livro congregação parte iv - Missionários do Espírito Santo

Transcrição

livro congregação parte iv - Missionários do Espírito Santo
QUARTA PARTE
DEPOIS DO VATICANO II
529
Capítulo 55
Os ventos do Concílio Vaticano II
O
Vaticano II marcou uma viragem na história da Província que
acabou por lhe dar um rosto completamente diferente, como aliás
aconteceu em toda a Igreja.
A geração dos anos 40-50
Centralização e unidade da Congregação
Nos anos 40, a Congregação estava muito centralizada. A subsidiariedade das
províncias só foi decidida no Capítulo de 1968.
- Era a Casa Mãe que fazia todas as nomeações importantes da Província,
como: superiores, conselheiros provinciais, etc.
- Por toda a parte se seguiam os mesmos regulamentos, os mesmos
costumeiros e, por vezes, até os mesmos horários.
- As orações, os cantos, as cerimónias, as festas, etc., eram os mesmos em toda
a Congregação. E até eram os mesmos os manuais de Teologia: Noldim, Hervé,
etc.
- A matriz desta unidade era a matriz de origem, ou seja, francesa. A Província
tinha sido fundada por franceses, os escolásticos nos primeiros tempos faziam a
teologia na França, o noviciado até 1932 foi quase sempre em França. A quando
da Revolução de 1910 foi a França que, em grande parte, acolheu os portugueses.
Os Diários das Comunidades, as actas das reuniões dos primeiros tempos eram
em francês e quase todos os professores falavam bem o francês.
Um grande culto dos fundadores
Os fundadores marcaram muito esta geração.
- Todos os dias, ao pequeno almoço, no refeitório, se liam as cartas do
Venerável Padre.
- Havia os Círculos Libermanianos para tradução dos escritos do Venerável Padre.
- Todos os dias, à noite, se lia um pensamento do Venerável Padre.
- A nível da Província, por várias vezes, foram nomeadas Comissões Provinciais
de estudo dos escritos do Venerável Padre.
- Havia a Causa da beatificação do venerável Padre, com sede no Noviciado.
- Na Consagração ao Apostolado a todos se entregava o Directório Espiritual,
530
Adélio TORRES NEIVA
composto à base da Doutrina de Libermann.
- E é claro, as festas da Congregação eram sempre celebradas. No dia 2 de
Fevereiro havia sempre uma sessão evocativa.
- Todos os dias se rezava pela beatificação do Venerável Padre.
- Na “Acção Missionária” havia sempre um cantinho para a causa do Venerável
Padre, com a publicação das graças recebidas.
O conceito de missão
Foi uma geração que herdou a marca da perseguição à Igreja de 1910 e da
espoliação de todas as casas da Congregação. Por isso a nova política colonial, a
partir do decreto de Rodrigues Gaspar que reconhecia a legitimidade e a utilidade
da acção dos missionários nas colónias e lhes dava subsídios, pagava as viagens,
ajudava as despesas da formação dos futuros missionários, etc., ficou a fazer
parte integrante de uma nova mentalidade missionária.
- A missão estava ligada ao projecto colonial do Estado Novo: era o tempo de
dilatar a Fé e o Império. “Levar Jesus Cristo a toda a gente e dizer aos homens
quem é Portugal”.
- O Acordo Missionário de 1940 conferia aos missionários um estatuto de
privilégio, quase igualado ao dos funcionários públicos.
- Vários ministros das colónias visitaram os nossos seminários, a começar por
Vieira Machado.
- Os missionários tinham viagens pagas, as congregações missionárias recebiam
subsídios do Governo para as suas obras.
- Todos os anos o Procurador das Missões apresentava um relatório ao
Governo e tinha um papel relevante no Ministério das Colónias.
- As ajudas do Governo ficaram bem evidentes na construção do seminário da
Torre da Aguilha, das viagens dos professores ao Ultramar, nos encontros
missionários das Escolas do Magistério, etc.
O modelo de missão que se desenvolveu ficou muito marcado por esta política
e foi um dos grandes picos da tensão da crise de 68 entre os missionários e as
novas gerações.
- O espaço da missão espiritana limitava-se a Angola, de que tínhamos quase o
monopólio, e Cabo Verde. Havia uma afinidade cultural de base. Não se punha
a hipótese de uma abertura a uma cultura diferente, salvo casos excepcionais.
Angola era uma glória da Congregação de que esta se orgulhava e tudo era
canalizado para lá.
O conceito de vida religiosa
- Os valores da vida religiosa giravam à volta da observância: dos votos, da vida
de comunidade, das Regras e Constituições e dos Regulamentos.
- Era uma leitura jurídica dos votos e uma observância escrupulosa da disciplina
religiosa: a regularidade era o grande critério da fidelidade.
Os ventos do Concílio Vaticano II
531
- Nos votos, a grande prioridade era a castidade: muita austeridade na relação
com as mulheres, clausura rigorosa e sagrada, visitas com espaço reservado,
perigo das amizades particulares, etc.
- A obediência era mais cega que corresponsável: obedecer ao superior era
obedecer a Deus.
- A vida em comum privilegiava a presença e regularidade aos exercícios, mais
que as relações e a fraternidade.
- As obras da Congregação eram o pólo catalizador de todas as actividades: a
preparação para estas obras era por vezes sacrificada às exigências do momento.
- As práticas da oração tinham como suporte, além da Eucaristia, as devoções
e as tradições da Congregação: as primeiras sextas-feiras do mês, os meses de S.
José, de Maria, do Coração de Jesus, do Rosário, as novenas, etc.
- Um grande amor à Congregação que fazia com que a comunicação com os
que a abandonavam (egressos) fosse proibida, para não influenciar negativamente os outros.
- Cada valor tinha o seu espaço e cada espaço a sua teologia: a capela era para
rezar, o refeitório para comer, o recreio para brincar, a sala de estudo para
estudar. Não tinha, portanto, sentido comer fora do refeitório ou brincar no
tempo de estudo.
- O silêncio era um dado de base para a formação e um valor de fundo para a
vida religiosa. Havia o “grande silêncio” à noite anunciado pelo toque de três
badaladas na campainha e que se prolongava até ao “Benedicamus Domino” do
levantar, havia sempre silêncio no dormitório, na capela, na sala de estudo, nas
formas, ao subir e ao descer as escadas, nos corredores, na saída para os passeios.
No refeitório, havia sempre silêncio durante o pequeno almoço, e quase sempre
ao almoço e ao jantar, excepto nas quintas-feiras e domingos, ao meio dia, e
quando havia visitas ou por ali passava algum missionário ou se celebrava uma
festa importante.
Conclusão:
Era um modelo de formação que procurava:
- Fomentar a interioridade, talvez à custa de um certo deficit da comunicação
e da cultura da relação. Particularmente a vida de piedade e oração não se
orientava por critérios de comunicação e partilha.
- Formar para a verticalidade e para a austeridade de vida, talvez com prejuízo
do sentido humano e de uma certa cultura do lazer.
- Incutir hábitos de vida comum, talvez mais vida comum que comunidade de
vida.
- Incutir hábitos de trabalho e disciplina e princípios para as exigências difíceis
da vida religiosa e missionária.
Foi um modelo que efectivamente moldou homens de grande têmpera e
verticalidade que nós muito admirávamos e que ficaram na nossa vida como
pontos de referência que ainda hoje lembramos, com gratidão, mais com gratidão
e admiração do que com ressentimento.
532
Adélio TORRES NEIVA
A renovação conciliar
O Vaticano II foi, sem dúvida, o acontecimento mais marcante na vida da
Igreja durante todo o século XX. Ele deu um novo rosto à Igreja. O seu impacto
sobre a vida da Província não podia deixar de se fazer sentir. Os anos 60-70
foram anos cheios de promessas. Por toda a parte se sentia que uma grande
mudança se estava a operar. Tudo parecia possível. Na África, as independências
abalavam profundamente o conceito tradicional de missão. Na Igreja, o Concílio
abrira horizontes e perspectivas completamente inovadoras. Uma Igreja que
queria ser serva e pobre, que assumia decididamente as alegrias e as angústias do
mundo. Foi um período que começou com o Vaticano II e que, na Congregação,
terminaria com a renovação e a promulgação de uma nova Regra de Vida.
A corrente conciliar logo assumida, ainda que nem sempre assimilada, pela
geração mais jovem, provocou conflitos e tensões fortes no seio da Província,
chegando a ruptura a ser uma ameaça. O Capítulo que consagramos à crise de 68,
neste livro, disso nos dá conta e alguns pormenores. Essa crise fez-se sentir, com
os seus exageros de parte a parte, no I Capítulo Provincial, o Capítulo que se
seguiu ao Capítulo Geral da renovação; teve repercussões nos encontros e
assembleias provinciais e locais e provocou o abandono de alguns confrades e
muitos escolásticos maiores.
Mas, passado o momento crítico, que de resto se prolongou por dois ou três
anos, os ânimos foram acalmando e os valores e orientações conciliares acabaram
por ser assumidos no seu conjunto pela maior parte dos confrades. No II Capítulo
Provincial, apresentou-se já uma Província pacificada.
Uma primeira linha inovadora do Concílio foi a do conceito de missão. Nos
documentos conciliares, a missão é situada no coração da Igreja: ela nasce no seio
da Trindade e é lá que está a sua motivação mais profunda. As motivações
teológicas abalaram as motivações históricas e nacionalistas, que identificavam a
acção missionária portuguesa, inclusive a da Província Espiritana. Com o
Vaticano II, a missão passa do signo da portugalidade para a mística da
eclesialidade. A “dualização da fé e do império”, o slogan que animava a missão
até então vigente, é esquecido para se insistir cada vez mais na sua vertente
baptismal.
Como consequência, dilatam-se também os espaços da missão espiritana na
Província. Até aí, o seu campo de missão limitava-se a Angola e Cabo Verde.
Com o fim do “jus comissionis” de 1968, Angola abre-se a outras congregações
e a Província espiritana a outros espaços: Brasil, Paraguai, Guiné-Bissau, S.
Tomé, África do Sul, Taiwan, México, Moçambique e Guiné-Conakri.
Uma outra consequência foi a abertura à internacionalidade e à
interculturalidade. A Província que até aí investia quase exclusivamente nos
espaços da cultura lusófona, procura alargar este horizonte. Particularmente na
esfera da formação, os jovens começam a ser preparados para ambientes
Os ventos do Concílio Vaticano II
533
internacionais, fazendo estágios e experiências em culturas estrangeiras.
Uma segunda linha de força foi a da subsidariedade, defendida logo no
primeiro Capítulo Geral, do pós-Concílio. O papel da Casa Generalícia é
relegado sobretudo para os campos da animação e da coordenação, deixando a
cada Província o seu espaço de liberdade. Por força desta orientação, os
superiores maiores, os superiores locais e os membros do Conselho Provincial
cuja nomeação até aí dependia da Casa Geral, passam para a esfera provincial. Os
órgãos de governo da Província adquirem assim uma liberdade de movimentos
muito maior.
O princípio da participação e da corresponsabilidade é uma das linhas de força
do Concílio. Aplicado à Província levou os seus membros a uma maior
aproximação entre Padres e Irmãos, à participação de todos nas reuniões e nos
projectos da Província e das comunidades, ao lançamento de estruturas de
participação como, Capítulo Provincial, conselhos de comunidade, reuniões e
encontros dos diferentes sectores da vida da Província. A voz activa é devolvida
a cada um dos confrades na eleição dos superiores e ecónomos e em todas as
esferas da participação comunitária.
A insistência do Concílio na dimensão eclesial do povo de Deus, na
importância da vivência bíblica e litúrgica, levou à adopção do ofício divino como
manual de oração da comunidade, nomeadamente as Laudes e as Vésperas,
relegando para o esquecimento o Manual de Oração tradicional na Congregação.
Por outro lado, a insistência nos valores litúrgicos e bíblicos levou a um
aprofundamento teológico da vida de piedade, com prejuízo de algumas
devoções que faziam parte do devocionário espiritano.
A abertura ao mundo e a sensibilidade aos sinais dos tempos preconizada pelo
Concílio, abriu as nossas comunidades a pessoas que lhe eram estranhas, quase
fazendo esquecer os espaços de silêncio e a clausura. O novo quadro social e
pastoral, levando os alunos a frequentarem as Faculdades de Teologia e outros
estabelecimentos de ensino e abrindo os confrades ao ministério exterior, fez
com que a vida dos confrades se processasse mais fora da comunidade que dentro
dela.
Por outro lado, a nova sensibilidade aos problemas do mundo e ao carisma
espiritano levou a um investimento maior no mundo dos pobres, dos emigrantes
e na fronteira da Justiça e da Paz. Os horizontes da missão adquirem um novo
espaço: evangelização e desenvolvimento, novas situações missionárias,
internacionalização das equipas missionárias, novas formas de pertença à
Congregação, renovação dos quadros nas velhas Províncias, etc.
A insistência nos valores mais que na observância, facultou uma maior
liberdade de movimentos na vida de oração e a investir mais na comunhão que
na observância, relegando por vezes para o esquecimento costumes e hábitos que
534
Adélio TORRES NEIVA
faziam parte do nosso quotidiano.
Assim, a comunhão e partilha é privilegiada em relação à “vida comum”, na
oração, nas reuniões de comunidade, nos momentos de lazer, talvez com algum
prejuízo dos valores da pessoalidade.
Mudanças de acento na reflexão missionária e religiosa.
Até ao presente, os missionários identificavam facilmente a Igreja que eles
tinham ajudado a fundar com a sua congregação missionária. Agora é a Igreja
local que começa a emergir, o clero local aumenta e os missionários começam a
sentir que o seu papel mais que de protagonistas é serem simplesmente
cooperadores nessa Igreja. O pessoal missionário, cada vez mais diversificado,
volta-se mais para essa Igreja do que para a Congregação donde provinha.
Descobre-se na prática quanto todas as congregações missionárias se
assemelham. Os religiosos reconhecem-se cada vez mais na sua missão profética
e testemunhante e cada vez menos na sua força dominante e absorvente.
Na vida religiosa, o acento desloca-se de uma piedade pessoal segundo as
tradições do Instituto para o primado do testemunho de vida pessoal e
comunitária, ao serviço dos pobres, por gestos concretos de solidariedade, de
disponibilidade, por vezes de denúncia, por um estilo de vida que marca a
diferença. É um pouco o tempo dos “profetas” que por vezes incomodam os de
fora, outras vezes indispõem os de dentro.
535
Capítulo 56
O Provincialato do P. José Marques Gonçalves de
A
r
a
ú
j
o
(1970-1976)
D
epois de consulta à Província e aos Distritos Religiosos de Luanda,
Nova Lisboa, Sá da Bandeira e Cabo Verde, segundo nota a decisão
nº 780/70 de 03 de Setembro de 1970, o Superior Geral com o seu
Conselho nomeou Superior Provincial de Portugal o P.
José Marques Gonçalves Araújo. O P. Araújo tomou
posse do cargo a 8 de Setembro de 1970 e a 8 de Outubro
apresentava à Província o seu Conselho Provincial, que
escolheu, depois de consulta feita à Província: P. Álvaro
Miranda Santos, 1º assistente e P. Adélio Torres Neiva,
2º assistente. Conselheiros: P. Joaquim Macedo Lima, P.
Manuel de Sousa Gonçalves, P. Abel Moreira Dias, P.
José Coelho Amorim, P. Jorge Veríssimo e Ir. Estêvão.
E depois de consulta ao Conselho Provincial, o P.
P. Gonçalves de Araújo
Provincial nomeou como Ecónomo Provincial o P.
António Alves de Oliveira e Secretário Provincial o P. Ismael Baptista.
Em 1972 a Província contava com 61 padres e 36 Irmãos; no Estrangeiro
estavam 7 padres e 1 irmão. Os escolásticos maiores eram 11 na Torre da Aguilha
e 10 no Fraião; fora do Escolasticado: 6. Os aspirantes eram 90 em Viana, 103 em
Godim, 159 no Fraião e 30 na Silva.
Este Provincialato ocorreu num período bastante agitado da vida da Igreja, da
Congregação e da nação portuguesa. A nível da Igreja, foi o tempo da grande
renovação conciliar e das mudanças nem sempre pacíficas que essa renovação
veio provocar.
A nível da Província, foi o tempo do I Capítulo Provincial que procurou
adaptar para a Província Portuguesa as orientações do Capítulo Geral.
Portugal foi particularmente marcado pela Revolução do 25 de Abril de 1974
que mexeu de tal maneira com toda a sociedade portuguesa que as divergências,
as tensões e por vezes os conflitos criaram problemas por toda a parte e a
Província deles não ficaria isenta.
Em 1975, dá-se a independência de Angola e os conflitos armados entre os
diferentes movimentos de libertação que pouco depois se seguiram, criaram uma
grande instabilidade em toda a Província, muitas missões tiveram que fechar e
não poucos confrades viram-se sem condições de se inserirem na nova situação
e abandonaram o país.
Em Abril de 1969, a Província tinha promovido a reunião de um Conselho
536
Adélio TORRES NEIVA
Provincial Ampliado no intuito de preparar convenientemente o trabalho do I
Capítulo Provincial, acompanhando mais eficazmente a segunda sessão do
Capítulo Geral. Nesta mesma linha preparatória foi criada uma “Comissão
Coordenadora” das actividades com esse intuito.
O 1º Capítulo Provincial
A 30 de Julho de 1970, com a presença do Superior Geral, abriu no Seminário
da Silva o retiro preparatório do Capítulo Provincial. O Capítulo propriamente
dito começou a 3 de Agosto. Tomaram parte no Capítulo 5 membros de direito
(os superiores maiores da Província e dos Distritos) e 22 delegados da Província,
2 do Distrito de Luanda, 2 do Distrito de Sá da Bandeira, 1 do Distrito de Nova
Lisboa, 1 do Distrito de Cabo Verde, 1 delegado dos Missionários Estrangeiros,
e como observador o Provincial de Espanha, P. Joaquim de Ramos Seixas.
O Capítulo desenrolar-se-ia em duas sessões: a primeira decorreu na Silva de
3 de Agosto a 28 de Agosto de 1970 e a segunda na Torre da Aguilha de 14 de
Julho a 27 de Julho de 1971. No intervalo, prosseguiram os seus trabalhos as
quatro comissões, com a colaboração de todos os membros da Província e das
Missões: Formação, Vida de comunidade, Província e Missões, Animação
Missionária e Organização e Bens materiais, com a coordenação da Comissão
Central Intercapitular. Neste Capítulo Provincial foram tratados os seguintes
temas: Organização da Província, Bens Materiais, Vida de Comunidade,
Província e Missões, Formação, Animação Missionária e Membros Associados.
Deles falaremos no capítulo seguinte.
Os documentos capitulares foram aprovados pelo Conselho Geral a 23 de
Novembro de 1971405.
A 29 de Outubro de 1970, conforme nota S/nº 917/70, o Conselho Geral
aprovou a fundação de uma nova comunidade nas Pedras Salgadas, diocese de
Vila Real. De facto, por Escritura de 5 de Março de 1970 o Dr. Nuno Simões
tinha doado à Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo um
prédio urbano composto de casa de habitação e quintal, no lugar de Pedras
Salgadas, Freguesia de Bornes, Concelho de Vila Pouca de Aguiar, “sob a
condição de no mesmo prédio, manter a donatária uma biblioteca de obras
literárias de interesse ultramarino, em especial, referentes às Províncias
Ultramarinas de Angola e Cabo Verde e de, durante o tempo em que o prédio for
ocupado por missionários deverem eles contribuir por todas as formas, para
alfabetizar os adultos da região, elucidando-os especialmente, sobre tudo o que diga
respeito às Províncias Ultramarinas, com o sentido de os prepararem para
eventualmente nelas se fixarem e viverem”406.
O Conselho Provincial, na sua reunião de 8 e 9 de Outubro de 1970, decidiu
criar esta nova residência e no dia 22 de Outubro os padres Joaquim Correia da
405
406
Comunicação nº 869/71 de 23 /11/1971
Livro nº A747m fl 61 do2º Cartório Notarial de Lisboa. Escritura de Doação
O Provincialato do P. José Gonçalves Araújo (1970-1976)
537
Rocha e João Pinto da Silva assumiam a responsabilidade desta residência e no
dia 29 chegou o Ir. José Franco Vicente.
Também na sua reunião de 8/9 de Outubro de 1970, o Conselho Provincial
resolveu transferir a Obra dos Irmãos para Coimbra, ficando a seu director o Ir.
Duarte Costa.
A 15 de Fevereiro de 1971, partiram para Angola, em visita às missões e outras
obras o Superior Geral P. Joseph Lecuyer e o provincial P. José Gonçalves de
Araújo.
A 17 de Novembro de 1971, o Provincial partiu para Cabo Verde em visita aos
confrades daquele Distrito e participar na sua Assembleia Capitular de 28 a 30
de Dezembro de 1971.
Segundo nota D/110/72 do Secretariado Geral da Congregação, o Conselho
Geral, na sua reunião de 26 de Junho de 1972, aceita a proposta do Capítulo
Provincial de Portugal em que o Superior Provincial pode ser eleito pelo
Capítulo Provincial de 1973, com a condição de a eleição só ser efectiva, depois
de confirmada pelo Conselho Geral.
A 26 de Outubro de 1972, o Superior Geral nomeou visitador extraordinário,
por seis meses, do Distrito de Cabo Verde, com poderes de Superior Principal,
o P. Francisco Manuel Lopes.
Neste ano, na Província havia 61 padres e 36 Irmãos; os escolásticos maiores
eram 11 na Torre da Aguilha e 10 no Fraião. Os aspirantes eram 19 em Godim,
12 em Viana, 45 no Fraião e 15 na Silva, num total de 100.
O II Capítulo Provincial
Em 1973, realizou-se o II Capítulo Provincial, para o qual foram convocados 6
membros de direito (os superiores maiores e o ecónomo provincial) e 17
delegados da Província mais 4 delegados dos Distritos e um dos escolásticos
professos. O Capítulo realizou-se no Seminário da Torre da Aguilha, de 9 a 18
de Julho de 1973, tendo nele participado o Superior Geral, P. Lecuyer, que
orientou o retiro da abertura.
Dos 30 membros convocados, estiveram presentes 26. Como secretário geral e
coordenador foi escolhido o P. Abel Moreira Dias e como moderadores os PP.
Abílio Ribas, José Fagundes Pires e José Coelho Amorim.
Como o Capítulo Geral estava para breve, este Capítulo foi bastante abreviado.
A partir dos relatórios, aprovaram-se algumas orientações, propostas pelas
comissões sobre: marginalidade em relação à Congregação, Formação,
Previdência e Estatuto Eleitoral.
Quanto à marginalização, o Capítulo pediu ao Conselho Provincial para que
seja esclarecida a situação dos confrades nesta situação e que se proceda em
conformidade com as leis canónicas.
Sobre a formação, estabeleceram-se alguns critérios sobre a constituição das
equipas da formação, o seu funcionamento, a selecção dos alunos e a formação
dos formadores. Foi decidido começar já o noviciado, que deve ser feito após o
538
Adélio TORRES NEIVA
Ciclo Complementar e pediu-se para que o Seminário Maior tenha condições de
autonomia e de vida de grupo específico, em relação às mais actividades da casa.
A respeito da Previdência, o Capítulo exprimiu o dever que a Província tem de
urgir a organização do serviço a favor da velhice e da doença dos confrades, o
qual deve ser garantido por uma forma de previdência comunitária, em ligação
com a Previdência Social de organismos oficiais. Para já, o Capítulo propôs a
criação de um capital necessário para uma previdência particular da Congregação,
sem prejuízo duma futura inserção do maior número possível de confrades na
Previdência Oficial. Para principiar, a cada um deve ser atribuída uma quota de
reforma de 1.500$00 pelo menos: em caso de invalidez por doença e depois de
atingir o limite de 70 anos de idade. A pensão será entregue à comunidade em
que se encontra o confrade.
Para esse efeito, foi decidido criar um Fundo de Previdência, a actualizar
sempre que for necessário.
Quanto ao Estatuto Eleitoral, as decisões anteriormente tomadas a este respeito
foram revogadas e foi aprovado que, para as eleições, se siga a lei geral da
Congregação.
Este Capítulo reelegeu como provincial o P. José Gonçalves de Araújo e como
conselheiros os PP. Jorge Veríssimo, Manuel Gonçalves, Manuel Durães
Barbosa, José Pires, Adélio Torres Neiva, Abel Moreira Dias, Adélio da Cunha
Fonte e Ir. Duarte Costa. O P. Torres Neiva seria nomeado 1º assistente e o P.
José Fagundes Pires, 2º. Como secretário do Conselho seria nomeado o P.
Francisco Lopes.
Em virtude dos padres Jorge Veríssimo e Manuel Gonçalves terem partido para
Angola, foram substituídos no Conselho Provincial pelos Padres Amadeu
Martins e António Ribeiro Laranjeira, regressado de Angola.
Na sua reunião de 29 de Janeiro de 1974, o Conselho Geral aprovou a erecção
de uma nova residência na Avenida da Boavista, no Porto, dando-lhe como
padroeiro S. Paulo. A comunidade, destinada à animação missionária, seria
constituída pelos Padres Abel Moreira Dias, José Pinto de Carvalho e Joaquim
Pereira Pinto.
1974 foi o ano de um novo Capítulo Geral. No início do ano começou-se em
toda a Província a preparação para este Capítulo. Como delegados da Província
foram eleitos os Padres José Gonçalves de Araújo e Adélio Torres Neiva.
O Capítulo realizou-se em Chevilly, tendo sido eleito, a 6 de Setembro de
1974, o P. Frans Timmermans para Superior Geral e o P. Adélio Torres Neiva
para fazer parte do Conselho Geral.
Para substituir no Conselho Provincial o P. Torres Neiva foi escolhido o P.
Francisco Rocha.
Foi ainda durante o governo do P. Gonçalves Araújo que, depois de ter estado
fechada durante os anos de 1973-75, se reabriu, no ano lectivo de 1975-1976, a
casa da Filosofia no Espadanido.
A propósito da Revolução do 25 de Abril, escreveu o P. Provincial num dos
O Provincialato do P. José Gonçalves Araújo (1970-1976)
539
seus editoriais, no Boletim da Província:
“Uma situação de revolução como a que vivemos actualmente em Portugal é uma
oportunidade que se nos depara de renovar todas as coisas, obrigando-nos mesmo a
interrogar-nos à luz de valores que talvez tenham andado algo esquecidos e que são
mais evangélicos que a ordem, a tranquilidade e a
paz: o serviço dos pobres, dos humildes, e das classes
menos desfavorecidas. É essa a finalidade da nossa
Congregação, pelo que podemos dizer que
sintonizamos perfeitamente e sem nos rotularmos de
qualquer tipo de enquadramento político, com os
belos princípios tão repetidamente apregoados pelos
chefes políticos da hora que passa.
Esta situação revolucionária que vivemos é um
extraordinário momento que nos leva a pôr em
causa o nosso tipo de inserção na sociedade
portuguesa que é a nossa. Voltados completamente
para a missão fora das nossas igrejas de origem,
corremos o risco de nos transformarmos numa
agência de recrutamento de pessoal e meios para as
missões longínquas, alheando-nos completamente
desta Igreja e desta sociedade portuguesas, vivendo
Monumento ao P. Araújo em Avintes
nelas como ilhas, sentindo-nos perfeitamente
missionários e perfeitamente tranquilos, porque lá longe na pessoa dos nossos
confrades nos dedicamos a anunciar o Evangelho e a libertação que ele realiza, aos
mais pobres e abandonados. Será que não podemos fazer algo mais nesta terra e nesta
sociedade que é a nossa?
Esta situação de interrogação que vivemos é também uma hora de graça.
Saberemos aproveitá-la para lutar por tornar actuante a revolução cristã na nossa
geração, inserindo-nos no dinamismo desta revolução política e social, não
consentindo que ela se faça sem nós e numa direcção que não possamos aceitar, ou
limitar-nos-emos a queixar-nos daqueles que nos vêm incomodar nos nossos
velhos hábitos?”407.
E no ano seguinte, as repercussões do 25 de Abril eram de novo recordadas
pelo Provincial:
“Passados quase dois anos sobre a Revolução dos Cravos, ainda não vemos
caminhos de estabilidade para a sociedade portuguesa que é a nossa e na qual
estamos inseridos. Continuamos a sentir inseguro o dia de amanhã.
Uma coisa é certa: alguns dos nossos esquemas do passado não servirão no futuro.
Os nossos campos de apostolado estavam perfeitamente definidos: Angola e Cabo
Verde. Muito embora desejássemos há muito estender-nos a outros territórios,
nunca tivemos coragem de o fazer para não desviar forças que nos pareciam
necessárias nos antigos. Hoje temos já alguns confrades no Brasil e cerca de metade
407
BPPCSSp. Jan.-Junho 1976
540
Adélio TORRES NEIVA
dos nossos confrades, por motivos vários, viram-se obrigados a abandonar Angola
ou a adiar o seu regresso.
Regressarão? Pemitir-nos-ão alargar o nosso campo apostólico a outras regiões?
Neste momento está em marcha a nossa inserção no Brasil e a intensificação da
nossa assistência aos emigrantes.
Em Portugal, as nossas actividades estavam também perfeitamente definidas:
formação, animação missionária e acolhimento e apoio aos nossos confrades que
trabalhavam no Ultramar. Estas actividades deverão continuar mas terão que ser
reexaminadas e talvez reestruturadas; e outras poderão surgir num contexto de
maior inserção na igreja portuguesa, sobretudo em zonas necessitadas...
O aumento de encargos sociais obrigam-nos a ter que dispensar os serviços dos
nossos empregados da LIAM. Esta supressão dos serviços obrigar-nos-á a repensar a
estrutura da LIAM. Não será o Senhor a dizer-nos – e a forçar-nos – pelos
acontecimentos, que a LIAM deve deixar de ser uma obra da Província para ser
a mesma Província em acção irradiante? Há muito tempo que muitos de nós
pensamos que assim deve ser. Saberemos nós aproveitar este momento que Deus nos
oferece para tornar realidade o que dantes era desejo?...
E no campo da formação não haverá nada a rever? Os nossos seminários
continuam a ser plenamente válidos. Mas em muitos de nós se levanta uma dúvida:
serão de manter Godim e Viana a nível de Ciclo Preparatório? Os pedidos de
admissão a estes seminários têm descido verticalmente e os nossos esforços para
conseguir uma turma vinda de outros centros directamente para o ciclo liceal, no
Fraião, não têm sido coroados de êxito.
Os nossos seminários estão todos localizados ao norte do rio Douro.
Tendo nós recebido ultimamente pedidos para assumir encargos pastorais em
dioceses onde ainda não estamos radicados, talvez seja o momento de repensar
seriamente o nosso sistema de “recrutamento” e formação, estendendo-nos um
pouco mais pelo país, esforçando-nos por que as nossas comunidades de tipo
pastoral ao serviço das dioceses sejam também centros de promoção vocacional e
de formação de pequenos grupos a nível de ciclo preparatório...
Numa sociedade em mudança profunda como a nossa, não podemos esperar que
tudo mude à nossa volta e só nós continuemos impávidos o nosso caminho como
se nada disso nos dissesse respeito ou pudesse implicar com a nossa organização ou
os nossos hábitos”408.
Quanto à situação de Angola, da visita demorada que o Superior Geral
acompanhado do seu assistente fez àquela Província desde Fevereiro a fins de
Abril de 1975 foi publicado um “Balanço e algumas linhas de renovação
missionária”, de que extraímos algumas passagens mais significativas, e que
manifestam a evolução que então se anunciava:
“Avançando a Igreja de Angola para a sua autonomia, entendemos que o
missionário estrangeiro deverá passar da condição de líder e primeiro responsável
408
Ibid. Junho-Dezembro p. 13
O Provincialato do P. José Gonçalves Araújo (1970-1976)
541
para função auxiliar e supletória, corresponsável com os chefes locais da pastoral e
sob a sua direcção. Deixa de ser enviado de outra igreja a uma “terra de Missão”,
para ser uma presença activa de uma igreja irmã de outro país, inserido na
comunhão da jovem igreja local.
Por isso, nesta viragem histórica da Igreja de Angola, os missionários da
Congregação do Espírito Santo sublinham como programáticas para a presente
conjuntura as seguintes normas de acção:
1. Reafirmam a vontade de prosseguir a sua actividade em Angola, solidarizandose com esta Igreja em nascente autonomia e com as esperanças e interrogações do
povo angolano.
2. Esforçar-se-ão por se adaptar, na mentalidade e nas atitudes, ao novo estilo de
presença missionária.
3. Colocam à disposição da Igreja de Angola todas as suas obras e
responsabilidades pastorais, aceitando uma revisão geral dos seus encargos, se o
maior bem desta Igreja o exigir ou aconselhar.
4. De harmonia com a tradição espiritana, procuraremos que a colocação do pessoal
missionário se faça sempre em diálogo com os responsáveis da Igreja local.
5. Concordam, se estes julgarem oportuno, em rever a distribuição do seu pessoal
de modo que os Espiritanos não sejam um bloco preponderante em qualquer das
dioceses.
6. Pensam ainda ser necessário rever, desde já, algumas práticas do passado que
levaram o povo menos elucidado a identificar as missões com as repartições
públicas. Para isso desejam uma igualdade de tratamento com as outras confissões
cristãs e que se desista dos efeitos civis dos documentos religiosos, onde o real
benefício do povo o não exigir.
7. Pensam que o esforço missionário actual deverá incidir prioritariamente na
evangelização e pastoral da fé, edificação de comunidades vivas e empenhadas,
promoção de ministérios e movimentos de apostolado laicais com especial atenção
para a formação de catequistas idóneos, pastoral vocacional e formação sacerdotal,
incremento de traduções bíblicas e litúrgicas, levando a todo o país o notório esforço
realizado em certas zonas pastorais.
8. Quanto ao seu próprio instituto, os espiritanos estão dispostos a intensificar a
internacionalização do seu pessoal e farão o possível por acompanhar e favorecer a
procura de uma face culturalmente mais angolana para a vida e expressão religiosa
do povo cristão. Para tal intensificarão a preparação antropológico-cultural dos
novos missionários.
9. Vem já de alguns anos a decisão de instaurar o carisma espiritano em Angola,
segundo as características que a aculturação da Igreja for determinando. Na linha
desse esforço decidimos lançar as bases do Instituto neste país, com expressão e
estrutura próprias.
Não se trata da pretensão de manter influências do passado. Trata-se apenas de
enriquecer esta igreja local com uma dimensão da vida cristã que é essencial à Igreja:
a vida consagrada missionária.
Assim, em ordem à incarnação crescente
da Igreja, a Congregação
542
Adélio TORRES NEIVA
responsabilizará cada vez mais os seus membros angolanos pela direcção das suas
obras. É nossa intenção iniciar ainda este ano o noviciado espiritano em Angola sob
a direcção de membros africanos e em modalidade adaptada à mentalidade deste
povo. Seria errado pensar que nos anima qualquer propósito recuperacionista ou um
oportunismo da última hora. Se é verdade que não temos muitos membros
angolanos para o tempo longo de presença espiritana neste país, o motivo há que
procurá-lo na preocupação prioritária que se deu à pastoral das vocações
diocesanas, dentro da finalidade geral do instituto de construir e servir antes de
mais nada a igreja local.”
543
Capítulo 57
O I Capítulo Provincial (1970)
F
oi em 1970 que se realizou o I Capítulo Provincial, logo após o Capítulo
Geral Extraordinário.
A sua preparação começou em Janeiro desse ano com o lançamento de uma
sondagem-inquérito à Província. Foram eleitos 23 delegados, mais um delegado
dos escolásticos.
A convocação foi feita a 3 de Março de 1970, sendo o início do Capítulo
marcado para 30 de Julho.
A Comissão coordenadora do Capítulo ficou assim constituída: PP. Olavo
Teixeira, Firmino Cardoso, Joaquim Macedo Lima e Jorge Veríssimo.
Os temas a preparar foram assim distribuídos: Organização da Província, Bens
Materiais, Vida de Comunidade, Província e Missões, Formação, Animação
Missionária e Membros Associados. Todos os documentos se articulam à volta
do fim específico da Congregação, até porque foi este o fio condutor do
Capítulo Geral da Renovação. Foi sobre este alicerce que todos os documentos
se teceram e é a ele que todos conduzem.
O Capítulo, vivido sempre num clima de grande tensão, realizou-se em duas
sessões, no seminário da Silva em 1970 e na Torre da Aguilha em 1971. Os
documentos foram aprovados pelo Conselho Geral a 23 de Novembro de 1971.
Quanto à Organização da Província aborda-se a aplicação à Província dos
princípios de descentralização e subsidiariedade apontados pelo Capítulo Geral,
precisa-se o estatuto dos membros da Província, do Capítulo Provincial, do
Superior Provincial e do Conselho Provincial. A eleição do Provincial será feita
em Capítulo Provincial, que elegerá um dos cinco membros mais votados pelos
membros com direito a voto, originários da Província ou a ela afectados.
O Conselho Provincial será constituído por oito membros, além do ecónomo
provincial e do secretário provincial, por um período de três anos.
O Provincial, uma vez eleito, escolhe os seus dois assistentes. Os três formam
o Conselho Executivo da Província.
O Capítulo escolhe também os seis conselheiros, após consulta feita, sob
forma de voto, a todos os membros afectados à Província.
Quanto aos Bens Materiais, o Capítulo determinou que o Ecónomo Provincial
seja nomeado pelo Superior Provincial, com o consentimento do seu Conselho.
Estabelece-se também que seja criada uma Casa-Lar, com razoável nível de
conforto, para tratamento dos confrades gastos pela idade e pela doença.
544
Adélio TORRES NEIVA
Propõe-se também que se estude o problema do seguro de vida e de velhice.
É sobre a Vida de Comunidade que o Capítulo se debruça mais
demoradamente. O Capítulo começa por apontar algumas causas que dificultam
a vivência de uma verdadeira vida de comunidade: o número excessivo de
membros que torna difícil a formação de um grupo natural em que exista uma
verdadeira comunicação inter-pessoal, a multiplicidade e diversidade de obras na
mesma comunidade; tendências várias, que levam a atitudes de conflito entre as
pessoas; pessoas sem responsabilidade directiva que se arvoram em mentores das
comunidades; desconhecimento fundamental da estrutura do grupo e sua
dinâmica.
Passa-se depois, ao carácter específico da comunidade espiritana. Uma das
exigências da comunidade espiritana é a corresponsabilidade na animação da
comunidade: o governo da comunidade passa pelo superior, pelo conselho da
comunidade e pelo conselho de obra. O ecónomo entra neste dinamismo da
corresponsabilidade comunitária, na medida em que é o conselho da comunidade
que o escolhe. Na mesma linha se situa a comunidade regional, que é a comunhão
entre as diversas comunidades locais.
Um segundo princípio dinamizador da vida da comunidade é a sua dimensão
eclesial: a oração da comunidade, nomeadamente a oração da manhã e da noite
serão as Laudes e as Vésperas, o uso do hábito, etc.
Os valores da consagração religiosa são amplamente desenvolvidos neste
Capítulo.
A formação permanente é cuidadosamente lembrada, devendo ser previsto um
secretariado que dinamize este sector.
Cuidado especial devem merecer os doentes e os confrades falecidos, bem
como, as famílias dos membros da Congregação.
Em “Província e Missões”, sublinha-se o elo que deve existir entre estas duas
entidades, que estão ordenadas uma para a outra. Para assegurar a estreita
colaboração entre a Província e os Distritos e vice-versa, o Capítulo propõe a
criação dum Secretariado das Missões, composto por membros da Província e
das Missões, nomeadamente um membro do Conselho Provincial, o procurador
das missões, o director do escolasticado maior e os superiores principais dos
Distritos ou seus representantes. Estudo das necessidades e dos problemas
recíprocos, informação de actividades e problemas, colocação de pessoal,
planificação missionária, preparação dos missionários, acolhimento dos
missionários - seriam alguns dos objectivos deste secretariado.
Outro capítulo que mereceu estudo foi o do seguro social sobre o qual se
apresentam algumas linhas de estudo e de acção.
Os outros temas estudados neste Capítulo – formação, animação missionária e
membros associados – não chegaram a ser concluídos, pelo que têm apenas valor
de orientação.
Quanto à Formação, atendendo a que se trata de um tema ainda em estudo na
Conferência Episcopal Portuguesa e sobre o qual não há ainda normas
definitivas, o Capítulo, depois de lembrar alguns princípios genéricos da
O I Capítulo Provincial (1970)
545
formação espiritana, propõe a criação de um Secretariado Provincial da
Formação, que promova a convergência das diversas etapas da formação e das
equipas de formação, uma atenção especial aos diversos estilos de vida exigidos
pela nova mentalidade que caracteriza o nosso tempo, a atenção à pessoa de cada
um e as exigências de uma formação sólida e consistente.
Os seminários menores são admitidos, mas chama-se a atenção para a
necessidade de intensificar a pastoral vocacional junto dos adolescentes e dos
jovens e a adaptação dos nossos métodos de formação ao presente conceito de
seminário menor, que é um centro de orientação vocacional e de cultura de
“gérmens de vocação”.
Abre-se ainda o espaço do seminário menor ao contexto familiar e a abertura do
seminário menor a alunos externos. Propõe-se ainda a participação dos professores
do seminário menor no apostolado exterior, nomeadamente nas actividades de
animação missionária e vocacional e a admissão de leigos bem formados como
professores dos seminários menores. É pedido ao Secretariado da Formação a
elaboração de um “Regulamento e um Directório dos Seminários Menores”.
Um outro tema que mereceu um estudo bastante desenvolvido foi o da
Formação do Irmão Espiritano. Depois de lembrar o novo espaço que o Concílio
abre aos leigos na Igreja e de sublinhar a unidade de vocação missionária
espiritana que abraça de igual modo tanto a vocação clerical como a vocação
laical, o Capítulo sublinha as diversas fases da formação dos Irmãos e as
respectivas coordenadas. Os valores do postulantado serão prevalentemente de
formação cultural, técnica e didáctica, em harmonia com as necessidades actuais
das missões; esta formação deverá ser ministrada em Casas-Lares da
Congregação, especialmente destinadas a esse fim e separadas dos seminários
menores. Esta formação técnica deve ser acompanhada da correspondente
formação espiritual, apostólica e cristã.
O noviciado dos Irmãos poderá ser feito em comum com os clérigos e segundo
as mesmas normas.
Depois do Noviciado, o Irmão deve continuar, em casa a isso destinada e pelo
menos durante três anos, a sua formação missionária tanto espiritual como
técnica ou didáctica. O nível de aperfeiçoamento técnico e didáctico será
determinado pelas necessidades das missões e as possibilidades do Irmão. Não
excluirá a obtenção de diplomas em Universidades e Institutos Superiores,
sobretudo técnicos, a critério do Provincial e seu Conselho.
Findo este período de formação, todos os Irmãos, fora de casos
verdadeiramente excepcionais, devem ser enviados para as missões, onde
trabalharão, pelo menos, durante três anos. Depois de um período de 4 ou 8
anos, todos os irmãos deverão fazer um estágio de reciclagem espiritual, técnica
e didáctica de três a seis meses.
Quanto ao noviciado tanto de clérigos como de Irmãos, o Capítulo propõe a
criação de uma Comissão especializada que estude a melhor época para fazer o
noviciado, a formação a dar aos noviços e tudo o que se refira à casa do
noviciado. Entretanto sigam-se as normas emanadas da Renovationis Causam.
546
Adélio TORRES NEIVA
O noviciado terminará ou pela consagração ao apostolado ou por um
compromisso público dos noviços de se empenharem seriamente na sua
preparação para a vida consagrada, segundo as normas vigentes.
Estudo demorado mereceram também os seminários maiores. Também aqui
não há ainda normas claras, pois que se trata de um modelo de formação ainda
em estado de pesquisa na Igreja. Deve-se no entanto desde já ter em conta o
seguinte:
- o Vaticano II abriu caminho para um tipo de padre mais inserido na vida dos
homens e que hoje se procuram formas de um semissário maior que ajude esta
inserção;
- são de preferir na organização do Seminário Maior, os grupos pequenos de
tipo familiar;
- a separação em comunidades independentes do Ciclo Propedêutico e do
Ciclo Geral do Curso de Formação Eclesiástica;
- frequência das aulas no exterior, na Universidade Católica ou no ISET ou
num Instituto Missionário que viesse a formar-se;
- envio dos escolásticos para casas de formação de outras Províncias da
Congregação, se as circunstâncias o aconselharem;
- deve o Conselho Provincial estudar a possibilidade e a conveniência de uma
outra casa mais funcional para o Ciclo Geral da Teologia, actualmente na Torre
da Aguilha, uma vez que a casa não é apta para um grupo reduzido e dificulta uma
verdadeira integração na Comunidade Paroquial, e procurar um edifício para o
Propedêutico no Sul, próximo da Cidade universitária de Lisboa.
Apontam-se depois os princípios em que deve assentar a formação no
seminário maior, em conformidade com as orientações do Concílio, da Santa Sé
e do Capítulo Geral. Estes princípios visam a formação em ordem aos objectivos
especificamente missionários da vocação espiritana, as necessidades apostólicas
e a preparação teológica exigidas pelo mundo de hoje, as exigências da vida
comunitária, etc.
Quanto à Formação Permanente no pós-seminário, o Capítulo lembra a
importância dos cursos de reciclagem, a necessidade da criação de um Instituto
de Pastoral em Angola, a actualização das nossas bibliotecas, etc.
Sobre a Animação Missionária, o Capítulo lembra que a LIAM deve ter uma
preocupação prevalentemente vocacional. A direcção da LIAM deve elaborar
cada ano, quanto possível, um plano de actividades em conjunto com outros
sectores e movimentos da nossa espiritualidade.
A LIAM terá um Director Geral que será o Provincial ou o seu delegado, um
Administrador, um Redactor e os Secretários de Secção que forem achados
necessários para subdivisão de actividades. Cada Secretariado ou Sector terá larga
autonomia na sua esfera de acção. A LIAM compreenderá leigos na sua direcção.
Pede-se a revisão da nossa imprensa missionária, devendo o Encontro tornar-se
a revista do Secretariado das Vocações.
Os responsáveis dos vários sectores da LIAM devem ser escolhidos, em
princípio, entre espiritanos que tenham alguns anos de experiência missionária;
O I Capítulo Provincial (1970)
547
serão nomeados por três anos, renováveis, mas nunca ultrapassando os nove
anos.
Pede-se a organização de um laicado missionário de compromisso temporário,
destinado primariamente às tarefas de promoção humana de base, adentro de
equipas missionárias e à volta dos espiritanos consagrados. O mesmo no
referente a Sacerdotes que queiram associar-se às nossas comunidades. Nesse
sentido o Secretariado da Formação deve elaborar ad experimentum o “Estatuto
de pertença à Congregação”.
Dar-se-á a maior importância ao Secretariado das Vocações, dentro da
estrutura liamista.
Procure-se que a organização dos ASES seja orientada por forma que não se
limite a camaradagem saudosista, mas leve a viver o problema da Obra e da
Animação Missionária.
Considerar-se-á também dentro das tarefas que cabem à Pastoral espiritana o
trabalho com os emigrantes.
Finalmente o Capítulo debruçou-se sobre os membros associados à nossa
actividade espiritana. O documento demora-se a definir a teologia da missão e os
seus diferentes agentes, para desembocar nas diversas pertenças à congregação:
- membros espiritanos em sentido estrito – a comunidade religiosa
propriamente dita;
- membros associados, leigos ou sacerdotes que se comprometem a trabalhar
connosco na missão durante alguns anos. Assumem um compromisso temporal,
que os introduz na fraternidade espiritana. Poderão vir a professar na
Congregação como Padres ou Irmãos;
- membros em sentido amplo: aqueles que sem compromisso jurídico
trabalham para a mesma obra que nós, entrando na nossa equipa apostólica.
O Capítulo aconselha a promoção de um laicado missionário a lançar tanto
pela LIAM, como pelo Conselho Provincial e Secretariado da Formação, como
pelos Conselhos Distritais. Para isso, será necessário ter uma casa-lar com o
pessoal necessário, uma formação teológica de base e uma preparação espiritual
séria; um mínimo de informação acerca dos povos onde vão exercer a sua
actividade; uma inserção na vida de oração e litúrgica da Comunidade religiosa.
Serão também iniciados no esquema de vida da Comunidade espiritana, pelo que
receberão um exemplar dos Documentos Capitulares.
Quanto à vida económica e vida comum, é para desejar que se insiram
totalmente no esquema de vida espiritana, podendo, no entanto admitir-se
independência de habitação e de uso e aquisição do dinheiro.
O Secretariado da Formação elaborará um Estatuto de pertença à Congregação
e as várias modalidades de compromisso.
O espiritano consagrado será o coração da equipa missionária que à sua volta
se formar.
549
Capítulo 58
A Casa da Filosofia no Espadanido, em Braga
A
Casa do Espadanido foi reconstruída para albergar o Curso de
Filosofia, que aqui vigorou durante os anos de 1971-72 e 1972-73.
Durante este período, a equipa directiva foi formada pelos PP. Manuel
dos Santos Neves e Manuel João Magalhães Fernandes. Em 1971-72, esteve a
cozinheiro o Ir. Elias e, em 1972-73, o Ir. António Brás. Nessa data, a
comunidade era formada na sua quase totalidade pelos alunos que estudavam na
Faculdade de Filosofia de Braga. O número de estudantes seria de uns doze,
repartidos pelos três anos do Curso Filosófico.
Em 1973-74 e 1974-75, a casa esteve fechada devido ao pequeno número de
candidatos não justificar a sua abertura.
Em 1975-76, o Curso de Filosofia retomou o seu ritmo. Nos primeiros dias de
Outubro desse ano, começaram a aparecer o P. João Mónico, os Ir. António Brás
e Duarte Costa e os estudantes Agostinho Tavares, Eduardo Miranda e José
Costa. Os primeiros dias foram para arrumos e limpezas, tendo a Irmã
Carminda, Espiritana, ajudado na culinária. Entretanto, no exterior, desbravamse os acessos à casa, pois aí a erva tinha crescido em plena liberdade. Estes
primeiros dias foram uma experiência muito marcante de vida comunitária.
No dia 13, chegaram os quatro membros mais novos, neo-professos, que
viriam integrar a comunidade. Assim a comunidade ficou formada por dez
elementos. P. João Mónico, director, Irmãos António Brás e Duarte Costa e os
estudantes Eduardo Miranda Ferreira, José Costa, Agostinho Tavares, José Luís
Souto, Manuel Martins, Manuel António Azevedo e Benjamim Andrade. Uns
dias depois juntou-se o irmão Altino Fafiães, regressado de Angola.
“Nos primeiros tempos organizamos a nossa vida, fizemos o projecto comunitário
e o orçamento económico. Programámos as nossas actividades apostólicas, sem
esquecer as indústrias caseiras dos animais domésticos que poderiam contribuir para
a subsistência da comunidade. As actividades apostólicas ficaram distribuídas pelas
paróquias de Santo Adrião, S. Victor, Fraião e S. João do Souto. As salas do rés do
chão foram disponiblizadas para a catequese das crianças de Santo Adrião, que
tinham sido pedidas para esse efeito.”
A dureza destes primeiros tempos foi suavizada com simpáticos convites
tanto da comunidade do Fraião como das Irmãs Espiritanas: magusto,
serrabulho, convívios missionários, etc.
A 10 de Dezembro, celebrou-se o primeiro grande momento da vida
comunitária: a profissão perpétua do Eduardo Miranda Ferreira.
550
Adélio TORRES NEIVA
A 13 era publicada a primeira folha de comunicação e informação intitulada
“De nós para vós”.
Entretanto progrediam as actividades pastorais: encontros com adolescentes,
com as crianças, com os pais, com os grupos de jovens, etc.
A 1 de Fevereiro foi a Ordenação dos diáconos João Souto e Sanches Cardoso
no seminário do Fraião.
O 2 de Fevereiro foi celebrado no seminário do Fraião, juntamente com toda
a comunidade.
No dia 5 de Fevereiro, a comunidade recebeu a visita do Sr. D. Eurico Dias
Nogueira, bispo de Sá da Bandeira que andava a visitar todos os missionários
retornados da sua diocese.
No dia 21 de Maio, fez exame de condução o Eduardo Miranda: foi o primeiro
a levar a cabo tal empresa.
No dia 7 de Junho, o P. Mónico, o Eduardo e o Manuel António integraramse num grupo que reuniu com o Sr. Arcebispo para apresentar um projecto de
criação de uma Secretaria da Juventude, a nível diocesano.
A 17 de Maio, foi a festa das Famílias dos estudantes, a primeira que se realizou
nesta casa. Seria uma rotina que se repetiria todos os anos.
Durante as férias grandes, uns foram ajudar no acampamento dos seminaristas
de Viana, outros para um campo de férias em Alcoutim, no Algarve.
A 8 de Agosto, na Silva, foi ordenado diácono o Eduardo Miranda e de
presbítero o Hermenegildo, por D. António Ferreira Gomes.
A 4 de Outubro, seguiram para Barcelona o José Costa e o Agostinho Tavares
para frequentar aí o Curso Teológico.
No dia 11, o Eduardo começou a dar aulas no Seminário do Fraião.
No ano de 1976-77, a comunidade ficou constituída pelo P. João Carreira
Mónico, Eduardo Miranda, diácono, Irmãos António Brás, Altino Fafiães,
Duarte Costa , Manuel Lima, e os escolásticos Benjamim da Silva Andrade, José
Luís Souto Coelho, Manuel António Sampaio Azevedo, e Manuel Martins
Novais Ferreira (2º ano) e Tomé Varela da Silva, Valdemar dos Santos Roca e
Manuel da Cunha Neiva (1º ano).
No dia 19, o P. Mónico começou a sua colaboração com o Secretariado
diocesano de catequese.
Pelo Natal saíu o primeiro número da folha informativa “Presença Espiritana”.
Esta folha policopiada apareceu como fruto de uma reflexão e necessidade
desta comunidade ser sinal e testemunho, no meio envolvente e no seio da
família espiritana. Foi um esforço meritório para tornar a comunidade atenta às
pessoas e aos acontecimentos, à partilha das vidas e das aspirações jovens da
comunidade e das suas realizações, numa linha eclesial e espiritana. A folha
pretendia também ser um elo de ligação entre os espiritanos mais jovens, então
dispersos pelas comunidades de Portugal, Barcelona e Paris. Este boletim
contribuiu ainda de modo particular na preparação do encontro internacional
dos jovens espiritanos que, no ano seguinte, se realizou em Aranda del Duero.
A 11 de Abril, partiu para Lovaina o Eduardo Miranda como delegado dos
A Casa da Filosofia no Espadanido, em Braga
551
estudantes portugueses para uma reunião de preparação do encontro
internacional dos jovens espiritanos a realizar no seguinte verão em Aranda del
Duero.
A 6 de Junho, foi a ordenação sacerdotal do P. Victor Oliveira.
A 1 de Agosto, partiram para Espanha, a fim de participarem no Encontro
Internacional dos Jovens Espiritanos, o Altino, Eduardo, Agostinho, Martins,
Benjamim, José Luís e Manuel António; o seu regresso foi a 16 de Agosto. Este
encontro consagrou um momento alto de partilha e comunhão entre os jovens
da Congregação.
No prolongamento deste encontro, realizou-se em Viana do Castelo, de 22 a
24 de Setembro, o Encontro dos Jovens Espiritanos Portugueses, que teve a
participação de quase todos os confrades jovens de Portugal: 33.
Os objectivos deste encontro eram claros à partida: participar e partilhar o
que se viveu no Encontro Internacional dos Jovens Espiritanos em Aranda del
Duero; captar as suas linhas de força e buscar pistas de concretização na nossa
Província; criar formas de união entre os jovens espiritanos da Província; como
situar-se no contexto actual da Província. Conscientes da sua dispersão, os
jovens queriam partilhar, conviver, conhecer-se para tornar possível uma maior
coesão entre eles. Ao mesmo tempo, pretendia-se consciencializar o Capítulo
Provincial.
Depois de uma comunicação sobre o Encontro dos Jovens em Aranda del
Duero, passou-se ao estudo das grandes preocupações dos jovens espiritanos,
articulados à volta de quatro temas: Vida Espiritana, Missões, Formação e
Animação Missionária. Foi um encontro em que os jovens exprimiram o seu
grande amor à Congregação, manifestaram o seu desejo de dinamização das suas
obras, fidelidade ao espírito dos fundadores e vontade de se comprometerem
seriamente na Congregação. Em todo este encontro esteve presente a intenção,
não de fazer exigências ou reivindicações aos outros ou à Província, mas sim de
os jovens se empenharem na abertura de novos caminhos de fidelidade ao
carisma espiritano. Foi um momento alto da vontade dos jovens pela renovação
da Província.
A 18 de Setembro, foi a Ordenação Sacerdotal do P. Eduardo Miranda.
A 22 de Novembro reuniu-se, pela primeira vez, nesta comunidade o Conselho
Provincial.
A 4 de Maio de 1978, a comunidade recebeu a visita da Superiora Geral das
Espiritanas.
Na primeira quinzena de Maio de 1978, realizou-se na Alemanha o Conselho
Geral Ampliado da Congregação em que participou o P. Eduardo Miranda.
No final do ano lectivo, o P. Eduardo partiu para o Canadá para fazer um ano
de pastoral e os Irmãos Altino e Duarte passaram para a Província de Espanha,
onde iriam fazer a sua preparação para o sacerdócio.
Em Outubro de 1978, começaram a fazer parte da comunidade os neoprofessos Beleza, Teixeira, Lima, Hélder. A comunidade ficou constituída por
treze elementos: P. Mónico, director, P. Avelino Costa, Ir. António Brás, Roca,
552
Adélio TORRES NEIVA
Giroto, Alberto, Belmiro, Souto, Teixeira, Beleza, Lima e Hélder. Os campos de
apostolado para este ano ficaram repartidos pela catequese em S. Lázaro, Santo
Adrião, assistência aos grupos da LIAM de Prado e S. Martinho, préadolescentes e grupo paroquial de Nogueira, dias e jornadas universitárias. O
estudo, além das aulas na Faculdade de Filosofia, incluía momentos de estudo
comunitário, cursos extra-escolares de formação e trabalhos manuais na quinta.
Na formação permanente foram também incluídos a dinâmica de grupos, a
iniciação catequética e os primeiros socorros.
No dia 13 de Dezembro, a comunidade recebeu a visita do Reitor da Faculdade
de Filosofia, Dr. Júlio Fragata, que aqui almoçou.
No dia 10 de Março de 1979 foi a visita da equipa generalícia à comunidade
presidida pelo Superior Geral, P. Timmermans.
A 20 de Setembro, foi a ordenação sacerdotal do P. Agostinho Tavares,
presidida pelo Sr. D. Agostinho de Moura.
Em 1979/80, a comunidade teve uma nova equipa directiva: P. José Gaspar, P.
Domingos Neiva e Ir. António Brás.
Em 1980/81, os neo-professos que foram integrados nesta comunidade foram:
Mário Silva, Manuel Passos, Manuel Paula, José Carlos Coutinho e José Manuel
Sabnça. Para substituir o P. Domingos Neiva, veio o P. Ernesto Neiva.
Em 1980/81, os escolásticos trocaram a Faculdade de Filosofia pelo Instituto
Superior de Teologia de Braga (Seminário Maior). Alguns, porém, por exigências
do seu currículo escolar, continuaram a frequentar a Faculdade.
A 8 de Novembro de 1981, a comunidade recebeu a visita do bispo auxiliar de
Braga, D. Joaquim Gonçalves. E, no dia 11, o conselheiro geral encarregado da
formação, P. Bevan, visitou também esta comunidade.
No ano de 1982/83, mudou a equipa directiva, agora constituída pelos PP. José
de Castro Oliveira, director, José Costa e Ir. António Brás. Vindos do noviciado,
chegaram António Neves e o José Cunha.
No ano seguinte, 1983/84, o P. Arlindo Amaro veio para a comunidade para
trabalhar na animação missionária.
Em Janeiro de 1984, foi criada a paróquia de Santo Adrião. A 29 deste mês tomou
posse o novo pároco, P. António Domingues, sendo o lanche servido no salão do
Espadanido, com a presença do Sr. D. Eurico Nogueira e vários sacerdotes.
A 24 de Março de 1984, a comunidade foi visitada pela Cruz de Taizé que
andava a percorrer o mundo como mensageira da reconciliação e da paz para toda
a humanidade.
Na Semana Santa de 1984, realizou-se nesta comunidade um encontro com os
teólogos do Restelo.
No dia 20 de Maio, passou pelo Espadanido a equipa provincial de Espanha
juntamente com a portuguesa.
A 13 de Junho, reuniu-se nesta comunidade o Conselho de Animação
Missionária, formado pelos PP. Mónico, Eduardo Miranda, Carlos Salgado,
Arlindo Amaro, José Costa, Ir. Nuno e Irmã Ana Cândida.
No ano de 1984/85, a comunidade era formada pelos PP. Castro, José Costa,
A Casa da Filosofia no Espadanido, em Braga
553
Arlindo Amaro, Ir. António Brás e 8 escolásticos.
A 8 de Junho de 1985, foi a visita do Conselho Geral, presidida pelo Superior
Geral, P. Timmermans.
De 29 de Julho a 7 de Agosto de 1985, foi a peregrinação a pé dos jovens a
Fátima, em que vários membros desta comunidade se incorporaram.
De salientar, como factos relevantes ao longo do ano, além de variadas actividades
pastorais, a Festa das Famílias, o acampamento de verão, encontros esporádicos
com elementos de outros institutos que aqui vieram falar do seu carisma.
No ano de 1985, instala-se no Espadanido o Noviciado, sendo mestre de
Noviços o P. Magalhães Fernandes, coadjuvado pelo P. Avelino Costa e pelo Ir.
António Brás, ecónomo. Os noviços eram 9.
Durante o ano de 1986/87, não há noviciado e no ano seguinte, 1987/88
entraram 5 noviços, continuando o P. Magalhães Fernandes como mestre e o P.
Avelino Costa como confessor. Devido a isso, durante este ano de 1987/88, o I
Ciclo de Teologia funcionou no seminário do Fraião, sendo a comunidade
formada pelos PP. Agostinho Tavares, director, Carlos Salgado, e os escolásticos
Teodoro Mendes, Daniel Junqueira e um não professo, Tito Nápoles. As aulas
eram na Faculdade de Teologia.
No ano de 1988/89, a comunidade voltou para o Espadanido, sendo formada pelos
PP. Agostinho Tavares Medeiros, director e ecónomo, Avelino Costa e 6 escolásticos.
No ano seguinte, 1989, foi nomeado ecónomo o Ir. Pedro Falcão.
Em 1990/91, o P. Agostinho Tavares foi para Chevilly frequentar o Curso de
Formação dos responsáveis de Noviciado, voltando como mestre de noviços, na
Silva, em 1991. Neste ano, a Casa Generalícia autorizara a mudança do
Noviciado do Espadanido para a Silva (4 de Janeiro de 1991).
O Espadanido fica reservado para a Animação Missionária, a cargo dos PP.
Arlindo Amaro e Domingos Matos Vitorino.
Em 1993, a Filosofia ou I Ciclo de Teologia, como então se passou a chamar,
passa para o Pinheiro Manso.
Em 1995, o P. Arlindo Amaro, depois de ter trabalhado durante dez anos na
Animação Missionária, no Voluntariado e nos Jovens Sem Fronteiras, partiu para
Lyon, devendo depois integrar-se no ministério entre os emigrantes caboverdianos, nos Estados Unidos.
Por decisão do Conselho Provincial, a casa do Espadanido foi encerrada em
1995, ficando o imóvel a cargo da comunidade do Fraião. O futuro do
Espadanido seria estudado durante o ano seguinte, prevalecendo a ideia de fazer
dele um espaço-sinal diante das múltiplas carências do nosso tempo: várias
hipóteses estavam a ser consideradas.
O Espadanido foi cedido, por um período de 50 anos, a partir de 1 de Janeiro
de 2001, à Associação de Solidariedade Social de S. Tiago do Fraião, para Lar de
Terceira Idade, Centro de Dia e apoio domiciliário, Infantário e ATL, reservando
a Associação 4 lugares acamados e 4 não acamados para membros da
Congregação e extensão do Lar num dos Pavilhões do Seminário do Fraião409.
409
Contrato de 12/1/2001
555
Capítulo 59
A Casa da Boavista, no Porto
A
aquisição da casa
Por testamento datado de 3 de Agosto de 1955, da autoria do P. Augusto Dias
da Silva, mais conhecido por Abade da Loureira, foi legada à Congregação do
Espírito Santo a raiz da casa na Avenida da Boavista, 919 – Porto. O usufruto da
mesma foi deixado “àquelas que foram criadas do meu irmão António”, único
irmão sem descendência, de quem o Abade tudo herdou. O prédio tinha sido
vendido por António Nogueira a António Dias da Silva e Sousa a 20 de Abril de
1910.
Esta forma genérica de indicar as usufrutuárias veio trazer complicações, no
momento em que elas quiseram entrar em acordo com a Congregação, para a
venda do respectivo usufruto, aliadas a outras de ordem particular.
Estas razões e mais algumas geraram um mal estar das referidas senhoras para
com a Congregação.
Após muitas visitas do Ecónomo Provincial, o assunto acabou por ser entregue
ao advogado que lá ia arrastando a questão.
Em Outubro de 1972, foram nomeados para a LIAM os PP. José Pinto de
Carvalho e Abel Moreira Dias, tendo o Conselho Provincial encarregado este
último de procurar uma casa, a comprar ou alugar para a LIAM, pois que a casa
da Rua Nova do Regado, pela sua situação, variedade de funções e idade dos seus
membros não era a mais indicada.
O primeiro passo que se deu para resolver a situação foi visitar a tão falada e
lamuriada casa da Boavista. E mais nenhuma foi vista pois era de tentar tudo por
tudo para a pôr ao nosso serviço. A casa em si não era a mais indicada para as
actividades liamistas mas, por outro lado, possuía uma excelente situação que
não era fácil arranjar em qualquer outra parte. Havia portanto que insistir.
Falou-se novamente com a Srª D. Catarina de Belém Lopes, usando uma nova
estratégia para se poder conseguir qualquer coisa. Em Novembro, abordou-se o
advogado incitando-o a dar andamento ao processo, responsabilizando-nos
pelos respectivos honorários. Outras visitas se sucederam.
A 3 de Fevereiro de 1973, o tribunal de Vila Verde declarava únicas
usufrutuárias a Srª D. Catarina de Belém Lopes e sua mãe Maria Cândida já
falecida a 27 de Dezembro de 1961.
556
Adélio TORRES NEIVA
Por não podermos pagar o imposto sucessório, uma vez que o conjunto da
herança do Abade da Loureira não estava terminado, fez-se com a Srª D.
Catarina Belém Lopes, a 1 de Março de 1973, um contrato-promessa de compra
e venda do usufruto, ficando a Congregação com o encargo de pagar todos os
impostos presentes ou futuros referentes ao dito prédio. Por outro lado, cedeunos gratuitamente os seus direitos de usufrutuária fazendo a entrega da casa,
móveis e demais recheio410.
A escritura definitiva far-se-ia quando a Congregação, após ter pago os
impostos, o pretendesse, o que se previa para muito breve. A casa não possuía
louças nem roupas.
Imediatamente se contactaram empreiteiros para as obras de restauro, que
tiveram início a 26 de Abril de 1973 pela Firma Passos Viana, Lda., obras
orçamentadas em cinco centenas de contos.
Estava dado o primeiro passo na concretização de um sonho.
Organização da comunidade
A 6 de Novembro de 1973, entra a primeira ocupante desta casa, a empregada
Maria da Conceição Pereira Brito. Ela e as Espiritanas da comunidade do Porto,
prepararam a nova residência.
A 11 do mesmo mês, teve lugar a primeira actividade nesta casa – o magusto da
Juventude Missionária da LIAM, precedido da celebração eucarística, realizada
na cave, ainda em obras. Eram cerca de 300 pessoas. Descerrou-se uma placa de
homenagem ao Abade da Loureira, junto da porta da entrada.
A 13 de Novembro, entra em serviço outra empregada, a Maria Cândida
Pereira Lobo em companhia da sua filha Maria Isabel, tendo-se então retirado as
Irmãs que faziam companhia à primeira.
A 21, chega o P. Abel Moreira Dias, nomeado primeiro director da
residência.
A 24, chega o P. José Pinto de Carvalho, que fazia parte da equipa da Boavista,
celebrando-se nesse dia às 20.30 horas a primeira missa na capela da comunidade,
desprovida ainda de muitos ornamentos.
A 30 de Novembro, completa-se o elenco do pessoal com a chegada do P.
Joaquim Pereira Pinto que, como os anteriores, fora transferido da comunidade
do Regado para aqui.
As obras estavam praticamente terminadas e, entretanto, ia-se organizando a
comunidade como tal, ao serviço da animação missionária do norte do país, pois
era essa a sua finalidade.
A partir daí, começaram as suas actividades: magusto, confraternizações,
recolecções, reuniões, cursos, retiros, tudo se foi organizando pouco a pouco.
A 1 de Novembro de 1976, o P. Abel Moreira Dias é nomeado ecónomo
Provincial, mas continua na Boavista até Agosto de 1983, ocasião em que se
410
APPCSSp. Pasta da Casa da Boavista
A casa da Boavista, no Porto
557
transfere para Lisboa à frente do mesmo cargo.
Passa então a director o P. Pinto de Carvalho, que em 1983, é nomeado pároco
de Godim, assumindo a direcção da casa da Boavista o P. José Martins Salgueiro,
sendo substituído pelo P. Norberto Cristóvão em Setembro de 1988.
Durante todo este tempo, outras mudanças se operaram. Em 1977, chegou
para colaborar na animação missionária o P. Carlos Gouveia Leitão e, no ano
seguinte, o P. José Ribeiro Mendes.
Em 1979 virá, como secretário do Centro Vocacional, o P. João Carreira
Mónico e, em 1989, também para a promoção vocacional, o P. António Luís
Marques de Sousa.
Em 1980, vem para a comunidade, a fim de fazer estudos na universidade
católica, o José Luís Souto Coelho.
Em 1983, o P. José Coelho Amorim era nomeado ecónomo da comunidade,
cargo que passará para o P. Mónico em 1986 e que, em 1988, será ocupado pelo
P. Serafim Marques da Silva.
Em 1986, chegou também o P. António Moreira, em Setembro de 1988, o P.
Norberto Cristóvão e, em 1991, o P. Manuel Nunes.
Em 1990, o P. Norberto Cristóvão parte para o Fundão e a nova equipa fica
formada pelos PP. António Luís Farias Antunes e António Marques de Sousa.
Será esta equipa que transitará para a Rua Pinheiro Manso, em Janeiro de 1990.
A nova casa da Rua Pinheiro Manso foi comprada a 18 de Abril de 1989 e feita
a escritura a 19 de Outubro do mesmo ano. Foi registada a 22 de Janeiro de 1990
na Conservatória do Registo Predial do Porto, inscrito o registo na respectiva
matriz sob o nº 246, descrito na Conservatória do registo Predial do Porto no
Livro B fls 85v. sob o nº 4,525 e lá registado a favor da vendedora pela inscrição
nº 89. 190, a fls. 120 do Livro G 120.
Em 1992, é colocado no Pinheiro Manso o P. José Alves que desempenhará o
cargo de ecónomo até 1993, ano em que assumiu este cargo o P. José de Sousa.
Em 1994, assume o cargo de secretário das Vocações o P. José Martins da
Costa que será também o ecónomo da comunidade.
Em1995, sai o P. António Farias e vem o P. Eduardo Osório para a animação
missionária e o P. Jorge Veríssimo para o ministério.
O Centro de Animação Missionária partilha a vida de comunidade dos
estudantes que se estabeleceu na nova casa, ali construída.
559
Capítulo 60
O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira
(1976-1982)
O
P. Casimiro Pinto de Oliveira foi nomeado Provincial a 27 de Abril
de 1976, tendo tomado posse das suas funções a 20 de Maio desse
mesmo ano.
O Conselho Provincial ficaria assim constituído: P. José Fagundes Pires, 1º
assistente, P. Marcelino Duarte Lopes, 2º assistente, o primeiro ligado à
formação, o segundo à animação missionária; Padres Francisco Rocha, Mário
Pires, João Mónico e Manuel Ferreira da Silva, e ainda o
Ir. Luís Pontes em substituição do Ir. Duarte Costa que
pediu para se dar o seu lugar a um outro irmão.
O P. Abel Moreira Dias foi nomeado ecónomo
provincial e secretário provincial o P. Joaquim Macedo
Lima.
A frequência dos nossos seminários era a seguinte: Em
S. Cugat, na Espanha: 4 teólogos; no Espadanido 7
filósofos; na Silva: 5 noviços, 13 alunos do 7ºano e 9 do
6º; no Fraião, 37 no 5ºano, 46 no 4º ano e 39 no 3º ano;
P. Casimiro Pinto de Oliveira
em Viana do Castelo 55 alunos no 1º e 2º anos; em
Godim 48 no 1º e no 2º anos.
O P. Casimiro Oliveira, na esteira do Capítulo Provincial de 1970, procurou
imprimir um novo dinamismo aos principais sectores da vida da Província e
sempre e em primeiro lugar, a Vida de Comunidade.
Logo no seu primeiro editorial para o Boletim da Província, o P. Casimiro,
depois de evocar as prioridades da Província - as obras de formação e a animação
missionária e vocacional - lembra que os campos predilectos da missão espiritana
continuam a ser as situações difíceis em Angola e Cabo Verde. Mas logo chama
a atenção para um novo espaço que a situação de Angola veio criar: “Abrimonos ultimamente a trabalhos tanto no Brasil como entre os emigrantes portugueses e
em paróquias pobres de Portugal; continuamos entretanto a ter elevado número de
confrades vindos de Angola, sem colocação definida: alguns terão de ficar em
Portugal por serem de idade avançada ou por outros legítimos motivos; para os
restantes são-nos propostos diversos trabalhos: Brasil e Cabo Verde receberiam de
bom grado mais alguns confrades; os Camarões teriam prazer na ida de portugueses
ainda relativamente jovens; o Bangui pede um ou dois sacerdotes, mesmo de idade
algo adiantada, para se ocuparem da colónia portuguesa; o Burundi abre-nos as
portas; do Canadá surgem convites dos dois Provinciais espiritanos para a ida e
560
Adélio TORRES NEIVA
integração em comunidades nossas de portugueses que trabalhem com os nossos
emigrantes; no Paraguai, a Congregação necessita de mais obreiros; pensa-se numa
abertura à Ásia, tomando-se obras na Paquistão. De um modo especial a Casa
Generalícia pede espiritanos portugueses para os Camarões e o Bangui”411.
Trata-se, portanto, do apelo à abertura à missão fora do contexto cultural
português e a uma diversificação maior dos nossos compromissos missionários.
É esta uma evolução que acabará por se impor à Província nos anos posteriores.
Em 1976, para casa de estudos dos finalistas de Teologia, foi escolhida a de S.
Cugat, em Espanha.
Em 1976 realizou-se em Roma o Conselho Ampliado em que se ventilou, de
uma maneira particular, o problema das equipas internacionais, tendo sido
tomada a decisão de formar três equipas internacionais, características de três
situações especificamente espiritanas: uma para Malanje, uma situação urgente
de necessidade de uma igreja em dificuldade; outra para o Paraguai, uma situação
de pobreza e necessitada de libertação e outra para o Paquistão, situação de
primeira evangelização e diálogo com o Islão. O P. Manuel da Silva Barbosa
Viana seria o confrade português a integrar a equipa internacional de Malanje.
A 1 de Agosto de 1976, começou a entrada na Previdência Social para os
religiosos, em que os Espiritanos se integraram.
A juntar aos centros de animação missionária de Lisboa e Porto, foi criado um
outro em Coimbra a funcionar na Travessa do Espírito Santo, nº 10. O centro
de Lisboa foi confiado aos Padres Marcelino Duarte Lopes, José Lapa e José
Ribeiro Mendes, além do P. José Felício; o do Porto aos PP. Abel Moreira Dias
e José Pinto de Carvalho e o de Coimbra aos PP. Adélio Cunha Fonte e
Veríssimo Manuel Teles.
Como director de todos os escolásticos maiores, residentes tanto em Portugal
como no estrangeiro, foi nomeado o P. João Mónico, director da Casa de
Filosofia.
Como secretário do Grupo de Estudos Libermanianos, recentemente criado
pela Casa Generalícia, em Roma, foi designado o P. Amadeu Martins.
A 24 de Abril de 1980, foi atribuída a título póstumo, ao P. Joaquim Alves
Correia, pelo Presidente da República Portuguesa a condecoração de “Grande
Oficial da Ordem da Liberdade”412.
Em 1977, fizeram-se obras na Torre da Aguilha em ordem a adaptar uma parte
da casa para casa de repouso de confrades da terceira idade.
A 29 de Junho de 1977, foi erecta canonicamente a Província de Angola, sendo
nomeado seu primeiro provincial o P. Bernardo Bongo que tomou posse a 10 de
Julho desse mesmo ano. Dos 44 espiritanos pertencentes à Província portuguesa
a trabalhar em Angola optaram pela Província de Angola como ficando a ser sua
província de origem, os seguintes confrades: P. Bernardo Bongo, Jacinto Ngole,
Manuel Perfeito Martins Ferreira, Manuel António Meira, Alfredo Mendes,
411
412
BPPCSSp. Jan/Junho 1976 p. 3
Alvará de 24 de Abril de 1980. Diário da República nº 148 2ª série de 30/6/80. expedida pela Chancelaria das Ordens
Portuguesas a 3/7/80 nº 10
O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982)
561
Ricardo dos Santos Meira, Manuel da Silva Barbosa Viana, Ir. Augusto Chitué,
Ir. Pedro Quitumba, Ir. Benedito Roberto e Ir. Francisco de Oliveira (Tiago). E
algum tempo depois, P. Porfírio Duarte Lourenço.
Neste Provincialato, deu-se grande incremento às reuniões periódicas dos
diferentes sectores da vida da Província, tais como: Formação, Animação
Missionária, Jovens em formação e Animadores de comunidade.
De 16 a 30 de Agosto de 1978, realizou-se no Fraião o Capítulo Provincial. A
Comissão preparatória ficou composta pelos PP. Manuel Durães, Magalhães
Fernandes, Eduardo Miranda e Veríssimo Teles. Os documentos foram
aprovados pelo Conselho Geral a 4 de Dezembro de 1978.
Na vida da Congregação foi marcante o Encontro Internacional dos Jovens
espiritanos, que se realizou em Aranda del Duero, na Espanha, de 1 a 15 de
Agosto de 1978. Nele participou um bom número de jovens espiritanos
portugueses.
A 5 de Janeiro de 1977, o P. Francisco Fernandes Correia é nomeado superior
do Grupo português do Brasil, que acabava de se constituir sobretudo com
confrades regressados de Angola. A este grupo ficaram a pertencer 20 confrades,
assim distribuídos: diocese de Nova Iguaçú: 4 no Parque Flora, 2 no Éden e 1 em
Piranema; diocese do Rio de Janeiro: 3 no Rio de Janeiro; diocese de Niteroi: 1
na Paróquia da Boa Esperança e 1 em Iguaba Grande; diocese de Jales: 2 em Jales,
1 em Aparecida de oeste; diocese de Bauru: 1; diocese de Bragança Paulista: 1
em Francisco Morato; diocese de S. José de Rio Preto: 1 em Catanduva; diocese
de Divinopolis: 1 em Itaúna. Este grupo foi constituído em Distrito de Brasil
Sudeste a 10 de Novembro de 1978, por decisão do Conselho Geral413, sendo
nomeado superior principal, a 1 de Fevereiro de 1979, o P. Francisco Fernandes
Correia.
Em Setembro de 1978, foi erecta a residência do Fundão, em casa doada pela
senhora D. Maria de Lurdes Tavares Monteiro e sua irmã D. Maria Florência, com a
finalidade de servir de Centro de irradiação missionária. Como primeiros inquilinos
foram para ali nomeados os PP. António Brás e Gouveia Leitão e o Ir. Redentor.
Das visitas feitas pelo P. Provincial sobressaem a que fez aos confrades de
Cabo Verde em 1977, a que fez aos espiritanos portugueses na Europa e na
América do Norte em 1978, aos espiritanos do Brasil e Paraguai em 1981 e a
Angola em 1981/1982.
De 4 a 14 de Maio de 1978, realizou-se em Kenechtsteden (Alemanha) o
Conselho Geral Ampliado. Aí se equacionaram cerca de 20 situações de
prioridade missionária para a Congregação, entre as quais, as obras de formação
em Angola, o apostolado entre os Manjacos da Guiné-Bissau, etc.,
intensificaram-se as equipas internacionais, aprovaram-se as bases para o
funcionamento no verão de 1979 de um Curso Internacional, na Europa,
destinado a jovens espiritanos em formação, etc. Como representante dos jovens
portugueses esteve presente o Eduardo Miranda.
413
BGCSSp. Nº 776 p. 113
562
Adélio TORRES NEIVA
O III Capítulo Provincial ( 1978 )
O Capítulo Provincial de 1978 foi um dos Capítulos que teve mais impacto na
Província. Como preparação, a Comissão Pré-Capitular publicou o livrinho “A
Regra Espiritana das Origens”, de Athanase Bouchard.
O Capítulo decorreu de 31 de Julho a 15 de Agosto, na comunidade do Fraião,
com a participação de alguns confrades, além da quase totalidade dos membros
de direito e delegados.
O Capítulo deu muito relevo à vida de fé e de comunidade, à preocupação
missionária que deve inspirar todas as actividades da Província, a
corresponsabilidade e comunhão num projecto comum.
Dos vários problemas e questões abordadas saíram quatro documentos: Vida
Comunitária, Projecto Missionário, Formação e Autoridade.
Uma primeira linha de força deste Capítulo foi o acento posto no projecto
missionário da Província. Neste sentido destacamos:
1. A animação Missionária da Província é da responsabilidade sobretudo da
Equipa Provincial. O Provincial anima principalmente a vida comunitária; os
vice-provinciais animam: um, o sector da Formação; o outro, a animação
missionária.
2. Como prioridades específicas da missão da Província, optou-se por Angola,
Cabo Verde e Brasil e os imigrantes lusófonos em Portugal.
3. Todas as comunidades espiritanas são centros de animação missionaria.
4. Os centros da LIAM são comunidades espiritanas orientadas
prevalentemente para a animação missionária em todas as dimensões.
5. A necessidade de criar uma equipa de Redacção para a editorial da LIAM.
6. A oportunidade de se lançar o laicado missionário não consagrado.
7. Deram-se os princípios que devem servir de base ao estatuto das paróquias
espiritanas.
Uma segunda linha de força foi o acento posto sobre a renovação da vida
comunitária e a formação permanente. Neste sentido:
1. Cada comunidade deve organizar, no início de cada ano, o seu projecto
comunitário
2. Devem ser formadas Equipas de Formação.
3. Deve ser criado um Conselho de Formação.
4. Organizar cursos regulares de reflexão e reciclagem, tanto para missionários
em repouso, como para os membros da Província, incluindo os alunos.
5. Um dos membros da equipa provincial deve organizar um plano de acção e
estudo para a Formação Permanente.
Uma outra linha de força foi a criação de estruturas de maior descentralização
e corresponsabilidade. Assim:
1. Definiu-se o método da eleição do Superior Provincial, a ser eleito por
sufrágio directo e universal dos membros da Província.
2. O Superior Provincial será coadjuvado por dois Vice-Provinciais,
O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982)
563
competindo ao Provincial escolher os dois Vice-Provinciais entre os três mais
votados para cada sector: formação e animação missionária. Estes três, sendo os
Vice-provinciais a tempo pleno, para tal função, constituirão uma equipa
animadora e executiva, dividindo entre si as tarefas prioritárias da Província.
Uma vez formada, esta equipa elabora e apresenta o seu plano de acção para o
triénio à Província.
3. As nomeações para os cargos da Província são trienais.
A nova equipa provincial
A 20 de Maio de 1979, o P. Casimiro Oliveira foi reconduzido como Provincial
por um segundo mandato de três anos.
Segundo as orientações do Capítulo Provincial de 1978 o Provincial deveria ser
coadjuvado por dois vice-provinciais, nomeados pelo Provincial depois de
consulta aos membros da Província. Assim, a 23 de Maio de 1979, o Provincial
nomeou como vice-provinciais: o P. Manuel Durães Barbosa (para a formação)
e o P. Veríssimo Manuel Teles (para a animação missionária). Logo na primeira
reunião da equipa provincial foram distribuídas as tarefas:
a) Todos os assuntos de uma certa importância serão resolvidos colegialmente
pela Equipa Provincial (a não ser que exijam o Conselho Provincial); os assuntos
de expediente de rotina serão despachados por cada membro da equipa, de
acordo com o sector que lhe está directamente confiado.
b) O P. Durães Barbosa encarregar-se-á especialmente de quanto se refere à
Formação, Reciclagens e à Formação Permanente. Em breve constituirá o Conselho
da Formação, cujas atribuições estão determinadas no nº 374 dos DCP.
c) O P. Veríssimo Teles dirige a Animação Missionária, promove e coordena
assim, não só tudo quanto diz respeito à LIAM (sede, administração, redacção,
centro vocacional, encontros...), mas também se esforçará por que todos os
confrades (mormente a partir das Comunidades) façam acção missionária. Vai
constituir um Conselho de Animação Missionária, que terá atribuições análogas ao da
Formação. O Secretariado das Vocações foi outro projecto a programar para breve.
As “Linhas de força do novo Provincialato”, tais como vêm apontadas em
circular de 28 de Março de 1979, eram as seguintes:
1. Estruturação da equipa provincial.
A partir de 20 de Maio de 1979, a Província terá uma Equipa Provincial
composta pelo Provincial e por dois Vive-Provinciais a tempo pleno,
colegialmente responsáveis, embora cada qual com o seu sector; os três devem
viver na mesma comunidade.
2. A reanimação das comunidades, reforçando o sentido do projecto comum.
3. Promover e intensificar a reciclagem e formação permanente.
4. Atenção especial aos confrades doentes e idosos.
5. Promover a rotação e renovação do pessoal.
6. Procurar novos rumos de recrutamento vocacional, para além dos seminários
menores.
564
Adélio TORRES NEIVA
7. Aperfeiçoar o acolhimento e a assistência aos missionários.
Em Março de 1978, partiu para o Paraguai a equipa internacional formada pelos
PP. Albino Vítor Martins de Oliveira e João Souto e por três jovens leigas ligadas
à Província espanhola.
A 1 de Julho de 1979, é nomeado superior principal de Cabo Verde o P. Gil
Afonso Losa e a 1 de Novembro de 1979 o P. Manuel dos Santos Neves é
nomeado Procurador junto da Santa Sé.
A 29 de Abril de 1979 foi beatificado, em Roma, o P. Tiago Laval. Para assistir
ao acto, os Missionários do Espírito Santo organizaram uma peregrinação em
que tomaram parte 13 confrades Espiritanos, como representantes de todas as
comunidades. A sua festa litúrgica ficou marcada para 9 de Setembro.
O Conselho Provincial de 30 de Julho de 1979 decidiu editar mensalmente a
partir de Janeiro uma circular intitulada “Missionários Espiritanos”, e distribuída
a todos os confrades, constando de três pontos: uma breve reflexão sobre a vida
religiosa-missionária-espiritana; a apresentação de um texto dos nossos
fundadores e um noticiário espiritano. Quando as circunstâncias o exigirem
poderão aparecer também circulares sobre cada um dos grandes sectores da vida
da Província. Efectivamente, em Fevereiro de 1980, começou a aparecer, o
“Missionários Espiritanos” sucedendo às “folhas soltas” intitulados “A todos os
EspiritanosPortugueses”, iniciados em 1976.
Nesta mesma reunião se apontaram outras directivas:
a) No futuro, o Conselho Provincial terá em conta para a orientação da
Província, os seguintes princípios:
- a Província existe para a missão e, por isso, todas as decisões do Conselho
servirão o seu projecto missionário.
- o Projecto Missionário da Província será elaborado a médio e a longo prazo
nos diversos sectores.
- o Conselho procurará auscultar os “sinais dos tempos”, pois é orgão de programação de trabalho e não apenas orgão para resolver e remediar situações
pontuais.
b) Os sectores da Província que urge organizar neste momento são: a formação
permanente, a formação nos seminários, o projecto da LIAM e a estruturação do
Secretariado das Vocações.
c) A informação é importante para a dinâmica da Província. Assim,
- após cada reunião do Conselho será feito um comunicado à Província;
- cada reunião do Conselho seja em comunidade diferente;
- chamem-se ao Conselho, se necessário, pessoas que ajudem a esclarecer ou a
estudar problemas a serem tratados;
- seja preparada com a colaboração de todos os conselheiros a agenda do Conselho.
Animação Missionária
A LIAM é o movimento missionário típico que a Congregação lançou em
O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982)
565
Portugal; nele todos devem colaborar segundo a situação de cada um. O
Conselho desejaria que cada comunidade espiritana:
- tivesse uma atenção especial apostólica para com os pobres da sua zona
- lançasse um trabalho vocacional com os jovens e adolescentes
- desse orientação missionária às actividades paroquiais.
Os principais problemas da LIAM vistos pelo Conselho são:
- falta de um coordenador geral das actividades
- falta de um plano geral a nível de toda a LIAM
- falta de pessoal e deficiente cobertura espiritana do país
- falta de uma equipa redactorial
- ignorância do que é a LIAM por parte de muitos espiritanos.
Pastoral Vocacional
- Haverá um Secretário Vocacional, coordenador de todo o trabalho vocacional.
- Em cada comunidade de formação e em cada centro liamista existirá um
coordenador de zona.
- O Secretário das vocações estará sempre representado nos Conselhos de
Animação Missionaria e de Formação.
- Cada núcleo da LIAM tenha um responsável das vocações.
- Que se criem grupos de estudo e formação vocacional.
- Que se esteja presente nos grupos juvenis.
- Que se convidem jovens em promoção vocacional a fazerem uma experiência
nos nossos centros.
- O Secretariado Vocacional procurará lançar o laicado missionário.
Durante os meses de Fevereiro e Março de 1979, o Superior Geral e dois
membros do seu Conselho, os PP. Sonsbeeck e Torres Neiva, fizeram a visita
oficial à Província.
Em 1979, realizou-se também em Gentinnes, na Bélgica, o primeiro Curso
Internacional para Jovens Espiritanos; nele participaram três portugueses.
A 11 de Maio de 1979, foi comprada nos Estados Unidos, (Clay Street, 35 –
Central Falls, Rhode Island), uma residência para os confrades portugueses.
Em 1980, realizou-se o Capítulo Geral. Foi um Capítulo cuidadosamente
preparado na Província Portuguesa durante todo o ano que o antecedeu. Na liturgia,
no estudo, na oração, toda a Província procurou pôr-se em “estado de Capítulo”.
Entretanto, os diferentes conselhos de obra, Conselho da Formação, Conselho
da Animação Missionária e Secretariado das Vocações foram estruturados e
começaram a funcionar.
A circular “A todos os Espiritanos portugueses” é substituída por
“Missionários Espiritanos”, agora a cargo da equipa provincial, e coordenada
pelo Secretário Provincial.
Em 1980, pensava-se na construção de uma casa em Fátima para acolher os
espiritanos, e ser o centro de animação missionária. Após meses de reflexão e
566
Adélio TORRES NEIVA
contacto com os confrades, o Conselho Provincial decidiu abandonar a ideia.
Mais tarde, o terreno propriedade dos Espiritanos seria vendido.
O Conselho Provincial de 7 de Fevereiro de 1980 decidiu encerrar Viana do
Castelo como seminário para o 5º e 6º anos (1º e 2º anos), a partir do ano lectivo
de 1981-1982. Os candidatos para o 5º ano deveriam ser encaminhados para
Godim.
Em 1982, é estruturado o Secretariado das Vocações, constituído pelo
Secretário das Vocações, um representante de cada comunidade e dos centros da
LIAM. Cria-se o “seminário da diáspora” para os alunos que vão para o estágio
de amadurecimento antes do noviciado. O plano programático da animação
provincial para o triénio 1982-1985 porá um acento particular na promoção
vocacional. Cada comunidade deverá organizar um calendário de acções de
promoção vocacional. O Secretariado elaborará um folheto com esquemas para
reuniões de promoção vocacional e procurará organizar retiros-cursos em
perspectiva vocacional.
A Formação Permanente proposta como uma das linhas de força do novo
Provincialato, recebe um novo impulso com a realização de Cursos de Formação
Permanente, a publicação de uma série de circulares a partir dos finais de 1979
e os “Cadernos de Formação Permanente” que vão até ao nº6, explicitando
sucessivamente o regulamento, os temas e outros subsídios dos vários Cursos de
Formação Permanente.
Estes Cursos de Formação Permanente, realizados em média dois por ano,
ventilaram vários temas como: O Irmão Consagrado, Liturgia e Pastoral,
Sacramento da Eucaristia, Vocação Consagrada Laical.
O Conselho de Formação, depois de várias reuniões de estudo publicou o
“Directório dos Seminários Menores”.
Em reunião do Conselho Provincial de 5 de Maio de 1980 decidiu-se dar
cumprimento ao nº 363 b) dos DCP sobre o Noviciado. Depois de várias
tentativas para localizar o noviciado na diocese de Aveiro - uma das hipóteses
era a Paróquia de Tamengos, junto à Curia – o noviciado foi erecto na casa de
Coimbra, no nº10, a 28 de Agosto de 1981.
O Conselho da Animação Missionária começou a reunir-se, promoveu a
primeira Assembleia Anual da Animação Missionária, o Dia Missionário
Espiritano, e propôs ao Conselho Provincial a passagem a mensal da revista
“Encontro”, proposta que foi aceite a 5 de Maio de 1980. Organizou também a
Peregrinação da Família Espiritana a Fátima, tendo estado presentes cerca de
5.000 peregrinos e 38 confrades. Esta peregrinação passar-se-ia a realizar todos
os anos.
Em 1980, foi lançada uma Equipa Internacional entre os Manjacos da Guiné-Bissau, tendo o P. José Costa sido integrado nessa equipa. É um novo campo de
missão que se abre para os Espiritanos Portugueses.
Por escritura de 25 de Março de 1981, feita no cartório de Sintra, foi comprada
414
Matriz Urbana de Carcavelos nº 4249. Descrita na Conservatória de Cascais sob o nº18512 a fl 136 do Libro B-54 e inscrita
a nosso favor pelo nº 46859 Fls. 22v do Livro G-136.
O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982)
567
pela Província uma vivenda em S. Domingos de Rana, na Rua D. Pedro de
Mascarenhas, nº 310, para residência dos confrades que trabalham na paróquia414.
Em 1981, o P. Joaquim Ramos Seixas é nomeado Provincial de Espanha.
A 10 de Fevereiro de 1981, em sessão solene do Liceu Literário Português do
Rio de Janeiro, o P. António de Oliveira Giroto recebeu a comenda da “Ordem
de Camões”.
A 3 de Março de 1981, realizou-se em Viana do Castelo o Conselho Provincial
Ampliado.
Em 1980, havia 7 escolásticos na Casa de Filosofia, 1 estudante de teologia em
S. Cugat, na Espanha, 2 filósofos em estágio em Cabo Verde, outros 2 em
Godim, como professores. Os aspirantes eram 63 em Godim, (5º e 6º anos) 87
no Fraião (7º, 8º e 9º anos), e 28 na Silva(10º, 11º e 12º anos).
569
Capítulo 61
A Guerra em Angola
A
ngola vivia em estado de guerra desde 1961. Até 1975, esta guerra foi
sobretudo uma guerra pela independência, liderada pelos Movimentos
de Libertação contra a presença portuguesa. Após a revolução de 25 de
Abril de 1974, Portugal decidiu dar a independência a Angola, que se tornou
efectiva em 1975, ficando o país a ser governado por uma troika dos três
principais movimentos de libertação. Mas, bem depressa, os três movimentos
entraram em confronto, dando origem a uma guerra civil, que se prolongaria,
com um ou outro breve interregno, até 2001, ano em que o líder da UNITA, Dr.
Jonas Savimbi foi assassinado. Foi em 1975 que os confrontos militares entre os
três Movimentos de Libertação, MPLA, UNITA e FNLA, começaram com toda
a violência.
Comunicado do Superior Geral
A emergência da igreja local como finalidade da actividade missionária
defendida pelo Vaticano II, por um lado, e, por outro, o facto concreto da
independência de Angola e a caminhada já feita pelos espiritanos em ordem à
fundação de uma província em Angola, levou o Superior Geral em 1975, então
de visita a Angola, a promover um encontro com os Superiores Principais dos
três Distritos espiritanos e seus mais directos colaboradores, para fazer uma
reflexão sobre o “Balanço e algumas linhas de orientação” a respeito da presença
espiritana naquele país. Dessa reunião saiu o seguinte comunicado:
“Desde meados de Fevereiro até 30 de Abril, estiveram em Angola, de visita às
Missões Espiritanas, o Superior Geral da Congregação do Espírito Santo e um dos
seus assistentes.
Antes de regressarem a Roma, aproveitaram a oportunidade para, juntamente com
os Superiores Principais do Instituto neste país e seus próximos colaboradores,
fazerem o balanço da acção missionária desenvolvida pela Congregação em Angola.
A partir da análise do positivo e do negativo apurados, tentaram pôr em destaque
algumas linhas de renovação missionária de acordo com as exigências da teologia
da Missão e do momento histórico que Angola vive, reconhecendo que a feliz
evolução das circunstâncias possibilita à Igreja neste país avançar para a sua
autonomia e localizar-se como Igreja incarnada nesta cultura e neste povo.
1. Olhando ao passado, é fácil constatar a existência de limites e defeitos na acção
missionária. O ambiente sócio-político em que se viveu condicionou
570
Adélio TORRES NEIVA
inevitavelmente as mentalidades e a acção apostólica de boa parte dos agentes
missionários, não sendo possível evitar passos errados que atrasaram a formação de
uma Igreja verdadeiramente angolana. No entanto, os numerosos sacerdotes,
religiosos e leigos naturais do país, capazes de tomar em suas mãos a direcção
pastoral, atestam um saldo amplamente positivo.
2. Neste sentido, interpretamos como sinal de esperança o facto de o clero
angolano manifestar clara inquietação e ampla capacidade de resposta às exigências
da hora presente. Apoiamos com satisfação iniciativas como as reuniões do clero e
religiosos nativos em vários locais e, sobretudo, o recente encontro de Nova Lisboa,
no qual se discutiu a situação presente da Igreja, seus valores e seus defeitos e
exigências de renovação. Alegra-nos, particularmente, a responsabilidade sentida
pelo clero angolano quanto ao futuro da Igreja e o esforço que empreenderão para
a tornar mais angolana e mais evangélica.
3. É evidente que a acção missionária dita “Ad Gentes” é transitória por definição.
Por isso, avançando a Igreja de Angola para a sua autonomia, entendemos que o
missionário estrangeiro deverá passar da condição de líder e primeiro responsável
para a função auxiliar e supletiva, co-responsável com os chefes locais da pastoral e
sob a sua direcção. Deixa de ser enviado de outra igreja a uma “terra de missão”
para ser uma presença activa de uma igreja irmã de outro país, inserido na
comunidade da jovem igreja local.
4. Por isso, nesta viragem histórica da Igreja em Angola, os Missionários da
Congregação do Espírito Santo sublinham como programáticas as seguintes normas
de acção:
4.1. Reafirmam a vontade de prosseguir a sua actividade em Angola,
solidarizando-se com esta Igreja em crescente autonomia e com as esperanças e
interrogações do povo angolano.
4.2. Esforçar-se-ão por se adaptar, na mentalidade e nas atitudes, ao novo estilo
de presença missionária.
4.3. Colocam à disposição da Igreja angolana todas as suas obras e
responsabilidades pastorais, aceitando uma revisão geral dos seus encargos, se o
maior bem desta Igreja assim o exigir ou aconselhar.
4.4. De harmonia com a tradição espiritana, procurarão que a colocação do
pessoal missionário se faça sempre em diálogo com os responsáveis da Igreja local.
4.5. Concordam, se estes julgarem oportuno, em rever a distribuição do seu
pessoal, de modo a que não sejam um bloco preponderante em qualquer das
dioceses. A propósito, convém lembrar que é directriz emanada do último Capítulo
Geral da Congregação (1974) que “para favorecer a autonomia da Igreja local, a
revisão dos nossos compromissos missionários se faça em diálogo com ela numa
óptica de discernimento dos espíritos, tendo em conta as necessidades locais e as
prioridades por ela estabelecidas, a identidade de cada confrade e a nossa vocação
espiritana. Nessa revisão, é indispensável eliminar toda a forma de paternalismo ou
de neo-colonialismo missionário”.
4.6. Pensam, ainda, ser necessário rever, desde já, algumas práticas do passado,
que levaram o povo menos elucidado a identificar as Missões com as repartições
A guerra em Angola
571
públicas. Por isso, desejam uma igualdade de tratamento com as outras confissões
cristãs e que se desista dos efeitos civis dos documentos religiosos, onde o real
benefício do povo o não exigir.
4.7. Pensam que o esforço missionário actual deverá incidir prioritariamente na
evangelização e pastoral da fé, edificação de comunidades vivas e empenhadas,
promoção de ministérios e movimentos de apostolado laicais, com especial atenção
à formação de catequistas idóneos, incremento de traduções bíblicas e litúrgicas,
levando a todo o país o notório esforço realizado em certas zonas pastorais.
5. Quanto ao seu próprio Instituto, os espiritanos estão dispostos a intensificar a
internacionalização do seu pessoal e farão o possível por acompanhar e favorecer a
procura de uma face culturalmente mais angolana para a vida e expressão religiosa
do povo cristão. Para tal, intensificarão a preparação antropológica-cultural dos
novos missionários.
6. Vem já de alguns anos a decisão de instaurar o carisma espiritano em Angola,
segundo as características que a aculturação da Igreja for determinando. Na linha
deste esforço, decidimos lançar as bases do Instituto neste país com expressão e
estrutura próprias.
Não se trata de pretensão a manter influências do passado; trata-se isso sim de
enriquecer esta igreja local com uma dimensão de vida cristã que é essencial à Igreja:
a consagração missionária.
Assim, em ordem à incarnação crescente da Igreja, a Congregação
responsabilizará cada vez mais os seus membros angolanos para a direcção das suas
obras. É nossa intenção iniciar ainda este ano o noviciado da Congregação em
Angola, sob a direcção de membros africanos e em modalidade adaptada à
mentalidade deste povo. Seria errado pensar que nos anima qualquer propósito
recuperacionista ou um oportunismo da última hora. Se é verdade que não temos
muitos membros angolanos para o tempo longo da nossa presença neste país, o
motivo há que procurá-lo na preocupação prioritária dada à pastoral das vocações
ao serviço directo e imediato das dioceses, dentro da finalidade geral do Instituto de
servir antes de mais nada a Igreja local.
Uma palavra final para os nossos próprios missionários: - qualquer mudança naquilo
que se ama, se edifica ou se viu crescer, comporta inevitável mortificação. Mas devemos
lembrar-nos que o motivo da nossa presença aqui é a formação de uma igreja autónoma
localizada. O sacrifício de agora é mais um passo nesse sentido.
Assumiremos, pois, com espírito cristão, todo o sofrimento moral que esta
“passagem” pascal implica, pois nos interessa acima de tudo o bem da Igreja e não
o mal entendido prestígio da Congregação ou um errado conceito de realização
pessoal. Como João Baptista diante de Cristo, só nos interessa que esta Igreja cresça
e floresça”415.
415
BPPCSSp. Jan/Junho 1975 p. 24-26
572
Adélio TORRES NEIVA
A crise de 1974 e o ataque à Igreja Católica
Pouco tempo depois, a situação política e eclesial acusava os primeiros
sintomas de degradação.
Um relatório do Superior Principal dos Espiritanos em Luanda P. Abílio
Ribas, de 20 de Março de 1975, aponta-nos alguns elementos que nos ajudam a
compreender esta crise.
a) A euforia da independência. Após o anúncio da Independência de Angola,
gerou-se uma euforia tal que tudo o resto parece ter sido esquecido, incluso o
ideal religioso. Isto, se por um lado mostra o quanto as populações desejavam a
sua independência política, por outro lado mostra a pouca profundidade religiosa
existente.
b) A propaganda contra a Igreja Católica. Após o 25 de Abril propalou-se uma
campanha conta a Igreja Católica tanto em Portugal como em Angola. Pelos
meses de Maio, Junho e Julho, muitos jovens que trabalhavam em Luanda mas
que eram originários do interior, deixaram esta cidade devido à falta de trabalho
que se gerou ou até já com propósitos bem estudados. Regressaram ao interior
e não foram poucos os que se lançaram em campanhas contra a Igreja Católica,
incutindo dúvidas ao povo simples. Espalhavam que os Movimentos de
Libertação iam acabar com a Igreja, que o Baptismo feito pelos brancos não valia
e que os padres eram colonialistas e exploradores do povo, etc.
Por outro lado, o relatório anual da Igreja Metodista, uma das mais fortes
Igrejas Protestantes do norte de Angola, lançou-se também ao ataque contra a
Igreja Católica, o que muito surpreendeu, dadas as boas relações existentes.
Esta propaganda produziu, é claro, os seus frutos. Lançou especialmente a
dúvida nos espíritos e amedrontou as populações que, com medo de represálias,
deixou de praticar visivelmente o culto. A juventude, em especial, abandonou
quase em bloco.
c) Difusão de grupos de terror. Após o acordo separado do Governo Português
com cada um dos Movimentos de Libertação, formaram-se grupos selvagens de
pseudo-libertação que vaguearam um pouco por toda a parte. Dizendo actuar em
nome deste ou daquele grupo de entre os três Movimentos de Libertação,
praticavam roubos, assaltos à mão armada, assassínios, etc. Até fins de Novembro
viveu-se um clima de terror em certas áreas. Isto deu-se especialmente nas áreas de
Luanda, Salazar, Lucala, Cacuso, Duque de Bragança e Luquembo.
e) Grupos de boateiros. Talvez com o propósito de acirrar ódios e levar as
gentes simples a revoltarem-se contra os brancos da cidade, em vários sítios do
norte de Angola surgiu o boato de que os brancos iam matar os pretos todos. A
reacção foi pronta: em muitos lados os pretos expulsaram das suas aldeias os
brancos que lá existiam e barricaram as entradas para que outros brancos lá não
pudessem entrar. Ao mesmo tempo, armaram-se com o que podiam no intuito
de se defender em caso de ataque.
A meu ver, foi isto que provocou os tristes acontecimentos de Luanda, o
mesmo estando iminente noutros lados, por exemplo, em Ndalatando.
A guerra em Angola
573
e) Abuso de bebidas alcoólicas. Com o anúncio da independência, cresceu o
fabrico caseiro de bebidas fermentadas e o uso de estupefacientes caseiros como
a liamba. Tudo isto era rigorosamente proibido pelo chamado governo fascista,
que exercia grande vigilância nesse sentido. O abrandamento da vigilância levou
ao fabrico e uso descarado destes elementos, tornando-se uma epidemia para a
juventude e não só.
f) A falta de autoridade. Desde o 25 de Abril até à constituição do governo de
transição, Angola esteve praticamente sem qualquer autoridade que reprimisse
os abusos cometidos. Tanto as autoridades civis como militares se demitiram das
suas obrigações de vigilância, deixando correr as coisas ao sabor de cada um.
Perante tal demissão, temos que concordar que foram bem poucos os
acontecimentos tristes que Angola viveu. De muito civismo foram as gentes!
Este é um louvor que se lhes deve.
Em dada altura, porém, os Movimentos de Libertação tomaram sobre si a
manutenção da ordem e a confiança começou a voltar.
g) Divulgação de outras religiões. As Testemunhas de Jeová, o Tocoismo e
Kimbanguismo, doutrinas que já antes tinham os seus adeptos, começaram então
a desenvolver esforços notórios para se imporem. Também elas contribuíram,
com a sua quota parte, para a campanha contra a Igreja Católica. As
Testemunhas de Jeová foram de invulgar violência contra o catolicismo.
h) Certa explosão do racismo. Com o anúncio da independência parece que
houve um certo ressurgimento de racismo. Este penetrou mesmo no interior da
Igreja. Nos padres, inclusive.
Um facto bem notório neste campo foi a divulgação de uma carta, assinada por
vários sacerdotes de Sá da Bandeira, protestando contra a nomeação de D. Óscar
Braga para bispo de Benguela, apresentando como principal argumento a cor da
sua pele (branca).
j) A avidez do dinheiro. Este mal, que já era notório antes da actual situação,
agravou-se agora. O dinheiro fascina especialmente os jovens, fazendo-os
esquecer toda a moralidade. Muitos centros populacionais começaram a
desaparecer para se concentrarem junto dos grandes centros fabris ou mineiros.
É típico o que se verificou na missão do Mussuco, onde as populações se
começaram a concentrar junto dos centros de exploração de diamantes.
Todos estes factores contribuíram para a diminuição do movimento
religioso”416.
O conflito armado entre os Movimentos de Libertação
Em consequência desta situação que se foi deteriorando cada vez mais,
começaram os conflitos armados entre os três Movimentos de Libertação e
várias missões sofreram pilhagens e saques. Um pouco por toda a parte instalou-se um clima de insegurança, as povoações foram atacadas, as estradas controladas
416
Ibid. Relatório Anual de 1974, Julho Dez. 1975 p. 58
574
Adélio TORRES NEIVA
e muitas missões, saqueadas, tiveram que ser abandonadas por falta de segurança.
Um bom número de missionários, pelo mesmo motivo, regressou a Portugal
esperando que a situação se acalmasse.
A guerra foi tomando corpo e começou a desestabilizar e a destruir todas as
infra-estruturas económicas e sociais. Tanto do lado da UNITA como da parte
do Governo iniciou-se uma competição olímpica em massacrar o maior número
possível de pessoas, particularmente nas aldeias.
Pensando que o centro da UNITA era a tribo Umbundu, situada no planalto
central do país, o Governo, coadjuvado pelos cubanos, começou a deslocar
compulsivamente homens, mulheres e crianças dessa tribo para o Norte de
Angola, queimando posteriormente as suas casas e destruindo os seus campos.
Do outro lado, a UNITA prosseguia com as suas devastações, minando as
estradas e os caminhos, cortando todas as vias de acesso às áreas do interior. A
fome, pouco a pouco, foi-se apoderando de populações inteiras e penetrou
mesmo nos centros urbanos. A destruição e a morte estenderam o seu manto de
terror e de luto sobre todos.
A guerra teve dois períodos particularmente violentos: o primeiro foi pouco
depois da proclamação da independência, iniciado ainda em 1975 e o segundo no
período pós-eleitoral de 1992 a 1995.
Registamos algumas das situações mais significativas deste conflito.
Em 1975, devido aos confrontos militares, foram atacadas e saqueadas, tendo
os missionários sido obrigados a abandoná-las, pelo menos provisoriamente, as
seguintes missões: Cazengo, em Salazar, Saurimo, Cucumbi, Luquembo, Duque
de Bragança, Lombe, Mussolo, Quibala, Casa dos Rapazes de Luanda, Nhareia,
Nova Sintra, Vale do Queve, Mungo, Canhe, Camunda, Escola do Cuíma,
Nazaré, Balombo, Cachingues, Sêndi, Chicomba, Bailundo, Chinguar, Andulo,
Huila, Bimbe, Mungo, Bela Vista, Vale do Queve, Galangue, Quipeio, Jau,
Caluquembe, Huíla, Caconda, etc. Em algumas, passada a primeira borrasca, os
missionários regressariam; outras permaneceriam encerradas longos anos. As
missões do interior da diocese do Huambo foram quase todas fechadas. O
mesmo aconteceu na diocese do Bié.
A Radio Ecclesia foi extinta e nacionalizado todo o seu activo e passivo;
numerosos edifícios, sobretudo escolares, como colégios, etc. foram requisitados
pelo Governo.
Aos seminários menores foi negada a existência jurídica, ficando a funcionar o
único Seminário Maior, no Huambo, sendo de novo a direcção do seminário
entregue a uma equipe de Espiritanos: PP. Abílio Ribas, Manuel Gonçalves e
José de Castro Oliveira.
Todas as igrejas e organizações religiosas existentes em Angola são obrigadas
a proceder ao seu registo, no prazo de 90 dias (1980).
Entre 1975 e 1984 em Angola foram assassinados 17 missionários e mais de 45
raptados417.
417
Ibid. 1984 p. 82
A guerra em Angola
575
Entre estas vítimas da violência contam-se os seguintes espiritanos:
- P. Martinho Thyssen, superior da missão de Caconda, assassinado por um militar fardado e armado, dentro da residência da missão, no dia 16 de Março de 1976.
- Ir. Afonso Rodrigues, (Gaudêncio Gonçalves Henriques) missionário em
Caconda, assassinado nas mesmas condições e pelo mesmo indivíduo, também
no mesmo dia 16 de Março de 1976.
- P. Adélio Ribeiro Lopes, raptado na missão da Bela Vista, de que era
superior, a 13 de Julho de 1976 e posteriormente assassinado, em Agosto de
1976, tendo ficado sepultado na mata. Tinha sido raptado juntamente com os PP.
Armando Pinto e Camilo, diocesano. O P. Armando Pinto acabou por ser
deixado são e salvo.
- P. José da Silva Pereira, superior da missão do Munhino, assassinado por
militares fardados e armados, junto da residência, na madrugada de 05 de Abril
de 1978.
- P. Jean Etienne Wozniak, da missão de Malanje, morto numa emboscada, na
área da missão de Kiwaba-Nzogi, no dia de Pentecostes, 26 de Maio de 1985.
- P. Nicolau Ligthart, residente no Huambo, morto numa emboscada, a
caminho da Bela Vista, no dia 24 de Fevereiro de 1987.
- P. Abílio da Fonseca Guerra, pároco de S. Pedro do Prenda, em Luanda,
sequestrado junto da Procuradoria de Luanda, morto e atirado para uma valeta,
no dia 24 de Abril de 1992.
Espiritanos raptados e depois libertados:
- o P. Armando Pinto, raptado a 13 de Julho de 1977 e libertado a 5 de Agosto
de 1977.
- o Ir. Francisco Duarte (Filipe Duarte) raptado na missão do Bailundo a 4 de
Abril de 1984 e libertado a 8 de Setembro de 1984.
- o P. Martinho Koolwijk, holandês, raptado a 01 de Agosto de 1982 na missão
do Cubango e libertado a 16 de Novembro de 1982.418
Dez espiritanos ficaram completamente isolados nas suas missões.
Nos Dembos, o P. Domingos Salgueiro da Mota viveu dias difíceis tendo
chegado a dormir noites seguidas na mata.
No dia 26 de Maio de 1985, os Padres John Kingston e Etienne Wosniak, ao
visitarem a missão de Kiwaba-Nzogi, caem numa emboscada de que resultou a
morte imediata do P. Wosniak e ferimentos graves no P. John Kingston.
A partir de 1992, a missão de Malanje, com o P. Manuel Viana à frente, viveu
horas difíceis e heróicas, abrindo as suas portas a milhares de deslocados, órfãos
e presos, que alimentou e assistiu com a ajuda da Caritas e de várias organizações
internacionais.
Em Cacuso, os PP. Michael Kilkenny e Jean-Michel Gelmetti, que tiveram
grandes projectos para a assistência escolar e sanitária àquela área, foram
forçados a abandonar a missão, por falta de segurança e por motivos de saúde,
depois das suas vidas terem corrido grave perigo.
418
Ibid. p. 9
576
Adélio TORRES NEIVA
Na missão de Kalandula, a igreja foi saqueada, a viatura do P. Arnaldo da
Rocha Ferreira, várias vezes foi atacada, tendo alguns dos ocupantes sido
mortos.
Na missão da Quibala, os PP. António van der Hurk, Alfredo dos Santos, o
diocesano P. César Viana, além do Ir. Amaro, foram ameaçados de fuzilamento
e viram a missão completamente saqueada, em 16 de Setembro de 1975. Os PP
António van der Hurk e Alfredo dos Santos andaram refugiados, de terra em
terra, durante vários meses. Em Junho de 1984, já com a missão recomposta, a
UNITA assaltou de novo a missão, raptando o P. Óscar Ruiz e as Irmãs
Clarissas e Mercedárias. Como o P. Alfredo dos Santos e duas Clarissas não
aguentassem a viagem até à Jamba, devido à idade, os raptores deixaram-nos
ficar. Depois da retirada das duas Clarissas, o P. Alfredo Santos ficou sozinho
na missão, vindo a falecer, assistido pelos catequistas, a 25 de Outubro de 1988.
O P. Joaquim Maria Mendes, no Namibe, (Moçâmedes) teve que embarcar,
sem roupas nem comida, para a África do Sul, num pequeno barco com
capacidade para 30 pessoas e onde tiveram de caber 1.500, gente de toda a
espécie. De regresso a Angola, teve que dormir nas tendas dos soldados sulafricanos, onde ganhou uma manta a limpar um campo de lixo deixado pelos
portugueses. No Sêndi, o P. Mendes ficaria definitivamente marcado pelas
barbaridades que viu cometer contra colaboradores seus na missão.
Na missão do Minungo, o P. Porfírio Duarte Lourenço, depois de 25 anos de
trabalho na Lunda, foi preso por motivos fúteis e sujeito a interrogatórios e
humilhações, por agentes da segurança do Estado, tendo-lhe sido marcada
“residência fixa” na missão do Saurimo.
Na missão do Bailundo, o P. Afonso Moreira aguentou heroicamente desde
1975 todas as dificuldades e privações, vindo morar para a sacristia da igreja da
vila do Bailundo. O Ir. Francisco Duarte, seu companheiro de toda a hora, foi
raptado e levado para a Jamba, tendo sido liberto alguns meses depois.
No Chinguar, depois da morte do P. Arnaldo Habraken, as Irmãs de S. José
de Cluny mantêm a missão aberta, sendo assistidas a partir do Kwito pelo P.
António Loureiro e a partir do Huambo pelo P. Nicolau Ligthart. O zelo
apostólico deste missionário será interrompido por assassinato, no decurso de
uma emboscada, quando se deslocava em ministério, em Fevereiro de 1987. Em
1991, o P. Agostinho Loureiro assume os destinos da missão e aí fixa residência,
não permitindo que a missão viesse a ser encerrada. Durante o conflito póseleitoral, 1992-1995, a Missão foi providencialmente um centro de refúgio e
acolhimento a D. Pedro Luís, então bispo do Kwito-Bié, bem com aos restantes
missionários do Kwito, que haviam permanecido cercados na casa episcopal
durante nove meses de guerra que destruiu quase completamente o Kwito.
A missão do Andulo desde 1977 que foi ocupada por militares. O P. Gouveia
Leitão esteve preso durante 123 dias: de 6 a 14 de Agosto em Silva Porto, e de
14 de Agosto a 07 de Dezembro de 1976 em Luanda.
Em 1993, os missionários do Huambo estiveram debaixo de fogo durante 55
dias, tendo a cidade sido palco de uma dura e sangrenta batalha.
A guerra em Angola
577
No Seminário Maior Espiritano estavam os PP. Gabriel Mbilingi e Gilles
Pagès, no Seminário Menor os PP. Manuel Teixeira e Tony Neves, na procuradoria o P. Agostinho Ribeiro Loureiro, na missão do Kuando o P. Cornelius
Kock e no Bailundo o P. Afonso Moreira e o Ir. Francisco. A 9 de Janeiro, a
guerra rebentou com toda a fúria. Os 55 dias que se seguiram foram mais que
suficientes para destruir uma cidade, gerando milhares de mortos, feridos,
deslocados, sem abrigo, perseguidos. Nenhuma igreja ou casa religiosa saiu ilesa.
Umas mais, outras menos, todas foram duramente penalizadas. De dia, eram os
Migs, os obuses, as balas, a insegurança total; de noite, eram os bandidos
armados, cuja missão era saquear e matar. O seminário menor espiritano foi
atingido por quatro potentes obuses, por centenas de balas, inclusive duas
bombas de Mig que, por milagre, não rebentaram. Todas as casas da Igreja
foram atingidas, tendo as Irmãs de S. José de Cluny, Consoladoras, Beneditinas,
Filhas de África, Servas do Espírito Santo e Espiritanas, sido obrigadas a
abandonar as suas casas. A UNITA tomou a cidade de Huambo a 6 de Março de
1993. Até Dezembro de 1994, houve bombardeamentos aéreos e isolamento
total das populações.
O trabalho dos missionários, depois da refrega foi sobretudo curar as feridas,
repatriar os estrangeiros, colaborar na ajuda humanitária, reorganizar a vida da igreja.
O Governo retomou a Cidade em Dezembro de 1994.
A 6 de Janeiro de 1993, no Kwito-Bié começou uma guerra violenta que
duraria nove meses de cerco impossível. No bispado residiam 18 pessoas: o
bispo, seis padres, entre os quais o P. António Loureiro e alguns leigos. Depois
do cerco à cidade veio o saque e depois as posições da UNITA à volta da cidade.
A primeira casa religiosa a ser abandonada foi a das Irmãs Mensageiras que
tinham chegado há pouco ao Bié; foi assaltada duas noites seguidas. Como o
cerco se apertasse, as casas religiosas ficaram cheias de refugiados. O bispado,
onde habitualmente vivem 15 pessoas, albergou 110. O mesmo aconteceu com o
colégio dos Maristas, o colégio das Irmãs de S. José de Cluny, a Sé Catedral, o
salão paroquial, os hotéis, etc. Os seminaristas, as Irmãs e os padres são
obrigados a deixar o seminário; os seminaristas refugiam-se no bispado. Pouco
a pouco as casas da diocese são obrigadas a serem abandonadas. A 20 de Abril um
morteiro feriu gravemente quatro pessoas no bispado. Irmãos Maristas, Irmãs de
S. José de Cluny, Irmãs de S. Salvador, Irmãs Mensageiras, Irmãs Teresianas,
Servas Franciscanas, Consoladoras, Padres Redentoristas, todos são obrigados a
abandonar as suas casas. Dez casas religiosas tiveram que ser abandonadas. A 6
de Agosto foi atacado o bispado e a 14 de Setembro foi incendiado e a 21 desse
mesmo mês todo o pessoal do bispado, incluindo o bispo e o P. António Moreira
é levado para uma base militar fora do Bié. Com o bispado, arderam os livros de
registo dos Baptismos e Casamentos das Missões da Chanhora, Nambi, Chicava,
Chipeta, Vouga, Katabola, Sé Catedral, Kukhema, Cachingues, Entre Rios,
Ringoma, Andulo, Nhareia, Gamba. Só escaparam os livros das missões da
Kamakupa e do Chinguar que estavam a funcionar. Arderam todos os arquivos
da diocese e toda a documentação. A Igreja Católica ficou com todas as suas
estruturas materiais destruídas: ao todo 11 casas.
578
Adélio TORRES NEIVA
Da base militar, o bispo e os padres foram levados para a missão do Chinguar.
Nesta guerra todos fugiram: os Médicos Sem Fronteiras, A Cruz Vermelha
Internacional, os próprios militares; só os Missionários ficaram. Os missionários
e o povo que não tinha para onde fugir.
Na missão de Monte Belo, o P. António van Horrik em 1977 teve que
abandonar forçosamente a missão, devido às perturbações político-militares na
área, de que resultou a perda de uma perna. Mesmo com uma só perna, o P.
António conseguiu continuar a trabalhar, agora no bairro de Santa Cruz no
Lobito, onde construiu a residência da comunidade espiritana, além de escolas,
salas de catequese e casas de acolhimento para necessitados.
Em Caconda, depois do assassínio do P. Martinho e do Ir. Afonso Rodrigues
em 1977, a histórica missão viu a sua igreja profanada e fechada, tendo o P.
Marques de Sousa, envolvido em atmosfera de perseguição, sido instado a
retirar-se para Benguela, ficando a missão sem sacerdote.
Na missão de Cafima, o P. João Kirchner ficou completamente isolado no
meio da guerrilha feroz.
Na missão do Chiengue, os cubanos depois de atacar a missão, amarraram o
padre, humilharam-no e levaram-no para aquartelamento de Calucinga. Liberto,
foi novamente preso por ter protestado contra as torturas a que foi submetido;
o Ir. Gabriel, foi levado para a prisão de Quibala, em cima de camião militar, para
ser entregue aos responsáveis de maior graduação. Foi aqui que um jovem oficial
médico tomou conta dele e permitiu que ele se limpasse e cortasse a barba de
vários dias e o instalou a seu lado na cabine do camião.
A igreja da missão da Môngua foi profanada pelos soldados cubanos, os quais
tendo dormido na igreja deitaram as hóstias pelo chão.
Desde 1989 até 1995, a missão do Sêndi sofreu perturbações e assaltos
repetidos consubstanciados em ataques armados e saques contínuos. Uma tal
insegurança e risco contínuo fizeram com que os missionários deixassem o
Sêndi e fixassem residência no Lubango, para daí se organizarem e programarem
as visitas à missão, tanto quanto ia sendo possível.
A missão do Lubango empenhou-se profundamente no apoio aos refugiados
e deslocados da guerra, na assistência a centros prisionais e meninos da rua e a
compromissos sócio-educativos.
O P. Alfredo Mendes, depois de ter trabalhado 41 anos em Angola, em defesa
do povo angolano, foi submetido a 72 horas de humilhante julgamento, o que
aliás aconteceu com outros missionários.
Na missão do Kuvangu (Vila da Ponte), em virtude da insegurança crescente e
das ameaças à integridade física, o P. Martinho Koolwijk e as Irmãs Missionárias
da Acção Paroquial, decidem retirar-se temporariamente para o Lubango, em
1977. O P. Martinho que, sem as Irmãs, para lá havia regressado, ali vivendo
quatro anos sozinho, acabou por ser raptado por guerrilheiros armados. Depois
de liberto, seguiu para a Zâmbia, onde durante vários anos prestou assistência a
refugiados angolanos.
Na Chicomba, o P. André Krist, viveu mais de um ano na sacristia, correndo o
A guerra em Angola
579
risco de ser atacado de um momento para o outro.
O P. Bernardo Bongo, terminado o seu segundo mandato de Provincial de
Angola, decidiu ir para a Jamba, na área onde a UNITA se tinha acantonado, para
prestar assistência espiritual a todos aqueles refugiados da guerra. Com ele
estavam presentes mais dois padres, cinco Irmãs religiosas e outros agentes de
pastoral.
Foram roubados carros entre outras, nas missões de Nambi, Nhareia,
Chinguar, Cachingues, Sambo, Cuando, Vale do Queve, Paróquia da Sé de Nova
Lisboa, Colégio do Espírito Santo, etc.
Cidades houve que foram particularmente massacradas. Malanje, seria
completamente evacuada; a população depois de se ter refugiado no quartel,
abandonou a cidade à média de 50 viaturas por dia.
No Luquembo, o próprio bispo de Malanje, D. André Muaca, esteve retido
durante quatro dias sob a acusação irrisória de ser contra o presidente Agostinho
Neto.
Na missão do Saurimo estiveram em confrontos directos os dois movimentos,
tendo a cidade sido fortemente flagelada. E o mesmo aconteceu a Ndalatando
(Salazar).
A 1 de Junho de 1980, uma mina colocada em estrada de terra batida, a dois
quilómetros do Huambo, em Belém, foi accionada pela roda esquerda da viatura
em que seguiam os PP. Abílio Ribas, José de Castro Oliveira e Manuel
Gonçalves, além do P. Manuel Ferreira(secular) e um cristão. Os PP. Abílio
Ribas e José de Castro ficaram bastante feridos, tendo o P. Castro sido
recambiado para o hospital Egas Moniz em Lisboa.
A missão de Kalandula passou por várias provações. A ponte foi dinamitada a
primeira vez em 1 de Agosto de 1992, sendo depois reconstruída e destruída mais
três vezes. A 25 de Setembro de 1998 foi a cidade mais uma vez atacada, a missão
revistada e no dia 27 a missão saqueada e o jipe roubado. E na área da missão
pelo menos 10 capelas foram saqueadas, roubando-lhes inclusive o zinco do
telhado.
Em todas as outras missões em que não houve confrontos todos viveram um
clima de incerteza e insegurança.
Em 1982, os Espiritanos em Angola eram 61, dos quais 35 portugueses.
De notar, no entanto, que sobretudo a partir de 1981, devido ao Governo ter
começado a facilitar a concessão de vistos de entrada, começou a crescer o
número de missionários e missionárias vindos de outros países, nomeadamente
do México, Brasil, Colômbia, Filipinas, Ceilão, Polónia. Só no ano de 1981
entraram cerca de 70 destes missionários e missionárias.
Carta das Cúrias Generalícias
Entretanto, em Roma, alguns representantes das Cúrias Generalícias que
tinham Missionários e Missionárias em Angola, tinham-se reunido, logo no
início do conflito, a 21 de Outubro de 1975 e escreveram uma carta que enviaram
580
Adélio TORRES NEIVA
aos seus missionários naquele país:
“Caros Padres, Irmãos, e Irmãs
Preocupados com a vossa situação, alguns representantes das Casas Generalícias
de Religiosos e Religiosas, tendo missionários em Angola, reuniram-se no dia 1 de
Outubro de 1975, para troca das diversas informações a vosso respeito e, ao mesmo
tempo, para acordar e ajustar o que é possível fazer por todos vós.
Tendo em conta as notícias recebidas, assim como a experiência de alguns de entre
nós que viveram situações análogas, parece-nos que, entre os numerosos problemas
postos por vós, sobressai esta pergunta que vos aflige. “Que fazer? Ficar ou partir?”
Caros Padres, Irmãos e Irmãs, todos reunidos neste dia, unimos a nossa voz para
exprimir, antes de mais nada, a profunda solidariedade tanto para com aqueles e
aquelas de entre vós que se encontram em Angola, como para com aqueles e aquelas
que deixaram este país, depois de, em consciência, julgar dever agir assim. Estamos
solidários com as vossas decisões.
À vossa importante pergunta “ficar ou ir-se embora”, não podemos nem queremos
dar-vos uma solução aqui, de longe. Os vossos responsáveis nesse lugar, cada um de
entre vós, sobretudo em união com os outros, sois os melhores juizes, em última
análise. Crede que respeitamos e estimamos as vossas decisões.
Entretanto, referindo-nos à troca de impressões que pudemos partilhar e
aproveitando da experiência de alguns de nós, gostaríamos de vos dar algumas
sugestões, no respeito dos pareceres ou decisões dos vossos responsáveis nesse lugar
ou de vós mesmos:
- em caso de perigo grave, é melhor, de uma maneira geral, retirar-se para lugar
seguro, se possível, que deixar Angola. Encorajamos ao acolhimento entre Institutos:
a assembleia é de opinião que para assegurar o futuro da Igreja de Angola, há
interesse em o missionário ficar, porque se parte, pode existir sempre o problema do
visto para o regresso;
- se um padre, um irmão ou uma irmã pensa, em consciência, dever deixar Angola
por causa do perigo grave, de situações vividas ou de um motivo pessoal, respeitamos
e estimamos essa decisão, sabendo que cada um deseja agir pelo melhor;
- não é de aconselhar expor-se a perigo grave, sem esquecer no entanto que a opção
missionária comporta riscos e que o testemunho da fidelidade ao povo e à Missão é
importante para o presente e para o futuro;
- tendo em conta a dificuldade de tomar, sozinho, uma decisão e as consequências
que daí podem advir para o indivíduo ou para o grupo, é preferível que o conjunto
do grupo, ou pelo menos a comunidade, ajude os indivíduos a discernir e a tomar a
decisão que parece a melhor, concretamente;
- um padre, um irmão, ou uma irmã, que, depois de deixar Angola, pensar poder
retornar, de acordo com os responsáveis nesses lugares, age bem e tem a nossa aprovação;
- a nossa preocupação é que nenhum de vós se perca ou sofra profundamente na
sua consciência; a mesma preocupação se estende à Missão em Angola e à fidelidade
para com este povo tão provado.
Caros padres, irmãos e irmãs, acreditai na nossa oração e na nossa comunhão
fraterna. Tende a certeza da solidariedade dos membros dos nossos Institutos, que
A guerra em Angola
581
é cada vez maior para convosco.
Companhia de Jesus, La Salette, Missionárias Franciscanas de Maria,
Missionárias Médicas, Redentoristas, Missionários do Espírito Santo e Verbo
Divino”419.
Centro de Acolhimento a missionários espiritanos
Foram bastantes os missionários que, devido à insegurança de Angola,
regressaram a Portugal, à espera que a situação se alterasse.
Durante a semana de reciclagem e reflexão para missionários, realizada em
Fátima de 11 a 17 de Janeiro de 1976, os 70 espiritanos presentes discutiram e
decidiram a criação de um Centro de Acolhimento para os Missionários
Espiritanos.
As finalidades deste centro ficaram assim definidas:
a) Acolher os confrades à chegada ou partida para as Missões, procurando
fornecer-lhes dados úteis e ajudá-los a resolver os seus problemas mesmo monetários;
b) recolher o mais possível, notícias referentes aos nossos campos de
apostolado;
c) proporcionar o conhecimento dessas notícias aos nossos missionários
“retornados”, às Províncias interessadas e a outras entidades missionárias;
d) convocar periodicamente reuniões dos missionários espiritanos para se
encontrarem e partilharem informações, reflectir sobre temas missionários,
conviver, etc. de modo a mantermos vivo o nosso ideal espiritano e nos
ajudarmos a recomeçar uma adequada actividade apostólica dentro das directivas
da Congregação;
e) estruturar, no difícil momento actual, um serviço de informação e apoio
moral às famílias dos nossos missionários que trabalham em terras africanas;
f) contactar com os confrades que não possam tomar parte nestas reuniões;
g) ajudar os confrades “retornados” a decidirem-se, de acordo com as
prioridades missionárias e as próprias possibilidades.
De facto, mercê sobretudo do zelo do Provincial de então, P. Casimiro Pinto
de Oliveira, muitas destas actividades foram realizadas: recolheram-se e
distribuíram-se notícias, tendo-se contactado várias entidades; fizeram-se 11
circulares com 56 páginas referentes aos missionários e à vida religiosa e
situação político-militar de Angola, que se distribuíram por todos os espiritanos
portugueses “retornados” de Angola, pela Casa Generalícia, pelas províncias
espiritanas da Espanha, Bélgica, Irlanda, Holanda e Alemanha, por vários
institutos que têm missionários em Angola, etc.; manteve-se um contacto
frequente com os missionários em Portugal e Angola e seus familiares;
organizaram-se 7 encontros de missionários espiritanos; ajudou-se a integrar
alguns missionários sobretudo no Brasil e em paróquias pobres de Portugal, etc.
Devido aos acontecimentos de Angola e por outros motivos, foram 98 os
419
Ibid . Julho/Out. 1975 p. 32-33
582
Adélio TORRES NEIVA
Espiritanos portugueses que deixaram Angola em 1975-1977, tendo
permanecido lá nessa altura 66. Na altura da independência, em 1975, havia em
Angola 241 espiritanos, entre padres e Irmãos, trabalhando em 85 obras diversas.
Por ocasião da criação da Província Espiritana de Angola, em 29 de Junho de
1977, o número dos espiritanos ficou reduzido a 79, o que significa menos 162
em pouco mais de dois anos. Dos 79, apenas 9 eram angolanos; 3 padres, 3
irmãos e 3 escolásticos.
Dos que deixaram Angola, um grupo de 16 partiu para o Brasil, e outros
assumiram algumas paróquias em Portugal, tais como: Alcoutim, S. Brás de
Alportel, Alte, Alvalade e Ermidas do Sado, Freixo de Espada à Cinta, Santa
Maria de Émeres, Touça, Vale de Figueira, Vila Nova de Cerveira etc. Outros
assumiram outros ministérios.
A acção dos Espiritanos durante a guerra
Este tempo de guerra, se dificultou o trabalho dos missionários, não os fez
desanimar. Muitas vezes, limitavam-se a uma missão de presença, uma vez que a
guerra não permitia a circulação. Outras vezes, a missão significou o empenho
dos Espiritanos na assistência aos deslocados, empobrecidos rápida e
forçosamente pelas circunstâncias. Junto das portas das comunidades religiosas
aglomeravam-se todos os dias dezenas de mendigos. Na maioria das vezes não
havia pão nem vestuário para repartir. Missões houve, como a do Cuando, em
que os refugiados chegados de repente rondavam os sete mil.
Não seria possível enfrentar tais desafios se não fosse o trabalho muito
coordenado com a Igreja local, sobretudo com a Caritas de Angola, que recebia
substanciais ajudas da Caritas Internacional e da Cruz Vermelha Internacional.
Não podemos deixar de agradecer à Alemanha, à Holanda e a Portugal, cujos
préstimos foram canalizados através de um espiritano holandês, que se dedicou
de alma e coração a Angola, mesmo sem nunca lá ter trabalhado: o P. Quirino
Houdijk. Onde foi possível, distribuíram-se sementes de milho e legumes para
encorajar as pessoas a tentar sobreviver com o trabalho das suas próprias mãos.
As viaturas de que os missionários dispunham eram ao mesmo tempo veículos
de visitas das comunidades e aldeias longínquas, possíveis de serem visitadas e
ambulâncias para levar feridos dos ataques, os caídos das minas e demais doentes
sem possibilidades de chegar aos hospitais, embora sabendo que esses não
tinham quase nada para os atender.
Um outro trabalho feito pelos missionários era denunciar as injustiças,
cometidas quer pelo Governo, quer pelos guerrilheiros. Era uma tarefa que tinha
de ser executada com a máxima prudência, porque a coberto da guerra, qualquer
pessoa podia ser eliminada “por desconhecidos”. Às vezes, era mesmo necessário
despertar a atenção dos Bispos para um conjunto de situações injustas. É nessa
linha que o delegado da Conferência Episcopal para a Justiça e Paz era um
espiritano.
Foi nesse sentido de despertar a Igreja e a sua hierarquia, do lado do Governo,
A guerra em Angola
583
para nova realidade (social e eclesial, política e cultural) que se estava a criar do
lado da UNITA, que o P. Bernardo Bongo, imediatamente a seguir ao seu
segundo mandato de primeiro Provincial de Angola, se decidiu de acordo com
Superior Geral e o seu Conselho, passar para o lado da guerrilha – sem porém
fazer guerra nem política.
Houve também tentativas de aliviar ao máximo a dor dos aflitos. Destacamos
apenas duas ou três. Em Ndalatando, o P. Benedito Sanchez teve a iniciativa de
acolher as crianças abandonadas e orfãos. Esse trabalho consistia essencialmente
em fazer um levantamento numérico dessas crianças nos bairros, para as localizar
e encarregar um leigo que esteja em contacto com elas. A Missão providenciava
alguma alimentação, vestuário e contacto com as estruturas estatais de ensino
para matricular aquelas crianças que não têm nenhuma possibilidade de o fazer,
por falta de documentos requeridos. O fim desse trabalho era não deixar à sua
sorte tantas vidas humanas que a guerra colocou na desgraça - “Ana Itungu” assim se chamava esta iniciativa. É uma palavra Kimbundu para designar as
crianças que ficaram sem pai e sem mãe. Só em Ndalatando foram apontadas 850
orfãos, dos 4 aos 14 anos. O lema desta iniciativa era “construir a esperança”.
A missão do Kuando acolheu, só de uma assentada, sete mil refugiados, a
morrer de fome, desespero e cansaço. Foi em união com a Cruz Vermelha, os
Médicos Sem Fronteiras e os Assuntos Sociais, que se procurou acudir a esta
gente. Foi preciso fazer dezenas de campas fora do cemitério, pois dentro já não
havia lugar.
No Lubango, foi necessário abrir centros de emergência para dar, diariamente,
uma refeição a 600 pessoas.
Em Cazengo, a missão viu-se na necessidade de alimentar mil orfãos por dia;
no Lucala 450. Ao todo 1.450 orfãos, em 35 grupos de bairros e aldeias.
Na Kamusamba (Huambo), foi a Irmã Margarida, espiritana, que criou um
centro para mutilados da guerra. O número destes mutilados rondava os 50 mil.
O Centro de reabilitação de Bomba Alta, em Luanda, fabricava oito mil próteses
por ano.
Em Malanje, o P. Manuel Viana e o P. Inácio fizeram tudo o que puderam
junto das autoridades para pôr fim à “caça ao homem”, provocada pela guerra.
Foi aí que todas as casas religiosas se uniram para tentar dar uma solução ao
problema da fome que afectava cada vez mais a população. Com a ajuda da
Caritas e da PAM começaram as “cozinhas comunitárias”, com creche e uma
refeição diária para as crianças. Em Outubro de 1993, começaram com dois
centros, um com 500 crianças e outro com 250. O projecto foi-se desenvolvendo,
chegando a 77 cozinhas com 28 mil crianças com uma refeição diária.
São apenas alguns dos exemplos mais sugestivos do que todas as missões
procuraram fazer na medida das suas posses.
585
Capítulo 62
A Casa do Fundão
A doação da casa
C
om a data de 07 de Novembro de 1977, chegou à Casa Provincial uma
carta dirigida ao P. José Felício, propondo a doação de uma casa no
Fundão, com a condição de aí ser fundado, pela Congregação, um
Centro de Animação Missionária. Eram suas autoras as duas irmãs Maria
Florência Monteiro e Maria de Lurdes Tavares Monteiro, solteiras, moradoras na
Rua Aurélio Pinto, nº 10, Fundão.
Esta carta foi presente ao Conselho Provincial que delegou no P. José Felício
e no P. Abel Moreira Dias, ecónomo provincial, para se deslocarem ao Fundão,
ver a casa e falar com as doadoras sobre a doação proposta.
Assim, a 30 de Novembro de 1977, deslocaram-se ao Fundão, os dois
sacerdotes, tendo examinado a casa e conversado com as doadoras.
A opinião foi favorável e a casa, embora não fosse ideal para já, apresentava
boas perspectivas de futuro, na medida em que os inquilinos da parte baixa
fossem deixando a casa.
A região das Beiras era considerada interessante para a promoção vocacional e
esta doação surgia como um apelo ao tempo antigo em que a Congregação esteve
presente na Guarda-Gare. Os párocos quase todos falam ainda com boas
recordações do P. António Ribeiro Teles, figura que deixou profundas marcas da
sua passagem pela Beira.
Tendo em conta este bom ambiente que envolvia a memória espiritana e as
condições aceitáveis da casa, o Conselho Provincial decidiu aceitar a doação que
o P. Provincial confirmou em carta de 7 de Dezembro de 1977, dirigida às ditas
senhoras.
Atendendo a que o processo sucessório estava a correr, só a 26 de Julho de
1978 se fez a escritura de doação no Notário do Tribunal de Castelo Branco,
tendo a Congregação sido representada pelo P. Abel Moreira Dias, ecónomo
provincial.
A doação foi feita sem qualquer condição, devendo as doadoras continuar a
receber as rendas até que tenham pago todo o imposto sucessório, pois que
tinham recebido a casa de uma sua tia. Entregarão, no entanto, 1500$00 mensais
para despesas de água e luz.
A casa, era desde há centenas de anos, pertença da família Dâmaso Brázio, de
profundas raízes cristãs, que teve já nas gerações passadas dois sacerdotes, cuja
586
Adélio TORRES NEIVA
acção apostólica e benemérita foi bastante preponderante na vila. A tia das
doadoras faleceu no Dia Mundial das Missões em 1977 e, como diz uma carta da
sobrinha doadora: -“no meio de grande desgosto que me deixou completamente
destruída, o único lenitivo foi o pensamento de que outras vidas poderiam nascer
naquela casa e que aquele dia era a indicação clara daquele destino. Poucas horas
depois, o meu desejo era comunicado ao Vice-Reitor do Seminário, que
imediatamente deu a sua opinião favorável. É pois meu único desejo que a casa seja
transformada num centro permanente de animação missionária, que o mesmo é
dizer, não seja vendida...”.420
No fim do ano escolar, foram nomeados para esta nova comunidade do
Fundão os PP. Carlos Gouveia Leitão, que trabalhara já na animação missionária
no Porto e o P. António Lourenço Braz, regressado de Angola, bem como o Ir.
João Vieira (Redentor), que trabalhara na Casa de Filosofia do Espadanido, após
o seu regresso das missões de Sá da Bandeira.
Os primeiros tempos
Vindos do Porto, depois de terem almoçado em Coimbra, pelas 17.30 do dia 5
de Setembro de 1978, chegaram ao Fundão o P. Gouveia Leitão e o Ir. João
Vieira; um pouco depois, pelas 18.30, chegou de Lisboa o P. Lourenço Braz, que
os dois já chegados foram acolher à estação do caminho de ferro.
Após um primeiro arrumo das bagagens, foram saudar as doadoras, que ainda
não contavam com eles. A presença dos padres, por mais discreta que procurasse
ser, depressa deu nas vistas e a notícia correu veloz por toda a vila. O jantar foi
na pensão, mas foi já na nova casa que eles dormiram depois de terem rezado,
pela primeira vez nesta comunidade, a oração de Vésperas.
O dia seguinte foi ocupado em cumprimentos às diversas entidades religiosas,
nomeadamente ao pároco e aos padres do seminário. O jantar foi na casa do
prior.
Ao outro dia, o P. Gouveia e o Ir. João tiveram que se ausentar para Lisboa,
durante uma semana, enquanto o P. Brás iniciou as voltas para providenciar tudo
o que fazia falta ao andamento da comunidade, oferecendo desde logo a sua
colaboração aos párocos do Fundão e do Castelejo. Logo se tornou evidente que,
devido à carestia de clero, a presença dos espiritanos seria bem-vinda.
No dia 29 o Prior retribuía a visita.
O P. Gouveia Leitão, em circular dirigida aos seus confrades, conta-nos as
primeiras impressões: “O Fundão, a 400 metros de altitude, com a Gardunha às
costas, a 1200 metros, mirando em frente a altaneira serra da Estrela, a 2000 metros,
que apresenta altiva a laboriosa cidade industrial da Covilhã, é um oásis de verdura
e riqueza numa zona austera e pobre geográfica e economicamente, das melhores
vilas do leste de Portugal. A 18 quilómetros da Covilhã, a 60 da Guarda, a 42 de
Castelo Branco e a 40 da fronteira espanhola, torna-se um centro bem servido
420
Carta de 17 de Julho de 1978
A Casa do Fundão
587
comercialmente. É famosa a sua fruta e por toda a parte se vêem pomares: cerejeiras,
pereiras e sobretudo macieiras; até a Capital recebe fruta do Fundão; também os
seus vinhos são bons; os serviços estão bem organizados através de Cooperativas. O
Fundão, a 400 metros apenas, está quase no fundo, na planície que se vê
serpenteada e regada pela Meimoa e pelo Zézere, que corre lenta e preguiçosamente
para o Tejo, rumo ao mar. É esta baixa, entre serras, que se prolonga para Nordeste,
que se chama a Cova da Beira, tão propícia à fruticultura, cereais, horticultura...
Tivemos o cuidado de contactar, logo na tarde da nossa chegada, as BenfeitorasDoadoras; tinham direito a isso. Procurámos então a sua residência. Foi nestas
andanças de procura, que uma senhora, seguindo rua acima, nos interpelou,
perguntando se éramos os Missionários do Espírito Santo. Era uma das Benfeitoras.
Ficámos contentes e passámos uns bons minutos em sua casa. Pessoas simples, com
uma certa cultura, de família distinta, contando na sua linhagem doutores, padres,
e uma freira; família estimada no Fundão. Antes de nos retirarmos, foi-me entregue
um envelope em que nos recomendavam várias pessoas de família, já falecidas,
pedindo a todos os Missionários do Espírito Santo orações por esses entes queridos.
Foi o que nos pediram em troco de tão generosa oferta.
A nossa casa. Tipo familiar, bem arranjadinha, pintada de fresco interiormente,
apetrechada com o indispensável em qualquer dos serviços de uma casa: quartos de
dormir, sala de jantar, cozinha, quarto de banho. De rés-do-chão e primeiro andar.
Ocupámos o primeiro andar; o rés-do-chão e parte do primeiro andar estão
alugados. Temos à nossa disposição uma sala de visitas, quatro quartos (um deles
para arrumos), uma cozinha, sala de jantar e quarto de banho moderno, servido por
uma esplêndida marquise. A impressão, para quem está habituado a grandes
casarões, é a de que não tem espaço vital, mas vamos sentindo que chega muito bem.
O que não encontrámos foi um lugar digno para o “patrão” da casa e o sr. Bispo
disse ao P. Gouveia que não o podíamos ter no quarto de dormir! A imaginação tem
trabalhado e parece-me que a solução está encontrada; faltam apenas os operários
para a execução do plano concebido.
Vida comunitária. A vida comunitária a três torna-se mais fácil, pelo que
procuramos viver a três a oração, o trabalho e o recreio. Aliás foi bem vincado esse
aspecto na primeira reunião comunitária que tivemos. Temos feito esforço para o
conseguir, pois a vida comunitária é qualquer coisa que se vai vivendo e construindo
dia a dia e exige muita atenção de cada um a cada momento.
No aspecto da oração procuramos integrarmo-nos tanto quanto possível, na
paróquia. A Eucaristia normalmente celebra-se na igreja paroquial, coordenando o
serviço o pároco, muito nosso amigo desde a primeira hora e que connosco se sente
muito ajudado e encorajado a prosseguir o seu trabalho de pastor. Temos previstas
em casa duas eucaristias semanais. A nossa mesa redonda com Deus começa às 7.45
na sala de visitas e prossegue às 12.45 e 19.10; sentimo-nos lá bem e saímos de lá
satisfeitos.
Apostolado. Sem dúvida a nossa vinda foi bem acolhida pelo clero e pelo povo. O
Pároco esse foi com grande júbilo que nos recebeu na paróquia e parece não estar
ainda bem convencido de que não somos seus coadjutores. Na verdade, temos
588
Adélio TORRES NEIVA
procurado colaborar o melhor que podemos.
Os párocos vizinhos e os de longe, mal souberam da nossa chegada, têm solicitado
a nossa colaboração para pregação e confissões. Dá-nos a impressão que não há
sacerdotes disponíveis para a pregação ao povo em tempos fortes. E será verdade: 1º
a maior parte deles têm três e quatro paróquias; 2º- muitos deles procuram resolver
o seu problema económico (zona pobre e descristianizada) recorrendo ao ensino.
Também parece termos as portas abertas para a nossa acção de animação
missionária. A dificuldade será escalonar e coordenar o serviço de modo a atender
a gregos e a troianos: atender os párocos e não descurar o nosso trabalho específico.
Visitas. Ficará na história da casa: a primeira visita foi de um leigo, o Sr.
Joaquim Jorge (tio do P. Braz); a primeira visita de um sacerdote secular foi a do
P. Atanásio, pároco de Vale dos Prazeres; a primeira visita de um espiritano foi a
do P. Mário Pires. Assinalamos mais as visitas dos PP. Figueira, Provincial,
acompanhados do P. Alberto Fonseca Lopes. ...
Por nosso lado visitámos as Doadoras da casa, o Rev. Pároco, que nos convidou
para jantar, logo no dia seguinte ao da nossa chegada, o seminário diocesano, sito a
dois quilómetros, o presidente da Câmara, que nos recebeu amavelmente no seu
gabinete, as Irmãs Missionárias Hospitaleiras (a trabalhar no hospital e no
Albergue dos Inválidos) as Irmãs Servas de Jesus (com um lar de estudantes) e por
último, o seminário do Verbo Divino em Tortozendo”421.
A aprovação do bispo
No dia 27 de Setembro, numa conversa informal com o vice-Reitor do
Seminário, o cónego José Lourenço Pires, soube-se que o Sr. Bispo tinha ficado
satisfeito com o pedido do P. Provincial e que iria responder favoravelmente à
vinda dos Espiritanos para a sua diocese. O mesmo cónego prometeu falar
pessoalmente com o bispo sobre este assunto no próximo dia 29, dia em que
tinha audiência marcada com ele.
Alguns dias mais tarde, a 11 de Outubro, a comunidade recebia a visita do
arcipreste e dos Padres Jaime e Genro, respectivamente párocos de Silvares e do
Souto e, no dia 13, o director espiritual do seminário, P. Manuel Fonseca, primo
dos Padres Fonseca Lopes, da Congregação.
A carta do Bispo D. Policarpo, com data de 13 de Outubro de 1978, autoriza
a fundação de um Centro de irradiação missionária. Diz o documento:
1. Confirmando, por esta forma, tudo o que, graças a Deus, já tive oportunidade
de dizer oralmente a V.Rev.ma na sua qualidade de Superior Provincial da
Congregação do Espírito Santo, julgo de grande conveniência destacar de entre as
minhas afirmações feitas nessa altura, as seguintes:
a) É com muito gosto que autorizo a suplicada fundação dum CENTRO DE
IRRADIAÇÃO MISSIONÁRIA, no Fundão.
b) Este centro terá como principal finalidade esclarecer e fomentar o problema
421
Circular de 10 de Novembro de 1978
A Casa do Fundão
589
vocacional, sobretudo da juventude, em espírito de verdadeira irradiação
missionária, que não se confina apenas a aumentar o número dos filiados da
LIAM”.
c) Espera-se que os RR. Sacerdotes que vierem a constituir esta comunidade sejam
dotados de verdadeiro zelo apostólico e de autêntico amor à disciplina da Igreja.
Por isso, tendo na devida conta a legislação desta e nomeadamente o importante
documento das Sagradas Congregações dos Bispos e dos Religiosos datado de 14 de
Maio deste ano, procurarão o bom entendimento não só com o clero local e regional,
mas também com os restantes membros do Presbitério Diocesano, esforçando-se,
por, sem prejuízo do espírito da sua Congregação, integrar todas as suas actividades
apostólicas nos planos da pastoral da Diocese e da “Cova da Beira”, que ajudarão
a realizar, na medida do possível.
Estou certo de que tudo o que fica exposto será aceite com agrado, pois tende a
garantir a estabilidade do centro, o bom entendimento e a harmonia fraterna entre
os membros da comunidade e o clero local.
2. Peço me perdoe que, mais uma vez, insista na veemente súplica de brindar a
Diocese da Guarda com dois ou três sacerdotes da sua Congregação, possuidores
das qualidades apostólicas atrás apontadas, que possam dedicar-se de alma e
coração a actividades paroquiais. Serão recebidos com grande entusiasmo, tanto
por mim como pelos meus diocesanos. Poderiam eles instalar-se quer na região de
Seia (confinando com a diocese de Coimbra) quer mais para junto da fronteira
com Espanha. Uma resposta afirmativa considerá-la-ei como graça de indizível
alcance ”Digne-se, Senhor Superior Provincial , aceitar meus cumprimentos de
fraterna dedicação no Senhor”422.
A vida no dia a dia
Sem esquecer a animação missionária, seria, de facto, no ministério paroquial,
que os confrades do Fundão dariam o melhor da sua colaboração.
Pregações por toda a diocese, a pedido dos párocos, confissões, celebração e
pregação nas missas, visitas aos núcleos da LIAM, encontros com os jovens, etc.
O bom acolhimento e a generosidade das pessoas foram verdadeiramente cativantes.
A 23 de Outubro ocorreu o primeiro aniversário da morte da tia das doadoras desta
casa, pelo que o P. Gouveia foi celebrar a missa de sufrágio na igreja paroquial.
No dia 30, chegou o P. Provincial que ali se deslocou para ver confrades e fazer
algumas visitas de cortesia. Na primeira reunião que fez com a comunidade, o P.
Gouveia foi escolhido para director e o P. Bráz para ecónomo.
O primeiro ministério aceite de compromisso permanente foi a capelania do
Albergue.
No dia 4 de Dezembro a comunidade recebeu a visita honrosa do Sr. Bispo, D.
Policarpo da Costa Vaz, que se fazia acompanhar do P. Bastos, seu secretário e
do reitor do seminário Menor, Mons. Lourenço Pires. Visitou demoradamente
422
APPCSSp. Comunidade do Fundão, Carta do Bispo da Guarda.
590
Adélio TORRES NEIVA
todas as dependências da casa e falou das necessidades prementes da sua diocese.
No dia 20 de Outubro, a primeira surpresa: um nevão que cobriu de branco a
serra e o vale.
A 19 de Janeiro de 1979, a comunidade recebeu a visita do P. Abel Moreira
Dias, ecónomo provincial, que visitou as doadoras e resolveu alguns problemas
de ordem económica, próprios de uma comunidade que começa a sua aventura.
No dia 31 de Janeiro, a primeira notícia triste: a morte do pároco do Fundão,
P. Francisco Bento, o amigo da primeira hora e o primeiro a convidar os
confrades para partilhar com ele uma refeição fraterna; paroquiara o Fundão
durante 44 anos. O funeral, no dia seguinte, seria presidido pelo Bispo da
diocese.
Entretanto, os núcleos da LIAM iam sendo sucessivamente contactados e
visitados os benfeitores: Guarda, Covilhã, Belmonte, Fundão, Tortozendo,
Unhais da Serra, Fiães, Trancoso.
No dia 8 de Fevereiro, o P. Braz, chegado de viagem, adoece, tendo de ser
hospitalizado com uma anemia grave, facto que desencadeou um grande
movimento de solidariedade e simpatia.
A 13 de Março, foi a primeira visita à comunidade de um superior geral: o P.
Timmermans, acompanhado dos dois assistentes PP. Torres Neiva e Sonsbeeek;
após a reunião com a comunidade, seguiu-se uma visita às benfeitoras e ao P.
Braz, que continua internado no hospital.
Entretanto, a 4 de Abril, o P. Braz, foi transferido para o hospital da Covilhã;
donde regressou no dia 13. Mas como a doença se agravava, no dia 24 foi
transferido para o hospital de Santa Marta de Lisboa. Sentindo melhoras, acabou
por ter alta e recolher à comunidade espiritana de Santo Amaro, à Estrela. A 2 de
Agosto baixou ao Instituto de Oncologia, tendo falecido a 12 de Agosto. O seu
corpo foi tresladado para Enxabarda, sua terra natal, no dia 14. O seu funeral foi
uma prova comovedora de quanto era estimado tanto na sua terra como no
Fundão. Assim, esta comunidade nascente seria marcada por provação tão
dolorosa, logo no primeiro ano da sua existência.
Para substituir o P. Braz, foi nomeado o P. António Moreira, que chegou a esta
comunidade a 15 de Setembro deste mesmo ano de 1979.
Entretanto, o P. Gouveia continuava sempre numa roda viva de pregações,
confissões, assistência a núcleos e apoio pastoral permanente a todos os que
continuamente a ele recorrem.
O dia 23 de Outubro de 1979 ficou assinalado com a entronização do
Santíssimo Sacramento no oratório da comunidade. A autorização do Bispo
tinha sido concedida a 10 de Novembro de 1978. À cerimónia assistiu uma das
doadoras da casa, com sua filha, tendo a missa sido aplicada por alma da sua tia.
A 2 de Fevereiro de 1980 deu entrada na diocese o novo bispo da Guarda D.
António dos Santos. A 1 de Junho faria a sua primeira visita ao Fundão.
A 26 de Setembro de 1983, o P. António Moreira foi transferido para Viana do
Castelo, deixando o Fundão. Para o substituir foi nomeado o P. José Fernandes
que aqui chegou a 7 de Outubro.
A Casa do Fundão
591
A 01 de Dezembro de 1983, promoveu-se, junto do monumento de Nossa
Senhora de Fátima, um magusto regional para reunir e reanimar os diferentes
grupos da LIAM.
A 26 de Janeiro de 1984, deixou esta comunidade o Ir. João Vieira, tendo sido
transferido para a paróquia de Alvalade, no Alentejo.
A 8 de Fevereiro de 1984, o inquilino da loja do nº 41 entregou a loja, depois
de devidamente indemnizado, ficando assim a casa com um novo espaço para
reuniões e outras iniciativas da animação missionária.
A 31 de Maio de 1984, foi a primeira visita do novo provincial, P. Manuel
Durães Barbosa.
A 2 de Maio, começaram as obras de reparação da casa. Iniciaram-se pela
abertura da futura garagem, antiga arrecadação e pelo muro de acesso ao quintal.
No final do ano lectivo, a 13 de Setembro, por motivos de saúde, o P. José
Fernandes foi transferido para a Torre da Aguilha. Para o substituir foi nomeado
o P. Francisco Valente, que chegou a esta comunidade a 2 de Outubro de 1984 e
esteve até 14 de Outubro de 1985.
A 8 de Janeiro de 1985, a temperatura atingiu os dez graus negativos; dentro
de casa zero graus.
Em Setembro de 1986, foi aqui colocado o P. João Baptista Pinheiro como
ecónomo da casa e para o ministério local; em 1988 chegou o Ir. José Francisco
Coelho (Ir. Paulo), que saiu em 1990, indo para a casa da Estrela, em Lisboa. Em
1989, foi nomeado superior da comunidade o P. António Alves de Oliveira e o
Centro de Animação Missionária do Fundão foi encerrado, continuando apenas
a pequena comunidade. No ano seguinte, 1990, o P. António Alves de Oliveira
era transferido para Viana do Castelo, vindo para o Fundão o P. Norberto da
Conceição Cristóvão que, a pedido do Bispo da Diocese, assumiu as aulas de
Moral na escola do Fundão. Em Setembro de 1991, o P. João Baptista Pinheiro
é colocado na Torre d’Aguilha e o P. Norberto Cristovão em S. Brás de Alportel;
depois do Centro de Animação Missionária, também a casa do Fundão fecha
temporariamente.
Em 1997, o Centro do Fundão é reactivado, tendo sido nomeados para lá o P.
Alberto da Fonseca Lopes e o Ir. João Vieira da Cruz. Nesse mesmo ano, o P.
António Cardoso Cristóvão foi nomeado Capelão do Hospital da Cova da Beira,
na Covilhã, integrando a comunidade do Fundão. Foi a 31 de Outubro de 1997
que, na presença destes três confrades, o P. Provincial, Eduardo Miranda
Ferreira, reabriu oficialmente a casa e o Centro de Animação Missionária.
O P. Alberto Fonseca Lopes e o Ir. João Vieira da Cruz, nos primeiros tempos,
ou seja, de 1997 a 1999, deram atenção especial à Animação Missionária junto
dos núcleos da LIAM espalhados pela diocese, distribuindo também a nossa
editorial pelos distritos da Guarda e Castelo Branco.
Entretanto, ao longo do ano 2000, o Ir. João começou a sentir problemas de
saúde que exigiam intervenção cirúrgica. Seguiu para o Fraião.
Em 2001, o P. José Martins Vaz, regressado de França após longos anos de
trabalho apostólico entre os emigrantes portugueses, passou a fazer parte desta
592
Adélio TORRES NEIVA
comunidade. Na primeira visita que fez ao pároco, este convidou-o para
colaborar na paróquia, serviço que foi aceite de imediato. O P. Martins Vaz ficou
com o encargo diário da missa da manhã e das confissões, enquanto o P. Fonseca
Lopes ficou mais disponível para a animação Missionária.
Esta comunidade recebeu, em 29 e 30 de Março de 2002, a visita oficial do
Conselho Geral, na pessoa do P. António Luís Farias Antunes que animou e
incentivou a continuar a caminhada, apesar das dificuldades e limitações.
Uma outra visita, que apraz registar, foi a dos confrades da Comunidade da
Estrela, Lisboa, que, no seu passeio anual de 6 de Junho de 2001, tiveram a
amabilidade de colocar no roteiro das visitas esta região e esta casa com os seus
habitantes.
A casa foi aumentada em 2003 pela saída dos inquilinos do nº 37, ficando mais
apta a acolher os confrades e amigos que passem por estas bandas.
Em 2004 foi colocado nesta comunidade o P. Alberto dos Anjos Coelho para
se dedicar à colaboração pastoral com os párocos da região.
593
Capítulo 63
O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa
(1982-1988)
O
P. Manuel Durães Barbosa foi nomeado provincial, devendo iniciar
o seu mandato em 20 de Maio de 1982. Tomou posse a 17 de Maio na
Comunidade de Lisboa.
Pouco depois da sua nomeação, procedeu-se à votação
para a nova equipa Provincial e Conselho Provincial.
Como resultado desta votação, a equipa provincial ficou
assim constituída:
- Provincial: P. Manuel Durães Barbosa;
- Vice-Provincial para a Formação: P. Manuel de Sousa
Gonçalves;-Vice-Provincial para a animação missionária:
P. Veríssimo Manuel Teles; Conselho Provincial: - P.
Francisco Manuel Lopes; - P. Agostinho Pereira
Pe. Manuel Durães Barbosa
Rodrigues Brígido; - P. Manuel João Magalhães
Fernandes; - P. João Inácio Carreira Mónico; - P. José
Reis Gaspar; - P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira; Ecónomo Provincial:
P. Abel Moreira Dias; Secretário Provincial: P. Ernesto de Azevedo Neiva.
Outras nomeações, dependentes do Conselho Geral, aconteceram nesse
mesmo ano: o P. Francisco Fernandes Correia foi reconduzido por um segundo
triénio como Superior Principal do Brasil Sudeste, o P. José Fagundes Pires é
nomeado Superior do Distrito de Cabo Verde, a partir de 01 de Julho de 1982, o
P. Adélio Torres Neiva é nomeado segundo assistente geral e o P. Manuel dos
Santos Neves é reconduzido no cargo de Procurador junto da Santa Sé.
Na sua primeira mensagem à Província, em Junho de 1982, publicada no
Boletim da Província, o P. Durães apontava já algumas pistas para as linhas
directivas para o triénio 1982-1985, que seriam elaboradas mais tarde.
- Antes de mais, incentivar, estimular, a todos os níveis e com incidências
práticas, na Província, a chama do ideal missionário em todos.
- Estruturar e redimensionar a Formação em ordem ao mesmo objectivo.
- Dar novo impulso à animação missionária, de que fomos pioneiros
em Portugal.
- Sensibilizar a Província para um novo tipo de promoção vocacional, sem
esquecer o habitual.
- Reavivar a esperança e intensificar o testemunho de vida comunitária e de
oração.
594
Adélio TORRES NEIVA
Em obediência às orientações do capítulo Provincial de 1978 (nº 393), um dos
primeiros trabalhos do novo Conselho Provincial foi elaborar as Linhas
Programáticas para o triénio de 1982-1985:
Vida de comunidade
1. A vida de comunidade é elemento essencial do viver e do ser espiritano.
Neste sentido, propomos como metas a atingir:
1.1. Atender à melhoria da vida comunitária nas casas da Província.
1.2. Incentivar a programação-avaliação comunitária, no início e no fim de cada
ano.
1.3. Estimular a inserção de cada confrade no projecto comunitário.
1.4. Reunir, ao menos duas vezes por ano, os Superiores de cada comunidade,
ajudando-os na animação da mesma.
Espírito missionário
2.0 A consciência da nossa finalidade missionária Ad Gentes é elemento
constitutivo da nossa espiritualidade.
Neste sentido, propomos como metas a atingir:
2.1. Desenvolver o espírito de disponibilidade, próprio da pobreza consagrada.
2.2. Estimular o sentido de corresponsabilidade nos projectos da Província.
2.3. Enviar, quanto possível, cada ano, alguns confrades para as missões.
2.4. Promover a rotatividade entre os confrades da Província e as missões.
Animação missionária e vocacional
3.0. De acordo com o nº 309 dos DCP de 1978, cada comunidade deve tornarse um centro de animação missionária e vocacional.
Neste sentido, propomos como metas a atingir:
3.1. Tornar presentes as comunidades espiritanas na vida da igreja local
(paróquias, diocese, etc.).
3.2. Orientar para a pastoral da juventude, sobretudo masculina, o esforço
apostólico dos animadores missionários, bem como diversificar os modos da
nossa promoção vocacional em Portugal.
3.3. Sensibilizar cada confrade para o cultivo das vocações missionárias e
empenhar as comunidades em acções de promoção vocacional (retiros,
encontros paroquiais, tempos de oração, etc.).
3.4. Dar matiz nitidamente missionário e vocacional aos nossos meios de
comunicação social, e sensibilizar cada confrade para a sua divulgação.
Formação
4.0. A Obra da Formação continuará a ser tarefa prioritária da Província.
Neste sentido, propomos como metas a atingir:
4.1. Elaborar o Directório da Formação.
4.2. Levar todos os confrades das Casas de Formação a empenhar-se no
projecto formativo das mesmas.
4.3. Incrementar a actualização pedagógica do pessoal docente e atender à sua
preparação específica.
O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988)
595
4.4. Levar os confrades da Formação a abrirem-se à irradiação missionária e
promoção vocacional.
Pode dizer-se que o primeiro facto relevante deste Provincialato foi o
Conselho Geral Alargado, que esteve reunido na Torre da Aguilha de 20 a 30 de
Maio de 1982, com a presença de todo o Conselho Geral e a maior parte dos
Superiores Maiores.
O novo ano iniciou-se com as reuniões dos diversos sectores da vida da
Província: Formadores e Professores, Animação Missionária, etc.
A Formação Permanente prosseguiu com os dois cursos, um pelo Natal e
outro pelo Carnaval, este mais consagrado aos Irmãos.
O Secretariado das Vocações promoveu um Curso de promoção vocacional em
Fátima. Além disso, arrancou-se com os retiros para jovens, com a colaboração
das Irmãs do Espírito Santo.
A partir de 1 de Agosto de 1983, o P. Abel Moreira Dias fixou definitivamente
o economato provincial na Casa de Lisboa.
Em 1983, os seminários apresentavam a seguinte frequência: Godim: 56
estudantes; Fraião: 32 no 7º ano, 31 no 8º, e 20 no 9º ano. Silva: 7 no 10º ano,
3 no 11º, 4 no 12º. Na Filosofia 7; na Teologia 5.
Em reunião do Conselho Provincial de 25 de Novembro de 1982, foi decidido
que a Teologia deveria ser feita na Universidade Católica de Lisboa, devendo
para isso comprar-se uma casa na zona do Restelo. Esta residência foi adquirida
na Praça de Goa, nº2, por escritura de 31 de Janeiro de 1983, (no 11º Cartório
Notarial de Lisboa, inscrita na matriz sob o art.º nº 1285 de Santa Maria de
Belém e descrita na Conservatória sob o nº 28.130. Livro B/90 e inscrita a nosso
favor sob o nº 58221 do Livro G/83. Folhas 77). A equipa directiva foi composta
pelos PP. Manuel Gonçalves (vice Provincial da Formação) e Francisco
Gonçalves de Oliveira tendo, a partir de Setembro, 6 teólogos. Entretanto o
noviciado foi interrompido, por falta de candidatos.
De 18 a 25 de Julho, realizou-se em Saverne, um Encontro Internacional de
Formadores, tendo estado presentes o P. Manuel João Magalhães Fernandes,
mestre de noviços, P. José Costa, subdirector da Casa da Filosofia e P. Eduardo
Miranda, director da casa da Silva. Neste encontro, foram versados temas como
a internacionalidade, os estágios, as primeiras afectações, a permuta de pessoal
formador, etc. além de estudos concernentes aos nossos fundadores e à nossa
espiritualidade.
Para a instalação dos confrades que se dedicam mais à animação missionária
exterior, o Conselho Provincial, por decisão de 30-07-82, decide que se procure
uma casa na zona de Lisboa, o que viria a acontecer em Santa Cruz de Benfica. A
escritura foi feita a 20 de Janeiro de 1983 (15º Cartório Notarial de Lisboa,
inscrita na matriz sob o nº 2091, de Benfica, e descrita na 5ª Conservatória de
Lisboa, no Livro G 60, fls. 168, sob o nº 56555 e inscrita a nosso favor no Livro
b/44, folhas 86). A inauguração oficial desta comunidade foi a 12 de Março de
1983, ficando a ser constituída pelos PP. José Lapa, Firmino Cachada e o Ir.
Joaquim Custódio.
596
Adélio TORRES NEIVA
Com esta fundação, clarificaram-se os objectivos da comunidade de Lisboa.
Esta ficaria com as seguintes funções:
- Direcção da Província (Equipa provincial, Secretaria e Economato Provincial),
com as instalações necessárias aos serviços e pessoas que os desempenham, a
situar no 2º andar na chamada “casa nova”.
- Procuradoria das Missões, integrando-a como serviço totalmente incluído na
comunidade;
- Direcção, Administração e Redacção da LIAM.
Na reunião do Conselho Provincial de 25-26 de Novembro de 1982, decide-se
ainda:
- Custear, através da Província, as despesas de estadia na Casa de Lisboa,
durante uma semana, a todos os missionários que por ela transitem;
- enviar gratuitamente as nossas publicações mensais (Revista e Jornal) a todas
as missões onde a Província tem membros a trabalhar.
A partir de 1 de Agosto de 1983, o P. Abel Moreira Dias, ecónomo provincial,
fixa definitivamente o economato em Lisboa.
O Provincial fez várias visitas aos confrades de outras circunscrições,
nomeadamente ao Brasil em 1983, a Cabo Verde, por ocasião do seu Capítulo
também em 1983.
Ao P. José de Sousa, antes de regressar do Brasil, em 1983, a Câmara de Urânia,
concedeu o título de “Cidadão Uraniense”, pelos relevantes serviços prestados
à comunidade de Urânia e a todas as famílias cristãs do município”.
A 25 de Novembro de 1984, em Roma, foi beatificado o P. Daniel Brottier.
Como representantes da Província, estiveram presentes o Provincial e o P.
Firmino Cachada. Não se organizou uma peregrinação, por se ter já organizado
uma por ocasião do Ano Santo da Redenção. A festa do P. Brottier ficou a
celebrar-se a 28 de Fevereiro.
Em 1984 publica-se, pela primeira vez, o caderno “Espiritanos Portugueses”,
com todos os Espiritanos portugueses, e suas residências, endereços e telefone.
Durante o ano de 1984, a equipa provincial fez várias visitas a outras
circunscrições. Assim, em Dezembro 1984, o P. Provincial visitou Angola,
orientando vários retiros a confrades espiritanos, participando depois, a 24 de
Fevereiro de 1985, na ordenação episcopal de D. Ribas, na cidade de S. Tomé; em
Novembro desse mesmo ano, o P. Manuel Gonçalves visitou Cabo Verde,
orientando o retiro dos confrades e, em Novembro, o P. Veríssimo Teles visitou
o Brasil, pregando o retiro aos confrades portugueses. O P. Provincial deslocouse ainda à Província da Alemanha, onde tomou contacto com os confrades
portugueses naquele país. O P. Manuel Gonçalves passou o mês de Março em
Roma, integrado na Comissão de elaboração das Constituições. O P. Veríssimo
Teles visitou os Açores de 16 a 30 de Abril, em serviço da animação missionária.
De 17 a 21 de Maio, a Província recebeu a visita do Conselho Provincial de
Espanha, PP. Vítor Cabeças (provincial), Jesus Cabellos, Juan Lazaro, Ramos
Seixas e José Maria Couto, retribuindo assim a visita de Portugal à Espanha no
O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988)
597
ano anterior. Neste ano, a Província de Espanha celebrou os 25 anos da sua
existência.
A casa de Viana do Castelo
Desde 1983 que o Conselho Provincial estudava uma solução para a casa de
Viana do Castelo, tendo para o efeito mandado auscultar o parecer de toda a
Província. Na sua reunião de 13 e 14 de Março de 1984, o Conselho, na certeza
moral que a actual casa de Viana não voltaria a funcionar como seminário menor,
decidiu o seguinte:
“1. Atendendo a que a nossa actual casa de Viana do Castelo representa um marco
histórico na restauração da Província Portuguesa da Congregação do Espírito
Santo, e vista ainda a sua situação geográfica no contexto da cidade; atendendo à
sensibilidade da maioria dos membros da Província, residentes em Portugal e
ouvidos ultimamente quanto à melhor solução para o futuro, e dado este Conselho
se ter decidido em reunião anterior pela resolução, no ano corrente de 1984 do
“dossier” Viana do Castelo”:
O Conselho Provincial, reunido em 13 e 14 de Março de 1984, em Lisboa, inclinar-se-ia, como melhor solução, pela restauração da actual casa de Viana do Castelo.
2. Atendendo, no entanto, ao pedido formal do Sr. D. Armindo Lopes Coelho,
Venerando Bispo de Viana do Castelo, expresso por carta de 31 de Janeiro de 1984,
no sentido de um diálogo em ordem à transformação da nossa casa de Viana do
Castelo em Seminário Menor da Diocese:
O Conselho Provincial, por razões de ordem eclesial, está de acordo com a
abertura do diálogo com a diocese de Viana do Castelo, no sentido da concretização
possível do pedido formalmente expresso.
3. O Conselho Provincial condiciona, no entanto, a concretização do diálogo aos
seguintes pontos:
3.1. Seja encontrada uma casa que nos sirva, em qualidade, tamanho e situação,
ou terreno com viabilidade para tal;
3.2. Se acorde num preço justo para ambas as partes;
3.3. Se obtenha licença da Casa Generalícia, em Roma, e Santa Sé;
3.4. Se determine um tempo limite de 90 dias para todo o processo, a partir do
início do diálogo.”
Terminado o prazo de 90 dias, a 27 de Junho de 1984, para conversações com
a Diocese de Viana do Castelo, o Conselho Provincial, reunido a 28 de Agosto
de 1984, tendo presente toda a reflexão anterior, decidiu:
Restaurar a Casa de Viana do Castelo, tendo em vista a continuação de uma
Comunidade Espiritana onde, no futuro, se colocará um responsável pela
Animação Missionária e Pastoral das Vocações nos limites da diocese de Viana
do Castelo.
Na reunião do Conselho de 15 e 16 de Novembro, foi decidido:
1. A Casa de Viana funcionará como comunidade espiritana de “repouso”, a
restaurar com a brevidade possível;
598
Adélio TORRES NEIVA
2. Nela se procurará inserir um espaço físico independente, tendo como
objectivo a animação missionária e vocacional na Diocese;
3. No plano das obras, ter-se-á em vista a possibilidade de acolhimento em
tempo de férias, para alguns confrades.
O museu da Torre da Aguilha
Dada a estrutura e funcionamento da Casa da Torre da Aguilha nos últimos
anos, o Museu Etnográfico sobre Angola, aí colocado, tem sido objecto de
cuidados e preocupações em várias reuniões do Conselho Provincial.
É, sobretudo, a questão de segurança que mais nos tem feito reflectir. A
Província como tal, não tem possibilidades nem capacidade, na hora actual, de
resolver o problema do Museu em condições minimamente satisfatórias.423
Há dois anos foi contactada a Fundação Gulbenkian para que, com alguns
técnicos, se conseguisse identificar devidamente as peças, conservá-las e,
possivelmente, deslocá-las para aquela instituição, mas continuando propriedade
nossa. A resposta surgiu há escassos meses, afirmando a Gulbenkian não estar
interessada em assuntos desta natureza.
Alertados pelo superior local para a urgência e necessidade da resolução deste
problema, imediatamente o Conselho Provincial designou o P. Manuel
Gonçalves para contactar o Museu e Laboratório Antropológico da
Universidade de Coimbra.
Na sequência destas diligências e sob proposta do Museu de Coimbra a 8 de
Junho de 1984, o Conselho, ouvidos alguns confrades que mais se empenharam na
realização daquele museu, decidiu na reunião de 28 de Junho de 1984, o seguinte:
1. Transferir o Museu da Torre da Aguilha para o Laboratório Antropológico
da Universidade de Coimbra, onde todas as peças serão devidamente
identificadas e conservadas.
2. As peças a serem deslocadas serão apenas as de reconhecido valor
etnográfico ou em dúvida de valor. A colecção “Testos de Cabinda” será
deslocada na totalidade ou ficará aos nossos cuidados.
3. As restantes peças, sem valor etnográfico reconhecido, continuarão nossa
propriedade e poderão ser cuidadosamente distribuídas pelas diversas casas,
como valor de ideal missionário e decorativo.
4. O Museu, não obstante esta deslocação para Coimbra, continua propriedade
da Província Portuguesa, podendo, no todo ou em parte, ser usado para
exposições ou outra finalidade que se venha a determinar.
5. Qualquer exposição através da Universidade Coimbra ou reprodução
documental, terá sempre a indicação da proveniência – Província Portuguesa da
Congregação do Espírito Santo.
6. A Universidade e a Secretaria da Província terão uma listagem completa do
conjunto das peças deslocadas, devidamente selada e autenticada por ambas as partes.
423
BPP Jan-Dez. 1984 p. 27-28.
O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988)
599
7. Foram designados pelo Conselho Provincial para a execução dos termos do
acordo os PP. Manuel Gonçalves e Abel Moreira Dias, respectivamente ViceProvincial para a Formação e Ecónomo Provincial.
Ultimado o acordo estatutário mútuo, entre a Província e o Instituto
Antropológico da Universidade de Coimbra, a transferência de 843 peças,
incluindo 4 livros e 3 álbuns de fotografias, foi feita em 1985, o contrato estipula
que a Congregação, legítima proprietária da colecção, entrega à Universidade de
Coimbra, o depósito, guarda e conservação das referidas peças, podendo usá-las
para exposições, estudos, desde que contenha a menção: “Colecção Missionários
do Espírito Santo”.424
1984 foi também o ano em que se iniciaram as reuniões europeias dos vários
sectores da vida das províncias: na Polónia, jornada-peregrinação de
solidariedade e confraternização, na Alemanha reunião dos Formadores, na
Irlanda, reunião dos Provinciais.
A 22 de Novembro de 1984, o P. Francisco Fernandes Correia foi nomeado
superior principal do distrito do Brasil Sudeste por um 3º mandato.
O Conselho Provincial, na sua reunião de 15 a 17 de Maio, decidiu que o 7º, 8º
e 9º anos, no Fraião, terão uma única equipa directiva, ocupando um só pavilhão.
O 9º ano, atendendo a não podermos conseguir paralelismo pedagógico nem
aumentar os professores de fora, frequentará, a título experimental, as aulas na
escola Secundária Alberto Sampaio, próxima do Fraião. Um professor do
seminário leccionará Religião e Moral na mesma Escola.
Ainda no campo da Formação, começou-se um movimento de maior contacto
internacional, não só para os seminaristas como até para os vários responsáveis
a nível da Teologia. Assim, foram enviados dois seminaristas para Paris a fim de
fazerem um curso intensivo de Francês.
No âmbito da Animação Missionária, além das reuniões periódicas
costumadas, e da Peregrinação Anual a Fátima, este sector promoveu, de 24 a 31
de Março uma Peregrinação a Roma, por motivo do Ano Santo da Redenção,
tendo nela participado 11 confrades das diferentes comunidades.
Em 1984, o P. António Laranjeira, a trabalhar no Brasil, acompanhou o
Noviciado do Brasil para o Porto Rico, abrindo assim a presença espiritana
naquele país.
O Capítulo Provincial de 1984
O Conselho Provincial convocou o Capítulo Provincial na sua reunião de 25
e 26 de Novembro de 1982. Na reunião de 28 e 29 de Junho de 1983 nomeou a
Equipa Pré-Capitular, formada pelos PP. Magalhães Fernandes (coordenador)
Eduardo Miranda, José de Castro Oliveira e Firmino Cachada; nesta mesma data
424
Cf BPP 1985, p. 30-32.
600
Adélio TORRES NEIVA
é indicado o local e a data do Capítulo, ou seja: na Torre da Aguilha de 15 a 30
de Julho de 1984.
A Comissão Pré-Capitular reuniu várias vezes e elaborou uma série de Textos
de Apoio. Como secretário do Capítulo foi nomeado o P. José Maria Azevedo
Moreira. O retiro inicial foi orientado pelo P. Bruno Trächtler, da equipa geral.
Atendendo à proximidade do Capítulo Geral (1986), o Capítulo Provincial não
teve grande preocupação em produzir novos documentos, mas sim dar um novo
impulso, marcar um novo ritmo e renovar a esperança entre os confrades da
Província.
A partir da leitura de uma análise da realidade, das interpelações e das
esperanças dela emergentes, foram surgindo algumas linhas de força:
- o aprofundamento do espírito e da intuição dos nossos fundadores;
- o alcance do projecto comunitário para a renovação da vida das comunidades;
- a prioridade dada aos pobres e às situações de fronteira, na planificação das
nossas actividades;
- a vida apostólica como ponto de referência fundamental da comunidade
espiritana;
- a importância da experiência de Deus para a renovação da vida pessoal e
comunitária;
- o sentido da Igreja local e a atitude de escuta aos homens e ao mundo que
nos rodeia, onde Deus escreve a sua “agenda”.
Insistente foi a ideia de que a missão espiritana na Província é uma missão
comunitária e qualquer dos sectores da sua actividade só será fecundo na medida
em que cada confrade o assumir e nele se empenhar.
Seria à luz desta visão de fundo que o Capítulo se debruçou sobre alguns
problemas concretos dos vários sectores da vida da Província:
- a animação Missionária e a Pastoral Vocacional
- o problema dos Irmãos e o Laicado Missionário
- os doentes e idosos e as prioridades da Província
- outros “items” pontuais, sobretudo de natureza jurídica.
O Capítulo produziu um documento sobre “A renovação da vida espiritana”,
três documentos de orientação e algumas decisões administrativas.
Do documento sobre “A renovação da vida espiritana”, destacamos as
seguintes linhas de acção:
- O Capítulo propõe à Província e ao seu Executivo que se elabore e realize
um plano que nos leve a aprofundar o conhecimento dos nossos Fundadores e
da sua espiritualidade.
- No programa da Formação seja dado um relevo especial à vida e obras dos
nossos Fundadores
- O Conselho Provincial torne possível a especialização em Missiologia de um
ou mais confrades e proporcione a outros o estudo aprofundado dos Fundadores.
- O projecto comunitário anual e a sua avaliação devem ser obrigatórios nas
comunidades. Ao elaborá-lo, estaremos atentos às situações de fronteira e ao
O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988)
601
sofrimento humano existente onde vivemos, bem como às orientações da
Província, à inserção na igreja local e às linhas de espiritualidade que nos
definem.
- A Congregação deve aceitar doravante que a Igreja de origem faz parte da sua
missão.
Quanto à Animação Missionária, o Capítulo depois de recordar os princípios
teológicos que orientam a Missão segundo o Vaticano II, deu, entre outras as
seguintes orientações:
1. Na Igreja local, a nossa animação missionária terá como objectivos
concretos:
- a promoção da intercomunhão entre as Igrejas;
- a apresentação explícita da vocação missionária Ad Gentes no ministério
sacerdotal, na vida consagrada e no laicado missionário;
- a participação dos cristãos nas obras necessárias à formação e envio de
missionários;
- a promoção do ideal cristão de Justiça e Paz;
- dar a conhecer o valor das diversas culturas e religiões;
2. A LIAM não poderá considerar-se como todo o sector da Animação
Missionária da Província, ainda que historicamente o possa ter sido.
- Sendo a LIAM um movimento missionário espiritano peculiar a que a
Província muito deve, todo o espiritano português o acarinhará e promoverá,
quanto possível.
- Este Capítulo, que centrou muito do seu trabalho na auscultação dos sinais
dos tempos, pede para que seja organizado um serviço de Justiça e Paz na
Província.
- O Provincial e seu Conselho julgarão da possibilidade e oportunidade, em
pessoas e meios, de efectivar o lançamento do Laicado Missionário. Esta
iniciativa será proposta a outros institutos missionários.
- No trabalho com a LIAM, atender-se-á de preferência:
- à formação de líderes de núcleos;
- à inserção gradual dos núcleos na comunidade paroquial;
- ao relacionamento dos núcleos com Missões “ad extra” concretas;
- à evangelização e promoção dos pobres no seu ambiente;
Quanto à Pastoral vocacional:
- Sendo as comunidades da Província missionárias por natureza e vocação,
todos os confrades se devem sentir solidários com as preocupações de animação
vocacional;
- continue a ser e cada vez mais, a dimensão vocacional, a característica maior
da nossa Animação Missionária;
- seja mais divulgado e estudado o Directório da Província para a Pastoral
Vocacional;
- estude o Conselho Provincial a maneira de tornar mais eficaz o nosso
Secretariado das Vocações;
602
Adélio TORRES NEIVA
- organizem-se nas comunidades tempos comuns de oração pelas vocações;
Quanto à Obra dos Irmãos, o Capítulo entre outras dá as seguintes
orientações:
- Durante os anos de 1985 e 1986, faça-se em todos os órgãos da Província,
mormente na imprensa, uma grande campanha vocacional de informação e
mentalização sobre o Laicado Consagrado. Neste trabalho seja efectiva a
participação de um Irmão.
- Na animação vocacional e nas casas de Formação dê-se igual realce à vocação
do leigo consagrado e do sacerdote.
- Que dois ou três confrades sejam encarregados de promover e fazer a
avaliação progressiva e continuada deste esforço de animação.
- O Conselho Provincial nomeará alguém, desde já, para responsável pela
Formação dos candidatos a Irmãos, quando estes aparecerem;
- O Irmão, no futuro, deve ter, em princípio, um mínimo de cultura geral,
correspondente ao 9º ano de escolaridade.
- Em qualquer caso, exige-se para a admissão, como mínimo o Ciclo
Preparatório ou Curso equivalente;
Sobre os doentes e idosos:
- A comunidade dará especial atenção aos cuidados espirituais dos doentes e
idosos.
- Procurar-se-á que os confrades idosos e doentes permaneçam integrados na
comunidade.
- A comunidade proporcionar-lhes-á, tanto quanto possível, cuidados
terapêuticos apropriados. No caso de não poderem ficar na sua comunidade,
procurar-se-á que as casas destinadas a acolher confrades doentes e idosos
reunam as condições apropriadas para isso.
- A comunidade ajudará o doente e o idoso a valorizar o tempo, etc.
Algumas decisões de ordem administrativa:
1. Na atenção aos mais pobres e às situações urgentes de primeira
evangelização, a Província, logo que possível, reforçará o trabalho de assistência
aos cabo-verdianos em Lisboa e procurará colaborar com o distrito do Senegal
na evangelização dos Manjacos na Guiné-Bissau. É desejável que,
oportunamente, se abra também a situações missionárias noutros países.
2. Os membros que “ex officio” pertencem ao Capítulo (DCP nº386), são:
- o Provincial e os dois Assistentes Provinciais;
- o Ecónomo Provincial;
- os Superiores Principais dos Distritos ligados à Província.
3. O Superior Provincial é nomeado pelo Superior Geral e seu Conselho, entre
os cinco candidatos mais votados na Província.
4. Compete ao Superior Provincial escolher os dois assistentes de entre os
membros do seu Conselho, tendo em conta a consulta feita à Província. Um
O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988)
603
deles será delegado provincial para o sector da Formação, o outro para o da
Animação Missionária. O Superior Provincial e os seus dois Assistentes
constituem a Equipa Executiva da Província
5. Dada a complexidade dos assuntos económicos da Província, o Conselho
Provincial, ouvido o Ecónomo Provincial, nomeará dois confrades com
suficiente formação técnica que o possam ajudar e substituir em qualquer
emergência. Aos três competirá analisar as questões mais importantes e
delicadas da Administração económica
6. O Ecónomo Local é nomeado pelo Conselho Provincial, após sondagem,
escrita ou oral, à respectiva comunidade.
7. A todos quantos estejam ao nosso serviço, em regime interno, pelo menos
durante vinte anos, sem contrair família e manifestando desejo de continuar
connosco, podemos desde já garantir que a Congregação não os abandonará. Por
isso, o Ecónomo Provincial, após estudo sério do assunto durante os próximos
anos, apresentará ao próximo Capítulo um esboço de estatuto para estes casos.
Entretanto, recomendamos às comunidades, por uma acção concertada do
Ecónomo e do Superior local, uma atenção especial quanto à formação humana
e espiritual de todo o nosso pessoal de serviço.
O Conselho Geral aprovou os Documentos Capitulares a 12 de Outubro de
1984.
605
Capítulo 64
O 2.º Triénio do provincialato
do P. Manuel Durães Barbosa (1985-1988)
A
Casa Generalícia, depois das sondagens feitas à Província reconduziu,
a 24 de Dezembro de 1984 o P. Manuel Durães para um segundo
triénio, a partir de 20 de Maio de 1985.
Após consulta a Província, a nova equipa provincial ficou assim constituída:
- P. Manuel Durães Barbosa, provincial; - P. José de Castro Oliveira, 1º
assistente; - P. Manuel João Magalhães Fernandes, 2º assistente; - P. Abel
Moreira Dias, Ecónomo Provincial; Conselheiros - P. Óscar Moura Guedes; - P.
Adélio de Almeida Torres Neiva; - P. Marcelino Duarte Lopes; - P. João Inácio
Carreira Mónico; - P. Eduardo Francisco Miranda Ferreira; - Ir. António dos
Santos Brás; - Secretário Provincial: P. Ernesto de Azevedo Neiva.
A nova equipa, como programa, retomou as “Linhas directivas - Programa” do
triénio de 1982-1985 e propôs à Província como prioridades:
1. Vida de comunidade
1.1. Atender à dinamização interior de cada um e do grupo espiritano que somos,
quer através de um maior espírito de oração individual e comunitária, quer pelo
desenvolvimento da alegria no sentido de pertença à Congregação e à Igreja.
1.2. Continuar a aprofundar o espírito e as intuições dos nossos Fundadores.
A renovação em marcha, a todos os níveis, passa sem dúvida, pelo conhecimento
e vivência dos Fundadores. “Seremos espiritanos na medida em que vivermos no
espírito dos Fundadores” (DCP. Nº 434).
1.3. Dar a devida importância e exigência à programação-avaliação do Projecto
Comunitário (muito mais que programação comunitária), tendo em conta o
Programa da Província (DCP. nº 442).
1.4.Prever o estudo e lançamento das NOVAS REGRAS E
CONSTITUIÇÕES, quando aprovadas.
2. Espírito missionário
2.1. Desenvolver o espírito de disponibilidade e promover a rotatividade entre
os confrades da Província e das Missões.
2.2. Incentivar um maior espírito de fraternidade, comunhão e colaboração
entre os Missionários e a Província e melhorar a qualidade do nosso serviço e
acolhimento.
3. Animação missionária e vocacional
3.1. Elaborar o Documento-Directório de Animação Missionária (DCP.
nº463).
606
Adélio TORRES NEIVA
3.2. Fazer com que a dimensão vocacional, sobretudo entre os adolescentes,
seja a característica maior da nossa animação missionária, desde a imprensa à
acção pessoal (DCP. Nº389).
3.3. Organizar e estruturar o melhor funcionamento do pré-seminário.
3.4. Continuar a fazer esforços pelo relançamento do Laicado Consagrado (cf.
DCP. Nº 465-513).
4. Formação
4.1. Levar todos os confrades das Casas de Formação a empenhar-se no
projecto formativo das mesmas.
4.2. Elaborar o Directório da Formação no Noviciado e Pós-Noviciado.
4.3. Atender, logo que possível, à preparação específica ou especialização de
alguns confrades na Província.
Por decisão do Conselho geral, o P. José Fagundes Pires é nomeado por mais
três anos, como Superior Principal do distrito de Cabo Verde, a partir de 1 de
Julho de 1985.
Em 1985 foi nomeada a Comissão de Justiça e Paz da Província constituída
pelos PP. Firmino Cachada, presidente, Afonso Cunha Duarte, José Lopes de
Sousa e Eduardo Francisco Miranda Ferreira.
Foi também nomeado por três anos o Conselho Económico, formado pelo P.
Abel Moreira Dias, ecónomo provincial, P. Casimiro Pinto de Oliveira,
procurador das missões e P. Carlos Salgado Ribeiro, ecónomo do Fraião.
Foi nomeado Procurador das Missões o P. Casimiro Pinto de Oliveira que,
chegado das missões a 30 de Abril, tomou posse do cargo em meados de Maio
de 1985. Representaria a Província como responsável da Justiça e Paz, no
Congresso Espiritano “Justiça e Paz”, realizado em S. Paulo (Brasil) de 12 de
Fevereiro a 6 de Março de 1986.
O P. Francisco Lopes passaria quase todo o mês de Janeiro de 1986 na Casa
Generalícia a trabalhar, com mais três espiritanos, numa primeira fase das Novas
Constituições.
O Conselho Provincial debruçou-se durante este ano de 1985, em várias
reuniões, sobre o estudo dos “Estatutos da Procuradoria das Missões”, como
serviço de apoio aos nossos missionários e Igrejas locais onde eles trabalham.
Depois da morte do P. Ismael Baptista, a Procuradoria esteve algum tempo
confiada ao Ecónomo Provincial. Agora, que o novo procurador, o P. Casimiro
Pinto de Oliveira foi nomeado, sentiu-se a necessidade de dar à Procuradoria
uma nova orientação, no desejo de uma maior coordenação entre a Província e
os Missionários. A reunião do Conselho Provincial de 30 de Setembro e 1 de
Outubro de 1985 ultimou esse estudo, aprovando os novos “Estatutos da
Procuradoria das Missões”,426 dos quais se destacam os Princípios e Objectivos
Gerais:
1º - Sentido de integração - A Procuradoria é essencialmente um serviço da
Província através do qual canaliza um certo tipo de ajuda à Missão. Assim está
para todos os efeitos inserida na orgânica administrativa da Província em pé de
O 2.º Triénio do provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1985-1988)
607
igualdade com diversas obras da Província.
2º - Sentido de pertença - Consequentemente deve a Procuradoria através dos
confrades por ela responsáveis, desenvolver um sentido de corpo com a
Província cultivado pelos actos de cada dia numa atitude de abertura e partilha da
sua problemática específica.
3º - Sentido de serviço e iniciativa - Não se limite a Procuradoria a despachar
somente aquilo que lhe for pedido, por maior que seja a sua solicitude, mas
procure tomar medidas de angariamento e envio de tudo aquilo que útil for à
Missão. Uma cuidadosa colaboração com a anirmação missionária será salutar
para ambos os lados.
4º - Sentido de acolhimento - Se enviar é importante, acolher bem é consolidar
toda a acção desenvolvida, sobretudo tratando-se de doentes. Sendo a
Procuradoria a porta de entrada de qualquer confrade que regressa à Província,
deve ela estar preparada para tal missão em pessoas e meios.
De 15 de Maio a 15 de Junho de 1985, foi a visita oficial da Casa Generalícia à
Província. Nela participaram além do Superior Geral, os assistentes PP. Adélio
Torres Neiva e Enda Waters.
O Conselho Provincial, na sua reunião de 14 e 15 de Junho de 1985, tomou
duas decisões, respeitantes à Formação:
1. Até ao presente, o noviciado tem funcionado em casa própria, de momento
em Coimbra. Atendendo ao número de candidatos para o próximo ano lectivo
(talvez 9), o Conselho Provincial, estudadas todas as possibilidades, decidiu
transferi-lo este ano para o Espadanido.
2. Estudando a complexa problemática da Pastoral Vocacional, o Conselho
Provincial opta pela supressão gradativa do 5º e 6º anos (DCP. Nº359). Neste
sentido, não serão admitidos alunos para o 5º e 6º anos, já neste ano lectivo de
1985-1986. Aqueles que desejarem fazer uma caminhada vocacional e que se
integrariam no 5º ano, serão devidamente acompanhados durante o ano.
Em esquema de futuro, em Godim ficará o 7º ano ( antigo 3º ano) e no Fraião,
apenas num pavilhão o 8º e o 9º anos, com aulas fora, por falta de pessoal nosso,
devidamente qualificado.
As casas do Fraião e de Godim precisam de ser reestruturadas.
Entretanto, iniciou-se a preparação para o Capítulo Geral, que se realizará em
1986 e que terá por objectivo promulgar as Novas Constituições. Nesse sentido,
a preparação deste Capítulo, que integraria a reciclagem espiritana do Natal e da
Páscoa, foi confiada aos delegados ao Capítulo, que constituem a Comissão PréCapitular.
De 22 de Fevereiro a 6 de Março de 1985, realizou-se em S. Paulo (Brasil) o I
Congresso dos Espiritanos sobre Justiça e Paz, no qual tomou parte o P.
Firmino Cachada.
Com a nomeação de D. Abílio Ribas para bispo de S. Tomé e Príncipe, os
426
BPP 1985 p. 27-30
608
Adélio TORRES NEIVA
Espiritanos abrem-se a um novo campo de missão: a diocese de S. Tomé e
Príncipe; depois de D. Abílio mais alguns espiritanos para lá partiram a fim de
com ele colaborarem.
Por vontade expressa da família, realizou-se nos dias 20 e 21 de Junho de 1986,
a trasladação dos restos mortais do P. José Maria Felgueiras, de Espanha para o
cemitério das Taipas.
Na sua reunião de 14 e 15 de Janeiro de 1986, o Conselho Provincial traçou,
no tocante à “política do pessoal”, as seguintes linhas de orientação:
1. Desenvolver o espírito de disponibilidade e promover a rotatividade entre os
confrades da Província e das missões.
2. Atender, no entanto, a uma “certa estabilidade”, segundo as exigências da
obra de formação e animação missionária.
3. Esta “estabilidade” para bem das pessoas e das obras, não deve ultrapassar
os dois triénios (seis anos) como princípio, na formação, na animação
missionária e em outras tarefas entregues à Província.
4. Procurar uma certa “contracção” das obras.
Em Viana do Castelo, começaram as obras da restauração da casa a 1 de
Setembro de 1986 e prolongar-se-ão por ano e meio. Entretanto, o Conselho de 20
de Maio de 1986 aprovou um plano para a remodelação do pavilhão sul no Fraião.
A equipa provincial iniciou as suas visitas aos confrades “ad extra”; assim o
Provincial visitou os confrades dos Estados Unidos e Canadá e o P. Castro
Oliveira os de Cabo Verde, a quem pregou o retiro anual.
O Programa da formação continuou a desenvolver-se com várias iniciativas
referentes ao Pré-Seminário, à internacionalização do Ano de Pastoral, dividido
pelo Instituto Católico de Paris e a universidade de Friburgo. O 1º Ciclo do
Curso de Teologia continuou a funcionar no Espadanido, mas agora com as
aulas no Seminário Conciliar de Braga; no Restelo começou a funcionar o 2º
Ciclo de Teologia, com aulas na Universidade Católica.
Na Torre da Aguilha, realizou-se de 15 a 20 de Dezembro de 1986, a Reunião
dos Formadores Espiritanos da Europa, em que estiveram presentes delegados
de 10 províncias da Europa e representante da Casa Generalícia.
Cinquentenário da LIAM
A Animação Missionária organizou todo um programa com um conjunto de
celebrações para o Cinquentenário da LIAM (1937-1987), que o Conselho
Provincial aprovou a 06 de Novembro de 1985. Deste programa, destacamos as
seguintes iniciativas:
- elaboração do Directório da Animação Missionária;
- peregrinação anual a Fátima (04-05 de Julho de 1987), como ponto
culminante das celebrações;
- apadrinhamento da nova missão da Guiné-Bissau (Caió), como monumento
comemorativo deste cinquentenário;
- elaboração de uma peregrinação à Terra Santa e publicação de uma História
O 2.º Triénio do provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1985-1988)
609
da LIAM.
A 25 e 26 de Abril, realizou-se no Seminário da Silva, o I Encontro Nacional
dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), em que os 50 anos da LIAM foram evocados.
Na véspera do Dia Mundial das Missões (18 de Outubro de 1986), os JSF
organizaram, na Aula Magna da Universidade Clássica de Lisboa, o I Festival da
Canção Missionária, a que concorreram 70 canções. O festival repetir-se-ia nos
anos seguintes. Na sequência do Festival da Canção Missionária, os JSF
publicaram um “Disco Missionário”, de que se venderam três mil exemplares.
A fim de participar na Peregrinação a Fátima (04-05 de Julho), comemorativa
do Cinquentenário da LIAM, esteve em Portugal de 1 a 8 de Julho, o Superior
Geral, P. Pierre Hass, que aproveitou a ocasião para visitar todas as comunidades
da Província. Na peregrinação de Fátima estiveram presentes cerca de dez mil
amigos dos Espiritanos e 60 confrades. O Santo Padre enviou uma mensagem de
congratulação que foi lida durante a peregrinação.
Na Torre da Aguilha, de 16 a 21 de Agosto, desse ano teve lugar o 25º
Encontro Missionário Nacional de Professores, que este ano revestiu uma
solenidade particular, não só por ser o cinquentenário da LIAM, mas também
por se celebrara o 25º Encontro dos Professores.
Também a televisão, através da rubrica 70x7 emitiu um programa evocativo dos
50 anos da LIAM, a 18 de Outubro, Dia Mundial das Missões.
De 1 a 31 de Julho, realizou-se em Chevilly, o 16º Capítulo Geral da
Congregação que teve como tarefa específica elaborar a Nova Regra de Vida
Espiritana. Nele participaram 7 delegados portugueses: pela Província de
Portugal, os PP. Durães Barbosa e Manuel Gonçalves, por Angola: o. P. António
Abreu; por Cabo Verde, o P. José Fagundes Pires; pelo Brasil, o P. Francisco
Fernandes Correia; pelo Paraguay, o P. Albino Vítor Martins de Oliveira; pela
Equipa Geral, o P. Adélio Torres Neiva. Como tradutores e outros serviços de
apoio estiveram presentes os PP. Francisco Lopes, Mário Pires, Manuel Santos
Neves e Casimiro Pinto de Oliveira.
De acordo com o DCP nºs 448-450 (A renovação da vida Espiritana), bem
como das Linhas Directivas – Programa para 1985-1988, nº 12, a equipa
provincial promoveu algumas iniciativas em ordem à renovação do espírito
missionário segundo os nossos Fundadores. Publicaram-se as biografias de
Poullart des Places (“Ao encontro dos pobres”, por Francisco Lopes) e Libermann
( “O Venerável Libermann”, por Francisco Rocha). Também a Província cedeu
o P. Amadeu Martins para integrar o Secretariado do Grupo de Estudos
Espiritanos, em Roma, e organizaram-se sessões de reciclagem “Encontros com
Libermann”, no Natal de 1984 e 1985, com a colaboração do P. Ramos Seixas.
No dia de Portugal, em Cabo Verde, o P. Custódio Ferreira de Campos,
recebeu do Governo daquele país, o oficialato da “Ordem de Mérito”, que assim
quis honrar o seu meritório trabalho ao serviço da população de Cabo Verde,
onde trabalha desde 1954.
Na sua reunião de 1 e 2 de Maio de 1987, o Conselho Provincial escolheu para
610
Adélio TORRES NEIVA
sede do futuro noviciado canónico a Casa do Espadanido, no Fraião, escolha
homologada pelo Conselho Geral a 03 de Maio de 1987. Assim o Noviciado foi
erecto canonicamente, na Casa do Espadanido, sendo mestre de noviços o P.
Manuel João Magalhães Fernandes, coadjuvado pelo P. Avelino Costa e Ir. José
Francisco Coelho (Paulo).
A localização do noviciado em Braga obrigou a reflectir sobre a problemática,
há anos existente, do funcionamento do I Ciclo de Teologia em Braga e melhor
articulação entre o I e II Ciclos. Assim, optou-se por colocar o I Ciclo Teológico
na comunidade do Regado, no Porto, aproveitando a frequência das aulas na
Universidade Católica do Porto. Este esquema deveria funcionar a partir do ano
lectivo de 1988-1989. Transitoriamente, em 1987-1988, ainda funcionará em
Braga, no pavilhão norte, com o P. Agostinho Tavares a director e o P. Carlos
Salgado a ecónomo.
O II Ciclo ficou a funcionar no Restelo, com o P. Mário Pires a director e o
P. Francisco Gonçalves de Oliveira a ecónomo.
O Conselho Provincial, na sua reunião de 17 e 28 de Novembro, aprovou as
obras de restauro e actualização no Seminário de Godim.
De 15 a 20 de Dezembro de 1986, realizou-se na Torre da Aguilha a Reunião
dos Formadores da Europa. Nesse momento, os teólogos eram 36 na Polónia, 32
na França, 27 na Irlanda, 17 em Portugal, 14 na Espanha, 6 na Inglaterra 5 na
Alemanha e 5 na Suíça.
Este ano de 1987 foi ainda marcado pela comemoração do Cinquentenário do
Seminário da Silva. Para o efeito, realizou-se, a 16 de Outubro, no Salão Nobre
dos Bombeiros Voluntários de Barcelos, uma Sessão Solene sob a presidência do
presidente da Câmara de Barcelos e, no dia 18 de Outubro, Dia Mundial das
Missões, uma Eucaristia de Acção de Graças no Seminário da Silva, presidida
pelo Sr. Arcebispo Primaz, D. Eurico Dias Nogueira.
A 2 de Setembro de 1987, iniciava-se o processo para a eleição do novo
Provincial, pois o mandato do P. Durães Barbosa terminará no dia 20 de Maio de
1988. Da consulta feita, nenhum dos três confrades mais votados aceitou a
nomeação e, como os outros votados não tinham uma votação suficientemente
expressiva, foi necessário proceder a uma nova consulta.
611
Capítulo 65
A casa de Teologia do Restelo
O
Conselho Provincial tinha decidido a criação de um novo centro de
animação missionária em Lisboa. O Provincial de então, P. Manuel
Durães Barbosa, encarregou o P. José Lapa de fazer junto de famílias
conhecidas, diligências no sentido de se encontrar uma casa para isso.
Alguns meses depois, foi o próprio Provincial que tomou a seu cuidado
prosseguir essas diligências, contactando inclusive algumas agências nesse
sentido. Entretanto, o P. Lapa tinha já tomado conhecimento da Casa da Praça
de Goa, nº 2, ao Restelo, que estava à venda e cujo proprietário tinha já sido
abordado por ele.
Como tinha já sido encontrada uma casa para a Animação Missionária em
Benfica, lugar mais conveniente para esta actividade que o Restelo, a casa do
Restelo logo ficou pensada para Casa da Teologia, até porque o Conselho
Provincial tinha decidido relançar a Teologia na região de Lisboa.
A casa agradou a todos os que a foram visitar e, por autorização do Conselho
Geral de 14 de Dezembro de 1982427, fez-se a escritura da compra no 11º
Cartório Notarial de Lisboa a 31 de Janeiro de 1983. Eram seus proprietários
António Morais Leão Trigo e D. Maria Helena Pires Teixeira Leão Trigo.
A casa foi registada mais tarde na 39ª Conservatória sob o nº 28.130 –Fls 54 v
do livro B-90; nas Finanças artigo 1285 – Freguesia de Belém.
Ainda com a casa em obras, principalmente a capela que viria a ser instalada na
garagem da casa, e com a sala de jantar e a sala de estar ainda sem mobília, a casa
do Restelo recebeu os membros da nova comunidade em 21 e 23 de Setembro de
1983. Os PP. Francisco Gonçalves de Oliveira e Manuel de Sousa Gonçalves
vieram, no dia 21 à noite dormir na nova casa que duas empregadas da
comunidade da Estrela, com o P. Domingos da Cruz Neiva, tinham preparado.
No dia 23, pelas 17 horas, chegaram com o P. Domingos Neiva, que os fora
buscar ao Espadanido, os primeiros alunos desta Casa de Teologia: João David
Souto, Mário Faria, José Carlos Coutinho, José Manuel Sabença, Manuel Paula
e João Brás. O primeiro acto comunitário foi a Oração de Vésperas.
Cozinheira só haveria a partir de Outubro. O primeiro jantar foi preparado
pela Irmã Maria do Carmo, Espiritana, que havia já dado dois dias de trabalho
com a Irmã Ana Maria, da comunidade da Cruz Quebrada, na preparação da casa.
Óptimo e alegre o primeiro jantar, após a Oração das Vésperas em comum.
427
Actas do Conselho Geral de 98/82
612
Adélio TORRES NEIVA
Presente o P. Veríssimo Teles da equipa provincial, pois o Provincial encontravase retido no Norte, numa reunião de professores.
Estes primeiros dias que antecederam as aulas foram aproveitados pelos alunos
para visitar a XVII Exposição de Arte e Cultura Europeia sobre os
Descobrimentos Portugueses, que encerraria no dia 2 de Outubro.
No dia 26, o grupo partiu para a Semana Missionária de Fátima, ficando a casa
entregue ao P. Francisco Gonçalves.
No dia 3 de Outubro, entrou de serviço, em part time, a nova empregada D.
Cristina. Seria substituída, a 1 de Novembro, por outra empregada a tempo
pleno, a Maria de Lurdes.
No dia 4, os estudantes tiveram o primeiro contacto com a Universidade e
começo das diligências para a sua matrícula.
Entretanto, o P. Manuel Gonçalves procurava prover a casa dos móveis necessários,
fazendo para isso diligências junto de uma Casa de móveis em Torres Vedras.
No dia 8, foi a primeira reunião da comunidade. Nessa reunião elegeu-se o
padroeiro da comunidade que seria S. Paulo, devendo a sua festa ser celebrada a
25 de Janeiro, festa da sua conversão.
No dia 10, aniversário natalício do José Manuel Sabença, houve Eucaristia e
almoço solenizados, com a presença dos PP. Provincial, Veríssimo Teles e
Domingos Neiva. Começou-se a aplicação da corticite na capela. Algumas alfaias
de culto foram oferecidas pela D. Lucília, que viria a passar muito do seu tempo
na costura ao serviço da comunidade.
No dia 16, foi a apresentação às comunidades eclesiais das redondezas,
nomeadamente Cruz Quebrada, Belém e S. Francisco Xavier.
O primeiro Natal foi celebrado com os confrades da Casa Provincial, na Rua
de Santo Amaro, à Estrela.
O dia 25 de Janeiro foi o dia da Conversão de S. Paulo, padroeiro da
comunidade. O P. Provincial inaugurou e benzeu a casa. Participaram na festa os
superiores da comunidade mais próxima e os espíritanos que mais tinham
trabalhado na preparação da Casa.
No dia 2 de Fevereiro, a comemoração da morte do P. Libermann foi celebrada
na comunidade da Estrela juntamente com as outras comunidades da região e, no
dia 25 de Maio, o aniversário de Poullart des Places seria celebrado na Torre da
Aguilha, conforme a tradição local.
A 6 de Março de 1984, foi o primeiro passeio grande da comunidade pela zona
de Cascais e Sintra; o segundo seria a 13 de Julho pela Serra da Arrábida e pelo
circuito dos Três Castelos.
A 14 de Julho, o Superior Geral, que vinha à Província para o Capítulo
Provincial, visita pela primeira vez esta comunidade, acompanhado do assistente
geral Bruno Trächtler e do P. Provincial.
Pouco a pouco, foram-se escolhendo os campos de apostolado para os
seminaristas.
A casa de Teologia do Restelo
613
O ano lectivo de 1984-85 iniciou-se com os PP. Manuel Gonçalves e Francisco
Gonçalves como responsáveis e o João David Souto, José Carlos Coutinho, José
Manuel Sabença, Mário Faria e Manuel Paula como alunos.
No ano seguinte, os habitantes do Restelo seriam os mesmos, mais o António
Neves, Fernandino Pereira e Serafim Pinto.
A 30 de Junho deste ano de 1985, o David Souto recebeu nos Jerónimos das
mãos do Cardeal Patriarca, a ordem de Diácono, sendo a primeira ordenação
desta casa. E a 8 de Setembro, integrado na celebração do cinquentenário do
Noviciado em Portugal, emitiam os votos perpétuos no Espadanido o José
Carlos, Manuel Paula, Mário Silva, José Manuel Sabença e António Neves.
Em 1986, o P. Manuel Gonçalves deixava o Restelo, assumindo a direcção do
Escolasticado o P. Francisco Gonçalves, coadjuvado pelo P. Ernesto Neiva.
A 11 de Setembro de 1986, seria a primeira ordenação sacerdotal: o P. David
Souto Coelho. A ordenação seria na Torre da Aguilha com mais quatro diáconos,
sendo bispo ordenante o Sr. D. Manuel Nunes Gabriel.
A 26 de Julho de 1987, seria celebrada no Fraião a Ordenação Sacerdotal de
quatro inquilinos do Restelo da primeira hora: Mário Faria, José Carlos
Coutinho, José Manuel Sabença e Manuel Paula. Foi bispo ordenante o
arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira.
Em 1987-88, veio para o Restelo como director, o P. Mário Pires, ficando a
coadjuvá-lo o P. Francisco Gonçalves.
A 29 de Junho de 1988, foi a ordenação diaconal do António Neves, presidida
por D. José Policarpo na Igreja da Cruz Quebrada.
Em 1988/89, o P. Ernesto Neiva voltou para o Restelo, desta vez para
substituir o P. Francisco Gonçalves e os alunos eram 5; como director continuou
o P. Mário Pires.
Em 1889/90, a 30 de Julho da 1989, D. Gilberto Canavarro Reis presidiu à
ordenação Sacerdotal do António Neves, na Foz do Sousa, sua terra natal; o P.
Ernesto foi substituído como auxiliar do director pelo P. Agostinho Tavares e o
P. Agostinho Pereira da Silva, semanalmente dava a sua colaboração no
ministério da direcção espiritual.
Em 1990/91, com a partida do P. Mário Pires para a Guiné-Bissau, assumiu a
direcção do escolasticado o P. António Laranjeira, coadjuvado pelo P. José
Manuel Sabença, então em serviço militar. O número dos alunos mantinha-se
estável.
Este ano foi particularmente marcado pelos colóquios mensais a que se
chamou “Missão na Praça”, de que destacamos: “Missão e missões: missão para
quê?”, “Missão urbana: que missão?”, “Mundo Operário: que missão?”,
“Redemptoris Missio”, “Cristãos e Muçulmanos: que diálogo?”, “Periferias e
Missão”, “Missão em Angola”.
A 29 Março de 1991, foi inaugurado em Lisboa o Centro Padre Alves Correia,
sendo o P. Laranjeira o director.
A 19 de Junho, foi ordenado sacerdote o Fernandino Pereira.
614
Adélio TORRES NEIVA
Em 1991/92, o P. José Manuel deixou o Restelo e a comunidade ficou
constituída pelo P. António Laranjeira, como director e ecónomo, o Ir. Paulo e
6 escolásticos.
Em 1994/95, o P. Ernesto Neiva voltou para o Restelo para coadjuvar o P.
Laranjeira.
No ano seguinte, 1995/96, assumiu a direcção do escolasticado o P. António
Farias com o P. Ernesto Neiva como seu colaborador.
A 21 de Junho de 1996, foi ordenado na Igreja de Nossa Senhora do Amparo
de Benfica pelo Sr. D. Albino Cleto, o Pedro Fernandes.
O ano de 1996/97 ficou marcado com a mudança do escolasticado do Restelo
para a Torre da Aguilha, terminando assim a história desta casa como Casa de
Teologia.
A mudança deu-se nos finais de Setembro.
Na Torre da Aguilha
A Teologia recomeçaria na Torre da Aguilha com os seguintes alunos: Hugo
Ventura, Vítor Silva, João Cláudio e Manuel Semedo no 3º ano; Nuno e João
Baptista no 4º e Luís Pedro Adeganha, Raul Viana e Carmo Gomes no 5º. Como
director continuava o P. Farias e sub-director o P. Ernesto Neiva.
A adaptação à nova casa foi-se fazendo pouco a pouco: a capela seria
inaugurada a 4 de Novembro e a sala de jantar, a tempo inteiro, a 20 do mesmo
mês.
De salientar no ano seguinte, de 23 a 30 de Março de 1997, o encontro europeu
de Jovens Espiritanos em Formação que se realizou neste escolasticado.
As actividades dos seminaristas, para além da frequência às aulas na
Universidade Católica, multiplicavam-se ainda por actividades apostólicas,
encontros com outros teólogos da capital, participação em actividades culturais
circum-escolares e passeios de diversão.
Nas actividades pastorais, os teólogos colaboraram, sobretudo na animação
dos grupos de jovens nas paróquias de Belém, Cruz Quebrada, S. Francisco
Xavier; visitavam também habitualmente os bairros degradados do Alto de Santa
Catarina, Pedreira dos Húngaros, Branca Lucas, Lem-Ferreira, Outurela,
Musgueira, Fim do Mundo, Damaia e Barronhos. A sua colaboração foi também
frequentemente pedida para a animação dos Jovens Sem Fronteiras, Animação
Missionária e Vocacional.
Quanto a diversões, além dos encontros de futebol com os teólogos de outros
institutos, merecem destaque os passeios dados aos arredores de Lisboa, Óbidos,
Algarve, Alentejo, Trás-os-Montes e Espanha.
Os teólogos do Restelo participaram ainda em encontros internacionais de
jovens espiritanos e outras actividades orientadas para a formação linguística e
internacional.
615
Capítulo 66
O Provincialato do P. José de Castro Oliveira
(1988-1994)
O
P. José de Castro Oliveira foi nomeado provincial a 12 de Março de
1988, devendo entrar em funções a 20 de Maio de 1988428. Nessa data
a Província contava com 237 membros, dos quais 138 em Portugal e
99 em missão exterior, espalhados pelos três continentes: 40 em Angola, 20 no
Brasil, 15 em Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé, África do Sul, Porto Rico,
Paraguai, Canadá, USA, Alemanha, França, Espanha e
Itália. A tomada de posse do novo Provincial foi
realizada na comunidade de Lisboa a 20 de Maio de 1988.
A nova equipa provincial ficou assim constituída:
P. José de Castro Oliveira, provincial; P. Firmino da
Costa de Sá Cachada, 1º Assistente e Responsável pela
Animação Missionária; P. José Lopes de Sousa, 2º
Assistente e responsável pela Formação; Conselheiros:
P. Marcelino Duarte Lopes, ecónomo provincial; P.
Agostinho Pereira da Silva;P. Adélio de Almeida Torres
P. José de Castro Oliveira
Neiva; P. Mário Pires; P. Eduardo Francisco de Miranda
Ferreira; P. Manuel Martins Novais Ferreira; Ir. António dos Santos Brás.
Secretário Provincial: P. Ernesto de Azevedo Neiva.
Este novo período da vida da Província iniciou-se sob o signo da nova Regra
de Vida, recentemente promulgada pelo Capítulo Geral e aprovada pela Santa Sé.
O ano lectivo de 1988-89 iniciou-se com 20 alunos no 7º ano em Godim; 46
alunos no Fraião: 26 no 8º ano e 20 no 9º; 26 na Silva: 15 no 10º ano e 11 no 11º.
No Regado começou a funcionar a nova casa de Filosofia, com 7 alunos, não
professos no Propedêutico (ano zero) na Universidade Católica; no Espadanido
4 neo-professos frequentando também o Propedêutico e no Restelo 5 na
Teologia.
Como responsável da Casa de Retiros na Aguilha foi nomeado o P. Agostinho
Brígido.
O P. Casimiro Pinto de Oliveira foi reconduzido como Procurador das
Missões.
O P. Abel Moreira Dias foi colocado na Suíça, a pedido da Casa Mãe, para os
Serviços Centrais do Economato Geral.
O Conselho Económico ficou constituído pelos PP. Marcelino Duarte Lopes,
428
Actas do Conselho geral. D. 23/88
616
Adélio TORRES NEIVA
Casimiro Pinto de Oliveira e Carlos Salgado Ribeiro.
A Comissão da Justiça e Paz foi reconduzida: PP. Firmino Cachada, José
Lopes de Sousa, Afonso Cunha e Eduardo Francisco Miranda.
A equipa vocacional ficou constituída pelos PP. Veríssimo Teles, António Luís
Marques de Sousa e Ir. António dos Santos Brás.
Linhas programáticas para 1988-1990
Pôr em prática a Regra de Vida Espiritana – eis a grande linha programática
para os próximos anos a todos os níveis: da Congregação em geral, das
circunscrições, das comunidades e de cada Espiritano.
O Conselho Provincial, após várias reflexões e tendo em conta as sugestões de
numerosos confrades, convida toda a Província a empenhar-se prioritariamente
até ao próximo Capítulo Provincial (1990), nas seguintes vertentes:
Revigoramento do nosso dinamismo apostólico
Para vivermos em contínuo “estado de missão”, procuraremos:
- maior abertura ao meio que nos rodeia;
- maior inserção na igreja local, tendo sempre presente a nossa “vocação
própria” ;
- estímulo mútuo para que a cada confrade sejam possibilitadas “actividades
adaptadas à sua idade e às suas capacidades”.
Aperfeiçoamento da qualidade da nossa vida comunitária
- melhorando o nosso acolhimento interno e externo;
- fomentando a corresponsabilidade e o diálogo;
- integrando os projectos e compromissos individuais no projecto da
Comunidade.
Relançamento da Obra dos Irmãos
- uma reflexão a todos o níveis sobre a identidade do Irmão espiritano hoje;
- a integração, a tempo pleno, de um Irmão, na pastoral vocacional;
- o incremento da oração, para que o Senhor nos conceda esta graça.
Renovação da nossa animação missionária
- elaborando o respectivo Directório;
- implementando a rotatividade dos Animadores;
- dando maior participação aos leigos, particularmente na LIAM;
Maior sensibilidade à dimensão da Justiça e Paz
- prestando mais atenção aos grupos humanos mais desfavorecidos que nos
rodeiam;
- inculcando-a desde os primeiros anos da formação;
Real solidariedade com os nossos confrades em missão “Ad Extra”
Particularmente com os que se encontram em situações mais difíceis de modo
que eles sintam a nossa união e o nosso apoio.
Maior atenção à situação dos nossos empregados.
- preparando o seu Estatuto (pedido pelo último capítulo Provincial).
- dando, desde já, mais atenção a todas as dimensões da sua vida.
O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994)
617
Foram constituídos grupos de trabalho para ajudarem a Província a reflectir
sobre estas propostas.
Reabertura do Seminário de Viana do Castelo
A inauguração do Seminário de Viana restaurado efectuou-se a 16 de Maio,
com Missa para convidados, visita às instalações e um lanche-convívio na varanda
sobranceira à cidade. Estiveram presentes a maior parte das nossas comunidades,
autoridades civis e locais, algum clero da diocese, as comunidades religiosas da
cidade e redondezas, o corpo técnico das Obras e outras pessoas amigas.
Na inauguração, o ecónomo provincial P. Abel Moreira Dias pronunciou o
seguinte discurso, evocativo do acontecimento:
“Caros amigos
Ao iniciarmos esta cerimónia de reabertura do Seminário das Ursulinas, que diria
quase privada, permiti-me um pouco de história a modo de introdução e ambientação.
Resumiria tudo em três palavras:
- Um sonho de há 103 anos.
- Uma realidade que durou 66 anos.
- Uma esperança num futuro que colocamos na mão de Deus.
1. Um sonho. - Em Janeiro de 1885, o P. Emmonet, Superior Geral da
Congregação do Espírito Santo, de visita à comunidade de Braga, constituída pelo
Colégio do Espírito Santo (hoje Liceu Sá de Miranda), aproveitando essa
permanência em Braga, deslocou-se a Viana do Castelo, em companhia do
Assistente Geral P. Barillec e do P. Eigenman, superior da comunidade de Braga.
Passamos a citar o Buletin Géneral de la Congrégation do Saint Esprit: “Nesta
cidade encontra-se um antigo convento das Ursulinas, cuja última religiosa acaba
de falecer. Espera-se obter do Governo a cedência deste convento a fim de aí fundar
uma escola agrícola e profissional e o noviciado dos Irmãos para a missão da Huíla.
Local magnífico, à beira mar, terreno extenso e de boa qualidade, numa palavra uma propriedade perfeitamente apropriada ao fim em vista”429.
Nada mais sabemos. O Superior Geral regressou a França, onde chega para a festa
do Pentecostes. Passam-se os anos. Surgiu a Revolução de 1910. Todos os bens nos
foram confiscados, os alunos dispersos e os missionários fogem para o estrangeiro.
Algo terá ficado na memória dos homens, para que este sonho se torne uma
realidade em 1922.
2. Uma realidade. - Com efeito a 3/11/1922, na Rua de S. Julião em Lisboa,
assinava-se a escritura notarial de compra do convento das Ursulinas. O sonho de
1885 torna-se uma realidade 37 anos depois.
De 1922 a 1952, aqui funcionou o curso de Teologia, período em que foram
ordenados 156 novos sacerdotes, a maioria dos quais terá sido mesmo ordenada
nesta igreja dos Santos Mártires, onde nos encontramos neste preciso momento.
De 1952 a 1958, permanece neste seminário somente o curso de Filosofia, após a
partida do curso de Teologia para Carcavelos.
429
BGCSSp. 1895 p. 551 e sts
618
Adélio TORRES NEIVA
De 1956 a 1980, passa a Seminário Menor, com a instalação neste edifício do
então 1º ciclo liceal.
Reduzida a uma pequena comunidade espiritana desde 1980, o problema do
futuro do seminário começou a colocar-se quer a nível interno como externo. Foram
mesmo estabelecidas negociações com a diocese de Viana do Castelo, que andava à
procura de instalações para a abertura do seu seminário diocesano.
Não foi possível tal cedência por se não ter conseguido encontrar na cidade de
Viana do Castelo, uma casa adaptada à instalação da comunidade espiritana que
teria de abandonar o seminário.
Aliás, já no fim da fase final dessas negociações, ao analisar o dossier documental
desta casa, viemos a descobrir uma cláusula existente na escritura de doação, pela
qual no dia em que este seminário deixasse de estar ao serviço da Congregação,
reverteria novamente a favor do doador ou dos seus herdeiros, descendentes por
linha de primogenitura. Tentamos mesmo, diga-se só aqui entre nós, furar as malhas
da lei. Conseguimos furar a primeira mas caímos na segunda.
A hipótese de transferir este seminário para a diocese era totalmente inviável, nem
que tivéssemos chegado a um acordo, após haver encontrado uma casa que nos
substituísse esta.
Para todos aqueles (dentro ou fora da Congregação, dentro ou fora dos meios
eclesiásticos) que sonharam com tal solução, aliás justa, que este facto lhes sirva ao
menos de lenitivo ao seu desgosto.
3. Uma esperança. Fica uma única hipótese válida de pé – reparar a casa para
nosso uso presente e futuro. Não tínhamos outra solução, atendendo mesmo à
degradação em que se encontrava.
Assim se procurou fazer uma revisão profunda da casa, de modo que a sua
polivalência pudesse enfrentar as múltiplas aplicações que o futuro trará
inevitavelmente. Com efeito, passa o tempo, passam os homens e passam ainda mais
depressa as vontades dos mesmos homens. Resta a esperança no futuro que está nas
mãos de Deus.
Uma pergunta: Quem e como foram financiadas estas obras que todos sabemos
serem hoje em dia muito dispendiosas? Pondo de parte pormenores que não
interessam para aqui, respondo que foram duas ou três pessoas que usando do seu
engenho e usando das estruturas nacionais da Congregação e sobretudo das
estruturas internacionais da mesma, encontraram tais fundos na sua totalidade.
Palavra final. Uma palavra amiga a todos aqueles que permitiram a consolidação
desta esperança. Seja-me permitido salientar aqueles que mais directamente ficam
ligados a este projecto: a Câmara Municipal de Viana do Castelo, na pessoa do seu
presidente Eng. Tiago Delgado; Dr. Ribeiro Rodrigues, que me ajudou nos
primeiros passos junto da Câmara e do GAT (Gabinete de Apoio Técnico das
câmaras do Vale do Lima), na pessoa do seu director Eng. Guerreiro; Arquitecto
Luís Coutinho e Arq. Cameira, Eng. Nina e Eng. Novo, Sr. Rodrigues e Sr. Carlos
Alberto, Empreiteiros Casais e seus técnicos, todos os trabalhadores aqui
O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994)
619
representados pelo seu encarregado Sr. Costa.
Uma palavra especial para o P. António Rodrigues Ferreira, um homem sempre
presente e sempre optimista, que foi um contínuo construtor desta esperança que a
todos nos anima.
A competência de todos não precisa de encómios. Estará bem presente na obra que
visitaremos dentro de momentos. A amizade de todos foi uma realidade. É belo
trabalhar em harmonia, com entusiasmo – diria mesmo – com amor.
Sobre o altar, nesta Eucaristia, com que começamos esta singela cerimónia, toda a
Congregação aqui representada pelo P. Provincial que preside a esta Eucaristia e
por todos os superiores das nossas comunidades em Portugal, repito, toda a
Congregação coloca o seu grande obrigado sobre este altar.
Que Deus a todos recompense com infinita generosidade.
O Conselho Provincial, a pedido da Casa Generalícia, para que a entrega da
“Regra de Vida” se revestisse de uma certa solenidade, determinou na sua reunião
de 28 de Dezembro de 1987, que esta entrega se fizesse no Fraião no dia 19 de
Março para os confrades do Norte e na Torre da Aguilha, a 25 de Março, para os
confrades do Sul. Esta entrega foi feita na Eucaristia e precedida de uma semana
de preparação.
Segundo a “Regra de Vida”, cada comunidade, além de um superior, deverá ter
um vice-superior e um conselho. Para as comunidades “grandes” é o conselho de
circunscrição que determina a forma da constituição deste conselho. O
Conselho Provincial designou como comunidades “grandes”, as seguintes:
Godim, Fraião, Silva, Lisboa, e Torre da Aguilha, devendo por isso em todas elas
ser constituído este órgão.
Também, segundo as orientações da “Regra de Vida”, todas as comunidades
devem elaborar o projecto comunitário.
A Assembleia Provincial da Páscoa foi orientada pelo P. Alphonse Gilbert e
versou sobre a “Regra de Vida”.
Os retiros provinciais deste ano foram orientados, o do Fraião por D. Jorge
Ortiga e o da Torre da Aguilha pelo P. Mário Pires.
Os membros da equipa provincial fizeram várias visitas aos confrades do
exterior: assim o P. Manuel Durães Barbosa, da equipa anterior, partiu a 15 de
Janeiro de 1986 para Angola a fim de participar no Capítulo Provincial, seguindo
depois para S. Tomé; o P. José de Castro Oliveira participou no Capítulo
Provincial da França de 4 a 11 de Julho e na Reunião dos Superiores maiores em
Roma, de 19 a 23 de Setembro; de 21 a 25 de Novembro esteve em Paris a fim de
participar da reunião dos Provinciais da Europa.
O P. José Lopes de Sousa participou na reunião conjunta dos Distritos do
Brasil, tendo partido a 14 de Julho e regressado a 2 de Setembro.
O P. Firmino Cachada visitou a Guiné-Bissau (Missão de Caió) integrando
uma equipa de JSF, que foi lançar os fundamentos da Escola de Caió. E tomou
parte na reunião das Comissões Espiritanas de Justiça e Paz da Europa, em
Gentinnes a 8 de Novembro de 1988.
620
Adélio TORRES NEIVA
Na reunião dos Formadores da Europa, realizada em Gemmert, de 11 a 15 de
Novembro de 1988, estiveram presentes os PP. José Lopes de Sousa, Mário Pires
e Agostinho Tavares.
A Província, com a Editorial LIAM, aderiu à Associação dos Editores
Católicos (A.D.E.C.), aprovada pela Conferencia Episcopal Portuguesa em
1985.
O Conselho da Formação, de 3 de Março de 1988, deliberou que a Festa de
Poullart des Places fosse celebrada a 2 de Outubro, aniversário da sua morte.
O sector da Formação assumiu também a decisão já tomada de fazer da Casa
do Regado, no Porto, a Casa de Filosofia e decidiu que o noviciado seja feito só
após o 1º Ciclo (Filosofia), não se justificando assim o 12º ano de escolaridade.
Todavia, no próximo ano, funcionarão duas “Casas de Filosofia”: Regado e
Espadanido; o Regado para os que ainda não fizeram o noviciado e o Espadanido
para os neo-professos, pois os ritmos de caminhada destes grupos são diferentes.
De 1 a 27 de Agosto de 1988, teve lugar em Kimmage, na Irlanda o Mês
Espiritano, de preparação para os votos perpétuos; nele participaram dois
portugueses.
Na segunda quinzena de Julho, teve lugar em Gentinnes o Encontro de Jovens
Espiritanos da Europa, em que participaram dois portugueses: o Aristides Torres
Neiva e o Alfredo Teixeira de Matos.
A sessão de Formação Permanente do Natal, que este ano teve como tema a
Encíclica “Solicitude Social da Igreja”, foi orientada pelo Dr. Roque Amaro, da
Comissão Nacional de Justiça e Paz e pela Dra. Tomásia Santa Clara Gomes, do
Graal.
Também no verão se realizaram as costumadas iniciativas da animação
missionária: a Peregrinação da Família Espiritana a Fátima, o Encontro
Missionário dos Professores, II Encontro Nacional dos Jovens Sem Fronteiras e
III Festival da Canção Missionária.
Ano de 1989
O ano de 1989 foi particularmente marcado por um esforço de renovação da
Formação e da Promoção Vocacional, sectores que foram reforçados com a
vinda de novos elementos da missão “da extra”. Para a formação, vieram o P.
Domingos Matos Vitorino, do Brasil e o P. Manuel David de Sousa, de Angola.
Para a animação vocacional, pediu-se ao Brasil a presença do Irmão Pedro Falcão,
que ficou a integrar essa equipa. O P. José Manuel Sabença foi colocado no
centro de Benfica, ajudando na animação missionária e o P. Firmino Cachada
passou de Benfica para a comunidade da Estrela.
A frequência dos nossos seminários neste ano de 1989 era a seguinte: Fraião:16
alunos, no 7º ano (PN pois Godim entrou em obras), 23 no 8º e 15 no 9º; Silva:
36 alunos: 23 no 10º, 15 no 11º e 7 no 12º (com mais três a estudar fora):
Regado : 1º Ciclo de Teologia (não professos): 4 alunos no 1º ano, mais 1 em
experiência fora; Restelo: 1º Ciclo (Professos) 2 no 1º ano; II Ciclo: 1 no 5º
O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994)
621
ano, 1 no 3º, 2 não professos.
No Fraião, a equipa directiva do 7º ano (transferida para o Pavilhão Norte por
causa das obras em Godim) era formada pelos P. Tarcísio dos Santos Moreira e Ir.
António Brás, ajudados pelo P. Manuel Azevedo e aluno Amaro da Costa Teixeira;
A equipa directiva do 8º e 9º anos era formada pelos PP. Manuel Martins
Novais Ferreira, João Crisóstomo Nogueira e o teólogo Fernandino Pereira e P.
António Abreu.
A equipa da Silva era constituída pelos PP Eduardo Miranda, Mário Faria Silva
e Veríssimo Manuel Teles.
No Restelo, a equipa directiva era formada pelos PP. Mário Pires e Agostinho
Tavares.
Para a Animação Missionária foi nomeado como administrador o P. Manuel
dos Santos Neves; para a animação vocacional missionária, na Boavista, o P.
António Marques de Sousa; este centro passará para a Rua do Pinheiro Manso,
nº 62, a partir de Janeiro de 1990.
O Centro do Fundão foi fechado, continuando embora como pequena
comunidade espiritana local.
O P. Manuel da Silva Martins Sebastião foi nomeado Procurador Geral da
Congregação a 21 de Junho de 1989, tendo-lhe antes a Câmara Municipal de
Francisco Morato outorgado o título de Cidadão Moratense, em cerimónia de 31
de Maio de 1989, “por todo o trabalho pastoral e social desenvolvido na paróquia
do Sagrado Coração de Jesus, da diocese de Bragança Paulista, desde 1977 a
1989”.
O P. José da Lapa é nomeado Secretário da CNIR, cargo até aí exercido pelo
P. Joaquim Macedo Lima.
A equipa vocacional fica constituída pelos PP. Veríssimo Manuel Teles,
António Luís Marques de Sousa e Ir. Pedro Falcão.
O Conselho Provincial, na sua reunião de 1 e 2 de Junho de 1989, autorizou a
cedência à “Rádio Marginal” na Torre da Aguilha, de salas junto às garagens, a
título de aluguer e em condições bem definidas, que aí se veio a instalar.
Como representantes ao Congresso dos Irmãos, a realizar em Chevilly de 2 a
5 de Junho, foram nomeados os Irs. António Brás, Nuno e Luís Pontes.
Na sua reunião de 20 de Março de 1989, o Conselho Provincial aprovou em
princípio o Directório da Animação Missionária. A 4 de Maio, confiou a
“Política Editorial” à Animação Missionária, dado o seu carácter de
consciencialização missionária.
Nesta mesma reunião, foram nomeados os PP. Eduardo Miranda (da
Comissão Justiça e Paz) e Ernesto Neiva para elaborarem um estudo sobre a
situação dos nossos empregados e para acções imediatas de assistência,
mormente espiritual, em ordem ao “Directório-Estatuto” para ser abordado no
Capítulo Provincial.
Quanto às diferentes vertentes da animação da Província, foram levadas a cabo
as seguintes iniciativas:
- Uma sessão de três dias de reflexão sobre a Formação, de 12 a 14 de
622
Adélio TORRES NEIVA
Setembro.
- A sessão de Formação Permanente do Natal teve como tema: “Comunidade
Europeia, um desafio pastoral”, orientada por Frei Luís França, OP.
- A Assembleia Provincial da Páscoa, realizada no Fraião de 28 a 30 de Março
sobre a “Animação Missionária espiritana”, em que foi apresentado o novo
Directório da Animação Missionária.
- A IX Peregrinação da Família Espiritana a Fátima, a 1 e 2 de Julho
- O XXVIII Encontro Missionário de Professores, realizado no Funchal de 24
a 30 de Setembro.
Também neste ano, apareceu o primeiro número do “Semifa” (Seminário
Menor em Família), orgão escrito de promoção vocacional e um “Directório do
Postulantado”, ainda em esboço430.
Também foi aprovado pelo Conselho Provincial, a 20 e 21 de Março de 1989,
o Directório da Animação Missionária, que tinha sido largamente discutido no
Conselho da Animação Missionária.
Foi também neste ano de 8 a 20 de Maio, que se realizou, em Arusha, na
Tanzânia, o Conselho Geral Ampliado, no qual participou o provincial P. José de
Castro Oliveira.
Em Angola assumiu as funções de provincial o P. Jerónimo Cahinga, em
substituição do P. Bernard Duchêne.
Entrega da Capelania do Monte Pedral
Neste ano de 1989 foi mudada totalmente a razão inicial da nossa implantação
na cidade do Porto. Contribuiu essencialmente para isso a concretização de um
desejo acalentado já desde o início do provincialato do P. Manuel Durães: a
instalação do I Ciclo de Teologia naquela cidade, para se aproveitarem os cursos
da Universidade Católica. Como a restauração da casa de Viana estava
concluída, foi possível fazer transitar para aí os confrades residentes no Regado.
Até se construir a nova casa do Pinheiro Manso, o I Ciclo de Teologia
começou a funcionar no Regado, em 1988-89, tendo como director o
Responsável Provincial da Formação, P. José Lopes de Sousa e no serviço da
Capelania do Monte Pedral o P. Joaquim Correia da Rocha.
Não tendo ido avante a ideia da fundação da Paróquia do Monte Pedral e
estando já a cidade melhor servida de paróquias, a do Carvalhido, a cujo
território pertence o Monte Pedral, agora com igreja nova e servida dos
respectivos espaços, a assistência espiritana da Capela do Monte Pedral, se bem
que de grande significado na história da presença da Congregação no Porto, não
passava afinal de uma ilha na paróquia a que pertencia.
Achou-se bem, continuando a ajuda possível no Monte Pedral, como também
na igreja paroquial, fazer a entrega ao respectivo pároco do cuidado directo da
Capela da Imaculada Conceição do Monte Pedral. Do facto, se fez o seguinte
430
BPPCSSp. Jan-Dez 1989 p. 23-26
O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994)
623
comunicado à comunidade cristã do Monte Pedral:
“Como é do conhecimento geral, o senhor padre Correia que trabalhou no Monte
Pedral em dois momentos significativos da história desta comunidade, mais
propriamente de 1952 a 1961 e 1988/89, vai retirar-se para Coimbra, por razões de
saúde.
Os superiores da Congregação do Espírito Santo colocados diante de tal facto e,
na impossibilidade de encontrar outro para a tempo inteiro o substituir,
apresentaram o problema ao sr. Arcebispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas. Ele
próprio, sentindo enormemente a necessidade de sacerdotes para prover algumas
paróquias da diocese que não têm padre, não teve outra alternativa senão, uma vez
que a capelania do Monte Pedral faz parte integrante da Paróquia do Carvalhido,
sobrecarregar o Pároco com o desempenho de mais este cuidado pastoral.
Eu próprio sou testemunha da renitência do Sr. P. Dr. Borges de Pinho diante do
Sr. Arcebispo que nos recebeu, a seu pedido, na passada Terça-Feira, dia 16, em
aceitar tal incumbência, tão absorvido que está pelas dimensões da paróquia, a
renovação pastoral e a orientação das Obras Assistenciais. Instado pelo sr. Arcebispo
para que aceitasse, acabou por fazê-lo numa atitude de obediência ao bispo, própria
de um verdadeiro Pastor marcado pela disponibilidade, espírito de serviço e zelo
apostólico.
Os Padres do Espírito Santo, a trabalhar na casa de formação do Regado,
prestarão toda a colaboração possível na Paróquia do Carvalhido, onde o nosso
pároco houver por bem solicitar o nosso trabalho. Significa isso que não nos
afastamos de vós, mas continuamos juntos na construção desta igreja local, que é a
nossa Paróquia, para que seja cada vez mais uma comunidade viva e actuante. Para
que tal aconteça, é absolutamente necessário o nosso empenho na construção da
unidade, que é sinal da autenticidade da nossa fé. A fé em Jesus Cristo só é autêntica
quando vivida em Igreja, comunidade cristã concreta, reunida à volta de um pastor
e guia, aceite e reconhecido como tal: neste caso o Rev. Padre Dr. Borges de Pinho
que era e será agora não só de direito, mas de facto, o pároco desta comunidade de
Monte Pedral!
Ao senhor Padre Correia, e faço-o em nome da Congregação do Espírito Santo,
agradecemos todo o seu trabalho nesta comunidade, que por onde estiver enquanto
puder, continue sempre com o mesmo espírito de jovialidade e serviço.
Pedia a toda a comunidade que rezasse cada vez mais pelas vocações sacerdotais,
religiosas e missionárias, para que o Senhor da Messe envie cada vez mais operários
para a Messe. Rezemos pelas famílias para que sejam mais cristãs e que constituam
o lugar privilegiado onde os jovens podem mais facilmente escutar o chamamento de
Cristo e responder-lhe com generosidade e alegria.
Disponhamo-nos a aceitar todos estes acontecimentos à luz da fé. Empenhemo-nos
na construção do Monte Pedral, deixando-nos conduzir com humildade e espírito
de colaboração, pelo nosso Pároco que está empenhado em fazer caminhar esta
Paróquia segundo as exigência do Vat. II, onde os leigos têm papel preponderante,
mas ainda muito carenciados de formação, à qual ele está a dar grande atenção para
termos leigos mais conscientes e responsáveis.
624
Adélio TORRES NEIVA
Monte Pedral, 29 de Setembro de 1989.
P. José Lopes de Sousa”
O ano de 1990 trouxe-nos algumas novidades:
A 28 de Novembro de 1990 o Conselho Provincial decide transferir o
Noviciado do Espadanido para a Silva, decisão que foi homologada pelo
Conselho Geral a 4 de Janeiro de 1991431.
Com a nomeação do P. Mário Pires para a Guiné-Bissau, foi nomeado para o
substituir no Conselho Provincial, o P. António Ribeiro Laranjeira.
No ano lectivo de 1991, a frequência dos nossos seminários foi a seguinte:
Godim – 28 alunos, no 7º ano; Fraião – 31 alunos: 17 no 8º ano e 14 no 9º; Silva:
42 alunos: 15 no 10º ano, 19 no 11º, e 12 no 12º. Regado: 1º Ciclo de Teologia
(não professos): 2 alunos no 2º ano e 8 no 1º, dois dos quais para Irmãos.
No Restelo: I Ciclo: Professos: 2 no 2º ano. II Ciclo: 1 no 3º ano, 3 no 4º ano,
1 no 5º ano; um diácono em “Ano Pastoral” na Irlanda.
As equipas directivas ficaram assim constituídas: Godim – P. Tarcísio dos
Santos Moreira e Ir. António Brás; Fraião: PP. Manuel Martins, João
Crisóstomo Nogueira e José Carlos Coutinho; Silva : PP. Eduardo Miranda,
Mário Faria Silva e Ir. Pedro Falcão; Regado: PP. José de Sousa e Veríssimo Teles
(este prioritariamente com a animação vocacional); Restelo: PP. António
Laranjeira e José Manuel Sabença.
O P. Agostinho Tavares, Mestre de Noviços, irá frequentar em Chevilly
“L´Année de Formation pour Responsables de Noviciat”. É nomeado para o
“Centro Espiritano de Pesquisa e Animação” (CEPA), orgão da Casa
Generalícia.
A animação missionária foi reforçada com a vinda do P. António Farias para o
centro do Porto, o P. Domingos Matos Vitorino e o Ir. João Vieira da Cruz para
Viana do Castelo. Viana do Castelo passa a dispor de um espaço de acolhimento
para grupos até 40 pessoas que começará a funcionar em Dezembro deste ano.
O centro do Porto, transferido da Boavista para o Pinheiro Manso, nº 62, onde
vai também ser construída a nova casa da Teologia.
O Centro de Animação Missionária da Boavista é encerrado, passando para o
Pinheiro Manso.
Por decisão do Conselho Provincial de 20/21 de Março de 1990, foi criado
oficialmente o Arquivo Provincial, localizado na casa da Estrela, em local a
determinar. Também no mesmo Conselho foi decidido criar um fundo para
responder aos problemas de saúde, evidentes e urgentes e incomportáveis pelos
orçamentos comunitários.
Para custear as obras de restauro do Seminário de Godim e a construção da
Casa da Filosofia no Pinheiro Manso, o Conselho Provincial na mesma reunião
decidiu vender uma parcela dos terrenos da Aguilha. Esta venda situa-se na zona
do “pinhal” com uma área de 10 hectares; o terreno foi adquirido por um
431
Actas o Conselho Geral d 53/91 1
O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994)
625
consórcio internacional e destina-se à implantação de um centro empresarial de
alta qualidade e tecnologia. Com esta receita, foi possível corresponder à
campanha do Conselho Geral para a duplicação do capital do “Cor Unum” e
constituir um “ Fundo para a saúde”, destinado a situações de confrades que
precisem de ajuda extraordinária.
Em ordem à preparação do V Capítulo Provincial, a Assembleia Provincial da
Páscoa constou de uma sessão de discernimento sobre o espírito missionário da
Província.
De 20 a 30 de Agosto, 7 responsáveis da Formação estiveram em Salamanca
num encontro sobre Discernimento Vocacional.
Também neste ano saiu o 1º número do CLIP (Boletim de informação dos
teólogos).
A 16 de Janeiro, o P. Provincial teve também um encontro no Fraião com
todos os confrades que trabalham no ministério paroquial, com reflexão e
propostas a apresentar ao Capítulo Provincial.
Neste ano de 1990 há ainda a salientar, a nível internacional, a Reunião dos
Coordenadores “Justiça e Paz” da Europa, de 22 a 26 de Outubro na Alemanha
que se debruçou sobre “Os “Espiritanos face aos problemas dos refugiados na
Europa e no mundo”, o Encontro dos Formadores da Europa, na Irlanda de 8 a
13 de Novembro, e a reunião dos Provinciais da Europa, de 11 a 15 de Dezembro
na Torre da Aguilha.
A nível nacional, é de mencionar a constituição do Conselho Nacional da
LIAM, formado pelos membros do Conselho da Animação Missionária mais as
direcções diocesanas da LIAM, que teve a sua primeira reunião em Fátima a 14
de Janeiro e uma segunda reunião em Outubro na Torre da Aguilha. Nestes
conselhos, entre outros assuntos, estudou-se sobretudo a revisão dos Estatutos
da LIAM. Os Responsáveis de núcleo da LIAM tiveram também o seu II
Encontro Nacional de 9 a 11 de Março, em Fátima. E os Jovens Sem Fronteiras
realizaram o seu Encontro Nacional, a 21 e 22 de Abril, na Penha, em Guimarães.
Em Janeiro deste ano, o jornal “Acção Missionária” celebrou os seus 50 anos
de existência. Além de uma número especial, o cinquentenário foi celebrado a 25
de Janeiro na Comunidade da Estrela com um colóquio, sobre o tema
“Comunicação Social e Evangelização”, presidido por D. Serafim Ferreira da
Silva, Presidente da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais. Neste
colóquio intervieram, além do director do jornal, P. Firmino Cachada, o
jornalista António Marujo, o Dr. Cardoso Duarte, o P. Torres Neiva e D.
Serafim. A Eucaristia de acção de graças foi presidida por D. Ernesto Costa,
presidente da Comissão Episcopal das Missões.
627
Capítulo 67
V Capítulo Provincial (1990)
O
Conselho Provincial de 12 de Junho de 1989 nomeou uma Comissão
Pré-Capitular, constituída pelos PP. Adélio Torres Neiva, José Lopes
de Sousa, Agostinho Tavares e José Carlos Coutinho, que apresentou
ao Conselho as seguintes iniciativas em ordem à preparação do Capítulo, que
foram aprovadas e implementadas:
- Tomar como lema do Capítulo: “Renovar o nosso espírito missionário na
alegria e na esperança”.
- Promover em todas as comunidades uma oração diária pelo bom resultado do
Capítulo, que incluia a leitura de um texto da RVE e uma oração dos Fundadores
ao Espírito Santo.
- Enviar todos os meses a cada um, dos confrades um pequeno estudo sobre
determinado ponto da RVE;
- Enviar a todos os confrades um “Questionário-Sondagem”
- Convidar o P. Nicolas, assistente geral, para orientar o retiro de abertura do
Capítulo.
Os textos de reflexão enviados aos confrades foram os seguintes:
- O nome que recebemos: Congregação do Espírito Santo e do Imaculado
Coração de Maria; O Espírito dos Fundadores na RVE; A Vida Apostólica na
RVE; A missão espiritana na RVE; O Espírito Santo e Maria na RVE; A Justiça
e Paz na RVE; A Vida de comunidade na RVE.
Foram também preparados vários textos de apoio: “A evolução da Missão na
Congregação”; o “Estatuto dos Empregados”; as “Decisões de ordem jurídica a
tomar”; o “Método proposto pela Comissão Pré-Capitular”; a “Assembleia da
Páscoa/90” e a “Formação”.
Como secretário do Capítulo foi nomeado o P. António Laranjeira
O Capítulo realizou-se de 15 a 29 de Julho de 1990.
Após o retiro de abertura, os trabalhos capitulares iniciaram-se com a leitura
dos relatórios das diversas actividades e circunscrições da Província.
A reflexão capitular incidiu em dois grandes temas e vários sub-temas:
1. Renovar o nosso espírito missionário na alegria e na esperança:
- Fidelidade ao nosso ser espiritano.
- Comunhão e solidariedade no viver e no agir.
- Discernimento e coragem, frente aos novos desafios.
628
Adélio TORRES NEIVA
2. Decisões legislativas.
Aqui deixamos algumas das propostas do Capítulo mais sugestivas.
As grandes linhas de força que percorrem os documentos deste Capítulo pode
dizer-se que são: um grande esforço de renovação do nosso espírito e
redimensionamento das nossas casas e das nossas obras, uma atenção muito
particular aos leigos e a sua crescente participação na nossa missão e um apelo
muito forte à solidariedade nas suas diversas vertentes.
1. Quanto à fidelidade ao nosso ser espiritano:
- Fazer um discernimento em ordem a responder a outras situações
missionárias mais gritantes, quer em Portugal, quer em outro país.
- Dispensar nos próximos anos uma atenção especial a Angola, à Guiné, bem
como aos africanos em Portugal.
- Estar atento à diversificação cultural dos nossos compromissos.
- Criar um movimento constante que conduza ao estudo e reflexão da nova
RVE até ao próximo Capítulo.
- Elaborar um directório da Paróquia espiritana.
- Implementar todas as comunidades o Projecto Comunitário.
- Elaborar um Directório da Formação Superior até ao Capítulo Geral de 1992.
- Encontrar uma solução estável para a residência do II Ciclo.
- O II Ciclo teológico, normalmente feito em Portugal, esteja aberto à
internacionalidade.
- Que o Noviciado seja feito dentro da Província; que internacionalmente seja
feito apenas quando aparecer alguma situação específica.
- Durante ou imediatamente após a formação de base ou inicial, cada confrade
faça, pelo menos, um ano de internacionalidade, para especialização pastoral ou
outra formatura específica.
- Nomeie-se um confrade ou crie-se um serviço que oriente, estimule e
coordene acções concretas de formação permanente.
- Elabore-se uma planificação de reciclagens, de curta e longa duração, segundo
as situações missionárias, a identidade do ser espiritano e as necessidades dos
confrades.
- Que cada ano haja, pelo menos, um espiritano da Província em reciclagem
longa.
- Uma atenção particular às situações dos confrades idosos e doentes.
2. Quanto à comunhão e solidariedade no viver e no agir:
- Haja reuniões programadas, sobretudo entre os Superiores das
Circunscrições que têm maior número de confrades portugueses, em ordem ao
planeamento da rotatividade e da formação permanente do pessoal, incluindo os
estágios.
- Procure o Conselho Provincial promover encontros/convívio dos nossos
missionários vindos a férias, nos quais participem também outros membros da
Província.
- Crie-se um “Serviço de Solidariedade “ que intensifique e coordene as acções
V Capítulo Provincial (1990)
629
promovidas neste âmbito, ao nível das comunidades, da Animação Missionária e
da Procuradoria.
- Apoie-se a geminação entre grupos de animação missionária ou paróquias
com obras, projectos e comunidades nas circunscrições missionárias.
- Que toda a Província assuma como uma das prioridades a procura de uma
resposta concreta e efectiva às situações mais urgentes, como a que Angola está
a viver.
- Que cada comunidade no seu projecto comunitário, tenha em atenção a
preocupação pela comunhão e solidariedade com os confrades em situações mais
difíceis, estabelecendo inclusivamente gestos concretos de partilha.
- Cada comunidade, no seu projecto comunitário procure inserir sempre as
outras dimensões da vida da Província, nomeadamente Animação Missionária,
Vocacional e Formação.
- Continuem a promover-se encontros periódicos entre os confrades que
trabalham no sector paroquial.
- Continue-se atento ao desenvolvimento da internacionalidade ao nível da
Formação, alargando cada vez mais a participação das iniciativas de carácter
regional.
3. Quanto ao discernimento e coragem frente aos novos desafios
- Prossiga-se o esforço em curso da promoção de vocações para Irmãos.
- Continue-se a incrementar a formação e renovação dos membros da LIAM,
na linha da vocação missionária laical.
- Integrem-se os Jovens Sem Fronteiras no sector juvenil da Animação
Missionária Espiritana, de modo que os animadores missionários os assumam
como parte integrante do seu trabalho;
- Proporcione-se aos JSF que o desejarem a possibilidade de uma experiência
missionária “Ad Gentes”, bem conjugada com as Circunscrições que os
acolherem.
- Faça-se maior diversificação da Pastoral Vocacional, quer a nível geográfico,
quer a nível dos espaços humanos.
- Confie-se a um confrade o lançamento do Voluntariado missionário, quanto
possível em colaboração com os IMAG e o desenvolvimento da cooperação dos
Associados.
- Desenvolva-se na pastoral vocacional e Animação Missionária, a ideia da
Família Espiritana Alargada.
- Apostar mais na pastoral dos imigrantes africanos.
- Orientar a Formação Permanente em ordem a sensibilizar os confrades para
o compromisso com os pobres, o testemunho do Evangelho de acordo com os
novos tempos e a inserção nas igrejas locais.
- O Conselho Provincial promoverá um estudo sobre a razão de ser das nossas
obras e das nossas casas e respectiva implantação em ordem:
- a um melhor aproveitamento das mesmas obras para a pastoral vocacional e
iniciativas apostólicas;
630
Adélio TORRES NEIVA
- a torná-las mais acolhedoras e disponíveis perante as solicitações que nos
forem feitas por organismos ligados à Igreja ou organismos de solidariedade
social, em particular no sentido da formação de jovens.
4.Quanto a decisões legislativas, foram tomadas as seguintes:
- A escolha do Superior Provincial será feita por eleição em Capítulo ou
Conselho Provincial Alargado, observando-se o que determina a RVE.
- Os membros do Conselho Provincial, em número de seis, são escolhidos pelo
Capítulo ou Conselho Provincial Alargado, após sondagem a todos os membros
residentes na Província; o Provincial escolhe dois membros e os restantes são
eleitos.
- O Conselho Provincial determinará o número de delegados ao Capítulo Provincial
a ser eleitos pelos espiritanos nomeados para a Província e o número de delegados dos
espiritanos originários da Província e nomeados para outra circunscrição; estes
últimos serão um quarto dos membros estabelecidos para o Capítulo.
- O Conselho Provincial Alargado será formado pelos membros do Conselho
Provincial e por delegados de todos os membros originários da Província, numa
proporção de um por dez; um quarto desses delegados será de confrades
nomeados para outra circunscrição.
O Capítulo decidiu ainda sobre as missas a celebrar a quando da morte de um
confrade, missas pelos parentes dos confrades falecidos, pelos benfeitores e pelas
intenções do Superior Geral.
Em Suplemento, o Capítulo fez ainda algumas propostas e recomendações
sobre o “Estatuto dos Empregados” em ordem a uma maior formação humana
e espiritual do pessoal de serviço na Congregação. O Conselho Provincial deverá
nomear uma comissão de estudo que prepare o “Directório dos Empregados”.
Os textos capitulares foram aprovados pelo Conselho Geral a 9 de Novembro
de 1990432.
Os capitulantes emitiram ainda dois comunicados, um, dirigido ao Secretário
Geral das Nações Unidas, a apoiar o referendo da independência em Timor
Leste e outro a pedir a Paz para Angola. Reproduzimos aqui os dois documentos.
Carta dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas, apoiando o referendo
em Timor Leste, preconizado pelo Bispo D. Ximenes Belo:
Excelentíssimo Senhor Dr. Javier Perez de Cuellar, Secretário Geral da ONU
Os Participantes no V Capítulo Provincial da Província Portuguesa da
Congregação do Espírito Santo tomaram conhecimento da carta que o Sr. Bispo de
Timor-Leste, Carlos Filipe Ximenes Belo, enviou a Vossa Excelência. Na carta D.
Ximenes Belo apela a Vª Ex.ª para que tome em consideração um referendo em
Timor-Leste, conduzido pelas Nações Unidas, que permita ao Povo timorense
decidir livremente do seu futuro.
432
D 91/90.
A História de Provincia Portuguesa
631
A Igreja Católica em Timor-Leste, com o seu anterior Responsável, Monsenhor da
Costa Lopes ou o actual, D. Ximenes Belo, tem firmemente acompanhado o povo
no seu sofrimento e partilhado a sua aspiração de viver, um dia, em liberdade e
dignidade. O apelo de Mons. Belo deve ser visto, não motivado por interesses
pessoais ou sectários, mas corporizando os desejos do Povo no seu conjunto.
Os Participantes neste V Capítulo Provincial apoiam inteiramente D. Ximenes
Belo e juntam a sua voz à dele, para pedir a V.Ex.ª que faça tudo o que estiver ao
seu alcance, com vista à realização de um referendo em Timor-Leste, que permita
ao Povo timorense a livre escolha do seu próprio destino.
Respeitosamente
Torre da Aguilha, 1990.07.19. (Assinaturas)
Apelo em favor da Paz em Angola
Igualmente em ofício assinado por todos os presentes no Capítulo Provincial,
dirigido a várias personalidades políticas, nacionais e angolanas, os capitulantes
apoiaram a Paz e fim da guerra em Angola.
Aos Senhores:
Presidente da República Popular de Angola
Presidente da UNITA
Presidente da República Portuguesa
Primeiro Ministro do Governo Português
Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros
Excelentíssimo Senhor
A Congregação do Espírito Santo está presente em Angola desde 1866. Desde
então, centenas de seus missionários têm dado o melhor do seu esforço, não só à
evangelização como ao desenvolvimento integral das populações de Angola.
A história da Congregação do Espírito Santo em Portugal confunde-se, em boa
parte, com a história da sua presença e da sua acção ao serviço da Igreja e do povo
de Angola. Muitas missões e igrejas, mas também escolas, colégios hospitais e
sobretudo, muitas cruzes em vários cemitérios atestam esta dedicação dos
Missionários do Espírito Santo ao Povo angolano.
Hoje, mais do que nunca, sentem-se solidários com a sorte das populações
angolanas e comungam não só do seu sofrimento, causado pela guerra, mas também
da sua inesgotável esperança de paz. Porque optaram ficar com o povo e sofrer com
ele, alguns pagaram com a própria vida e outros trazem marcadas na própria carne,
as consequências da sua opção corajosa. Todos, não obstante, conhecem e sentem de
perto as provações e privações que o presente conflito entre irmãos angolanos tem
provocado, praticamente em todo o país, ceifando milhares de vidas e arrastando
consigo todo o dramático espectro de mutilados, deslocados, famintos, órfãos e
famílias desfeitas sem conta, para além de uma economia completamente destroçada.
É por esta razão que, num espírito de comunhão com os destinos de Angola, os
delegados ao V Capítulo Provincial dos Missionários do Espírito Santo em
Portugal, se sentem no dever de:
632
Adélio TORRES NEIVA
1º - congratular-se com os esforços já realizados pelas partes em conflito, em vista
ao fim da guerra e à reconciliação da família angolana;
2º - recordar aos autores morais da guerra, de um lado e do outro, a responsabilidade que sobre eles pende de todas as misérias acima referidas e de todas as
violações dos direitos humanos mais fundamentais que uma guerra civil como esta,
necessariamente provoca e de que o povo angolano é vítima indefesa;
3º - apelar à proclamação e efectivação imediata de um cessar-fogo e a um maior
espírito de diálogo de cada uma das partes, indispensáveis à procura de uma
plataforma de convivência política e social onde todas as tendências e sensibilidades
e sobretudo todas as pessoas sejam respeitadas;
4º - desejar um maior entendimento do Governo e do Povo português não só apoiando os esforços pela paz, como oferecendo o melhor da sua solidariedade, quer na solução
dos problemas imediatos de Angola, quer na reconstrução do país e suas estruturas;
5º - continuar a oferecer o seu próprio apoio, por todos os meios ao seu alcance, a
esta reconstrução de uma Angola onde todos se possam sentir felizes em viver.
Com as mais respeitosas saudações
Lisboa, 26 de Julho de 1990 (Seguem as assinaturas)
Na sua reunião de 17/19 de Outubro, o Conselho Provincial reflectiu
particularmente sobre a implementação das orientações do V Capítulo
Provincial na Província, constituiu a equipa coordenadora do “Serviço Espiritano
de Solidariedade” que ficou constituída pelos PP. Firmino Cachada, Casimiro
Pinto de Oliveira, António Laranjeira e Carlos Salgado, a qual devia estabelecer
uma estratégia que envolvesse toda a Província.
Esta estratégia incidiria sobre duas frentes: 1º apoio de emergência às
populações em dificuldade, através do envio de contentores com alimentação,
vestuário, calçado, cobertores, material de costura, material médico e escolar; 2º
apoio a pequenos projectos de desenvolvimento e de promoção humana, a mais
longo prazo.
Foi proposto aos IMAG o P. Arlindo Amaro como nosso representante para
a equipa do Voluntariado com a possibilidade de pôr à disposição deste
organismo a casa do Espadanido.
A elaboração dos diversos DIRECTÓRIOS exigida pelo Capítulo foi também
confiada aos mais directos interessados: Formação Superior ( P. José de Sousa e
António Laranjeira), Paróquias (P. Agostinho Pereira da Silva) e Empregados
(P. Marcelino Duarte Lopes, Eduardo Miranda e José de Sousa).
A Assembleia do Natal teve em vista uma maior sensibilização para a
problemática da “Solidariedade” e das “minorias”, constante das orientações do
V Capítulo Provincial.
633
Capítulo 68
A Casa da Teologia, no Pinheiro Manso, Porto
Um pinheiro que passou à posteridade
T
ransversal da Avenida da Boavista, mais ou menos a meio caminho entre
a Rotunda e o Castelo do Queijo, a Rua do Pinheiro Manso tomou o
nome de um majestoso pinheiro que ali cresceu durante séculos e que
um violento ciclone derrubou no dia 15 de Fevereiro de 1941. Embelezando um
pequeno espaço relvado à entrada da rua, ergue-se hoje uma árvore de dimensão
mediana, que mais não é do que modesta sucessora.
Magalhães Basto, citando o botânico Américo Pires de Lima, adianta que o
pinheiro consagrado no nome da rua chegou a ser considerado “imóvel de
interesse público”. E devia ser, de facto, uma árvore de porte impressionante, já
que a acreditar numa informação divulgada por Cunha Freitas, existe uma
referência ao topónimo Pinheiro Manso, datada de 1589. Terá sido nesse ano
que uma família de sobrenome Cabaças, abriu, perto do local onde hoje se ergue
a igreja de Ramalde, um estabelecimento de mercearia.
No entanto, por essa época, poucas casas haveria na zona do Pinheiro Manso,
que só começou a ser sistematicamente urbanizada a partir do final do século XIX.
Na esquina da Avenida da Boavista, onde se construiu há pouco mais de vinte
anos, um bloco de prédios de habitação – cujo rés do chão, na face voltada para
a avenida, é hoje ocupada pela Cervejaria Cufra – existiu uma quinta, adquirida
em 1902 por um brasileiro, que nela mandou edificar um palacete. A casa
manteve-se de pé até 1971, quando foi demolida para dar lugar à actual
urbanização.
De extensão modesta - termina na igreja de Ramalde - e afastada do centro da
cidade, a Rua do Pinheiro Manso concentra, ainda assim, um razoável número de
“instituições”, embora o termo, que por isso mesmo vai entre aspas, se possa
considerar um tanto pomposo quando aplicado a alguns edifícios que vamos
referir.
Entrando pela Avenida da Boavista, encontramos a meio caminho, à esquerda,
o Asilo dos Velhinhos do Pinheiro Manso, um grande edifício de linhas
agradáveis, separado da rua por uma ampla zona ajardinada. Construído num
terreno que pertencera a um inglês de apelo Wright, foi inaugurado em 1900.
Do mesmo lado, temos ainda uma esquadra da polícia, uma sede do PSD e um
centro de trabalho do PCP. Na margem direita, o destaque vai para o Clube
Suíço e para um recente e apetrechadíssimo Centro de Educação Física, instalado
no terreno de uma velha fábrica.
634
Adélio TORRES NEIVA
No último troço da rua, entre a rua do Dr. Melo Leote (antiga Travessa do
Pinheiro Manso) e a Igreja de Ramalde, só o próprio templo e o cemitério anexo
merecem menção. Na esquina com Melo Leote, ergue-se agora uma novíssima
urbanização, mas se prosseguirmos em direcção à Igreja e olharmos à direita,
veremos ainda campos de lavoura, vestígios que atestam a marca de ruralidade
que, ainda há poucas décadas, caracterizava toda esta área ocidental do Porto.
Na verdade, o Pinheiro Manso, e toda a freguesia de Ramalde a que pertence,
não integrava, ainda há coisa de um século, os limites oficiais do burgo. Ramalde,
como muitas outras freguesias do Porto actual – Foz do Douro, Nevogilde,
Lordelo – incorporava o Julgado Municipal de Bouças, que abraçava também o
actual território de Matosinhos.
Com a reforma de 1835, o Julgado de Bouças, já amputado das freguesias da
Foz e de Lordelo, ascendeu a concelho. E, em 1909, perdia também para o Porto
a freguesia de Ramalde, e passa a denominar-se concelho de Matosinhos.
A seguir à Igreja, o prolongamento da Rua do Pinheiro Manso toma o nome
de Rua da Igreja de Ramalde, não lhe pertencendo já, portanto, o mais notável
edifício local a Casa de Ramalde, obra atribuída a Nazoni, onde funciona a
Delegação Regional do IPPAR (ex-Instituto Português do Património
Cultural). Conhecida também por Casa Queimada, em virtude do incêndio que
sofreu em 1809, provocada pelas tropas francesas, a Casa de Ramalde terá sido
remodelada, sob a orientação do célebre italiano, por volta de 1748.433
O Seminário do Pinheiro Manso
Por decisão do Conselho Provincial, em fins de 1988, o P. José Lopes de Sousa,
foi incumbido de procurar um terreno na cidade do Porto que satisfizesse as
necessárias exigências para implantar a casa de formação ao nível do Iº Ciclo de
Teologia, até aí a funcionar na Rua Nova do Regado.
Na verdade, havia-se chegado à conclusão de que a casa da Rua Nova do
Regado, 250, a funcionar desde o ano lectivo 1988/89, não reunia as necessárias
condições de localização e espaço para uma obra de formação.
Após três meses de aturada procura, surgiu uma hipótese na Rua do Pinheiro
Manso, 62, na manhã de 18 de Abril de 1989. A maneira rápida e eficaz com que
se concretizou a referida compra (as pessoas responsáveis da Província
encontravam-se todas no norte do país, sendo por isso possível reuni-las
rapidamente) levou a crer que S. José teve papel preponderante na resolução
deste problema.
Com efeito, numa visita às Irmãzinhas dos Pobres, instaladas na mesma rua, e
sempre na tentativa de obter informações sobre um possível terreno, elas
manifestaram a alegria e grande desejo de que viéssemos habitar mais perto delas
para as podermos ajudar. Precisavam muito de um Capelão! E logo prometeram
rezar muito a S. José que nunca lhes falta em seus pedidos e necessidades. Este
433
QUADROS, Luís Miguel no jornal “O Público” de 16/01/1994
A Casa da Teologia, no Pinheiro Manso, Porto
635
assunto, sabemos, foi colocado à atenção das Irmãzinhas numa reunião
comunitária, realizada na noite daquele mesmo dia. O certo é que poucos dias
depois, o terreno apareceu. Fez-se o contrato de compra e venda. E as
Irmãzinhas dos Pobres acabaram por ter o
desejado capelão pertencente à Congregação do
Espírito Santo.
Na manhã daquele dia 18 de Abril de 1989,
fomos recebidos pelo proprietário daquela casa, o
Sr. Coronel António Teixeira da Rocha Pinto, exGovernador Civil do Porto e sua esposa D. Maria
das Dores Macedo Lopes Martins, em cujo nome
se encontrava o referido imóvel.
Como consta do contrato de compra e venda e
respectivas fases de execução do pagamento, foi
oficializada a compra por escritura no Cartório
Notarial de Gondomar, no dia 19 de Outubro de
1989.
Entretanto, foi encomendado à Iperforma,
Sociedade de Arquitectura e Engenharia Civil, nas
Capela da Comunidade
pessoas do Sr. Engenheiro Daniel Quintã e do Sr.
Arquitecto José Alves da Silva, um ante-projecto
que foi aceite pelo Conselho Provincial. O respectivo pedido de viabilidade de
construção foi submetido à Câmara Municipal do Porto no dia 20 de Dezembro
de 1989.
Tendo obtido parecer favorável da Câmara Municipal, foi organizado o
respectivo dossier de arquitectura e engenharia cujo processo de licenciamento
entrou na Câmara Municipal do Porto no dia 10 de Outubro de 1990.
Tínhamos sido advertidos da complexidade burocrática da Câmara Municipal
que dificultava e prolongava por demasiado tempo a oficialização de qualquer
processo de licenciamento. Por isso, o P. José Lopes de Sousa fez um
acompanhamento estreito de todo o processo que veio a determinar o seu rápido
licenciamento. E mais depressa não foi porque a Iperforma não deu o necessário
andamento ao projecto de cálculos, tendo-o confiado a um engenheiro particular
que, ao fim de três meses, manifestou a sua incapacidade para o executar. Agora
entregue ao Eng.º Augusto Pinto de Magalhães, num mês conseguiu a sua
execução. Foi este engenheiro que acompanhou a obra até ao fim.
Agora na posse de todos os dados necessários, a Câmara Municipal do Porto
autorizou que o processo de concurso da 1ª fase (estruturas) fosse lançado,
mesmo sem a concessão da licença. Esta foi concedida a 05 de Outubro de 1991.
Assim, no dia 1 de Junho de 1991 foi aberto o concurso ao qual concorreram as
seguintes empresas: António Fernandes Casais e Filhos, Lda, ECOP – Arnaldo
de Oliveira, Soares da Costa, Construções Técnicas, Teixeira Duarte.
Abertas as propostas no dia 11 de Julho de 1991, o sr. António Casais
colocou-se em melhores condições pelo que a execução da 1ª fase da obra lhe foi
636
Adélio TORRES NEIVA
atribuída pelo valor de 82.000 contos.
Aqui registamos algumas datas significativas do processo da construção:
- No dia 15 de Agosto de 1991, a Empresa Casais prepara o terreno, cortando
os arbustos e abrindo o portão;
- No dia 19 de Agosto começam as escavações pela empresa José Ribeiro Lda;
- No dia 4 de Setembro faz-se a betonagem das fundações;
- No dia 29 de Outubro é fundida a 1ª laje das salas de banho do auditório;
- No dia 30 de Novembro é betonado o tecto do ginásio (piso do refeitório, etc.);
- No dia 23 e 24 de Janeiro de 1992 é fundida a laje do 1º andar;
- No dia 7 de Fevereiro é fundida a laje do 2º andar;
- No dia 20 de Fevereiro é colocada a laje da cobertura;
- No dia 27 de Março é betonada a laje do piso da capela.
O processo de concurso para a 2ª fase (acabamentos) foi apresentado às
seguintes empresas: António Fernandes Casais, Lda, ECOP, - Arnaldo de
Oliveira, COMPORTO, CONTACTO.
Abertas as propostas, a fase de conclusão das obras foi entregue ao sr. António
Casais pela quantia de 172 mil contos.
Esta fase de acabamento, pela sua complexidade nas decisões a tomar quanto
a materiais a utilizar e pormenores de arquitectura a exigir estreito
acompanhamento, prolongou-se por vinte meses.
A aprovação do Sr. Bispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas é de 20 de
Março de 1991. Diz o seguinte: “Fazemos saber que pela Congregação dos
Missionários do Espírito Santo nos foi requerido o consentimento previsto em
Direito, nomeadamente o cânon 809-2, do Código do Direito Canónico, para a
instituição duma Comunidade à Rua do Pinheiro Manso, nº 62, desta cidade do
Porto, destinada principalmente a residência dos Estudantes de Teologia.
Atendendo ao pedido e razões expostas, HAVEMOS POR BEM conceder a
autorização requerida. Porto, 20 de Março de 1991. Júlio, Arcebispo-Bispo do
Porto. O Chanceler”.
Logo a seguir à compra da propriedade, em Janeiro de 1990, o Centro de
Animação Missionária transferiu-se da Boavista para a antiga casa do Pinheiro
Manso, nº 62, ficando a casa da Boavista devoluta até 1995, ano em que foi
alugada ao Instituto alemão. Para aqui veio a equipa da Boavista, formada pelos
PP. António Marques de Sousa, Norberto Cristóvão, António Moreira e Serafim
Marques de Sousa.
A inauguração do Seminário estava prevista para 27 de Maio de 1993, a festa do
Coração Imaculado de Maria, um dia muito querido para os Espiritanos, mas não
tendo sido possível a inauguração celebrou-se a 19 de Junho de 1993. Alguns dias
antes tinham-se transferido para aqui os estudantes do I Ciclo de Teologia.
A equipa directiva desse ano de 1993 era constituída pelos PP. José Lopes de Sousa,
director e ecónomo, e Veríssimo Manuel Teles, sendo superior o P. José Alves.
No ano seguinte, 1994, veio juntar-se o P. José Martins da Costa como
responsável da equipa de animação vocacional.
No ano de 1995, o P. António Farias foi nomeado director do II Ciclo de
A Casa da Teologia, no Pinheiro Manso, Porto
637
Teologia e a comunidade do Pinheiro Manso ficou formada pelos PP. José Lopes
de Sousa, Jorge Veríssimo, Eduardo Augusto Guedes Osório, nomeado para a
equipa da animação missionária e José Costa. Os aspirantes eram 9: 3 no 2º ano
de Teologia, 5 no 1º e 1 no 12º do Curso Secundário.
Em 1997, veio para o Pinheiro Manso como superior e director do I Ciclo de
Teologia o P. José Manuel Matias Sabença, indo o P. José de Sousa fazer um ano
de reciclagem no Brasil; a ecónomo ficou o P. José Martins da Costa.
Em Setembro de 2002, a comunidade dp Pinheiro Manso acolheu os Jovens
Espiritanos Professos para a Formação do II Ciclo de Teologia, continuando o
mesmo director que, no ano seguinte, viria a ser substituído pelo P. João David
do Souto Coelho. Os outros membros da comunidade, nesse ano, eram os PP.
Manuel dos Santos Neves, ecónomo, Domingos de Matos Vitorino, animador
missionário, e José Maria de Sousa.
A comunidade, além da capelania diária das Irmãzinhas dos Pobres, colabora
na paróquia de Gandra, Ramalde, Matosinhos, etc. Os jovens visitam os presos
no estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo e ajudam os velhinhos do
Lar das Irmãzinhas dos Pobres.
639
Capítulo 69
O 2.º triénio do Provincialato
do P. José de Castro Oliveira (1991-1994)
O
Conselho Geral decidiu prolongar o mandato do P. José de Castro
Oliveira, como superior provincial de Portugal até 01 de Agosto de
1991, por motivo do Conselho Provincial Alargado, a realizar em
Julho desse ano (Dec. 24/91), com data de 19 de Março de 1991. E ratifica o
prolongamento do mandato por mais três anos, devido à sua recondução no
Conselho Provincial Alargado.
Conselho Provincial Alargado (17-19 de Julho, no Fraião)
Este Conselho Provincial Ampliado aparece-nos como o acontecimento
marcante do ano de 1991. O seu objectivo foi clarificado com a devida
antecedência: redimensionar as casas e obras da Província e eleger o novo
superior provincial.
A preparação começou por um estudo deste redimensionamento, para o que
foi nomeada uma comissão constituída pelos PP. Eduardo Miranda, Carlos
Salgado, Veríssimo Teles e José Manuel Sabença. Esta equipa subdividiu o seu
trabalho por outras sub-equipas que estudaram a Terceira Idade, a problemática
da Casa do Fraião, a problemática da Torre da Aguilha e a Animação Vocacional.
A equipa propriamente encarregada de preparar a realização do Conselho
Alargado foi constituída pelos PP. Provincial (José de Castro), Torres Neiva,
Eduardo Miranda e José Manuel Sabença.
A Assembleia Provincial da Páscoa, orientada pela equipa do redimensionamento,
seria como que um plenário de todo o trabalho já feito.
Entretanto, procedeu-se à votação dos participantes no Conselho Provincial
Alargado: membros do Conselho Provincial e dos candidatos ao cargo de
provincial.
O Conselho Ampliado realizou-se no Fraião de 17 a 19 de Julho, tendo sido
apresentados os seguintes instrumentos de trabalho, fruto do estudo das
respectivas equipas:
1°. Fidelidade ao ser espiritano. Comunhão e Solidariedade no ser e no agir.
Discernimento e coragem frente aos desafios.
2°. O problema dos confrades idosos.
3º. A Promoção Vocacional.
4°. Redimensionamento da Torre da Aguilha.
5º. Redimensionamento do Fraião.
640
Adélio TORRES NEIVA
6°. Comunicação do Conselho de Formação.
7°. Propostas da Comunidade de Teologia.
O secretariado foi exercido pelos PP. José Ferreira da Cunha e Fernandino
Ilídio Cardoso Pereira.
Deste Conselho Ampliado foram publicados os seguintes textos:
- Como intensificar as formas de comunhão.
- Elementos para uma política da Terceira Idade.
- Promoção Vocacional.
- Redimensionamento das casas do Fraião e da Torre da Aguilha.
Pela própria natureza do Conselho Ampliado, trata-se mais de um órgão
consultivo e de opinião do que uma instância de decisão.
Destacamos algumas das directivas apontadas:
Quanto ao modo de intensificar as formas de comunhão
- Elaboração de um plano de acção para os próximos três anos;
- Fazer uma planificação a todos o níveis, de pessoal, de reciclagens e de
rotatividade;
- Fazer do “Missionários Espiritanos” o órgão de comunhão e de partilha na
Província;
- Ter um tema e um lema dinamizadores da Província para cada ano;
- Elaboração do Projecto Comunitário em todas as comunidades;
- Prever e fornecer momentos de partilha de vida, comunicação e convívio nas
comunidades;
- Que as comunidades se visitem mutuamente;
- Que os responsáveis pelos diversos sectores da Província visitem as
comunidades e informem sobre a caminhada do respectivo sector;
- Encontro anual inter-sectorial para programação e avaliação das actividades;
- Onde for possível, fazer equipas mistas;
- Intensificar o movimento de solidariedade entre a Província e as diversas
Circunscrições;
- Procurar melhorar o acolhimento aos confrades doentes que regressam das
missões.
Quanto aos elementos para uma política de Terceira Idade
- Enquanto puderem, os confrades idosos fiquem nas respectivas comunidades;
- Em princípio, os confrades doentes sejam tratados nas nossas comunidades;
- Fraião, Aguilha e Viana serão as casas preparadas para acolher os doentes e
idosos, embora nelas haja sempre outras actividades;
- O Fraião terá um sector para a terceira idade e, simultaneamente, um espaço
devidamente adaptado para acolher doentes altamente dependentes.
- Na Aguilha sejam libertados espaços para acolher a Teologia.
- Em cada comunidade mais ou menos numerosa haja 2 ou 3 quartos
minimamente adaptados para acolher os mais idosos e doentes.
O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994)
641
- Um dos membros do Conselho Provincial seja particularmente
responsabilizado pela terceira idade; poder-se-á criar um Conselho da Terceira
Idade, bem como um Director Espiritual.
- Promovam-se acções de reciclagem não muito longas;
- Os confrades da terceira idade sejam informados das actividades e
preocupações da Província.
Quanto à Promoção vocacional
- Que se organize anualmente um Plano de pastoral Vocacional de Conjunto,
elaborado pelos três sectores prioritários da Província: Formação, Animação
Vocacional e Comunidades.
- Que haja um Coordenador Principal a tempo pleno.
- Que nos seminários haja, tanto quanto possível, ‘equipas integradas’, isto é,
onde os serviços da Formação, Animação Vocacional e Missionária estejam
devidamente entrosados, sem prejuízo da finalidade primeira dos seminários.
- Os seminários devem ser cada vez mais centros de promoção vocacional.
Quanto ao redimensionamento das Casas do Fraião e da Torre d’Aguilha
- O Fraião deve ser Centro para Confrades altamente dependentes e Casa de
Formação para o 8° e 9° anos, pelo menos. Ventilou-se ainda a possibilidade de
ali instalar um centro de animação missionária e vocacional e um espaço no
Pavilhão Norte para cursos e retiros.
- A Aguilha deverá funcionar como Casa de Retiros e Casa de Teologia,
Comunidade Espiritana de 3a Idade e, pelo menos por enquanto, Lar de 3a Idade
dos Assuntos Sociais.
Deste Conselho, saiu a eleição do P. José de Castro Oliveira como Provincial
re-eleito e a do Conselho Provincial, assim constituído:
P. José de Castro Oliveira - Provincial; P. Manuel Marinho de Lemos Couto 1° Assistente e Director da Animação Missionária; P. José Lopes de Sousa - 2°
Assistente e Director da Formação; P. Adélio de Almeida Torres Neiva; P.
António Ribeiro Laranjeira; P. António Luís Farias Antunes (por escolha do
Provincial); P. Carlos Salgado Ribeiro (por escolha do Provincial); P. Marcelino
Duarte Lopes - Ecónomo Provincial.
Linhas programáticas para o triénio de 1991-1994
Este conselho, que foi homologado pela Casa Generalícia no âmbito das suas
competências, tendo em conta as orientações do V Capítulo Provincial e do
Conselho Ampliado, propôs à Província as seguintes linhas programáticas para
o triénio de 1991-1994:
“CRESCER EM COMUNHÃO”
1. Intensificar a comunhão e o empenho pela Missão ‘Ad Gentes’
642
Adélio TORRES NEIVA
A nível provincial
Promover uma maior partilha de informações entre os vários sectores da vida
da Província, nomeadamente:
- pela visita dos Responsáveis de Sector às comunidades para informar sobre a
situação do respectivo Sector;
- pelo envio às Comunidades de preocupações e projectos, temas e decisões de
interesse comum, tomadas nas reuniões e respectivos conselhos;
- por uma maior partilha de pontos de vista entre os diferentes Sectores:
- pela transformação de MISSIONÁRIOS ESPIRITANOS no grande órgão
de comunhão e partilha na Província;
Intensificar a comunhão e partilha da vida, através de:
- uma maior partilha da fé e das actividades apostólicas na comunidade;
- a inserção no projecto comunitário das grandes prioridades da Província;
- a formação, tanto quanto possível das chamadas ‘’Equipas integradas”.
A nível das circunscrições
- Manter sempre vivo na Província o espírito missionário “Ad Gentes”;
- Fomentar o diálogo entre as circunscrições para maior intercâmbio dos seus
projectos e necessidades;
- Planificar a rotatividade e o intercâmbio de pessoal;
- Abertura a uma maior internacionalidade e regionalização, particularmente a
nível da Formação.
2. Revigoramento do dinamismo vocacional
- Manter a qualidade da nossa vida espiritana pelo testemunho da vida fraterna e orante;
- Reforçar a Equipa Vocacional;
- Envolver mais significativamente todas as comunidades, sectores, paróquias e
confrades em ministério paroquial, no empenho das vocações;
- incentivar a vocação espiritana na sua diversidade: vocação sacerdotal, vocação de irmão e vocação laical;
- Concretizar a decisão do Capítulo Provincial no sentido de se lançar o
Voluntariado Missionário;
- Utilizar mais os meios de comunicação ao nosso alcance para a promoção das
vocações.
3. Animação da Terceira Idade
Levar a cabo as decisões tomadas pelo Conselho Provincial Alargado de 1991,
nomeadamente:
- nomear um dos membros do Conselho provincial particularmente
responsável por este sector, coadjuvado por uma equipa;
- providenciar para que, na assistência aos idosos e doentes, não faltem os
O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994)
643
necessários meios médicos;
- prover às necessidades de pessoal auxiliar permanente e vocacionado para este
serviço;
- criar uma enfermaria normalmente apetrechada com os meios técnicos necessários;
- promover a animação espiritual adequada aos valores desta idade ou situação.
4. Maior sensibilização às situações de Justiça e Paz
- Dedicar uma atenção especial aos Imigrantes africanos em Portugal, criando
um centro de apoio no nº 43 da Rua de Santo Amaro, à Estrela, com possível e
desejável presença espiritana nos bairros periféricos;
- Alargar o Serviço Espiritano de Solidariedade a novas dimensões mais
condizentes com a evolução da situação em Angola;
- Procurar empenhar a Província em “situações-sinal”, em conformidade com
a nossa vocação específica.
5. Formação Permanente
- Incentivar a participação nas iniciativas de formação permanente, tanto as
tomadas pela Congregação como as promovidas a nível local.
- Incrementar as reciclagens previstas pela RVE, nomeadamente quando se
muda de actividade ou campo de missão.
O Noviciado passou do Espadanido para a Silva com autorização do Conselho
Geral de 4 de Janeiro de 1991.
Este ano lectivo iniciou-se com 14 alunos no 7º ano em Godim, 40 no Fraião
(28 no 8º ano e 12 no 9º); 29 na Silva ( l no 8° ano, 8 no 10°, 12 no 11º e 7 no
12º).
O Noviciado (Silva) começou com 5 noviços, o I Ciclo de Teologia no
Pinheiro Manso com 15 alunos (10 no lº ano e 5° no 2°) e o II Ciclo de Teologia,
no Restelo com 2 alunos no 5° ano de pastoral e 2 em estágio no estrangeiro.
Em Godim, a equipa directiva foi formada pelo P. Tarcísio Moreira e Ir.
António Brás; no Fraião pelos PP. Manuel Martins e João Nogueira; na Silva
pelos PP. Mário Faria Silva, José Carlos Coutinho e Ir. Pedro Falcão; no Porto
pelos PP. José Lopes de Sousa e Veríssimo Teles.
O Conselho Provincial na sua reunião de Outubro, constituiu as seguintes
comissões:
- Justiça e Paz: - PP. Firmino Cachada, Afonso Cunha, António Laranjeira e
José de Sousa;
-Solidariedade- PP. António Laranjeira, Firmino Cachada, Casimiro Pinto de
Oliveira e Carlos Salgado Ribeiro;
- Conselho Económico - PP. Marcelino Duarte Lopes, Casimiro Pinto de
Oliveira, Carlos Salgado Ribeiro e Adélio Torres Neiva;
- Formação Permanente - PP. José de Sousa e Manuel Durães Barbosa;
- Terceira Idade - P. Carlos Salgado Ribeiro, que escolheu a seguinte equipa:
PP. António Abreu, António Alves de Oliveira, Agostinho Pereira da Silva e
644
Adélio TORRES NEIVA
Manuel dos Santos Neves;
- Animação espiritual dos Empregados(as) - PP. Carlos Salgado Ribeiro e
Adélio Torres Neiva;
- Solução estável para o II Ciclo de Teologia: PP. José Lopes de Sousa, António
Laranjeira e Marcelino Duarte Lopes.
O P. Adélio da Cunha Fonte foi nomeado pelo Conselho Geral, Superior
Maior do Distrito de Cabo Verde, com efeito a partir de l de Janeiro de 1991.
Visto a capacidade da Casa do Regado não satisfazer ao número dos alunos do
I Ciclo de Teologia e ser também necessária uma casa para Centro de Animação
Missionária a funcionar com o I Ciclo, comprou-se a casa e terreno do nº 62 da
Rua do Pinheiro Manso. O terreno era em vista da construção de um Seminário
para o I Ciclo de Teologia.
A escritura da casa e terreno foi feita a 19 de Outubro de 1989 no Cartório
Notarial de Gondomar. A nova casa-seminário foi averbada sob o n” 4525 e
Registo SSvB-13” 21.07.95. na Conservatória do Registo Predial do Porto, sendo
inaugurada em Junho de 1992.
Em Março e Abril de 1991, teve lugar a visita do Conselho Geral à Província,
levada a cabo pelo Superior Geral, P. Pierre Hass, e pelos assistentes gerais PP.
Manuel Gonçalves e Joe de Bóer, cujo relatório foi publicado no Boletim da
Província434.
Ano de 1992
Em 1992, o P. Abel Moreira Dias é nomeado Ecónomo Geral da Congregação,
a partir de 15 de Dezembro de 1992.
O ano de 1992 iniciou-se com 12 alunos em Godim, (7° ano), 42 no Fraião
(20 no 8° ano e 22 no 9°), 24 na Silva (12 no 10° ano, 7 no 11° e 5 no 12°), 11 no
Porto (4 no 1º ano e 7 no 2°), 3 noviços no Noviciado da Silva e 7 no Restelo (II
Ciclo de Teologia).
Foram nomeados superiores: de Coimbra o P. José Coelho Amorim ( 2º
triénio) e da Silva o P. Mário Faria Silva.
Como ecónomos foram nomeados: para Godim, o P. Álvaro da Costa
Campos; para a Torre da Aguilha o P. Manuel dos Santos Neves: para a Silva o
P. Domingos da Cruz Neiva (2° triénio); para Viana do Castelo o P. Ernesto de
Azevedo Neiva; para a Estrela, o P. Agostinho Brígido.
Como administrador da LIAM foi colocado o P. Agostinho Brígido e secretário
provincial o P. Norberto Cristóvão.
A equipa vocacional ficou constituída pelos PP. Veríssimo Teles (coordenador) Eduardo Osório, Magalhães Fernandes e Ir. António Santos Brás.
O ano de 1992 ficou marcado com vários melhoramentos nas casas da
Província. Na Torre da Aguilha instalou-se o aquecimento central na secção da
Comunidade e fizeram-se contactos com os Assuntos Sociais para o Lar dos
434
BPPCSSp. Jan/Dez/1991 p. 20-29
O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994)
645
Idosos ser assumido por estes serviços e transferido para o Pavilhão Leste.
Na Estrela restaurou-se a capela, dando-lhe um novo visual, bem como os espaços
anexos.
No Fraião, procedeu-se ao levantamento do edifício e à definição dos espaços
para as diversas obras, segundo as orientações do Conselho Provincial Alargado.
O Conselho Provincial foi informado do plano urbanístico da Câmara de
Braga para o Vale de Lamaçães. Face às pretensões da Câmara sobre a quinta do
seminário, foi-lhe apresentada por parte da Província uma contra-proposta:
cedência gratuita dos terrenos agora expropriados para a nova estrada NogueiróNogueira, sendo em troca a Congregação a urbanizar todo o espaço da quinta.
Esta contra-proposta mereceu o acordo de princípio por parte da Câmara. Há já
um esboço para as obras a realizar na casa do Fraião, de acordo com as decisões
do Conselho Provincial, na sequência do Conselho Alargado de 1991.
São eleitos como delegados ao próximo Capítulo Geral os PP. José de Castro
Oliveira e Adélio Torres Neiva.
Centro Padre Alves Correia (CEPAC)
A 28 de Março de 1992, foi inaugurado o Centro Padre Alves Correia
(CEPAC), a funcionar no nº 43 da rua de Santo Amaro, à Estrela. Foi baptizado
com o nome do P. Joaquim Alves Correia, pelo seu empenho em favor da Justiça
e da Paz e por ter sido um defensor ardente da verdade e dos direitos humanos,
nomeadamente das classes mais desfavorecidas.
O CEPAC tem como objectivo principal o acolhimento e apoio a diversos
níveis, aos imigrantes africanos, particularmente dos países de expressão portuguesa.
Procurará também dar atenção e exercer uma acção pastoral e social junto de
todos os necessitados que solicitam auxílio, nomeadamente os refugiados, os
estudantes africanos e os marginalizados da nossa sociedade.
A direcção foi constituída pelos PP. António Laranjeira, Afonso Cunha e Irª.
Purificação Cachada, sendo vogais o P. Firmino Cachada e José Vaz Moreira
(Cabo-verdiano).
A 9 de Outubro de 1992, o Cardeal Patriarca de Lisboa aprovou os Estatutos
do CEPAC. Os Estatutos e as actividades levadas a cabo por este Centro são
expostos no capítulo dedicado a este organismo.
O Voluntariado Missionário
O Capítulo Provincial de 1990 tinha decidido o lançamento do Voluntariado
Missionário, devendo este ser confiado a um confrade, tanto quanto possível em
colaboração com os IMAG (n°4789) e o desenvolvimento da cooperação com os
Associados (RVE 243).
Nesta decisão está bem explícita a vontade de não se caminhar isolado, dado
que os Institutos Missionários “Ad Gentes” há já anos que faziam uma
caminhada em conjunto. Por isso, na reunião dos IMAG de 8 de Maio de 1991,
646
Adélio TORRES NEIVA
a proposta foi feita a todos os Superiores Maiores. O P. José de Castro Oliveira
informou que a Congregação do Espírito Santo tinha nomeado um padre (o P.
Arlindo Amaro) e disponibilizado uma casa em Braga (Espadanido) para a
Formação de um Laicado Missionário. Não se tratava de uma iniciativa dos
Espiritanos, mas de todos os Institutos Missionários.
Para realizar esse projecto, que teria de dar passos e alargar horizontes, seria
necessário constituir uma equipa ligada à Animação Missionária. Foi avançada a
ideia de criar um centro de formação para Leigos e a sua colocação. Foi pedido ao
P. José de Castro Oliveira para enviar uma Circular aos Institutos Missionários,
explicando o projecto, visto não estar ainda claro para todos435.
Naturalmente que se tornava indispensável uma consulta aos respectivos
Conselhos provinciais. Por isso, a decisão ficou adiada para a primeira reunião de
1992 (11 de Maio). Desta reunião ficou exarado na Acta o seguinte
apontamento:
Voluntariado Missionário
P. Castro comunica o projecto que têm para a formação dos leigos missionários,
pensando inicialmente ser um projecto comum, e levado à frente, por enquanto,
pelos Espiritanos.
Fizeram já os Estatutos, onde vêm contemplados o acolhimento, a preparação e o
envio.
Solicita a colaboração sobretudo na fase da preparação. Adverte-se para a
importância do envio, mas também para o retorno depois da missão lá fora, a sua
inserção na igreja de origem e o tipo de Animação missionária que se
desencadeia”436.
Em conclusão, nesta reunião assentou-se no seguinte:
- todos estão de acordo na necessidade de se lançar tal movimento a nível nacional
e de forma conjunta;
- todos aceitaram comprometer-se com este projecto;
- mas, dado que, de momento, mais nenhum instituto está em condições (pessoal e
instalações) de participar no projecto, então os espiritanos ficam com luz verde, sendo
para eles encaminhados todos o candidatos que se forem apresentando;
- numa segunda etapa, encontrar-se-ão oportunamente novas formas de
participação neste projecto, quer a nível da preparação, quer a nível do envio.
A fim de organizar este novo sector da Animação Missionária da Província, o
Conselho Provincial incumbiu o P. Arlindo Areias Amaro de elaborar um plano
de acção ou projecto, para lhe ser apresentado em Fevereiro de 1992, após ter
recebido algumas sugestões, num Conselho de Animação Missionária.
Na Assembleia da Páscoa desse ano, o projecto do Voluntariado apresentado
pelo P. Arlindo Amaro, foi estudado pelos confrades que nela participaram,
recebendo retoques e achegas.
435
436
Acta da reunião nº 14
Ibid. Acta nº 17
O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994)
647
Nesta altura, foi nomeada uma comissão para dar forma definitiva ao texto do
projecto, tendo em conta todas as sugestões apresentadas.
O texto foi finalmente aprovado pelo Conselho Provincial em Outubro de
1992437.
A fim de colaborar com o P. Arlindo Areias Amaro e principalmente para
acolher os candidatos ao Voluntariado do sul do país foi nomeado o P. Manuel
Durães Barbosa.
O P. Arlindo Areias Amaro, encarregado do projecto, apresentou aos Bispos
de Angola e a Missionários espiritanos uma lista de candidatos que entretanto se
tinham apresentado.
Várias dificuldades, entre as quais a falta de legislação em que os candidatos se
pudessem enquadrar, atrasaram o processo.
Em Setembro de 1995, o P. José de Castro Oliveira substituiria o P. Arlindo
Areias Amaro no projecto e a sua sede seria transferida para o Fraião.
De 05 a 10 de Novembro, realizou-se na Aguilha o Encontro dos Responsáveis
da Formação da Região Europa.
Ano de 1993.
Em 1993, os seminários espiritanos apresentavam o seguinte quadro
estatístico: em Godim, 20 alunos (7° ano); no Fraião, 34 alunos (15 no 8º ano e
19 no 9º); na Silva, 30 alunos (17 no 10° ano - 10 no 11° e 3 no 12º); no Porto (I
Ciclo de Teologia) - 11 alunos (7 no 1° ano e 4 no 2°), no Restelo (II Ciclo de
Teologia) 3 teólogos mais 3 no estrangeiro.
As equipas directivas ficaram assim constituídas; em Godim, P. Manuel João
Magalhães Fernandes e Ir. António Brás; no Fraião: PP. Manuel Martins
Ferreira, João Crisóstomo Nogueira e Tarcísio dos Santos Moreira; no Pinheiro
Manso, PP. José Lopes de Sousa e António Luís Farias Antunes.
Como superiores há a registar a nomeação do P. José Pinto de Carvalho para
Godim (2° triénio); do P. António Alves de Oliveira para Viana do Castelo (2°
triénio), do P. Adélio Torres Neiva- para a Estrela, por mais um ano e do P. José
Alves para o Pinheiro Manso.
Como ecónomos, foram nomeados para Viana do Castelo o P. Manuel da
Purificação Azevedo e para o Pinheiro Manso o P. José Lopes de Sousa.
Para responder ao quesito sobre a Formação do último Capítulo Geral, o
Conselho Provincial resolveu ampliar para dois anos o chamado “ano de
internacionalidade”, o qual visava, para além de uma experiência de
internacionalidade, o domínio de uma língua estrangeira e o completar uma ou
outra cadeira do Curso teológico. O resto do tempo era aproveitado segundo o
gosto de cada um. Com esta decisão, pretende-se um melhor aproveitamento
deste tempo, tendo como finalidade uma melhor preparação para as exigências
actuais da missão, alargando assim o leque da “especialização”.
437
BPPCSSp. 1992 p. 6-24
648
Adélio TORRES NEIVA
A notar, neste ano, as condecorações do P. Francisco Medeiros Janeiro, no
Canadá, a 10 de Junho com uma medalha de prata e do P. José Ribeiro Mendes,
com a medalha de mérito municipal da Câmara de Cascais, a 7 de Junho.
Em ordem à preparação do Capítulo Provincial, a realizar em Julho de 1994 foi
nomeada uma Comissão Pré-Capitular constituída pelos PP. Adélio Torres
Neiva, António Laranjeira, António Farias e José Carlos Coutinho.
Desejando inserir-se na linha do último Capítulo Geral, que trabalhou a partir
de um conjunto de “experiências significativas” na Congregação, a Comissão
Pré-Capitular pediu aos vários sectores da vida da Província o envio de
experiências significativas vividas pelos confrades a fim de serem reflectidas na
aula capitular, assim como um breve questionário.
O lema escolhido para o capitulo foi “A vida espiritana, fonte de alegria e
renovação missionária”.
A Assembleia do Natal, em ordem à preparação do Capítulo, realizada na
Aguilha, debruçou-se sobre a missão entre os mais pobres, tendo sido ouvidos
alguns testemunhos de missionários e missionárias ao serviço dos mais
carenciados.
Acórdão entre a Paróquia de Godim e a Congregação
A fim de serem dissipadas dúvidas ultimamente surgidas sobre o direito de
propriedade da chamada “Residência Paroquial de S. José de Godim” e sendo
urgente responder à situação causada pelo incêndio que, em Novembro de 1990,
devorou a parte superior da mesma, a Paróquia de S. José de Godim e a
Congregação do Espírito Santo trocaram opiniões, consultaram documentos
oficiais, ouviram pessoas de várias idades e pediram pareceres jurídicos sobre o
assunto.
Finalmente, após demorado diálogo, as duas partes acordaram nas seguintes
disposições, que tomam como válidas para o futuro e são geradoras de direitos e
deveres mútuos:
lº - A Paróquia de S. José de Godim - Régua reconhece que a Congregação do
Espírito Santo é a única e legítima proprietária do edifício onde se encontra a
chamada “Residência Paroquial’’ e do terreno que lhe serve de logradouro,
comprometendo-se consequentemente a não mais invocar quaisquer pretensos
direitos de qualquer natureza que tenham por objecto os mencionados prédio e
terreno.
2º- Por sua vez, a Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo cede
à Paróquia de S. José de Godim - Régua uma faixa de terreno (130m2) que possui
a sudeste do seminário, contígua à outra já pertença da referida paróquia, faixa
essa que será delimitada, a norte, por uma linha recta que, partindo da ala norte
do adro paroquial, se prolonga por uma extensão de 14m.
3° - Além disso, para arranque da construção das obras da nova residência
paroquial, a mesma Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo
contribui com a quantia de dois milhões de escudos (2.000.000$00) a entregar no
O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994)
649
acto da assinatura do presente acordo.
O presente acórdão foi lido e aceite pelas duas partes e é assinado pelos seus
legítimos representantes para valer como documento de propriedade futura,
Godim. 08.06.93
P. José de Castro Oliveira (Provincial)
P. José Pinto de Carvalho (Pároco de S. José de Godim)
Três membros da Comissão Fabriqueira - (ilegível).
Inauguração da nova casa do Pinheiro Manso
Por decisão do Conselho Provincial, em fins de 1988, o P. José Lopes de Sousa
foi incumbido de procurar terreno na cidade do Porto que satisfizesse as
necessárias exigências para implantar a casa de Formação ao nível do 1° Ciclo de
Teologia.
Na verdade, havia-se chegado à conclusão de que a casa da Rua Nova do
Regado, 250, a funcionar desde o ano lectivo 1988/89 não reunia as necessárias
condições de localização e espaço para uma obra de formação.
Após três meses de aturada procura, na manhã de 18 de Abril de 1989, surgiu
a hipótese da Rua do Pinheiro Manso, 62.
Feitas as diligências necessárias, a compra foi feita por escritura no Cartório
Notarial de Gondomar no dia 19 de Outubro de 1989. A licença para construção
da nova casa foi concedida pela Câmara Municipal do Porto a 5 de Outubro de
1991.
A casa, iniciada a 5 de Agosto de 1991, foi inaugurada a 19 de Junho de 1993,
festa do Imaculado Coração de Maria. Alguns dias antes, tinham-se já mudado
para ali os alunos do I Ciclo de Teologia, deixando para sempre a Casa da Rua
Nova do Regado.
651
Capítulo 70
A “Casa Rústica” de Pedras Salgadas
C
om data de 5 de Março de 1970, no Livro nº A/47, Fls 61, Cartório
Notarial de Lisboa, Rua da Prata, 199, 2º Esq., lê-se, sob o título
Escritura de Doação:
“No dia cinco de março de mil e novecentos e setenta nesta cidade de Lisboa e na
Avenida Defensores de Chaves, número vinte e um, quarto andar, casa de
residência do primeiro outorgante, perante mim licenciado António Lopes
Fernandes Costa, notário do Segundo cartório Notarial
desta cidade, compareceram como outorgantes:
Primeiro – O senhor Dr. Nuno Simões, viúvo, natural
da freguesia de Calendário do concelho de Vila Nova de
Famalicão e residente nesta casa onde me encontro;
Segundo – O reverendo Padre Amadeu Gonçalves
Martins, solteiro, maior, residente na Rua de Santo Amaro,
à Estrela, número quarenta e nove, desta cidade, o qual
outorga em representação da Província Portuguesa da
Congregação do Espírito Santo, na qualidade de Superior
Dr. Nuno Simões
da mesma Província”.
...E pelo primeiro outorgante, Senhor Dr. Nuno Simões, foi dito “que pela
presente escritura, doa à Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo,
representada do segundo outorgante, o seguinte: Prédio urbano composto de casa
de habitação e quintal, no lugar de Pedras Salgadas, freguesia de Bornes, concelho
de Vila Pouca de Aguiar, com todo o seu recheio, inscrito na respectiva matriz
predial urbana sob o artigo número seiscentos e noventa e seis, com o rendimento
colectável de três mil e trezentos e setenta e cinco escudos, de que resulta o valor
matricial de sessenta e sete mil e quinhentos escudos, como consta e verifiquei em
face da respectiva caderneta predial urbana, devidamente conferida na Repartição
de Finanças de Vila Pouca de Aguiar, em dois do corrente Mês de Março e descrito
na Conservatória do registo Predial de Vila Pouca de Aguiar sob o número trinta
e três mil e novecentos e quarenta e nove, a folhas oitenta e seis, do Livro B noventa e três e ali inscrito em nome dele primeiro outorgante pela inscrição de
transmissão número dez mil setecentos e sessenta e nove, a folhas cinquenta e oito,
verso do Livro G - treze.
- Que a presente doação é feita com transferência imediata para a donatária da
propriedade plena do mencionado prédio e de todo o seu recheio e sob a condição de no
mesmo prédio, manter a donatária uma biblioteca de obras literárias de interesse
652
Adélio TORRES NEIVA
ultramarino, em especial referentes às Províncias Ultramarinas de Angola e Cabo Verde,
e de, durante o tempo em que o mesmo prédio for ocupado por missionários deverem eles
contribuir por todas as formas, para alfabetizar os adultos da região, elucidando-os,
especialmente, sobre tudo o que diz respeito às referidas Províncias Ultramarinas, com o
sentido de os prepararem para eventualmente nelas se fixarem e viverem.
- Que à presente doação atribui o valor total de um milhão e quinhentos mil
escudos, do qual correspondem ao prédio doado novecentos mil escudos e ao recheio
do mesmo prédio, seiscentos mil escudos.
- Pelo segundo outorgante foi dito: Que, a Província Portuguesa da Congregação
do Espirito Santo, que representa, aceita a presente doação, nos precisos termos em
que foi exarada.
Assim o disseram e outorgaram”.
Aceite a doação, tornava-se preciso cumprir a vontade do doador. Era
necessária, para tanto, a autorização do bispo de Vila Real, em cuja diocese se
encontra a estância termal das Pedras Salgadas e a da Administração Geral da
Congregação para se instalar ali uma nova residência, destinada a uma
comunidade espiritana.
O Conselho Provincial, na sua reunião de 8 e 9 de Outubro de 1970, na
comunidade de Lisboa, decidiu, por sua vez, criar a residência das Pedras
Salgadas e obter, junto das autoridades competentes, as respectivas autorizações.
No dia 20 de Outubro, o P. Provincial, acompanhado dos PP. António Alves
de Oliveira, Manuel dos Santos Neves, João Pinto da Silva e Joaquim Correia da
Rocha, fizeram uma visita ao bispo de Vila Real que, ocasionalmente, se
encontrava nas Pedras Salgadas, em companhia do pároco. Ao ser-lhe
manifestada a vontade de, em breve, a Congregação criar na “CASA RÚSTICA”,
assim se denominava a casa do Dr. Nuno Simões, uma Residência Missionária,
conforme o desejo do seu proprietário, congratulou-se com mais esta obra
religiosa na sua diocese.
No dia 22, à tarde, os PP. João Pinto da Silva e Joaquim Correia da Rocha
entraram na nova residência de que ficaram os primeiros inquilinos. Os PP.
António Alves de Oliveira e Manuel dos Santos Neves partilharam a primeira
refeição comunitária, preparada pela dedicada senhora Laurinda.
No dia 23, às 08.30, foi celebrada a primeira missa pelos confrades a quem foi
entregue a residência pelo P. Provincial.
No dia 28, chegou o Ir. Vicente, ficando assim completa a primeira equipa
destinada a esta comunidade: P. João Pinto da Silva, director, P. Joaquim Correia
da Rocha, ecónomo e Ir. Francisco Vicente, encarregado de vários serviços.
A presença dos espiritanos nas Pedras Salgadas foi bem acolhida pelo povo da
região, logo oferecendo a sua colaboração. Merecem honrosa menção os Srs.
Ernesto da Silva Santos, Responsável Geral da Empresa; o Sargento Cabral,
antigo aluno espiritano e entusiasta pela capelania de Nozedo a confiar aos
espiritanos; Faustino Soares Braga, incansável em ajudar os seus novos vizinhos,
e os moradores, todos tão prontos na sua ajuda e colaboração. E desde 7 de
Outubro, 5 Religiosas Concepcionistas.
A “Casa Rústica” de Pedras Salgadas
653
Além destas Irmãs, deram-nos a honra da sua amistosa visita os Párocos de
Vila Pouca de Aguiar, Areia de Bornes e Bragado, contentes pela presença dos
missionários. Todos vieram oferecer os seus votos de fecundo apostolado e a sua
amizade.
No dia 22 de Novembro, festa de Cristo Rei, iniciou-se a acção mais directa
dos espiritanos na acção pastoral, na capela de Nozedo, o que muito contentou
o Arcipreste, P. Agostinho Pinto de Sousa, bem como o povo das povoações
vizinhas de Nozedo, Sampaio e Vila Meã. Celebrou a Santa Missa o P. Pinto da
Silva. E, a partir daí, começaram as actividades pastorais pelas redondezas.
O Sacrário foi solenemente inaugurado na nossa comunidade na Quinta-Feira
Santa de 1971.
Em 1971, foi nomeado superior da comunidade o P. Manuel Sequeira Teles, em
substituição do P. Pinto da Silva que foi para Viana do Castelo, continuando a
ecónomo o P. Correia da Rocha.
Em 1973, o P. Correia da Rocha era transferido para Coimbra, ficando em
Pedras Salgadas apenas o P. Manuel Sequeira Teles; o Ir. Vicente tinha também
já deixado Pedras Salgadas.
É aqui que o P. Sequeira Teles tem desenvolvido uma intensa actividade como
professor e pároco de Pensalvos e Parada de Monteiros, paróquias que assumiu
em 1985, por proposta do bispo de Vila Real438.
438
Notas recolhidas pelo P. Joaquim Correia da Rocha.
655
Capítulo 71
A casa de Benfica
P. José da Lapa
P
ara a instalação e trabalho dos confrades que se dedicam à animação
missionária exterior, o Conselho Provincial decidiu a 30/07/1982, que se
procurasse uma casa, na zona de Lisboa.
Entre os objectivos, o Provincial, P. Manuel Durães Barbosa, e o seu Conselho
pretendiam descongestionar a Casa da Estrela e dar mais liberdade de
movimentos aos confrades que trabalhavam na animação missionária, quer
através da LIAM (Sul), quer pelo trabalho com os Jovens. O novo Centro
proporcionaria não só maior liberdade de movimentos, mas também, um melhor
atendimento-acolhimento às pessoas que, em grande número, se dirigiam à
Estrela, onde continuariam a funcionar as actividades a nível nacional: Direcção,
Redacção e Administração.
Tomada a deliberação, era preciso encontrar a nova Sede Regional.
Trabalhavam, na altura, na animação missionária, a partir da Estrela, o P. José da
Lapa, desde 1974 ligado à LIAM, Redacção e Coordenação Vocacional (no Porto
desde 1966 a 1973) e o P. Firmino Sá Cachada, no Sector da Redacção e da
Pastoral Missionária da Juventude.
O P. Provincial pediu ao P. Lapa para ver se encontrava uma casa para o futuro
Centro de Animação Missionária. Entretanto, ele próprio também se lançou à
procura. Através de pessoas amigas, o P. Lapa teve conhecimento de uma casa
em óptimas condições logísticas e locais, na Praça de Goa, no Bairro do Restelo.
Visitou-se a casa e fez-se um relatório que se entregou ao P. Provincial. Este
agradeceu o trabalho da pesquisa, mas achou não ser aquele o local ideal para um
Centro de Animação Missionária. No entanto, a casa foi depois comprada para
seminário de Teologia.
Continuando a busca de uma casa para Centro missionário da zona sul, o P.
Provincial encontrou uma casa geminada, no Bairro de Santa Cruz, Rua do
Parque, n° 11, em Benfica.
Após a visita de alguns confrades, o parecer geral foi favorável e a casa
comprou-se, sendo a escritura feita em 20/01/1983, no 15º Cartório Notarial de
Lisboa, inscrita na matriz sob o número 2091, de Benfica e descrita na 5ª
Conservatória de Lisboa.
A primeira comunidade da casa de Benfica era constituída pelos PP. José da
Lapa e Firmino da Costa de Sá Cachada e pelo Irmão Joaquim dos Santos
656
Adélio TORRES NEIVA
Custódio. Foi em 25 de Janeiro que a equipa se instalou na casa, ainda antes de
ela estar totalmente mobilada, tarefa que o P. Domingos da Cruz Neiva,
Administrador da LIAM, levou a efeito em pouco tempo, em estreita
colaboração com os residentes.
No dia 31 de Janeiro, aproveitou-se a oportunidade de ser o aniversário do P.
Firmino Cachada para se fazer o que então se chamou “inauguração selvagem” da
casa: convidaram-se várias pessoas ligadas às nossas obras, mormente à LIAM e
ao Renovamento Carismático, bem como amigos pessoais, sobretudo do P.
Firmino; pelas 21.30h, reuniu-se toda esta gente na varanda da casa,
completamente vazia, e em ambiente fraterno e alegre cantaram-se os parabéns
ao aniversariante e desejaram-se as melhores venturas ao novo Centro de
Animação Missionária.
A inauguração oficial da Comunidade realizou-se no dia 12 de Março, então já
com a casa totalmente mobilada. Às 18.00h, numa sala do 1° andar, o P.
Provincial presidiu à Eucaristia em que concelebraram os PP. Marcelino Duarte
Lopes, Superior da Casa da Estrela e Ecónomo Provincial, Domingos da Cruz
Neiva, Administrador da LIAM, Afonso da Cunha Duarte, Firmino Sá Cachada
e José da Lapa. Estiveram ainda presentes os Irmãos Joaquim dos Santos
Custódio e José Lourenço Leitão (Daniel) com o Senhor António Gonçalves.
Após a Eucaristia, serviu-se o jantar e o P. Provincial aproveitou para fazer a
distribuição de tarefas aos membros da comunidade: P. José da Lapa, Superior da
comunidade, continuando com a animação missionária na zona sul; P. Firmino
Cachada, Ecónomo e responsável da animação missionária entre os jovens,
continuando a desenvolver as suas funções na Redacção da LIAM, na Casa da
Estrela; Irmão Custódio, coordenador das actividades domésticas (cozinha,
portaria, acolhimento) e colaborador nos trabalhos missionários.
Assim foi inaugurado o Centro Missionário Espiritano de Benfica, num
ambiente muito alegre e familiar.
Relações exteriores
Desde o princípio, houve a preocupação de criar boas relações com a Paróquia,
onde começámos a celebrar, conforme as possibilidades da programação
missionária. Esta boa relação com o Pároco teve como fruto imediato, podermos
realizar as reuniões da LIAM numa das salas do Centro Paroquial e iniciar uma
missa mensal pelas Missões e outras actividades. Isto começou a realizar-se com
o Pároco Cónego Dr. João de Sousa, que tomou posse da Paróquia de Nossa
Senhora do Amparo três meses depois da nossa chegada a Benfica. Logo no dia
seguinte à inauguração do Centro, o P. Lapa, em nome da Comunidade e da
Congregação, foi visitar o Pároco de então, o P. Proença, que estava gravemente
doente. O Provincial, algum tempo antes, havia já enviado uma carta a informar
que a Congregação, com a aprovação do Bispo da Diocese, teria um centro de
animação missionária no Bairro de Santa Cruz. O P. Proença, recebeu muito
bem o P. Lapa, dando-lhe as boas vindas. Começaram a abrir-se as portas.
A Casa de Benfica
657
Visitaram-se e criaram-se boas relações com as autoridades civis da freguesia e
lançaram-se pontes de amizade com as famílias dos prédios vizinhos.
Festas da Comunidade e da Congregação.
O Centro foi consagrado ao Espírito Santo, motor de toda a evangelização.
Nas festas principais da Congregação íamos à comunidade da Estrela à qual o
Centro sempre esteve ligado. As festas da LIAM eram também realizadas na
Casa da Estrela, já que o Centro de Benfica era muito pequeno e periférico.
Esta equipa inicial foi alterada em Outubro com a nomeação do Irmão Joaquim
Custódio para o Seminário da Torre d’Aguilha. A substituí-lo veio o Irmão
António Gonçalves, que continuou a desenvolver as tarefas internas do Irmão
Custódio.
Em 1988, o P. Firmino Cachada, foi nomeado 1º Assistente Provincial e
passou a residir a tempo inteiro na Estrela. De França, veio o P. José Manuel
Sabença que ficou, durante alguns meses, encarregado do jornal “Acção
Missionária” e dos Jovens Sem Fronteiras.
O P. José da Lapa esteve no Centro de Benfica desde Março de 1983 até
Setembro de 1989, altura em que deixou a LIAM e foi nomeado pelo Provincial,
P. José Castro de Oliveira, para Secretário Geral da CNIR (Conferência
Nacional dos Institutos Religiosos), na Avenida 5 de Outubro, onde trabalhou
durante 11 anos, ficando afectado à Comunidade da Estrela.
O P. Marinho Lemos sucedeu ao P. Lapa no Centro de Benfica. Por sua vez, o
P. José Manuel Sabença foi nomeado capelão militar e veio o P. José Carlos
Coutinho substituí-lo durante alguns meses na redacção do Jornal e nos Jovens
Sem Fronteiras. Depois, foi pedido para o Fraião e não veio ninguém para o
substituir. O P. Firmino Cachada acumulou a assistência aos JSF, a imprensa e a
cooperação na animação missionária. A partir daí, a comunidade de Benfica ficou
reduzida a duas pessoas: O P. Marinho Lemos e o Irmão Gonçalves.
Em 1991, o P. Marinho Lemos trocou com o P. Firmino Cachada, ficando a
acumular o cargo de animador regional da LIAM, com o de coordenador da
animação missionária. O Centro de Benfica ficou a ser utilizado sobretudo para
as actividades com os jovens e alguma colaboração na Paróquia de Benfica.
Em 1994, a comunidade, de facto muito reduzida, foi desfeita e a casa que
parecia não satisfazer os objectivos que se propunha quando foi comprada, ficou
sem um destino definido, o mesmo acontecendo ao Centro de Benfica.
Entretanto, o P. Firmino Cachada seria nomeado para o Secretariado Europeu
Espiritano de Bruxelas e o Irmão Gonçalves integrado na comunidade de
Coimbra. A animação missionária do Sul passou de novo para a Estrela. E a casa
foi vendida em 1996.
659
Capítulo 72
VI Capítulo Provincial (1994)
A
preparação do Capítulo
A equipa, a quem o Conselho Provincial confiou a missão de preparar o
Capítulo Provincial de 1994 foi formada pelos PP. Adélio Torres Neiva, António
Laranjeira, António Farias e José Carlos Coutinho. Logo na primeira mensagem
que dirigiu à Província, a equipa apresentava o método que se iria usar neste
Capítulo:
“Vamos procurar inserir-nos na linha do último Capítulo Geral, que orientou
a sua reflexão a partir de certas experiências significativas vividas pela
Congregação”. A proposta foi portanto recolher e reflectir sobre algumas
experiências mais significativas da vida da Província, para, a partir delas, apontar
as linhas de futuro. Para esta selecção, havia os critérios apontados pela “Regra
de Vida Espiritana”: situações de primeira evangelização, os mais desfavorecidos
e os oprimidos individual e colectivamente, e as tarefas para as quais a Igreja
dificilmente encontra obreiros (n.os 12, 18 e 19).
A partir destes critérios de base, pretendiam-se :
- experiências que provavelmente indicassem os caminhos de futuro, o futuro
da Missão;
- experiências que pudessem ser resposta a actuais ou novas exigências da
evangelização;
- experiências que representassem um brotar de vida nova a situações a que pela
idade ou falta de forças, a maioria já não seria capaz de dar resposta;
- experiências que, mesmo sendo uma actividade tradicional, correspondessem
ainda a desafios actuais;
- experiências que se enquadrassem dentro do espírito da Regra de Vida”.
Neste sentido, foi pedido a todos um elenco das experiências que melhor se
enquadrariam dentro destes critérios.
O lema escolhido para o Capítulo foi: “A vida espiritana, fonte de alegria e
renovação missionária”.
Foi também enviado a toda a Província um pequeno questionário com seis
pontos de reflexão: sobre o estado actual da Província, motivos de alegria e de
esperança, dificuldades, orientações que o Capítulo deveria apontar, e outras
questões a abordar.
660
Adélio TORRES NEIVA
Para ajudar a reflexão capitular foi distribuído um texto com um apanhado das
experiências recolhidas e seleccionadas, as respostas ao questionário à Província,
as estatísticas dos Seminários Menores espiritanos e ordenações, evolução da
Província e ritmo da rotatividade.
Foram ainda apresentados relatórios sobre as diversas actividades da Província:
relatórios do Provincial, do Ecónomo Provincial, da Terceira Idade, do Serviço
de Solidariedade, do Voluntariado, do Recrutamento Vocacional, da Animação
Missionária, da Formação e dos Jovens Sem Fronteiras.
Como convidados assistiram ao Capítulo o Ir. Nuno, em representação dos
Irmãos, o P. Bernardo Bongo, do Conselho Geral, o P. Fernando Herraiz,
provincial de Espanha, o P. Jerónimo Cahinga, provincial de Angola e a Irmã
Ana Cândida, provincial das Espiritanas.
O Capítulo das Experiências Significativas
O Capítulo realizou-se na Torre da Aguilha, de 19 a 27 de Julho de 1994.
Reuniu 29 confrades, 10 dos quais trabalhando na missão exterior. O pano de
fundo do Capítulo foi a missão espiritana lida a partir de 12 experiências
significativas seleccionadas. Seis vividas por espiritanos portugueses extra:
“Guiné-Bissau: Primeira Evangelização”; “África do Sul: Hostels Project-Durban”;
“Angola: Huambo, Missão em situação de conflito armado”; “Kwito-Bié, Missão de
presença em situação de guerra”; “Cabo Verde: animação vocacional espiritana
numa Igreja local”; “Brasil: pastoral das periferias urbanas (Baixada Fluminense)
e pastoral da juventude e vocacional no Tefé-Amazónia”; “Paraguay: experiência
com as comunidades eclesiais de base”. As outras seis, vividas pela Província da
intra: “Centro Padre Alves Correia (CEPAC)”; “Animação Vocacional”;
“Animação Missionária”; “Formação”; “Jovens Sem Fronteiras” e “Uma paróquia
Espiritana”.
Estas experiências marcaram toda a dinâmica do Capítulo, bem como as suas
conclusões e linhas de orientação.
Em ordem a aprofundar a espiritualidade missionária, o Capítulo lançou a ideia
da criação de um Centro de Espiritualidade Espiritana.
Achou-se oportuno intensificar o compromisso na área da Justiça e da Paz e
uma maior disponibilidade de confrades para trabalhar a tempo inteiro no
CEPAC, inclusive pela presença de um confrade africano lusófono.
Ao Capítulo foi apresentada uma lista de oito apelos provindos de várias
origens. Embora todos os casos fossem estudados, e quase todos olhados com
simpatia e interesse, só a alguns é que foi possível dar uma resposta afirmativa,
como se poderá ver nas conclusões.
A leitura sobre estas experiências provocou uma reflexão muito fecunda e
interessante a respeito da espiritualidade que deve caracterizar a missão
espiritana.
Calaram particularmente, no espírito dos capitulantes, as experiências de
confrades vividas em Angola, na Amazónia e na África do Sul: é uma missão de
VI Capítulo Provincial (1994)
661
presença e de risco, em que a Congregação tem sido particularmente
testemunhante.
Da leitura destas situações se extraíram algumas coordenadas que marcam a
nossa espiritualidade missionária, tais como: a união entre a fé em Deus e o
compromisso com os homens, a radicalidade da consagração missionária, o
sentido da Igreja local, uma oração que celebra a vida, a paciência apostólica, a
parcialidade da missão, a importância da vida de comunidade, o valor da pobreza,
a prioridade do essencial.
A diversidade dos nossos compromissos missionários foi vista como uma
riqueza de grande alcance formativo e pedagógico para uma missão plural como
é aquela que caracteriza o nosso tempo.
Ao nível interno, o Capítulo procurou fazer uma radiografia da vida da
Província. Salientaram-se entre os aspectos positivos, a pacificação e serenidade
da Província, o empenho com que todos trabalham, o espírito de família reinante
entre os vários sectores da vida da Província, o caminho andado na esfera da
Justiça e da Paz, a revitalização da Animação Missionária, a solidariedade
manifestada para com Angola. Menos positiva tem sido a solidariedade afectiva
para com os que estão em situação mais difícil, o fraco aproveitamento do
património espiritual dos idosos, a necessidade de uma maior coordenação na
pastoral vocacional, o pouco aproveitamento das ofertas de formação permanente.
Alguns problemas em aberto foram também apontados: a pastoral das
vocações, os seminários menores, o redimensionamento das casas e das obras, a
promoção do Voluntariado e o reforço da Solidariedade Espiritana. O Provincial
e seu Conselho foram mandatados para buscar alternativas ao Seminário Menor,
assim como a intensificação e organização do Voluntariado Missionário.
A renovação das estruturas materiais da Província foi apreciada, chamando-se
porém a atenção para a necessidade de a simplicidade que nos caracteriza, não ser
ofuscada por essas estruturas.
Decidiu-se criar, para os confrades idosos e doentes, as condições que lhes são
devidas, adaptando as casas para tal.
Foi alterada a norma da eleição do Conselho Provincial (DCP Nos 611 e 612),
ficando agora a norma a ser a seguinte: o Capítulo ou o Conselho Ampliado
elegem quatro membros para o Conselho Provincial, e o Superior Provincial
escolhe os seus dois assistentes entre estes quatro conselheiros, e escolhe ainda
mais dois membros, a seu critério, para o Conselho Provincial.
Outra norma adoptada foi que a representação dos Irmãos deve ser
salvaguardada na eleição dos participantes no Capítulo Provincial ou no
Conselho Alargado.
Linhas de animação e orientações para a acção
O Capítulo conclui com as linhas de animação e as orientações para a acção.
Como linhas de animação, destacamos:
- as experiências significativas são fonte de inspiração para a vida da Província;
662
Adélio TORRES NEIVA
- a diversidade de situações revela uma imagem da missão, consonante com os
nossos tempos;
- a especificidade da nossa vocação espiritana é um imperativo que nos
identifica no campo da missão: isso implica um redimensionamento progressivo
das nossas obras;
- a comunidade e a comunhão fraterna são uma necessidade incontornável,
sobretudo para uma missão de “presença e de risco”;
- a qualidade da nossa vida espiritana conta, como interpelação vocacional, para
os jovens;
- a necessidade duma espiritualidade incarnada e inserida que nos leva a
assumir na fé os problemas e as dificuldades do povo com quem vivemos e a ser
particularmente sensíveis às questões da Justiça e da Paz;
- a internacionalidade e a interculturalidade são hoje um modelo de missão
particularmente significativo;
- a necessidade de um estilo de vida sóbrio e simples, que nos aproxime cada
vez mais do povo a quem servimos;
- a importância da solidariedade efectiva, traduzida em pequenos gestos com
os confrades que estão em situações mais difíceis;
- a urgência de abrirmos cada vez mais a nossa espiritualidade e o nosso carisma
aos leigos, ajudando-os a participar activamente na nossa missão;
- a necessidade da comunhão de forças e meios e sua necessária coordenação,
para evitar a dispersão e perda de energias;
- a necessidade de uma animação missionária integrada cada vez mais na igreja
local e na pluralidade dos organismos vivos das paróquias;
- a importância de uma certa sensibilização às minorias étnicas existentes no
nosso meio;
- a necessidade de, na Formação, ir abrindo os aspirantes aos problemas dos
mais carenciados, através de iniciativas que se enquadrem nos esquemas da
Formação;
- a necessidade e a importância de animar os confrades idosos e doentes com
uma espiritualidade missionária, adaptada à sua situação;
Orientações para a acção:
- haja alguns confrades da Província em equipas internacionais;
- considere-se o pedido da Prelazia de Tefé e Distrito da Amazónia, no sentido
de assumir de modo estável a formação local dos agentes da pastoral e dos
candidatos ao sacerdócio;
- Recomenda-se a participação da Província numa eventual equipa
internacional para Moçambique;
- a Província dê a ajuda possível à Província de Espanha e ao desenvolvimento
das vocações em Cabo Verde;
- lance-se definitivamente o Voluntariado Missionário em colaboração com as
igrejas de acolhimento;
- o Capítulo confirma a orientação da LIAM no sentido de incluir leigos na
direcção da mesma;
A História de Provincia Portuguesa
663
- defina-se melhor o que é próprio de cada sector da Animação Missionária,
elaborando estatutos para cada um;
- estude-se a possibilidade de criar um Centro de Espiritualidade Espiritana;
- procure-se fazer de cada paróquia a nós confiada um Centro de Animação
Missionária e de promoção Vocacional;
- forme-se uma equipa de pastoral das vocações com um responsável a tempo
inteiro;
- clarifique-se a situação a nível da coordenação dos Jovens Sem Fronteiras;
- estenda-se ao Porto a acção do CEPAC, e procure-se arranjar espaço para as
instalações do mesmo em Lisboa;
- seja nomeado um confrade que acompanhe os problemas de Justiça e Paz,
animando a Província nessa vertente;
- continuar com o redimensionamento do pessoal e das obras;
- haja um confrade particularmente disponível para acompanhar os missionários
doentes que chegam do exterior;
- procure-se ajudar cada confrade doente ou idoso a ter uma ocupação
condizente com a sua situação;
- mediante uma Comissão “ad hoc”, estude-se o problema dos seminários
menores, procurando-lhes alternativas;
- procure-se motivar e estimular os confrades para a Formação Permanente.
No final, foi enviada uma carta, assinada por todos os participantes do
Capítulo e dirigida ao Presidente da República de Portugal, Primeiro Ministro,
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Presidente da República de Angola,
Presidente da UNITA, Secretário geral das Nações Unidas, Presidente da
Rússia, Presidente dos Estados Unidos e Presidente do Parlamento Europeu, em
que se pedia a paz para Angola.
665
Capítulo 73
O Provincialato do P. Eduardo Francisco
de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
O
P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira foi eleito Superior
Provincial no VI Capítulo Provincial. Realizado de 17 a 29 de Julho de
1994, eleição que o Conselho Geral confirmou para um mandato de
três anos, com efeitos a partir do dia 26/07/1994468.
O Conselho Provincial ficou assim constituído:
1º Assistente (Director da Animação Missionária) – P.
Manuel Marinho de Lemos Couto; 2º Assistente
(Director da Formação) – P. José Lopes de Sousa;
Conselheiros – PP. José Martins da Costa, António
Ribeiro Laranjeira, Carlos Salgado Ribeiro, António
Luís Farias Antunes; Ecónomo Provincial – P.
Marcelino Duarte Lopes; Secretário Provincial – P.
Veríssimo Manuel Teles.
P. Eduardo Miranda Ferreira
No começo do ano lectivo de 1994-1995, frequentavam os nossos seminários:
Godim – 14 alunos no 7º ano; Fraião – 25 alunos: 15 no 8º ano e 10 no 9º ano;
Silva – 36 alunos: 15 no 10º ano, 13 no 11º e 8 no 12º; no Porto (I Ciclo de
Teologia) – 9 alunos: 3 no 1º ano e 6 no 2º; no Noviciado (na Silva) – 3 noviços;
no Restelo (II Ciclo de Teologia) – 1 aluno no 4º ano, 3 no 3º e um no 11º do
Curso Complementar. No 2º ano de Pastoral do Instituto Católico de Paris
(Clamart) havia um aluno da Província.
Como Superior Principal do Brasil Sudeste foi reeleito o P. Francisco
Fernandes Correia; e para Procurador Geral junto da Santa Sé foi nomeado o P.
Domingos da Cruz Neiva.
Na Procuradoria foram reconduzidos o P. Casimiro Pinto de Oliveira e o Ir.
Julião Silva Gonçalves.
O Conselho Económico ficou constituído com os PP. Marcelino Duarte
Lopes, Carlos Salgado Ribeiro, Agostinho Pereira Rodrigues Brígido e Casimiro
Pinto de Oliveira.
A equipa vocacional foi formada com os PP. José Martins da Costa (a tempo
pleno), José Carlos da Conceição Coutinho, José Reis Gaspar, António Manuel
Santos de Sousa Neves, Tarcísio dos Santos Moreira e Ir. António dos Santos Brás.
A Capelania dos Africanos na diocese de Lisboa foi confiada ao P. Veríssimo
439
Actas do conselho Geral D 67/94
666
Adélio TORRES NEIVA
Manuel Teles.
As Comissões Provinciais ficaram assim formadas:
Justiça e Paz: PP. António Luís Farias Antunes, Firmino de Sá Cachada e
António Ribeiro Laranjeira.
Serviço de Solidariedade Espiritana: PP. Casimiro Pinto de Oliveira, Manuel
Marinho Lemos Couto, Carlos Salgado Ribeiro e Mário Faria Silva.
Publicações Espiritanas: PP. Adélio Torres Neiva, Manuel Durães Barbosa,
Ernesto Azevedo Neiva e Joaquim Serafim Coelho.
Plano de Animação para o triénio de 1994-1997
Na sua primeira mensagem como Provincial, o P. Eduardo Miranda,
reflectindo sobre as experiências significativas apontadas no Capítulo e nos
desafios que elas lançam à Província, apresentava um método para lançar e
implementar as linhas de animação e as orientações para a acção, propostas pelo
Capítulo.
O primeiro trabalho que o Conselho Provincial se propôs foi elaborar um
programa que ajudasse a Província a caminhar, nos próximos três anos, à luz dos
dinamismos emergentes do Capítulo.
Efectivamente, o Conselho Provincial reunia-se de 5 a 7 de Setembro de 1994
para elaborar o Plano de Animação para o triénio de 1994-1997. Para cada tema
ou assunto se definiram os objectivos, estudaram os desafios, propuseram linhas
de acção e programaram acções concretas e efectivas.
No Relatório para o Conselho Provincial Alargado de 1997, o P. Eduardo
Miranda avalia os resultados da animação da Província segundo as propostas do
Plano de 1994.
Missão ad Extra
Os objectivos deste item haviam sido definidos como “necessidade de nos
situarmos mais na linha da nossa vocação tipicamente espiritana e de nos
abrirmos cada vez mais ao novo estilo de missão, proposto pela Regra de Vida
Espiritana: missão-sinal, marcada pela internacionalidade, pelo diálogo intercultural e inter-religioso, pelo acolhimento aos migrantes, pelo empenhamento
dos leigos, pelos compromissos Justiça e Paz, etc.” (VI Cap. Prov. 670).
Três anos passados, diz-nos o Relatório do P. Provincial:
- Realizou-se o Encontro, no Verão de 1994, com os Superiores das
Circunscrições onde há um número razoável de confrades portugueses: Angola,
Cabo Verde, Brasil/SE. Partilharam-se projectos e preocupações e concertaramse critérios a ter em conta nas mudanças de pessoal.
- A Reciclagem Provincial do Natal de 1995 andou à volta do tema “A Nova
Evangelização e o desafio das culturas”.
- O “Encontro de Missionários em férias” tem-se realizado cada ano, ocupando
um dia, em inícios de Setembro. A primeira parte do Encontro tem servido para,
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
667
com a presença de um perito, compreender a actual situação de Portugal nas suas
várias vertentes: política, social, económica e eclesial. A segunda parte é de
informação: da Missão para a Província e da Província para a Missão. Uma
tentativa de encontro de familiares dos confrades ‘ad extra’ e ‘ad intra’, no Verão
de 1996, fracassou em absoluto.
- Foi possível um diálogo, “in loco”, com o Bispo e Superior do Distrito da
Amazónia, para garantir que a nossa colaboração em pessoal tenha como
objectivo primeiro o apoio à formação de agentes de pastoral e de despertar o
acompanhamento das vocações para o clero local.
- Viabilizou-se a participação de dois confrades no projecto de Moçambique.
A Província acolheu e apoiou o primeiro encontro dos confrades integrantes do
projecto.
- Foi dada resposta positiva ao apelo do México para enviar um confrade como
coordenador da Formação, naquele Grupo espiritano internacional.
- Partiu um confrade para os Estados Unidos, para revitalizar a animação
pastoral de uma paróquia de cabo-verdianos, por nós iniciada há mais de 20 anos.
O processo de envio, inclusive o contacto com bispo diocesano, foi via
Provincial-USA/E.
- Foi concretizado o envio de Leigos: partida para S. Tomé de um Associado
Leigo e duas Leigas missionárias para Angola (Lubango).
- Abriram-se campanhas especiais na Animação Missionária (algumas
permanentes: “Leite para crianças de Angola” e ”Solidariedade Missionária”) e
para apelos do Conselho Geral: “Refugiados do Ruanda”, “Abertura a
Moçambique”.
- Partilhou-se 10% do montante da venda de dois imóveis, com o Cor Unum
e/ou grupos espiritanos novos e pedidos especiais (postulantado no Malawi,
Sumbe...).
- O apoio a missionários é um item do Orçamento da Província: custos de
casos especiais de saúde, pagamento de todas as viagens de quem parte em
primeira afectação ou para situações missionárias carenciadas, apoios a casos
particulares para subsistência na missão e pagamento de encargos sociais dos
mesmos.
- O Provincial fez Visitas a quase todas as Circunscrições onde trabalham
confrades portugueses: Amazónia, Distrito Brasil/SE, Paraguay, Angola, África
do Sul (hostels project), Guiné-Bissau e Cabo Verde.
- A solidariedade efectiva da Província (e afectivamente, manifesta em gestos,
tais como o envio da “consoada do Natal”) passa ainda por dois serviços
essenciais no apoio à Missão “ad extra”: Procuradoria e SES (Serviço Espiritano
de Solidariedade). Eis alguns dados relativos ao período de 1 de Janeiro de 1994
a 30 de Junho de 1997:
01 - Assistência: Chegada e partida de Missionários, Documentação, Vistos,
Assistências: 1342.
02 - Assistência a Missionários doentes, Tratamentos, Hospitais, etc.
03 - Contabilidade e Gestão de valores.
668
Adélio TORRES NEIVA
04 - Correspondência: muito numerosa.
05 - Compra e envio de mercadorias:
- Em contentores: 45.174 volumes
3.473,51 m3
1.073.738 Kg.
- Carga aérea: 278 volumes
15.379 Kg.
0& - Serviço de Solidariedade Espiritana:
- Em contentores: 18.127 volumes
1.133,55 m3
351.984 Kg.
- Principais artigos de Solidariedade enviados:
- Roupas e tecidos:
180.417 Kg.
- Comidas diversas:
131.092 Kg.
- Sabão em caixas:
15.740 Kg
- Material escolar diverso:
6.380 Kg
- Calçado:
5.410 Kg
- Remédios, artigos de enfermagem:
2.345 Kg
- Despesas efectuadas: compras, envios, ofertas, etc: 68.690.864$00
Dimensão ‘ad Gentes’ na Formação:
- Em 1995, um escolástico partiu para Estágio missionário na África do sul
(Hostels project). É critério fundamental para o envio ter acompanhador que
seja conhecido e mereça a confiança da direcção da Província.
- Alguns confrades têm aceitado, por determinado período de tempo, ir
substituir alguém em missão, que precise de vir descansar ou tratar-se. Há
porém, convites vários que não têm sido satisfeitos, por falta de disponibilidade
interior dos convidados.
- A vivência da nossa Missão ‘Ad Gentes’ passa ainda por outras solidariedades
a que a Província quer responder positivamente. Foi dentro de um espírito de
solidariedade entre Circunscrições que acolhemos, no Noviciado, um jovem da
Província de Espanha em 1996-1997. De igual modo, a nossa solidariedade feznos responder afirmativamente à solicitação da Província de Angola para, no
futuro, acolhermos alguns jovens Professos para o II Ciclo de Teologia. A
mesma Província de Angola, correspondeu ao desiderato do Capítulo de 1994 e,
em princípio, em 1997-98, um confrade espiritano, já com alguma experiência de
ministério sacerdotal, virá colaborar com o CEPAC e a Capelania dos Africanos,
oferecendo a Província, ao fim do 1º ano, a tempo pleno neste empenho pastoral,
a possibilidade de uma especialização em área a determinar pela Província de
origem.
- Região Espiritana da Europa. É uma realidade a construir dando assim
resposta ao movimento de regionalização na Congregação. A colaboração entre
as várias Províncias da Europa joga-se sobretudo através dos encontros anuais
dos diferentes sectores de trabalho. Em Portugal, nestes últimos três anos,
ocorreram já os encontros dos Mass-Media, da Pastoral Vocacional, dos
Ecónomos e Procuradores e o encontro dos Jovens Espiritanos na Páscoa de
1997. A nossa última colaboração com a Região Europa acaba de acontecer com
a afectação de um nosso confrade à nova comunidade sediada em Bruxelas para
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
669
se encarregar do encaminhamento dos projectos vindos dos nossos confrades do
Sul junto de instâncias da U. E. e outras Organizações. Esta comunidade
depende da região Europa e integra ainda um confrade como secretário
permanente da Região, ao mesmo tempo que estará aberta para receber confrades
reciclandos em Bruxelas.
- Os pedidos de outras Circunscrições para enviarmos pessoal não cessam.
Porto Rico pede um Formador. Tefé pede um Procurador para Manaus. Estados
Unidos/E enviou até nós um confrade para motivar o envolvimento de mais
espiritanos na Universidade de Duquesne quer como estudantes, quer como
docentes ou ainda como colaboradores na pastoral universitária.
Vida Comunitária
Era objectivo deste tema «propormo-nos a fazer da comunidade em que
vivemos lugar e sujeito da missão ‘procurando que sejamos cada vez mais, um só
coração e uma só alma’», o que lançava como desafio a necessidade de crescer na
comunhão, na unidade e na corresponsabilidade, conscientes que estamos de que
a qualidade da nossa vida espiritana conta como interpelação vocacional para os
jovens.
Para alcançar este objectivo de revitalizar a vida de comunidade e o nosso
dinamismo espiritual usaram-se os seguintes meios:
- Organizou-se cada Ano Provincial à volta de um lema aglutinador: 1994-95:
”Plano de animação da Província”; 1995-96: “Encontrar novo dinamismo
espiritual”; 1996-97. “Reavivar e partilhar o nosso carisma para crescer em
dinamismo espiritual e apostólico”. As “editoriais” de «Missionários Espiritanos»:
”Nosso Índice de Felicidade”; “Encontrar”; “Natal-Dinamismo de Inserção”;
“Mobilidade: Consagração e Missão”; “Encontrar Novo Dinamismo Espiritual”;
”Libermann, Inspirador de Renovação”; “Um Novo Dinamismo Missionário”;
”Criar hábitos no Coração”; ”Reavivar e Partilhar o Carisma para crescer em
Dinamismo Espiritual e Apostólico”; “Fiéis à Nossa Vocação”; “Ler
Espiritualmente... “; “O Coração do Apostolado”.
- As Visitas do Provincial às situações missionárias onde vivem os confrades da
Província e a Visita Provincial a cada comunidade (o Provincial tem um encontro
com cada um dos confrades).
- Todas as comunidades (excepto as paroquiais) elaboraram o Projecto
Comunitário para o triénio 1994 -1997. Cada ano esse projecto foi avaliado e
actualizado. Foi, sem dúvida, um marco referencial importante no
revigoramento do espírito comunitário.
- Reunião conjunta de Superiores e Ecónomos no início de cada ano pastoral.
Tem-se realizado na convicção de que a animação e a qualidade de vida das
comunidades passa pelo bom funcionamento e diálogo entre os dois confrades
que asseguram estes serviços.
- Necessidade e importância de animar os confrades doentes e idosos, com uma
espiritualidade missionária adaptada à sua idade, foi um dos objectivos pouco
670
Adélio TORRES NEIVA
alcançados. O Conselho Provincial, por várias vezes, abordou o assunto e
sempre ficou a sensação de uma certa incapacidade por fazer algo.
- Três Novenas fazem parte da vida espiritual das comunidades: Imaculada
Conceição, Venerável Padre e Pentecostes, com vigília. Têm-se realizado e,
nalguns casos, já com abertura ao exterior, conforme se tem insistido.
- Alguns Símbolos Espiritanos foram reeditados e outros feitos de novo. A
nível de ambientação missionária e espiritana das casas, tem havido
recomendação e algumas comunidades têm sido felizes na sua criatividade.
- Quanto à inserção na Igreja local, há muito caminho a percorrer, mas já
temos a registar casos em que alguns confrades participam de estruturas
diocesanas e acompanham o movimento pastoral da Diocese.
Formação Espiritana
Formação Inicial – É objectivo, da formação espiritana incutir nos jovens uma
entrega total a Cristo, segundo o espírito dos fundadores, de acordo com as
exigências da Missão-hoje. Para isso se elaborou o “Directório da Formação
Espiritana” que foi entregue a cada confrade em Fevereiro de 1977.
Entre os marcos da Missão-hoje, encontram-se a internacionalidade e a
interculturalidade, o que tem implicado grande investimento na aprendizagem de
línguas e no estágio missionário que todos os jovens desejam fazer, embora não
seja obrigatório. Para uma formação aberta aos problemas dos mais necessitados
e à dimensão de Justiça e Paz, procurou-se, sobretudo para os alunos do II Ciclo
de Teologia, uma inserção pastoral em lugares criteriosamente escolhidos e
tomou-se, praticamente como obrigatória, a participação na Semana Missionária
Nacional e no Curso de Missiologia organizados pelos IMAG (Institutos
Missionários Ad Gentes ).
2. Formação Permanente – Este assunto tem sido amplamente abordado e foi
incluído no Projecto Comunitário de todas as comunidades.
As Reciclagens Provinciais do Natal, durante dois dias, tiveram como temática:
1994 – “Relações humanas”; 1995 – “A Nova Evangelização e o desafio das
culturas”: 1996 – “Biodinâmica (qualidade de vida racional)”.
Alguns confrades participaram nas “Semanas Espiritanas” promovidas a nível da Região
Europa e 10 puderam beneficiar de um período mais ou menos longo de reciclagem.
Animação Missionária
No plano da Animação Missionária aparece como objectivo principal a
“sensibilização das comunidades cristãs para a missão universal da Igreja; a
promoção do protagonismo que é devido aos leigos; e a comunhão entre os
diversos sectores da Animação Missionária”.
- A urgência de abrirmos cada vez mais a nossa espiritualidade e o nosso
carisma aos leigos pedida pelo Capítulo (DCP 670,10), foi seriamente
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
671
implementada sobretudo através do caderno de apoio à formação dos grupos e
ao tempo proporcionalmente longo que se deu à apresentação da figura dos
nossos Fundadores e da nossa espiritualidade em momentos de retiro ou de
encontros anuais de responsáveis de núcleos da LIAM, coordenadores dos vários
movimentos da Animação Missionária, etc.
- O empenho em dar mais protagonismo aos leigos é manifesto no esforço para
organizar a LIAM, JSF e MOMIP em termos nacionais (nalguns casos)
diocesanos e regionais (leia-se arciprestais).
- O desiderato de ”realizar uma reunião conjunta das direcções e assistentes
dos diversos sectores de Animação Missionária, em ordem a uma melhor
comunhão de objectivos e programas” foi felizmente conseguido através de um
encontro do que já se chamou CAME (Coordenadores da Animação Missionária
Espiritana) que ocorreu em Fátima de 22 a 24 de Novembro de 1996, com
delegados da LIAM, JSF, ASES e VOLUNTARIADO MISSIONÁRIO.
A movimentação das pessoas e comunidades cristãs para os gestos de solidariedade
efectiva está bem visível nos números que cada mês lemos na “Acção Missionária”
particularmente nos items: ”Leite para crianças de Angola”; ”Solidariedade
Missionária”; ”Refugiados do Ruanda”, ”Solidariedade com Moçambique”.
O Directório da Animação Missionária Espiritana poderá ser o ponto de
partida para que todos os grupos, movimentos e animadores sintonizem com a
mesma onda do que é a Missão hoje e, consequentemente, das várias vertentes e
especificidades da Animação Missionária.
- Tentando olhar para o nosso trabalho em termos de números podemos
informar o seguinte: grupos de LIAM: 300; grupos JSF: 30; Tiragem de Acção
Missionária: 24.700; Encontro: 8.700; Calendário: 140.000; Almanaque:
130.000; Agenda: 66.000.
.
- A colaboração com os IMAG tem sido uma preocupação dentro do sector
da Animação Missionária, embora por vezes se sinta que outros Institutos mais
nos exigem por sermos o Instituto Missionário mais numeroso, com mais longa
história e com experiência adquirida em certas áreas. Integrámos a “MissãoPress”; colaboramos na organização da Semana Missionária Nacional;
participamos, com alunos e docentes no Curso de Missiologia; integramos o
Conselho executivo do Ano Missionário, em 1998, proclamado pelos IMAG
como “Ano do Espírito, Ano da Missão”.
- O Voluntariado Missionário tem conhecido um desenvolvimento acentuado
e sempre em ligação com os IMAG. Foi iniciativa dos Espiritanos a convocação
de uma reunião especial para pôr em marcha um esquema comum de formação,
de que a Fundação Evangelização e Culturas é o secretariado executivo, ficando
o acolhimento e o envio dos leigos a cargo de cada Instituto. O envio em
Setembro de 1996 de duas Voluntárias para Angola e a de perspectiva de outras
partidas a curto prazo significa que o Voluntariado Missionário está mesmo
lançado como pediu o último Capítulo. Há, é certo, questões em aberto.
- Em Setembro de 1996 partiu para S. Tomé um Associado Leigo espiritano
que, após cerca de dois anos de experiência em Comunidade espiritana, fez um
672
Adélio TORRES NEIVA
contrato com a Congregação pelo período de três anos.
O nosso trabalho de Animação Missionária da Igreja Portuguesa, com pessoas
e estruturas, tem a sua expressão mais visível e tradicional na LIAM que este ano
celebra 60 anos de fundação. Que história bonita de aventura, criatividade, fé,
pioneirismo, generosidade e solidariedade, construída pelos Missionários do
Espírito Santo, de mãos dadas com leigos amigos ou que ficaram no anonimato.
A Peregrinação Missionária da Família Espiritana a Fátima que, desde há
longos anos, se realiza no primeiro fim de semana de Julho, é um momento
celebrativo forte com suas vertentes de oração de louvor e prece pelo nosso labor
missionário, mas também pela dimensão festiva e convivencial que proporciona.
Foi feito um real esforço para motivar à participação de mais confrades,
sobretudo mais velhos mas, temos que o dizer, sem resultados palpáveis. A
ausência de Paróquias espiritanas é igualmente notória.
Vocações
Quando falamos em vocações, a nossa esperança recebe coragem e
fundamenta-se na certeza de que em toda a vocação existe um primado absoluto
e eficaz de Deus que age também em tempos difíceis e continua sendo o Senhor
da vida e da história. Este horizonte é fundamental na nossa abordagem da
problemática vocacional porque, de outro modo, estamos a pensar, organizar,
trabalhar e reagir como se o sucesso dependesse, em absoluto, desta ou daquela
estratégia, deste ou daquele esquema. A chave para o apaziguamento de
crispações, angústias, diversidade de pensamento, etc., pode ser esta: porque a
vocação é Dom e Mistério acreditamos que só o amor criativo do Espírito pode
agir e suscitar respostas surpreendentes.
- Primeiro no Conselho Provincial e depois no Conselho de Formação,
reflectiu-se sobre uma alternativa adequada para o modelo de Seminário Menor.
Daí surgiu um Documento enviado a cada confrade. Em vários momentos,
particularmente nas Visitas Provinciais, o assunto foi abordado. Nas
Assembleias Provinciais Regionais de Abril e Maio de 1996, houve um tempo
dado ao debate sobre a questão. Foi notório um amplo consenso, tendo em conta
que mais de uma centena de confrades participaram nas Assembleias.
O Conselho Provincial, face a todos os dados recolhidos neste processo de
reflexão, tomou algumas decisões na sua reunião de 6 - 8 de Maio de 1996:
1 - Incentivar o trabalho com adolescentes, através de um acompanhamento
personalizado na família, convencidos que estamos que é a adolescência a melhor
fase para o despertar vocacional.
2 - Pôr de pé a estrutura do Pré-seminário ou Seminário Missionário em
família. Dois confrades, a tempo pleno integram o Secretariado das Vocações,
desde 1995-96; e três, desde 1996-97.
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
673
3 - Empenhar todos os confrades, animadores missionários e paróquias
confiadas a espiritanos, no trabalho do despertar vocacional. Pedir-se-á, no início
do Ano Pastoral, um programa de actividades vocacionais aos Centros de
Animação Missionária e às paróquias confiadas a espiritanos.
4 - O Secretariado das Vocações trabalha em estreita colaboração com a
comissão Provincial das Vocações que integra outros confrades de centros de
animação ou seminários.
- A Pastoral Vocacional iniciou um movimento de adolescentes simpatizantes
da Missão a que chamou “Amigos da Missão” e, em geral, é daí que dão o salto
para o Pré-Seminário.
Justiça e Paz
- Se, por um lado, os confrades manifestam simpatia por todas as iniciativas que
têm que ver com os pobres, por outro nota-se um “desvio psicológico” com essa
gente, motivado, quem sabe, talvez pela incapacidade sentida de não saber lidar
com a sua situação existencial. Daí a impossibilidade de ter um confrade, em
cada comunidade, atento a esta dimensão da nossa vocação missionária.
- O envolvimento de Jovens Professos e Confrades na Pedreira dos Húngaros
é uma das expressões visíveis do empenhamento na Justiça e na Paz. Igualmente
o trabalho pastoral na prisão de Tires. Confrades houve que na polémica questão
do deslocamento dos ciganos, se valeram da pena, para chegar a responsáveis
civis, políticos e eclesiásticos, uma crítica a comportamentos xenófobos e
racistas. Alguns artigos na nossa imprensa têm tido impacto junto de certo
público. O mesmo se diga sobre os testemunhos publicados relatando o
empenho dos nossos missionários em situações, política, económica e
socialmente gritantes. A publicação de livros tais como, “P. Joaquim Alves
Correia - Evangelho e Democracia” e “Missão em Angola”, são formas de fazer
passar a mensagem de que Justiça e Paz são parte constitutiva da Evangelização.
O mesmo se diga de artigos de opinião em Meios de Comunicação de impacto
mais abrangente.
- Em 1995, um confrade foi nomeado para, em acumulação com a Capelania
dos Africanos, assumir a direcção do CEPAC (Centro Padre Alves Correia),
libertado assim a tempo pleno para os dois trabalhos. Além do espaço na casa de
Lisboa, ao confrade a trabalhar no CEPAC foi dado um carro. A Província
atribuiu no seu orçamento anual um montante necessário para equilibrar o
orçamento do CEPAC.
Bens Materiais
- A solidariedade financeira da Província, via ‘Cor Unum’, tem sido
intensificada. No referente à ajuda directa a outros grupos, Circunscrições ou até
confrades, temos procurado seguir o espírito de Itaicí (nº 35) onde se pede que
a ajuda não seja dada directamente ao confrade mas ao grupo ou comunidade a
674
Adélio TORRES NEIVA
que pertence. Mesmo desta ajuda directa começamos a dar conhecimento ao
‘Cor Unum’.
- Na Torre d’Aguilha, não houve grande debate comunitário para as obras.
Vários factores contribuíram para tal: dificuldade de negociação com a Segurança
Social, pressão da mudança do II Ciclo, não desactivação total do acolhimento a
grupos.
- Não é sensato nem seguro basear o nosso financiamento sobre o rendimento
de capital. Se é verdade que vendemos Benfica e uma casa-legado em Penafiel,
trabalhámos e conseguimos, pelo arrendamento “ad tempus” de três imóveis:
Boavista, Restelo e Torre d’Aguilha. Na busca da melhor gestão dos bens, temos
contado com a ajuda de leigos, em casos pontuais, mas não temos aquilo que
poderíamos chamar consultores financeiros.
- A necessidade de mais rigor, precisão e realismo fez-nos começar a integrar
todo o montante da solidariedade missionária na contabilidade da Província.
Redimensionamento
O conceito de Redimensionamento começou a ser usado na Província, aquando
do CPA de 1991. Tem a ver com a gestão da esperança no futuro e o realismo da
nossa situação (número e idade etária dos confrades, fidelidade ao essencial da
nossa Missão, grandeza dos edifícios, recursos financeiros para a Missão ...).
- Está terminado o Redimensionamento do Fraião: Comunidade, Doentes;
Seminário Menor; Centro de Animação Missionária, Pastoral Vocacional,
Voluntariado; Casa de acolhimento a grupos.
A Silva integra Noviciado e Seminário Menor.
Viana é Comunidade de 3ª idade e Centro de Animação Missionária.
A Comunidade de Pinheiro Manso responde por três sectores: Formação,
Pastoral Vocacional, Centro de Animação Missionária.
A Torre d’Aguilha é um vasto mundo: Comunidade de 3ª idade, II ciclo de
Teologia, Casa de acolhimento a grupos, dois arrendamentos: lar de 3ª idade à
Segurança Social e Rádio Marginal.
A Associação S. Tiago do Fraião apresentou-nos um projecto para usar a casa
do Espadanido como espaço de solidariedade: lar de 3 ª idade, ocupação de
tempos livres, etc.
Em Godim, começaram os contactos com a recém-criada Associação
Olimpicus, para usar a parte antes reservada aos alunos, para a instalação de um
lar para jovens em situação de risco, na região da Régua.
A urbanização da Quinta do Fraião está sendo sábia e prudentemente
encaminhada.
- Paróquias. A carência de pessoal e as circunstâncias especiais em que algumas
paróquias ficaram com o estatuto de paróquias espiritanas, obrigou-nos a fazer
algumas opções. Em Godim, fez-se um contrato com a Diocese de Vila Real pelo
período de seis anos, a iniciar em 1995-1996.
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
675
As cinco paróquias de Vila Nova de Cerveira, em Setembro de 1995 deixaram
de ser espiritanas com a retirada de um confrade por motivos de saúde. O outro
confrade, manifestando-se indisponível para a mudança ficou, a título individual,
com o encargo de duas paróquias.
Na Diocese do Algarve, voltamos a ter uma só comunidade em S. Brás de
Alportel, ainda que com encargo de Santa Catarina. Olhão foi entregue.
S. Domingos de Rana é paróquia espiritana. Tires não; é assistida temporariamente, pelo pároco de S. Domingos, com a colaboração da Torre d’Aguilha.
Foi iniciado o diálogo com o Patriarcado de Lisboa para reflectir sobre a nossa
presença pastoral na região.
- Aniversários 2002 e 2003. Celebram-se os 300 anos da Fundação da
Congregação; os 200 anos do nascimento de Libermann e os 150 anos da sua
morte. Unimo-nos ao movimento da Congregação para, desde já, preparar tais
datas jubilares. Um confrade da Província integra o GIHC (Grupo Internacional
de História da Congregação). A Província avançou com algumas iniciativas,
algumas das quais estão já em andamento.
O Arquivo Provincial começou a ser organizado. Decidiu-se o espaço,
adquiriu-se o mobiliário, já se arquivaram alguns livros e documentos.
Ano de 1994
O Provincial aproveitou a realização do Capítulo do Distrito da Amazónia (20
a 28 de Outubro de 1994) para visitar os confrades desse distrito; foi moderador
nesse Capítulo, agora marcado pela internacionalidade: 15 confrades de 7
Províncias. Visitou também os confrades do Brasil Sudeste e do Paraguay.
No dia 20 de Novembro, foi prestada homenagem ao P. José Maria Pereira, na
sua terra natal, Paço de Rio Frio, diocese de Bragança, altura em que se
perfaziam 12 anos após a sua morte no Brasil. Foi descerrada uma lápide no adro
da Igreja, pelo Bispo de Bragança, D. António Rafael.
Merece também relevo o Encontro de Superiores Maiores Lusófonos, que se
realizou no Pinheiro Manso, no verão de 1994 e com a participação dos
Superiores Maiores de Angola, Brasil/SE e Cabo Verde. Trataram-se assuntos
relacionados com a permuta de pessoal e de actividades propostas pelo Capítulo
Provincial de 1994.
De 21 a 27 de Novembro de 1994, realizou-se também a Assembleia dos
Provinciais da Europa, em Bydgoszcs, na Polónia, dando continuidade a um
estilo de encontros que se repete todos os anos.
Do mesmo modo, tiveram lugar a nível europeu as Reuniões de Ecónomos e
Procuradores na Irlanda (com a presença dos PP. Marcelino Duarte Lopes e
Casimiro Pinto de Oliveira), dos Formadores, na Suíça, (com o P. José Lopes de
Sousa), dos Responsáveis de Justiça e Paz (com o P. António Luís Farias
Antunes), dos Jovens e Vocações (com o P. José Martins da Costa) e da
Comissão História (com o P. Adélio de Almeida Torres Neiva).
676
Adélio TORRES NEIVA
Ano de 1995
De 15 a 21 de Março de 1995, esteve entre nós o Superior Geral, P. Pierre
Schouver, que visitou todas as comunidades.
De 7 a 20 de Maio de 1995, teve lugar em Cap des Biches, a 20 kms de Dakar,
o Conselho Geral Ampliado. O Tema geral de reflexão foi “Caminhar sob a
inspiração do Espírito Santo”. Fez-se uma reflexão sobre a aplicação das
orientações de Itaicí. As necessidades da formação inicial e permanente, bem
como a organização, a solidariedade, os meios de comunicação, a animação da
Congregação foram ainda temas da reflexão do Conselho. Como moderador
esteve o P. Manuel Durães Barbosa. Os dois temas mais aprofundados foram a
“Organização da Congregação” e a “Formação Contínua”. Esteve presente
como delegado da Província, o Provincial, P. Eduardo Miranda.
O P. Veríssimo Manuel Teles foi nomeado Director do CEPAC – Centro
Padre Alves Correia, em 1995, substituindo o P. António Ribeiro Laranjeira.
Neste ano foram nomeados como superiores: Silva – P. Mário Faria Silva;
Godim – P. Manuel João Magalhães Fernandes; Coimbra – P. José Coelho
Amorim. Como Ecónomos: Estrela – P. Agostinho Pereira Rodrigues Brígido;
Aguilha – P. Manuel dos Santos Neves; Godim – Irmão António dos Santos
Brás; Viana do Castelo – P. Alberto da Fonseca Lopes. Como Administrador da
LIAM – P. Agostinho Pereira Rodrigues Brígido. Como Pároco de Godim – P.
Ricardo dos Santos Meira.
O P. António Luís Farias Antunes foi nomeado Conselheiro Provincial em
substituição do P. António Ribeiro Laranjeira.
Como assistente dos ASES, foi nomeado o P. Jorge Veríssimo.
Em 1995 a Casa da Boavista foi alugada ao Instituto Alemão.
Na Estrela foi inaugurada a Capela renovada pelo arquitecto Líbano Monteiro.
Também a Casa do Fraião, remodelada, além da comunidade espiritana e da
Formação, ficou a integrar o Centro de Animação Missionária, a funcionar no
pavilhão central. O segundo piso do Pavilhão Central foi redimensionado para
acolhimento a confrades dependentes.
Igualmente se decidiu encerrar o Espadanido em 1995-96, ficando o imóvel a
cargo da comunidade do Fraião.
Também em Janeiro de 1995 foi lançado à Província um Questionário sobre a
rotatividade, cujo resultado foi reflectido a nível provincial.
Em 1995, o Provincial visitou Angola (15 de Janeiro a 15 de Fevereiro) tendo
participado no 3° Capítulo daquela Província. Visitou igualmente a África do Sul
(16 a 24 de Fevereiro) e a Guiné-Bissau (23 a 28 de Maio).
Por decisão do Conselho Geral, foi decidido fundar um grupo internacional
nas dioceses de Chimoio e Nacala, em Moçambique; Portugal integrará esse
grupo.
Em Fátima, realizou-se a reunião dos Superiores de Comunidade e Ecónomos.
A Região Espiritana da Europa teve as seguintes reuniões: Educadores, na
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
677
Irlanda (28 de Maio a 1 de Junho); Comissão dos Meios de comunicação Social,
na Aguilha, (28 de Maio a 1 de Julho); Ecónomos e Procuradores, na Alemanha
(17 a 19 de Abril); Assembleia dos Provinciais, em Dublin (20-25 de
Novembro); Responsáveis da Pastoral Vocacional, na Alemanha (3 a 7 de
Novembro); e Comissão dos Formadores, em Roma (2 a 8 de Novembro).
A 8 de Setembro fez um contrato com a Congregação o primeiro Associado
Leigo, que partiu para S. Tomé, o Sr. Cruz Flores; no dia 15 de Setembro, duas
Leigas, uma Engenheira Civil e uma Professora de Geografia, Celeste Reis e
Laura Casimiro, após um tempo de preparação, fizeram um compromisso com a
Província e partiram para Angola, pelo período de um ano, a fim de trabalhar
numa escola da diocese do Lubango.
Na reciclagem do Natal, reflectiu-se sobre “A Nova Evangelização e o mundo
moderno” .
Ano de 1996
O tema escolhido para o novo ano provincial foi: “Reavivar e partilhar o nosso
carisma para crescer em dinamismo espiritual e apostólico”.
Em Junho, o P. Manuel da Silva Martins assumiu o cargo de Secretário
Provincial, que vinha sendo exercido pelo P. Veríssimo Manuel Teles.
Durante este ano, em Novembro, o Provincial visitou Cabo Verde, orientando
o retiro dos confrades.
A nível da Região Europa, a reunião dos Ecónomos e Procuradores, foi no
Fraião (20 a 25 de Abril); a de Justiça e Paz (17 a 22 de Outubro), na Polónia; a
dos Formadores (7 a 13 de Novembro), na Polónia; a dos Animadores
Vocacionais (8 a 12 de Novembro), no Fraião; a Assembleia dos Provinciais, na
Inglaterra (24 a 30 de Novembro).
Os Jovens em formação inicial tiveram também o seu encontro em Viana do
Castelo.
A reciclagem do Natal teve como tema a “Biodinâmica”. Organizaram-se
também encontros de “Relações humanas” à base da dinâmica da “Nova
Humanitas”.
Em resposta ao pedido do Capítulo Provincial, foi nomeada uma comissão “ad
hoc”, formada pelos PP. José Martins da Costa, António Farias Antunes,
Manuel Durães Barbosa, Manuel Martins Ferreira e Agostinho Tavares
Medeiros, para estudar o problema dos Seminários menores. Esse estudo foi
apresentado ao Conselho Provincial, do qual recolheu as seguintes orientações:
- Incentivar o trabalho com adolescentes através de um acompanhamento
personalizado na família, convencidos que estamos que a adolescência é a melhor
fase etária para o despertar vocacional.
- Pôr de pé a estrutura do pré-seminário ou Seminário Missionário em Família.
Três confrades, a tempo inteiro, integram a equipa vocacional ou secretariado das
vocações: P. José Martins da Costa, P. José Carlos Coutinho e P. Manuel João
Magalhães Fernandes.
678
Adélio TORRES NEIVA
- Empenhar todos os confrades, animadores vocacionais e paróquias confiadas
a espiritanos, no trabalho do despertar das vocações. Pedir-se-á no início do ano
pastoral, um programa de actividades vocacionais aos centros de animação
missionária e às paróquias confiadas aos Espiritanos.
- O Secretariado das Vocações trabalhará em estreita colaboração com a
Comissão Provincial das Vocações, que, além dos três confrades referidos,
integra ainda os PP. António Farias Antunes, Tarcísio Santos Moreira, António
Marques de Sousa e um confrade de Viana do Castelo.
- Continuar-se-á com a Comunidade de Godim, embora não admitindo alunos para
o 7°ano. Os adolescentes que já venham do Seminário em Família e que queiram
entrar para o 7° ano, serão encaminhados para o Fraião. A casa de Godim fica aberta
a actividades de carácter vocacional e disponível para acolher grupos da diocese.
De salientar ainda neste ano o lançamento de três publicações: O “P. Joaquim
Alves Correia”, do P. Francisco Lopes, na Universidade Católica; a “Missão em
Angola” do P. Tony Neves, também na Universidade Católica; e a “Hora de
Esperança”, a biografia do P. José Felício, pelo P. Jorge Veríssimo.
O ano de 1996 conheceu também a concretização do novo projecto
missionário de Moçambique, que foi assumido pelo Conselho Geral a 15 de
Junho. Da nova equipa fazem parte dois portugueses: os PP. Domingos Matos
Vitorino e Pedro Gouveia Fernandes.
Em 1996 fecharam-se duas casas: Restelo e Benfica. A opção feita foi
desfazermo-nos dos edifícios pequenos, recuperar os mais históricos e neles
incluir várias finalidades, com o estatuto de autonomia para as diferentes obras
de Formação, Animação Missionária e acolhimento aos grupos, Terceira Idade,
etc. Desde Setembro que o II Ciclo de Teologia funciona na Torre d’Aguilha,
alugando-se a casa do Restelo. A casa de Benfica foi posta à venda.
Ano de 1997
Neste ano houve as seguintes nomeações:
Comissão Justiça e Paz: José Reis Gaspar (Director), António Farias Antunes,
Veríssimo Teles e Tony Neves.
O P. Firmino Cachada foi nomeado para Bruxelas, para o Secretariado da
Região Espiritana da Europa, concretamente para o CSE/CD (Centre Spiritain
Européen/Coopération et Dévelopement).
O Serviço Espiritano de Solidariedade (SES) ficou confiado à comissão: P.
António Farias Antunes, P. Casimiro Pinto de Oliveira (Procurador) e P.
Agostinho Pereira Rodrigues Brígido (Administrador da LIAM).
Secretariado Executivo do CESM (Centro Espírito Santo e Missão): PP. José
Manuel Sabença e Manuel Durães Barbosa.
Coordenador dos JSF (Jovens Sem Fronteiras): P. Tony Neves.
Director da Revista “Encontro”: P. Adélio Torres Neiva.
Director do Jornal “Acção Missionária”: P. Tony Neves.
Capelão do Hospital da Covilhã: P. António Cardoso Cristóvão.
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
679
Neste ano as nomeações foram as seguintes: Superiores: P. Manuel dos Santos
Neves, Viana do Castelo; P. Manuel Durães Barbosa, Estrela; P. Álvaro da Costa
Campos, S. Brás de Alportel. Ecónomos: P. António dos Santos Moreira, Torre
d’Aguilha; P. António Correia de Andrade, Viana do Castelo; P. Afonso da
Cunha Duarte, S. Brás de Alportel. Director do I Ciclo de Teologia: P. José
Manuel Sabença. Pároco de Tires: P. José Ferreira da Cunha, regressado do
Distrito da Amazónia; Pároco de S. Brás de Alportel: P. Domingos de Matos
Vitorino, regressado de Moçambique. Capelão do Hospital de Sant’Ana, na
Parede: P. Manuel Nunes.
Este ano, em que culmina o 1 ° triénio do P. Eduardo Miranda, foi marcado por três
acontecimentos particularmente importantes: a Visita do Conselho Geral, o Conselho
Provincial Alargado (CPA/97) e a preparação para o Capítulo Geral de 1998.
A visita do Conselho Geral, realizada pelos conselheiros P. Bernardo Bongo e
P. Sérgio Castriani, teve lugar de 7 a 22 de Abril de 1997 e a partir do dia 13
contou com a presença do Superior Geral, P. Pierre Schouver.
Entre outros valores positivos, os Visitadores salientaram a esperança e uma
abertura maior à participação dos confrades que caracteriza a Província; dos
aspectos a melhorar foi lembrada a necessidade de um relacionamento pessoal de
mais qualidade, bem como uma maior atenção à inserção na Igreja local.No seu
relatório final, os visitadores dizem que “se sente na Província um optimismo
realista”, em que “o passado e as tradições são fundamento de um presente no qual
se procura responder aos desafios da missão nos dias de hoje, com muita confiança
no futuro”. “A Província sempre teve no passado uma austeridade inteligente, de
sobriedade espiritana no modo de viver individual e colectivo. Embora os tempos
e a sociedade em que vivemos sejam outros, não devem aquelas dimensões
deixarem de nos preocupar, para bem da Província”. “Podemos dizer que a
Província acredita no seu futuro comprometendo-se na formação de novos
candidatos apesar da aridez de tal compromisso. Acredita nos seus confrades que,
após uma longa vida de trabalhos, pouco mais têm para dar que o seu sofrimento
e o seu amor à Congregação, apesar de uma ou outra voz que é tentada a colocar
cores mais negras no horizonte. Acredita nos seus jovens e menos jovens que se
empenham na Província, ou fora dela, a dar do seu melhor à missão”.
Neste período, desenvolveu-se o Pré-Seminário como alternativa ao Seminário
Menor do 7°, 8° e 9° anos, pedida pelo VI Capítulo Provincial, que implicava
tempos comuns de formação e frequentes visitas aos pré-seminaristas para um
acompanhamento pessoal. Trata-se, de facto, de um seminário externo ou em
família. Começou a estruturar-se o ano passado, embora as ideias e os projectos
sobre este assunto, sejam mais antigos.
O “estágio missionário” foi também devidamente estruturado, fazendo-se
para isso um “Regulamento” adequado440.
Também em obediência ao voto do VI Capítulo Provincial, a Província abriuse aos confrades do Sul: admitindo um noviço mexicano para o ano de 1997-1998
440
BPPCSSp. 1997 p. 19-21
680
Adélio TORRES NEIVA
e acolhendo o pedido de Angola para receber alguns seminaristas na Província.
Quanto à Formação, fez-se a opção de, em 1997/99 continuar o actual esquema
de Formação na Silva, isto é, 12° ano com aulas na Didálvi e o 10° e 11 ° anos com
aulas em casa.
Foi aprovado pelo Conselho Provincial o Plano elaborado pelo Secretariado
das Vocações.
Centro Espírito Santo e Missão (CESM)
Pessoas mais identificadas com o nosso carisma e não só, vinham pedindo,
desde há alguns anos, algo mais à nossa Congregação. Pretendiam, na verdade,
“um aprofundamento da nossa espiritualidade, um maior conhecimento dos
nosso fundadores, das suas intuições de fundo, do seu espírito e da sua missão
na Igreja”.
Dada uma certa abertura e sensibilidade por parte da Província, o Conselho
Provincial Ampliado de Julho de 1997, na Torre d’Aguilha, aprovou a proposta
da criação de um Centro de Espiritualidade Missionária Espiritana, com o nome
de “Centro Espírito Santo e Missão” (CESM).
Havia, com efeito, dois acontecimentos que reclamavam para já e sem
delongas, uma resposta positiva: o ano de 1998, consagrado ao Espírito Santo e
em Portugal, ano missionário, declarado pela Conferência Episcopal. Por outro
lado, a nível da Congregação, preparavam-se os centenários de 2002 e 2003,
relativos aos fundadores.
De imediato, o Conselho Provincial nomeou uma comissão dinamizadora,
constituída pelos: PP. José Manuel Sabença e Manuel Durães Barbosa, a
funcionar no momento em forma de secretariado.
O Conselho aprovou a programação imediata das actividades, que numa
primeira etapa, circularia a nível interno. Tais actividades destinavam-se a
intensificar a vivência do ano dedicado ao Espírito Santo. O lançamento oficial
do CESM foi programado para a reciclagem do Fraião, a 28 e 29 de Dezembro
de 1997.
Conselho Provincial Alargado / 97 (CPA/97)
O lema escolhido para o CPA/97 foi “Reavivar e partilhar o nosso carisma para
crescer em dinamismo espiritual e apostólico”. O seu objectivo foi, por um lado,
fazer a avaliação das Orientações e Decisões tomadas no Capítulo Provincial de
1994, e por outro, dar orientações para um Plano de Animação da Província para
o triénio de 1997-2000.
Como preparação deste Conselho, foram publicadas 7 circulares do Provincial
e distribuído um questionário preparatório a todos os confrades, dividido por
cinco items, que seriam os temas a ser reflectidos no CPA. Cada tema foi
confiado a uma comissão que, em colaboração com outros confrades, o devia
preparar para o Conselho:
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
681
- A nossa missão espiritana (equipa preparatória: P. Agostinho Tavares
Medeiros, José Reis Gaspar, José Martins da Costa e Manuel Martins Ferreira) .
- Gestão da nossa Missão e Redimensionamento (PP. Manuel Marinho Lemos,
António S. Sousa Neves, José Ribeiro Mendes e Adélio Torres Neiva).
- Recursos Humanos e Vida Comunitária (PP António Farias Antunes,
Joaquim Macedo Lima, Manuel Durães Barbosa e Marcelino Duarte Lopes).
Animação Missionária e Vocacional (PP. José Castro Oliveira, Mário Faria
Silva, Eduardo Guedes Osório e José Carlos Coutinho).
Organização, Solidariedade e Comunicação (PP. Casimiro Pinto de Oliveira,
Carlos Salgado Ribeiro, Agostinho P. Rodrigues Brígido e José Lopes de Sousa).
Como documentação, além do resultado destas Comissões, foram
apresentados os relatórios do Superior e do Ecónomo Provincial, as respostas ao
Questionário e vários subsídios informativos.
O CPA reuniu-se de 13 a 18 de Julho de 1997, na Torre da Aguilha.
Das propostas e conclusões deste Conselho, salientamos algumas mais
significativas: o lançamento do CESM, a vivência do Ano do Espírito Santo, a
insistência no perfil das paróquias espiritanas, onde deve transparecer a dimensão
missionária e vocacional, o compromisso da Província e de cada comunidade no
domínio da Justiça e da Paz, com uma tónica especial no CEPAC, o Projecto da Vida
Comunitária, a Solidariedade da Província para com as situações de pobreza mais
prementes, a elaboração de um Plano de Pastoral Vocaciona1, a Formação espiritana,
a organização do Arquivo Provincial e uma atenção especial aos doentes e idosos.
Lembremos algumas orientações mais concretas:
- Tenha a dimensão da primeira evangelização um maior impacto na Formação,
bem como nas opções que se fizerem por Paróquias em Portugal.
- Procure-se sensibilizar as novas gerações para a abertura aos novos campos
de missão, nomeadamente em Moçambique e na Ásia.
- Ajudem-se todos os confrades, seja qual for a idade em que se encontram, a
assumir a Justiça e Paz, como dimensão fundamental da nossa Missão.
- Busque-se a participação nas Comissões e Organismos Justiça e Paz, a nível
diocesano e nacional.
- Em cada comunidade seja nomeado um confrade para estar mais atento às
situações de Justiça e Paz.
- Em cada casa haja um espaço onde se possa acolher, com dignidade e sem
prejuízo da nossa privacidade, algum pobre que necessite tomar alguma refeição
(DCP 662, 1).
- Ao constituir a equipa do CEPAC, preveja-se que um dos membros fique a
tempo pleno neste serviço e em articulação com outro membro particularmente
destacado para a Capelania dos Migrantes.
- Que o nome do Centro de Espiritualidade seja Centro Espírito Santo e
Missão (CESM).
- Que o Provincial e seu Conselho, nomeiem o mais cedo possível, uma
comissão dinamizadora do CESM que, para começar, tenha a forma de
Secretariado.
682
Adélio TORRES NEIVA
- Que as paróquia espiritanas sejam um projecto do Instituto e não um
projecto pessoal.
- Que sejam paróquias-sinal, situando-se em zonas desfavorecidas ou pouco
evangelizadas e para as quais a Igreja dificilmente encontra pastores.
- Que seja sempre uma comunidade espiritana que está ao serviço da paróquia.
- Que as paróquias espiritanas ajudem na Implantação da Igreja na periferia das
grandes cidades e em grupos que estão à margem da sociedade.
- Que, sempre em diálogo com a Igreja local, estejamos dispostos a partir das
nossas paróquias para outra situação, logo que nossa presença na paróquia já não
corresponda aos critérios aqui enumerados.
- Que se amplie o conceito de Procuradoria: estender o serviço da
Procuradoria ao encaminhamento de projectos de desenvolvimento ou de acção
pastoral apresentados pelos missionários; garantir um serviço de informações
sobre ONGs, etc.; trabalhar em ligação com o Secretariado Europeu em Bruxelas
com a mesma finalidade.
- Em princípio, sempre que haja a venda de um imóvel, que se destine, pelo
menos, 5% para o apoio à Missão ad extra.
- Que no ano de 1998, Ano do Espírito Santo, nos Retiros, nas Recolecções
Provinciais, assim como nas Reuniões mensais de comunidade, privilegiemos o
tema do Espírito Santo.
- Enquanto tivermos candidatos que o justifiquem (3 a 5), o Noviciado
continua a realizar-se na Província.
- A Província é solidária com a Região Europa, acolhe candidatos de qualquer
circunscrição e está aberta a outras soluções, se as circunstâncias o exigirem.
- Elaboração, pelo Conselho Provincial, de um Plano de Formação Permanente para o triénio.
- Que se estude a possibilidade de uma formação diferenciada que vá de
encontro às necessidades e idade dos confrades.
- A modernização, racionalização, funcionalidade e solidariedade dos serviços
da Administração Central e dos diversos Centros de Animação Missionária,
pondo ao seu serviço todos os meios técnicos disponíveis.
- A resolução de todos os problemas fiscais, estudando-se a criação de uma
Associação ou Empresa a partir da Editorial LIAM.
- A constituição de um Conselho de Redacção para a Acção Missionária e Encontro.
- A aprovação oficial dos Estatutos de cada sub-sector da Animação
Missionária (LIAM, MOMIP, JSF).
- A nomeação de um responsável que, à medida do desenvolvimento do
Voluntariado Missionário, tenha esta tarefa, quanto possível, como principal.
- Seja nomeado um coordenador nacional dos JSF e criada uma coordenação
nacional e haja uma programação de 1inhas temáticas comuns, tendo em conta
as orientações da Animação Missionária.
- Inicie-se um diálogo entre a Província e a ONG “Sol Sem Fronteiras “, de
modo que possa contemplar o envio dos Leigos Espiritanos.
- Que se avance com as Fraternidades Espiritanas, numa atitude de serviço à
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
683
Igreja.
- Que se confie ao CESM a dinamização das Fraternidades Espiritanas.
- Que as Fraternidades não sejam um movimento paralelo aos que já temos,
mas que possibilite um aprofundamento da nossa espiritualidade, assim como
um maior compromisso na nossa Missão.
- Se necessário, que o Conselho Provincial indique uma equipa que,
juntamente com os Leigos, elabore os princípios dinamizadores destas
Fraternidades Espiritanas e que, desde o início, os Leigos sejam envolvidos nas
responsabilidades das mesmas.
- Admite-se que as Fraternidades possam ser um caminho para a integração de
Leigos que pretendam chegar ao estatuto de Associados.
- A aposta no Pré-seminário com a abolição progressiva das admissões para os
7°, 8° e 9° anos de escolaridade em regime de Seminário interno.
- A elaboração de um Plano de Pastoral Vocacional pelo Secretariado das
Vocações, aceite pela Comissão das Vocações e aprovado pelo Conselho
Provincial.
- Manter de pé a hipótese de os seminaristas do 10°, 11° e 12° anos seguirem
para o Fraião caso a Silva se transforme no Centro de Espiritualidade.
- Que o Serviço de Solidariedade criado no CPP/90 – n.os 572-577 e entretanto
chamado SES, passe a partir de agora a constituir o Serviço Espiritano de
Solidariedade para a ajuda a todas as situações missionárias mais urgentes.
- Que o Fraião seja apetrechado com meios humanos e técnicos capazes de dar
assistência conveniente aos mais idosos e doentes mais dependentes, mesmo que
isso implique o aumento de encargos e despesas.
- Especialmente no Fraião e na Estrela haja um confrade encarregado do
acompanhamento dos idosos e mormente dos doentes.
- As conversações sobre a utilização da Casa do Espadanido em ordem à
implantação aí de um Lar para idosos e doentes devem incluir a assistência
(enfermagem e assistência domiciliar a doentes e acamados) aos nossos
confrades.
- Que se estruture um sistema que possibilite um Complemento de Reforma,
de modo a facilitar a melhoria assistencial dos confrades idosos ou doentes.
- Que nas obras a realizar na Estrela, haja pelo menos uns 40 quartos.
- Que na remodelação do Pavilhão Sul do Fraião, se defina, em primeiro lugar,
a finalidade do edifício, salvaguardando sempre a polivalência funcional dos
espaços, nomeadamente Casa de Acolhimento e Casa de formação.
- Procure-se que todos os confrades façam testamento legal de seus bens
imóveis.
- Aconselham-se os confrades que, à sua morte, queiram ser enterrados em
cemitérios que não sejam da localidade onde residem, tenham essa intenção
expressa por escrito, preferentemente depositada no seu dossier pessoal.
- Qualquer publicação deve ser previamente sujeita à apreciação da Comissão
de Redacção e ter o parecer positivo da Comissão de publicações para ser
publicada.
684
Adélio TORRES NEIVA
Admitem-se quatro formas de editar livros:
01. Servir-se de uma editora exterior a nós, o que facilita a distribuição.
02. Usar a editorial LIAM, só quando a distribuição for garantida e sempre em
consonância com o Conselho de Animação Missionária.
03. Fazer cópias em Off-set para circulação interna, como forma de preservar
o trabalho feito.
04. Usar o espaço da revista “Missão Espiritana” como alternativa à publicação
de certos livros.
- Salvaguardar o Património Histórico da Província. Para isso, escolher no
Arquivo Provincial, os fundos históricos de cada comunidade, de que devem
constar:
- os Diários da Comunidade com mais de 10 anos.
- o fundo pessoal dos confrades que faleceram.
- obras referentes à vida da Província ou de confrades, de que não haja nenhum
exemplar no Arquivo Provincial.
- A recolha deste material deve ser efectuada ao longo do ano lectivo 1997 e
1998, pela equipa responsável pelo Arquivo da Província.
- Constituir em cada comunidade o cargo de Arquivista e zelar para que se faça
obrigatoriamente o Diário da Comunidade.
- Cuidar de ordenar, informatizar e preservar o recheio da biblioteca de cada
comunidade441.
No Conselho Alargado procedeu-se também à eleição do Provincial e seu
Conselho.
Outras actividades da Província
A Congregação tem avançado no caminho da Regionalização. Desde há anos
que as dez Províncias da Europa procuram uma maior colaboração entre si. Há
projectos que dependem da Região Europa: o último é o estabelecimento de uma
comunidade que acolherá o Secretariado Permanente dos Provinciais da Europa
(está nomeado o Secretário P. Jean-Pierre Gaillard), o encarregado dos
Projectos, que estudará os projectos apresentados pelos confrades missionários
e procurará para eles as melhores pistas de financiamento (foi nomeado o P.
Firmino da Costa Sá Cachada) e os confrades que possam estar em reciclagem.
Este ano realizaram-se também as habituais reuniões das Comissões da Região
Europa, bem como as Comissões Provinciais.
Na Formação Permanente, a Reciclagem do Natal abordou os temas: “Mundo
Moderno nas vésperas do ano 2000”; “Espírito Santo e Missão”; “Caminhos do
Espírito em Libermann e Poulllart des Places”.
Na Torre da Aguilha, em 1996, tinham começado grandes obras de restauro do
edifício. Em Dezembro desse ano fez-se a mudança do Lar para o Pavilhão Leste
441
Ibid p. 45-61
O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997)
685
e, a partir de Janeiro de 1997, o serviço de cozinha começou a ser prestado por
uma empresa exterior.
687
Capítulo 74
O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo
Francisco
de Miranda Ferreira (1997-2000)
N
o Conselho Provincial Alargado de 1997 (CPA/97), o P. Eduardo
Miranda foi reeleito, eleição confirmada por decisão do Conselho
Geral, para um segundo mandato de três anos, a partir de 17 de Julho
de 1997. O P . Eduardo tomou posse do cargo, durante a Eucaristia celebrada na
Torre d’Aguilha a 17 de Julho, na presença de todos os participantes do CPA/97.
Neste mesmo Conselho, foram eleitos os membros do Conselho Provincial
que ficou assim constituído:
P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira, Superior provincial; P. António
Luís Farias Antunes, 1° Assistente e Coordenador da Animação Missionária; P.
José Manuel Matias Sabença, 2° Assistente e Coordenador da Formação; P.
Carlos Salgado Ribeiro; P. José Martins da Costa.
Da escolha do Provincial: P. Mário Faria Silva e P. Veríssimo Manuel Teles.
Como Ecónomo Provincial foi nomeado o P. Marcelino Duarte Lopes.
Província e Missão
A Província, no seu todo, optou por promover uma iniciativa englobadora que
mobilizasse o esforço de todos os movimentos de leigos espiritanos, para
conseguir fundos que permitam a criação de pequenos projectos na área da
educação e da saúde, na missão de Netia, em Nacala – Moçambique.
Foi dada resposta positiva ao apelo do México para enviar um confrade,
durante três anos (1996-1999), como coordenador da Formação.
Foi concretizado o envio de duas leigas e de três leigos missionários, quatro
professores e um carpinteiro, para Angola (Lubango), através do Voluntariado
Espiritano.
A solidariedade, em pessoas, com Angola, entrou numa fase diferente: veio um
confrade angolano trabalhar a tempo pleno, durante um ano, no CEPAC e na
Capelania dos Africanos, em Lisboa, para depois frequentar um curso de
Sociologia na Universidade Lusófona em simultâneo com o apoio aos trabalhos
mencionados; dois jovens professos integram a comunidade do II Ciclo de
Teologia, frequentando o 3º ano de Teologia na Universidade Católica.
A solidariedade material com a Guiné-Bissau tem existido sempre, mesmo
quando retiraram os confrades portugueses, sendo particularmente engrossada
durante a guerra que rebentou no país.
“Restabelecer laços vitais – Espiritanos rumo à comunhão” foi um documento
688
Adélio TORRES NEIVA
aprovado pelo Conselho Provincial em Março de 1999 e enviado a todos os
confrades originários da Província a viver ou não em comunidade. Visava-se
neste documento esclarecer a relação com a Congregação dos confrades que há
muito vivem fora de comunidade.
A escolha do lugar dos estágios missionários passa por um diálogo com o
formando, que permite tomar consciência das prioridades missionárias da
Congregação e ter em conta uma certa inclinação para um determinado contexto
missionário. São três os critérios fundamentais tidos em conta na hora da opção
dos lugares: garantia do acompanhamento por parte de alguém que mereça a
confiança da Província, garantia de vida comunitária, garantia de um trabalho que
preencha o tempo do jovem.
Neste triénio, os campos de estágio foram diversificados: México, Paraguai e
Cabo Verde (1997), Senegal e Cabo Verde (1998), Amazónia, Guiné-Bissau,
Cabo Verde e África do Sul (1999).
Ano de1997
A frequência dos seminários neste ano lectivo de 1997/1998, era a seguinte:
Fraião: 18 alunos: 9 no 8° ano e 9 no 9° ano; Silva: 21 alunos: 7 no 10° ano, 8 no
11°, e 6 no 12°; Pinheiro Manso (Porto): 9 alunos: 7 no 1 ° ano de Teologia e 2
no 2°; Noviciado (Silva) : 3 noviços; Torre da Aguilha: 9 alunos no 4° ano e 3 no
5° ano de Teologia. Em estágio missionário estavam 4 Jovens.
Como nomeações mais significativas registamos:
Ecónomo Provincial: P José Lopes de Sousa, após uma reciclagem no Brasil.
Administrador da LIAM: P. Carlos Salgado Ribeiro, após reciclagem no Brasil.
Procurador Junto da Santa Sé: P. José Ribeiro Mendes.
Nesta altura a Província contava 201 membros, dos quais 77 na missão ad extra.
Consciente da diminuição do pessoal, a Província procura o equilíbrio entre o
envio ad extra e a dinamização das estruturas provinciais. Os confrades ad extra,
estão repartidos entre a manutenção das situações missionárias já tradicionais na
Província (Angola, Cabo Verde, Brasil) e os projectos novos da Congregação
(Moçambique, Amazónia, Paraguay, Guiné-Bissau...).
Ano de 1998
O Capítulo Geral de 1998 elegeu o P. António Luís Farias Antunes para
Conselheiro Geral. Assim, ficaram vagos três cargos: o de 1º Assistente no
Conselho Provincial, o de Director do II Ciclo de Teologia e de coordenador do
sector da Animação Missionária. Na reunião extraordinária do Conselho
Provincial, no dia 8 de Agosto de 1998, foram nomeados: o P. José Lopes de
Sousa, que ia iniciar as funções de ecónomo provincial, 1º Assistente; o P.
António Manuel Santos de Sousa Neves (Tony), Conselheiro e coordenador da
Animação Missionária; o P. José de Castro Oliveira, Director do II Ciclo de Teologia.
As equipas dos Serviços Provinciais ficaram assim constituídas:
O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000)
689
Conselho Económico: PP. José Lopes de Sousa, Casimiro Pinto de Oliveira,
Carlos Salgado Ribeiro e Abel Moreira Dias.
SES: P. José Lopes de Sousa, P. Carlos Salgado Ribeiro e P. Casimiro Pinto de
Oliveira.
Comissão Justiça e Paz: P. José de Castro Oliveira.
Assistente Nacional dos ASES: P. José Reis Gaspar.
Assistente do MOMIP: P. José Lopes de Sousa.
Duas “primeiras nomeações” de confrades portugueses, feitas pelo Conselho
Geral em 1998, foram para Moçambique e Guiné-Bissau.
No Brasil foram nomeados dois bispos espiritanos: PP. Sérgio Castriani, bispo
coadjutor do Tefé e Mosé Pontelo, bispo coadjutor de Cruzeiro do Sul.
Na sequência da opção feita no CPA/97 (III-2-3) que determina a abolição
progressiva das admissões para os 7°, 8° e 9° anos, privilegiando a aposta no PréSeminário, o pequeno grupo de aspirantes do 9° ano integra-se na Silva,
frequentando as aulas na Escola Didálvi.
Questões muito práticas tais como, encaminhamento e acolhimento a
confrades doentes e respectivos custos financeiros, critérios para a admissão,
perfil do pessoal de serviço, animação das comunidades, abertura das
comunidades aos leigos, exigências do bom acolhimento nas casas que recebem
grupos, abertura à Igreja local, etc. fizeram com que o Conselho Provincial
encarasse a possibilidade de realizar um Conselho Provincial Consultivo, com a
presença dos Superiores e Ecónomos das comunidades, que se realizou de 27 a
29 de Outubro no Fraião.
No Espadanido, começou a funcionar o Lar de S. Tiago, sob a orientação da
Associação S. Tiago do Fraião, depois de um sector da casa ter sido
profundamente renovado, com custos pagos pela referida Associação.
Foi decidido em Coimbra, concentrar a comunidade no nº 10 da Travessa do
Espírito Santo, casa mãe, mais valiosa e com mais espaços. Nesse sentido,
realizaram-se algumas obras de beneficiação. O n° 12 ficará para Centro de
Animação Missionária, admitindo-se a hipótese de o alugar para estudantes.
O Provincial visitou S. Tomé , de 5 a 12 de Maio de 1998.
Também neste ano se fizeram reuniões das diversas comissões, tanto a nível
provincial como a nível da Região Europa: Educadores, no Porto; Arquivistas, na
França (com a entrega do Guia dos Arquivistas, aprovado pelo Conselho Geral);
Ecónomos e Procuradores, em Gemert (Holanda); Leigos Espiritanos, em
Gemert; Imprensa espiritana, em Londres; as Semanas Espiritanas, na Aguilha;
Assembleia dos Provinciais, no Bouveret (Suíça); Formação, na Aguilha;
Vocações, em Langonnet (França); Justiça e Paz, em Gentinnes (Bélgica).
O Capítulo Geral decidiu a celebração de um Ano Espiritano de 2 de Fevereiro
de 2002, aniversário da morte de Libermann, ao Pentecostes de 2003. Uma vez
que foi extinta a comissão Grupo Internacional de História e Aniversários, a
preparação do Ano Espiritano ficou ao cuidado de cada circunscrição.
690
Adélio TORRES NEIVA
A reciclagem do Natal abordou o tema: “Horizonte 2000 em três dimensões:
Globalização, Missão e ldentidade Espiritana”.
“Centro Espiritano Europeu Cooperação para o Desenvolvimento”. Foi este
Centro criado por iniciativa dos Provinciais da Europa, em resposta a um pedido
do Hemisfério Sul. O P. Firmino Cachada é o director executivo deste Centro
que se integra numa comunidade espiritana, entretanto aberta em Bruxelas e da
qual acaba de ser nomeado superior.
Pro Anima
Este ano foi criado um novo órgão para a animação das comunidades: o PRO
ANIMA/2000. O contexto foi sugerido pela necessidade de fazer passar o
espírito e as orientações do XVIII Capítulo Geral, pela nossa envolvência no
ambiente eclesial da preparação do Jubileu do ano 2000 e ainda pela celebração
dos aniversários espiritanos de 2002 e 2003.
O Conselho Provincial, na sua reunião de 9-12 de Setembro de 1998, tomou as
seguintes decisões.
1- Considerar o PROANIMA/2000 um instrumento privilegiado da animação
espiritual dos confrades e das comunidades.
2. Apresentar quatro módulos temáticos por ano, tendo em conta a intensidade
dos tempos litúrgicos e dos tempos espiritanos: Natal, Fundadores (Fevereiro)
Quaresma/Páscoa, Pentecostes.
3. Cada módulo deve conter estas vertentes: bíblica, missiológica e espiritana.
4. No fim de cada módulo, devem ser propostas quatro questões para reflexão
pessoal e partilha comunitária.
5. Estes mesmos textos poderão ser inspiradores das vigílias de oração abertas
a leigos mais ligados a nós, as quais devem continuar a ser promovidas em todas
as comunidades.
6. O tema para o ano provincial 1998/1999 será o seguinte: O amor do Pai abrenos aos irmãos. Com este lema pretende-se levar aos confrades o dinamismo saído
do Capítulo Geral e ajudá-los a viver a dinâmica do ano 1999, dedicado ao Pai.
Os temas deste ano são os fundamentais do Capítulo Geral/98: Comunidade,
Fontes de inspiração, Missão Partilhada e Nossa Missão.
Os oito primeiros números, que vão até ao ano 2000, foram: N° 1 - Chamados
a viver em comunidade para a Vida Apostólica; N° 2 - As nossas fontes de
inspiração, N° 3 - A Missão Partilhada; N° 4 - A Nossa Missão; n° 5 Discernimento e Capítulo (Preparação do VII Capítulo Provincial); N° 6 - O
Capítulo e os Desafios do Jubileu; N° 7 - Leigos em Missão Partilhada. N° 8 Programa de animação provincial - triénio 2000-2003.
Capítulo Geral
Como preparação para o Capítulo Geral, o Conselho Geral enviou
documentos de reflexão a todos os delegados ao Capítulo. Cada comunidade
O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000)
691
estudou um tema do texto base “Quatro fundamentos da Vida espiritana em
1998” e o resultado foi apresentado em Assembleia Provincial e depois enviado
para a Casa Generalícia.
O Capítulo realizou-se na Irlanda, em Maynooth, de 12 de Julho a 8 de Agosto
de 1998. Os delegados de Portugal ao Capítulo foram o P. Eduardo Miranda
Ferreira e o P. António Farias Antunes. Como moderador foi o P. Adélio Torres
Neiva. Vários confrades foram também para colaborar nos serviços de apoio ao
Capítulo. O P. António Farias Antunes foi nomeado Conselheiro Geral.
Ano de 1999
O P. Manuel Martins Novais Ferreira foi nomeado Superior Principal de Cabo
Verde.
O P. Veríssimo Manuel Teles foi nomeado Secretário Provincial.
O P. José Coelho Barbosa foi nomeado superior do Fraião.
O Conselho Geral nomeou o Provincial de Angola, P. Jerónimo Cahinga,
como Conselheiro Geral em substituição do P. Gabriel Mbilingi, nomeado bispo
coadjutor da diocese de Lwena, Angola. Para Provincial de Angola foi eleito o P.
Barnabé Sakulenga.
A Comunidade do II Ciclo de Teologia foi incumbida de iniciar as suas
pesquisas para que o Site CSSp, na Internet seja gerido por nós. A nossa presença
na Internet foi iniciada pelo Sr. Mário Gonçalves, irmão do confrade P. Manuel
de Sousa Gonçalves e antigo aluno espiritano.
As Fraternidades Espiritanas vão dando os primeiros passos, com pólos no
Pinheiro Manso e na Silva.
O Provincial visitou os confrades dos Estados Unidos e do Canadá (26 de
Abril a 19 de Maio).
Este ano foi particularmente marcado pela preparação para o Grande Jubileu
do Ano 2000.
Outros acontecimentos merecem também ser referenciados:
Antes de mais, a venda da quinta do Fraião, aprovada pelo Conselho Geral a 17
de Junho de 1999. Os motivos da venda da quinta iam expressos na carta do
Provincial dirigida ao Conselho Geral:
“Na sequência de um longo processo motivado por circunstâncias de vária ordem,
como sejam:
1- O crescimento da cidade de Braga que envolve completamente a nossa Quinta,
com a área aproximada de 10 hectares, cuja rentabilidade diminuiu
prevalentemente pela necessidade de acabar com as actividades agro-pecuárias em
pleno perímetro urbano;
2. A política da actual administração da Província em transformar o nosso
património, de acentuado teor rural e, consequentemente, de nula rentabilidade, em
património urbano mais rentável;
3. A necessidade de conseguir os necessários meios para a restauração altamente
dispendiosa da Casa Provincial, em Lisboa, cujo projecto está em fase de apreciação
692
Adélio TORRES NEIVA
e ainda, da continuação da recuperação do grande imóvel do Seminário da Torre
da Aguilha e 3ª fase do Seminário do Fraião como Centro de Animação Missionária
e Vocacional.
O Conselho Provincial da Província Portuguesa da Congregação do Espírito
Santo na sua reunião ordinária de 31 de Maio a 2 de Junho de 1999, optou por
solicitar ao Conselho Geral da Congregação do Espírito Santo e do Imaculado
Coração de Maria, a devida autorização para alienar a Quinta do Fraião, em
Braga.
Mais reafirma, a determinação do CPA/97: ‘Em princípio, sempre que haja uma
venda de um imóvel, que se destine, pelo menos 5 %, para apoio à Missão ad extra’.
O que fazemos.
Lisboa 17 de Junho de 1999”.
A Quinta, depois do respectivo estudo financeiro e análise das várias
propostas, foi vendida à firma “Domingos Teixeira e Filhos L.da”.
A Associação de Solidariedade Social de S. Tiago do Fraião, solicitou a
concessão de pelo menos trinta anos, da Casa da Filosofia, para poder avançar
com a 2ª parte das obras de beneficiação. O período de cedência por trinta anos
é motivado por exigência legal, para poder fazer entrar este projecto no PIDAC,
em ordem a obter o máximo a fundo perdido. Não exigindo contrapartidas
financeiras, a Congregação pediu 4 lugares acamados e 4 não acamados para
confrades Espiritanos.
A 1 de Setembro de 1999, o CEPAC firmou um protocolo de cooperação com
a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Foi aprovado o “Programa de Formação para a Vida Espiritual” e as linhas
orientadoras sobre o acolhimento a estudantes espiritanos vindos de outras
circunscrições.
Foi publicado um documento sobre a Formação Inicial.
Por iniciativa da Junta de Freguesia de Tires e da Câmara Municipal de Cascais,
a 14 de Março, em Tires foi dado o nome “Avenida P. Agostinho Pereira da
Silva”, a uma avenida que liga Tires a S. Domingos de Rana.
A 15 de Outubro, os restos mortais de D. Moisés Alves de Pinho foram
trasladados do cemitério de Fiães para uma capela lateral da Igreja de Nossa
Senhora dos Remédios, antiga catedral de Luanda.
De 25 de Novembro a 2 de Dezembro, teve lugar na Torre da Aguilha a
Assembleia Anual dos Provinciais da Europa.
Várias circunscrições, nomeadamente a Bélgica, a África do Sul, a Fundação da
África de Leste e a Fundação do Congo Kinshasa pediram para a Província
acolher jovens dessas circunscrições, no quadro da formação teológica; este
pedido foi acolhido favoravelmente.
Dando cumprimento à Regra de Vida Espiritana, n° 235, foi aprovado o
estabelecimento de um contrato entre o Patriarcado de Lisboa e a Congregação,
referente às paróquias de S. Domingos de Rana e de Tires, por um período de 5
anos.
O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000)
693
Ano 2000
O ano 2000 foi dominado pela preparação do Capítulo Provincial e pela
vivência do Jubileu do Ano 2000.
A ordenação presbiteral de três jovens espiritanos, a profissão perpétua de um
Irmão (Carmo Gomes) e os primeiros votos de seis noviços, a partida de mais
dois jovens para estágio missionário, o acolhimento a 10 jovens confrades de
outras circunscrições foram marcos relevantes na vivência deste ano.
Neste ano foram aprovados os “Princípios dinamizadores das Fraternidades
Espiritanas” bem como a constituição das duas primeiras Fraternidades, uma
ligada à comunidade do Pinheiro Manso e outra, à comunidade da Silva.
De 18 de Abril a 2 de Maio, o Provincial fez a sua primeira visita aos confrades
de Moçambique. Com ele foi o P. António Manuel Santos de Sousa Neves
(Tony) para preparar a “Ponte/2000-Moçambique” a realizar com um grupo de
Jovens Sem Fronteiras em Agosto.
Em cumprimento da orientação saída do Conselho Provincial Alargado
(CPA/97, III, 1.2.b) no dia 1 de Maio, na comunidade da Estrela, foram
assinados três protocolos da Província com a ONG “Sol sem Fronteiras”, que
visam tornar mais efectiva a colaboração, no respeitante ao apoio de projectos
missionários que envolvem espiritanos, concretamente na área do Voluntariado
Missionário, nas campanhas levadas a efeito pelos JSF e a campanha jubilar deste
ano, a favor das “escolinhas” de Netia - Moçambique.
695
Capítulo 75
O VII Capítulo Provincial - 2000
O
442
VII Capítulo Provincial realizou-se na Torre d’Aguilha de 11 a 23 de
Julho do ano 2000. O tema escolhido para este Capítulo foi “Com a
força do Espírito, solidários na missão”.
A equipa pré-capitular que preparou o Capítulo foi constituída pelos PP. José
Reis Gaspar, Mário Faria Silva, e Adélio Torres Neiva.
Esta equipa enviou a todos os confrades um questionário que foi estudado e
reflectido em todas as comunidades. O questionário abordava quatro questões:
1. Qual a sua opinião sobre o estado actual da Província?
2. No seu entender, quais foram as áreas em que a Província mais evoluiu desde
o último Capítulo?
3. Quais os principais desafios do mundo e da Igreja que, neste momento da
vida da Província, mais nos interpelam como espiritanos?
4. Quais os temas que, na sua opinião, deveriam ser tratados neste Capítulo?
Como ajuda na preparação, a Comissão preparou três números do “Pro
Anima”: Discernimento e Capítulo, O Capítulo e os desafios do Jubileu e Leigos
em missão partilhada.
O retiro preparatório, aberto a toda a Província, esteve a cargo de uma equipa
do Movimento Por um Mundo Melhor.
Além dos convidados habituais das Províncias onde trabalham os Espiritanos,
participaram também no Capítulo, como observadores, dois leigos: o Hildeberto
Maia e o Faustino Monteiro, eleitos pelos Coordenadores de Animação
Missionária Espiritana (CAME).
Como moderadores foram escolhidos os PP. António Farias Antunes, José
Fagundes Pires e Firmino Sá Cachada.
Ouvidos os relatórios do Provincial, do Ecónomo Provincial, das
Circunscrições presentes e das principais actividades da Província, o Capítulo
articulou a sua reflexão à volta de quatro temas fundamentais e algumas
determinações concretas:
l. Chamados a uma nova visão da missão.
2. Novo dinamismo espiritual e comunitário.
3. Espiritanos e Leigos em missão partilhada.
4. Recursos humanos e materiais - Realidade e visão de futuro.
442
Cf. Documentos Capitulares – Tomo II. VII Capítulo Provincial (nº 672-754).
696
Adélio TORRES NEIVA
5. Determinações concretas.
Todos os documentos partem de uma análise da realidade, para depois captar
algumas interpelações e propor os objectivos a alcançar.
1. Chamados a uma nova visão da missão:
Quanto à nova visão da missão foram salientados os seguintes objectivos:
- a proximidade das situações de fronteira;
- a partilha da espiritualidade como parte integrante da nossa missão;
- a necessidade de renovação espiritual com recurso às nossas fontes de
inspiração;
- a solidariedade e colaboração com outras pessoas e grupos, nomeadamente
com os leigos;
- o respeito pelas diferentes sensibilidades e culturas;
- as igrejas locais como pontos de referência da missão espiritana;
- o diálogo inter-religioso e ecuménico;
- a fidelidade à primeira evangelização, como urgência permanente;
- a abertura à internacionalidade;
- uma atenção particular aos espaços da Justiça e da Paz e aos migrantes; a este
propósito foram dadas várias orientações para a organização do CEPAC –
Centro Padre Alves Correia;
- que o SES (Serviço Espiritano de Solidariedade) sirva cada vez mais de apoio
a todas as situações missionárias;
- relembra-se o perfil da paróquia espiritana e os critérios que a devem orientar
(CPA/97);
- o acolhimento ao “Projecto Missionário Espiritano na Europa”, que implica
a abertura e a solidariedade da Província para com esse projecto.
2. Novo dinamismo espiritual e comunitário:
- a vida comunitária é um processo em construção; ela faz parte da maneira de
ser espiritano e da vivência da missão;
- na vida de comunidade, a oração é um elemento decisivo: a Leitura Orante da
Palavra de Deus deve ser parte integrante da dinamização da comunidade;
- a abertura das nossas comunidades e da nossa espiritualidade aos leigos;
- a necessidade do aprofundamento da espiritualidade herdada dos nossos
fundadores;
- a realização do Conselho Provincial Consultivo, com a presença dos
superiores e ecónomos, no início de cada ano, com um tempo de formação,
avaliação e programação;
- cada comunidade deve definir e assumir os seus objectivos claros e
determinantes, as suas formas de inserção na igreja local e no projecto
missionário da Província;
- a necessidade de renovação e formação permanente;
- a partilha da nossa espiritualidade com os leigos, cuidando da sua formação e
criando espaços de oração e partilha com eles;
- promover vigílias mensais, sobretudo de oração pelas vocações e outras
O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000)
697
formas de oração abertas aos leigos.
3.Espiritanos e leigos, em missão partilhada:
- a missão partilhada com os leigos é um novo capítulo que se abre na história
da Vida Religiosa;
- esta missão partilhada leva-nos à busca de novos caminhos: relevar o
protagonismo da Igreja local e o lugar dos leigos na Igreja, proporcionar o
acolhimento e incentivar o aprofundamento espiritual na linha do carisma
espiritano, empenhar-se numa maior coordenação e comunhão de esforços na
missão que a Família Espiritana desenvolve.
- Foram apontadas quatro linhas de orientação:
a) Comunhão e acolhimento:
- a animação missionária é sobretudo fazer comunhão;
b) Espiritualidade e Renovação:
- criação de grupos ou comunidades de vida apostólica que se alimentem da
nossa espiritualidade;
- abertura das comunidades aos leigos;
- aprofundamento do nosso carisma;
c) Vocação e serviço:
- a identidade da vocação laical;
- os leigos colaborem mais directamente na promoção vocacional;
- a pastoral vocacional seja uma prioridade.
d) Formação e informação:
- o envolvimento directo dos leigos na animação missionária, o que exige a
aprendizagem de novas formas de trabalhar;
- a formação de líderes;
- uma atenção particular aos “mass media”;
- uma maior divulgação das questões de Justiça e Paz.
Foram ainda apontados alguns caminhos concretos para a nossa missão
partilhada:
a) Fraternidades Espiritanas:
- Incentive-se a criação de Fraternidades Espiritanas como um caminho de
comunhão e aprofundamento da espiritualidade espiritana.
b) Leigos Associados:
- criem-se condições para a inserção de Leigos Associados na Congregação;
- abram-se as nossas actividades à colaboração destes leigos, mesmo para
funções tradicionalmente desempenhadas por espiritanos, quer no âmbito da
Animação Missionária, e da Pastoral Vocacional, quer no âmbito da Justiça e da
Paz, nomeadamente no CEPAC.
c) CESM – Centro Espírito Santo e Missão:
- o Capítulo assume a existência do CESM;
- procure-se uma maior especificidade das suas actividades em ordem a
proporcionar aos leigos um aprofundamento espiritual na linha do carisma
espiritano;
698
Adélio TORRES NEIVA
- seja nomeada uma Comissão dinamizadora do CESM, que inclua leigos, que
possibilite uma maior diversidade das propostas de animação do Centro de
Espiritualidade;
- estude-se a localização do CESM;
- a sede do CESM seja administrada por uma equipa de leigos em sintonia com
um coordenador espiritano professo e sob um regime de contrato definido.
d) Leigos Associados na Europa:
A representação portuguesa na Comissão dos Leigos Espiritanos da Região
Europa seja designada pelo Provincial, por um período de três anos, após
consulta representativa aos Leigos Associados Espiritanos e Fraternidades.
Foram ainda dadas algumas pistas para a renovação da Animação Missionária,
nomeadamente:
- uma maior solidariedade com a Igreja em Portugal e uma maior concertação
com os Institutos Missionários ad Gentes;
- a participação na “Missão Press”, como ajuda à melhoria da nossa imprensa e
formação permanente de jornalistas e divulgação de causas humanas e defesa dos
nossos interesses junto do Governo;
- a renovação da nossa imprensa e a abertura às novas tecnologias, como a
“internet” e a “multimedia”;
- a aprovação oficial dos nossos movimentos laicais e a sua inserção nos
secretariados diocesanos;
- a sensibilização às causas da Justiça e Paz;
- a reactivação do Conselho Nacional da LIAM;
- a formação dos animadores de núcleo;
- a nomeação de um espiritano professo como coordenador nacional dos JSF;
- a formulação de um programa de linhas temáticas e metodologia comum dos
JSF;
- a articulação entre a “coordenação JSF” e o Secretariado da Pastoral Vocacional;
- a procura de propostas concretas de inserção na Família Espiritana dos Jovens
que já deixaram de pertencer aos JSF, sugerindo-lhes, no entanto, o caminho das
Fraternidades Espiritanas e da LIAM;
- uma maior articulação do Voluntariado Missionário com os movimentos e
grupos a nós ligados e estudem-se propostas para a sua inserção na Família
Espiritana.
- uma melhor organização dos ex-seminaristas, filiados ou não nos ASES, com
especial incidência nos mais novos, fazendo-lhes uma proposta clara de ligação
connosco.
Sobre a Pastoral Vocacional foi lembrado:
- o Plano Pastoral da Província “Vinde e vede” de 1999 continua a ser o
programa orientador da nossa pastoral vocacional;
- todos os nossos seminários e comunidades promovam o despertar vocacional
dos adolescentes, organizando encontros de adolescentes e jovens;
- em cada paróquia espiritana crie-se, caso não exista, uma equipa vocacional;
- os JSF sejam um espaço privilegiado da nossa proposta vocacional;
O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000)
699
- as “férias” ou “pontes missionárias” sejam organizadas de modo e possibilitar
uma séria reflexão sobre a vocação;
- o Pré-Seminário é a estrutura habitual para acolhimento e acompanhamento
dos adolescentes e dos jovens;
- a entrada no seminário menor far-se-á a partir do 9° ano de escolaridade.
Foi ainda indicado que se devem tomar medidas urgentes e concretas no
sentido de pôr a contabilidade da Animação Missionária segundo as leis vigentes
e modernizar e racionalizar a administração da Animação Missionária.
4. Recursos humanos e materiais:
Foram dadas algumas orientações sobre a Formação Inicial, a gestão dos
nossos recursos, a solidariedade e a administração:
- em princípio, o noviciado será em Portugal, mas está-se aberto a outras
soluções;
- a Província está aberta a acolher candidatos vindos de outras circunscrições;
- o acolhimento a confrades do Hemisfério Sul é um enriquecimento mútuo e
pode ajudar a responder às necessidades surgidas no Norte;
- o SES destina-se a ir em ajuda das situações missionárias mais urgentes;
- o conceito de Procuradoria seja ampliado, colaborando com projectos e
organismos de Cooperação e Desenvolvimento, da região espiritana da Europa,
em Bruxelas;
- sempre que haja a venda de um imóvel, pelo menos 5 % seja destinado para
apoio da Missão ad Extra e seja depositado na conta provincial “Missio”;
- faça-se um estudo sobre os sectores que exijam competência técnica mais
especializada;
- a rentabilização dos nossos recursos humanos e materiais pode aconselhar
que, numa mesma comunidade, haja ritmos de vida diferentes; por isso o
Capítulo propõe que exista a possibilidade da diferenciação entre ecónomo da
comunidade (ou comunidades) e administrador da Obra a nomear directamente
pelo Superior Provincial e seu Conselho, em diálogo com a comunidade;
- o Capítulo está de acordo com a política económica e financeira da Província,
velando, porém, para que se mantenha o espírito evangélico;
- a reserva económica das comunidades não deve ultrapassar o valor de um
orçamento anual; e o arrendamento dos imóveis é considerado receita da
Província a gerir para o bem comum;
- o Conselho Provincial deve ponderar a necessidade de uma enfermaria
provincial, apetrechando-a com os meios humanos e técnicos capazes de uma
assistência conveniente aos doentes dependentes.
5. Determinações concretas:
1. Foi criado o Conselho da Formação.
2. O “Guia para os Arquivistas Espiritanos” será a norma para a organização,
consulta e preservação do Arquivo da Província.
3. No fundo histórico de cada comunidade, deve figurar toda a documentação
700
Adélio TORRES NEIVA
relevante para a história da comunidade, tanto a nível histórico, como financeiro
e fotográfico, nomeadamente. Os Diários da Comunidade, o espólio dos
confrades falecidos, obras referentes à vida da Província ou de confrades de que
não exista nenhum exemplar no Arquivo Provincial devem ser enviados para o
Arquivo Provincial.
4. Em cada comunidade recupere-se o cargo de Arquivista.
5. Qualquer livro ou opúsculo, para ser editado, deve ser previamente sujeito à
apreciação da Comissão Provincial das Publicações.
6. Organize-se na Província um programa para o Ano Espiritano, decidido no
Capítulo Geral de Maynooth, que começa a 2 de Fevereiro de 2002 e terminará
no Pentecostes de 2003. Desde já, deve ser nomeada uma Comissão de
Animação do Jubileu Espiritano.
701
Capítulo 76
O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo
Francisco
de Miranda Ferreira (2000-2003)
N
o VII Capítulo Provincial, realizado na Torre d’Aguilha de 11 a 23 de
Julho de 2000, o P. Eduardo Miranda foi reconduzido no cargo por
mais um triénio. Neste terceiro mandato, os conselheiros provinciais
eleitos pelo Capítulo foram: P. António Manuel Santos de Sousa Neves, P. José
Manuel Matias Sabença, P. José Carlos da Conceição Coutinho e P. José Martins
da Costa. Entre estes quatro, o Provincial escolheu os dois assistentes: o P. José
Manuel Sabença, como primeiro assistente, e o P. António Neves, como
segundo. Segundo a legislação em vigor, o P. Provincial nomeou mais dois
conselheiros: os PP. José Coelho Barbosa e João David do Souto Coelho.
O Conselho ficou completo quando, na primeira sessão, a 11 de Setembro, o
P. José Lopes de Sousa foi reconduzido no cargo de Ecónomo Provincial e o P.
Veríssimo Manuel Teles no de Secretário Provincial. Todos os membros do
Conselho têm um sector da Província onde particularmente se empenham: ao P.
José Coelho Barbosa foi-lhe atribuída uma atenção particular aos confrades
doentes e idosos.
A primeira reunião do Conselho iniciou-se com uma leitura atenta dos
documentos capitulares. A partir daí, elaborou-se o Programa de Animação para
o triénio 2000/2003, que constituiu o tema do “Pro Anima 2001”, n° 11. 0
programa toma os mesmos temas do Capítulo. E contempla, num primeiro
momento, as linhas de acção para o triénio e, num segundo momento, as acções
integrantes para cada um dos três anos443.
O lema escolhido para este ano religioso, na sequência do Capítulo Provincial,
foi: “Caminhos novos, missão de sempre”.
As equipas provinciais para este triénio, algumas delas incluindo leigos, ficaram
assim constituídas:
Secretariado da Pastoral Vocacional e Pré-seminário: PP. João David do Souto
Coelho, José Carlos Coutinho, António Costa Andrade, José Martins da Costa,
José Manuel Sabença, Manuel João Magalhães Fernandes, Tarcísio Santos Moreira.
CESM, Fraternidades Espiritanas e Leigos Espiritanos - Europa: PP. José
Manuel Sabença (coordenador), José Martins Costa, Domingos Matos Vitorino
e os leigos Francisco Carvalho e Maria do Carmo Carvalho.
Voluntariado Missionário: PP. José de Castro Oliveira (coordenador) e José
Martins Costa.
443
Pro Anima, nº 11
702
Adélio TORRES NEIVA
Conselho Económico Provincial: PP. José Lopes de Sousa, Abel Moreira Dias,
Carlos Salgado Ribeiro, Casimiro Pinto de Oliveira e José de Castro Oliveira.
Comissão Provincial Justiça e Paz: PP. José Reis Gaspar (coordenador),
Veríssimo Manuel Teles, José Martins Costa e Tony Neves.
Arquivo Provincial: PP Adélio Torres Neiva e José Lapa.
Comissão de Publicações: PP. Manuel Durães Barbosa, Adélio Torres Neiva e
Ernesto Azevedo Neiva.
Região espiritana da Europa: Educação: P. Mário Faria Silva.
Jornal “Acção Missionária”: Director: P. Tony Neves. Conselho de Redacção:
Tony Neves, Torres Neiva, Veríssimo Teles, Ascensão Lourenço, Carlos
Salgado, Domingos Rocha Ferreira, José Costa, José Castro, Paulo Vaz e Sandra
Simões.
Revista “Encontro”: Director: P. Torres Neiva. Conselho de Redacção: Tony
Neves, Torres Neiva, Veríssimo Teles, Ascensão Lourenço, Carlos Salgado,
Domingos Rocha Ferreira, José Costa, José Castro, Paulo Vaz e Sandra Simões.
Comissão Pré-Jubilar: PP. Tony Neves, José Manuel Sabença, José Carlos
Coutinho e Torres Neiva.
Site Electrónico na Internet: a Comunidade de S. Paulo da Torre da Aguilha, II
Ciclo de Teologia, fica responsável pela actualização permanente do “site”.
Em 13 de Julho de 2000, o P. Manuel Durães Barbosa foi nomeado pela Santa
Sé para Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias.
Nesta data, a Província contava 183 membros, dos quais 121 em Portugal. Os
aspirantes eram 12 na Silva (3 no 12° ano, 2 no 11°, 4 no 10° e 3 no 9°). Os
formandos portugueses eram: 7 em estágio, 7 no II Ciclo, 11 no I Ciclo, e 3
noviços.
Na Torre da Aguilha foram constituídas duas comunidades, com objectivos
diferentes: a comunidade de Nossa Senhora de Fátima (que é uma comunidade
de trabalho paroquial e apostólico e de repouso) e a comunidade de S. Paulo
(uma comunidade de formação do II Ciclo de Teologia). Duas outras vertentes
são acolhidas por ambas as comunidades: serviço em unidade pastoral, às
paróquias de S. Domingos de Rana e Tires e ao Centro de Acolhimento a grupos
apostólicos. Cada comunidade tem o seu espaço físico e autonomia
determinadas pela respectiva especificidade.
Em obediência à orientação do VII Capítulo Provincial, que reconheceu a
necessidade de criar uma enfermaria provincial, tão necessária no apoio aos
confrades doentes ou dependentes, foi decidido que tal enfermaria ficasse
instalada no Fraião, no 1º piso do Pavilhão Central. Esta enfermaria funcionará
como extensão do Centro de Solidariedade Social sediado no Espadanido.
Depois do Protocolo de 13 de Junho de 1997, foi celebrado um Contrato em 12
de Janeiro de 2001 entre a Congregação e a Associação de Solidariedade Social
de S. Tiago do Fraião. A extensão do Lar ao Seminário do Fraião será constituída
até Março de 2001.
A 23 de Outubro, realizou-se no Fraião o 3° Conselho Provincial Consultivo,
que incidiu sobre o recente Capítulo Provincial. Também a Assembleia do Natal
O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003)
703
retomou as linhas de força do Capítulo. Depois de muito discutido, foi aprovado
o “Guia de animação das Comunidades”.
A nível europeu, realizaram-se as habituais reuniões: Justiça e Paz, Vocações,
Formação Inicial, História e Aniversários, Assembleia dos Provinciais.
Por decisão do Conselho Provincial de 11 a 13 de Setembro de 2000, foi
fechada a residência paroquial de S. Domingos de Rana, em que durante duas
dezenas de anos viveram os confrades afectos às paróquias de S. Domingos de
Rana e Tires.
Decidiu-se que, no Fraião, no pavilhão sul, depois de uma reparação à casa, se
organizasse uma nova comunidade que respondesse às necessidades apostólicas
nos sectores da Animação Missionária, Pastoral Vocacional e CESM. Assim, no
Fraião passou a haver duas comunidades: a comunidade da Sagrada Família, no
Pavilhão Norte e Central, e a Comunidade Libermann, no Pavilhão Sul. Partindo
da experiência da Aguilha, elaborou-se um estatuto para facilitar a integração,
articulação e flexibilidade das duas comunidades e respectivas obras. A
comunidade Libermann procura responder, em equipa integrada, pelos seguintes
serviços: animação missionária; pastoral juvenil e vocacional; integração e
presença significativa na igreja local; divulgação e partilha da espiritualidade
missionária espiritana (CESM). A renovação do edifício permite que haja
condições essenciais para acolhimento de pessoas e grupos, em dias de reflexão
e retiro. O CESM fica assim a ter um espaço próprio, mesmo que seja provisório,
que lhe permita lançar bases para o futuro.
O novo Centro de Espiritualidade começou a funcionar a 8 de Setembro de
2001, com Encontro dos Missionários em férias, e o retiro provincial.
Na Torre da Aguilha, iniciou-se o processo do levantamento topográfico
levado a cabo pelo arquitecto Paulo Branco e actualização de todas as áreas, tanto
nas Finanças como na Conservatória do Registo Civil de Cascais, sob a
orientação de uma Solicitadora contratada para o efeito. Foram actualizadas
todas as certidões prediais, tendo também sido loteada toda a Quinta.
De 24 de Junho a 7 de Julho de 200, começou na universidade de Duquesnne,
em Pitsburgo (USA), o Conselho Geral Ampliado. Da agenda deste Conselho
faziam parte os seguintes temas: a formação em relação com a nossa missão,
hoje; a interdependência da nossa Congregação hoje com a colaboração e a
solidariedade que ela exige; a inspiração que recebemos hoje dos nossos
fundadores e da nossa história; o Ano Espiritano que decorre de 2 de Fevereiro
de 2002 ao Pentecostes de 2003. Neste Conselho participaram, o P. José de
Sousa, como coordenador actual dos ecónomos e procuradores da Europa, o P.
José Manuel Sabença, como moderador, e o P. Luís Pedro Cardoso Adeganha,
como tradutor.
No ano apostólico de 1999-2000, a Província deu para o Fundo de
Solidariedade da Congregação 138.207.510 escudos, uma contribuição que se
repete todos os anos pouco mais ou menos.
Quanto a visitas do Provincial, neste ano de 2001, contam-se a visita à GuinéBissau, a Angola, em cujo Capítulo Provincial participou, a Cabo Verde, tendo
704
Adélio TORRES NEIVA
também participado no Capítulo do distrito, e aos confrades do Brasil Sudeste.
Este distrito do Brasil Sudeste irá ser dissolvido em breve e integrado na
Província do Brasil. Os membros do distrito eram em 2001: PP. Luís de Oliveira
Martins (coordenador do grupo), António Lima e António Laranjeira, na
diocese de Niterói; PP. Laurindo Marques, José Fernandes de Sá e João Serra, na
diocese de Nova Iguaçú. O Provincial visitou ainda a Amazónia de 15 a 25 de
Abril.
A visita à África do Sul e a Moçambique foi feita pelo primeiro assistente, P.
José Manuel Sabença.
Durante este ano foi também elaborado o programa do Ano Espiritano 20022003. O Secretariado Permanente ficou constituído pelos PP. José Manuel
Sabença (presidente), Tony Neves (vice-presidente), Mário Faria (secretário),
José Lopes de Sousa (tesoureiro) e António dos Santos Moreira (secretário
executivo). Foram também criadas quatro comissões sectoriais: Comissão
Divulgar, Comissão Partilhar, Comissão Renovar e Comissão Celebrar, que
incluíam vários leigos. A Comissão Central foi formada com o Provincial, os
membros do Secretariado e um delegado de cada Comissão.
A celebração do 50° aniversário da Província de Espanha teve lugar em Aranda
del Duero, no dia 3 de Junho de 2001, dia do Pentecostes, tendo sido
gentilmente convidados para a celebração os confrades portugueses que lá
haviam trabalhado. O P. Provincial representou a Província.
Com a reorganização da toponímia da cidade, a Câmara Municipal de Bragança
quis dar o nome de várias ruas a ilustres bragançanos que pela cultura, ciência,
património, beneficência, ou religião, levaram consigo para longe o nome da sua
terra. Como missionário, foi homenageado o P. José Maria Pereira, tendo sido
dado o seu nome a uma artéria da cidade. O P. Provincial esteve presente na cerimónia.
Na Torre da Aguilha terminou, a 31 de Dezembro de 2001 o contrato com a
Segurança Social para o Lar da Terceira Idade, no pavilhão leste. Pouco depois
iniciaram-se obras de recuperação em ordem a uma futura utilização.
A 2 de Fevereiro de 2002, abriu o Jubileu Espiritano em todas as comunidades.
Foi o acontecimento que dominou e marcou todo o ano 2002. Revertemos para
o capítulo seguinte a relação das actividades que foram levadas a cabo durante
todo este Ano Espiritano.
Factores vários, a que não foi alheia a necessidade de um melhor
aproveitamento da Casa do Pinheiro Manso, vocacionada particularmente para a
Formação, levaram o Conselho Provincial a decidir-se pela mudança do II Ciclo
de Teologia da Torre da Aguilha para o Pinheiro Manso, no Porto, indo o I Ciclo
para a Torre da Aguilha.
Neste ano foi nomeado secretário provincial o P. António Santos Moreira.
Em reunião da Câmara Municipal de Cascais de 27 de Maio de 2002 foi
aprovado o loteamento - fase 1 - da Torre da Aguilha.
Durante o Colóquio «A missão num mundo incerto” realizado na Torre da
Aguilha no Ano Jubilar, foi lançada a revista “Missão Espiritana”, projecto
antigo que pretende ser uma revista de estudo da história e da espiritualidade da
O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003)
705
missão espiritana, nas suas diversas expressões, no mundo lusófono.
De 10 de Março a 25 de Abril de 2002 foi a visita do Conselho Geral à
Província Portuguesa. A visita foi feita por dois membros do Conselho Geral:
PP. António Luís Farias Antunes e Jerónimo Cahinga. Por sugestão da equipa
provincial, as comunidades maiores (Estrela, Torre d’Aguilha, Fraião e Godim)
foram visitadas pelos dois confrades. As outras foram visitadas apenas por um:
P. Jerónimo Cahinga visitou Coimbra, S. Brás de Alportel e Viana do Castelo; e
o P. António Farias visitou as comunidades do Pinheiro Manso, no Porto, da
Silva, em Barcelos, e do Fundão. Conversaram com quase todos os confrades e,
no fim, fizeram um encontro comunitário.
Como conclusão, os visitadores entenderam que “nos últimos anos tem havido
um grande esforço de animação espiritual e comunitária, ajudando os confrades a
reflectir pessoalmente e em comunidade sobre a vida e a missão da Congregação e
da Província”. Constatando que a oração comunitária é regular e com boa
participação, onde há o esforço por a fazer em união com a nossa história e
tradição, sugeriram que “talvez pudesse haver mais espaço para colocar em nossa
oração as alegrias e as dores, as esperanças e as preocupações dos homens”,
mediante orações espontâneas. Sugeriram também o convite das pessoas mais
ligadas a nós para as bem apreciadas vigílias de oração. Ressaltando o pioneirismo
da nossa Província no despertar do povo de Deus para a dimensão missionária da
Igreja, apontaram a pastoral vocacional que permanece como uma das prioridades
da Província. Destacaram de modo especial a programação feita pela Província para
a celebração do Ano Jubilar Espiritano que acharam notável pela qualidade e
diversidade de iniciativas dirigidas a públicos diferentes, pelo material
confeccionado para tornar conhecido o acontecimento, pela quantidade de pessoas
envolvidas (confrades e leigos) e pelo impacto que a celebração está tendo na
sociedade e na Igreja portuguesa. E terminaram agradecendo o testemunho de vida
e de amor à Congregação que receberam da parte de todos, bem como a maneira
tão fraterna e acolhedora com que foram acolhidos em todas as comunidades.
Neste ano foi também decidido reactivar o Auditório da Torre da Aguilha.
No dia 30 de Outubro de 2002, a Aguilha celebrou, com a comunidade da Estrela,
os 50 anos da fundação da casa. A celebração solene ficaria para uns dias mais tarde,
com a presença do Sr. Cardeal Patriarca e do Presidente da Câmara e uma multidão
de liamistas, tendo sido descerradas três lápides evocativas do acontecimento.
Em razão das obras na Estrela, a comunidade mudou-se para o bloco Leste no
dia 6 de Janeiro de 2003; aí permanecerá até Maio de 2004. O CEPAC, depois de
ter suspendido as suas actividades de Setembro de 2002 até Fevereiro de 2003,
mudou-se para espaços cedidos pela paróquia de Santa Joana Princesa.
Na Assembleia Provincial de 2002 foi decidido que o Noviciado Espiritano
Europeu seria em Chevilly, na França, a começar em 2004.
Conselho Provincial Alargado 2003 (CPA/2003):
Foi convocado a 20 de Outubro de 2002 sendo nomeada a equipa para o
706
Adélio TORRES NEIVA
preparar: PP. Eduardo Miranda, Mário Faria Silva e Raul Viana Barbosa.
Enviado um inquérito a toda a Província, foram escolhidos os seguintes temas,
referenciados com o VII Capítulo Provincial: Para um novo dinamismo
missionário; Comunidades evangelizadas e evangelizadoras; Missão partilhada e
Animação Missionária; Administração de bens temporais; Formação inicial e
Pastoral Vocacional. Cada tema foi confiado a uma Comissão para o preparar.
O mote deste Conselho foi: “Há uma esperança para o teu futuro”.
O III Conselho Provincial Alargado realizou-se na Torre da Aguilha de 13 a
19 de Julho de 2003. A reflexão deste Conselho situa-se no prolongamento do
Capítulo Provincial do ano 2000, cuja temática retomou. As suas linhas de força
foram as mesmas do VII Capítulo:
1. Um novo dinamismo missionário
Olhando a caminhada dos últimos anos, constatamos que a missão ad extra e a
atenção aos pobres tem estado no centro da missão espiritana. A Província, sem
abandonar as suas situações missionárias históricas (Angola, Cabo Verde, Brasil,
Amazónia, Guiné-Bissau, Paraguay, S. Tomé e Príncipe), tem-se esforçado por
responder aos apelos da missão da Congregação e por alargar o seu campo de
missão ad extra a outros países (México, Moçambique, Guiné-Conakri e Taiwan).
Sentimos que a missão, enquanto compromisso com “a justiça e a paz”, é tida
e aceite como algo normal na vida e missão da Província. Além do seu crescente
empenho no CEPAC (pessoal e finanças), na Capelania dos Africanos em
Lisboa, no acompanhamento dos Imigrantes de Leste e em outras capelanias
(cadeia de Tires e hospitais), com alegria constatamos que a nossa imprensa
veicula mais os temas ligados com “a justiça e a paz”; que cresceu o nosso
envolvimento à escala nacional e europeia (AEFJN, campanhas várias) e que há
maior consciência por parte de todos os confrades. Sublinhamos, por isso, a
percepção de certos sinais que nos dão a consciência crescente de que a Europa
é terra de missão.
Em relação à colaboração e à “missão partilhada com os leigos”, quatro
aspectos positivos são de sublinhar: o esforço na formação missionária dos leigos
(CESM), a progressiva corresponsabilidade dos leigos na Animação Missionária
(diferentes conselhos), a partilha de nossa espiritualidade, constatável pelo
surgimento das Fraternidades Espiritanas, e o crescimento do voluntariado
missionário ligado aos nossos movimentos de Animação Missionária.
A solidariedade com os confrades em missão ad extra, que passa também pelo
SES e pela Procuradoria, é uma profunda expressão de ligação afectiva e efectiva
com eles e a manifestação de que a missão deles é a nossa missão. Constatamos
ainda a abertura corajosa da Província à internacionalidade, na Formação e na
capelania dos Africanos.
2. Um novo dinamismo pessoal e comunitário
O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003)
707
O último Capítulo Provincial ajudou-nos a tomar maior consciência da
importância e valor da Vida Espiritual. Por isso constatamos com alegria um
novo dinamismo espiritual que se manifesta no empenho e investimento numa
renovada espiritualidade; na valorização do projecto pessoal e do
acompanhamento espiritual; no aprofundamento do conhecimento dos
fundadores; na possibilidade de reciclagens e refontalização espiritual oferecida
a confrades e na vivência enriquecedora do Ano Jubilar.
O Inquérito à Província, por sua vez, aponta para uma visão optimista na
qualificação da vida comunitária. A dinamização da vida de comunidade tem-se
manifestado na elaboração do Projecto Comunitário, na valorização do
Conselho de Comunidade, na preparação das reuniões de comunidade, no
esforço por valorizar e qualificar os serviços de Superior e Ecónomo e no
proporcionar condições nas casas para que cada confrade se sinta bem. Tem-se
procurado também criar condições para um bom acolhimento e tratamento
condigno dos confrades doentes e/ou idosos e tem-se procurado ainda melhorar
a qualidade do acolhimento aos confrades e aos leigos que têm connosco um
maior envolvimento.
A celebração do Ano Jubilar fez-nos sentir a nossa real inserção e comunhão
com a Igreja local e fez desabrochar, a par com a abertura à internacionalidade,
um maior sentido de pertença à Província e à Congregação.
3. A Animação Missionária e a Missão Partilhada
Este foi um tema valorizado pelo Capítulo Provincial de 2000, cujas propostas
foram assumidas pelo Pro-Anima 11 (2001) e Pro-Anima 14 (2002). Foram
apontadas linhas de acção e acções integrantes.
A formação de leigos, a criação da Comissão Dinamizadora do CESM, a
constituição da Comunidade Libermann, o reconhecimento eclesial dos nossos
Movimentos Laicais, o envolvimento crescente de leigos na nossa Espiritualidade
e Missão, a aposta no Voluntariado Missionário, a ligação com os Institutos
Missionários Ad Gentes, as Obras Missionárias Pontifícias e a Fundação
Evangelização e Culturas, os protocolos com “Sol Sem Fronteiras”, as
campanhas de solidariedade, o empenhamento em campanhas e iniciativas no
âmbito da Justiça e Paz, a melhoria da qualidade das publicações, a aposta nos
media, a realização de eventos mobilizadores como a peregrinação a Fátima, os
magustos missionários e a Festa dos Povos, a ligação às Espiritanas, as mudanças
realizadas na administração ... foram alvo de um grande investimento neste
triénio com resultados bem palpáveis.
Alegramo-nos com a aprovação dos estatutos da LIAM, do MOMIP e dos JSF
pela Conferência Episcopal Portuguesa (24 de Junho de 2003), e damos graças a
Deus pelo empenho dos leigos no nosso Jubileu.
4. Pastoral Vocacional e Formação
708
Adélio TORRES NEIVA
De acordo com o VII Capítulo Provincial (DCP nº 710), a pastoral vocacional
continua a ser uma prioridade da Província, mas há ainda esforços a fazer para
que todos os sectores da vida da Província e todos os confrades e leigos se
deixem permeabilizar por esta responsabilidade em despertar e acompanhar os
jovens na sua resposta ao chamamento, conforme é pedido no DCP nº 710.2. O
Secretariado das Vocações, no seguimento do Plano Vocacional «Vinde e Vede»
e na busca de novos caminhos de sensibilização e despertar vocacional,
desenvolveu um conjunto de iniciativas, umas de ordem interna e outras mais
voltadas para os jovens, merecendo particular destaque a proposta de retiros
vocacionais e de campos de férias “Oração e Vida”. A folha mensal de Oração
Vocacional, o Pré-seminário-de-ligação, a separata do jornal Acção Missionária
para a oração missionária pelas vocações, são outras tantas iniciativas que
parecem marcar o rumo a seguir. Deste modo, sem descurar os adolescentes,
procurou-se investir em propostas vocacionais concretas para jovens, algo que
nos parece importante e de futuro.
5. Recursos Humanos, Serviços e Bens materiais
A formação inicial respondeu à necessidade de ajudar os jovens seminaristas a
discernir a sua vocação e realizou, em cada fase, os objectivos programados. A
Província acolheu a solução da Região Europa para o Noviciado (cf. DCP nº
735.5), a partir de 2004, o que não dá seguimento estrito à orientação do VII
Capítulo (DCP nº 735) de que o Noviciado seja em Portugal.
O acolhimento a confrades estudantes de outras circunscrições (DCP nº 737)
é uma experiência enriquecedora de comunidade internacional que terá as suas
repercussões positivas no futuro da missão que os mais jovens são chamados a
desenvolver.
6. CESM – Centro Espírito Santo e Missão: Espiritualidade e Formação
“Comunhão e Acolhimento; Espiritualidade e Renovação; Vocação e Serviço;
Formação e Informação”: São estas as quatro dimensões essenciais pedidas pelo
VII Capítulo Provincial (DCP nº 707) que presidem ao funcionamento do
CESM e respectivas iniciativas e actividades, na linha da nossa espiritualidade
missionária. Para além dos retiros, recolecções e vigílias que se realizaram e
congregaram um bom número de pessoas, tanto adultos como jovens,
pertencentes aos movimentos laicais a nós ligados, é de salientar todo o empenho
colocado na formação dos leigos, nomeadamente através do Curso de
Animadores Missionários Leigos para Adultos e o Curso de Animadores para
Jovens, assim como a formação na linha das Fraternidades Espiritanas.
Algumas actividades de formação como o Curso de Relações Humanas e o
Eneagrama não tiveram a afluência esperada. Os retiros mais participados têm
sido os de orientação carismática.
O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003)
709
7. Organização dos Recursos Humanos, dos Serviços e Bens Materiais
- Avançaram as obras de restauração das diferentes casas, com especial
destaque para a Torre d’Aguilha, o Fraião, a Silva e a casa Provincial da Estrela.
Algumas dessas obras obedeceram a um processo de reestruturação da própria
casa e comunidade que passaram a ter novos modos de funcionamento. Na Torre
d’Aguilha deram-se ainda passos significativos na legalização do seminário e dos
imóveis circundantes, estando em curso a recuperação do auditório, último passo
da restauração da casa.
- A enfermaria do Fraião tornou-se uma realidade para os confrades dependentes
ou a exigir cuidados especiais. Esta era uma das necessidades sentidas, dada a
crescente incapacidade de as diferentes comunidades tratarem os seus doentes na
situação de exigirem cuidados que a própria comunidade não podia ministrar. A
parceria com o Lar de São Tiago apresentou-se como boa solução.
- A reconversão dos bens continuou, passando as fontes de receitas a ser
provenientes de rendas de imóveis em meios urbanos e não de quintas, como
vinha sendo até então. Criaram-se novas fontes de receita, o que possibilita uma
maior solidariedade com o Cor Unum, com a Região Europa, ou com outras
circunscrições que para cá têm enviado estudantes em formação. O fundo Missio,
alimentado com 5% das vendas de imóveis, tem permitido esta solidariedade.
- Salientamos ainda o forte investimento na formação de alguns confrades e
leigos nas áreas de acompanhamento espiritual.
- Das áreas em que menos se avançou, salientamos a formação espiritual,
humana e técnica dos nossos empregados. Uma necessidade sentida sobretudo
nas casas de acolhimento, a exigir maior reflexão, tomadas de decisão e a
elaboração de um Directório dos Empregados, com os critérios da
remuneração.444
Neste Conselho Provincial Alargado foi, também escolhido novo governo da
Província, que ficou assim constituído:
Provincial: P. José Manuel Matias Sabença.445
1º Assistente e Conselheiro para a Animação Missionária: P. António Manuel
Santos de Sousa Neves.
2º Assistente e Conselheiro para a Terceira Idade: P. Adélio da Cunha Fonte.
Conselheiro para a Formação Inicial: P. João David do Souto Coelho.
Conselheiro para o CESM, MOMIP e Leigos Associados: P. Mário Faria Silva.
Conselheiro para as Paróquias Espiritanas: P. Domingos da Rocha Ferreira.
Conselheiro para a Pastoral Vocacional: P. Raul Viana Barbosa.
Ecónomo Provincial: P. José Lopes de Sousa.
Secretário Provincial: P. António dos Santos Moreira.
444
445
III Conselho Provincial Alargado – “Há uma esperança para o teu futuro”.
Actas do Conselho Geral, Decisão 53/2003
710
Adélio TORRES NEIVA
711
Capítulo 77
O ano jubilar Espiritano 2002-2003
P. António Santos Moreira
O
Capítulo Geral de Maynooth (1998) disse que o Ano Espiritano
nos ofereceria uma oportunidade única de “redescobrir e actualizar
no mundo contemporâneo as intuições e a visão dos nossos
Fundadores. Nessa perspectiva, o Conselho Provincial nº 7/2000-2003, de 11 e
12 de Junho de 2001, aprovou um programa grande e ambicioso para as
celebrações do Ano Espiritano. Houve até quem pusesse em questão a sua
viabilidade. Felizmente, a Província reagiu de modo positivo ao desafio então
lançado e as celebrações realizaram-se na fidelidade ao programa e ao calendário.
Objectivos
Os dois grandes objectivos definidos por Maynooth serviram de pilares a estas
celebrações: A renovação da Congregação e a difusão da espiritualidade
missionária espiritana. O lema geral foi: Renovar e Partilhar.
Metodologia
Procurou-se alcançar os objectivos propostos mediante quatro sub-temas:
Divulgar, para dar a conhecer quem somos; partilhar, para difundir a nossa
espiritualidade e aprofundar a animação missionária; renovar, para dar maior
vigor espiritano às nossas comunidades e aos confrades; e celebrar, para vincar o
Ano Espiritano através de celebrações marcantes dentro e fora das
Comunidades.
Seguindo ainda as sugestões de Maynooth - “encoraja-se a participação de todos,
jovens e menos jovens, professos e associados, na preparação deste Ano Espiritano”
- criaram-se quatro Comissões de confrades e leigos a nós mais ligados, cabendo
a cada uma desenvolver um sub-tema. Cada Comissão tinha o seu Patrono:
Brottier, para a divulgação; Laval, para a partilha, Poullart des Places, para a
renovação; Libermann, para a celebração.
Um Secretariado fez a coordenação de todos os trabalhos.
O ano de 2001, à maneira de introdução, tomou-se como Ano da Missão
Espiritana. 2002 foi o Ano de Libermann, por nele se celebrarem os 200 anos do
seu nascimento e os 150 da sua morte. Em 2003 celebrou-se o Ano de Poullart
des Places, por se completarem os 300 anos em que ele fundou a Sociedade do
Espírito Santo.
712
Adélio TORRES NEIVA
Apraz registar a dedicação com que todos, confrades e leigos, se empenharam
na execução das tarefas de que foram incumbidos.
Acções de preparação
O lançamento ou anúncio do Ano Espiritano realizou-se por diversas acções
de divulgação e animação: “banner” colocado nas casas maiores da Província,
cartazes, autocolantes, pin’s, esferográficas, calendários de bolso (em união com
Cabo Verde), mensagens na imprensa, envelopes e cartas com logotipo especial,
próprio do Jubileu e evocando o ano aniversário. Um cartão especial de “Boas
Festas” marcou o Natal de 2001, tendo havido o cuidado de, ao menos neste ano
jubilar, serem enviadas as “Boas Festas” a todos os familiares de confrades em
missão “ad extra”.
Para ambientação espiritana das comunidades, fez-se para cada casa, dois
conjuntos de painéis: um sobre a Congregação em geral e o outro sobre a nossa
Província, com destaque para a respectiva casa. Igualmente se fizeram dois
posters (Poullart des Places e Libermann) em tecido, para cada comunidade.
Ao longo do ano, outras acções se fizeram neste campo da divulgação e para
ficarem como recordação: placas com os fundadores e as datas, porta-chaves,
marcadores e medalhas...
Celebração de Abertura
A abertura do Ano Jubilar, para os confrades, fez-se no dia 2 de Fevereiro de
2002, celebração tradicional de Libermann. As comunidades do norte reuniramse no Fraião e as do Sul, na Torre d’Aguilha, havendo também uma Vigília na
paróquia de S. Domingos de Rana.
A abertura solene e “pública” fez-se no domingo, dia 3 de Fevereiro, nos
diversos lugares onde estamos mais inseridos:
Lisboa, na Basílica da Estrela, em Eucaristia presidida por D. Tomaz Pedro
Barbosa da Silva Nunes, bispo auxiliar do Patriarcado e Secretário da
Conferência Episcopal Portuguesa; esteve bastante gente presente, tendo-se
associado a esta celebração as comunidades da Estrela e da Torre d’Aguilha.
Porto, no Colégio da Formiga. Este Colégio foi seminário da Congregação
entre 1896 e 1910 e aí estudaram grandes figuras da Província; a igreja em honra
de Santa Rita continua a ser um grande centro de devoção popular. Estas, as
razões por que se escolheu este colégio, gentil e prontamente cedido pela
diocese, actual proprietária. O Bispo da Diocese, D. Armindo Lopes Coelho,
presidiu à Eucaristia, em que participaram todos os padres da Comunidade do
Pinheiro Manso e vários confrades dispersos pela região, bem como uma
assembleia de mais de mil pessoas ligadas à Congregação (LIAM e JSF). Na
homilia teceu rasgados elogios à obra da Congregação na sua diocese, sem
esquecer de nomear espiritanos de relevo dela naturais. E a festa continuou em
alegre convívio.
Viana do Castelo fez a abertura do Ano Jubilar em Santa Luzia com Eucaristia
presidida também pelo bispo da Diocese, D. José Augusto Pedreira. Também ele
O ano jubilar Espitano 2002-2003
713
realçou a obra da Congregação na dinamização missionária desta igreja local,
recordando os tempos em que a Formação estava no Seminário das Ursulinas e
era referência em toda a região de Viana do Castelo. A assembleia também
rondou o milhar de pessoas, na maioria liamistas e simpatizantes dos
missionários do Espírito Santo.
Em Braga, a abertura solene fez-se na cripta do Sameiro com uma assembleia
de cerca de duas mil pessoas. Presidiu o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, que,
falando da acção missionária da Congregação, se não poupou em elogios à
presença e obra dos espiritanos nas terras de Braga.
Nas Paróquias de Godim e de São Brás de Alportel as celebrações começaram de
modo mais modesto na Eucaristia principal presidida pelos respectivos párocos.
Todas estas celebrações tiveram larga repercussão, com fotografia e primeira
página, nos jornais regionais. Distribuíram-se milhares de pagelas com as duas
orações do Jubileu, de modo que, não só os confrades, mas todos os
colaboradores e amigos das missões se puderam unir durante este ano no louvor
ao Senhor pelos trezentos anos de missão espiritana.
Renovação
Sendo o objectivo principal destas celebrações a renovação da Congregação, a
Província empenhou-se em proporcionar a todos meios que facilitassem a
consecução desta finalidade. Elaboraram-se ‘Pro Anima’ temáticos para o
Advento e Quaresma, distribuíram-se esquemas para as celebrações das datas
mais marcantes; as recolecções e os retiros tradicionais, bem como as reciclagens
do Natal e as Assembleias da Páscoa foram todas cuidadosamente elaboradas
dentro do recordar o passado com gratidão para viver o presente em projecção
do futuro.
Depois de celebrado Libermann, o timoneiro da evangelização de África, sob
o slogan “com a força do espírito, solidários na Missão”, um Pro Anima especial
dedicado a Poullart des Places, e debaixo do slogan “com a força do Espírito ao
encontro dos pobres”, procurou melhorar entre todos o conhecimento da pessoa,
da espiritualidade e do carisma do nosso primeiro fundador que nos põe ao
serviço daqueles para quem a Igreja mais dificilmente encontra obreiros.
Para estudo, reflexão e meditação dos confrades e dos leigos ‘espiritanos’
publicaram-se alguns livros com textos e orações dos nossos Fundadores,
devidamente enquadrados e comentados:
“Com a força do Espírito - A Missão Espiritana Hoje” do P. Adélio Torres
Neiva, um bom instrumento de refontalização espiritana, mais orientado para a
formação missionária dos grupos da LIAM, que o usarão como manual durante
dois anos.
“Como leve pena.. - orar ao sopro do Espírito”, do P. Agostinho Tavares, um
livro sobre a oração em que se conjugam a experiência pessoal do autor e o
testemunho espiritual de Poullart des Places e Libermann. Boa ajuda tanto para
a oração pessoal como para se rezar em comum.
714
Adélio TORRES NEIVA
“Nas tuas mãos, Senhor - um caminho de santidade com Francisco
Libermann“, de Alphonse Gilbert e com o título original “Le Feu sur la Terre”,
foi traduzido e publicado em português como “o livro do Jubileu” para todos os
que buscam a santidade, sejam leigos, religiosos, religiosas ou padres, e para
quem procura com sinceridade o sentido da sua vida.
“A Festa da Missão” é um livro de 300 páginas, publicado pela LIAM e
destinado principalmente à Família Espiritana; sendo uma compilação de
celebrações e cânticos, é um valioso subsídio à Formação e à Animação
Missionária porque ‘sem festa não há Missão’.
Ainda no âmbito do Ano Espiritano, estão em preparação duas outras
publicações: “A Missão Espiritana no Sudoeste de Angola” da autoria do P.
Serafim Lourenço, missionário há cinquenta anos em Angola, e que se encontra
já no prelo. E a “Espiritualidade Missionária do P. Libermann”, do P. Amadeu
Martins, um livro onde se compendiam todas as componentes da espiritualidade
missionária e que está também em vias de ser publicado.
Esta História da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo
conclui o conjunto de publicações previstas para o Ano Jubilar.
Aproveitou-se também a ambiência do Jubileu para o lançamento da Revista
“MISSÃO ESPIRITANA - revista das circunscrições espiritanas lusófonas”.
Projecto antigo e adiado, viu agora a luz do dia como revista de carácter
científico e com conteúdo missionário e missiológico que não esquece o
específico espiritano: fontes espiritanas, missão espiritana-hoje, história e figuras
espiritanas, espiritualidade, testemunhos da missão e biblioteca espiritana.
OS GRANDES EVENTOS
Certos acontecimentos de relevo marcaram as celebrações deste Ano Jubilar:
Ordenações sacerdotais: O primeiro de todos os grandes eventos das
celebrações jubilares foi a ordenação sacerdotal de quatro jovens espiritanos:
Hugo Norberto Mendes Ventura, Manuel Andrade Alves Semedo e Vítor
Narciso Martins da Silva, em 2002 e Tiago Aparício Simões Barbosa, em 2003. E
o facto de estas ordenações se realizarem nas paróquias de origem (S. Domingos
- Cabo Verde, Tires - Lisboa, Nogueira - Braga, e, no ano seguinte, Torre
d’Aguilha - ordenação e Fraião - ‘missa nova’) movimentou muitos membros da
Família Espiritana, tanto do norte como do sul do país.
Profissões: Foram quatro os noviços que no dia 8 de Setembro de 2003
emitiram os primeiros votos na Congregação. Boa chave, nos tempos que
correm, para encerrar o Ano Jubilar.
Colóquio “A Missão num Mundo incerto”: Realizado na Torre d’Aguilha, de
7 a 9 de Junho de 2002. Nele intervieram pessoas de relevo na Igreja, na
Congregação e na política. Com efeito, a conferência inaugural foi proferida pelo
O ano jubilar Espitano 2002-2003
715
antigo Presidente da República, Dr. Mário Soares, que falou sobre “As incertezas
do Mundo Contemporâneo”. O Prof. Teotónio de Souza, da Universidade
Lusófona, desenvolveu o tema: “Justiça, Paz e Integridade da Criação na era da
Globalização”. O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo fez uma palestra
sobre “Que missão para a Europa?”. O nosso Superior Geral, P. Pierre Schouver,
falou sobre “A Missão na fronteira e as fronteiras da Missão”. Da Amazónia,
Brasil, veio o bispo de Tefé, o espiritano D. Sérgio Castriani, falar-nos da
“Amazónia, missão e espiritualidade da terra”. E o membro do Conselho Geral,
P. Jerónimo Cahinga, angolano, fez uma palestra sobre “África, a missão da
esperança e a espiritualidade da inculturação”. E o Colóquio que abrira com o
discurso de saudação e boas vindas, do P. Eduardo Miranda, Superior Provincial,
em que recordou que uma celebração jubilar evoca necessariamente o património
histórico, recebendo dele inspiração para viver com paixão o presente e abrir-se
ao futuro com confiança e esperança, encerrou com a conferência “Uma
perspectiva histórica sobre a missão espiritana” proferida pelo P. Adélio Torres
Neiva.
Registou-se uma presença de centena e meia de participantes, o que, sem
dúvida, é muito positivo. Durante o Colóquio, fez-se o lançamento da Revista
“Missão Espiritana” e foi inaugurada a Exposição Missionária por D. José
Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa. Os Meios de Comunicação Social deram
grande cobertura a este evento, não apenas a Rádio Renascença que falou dele
antes, durante e depois, mas também a TVI que transmitiu a Eucaristia do
Domingo, presidida por D. Zacarias Kamwuenho, Presidente da Conferência
Episcopal de Angola e S. Tomé, e dedicou o programa “8º Dia” desse Domingo
à Exposição, voltando ao tema alguns tempos mais tarde, em outros dois
programas similares.
Exposição missionária “Alarga o Espaço do tua Tenda”: Inaugurada pelo Sr.
Cardeal Patriarca, a 8 de Junho de 2002, prolongou-se até aos princípios de
Dezembro. Ocupou a galeria principal da Torre d’Aguilha, estendendo-se pelo
espaço aberto do “tanque dos peixes” e terminando na igreja. Foi um evento
bastante bem conseguido, tanto na idealização, como na execução, apesar de ser
só com o nosso pessoal. Apoiada, como base temática, em Isaías 54, 1b-3, foi aí
buscar o seu título (Alarga o espaço da tua tenda) para mostrar como desde 1703
foram muitos os homens e mulheres que encontraram um espaço de
acolhimento e de esperança na “tenda” que os missionários espiritanos foram
construindo através do mundo. Uma ala da galeria foi consagrada à acção
missionária dos espiritanos portugueses de ontem e de hoje; na outra,
aproveitando peças de museu que temos em depósito no Museu de Antropologia
da Universidade de Coimbra, desenvolveu-se o tema da mulher africana e sua
cultura. Nos outros espaços, fez-se uma amostra das nossas diversas actividades
aquém e além, desde o trabalho nos bairros degredados até ao serviço com os
índios da Amazónia. E tudo terminou na igreja com as paredes e colunas
decoradas com o “Pai Nosso” escrito em várias dezenas de línguas aprendidas
pelos missionários espiritanos: Deus é Amor.. A Missão é Espiritualidade.
716
Adélio TORRES NEIVA
Jornadas de Espiritualidade Missionária: Realizaram-se em Fátima, de 14 a 16
de Fevereiro de 2003. Nelas se congregaram cerca de 500 pessoas entre
confrades, Irmãs Espiritanas e leigos dos nossos diversos movimentos, além de
amigos e simpatizantes. Oração e estudo, com palestras sobre o Espírito Santo
na Igreja, foram os momentos fortes destas Jornadas, condimentadas com
testemunhos de partilha e encenações pelos jovens. A nível de congregação de
massas, foi certamente o evento
mais bem conseguido.
Jornadas Espiritanas Jovens na
Europa: Este acontecimento,
realizado entre 13 e 20 de Julho de
2002, sofreu as consequências do
Encontro Mundial da juventude
em Toronto: teve de ser em Julho
e não em Agosto, o mês das férias.
Eucaristia de Encerramento das Jornadas
Apesar de tudo, ainda se juntou em
Paris um bom grupo de jovens, algo mais de 120. Foram a Polónia e Portugal
quem levou mais jovens (uns quarenta cada); e, modéstia à parte, os portugueses
mostraram-se bem enquadrados no ambiente, na vivência e na razão de ser destas
jornadas, sinal do trabalho realizado com eles e desafio a prosseguir.
Peregrinação nos ‘Passos dos Fundadores’: No seguimento do Encontro
Nacional de Professores, feito na Torre d’Aguilha de 30 de Julho a 2 de Agosto
de 2002, realizou-se a Peregrinação a França ‘nos Passos dos Fundadores’, que se
prolongou até ao dia 8. Aos Professores juntaram-se vários outros colaboradores
nossos, fazendo um total de 90 pessoas.
Peregrinação da Família Espiritana: É já habitual realizar-se esta Peregrinação
a Fátima no primeiro fim de semana de Julho. Em celebração jubilar teve um
relevo especial, não apenas pelo número de presenças, mas sobretudo pela
qualidade das actividades e pelo empenho da juventude.
Peregrinação a Fátima e a Portugal espiritano dos anciãos da Europa: 50
espiritanos europeus com mais de 65 anos vieram, de 15 a 22 de Maio de 2003,
em visita/peregrinação a Fátima e às diversas casas da Província. A proposta
havia partido de nós e foi aceite de imediato e com entusiasmo. Muitos mais
viriam se houvesse capacidade de nossa parte. O acolhimento foi
verdadeiramente ‘à portuguesa’ em qualquer das comunidades por onde passaram.
E foram muitas as cartas de agradecimento e parabéns.
Os Leigos: Uma das notas mais relevantes da celebração do Ano Espiritano
está, sem dúvida, no empenho e entusiasmo dos leigos ‘espiritanos’. A
participação activa nos diversos eventos ‘oficiais’ foi francamente positiva. Mas
O ano jubilar Espitano 2002-2003
717
mais significativas foram as acções (celebrações, vigílias, campanhas...) organizadas
e levadas a cabo pelos leigos, idosos e jovens, nas suas diversas paróquias.
JSF - Jovens sem Fronteiras: O sector juvenil da nossa animação missionária,
denominado Jovens Sem Fronteiras (JSF), teve uma acção muito empenhada em
todas as celebrações jubilares, dando-lhes cor, ritmo, vitalidade. O Jubileu
coincidiu com a celebração dos 20 anos deste Movimento juvenil de Animação
Missionária dos Espiritanos que conta já com uns 30 grupos espalhados por
Portugal, Angola, Cabo Verde, França e S. Tomé e Príncipe. Todos os anos este
Movimento tem diversas actividades missionárias em Portugal e em terras de
Missão nas denominadas “Pontes”. O programa deste ano foi mais vasto,
juntando a celebração dos 300 anos da Congregação e dos 20 anos dos JSF. E o
XV Encontro Nacional, realizado no princípio de Setembro e como termo das
celebrações, reuniu no Seminário da Torre d’Aguilha mais de 200 jovens que daí
partiram para as suas paróquias cheios de entusiasmo pela causa missionária.
Festa dos Povos: Iniciativa do Seminário da Torre d’Aguilha, da Capelania dos
Africanos e dos JSF de Tires, nasceu há três anos no Seminário da Torre
d’Aguilha para congregar, num só coração e numa só alma, os povos imigrantes
de diversos continentes, raças e culturas. Este ano, a Festa foi feita em parceria
com a autarquia local. Mas a família espiritana, mormente o CEPAC - Centro
Padre Alves Correia, as Irmãs Espiritanas e os JSF, tiveram um papel muito
significativo neste acontecimento.
O CESM - Centro Espírito Santo e Missão: Foi grande o incremento dado
pelo Ano Jubilar a este recém criado Centro de Espiritualidade Espiritana que
favorece aos casais, jovens, religiosos e sacerdotes uma renovação pela força do
Espírito. Com quatro centros (Braga, Lisboa, Porto e Viana do Castelo) tem
uma vasta agenda de vigílias ao Espírito Santo, recolecções, retiros e outras
actividades. Fruto da busca promissora durante o Jubileu, a Província está a
preparar a sua ubiquação no Seminário da Silva, onde o espaço e o ambiente são
mais propícios à reflexão espiritual.
A divulgação nos Media: Fruto do empenho de alguns confrades e vários
leigos amigos, os Meios de Comunicação Social deram grande relevo e cobertura
à celebração dos 300 anos de missão espiritana. Na imprensa, quase todos os
jornais diários deram algum espaço ao acontecimento, havendo até quem lhe
desse bastante destaque; a imprensa religiosa também cumpriu bem a sua missão.
A Rádio Renascença - Emissora Católica, para além de anunciar os diversos
programas, fez uma óptima recolha e até cobertura de alguns deles. Mas o maior
impacto a nível nacional deve-se à televisão: o programa “ecclesia” da RTP2
emitiu cinco programas sobre a missão e os JSF em S. Tomé e Príncipe; A TVI,
além de transmitir duas Eucaristias, dedicou-nos quatro “oitavo dia”, sendo dois
sobre Cabo Verde.
718
Adélio TORRES NEIVA
A Igreja local: Já se referiu como os “nossos” leigos trabalham a animação
missionária nas suas paróquias com as mais variadas iniciativas e vigoroso
empenho. De realçar a adesão dos párocos e a presença de muitos desses
sacerdotes diocesanos nas nossas celebrações principais.
Mas é necessário destacar a atitude dos Bispos portugueses. Logo de início, foilhes oferecido o livro “Como leve pena...” do P. Agostinho Tavares. A resposta
de todos eles a acusar a recepção do livro é elucidativa quanto à comunhão
connosco neste Ano Jubilar. Depois, foi a presidência da celebração oficial e
pública da abertura do jubileu pelos bispos das dioceses onde estamos mais
implantados: todos agradeceram o nosso contributo na pastoral e na
dinamização missionária da diocese e encorajaram a mais e melhor.
Em Conferência Episcopal, os bispos portugueses distinguiram-nos com dois
actos de grande relevo e importância: a aprovação dos Estatutos dos nossos
Movimentos laicais (LIAM - Liga Intensificadora da Acção Missionária,
MOMIP - Movimento Missionário de Professores, JSF - Jovens Sem
Fronteiras); e a Nota Pastoral “Fazer-se ao largo, com a força do Espírito. Os 300
anos dos missionários do Espírito Santo”. Começando com uma brevíssima
resenha da nossa história, destaca as intuições que marcaram a missão moderna
(o homem como caminho da missão, a missão como encontro de culturas e a
fundação de igrejas locais) para passar à presença da Congregação em Portugal e
à sua acção dinamizadora junto dos leigos. E, citando alguns nomes de grandes
figuras Espiritanas Portuguesas, descreve os países onde se encontram
espiritanos portugueses, para terminar com os votos de que, num dinamismo de
fidelidade criativa, demos mais visibilidade à missionariedade da Igreja, fazendonos ao largo de novo.
A conclusão do Ano Jubilar na Festa do Pentecostes, a 8 de Junho, teve dois
pólos fundamentais: a zona norte do país, em Braga e a zona sul, na Torre
d’Aguilha.
Em Braga, na sexta-feira, 6 de Junho, o P. Adélio Torres Neiva, em sessão
solene no auditório do Colégio D. Diogo de Sousa (construído na nossa antiga
Quinta do Charqueiro), fez uma conferência sobre a história da presença
espiritana em Braga. A audiência compunha bem o vasto salão. E havia várias
autoridades civis e religiosas. Por se encontrar no estrangeiro, o Sr. Arcebispo
Primaz fez-se representar pelo Arcebispo Emérito, D. Eurico Dias Nogueira,
grande amigo e admirador dos espiritanos, cuja obra sempre apreciou e apoiou,
tanto em Angola como em Braga. Disso mesmo fez eco nas palavras com que
encerrou esta sessão solene. Antes da conferência, falou o P. Provincial, P.
Eduardo de Miranda Ferreira, para colocar a audiência ao ritmo das celebrações
e da razão de ser desta sessão, que foi animada pelo coral do Seminário
Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição e por um grupo de Jovens Sem
Fronteiras da área de Braga.
No domingo de Pentecostes, dia 8, fez-se o encerramento solene com
Eucaristia, na Cripta do Sameiro, presidida pelo Sr. Arcebispo Primaz, D. Jorge
A História de Provincia Portuguesa
719
Ortiga. Esta celebração, animada pelo grupo coral de Lijó sob a direcção do
nosso confrade P. Joaquim Serafim Coelho, foi transmitida em directo pela TVI.
Esta mesma emissora de televisão apresentou, de seguida, o programa “8º Dia”
mantendo o tema dos 300 anos de Missão Espiritana. Da parte de tarde, cerca de
um milhar de pessoas desceu ao Seminário do Fraião para um são e alegre
convívio.
Na Torre d’Aguilha, as celebrações de encerramento constaram de uma Vigília
muito concorrida no sábado, 7 de Maio, e de uma celebração vespertina no
domingo, dia 8, a que presidiu o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz
Policarpo. Na breve homilia que proferiu, o Sr. Cardeal, como de manhã fizera
o Sr. Arcebispo de Braga no Sameiro, enalteceu a obra dos Espiritanos na
animação missionária da sua diocese e de Portugal, em ressonância da Nota
Pastoral publicada pelos nossos Bispos. Depois da celebração, os presentes
foram convidados para um lanche convívio. Aí se juntaram os nossos
benfeitores, colaboradores, amigos e simpatizantes, sendo de realçar a presença
de grande número de Superiores Maiores dos Institutos Religiosos sediados em
Lisboa.
Santarém: Foi aqui que a Província começou em 1887 com o P. Duparquet.
Aqui teve lugar também a última celebração do Ano Jubilar que, por sugestão do
Bispo da Diocese, se realizou no dia 23 de Novembro, Festa de Cristo-Rei. Foi
um dia missionário em cheio organizado pelo grupo local da LIAM. De manhã,
o Sr. Bispo, D. Manuel Pelino Domingues, presidiu à Eucaristia na Sé Catedral
repleta de fiéis. Fez uma bela homilia muito adequada a um dia missionário e de
muita simpatia para com o trabalho dos espiritanos, nomeadamente na
dinamização missionária dos cristãos leigos. Após o almoço, em partilha do que
cada um levou, a tarde foi de convívio, com uma palestra do P. Adélio Torres
Neiva sobre a presença espiritana em Santarém que, apesar de ter durado pouco
mais de um ano, marcou o nascimento da Congregação em Portugal. O P.
Provincial, P. José Manuel Matias Sabença, encerrou a sessão com uma breve
resenha da história da Província e agradeceu o empenho e a presença dos grupos
locais da LIAM que, mau grado a invernia, ali estiveram cheios de entusiasmo e
motivação para “sempre mais e melhor”.
Frutos? A semente parece que foi bem lançada e bem acolhida, tanto no espaço
interior da Província, como entre os amigos e simpatizantes. Notou-se que uma
seiva nova percorreu todos os canais da nossa animação missionária.
Há, portanto, “uma Esperança para o teu Futuro!”

Documentos relacionados

3/2009 - Missionários Combonianos

3/2009 - Missionários Combonianos tudo o que recebeu ao longo dos 6 anos que esteve connosco. A ele lhe desejamos as maiores bênçãos do Senhor e que possa crescer na sua vida, como homem e cristão, segundo os valores que viveu e in...

Leia mais