana Dias ([email protected]) Dafne Fernandes Machado ([email protected]) Larissa Silveira Gusmão ([email protected]) Lívia Maria de Oliveira Gomes ([email protected]) Mariana Oliveira Teixeira ([email protected]) Neila Caroline Alves Amaral ([email protected]) Talita Ribeiro Monteiro ([email protected]) Victor Luiz de Matos Franco ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Segundo Peres et al (2005), estima-se que 51,2% das mulheres e 60,7% dos homens vivenciaram ao menos um evento potencialmente traumático. Diante do trauma, os indivíduos podem evoluir para processos de adoecimento ou manutenção de sua saúde. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático é um distúrbio relacionado ao estresse e ao trauma desenvolvido quando o indivíduo é exposto à morte ou ameaça de morte e, a partir desse evento, apresenta sintomas intrusivos, alterações do humor e do estado de alerta por mais de um mês. Já a resiliência é um processo, um conjunto de fenômenos harmonizados, em que o sujeito se esgueira para dentro de um contexto afetivo, social e cultural. Segundo a American Physiological Association (2013), resiliência seria o processo de boa adaptação em face de adversidade, trauma ou motivos significantes de estresse. OBJETIVOS: Explicitar a função psíquica resiliência evocada pelo indivíduo em resposta ao trauma e evidenciar a importância do cuidado no processo de resiliência. DISCUSSÃO: A palavra resiliência, origem francesa [résilience], une as ideias de elasticidade, de recurso e de bom humor. Para acessar essa função psíquica como artifício de proteção na elaboração do trauma, o indivíduo utiliza a reconstrução de memórias emocionais e traumáticas. Essas memórias associadas a outras atitudes resilientes, como aprendizagem positiva das experiências, autoestima e autoconfiança constituem parte de um repertório de ferramentas que tem como objetivo auxiliar o sujeito no processo de superação da lesão psíquica. De tanto procurar compreender, encontrar as palavras para convencer e produzir imagens que evoquem a realidade, o ferido consegue tratar a ferida e reelaborar a representação do trauma. Uma das formas de cuidado com a vítima é a psicoterapia, que tem como finalidade atribuir gradualmente novos significados emocionais a experiência vivenciada, e baseia-se em confrontos repetidos alinhados aos preditores de resiliência, como enfrentar as adversidades em vez de recriar o sofrimento. Boris Cyrulnik, em sua obra Os Patinhos Feios, faz a seguinte representação: “Um trauma empurrou o sujeito em uma direção que ele gostaria de não tomar. Mas, uma vez que caiu numa correnteza que o faz rolar e o carrega para uma cascata de ferimentos, o resiliente deve apelar aos recursos internos impregnados em sua memória, deve brigar para não se deixar arrastar pela inclinação natural dos traumatismos que o fazem navegar trambolhões, de golpe em golpe, até o momento em que uma mão estendida lhe ofereça um recurso externo, uma relação afetiva, uma instituição social ou cultural que lhe permita superação”. CONCLUSÕES: Dessa forma, esses conceitos podem ser aplicados aos cuidados às 106 vítimas que sofreram tanto tragédias pessoais isoladas, como a perda de um ente querido, quanto catástrofes coletivas, como o desastre da Barragem em Mariana, Minas Gerais, ocorrido em 2015, destruindo completamente o distrito de Bento Rodrigues. Logo, os profissionais de saúde devem buscar estimular o resgate dos sentimentos que fazem com que o sujeito ative sua resiliência. Palavras-chaves: Resiliência psicológica; Trauma; Cuidado. Referências: CYRULNIK, B. Os patinhos feios. Tradução: Mônica Stahel. Editora Martins Fontes. 1ª edição. São Paulo, 2004. PERES, J. F. P.; MERCANTE, J. P. P.; NASELLO, A. G. Promovendo resiliência em vítimas de trauma psicológico. Rev. Psiquiatr. RS maio/ago. 2005;27(2):131-138. 107 MANIFESTAÇÕES PSICOLÓGICAS E SOMÁTICAS PÓS TRAUMÁTICAS Graciela Larissa Amaral Rievers ([email protected]) Júlia Rossi e Silva ([email protected]) Júlia Taira Sarti Penha ([email protected]) Maria Elisa Vasconcelos Alves ([email protected]) Melissa Maia Bittencourt ([email protected]) Thayanne Cotta Almeida ([email protected]) Vinicius Leite da Costa ([email protected]) Vinicius Scandiuzzi ([email protected]) Fernando Machado Vilhena Dias ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Estudos demonstram que cerca de 60% a 90% da população mundial serão expostos a eventos potencialmente traumáticos ao longo da vida. Desses indivíduos, 8 a 9% irão desenvolver Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) (J. N. Dutra; B. KluweSchiavon & R. Grassi Oliveira, 2013). O conceito de trauma sofreu transformações, sendo elucidado por psicanalistas como Freud e Ferenczi. Cathy Caruth, considera o trauma “(...) como a resposta a um evento violento, inesperado ou arrebatador, que não é inteiramente compreendido quando acontece, mas retorna repetidamente em flashbacks, pesadelos e outros fenômenos de repetição”. Uma variedade de reações psicológicas e somáticas pode ser observada depois de grandes traumas, porém a maioria dos casos é resolvida sem maiores consequências. OBJETIVO: Elucidar possíveis manifestações psíquicas e somáticas em situações de trauma. METÓDOS: Revisão de literatura por meio de artigos selecionados nas plataformas PubMed e Scielo. RESULTADOS: Os traumas podem ser causados por vivência ou testemunho de acidentes graves, desastres naturais, agressões, exposição a situações de guerra, dentre outros. As reações psíquicas e somáticas observadas frente a esses acontecimentos traumáticos dependem de vários fatores, tais quais severidade e intensidade do trauma, duração da exposição, características individuais e circunstâncias sociais do sobrevivente. Dentre as possíveis manifestações psíquicas, tem-se: pensamentos intrusivos, humor deprimido, anedonia, irritabilidade, antecipação temerosa, hipotenacidade, hipervigilância, amnésia dissociativa, estupor dissociativo, transtornos dissociativos do movimento, fobia, despersonalização e desrealização, ansiedade e sentimento de incompetência. Além destes, alguns outros sintomas estão associados, como culpa, vergonha ou desespero, aumento da hostilidade, isolamento social e perda de crenças. Como manifestações somáticas, observam-se distúrbios gastrointestinais, cardiovasculares, respiratórios ou dermatológicos. CONCLUSÃO: O processo de superação da experiência traumática envolve reações de estresse que são normais e esperadas, porém, a continuidade dos sintomas psíquicos e somáticos pode levar a uma evolução patológica, culminando em transtornos psiquiátricos, como o TEPT. 108 Palavras-chaves: Trauma, manifestações pós-traumáticas, sintomatologia Referências: Edna B. Foa, Dan J. Stein, Alexander C. McFarlane. Symptomatology and Psychopathology of mental health problems after disaster. The Journal of Clinical Psychiatry 02/2006; 67 (Suppl 2): 15-25 J. N. Dutra; B. Kluwe-Schiavon & R. Grassi-Oliveira. Conceito e diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático em crianças. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 6 (1), jan - jun, 2013,102-113. 109 NEUROSES E A COMPREENSÃO SUBJETIVA DE SINTOMAS DE PACIENTES ATENDIDOS NO CENTRO DE SAÚDE DA UFOP, OURO PRETO/MG – PEQUENO RELATO DE 3 CASOS. Hugo Alejandro Cano Prais ([email protected]) Felipe Guerra Quintão ([email protected]) Lucas Wendell da Cruz ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A neurose consiste num transtorno mental no qual o individuo reconhece como inaceitável o estranho (ego-distônico), associado a um conflito intrapessoal com as leis que regem a sociedade – conflito entre desejo e realidade. Não raro, verifica-se uma angústia permanente, associada à falha no mecanismo de defesa na resolução de conflitos. As principais síndromes neuróticas e somatoformes são as histéricas, obsessivo-compulsivas, fóbicas, hipocondríacas e neurastênicas (fadiga crônica). RELATO DE CASOS: A paciente 1, sexo feminino, 37 anos, procura atendimento com queixa principal de “ansiedade, desânimo e dificuldade para sair de casa”. Relata medo intenso e persistente de situações que envolvam expor-se, característico de fobia social, endossando um estado de “Eu insatisfeito”, tipicamente histérico. Já a paciente 2, sexo feminino, 48 anos, procura atendimento com queixa de “nervosismo”. Apresenta-se ansiosa e depressiva após evento estressante, típico de um período de ajustamento. É possível perceber um comportamento de compulsão à repetição, no qual a paciente traz os mesmos comportamentos de quando era criança para a vida adulta, porém com mudança de atores, caracterizando neurose obsessivacompulsiva. Por sua vez, esta neurose manifesta-se como pressão que assola e afugenta a paciente. E o paciente 3, sexo masculino, 52 anos, chega ao consultório com a queixa de prosseguimento de tratamento para ansiedade. Além da exacerbação de alguns medos, apresenta lesões em processo cicatriciais em ambos cotovelos causadas por autoflagelo, características tanto de fobia quanto - sugere-se - de um transtorno de controle de impulsividade. DISCUSSÃO: São várias as etiologias que podem cursar com algum tipo de neurose, por exemplo, alterações neurológicas como a encefalite, enxaquecas ou isquemias cerebrais transitórias. A primeira coisa que deve ser observada é a diferenciação entre neurose primária, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e os transtornos de personalidade borderline (TPB) ou histriônicos. Na neurose, existem evidências de conflitos intrapsíquicos resultados do conflito interno do paciente. Um paciente com TAG pode se descrever como ansioso, sem qualquer foco ou área específica da vida como um ponto principal. Os TCO não são tão graves e, na maioria dos casos, são compatíveis com traços de caráter que a pessoa traz desde sempre. Pacientes com TPB podem se queixar de alguns dos mesmos sintomas, mas têm sérios problemas para identificar e lidar com as emoções, não possuem autoimagem consolidada e têm história de relacionamentos interpessoais tumultuados. Na abordagem clínica do paciente neurótico, a primeira linha de tratamento deve ser dirigir atenções à causa básica, e, caso ela não seja identificável, é importante confirmar o diagnóstico, avaliar a intensidade e qual a repercussão, além dos prejuízos, que o paciente apresenta no momento da consulta. Por fim, deve-se tentar investigar episódios semelhantes na história pregressa. A psicanálise é o tratamento 110 preferido para as neuroses, lembrando que o processo de análise deve ser conduzido, respeitando-se o tempo e curso do tratamento. Palavras-chaves: Transtorno neurótico, transtorno de ansiedade, psicanálise. Referências: 1. Louzã-Neto M. R.; Elkis H. Psiquiatria Básica. 2ª edição, Artmed, 2008. 2. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 440 p. 111 PESQUISA SOBRE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS LÍCITAS UTILIZADAS POR DISCENTES DO CURSO DE TURISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Francisco de Assis Moura ([email protected]) Isabella Pereira de Sousa ([email protected]) Gabriel Rodrigues Couto ([email protected]) Guilherme Augusto Sousa Batista ([email protected]) Júlia Viegas Alves ([email protected]) Junio Cesar Costa ([email protected]) Laís Martins de Abreu ([email protected]) Letícia Coelho Teixeira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: O consumo de substâncias psicoativas é inerente à humanidade, tendo se iniciado na antiguidade e permanecido até os dias atuais, acentuando-se a partir do século XIX. Esse uso é justificado pelo prazer que essas substâncias proporcionam, devido a sua capacidade de aliviar estresse, ansiedade, angústias e promover desinibição. Além disso, o uso de algumas delas é bem visto e encorajado em determinados ambientes. A aceitação de algumas dessas substâncias, em especial do álcool, deve-se a padrões culturais que fazem com que elas estejam constantemente associadas a momentos de felicidade e celebração. Diferentemente da indústria do álcool, a indústria do tabaco, outra substância psicoativa lícita, observou uma queda no consumo desse produto. Muito disso se deve a associação feita entre o tabaco e diversas doenças, o que levou à proibição de sua publicidade e dificultou o acesso a ele. Outras substâncias psicoativas utilizadas pelos jovens são os fármacos, que podem ser prescritos ou utilizados incorretamente através da automedicação. Enquanto universitários, os jovens tem maior acesso a essas substâncias e estão mais expostos a situações propícias para o uso como as constantes confraternizações entre alunos fora do campus. OBJETIVOS: Avaliar o consumo de substâncias psicoativas lícitas por graduandos do curso de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto. MÉTODOS: O grupo aplicou os questionários em salas de aula de turmas do curso de Turismo de diferentes períodos. Fez-se a leitura do termo de consentimento para os estudantes que aceitaram participar da pesquisa a fim de avaliar o consumo de substâncias psicoativas desses alunos. Após finalizarem o questionário, eles foram depositados em uma urna. Posteriormente, os dados obtidos foram analisados utilizando as pontuações do ASSIST. RESULTADOS: Dentre as substâncias psicoativas lícitas de maior utilização, as bebidas alcoólicas são as mais consumidas (96%), seguidas pelos derivados do tabaco (52%) e por hipnóticos/sedativos (8%). Entre os participantes, apenas um apresentou comportamento abusivo de substância psicoativa lícita, sendo essa o álcool. CONCLUSÕES: A legalidade dessas substâncias facilita o acesso a elas, junto a 112 aceitação social que elas possuem, em especial o álcool, gerando uma intensificação do seu consumo e uma maior dificuldade para problematizá-lo. Palavras-chaves: bebidas alcoólicas, tabaco, universidades Referências: I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras. 2010. 1ª ed. Brasília, Brasil. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. PADUANI, Gabriela Ferreira et al. Consumo de álcool e fumo entre os estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 32, n. 1, p. 66-74, Mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010055022008000100009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 15 de Fevereiro de 2016. 113 QUANDO A REAÇÃO AO DESASTRE TORNA-SE PATOLÓGICA: ENTENDENDO O TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO Fernando M. Vilhena Dias1 ([email protected]) Gustavo M. M. M. Ferreira Pinto2 ([email protected]) Isabela Gonzaga Silva2 ([email protected]) Liliane de Abreu Rosa2 ([email protected]) Marco Antônio Soares2 ([email protected]) Nicollai Silvério Silva2 ([email protected]) Rafael Cândido Mota2 ([email protected]) Waleska Giarola Magalhães2 ([email protected]) 3- Orientador e Docente do Setor de Saúde Mental da Escola de Medicina UFOP 4- Discentes da disciplina de Nosologia e Terapêutica Psiquiátrica do curso de Medicina UFOP Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: De acordo com o a 5ª Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-V), evento traumático é uma situação em que a pessoa é exposta ou ameaçada de morte, grave ferimento ou abuso sexual em uma ou mais das seguintes maneiras: 1-experienciando o evento ela mesma; 2-assistindo o evento ocorrendo com outros; 3-recebendo a notícia de que o evento ocorreu com alguém próximo e envolveu morte ou ameaça, de forma violenta ou acidental; 4-experienciando o evento de forma repetida ou de maneira extrema. As pessoas que o vivenciaram podem desenvolver morbidades, sendo as mais comuns: transtorno de estresse póstraumático (TEPT), outros transtornos de ansiedade, transtornos de humor, abuso de substâncias, desordens de ajustamento e sintomas somáticos não específicos (Math et al, 2015). Cerca de 50% dos sobreviventes a desastres apresentam sequelas psicológicas (Arbelaez & Ouyang, 2012). O TEPT se manifesta um mês após a ocorrência do desastre, sendo uma resposta anormal a esse evento. OBJETIVOS: Caracterizar os critérios diagnósticos do TEPT, bem como direcionar os tratamentos adequados para esses pacientes, de acordo com a literatura atual. DISCUSSÃO: No TEPT, a vítima passa a sofrer com pensamentos intrusivos ou pesadelos, passando, progressivamente a evitar situações que lembrem o trauma e mostrando persistente hiperexcitação por pelo menos um mês após a ocorrência do evento traumático, causando sofrimento psíquico e disfunção ocupacional, vocacional e social (Bernik et al, 2003). Nesse contexto, são mais evidentes os sentimentos de medo, desesperança e horror. Estudos mostraram que constituem grupos de maior vulnerabilidade: sexo feminino, crianças e idosos, pessoas fisicamente e mentalmente doentes, solteiros, pertencentes à minorias étnicas, migrantes, piores condições socioeconômicas, usuários de substâncias psicoativas e aqueles com menor suporte familiar e, em especial, os trabalhadores de resgate (Math et 114 al, 2015). O tratamento do TEPT deve incluir psicofarmacoterapia, psicoeducação, suporte e mudanças em estilo de vida, levando em consideração as características de cada paciente e suas comorbidades. Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina são os medicamentos de primeira escolha. Os benzodiazepínicos são comumente prescritos como adjuvantes, mas devem ser utilizados com muito critério, especialmente em pacientes que apresentam pouco controle de impulsos. O uso de anticonvulsivantes, estabilizadores de humor e neurolépticos tem sido testado com resultados positivos (Bernik et al, 2003). A terapia cognitivo comportamental também se mostra como uma alternativa valiosa no manejo do TEPT (Vandenberghe, 2004). CONCLUSÃO: É preciso que a postura do profissional de saúde frente aos desastres seja proativa, crítica e delicada no que tange à saúde mental, no sentido de que não deve patologizar as reações dos que o sofreram, mas sempre reconhecendo manifestações exacerbadas, persistentes e que impedem a manutenção da vida social como outrora. Por isso, conhecer o TEPT e saber como tratá-lo torna-se essencial para o enfrentamento de uma situação catastrófica. PALAVRAS-CHAVE: transtornos de estresse pós-traumáticos, transtornos de ansiedade, medicina de desastres. REFERÊNCIAS: 1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014 2. ARBELAEZ, Christian, OUYANG, Helen. Survivor mental health. Oxford American Handbook of Disaster Medicine, 2012. 3. BERNIK, Márcio; LARANJEIRAS, Marcionilo; CORREGIARI, Fábio. Tratamento farmacológico do transtorno de estresse pós-traumático. Rev Bras Psiquiatr, v. 25, n. Supl I, p. 46-50, 2003. 4. MATH, Suresh Bada et al. Disaster management: Mental health perspective. Indian journal of psychological medicine, v. 37, n. 3, p. 261, 2015. VANDENBERGHE, Luc. Relatar emoções transforma as emoções relatadas?: Um questionamento do paradigma de Pennebaker com implicações para a prevenção de transtorno de estresse pós-traumático. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 6, n. 1, p. 39-48, 2004. 115 REFLEXÃO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE CARTILHA DE APOIO PSICOLÓGICO NO ACOMPANHAMENTO DE VÍTIMAS DE DESASTRES Bruno Roberto Freiria ([email protected]) Carolina Luísa de Lima Filardi ([email protected]) Gisely Santos Silveira ([email protected]) Hertz Bezerra Alves ([email protected]) Jaquelyne A. S. L. Ferreira da Silva ([email protected]) João Lucas de Carvalho Gomes ([email protected]) Jordana Mol Teixeira ([email protected]) Fernando Machado Vilhena Dias ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: As cartilhas são ferramentas utilizadas para fornecer informações em linguagem mais acessível, possibilitando uma fácil compreensão de aspectos técnicos de procedimentos, diminuindo dúvidas, receios e medos, servindo como guias de abordagem para interação e comunicação. Nesse contexto, a cartilha de instrução de apoio às vítimas de desastres, desenvolvida para o uso de leigos, é um instrumento fundamental, uma vez que facilita a disseminação das práticas e condutas a serem implementadas, buscando o acompanhamento, acolhida e cuidados ideias às pessoas pós-estresse traumático. OBJETIVO: Analisar os procedimentos e conduta inicias a serem abordados pelos cuidadores em situações de emergência pós-desastres, identificando elementos crucias a serem adotados no cuidado as vítimas de catástrofes. DISCUSSÃO: Situações de sofrimento como guerras, desastres naturais, acidentes ou incêndios são capazes de gerar agravos nas vidas das pessoas afetadas. Com isso, tornase fundamental a aplicação dos Primeiros Cuidados Psicológicos (PCP) às populações inseridas em contextos de crises, oferecendo apoio e cuidados, avaliando as necessidades e preocupações, bem como ajudando a suprir suas necessidades básicas. Este apoio psicológico inicial está baseado na capacidade de comunicação adequada e no desenvolvimento de habilidades de observação, escuta e aproximação por parte dos cuidadores, prevenindo, assim, agravos e garantindo a integridade moral das vítimas. CONCLUSÃO: Portanto, as cartilhas de apoio psicológico às vítimas de desastres trazem uma orientação às pessoas dispostas a ajudar indivíduos em situações de perdas materiais e humanas. Deve-se sempre visar o respeito à garantia da dignidade humana de acordo com suas normas sociais e culturais, e a segurança do indivíduo, através da minimização de danos físicos e psicológicos, assegurando o direito de acesso à assistência de maneira justa e sem discriminação e adaptando as ações de acordo com o contexto e as necessidades humanas. Palavras-chaves: desastres, medicina do comportamento, orientação. 116 REFERÊNCIAS: . GONÇALVES, Susi. Construção de uma cartilha informativa sobre psicoterapia infantil; Itajaí v.03, n. 22.p, p 20-31, outubro, 2009; . SINIDER, L; OMMEREN M.V; SCHAFER, A. Primeiros cuidados psicológicos: guia para trabalhadores de campo. Organização Mundial de Saúde. Genebra, Suiça; agosto, 2011. 117 REINSERÇÃO DO PACIENTE PSIQUIÁTRICO ESTÁVEL NA COMUNIDADE – DESAFIOS E PROPOSTAS ATUAIS Hugo Alejandro Cano Prais ([email protected]) Amanda Leal Brangioni ([email protected]) Jorge Donizetti Yamamoto Júnior ([email protected]) Nagibe Tayfour Oliveira ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: Desde a Reforma Psiquiátrica, a discussão acerca de políticas na saúde mental ganhou força, sendo uma conquista recente. Apesar da área da saúde mental ser uma das mais complexas de se realizar o cuidado, já que os indivíduos apresentam a capacidade de interpretação da realidade prejudicada, é uma das que mais necessita de assistência contínua e humanizada, afinal, os casos de reinserção do paciente com transtorno mental na sociedade são graças ao esforço não só do paciente, mas em grande parte dos cuidadores deste. (BORGES, C. F., 2007) RELATO DE CASOS CLÍNICOS: Paciente A.F.L, 21 anos , sexo masculino, natural de Ouro Preto, com problemas escolares, caracterizados por perda do interesse nas atividades desde a sexta série do Ensino Fundamental. Aos cinco anos de idade, sofreu abuso sexual do tio materno e chega ao consultório com queixa de alucinações visuais, dificuldade de relacionamento social, abolia e avolia. Apresenta afeto raso, pensamento frouxo e descarrilhado. Foi diagnosticado com Esquizofrenia e doença de Behçet e faz uso atualmente de Colchicina 0,5mg, Sertralina 100mg e Olanzapina 2,5mg. Paciente H.G.L, 67 anos, sexo masculino, residente em Amarantina, chega ao consultório com queixas de obsessões estranhas como conferir o cadeado no portão e se a torneira está fechada. Repete as conversas que realiza com as pessoas e se perde em pensamentos avassaladores. Relata irritação durante o dia, dificuldade para iniciar e conciliar o sono e de se concentrar em tarefas diárias. Irmã acompanhante relata história prévia de internação devido ao risco que seu comportamento estava o expondo e à impossibilidade de controlá-lo e mantê-lo dentro de casa. É diagnosticado atualmente com transtorno de humor bipolar estável e está em uso atualmente de ácido valproico 500mg. DISCUSSÃO: A recuperação desses pacientes não significa simplesmente a estabilização dos sintomas. É um processo construído com o paciente e a família no decorrer do tratamento a fim de estimular sua reinserção na sociedade, o que envolve não apenas o tratamento medicamentoso, mas também um acompanhamento psicoterápico. Um bom exemplo é a organização de encontros realizados com uma equipe multidisciplinar que permitam a troca espontânea de experiências, permitindo inclusive a aquisição de habilidades em prevenir recorrências ou prejuízos psicossociais derivados da doença. Além disso, é de suma relevância criar tanto um ambiente não crítico e de aceitação quanto estabelecer limites claros que restrinjam inadequações (são freqüentes, em se tratando de bipolares nem sempre estáveis), principalmente com relação ao tempo utilizado e natureza da colocação pessoal. O adoecimento mental causa uma ruptura não só fisiológica, mas também na vida cotidiana das pessoas, marcada por perdas materiais e afetivas. É necessário, então, que tratamentos medicamentosos e acompanhamento psicoterápico conversem para a reabilitação psicossocial do paciente, fortalecendo e valorizando pequenas atividades diárias. O objetivo final deve ser inserir o indivíduo socialmente, dando-lhe autonomia, cidadania e fortalecendo vínculos afetivos. 118 Palavras-chaves: Saúde Mental, política de Saúde, desinstitucionalização Referências: SALLES, M. M., BARROS, S. et al.Vida cotidiana após adoecimento mental: desafio para atenção em saúde mental. Disponível em: <http://www2.unifesp.br/acta/pdf/v22/n1/v22n1a2.pdf> Acesso em 20 de fevereiro de 2016. ROSO, M.C.; MORENO, R.A.; COSTA, S.E.M. - Intervenção psicoeducacional nos transtornos do humor: a experiência do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas (GRUDA).RevBras de Psiquiatria, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462005000200021&script=sci_arttext> Acesso em 20 de fevereiro de 2016. 119 USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ENTRE ESTUDANTES DE DIREITO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Francisco de Assis Moura ([email protected]) Giuliana Dias Machado([email protected]) Izabela Washington de Souza Pereira([email protected]) Joana Glória Pimenta de Resende([email protected]) Joyce Aparecida Rezende Parreiras([email protected]) Júlia de Carvalho Machado ([email protected]) Livya Isabella Teles de Oliveira Lima ([email protected]) Lucas Araújo Guedes ([email protected]) Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina. Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. INTRODUÇÃO: A humanidade sempre recorreu ao uso de substâncias psicoativas para os mais diferentes fins. O abuso de drogas tem gerado preocupação na sociedade, devido ao aumento de seu consumo nas últimas décadas e pesquisas revelam que o uso de drogas ilícitas atinge cerca de 5,0% da população mundial entre 15 e 64 anos ,aproximadamente 200 milhões de pessoas. Diversos estudos epidemiológicos brasileiros concordam que o uso de álcool e outras substâncias é maior entre universitários de diversas instituições quando comparado à população geral e a estudantes do Ensino médio. Em virtude da grande relevância do assunto tal pesquisa entre estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto é de extrema importância. OBJETIVO: Analisar o padrão local do consumo de substâncias psicoativas entre graduandos de Direito e contribuir na formulação de posteriores atividades preventivas e de pesquisa sobre o assunto. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo transversal utilizando uma pesquisa quali-quantitativa a fim de identificar as percepções dos alunos a respeito das substâncias psicoativas e as frequências de uso das mesmas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e está registrado no SISNEP. A coleta de dado foi realizada por busca ativa de sujeitos no curso de Direito da UFOP, utilizando um Questionário Socioeconômico e o Teste para Triagem do Envolvimento com Fumo, Álcool e Outras Drogas (ASSIST). O banco de dados foi montado no software Microsoft Excel 2010e a análise de dados foi realizada o programa IBM SPSSStatistics 20. A amostra foi composta por 25 alunos regularmente matriculados na instituição .RESULTADOS: Após a análise dos dados, observou-se que 44% dos participantes da pesquisa eram do sexo masculino e 56% do sexo feminino. Percebe-se que 24% dos pesquisados apresentam moradia em república particular, possuem em grande proporção coeficiente alto e 56% relatam se divertirem indo a festas universitárias ,local onde mais se consome tais substâncias, cerca de quatro vezes ao mês. Dos estudados, 96% sentem-se instruídos sobre drogas e relatam que a época em que se usou mais droga foi no período universitário. Os resultados mostram que os usuários de tabaco, álcool, maconha, estimulantes, inalantes, hipnóticos, alucinógenos e opioides utilizam tais substâncias uma vez por semana ou menos de três dias seguidos necessitando, portanto, de uma intervenção breve. CONCLUSÃO: Tal estudo possibilitou conhecer as 120 substâncias psicoativas de uso mais frequente entre os estudantes de direito da UFOP. É notável que os tipos de moradia e as festas freqüentadas relacionam-se ao maior consumo, contudo percebe-se que o rendimento acadêmico e a dependência química grave em relação as drogas não existe. Concluí-se que existe um número considerável de estudantes que estão fazendo uso destas drogas de maneira experimental e moderada, o que merece atenção por parte dos diversos representantes da universidade para a implementação de políticas de controle e redução de uso no âmbito universitário. Palavras- chaves: drogas, universitários, direito. Referências: DUARTE ALARCON, Carolina et al . MOTIVACIONES Y RECURSOS PARA EL CONSUMO DE SUSTANCIAS PSICOACTIVAS EN UNIVERSITARIOS. Hacia promoc. Salud, Manizales , v. 17, n. 1, July 2012 . Available from <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S012175772012000100007&lng=en&nrm=iso>. access on 14 Feb. 2016. LEMOS, Kleuber Moreira et al . Uso de substâncias psicoativas entre estudantes de Medicina de Salvador (BA). Rev. psiquiatr. clín., São Paulo , v. 34, n. 3, p. 118-124, 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010160832007000300003&lng=en&nrm=iso>. access on 13 Feb. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832007000300003. 121 Disciplina Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde Oficina A ABORDAGEM DOS SINTOMAS DEPRESSIVOS ENTRE OS ESTUDANTES DE MEDICINA DO CICLO BÁSICO Orientador: Eloísa Helena de Lima ([email protected]) Autores: Amanda Cristina Virgílio Alves ([email protected]) Augusto Almeida e Fonseca ([email protected]) Bárbara Rodrigues Toneli ([email protected]) Gabriela Cunha Arantes ([email protected]) Laura Rabelo Silva ([email protected]) Mateus Silva de Carvalho ([email protected]) INTRODUÇÃO: Estudos descrevem a graduação em Medicina como uma fonte de estresse para os estudantes, que relatam perda da liberdade pessoal, excesso de pressões acadêmicas, sentimentos de desumanizaçaõ , falta de tempo para o lazer e forte competiçaõ entre os colegas. As faculdades de Medicina saõ descritas em alguns estudos como ambientes hostis, de muita competiçaõ (REZENDE, C.H.A. et al 2008 1; BALDASSIN, 2010). A forma como os cursos de Medicina têm-se direcionado pode tornar seus alunos mais vulneráveis ao surgimento de sintomas depressivos, levando-os a sofrer reações de ajustamento a situações estressantes provocadas pelo ingresso na vida acadêmica. Dessa forma, é importante a existência de programas de apoio psicológico aos estudantes e a abordagem e discussão desse tema junto aos alunos, principalmente aqueles que estão no Ciclo Básico, o período em que há mais mudanças. OBJETIVOS: Promover uma reflexão entre os alunos do Ciclo Básico do curso de medicina da UFOP quanto à importância da saúde mental e esclarecer suas dúvidas quanto aos sintomas relacionados à depressão presentes nessa fase do curso. DISCUSSÃO: Em 2014 foi realizado um estudo inicial na UFOP, pelos alunos da disciplina Metodologia Científica, que identificou, entre os acadêmicos de Medicina, fatores angustiantes associados à graduação e que poderiam estar relacionados à incidência de depressão nesses estudantes. Além disso, uma revisão bibliográfica identificou diversos estudos que constatam a grande incidência de sintomas depressivos nos alunos do curso de Medicina, principalmente no Ciclo Básico. O medo de falhar ou até frustrações quanto à realizaçaõ profissional e reconhecimento saõ sentimentos comuns e, se naõ forem bem administrados, podem influenciar sua maneira de lidar com a profissão, sua própria saúde e seus futuros pacientes. No estudo“O estudante de medicina e o estresse acadêmico”, da PUCRS (1998), foram identificadas três fases psicológicas enfrentadas por estes acadêmicos: (1) euforia inicial, na qual saõ ativadas crenças de caráter onipotente; (2) decepçaõ , causada pela extrema mudança de hábitos do cotidiano e, às vezes, pelo desempenho insatisfatório nas disciplinas; (3) internato, 122 composto por um período de adaptaçaõ e, ao mesmo tempo, por uma alta competitividade pela residência. Por isso, em termos de saúde mental, os estudantes de Medicina constituem populaçaõ de risco para vários distúrbios de comportamento. Isto é comprovado pela alta prevalência de distúrbios mentais nesta população e que deveriam receber mais atenção (BALDASSIN, 2010)2. CONCLUSÃO: É importante abordar e discutir esse tema entre os estudantes de Medicina do Ciclo Básico como uma forma de promover uma reflexão e autoconhecimento. Além disso, ações dessa natureza facilitam a acolhida e adaptação dos estudantes nessa fase inicial do curso. A promoção da saúde mental destes estudantes deve ser não só uma meta educacional, mas parte do treinamento e da formação de bons profissionais. Referências: 1. REZENDE, C. H. A. et al. Prevalência de Sintomas Depressivos entre Estudantes de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Revista Brasileira de Educacão Médica, v.32, n.3. p. 315-323, 2008. 2. BALDASSIN, S. Ansiedade e Depressão no Estudante de Medicina: Revisão de Estudos Brasileiros. Cadernos ABEM, v.6, out 2010. Palavras-Chave: Depressão. Estudantes de Medicina. Saúde Mental. 123