Conferência de Berlim - Anglo Cassiano Ricardo

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Conferência de Berlim - Anglo Cassiano Ricardo
Conferência de Berlim
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GUIA DE ESTUDOS
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SUMÁRIO
1.
CARTA DO SECRETARIADO_______________________________________ pág. 3
2.
CARTA DA DIRETORIA___________________________________________ pág. 5
3.
INTRODUÇÃO ___________________________________________________ pág. 6
4.
PRECEDENTES DA CONFERÊNCIA _________________________________ pág. 8
5.
OBJETIVOS DA CONFERÊNCIA ___________________________________ pág. 10
5.1.
6.
REPRESENTANTES OFICIAIS_____________________________________ pág. 12
6.1.
Estados Unidos da América ______________________________________ pág. 12
6.2.
Reino Unido __________________________________________________ pág. 12
6.3.
Portugal _____________________________________________________ pág. 14
6.4.
França _______________________________________________________ pág. 15
6.5.
Bélgica ______________________________________________________ pág. 16
6.6.
Países Baixos _________________________________________________ pág. 16
6.7.
Império Otomano ______________________________________________ pág. 17
6.8.
Alemanha ____________________________________________________ pág. 18
6.9.
Itália ________________________________________________________ pág. 19
6.10.
Império Austro-Húngaro ________________________________________ pág. 20
6.11.
Espanha _____________________________________________________ pág. 21
6.12.
Noruega _____________________________________________________ pág. 22
6.13.
Suécia _______________________________________________________ pág. 23
6.14.
Dinamarca ___________________________________________________ pág. 23
6.15.
Rússia _______________________________________________________ pág. 24
7.
8.
Etiópia e Libéria _______________________________________________ pág. 10
DOCUMENTO DE POSIÇÃO OFICIAL (DPO) ________________________ pág. 26
7.1.
Estrutura e Conteúdo ___________________________________________ pág. 26
7.2.
Modelo de Base _______________________________________________ pág. 27
BIBLIOGRAFIA__________________________________________________ pág. 28
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1. CARTA DO SECRETARIADO AOS DELEGADOS
Caríssimos senhores delegados,
É com muita satisfação que vos damos as boas-vindas à SiAn 2016. A todos que
se aventuram pelo mundo das simulações pela primeira vez, gostaríamos de
parabenizar-vos por saírem da zona de conforto na busca de um mundo melhor, mesmo
que com ações pequenas de uma singela simulação. Não vos assusteis com o ambiente
diplomático, mas disfrutai do novo e do diferente. Quanto aos que já participaram,
agradecemos mais uma vez a presença, tornais o nosso projeto cada vez maior e mais
significativo.
A SiAn (Simulações Anglo) é um projeto idealizado e organizado por alunos do
Ensino Médio do Colégio Anglo Cassiano Ricardo com objetivo de simular
conferências da Organização das Nações Unidas (ONU). As simulações são feitas
através de comitês temáticos em que cada delegado representará um país na discussão
de uma situação-problema. Os debates realizados ajudam a desenvolver a retórica e as
relações interpessoais, além de valorizarem o currículo perante universidades
internacionais e o mercado de trabalho.
O guia sob vosso domínio é um material de auxílio para os vossos estudos em
preparação para a SiAn, no entanto, não vos limiteis a este guia, pesquisai, estudai,
enriquecei vosso conhecimento. Com vossa ciência no assunto, deveis produzir uma
Declaração de Posicionamento Oficial (DPO) e apresenta-la aos diretores de vosso
comitê.
Em suma, é de extrema importância frisar a magnitude que vós, caros delegados
e delegadas, possuís para este evento. Sem vossas presenças, de nada serviria toda nossa
organização. O que nos deixa mais realizados é o fato de que essa experiência
enriquecedora, desenvolverá em vós a oratória, o posicionamento crítico, a
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responsabilidade, a liderança, o trabalho em equipe na resolução de conflitos; todas
características fundamentais de um bom profissional. Desejamos a todos os delegados e
delegadas, diretores e diretoras, a toda a equipe organizadora, uma excelente
Simulações Anglo.
Atenciosamente,
Isadora Coelho, Lucas Pagliarin, Lara Luise Teixeira e João Pedro Vanzella
Secretariado das Simulações Anglo 2016
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2. CARTA DA DIRETORIA AOS DELEGADOS
Sejam muito bem-vindos a SiAn 2016!
As simulações surgem como uma ferramenta de aperfeiçoamento pessoal, posto
que exige a intensa participação e envolvimento dos delegados, a comunicação
constante e, consequentemente, um poder persuasivo, dando espaço para o
desenvolvimento da retórica e também literário dos participantes. A simulação,
portanto, é um ponto de partida para a preparação tanto profissional como acadêmica
dos jovens.
No caso dos comitês históricos, os estudantes têm a oportunidade de revisitar a
história e, por que não alterá-la? Os delegados representarão indivíduos da mais alta
classe política do século XIX, como reis, imperadores, presidentes ou chefes militares.
Desse modo, espera-se dos delegados um esforço histórico, isto é, o respeito aos
costumes do período vivenciado, em que a tecnologia que conhecemos atualmente não
era nem imaginada, além das diferenças existentes nos embates militares e na
valorização dada às formas de tratamento daqueles detentores de certa soberania.
O desejo dos diretores deste comitê é que todos aproveitem essa experiência ao
máximo e consigam extrair os mais diversos aprendizados dela!
Cordialmente,
Danilo Cursino e Pedro Henrique Lino
Diretores do Comitê Histórico da SiAn 2016, Conferência de Berlim
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3. INTRODUÇÃO
O tratado mais conhecido da história da África tem a peculiaridade de
não ter sido assinado por nenhum africano ou representante de
governo africano, apenas por europeus. Como se explica isso?
(Barbosa, E. A História da Paz, p. 126.)
A reunião proposta pelo então chanceler alemão, Otto Von Bismarck, foi
realizada entre os dias 19 de novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885, com o intuito
de institucionalizar a partilha do continente africano. Dessa maneira, as principais
potências coloniais da época participaram do encontro, entre elas, Estados Unidos, GrãBretanha, Rússia, Dinamarca, Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Itália,
Suécia, Noruega, Áustria-Hungria, Império Otomano e a própria Alemanha.
O evento pode ser explicado por diferentes óticas. A primeira delas apoia-se no
âmbito político, isto é, as nações buscavam a inserção no cenário internacional, o qual
era impulsionado pela ideologia imperialista, pautada na conquista de territórios,
garantindo, assim, a supremacia de um país.
Do ponto de vista econômico1, enfrentava-se uma transição do capitalismo
industrial para o capitalismo financeiro, o que incentivou o alargamento do mercado
consumidor pelas potências coloniais, além do aumento pela procura de matéria-prima
de baixo custo, justificando a partilha da África.
Ademais, sob a ótica antropológica e também religiosa, a Europa se
autodeclarava o auge das sociedades civilizadas, apoiada na teoria do darwinismo
social2. Para os países do hemisfério norte, a colonização de continentes como a África
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2
http://www.todamateria.com.br/capitalismo/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/darwinismo-social-imperialismo-no-seculo-xix.htm
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ou a Ásia era uma missão, um dever, a fim de impor a cultura europeia nas regiões
citadas, desconsiderando, portanto, a cultura local.
Figura 1: Gartenlaube 1884. Retrieved from deutsche-schutzgebiete.de
Embora buscasse a paz entre as potências e o equilíbrio internacional, a
Conferência de Berlim envolvia disputas políticas, econômicas e territoriais, as quais
desagradaram alguns países e deram abertura para grandes conflitos no século seguinte.
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4. PRECEDENTES DA CONFERÊNCIA
Utiliza-se, atualmente, o termo “África”, como se o continente fosse um único
país, para se referir a um território repleto de diversidade cultural. É raro quando são
mencionados países africanos, já que tais nações e as culturas tradicionais mantidas
dentro delas são desconsideradas. A raiz desse rebaixamento cultural é o encontro em
Berlim durante o século XIX.
Até então, o continente africano era inexplorado pelos europeus, no entanto,
diferentes grupos étnicos, como os árabes (egípcios e berberes), hauçás, bantus,
bosquímanos e iorubás, já ocupavam o território e grande parte deles sofria as
consequências do regime escravocrata. Devido ao advento das teorias iluministas3,
trazendo conceitos de igualdade, liberdade e fraternidade, iniciou-se na Europa um
movimento abolicionista, acarretando um colapso no extremamente lucrativo tráfico
negreiro.
Era necessário então, para os europeus, autoconsiderados culturalmente
superiores, outro meio de manter seus lucros advindos do território africano. A
ocupação territorial surgiu como uma solução para esse problema, sendo que na
conferência essa ocupação foi organizada em um documento.
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http://www.sohistoria.com.br/resumos/iluminismo.php
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5. OBJETIVOS DA CONFERÊNCIA
Durante os três meses de reunião, debateu-se sobre a liberdade de comércio,
sobre os limites do tráfico negreiro, sobre a neutralidade de determinadas regiões ou
então a responsabilidade administrativa sobre elas e outras disposições generalizadas.
5.1. Etiópia e Libéria
O mapa acima é uma proposição feita pelos europeus durante as discussões na
Alemanha, no qual se destacam os territórios na cor branca. Na porção leste do
continente, nota-se a Etiópia, antiga região abissínia, onde não houve abalos sociais nem
políticos durante a Conferência, uma vez que a nação mantivera a sua independência
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frente às decisões europeias. Além dos etíopes, uma nação fundada por ex-escravos
norte-americanos, a Libéria4, também resistiu e permaneceu independente.
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http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/23677/hoje+na+historia+1847++republica+da+liberia+e+fundada+por+ex-escravos+libertos+dos+eua.shtml
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6. REPRESENTANTES OFICIAIS
6.1. Estados Unidos da América
Visando um poderio de crescimento econômico e ajuda mútuos, os Estados
Unidos da América, mesmo não possuindo colônias no continente africano, marcaram
presença na Conferência de Berlim, sendo a única delegação não europeia presente na
reunião. Já sucedida à Revolução Industrial, a nação americana trazia o imperialismo
como fonte e base de um pensamento mercantil, e visava o continente africano como
suposta fonte de riquezas naturais e um comércio ainda mais estendido. Além de tal
fato, uma coerência diplomática intercalada entre os Estados Unidos e as delegações
presentes traria uma resposta às prováveis necessidades que viriam ao mundo.
Considerável é a relação entre os Estados Unidos e o Império Otomano. Eis que
essa última delegação vai à conferência com certo interesse na região norte africana,
rica em ferro e de fácil acesso ao Mar Mediterrâneo, que lhe traria certa resistência e
força contra o continente Europeu, e claro, malefícios aos EUA, que dependem de uma
rede de mercadorias relacionadas aos países da região, como a de uma grande aliada,
França.
Visando uma aliança principalmente entre Reino Unido e França, os EUA
tinham como uma de suas metas o fortalecimento diplomático entre tais nações, que lhe
derivariam incontáveis benefícios econômicos e imperialistas internos e ao redor do
globo.
6.2. Reino Unido
Estabelecendo-se como um dos maiores impérios da história, ainda no século XIX,
o Reino Unido traria sua rica e próspera história colonial como princípio para a
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Conferência de Berlim, sendo esta influenciada pelo fato de constituir a mais rica
economia europeia.
Com necessidades de mantimento de tal superioridade política e econômica, o
Reino Unido tinha como resolução para aquisição de novas terras a teoria “uti
possidetis”, cujo sistema já se dava em terras africanas pelos britânicos há décadas,
impulsionados pela necessidade mercantil vinda da própria Inglaterra por conta da
Revolução Industrial, e de demasiada importância durante suas expansões marítimas,
visto que o Reino Unido possuía, há incontáveis gerações, a maior e mais potente frota
naval.
Regiões ricas em minérios, principalmente ouro, cobre e ferro, foram sumamente
visadas pelos britânicos, concentrando-se nas extremidades continentais, como a região
do Cabo, ao sul, e Egito, ao norte. Considerava-se também a facilidade marítima que o
Reino Unido obteria, haja vista que qualquer precaução territorial que pudesse ser
tomada pelo litoral lhes traria mais chances de sucesso, e assim, regiões litorâneas,
como o oeste africano e o Mar Vermelho, seriam demasiadamente importantes à vista
britânica, que também as utilizaria para dominação comercial dos mares.
As alianças do Reino Unido se dariam mais fortes com os Estados Unidos da
América, que lhes ajudariam diplomaticamente e certas divergências em relação à
França, tomando-se em consideração tensões ocorridas entre a delegação tratada e os
franceses em relação às terras no oeste africano e Baixo Nilo e Congo, riquíssimas em
minérios, certamente estratégicas e com uma população mercantil favorável, além de
ambas visarem um imperialismo e dominação comercial e colonial africana.
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6.3. Portugal
Sendo um país ibérico, com um litoral mais extenso que sua área latitudinal,
Portugal fora pioneiro nas explorações marítimas há alguns séculos antes da
Conferência de Berlim, e traria seu legado consigo à reunião. Cerca de 60 anos antes,
sua maior e mais próspera colônia havia tomado independência, e a perda de recursos
brasileiros afetou diretamente a economia portuguesa. Com a vasta utilização de terras
de origem Bantu, principalmente em áreas litorâneas, Portugal chegaria à Conferência
com a meta de uma consolidação de suas áreas coloniais, além de sua ampliação em
regiões estratégicas, econômica e militarmente, para que lhes fosse concebido o poderio
de influência global que obtiveram séculos antes.
A anexação da região ao sul do Congo seria o ponto de maior visibilidade
portuguesa, para que houvesse, além de seu aproveitamento regional em relação ao
cobre, uma ligação entre as duas regiões litorâneas africanas já tomadas pelos lusófonos,
correspondentes a Angola e Moçambique, e assim, isolar por terra os britânicos de suas
colônias ao norte, visto que tal região ao sul já era de utilização do Reino Unido,
tratando assim, de uma tensão tomada entre ambas as nações.
O retesamento entre Portugal se dava ainda maior quando, segundo Portugal, a
ligação entre suas duas colônias litorâneas deveria ser feita haja vista que sua
comunicação se dava como comprometida, pois esta só seria feita por contorno ao cone
sul africano, de domínio britânico, ou por terra, sendo este também por domínio do
Reino Unido.
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6.4. França
As ideias iluministas trouxeram à França uma concessão populacional e
governamental em relação ao regime escravocrata, até então praticado em suas colônias.
Porém, tal sistema lhes trouxera lucro durante o período, com sua abolição, a França
via-se com necessidade de novas aquisições econômicas, cuja mescla se daria ao seu
imperialismo proposto.
Com terras ocidentais e saarianas, sendo de utilização francesa há tempos, assim
como Reino Unido, a França via no “uti possidetis” uma possibilidade de anexação de
novas terras para uma ajuda a sua estruturação econômica e militar. Estruturação esta
que a França necessitava, causada pelas perdas na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871)
e via na África uma chance de novos acúmulos monetários para um futuro investimento
imperialista.
Os pontos mais visados pela França se davam na consolidação de áreas que já
eram de sua utilização, como a costa ocidental africana, rica em cobre e ferro, e o litoral
norte, que seria de demasiada importância, visto que uma poderiam monopolizar o
comércio mediterrâneo com tanto a saída norte africana quanto a do litoral sul francês,
visão essa que também se daria ao Império Otomano, tornando-se um de seus maiores
antagonistas durante a Conferência de Berlim.
Durante a Conferência de Berlim, a França acabaria por tomar mais tensões
propriamente ditas; além do problema já relato do litoral norte da africano junto ao
Império Otomano, outras regiões obtiveram tamanha obsessão entre a França e outras
delegações. A região do Congo lhe seria extremamente visada, por sua localização, ao
centro do continente, e seus recursos naturais, que se derivavam de cobre à madeira.
Com aliança aos EUA, a delegação francesa visaria ainda regiões com alto índice
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populacional, como Argel, Túnis, Casablanca e Marrakesh, tendo em mente um maior
ciclo de mercado e um lucro à metrópole.
6.5. Bélgica
Com sua independência declarada dos Países Baixos há cerca de 50 anos, a
Bélgica via-se na missão de um alcance de influências e econômico de mesmo tamanho
que obtivera seus vizinhos, como França e Países Baixos. Levando tal fato em
consideração, participara da Conferência de Berlim com objetivo de participação efetiva
nas decisões de leis a serem ponderadas e novas colônias às nações.
Buscando o dito reconhecimento e uma ascensão econômica interna, a delegação
belga estava disposta a conseguir o maior mantimento e participação possíveis durante a
reunião.
A região mais disputada entre as nações, a localidade do Congo, via-se como de
“domínio exclusivo” da Companhia Internacional do Congo, que tinha como principal
acionista o rei Leopoldo II da Bélgica, transformando-a em uma de suas colônias. Uma
de suas metas seria, além de possíveis aquisições de novas colônias, a asseguração da
colônia tão disputada do Congo, que seria a qualquer nação extremamente rentável.
6.6. Países Baixos
Com certo sucesso colonial, os Países Baixos invadiram e conquistaram terras
em todos os continentes, e queriam na África, uma nova forma de obtenção imperial.
Com vista numa ajuda aos países participantes da Conferência, os Países Baixos foram
à reunião com o objetivo de estabelecer novas regras de mercantilização, tendo em
mente atributos como navegações e zonas de influência.
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A utilização colonial holandesa se dava por antiga, nos últimos séculos terras
caribenhas, sul-americanas e até mesmo africanas foram utilizadas para fins diversos, de
plantações à produção têxtil.
No continente africano em especial, a colonização e utilização de terras vinha
sendo se intensificando, mais especificamente na região sul-africana ao redor de cidades
como Cidade do Cabo e Joanesburgo. Fato esse que travaria tensões entre os Países
Baixos e o Reino Unido, que tornaria-se a metrópole da dita região, fazendo com que
países como Estados Unidos da América ou mesmo França fiquem contra a proposta
holandesa de anexação das terras do cone sul africano, causando novas divergências
entre os Países Biaxos e nações presentes, haja vista que a região é riquíssima em ouro e
de estratégica localização.
6.7. Império Otomano
Obtendo uma expansão histórica, o Império Otomano tivera seu apogeu durante
os séculos XV e XVI, dominando terras de toda a Ásia Menor, incluindo regiões do
Cáucaso, Anatólia e Bálcãs, sendo uma ligação estratégica entre Europa e Ásia. Porém,
durante a Conferência de Berlim, já no século XIX, o “Estado Eterno” (lema otomano)
passava por seu declíneo, imperial e econômico. Tendo tal dificuldade, o Império
Otomano chegara à Conferência com intuitos básicos de restaurção imperial digna à que
já obtivera séculos antes, tendo a dominação da região mediterrânea como base de
tamanha objetividade.
Com uma nação Euro-Asiática, seu litoral se dava, majoritariamente, pelo sul
europeu, região mediterrânea, ligação de suma importância às navegações. Tendo
Constantinopla como capital, e sendo esta um dos grandes cruzamentos mercantis
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intercontinentais, o Império Otomano vê a mesclagem de uma dominação mediterrânea
à necessidade europeia das relações com Constantinopla como um poderio a ser
utilizado para a anexação de terras norte africanas.
Haja visto que a monopilização das ligações mercantis entre Europa, Ásia e
África, pelo Mediterrâneo, também é de visa francesa, há certas imposições entre as
ditas nações para a aquisição das terras litoríficas africanas, questão que mantém a
França como grande impositoras às ideias otomanas, eis que a rivalidade entre Paris e
Constantinopla já lhes era histórica, e se agrava ainda mais durante a Conferência, e
mantém o Império Otomano ainda mais isolado diante às negociações, tendo em mente
que a franceses mantêm laços diplomáticos demasiadamente mais fortes com as
delegações presentes que os turcos, questão que dificultaria a conclusão básica turca
durante a reunião.
6.8. Alemanha
Otto von Bismack, diplomata prussiano, objetivara a Conferência de Berlim, e
concebia sua representação ao 2º Reich. Com pouco mais de uma década de fundação, o
novo Império Alemão encontrava-se na necessidade de convergir-se às grandes
potências, e via na Conferência uma resposta. Uma nova economia se formaria,
trazendo um novo sistema colonial alemão e colocando a nação na listagem das grandes
potências.
Com o objetivo de criação e restauração de normas para a utilização do
continente africano, a Alemanha encontrava uma necessidade de reformulação da
cultura interna africana para que lhe fosse concebida valores civilizacionais que a
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Europa já obtivera, sendo a esta concebida a necessidade de dominação e controle do
continente tratado.
Não obtendo terras coloniais na África, o 2º Reich enxergava-se como de
tamanha capacidade para o policiamento de tais áreas, em conjunto com os países
presentes, e via como de extrema importância a aquisição de novas zonas coloniais.
Tendo tal quesito em consideração, os alemães consideravam como fator vital a
extração de bens das terras do continente em questão, visto que lhe trariam o que
buscavam a respeito de avanço tecnológico e econômico, além de movimentarem a
economia dos ditos lugares, essencial para que a civilização prosperasse de maneira
contínua. Sendo este em vigor, regiões subsaarianas, próximas ao Sahel, e localidades
sulistas, à cima do Rio Orange, são de visa alemã, haja vista que são ricas em minérios
de cobre e ferro, essenciais à construção e manutenção fabril na Alemanha.
6.9. Itália
Com a unificação consolidada há pouco mais de uma de uma década, a Itália via na
Conferência de Berlim sua maior oportunidade de aquisição colonial e imperial à
comparação de seus vizinhos, França e Império Austro-Húngaro. Após o
“risorgimento”, a nova nação necessitava de recursos mercantis e monetários para sua
reestruturação, em função das guerras de anexação e unificação por toda a península
itálica.
Com a utilização milenar do Mar Mediterrâneo pelos italianos, a delegação visava
terras de seu acesso, haja vista que sua comunicação seria de maior facilidade. A partir
do dito conceito, a Itália chega disposta às terras da região de Trípoli, visto que
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possíveis portos e alto índice populacional seriam de suma importância à tradição e
necessidade mercantis italiana.
Durante a reunião, conflitos seriam gerados, majoritariamente, com o Império AustroHúngaro, dados esses derivados de tensões históricas e regionais. Durante sua
unificação, a península mediterrânea obteve tensões com o Império Austro-húngaro em
função de regiões como Trentino-Alto Ádige, de maioria italiana e antes sob jurisdição
austro-húngara, que fora anexada à nova nação. Com tal resolução, ambas as nações
teriam recusas durante a Conferência em relação aos acordos de anexação de cada
delegação, porém, sendo a Itália mais próxima às delegações de suma importância
econômica, como EUA e Reino Unido, obtivera mais sucesso na aquisição de terras
africanas.
6.10.
Império Austro-Húngaro
Obtendo um dos mais vastos e prósperos impérios, o sucessor do Império Austríaco
teve sua formação em acordos com a nobreza húngara em 1867, apenas duas décadas
antecedente à Conferência de Berlim. Com âmbito num imperialismo aos eslavos
meridionais e regiões balcânicas, o Império Austro-Húngaro teria na Conferência uma
visão e atuação plurais a determinadas delegações.
Devido aos conflitos externos com seus vizinhos europeus, o Império teria recusas
em relação às participações, policiamentos e anexações de áreas do continente africano,
principalmente com as delegações italiana, cuja obtenção de Trentino já havia sido feita,
e alemã, haja vista que anteriormente regiões da Bavária eram de extrema visa aos
austríacos.
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No desejo de um poderio econômico e maior imperialismo continental e colonial, a
delegação austro-húngara travaria tensões nas negociações territoriais africanas de suas
nações antagônicas, levando-se em consideração uma possível ajuda diplomática e
financeira na aquisição dos mesmos, em especial na região do Congo, localidade de
extrema importância e desejo de todas as nações presentes.
6.11.
Espanha
Com o histórico de um dos maiores impérios da história, a Espanha obtém a
reputação de descobridora do novíssimo mundo, tendo dominado boa parte do mesmo.
Com o dito índice, a delegação espanhola tem como objetivo uma presença notória na
Conferência de Berlim.
Durante a reunião, a Espanha visava um maior poderio econômico e influência
regional, fato contraditório quando levada em consideração a aliança que obteria com
Portugal. Já na África, regiões ricas em extratos de minérios seriam seu objetivo, como
a localidade da Guiné-Equatorial, abusiva em ferro e bauxita, além de demasiada
importância quanto ao comércio escravocrata. Porém, a região a mais desejada pela
delegação espanhola é a da região marroquina. Sua localidade seria estratégica à
Espanha, pois visto que os menores pontos de terra no Estreito de Gibraltar possuem
apenas 14km, seria deliberadamente mais fácil à nação europeia manter o controle e
mercado vindo de sua possível colônia. Além de tal, um domínio total do ponto de
entrada do Mar Mediterrâneo pelo Atlântico daria aos espanhóis uma monopolização
das regiões de entrada e saída de produtos europeus ao mundo.
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Para a aquisição do dito proposto, a Espanha trava confrontos simbólicos, mas
utiliza o ideal de “uti possidetis” para tais terras, em especial nas localidades de Ceuta e
Melilha.
6.12.
Noruega
Com um regime externo relativamente pacífico quando comparado a alguns de seus
conterrâneos europeus, a Noruega é um dos países representantes da península
escandinava, juntamente a Suécia. O país nórdico comparece a Conferência de Berlim
com o intuito de maior participação política nas negociações globais, visando uma
atuação no mercado global, cuja base se daria num desejo de aquisição industrial, visto
que já seria considerada economicamente atrasada quando comparada às grandes
potências locais.
Obtendo forte relação diplomática com as nações de mesma descendência étnica e
linguística, Suécia, Noruega e Dinamarca se juntam durante a reunião para a formação
de alianças contrárias ou a favor de outras delegações, possuindo forte poderio em
conjunto durante a Conferência, visando acordos benéficos para si.
À África, a Noruega tem como cunho parceiras e possíveis aquisições de regiões
cujo índice populacional seria mais elevado, para que houvesse maior fluxo mercantil
entre as nações. A partir do dito pensamento, a delegação norueguesa traz apoio à
delegação do Reino Unido, cujo princípio seria de maior aquisição têxtil.
22
6.13.
Suécia
Tendo possuindo na antiguidade um dos grandes referendos vikings, a Suécia traz
consigo um grande histórico comercial. A delegação sueca vai a Conferência de Berlim
com princípios básicos de reformas diplomáticas e confirmações de política externa.
Juntamente aos seus vizinhos, Noruega e Dinamarca, a Suécia vê na reunião uma
oportunidade de colocar-se nos meios comerciais das grandes potências, visando, assim,
maiores relações não só apenas com seus aliados nórdicos, mas também com as
delegações cujos interesses lhe são relevantes. Com tal pensamento, os suecos veem
anexações e policiamento de terras africanas como de suma importância a sua própria
nação, haja vista que seu desenvolvimento econômico já se daria como tardio, e que a
partir de tal lhes seria possível alcançar o potencial comercial em que viam necessidade.
A Suécia entendia, ainda, que sua descendência viking seria justa à retomada de seu
comércio que já fora mais rentável, influenciando seus aliados escandinavos e mantendo
um ideal de civilização europeia, cuja base deveria ser implantada na região africana.
Com tal, a aproximação ao Reino Unido torna-se plausível, visto que a maior potência
europeia poderia ser de suma importância aos requisitos propostos pela delegação sueca.
6.14.
Dinamarca
Dissolvendo-se de uma união à Noruega em 1814, a Dinamarca já possuía
movimentos liberais na década de 1830, proporcionando uma base de referencial à
adesão de participação na Conferência de Berlim. Com uma geografia mais ligada a
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área continental europeia, a Dinamarca teve de se contradizer, ligando-se étnica e
culturalmente aos seus vizinhos nórdicos escandinavos, Noruega e Suécia.
Durante a reunião, viu-se como de extrema importância em relação à ligação entre a
Europa Continental e os países nórdicos, e utilizaria de tal para as relações necessárias,
visto que detinha do domínio da península da Jutlândia.
Seus focos se dariam num fortalecimento de relações diplomáticas entre seus aliados
e os eventuais países que fornecessem propostas que lhe fossem benéficas, cuja base
seria de entrosamento comercial e maiores trocas mercantis, resultando, assim, num
maior desenvolvimento econômico da península e reconhecimento de participação.
Com tal, mesmo possuindo o menor território entre os países nórdicos, a Dinamarca
seria de extrema importância às resoluções aliadas, principalmente as que derivariam da
África à Escandinávia, pois teriam de passar por mares dinamarqueses.
6.15.
Rússia
Já com uma extensão territorial incomparável em relação aos seus vizinhos, a Rússia
detinha do maior imperialismo do leste europeu e norte asiático, e com o mantimento e
ampliação do mesmo chegaria à Conferência. Diferentemente da maioria das
delegações, a Rússia chegaria à reunião sem aliados consideráveis, e teria de trabalhar
para consegui-los durante o evento, visto que era crítica de sua expansão e mantimento
socioeconômico por países da Europa Ocidental e EUA, e assim, obteria maior
dificuldade na aquisição e negociação de terras africanas.
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Porém, seu cunho ideológico seria trabalhoso às outras nações presentes, sempre
levando-se em consideração que, mesmo possuindo tal extensão territorial, suas terras
não suportariam tamanha população russa, tendo em vista que detinham de regiões
siberianas e inóspitas devidas ao clima, fato extrema crítica aos países presentes.
Ainda assim, durante a Conferência fora notável a interação russa com os EUA, que
por sua vez lhes trouxera reações plurais, variando de concordâncias influenciais a
discórdias comerciais, mantendo a Rússia como um dos grandes antagônicos da reunião,
junto ao Império Otomano, que por muito lhes oferecera acordos diplomáticos e
mercantis, favorecendo benefícios entre ambos e mantendo discórdias às nações da
Europa Ocidental. Notável é o fato de que, segundo a delegação russa, seria necessária a
anexação ou ao menos zonas de influência em localidades como o cone sul da África,
região britânica, pois obteriam pontos estratégicos nos pontos extremos do globo, fato
de tamanha tensão entre russos e britânicos, algo que manteria a Rússia ainda mais
isolada em seus ideais em Berlim.
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7. DOCUMENTO DE POSIÇÃO OFICIAL (DPO)
7.1. Estrutura e Conteúdo
Como o nome indica, o Documento de Posição Oficial (DPO) é uma declaração
sintetizada a respeito do posicionamento de cada país frente ao tema do comitê.
Buscando a padronização dos papéis, deve ser seguida a seguinte estruturação dos
parágrafos:

1°§: Introdução: dados relevantes sobre o país e breve apresentação do
posicionamento com relação aos tópicos pertinentes;

2°§: Desenvolvimento: exposição mais detalhada sobre os pontos de vista do
país, com argumentos justificados por dados e fatos;

3°§: Conclusão: citação dos objetivos que o país espera alcançar com a
resolução criada durante as discussões e menção a potenciais parceiros.
O DPO deve ser apresentado impresso em lauda única, com letra Times New
Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5 e norma culta. Além disso, deve conter o nome
oficial do país e a bandeira, bem como eventuais brasões e/ou selos imperiais. Cada
delegado deve assinar seu documento, que deverá ser entregue à mesa diretora no
primeiro dia da simulação.
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7.2. Modelo de Base
(Bandeira do país)
(Brasão do país)
(Nome oficial do país)
Conferência de Berlim
Documento de Posição Oficial
(Apresentação da posição oficial do país, de acordo com o assunto tratado pelo
comitê, em três parágrafos como acima explicitado. O texto deverá conter no
máximo uma lauda).
(Assinatura do delegado)
(Nome do delegado)
Representante do país (...)
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8. BIBLIOGRAFIA

<http://pt.slideshare.net/2dot4/trabalho-de-histria-1>. Acesso em 15 de janeiro
de 2016.

<http://www.todamateria.com.br/conferencia-de-berlim/>. Acesso em 15 de
janeiro de 2016.

<http://www.todamateria.com.br/aspectos-gerais-da-africa/>. Acesso em 15 de
janeiro de 2016.

<http://www.infoescola.com/historia/partilha-da-africa/>. Acesso em 2 de
fevereiro de 2016

Magnoli, D. “A História da Paz”. 1ª edição. São Paulo: Editora Contexto, 2008.
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