Setembro de 2007 - res.ldschurch.eu
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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • SETEMBRO DE 2 0 0 7 A Liahona MATÉRIA DA CAPA: Dentro do Tabernáculo de Salt Lake, p. 34 A Melhor Maneira de Aprender a Verdade, p. 16 Novos Cartões do Templo, p. A15 Setembro de 2007 Vol. 60 Nº. 9 A LIAHONA 00789 059 Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley, Thomas S. Monson, James E. Faust Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf, David A. Bednar Editor: Jay E. Jensen Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi, Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway Diretor Gerente: David L. Frischknecht Diretor Editorial: Victor D. Cave Editor Sênior: Larry Hiller Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg Gerente Editorial: R. Val Johnson Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson Editor(a) Adjunto: Susan Barrett Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper, David A. Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith M. Paller, Vivian Paulsen, Richard M. Romney, Jennifer Rose, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell, Kimberly Webb Secretário(a) Sênior: Monica L. Dickinson Gerente de Marketing: Larry Hiller Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki Diretor de Arte: Scott Van Kampen Gerente de Produção: Jane Ann Peters Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Ginny J. Nilson, Randall J. Pixton Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Randy J. Benson A Liahona: Diretor Responsável: André B. Silveira Produção Gráfica: Eleonora Bahia Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) Tradução: Edson Lopes Assinaturas: Marco A. Vizaco © 2007 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. O texto e o material visual encontrado n’ A Liahona podem ser copiados para uso eventual, na Igreja ou no lar, não para uso comercial. O material visual não poderá ser copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA; e-mail: [email protected]. A Liahona pode ser encontrada na Internet em vários idiomas no site www.lds.org. Para vê-la em inglês, clique em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma, clique no “Languages”. REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº 1151-P209/73 de acordo com as normas em vigor. “A Liahona” © 1977 d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acha-se registrada sob o número 93 do Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de 9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol Editora Gráfica – Avenida Papaiz, 581 – Jd. das Nações – Diadema – SP – 09931-610 ASSINATURAS: A assinatura deverá ser feita pelo telefone 0800-130331 (ligação gratuita); pelo e-mail [email protected]; pelo Fax 0800-161441 (ligação gratuita); ou correspondência para a Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – São Paulo – SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: R $20,00. Preço do exemplar avulso em nossas lojas: R $2,00. Para Portugal – Centro de Distribuição Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 – Miratejo, 2855-238 Corroios. Assinatura Anual: 16 Euros; para o exterior: exemplar avulso: US $3.00; assinatura: US $30.00. As mudanças de endereço devem ser comunicadas indicando-se o endereço antigo e o novo. Envie manuscritos e perguntas para: Liahona, Room 2420, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150-3220, USA; ou mande e-mail para: [email protected] “A Liahona”, um termo do Livro de Mórmon que significa “bússola” ou “orientador”, é publicada em albanês, alemão, armênio, bislama, búlgaro, cambojano, cebuano, chinês, coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol, estoniano, fijiano, finlandês, francês, grego, haitiano, hindi, húngaro, holandês, indonésio, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, malgaxe, marshallês, mongol, norueguês, polonês, português, quiribati, romeno, russo, samoano, sinhala, sueco, tagalo, tailandês, taitiano, tâmil, tcheco, télugo, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita. (A periodicidade varia de uma língua para outra.) A LIAHONA, SETEMBRO DE 2007 P A R A O S A D U LT O S 2 16 25 26 34 44 48 16 Aprender pela Fé Mensagem da Primeira Presidência: Pensamentos Inspiradores Presidente Gordon B. Hinckley Aprender pela Fé Élder David A. Bednar Mensagem das Professoras Visitantes: Tornar-se um Instrumento nas Mãos de Deus Sendo Unas de Coração e Mente Minha Conversão ao Casamento Eterno James Welch Reforma do Tabernáculo Vozes da Igreja A Oferta de Jejum do Irmão John Greg Burgoyne Limonada e uma Fatia de Pão Anabela De León Você Vai Cuidar Bem de Mim Elaine Pearson O Presente que Não Consigo Lembrar Gary R. Wangsgard Comentário 26 Minha Conversão ao Casamento Eterno 34 Reforma do Tabernáculo NA CAPA Primeira capa: Fotografia: A. Angle. Última Capa: Fotografia: John Luke. CAPA DE O AMIGO Ilustração: Matt Smith. IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR As idéias a seguir podem ser usadas tanto na sala de aula quanto para o ensino no lar. Você pode adaptar essas idéias para a sua família ou classe. “Homens Comuns, Chamados Extraordiná- p. 8: Peça aos membros da família que descrevam um profeta. Como o mundo vê os profetas? Leia em voz alta as descrições feitas pelo Élder Heber C. Kimball a respeito de Enoque e de Paulo. Explique-lhes que os líderes da Igreja são pessoas comuns que foram chamadas por Deus. Usando os cinco últimos parágrafos, discuta rios”, como podemos seguir melhor os nossos líderes. Faça um presente (um doce, um quadro ou cartão) e o entregue a um líder local da Igreja, para demonstrar a gratidão que sente por ele. “Aprender pela Fé”, p. 16: Mostre vários recipientes com vários tipos de abertura e de vários tamanhos. Tente jogar moedas ou doces dentro dos recipientes. Quais recipientes são alvos mais eficazes? Pergunte como cada recipiente pode ser comparado à disposição da pessoa em aprender pelo Espírito. Identifique declarações do artigo que descrevam o aprendizado Ao procurar o anel do CTR (espanhol) escondido nesta edição, pense em como você pode fazer algo de bom para outra pessoa. O AMIGO: PA R A A S C R I A N Ç A S A2 A4 A6 A8 30 Reconhecer o Salvador 32 Se uma Mosca Voar para Dentro PA R A O S J O V E N S 7 8 12 30 32 39 40 43 A10 de Sua Boca Pôster: Quão Firme É o Seu Alicerce? Clássicos do Evangelho: Homens Comuns, Chamados Extraordinários Élder Bruce R. McConkie Trabalho de Equipe Adam C. Olson Mensagens Instantâneas A Noite do Teste Lehi L. Cruz Reconhecer o Salvador Jade Swartzberg Se uma Mosca Voar para Dentro de Sua Boca Aaron L. West Um Jejum Suficiente Riley M. Lorimer Sacrifício Joseph Ray Brillantes Você Sabia? A12 A15 A16 A12 Rios e Rios de Sorrisos Vinde ao Profeta Escutar: Solo Sagrado Presidente Thomas S. Monson Tempo de Compartilhar: O Mestre Serviu Elizabeth Ricks Da Vida do Presidente Spencer W. Kimball: Um Simples Ato de Serviço Para os Amiguinhos: Fazer o Bem no Dia do Senhor Julie Wardell De um Amigo para Outro: Um Caminhão Cheio de Santos Élder Benjamín De Hoyos Rios e Rios de Sorrisos Ray Goldrup Cartões do Templo Página para Colorir A8 Fazer o Bem no Dia do Senhor TÓPICOS DESTA EDIÇÃO eficaz. Estabeleça a meta de colocar em prática esses princípios. “Se uma Mosca Voar para p. 32: Mostre um inseto ou a gravura de um inseto. Pergunte: “Você comeria isso?” Discuta a experiência do autor. Conte a história de José do Egito e de como ele “cuspiu fora” sua tentação. Dentro de Sua Boca”, “Fazer o Bem no Dia do Senhor”, p. A8: Dobre uma folha de papel para formar quatro quadrados. Discuta cada idéia do artigo e peça aos membros da família que façam um desenho para cada um dos pontos abordados. Peça-lhes que acrescentem, no verso do papel, outras atividades adequadas para o Dia do Senhor. Use essas idéias na próxima vez que precisar de uma boa atividade para o Dia do Senhor. “Rios e Rios de Sorrisos”, p. A12: Recorte uma folha de papel marrom em tiras, para representar pedaços de madeira. Ao ler a história, acrescente um pedaço de “madeira” para cada ato de caridade mencionado, a fim de fazer uma fogueira. Explique aos membros da família que cada pedaço de madeira torna a fogueira mais brilhante. Convide-os a escreverem nos pedaços de “madeira” alguns modos de servir, para colocarem em prática na semana seguinte. A=O Amigo Kimball, Spencer W., 43, A6 Abraão, 40 Liderança, 8, 26, 43 Adultos solteiros, 26 Morte espiritual, 43 Aprendizado, 16 Ofertas de jejum, 44 Autoridades Gerais, 8 Palavra de Sabedoria, 30, 47 Bispos, 8, 26 Professoras Caridade, A12 visitantes, 25, 46 Casamento, 26 Conversão, 26, 45 Profetas, 8, A6 Dia do Senhor, A8, A10 Revelação, 2, 8, 16 Diários, 43 Sacerdócio, 2, 44, A2 Elias, o profeta, 8 Sacrifício, 40 Ensino familiar, 6 Segunda Vinda, 31 Espírito Santo, 16 Serviço, 45, A2, A4, A6, A12 Exemplo, 31 Expiação, 2, 12 Smith, Joseph, 16 Fé, 16 Tabernáculo de Influências más, 2, 32 Salt Lake, 34 Jejum, 39 Templos, 2, A15 Jesus Cristo, 2, 12, Testemunho, 2, 16 31, A4 União, 12, 25 A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 1 2 MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA Pensamentos Inspiradores PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY CRISTO E O HOMEM COM A MÃO MIRRADA, DE J. KIRK RICHARDS, REPRODUÇÃO PROIBIDA A Última Dispensação “Como é maravilhoso saber que [Deus] sorriu com benevolência para esta última dispensação, a dispensação da plenitude dos tempos, quando Ele restaurou Sua obra com todos os seus poderes, com toda a sua glória e com toda a verdade e autoridade de todas as dispensações anteriores, neste grandioso e final período do tempo. (...) Sei que Deus, nosso Pai Eterno, vive e nos ama; que Jesus é Seu Filho Amado, nosso Redentor, nosso Salvador, nosso Senhor, nosso Amigo; que Joseph Smith foi e é um profeta; que esta Igreja é verdadeira; que esta é a Sua obra restaurada na Terra para nossa bênção e felicidade” (conferência regional, Salt Lake City, Utah, EUA, 4 de maio de 2003). Sei Que o Evangelho É Verdadeiro “Se eu sei que [o evangelho] é verdadeiro? Quero que todos os que estão neste recinto esta noite se lembrem de que me ouviram dizer-lhes que sei que Deus, nosso Pai Eterno, vive. Sei que Ele vive. Sei que Ele é um ser real. Sei que Ele é o grande Deus do Universo. Sei, contudo, que sou Seu filho; que vocês são Seus filhos, e que Ele ouve, atende e responde a nossas orações. Sei que Jesus é o Cristo. Ele foi o grande instrumento nas mãos de Deus para criar a Terra. O Evangelho de João diz que nada foi feito sem que Ele o fizesse [ver João 1:3]. Ele foi o Criador. Ele foi o Jeová do Velho Testamento. Ele foi o Cristo menino, que veio e nasceu em condições extremamente humildes. Foi o Messias, que seguiu um caminho solitário até concluir Sua missão preordenada, curando os enfermos e revivendo os mortos. Ele foi o grande Redentor do mundo, que morreu no monte do Calvário e ressuscitou ao terceiro dia, ‘as primícias dos que dormem’ (I Coríntios 15:20). Foi Ele que visitou os nefitas no continente americano e lhes ensinou o que havia ensinado na Terra Santa. E foi Ele que, juntamente com Seu Pai, visitou o menino Joseph e falou-lhe a respeito da Restauração desta obra. Sei que o sacerdócio está aqui na Terra, ao alcance de todo homem que for digno dele. Sei que as ordenanças do templo estão na Terra, as grandiosas ordenanças do selamento, pelas quais podemos ser unidos como família para esta vida e por toda a eternidade. Sei que Deus não abandonará esta obra, mas cuidará para que sempre haja alguém por intermédio de quem Ele possa Sei que Deus, nosso Pai Eterno, vive e nos ama; que Jesus é Seu Filho Amado, nosso Redentor, nosso Salvador, nosso Senhor, nosso Amigo; que Joseph Smith foi e é um profeta; que esta Igreja é verdadeira; que esta é a Sua obra restaurada na Terra para nossa bênção e felicidade. A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 3 C comunicar Sua verdade ao povo” (reunião, Nairóbi, Quênia, 4 de agosto de 2005). Revelação Moderna “É maravilhoso acreditarmos na revelação moderna! Sinto intensamente que, se a revelação era necessária no passado, quando a vida era simples, então ela também é necessária hoje, quando a vida é muito mais complexa. Nunca houve época na história da Terra em que os homens necessitassem tanto de revelação quanto hoje. Quero testificar a vocês, meus irmãos e irmãs, que o livro de revelações não está fechado. Digo-lhes com toda a segurança, que Deus nos dirige hoje e fala-nos agora tanto quanto o fez nos dias de Abraão, Isaque e Jacó” (reunião, Madri, Espanha, 29 de maio de 2004). Colocar à Prova “Peço-lhes, irmãos e irmãs, que, caso tenham dúvidas sobre a doutrina desta Igreja, que a coloquem à prova. Experimentem-na. Vivam seus princípios. Ajoelhem-se e orem a respeito dela, e Deus os abençoará com o conhecimento da veracidade desta obra” (reunião, Paris, França, 28 de maio de 2004). FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE MADRI ESPANHA: MARGARITA DIAZ LARA; ELE RESSUSCITOU, DE DEL PARSON umpram os mandamentos de Deus para que possam entrar no templo. Façam as coisas que os tornem qualificados para servir na Casa do Senhor. Ela foi construída para vocês, meus irmãos e irmãs. 4 Elevem-se Acima do Mal “Meus queridos jovens amigos, jamais permitam que coisa alguma os impeça de serem dignos de entrar na Casa do Senhor e participar ali de um serviço grandioso e maravilhoso em favor daqueles que já faleceram. Vocês enfrentam muitas coisas malignas. Elevem-se acima do mal. (...) Não tenho conhecimento de nenhuma época da história do mundo em que houvesse mais mal no mundo do que hoje. Quero cumprimentá-los, rapazes e moças desta Igreja, que se mostraram tão fortes diante do mal. Que Deus os abençoe e lhes dê forças para resistir” (reunião, São Paulo, Brasil, 21 de fevereiro de 2004). que os tornem qualificados para servir na casa do Senhor. Ela foi construída para vocês, queridos irmãos e irmãs, para que tenham a oportunidade de ali entrar e receber as bênçãos maravilhosas que não podem ser obtidas em nenhum outro lugar do mundo, exceto em outros templos, onde vocês podem ser selados como marido e mulher, onde seus filhos podem ser selados a vocês e onde vocês podem trabalhar em favor de seus antepassados que já faleceram. Essa obra grandiosa, sublime e maravilhosamente abnegada acontece na Casa do Senhor. Venham ao templo” (reunião, Aba, Nigéria, 6 de agosto de 2005). Vivam de Modo a Ser Dignos do Sacerdócio O Verdadeiro Propósito desta Obra “Peço a vocês, queridas irmãs, que freqüentem a Casa do Senhor e incentivem seu marido a acompanhá-las. Se houver alguém aqui que nunca tenha entrado ou que há muito tempo não entra no templo, sugiro-lhe, com amor no coração, que faça tudo o que for necessário para qualificar-se para isso. Se vocês não entraram no templo, na verdade, deixaram de compreender o significado desta Igreja. O verdadeiro propósito desta obra, conforme declarado pelo Deus do céu, é o de levar a efeito a imortalidade e a vida eterna dos homens e das mulheres [ver Moisés 1:39]. Você ama seu marido? Ama seus filhos, netos e bisnetos? Então, não perca a oportunidade de unir-se a eles num acordo eterno que o tempo não poderá destruir e a morte não poderá desfazer. Isso não pode ser realizado de nenhuma outra forma. (...) E se essas bênçãos estão disponíveis [para nós] desta geração, um Deus justo não proveria um modo pelo qual elas estivessem disponíveis para seus antepassados que não tiveram essa oportunidade?” (reunião da Sociedade de Socorro, Salt Lake City, Utah, 20 de março de 2002). Venham ao Templo “Gostaria de dizer a todos os homens e mulheres do mundo inteiro: Venham ao templo. Vivam de modo a serem dignos de entrar no templo. Cumpram os mandamentos de Deus para que possam entrar no templo. Façam as coisas “Deus concedeu a vocês [portadores do sacerdócio] algo poderoso, divino, real e útil. Ele os abençoou com a própria essência de Seu poder, com a autoridade para falar em Seu sagrado nome e levar a efeito a Sua obra para abençoar, ensinar, incentivar, ajudar e governar nos assuntos do Seu reino: o poder do sacerdócio real. Nada há de simples ou de pouco valor nisso. Esse é Seu divino poder. É o poder pelo qual a Terra foi criada e pelo qual Sua obra é levada adiante. E Ele Se dispôs a conceder esse poder e autoridade a cada um de nós, por Sua bondade e generosidade. Oh, como devemos esforçar-nos para ser dignos dele, para jamais fazer algo que destrua nossa eficácia como Seus filhos no exercício desse dom divino, sagrado e extraordinário a que chamamos de santo sacerdócio” (conferência regional, Pleasant Grove, Utah, 19 de janeiro de 2003). As Bênçãos de Ser Membros da Igreja “Que coisa maravilhosa é pertencer a esta Igreja! Vocês já pararam para pensar em quão vazia seria nossa vida sem ela? Quão gratos devemos ser (...) pelas imensas bênçãos que recebemos por meio do evangelho de Jesus Cristo. Obrigado (...) por serem santos dos últimos dias fiéis e por procurarem criar seus filhos em luz e verdade, com amor pelo Senhor e por Sua obra grande e sagrada” (conferência de estaca, West Valley City, Utah, 10 de novembro de 2002). A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 5 A Missão Divina de Jesus Cristo “Somos uma grande família unida pelo amor e pela fé. Grandes são nossas bênçãos como povo e como pessoas. Temos no coração a firme e inabalável convicção da missão divina do Senhor Jesus Cristo. Ele foi o grande Jeová do Velho Testamento, o Criador que, sob a direção de Seu Pai, fez todas as coisas, ‘e sem ele nada do que foi feito se fez’ (João 1:3). Ele foi o Messias prometido, que trouxe cura nas Suas asas. Ele realizou milagres, trouxe cura, a Ressurreição e a Vida. Seu nome é o único debaixo dos céus pelo qual devamos ser salvos [ver Atos 4:12]. Ele veio como uma dádiva de Seu Pai Eterno. ‘Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna’ (João 3:16). Ele condescendeu em deixar Seu trono no alto e desceu à Terra para nascer em um estábulo, em uma nação subjugada. Ele caminhou por estradas poeirentas, curando enfermos, ensinando a doutrina, abençoando todos os que O quisessem aceitar. (...) No monte do Calvário, deu a vida por todos nós. Essa foi a maior dádiva que qualquer um de nós já recebeu: a dádiva da Ressurreição e da vida eterna. Honramos Seu nascimento. Mas sem a Sua morte, esse nascimento nada seria além de mais um nascimento. Foi a Redenção que Ele realizou no Jardim do Getsêmani e na cruz do Calvário que tornou a Sua dádiva imortal, universal e eterna. Ele realizou a grande Expiação pelos pecados de toda a humanidade. Ele é a Ressurreição e a Vida, “as primícias dos que dormem” (I Coríntios 15:20). Graças a Ele todos os homens certamente ressuscitarão. Nós O amamos. Nós O honramos. Damos graças a Ele. Nós O adoramos. Ele fez por nós e por toda a humanidade o que ninguém mais poderia ter feito. Graças damos a Deus pela dádiva de Seu Filho Amado — nosso Salvador, o Redentor do mundo, o Cordeiro sem mancha que foi oferecido como sacrifício por toda a humanidade” (reunião devocional missionária, 15 de dezembro de 2002). As Bênçãos da Expiação “[A Expiação] de Jesus Cristo é o maior evento na história humana. Nada há de mais sagrado que se lhe 6 compare. Ela é a parte fundamental do plano de felicidade que o Pai fez para Seus filhos. Sem a vida mortal, estaríamos em uma existência sem sentido, sem qualquer esperança ou futuro. A dádiva de nosso divino Redentor nos proporciona uma dimensão de vida totalmente nova. Graças ao sacrifício de nosso Salvador, em vez de um fim terrível, a morte se torna apenas uma passagem para uma existência mais gloriosa. A ressurreição tornou-se uma realidade para todos. A vida eterna está ao alcance dos que obedecem a Seus mandamentos” (conferência de estaca da Austrália por transmissão via satélite, 12 de fevereiro de 2005). ■ IDÉIAS PARA OS MESTRES FAMILIARES Depois de se preparar em espírito de oração, compartilhe esta mensagem, utilizando um método que incentive a participação daqueles a quem você estiver ensinando. Seguem-se alguns exemplos: 1. Mostre o artigo e uma fotografia do Presidente Hinckley. Explique-lhes que um dos principais papéis do profeta é ensinar e testificar. Convide um membro da família por vez a ler em voz alta uma seção que lhe pareça interessante. Preste testemunho da importância de seguir o profeta. 2. Convide um membro da família para colocar-se em um lugar de onde possa enxergar coisas que ninguém mais possa ver. Peça à pessoa que descreva o que vê. Expliquelhes o papel de um vidente (ver Mosias 8:15–17). Leia trechos do artigo. Como essas declarações de nosso profeta melhoram nossa visão espiritual? 3. Mostre objetos que representem seções do artigo (as escrituras, uma fotografia do templo ou do Salvador, etc.). Leia as seções correspondentes e discuta como podemos saber que esses conceitos provêm de nosso Pai Celestial. Preste testemunho de que podemos conhecer a verdade pelo poder do Espírito Santo. QUÃO FIRME ALICERCE? FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND É O SEU VER MATEUS 7:24–27 E HINOS, Nº 42. A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 7 E lias era um homem, mas tinha tal poder de Deus que, em resposta a suas orações, os céus eram fechados ou faziam chover, e a terra dava frutos. Hoje, os membros da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos, embora sejam homens comuns, também são profetas investidos com poder do alto. CLÁSSICOS DO EVANGELHO Homens Comuns, Chamados Extraordinários ÉLDER BRUCE R. McCONKIE (1915–1985) Do Quórum dos Doze Apóstolos s Autoridades Gerais são seres humanos comuns?” Suponho que essa é uma dúvida que está na mente de muitas pessoas desde o princípio desta obra. Ela surge na própria natureza das coisas, devido à grande consideração que temos pelos ofícios que esses irmãos são chamados a ocupar. Lembro-me de um incidente do início da história da Igreja, numa época de perseguições e dificuldades. Heber C. Kimball, que na época era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, viu-se numa situação em que teve de recorrer à hospitalidade de um membro da Igreja, uma viúva. Ela ofereceu o que tinha — pão e leite — e providenciou-lhe um quarto com cama. Ele recolheu-se ao quarto para dormir. Ela pensou: “Eis a minha oportunidade. Quero descobrir [e esta é, na verdade, a mesma velha pergunta: As Autoridades Gerais são seres humanos comuns?] Quero descobrir o que um Apóstolo diz quando ora ao Senhor”. E assim, depois que a porta foi fechada, ela se aproximou silenciosamente para ouvir. Ouviu o irmão Kimball sentar-se na cama. A O SENHOR FALA COM ELIAS, DE WILSON ONG “ Ouviu o som dos sapatos dele caindo no chão. Ouviu-o reclinar-se na cama e proferir estas palavras: “Oh, Senhor, abençoa o Heber; ele está tão cansado”. (...) Esse é um assunto sobre o qual as pessoas freqüentemente têm uma noção incorreta. Muitas pessoas tinham a mesma dúvida, na época de Joseph Smith. Ele disse: “Nesta manhã, fui apresentado a um homem do leste. Depois de ouvir meu nome, ele comentou que eu nada mais era que um homem, indicando com isso que havia suposto que uma pessoa a quem o Senhor consideraria digno de revelar Sua vontade precisaria ser mais do que um homem. Parecia ter-se esquecido das palavras proferidas por Tiago, que [Elias, o profeta] era um homem sujeito a paixões como nós, mas tinha tal poder de Deus que, em resposta a suas orações, Ele fechou os céus para que não chovesse pelo período de três anos e seis meses; e novamente, em resposta a sua oração, os céus fizeram chover e a terra frutificou [ver Tiago 5:17–18]. De fato, tal é a escuridão e a ignorância desta geração, a ponto de considerarem incrível que um homem comum tenha qualquer [interação] com seu Criador”.1 Essa é a visão do mundo em geral: “Se existir algo tão extraordinário quanto um O Élder McConkie respondeu à pergunta “As Autoridades Gerais são seres humanos comuns?” falando da elevada consideração que temos pelo chamado deles. A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 9 JOSEPH SMITH, DE ALVIN GITTINS; BRIGHAM YOUNG, DE J. WILLARD CLAWSON; FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS J oseph Smith conheceu uma pessoa que pensava que um profeta devia ser mais do que um homem. Mas Joseph Smith, tal como Brigham Young e os outros profetas que se seguiram, sabia que embora fosse inspirado, também era mortal. profeta, ele será tão nobre e exaltado que diferirá muito dos homens em geral”. Provavelmente as pessoas devem estar pensando em João Batista no deserto, comendo gafanhotos e mel, ou em alguém como Enoque, de quem as pessoas disseram: “Um homem insano apareceu entre nós” (ver Moisés 6:38). De certa forma, esse mesmo conceito existe hoje na Igreja. Pensamos na dignidade, glória e grandiosidade do ofício. Então, parte desse sentimento transborda e é aplicado ao indivíduo que ocupa o ofício. Talvez haja um meio de compreendermos esse assunto um pouco melhor. Em vez de perguntar: “As Autoridades Gerais são seres humanos comuns?”, pergunto a vocês: “Seu bispo é um ser humano comum?” Qual seria a resposta? Ou se eu perguntar: “Os missionários são seres humanos comuns?” a resposta seria sim ou não? Depende inteiramente de quem estamos falando. Sem dúvida, eles são seres humanos comuns, no sentido de que, tal como todos nós, eles estão sujeitos a todas as fraquezas, dificuldades e falhas comuns à raça humana. Mas, por outro lado, as Autoridades Gerais, os bispos e os missionários — e isso se estende a todos os membros da Igreja — não devem ser humanos no sentido mundano ou no tocante aos desejos carnais. Nenhum de nós deve ser “humano”, se isso significa viver como vivem os homens carnais. Quando entramos para a Igreja, dizemos que deixamos o mundo para trás. Espera-se que vençamos o mundo. Na linguagem do Livro de Mórmon, dizemos que deixamos de lado o homem natural e nos tornamos santos por meio da Expiação de Cristo, o Senhor (ver Mosias 3:19). Ora, se nós, todos nós, vivêssemos de modo a estar à altura de nosso potencial e nos elevássemos até os padrões que deveríamos ter, então nenhum de nós seria humano, no sentido mundano Ele disse: “É assim que eu penso”. Quando terminou ou carnal da palavra. Mas ao mesmo tempo todos seríade explicar seu ponto de vista, ele disse: “Mas é isso mos humanos, no sentido de que somos mortais e quanto que o Senhor acha”. Os pontos de vista de Paulo, suas a tudo que se relacione com a mortalidade. opiniões pessoais, não eram tão perfeitas como podeNo verbete “Autoridades Gerais” de meu livro Mormon riam ser. Doctrine, escrevi: “Algumas Autoridades Gerais recebem Os profetas são homens, mas quando agem pelo poder para fazer certas coisas, e outras, para fazer outras. Espírito de inspiração, o que eles dizem é a voz de Deus; Todos estamos sujeitos à rigorosa disciplina que o Senhor contudo, ainda são mortais e têm o direito de ter opiniões sempre impõe a Seus santos e aos que presidem os Seus particulares, e as têm. Devido à grande sabedoria e bom santos. Os cargos que eles ocupam são elevados e exaltasenso desses homens, seus pontos de dos, mas as pessoas que os ocupam são vista talvez sejam os melhores que um homens humildes como seus irmãos na homem mortal poderia ter, mas, a menos Igreja. Os membros da Igreja são tão bem que sejam inspirados, a menos que estequalificados e treinados que muitos podejam de acordo com as revelações, estão riam servir eficazmente em quase todos os sujeitos a erros, da mesma forma que os cargos proeminente da Igreja, desde que pontos de vista de qualquer outra pessoa fossem chamados, apoiados e designados na Igreja. para isso”.2 Não precisamos ficar questionando Em outro lugar do livro, no verbete inutilmente se as Autoridades Gerais “Profetas”, há outra declaração: “Com toda estão falando pelo Espírito de inspiração a sua inspiração e grandiosidade, os profeou não — podemos descobrir isso com tas são homens mortais com imperfeições odos os membros da certeza. Quero lembrar-lhes uma das comuns à humanidade em geral. Eles têm Igreja deveriam recefamosas declarações de Joseph Smith a suas opiniões e preconceitos e precisam ber revelação. Ela não esse respeito: “O Senhor não revelará muitas vezes resolver seus problemas com está restrita a uns poucos nada a Joseph que não revele aos Doze inspiração. Joseph Smith relatou que ‘[havia escolhidos, os missionários, ou ao menor e último membro da Igreja, conversado] com um irmão e uma irmã de ou os bispos. Devemos recetão logo ele seja capaz de suportá-la”.4 Michigan, que achavam que “um profeta ber revelação. sempre é um profeta”, mas eu lhes disse Isso é perfeito. Essa é a mesma que um profeta somente era profeta doutrina que Paulo ensinou. Paulo quando agia como tal’”.3 disse: “Todos podereis profetizar”. Ele disse: “Procurai, com zelo, profetizar” Portanto, as opiniões e pontos de vista, (I Coríntios 14:31, 39). Todos os mematé de um profeta, podem conter erros, bros da Igreja, toda a Igreja deveria recea menos que essas opiniões e pontos de ber revelação. Ela não está restrita a uns vista tenham sido inspirados pelo poucos escolhidos, os missionários, ou Espírito. As declarações e as escrituras os bispos. Precisamos receber revelação. inspiradas devem ser aceitas como tal. Todos devemos ser como os apóstolos e Porém, observemos o seguinte: Paulo foi profetas. ■ um dos maiores profetas e teólogos de Extraído de um artigo impresso na revista New todos os tempos, mas ele tinha algumas Era de janeiro de 1973; pontuação e utilização opiniões que não estavam totalmente de de maiúsculas modernizadas. acordo com os sentimentos do Senhor, NOTAS e ele incluiu algumas delas em suas epís1. History of the Church, volume 2, p. 302. 2. Mormon Doctrine, 2ª edição, 1966, p. 309. tolas. Mas sendo sábio e prudente, expli3. Mormon Doctrine, p. 608. cou que se tratavam de opiniões pessoais. 4. Ver History of the Church, volume 3, p. 380. T A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 11 TRABALHO DE EQUIPE A DA M C . O L S O N Revistas da Igreja 12 A emoção pulsava fortemente nas veias de Mariano Palermo quando ele e seu companheiro de equipe de remo ultrapassaram o marco de mil metros em primeiro lugar. Estavam a meio caminho de seu sonho de vencer o campeonato nacional de remo na Argentina, em 2003, na categoria de dupla masculina e a um passo das provas qualificatórias para as Olimpíadas de 2004, em Atenas, Grécia. Tinham conseguido estabelecer um ótimo ritmo — suas fortes remadas atingiam a água em perfeita harmonia e os impulsionavam à frente dos outros competidores. Contudo, poucas centenas de metros depois, o entusiasmo de Mariano esfriou quando o cansaço começou a fazer o companheiro de equipe diminuir o ritmo. Mariano viu o barco que estava em segundo lugar pouco atrás deles. Será que a vantagem que tinham conquistado seria suficiente para que conseguissem terminar em primeiro lugar? “Somos Muito Unidos” A irmã gêmea de Mariano, Lucía, tinha de se concentrar em sua própria regata de duplas femininas, que seria realizada um pouco mais tarde naquele mesmo dia, mas não deixou de assistir ao irmão competir. Ela ficou muito entusiasmada quando o barco dele tomou rapidamente a dianteira. Mas ficou preocupada quando viu que tinham diminuído o ritmo. Os gêmeos Palermo sempre foram muito unidos. Tendo a mesma idade e participando das mesmas atividades em muitas ocasiões, eles sempre passaram muito tempo juntos. “Mutual, seminário, escola”, diz Lucía. “Agora que estamos mais velhos, é um pouco diferente, mas ainda treinamos juntos.” Os gêmeos, membros da Ala Pacheco, Estaca Buenos Aires Argentina Litoral, também têm outros interesses em comum. Os dois gostam muito de trabalhar com as mãos — Lucía fazendo FOTOGRAFIAS: JUAN CARLOS SANTOYO E sforçando-se ao máximo para realizar seu sonho olímpico, os gêmeos Lucía e Mariano Palermo perceberam que não poderiam atingir sua meta final sozinhos. Acima: Lucía e sua companheira de equipe participam de uma regata antes das Olimpíadas de Atenas, em 2004. artesanato ou costurando e Mariano consertando carros. “Adoro cozinhar”, acrescenta Lucía. “E eu gosto de comer, somos uma boa equipe”, diz Mariano, rindo. “Gosto de cozinhar com ela. Não sou muito bom na cozinha, mas é divertido.” Embora os dois se dêem muito bem — “Podemos conversar sobre qualquer coisa”, diz Lucía — Mariano diz que a maioria das pessoas não percebe que eles são gêmeos. Os dois não se parecem fisicamente. “E não sabemos o que o outro está pensando”, diz Lucía, brincando sobre a maneira como os gêmeos são às vezes retratados. “Mas o que acontece com um afeta muito o outro, seja na escola ou em uma competição. Somos muito unidos. E isso é muito legal!” A Vida É um Trabalho de Equipe Ao ver que o ritmo de seu companheiro de equipe estava caindo, Mariano sabia que não importava quão forte se sentisse. Se Mariano puxasse o remo com mais força ou mais depressa do que seu companheiro, o esforço desequilibrado faria com que o barco saísse do rumo. Ele acompanhou o ritmo de seu colega e viu os outros competidores começarem a passar na frente deles. Como gêmeos, Mariano e Lucía compartilham muitas coisas. Entre elas, um vigoroso empenho em treinar arduamente e dar o máximo de seu esforço individual para atingir suas metas. Mas no remo, o simples esforço individual não faz com que você cruze a linha de chegada em primeiro lugar. Os gêmeos aprenderam que, se você não estiver sincronizado com seus companheiros de equipe, não conseguirá vencer. “A eficácia do barco depende da união”, diz Mariano. “Temos que pensar da mesma forma, quer sejamos uma equipe de dois, quatro ou oito.” “Se não trabalharmos juntos...” começa Lucía. “Exatamente”, exclama Mariano. “... o barco não vai para frente”, conclui ela. Esse é um princípio que os dois compreendem não apenas como remadores, mas como gêmeos e como membros da Igreja. “Quando a equipe está concentrada no mesmo objetivo, é mais fácil alcançá-lo”, diz Mariano. “O mesmo A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 13 A ssim como foi preciso um trabalho de equipe, além do esforço individual, para conquistar os troféus que ganharam, os gêmeos Palermo sabem que precisam confiar no Salvador e ser diligentes no evangelho para atingir sua meta final de retornar à presença do Pai Celestial. acontece na família. Temos a mesma meta de estar juntos para sempre. Isso ajuda muito.” Os dois compreendem que trabalhar juntos é essencial não apenas no remo, mas também no intuito de atingir nossa meta final de tornar-nos semelhantes a Jesus Cristo e voltar à presença de nosso Pai Celestial. O Senhor disse: “Sede um; e se não sois um, não sois meus” (D&C 38:27). Depois que aprendemos que a vida não é uma competição individual, mas sim um trabalho de equipe, precisamos tomar uma importante decisão espiritual. Quem Devo Seguir? À medida que a equipe que estava em segundo lugar foi alcançando o barco de Mariano, foi preciso muita disciplina para que ele não cedesse à tentação de remar o mais forte possível. A linha de chegada estava muito próxima. Mas Mariano sabia que, se ele remasse no seu próprio ritmo, 14 o resultado seria desastroso. Na melhor das hipóteses, isso apenas os faria perder velocidade; na pior das hipóteses, faria com que saíssem do rumo e possivelmente da regata. Essa escolha de seguir o ritmo de outra pessoa em vez do seu próprio para atingir nossa meta é um princípio importante quando aplicado à vida na Terra. Não podemos voltar à presença de nosso Pai Celestial sozinhos (ver Romanos 3:23). Felizmente, o Salvador estava disposto a entrar em nosso barco por meio da Expiação (ver Alma 7:11–12), provendo um meio para que cruzássemos a linha de chegada, onde está nosso Pai Celestial. Mas tal como no remo, para alcançarmos o prêmio, precisamos estar dispostos a desistir de tudo que nos impeça de remar em harmonia com o Senhor. Expiação significa reconciliar-se ou restaurar a harmonia. Para alcançar a harmonia, precisamos estar dispostos a abandonar todos os nossos pecados (ver Alma 22:18), deixar de lado nossos desejos mundanos e fazer a vontade do Senhor (ver Mosias 3:19). Isso nem sempre é fácil, mas o Salvador sabe que “a carreira (...) nos está proposta” (Hebreus 12:1), e Ele sabe exatamente do que precisamos para voltar à presença de nosso Pai. Se escolhermos não segui-Lo, preferindo fazer as coisas à nossa própria maneira, estaremos fora de sincronia e sob o risco de retardar nosso progresso ou até de ficar fora da regata. Juntos, Alcançamos Mais Na vida, bem como nos esportes, alguns preferem estabelecer seu próprio ritmo, acreditando que o individualismo é o caminho para a verdadeira liberdade. Eles escolhem remar sozinhos na vida, sem se dar conta de que, com Jesus Cristo, poderiam alcançar muito mais (ver Marcos 10:27). No mundo do remo, sabe-se bem que “uma equipe que trabalha unida pode remar muito mais rápido do que uma pessoa sozinha”, explica Lucía. Numa regata-padrão de dois mil metros, um bom tempo para o remador individual, em seu melhor ritmo, é inferior a sete minutos (o recorde mundial é 6:35.40). Numa equipe de oito, porém, esse mesmo remador, embora acompanhando outros remadores mais lentos, consegue atingir uma velocidade ainda maior. O recorde mundial para um barco de oito é 5:19.85. Assim como seria difícil para um remador individual vencer uma equipe unida, não podemos alcançar nossas metas eternas sem o Salvador. Vencer Algumas e Perder Outras Mariano e seu companheiro de equipe recusaram-se a desistir. Mas pouco antes da linha de chegada, foram ultrapassados, ficando em segundo lugar. Lucía estava no embarcadouro quando Mariano encostou seu barco após a regata. Ela precisava pensar na própria regata, mas quando viu as lágrimas de desapontamento dele, ela própria ficou arrasada. “Eu sabia o quanto ele havia se esforçado”, diz ela. “Não agüentava vê-lo tão desapontado. Nunca o tinha visto daquele jeito.” Juntos, os gêmeos sofreram com o malogro de Mariano. Por fim, o técnico de Lucía os separou, receando que ela não conseguisse concentrar-se na própria regata. Mas quando o momento chegou, Lucía e sua companheira venceram a regata de duplas e, mais tarde, o campeonato sul-americano, conquistando o direito de competir nas Olimpíadas de 2004. E assim como eles tinham compartilhado o desapontamento de Mariano, regozijaramse juntos com o sucesso de Lucía. “Fiquei tão emocionado quando ela conquistou a oportunidade de competir nas Olimpíadas”, diz Mariano. “Ela mereceu.” Com Cristo, Todos Podemos Vencer Nas Olimpíadas, Lucía e sua companheira de equipe terminaram em 17º lugar. Tal como o resultado de Mariano, o término da regata não foi exatamente como ela havia sonhado. Ainda assim, suas metas continuaram altas. A curto prazo, eles querem qualificar-se para uma medalha olímpica. A longo prazo, eles querem qualificar-se para a vida eterna. As duas metas exigirão sacrifício e disposição para trabalhar com outra pessoa, como se fossem um. Mas, embora o mundo premie apenas um vencedor (ver I Coríntios 9:24), não importando a união entre os membros de cada equipe, o prêmio que o Senhor oferece pode ser alcançado por todos os que se qualificarem. Néfí disse que “muitos de nós, senão todos, [podemos ser] salvos no seu reino” (2 Néfi 33:12; grifo do autor), mas precisamos primeiro “[reconciliar-nos] com Cristo” (2 Néfi 33:9) sacrificando nossos desejos mundanos para segui-Lo. Os gêmeos Palermo são unidos na esperança de que sua fé e sacrifício sejam suficientes para vencer a regata que importa mais que todas as outras. ■ Aprender pela Fé É L D E R DAV I D A . B E D N A R Do Quórum dos Doze Apóstolos SE ALGUM DE VÓS TEM FALTA DE SABEDORIA, DE WALTER RANE, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA S omos admoestados repetidas vezes nas escrituras a pregar, pelo poder do Espírito, as verdades do evangelho (ver D&C 50:14). Creio que a grande maioria de nós, pais e professores da Igreja, estamos cientes desse princípio e geralmente nos esforçamos devidamente para colocá-lo em prática. Não obstante, por mais importante que esse princípio seja, ele é apenas um dos elementos que compõem um padrão espiritual muito maior. Também somos freqüentemente ensinados a procurar conhecimento pela fé (ver D&C 88:118). Pregar pelo espírito e aprender pela fé são princípios intrinsecamente unidos, os quais devemos esforçar-nos para compreender e aplicar simultânea e constantemente. Acho que enfatizamos e sabemos muito mais sobre como o professor ensina pelo espírito do que sobre como o aluno aprende pela fé. É bem evidente que os princípios e processos tanto do ensino quanto do aprendizado são espiritualmente essenciais. No entanto, ao contemplarmos o futuro e anteciparmos o mundo ainda mais confuso e turbulento em que viveremos, creio ser essencial, para todos nós, aumentar nossa capacidade de procurar aprender pela fé. Em nossa vida pessoal, em família e na Igreja, podemos receber e de fato receberemos as bênçãos de força espiritual, orientação e proteção, se buscarmos, pela fé, obter e aplicar o conhecimento espiritual. Néfi nos ensina que “quando um homem fala pelo poder do Espírito Santo, o poder do Espírito Santo leva [a mensagem] aos corações dos filhos dos homens” (2 Néfi 33:1). Observem que o poder do Espírito leva a mensagem ao coração e não necessariamente para dentro dele. O professor pode explicar, demonstrar, persuadir e testificar, e fazê-lo com grande força espiritual e eficácia. Mas no final, o conteúdo da mensagem e o testemunho do Espírito Santo só penetrarão no coração se o aluno permitir que entrem. O aprendizado pela fé abre o caminho para dentro do coração. O Princípio de Ação: Fé no Senhor Ao contemplarmos o futuro e anteciparmos o mundo ainda mais confuso e turbulento em que viveremos, creio ser essencial para todos nós aumentar nossa capacidade de procurar aprender pela fé. Jesus Cristo O Apóstolo Paulo definiu a fé como o fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem (ver Hebreus 11:1). Alma declarou que a fé não é um perfeito conhecimento, mas que, se tivermos fé, teremos esperança em coisas que não vemos mas que são verdadeiras (ver Alma 32:21). Além disso, aprendemos em Lectures on A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 17 18 Faith que a fé é “o primeiro princípio da religião revelada e o alicerce de toda a retidão” e também que é “o princípio de ação em todos os seres inteligentes”.1 Esses ensinamentos destacam os três elementos básicos da fé: (1) fé como a certeza das coisas que esperamos e que são verdadeiras, (2) fé como a prova das coisas que não se vêem e (3) fé como o princípio de ação em todos os seres inteligentes. Descrevo esses três componentes da fé no Salvador como a ocorrência simultânea das ações de contemplar o futuro, olhar para o passado e iniciar uma ação no presente. A fé, como a certeza das coisas que esperamos, contempla o futuro. Essa certeza fundamenta-se na compreensão correta de Deus e na confiança que depositamos Nele, além de permitir-nos “prosseguir com firmeza” (2 Néfi 31:20) nas situações incertas — e muitas vezes desafiadoras — quando servimos ao Salvador. Por exemplo: Néfi confiou exatamente nesse tipo de certeza que contempla o futuro, ao voltar para Jerusalém a fim de obter as placas de latão, “não sabendo de antemão o que deveria fazer. Não obstante [seguiu] em frente” (1 Néfi 4:6–7). A fé em Cristo está inseparavelmente ligada à esperança em Cristo — e resulta nessa esperança — para nossa redenção e exaltação. E a certeza e a esperança nos possibilitam caminhar até o limiar da luz e dar alguns passos na escuridão, esperando e confiando que a luz se moverá e iluminará o caminho.2 A combinação da certeza com a esperança inicia a ação no presente. A fé, como a prova das coisas que não se vêem, olha para o passado e confirma nossa confiança em Deus, bem como na veracidade das coisas que não vemos. Caminhamos para dentro da escuridão com certeza e esperança, e recebemos a prova e a confirmação quando a luz realmente se move e nos provê SUA ALEGRIA FOI COMPLETA, DE WALTER RANE, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA N éfi confiou exatamente nesse tipo de certeza que contempla o futuro, ao voltar para Jerusalém a fim de obter as placas de latão, “não sabendo de antemão o que deveria fazer. Não obstante [seguiu] em frente”. a claridade de que necessitamos. O testemunho que adquirimos depois do teste de nossa fé (ver Éter 12:6) é a prova que aumenta e fortalece a nossa certeza. Certeza, ação e prova influenciam-se mutuamente, num processo contínuo. Essa hélice é como uma mola que ascende em espiral, tornando-se cada vez mais ampla. Esses três elementos da fé — certeza, ação e prova — não são separados e distintos: em vez disso, estão interrelacionados, são contínuos e formam um ciclo ascendente. E a fé que alimenta esse processo contínuo se desenvolve, evolui e se transforma. Ao encararmos novamente o futuro incerto, a certeza nos conduz à ação e produz uma prova, que aumenta ainda mais a certeza. Nossa confiança se torna mais forte, linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui e um pouco ali. Encontramos um vigoroso exemplo da interação entre certeza, ação e prova na ocasião em que os filhos de Israel transportavam a Arca da Aliança sob a liderança de Josué (ver Josué 3:7–17). Lembram-se de quando os israelitas chegaram ao rio Jordão e lhes foi prometido que as águas se abririam e eles poderiam cruzar o rio em seco? É interessante notar que as águas não se abriram quando os filhos de Israel pararam junto às margens do rio esperando que algo acontecesse; em vez disso, a sola de seus pés se molhou antes que as águas se abrissem. A fé que os israelitas possuíam manifestou-se no fato de que caminharam para dentro da água antes que elas se abrissem. Eles caminharam para dentro do rio Jordão com uma certeza que contemplava o futuro nas coisas que esperavam. Quando os israelitas seguiram adiante, as águas se abriram, e quando cruzaram o rio em seco, olharam para trás e viram a prova das coisas que não eram vistas. Naquele episódio, a fé como certeza conduziu à ação e produziu a prova de coisas que não eram vistas, mas que eram verdadeiras. A verdadeira fé se concentra no Senhor Jesus Cristo e sempre conduz à ação. A fé, como princípio de ação, é ressaltada em muitas escrituras que todos conhecemos muito bem. “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tiago 2:26; grifo do autor). “Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes” (Tiago 1:22; grifo do autor). “Mas eis que, se despertardes e exercitardes vossas faculdades, pondo à prova minhas palavras, e exercerdes uma partícula de fé (...)” Alma 32:27; grifo do autor). E a fé como princípio de ação é extremamente essencial ao processo de aprendizado e aplicação prática da verdade espiritual. Aprender pela Fé: Agir, e Não Apenas Receber a Ação De que modo a fé, como princípio de ação em todos os seres inteligentes, relaciona-se ao aprendizado do evangelho? E o que significa procurar aprender pela fé? Na grande divisão de todas as criações de Deus, há coisas que existem para agir e coisas que existem para receber a ação (ver 2 Néfi 2:13–14). Como filhos e filhas de nosso Pai Celestial, fomos abençoados com o dom do arbítrio, isto é, a capacidade e o poder de agir independentemente. Investidos com o arbítrio, somos agentes, e devemos principalmente agir e não só receber a ação, especialmente ao buscar obter e colocar em prática o conhecimento espiritual. Aprender pela fé e pela experiência são duas características centrais do plano de felicidade do Pai. O Salvador preservou o arbítrio moral por meio da Expiação, possibilitando-nos agir e aprender pela fé. A rebelião de Lúcifer contra o plano buscava destruir o arbítrio do homem, e seu intento era de que nós, como aprendizes, apenas recebêssemos a ação. Ponderem a pergunta feita pelo Pai Celestial a Adão, no Jardim do Éden: “Onde estás?” (Gênesis 3:9). O Pai sabia onde Adão estava escondido, mas mesmo assim Ele fez a pergunta. Por quê? Um Pai sábio e amoroso permitiu que Seu filho agisse no processo de aprendizado, e não apenas recebesse a ação. Não houve um sermão unidirecional para um filho desobediente, como talvez muitos de nós estejamos inclinados a proferir. Em vez disso, o Pai ajudou Adão, como aprendiz, a atuar como agente e exercer devidamente o seu arbítrio. Lembram-se de quando Néfi quis saber as coisas que seu pai Leí tinha visto na visão da árvore da vida? É interessante notar que o Espírito do Senhor começou sua orientação a Néfi perguntando o seguinte: “Que desejas tu?” (1 Néfi 11:2). É evidente que o Espírito sabia o que Néfi desejava. Então, por que motivo fez a pergunta? O Espírito Santo estava ajudando Néfi a agir no processo de aprendizado e não simplesmente receber a ação. Observem em A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 19 1 Néfi 11–14, como o Espírito faz perguntas e incentiva Néfi a “olhar”, como elementos ativos no processo de aprendizado. Vendo esses exemplos, reconhecemos que, como aprendizes, temos de agir e ser cumpridores da palavra e não meros ouvintes que recebem a ação. Vocês são agentes que atuam e procuram aprender pela fé, ou estão esperando ser ensinados e receber a ação? As crianças, jovens e adultos a quem vocês ensinam estão agindo e procurando aprender pela fé, ou estão esperando ser ensinados e receber a ação? Estamos incentivando e ajudando nossos alunos a procurarem aprender pela fé? Nós e nossos alunos devemos ocupar-nos zelosamente perguntando, buscando e pedindo (ver 3 Néfi 14:7). Um aprendiz que exerce seu arbítrio agindo de acordo com princípios corretos, abre seu coração ao Espírito Santo e convida-O a ensinar, a testificar com poder e a confirmar o testemunho. O aprendizado pela fé exige esforço físico, mental e espiritual e não apenas uma receptividade passiva. É na sinceridade e na constância de nossa ação inspirada pela fé que mostramos ao Pai Celestial e a Seu Filho Jesus Cristo a nossa disposição de aprender e receber instrução do Espírito Santo. Assim, aprender pela fé envolve o exercício do arbítrio moral para agirmos com a certeza das coisas que esperamos e convidarmos o único professor verdadeiro, o Espírito do Senhor, a dar-nos a prova das coisas que não vemos. Ponderem como os missionários ajudam os pesquisadores a aprender pela fé. Assumir e cumprir compromissos espirituais, como estudar o Livro de Mórmon e orar a respeito dele, freqüentar as reuniões da Igreja e cumprir os mandamentos, são coisas que exigem que o pesquisador exerça sua fé e aja. Um dos papéis fundamentais do missionário é ajudar o pesquisador a assumir e honrar compromissos, ou seja, a agir e aprender pela fé. Ensinar, exortar e explicar, por mais importantes que sejam, não podem proporcionar ao pesquisador um testemunho da veracidade do evangelho restaurado. Somente quando a fé do pesquisador inicia a ação e abre o caminho para o seu coração é que o Espírito Santo pode conceder-lhe um testemunho confirmador. É óbvio que os missionários precisam aprender a ensinar pelo poder do Espírito. Mas de igual importância é a responsabilidade que os missionários têm de ajudar os pesquisadores a aprender pela fé. 20 O aprendizado que estou descrevendo transcende a mera compreensão cognitiva e a retenção e memorização de informações. O tipo de aprendizado de que estou falando faz com que deixemos de lado o homem natural (ver Mosias 3:19), mudemos nosso coração (ver Mosias 5:2) e sejamos convertidos ao Senhor e nunca apostatemos (ver Alma 23:6). Aprender pela fé exige um “coração e uma mente solícita” (ver D&C 64:34). Aprender pela fé é o resultado de o Espírito Santo levar o poder da palavra de Deus não só até o coração, mas também para dentro dele. O aprendizado pela fé não pode ser transferido do instrutor para o aluno por meio de uma palestra, uma demonstração ou um exercício experimental; em vez disso, o aluno precisa exercer fé e agir para obter tal conhecimento por si mesmo. O jovem Joseph Smith compreendia intuitivamente o que significava procurar conhecimento pela fé. Um dos episódios mais conhecidos da vida de Joseph Smith foi quando ele leu os versículos sobre a oração e a fé no livro de Tiago, no Novo Testamento (ver Tiago 1:5–6). Aquele texto inspirou-o a retirar-se para um bosque próximo de sua casa e a orar e procurar conhecimento espiritual. Observem as perguntas que Joseph havia formulado em sua mente e sentido em seu coração, e que o levaram para o bosque. É claramente evidente que ele tinha-se preparado para “pedir com fé” (Tiago 1:6) e agir: “Em meio a essa guerra de palavras e divergência de opiniões, muitas vezes disse a mim mesmo: Que deve ser feito? Quem, dentre todos esses grupos está certo, ou estão todos igualmente errados? Se algum deles é correto, qual é, e como poderei sabê-lo? (...) Meu objetivo ao dirigir-me ao Senhor era saber qual de todas as seitas estava certa, a fim de saber a qual me unir. Portanto, tão logo me controlei o suficiente para poder falar, perguntei aos Personagens que estavam na luz acima de mim qual de todas as seitas estava certa (...) e a qual me unir” (Joseph Smith — História 1:10, 18). Observem que as perguntas de Joseph enfocavam não apenas o que ele precisava saber mas também o que ele teria de fazer. E sua primeira pergunta centrava-se na ação e no que precisava ser feito! Sua oração não foi simplesmente para saber qual era a igreja verdadeira. Sua pergunta foi sobre a qual igreja ele deveria filiar-se. Joseph foi ao bosque para aprender pela fé. Ele estava decidido a agir. Apóstolos, Joseph ensinou: “A melhor maneira de obter verdade e sabedoria não é procurar nos livros, mas buscar a Deus em oração, para obter ensinamento divino”.3 Em outra ocasião, o Profeta Joseph explicou: “A leitura das experiências alheias, ou as revelações recebidas por outras pessoas jamais poderão dar a nós um entendimento de nossa condição e de nossa verdadeira relação com Deus”.4 O bservem as perguntas que Joseph havia formulado em sua mente e sentido em seu coração, e que o levaram para o bosque. É evidente que ele tinha-se preparado para “pedir com fé” e agir. Implicações para os Professores As verdades a respeito do aprendizado pela fé têm profundas O DESEJO DE MEU CORAÇÃO, DE WALTER RANE, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA Finalmente, a responsabilidade de aprender pela fé e colocar em prática a verdade espiritual está sobre nossos ombros, individualmente. Essa é uma responsabilidade cada vez mais séria e importante no mundo em que vivemos e em que ainda viveremos. O que, como e quando aprendemos têm por apoio um instrutor, um método de apresentação ou um tópico ou formato de aula específico, mas não dependem disso. Na verdade, um dos grandes desafios da mortalidade é procurar aprender pela fé. O Profeta Joseph Smith resumiu muito bem o processo de aprendizado e os resultados que estou tentando descrever. Em resposta a um pedido de instrução feito pelos Doze A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 21 22 implicações para os pais e professores. Ponderemos juntos três dessas implicações. Implicação 1. O Espírito Santo é o único professor verdadeiro. O Espírito Santo é o terceiro membro da Trindade e é Ele o professor e testificador de toda a verdade. Como escreveu o Élder James E. Talmage (1862–1933), do Quórum dos Doze Apóstolos: “O ofício do Espírito Santo referente a Sua ministração entre os homens está descrito nas escrituras. Ele é um mestre enviado pelo Pai; e aos que são dignos de Seus ensinamentos Ele revelará todas as coisas necessárias para o progresso da alma”.5 Sempre devemos lembrar que o Espírito Santo é o professor que, por meio do convite adequado, pode entrar no coração do aluno. De fato, temos a responsabilidade de pregar o evangelho pelo Espírito, sim, o Consolador, como pré-requisito para o aprendizado pela fé, que somente pode ser alcançado por intermédio do Espírito Santo (ver D&C 50:14). Nesse sentido, somos mais semelhantes às longas e finas fibras de vidro usadas para construir os cabos de fibra óptica através dos quais os sinais de luz são transmitidos a grandes distâncias. Assim como o vidro nesses cabos precisa ser puro, para conduzir a luz eficaz e eficientemente, da mesma forma devemos tornar-nos e permanecer condutos dignos por meio dos quais o Espírito do Senhor possa operar. Mas precisamos, irmãos e irmãs, ter o cuidado de lembrar em nosso trabalho que somos condutos e canais; não somos a luz. “Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós” (Mateus 10:20). Nunca sou eu ou vocês. Na verdade, tudo o que fazemos como professores no intuito de intencionalmente chamar a atenção para nós mesmos — nas mensagens que apresentamos, nos métodos que usamos ou em nossa conduta pessoal — torna-se uma forma de artimanha sacerdotal que inibe a FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS O Presidente Boyd K. Packer ensinou: “O testemunho é descoberto quando nós o prestamos! (...) Ao oferecerem o que vocês têm, isso lhes será devolvido e aumentado!” eficácia do ensino do Espírito Santo. “Prega-a pelo Espírito da verdade ou de alguma outra forma? E se for de alguma outra forma, não é de Deus” (D&C 50:17–18). Implicação 2. Somos professores mais eficazes quando incentivamos e facilitamos o aprendizado pela fé. Todos conhecemos o ditado de que dar um peixe a um homem garante apenas uma refeição. Se o ensinarmos a pescar, porém, estaremos alimentando esse homem por toda a vida. Como instrutores do evangelho, não estamos trabalhando na distribuição de peixes, mas, sim, no trabalho de ajudar as pessoas a aprenderem a “pescar” e a se tornarem espiritualmente auto-suficientes. A melhor maneira de alcançar esse importante objetivo é incentivarmos e agirmos de modo a facilitar aos alunos a ação de acordo com princípios corretos, ajudando-os a aprender fazendo. “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus” (João 7:17). Observem essa implicação colocada em prática no conselho dado a Junius F. Wells, pelo Presidente Brigham Young (1801–1877), quando o irmão Wells foi chamado em 1875 para organizar os Rapazes da Igreja: “Em suas reuniões, você deve começar no alto da lista e chamar o máximo de membros que o tempo permitir para que prestem seu testemunho e, na reunião seguinte, comece de onde parou e chame outros, para que todos participem e adquiram o hábito de se levantar e dizer algo. Muitos acham que não têm um testemunho para prestar, mas faça com que se levantem, e eles descobrirão que o Senhor lhes dará capacidade de expressar muitas verdades nas quais não tinham pensado. Mais pessoas adquiriram um testemunho quando se levantaram e tentaram prestálo do que ajoelhadas orando para consegui-lo.”6 O Presidente Boyd K. Packer, Presidente Interino do Quórum dos Doze Apóstolos, deu um conselho semelhante para os nossos dias: “Oh! Se ao menos eu pudesse ensinar-lhes este único princípio: O testemunho é descoberto quando nós o prestamos! Em algum lugar de sua jornada em busca de conhecimento espiritual, existe aquele ‘salto de fé’, como os filósofos o chamam. É o momento em que chegamos até o limiar da luz e damos um passo para dentro da escuridão, e descobrimos então que o caminho está iluminado por apenas um ou dois passos à nossa frente. ‘O espírito do homem’, como bem disse a escritura, é realmente ‘a lâmpada do Senhor’ (Provérbios 20:27). Uma coisa é receber um testemunho daquilo que lemos ou de algo que outra pessoa disse; e temos obrigatoriamente que começar por aí. Outra coisa totalmente diferente é sentir o Espírito confirmar em nosso peito que aquilo que nós testificamos é verdadeiro. Percebem que isso lhes será concedido, quando vocês o compartilharem? Ao oferecerem o que vocês têm, isso lhes será devolvido e aumentado!”7 Observei uma característica comum entre os professores que exerceram maior influência em minha vida. Eles me ajudaram a procurar aprender pela fé. Recusaram-se a dar-me respostas fáceis para perguntas difíceis. Na verdade, não me deram resposta alguma. Em vez disso, indicaram o caminho e me ajudaram a dar os passos para encontrar minhas próprias respostas. Sem dúvida nem sempre apreciei essa abordagem, mas a experiência me permitiu compreender que uma resposta dada por outra pessoa geralmente não é lembrada por muito tempo, se é que será lembrada. Mas uma resposta que descobrimos ou obtemos pelo exercício da fé geralmente é retida por toda a vida. O aprendizado mais importante da vida é alcançado, não ensinado. A compreensão espiritual, com que fomos abençoados e que foi confirmada como verdadeira em nosso coração, simplesmente não pode ser transmitida a outra pessoa. O preço da diligência e do aprendizado pela fé precisa ser pago para se obter e “possuir” pessoalmente esse conhecimento. Somente dessa forma, o que conhecemos na mente pode-se transformar em algo que sentimos no coração. Somente dessa maneira uma pessoa pode deixar de depender da confiança no conhecimento espiritual e na experiência de outros e reivindicar essas bênçãos para si mesma. Somente desse modo podemos estar espiritualmente preparados para o que está por vir. Precisamos “[procurar] conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé” (D&C 88:118). Implicação 3. Nossa fé é fortalecida quando ajudamos outras pessoas a procurar aprender pela fé. O Espírito Santo, que pode “ensinar-nos todas as coisas e fazer-nos lembrar de todas as coisas” (ver João 14:26), está ansioso por ajudar-nos a aprender, se agirmos e exercermos fé em Jesus Cristo. É interessante notar que esse A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 23 Observem como esse desafio inspirado foi um exemplo clássico do aprendizado pela fé. Em primeiro lugar, não fomos forçados, coagidos ou obrigados a ler. Em vez disso, fomos convidados a exercer nosso arbítrio como agentes e a agir de acordo com princípios corretos. O Presidente Hinckley, como líder inspirado, incentivou-nos a agir e não apenas a receber a ação. Cada um de nós, em última análise, decidiu se aceitaria o desafio e como o faria — e se perseveraria até o fim da tarefa. Em segundo lugar, ao fazer-nos o convite de ler e agir, o Presidente Hinckley incentivou cada um de nós a procurar aprender pela fé. Nenhum material de estudo novo foi distribuído aos membros da Igreja, e não se criaram pela Igreja novas lições, aulas ou programas. Cada um de nós tinha seu exemplar do Livro de Mórmon — e um caminho para dentro de nosso coração mais amplamente aberto pelo exercício de nossa fé no Salvador, ao aceitar o desafio da Primeira Presidência. Assim, estávamos preparados para receber instrução do único professor verdadeiro, o Espírito Santo. A responsabilidade de procurar aprender pela fé está sobre os ombros de cada um de nós individualmente, e essa obrigação se tornará cada vez mais importante à medida que o mundo em que vivemos se tornar mais confuso e complicado. O aprendizado pela fé é essencial ao nosso desenvolvimento pessoal e espiritual, e também para o crescimento da Igreja nestes últimos dias. Que tenhamos verdadeiramente fome e sede de retidão e estejamos cheios do Espírito Santo (ver 3 Néfi 12:6) — para que busquemos aprender pela fé. ■ Procurar Aprender pela Fé — Um Exemplo Recente Extraído de um discurso transmitido via satélite para os educadores do Sistema Educacional da Igreja, proferido em 3 de fevereiro de 2006. Todos nós fomos abençoados com o desafio lançado pelo Presidente Gordon B. Hinckley, em agosto de 2005, de ler o Livro de Mórmon até o final daquele ano. Ao fazer o desafio, o Presidente Hinckley prometeu que o cumprimento diligente daquele simples programa de leitura traria para a nossa vida e para o nosso lar “mais do Espírito do Senhor, uma determinação mais firme de obedecer a Seus mandamentos e um testemunho mais forte da realidade viva do Filho de Deus”.8 24 NOTAS 1. Lectures on Faith, 1985, p. 1. 2. Ver Boyd K. Packer, “The Candle of the Lord”, Tambuli, julho de 1983, p. 27. 3. History of the Church, volume 4, p. 425. 4. History of the Church, volume 6, p. 50. 5. The Articles of Faith, 1924, p. 162. 6. Junius F. Wells, “Historic Sketch of the YMMIA”, Improvement Era, junho de 1925, p. 715. 7. Tambuli, julho de 1983, p. 34. 8. “Um Testemunho Vibrante e Verdadeiro”, A Liahona, agosto de 2005, p. 6. FOTOGRAFIA: RUTH SIPUS, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS auxílio didático divino talvez nunca seja tão evidente quanto quando ensinamos, seja no lar ou nas atribuições da Igreja. Conforme Paulo deixou bem claro para os romanos: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo?” (Romanos 2:21). Observem os seguintes versículos de Doutrina e Convênios, sobre como o ensino diligente convida a graça e a instrução celestes: “E dou-vos um mandamento de que vos ensineis a doutrina do reino uns aos outros. Ensinai diligentemente e minha graça acompanhar-vos-á, para que sejais instruídos mais perfeitamente em teoria, em princípio, em doutrina, na lei do evangelho, em todas as coisas pertinentes ao reino de Deus, que vos convém compreender” (D&C 88:77–78; grifo do autor). Tenham em mente que as bênçãos descritas nessas escrituras se referiam especificamente ao professor: “Ensinai diligentemente e minha graça o acompanhará” — para que vocês, os professores, sejam instruídos! O mesmo princípio está bem claro no versículo 122 dessa mesma seção: “Dentre vós designai um professor e não falem todos ao mesmo tempo; mas cada um fale a seu tempo e todos ouçam suas palavras, para que quando todos houverem falado, todos sejam edificados por todos, para que todos tenham privilégios iguais” (D&C 88:122; grifo do autor). Se todos falarem e todos ouvirem de modo ordeiro e digno, todos serão edificados. O exercício individual e coletivo da fé no Salvador convida a instrução e o fortalecimento provenientes do Espírito do Senhor. MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES Tornar-se um Instrumento nas Mãos de Deus Sendo Unas de Coração e Mente Selecione em espírito de oração e leia as escrituras e ensinamentos desta mensagem que atendam às necessidades das irmãs que você for visitar. Compartilhe suas experiências e seu testemunho. Convide as irmãs a quem você estiver ensinando a fazerem o mesmo. povo deve tornar-se ‘puro de coração’ e será (...) o povo do Senhor. Eles andarão com Deus porque serão unos de coração e mente, e habitarão em retidão, e não haverá pobres entre eles” (“Living Welfare Principles”, Ensign, novembro de 1981, p. 93). FOTOGRAFIAS DE ESCULTURA E FERRAMENTAS: CRAIG DIMOND; FOTOGRAFIA DE MULHER: MATTHEW REIER, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELO; BORDA © ARTBEATS De Que Modo o Esforço para O Que Significa Sermos Unas de Tornar-nos Unas de Coração Coração e Mente? e Mente Me Ajuda a Ser um I Coríntios 12:20, 27: “Há muitos membros, mas um corpo. (...) Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”. Instrumento Melhor Presidente Gordon B. Hinckley: “O Senhor disse que se não sois um, não sois meus (ver D&C 38:27). Essa grande união é a marca registrada da verdadeira igreja de Cristo. Ela é percebida em meio a nosso povo no mundo inteiro. Como somos um, somos Dele. (...) Oramos uns pelos outros para que prossigamos unidos e fortes. Se assim fizermos, nenhum poder abaixo dos céus poderá impedir o progresso deste grande reino” (“Except Ye Are One”, Ensign, novembro 1983, p. 5). Presidente Marion G. Romney (1897–1988), Primeiro Conselheiro na “É missão da Igreja nesta última dispensação desenvolver outro povo que viverá o evangelho em sua plenitude. Esse Primeira Presidência: nas Mãos de Deus? Élder D. Todd Christofferson, da Presidência dos Setenta: “Precisamos começar fazendo com que individualmente nos tornemos um. Somos seres duais de carne e espírito, de modo que muitas vezes nos sentimos fora de harmonia, ou em conflito. (...) À medida que nos esforçamos, cada dia e cada semana, para seguir o caminho de Cristo, nosso espírito ganha preeminência, a batalha interna cessa e as tentações deixam de incomodar-nos. Há cada vez mais harmonia entre a parte espiritual e a física, até que nosso corpo físico seja transformado (...) [em] ‘instrumentos de justiça para Deus’ (ver Romanos 6:13)” (“Para Que Sejam Um em Nós”, A Liahona, novembro de 2002, pp. 71–72). Kathleen H. Hughes, Ex-Primeira Conselheira na Presidência Geral da “[O Senhor] exige ‘o coração e uma mente solícita’ (D&C 64:34; grifo da autora). (...) O Senhor nos pede que nos abramos para Ele, absolutamente sem reservas. Ele nos diz para não nos preocuparmos com ‘nossa própria vida, mas procurarmos conhecer a Sua vontade e cumprir Seus mandamentos’ (ver Helamã 10:4). Nosso coração é renovado quando fazemos e doamos tudo o que podemos e, depois, ainda oferecemos nosso coração e vontade ao Pai” (“De Pequenas Coisas”, A Liahona, novembro de 2004, p. 111). Sociedade de Socorro: Élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos: “A submissão espiritual sig- nifica (...) comunhão e comunidade, à medida que a mente e o coração se tornam unos com Deus. Passamos então menos tempo decidindo e mais tempo servindo. (...) A entrega do coração a Deus assinala o último estágio de nosso desenvolvimento espiritual. Só então estaremos começando a ser plenamente úteis para Deus! Como podemos orar sinceramente para nos tornar um instrumento em Suas mãos, se o instrumento é que procura instruir?” (“Willing to Submit”, Ensign, maio de 1985, p. 71). ■ A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 25 Eu queria me casar, mas minhas expectativas pouco realistas me levaram a uma série de namoros fracassados. JAMES WELCH H á vários anos, percebi que, apesar de ter um testemunho do evangelho, em termos gerais, havia alguns princípios aos quais eu ainda não estava plenamente convertido. Embora não tivesse problemas como, por exemplo, com o dízimo ou com a Palavra de Sabedoria, tinha dificuldade para aceitar o princípio do casamento eterno, o meu casamento eterno. Uma Série de Fracassos Não que eu não quisesse me casar; pelo contrário, eu queria desesperadamente, ou pelo menos era isso o que dizia a mim mesmo. Namorei moças que moravam perto, e tive alguns relacionamentos à distância. Eu saía constantemente com moças, até a exaustão. Mas tornei-me especialista em identificar o que eu considerava “defeitos” em cada mulher com quem saía. Sempre me sentia justificado em encerrar um relacionamento, mas não antes de manter o namoro por um ou dois anos. Com o tempo, entrei num ciclo de tantos fracassos, que fiquei praticamente traumatizado em relação ao namoro. Eu tinha servido em uma missão. Ia ao templo regularmente, jejuava e orava pedindo a orientação do 26 Senhor e servia fielmente nos chamados da ala. Tinha forte apoio da família. Aconselhava-me regularmente com meus bispos. Até passei um tempo sendo aconselhado por um excelente psicólogo que era membro da Igreja. Mas sentiame terrivelmente mal. Não tinha idéia de como conseguiria me casar. As pessoas que se compadeciam da minha situação me diziam que eu apenas não tinha encontrado “a pessoa certa” ainda. Outros me diziam: “Você tem simplesmente que mergulhar de cabeça”. Mas eu tinha muitas dúvidas e medos irracionais que me impediam de fazer isso. Achei que seria preciso um milagre para eu me casar. Embora soubesse que era responsável pela minha própria vida e que não poderia esperar que um bispo resolvesse meus problemas, sempre esperava que cada novo bispo com quem trabalhei pudesse me ajudar. Todos se preocuparam comigo e disseramme que ficasse perto da Igreja, continuasse a servir e fizesse o melhor possível. Quando eu estava com 45 anos, o bispado de nossa ala mudou. Quando o nome do novo bispo foi anunciado, fiquei desanimado. O homem FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE OAKLAND CALIFÓRNIA: CRAIG DIMOND; FOTOGRAFIAS DA FAMÍLIA: CORTESIA DE JAMES WELCH; FUNDO © GETTY IMAGES Minha Conversão ao Casamento Eterno que tinha sido chamado era alguém com quem eu não tinha nada em comum. Insensatamente decidi que teria de esperar pelo bispo seguinte. Uma Conversa Direta Num domingo, pouco tempo depois, eu estava a caminho da reunião do sacerdócio quando o bispo perguntou se eu poderia ir até sua sala naquele instante para a entrevista de renovação da recomendação para o templo. Na sala dele, comecei a contar a minha bem ensaiada história de desgraça: nada dava certo para mim. Todas as mulheres que eu havia namorado tinham algum defeito intolerável. E talvez eu não tivesse sido destinado a casar-me nesta vida, mesmo. O bispo não deu atenção às minhas lamúrias; olhou-me nos olhos e perguntou: “Você quer casar-se ou não?” Tive que responder que achava que sim, mas não tinha mais realmente certeza. Ele continuou: “Quero que você vá para casa e decida se realmente quer se casar. Se a resposta for não, então terei pena de você, mas você poderá parar de namorar e de se martirizar com o assunto. Se a resposta for sim, então volte, e trabalharemos nisso”. Naquele momento, tive um sentimento inconfundível de que o conselho dele me ajudaria. Saí da sala do bispado pensativo. Depois das reuniões, fui para casa, e após um breve debate íntimo, porém intenso, decidi que a resposta teria de ser sim. Eu realmente queria me casar e estava disposto a me submeter ao conselho daquele bispo, fosse qual fosse. Essa disposição foi o ponto decisivo na minha jornada para o casamento. Por décadas, eu tivera pouco entusiasmo em meu empenho. O casamento não tinha sido realmente uma grande prioridade para mim, embora eu fingisse que sim. Só quando era conveniente eu pensava seriamente no casamento, mas havia outras coisas, como minha carreira T ive uma vigorosa mudança no coração a respeito daquele princípio, e isso fez toda a diferença em minha vida. Caseime com Deanne, minha esposa, no Templo de Oakland Califórnia, em 22 de maio de 1997. A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 27 James e Deanne Welch com seus filhos, Jameson e Nicholas. O irmão Welch diz o seguinte a respeito profissional como músico concertista e professor universitário, que geralmente tinham precedência. O que eu precisava aprender era como abordar a meta do casamento com o mesmo comprometimento. de sua família e do casamento: “Há dez Instruções de Meu Bispo anos, não poderia ter Quando voltei para conversar com o bispo, ele falou comigo mais claramente do que qualquer pessoa tinha feito até então. Não estava interessado em minha lista de desculpas. Disse simplesmente: “Vamos descobrir o problema — o ponto em que o relacionamento sempre perde o encanto para você — e então consertá-lo”. A princípio, fiquei surpreso, mas então senti que sua abordagem direta era muito motivadora. Eu sabia que podia confiar nele. Foi preciso muita energia e coragem para sair do ciclo habitual de fracassos em que eu me havia escondido, mas comecei a adquirir mais confiança de que podia fazê-lo. Sua primeira instrução foi de que eu começasse a procurar novamente por uma companheira que tivesse, em suas palavras, fé, integridade e boa vontade — qualidades eternas que realmente importavam — em vez de simplesmente algumas qualidades imaginado tamanho sentimento de realização”. 28 superficiais que eu considerava essenciais. (Na minha mente, ela precisava ser loura, soprano e uma ótima cozinheira.) Meu encargo seria gostar dela com o mesmo tipo de amor, no meu próprio nível, que o Pai Celestial tem por todos nós individualmente. Meu bispo também me ajudou a descobrir as falhas no meu empenho de chegar ao casamento. Admiti que elas não estavam nas mulheres que eu namorara, como tentara convencer a mim mesmo por tanto tempo, mas sim, no meu modo errado de pensar e nas expectativas pouco realistas. Ele estabeleceu algumas regras novas para mim sobre quem eu deveria namorar. Em primeiro lugar, eu teria de prepararme para mudar. Eu me sentia muito confortável em meu estilo de vida e, embora até desejasse o casamento de modo abstrato, achava que ele atrapalharia minha rotina. Eu teria de começar a fazer algumas coisas de modo diferente. Já vinha fazendo as coisas à minha maneira por mais de 25 anos, repetindo os mesmos erros, e obviamente aquilo não tinha funcionado. Como eu já estava com 45 anos, tive de compreender que não teria um estoque ilimitado de tempo para namorar. Em segundo lugar, o namoro não deveria girar em torno de entretenimentos, mas, sim, no empenho de identificar uma companheira que também estivesse seriamente interessada e preparada para o casamento. Seria um momento de conhecer-nos melhor, não apenas a personalidade dela, mas também, e mais importante, seu espírito. Meu bispo também me ensinou que eu seria capaz de determinar em poucos encontros se a mulher tinha as qualidades essenciais que eu estava procurando. Se não tivesse, esse seria o momento de seguir adiante. Para romper meu ciclo improdutivo de namoros a longo prazo, o bispo deu-me um ultimato surpreendente: eu teria de continuar todo namoro sério até o casamento ou a rejeição. Depois de um período razoável de tempo, não poderia dar as costas, a menos que a mulher que eu estivesse namorando me rejeitasse. Anteriormente, eu tivera o hábito de abandonar o relacionamento, em vez de comprometer-me. Dessa vez, eu não tinha permissão de recuar, como fizera muitas vezes antes. Num gesto inusitadamente ousado, concordei com os termos. O Que Aprendi Comecei a reconhecer algumas coisas. Uma delas, foi perceber que aquilo que alguns chamam de “paixão” vem depois de uma conversa sincera e madura, e não antes. Isso é um dos erros mais comuns que as pessoas cometem: elas só procuram iniciar um relacionamento se sentirem imediata atração física. Algumas pessoas solteiras também preferem assuntos superficiais a conversas sérias e perguntas difíceis, evitando-as, na vã esperança de que, assim que o “verdadeiro amor” surgir, de alguma forma os problemas da vida real desaparecem. Na verdade, o que acontece é justamente o contrário. Se, desde o princípio, você praticar a comunicação sincera e aprender a responder às perguntas difíceis, então a confiança se desenvolve. Essa confiança apaga o medo, que é geralmente a causa do frio na barriga, a falta de comprometimento e, no final das contas, um relacionamento instável. O mais importante foi que aprendi que o amor não tem de centrar-se só em mim. É principalmente preocupar-se com a outra pessoa. Tive de trabalhar muito para tornar-me humilde e eliminar a atitude arrogante de que talvez nenhuma mulher fosse boa o suficiente para mim. Minha Verdadeira Conversão Seria bom se eu pudesse dizer que me casei com a primeira mulher com quem saí. Namorei algumas mulheres muito brevemente e tive um relacionamento mais longo que terminou quando fui rejeitado. Mas exerci fé e segui as instruções de meu bispo, embora não conseguisse resultados imediatos. Um ano depois de eu ter adotado essa mudança de atitude e perspectiva, interessei-me novamente por uma mulher que eu já conhecia havia muitos anos. Já tínhamos namorado antes, mas dessa vez eu a vi por um ângulo diferente — como uma companheira eterna em potencial que era agradável e bela em todos os sentidos porque tinha qualidades eternas (e muitas outras qualidades também). Ela foi suficientemente generosa para dar-me outra chance, e hoje ela é minha esposa e a mãe de nossos preciosos filhos. Eu a amo profundamente. Há dez anos, eu não poderia ter imaginado tamanho sentimento de realização. O que provocou essa conversão? (E foi uma verdadeira conversão — uma mudança de rumo para uma direção diferente.) Creio que a mudança aconteceu porque um bispo me ensinou o quão profundamente o Pai Celestial me ama e deseja que eu seja feliz e tenha todas as bênçãos que Ele já me prometeu. Meu bispo ajudou-me a reorganizar as prioridades de minha vida, que tinham ficado distorcidas. Ele falou com franqueza e não permitiu que eu me distraísse com as desculpas que dera por tanto tempo. Agora sei como ocorre uma conversão. Tive uma vigorosa mudança no coração a respeito daquele princípio, e isso fez toda a diferença em minha vida. Posso identificar o momento de minha conversão naquele dia, na sala do meu bispo, quando me foi revelado que eu devia seguir seu conselho, e que seria abençoado. E realmente fui. ■ A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 29 MENSAGENS INSTANTÂNEAS A NOITE DO TESTE LEHI L. CRUZ Q uando eu estava no último ano do curso fundamental, todos os alunos foram acampar em Negros Ocidental, Filipinas, antes da formatura. Armamos nossas barracas no local do acampamento e passamos bons momentos subindo em pés de goiaba e de manga. Quando a noite chegou, meus pais foram ver como eu estava. Disseram-me que tomasse cuidado, e depois foram embora. Um de meus colegas convidou meus amigos e a mim para passear de carro com ele e seu primo mais velho. Fomos todos juntos e nos divertimos bastante até que, para minha surpresa, vi que meus colegas tinham levado cerveja e cigarros. Paramos o carro perto do local do acampamento, e eles começaram a beber cerveja e a fumar no carro. Convidaram-me para fazer o mesmo, mas recusei-me. Disse que não faria aquilo porque o fumo encurtaria meu tempo de vida. Também disse que aquilo ia contra minhas crenças, porque nos fora ensinada a Palavra de Sabedoria. Disse-lhes que a Palavra de Sabedoria é uma lei que ensina que devemos manter nosso corpo limpo, porque ele é o templo de Deus. Disse para eles que precisávamos nos abster de fumar, de ingerir bebidas alcoólicas, chá preto e café, e não devíamos usar drogas. Meu melhor amigo e eu 30 deixamos os outros dois e fomos dormir em nossa barraca. Quando voltei para casa, fiquei feliz em contar a meu pai que não tinha acompanhado meus colegas, mas em vez disso ensinaralhes a Palavra de Sabedoria. Fiquei feliz pelo Espírito Santo ter estado comigo para me guiar e me dar coragem para falar aos meus amigos. Com aquela experiência, aprendi que nossa obediência será testada quando estivermos sozinhos, sem nossos pais ou outras pessoas para nos apoiar. Sinto-me grato pela Palavra de Sabedoria e por estar decidido a cumpri-la. Quando eu tiver idade suficiente, servirei em uma missão e ensinarei a muitas pessoas a importância da Palavra de Sabedoria. ■ RECONHECER O SALVADOR J A D E S WA R T Z B E R G ILUSTRAÇÕES: SAM LAWLOR E u estava sentada à mesa com algumas amigas no refeitório de nossa escola do curso médio, quando surgiu o assunto da Segunda Vinda de Cristo. Minhas amigas não eram muito religiosas, mas tinham ido à igreja o suficiente para ter ouvido falar do evento profetizado. Elas também sabiam que eu ia regularmente à Igreja e que tinha uma firme crença no Salvador. Conversamos sobre isso por algum tempo, e em resposta às perguntas delas eu lhes disse que ninguém sabe exatamente quando Cristo virá novamente. Uma de minhas amigas virouse para mim e disse, bem séria: “Jade, se a Segunda Vinda acontecer em breve e Cristo vier, pode ser que eu não O reconheça. Você O apontará para mim?” É claro que eu disse sim, e começamos a conversar sobre outras coisas. Minhas amigas provavelmente nunca mais voltaram a pensar naquela conversa, mas eu pensei nela muitas vezes. Tomando como base as coisas que eu dizia e fazia, minhas amigas supuseram que eu conhecesse o Salvador. Na verdade, elas contavam comigo para saber quem era Ele! Mas será que eu O conheço realmente? Será que eu poderia responder afirmativamente à pergunta de Alma: “Haveis recebido sua imagem em vosso semblante” (Alma 5:14)? Essa pergunta descontraída, feita por uma amiga, fez-me reavaliar diversas vezes o meu relacionamento com o Salvador. Será que minhas orações pessoais e meu estudo das escrituras, por exemplo, são suficientemente significativos para aproximar-me Dele? Espero que sim. E espero que, no dia em que Cristo voltar, eu possa colocar-me diante Dele com o coração puro e as mãos limpas. Então, não apenas conseguirei reconhecê-Lo facilmente, mas Ele será capaz de me reconhecer porque terei Sua imagem gravada em meu semblante (ver Alma 5:19). ■ SE UMA MOSCA VOAR PARA DENTRO DE SUA BOCA Moscas espirituais podem ser bem mais do que simplesmente incômodas. Podem ser muito perigosas, se não as cuspirmos fora imediatamente. AARON L. WEST 32 ILUSTRAÇÃO: STEVE KROPP E nquanto corria ao ar livre, no sábado pela manhã, eu não disse para mim mesmo: “Espero que uma mosca voe para dentro da minha boca hoje”. Mas, enquanto eu estava correndo, isso aconteceu. Uma mosca voou direto para dentro da minha boca! Não foi culpa minha. Eu não tinha feito nada de errado. Nem sequer a tinha visto chegando. O que você acha que eu fiz, quando aquele inseto passou zunindo por entre meus dentes? Ora, eu não o fiquei degustando e saboreando. Não deixei que ele ficasse ali para ver o que aconteceria. Não o engoli. Nem sequer parei para pensar. Simplesmente o cuspi fora e continuei correndo, cuspindo por todo o caminho. Alguma vez uma “mosca” entrou na sua boca? Você já se viu inocentemente diante de uma fotografia, música, palavra ou idéia imprópria? Provavelmente sim. As más influências estão a nossa volta e, embora possamos evitar grande parte delas, provavelmente seremos expostos a elas, mesmo sem as ter procurado. As moscas espirituais são fatais, bem mais prejudiciais para espírito do que aquele pequeno inseto seria para o corpo. O que você deve fazer se uma mosca espiritual entrar em sua boca? Você deve dar-lhe o mesmo tratamento que dei à mosca que entrou em minha boca: Cuspa-a fora! Não hesite. Saia de perto. Corra, se for preciso. Desligue a televisão. Desligue o rádio. Desligue o computador. Jogue o livro ou a revista no lixo, que é o lugar certo para essas coisas. Exercite o que o Presidente Brigham Young (1801–1877) chamou de “a força mental da fé”. Ele disse: “Em breve o mundo será conquistado, de acordo com as palavras dos profetas, e testemunharemos o estabelecimento do reino da retidão, que obrigará o pecado e a iniqüidade a se retirarem. Mas o poder e os princípios do mal, se é que podem ser chamados de princípios, jamais cederão o mínimo que seja ao avanço do Salvador, a menos que sejam rechaçados centímetro por centímetro, de modo que teremos de conquistar o terreno à força. Sim, por meio da força mental da fé e de boas obras, o evangelho vai avançar, espalhar-se, crescer e prosperar”.1 O Presidente Young falava de nosso empenho em encher o mundo com o evangelho, mas suas palavras também se aplicam ao nosso empenho de encher nossa vida de boas qualidades. Force aquele pensamento ou imagem ruim para fora de sua mente, cantando um hino, recitando uma escritura, fazendo uma oração. “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12:21). Lembre-se do que o Presidente Gordon B. Hinckley nos ensinou repetidas vezes sobre a pornografia: “É claro que vocês são tentados. Parece que o mundo inteiro ficou obcecado por sexo. De modo bastante enganador e atraente, ele é constantemente apresentado na televisão, nos livros e revistas, nas fitas de vídeo e até na música. Virem as costas a tudo isso. Afastem-se. Sei que é fácil falar, mas difícil fazer. No entanto, cada vez que o conseguirem, ficará mais fácil. Que coisa maravilhosa será estarmos um dia diante do Senhor e podermos dizer: ‘Estou limpo’. O Senhor deu-nos em nosso tempo um mandamento que se aplica a todos nós. Ele disse: ‘Que a virtude adorne os teus pensamentos incessantemente’. Com esse mandamento, Ele fez também uma promessa: ‘Então tua confiança se fortalecerá na presença de Deus’ (D&C 121:45). Creio que Ele quis dizer que se formos puros de mente e coração, dia virá em que poderemos nos apresentar, confiantes, diante do Senhor. (...) Haverá um sentimento de confiança e também um sorriso de aprovação”.2 Lembrem-se: Se uma mosca voar para dentro de sua boca, cuspa-a fora! ■ NOTAS 1. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, pp. 332–333. 2. “Sede Puros”, A Liahona, julho de 1996, p. 50. A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 33 T a b o d e r a m r o f e R Em junho de 2006, todos os tubos do órgão, exceto os que aparecem aqui, foram removidos para limpeza, e a inclinação do piso do mezanino foi aumentada para que todos os visitantes tivessem uma boa visão do púlpito. O piso foi coberto, e os pilares, protegidos. A reforma do teto foi concluída. 34 rnác O ulo Tabernáculo de Salt Lake ficou fechado ao público por dois anos e, durante esse tempo, foi realizada uma grande obra de reforma no edifício de 140 anos. “Amo este edifício”, disse o Presidente Gordon B. Hinckley numa entrevista coletiva à imprensa, em 1º de outubro de 2004. “Não quero que seja feita coisa alguma aqui que destrua os aspectos históricos dessa rara jóia da arquitetura. (...) Quero o velho Tabernáculo original, com suas junções firmadas, preservadas e fortalecidas, e sua beleza natural e maravilhosa conservada.” FOTOGRAFIAS: A. ANGLE E ROGER SEARS Seguem-se fotografias da reforma. A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 35 Uma das duas novas escadas acrescentadas ao mezanino aumentou para seis as saídas do piso superior. Acima: Foram instalados sólidos À direita: O púlpito foi equipado com um bancos de madeira clara de carvalho grande elevador de palco no centro. Esse elevador, em combi- para substituir a maioria dos bancos originais, feitos de nação com os setores independentes do púlpito (à direita), pinho. Os bancos originais, pintados por artesãos pioneiros pode ser configurado para acomodar uma conferência geral, para parecerem de carvalho, estavam danificados e gastos. um serão ou um palco de orquestra. Os setores possuem equi- Alguns ficarão expostos permanentemente. pamento audiovisual, fios e ventilação embutidos. Também têm carpetes que combinam, novos entalhes na madeira e telas de vídeo pelas quais as Autoridades Gerais podem assistir aos procedimentos da conferência. A modernização dos recursos audiovisuais incluiu diversos novos efeitos de luz. A inserção mostra uma das duas grandes telas instaladas a cada lado dos tubos do órgão. Quando não forem necessárias, as telas são recolhidas por trás dos assentos do coro. Foi instalado o mais moderno equipamento de som, mas as famosas propriedades acústicas do Um operário sobe em um andaime de vários andares de altura e trabalha na restauração do teto. Tabernáculo foram preservadas. Quatorze camadas de tinta foram removidas para chegar-se ao reboco original. Depois dos reparos, os operários aplicaram um revestimento condizente com as propriedades do reboco histórico, tanto nos componentes químicos quanto nas propriedades acústicas. Tomou-se muito cuidado para preservar o padrão curvo original do teto. 36 Uma artista usa sua habilidade para retocar a textura na fachada do mezanino. A maior parte do acabamento das paredes e pilares do Tabernáculo precisou ser reparada ou substituída. Abaixo: Como parte das melhorias contra abalos sísmicos, as pilastras externas foram ancoradas mais profundamente no solo e reforçadas com novas bases de aço e concreto. Esse ancoramento está localizado abaixo do nível da calçada. Os tubos do órgão foram limpos, afinados e reinstalados. Os tubos maiores (à esquerda) são feitos de madeira e demasiadamente grandes para ser removidos. Eles receberam um novo revestimento dourado. Um considerável espaço sob o Tabernáculo foi reformado. No alto à direita: Os escritórios administrativos do Coro do Tabernáculo e da Orquestra da Praça do Templo agora ocupam o espaço anteriormente reservado para o batistério. Centro: O vestiário das mulheres oferece a cada membro do coro seu próprio camarim para guardar roupas e acessórios. Os homens têm um espaço semelhante. Mais abaixo: Na biblioteca musical são guardadas todas as partituras do coro. Nela também há armários individuais para cada O novo teto de alumínio, mostrado aqui um dos aproximadamente 350 membros do coro. Os em dezembro de 2005. Abaixo: Em cada extremidade do bibliotecários compilam pastas contendo as devidas Tabernáculo, uma grande viga de aço — chamada de “viga músicas e partituras para cada apresentação do coro gêmea” — foi acoplada à viga de madeira existente para e as colocam em armários individuais. reforçá-la. Abaixo, à esquerda: Os operários aplicam madeira compensada antes de instalar o novo teto. 38 Um Jejum Suficiente Embora eu não jejue como as outras pessoas, ainda assim o sacrifício resulta em bênçãos. R I L E Y M . LO R I M E R ILUSTRAÇÃO: SCOTT GREER Q uando eu era criança, o domingo de jejum era um sacrifício. Minha barriguinha roncava o dia inteiro, e eu mal conseguia esperar pela hora do jantar quando poderia quebrar meu jejum. No verão anterior à sexta série, comecei a adquirir maior entendimento do princípio do jejum, e assim que o fiz, aconteceu: fiquei doente. Não foi um resfriado ou gripe comum. Meu corpo reagia de modo muito estranho, e ninguém parecia saber o motivo. Após quatro meses de consultas a vários especialistas, finalmente encontrei a resposta. O diagnóstico foi uma rara doença que me fazia ficar com sede o tempo todo e me tornava muito sensível à desidratação. Como a doença era rara, os médicos não sabiam dizer muito sobre como seria o meu dia-a-dia. Simplesmente me deram remédios, na esperança de que ajudassem. Por isso, quando chegou o domingo de jejum seguinte, tentei jejuar, ficando sem comer e sem beber nada, como sempre tinha feito. Foi um grande erro. Devido à minha doença, ficar sem tomar água por apenas algumas horas me fazia sentir muito mal, como rapidamente descobri. Fiquei muito preocupada com isso. “Se eu beber água enquanto estou jejuando”, pensei comigo, “não será um jejum completo! Não estarei fazendo o suficiente!” Esse pensamento me atormentou por vários meses. Estudei as escrituras a respeito do jejum e orei muito a respeito desse problema. Também conversei com meus pais e com as líderes das Moças a esse respeito, mas ainda assim não me sentia tranqüila. A resposta me veio numa manhã de domingo de jejum, quando li a história da moeda da viúva, no Novo Testamento (ver Marcos 12:41–44). A oferta de viúva era pequena aos olhos do mundo, mas o Salvador a aceitou com amor porque sabia que era tudo o que ela possuía. Soube então que meu jejum era suficiente, porque era o máximo que eu podia fazer. O Senhor não estava comparando meu sacrifício com o de outras pessoas, mas com o que eu era capaz de oferecer. Desde aquele dia, desenvolvi um forte testemunho a respeito do jejum. Aprendi que preciso também estudar e orar enquanto jejuo, para que o Espírito esteja comigo. Mas o mais importante foi que aprendi a sempre dar o melhor de mim, e isso será o suficiente. O Senhor não nos pede que ofereçamos mais do que as nossas forças permitem (ver Mosias 4:27). ■ A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 39 SACRIFÍCIO Dei um grito de alegria. Toda a minha escola deve ter ouvido. Os outros alunos ficaram olhando para mim, espantados, imaginando o que teria feito com que eu gritasse, mas não contive minha alegria quando vi meu nome na lista de alunos aprovados na principal universidade das Filipinas. Senti-me realmente abençoado. Quando fui aprovado na universidade, dei um grito de alegria. Como poderia então sacrificar meus estudos para servir em uma missão? J O S E P H R AY B R I L L A N T E S D isse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher (...) hei de abençoar, e te darei dela um filho. (...) Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e [regozijouse]” (Gênesis 17:15–17; ver Tradução de Joseph Smith, Gênesis 17:23). “ ILUSTRAÇÃO: ROGER MOTZKUS; ISAQUE E FAMÍLIA, DE GRIFFITH FOXLEY, © THE PROVIDENCE COLLECTION, TODOS OS DIREITOS RESERVADOS, IMAGEM Nº 143, REPRODUÇÃO PROIBIDA “E chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência depois dele” (Gênesis 17:19). Quando as pessoas ficaram sabendo que eu iria para a universidade, olharam para mim admirados. Nos momentos de reflexão, eu não conseguia parar de sorrir. Meu futuro estava garantido. Senti-me muito grato ao Senhor por ajudar-me a passar nos exames qualificatórios. “E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! (...) Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas (...) e oferece-o (...) em holocausto” (Gênesis 22:1–2). “Pai Celestial, não posso ir para a missão agora! Há tantas coisas para mim aqui. Deixa-me continuar meus estudos. Depois que eu me formar, eu irei e A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 41 “E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos” (Gênesis 22:6). Estava sentindo uma grande tristeza no coração quando me dirigi à sala do secretário da faculdade. Ele me diria que eu estava louco, que estaria sacrificando um futuro promissor. Como eu poderia explicar-lhe que o Senhor me havia chamado? “E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha. E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho” (Gênesis 22:9–10). “Estou aqui para ver o secretário da faculdade.” “É sobre um pedido de desobrigação honrosa.” “Não, eu estou em boa situação acadêmica.” “Não, não me envolvi em nenhuma ofensa criminal.” “O motivo? Recebi um chamado de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias para servir em uma missão de proselitismo de tempo integral. Preciso 42 deixar meus estudos na universidade para servir ao Senhor.” “Não, a missão não pode ser adiada, e servirei por dois anos.” “Sei que isso significa que não posso voltar.” “Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: (...) Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho” (Gênesis 22:11–12). “Como? Posso pedir uma licença? Minha chefe de departamento disse que eu teria que sair da universidade porque só se pode pedir uma licença de um ano.” “As normas da universidade mudaram recentemente? Ela não deve ter sabido disso, nem eu.” “Muitíssimo obrigado.” “Então o anjo do Senhor bradou a Abraão (...) desde os céus (...) e disse: (...) Deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; (...) e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz” (Gênesis 22:15–18). Depois de ter servido na Missão Filipinas Ilagan, de 2000 a 2002, concluí meus estudos na Universidade das Filipinas, em Quezon City, e depois me transferi para a Universidade Brigham Young — Havaí. Espero agora me casar e criar uma família no evangelho. O Senhor deseja que sacrifiquemos tudo a Ele. Isso não significa que o desejo de nosso coração não será atendido. Às vezes, Ele apenas espera para ver se O colocaremos em primeiro lugar. ■ SACRIFÍCIO DE ISAQUE, DE JERRY HARSTON as o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: (...) Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.” “M proclamarei Teu evangelho. Preciso continuar a estudar, Pai. Preciso disso para meu futuro. Tu sabes que tentei persuadir a chefe do departamento a conceder-me uma licença por dois anos. Ela não deixou. Ela me disse que eu teria de solicitar uma desobrigação honrosa da universidade, se eu decidisse sair. Pai Celestial, não posso ir para a missão agora! Preciso disso para meu futuro.” FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE MCKAY: BOYART STUDIO; FUNDO © STOCK IMAGES Você Sabia? Idéias para o Diário Dica de Se você tiver dificuldade em pensar num assunto para escrever em seu diário, comece com estes: “A primeira coisa que me lembro da infância é ...” ou “Minha melhor recordação da escola é ...” ou “Uma experiência espiritual que tive recentemente foi ...” O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) disse: “Peguem um caderno, meus jovens, um diário que vai durar por todo o tempo, e talvez os anjos o citem na eternidade. Comecem hoje e escrevam nele suas ações, seus pensamentos mais profundos, suas realizações e fracassos, suas amizades e triunfos, suas impressões e seu testemunho” (“The Angels May Quote From It”, Tambuli, junho de 1977, p. 17). Liderança O Presidente David O. McKay (1873–1970), nono Presidente da Igreja, falou a respeito de várias características que identificam um líder ou professor bem-sucedido: 1. “Uma fé implícita no evangelho de Jesus Cristo como a luz do mundo e um sincero desejo de servi-Lo. Essa condição da alma resultará na companhia e orientação do Espírito Santo.” Em uma Palavra Morte espiritual: A morte espiritual é afastar-nos de Deus. Há duas origens para a morte espiritual: a Queda e a nossa própria desobediência. “Toda a humanidade, tendo sido afastada da presença do Senhor pela queda de Adão, é considerada como morta, tanto em relação às coisas materiais como às coisas espirituais” (Helamã 14:16). Durante nossa vida na Terra, estamos separados da presença de Deus. Por meio da Expiação, Jesus Cristo redime todos dessa morte espiritual. “A Ressurreição de Cristo redime a humanidade, sim, toda a humanidade; e leva-a de volta à presença do Senhor” (Helamã 14:17). 2. “Amor não fingido pelos (...) membros, guiado pela determinação de lidar com justiça e imparcialidade com todo membro da Igreja. Honre (...) os membros, e os (...) membros vão honrá-lo.” 3. “Preparação diligente. O líder bem-sucedido conhece seus deveres e responsabilidades e também os membros sob sua direção.” 4. “Alegria — não forçada, mas natural, que brota espontaneamente de uma alma esperançosa” (Conference Report, outubro de 1968, p. 144). “A menos que você s estejam mente em plenapenhado s em viver gelho de o evantodo o ‘c oração, p mente e o d e r, força’ (D &C 4:2), s e n g ã u o irão gera contual para r suficien afastar a te luz esp s trevas.” iriÉld er Rob “Sair d ert D. Hales, a do Quó rum do Liahon Escuridão pa ra Sua s Doze a, julho M Apósto de 200 los, 2, p. 78 aravilhosa Lu z”, A . Uma outra morte espiritual advém de nossos pecados, que nos tornam impuros e incapazes de habitar na presença de Deus (ver Helamã 14:18). O Salvador oferece a redenção da morte espiritual, mas somente quando exercemos fé Nele, arrependemo-nos de nossos pecados e obedecemos aos princípios e ordenanças do evangelho (ver Helamã 14:19). (Ver Sempre Fiéis, 2004, “Morte Espiritual”, p. 48.) A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 43 A Oferta de Jejum do Irmão John Greg Burgoyne N ão pude acreditar no que via. Lá estava ele, de pé junto ao púlpito. Eu nunca tinha visto o irmão John na Igreja antes, muito menos prestando testemunho. Um mês depois, ele veio à Igreja e prestou seu testemunho novamente. Tudo começou numa manhã de domingo, na reunião do comitê executivo do sacerdócio. Eu estava servindo como presidente dos Rapazes. Tínhamos acabado de ler o Manual de Instruções da Igreja, e o bispo ficou em silêncio, meditando. Então, ergueu o rosto e disse: “Quero que nossos irmãos do Sacerdócio Aarônico comecem a coletar ofertas de jejum dos membros menos ativos”. Pediunos que envolvêssemos os mestres e sacerdotes. Fiquei surpreso. Na Cidade do 44 Cabo, África do Sul, a maioria dos membros mora muito longe uns dos outros. Leva-se aproximadamente 35 minutos para ir de carro de uma extremidade da ala até a outra. Os rapazes nunca haviam coletado as ofertas de jejum antes, porque não podiam andar até a casa dos membros — a distância era muito grande, e estávamos preocupados com sua segurança. Como comitê, elaboramos um plano e trocamos idéias sobre como poderíamos sobrepujar esses obstáculos. O quórum de élderes concordou em encarregar alguns irmãos de levar os rapazes até várias casas, no sábado, antes de cada domingo de jejum. Dividimos a ala em áreas e encarregamos cada dupla de visitar algumas famílias ativas e algumas famílias menos ativas. Percebemos que nosso plano seria uma boa oportunidade para que os irmãos conhecessem os jovens e os jovens recebessem conselhos dos élderes. Quando apresentamos o plano para os rapazes, eles se mostraram muito desejosos de colocá-lo em prática. Lembramos que eles deveriam vestir roupa de domingo e que isso fazia parte de sua sagrada responsabilidade de zelar pela ala. Fiquei encarregado de levar meu irmão caçula, Andrew. No sábado seguinte, fomos visitar todos de nossa lista, mas a maioria não estava em casa. O último membro que visitamos foi o irmão John, que não conhecíamos muito bem. Andrew saiu do carro, bateu na porta e esperou. Estava quase desistindo e voltando para o carro, quando a porta se abriu. Andrew apertou a mão do irmão John e disse: “Olá, meu nome é Andrew, e sou da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Amanhã é domingo de jejum, e o bispo pediu-nos que visitássemos os membros para receber qualquer doação de oferta de jejum que queiram fazer”. ILUSTRAÇÕES: BRIAN CALL VOZES DA IGREJA Entregou um envelope ao irmão John. O irmão John ficou surpreso, mas foi para dentro com o envelope. Poucos minutos depois, saiu da casa com um sorriso. Agradeceu a Andrew educadamente e entregou-lhe o envelope. Saí do carro e nós três conversamos por alguns momentos. Quando estávamos indo embora, o irmão John acenou em despedida e disse: “Não deixem de voltar no mês que vem”. Andrew ficou muito entusiasmado durante todo o caminho de volta até a capela, quando entregamos nossos envelopes para um membro do bispado. No mês seguinte, não deixamos de fazer uma visita ao irmão John. Novamente ele foi muito amigável. Após alguns meses, ele começou a freqüentar a Igreja no domingo de jejum. Nossas visitas de sábado o lembraram de suas reuniões dominicais, e ele disse que iria no dia seguinte. Ficamos entusiasmados quando o irmão John se tornou ativo na Igreja. Fortalecemos os laços de amizade com ele. As palavras não podem expressar a alegria que sentimos porque uma alma havia retornado ao redil. Em poucos meses, ele estava freqüentando a Igreja regularmente, e logo foi chamado para servir na presidência do quórum de élderes. Para nós, o ponto alto dessa experiência aconteceu quando pediram ao irmão John que falasse na reunião sacramental sobre o dízimo e as ofertas. No final de seu discurso, ele falou da primeira visita de Andrew. Com olhos cheios de lágrimas, ele disse: “Andrew, você nunca saberá a repercussão que teve em minha vida aquela manhã de sábado em que você veio até a minha casa com aquele envelope azul. Pode ser que você tenha achado perda de tempo, mas recebi muitas bênçãos em minha vida porque você me deu a oportunidade de pagar minha oferta de jejum. Seu serviço é um dos motivos pelos quais estou aqui hoje”. ■ Limonada e uma Fatia de Pão Anabela De León Q uando eu tinha seis anos de idade, minha família mudou-se para uma casa nova em nossa cidade natal de Quetzaltenango, Guatemala. No dia em que nos mudamos, estávamos cansados e com sede. Meu irmão mais velho levou-me para a cozinha para pegar um copo de água, mas a água encanada ainda não estava disponível. Não sabíamos o que fazer. Era tarde, e não conhecíamos ninguém. Naquele exato momento, alguém bateu à porta. Era uma senhora idosa muito gentil com um sorriso bondoso. “Bem-vindos à vizinhança”, disse ela. “Sou sua vizinha, Tenchita. Achei que vocês provavelmente estariam sem água, por isso trouxe um pouco de limonada e pão”. Fiquei tão feliz em ver a limonada que abri um grande sorriso. Poucos dias depois, Tenchita convidou-nos para ir à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e deu-nos um exemplar do Livro de Mórmon. Pouco depois, recebemos as palestras missionárias, e três meses mais tarde os élderes nos desafiaram a sermos batizados. Meus cinco irmãos mais velhos aceitaram o desafio, mas meus pais não se sentiam prontos. No entanto, continuaram a freqüentar a Igreja, e eles e eu fomos batizados e confirmados dois anos depois, quando completei oito anos. Eu era jovem, mas pude perceber as mudanças que o evangelho de Jesus Cristo fez em nossa família. Como todas as famílias, tínhamos nossos problemas, mas a comunicação e a harmonia aumentaram em nosso lar, e tínhamos confiança de que surgiriam soluções por causa dos ensinamentos que recebíamos na Igreja verdadeira. Ficamos muito gratos por Tenchita ter apresentado o evangelho para nós, mas mudamonos pouco depois e não ouvimos mais falar dela. Treze anos depois, minha família foi selada no Templo da Cidade da Guatemala Guatemala, e decidi servir em uma missão. Em minha primeira área, na Missão Guatemala Cidade da Guatemala Sul, freqüentemente visitávamos os membros que estavam doentes ou menos ativos. Certo dia, o bispo pediu que visitássemos uma irmã idosa que estava doente e não podia sair de casa. Disse-nos que a bebida favorita daquela irmã era limonada. Quando minha companheira e eu chegamos à casa, a irmã estava doente na cama, mas eu a reconheci imediatamente e dei-lhe um grande abraço. A irmã Tenchita não sabia quem era eu, a princípio, mas depois de conversarmos um pouco, seus olhos brilharam ao me reconhecer. Ela sorriu e disse: “Eu levei limonada e pão para você”. Agradeci-lhe também por levar-me o evangelho e tornar possível que eu servisse em uma missão. Um copo de limonada e uma fatia de pão são coisas fáceis e baratas para oferecer, mas fazê-lo do modo que a irmã Tenchita fez — com afeto e preocupação por nosso bem-estar eterno — realmente os tornou muito valiosos. Ela mudou minha vida e a de meus familiares. Da mesma forma, todos nós podemos mudar a vida das pessoas, ajudando-as a encontrar o caminho para a “água viva” e o “pão da vida” (João 4:10; 6:48). Hoje, minha família e eu não 46 apenas compartilhamos limonada e pão com nossos vizinhos: compartilhamos também o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. ■ Você Vai Cuidar Bem de Mim Elaine Pearson A o olhar para minha nova lista de irmãs que devia visitar como professora visitante, vi o nome de uma irmã recém-conversa de nossa ala. Fiquei um pouco apreensiva por ligar para alguém que não conhecia, mas minha companheira e eu marcamos um horário para visitar Jane (os nomes foram alterados). Chegamos na manhã marcada e rapidamente fizemos uma oração antes de nos dirigirmos a sua porta. Encontramos Jane e seus três filhos pequenos esperando por nós. À medida que fomos nos tornando mais chegadas com as visitas mensais, também tentamos conhecer melhor os filhos dela. Os dois mais novos sentavam-se perto de mim e de minha companheira, e líamos livros para eles e brincávamos juntos. Mas Alex, de quatro anos, o mais velho dos três, não tinha muita vontade de fazer amizade com as visitantes freqüentes de sua mãe. Ele era independente e hesitava em fazer amizade conosco. Já éramos professoras visitantes de Jane por um ano, quando recebemos um telefonema dizendo que a casa de Jane estava pegando fogo. Meu marido e eu sentimos que devíamos levar conosco bolachas, garrafas de água e carrinhos de brinquedo, e corremos para ver se poderíamos ajudar. Encontramos Jane de pé na calçada, em frente da casa fumegante. O marido de Jane tinha ido ajudar os bombeiros a verificarem os danos, enquanto Jane consolava as três crianças que choravam e se agarravam aos seus joelhos. Ao nos aproximar e falar-lhe, dissenos que estava ansiosa para ir procurar o marido. Levamos seus dois filhos menores para nosso carro. Eles estavam famintos e com sede, e fiquei grata pela inspiração do Espírito Santo em levar alimentos e água. Em pouco tempo, ficaram satisfeitos. Mas Alex, ainda soluçando, agarrava-se fortemente à mãe. Jane não podia levá-lo com ela, e sentia-se dividida entre sair em busca do marido e consolar o filho. Incentivei-a a ir e, depois, inclineime e perguntei a Alex se ele poderia ficar comigo um pouco, enquanto a mãe ia procurar o pai. Para minha surpresa, ele concordou. Quando peguei Alex no colo, ele apoiou a cabeça no meu ombro, e eu fiz carinho nas suas costas. Enquanto Jane foi procurar o marido, sussurrei palavras de consolo no ouvido de Alex. Senti que seus soluços foram diminuindo e sua respiração foi voltando ao normal. Ali na calçada, Alex disse brandamente para mim: “Sei que você vai cuidar bem de mim, porque você é a professora da minha mãe”. Silenciosamente verti lágrimas e dei-me conta de que Alex sabia que éramos importantes na vida da mãe dele. Ele reconheceu que podia confiar em mim para tomar conta dele, porque eu era a professora da sua mãe. ■ O Presente que Não Consigo Lembrar Gary R. Wangsgard U m dos maiores presentes que recebi de meu pai é um que não consigo lembrar. Ele nunca falou dele. Esse era o jeito de meu pai. Fiquei sabendo dele muitos anos depois, por intermédio da minha mãe. Tanto a minha mãe quanto meu pai foram criados como membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mas o hábito de fumar de meu pai impedia-o de casar-se no templo. O amoroso bispo que realizou a cerimônia do casamento civil de meus pais incentivou-os a estabelecer a meta de casarem-se no templo antes de os filhos nascerem. Eles ainda estavam trabalhando nessa meta quando eu nasci. Na época de meu segundo aniversário, meus pais ainda não tinham ido ao templo. Minha mãe realmente queria que a família fosse selada antes do nascimento do segundo filho, mas meu pai ainda fumava. Eu gostaria de conseguir lembrar o que aconteceu em meu segundo aniversário, porque foi aí que recebi o presente. Meu pai voltou do trabalho para casa naquela noite, no início de novembro e, depois de deixar de lado a sua maleta e tirar o casaco, ele me pegou no colo. “Gary”, disse ele, “tenho um presente especial de aniversário para você”. Minha mãe disse que ficou surpresa, pois sabia que meu pai não tinha dinheiro para comprar nada para mim. Pondo a mão no bolso da camisa, meu pai tirou dali um maço de cigarros aberto e entregou-os para mim. Minha mãe começou a se opor, mas meu pai ergueu a mão, como se estivesse dizendo: “Isso é entre mim e meu filho”. Brandamente, ele então disse para mim: “Pensei nisso por vários dias. Decidi que não quero que você, meu filho, se lembre de seu pai fumando. Meu presente para você hoje é que estou abandonando os cigarros, e nunca mais vou fumar”. E esse foi o fim de seu vício de fumo. Ele deve ter-se esforçado muito para parar de fumar tão abruptamente. Embora eu não lembre, esse foi seu presente especial para mim. Mas foi mais do que isso. Poucos meses depois, com minha mãe grávida de meu irmão, fizemos uma viagem até o Templo de Logan Utah, onde fomos selados para sempre como família. Sou verdadeiramente grato por esse presente, dado há muitos anos por um pai amoroso e carinhoso. ■ A LIAHONA SETEMBRO DE 2007 47 COMENTÁRIOS Tocado pelo Espírito Quão amoroso é o nosso Pai Celestial para prover-nos com todas as coisas de que necessitamos para voltar a Sua presença. Ele proveu-nos com a Liahona, uma revista realmente maravilhosa e única. Todos os que buscam a verdade com sinceridade e humildade serão tocados pelo espírito que ela traz consigo. Toda vez que leio a Liahona, sinto que estou no meio de meus irmãos e irmãs do mundo inteiro. Que grande bênção! Victorino F. Dela Cruz Jr., Filipinas julho de 2006, “Com Asas de Águia”, foi particularmente impressionante e útil. ter ajudado a levar mais uma alma a Cristo. Kwame Asante, Gana Gernot Lahr, Alemanha Um Auxílio Didático Ajuda com o Ensino Familiar Fiquei muito grato pelo artigo do Presidente Thomas S. Monson, intitulado “O Projeto de Construção do Mestre”, na revista de janeiro de 2006. Foi muito inspirador para minha família e ajudou-me com meu ensino familiar. Minha vida como membro da Igreja é mais feliz porque A Liahona Jaime Cruz, Nicarágua Uma Publicação para a Família Família Cazorla, Espanha Particularmente Impressionante Leio a Liahona regularmente, já há vários anos. Sempre a leio com respeito e alegria, e sinto-me edificado. Senti que o artigo do Élder Dieter F. Uchtdorf, da revista de 48 A Liahona Aumenta Nossa Fé Somos muito abençoados por ter um guia e um instrumento — a Liahona — que nos ajuda a sobreviver nesta vida perigosa, em que existem tantas provações e tentações. A Liahona ajuda-nos a aumentar e fortalecer nossa fé. Estou agora estudando numa escola em que sou o único membro da Igreja. Há artigos na Liahona que se relacionam com meus desafios pessoais. Mark Anthony Punongbayan, Filipinas Um Presente de Natal Enviei um exemplar da edição de dezembro de 2006 da Liahona para um amigo que, depois de ler a revista, sentiu-se muito bem. Ele disse: “Obrigado por esse excelente presente. Minha vida mudou, e sintome pronto para filiar-me a essa maravilhosa Igreja”. Sinto-me feliz por é um guia para nossos dias. Sou professor dos jovens na Escola Dominical de meu ramo e uso A Liahona juntamente com as escrituras, em minhas aulas. Meus alunos e eu aprendemos muito. Parabéns por seu excelente trabalho. Adeilson de Souza Nascimento, Brasil Envie seus comentários por e-mail para [email protected]. Ou envie-os para: Liahona, Comment 50 E. North Temple St., Rm. 2420 Salt Lake City, UT 84150-3220, USA As cartas podem ser editadas, devido ao tamanho ou à clareza. FOTOGRAFIA: CAMILLA COMBS Somos gratos pela bela publicação da Liahona, que lemos avidamente ao recebê-la a cada mês, e aproveitamos do seu conteúdo ao máximo, como família. Na revista de julho de 2006, por exemplo, gostamos muito dos excelentes artigos que nos ajudaram a preparar nosso filho para o batismo e a confirmação. A fotografia de alta qualidade atraiu a atenção de nossa filhinha, que ainda não sabe ler, mas consegue entender as mensagens visuais. Numa tarde de domingo, brincamos de “Caixa Dominical: O Lápis que Gira” e nos divertimos muito. Os laços familiares foram fortalecidos. PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • S E T E M B R O D E 2 0 0 7 OAmigo VINDE AO PROFETA ESCUTAR Solo Sagrado P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência L embro-me de quando fui ordenado diácono. Nosso bispo ressaltou a responsabilidade sagrada que tínhamos de distribuir o sacramento. Enfatizou a maneira adequada de vestir-nos, uma atitude digna e a importância de estarmos limpos por dentro e por fora. Quando nos ensinaram o procedimento para distribuir o sacramento, foi-nos dito que devíamos ajudar Louis McDonald, um irmão de nossa ala que tinha paralisia, de modo que ele tivesse a oportunidade de partilhar os emblemas do sacramento. Lembro-me muito bem de ter sido encarregado de distribuir o sacramento no banco em que o irmão McDonald O Presidente Monson relembra um ato de serviço do sacerdócio que mudou sua vida. C O I S A S PA R A P E N S A R 1. A princípio, o Presidente Monson estava um pouco receoso de levar o sacramento para o irmão McDonald. Por quê? Como esse sentimento mudou? Por quê? 2. Por que você acha que o Presidente Monson sentiu que estava pisando em solo sagrado? Como você estava sentado. Eu estava com medo e hesitante quando cheguei perto daquele maravilhoso irmão, então vi seu sorriso e a expressão ansiosa de gratidão que mostrava seu desejo de tomar o sacramento. Segurando a bandeja com a mão esquerda, peguei um pedacinho de pão e levei-o aos lábios dele. A água foi servida mais tarde, da mesma forma. Senti que estava pisando em solo sagrado. E realmente estava. O privilégio de distribuir o sacramento para o irmão McDonald fez de todos nós melhores diáconos. ● Adaptado de um discurso proferido na conferência geral de outubro de 2005. acha que o irmão McDonald se sentiu? 3. O que você aprendeu a respeito de tomar o sacramento? Se você estiver preparando-se para receber o Sacerdócio Aarônico, o que aprendeu a respeito de como distribuir o sacramento? 4. Em que mais você pensou ao ler esse artigo? FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY; ILUSTRAÇÃO: BY DANIEL LEWIS A2 “E eis que vos digo estas coisas para que aprendais sabedoria; para que saibais que, quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus” (Mosias 2:17). Nota: Se não quiser remover páginas da revista, essa atividade pode ser copiada ou impressa a partir do site www.lds.org. Para inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique em “Languages”. A4 TEMPO DE COMPARTILHAR O Mestre Serviu “Quando estais a serviço de vosso próximo, Atividade estais somente a serviço de vosso Deus” Cole a página A4 numa cartolina. Recorte as oito peças. Faça furos onde estiver indicado. Usando linha ou barbante, faça um laço no furo que fica na parte de cima da gravura do Salvador. Use outro pedaço de barbante para prender a parte de baixo da gravura do Salvador à escritura. Usando seis outros pedaços de barbante, amarre cada gravura de um ato de serviço na parte de baixo da gravura acima. Pendure seu móbile onde ele lembre você que, quando estiver servindo ao próximo, estará também servindo a Jesus Cristo. (Mosias 2:17). ELIZABETH RICKS Jesus gostava muito de servir ao próximo. Ele foi o perfeito exemplo de serviço. Ele disse: “Entre vós sou como aquele que serve” (Lucas 22:27). Ele sabia que tinha vindo à Terra para servir ao próximo, e não para ser servido. Você acha estranho que o Mestre tenha servido às pessoas? Mestre e servo são antônimos. Você pode achar surpreendente que os maiores mestres sejam aqueles que servem. Durante a vida mortal de Jesus, Ele serviu aos pobres. Ensinou o evangelho. Alimentou multidões de pessoas famintas. Lavou os pés dos Seus discípulos. Curou os enfermos e até fez reviver os mortos. Jesus ensinou a importância do serviço. Quando Ele voltar à Terra, dirá aos justos: “Tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destesme de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me” (Mateus 25:35–36). Jesus disse que os justos não se lembrarão de terem feito quaisquer dessas coisas por Ele. Então, Ele lhes dirá: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:40). Quando servimos uns aos outros, também estamos servindo ao Senhor. Você pode servir ao Senhor servindo às pessoas ao seu redor. Você não precisa fazer algo grandioso para servir às pessoas. Um sorriso pode alegrar o coração de um amigo. Dizer uma palavra bondosa, ajudar um irmão ou irmã, obedecer aos pais — todas essas coisas são maneiras pelas quais você pode servir. Quando estamos dispostos a servir, tornamo-nos mais semelhantes a Cristo, e nossa fé cresce. ILUSTRAÇÕES: DILLEEN MARSH § Idéias para o Tempo de Compartilhar 1. Conte a história do arco quebrado de Néfi (ver 1 Néfi 16:18–32), usando uma aljava com flechas. Você pode desenhar uma aljava e as flechas no quadro-negro ou fazer uma de papel. Em cada flecha, anexe uma pergunta. Escreva, por exemplo: “Para quem Néfi pediu orientação sobre onde caçar?” (seu pai, Leí) e “O que Néfi fez com o alimento que conseguiu?” (compartilhou com a família). Em cada flecha, escreva uma palavra que se relacione com a pergunta, tal como obediência ou compartilhar. Depois que todas as perguntas tiverem sido respondidas, aponte para cada flecha e peça às crianças que apliquem a qualidade escrita na flecha à própria família. Peça exemplos específicos, tais como: “Eu poderia ajudar meu pai a fazer o almoço”. Compartilhe uma experiência de como o serviço de um membro da sua família o ajudou. 2. Entre na sala vestindo um avental e carregando uma bandeja coberta por um guardanapo. Diga às crianças que você deseja servi-las. Peça que abram em Gálatas 5:13–14. Ajude-as a sublinhar “Servi-vos uns aos outros pelo amor”, e “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Na bandeja, coloque várias referências das escrituras, gravuras de atos de serviço ou citações das histórias que você vai contar. Você pode colocar copos com referências das escrituras escritas do lado de fora, uma gravura de um ato de serviço em um prato, ou citações coladas a talheres. Depois que as crianças tiverem escolhido, examinado ou lido um dos itens, peça-lhes que compartilhem o que aprenderam. Conte histórias de serviço ao próximo. Você pode contar histórias tiradas de A Liahona. ● O AMIGO SETEMBRO DE 2007 A5 DA VIDA DO PRESIDENTE SPENCER W. KIMBALL Um Simples Ato de Serviço Era uma noite tempestuosa de inverno. No aeroporto de Chicago, Illinois, as filas de espera engrossavam, devido a atrasos ou cancelamentos de vôos. Uma jovem grávida estava na longa fila de embarque, empurrando a filha de dois anos com o pé. Muitas pessoas fizeram comentários desaprovadores, mas ninguém se ofereceu para ajudá-la. Por que ela não pega no colo a criança que está chorando? Que mãe insensível! Com um bondoso sorriso, o Élder Kimball se aproximou da mulher. Sim, por favor. Já tive quatro abortos espontâneos. Meu médico disse que não posso carregar nada, nem pegar no colo minha própria filha. A6 ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI Posso ajudá-la? O Élder Kimball ergueu do chão a criança que chorava, fez-lhe carinho nas costas e deu-lhe uma bala. Quando a menina se acalmou, ele informou aos outros passageiros e aos funcionários do aeroporto a situação daquela mulher. Vamos colocá-la no próximo vôo disponível. A ansiedade da mulher foi aliviada. Mais tarde, ela viu uma fotografia do Élder Spencer W. Kimball, do Quórum dos Doze Apóstolos. É ele! Esse foi o homem que me ajudou. Venha, sente-se e descanse até sua partida. Poucos meses depois, ela deu à luz um menino muito saudável. Vinte e um anos depois, o Presidente Kimball recebeu uma carta. Era do filho daquela jovem mãe. Servi fielmente em uma missão e hoje estudo na Universidade Brigham Young. Obrigado por ter ajudado minha mãe naquela noite terrível! O Presidente Kimball ficou feliz ao ver que aquele pequeno ato de serviço resultara em tantas coisas boas. Adaptado de Edward L. Kimball e Andrew E. Kimball Jr., Spencer W. Kimball, 1977, p. 334, e Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2005, pp. 89–91. O AMIGO SETEMBRO DE 2007 A7 PARA OS AMIGUINHOS “[Chamar] o sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor” (Isaías 58:13). Fazer o Bem no Dia do Senhor J U L I E WA R D E L L Revistas da Igreja 1. Depois que o Pai Celestial e Jesus Cristo criaram os céus e a Terra em seis dias, Eles descansaram no sétimo dia. 2. Eles abençoaram o sétimo dia como um dia santificado. É um dia para descansarmos de nosso trabalho diário e pensarmos Neles. Podemos mostrar o quanto Os amamos, fazendo coisas boas no Dia do Senhor. A8 3. Ir à Igreja e tomar o sacramento são coisas que mostram ao Pai Celestial e a Jesus Cristo que Os amamos e queremos seguir Seus ensinamentos. Nossa maneira de vestir e de nos comportar, e ouvir nossos professores também são muito importantes. 7. Visitar os doentes, os idosos e nossos entes queridos é outra maneira pela qual podemos servir. 4. No lar, devemos santificar o Dia do Senhor. É um dia para estarmos com nossa família. 5. Podemos ouvir boa música, brincar com jogos tranqüilos ou sair para uma caminhada com a família. Ler as escrituras, histórias das escrituras ou O Amigo também são coisas boas para se fazer. 8. O Pai Celestial e Jesus Cristo prometeram que, se santificarmos o Dia do Senhor, seremos mais felizes e receberemos bênçãos em nossa vida. ● ILUSTRAÇÕES: CRAIG STAPLEY 6. O Dia do Senhor é um bom dia para servir ao próximo. Podemos fazer desenhos ou escrever cartas para parentes, entes queridos, missionários ou pessoas que estejam servindo nas forças armadas. O AMIGO SETEMBRO DE 2007 A9 ã h n o i m C a h C e i o m U de Santos “Irás à casa de oração e oferecerás teus sacramentos no meu dia santificado” (D&C 59:9). A10 resci em Monterrey, México, no Estado de Nuevo León. Meus pais eram santos dos últimos dias fiéis, e não me lembro de nenhuma ocasião em que deixamos de ir à Igreja. Quando eu tinha cinco ou seis anos de idade, meu pai tinha um velho caminhão basculante que usava para transportar material de construção e terra para jardinagem. Todos os domingos, minha irmã e eu subíamos na carroceria do caminhão enquanto meu pai e minha mãe iam na cabine. Então, íamos até a casa de meus primos, onde sua família subia para juntar-se a nós. Em seguida, apanhávamos a família Gonzales, depois a família Solano, e assim por diante. Quando chegávamos à capela, o caminhão basculante estava cheio, não de terra, mas de santos. Algumas pessoas que moravam nas redondezas achavam muito engraçado ver mais de vinte homens, mulheres e crianças de camisa branca e gravata C DE UM AMIGO PARA OUTRO Benjamín de Hoyos quando bebê (na fileira do meio) com FOTOGRAFIAS: CORTESIA DO ÉLDER DE HOYOS; ILUSTRAÇÃO: PAUL MANN sua família. ou vestido de domingo saindo de um empoeirado caminhão basculante. Os vizinhos saíam de casa todos os domingos só para apreciar o espetáculo. Riam de nós, mas não ficávamos nem um pouco envergonhados. Estávamos felizes por ir à Igreja. Repetimos essa façanha duas vezes por domingo, durante toda a década de 1960. Quando o caminhão não estava disponível, minha família ia para a Igreja a pé. Mesmo que estivesse chovendo, ou fizesse muito frio ou calor, íamos a pé do mesmo jeito, embora levasse mais de uma hora para chegar à capela e outra hora para voltar para casa. E naquela época havia reuniões da Igreja pela manhã e à tarde. Sempre fomos às duas reuniões. Quando voltei a Monterrey, após muitos anos, todos os meus companheiros de viagem no caminhão basculante ainda estavam ativos na Igreja. Aquela experiência nos uniu e fez com que ficássemos fortes. Ainda assisto a todas as minhas reuniões. Como poderia fazer menos hoje, do que fazia naquela época? Crianças, assistam a suas reuniões. Podem ir a pé, de carro ou num caminhão basculante, mas nunca deixem de ir à Igreja. ● Extraído de uma entrevista com o Élder Benjamín de Hoyos, dos Setenta, que serve atualmente na Área América do Sul Norte; por Melvin Leavitt, Revistas da Igreja Durante a missão. O AMIGO SETEMBRO DE 2007 A11 Rios e Rios de Sorrisos R AY G O L D R U P Inspirado numa histórica verídica arcus ficou olhando para a fogueira crepitante do acampamento enquanto ouvia a lição dada pelo pai. “Todos devemos seguir o exemplo de Jesus Cristo para sermos felizes”, disse o pai para a família. Eles estavam sentados em troncos ao redor do fogo. “É muito importante que cada um de nós tenha caridade uns pelos outros”, disse ele. “O que é caridade, pai?” perguntou Marcus. O pai colocou mais lenha na fogueira. “A caridade é o puro amor de Cristo”, explicou ele. “Não podemos ser salvos no reino de Deus sem ela.” Marcus pareceu confuso. O pai olhou para a família ao redor e pediu: “Cada um de vocês pense num exemplo de caridade para ajudar Marcus a compreender melhor o que isso significa”. A mãe virou um marshmallow no fogo com um espeto. “Quando a Sra. Clanton caiu e machucou o quadril, eu ajudei a fazer as tarefas domésticas na casa dela”, disse a mãe. M A12 Tanner contou que na semana anterior ele tinha ajudado o quórum de diáconos a coletar alimentos e roupas para os pobres e desabrigados da cidade. Ashley tinha feito amizade com uma menina da vizinhança que as outras meninas ignoravam. “Papai ajudou a consertar o telhado do Sr. Johnson, porque o Sr. Johnson está na cadeira de rodas”, disse a mãe. “Cuidar do Jo-Jo conta?” perguntou Marcus. Jo-Jo era o seu hamster. “Eu dou comida para ele e troco sua água e dei-lhe uma meia nova como cama.” Marcus deu uma mordida num marshmallow tostado. “Todo ato de bondade ou serviço que fazemos por alguém — inclusive o Jo-Jo — é caridade”, disse o pai. “Quero fazer alguma coisa para alguém maior do que o Jo-Jo, como você, a mamãe, Tanner e Ashley fizeram”, disse Marcus. “Mas acho que sou muito pequeno.” “Você não precisa ser grande para ajudar outra pessoa, não é, Marcus?” perguntou meu pai. “Ou para que suas orações sejam respondidas.” Marcus sorriu: “Não.” ILUSTRAÇÕES: MATT SMITH “Todas as vossas coisas sejam feitas com amor” (I Coríntios 16:14). “Por que você não pede ao Pai Celestial que o ajude a encontrar alguém que você possa ajudar? Quando o momento chegar, você saberá.” “Como é que eu vou saber?” perguntou Marcus. Ashley estendeu a mão e limpou o canto da boca do Marcus que estava sujo de marshmallow. “Você sentirá lá dentro de você, como esse marshmallow que acabou de comer”, disse ela. Mais tarde, naquela noite, Marcus ficou encolhido dentro de seu saco de dormir. Ouviu os galhos das árvores raspando uns nos outros fora da tenda. “Pai Celestial, por favor, me ajude a encontrar alguém que eu possa ajudar”, orou ele. “Sou só um garotinho, mas o papai disse que não tenho que ser grande para poder ser bondoso ou útil para outras pessoas. Eu ajudo o Jo-Jo e a minha família sendo obediente e fazendo minhas tarefas, mas quero fazer algo por outra pessoa. Jesus ajudou muitas pessoas, e eu quero ser como Ele.” Numa tarde de sábado, duas semanas depois, Marcus estava trabalhando com a mãe no jardim. Ele percebeu que a vizinha da casa ao lado estava sentada no balanço da varanda. Ela parecia muito triste. “Mãe, o que há de errado com a Sra. Walton?” perguntou Marcus. A mãe ergueu-se do meio das flores e olhou para a vizinha. “O marido da Sra. Walton morreu há quase um ano, e ela sente muita saudade dele. Alguns dias são mais difíceis para ela, e parece que hoje é um desses dias.” Marcus ergueu-se, olhou para a Sra.Walton do outro lado da cerca viva baixa que separava os dois quintais. Teve um sentimento profundo dentro dele, que foi ficando maior e mais quente, tal como a fogueira do acampamento quando o pai colocava mais lenha nela. “Posso apanhar um de nossos girassóis e levar para a Sra. Walton?” perguntou Marcus. A mãe sorriu e fez que sim com a cabeça. arcus entregou a flor para a Sra. Walton. “É para você”, disse ele. M Poucos instantes depois, Marcus estava diante da Sra. Walton. Ela ficou surpresa. Marcus entregou-lhe a flor. “É para a senhora”, disse ele. Ela pegou a flor e depois olhou para o Marcus. Ele sentou-se no balanço ao lado dela. Ele não disse nada. Apenas sorriu. A Sra. Walton fez um carinho na mão do Marcus, e os dois ficaram ali sentados, ouvindo dois pássaros vermelhos que cantavam na árvore do jardim da casa dela. Então, a Sra. Walton olhou de novo para o Marcus. Ele ainda estava sorrindo. de o amor ar tilhar p m o c os .” “Podem simples órum m atos e do Qu f Cristo d r lla , o a Hand ssell B M. Ru stolos, “The bro de Élder ó m p e A v , no oze dos D Ensign ship”, Fellow 30. p. 1988, A14 “Você tem rios e rios de sorrisos”, disse ela. “Sabia disso?” Marcus continuou sorrindo. “Seus sorrisos vieram no momento em que eu mais precisava deles. Obrigada.” Naquela noite, Marcus colocou serragem nova na gaiola de seu hamster antes de ir dormir. “Jo-Jo, hoje eu trabalhei com a mamãe no jardim e ajudei a Sra. Walton a ficar feliz. Isso me deixou feliz também. Não tenho que ser grande para ajudar as pessoas. Posso ser como Jesus agora mesmo.” ● Cartões do Templo FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE REDLANDS CALIFÓRNIA: WELDON BREWSTER; TEMPLO DE ACRA GANA, TEMPLO DE MANHATTAN NOVA YORK E TEMPLO DE ABA NIGÉRIA: MATTHEW REIER; TEMPLO DE COPENHAGUE DINAMARCA: CRAIG DIMOND; TEMPLO DE SAN ANTONIO TEXAS, TEMPLO DE SACRAMENTO CALIFÓRNIA E TEMPLO DE HELSINQUE FINLÂNDIA: JOHN LUKE; TEMPLO DE NEWPORT BEACH CALIFÓRNIA: WELDEN C. ANDERSEN As revistas durante 2003 e a edição de abril de 2005 continham Cartões do Templo. Desde aquela época, outros templos foram dedicados. Remova esta página da revista, cole-a em cartolina e recorte os cartões. Acrescente esses cartões aos que já apareceram na revista. Templo de Redlands Califórnia Templo de Acra Gana Templo de Copenhague Dinamarca Dedicado em 14 de setembro de 2003, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Dedicado em 11 de janeiro de 2004, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Dedicado em 23 de maio de 2004, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Templo de Manhattan Nova York Templo de San Antonio Texas Templo de Aba Nigéria Dedicado em 13 de junho de 2004, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Dedicado em 22 de maio de 2005, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Dedicado em 7 de agosto de 2005, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Templo de Newport Beach Califórnia Templo de Sacramento Califórnia Templo de Helsinque Finlândia Dedicado em 28 de agosto de 2005, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Dedicado em 3 de setembro de 2006, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Dedicado em 22 de outubro de 2006, pelo Presidente Gordon B. Hinckley Nota: Para encontrar os cartões nas edições de 2003 e 2005 da revista, ou se você não quiser remover esta página da revista, visite o site www.lds.org. Para inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique em “Languages”. O AMIGO SETEMBRO DE 2007 A15 MINHA FÉ EM JESUS CRISTO AUMENTA QUANDO SIRVO AO PRÓXIMO “Quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus” (Mosias 2:17). A16 ILUSTRAÇÃO COM BASE EM O SAMARITANO AJUDA O JUDEU © PROVIDENCECOLLECTION.COM PÁGINA PARA COLORIR Fotografia da Praça do Templo, aproximadamente 1870, de C. R. Savage O Tabernáculo e seu teto arredondado, com vista para os alicerces do Templo de Salt Lake. Ainda em construção nesta fotografia, o Tabernáculo foi um dos maiores edifícios desse tipo no mundo: 46 metros de largura, 76 metros de comprimento e 24 metros de altura. À esquerda vê-se o velho tabernáculo de adobe [tipo de tijolo de argila], que vinha sendo usado desde sua dedicação, em 21 de maio de 1851. E 02007 89059 4 PORTUGUESE 0 “ sses dois grandes edifícios aqui na Praça do Templo — o templo e o Tabernáculo”, disse o Presidente Gordon B. Hinckley, numa entrevista coletiva para a imprensa, por ocasião do início da reforma do Tabernáculo de Salt Lake, “lembram-me um casal de pais idosos e honoráveis — o templo, o pai, o Tabernáculo, a mãe — pais das gerações que se seguiram, pais que ainda estão de pé, espalhando luz, compreensão, conhecimento e amor”. Ver “Reforma do Tabernáculo”, p. 34.
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