livro congregação parte iv - Missionários do Espírito Santo
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livro congregação parte iv - Missionários do Espírito Santo
QUARTA PARTE DEPOIS DO VATICANO II 529 Capítulo 55 Os ventos do Concílio Vaticano II O Vaticano II marcou uma viragem na história da Província que acabou por lhe dar um rosto completamente diferente, como aliás aconteceu em toda a Igreja. A geração dos anos 40-50 Centralização e unidade da Congregação Nos anos 40, a Congregação estava muito centralizada. A subsidiariedade das províncias só foi decidida no Capítulo de 1968. - Era a Casa Mãe que fazia todas as nomeações importantes da Província, como: superiores, conselheiros provinciais, etc. - Por toda a parte se seguiam os mesmos regulamentos, os mesmos costumeiros e, por vezes, até os mesmos horários. - As orações, os cantos, as cerimónias, as festas, etc., eram os mesmos em toda a Congregação. E até eram os mesmos os manuais de Teologia: Noldim, Hervé, etc. - A matriz desta unidade era a matriz de origem, ou seja, francesa. A Província tinha sido fundada por franceses, os escolásticos nos primeiros tempos faziam a teologia na França, o noviciado até 1932 foi quase sempre em França. A quando da Revolução de 1910 foi a França que, em grande parte, acolheu os portugueses. Os Diários das Comunidades, as actas das reuniões dos primeiros tempos eram em francês e quase todos os professores falavam bem o francês. Um grande culto dos fundadores Os fundadores marcaram muito esta geração. - Todos os dias, ao pequeno almoço, no refeitório, se liam as cartas do Venerável Padre. - Havia os Círculos Libermanianos para tradução dos escritos do Venerável Padre. - Todos os dias, à noite, se lia um pensamento do Venerável Padre. - A nível da Província, por várias vezes, foram nomeadas Comissões Provinciais de estudo dos escritos do Venerável Padre. - Havia a Causa da beatificação do venerável Padre, com sede no Noviciado. - Na Consagração ao Apostolado a todos se entregava o Directório Espiritual, 530 Adélio TORRES NEIVA composto à base da Doutrina de Libermann. - E é claro, as festas da Congregação eram sempre celebradas. No dia 2 de Fevereiro havia sempre uma sessão evocativa. - Todos os dias se rezava pela beatificação do Venerável Padre. - Na “Acção Missionária” havia sempre um cantinho para a causa do Venerável Padre, com a publicação das graças recebidas. O conceito de missão Foi uma geração que herdou a marca da perseguição à Igreja de 1910 e da espoliação de todas as casas da Congregação. Por isso a nova política colonial, a partir do decreto de Rodrigues Gaspar que reconhecia a legitimidade e a utilidade da acção dos missionários nas colónias e lhes dava subsídios, pagava as viagens, ajudava as despesas da formação dos futuros missionários, etc., ficou a fazer parte integrante de uma nova mentalidade missionária. - A missão estava ligada ao projecto colonial do Estado Novo: era o tempo de dilatar a Fé e o Império. “Levar Jesus Cristo a toda a gente e dizer aos homens quem é Portugal”. - O Acordo Missionário de 1940 conferia aos missionários um estatuto de privilégio, quase igualado ao dos funcionários públicos. - Vários ministros das colónias visitaram os nossos seminários, a começar por Vieira Machado. - Os missionários tinham viagens pagas, as congregações missionárias recebiam subsídios do Governo para as suas obras. - Todos os anos o Procurador das Missões apresentava um relatório ao Governo e tinha um papel relevante no Ministério das Colónias. - As ajudas do Governo ficaram bem evidentes na construção do seminário da Torre da Aguilha, das viagens dos professores ao Ultramar, nos encontros missionários das Escolas do Magistério, etc. O modelo de missão que se desenvolveu ficou muito marcado por esta política e foi um dos grandes picos da tensão da crise de 68 entre os missionários e as novas gerações. - O espaço da missão espiritana limitava-se a Angola, de que tínhamos quase o monopólio, e Cabo Verde. Havia uma afinidade cultural de base. Não se punha a hipótese de uma abertura a uma cultura diferente, salvo casos excepcionais. Angola era uma glória da Congregação de que esta se orgulhava e tudo era canalizado para lá. O conceito de vida religiosa - Os valores da vida religiosa giravam à volta da observância: dos votos, da vida de comunidade, das Regras e Constituições e dos Regulamentos. - Era uma leitura jurídica dos votos e uma observância escrupulosa da disciplina religiosa: a regularidade era o grande critério da fidelidade. Os ventos do Concílio Vaticano II 531 - Nos votos, a grande prioridade era a castidade: muita austeridade na relação com as mulheres, clausura rigorosa e sagrada, visitas com espaço reservado, perigo das amizades particulares, etc. - A obediência era mais cega que corresponsável: obedecer ao superior era obedecer a Deus. - A vida em comum privilegiava a presença e regularidade aos exercícios, mais que as relações e a fraternidade. - As obras da Congregação eram o pólo catalizador de todas as actividades: a preparação para estas obras era por vezes sacrificada às exigências do momento. - As práticas da oração tinham como suporte, além da Eucaristia, as devoções e as tradições da Congregação: as primeiras sextas-feiras do mês, os meses de S. José, de Maria, do Coração de Jesus, do Rosário, as novenas, etc. - Um grande amor à Congregação que fazia com que a comunicação com os que a abandonavam (egressos) fosse proibida, para não influenciar negativamente os outros. - Cada valor tinha o seu espaço e cada espaço a sua teologia: a capela era para rezar, o refeitório para comer, o recreio para brincar, a sala de estudo para estudar. Não tinha, portanto, sentido comer fora do refeitório ou brincar no tempo de estudo. - O silêncio era um dado de base para a formação e um valor de fundo para a vida religiosa. Havia o “grande silêncio” à noite anunciado pelo toque de três badaladas na campainha e que se prolongava até ao “Benedicamus Domino” do levantar, havia sempre silêncio no dormitório, na capela, na sala de estudo, nas formas, ao subir e ao descer as escadas, nos corredores, na saída para os passeios. No refeitório, havia sempre silêncio durante o pequeno almoço, e quase sempre ao almoço e ao jantar, excepto nas quintas-feiras e domingos, ao meio dia, e quando havia visitas ou por ali passava algum missionário ou se celebrava uma festa importante. Conclusão: Era um modelo de formação que procurava: - Fomentar a interioridade, talvez à custa de um certo deficit da comunicação e da cultura da relação. Particularmente a vida de piedade e oração não se orientava por critérios de comunicação e partilha. - Formar para a verticalidade e para a austeridade de vida, talvez com prejuízo do sentido humano e de uma certa cultura do lazer. - Incutir hábitos de vida comum, talvez mais vida comum que comunidade de vida. - Incutir hábitos de trabalho e disciplina e princípios para as exigências difíceis da vida religiosa e missionária. Foi um modelo que efectivamente moldou homens de grande têmpera e verticalidade que nós muito admirávamos e que ficaram na nossa vida como pontos de referência que ainda hoje lembramos, com gratidão, mais com gratidão e admiração do que com ressentimento. 532 Adélio TORRES NEIVA A renovação conciliar O Vaticano II foi, sem dúvida, o acontecimento mais marcante na vida da Igreja durante todo o século XX. Ele deu um novo rosto à Igreja. O seu impacto sobre a vida da Província não podia deixar de se fazer sentir. Os anos 60-70 foram anos cheios de promessas. Por toda a parte se sentia que uma grande mudança se estava a operar. Tudo parecia possível. Na África, as independências abalavam profundamente o conceito tradicional de missão. Na Igreja, o Concílio abrira horizontes e perspectivas completamente inovadoras. Uma Igreja que queria ser serva e pobre, que assumia decididamente as alegrias e as angústias do mundo. Foi um período que começou com o Vaticano II e que, na Congregação, terminaria com a renovação e a promulgação de uma nova Regra de Vida. A corrente conciliar logo assumida, ainda que nem sempre assimilada, pela geração mais jovem, provocou conflitos e tensões fortes no seio da Província, chegando a ruptura a ser uma ameaça. O Capítulo que consagramos à crise de 68, neste livro, disso nos dá conta e alguns pormenores. Essa crise fez-se sentir, com os seus exageros de parte a parte, no I Capítulo Provincial, o Capítulo que se seguiu ao Capítulo Geral da renovação; teve repercussões nos encontros e assembleias provinciais e locais e provocou o abandono de alguns confrades e muitos escolásticos maiores. Mas, passado o momento crítico, que de resto se prolongou por dois ou três anos, os ânimos foram acalmando e os valores e orientações conciliares acabaram por ser assumidos no seu conjunto pela maior parte dos confrades. No II Capítulo Provincial, apresentou-se já uma Província pacificada. Uma primeira linha inovadora do Concílio foi a do conceito de missão. Nos documentos conciliares, a missão é situada no coração da Igreja: ela nasce no seio da Trindade e é lá que está a sua motivação mais profunda. As motivações teológicas abalaram as motivações históricas e nacionalistas, que identificavam a acção missionária portuguesa, inclusive a da Província Espiritana. Com o Vaticano II, a missão passa do signo da portugalidade para a mística da eclesialidade. A “dualização da fé e do império”, o slogan que animava a missão até então vigente, é esquecido para se insistir cada vez mais na sua vertente baptismal. Como consequência, dilatam-se também os espaços da missão espiritana na Província. Até aí, o seu campo de missão limitava-se a Angola e Cabo Verde. Com o fim do “jus comissionis” de 1968, Angola abre-se a outras congregações e a Província espiritana a outros espaços: Brasil, Paraguai, Guiné-Bissau, S. Tomé, África do Sul, Taiwan, México, Moçambique e Guiné-Conakri. Uma outra consequência foi a abertura à internacionalidade e à interculturalidade. A Província que até aí investia quase exclusivamente nos espaços da cultura lusófona, procura alargar este horizonte. Particularmente na esfera da formação, os jovens começam a ser preparados para ambientes Os ventos do Concílio Vaticano II 533 internacionais, fazendo estágios e experiências em culturas estrangeiras. Uma segunda linha de força foi a da subsidariedade, defendida logo no primeiro Capítulo Geral, do pós-Concílio. O papel da Casa Generalícia é relegado sobretudo para os campos da animação e da coordenação, deixando a cada Província o seu espaço de liberdade. Por força desta orientação, os superiores maiores, os superiores locais e os membros do Conselho Provincial cuja nomeação até aí dependia da Casa Geral, passam para a esfera provincial. Os órgãos de governo da Província adquirem assim uma liberdade de movimentos muito maior. O princípio da participação e da corresponsabilidade é uma das linhas de força do Concílio. Aplicado à Província levou os seus membros a uma maior aproximação entre Padres e Irmãos, à participação de todos nas reuniões e nos projectos da Província e das comunidades, ao lançamento de estruturas de participação como, Capítulo Provincial, conselhos de comunidade, reuniões e encontros dos diferentes sectores da vida da Província. A voz activa é devolvida a cada um dos confrades na eleição dos superiores e ecónomos e em todas as esferas da participação comunitária. A insistência do Concílio na dimensão eclesial do povo de Deus, na importância da vivência bíblica e litúrgica, levou à adopção do ofício divino como manual de oração da comunidade, nomeadamente as Laudes e as Vésperas, relegando para o esquecimento o Manual de Oração tradicional na Congregação. Por outro lado, a insistência nos valores litúrgicos e bíblicos levou a um aprofundamento teológico da vida de piedade, com prejuízo de algumas devoções que faziam parte do devocionário espiritano. A abertura ao mundo e a sensibilidade aos sinais dos tempos preconizada pelo Concílio, abriu as nossas comunidades a pessoas que lhe eram estranhas, quase fazendo esquecer os espaços de silêncio e a clausura. O novo quadro social e pastoral, levando os alunos a frequentarem as Faculdades de Teologia e outros estabelecimentos de ensino e abrindo os confrades ao ministério exterior, fez com que a vida dos confrades se processasse mais fora da comunidade que dentro dela. Por outro lado, a nova sensibilidade aos problemas do mundo e ao carisma espiritano levou a um investimento maior no mundo dos pobres, dos emigrantes e na fronteira da Justiça e da Paz. Os horizontes da missão adquirem um novo espaço: evangelização e desenvolvimento, novas situações missionárias, internacionalização das equipas missionárias, novas formas de pertença à Congregação, renovação dos quadros nas velhas Províncias, etc. A insistência nos valores mais que na observância, facultou uma maior liberdade de movimentos na vida de oração e a investir mais na comunhão que na observância, relegando por vezes para o esquecimento costumes e hábitos que 534 Adélio TORRES NEIVA faziam parte do nosso quotidiano. Assim, a comunhão e partilha é privilegiada em relação à “vida comum”, na oração, nas reuniões de comunidade, nos momentos de lazer, talvez com algum prejuízo dos valores da pessoalidade. Mudanças de acento na reflexão missionária e religiosa. Até ao presente, os missionários identificavam facilmente a Igreja que eles tinham ajudado a fundar com a sua congregação missionária. Agora é a Igreja local que começa a emergir, o clero local aumenta e os missionários começam a sentir que o seu papel mais que de protagonistas é serem simplesmente cooperadores nessa Igreja. O pessoal missionário, cada vez mais diversificado, volta-se mais para essa Igreja do que para a Congregação donde provinha. Descobre-se na prática quanto todas as congregações missionárias se assemelham. Os religiosos reconhecem-se cada vez mais na sua missão profética e testemunhante e cada vez menos na sua força dominante e absorvente. Na vida religiosa, o acento desloca-se de uma piedade pessoal segundo as tradições do Instituto para o primado do testemunho de vida pessoal e comunitária, ao serviço dos pobres, por gestos concretos de solidariedade, de disponibilidade, por vezes de denúncia, por um estilo de vida que marca a diferença. É um pouco o tempo dos “profetas” que por vezes incomodam os de fora, outras vezes indispõem os de dentro. 535 Capítulo 56 O Provincialato do P. José Marques Gonçalves de A r a ú j o (1970-1976) D epois de consulta à Província e aos Distritos Religiosos de Luanda, Nova Lisboa, Sá da Bandeira e Cabo Verde, segundo nota a decisão nº 780/70 de 03 de Setembro de 1970, o Superior Geral com o seu Conselho nomeou Superior Provincial de Portugal o P. José Marques Gonçalves Araújo. O P. Araújo tomou posse do cargo a 8 de Setembro de 1970 e a 8 de Outubro apresentava à Província o seu Conselho Provincial, que escolheu, depois de consulta feita à Província: P. Álvaro Miranda Santos, 1º assistente e P. Adélio Torres Neiva, 2º assistente. Conselheiros: P. Joaquim Macedo Lima, P. Manuel de Sousa Gonçalves, P. Abel Moreira Dias, P. José Coelho Amorim, P. Jorge Veríssimo e Ir. Estêvão. E depois de consulta ao Conselho Provincial, o P. P. Gonçalves de Araújo Provincial nomeou como Ecónomo Provincial o P. António Alves de Oliveira e Secretário Provincial o P. Ismael Baptista. Em 1972 a Província contava com 61 padres e 36 Irmãos; no Estrangeiro estavam 7 padres e 1 irmão. Os escolásticos maiores eram 11 na Torre da Aguilha e 10 no Fraião; fora do Escolasticado: 6. Os aspirantes eram 90 em Viana, 103 em Godim, 159 no Fraião e 30 na Silva. Este Provincialato ocorreu num período bastante agitado da vida da Igreja, da Congregação e da nação portuguesa. A nível da Igreja, foi o tempo da grande renovação conciliar e das mudanças nem sempre pacíficas que essa renovação veio provocar. A nível da Província, foi o tempo do I Capítulo Provincial que procurou adaptar para a Província Portuguesa as orientações do Capítulo Geral. Portugal foi particularmente marcado pela Revolução do 25 de Abril de 1974 que mexeu de tal maneira com toda a sociedade portuguesa que as divergências, as tensões e por vezes os conflitos criaram problemas por toda a parte e a Província deles não ficaria isenta. Em 1975, dá-se a independência de Angola e os conflitos armados entre os diferentes movimentos de libertação que pouco depois se seguiram, criaram uma grande instabilidade em toda a Província, muitas missões tiveram que fechar e não poucos confrades viram-se sem condições de se inserirem na nova situação e abandonaram o país. Em Abril de 1969, a Província tinha promovido a reunião de um Conselho 536 Adélio TORRES NEIVA Provincial Ampliado no intuito de preparar convenientemente o trabalho do I Capítulo Provincial, acompanhando mais eficazmente a segunda sessão do Capítulo Geral. Nesta mesma linha preparatória foi criada uma “Comissão Coordenadora” das actividades com esse intuito. O 1º Capítulo Provincial A 30 de Julho de 1970, com a presença do Superior Geral, abriu no Seminário da Silva o retiro preparatório do Capítulo Provincial. O Capítulo propriamente dito começou a 3 de Agosto. Tomaram parte no Capítulo 5 membros de direito (os superiores maiores da Província e dos Distritos) e 22 delegados da Província, 2 do Distrito de Luanda, 2 do Distrito de Sá da Bandeira, 1 do Distrito de Nova Lisboa, 1 do Distrito de Cabo Verde, 1 delegado dos Missionários Estrangeiros, e como observador o Provincial de Espanha, P. Joaquim de Ramos Seixas. O Capítulo desenrolar-se-ia em duas sessões: a primeira decorreu na Silva de 3 de Agosto a 28 de Agosto de 1970 e a segunda na Torre da Aguilha de 14 de Julho a 27 de Julho de 1971. No intervalo, prosseguiram os seus trabalhos as quatro comissões, com a colaboração de todos os membros da Província e das Missões: Formação, Vida de comunidade, Província e Missões, Animação Missionária e Organização e Bens materiais, com a coordenação da Comissão Central Intercapitular. Neste Capítulo Provincial foram tratados os seguintes temas: Organização da Província, Bens Materiais, Vida de Comunidade, Província e Missões, Formação, Animação Missionária e Membros Associados. Deles falaremos no capítulo seguinte. Os documentos capitulares foram aprovados pelo Conselho Geral a 23 de Novembro de 1971405. A 29 de Outubro de 1970, conforme nota S/nº 917/70, o Conselho Geral aprovou a fundação de uma nova comunidade nas Pedras Salgadas, diocese de Vila Real. De facto, por Escritura de 5 de Março de 1970 o Dr. Nuno Simões tinha doado à Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo um prédio urbano composto de casa de habitação e quintal, no lugar de Pedras Salgadas, Freguesia de Bornes, Concelho de Vila Pouca de Aguiar, “sob a condição de no mesmo prédio, manter a donatária uma biblioteca de obras literárias de interesse ultramarino, em especial, referentes às Províncias Ultramarinas de Angola e Cabo Verde e de, durante o tempo em que o prédio for ocupado por missionários deverem eles contribuir por todas as formas, para alfabetizar os adultos da região, elucidando-os especialmente, sobre tudo o que diga respeito às Províncias Ultramarinas, com o sentido de os prepararem para eventualmente nelas se fixarem e viverem”406. O Conselho Provincial, na sua reunião de 8 e 9 de Outubro de 1970, decidiu criar esta nova residência e no dia 22 de Outubro os padres Joaquim Correia da 405 406 Comunicação nº 869/71 de 23 /11/1971 Livro nº A747m fl 61 do2º Cartório Notarial de Lisboa. Escritura de Doação O Provincialato do P. José Gonçalves Araújo (1970-1976) 537 Rocha e João Pinto da Silva assumiam a responsabilidade desta residência e no dia 29 chegou o Ir. José Franco Vicente. Também na sua reunião de 8/9 de Outubro de 1970, o Conselho Provincial resolveu transferir a Obra dos Irmãos para Coimbra, ficando a seu director o Ir. Duarte Costa. A 15 de Fevereiro de 1971, partiram para Angola, em visita às missões e outras obras o Superior Geral P. Joseph Lecuyer e o provincial P. José Gonçalves de Araújo. A 17 de Novembro de 1971, o Provincial partiu para Cabo Verde em visita aos confrades daquele Distrito e participar na sua Assembleia Capitular de 28 a 30 de Dezembro de 1971. Segundo nota D/110/72 do Secretariado Geral da Congregação, o Conselho Geral, na sua reunião de 26 de Junho de 1972, aceita a proposta do Capítulo Provincial de Portugal em que o Superior Provincial pode ser eleito pelo Capítulo Provincial de 1973, com a condição de a eleição só ser efectiva, depois de confirmada pelo Conselho Geral. A 26 de Outubro de 1972, o Superior Geral nomeou visitador extraordinário, por seis meses, do Distrito de Cabo Verde, com poderes de Superior Principal, o P. Francisco Manuel Lopes. Neste ano, na Província havia 61 padres e 36 Irmãos; os escolásticos maiores eram 11 na Torre da Aguilha e 10 no Fraião. Os aspirantes eram 19 em Godim, 12 em Viana, 45 no Fraião e 15 na Silva, num total de 100. O II Capítulo Provincial Em 1973, realizou-se o II Capítulo Provincial, para o qual foram convocados 6 membros de direito (os superiores maiores e o ecónomo provincial) e 17 delegados da Província mais 4 delegados dos Distritos e um dos escolásticos professos. O Capítulo realizou-se no Seminário da Torre da Aguilha, de 9 a 18 de Julho de 1973, tendo nele participado o Superior Geral, P. Lecuyer, que orientou o retiro da abertura. Dos 30 membros convocados, estiveram presentes 26. Como secretário geral e coordenador foi escolhido o P. Abel Moreira Dias e como moderadores os PP. Abílio Ribas, José Fagundes Pires e José Coelho Amorim. Como o Capítulo Geral estava para breve, este Capítulo foi bastante abreviado. A partir dos relatórios, aprovaram-se algumas orientações, propostas pelas comissões sobre: marginalidade em relação à Congregação, Formação, Previdência e Estatuto Eleitoral. Quanto à marginalização, o Capítulo pediu ao Conselho Provincial para que seja esclarecida a situação dos confrades nesta situação e que se proceda em conformidade com as leis canónicas. Sobre a formação, estabeleceram-se alguns critérios sobre a constituição das equipas da formação, o seu funcionamento, a selecção dos alunos e a formação dos formadores. Foi decidido começar já o noviciado, que deve ser feito após o 538 Adélio TORRES NEIVA Ciclo Complementar e pediu-se para que o Seminário Maior tenha condições de autonomia e de vida de grupo específico, em relação às mais actividades da casa. A respeito da Previdência, o Capítulo exprimiu o dever que a Província tem de urgir a organização do serviço a favor da velhice e da doença dos confrades, o qual deve ser garantido por uma forma de previdência comunitária, em ligação com a Previdência Social de organismos oficiais. Para já, o Capítulo propôs a criação de um capital necessário para uma previdência particular da Congregação, sem prejuízo duma futura inserção do maior número possível de confrades na Previdência Oficial. Para principiar, a cada um deve ser atribuída uma quota de reforma de 1.500$00 pelo menos: em caso de invalidez por doença e depois de atingir o limite de 70 anos de idade. A pensão será entregue à comunidade em que se encontra o confrade. Para esse efeito, foi decidido criar um Fundo de Previdência, a actualizar sempre que for necessário. Quanto ao Estatuto Eleitoral, as decisões anteriormente tomadas a este respeito foram revogadas e foi aprovado que, para as eleições, se siga a lei geral da Congregação. Este Capítulo reelegeu como provincial o P. José Gonçalves de Araújo e como conselheiros os PP. Jorge Veríssimo, Manuel Gonçalves, Manuel Durães Barbosa, José Pires, Adélio Torres Neiva, Abel Moreira Dias, Adélio da Cunha Fonte e Ir. Duarte Costa. O P. Torres Neiva seria nomeado 1º assistente e o P. José Fagundes Pires, 2º. Como secretário do Conselho seria nomeado o P. Francisco Lopes. Em virtude dos padres Jorge Veríssimo e Manuel Gonçalves terem partido para Angola, foram substituídos no Conselho Provincial pelos Padres Amadeu Martins e António Ribeiro Laranjeira, regressado de Angola. Na sua reunião de 29 de Janeiro de 1974, o Conselho Geral aprovou a erecção de uma nova residência na Avenida da Boavista, no Porto, dando-lhe como padroeiro S. Paulo. A comunidade, destinada à animação missionária, seria constituída pelos Padres Abel Moreira Dias, José Pinto de Carvalho e Joaquim Pereira Pinto. 1974 foi o ano de um novo Capítulo Geral. No início do ano começou-se em toda a Província a preparação para este Capítulo. Como delegados da Província foram eleitos os Padres José Gonçalves de Araújo e Adélio Torres Neiva. O Capítulo realizou-se em Chevilly, tendo sido eleito, a 6 de Setembro de 1974, o P. Frans Timmermans para Superior Geral e o P. Adélio Torres Neiva para fazer parte do Conselho Geral. Para substituir no Conselho Provincial o P. Torres Neiva foi escolhido o P. Francisco Rocha. Foi ainda durante o governo do P. Gonçalves Araújo que, depois de ter estado fechada durante os anos de 1973-75, se reabriu, no ano lectivo de 1975-1976, a casa da Filosofia no Espadanido. A propósito da Revolução do 25 de Abril, escreveu o P. Provincial num dos O Provincialato do P. José Gonçalves Araújo (1970-1976) 539 seus editoriais, no Boletim da Província: “Uma situação de revolução como a que vivemos actualmente em Portugal é uma oportunidade que se nos depara de renovar todas as coisas, obrigando-nos mesmo a interrogar-nos à luz de valores que talvez tenham andado algo esquecidos e que são mais evangélicos que a ordem, a tranquilidade e a paz: o serviço dos pobres, dos humildes, e das classes menos desfavorecidas. É essa a finalidade da nossa Congregação, pelo que podemos dizer que sintonizamos perfeitamente e sem nos rotularmos de qualquer tipo de enquadramento político, com os belos princípios tão repetidamente apregoados pelos chefes políticos da hora que passa. Esta situação revolucionária que vivemos é um extraordinário momento que nos leva a pôr em causa o nosso tipo de inserção na sociedade portuguesa que é a nossa. Voltados completamente para a missão fora das nossas igrejas de origem, corremos o risco de nos transformarmos numa agência de recrutamento de pessoal e meios para as missões longínquas, alheando-nos completamente desta Igreja e desta sociedade portuguesas, vivendo Monumento ao P. Araújo em Avintes nelas como ilhas, sentindo-nos perfeitamente missionários e perfeitamente tranquilos, porque lá longe na pessoa dos nossos confrades nos dedicamos a anunciar o Evangelho e a libertação que ele realiza, aos mais pobres e abandonados. Será que não podemos fazer algo mais nesta terra e nesta sociedade que é a nossa? Esta situação de interrogação que vivemos é também uma hora de graça. Saberemos aproveitá-la para lutar por tornar actuante a revolução cristã na nossa geração, inserindo-nos no dinamismo desta revolução política e social, não consentindo que ela se faça sem nós e numa direcção que não possamos aceitar, ou limitar-nos-emos a queixar-nos daqueles que nos vêm incomodar nos nossos velhos hábitos?”407. E no ano seguinte, as repercussões do 25 de Abril eram de novo recordadas pelo Provincial: “Passados quase dois anos sobre a Revolução dos Cravos, ainda não vemos caminhos de estabilidade para a sociedade portuguesa que é a nossa e na qual estamos inseridos. Continuamos a sentir inseguro o dia de amanhã. Uma coisa é certa: alguns dos nossos esquemas do passado não servirão no futuro. Os nossos campos de apostolado estavam perfeitamente definidos: Angola e Cabo Verde. Muito embora desejássemos há muito estender-nos a outros territórios, nunca tivemos coragem de o fazer para não desviar forças que nos pareciam necessárias nos antigos. Hoje temos já alguns confrades no Brasil e cerca de metade 407 BPPCSSp. Jan.-Junho 1976 540 Adélio TORRES NEIVA dos nossos confrades, por motivos vários, viram-se obrigados a abandonar Angola ou a adiar o seu regresso. Regressarão? Pemitir-nos-ão alargar o nosso campo apostólico a outras regiões? Neste momento está em marcha a nossa inserção no Brasil e a intensificação da nossa assistência aos emigrantes. Em Portugal, as nossas actividades estavam também perfeitamente definidas: formação, animação missionária e acolhimento e apoio aos nossos confrades que trabalhavam no Ultramar. Estas actividades deverão continuar mas terão que ser reexaminadas e talvez reestruturadas; e outras poderão surgir num contexto de maior inserção na igreja portuguesa, sobretudo em zonas necessitadas... O aumento de encargos sociais obrigam-nos a ter que dispensar os serviços dos nossos empregados da LIAM. Esta supressão dos serviços obrigar-nos-á a repensar a estrutura da LIAM. Não será o Senhor a dizer-nos – e a forçar-nos – pelos acontecimentos, que a LIAM deve deixar de ser uma obra da Província para ser a mesma Província em acção irradiante? Há muito tempo que muitos de nós pensamos que assim deve ser. Saberemos nós aproveitar este momento que Deus nos oferece para tornar realidade o que dantes era desejo?... E no campo da formação não haverá nada a rever? Os nossos seminários continuam a ser plenamente válidos. Mas em muitos de nós se levanta uma dúvida: serão de manter Godim e Viana a nível de Ciclo Preparatório? Os pedidos de admissão a estes seminários têm descido verticalmente e os nossos esforços para conseguir uma turma vinda de outros centros directamente para o ciclo liceal, no Fraião, não têm sido coroados de êxito. Os nossos seminários estão todos localizados ao norte do rio Douro. Tendo nós recebido ultimamente pedidos para assumir encargos pastorais em dioceses onde ainda não estamos radicados, talvez seja o momento de repensar seriamente o nosso sistema de “recrutamento” e formação, estendendo-nos um pouco mais pelo país, esforçando-nos por que as nossas comunidades de tipo pastoral ao serviço das dioceses sejam também centros de promoção vocacional e de formação de pequenos grupos a nível de ciclo preparatório... Numa sociedade em mudança profunda como a nossa, não podemos esperar que tudo mude à nossa volta e só nós continuemos impávidos o nosso caminho como se nada disso nos dissesse respeito ou pudesse implicar com a nossa organização ou os nossos hábitos”408. Quanto à situação de Angola, da visita demorada que o Superior Geral acompanhado do seu assistente fez àquela Província desde Fevereiro a fins de Abril de 1975 foi publicado um “Balanço e algumas linhas de renovação missionária”, de que extraímos algumas passagens mais significativas, e que manifestam a evolução que então se anunciava: “Avançando a Igreja de Angola para a sua autonomia, entendemos que o missionário estrangeiro deverá passar da condição de líder e primeiro responsável 408 Ibid. Junho-Dezembro p. 13 O Provincialato do P. José Gonçalves Araújo (1970-1976) 541 para função auxiliar e supletória, corresponsável com os chefes locais da pastoral e sob a sua direcção. Deixa de ser enviado de outra igreja a uma “terra de Missão”, para ser uma presença activa de uma igreja irmã de outro país, inserido na comunhão da jovem igreja local. Por isso, nesta viragem histórica da Igreja de Angola, os missionários da Congregação do Espírito Santo sublinham como programáticas para a presente conjuntura as seguintes normas de acção: 1. Reafirmam a vontade de prosseguir a sua actividade em Angola, solidarizandose com esta Igreja em nascente autonomia e com as esperanças e interrogações do povo angolano. 2. Esforçar-se-ão por se adaptar, na mentalidade e nas atitudes, ao novo estilo de presença missionária. 3. Colocam à disposição da Igreja de Angola todas as suas obras e responsabilidades pastorais, aceitando uma revisão geral dos seus encargos, se o maior bem desta Igreja o exigir ou aconselhar. 4. De harmonia com a tradição espiritana, procuraremos que a colocação do pessoal missionário se faça sempre em diálogo com os responsáveis da Igreja local. 5. Concordam, se estes julgarem oportuno, em rever a distribuição do seu pessoal de modo que os Espiritanos não sejam um bloco preponderante em qualquer das dioceses. 6. Pensam ainda ser necessário rever, desde já, algumas práticas do passado que levaram o povo menos elucidado a identificar as missões com as repartições públicas. Para isso desejam uma igualdade de tratamento com as outras confissões cristãs e que se desista dos efeitos civis dos documentos religiosos, onde o real benefício do povo o não exigir. 7. Pensam que o esforço missionário actual deverá incidir prioritariamente na evangelização e pastoral da fé, edificação de comunidades vivas e empenhadas, promoção de ministérios e movimentos de apostolado laicais com especial atenção para a formação de catequistas idóneos, pastoral vocacional e formação sacerdotal, incremento de traduções bíblicas e litúrgicas, levando a todo o país o notório esforço realizado em certas zonas pastorais. 8. Quanto ao seu próprio instituto, os espiritanos estão dispostos a intensificar a internacionalização do seu pessoal e farão o possível por acompanhar e favorecer a procura de uma face culturalmente mais angolana para a vida e expressão religiosa do povo cristão. Para tal intensificarão a preparação antropológico-cultural dos novos missionários. 9. Vem já de alguns anos a decisão de instaurar o carisma espiritano em Angola, segundo as características que a aculturação da Igreja for determinando. Na linha desse esforço decidimos lançar as bases do Instituto neste país, com expressão e estrutura próprias. Não se trata da pretensão de manter influências do passado. Trata-se apenas de enriquecer esta igreja local com uma dimensão da vida cristã que é essencial à Igreja: a vida consagrada missionária. Assim, em ordem à incarnação crescente da Igreja, a Congregação 542 Adélio TORRES NEIVA responsabilizará cada vez mais os seus membros angolanos pela direcção das suas obras. É nossa intenção iniciar ainda este ano o noviciado espiritano em Angola sob a direcção de membros africanos e em modalidade adaptada à mentalidade deste povo. Seria errado pensar que nos anima qualquer propósito recuperacionista ou um oportunismo da última hora. Se é verdade que não temos muitos membros angolanos para o tempo longo de presença espiritana neste país, o motivo há que procurá-lo na preocupação prioritária que se deu à pastoral das vocações diocesanas, dentro da finalidade geral do instituto de construir e servir antes de mais nada a igreja local.” 543 Capítulo 57 O I Capítulo Provincial (1970) F oi em 1970 que se realizou o I Capítulo Provincial, logo após o Capítulo Geral Extraordinário. A sua preparação começou em Janeiro desse ano com o lançamento de uma sondagem-inquérito à Província. Foram eleitos 23 delegados, mais um delegado dos escolásticos. A convocação foi feita a 3 de Março de 1970, sendo o início do Capítulo marcado para 30 de Julho. A Comissão coordenadora do Capítulo ficou assim constituída: PP. Olavo Teixeira, Firmino Cardoso, Joaquim Macedo Lima e Jorge Veríssimo. Os temas a preparar foram assim distribuídos: Organização da Província, Bens Materiais, Vida de Comunidade, Província e Missões, Formação, Animação Missionária e Membros Associados. Todos os documentos se articulam à volta do fim específico da Congregação, até porque foi este o fio condutor do Capítulo Geral da Renovação. Foi sobre este alicerce que todos os documentos se teceram e é a ele que todos conduzem. O Capítulo, vivido sempre num clima de grande tensão, realizou-se em duas sessões, no seminário da Silva em 1970 e na Torre da Aguilha em 1971. Os documentos foram aprovados pelo Conselho Geral a 23 de Novembro de 1971. Quanto à Organização da Província aborda-se a aplicação à Província dos princípios de descentralização e subsidiariedade apontados pelo Capítulo Geral, precisa-se o estatuto dos membros da Província, do Capítulo Provincial, do Superior Provincial e do Conselho Provincial. A eleição do Provincial será feita em Capítulo Provincial, que elegerá um dos cinco membros mais votados pelos membros com direito a voto, originários da Província ou a ela afectados. O Conselho Provincial será constituído por oito membros, além do ecónomo provincial e do secretário provincial, por um período de três anos. O Provincial, uma vez eleito, escolhe os seus dois assistentes. Os três formam o Conselho Executivo da Província. O Capítulo escolhe também os seis conselheiros, após consulta feita, sob forma de voto, a todos os membros afectados à Província. Quanto aos Bens Materiais, o Capítulo determinou que o Ecónomo Provincial seja nomeado pelo Superior Provincial, com o consentimento do seu Conselho. Estabelece-se também que seja criada uma Casa-Lar, com razoável nível de conforto, para tratamento dos confrades gastos pela idade e pela doença. 544 Adélio TORRES NEIVA Propõe-se também que se estude o problema do seguro de vida e de velhice. É sobre a Vida de Comunidade que o Capítulo se debruça mais demoradamente. O Capítulo começa por apontar algumas causas que dificultam a vivência de uma verdadeira vida de comunidade: o número excessivo de membros que torna difícil a formação de um grupo natural em que exista uma verdadeira comunicação inter-pessoal, a multiplicidade e diversidade de obras na mesma comunidade; tendências várias, que levam a atitudes de conflito entre as pessoas; pessoas sem responsabilidade directiva que se arvoram em mentores das comunidades; desconhecimento fundamental da estrutura do grupo e sua dinâmica. Passa-se depois, ao carácter específico da comunidade espiritana. Uma das exigências da comunidade espiritana é a corresponsabilidade na animação da comunidade: o governo da comunidade passa pelo superior, pelo conselho da comunidade e pelo conselho de obra. O ecónomo entra neste dinamismo da corresponsabilidade comunitária, na medida em que é o conselho da comunidade que o escolhe. Na mesma linha se situa a comunidade regional, que é a comunhão entre as diversas comunidades locais. Um segundo princípio dinamizador da vida da comunidade é a sua dimensão eclesial: a oração da comunidade, nomeadamente a oração da manhã e da noite serão as Laudes e as Vésperas, o uso do hábito, etc. Os valores da consagração religiosa são amplamente desenvolvidos neste Capítulo. A formação permanente é cuidadosamente lembrada, devendo ser previsto um secretariado que dinamize este sector. Cuidado especial devem merecer os doentes e os confrades falecidos, bem como, as famílias dos membros da Congregação. Em “Província e Missões”, sublinha-se o elo que deve existir entre estas duas entidades, que estão ordenadas uma para a outra. Para assegurar a estreita colaboração entre a Província e os Distritos e vice-versa, o Capítulo propõe a criação dum Secretariado das Missões, composto por membros da Província e das Missões, nomeadamente um membro do Conselho Provincial, o procurador das missões, o director do escolasticado maior e os superiores principais dos Distritos ou seus representantes. Estudo das necessidades e dos problemas recíprocos, informação de actividades e problemas, colocação de pessoal, planificação missionária, preparação dos missionários, acolhimento dos missionários - seriam alguns dos objectivos deste secretariado. Outro capítulo que mereceu estudo foi o do seguro social sobre o qual se apresentam algumas linhas de estudo e de acção. Os outros temas estudados neste Capítulo – formação, animação missionária e membros associados – não chegaram a ser concluídos, pelo que têm apenas valor de orientação. Quanto à Formação, atendendo a que se trata de um tema ainda em estudo na Conferência Episcopal Portuguesa e sobre o qual não há ainda normas definitivas, o Capítulo, depois de lembrar alguns princípios genéricos da O I Capítulo Provincial (1970) 545 formação espiritana, propõe a criação de um Secretariado Provincial da Formação, que promova a convergência das diversas etapas da formação e das equipas de formação, uma atenção especial aos diversos estilos de vida exigidos pela nova mentalidade que caracteriza o nosso tempo, a atenção à pessoa de cada um e as exigências de uma formação sólida e consistente. Os seminários menores são admitidos, mas chama-se a atenção para a necessidade de intensificar a pastoral vocacional junto dos adolescentes e dos jovens e a adaptação dos nossos métodos de formação ao presente conceito de seminário menor, que é um centro de orientação vocacional e de cultura de “gérmens de vocação”. Abre-se ainda o espaço do seminário menor ao contexto familiar e a abertura do seminário menor a alunos externos. Propõe-se ainda a participação dos professores do seminário menor no apostolado exterior, nomeadamente nas actividades de animação missionária e vocacional e a admissão de leigos bem formados como professores dos seminários menores. É pedido ao Secretariado da Formação a elaboração de um “Regulamento e um Directório dos Seminários Menores”. Um outro tema que mereceu um estudo bastante desenvolvido foi o da Formação do Irmão Espiritano. Depois de lembrar o novo espaço que o Concílio abre aos leigos na Igreja e de sublinhar a unidade de vocação missionária espiritana que abraça de igual modo tanto a vocação clerical como a vocação laical, o Capítulo sublinha as diversas fases da formação dos Irmãos e as respectivas coordenadas. Os valores do postulantado serão prevalentemente de formação cultural, técnica e didáctica, em harmonia com as necessidades actuais das missões; esta formação deverá ser ministrada em Casas-Lares da Congregação, especialmente destinadas a esse fim e separadas dos seminários menores. Esta formação técnica deve ser acompanhada da correspondente formação espiritual, apostólica e cristã. O noviciado dos Irmãos poderá ser feito em comum com os clérigos e segundo as mesmas normas. Depois do Noviciado, o Irmão deve continuar, em casa a isso destinada e pelo menos durante três anos, a sua formação missionária tanto espiritual como técnica ou didáctica. O nível de aperfeiçoamento técnico e didáctico será determinado pelas necessidades das missões e as possibilidades do Irmão. Não excluirá a obtenção de diplomas em Universidades e Institutos Superiores, sobretudo técnicos, a critério do Provincial e seu Conselho. Findo este período de formação, todos os Irmãos, fora de casos verdadeiramente excepcionais, devem ser enviados para as missões, onde trabalharão, pelo menos, durante três anos. Depois de um período de 4 ou 8 anos, todos os irmãos deverão fazer um estágio de reciclagem espiritual, técnica e didáctica de três a seis meses. Quanto ao noviciado tanto de clérigos como de Irmãos, o Capítulo propõe a criação de uma Comissão especializada que estude a melhor época para fazer o noviciado, a formação a dar aos noviços e tudo o que se refira à casa do noviciado. Entretanto sigam-se as normas emanadas da Renovationis Causam. 546 Adélio TORRES NEIVA O noviciado terminará ou pela consagração ao apostolado ou por um compromisso público dos noviços de se empenharem seriamente na sua preparação para a vida consagrada, segundo as normas vigentes. Estudo demorado mereceram também os seminários maiores. Também aqui não há ainda normas claras, pois que se trata de um modelo de formação ainda em estado de pesquisa na Igreja. Deve-se no entanto desde já ter em conta o seguinte: - o Vaticano II abriu caminho para um tipo de padre mais inserido na vida dos homens e que hoje se procuram formas de um semissário maior que ajude esta inserção; - são de preferir na organização do Seminário Maior, os grupos pequenos de tipo familiar; - a separação em comunidades independentes do Ciclo Propedêutico e do Ciclo Geral do Curso de Formação Eclesiástica; - frequência das aulas no exterior, na Universidade Católica ou no ISET ou num Instituto Missionário que viesse a formar-se; - envio dos escolásticos para casas de formação de outras Províncias da Congregação, se as circunstâncias o aconselharem; - deve o Conselho Provincial estudar a possibilidade e a conveniência de uma outra casa mais funcional para o Ciclo Geral da Teologia, actualmente na Torre da Aguilha, uma vez que a casa não é apta para um grupo reduzido e dificulta uma verdadeira integração na Comunidade Paroquial, e procurar um edifício para o Propedêutico no Sul, próximo da Cidade universitária de Lisboa. Apontam-se depois os princípios em que deve assentar a formação no seminário maior, em conformidade com as orientações do Concílio, da Santa Sé e do Capítulo Geral. Estes princípios visam a formação em ordem aos objectivos especificamente missionários da vocação espiritana, as necessidades apostólicas e a preparação teológica exigidas pelo mundo de hoje, as exigências da vida comunitária, etc. Quanto à Formação Permanente no pós-seminário, o Capítulo lembra a importância dos cursos de reciclagem, a necessidade da criação de um Instituto de Pastoral em Angola, a actualização das nossas bibliotecas, etc. Sobre a Animação Missionária, o Capítulo lembra que a LIAM deve ter uma preocupação prevalentemente vocacional. A direcção da LIAM deve elaborar cada ano, quanto possível, um plano de actividades em conjunto com outros sectores e movimentos da nossa espiritualidade. A LIAM terá um Director Geral que será o Provincial ou o seu delegado, um Administrador, um Redactor e os Secretários de Secção que forem achados necessários para subdivisão de actividades. Cada Secretariado ou Sector terá larga autonomia na sua esfera de acção. A LIAM compreenderá leigos na sua direcção. Pede-se a revisão da nossa imprensa missionária, devendo o Encontro tornar-se a revista do Secretariado das Vocações. Os responsáveis dos vários sectores da LIAM devem ser escolhidos, em princípio, entre espiritanos que tenham alguns anos de experiência missionária; O I Capítulo Provincial (1970) 547 serão nomeados por três anos, renováveis, mas nunca ultrapassando os nove anos. Pede-se a organização de um laicado missionário de compromisso temporário, destinado primariamente às tarefas de promoção humana de base, adentro de equipas missionárias e à volta dos espiritanos consagrados. O mesmo no referente a Sacerdotes que queiram associar-se às nossas comunidades. Nesse sentido o Secretariado da Formação deve elaborar ad experimentum o “Estatuto de pertença à Congregação”. Dar-se-á a maior importância ao Secretariado das Vocações, dentro da estrutura liamista. Procure-se que a organização dos ASES seja orientada por forma que não se limite a camaradagem saudosista, mas leve a viver o problema da Obra e da Animação Missionária. Considerar-se-á também dentro das tarefas que cabem à Pastoral espiritana o trabalho com os emigrantes. Finalmente o Capítulo debruçou-se sobre os membros associados à nossa actividade espiritana. O documento demora-se a definir a teologia da missão e os seus diferentes agentes, para desembocar nas diversas pertenças à congregação: - membros espiritanos em sentido estrito – a comunidade religiosa propriamente dita; - membros associados, leigos ou sacerdotes que se comprometem a trabalhar connosco na missão durante alguns anos. Assumem um compromisso temporal, que os introduz na fraternidade espiritana. Poderão vir a professar na Congregação como Padres ou Irmãos; - membros em sentido amplo: aqueles que sem compromisso jurídico trabalham para a mesma obra que nós, entrando na nossa equipa apostólica. O Capítulo aconselha a promoção de um laicado missionário a lançar tanto pela LIAM, como pelo Conselho Provincial e Secretariado da Formação, como pelos Conselhos Distritais. Para isso, será necessário ter uma casa-lar com o pessoal necessário, uma formação teológica de base e uma preparação espiritual séria; um mínimo de informação acerca dos povos onde vão exercer a sua actividade; uma inserção na vida de oração e litúrgica da Comunidade religiosa. Serão também iniciados no esquema de vida da Comunidade espiritana, pelo que receberão um exemplar dos Documentos Capitulares. Quanto à vida económica e vida comum, é para desejar que se insiram totalmente no esquema de vida espiritana, podendo, no entanto admitir-se independência de habitação e de uso e aquisição do dinheiro. O Secretariado da Formação elaborará um Estatuto de pertença à Congregação e as várias modalidades de compromisso. O espiritano consagrado será o coração da equipa missionária que à sua volta se formar. 549 Capítulo 58 A Casa da Filosofia no Espadanido, em Braga A Casa do Espadanido foi reconstruída para albergar o Curso de Filosofia, que aqui vigorou durante os anos de 1971-72 e 1972-73. Durante este período, a equipa directiva foi formada pelos PP. Manuel dos Santos Neves e Manuel João Magalhães Fernandes. Em 1971-72, esteve a cozinheiro o Ir. Elias e, em 1972-73, o Ir. António Brás. Nessa data, a comunidade era formada na sua quase totalidade pelos alunos que estudavam na Faculdade de Filosofia de Braga. O número de estudantes seria de uns doze, repartidos pelos três anos do Curso Filosófico. Em 1973-74 e 1974-75, a casa esteve fechada devido ao pequeno número de candidatos não justificar a sua abertura. Em 1975-76, o Curso de Filosofia retomou o seu ritmo. Nos primeiros dias de Outubro desse ano, começaram a aparecer o P. João Mónico, os Ir. António Brás e Duarte Costa e os estudantes Agostinho Tavares, Eduardo Miranda e José Costa. Os primeiros dias foram para arrumos e limpezas, tendo a Irmã Carminda, Espiritana, ajudado na culinária. Entretanto, no exterior, desbravamse os acessos à casa, pois aí a erva tinha crescido em plena liberdade. Estes primeiros dias foram uma experiência muito marcante de vida comunitária. No dia 13, chegaram os quatro membros mais novos, neo-professos, que viriam integrar a comunidade. Assim a comunidade ficou formada por dez elementos. P. João Mónico, director, Irmãos António Brás e Duarte Costa e os estudantes Eduardo Miranda Ferreira, José Costa, Agostinho Tavares, José Luís Souto, Manuel Martins, Manuel António Azevedo e Benjamim Andrade. Uns dias depois juntou-se o irmão Altino Fafiães, regressado de Angola. “Nos primeiros tempos organizamos a nossa vida, fizemos o projecto comunitário e o orçamento económico. Programámos as nossas actividades apostólicas, sem esquecer as indústrias caseiras dos animais domésticos que poderiam contribuir para a subsistência da comunidade. As actividades apostólicas ficaram distribuídas pelas paróquias de Santo Adrião, S. Victor, Fraião e S. João do Souto. As salas do rés do chão foram disponiblizadas para a catequese das crianças de Santo Adrião, que tinham sido pedidas para esse efeito.” A dureza destes primeiros tempos foi suavizada com simpáticos convites tanto da comunidade do Fraião como das Irmãs Espiritanas: magusto, serrabulho, convívios missionários, etc. A 10 de Dezembro, celebrou-se o primeiro grande momento da vida comunitária: a profissão perpétua do Eduardo Miranda Ferreira. 550 Adélio TORRES NEIVA A 13 era publicada a primeira folha de comunicação e informação intitulada “De nós para vós”. Entretanto progrediam as actividades pastorais: encontros com adolescentes, com as crianças, com os pais, com os grupos de jovens, etc. A 1 de Fevereiro foi a Ordenação dos diáconos João Souto e Sanches Cardoso no seminário do Fraião. O 2 de Fevereiro foi celebrado no seminário do Fraião, juntamente com toda a comunidade. No dia 5 de Fevereiro, a comunidade recebeu a visita do Sr. D. Eurico Dias Nogueira, bispo de Sá da Bandeira que andava a visitar todos os missionários retornados da sua diocese. No dia 21 de Maio, fez exame de condução o Eduardo Miranda: foi o primeiro a levar a cabo tal empresa. No dia 7 de Junho, o P. Mónico, o Eduardo e o Manuel António integraramse num grupo que reuniu com o Sr. Arcebispo para apresentar um projecto de criação de uma Secretaria da Juventude, a nível diocesano. A 17 de Maio, foi a festa das Famílias dos estudantes, a primeira que se realizou nesta casa. Seria uma rotina que se repetiria todos os anos. Durante as férias grandes, uns foram ajudar no acampamento dos seminaristas de Viana, outros para um campo de férias em Alcoutim, no Algarve. A 8 de Agosto, na Silva, foi ordenado diácono o Eduardo Miranda e de presbítero o Hermenegildo, por D. António Ferreira Gomes. A 4 de Outubro, seguiram para Barcelona o José Costa e o Agostinho Tavares para frequentar aí o Curso Teológico. No dia 11, o Eduardo começou a dar aulas no Seminário do Fraião. No ano de 1976-77, a comunidade ficou constituída pelo P. João Carreira Mónico, Eduardo Miranda, diácono, Irmãos António Brás, Altino Fafiães, Duarte Costa , Manuel Lima, e os escolásticos Benjamim da Silva Andrade, José Luís Souto Coelho, Manuel António Sampaio Azevedo, e Manuel Martins Novais Ferreira (2º ano) e Tomé Varela da Silva, Valdemar dos Santos Roca e Manuel da Cunha Neiva (1º ano). No dia 19, o P. Mónico começou a sua colaboração com o Secretariado diocesano de catequese. Pelo Natal saíu o primeiro número da folha informativa “Presença Espiritana”. Esta folha policopiada apareceu como fruto de uma reflexão e necessidade desta comunidade ser sinal e testemunho, no meio envolvente e no seio da família espiritana. Foi um esforço meritório para tornar a comunidade atenta às pessoas e aos acontecimentos, à partilha das vidas e das aspirações jovens da comunidade e das suas realizações, numa linha eclesial e espiritana. A folha pretendia também ser um elo de ligação entre os espiritanos mais jovens, então dispersos pelas comunidades de Portugal, Barcelona e Paris. Este boletim contribuiu ainda de modo particular na preparação do encontro internacional dos jovens espiritanos que, no ano seguinte, se realizou em Aranda del Duero. A 11 de Abril, partiu para Lovaina o Eduardo Miranda como delegado dos A Casa da Filosofia no Espadanido, em Braga 551 estudantes portugueses para uma reunião de preparação do encontro internacional dos jovens espiritanos a realizar no seguinte verão em Aranda del Duero. A 6 de Junho, foi a ordenação sacerdotal do P. Victor Oliveira. A 1 de Agosto, partiram para Espanha, a fim de participarem no Encontro Internacional dos Jovens Espiritanos, o Altino, Eduardo, Agostinho, Martins, Benjamim, José Luís e Manuel António; o seu regresso foi a 16 de Agosto. Este encontro consagrou um momento alto de partilha e comunhão entre os jovens da Congregação. No prolongamento deste encontro, realizou-se em Viana do Castelo, de 22 a 24 de Setembro, o Encontro dos Jovens Espiritanos Portugueses, que teve a participação de quase todos os confrades jovens de Portugal: 33. Os objectivos deste encontro eram claros à partida: participar e partilhar o que se viveu no Encontro Internacional dos Jovens Espiritanos em Aranda del Duero; captar as suas linhas de força e buscar pistas de concretização na nossa Província; criar formas de união entre os jovens espiritanos da Província; como situar-se no contexto actual da Província. Conscientes da sua dispersão, os jovens queriam partilhar, conviver, conhecer-se para tornar possível uma maior coesão entre eles. Ao mesmo tempo, pretendia-se consciencializar o Capítulo Provincial. Depois de uma comunicação sobre o Encontro dos Jovens em Aranda del Duero, passou-se ao estudo das grandes preocupações dos jovens espiritanos, articulados à volta de quatro temas: Vida Espiritana, Missões, Formação e Animação Missionária. Foi um encontro em que os jovens exprimiram o seu grande amor à Congregação, manifestaram o seu desejo de dinamização das suas obras, fidelidade ao espírito dos fundadores e vontade de se comprometerem seriamente na Congregação. Em todo este encontro esteve presente a intenção, não de fazer exigências ou reivindicações aos outros ou à Província, mas sim de os jovens se empenharem na abertura de novos caminhos de fidelidade ao carisma espiritano. Foi um momento alto da vontade dos jovens pela renovação da Província. A 18 de Setembro, foi a Ordenação Sacerdotal do P. Eduardo Miranda. A 22 de Novembro reuniu-se, pela primeira vez, nesta comunidade o Conselho Provincial. A 4 de Maio de 1978, a comunidade recebeu a visita da Superiora Geral das Espiritanas. Na primeira quinzena de Maio de 1978, realizou-se na Alemanha o Conselho Geral Ampliado da Congregação em que participou o P. Eduardo Miranda. No final do ano lectivo, o P. Eduardo partiu para o Canadá para fazer um ano de pastoral e os Irmãos Altino e Duarte passaram para a Província de Espanha, onde iriam fazer a sua preparação para o sacerdócio. Em Outubro de 1978, começaram a fazer parte da comunidade os neoprofessos Beleza, Teixeira, Lima, Hélder. A comunidade ficou constituída por treze elementos: P. Mónico, director, P. Avelino Costa, Ir. António Brás, Roca, 552 Adélio TORRES NEIVA Giroto, Alberto, Belmiro, Souto, Teixeira, Beleza, Lima e Hélder. Os campos de apostolado para este ano ficaram repartidos pela catequese em S. Lázaro, Santo Adrião, assistência aos grupos da LIAM de Prado e S. Martinho, préadolescentes e grupo paroquial de Nogueira, dias e jornadas universitárias. O estudo, além das aulas na Faculdade de Filosofia, incluía momentos de estudo comunitário, cursos extra-escolares de formação e trabalhos manuais na quinta. Na formação permanente foram também incluídos a dinâmica de grupos, a iniciação catequética e os primeiros socorros. No dia 13 de Dezembro, a comunidade recebeu a visita do Reitor da Faculdade de Filosofia, Dr. Júlio Fragata, que aqui almoçou. No dia 10 de Março de 1979 foi a visita da equipa generalícia à comunidade presidida pelo Superior Geral, P. Timmermans. A 20 de Setembro, foi a ordenação sacerdotal do P. Agostinho Tavares, presidida pelo Sr. D. Agostinho de Moura. Em 1979/80, a comunidade teve uma nova equipa directiva: P. José Gaspar, P. Domingos Neiva e Ir. António Brás. Em 1980/81, os neo-professos que foram integrados nesta comunidade foram: Mário Silva, Manuel Passos, Manuel Paula, José Carlos Coutinho e José Manuel Sabnça. Para substituir o P. Domingos Neiva, veio o P. Ernesto Neiva. Em 1980/81, os escolásticos trocaram a Faculdade de Filosofia pelo Instituto Superior de Teologia de Braga (Seminário Maior). Alguns, porém, por exigências do seu currículo escolar, continuaram a frequentar a Faculdade. A 8 de Novembro de 1981, a comunidade recebeu a visita do bispo auxiliar de Braga, D. Joaquim Gonçalves. E, no dia 11, o conselheiro geral encarregado da formação, P. Bevan, visitou também esta comunidade. No ano de 1982/83, mudou a equipa directiva, agora constituída pelos PP. José de Castro Oliveira, director, José Costa e Ir. António Brás. Vindos do noviciado, chegaram António Neves e o José Cunha. No ano seguinte, 1983/84, o P. Arlindo Amaro veio para a comunidade para trabalhar na animação missionária. Em Janeiro de 1984, foi criada a paróquia de Santo Adrião. A 29 deste mês tomou posse o novo pároco, P. António Domingues, sendo o lanche servido no salão do Espadanido, com a presença do Sr. D. Eurico Nogueira e vários sacerdotes. A 24 de Março de 1984, a comunidade foi visitada pela Cruz de Taizé que andava a percorrer o mundo como mensageira da reconciliação e da paz para toda a humanidade. Na Semana Santa de 1984, realizou-se nesta comunidade um encontro com os teólogos do Restelo. No dia 20 de Maio, passou pelo Espadanido a equipa provincial de Espanha juntamente com a portuguesa. A 13 de Junho, reuniu-se nesta comunidade o Conselho de Animação Missionária, formado pelos PP. Mónico, Eduardo Miranda, Carlos Salgado, Arlindo Amaro, José Costa, Ir. Nuno e Irmã Ana Cândida. No ano de 1984/85, a comunidade era formada pelos PP. Castro, José Costa, A Casa da Filosofia no Espadanido, em Braga 553 Arlindo Amaro, Ir. António Brás e 8 escolásticos. A 8 de Junho de 1985, foi a visita do Conselho Geral, presidida pelo Superior Geral, P. Timmermans. De 29 de Julho a 7 de Agosto de 1985, foi a peregrinação a pé dos jovens a Fátima, em que vários membros desta comunidade se incorporaram. De salientar, como factos relevantes ao longo do ano, além de variadas actividades pastorais, a Festa das Famílias, o acampamento de verão, encontros esporádicos com elementos de outros institutos que aqui vieram falar do seu carisma. No ano de 1985, instala-se no Espadanido o Noviciado, sendo mestre de Noviços o P. Magalhães Fernandes, coadjuvado pelo P. Avelino Costa e pelo Ir. António Brás, ecónomo. Os noviços eram 9. Durante o ano de 1986/87, não há noviciado e no ano seguinte, 1987/88 entraram 5 noviços, continuando o P. Magalhães Fernandes como mestre e o P. Avelino Costa como confessor. Devido a isso, durante este ano de 1987/88, o I Ciclo de Teologia funcionou no seminário do Fraião, sendo a comunidade formada pelos PP. Agostinho Tavares, director, Carlos Salgado, e os escolásticos Teodoro Mendes, Daniel Junqueira e um não professo, Tito Nápoles. As aulas eram na Faculdade de Teologia. No ano de 1988/89, a comunidade voltou para o Espadanido, sendo formada pelos PP. Agostinho Tavares Medeiros, director e ecónomo, Avelino Costa e 6 escolásticos. No ano seguinte, 1989, foi nomeado ecónomo o Ir. Pedro Falcão. Em 1990/91, o P. Agostinho Tavares foi para Chevilly frequentar o Curso de Formação dos responsáveis de Noviciado, voltando como mestre de noviços, na Silva, em 1991. Neste ano, a Casa Generalícia autorizara a mudança do Noviciado do Espadanido para a Silva (4 de Janeiro de 1991). O Espadanido fica reservado para a Animação Missionária, a cargo dos PP. Arlindo Amaro e Domingos Matos Vitorino. Em 1993, a Filosofia ou I Ciclo de Teologia, como então se passou a chamar, passa para o Pinheiro Manso. Em 1995, o P. Arlindo Amaro, depois de ter trabalhado durante dez anos na Animação Missionária, no Voluntariado e nos Jovens Sem Fronteiras, partiu para Lyon, devendo depois integrar-se no ministério entre os emigrantes caboverdianos, nos Estados Unidos. Por decisão do Conselho Provincial, a casa do Espadanido foi encerrada em 1995, ficando o imóvel a cargo da comunidade do Fraião. O futuro do Espadanido seria estudado durante o ano seguinte, prevalecendo a ideia de fazer dele um espaço-sinal diante das múltiplas carências do nosso tempo: várias hipóteses estavam a ser consideradas. O Espadanido foi cedido, por um período de 50 anos, a partir de 1 de Janeiro de 2001, à Associação de Solidariedade Social de S. Tiago do Fraião, para Lar de Terceira Idade, Centro de Dia e apoio domiciliário, Infantário e ATL, reservando a Associação 4 lugares acamados e 4 não acamados para membros da Congregação e extensão do Lar num dos Pavilhões do Seminário do Fraião409. 409 Contrato de 12/1/2001 555 Capítulo 59 A Casa da Boavista, no Porto A aquisição da casa Por testamento datado de 3 de Agosto de 1955, da autoria do P. Augusto Dias da Silva, mais conhecido por Abade da Loureira, foi legada à Congregação do Espírito Santo a raiz da casa na Avenida da Boavista, 919 – Porto. O usufruto da mesma foi deixado “àquelas que foram criadas do meu irmão António”, único irmão sem descendência, de quem o Abade tudo herdou. O prédio tinha sido vendido por António Nogueira a António Dias da Silva e Sousa a 20 de Abril de 1910. Esta forma genérica de indicar as usufrutuárias veio trazer complicações, no momento em que elas quiseram entrar em acordo com a Congregação, para a venda do respectivo usufruto, aliadas a outras de ordem particular. Estas razões e mais algumas geraram um mal estar das referidas senhoras para com a Congregação. Após muitas visitas do Ecónomo Provincial, o assunto acabou por ser entregue ao advogado que lá ia arrastando a questão. Em Outubro de 1972, foram nomeados para a LIAM os PP. José Pinto de Carvalho e Abel Moreira Dias, tendo o Conselho Provincial encarregado este último de procurar uma casa, a comprar ou alugar para a LIAM, pois que a casa da Rua Nova do Regado, pela sua situação, variedade de funções e idade dos seus membros não era a mais indicada. O primeiro passo que se deu para resolver a situação foi visitar a tão falada e lamuriada casa da Boavista. E mais nenhuma foi vista pois era de tentar tudo por tudo para a pôr ao nosso serviço. A casa em si não era a mais indicada para as actividades liamistas mas, por outro lado, possuía uma excelente situação que não era fácil arranjar em qualquer outra parte. Havia portanto que insistir. Falou-se novamente com a Srª D. Catarina de Belém Lopes, usando uma nova estratégia para se poder conseguir qualquer coisa. Em Novembro, abordou-se o advogado incitando-o a dar andamento ao processo, responsabilizando-nos pelos respectivos honorários. Outras visitas se sucederam. A 3 de Fevereiro de 1973, o tribunal de Vila Verde declarava únicas usufrutuárias a Srª D. Catarina de Belém Lopes e sua mãe Maria Cândida já falecida a 27 de Dezembro de 1961. 556 Adélio TORRES NEIVA Por não podermos pagar o imposto sucessório, uma vez que o conjunto da herança do Abade da Loureira não estava terminado, fez-se com a Srª D. Catarina Belém Lopes, a 1 de Março de 1973, um contrato-promessa de compra e venda do usufruto, ficando a Congregação com o encargo de pagar todos os impostos presentes ou futuros referentes ao dito prédio. Por outro lado, cedeunos gratuitamente os seus direitos de usufrutuária fazendo a entrega da casa, móveis e demais recheio410. A escritura definitiva far-se-ia quando a Congregação, após ter pago os impostos, o pretendesse, o que se previa para muito breve. A casa não possuía louças nem roupas. Imediatamente se contactaram empreiteiros para as obras de restauro, que tiveram início a 26 de Abril de 1973 pela Firma Passos Viana, Lda., obras orçamentadas em cinco centenas de contos. Estava dado o primeiro passo na concretização de um sonho. Organização da comunidade A 6 de Novembro de 1973, entra a primeira ocupante desta casa, a empregada Maria da Conceição Pereira Brito. Ela e as Espiritanas da comunidade do Porto, prepararam a nova residência. A 11 do mesmo mês, teve lugar a primeira actividade nesta casa – o magusto da Juventude Missionária da LIAM, precedido da celebração eucarística, realizada na cave, ainda em obras. Eram cerca de 300 pessoas. Descerrou-se uma placa de homenagem ao Abade da Loureira, junto da porta da entrada. A 13 de Novembro, entra em serviço outra empregada, a Maria Cândida Pereira Lobo em companhia da sua filha Maria Isabel, tendo-se então retirado as Irmãs que faziam companhia à primeira. A 21, chega o P. Abel Moreira Dias, nomeado primeiro director da residência. A 24, chega o P. José Pinto de Carvalho, que fazia parte da equipa da Boavista, celebrando-se nesse dia às 20.30 horas a primeira missa na capela da comunidade, desprovida ainda de muitos ornamentos. A 30 de Novembro, completa-se o elenco do pessoal com a chegada do P. Joaquim Pereira Pinto que, como os anteriores, fora transferido da comunidade do Regado para aqui. As obras estavam praticamente terminadas e, entretanto, ia-se organizando a comunidade como tal, ao serviço da animação missionária do norte do país, pois era essa a sua finalidade. A partir daí, começaram as suas actividades: magusto, confraternizações, recolecções, reuniões, cursos, retiros, tudo se foi organizando pouco a pouco. A 1 de Novembro de 1976, o P. Abel Moreira Dias é nomeado ecónomo Provincial, mas continua na Boavista até Agosto de 1983, ocasião em que se 410 APPCSSp. Pasta da Casa da Boavista A casa da Boavista, no Porto 557 transfere para Lisboa à frente do mesmo cargo. Passa então a director o P. Pinto de Carvalho, que em 1983, é nomeado pároco de Godim, assumindo a direcção da casa da Boavista o P. José Martins Salgueiro, sendo substituído pelo P. Norberto Cristóvão em Setembro de 1988. Durante todo este tempo, outras mudanças se operaram. Em 1977, chegou para colaborar na animação missionária o P. Carlos Gouveia Leitão e, no ano seguinte, o P. José Ribeiro Mendes. Em 1979 virá, como secretário do Centro Vocacional, o P. João Carreira Mónico e, em 1989, também para a promoção vocacional, o P. António Luís Marques de Sousa. Em 1980, vem para a comunidade, a fim de fazer estudos na universidade católica, o José Luís Souto Coelho. Em 1983, o P. José Coelho Amorim era nomeado ecónomo da comunidade, cargo que passará para o P. Mónico em 1986 e que, em 1988, será ocupado pelo P. Serafim Marques da Silva. Em 1986, chegou também o P. António Moreira, em Setembro de 1988, o P. Norberto Cristóvão e, em 1991, o P. Manuel Nunes. Em 1990, o P. Norberto Cristóvão parte para o Fundão e a nova equipa fica formada pelos PP. António Luís Farias Antunes e António Marques de Sousa. Será esta equipa que transitará para a Rua Pinheiro Manso, em Janeiro de 1990. A nova casa da Rua Pinheiro Manso foi comprada a 18 de Abril de 1989 e feita a escritura a 19 de Outubro do mesmo ano. Foi registada a 22 de Janeiro de 1990 na Conservatória do Registo Predial do Porto, inscrito o registo na respectiva matriz sob o nº 246, descrito na Conservatória do registo Predial do Porto no Livro B fls 85v. sob o nº 4,525 e lá registado a favor da vendedora pela inscrição nº 89. 190, a fls. 120 do Livro G 120. Em 1992, é colocado no Pinheiro Manso o P. José Alves que desempenhará o cargo de ecónomo até 1993, ano em que assumiu este cargo o P. José de Sousa. Em 1994, assume o cargo de secretário das Vocações o P. José Martins da Costa que será também o ecónomo da comunidade. Em1995, sai o P. António Farias e vem o P. Eduardo Osório para a animação missionária e o P. Jorge Veríssimo para o ministério. O Centro de Animação Missionária partilha a vida de comunidade dos estudantes que se estabeleceu na nova casa, ali construída. 559 Capítulo 60 O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982) O P. Casimiro Pinto de Oliveira foi nomeado Provincial a 27 de Abril de 1976, tendo tomado posse das suas funções a 20 de Maio desse mesmo ano. O Conselho Provincial ficaria assim constituído: P. José Fagundes Pires, 1º assistente, P. Marcelino Duarte Lopes, 2º assistente, o primeiro ligado à formação, o segundo à animação missionária; Padres Francisco Rocha, Mário Pires, João Mónico e Manuel Ferreira da Silva, e ainda o Ir. Luís Pontes em substituição do Ir. Duarte Costa que pediu para se dar o seu lugar a um outro irmão. O P. Abel Moreira Dias foi nomeado ecónomo provincial e secretário provincial o P. Joaquim Macedo Lima. A frequência dos nossos seminários era a seguinte: Em S. Cugat, na Espanha: 4 teólogos; no Espadanido 7 filósofos; na Silva: 5 noviços, 13 alunos do 7ºano e 9 do 6º; no Fraião, 37 no 5ºano, 46 no 4º ano e 39 no 3º ano; P. Casimiro Pinto de Oliveira em Viana do Castelo 55 alunos no 1º e 2º anos; em Godim 48 no 1º e no 2º anos. O P. Casimiro Oliveira, na esteira do Capítulo Provincial de 1970, procurou imprimir um novo dinamismo aos principais sectores da vida da Província e sempre e em primeiro lugar, a Vida de Comunidade. Logo no seu primeiro editorial para o Boletim da Província, o P. Casimiro, depois de evocar as prioridades da Província - as obras de formação e a animação missionária e vocacional - lembra que os campos predilectos da missão espiritana continuam a ser as situações difíceis em Angola e Cabo Verde. Mas logo chama a atenção para um novo espaço que a situação de Angola veio criar: “Abrimonos ultimamente a trabalhos tanto no Brasil como entre os emigrantes portugueses e em paróquias pobres de Portugal; continuamos entretanto a ter elevado número de confrades vindos de Angola, sem colocação definida: alguns terão de ficar em Portugal por serem de idade avançada ou por outros legítimos motivos; para os restantes são-nos propostos diversos trabalhos: Brasil e Cabo Verde receberiam de bom grado mais alguns confrades; os Camarões teriam prazer na ida de portugueses ainda relativamente jovens; o Bangui pede um ou dois sacerdotes, mesmo de idade algo adiantada, para se ocuparem da colónia portuguesa; o Burundi abre-nos as portas; do Canadá surgem convites dos dois Provinciais espiritanos para a ida e 560 Adélio TORRES NEIVA integração em comunidades nossas de portugueses que trabalhem com os nossos emigrantes; no Paraguai, a Congregação necessita de mais obreiros; pensa-se numa abertura à Ásia, tomando-se obras na Paquistão. De um modo especial a Casa Generalícia pede espiritanos portugueses para os Camarões e o Bangui”411. Trata-se, portanto, do apelo à abertura à missão fora do contexto cultural português e a uma diversificação maior dos nossos compromissos missionários. É esta uma evolução que acabará por se impor à Província nos anos posteriores. Em 1976, para casa de estudos dos finalistas de Teologia, foi escolhida a de S. Cugat, em Espanha. Em 1976 realizou-se em Roma o Conselho Ampliado em que se ventilou, de uma maneira particular, o problema das equipas internacionais, tendo sido tomada a decisão de formar três equipas internacionais, características de três situações especificamente espiritanas: uma para Malanje, uma situação urgente de necessidade de uma igreja em dificuldade; outra para o Paraguai, uma situação de pobreza e necessitada de libertação e outra para o Paquistão, situação de primeira evangelização e diálogo com o Islão. O P. Manuel da Silva Barbosa Viana seria o confrade português a integrar a equipa internacional de Malanje. A 1 de Agosto de 1976, começou a entrada na Previdência Social para os religiosos, em que os Espiritanos se integraram. A juntar aos centros de animação missionária de Lisboa e Porto, foi criado um outro em Coimbra a funcionar na Travessa do Espírito Santo, nº 10. O centro de Lisboa foi confiado aos Padres Marcelino Duarte Lopes, José Lapa e José Ribeiro Mendes, além do P. José Felício; o do Porto aos PP. Abel Moreira Dias e José Pinto de Carvalho e o de Coimbra aos PP. Adélio Cunha Fonte e Veríssimo Manuel Teles. Como director de todos os escolásticos maiores, residentes tanto em Portugal como no estrangeiro, foi nomeado o P. João Mónico, director da Casa de Filosofia. Como secretário do Grupo de Estudos Libermanianos, recentemente criado pela Casa Generalícia, em Roma, foi designado o P. Amadeu Martins. A 24 de Abril de 1980, foi atribuída a título póstumo, ao P. Joaquim Alves Correia, pelo Presidente da República Portuguesa a condecoração de “Grande Oficial da Ordem da Liberdade”412. Em 1977, fizeram-se obras na Torre da Aguilha em ordem a adaptar uma parte da casa para casa de repouso de confrades da terceira idade. A 29 de Junho de 1977, foi erecta canonicamente a Província de Angola, sendo nomeado seu primeiro provincial o P. Bernardo Bongo que tomou posse a 10 de Julho desse mesmo ano. Dos 44 espiritanos pertencentes à Província portuguesa a trabalhar em Angola optaram pela Província de Angola como ficando a ser sua província de origem, os seguintes confrades: P. Bernardo Bongo, Jacinto Ngole, Manuel Perfeito Martins Ferreira, Manuel António Meira, Alfredo Mendes, 411 412 BPPCSSp. Jan/Junho 1976 p. 3 Alvará de 24 de Abril de 1980. Diário da República nº 148 2ª série de 30/6/80. expedida pela Chancelaria das Ordens Portuguesas a 3/7/80 nº 10 O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982) 561 Ricardo dos Santos Meira, Manuel da Silva Barbosa Viana, Ir. Augusto Chitué, Ir. Pedro Quitumba, Ir. Benedito Roberto e Ir. Francisco de Oliveira (Tiago). E algum tempo depois, P. Porfírio Duarte Lourenço. Neste Provincialato, deu-se grande incremento às reuniões periódicas dos diferentes sectores da vida da Província, tais como: Formação, Animação Missionária, Jovens em formação e Animadores de comunidade. De 16 a 30 de Agosto de 1978, realizou-se no Fraião o Capítulo Provincial. A Comissão preparatória ficou composta pelos PP. Manuel Durães, Magalhães Fernandes, Eduardo Miranda e Veríssimo Teles. Os documentos foram aprovados pelo Conselho Geral a 4 de Dezembro de 1978. Na vida da Congregação foi marcante o Encontro Internacional dos Jovens espiritanos, que se realizou em Aranda del Duero, na Espanha, de 1 a 15 de Agosto de 1978. Nele participou um bom número de jovens espiritanos portugueses. A 5 de Janeiro de 1977, o P. Francisco Fernandes Correia é nomeado superior do Grupo português do Brasil, que acabava de se constituir sobretudo com confrades regressados de Angola. A este grupo ficaram a pertencer 20 confrades, assim distribuídos: diocese de Nova Iguaçú: 4 no Parque Flora, 2 no Éden e 1 em Piranema; diocese do Rio de Janeiro: 3 no Rio de Janeiro; diocese de Niteroi: 1 na Paróquia da Boa Esperança e 1 em Iguaba Grande; diocese de Jales: 2 em Jales, 1 em Aparecida de oeste; diocese de Bauru: 1; diocese de Bragança Paulista: 1 em Francisco Morato; diocese de S. José de Rio Preto: 1 em Catanduva; diocese de Divinopolis: 1 em Itaúna. Este grupo foi constituído em Distrito de Brasil Sudeste a 10 de Novembro de 1978, por decisão do Conselho Geral413, sendo nomeado superior principal, a 1 de Fevereiro de 1979, o P. Francisco Fernandes Correia. Em Setembro de 1978, foi erecta a residência do Fundão, em casa doada pela senhora D. Maria de Lurdes Tavares Monteiro e sua irmã D. Maria Florência, com a finalidade de servir de Centro de irradiação missionária. Como primeiros inquilinos foram para ali nomeados os PP. António Brás e Gouveia Leitão e o Ir. Redentor. Das visitas feitas pelo P. Provincial sobressaem a que fez aos confrades de Cabo Verde em 1977, a que fez aos espiritanos portugueses na Europa e na América do Norte em 1978, aos espiritanos do Brasil e Paraguai em 1981 e a Angola em 1981/1982. De 4 a 14 de Maio de 1978, realizou-se em Kenechtsteden (Alemanha) o Conselho Geral Ampliado. Aí se equacionaram cerca de 20 situações de prioridade missionária para a Congregação, entre as quais, as obras de formação em Angola, o apostolado entre os Manjacos da Guiné-Bissau, etc., intensificaram-se as equipas internacionais, aprovaram-se as bases para o funcionamento no verão de 1979 de um Curso Internacional, na Europa, destinado a jovens espiritanos em formação, etc. Como representante dos jovens portugueses esteve presente o Eduardo Miranda. 413 BGCSSp. Nº 776 p. 113 562 Adélio TORRES NEIVA O III Capítulo Provincial ( 1978 ) O Capítulo Provincial de 1978 foi um dos Capítulos que teve mais impacto na Província. Como preparação, a Comissão Pré-Capitular publicou o livrinho “A Regra Espiritana das Origens”, de Athanase Bouchard. O Capítulo decorreu de 31 de Julho a 15 de Agosto, na comunidade do Fraião, com a participação de alguns confrades, além da quase totalidade dos membros de direito e delegados. O Capítulo deu muito relevo à vida de fé e de comunidade, à preocupação missionária que deve inspirar todas as actividades da Província, a corresponsabilidade e comunhão num projecto comum. Dos vários problemas e questões abordadas saíram quatro documentos: Vida Comunitária, Projecto Missionário, Formação e Autoridade. Uma primeira linha de força deste Capítulo foi o acento posto no projecto missionário da Província. Neste sentido destacamos: 1. A animação Missionária da Província é da responsabilidade sobretudo da Equipa Provincial. O Provincial anima principalmente a vida comunitária; os vice-provinciais animam: um, o sector da Formação; o outro, a animação missionária. 2. Como prioridades específicas da missão da Província, optou-se por Angola, Cabo Verde e Brasil e os imigrantes lusófonos em Portugal. 3. Todas as comunidades espiritanas são centros de animação missionaria. 4. Os centros da LIAM são comunidades espiritanas orientadas prevalentemente para a animação missionária em todas as dimensões. 5. A necessidade de criar uma equipa de Redacção para a editorial da LIAM. 6. A oportunidade de se lançar o laicado missionário não consagrado. 7. Deram-se os princípios que devem servir de base ao estatuto das paróquias espiritanas. Uma segunda linha de força foi o acento posto sobre a renovação da vida comunitária e a formação permanente. Neste sentido: 1. Cada comunidade deve organizar, no início de cada ano, o seu projecto comunitário 2. Devem ser formadas Equipas de Formação. 3. Deve ser criado um Conselho de Formação. 4. Organizar cursos regulares de reflexão e reciclagem, tanto para missionários em repouso, como para os membros da Província, incluindo os alunos. 5. Um dos membros da equipa provincial deve organizar um plano de acção e estudo para a Formação Permanente. Uma outra linha de força foi a criação de estruturas de maior descentralização e corresponsabilidade. Assim: 1. Definiu-se o método da eleição do Superior Provincial, a ser eleito por sufrágio directo e universal dos membros da Província. 2. O Superior Provincial será coadjuvado por dois Vice-Provinciais, O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982) 563 competindo ao Provincial escolher os dois Vice-Provinciais entre os três mais votados para cada sector: formação e animação missionária. Estes três, sendo os Vice-provinciais a tempo pleno, para tal função, constituirão uma equipa animadora e executiva, dividindo entre si as tarefas prioritárias da Província. Uma vez formada, esta equipa elabora e apresenta o seu plano de acção para o triénio à Província. 3. As nomeações para os cargos da Província são trienais. A nova equipa provincial A 20 de Maio de 1979, o P. Casimiro Oliveira foi reconduzido como Provincial por um segundo mandato de três anos. Segundo as orientações do Capítulo Provincial de 1978 o Provincial deveria ser coadjuvado por dois vice-provinciais, nomeados pelo Provincial depois de consulta aos membros da Província. Assim, a 23 de Maio de 1979, o Provincial nomeou como vice-provinciais: o P. Manuel Durães Barbosa (para a formação) e o P. Veríssimo Manuel Teles (para a animação missionária). Logo na primeira reunião da equipa provincial foram distribuídas as tarefas: a) Todos os assuntos de uma certa importância serão resolvidos colegialmente pela Equipa Provincial (a não ser que exijam o Conselho Provincial); os assuntos de expediente de rotina serão despachados por cada membro da equipa, de acordo com o sector que lhe está directamente confiado. b) O P. Durães Barbosa encarregar-se-á especialmente de quanto se refere à Formação, Reciclagens e à Formação Permanente. Em breve constituirá o Conselho da Formação, cujas atribuições estão determinadas no nº 374 dos DCP. c) O P. Veríssimo Teles dirige a Animação Missionária, promove e coordena assim, não só tudo quanto diz respeito à LIAM (sede, administração, redacção, centro vocacional, encontros...), mas também se esforçará por que todos os confrades (mormente a partir das Comunidades) façam acção missionária. Vai constituir um Conselho de Animação Missionária, que terá atribuições análogas ao da Formação. O Secretariado das Vocações foi outro projecto a programar para breve. As “Linhas de força do novo Provincialato”, tais como vêm apontadas em circular de 28 de Março de 1979, eram as seguintes: 1. Estruturação da equipa provincial. A partir de 20 de Maio de 1979, a Província terá uma Equipa Provincial composta pelo Provincial e por dois Vive-Provinciais a tempo pleno, colegialmente responsáveis, embora cada qual com o seu sector; os três devem viver na mesma comunidade. 2. A reanimação das comunidades, reforçando o sentido do projecto comum. 3. Promover e intensificar a reciclagem e formação permanente. 4. Atenção especial aos confrades doentes e idosos. 5. Promover a rotação e renovação do pessoal. 6. Procurar novos rumos de recrutamento vocacional, para além dos seminários menores. 564 Adélio TORRES NEIVA 7. Aperfeiçoar o acolhimento e a assistência aos missionários. Em Março de 1978, partiu para o Paraguai a equipa internacional formada pelos PP. Albino Vítor Martins de Oliveira e João Souto e por três jovens leigas ligadas à Província espanhola. A 1 de Julho de 1979, é nomeado superior principal de Cabo Verde o P. Gil Afonso Losa e a 1 de Novembro de 1979 o P. Manuel dos Santos Neves é nomeado Procurador junto da Santa Sé. A 29 de Abril de 1979 foi beatificado, em Roma, o P. Tiago Laval. Para assistir ao acto, os Missionários do Espírito Santo organizaram uma peregrinação em que tomaram parte 13 confrades Espiritanos, como representantes de todas as comunidades. A sua festa litúrgica ficou marcada para 9 de Setembro. O Conselho Provincial de 30 de Julho de 1979 decidiu editar mensalmente a partir de Janeiro uma circular intitulada “Missionários Espiritanos”, e distribuída a todos os confrades, constando de três pontos: uma breve reflexão sobre a vida religiosa-missionária-espiritana; a apresentação de um texto dos nossos fundadores e um noticiário espiritano. Quando as circunstâncias o exigirem poderão aparecer também circulares sobre cada um dos grandes sectores da vida da Província. Efectivamente, em Fevereiro de 1980, começou a aparecer, o “Missionários Espiritanos” sucedendo às “folhas soltas” intitulados “A todos os EspiritanosPortugueses”, iniciados em 1976. Nesta mesma reunião se apontaram outras directivas: a) No futuro, o Conselho Provincial terá em conta para a orientação da Província, os seguintes princípios: - a Província existe para a missão e, por isso, todas as decisões do Conselho servirão o seu projecto missionário. - o Projecto Missionário da Província será elaborado a médio e a longo prazo nos diversos sectores. - o Conselho procurará auscultar os “sinais dos tempos”, pois é orgão de programação de trabalho e não apenas orgão para resolver e remediar situações pontuais. b) Os sectores da Província que urge organizar neste momento são: a formação permanente, a formação nos seminários, o projecto da LIAM e a estruturação do Secretariado das Vocações. c) A informação é importante para a dinâmica da Província. Assim, - após cada reunião do Conselho será feito um comunicado à Província; - cada reunião do Conselho seja em comunidade diferente; - chamem-se ao Conselho, se necessário, pessoas que ajudem a esclarecer ou a estudar problemas a serem tratados; - seja preparada com a colaboração de todos os conselheiros a agenda do Conselho. Animação Missionária A LIAM é o movimento missionário típico que a Congregação lançou em O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982) 565 Portugal; nele todos devem colaborar segundo a situação de cada um. O Conselho desejaria que cada comunidade espiritana: - tivesse uma atenção especial apostólica para com os pobres da sua zona - lançasse um trabalho vocacional com os jovens e adolescentes - desse orientação missionária às actividades paroquiais. Os principais problemas da LIAM vistos pelo Conselho são: - falta de um coordenador geral das actividades - falta de um plano geral a nível de toda a LIAM - falta de pessoal e deficiente cobertura espiritana do país - falta de uma equipa redactorial - ignorância do que é a LIAM por parte de muitos espiritanos. Pastoral Vocacional - Haverá um Secretário Vocacional, coordenador de todo o trabalho vocacional. - Em cada comunidade de formação e em cada centro liamista existirá um coordenador de zona. - O Secretário das vocações estará sempre representado nos Conselhos de Animação Missionaria e de Formação. - Cada núcleo da LIAM tenha um responsável das vocações. - Que se criem grupos de estudo e formação vocacional. - Que se esteja presente nos grupos juvenis. - Que se convidem jovens em promoção vocacional a fazerem uma experiência nos nossos centros. - O Secretariado Vocacional procurará lançar o laicado missionário. Durante os meses de Fevereiro e Março de 1979, o Superior Geral e dois membros do seu Conselho, os PP. Sonsbeeck e Torres Neiva, fizeram a visita oficial à Província. Em 1979, realizou-se também em Gentinnes, na Bélgica, o primeiro Curso Internacional para Jovens Espiritanos; nele participaram três portugueses. A 11 de Maio de 1979, foi comprada nos Estados Unidos, (Clay Street, 35 – Central Falls, Rhode Island), uma residência para os confrades portugueses. Em 1980, realizou-se o Capítulo Geral. Foi um Capítulo cuidadosamente preparado na Província Portuguesa durante todo o ano que o antecedeu. Na liturgia, no estudo, na oração, toda a Província procurou pôr-se em “estado de Capítulo”. Entretanto, os diferentes conselhos de obra, Conselho da Formação, Conselho da Animação Missionária e Secretariado das Vocações foram estruturados e começaram a funcionar. A circular “A todos os Espiritanos portugueses” é substituída por “Missionários Espiritanos”, agora a cargo da equipa provincial, e coordenada pelo Secretário Provincial. Em 1980, pensava-se na construção de uma casa em Fátima para acolher os espiritanos, e ser o centro de animação missionária. Após meses de reflexão e 566 Adélio TORRES NEIVA contacto com os confrades, o Conselho Provincial decidiu abandonar a ideia. Mais tarde, o terreno propriedade dos Espiritanos seria vendido. O Conselho Provincial de 7 de Fevereiro de 1980 decidiu encerrar Viana do Castelo como seminário para o 5º e 6º anos (1º e 2º anos), a partir do ano lectivo de 1981-1982. Os candidatos para o 5º ano deveriam ser encaminhados para Godim. Em 1982, é estruturado o Secretariado das Vocações, constituído pelo Secretário das Vocações, um representante de cada comunidade e dos centros da LIAM. Cria-se o “seminário da diáspora” para os alunos que vão para o estágio de amadurecimento antes do noviciado. O plano programático da animação provincial para o triénio 1982-1985 porá um acento particular na promoção vocacional. Cada comunidade deverá organizar um calendário de acções de promoção vocacional. O Secretariado elaborará um folheto com esquemas para reuniões de promoção vocacional e procurará organizar retiros-cursos em perspectiva vocacional. A Formação Permanente proposta como uma das linhas de força do novo Provincialato, recebe um novo impulso com a realização de Cursos de Formação Permanente, a publicação de uma série de circulares a partir dos finais de 1979 e os “Cadernos de Formação Permanente” que vão até ao nº6, explicitando sucessivamente o regulamento, os temas e outros subsídios dos vários Cursos de Formação Permanente. Estes Cursos de Formação Permanente, realizados em média dois por ano, ventilaram vários temas como: O Irmão Consagrado, Liturgia e Pastoral, Sacramento da Eucaristia, Vocação Consagrada Laical. O Conselho de Formação, depois de várias reuniões de estudo publicou o “Directório dos Seminários Menores”. Em reunião do Conselho Provincial de 5 de Maio de 1980 decidiu-se dar cumprimento ao nº 363 b) dos DCP sobre o Noviciado. Depois de várias tentativas para localizar o noviciado na diocese de Aveiro - uma das hipóteses era a Paróquia de Tamengos, junto à Curia – o noviciado foi erecto na casa de Coimbra, no nº10, a 28 de Agosto de 1981. O Conselho da Animação Missionária começou a reunir-se, promoveu a primeira Assembleia Anual da Animação Missionária, o Dia Missionário Espiritano, e propôs ao Conselho Provincial a passagem a mensal da revista “Encontro”, proposta que foi aceite a 5 de Maio de 1980. Organizou também a Peregrinação da Família Espiritana a Fátima, tendo estado presentes cerca de 5.000 peregrinos e 38 confrades. Esta peregrinação passar-se-ia a realizar todos os anos. Em 1980, foi lançada uma Equipa Internacional entre os Manjacos da Guiné-Bissau, tendo o P. José Costa sido integrado nessa equipa. É um novo campo de missão que se abre para os Espiritanos Portugueses. Por escritura de 25 de Março de 1981, feita no cartório de Sintra, foi comprada 414 Matriz Urbana de Carcavelos nº 4249. Descrita na Conservatória de Cascais sob o nº18512 a fl 136 do Libro B-54 e inscrita a nosso favor pelo nº 46859 Fls. 22v do Livro G-136. O Provincialato do P. Casimiro Pinto de Oliveira (1976-1982) 567 pela Província uma vivenda em S. Domingos de Rana, na Rua D. Pedro de Mascarenhas, nº 310, para residência dos confrades que trabalham na paróquia414. Em 1981, o P. Joaquim Ramos Seixas é nomeado Provincial de Espanha. A 10 de Fevereiro de 1981, em sessão solene do Liceu Literário Português do Rio de Janeiro, o P. António de Oliveira Giroto recebeu a comenda da “Ordem de Camões”. A 3 de Março de 1981, realizou-se em Viana do Castelo o Conselho Provincial Ampliado. Em 1980, havia 7 escolásticos na Casa de Filosofia, 1 estudante de teologia em S. Cugat, na Espanha, 2 filósofos em estágio em Cabo Verde, outros 2 em Godim, como professores. Os aspirantes eram 63 em Godim, (5º e 6º anos) 87 no Fraião (7º, 8º e 9º anos), e 28 na Silva(10º, 11º e 12º anos). 569 Capítulo 61 A Guerra em Angola A ngola vivia em estado de guerra desde 1961. Até 1975, esta guerra foi sobretudo uma guerra pela independência, liderada pelos Movimentos de Libertação contra a presença portuguesa. Após a revolução de 25 de Abril de 1974, Portugal decidiu dar a independência a Angola, que se tornou efectiva em 1975, ficando o país a ser governado por uma troika dos três principais movimentos de libertação. Mas, bem depressa, os três movimentos entraram em confronto, dando origem a uma guerra civil, que se prolongaria, com um ou outro breve interregno, até 2001, ano em que o líder da UNITA, Dr. Jonas Savimbi foi assassinado. Foi em 1975 que os confrontos militares entre os três Movimentos de Libertação, MPLA, UNITA e FNLA, começaram com toda a violência. Comunicado do Superior Geral A emergência da igreja local como finalidade da actividade missionária defendida pelo Vaticano II, por um lado, e, por outro, o facto concreto da independência de Angola e a caminhada já feita pelos espiritanos em ordem à fundação de uma província em Angola, levou o Superior Geral em 1975, então de visita a Angola, a promover um encontro com os Superiores Principais dos três Distritos espiritanos e seus mais directos colaboradores, para fazer uma reflexão sobre o “Balanço e algumas linhas de orientação” a respeito da presença espiritana naquele país. Dessa reunião saiu o seguinte comunicado: “Desde meados de Fevereiro até 30 de Abril, estiveram em Angola, de visita às Missões Espiritanas, o Superior Geral da Congregação do Espírito Santo e um dos seus assistentes. Antes de regressarem a Roma, aproveitaram a oportunidade para, juntamente com os Superiores Principais do Instituto neste país e seus próximos colaboradores, fazerem o balanço da acção missionária desenvolvida pela Congregação em Angola. A partir da análise do positivo e do negativo apurados, tentaram pôr em destaque algumas linhas de renovação missionária de acordo com as exigências da teologia da Missão e do momento histórico que Angola vive, reconhecendo que a feliz evolução das circunstâncias possibilita à Igreja neste país avançar para a sua autonomia e localizar-se como Igreja incarnada nesta cultura e neste povo. 1. Olhando ao passado, é fácil constatar a existência de limites e defeitos na acção missionária. O ambiente sócio-político em que se viveu condicionou 570 Adélio TORRES NEIVA inevitavelmente as mentalidades e a acção apostólica de boa parte dos agentes missionários, não sendo possível evitar passos errados que atrasaram a formação de uma Igreja verdadeiramente angolana. No entanto, os numerosos sacerdotes, religiosos e leigos naturais do país, capazes de tomar em suas mãos a direcção pastoral, atestam um saldo amplamente positivo. 2. Neste sentido, interpretamos como sinal de esperança o facto de o clero angolano manifestar clara inquietação e ampla capacidade de resposta às exigências da hora presente. Apoiamos com satisfação iniciativas como as reuniões do clero e religiosos nativos em vários locais e, sobretudo, o recente encontro de Nova Lisboa, no qual se discutiu a situação presente da Igreja, seus valores e seus defeitos e exigências de renovação. Alegra-nos, particularmente, a responsabilidade sentida pelo clero angolano quanto ao futuro da Igreja e o esforço que empreenderão para a tornar mais angolana e mais evangélica. 3. É evidente que a acção missionária dita “Ad Gentes” é transitória por definição. Por isso, avançando a Igreja de Angola para a sua autonomia, entendemos que o missionário estrangeiro deverá passar da condição de líder e primeiro responsável para a função auxiliar e supletiva, co-responsável com os chefes locais da pastoral e sob a sua direcção. Deixa de ser enviado de outra igreja a uma “terra de missão” para ser uma presença activa de uma igreja irmã de outro país, inserido na comunidade da jovem igreja local. 4. Por isso, nesta viragem histórica da Igreja em Angola, os Missionários da Congregação do Espírito Santo sublinham como programáticas as seguintes normas de acção: 4.1. Reafirmam a vontade de prosseguir a sua actividade em Angola, solidarizando-se com esta Igreja em crescente autonomia e com as esperanças e interrogações do povo angolano. 4.2. Esforçar-se-ão por se adaptar, na mentalidade e nas atitudes, ao novo estilo de presença missionária. 4.3. Colocam à disposição da Igreja angolana todas as suas obras e responsabilidades pastorais, aceitando uma revisão geral dos seus encargos, se o maior bem desta Igreja assim o exigir ou aconselhar. 4.4. De harmonia com a tradição espiritana, procurarão que a colocação do pessoal missionário se faça sempre em diálogo com os responsáveis da Igreja local. 4.5. Concordam, se estes julgarem oportuno, em rever a distribuição do seu pessoal, de modo a que não sejam um bloco preponderante em qualquer das dioceses. A propósito, convém lembrar que é directriz emanada do último Capítulo Geral da Congregação (1974) que “para favorecer a autonomia da Igreja local, a revisão dos nossos compromissos missionários se faça em diálogo com ela numa óptica de discernimento dos espíritos, tendo em conta as necessidades locais e as prioridades por ela estabelecidas, a identidade de cada confrade e a nossa vocação espiritana. Nessa revisão, é indispensável eliminar toda a forma de paternalismo ou de neo-colonialismo missionário”. 4.6. Pensam, ainda, ser necessário rever, desde já, algumas práticas do passado, que levaram o povo menos elucidado a identificar as Missões com as repartições A guerra em Angola 571 públicas. Por isso, desejam uma igualdade de tratamento com as outras confissões cristãs e que se desista dos efeitos civis dos documentos religiosos, onde o real benefício do povo o não exigir. 4.7. Pensam que o esforço missionário actual deverá incidir prioritariamente na evangelização e pastoral da fé, edificação de comunidades vivas e empenhadas, promoção de ministérios e movimentos de apostolado laicais, com especial atenção à formação de catequistas idóneos, incremento de traduções bíblicas e litúrgicas, levando a todo o país o notório esforço realizado em certas zonas pastorais. 5. Quanto ao seu próprio Instituto, os espiritanos estão dispostos a intensificar a internacionalização do seu pessoal e farão o possível por acompanhar e favorecer a procura de uma face culturalmente mais angolana para a vida e expressão religiosa do povo cristão. Para tal, intensificarão a preparação antropológica-cultural dos novos missionários. 6. Vem já de alguns anos a decisão de instaurar o carisma espiritano em Angola, segundo as características que a aculturação da Igreja for determinando. Na linha deste esforço, decidimos lançar as bases do Instituto neste país com expressão e estrutura próprias. Não se trata de pretensão a manter influências do passado; trata-se isso sim de enriquecer esta igreja local com uma dimensão de vida cristã que é essencial à Igreja: a consagração missionária. Assim, em ordem à incarnação crescente da Igreja, a Congregação responsabilizará cada vez mais os seus membros angolanos para a direcção das suas obras. É nossa intenção iniciar ainda este ano o noviciado da Congregação em Angola, sob a direcção de membros africanos e em modalidade adaptada à mentalidade deste povo. Seria errado pensar que nos anima qualquer propósito recuperacionista ou um oportunismo da última hora. Se é verdade que não temos muitos membros angolanos para o tempo longo da nossa presença neste país, o motivo há que procurá-lo na preocupação prioritária dada à pastoral das vocações ao serviço directo e imediato das dioceses, dentro da finalidade geral do Instituto de servir antes de mais nada a Igreja local. Uma palavra final para os nossos próprios missionários: - qualquer mudança naquilo que se ama, se edifica ou se viu crescer, comporta inevitável mortificação. Mas devemos lembrar-nos que o motivo da nossa presença aqui é a formação de uma igreja autónoma localizada. O sacrifício de agora é mais um passo nesse sentido. Assumiremos, pois, com espírito cristão, todo o sofrimento moral que esta “passagem” pascal implica, pois nos interessa acima de tudo o bem da Igreja e não o mal entendido prestígio da Congregação ou um errado conceito de realização pessoal. Como João Baptista diante de Cristo, só nos interessa que esta Igreja cresça e floresça”415. 415 BPPCSSp. Jan/Junho 1975 p. 24-26 572 Adélio TORRES NEIVA A crise de 1974 e o ataque à Igreja Católica Pouco tempo depois, a situação política e eclesial acusava os primeiros sintomas de degradação. Um relatório do Superior Principal dos Espiritanos em Luanda P. Abílio Ribas, de 20 de Março de 1975, aponta-nos alguns elementos que nos ajudam a compreender esta crise. a) A euforia da independência. Após o anúncio da Independência de Angola, gerou-se uma euforia tal que tudo o resto parece ter sido esquecido, incluso o ideal religioso. Isto, se por um lado mostra o quanto as populações desejavam a sua independência política, por outro lado mostra a pouca profundidade religiosa existente. b) A propaganda contra a Igreja Católica. Após o 25 de Abril propalou-se uma campanha conta a Igreja Católica tanto em Portugal como em Angola. Pelos meses de Maio, Junho e Julho, muitos jovens que trabalhavam em Luanda mas que eram originários do interior, deixaram esta cidade devido à falta de trabalho que se gerou ou até já com propósitos bem estudados. Regressaram ao interior e não foram poucos os que se lançaram em campanhas contra a Igreja Católica, incutindo dúvidas ao povo simples. Espalhavam que os Movimentos de Libertação iam acabar com a Igreja, que o Baptismo feito pelos brancos não valia e que os padres eram colonialistas e exploradores do povo, etc. Por outro lado, o relatório anual da Igreja Metodista, uma das mais fortes Igrejas Protestantes do norte de Angola, lançou-se também ao ataque contra a Igreja Católica, o que muito surpreendeu, dadas as boas relações existentes. Esta propaganda produziu, é claro, os seus frutos. Lançou especialmente a dúvida nos espíritos e amedrontou as populações que, com medo de represálias, deixou de praticar visivelmente o culto. A juventude, em especial, abandonou quase em bloco. c) Difusão de grupos de terror. Após o acordo separado do Governo Português com cada um dos Movimentos de Libertação, formaram-se grupos selvagens de pseudo-libertação que vaguearam um pouco por toda a parte. Dizendo actuar em nome deste ou daquele grupo de entre os três Movimentos de Libertação, praticavam roubos, assaltos à mão armada, assassínios, etc. Até fins de Novembro viveu-se um clima de terror em certas áreas. Isto deu-se especialmente nas áreas de Luanda, Salazar, Lucala, Cacuso, Duque de Bragança e Luquembo. e) Grupos de boateiros. Talvez com o propósito de acirrar ódios e levar as gentes simples a revoltarem-se contra os brancos da cidade, em vários sítios do norte de Angola surgiu o boato de que os brancos iam matar os pretos todos. A reacção foi pronta: em muitos lados os pretos expulsaram das suas aldeias os brancos que lá existiam e barricaram as entradas para que outros brancos lá não pudessem entrar. Ao mesmo tempo, armaram-se com o que podiam no intuito de se defender em caso de ataque. A meu ver, foi isto que provocou os tristes acontecimentos de Luanda, o mesmo estando iminente noutros lados, por exemplo, em Ndalatando. A guerra em Angola 573 e) Abuso de bebidas alcoólicas. Com o anúncio da independência, cresceu o fabrico caseiro de bebidas fermentadas e o uso de estupefacientes caseiros como a liamba. Tudo isto era rigorosamente proibido pelo chamado governo fascista, que exercia grande vigilância nesse sentido. O abrandamento da vigilância levou ao fabrico e uso descarado destes elementos, tornando-se uma epidemia para a juventude e não só. f) A falta de autoridade. Desde o 25 de Abril até à constituição do governo de transição, Angola esteve praticamente sem qualquer autoridade que reprimisse os abusos cometidos. Tanto as autoridades civis como militares se demitiram das suas obrigações de vigilância, deixando correr as coisas ao sabor de cada um. Perante tal demissão, temos que concordar que foram bem poucos os acontecimentos tristes que Angola viveu. De muito civismo foram as gentes! Este é um louvor que se lhes deve. Em dada altura, porém, os Movimentos de Libertação tomaram sobre si a manutenção da ordem e a confiança começou a voltar. g) Divulgação de outras religiões. As Testemunhas de Jeová, o Tocoismo e Kimbanguismo, doutrinas que já antes tinham os seus adeptos, começaram então a desenvolver esforços notórios para se imporem. Também elas contribuíram, com a sua quota parte, para a campanha contra a Igreja Católica. As Testemunhas de Jeová foram de invulgar violência contra o catolicismo. h) Certa explosão do racismo. Com o anúncio da independência parece que houve um certo ressurgimento de racismo. Este penetrou mesmo no interior da Igreja. Nos padres, inclusive. Um facto bem notório neste campo foi a divulgação de uma carta, assinada por vários sacerdotes de Sá da Bandeira, protestando contra a nomeação de D. Óscar Braga para bispo de Benguela, apresentando como principal argumento a cor da sua pele (branca). j) A avidez do dinheiro. Este mal, que já era notório antes da actual situação, agravou-se agora. O dinheiro fascina especialmente os jovens, fazendo-os esquecer toda a moralidade. Muitos centros populacionais começaram a desaparecer para se concentrarem junto dos grandes centros fabris ou mineiros. É típico o que se verificou na missão do Mussuco, onde as populações se começaram a concentrar junto dos centros de exploração de diamantes. Todos estes factores contribuíram para a diminuição do movimento religioso”416. O conflito armado entre os Movimentos de Libertação Em consequência desta situação que se foi deteriorando cada vez mais, começaram os conflitos armados entre os três Movimentos de Libertação e várias missões sofreram pilhagens e saques. Um pouco por toda a parte instalou-se um clima de insegurança, as povoações foram atacadas, as estradas controladas 416 Ibid. Relatório Anual de 1974, Julho Dez. 1975 p. 58 574 Adélio TORRES NEIVA e muitas missões, saqueadas, tiveram que ser abandonadas por falta de segurança. Um bom número de missionários, pelo mesmo motivo, regressou a Portugal esperando que a situação se acalmasse. A guerra foi tomando corpo e começou a desestabilizar e a destruir todas as infra-estruturas económicas e sociais. Tanto do lado da UNITA como da parte do Governo iniciou-se uma competição olímpica em massacrar o maior número possível de pessoas, particularmente nas aldeias. Pensando que o centro da UNITA era a tribo Umbundu, situada no planalto central do país, o Governo, coadjuvado pelos cubanos, começou a deslocar compulsivamente homens, mulheres e crianças dessa tribo para o Norte de Angola, queimando posteriormente as suas casas e destruindo os seus campos. Do outro lado, a UNITA prosseguia com as suas devastações, minando as estradas e os caminhos, cortando todas as vias de acesso às áreas do interior. A fome, pouco a pouco, foi-se apoderando de populações inteiras e penetrou mesmo nos centros urbanos. A destruição e a morte estenderam o seu manto de terror e de luto sobre todos. A guerra teve dois períodos particularmente violentos: o primeiro foi pouco depois da proclamação da independência, iniciado ainda em 1975 e o segundo no período pós-eleitoral de 1992 a 1995. Registamos algumas das situações mais significativas deste conflito. Em 1975, devido aos confrontos militares, foram atacadas e saqueadas, tendo os missionários sido obrigados a abandoná-las, pelo menos provisoriamente, as seguintes missões: Cazengo, em Salazar, Saurimo, Cucumbi, Luquembo, Duque de Bragança, Lombe, Mussolo, Quibala, Casa dos Rapazes de Luanda, Nhareia, Nova Sintra, Vale do Queve, Mungo, Canhe, Camunda, Escola do Cuíma, Nazaré, Balombo, Cachingues, Sêndi, Chicomba, Bailundo, Chinguar, Andulo, Huila, Bimbe, Mungo, Bela Vista, Vale do Queve, Galangue, Quipeio, Jau, Caluquembe, Huíla, Caconda, etc. Em algumas, passada a primeira borrasca, os missionários regressariam; outras permaneceriam encerradas longos anos. As missões do interior da diocese do Huambo foram quase todas fechadas. O mesmo aconteceu na diocese do Bié. A Radio Ecclesia foi extinta e nacionalizado todo o seu activo e passivo; numerosos edifícios, sobretudo escolares, como colégios, etc. foram requisitados pelo Governo. Aos seminários menores foi negada a existência jurídica, ficando a funcionar o único Seminário Maior, no Huambo, sendo de novo a direcção do seminário entregue a uma equipe de Espiritanos: PP. Abílio Ribas, Manuel Gonçalves e José de Castro Oliveira. Todas as igrejas e organizações religiosas existentes em Angola são obrigadas a proceder ao seu registo, no prazo de 90 dias (1980). Entre 1975 e 1984 em Angola foram assassinados 17 missionários e mais de 45 raptados417. 417 Ibid. 1984 p. 82 A guerra em Angola 575 Entre estas vítimas da violência contam-se os seguintes espiritanos: - P. Martinho Thyssen, superior da missão de Caconda, assassinado por um militar fardado e armado, dentro da residência da missão, no dia 16 de Março de 1976. - Ir. Afonso Rodrigues, (Gaudêncio Gonçalves Henriques) missionário em Caconda, assassinado nas mesmas condições e pelo mesmo indivíduo, também no mesmo dia 16 de Março de 1976. - P. Adélio Ribeiro Lopes, raptado na missão da Bela Vista, de que era superior, a 13 de Julho de 1976 e posteriormente assassinado, em Agosto de 1976, tendo ficado sepultado na mata. Tinha sido raptado juntamente com os PP. Armando Pinto e Camilo, diocesano. O P. Armando Pinto acabou por ser deixado são e salvo. - P. José da Silva Pereira, superior da missão do Munhino, assassinado por militares fardados e armados, junto da residência, na madrugada de 05 de Abril de 1978. - P. Jean Etienne Wozniak, da missão de Malanje, morto numa emboscada, na área da missão de Kiwaba-Nzogi, no dia de Pentecostes, 26 de Maio de 1985. - P. Nicolau Ligthart, residente no Huambo, morto numa emboscada, a caminho da Bela Vista, no dia 24 de Fevereiro de 1987. - P. Abílio da Fonseca Guerra, pároco de S. Pedro do Prenda, em Luanda, sequestrado junto da Procuradoria de Luanda, morto e atirado para uma valeta, no dia 24 de Abril de 1992. Espiritanos raptados e depois libertados: - o P. Armando Pinto, raptado a 13 de Julho de 1977 e libertado a 5 de Agosto de 1977. - o Ir. Francisco Duarte (Filipe Duarte) raptado na missão do Bailundo a 4 de Abril de 1984 e libertado a 8 de Setembro de 1984. - o P. Martinho Koolwijk, holandês, raptado a 01 de Agosto de 1982 na missão do Cubango e libertado a 16 de Novembro de 1982.418 Dez espiritanos ficaram completamente isolados nas suas missões. Nos Dembos, o P. Domingos Salgueiro da Mota viveu dias difíceis tendo chegado a dormir noites seguidas na mata. No dia 26 de Maio de 1985, os Padres John Kingston e Etienne Wosniak, ao visitarem a missão de Kiwaba-Nzogi, caem numa emboscada de que resultou a morte imediata do P. Wosniak e ferimentos graves no P. John Kingston. A partir de 1992, a missão de Malanje, com o P. Manuel Viana à frente, viveu horas difíceis e heróicas, abrindo as suas portas a milhares de deslocados, órfãos e presos, que alimentou e assistiu com a ajuda da Caritas e de várias organizações internacionais. Em Cacuso, os PP. Michael Kilkenny e Jean-Michel Gelmetti, que tiveram grandes projectos para a assistência escolar e sanitária àquela área, foram forçados a abandonar a missão, por falta de segurança e por motivos de saúde, depois das suas vidas terem corrido grave perigo. 418 Ibid. p. 9 576 Adélio TORRES NEIVA Na missão de Kalandula, a igreja foi saqueada, a viatura do P. Arnaldo da Rocha Ferreira, várias vezes foi atacada, tendo alguns dos ocupantes sido mortos. Na missão da Quibala, os PP. António van der Hurk, Alfredo dos Santos, o diocesano P. César Viana, além do Ir. Amaro, foram ameaçados de fuzilamento e viram a missão completamente saqueada, em 16 de Setembro de 1975. Os PP António van der Hurk e Alfredo dos Santos andaram refugiados, de terra em terra, durante vários meses. Em Junho de 1984, já com a missão recomposta, a UNITA assaltou de novo a missão, raptando o P. Óscar Ruiz e as Irmãs Clarissas e Mercedárias. Como o P. Alfredo dos Santos e duas Clarissas não aguentassem a viagem até à Jamba, devido à idade, os raptores deixaram-nos ficar. Depois da retirada das duas Clarissas, o P. Alfredo Santos ficou sozinho na missão, vindo a falecer, assistido pelos catequistas, a 25 de Outubro de 1988. O P. Joaquim Maria Mendes, no Namibe, (Moçâmedes) teve que embarcar, sem roupas nem comida, para a África do Sul, num pequeno barco com capacidade para 30 pessoas e onde tiveram de caber 1.500, gente de toda a espécie. De regresso a Angola, teve que dormir nas tendas dos soldados sulafricanos, onde ganhou uma manta a limpar um campo de lixo deixado pelos portugueses. No Sêndi, o P. Mendes ficaria definitivamente marcado pelas barbaridades que viu cometer contra colaboradores seus na missão. Na missão do Minungo, o P. Porfírio Duarte Lourenço, depois de 25 anos de trabalho na Lunda, foi preso por motivos fúteis e sujeito a interrogatórios e humilhações, por agentes da segurança do Estado, tendo-lhe sido marcada “residência fixa” na missão do Saurimo. Na missão do Bailundo, o P. Afonso Moreira aguentou heroicamente desde 1975 todas as dificuldades e privações, vindo morar para a sacristia da igreja da vila do Bailundo. O Ir. Francisco Duarte, seu companheiro de toda a hora, foi raptado e levado para a Jamba, tendo sido liberto alguns meses depois. No Chinguar, depois da morte do P. Arnaldo Habraken, as Irmãs de S. José de Cluny mantêm a missão aberta, sendo assistidas a partir do Kwito pelo P. António Loureiro e a partir do Huambo pelo P. Nicolau Ligthart. O zelo apostólico deste missionário será interrompido por assassinato, no decurso de uma emboscada, quando se deslocava em ministério, em Fevereiro de 1987. Em 1991, o P. Agostinho Loureiro assume os destinos da missão e aí fixa residência, não permitindo que a missão viesse a ser encerrada. Durante o conflito póseleitoral, 1992-1995, a Missão foi providencialmente um centro de refúgio e acolhimento a D. Pedro Luís, então bispo do Kwito-Bié, bem com aos restantes missionários do Kwito, que haviam permanecido cercados na casa episcopal durante nove meses de guerra que destruiu quase completamente o Kwito. A missão do Andulo desde 1977 que foi ocupada por militares. O P. Gouveia Leitão esteve preso durante 123 dias: de 6 a 14 de Agosto em Silva Porto, e de 14 de Agosto a 07 de Dezembro de 1976 em Luanda. Em 1993, os missionários do Huambo estiveram debaixo de fogo durante 55 dias, tendo a cidade sido palco de uma dura e sangrenta batalha. A guerra em Angola 577 No Seminário Maior Espiritano estavam os PP. Gabriel Mbilingi e Gilles Pagès, no Seminário Menor os PP. Manuel Teixeira e Tony Neves, na procuradoria o P. Agostinho Ribeiro Loureiro, na missão do Kuando o P. Cornelius Kock e no Bailundo o P. Afonso Moreira e o Ir. Francisco. A 9 de Janeiro, a guerra rebentou com toda a fúria. Os 55 dias que se seguiram foram mais que suficientes para destruir uma cidade, gerando milhares de mortos, feridos, deslocados, sem abrigo, perseguidos. Nenhuma igreja ou casa religiosa saiu ilesa. Umas mais, outras menos, todas foram duramente penalizadas. De dia, eram os Migs, os obuses, as balas, a insegurança total; de noite, eram os bandidos armados, cuja missão era saquear e matar. O seminário menor espiritano foi atingido por quatro potentes obuses, por centenas de balas, inclusive duas bombas de Mig que, por milagre, não rebentaram. Todas as casas da Igreja foram atingidas, tendo as Irmãs de S. José de Cluny, Consoladoras, Beneditinas, Filhas de África, Servas do Espírito Santo e Espiritanas, sido obrigadas a abandonar as suas casas. A UNITA tomou a cidade de Huambo a 6 de Março de 1993. Até Dezembro de 1994, houve bombardeamentos aéreos e isolamento total das populações. O trabalho dos missionários, depois da refrega foi sobretudo curar as feridas, repatriar os estrangeiros, colaborar na ajuda humanitária, reorganizar a vida da igreja. O Governo retomou a Cidade em Dezembro de 1994. A 6 de Janeiro de 1993, no Kwito-Bié começou uma guerra violenta que duraria nove meses de cerco impossível. No bispado residiam 18 pessoas: o bispo, seis padres, entre os quais o P. António Loureiro e alguns leigos. Depois do cerco à cidade veio o saque e depois as posições da UNITA à volta da cidade. A primeira casa religiosa a ser abandonada foi a das Irmãs Mensageiras que tinham chegado há pouco ao Bié; foi assaltada duas noites seguidas. Como o cerco se apertasse, as casas religiosas ficaram cheias de refugiados. O bispado, onde habitualmente vivem 15 pessoas, albergou 110. O mesmo aconteceu com o colégio dos Maristas, o colégio das Irmãs de S. José de Cluny, a Sé Catedral, o salão paroquial, os hotéis, etc. Os seminaristas, as Irmãs e os padres são obrigados a deixar o seminário; os seminaristas refugiam-se no bispado. Pouco a pouco as casas da diocese são obrigadas a serem abandonadas. A 20 de Abril um morteiro feriu gravemente quatro pessoas no bispado. Irmãos Maristas, Irmãs de S. José de Cluny, Irmãs de S. Salvador, Irmãs Mensageiras, Irmãs Teresianas, Servas Franciscanas, Consoladoras, Padres Redentoristas, todos são obrigados a abandonar as suas casas. Dez casas religiosas tiveram que ser abandonadas. A 6 de Agosto foi atacado o bispado e a 14 de Setembro foi incendiado e a 21 desse mesmo mês todo o pessoal do bispado, incluindo o bispo e o P. António Moreira é levado para uma base militar fora do Bié. Com o bispado, arderam os livros de registo dos Baptismos e Casamentos das Missões da Chanhora, Nambi, Chicava, Chipeta, Vouga, Katabola, Sé Catedral, Kukhema, Cachingues, Entre Rios, Ringoma, Andulo, Nhareia, Gamba. Só escaparam os livros das missões da Kamakupa e do Chinguar que estavam a funcionar. Arderam todos os arquivos da diocese e toda a documentação. A Igreja Católica ficou com todas as suas estruturas materiais destruídas: ao todo 11 casas. 578 Adélio TORRES NEIVA Da base militar, o bispo e os padres foram levados para a missão do Chinguar. Nesta guerra todos fugiram: os Médicos Sem Fronteiras, A Cruz Vermelha Internacional, os próprios militares; só os Missionários ficaram. Os missionários e o povo que não tinha para onde fugir. Na missão de Monte Belo, o P. António van Horrik em 1977 teve que abandonar forçosamente a missão, devido às perturbações político-militares na área, de que resultou a perda de uma perna. Mesmo com uma só perna, o P. António conseguiu continuar a trabalhar, agora no bairro de Santa Cruz no Lobito, onde construiu a residência da comunidade espiritana, além de escolas, salas de catequese e casas de acolhimento para necessitados. Em Caconda, depois do assassínio do P. Martinho e do Ir. Afonso Rodrigues em 1977, a histórica missão viu a sua igreja profanada e fechada, tendo o P. Marques de Sousa, envolvido em atmosfera de perseguição, sido instado a retirar-se para Benguela, ficando a missão sem sacerdote. Na missão de Cafima, o P. João Kirchner ficou completamente isolado no meio da guerrilha feroz. Na missão do Chiengue, os cubanos depois de atacar a missão, amarraram o padre, humilharam-no e levaram-no para aquartelamento de Calucinga. Liberto, foi novamente preso por ter protestado contra as torturas a que foi submetido; o Ir. Gabriel, foi levado para a prisão de Quibala, em cima de camião militar, para ser entregue aos responsáveis de maior graduação. Foi aqui que um jovem oficial médico tomou conta dele e permitiu que ele se limpasse e cortasse a barba de vários dias e o instalou a seu lado na cabine do camião. A igreja da missão da Môngua foi profanada pelos soldados cubanos, os quais tendo dormido na igreja deitaram as hóstias pelo chão. Desde 1989 até 1995, a missão do Sêndi sofreu perturbações e assaltos repetidos consubstanciados em ataques armados e saques contínuos. Uma tal insegurança e risco contínuo fizeram com que os missionários deixassem o Sêndi e fixassem residência no Lubango, para daí se organizarem e programarem as visitas à missão, tanto quanto ia sendo possível. A missão do Lubango empenhou-se profundamente no apoio aos refugiados e deslocados da guerra, na assistência a centros prisionais e meninos da rua e a compromissos sócio-educativos. O P. Alfredo Mendes, depois de ter trabalhado 41 anos em Angola, em defesa do povo angolano, foi submetido a 72 horas de humilhante julgamento, o que aliás aconteceu com outros missionários. Na missão do Kuvangu (Vila da Ponte), em virtude da insegurança crescente e das ameaças à integridade física, o P. Martinho Koolwijk e as Irmãs Missionárias da Acção Paroquial, decidem retirar-se temporariamente para o Lubango, em 1977. O P. Martinho que, sem as Irmãs, para lá havia regressado, ali vivendo quatro anos sozinho, acabou por ser raptado por guerrilheiros armados. Depois de liberto, seguiu para a Zâmbia, onde durante vários anos prestou assistência a refugiados angolanos. Na Chicomba, o P. André Krist, viveu mais de um ano na sacristia, correndo o A guerra em Angola 579 risco de ser atacado de um momento para o outro. O P. Bernardo Bongo, terminado o seu segundo mandato de Provincial de Angola, decidiu ir para a Jamba, na área onde a UNITA se tinha acantonado, para prestar assistência espiritual a todos aqueles refugiados da guerra. Com ele estavam presentes mais dois padres, cinco Irmãs religiosas e outros agentes de pastoral. Foram roubados carros entre outras, nas missões de Nambi, Nhareia, Chinguar, Cachingues, Sambo, Cuando, Vale do Queve, Paróquia da Sé de Nova Lisboa, Colégio do Espírito Santo, etc. Cidades houve que foram particularmente massacradas. Malanje, seria completamente evacuada; a população depois de se ter refugiado no quartel, abandonou a cidade à média de 50 viaturas por dia. No Luquembo, o próprio bispo de Malanje, D. André Muaca, esteve retido durante quatro dias sob a acusação irrisória de ser contra o presidente Agostinho Neto. Na missão do Saurimo estiveram em confrontos directos os dois movimentos, tendo a cidade sido fortemente flagelada. E o mesmo aconteceu a Ndalatando (Salazar). A 1 de Junho de 1980, uma mina colocada em estrada de terra batida, a dois quilómetros do Huambo, em Belém, foi accionada pela roda esquerda da viatura em que seguiam os PP. Abílio Ribas, José de Castro Oliveira e Manuel Gonçalves, além do P. Manuel Ferreira(secular) e um cristão. Os PP. Abílio Ribas e José de Castro ficaram bastante feridos, tendo o P. Castro sido recambiado para o hospital Egas Moniz em Lisboa. A missão de Kalandula passou por várias provações. A ponte foi dinamitada a primeira vez em 1 de Agosto de 1992, sendo depois reconstruída e destruída mais três vezes. A 25 de Setembro de 1998 foi a cidade mais uma vez atacada, a missão revistada e no dia 27 a missão saqueada e o jipe roubado. E na área da missão pelo menos 10 capelas foram saqueadas, roubando-lhes inclusive o zinco do telhado. Em todas as outras missões em que não houve confrontos todos viveram um clima de incerteza e insegurança. Em 1982, os Espiritanos em Angola eram 61, dos quais 35 portugueses. De notar, no entanto, que sobretudo a partir de 1981, devido ao Governo ter começado a facilitar a concessão de vistos de entrada, começou a crescer o número de missionários e missionárias vindos de outros países, nomeadamente do México, Brasil, Colômbia, Filipinas, Ceilão, Polónia. Só no ano de 1981 entraram cerca de 70 destes missionários e missionárias. Carta das Cúrias Generalícias Entretanto, em Roma, alguns representantes das Cúrias Generalícias que tinham Missionários e Missionárias em Angola, tinham-se reunido, logo no início do conflito, a 21 de Outubro de 1975 e escreveram uma carta que enviaram 580 Adélio TORRES NEIVA aos seus missionários naquele país: “Caros Padres, Irmãos, e Irmãs Preocupados com a vossa situação, alguns representantes das Casas Generalícias de Religiosos e Religiosas, tendo missionários em Angola, reuniram-se no dia 1 de Outubro de 1975, para troca das diversas informações a vosso respeito e, ao mesmo tempo, para acordar e ajustar o que é possível fazer por todos vós. Tendo em conta as notícias recebidas, assim como a experiência de alguns de entre nós que viveram situações análogas, parece-nos que, entre os numerosos problemas postos por vós, sobressai esta pergunta que vos aflige. “Que fazer? Ficar ou partir?” Caros Padres, Irmãos e Irmãs, todos reunidos neste dia, unimos a nossa voz para exprimir, antes de mais nada, a profunda solidariedade tanto para com aqueles e aquelas de entre vós que se encontram em Angola, como para com aqueles e aquelas que deixaram este país, depois de, em consciência, julgar dever agir assim. Estamos solidários com as vossas decisões. À vossa importante pergunta “ficar ou ir-se embora”, não podemos nem queremos dar-vos uma solução aqui, de longe. Os vossos responsáveis nesse lugar, cada um de entre vós, sobretudo em união com os outros, sois os melhores juizes, em última análise. Crede que respeitamos e estimamos as vossas decisões. Entretanto, referindo-nos à troca de impressões que pudemos partilhar e aproveitando da experiência de alguns de nós, gostaríamos de vos dar algumas sugestões, no respeito dos pareceres ou decisões dos vossos responsáveis nesse lugar ou de vós mesmos: - em caso de perigo grave, é melhor, de uma maneira geral, retirar-se para lugar seguro, se possível, que deixar Angola. Encorajamos ao acolhimento entre Institutos: a assembleia é de opinião que para assegurar o futuro da Igreja de Angola, há interesse em o missionário ficar, porque se parte, pode existir sempre o problema do visto para o regresso; - se um padre, um irmão ou uma irmã pensa, em consciência, dever deixar Angola por causa do perigo grave, de situações vividas ou de um motivo pessoal, respeitamos e estimamos essa decisão, sabendo que cada um deseja agir pelo melhor; - não é de aconselhar expor-se a perigo grave, sem esquecer no entanto que a opção missionária comporta riscos e que o testemunho da fidelidade ao povo e à Missão é importante para o presente e para o futuro; - tendo em conta a dificuldade de tomar, sozinho, uma decisão e as consequências que daí podem advir para o indivíduo ou para o grupo, é preferível que o conjunto do grupo, ou pelo menos a comunidade, ajude os indivíduos a discernir e a tomar a decisão que parece a melhor, concretamente; - um padre, um irmão, ou uma irmã, que, depois de deixar Angola, pensar poder retornar, de acordo com os responsáveis nesses lugares, age bem e tem a nossa aprovação; - a nossa preocupação é que nenhum de vós se perca ou sofra profundamente na sua consciência; a mesma preocupação se estende à Missão em Angola e à fidelidade para com este povo tão provado. Caros padres, irmãos e irmãs, acreditai na nossa oração e na nossa comunhão fraterna. Tende a certeza da solidariedade dos membros dos nossos Institutos, que A guerra em Angola 581 é cada vez maior para convosco. Companhia de Jesus, La Salette, Missionárias Franciscanas de Maria, Missionárias Médicas, Redentoristas, Missionários do Espírito Santo e Verbo Divino”419. Centro de Acolhimento a missionários espiritanos Foram bastantes os missionários que, devido à insegurança de Angola, regressaram a Portugal, à espera que a situação se alterasse. Durante a semana de reciclagem e reflexão para missionários, realizada em Fátima de 11 a 17 de Janeiro de 1976, os 70 espiritanos presentes discutiram e decidiram a criação de um Centro de Acolhimento para os Missionários Espiritanos. As finalidades deste centro ficaram assim definidas: a) Acolher os confrades à chegada ou partida para as Missões, procurando fornecer-lhes dados úteis e ajudá-los a resolver os seus problemas mesmo monetários; b) recolher o mais possível, notícias referentes aos nossos campos de apostolado; c) proporcionar o conhecimento dessas notícias aos nossos missionários “retornados”, às Províncias interessadas e a outras entidades missionárias; d) convocar periodicamente reuniões dos missionários espiritanos para se encontrarem e partilharem informações, reflectir sobre temas missionários, conviver, etc. de modo a mantermos vivo o nosso ideal espiritano e nos ajudarmos a recomeçar uma adequada actividade apostólica dentro das directivas da Congregação; e) estruturar, no difícil momento actual, um serviço de informação e apoio moral às famílias dos nossos missionários que trabalham em terras africanas; f) contactar com os confrades que não possam tomar parte nestas reuniões; g) ajudar os confrades “retornados” a decidirem-se, de acordo com as prioridades missionárias e as próprias possibilidades. De facto, mercê sobretudo do zelo do Provincial de então, P. Casimiro Pinto de Oliveira, muitas destas actividades foram realizadas: recolheram-se e distribuíram-se notícias, tendo-se contactado várias entidades; fizeram-se 11 circulares com 56 páginas referentes aos missionários e à vida religiosa e situação político-militar de Angola, que se distribuíram por todos os espiritanos portugueses “retornados” de Angola, pela Casa Generalícia, pelas províncias espiritanas da Espanha, Bélgica, Irlanda, Holanda e Alemanha, por vários institutos que têm missionários em Angola, etc.; manteve-se um contacto frequente com os missionários em Portugal e Angola e seus familiares; organizaram-se 7 encontros de missionários espiritanos; ajudou-se a integrar alguns missionários sobretudo no Brasil e em paróquias pobres de Portugal, etc. Devido aos acontecimentos de Angola e por outros motivos, foram 98 os 419 Ibid . Julho/Out. 1975 p. 32-33 582 Adélio TORRES NEIVA Espiritanos portugueses que deixaram Angola em 1975-1977, tendo permanecido lá nessa altura 66. Na altura da independência, em 1975, havia em Angola 241 espiritanos, entre padres e Irmãos, trabalhando em 85 obras diversas. Por ocasião da criação da Província Espiritana de Angola, em 29 de Junho de 1977, o número dos espiritanos ficou reduzido a 79, o que significa menos 162 em pouco mais de dois anos. Dos 79, apenas 9 eram angolanos; 3 padres, 3 irmãos e 3 escolásticos. Dos que deixaram Angola, um grupo de 16 partiu para o Brasil, e outros assumiram algumas paróquias em Portugal, tais como: Alcoutim, S. Brás de Alportel, Alte, Alvalade e Ermidas do Sado, Freixo de Espada à Cinta, Santa Maria de Émeres, Touça, Vale de Figueira, Vila Nova de Cerveira etc. Outros assumiram outros ministérios. A acção dos Espiritanos durante a guerra Este tempo de guerra, se dificultou o trabalho dos missionários, não os fez desanimar. Muitas vezes, limitavam-se a uma missão de presença, uma vez que a guerra não permitia a circulação. Outras vezes, a missão significou o empenho dos Espiritanos na assistência aos deslocados, empobrecidos rápida e forçosamente pelas circunstâncias. Junto das portas das comunidades religiosas aglomeravam-se todos os dias dezenas de mendigos. Na maioria das vezes não havia pão nem vestuário para repartir. Missões houve, como a do Cuando, em que os refugiados chegados de repente rondavam os sete mil. Não seria possível enfrentar tais desafios se não fosse o trabalho muito coordenado com a Igreja local, sobretudo com a Caritas de Angola, que recebia substanciais ajudas da Caritas Internacional e da Cruz Vermelha Internacional. Não podemos deixar de agradecer à Alemanha, à Holanda e a Portugal, cujos préstimos foram canalizados através de um espiritano holandês, que se dedicou de alma e coração a Angola, mesmo sem nunca lá ter trabalhado: o P. Quirino Houdijk. Onde foi possível, distribuíram-se sementes de milho e legumes para encorajar as pessoas a tentar sobreviver com o trabalho das suas próprias mãos. As viaturas de que os missionários dispunham eram ao mesmo tempo veículos de visitas das comunidades e aldeias longínquas, possíveis de serem visitadas e ambulâncias para levar feridos dos ataques, os caídos das minas e demais doentes sem possibilidades de chegar aos hospitais, embora sabendo que esses não tinham quase nada para os atender. Um outro trabalho feito pelos missionários era denunciar as injustiças, cometidas quer pelo Governo, quer pelos guerrilheiros. Era uma tarefa que tinha de ser executada com a máxima prudência, porque a coberto da guerra, qualquer pessoa podia ser eliminada “por desconhecidos”. Às vezes, era mesmo necessário despertar a atenção dos Bispos para um conjunto de situações injustas. É nessa linha que o delegado da Conferência Episcopal para a Justiça e Paz era um espiritano. Foi nesse sentido de despertar a Igreja e a sua hierarquia, do lado do Governo, A guerra em Angola 583 para nova realidade (social e eclesial, política e cultural) que se estava a criar do lado da UNITA, que o P. Bernardo Bongo, imediatamente a seguir ao seu segundo mandato de primeiro Provincial de Angola, se decidiu de acordo com Superior Geral e o seu Conselho, passar para o lado da guerrilha – sem porém fazer guerra nem política. Houve também tentativas de aliviar ao máximo a dor dos aflitos. Destacamos apenas duas ou três. Em Ndalatando, o P. Benedito Sanchez teve a iniciativa de acolher as crianças abandonadas e orfãos. Esse trabalho consistia essencialmente em fazer um levantamento numérico dessas crianças nos bairros, para as localizar e encarregar um leigo que esteja em contacto com elas. A Missão providenciava alguma alimentação, vestuário e contacto com as estruturas estatais de ensino para matricular aquelas crianças que não têm nenhuma possibilidade de o fazer, por falta de documentos requeridos. O fim desse trabalho era não deixar à sua sorte tantas vidas humanas que a guerra colocou na desgraça - “Ana Itungu” assim se chamava esta iniciativa. É uma palavra Kimbundu para designar as crianças que ficaram sem pai e sem mãe. Só em Ndalatando foram apontadas 850 orfãos, dos 4 aos 14 anos. O lema desta iniciativa era “construir a esperança”. A missão do Kuando acolheu, só de uma assentada, sete mil refugiados, a morrer de fome, desespero e cansaço. Foi em união com a Cruz Vermelha, os Médicos Sem Fronteiras e os Assuntos Sociais, que se procurou acudir a esta gente. Foi preciso fazer dezenas de campas fora do cemitério, pois dentro já não havia lugar. No Lubango, foi necessário abrir centros de emergência para dar, diariamente, uma refeição a 600 pessoas. Em Cazengo, a missão viu-se na necessidade de alimentar mil orfãos por dia; no Lucala 450. Ao todo 1.450 orfãos, em 35 grupos de bairros e aldeias. Na Kamusamba (Huambo), foi a Irmã Margarida, espiritana, que criou um centro para mutilados da guerra. O número destes mutilados rondava os 50 mil. O Centro de reabilitação de Bomba Alta, em Luanda, fabricava oito mil próteses por ano. Em Malanje, o P. Manuel Viana e o P. Inácio fizeram tudo o que puderam junto das autoridades para pôr fim à “caça ao homem”, provocada pela guerra. Foi aí que todas as casas religiosas se uniram para tentar dar uma solução ao problema da fome que afectava cada vez mais a população. Com a ajuda da Caritas e da PAM começaram as “cozinhas comunitárias”, com creche e uma refeição diária para as crianças. Em Outubro de 1993, começaram com dois centros, um com 500 crianças e outro com 250. O projecto foi-se desenvolvendo, chegando a 77 cozinhas com 28 mil crianças com uma refeição diária. São apenas alguns dos exemplos mais sugestivos do que todas as missões procuraram fazer na medida das suas posses. 585 Capítulo 62 A Casa do Fundão A doação da casa C om a data de 07 de Novembro de 1977, chegou à Casa Provincial uma carta dirigida ao P. José Felício, propondo a doação de uma casa no Fundão, com a condição de aí ser fundado, pela Congregação, um Centro de Animação Missionária. Eram suas autoras as duas irmãs Maria Florência Monteiro e Maria de Lurdes Tavares Monteiro, solteiras, moradoras na Rua Aurélio Pinto, nº 10, Fundão. Esta carta foi presente ao Conselho Provincial que delegou no P. José Felício e no P. Abel Moreira Dias, ecónomo provincial, para se deslocarem ao Fundão, ver a casa e falar com as doadoras sobre a doação proposta. Assim, a 30 de Novembro de 1977, deslocaram-se ao Fundão, os dois sacerdotes, tendo examinado a casa e conversado com as doadoras. A opinião foi favorável e a casa, embora não fosse ideal para já, apresentava boas perspectivas de futuro, na medida em que os inquilinos da parte baixa fossem deixando a casa. A região das Beiras era considerada interessante para a promoção vocacional e esta doação surgia como um apelo ao tempo antigo em que a Congregação esteve presente na Guarda-Gare. Os párocos quase todos falam ainda com boas recordações do P. António Ribeiro Teles, figura que deixou profundas marcas da sua passagem pela Beira. Tendo em conta este bom ambiente que envolvia a memória espiritana e as condições aceitáveis da casa, o Conselho Provincial decidiu aceitar a doação que o P. Provincial confirmou em carta de 7 de Dezembro de 1977, dirigida às ditas senhoras. Atendendo a que o processo sucessório estava a correr, só a 26 de Julho de 1978 se fez a escritura de doação no Notário do Tribunal de Castelo Branco, tendo a Congregação sido representada pelo P. Abel Moreira Dias, ecónomo provincial. A doação foi feita sem qualquer condição, devendo as doadoras continuar a receber as rendas até que tenham pago todo o imposto sucessório, pois que tinham recebido a casa de uma sua tia. Entregarão, no entanto, 1500$00 mensais para despesas de água e luz. A casa, era desde há centenas de anos, pertença da família Dâmaso Brázio, de profundas raízes cristãs, que teve já nas gerações passadas dois sacerdotes, cuja 586 Adélio TORRES NEIVA acção apostólica e benemérita foi bastante preponderante na vila. A tia das doadoras faleceu no Dia Mundial das Missões em 1977 e, como diz uma carta da sobrinha doadora: -“no meio de grande desgosto que me deixou completamente destruída, o único lenitivo foi o pensamento de que outras vidas poderiam nascer naquela casa e que aquele dia era a indicação clara daquele destino. Poucas horas depois, o meu desejo era comunicado ao Vice-Reitor do Seminário, que imediatamente deu a sua opinião favorável. É pois meu único desejo que a casa seja transformada num centro permanente de animação missionária, que o mesmo é dizer, não seja vendida...”.420 No fim do ano escolar, foram nomeados para esta nova comunidade do Fundão os PP. Carlos Gouveia Leitão, que trabalhara já na animação missionária no Porto e o P. António Lourenço Braz, regressado de Angola, bem como o Ir. João Vieira (Redentor), que trabalhara na Casa de Filosofia do Espadanido, após o seu regresso das missões de Sá da Bandeira. Os primeiros tempos Vindos do Porto, depois de terem almoçado em Coimbra, pelas 17.30 do dia 5 de Setembro de 1978, chegaram ao Fundão o P. Gouveia Leitão e o Ir. João Vieira; um pouco depois, pelas 18.30, chegou de Lisboa o P. Lourenço Braz, que os dois já chegados foram acolher à estação do caminho de ferro. Após um primeiro arrumo das bagagens, foram saudar as doadoras, que ainda não contavam com eles. A presença dos padres, por mais discreta que procurasse ser, depressa deu nas vistas e a notícia correu veloz por toda a vila. O jantar foi na pensão, mas foi já na nova casa que eles dormiram depois de terem rezado, pela primeira vez nesta comunidade, a oração de Vésperas. O dia seguinte foi ocupado em cumprimentos às diversas entidades religiosas, nomeadamente ao pároco e aos padres do seminário. O jantar foi na casa do prior. Ao outro dia, o P. Gouveia e o Ir. João tiveram que se ausentar para Lisboa, durante uma semana, enquanto o P. Brás iniciou as voltas para providenciar tudo o que fazia falta ao andamento da comunidade, oferecendo desde logo a sua colaboração aos párocos do Fundão e do Castelejo. Logo se tornou evidente que, devido à carestia de clero, a presença dos espiritanos seria bem-vinda. No dia 29 o Prior retribuía a visita. O P. Gouveia Leitão, em circular dirigida aos seus confrades, conta-nos as primeiras impressões: “O Fundão, a 400 metros de altitude, com a Gardunha às costas, a 1200 metros, mirando em frente a altaneira serra da Estrela, a 2000 metros, que apresenta altiva a laboriosa cidade industrial da Covilhã, é um oásis de verdura e riqueza numa zona austera e pobre geográfica e economicamente, das melhores vilas do leste de Portugal. A 18 quilómetros da Covilhã, a 60 da Guarda, a 42 de Castelo Branco e a 40 da fronteira espanhola, torna-se um centro bem servido 420 Carta de 17 de Julho de 1978 A Casa do Fundão 587 comercialmente. É famosa a sua fruta e por toda a parte se vêem pomares: cerejeiras, pereiras e sobretudo macieiras; até a Capital recebe fruta do Fundão; também os seus vinhos são bons; os serviços estão bem organizados através de Cooperativas. O Fundão, a 400 metros apenas, está quase no fundo, na planície que se vê serpenteada e regada pela Meimoa e pelo Zézere, que corre lenta e preguiçosamente para o Tejo, rumo ao mar. É esta baixa, entre serras, que se prolonga para Nordeste, que se chama a Cova da Beira, tão propícia à fruticultura, cereais, horticultura... Tivemos o cuidado de contactar, logo na tarde da nossa chegada, as BenfeitorasDoadoras; tinham direito a isso. Procurámos então a sua residência. Foi nestas andanças de procura, que uma senhora, seguindo rua acima, nos interpelou, perguntando se éramos os Missionários do Espírito Santo. Era uma das Benfeitoras. Ficámos contentes e passámos uns bons minutos em sua casa. Pessoas simples, com uma certa cultura, de família distinta, contando na sua linhagem doutores, padres, e uma freira; família estimada no Fundão. Antes de nos retirarmos, foi-me entregue um envelope em que nos recomendavam várias pessoas de família, já falecidas, pedindo a todos os Missionários do Espírito Santo orações por esses entes queridos. Foi o que nos pediram em troco de tão generosa oferta. A nossa casa. Tipo familiar, bem arranjadinha, pintada de fresco interiormente, apetrechada com o indispensável em qualquer dos serviços de uma casa: quartos de dormir, sala de jantar, cozinha, quarto de banho. De rés-do-chão e primeiro andar. Ocupámos o primeiro andar; o rés-do-chão e parte do primeiro andar estão alugados. Temos à nossa disposição uma sala de visitas, quatro quartos (um deles para arrumos), uma cozinha, sala de jantar e quarto de banho moderno, servido por uma esplêndida marquise. A impressão, para quem está habituado a grandes casarões, é a de que não tem espaço vital, mas vamos sentindo que chega muito bem. O que não encontrámos foi um lugar digno para o “patrão” da casa e o sr. Bispo disse ao P. Gouveia que não o podíamos ter no quarto de dormir! A imaginação tem trabalhado e parece-me que a solução está encontrada; faltam apenas os operários para a execução do plano concebido. Vida comunitária. A vida comunitária a três torna-se mais fácil, pelo que procuramos viver a três a oração, o trabalho e o recreio. Aliás foi bem vincado esse aspecto na primeira reunião comunitária que tivemos. Temos feito esforço para o conseguir, pois a vida comunitária é qualquer coisa que se vai vivendo e construindo dia a dia e exige muita atenção de cada um a cada momento. No aspecto da oração procuramos integrarmo-nos tanto quanto possível, na paróquia. A Eucaristia normalmente celebra-se na igreja paroquial, coordenando o serviço o pároco, muito nosso amigo desde a primeira hora e que connosco se sente muito ajudado e encorajado a prosseguir o seu trabalho de pastor. Temos previstas em casa duas eucaristias semanais. A nossa mesa redonda com Deus começa às 7.45 na sala de visitas e prossegue às 12.45 e 19.10; sentimo-nos lá bem e saímos de lá satisfeitos. Apostolado. Sem dúvida a nossa vinda foi bem acolhida pelo clero e pelo povo. O Pároco esse foi com grande júbilo que nos recebeu na paróquia e parece não estar ainda bem convencido de que não somos seus coadjutores. Na verdade, temos 588 Adélio TORRES NEIVA procurado colaborar o melhor que podemos. Os párocos vizinhos e os de longe, mal souberam da nossa chegada, têm solicitado a nossa colaboração para pregação e confissões. Dá-nos a impressão que não há sacerdotes disponíveis para a pregação ao povo em tempos fortes. E será verdade: 1º a maior parte deles têm três e quatro paróquias; 2º- muitos deles procuram resolver o seu problema económico (zona pobre e descristianizada) recorrendo ao ensino. Também parece termos as portas abertas para a nossa acção de animação missionária. A dificuldade será escalonar e coordenar o serviço de modo a atender a gregos e a troianos: atender os párocos e não descurar o nosso trabalho específico. Visitas. Ficará na história da casa: a primeira visita foi de um leigo, o Sr. Joaquim Jorge (tio do P. Braz); a primeira visita de um sacerdote secular foi a do P. Atanásio, pároco de Vale dos Prazeres; a primeira visita de um espiritano foi a do P. Mário Pires. Assinalamos mais as visitas dos PP. Figueira, Provincial, acompanhados do P. Alberto Fonseca Lopes. ... Por nosso lado visitámos as Doadoras da casa, o Rev. Pároco, que nos convidou para jantar, logo no dia seguinte ao da nossa chegada, o seminário diocesano, sito a dois quilómetros, o presidente da Câmara, que nos recebeu amavelmente no seu gabinete, as Irmãs Missionárias Hospitaleiras (a trabalhar no hospital e no Albergue dos Inválidos) as Irmãs Servas de Jesus (com um lar de estudantes) e por último, o seminário do Verbo Divino em Tortozendo”421. A aprovação do bispo No dia 27 de Setembro, numa conversa informal com o vice-Reitor do Seminário, o cónego José Lourenço Pires, soube-se que o Sr. Bispo tinha ficado satisfeito com o pedido do P. Provincial e que iria responder favoravelmente à vinda dos Espiritanos para a sua diocese. O mesmo cónego prometeu falar pessoalmente com o bispo sobre este assunto no próximo dia 29, dia em que tinha audiência marcada com ele. Alguns dias mais tarde, a 11 de Outubro, a comunidade recebia a visita do arcipreste e dos Padres Jaime e Genro, respectivamente párocos de Silvares e do Souto e, no dia 13, o director espiritual do seminário, P. Manuel Fonseca, primo dos Padres Fonseca Lopes, da Congregação. A carta do Bispo D. Policarpo, com data de 13 de Outubro de 1978, autoriza a fundação de um Centro de irradiação missionária. Diz o documento: 1. Confirmando, por esta forma, tudo o que, graças a Deus, já tive oportunidade de dizer oralmente a V.Rev.ma na sua qualidade de Superior Provincial da Congregação do Espírito Santo, julgo de grande conveniência destacar de entre as minhas afirmações feitas nessa altura, as seguintes: a) É com muito gosto que autorizo a suplicada fundação dum CENTRO DE IRRADIAÇÃO MISSIONÁRIA, no Fundão. b) Este centro terá como principal finalidade esclarecer e fomentar o problema 421 Circular de 10 de Novembro de 1978 A Casa do Fundão 589 vocacional, sobretudo da juventude, em espírito de verdadeira irradiação missionária, que não se confina apenas a aumentar o número dos filiados da LIAM”. c) Espera-se que os RR. Sacerdotes que vierem a constituir esta comunidade sejam dotados de verdadeiro zelo apostólico e de autêntico amor à disciplina da Igreja. Por isso, tendo na devida conta a legislação desta e nomeadamente o importante documento das Sagradas Congregações dos Bispos e dos Religiosos datado de 14 de Maio deste ano, procurarão o bom entendimento não só com o clero local e regional, mas também com os restantes membros do Presbitério Diocesano, esforçando-se, por, sem prejuízo do espírito da sua Congregação, integrar todas as suas actividades apostólicas nos planos da pastoral da Diocese e da “Cova da Beira”, que ajudarão a realizar, na medida do possível. Estou certo de que tudo o que fica exposto será aceite com agrado, pois tende a garantir a estabilidade do centro, o bom entendimento e a harmonia fraterna entre os membros da comunidade e o clero local. 2. Peço me perdoe que, mais uma vez, insista na veemente súplica de brindar a Diocese da Guarda com dois ou três sacerdotes da sua Congregação, possuidores das qualidades apostólicas atrás apontadas, que possam dedicar-se de alma e coração a actividades paroquiais. Serão recebidos com grande entusiasmo, tanto por mim como pelos meus diocesanos. Poderiam eles instalar-se quer na região de Seia (confinando com a diocese de Coimbra) quer mais para junto da fronteira com Espanha. Uma resposta afirmativa considerá-la-ei como graça de indizível alcance ”Digne-se, Senhor Superior Provincial , aceitar meus cumprimentos de fraterna dedicação no Senhor”422. A vida no dia a dia Sem esquecer a animação missionária, seria, de facto, no ministério paroquial, que os confrades do Fundão dariam o melhor da sua colaboração. Pregações por toda a diocese, a pedido dos párocos, confissões, celebração e pregação nas missas, visitas aos núcleos da LIAM, encontros com os jovens, etc. O bom acolhimento e a generosidade das pessoas foram verdadeiramente cativantes. A 23 de Outubro ocorreu o primeiro aniversário da morte da tia das doadoras desta casa, pelo que o P. Gouveia foi celebrar a missa de sufrágio na igreja paroquial. No dia 30, chegou o P. Provincial que ali se deslocou para ver confrades e fazer algumas visitas de cortesia. Na primeira reunião que fez com a comunidade, o P. Gouveia foi escolhido para director e o P. Bráz para ecónomo. O primeiro ministério aceite de compromisso permanente foi a capelania do Albergue. No dia 4 de Dezembro a comunidade recebeu a visita honrosa do Sr. Bispo, D. Policarpo da Costa Vaz, que se fazia acompanhar do P. Bastos, seu secretário e do reitor do seminário Menor, Mons. Lourenço Pires. Visitou demoradamente 422 APPCSSp. Comunidade do Fundão, Carta do Bispo da Guarda. 590 Adélio TORRES NEIVA todas as dependências da casa e falou das necessidades prementes da sua diocese. No dia 20 de Outubro, a primeira surpresa: um nevão que cobriu de branco a serra e o vale. A 19 de Janeiro de 1979, a comunidade recebeu a visita do P. Abel Moreira Dias, ecónomo provincial, que visitou as doadoras e resolveu alguns problemas de ordem económica, próprios de uma comunidade que começa a sua aventura. No dia 31 de Janeiro, a primeira notícia triste: a morte do pároco do Fundão, P. Francisco Bento, o amigo da primeira hora e o primeiro a convidar os confrades para partilhar com ele uma refeição fraterna; paroquiara o Fundão durante 44 anos. O funeral, no dia seguinte, seria presidido pelo Bispo da diocese. Entretanto, os núcleos da LIAM iam sendo sucessivamente contactados e visitados os benfeitores: Guarda, Covilhã, Belmonte, Fundão, Tortozendo, Unhais da Serra, Fiães, Trancoso. No dia 8 de Fevereiro, o P. Braz, chegado de viagem, adoece, tendo de ser hospitalizado com uma anemia grave, facto que desencadeou um grande movimento de solidariedade e simpatia. A 13 de Março, foi a primeira visita à comunidade de um superior geral: o P. Timmermans, acompanhado dos dois assistentes PP. Torres Neiva e Sonsbeeek; após a reunião com a comunidade, seguiu-se uma visita às benfeitoras e ao P. Braz, que continua internado no hospital. Entretanto, a 4 de Abril, o P. Braz, foi transferido para o hospital da Covilhã; donde regressou no dia 13. Mas como a doença se agravava, no dia 24 foi transferido para o hospital de Santa Marta de Lisboa. Sentindo melhoras, acabou por ter alta e recolher à comunidade espiritana de Santo Amaro, à Estrela. A 2 de Agosto baixou ao Instituto de Oncologia, tendo falecido a 12 de Agosto. O seu corpo foi tresladado para Enxabarda, sua terra natal, no dia 14. O seu funeral foi uma prova comovedora de quanto era estimado tanto na sua terra como no Fundão. Assim, esta comunidade nascente seria marcada por provação tão dolorosa, logo no primeiro ano da sua existência. Para substituir o P. Braz, foi nomeado o P. António Moreira, que chegou a esta comunidade a 15 de Setembro deste mesmo ano de 1979. Entretanto, o P. Gouveia continuava sempre numa roda viva de pregações, confissões, assistência a núcleos e apoio pastoral permanente a todos os que continuamente a ele recorrem. O dia 23 de Outubro de 1979 ficou assinalado com a entronização do Santíssimo Sacramento no oratório da comunidade. A autorização do Bispo tinha sido concedida a 10 de Novembro de 1978. À cerimónia assistiu uma das doadoras da casa, com sua filha, tendo a missa sido aplicada por alma da sua tia. A 2 de Fevereiro de 1980 deu entrada na diocese o novo bispo da Guarda D. António dos Santos. A 1 de Junho faria a sua primeira visita ao Fundão. A 26 de Setembro de 1983, o P. António Moreira foi transferido para Viana do Castelo, deixando o Fundão. Para o substituir foi nomeado o P. José Fernandes que aqui chegou a 7 de Outubro. A Casa do Fundão 591 A 01 de Dezembro de 1983, promoveu-se, junto do monumento de Nossa Senhora de Fátima, um magusto regional para reunir e reanimar os diferentes grupos da LIAM. A 26 de Janeiro de 1984, deixou esta comunidade o Ir. João Vieira, tendo sido transferido para a paróquia de Alvalade, no Alentejo. A 8 de Fevereiro de 1984, o inquilino da loja do nº 41 entregou a loja, depois de devidamente indemnizado, ficando assim a casa com um novo espaço para reuniões e outras iniciativas da animação missionária. A 31 de Maio de 1984, foi a primeira visita do novo provincial, P. Manuel Durães Barbosa. A 2 de Maio, começaram as obras de reparação da casa. Iniciaram-se pela abertura da futura garagem, antiga arrecadação e pelo muro de acesso ao quintal. No final do ano lectivo, a 13 de Setembro, por motivos de saúde, o P. José Fernandes foi transferido para a Torre da Aguilha. Para o substituir foi nomeado o P. Francisco Valente, que chegou a esta comunidade a 2 de Outubro de 1984 e esteve até 14 de Outubro de 1985. A 8 de Janeiro de 1985, a temperatura atingiu os dez graus negativos; dentro de casa zero graus. Em Setembro de 1986, foi aqui colocado o P. João Baptista Pinheiro como ecónomo da casa e para o ministério local; em 1988 chegou o Ir. José Francisco Coelho (Ir. Paulo), que saiu em 1990, indo para a casa da Estrela, em Lisboa. Em 1989, foi nomeado superior da comunidade o P. António Alves de Oliveira e o Centro de Animação Missionária do Fundão foi encerrado, continuando apenas a pequena comunidade. No ano seguinte, 1990, o P. António Alves de Oliveira era transferido para Viana do Castelo, vindo para o Fundão o P. Norberto da Conceição Cristóvão que, a pedido do Bispo da Diocese, assumiu as aulas de Moral na escola do Fundão. Em Setembro de 1991, o P. João Baptista Pinheiro é colocado na Torre d’Aguilha e o P. Norberto Cristovão em S. Brás de Alportel; depois do Centro de Animação Missionária, também a casa do Fundão fecha temporariamente. Em 1997, o Centro do Fundão é reactivado, tendo sido nomeados para lá o P. Alberto da Fonseca Lopes e o Ir. João Vieira da Cruz. Nesse mesmo ano, o P. António Cardoso Cristóvão foi nomeado Capelão do Hospital da Cova da Beira, na Covilhã, integrando a comunidade do Fundão. Foi a 31 de Outubro de 1997 que, na presença destes três confrades, o P. Provincial, Eduardo Miranda Ferreira, reabriu oficialmente a casa e o Centro de Animação Missionária. O P. Alberto Fonseca Lopes e o Ir. João Vieira da Cruz, nos primeiros tempos, ou seja, de 1997 a 1999, deram atenção especial à Animação Missionária junto dos núcleos da LIAM espalhados pela diocese, distribuindo também a nossa editorial pelos distritos da Guarda e Castelo Branco. Entretanto, ao longo do ano 2000, o Ir. João começou a sentir problemas de saúde que exigiam intervenção cirúrgica. Seguiu para o Fraião. Em 2001, o P. José Martins Vaz, regressado de França após longos anos de trabalho apostólico entre os emigrantes portugueses, passou a fazer parte desta 592 Adélio TORRES NEIVA comunidade. Na primeira visita que fez ao pároco, este convidou-o para colaborar na paróquia, serviço que foi aceite de imediato. O P. Martins Vaz ficou com o encargo diário da missa da manhã e das confissões, enquanto o P. Fonseca Lopes ficou mais disponível para a animação Missionária. Esta comunidade recebeu, em 29 e 30 de Março de 2002, a visita oficial do Conselho Geral, na pessoa do P. António Luís Farias Antunes que animou e incentivou a continuar a caminhada, apesar das dificuldades e limitações. Uma outra visita, que apraz registar, foi a dos confrades da Comunidade da Estrela, Lisboa, que, no seu passeio anual de 6 de Junho de 2001, tiveram a amabilidade de colocar no roteiro das visitas esta região e esta casa com os seus habitantes. A casa foi aumentada em 2003 pela saída dos inquilinos do nº 37, ficando mais apta a acolher os confrades e amigos que passem por estas bandas. Em 2004 foi colocado nesta comunidade o P. Alberto dos Anjos Coelho para se dedicar à colaboração pastoral com os párocos da região. 593 Capítulo 63 O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988) O P. Manuel Durães Barbosa foi nomeado provincial, devendo iniciar o seu mandato em 20 de Maio de 1982. Tomou posse a 17 de Maio na Comunidade de Lisboa. Pouco depois da sua nomeação, procedeu-se à votação para a nova equipa Provincial e Conselho Provincial. Como resultado desta votação, a equipa provincial ficou assim constituída: - Provincial: P. Manuel Durães Barbosa; - Vice-Provincial para a Formação: P. Manuel de Sousa Gonçalves;-Vice-Provincial para a animação missionária: P. Veríssimo Manuel Teles; Conselho Provincial: - P. Francisco Manuel Lopes; - P. Agostinho Pereira Pe. Manuel Durães Barbosa Rodrigues Brígido; - P. Manuel João Magalhães Fernandes; - P. João Inácio Carreira Mónico; - P. José Reis Gaspar; - P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira; Ecónomo Provincial: P. Abel Moreira Dias; Secretário Provincial: P. Ernesto de Azevedo Neiva. Outras nomeações, dependentes do Conselho Geral, aconteceram nesse mesmo ano: o P. Francisco Fernandes Correia foi reconduzido por um segundo triénio como Superior Principal do Brasil Sudeste, o P. José Fagundes Pires é nomeado Superior do Distrito de Cabo Verde, a partir de 01 de Julho de 1982, o P. Adélio Torres Neiva é nomeado segundo assistente geral e o P. Manuel dos Santos Neves é reconduzido no cargo de Procurador junto da Santa Sé. Na sua primeira mensagem à Província, em Junho de 1982, publicada no Boletim da Província, o P. Durães apontava já algumas pistas para as linhas directivas para o triénio 1982-1985, que seriam elaboradas mais tarde. - Antes de mais, incentivar, estimular, a todos os níveis e com incidências práticas, na Província, a chama do ideal missionário em todos. - Estruturar e redimensionar a Formação em ordem ao mesmo objectivo. - Dar novo impulso à animação missionária, de que fomos pioneiros em Portugal. - Sensibilizar a Província para um novo tipo de promoção vocacional, sem esquecer o habitual. - Reavivar a esperança e intensificar o testemunho de vida comunitária e de oração. 594 Adélio TORRES NEIVA Em obediência às orientações do capítulo Provincial de 1978 (nº 393), um dos primeiros trabalhos do novo Conselho Provincial foi elaborar as Linhas Programáticas para o triénio de 1982-1985: Vida de comunidade 1. A vida de comunidade é elemento essencial do viver e do ser espiritano. Neste sentido, propomos como metas a atingir: 1.1. Atender à melhoria da vida comunitária nas casas da Província. 1.2. Incentivar a programação-avaliação comunitária, no início e no fim de cada ano. 1.3. Estimular a inserção de cada confrade no projecto comunitário. 1.4. Reunir, ao menos duas vezes por ano, os Superiores de cada comunidade, ajudando-os na animação da mesma. Espírito missionário 2.0 A consciência da nossa finalidade missionária Ad Gentes é elemento constitutivo da nossa espiritualidade. Neste sentido, propomos como metas a atingir: 2.1. Desenvolver o espírito de disponibilidade, próprio da pobreza consagrada. 2.2. Estimular o sentido de corresponsabilidade nos projectos da Província. 2.3. Enviar, quanto possível, cada ano, alguns confrades para as missões. 2.4. Promover a rotatividade entre os confrades da Província e as missões. Animação missionária e vocacional 3.0. De acordo com o nº 309 dos DCP de 1978, cada comunidade deve tornarse um centro de animação missionária e vocacional. Neste sentido, propomos como metas a atingir: 3.1. Tornar presentes as comunidades espiritanas na vida da igreja local (paróquias, diocese, etc.). 3.2. Orientar para a pastoral da juventude, sobretudo masculina, o esforço apostólico dos animadores missionários, bem como diversificar os modos da nossa promoção vocacional em Portugal. 3.3. Sensibilizar cada confrade para o cultivo das vocações missionárias e empenhar as comunidades em acções de promoção vocacional (retiros, encontros paroquiais, tempos de oração, etc.). 3.4. Dar matiz nitidamente missionário e vocacional aos nossos meios de comunicação social, e sensibilizar cada confrade para a sua divulgação. Formação 4.0. A Obra da Formação continuará a ser tarefa prioritária da Província. Neste sentido, propomos como metas a atingir: 4.1. Elaborar o Directório da Formação. 4.2. Levar todos os confrades das Casas de Formação a empenhar-se no projecto formativo das mesmas. 4.3. Incrementar a actualização pedagógica do pessoal docente e atender à sua preparação específica. O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988) 595 4.4. Levar os confrades da Formação a abrirem-se à irradiação missionária e promoção vocacional. Pode dizer-se que o primeiro facto relevante deste Provincialato foi o Conselho Geral Alargado, que esteve reunido na Torre da Aguilha de 20 a 30 de Maio de 1982, com a presença de todo o Conselho Geral e a maior parte dos Superiores Maiores. O novo ano iniciou-se com as reuniões dos diversos sectores da vida da Província: Formadores e Professores, Animação Missionária, etc. A Formação Permanente prosseguiu com os dois cursos, um pelo Natal e outro pelo Carnaval, este mais consagrado aos Irmãos. O Secretariado das Vocações promoveu um Curso de promoção vocacional em Fátima. Além disso, arrancou-se com os retiros para jovens, com a colaboração das Irmãs do Espírito Santo. A partir de 1 de Agosto de 1983, o P. Abel Moreira Dias fixou definitivamente o economato provincial na Casa de Lisboa. Em 1983, os seminários apresentavam a seguinte frequência: Godim: 56 estudantes; Fraião: 32 no 7º ano, 31 no 8º, e 20 no 9º ano. Silva: 7 no 10º ano, 3 no 11º, 4 no 12º. Na Filosofia 7; na Teologia 5. Em reunião do Conselho Provincial de 25 de Novembro de 1982, foi decidido que a Teologia deveria ser feita na Universidade Católica de Lisboa, devendo para isso comprar-se uma casa na zona do Restelo. Esta residência foi adquirida na Praça de Goa, nº2, por escritura de 31 de Janeiro de 1983, (no 11º Cartório Notarial de Lisboa, inscrita na matriz sob o art.º nº 1285 de Santa Maria de Belém e descrita na Conservatória sob o nº 28.130. Livro B/90 e inscrita a nosso favor sob o nº 58221 do Livro G/83. Folhas 77). A equipa directiva foi composta pelos PP. Manuel Gonçalves (vice Provincial da Formação) e Francisco Gonçalves de Oliveira tendo, a partir de Setembro, 6 teólogos. Entretanto o noviciado foi interrompido, por falta de candidatos. De 18 a 25 de Julho, realizou-se em Saverne, um Encontro Internacional de Formadores, tendo estado presentes o P. Manuel João Magalhães Fernandes, mestre de noviços, P. José Costa, subdirector da Casa da Filosofia e P. Eduardo Miranda, director da casa da Silva. Neste encontro, foram versados temas como a internacionalidade, os estágios, as primeiras afectações, a permuta de pessoal formador, etc. além de estudos concernentes aos nossos fundadores e à nossa espiritualidade. Para a instalação dos confrades que se dedicam mais à animação missionária exterior, o Conselho Provincial, por decisão de 30-07-82, decide que se procure uma casa na zona de Lisboa, o que viria a acontecer em Santa Cruz de Benfica. A escritura foi feita a 20 de Janeiro de 1983 (15º Cartório Notarial de Lisboa, inscrita na matriz sob o nº 2091, de Benfica, e descrita na 5ª Conservatória de Lisboa, no Livro G 60, fls. 168, sob o nº 56555 e inscrita a nosso favor no Livro b/44, folhas 86). A inauguração oficial desta comunidade foi a 12 de Março de 1983, ficando a ser constituída pelos PP. José Lapa, Firmino Cachada e o Ir. Joaquim Custódio. 596 Adélio TORRES NEIVA Com esta fundação, clarificaram-se os objectivos da comunidade de Lisboa. Esta ficaria com as seguintes funções: - Direcção da Província (Equipa provincial, Secretaria e Economato Provincial), com as instalações necessárias aos serviços e pessoas que os desempenham, a situar no 2º andar na chamada “casa nova”. - Procuradoria das Missões, integrando-a como serviço totalmente incluído na comunidade; - Direcção, Administração e Redacção da LIAM. Na reunião do Conselho Provincial de 25-26 de Novembro de 1982, decide-se ainda: - Custear, através da Província, as despesas de estadia na Casa de Lisboa, durante uma semana, a todos os missionários que por ela transitem; - enviar gratuitamente as nossas publicações mensais (Revista e Jornal) a todas as missões onde a Província tem membros a trabalhar. A partir de 1 de Agosto de 1983, o P. Abel Moreira Dias, ecónomo provincial, fixa definitivamente o economato em Lisboa. O Provincial fez várias visitas aos confrades de outras circunscrições, nomeadamente ao Brasil em 1983, a Cabo Verde, por ocasião do seu Capítulo também em 1983. Ao P. José de Sousa, antes de regressar do Brasil, em 1983, a Câmara de Urânia, concedeu o título de “Cidadão Uraniense”, pelos relevantes serviços prestados à comunidade de Urânia e a todas as famílias cristãs do município”. A 25 de Novembro de 1984, em Roma, foi beatificado o P. Daniel Brottier. Como representantes da Província, estiveram presentes o Provincial e o P. Firmino Cachada. Não se organizou uma peregrinação, por se ter já organizado uma por ocasião do Ano Santo da Redenção. A festa do P. Brottier ficou a celebrar-se a 28 de Fevereiro. Em 1984 publica-se, pela primeira vez, o caderno “Espiritanos Portugueses”, com todos os Espiritanos portugueses, e suas residências, endereços e telefone. Durante o ano de 1984, a equipa provincial fez várias visitas a outras circunscrições. Assim, em Dezembro 1984, o P. Provincial visitou Angola, orientando vários retiros a confrades espiritanos, participando depois, a 24 de Fevereiro de 1985, na ordenação episcopal de D. Ribas, na cidade de S. Tomé; em Novembro desse mesmo ano, o P. Manuel Gonçalves visitou Cabo Verde, orientando o retiro dos confrades e, em Novembro, o P. Veríssimo Teles visitou o Brasil, pregando o retiro aos confrades portugueses. O P. Provincial deslocouse ainda à Província da Alemanha, onde tomou contacto com os confrades portugueses naquele país. O P. Manuel Gonçalves passou o mês de Março em Roma, integrado na Comissão de elaboração das Constituições. O P. Veríssimo Teles visitou os Açores de 16 a 30 de Abril, em serviço da animação missionária. De 17 a 21 de Maio, a Província recebeu a visita do Conselho Provincial de Espanha, PP. Vítor Cabeças (provincial), Jesus Cabellos, Juan Lazaro, Ramos Seixas e José Maria Couto, retribuindo assim a visita de Portugal à Espanha no O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988) 597 ano anterior. Neste ano, a Província de Espanha celebrou os 25 anos da sua existência. A casa de Viana do Castelo Desde 1983 que o Conselho Provincial estudava uma solução para a casa de Viana do Castelo, tendo para o efeito mandado auscultar o parecer de toda a Província. Na sua reunião de 13 e 14 de Março de 1984, o Conselho, na certeza moral que a actual casa de Viana não voltaria a funcionar como seminário menor, decidiu o seguinte: “1. Atendendo a que a nossa actual casa de Viana do Castelo representa um marco histórico na restauração da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo, e vista ainda a sua situação geográfica no contexto da cidade; atendendo à sensibilidade da maioria dos membros da Província, residentes em Portugal e ouvidos ultimamente quanto à melhor solução para o futuro, e dado este Conselho se ter decidido em reunião anterior pela resolução, no ano corrente de 1984 do “dossier” Viana do Castelo”: O Conselho Provincial, reunido em 13 e 14 de Março de 1984, em Lisboa, inclinar-se-ia, como melhor solução, pela restauração da actual casa de Viana do Castelo. 2. Atendendo, no entanto, ao pedido formal do Sr. D. Armindo Lopes Coelho, Venerando Bispo de Viana do Castelo, expresso por carta de 31 de Janeiro de 1984, no sentido de um diálogo em ordem à transformação da nossa casa de Viana do Castelo em Seminário Menor da Diocese: O Conselho Provincial, por razões de ordem eclesial, está de acordo com a abertura do diálogo com a diocese de Viana do Castelo, no sentido da concretização possível do pedido formalmente expresso. 3. O Conselho Provincial condiciona, no entanto, a concretização do diálogo aos seguintes pontos: 3.1. Seja encontrada uma casa que nos sirva, em qualidade, tamanho e situação, ou terreno com viabilidade para tal; 3.2. Se acorde num preço justo para ambas as partes; 3.3. Se obtenha licença da Casa Generalícia, em Roma, e Santa Sé; 3.4. Se determine um tempo limite de 90 dias para todo o processo, a partir do início do diálogo.” Terminado o prazo de 90 dias, a 27 de Junho de 1984, para conversações com a Diocese de Viana do Castelo, o Conselho Provincial, reunido a 28 de Agosto de 1984, tendo presente toda a reflexão anterior, decidiu: Restaurar a Casa de Viana do Castelo, tendo em vista a continuação de uma Comunidade Espiritana onde, no futuro, se colocará um responsável pela Animação Missionária e Pastoral das Vocações nos limites da diocese de Viana do Castelo. Na reunião do Conselho de 15 e 16 de Novembro, foi decidido: 1. A Casa de Viana funcionará como comunidade espiritana de “repouso”, a restaurar com a brevidade possível; 598 Adélio TORRES NEIVA 2. Nela se procurará inserir um espaço físico independente, tendo como objectivo a animação missionária e vocacional na Diocese; 3. No plano das obras, ter-se-á em vista a possibilidade de acolhimento em tempo de férias, para alguns confrades. O museu da Torre da Aguilha Dada a estrutura e funcionamento da Casa da Torre da Aguilha nos últimos anos, o Museu Etnográfico sobre Angola, aí colocado, tem sido objecto de cuidados e preocupações em várias reuniões do Conselho Provincial. É, sobretudo, a questão de segurança que mais nos tem feito reflectir. A Província como tal, não tem possibilidades nem capacidade, na hora actual, de resolver o problema do Museu em condições minimamente satisfatórias.423 Há dois anos foi contactada a Fundação Gulbenkian para que, com alguns técnicos, se conseguisse identificar devidamente as peças, conservá-las e, possivelmente, deslocá-las para aquela instituição, mas continuando propriedade nossa. A resposta surgiu há escassos meses, afirmando a Gulbenkian não estar interessada em assuntos desta natureza. Alertados pelo superior local para a urgência e necessidade da resolução deste problema, imediatamente o Conselho Provincial designou o P. Manuel Gonçalves para contactar o Museu e Laboratório Antropológico da Universidade de Coimbra. Na sequência destas diligências e sob proposta do Museu de Coimbra a 8 de Junho de 1984, o Conselho, ouvidos alguns confrades que mais se empenharam na realização daquele museu, decidiu na reunião de 28 de Junho de 1984, o seguinte: 1. Transferir o Museu da Torre da Aguilha para o Laboratório Antropológico da Universidade de Coimbra, onde todas as peças serão devidamente identificadas e conservadas. 2. As peças a serem deslocadas serão apenas as de reconhecido valor etnográfico ou em dúvida de valor. A colecção “Testos de Cabinda” será deslocada na totalidade ou ficará aos nossos cuidados. 3. As restantes peças, sem valor etnográfico reconhecido, continuarão nossa propriedade e poderão ser cuidadosamente distribuídas pelas diversas casas, como valor de ideal missionário e decorativo. 4. O Museu, não obstante esta deslocação para Coimbra, continua propriedade da Província Portuguesa, podendo, no todo ou em parte, ser usado para exposições ou outra finalidade que se venha a determinar. 5. Qualquer exposição através da Universidade Coimbra ou reprodução documental, terá sempre a indicação da proveniência – Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo. 6. A Universidade e a Secretaria da Província terão uma listagem completa do conjunto das peças deslocadas, devidamente selada e autenticada por ambas as partes. 423 BPP Jan-Dez. 1984 p. 27-28. O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988) 599 7. Foram designados pelo Conselho Provincial para a execução dos termos do acordo os PP. Manuel Gonçalves e Abel Moreira Dias, respectivamente ViceProvincial para a Formação e Ecónomo Provincial. Ultimado o acordo estatutário mútuo, entre a Província e o Instituto Antropológico da Universidade de Coimbra, a transferência de 843 peças, incluindo 4 livros e 3 álbuns de fotografias, foi feita em 1985, o contrato estipula que a Congregação, legítima proprietária da colecção, entrega à Universidade de Coimbra, o depósito, guarda e conservação das referidas peças, podendo usá-las para exposições, estudos, desde que contenha a menção: “Colecção Missionários do Espírito Santo”.424 1984 foi também o ano em que se iniciaram as reuniões europeias dos vários sectores da vida das províncias: na Polónia, jornada-peregrinação de solidariedade e confraternização, na Alemanha reunião dos Formadores, na Irlanda, reunião dos Provinciais. A 22 de Novembro de 1984, o P. Francisco Fernandes Correia foi nomeado superior principal do distrito do Brasil Sudeste por um 3º mandato. O Conselho Provincial, na sua reunião de 15 a 17 de Maio, decidiu que o 7º, 8º e 9º anos, no Fraião, terão uma única equipa directiva, ocupando um só pavilhão. O 9º ano, atendendo a não podermos conseguir paralelismo pedagógico nem aumentar os professores de fora, frequentará, a título experimental, as aulas na escola Secundária Alberto Sampaio, próxima do Fraião. Um professor do seminário leccionará Religião e Moral na mesma Escola. Ainda no campo da Formação, começou-se um movimento de maior contacto internacional, não só para os seminaristas como até para os vários responsáveis a nível da Teologia. Assim, foram enviados dois seminaristas para Paris a fim de fazerem um curso intensivo de Francês. No âmbito da Animação Missionária, além das reuniões periódicas costumadas, e da Peregrinação Anual a Fátima, este sector promoveu, de 24 a 31 de Março uma Peregrinação a Roma, por motivo do Ano Santo da Redenção, tendo nela participado 11 confrades das diferentes comunidades. Em 1984, o P. António Laranjeira, a trabalhar no Brasil, acompanhou o Noviciado do Brasil para o Porto Rico, abrindo assim a presença espiritana naquele país. O Capítulo Provincial de 1984 O Conselho Provincial convocou o Capítulo Provincial na sua reunião de 25 e 26 de Novembro de 1982. Na reunião de 28 e 29 de Junho de 1983 nomeou a Equipa Pré-Capitular, formada pelos PP. Magalhães Fernandes (coordenador) Eduardo Miranda, José de Castro Oliveira e Firmino Cachada; nesta mesma data 424 Cf BPP 1985, p. 30-32. 600 Adélio TORRES NEIVA é indicado o local e a data do Capítulo, ou seja: na Torre da Aguilha de 15 a 30 de Julho de 1984. A Comissão Pré-Capitular reuniu várias vezes e elaborou uma série de Textos de Apoio. Como secretário do Capítulo foi nomeado o P. José Maria Azevedo Moreira. O retiro inicial foi orientado pelo P. Bruno Trächtler, da equipa geral. Atendendo à proximidade do Capítulo Geral (1986), o Capítulo Provincial não teve grande preocupação em produzir novos documentos, mas sim dar um novo impulso, marcar um novo ritmo e renovar a esperança entre os confrades da Província. A partir da leitura de uma análise da realidade, das interpelações e das esperanças dela emergentes, foram surgindo algumas linhas de força: - o aprofundamento do espírito e da intuição dos nossos fundadores; - o alcance do projecto comunitário para a renovação da vida das comunidades; - a prioridade dada aos pobres e às situações de fronteira, na planificação das nossas actividades; - a vida apostólica como ponto de referência fundamental da comunidade espiritana; - a importância da experiência de Deus para a renovação da vida pessoal e comunitária; - o sentido da Igreja local e a atitude de escuta aos homens e ao mundo que nos rodeia, onde Deus escreve a sua “agenda”. Insistente foi a ideia de que a missão espiritana na Província é uma missão comunitária e qualquer dos sectores da sua actividade só será fecundo na medida em que cada confrade o assumir e nele se empenhar. Seria à luz desta visão de fundo que o Capítulo se debruçou sobre alguns problemas concretos dos vários sectores da vida da Província: - a animação Missionária e a Pastoral Vocacional - o problema dos Irmãos e o Laicado Missionário - os doentes e idosos e as prioridades da Província - outros “items” pontuais, sobretudo de natureza jurídica. O Capítulo produziu um documento sobre “A renovação da vida espiritana”, três documentos de orientação e algumas decisões administrativas. Do documento sobre “A renovação da vida espiritana”, destacamos as seguintes linhas de acção: - O Capítulo propõe à Província e ao seu Executivo que se elabore e realize um plano que nos leve a aprofundar o conhecimento dos nossos Fundadores e da sua espiritualidade. - No programa da Formação seja dado um relevo especial à vida e obras dos nossos Fundadores - O Conselho Provincial torne possível a especialização em Missiologia de um ou mais confrades e proporcione a outros o estudo aprofundado dos Fundadores. - O projecto comunitário anual e a sua avaliação devem ser obrigatórios nas comunidades. Ao elaborá-lo, estaremos atentos às situações de fronteira e ao O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988) 601 sofrimento humano existente onde vivemos, bem como às orientações da Província, à inserção na igreja local e às linhas de espiritualidade que nos definem. - A Congregação deve aceitar doravante que a Igreja de origem faz parte da sua missão. Quanto à Animação Missionária, o Capítulo depois de recordar os princípios teológicos que orientam a Missão segundo o Vaticano II, deu, entre outras as seguintes orientações: 1. Na Igreja local, a nossa animação missionária terá como objectivos concretos: - a promoção da intercomunhão entre as Igrejas; - a apresentação explícita da vocação missionária Ad Gentes no ministério sacerdotal, na vida consagrada e no laicado missionário; - a participação dos cristãos nas obras necessárias à formação e envio de missionários; - a promoção do ideal cristão de Justiça e Paz; - dar a conhecer o valor das diversas culturas e religiões; 2. A LIAM não poderá considerar-se como todo o sector da Animação Missionária da Província, ainda que historicamente o possa ter sido. - Sendo a LIAM um movimento missionário espiritano peculiar a que a Província muito deve, todo o espiritano português o acarinhará e promoverá, quanto possível. - Este Capítulo, que centrou muito do seu trabalho na auscultação dos sinais dos tempos, pede para que seja organizado um serviço de Justiça e Paz na Província. - O Provincial e seu Conselho julgarão da possibilidade e oportunidade, em pessoas e meios, de efectivar o lançamento do Laicado Missionário. Esta iniciativa será proposta a outros institutos missionários. - No trabalho com a LIAM, atender-se-á de preferência: - à formação de líderes de núcleos; - à inserção gradual dos núcleos na comunidade paroquial; - ao relacionamento dos núcleos com Missões “ad extra” concretas; - à evangelização e promoção dos pobres no seu ambiente; Quanto à Pastoral vocacional: - Sendo as comunidades da Província missionárias por natureza e vocação, todos os confrades se devem sentir solidários com as preocupações de animação vocacional; - continue a ser e cada vez mais, a dimensão vocacional, a característica maior da nossa Animação Missionária; - seja mais divulgado e estudado o Directório da Província para a Pastoral Vocacional; - estude o Conselho Provincial a maneira de tornar mais eficaz o nosso Secretariado das Vocações; 602 Adélio TORRES NEIVA - organizem-se nas comunidades tempos comuns de oração pelas vocações; Quanto à Obra dos Irmãos, o Capítulo entre outras dá as seguintes orientações: - Durante os anos de 1985 e 1986, faça-se em todos os órgãos da Província, mormente na imprensa, uma grande campanha vocacional de informação e mentalização sobre o Laicado Consagrado. Neste trabalho seja efectiva a participação de um Irmão. - Na animação vocacional e nas casas de Formação dê-se igual realce à vocação do leigo consagrado e do sacerdote. - Que dois ou três confrades sejam encarregados de promover e fazer a avaliação progressiva e continuada deste esforço de animação. - O Conselho Provincial nomeará alguém, desde já, para responsável pela Formação dos candidatos a Irmãos, quando estes aparecerem; - O Irmão, no futuro, deve ter, em princípio, um mínimo de cultura geral, correspondente ao 9º ano de escolaridade. - Em qualquer caso, exige-se para a admissão, como mínimo o Ciclo Preparatório ou Curso equivalente; Sobre os doentes e idosos: - A comunidade dará especial atenção aos cuidados espirituais dos doentes e idosos. - Procurar-se-á que os confrades idosos e doentes permaneçam integrados na comunidade. - A comunidade proporcionar-lhes-á, tanto quanto possível, cuidados terapêuticos apropriados. No caso de não poderem ficar na sua comunidade, procurar-se-á que as casas destinadas a acolher confrades doentes e idosos reunam as condições apropriadas para isso. - A comunidade ajudará o doente e o idoso a valorizar o tempo, etc. Algumas decisões de ordem administrativa: 1. Na atenção aos mais pobres e às situações urgentes de primeira evangelização, a Província, logo que possível, reforçará o trabalho de assistência aos cabo-verdianos em Lisboa e procurará colaborar com o distrito do Senegal na evangelização dos Manjacos na Guiné-Bissau. É desejável que, oportunamente, se abra também a situações missionárias noutros países. 2. Os membros que “ex officio” pertencem ao Capítulo (DCP nº386), são: - o Provincial e os dois Assistentes Provinciais; - o Ecónomo Provincial; - os Superiores Principais dos Distritos ligados à Província. 3. O Superior Provincial é nomeado pelo Superior Geral e seu Conselho, entre os cinco candidatos mais votados na Província. 4. Compete ao Superior Provincial escolher os dois assistentes de entre os membros do seu Conselho, tendo em conta a consulta feita à Província. Um O provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1982-1988) 603 deles será delegado provincial para o sector da Formação, o outro para o da Animação Missionária. O Superior Provincial e os seus dois Assistentes constituem a Equipa Executiva da Província 5. Dada a complexidade dos assuntos económicos da Província, o Conselho Provincial, ouvido o Ecónomo Provincial, nomeará dois confrades com suficiente formação técnica que o possam ajudar e substituir em qualquer emergência. Aos três competirá analisar as questões mais importantes e delicadas da Administração económica 6. O Ecónomo Local é nomeado pelo Conselho Provincial, após sondagem, escrita ou oral, à respectiva comunidade. 7. A todos quantos estejam ao nosso serviço, em regime interno, pelo menos durante vinte anos, sem contrair família e manifestando desejo de continuar connosco, podemos desde já garantir que a Congregação não os abandonará. Por isso, o Ecónomo Provincial, após estudo sério do assunto durante os próximos anos, apresentará ao próximo Capítulo um esboço de estatuto para estes casos. Entretanto, recomendamos às comunidades, por uma acção concertada do Ecónomo e do Superior local, uma atenção especial quanto à formação humana e espiritual de todo o nosso pessoal de serviço. O Conselho Geral aprovou os Documentos Capitulares a 12 de Outubro de 1984. 605 Capítulo 64 O 2.º Triénio do provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1985-1988) A Casa Generalícia, depois das sondagens feitas à Província reconduziu, a 24 de Dezembro de 1984 o P. Manuel Durães para um segundo triénio, a partir de 20 de Maio de 1985. Após consulta a Província, a nova equipa provincial ficou assim constituída: - P. Manuel Durães Barbosa, provincial; - P. José de Castro Oliveira, 1º assistente; - P. Manuel João Magalhães Fernandes, 2º assistente; - P. Abel Moreira Dias, Ecónomo Provincial; Conselheiros - P. Óscar Moura Guedes; - P. Adélio de Almeida Torres Neiva; - P. Marcelino Duarte Lopes; - P. João Inácio Carreira Mónico; - P. Eduardo Francisco Miranda Ferreira; - Ir. António dos Santos Brás; - Secretário Provincial: P. Ernesto de Azevedo Neiva. A nova equipa, como programa, retomou as “Linhas directivas - Programa” do triénio de 1982-1985 e propôs à Província como prioridades: 1. Vida de comunidade 1.1. Atender à dinamização interior de cada um e do grupo espiritano que somos, quer através de um maior espírito de oração individual e comunitária, quer pelo desenvolvimento da alegria no sentido de pertença à Congregação e à Igreja. 1.2. Continuar a aprofundar o espírito e as intuições dos nossos Fundadores. A renovação em marcha, a todos os níveis, passa sem dúvida, pelo conhecimento e vivência dos Fundadores. “Seremos espiritanos na medida em que vivermos no espírito dos Fundadores” (DCP. Nº 434). 1.3. Dar a devida importância e exigência à programação-avaliação do Projecto Comunitário (muito mais que programação comunitária), tendo em conta o Programa da Província (DCP. nº 442). 1.4.Prever o estudo e lançamento das NOVAS REGRAS E CONSTITUIÇÕES, quando aprovadas. 2. Espírito missionário 2.1. Desenvolver o espírito de disponibilidade e promover a rotatividade entre os confrades da Província e das Missões. 2.2. Incentivar um maior espírito de fraternidade, comunhão e colaboração entre os Missionários e a Província e melhorar a qualidade do nosso serviço e acolhimento. 3. Animação missionária e vocacional 3.1. Elaborar o Documento-Directório de Animação Missionária (DCP. nº463). 606 Adélio TORRES NEIVA 3.2. Fazer com que a dimensão vocacional, sobretudo entre os adolescentes, seja a característica maior da nossa animação missionária, desde a imprensa à acção pessoal (DCP. Nº389). 3.3. Organizar e estruturar o melhor funcionamento do pré-seminário. 3.4. Continuar a fazer esforços pelo relançamento do Laicado Consagrado (cf. DCP. Nº 465-513). 4. Formação 4.1. Levar todos os confrades das Casas de Formação a empenhar-se no projecto formativo das mesmas. 4.2. Elaborar o Directório da Formação no Noviciado e Pós-Noviciado. 4.3. Atender, logo que possível, à preparação específica ou especialização de alguns confrades na Província. Por decisão do Conselho geral, o P. José Fagundes Pires é nomeado por mais três anos, como Superior Principal do distrito de Cabo Verde, a partir de 1 de Julho de 1985. Em 1985 foi nomeada a Comissão de Justiça e Paz da Província constituída pelos PP. Firmino Cachada, presidente, Afonso Cunha Duarte, José Lopes de Sousa e Eduardo Francisco Miranda Ferreira. Foi também nomeado por três anos o Conselho Económico, formado pelo P. Abel Moreira Dias, ecónomo provincial, P. Casimiro Pinto de Oliveira, procurador das missões e P. Carlos Salgado Ribeiro, ecónomo do Fraião. Foi nomeado Procurador das Missões o P. Casimiro Pinto de Oliveira que, chegado das missões a 30 de Abril, tomou posse do cargo em meados de Maio de 1985. Representaria a Província como responsável da Justiça e Paz, no Congresso Espiritano “Justiça e Paz”, realizado em S. Paulo (Brasil) de 12 de Fevereiro a 6 de Março de 1986. O P. Francisco Lopes passaria quase todo o mês de Janeiro de 1986 na Casa Generalícia a trabalhar, com mais três espiritanos, numa primeira fase das Novas Constituições. O Conselho Provincial debruçou-se durante este ano de 1985, em várias reuniões, sobre o estudo dos “Estatutos da Procuradoria das Missões”, como serviço de apoio aos nossos missionários e Igrejas locais onde eles trabalham. Depois da morte do P. Ismael Baptista, a Procuradoria esteve algum tempo confiada ao Ecónomo Provincial. Agora, que o novo procurador, o P. Casimiro Pinto de Oliveira foi nomeado, sentiu-se a necessidade de dar à Procuradoria uma nova orientação, no desejo de uma maior coordenação entre a Província e os Missionários. A reunião do Conselho Provincial de 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1985 ultimou esse estudo, aprovando os novos “Estatutos da Procuradoria das Missões”,426 dos quais se destacam os Princípios e Objectivos Gerais: 1º - Sentido de integração - A Procuradoria é essencialmente um serviço da Província através do qual canaliza um certo tipo de ajuda à Missão. Assim está para todos os efeitos inserida na orgânica administrativa da Província em pé de O 2.º Triénio do provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1985-1988) 607 igualdade com diversas obras da Província. 2º - Sentido de pertença - Consequentemente deve a Procuradoria através dos confrades por ela responsáveis, desenvolver um sentido de corpo com a Província cultivado pelos actos de cada dia numa atitude de abertura e partilha da sua problemática específica. 3º - Sentido de serviço e iniciativa - Não se limite a Procuradoria a despachar somente aquilo que lhe for pedido, por maior que seja a sua solicitude, mas procure tomar medidas de angariamento e envio de tudo aquilo que útil for à Missão. Uma cuidadosa colaboração com a anirmação missionária será salutar para ambos os lados. 4º - Sentido de acolhimento - Se enviar é importante, acolher bem é consolidar toda a acção desenvolvida, sobretudo tratando-se de doentes. Sendo a Procuradoria a porta de entrada de qualquer confrade que regressa à Província, deve ela estar preparada para tal missão em pessoas e meios. De 15 de Maio a 15 de Junho de 1985, foi a visita oficial da Casa Generalícia à Província. Nela participaram além do Superior Geral, os assistentes PP. Adélio Torres Neiva e Enda Waters. O Conselho Provincial, na sua reunião de 14 e 15 de Junho de 1985, tomou duas decisões, respeitantes à Formação: 1. Até ao presente, o noviciado tem funcionado em casa própria, de momento em Coimbra. Atendendo ao número de candidatos para o próximo ano lectivo (talvez 9), o Conselho Provincial, estudadas todas as possibilidades, decidiu transferi-lo este ano para o Espadanido. 2. Estudando a complexa problemática da Pastoral Vocacional, o Conselho Provincial opta pela supressão gradativa do 5º e 6º anos (DCP. Nº359). Neste sentido, não serão admitidos alunos para o 5º e 6º anos, já neste ano lectivo de 1985-1986. Aqueles que desejarem fazer uma caminhada vocacional e que se integrariam no 5º ano, serão devidamente acompanhados durante o ano. Em esquema de futuro, em Godim ficará o 7º ano ( antigo 3º ano) e no Fraião, apenas num pavilhão o 8º e o 9º anos, com aulas fora, por falta de pessoal nosso, devidamente qualificado. As casas do Fraião e de Godim precisam de ser reestruturadas. Entretanto, iniciou-se a preparação para o Capítulo Geral, que se realizará em 1986 e que terá por objectivo promulgar as Novas Constituições. Nesse sentido, a preparação deste Capítulo, que integraria a reciclagem espiritana do Natal e da Páscoa, foi confiada aos delegados ao Capítulo, que constituem a Comissão PréCapitular. De 22 de Fevereiro a 6 de Março de 1985, realizou-se em S. Paulo (Brasil) o I Congresso dos Espiritanos sobre Justiça e Paz, no qual tomou parte o P. Firmino Cachada. Com a nomeação de D. Abílio Ribas para bispo de S. Tomé e Príncipe, os 426 BPP 1985 p. 27-30 608 Adélio TORRES NEIVA Espiritanos abrem-se a um novo campo de missão: a diocese de S. Tomé e Príncipe; depois de D. Abílio mais alguns espiritanos para lá partiram a fim de com ele colaborarem. Por vontade expressa da família, realizou-se nos dias 20 e 21 de Junho de 1986, a trasladação dos restos mortais do P. José Maria Felgueiras, de Espanha para o cemitério das Taipas. Na sua reunião de 14 e 15 de Janeiro de 1986, o Conselho Provincial traçou, no tocante à “política do pessoal”, as seguintes linhas de orientação: 1. Desenvolver o espírito de disponibilidade e promover a rotatividade entre os confrades da Província e das missões. 2. Atender, no entanto, a uma “certa estabilidade”, segundo as exigências da obra de formação e animação missionária. 3. Esta “estabilidade” para bem das pessoas e das obras, não deve ultrapassar os dois triénios (seis anos) como princípio, na formação, na animação missionária e em outras tarefas entregues à Província. 4. Procurar uma certa “contracção” das obras. Em Viana do Castelo, começaram as obras da restauração da casa a 1 de Setembro de 1986 e prolongar-se-ão por ano e meio. Entretanto, o Conselho de 20 de Maio de 1986 aprovou um plano para a remodelação do pavilhão sul no Fraião. A equipa provincial iniciou as suas visitas aos confrades “ad extra”; assim o Provincial visitou os confrades dos Estados Unidos e Canadá e o P. Castro Oliveira os de Cabo Verde, a quem pregou o retiro anual. O Programa da formação continuou a desenvolver-se com várias iniciativas referentes ao Pré-Seminário, à internacionalização do Ano de Pastoral, dividido pelo Instituto Católico de Paris e a universidade de Friburgo. O 1º Ciclo do Curso de Teologia continuou a funcionar no Espadanido, mas agora com as aulas no Seminário Conciliar de Braga; no Restelo começou a funcionar o 2º Ciclo de Teologia, com aulas na Universidade Católica. Na Torre da Aguilha, realizou-se de 15 a 20 de Dezembro de 1986, a Reunião dos Formadores Espiritanos da Europa, em que estiveram presentes delegados de 10 províncias da Europa e representante da Casa Generalícia. Cinquentenário da LIAM A Animação Missionária organizou todo um programa com um conjunto de celebrações para o Cinquentenário da LIAM (1937-1987), que o Conselho Provincial aprovou a 06 de Novembro de 1985. Deste programa, destacamos as seguintes iniciativas: - elaboração do Directório da Animação Missionária; - peregrinação anual a Fátima (04-05 de Julho de 1987), como ponto culminante das celebrações; - apadrinhamento da nova missão da Guiné-Bissau (Caió), como monumento comemorativo deste cinquentenário; - elaboração de uma peregrinação à Terra Santa e publicação de uma História O 2.º Triénio do provincialato do P. Manuel Durães Barbosa (1985-1988) 609 da LIAM. A 25 e 26 de Abril, realizou-se no Seminário da Silva, o I Encontro Nacional dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), em que os 50 anos da LIAM foram evocados. Na véspera do Dia Mundial das Missões (18 de Outubro de 1986), os JSF organizaram, na Aula Magna da Universidade Clássica de Lisboa, o I Festival da Canção Missionária, a que concorreram 70 canções. O festival repetir-se-ia nos anos seguintes. Na sequência do Festival da Canção Missionária, os JSF publicaram um “Disco Missionário”, de que se venderam três mil exemplares. A fim de participar na Peregrinação a Fátima (04-05 de Julho), comemorativa do Cinquentenário da LIAM, esteve em Portugal de 1 a 8 de Julho, o Superior Geral, P. Pierre Hass, que aproveitou a ocasião para visitar todas as comunidades da Província. Na peregrinação de Fátima estiveram presentes cerca de dez mil amigos dos Espiritanos e 60 confrades. O Santo Padre enviou uma mensagem de congratulação que foi lida durante a peregrinação. Na Torre da Aguilha, de 16 a 21 de Agosto, desse ano teve lugar o 25º Encontro Missionário Nacional de Professores, que este ano revestiu uma solenidade particular, não só por ser o cinquentenário da LIAM, mas também por se celebrara o 25º Encontro dos Professores. Também a televisão, através da rubrica 70x7 emitiu um programa evocativo dos 50 anos da LIAM, a 18 de Outubro, Dia Mundial das Missões. De 1 a 31 de Julho, realizou-se em Chevilly, o 16º Capítulo Geral da Congregação que teve como tarefa específica elaborar a Nova Regra de Vida Espiritana. Nele participaram 7 delegados portugueses: pela Província de Portugal, os PP. Durães Barbosa e Manuel Gonçalves, por Angola: o. P. António Abreu; por Cabo Verde, o P. José Fagundes Pires; pelo Brasil, o P. Francisco Fernandes Correia; pelo Paraguay, o P. Albino Vítor Martins de Oliveira; pela Equipa Geral, o P. Adélio Torres Neiva. Como tradutores e outros serviços de apoio estiveram presentes os PP. Francisco Lopes, Mário Pires, Manuel Santos Neves e Casimiro Pinto de Oliveira. De acordo com o DCP nºs 448-450 (A renovação da vida Espiritana), bem como das Linhas Directivas – Programa para 1985-1988, nº 12, a equipa provincial promoveu algumas iniciativas em ordem à renovação do espírito missionário segundo os nossos Fundadores. Publicaram-se as biografias de Poullart des Places (“Ao encontro dos pobres”, por Francisco Lopes) e Libermann ( “O Venerável Libermann”, por Francisco Rocha). Também a Província cedeu o P. Amadeu Martins para integrar o Secretariado do Grupo de Estudos Espiritanos, em Roma, e organizaram-se sessões de reciclagem “Encontros com Libermann”, no Natal de 1984 e 1985, com a colaboração do P. Ramos Seixas. No dia de Portugal, em Cabo Verde, o P. Custódio Ferreira de Campos, recebeu do Governo daquele país, o oficialato da “Ordem de Mérito”, que assim quis honrar o seu meritório trabalho ao serviço da população de Cabo Verde, onde trabalha desde 1954. Na sua reunião de 1 e 2 de Maio de 1987, o Conselho Provincial escolheu para 610 Adélio TORRES NEIVA sede do futuro noviciado canónico a Casa do Espadanido, no Fraião, escolha homologada pelo Conselho Geral a 03 de Maio de 1987. Assim o Noviciado foi erecto canonicamente, na Casa do Espadanido, sendo mestre de noviços o P. Manuel João Magalhães Fernandes, coadjuvado pelo P. Avelino Costa e Ir. José Francisco Coelho (Paulo). A localização do noviciado em Braga obrigou a reflectir sobre a problemática, há anos existente, do funcionamento do I Ciclo de Teologia em Braga e melhor articulação entre o I e II Ciclos. Assim, optou-se por colocar o I Ciclo Teológico na comunidade do Regado, no Porto, aproveitando a frequência das aulas na Universidade Católica do Porto. Este esquema deveria funcionar a partir do ano lectivo de 1988-1989. Transitoriamente, em 1987-1988, ainda funcionará em Braga, no pavilhão norte, com o P. Agostinho Tavares a director e o P. Carlos Salgado a ecónomo. O II Ciclo ficou a funcionar no Restelo, com o P. Mário Pires a director e o P. Francisco Gonçalves de Oliveira a ecónomo. O Conselho Provincial, na sua reunião de 17 e 28 de Novembro, aprovou as obras de restauro e actualização no Seminário de Godim. De 15 a 20 de Dezembro de 1986, realizou-se na Torre da Aguilha a Reunião dos Formadores da Europa. Nesse momento, os teólogos eram 36 na Polónia, 32 na França, 27 na Irlanda, 17 em Portugal, 14 na Espanha, 6 na Inglaterra 5 na Alemanha e 5 na Suíça. Este ano de 1987 foi ainda marcado pela comemoração do Cinquentenário do Seminário da Silva. Para o efeito, realizou-se, a 16 de Outubro, no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Barcelos, uma Sessão Solene sob a presidência do presidente da Câmara de Barcelos e, no dia 18 de Outubro, Dia Mundial das Missões, uma Eucaristia de Acção de Graças no Seminário da Silva, presidida pelo Sr. Arcebispo Primaz, D. Eurico Dias Nogueira. A 2 de Setembro de 1987, iniciava-se o processo para a eleição do novo Provincial, pois o mandato do P. Durães Barbosa terminará no dia 20 de Maio de 1988. Da consulta feita, nenhum dos três confrades mais votados aceitou a nomeação e, como os outros votados não tinham uma votação suficientemente expressiva, foi necessário proceder a uma nova consulta. 611 Capítulo 65 A casa de Teologia do Restelo O Conselho Provincial tinha decidido a criação de um novo centro de animação missionária em Lisboa. O Provincial de então, P. Manuel Durães Barbosa, encarregou o P. José Lapa de fazer junto de famílias conhecidas, diligências no sentido de se encontrar uma casa para isso. Alguns meses depois, foi o próprio Provincial que tomou a seu cuidado prosseguir essas diligências, contactando inclusive algumas agências nesse sentido. Entretanto, o P. Lapa tinha já tomado conhecimento da Casa da Praça de Goa, nº 2, ao Restelo, que estava à venda e cujo proprietário tinha já sido abordado por ele. Como tinha já sido encontrada uma casa para a Animação Missionária em Benfica, lugar mais conveniente para esta actividade que o Restelo, a casa do Restelo logo ficou pensada para Casa da Teologia, até porque o Conselho Provincial tinha decidido relançar a Teologia na região de Lisboa. A casa agradou a todos os que a foram visitar e, por autorização do Conselho Geral de 14 de Dezembro de 1982427, fez-se a escritura da compra no 11º Cartório Notarial de Lisboa a 31 de Janeiro de 1983. Eram seus proprietários António Morais Leão Trigo e D. Maria Helena Pires Teixeira Leão Trigo. A casa foi registada mais tarde na 39ª Conservatória sob o nº 28.130 –Fls 54 v do livro B-90; nas Finanças artigo 1285 – Freguesia de Belém. Ainda com a casa em obras, principalmente a capela que viria a ser instalada na garagem da casa, e com a sala de jantar e a sala de estar ainda sem mobília, a casa do Restelo recebeu os membros da nova comunidade em 21 e 23 de Setembro de 1983. Os PP. Francisco Gonçalves de Oliveira e Manuel de Sousa Gonçalves vieram, no dia 21 à noite dormir na nova casa que duas empregadas da comunidade da Estrela, com o P. Domingos da Cruz Neiva, tinham preparado. No dia 23, pelas 17 horas, chegaram com o P. Domingos Neiva, que os fora buscar ao Espadanido, os primeiros alunos desta Casa de Teologia: João David Souto, Mário Faria, José Carlos Coutinho, José Manuel Sabença, Manuel Paula e João Brás. O primeiro acto comunitário foi a Oração de Vésperas. Cozinheira só haveria a partir de Outubro. O primeiro jantar foi preparado pela Irmã Maria do Carmo, Espiritana, que havia já dado dois dias de trabalho com a Irmã Ana Maria, da comunidade da Cruz Quebrada, na preparação da casa. Óptimo e alegre o primeiro jantar, após a Oração das Vésperas em comum. 427 Actas do Conselho Geral de 98/82 612 Adélio TORRES NEIVA Presente o P. Veríssimo Teles da equipa provincial, pois o Provincial encontravase retido no Norte, numa reunião de professores. Estes primeiros dias que antecederam as aulas foram aproveitados pelos alunos para visitar a XVII Exposição de Arte e Cultura Europeia sobre os Descobrimentos Portugueses, que encerraria no dia 2 de Outubro. No dia 26, o grupo partiu para a Semana Missionária de Fátima, ficando a casa entregue ao P. Francisco Gonçalves. No dia 3 de Outubro, entrou de serviço, em part time, a nova empregada D. Cristina. Seria substituída, a 1 de Novembro, por outra empregada a tempo pleno, a Maria de Lurdes. No dia 4, os estudantes tiveram o primeiro contacto com a Universidade e começo das diligências para a sua matrícula. Entretanto, o P. Manuel Gonçalves procurava prover a casa dos móveis necessários, fazendo para isso diligências junto de uma Casa de móveis em Torres Vedras. No dia 8, foi a primeira reunião da comunidade. Nessa reunião elegeu-se o padroeiro da comunidade que seria S. Paulo, devendo a sua festa ser celebrada a 25 de Janeiro, festa da sua conversão. No dia 10, aniversário natalício do José Manuel Sabença, houve Eucaristia e almoço solenizados, com a presença dos PP. Provincial, Veríssimo Teles e Domingos Neiva. Começou-se a aplicação da corticite na capela. Algumas alfaias de culto foram oferecidas pela D. Lucília, que viria a passar muito do seu tempo na costura ao serviço da comunidade. No dia 16, foi a apresentação às comunidades eclesiais das redondezas, nomeadamente Cruz Quebrada, Belém e S. Francisco Xavier. O primeiro Natal foi celebrado com os confrades da Casa Provincial, na Rua de Santo Amaro, à Estrela. O dia 25 de Janeiro foi o dia da Conversão de S. Paulo, padroeiro da comunidade. O P. Provincial inaugurou e benzeu a casa. Participaram na festa os superiores da comunidade mais próxima e os espíritanos que mais tinham trabalhado na preparação da Casa. No dia 2 de Fevereiro, a comemoração da morte do P. Libermann foi celebrada na comunidade da Estrela juntamente com as outras comunidades da região e, no dia 25 de Maio, o aniversário de Poullart des Places seria celebrado na Torre da Aguilha, conforme a tradição local. A 6 de Março de 1984, foi o primeiro passeio grande da comunidade pela zona de Cascais e Sintra; o segundo seria a 13 de Julho pela Serra da Arrábida e pelo circuito dos Três Castelos. A 14 de Julho, o Superior Geral, que vinha à Província para o Capítulo Provincial, visita pela primeira vez esta comunidade, acompanhado do assistente geral Bruno Trächtler e do P. Provincial. Pouco a pouco, foram-se escolhendo os campos de apostolado para os seminaristas. A casa de Teologia do Restelo 613 O ano lectivo de 1984-85 iniciou-se com os PP. Manuel Gonçalves e Francisco Gonçalves como responsáveis e o João David Souto, José Carlos Coutinho, José Manuel Sabença, Mário Faria e Manuel Paula como alunos. No ano seguinte, os habitantes do Restelo seriam os mesmos, mais o António Neves, Fernandino Pereira e Serafim Pinto. A 30 de Junho deste ano de 1985, o David Souto recebeu nos Jerónimos das mãos do Cardeal Patriarca, a ordem de Diácono, sendo a primeira ordenação desta casa. E a 8 de Setembro, integrado na celebração do cinquentenário do Noviciado em Portugal, emitiam os votos perpétuos no Espadanido o José Carlos, Manuel Paula, Mário Silva, José Manuel Sabença e António Neves. Em 1986, o P. Manuel Gonçalves deixava o Restelo, assumindo a direcção do Escolasticado o P. Francisco Gonçalves, coadjuvado pelo P. Ernesto Neiva. A 11 de Setembro de 1986, seria a primeira ordenação sacerdotal: o P. David Souto Coelho. A ordenação seria na Torre da Aguilha com mais quatro diáconos, sendo bispo ordenante o Sr. D. Manuel Nunes Gabriel. A 26 de Julho de 1987, seria celebrada no Fraião a Ordenação Sacerdotal de quatro inquilinos do Restelo da primeira hora: Mário Faria, José Carlos Coutinho, José Manuel Sabença e Manuel Paula. Foi bispo ordenante o arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira. Em 1987-88, veio para o Restelo como director, o P. Mário Pires, ficando a coadjuvá-lo o P. Francisco Gonçalves. A 29 de Junho de 1988, foi a ordenação diaconal do António Neves, presidida por D. José Policarpo na Igreja da Cruz Quebrada. Em 1988/89, o P. Ernesto Neiva voltou para o Restelo, desta vez para substituir o P. Francisco Gonçalves e os alunos eram 5; como director continuou o P. Mário Pires. Em 1889/90, a 30 de Julho da 1989, D. Gilberto Canavarro Reis presidiu à ordenação Sacerdotal do António Neves, na Foz do Sousa, sua terra natal; o P. Ernesto foi substituído como auxiliar do director pelo P. Agostinho Tavares e o P. Agostinho Pereira da Silva, semanalmente dava a sua colaboração no ministério da direcção espiritual. Em 1990/91, com a partida do P. Mário Pires para a Guiné-Bissau, assumiu a direcção do escolasticado o P. António Laranjeira, coadjuvado pelo P. José Manuel Sabença, então em serviço militar. O número dos alunos mantinha-se estável. Este ano foi particularmente marcado pelos colóquios mensais a que se chamou “Missão na Praça”, de que destacamos: “Missão e missões: missão para quê?”, “Missão urbana: que missão?”, “Mundo Operário: que missão?”, “Redemptoris Missio”, “Cristãos e Muçulmanos: que diálogo?”, “Periferias e Missão”, “Missão em Angola”. A 29 Março de 1991, foi inaugurado em Lisboa o Centro Padre Alves Correia, sendo o P. Laranjeira o director. A 19 de Junho, foi ordenado sacerdote o Fernandino Pereira. 614 Adélio TORRES NEIVA Em 1991/92, o P. José Manuel deixou o Restelo e a comunidade ficou constituída pelo P. António Laranjeira, como director e ecónomo, o Ir. Paulo e 6 escolásticos. Em 1994/95, o P. Ernesto Neiva voltou para o Restelo para coadjuvar o P. Laranjeira. No ano seguinte, 1995/96, assumiu a direcção do escolasticado o P. António Farias com o P. Ernesto Neiva como seu colaborador. A 21 de Junho de 1996, foi ordenado na Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica pelo Sr. D. Albino Cleto, o Pedro Fernandes. O ano de 1996/97 ficou marcado com a mudança do escolasticado do Restelo para a Torre da Aguilha, terminando assim a história desta casa como Casa de Teologia. A mudança deu-se nos finais de Setembro. Na Torre da Aguilha A Teologia recomeçaria na Torre da Aguilha com os seguintes alunos: Hugo Ventura, Vítor Silva, João Cláudio e Manuel Semedo no 3º ano; Nuno e João Baptista no 4º e Luís Pedro Adeganha, Raul Viana e Carmo Gomes no 5º. Como director continuava o P. Farias e sub-director o P. Ernesto Neiva. A adaptação à nova casa foi-se fazendo pouco a pouco: a capela seria inaugurada a 4 de Novembro e a sala de jantar, a tempo inteiro, a 20 do mesmo mês. De salientar no ano seguinte, de 23 a 30 de Março de 1997, o encontro europeu de Jovens Espiritanos em Formação que se realizou neste escolasticado. As actividades dos seminaristas, para além da frequência às aulas na Universidade Católica, multiplicavam-se ainda por actividades apostólicas, encontros com outros teólogos da capital, participação em actividades culturais circum-escolares e passeios de diversão. Nas actividades pastorais, os teólogos colaboraram, sobretudo na animação dos grupos de jovens nas paróquias de Belém, Cruz Quebrada, S. Francisco Xavier; visitavam também habitualmente os bairros degradados do Alto de Santa Catarina, Pedreira dos Húngaros, Branca Lucas, Lem-Ferreira, Outurela, Musgueira, Fim do Mundo, Damaia e Barronhos. A sua colaboração foi também frequentemente pedida para a animação dos Jovens Sem Fronteiras, Animação Missionária e Vocacional. Quanto a diversões, além dos encontros de futebol com os teólogos de outros institutos, merecem destaque os passeios dados aos arredores de Lisboa, Óbidos, Algarve, Alentejo, Trás-os-Montes e Espanha. Os teólogos do Restelo participaram ainda em encontros internacionais de jovens espiritanos e outras actividades orientadas para a formação linguística e internacional. 615 Capítulo 66 O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994) O P. José de Castro Oliveira foi nomeado provincial a 12 de Março de 1988, devendo entrar em funções a 20 de Maio de 1988428. Nessa data a Província contava com 237 membros, dos quais 138 em Portugal e 99 em missão exterior, espalhados pelos três continentes: 40 em Angola, 20 no Brasil, 15 em Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé, África do Sul, Porto Rico, Paraguai, Canadá, USA, Alemanha, França, Espanha e Itália. A tomada de posse do novo Provincial foi realizada na comunidade de Lisboa a 20 de Maio de 1988. A nova equipa provincial ficou assim constituída: P. José de Castro Oliveira, provincial; P. Firmino da Costa de Sá Cachada, 1º Assistente e Responsável pela Animação Missionária; P. José Lopes de Sousa, 2º Assistente e responsável pela Formação; Conselheiros: P. Marcelino Duarte Lopes, ecónomo provincial; P. Agostinho Pereira da Silva;P. Adélio de Almeida Torres P. José de Castro Oliveira Neiva; P. Mário Pires; P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira; P. Manuel Martins Novais Ferreira; Ir. António dos Santos Brás. Secretário Provincial: P. Ernesto de Azevedo Neiva. Este novo período da vida da Província iniciou-se sob o signo da nova Regra de Vida, recentemente promulgada pelo Capítulo Geral e aprovada pela Santa Sé. O ano lectivo de 1988-89 iniciou-se com 20 alunos no 7º ano em Godim; 46 alunos no Fraião: 26 no 8º ano e 20 no 9º; 26 na Silva: 15 no 10º ano e 11 no 11º. No Regado começou a funcionar a nova casa de Filosofia, com 7 alunos, não professos no Propedêutico (ano zero) na Universidade Católica; no Espadanido 4 neo-professos frequentando também o Propedêutico e no Restelo 5 na Teologia. Como responsável da Casa de Retiros na Aguilha foi nomeado o P. Agostinho Brígido. O P. Casimiro Pinto de Oliveira foi reconduzido como Procurador das Missões. O P. Abel Moreira Dias foi colocado na Suíça, a pedido da Casa Mãe, para os Serviços Centrais do Economato Geral. O Conselho Económico ficou constituído pelos PP. Marcelino Duarte Lopes, 428 Actas do Conselho geral. D. 23/88 616 Adélio TORRES NEIVA Casimiro Pinto de Oliveira e Carlos Salgado Ribeiro. A Comissão da Justiça e Paz foi reconduzida: PP. Firmino Cachada, José Lopes de Sousa, Afonso Cunha e Eduardo Francisco Miranda. A equipa vocacional ficou constituída pelos PP. Veríssimo Teles, António Luís Marques de Sousa e Ir. António dos Santos Brás. Linhas programáticas para 1988-1990 Pôr em prática a Regra de Vida Espiritana – eis a grande linha programática para os próximos anos a todos os níveis: da Congregação em geral, das circunscrições, das comunidades e de cada Espiritano. O Conselho Provincial, após várias reflexões e tendo em conta as sugestões de numerosos confrades, convida toda a Província a empenhar-se prioritariamente até ao próximo Capítulo Provincial (1990), nas seguintes vertentes: Revigoramento do nosso dinamismo apostólico Para vivermos em contínuo “estado de missão”, procuraremos: - maior abertura ao meio que nos rodeia; - maior inserção na igreja local, tendo sempre presente a nossa “vocação própria” ; - estímulo mútuo para que a cada confrade sejam possibilitadas “actividades adaptadas à sua idade e às suas capacidades”. Aperfeiçoamento da qualidade da nossa vida comunitária - melhorando o nosso acolhimento interno e externo; - fomentando a corresponsabilidade e o diálogo; - integrando os projectos e compromissos individuais no projecto da Comunidade. Relançamento da Obra dos Irmãos - uma reflexão a todos o níveis sobre a identidade do Irmão espiritano hoje; - a integração, a tempo pleno, de um Irmão, na pastoral vocacional; - o incremento da oração, para que o Senhor nos conceda esta graça. Renovação da nossa animação missionária - elaborando o respectivo Directório; - implementando a rotatividade dos Animadores; - dando maior participação aos leigos, particularmente na LIAM; Maior sensibilidade à dimensão da Justiça e Paz - prestando mais atenção aos grupos humanos mais desfavorecidos que nos rodeiam; - inculcando-a desde os primeiros anos da formação; Real solidariedade com os nossos confrades em missão “Ad Extra” Particularmente com os que se encontram em situações mais difíceis de modo que eles sintam a nossa união e o nosso apoio. Maior atenção à situação dos nossos empregados. - preparando o seu Estatuto (pedido pelo último capítulo Provincial). - dando, desde já, mais atenção a todas as dimensões da sua vida. O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994) 617 Foram constituídos grupos de trabalho para ajudarem a Província a reflectir sobre estas propostas. Reabertura do Seminário de Viana do Castelo A inauguração do Seminário de Viana restaurado efectuou-se a 16 de Maio, com Missa para convidados, visita às instalações e um lanche-convívio na varanda sobranceira à cidade. Estiveram presentes a maior parte das nossas comunidades, autoridades civis e locais, algum clero da diocese, as comunidades religiosas da cidade e redondezas, o corpo técnico das Obras e outras pessoas amigas. Na inauguração, o ecónomo provincial P. Abel Moreira Dias pronunciou o seguinte discurso, evocativo do acontecimento: “Caros amigos Ao iniciarmos esta cerimónia de reabertura do Seminário das Ursulinas, que diria quase privada, permiti-me um pouco de história a modo de introdução e ambientação. Resumiria tudo em três palavras: - Um sonho de há 103 anos. - Uma realidade que durou 66 anos. - Uma esperança num futuro que colocamos na mão de Deus. 1. Um sonho. - Em Janeiro de 1885, o P. Emmonet, Superior Geral da Congregação do Espírito Santo, de visita à comunidade de Braga, constituída pelo Colégio do Espírito Santo (hoje Liceu Sá de Miranda), aproveitando essa permanência em Braga, deslocou-se a Viana do Castelo, em companhia do Assistente Geral P. Barillec e do P. Eigenman, superior da comunidade de Braga. Passamos a citar o Buletin Géneral de la Congrégation do Saint Esprit: “Nesta cidade encontra-se um antigo convento das Ursulinas, cuja última religiosa acaba de falecer. Espera-se obter do Governo a cedência deste convento a fim de aí fundar uma escola agrícola e profissional e o noviciado dos Irmãos para a missão da Huíla. Local magnífico, à beira mar, terreno extenso e de boa qualidade, numa palavra uma propriedade perfeitamente apropriada ao fim em vista”429. Nada mais sabemos. O Superior Geral regressou a França, onde chega para a festa do Pentecostes. Passam-se os anos. Surgiu a Revolução de 1910. Todos os bens nos foram confiscados, os alunos dispersos e os missionários fogem para o estrangeiro. Algo terá ficado na memória dos homens, para que este sonho se torne uma realidade em 1922. 2. Uma realidade. - Com efeito a 3/11/1922, na Rua de S. Julião em Lisboa, assinava-se a escritura notarial de compra do convento das Ursulinas. O sonho de 1885 torna-se uma realidade 37 anos depois. De 1922 a 1952, aqui funcionou o curso de Teologia, período em que foram ordenados 156 novos sacerdotes, a maioria dos quais terá sido mesmo ordenada nesta igreja dos Santos Mártires, onde nos encontramos neste preciso momento. De 1952 a 1958, permanece neste seminário somente o curso de Filosofia, após a partida do curso de Teologia para Carcavelos. 429 BGCSSp. 1895 p. 551 e sts 618 Adélio TORRES NEIVA De 1956 a 1980, passa a Seminário Menor, com a instalação neste edifício do então 1º ciclo liceal. Reduzida a uma pequena comunidade espiritana desde 1980, o problema do futuro do seminário começou a colocar-se quer a nível interno como externo. Foram mesmo estabelecidas negociações com a diocese de Viana do Castelo, que andava à procura de instalações para a abertura do seu seminário diocesano. Não foi possível tal cedência por se não ter conseguido encontrar na cidade de Viana do Castelo, uma casa adaptada à instalação da comunidade espiritana que teria de abandonar o seminário. Aliás, já no fim da fase final dessas negociações, ao analisar o dossier documental desta casa, viemos a descobrir uma cláusula existente na escritura de doação, pela qual no dia em que este seminário deixasse de estar ao serviço da Congregação, reverteria novamente a favor do doador ou dos seus herdeiros, descendentes por linha de primogenitura. Tentamos mesmo, diga-se só aqui entre nós, furar as malhas da lei. Conseguimos furar a primeira mas caímos na segunda. A hipótese de transferir este seminário para a diocese era totalmente inviável, nem que tivéssemos chegado a um acordo, após haver encontrado uma casa que nos substituísse esta. Para todos aqueles (dentro ou fora da Congregação, dentro ou fora dos meios eclesiásticos) que sonharam com tal solução, aliás justa, que este facto lhes sirva ao menos de lenitivo ao seu desgosto. 3. Uma esperança. Fica uma única hipótese válida de pé – reparar a casa para nosso uso presente e futuro. Não tínhamos outra solução, atendendo mesmo à degradação em que se encontrava. Assim se procurou fazer uma revisão profunda da casa, de modo que a sua polivalência pudesse enfrentar as múltiplas aplicações que o futuro trará inevitavelmente. Com efeito, passa o tempo, passam os homens e passam ainda mais depressa as vontades dos mesmos homens. Resta a esperança no futuro que está nas mãos de Deus. Uma pergunta: Quem e como foram financiadas estas obras que todos sabemos serem hoje em dia muito dispendiosas? Pondo de parte pormenores que não interessam para aqui, respondo que foram duas ou três pessoas que usando do seu engenho e usando das estruturas nacionais da Congregação e sobretudo das estruturas internacionais da mesma, encontraram tais fundos na sua totalidade. Palavra final. Uma palavra amiga a todos aqueles que permitiram a consolidação desta esperança. Seja-me permitido salientar aqueles que mais directamente ficam ligados a este projecto: a Câmara Municipal de Viana do Castelo, na pessoa do seu presidente Eng. Tiago Delgado; Dr. Ribeiro Rodrigues, que me ajudou nos primeiros passos junto da Câmara e do GAT (Gabinete de Apoio Técnico das câmaras do Vale do Lima), na pessoa do seu director Eng. Guerreiro; Arquitecto Luís Coutinho e Arq. Cameira, Eng. Nina e Eng. Novo, Sr. Rodrigues e Sr. Carlos Alberto, Empreiteiros Casais e seus técnicos, todos os trabalhadores aqui O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994) 619 representados pelo seu encarregado Sr. Costa. Uma palavra especial para o P. António Rodrigues Ferreira, um homem sempre presente e sempre optimista, que foi um contínuo construtor desta esperança que a todos nos anima. A competência de todos não precisa de encómios. Estará bem presente na obra que visitaremos dentro de momentos. A amizade de todos foi uma realidade. É belo trabalhar em harmonia, com entusiasmo – diria mesmo – com amor. Sobre o altar, nesta Eucaristia, com que começamos esta singela cerimónia, toda a Congregação aqui representada pelo P. Provincial que preside a esta Eucaristia e por todos os superiores das nossas comunidades em Portugal, repito, toda a Congregação coloca o seu grande obrigado sobre este altar. Que Deus a todos recompense com infinita generosidade. O Conselho Provincial, a pedido da Casa Generalícia, para que a entrega da “Regra de Vida” se revestisse de uma certa solenidade, determinou na sua reunião de 28 de Dezembro de 1987, que esta entrega se fizesse no Fraião no dia 19 de Março para os confrades do Norte e na Torre da Aguilha, a 25 de Março, para os confrades do Sul. Esta entrega foi feita na Eucaristia e precedida de uma semana de preparação. Segundo a “Regra de Vida”, cada comunidade, além de um superior, deverá ter um vice-superior e um conselho. Para as comunidades “grandes” é o conselho de circunscrição que determina a forma da constituição deste conselho. O Conselho Provincial designou como comunidades “grandes”, as seguintes: Godim, Fraião, Silva, Lisboa, e Torre da Aguilha, devendo por isso em todas elas ser constituído este órgão. Também, segundo as orientações da “Regra de Vida”, todas as comunidades devem elaborar o projecto comunitário. A Assembleia Provincial da Páscoa foi orientada pelo P. Alphonse Gilbert e versou sobre a “Regra de Vida”. Os retiros provinciais deste ano foram orientados, o do Fraião por D. Jorge Ortiga e o da Torre da Aguilha pelo P. Mário Pires. Os membros da equipa provincial fizeram várias visitas aos confrades do exterior: assim o P. Manuel Durães Barbosa, da equipa anterior, partiu a 15 de Janeiro de 1986 para Angola a fim de participar no Capítulo Provincial, seguindo depois para S. Tomé; o P. José de Castro Oliveira participou no Capítulo Provincial da França de 4 a 11 de Julho e na Reunião dos Superiores maiores em Roma, de 19 a 23 de Setembro; de 21 a 25 de Novembro esteve em Paris a fim de participar da reunião dos Provinciais da Europa. O P. José Lopes de Sousa participou na reunião conjunta dos Distritos do Brasil, tendo partido a 14 de Julho e regressado a 2 de Setembro. O P. Firmino Cachada visitou a Guiné-Bissau (Missão de Caió) integrando uma equipa de JSF, que foi lançar os fundamentos da Escola de Caió. E tomou parte na reunião das Comissões Espiritanas de Justiça e Paz da Europa, em Gentinnes a 8 de Novembro de 1988. 620 Adélio TORRES NEIVA Na reunião dos Formadores da Europa, realizada em Gemmert, de 11 a 15 de Novembro de 1988, estiveram presentes os PP. José Lopes de Sousa, Mário Pires e Agostinho Tavares. A Província, com a Editorial LIAM, aderiu à Associação dos Editores Católicos (A.D.E.C.), aprovada pela Conferencia Episcopal Portuguesa em 1985. O Conselho da Formação, de 3 de Março de 1988, deliberou que a Festa de Poullart des Places fosse celebrada a 2 de Outubro, aniversário da sua morte. O sector da Formação assumiu também a decisão já tomada de fazer da Casa do Regado, no Porto, a Casa de Filosofia e decidiu que o noviciado seja feito só após o 1º Ciclo (Filosofia), não se justificando assim o 12º ano de escolaridade. Todavia, no próximo ano, funcionarão duas “Casas de Filosofia”: Regado e Espadanido; o Regado para os que ainda não fizeram o noviciado e o Espadanido para os neo-professos, pois os ritmos de caminhada destes grupos são diferentes. De 1 a 27 de Agosto de 1988, teve lugar em Kimmage, na Irlanda o Mês Espiritano, de preparação para os votos perpétuos; nele participaram dois portugueses. Na segunda quinzena de Julho, teve lugar em Gentinnes o Encontro de Jovens Espiritanos da Europa, em que participaram dois portugueses: o Aristides Torres Neiva e o Alfredo Teixeira de Matos. A sessão de Formação Permanente do Natal, que este ano teve como tema a Encíclica “Solicitude Social da Igreja”, foi orientada pelo Dr. Roque Amaro, da Comissão Nacional de Justiça e Paz e pela Dra. Tomásia Santa Clara Gomes, do Graal. Também no verão se realizaram as costumadas iniciativas da animação missionária: a Peregrinação da Família Espiritana a Fátima, o Encontro Missionário dos Professores, II Encontro Nacional dos Jovens Sem Fronteiras e III Festival da Canção Missionária. Ano de 1989 O ano de 1989 foi particularmente marcado por um esforço de renovação da Formação e da Promoção Vocacional, sectores que foram reforçados com a vinda de novos elementos da missão “da extra”. Para a formação, vieram o P. Domingos Matos Vitorino, do Brasil e o P. Manuel David de Sousa, de Angola. Para a animação vocacional, pediu-se ao Brasil a presença do Irmão Pedro Falcão, que ficou a integrar essa equipa. O P. José Manuel Sabença foi colocado no centro de Benfica, ajudando na animação missionária e o P. Firmino Cachada passou de Benfica para a comunidade da Estrela. A frequência dos nossos seminários neste ano de 1989 era a seguinte: Fraião:16 alunos, no 7º ano (PN pois Godim entrou em obras), 23 no 8º e 15 no 9º; Silva: 36 alunos: 23 no 10º, 15 no 11º e 7 no 12º (com mais três a estudar fora): Regado : 1º Ciclo de Teologia (não professos): 4 alunos no 1º ano, mais 1 em experiência fora; Restelo: 1º Ciclo (Professos) 2 no 1º ano; II Ciclo: 1 no 5º O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994) 621 ano, 1 no 3º, 2 não professos. No Fraião, a equipa directiva do 7º ano (transferida para o Pavilhão Norte por causa das obras em Godim) era formada pelos P. Tarcísio dos Santos Moreira e Ir. António Brás, ajudados pelo P. Manuel Azevedo e aluno Amaro da Costa Teixeira; A equipa directiva do 8º e 9º anos era formada pelos PP. Manuel Martins Novais Ferreira, João Crisóstomo Nogueira e o teólogo Fernandino Pereira e P. António Abreu. A equipa da Silva era constituída pelos PP Eduardo Miranda, Mário Faria Silva e Veríssimo Manuel Teles. No Restelo, a equipa directiva era formada pelos PP. Mário Pires e Agostinho Tavares. Para a Animação Missionária foi nomeado como administrador o P. Manuel dos Santos Neves; para a animação vocacional missionária, na Boavista, o P. António Marques de Sousa; este centro passará para a Rua do Pinheiro Manso, nº 62, a partir de Janeiro de 1990. O Centro do Fundão foi fechado, continuando embora como pequena comunidade espiritana local. O P. Manuel da Silva Martins Sebastião foi nomeado Procurador Geral da Congregação a 21 de Junho de 1989, tendo-lhe antes a Câmara Municipal de Francisco Morato outorgado o título de Cidadão Moratense, em cerimónia de 31 de Maio de 1989, “por todo o trabalho pastoral e social desenvolvido na paróquia do Sagrado Coração de Jesus, da diocese de Bragança Paulista, desde 1977 a 1989”. O P. José da Lapa é nomeado Secretário da CNIR, cargo até aí exercido pelo P. Joaquim Macedo Lima. A equipa vocacional fica constituída pelos PP. Veríssimo Manuel Teles, António Luís Marques de Sousa e Ir. Pedro Falcão. O Conselho Provincial, na sua reunião de 1 e 2 de Junho de 1989, autorizou a cedência à “Rádio Marginal” na Torre da Aguilha, de salas junto às garagens, a título de aluguer e em condições bem definidas, que aí se veio a instalar. Como representantes ao Congresso dos Irmãos, a realizar em Chevilly de 2 a 5 de Junho, foram nomeados os Irs. António Brás, Nuno e Luís Pontes. Na sua reunião de 20 de Março de 1989, o Conselho Provincial aprovou em princípio o Directório da Animação Missionária. A 4 de Maio, confiou a “Política Editorial” à Animação Missionária, dado o seu carácter de consciencialização missionária. Nesta mesma reunião, foram nomeados os PP. Eduardo Miranda (da Comissão Justiça e Paz) e Ernesto Neiva para elaborarem um estudo sobre a situação dos nossos empregados e para acções imediatas de assistência, mormente espiritual, em ordem ao “Directório-Estatuto” para ser abordado no Capítulo Provincial. Quanto às diferentes vertentes da animação da Província, foram levadas a cabo as seguintes iniciativas: - Uma sessão de três dias de reflexão sobre a Formação, de 12 a 14 de 622 Adélio TORRES NEIVA Setembro. - A sessão de Formação Permanente do Natal teve como tema: “Comunidade Europeia, um desafio pastoral”, orientada por Frei Luís França, OP. - A Assembleia Provincial da Páscoa, realizada no Fraião de 28 a 30 de Março sobre a “Animação Missionária espiritana”, em que foi apresentado o novo Directório da Animação Missionária. - A IX Peregrinação da Família Espiritana a Fátima, a 1 e 2 de Julho - O XXVIII Encontro Missionário de Professores, realizado no Funchal de 24 a 30 de Setembro. Também neste ano, apareceu o primeiro número do “Semifa” (Seminário Menor em Família), orgão escrito de promoção vocacional e um “Directório do Postulantado”, ainda em esboço430. Também foi aprovado pelo Conselho Provincial, a 20 e 21 de Março de 1989, o Directório da Animação Missionária, que tinha sido largamente discutido no Conselho da Animação Missionária. Foi também neste ano de 8 a 20 de Maio, que se realizou, em Arusha, na Tanzânia, o Conselho Geral Ampliado, no qual participou o provincial P. José de Castro Oliveira. Em Angola assumiu as funções de provincial o P. Jerónimo Cahinga, em substituição do P. Bernard Duchêne. Entrega da Capelania do Monte Pedral Neste ano de 1989 foi mudada totalmente a razão inicial da nossa implantação na cidade do Porto. Contribuiu essencialmente para isso a concretização de um desejo acalentado já desde o início do provincialato do P. Manuel Durães: a instalação do I Ciclo de Teologia naquela cidade, para se aproveitarem os cursos da Universidade Católica. Como a restauração da casa de Viana estava concluída, foi possível fazer transitar para aí os confrades residentes no Regado. Até se construir a nova casa do Pinheiro Manso, o I Ciclo de Teologia começou a funcionar no Regado, em 1988-89, tendo como director o Responsável Provincial da Formação, P. José Lopes de Sousa e no serviço da Capelania do Monte Pedral o P. Joaquim Correia da Rocha. Não tendo ido avante a ideia da fundação da Paróquia do Monte Pedral e estando já a cidade melhor servida de paróquias, a do Carvalhido, a cujo território pertence o Monte Pedral, agora com igreja nova e servida dos respectivos espaços, a assistência espiritana da Capela do Monte Pedral, se bem que de grande significado na história da presença da Congregação no Porto, não passava afinal de uma ilha na paróquia a que pertencia. Achou-se bem, continuando a ajuda possível no Monte Pedral, como também na igreja paroquial, fazer a entrega ao respectivo pároco do cuidado directo da Capela da Imaculada Conceição do Monte Pedral. Do facto, se fez o seguinte 430 BPPCSSp. Jan-Dez 1989 p. 23-26 O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994) 623 comunicado à comunidade cristã do Monte Pedral: “Como é do conhecimento geral, o senhor padre Correia que trabalhou no Monte Pedral em dois momentos significativos da história desta comunidade, mais propriamente de 1952 a 1961 e 1988/89, vai retirar-se para Coimbra, por razões de saúde. Os superiores da Congregação do Espírito Santo colocados diante de tal facto e, na impossibilidade de encontrar outro para a tempo inteiro o substituir, apresentaram o problema ao sr. Arcebispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas. Ele próprio, sentindo enormemente a necessidade de sacerdotes para prover algumas paróquias da diocese que não têm padre, não teve outra alternativa senão, uma vez que a capelania do Monte Pedral faz parte integrante da Paróquia do Carvalhido, sobrecarregar o Pároco com o desempenho de mais este cuidado pastoral. Eu próprio sou testemunha da renitência do Sr. P. Dr. Borges de Pinho diante do Sr. Arcebispo que nos recebeu, a seu pedido, na passada Terça-Feira, dia 16, em aceitar tal incumbência, tão absorvido que está pelas dimensões da paróquia, a renovação pastoral e a orientação das Obras Assistenciais. Instado pelo sr. Arcebispo para que aceitasse, acabou por fazê-lo numa atitude de obediência ao bispo, própria de um verdadeiro Pastor marcado pela disponibilidade, espírito de serviço e zelo apostólico. Os Padres do Espírito Santo, a trabalhar na casa de formação do Regado, prestarão toda a colaboração possível na Paróquia do Carvalhido, onde o nosso pároco houver por bem solicitar o nosso trabalho. Significa isso que não nos afastamos de vós, mas continuamos juntos na construção desta igreja local, que é a nossa Paróquia, para que seja cada vez mais uma comunidade viva e actuante. Para que tal aconteça, é absolutamente necessário o nosso empenho na construção da unidade, que é sinal da autenticidade da nossa fé. A fé em Jesus Cristo só é autêntica quando vivida em Igreja, comunidade cristã concreta, reunida à volta de um pastor e guia, aceite e reconhecido como tal: neste caso o Rev. Padre Dr. Borges de Pinho que era e será agora não só de direito, mas de facto, o pároco desta comunidade de Monte Pedral! Ao senhor Padre Correia, e faço-o em nome da Congregação do Espírito Santo, agradecemos todo o seu trabalho nesta comunidade, que por onde estiver enquanto puder, continue sempre com o mesmo espírito de jovialidade e serviço. Pedia a toda a comunidade que rezasse cada vez mais pelas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias, para que o Senhor da Messe envie cada vez mais operários para a Messe. Rezemos pelas famílias para que sejam mais cristãs e que constituam o lugar privilegiado onde os jovens podem mais facilmente escutar o chamamento de Cristo e responder-lhe com generosidade e alegria. Disponhamo-nos a aceitar todos estes acontecimentos à luz da fé. Empenhemo-nos na construção do Monte Pedral, deixando-nos conduzir com humildade e espírito de colaboração, pelo nosso Pároco que está empenhado em fazer caminhar esta Paróquia segundo as exigência do Vat. II, onde os leigos têm papel preponderante, mas ainda muito carenciados de formação, à qual ele está a dar grande atenção para termos leigos mais conscientes e responsáveis. 624 Adélio TORRES NEIVA Monte Pedral, 29 de Setembro de 1989. P. José Lopes de Sousa” O ano de 1990 trouxe-nos algumas novidades: A 28 de Novembro de 1990 o Conselho Provincial decide transferir o Noviciado do Espadanido para a Silva, decisão que foi homologada pelo Conselho Geral a 4 de Janeiro de 1991431. Com a nomeação do P. Mário Pires para a Guiné-Bissau, foi nomeado para o substituir no Conselho Provincial, o P. António Ribeiro Laranjeira. No ano lectivo de 1991, a frequência dos nossos seminários foi a seguinte: Godim – 28 alunos, no 7º ano; Fraião – 31 alunos: 17 no 8º ano e 14 no 9º; Silva: 42 alunos: 15 no 10º ano, 19 no 11º, e 12 no 12º. Regado: 1º Ciclo de Teologia (não professos): 2 alunos no 2º ano e 8 no 1º, dois dos quais para Irmãos. No Restelo: I Ciclo: Professos: 2 no 2º ano. II Ciclo: 1 no 3º ano, 3 no 4º ano, 1 no 5º ano; um diácono em “Ano Pastoral” na Irlanda. As equipas directivas ficaram assim constituídas: Godim – P. Tarcísio dos Santos Moreira e Ir. António Brás; Fraião: PP. Manuel Martins, João Crisóstomo Nogueira e José Carlos Coutinho; Silva : PP. Eduardo Miranda, Mário Faria Silva e Ir. Pedro Falcão; Regado: PP. José de Sousa e Veríssimo Teles (este prioritariamente com a animação vocacional); Restelo: PP. António Laranjeira e José Manuel Sabença. O P. Agostinho Tavares, Mestre de Noviços, irá frequentar em Chevilly “L´Année de Formation pour Responsables de Noviciat”. É nomeado para o “Centro Espiritano de Pesquisa e Animação” (CEPA), orgão da Casa Generalícia. A animação missionária foi reforçada com a vinda do P. António Farias para o centro do Porto, o P. Domingos Matos Vitorino e o Ir. João Vieira da Cruz para Viana do Castelo. Viana do Castelo passa a dispor de um espaço de acolhimento para grupos até 40 pessoas que começará a funcionar em Dezembro deste ano. O centro do Porto, transferido da Boavista para o Pinheiro Manso, nº 62, onde vai também ser construída a nova casa da Teologia. O Centro de Animação Missionária da Boavista é encerrado, passando para o Pinheiro Manso. Por decisão do Conselho Provincial de 20/21 de Março de 1990, foi criado oficialmente o Arquivo Provincial, localizado na casa da Estrela, em local a determinar. Também no mesmo Conselho foi decidido criar um fundo para responder aos problemas de saúde, evidentes e urgentes e incomportáveis pelos orçamentos comunitários. Para custear as obras de restauro do Seminário de Godim e a construção da Casa da Filosofia no Pinheiro Manso, o Conselho Provincial na mesma reunião decidiu vender uma parcela dos terrenos da Aguilha. Esta venda situa-se na zona do “pinhal” com uma área de 10 hectares; o terreno foi adquirido por um 431 Actas o Conselho Geral d 53/91 1 O Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1988-1994) 625 consórcio internacional e destina-se à implantação de um centro empresarial de alta qualidade e tecnologia. Com esta receita, foi possível corresponder à campanha do Conselho Geral para a duplicação do capital do “Cor Unum” e constituir um “ Fundo para a saúde”, destinado a situações de confrades que precisem de ajuda extraordinária. Em ordem à preparação do V Capítulo Provincial, a Assembleia Provincial da Páscoa constou de uma sessão de discernimento sobre o espírito missionário da Província. De 20 a 30 de Agosto, 7 responsáveis da Formação estiveram em Salamanca num encontro sobre Discernimento Vocacional. Também neste ano saiu o 1º número do CLIP (Boletim de informação dos teólogos). A 16 de Janeiro, o P. Provincial teve também um encontro no Fraião com todos os confrades que trabalham no ministério paroquial, com reflexão e propostas a apresentar ao Capítulo Provincial. Neste ano de 1990 há ainda a salientar, a nível internacional, a Reunião dos Coordenadores “Justiça e Paz” da Europa, de 22 a 26 de Outubro na Alemanha que se debruçou sobre “Os “Espiritanos face aos problemas dos refugiados na Europa e no mundo”, o Encontro dos Formadores da Europa, na Irlanda de 8 a 13 de Novembro, e a reunião dos Provinciais da Europa, de 11 a 15 de Dezembro na Torre da Aguilha. A nível nacional, é de mencionar a constituição do Conselho Nacional da LIAM, formado pelos membros do Conselho da Animação Missionária mais as direcções diocesanas da LIAM, que teve a sua primeira reunião em Fátima a 14 de Janeiro e uma segunda reunião em Outubro na Torre da Aguilha. Nestes conselhos, entre outros assuntos, estudou-se sobretudo a revisão dos Estatutos da LIAM. Os Responsáveis de núcleo da LIAM tiveram também o seu II Encontro Nacional de 9 a 11 de Março, em Fátima. E os Jovens Sem Fronteiras realizaram o seu Encontro Nacional, a 21 e 22 de Abril, na Penha, em Guimarães. Em Janeiro deste ano, o jornal “Acção Missionária” celebrou os seus 50 anos de existência. Além de uma número especial, o cinquentenário foi celebrado a 25 de Janeiro na Comunidade da Estrela com um colóquio, sobre o tema “Comunicação Social e Evangelização”, presidido por D. Serafim Ferreira da Silva, Presidente da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais. Neste colóquio intervieram, além do director do jornal, P. Firmino Cachada, o jornalista António Marujo, o Dr. Cardoso Duarte, o P. Torres Neiva e D. Serafim. A Eucaristia de acção de graças foi presidida por D. Ernesto Costa, presidente da Comissão Episcopal das Missões. 627 Capítulo 67 V Capítulo Provincial (1990) O Conselho Provincial de 12 de Junho de 1989 nomeou uma Comissão Pré-Capitular, constituída pelos PP. Adélio Torres Neiva, José Lopes de Sousa, Agostinho Tavares e José Carlos Coutinho, que apresentou ao Conselho as seguintes iniciativas em ordem à preparação do Capítulo, que foram aprovadas e implementadas: - Tomar como lema do Capítulo: “Renovar o nosso espírito missionário na alegria e na esperança”. - Promover em todas as comunidades uma oração diária pelo bom resultado do Capítulo, que incluia a leitura de um texto da RVE e uma oração dos Fundadores ao Espírito Santo. - Enviar todos os meses a cada um, dos confrades um pequeno estudo sobre determinado ponto da RVE; - Enviar a todos os confrades um “Questionário-Sondagem” - Convidar o P. Nicolas, assistente geral, para orientar o retiro de abertura do Capítulo. Os textos de reflexão enviados aos confrades foram os seguintes: - O nome que recebemos: Congregação do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria; O Espírito dos Fundadores na RVE; A Vida Apostólica na RVE; A missão espiritana na RVE; O Espírito Santo e Maria na RVE; A Justiça e Paz na RVE; A Vida de comunidade na RVE. Foram também preparados vários textos de apoio: “A evolução da Missão na Congregação”; o “Estatuto dos Empregados”; as “Decisões de ordem jurídica a tomar”; o “Método proposto pela Comissão Pré-Capitular”; a “Assembleia da Páscoa/90” e a “Formação”. Como secretário do Capítulo foi nomeado o P. António Laranjeira O Capítulo realizou-se de 15 a 29 de Julho de 1990. Após o retiro de abertura, os trabalhos capitulares iniciaram-se com a leitura dos relatórios das diversas actividades e circunscrições da Província. A reflexão capitular incidiu em dois grandes temas e vários sub-temas: 1. Renovar o nosso espírito missionário na alegria e na esperança: - Fidelidade ao nosso ser espiritano. - Comunhão e solidariedade no viver e no agir. - Discernimento e coragem, frente aos novos desafios. 628 Adélio TORRES NEIVA 2. Decisões legislativas. Aqui deixamos algumas das propostas do Capítulo mais sugestivas. As grandes linhas de força que percorrem os documentos deste Capítulo pode dizer-se que são: um grande esforço de renovação do nosso espírito e redimensionamento das nossas casas e das nossas obras, uma atenção muito particular aos leigos e a sua crescente participação na nossa missão e um apelo muito forte à solidariedade nas suas diversas vertentes. 1. Quanto à fidelidade ao nosso ser espiritano: - Fazer um discernimento em ordem a responder a outras situações missionárias mais gritantes, quer em Portugal, quer em outro país. - Dispensar nos próximos anos uma atenção especial a Angola, à Guiné, bem como aos africanos em Portugal. - Estar atento à diversificação cultural dos nossos compromissos. - Criar um movimento constante que conduza ao estudo e reflexão da nova RVE até ao próximo Capítulo. - Elaborar um directório da Paróquia espiritana. - Implementar todas as comunidades o Projecto Comunitário. - Elaborar um Directório da Formação Superior até ao Capítulo Geral de 1992. - Encontrar uma solução estável para a residência do II Ciclo. - O II Ciclo teológico, normalmente feito em Portugal, esteja aberto à internacionalidade. - Que o Noviciado seja feito dentro da Província; que internacionalmente seja feito apenas quando aparecer alguma situação específica. - Durante ou imediatamente após a formação de base ou inicial, cada confrade faça, pelo menos, um ano de internacionalidade, para especialização pastoral ou outra formatura específica. - Nomeie-se um confrade ou crie-se um serviço que oriente, estimule e coordene acções concretas de formação permanente. - Elabore-se uma planificação de reciclagens, de curta e longa duração, segundo as situações missionárias, a identidade do ser espiritano e as necessidades dos confrades. - Que cada ano haja, pelo menos, um espiritano da Província em reciclagem longa. - Uma atenção particular às situações dos confrades idosos e doentes. 2. Quanto à comunhão e solidariedade no viver e no agir: - Haja reuniões programadas, sobretudo entre os Superiores das Circunscrições que têm maior número de confrades portugueses, em ordem ao planeamento da rotatividade e da formação permanente do pessoal, incluindo os estágios. - Procure o Conselho Provincial promover encontros/convívio dos nossos missionários vindos a férias, nos quais participem também outros membros da Província. - Crie-se um “Serviço de Solidariedade “ que intensifique e coordene as acções V Capítulo Provincial (1990) 629 promovidas neste âmbito, ao nível das comunidades, da Animação Missionária e da Procuradoria. - Apoie-se a geminação entre grupos de animação missionária ou paróquias com obras, projectos e comunidades nas circunscrições missionárias. - Que toda a Província assuma como uma das prioridades a procura de uma resposta concreta e efectiva às situações mais urgentes, como a que Angola está a viver. - Que cada comunidade no seu projecto comunitário, tenha em atenção a preocupação pela comunhão e solidariedade com os confrades em situações mais difíceis, estabelecendo inclusivamente gestos concretos de partilha. - Cada comunidade, no seu projecto comunitário procure inserir sempre as outras dimensões da vida da Província, nomeadamente Animação Missionária, Vocacional e Formação. - Continuem a promover-se encontros periódicos entre os confrades que trabalham no sector paroquial. - Continue-se atento ao desenvolvimento da internacionalidade ao nível da Formação, alargando cada vez mais a participação das iniciativas de carácter regional. 3. Quanto ao discernimento e coragem frente aos novos desafios - Prossiga-se o esforço em curso da promoção de vocações para Irmãos. - Continue-se a incrementar a formação e renovação dos membros da LIAM, na linha da vocação missionária laical. - Integrem-se os Jovens Sem Fronteiras no sector juvenil da Animação Missionária Espiritana, de modo que os animadores missionários os assumam como parte integrante do seu trabalho; - Proporcione-se aos JSF que o desejarem a possibilidade de uma experiência missionária “Ad Gentes”, bem conjugada com as Circunscrições que os acolherem. - Faça-se maior diversificação da Pastoral Vocacional, quer a nível geográfico, quer a nível dos espaços humanos. - Confie-se a um confrade o lançamento do Voluntariado missionário, quanto possível em colaboração com os IMAG e o desenvolvimento da cooperação dos Associados. - Desenvolva-se na pastoral vocacional e Animação Missionária, a ideia da Família Espiritana Alargada. - Apostar mais na pastoral dos imigrantes africanos. - Orientar a Formação Permanente em ordem a sensibilizar os confrades para o compromisso com os pobres, o testemunho do Evangelho de acordo com os novos tempos e a inserção nas igrejas locais. - O Conselho Provincial promoverá um estudo sobre a razão de ser das nossas obras e das nossas casas e respectiva implantação em ordem: - a um melhor aproveitamento das mesmas obras para a pastoral vocacional e iniciativas apostólicas; 630 Adélio TORRES NEIVA - a torná-las mais acolhedoras e disponíveis perante as solicitações que nos forem feitas por organismos ligados à Igreja ou organismos de solidariedade social, em particular no sentido da formação de jovens. 4.Quanto a decisões legislativas, foram tomadas as seguintes: - A escolha do Superior Provincial será feita por eleição em Capítulo ou Conselho Provincial Alargado, observando-se o que determina a RVE. - Os membros do Conselho Provincial, em número de seis, são escolhidos pelo Capítulo ou Conselho Provincial Alargado, após sondagem a todos os membros residentes na Província; o Provincial escolhe dois membros e os restantes são eleitos. - O Conselho Provincial determinará o número de delegados ao Capítulo Provincial a ser eleitos pelos espiritanos nomeados para a Província e o número de delegados dos espiritanos originários da Província e nomeados para outra circunscrição; estes últimos serão um quarto dos membros estabelecidos para o Capítulo. - O Conselho Provincial Alargado será formado pelos membros do Conselho Provincial e por delegados de todos os membros originários da Província, numa proporção de um por dez; um quarto desses delegados será de confrades nomeados para outra circunscrição. O Capítulo decidiu ainda sobre as missas a celebrar a quando da morte de um confrade, missas pelos parentes dos confrades falecidos, pelos benfeitores e pelas intenções do Superior Geral. Em Suplemento, o Capítulo fez ainda algumas propostas e recomendações sobre o “Estatuto dos Empregados” em ordem a uma maior formação humana e espiritual do pessoal de serviço na Congregação. O Conselho Provincial deverá nomear uma comissão de estudo que prepare o “Directório dos Empregados”. Os textos capitulares foram aprovados pelo Conselho Geral a 9 de Novembro de 1990432. Os capitulantes emitiram ainda dois comunicados, um, dirigido ao Secretário Geral das Nações Unidas, a apoiar o referendo da independência em Timor Leste e outro a pedir a Paz para Angola. Reproduzimos aqui os dois documentos. Carta dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas, apoiando o referendo em Timor Leste, preconizado pelo Bispo D. Ximenes Belo: Excelentíssimo Senhor Dr. Javier Perez de Cuellar, Secretário Geral da ONU Os Participantes no V Capítulo Provincial da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo tomaram conhecimento da carta que o Sr. Bispo de Timor-Leste, Carlos Filipe Ximenes Belo, enviou a Vossa Excelência. Na carta D. Ximenes Belo apela a Vª Ex.ª para que tome em consideração um referendo em Timor-Leste, conduzido pelas Nações Unidas, que permita ao Povo timorense decidir livremente do seu futuro. 432 D 91/90. A História de Provincia Portuguesa 631 A Igreja Católica em Timor-Leste, com o seu anterior Responsável, Monsenhor da Costa Lopes ou o actual, D. Ximenes Belo, tem firmemente acompanhado o povo no seu sofrimento e partilhado a sua aspiração de viver, um dia, em liberdade e dignidade. O apelo de Mons. Belo deve ser visto, não motivado por interesses pessoais ou sectários, mas corporizando os desejos do Povo no seu conjunto. Os Participantes neste V Capítulo Provincial apoiam inteiramente D. Ximenes Belo e juntam a sua voz à dele, para pedir a V.Ex.ª que faça tudo o que estiver ao seu alcance, com vista à realização de um referendo em Timor-Leste, que permita ao Povo timorense a livre escolha do seu próprio destino. Respeitosamente Torre da Aguilha, 1990.07.19. (Assinaturas) Apelo em favor da Paz em Angola Igualmente em ofício assinado por todos os presentes no Capítulo Provincial, dirigido a várias personalidades políticas, nacionais e angolanas, os capitulantes apoiaram a Paz e fim da guerra em Angola. Aos Senhores: Presidente da República Popular de Angola Presidente da UNITA Presidente da República Portuguesa Primeiro Ministro do Governo Português Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Excelentíssimo Senhor A Congregação do Espírito Santo está presente em Angola desde 1866. Desde então, centenas de seus missionários têm dado o melhor do seu esforço, não só à evangelização como ao desenvolvimento integral das populações de Angola. A história da Congregação do Espírito Santo em Portugal confunde-se, em boa parte, com a história da sua presença e da sua acção ao serviço da Igreja e do povo de Angola. Muitas missões e igrejas, mas também escolas, colégios hospitais e sobretudo, muitas cruzes em vários cemitérios atestam esta dedicação dos Missionários do Espírito Santo ao Povo angolano. Hoje, mais do que nunca, sentem-se solidários com a sorte das populações angolanas e comungam não só do seu sofrimento, causado pela guerra, mas também da sua inesgotável esperança de paz. Porque optaram ficar com o povo e sofrer com ele, alguns pagaram com a própria vida e outros trazem marcadas na própria carne, as consequências da sua opção corajosa. Todos, não obstante, conhecem e sentem de perto as provações e privações que o presente conflito entre irmãos angolanos tem provocado, praticamente em todo o país, ceifando milhares de vidas e arrastando consigo todo o dramático espectro de mutilados, deslocados, famintos, órfãos e famílias desfeitas sem conta, para além de uma economia completamente destroçada. É por esta razão que, num espírito de comunhão com os destinos de Angola, os delegados ao V Capítulo Provincial dos Missionários do Espírito Santo em Portugal, se sentem no dever de: 632 Adélio TORRES NEIVA 1º - congratular-se com os esforços já realizados pelas partes em conflito, em vista ao fim da guerra e à reconciliação da família angolana; 2º - recordar aos autores morais da guerra, de um lado e do outro, a responsabilidade que sobre eles pende de todas as misérias acima referidas e de todas as violações dos direitos humanos mais fundamentais que uma guerra civil como esta, necessariamente provoca e de que o povo angolano é vítima indefesa; 3º - apelar à proclamação e efectivação imediata de um cessar-fogo e a um maior espírito de diálogo de cada uma das partes, indispensáveis à procura de uma plataforma de convivência política e social onde todas as tendências e sensibilidades e sobretudo todas as pessoas sejam respeitadas; 4º - desejar um maior entendimento do Governo e do Povo português não só apoiando os esforços pela paz, como oferecendo o melhor da sua solidariedade, quer na solução dos problemas imediatos de Angola, quer na reconstrução do país e suas estruturas; 5º - continuar a oferecer o seu próprio apoio, por todos os meios ao seu alcance, a esta reconstrução de uma Angola onde todos se possam sentir felizes em viver. Com as mais respeitosas saudações Lisboa, 26 de Julho de 1990 (Seguem as assinaturas) Na sua reunião de 17/19 de Outubro, o Conselho Provincial reflectiu particularmente sobre a implementação das orientações do V Capítulo Provincial na Província, constituiu a equipa coordenadora do “Serviço Espiritano de Solidariedade” que ficou constituída pelos PP. Firmino Cachada, Casimiro Pinto de Oliveira, António Laranjeira e Carlos Salgado, a qual devia estabelecer uma estratégia que envolvesse toda a Província. Esta estratégia incidiria sobre duas frentes: 1º apoio de emergência às populações em dificuldade, através do envio de contentores com alimentação, vestuário, calçado, cobertores, material de costura, material médico e escolar; 2º apoio a pequenos projectos de desenvolvimento e de promoção humana, a mais longo prazo. Foi proposto aos IMAG o P. Arlindo Amaro como nosso representante para a equipa do Voluntariado com a possibilidade de pôr à disposição deste organismo a casa do Espadanido. A elaboração dos diversos DIRECTÓRIOS exigida pelo Capítulo foi também confiada aos mais directos interessados: Formação Superior ( P. José de Sousa e António Laranjeira), Paróquias (P. Agostinho Pereira da Silva) e Empregados (P. Marcelino Duarte Lopes, Eduardo Miranda e José de Sousa). A Assembleia do Natal teve em vista uma maior sensibilização para a problemática da “Solidariedade” e das “minorias”, constante das orientações do V Capítulo Provincial. 633 Capítulo 68 A Casa da Teologia, no Pinheiro Manso, Porto Um pinheiro que passou à posteridade T ransversal da Avenida da Boavista, mais ou menos a meio caminho entre a Rotunda e o Castelo do Queijo, a Rua do Pinheiro Manso tomou o nome de um majestoso pinheiro que ali cresceu durante séculos e que um violento ciclone derrubou no dia 15 de Fevereiro de 1941. Embelezando um pequeno espaço relvado à entrada da rua, ergue-se hoje uma árvore de dimensão mediana, que mais não é do que modesta sucessora. Magalhães Basto, citando o botânico Américo Pires de Lima, adianta que o pinheiro consagrado no nome da rua chegou a ser considerado “imóvel de interesse público”. E devia ser, de facto, uma árvore de porte impressionante, já que a acreditar numa informação divulgada por Cunha Freitas, existe uma referência ao topónimo Pinheiro Manso, datada de 1589. Terá sido nesse ano que uma família de sobrenome Cabaças, abriu, perto do local onde hoje se ergue a igreja de Ramalde, um estabelecimento de mercearia. No entanto, por essa época, poucas casas haveria na zona do Pinheiro Manso, que só começou a ser sistematicamente urbanizada a partir do final do século XIX. Na esquina da Avenida da Boavista, onde se construiu há pouco mais de vinte anos, um bloco de prédios de habitação – cujo rés do chão, na face voltada para a avenida, é hoje ocupada pela Cervejaria Cufra – existiu uma quinta, adquirida em 1902 por um brasileiro, que nela mandou edificar um palacete. A casa manteve-se de pé até 1971, quando foi demolida para dar lugar à actual urbanização. De extensão modesta - termina na igreja de Ramalde - e afastada do centro da cidade, a Rua do Pinheiro Manso concentra, ainda assim, um razoável número de “instituições”, embora o termo, que por isso mesmo vai entre aspas, se possa considerar um tanto pomposo quando aplicado a alguns edifícios que vamos referir. Entrando pela Avenida da Boavista, encontramos a meio caminho, à esquerda, o Asilo dos Velhinhos do Pinheiro Manso, um grande edifício de linhas agradáveis, separado da rua por uma ampla zona ajardinada. Construído num terreno que pertencera a um inglês de apelo Wright, foi inaugurado em 1900. Do mesmo lado, temos ainda uma esquadra da polícia, uma sede do PSD e um centro de trabalho do PCP. Na margem direita, o destaque vai para o Clube Suíço e para um recente e apetrechadíssimo Centro de Educação Física, instalado no terreno de uma velha fábrica. 634 Adélio TORRES NEIVA No último troço da rua, entre a rua do Dr. Melo Leote (antiga Travessa do Pinheiro Manso) e a Igreja de Ramalde, só o próprio templo e o cemitério anexo merecem menção. Na esquina com Melo Leote, ergue-se agora uma novíssima urbanização, mas se prosseguirmos em direcção à Igreja e olharmos à direita, veremos ainda campos de lavoura, vestígios que atestam a marca de ruralidade que, ainda há poucas décadas, caracterizava toda esta área ocidental do Porto. Na verdade, o Pinheiro Manso, e toda a freguesia de Ramalde a que pertence, não integrava, ainda há coisa de um século, os limites oficiais do burgo. Ramalde, como muitas outras freguesias do Porto actual – Foz do Douro, Nevogilde, Lordelo – incorporava o Julgado Municipal de Bouças, que abraçava também o actual território de Matosinhos. Com a reforma de 1835, o Julgado de Bouças, já amputado das freguesias da Foz e de Lordelo, ascendeu a concelho. E, em 1909, perdia também para o Porto a freguesia de Ramalde, e passa a denominar-se concelho de Matosinhos. A seguir à Igreja, o prolongamento da Rua do Pinheiro Manso toma o nome de Rua da Igreja de Ramalde, não lhe pertencendo já, portanto, o mais notável edifício local a Casa de Ramalde, obra atribuída a Nazoni, onde funciona a Delegação Regional do IPPAR (ex-Instituto Português do Património Cultural). Conhecida também por Casa Queimada, em virtude do incêndio que sofreu em 1809, provocada pelas tropas francesas, a Casa de Ramalde terá sido remodelada, sob a orientação do célebre italiano, por volta de 1748.433 O Seminário do Pinheiro Manso Por decisão do Conselho Provincial, em fins de 1988, o P. José Lopes de Sousa, foi incumbido de procurar um terreno na cidade do Porto que satisfizesse as necessárias exigências para implantar a casa de formação ao nível do Iº Ciclo de Teologia, até aí a funcionar na Rua Nova do Regado. Na verdade, havia-se chegado à conclusão de que a casa da Rua Nova do Regado, 250, a funcionar desde o ano lectivo 1988/89, não reunia as necessárias condições de localização e espaço para uma obra de formação. Após três meses de aturada procura, surgiu uma hipótese na Rua do Pinheiro Manso, 62, na manhã de 18 de Abril de 1989. A maneira rápida e eficaz com que se concretizou a referida compra (as pessoas responsáveis da Província encontravam-se todas no norte do país, sendo por isso possível reuni-las rapidamente) levou a crer que S. José teve papel preponderante na resolução deste problema. Com efeito, numa visita às Irmãzinhas dos Pobres, instaladas na mesma rua, e sempre na tentativa de obter informações sobre um possível terreno, elas manifestaram a alegria e grande desejo de que viéssemos habitar mais perto delas para as podermos ajudar. Precisavam muito de um Capelão! E logo prometeram rezar muito a S. José que nunca lhes falta em seus pedidos e necessidades. Este 433 QUADROS, Luís Miguel no jornal “O Público” de 16/01/1994 A Casa da Teologia, no Pinheiro Manso, Porto 635 assunto, sabemos, foi colocado à atenção das Irmãzinhas numa reunião comunitária, realizada na noite daquele mesmo dia. O certo é que poucos dias depois, o terreno apareceu. Fez-se o contrato de compra e venda. E as Irmãzinhas dos Pobres acabaram por ter o desejado capelão pertencente à Congregação do Espírito Santo. Na manhã daquele dia 18 de Abril de 1989, fomos recebidos pelo proprietário daquela casa, o Sr. Coronel António Teixeira da Rocha Pinto, exGovernador Civil do Porto e sua esposa D. Maria das Dores Macedo Lopes Martins, em cujo nome se encontrava o referido imóvel. Como consta do contrato de compra e venda e respectivas fases de execução do pagamento, foi oficializada a compra por escritura no Cartório Notarial de Gondomar, no dia 19 de Outubro de 1989. Entretanto, foi encomendado à Iperforma, Sociedade de Arquitectura e Engenharia Civil, nas Capela da Comunidade pessoas do Sr. Engenheiro Daniel Quintã e do Sr. Arquitecto José Alves da Silva, um ante-projecto que foi aceite pelo Conselho Provincial. O respectivo pedido de viabilidade de construção foi submetido à Câmara Municipal do Porto no dia 20 de Dezembro de 1989. Tendo obtido parecer favorável da Câmara Municipal, foi organizado o respectivo dossier de arquitectura e engenharia cujo processo de licenciamento entrou na Câmara Municipal do Porto no dia 10 de Outubro de 1990. Tínhamos sido advertidos da complexidade burocrática da Câmara Municipal que dificultava e prolongava por demasiado tempo a oficialização de qualquer processo de licenciamento. Por isso, o P. José Lopes de Sousa fez um acompanhamento estreito de todo o processo que veio a determinar o seu rápido licenciamento. E mais depressa não foi porque a Iperforma não deu o necessário andamento ao projecto de cálculos, tendo-o confiado a um engenheiro particular que, ao fim de três meses, manifestou a sua incapacidade para o executar. Agora entregue ao Eng.º Augusto Pinto de Magalhães, num mês conseguiu a sua execução. Foi este engenheiro que acompanhou a obra até ao fim. Agora na posse de todos os dados necessários, a Câmara Municipal do Porto autorizou que o processo de concurso da 1ª fase (estruturas) fosse lançado, mesmo sem a concessão da licença. Esta foi concedida a 05 de Outubro de 1991. Assim, no dia 1 de Junho de 1991 foi aberto o concurso ao qual concorreram as seguintes empresas: António Fernandes Casais e Filhos, Lda, ECOP – Arnaldo de Oliveira, Soares da Costa, Construções Técnicas, Teixeira Duarte. Abertas as propostas no dia 11 de Julho de 1991, o sr. António Casais colocou-se em melhores condições pelo que a execução da 1ª fase da obra lhe foi 636 Adélio TORRES NEIVA atribuída pelo valor de 82.000 contos. Aqui registamos algumas datas significativas do processo da construção: - No dia 15 de Agosto de 1991, a Empresa Casais prepara o terreno, cortando os arbustos e abrindo o portão; - No dia 19 de Agosto começam as escavações pela empresa José Ribeiro Lda; - No dia 4 de Setembro faz-se a betonagem das fundações; - No dia 29 de Outubro é fundida a 1ª laje das salas de banho do auditório; - No dia 30 de Novembro é betonado o tecto do ginásio (piso do refeitório, etc.); - No dia 23 e 24 de Janeiro de 1992 é fundida a laje do 1º andar; - No dia 7 de Fevereiro é fundida a laje do 2º andar; - No dia 20 de Fevereiro é colocada a laje da cobertura; - No dia 27 de Março é betonada a laje do piso da capela. O processo de concurso para a 2ª fase (acabamentos) foi apresentado às seguintes empresas: António Fernandes Casais, Lda, ECOP, - Arnaldo de Oliveira, COMPORTO, CONTACTO. Abertas as propostas, a fase de conclusão das obras foi entregue ao sr. António Casais pela quantia de 172 mil contos. Esta fase de acabamento, pela sua complexidade nas decisões a tomar quanto a materiais a utilizar e pormenores de arquitectura a exigir estreito acompanhamento, prolongou-se por vinte meses. A aprovação do Sr. Bispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas é de 20 de Março de 1991. Diz o seguinte: “Fazemos saber que pela Congregação dos Missionários do Espírito Santo nos foi requerido o consentimento previsto em Direito, nomeadamente o cânon 809-2, do Código do Direito Canónico, para a instituição duma Comunidade à Rua do Pinheiro Manso, nº 62, desta cidade do Porto, destinada principalmente a residência dos Estudantes de Teologia. Atendendo ao pedido e razões expostas, HAVEMOS POR BEM conceder a autorização requerida. Porto, 20 de Março de 1991. Júlio, Arcebispo-Bispo do Porto. O Chanceler”. Logo a seguir à compra da propriedade, em Janeiro de 1990, o Centro de Animação Missionária transferiu-se da Boavista para a antiga casa do Pinheiro Manso, nº 62, ficando a casa da Boavista devoluta até 1995, ano em que foi alugada ao Instituto alemão. Para aqui veio a equipa da Boavista, formada pelos PP. António Marques de Sousa, Norberto Cristóvão, António Moreira e Serafim Marques de Sousa. A inauguração do Seminário estava prevista para 27 de Maio de 1993, a festa do Coração Imaculado de Maria, um dia muito querido para os Espiritanos, mas não tendo sido possível a inauguração celebrou-se a 19 de Junho de 1993. Alguns dias antes tinham-se transferido para aqui os estudantes do I Ciclo de Teologia. A equipa directiva desse ano de 1993 era constituída pelos PP. José Lopes de Sousa, director e ecónomo, e Veríssimo Manuel Teles, sendo superior o P. José Alves. No ano seguinte, 1994, veio juntar-se o P. José Martins da Costa como responsável da equipa de animação vocacional. No ano de 1995, o P. António Farias foi nomeado director do II Ciclo de A Casa da Teologia, no Pinheiro Manso, Porto 637 Teologia e a comunidade do Pinheiro Manso ficou formada pelos PP. José Lopes de Sousa, Jorge Veríssimo, Eduardo Augusto Guedes Osório, nomeado para a equipa da animação missionária e José Costa. Os aspirantes eram 9: 3 no 2º ano de Teologia, 5 no 1º e 1 no 12º do Curso Secundário. Em 1997, veio para o Pinheiro Manso como superior e director do I Ciclo de Teologia o P. José Manuel Matias Sabença, indo o P. José de Sousa fazer um ano de reciclagem no Brasil; a ecónomo ficou o P. José Martins da Costa. Em Setembro de 2002, a comunidade dp Pinheiro Manso acolheu os Jovens Espiritanos Professos para a Formação do II Ciclo de Teologia, continuando o mesmo director que, no ano seguinte, viria a ser substituído pelo P. João David do Souto Coelho. Os outros membros da comunidade, nesse ano, eram os PP. Manuel dos Santos Neves, ecónomo, Domingos de Matos Vitorino, animador missionário, e José Maria de Sousa. A comunidade, além da capelania diária das Irmãzinhas dos Pobres, colabora na paróquia de Gandra, Ramalde, Matosinhos, etc. Os jovens visitam os presos no estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo e ajudam os velhinhos do Lar das Irmãzinhas dos Pobres. 639 Capítulo 69 O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994) O Conselho Geral decidiu prolongar o mandato do P. José de Castro Oliveira, como superior provincial de Portugal até 01 de Agosto de 1991, por motivo do Conselho Provincial Alargado, a realizar em Julho desse ano (Dec. 24/91), com data de 19 de Março de 1991. E ratifica o prolongamento do mandato por mais três anos, devido à sua recondução no Conselho Provincial Alargado. Conselho Provincial Alargado (17-19 de Julho, no Fraião) Este Conselho Provincial Ampliado aparece-nos como o acontecimento marcante do ano de 1991. O seu objectivo foi clarificado com a devida antecedência: redimensionar as casas e obras da Província e eleger o novo superior provincial. A preparação começou por um estudo deste redimensionamento, para o que foi nomeada uma comissão constituída pelos PP. Eduardo Miranda, Carlos Salgado, Veríssimo Teles e José Manuel Sabença. Esta equipa subdividiu o seu trabalho por outras sub-equipas que estudaram a Terceira Idade, a problemática da Casa do Fraião, a problemática da Torre da Aguilha e a Animação Vocacional. A equipa propriamente encarregada de preparar a realização do Conselho Alargado foi constituída pelos PP. Provincial (José de Castro), Torres Neiva, Eduardo Miranda e José Manuel Sabença. A Assembleia Provincial da Páscoa, orientada pela equipa do redimensionamento, seria como que um plenário de todo o trabalho já feito. Entretanto, procedeu-se à votação dos participantes no Conselho Provincial Alargado: membros do Conselho Provincial e dos candidatos ao cargo de provincial. O Conselho Ampliado realizou-se no Fraião de 17 a 19 de Julho, tendo sido apresentados os seguintes instrumentos de trabalho, fruto do estudo das respectivas equipas: 1°. Fidelidade ao ser espiritano. Comunhão e Solidariedade no ser e no agir. Discernimento e coragem frente aos desafios. 2°. O problema dos confrades idosos. 3º. A Promoção Vocacional. 4°. Redimensionamento da Torre da Aguilha. 5º. Redimensionamento do Fraião. 640 Adélio TORRES NEIVA 6°. Comunicação do Conselho de Formação. 7°. Propostas da Comunidade de Teologia. O secretariado foi exercido pelos PP. José Ferreira da Cunha e Fernandino Ilídio Cardoso Pereira. Deste Conselho Ampliado foram publicados os seguintes textos: - Como intensificar as formas de comunhão. - Elementos para uma política da Terceira Idade. - Promoção Vocacional. - Redimensionamento das casas do Fraião e da Torre da Aguilha. Pela própria natureza do Conselho Ampliado, trata-se mais de um órgão consultivo e de opinião do que uma instância de decisão. Destacamos algumas das directivas apontadas: Quanto ao modo de intensificar as formas de comunhão - Elaboração de um plano de acção para os próximos três anos; - Fazer uma planificação a todos o níveis, de pessoal, de reciclagens e de rotatividade; - Fazer do “Missionários Espiritanos” o órgão de comunhão e de partilha na Província; - Ter um tema e um lema dinamizadores da Província para cada ano; - Elaboração do Projecto Comunitário em todas as comunidades; - Prever e fornecer momentos de partilha de vida, comunicação e convívio nas comunidades; - Que as comunidades se visitem mutuamente; - Que os responsáveis pelos diversos sectores da Província visitem as comunidades e informem sobre a caminhada do respectivo sector; - Encontro anual inter-sectorial para programação e avaliação das actividades; - Onde for possível, fazer equipas mistas; - Intensificar o movimento de solidariedade entre a Província e as diversas Circunscrições; - Procurar melhorar o acolhimento aos confrades doentes que regressam das missões. Quanto aos elementos para uma política de Terceira Idade - Enquanto puderem, os confrades idosos fiquem nas respectivas comunidades; - Em princípio, os confrades doentes sejam tratados nas nossas comunidades; - Fraião, Aguilha e Viana serão as casas preparadas para acolher os doentes e idosos, embora nelas haja sempre outras actividades; - O Fraião terá um sector para a terceira idade e, simultaneamente, um espaço devidamente adaptado para acolher doentes altamente dependentes. - Na Aguilha sejam libertados espaços para acolher a Teologia. - Em cada comunidade mais ou menos numerosa haja 2 ou 3 quartos minimamente adaptados para acolher os mais idosos e doentes. O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994) 641 - Um dos membros do Conselho Provincial seja particularmente responsabilizado pela terceira idade; poder-se-á criar um Conselho da Terceira Idade, bem como um Director Espiritual. - Promovam-se acções de reciclagem não muito longas; - Os confrades da terceira idade sejam informados das actividades e preocupações da Província. Quanto à Promoção vocacional - Que se organize anualmente um Plano de pastoral Vocacional de Conjunto, elaborado pelos três sectores prioritários da Província: Formação, Animação Vocacional e Comunidades. - Que haja um Coordenador Principal a tempo pleno. - Que nos seminários haja, tanto quanto possível, ‘equipas integradas’, isto é, onde os serviços da Formação, Animação Vocacional e Missionária estejam devidamente entrosados, sem prejuízo da finalidade primeira dos seminários. - Os seminários devem ser cada vez mais centros de promoção vocacional. Quanto ao redimensionamento das Casas do Fraião e da Torre d’Aguilha - O Fraião deve ser Centro para Confrades altamente dependentes e Casa de Formação para o 8° e 9° anos, pelo menos. Ventilou-se ainda a possibilidade de ali instalar um centro de animação missionária e vocacional e um espaço no Pavilhão Norte para cursos e retiros. - A Aguilha deverá funcionar como Casa de Retiros e Casa de Teologia, Comunidade Espiritana de 3a Idade e, pelo menos por enquanto, Lar de 3a Idade dos Assuntos Sociais. Deste Conselho, saiu a eleição do P. José de Castro Oliveira como Provincial re-eleito e a do Conselho Provincial, assim constituído: P. José de Castro Oliveira - Provincial; P. Manuel Marinho de Lemos Couto 1° Assistente e Director da Animação Missionária; P. José Lopes de Sousa - 2° Assistente e Director da Formação; P. Adélio de Almeida Torres Neiva; P. António Ribeiro Laranjeira; P. António Luís Farias Antunes (por escolha do Provincial); P. Carlos Salgado Ribeiro (por escolha do Provincial); P. Marcelino Duarte Lopes - Ecónomo Provincial. Linhas programáticas para o triénio de 1991-1994 Este conselho, que foi homologado pela Casa Generalícia no âmbito das suas competências, tendo em conta as orientações do V Capítulo Provincial e do Conselho Ampliado, propôs à Província as seguintes linhas programáticas para o triénio de 1991-1994: “CRESCER EM COMUNHÃO” 1. Intensificar a comunhão e o empenho pela Missão ‘Ad Gentes’ 642 Adélio TORRES NEIVA A nível provincial Promover uma maior partilha de informações entre os vários sectores da vida da Província, nomeadamente: - pela visita dos Responsáveis de Sector às comunidades para informar sobre a situação do respectivo Sector; - pelo envio às Comunidades de preocupações e projectos, temas e decisões de interesse comum, tomadas nas reuniões e respectivos conselhos; - por uma maior partilha de pontos de vista entre os diferentes Sectores: - pela transformação de MISSIONÁRIOS ESPIRITANOS no grande órgão de comunhão e partilha na Província; Intensificar a comunhão e partilha da vida, através de: - uma maior partilha da fé e das actividades apostólicas na comunidade; - a inserção no projecto comunitário das grandes prioridades da Província; - a formação, tanto quanto possível das chamadas ‘’Equipas integradas”. A nível das circunscrições - Manter sempre vivo na Província o espírito missionário “Ad Gentes”; - Fomentar o diálogo entre as circunscrições para maior intercâmbio dos seus projectos e necessidades; - Planificar a rotatividade e o intercâmbio de pessoal; - Abertura a uma maior internacionalidade e regionalização, particularmente a nível da Formação. 2. Revigoramento do dinamismo vocacional - Manter a qualidade da nossa vida espiritana pelo testemunho da vida fraterna e orante; - Reforçar a Equipa Vocacional; - Envolver mais significativamente todas as comunidades, sectores, paróquias e confrades em ministério paroquial, no empenho das vocações; - incentivar a vocação espiritana na sua diversidade: vocação sacerdotal, vocação de irmão e vocação laical; - Concretizar a decisão do Capítulo Provincial no sentido de se lançar o Voluntariado Missionário; - Utilizar mais os meios de comunicação ao nosso alcance para a promoção das vocações. 3. Animação da Terceira Idade Levar a cabo as decisões tomadas pelo Conselho Provincial Alargado de 1991, nomeadamente: - nomear um dos membros do Conselho provincial particularmente responsável por este sector, coadjuvado por uma equipa; - providenciar para que, na assistência aos idosos e doentes, não faltem os O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994) 643 necessários meios médicos; - prover às necessidades de pessoal auxiliar permanente e vocacionado para este serviço; - criar uma enfermaria normalmente apetrechada com os meios técnicos necessários; - promover a animação espiritual adequada aos valores desta idade ou situação. 4. Maior sensibilização às situações de Justiça e Paz - Dedicar uma atenção especial aos Imigrantes africanos em Portugal, criando um centro de apoio no nº 43 da Rua de Santo Amaro, à Estrela, com possível e desejável presença espiritana nos bairros periféricos; - Alargar o Serviço Espiritano de Solidariedade a novas dimensões mais condizentes com a evolução da situação em Angola; - Procurar empenhar a Província em “situações-sinal”, em conformidade com a nossa vocação específica. 5. Formação Permanente - Incentivar a participação nas iniciativas de formação permanente, tanto as tomadas pela Congregação como as promovidas a nível local. - Incrementar as reciclagens previstas pela RVE, nomeadamente quando se muda de actividade ou campo de missão. O Noviciado passou do Espadanido para a Silva com autorização do Conselho Geral de 4 de Janeiro de 1991. Este ano lectivo iniciou-se com 14 alunos no 7º ano em Godim, 40 no Fraião (28 no 8º ano e 12 no 9º); 29 na Silva ( l no 8° ano, 8 no 10°, 12 no 11º e 7 no 12º). O Noviciado (Silva) começou com 5 noviços, o I Ciclo de Teologia no Pinheiro Manso com 15 alunos (10 no lº ano e 5° no 2°) e o II Ciclo de Teologia, no Restelo com 2 alunos no 5° ano de pastoral e 2 em estágio no estrangeiro. Em Godim, a equipa directiva foi formada pelo P. Tarcísio Moreira e Ir. António Brás; no Fraião pelos PP. Manuel Martins e João Nogueira; na Silva pelos PP. Mário Faria Silva, José Carlos Coutinho e Ir. Pedro Falcão; no Porto pelos PP. José Lopes de Sousa e Veríssimo Teles. O Conselho Provincial na sua reunião de Outubro, constituiu as seguintes comissões: - Justiça e Paz: - PP. Firmino Cachada, Afonso Cunha, António Laranjeira e José de Sousa; -Solidariedade- PP. António Laranjeira, Firmino Cachada, Casimiro Pinto de Oliveira e Carlos Salgado Ribeiro; - Conselho Económico - PP. Marcelino Duarte Lopes, Casimiro Pinto de Oliveira, Carlos Salgado Ribeiro e Adélio Torres Neiva; - Formação Permanente - PP. José de Sousa e Manuel Durães Barbosa; - Terceira Idade - P. Carlos Salgado Ribeiro, que escolheu a seguinte equipa: PP. António Abreu, António Alves de Oliveira, Agostinho Pereira da Silva e 644 Adélio TORRES NEIVA Manuel dos Santos Neves; - Animação espiritual dos Empregados(as) - PP. Carlos Salgado Ribeiro e Adélio Torres Neiva; - Solução estável para o II Ciclo de Teologia: PP. José Lopes de Sousa, António Laranjeira e Marcelino Duarte Lopes. O P. Adélio da Cunha Fonte foi nomeado pelo Conselho Geral, Superior Maior do Distrito de Cabo Verde, com efeito a partir de l de Janeiro de 1991. Visto a capacidade da Casa do Regado não satisfazer ao número dos alunos do I Ciclo de Teologia e ser também necessária uma casa para Centro de Animação Missionária a funcionar com o I Ciclo, comprou-se a casa e terreno do nº 62 da Rua do Pinheiro Manso. O terreno era em vista da construção de um Seminário para o I Ciclo de Teologia. A escritura da casa e terreno foi feita a 19 de Outubro de 1989 no Cartório Notarial de Gondomar. A nova casa-seminário foi averbada sob o n” 4525 e Registo SSvB-13” 21.07.95. na Conservatória do Registo Predial do Porto, sendo inaugurada em Junho de 1992. Em Março e Abril de 1991, teve lugar a visita do Conselho Geral à Província, levada a cabo pelo Superior Geral, P. Pierre Hass, e pelos assistentes gerais PP. Manuel Gonçalves e Joe de Bóer, cujo relatório foi publicado no Boletim da Província434. Ano de 1992 Em 1992, o P. Abel Moreira Dias é nomeado Ecónomo Geral da Congregação, a partir de 15 de Dezembro de 1992. O ano de 1992 iniciou-se com 12 alunos em Godim, (7° ano), 42 no Fraião (20 no 8° ano e 22 no 9°), 24 na Silva (12 no 10° ano, 7 no 11° e 5 no 12°), 11 no Porto (4 no 1º ano e 7 no 2°), 3 noviços no Noviciado da Silva e 7 no Restelo (II Ciclo de Teologia). Foram nomeados superiores: de Coimbra o P. José Coelho Amorim ( 2º triénio) e da Silva o P. Mário Faria Silva. Como ecónomos foram nomeados: para Godim, o P. Álvaro da Costa Campos; para a Torre da Aguilha o P. Manuel dos Santos Neves: para a Silva o P. Domingos da Cruz Neiva (2° triénio); para Viana do Castelo o P. Ernesto de Azevedo Neiva; para a Estrela, o P. Agostinho Brígido. Como administrador da LIAM foi colocado o P. Agostinho Brígido e secretário provincial o P. Norberto Cristóvão. A equipa vocacional ficou constituída pelos PP. Veríssimo Teles (coordenador) Eduardo Osório, Magalhães Fernandes e Ir. António Santos Brás. O ano de 1992 ficou marcado com vários melhoramentos nas casas da Província. Na Torre da Aguilha instalou-se o aquecimento central na secção da Comunidade e fizeram-se contactos com os Assuntos Sociais para o Lar dos 434 BPPCSSp. Jan/Dez/1991 p. 20-29 O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994) 645 Idosos ser assumido por estes serviços e transferido para o Pavilhão Leste. Na Estrela restaurou-se a capela, dando-lhe um novo visual, bem como os espaços anexos. No Fraião, procedeu-se ao levantamento do edifício e à definição dos espaços para as diversas obras, segundo as orientações do Conselho Provincial Alargado. O Conselho Provincial foi informado do plano urbanístico da Câmara de Braga para o Vale de Lamaçães. Face às pretensões da Câmara sobre a quinta do seminário, foi-lhe apresentada por parte da Província uma contra-proposta: cedência gratuita dos terrenos agora expropriados para a nova estrada NogueiróNogueira, sendo em troca a Congregação a urbanizar todo o espaço da quinta. Esta contra-proposta mereceu o acordo de princípio por parte da Câmara. Há já um esboço para as obras a realizar na casa do Fraião, de acordo com as decisões do Conselho Provincial, na sequência do Conselho Alargado de 1991. São eleitos como delegados ao próximo Capítulo Geral os PP. José de Castro Oliveira e Adélio Torres Neiva. Centro Padre Alves Correia (CEPAC) A 28 de Março de 1992, foi inaugurado o Centro Padre Alves Correia (CEPAC), a funcionar no nº 43 da rua de Santo Amaro, à Estrela. Foi baptizado com o nome do P. Joaquim Alves Correia, pelo seu empenho em favor da Justiça e da Paz e por ter sido um defensor ardente da verdade e dos direitos humanos, nomeadamente das classes mais desfavorecidas. O CEPAC tem como objectivo principal o acolhimento e apoio a diversos níveis, aos imigrantes africanos, particularmente dos países de expressão portuguesa. Procurará também dar atenção e exercer uma acção pastoral e social junto de todos os necessitados que solicitam auxílio, nomeadamente os refugiados, os estudantes africanos e os marginalizados da nossa sociedade. A direcção foi constituída pelos PP. António Laranjeira, Afonso Cunha e Irª. Purificação Cachada, sendo vogais o P. Firmino Cachada e José Vaz Moreira (Cabo-verdiano). A 9 de Outubro de 1992, o Cardeal Patriarca de Lisboa aprovou os Estatutos do CEPAC. Os Estatutos e as actividades levadas a cabo por este Centro são expostos no capítulo dedicado a este organismo. O Voluntariado Missionário O Capítulo Provincial de 1990 tinha decidido o lançamento do Voluntariado Missionário, devendo este ser confiado a um confrade, tanto quanto possível em colaboração com os IMAG (n°4789) e o desenvolvimento da cooperação com os Associados (RVE 243). Nesta decisão está bem explícita a vontade de não se caminhar isolado, dado que os Institutos Missionários “Ad Gentes” há já anos que faziam uma caminhada em conjunto. Por isso, na reunião dos IMAG de 8 de Maio de 1991, 646 Adélio TORRES NEIVA a proposta foi feita a todos os Superiores Maiores. O P. José de Castro Oliveira informou que a Congregação do Espírito Santo tinha nomeado um padre (o P. Arlindo Amaro) e disponibilizado uma casa em Braga (Espadanido) para a Formação de um Laicado Missionário. Não se tratava de uma iniciativa dos Espiritanos, mas de todos os Institutos Missionários. Para realizar esse projecto, que teria de dar passos e alargar horizontes, seria necessário constituir uma equipa ligada à Animação Missionária. Foi avançada a ideia de criar um centro de formação para Leigos e a sua colocação. Foi pedido ao P. José de Castro Oliveira para enviar uma Circular aos Institutos Missionários, explicando o projecto, visto não estar ainda claro para todos435. Naturalmente que se tornava indispensável uma consulta aos respectivos Conselhos provinciais. Por isso, a decisão ficou adiada para a primeira reunião de 1992 (11 de Maio). Desta reunião ficou exarado na Acta o seguinte apontamento: Voluntariado Missionário P. Castro comunica o projecto que têm para a formação dos leigos missionários, pensando inicialmente ser um projecto comum, e levado à frente, por enquanto, pelos Espiritanos. Fizeram já os Estatutos, onde vêm contemplados o acolhimento, a preparação e o envio. Solicita a colaboração sobretudo na fase da preparação. Adverte-se para a importância do envio, mas também para o retorno depois da missão lá fora, a sua inserção na igreja de origem e o tipo de Animação missionária que se desencadeia”436. Em conclusão, nesta reunião assentou-se no seguinte: - todos estão de acordo na necessidade de se lançar tal movimento a nível nacional e de forma conjunta; - todos aceitaram comprometer-se com este projecto; - mas, dado que, de momento, mais nenhum instituto está em condições (pessoal e instalações) de participar no projecto, então os espiritanos ficam com luz verde, sendo para eles encaminhados todos o candidatos que se forem apresentando; - numa segunda etapa, encontrar-se-ão oportunamente novas formas de participação neste projecto, quer a nível da preparação, quer a nível do envio. A fim de organizar este novo sector da Animação Missionária da Província, o Conselho Provincial incumbiu o P. Arlindo Areias Amaro de elaborar um plano de acção ou projecto, para lhe ser apresentado em Fevereiro de 1992, após ter recebido algumas sugestões, num Conselho de Animação Missionária. Na Assembleia da Páscoa desse ano, o projecto do Voluntariado apresentado pelo P. Arlindo Amaro, foi estudado pelos confrades que nela participaram, recebendo retoques e achegas. 435 436 Acta da reunião nº 14 Ibid. Acta nº 17 O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994) 647 Nesta altura, foi nomeada uma comissão para dar forma definitiva ao texto do projecto, tendo em conta todas as sugestões apresentadas. O texto foi finalmente aprovado pelo Conselho Provincial em Outubro de 1992437. A fim de colaborar com o P. Arlindo Areias Amaro e principalmente para acolher os candidatos ao Voluntariado do sul do país foi nomeado o P. Manuel Durães Barbosa. O P. Arlindo Areias Amaro, encarregado do projecto, apresentou aos Bispos de Angola e a Missionários espiritanos uma lista de candidatos que entretanto se tinham apresentado. Várias dificuldades, entre as quais a falta de legislação em que os candidatos se pudessem enquadrar, atrasaram o processo. Em Setembro de 1995, o P. José de Castro Oliveira substituiria o P. Arlindo Areias Amaro no projecto e a sua sede seria transferida para o Fraião. De 05 a 10 de Novembro, realizou-se na Aguilha o Encontro dos Responsáveis da Formação da Região Europa. Ano de 1993. Em 1993, os seminários espiritanos apresentavam o seguinte quadro estatístico: em Godim, 20 alunos (7° ano); no Fraião, 34 alunos (15 no 8º ano e 19 no 9º); na Silva, 30 alunos (17 no 10° ano - 10 no 11° e 3 no 12º); no Porto (I Ciclo de Teologia) - 11 alunos (7 no 1° ano e 4 no 2°), no Restelo (II Ciclo de Teologia) 3 teólogos mais 3 no estrangeiro. As equipas directivas ficaram assim constituídas; em Godim, P. Manuel João Magalhães Fernandes e Ir. António Brás; no Fraião: PP. Manuel Martins Ferreira, João Crisóstomo Nogueira e Tarcísio dos Santos Moreira; no Pinheiro Manso, PP. José Lopes de Sousa e António Luís Farias Antunes. Como superiores há a registar a nomeação do P. José Pinto de Carvalho para Godim (2° triénio); do P. António Alves de Oliveira para Viana do Castelo (2° triénio), do P. Adélio Torres Neiva- para a Estrela, por mais um ano e do P. José Alves para o Pinheiro Manso. Como ecónomos, foram nomeados para Viana do Castelo o P. Manuel da Purificação Azevedo e para o Pinheiro Manso o P. José Lopes de Sousa. Para responder ao quesito sobre a Formação do último Capítulo Geral, o Conselho Provincial resolveu ampliar para dois anos o chamado “ano de internacionalidade”, o qual visava, para além de uma experiência de internacionalidade, o domínio de uma língua estrangeira e o completar uma ou outra cadeira do Curso teológico. O resto do tempo era aproveitado segundo o gosto de cada um. Com esta decisão, pretende-se um melhor aproveitamento deste tempo, tendo como finalidade uma melhor preparação para as exigências actuais da missão, alargando assim o leque da “especialização”. 437 BPPCSSp. 1992 p. 6-24 648 Adélio TORRES NEIVA A notar, neste ano, as condecorações do P. Francisco Medeiros Janeiro, no Canadá, a 10 de Junho com uma medalha de prata e do P. José Ribeiro Mendes, com a medalha de mérito municipal da Câmara de Cascais, a 7 de Junho. Em ordem à preparação do Capítulo Provincial, a realizar em Julho de 1994 foi nomeada uma Comissão Pré-Capitular constituída pelos PP. Adélio Torres Neiva, António Laranjeira, António Farias e José Carlos Coutinho. Desejando inserir-se na linha do último Capítulo Geral, que trabalhou a partir de um conjunto de “experiências significativas” na Congregação, a Comissão Pré-Capitular pediu aos vários sectores da vida da Província o envio de experiências significativas vividas pelos confrades a fim de serem reflectidas na aula capitular, assim como um breve questionário. O lema escolhido para o capitulo foi “A vida espiritana, fonte de alegria e renovação missionária”. A Assembleia do Natal, em ordem à preparação do Capítulo, realizada na Aguilha, debruçou-se sobre a missão entre os mais pobres, tendo sido ouvidos alguns testemunhos de missionários e missionárias ao serviço dos mais carenciados. Acórdão entre a Paróquia de Godim e a Congregação A fim de serem dissipadas dúvidas ultimamente surgidas sobre o direito de propriedade da chamada “Residência Paroquial de S. José de Godim” e sendo urgente responder à situação causada pelo incêndio que, em Novembro de 1990, devorou a parte superior da mesma, a Paróquia de S. José de Godim e a Congregação do Espírito Santo trocaram opiniões, consultaram documentos oficiais, ouviram pessoas de várias idades e pediram pareceres jurídicos sobre o assunto. Finalmente, após demorado diálogo, as duas partes acordaram nas seguintes disposições, que tomam como válidas para o futuro e são geradoras de direitos e deveres mútuos: lº - A Paróquia de S. José de Godim - Régua reconhece que a Congregação do Espírito Santo é a única e legítima proprietária do edifício onde se encontra a chamada “Residência Paroquial’’ e do terreno que lhe serve de logradouro, comprometendo-se consequentemente a não mais invocar quaisquer pretensos direitos de qualquer natureza que tenham por objecto os mencionados prédio e terreno. 2º- Por sua vez, a Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo cede à Paróquia de S. José de Godim - Régua uma faixa de terreno (130m2) que possui a sudeste do seminário, contígua à outra já pertença da referida paróquia, faixa essa que será delimitada, a norte, por uma linha recta que, partindo da ala norte do adro paroquial, se prolonga por uma extensão de 14m. 3° - Além disso, para arranque da construção das obras da nova residência paroquial, a mesma Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo contribui com a quantia de dois milhões de escudos (2.000.000$00) a entregar no O 2.º triénio do Provincialato do P. José de Castro Oliveira (1991-1994) 649 acto da assinatura do presente acordo. O presente acórdão foi lido e aceite pelas duas partes e é assinado pelos seus legítimos representantes para valer como documento de propriedade futura, Godim. 08.06.93 P. José de Castro Oliveira (Provincial) P. José Pinto de Carvalho (Pároco de S. José de Godim) Três membros da Comissão Fabriqueira - (ilegível). Inauguração da nova casa do Pinheiro Manso Por decisão do Conselho Provincial, em fins de 1988, o P. José Lopes de Sousa foi incumbido de procurar terreno na cidade do Porto que satisfizesse as necessárias exigências para implantar a casa de Formação ao nível do 1° Ciclo de Teologia. Na verdade, havia-se chegado à conclusão de que a casa da Rua Nova do Regado, 250, a funcionar desde o ano lectivo 1988/89 não reunia as necessárias condições de localização e espaço para uma obra de formação. Após três meses de aturada procura, na manhã de 18 de Abril de 1989, surgiu a hipótese da Rua do Pinheiro Manso, 62. Feitas as diligências necessárias, a compra foi feita por escritura no Cartório Notarial de Gondomar no dia 19 de Outubro de 1989. A licença para construção da nova casa foi concedida pela Câmara Municipal do Porto a 5 de Outubro de 1991. A casa, iniciada a 5 de Agosto de 1991, foi inaugurada a 19 de Junho de 1993, festa do Imaculado Coração de Maria. Alguns dias antes, tinham-se já mudado para ali os alunos do I Ciclo de Teologia, deixando para sempre a Casa da Rua Nova do Regado. 651 Capítulo 70 A “Casa Rústica” de Pedras Salgadas C om data de 5 de Março de 1970, no Livro nº A/47, Fls 61, Cartório Notarial de Lisboa, Rua da Prata, 199, 2º Esq., lê-se, sob o título Escritura de Doação: “No dia cinco de março de mil e novecentos e setenta nesta cidade de Lisboa e na Avenida Defensores de Chaves, número vinte e um, quarto andar, casa de residência do primeiro outorgante, perante mim licenciado António Lopes Fernandes Costa, notário do Segundo cartório Notarial desta cidade, compareceram como outorgantes: Primeiro – O senhor Dr. Nuno Simões, viúvo, natural da freguesia de Calendário do concelho de Vila Nova de Famalicão e residente nesta casa onde me encontro; Segundo – O reverendo Padre Amadeu Gonçalves Martins, solteiro, maior, residente na Rua de Santo Amaro, à Estrela, número quarenta e nove, desta cidade, o qual outorga em representação da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo, na qualidade de Superior Dr. Nuno Simões da mesma Província”. ...E pelo primeiro outorgante, Senhor Dr. Nuno Simões, foi dito “que pela presente escritura, doa à Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo, representada do segundo outorgante, o seguinte: Prédio urbano composto de casa de habitação e quintal, no lugar de Pedras Salgadas, freguesia de Bornes, concelho de Vila Pouca de Aguiar, com todo o seu recheio, inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o artigo número seiscentos e noventa e seis, com o rendimento colectável de três mil e trezentos e setenta e cinco escudos, de que resulta o valor matricial de sessenta e sete mil e quinhentos escudos, como consta e verifiquei em face da respectiva caderneta predial urbana, devidamente conferida na Repartição de Finanças de Vila Pouca de Aguiar, em dois do corrente Mês de Março e descrito na Conservatória do registo Predial de Vila Pouca de Aguiar sob o número trinta e três mil e novecentos e quarenta e nove, a folhas oitenta e seis, do Livro B noventa e três e ali inscrito em nome dele primeiro outorgante pela inscrição de transmissão número dez mil setecentos e sessenta e nove, a folhas cinquenta e oito, verso do Livro G - treze. - Que a presente doação é feita com transferência imediata para a donatária da propriedade plena do mencionado prédio e de todo o seu recheio e sob a condição de no mesmo prédio, manter a donatária uma biblioteca de obras literárias de interesse 652 Adélio TORRES NEIVA ultramarino, em especial referentes às Províncias Ultramarinas de Angola e Cabo Verde, e de, durante o tempo em que o mesmo prédio for ocupado por missionários deverem eles contribuir por todas as formas, para alfabetizar os adultos da região, elucidando-os, especialmente, sobre tudo o que diz respeito às referidas Províncias Ultramarinas, com o sentido de os prepararem para eventualmente nelas se fixarem e viverem. - Que à presente doação atribui o valor total de um milhão e quinhentos mil escudos, do qual correspondem ao prédio doado novecentos mil escudos e ao recheio do mesmo prédio, seiscentos mil escudos. - Pelo segundo outorgante foi dito: Que, a Província Portuguesa da Congregação do Espirito Santo, que representa, aceita a presente doação, nos precisos termos em que foi exarada. Assim o disseram e outorgaram”. Aceite a doação, tornava-se preciso cumprir a vontade do doador. Era necessária, para tanto, a autorização do bispo de Vila Real, em cuja diocese se encontra a estância termal das Pedras Salgadas e a da Administração Geral da Congregação para se instalar ali uma nova residência, destinada a uma comunidade espiritana. O Conselho Provincial, na sua reunião de 8 e 9 de Outubro de 1970, na comunidade de Lisboa, decidiu, por sua vez, criar a residência das Pedras Salgadas e obter, junto das autoridades competentes, as respectivas autorizações. No dia 20 de Outubro, o P. Provincial, acompanhado dos PP. António Alves de Oliveira, Manuel dos Santos Neves, João Pinto da Silva e Joaquim Correia da Rocha, fizeram uma visita ao bispo de Vila Real que, ocasionalmente, se encontrava nas Pedras Salgadas, em companhia do pároco. Ao ser-lhe manifestada a vontade de, em breve, a Congregação criar na “CASA RÚSTICA”, assim se denominava a casa do Dr. Nuno Simões, uma Residência Missionária, conforme o desejo do seu proprietário, congratulou-se com mais esta obra religiosa na sua diocese. No dia 22, à tarde, os PP. João Pinto da Silva e Joaquim Correia da Rocha entraram na nova residência de que ficaram os primeiros inquilinos. Os PP. António Alves de Oliveira e Manuel dos Santos Neves partilharam a primeira refeição comunitária, preparada pela dedicada senhora Laurinda. No dia 23, às 08.30, foi celebrada a primeira missa pelos confrades a quem foi entregue a residência pelo P. Provincial. No dia 28, chegou o Ir. Vicente, ficando assim completa a primeira equipa destinada a esta comunidade: P. João Pinto da Silva, director, P. Joaquim Correia da Rocha, ecónomo e Ir. Francisco Vicente, encarregado de vários serviços. A presença dos espiritanos nas Pedras Salgadas foi bem acolhida pelo povo da região, logo oferecendo a sua colaboração. Merecem honrosa menção os Srs. Ernesto da Silva Santos, Responsável Geral da Empresa; o Sargento Cabral, antigo aluno espiritano e entusiasta pela capelania de Nozedo a confiar aos espiritanos; Faustino Soares Braga, incansável em ajudar os seus novos vizinhos, e os moradores, todos tão prontos na sua ajuda e colaboração. E desde 7 de Outubro, 5 Religiosas Concepcionistas. A “Casa Rústica” de Pedras Salgadas 653 Além destas Irmãs, deram-nos a honra da sua amistosa visita os Párocos de Vila Pouca de Aguiar, Areia de Bornes e Bragado, contentes pela presença dos missionários. Todos vieram oferecer os seus votos de fecundo apostolado e a sua amizade. No dia 22 de Novembro, festa de Cristo Rei, iniciou-se a acção mais directa dos espiritanos na acção pastoral, na capela de Nozedo, o que muito contentou o Arcipreste, P. Agostinho Pinto de Sousa, bem como o povo das povoações vizinhas de Nozedo, Sampaio e Vila Meã. Celebrou a Santa Missa o P. Pinto da Silva. E, a partir daí, começaram as actividades pastorais pelas redondezas. O Sacrário foi solenemente inaugurado na nossa comunidade na Quinta-Feira Santa de 1971. Em 1971, foi nomeado superior da comunidade o P. Manuel Sequeira Teles, em substituição do P. Pinto da Silva que foi para Viana do Castelo, continuando a ecónomo o P. Correia da Rocha. Em 1973, o P. Correia da Rocha era transferido para Coimbra, ficando em Pedras Salgadas apenas o P. Manuel Sequeira Teles; o Ir. Vicente tinha também já deixado Pedras Salgadas. É aqui que o P. Sequeira Teles tem desenvolvido uma intensa actividade como professor e pároco de Pensalvos e Parada de Monteiros, paróquias que assumiu em 1985, por proposta do bispo de Vila Real438. 438 Notas recolhidas pelo P. Joaquim Correia da Rocha. 655 Capítulo 71 A casa de Benfica P. José da Lapa P ara a instalação e trabalho dos confrades que se dedicam à animação missionária exterior, o Conselho Provincial decidiu a 30/07/1982, que se procurasse uma casa, na zona de Lisboa. Entre os objectivos, o Provincial, P. Manuel Durães Barbosa, e o seu Conselho pretendiam descongestionar a Casa da Estrela e dar mais liberdade de movimentos aos confrades que trabalhavam na animação missionária, quer através da LIAM (Sul), quer pelo trabalho com os Jovens. O novo Centro proporcionaria não só maior liberdade de movimentos, mas também, um melhor atendimento-acolhimento às pessoas que, em grande número, se dirigiam à Estrela, onde continuariam a funcionar as actividades a nível nacional: Direcção, Redacção e Administração. Tomada a deliberação, era preciso encontrar a nova Sede Regional. Trabalhavam, na altura, na animação missionária, a partir da Estrela, o P. José da Lapa, desde 1974 ligado à LIAM, Redacção e Coordenação Vocacional (no Porto desde 1966 a 1973) e o P. Firmino Sá Cachada, no Sector da Redacção e da Pastoral Missionária da Juventude. O P. Provincial pediu ao P. Lapa para ver se encontrava uma casa para o futuro Centro de Animação Missionária. Entretanto, ele próprio também se lançou à procura. Através de pessoas amigas, o P. Lapa teve conhecimento de uma casa em óptimas condições logísticas e locais, na Praça de Goa, no Bairro do Restelo. Visitou-se a casa e fez-se um relatório que se entregou ao P. Provincial. Este agradeceu o trabalho da pesquisa, mas achou não ser aquele o local ideal para um Centro de Animação Missionária. No entanto, a casa foi depois comprada para seminário de Teologia. Continuando a busca de uma casa para Centro missionário da zona sul, o P. Provincial encontrou uma casa geminada, no Bairro de Santa Cruz, Rua do Parque, n° 11, em Benfica. Após a visita de alguns confrades, o parecer geral foi favorável e a casa comprou-se, sendo a escritura feita em 20/01/1983, no 15º Cartório Notarial de Lisboa, inscrita na matriz sob o número 2091, de Benfica e descrita na 5ª Conservatória de Lisboa. A primeira comunidade da casa de Benfica era constituída pelos PP. José da Lapa e Firmino da Costa de Sá Cachada e pelo Irmão Joaquim dos Santos 656 Adélio TORRES NEIVA Custódio. Foi em 25 de Janeiro que a equipa se instalou na casa, ainda antes de ela estar totalmente mobilada, tarefa que o P. Domingos da Cruz Neiva, Administrador da LIAM, levou a efeito em pouco tempo, em estreita colaboração com os residentes. No dia 31 de Janeiro, aproveitou-se a oportunidade de ser o aniversário do P. Firmino Cachada para se fazer o que então se chamou “inauguração selvagem” da casa: convidaram-se várias pessoas ligadas às nossas obras, mormente à LIAM e ao Renovamento Carismático, bem como amigos pessoais, sobretudo do P. Firmino; pelas 21.30h, reuniu-se toda esta gente na varanda da casa, completamente vazia, e em ambiente fraterno e alegre cantaram-se os parabéns ao aniversariante e desejaram-se as melhores venturas ao novo Centro de Animação Missionária. A inauguração oficial da Comunidade realizou-se no dia 12 de Março, então já com a casa totalmente mobilada. Às 18.00h, numa sala do 1° andar, o P. Provincial presidiu à Eucaristia em que concelebraram os PP. Marcelino Duarte Lopes, Superior da Casa da Estrela e Ecónomo Provincial, Domingos da Cruz Neiva, Administrador da LIAM, Afonso da Cunha Duarte, Firmino Sá Cachada e José da Lapa. Estiveram ainda presentes os Irmãos Joaquim dos Santos Custódio e José Lourenço Leitão (Daniel) com o Senhor António Gonçalves. Após a Eucaristia, serviu-se o jantar e o P. Provincial aproveitou para fazer a distribuição de tarefas aos membros da comunidade: P. José da Lapa, Superior da comunidade, continuando com a animação missionária na zona sul; P. Firmino Cachada, Ecónomo e responsável da animação missionária entre os jovens, continuando a desenvolver as suas funções na Redacção da LIAM, na Casa da Estrela; Irmão Custódio, coordenador das actividades domésticas (cozinha, portaria, acolhimento) e colaborador nos trabalhos missionários. Assim foi inaugurado o Centro Missionário Espiritano de Benfica, num ambiente muito alegre e familiar. Relações exteriores Desde o princípio, houve a preocupação de criar boas relações com a Paróquia, onde começámos a celebrar, conforme as possibilidades da programação missionária. Esta boa relação com o Pároco teve como fruto imediato, podermos realizar as reuniões da LIAM numa das salas do Centro Paroquial e iniciar uma missa mensal pelas Missões e outras actividades. Isto começou a realizar-se com o Pároco Cónego Dr. João de Sousa, que tomou posse da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo três meses depois da nossa chegada a Benfica. Logo no dia seguinte à inauguração do Centro, o P. Lapa, em nome da Comunidade e da Congregação, foi visitar o Pároco de então, o P. Proença, que estava gravemente doente. O Provincial, algum tempo antes, havia já enviado uma carta a informar que a Congregação, com a aprovação do Bispo da Diocese, teria um centro de animação missionária no Bairro de Santa Cruz. O P. Proença, recebeu muito bem o P. Lapa, dando-lhe as boas vindas. Começaram a abrir-se as portas. A Casa de Benfica 657 Visitaram-se e criaram-se boas relações com as autoridades civis da freguesia e lançaram-se pontes de amizade com as famílias dos prédios vizinhos. Festas da Comunidade e da Congregação. O Centro foi consagrado ao Espírito Santo, motor de toda a evangelização. Nas festas principais da Congregação íamos à comunidade da Estrela à qual o Centro sempre esteve ligado. As festas da LIAM eram também realizadas na Casa da Estrela, já que o Centro de Benfica era muito pequeno e periférico. Esta equipa inicial foi alterada em Outubro com a nomeação do Irmão Joaquim Custódio para o Seminário da Torre d’Aguilha. A substituí-lo veio o Irmão António Gonçalves, que continuou a desenvolver as tarefas internas do Irmão Custódio. Em 1988, o P. Firmino Cachada, foi nomeado 1º Assistente Provincial e passou a residir a tempo inteiro na Estrela. De França, veio o P. José Manuel Sabença que ficou, durante alguns meses, encarregado do jornal “Acção Missionária” e dos Jovens Sem Fronteiras. O P. José da Lapa esteve no Centro de Benfica desde Março de 1983 até Setembro de 1989, altura em que deixou a LIAM e foi nomeado pelo Provincial, P. José Castro de Oliveira, para Secretário Geral da CNIR (Conferência Nacional dos Institutos Religiosos), na Avenida 5 de Outubro, onde trabalhou durante 11 anos, ficando afectado à Comunidade da Estrela. O P. Marinho Lemos sucedeu ao P. Lapa no Centro de Benfica. Por sua vez, o P. José Manuel Sabença foi nomeado capelão militar e veio o P. José Carlos Coutinho substituí-lo durante alguns meses na redacção do Jornal e nos Jovens Sem Fronteiras. Depois, foi pedido para o Fraião e não veio ninguém para o substituir. O P. Firmino Cachada acumulou a assistência aos JSF, a imprensa e a cooperação na animação missionária. A partir daí, a comunidade de Benfica ficou reduzida a duas pessoas: O P. Marinho Lemos e o Irmão Gonçalves. Em 1991, o P. Marinho Lemos trocou com o P. Firmino Cachada, ficando a acumular o cargo de animador regional da LIAM, com o de coordenador da animação missionária. O Centro de Benfica ficou a ser utilizado sobretudo para as actividades com os jovens e alguma colaboração na Paróquia de Benfica. Em 1994, a comunidade, de facto muito reduzida, foi desfeita e a casa que parecia não satisfazer os objectivos que se propunha quando foi comprada, ficou sem um destino definido, o mesmo acontecendo ao Centro de Benfica. Entretanto, o P. Firmino Cachada seria nomeado para o Secretariado Europeu Espiritano de Bruxelas e o Irmão Gonçalves integrado na comunidade de Coimbra. A animação missionária do Sul passou de novo para a Estrela. E a casa foi vendida em 1996. 659 Capítulo 72 VI Capítulo Provincial (1994) A preparação do Capítulo A equipa, a quem o Conselho Provincial confiou a missão de preparar o Capítulo Provincial de 1994 foi formada pelos PP. Adélio Torres Neiva, António Laranjeira, António Farias e José Carlos Coutinho. Logo na primeira mensagem que dirigiu à Província, a equipa apresentava o método que se iria usar neste Capítulo: “Vamos procurar inserir-nos na linha do último Capítulo Geral, que orientou a sua reflexão a partir de certas experiências significativas vividas pela Congregação”. A proposta foi portanto recolher e reflectir sobre algumas experiências mais significativas da vida da Província, para, a partir delas, apontar as linhas de futuro. Para esta selecção, havia os critérios apontados pela “Regra de Vida Espiritana”: situações de primeira evangelização, os mais desfavorecidos e os oprimidos individual e colectivamente, e as tarefas para as quais a Igreja dificilmente encontra obreiros (n.os 12, 18 e 19). A partir destes critérios de base, pretendiam-se : - experiências que provavelmente indicassem os caminhos de futuro, o futuro da Missão; - experiências que pudessem ser resposta a actuais ou novas exigências da evangelização; - experiências que representassem um brotar de vida nova a situações a que pela idade ou falta de forças, a maioria já não seria capaz de dar resposta; - experiências que, mesmo sendo uma actividade tradicional, correspondessem ainda a desafios actuais; - experiências que se enquadrassem dentro do espírito da Regra de Vida”. Neste sentido, foi pedido a todos um elenco das experiências que melhor se enquadrariam dentro destes critérios. O lema escolhido para o Capítulo foi: “A vida espiritana, fonte de alegria e renovação missionária”. Foi também enviado a toda a Província um pequeno questionário com seis pontos de reflexão: sobre o estado actual da Província, motivos de alegria e de esperança, dificuldades, orientações que o Capítulo deveria apontar, e outras questões a abordar. 660 Adélio TORRES NEIVA Para ajudar a reflexão capitular foi distribuído um texto com um apanhado das experiências recolhidas e seleccionadas, as respostas ao questionário à Província, as estatísticas dos Seminários Menores espiritanos e ordenações, evolução da Província e ritmo da rotatividade. Foram ainda apresentados relatórios sobre as diversas actividades da Província: relatórios do Provincial, do Ecónomo Provincial, da Terceira Idade, do Serviço de Solidariedade, do Voluntariado, do Recrutamento Vocacional, da Animação Missionária, da Formação e dos Jovens Sem Fronteiras. Como convidados assistiram ao Capítulo o Ir. Nuno, em representação dos Irmãos, o P. Bernardo Bongo, do Conselho Geral, o P. Fernando Herraiz, provincial de Espanha, o P. Jerónimo Cahinga, provincial de Angola e a Irmã Ana Cândida, provincial das Espiritanas. O Capítulo das Experiências Significativas O Capítulo realizou-se na Torre da Aguilha, de 19 a 27 de Julho de 1994. Reuniu 29 confrades, 10 dos quais trabalhando na missão exterior. O pano de fundo do Capítulo foi a missão espiritana lida a partir de 12 experiências significativas seleccionadas. Seis vividas por espiritanos portugueses extra: “Guiné-Bissau: Primeira Evangelização”; “África do Sul: Hostels Project-Durban”; “Angola: Huambo, Missão em situação de conflito armado”; “Kwito-Bié, Missão de presença em situação de guerra”; “Cabo Verde: animação vocacional espiritana numa Igreja local”; “Brasil: pastoral das periferias urbanas (Baixada Fluminense) e pastoral da juventude e vocacional no Tefé-Amazónia”; “Paraguay: experiência com as comunidades eclesiais de base”. As outras seis, vividas pela Província da intra: “Centro Padre Alves Correia (CEPAC)”; “Animação Vocacional”; “Animação Missionária”; “Formação”; “Jovens Sem Fronteiras” e “Uma paróquia Espiritana”. Estas experiências marcaram toda a dinâmica do Capítulo, bem como as suas conclusões e linhas de orientação. Em ordem a aprofundar a espiritualidade missionária, o Capítulo lançou a ideia da criação de um Centro de Espiritualidade Espiritana. Achou-se oportuno intensificar o compromisso na área da Justiça e da Paz e uma maior disponibilidade de confrades para trabalhar a tempo inteiro no CEPAC, inclusive pela presença de um confrade africano lusófono. Ao Capítulo foi apresentada uma lista de oito apelos provindos de várias origens. Embora todos os casos fossem estudados, e quase todos olhados com simpatia e interesse, só a alguns é que foi possível dar uma resposta afirmativa, como se poderá ver nas conclusões. A leitura sobre estas experiências provocou uma reflexão muito fecunda e interessante a respeito da espiritualidade que deve caracterizar a missão espiritana. Calaram particularmente, no espírito dos capitulantes, as experiências de confrades vividas em Angola, na Amazónia e na África do Sul: é uma missão de VI Capítulo Provincial (1994) 661 presença e de risco, em que a Congregação tem sido particularmente testemunhante. Da leitura destas situações se extraíram algumas coordenadas que marcam a nossa espiritualidade missionária, tais como: a união entre a fé em Deus e o compromisso com os homens, a radicalidade da consagração missionária, o sentido da Igreja local, uma oração que celebra a vida, a paciência apostólica, a parcialidade da missão, a importância da vida de comunidade, o valor da pobreza, a prioridade do essencial. A diversidade dos nossos compromissos missionários foi vista como uma riqueza de grande alcance formativo e pedagógico para uma missão plural como é aquela que caracteriza o nosso tempo. Ao nível interno, o Capítulo procurou fazer uma radiografia da vida da Província. Salientaram-se entre os aspectos positivos, a pacificação e serenidade da Província, o empenho com que todos trabalham, o espírito de família reinante entre os vários sectores da vida da Província, o caminho andado na esfera da Justiça e da Paz, a revitalização da Animação Missionária, a solidariedade manifestada para com Angola. Menos positiva tem sido a solidariedade afectiva para com os que estão em situação mais difícil, o fraco aproveitamento do património espiritual dos idosos, a necessidade de uma maior coordenação na pastoral vocacional, o pouco aproveitamento das ofertas de formação permanente. Alguns problemas em aberto foram também apontados: a pastoral das vocações, os seminários menores, o redimensionamento das casas e das obras, a promoção do Voluntariado e o reforço da Solidariedade Espiritana. O Provincial e seu Conselho foram mandatados para buscar alternativas ao Seminário Menor, assim como a intensificação e organização do Voluntariado Missionário. A renovação das estruturas materiais da Província foi apreciada, chamando-se porém a atenção para a necessidade de a simplicidade que nos caracteriza, não ser ofuscada por essas estruturas. Decidiu-se criar, para os confrades idosos e doentes, as condições que lhes são devidas, adaptando as casas para tal. Foi alterada a norma da eleição do Conselho Provincial (DCP Nos 611 e 612), ficando agora a norma a ser a seguinte: o Capítulo ou o Conselho Ampliado elegem quatro membros para o Conselho Provincial, e o Superior Provincial escolhe os seus dois assistentes entre estes quatro conselheiros, e escolhe ainda mais dois membros, a seu critério, para o Conselho Provincial. Outra norma adoptada foi que a representação dos Irmãos deve ser salvaguardada na eleição dos participantes no Capítulo Provincial ou no Conselho Alargado. Linhas de animação e orientações para a acção O Capítulo conclui com as linhas de animação e as orientações para a acção. Como linhas de animação, destacamos: - as experiências significativas são fonte de inspiração para a vida da Província; 662 Adélio TORRES NEIVA - a diversidade de situações revela uma imagem da missão, consonante com os nossos tempos; - a especificidade da nossa vocação espiritana é um imperativo que nos identifica no campo da missão: isso implica um redimensionamento progressivo das nossas obras; - a comunidade e a comunhão fraterna são uma necessidade incontornável, sobretudo para uma missão de “presença e de risco”; - a qualidade da nossa vida espiritana conta, como interpelação vocacional, para os jovens; - a necessidade duma espiritualidade incarnada e inserida que nos leva a assumir na fé os problemas e as dificuldades do povo com quem vivemos e a ser particularmente sensíveis às questões da Justiça e da Paz; - a internacionalidade e a interculturalidade são hoje um modelo de missão particularmente significativo; - a necessidade de um estilo de vida sóbrio e simples, que nos aproxime cada vez mais do povo a quem servimos; - a importância da solidariedade efectiva, traduzida em pequenos gestos com os confrades que estão em situações mais difíceis; - a urgência de abrirmos cada vez mais a nossa espiritualidade e o nosso carisma aos leigos, ajudando-os a participar activamente na nossa missão; - a necessidade da comunhão de forças e meios e sua necessária coordenação, para evitar a dispersão e perda de energias; - a necessidade de uma animação missionária integrada cada vez mais na igreja local e na pluralidade dos organismos vivos das paróquias; - a importância de uma certa sensibilização às minorias étnicas existentes no nosso meio; - a necessidade de, na Formação, ir abrindo os aspirantes aos problemas dos mais carenciados, através de iniciativas que se enquadrem nos esquemas da Formação; - a necessidade e a importância de animar os confrades idosos e doentes com uma espiritualidade missionária, adaptada à sua situação; Orientações para a acção: - haja alguns confrades da Província em equipas internacionais; - considere-se o pedido da Prelazia de Tefé e Distrito da Amazónia, no sentido de assumir de modo estável a formação local dos agentes da pastoral e dos candidatos ao sacerdócio; - Recomenda-se a participação da Província numa eventual equipa internacional para Moçambique; - a Província dê a ajuda possível à Província de Espanha e ao desenvolvimento das vocações em Cabo Verde; - lance-se definitivamente o Voluntariado Missionário em colaboração com as igrejas de acolhimento; - o Capítulo confirma a orientação da LIAM no sentido de incluir leigos na direcção da mesma; A História de Provincia Portuguesa 663 - defina-se melhor o que é próprio de cada sector da Animação Missionária, elaborando estatutos para cada um; - estude-se a possibilidade de criar um Centro de Espiritualidade Espiritana; - procure-se fazer de cada paróquia a nós confiada um Centro de Animação Missionária e de promoção Vocacional; - forme-se uma equipa de pastoral das vocações com um responsável a tempo inteiro; - clarifique-se a situação a nível da coordenação dos Jovens Sem Fronteiras; - estenda-se ao Porto a acção do CEPAC, e procure-se arranjar espaço para as instalações do mesmo em Lisboa; - seja nomeado um confrade que acompanhe os problemas de Justiça e Paz, animando a Província nessa vertente; - continuar com o redimensionamento do pessoal e das obras; - haja um confrade particularmente disponível para acompanhar os missionários doentes que chegam do exterior; - procure-se ajudar cada confrade doente ou idoso a ter uma ocupação condizente com a sua situação; - mediante uma Comissão “ad hoc”, estude-se o problema dos seminários menores, procurando-lhes alternativas; - procure-se motivar e estimular os confrades para a Formação Permanente. No final, foi enviada uma carta, assinada por todos os participantes do Capítulo e dirigida ao Presidente da República de Portugal, Primeiro Ministro, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Presidente da República de Angola, Presidente da UNITA, Secretário geral das Nações Unidas, Presidente da Rússia, Presidente dos Estados Unidos e Presidente do Parlamento Europeu, em que se pedia a paz para Angola. 665 Capítulo 73 O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) O P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira foi eleito Superior Provincial no VI Capítulo Provincial. Realizado de 17 a 29 de Julho de 1994, eleição que o Conselho Geral confirmou para um mandato de três anos, com efeitos a partir do dia 26/07/1994468. O Conselho Provincial ficou assim constituído: 1º Assistente (Director da Animação Missionária) – P. Manuel Marinho de Lemos Couto; 2º Assistente (Director da Formação) – P. José Lopes de Sousa; Conselheiros – PP. José Martins da Costa, António Ribeiro Laranjeira, Carlos Salgado Ribeiro, António Luís Farias Antunes; Ecónomo Provincial – P. Marcelino Duarte Lopes; Secretário Provincial – P. Veríssimo Manuel Teles. P. Eduardo Miranda Ferreira No começo do ano lectivo de 1994-1995, frequentavam os nossos seminários: Godim – 14 alunos no 7º ano; Fraião – 25 alunos: 15 no 8º ano e 10 no 9º ano; Silva – 36 alunos: 15 no 10º ano, 13 no 11º e 8 no 12º; no Porto (I Ciclo de Teologia) – 9 alunos: 3 no 1º ano e 6 no 2º; no Noviciado (na Silva) – 3 noviços; no Restelo (II Ciclo de Teologia) – 1 aluno no 4º ano, 3 no 3º e um no 11º do Curso Complementar. No 2º ano de Pastoral do Instituto Católico de Paris (Clamart) havia um aluno da Província. Como Superior Principal do Brasil Sudeste foi reeleito o P. Francisco Fernandes Correia; e para Procurador Geral junto da Santa Sé foi nomeado o P. Domingos da Cruz Neiva. Na Procuradoria foram reconduzidos o P. Casimiro Pinto de Oliveira e o Ir. Julião Silva Gonçalves. O Conselho Económico ficou constituído com os PP. Marcelino Duarte Lopes, Carlos Salgado Ribeiro, Agostinho Pereira Rodrigues Brígido e Casimiro Pinto de Oliveira. A equipa vocacional foi formada com os PP. José Martins da Costa (a tempo pleno), José Carlos da Conceição Coutinho, José Reis Gaspar, António Manuel Santos de Sousa Neves, Tarcísio dos Santos Moreira e Ir. António dos Santos Brás. A Capelania dos Africanos na diocese de Lisboa foi confiada ao P. Veríssimo 439 Actas do conselho Geral D 67/94 666 Adélio TORRES NEIVA Manuel Teles. As Comissões Provinciais ficaram assim formadas: Justiça e Paz: PP. António Luís Farias Antunes, Firmino de Sá Cachada e António Ribeiro Laranjeira. Serviço de Solidariedade Espiritana: PP. Casimiro Pinto de Oliveira, Manuel Marinho Lemos Couto, Carlos Salgado Ribeiro e Mário Faria Silva. Publicações Espiritanas: PP. Adélio Torres Neiva, Manuel Durães Barbosa, Ernesto Azevedo Neiva e Joaquim Serafim Coelho. Plano de Animação para o triénio de 1994-1997 Na sua primeira mensagem como Provincial, o P. Eduardo Miranda, reflectindo sobre as experiências significativas apontadas no Capítulo e nos desafios que elas lançam à Província, apresentava um método para lançar e implementar as linhas de animação e as orientações para a acção, propostas pelo Capítulo. O primeiro trabalho que o Conselho Provincial se propôs foi elaborar um programa que ajudasse a Província a caminhar, nos próximos três anos, à luz dos dinamismos emergentes do Capítulo. Efectivamente, o Conselho Provincial reunia-se de 5 a 7 de Setembro de 1994 para elaborar o Plano de Animação para o triénio de 1994-1997. Para cada tema ou assunto se definiram os objectivos, estudaram os desafios, propuseram linhas de acção e programaram acções concretas e efectivas. No Relatório para o Conselho Provincial Alargado de 1997, o P. Eduardo Miranda avalia os resultados da animação da Província segundo as propostas do Plano de 1994. Missão ad Extra Os objectivos deste item haviam sido definidos como “necessidade de nos situarmos mais na linha da nossa vocação tipicamente espiritana e de nos abrirmos cada vez mais ao novo estilo de missão, proposto pela Regra de Vida Espiritana: missão-sinal, marcada pela internacionalidade, pelo diálogo intercultural e inter-religioso, pelo acolhimento aos migrantes, pelo empenhamento dos leigos, pelos compromissos Justiça e Paz, etc.” (VI Cap. Prov. 670). Três anos passados, diz-nos o Relatório do P. Provincial: - Realizou-se o Encontro, no Verão de 1994, com os Superiores das Circunscrições onde há um número razoável de confrades portugueses: Angola, Cabo Verde, Brasil/SE. Partilharam-se projectos e preocupações e concertaramse critérios a ter em conta nas mudanças de pessoal. - A Reciclagem Provincial do Natal de 1995 andou à volta do tema “A Nova Evangelização e o desafio das culturas”. - O “Encontro de Missionários em férias” tem-se realizado cada ano, ocupando um dia, em inícios de Setembro. A primeira parte do Encontro tem servido para, O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 667 com a presença de um perito, compreender a actual situação de Portugal nas suas várias vertentes: política, social, económica e eclesial. A segunda parte é de informação: da Missão para a Província e da Província para a Missão. Uma tentativa de encontro de familiares dos confrades ‘ad extra’ e ‘ad intra’, no Verão de 1996, fracassou em absoluto. - Foi possível um diálogo, “in loco”, com o Bispo e Superior do Distrito da Amazónia, para garantir que a nossa colaboração em pessoal tenha como objectivo primeiro o apoio à formação de agentes de pastoral e de despertar o acompanhamento das vocações para o clero local. - Viabilizou-se a participação de dois confrades no projecto de Moçambique. A Província acolheu e apoiou o primeiro encontro dos confrades integrantes do projecto. - Foi dada resposta positiva ao apelo do México para enviar um confrade como coordenador da Formação, naquele Grupo espiritano internacional. - Partiu um confrade para os Estados Unidos, para revitalizar a animação pastoral de uma paróquia de cabo-verdianos, por nós iniciada há mais de 20 anos. O processo de envio, inclusive o contacto com bispo diocesano, foi via Provincial-USA/E. - Foi concretizado o envio de Leigos: partida para S. Tomé de um Associado Leigo e duas Leigas missionárias para Angola (Lubango). - Abriram-se campanhas especiais na Animação Missionária (algumas permanentes: “Leite para crianças de Angola” e ”Solidariedade Missionária”) e para apelos do Conselho Geral: “Refugiados do Ruanda”, “Abertura a Moçambique”. - Partilhou-se 10% do montante da venda de dois imóveis, com o Cor Unum e/ou grupos espiritanos novos e pedidos especiais (postulantado no Malawi, Sumbe...). - O apoio a missionários é um item do Orçamento da Província: custos de casos especiais de saúde, pagamento de todas as viagens de quem parte em primeira afectação ou para situações missionárias carenciadas, apoios a casos particulares para subsistência na missão e pagamento de encargos sociais dos mesmos. - O Provincial fez Visitas a quase todas as Circunscrições onde trabalham confrades portugueses: Amazónia, Distrito Brasil/SE, Paraguay, Angola, África do Sul (hostels project), Guiné-Bissau e Cabo Verde. - A solidariedade efectiva da Província (e afectivamente, manifesta em gestos, tais como o envio da “consoada do Natal”) passa ainda por dois serviços essenciais no apoio à Missão “ad extra”: Procuradoria e SES (Serviço Espiritano de Solidariedade). Eis alguns dados relativos ao período de 1 de Janeiro de 1994 a 30 de Junho de 1997: 01 - Assistência: Chegada e partida de Missionários, Documentação, Vistos, Assistências: 1342. 02 - Assistência a Missionários doentes, Tratamentos, Hospitais, etc. 03 - Contabilidade e Gestão de valores. 668 Adélio TORRES NEIVA 04 - Correspondência: muito numerosa. 05 - Compra e envio de mercadorias: - Em contentores: 45.174 volumes 3.473,51 m3 1.073.738 Kg. - Carga aérea: 278 volumes 15.379 Kg. 0& - Serviço de Solidariedade Espiritana: - Em contentores: 18.127 volumes 1.133,55 m3 351.984 Kg. - Principais artigos de Solidariedade enviados: - Roupas e tecidos: 180.417 Kg. - Comidas diversas: 131.092 Kg. - Sabão em caixas: 15.740 Kg - Material escolar diverso: 6.380 Kg - Calçado: 5.410 Kg - Remédios, artigos de enfermagem: 2.345 Kg - Despesas efectuadas: compras, envios, ofertas, etc: 68.690.864$00 Dimensão ‘ad Gentes’ na Formação: - Em 1995, um escolástico partiu para Estágio missionário na África do sul (Hostels project). É critério fundamental para o envio ter acompanhador que seja conhecido e mereça a confiança da direcção da Província. - Alguns confrades têm aceitado, por determinado período de tempo, ir substituir alguém em missão, que precise de vir descansar ou tratar-se. Há porém, convites vários que não têm sido satisfeitos, por falta de disponibilidade interior dos convidados. - A vivência da nossa Missão ‘Ad Gentes’ passa ainda por outras solidariedades a que a Província quer responder positivamente. Foi dentro de um espírito de solidariedade entre Circunscrições que acolhemos, no Noviciado, um jovem da Província de Espanha em 1996-1997. De igual modo, a nossa solidariedade feznos responder afirmativamente à solicitação da Província de Angola para, no futuro, acolhermos alguns jovens Professos para o II Ciclo de Teologia. A mesma Província de Angola, correspondeu ao desiderato do Capítulo de 1994 e, em princípio, em 1997-98, um confrade espiritano, já com alguma experiência de ministério sacerdotal, virá colaborar com o CEPAC e a Capelania dos Africanos, oferecendo a Província, ao fim do 1º ano, a tempo pleno neste empenho pastoral, a possibilidade de uma especialização em área a determinar pela Província de origem. - Região Espiritana da Europa. É uma realidade a construir dando assim resposta ao movimento de regionalização na Congregação. A colaboração entre as várias Províncias da Europa joga-se sobretudo através dos encontros anuais dos diferentes sectores de trabalho. Em Portugal, nestes últimos três anos, ocorreram já os encontros dos Mass-Media, da Pastoral Vocacional, dos Ecónomos e Procuradores e o encontro dos Jovens Espiritanos na Páscoa de 1997. A nossa última colaboração com a Região Europa acaba de acontecer com a afectação de um nosso confrade à nova comunidade sediada em Bruxelas para O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 669 se encarregar do encaminhamento dos projectos vindos dos nossos confrades do Sul junto de instâncias da U. E. e outras Organizações. Esta comunidade depende da região Europa e integra ainda um confrade como secretário permanente da Região, ao mesmo tempo que estará aberta para receber confrades reciclandos em Bruxelas. - Os pedidos de outras Circunscrições para enviarmos pessoal não cessam. Porto Rico pede um Formador. Tefé pede um Procurador para Manaus. Estados Unidos/E enviou até nós um confrade para motivar o envolvimento de mais espiritanos na Universidade de Duquesne quer como estudantes, quer como docentes ou ainda como colaboradores na pastoral universitária. Vida Comunitária Era objectivo deste tema «propormo-nos a fazer da comunidade em que vivemos lugar e sujeito da missão ‘procurando que sejamos cada vez mais, um só coração e uma só alma’», o que lançava como desafio a necessidade de crescer na comunhão, na unidade e na corresponsabilidade, conscientes que estamos de que a qualidade da nossa vida espiritana conta como interpelação vocacional para os jovens. Para alcançar este objectivo de revitalizar a vida de comunidade e o nosso dinamismo espiritual usaram-se os seguintes meios: - Organizou-se cada Ano Provincial à volta de um lema aglutinador: 1994-95: ”Plano de animação da Província”; 1995-96: “Encontrar novo dinamismo espiritual”; 1996-97. “Reavivar e partilhar o nosso carisma para crescer em dinamismo espiritual e apostólico”. As “editoriais” de «Missionários Espiritanos»: ”Nosso Índice de Felicidade”; “Encontrar”; “Natal-Dinamismo de Inserção”; “Mobilidade: Consagração e Missão”; “Encontrar Novo Dinamismo Espiritual”; ”Libermann, Inspirador de Renovação”; “Um Novo Dinamismo Missionário”; ”Criar hábitos no Coração”; ”Reavivar e Partilhar o Carisma para crescer em Dinamismo Espiritual e Apostólico”; “Fiéis à Nossa Vocação”; “Ler Espiritualmente... “; “O Coração do Apostolado”. - As Visitas do Provincial às situações missionárias onde vivem os confrades da Província e a Visita Provincial a cada comunidade (o Provincial tem um encontro com cada um dos confrades). - Todas as comunidades (excepto as paroquiais) elaboraram o Projecto Comunitário para o triénio 1994 -1997. Cada ano esse projecto foi avaliado e actualizado. Foi, sem dúvida, um marco referencial importante no revigoramento do espírito comunitário. - Reunião conjunta de Superiores e Ecónomos no início de cada ano pastoral. Tem-se realizado na convicção de que a animação e a qualidade de vida das comunidades passa pelo bom funcionamento e diálogo entre os dois confrades que asseguram estes serviços. - Necessidade e importância de animar os confrades doentes e idosos, com uma espiritualidade missionária adaptada à sua idade, foi um dos objectivos pouco 670 Adélio TORRES NEIVA alcançados. O Conselho Provincial, por várias vezes, abordou o assunto e sempre ficou a sensação de uma certa incapacidade por fazer algo. - Três Novenas fazem parte da vida espiritual das comunidades: Imaculada Conceição, Venerável Padre e Pentecostes, com vigília. Têm-se realizado e, nalguns casos, já com abertura ao exterior, conforme se tem insistido. - Alguns Símbolos Espiritanos foram reeditados e outros feitos de novo. A nível de ambientação missionária e espiritana das casas, tem havido recomendação e algumas comunidades têm sido felizes na sua criatividade. - Quanto à inserção na Igreja local, há muito caminho a percorrer, mas já temos a registar casos em que alguns confrades participam de estruturas diocesanas e acompanham o movimento pastoral da Diocese. Formação Espiritana Formação Inicial – É objectivo, da formação espiritana incutir nos jovens uma entrega total a Cristo, segundo o espírito dos fundadores, de acordo com as exigências da Missão-hoje. Para isso se elaborou o “Directório da Formação Espiritana” que foi entregue a cada confrade em Fevereiro de 1977. Entre os marcos da Missão-hoje, encontram-se a internacionalidade e a interculturalidade, o que tem implicado grande investimento na aprendizagem de línguas e no estágio missionário que todos os jovens desejam fazer, embora não seja obrigatório. Para uma formação aberta aos problemas dos mais necessitados e à dimensão de Justiça e Paz, procurou-se, sobretudo para os alunos do II Ciclo de Teologia, uma inserção pastoral em lugares criteriosamente escolhidos e tomou-se, praticamente como obrigatória, a participação na Semana Missionária Nacional e no Curso de Missiologia organizados pelos IMAG (Institutos Missionários Ad Gentes ). 2. Formação Permanente – Este assunto tem sido amplamente abordado e foi incluído no Projecto Comunitário de todas as comunidades. As Reciclagens Provinciais do Natal, durante dois dias, tiveram como temática: 1994 – “Relações humanas”; 1995 – “A Nova Evangelização e o desafio das culturas”: 1996 – “Biodinâmica (qualidade de vida racional)”. Alguns confrades participaram nas “Semanas Espiritanas” promovidas a nível da Região Europa e 10 puderam beneficiar de um período mais ou menos longo de reciclagem. Animação Missionária No plano da Animação Missionária aparece como objectivo principal a “sensibilização das comunidades cristãs para a missão universal da Igreja; a promoção do protagonismo que é devido aos leigos; e a comunhão entre os diversos sectores da Animação Missionária”. - A urgência de abrirmos cada vez mais a nossa espiritualidade e o nosso carisma aos leigos pedida pelo Capítulo (DCP 670,10), foi seriamente O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 671 implementada sobretudo através do caderno de apoio à formação dos grupos e ao tempo proporcionalmente longo que se deu à apresentação da figura dos nossos Fundadores e da nossa espiritualidade em momentos de retiro ou de encontros anuais de responsáveis de núcleos da LIAM, coordenadores dos vários movimentos da Animação Missionária, etc. - O empenho em dar mais protagonismo aos leigos é manifesto no esforço para organizar a LIAM, JSF e MOMIP em termos nacionais (nalguns casos) diocesanos e regionais (leia-se arciprestais). - O desiderato de ”realizar uma reunião conjunta das direcções e assistentes dos diversos sectores de Animação Missionária, em ordem a uma melhor comunhão de objectivos e programas” foi felizmente conseguido através de um encontro do que já se chamou CAME (Coordenadores da Animação Missionária Espiritana) que ocorreu em Fátima de 22 a 24 de Novembro de 1996, com delegados da LIAM, JSF, ASES e VOLUNTARIADO MISSIONÁRIO. A movimentação das pessoas e comunidades cristãs para os gestos de solidariedade efectiva está bem visível nos números que cada mês lemos na “Acção Missionária” particularmente nos items: ”Leite para crianças de Angola”; ”Solidariedade Missionária”; ”Refugiados do Ruanda”, ”Solidariedade com Moçambique”. O Directório da Animação Missionária Espiritana poderá ser o ponto de partida para que todos os grupos, movimentos e animadores sintonizem com a mesma onda do que é a Missão hoje e, consequentemente, das várias vertentes e especificidades da Animação Missionária. - Tentando olhar para o nosso trabalho em termos de números podemos informar o seguinte: grupos de LIAM: 300; grupos JSF: 30; Tiragem de Acção Missionária: 24.700; Encontro: 8.700; Calendário: 140.000; Almanaque: 130.000; Agenda: 66.000. . - A colaboração com os IMAG tem sido uma preocupação dentro do sector da Animação Missionária, embora por vezes se sinta que outros Institutos mais nos exigem por sermos o Instituto Missionário mais numeroso, com mais longa história e com experiência adquirida em certas áreas. Integrámos a “MissãoPress”; colaboramos na organização da Semana Missionária Nacional; participamos, com alunos e docentes no Curso de Missiologia; integramos o Conselho executivo do Ano Missionário, em 1998, proclamado pelos IMAG como “Ano do Espírito, Ano da Missão”. - O Voluntariado Missionário tem conhecido um desenvolvimento acentuado e sempre em ligação com os IMAG. Foi iniciativa dos Espiritanos a convocação de uma reunião especial para pôr em marcha um esquema comum de formação, de que a Fundação Evangelização e Culturas é o secretariado executivo, ficando o acolhimento e o envio dos leigos a cargo de cada Instituto. O envio em Setembro de 1996 de duas Voluntárias para Angola e a de perspectiva de outras partidas a curto prazo significa que o Voluntariado Missionário está mesmo lançado como pediu o último Capítulo. Há, é certo, questões em aberto. - Em Setembro de 1996 partiu para S. Tomé um Associado Leigo espiritano que, após cerca de dois anos de experiência em Comunidade espiritana, fez um 672 Adélio TORRES NEIVA contrato com a Congregação pelo período de três anos. O nosso trabalho de Animação Missionária da Igreja Portuguesa, com pessoas e estruturas, tem a sua expressão mais visível e tradicional na LIAM que este ano celebra 60 anos de fundação. Que história bonita de aventura, criatividade, fé, pioneirismo, generosidade e solidariedade, construída pelos Missionários do Espírito Santo, de mãos dadas com leigos amigos ou que ficaram no anonimato. A Peregrinação Missionária da Família Espiritana a Fátima que, desde há longos anos, se realiza no primeiro fim de semana de Julho, é um momento celebrativo forte com suas vertentes de oração de louvor e prece pelo nosso labor missionário, mas também pela dimensão festiva e convivencial que proporciona. Foi feito um real esforço para motivar à participação de mais confrades, sobretudo mais velhos mas, temos que o dizer, sem resultados palpáveis. A ausência de Paróquias espiritanas é igualmente notória. Vocações Quando falamos em vocações, a nossa esperança recebe coragem e fundamenta-se na certeza de que em toda a vocação existe um primado absoluto e eficaz de Deus que age também em tempos difíceis e continua sendo o Senhor da vida e da história. Este horizonte é fundamental na nossa abordagem da problemática vocacional porque, de outro modo, estamos a pensar, organizar, trabalhar e reagir como se o sucesso dependesse, em absoluto, desta ou daquela estratégia, deste ou daquele esquema. A chave para o apaziguamento de crispações, angústias, diversidade de pensamento, etc., pode ser esta: porque a vocação é Dom e Mistério acreditamos que só o amor criativo do Espírito pode agir e suscitar respostas surpreendentes. - Primeiro no Conselho Provincial e depois no Conselho de Formação, reflectiu-se sobre uma alternativa adequada para o modelo de Seminário Menor. Daí surgiu um Documento enviado a cada confrade. Em vários momentos, particularmente nas Visitas Provinciais, o assunto foi abordado. Nas Assembleias Provinciais Regionais de Abril e Maio de 1996, houve um tempo dado ao debate sobre a questão. Foi notório um amplo consenso, tendo em conta que mais de uma centena de confrades participaram nas Assembleias. O Conselho Provincial, face a todos os dados recolhidos neste processo de reflexão, tomou algumas decisões na sua reunião de 6 - 8 de Maio de 1996: 1 - Incentivar o trabalho com adolescentes, através de um acompanhamento personalizado na família, convencidos que estamos que é a adolescência a melhor fase para o despertar vocacional. 2 - Pôr de pé a estrutura do Pré-seminário ou Seminário Missionário em família. Dois confrades, a tempo pleno integram o Secretariado das Vocações, desde 1995-96; e três, desde 1996-97. O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 673 3 - Empenhar todos os confrades, animadores missionários e paróquias confiadas a espiritanos, no trabalho do despertar vocacional. Pedir-se-á, no início do Ano Pastoral, um programa de actividades vocacionais aos Centros de Animação Missionária e às paróquias confiadas a espiritanos. 4 - O Secretariado das Vocações trabalha em estreita colaboração com a comissão Provincial das Vocações que integra outros confrades de centros de animação ou seminários. - A Pastoral Vocacional iniciou um movimento de adolescentes simpatizantes da Missão a que chamou “Amigos da Missão” e, em geral, é daí que dão o salto para o Pré-Seminário. Justiça e Paz - Se, por um lado, os confrades manifestam simpatia por todas as iniciativas que têm que ver com os pobres, por outro nota-se um “desvio psicológico” com essa gente, motivado, quem sabe, talvez pela incapacidade sentida de não saber lidar com a sua situação existencial. Daí a impossibilidade de ter um confrade, em cada comunidade, atento a esta dimensão da nossa vocação missionária. - O envolvimento de Jovens Professos e Confrades na Pedreira dos Húngaros é uma das expressões visíveis do empenhamento na Justiça e na Paz. Igualmente o trabalho pastoral na prisão de Tires. Confrades houve que na polémica questão do deslocamento dos ciganos, se valeram da pena, para chegar a responsáveis civis, políticos e eclesiásticos, uma crítica a comportamentos xenófobos e racistas. Alguns artigos na nossa imprensa têm tido impacto junto de certo público. O mesmo se diga sobre os testemunhos publicados relatando o empenho dos nossos missionários em situações, política, económica e socialmente gritantes. A publicação de livros tais como, “P. Joaquim Alves Correia - Evangelho e Democracia” e “Missão em Angola”, são formas de fazer passar a mensagem de que Justiça e Paz são parte constitutiva da Evangelização. O mesmo se diga de artigos de opinião em Meios de Comunicação de impacto mais abrangente. - Em 1995, um confrade foi nomeado para, em acumulação com a Capelania dos Africanos, assumir a direcção do CEPAC (Centro Padre Alves Correia), libertado assim a tempo pleno para os dois trabalhos. Além do espaço na casa de Lisboa, ao confrade a trabalhar no CEPAC foi dado um carro. A Província atribuiu no seu orçamento anual um montante necessário para equilibrar o orçamento do CEPAC. Bens Materiais - A solidariedade financeira da Província, via ‘Cor Unum’, tem sido intensificada. No referente à ajuda directa a outros grupos, Circunscrições ou até confrades, temos procurado seguir o espírito de Itaicí (nº 35) onde se pede que a ajuda não seja dada directamente ao confrade mas ao grupo ou comunidade a 674 Adélio TORRES NEIVA que pertence. Mesmo desta ajuda directa começamos a dar conhecimento ao ‘Cor Unum’. - Na Torre d’Aguilha, não houve grande debate comunitário para as obras. Vários factores contribuíram para tal: dificuldade de negociação com a Segurança Social, pressão da mudança do II Ciclo, não desactivação total do acolhimento a grupos. - Não é sensato nem seguro basear o nosso financiamento sobre o rendimento de capital. Se é verdade que vendemos Benfica e uma casa-legado em Penafiel, trabalhámos e conseguimos, pelo arrendamento “ad tempus” de três imóveis: Boavista, Restelo e Torre d’Aguilha. Na busca da melhor gestão dos bens, temos contado com a ajuda de leigos, em casos pontuais, mas não temos aquilo que poderíamos chamar consultores financeiros. - A necessidade de mais rigor, precisão e realismo fez-nos começar a integrar todo o montante da solidariedade missionária na contabilidade da Província. Redimensionamento O conceito de Redimensionamento começou a ser usado na Província, aquando do CPA de 1991. Tem a ver com a gestão da esperança no futuro e o realismo da nossa situação (número e idade etária dos confrades, fidelidade ao essencial da nossa Missão, grandeza dos edifícios, recursos financeiros para a Missão ...). - Está terminado o Redimensionamento do Fraião: Comunidade, Doentes; Seminário Menor; Centro de Animação Missionária, Pastoral Vocacional, Voluntariado; Casa de acolhimento a grupos. A Silva integra Noviciado e Seminário Menor. Viana é Comunidade de 3ª idade e Centro de Animação Missionária. A Comunidade de Pinheiro Manso responde por três sectores: Formação, Pastoral Vocacional, Centro de Animação Missionária. A Torre d’Aguilha é um vasto mundo: Comunidade de 3ª idade, II ciclo de Teologia, Casa de acolhimento a grupos, dois arrendamentos: lar de 3ª idade à Segurança Social e Rádio Marginal. A Associação S. Tiago do Fraião apresentou-nos um projecto para usar a casa do Espadanido como espaço de solidariedade: lar de 3 ª idade, ocupação de tempos livres, etc. Em Godim, começaram os contactos com a recém-criada Associação Olimpicus, para usar a parte antes reservada aos alunos, para a instalação de um lar para jovens em situação de risco, na região da Régua. A urbanização da Quinta do Fraião está sendo sábia e prudentemente encaminhada. - Paróquias. A carência de pessoal e as circunstâncias especiais em que algumas paróquias ficaram com o estatuto de paróquias espiritanas, obrigou-nos a fazer algumas opções. Em Godim, fez-se um contrato com a Diocese de Vila Real pelo período de seis anos, a iniciar em 1995-1996. O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 675 As cinco paróquias de Vila Nova de Cerveira, em Setembro de 1995 deixaram de ser espiritanas com a retirada de um confrade por motivos de saúde. O outro confrade, manifestando-se indisponível para a mudança ficou, a título individual, com o encargo de duas paróquias. Na Diocese do Algarve, voltamos a ter uma só comunidade em S. Brás de Alportel, ainda que com encargo de Santa Catarina. Olhão foi entregue. S. Domingos de Rana é paróquia espiritana. Tires não; é assistida temporariamente, pelo pároco de S. Domingos, com a colaboração da Torre d’Aguilha. Foi iniciado o diálogo com o Patriarcado de Lisboa para reflectir sobre a nossa presença pastoral na região. - Aniversários 2002 e 2003. Celebram-se os 300 anos da Fundação da Congregação; os 200 anos do nascimento de Libermann e os 150 anos da sua morte. Unimo-nos ao movimento da Congregação para, desde já, preparar tais datas jubilares. Um confrade da Província integra o GIHC (Grupo Internacional de História da Congregação). A Província avançou com algumas iniciativas, algumas das quais estão já em andamento. O Arquivo Provincial começou a ser organizado. Decidiu-se o espaço, adquiriu-se o mobiliário, já se arquivaram alguns livros e documentos. Ano de 1994 O Provincial aproveitou a realização do Capítulo do Distrito da Amazónia (20 a 28 de Outubro de 1994) para visitar os confrades desse distrito; foi moderador nesse Capítulo, agora marcado pela internacionalidade: 15 confrades de 7 Províncias. Visitou também os confrades do Brasil Sudeste e do Paraguay. No dia 20 de Novembro, foi prestada homenagem ao P. José Maria Pereira, na sua terra natal, Paço de Rio Frio, diocese de Bragança, altura em que se perfaziam 12 anos após a sua morte no Brasil. Foi descerrada uma lápide no adro da Igreja, pelo Bispo de Bragança, D. António Rafael. Merece também relevo o Encontro de Superiores Maiores Lusófonos, que se realizou no Pinheiro Manso, no verão de 1994 e com a participação dos Superiores Maiores de Angola, Brasil/SE e Cabo Verde. Trataram-se assuntos relacionados com a permuta de pessoal e de actividades propostas pelo Capítulo Provincial de 1994. De 21 a 27 de Novembro de 1994, realizou-se também a Assembleia dos Provinciais da Europa, em Bydgoszcs, na Polónia, dando continuidade a um estilo de encontros que se repete todos os anos. Do mesmo modo, tiveram lugar a nível europeu as Reuniões de Ecónomos e Procuradores na Irlanda (com a presença dos PP. Marcelino Duarte Lopes e Casimiro Pinto de Oliveira), dos Formadores, na Suíça, (com o P. José Lopes de Sousa), dos Responsáveis de Justiça e Paz (com o P. António Luís Farias Antunes), dos Jovens e Vocações (com o P. José Martins da Costa) e da Comissão História (com o P. Adélio de Almeida Torres Neiva). 676 Adélio TORRES NEIVA Ano de 1995 De 15 a 21 de Março de 1995, esteve entre nós o Superior Geral, P. Pierre Schouver, que visitou todas as comunidades. De 7 a 20 de Maio de 1995, teve lugar em Cap des Biches, a 20 kms de Dakar, o Conselho Geral Ampliado. O Tema geral de reflexão foi “Caminhar sob a inspiração do Espírito Santo”. Fez-se uma reflexão sobre a aplicação das orientações de Itaicí. As necessidades da formação inicial e permanente, bem como a organização, a solidariedade, os meios de comunicação, a animação da Congregação foram ainda temas da reflexão do Conselho. Como moderador esteve o P. Manuel Durães Barbosa. Os dois temas mais aprofundados foram a “Organização da Congregação” e a “Formação Contínua”. Esteve presente como delegado da Província, o Provincial, P. Eduardo Miranda. O P. Veríssimo Manuel Teles foi nomeado Director do CEPAC – Centro Padre Alves Correia, em 1995, substituindo o P. António Ribeiro Laranjeira. Neste ano foram nomeados como superiores: Silva – P. Mário Faria Silva; Godim – P. Manuel João Magalhães Fernandes; Coimbra – P. José Coelho Amorim. Como Ecónomos: Estrela – P. Agostinho Pereira Rodrigues Brígido; Aguilha – P. Manuel dos Santos Neves; Godim – Irmão António dos Santos Brás; Viana do Castelo – P. Alberto da Fonseca Lopes. Como Administrador da LIAM – P. Agostinho Pereira Rodrigues Brígido. Como Pároco de Godim – P. Ricardo dos Santos Meira. O P. António Luís Farias Antunes foi nomeado Conselheiro Provincial em substituição do P. António Ribeiro Laranjeira. Como assistente dos ASES, foi nomeado o P. Jorge Veríssimo. Em 1995 a Casa da Boavista foi alugada ao Instituto Alemão. Na Estrela foi inaugurada a Capela renovada pelo arquitecto Líbano Monteiro. Também a Casa do Fraião, remodelada, além da comunidade espiritana e da Formação, ficou a integrar o Centro de Animação Missionária, a funcionar no pavilhão central. O segundo piso do Pavilhão Central foi redimensionado para acolhimento a confrades dependentes. Igualmente se decidiu encerrar o Espadanido em 1995-96, ficando o imóvel a cargo da comunidade do Fraião. Também em Janeiro de 1995 foi lançado à Província um Questionário sobre a rotatividade, cujo resultado foi reflectido a nível provincial. Em 1995, o Provincial visitou Angola (15 de Janeiro a 15 de Fevereiro) tendo participado no 3° Capítulo daquela Província. Visitou igualmente a África do Sul (16 a 24 de Fevereiro) e a Guiné-Bissau (23 a 28 de Maio). Por decisão do Conselho Geral, foi decidido fundar um grupo internacional nas dioceses de Chimoio e Nacala, em Moçambique; Portugal integrará esse grupo. Em Fátima, realizou-se a reunião dos Superiores de Comunidade e Ecónomos. A Região Espiritana da Europa teve as seguintes reuniões: Educadores, na O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 677 Irlanda (28 de Maio a 1 de Junho); Comissão dos Meios de comunicação Social, na Aguilha, (28 de Maio a 1 de Julho); Ecónomos e Procuradores, na Alemanha (17 a 19 de Abril); Assembleia dos Provinciais, em Dublin (20-25 de Novembro); Responsáveis da Pastoral Vocacional, na Alemanha (3 a 7 de Novembro); e Comissão dos Formadores, em Roma (2 a 8 de Novembro). A 8 de Setembro fez um contrato com a Congregação o primeiro Associado Leigo, que partiu para S. Tomé, o Sr. Cruz Flores; no dia 15 de Setembro, duas Leigas, uma Engenheira Civil e uma Professora de Geografia, Celeste Reis e Laura Casimiro, após um tempo de preparação, fizeram um compromisso com a Província e partiram para Angola, pelo período de um ano, a fim de trabalhar numa escola da diocese do Lubango. Na reciclagem do Natal, reflectiu-se sobre “A Nova Evangelização e o mundo moderno” . Ano de 1996 O tema escolhido para o novo ano provincial foi: “Reavivar e partilhar o nosso carisma para crescer em dinamismo espiritual e apostólico”. Em Junho, o P. Manuel da Silva Martins assumiu o cargo de Secretário Provincial, que vinha sendo exercido pelo P. Veríssimo Manuel Teles. Durante este ano, em Novembro, o Provincial visitou Cabo Verde, orientando o retiro dos confrades. A nível da Região Europa, a reunião dos Ecónomos e Procuradores, foi no Fraião (20 a 25 de Abril); a de Justiça e Paz (17 a 22 de Outubro), na Polónia; a dos Formadores (7 a 13 de Novembro), na Polónia; a dos Animadores Vocacionais (8 a 12 de Novembro), no Fraião; a Assembleia dos Provinciais, na Inglaterra (24 a 30 de Novembro). Os Jovens em formação inicial tiveram também o seu encontro em Viana do Castelo. A reciclagem do Natal teve como tema a “Biodinâmica”. Organizaram-se também encontros de “Relações humanas” à base da dinâmica da “Nova Humanitas”. Em resposta ao pedido do Capítulo Provincial, foi nomeada uma comissão “ad hoc”, formada pelos PP. José Martins da Costa, António Farias Antunes, Manuel Durães Barbosa, Manuel Martins Ferreira e Agostinho Tavares Medeiros, para estudar o problema dos Seminários menores. Esse estudo foi apresentado ao Conselho Provincial, do qual recolheu as seguintes orientações: - Incentivar o trabalho com adolescentes através de um acompanhamento personalizado na família, convencidos que estamos que a adolescência é a melhor fase etária para o despertar vocacional. - Pôr de pé a estrutura do pré-seminário ou Seminário Missionário em Família. Três confrades, a tempo inteiro, integram a equipa vocacional ou secretariado das vocações: P. José Martins da Costa, P. José Carlos Coutinho e P. Manuel João Magalhães Fernandes. 678 Adélio TORRES NEIVA - Empenhar todos os confrades, animadores vocacionais e paróquias confiadas a espiritanos, no trabalho do despertar das vocações. Pedir-se-á no início do ano pastoral, um programa de actividades vocacionais aos centros de animação missionária e às paróquias confiadas aos Espiritanos. - O Secretariado das Vocações trabalhará em estreita colaboração com a Comissão Provincial das Vocações, que, além dos três confrades referidos, integra ainda os PP. António Farias Antunes, Tarcísio Santos Moreira, António Marques de Sousa e um confrade de Viana do Castelo. - Continuar-se-á com a Comunidade de Godim, embora não admitindo alunos para o 7°ano. Os adolescentes que já venham do Seminário em Família e que queiram entrar para o 7° ano, serão encaminhados para o Fraião. A casa de Godim fica aberta a actividades de carácter vocacional e disponível para acolher grupos da diocese. De salientar ainda neste ano o lançamento de três publicações: O “P. Joaquim Alves Correia”, do P. Francisco Lopes, na Universidade Católica; a “Missão em Angola” do P. Tony Neves, também na Universidade Católica; e a “Hora de Esperança”, a biografia do P. José Felício, pelo P. Jorge Veríssimo. O ano de 1996 conheceu também a concretização do novo projecto missionário de Moçambique, que foi assumido pelo Conselho Geral a 15 de Junho. Da nova equipa fazem parte dois portugueses: os PP. Domingos Matos Vitorino e Pedro Gouveia Fernandes. Em 1996 fecharam-se duas casas: Restelo e Benfica. A opção feita foi desfazermo-nos dos edifícios pequenos, recuperar os mais históricos e neles incluir várias finalidades, com o estatuto de autonomia para as diferentes obras de Formação, Animação Missionária e acolhimento aos grupos, Terceira Idade, etc. Desde Setembro que o II Ciclo de Teologia funciona na Torre d’Aguilha, alugando-se a casa do Restelo. A casa de Benfica foi posta à venda. Ano de 1997 Neste ano houve as seguintes nomeações: Comissão Justiça e Paz: José Reis Gaspar (Director), António Farias Antunes, Veríssimo Teles e Tony Neves. O P. Firmino Cachada foi nomeado para Bruxelas, para o Secretariado da Região Espiritana da Europa, concretamente para o CSE/CD (Centre Spiritain Européen/Coopération et Dévelopement). O Serviço Espiritano de Solidariedade (SES) ficou confiado à comissão: P. António Farias Antunes, P. Casimiro Pinto de Oliveira (Procurador) e P. Agostinho Pereira Rodrigues Brígido (Administrador da LIAM). Secretariado Executivo do CESM (Centro Espírito Santo e Missão): PP. José Manuel Sabença e Manuel Durães Barbosa. Coordenador dos JSF (Jovens Sem Fronteiras): P. Tony Neves. Director da Revista “Encontro”: P. Adélio Torres Neiva. Director do Jornal “Acção Missionária”: P. Tony Neves. Capelão do Hospital da Covilhã: P. António Cardoso Cristóvão. O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 679 Neste ano as nomeações foram as seguintes: Superiores: P. Manuel dos Santos Neves, Viana do Castelo; P. Manuel Durães Barbosa, Estrela; P. Álvaro da Costa Campos, S. Brás de Alportel. Ecónomos: P. António dos Santos Moreira, Torre d’Aguilha; P. António Correia de Andrade, Viana do Castelo; P. Afonso da Cunha Duarte, S. Brás de Alportel. Director do I Ciclo de Teologia: P. José Manuel Sabença. Pároco de Tires: P. José Ferreira da Cunha, regressado do Distrito da Amazónia; Pároco de S. Brás de Alportel: P. Domingos de Matos Vitorino, regressado de Moçambique. Capelão do Hospital de Sant’Ana, na Parede: P. Manuel Nunes. Este ano, em que culmina o 1 ° triénio do P. Eduardo Miranda, foi marcado por três acontecimentos particularmente importantes: a Visita do Conselho Geral, o Conselho Provincial Alargado (CPA/97) e a preparação para o Capítulo Geral de 1998. A visita do Conselho Geral, realizada pelos conselheiros P. Bernardo Bongo e P. Sérgio Castriani, teve lugar de 7 a 22 de Abril de 1997 e a partir do dia 13 contou com a presença do Superior Geral, P. Pierre Schouver. Entre outros valores positivos, os Visitadores salientaram a esperança e uma abertura maior à participação dos confrades que caracteriza a Província; dos aspectos a melhorar foi lembrada a necessidade de um relacionamento pessoal de mais qualidade, bem como uma maior atenção à inserção na Igreja local.No seu relatório final, os visitadores dizem que “se sente na Província um optimismo realista”, em que “o passado e as tradições são fundamento de um presente no qual se procura responder aos desafios da missão nos dias de hoje, com muita confiança no futuro”. “A Província sempre teve no passado uma austeridade inteligente, de sobriedade espiritana no modo de viver individual e colectivo. Embora os tempos e a sociedade em que vivemos sejam outros, não devem aquelas dimensões deixarem de nos preocupar, para bem da Província”. “Podemos dizer que a Província acredita no seu futuro comprometendo-se na formação de novos candidatos apesar da aridez de tal compromisso. Acredita nos seus confrades que, após uma longa vida de trabalhos, pouco mais têm para dar que o seu sofrimento e o seu amor à Congregação, apesar de uma ou outra voz que é tentada a colocar cores mais negras no horizonte. Acredita nos seus jovens e menos jovens que se empenham na Província, ou fora dela, a dar do seu melhor à missão”. Neste período, desenvolveu-se o Pré-Seminário como alternativa ao Seminário Menor do 7°, 8° e 9° anos, pedida pelo VI Capítulo Provincial, que implicava tempos comuns de formação e frequentes visitas aos pré-seminaristas para um acompanhamento pessoal. Trata-se, de facto, de um seminário externo ou em família. Começou a estruturar-se o ano passado, embora as ideias e os projectos sobre este assunto, sejam mais antigos. O “estágio missionário” foi também devidamente estruturado, fazendo-se para isso um “Regulamento” adequado440. Também em obediência ao voto do VI Capítulo Provincial, a Província abriuse aos confrades do Sul: admitindo um noviço mexicano para o ano de 1997-1998 440 BPPCSSp. 1997 p. 19-21 680 Adélio TORRES NEIVA e acolhendo o pedido de Angola para receber alguns seminaristas na Província. Quanto à Formação, fez-se a opção de, em 1997/99 continuar o actual esquema de Formação na Silva, isto é, 12° ano com aulas na Didálvi e o 10° e 11 ° anos com aulas em casa. Foi aprovado pelo Conselho Provincial o Plano elaborado pelo Secretariado das Vocações. Centro Espírito Santo e Missão (CESM) Pessoas mais identificadas com o nosso carisma e não só, vinham pedindo, desde há alguns anos, algo mais à nossa Congregação. Pretendiam, na verdade, “um aprofundamento da nossa espiritualidade, um maior conhecimento dos nosso fundadores, das suas intuições de fundo, do seu espírito e da sua missão na Igreja”. Dada uma certa abertura e sensibilidade por parte da Província, o Conselho Provincial Ampliado de Julho de 1997, na Torre d’Aguilha, aprovou a proposta da criação de um Centro de Espiritualidade Missionária Espiritana, com o nome de “Centro Espírito Santo e Missão” (CESM). Havia, com efeito, dois acontecimentos que reclamavam para já e sem delongas, uma resposta positiva: o ano de 1998, consagrado ao Espírito Santo e em Portugal, ano missionário, declarado pela Conferência Episcopal. Por outro lado, a nível da Congregação, preparavam-se os centenários de 2002 e 2003, relativos aos fundadores. De imediato, o Conselho Provincial nomeou uma comissão dinamizadora, constituída pelos: PP. José Manuel Sabença e Manuel Durães Barbosa, a funcionar no momento em forma de secretariado. O Conselho aprovou a programação imediata das actividades, que numa primeira etapa, circularia a nível interno. Tais actividades destinavam-se a intensificar a vivência do ano dedicado ao Espírito Santo. O lançamento oficial do CESM foi programado para a reciclagem do Fraião, a 28 e 29 de Dezembro de 1997. Conselho Provincial Alargado / 97 (CPA/97) O lema escolhido para o CPA/97 foi “Reavivar e partilhar o nosso carisma para crescer em dinamismo espiritual e apostólico”. O seu objectivo foi, por um lado, fazer a avaliação das Orientações e Decisões tomadas no Capítulo Provincial de 1994, e por outro, dar orientações para um Plano de Animação da Província para o triénio de 1997-2000. Como preparação deste Conselho, foram publicadas 7 circulares do Provincial e distribuído um questionário preparatório a todos os confrades, dividido por cinco items, que seriam os temas a ser reflectidos no CPA. Cada tema foi confiado a uma comissão que, em colaboração com outros confrades, o devia preparar para o Conselho: O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 681 - A nossa missão espiritana (equipa preparatória: P. Agostinho Tavares Medeiros, José Reis Gaspar, José Martins da Costa e Manuel Martins Ferreira) . - Gestão da nossa Missão e Redimensionamento (PP. Manuel Marinho Lemos, António S. Sousa Neves, José Ribeiro Mendes e Adélio Torres Neiva). - Recursos Humanos e Vida Comunitária (PP António Farias Antunes, Joaquim Macedo Lima, Manuel Durães Barbosa e Marcelino Duarte Lopes). Animação Missionária e Vocacional (PP. José Castro Oliveira, Mário Faria Silva, Eduardo Guedes Osório e José Carlos Coutinho). Organização, Solidariedade e Comunicação (PP. Casimiro Pinto de Oliveira, Carlos Salgado Ribeiro, Agostinho P. Rodrigues Brígido e José Lopes de Sousa). Como documentação, além do resultado destas Comissões, foram apresentados os relatórios do Superior e do Ecónomo Provincial, as respostas ao Questionário e vários subsídios informativos. O CPA reuniu-se de 13 a 18 de Julho de 1997, na Torre da Aguilha. Das propostas e conclusões deste Conselho, salientamos algumas mais significativas: o lançamento do CESM, a vivência do Ano do Espírito Santo, a insistência no perfil das paróquias espiritanas, onde deve transparecer a dimensão missionária e vocacional, o compromisso da Província e de cada comunidade no domínio da Justiça e da Paz, com uma tónica especial no CEPAC, o Projecto da Vida Comunitária, a Solidariedade da Província para com as situações de pobreza mais prementes, a elaboração de um Plano de Pastoral Vocaciona1, a Formação espiritana, a organização do Arquivo Provincial e uma atenção especial aos doentes e idosos. Lembremos algumas orientações mais concretas: - Tenha a dimensão da primeira evangelização um maior impacto na Formação, bem como nas opções que se fizerem por Paróquias em Portugal. - Procure-se sensibilizar as novas gerações para a abertura aos novos campos de missão, nomeadamente em Moçambique e na Ásia. - Ajudem-se todos os confrades, seja qual for a idade em que se encontram, a assumir a Justiça e Paz, como dimensão fundamental da nossa Missão. - Busque-se a participação nas Comissões e Organismos Justiça e Paz, a nível diocesano e nacional. - Em cada comunidade seja nomeado um confrade para estar mais atento às situações de Justiça e Paz. - Em cada casa haja um espaço onde se possa acolher, com dignidade e sem prejuízo da nossa privacidade, algum pobre que necessite tomar alguma refeição (DCP 662, 1). - Ao constituir a equipa do CEPAC, preveja-se que um dos membros fique a tempo pleno neste serviço e em articulação com outro membro particularmente destacado para a Capelania dos Migrantes. - Que o nome do Centro de Espiritualidade seja Centro Espírito Santo e Missão (CESM). - Que o Provincial e seu Conselho, nomeiem o mais cedo possível, uma comissão dinamizadora do CESM que, para começar, tenha a forma de Secretariado. 682 Adélio TORRES NEIVA - Que as paróquia espiritanas sejam um projecto do Instituto e não um projecto pessoal. - Que sejam paróquias-sinal, situando-se em zonas desfavorecidas ou pouco evangelizadas e para as quais a Igreja dificilmente encontra pastores. - Que seja sempre uma comunidade espiritana que está ao serviço da paróquia. - Que as paróquias espiritanas ajudem na Implantação da Igreja na periferia das grandes cidades e em grupos que estão à margem da sociedade. - Que, sempre em diálogo com a Igreja local, estejamos dispostos a partir das nossas paróquias para outra situação, logo que nossa presença na paróquia já não corresponda aos critérios aqui enumerados. - Que se amplie o conceito de Procuradoria: estender o serviço da Procuradoria ao encaminhamento de projectos de desenvolvimento ou de acção pastoral apresentados pelos missionários; garantir um serviço de informações sobre ONGs, etc.; trabalhar em ligação com o Secretariado Europeu em Bruxelas com a mesma finalidade. - Em princípio, sempre que haja a venda de um imóvel, que se destine, pelo menos, 5% para o apoio à Missão ad extra. - Que no ano de 1998, Ano do Espírito Santo, nos Retiros, nas Recolecções Provinciais, assim como nas Reuniões mensais de comunidade, privilegiemos o tema do Espírito Santo. - Enquanto tivermos candidatos que o justifiquem (3 a 5), o Noviciado continua a realizar-se na Província. - A Província é solidária com a Região Europa, acolhe candidatos de qualquer circunscrição e está aberta a outras soluções, se as circunstâncias o exigirem. - Elaboração, pelo Conselho Provincial, de um Plano de Formação Permanente para o triénio. - Que se estude a possibilidade de uma formação diferenciada que vá de encontro às necessidades e idade dos confrades. - A modernização, racionalização, funcionalidade e solidariedade dos serviços da Administração Central e dos diversos Centros de Animação Missionária, pondo ao seu serviço todos os meios técnicos disponíveis. - A resolução de todos os problemas fiscais, estudando-se a criação de uma Associação ou Empresa a partir da Editorial LIAM. - A constituição de um Conselho de Redacção para a Acção Missionária e Encontro. - A aprovação oficial dos Estatutos de cada sub-sector da Animação Missionária (LIAM, MOMIP, JSF). - A nomeação de um responsável que, à medida do desenvolvimento do Voluntariado Missionário, tenha esta tarefa, quanto possível, como principal. - Seja nomeado um coordenador nacional dos JSF e criada uma coordenação nacional e haja uma programação de 1inhas temáticas comuns, tendo em conta as orientações da Animação Missionária. - Inicie-se um diálogo entre a Província e a ONG “Sol Sem Fronteiras “, de modo que possa contemplar o envio dos Leigos Espiritanos. - Que se avance com as Fraternidades Espiritanas, numa atitude de serviço à O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 683 Igreja. - Que se confie ao CESM a dinamização das Fraternidades Espiritanas. - Que as Fraternidades não sejam um movimento paralelo aos que já temos, mas que possibilite um aprofundamento da nossa espiritualidade, assim como um maior compromisso na nossa Missão. - Se necessário, que o Conselho Provincial indique uma equipa que, juntamente com os Leigos, elabore os princípios dinamizadores destas Fraternidades Espiritanas e que, desde o início, os Leigos sejam envolvidos nas responsabilidades das mesmas. - Admite-se que as Fraternidades possam ser um caminho para a integração de Leigos que pretendam chegar ao estatuto de Associados. - A aposta no Pré-seminário com a abolição progressiva das admissões para os 7°, 8° e 9° anos de escolaridade em regime de Seminário interno. - A elaboração de um Plano de Pastoral Vocacional pelo Secretariado das Vocações, aceite pela Comissão das Vocações e aprovado pelo Conselho Provincial. - Manter de pé a hipótese de os seminaristas do 10°, 11° e 12° anos seguirem para o Fraião caso a Silva se transforme no Centro de Espiritualidade. - Que o Serviço de Solidariedade criado no CPP/90 – n.os 572-577 e entretanto chamado SES, passe a partir de agora a constituir o Serviço Espiritano de Solidariedade para a ajuda a todas as situações missionárias mais urgentes. - Que o Fraião seja apetrechado com meios humanos e técnicos capazes de dar assistência conveniente aos mais idosos e doentes mais dependentes, mesmo que isso implique o aumento de encargos e despesas. - Especialmente no Fraião e na Estrela haja um confrade encarregado do acompanhamento dos idosos e mormente dos doentes. - As conversações sobre a utilização da Casa do Espadanido em ordem à implantação aí de um Lar para idosos e doentes devem incluir a assistência (enfermagem e assistência domiciliar a doentes e acamados) aos nossos confrades. - Que se estruture um sistema que possibilite um Complemento de Reforma, de modo a facilitar a melhoria assistencial dos confrades idosos ou doentes. - Que nas obras a realizar na Estrela, haja pelo menos uns 40 quartos. - Que na remodelação do Pavilhão Sul do Fraião, se defina, em primeiro lugar, a finalidade do edifício, salvaguardando sempre a polivalência funcional dos espaços, nomeadamente Casa de Acolhimento e Casa de formação. - Procure-se que todos os confrades façam testamento legal de seus bens imóveis. - Aconselham-se os confrades que, à sua morte, queiram ser enterrados em cemitérios que não sejam da localidade onde residem, tenham essa intenção expressa por escrito, preferentemente depositada no seu dossier pessoal. - Qualquer publicação deve ser previamente sujeita à apreciação da Comissão de Redacção e ter o parecer positivo da Comissão de publicações para ser publicada. 684 Adélio TORRES NEIVA Admitem-se quatro formas de editar livros: 01. Servir-se de uma editora exterior a nós, o que facilita a distribuição. 02. Usar a editorial LIAM, só quando a distribuição for garantida e sempre em consonância com o Conselho de Animação Missionária. 03. Fazer cópias em Off-set para circulação interna, como forma de preservar o trabalho feito. 04. Usar o espaço da revista “Missão Espiritana” como alternativa à publicação de certos livros. - Salvaguardar o Património Histórico da Província. Para isso, escolher no Arquivo Provincial, os fundos históricos de cada comunidade, de que devem constar: - os Diários da Comunidade com mais de 10 anos. - o fundo pessoal dos confrades que faleceram. - obras referentes à vida da Província ou de confrades, de que não haja nenhum exemplar no Arquivo Provincial. - A recolha deste material deve ser efectuada ao longo do ano lectivo 1997 e 1998, pela equipa responsável pelo Arquivo da Província. - Constituir em cada comunidade o cargo de Arquivista e zelar para que se faça obrigatoriamente o Diário da Comunidade. - Cuidar de ordenar, informatizar e preservar o recheio da biblioteca de cada comunidade441. No Conselho Alargado procedeu-se também à eleição do Provincial e seu Conselho. Outras actividades da Província A Congregação tem avançado no caminho da Regionalização. Desde há anos que as dez Províncias da Europa procuram uma maior colaboração entre si. Há projectos que dependem da Região Europa: o último é o estabelecimento de uma comunidade que acolherá o Secretariado Permanente dos Provinciais da Europa (está nomeado o Secretário P. Jean-Pierre Gaillard), o encarregado dos Projectos, que estudará os projectos apresentados pelos confrades missionários e procurará para eles as melhores pistas de financiamento (foi nomeado o P. Firmino da Costa Sá Cachada) e os confrades que possam estar em reciclagem. Este ano realizaram-se também as habituais reuniões das Comissões da Região Europa, bem como as Comissões Provinciais. Na Formação Permanente, a Reciclagem do Natal abordou os temas: “Mundo Moderno nas vésperas do ano 2000”; “Espírito Santo e Missão”; “Caminhos do Espírito em Libermann e Poulllart des Places”. Na Torre da Aguilha, em 1996, tinham começado grandes obras de restauro do edifício. Em Dezembro desse ano fez-se a mudança do Lar para o Pavilhão Leste 441 Ibid p. 45-61 O Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1.º Triénio 1994-1997) 685 e, a partir de Janeiro de 1997, o serviço de cozinha começou a ser prestado por uma empresa exterior. 687 Capítulo 74 O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000) N o Conselho Provincial Alargado de 1997 (CPA/97), o P. Eduardo Miranda foi reeleito, eleição confirmada por decisão do Conselho Geral, para um segundo mandato de três anos, a partir de 17 de Julho de 1997. O P . Eduardo tomou posse do cargo, durante a Eucaristia celebrada na Torre d’Aguilha a 17 de Julho, na presença de todos os participantes do CPA/97. Neste mesmo Conselho, foram eleitos os membros do Conselho Provincial que ficou assim constituído: P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira, Superior provincial; P. António Luís Farias Antunes, 1° Assistente e Coordenador da Animação Missionária; P. José Manuel Matias Sabença, 2° Assistente e Coordenador da Formação; P. Carlos Salgado Ribeiro; P. José Martins da Costa. Da escolha do Provincial: P. Mário Faria Silva e P. Veríssimo Manuel Teles. Como Ecónomo Provincial foi nomeado o P. Marcelino Duarte Lopes. Província e Missão A Província, no seu todo, optou por promover uma iniciativa englobadora que mobilizasse o esforço de todos os movimentos de leigos espiritanos, para conseguir fundos que permitam a criação de pequenos projectos na área da educação e da saúde, na missão de Netia, em Nacala – Moçambique. Foi dada resposta positiva ao apelo do México para enviar um confrade, durante três anos (1996-1999), como coordenador da Formação. Foi concretizado o envio de duas leigas e de três leigos missionários, quatro professores e um carpinteiro, para Angola (Lubango), através do Voluntariado Espiritano. A solidariedade, em pessoas, com Angola, entrou numa fase diferente: veio um confrade angolano trabalhar a tempo pleno, durante um ano, no CEPAC e na Capelania dos Africanos, em Lisboa, para depois frequentar um curso de Sociologia na Universidade Lusófona em simultâneo com o apoio aos trabalhos mencionados; dois jovens professos integram a comunidade do II Ciclo de Teologia, frequentando o 3º ano de Teologia na Universidade Católica. A solidariedade material com a Guiné-Bissau tem existido sempre, mesmo quando retiraram os confrades portugueses, sendo particularmente engrossada durante a guerra que rebentou no país. “Restabelecer laços vitais – Espiritanos rumo à comunhão” foi um documento 688 Adélio TORRES NEIVA aprovado pelo Conselho Provincial em Março de 1999 e enviado a todos os confrades originários da Província a viver ou não em comunidade. Visava-se neste documento esclarecer a relação com a Congregação dos confrades que há muito vivem fora de comunidade. A escolha do lugar dos estágios missionários passa por um diálogo com o formando, que permite tomar consciência das prioridades missionárias da Congregação e ter em conta uma certa inclinação para um determinado contexto missionário. São três os critérios fundamentais tidos em conta na hora da opção dos lugares: garantia do acompanhamento por parte de alguém que mereça a confiança da Província, garantia de vida comunitária, garantia de um trabalho que preencha o tempo do jovem. Neste triénio, os campos de estágio foram diversificados: México, Paraguai e Cabo Verde (1997), Senegal e Cabo Verde (1998), Amazónia, Guiné-Bissau, Cabo Verde e África do Sul (1999). Ano de1997 A frequência dos seminários neste ano lectivo de 1997/1998, era a seguinte: Fraião: 18 alunos: 9 no 8° ano e 9 no 9° ano; Silva: 21 alunos: 7 no 10° ano, 8 no 11°, e 6 no 12°; Pinheiro Manso (Porto): 9 alunos: 7 no 1 ° ano de Teologia e 2 no 2°; Noviciado (Silva) : 3 noviços; Torre da Aguilha: 9 alunos no 4° ano e 3 no 5° ano de Teologia. Em estágio missionário estavam 4 Jovens. Como nomeações mais significativas registamos: Ecónomo Provincial: P José Lopes de Sousa, após uma reciclagem no Brasil. Administrador da LIAM: P. Carlos Salgado Ribeiro, após reciclagem no Brasil. Procurador Junto da Santa Sé: P. José Ribeiro Mendes. Nesta altura a Província contava 201 membros, dos quais 77 na missão ad extra. Consciente da diminuição do pessoal, a Província procura o equilíbrio entre o envio ad extra e a dinamização das estruturas provinciais. Os confrades ad extra, estão repartidos entre a manutenção das situações missionárias já tradicionais na Província (Angola, Cabo Verde, Brasil) e os projectos novos da Congregação (Moçambique, Amazónia, Paraguay, Guiné-Bissau...). Ano de 1998 O Capítulo Geral de 1998 elegeu o P. António Luís Farias Antunes para Conselheiro Geral. Assim, ficaram vagos três cargos: o de 1º Assistente no Conselho Provincial, o de Director do II Ciclo de Teologia e de coordenador do sector da Animação Missionária. Na reunião extraordinária do Conselho Provincial, no dia 8 de Agosto de 1998, foram nomeados: o P. José Lopes de Sousa, que ia iniciar as funções de ecónomo provincial, 1º Assistente; o P. António Manuel Santos de Sousa Neves (Tony), Conselheiro e coordenador da Animação Missionária; o P. José de Castro Oliveira, Director do II Ciclo de Teologia. As equipas dos Serviços Provinciais ficaram assim constituídas: O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000) 689 Conselho Económico: PP. José Lopes de Sousa, Casimiro Pinto de Oliveira, Carlos Salgado Ribeiro e Abel Moreira Dias. SES: P. José Lopes de Sousa, P. Carlos Salgado Ribeiro e P. Casimiro Pinto de Oliveira. Comissão Justiça e Paz: P. José de Castro Oliveira. Assistente Nacional dos ASES: P. José Reis Gaspar. Assistente do MOMIP: P. José Lopes de Sousa. Duas “primeiras nomeações” de confrades portugueses, feitas pelo Conselho Geral em 1998, foram para Moçambique e Guiné-Bissau. No Brasil foram nomeados dois bispos espiritanos: PP. Sérgio Castriani, bispo coadjutor do Tefé e Mosé Pontelo, bispo coadjutor de Cruzeiro do Sul. Na sequência da opção feita no CPA/97 (III-2-3) que determina a abolição progressiva das admissões para os 7°, 8° e 9° anos, privilegiando a aposta no PréSeminário, o pequeno grupo de aspirantes do 9° ano integra-se na Silva, frequentando as aulas na Escola Didálvi. Questões muito práticas tais como, encaminhamento e acolhimento a confrades doentes e respectivos custos financeiros, critérios para a admissão, perfil do pessoal de serviço, animação das comunidades, abertura das comunidades aos leigos, exigências do bom acolhimento nas casas que recebem grupos, abertura à Igreja local, etc. fizeram com que o Conselho Provincial encarasse a possibilidade de realizar um Conselho Provincial Consultivo, com a presença dos Superiores e Ecónomos das comunidades, que se realizou de 27 a 29 de Outubro no Fraião. No Espadanido, começou a funcionar o Lar de S. Tiago, sob a orientação da Associação S. Tiago do Fraião, depois de um sector da casa ter sido profundamente renovado, com custos pagos pela referida Associação. Foi decidido em Coimbra, concentrar a comunidade no nº 10 da Travessa do Espírito Santo, casa mãe, mais valiosa e com mais espaços. Nesse sentido, realizaram-se algumas obras de beneficiação. O n° 12 ficará para Centro de Animação Missionária, admitindo-se a hipótese de o alugar para estudantes. O Provincial visitou S. Tomé , de 5 a 12 de Maio de 1998. Também neste ano se fizeram reuniões das diversas comissões, tanto a nível provincial como a nível da Região Europa: Educadores, no Porto; Arquivistas, na França (com a entrega do Guia dos Arquivistas, aprovado pelo Conselho Geral); Ecónomos e Procuradores, em Gemert (Holanda); Leigos Espiritanos, em Gemert; Imprensa espiritana, em Londres; as Semanas Espiritanas, na Aguilha; Assembleia dos Provinciais, no Bouveret (Suíça); Formação, na Aguilha; Vocações, em Langonnet (França); Justiça e Paz, em Gentinnes (Bélgica). O Capítulo Geral decidiu a celebração de um Ano Espiritano de 2 de Fevereiro de 2002, aniversário da morte de Libermann, ao Pentecostes de 2003. Uma vez que foi extinta a comissão Grupo Internacional de História e Aniversários, a preparação do Ano Espiritano ficou ao cuidado de cada circunscrição. 690 Adélio TORRES NEIVA A reciclagem do Natal abordou o tema: “Horizonte 2000 em três dimensões: Globalização, Missão e ldentidade Espiritana”. “Centro Espiritano Europeu Cooperação para o Desenvolvimento”. Foi este Centro criado por iniciativa dos Provinciais da Europa, em resposta a um pedido do Hemisfério Sul. O P. Firmino Cachada é o director executivo deste Centro que se integra numa comunidade espiritana, entretanto aberta em Bruxelas e da qual acaba de ser nomeado superior. Pro Anima Este ano foi criado um novo órgão para a animação das comunidades: o PRO ANIMA/2000. O contexto foi sugerido pela necessidade de fazer passar o espírito e as orientações do XVIII Capítulo Geral, pela nossa envolvência no ambiente eclesial da preparação do Jubileu do ano 2000 e ainda pela celebração dos aniversários espiritanos de 2002 e 2003. O Conselho Provincial, na sua reunião de 9-12 de Setembro de 1998, tomou as seguintes decisões. 1- Considerar o PROANIMA/2000 um instrumento privilegiado da animação espiritual dos confrades e das comunidades. 2. Apresentar quatro módulos temáticos por ano, tendo em conta a intensidade dos tempos litúrgicos e dos tempos espiritanos: Natal, Fundadores (Fevereiro) Quaresma/Páscoa, Pentecostes. 3. Cada módulo deve conter estas vertentes: bíblica, missiológica e espiritana. 4. No fim de cada módulo, devem ser propostas quatro questões para reflexão pessoal e partilha comunitária. 5. Estes mesmos textos poderão ser inspiradores das vigílias de oração abertas a leigos mais ligados a nós, as quais devem continuar a ser promovidas em todas as comunidades. 6. O tema para o ano provincial 1998/1999 será o seguinte: O amor do Pai abrenos aos irmãos. Com este lema pretende-se levar aos confrades o dinamismo saído do Capítulo Geral e ajudá-los a viver a dinâmica do ano 1999, dedicado ao Pai. Os temas deste ano são os fundamentais do Capítulo Geral/98: Comunidade, Fontes de inspiração, Missão Partilhada e Nossa Missão. Os oito primeiros números, que vão até ao ano 2000, foram: N° 1 - Chamados a viver em comunidade para a Vida Apostólica; N° 2 - As nossas fontes de inspiração, N° 3 - A Missão Partilhada; N° 4 - A Nossa Missão; n° 5 Discernimento e Capítulo (Preparação do VII Capítulo Provincial); N° 6 - O Capítulo e os Desafios do Jubileu; N° 7 - Leigos em Missão Partilhada. N° 8 Programa de animação provincial - triénio 2000-2003. Capítulo Geral Como preparação para o Capítulo Geral, o Conselho Geral enviou documentos de reflexão a todos os delegados ao Capítulo. Cada comunidade O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000) 691 estudou um tema do texto base “Quatro fundamentos da Vida espiritana em 1998” e o resultado foi apresentado em Assembleia Provincial e depois enviado para a Casa Generalícia. O Capítulo realizou-se na Irlanda, em Maynooth, de 12 de Julho a 8 de Agosto de 1998. Os delegados de Portugal ao Capítulo foram o P. Eduardo Miranda Ferreira e o P. António Farias Antunes. Como moderador foi o P. Adélio Torres Neiva. Vários confrades foram também para colaborar nos serviços de apoio ao Capítulo. O P. António Farias Antunes foi nomeado Conselheiro Geral. Ano de 1999 O P. Manuel Martins Novais Ferreira foi nomeado Superior Principal de Cabo Verde. O P. Veríssimo Manuel Teles foi nomeado Secretário Provincial. O P. José Coelho Barbosa foi nomeado superior do Fraião. O Conselho Geral nomeou o Provincial de Angola, P. Jerónimo Cahinga, como Conselheiro Geral em substituição do P. Gabriel Mbilingi, nomeado bispo coadjutor da diocese de Lwena, Angola. Para Provincial de Angola foi eleito o P. Barnabé Sakulenga. A Comunidade do II Ciclo de Teologia foi incumbida de iniciar as suas pesquisas para que o Site CSSp, na Internet seja gerido por nós. A nossa presença na Internet foi iniciada pelo Sr. Mário Gonçalves, irmão do confrade P. Manuel de Sousa Gonçalves e antigo aluno espiritano. As Fraternidades Espiritanas vão dando os primeiros passos, com pólos no Pinheiro Manso e na Silva. O Provincial visitou os confrades dos Estados Unidos e do Canadá (26 de Abril a 19 de Maio). Este ano foi particularmente marcado pela preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000. Outros acontecimentos merecem também ser referenciados: Antes de mais, a venda da quinta do Fraião, aprovada pelo Conselho Geral a 17 de Junho de 1999. Os motivos da venda da quinta iam expressos na carta do Provincial dirigida ao Conselho Geral: “Na sequência de um longo processo motivado por circunstâncias de vária ordem, como sejam: 1- O crescimento da cidade de Braga que envolve completamente a nossa Quinta, com a área aproximada de 10 hectares, cuja rentabilidade diminuiu prevalentemente pela necessidade de acabar com as actividades agro-pecuárias em pleno perímetro urbano; 2. A política da actual administração da Província em transformar o nosso património, de acentuado teor rural e, consequentemente, de nula rentabilidade, em património urbano mais rentável; 3. A necessidade de conseguir os necessários meios para a restauração altamente dispendiosa da Casa Provincial, em Lisboa, cujo projecto está em fase de apreciação 692 Adélio TORRES NEIVA e ainda, da continuação da recuperação do grande imóvel do Seminário da Torre da Aguilha e 3ª fase do Seminário do Fraião como Centro de Animação Missionária e Vocacional. O Conselho Provincial da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo na sua reunião ordinária de 31 de Maio a 2 de Junho de 1999, optou por solicitar ao Conselho Geral da Congregação do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria, a devida autorização para alienar a Quinta do Fraião, em Braga. Mais reafirma, a determinação do CPA/97: ‘Em princípio, sempre que haja uma venda de um imóvel, que se destine, pelo menos 5 %, para apoio à Missão ad extra’. O que fazemos. Lisboa 17 de Junho de 1999”. A Quinta, depois do respectivo estudo financeiro e análise das várias propostas, foi vendida à firma “Domingos Teixeira e Filhos L.da”. A Associação de Solidariedade Social de S. Tiago do Fraião, solicitou a concessão de pelo menos trinta anos, da Casa da Filosofia, para poder avançar com a 2ª parte das obras de beneficiação. O período de cedência por trinta anos é motivado por exigência legal, para poder fazer entrar este projecto no PIDAC, em ordem a obter o máximo a fundo perdido. Não exigindo contrapartidas financeiras, a Congregação pediu 4 lugares acamados e 4 não acamados para confrades Espiritanos. A 1 de Setembro de 1999, o CEPAC firmou um protocolo de cooperação com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Foi aprovado o “Programa de Formação para a Vida Espiritual” e as linhas orientadoras sobre o acolhimento a estudantes espiritanos vindos de outras circunscrições. Foi publicado um documento sobre a Formação Inicial. Por iniciativa da Junta de Freguesia de Tires e da Câmara Municipal de Cascais, a 14 de Março, em Tires foi dado o nome “Avenida P. Agostinho Pereira da Silva”, a uma avenida que liga Tires a S. Domingos de Rana. A 15 de Outubro, os restos mortais de D. Moisés Alves de Pinho foram trasladados do cemitério de Fiães para uma capela lateral da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, antiga catedral de Luanda. De 25 de Novembro a 2 de Dezembro, teve lugar na Torre da Aguilha a Assembleia Anual dos Provinciais da Europa. Várias circunscrições, nomeadamente a Bélgica, a África do Sul, a Fundação da África de Leste e a Fundação do Congo Kinshasa pediram para a Província acolher jovens dessas circunscrições, no quadro da formação teológica; este pedido foi acolhido favoravelmente. Dando cumprimento à Regra de Vida Espiritana, n° 235, foi aprovado o estabelecimento de um contrato entre o Patriarcado de Lisboa e a Congregação, referente às paróquias de S. Domingos de Rana e de Tires, por um período de 5 anos. O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000) 693 Ano 2000 O ano 2000 foi dominado pela preparação do Capítulo Provincial e pela vivência do Jubileu do Ano 2000. A ordenação presbiteral de três jovens espiritanos, a profissão perpétua de um Irmão (Carmo Gomes) e os primeiros votos de seis noviços, a partida de mais dois jovens para estágio missionário, o acolhimento a 10 jovens confrades de outras circunscrições foram marcos relevantes na vivência deste ano. Neste ano foram aprovados os “Princípios dinamizadores das Fraternidades Espiritanas” bem como a constituição das duas primeiras Fraternidades, uma ligada à comunidade do Pinheiro Manso e outra, à comunidade da Silva. De 18 de Abril a 2 de Maio, o Provincial fez a sua primeira visita aos confrades de Moçambique. Com ele foi o P. António Manuel Santos de Sousa Neves (Tony) para preparar a “Ponte/2000-Moçambique” a realizar com um grupo de Jovens Sem Fronteiras em Agosto. Em cumprimento da orientação saída do Conselho Provincial Alargado (CPA/97, III, 1.2.b) no dia 1 de Maio, na comunidade da Estrela, foram assinados três protocolos da Província com a ONG “Sol sem Fronteiras”, que visam tornar mais efectiva a colaboração, no respeitante ao apoio de projectos missionários que envolvem espiritanos, concretamente na área do Voluntariado Missionário, nas campanhas levadas a efeito pelos JSF e a campanha jubilar deste ano, a favor das “escolinhas” de Netia - Moçambique. 695 Capítulo 75 O VII Capítulo Provincial - 2000 O 442 VII Capítulo Provincial realizou-se na Torre d’Aguilha de 11 a 23 de Julho do ano 2000. O tema escolhido para este Capítulo foi “Com a força do Espírito, solidários na missão”. A equipa pré-capitular que preparou o Capítulo foi constituída pelos PP. José Reis Gaspar, Mário Faria Silva, e Adélio Torres Neiva. Esta equipa enviou a todos os confrades um questionário que foi estudado e reflectido em todas as comunidades. O questionário abordava quatro questões: 1. Qual a sua opinião sobre o estado actual da Província? 2. No seu entender, quais foram as áreas em que a Província mais evoluiu desde o último Capítulo? 3. Quais os principais desafios do mundo e da Igreja que, neste momento da vida da Província, mais nos interpelam como espiritanos? 4. Quais os temas que, na sua opinião, deveriam ser tratados neste Capítulo? Como ajuda na preparação, a Comissão preparou três números do “Pro Anima”: Discernimento e Capítulo, O Capítulo e os desafios do Jubileu e Leigos em missão partilhada. O retiro preparatório, aberto a toda a Província, esteve a cargo de uma equipa do Movimento Por um Mundo Melhor. Além dos convidados habituais das Províncias onde trabalham os Espiritanos, participaram também no Capítulo, como observadores, dois leigos: o Hildeberto Maia e o Faustino Monteiro, eleitos pelos Coordenadores de Animação Missionária Espiritana (CAME). Como moderadores foram escolhidos os PP. António Farias Antunes, José Fagundes Pires e Firmino Sá Cachada. Ouvidos os relatórios do Provincial, do Ecónomo Provincial, das Circunscrições presentes e das principais actividades da Província, o Capítulo articulou a sua reflexão à volta de quatro temas fundamentais e algumas determinações concretas: l. Chamados a uma nova visão da missão. 2. Novo dinamismo espiritual e comunitário. 3. Espiritanos e Leigos em missão partilhada. 4. Recursos humanos e materiais - Realidade e visão de futuro. 442 Cf. Documentos Capitulares – Tomo II. VII Capítulo Provincial (nº 672-754). 696 Adélio TORRES NEIVA 5. Determinações concretas. Todos os documentos partem de uma análise da realidade, para depois captar algumas interpelações e propor os objectivos a alcançar. 1. Chamados a uma nova visão da missão: Quanto à nova visão da missão foram salientados os seguintes objectivos: - a proximidade das situações de fronteira; - a partilha da espiritualidade como parte integrante da nossa missão; - a necessidade de renovação espiritual com recurso às nossas fontes de inspiração; - a solidariedade e colaboração com outras pessoas e grupos, nomeadamente com os leigos; - o respeito pelas diferentes sensibilidades e culturas; - as igrejas locais como pontos de referência da missão espiritana; - o diálogo inter-religioso e ecuménico; - a fidelidade à primeira evangelização, como urgência permanente; - a abertura à internacionalidade; - uma atenção particular aos espaços da Justiça e da Paz e aos migrantes; a este propósito foram dadas várias orientações para a organização do CEPAC – Centro Padre Alves Correia; - que o SES (Serviço Espiritano de Solidariedade) sirva cada vez mais de apoio a todas as situações missionárias; - relembra-se o perfil da paróquia espiritana e os critérios que a devem orientar (CPA/97); - o acolhimento ao “Projecto Missionário Espiritano na Europa”, que implica a abertura e a solidariedade da Província para com esse projecto. 2. Novo dinamismo espiritual e comunitário: - a vida comunitária é um processo em construção; ela faz parte da maneira de ser espiritano e da vivência da missão; - na vida de comunidade, a oração é um elemento decisivo: a Leitura Orante da Palavra de Deus deve ser parte integrante da dinamização da comunidade; - a abertura das nossas comunidades e da nossa espiritualidade aos leigos; - a necessidade do aprofundamento da espiritualidade herdada dos nossos fundadores; - a realização do Conselho Provincial Consultivo, com a presença dos superiores e ecónomos, no início de cada ano, com um tempo de formação, avaliação e programação; - cada comunidade deve definir e assumir os seus objectivos claros e determinantes, as suas formas de inserção na igreja local e no projecto missionário da Província; - a necessidade de renovação e formação permanente; - a partilha da nossa espiritualidade com os leigos, cuidando da sua formação e criando espaços de oração e partilha com eles; - promover vigílias mensais, sobretudo de oração pelas vocações e outras O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000) 697 formas de oração abertas aos leigos. 3.Espiritanos e leigos, em missão partilhada: - a missão partilhada com os leigos é um novo capítulo que se abre na história da Vida Religiosa; - esta missão partilhada leva-nos à busca de novos caminhos: relevar o protagonismo da Igreja local e o lugar dos leigos na Igreja, proporcionar o acolhimento e incentivar o aprofundamento espiritual na linha do carisma espiritano, empenhar-se numa maior coordenação e comunhão de esforços na missão que a Família Espiritana desenvolve. - Foram apontadas quatro linhas de orientação: a) Comunhão e acolhimento: - a animação missionária é sobretudo fazer comunhão; b) Espiritualidade e Renovação: - criação de grupos ou comunidades de vida apostólica que se alimentem da nossa espiritualidade; - abertura das comunidades aos leigos; - aprofundamento do nosso carisma; c) Vocação e serviço: - a identidade da vocação laical; - os leigos colaborem mais directamente na promoção vocacional; - a pastoral vocacional seja uma prioridade. d) Formação e informação: - o envolvimento directo dos leigos na animação missionária, o que exige a aprendizagem de novas formas de trabalhar; - a formação de líderes; - uma atenção particular aos “mass media”; - uma maior divulgação das questões de Justiça e Paz. Foram ainda apontados alguns caminhos concretos para a nossa missão partilhada: a) Fraternidades Espiritanas: - Incentive-se a criação de Fraternidades Espiritanas como um caminho de comunhão e aprofundamento da espiritualidade espiritana. b) Leigos Associados: - criem-se condições para a inserção de Leigos Associados na Congregação; - abram-se as nossas actividades à colaboração destes leigos, mesmo para funções tradicionalmente desempenhadas por espiritanos, quer no âmbito da Animação Missionária, e da Pastoral Vocacional, quer no âmbito da Justiça e da Paz, nomeadamente no CEPAC. c) CESM – Centro Espírito Santo e Missão: - o Capítulo assume a existência do CESM; - procure-se uma maior especificidade das suas actividades em ordem a proporcionar aos leigos um aprofundamento espiritual na linha do carisma espiritano; 698 Adélio TORRES NEIVA - seja nomeada uma Comissão dinamizadora do CESM, que inclua leigos, que possibilite uma maior diversidade das propostas de animação do Centro de Espiritualidade; - estude-se a localização do CESM; - a sede do CESM seja administrada por uma equipa de leigos em sintonia com um coordenador espiritano professo e sob um regime de contrato definido. d) Leigos Associados na Europa: A representação portuguesa na Comissão dos Leigos Espiritanos da Região Europa seja designada pelo Provincial, por um período de três anos, após consulta representativa aos Leigos Associados Espiritanos e Fraternidades. Foram ainda dadas algumas pistas para a renovação da Animação Missionária, nomeadamente: - uma maior solidariedade com a Igreja em Portugal e uma maior concertação com os Institutos Missionários ad Gentes; - a participação na “Missão Press”, como ajuda à melhoria da nossa imprensa e formação permanente de jornalistas e divulgação de causas humanas e defesa dos nossos interesses junto do Governo; - a renovação da nossa imprensa e a abertura às novas tecnologias, como a “internet” e a “multimedia”; - a aprovação oficial dos nossos movimentos laicais e a sua inserção nos secretariados diocesanos; - a sensibilização às causas da Justiça e Paz; - a reactivação do Conselho Nacional da LIAM; - a formação dos animadores de núcleo; - a nomeação de um espiritano professo como coordenador nacional dos JSF; - a formulação de um programa de linhas temáticas e metodologia comum dos JSF; - a articulação entre a “coordenação JSF” e o Secretariado da Pastoral Vocacional; - a procura de propostas concretas de inserção na Família Espiritana dos Jovens que já deixaram de pertencer aos JSF, sugerindo-lhes, no entanto, o caminho das Fraternidades Espiritanas e da LIAM; - uma maior articulação do Voluntariado Missionário com os movimentos e grupos a nós ligados e estudem-se propostas para a sua inserção na Família Espiritana. - uma melhor organização dos ex-seminaristas, filiados ou não nos ASES, com especial incidência nos mais novos, fazendo-lhes uma proposta clara de ligação connosco. Sobre a Pastoral Vocacional foi lembrado: - o Plano Pastoral da Província “Vinde e vede” de 1999 continua a ser o programa orientador da nossa pastoral vocacional; - todos os nossos seminários e comunidades promovam o despertar vocacional dos adolescentes, organizando encontros de adolescentes e jovens; - em cada paróquia espiritana crie-se, caso não exista, uma equipa vocacional; - os JSF sejam um espaço privilegiado da nossa proposta vocacional; O 2.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (1997-2000) 699 - as “férias” ou “pontes missionárias” sejam organizadas de modo e possibilitar uma séria reflexão sobre a vocação; - o Pré-Seminário é a estrutura habitual para acolhimento e acompanhamento dos adolescentes e dos jovens; - a entrada no seminário menor far-se-á a partir do 9° ano de escolaridade. Foi ainda indicado que se devem tomar medidas urgentes e concretas no sentido de pôr a contabilidade da Animação Missionária segundo as leis vigentes e modernizar e racionalizar a administração da Animação Missionária. 4. Recursos humanos e materiais: Foram dadas algumas orientações sobre a Formação Inicial, a gestão dos nossos recursos, a solidariedade e a administração: - em princípio, o noviciado será em Portugal, mas está-se aberto a outras soluções; - a Província está aberta a acolher candidatos vindos de outras circunscrições; - o acolhimento a confrades do Hemisfério Sul é um enriquecimento mútuo e pode ajudar a responder às necessidades surgidas no Norte; - o SES destina-se a ir em ajuda das situações missionárias mais urgentes; - o conceito de Procuradoria seja ampliado, colaborando com projectos e organismos de Cooperação e Desenvolvimento, da região espiritana da Europa, em Bruxelas; - sempre que haja a venda de um imóvel, pelo menos 5 % seja destinado para apoio da Missão ad Extra e seja depositado na conta provincial “Missio”; - faça-se um estudo sobre os sectores que exijam competência técnica mais especializada; - a rentabilização dos nossos recursos humanos e materiais pode aconselhar que, numa mesma comunidade, haja ritmos de vida diferentes; por isso o Capítulo propõe que exista a possibilidade da diferenciação entre ecónomo da comunidade (ou comunidades) e administrador da Obra a nomear directamente pelo Superior Provincial e seu Conselho, em diálogo com a comunidade; - o Capítulo está de acordo com a política económica e financeira da Província, velando, porém, para que se mantenha o espírito evangélico; - a reserva económica das comunidades não deve ultrapassar o valor de um orçamento anual; e o arrendamento dos imóveis é considerado receita da Província a gerir para o bem comum; - o Conselho Provincial deve ponderar a necessidade de uma enfermaria provincial, apetrechando-a com os meios humanos e técnicos capazes de uma assistência conveniente aos doentes dependentes. 5. Determinações concretas: 1. Foi criado o Conselho da Formação. 2. O “Guia para os Arquivistas Espiritanos” será a norma para a organização, consulta e preservação do Arquivo da Província. 3. No fundo histórico de cada comunidade, deve figurar toda a documentação 700 Adélio TORRES NEIVA relevante para a história da comunidade, tanto a nível histórico, como financeiro e fotográfico, nomeadamente. Os Diários da Comunidade, o espólio dos confrades falecidos, obras referentes à vida da Província ou de confrades de que não exista nenhum exemplar no Arquivo Provincial devem ser enviados para o Arquivo Provincial. 4. Em cada comunidade recupere-se o cargo de Arquivista. 5. Qualquer livro ou opúsculo, para ser editado, deve ser previamente sujeito à apreciação da Comissão Provincial das Publicações. 6. Organize-se na Província um programa para o Ano Espiritano, decidido no Capítulo Geral de Maynooth, que começa a 2 de Fevereiro de 2002 e terminará no Pentecostes de 2003. Desde já, deve ser nomeada uma Comissão de Animação do Jubileu Espiritano. 701 Capítulo 76 O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003) N o VII Capítulo Provincial, realizado na Torre d’Aguilha de 11 a 23 de Julho de 2000, o P. Eduardo Miranda foi reconduzido no cargo por mais um triénio. Neste terceiro mandato, os conselheiros provinciais eleitos pelo Capítulo foram: P. António Manuel Santos de Sousa Neves, P. José Manuel Matias Sabença, P. José Carlos da Conceição Coutinho e P. José Martins da Costa. Entre estes quatro, o Provincial escolheu os dois assistentes: o P. José Manuel Sabença, como primeiro assistente, e o P. António Neves, como segundo. Segundo a legislação em vigor, o P. Provincial nomeou mais dois conselheiros: os PP. José Coelho Barbosa e João David do Souto Coelho. O Conselho ficou completo quando, na primeira sessão, a 11 de Setembro, o P. José Lopes de Sousa foi reconduzido no cargo de Ecónomo Provincial e o P. Veríssimo Manuel Teles no de Secretário Provincial. Todos os membros do Conselho têm um sector da Província onde particularmente se empenham: ao P. José Coelho Barbosa foi-lhe atribuída uma atenção particular aos confrades doentes e idosos. A primeira reunião do Conselho iniciou-se com uma leitura atenta dos documentos capitulares. A partir daí, elaborou-se o Programa de Animação para o triénio 2000/2003, que constituiu o tema do “Pro Anima 2001”, n° 11. 0 programa toma os mesmos temas do Capítulo. E contempla, num primeiro momento, as linhas de acção para o triénio e, num segundo momento, as acções integrantes para cada um dos três anos443. O lema escolhido para este ano religioso, na sequência do Capítulo Provincial, foi: “Caminhos novos, missão de sempre”. As equipas provinciais para este triénio, algumas delas incluindo leigos, ficaram assim constituídas: Secretariado da Pastoral Vocacional e Pré-seminário: PP. João David do Souto Coelho, José Carlos Coutinho, António Costa Andrade, José Martins da Costa, José Manuel Sabença, Manuel João Magalhães Fernandes, Tarcísio Santos Moreira. CESM, Fraternidades Espiritanas e Leigos Espiritanos - Europa: PP. José Manuel Sabença (coordenador), José Martins Costa, Domingos Matos Vitorino e os leigos Francisco Carvalho e Maria do Carmo Carvalho. Voluntariado Missionário: PP. José de Castro Oliveira (coordenador) e José Martins Costa. 443 Pro Anima, nº 11 702 Adélio TORRES NEIVA Conselho Económico Provincial: PP. José Lopes de Sousa, Abel Moreira Dias, Carlos Salgado Ribeiro, Casimiro Pinto de Oliveira e José de Castro Oliveira. Comissão Provincial Justiça e Paz: PP. José Reis Gaspar (coordenador), Veríssimo Manuel Teles, José Martins Costa e Tony Neves. Arquivo Provincial: PP Adélio Torres Neiva e José Lapa. Comissão de Publicações: PP. Manuel Durães Barbosa, Adélio Torres Neiva e Ernesto Azevedo Neiva. Região espiritana da Europa: Educação: P. Mário Faria Silva. Jornal “Acção Missionária”: Director: P. Tony Neves. Conselho de Redacção: Tony Neves, Torres Neiva, Veríssimo Teles, Ascensão Lourenço, Carlos Salgado, Domingos Rocha Ferreira, José Costa, José Castro, Paulo Vaz e Sandra Simões. Revista “Encontro”: Director: P. Torres Neiva. Conselho de Redacção: Tony Neves, Torres Neiva, Veríssimo Teles, Ascensão Lourenço, Carlos Salgado, Domingos Rocha Ferreira, José Costa, José Castro, Paulo Vaz e Sandra Simões. Comissão Pré-Jubilar: PP. Tony Neves, José Manuel Sabença, José Carlos Coutinho e Torres Neiva. Site Electrónico na Internet: a Comunidade de S. Paulo da Torre da Aguilha, II Ciclo de Teologia, fica responsável pela actualização permanente do “site”. Em 13 de Julho de 2000, o P. Manuel Durães Barbosa foi nomeado pela Santa Sé para Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias. Nesta data, a Província contava 183 membros, dos quais 121 em Portugal. Os aspirantes eram 12 na Silva (3 no 12° ano, 2 no 11°, 4 no 10° e 3 no 9°). Os formandos portugueses eram: 7 em estágio, 7 no II Ciclo, 11 no I Ciclo, e 3 noviços. Na Torre da Aguilha foram constituídas duas comunidades, com objectivos diferentes: a comunidade de Nossa Senhora de Fátima (que é uma comunidade de trabalho paroquial e apostólico e de repouso) e a comunidade de S. Paulo (uma comunidade de formação do II Ciclo de Teologia). Duas outras vertentes são acolhidas por ambas as comunidades: serviço em unidade pastoral, às paróquias de S. Domingos de Rana e Tires e ao Centro de Acolhimento a grupos apostólicos. Cada comunidade tem o seu espaço físico e autonomia determinadas pela respectiva especificidade. Em obediência à orientação do VII Capítulo Provincial, que reconheceu a necessidade de criar uma enfermaria provincial, tão necessária no apoio aos confrades doentes ou dependentes, foi decidido que tal enfermaria ficasse instalada no Fraião, no 1º piso do Pavilhão Central. Esta enfermaria funcionará como extensão do Centro de Solidariedade Social sediado no Espadanido. Depois do Protocolo de 13 de Junho de 1997, foi celebrado um Contrato em 12 de Janeiro de 2001 entre a Congregação e a Associação de Solidariedade Social de S. Tiago do Fraião. A extensão do Lar ao Seminário do Fraião será constituída até Março de 2001. A 23 de Outubro, realizou-se no Fraião o 3° Conselho Provincial Consultivo, que incidiu sobre o recente Capítulo Provincial. Também a Assembleia do Natal O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003) 703 retomou as linhas de força do Capítulo. Depois de muito discutido, foi aprovado o “Guia de animação das Comunidades”. A nível europeu, realizaram-se as habituais reuniões: Justiça e Paz, Vocações, Formação Inicial, História e Aniversários, Assembleia dos Provinciais. Por decisão do Conselho Provincial de 11 a 13 de Setembro de 2000, foi fechada a residência paroquial de S. Domingos de Rana, em que durante duas dezenas de anos viveram os confrades afectos às paróquias de S. Domingos de Rana e Tires. Decidiu-se que, no Fraião, no pavilhão sul, depois de uma reparação à casa, se organizasse uma nova comunidade que respondesse às necessidades apostólicas nos sectores da Animação Missionária, Pastoral Vocacional e CESM. Assim, no Fraião passou a haver duas comunidades: a comunidade da Sagrada Família, no Pavilhão Norte e Central, e a Comunidade Libermann, no Pavilhão Sul. Partindo da experiência da Aguilha, elaborou-se um estatuto para facilitar a integração, articulação e flexibilidade das duas comunidades e respectivas obras. A comunidade Libermann procura responder, em equipa integrada, pelos seguintes serviços: animação missionária; pastoral juvenil e vocacional; integração e presença significativa na igreja local; divulgação e partilha da espiritualidade missionária espiritana (CESM). A renovação do edifício permite que haja condições essenciais para acolhimento de pessoas e grupos, em dias de reflexão e retiro. O CESM fica assim a ter um espaço próprio, mesmo que seja provisório, que lhe permita lançar bases para o futuro. O novo Centro de Espiritualidade começou a funcionar a 8 de Setembro de 2001, com Encontro dos Missionários em férias, e o retiro provincial. Na Torre da Aguilha, iniciou-se o processo do levantamento topográfico levado a cabo pelo arquitecto Paulo Branco e actualização de todas as áreas, tanto nas Finanças como na Conservatória do Registo Civil de Cascais, sob a orientação de uma Solicitadora contratada para o efeito. Foram actualizadas todas as certidões prediais, tendo também sido loteada toda a Quinta. De 24 de Junho a 7 de Julho de 200, começou na universidade de Duquesnne, em Pitsburgo (USA), o Conselho Geral Ampliado. Da agenda deste Conselho faziam parte os seguintes temas: a formação em relação com a nossa missão, hoje; a interdependência da nossa Congregação hoje com a colaboração e a solidariedade que ela exige; a inspiração que recebemos hoje dos nossos fundadores e da nossa história; o Ano Espiritano que decorre de 2 de Fevereiro de 2002 ao Pentecostes de 2003. Neste Conselho participaram, o P. José de Sousa, como coordenador actual dos ecónomos e procuradores da Europa, o P. José Manuel Sabença, como moderador, e o P. Luís Pedro Cardoso Adeganha, como tradutor. No ano apostólico de 1999-2000, a Província deu para o Fundo de Solidariedade da Congregação 138.207.510 escudos, uma contribuição que se repete todos os anos pouco mais ou menos. Quanto a visitas do Provincial, neste ano de 2001, contam-se a visita à GuinéBissau, a Angola, em cujo Capítulo Provincial participou, a Cabo Verde, tendo 704 Adélio TORRES NEIVA também participado no Capítulo do distrito, e aos confrades do Brasil Sudeste. Este distrito do Brasil Sudeste irá ser dissolvido em breve e integrado na Província do Brasil. Os membros do distrito eram em 2001: PP. Luís de Oliveira Martins (coordenador do grupo), António Lima e António Laranjeira, na diocese de Niterói; PP. Laurindo Marques, José Fernandes de Sá e João Serra, na diocese de Nova Iguaçú. O Provincial visitou ainda a Amazónia de 15 a 25 de Abril. A visita à África do Sul e a Moçambique foi feita pelo primeiro assistente, P. José Manuel Sabença. Durante este ano foi também elaborado o programa do Ano Espiritano 20022003. O Secretariado Permanente ficou constituído pelos PP. José Manuel Sabença (presidente), Tony Neves (vice-presidente), Mário Faria (secretário), José Lopes de Sousa (tesoureiro) e António dos Santos Moreira (secretário executivo). Foram também criadas quatro comissões sectoriais: Comissão Divulgar, Comissão Partilhar, Comissão Renovar e Comissão Celebrar, que incluíam vários leigos. A Comissão Central foi formada com o Provincial, os membros do Secretariado e um delegado de cada Comissão. A celebração do 50° aniversário da Província de Espanha teve lugar em Aranda del Duero, no dia 3 de Junho de 2001, dia do Pentecostes, tendo sido gentilmente convidados para a celebração os confrades portugueses que lá haviam trabalhado. O P. Provincial representou a Província. Com a reorganização da toponímia da cidade, a Câmara Municipal de Bragança quis dar o nome de várias ruas a ilustres bragançanos que pela cultura, ciência, património, beneficência, ou religião, levaram consigo para longe o nome da sua terra. Como missionário, foi homenageado o P. José Maria Pereira, tendo sido dado o seu nome a uma artéria da cidade. O P. Provincial esteve presente na cerimónia. Na Torre da Aguilha terminou, a 31 de Dezembro de 2001 o contrato com a Segurança Social para o Lar da Terceira Idade, no pavilhão leste. Pouco depois iniciaram-se obras de recuperação em ordem a uma futura utilização. A 2 de Fevereiro de 2002, abriu o Jubileu Espiritano em todas as comunidades. Foi o acontecimento que dominou e marcou todo o ano 2002. Revertemos para o capítulo seguinte a relação das actividades que foram levadas a cabo durante todo este Ano Espiritano. Factores vários, a que não foi alheia a necessidade de um melhor aproveitamento da Casa do Pinheiro Manso, vocacionada particularmente para a Formação, levaram o Conselho Provincial a decidir-se pela mudança do II Ciclo de Teologia da Torre da Aguilha para o Pinheiro Manso, no Porto, indo o I Ciclo para a Torre da Aguilha. Neste ano foi nomeado secretário provincial o P. António Santos Moreira. Em reunião da Câmara Municipal de Cascais de 27 de Maio de 2002 foi aprovado o loteamento - fase 1 - da Torre da Aguilha. Durante o Colóquio «A missão num mundo incerto” realizado na Torre da Aguilha no Ano Jubilar, foi lançada a revista “Missão Espiritana”, projecto antigo que pretende ser uma revista de estudo da história e da espiritualidade da O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003) 705 missão espiritana, nas suas diversas expressões, no mundo lusófono. De 10 de Março a 25 de Abril de 2002 foi a visita do Conselho Geral à Província Portuguesa. A visita foi feita por dois membros do Conselho Geral: PP. António Luís Farias Antunes e Jerónimo Cahinga. Por sugestão da equipa provincial, as comunidades maiores (Estrela, Torre d’Aguilha, Fraião e Godim) foram visitadas pelos dois confrades. As outras foram visitadas apenas por um: P. Jerónimo Cahinga visitou Coimbra, S. Brás de Alportel e Viana do Castelo; e o P. António Farias visitou as comunidades do Pinheiro Manso, no Porto, da Silva, em Barcelos, e do Fundão. Conversaram com quase todos os confrades e, no fim, fizeram um encontro comunitário. Como conclusão, os visitadores entenderam que “nos últimos anos tem havido um grande esforço de animação espiritual e comunitária, ajudando os confrades a reflectir pessoalmente e em comunidade sobre a vida e a missão da Congregação e da Província”. Constatando que a oração comunitária é regular e com boa participação, onde há o esforço por a fazer em união com a nossa história e tradição, sugeriram que “talvez pudesse haver mais espaço para colocar em nossa oração as alegrias e as dores, as esperanças e as preocupações dos homens”, mediante orações espontâneas. Sugeriram também o convite das pessoas mais ligadas a nós para as bem apreciadas vigílias de oração. Ressaltando o pioneirismo da nossa Província no despertar do povo de Deus para a dimensão missionária da Igreja, apontaram a pastoral vocacional que permanece como uma das prioridades da Província. Destacaram de modo especial a programação feita pela Província para a celebração do Ano Jubilar Espiritano que acharam notável pela qualidade e diversidade de iniciativas dirigidas a públicos diferentes, pelo material confeccionado para tornar conhecido o acontecimento, pela quantidade de pessoas envolvidas (confrades e leigos) e pelo impacto que a celebração está tendo na sociedade e na Igreja portuguesa. E terminaram agradecendo o testemunho de vida e de amor à Congregação que receberam da parte de todos, bem como a maneira tão fraterna e acolhedora com que foram acolhidos em todas as comunidades. Neste ano foi também decidido reactivar o Auditório da Torre da Aguilha. No dia 30 de Outubro de 2002, a Aguilha celebrou, com a comunidade da Estrela, os 50 anos da fundação da casa. A celebração solene ficaria para uns dias mais tarde, com a presença do Sr. Cardeal Patriarca e do Presidente da Câmara e uma multidão de liamistas, tendo sido descerradas três lápides evocativas do acontecimento. Em razão das obras na Estrela, a comunidade mudou-se para o bloco Leste no dia 6 de Janeiro de 2003; aí permanecerá até Maio de 2004. O CEPAC, depois de ter suspendido as suas actividades de Setembro de 2002 até Fevereiro de 2003, mudou-se para espaços cedidos pela paróquia de Santa Joana Princesa. Na Assembleia Provincial de 2002 foi decidido que o Noviciado Espiritano Europeu seria em Chevilly, na França, a começar em 2004. Conselho Provincial Alargado 2003 (CPA/2003): Foi convocado a 20 de Outubro de 2002 sendo nomeada a equipa para o 706 Adélio TORRES NEIVA preparar: PP. Eduardo Miranda, Mário Faria Silva e Raul Viana Barbosa. Enviado um inquérito a toda a Província, foram escolhidos os seguintes temas, referenciados com o VII Capítulo Provincial: Para um novo dinamismo missionário; Comunidades evangelizadas e evangelizadoras; Missão partilhada e Animação Missionária; Administração de bens temporais; Formação inicial e Pastoral Vocacional. Cada tema foi confiado a uma Comissão para o preparar. O mote deste Conselho foi: “Há uma esperança para o teu futuro”. O III Conselho Provincial Alargado realizou-se na Torre da Aguilha de 13 a 19 de Julho de 2003. A reflexão deste Conselho situa-se no prolongamento do Capítulo Provincial do ano 2000, cuja temática retomou. As suas linhas de força foram as mesmas do VII Capítulo: 1. Um novo dinamismo missionário Olhando a caminhada dos últimos anos, constatamos que a missão ad extra e a atenção aos pobres tem estado no centro da missão espiritana. A Província, sem abandonar as suas situações missionárias históricas (Angola, Cabo Verde, Brasil, Amazónia, Guiné-Bissau, Paraguay, S. Tomé e Príncipe), tem-se esforçado por responder aos apelos da missão da Congregação e por alargar o seu campo de missão ad extra a outros países (México, Moçambique, Guiné-Conakri e Taiwan). Sentimos que a missão, enquanto compromisso com “a justiça e a paz”, é tida e aceite como algo normal na vida e missão da Província. Além do seu crescente empenho no CEPAC (pessoal e finanças), na Capelania dos Africanos em Lisboa, no acompanhamento dos Imigrantes de Leste e em outras capelanias (cadeia de Tires e hospitais), com alegria constatamos que a nossa imprensa veicula mais os temas ligados com “a justiça e a paz”; que cresceu o nosso envolvimento à escala nacional e europeia (AEFJN, campanhas várias) e que há maior consciência por parte de todos os confrades. Sublinhamos, por isso, a percepção de certos sinais que nos dão a consciência crescente de que a Europa é terra de missão. Em relação à colaboração e à “missão partilhada com os leigos”, quatro aspectos positivos são de sublinhar: o esforço na formação missionária dos leigos (CESM), a progressiva corresponsabilidade dos leigos na Animação Missionária (diferentes conselhos), a partilha de nossa espiritualidade, constatável pelo surgimento das Fraternidades Espiritanas, e o crescimento do voluntariado missionário ligado aos nossos movimentos de Animação Missionária. A solidariedade com os confrades em missão ad extra, que passa também pelo SES e pela Procuradoria, é uma profunda expressão de ligação afectiva e efectiva com eles e a manifestação de que a missão deles é a nossa missão. Constatamos ainda a abertura corajosa da Província à internacionalidade, na Formação e na capelania dos Africanos. 2. Um novo dinamismo pessoal e comunitário O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003) 707 O último Capítulo Provincial ajudou-nos a tomar maior consciência da importância e valor da Vida Espiritual. Por isso constatamos com alegria um novo dinamismo espiritual que se manifesta no empenho e investimento numa renovada espiritualidade; na valorização do projecto pessoal e do acompanhamento espiritual; no aprofundamento do conhecimento dos fundadores; na possibilidade de reciclagens e refontalização espiritual oferecida a confrades e na vivência enriquecedora do Ano Jubilar. O Inquérito à Província, por sua vez, aponta para uma visão optimista na qualificação da vida comunitária. A dinamização da vida de comunidade tem-se manifestado na elaboração do Projecto Comunitário, na valorização do Conselho de Comunidade, na preparação das reuniões de comunidade, no esforço por valorizar e qualificar os serviços de Superior e Ecónomo e no proporcionar condições nas casas para que cada confrade se sinta bem. Tem-se procurado também criar condições para um bom acolhimento e tratamento condigno dos confrades doentes e/ou idosos e tem-se procurado ainda melhorar a qualidade do acolhimento aos confrades e aos leigos que têm connosco um maior envolvimento. A celebração do Ano Jubilar fez-nos sentir a nossa real inserção e comunhão com a Igreja local e fez desabrochar, a par com a abertura à internacionalidade, um maior sentido de pertença à Província e à Congregação. 3. A Animação Missionária e a Missão Partilhada Este foi um tema valorizado pelo Capítulo Provincial de 2000, cujas propostas foram assumidas pelo Pro-Anima 11 (2001) e Pro-Anima 14 (2002). Foram apontadas linhas de acção e acções integrantes. A formação de leigos, a criação da Comissão Dinamizadora do CESM, a constituição da Comunidade Libermann, o reconhecimento eclesial dos nossos Movimentos Laicais, o envolvimento crescente de leigos na nossa Espiritualidade e Missão, a aposta no Voluntariado Missionário, a ligação com os Institutos Missionários Ad Gentes, as Obras Missionárias Pontifícias e a Fundação Evangelização e Culturas, os protocolos com “Sol Sem Fronteiras”, as campanhas de solidariedade, o empenhamento em campanhas e iniciativas no âmbito da Justiça e Paz, a melhoria da qualidade das publicações, a aposta nos media, a realização de eventos mobilizadores como a peregrinação a Fátima, os magustos missionários e a Festa dos Povos, a ligação às Espiritanas, as mudanças realizadas na administração ... foram alvo de um grande investimento neste triénio com resultados bem palpáveis. Alegramo-nos com a aprovação dos estatutos da LIAM, do MOMIP e dos JSF pela Conferência Episcopal Portuguesa (24 de Junho de 2003), e damos graças a Deus pelo empenho dos leigos no nosso Jubileu. 4. Pastoral Vocacional e Formação 708 Adélio TORRES NEIVA De acordo com o VII Capítulo Provincial (DCP nº 710), a pastoral vocacional continua a ser uma prioridade da Província, mas há ainda esforços a fazer para que todos os sectores da vida da Província e todos os confrades e leigos se deixem permeabilizar por esta responsabilidade em despertar e acompanhar os jovens na sua resposta ao chamamento, conforme é pedido no DCP nº 710.2. O Secretariado das Vocações, no seguimento do Plano Vocacional «Vinde e Vede» e na busca de novos caminhos de sensibilização e despertar vocacional, desenvolveu um conjunto de iniciativas, umas de ordem interna e outras mais voltadas para os jovens, merecendo particular destaque a proposta de retiros vocacionais e de campos de férias “Oração e Vida”. A folha mensal de Oração Vocacional, o Pré-seminário-de-ligação, a separata do jornal Acção Missionária para a oração missionária pelas vocações, são outras tantas iniciativas que parecem marcar o rumo a seguir. Deste modo, sem descurar os adolescentes, procurou-se investir em propostas vocacionais concretas para jovens, algo que nos parece importante e de futuro. 5. Recursos Humanos, Serviços e Bens materiais A formação inicial respondeu à necessidade de ajudar os jovens seminaristas a discernir a sua vocação e realizou, em cada fase, os objectivos programados. A Província acolheu a solução da Região Europa para o Noviciado (cf. DCP nº 735.5), a partir de 2004, o que não dá seguimento estrito à orientação do VII Capítulo (DCP nº 735) de que o Noviciado seja em Portugal. O acolhimento a confrades estudantes de outras circunscrições (DCP nº 737) é uma experiência enriquecedora de comunidade internacional que terá as suas repercussões positivas no futuro da missão que os mais jovens são chamados a desenvolver. 6. CESM – Centro Espírito Santo e Missão: Espiritualidade e Formação “Comunhão e Acolhimento; Espiritualidade e Renovação; Vocação e Serviço; Formação e Informação”: São estas as quatro dimensões essenciais pedidas pelo VII Capítulo Provincial (DCP nº 707) que presidem ao funcionamento do CESM e respectivas iniciativas e actividades, na linha da nossa espiritualidade missionária. Para além dos retiros, recolecções e vigílias que se realizaram e congregaram um bom número de pessoas, tanto adultos como jovens, pertencentes aos movimentos laicais a nós ligados, é de salientar todo o empenho colocado na formação dos leigos, nomeadamente através do Curso de Animadores Missionários Leigos para Adultos e o Curso de Animadores para Jovens, assim como a formação na linha das Fraternidades Espiritanas. Algumas actividades de formação como o Curso de Relações Humanas e o Eneagrama não tiveram a afluência esperada. Os retiros mais participados têm sido os de orientação carismática. O 3.º Triénio do Provincialato do P. Eduardo Francisco de Miranda Ferreira (2000-2003) 709 7. Organização dos Recursos Humanos, dos Serviços e Bens Materiais - Avançaram as obras de restauração das diferentes casas, com especial destaque para a Torre d’Aguilha, o Fraião, a Silva e a casa Provincial da Estrela. Algumas dessas obras obedeceram a um processo de reestruturação da própria casa e comunidade que passaram a ter novos modos de funcionamento. Na Torre d’Aguilha deram-se ainda passos significativos na legalização do seminário e dos imóveis circundantes, estando em curso a recuperação do auditório, último passo da restauração da casa. - A enfermaria do Fraião tornou-se uma realidade para os confrades dependentes ou a exigir cuidados especiais. Esta era uma das necessidades sentidas, dada a crescente incapacidade de as diferentes comunidades tratarem os seus doentes na situação de exigirem cuidados que a própria comunidade não podia ministrar. A parceria com o Lar de São Tiago apresentou-se como boa solução. - A reconversão dos bens continuou, passando as fontes de receitas a ser provenientes de rendas de imóveis em meios urbanos e não de quintas, como vinha sendo até então. Criaram-se novas fontes de receita, o que possibilita uma maior solidariedade com o Cor Unum, com a Região Europa, ou com outras circunscrições que para cá têm enviado estudantes em formação. O fundo Missio, alimentado com 5% das vendas de imóveis, tem permitido esta solidariedade. - Salientamos ainda o forte investimento na formação de alguns confrades e leigos nas áreas de acompanhamento espiritual. - Das áreas em que menos se avançou, salientamos a formação espiritual, humana e técnica dos nossos empregados. Uma necessidade sentida sobretudo nas casas de acolhimento, a exigir maior reflexão, tomadas de decisão e a elaboração de um Directório dos Empregados, com os critérios da remuneração.444 Neste Conselho Provincial Alargado foi, também escolhido novo governo da Província, que ficou assim constituído: Provincial: P. José Manuel Matias Sabença.445 1º Assistente e Conselheiro para a Animação Missionária: P. António Manuel Santos de Sousa Neves. 2º Assistente e Conselheiro para a Terceira Idade: P. Adélio da Cunha Fonte. Conselheiro para a Formação Inicial: P. João David do Souto Coelho. Conselheiro para o CESM, MOMIP e Leigos Associados: P. Mário Faria Silva. Conselheiro para as Paróquias Espiritanas: P. Domingos da Rocha Ferreira. Conselheiro para a Pastoral Vocacional: P. Raul Viana Barbosa. Ecónomo Provincial: P. José Lopes de Sousa. Secretário Provincial: P. António dos Santos Moreira. 444 445 III Conselho Provincial Alargado – “Há uma esperança para o teu futuro”. Actas do Conselho Geral, Decisão 53/2003 710 Adélio TORRES NEIVA 711 Capítulo 77 O ano jubilar Espiritano 2002-2003 P. António Santos Moreira O Capítulo Geral de Maynooth (1998) disse que o Ano Espiritano nos ofereceria uma oportunidade única de “redescobrir e actualizar no mundo contemporâneo as intuições e a visão dos nossos Fundadores. Nessa perspectiva, o Conselho Provincial nº 7/2000-2003, de 11 e 12 de Junho de 2001, aprovou um programa grande e ambicioso para as celebrações do Ano Espiritano. Houve até quem pusesse em questão a sua viabilidade. Felizmente, a Província reagiu de modo positivo ao desafio então lançado e as celebrações realizaram-se na fidelidade ao programa e ao calendário. Objectivos Os dois grandes objectivos definidos por Maynooth serviram de pilares a estas celebrações: A renovação da Congregação e a difusão da espiritualidade missionária espiritana. O lema geral foi: Renovar e Partilhar. Metodologia Procurou-se alcançar os objectivos propostos mediante quatro sub-temas: Divulgar, para dar a conhecer quem somos; partilhar, para difundir a nossa espiritualidade e aprofundar a animação missionária; renovar, para dar maior vigor espiritano às nossas comunidades e aos confrades; e celebrar, para vincar o Ano Espiritano através de celebrações marcantes dentro e fora das Comunidades. Seguindo ainda as sugestões de Maynooth - “encoraja-se a participação de todos, jovens e menos jovens, professos e associados, na preparação deste Ano Espiritano” - criaram-se quatro Comissões de confrades e leigos a nós mais ligados, cabendo a cada uma desenvolver um sub-tema. Cada Comissão tinha o seu Patrono: Brottier, para a divulgação; Laval, para a partilha, Poullart des Places, para a renovação; Libermann, para a celebração. Um Secretariado fez a coordenação de todos os trabalhos. O ano de 2001, à maneira de introdução, tomou-se como Ano da Missão Espiritana. 2002 foi o Ano de Libermann, por nele se celebrarem os 200 anos do seu nascimento e os 150 da sua morte. Em 2003 celebrou-se o Ano de Poullart des Places, por se completarem os 300 anos em que ele fundou a Sociedade do Espírito Santo. 712 Adélio TORRES NEIVA Apraz registar a dedicação com que todos, confrades e leigos, se empenharam na execução das tarefas de que foram incumbidos. Acções de preparação O lançamento ou anúncio do Ano Espiritano realizou-se por diversas acções de divulgação e animação: “banner” colocado nas casas maiores da Província, cartazes, autocolantes, pin’s, esferográficas, calendários de bolso (em união com Cabo Verde), mensagens na imprensa, envelopes e cartas com logotipo especial, próprio do Jubileu e evocando o ano aniversário. Um cartão especial de “Boas Festas” marcou o Natal de 2001, tendo havido o cuidado de, ao menos neste ano jubilar, serem enviadas as “Boas Festas” a todos os familiares de confrades em missão “ad extra”. Para ambientação espiritana das comunidades, fez-se para cada casa, dois conjuntos de painéis: um sobre a Congregação em geral e o outro sobre a nossa Província, com destaque para a respectiva casa. Igualmente se fizeram dois posters (Poullart des Places e Libermann) em tecido, para cada comunidade. Ao longo do ano, outras acções se fizeram neste campo da divulgação e para ficarem como recordação: placas com os fundadores e as datas, porta-chaves, marcadores e medalhas... Celebração de Abertura A abertura do Ano Jubilar, para os confrades, fez-se no dia 2 de Fevereiro de 2002, celebração tradicional de Libermann. As comunidades do norte reuniramse no Fraião e as do Sul, na Torre d’Aguilha, havendo também uma Vigília na paróquia de S. Domingos de Rana. A abertura solene e “pública” fez-se no domingo, dia 3 de Fevereiro, nos diversos lugares onde estamos mais inseridos: Lisboa, na Basílica da Estrela, em Eucaristia presidida por D. Tomaz Pedro Barbosa da Silva Nunes, bispo auxiliar do Patriarcado e Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa; esteve bastante gente presente, tendo-se associado a esta celebração as comunidades da Estrela e da Torre d’Aguilha. Porto, no Colégio da Formiga. Este Colégio foi seminário da Congregação entre 1896 e 1910 e aí estudaram grandes figuras da Província; a igreja em honra de Santa Rita continua a ser um grande centro de devoção popular. Estas, as razões por que se escolheu este colégio, gentil e prontamente cedido pela diocese, actual proprietária. O Bispo da Diocese, D. Armindo Lopes Coelho, presidiu à Eucaristia, em que participaram todos os padres da Comunidade do Pinheiro Manso e vários confrades dispersos pela região, bem como uma assembleia de mais de mil pessoas ligadas à Congregação (LIAM e JSF). Na homilia teceu rasgados elogios à obra da Congregação na sua diocese, sem esquecer de nomear espiritanos de relevo dela naturais. E a festa continuou em alegre convívio. Viana do Castelo fez a abertura do Ano Jubilar em Santa Luzia com Eucaristia presidida também pelo bispo da Diocese, D. José Augusto Pedreira. Também ele O ano jubilar Espitano 2002-2003 713 realçou a obra da Congregação na dinamização missionária desta igreja local, recordando os tempos em que a Formação estava no Seminário das Ursulinas e era referência em toda a região de Viana do Castelo. A assembleia também rondou o milhar de pessoas, na maioria liamistas e simpatizantes dos missionários do Espírito Santo. Em Braga, a abertura solene fez-se na cripta do Sameiro com uma assembleia de cerca de duas mil pessoas. Presidiu o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, que, falando da acção missionária da Congregação, se não poupou em elogios à presença e obra dos espiritanos nas terras de Braga. Nas Paróquias de Godim e de São Brás de Alportel as celebrações começaram de modo mais modesto na Eucaristia principal presidida pelos respectivos párocos. Todas estas celebrações tiveram larga repercussão, com fotografia e primeira página, nos jornais regionais. Distribuíram-se milhares de pagelas com as duas orações do Jubileu, de modo que, não só os confrades, mas todos os colaboradores e amigos das missões se puderam unir durante este ano no louvor ao Senhor pelos trezentos anos de missão espiritana. Renovação Sendo o objectivo principal destas celebrações a renovação da Congregação, a Província empenhou-se em proporcionar a todos meios que facilitassem a consecução desta finalidade. Elaboraram-se ‘Pro Anima’ temáticos para o Advento e Quaresma, distribuíram-se esquemas para as celebrações das datas mais marcantes; as recolecções e os retiros tradicionais, bem como as reciclagens do Natal e as Assembleias da Páscoa foram todas cuidadosamente elaboradas dentro do recordar o passado com gratidão para viver o presente em projecção do futuro. Depois de celebrado Libermann, o timoneiro da evangelização de África, sob o slogan “com a força do espírito, solidários na Missão”, um Pro Anima especial dedicado a Poullart des Places, e debaixo do slogan “com a força do Espírito ao encontro dos pobres”, procurou melhorar entre todos o conhecimento da pessoa, da espiritualidade e do carisma do nosso primeiro fundador que nos põe ao serviço daqueles para quem a Igreja mais dificilmente encontra obreiros. Para estudo, reflexão e meditação dos confrades e dos leigos ‘espiritanos’ publicaram-se alguns livros com textos e orações dos nossos Fundadores, devidamente enquadrados e comentados: “Com a força do Espírito - A Missão Espiritana Hoje” do P. Adélio Torres Neiva, um bom instrumento de refontalização espiritana, mais orientado para a formação missionária dos grupos da LIAM, que o usarão como manual durante dois anos. “Como leve pena.. - orar ao sopro do Espírito”, do P. Agostinho Tavares, um livro sobre a oração em que se conjugam a experiência pessoal do autor e o testemunho espiritual de Poullart des Places e Libermann. Boa ajuda tanto para a oração pessoal como para se rezar em comum. 714 Adélio TORRES NEIVA “Nas tuas mãos, Senhor - um caminho de santidade com Francisco Libermann“, de Alphonse Gilbert e com o título original “Le Feu sur la Terre”, foi traduzido e publicado em português como “o livro do Jubileu” para todos os que buscam a santidade, sejam leigos, religiosos, religiosas ou padres, e para quem procura com sinceridade o sentido da sua vida. “A Festa da Missão” é um livro de 300 páginas, publicado pela LIAM e destinado principalmente à Família Espiritana; sendo uma compilação de celebrações e cânticos, é um valioso subsídio à Formação e à Animação Missionária porque ‘sem festa não há Missão’. Ainda no âmbito do Ano Espiritano, estão em preparação duas outras publicações: “A Missão Espiritana no Sudoeste de Angola” da autoria do P. Serafim Lourenço, missionário há cinquenta anos em Angola, e que se encontra já no prelo. E a “Espiritualidade Missionária do P. Libermann”, do P. Amadeu Martins, um livro onde se compendiam todas as componentes da espiritualidade missionária e que está também em vias de ser publicado. Esta História da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo conclui o conjunto de publicações previstas para o Ano Jubilar. Aproveitou-se também a ambiência do Jubileu para o lançamento da Revista “MISSÃO ESPIRITANA - revista das circunscrições espiritanas lusófonas”. Projecto antigo e adiado, viu agora a luz do dia como revista de carácter científico e com conteúdo missionário e missiológico que não esquece o específico espiritano: fontes espiritanas, missão espiritana-hoje, história e figuras espiritanas, espiritualidade, testemunhos da missão e biblioteca espiritana. OS GRANDES EVENTOS Certos acontecimentos de relevo marcaram as celebrações deste Ano Jubilar: Ordenações sacerdotais: O primeiro de todos os grandes eventos das celebrações jubilares foi a ordenação sacerdotal de quatro jovens espiritanos: Hugo Norberto Mendes Ventura, Manuel Andrade Alves Semedo e Vítor Narciso Martins da Silva, em 2002 e Tiago Aparício Simões Barbosa, em 2003. E o facto de estas ordenações se realizarem nas paróquias de origem (S. Domingos - Cabo Verde, Tires - Lisboa, Nogueira - Braga, e, no ano seguinte, Torre d’Aguilha - ordenação e Fraião - ‘missa nova’) movimentou muitos membros da Família Espiritana, tanto do norte como do sul do país. Profissões: Foram quatro os noviços que no dia 8 de Setembro de 2003 emitiram os primeiros votos na Congregação. Boa chave, nos tempos que correm, para encerrar o Ano Jubilar. Colóquio “A Missão num Mundo incerto”: Realizado na Torre d’Aguilha, de 7 a 9 de Junho de 2002. Nele intervieram pessoas de relevo na Igreja, na Congregação e na política. Com efeito, a conferência inaugural foi proferida pelo O ano jubilar Espitano 2002-2003 715 antigo Presidente da República, Dr. Mário Soares, que falou sobre “As incertezas do Mundo Contemporâneo”. O Prof. Teotónio de Souza, da Universidade Lusófona, desenvolveu o tema: “Justiça, Paz e Integridade da Criação na era da Globalização”. O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo fez uma palestra sobre “Que missão para a Europa?”. O nosso Superior Geral, P. Pierre Schouver, falou sobre “A Missão na fronteira e as fronteiras da Missão”. Da Amazónia, Brasil, veio o bispo de Tefé, o espiritano D. Sérgio Castriani, falar-nos da “Amazónia, missão e espiritualidade da terra”. E o membro do Conselho Geral, P. Jerónimo Cahinga, angolano, fez uma palestra sobre “África, a missão da esperança e a espiritualidade da inculturação”. E o Colóquio que abrira com o discurso de saudação e boas vindas, do P. Eduardo Miranda, Superior Provincial, em que recordou que uma celebração jubilar evoca necessariamente o património histórico, recebendo dele inspiração para viver com paixão o presente e abrir-se ao futuro com confiança e esperança, encerrou com a conferência “Uma perspectiva histórica sobre a missão espiritana” proferida pelo P. Adélio Torres Neiva. Registou-se uma presença de centena e meia de participantes, o que, sem dúvida, é muito positivo. Durante o Colóquio, fez-se o lançamento da Revista “Missão Espiritana” e foi inaugurada a Exposição Missionária por D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa. Os Meios de Comunicação Social deram grande cobertura a este evento, não apenas a Rádio Renascença que falou dele antes, durante e depois, mas também a TVI que transmitiu a Eucaristia do Domingo, presidida por D. Zacarias Kamwuenho, Presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé, e dedicou o programa “8º Dia” desse Domingo à Exposição, voltando ao tema alguns tempos mais tarde, em outros dois programas similares. Exposição missionária “Alarga o Espaço do tua Tenda”: Inaugurada pelo Sr. Cardeal Patriarca, a 8 de Junho de 2002, prolongou-se até aos princípios de Dezembro. Ocupou a galeria principal da Torre d’Aguilha, estendendo-se pelo espaço aberto do “tanque dos peixes” e terminando na igreja. Foi um evento bastante bem conseguido, tanto na idealização, como na execução, apesar de ser só com o nosso pessoal. Apoiada, como base temática, em Isaías 54, 1b-3, foi aí buscar o seu título (Alarga o espaço da tua tenda) para mostrar como desde 1703 foram muitos os homens e mulheres que encontraram um espaço de acolhimento e de esperança na “tenda” que os missionários espiritanos foram construindo através do mundo. Uma ala da galeria foi consagrada à acção missionária dos espiritanos portugueses de ontem e de hoje; na outra, aproveitando peças de museu que temos em depósito no Museu de Antropologia da Universidade de Coimbra, desenvolveu-se o tema da mulher africana e sua cultura. Nos outros espaços, fez-se uma amostra das nossas diversas actividades aquém e além, desde o trabalho nos bairros degredados até ao serviço com os índios da Amazónia. E tudo terminou na igreja com as paredes e colunas decoradas com o “Pai Nosso” escrito em várias dezenas de línguas aprendidas pelos missionários espiritanos: Deus é Amor.. A Missão é Espiritualidade. 716 Adélio TORRES NEIVA Jornadas de Espiritualidade Missionária: Realizaram-se em Fátima, de 14 a 16 de Fevereiro de 2003. Nelas se congregaram cerca de 500 pessoas entre confrades, Irmãs Espiritanas e leigos dos nossos diversos movimentos, além de amigos e simpatizantes. Oração e estudo, com palestras sobre o Espírito Santo na Igreja, foram os momentos fortes destas Jornadas, condimentadas com testemunhos de partilha e encenações pelos jovens. A nível de congregação de massas, foi certamente o evento mais bem conseguido. Jornadas Espiritanas Jovens na Europa: Este acontecimento, realizado entre 13 e 20 de Julho de 2002, sofreu as consequências do Encontro Mundial da juventude em Toronto: teve de ser em Julho e não em Agosto, o mês das férias. Eucaristia de Encerramento das Jornadas Apesar de tudo, ainda se juntou em Paris um bom grupo de jovens, algo mais de 120. Foram a Polónia e Portugal quem levou mais jovens (uns quarenta cada); e, modéstia à parte, os portugueses mostraram-se bem enquadrados no ambiente, na vivência e na razão de ser destas jornadas, sinal do trabalho realizado com eles e desafio a prosseguir. Peregrinação nos ‘Passos dos Fundadores’: No seguimento do Encontro Nacional de Professores, feito na Torre d’Aguilha de 30 de Julho a 2 de Agosto de 2002, realizou-se a Peregrinação a França ‘nos Passos dos Fundadores’, que se prolongou até ao dia 8. Aos Professores juntaram-se vários outros colaboradores nossos, fazendo um total de 90 pessoas. Peregrinação da Família Espiritana: É já habitual realizar-se esta Peregrinação a Fátima no primeiro fim de semana de Julho. Em celebração jubilar teve um relevo especial, não apenas pelo número de presenças, mas sobretudo pela qualidade das actividades e pelo empenho da juventude. Peregrinação a Fátima e a Portugal espiritano dos anciãos da Europa: 50 espiritanos europeus com mais de 65 anos vieram, de 15 a 22 de Maio de 2003, em visita/peregrinação a Fátima e às diversas casas da Província. A proposta havia partido de nós e foi aceite de imediato e com entusiasmo. Muitos mais viriam se houvesse capacidade de nossa parte. O acolhimento foi verdadeiramente ‘à portuguesa’ em qualquer das comunidades por onde passaram. E foram muitas as cartas de agradecimento e parabéns. Os Leigos: Uma das notas mais relevantes da celebração do Ano Espiritano está, sem dúvida, no empenho e entusiasmo dos leigos ‘espiritanos’. A participação activa nos diversos eventos ‘oficiais’ foi francamente positiva. Mas O ano jubilar Espitano 2002-2003 717 mais significativas foram as acções (celebrações, vigílias, campanhas...) organizadas e levadas a cabo pelos leigos, idosos e jovens, nas suas diversas paróquias. JSF - Jovens sem Fronteiras: O sector juvenil da nossa animação missionária, denominado Jovens Sem Fronteiras (JSF), teve uma acção muito empenhada em todas as celebrações jubilares, dando-lhes cor, ritmo, vitalidade. O Jubileu coincidiu com a celebração dos 20 anos deste Movimento juvenil de Animação Missionária dos Espiritanos que conta já com uns 30 grupos espalhados por Portugal, Angola, Cabo Verde, França e S. Tomé e Príncipe. Todos os anos este Movimento tem diversas actividades missionárias em Portugal e em terras de Missão nas denominadas “Pontes”. O programa deste ano foi mais vasto, juntando a celebração dos 300 anos da Congregação e dos 20 anos dos JSF. E o XV Encontro Nacional, realizado no princípio de Setembro e como termo das celebrações, reuniu no Seminário da Torre d’Aguilha mais de 200 jovens que daí partiram para as suas paróquias cheios de entusiasmo pela causa missionária. Festa dos Povos: Iniciativa do Seminário da Torre d’Aguilha, da Capelania dos Africanos e dos JSF de Tires, nasceu há três anos no Seminário da Torre d’Aguilha para congregar, num só coração e numa só alma, os povos imigrantes de diversos continentes, raças e culturas. Este ano, a Festa foi feita em parceria com a autarquia local. Mas a família espiritana, mormente o CEPAC - Centro Padre Alves Correia, as Irmãs Espiritanas e os JSF, tiveram um papel muito significativo neste acontecimento. O CESM - Centro Espírito Santo e Missão: Foi grande o incremento dado pelo Ano Jubilar a este recém criado Centro de Espiritualidade Espiritana que favorece aos casais, jovens, religiosos e sacerdotes uma renovação pela força do Espírito. Com quatro centros (Braga, Lisboa, Porto e Viana do Castelo) tem uma vasta agenda de vigílias ao Espírito Santo, recolecções, retiros e outras actividades. Fruto da busca promissora durante o Jubileu, a Província está a preparar a sua ubiquação no Seminário da Silva, onde o espaço e o ambiente são mais propícios à reflexão espiritual. A divulgação nos Media: Fruto do empenho de alguns confrades e vários leigos amigos, os Meios de Comunicação Social deram grande relevo e cobertura à celebração dos 300 anos de missão espiritana. Na imprensa, quase todos os jornais diários deram algum espaço ao acontecimento, havendo até quem lhe desse bastante destaque; a imprensa religiosa também cumpriu bem a sua missão. A Rádio Renascença - Emissora Católica, para além de anunciar os diversos programas, fez uma óptima recolha e até cobertura de alguns deles. Mas o maior impacto a nível nacional deve-se à televisão: o programa “ecclesia” da RTP2 emitiu cinco programas sobre a missão e os JSF em S. Tomé e Príncipe; A TVI, além de transmitir duas Eucaristias, dedicou-nos quatro “oitavo dia”, sendo dois sobre Cabo Verde. 718 Adélio TORRES NEIVA A Igreja local: Já se referiu como os “nossos” leigos trabalham a animação missionária nas suas paróquias com as mais variadas iniciativas e vigoroso empenho. De realçar a adesão dos párocos e a presença de muitos desses sacerdotes diocesanos nas nossas celebrações principais. Mas é necessário destacar a atitude dos Bispos portugueses. Logo de início, foilhes oferecido o livro “Como leve pena...” do P. Agostinho Tavares. A resposta de todos eles a acusar a recepção do livro é elucidativa quanto à comunhão connosco neste Ano Jubilar. Depois, foi a presidência da celebração oficial e pública da abertura do jubileu pelos bispos das dioceses onde estamos mais implantados: todos agradeceram o nosso contributo na pastoral e na dinamização missionária da diocese e encorajaram a mais e melhor. Em Conferência Episcopal, os bispos portugueses distinguiram-nos com dois actos de grande relevo e importância: a aprovação dos Estatutos dos nossos Movimentos laicais (LIAM - Liga Intensificadora da Acção Missionária, MOMIP - Movimento Missionário de Professores, JSF - Jovens Sem Fronteiras); e a Nota Pastoral “Fazer-se ao largo, com a força do Espírito. Os 300 anos dos missionários do Espírito Santo”. Começando com uma brevíssima resenha da nossa história, destaca as intuições que marcaram a missão moderna (o homem como caminho da missão, a missão como encontro de culturas e a fundação de igrejas locais) para passar à presença da Congregação em Portugal e à sua acção dinamizadora junto dos leigos. E, citando alguns nomes de grandes figuras Espiritanas Portuguesas, descreve os países onde se encontram espiritanos portugueses, para terminar com os votos de que, num dinamismo de fidelidade criativa, demos mais visibilidade à missionariedade da Igreja, fazendonos ao largo de novo. A conclusão do Ano Jubilar na Festa do Pentecostes, a 8 de Junho, teve dois pólos fundamentais: a zona norte do país, em Braga e a zona sul, na Torre d’Aguilha. Em Braga, na sexta-feira, 6 de Junho, o P. Adélio Torres Neiva, em sessão solene no auditório do Colégio D. Diogo de Sousa (construído na nossa antiga Quinta do Charqueiro), fez uma conferência sobre a história da presença espiritana em Braga. A audiência compunha bem o vasto salão. E havia várias autoridades civis e religiosas. Por se encontrar no estrangeiro, o Sr. Arcebispo Primaz fez-se representar pelo Arcebispo Emérito, D. Eurico Dias Nogueira, grande amigo e admirador dos espiritanos, cuja obra sempre apreciou e apoiou, tanto em Angola como em Braga. Disso mesmo fez eco nas palavras com que encerrou esta sessão solene. Antes da conferência, falou o P. Provincial, P. Eduardo de Miranda Ferreira, para colocar a audiência ao ritmo das celebrações e da razão de ser desta sessão, que foi animada pelo coral do Seminário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição e por um grupo de Jovens Sem Fronteiras da área de Braga. No domingo de Pentecostes, dia 8, fez-se o encerramento solene com Eucaristia, na Cripta do Sameiro, presidida pelo Sr. Arcebispo Primaz, D. Jorge A História de Provincia Portuguesa 719 Ortiga. Esta celebração, animada pelo grupo coral de Lijó sob a direcção do nosso confrade P. Joaquim Serafim Coelho, foi transmitida em directo pela TVI. Esta mesma emissora de televisão apresentou, de seguida, o programa “8º Dia” mantendo o tema dos 300 anos de Missão Espiritana. Da parte de tarde, cerca de um milhar de pessoas desceu ao Seminário do Fraião para um são e alegre convívio. Na Torre d’Aguilha, as celebrações de encerramento constaram de uma Vigília muito concorrida no sábado, 7 de Maio, e de uma celebração vespertina no domingo, dia 8, a que presidiu o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo. Na breve homilia que proferiu, o Sr. Cardeal, como de manhã fizera o Sr. Arcebispo de Braga no Sameiro, enalteceu a obra dos Espiritanos na animação missionária da sua diocese e de Portugal, em ressonância da Nota Pastoral publicada pelos nossos Bispos. Depois da celebração, os presentes foram convidados para um lanche convívio. Aí se juntaram os nossos benfeitores, colaboradores, amigos e simpatizantes, sendo de realçar a presença de grande número de Superiores Maiores dos Institutos Religiosos sediados em Lisboa. Santarém: Foi aqui que a Província começou em 1887 com o P. Duparquet. Aqui teve lugar também a última celebração do Ano Jubilar que, por sugestão do Bispo da Diocese, se realizou no dia 23 de Novembro, Festa de Cristo-Rei. Foi um dia missionário em cheio organizado pelo grupo local da LIAM. De manhã, o Sr. Bispo, D. Manuel Pelino Domingues, presidiu à Eucaristia na Sé Catedral repleta de fiéis. Fez uma bela homilia muito adequada a um dia missionário e de muita simpatia para com o trabalho dos espiritanos, nomeadamente na dinamização missionária dos cristãos leigos. Após o almoço, em partilha do que cada um levou, a tarde foi de convívio, com uma palestra do P. Adélio Torres Neiva sobre a presença espiritana em Santarém que, apesar de ter durado pouco mais de um ano, marcou o nascimento da Congregação em Portugal. O P. Provincial, P. José Manuel Matias Sabença, encerrou a sessão com uma breve resenha da história da Província e agradeceu o empenho e a presença dos grupos locais da LIAM que, mau grado a invernia, ali estiveram cheios de entusiasmo e motivação para “sempre mais e melhor”. Frutos? A semente parece que foi bem lançada e bem acolhida, tanto no espaço interior da Província, como entre os amigos e simpatizantes. Notou-se que uma seiva nova percorreu todos os canais da nossa animação missionária. Há, portanto, “uma Esperança para o teu Futuro!”
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