- Urbanismo

Transcrição

- Urbanismo
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Orientador da tese: Prof. Doutor Fernando Varanda
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Departamento de Mestrados de Urbanismo
Lisboa
2009/2010
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
1
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Tese apresentada para a obtenção do Grau de
Mestre em Urbanismo no Curso de Mestrado em
Urbanismo conferido pela Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias.
Orientador: Prof. Doutor Fernando Varanda
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Departamento de Mestrados de Urbanismo
Lisboa
2009/2010
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
2
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Resumo
A tese é um exercício de reflexão sobre a Cidade Utópica. Deambula ao sabor da história
e da actualidade, formando uma análise crítica sobre as Utopias, Modelos e Movimentos
Urbanos que revolucionaram as cidades, culminando na constituição original de uma
fórmula para uma cidade Utópica a que dei o nome de Cidade UT.
A pesquisa expõe os problemas urbanos contemporâneos mais relevantes, levanta
questões basilares sobre a construção das cidades e das nossas comunidades, terminando
com possíveis soluções para a resolução dos problemas urbanos, dando origem à fórmula
Tríade para a cidade Utópica.
A fórmula obtida consiste em três bases estruturais dependentes entre si: a base sóciopolítica; a base psico-energética e a base bio-tecnológica. Finalizo a tese com um modelo
desenhado de cidade Utópica baseado na ―Tríade‖ desenvolvida, um esquema urbano
representativo para uma comunidade de 600 mil habitantes, capaz de atingir os requisitos
ideais de vivência urbana, segundo os objectivos de auto-sustentabilidade sociais e urbanos
desenvolvidos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
3
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Legenda de símbolos e significados
fonte/autor @ – As figuras com este símbolo foram recolhidas da internet, muitas encontram-se em
diversos portais. Quanto não indico o autor é porque a fonte não detinha o autor da figura ou por
lapso meu na altura da obtenção da imagem. Na bibliografia exponho alguns portais que considerei
relevantes e fiáveis para explicar a origem das imagens recolhidas.
fonte/autor T.L. – As figuras com este símbolo são da minha autoria. São desenhos de um modelo
experimental para a Tríade Utopia.
CPC – Corpo de Protecção da Comunidade – Uso esta sigla durante o II Capítulo para fazer
referência ao serviço de salvaguarda do cidadão, formado por elementos capazes de actuarem em
todo o tipo de urgências e cuidados cívicos. Este ―Corpo‖ surge da fusão das várias forças de
segurança e intervenção militares e civis: polícia, bombeiros, socorristas, entre outros, numa só força
pública mais eficiente, capaz de actuar de forma optimizada.
………………………………………………………………………………………………
Índice
I Capítulo – Cidade Utópica – Análise Histórica
1 – Introdução …………………………………………………………………………………………………7
2 – Definir Cidade – Designações Históricas ……………………………………………………………...9
3 – Definir Utopia – Ideal Social …………………………………...………………………………………12
T1 – Tópicos a favor da Cidade Utópica …………………………………………………………. …...14
4 – Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade ………………………………………………………...15
5 – A idade de Ouro das Utopias – século XIX ………………………………………………………….20
T2 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………………………………………...………. 29
6 – ―Modernismos‖ e ―Utopismos‖ do século XX …………………………………………..…………….30
7 – A Cidade não é uma Árvore ……………………………………………………………………...……55
T3 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………….………………………………...……..59
8 – Duas grandes Utopias do início do nosso século ………………………………………...…………60
8.1 - Introdução ……………………..……………………………………………………....…………..60
8.2 - Cidade Utópica Masdar – Norman Foster ………………………………. ……….……….…..61
8.3 - Cidade Utópica Auroville – Sri Aurobindo Ashram ……………………….….……....…...…..66
8.4 - Reflexão sobre duas grandes Utopias do início do nosso século. …………...…......…..….74
9 – Conclusão Final………………………………………………………………………………………….76
10 – Tópicos finais a favor da Cidade Utópica …………………………………………………….…….84
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
4
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Índice
II Capítulo – Cidade Utópica – Tríade Utopia
1- Introdução – Cidade Utópica – Tríade Utopia …………………………………………..…………….85
2 – BASE SOCIO-POLÍTICA ………………………………………………………………………………88
2.1 – Introdução …………………….……………………………………………………………………..88
2.2.1 - Análise de Patologias Sócio-económicas do sistema Global ………..………......……..90
2.2.2 - Conclusão sobre o sistema Sócio-político Global …………….………….…….……...…96
2.3 – Sistema Sócio-político PROUT …………………….……………………………………..………97
2.3.1 - Alternativa PROUT ao Capitalismo – Teoria da Utilização Progressiva…...………… 97
2.3.2 - Politica Sócio-económica de PROUT …………………….……………….…………..…100
2.3.3 - Politica Económica Salarial de PROUT ……………….…………………………………101
2.3.4 - O sistema Monetário e de Trocas Comerciais de PROUT…………………….……….102
2.3.5 - Sistema Tributário de PROUT …………………………………………………………….103
2.3.6 - Sistema de Cooperativas de PROUT ………………………………….…………..…….104
2.3.7- Sistema Habitacional de PROUT ……………………………….....………………………108
2.3.8 - Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT ……………..…………………..…………….109
2.3.9 - Exemplo - pequena Comunidade construída com os Princípios de PROUT ………..112
2.3.10 - Benefícios Socioeconómicos do sistema de PROUT ………………….…….……….114
2.3.11 - O Potencial do modelo PROUT …………………..…………………………….……….114
2.4 - Introdução do PROUT no Planeamento Urbano da Cidade …………….……………………115
2.5 - Soluções Sócio-Urbanas …………………………….……………………………………………116
2.6 - Retrospectiva da Estrutura Sociopolítica ………………………….…………………………....140
3 - BASE PSICO-ENERGÉTICA ……………………………………………..………………………….145
3.1 - Introdução – Forças Psico-Atómicas na Sociedade ………………………………………….. 145
3.2 - Estudos Científicos na área das Psico-Energias …………………….……………………...…147
3.2.1 - O Poder da Mente – Experiencias Quânticas ……………………….…………………..147
3.2.2 - Comentário aos resultados Psico-Energéticos ……………………………….……..…..149
3.2.3 - A ciência Psico-Energética – Cientista Sr. Emoto – Experiências ……………………150
3.2.4 - Conclusões das experiencias do Sr. Emoto……………………………………..……….151
3.2.5 - Efeitos Psico-Energéticos nos Cristais de Gelo …………………..………..………….. 153
3.3 - Conclusão Científica do ponto de vista Urbano …………………………………………….… 156
3.4 - Disposição Psico-Energética da Urbe ……………………………………………….………….157
3.5 - Retrospectiva da Estrutura Pisco-Energética da Cidade …………………………….…….... 171
4 - BASE BIO-TECNOLÓGICA …………………………….…………………………………………… 178
4.1 – Introdução – Soluções Bio-Tecnológicas ……………………………….……………...………178
4.2 – Políticas Sustentáveis …………………….………………………………………………..…….183
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
5
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Índice
II Capítulo – Cidade Utópica – Tríade Utopia
4.3 – Tecnologias Sustentáveis – Exemplos …………………………………………………...…….183
4.3.1 - Desperdícios geram Biogás Reciclado ………………………………….………………….184
4.3.2 - Reciclar a Urina dos Porcos – Bioplástico ………………………………….……………...185
4.3.3 - Reactor nuclear modificado – produzir combustível do ar/água …………….…….…….186
4.3.4 - Lixo electrónico transformado em equipamento urbano ………………….………………187
4.3.5 - Casa auto-sustentável com material reciclavel – energia ―limpa‖ …………….…………188
4.4 – Tecnologias Sustentáveis – Reflexão ……………………….………………………………….190
4.5 - Propostas Estruturais para a Cidade ………………….…………………………..…………….193
4.5.1 - Estrutura Viária e Transportes ……………………………….…………………………...193
4.5.2 - Sistema de Transporte Público ……………………………….…………………………..196
4.5.3 - Estrutura Urbana da Cidade ………………………………………….………..…………199
4.5.4 - Parâmetros Demográficos e Territoriais …………………….……………………..……203
4.6 - Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica ………………...……………………………………...207
5 - Síntese Esquemática das Bases Urbanas da Cidade ……………………………………………..214
5.1 - Centro / Núcleo Mãe …………………………………………….………...………………………214
5.2 - 1ª Periferia / Zonas Habitacionais …………………………….…………………………………215
5.3 - 1ª Periferia / Núcleos Periféricos ………………….….………………………………………….216
5.4 - 2ª Periferia / Zonas Industriais e Núcleos Académicos ……………….…………………........217
5.5 - 2ª Periferia / Zona de Produção …………………..................................................................218
5.6 - Reserva Bio-Regenerativa Territorial …………………...…………………………...………….219
III Capítulo – Estudo Utópico – Cidade UT e Conclusões Finais
1 – Esboços das Soluções Urbanas para a Cidade UT (fig.1 a fig. 14)………………...……………220
2 – Planta de Sectores e Equipamentos da Cidade UT - escala 1/25000 (fig.15)……………....….227
3 – Planta do Esquemática do Bairro Nº2 e do Núcleo Periférico correspondente (fig.16)………..228
4 – Representações Virtuais 3D da fórmula Urbana da Cidade UT (fig.17 a fig.37)………………..229
5 – Conclusão Final……………………………………………..…………………………………………240
IV Bibliografia……………………………………………………………………………………...………245
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
6
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
I CAPÍTULO – CIDADE UTÓPICA – ANÁLISE HISTÓRICA
1 – Introdução
Os
movimentos
utópicos
e
vanguardistas mais relevantes da história
da cidade moldaram o mundo em que
vivemos das mais variadas formas.
Impossibilitado
minuciosamente
de
relatar
toda
a
grande
diversidade de Utopias ao longo dos
tempos, caso em que estaria a criar uma
enciclopédia do «Utopismo», o que só
literariamente seria justificável, debruceime sobre o tema a partir de alguns dados
que entendi relevantes da história das
Torre de Babel – Pintura
fonte/autor: Pieter Elder @
Utopias do Urbanismo.
Todas as metrópoles e culturas, do
Ocidente ao Oriente, tiveram e têm planos
utópicos para as suas cidades. A utopia é
uma
força
criadora,
responsável por
movimentos filosóficos, artísticos, sociais,
políticos e, em síntese, pelo desejo em
criar, inovar, mudar, melhorar.
As
lições
históricas
servem
de
alavanca para o meu modelo de cidade
utópica
e
elucidam-nos
para
a
significância intemporal do tema, repleto
Representação da cidade da Babilónia
Mesopotâmia (2000 a.C.)
de luta e de procura por um pensamento,
fonte/autor @
uma urbe, uma sociedade e um mundo
ideal, uma procura sempre incerta e
assombrada
por
uma
panóplia
de
acontecimentos internos e externos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
7
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Durante o percurso histórico formo
parte das minhas premissas para a
Introdução – Análise Histórica
Cidade Utópica, aproveitando a sabedoria
e os erros dos «Utopistas», antigos e
modernos, criadores de cidades reais e
imaginárias
e
os
paradigmas
dos
desenvolvimentos urbanos ao longo da
história.
Pretendo convidar o leitor a reflectir
neste estudo acompanhando a Historia,
descobrindo onde, como e quando a
Cidade e a Utopia se tornam inseparáveis
e, acima de tudo, que comunidade e que
futuro estamos a construir e que futuro
Pampusstad - 1964
fonte/autor: Van den Broek en Bakema @
nós, realmente, desejamos.
Cidade do Futuro – 1968
fonte/autor: Revista Morden Mecanic @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
8
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2 – Definir a Cidade – Designações Históricas
A cidade “é uma casa grande, e viceversa, a casa é uma pequena cidade” (c.1).
Esta visão obriga a olhar a cidade como
um
todo,
uma
grande
família,
uma
comunidade que se reflecte dentro dos
seus núcleos individuais; casas, divisões,
sonhos, tudo estruturado segundo as
necessidades de quem nela habita, em
Legenda bibliográfica das citações:
c.1 – LEON BASTISTA ALBERTI (De Re Aedificatoria,
Florencia - 1495)
c.2 – FRANCESCO DI GIORGIO MARTINI (De Tratatto
di Architettura – 1482
c.3 - FRANCISCO MILIZIA (De Principi di Architettura
Civile, Bassano - 1813)
c.4 - CARLO CATTANEO (De La città considerata
come principio ideale delle storie italiane - 1858)
cumplicidade com o exterior e com a urbe.
Uma cidade é um local de ―…união”,
“… rodeado por muralhas” (c.2), onde as
pessoas vivem cooperantes.
‖…todas
as
partes do conjunto se destinam ao encontro,
utilidade e comodidade dos habitantes”. (c.2),
garantindo melhores condições de vida,
protecção contra inimigos e produção de
Veneza Antiga
bens essenciais.
fonte/autor @
A sua estrutura é uma “espécie de ordem
dentro do caos”(c.3), propícia a grandes
vias,
cruzamentos,
edifícios,
praças
e
malhas
espaços
urbanas,
verdes,
variados e libertinos; a multiplicidade torna
a cidade mais bela e majestosa, “propicia
à existência de ordem e extravagância, ritmo e
variedade”(c.3).
A cidade prolonga-se para além dos
seus limites urbanos; “A cidade e o
território formam um corpo inseparável” (c.4),
depende dos recursos e vivências que a
circundam. Ela é também um símbolo
cultural e a memória espacial do seu
Cidade de Bagan
fonte/autor @
povo.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
9
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A cidade, do ponto de vista sociológico
“é uma unidade demográfica”(c.5), feita “à
base de casas extremamente unidas que
constituem um aglomerado compacto e tão
grande que se perde a noção do todo, do
concreto e particular, dos habitantes entre si,
característicos de um grupo de vivência” (c.6).
Definir Cidade – Designações Históricas
Legenda bibliográfica das citações:
c.5 - PIERRE GEORGE (De précis de geographie
urbaine, Paris - 1961)
c.6 – MAX WEBER (De die Stadf, Archiv fur
Sozialwissenscharft, XLVII - 1920)
c.7 - PIERRE LAVEDAN (De Geographie des Villes,
Paris - 1936)
A sua escala abrange uma comunidade
ampla a “perder de vista”, relativamente
compacta e com múltiplas realidades
dispersas.
Uma cidade tem de ser autónoma:
“Falamos de cidade no sentido económico
somente nos casos em que a população
residente
num
lugar
economicamente
cobre
relevante
uma
parte
das
suas
necessidades quotidianas no mercado local,
Cidade de Shibam Restaurada – Yemen – prémio Aga
khan de arquitectura 2007
fonte/autor @
essencialmente com produtos que a população
residente,
no
lugar
e arredores,
tenha
produzido, ou então, solicitado por meio de
venda no mercado.
Toda a cidade, neste sentido, é um «lugar
de mercado»”; “ (…) é a sede da «economia»
e da sua monstruosa potência; … burguesa e
política.” (c.6)
“A civilização urbana está baseada pois,
numa dupla vexação, imposta tanto à natureza
como ao indivíduo” (c.7); ela surge do
domínio do Homem sobre a Natureza e o
território. A Natureza e o Indivíduo ficam
sujeitos
às
decisões
impostas
pela
civilização estando as suas liberdades e o
seu desenvolvimento condicionados aos
Cidade Medieval – Construção
factores de poder pré-estabelecidos na
fonte/autor @
cidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
10
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A cidade ” (…) é uma imagem sugestiva
Definir Cidade – Designações Históricas
que estimula o nosso espírito.” (c.8) “ (…) É
um feito da natureza, realizado pelo homem,
que estimula movimentos artísticos, culturais,
Legenda bibliográfica das citações:
c.8 - LE CORBUSIER (De Urbanisme, Paris - 1925)
ideais. “ (…) Juntamente com o idioma,
c.9 - LEWIS MUMFORD (De The Culture of Citie -, 1938)
consiste na maior obra de arte do homem.”
c.10 - LUDOVICO QUARONI (De La torre di Babele,
Pádua - 1967)
(c.9)“ (...) É possível assemelhar a cidade a
uma grande manufactura, uma obra de
engenharia e arquitectura (…) O arquitecto, o
urbanista, é co-responsável pelo correcto
desenvolvimento da cidade, suas estruturas e
manifestações afectam a realidade externa da
cidade social, da cidade de todos os cidadãos
e de todos os que representam e governam,
que são a cabeça das «estruturas», e que
constituem a mesma cidade social, que
«solicitam» ao arquitecto a cidade e o seu
«compromisso»”. (c.10)
Concluímos
Mercado Medieval
fonte/autor @
pelas
citações
apresentadas, algumas com mais de 500
anos, que Cidade significa um território
urbano
destinado
segurança
e
ao
bem-estar
conforto,
à
social
e
económico de um grande aglomerado
populacional e que o seu domínio abrange
todos os recursos territoriais necessários
para a comunidade de forma a zelar pela
sua sustentabilidade e independência em
relação aos vários factores externos.
Olhando para as cidades segundo
estes aspectos, eu diria que são muito
poucas as que realmente atingiram na
prática, alguma vez, a totalidade dos
Plano urbano Vitruviano – 1383 d.C.
fonte/autor: Monge Francisco Eximeniç @
requisitos.
As nossas cidades ainda não são
―Cidades‖.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
11
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
3 – Definir Utopia – Ideal Social
A analogia entre criação de uma
sociedade ideal e o conceito de Utopia é
forte,
principalmente
desde
Thomas
Morus (1478-1535 d.C.), graças à sua
obra ―Utopia‖.
Platão (427-347 a.C.) já no seu tempo
concentrara-se na Utopia da governação
da cidade. Thomas Morus vai mais longe
no seu ideal Utópico juntando a realidade
sócio-política à construção de uma cidade
ideal. As Utopias nascem desde sempre
da vontade de criar e inovar a nossa
forma de viver na urbe.
A Utopia “ (…) Apresenta-se sobre um
esquema espacial em uma sociedade
impossível enquanto projecta a realidade
num universo sem história, no entanto,
indica de maneira iluminadora (quando
não
se
trata
extravagancia)
transformação.”
de
uma
uma
Imagem do Livro Utopia
fonte/autor: Thomas Morus @
simples
direcção
de
(Gregotti, Vittorio, El Território
de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona 1972).
Inovar,
desenvolver
modernizá-la,
implica
a
a
cidade,
criação
de
hipóteses, Utopias. As novas estruturas e
ideais dos últimos séculos nascem desta
procura, sendo o séc. XIX, de que
trataremos mais à frente, intitulado pelos
Atlântida – Continente Utopia
fonte/autor @
historiadores como a idade de ouro das
Utopias.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
12
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
“ (…) O horizonte positivo e racional da
Definir Utopia – Ideal Social
cultura da época, e por outro, os seus
aspectos romântico-socialistas; segundo
os quais, o projecto utópico é sempre
acompanhando de uma visão global e de
uma definitiva sistematização de todas as
relações.
Sua
força
e
significado
projectual são uma utopia, além de
espacial, politica e social.” (Gregotti,
Vittorio, El Território de la Arquitectura,
Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 1972).
As
ideias
utópicas
surgem
como
verdadeiras obras urbanas e as suas
preocupações atingem todas as áreas da
comunidade, sendo cúmplices ao longo da
história para com as revoluções filosóficas
e políticas, desde a implantação das
repúblicas às doutrinas sociais da Igreja,
liberalismos,
socialismo
influenciando
também
e
os
marxismo,
movimentos
Antiga Ilustração da Atlântida
fonte/autor @
artísticos e, genericamente, todas as
grandes obras e maravilhas criadas pelo
Homem.
As utopias urbanas que em grande
parte não saíram do ―papel‖; serviram
também de termo de comparação e de
críticas aos sistemas pré-estabelecidos,
fruto da necessidade de revolucionar a
sociedade, obrigando a comunidade a
tomar consciência dos seus defeitos e
propondo
soluções
para
o
seu
Utopia – Nova Atlântida
fonte/autor @
melhoramento.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
13
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A utopia pode ser entendida como um
Definir Utopia – Ideal Social
modelo de cidade na fase de protótipo,
ainda não testado que, quando posto
finalmente em prática se desprende da
sua postura artística e conceptual e
caminha para um contexto científico e
estético que, se por ventura for aceite na
totalidade, se pode vir a tornar num
modelo.
Muitos modelos de cidade nasceram na
verdade fruto de rascunhos utópicos e da
vontade de imaginar um ideal urbano
construtivo,
num
aparentemente
determinado
inatingível
espaço-tempo
Tecno-Utopia
fonte/autor @
no
momento passado em que foi gerado, e
que, com o passar do tempo, acaba por
se tornar realizável, ignorando por vezes a
sua origem Utópica.
Poder-se-á cientificamente criar um
modelo de cidade, mas a fronteira entre a
utopia e a realidade consiste na sua
eficácia em cumprir os pressupostos
pretendidos. Os modelos de cidade cujos
Ecocidade Flutuante
objectivos se tornem irrealizáveis por
fonte/autor @
razões temporais ou incompatibilidades de
interesses conexos acabam em utopias.
T1 – Tópicos a favor da cidade Utópica:
1- Sistema cooperante, economicamente sustentável, incentivando as pessoas a viverem
socialmente unidas, ajudando-se mutuamente, em função da defesa, da produção, do conforto e da
felicidade pessoal e da comunidade.
2 - A visão utópica é um modelo revolucionário de cidade, alternativo aos sistemas de cidades
urbanos pré-estabelecidos. A sua visão além de representar uma meta social a atingir é também uma
crítica à sociedade actual.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
14
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4 – Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade
Vitrúvio, um arquitecto influente do
período romano, mostra no seu tratado de
arquitectura
«De
Architectura
Libri
Decem», preocupações urbanas, quanto à
sua
forma,
referências
ordenada
segundo
culturais
assumidas
das
sinergias
entendimento
as
e
o
do
ecossistema e dos recursos da natureza,
com especial relevância, neste caso, ao
vento e ao acesso marítimo.
Vitrúvio
não
demostra
grandes
preocupações sociais nos seus planos
urbanos, no sentido que aceita a ordem
de classes e comportamentos sociais préestablecidos sem grande preocupação
Cidade Romana – Vista aérea - Planta ortogonal
fonte/autor @
pelas classes menos protegidas. Cria,
porém, relações espaciais organizadoras
da urbe entre os vários sectores públicos
e privados seguidas até aos dias de hoje.
A estrutura urbana de Vitruvio é no
entanto
utópica
pela
implantação
da
malha octogonal, das oito «portas» da
cidade, entre outras soluções, com base
em conceitos numerológicos sagrados.
Mais tarde, Filarete (1400-1469 d.c), na
sua cidade utópica de Sforzinda, irá criar a
ligação urbana cidade-campo, seguido de
um sonho de uma nova sociedade, mais
humanista, preocupada e estudada para
satisfazer a todos os seus habitantes,
Cidade de Sforzinda
fonte/autor: Filarete @
independentemente da sua classe social.
A sociedade planeada por Filarete detém
uma organização peculiar, revolucionária.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
15
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A estrutura mais irreverente na sua
cidade é o edificio da «Casa do Vício e da
Virtude»
destinada
a
satisfazer
Utopias e Modelos Urbanos da
Antiguidade
as
necessidades físicas e intelectuais do
cidadão.
Esta
mega-estrutura
dividida
verticalmente por funções temáticas, uma
espécie de pirâmide das necessidades,
começando nas necessidades básicas e
acabando no seu cume na descoberta do
espaço cósmico. O cidadão, estudante
frequentador desta Universidade da vida,
poderia deslocar-se à cave para satisfazer
a necessidade sexual onde se localiza o
Bordel e de seguida subir uns pisos no
edificio para a biblioteca ou para as salas
de
aulas
para
estudar
um
pouco.
Sforzinda – Hospital
fonte/autor: Filarete @
Porventura mais pela noite, subiria então
ao terraço para pesquisar as estrelas no
observatório situado no cume do edificio
para este efeito. No mínimo, uma ideia
arrojada para um edifício público e que
sem dúvida ainda nos dias de hoje seria
Sforzinda – Representação de uma praça
polémico e revolucionário faze-lo.
As
suas
preocupações
fonte/autor: Filarete @
urbanas
respondem ao padrão já típico de praças
rodeadas por edifícios importantes para a
cidade, unidos por ruas largas e lineares,
um «planeamento multifocal».
Sforzinda
reforça
as
suas
preocupações urbanas com a implantação
de canais de água paralelos, intercalados
entre ruas, permitindo ao cidadão comum
usufruir dos recursos naturais e ao mesmo
Sforzinda – esboço
tempo, gerando um microclima urbano
fonte/autor: Filarete @
mais ameno e agradável e melhores
condições de salubridade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
16
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Vitrúvio, Filarete e Alberti procuram
regras geométricas, ritmos, formas e
Utopias e Modelos Urbanos da
Antiguidade
ordens mensuráveis e puras. Filarete e
Alberti geraram a relação urbana cidadecampo e deram à forma urbana e
arquitectónica
o
conceito
de
funcionalidade e simbolismo; os edificios e
vias ganham formas com significado. O
esquema de cidade circundada por uma
via e/ou uma muralha circular está ligado
à ideia de universo, do todo, do uno, da
Estudo geométrico da perspectiva dos objectos
auto-defesa, e por consequência, à ideia
de
comunidade
e
o
quadrado
na
(1.400 d.C.)
Fonte/autor: Alberti @
edificação ligado à virtude, ao trono, à
sabedoria. Encontra-se neles a vontade
mística de ligação entre o microcosmos
(povoação) e o macrocosmos (universo),
que acompanha todas as revoluções da
organização estética da cidade, atribuindo
um caracter antropormórfico aos modelos
e utopias urbanas desses séculos. A
cidade ―Antropomórfica‖ ou seja, a cidade
desenhada segundo um conceito, sagrado
ou conceptual inspirado em características
Sforzinda – projecto da cidade de Palmanova
humanas, interligando o Homem com as
fonte/autor: Filarete @
leis universais da Natureza, teve uma
enorme influência na vida das cidades,
ainda por entender por completo.
Os urbanistas da antiguidade e do
Renascimento, defensores do modelo
Antropomórfico, detinham uma aura de
«semi-deuses» secretos, educadores e
orientadores da sociedade. No entanto os
seus objectivos últimos fracassaram, pelo
menos em parte, na procura de orientar o
Sforzinda – cidade de Palmanova
fonte/autor: Filarete @
homem para a «luz».
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
17
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A ciência dos dias de hoje conseguiu
através de equipamentos de medida
Utopias e Modelos Urbanos da
Antiguidade
visualizar, qualificar e quantificar algumas
das leis ocultas da Natureza e sabemos
hoje que existe uma ordem factual e
matemática para o funcionamento das
coisas. Por exemplo, sabemos hoje que
as
cores
são
fruto
de
diferentes
comprimentos de onda, e para ter uma cor
específica
é
específica,
preciso
uma
rítmica,
ordem
comparável
subtilmente ao discurso do conceito das
leis
divinas
e
matemáticas
do
Renascimento. Sabemos hoje que as
cores
influenciam
o
nosso
comportamento, ou seja, compreendemos
Monumento Dogon
ainda como os comprimentos de onda,
fonte/autor @
«frequências» nos afectam, quer sejam
visíveis e luminosos, ou invisíveis, e como
são usados como ferramentas para as
mais variadas funções. Sabemos agora
que tudo neste mundo, estruturas naturais
ou
artificiais,
transmitem
e
reflectem
frequências, todas diferentes.
Tudo o que existe no universo também
produz frequências visíveis e invisíveis, e
todas estas frequências têm efeitos no ser
humano e podem ser descodificados por
aparelhos científicos.
Aldeia Dogon – África – Comunidade sustentada sobre
o conceito Antropomórfico
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
18
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Utopias e Modelos Urbanos da
Portanto, será que uma sociedade
sustentada
sobre
um
modelo
Antiguidade
divino,
segundo padrões e ideais de ordem
suprema,
procurando
frequências
específicas para o seu sucesso, cósmicas
ou
simplesmente
representativas
de
fertilidade e harmonia atómica, são uma
―extravagância utópica‖ ou terá esta ideia
algum sentido luminoso?! Á luz da ciência
actual existe uma verdade oculta em
relação
às
sinergias
micro
e
Aldeia Dogon
fonte/autor @
macrocósmicas.
A tribo Dogon em África é um exemplo
curioso
de
organiza-se
sociedade
Antropomórfica;
segundo
uma
estrutura
urbana, onde a arquitectura, a sociedade
e até os utensílios estão imbuídos de
significado sagrado. Cada indivíduo na
sua sociedade tem consciência holística
dos seus actos e da sua estrutura, unindo
a tribo num ideal colectivo, através de
valores espirituais e culturais baseados no
sistema Antropomórfico Dogon, gerando
uma sustentabilidade social sólida.
Sagrado é sinónimo de respeito, não
confundir com fanatismo que não passa
Esquema Antropomórfico “Sirius” de aldeia – tribo Dogon
de uma obsessão. A Ciência chegará um
fonte/autor: Marcel Griaule and Germaine Dieterlen,
dia ao campo do Sagrado e descortinará
desenhado por Ogotemmêli.
A forma oval representa «Amma», o ovo primodial da vida:
suas leis ocultas, aproximando o Homem
A: Sirius
da verdade das coisas. Nesse futuro
B: Pô tolo
próximo
descobriremos
«frequências
sagradas»
o
quanto
do
as
Universo
contribuem para a vida do Homem e o que
C: Emma ya
D: The Nommo
E: The Yourougou (homem mítico, destinado a
persuadir a sua «alma gémea» feminina)
F: A estrela da Mulher, girando em torno da Emma Ya
elas são realmente.
G: O chamamento da mulher
H: Os órgãos reprodutivos da mulher, representado
pelo útero
(Traduzido de Inglês para Português)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
19
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
5 - A Idade de Ouro Das Utopias – século XIX
O desenvolvimento industrial derivado
das máquinas traz novas preocupações
sociais
às
acelerado.
cidades
A
em
crescimento
globalização
nasce
e
provoca uma espécie de Big-Bang sócioeconómico e cultural.
No percurso da idade de ouro das
utopias vislumbra-se o enorme peso que
estas tiveram no mundo, apesar dos seus
conteúdos e objectivos terem ficado muito
aquém
do
pretendiam.
princípio
que
os
seus
Sonhadores
das
criadores
vorazes
revoluções
da
Bairro pobre Londres – Dudlei Street
Revolução Industrial -1872
fonte/autor: Benévolo 1999 – grav. Gustave Doré @
no
época
reinventaram e recuperaram até o próprio
conceito de urbanismo, passando a olhar
a cidade como um todo, cada vez mais
virada para as suas realidades sociais,
minadas no séc. XIX pelo crescimento
urbano desordenado e pela revolução
industrial gerando precariedade sócioeconómica e novos tipos de escravatura e
Revolução Industrial –séc. XIX
fonte/autor @
de dependências.
A visão de uma comunidade unida em
estruturas urbanas com condições dignas
de vida com carácter comunitário e
produtivo era uma visão apaixonante. A
cidade «visionária» educaria o cidadão
através de todos os seus elementos
arquitectónicos,
juntamente
espaciais
com
e
mecanismos
estéticos
sócio-
culturais. Por outro lado a produção
industrial faria parte da comunidade como
Revolução Industrial – séc. XIX
fonte/autor @
forma de sustentabilidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
20
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os arquitectos desta época alimentam
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
nas suas consciências um paternalismo
social
herdado
do
Renascimento.
A
função das estruturas acaba por ser
entendida como uma «religião activa». O
Arquitecto «purifica» o sistema social.
Rousseau, nascido em 1712 d.C. em
Genebra, filósofo defensor do ―Homem
livre‖,
inspirou
filosóficos
e
todos
políticos
os
de
movimentos
lutas
pela
liberdade, incluindo o conceito de «moral
urbanística». O Arquitecto teria como
função educar o homem com a sua
arquitectura.
Os criadores de cidades apregoam
neste
período
o
Pré-urbanismo;
o
Protorracionalismo e o Antropomorfismo.
Esquema Antropomórfico
Os Utopistas substituem a exuberância
decorativa
«arquitectura
estruturas
―caractére‖,
pelo
falante»,
geométricas
por
fonte/autor: Cesariano @
pela
grandes
representativas
das funções dos seus espaços e de
simbolismos arquitectónicos.
Boullée
é
«arquitectura
Demonstra-o
um
dos visionários
falante»
deste
da
tempo.
engenhosamente
no
sarcófago de Newton, pondo a tumba do
sábio no centro espacial de uma enorme
esfera que representa em seu exterior a
terra e em seu interior o universo. No
projecto de um farol atribui-lhe uma forma
cónica lembrando o tema da torre de
Babel, envolto por uma espiral lembrando
uma corrente humana.
Boullée desenvolve uma arquitectura
centrada no homem em seu espaço.
Sarcófago de Newton – Boullee
fonte/autor: Boulée @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
21
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
homem
daria
significado
aos
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
espaços, convertendo-os em consciência.
Esta postura é evidente no sarcófago de
Newton:
“A tumba do sábio é o centro da
gravidade da esfera e representa a mesma
posição do homem no cenário da
natureza.” (Madec Philippe, Boullée, Akal
Arquitectura, Madrid 1977)
Boullée
desprende-se
das
regras
clássicas, procurando os segredos da arte
de construir nos valores e nos princípios
Farol
da Natureza.
fonte/autor: Boullée @
“ (…) Seus estudos partem da
observação dos corpos «Cansado da
imagem muda e estéril dos corpos
irregulares» (Barroco e Rococó), é fiel aos
corpos brutos. Alimentado por Platão e
Euclides, acredita que as formas puras são
as da Natureza. Estas apresentam três
vectores: A regularidade, a simetria, e a
variedade… Os argumentos de Boullée são
Antropomórficos
(…)
Estas
três
qualidades são ainda as condicionantes da
proporção e da harmonia. (…)” (Madec
Philippe, Boullée, Akal Arquitectura, Madrid
1977)
O homem comum é valorizado pelos
Anfiteatro
fonte/autor: Boullée @
Arquitectos Utopistas. As Utopias são
inspiradas no «colectivo», nas liberdades
sociais e direitos humanos, influenciadas
pelos movimentos sociais revolucionários
da época. Ledoux comenta:
“Se a sociedade se baseia em
necessidades mútuas impostas e
supostamente recíprocas, porquê não
reunir nas casas particulares estas
analogias de sentimentos e gostos que
honram o homem? O carácter dos
monumentos, como também da
natureza, servem para promover e
depurar os costumes.” (Kruft, Happo-
Biblioteca Nacional
fonte/autor: Boullée @
Walter, História de Las Teorias de Arquitectura,
Vol.II, Alianza Editorial, Madrid)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
22
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Lançam-se questões estruturais de
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
fundo que representam as bases do
urbanismo como ciência: planeamento e
estudo social, promoção de condições de
saúde pública urbana, tendo em conta a
insolação, os ventos, os recursos naturais,
a salubridade, a ordenação do território e
a dignidade humana; soluções viárias,
espaciais e arquitectónicas; praças e
enquadramentos
com
edifícios;
revalorização do tecido verde da cidade;
respeito
pelo
património;
regras
Casa do Supervisor – Cidade de Chaux
fonte/autor: Ledoux @
urbanísticas de construção; entre outras.
Muitas das visões Utópicas não teriam
seguimento. Não era prudente, a meu ver,
expandir a cidade indefinidamente como
no
projecto
de
expansão
de
Viena
pretendido por Wagner ou criar uma
arquitectura igual para todos como Owen
ou Ledoux entre outros ousaram projectar
nas
suas
cidades
utópicas,
com
habitações pré-definidas sem primeiro
confinar as mesmas ao gosto último dos
Casa de campo – Arquitectura falante
fonte/autor: Ledoux @
indivíduos que as iriam habitar, o que
prefigura
uma
espécie
inibição
à
personalidade de cada um, constituindo
um factor a desfavor dos seus moradores.
A rigidez vanguardista das propostas
da época contradiz-se com as realidades
urbanas
mutação,
e
estruturais
apesar
do
em
seu
constante
espírito
revolucionário.
A passagem das propostas para o
plano do desenho e da escala ficaram
Projecto para a Cidade ideal de Chaux
fonte/autor: Ledoux @
aquém das soluções sociais e espaciais
inovadoras desenvolvidas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
23
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Nos
suportes
de
desenho
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
apresentados pelos autores existe ainda
uma grande
dependência
das
linhas
clássicas e os planos urbanos das cidades
pouco diferem das cidades ―Vitruvianas‖.
O extravio de muitos dos documentos
ao longo da História torna esta análise
ainda mais superficial. Somente algumas
experiências urbanas ganharam forma e
alguns dos documentos dos projectos só
foram redescobertos muitos anos depois.
Os Utopistas desta época valorizavam
a necessidade de cortar com o passado
Cidade ideal de Chaux – Arc – et-Senans
Parte Construída
fonte/autor: Ledoux @
sem ignorar os seus aspectos positivos e
procuravam soluções para criar uma
sociedade mais humana, aspectos um
pouco «adormecidos» em muitos dos
«utopistas» actuais. Todos partilhavam
uma descrença pela cidade industrial,
cada
vez
mais
densa
e
suja,
por
conseguinte um lugar impróprio para o ser
humano viver condignamente.
Por mais majestosas que sejam as
Cidade ideal de Chaux – Arc- et-Senans
fonte/autor: Ledoux @
estruturas não existe glória numa cidade
se
os
seus
habitantes
sobreviverem
infelizes, no caos, na pobreza e na falta
de referências com a natureza.
O Utopista Owen sobressai na luta
pelos direitos sociais reduzindo a jornada
de trabalho para 10,5 horas diárias na
fábrica sobre sua totela, um avanço
significativo para a época; cria casas para
os operários, o primeiro jardim-de-infância
e a primeira cooperativa, desenvolvida no
Edifício de Entrada – Cidade de Chaux
fonte/autor: Ledoux @
seu projecto Utópico para a aldeia de New
Lanark, 1816).
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
24
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A dicotomia cidade-campo defendida
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
pelos vários Utopistas, desde Boullée a
Howard
é
uma
mecanicismo
industrialização,
contra-resposta
ao
desumano
da
ao
esquecimento
da
Natureza pelo Homem.
Cerdá teria um papel importante no
comportamento e organização urbana e
estudo da cidade, mostrando ser possível
criar um equilíbrio na vivência urbana
através da sua fórmula: ―urbanizar o
campo e ruralizar a cidade‖. As suas
teorias
urbanas
reforma
e
ficaram
famosas
valorização
de
na
Plano de reabilitação de Siena
fonte/autor: C. Sitte @
Barcelona
(1867).
Sitte quebra com a rigidez das formas
urbanas, da sua linearidade e ritmos
exagerados e castradores, procurando a
comunhão das pré-existências na cidade
com as novas imposições urbanísticas.
Wagner
conjunta
o
tecido
urbano
antigo com novo, dentro de uma teia de
Expansão de Barcelona - 1859
distritos demarcados por vias zonais,
fonte/autor: Cerdá @
propondo
soluções
pré-urbanas
para
evitar o crescimento caótico das cidades.
Os
modelos
criados
pelo
“pré-
urbanismo” acabaram por ter um peso
insignificante, dando origem a um número
muito reduzido de construções urbanas na
Europa, aos projectos de Owen em New
Lanark e ao “falansterio de Guisa” de
Godin. Mesmo nos Estados Unidos, nas
«colónias» fundadas pelos discípulos de
Owen, de Fourier e de Cabet, todos os
Barcelona – plano de Expansão
fonte/autor: Cerdá @
modelos utópicos se desmoronaram com
bastante rapidez.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
25
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
“ (…) Seu fracasso explica-se pelo
carácter coercivo e repressivo da sua
organização, e, sobretudo, pela sua ruptura
com
a
realidade
sócio-económica
contemporânea.
Estas experiências pertencem para nós ao
terreno das curiosidades sociológicas. Como
contrapartida, os modelos do pré-urbanismo
apresentam hoje considerável interesse
epistemológico. Pela sua origem crítica e
sua fé inocente no imaginário, anunciam o
mesmo método do urbanismo, cujos
planeamentos seguiram um curso parecido
ao longo do século XX. São modelos de
modelos.”
(Choay,
Françoise;
El
Urbanismo: Utopias y realidades pag.32)
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
A conjuntura da época nada ajudou, a
meu ver, para o sucesso dos movimentos
utópicos, só as elites sabiam do que se
passava no mundo, e a sua grande parte,
Barcelona – plano de Expansão
fonte/autor: Cerdá @
tal como hoje, estava mais preocupada
em explorar poder e riquezas do que em
perder tempo com projectos utópicos de
carácter social, capazes de dar força ao
colectivo e ao homem comum de classe
baixa.
Dos
projectos
utópicos
deste
género quase nenhum foi realizado.
A primeira guerra mundial e as suas
sequelas de carácter económico, social e
urbano, fomentaram o nascimento de uma
cultura nova na Europa, fundada na
funcionalidade, ergonomia, racionalidade,
propondo soluções científicas, o mais
Aldeiamentos Utópicos para New Lanark, 1816
fonte/autor: Owen @
possível exactas para a resolução dos
problemas sócio-urbanos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
26
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A
confiança
numa
sociedade
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
progressiva e num provir melhor, através
de
uma
consciência
urbana
sólida,
transparece no discurso pronunciado na
exposição urbanística em Lyon em 1914
pelo Senador Édouard Herriot:
“- A administração de uma cidade média
deve deixar de ser empírica para
transformar-se numa verdadeira ciência.
Prever a extensão racional duma
aglomeração humana, sistematizar os
espaços livres necessários e as reservas de
solo, responsabilizar-se pela sua boa
manutenção, defendê-la das insídias de
todo o tipo que a ameaçam, atender ao
transporte dos seus habitantes, provê-los
de águas saudáveis, desembaraçá-los dos
dejectos, reformar as moradias, escolher o
melhor sistema de iluminação, vigiar a
alimentação e controlar os elementos
básicos, como o leite, erradicar as
falsificações e as fraudes, proteger as
crianças, modernizar o ensino, generalizar
a propriedade, completar o ensino
nacional com ensino de iniciativa local,
criar condições higiénicas para o
trabalho, promover e aperfeiçoar as
instituições sociais, organizar a luta
contra as enfermidades infecciosas,
transformar os nossos hospitais, nossos
asilos e nossas prisões, buscar a solução
para a verdadeira tarefa de um organismo
assistencial, fomentar a cultura física e o
desporto indispensável para os cidadãos,
fazer florir a cidade em todos os sentidos,
apoiar com a instrução da arte este
esforço para com a ciência. Não é este um
programa digno de reflexão?” (Choay,
Françoise;
El
Urbanismo:
Utopias
Praça de Siena
fonte/autor: Sitte @
Exposição Universal – Paris – Torre Eiffel – 1889
fonte/autor: @
y
realidades, pag.32)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
27
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O discurso marca o auge das vontades
A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
e experiências das vanguardas artísticas
que precedem o século XIX. Nenhuma
destas propostas toca nas bases da
prática urbanística do momento; nem
explica claramente como resolver os
graves problemas das cidades e dos
territórios; ainda assim alimentam as lutas
constitucionais e o debate político.
Consequentemente
urbanística
vive
a
um
vanguarda
«status
quo»
Estação – estruturas de ferro
fonte/autor: Viollet Le duc @
privilegiado no meio social.
As acções vanguardistas no terreno
foram opostamente vagas. Os austríacos
Otto, Wagner e seus discípulos, limitamse
praticamente
à
consolidação
das
periferias urbanas e ao uso de esquemas
rígidos, simetrias e hierarquias estruturais.
O
Estudo
de
Wagner
para
a
amplificação de Viena – Die Grossstadt,
de 1911 – não foge muito ao modelo neoconservador desenvolvido 50 anos antes.
Os
americanos
progressores
Expansão de Viena – Distrito 22 – 1911
fonte/autor: Otto Wagner @
do
movimento urbano de ―City Beautiful‖,
Olmstead, Burnham, McKim, criadores
dos
mega-modelos
grandes
cidades
compositivos
das
americanas
dos
primeiros anos do séc. XX, desenvolvem
as suas soluções urbanas com base no
esquema clássico, adaptado às novas
necessidades de tratamento urbano e
saneamento da urbe. Este conformismo
Abertura da linha ferroviária, Estações de Viena -1894
fonte/autor: portal gettyimages - Otto Wagner @
estrutural repete-se dos planos elegantes
e meditados das novas cidades de Nova
Dheli e Canberra.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
28
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Algumas
propostas
exprimem
uma
A idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
subtil mudança em relação à tradição
clássica arquitectónica, gerando até uma
postura anti-clássica.
O discurso de Herriot é perfeitamente
actual e demonstra as preocupações
urbanas e o dever social de qualquer
urbanista. Um pré-aviso aos problemas da
cidade a resolver ao jeito de Cerdá. Um
concelho sábio entrelaçado numa luta
entre os movimentos clássicos já gastos
da
repetição
e
dos
movimentos
reformadores sociais e arquitectónicos,
acompanhados pelo enorme crescimento
das Metrópoles e do aparecimento das
máquinas.
Quando Viollet Le-Duc usa a expressão
«conhece-te
a
ti
mesmo»,
toca
no
princípio fundamental para a construção
Publicidade à Garden City –-1894
fonte/autor: Horward @
da urbe; é fundamental entendermos a
essência da urbe e do ser humano para
não estarmos constantemente a criar
estruturas que «adoecem» o Homem.
T2 - Tópicos a favor da cidade Utópica:
3- Organismo urbano sustentável, com condições de vida saudáveis em todo o seu tecido urbano
e a sociedade, valorizando todos os elementos de forma intregadora, dando o mesmo valor
arquitectónico a espaços públicos e privados, sem descriminação das classes.
4- Estrutura urbana organizada segundo regras relacionadas com a Natureza planetária e
cósmica, capaz de melhorar a sociedade consciencializando-a da harmonia frágil entre si e o mundo.
5- Os ideais urbanos para a cidade terão de transpor a sua filosofia para o desenho urbano de
forma coerente e realizável.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
29
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
6 – MODERNISMOS e UTOPISMOS do século XX
No século XX os problemas urbanos
acumulam-se devido à falta de controlo
sobre o crescimento e o desenvolvimento
das cidades. As mudanças nascem em
catapulta e os arquitectos vanguardistas
não vêem no passado soluções; procuram
alternativas
tentando
acompanhar
o
desenvolvimento tecnológico e científico,
com base nos novos materiais e métodos
construtivos, mecanicistas e racionais.
No pós-guerra só alguns urbanistas e
arquitectos pareciam compreender bem o
papel do ser humano na sociedade e a
importância das suas raízes, apesar do
Cidade Futurista -Estação ferroviária – Milão -1914
Fonte/autor: António Sant ´Elia @
nevoeiro instalado pela violência dos
acontecimentos (1ª e 2ª Guerra Mundial),
obrigar a repensar a cidade de forma
urgente,
principalmente
na
segunda
metade do século, comandada sobretudo
segundo critérios económicos.
A nova forma de construir através do
aço, do
betão armado
auxiliados
por
tecnológicas
e
do vidro,
novas
soluções
(elevadores,
automóvel,
electricidade, etc.) e a necessidade de
simplificar as estruturas para as tornar
mais económicas e fáceis de construir,
abriram
território
aos
movimentos
cubistas, puristas e minimalistas e a uma
arquitectura
concentrada
construída
e
dividida
em
em
altura,
parcelas
verticais, com vias inundadas de carros.
Avenida Casa Torre – Paris 1922
fonte/autor: Auguste Perret @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
30
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No início do século Ebenezer Howard
Modernismos e Utopismos do séc. XX
iria ficar em evidência na história do
urbanismo pela sua utopia cidade-campo,
diferenciando-se um pouco das ideias
utópico-sociais precedentes. A sua ideia
de cidade-jardim do seu livro ―Garden
Cities of Toworrow‖ em 1898, propõe
medidas urbanas ousadas, que nunca
chegariam a ser cumpridas na totalidade,
como soluções alternativas às cidades
Plano Urbano – Garden City
fonte/autor: Howard @
industriais superpovoadas.
Howard organiza a sua cidade através
de um cuidadoso cálculo de custos no
momento da época e propõe que a
propriedade do terreno passe para as
mãos
do
Estado,
no
entanto
a
administração e cultivo em termos gerais
devia ser de iniciativa privada. As suas
preferências estão do lado do campo, mas
em nenhum caso nega as vantagens da
cidade.
À imagem dos «pólos» da cidade e do
campo postula uma possível combinação
das vantagens de ambos, que denomina
de
―Town-Country‖.
Howard
descreve
Diagrama – Cidade Jardim
fonte/autor: Howard @
minuciosamente este modelo de cidades
Jardim para uma população aproximada
de 32.000 mil habitantes, implantada em
superfícies de 6.000 acres, (2.428,2 ha)
dos quais calcula uma sexta parte como
terreno de colonização para a ―Garden
City‖. Estas cidades estão concebidas em
forma circular e adaptam-se em cada caso
às condições topográficas do terreno.
Plano Urbano – Garden City
fonte/autor: Howard @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
31
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Howard desenvolve um sistema radial
Modernismos e Utopismos do séc. XX
e concêntrico de ruas, cujo centro é
preenchido com zonas verdes e edifícios
públicos. Esta zona de parques interiores
estaria rodeada por um «Cristal Palace»
edificado de forma concêntrica, com uma
galeria com abóbadas de cristal, aberta
para o parque através de arcadas e
incorpora tendas e lojas de modo a
funcionar como uma galeria de passagem.
As zonas concêntricas destinadas às
moradias estão concebidas sobre a base
da cidade, dispondo cada uma de áreas
verdes.
No
centro
encontra-se
uma
―Grande Avenida‖ que contém, entre
outros edifícios, escolas e igrejas.
Num
círculo
implanta
as
concêntrico
fábricas,
os
exterior,
centros
comerciais, os mercados, conectados à
rede geral mediante uma linha ferroviária
circular.
Cidade Jardim – Diagrama das cidades
fonte/autor: Howard @
Howard
conta
com
a
tecnologia
moderna e recomenda, por exemplo, a
electricidade como fonte de energia de
todas
as
avultado
máquinas.
programa
de
Desenvolve
um
infra-estruturas
públicas para acontecimentos culturais.
Propõe implantar em torno da cidade de
planta
centralizada
uma
«cintura»
geométrica de contenção de crescimento
urbano ―cluster of cities‖, para controlar o
crescimento
demográfico,
fixando
a
Proposta para a Garnier City – Cidade Industrial
fonte/autor: Howard @
capacidade máxima da cidade em 58.000
habitantes.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
32
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Kruft e Happo-Walter na obra já citada
Modernismos e Utopismos do séc. XX
―Historia de las teorias de arquitectura”
descrevem a concepção colonizadora de
Howard como o seguimento das várias
referências
Utópicas
desde
Thomas
Morus a Robert Owen. Referem ainda que
Howard
apresenta
um
planeamento
intelectual e esquemático flexível, capaz
de se adaptar ao contexto territorial como
ficou
demonstrado
em
Letchworth
e
Welwyn Garden City, a última das quais
foi criada pessoalmente por Howard em
1919. A ideia de cidade-jardim e os planos
racionais
desenvolvidos
foram
um
importante factor para muitas teorias
urbanísticas
do
séc.
XX,
as
quais
inspiraram inclusive os novos movimentos
utópicos
de
cidade,
tal
como
a
Lectchworth – 1904
Cidade Jardim Construída
fonte/autor: Howard @
―Broadacre-City‖ de Frank Lloyd Wright,
da qual falarei mais adiante.
As cidades jardim conquistavam as
aspirações urbanísticas, influenciando os
arquitectos
Moderno;
ligados
o
ao
movimento
movimento
que
mais
influenciou a construção e a reconstrução
urbana do princípio dos anos vinte até aos
anos sessenta e que por vezes ainda hoje
é imitado.
O movimento moderno, no entanto, não
segue a mesma política demográfica e
arquitectónica de Howard, não só porque
não corresponde às novas correntes
estéticas como também, a meu ver, por
2ª Cidade Jardim – Welyn – 1920
fonte/autor: Howard @
não corresponder construtivamente às
necessidades
urbanas
das
cidades
metrópoles devastadas pela guerra.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
33
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O movimento Moderno segue as novas
Modernismos e Utopismos do séc.XX
tendências construtivas e arquitectónicas
de construção em altura, com linhas
simples e uniformes e uma estrutura
urbana
sectorizada,
criando
mega-
estruturas independentes que usam a
ideia de cidade-jardim de forma mais
espartilhada e cenográfica. O movimento
ganharia
grande
aceitação
ao
nível
mundial pelas vanguardas da arquitectura
do princípio do século, dando origem ao
C.I.A.M,
Congresso
Internacional
de
Arquitectura Moderna, apadrinhado por Le
Esquema – Cidade Sectorial
fonte/autor: Le Corbusier @
Corbusier. O C.I.A.M. tornou-se no grande
palco das vanguardas urbanísticas e
arquitectónicas da época, criando vários
eventos mundiais nos anos consequentes,
influenciando e absorvendo as tendências
utópicas e arquitectónicas da época.
O C.I.A.M daria origem à famosa carta
de Atenas em 1933, o novo tratado
―iluminado‖ do urbanismo que ditaria
detalhadamente a forma ―moderna‖ de
construir cidades.
A urbanística do movimento Moderno
baseava-se em edifícios separados das
vias e do território, separando, também a
circulação pedonal da viária, criando
espaços verdes permeáveis entre edifícios
de densidade alta, transponíveis na sua
base.
Estavam
ingenuamente
crentes
quanto á capacidade de transparência e
permeabilidade
urbana
dada
pelos
edifícios elevados sobre pilares.
Arranha-céu 1921 – NY
fonte/autor: Mies Van Der Rohe @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
34
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Em ―la Crisis de la Modernidade‖ Rob
Modernismos e Utopismos do séc. XX
Krier critica o arquitecto Mies Van Der
Rohe e o movimento Moderno pela forma
como proclamam a transparência do
espaço. A transição entre o espaço
interior e exterior é difusa e a ideia de
transparência aplicada ao espaço urbano,
é uma definição estética romântica mas
pouco realista. Um edifício sobre pilares, é
em parte visualmente transponível, mas
só em algumas situações pontuais.
Mesmo com fachadas envidraçadas
capazes
de
surpreendentes
produzir
que
Ville Radiouse – Paris
fonte/autor: Le Corbusier @
efeitos
simulam
uma
transparência e uma vaga permeabilidade
entre espaço interior e exterior; estes
efeitos são pouco relevantes no ponto de
vista
urbanístico,
denotando
uma
desatenção pelo espaço urbano em prol
de objectos e problemas isolados.
Le Corbusier e Pierre Jeanneret iriam
cair no mesmo erro ao projectar o novo
centro para Paris, chamado «Plan Voisin»
em 1922. Segundo o mesmo autor, a
Maqueta – plano urbano
Plan Voisin - Paris
fonte/autor: Le Corbusier @
visão de Le Corbusier em «Plan Voisin»,
prevista para três milhões de habitantes,
aferia
as
dimensões
do
projecto
à
magnitude e importância de Paris “Paris
prend
de l´epoque”.
O
plano
urbano
implicava ainda uma densidade excessiva
no seu núcleo urbano que se contrapunha
a uma funcionalidade urbana demasiado
espartilhada.
Maqueta de um edifício do movimento Moderno
fonte/autor: Le Corbusier @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
35
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Existem
muitos
outros
projectos
Modernismos e Utopismos do séc. XX
urbanos gerados por Le Corbusier e pelo
movimento Moderno por toda a Europa,
mas todos eles tiveram resultados pouco
animadores a longo prazo; simplesmente
porque desvirtuavam a vivência urbana,
ao separar as funções de cada sector,
dificultando as típicas interacções entre as
diferentes realidades da vida das pessoas
na cidade.
O urbanismo sectorial espartilhado do
movimento
fraccionou
as
típicas
Plano Urbano Modernista – Sectores
fonte/autor: Le Corbusier @
interacções urbanas passíveis de serem
complementares e a sua arquitectura era
muito repetitiva destruindo as referências
urbanas.
Detrás
da
segunda
guerra
mundial ficaram claras as consequências
negativas da ideia de um denso centro
urbano. Imperava um certo desrespeito
pelas
estruturas
ignorando
as
antigas,
suas
tradicionais,
referências
e
enquadramentos em que tanto C. Sitte
insistia.
O movimento proclama ainda uma
arquitectura baseada em princípios de
escala inspirados no Homem «perfeito»,
no
«standard»
«comum»,
na
e
não
no
Homem
«personalidade»,
Desenho – Áreas residenciais
fonte/autor: Le Corbusier @
na
«realidade localizada».
Existiram
melhorias
urbanas
significativas nos últimos projectos do
movimento
Moderno,
compatibilidades
surgindo
urbanas
entre
mais
os
diferentes sectores e realidades da urbe,
no entanto os seus resultados nunca
Desenho – Plano Urbano Modernista
fonte/autor: Le Corbusier @
foram muito positivos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
36
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
Movimento
Moderno
procurou
Modernismos e Utopismos do séc. XX
substituir o velho sistema de construção
de edifícios em banda, o qual não evoluíra
muito desde os anos vinte, mas sem
grande eficácia.
“ (…) No séc. XIX a estrutura urbana
chegou a uma densidade inigualável. O
desenho do séc. XX fora uma reacção
compreensível dos projectistas ante este
problema, nunca antes conhecido na
História. Dividiu-se tudo em unidades
funcionais, como por exemplo, viver,
reproduzir, trabalhar, etc.; desenvolveramse soluções características para estas
unidades e estudou-se as suas posições e as
relações entre si. O protótipo abstracto
deste programa urbanístico era a “Ville
Radieuse” de Le Coubusier do ano de
1930.
Três anos mais tarde, a “Carta de
Atenas”, converteu-se no seu abecedário.
Este modelo realizou-se quase sem
rectificações em Chandigarh, nos anos
cinquenta (…) “ (La Crisis de la
Modernidade; Rob Krier)
Leonardo
Benévolo
comenta
Planos para Argel 1931 – maqueta
fonte/autor: Le Cobursier @
o
sobredimensionamento urbano da época,
afirmando que grande parte dos projectos
resultaram sobredimensionados frente às
necessidades,
sobretudo
no
terceiro
mundo, e converteram-se em projectos
utópicos.
No
entanto,
também
Plano Urbano Argel – 1931
fonte/autor: Le Corbusier @
neste
período, a cultura arquitectónica ganha de
forma deliberada, uma visão futurista mais
além das razões concretas e produz uma
série de modelos que se antecipam à
realidade, conscientes das consequências
qualitativas do sobredimensionamento e
do crescimento rápido da urbe.
Plano Urbano Argel -perspectiva
fonte/autor: Le Cobursier @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
37
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O CIAM viria a ser substituído por
outros
movimentos
de
Modernismos e Utopismos do séc. XX
vanguarda,
abandonado pelos principais dirigentes e
com fortes divergências internas relação
ao futuro da urbe, realizando a sua última
conferência internacional em 1959 em
Otterlo.
No ano seguinte na World Design
Conference de Tóquio 1960, através de
um grupo de arquitectos japoneses, entre
eles Kikutake, Arata Isozaki e Kisho
Kukawa, apresentam uma nova forma de
projectar que intitulam ―Metabolismo‖, que
a
partir
de
grandes
infra-estruturas,
apresentadas em três dimensões, permitia
uma
leitura
arquitectónica
a
grande
Edifício Modular – 1934
fonte/autor: Kisho Kukawa @
escala, formando um edifício modular em
que cada módulo tinha uma função
específica: habitação, trabalho, lazer. Os
módulos eram desenhados de acordo com
as exigências próprias de cada função,
realizados a pequena escala, aplicáveis,
desmontáveis
e
reaplicáveis
quando
requisitados para o efeito.
Kenzo
Tange
sobressai
na
Word
Design Conference de 1960 em Tóquio,
com a exposição dos seus projectos
teóricos para Tóquio, o ―Sea City‖ e o
―Marine City‖, realizado com a ajuda de
outros ―metabolistas‖.
Plano urbano Tóquio -1960
fonte/autor: Kenzo Tange @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
38
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os japoneses são neste momento os
Modernismos e Utopismos do séc. XX
precursores da arquitectura de vanguarda
e durante alguns anos dominaram as
propostas urbanas utópicas no mundo.
O Metabolismo passou a encher os
«mass-media»:
revistas,
convenções,
conferências e debates universitários à
escala
internacional,
influenciando
os
movimentos de vanguarda na Europa,
entre os quais se destacam os projectos
de Yona Friedman.
Exposição Mundial Montreal – 1967 – Habitat
A revista Architecture d´Aujourd’hui no
livro de Michel Ragon, (Où vivrons-nous
Sustentado
fonte/autor: Yona Friedman @
demain? 1963), difunde alguns projectos
teóricos de Friedman que põem em
consonância os caracteres de mobilidade
e ligeireza do novo ambiente urbano,
versátil e mutativo.
Esta tendência desperta o interesse do
mundo universitário, e terá o seu peso na
arquitectura embora de maneira um pouco
formal.
Em Itália destacam-se os projectos
apresentados
nos
primeiros
anos
sessenta para os centros direccionais de
Turin, Bolonha e para os terrenos em
«campo-aberto» na lagoa de São Giuliano
na ilha de Tronchetto de Veneza. Em
Projecto Plug and City
Cápsulas Modulares – 1964
fonte/autor: Grupo Archigram @
Inglaterra o grupo Archigram formado por
Peter Cook, Ron Herron, Brian Harvey,
Warren Chalk e outros, destacam-se
também na vanguarda da época.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
39
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O grupo Archigram difunde na sua
revista
uma
série
de
Modernismos e Utopismos do séc. XX
modelos
deliberadamente utópicos, que se tornam
populares sobretudo graças ao enfoque
divertido e irónico delas: Walking City de
1962, Plug-in-City de 1964, Control of
Choice de 1967, Oásis de 1968 e o
criativo kit de papel dobrado para uma
mega estrutura ―do-it-yourself‖, que vinha
agregado ao fascículo de 1966 editado
pelo grupo.
Estes
grandes
Utopia Walking City – 1964
fonte/autor: Grupo Archigram - Ron Herron @
artigos
iriam
projectos
influenciar
tecnológicos
os
da
década. No próprio programa Apolo da
NASA desenvolvido para o desembarque
na lua de 1969 aparecem uma série de
cápsulas habitáveis do Grupo Archigram.
Encontramos a um nível mais imaginário,
sem relação alguma com a veracidade
técnica, o mesmo estilo gráfico no cenário
de Heinz Edelman para o filme de The
Beatles, ―O submarino amarelo‖ (the
Yellow Submarine), 1968, realizado por
George Dunning.
Os projectos utópicos desta época não
conseguem coordenar a arquitectura com
o
desenvolvimento
fraccionando-se
em
tecnológico,
especializações
específicas e não à urbe em concreto,
originando
tipologias
da
construção
inadequadas e modelos urbanos herdados
das fases precedentes do Modernismo.
Projecto Plug and City
Cápsulas Modulares – 1964
fonte/autor: Archigram @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
40
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Na Exposição Universal de 1967 em
Modernismos e Utopismos do séc. XX
Montreal, nasce a oportunidade para
estes movimentos realizarem algumas das
suas
propostas.
O
grupo
canadiano
ARCOP formado por Affleck, Desbarats,
Lebensold e Size, realiza dois grandes
pavilhões
Explorador»
temáticos
e
um
«O
Homem
grande
edifício
multifuncional no centro da cidade, na
Place Bonaventure. Richard Buckminster
Fuller
constrói
uma
grande
cúpula
geodésica que encerra o Pavilhão Norteamericano, assistida por um carril de ferro
Cúpula Geodésica – Exp. Montreal 1967
fonte/autor: R.b. Fuller @
sobrelevado que distribui os visitantes
pela
exposição.
Moshe
Safdie
ficará
famoso pela realização de parte do tecido
residencial, ―O Habitat‖.
As construções referidas experimentam
algumas das ideias elaboradas pelas
vanguardas do momento, recorrendo à
arquitectura
com
módulos
estruturais,
como por exemplo os tetraedros radicais,
idealizados por Guntis Plesums.
O intricado entrelaçar de cápsulas
habitáveis formando mega-estruturas e as
vias de comunicação separadas do solo
revelam-se realizáveis. No entanto os
prédios ―metabólicos‖ como os de Nagakin
e Watanabe em Tóquio do arquitecto
Kurokawa, com base
montagem
de
numa arrojada
cápsulas
habitáveis
separadas, não teriam seguimento.
Projecto Habitat 67 – 1967
fonte/autor: Moshe Safdie @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
41
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os edifícios referidos, assim como ―O
Modernismos e Utopismos do séc. XX
Habitat‖ de Safdie em Montreal, não são
adaptáveis ao contexto urbano comum
das cidades, a meu ver pelo facto das
estruturas
não
permitirem
soluções
construtivas económicas e por exigirem
percursos
espaciais
demasiado
complexos.
As
ideias
de
vanguarda
foram
aplicadas entusiasticamente em edifícios
de
grandes
dimensões:
os
centros
comerciais de Cumbernauld (H. Wilson e
G. Copcutt, 1960-1970) e de Runcorn
(R.Harrison,
1967);
o
centro
de
comunicações Yamanishu em Tokio (K.
Centro Georges Pompidou – Paris 1970
Foto autor: Katsushisa Kida
fonte/autor: portal Vitruvius - Renzo Piano @
Tange, 1967); os novos aeroportos norteamericanos de Dallas (1966) e de Boston
(1967); o terminal de automóveis na
«boca» da ponte George Washington em
Nova York; o parque automóvel de Nervi
(1966); e o centro Georges Pompidou em
Paris (Piano, Rogers e Franchini, 1970).
Finalmente
surgem
as
desejadas
estruturas metabólicas, uma multiplicidade
de elementos montados numa estrutura
única, mas a mobilidade dos elementos
nunca seria conseguida em concreto,
convertendo-os
em
«esculturas
monolíticas». As estruturas obrigam a
uma excessiva complexidade dos níveis
de circulação, fruto dos modelos teóricos
da primeira metade dos anos sessenta,
estas ideias são abandonadas mais tarde
quando fica patente que a animação dos
Eaton Cente de Toronto – 1970
fonte/autor @
espaços na realidade não resulta.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
42
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Nos anos setenta, a funcionalidade
estrutural
reencontra-se
com
Modernismos e Utopismos do séc. XX
uma
concepção arquitectónica mais habitável,
reflectida em alguns grandes espaços
fechados, iluminados graças às novas
técnicas de construção de coberturas
envidraçadas, propícias ao clima dos
países frios. Os canadianos são os
primeiros a tirar partido desta inovação
estrutural, usada no Eaton Centre de
Toronto, de E.H. Zeidler; no Scarborough
Centre, de A. Moriyama, e nas oficinas
públicas no centro cívico de A.C. Erickson,
Centro Cívico Scarboroughr – Toronto - 1973
fonte/autor: A. Moriyama @
em Vancouver.
A
presença
conjunta
de
muitos
elementos pequenos num ambiente de
grandes
dimensões,
mobilidade
volumes
dos
valorizando
peões
construídos,
em
dá
a
vez
dos
origem
às
realidades experimentais praticáveis.
As relações e as propostas até agora
descritas aumentam um amplo debate de
sistematizações
e
teorias,
análises
Centro Cívico Markham – Vancouver
fonte/autor: A. Erikson @
históricas e questões de escala, que se
entrecruzam entre si como causas e como
consequências. Intervenções a grande
escala revelaram as deficiências dos
movimentos precedentes, alimentam as
polémicas dos últimos CIAM. As novas
soluções urbanas foram experimentadas
nos
anos
sessenta
nos
projectos
subsequentes resultando em construções
provisórias, abertas a uma série de
correcções sem fim.
Projecto Estudo – Rio de Janeiro
fonte/autor: Le Cobursier @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
43
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os arquitectos que idealizaram ou
Modernismos e Utopismos do séc. XX
vieram a realizar os mais importantes
projectos urbanos dos anos cinquenta, os
ingleses
Smithson
e
Howell,
os
holandeses Bakena e Van Eyck, Candilis
e
seus
colegas
do
ATBAT
que
trabalharam em Marrocos para o Governo
Francês, constatam a insuficiência das
regras codificadas na Carta de Atenas e
intentam formular outras, mais completas
e mais adequadas à realidade.
Utopias Monumentais góticas – década de 40 – Rússia
Os arquitectos do movimento Moderno
fonte/autor: portal Obvius – Ykov Chernikhov @
são obrigados lentamente a admitir que a
sua
arquitectura
não
responde
à
complexidade dos problemas urbanos
nem detêm soluções tecnológicas que o
sustentem.
O exercício urbano rompe em duas
novas frentes; uma parte foge para a
utopia, duvidando e rejeitando o propósito
dos movimentos arquitectónicos da época,
outra aprende a abandonar as sínteses
Canberra – núcleo Governamental
apressadas e contenta-se com alguns
fonte/autor: portal skyscrapercity – foruns @
resultados
parciais,
sempre
perfeccionáveis. Os debates dentro da
cultura arquitectónica moderna giram à
volta destes dois factores. Os modelos
académicos
exemplo,
prestigiados,
os
como
planeamentos
por
urbanos
sectorizados e reticulados das novas
capitais do primeiro período do século,
Canberra,
Nova
Delli,
a
―ville
contemporaine‖ de Le Cobursier de 1923
e Brasília de 1957, acabaram por sofrer
Vista aérea Brasília
fonte/autor: Portal Brasília 50 anos @
duras críticas urbanas mais tarde e
deixaram de ser uma referência.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
44
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No entanto os modelos de vanguarda
Modernismos e Utopismos do séc. XX
que os substituíram ainda de revelaram
mais problemáticos.
A arquitectura ―moderna‖ tem uma
história de apenas quarenta anos, mas a
ela se devem os projectos de vários
bairros e cidades novas, que embora
representem uma minoria das realizações
urbanas
recentes,
se
apreciados
conjuntamente e constatando a influencia
Utopia Walking City – 1964
fonte/autor: Grupo Archigram - Ron Herron @
indirecta
na
forma
contemporânea,
de
mudaram
construir
de
forma
inquestionável a fisionomia dos centros
urbanos e das periferias, sem prejuízo das
críticas dirigidas aos seus efeitos que têm
de
ser equacionados medindo-se
os
ganhos e as perdas, quer em resultado
dos projectos quer da sua realização,
como acontece em qualquer actividade
científica.
O problema das cidades ficara longe de
estar resolvido. Em 1953 no CIAM de Aixen-Provence, os Smithson mostram as
fotografias de Nigel Henderson referentes
à vida nas ruas de Londres. Dez anos
mais tarde aparece uma ampla literatura
sobre a cidade, que parte de uma análise
directa da realidade e julga deste ponto de
vista os projectos e as tendências: em
1960 é publicado o primeiro livro de Kevin
Lynch, ―A imagem da Cidade‖ (The image
of the City); em 1961 Gordon Cullen
publica o seu ensaio sobre ―Townscape‖ e
Jane Jacobs o seu livro sobre as cidades
Civilia Utopia - 1961 Townscape – Collage City –
fonte/autor: Imagens do Livro – Gordon Cullen @
Norte-americanas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
45
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Em 1963 sai o primeiro ensaio teórico
Modernismos e Utopismos do séc. XX
de Christopher Alexander, que procura
descobrir,
de
forma
funcionamento
correcto
científica,
do
organismo
urbano.
Em
1965
Françoise
regista,
de
forma
retrospectiva,
tendências
do
urbanismo
o
Choay
as
moderno,
comparando-as com os resultados reais.
Em 1966, a revista ―Scientific American‖
dedica um número às cidades, levando
estes argumentos ao público do mundo
inteiro, e Peter Hall publica um afortunado
e pequeno livro divulgativo sobre as
grandes cidades. Em 1968, Lawrence
Halprin propõe um sistema de notificação
dos valores dos espaços urbanos, abrindo
Modelo de Cidade sectorial
fonte/autor: KuroKama @
o caminho de alguns arquitectos ousados,
como Eisenman e Graves. Os psicólogos
da Escola de Frankfurt criticam «a cidade
inabitável» do presente e imputam os
seus defeitos ao movimento Moderno dos
quarenta anos precedentes.
A confiança no futuro do movimento
Moderno transformou-se e começa a
atenuar-se
também
no
campo
da
arquitectura, principalmente depois das
críticas ao movimento pelas políticas
rígidas em 1968.
A ideia do ―less is more‖ do movimento
Moderno,
idêntico
ao
método
de
simplificação científica da época para a
Funil City Intra Polis – 1960
resolução dos problemas, ao exemplo da
fonte/autor: Walter Jonas @
tabela periódica dos átomos; ordenar os
contextos urbanos segundo uma forma
tripartida básica parecia ser uma solução
de génio.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
46
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No entanto, tal como os elementos da
Modernismos e Utopismos do séc. XX
tabela periódica, a realidade atómica e
urbana é muito mais complexa no meio
em que se encontra do que em laboratório
e a harmonia destes elementos depende
de uma variedade complexa de factores.
A perda do espaço urbano, desde o
meio do século, é um processo de
desconstrução provocado não só pelas
visões ―Modernistas‖ mas também pela
política urbana a favor de uma sociedade
democrática, cada vez mais vulnerável à
força dos ―Lobbys‖ que tiram proveito
deste desenvolvimento. A batalha entre os
meios técnicos e económicos cresceu
duma forma nunca antes vista na história
do ser humano.
Pondo
este
Metrópole Moderna – 1914
fonte/autor: Mário Chiattone @
último
parágrafo
em
evidência, não podemos transformar o
CIAM na «ovelha negra» da arquitectura
urbana.
Os
avisos
perante
as
evidências
problemáticas da densificação urbana e
da desumanização dos espaços são
reportadas pelos arquitectos Frank LLoyd
Wright,
Alvar
vanguardistas;
Aalto,
que
entre
outros
expõem
a
necessidade de visualizar a cidade de
forma mais humana e desafogada.
A urbe é um organismo vivo, dinâmico
e
territorial,
experimental,
sensível e
quadrimensional. Estas noções, só muito
Plano Urbano – Centro – Ville Radiouse – 1922
fonte/autor: Le Cobursier @
depois seriam valorizadas e entendidas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
47
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A necessidade de fazer a cidade
Modernismos e Utopismos do séc. XX
respirar, de nos colocarmos no papel do
utilizador, de tirar partido da pluralidade
funcional, da complexidade de ligações
produzidas, de entender o comportamento
humano, da funcionalidade arquitectónica,
são os verdadeiros degraus a caminho da
cidade
ideal,
urbanistas
legado
utópicos
pelos
grandes
dos
séculos
anteriores.
A cidade vista como ―Organismo Vivo‖,
a quatro dimensões, (tridimensional +
movimento) de Frank LLoyd Wright, é
paralela ao evoluir científico do estudo do
átomo, da filosofia e da necessidade de
Cidade Utópica – Broadacre City 1935
fonte/autor: F. Wright @
adaptação ao meio Darwinista.
Na cultura americana vinga a polémica
anti-urbana, resultante dos problemas das
metrópoles, proclamando que as cidades
atingiram o seu limite em 1890. Porém há
espaços por explorar e por viver, e novas
formas de deslocamento. Wright surge
com a ideia do ―urbanismo rural‖ a noção
de
―cidade-região‖
como
um
modelo
prevendo a fixação de 1400 famílias e que
se deveria organizar fora das instituições
oficiais, em auto governo, e promovendo a
liberdade de cada indivíduo.
O modelo deu origem ao projecto da
Broadacre City (1931/1935), exposto em
1934 no Rockefeller Center de Nova
Esquema das Vias trânsito – Broadacre City 1935
Iorque e mais tarde em muitas cidades
fonte/autor: F. Wright @
americanas e europeias.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
48
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os urbanistas na altura desvalorizaram
Modernismos e Utopismos do séc. XX
o projecto, apelidando-o de um modelo
romântico, oitocentista, ligado a um ideal
rural. Só trinta anos mais tarde, no
princípio dos anos setenta quando se
emitiram os conceitos de cidade-região ou
cidade-território,
se
compreende
que
Wright tinha sido um dos únicos a prever a
degradação
e
o
colapso
das
concentrações urbanas e a indicar uma
alternativa séria, repondo o «urbanismo
rural» de Wright como uma alternativa
urbana de carácter cívico que não deveria
ser ignorada.
Desenho da vista de Broadacre City – 1935
fonte/autor: F. Wright @
Hoje apercebemo-nos que o modelo de
Wright
de
cidade
também
estava
demasiado espartilhado, mas as suas
propostas urbanas eram sem dúvida mais
promissoras do que as do movimento
Moderno. Para Wright e para Zevi a
Arquitectura Orgânica estava associada à
ideologia democrática seguindo a APAO
fundada por Zevi, lembrando um pouco o
espírito de luta pelo homem livre dos
utopistas do século XIX.
Maqueta Broadacre City – 1935
fonte/autor: F. Wright @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
49
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O arquitecto Alvar Aalto contribui para
a
consciência
urbana
com
os
Modernismos e Utopismos do séc. XX
seus
estudos sobre a relação dos espaços com
o homem. As funções espaciais físicas e
psíquicas podem ser compatíveis de uma
forma e incompatíveis de outra, contendo
várias naturezas.
Em 1940 Aalto escreveu o conhecido
artigo ―A Humanização da Arquitectura”
cujo
subtítulo
é
funcionalismo,
bem
―O
revelador:
para
se
tornar
verdadeiramente eficaz, deve adoptar um
ponto de vista humano”. (…) No campo da
Arquitectura, um objecto pode ser funcional de
um ponto de vista e não funcional noutro. No
decurso do último decénio a Arquitectura
Moderna foi funcional sobretudo no ponto de
vista técnico, a aposta fez-se sob o aspecto
Sanatório de Paimio – 1932
económico da actividade construtiva”… “uma
fonte/autor: Alvar Aalto @
arquitectura realmente funcional deve sê-lo
principalmente
sob
o
ponto
de
vista
humano.”(Alvar Aalto)
Alvar Aalto critica aqui de forma subtil o
Movimento
Moderno,
em
especial
a
orientação dos CIAM de Frankfurt e
Bruxelas dominados pelos alemães e
suíços mais próximos das teorias de Neue
Sachlichkei,
defensores
da
―Nova
Objectividade‖.
A visão «produtivista» assente nos
métodos industriais não permitia para
Alvar Aalto um entendimento global da
Arquitectura,
o
qual
exige
racionalidade
alargada,
alternativa
tradicionalismo
ao
Sanatório Paimio – 1932
fonte/autor: Alvar Aalto @
uma
verdadeira
ou
ao
modernismo.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
50
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Mais tarde Sigfried Giedion, importante
Modernismos e Utopismos do séc. XX
figura dos CIAM acabou por reconhecer a
visão de Alvar Aalto no seu livro Espaço,
Tempo e Arquitectura.
Alvar Aalto não procurava criticar as
vanguardas do Movimento Moderno, mas
continha
evidentemente
um
espírito
globalizador ao estilo dos arquitectos do
Movimento Orgânico.
No seu artigo de 1935 ―O racionalismo
e o homem”, considera inadequada a
iluminação artificial habitualmente usada
Sanatório Paimio – 1932
fonte/autor: Alvar Aalto @
na Arquitectura. Foca sobretudo a luz dos
hospitais que deveria ter em atenção as
condições
particulares
dos
doentes.
Critica também o mobiliário ―moderno‖
sujeito sobretudo aos modos actuais
«standard» de fabricação e de produção.
Cinco
anos
mais
tarde
em
―A
humanização da arquitectura”, depois de
escrever que ―a finalidade da arquitectura
é sempre a de harmonizar o mundo
material com a vida humana‖, apresenta o
exemplo do sanatório de Paimio (1929-33)
Biblioteca de Viipuri -1934
fonte/autor: Alvar Aalto @
e da Biblioteca de Viipuri (1927 – 35).
No primeiro salienta as experiências
que levou a cabo no campo da relação do
doente com o quarto e da protecção do
indivíduo contra o grupo e contra a
pressão da colectividade. Daqui concluiu,
no que toca ao quarto, que se deveria
projectá-lo em função da pessoa deitada,
já que o doente passaria a maior parte do
tempo na cama.
Modelo quarto para tuberculosos Sanatório de Paimio
fonte/autor: Alvar Aalto @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
51
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Tal constatação levou-o a alterar as
Modernismos e Utopismos do séc. XX
cores das paredes do tecto, a repensar a
localização
da
iluminação
natural
e
artificial, do aquecimento, das janelas e
portas.
Tratou
afincadamente
o
melhoramento do conforto auditivo, com a
preocupação de insonorizar paredes e de
conceber lavabos de modo a minimizar o
impacto sonoro no jacto da água, em
quartos de duas camas.
Quanto à biblioteca de Viipuri, Aalto
considerou que beneficiou da experiência
Vista aérea Biblioteca de Viipuri 1934
fonte/autor: Alvar Aalto @
de Paimio, onde a necessidade de haver
um mobiliário ligeiro, flexível e fácil de
limpar, levou a um uso extensível do
contraplacado de madeira que permitia,
para além da facilidade de produção e
utilização, um ―contacto mais agradável,
um
mobiliário
permanência
mais
longa
e
adaptado
dolorosa
à
num
sanatório, que o material ordinário‖, que
nessa altura era habitualmente feito em
estrutura de tubo metálico. Este factor de
preocupação
Ergonómico
adapta
os
espaços arquitectónicos ás necessidades
psicológicas do utilizador. As pequenas
preocupações arquitectónicas de Aalto
reflectem a sua postura construtiva em
relação aos espaços, criados a pensar no
Homem «comum», personalizado e não
no Homem «perfeito», a realização de
estruturas «standard», criticadas por mim
Biblioteca de Viipuri -1934
no contexto do movimento Moderno.
fonte/autor: Alvar Aalto @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
52
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No sanatório de Paimio os vários
corpos
em
diversas
articulações
Modernismos e Utopismos do séc. XX
e
posições estão criados sem obedecer
intransigentemente
às
mudanças
do
programa. Na biblioteca de Viipuri os dois
corpos
tanto
albergam
espaços
e
programas separados, como o contrário.
Aqui o famoso tecto ondulado da sala de
conferências sobrepõe-se à regularidade
Sunila habitações – 1939
ortogonal dos janelões de vidro.
fonte/autor: Alvar Aalto @
No plano de urbanização da fábrica e
habitações de Sunila (1936-38), Aalto
preocupa-se
com
a
preservação
e
valorização humana em harmonia com as
características naturais dos sítios. Realiza
para o efeito uma urbanização dispersa
em forma de leque, disposição bem
adaptável
às
preocupações
urbanas.
Repete a mesma atitude nos paços do
Concelho
Säynätsalo
(1948-52),
projectado no topo de um largo de planta
triangular, mas organizados intimamente
em torno de um pátio público de acesso
enviesado,
completando
toda
Centro Cívico – Seinajoki – 1951
fonte/autor: Alvar Aalto @
a
composição urbana através da sala do
concelho. O edifício composto por uma
unidade em ―U‖ e outra em barra, alberga
para além dos espaços ocupados pela
Câmara
Municipal,
uma
biblioteca,
habitações, lojas que dão para a rua, e
outros serviços, mostrando a vontade
expressa por Alvar Aalto de combinar
várias actividades urbanas.
Alvar
Aalto
rejeita
assim
a
monofuncionalidade tão cara à ortodoxia
Centro Urbano – Seinajoki -1951- Finlândia
fonte/autor: Alvar Aalto @
do movimento Moderno.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
53
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Na
sombra
―modernos‖
dos
existiu
movimentos
sempre
Modernismos e Utopismos do séc. XX
quem
vislumbrasse soluções mais completas tal
com Wright e Aalto, deixando os seus
contributos
de
forma
singular,
hoje
justamente valorizados.
O
―Modernismo‖
fora
uma
força
catalisadora de novas formas e soluções
para a arquitectura da cidade; os seus
fracassos abriram portas a novas visões
urbanas e a movimentos alternativos e os
seus
sucessos
deram
esperança
ao
exercício académico e ao sonho social da
Democracia.
Os criadores utópicos que caminharam
em direcção ao «fantástico», ao mundo da
ficção
científica,
por
ventura
ainda
contribuíram para o debate de alguns dos
Casa da Cascata 1936
desenvolvimentos futuros, adivinhando um
fonte/autor: F. Wright @
Homem cada vez mais dependente das
máquinas e da indústria.
Na segunda metade do século XX,
fruto
da
pesquisa
científica
e
de
resultados qualificáveis, surgem novas
iniciativas e críticas urbanas, na procura
mais
exaustiva
problemas
das
para
cidades
entender
os
e
os
como
resolver. O século XX chega ao seu fim
digerindo
os
processos
tecnológicos,
políticos e culturais que transformaram a
nossa
sociedade,
questões
urbanas
embrenhada
cada
vez
em
mais
Pavilhão da Finlândia – Exposição
Universal em Nova Yorque 1939
fonte/autor: Alvar Aalto @
complexas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
54
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
7 – A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE
No artigo escrito e premiado em 1965
com o prémio Kaufmann de Christhopher
Alexander “A city is not a tree”, onde o
autor
critica
a
estrutura
urbana
em
ramificações hierarquizadas, chama a
atenção para a importância dos espaços
urbanos no comportamento das vivências
socioeconómicas
da
urbe.
As
suas
observações científicas explicam de forma
simples e eficaz a complexidade urbana.
Muitas
das
adaptaram-se
cidades
às
tradicionais
novas
realidades
urbanas ao longo dos tempos, algo que
nas
cidades
artificiais
―modernas‖,
Acampamento Militar Romano para Recrutamento
Estrutura urbana hierárquica do tipo «árvore» @
construídas de raiz, se verificou mais
difícil, visto a sua rigidez estrutural. Não
de admirar portanto que em muitos casos
a qualidade de vida e o grau de satisfação
dos habitantes das cidades tradicionais
seja superior ao das cidades ―novas‖.
A
realidade
complexa
dos
acontecimentos na urbe funciona com
critérios de interacção sensíveis à sua
estrutura
urbana.
Esta
variedade
de
vivencias sociais no tecido urbano não foi
concretamente valorizada e entendida nos
projectos das novas cidades como já
vimos na crítica ao movimento Moderno.
Projecto da ilha Palmeira no Dubai
Estrutura urbana hierárquica do tipo «árvore» @
Alexander estudou estas estruturas
sociais complexas e chegou à conclusão
que a estrutura das cidades artificiais
estava
criada
ingenuamente
sobre
racional,
um
padrão
ramificado
segundo uma ―árvore‖.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
55
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Esta postura implica uma hierarquia
sectorial
rígida,
comparável
a
A Cidade não é uma Arvore
um
acampamento romano, imprópria para a
criação de uma unidade diferenciada, com
realidades comportamentais diversas, em
parte sobrepostas e em parte dispersas.
Nas cidades tradicionais isso acontece
porque a cidade foi obrigada ao longo dos
tempos a sobrepor estas realidades, por
tentativa-erro
e
por
tentativa-sucesso,
adaptando a sua urbe ao contexto social,
sendo os casos de insucesso fruto da falta
de políticas urbanas regenerativas.
A estas estruturas sócio-urbanas, ele
designa de semi-retículas que, no fundo,
contêm na sua forma ramificações em
árvore que se sobrepõem em conjunto
com outras ligações urbanas.
Mapa da Cidade de Brasília
As
semi-retículas
permitem
um
Esquema urbano em árvore
conjunto exponencialmente mais vasto e
fonte/autor: C. Alexandrer @
numeroso de ligações possíveis e o
entendimento
comportamental
das
interacções das várias realidades urbanas
resulta,
se
a
sua
estrutura
urbana
corresponder positivamente. O Urbanismo
vive das compatibilidades sociais e da
maximização de recursos territoriais.
Este estudo a favor da semi-rectícula
veio reforçar a necessidade de criar um
organismo urbano complexo mas não
caótico, saudável, compatível com um
padrão de igualdade de tratamento urbano
e,
ao
mesmo
tempo,
personalizado,
Diagrama de uma árvore e uma semi-récticula
fonte/autor: C. Alexandrer @
criador de relações sociais pacíficas e
inovadoras, aberto à variedade e ao
desenvolvimento.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
56
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A sensação, que se vive nas cidades
A Cidade não é uma Árvore
com soluções pouco semi-reticuladas, é
realmente de isolamento.
Em
Lisboa,
deslocamento
segundo
por
exemplo,
o
viário
está
ramificado
soluções
tipo
―arvore‖,
hierarquizadas, com pontos de charneira
que facilmente coagulam o trânsito em
horas
de
ponta.
As
alternativas
complementares de escoamento viário
atravessam zonas também sujeitas a
conflitos urbanos que dificultam a marcha.
Muitos das soluções viárias dentro da
própria cidade que geram grande stress e
desconforto ao utilizador diáriamente.
Exemplifico com o seguinte trajecto: a
ligação do Pólo Universitário da Ajuda até
ao Aeroporto de Lisboa ou a Sacavém.
Recorrendo aos transportes públicos o
Plano de desenvolvimento Londres 1943
Esquema de Cidade em arvore
fonte/autor: C. Alexandrer @
táxi é o mais viável, os outros transportes
públicos acabam sempre por demorar
quase três vezes mais tempo do que um
automóvel
particular
e
provocar
um
grande desgaste físico e emocional, quer
se opte por trajectos de autocarro, quer
por se use o metro ou o eléctrico, por
estarem condicionados pelas ramificações
dependentes das centralidades da cidade
e por obrigarem o utilizador a mudar pelo
menos duas ou três vezes de transporte
para
cumprir
o
trajecto.
Se
acrescentarmos o factor da ―hora de
Desenho – “pedafólio”
ponta‖, teremos então, como é sabido
fonte/autor @
pelos cidadãos Lisboetas, stress garantido
para realizar este trajecto.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
57
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O facto de haver locais e percursos da
cidade
com
boas
acessibilidades
A Cidade não é uma Árvore
e
transportes públicos eficientes enquanto
outras partes da cidade, não menos
importantes, têm carências ao nível de
acessibilidades e transportes, provoca
também mal-estar, além da descriminação
social
e
de
outros
problemas
relacionados.
A visão particular de Alexander sobre o
―microcosmos‖ social deixa claro outro
aspecto, do ponto de vista funcional e
sócio-cultural da cidade: as crianças e os
idosos
e
tantas
outras
personagens
sociais, como os jovens, e até mesmo os
animais domésticos, merecem fazer parte
integrante deste planeamento de forma
mais concreta, mais humana. As cidades
não são estruturadas, no todo, a pensar
Plano de desenvolvimento Colômbia, Maryland
Esquema de Cidade em arvore
nestes factores.
fonte/autor: C. Alexandrer @
A maior parte dos urbanistas fazem
cidades
máquinas
para
pessoas
que
―perfeitas‖,
trabalham,
circulam,
procriam e alimentam-se, como na Carta
de Atenas, esquecendo que a realidade
do ser humano é muito mais complexa
que isso. Sabendo agora mais sobre o
funcionamento das pessoas na cidade, há
que
implantar
políticas
a
favor
da
―natureza‖ humana.
Esquema de uma semi-recticula
fonte/autor: C. Alexandrer @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
58
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A frase budista que nos diz, «não
A Cidade não é uma Árvore
simplificar o que é complicado e não
complicar o que é simples», adapta-se a
meu ver ao reacertar das realidades
urbanas
com
apreendido
as
ao
estruturas
criadas,
longo da história
no
processo de inovação da urbe.
Tem de haver um meio-termo e uma
adaptação ás diferentes realidades.
O
planeamento
da
cidade
exige
igualmente, algum tempo de análise e de
pressupostos orientadores, capazes de
dar forma a uma semi-retícula urbana
equilibrada, funcional, em que todas as
Vista do topo do edifício GE em Nova Yorque
fonte/autor: portal Wikipédia @
realidades
definidas
têm
da
as
melhor
suas
forma
conexões
para
a
sociedade.
T3 – Tópicos a favor da cidade Utópica:
6- O plano utópico ideal de cidade deverá evitar os erros urbanos do passado e as forças modais
implantadas na sociedade de forma a responder cientificamente ao seu objectivo e desprender-se
dos vários condicionalismos sociais, culturais, económicos, políticos, industriais, entre outros.
7- A urbe é um organismo vivo, dinâmico e complexo, que deve dar reposta às necessidades
sociais, pessoais e colectivas de forma ergonómica e humanizante e só funciona segundo uma
estrutura semi-reticulada em sintonia com as realidades existentes e pretendidas na urbe.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
59
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
8 - Duas Grandes UTOPIAS do inicio do nosso Século
8.1 - Introdução
As utopias ganham um carácter mais
realista no inicio do século XXI, o seu
significado passou a ser a criação de algo
nunca antes realizado, capaz de desafiar
o imaginário da capacidade construtiva do
homem, mas com prazos, objectivos,
gastos e ganhos bem definidos, com o
objectivo
de
enaltecer
e
trazer
desenvolvimento a uma dada nação. Os
exemplos
mais
flagrantes
estão
actualmente no Oriente, graças às novas
Vista aérea da futura Cidade Masdar
potências económicas como a China e o
fonte/autor: Norman Foster @
Dubai.
Outras Utopias ainda alimentam o
espírito revolucionário por uma sociedade
nova; outras mais sonhadoras projectam
cenários anárquicos, liberais, vidas em
outros planetas, o possível aparecimento
de novas ordens e extraterrestres, o
possível dia em que as máquinas superinteligentes dominarão o homem, a vida
humana
em
outros
planetas
ou
o
ressurgimento de uma nova Atlântida.
No meio destas disputas Utópicas
Masdar
City
e
Auroville
foram
as
escolhidas por serem as mais completas e
realistas, isto é, por responderem de
Novo Plano de Auroville – Maqueta
fonte/autor: Fundação Auroville @
forma urbana aos pressupostos Utópicos
para uma cidade, embora com visões e
realidades
muito
diferentes,
como
veremos mais à frente.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
60
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
8.2 - Cidade Utópica Masdar City no deserto de Abu Dhabi - Norman Foster
A cidade «verde» de Norman Foster, é
um projecto ousado no meio do deserto
de Abu Dhabi, capaz de desafiar as
condições agrestes do clima, totalmente
auto-sustentável,
construído
sobre
as
raízes culturais árabes e apregoando
algumas preocupações sociais.
Usa a tecnologia de «ponta» para o
melhor
desempenho
energético
e
ecológico, aproveitando o sol, os ventos e
Plano da Cidade Masdar
fonte/autor: Norman Foster @
os resíduos para a produção de energia. A
sua estrutura urbana foi também pensada
de forma a aproveitar a circulação das
correntes de ar e de canais de água.
A cidade é abastecida por uma central
de dessalinização que retira o sal da água
do mar, sendo esta também aproveitada
para os canais de água urbanos que
ajudam a criar um microclima confortável
na cidade. O seu lema de zero-carbono,
zero-detritos
ambientais
responde
e
ainda
às
políticas
permite
Vista aérea da futura Cidade Masdar
fonte/autor: Norman Foster @
receber
benesses monetárias pela sua política
ambiental. A cidade contém um tecido
urbano com uma área aproximada de 7
km2, amuralhado e rodeado por campos
de cultivo, estando assim protegida das
tempestades de areia.
Terá
energias
uma
universidade
renováveis
e
ligada
uma
às
indústria
ligada à investigação e produção de
componentes deste tipo.
Vista aérea da futura Cidade Masdar
fonte/autor: Norman Foster @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
61
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Junto à universidade será instalada a
Utopia Masdar City Norman Foster
sede da Agência Internacional para as
Energias Renováveis, criada em Janeiro
de 2009 por cerca de 80 países.
O sistema de transporte sobre carris é
feito para transporte público, acedido por
terminais a menos de 200 metros de cada
trajecto pedonal e todos os transportes
particulares serão movidos a energias não
poluentes.
Masdar City – Sede da Cidade
Um sistema informático integrado, com
fonte/autor: Norman Foster @
painéis informativos inter-activos, permite
ao utilizador fazer compras ou praticar
outras acções por via informática, sem se
deslocar.
Os
gastos
por
habitante
serão
colmatados a longo prazo através do
funcionamento sustentável e renovável
das
suas
infraestruturas
urbanas,
tornando a cidade economicamente pouco
dispendiosa.
À partida parece-nos finalmente ter
surgido um conceito satisfatório utópico
para uma cidade.
No entanto, alguns críticos dizem que
Masdar City não tem escala de cidade,
tendo em conta a sua sustentabilidade
passar por um número não muito elevado
de
habitantes;
uns
50.000
«Masdarquinos» e 90.000 utilizadores
casuais.
O
desenho
excessivamente
Masdar Citiy - Rua Microclimática
fonte/autor: Norman Foster @
rectangular, lembrando a estrutura tipo
«árvore» comentada pelo Alexander. As
imagens da cidade onde só circulam
figurantes jovens e bonitos são um pouco
constrangedoras.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
62
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Onde entram as crianças, os velhos e
Utopia Masdar City Norman Foster
os deficientes nesta utopia?
Na
verdade
não
existem
grandes
referências sociais para a construção
desta cidade.
O
sonho
de
Norman
Foster
de
perfeição utópica parece uma versão
melhorada
do
movimento
moderno,
apoiado nas novas tecnologias e no
movimento de eco-cidade, preso a uma
malha demasiado uniforme e artificial.
Como
iniciativa
eco-cidade
e
o
sustentabilidade
é
de
conceito
também.
louvar
de
No
a
autoentanto
pergunto:
Masdar City – Cenário – Táxi público sobre carris
Já que o deserto está sujeito a
tempestades
de
acontecimentos
areia
e
climáticos
a
fonte/autor: Norman Foster @
outros
agressivos,
como se protegerão estes equipamentos
sensíveis?
A cidade está protegida por muralhas,
mas a zona de produção agrícola na
envolvente, como vão protegê-la? Que
planos detêm para a manutenção das
centrais eólicas e solares visto muitas
estarem implantadas desprotegidas no
exterior da cidade? Produzirá alimentos e
bens essenciais para o ser humano
suficientes
sustentável?
para
se
Estamos
intitular
a
falar
autode
necessidades básicas para o ser humano
Masdar City - Espaço público
fonte/autor: Norman Foster @
que não parecem estar asseguradas no
projecto. As explicações no plano de
Masdar City para estas questões são
vagas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
63
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No entanto é descrito o recurso a
Utopia Masdar City Norman Foster
estudos e a implantação de técnicas de
vanguarda, que procuram salvaguardar
todo o ―cenário‖ e os recursos disponíveis,
segundo
um
sistema
circular
de
reaproveitamento, económico e ecológico.
A ideia do transporte táxi-público sobre
carris é oportuna, sendo os caminhos
pedonais separados mas com uma forte
relação
circunstancial
para
com
o
transporte público. A Masdar cidade sem
carros não permite grandes velocidades
de deslocação, mas como tecido urbano
tem uma atmosfera acolhedora e propícia
Masdar City
Protótipo do Táxi público
à vivência no exterior.
fonte/autor @
O seu desenho à escala de cidade não
convence muito: foram tidos em conta os
ventos e outros elementos naturais, mas a
sua malha extensivamente reticulada não
parece resguardar a cidade o suficiente
em caso de alguma tempestade, apesar
dos seus criadores afirmarem que a
cidade obedece à típica forma árabe de
construção das cidades da região.
Dito isto, a Masdar City de Norman
Foster está mais ou menos ao nível dos
tratados urbanos de cidade de Vitrúvio da
época do império romano de há 2000
anos atrás, assente sobre uma estrutura
Masdar City – Espaço público
social e económica já preestabelecida,
fonte/autor: Norman Foster @
sem grandes preocupações sociais, em
que o poder religioso e imperialista foi
substituído pelo poder tecnológico e o
pelo movimento ecológico.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
64
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Apesar da crítica há que frisar que este
Utopia Masdar City Norman Foster
projecto de 22 biliões de dólares só foi
possível porque os seus promotores, os
Emirados
Árabes
Unidos
(EAU)
não
procuravam uma nova ordem social mas
sim seguir a sua politica de vanguarda ao
nível da construção mundial, usando a
riqueza conseguida através do petróleo
para a criação de oásis e maravilhas
urbanas como têm feito no resto do
território. Sempre à procura de realizar as
maiores e melhores obras do mundo,
desde aeroportos, centros comerciais,
Masdar City - Espaço público
hotéis, arranha-céus, ilhas artificiais, ou
fonte/autor: Norman Foster @
qualquer expoente urbano, tudo tem de
superar qualquer construção já existente.
Tendo em conta que toda a estrutura
urbana estar situada no meio de um
território praticamente árido e fraco em
recursos naturais, é um feito urbano
notável uma opção sócio-politica arrojada,
estimulando
a
abertura
de
novos
caminhos a as utopias de vanguarda
prestes a serem realidades.
Dentro desta limitação política, este
Masdar City - Espaço público
sonho em vias de realização, demonstra
fonte/autor: Norman Foster @
muita maturidade urbanística, que não
sendo
revolucionária
como
seria
de
esperar em movimentos utópicos ao nível
social
e
político
revolucionária
ao
é,
nível
pelo
menos,
ecológico
e
tecnológico.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
65
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
8.3 – Cidade Utópica Auroville – Índia – Sri Aurobindo Ashram
Auroville,
também
conhecida
por
«Cidade do Amanhecer» é um projecto
urbano
ousado
de
cidade
na
costa
sudeste da Índia, uma utopia iniciada em
1968, surgida da visão de Sri Aurobindo
Ashram em Pondicherry, juntamente com
a mãe de origem francesa, que desde
1920 sonhavam com uma comunidade
futurista, holística, tolerante, multicultural,
auto-sustentável e humanizante.
O projecto foi apresentado à UNESCO
em 1966 e ao Governo Indiano os quais
têm apoiado a iniciativa desde então até
aos dias de hoje. O projecto é comandado
Plano Embrionário de Auroville - Maqueta
fonte/autor: @
pela Fundação Auroville, com relativa
independência
sobre
os
poderes
do
Estado da Índia. Um dos objectivos da
cidade é servir de centro de pesquisa
comportamental mundial sobre interacção
multicultural, social e auto-sustentável.
Pensada
inicialmente
para
50.000
pessoas, detém actualmente um pouco
menos
que 2.000
habitantes
de
44
nacionalidades diferentes e de várias
etnias.
Os
seus
habitantes
seguem
uma
filosofia de vida dedicada ao bem-estar
psico-fisico-espiritual e subsistem através
de
um
sistema
tolerante
de
empreendedorismo; os habitantes são
Templo do centro e Maqueta do centro de Aurovile
―convidados‖ a contribuir com serviços ou
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
monetariamente e os mais necessitados
são apoiados por instituições de ajuda.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
66
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A moeda de pagamento é sobretudo
movimentada
através
de
uma
Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
conta
bancária especialmente criada para cada
residente
segundo
as
premissas
da
Fundação Auroville.
Por uma questão de pluralidade cultural
não é permitida religião na cidade, no
entanto cada cidadão é livre das suas
práticas
religiosas
e
existem
infra-
estruturas na cidade que são usadas para
reuniões e colóquios holísticos e onde os
seus habitantes são incentivados à prática
Novo Plano de Auroville
da meditação a favor da paz e da
fonte/autor @
humanidade, onde os cidadãos se reúnem
de livre vontade para criar ocasionalmente
segundo um programa de salvaguarda,
―boas vibrações‖ a favor de causas
mundiais,
concentrando-se
em
casos
específicos.
Seguindo uma filosofia de respeito pela
natureza e por uma vida saudável, toda a
produção agrícola é biológica e o mais
natural possível, tendo sempre como
prioridade o uso de energias sustentáveis
Centro de Auroville
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria
e limpas.
Os tribunais são evitados ao máximo,
existindo um corpo de intervenção civil
apoiado por pessoas ligadas à Fundação
Auroville para promover o entendimento
pacífico nos conflitos sociais. Também
não existe propriamente polícia, sendo as
questões de ordem pública resolvidas por
pessoas contratadas pelas associações
de moradores que por sua vez, em último
caso, podem chamar a polícia estatal.
Edifício Matrimandir – Pormenor – Centro Auroville
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
67
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Não se negoceia, por norma, com
Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
dinheiro. Quem vem a esta cidade é
convidado
a
movimentar
o
dinheiro
criando uma conta segundo o controle da
Fundação Auroville, tal como todos os
cidadãos da ―cidade‖. No entanto o
dinheiro ―vivo‖ é aceite em muitos dos
locais de comércio de Auroville.
Os habitantes têm acesso a bibliotecas,
centros de saúde, escolas entre outros
serviços que asseguram as necessidades
básicas da população.
Ao nível de vias, existem algumas
estradas pavimentadas mas a maior parte
das estradas são de terra e o melhor
Esquema do Parque central Auroviile
transporte público é o táxi.
Todos os imóveis e terrenos da cidade
fonte/autor @
pertencem à AV (Fundação Auroville), não
existe portanto, direitos de propriedade, só
de superfície.
Auroville tem um sistema Intra-net,
chamado
AV-net,
dentro
da
própria
cidade, além da Internet.
Apresenta algum turismo baseado na
agricultura
holísticas
biológica
de
e
bem-estar,
nas
práticas
estando
as
poucas estalagens quase sempre cheias.
A política não faz parte do governo da
cidade nem os movimentos partidários; a
organização interna de Auroville não tem
Centro de Auroville – Vista aérea
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
uma postura hierárquica propriamente
definida.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
68
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O funcionamento diário da comunidade
Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
é feito principalmente por um número de
grupos de trabalho abrangendo áreas
como a florestação, finanças, agricultura,
saúde, educação, turismo, e coordenação
geral da comunidade, que operam com
considerável
assuntos
autonomia.
para
tomar
Os
grandes
decisões
da
comunidade são habitualmente tomados
em reuniões restritas ou feitos em reunião
aberta com todos os residentes, onde o
modo
preferido
de
decisão
é
por
consenso. A Assembleia de Residentes
selecciona um corpo – o comité de
trabalho – a partir de seus membros para
colaborar e trabalhar com o Conselho
Directivo
da
Fundação
AV,
e
uma
segunda instância – o Conselho Executivo
– para tratar de assuntos internos.
Urbanisticamente falando, Auroville é
constituída com um núcleo comunitário
dedicado
às
actividades
holísticas
Auroville – Harmonia Natural
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
e
sociais, uma periferia nascida de uma
expansão direccionada para fora ainda um
pouco indefinida, com zonas demarcadas
para residências, industrias e cultura, e
por fim, por um cinturão verde formado
por explorações agrícolas e florestais.
Satprem Maini Aurovilian um arquitecto
francês, o director do Auroville Earth
Institute, diz que Auroville representa para
a Índia e para a Ásia do Sul um lugar da
UNESCO em prol da arquitectura e
Reciclagem da água com plantas Naturais – Auroville
construção
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
das
Culturas
e
do
Desenvolvimento Sustentável.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
69
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Acontece que após 40 anos tendo em
conta o seu clima Subtropical e
Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
a
abundância de água retirada de furos nos
canais freáticos, Auroville é auto-suficiente
apenas no sector do leite e em algumas
frutas sazonais. Ela produz apenas 2% do
total das suas necessidades de arroz e
grãos, e menos de 50% do total das suas
frutas e legumes requisitados.
As actividades que dão algum lucro à
cidade, são algum turismo e pequenas e
médias
empresas,
que
produzem
e
Mini-Centrais de Biogás - Auroville
fonte/autor @
comercializam produtos.
Auroville produz papel, bem como
outros produtos muito procurados como
os paus de incenso, que podem ser
comprados na cidade, na própria sede em
Pondicherry, e que também são vendidos
para o resto da Índia e para o estrangeiro.
Um terço da economia de Auroville
provém
do
Governo
da
Índia,
principalmente para a educação e para os
projectos abrangidos pelo «Esquema de
Casa bioclimática dos arquitectos Agni Jata e Ray
Meeker – Auroville
fonte/autor @
Desenvolvimento Auroville».
Outros dinheiros provêm de ONGs e
outras
organizações
na
Índia
e
no
estrangeiro, de doações de particulares e
dos lucros conseguidos pelas actividades
comerciais e turísticas de Auroville.
Casa Ecológica – Aurovile
Arq. Maloes e Domingo
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
70
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Portanto, estamos a falar de uma
cidade
utópica,
localizada
num
Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
local
produtivo com espaços verdes e acesso à
praia e ao mar, com um projecto social,
político, económico e ético revolucionário,
com actividades culturais, sociais, entre
outras
ligadas
à
vida
saudável,
preocupações ecológicas e educativas;
com dezenas de anos de iniciativas, mas
que não passa por fim de uma ―aldeia
Centro de Visitas – Auroville
sonhadora‖, muito longe do seu objectivo
fonte/autor @
de ser auto-sustentável.
Provavelmente isso deve-se também
ao seu reduzido número de habitantes de
pouco menos de 2000, sendo um pouco
menos de 500 habitantes menores de
idade. Talvez com os 50.000 habitantes
pretendidos pela Fundação Auroville e
com uma estrutura urbana mais eficaz,
Auroville
fosse
sustentabilidade
capaz
e
de
atingir
prosperidade
a
tão
desejada pelos seus fundadores.
Praia – Arredores Auroville
fonte/autor @
Apesar dos salários não serem muito
generosos em Auroville, sabendo que
92% da população indiana vive abaixo dos
níveis de pobreza, tendo em conta o seu
espírito social tão generoso, não é bem
claro porque este projecto, apoiado até
pela UNESCO, não consegue florescer
firme.
O território é vasto e muitos dos
caminhos são de terra, as estradas ficam
enlameadas no Inverno e empoeiradas no
Praticas Holísticas
Verão, apercebemo-nos que Auroville vive
fonte/autor: portal oficial de Auroville @
mais
do
seu
sonho
do
que
da
concretização de um plano concreto.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
71
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Na verdade o sistema viário pouco
difere do resto da Índia, carece de infra-
Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
estruturas e de investimentos.
Os seus espaços urbanos, pelo que é
dado a entender em esquemas, denotam
alguma
ingenuidade
maquetas
com
um
por
mostrarem
desenho
urbano
relativamente homogéneo e depois um
desenho
esquemático
sectorial
heterogéneo, divididos como ―fatias de um
bolo‖, uma para Indústria, outra para
residências, outra para cultura, lembrando
um pouco o Modernismo. A Fundação
Diagrama de Auroville
fonte/autor @
Auroville e os seus arquitectos, a meu ver,
criaram
um
esquema
exageradamente
viável
para
a
urbano
sectorizado,
cidade
e
um
pouco
pouco
desfasada das intenções das maquetas
apresentadas.
É
evidente
que
não
conseguiram
convencer a comunidade e os investidores
das mais valias de Auroville. Na verdade
as suas boas práticas de cidadania e os
seus esforços para a paz mundial, a sua
procura de comunicar com o mundo são
desconhecidas e a sua reputação abalada
por casos pontuais como a existência de
pedófilos
em
Auroville, tratados
com
demasiada passividade e tolerância.
Auroville vive passivamente crente da
sua intemporalidade e de que um dia a
humanidade lhe dará o devido valor e que
o investimento e os habitantes surgirão
em grande escala, cumprindo pelo menos
parte da sua utopia.
Anfiteatro Matrimónio – centro de Auroville
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
72
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Auroville
detém
algumas
infra-
estruturas como o núcleo multifuncional
Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
com o seu carácter holístico, bibliotecas,
centros de saúde, restauração, turismo,
tudo com iniciativas sociais e urbanas
inovadoras,
como
por
exemplo,
bebedouros de água que brota ao som de
musica
clássica,
ou
reuniões
de
meditação colectiva a favor de uma boa
causa mundial ou local.
Usufruem da praia, da costa, de um
bom
clima,
zonas
férteis,
cultura
proeminente; recursos invejáveis para
uma cidade e passível de melhoramentos.
Creio que se Auroville tivesse atraído o
Sala do cristal para Meditação
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
número de habitantes pretendidos, com
uma organização urbana muito mais
«madura»,
com
infra-estruturas
que
apoiem as suas políticas, seria realmente
uma cidade auto-suficiente, ecológica e
revolucionária; com grande mediatismo e
interesse académico. A sua organização
comunitária quase anárquica e cheia de
intenções sociais dignas, não é possível
de ser avaliada como segura à escala de
cidade e de um ponto de vista urbano de
forma concreta.
Índia
é
Edifício Matrimandir em construção – Centro Auroville –
um
país
em
pleno
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
desenvolvimento e poderá acontecer que
no
futuro
Auroville
acompanhe
esse
desenvolvimento e voltemos a ouvir falar
com grande interesse da sua Utopia.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
73
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
8.4 - Reflexão – Duas grandes Utopias do início do nosso século
A Masdar de Norman Foster e
Auroville de Sri Aurobindo são talvez as
duas utopias mais ousadas do séc. XIX
e no entanto muito distintas, apesar da
sua
aceitação
internacional
por
associações paralelas. Masdar está a
nascer desafiando o deserto graças ao
investimento do principie de Abu Dhabi
de 22 biliões de dólares e promete ser
um exemplo de cidade auto-sustentável
Masdar City – 100 % Energia Renovável
do futuro, baseada na tecnologia de
fonte/autor: Norman Foster @
ponta, com uma base social e cultural
tradicional,
de
carácter
ecológico;
enquanto que Auroville tenta nascer há
dezenas
de
anos,
num
território
ecologicamente e culturalmente fértil,
com um investimento mais modesto e o
apoio da UNESCO, do Estado e de
particulares,
seguindo
sócio-comportamental
uma
filosofia
revolucionária,
sem política interna, sem polícia, sem
religião, nem dogmas, sem dinheiro
vivo
nem
interesses
puramente
economicistas.
Auroviile – Centro
Auroville está aberta a ricos e pobres
fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @
e a todas as culturas, procurando estar
na vanguarda das formas saudáveis de
vida
em
comunidade,
mas
não
consegue atrair os investimentos e a
atenção
mundial
pretendida
para
completar a sua visão.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
74
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os seus planos urbanos são também
opostos,
sendo
Masdar
de
malha
Duas grandes Utopias do nosso
século
reticulada e os planos urbanos de
Auroville em forma de círculos e de
malha
centrífuga
e
ambas
com
problemas urbanos pouco esclarecidos
ao nível do desenho e das vias.
As duas utopias misturadas quase
que se equilibram para formarem um
projecto
ousado,
no
entanto
são
realidades muito diferentes e os seus
objectivos também.
Torna-se evidente a necessidade de
voltar a sonhar com Utopias sociais; de
Sala do Cristal – Centro Auroville – fonte: portal
oficial de Auroville – Galeria – autor @
fabricar esquemas de cidade não só
apelativos e atraentes do ponto de vista
do investimento, mas também do ponto
de vista social e revolucionário.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
75
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
9 – CONCLUSÃO FINAL
O sentimento revolucionário está
bem presente em todos os utopistas e
movimentos urbanistas de relevo, ela é
a «semente» que leva ao desejo de
novas soluções, independentemente do
seu sucesso, procurando mudar a
cidade para melhor.
Os
factos
demonstram
a
complexidade do tema cidade, de como
as
suas
cumplicidades
sociais
e
Pintura Revolução
fonte/autor @
espaciais são impossíveis de ignorar e
de alguns dos erros que teimamos em
repetir ao nível do planeamento urbano.
A ideia de um trabalho sobre a
cidade Utópica nasceu numa viagem de
estudo do mestrado de urbanismo a
Paris, em 2007, onde me deparei com
centenas
de
exemplos
históricos,
imperialistas e outros actuais, ligados
ao desenvolvimento de utopias, em
Paris e nas cidades satélite periféricas.
Não expus nenhuma referência em
Cidade Utópica – Paris d´en haut
fonte/autor: Ingrid Webendoerfer
concreto aos estudos e visitas a que
tive acesso no coração de França e
nem falei das suas cidades-satélite
nascidas da revolução do urbanismo,
pelo que, ao analisarmos, mais de
longe, apercebemo-nos que as razões
dos fracassos urbanos descobertos
nesses locais, nomeadamente sociais,
são idênticos aos problemas detectados
em toda a parte do globo segundo as
fórmulas usadas pelos criadores de
Utopia Moderna – Nordeste – Cidade Satélite Paris
fonte/autor @
cidades.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
76
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O maior problema nos esquemas
Conclusão Capítulo I
utópicos de Paris e das suas cidades
«novas» deveu-se, resumidamente, à
forma como espartilharam ou juntaram
as
diversas
realidades,
espaciais,
culturais e sociais, sem ter em conta o
tipo de relacionamento mais propício
entre esses elementos, desconhecendo
até as diferenças e incompatibilidades
comportamentais dos moradores com
diferentes etnias, classes e hábitos.
Sinto-me de certa forma privilegiado
graças
à
sabedoria
realizados
e
pelos
aos
erros
antepassados
Plano Utópico Sarkozi – Paris
fonte/autor: Cristian Portzampark @
utopistas e urbanistas, evitando assim
os ―atentados‖ urbanos praticados nos
últimos séculos.
Assim
novas
soluções
e
ideias
surgirão na busca utópica da perfeição,
em prol de um sistema mais humano e
sustentável.
A sustentabilidade é uma palavra
relativamente nova, no entanto, desde
os primórdios que o homem procura
formas
viáveis
e
autónomas
de
sobreviver em comunidade.
Plano Eco-cidade para Paris
Reforço a ideia da cidade orgânica,
mais
humanizante,
interactiva,
colectiva,
fonte/autor @
multifuncional,
cooperante,
arquitectónicamente libertadora, aberta
à mudança e auto-sustentável.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
77
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os padrões relacionados com a
escala
demográfica,
a
Conclusão Capítulo I
conjuntura
bioclimática da cidade, orgânica e
inorgânica, a relação espaço-tempo, a
relação
distância-conforto,
civismo,
trabalho-lazer,
éticahábitos
pendulares, elementos geradores de
causa-efeito, entre outras coisas, que
são
cientificamente
sólidos
e
analisáveis, favorecem novos modelos
utópicos de cidade mais acertivos.
As palavras «utopia» e «cidade» e
«urbano» têm um significado primordial
aqui já explicado, que não deve ser
desvirtuado.
Compete-me
reflectir sobre
como
alguns
urbanista,
dos factores
urbanos negativos actuais da cidade de
Lisboa, onde nasci e onde vivi grande
parte da minha vida.
Obra “De Architectura” – séc. I a.C.
Simetria – Proporções
fonte/autor: Vitrúvio @
Vitrúvio realça a importância da
influência das forças da na Natureza na
cidade, nomeadamente dos ventos,
mas nos dias de hoje, os ensinamentos
históricos
são
constantemente
ignorados. A estação do Oriente no
Parque das Nações é um exemplo
desafortunado disso. As paragens do
terminal de autocarros coberto por
palas
enormes
protegem
os
e
elevadas,
pouco
utilizadores
das
intempéries e provocam um desconforto
enorme no utente, mais agudamente no
Gare Oriente – paragem de autocarros
fonte/autor @
Inverno, expondo as pessoas às chuvas
e correntes de ar dominantes.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
78
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A falta de soluções na marina sul do
Conclusão Capítulo I
parque das Nações, inactiva por estar
inundada
de
lama,
os
demais
equipamentos espalhados por todo o
parque sem grande uso, obriga-nos a
concluir que algo vai mal na construção
da
nossa
parâmetro
urbe,
estético
que
do
privilegia
o
modelo
e
olvidando os demais, como o conforto e
a
funcionalidade,
ensinamentos
indiferentes
dos
urbanistas
aos
de
cidades da antiguidade.
As
praças
também
têm
sofrido
também com esta postura urbana. Usar
como desculpa a insegurança social, os
Parque das Nações - Lisboa
fonte/autor @
centros comerciais e a Internet pela
falta de vivencia nas praças é, a meu
ver, consequência da falta de procura
de soluções urbanas. Ao contrário dos
espanhóis que convivem mais nas
praças, somos um povo que convive
mais nas ruas, mas este facto não
justifica o seu abandono. Aliás, há
alguns anos atrás fazia parte das
nossas tradições o convívio nas praças.
Porque não criar na praça e na sua
envolvente actividades e equipamentos
que a complementem, até mesmo os
próprios
centros
comerciais?
Ou
simplesmente por que não lhe damos
Praça do Comercio - Lisboa
um significado imprescindível para a
fonte/autor @
cidade, sinónimo de liberdades para o
cidadão, onde, sem burocracias, as
pessoas pudessem expor os seus
produtos, as suas reivindicações sociais
e as suas artes?!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
79
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cerdá no séc. XIX alertou para os
Conclusão Capítulo I
problemas das cidades, das sociedades
e das próprias nações. Estes deviam-se
à forma «ignorante» como os assuntos
urbanos eram tratados, politicamente e
academicamente,
concretos
capazes
nem
de
harmonia
sem
estudos
acções
urbanas
manter
entre
a
complexa
os
elementos
fundamentais da cidade.
A necessidade flagrante de criar e
manter uma disciplina científica capaz
de
resolver
a
grande
lacuna
na
Brasília – Arquitectura Moderna dos anos 60
fonte/autor: A. Mier, portal de turismo de Brasília @
governação do território vai crescendo
com o desenvolvimento urbano.
Cerdá apela ao conteúdo dos termos
urbanísticos e comenta a origem da
"urbs" como sendo a síncope de
―urbum‖ ou arado, instrumento usado
pelos romanos para marcar a zona de
um
povoamento,
quando
da
sua
fundação. Implica então que a ―urbe‖
representa
tudo
compreendido
circunscrito
aquilo
dentro
pelo
que
do
sulco
está
espaço
Vista aérea do plano Urbano de Barcelona
fonte/autor: Cerda @
perímetral,
aberto com o ―urbum‖, com o auxílio
dos bois sagrados. É que este acto
transforma um território livre numa
urbanização. Define ainda o urbanismo
como
um
conjunto
de
princípios
ordenadores de todo um agrupamento
de edifícios, que permitam uma vida
cómoda aos seus moradores e prestar
Eco-cidade – Rioja - Espanha
fonte/autor @
entre si serviços recíprocos para o bemestar comum.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
80
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
urbanista
será
sempre
um
«educador» do cidadão em direcção ao
Conclusão Capítulo I
seu sucesso pessoal e colectivo; deve
estar próximo e consciente das realidades
em que trabalha e de ser um lutador
incansável por políticas realmente sociais.
As
academias
iluministas»
da
dos
urbe
«semi-deuses
da
antiguidade,
usando o sentido mítico e antropomórfico
da cidade, comprometiam-se de «corpo e
alma» com o seu papel e eram ouvidos
como conselheiros e criadores urbanos
Habitat Housing – Expo. Montreal -1967
fonte/autor: Moshe Safdie @
pelos governantes.
O exercício do urbanismo coabita
actualmente com os interesses políticos e
económicos que recambiam o urbanista
para segundo plano nas decisões finais a
tomar para com a sociedade.
Não apregoo o estatuto de «semideuses» aos urbanistas. É fundamental
sermos
humildes
para
aprender
a
reconstruir as nossas cidades, até mesmo
para construir cidades novas, e essa
humildade tem que ser igualitária em
Alegoria – Casas Habitadas
fonte/autor @
relação aos mandatários e representantes
do povo. Implica contudo mudar todo o
padrão pré-instituído da nossa sociedade.
Atingimos um nível de transformação
do espaço urbano e de desenvolvimento
tecnológico, nunca antes visto à face da
terra, que já justificava o surgimento de
cidades com padrões de vivência urbana
realmente satisfatórios, sem stress.
Monumento religioso Grego no Monte Olimpo –
Arquitectura Antropomórfica
fonte/autor: portal nocas.sapo.história @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
81
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os
planos
urbanos
das
cidades
Conclusão Capítulo I
utópicas fracassaram no geral na tentativa
de se superiorizarem aos parâmetros de
desenvolvimento e qualidade de vida
encontrados nas cidades tradicionais e até
mesmo em algumas comunidades de
escala mais pequena.
Ao olharmos bem para o que se passa
na nossa sociedade em todo o mundo, e
nos nossos problemas intemporais de
vivência em comunidade por resolver,
apercebemo-nos
desenvolver
completas,
que
precisamos
Utopias
que
Urbanas
realmente
de
mais
possam
Projecto para uma estrutura Metabólica –
Exposição Montreal 1967
fonte/autor: Yona Friedman @
melhorar a nossa vivência no planeta,
correndo o risco revolucionário do erro,
mas sem o qual não evoluiremos para
melhor, numa direcção «iluminada».
No princípio ficamos surpreendidos
pelas maravilhas Utópicas dos grandes
idealistas. Pessoalmente achei o século
XX realmente inspirador principalmente no
que toca às cidades Metabólicas, mas a
idealização de mega-estruturas urbanas
capazes de implantar uma sociedade
numa
«floresta
suportada
urbana»
por
gigante,
«mega-andaimes»,
«alvéolos»
gigantes
modulares,
ignoraram,
e
«mega-legos»
infelizmente,
a
relação do homem com o território. Os
―metabolismos‖ urbanos acabam por ter
mais sentido como formas de colonização
extra-planetária; mas no nosso território
Alegoria ao desenvolvimento do Metabolismo Urbano –
fonte original: Leader e Leader nº7; ed. Winter –
fonte: blog do Luti @
tão rico em recursos, separar o homem da
biosfera de forma tão rígida, não é um
«divórcio sustentável».
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
82
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
Modernismo
e
as
vanguardistas,
rigidamente
nesta
também
análise,
complexidade
urbana
e
soluções
Conclusão Capítulo I
criticadas
ignoraram
a
a
harmonia
«tradicional» das vivências sociais.
Nos
últimos
tempos
os
aspectos
urbanos foram repensados, graças a
críticos
como
C.
Alexander
que
analisaram a sua estrutura e com a
consciencialização da conservação da
Biosfera. As Utopias do início do nosso
século
são
muito
mais
racionais
e
habitáveis; o futuro promete, embora com
menos ousadia projectual e social, bons
resultados urbanos.
Ficou claro que a urbe depende da
A Cidade
harmonia social, «semi-reticulada», de
fonte/autor @
uma boa gestão dos recursos, da água,
da atmosfera, do sol, dos elementos da
terra, uma visão de cidade que tanto pode
ser mística, segundo os quatro elementos
sagrados da «Alquimia», como lógica, já
que necessitamos desses recursos para
sobreviver,
responsáveis
pela
auto-
subsistência e conforto da comunidade.
Acrescento, em conformidade com o
significado de cidade, que esta depende
não só de uma boa gestão a todos os
níveis, mas também do factor criativo e
cultural. Nesta análise histórica encontro
uma
série
de
desenvolvimento
indicações,
da
para
minha
o
Utopia,
obrigando-me a criar para o capítulo
seguinte uma postura revolucionária e
crítica sobre as questões urbanas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
83
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
10 – Tópicos Finais a favor da cidade Utópica
1- Sistema cooperante, economicamente sustentável, incentivando as pessoas a
viverem socialmente unidas, ajudando-se mutuamente, em função da defesa, da
produção, do conforto e da felicidade pessoal e da comunidade.
2 - A visão utópica é um modelo revolucionário de cidade, alternativo aos sistemas
urbanos pré-estabelecidos. A sua visão além de representar uma meta social a atingir é
também uma crítica à sociedade actual.
3 – Organismo urbano sustentável, com condições de vida saudáveis em todo o seu
tecido e a sua sociedade, valorizando todos os elementos de forma integradora, dando o
mesmo valor arquitectónico a espaços públicos e privados, sem descriminação das
classes.
4 - Estrutura urbana organizada segundo regras relacionadas com a Natureza
planetária e cósmica, capaz de melhorar a sociedade consciencializando-a da harmonia
frágil, entre si e o mundo.
5 - Os ideais urbanos para a cidade terão de transpor a sua filosofia para o desenho
urbano de forma coerente e realizável.
6- O plano utópico ideal de cidade deverá evitar os erros urbanos do passado e as
forças modais implantadas na sociedade, de forma a responder cientificamente ao seu
objectivo e desprender-se dos vários condicionalismos e dogmas sociais, culturais,
económicos, políticos e industriais, entre outros.
7- A urbe é um organismo vivo, dinâmico e complexo, que deve dar resposta às
necessidades sociais, pessoais e colectivas de forma ergonómica e humanizante, a qual
só funciona segundo uma estrutura semi-reticulada em sintonia com as realidades
existentes e pretendidas na urbe.
8 – As Utopias urbanas convincentes são as que se baseiam em sistemas
sustentáveis, bioclimáticos, tecnológicos, capazes de se adaptar às várias realidades e
transformações climatéricas, políticas e sociais, entre outras, internas e externas ao meio.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
84
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
II CAPÍTULO – Cidade Utópica – Tríade Utopia
1- Introdução – Cidade Utópica – Tríade Utopia
As
cidades
do
nosso
século
encontram-se numa situação privilegiada
na história. Os inúmeros meios ao nosso
dispor,
energéticos,
tecnológicos
e
serviços, entre outros, fazem cada vez
mais da cidade o local preferido da
humanidade para viver.
Os maiores problemas urbanos do
século
XXI
desordenado
são
e a
o
crescimento
desumanização. O
grande desafio dos utopistas urbanos não
mudou muito na verdade ao longo dos
tempos tendo em conta este grau de
desumanização citadino, mostrando que
as
nossas
soluções
contemporâneas
Titulo – Bairro Moderno
fonte/autor @
continuam a ser insuficientes, apesar de
todo o desenvolvimento e transformações
dos últimos séculos, nunca antes vistos.
Dando seguimento ao capítulo I da tese
e sua conclusão final, e dado a urgência
actual em encontrar modelos urbanos
mais humanizadores, lanço aqui as bases
científicas para a estrutura da cidade
Utópica,
as
quais
dividirei
em
três
campos, subtilmente ligados entre si: a
base
Sócio-Política;
a
base
Psico-
Desequilíbrios Urbanos – “Paraisopolis”
fonte/autor @
Energética e a base Bio-Tecnológica.
Passo a explicar as razões para esta
triangulação de factores, que considero
essencial para a estrutura da urbe.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
85
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A base Sócio-Política é logicamente
Introdução II Capítulo Bases Utópicas
responsável pela organização e gestão da
comunidade, a qual deverá permitir a
todos os cidadãos aceder positivamente
aos
direitos
e
deveres
como
seres
humanos e criar condições para uma
sociedade saudável e desenvolvida.
A base Psico-Energética consiste na
criação
de
cientificamente
soluções
urbanas
desenvolvidas
segundo
padrões psico-energéticos propícios ao
bom funcionamento (atómico) da cidade,
Revolução 25 Abril Estudantes
fonte/autor @
(toda ou qualquer partícula e corrente de
pensamento),
transmissoras
de
influências saudáveis para a sociedade e
o ecossistema.
A base Bio-Tecnológica consiste na
implantação de objectivos e de soluções
tecnológicas
eficientes
e
auto-
sustentáveis, bioclimáticas, inovadoras,
economicamente viáveis e compatíveis
Amanzin Bean – Design Urbano
com a visão pretendida para a cidade,
fonte/autor @
englobando todas as áreas de influência
urbana,
(vias,
esgotos,
transportes,
energia, etc.).
Todas estas bases deverão sobreporse de forma harmoniosa formando uma
estrutura
capaz
de
semi-reticulada
responder
aos
equilibrada,
objectivos
propostos. Se alguma destas bases não
encaixar nas outras, se falhar nos seus
propósitos não respondendo na realidade
à visão pretendida, o mais certo é
gerarmos um organismo urbano ―doente‖,
incapaz de corresponder à sua ideiaconceito em pleno.
Arquitectura e Engenharia da Cidade
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
86
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Sem uma estrutura Sócio-Politica justa
e
humana,
independentemente
Introdução II Capítulo Bases Utópicas
da
surgirão,
As soluções propostas para as bases
poderes
da cidade surgem de uma visão pessoal
governamentais e todo o tipo de conflitos
agregada a alguns pensadores utópicos e
sociais.
a estudos científicos. O mundo da Utopia
estrutura
crime,
urbana,
injustiças
descrédito
pelos
Sem uma estrutura urbana Psico-
não se esgota nas soluções propostas,
Energética que reflicta bons ideais e
acompanhadas por algumas reflexões e
ambientes saudáveis na urbe, as pessoas
críticas
terão dificuldade em encontrar conforto
contemporâneas, elas são uma procura
sensorial e psíquico nos seus espaços e
contínua de perfeição, e por conseguinte
estruturas, desvalorizando-os, afastando-
os resultados do meu trabalho poderão
se,
dar origem a muitas outras soluções e
revoltando-se,
deprimindo-se
e
acabam por ficar mais vulneráveis aos
às
cidades
e
comunidades
visões não expostas no decorrer da tese.
conflitos, às doenças, aos problemas
sociais e económicos.
Sem uma estrutura Bio-Tecnológica
coerente e sustentável, os cidadãos não
farão bom uso dos seus recursos, com
danos económicos e sociais evidentes,
tanto para a sociedade como para o
planeta.
Seria interessante formar um quadro de
estudo com estes factores em cidades
existentes e perceber afinal o que lhes
falta para se tornarem uma cidade a
caminho da cidade ideal, «do paraíso
urbano».
Este capítulo não é só como uma forma
de gerar directrizes para uma cidade
utópica «ideal», mas também como uma
crítica
aberta
às
cidades
de
hoje,
convidando as consciências à reflexão, ao
debate, à descoberta de novas soluções.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
87
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2 - BASE SÓCIO-POLÍTICA
2.1 - Introdução
Qualquer sistema sócio-político para
funcionar
de
forma
sustentável
e
estável
comunidade
seja
democrática,
ela
«saudável»,
dentro
de
monárquica,
da
natureza
ditatorial,
imperialista, anárquica ou outra qualquer,
passa no meu entender por zelar de forma
integra pelos interesses do colectivo e das
gerações futuras, mantendo-os acima dos
interesses de particulares e acima de
qualquer
grupo
específico,
seja
ele
económico, religioso, político ou cultural.
As
comunidades
que
demonstram
melhor equilíbrio económico e bem-estar
Planeta Terra
fonte/autor: Almanaque de praticas Sustentáveis Thomas Enlazanor @
social são as que melhor respondem a
esta premissa. A existência de várias
forças particulares e grupos de influência
pode ser saudável e comum a qualquer
povoamento, desde que o interesse do
colectivo seja integralmente respeitado.
As diferentes ambições de cada ser
humano, de cada um para com o colectivo
e para consigo próprio, partindo da já
famosa pirâmide de Maslow sobre as
necessidades do Homem e do estudo e
implantação de formas saudáveis de vida,
seria até simples, visto existir já muita
matéria
e
intemporais,
soluções,
sobre
algumas
como
viver
quase
feliz,
Pirâmide de Maslow
fonte/Autor: Instituto Akatu Paulo Viera de Casto @
saudável, em grupo, em paz.
O que se passa na realidade é que as
premissas andam trocadas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
88
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A balança tende muitas vezes para o
Introdução base Sócio-Política
lado dos interesses particulares que estão
mais interessados em explorar com base
no lucro do que em respeitar os interesses
da
comunidade.
Existe
ainda
outra
agravante que talvez merecesse ser mais
estudada, é o facto da grande parte das
pessoas na realidade não saber viver em
comunidade, isto é, criam conflitos e
comportamentos que destroem a unidade
e o bem-estar colectivo. A segunda
questão
talvez
seja
mais
difícil
de
contornar do que a primeira por incrível
que pareça, depende da cultura e da
educação
de
cada
um,
um
legado
intemporal e extremamente influente no
Alegoria – Globalização
fonte/autor @
colectivo, responsável pela «praxis» da
população das cidades, criando assim os
«cidadãos do futuro».
Os problemas basilares da política
sócio-económica
actual
das
nossas
comunidades espalharam-se por todo o
mundo,
ocupação
graças
à
territorial
descartando
globalização
do
as
planeta.
vantagens
e
à
Não
da
globalização, os seus efeitos negativos
são sobejamente preocupantes.
A sociedade contemporânea usa como
referência a política global comandada
subtilmente pelos grupos económicos,
através de um sistema político com base
na
competição,
que
proclamam
as
directrizes comunitárias e os padrões
construtivos das cidades. Esta política
Produção de Lixo
fonte/autor: Almanaque de práticas Sustentáveis Thomas Enlazanor @
está longe de ser sustentável.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
89
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.2.1- Análise de Patologias Sócio-Económicas do Sistema Global
A primeira patologia encontra-se na
organização social, muito dependente do
mediatismo,
sociedade
materialismo,
de
individualista,
consumo,
virada
para
numa
competitiva,
estímulos
externos ao individuo e pouco dada aos
estímulos internos, acabando por gerar
insatisfação, dando lugar, quanto muito, a
um
estado
de
ataraxia
em
alguns
cidadãos e não um estado de felicidade
sólido, vindo do interior de cada ser
humano.
Segundo uma pesquisa do Governo
nos EUA, 3 milhões de adolescentes entre
Esquema Social
fonte/autor @
14 e 17 anos pensou em se suicidar no
ano 2000 e um terço deles de facto
tentou.
O número de homicídios causados por
adolescentes triplicou nas duas últimas
décadas e a idade mais comum dos
criminosos
violentos
nos
EUA
caiu
recentemente da faixa dos 26 aos 29 para
os 17 anos. Segundo as estatísticas, os
jovens do país mais rico do planeta são os
mais
problemáticos,
deprimidos
e
violentos do mundo.
Os recursos humanos são agora mais
valorizados, embora mais preocupados
com a produtividade. Surgem melhorias
sociais para trabalhadores e estudantes,
Crianças da Favela – Brasil
mas no geral a sociedade vive sob stress;
fonte/autor @
num clima de instabilidade gerado pelo
modo de vida instalado e alimentado pelas
políticas capitalistas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
90
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A segunda patologia vem na sequência
da primeira, que resulta da falta de Ética e
Patologias Sociais Económicas e
Políticas – Sist. Contemporâneo
Justiça Social. Uma sociedade sem um
bom sentido de ética e justiça criará
sempre insatisfação social, revoluções e
guerras,
sendo
historicamente
o
último
estágio
reconhecido
como
o
comparar
os
colapso de todas as civilizações.
Facilmente
podemos
parâmetros éticos, de um povo ou cidade,
com
os
resultados
ao
nível
da
criminalidade e da insatisfação pessoal
desses povos e reparamos que nas
civilizações com forte sentido ético os
conflitos sociais são muito menores.
Os principais países condutores da
sócio-economia
mundial,
impondo
o
modelo global neo-liberal, têm alimentado
como primeiro objectivo a riqueza e poder,
em vez dos valores éticos, fomentando
Enfrentar a Sociedade
fonte/autor @
desta forma a avaliação da qualidade de
vida
dos
monetários.
países
segundo
valores
Estes
mesmos
países,
nomeadamente os Estados Unidos, estão
a caminho do último estágio, mergulhados
numa
crescente
insegurança
social,
cultura cívica e ética frágil, justiça pesada
sem respeito pelos direitos fundamentais
do ser humano.
“A menos que haja uma mudança na mente humana, nenhuma solução permanente
para qualquer problema será encontrada. Através de pressões circunstanciais, podemos
disciplinar as pessoas imorais, os exploradores e os elementos anti-sociais, mas esta não
seria uma solução permanente.
Simultaneamente ao esforço colectivo para atingir esses objectivos, teremos que nos
esforçar para fazer brotar pensamentos benevolentes na mente humana, de forma que as
pessoas sejam encorajadas a seguir o caminho da rectidão, integrando o seu intelecto e o
seu espírito de benevolência…, … Ambos os métodos são necessários: um é temporário e o
outro permanente” (P.R. Sarkar)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
91
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A terceira patologia deste sistema é
visivelmente a
equilibrada
falta
dos
de
uma
recursos
da
gestão
Patologias Sociais Económicas e
Políticas – Sist. Contemporâneo
terra,
problema fomentado pelo facto da maior
parte destes recursos estarem nas mãos
de particulares latifundiários com grande
influência política.
Na questão da propriedade, nos EUA
por exemplo, menos de 3% da população
possui 95% das terras privadas e na GrãBretanha 2% dos ricos possuem 74% da
terra.
Uma pesquisa da Organização das
nações Unidas em 83 países mostrou que
menos de 5% dos proprietários rurais
controlam 75% da Terra. O uso da terra
da
grande
parte
destes
particulares
Alegoria – A força dos Lobbies
fonte/autor @
baseia-se
na
recursos,
sem
ecossistema
exploração
grande
nem
dos
respeito
pela
seus
pelo
variedade
orgânica, acabando com várias espécies
de animais e plantas com propriedades
benéficas para a humanidade e para o
planeta, espécies irrecuperáveis, muitas
que ainda não foram catalogadas e
estudadas.
Alegoria – Globalização
Fonte/autor: Porto IX Cartoon World Festival @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
92
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A quarta patologia habita no sistema
industrial capitalista, baseado na utilização
de
produtos
duração,
descartáveis
com
critérios
de
Patologias Sociais Económicas e
Politicas Sist. Contemporâneo
curta
basicamente
lucrativos, criando elos de dependência
consumista, pondo o próprio consumidor e
o ecossistema em segundo plano.
Paul
Hawken,
um
engenheiro
de
renome, escreveu num dos seus livros,
segundo
um
estudo
da
Academia
Nacional de Engenharia, que na indústria
dos Estados Unidos, grande parte dos
materiais
utilizados
na
produção
se
Desperdícios poluentes
fonte/autor @
tornam lixo até que o produto final esteja
pronto. Dos produtos acabados, após a
sua fabricação, 80% tornam-se lixo nos
primeiros 6 meses. Resumindo, numa
perspectiva ambiental, o sistema é menos
1% eficiente; se fossem incluídas a
poluição e as consequências do lixo,
talvez esse número fosse negativo. Como
solução propõe o chamado «capitalismo
natural»,
capaz
de
gerar
mais
produtividade, numa indústria organizada
a partir de modelos biológicos com zero
de desperdício.
A reciclagem vai ganhando terreno nas
nossas
comunidades
tecnologias
que
e
existem
permitem
o
desenvolvimento de soluções ambientais
com recurso a energias renováveis e
motores amigos do ambiente, capazes de
substituir o recurso aos carros, barcos e
Consumo Industrial
aviões a combustíveis fosseis poluentes,
fonte/autor: pintura de Boligan @
tão
apadrinhados
pela
economia
capitalista.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
93
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No entanto a política internacional
comandada pelas superpotências é no
Cidade Utópica – Cidade UT
Patologias Sociais Económicas e
Políticas - Sist. Contemporâneo
mínimo incompreensível, pois as mesmas
que defendem e proclamam políticas
ambientais e o uso de energias limpas,
são as que menos cumprem as políticas
proclamadas e é onde estão afiliadas as
empresas
exploradoras
responsáveis
pelos atentados à biodiversidade.
A quinta patologia está no sistema
monetário baseado na inflação e na bolsa
de valores. O papel da moeda foi
subvertido pela banca mundial, que é a
única
a
lucrar
com
a
instabilidade
monetária dos países, obrigando-os ao
Alegoria – Poder Multinacional
fonte/autor @
pagamento de juros dos empréstimos que
a banca ―virtualmente‖ oferece. A moeda
de troca fora inventada para proporcionar
estabilidade nas trocas comerciais, um
valor fixo com o qual as comunidades
geriam as suas riquezas. No sistema
actual a economia ―empobrece‖ a cada dia
que passa, porque o dinheiro tende a
desvalorizar, e por mais que circule,
alguém acaba por ficar mais pobre.
Poderia acrescentar mais patologias,
penso porém ter tocado nas principais
fraquezas das políticas globais, incidindo
mais sobre os Estados Unidos da América
por ser uma super-potência de referência
ao nível mundial a qual deveria servir de
modelo para o resto do Mundo.
Democracia Capitalista
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
94
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Vivemos infelizmente dentro de um
sistema obscuro demais para conseguir
Patologias Sociais Económicas e
Políticas – Sist. Contemporâneo
analisá-lo afincadamente. Chegamos a
um ponto em que muita da informação
sobre
a
realidade
actual carece
de
credibilidade, nem sequer as informações
científicas, tal como a política, estão livres
do
mediatismo,
pois
os
relatórios
científicos divergem por vezes de forma
contraditória, tornando difícil distinguir a
verdadeira realidade em que vivemos
daquela que nos querem vender todos os
dias.
Poder-se-á
entender
que
tanta
informação e contra-informação também é
Metropolis – 1924 – escravidão social
Filme/autor: Fritz Lang @
uma patologia.
Foto – Globalização Tecnológica
fonte/autor: Jornal de Sun @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
95
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.2.2 - Conclusão sobre o sistema sócio-político global
A actual política externa internacional,
que tanto desenvolvimento produziu, não
trouxe benefícios para muitos, culminando
nos dias de hoje numa situação planetária
precária sem precedentes, com 2 terços
da humanidade a viver abaixo da linha de
pobreza, a biodiversidade e os recursos
do
planeta
ameaçados,
instabilidade
social e por vezes desumana, conflitos
entre pessoas e comunidades de várias
ordens.
O sistema político-económico global,
em suma, é declarado, como um grande
sucesso, quando o é só para alguns
Alegoria – Insustentabilidade
fonte/autor @
privilegiados que o promovem e segundo
um conceito pouco ético.
“Não devemos esquecer-nos, nem por
um só momento, de que este mundo,
repleto de seres vivos, é uma grande
família… Como pode haver qualquer
justificativo para a existência de um
sistema no qual alguns esbanjam riqueza
enquanto outros, desprovidos do alimento
mínimo, agonizam e morrem de fome a
pouco e pouco?”. (Prabhat Ranjan Sarkar)
P.
R.
Sarkar
que
foi
um
dos
impulsionadores da consciência pró-activa
social neo-humanista e lutador contra o
Bairro Pobre
eminente descarrilamento deste enorme
fonte/autor @
comboio capitalista e seu colapso social,
criou em prol de uma sociedade melhor
um modelo sócio-politico auto-sustentável
ao qual chamou PROUT.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
96
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.3- Sistema Sócio-político de PROUT
2.3.1 - Alternativa PROUT ao Capitalismo – teoria da utilização
PROUT é um modelo macroeconómico
integrado. Um sistema social com base na
filosofia neo-humanista ―para o bem-estar
e felicidade de todos‖, desenvolvida por
Prabhat
Ranjan
Sarkar
e
visa
a
transformação gradual do ser humano
através de uma sócio-economia solidária.
São estas as razões pelas quais resolvi
implantá-lo na base sócio-política com as
adaptações necessárias.
Prabhat Ranjan Sarkar nasceu em
1921 e morreu em 1990, em Jamalpur,
Logótipo – PROUT
fonte/autor: portal oficial - Ananda Marga Fundacion @
Índia, numa família respeitável, baseada
em profundas tradições, espirituais e de
liderança comunitária. Praticante da antiga
ciência de meditação tântrica (ciência da
vida
e
da
felicidade),
filósofo,
revolucionário, líder activo de movimentos
activistas a favor das igualdades de
direitos na Índia, (de forma similar a
Ghandi).
Em
1959
Utilização
(Progressive
elaborou
Progressiva
Utilizacion
a
Teoria
ou
de
PROUT
Theory).
Um
modelo de reorganização da sociedade e
economia, visando o bem-estar de todos.
Desenvolvimento
socio-económico
através da enfatização das qualidades do
Recebido pelo povo depois de ser libertado da prisão
Filósofo e Líder Activista Prabhat Ranjan Sarkar
fonte/autor @
ser humano, tais como o altruísmo,
cooperação,
solidariedade,
tolerância
racial e cultural.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
97
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Neo-humanismo,
segundo
P.
R.
Alternativa PROUT ao Neo-Capitalismo
Sarkar, é uma corrente de pensamento
que acredita no desenvolvimento psíquico,
físico e espiritual do ser humano, em
harmonia com a estrutura atómica e
energética
do
cosmos
e
da
super-
inteligência geradora de todas as coisas.
O ser humano faz parte consciente desta
estrutura e por consequência, é cúmplice
desta vasta comunidade de seres e
partículas em mútua interacção.
O conceito não é novo, o homem
sempre
desenvolveu
uma
nostálgica
relação com a Natureza e o Universo em
Marcha pacifica pelos direitos do povo Indiano
todas as culturas e crenças, conceitos que
Gandhi – Líder Pacifista
agora a ciência redesenha de forma
fonte/autor @
lógica. Agora, a ciência tem vindo ao
encontro
deste
conceito
universal,
mudando a maneira de como vemos o
mundo, dando bases para rotular esta
corrente de pensamento mais benevolente
e realista, o Neo-humanismo.
Desde 1920, quando o mundo científico
foi revolucionado pelas descobertas de
Einstein e seus contemporâneos, surgiu
uma convergência de opiniões sobre a
realidade entre os físicos que estudavam
a física quântica, a relatividade e a
mecânica quântica e as Ideias a respeito
das conexões misteriosas entre o universo
e a sua diversidade cósmica, das quais
falarei melhor na segunda parte da tese.
Promoção das Igualdades entre Culturas
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
98
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
Neo-humanismo
representa
o
Alternativa PROUT ao Neo-Capitalismo
processo de expansão do sentimento de
um estado de interesse individual ou
territorial, para um sentimento de empatia
O Neo-humanista tem consciência da
e identificação, cada vez maior, com toda
humanidade como um todo, consciente do
a humanidade e espaço envolvente.
dever e da responsabilidade de utilizar,
Partindo
da
necessidades
do
das
distribuir, de modo justo, os recursos do
numa
mundo, visando o bem-estar de todos e
satisfação
ser
humano
de
do ecossistema planetário. O conceito de
Maslow, promovendo a auto-realização
«herança cósmica» implica repercussões
seguida do nível transpessoal.
ancoradas na integridade do ser humano,
perspectiva
idêntica
à
pirâmide
Vivemos num mundo segundo uma
filosofia de vida muito egocêntrica, que
premeia
sentimentos
nacionalistas,
territoriais
e
com
materiais,
ao nível do uso de propriedade e dos
recursos de forma sustentável.
pouca
tolerância às diferenças, quer sejam elas
religiosas, culturais ou físicas, na procura
externa e não interna pela felicidade. Esta
atitude alimenta discrepâncias sociais e
de valorização do individuo, gerando uma
sociedade instável e pouco sustentável.
Portanto,
poder-se-á
evolução
piramidal
dizer
das
que
na
necessidades
humanas para o nível transpessoal a
humanidade estagnou, dando origem aos
problemas actuais que ela atravessa.
A proposta de PROUT está sendo
vivenciada, actualmente, sobre uma multidiversidade de formas e nomes, por
milhões de pessoas e comunidades no
Física Quântica – Estrutura X – Leis Universais
mundo inteiro. A sua visão utópica já é
fonte/autor @
uma realidade em muitas comunidades, e
num número cada vez mais crescente de
activistas que vivem preocupados com a
resolução dos problemas da humanidade
contemporânea.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
99
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
2.3.2 - Politica Sócio-Económica de PROUT
- Optimização dos recursos planetários e humanos ao nível físico, psíquico e espiritual
segundo uma ética de preservação do ambiente e bem-estar das pessoas.
- Consequentemente, educar e desenvolver as potencialidades físicas, psíquicas e
espirituais do indivíduo e do colectivo, valorizando-o e criando as condições para uma
sociedade saudável. O método deve ser aplicado de forma dinâmica, voluntária e de
natureza progressiva, tendo em conta a região e a cultura das pessoas.
- Optimização dos sectores essenciais da comunidade através do sistema de cooperativas
autónomas, apoiadas pelo governo.
- Ser auto-suficiente na medida do possível, favorável a um forte espírito de cooperação
sócio-económica. A uma escala maior temos uma unidade sócio-económica estável,
subdividida em blocos, sujeitos a uma gestão transparente, comunitária e autónoma, ligados
através da cooperação de todos.
- A liberdade económica deve ser um direito ―inato‖ de todo o indivíduo.
- Na democracia sócio-económica, cabe à população local a tomada de decisões sobre a
produção e distribuição de mercadorias, baseadas nas necessidades colectivas.
- Os produtos, matérias-primas, a produção agrícola e outros recursos de uma
determinada região, devem ser processados e refinados nas proximidades do local de
origem, tornando o sistema mais eficaz e eficiente.
- Ninguém deve interferir negativamente na economia local. Sendo as propriedades e lucros
cedidos a estrangeiros, equacionados e só aceites caso contribuam sustentadamente para a
comunidade local.
- Os produtos excedentes devem ser armazenados tendo em conta as épocas menos
produtivas e possíveis situações de crise.
- Os bens essenciais (recursos energéticos inclusive), não devem oscilar de preço,
acompanhando favoravelmente o desenvolvimento da economia.
- Nenhum produto será considerado ilegal, as pessoas e produtores de produtos e bens
deverão responder perante a comunidade por possíveis danos causados e a sua actividade
dependerá da aceitação democrática do povo.
- Quando toda a comunidade gozar de paridade económica, o comércio e as trocas
poderão então ser libertados, caso existam garantias de estabilidade.
Este sistema de economia sustentada permite a criação de pequenas cidades rurais,
evitando a desertificação do interior, oferecendo um controlo mais rigoroso sobre os
recursos do território, melhorando a qualidade de vida das populações e resolvendo o
problema do sobrepovoamento no litoral.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
100
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.3.3 - Politica Económica e Salarial de PROUT
-
A
riqueza
excedente
deve
ser
distribuída pelas pessoas segundo o seu
Factores
de
sucesso
no
trabalho
(Esquema
exemplificador para os Recursos Humanos – Produtividade)
Mark
L.
Friedman,
professor
de
economia
da
mérito, na forma de incentivos, melhores
universidade do Estado de Minnesota dos EUA, criou uma
salários
fórmula, identificando oito factores que motivam o trabalhador
e
benefícios
para
o
seu
a ser produtivo. A fórmula vai ao encontro das expectativas
desenvolvimento profissional e social.
proutistas.
- O acesso aos recursos físicos e a
acumulação
de
riqueza
não
deve
Pr = f (H, P, Ed, Ex, At, CF, CS, IM)
Pr representa a produtividade:
H é Habilidade individual. Friedman pressupõe que
prejudicar o colectivo. O colectivo terá
existem diferenças entre as habilidades e os talentos inatos de
assim permissão para decidir sobre a
cada um.
acumulação de riqueza e de bens na
defesa deste direito.
P representa a personalidade, incluindo a capacidade
individual, a maturidade, o trabalho ético e a saúde psíquica.
Ed significa Educação.
- O salário mínimo deve responder a
Ex é a experiência no trabalho.
At representa o ambiente de trabalho, que inclui muitos
todas
as
pessoa,
necessidades
incluindo
essenciais
e
uma
bens
básicas
e
da
componentes. Por exemplo, o trabalho e a organização
serviços
satisfazem o indivíduo? É um trabalho solitário, que alguns
percentagem
para
aquisição de habitação.
salário máximo e a acumulação de
para
melhor
técnicas ou literárias? Objectivos significativos fazem parte do
trabalho? O supervisor e os colegas de trabalho são justos e
- Deverá existir um tecto máximo para o
fortuna,
preferem, ou envolve uma interacção social? Utiliza habilidades
distribuição
da
riqueza. Alguns economistas proutistas
cooperativos?
CF significa crescimento futuro, o potencial percebido
pelo trabalhador para crescer e aprender no presente trabalho.
Isso aumenta a auto-estima. Aumenta a satisfação no trabalho e
a motivação.
CS Representa a cultura de ser, o grau em cada trabalho e
são da opinião de que o salário máximo
o auto-sacrifício são encorajados na cultura. Se o objectivo
não deverá exceder 10 vezes o salário
organizacional for nobre, a pessoa ficará inspirada a realizar um
mínimo. Não existem, no entanto, valores
serviço ético, despenderá um esforço maior para alcançar o seu
concretos, podendo variar conforme a
realidade de cada povo.
objectivo, sem expectativas de recompensa pessoal.
IM representa o incentivo material
Todas as variáveis interagem entre si. Por exemplo,
aqueles com habilidades mais desenvolvidas tendem a buscar
aprimoramento educacional, mais educação pode aumentar as
habilidades. A experiência reforçará os benefícios da educação
e aumentará as habilidades.
A fórmula assegura que o incentivo material ou salarial do
trabalhador é apenas um entre oito importantes factores que
motivam o indivíduo a ser produtivo, e que, por conseguinte, ele
não deve ser estimado além da sua real capacidade.
(Após o Capitalismo PROUT, editora Proutista
Universal)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
101
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
2.3.4 - O Sistema Monetário e de trocas Comerciais de PROUT
A troca bilateral de produtos e serviços, ―escambo‖ ou‖permuta‖, é a melhor forma de
comércio entre comunidades diferentes, ambas podem trocar os seus excedentes sem
estarem dependentes do valor das moedas fortes.
PROUT defende a moeda local, baseando-se em acontecimentos históricos e actuais que
provam a sua eficácia. O dinheiro facilita a actividade económica de uma comunidade e
quanto mais circular maior será o número de pessoas beneficiadas.
Exemplo de sucesso com base na história
“Cidade de Worgl, Áustria, 1931… A cidade,
bem como toda a Europa e a América do
Norte, estavam sofrendo com a depressão
económica da época. O índice de desemprego
era altíssimo, estradas e pontes por reabilitar
e cofres públicos vazios porque as pessoas não
podiam pagar os impostos. O burgomaster
“governante local”, percebendo que o
problema era a falta de dinheiro, decidiu
emitir “certificados de trabalho”, numerados,
apoiados por uma reserva da moeda austríaca
do banco local. Quase de imediato a economia
da cidade reagiu, em dois anos Worgl tornouse na cidade mais próspera da Áustria. Tão
bem sucedido foi o esquema que mais 300
outras cidades começaram a emitir as suas
próprias moedas locais. Naquele ponto, o
Banco Nacional Austríaco, vendo o monopólio
em risco, forçou o governo a prescrever todas
as moedas locais. Hoje em dia existem vários
sistemas de moeda de troca em forma de
crédito, estimulando a economia de muitas
comunidades pelo mundo fora, menos expostas
à inflação das moedas. Para PROUT,
logicamente a moeda deve ter um valor
estável, devendo para isso depender
simplesmente dos cofres do estado e da
economia local, gerando uma inflação
controlada, economia estável com benefícios
sociais claros”. (Após o Capitalismo PROUT,
editora Proutista Universal)
Moeda local – Worgl – 1930/31
fonte/autor @
Moeda local – Worgl – 1930/31
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
102
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.3.5 - Sistema tributário de PROUT
- Objectivo, atingir um sistema de
impostos
o
mais
justo,
transparente,
simples e racional possível.
- A renda das pessoas é um bem
adquirido, não justifica ser taxado.
- O imposto deve ser recolhido na fase
de produção e prestação de serviços.
- Os artigos importados deveriam ser
taxados
no
momento
da
importação
cabendo ao importador pagar o imposto.
- Logicamente, os artigos de luxo
Alegoria – Impostos
fonte/autor @
deverão ser tributados com quotas altas.
- Os impostos serão cobrados de forma
simples, transparente, com publicação dos
resultados
e
organismo
de
controlados
gestão
e
por
um
investigação
comunitário, evitando gastos burocráticos
e sobretaxas complexas, promovendo
deste
modo
a
credibilidade
governamental.
- A taxação deve ser feita sobre o valor
dos terrenos em vez de ser feita sobre o
edificado. (Hoje em dia o imposto sobre a
propriedade urbana aumenta quando um
edifício é construído ou reformado, este
sistema é um desincentivo às reformas, e
facilita
a
existência
de
propriedades
devolutas).
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
103
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.3.6 - Sistema de Cooperativas de PROUT
A
Aliança
Internacional
de
Cooperativas define cooperativa como:
―Uma cooperativa é uma associação
autónoma
de
pessoas,
unidas
voluntariamente em busca de aspirações
e necessidades económicas, sociais e
culturais
comuns,
empresa
através
constituída
e
de
uma
controlada
conjuntamente e democraticamente‖.
As
cooperativas
apresentam
uma
grande vantagem sobre as empresas
públicas e privadas devido ao interesse
pessoal acrescido, dos seus membros, no
seu
sucesso,
já
que
também
Alegoria – Cooperativismo
fonte/autor @
são
proprietários da mesma.
Regras básicas para o sistema de
cooperativas:
- Apenas quem trabalha numa cooperativa pode ser seu membro. Os trabalhadores
associam-se à cooperativa experimentalmente, antes de se tornarem donos.
- Cada membro um voto.
- O controlo da firma e o direito dos activos e lucros são baseados na contribuição em
termos de trabalho e não do valor do capital ou da propriedade de cada um.
As cooperativas, segundo uma gestão empresarial cuidada, virada para os interesses do
colectivo, elevam o espírito comunitário, o sentido de responsabilidade social, a
autoconfiança socio-económica, criam empregos estáveis e contribuem para a riqueza de
todos.
- O sistema de cooperativas é um ponto fulcral na organização da economia de PROUT.
A agricultura, a indústria, o comércio e o sistema bancário serão organizados por meio de
cooperativas de produtores e consumidores.
Três requisitos para o bom funcionamento:
1º Administradores honestos e de confiança (escolhidos pela comunidade e sujeitos a
avaliações).
2º Administração estrita; com uma contabilidade transparente; acessível a todos os
membros da cooperativa e ao público.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
104
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Sistema de Cooperativas PROUT
3º Aceitação sincera do sistema cooperativo pelo público, transparente e de implantação
voluntária.
- PROUT recomenda que os ramos essenciais à sociedade sejam controlados por
empresas públicas, administradas por agências autónomas do governo com capacidade
ainda para gerir indústrias especializadas, como o desenvolvimento científico, hospitais,
maternidades e supervisionar projectos estratégicos como os portos e os aeroportos.
- As Cooperativas permitem ainda apoio técnico, material e comercial, em todas as áreas
a que se destinam, a produtores e consumidores.
- Os serviços públicos são bens que pertencem ao colectivo.
- O governo deverá monitorizar o desempenho de todo o sistema e a informação deverá
ser pública e transparente, tanto quanto possível.
- Qualquer «supervit» obtido pelas indústrias deve servir os interesses do colectivo e dos
seus trabalhadores, sendo investido na melhoria das condições; incentivos; investigação e
outros factores relevantes.
- Os bens essenciais no PROUT, através da aproximação do produtor ao consumidor,
cooperativamente permitem criar a prática de preços de baixo custo e/ou gratuitos,
dependente da condição social de cada indivíduo:
«Os bens essenciais, são todos aqueles que permitem manter um padrão adequado de
vida, incluindo água potável e alimentos, vestuário, acesso a cultura e educação e saúde,
fontes de energia e alojamento».
- Os serviços essenciais devem, sempre que possível, ser gratuitos e/ou de baixo custo,
consoante a condição social do individuo e o sistema de taxação. Inclui fornecimento dos
bens essenciais, educação, transportes públicos, hospitais e clínicas de tratamento,
telecomunicações, equipamentos culturais e desportivos, serviços sociais.
- Os bens e serviços úteis excedentes são classificados de semi-essenciais e serão
taxados.
- Os bens e serviços de Luxo serão considerados não essenciais e serão taxados com
valores mais altos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
105
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Exemplos de Cooperativas bem Sucedidas:
“O grupo de cooperativas Mondragon está classificado entre as cem mais eficientes
instituições financeiras do mundo, considerando a proporção entre o lucro e os activos
totais.
Este modelo é defendido também por Proutistas. A cooperativa Mondragon
conduz os ganhos e perdas no património líquido da cooperativa para as contas dos
trabalhadores. A cooperativa restringe a retirada indiscriminada dos seus saldos pelos
trabalhadores para os poder utilizar nos activos como reinvestimento na cooperativa.
Os saldos das contas de cada membro são pagos num período de tempo determinado,
(exp. 5 anos), ou quando o empregado deixa a cooperativa.
São ainda apoiadas pelo Banco Cooperativo Caixa Laboral que fornece o
investimento necessário para a superação de dificuldades.
Inicialmente a Cooperativa de crédito era constituída por trabalhadores
voluntários, que alugavam escritórios e registavam manualmente os depósitos num
diário. No primeiro dia de operação as pessoas depositaram mais de US$ 25.000. Hoje
a cooperativa de crédito conta com mais de 6.000 membros, 14 funcionários
contratados e 8 milhões de dólares em activo.
Pessoas de todo o país investem agora na Cooperativa de Crédito e cerca de metade
dos seus depósitos vem de fora da comunidade.
Entre os serviços que a cooperativa de Crédito oferece incluem-se a poupança,
conta corrente, empréstimos, cartões de crédito e depósitos a prazo. Pode também
prover vários tipos de seguro para os seus associados.
Maleny é uma vila com 7000 habitantes, situada no norte de Brisbane, em Sunshine
Coast, Austrália, onde 17 cooperativas prósperas de pequena escala participam e dão
vida à comunidade.
Entre os empreendimentos cooperativos incluem-se um banco, uma cooperativa
alimentar, um clube recreativo, uma cooperativa de trabalhadores, uma cooperativa de
trocas directas, uma estação de rádio, um clube de cinema, quatro cooperativas de
protecção ambiental e diversas comunidades rurais.
Cooperativas Financeiras de Maleny. A cooperativa de crédito Maleny teve inicio
em 1984, com o objectivo de criar uma instituição financeira ética que desse autonomia
financeira regional por meio de empréstimos, concedidos exclusivamente para a
população local e projectos locais.
Os empréstimos da Cooperativa de crédito geraram mais de 180 novos empregos em
novos empreendimentos e o reinvestimento de mais de 25 milhões na comunidade
local.
A cooperativa de crédito concedeu micro-créditos a pessoas da comunidade que
não tinham condições de conseguir empréstimo em grandes bancos. Estes empréstimos
contribuíram para a compra de terrenos, construção de casa própria e arranque inicial
de negócios.
Oitenta por cento dos empréstimos actualmente são para a construção de casa própria.
A cooperativa de Crédito é um bom caso de sucesso financeiro. (Após o Capitalismo
PROUT, editora Proutista Universal)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
106
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Cooperativas bem Sucedidas
A Cooperativa de Desenvolvimento Empresarial e Económico Local tem seis
funcionários e dedica-se ao estudo de novos empreendimentos e empregos no interior
de Sunshine Coast. Em parceria com a Cooperativa de crédito de Maleny, organiza
pequenos empréstimos, com o objectivo de impulsionar novos negócios, e nos
primeiros doze meses, monitora o investimento. Até agora a parceria já concedeu um
total de 27 empréstimos para novas empresas, das quais 23 continuam a operar com
sucesso.
Cooperativa de Alimento. Em 1980, um pequeno grupo de pessoas que queriam
alimentos integrais, legumes e verduras cultivados por fazendeiros locais, formaram a
Maple Street Food Cooperative. Hoje ela opera um Mercado de alimentos orgânicos e
integrais na rua principal de Maleny, aberto todos os dias e com 450 membros activos.
Embora funcione como uma cooperativa para associados, vende também para o
público.
Cooperativas de Trocas directas. O sistema de energia humana local (LETS) é
fenómeno de sucesso. Funciona como uma cooperativa de trocas sem uso do dinheiro,
envolvendo produtos e serviços, no lugar do dinheiro eles usam uma moeda local,
abunya, assim nomeada para lembrar a castanha nativa com esse nome, permitindo às
pessoas, mesmo sem dinheiro, participar na economia local.
Cooperativas de Lazer e Cultura. O clube de Franqueza oferece um ambiente
agradável e caloroso, onde as pessoas se encontram para comer, relaxar e conviver. A
comida biológica é barata, o café maravilhoso e os animadores locais podem aqui expor
os seus dotes artísticos ao público, funcionando como um pólo cultural da comunidade
de Maleny.
Cooperativas Ambientais, Em Maleny existem quatro cooperativas ambientais. A
Maleny Wastebusters é uma cooperativa comunitária de reciclagem, que acompanha as
pessoas na redução, reutilização e reciclagem do seu lixo e já conta com 20
empregados. Barung Landcare é um entre centenas de grupos comunitários australianos
e administra um viveiro de plantas, fornece educação ambiental e promove a
comercialização sustentável de madeira nativa. Booroobin Bush Magic administra um
viveiro na floresta tropical. Enquanto o Green Hills Fund trabalha para reflorestar o
interior de Maleny.
Cooperativas de Comunidades rurais. Maleny tem 4 cooperativas de comunidades
rurais, incluindo a Crystal Permaculture Village, com 85 residentes; e a Cooperativa de
Prout gerida por três famílias, responsáveis pela gestão de 25 hectares de terra, onde se
encontra também a River Primary School, com mais de 100 alunos. (Após o
Capitalismo PROUT, editora Proutista Universal)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
107
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.3.7 - Sistema Habitacional de PROUT
- O direito à habitação é um bem
essencial, no PROUT deverá existir um
departamento só para a Habitação por
região, definindo os padrões mínimos
possíveis de habitabilidade, segundo o
clima,
a
cultura,
construção
os
materiais
disponíveis,
de
tecnologias
apropriadas, amigas do ambiente e a
capacidade
de
investimento
Alojamento Curupira – Económico – Sócio – Ambiental
fonte/autor @
governamental.
- Os autores de quaisquer construções
com características e materiais danosos
para a saúde e para o ambiente deverão
ser inquiridos, sujeitos a coima e/ou a
restaurar as obras para responder aos
requisitos de construção. As construções
podem ainda ser demolidas e removidas
caso se justifique.
- O banco cooperativo do estado
concederá empréstimos a longo prazo
Alojamento Curupira – Interior do módulo
com juros baixos.
- Existirá também apoio a famílias ou
pessoas
interessadas
colectivamente,
formação
de
em
viver
proporcionando
pequenas
fonte/autor @
a
comunidades
sustentáveis.
- O direito a propriedade deverá ser
substituído
por
um
direito
sobre
a
superfície, pois na realidade os terrenos
são parte de um todo comunitário e de um
ecossistema ainda mais vasto.
Alojamento Curupira – Exterior do módulo
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
108
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.3.8 - Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT
“O sistema de Cooperativas é o
melhor sistema de produção agrícola e
industrial (…) … Ele ajudará qualquer
país a ser auto-suficiente na produção de
alimentos e produtos agrícolas em geral,
acabando com a escassez de alimento.” –
(P.R. Sarkar)
O sector alimentar (nomeadamente a
agricultura) e o acesso à água potável são
sectores chave da sociedade, pelo que
Agricultura Não Ecológica – Monocultura
fonte/autor @
toda a comunidade deveria esforçar-se
para produzir o alimento necessário para
a sua população, salvaguardando as suas
necessidades básicas.
A agricultura sustentável tem de ser
obviamente ―amiga‖ do ambiente. Grande
parte da fertilidade, da porosidade e da
capacidade de recuperação das terras
cultiváveis depende precisamente da sua
complexidade biológica.
Tentar padronizar a agricultura em
monoculturas cria danos à fertilidade do
Plantação de Eucalipto – Monocultura
Não permite boa biodiversidade
fonte/autor @
solo e à diversidade biológica.
As
práticas
de
cultivo
sustentável
incluem agricultura orgânica, agricultura
biológica, puericultura, gestão integrada,
controle natural de pragas, compostagem,
rotação de culturas e sistema de plantio
consorciado.
A
avaliação
cuidada
de
culturas
permite dimensionar áreas máximas e
mínimas
produtivas
e
aconselhar
os
produtores sobre as melhores técnicas
sustentáveis a aplicar.
Agricultura Ecológica – Amiga do Ambiente
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
109
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A Plantação consorciada envolve o
Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT
plantio de colheitas complementares no
mesmo campo, em filas alternadas por
exemplo. Esta técnica pode melhorar a
utilização do espaço, reduzir a erosão e
conservar a água.
Também promove relações naturais
complementares
entre
as
plantas,
enquanto uma planta utiliza nitrogénio
outra repõe, por exemplo.
No cultivo suplementar, uma plantação
secundária pode ser semeada ao redor da
plantação principal para utilizar o espaço
ocioso, por exemplo a beringela pode ser
coccinella-septempunctata
plantada debaixo de pessegueiros.
Predador natural de parasitas
Em culturas temperadas, é proveitoso
fonte/autor @
fazer rotação de culturas e o cultivo de
plantas complementares, desenvolvido em
estações alternadas, de forma que a terra
possa ser produtiva por quase todo o ano.
A agricultura integrada incorpora todos
os tipos de produção agrícola sustentável,
incluindo a apicultura, a horticultura, a
fruticultura, a floricultura, os lacticínios,
criação de animais e a piscicultura.
PROUT
distribuição
plantas,
de
defende
das
a
colecção
e
várias
sementes
de
forma
a
preservar
e
biodiversidade do nosso planeta.
Agricultura Ecológica
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
110
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Fontes de energia renovável podem
também
ser
desenvolvidas
Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT
em
cooperativas agrícolas, como o biogás
(produção gás em tanques a partir da
decomposição de dejectos), a energia
hidroeléctrica, a energia solar e a energia
eólica.
A conservação da água é um aspecto
fundamental
Reservas
de
da
sustentabilidade.
água subterrâneas são
cruciais para o equilíbrio ecológico de uma
região, dando preferência ao uso da água
Campos e Energias Renováveis
fonte/autor @
de superfície, em vez da água de poços.
O
reflorestamento,
objectivando
aumentar a precipitação da chuva e a
construção de vários lagos e pequenos
açudes para captar a água pluvial são
muito importantes.
A conservação de matas ciliares, bem
como o plantio de determinadas árvores
que retêm a água em suas raízes ao
longo dos rios e ao redor de lagos e
açudes, ajudará a prevenir a evaporação
e a manter o nível da água.
Ciclo Ecológico da água
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
111
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.3.9 - Exemplo de uma pequena Comunidade construída com os princípios PROUT
O Parque Ecológico ―Visão Futuro‖
nasceu em 1992, segundo uma visão de
comunidade
baseada
nos
princípios
Proutistas de utilização máxima e entropia
mínima.
Localizada em Porengaba, em São
Paulo, produz nos seus 25 hectares as
necessidades
básicas
para
os
22
membros da comunidade. A estrutura do
Parque permite o mínimo de perdas
possíveis e o mínimo uso de recursos
externos,
―completando
o
ciclo‖
dos
Parque Ecológico – Visão Futuro
fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @
sistemas naturais e oferecendo vários
serviços aos moradores carentes das
redondezas.
Painéis
energia
foto-voltaicos
solar
para
a
produzem
iluminação
e
aquecedores solares aquecem a água.
Bombas de água accionadas por energia
eólica e solar fornecem água para uso
doméstico
e
para
irrigação.
Açudes
armazenam a água da chuva, restaurando
os ciclos hidrológicos naturais. Árvores
plantadas ao redor dos lagos previnem a
erosão e reduzem a evaporação da água.
O tratamento da água dos esgotos é feito
por um sistema biológico, através de
raízes de plantas aquáticas, que, além de
outros processos, absorvem as impurezas
da água usada, nutrindo o solo, sendo a
água
reutilizada
na
irrigação.
Dessa
forma, nem mesmo uma gota de água é
Actividades Produtivas
fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @
desperdiçada.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
112
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
lixo
orgânico
compostagem,
é
reciclado
produzindo
Parque Ecológico “Visão Futuro”
por
Porengaba – Brasil
fertilizantes
para as hortas orgânicas, que abastecem
necessidades
Esse projecto integrado visa criar um
alimentícias da comunidade, incluindo
modelo holístico para o desenvolvimento
arroz,
rural que atenda às necessidades básicas
a
maior
parte
feijão,
das
milho,
vegetais,
frutas,
da vida para todos, por meio do trabalho
temperos e chás.
estão
gratificante e cooperativo. Ao mesmo
estabelecidas no parque: Laboratório de
tempo, o Parque busca assegurar saúde
ervas medicinais, as quais são plantadas
física
no local e uma padaria que produz pão
espiritual a todos os seus membros.
Pequenas
indústrias
e
desenvolvimento
psíquico
e
integral, tortas e bolos para a comunidade,
Este pequeno exemplo de comunidade
moradores dos arredores e visitantes.
PROUT, serve de exemplo para o mundo
Mulheres que moram na vizinhança do
e para futuras comunidades que venham
Parque aprendem a fazer roupa para a
a surgir.
sua família numa cooperativa de costura.
Uma creche oferece a 25 crianças da
região um rico ambiente de aprendizagem
cultural e artístico baseado na educação
neo-humanista.
Programas
informática
desportivos,
são organizados
teatro
e
para
os
jovens. Um posto de saúde oferece
tratamento dentário a baixo custo e
terapias
naturais,
incluindo
Ayurveda
(medicina Indiana) e naturopatia. Teatro e
informática
são organizados
para
os
jovens.
No decorrer do ano, são realizados
seminários
de
auto-desenvolvimento,
programas e cursos didácticos em suas
Parque Ecológico – Visão Futuro
fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @
instalações – dormitórios, refeitório, teatro,
salas de reunião e meditação – que
facilitam o desenvolvimento de várias
actividades praticadas nesses tipos de
eventos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
113
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
2.3.10 - Benefícios Socioeconómicos do sistema de PROUT
1-
Redução das disputas comerciais, diminuindo-se a dependência e exportações
importantes.
2-
Criação de empregos estáveis, em função do crescimento da demanda local.
3-
Salvaguarda económica devido à auto-suficiência de alimentos.
4-
Libertação da pressão dos órgãos financeiros internacionais, permitindo à população
a tomada de decisões com base nas necessidades locais.
5-
Menor vulnerabilidade em relação às flutuações económicas internacionais e outros
eventos fortuitos, dando maior confiança ao consumo interno.
6-
Sistema propício a cidades no meio rural, atraindo moradores urbanos de cidades
congestionadas, onde poderão empregar-se em cooperativas agrícolas e agro-indústrias,
evitando o êxodo rural, o desemprego e superlotação do litoral.
7-
Desenvolvimento económico e florescimento cultural nas áreas rurais, possibilitando
a melhoria da qualidade de vida, em contacto com a Natureza e valores neo-humanistas.
8-
Estímulo da construção civil na conquista de novos territórios (interior das regiões).
9-
Melhoria do meio ambiente e do ecossistema, com agricultura sustentável, gestão
dos recursos e redução da poluição industrial e urbana.
10- Melhoria do grau de confiança sobre os órgãos do estado, maior integração do
indivíduo na comunidade, redução dos problemas e dos factores divisores sociais.
2.3.11 - O Potencial do modelo PROUT
O sistema capitalista global ganhou proporções e políticas pouco viáveis a longo prazo,
e o sistema cooperativo de PROUT poderá mesmo um dia revelar-se o sistema socioeconómico do futuro, segundo alguns defensores da sua filosofia:
…“ O movimento de PROUT em muitas partes do mundo, encontra-se no mesmo estágio do
movimento ecológico à uma geração atrás. É uma força intelectual emergente. Como o movimento
ecológico, tornar-se-á uma tendência e consequentemente um movimento que terá de ser aceite pelo
meio académico, pela sociedade civil, pelos empresários e pelo governo.
Actualmente, em qualquer discussão sobre o futuro da humanidade, a Alternativa Verde é sempre
trazida à tona. Num futuro próximo, por meio de artigos, vídeos e livros, PROUT virá a encontrar-se
nessa posição (…)
(…) Os Proutistas, como os Verdes, ou os socialistas do passado, argumentarão que a sua imagem de
mundo do futuro é mais convincente, elegante e viável no mundo real do desemprego, da fome e do
sofrimento emocional. Nesse estágio é que será testada a força de PROUT. Poderá PROUT fornecer
um novo paradigma que supere o capitalismo ou o socialismo totalitário? Poderá a sua imagem do
mundo trazer novos significados para os indivíduos? …” (professor e escritor Dr. Sohail Inayatullah)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
114
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.4 - Introdução do PROUT no Planeamento Urbano da Cidade
Alguns
sistemas
socio-políticos
O sistema PROUT exige um organismo
concretos praticados por comunidades
urbano organizado de forma a proteger a
pelo mundo fora têm gerado ―boas‖
sociedade e o ecossistema, abragendo
sociedades,
vive
um território vasto, visando a protecção
satisfeita, com um grau elevado de auto-
dos recursos e a criação mais natural
estima
possivel de animais e plantas. É um
e
onde
a
ética,
resistente,
população
sem
criminalidade
dedicada
seu
sistema que encaixa facilmente no interior
desenvolvimento e bom uso dos recursos,
do território cada vez mais desertificado,
com
mas que em zonas de grande densidade
uma
política
ao
sólida
e
auto-
sustentável, à base da filosofia Neo-
demográfica
humanista com contornos idênticos ao
complexas. Existe no litoral a vantagem
sistema
da
PROUT.
Independente
da
designação e das semelhanças politicas
entre estas comunidades, o certo é que,
exigirá
ligação
ao
medidas
mar
como
mais
recurso
extensível.
As
estruturas
urbanas
terão
que
objectivamente, este tipo de sistema
funcionar como um todo «verde», as
inovador pode ser usado perfeitamente a
soluções construtivas deverão permitir a
grande escala numa bio-cidade ou mesmo
exploração de culturas de forma urbana
numa nação.
sobre
PROUT tem muitas políticas já actuais
e
justifique,
sob
o
edificado.
podemos
Caso
mesmo
se
criar
e outras novas e pertinentes. O que torna
habitações envoltas por tecido vegetal no
este sistema realmente credível é o seu
seu exterior. As coberturas verdes são
processo transparente de acção, a sua
perfeitamente
veia
já
públicos extensos, mas não limitarei a
comprovada em pequenas comunidades e
criatividade construtiva da cidade utópica
a sua capacidade imediata de reduzir as
a critérios fixos. Muitas soluções podem
diferenças
ser aplicadas consoante os casos e os
cooperativista
sociais,
e
a
humanista
fraude
e
as
injustiças.
Este
aplicáveis
em
edificios
desejos da comunidade em causa. Dizer
sistema
interliga-se
com
a
ao certo o seu tamanho e forma é cair no
estrutura bio-climática pretendida para a
mesmo erro quantitativo dos utopistas do
cidade e no conceito de semi-retícula,
passado, a sua estrutura dependerá das
funcionando mais ao nível horizontal nas
características
relações sociais.
dimensão demográfica e socio-cultural, só
climáticas,
geográficas,
mensuráveis sabendo todas as realidades
envolvidas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
115
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.5
–
Soluções
Sócio-Urbanas
A sociedade dentro da filosofia PROUT
será projectada de forma e maximizar os
recursos
e
a
reduzir
Eventualmente
burocracias.
algumas
tarefas
e
profissões serão dispensadas e outras
profissões novas surgirão.
Do
ponto
de
vista
económico
é
importante criar um conceito monetário
Moedas de ouro
mais fiável. O conceito de dinheiro está
fonte/autor @
«adulterado»
na
sua
essência
como
moeda de troca, porque a moeda de troca
deveria representar sempre o valor pela
qual foi trocada. Por exemplo, na época
medieval, uma pessoa trocava uma vaca
por um quilo de sal e trinta anos mais
tarde o mesmo quilo de sal serviria para
comprar outra vaca idêntica não perdendo
o seu justo valor. Tal facto deixou de
acontecer, o dinheiro vai perdendo valor,
devido à inflacção, criando instabilidade
económica.
Obrigando
a
circular
o
dinheiro rapidamente por vezes só com
Dinheiro «Vivo»
pretextos
fonte/autor @
economicistas.
A
qualidade
económica de vida deveria ser gerida
simplesmente pelo aumento sustentado
dos salários.
A moeda local poderia actualmente ser
representada por um «cartão moeda» do
cidadão, que permita receber e dar
dinheiro; o sistema facilitaria o pagamento
dos
produtos
segundo
um
controlo
governamental a pessoas desfavorecidas.
Cartão do Cidadão
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
116
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
cartão
bancário-civil
também
a
gestão
cidadão
através
de
dos
permitiria
impostos
do
sistema
de
um
Soluções Sócio-Urbanas Economia
transmissão de dados bancários directo
por linha ou por um controlo mensal de
activação do cartão.
Estes cartões seriam renovados todos
os
anos,
segundo
um
controlo
de
segurança do Estado, permitindo também
o melhoramento do equipamento e sua
análise e ainda para evitar falsificações. O
cidadão não poderá fugir ao seu imposto,
pois ele é descontado automáticamente,
através de um desconto bancário préestabelecido por operação, da mesma
forma que os bancos fazem com os
cartões de crédito e débito. Mas o dinheiro
Alegoria – Impostos
fonte/autor @
neste caso em vez de enriquecer os
cofres das instituições bancárias, iria
directamente para o Estado, para o
governo da cidade, logo o cidadão apenas
estaria de forma subtil a dar dinheiro a si
mesmo.
O sistema dispensa a complicada
amálgama de tarefas, burocracias, papeis
de impostos, selos, entre outros, serviços
que
tão
caros
minimizando
a
saem
fraude
à
em
sociedade,
todos
os
campos. Penso que os gastos na sua
implantação seriam muito menores que os
seus benefícios.
Os dinheiros públicos seriam mais
Lucro dos Bancos
fonte/autor @
facilmente geríveis e o cidadão poderia
ser reembolsado em caso de excedentes
monetários.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
117
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O cidadão poderá ainda ser convidado
Soluções Sócio-Urbanas Economia
a contribuir com algum dinheiro para
projectos
de
desenvolvimento
e
soliderariedade e terá completo acesso às
movimentações e extractos dos dinheiros
públicos.
Sendo o crédito uma dívida, o próprio
sistema
cooperativo
bancário
público
poderá, sem recorrer aos subterfúgios da
banca, dar créditos «promessa», «dinheiro
virtual», tendo alguma garantia em relação
à
sua
amortização
no
futuro.
O
Barras de ouro – Depósito Estatal
fonte/autor @
procedimento é na realidade muito usado
pelas
instituições
bancárias,
visto
emprestarem dinheiro recebido de megaempréstimos
pedidos
aos
bancos
mundiais, que emprestam em troca de
juros. Os bancos governamentais e o FMI
(Fundo
Internacional
da
Moeda)
destribuem o dinheiro em troca de títulos
do
tesouro
governamentais
representativos das barras de ouro dos
cofres dos Estados, barras essas que
ninguém sabe ao certo o seu valor e a sua
quantidade,
e
que
no
fundo
nunca
chegam a ser utilizadas, o que equivale a
fazer títulos do tesouro vindos do vazio,
uma pura especulação monetária, que
ainda cobra juros aos particulares e ao
governo. Portanto, o dinheiro tem um valor
puramente simbólico nos dias de hoje.
Na minha perspectiva, o dinheiro são
apenas títulos produzidos pelo governo,
atribuídos aos cidadãos de forma justa
Alegoria – Sistema Bancário
fonte/autor @
através de um processo de doação
acreditado e aceite pela comunidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
118
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Soluções Sócio-Urbanas Economia
O dinheiro deve, assim, ser doado a
quem realize tarefas para a comunidade,
valorizáveis, passíveis de recompensa
O uso do débito electrónico do cidadão,
aos olhos da sociedade, títulos esses
apesar do desconto súbtil será sempre
trocáveis por géneros e vice-versa. A
mais
moeda
mais
utilizadores a preferir o cartão moeda civil.
consciente e humana se a encararmos
Os cartões ao serem renovados todos
será
usada
de
forma
proveitoso
incentivando
os
os anos, a sua não activação implica a
assim.
O governo tem inevitavelmente que
negação das regalias do sistema.
voltar a mandar na banca e não a banca a
Quanto à politica monetária externa,
mandar nos governos como acontece hoje
defendida pelo «Proutismo», as trocas
em dia.
comerciais, sempre que possível, serão
O dinheiro ―vivo‖ poderia circular na
através das trocas directas. No caso de
mesma, suponhamos que a moeda em
ser necessário uma moeda corrente, a
circulação fosse o Euro, mesmo que as
banca governamental da cidade pode
pessoas fizessem um mercado paralelo
recolher o dinheiro dos depósitos feitos
com este, como o euro desvaloriza, incute
nos bancos da cidade em dinheiro vivo e
as pessoas a fazer o depósito do mesmo,
em último caso pedir empréstimos à
mesmo com alguma taxa, e mesmo que
banca mundial.
não façam, o cartão de cidadão é um
Acaba tudo por passar por um acto de
documento multifunções, que dá regalias
aceitação de um sistema monetário que
aos
serviços,
na realidade até é mais claro do que o
transportes públicos e até em compras, só
actual, atendendo à verdadeira natureza
possível se o usarem, tornando a fuga ao
do dinheiro.
cidadãos
nos
vários
seu uso uma desvantagem. Os turistas e
Não sendo economista, refiro este
visitantes usam o euro ou um cartão
sistema monetário como uma referência
temporário, os cidadãos também podem
utópica,
pagar em euros e levantar dinheiro, até
especialista
porque precisam dele fora da cidade, no
projecto.
reestruturável
na
matéria
por
na
qualquer
fase
de
entanto o Euro sairá sempre mais caro do
que a moeda local, e sempre que
depositado num banco governamental da
cidade sofre a sua taxa.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
119
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Criar
boas
soluções
urbanas
de
Soluções Sócio-Urbanas Serviços CPC
carácter social, obriga ao entendimento
das necessidades do homem de forma
intregal.
O
sistema
Neo-humanista
Os «soldados da paz» aprenderiam
gradualmente
a
realizar
intervenções
proposto implica libertar o ser humano de
cívicas no controlo da criminalidade, na
dogmas,
raciais,
defesa, em caso fogos, nas inundações,
territoriais e culturais, de forma voluntária
nos acidentes e na vigilância, acção em
e responsável.
caso
das
divergências
Filarete na «casa do vício e da
de
catástrofes,
natureza
e
recursos,
protecção
entre
da
outras
virtude», lembra-nos que a arquitectura
emergências civis. Os elementos CPC
pode
poderão
mesmo
definir
compatiblidades
registar
actos,
socorrer
sociais, aparelhadas a um determinado
acidentes, intervir em crimes,
de foma
espaço.
dinâmica e directamente no local. As
ser
unidades deverão ter veículos terrestres,
criar
aéreos e marítimos versáteis, adaptáveis
compatiblidades sociais e profissionais
aos vários cenários. Alguns dos veículos
geradoras de novos modos de vida.
seriam adaptáveis para o cenário de
Os
recursos
maximizados
humanos
e
com
podem
isso
Actualmente muitos serviços existem
como
herança
milenar
e
estão
guerra. Os veículos CPC(s) de alguns
elementos
mais
experientes
teriam
desaproveitados, como é o caso do
multifunções, capazes de intervir tanto em
exército. O exército, os bombeiros e a
caso de acidente como de incêndio, na
polícia deveriam unir-se num só corpo,
defesa
embora com especialidades diferentes.
proporcionando uma economia e uma
e
segurança,
entre
outros;
Portanto, em vez de várias polícias, um
melhor eficácia de meios. Por exemplo,
só organismo de intervenção não teria
um carro de policiamento poderá estar
limitações
equipado para socorrer sinistrados e
territoriais
nem
legais,
pondendo responder de um forma linear
doentes,
transformando-se
em qualquer caso de catástrofe, seja em
ambulância de recurso, permitindo uma
pequena ou grande escala. Este recurso
melhor
humano a que passo a chamar Corpo de
ocasionais.
resposta
a
numa
emergências
Protecção da Comunidade ou CPC, seria
O próprio polícia, ao ser chamado a um
feito por homens e mulheres treinados por
local com vítimas, pode socorrer alguém
uma academia de Segurança Pública,
em risco de vida, dependendo das suas
seguindo uma especialização contínua da
creditações,
mesma forma que um curso Universitário
socorrismo ou ainda ajudar a apagar um
teórico-prático.
fogo.
aplicando
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
técnicas
de
120
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os serviços e edifícios CPC estarão
relacionados
com
outros
Soluções Sócio-Urbanas Serviços CPC
serviços,
de
Por exemplo, um arquitecto fica mais
calamidade, uma intervenção eficaz. Os
elucidado de como construir uma casa se
edifícios CPC deverão estar localizados
tiver a oportunidade de vivenciar um
portanto em núcleos de serviços sociais
pouco a experiência do pedreiro e do
complementares, com centros de saúde,
canalizador, ou por exemplo, um médico
transporte, comércio, escolas, pavilhões
melhora o seu desempenho ao estar uns
desportivos e espaços verdes. Estes
tempos na função de enfermeiro e vice-
núcleos
versa.
permitindo,
mesmo
nos
comunitários
casos
podem
conter
depósitos de água no seu cume e
Usar compatibilidades das várias áreas
miradouros de vigilância, ligações a caves
no contexto social, proporciona, a meu
e
ao
ver, uma melhor gestão dos recursos
produtos
humanos, o fortalecimento dos laços
consumíveis dos vários serviços. Esta
sociais, parcerias extratégicas e uma
logística em parceria com os serviços
melhor proximidade entre as diversas
CPC permite a adaptação dos espaços,
classes sociais. Eis assim uma sociedade
serviços
mais
sistemas
subterrâneos
armazenamento
e
ligados
dos
estacionamentos
subterrâneos,
para
albergar
públicos
pessoas,
semi-reticulada
unida
por
compatiblidades.
equipamentos e veículos públicos em
caso de catástrofe.
Ao
atribuir
um
grau
elevado
de
aprendizagem com ferramentas dinâmicas
ao organismo responsavel pela segurança
e bem estar civil, estou a criar um bom
sistema
«imunológico»
contra
as
«doenças» socio-urbanas.
A multifuncionalidade e inter-ajuda é o
objectivo
defendido
também
para
as
outras áreas da sociedade, evidentemente
que as especializações
também
são
importantes e necessárias, no entanto o
Resolução do acidente
Os vários corpos de Segurança Pública
fonte/autor @
ser humano torna-se mais eficiente ao
tirar partido das várias áreas que o
rodeiam.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
121
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A educação é outra chave de sucesso
Soluções Sócio-Urbanas Educação
para a cidade e integração social, será
«aberta» e envolverá toda a comunidade.
Ela
deve
ser
encarada
como
uma
necessidade primária por ser responsável
Educai as crianças e não será necessário
castigar os Homens! " (Pitágoras)
pelo sucesso do futuro da Praxis.
Um aluno fechado na escola, em casa
ou na Internet, perde o contacto com
muitas realidades sociais, construtivas
para a formação da sua personalidade.
Esconder
o
mundo
dos
nossos
aprendizes, mantê-los longe do seu olhar
interrogativo, cria uma juventude com
Evolução do Homem @
poucas referências de futuro, são as
razões pelas quais muitos jovens ficam
desmotivados,
socialmente
revoltados,
gerando problemas sociais e profissionais.
Por outro lado, o conhecimento lógico e
emocional
no
ser
humano
é
exponencialmente melhor absorvido e
aceite através de ensinamentos práticos.
O ensino convencional não desenvolve
profissionais, são
as empresas
e o
trabalho que os forma.
O ensino teórico-prático permite ao ser
humano assimilar melhor o conhecimento
adquirido e com carácter de utilidade,
portanto, os jovens deverão aprender
como produzir, para além de adqurirem
conhecimentos.
O
Ensino
terá
componente teórica, prática e teóricoprática e será adequado a cada pessoa e
comunidade.
Alegoria - Decisões de Futuro @
Os alunos serão estimulados a interagir
educadamente com a realidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
122
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Podem aprender a cozinhar na cantina
Soluções Sócio-Urbanas Educação
da escola enquanto descobrem a biologia
dos alimentos. Uma aula de ciência
marinha pode ser feita num barco de
pesca, preparado para ensino a bordo.
Uma aula de história pode estar ligada
ao restauro de um monumento antigo, ou
uma visita a um museu. Uma aula de
línguas poderá estar ligada à criação de
uma peça de teatro ou de um debate.
Uma aula de desenho poderá estar ligada
ao fabrico de um utensílio, entre outras.
O contacto com os recursos territoriais
é também importante na aprendizagem
dos alunos, sensiblizando as gerações
futuras
para
a
preservação
e
a
Aula prática – Horta Orgânica
fonte/autor @
sustentablidade.
As cooperativas e as empresas terão
departamentos
educativos,
onde
os
alunos serão ensinados a explorar o seu
potencial, desde fazer a própria roupa, a
como arranjar uma máquina, cultivar uma
planta, cozinhar e até como construir a
própria casa.
As cooperativas e o Estado também
ajudarão
qualquer
cidadão,
no
investimento, na produção de produtos e
serviços, na venda e na formação dando
apoio
logístico,
parcerias
no
meios
campo
de
acesso
científico
e
e
académico, desde a simples tarefa de
CINT Empresa de aprendizagem de ciencia interactiva
fonte/autor @
cultivar o quintal à criação de projectos
inovadores.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
123
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O ensino será aberto a todas as idades
Soluções Sócio-Urbanas Educação
e aos alunos das várias classes etárias, e
seguirão desde o início, um contacto com
as actividades socio-económicas, culturais
e políticas, dando-lhes um sentido ético,
altruista,
evolutivo,
empreendedor,
alimentando o ser humano com bons
níveis de auto-confiança e perspectivas de
futuro.
Todo o processo deverá ser a titulo de
participação voluntária. Poderá dar mais
trabalho do que lucro pôr alunos a interagir com as realidades socio-profissionais,
terá no entanto lucros indirectos ao
preparar o cidadão em todos os sentidos;
Ensinamento Teorico-Prático Cooperativa de alimentos
fonte/autor @
tornando o indivíduo mais completo e
possiblitando alternativas e incentivos à
indústria e aos negócios particulares.
Hoje em dia, na nossa sociedade
individualista, quando as pessoas são
despedidas de algum sitio ficam presas à
expressão ignorante de ―só sei fazer
aquilo‖… são poucas as que se juntam
para ter iniciativas, pois a sociedade está
dividida.
Um
homem
de
meia-idade,
desempregado, pode sempre voltar ao
ensino como se nada fosse. E os jovens
―desenrascados‖
saberão
sobreviver
melhor em quaisquer circunstâncias da
vida, desde o concertar de uma torneira
ao plantar alimentos no quintal.
Ensinamento Teorico-Prático
Observação da Natureza
A estabilidade social é feita, assim, em
fonte/autor @
cumplicidade com o sistema educativo,
obrigando
ao
empenho
de
toda
a
comunidade na formação do seu futuro.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
124
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No sistema educativo contemporâneo,
se perguntarmos a qualquer
que
aprendeu
no
provavelmente
final
os
Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe
pessoa o
dos
cursos,
resultados
não
chegarão sequer a 1% daquilo que lhe foi
ensinado; a um ensino tão ineficaz pode
dizer-se que «o barato sai caro».
O educação Neo-humanista e teóricoprática
doutrinará
subtilmente
comportamentos de consciência cívica,
ambiental e actividades humanizadoras. A
escola pode ser a casa onde a pessoa
vive, o bairro onde mora, o museu, a
fábrica, o atelier, a oficina, o campo, o
Projecto Socio-Ambiental para adolescentes –
Exposição movel de Ciências
fonte/autor @
mar, o ginásio, o terminal de transportes,
o parlamento, enfim, toda a cidade em si.
A
cidade
dinamiza-se
com
uma
juventude viva em interacção com todos
os sectores.
Os
gastos
acrescidos
transporte
público
condições
académicas
sectores, mas
insucesso
e
na
em
poupariam
escolar,
seriam
no
criação
de
todos
os
gastos em
delinquência,
estabilidade social e fariam com que toda
a comunidade se visite e se entenda como
um todo. Estes pequenos estágios, que
poderão prolongar-se de várias formas,
darão frutos económicos ao nível da
produção,
descoberta
de
talentos
e
Estimular o bom relacionamento na aprendizagem
fonte/autor @
criação de novas ideias e soluções. Por
último poder-se-á promover um turismo de
aprendizagem para turistas e cidadãos de
todas as idades.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
125
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
As escolas para crianças até aos 8-10
Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe
anos deverão ser em pequenos centros
de serviços dos «bairros» habitacionais.
As pequenas unidades de equipamento
urbano
de
apoio
aos
bairros
serão
constituídas naturalmente pelos serviços
de saude, educação, lazer e comércio
básicos, consoante a necessidade de
cada zona. Considero importante para as
crianças a proximidade das escolas com
as zonas de habitação, com percursos
acessíveis a pé, permitindo ao estudante
estar
mais
perto
do
apoio
Educação estimulando os talentos dos jovens –
fonte/autor: portal Programa CIEP @
familiar
facilitando o transporte escolar dentro do
bairro. Por outro lado, liberta desta forma
os adultos de deslocações pendulares
entre as escolas distantes e a morada
familiar.
As escolas para jovens com idade
compreendida entre os 11 e os 17 anos,
deverão estar situadas no núcleos de
Exemplo utópico para um espaço urbano de apoio às
zonas habitacionais
apoio, periféricos
aos bairros,
com
fonte/autor @
capacidade para absorver os estudantes
dos diferentes bairros, estimulando a
relação das pessoas das diferentes zonas.
As universidades estarão localizadas
temáticamente segundo os seus cursos,
interligadas por afinidade aos sectores de
produção
e
investigação
que
as
complementem. Os cursos ocorrerão nas
universidades e nas zonas profissionais a
que se destinam, abrangendo todos os
sectores:
industrial,
turístico,
saúde,
Eco Dubai Land – Exemplo utópico de um núcleo
periférico de serviços ligado a um bairro
fonte/autor @
segurança, governo, entre outros.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
126
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Por exemplo, um aluno de design
Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe
produzirá peças numa fábrica e assistirá
ao processo de criação e de fabrico num
contexto académico e profissional, em
parceria
com
a
faculdade
localizada
estrategicamente perto do sector industrial
de produção. Um aluno de direito terá
disciplinas teórico-práticas numa unidade
de escritórios de advogados, assistirá aos
processos judiciais com os clientes, à
formação
dos
processos
e
aos
julgamentos em tribunal.
Nem
todos
os
Nucleo Académico - Cientifico – Produção
Cidade UT
sectores
são
fonte/autor T. L.
aparelháveis, no entanto o objectivo é
maximizar compatibilidades urbanas. Os
próprios serviços poderão dar formação
profissional e manter parcerias com os
núcleos académicos e de investigação.
O
Ensino
Universitário
pretendido
permite alguma redução no tamanho e no
número
de
universitários
faculdades.
estarão
Os
núcleos
equipados
Núcleo Académico e Periferia de Produção
Cidade UT
fonte/autor T. L.
com
vários serviços de apoio: residência de
estudantes, residência de professores,
serviços CPC, comércio, equipamentos
desportivos, lazer, centro de investigação,
sede pública de apoio à Indústria e
produção, e todo qualquer equipamento
considerado
essencial
para
o
bom
funcionamento do núcleo. Estes núcleos
estarão, como já foi referido, ligados
viariamente e por transportes, às zonas de
produção
com
relativa
Periferia de Produção e Ensino Académico
Cidade UT
fonte/autor T. L.
proximidade
sectorial.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
127
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A autonomia de serviços dos núcleos
académicos
oferece
por
Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe
conseguinte
autonomia aos estudantes, dando-lhes
todas as condições de vida, tal não
implica que o estudante não possa optar
por habitar em zonas fora do núcleo e de
fazer uso de outros núcleos de apoio
comunitário.
Os pólos Universitários têm como
objectivo ligar todos os cursos de forma
pró-activa, eficazmente, pela panóplia de
serviços espalhados pela cidade, o que
exigirá um bom sistema de transportes
públicos uniforme e versátil.
Esquema versátil de circulação urbana > Cidade UT
fonte/autor T. L.
Um planeamento temático segundo
compatibilidades de funções e recursos
implica uma rede urbana inteligente e
contínua,
formando
uma
rede
de
corredores sectoriais interligados. Cada
ofício terá liberdade para descobrir o seu
local estratégico de negócio na cidade,
dentro dos bairros residenciais inclusive,
caso o serviço seja compatível com os
mesmos, sendo as parcerias com os pólos
universitários uma iniciativa facultativa.
O incentivo para a cooperação das
próprias
empresas
para
com
as
faculdades e sua localização em sectores
Nucleo Periférico de Apoio aos bairros (Horizonte o
Núcleo Académico e a zona de Produção) > Cidade UT
fonte/autor T. L.
ligados aos núcleos provirá do governo da
cidade
através
económicas
e
de
compensações
estratégicas
e
das
vantagens oferecidas pelas infraestruturas
adjacentes. Caberá a cada particular gerir
a sua estratégia de negócio.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
128
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
As
centralidades
da
dedicadas
ao
serviços,
respondendo
cidade
colectivo
e
serão
aos
de
Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana
seus
forma
humanizante ao desenvolvimento e bem
estar
comunitário,
equipamentos
com
espaços
utilizáveis
por
e
todos,
envoltos de uma atmosfera microclimática
confortante,
incluindo
espaços
e
corredores «verdes».
O núcleo central comunitário terá os
equipamentos
colectivos
representativos
da
cidade
harmoniosamente
envolto
«pulmão
e
verde»
habitacional.
A
e
estará
por
pela
zona
mais
um
Nucleo Mãe e parte da Periferia Residêncial
Cidade UT
fonte/autor T. L.
perifeira
habitacional
terminará na cintura de contenção de
crescimento urbano, formada por uma
segunda periferia onde estarão os núcleos
universitários, indústrias e seus serviços,
incluindo sedes administrativas da cidade
e equipamentos de grande porte que por
razões estratégicas justifiquem a sua
localização neste perímetro.
A segunda periferia tem como função
zelar pela produção e utilização dos
Projecto Holcim – Vietname – Este Exemplo pode ser
transformado num núcleo de Ecoturismo e Eco-Controlo e
recursos e crescerá para o exterior
Produção
segundo a necessidade de produção e
fonte/autor @
exploração
orgânica e
inorgânica
de
alimentos e matéria prima, mesclando-se
por
fim
com
a
biosfera
envolvente,
protegida por uma política de preservação
da Natureza.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
129
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os
núcleos
periféricos
estarão
Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana
localizados entre os bairros da cidade e
albergarão cada um: um parque público,
equipamentos de desporto e cultura,
escola dedicada aos jovens, similiar à
nossa
escola
secundária,
centro
de
saúde, centro cívico, cantina comunitária,
o CPC, serviços e comércio variado,
escritórios, serviços públicos camarários,
e
qualquer
outro
equipamente
considerado importante para um núcleo
comunitário eficiente. Nos vários núcleos
Exemplo núcleo – Cairo Expo City
fonte/autor @
estarão também as instituições de ajuda
ao
cidadão
que
encaminharão
e
albergarão pessoas desfavorecidas com
problemas de várias ordens: pessoas
dementes , pobres sem-abrigo, vítimas de
conflitos sociais, toxicodependentes, entre
outros.
Os
núcleos
ligados
aos
comunitários
bairros
num
estarão
território
independente e neutro, promovendo o
Exemplo para um núcleo – Cairo Expo City
fonte/autor @
relacionamento de pessoas de bairros
vizinhos
de
forma
saudável
e
indescriminada. Estes territórios neutros e
comunitários
servirão
dois
ou
mais
bairros, acessíveis a qualquer cidadão. As
fronteiras urbanas dos bairros e dos
núcleos
serão
ditadas
pelas
vias
principais, morfologia do terreno e razões
estratégicas de cada cidade.
As soluções viárias nunca deverão
impedir o atravessamento do tráfego entre
os vários territórios urbanos e diferentes
Atravessamento Viário de um Núcleo Periférico
Cidade UT
fonte/autor T. L.
sectores.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
130
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Na
urbanística
actual das
nossas
Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana
cidades os equipamentos públicos são
As
projectados separadamente para cada
freguesia.
cívicos,
Muitos
por
dos
equipamentos
exemplo:
bombeiros,
freguesias
nesta
situação
de
privilégio acabam por sofrer também
consequências
ao
nível
do
outros,
dimensinamento das vias e na gestão dos
acabam por ter uma utilização esporádica,
conflitos sociais, para os quais nem
funcionando na maior parte do tempo com
sempre estão preparadas.
pavilhões
desportivos,
entre
baixo rendimento. Existem outros, porém,
Portanto, o ideal urbano, a meu ver,
que o seu uso é relativamente equilibrado,
implica uma estrutura social e de serviços
como é o caso de certos centros de
semi-recticulada e homogénea por toda a
saúde. Algumas freguesias são premiadas
cidade, ligando os vários bairros em torno
com bons equipamentos em prol da
de
cidade, valorizadas por parques verdes e
equipados, maximizando o uso das suas
equipamentos
funcionalidades,
de grande escala e com
núcleos
de
apoio
que
comuns
deverão
bem
ser
valor urbanistico acrescentado para a
adaptáveis as diferentes necessidades e
cidade, os quais são usados por todos os
as mudanças das realidades urbanas da
citadinos e por vezes por pessoas de fora
comunidade.
da cidade. Do ponto de vista social e
As
escolas
deverão
usar
económico gera-se um desequilíbrio ao
estrategicamente os equipamentos, da
nível da utilização e do pagamento de
mesma
custos na manutenção dos espaços da
próprias
«freguesia» em questão.
eventos públicos e os equipamentos de
Os utilizadores que se deslocam ao
forma que os cidadãos. As
escolas
podem
servir
para
desporto deverão ser de uso escolar e de
local vindos de fora, atraídos pelos
uso particular, recorrendo
equipamentos comunitários,
tendem a
diferentes ou outras soluções. Servindo
abandonar os equipamentos das suas
mais que uma freguesia-bairro e com a
freguesias e a freguesia em causa sofre
uma
uma sobrelotação de acontecimentos,
improvável
certamente com algumas vantagens ao
equipamentos possa vir a criar indignação
nível económico, mas que não são
social e críticas urbanas como as que
partilhadas de forma homogénea pelo
tenho vindo a levantar.
logística
a horários
maximizadora,
que
algum
será
destes
resto da cidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
131
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
As
vias
crescerão
segundo
Soluções Sócio-Urbanas Soluções Viárias
ramificações semi-recticuladas em forma
de «teia de aranha», seguindo o esquema
de compatiblidades urbanas já descrito e
estarão
hierarquizadas
segundo
as
necessidades de escoamento.
Parte dos canais de circulação pedonal
dos núcleos poderá ser separada da
circulação
de
transportes,
sendo
a
circulação automóvel feita em alguns
casos
por
níveis
diferentes,
com
passagens subterrâneas, minimizando os
riscos
de
atravessamento,
criando
segurança na deslocação das pessoas e a
possibilidade
de
subterrâneos com
estacionamentos
acesso
directo
ou
aproximado aos serviços dos núcleos. O
Teia de aranha – lembra o esquema de criculação de
transportes
fonte/autor @
transporte público para ser cómodo ao
pedestre, justifica paragens de recolha
acessíveis num perímetro de 300 metros
ou com auxílio de elementos mecânicos
para redução de trajecto, como tapetes e
escadas rolantes.
Os equipamentos de transportes de
grande porte funcionarão na segunda
periferia.
Os bairros deverão ter soluções viárias
com vias de escoamento de trânsito
rápidas
ramificadas
com
vias
de
circulação mais lentas e personalizadas.
Todas as vias estarão interligadas no
geral, formando uma teia de circulação de
Circulação Pedonal – Um bom exemplo de corredor
urbano
fonte/autor @
forma a permitir percursos alternativos
entre bairros, os núcleos e outros sectores
urbanos, facilitando o trânsito.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
132
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Soluções Sócio-Urbanas
As zonas habitacionais formadas por
Bairros Habitacionais
bairros serão zonas calmas, propícias ao
descanso e à produção de alimentos
pouco ruidosa, tais como hortas e alguma
Todas
as
iniciativas
vegetação alta (pomares), seguindo a
oportunidades
política da bio-diversidade e da «boa-
respeitar
vizinhança», contando para isso com
habitantes do núcleo.
a
de
negócio,
qualidade
de
privadas,
deverão
vida
dos
barreiras vegetais e com a colocação das
As casas serão acessíveis por vias de
vias rápidas nos intervalos externos de
circulação lenta e os seus caminhos
cada bairro.
pedonais deverão estar pensados também
As zonas habitacionais desenvolver-se-
para os idosos e para as crianças, com
ão conforme as vontades dos moradores,
algumas vias pedonais separadas das
respeitando o colectivo e o bom senso
vias de trânsito, preparadas com soluções
urbano, não tendo um plano promenor de
e equipamentos interactivos para crianças
raiz concretamente definido no seu todo.
e adultos.
Os
serviços
moradores
necessários
poderão
aos
instalar-se
seus
Em qualquer dos casos os moradores
em
terão sempre a última palavra sobre a
cruzamentos e outros locais de fácil
estrutura dos seus bairros.
acesso. Surgirão naturalmente pequenos
núcleos nos bairros contendo farmácias,
uma pequena praça, padaria, infantário,
parque infantil, lar de idosos, comércio,
restauração, entre outros serviços. O
princípio lógico é o mesmo dos grandes
núcleos, a complementaridade.
Os serviços de restauração e de saúde
podem apoiar os infantários e o lar de
idosos, o parque infantil pode ser usado
Dongtan 2010 – Shanghai – ARUP Exemplo – pequena
pelas crianças do infantário e em horas
zona habitacional
extra-escolares pelas crianças em geral, o
fonte/autor @
comércio pode proporcionar actividades
para os idosos: por exemplo execução e
venda de artesanato, ajudando-os social e
psicologicamente
e
poderão
surgir
situações de interacção saudável entre as
crianças do infantário e os idosos do lar.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
133
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Na política de habitação, o direito de
superfície já falado no PROUT é na
Soluções Sócio-Urbanas
Politica de habitação
verdade o mais sensato. Hoje em dia
vivemos sujeitos a uma série de regras
urbanas do uso do solo rígidas, portanto,
o direito de superfície sobre parcelas,
além de ser mais realista em relação aos
acontecimentos legais, consciencializa o
proprietário para o facto de estar a fazer
uso de parte do solo e dos recursos que
sustentam toda a sua comunidade.
Na
vida
propriedades
estão
de
uma
devolutas, muitas
abandonadas
burocráticas
cidade,
e
por
logísticas,
as
vezes
Exemplo - pequena zona habitacional
fonte/autor @
razões
quando
no
sistema de tratamento urbano e uso do
solo
que
proponho,
o
departamento
deverá analisar a cidade e ir aos terrenos
com técnicos, reivindicar áreas devolutas
em caso de falta de uso e tomar medidas
pró-activas. O próprio estado poderá
fonte/autor @
comprar, vender e propor permutas.
O
direito
renovado
herdeiros
de
superfície
deve
ser
automáticamente
para
os
dos
falecidos,
Exemplo de Eco-habitações
sem
procedimentos burocráticos ou impostos.
Todos os direitos de superficie passam
para a comunidade caso a pessoa não
faça uso da propriedade durante um prazo
médio combinado pelo colectivo.
Todas as famílias terão o direito de
adquirir uma parcela para construir as
suas casas independentemente da sua
situação
financeira.
Os
preços
Exemplo de Eco-habitações reciclando contentores
metálicos inactivos
fonte/autor: Universidade de Málaga @
dos
terrenos serão tabelados pelo governo da
cidade com critérios justos e acessíveis.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
134
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Uma família que queira mudar de bairro
por razões profissionais, terá acesso
Soluções Sócio-Urbanas
Política de habitação
directo a zonas de superfície idênticas
noutros lugares pretendidos, adquiridas
pela comunidade, podendo fazer uma
permuta, facilitando a gestão imobiliária e
a vida das famílias na cidade. No entanto
estas
mudanças
poderão
acontecer
segundo um prazo de uso específico e
uma justificação viável. Caso não seja
justificável a sua mudança, terá que
recorrer
aos
processos
imobiliários
normais.
Um
departamento
de
habitação
estudará e acompanhará cada cidadão e
família,
fornecendo
recursos
e
Exemplo de casa bioclimática com recurso a energias
renováveis e a vegetação
fonte/autor @
acompanhamento social e arquitectónico,
aconselhando técnicas-bioclimáticas,
auto-sustentáveis.
Pessoas
e
com
dificuldades terão incentivos para adquirir
uma habitação relativamente idêntica ao
resto da comunidade, não existirão bairros
sociais
mas
sim
apoio
à
habitação
segundo o acompanhamento de cada
caso. Os bairros sociais têm só por si uma
conotação
bairros
descriminatória
ditos
normais,
perante
os
interferindo
negativamente na visão de cidade e
Arquitectura Bioclimática
fonte/autor @
facilitando a separação de classes.
Pessoas
que
queiram
viver
em
pequenas comunidades são apoiadas e
acompanhas pelo mesmo departamento.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
135
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O centro da cidade será o núcleo mãe,
numa área central com uma área superior
Soluções Sócio-Urbanas
Núcleo Mãe da Cidade
a 35.000 m2. O centro representa o
esforço
comunitário,
sociedade
e
terá
o
―coração‖
zonas
da
específicas,
praças, lagos, edifícios, espaços verdes,
etc, todos eles dedicados ao bem-estar da
sociedade.
Os equipamentos aglutinadores das
massas, de visitantes ou residentes, estão
aqui reunidos como uma «grande família»
urbana.
Os
equipamentos
de
foro
espiritual, cultural, recriativo, científico,
desportivo, lazer e de consumo, serão
partes urbanas com igual destaque nesta
unidade.
Os
vários
equipamentos
já
referidos vão desde museus, parques de
diversões, restauração, a qualquer outro
equipamento
de
relevo
de
carácter
comunitário.
Um mega-estádio poderá servir os
vários clubes da cidade, um megapavilhão
e
um
mega-museu
Núcleo Mãe > Cidade UT
fonte/autor T. L.
poderá
proporcionar exposições e espectáculos
de qualquer tipo, grandes praças e
espaços
verdes
manifestações
desportos
apoiarão
artísticas
radicais
e
do
as
cidadão,
toda
uma
multiplicidade de eventos sociais.
O hospital da cidade dará variados
tipos de assistência na saúde ao núcleo e
à cidade, desde receber atletas do sector
desportivo
pessoas
ao
encaminhamento
falecidas
para
a
de
unidade
espiritual ao seu lado.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
136
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Segundo uma politica Neo-humanista,
Soluções Sócio-Urbanas Política Social
todas as actividades, culturas, desportos,
religiões, serão aceites nesta comunhão
social.
Os espaços multi-religiosos promovem
a
comunhão
da
comunidade
e
das
culturas, sendo importante, por razões de
ordem ética comunitária, não aceitar a
instalação de qualquer culto religioso ou
qualquer outra actividade que implique o
pagamento de taxas pela sua prática de
forma duvidosa e que fuja ao conceito de
tolerância e igualdade, podendo as suas
Religiões – Aceitação das diferenças Culturais
fonte/autor @
práticas provocar danos em terceiros,
quer sejam pessoas da comunidade ou
não,
ou
mesmo
seres
vivos
ou
inanimados. Portanto, caso a sua prática
crie efeitos psicológicos ou físicos com
efeitos negativos para qualquer ser da
comunidade.
A água é dos bens mais preciosos e
representativos da vida da cidade e unirá
todo o contexto fértil e vivo da cidade,
através de uma distribuição sustentável
Harmonia da Natureza
fonte/autor @
através dos espaços e corredores verdes
que ligam a urbe à biosfera.
Plantas medicinais e decorativas nos
espaços verdes poderão ser recolhidas
pelas
pessoas,
segundo
indicações
expostas.
Espaço Verde público
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
137
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os serviços de cumprimento penal e de
Soluções Sócio-Urbanas Ordem Pública
centros de cura mental serão instalados
perto de zonas de produção orgânica,
podendo os reclusos, consoante cada
caso, trabalhar como qualquer cidadão
comum, promovendo assim a integração
social. É do conhecimento científico que o
contacto com a terra, prestar cuidados a
plantas e animais, produz benefícios
mentais no ser humano, ajudando à
criação
de
neuro-ligações
cerebrais
positivas; em certos casos a criação de
ocupações úteis para a sociedade e para
o indivíduo com valores neo-humanistas é
o suficiente para promover o seu equilíbrio
e reabilitá-lo.
Rebento de uma árvore – Uma das actividades de
pessoas a cumprir penas pode ser o reflorestamento do
O direito à vida e à reabilitação será um
direito adquirido, o recluso ou demente
território
fonte/autor @
terá acesso a boas práticas de vida que
permitam
saudável,
criar
um
com
equilíbrio
mental
acompanhamento
personalizado; e sempre que possível,
prestando serviços cívicos. Portanto, o
criminoso que lesou a comunidade em
qualquer aspecto deverá pagar a sua
pena
sempre
com
serviços
que
compensem a comunidade pelos seus
danos,
sempre
que
possível
as
penalizações deverão ser pagas com
prestação de serviços, excepto casos
específicos em que a comunidade foi
lesada monetariamente.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
138
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O
governo
da
cidade
será
a
cooperativa gestora, responsável pelas
outras
coopertativas
e
pelo
Soluções Sócio-Urbanas
Governo da Cidade
sistema
democrático de intervenção pública. Todo
o cidadão interessado poderá votar sobre
os vários assuntos da comunidade, depois
da participação em colóquios sobre o
assunto, independentemente de pertencer
ou não a algum movimento político. As
informações, debates e colóquios são
gratuitos e acessíveis a qualquer cidadão
e serão de caracter interactivo.
Tecnologia Digital – Interacção de Serviços
A maior parte dos serviços prestados
deixarão de ser burocráticos, funcionando
Governamentais e do Cidadão
fonte/autor @
como serviços de prestação de cuidados
cívicos
espalhados
localizados
nos
libertando
as
pela
núcleos
cidade,
de
apoio,
preocupações
da
comunidade de encargos e logística e
canalizando as preocupações para o bom
desenvolvimento da comunidade.
Os
mandatários
serão
eleitos
e
monitorizados por recursos humanos da
mesma forma como qualquer funcionário
público, cooperativa ou qualquer empresa,
e
os
resultados
serão
expostos
e
avaliados pela comunidade que terá por
direito de voto a liberdade de destituir os
Concerto a favor da Paz
fonte/autor @
próprios mandatários do governo, caso os
resultados sejam muito negativos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
139
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
2.6 - Retrospectiva da Estrutura Sócio-Política
A
semi-retícula
de
Alexandrer
A semi-rectícula que proponho é por
nas
isso um pouco diferente da visão de C.
cumplicidades da urbe, retrata em alguns
Alexandrer que não maximiza os recursos
pontos a mistura de zonas habitacionais
da mesma forma. As realidades urbanas
urbanas com equipamentos universitários,
não sobrevivem isoladas. No entanto
ou
,Alexandrer, há quarenta anos atrás, não
multifuncional,
C.
baseada
edificios
de
espectáculos
que
afirmaram o seu lugar algures no meio da
conhecia
cidade. As realidades sobrepostas de
autónomos, nem pensou algum dia que os
certa forma complementaram-se, o que é
centros comerciais esvaziariam os velhos
justificável
centros de comércio de rua das cidades
caso
não
interfiram
negativamente com a qualidade de vida
dos
moradores.
de
certos
pólos
tradicionais.
A verdade é que o ser humano é
equipamentos
comodista por natureza e dirige-se aos
encontraram o seu espaço próprio, mas
pólos urbanos com os quais se indentifica
os
mais e dos quais acha que pode tirar mais
que
moradores
consequências
das
força
vezes
acontece
Muitas
a
estes
sofrem
do
com
seu
as
sucesso.
partido.
Analisando a vivência urbana de pessoas
que vivam ao lado de um estádio de
futebol ou de um centro de eventos
reparamos que os conflitos urbanos são
desconcertantes,
nomeadamente
pelo
trânsito excessivo, poluição sonora e
excessos comportamentais das pessoas
na altura dos eventos. Uma actividade de
grande
concentração
de
pessoas,
religiosa, cultural ou desportiva, provoca
acontecimentos urbanos de concentração
de
massas,
poluição
sonora,
necessidades espaciais e recursos que
implicam condições urbanas à primeira
vista
incompatíveis
com
o
factor
residêncial. «É como misturar o azeite
com vinagre».
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
140
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Contando todos os museus de Lisboa,
Retrospectiva da Base Sócio-Politica
o CCB (Centro Cultural de Belém) é sem
dúvida o mais visitado e a razão está no
facto
de
ser
realidades
um
culturais
polo
com
diferentes
várias
que
o
complementam.
Provavelmente teria visitado muitas
mais exposições e feito mais uso do CCB,
de forma mais cómoda e até selectiva se
este pólo absorvesse mais museus e uma
bibioteca pública, maximizando os seus
recursos culturais já vastos. A cidade
antiga
adapta-se
aos
poucos
às
CCB – Centro Cultural de Belém - Lisboa
fonte/autor @
alterações dos tempos modernos. Os
espaços antigos não devem, no entanto,
ser preservados a todo o custo, com a
ilusão de que estamos a desenvolver
semi-rectículas saudáveis por manter a
estrutura tradicional das cidades, quando
na
verdade
estamos,
isso
sim,
a
fragmentar a urbe.
Quando se critica a fuga demográfica
de habitantes do centro histórico da
Baixa de Lisboa – Zona do Rossio
fonte/autor @
cidade de Lisboa, não se pode ignorar o
facto da cidade não estar a oferecer uma
vida urbana
equilibrada. Os habitantes
saem do seu núcleo antigo porque os
afoga
num
constante
frenezim
de
insegurança, tráfico urbano, poluição a
vários níveis, falta de espaços verdes, de
equipamentos para crianças e idosos,
entre outros poblemas; logo considero até
positivo o despovoamento deste centro da
cidade, desafogando-a um pouco.
Praça do Comercio
Baixa de Lisboa – Centro Histórico
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
141
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Em Lisboa, o arranjo urbano do Parque
Retrospectiva da Base Sócio-Politica
das Nações poderá, de início, parecer
uma resposta inovadora aos problemas
descritos na alínea anterior, pena os seus
equipamentos
e
os
espaços
verdes
estarem dispersos, desconectados entre
si, alguns deles diria mesmo, praticamente
devolutos.
A
frente
estrutura
rio
enquadra-se
urbana
com
longitudinal,
a
que
infelizmente seguiu um esquema urbano
em forma
de acampamento romano do
tipo árvore tão criticado por C. Alexandrer.
O que realmente sustenta algum do seu
sucesso,
atraindo
muitos
Expo 98 – Perspectiva aérea
fonte/autor @
eventos,
actividades e pessoas, são alguns dos
seus equipamentos únicos de utilidade
pública, comercial,
lazer e
cultura,
empresarial, transportes, espaços verdes,
faltando
essencialmente
alguns
equipamentos complementares ligados ao
desporto. Outro aspecto positivo encontrase na sua relação periférica com zonas
residênciais, que tomam partido das suas
estruturas,
principalmente
perto
de
espaços verdes; valorizando ambas as
zonas
e
a
sua
horizontalidade
morfológica, propícia ao uso de soluções
Expo 98 – zona Residêncial Norte – Jardim público
fonte/autor @
de locomoção, seja de bicicleta, seja a pé,
menos penosa, apesar da sua estrutura
urbana dispersa e fragmentada.
O
Parque
das
Nações
ainda
porporciona alguns pontos positivos para
a cidade de Lisboa, mas não serve como
exemplo urbano de futuro.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
142
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Põe-se a questão se o Parque das
Retrospectiva da Base Sócio-Politica
Nações poderia funcionar ao nível urbano
implantando mais zonas residênciais no
seu interior para animar as suas zonas
Em caso de eventos comunitários que
devolutas. Começando pelos acessos e
atraiam a população de toda a cidade, que
vias circundantes já por si ineficazes, a
compatiblidades
vivência residencial dentro da ―Expo98‖
estacionamento,
segurança,
provocaria um caos viário. Suponhamos
Sejam
forem
que este problema seria resolvido com
encontradas,
vias alternativas e que multiplicávamos as
socialmente descriminatórias, porque se o
torres Vasco da Gama, residênciais da
núcleo é da comunidade, para todos, não
Expo98, por um número considerável de
poderá estar dependente das exigências
edifícios habitacionais em zonas livres da
urbanas dos moradores em particular.
de
quais
seriam
tráfego,
existirão?!
as
soluções
dispendiosas
e
Penso que a única forma de um tecido
parte interna do Parque das Nações.
Esta espécie de selva arquitectónica,
destes resultar seria esperar que todo o
foi já experimentada em algumas cidades
núcleo fosse a própria cidade e isso é
satélite
demográficamente
de
Paris
nos
seus
núcleos
urbanisticamente
urbanos sem grandes resultados.
O factor mais desconcertante, além das
claustrofóbico
e
desproporcional
em
relação ao equipamento proposto.
incompatibilidades urbanas é, a meu ver,
o factor de ordem social. Quem seriam os
habitantes
dentro
deste
núcleo
multifunções e quem seriam os habitantes
da periferia do núcleo? Residentes de
classe alta dentro e de classe média fora?
Ou seriam as residências atribuídas às
famílias através de valores acessíveis por
sorteio ou por mérito de alguma ordem?
Que
política
implantar
ao
nível
de
impostos sem descriminar pessoas que
contribuem
para
o núcleo mas não
usufruem da mesma forma como outros
Expo 98 – Torres Vasco da Gama
fonte/autor @
que vivem nele?!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
143
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Retrospectiva da Base Sócio-Política
No núcleo «mãe» que proponho para a
cidade utópica, concordo com algum
equipamento residêncial mas a título
Os ministérios de Espanha em Madrid,
comunitário e temporário, como hotéis,
juntos numa só unidade edificada são um
postos de vigia, residências públicas,
bom exemplo deste facto, comparando
centros de actividades recriativas e retiros,
com os ministérios de Portugual, os quais
residências
vivem desfazados territorialmente uns dos
temporárias
para
artistas,
desportistas, ou outras personalidades
outros,
provocando
mais
dificuldades
externas ou locais, que sejam uma mais
governamentais. Talvez esteja aqui uma
valia para a comunidade e precisem de
das muitas razões que tornou Espanha
alojamento temporário.
muito mais desenvolvida que Portugal.
uma
A minha visão de cidade utópica
centros
procura formar um organismo integrado,
polarizadores das vivências dos vários
complexo e humanizante, um corpo com
campos da comunidade, com grande
pele, órgãos e canais urbanos definidos,
afluência de pessoas e de actividades,
que
dando aos bairros um carácter mais
Antropomórfico de forma subjectiva, não
residêncial, calmo, propício ao descanso,
em relação ao uso de uma unidade de
ao dia a dia dos idosos e das crianças,
medida, mas mais ao jeito da tribo Dogon
independentemente
por ser possivel atribuir ao esquema
Os
núcleos
interacção
proporcionam
social
forte,
destes
também
pode
usufruirem do resto da cidade e dos seus
urbano
núcleos.
encontrados
A estrutura multipolar de cidade em
rede proporciona novas vivências sociais,
formações
educativas
promovem
comunidade,
o
integradoras,
desenvolvimento
transmitindo
uma
ser
avaliado
simbolismos
na
como
similares
Natureza,
dos
aos
quais
falarei na base Psico-Energética.
A cidade utópica e formada por uma
e
primeira camada onde se situa a cidade
em
comunitária representada pelo Núcleo
visão
«Mãe»;
por
uma
segunda
camada
revolucionária para o exterior, atraindo um
periférica residêncial premiada entre os
turismo ligado ao conceito da própria
distritos
cidade e fomentando o desenvolvimento
escoamento e núcleos periféricos, e por
de soluções urbanas novas.
uma terceira camada periferica formada
A união de áreas complementares,
por
vias
habitacionais
de
com
escoamento,
vias
de
núcleos
educativas, profissionais, edificantes, são
académico-científicos, zonas industriais,
uma forma de unir a sociedade e torná-la
campos de produção e investigação e
mais forte.
equipamentos de grande envergadura
para produção e para os transportes.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
144
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
3 - BASE PSICO-ENERGÉTICA
3.1 - Introdução – Forças Psico-Energéticas
Como
resultado
crescente
de
influência
do
do
provas
aparecimento
concretas
pensamento
sobre
da
as
estruturas atómicas, os cientistas têm
vindo a descobrir que a força intencional
aplicada de forma consciente ou mesmo
inconsciente,
influencia
os
elementos
vivos e inanimados.
A física quântica vai ainda mais longe
ao afirmar que a estabilidade natural das
partículas atómicas e suas leis físicas não
seriam possíveis sem a existência de uma
Átomo Quântico
fonte/autor @
espécie de X vibratório, absorvido pelos
elementos de forma constante. Algo pega
nas partículas atómicas, tal como um
malabarista pega nas bolas e as faz girar
no ar, as quais não giram sem a
intervenção
mecânica
deste.
A
este
campo magnético atómico eles chamam
simplesmente
de
informação.
O
que
obriga os cientistas a formular o Universo
como um conjunto de bits de informação
infinito, uma super-consciência cósmica,
responsável pelas leis da Natureza.
No capítulo I levantei a questão da
influência de elementos vibratórios que
faço
questão
resultados
das
de
clarificar
com
experiências
os
Natureza do Universo
fonte/autor @
psico-
energéticas; explicando como os campos
electromagnéticos interagem com toda a
realidade quântica que nos rodeia.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
145
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A descoberta da informação atómica
abriu caminho a todo um novo campo de
Introdução Forças Psico-Energéticas
estudos sobre a influência das vibrações
intencionais emanadas pelo pensamento,
mostrando a existência de uma relação
subtil entre o pensamento e as partículas
atómicas. Os resultados têm vindo a
fascinar toda a comunidade científica.
A
ergonomia,
a
psicologia,
a
parapsicologia, a físico-química, têm aos
poucos aberto o homem para esta nova
tomada de consciência, a qual será
importante na construção e sobrevivência
das cidades do futuro. As várias ciências
estão
finalmente
a
chegar
a
um
Harmonia Psico-Somática com o mundo
denominador comum em relação ao a
fonte/autor @
este fenómeno psico-energético.
Vou expor resumidamente algumas
provas
concretas
apresentadas
por
estudos científicos destas «forças».
O cepticismo humano em relação à
força do pensamento a qual podemos
designar por força da ―intenção‖ é um erro
similar aos primórdios da ciência quando
os antigos cépticos achavam que o sol
girava à volta da terra.
A
Praxis
implica
consciências
e
vivências saudáveis em comunidade, só
possível com processos mentais positivos.
Psiquicamente é possível criar campos
energéticos
de
prosperidade,
riqueza,
saúde e paz social, capazes de produzir
acontecimentos positivos na urbe. «Todos
colhemos aquilo que semeamos».
Evento Colectivo – Brasília
fonte/autor @
3.2 Estudos Científicos na área das Psico-Energias
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
146
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
3.2.1- O Poder da Mente – Experiencias Quânticas
Uma
das
experiências
mais
conhecidas sobre o efeito da intenção
psíquica é o efeito placebo.
“Deepak Chopra ficou famoso por um
livro que escreveu, chamado Cura
Quântica, lançado há 10 anos. Ele
começou a revolucionar a Medicina, de
certa forma, através de um fenômeno
chamado “efeito placebo” para o qual os
cientistas não têm explicações concretas.
Esse trabalho, que é muito semelhante à
minha forma de pensar, e eu tenho lido
trabalhos citando a conexão entre as nossas
idéias... Mas vejamos as implicações disso.
Se, de fato, houver cura quântica, se
houver Medicina mental, o efeito da mente
sobre a cura, então as pessoas serão de fato
ajudadas, não apenas no campo da
Psicologia, mas no campo da verdadeira
saúde física. A saúde física real importa
mais para muitas mais pessoas do que a
saúde mental, ainda não estamos
esclarecidos o bastante para levar a saúde
mental tão a sério.”(Amit Goswami –
cientista de Fisica-quântica)
Placebo – Comprimido de Farinha
fonte/autor @
Experiências mais conclusivas sobre
os efeitos em objectos vivos e inanimados
através do poder da intenção surgiram em
1993 e 1994,
pelo neurofisiologista
mexicano Jacobo Greenberg Silberman.
Telepatia – Transmissão de dados mentais
fonte/autor @
Ele e os seus colaboradores fizeram
experiências
com
dois
voluntários,
observados a meditar juntos por 20
minutos, com o propósito de produzirem
comunicação direta. Comunicação directa
que ele definiu do tipo ―não-localidade‖.
Sinais não-locais foram detectados,
registou-se a existência de comunicação.
Fora-lhes pedido que mantivessem o
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
147
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
estado
meditativo
durante
toda
a
Experiências Quânticas
experiência. Um deles é levado para outro
recinto para dificultar a comunicação. Eles
ficam em câmaras de Faraday, onde não
é
possível
a
comunicação
electromagnética. Os cérebros deles são
monitorizados por aparelhos de medida:
“… Uma das pessoas vê uma série de
“flashes” brilhantes, o cérebro dele responde
com actividade eléctrica, obtém-se um
potencial de resposta muito claro, picos
muito claros, fases muito claras. O cérebro
da outra pessoa mostra actividade, a partir da
qual obtém-se um potencial de transferência
que é muito semelhante em força e 70%
idêntico em fases ao potencial de resposta da
primeira pessoa. O mais interessante é que,
se você pegar duas outras pessoas, duas
pessoas que não meditaram juntas, ou
pessoas que não tinham a intenção de se
comunicar, para elas, não há potencial de
transferência. Mas para pessoas que meditam
juntas, invariavelmente, muitas vezes, um
em cada quatro casos, obtemos o fenómeno
de potencial de transferência. (…) “ (Amit
Goswami – Fisica-quântica).
Nesta experiência fica evidente um
processo de telepatia, que atravessa o
Porta isolante da Câmara Faraday
fonte/autor @
campo físico e electromagnético e que
influência o campo mental de cada um; se
transportarmos
este
facto
para
a
sociedade em geral, todos nós criamos
laços mentais interactivos, mais ou menos
fortes.
Terapia mental – Cura Quântica
fonte/autor @
A seguinte experiência denota a
capacidade do pensamento em alterar
dados:
“Helmut Schmidt, um físico que pesquisa
parapsicologia, tenta há quase 20 anos, fazer
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
148
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
com que médiuns influenciem os geradores
de números aleatórios para gerarem
sequências não-aleatórias, mais zeros que
uns. E ao longo dos anos ele conseguiu boas
evidências de que, até certo ponto, os
médiuns conseguem fazer isso. Um resultado
com um grande desvio. Isso ainda não tem
nada a ver com Física Quântica, mas
recentemente, em um trabalho publicado em
1993, Schmidt retratou uma modificação
revolucionária desses dados. O que ele fez,
recentemente, é que o gerador de números
aleatórios, os dados do gerador de números,
a sequência, é armazenada num computador,
ela é impressa, mas ninguém olha. Os dados
impressos são fechados num envelope e
enviados para um observador independente.
Três meses depois, o observador, sem abrir o
envelope, escolhe o que quer ver, mais zeros
ou mais uns. Tudo segue um critério. Então
ele liga para o pesquisador, o pesquisador diz
ao médium para olhar os dados, e pede a ele
para mudar os resultados, influenciá-los, se
puder. E o médium tenta produzir mais
zeros, se esse for o desejo do observador. E
então, o observador abre o envelope e
verifica se o médium conseguiu.
E a incrível conclusão (é um resultado
sério, não é fácil contestá-lo) que o médium,
em 4 de cada 5 tentativas, consegue mudar
os números aleatórios gerados pelo aparelho,
mesmo após três meses. Este mito de que o
pensamento causa colapso de si mesmo, que
o colapso é objetivo, sem que o observador
consciente as veja, é apenas um mito. Nada
acontece, tudo é uma possibilidade até que o
observador
consciente
veja.
Numa
experiência
controlada,
as
pessoas
intervieram. As pessoas viram, sem contar a
ninguém, viram os dados da impressão.
Nesses casos, o médium não influenciou os
dados. (…) ” (Amit Goswami – cientista de
Fisica-quântica)
Experiências Quânticas
O poder Mediunico da Mente
fonte/autor @
3.2.2 - Comentário aos resultados
Psico-Energéticos
Fica desde logo evidente a capacidade
de certas pessoas em alterar dados, a
força do pensamento, além de telepática e
de ser capaz de influênciar o campo
mental, ela afecta a realidade física
também. Eis então a questão: será que
tudo tem potencial psico-energético ou só
um
número certo
de
pessoas, com
capacidade de meditar e de concentração
é que consegue dominar esta energia?!
Na seguinte experiência iremos perceber
que a força da intenção ultrapassa até o
próprio indivíduo, e qualquer simbolismo
criado
transporta
carga
energética
influenciadora da realidade física.
3.2.3 - A Ciência Psico-Energética – Cientista Sr. Emoto – Experiências
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
149
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A
ciência
psico-energética
é
uma
expansão da actual ciência e pode ser lida
com
a
seguinte
equação metafórica:
Massa <> energia <> consciência.
“A experiência diz-nos que a consciência
humana manipula eficazmente todo o tipo de
informações (soma de números, linguagem
com letras que compõe palavras e frases,
puzzles que se agrupam em mapas e
imagens, e símbolos que fazem parte de
equações) de modo a introduzir ordem na
desordem.
A partir da nossa pesquisa psicoenergética,
que se explica na primeira parte deste artigo,
descobrimos um segundo nível distinto de
realidade física, muito diferente do patamar
eléctrico e normal dos átomos/moléculas.
Este novo nível funciona no vácuo físico
dentro do espaço «vazio» entre as partículas
fundamentais que compõem os átomos e as
moléculas e que, por sua vez, é composto por
ondas
de
informação
magnética.
Observamos que a física deste novo nível
pode ser modulada pela mente e intenções
humanas, e pela consciência em geral.
Há cerca de oito anos, descobrimos um
procedimento de repetição fidedigno para
substituir
o
estado
de
simetria
electromagnética de uma sala, ou de uma
outra área com dimensões maiores do que o
nosso nível normal de átomo/molécula, para
um em que as medições instrumentais e
comerciais pudessem aceder a estes dois
níveis de realidade física. Além do mais, o
procedimento permitia-nos sintonizar esse
espaço grande de modo a que uma intenção
específica se pudesse manifestar nesse nível
de vácuo de realidade física.
fonte/autor: (As Mensagens Escondidas da
Água, editora Estrela Polar / Massaru Emoto)
Quadro explicativo da influência psico-energética atómica
fonte/autor: Sr. Emoto @
A pesquisa demonstrou-nos que uma
propriedade material específica consiste em
duas partes: uma ao nível da realidade física
do átomo eléctrico/molécula (que é tudo o
que o nosso mundo normal consegue medir
actualmente) e uma ao nível da informação
das ondas magnéticas da realidade física. A
magnitude da segunda contribuição, medida
instrumentalmente, depende da magnitude de
um coeficiente de acoplamento material que
interliga os dois níveis. Este coeficiente de
acoplamento pode ser de magnitude
insignificante, como o nosso nível de
realidade física ou, se utilizarmos os
procedimentos acima referidos, pode ser
significante.
Usamo-los para:
1. Alterar substancialmente o pH do mesmo
tipo de água em equilíbrio com o ar, uma unidade
de pH acima ou abaixo (~100 vezes que a medida
de exactidão)
2. Aumentar ~25% (p <0,001) a actividade
termodinâmica in vitro de uma enzima específica
do fígado humano, a fosfatasse alcalina.
3. Aumentar ~20% (p <0,001) o rácio ao vivo
[ATP]/[ADP] das células de larvas da mosca da
fruta, para se desenvolverem melhor, em menos
tempo (~20% a p <0,001), até à fase adulta de
voo, a ATP é a molécula de energia armazenada
em todas as células, enquanto a ADP é o seu
precursor químico.
3.2.4 - Conclusões das Experiências do Sr. Emoto
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
150
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Além do já exposto, Emoto refere o
sistema
de
meridianos/chacras
da
acupunctura dos humanos, e talvez de
todos os vertebrados, como pertencendo
a este mecanismo harmónico de simetria
magnética, dando aos seres humanos a
capacidade básica de fazer o mesmo que
o engenho da intenção, embora não talvez
no mesmo grau significativo, a não ser
que
tenham,
provavelmente,
um
desenvolvimento pessoal prodigioso desta
capacidade. O Sr. Emoto tem vindo a
desenvolver
o
engenho
produtor
de
intenções num sistema auto-suficiente
para poder ser usado como instrumento
Aura – Campo de energia electromagnético do corpo
fonte/autor @
de biofeedback individual ou em grupo,
para
reforçar
o
auto-desenvolvimento
individual ou de grupo, a níveis cada vez
mais altos de autogestão.
Num sentido figurado, é como se
estivessem a desenvolver uma varinha
mágica, mas tal como a energia nuclear,
no futuro espero que este engenho não se
torne
numa
bomba
atómica
Fotografia kirtian – Campo electromagnético – mão
psico-
fonte/autor @
energética.
No entanto os trabalhos que realmente
tornaram o cientista Sr.Emoto famoso
foram as suas experiências com forças
intencionais para a formação de cristais
de gelo durante a congelação da água,
com
e
sem
aplicação
da
intenção
humana.
Formação de Cristais de água consoante a intenção
impressa, diferença entre – Obrigado <> Desejo Matar
Sr.Emoto
explica
que
o
biocampo
humano desenvolvido pode alterar as
propriedades
dos
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
materiais
e
o
151
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
funcionamento
dos
revelando
mais
níveis
instrumentos,
profundos
da
natureza, que não são previsíveis a partir
das observações diárias normais. As
radiações destes níveis naturais passam
através de materiais que são opticamente
opacos às radiações electromagnéticas no
espectro visível:
- As emissões não electromagnéticas dos
biocampos dos seres humanos normais,
quando moduladas pela atenção e intenção
dirigidas, reforçam ou não reforçam as
micro-avalanches
de
electrões
num
instrumento simples de descarga gasosa,
dependendo do foco inicial da intenção do
ser humano.
- A consciência humana, sob forma de uma
intenção específica, pode ser impressa num
instrumento electrónico simples e de baixa
tecnologia, a partir de um estado de
meditação profunda em humanos altamente
desenvolvidos.
Este instrumento, que agora se chama
IIED (instrumento eléctrico de impressão de
intenções), actua como substituto eficaz da
influência significativa de um alvo único na
realidade física.
- As quatro experiências analisadas com alvos
envolveram: (a) um material inorgânico (água),
com alterações de propriedades 100 %
superiores do que a medida de exactidão; (b)
um material orgânico in vitro com alterações
das propriedades de ~20 % a p <0,001 e (c) um
material vivo com alterações de propriedades
~20 a p <0,001, ambos os últimos com
controlos incorporados. (As Mensagens
Escondidas da Água, editora Estrela Polar Massaru Emoto)
“…as nossas experiências IIED demonstraram
claramente os efeitos significativos da intenção
humana em vários processos da realidade
física. Alguns desses efeitos piscoenergéticos
estão directamente correlacionados com o
aumento da livre energia termodinâmica do
sistema, quando dois níveis únicos de realidade
física, p1 e p2, se acoplam significantemente.
Além do mais, demonstrou-se uma medição
quantitativa desta alteração, usando uma sonda
de iões H+14. Se tal sistema acoplado se gerou
nas experiências de Emoto, então a força
termodinâmica impulsionadora, AG, seria
alterada para cima e para baixo no processo de
cristalização da água e poderíamos esperar
alterações significativas. (…)” (As Mensagens
Escondidas da Água, editora Estrela Polar Massaru Emoto)
Campo magnético da água – alinhável pela força psicoenergética
Conclusões Experimentais Sr. Emoto
fonte/autor @
3.2.5 - Efeitos Psico-Energéticos nos Cristais de Gelo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
152
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Linguagem atómica da água – Vários investigadores, como o Professor Jacques
Benveniste, o Dr. Wolfgang Ludwig, David Schweitzer e Masaru Emoto, têm fornecido claras
provas de como a água actua como um receptor líquido, capaz de receber, armazenar e
transmitir vibrações electromagnéticas. Como as moléculas de água têm um pólo positivo e
outro negativo, elas comportam-se como pequenos magnetes. Acoplam-se às moléculas
vizinhas e formam agregados de várias centenas de moléculas. Estes grupos são estruturas
muito sensíveis e impressionáveis por influências vibratórias. É isto que confere à água a
sua capacidade de armazenar informação.
Os padrões do gelo que o Sr. Emoto obteve
são observados com ampliações de «100-200
Um». O seu tamanho e simetria são consistentes
com o facto de a origem ser um segmento da
superfície de um domínio coerente com cerca de
«50» Um de diâmetro, o cálculo de dimensão I
para a condição de eliminação da memória da
água. Estes padrões de gelo são consistentes com
a representação de padrões de frequência dentro
de um domínio. Em 1989, descobrimos que a
água congelada num campo magnético estático
mostra padrões de cristais de gelo distintamente
orientados em ângulos rectos para o campo
magnético. Também havia efeitos dependentes
das frequências, resultantes de alterar campos
magnéticos. Logo os padrões dos cristais de gelo
enucleados por frequências coerentes dentro de
um domínio coerente são pelo menos uma
possibilidade.
Análise fotográfica dos cristais de água – “
…Começamos por colocar uma só gota de água
em cada uma das 50 placas de Petri já preparadas.
Depois congelamo-las a -25ºC e fotografamos ao
microscópio os cristais formados. No laboratório
em que trabalhávamos a temperatura era mantida
nos -5ºC. Mesmo assim, o tempo necessário de
vida de um cristal era de apenas dois minutos por
causa da luz necessária, cujo aquecimento
derretia o objecto das experiências. Normalmente
seleccionamos um em cada 50 fotografias, por ser
representativa da forma que surge com maior
frequência. (As Mensagens Escondidas da Água,
editora Estrela Polar - Massaru Emoto)
Com a etiqueta «Alegria» – a formação do cristal
resulta num harmonioso elemento.
fonte/autor @
Esta agua levou uma etiqueta a dizer «vou-te matar»
julgue por si os efeitos causados na água.
fonte/autor @
A memória da água – Quando a água congela,
as suas moléculas ligam-se de uma forma
sistemática, formando os núcleos de um cristal que
estabiliza na forma hexagonal. Depois começa a
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
153
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
crescer e torna-se visível. Este é o curso natural do
procedimento. No entanto se o cristal deparar com
uma informação não natural, não consegue alcançar
uma forma hexagonal harmoniosa.
Uma vez confirmada a hipótese inicial, comecei
a investigar a água de diferentes proveniências. As
experiências correram bem e tiramos fotografias
fidedignas. A questão que nos colocávamos era:
Será que os cristais de água têm aspectos diferentes
em diferentes circunstâncias?
Todas as minhas espectativas foram
ultrapassadas. As fotografias demonstraram
claramente que, dependendo da sua origem (isto é,
vinda da nascente ou de uma torneira da cozinha), a
água assumia formas totalmente diferentes. Eram
provas visíveis de como a água não é toda igual e
reage às «experiencias» por que passa na sua
jornada, armazenando essa informação. A água de
uma nascente formava hexágonos regulares de uma
beleza ímpar ao passo que a água no final do curso
de um rio ou barragem dificilmente sequer formava
cristais completos. (…)
À luz das experiências podemos dizer
que a água tem memória. Cada molécula
transporta alguma informação e, quando a
bebemos, ela torna-se parte do nosso
corpo. Olhando para estas fotografias,
pergunte a si mesmo «Qual a informação
que desejo absorver?». (As Mensagens
Escondidas da Água, editora Estrela Polar Maçara Emito)
Fig. 1 – Musica – Heavy Metal (não consegue formar
um cristal coerente)
fonte/autor @
Fig. 2 – Musica - Lago dos Cisnes - Tchaikovky
fonte/autor @
A água ouve música?! A Música
Heavy Metal ―depressiva‖ (fig.1) não criou
uma harmonia cristalina; enquanto o
«Lago dos cisnes» de Tchaikovky, formou
um cristal com braços delicados que
fazem lembrar o pescoço dos cisnes e
efeitos
harmoniosos;
(fig.
2
e
3),
mostrando a influência da mensagem
Fig. 3 – Musica - Lago dos Cisnes - Tchaikovky
fonte/autor @
musical.
Cristais de Água Sr. Emito
A água é capaz de ler e ver?! Este
cristal formou-se depois de a água ver a
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
154
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
fotografia
dos
golfinhos
a
mergulhar
(fig.4).
A palavra amor exposta ao cristal gerou
uma
forma
trabalhada,
Fig. 4 – Cristal – Golfinhos a saltar no mar
«cheia»,
harmónica e reluzente (fig.5).
O
Sr.Emoto
e
outros
laboratórios
espalhados pelo mundo fora já fizeram
milhares de experiencias científicas com
este processo e a conclusão é cada vez
mais unânime, tudo indica que a água
responde à mensagem vibracional que
acompanha qualquer objecto, imagem,
música, palavra, enfim, qualquer intenção
que
exista
na
realidade,
seja
ela
provocada pelo ser humano ou não.
Fig. 5 – Cristal – Palavra «Amor»
fonte/autor @
Cristais de Água Sr. Emoto
3.3 - Conclusão Científica do ponto de vista Urbano
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
155
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
As
últimas
experimentações
são
reveladoras do factor psico-energético, de
um
elemento
informativo-intencional
capaz de influenciar toda a realidade
orgânica e inorgânica. Conectando estas
experiências
científicas
com
que
outras
observações
provam
a
partilha
morfogenética do conhecimento entre os
seres vivos, diria mesmo uma telepatia
colectiva
inconsciente,
nomeadamente
estudado
em
macacos,
A força invisível da urbe
compreendemos
que
existem
forças externas elementares
várias
fonte/autor @
na vida
urbana que constantemente ignoramos.
A medicina de vanguarda tem vindo a
desenvolver processos de cura usando a
psico-energia, mais conhecidos como cura
quântica, com resultados promissores.
Estamos
perante
a
necessidade
intemporal da compreensão das forças da
Natureza para a construção da urbe, no
qual
o
campo
influencia
a
mental
e
sociedade
e
intencional
as
suas
estruturas atómicas. As intenções de cada
cidadão influenciam os espaços e estes
influenciam-no segundo o seu carácter e
mensagem
arquitectónica,
espacial,
representativa, de mil e uma formas,
através das vibrações subtis, sem muitas
vezes darmos por isso, é um processo tão
A energia do pensamento
fonte/autor @
natural como respirar.
Uma
sociedade
próspera
e
feliz
dependerá sempre da vontade das forças
intencionais implantadas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
156
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
3.4 – Disposição Psico-Energética da Urbe
O poder intencional psico-energético
deverá funcionar a favor do colectivo,
valorizando os centros representativos da
comunidade, partindo da criação de um
espaço central público na cidade, e vários
espaços estratégicos públicos: praças,
miradouros, parques, entre outros, onde
as pessoas possam usufruir da cidade
positivamente
e
produzir
Grande praça do Amor Núcleo Mãe > Cidade UT
fonte/autor T. L.
eventos
dinâmicos saudáveis.
Estes espaços funcionarão melhor, a
meu
ver,
rodeados
de
vibrações
harmónicas relacionadas com fertilidade,
bem-estar, desenvolvimento e harmonia,
facilmente atingível com espaços verdes,
equipamentos sociais e culturais eficazes,
estudados
ergonomicamente
para
o
efeito.
Comportamento das partículas quânticas –
probabilidade de acção – centro/periferia
Faz todo o sentido existir um «pulmão da
fonte/autor @
cidade» no centro, ligado por corredores
verdes e vias, ramificadas à periferia. Este
espaço de supra-centralidade assumida
na cidade ao ser inteiramente público e
aberto, onde todos podem sentir-se parte
da cidade, expressarem-se e relaxar,
proporcionará uma boa vibração mental
no
cidadão,
valorizadores
transmitindo
e
sentimentos
consequentemente
a
cidade será mais valorizada, passando o
seu centro e centros intencionais a
estarem
focados
no
bem
estar
da
comunidade e não num centro específico
Caminho – Monsanto – direcção a cidade Lisboa
fonte/autor @
de poder, que desvalorize os outros
interesses comunitários.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
157
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A
atmosfera
rejuvenescedora
e
Disposição Psico-energética da Urbe
saudável do centro emanará sob forma
material e energética, através do oxigénio
das
plantas
energéticas,
e
das
vibrações
produzindo
uma
psicoonda
vibratória pacificadora por toda a cidade.
Será simultaneamente «o coração da
cidade», onde os amantes se encontrarão,
onde as pessoas virão fazer desporto,
obter cultura ou simplesmente meditar
positivamente, onde as crianças terão
condições para brincar e aprender, onde
os jovens poderão praticar suas aventuras
e desportos radicais, onde os mais velhos
possam dançar, contar histórias aos mais
novos, onde os desafortunados se sintam
cidadãos e sejam incentivados desde logo
Actividades de lazer – Serafina – Parque de Monsanto
fonte/autor @
a mudar as suas vidas, onde existam
festas e eventos importantes e boas
vibrações de prosperidade, enfim, onde
uma
infinidade
de
acontecimentos
saudáveis para a comunidade aconteçam
e sejam estimulados facilmente.
A força do centro se espalhará para
periferia através dos canais de ligação e
dos
elementos
urbanos,
marcos
simbólicos, equipamentos, vias, canais,
entre outros, criando uma relação forte
com todos os pontos da cidade. Ao
criarmos
elementos
urbanos
com
linguagem e estética relacionável com
centro urbano, o cidadão, sem mesmo dar
por isso, criará um paralelismo mental
Instalação Urbana
fonte/autor: Gustafson Porter @
com o centro mãe da cidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
158
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O centro deste núcleo, que pode ser
Disposição Psico-energética da Urbe
em parte formado por um parque e praças
públicas, rodeado pelos serviços referidos
e
pelo
«pulmão
da
cidade»,
é
mega-espaço
de
essencialmente
um
contemplação.
Calmo
por
natureza,
emanará essa paz para toda a cidade.
Portanto, deverá ter mesmo algumas
zonas de silêncio profundo, convidando os
seus cidadãos à criação de pensamentos
e meditações positivas, recebendo e
espalhando vibrações saudáveis.
Esboço do Núcleo Mãe e sua reflexão urbana Periférica
Este silêncio poderá ser quebrado para
Cidade UT
fonte/autor T. L.
eventos comemorativos, feiras, concertos,
entre outros, mas sempre com o intuito de
promover vibrações positivas para o bemestar de todos.
Não é portanto, usando uma expressão
comum, um lugar para «conversa de
café», com vibrações mentais e ruídos por
vezes melindrosos, nem um lugar dado a
um
fluxo
desenfreado,
mercantilista,
materialista, sem grande ordem de valores
humanos. O centro nevrálgico vive em
cumplicidade com os equipamentos mais
importantes para a sociedade, cabe ao
próprio cidadão interagir com os seus
espaços «semi-desertos». Em todos os
seus espaços estarão escritas palavras de
Actividades Humanizantes – Espírito Colectivo
fonte/autor @
incentivo e simbologias a quem o visite,
com o objectivo de intuir as pessoas a
darem
os
bons
pensamentos
promovendo
e
o
dias
atitudes
respeito
e
a
terem
saudáveis,
mútuo
entre
cidadão e cidade e o seu sentido de
serviço.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
159
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A
cidade
modelo
caracteriza-se
Disposição Psico-energética da Urbe
portanto por uma zona central geradora
de bem-estar social e desenvolvimento do
cidadão e do colectivo em harmonia com
o planeta e a sociedade, uma 1ª periferia
geradora
de
repouso,
aprendizagem,
alimento e crescimento do cidadão e
família em harmonia com a visão da
cidade, e uma segunda periferia dedicada
à
produção,
estudo
e
investigação,
desenvolvimento social e educacional em
Perspectiva da Cidade UT
fonte/autor T. L.
harmonia com a biosfera envolvente.
A dita força atómica do centro é
amplificável nas periferias através de
elementos especialmente pensados para
o efeito. Por exemplo, poder-se-á usar
elementos escultóricos em rotundas ou
outros sítios estratégicos, com linguagem
estética e simbólica, transmissora de
valores positivos e relacionados com o
centro da cidade.
As
cidades
do
futuro
serão
tecnologicamente inteligentes, e um dia,
biónicas,
capazes
alimentarem.
Nessa
de
se
fase,
se
autoo
ser
humano não tiver criado valores entre si e
a cidade continuar com a mesma orgânica
urbana contemporânea, o homem passará
Torre Biónica – Hong Kong
fonte/autor @
a ser mais uma máquina controlada por
um super sistema de ordem pública,
vivendo num estado de ataraxia social.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
160
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No entanto, a favor da variedade e
personificação
de
cada
zona,
Disposição Psico-energética da Urbe
eles
deverão ter também uma «linguagem»
própria, representando assim a zona em
que se encontram, servindo de marcos
orientadores,
nunca
esquecendo
uma
simbologia de carácter positivo para o
cidadão,
criando
assim
uma
dupla
dicotomia entre centro e cidade e as suas
variantes periféricas.
Nas
cidades
contemporâneas
os
edifícios crescem em altura conforme a
especulação imobiliária avança para os
Competição pelas «alturas» – Arranha-céus
fonte/autor @
centros da cidade, hoje ditados pelo poder
económico das grandes empresas. Esta
concorrência entre si pelo ponto mais alto
no
céu, apoiados
competitiva,
na
afirmando
política
global
o
poder
seu
empresarial através da imponência dos
edifícios é sem dúvida uma intenção, uma
força atómica e psíquica fomentando a
competição e o elitismo. Todas estas
cidades vivem segundo uma frequência
cinética da maximização do materialismo
e do lucro sobre todos os outros factores
sociais.
Psico-energeticamente é difícil criar
uma
sociedade
justa
num
ambiente
arquitectónico condicionante da vida na
cidade, sem capacidade de transmissão
de
valores
humanos,
fomentando
o
Pintura – Ambiente urbano
fonte/autor @
carácter individualista e autista.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
161
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Essa energia emanará sobre todo o
Disposição Psico-energética da Urbe
centro e sobre todo o espaço urbano,
disciplinado por vias estranguladas entre
arranha-céus, facilitando os problemas
actuais das cidades de hoje, baseados
sobretudo na falta de ética e valores
humanos.
O que queremos do centro da cidade é
exactamente
o
oposto,
um
espaço
harmónico de bem-estar comunitário que
se propague para o resto da cidade sem
barreiras urbanas que o concentrem, com
soluções urbanas que amplifiquem a
união com a periferia.
Os materiais usados, as atmosferas
espaciais urbanas, o sistema políticosocial, tudo são linguagens, que se
influenciam mutuamente.
Os prédios e arranha-céus, numa
perspectiva atómica, na realidade são 1%
Ambiente clausura – edifícios altos
fonte/autor @
matéria e 99% campo não material. Este
campo que em física quântica não passa
de probabilidades, é influenciável pelas
vibrações e é o responsável por dar forma
atómica aos 1% que falamos.
Ao
criarmos
campos
mentais
de
clausura, stress e competição em blocos
de edifícios, estamos a criar autênticos
radiadores de frequências negativas para
a cidade.
Portanto, no contexto urbanístico não
será a meu ver saudável a criação de
edifícios muito altos de escritórios, salvo
excepções justificadas, em que as suas
Perspectiva do bairro Nº2 e núcleo Periférico (pequenamédia densidade)
Cidade UT
fonte/autor T. L.
funções sejam no seu todo benéficas e
suas vibrações positivas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
162
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O mesmo deve acontecer em edifícios
Disposição Psico-energética da Urbe
de pequena altura, pelo que, um edifício
―dominador‖ é sempre mais vibratório.
Do ponto de vista do transporte aéreo
no futuro, os edifícios altos também não
respondem tão bem a esta solução,
criando
barreiras
físicas,
formas
de
elevação e aterragem mais complexas.
O
edificado
deverá
ser
dinâmico,
mutável e bio-climático, como já foi
referido, com capacidade de crescer ou
diminuir e de mudar tipologias e funções,
produzindo
soluções,
uma
em
cidade
com
harmonia
mais
com
o
ecossistema que andamos a perder,
propícia às relações sociais, com vias
bem
dimensionadas,
melhoramentos
capaz
diários
que
de
vão
ao
Utopia – Eco-Urbanismo
fonte/autor @
encontro do cidadão.
A cidade não está isolada do mundo,
convém estar aberta às boas vibrações do
exterior. Terá que marcar a diferença, com
carácter
inovador
e
promover
boas
ligações às outras cidades para bons
intercâmbios.
Dar
às
suas
portas
periféricas: aeroportos, estações, portos,
auto-estradas
equipamentos
de
ligação,
geradores
espaços
de
e
uma
ambiência promissora e hospitaleira para
quem chega ou parte de viagem.
Actualmente existem alguns exemplos
formais com esta postura urbana, que
Vitrina – Mensagens Valorativas
fonte/autor @
funciona pondo notas de boas vindas no
passeio, praças públicas e zonas de
recepção
ou
qualquer
outro
sítio
pertinente.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
163
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Outra atitude positiva passaria pelo uso
Disposição Psico-energética da Urbe
de vegetação das várias partes do mundo
em espaços internos e externos destas
estruturas urbanas, corpos de informação
turística com ambiência acolhedora. Por
exemplo, um posto de informação turística
poderá ter a forma de um planetário com a
representação do mundo e da cidade; o
turista ao chegar vê o seu país e cidade
representados no tecto, o que cria uma
espécie de sentimento de que fazem
todos
parte
da
mesma
comunidade
planetária. Os transportes públicos devem
ser também elementos dinamizadores e
reconfortantes.
Um transporte com grande impacto
urbano é o teleférico, que transformado
num transporte táxi versátil com liberdade
de deslocação seria muito útil e o seu
impacto visual poderá ser usado como
Pintura fachada – Jesus Além
“Arte Urbana”
fonte/autor @
elemento positivo de «linguagem» e para
divulgação de informação na cidade. As
pessoas gozariam de um serviço de
transporte personalizado e de uma vista
panorâmica sobre a cidade; criando uma
empatia visual da cidade com o utilizador.
Os ideais da cidade e representações
de «boa sorte para os viajantes» deverão
reflectir-se
na
arte
urbana
e
na
arquitectura dos edifícios.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
164
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os Serviços de Saúde actuais, na
Disposição Psico-energética da Urbe
maioria, ainda nem sequer denotam a
preocupação ergonómica funcional de
O gasto acrescido em infra-estruturas
Alvar Aalto. Os novos hospitais terão que
nesses edifícios é recompensado por
ter uma atmosfera de cura e de paz.
melhores resultados ao nível da saúde da
O stress é responsável pelo insucesso
comunidade
e
uma
inteligente
caracterizam-se
e
espelhos de água para arrefecer ou
referências
aquecer o edifício e plantas e animais
ambientais relaxantes, retardando a força
para a produção de remédios e até para
vibratória dos processos de cura.
tornar a água potável.
fechados,
com
edifícios
poucas
altos
soluções,
utilização
da saúde, e os hospitais hoje em dia
por
das
por
usando
os
No aspecto urbano e arquitectónico
dever-se-á ter atenção ao contexto físico
criado. Por exemplo, a relação espacial do
elemento água, relaciona simbolicamente
os espaços com o elemento chave da vida
na terra. Arquitectar cursos de água, ou
mesmo
criar
espaços
arquitectónica
com
de
inspiração
este
elemento,
proporcionará uma energia vibratória de
limpeza e rejuvenescimento molecular.
Por exemplo, um doente numa cama num
Ambiente – Energia Curativa
fonte/autor @
quarto iluminado essencialmente por luz
natural
controlada
e
com
uma
das
fachadas virada para um espelho de água
com peixes e plantas e um meio verde,
vendo plantas medicinais a crescer e a
vida
a
evoluir,
acompanhamento
juntamente
humano
com
um
saudável,
obtém um ambiente mais propício à cura,
recebendo
constantes
estímulos
vibrações rejuvenescedoras.
e
Ambiente – Relaxamento – Cura
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
165
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os
serviços
desportivos,
Disposição Psico-energética da Urbe
saúde,
culturais e espirituais ao deterem bons
acessos, transmitem uma boa ligação
Estes serviços «nucleares» estarão
física com a comunidade caso sejam
dispostos de forma a não valorizar em
apelativos ao bem-estar social.
demasia um serviço em detrimento de
Muitos serviços públicos influenciam
outro; criando um conceito vibratório de
indirectamente a saúde do cidadão, por
tolerância, igualdade e aceitação social,
isso apelo mais uma vez aos contextos
oposta ao praticado actualmente, onde
urbanos usados, sempre a favor de uma
cada entidade pública ou privada no seu
arquitectura
território tenta sobressair em relação às
e
envolvente
rejuvenescedora. Estes serviços estarão
outras, isolando-se como «força urbana».
da
O facto de estes serviços estarem no
comunidade, levando os utilizadores a
centro das atenções da cidade já é
usufruir novos lugares, característicos de
suficientemente
valorizador,
cada distrito ou zona, permeando a cidade
interacção
de
como um todo.
concentrando os objectivos no bem-estar
nos
vários
núcleos
nevrálgicos
Apesar da centralidade pretendida para
comum,
terá
seja
ele
ser
a
sua
pacificadora
espiritual,
cultural,
no
desportivo ou lazer, todos contribuem para
«centro mãe» da cidade, visitantes e
o desenvolvimento do homem e devem
cidadãos deverão ser estimulados a visitar
ser usados conforme a vontade voluntária
diferentes núcleos da cidade, aumentando
de cada cidadão.
os
serviços
mais
representativos
O centro mãe da cidade representa o
a vibração atómica de apreço pela cidade,
ideal da cidade pela sua intenção de unir
preservando-a de certa forma.
A maximização pretendida para os
a comunidade, vibração reflectida na
equipamentos, que podem em muitos
ligação harmónica e científica segundo as
casos ter multiusos, gerará um fluxo
leis da natureza, cósmicas e planetárias.
harmónico entre as várias actividades:
O
artes,
convívio,
pensamentos positivos dentro daquele
cultura, que pode contribuir para um
núcleo comunitário contribuem para o
sentimento de abertura socio-cultural no
desenvolvimento
colectivo.
actividades deverão ser desenvolvidas
exposições,
desporto,
cidadão
saberá
da
que
os
cidade.
seus
As
Os serviços culturais, desportivos e
com este sentido no espaço central
espirituais, estarão distribuídos segundo
constantemente, com monitorização de
os
resultados, o que permitirá no futuro criar
seus
temas
cientificamente
e
funcionalidades,
estudados
equilíbrio harmónico entre todos.
para
o
novas iniciativas cada vez mais eficazes
para a produção de boas vibrações.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
166
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os Serviços de Governo da cidade são
Disposição Psico-energética da Urbe
responsáveis pela manutenção, protecção
e planeamento da cidade. Poderão estar
acoplados ao centro através das vias
principais,
mas
localização num
proponho
a
sua
núcleo periférico de
serviços; com uma referência urbana
visual elevada e visível, tal como um «pai
de família que toma conta dos filhos»,
mostrando-se atentos ao que se passa na
comunidade, mas deixando-a crescer por
ela própria.
Os responsáveis máximos da cidade
poderão discutir o futuro dela olhando-a
directamente. Os edifícios dos serviços
CPC
(corpo
de
protecção
da
comunidade), também merecem a mesma
Exemplo para o edifico de Governo – Wave Tower –
Dubai
fonte/autor @
conotação urbana, vigiando a cidade dos
seus vários perigos, produzindo vibrações
de zelo e segurança pela envolvente.
Estes edifícios estarão mais expostos
portanto, mais aptos a receber as boas
vibrações da cidade e a reflectir as
mesmas vibrações de volta como uma
«antena» urbana.
Existe aqui então uma justificação para
edifícios altos, que poderão ser também
miradouros
turísticos
e
marcar
urbanisticamente os núcleos da cidade.
Instalar os edifícios governamentais no
centro talvez não fosse maligno, já que
encaixa estaria em sintonia com os outros
de serviços comunitários, existem no
Emanação de energia solar – Exposição da terra –
Campos Energéticos
fonte/autor @
entanto vantagens, para além das já ditas
em instalar o governo mais à porta da
cidade do que no seu centro.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
167
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Faz todo o sentido que os serviços do
Disposição Psico-energética da Urbe
Governo da Cidade interajam de forma
mais directa com os pólos universitários,
os sectores de produção e transporte, não
sobrecarregando o centro da cidade com
serviços de carácter laboral.
O serviço de Justiça pode-se equiparar
aos serviços governamentais da cidade. A
sua funcionalidade é zelar pelo bem da
comunidade, pelos direitos e deveres do
cidadão. A sua conotação de «peso» de
imagem de ordem cega deve ser evitado
urbanisticamente, pelo que pode ser um
equipamento que faça parceria urbana
com os serviços do estado como os
Fachada Inter-activa -Greenpix – Pequim – China
fonte/autor @
serviços CPC(s) e governamentais.
Um edifício público com estes vários
serviços, CPC, tribunal, «loja do cidadão»,
centro de saúde, entre outros serviços
úteis,
justifica-se
por
facilitar
o
funcionamento da polícia, dos serviços de
saúde, de justiça e de cidadania, visto os
problemas e as ocorrências nestas áreas
estarem muitas vezes interligadas. O seu
carácter
de
alerta
pressupõe
uma
arquitectura e estrutura urbana vigilante e
translúcida, com fachadas dinâmicas e
iluminadas,
que
permitam
expor
informações úteis sobre acontecimentos
da cidade. Deverão ter uma ligação viária
versátil às zonas públicas com grande
afluência de pessoas: parques urbanos,
escolas, transportes e outros, o que
encaixa perfeitamente com a política
Arquitectura com Transparência – Mediateca de Sendai
fonte/autor @
desenvolvida para os núcleos da cidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
168
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No contexto universitário a socialização
de
estudantes
de
várias
Disposição Psico-energética da Urbe
matérias
bom
Os pólos universitários produzirão uma
desenvolvimento social. As rivalidades
relação vibratória com os espaços de
entre áreas profissionais mais facilmente
trabalho,
acontecem por distanciamento ou por uma
espacial representativa dos locais de
diferenciação de classes. Isto implica a
produção para os quais os alunos se
criação de poucos pólos universitários,
estão
maximizando os serviços de apoio. Os
elementos com a mesma linguagem, as
pólos
empresas/cooperativas
diferentes
é
pertinente
Universitários
estrategicamente
periferia
da
para
o
usando
a
uma
«linguagem»
profissionalizar.
de
Usando
acolhimento
deverão
estar
espalhados
pela
educativo, podem ainda reforçar essa
uma
união
cidade,
formando
psico-energética
criando
triangulação de «saber», tal acto poderá
«linguagens espaciais relacionadas com a
gerar
aprendizagem» e os pólos Universitários.
vibrações
atómicas
de
conhecimento, desenvolvendo também a
capacidade e maturidade intelectual dos
indivíduos da cidade.
Do ponto de vista estrutural, será
positivo
a
existência
arquitectónicos
com
de
um
elementos
simbolismo
comum a todas as Universidades, mas
sem descartar a personalidade própria de
cada pólo. Marcos periféricos na cidade,
poderão ajudar nesta correlação psicoespacial,
promovendo
a
união
e
o
desenvolvimento do conhecimento em
toda
a
comunidade.
arquitectónico
comunidade
O
poderá
a
exigir
criação
«linguagem» própria
simbolismo
que
de
da
uma
poderá ser
implantada em todos os serviços, locais
turísticos,
terminais
de
transporte,
edifícios públicos, enfim, em todo o
espaço urbano considerado para o efeito.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
169
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Muitas sinergias poderão ser criadas
com
o
intuito
de
produzir
Disposição Psico-energética da Urbe
ondas
harmónicas de prosperidade e bem-estar
por toda a urbe.
Os materiais de carácter interactivo
podem ser usados em muitas situações e
equipamentos públicos. Por exemplo, uma
parede «camaleão» que muda consoante
o clima, o tema, o toque, estruturas
desmontáveis em alturas de bom tempo e
moldáveis e protectoras em períodos
adversos
climáticamente.
metamorfoses
utilizadores
Estas
interagem
e
os
mentalmente,
com
espaços,
produzindo
os
física
e
estímulos
sensoriais no utilizador que o convidam a
viver
mais
os
comunicando,
espaços,
fazendo-nos
por
vezes
sentir
que
somos parte da urbe e das influências que
Parede Interactiva
nos rodeiam.
Todo
o
fonte/autor @
conhecimento
implica
transformação de uma ideia noutra. A
vibração
da
natureza
envolvente,
corredores verdes, parques verdes e
equipamentos bioclimáticos e ecológicos,
vias de acesso dentro da mesma filosofia
mutativa
e
de
crescimento
natural,
saudável e harmonioso, é um estímulo
importante também para o nosso próprio
crescimento saudável como cidadãos.
Ambiente acolhedor – DragoFly Bilding
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
170
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
3.5 - Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade
Expus
algumas
propostas
possivelmente inovadoras, mas o número
de
soluções
para
uma
urbe
intencionalmente ideal é tão vasto quanto
a nossa criatividade permitir. Existe uma
grande ligação entre a criatividade, a
ciência e o uso da força intencional para o
despertar intuitivo. O génio inexplicável
gerador de soluções científicas relatadas
por Einstein e muitos outros grandes
cientistas, nascidas a meio de um sonho,
de um flash, de uma certeza de fé, supera
Utopia Universos paralelos – física Quântica
fonte/autor @
a racionalidade. A psico-energia explica
um pouco estes fenómenos. Penso que
ela é a descoberta do século XXI, embora
já
faça parte
de
algumas
filosofias,
conceitos e crenças ao longo da história.
Sem dúvida se usamos esta ferramenta
para o desenvolvimento e a busca da
verdade e para o bem da humanidade, de
forma
séria,
juntamente
com
os
conhecimentos de hoje, conseguiremos
realizar
as
melhores
cidades
Andinos – Rep. - Cidade Maya da Antiguidade
fonte/autor @
jamais
construídas à face da terra.
Ao analisar as cidades e os conflitos
entre
os
povos,
sabendo
agora
a
influência vibratória da intencionalidade,
seja ela espacial, simbólica ou mental,
percebemos
facilmente
que
tipo
de
desequilíbrios vibratórios desestabilizaram
as civilizações centradas mais no poder e
na riqueza, por vezes desfavoráveis à
comunidade, «secando» os pressupostos
Cidade poderosa e Mítica da antiguidade – Babilónia –
Soldados Americanos em frente às ruínas reconstruídas
fonte/autor @
de sobrevivência em sociedade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
171
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O resultando culminou em tesouros
históricos, artísticos e arqueológicos de
Retrospectiva da Estrutura
Psico-Energética da Cidade
civilizações promissoras, mas que não
tiveram seguimento.
O acto simples de pegar numa vareta
de madeira com a mão provocando um
movimento involuntário para descobrir um
curso de água debaixo da terra é um
processo
psico-energético,
não
existe
nenhuma troca «física-local» para produzir
tal vibração, para um céptico não passa
de uma coincidência feliz, mas na verdade
é um fenómeno de «não-localidade» de
Método milenar para encontrar água do subsolo
transmissão de dados.
A
descoberta
fonte/autor @
científica
da
psico-
energia acaba por dar alguma veracidade
a uma ciência milenar oriental chamada
«Feng
Shui»,
os
seus
fundamentos
baseiam-se em parte no efeito impositivo
mental, ou seja, acreditar em algo, molda
a realidade em causa atomicamente; e
num segundo factor, ligado aos efeitos
provocados pelas energias elementares
da
natureza,
resultantes
das
características dos materiais, da forma, da
cor,
da
composição
espacial
dos
elementos. Quem conseguir compreender
o verdadeiro funcionamento do «Feng
Shui»
criado
para
a
arquitectura,
independentemente do que já foi escrito
sobre o assunto, poderá realmente usá-lo
no seu acto criativo para criar estruturas
Quadro/Bussola Baguá usado no Feng Shui
fonte/autor @
urbanas realmente propícias ao bom
desenvolvimento social.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
172
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O principio é simples, é um facto que
se criarmos, na sala de espera de um
Retrospectiva da Estrutura
Psico-Energética da Cidade
hospital, uma ambiência com imagens
positivas e saudáveis e uma disposição
ergonómica
do
espaço
favorável
ao
entendimento entre pessoas, obtemos
melhores resultados (atitudes perante a
doença, disposição mental, sentimentos
de
bem
estar…)
nos
doentes
que
esperam para ser atendidos. Isto, de
resto, não é nada de novo no mundo
académico e científico.
A ciência psico-energética, o poder da
intenção, poderão, no futuro, vir a ser até
uma disciplina escolar e os seus frutos
Estadio e Centro de Natação Nacional – Pequim –
Construido segundo conceitos de Feng Shui
fonte/autor @
criarão uma nova geração de homens
mais conscientes da responsablidade do
pensamento e das emoções. As pessoas,
alunos e cidadãos comuns, poderiam ser
convidados e educados a transmitir boas
vibrações psíquicas em lugares propícios
para a cidade, como na praça central do
núcleo mãe, criada para esse fim.
Poderiamos
mesmo
propôr
uma
meditação conjunta a favor de bons
resultados em áreas específicas, para que
flua energia psico-energética que facilite o
surgimento de ideias, projectos para a
Meditação - Yoga pela Paz - 2007
fonte/autor @
cidade, saúde, prosperidade, entre outros.
Este método parece estranho e pouco
eficaz, mas a ciência tem vindo a provar o
contrário.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
173
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Em
Washington,
numa
experiência
repetida diversas vezes pelo FBI, juntaram
Retrospectiva da Estrutura
Psico-Energética da Cidade
várias pessoas para meditarem a favor da
redução da criminalidade para 30%. A
polícia local ridicularisou a experiência
dizendo que isso seria impossível.
Passados
os
meses
previstos
da
experiência colectiva a criminalidade caíu
mesmo 30% em relação ao que estava
previsto!
Este tipo de experiências meditativas
têm vindo a acontecer pelo mundo fora,
motivadas por associações que praticam
meditação,
empenhadas
em
provar
cientificamente o poder psico-energético
FBI Estudo – Meditação para baixar a criminalidade –
Washington – (a linha de cima representa a linha prevista
e a linha debaixo a que realmente aconteceu, fugindo
do colectivo.
muito às previsões)
Tudo e todos detêm informação psico-
fonte/autor @
energética: um jardim acalma-nos, um
beco sujo perturba-nos, um sorriso sugere
alegria e um grito cria apreensão.
Uma cidade Neo-humanista procura o
melhor do ser humano, só possível se
acreditarmos nela, se cada rua, parque ou
estrutura emanar esta vontade e se nós
desejarmos e emanarmos no mesmo
sentido. No fundo, grande parte dos
cidadãos vivem com níveis depressão
preocupantes, porque nem a cidade e
nem o cidadão emanam forças psicoenergéticas
favoráveis
à
vida
em
Energias Urbanas
fonte/autor: Pintura Perez Ingusta @
comunidade, próspera e feliz.
Não basta no entanto acreditar no
conceito utópico de cidade «feliz», como é
o caso de Auroville na Índia.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
174
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Temos
que
agir
a
favor
dos
pressupostos urbanísticos em todas as
direcções
para
nos
realmente
como
cidade
Retrospectiva da Estrutura
Psico-Energética da Cidade
expandirmos
ideal.
É
importante percebermos o factor poderoso
da energia psico-energética ou senão
corremos o risco desta «ferramenta» ser
usada somente para interesses de elites e
de particulares. Estas entidades, com
objectivos pouco éticos, manipulam o
nosso mundo global competitivo, através
do marketing e dos «média», para fins
Marketing Urbano – Publicidade impositiva
políticos, comerciais e de poder.
fonte/autor @
Quem
quiser
reflectir
sobre
os
acontecimentos mundiais inconcebíveis
para seres humanos ditos civilizados,
percebe como a força da intenção de um
punhado
de
líderes
com
intenções
constrangedoras, tal como Adolf Hitler,
minaram e minam a comunidade com
medos e ódios, sem sequer por os pés na
guerra.
Tal seria impossível de acontecer num
governo Neo-humanista, numa sociedade
Adof Hitler – Campanha pelo poder Nazi
fonte/autor @
unida civilizada, crente nas soluções
pacíficas e na sua capacidade psicoenergética de entendimento com todos os
povos e culturas.
Não nos apercebemos, mas o poder da
intenção está a ser constantemente usado
em todos os campos das nossas vidas,
nomeadamente por elites sem grandes
interesses
explicado,
colectivos,
como
apoiados
já
foi
nalguns
departamentos científicos criados para
Pirâmide da Gestão Social das elites “imperialistas”
fonte/autor @
estudar a melhor forma de nos manipular.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
175
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A intenção psíquica levada a uma
potência elevada é capaz até de alterar a
Retrospectiva da Estrutura
Psico-Energética da Cidade
própria matéria como foi referido nas
experiências científicas. Quando um vidro
estilhaça
perante
uma
pessoa
extremamente irritada, a razão poderá ser
uma corrente de ar húmido ou poderá ser
mesmo da vibração psíquica da pessoa
em causa.
Seguindo numa direcção utópica, esta
energia que tanto influencia a realidade e
que surge através de símbolos, palavras,
números, pensamentos, propriedades dos
materiais, cores, sentimentos, capaz de
CERN – “Coração” do acelerador Internacional de
partículas Quânticas
fonte/autor @
ultrapassar e influenciar qualquer átomo
ou partícula, será por fim analisada
abertamente e
posta ao serviço
da
comunidade e do colectivo.
A sua integração urbano-social será
feita ao nível arquitectónico nas estruturas
e espaços tendo em conta a morfologia
dos terrenos e dos recursos, tais como os
cursos de água, a biodiversidade, tipos de
rocha e de solo, ventos e características
climáticas, entre outros elementos da
natureza. Será feita também ao nível da
educação escolar e cívica, fomentando
boas influências psico-energéticas sociais
no governo, na cultura, no comércio, na
comunicação, enfim, em todas as áreas
Ondas de cores segundo padrões energéticos
do ser humano, impondo a visão neo-
fonte/autor @
humanista pretendida para a cidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
176
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Devido
às
novas
descobertas
no
campo da mente, as quais serão o modelo
Retrospectiva da Estrutura
Psico-Energética da Cidade
de pensamento futuro do ser humano, os
cidadãos terão consciência holística dos
seus actos, mesmo que não tenham
crenças
espirituais,
perspectiva
puramente
usando
uma
científica.
Em
última instância, poder-se-á dizer que
existe um voltar cultural para a vertente
socio-cósmica do ser humano, mas desta
vez através da lógica e não através da fé.
A Espiritualidade tornar-se-á cada vez
mais
numa
disciplina,
sujeita
a
um
acompanhamento académico envolvendo
as várias ciências.
Motivação Colectiva: Auto-estima
fonte/autor @
É mesmo justo afirmar que as religiões,
tal como as conhecemos hoje, irão
desaparecer e reaparecer de forma mais
unida, com outros nomes, evitando os
erros do passado, com necessidade de
serem apoiadas pela ciência para o
profundo entendimento das suas forças e
simbologias.
Várias forças de construção espacial
da cidade poder-se-ão desenvolver, com a
ajuda dos futuros departamentos urbanos,
estes apoiados por um bom grupo de
responsáveis criativos, das mais variadas
áreas e ciências, para o desenvolvimento
melhorado, diário, acertivo e ético da urbe
e da sociedade.
Quadro – relação entre:
Crenças – Conhecimento – Verdade
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
177
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4 - BASE BIO-TECNOLÓGICA
4.1 – Introdução
A tecnologia desenvolve-se graças a
investimentos
económicos
avolumados
vindos de todos nós com o compromisso
social de melhorar o nosso modo de vida.
A
ciência
Humanidade.
existe
O
para
o
que
se
bem
da
verifica
Dependência Tecnológica – trabalho sectário intensivo
fonte/autor @
actualmente neste campo é perverso; o
seu uso tem levado à destruição do
ecossistema em todo o planeta e grande
parte da população vive escrava da
tecnologia, cada vez mais dependente
dela para subsistir. Teoricamente não
deveríamos depender dela mas sim usá-la
simplesmente para melhorar as nossas
vidas.
Põe-se a questão, será possível tal
feito? Existem sistemas de habitação e de
cidades bioclimáticos que sobreviveram
durante milhares de anos sem grandes
tecnologias nem grande necessidade de
mudanças
exemplos
estruturais.
Os
melhores
bioclimáticos
estão
exactamente na antiguidade e não nas
tecnologias de hoje. Podemos juntar o
melhor destas duas fontes de sabedoria e
criar uma cidade realmente sustentável e
futurista.
Jardins Suspensos - antigo Exipto
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
178
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Na verdade, as tecnologias de hoje
Soluções Bio-tecnológicas Urbanas
permitem feitos incríveis, impossíveis de
ignorar. Aproximamo-nos cada vez mais
de uma cidade realmente biónica, em que
cada casa poderá produzir a sua própria
energia, capaz de auto-manutenção, sem
esforço humano.
Usar
os
recursos
de
outras
comunidades torna-nos mais dependentes
do exterior. Se bem que é positivo fazer
trocas externas, deve-se no entanto não
depender
delas
para
garantir
a
Cosntrução moderna em Adobe – técnica Milenar –
matéria prima local
fonte/autor @
sustentablidade da cidade.
Mesmo hoje em dia, as pessoas vivem
enganadas em relação ao conceito de
sustentabilidade, na verdade uma casa
bioclimática bem construída, em Lisboa,
não precisa de ar condicionado nem de
paredes cheias de isolamento térmico,
basta o recurso a materiais e soluções
amigas do ambiente usando basicamente
materiais locais.
Casa bioclimática construida com barro – materiais
locais – uso de técnica milenar
Encher as paredes com placas cada
fonte/autor @
vez mais grossas de poliestireno, de
eficiência temporal a médio prazo e com
uma produção e transporte dispendiosos,
produz um desgaste energético na fase
industrial de produção, com repercursões
no ecossistema, apesar de conseguir
diminuir
o
consumo
energético
das
habitações. Uma estrutura bioclimática
tem outras vantangens porque, além de
conferir a mesma qualidade e conforto
habitacional,
industrial
não
nem
dispende
uma
energia
manuntenção
Casa bioclimática de pedra – materiais locais
fonte/autor @
dispendiosa.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
179
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Uma arquitectura que tolere soluções
orgânicas
permite
diminur
o
Soluções Bio-tecnológicas Urbanas
impacto
urbano sobre a biosfera. Por exemplo,
uma horta pode servir também de tapete
orgânico térmico-acústico para o terraço
de uma habitação, ou os tanques dos
pátios das habitações, além de criarem
um microclima agradável nas habitações
podem servir para a criação de alimentos.
As casas ditas «inteligentes», com um
computador para gerir a sua atmosfera de
conforto interno, não passam muitas
vezes de casas normais auxiliadas por
Casa domótica – Casa Inteligente – Sistema climático
compturizado @
vários equipamentos dispendiosos que
pouco aproveitam as potencialidades do
eco-sistema, até, pelo contrário, isolam a
casa do eco-sistema. Defendo mais as
soluções «inteligentes» para gerir serviços
e
transportes
dependentes
dos
computadores.
Uma casa utópica ideal não precisará
de ordens para dar conforto ao seu
utilizador, não digo para igonarmos as
potencialidades
informáticas
e
Crescimento da estrutura – TreeHouse
tecnológicas, mas sim para fugir à visão
futurista de que a casa deve ser um robot,
sem nada de novo em relação à visão dos
movimentos urbanos do século passado,
prontos a criar um esteriotipo de casa
para ser usada em qualquer parte do
mundo.
Na verdade, é bom podermos interagir
com a nossa casa, carregar num botão e
ter a casa limpa, mas as características
Moradia - TreeHouse- Eco arquitectura
locais e culturais devem ser respeitadas e
fonte/autor: Portal inhabitat -Mitchell Joachim, Lara
Greden, Javier Arbona @
aproveitadas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
180
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
No
futuro
existirão
materiais
Soluções Bio-tecnológicas Urbanas
inteligentes, capazes de mudar de forma,
micro-estrutruras
programadas
e
células
para
o
vivas
que
nós
entendermos. Hoje em dia a inovação
surge em materiais que não se sujam nem
se molham com a chuva afastando as
gotículas de água, tintas fotovoltaicas que
absorvem
electricidade
como
paineis
solares, ligas carbónicas mais resistentes
que o aço, vidros que alteram a sua
pigmentação conforme a intensidade da
luz, estruturas de betão com fibras ópticas
que deixam passar a luz, coberturas e
paredes que armazenam a água das
Tecido – Cerâmico
fonte/autor @
chuvas e a purificam através dos fotões
do sol, enfim, um infindável leque de
soluções para os edifícios. Todas as
soluções são úteis, desde que sejam
organizadas
segundo
bioclimático
o
pretendido
conformidade
com
o
objectivo
e
eco-sistema
em
e
características locais.
Devemos optar por recursos orgânicos
que sejam reproduzíveis e recicláveis.
Podemos produzir óleos, vários tipos
de
fibras,
compostos
de madeira
e
resinas, produtos químicos, remédios,
borrachas, peles e tecidos passíveis de
serem produzidos em qualquer território
fértil. Por exemplo, a bananeira, além de
dar bananas, a casca da sua árvore
fornece
uma
facilmente
fibra,
aplicável
muito
resistente,
na
indústria
Concreto Translúcido com fibra óptica
fonte/autor @
automóvel, entre outras.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
181
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Acredito
que
surgirão
materiais
Soluções Bio-tecnológicas Urbanas
orgânicos capazes de substituir certos
minérios, alguns deles com propriedades
condutoras
de
electricidade.
Alguns
metais, no entanto, não são problema
num futuro próximo, graças ao seu nível
de reciclagem. O Aço, por exemplo, é
100% reciclável e a sua produção através
da reciclagem é muito mais versátil e
barata que a sua extracção no estado
bruto. A eco-política não descarta a
necessidade de análise dos recursos
minerais nas zonas de influência da
cidade,
para
minimizar
o
impacto
Recursos Geológicos
fonte/autor @
ambiental e conseguir o melhor emprego
dos mesmos. A gestão dos recursos deve
ser conjunta entre o sector orgânico e
mineral.
Por
exemplo,
uma
pedreira
poderá dar lugar a uma plantação ou a um
tanque de criação de peixes.
Para minimizar a dependência externa
da cidade são necessárias, a meu ver,
quatro iniciativas: métodos de construção
segundo
matérias-primas
soluções
bioclimáticas
locais
«amigas»
com
do
Biodiversidade – cadeia alimentar – recurso Natural
fonte/autor @
ambiente, criação auto-sustentável de
produtos
alimentares
respeitando
as
características da fauna e da flora e a
reciclagem eco-sustentável.
Uma cidade debaixo de água terá
soluções radicalmente diferentes de uma
cidade no topo da montanha; no entanto
as bases para a sustentablidade serão
sempre, a meu ver, a maximização dos
recursos
de
bioclimática.
forma
sustentável
e
Recurso prioritário – Água
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
182
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
4.2 – Políticas Sustentáveis
A carta das Cidades Europeias para a Sustentabilidade, aprovada pelos participantes na
Conferência Europeia sobre cidades sustentáveis, realizada em Aalborg, Dinamarca, em
1994, dá-nos o conceito de desenvolvimento sustentável baseado no capital da natureza,
com o objectivo de alcançar a justiça social, economias sustentáveis e sustentabilidade
ambiental. Resumindo, a sustentabilidade exige um consumo controlado dos recursos
renováveis e não renováveis de forma a não exceder a capacidade de reposição e
desenvolvimento dos recursos renováveis. A taxa de emissão de poluentes não pode ser
superior à capacidade de absorção e transformação, por parte do ar, da água e do solo,
tendo em conta a preservação da biodiversidade, da saúde humana e da qualidade do ar,
da água e do solo.
A política de sustentabilidade passa por investir na conservação do capital natural, na
eficiência energética e na equidade social. ―A desigualdade das riquezas está na origem de
comportamentos insustentáveis, tornando a evolução mais difícil. Nós pretendemos integrar na
protecção ambiental as necessidades sociais básicas das populações, bem como programas de acção
sanitária, de emprego e habitação” (…), seguindo a política de desenvolvimento dos Planos
Locais da Agenda 21, aprovado na Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro, onde incita à
colaboração de todos os parceiros das comunidades – cidadãos, empresários e grupos de
interesses.
Um esquema reconhecido de sustentabilidade, exprime o paradigma da ecologia, no
sentido em que tudo está relacionado entre si, (Barry Commoner, 1917-, EUA, biólogo). Ecosistema é um ciclo de vida em constante renovação:
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
183
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.3 – Tecnologias Sustentáveis - Exemplos
4.3.1 - Reactor nuclear modificado – Criar combustível através do ar/água
O ar e a água contêm o hidrogénio e o
carbono, os constituintes da gasolina. Assim
porque não juntá-los de novo para fazer
combustível? Um projecto dos cientistas no
laboratório nacional de Los Alamos transforma
o
dióxido
reutilizável
de
carbono
usando
em
um
plataformas
recurso
nucleares.
Enquanto o ar entra na torre do reactor
refrigerado, é filtrado através de uma solução
de carbonato de potássio, que captura 95 por
cento do dióxido de carbono dando forma a
uma solução do bicarbonato: soda, mais ou
Ciclo de produção de Combustível
fonte/autor @
menos de ―baking‖.
Uma
bateria
electrolítica
transforma
o
bicarbonato em 100 por cento de CO2. Para a
produção de hidrogénio, o reactor nuclear está
gerando já a electricidade, e alguma dela
serve para gerar a electrólise para separar o
hidrogénio da água. Finalmente, os processos
catalisadores combinam o hidrogénio e o
carbono
no
combustível
do
metano,
da
gasolina ou de gás, tudo sem emissões
tóxicas. Os investigadores estimam que um
reactor é capaz de produzir 8.600 toneladas
do CO2 por dia, bastante para encher 17.000
tanques de gás, num projecto com seis torres
refrigeradas juntamente com 90 baterias.
Desvantagens – O processo necessita
preços de gás economicamente justificáveis, o
Combustível Fóssil
gás novo custaria à volta de 3€ por galão (3,7
litros).
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
184
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.3.2 - Desperdícios geram Biogás
Tecnologias Sustentáveis Exemplos
Reciclado
Warren Weisman, um consultor que dirige
a Cooperativa de Oregon Biogás, criou num
projecto-piloto o primeiro biogás para os
autocarros produzido através do tratamento de
águas residuais em Eugene, no estado de
Oregon. Weisman acredita, juntando como
suplemento a recolha de lixos orgânicos e os
desperdícios
dos
capazes
eventualmente
de
restaurantes,
que
alimentar
são
os
autocarros públicos de toda a cidade. Não
teria a capacidade de biogás para alimentar
todos os carros da cidade, mas poderia
Formas de produzir Bio-metano
fonte/autor @
substituir o gasóleo mais poluente com que se
abastece o transporte pesado e, ao contrário
do gás natural extraído dos poços profundos, o
biogás não produz as emissões de estufa
nocivas para atmosfera, porque não liberta o
carbono preso nos depósitos fósseis.
O biogás é criado por digestão anaeróbica
num
processo
em
que
as
bactérias
«fermentam» debaixo do desperdício orgânico
na
ausência
do
oxigénio.
O
sulfito
do
Central de Produção de Biogás
fonte/autor @
hidrogénio e o dióxido de carbono são
removidos do biogás, e o gás natural restante
(na maior parte metano) é comprimido.
Algumas cidades na Suíça, em França, em
Espanha e na Islândia estão criando já os
seus sistemas de aproveitamento de biogás.
Na Suécia, a frota inteira de autocarros
funciona com biogás gerados dos materiais
orgânicos desperdiçados.
Desvantagens – Para ter um rendimento
elevado requer uma recolha numerosa e
tratada de desperdícios: águas residuais e lixo
orgânico.
Comboio movido a Biodiesel
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
185
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.3.3 - Reciclar a Urina dos Porcos
Tecnologias Sustentáveis Exemplos
Bioplástico
Jes Thomsen presidente da Agroplast
afirma que a urina do porco é um artigo de
valor tão justo quanto o petróleo, o carvão e o
gás. Um produto químico produzido no fígado
do porco, ureia, pode ser reciclado de várias
maneiras: pode ser usado em estradas e nos
aviões para remover o gelo, na manufactura
de bioplásticos, em que a ureia pode substituir
o
petróleo
como
agente.
A
companhia
Porco – produtor de urina – plástico
fonte/autor @
dinamarquesa começou a colectar 3.000 litros
de urina de porco por dia num projecto perto
de Copenhaga num esforço para reduzir
custos e conservar recursos.
Tipicamente, a urina do porco e os dejectos
são despejados em reservatórios e levados
em tanques de armazenamento que, por
vezes, derramam no transporte. Isto pode
conduzir a níveis perigosos de poluição do ar e
das águas do solo. O sistema de filtração da
Agroplast, colecta a urina ao mesmo ritmo que
o porco a produz, mantendo as pecuárias
limpas e livres de doenças. Ao contrário dos
sistemas
sépticos
convencionais,
o
desperdício corre através de filtros que limpam
o líquido removendo as partículas, a cor e o
Laboratório – Análise de Bioplásticos
fonte/autor @
odor. No fim do processo, a ureia está pronta
para ser reciclada para plástico, sabão, óleo
ou cremes.
Desvantagens – Uma placa plástica feita
de urina do porco deitada num descampado
terminará por liberar metano, produzindo gás
de estufa. Reciclar os bioplásticos pressupõe
um
problema,
porque
a
maioria
das
companhias não estão, ainda, equipadas para
separar os bioplásticos do plástico regular e
fazer a sua reciclagem.
Ford Fusion – Interior feito todo em plástico reciclável
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
186
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.3.4 - Lixo electrónico transformado
Tecnologias Sustentáveis Exemplos
em equipamento urbano
A
equipa
do
Dr.
Zhenming
Xu,
da
Universidade de Shangai, desenvolveu um
novo método de reciclagem que poderá
transformar os computadores de ontem, assim
como todo o tipo de aparelho electrónico, em
verdadeiros ―bancos digitais‖. Mas um tipo de
banco que não lembrará em nada a velocidade
que um dia foi a marca registada desses
equipamentos, que se tornam obsoletos muito
fonte/autor @
rapidamente.
Reciclagem
Lixo Electrónico – Lixeira
das
placas
de
circuito
impresso: embora os metais contidos nos
circuitos electrónicos, como cobre, alumínio, e
até ouro, já sejam reciclados, a maioria dos
materiais
não-metálicos
continua
sendo
atirada para aterros sanitários. Só as placas
de circuito impresso correspondem a cerca de
3% de todo o lixo electrónico, em termos de
peso.
Os
pesquisadores
processo
industrial
desenvolveram
para
reciclar
um
esses
materiais não-metálicos, criando um material
Lixo Electrónico – Placas
fonte/autor @
intermédio que pode ser utilizado para a
fabricação de bancos para parques e praças,
grelhas para esgotos e cercas. O material
também pode funcionar como um substituto
para a madeira e outros materiais estruturais,
já que ele é tão resistente quanto o concreto
armado, graças à presença das resinas e
outros materiais fibrosos que compõem as
placas de circuito impresso.
Banco com material reciclado electrónico
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
187
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.3.5 - Casa auto-sustentável com
Tecnologias Sustentáveis Exemplos
material reciclável – energia «limpa»
Uma sala, cozinha, casa de banho e dois
quartos. Pode parecer uma casa comum, mas
a construção, que tem como endereço um
pequeno terreno na UFRN - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, está a ser
feita com muita pesquisa e trabalho.
Praticamente toda construída a partir de
material reciclável e funcionando com energia
limpa, a Casa Alternativa Energicamente AutoSustentável, quando concluída, pode ser uma
opção para habitações populares. As paredes
Tijolos reciclados – Construção da casa Auto-
são de tijolos feitos de uma mistura de isopor,
Sustentável
garrafas PET, pó de pneus, gesso e cimento.
fonte/autor UFRN @
O resultado é um material que permite um
conforto térmico, com uma diferença de
temperatura entre a externa e interna de até
10º C e isolamento acústico. Com o tijolo
ecológico,
40%
mais
barato
que
o
convencional, é possível levantar uma parede
num curto espaço de tempo, encaixando-os
uns nos outros. Ele ainda dispensa o reboco,
uma vez que possui uma superfície lisa.
A mobília também pode ser feita usando
esses tijolos. Do lado de fora da casa, um
catavento, construído com tambores plásticos,
gera energia eléctrica. E no telhado de
brasilite, um aquecedor solar, feito com vidro,
espelho
e
canos
de
plástico,
faz
o
aquecimento da água.
A casa também terá um destilador solar,
para purificação da água, fogão e fornos
solares, para a preparação de alimentos, e
secador solar, para desidratação de frutas.
Tudo feito de material reciclável e com um
funcionamento
simples,
transformando
Engenheiro Luis Sousa UFRN – Responsavel pela
casa Auto-sustentável
fonte/autor @
a
radiação solar em calor.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
188
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Tecnologias Sustentáveis
O projecto resulta de uma pesquisa do
Departamento de Engenharia Mecânica da
UFRN,
coordenado
pelo
professor
Casa auto-sustentável com material
reciclavel – energia «limpa»
Luís
Guilherme Meira de Souza, e já está a ser
desenvolvido há três anos. “Este é um projecto
Outro
artigo
interessante
sobre
as
de tecnologia social. A idéia é que com
energias renováveis de baixo custo para
materiais recicláveis e baratos as próprias
implantar nas casas, já é dado pelo
pessoas possam construir suas casas”, explica.
Peruano Jocemar Silveira:
Além de reduzir infinitamente o custo da
construção, a casa ainda dispensa gastos com
energia e gás. “Com o catavento e esses
equipamentos de energia solar, é possível
manter o funcionamento da casa”, garante o
professor.
Somado ao benefício social, a Casa
Alternativa é ecologicamente correcta, já usa
energia limpa e materiais que poderiam ter o
lixo como único destino. Mesmo com tantas
vantagens,
o
projecto
tem
enfrentado
dificuldades e não conta com financiamento.
“Muitas vezes, a gente compra material do
próprio bolso e nós mesmos fazemos o
trabalho de pedreiro”, relata.
Para o professor, a Casa Alternativa
poderia
ser
uma
opção
para
o
déficit
habitacional. Como o custo do investimento é
menor, seria possível abranger mais pessoas.
“Seria uma realização grande poder construir
“Um exemplo de quem lida bem com o lixo é o
pernambucano Jocemar Silveira, de 37 anos. Ele é
morador de Diadema (SP) há quase 30 anos. Depois
de trabalhar como metalúrgico, ficou desempregado.
“Virei captador de material reciclável, não de lixo”,
frisa ele. Silveira passou 2 anos nas ruas e na lixeira
de São Bernardo do Campo (SP). “Eu observava o
lixo pegar fogo. Aquilo aguçou a minha curiosidade e
fui investigar”, conta. Mesmo tendo estudado só até à
oitava série, aprendeu sobre processo químico, o que,
aliado à habilidade metalúrgica, o ajudou a
desenvolver a máquina que cria o biogás, utilizado
em veículos, na geração de energia eléctrica e como
gás de cozinha.
“O redigestor usa resíduos orgânicos a partir do
esgoto, de restos alimentares e de feiras, de algas da
beira de represas e fezes humanas e os converte em
metano, fertilizante ou ração animal”, esclarece.
Na comunidade onde mora, Cidade Julia, próximo à
represa Billings, Silveira montou com carroceiros a
cooperativa Pedra Sobre Pedra, que utiliza o
equipamento. “Com os resíduos gerados por uma
família de cinco pessoas é possível produzir 6 quilos
de gás em 72 horas”, diz.
Ele já tem pronto um projecto para fazer outra
máquina, que beneficiaria 750 pessoas com a
produção de 560 metros cúbicos de biogás por dia.
“Isso
equivale
a
50
botijões
diários.
As residências que derem matéria-prima para a
máquina funcionar vão receber grátis gás e energia
eléctrica”, explica. Segundo Silveira, que procura
investidores, a nova máquina tem custo de R$ 2
milhões e, através da produção, paga o investimento
em 1 ano.”
um conjunto habitacional”.
Um
pequeno
passo
para
o
desenvolvimento do projeto será dado com a
construção de uma casa na Escola Estadual
Dom Nivaldo Monte, que será utilizada para o
ensino
de
ciências.
Para
isso,
foram
―liberados‖ 35 mil reais. “Com essa construção,
será possível fazer um levantamento mais
preciso dos custos da casa”, afirma Luís
Guilherme Meira Sousa.
Jocemar Silveira e a sua invenção
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
189
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.4 – Tecnologias Sustentáveis - Reflexão
O
uso
inteligente
tecnológicas
ditará
o
de
soluções
sucesso
das
comunidades. A reciclagem é o ex-libris
da sustentabilidade e se usarmos uma
visão
mais
aberta
das
coisas,
apercebemo-nos que tudo é reutilizável.
Como vimos nas soluções energéticas
apresentadas, a urina, os esgostos, os
detritos e até o próprio ar que respiramos
é reciclável. Poderia falar do aluminio e de
outros materiais recicláveis, mas seria
Ciclo da Reciclagem
fonte/autor @
alongar demasiado este item.
Tendo recursos naturais e reciclagem
de resíduos garantida, juntamente com o
desenvolvimento tecnológico antigido nos
dias
de
hoje, o
que
falta
mais
à
comunidade para ser auto-sutentável?
Falta simplesmente uma gestão urbana
inteligente com base nos interesses do
colectivo.
No relato da casa alternativa autosutentável
URFN
não
se
falou
em
sistemas inteligentes; mas sim de uma
casa que qualquer pessoa pode construir,
no entanto cómoda, sustentável e até
mais barata do que uma casa comum.
Pelo que se poderia acrescentar também
de
sistemas
casa
―inteligentes‖
Casa Eficiente - Amiga do Ambiente
fonte/autor @
(domótica), mas não nos iludamos que
uma casa inteligente é o futuro.
Ao
nivel
recursos
do
existem
aproveitamento
várias
dos
soluções,
é
preciso decidir a melhor forma de usá-las.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
190
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Por exemplo, o sistema de destruição
Tecnologias Sustentáveis – Reflexão
das bactérias por ultra-sons é bom para
criar água potável, mas se queremos
produzir gás através das bactérias das
águas residuais, quando muito, devemos
limpá-la
posteriormente.
Há
que
desenvolver a interligação dos processos
de reciclagem da forma mais eficiente.
O conforto térmico pode ser atingido de
várias formas, tanto pode ser antigível
através do aproveitamento da temperatura
constante do solo, usando um sistema de
tubagens produzindo um ciclo «limpo» de
climatização dos edifícios como através
Sistema Climatizado de ar – Central de Comboios
Aquece o edifício com o calor humano
fonte/autor @
do aproveitamento do calor humano,
produzido
em
zonas
internas
movimentadas, canalizando-o para zonas
que necessitem de ser aquecidas e viceversa.
Os edifícios e os campos de culturas
poderão ser usados para implementar
energia eólica ou solar, de forma multifuncional. O cultivo, como vimos em
PROUT, procurará a biodiversidade e a
mistura de culturas, a rega gota-a-gota,
combate biológico aos parasitas, enfim,
todas
as
soluções
a
favor
da
sustentabilidade.
No futuro, com tantas inovações ao
nível da motorização e produção, a
energia fóssil e núclear poderá mesmo
deixar
de
ser
economicamente.
importante
até
Soluções Eficientes de Consumo Energético
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
191
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Projectos
promissores
de
motores
Tecnologias Sustentáveis – Reflexão
cilindricos eléctricos patenteados, mas
misteriosamente ignorados, repõem as
minhas
dúvidas
transparência
em
relação
à
científica
perante
a
sociedade. Artigos sobre motores de
veículos funcionais praticamente biónicos
têm
vindo
construídos
a
público.
num
Os
sistema
motores
de
vácuo,
girando graças à força cinética de ímans
magnéticos,
absorvem
a
energia
Instalação experimental do motor magnético que
substituiu perfeitamente o motor de origem
do
movimento rotativo do cilindro produzindo
energia eléctrica a custo reduzido e são
implantaveis em qualquer veículo ou
indústria. Por exemplo, o inventor Troy
Reed
garante
que
o
seu
o
motor
magnético detém uma grande fiabilidade
energética, gastando energia apenas no
momento da ignição. Devo dizer que pelo
menos os Japoneses também já detêm
invenções idênticas. A invenção do motor
Desenho do motor magnético de Troy Reed
magnético bem sucedido, acabaria com o
fonte/autor: pure energy Systems Peswiki - directório:
monopólio energético à base do petróleo e
mesmo à base de outras
fontes de
energia. A produção de energia eléctrica e
a motorização das máquinas mudaria
radicalmente.
Tendo
em
conta
a
multiplicidade
infindável de opções tecnológicas que
estão constantemente a aparecer, não
posso traçar uma solução objectiva, posso
simplesmente
indicar
uma
política
sustentável, que respeite a biodiversidade,
o
ecossistema
e
a
sociedade.
Os
exemplos que apresentei são apenas
demonstrativos.
Motor Tecnology By Troy Reed US
“O motor magnético é dirigido pelas forças de
repelimento de ímans fixos e giratórios. Os ímans
girando (22, 32) são montados com um espaçamento
simétrico sobre o perímetro de um disco (20) que gira
com o «volante» do motor. Os ímans estacionários (18,
28) são adjacentes suportando os ímans girando (22,
32). Há quatro pinos no injector (76A, 76B, 76C, 76D),
bem como os pinos comuns no injector nas saliências
pontuais da esfera, que são ajustadas e liberadas por
uma «almofada» do injector (48A, 48B, 48C, 48D)
dirigida pelo eixo de «manivela» (14) do motor. O eixo
de «manivela» (14) e o volante são dirigidos pelas
forças repulsivas criadas pelos ímans fixos e giratórios
(22, 32) com os sistemas de pinos do injector (34, 36,
38, 40) operando para movimentar o eixo de
«manivela» (14) e o centro excedente do «volante».”
Traduzido do Inglês
fonte/autor: pure energy Systems Peswiki directório:
Motor Tecnology By Troy Reed US @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
192
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.5 - Propostas Estruturais para a Cidade
4.5.1 - Estrutura Viária e Transportes
As vias em forma de teia de aranha
«semi-recticulada» terão uma hierarquia e
um tamanho segundo as velocidades e o
fluxo de veículos pretendidos. A sua forma
não
fugirá
muito
ao
conceito
contemporâneo de via, pois o ser humano
está
limitado
pelas
suas
próprias
características humanas e por melhor que
seja o veículo e a sua tecnologia, quer ele
ande no chão ou voe; os seus reflexos e
noção
dos
espaços
serão
sempre
limitados a um trajecto o mais linear
possível. A via é incondicionalmente um
Esquema – rede semi-recticulada
fonte/autor @
fio condutor, organizador e separador,
atribuindo às pessoas uma estrutura
urbana dividida por zonas. Mesmo que um
dia os veículos aéreos se tornem comuns,
as vias não irão perder o seu papel divisor
das parcelas e orientador do tráfego,
tendo em conta o perigo de queda de
veículos em cima de uma habitação ou
escola, portanto deve ser estruturalmente
uma
malha
que
evita
a
perda
de
privacidade do cidadão.
As vias rápidas são eficientes pelas
suas infraestruturas, acessos com faixas
paralelas,
faixas
de
alteração
de
velocidade da marcha e atravessamentos
desnivelados sem semáforos.
Carros do Futuro – Decisões Tecnológicas
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
193
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A sua eficácia como via-rápida perdese quando o resto da cidade não escoa o
Propostas Estruturais para a Cidade
Estrutura Viária e Transportes
trânsito devido ao estrangulamento viário,
semáforos,
cruzamentos,
rotundas
congestionadas e poucas alternativas de
trajecto. Portanto, sou a favor da solução
da criação de algumas vias rápidas
estratégicas, dentro e fora da cidade,
interligadas entre si e de vias secundárias
de escoamento, no resto da malha,
capazes
de
proporcionar
várias
Centro de Brasília – Exemplo de vias de tráfego
alternativas viárias de deslocação.
As vias secundárias deverão evitar o
famoso
«arranca-pára»
contínuas
fonte/autor @
citadino,
desgastando o veículo e o utilizador,
trazendo hipoteticamente até mais custos
e problemas sociais, mesmo que se gaste
o dobro do dinheiro na construção de
acessos e alternativas.
No caso de cruzamentos complexos
deve-se proporcionar soluções complexas
o quanto baste, com acessos alternados,
rotundas,
subterrâneas.
passagens
Vias
aéreas
e
desimpedidas
Via Júlia – Passage Picasso – Exemplo – Via
contemporânea
fonte/autor @
significarão uma cidade mais produtiva e
saudável.
Os semáforos são consequência da
falta de espaço e de soluções económicas
para a urbe, por isso devem ser evitados
ao máximo, salvo excepções justificáveis.
Cruzamento Congestionado – Cidade Antiga
fonte/autor: Moholiy Nagy @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
194
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os passeios e vias para transeuntes
serão como no sistema «semi-reticulado»
tradicional,
em
correlação
com
Propostas Estruturais para a Cidade
Estrutura Viária e Transportes
a
envolvente edificada e com as vias de
circulação.
Em
alguns
transeuntes
casos
serão
as
vias
para
independentes
da
envolvente, principalmente em situações
de atravessamento ou de ligação a
parques e edifícios públicos.
As vias de circulação principais serão
permeadas por corredores verdes que
Parque Monte Laa – exemplo de distribuição pedonal
independente dentro de um núcleo urbano
fonte/autor @
unirão, através da sua malha em teia, o
tecido verde da cidade. As vias periféricas
encontrarão nos limites da cidade as autoestradas e os terminais de ligação aos
transportes de alta velocidade, aéreos e
terrestres.
Os
custos
dimensionais
das
vias
podem ser minimizados com transportes
públicos realmente eficazes e apelativos,
que a meu ver, imagem dos exemplos de
hoje,
funcionam
independentes
melhor
das
vias
quando
de
Vias de trânsito envolto de biodiversidade vegetal
fonte/autor @
são
tráfego,
permitindo assim projectar as vias de
circulação para menos veículos, menos
tráfego diário e usar as vias secundárias
como alternativa de escoamento em dias
de maior movimento.
O sistema de transportes públicos
poderá também servir para transporte de
mercadorias entre os vários sectores, da
Transporte público do futuro – Via independente
fonte/autor @
mesma forma que transporta pessoas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
195
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.5.2 - Sistema de Transporte Público
Propostas Estruturais para a Cidade
Quanto mais eficaz for um transporte
público menos necessidade haverá da
criação de vários transportes públicos
alternativos,
maximizando
todo
o
orçamento numa só solução. O transporte
público que proponho poderá ser instalado
ao mesmo ritmo que os loteamentos
públicos e privados da cidade, juntamente
com as outras infraestruturas urbanas.
O
transporte
em
veículos-táxi
autónomos é uma solução inovadora. A
linha funcionaria num carril principal com
duas faixas para os dois sentidos, com
paragens
em
linhas
secundárias
de
Transporte público monotrilho – Exemplo
fonte/autor @
acesso e aceleração. O sistema poderá
ser teleférico e eléctrico com capacidade
máxima para 10 pessoas. Um mecanismo
de
controlo
de
distâncias
e
de
sobreposição de trajectos, parecido com o
usado actualmente nos metros, controlaria
o fluxo nas linhas de circulação. Este
esquema é idêntico ao táxi proposto de
Norman Foster para a cidade utópica de
Masdar.
As
cápsulas
de
transporte
terão
autonomia de trajecto, e seguirão a rota
indicada
pelo
utilizador.
O
sistema
locomotor poderá ser por engrenagem
imagética encaixando as cápsulas de
transporte em carrilhões ou pólos guias.
Transporte público suspenso de uso personalizado –
Exemplo
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
196
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A cápsula de transporte acelera e
abranda nas linhas secundárias de acesso
Propostas Estruturais para a Cidade
Sistema de Transporte Público
às paragens e ganha uma velocidade
constante na linha principal, gerida pelo
sistema de tráfego. A cápsula encastra
nos espaços vagos da linha principal,
segundo uma margem de segurança,
mantida pela velocidade constante.
O utilizador, ao entrar nas cápsulas de
tamanho familiar, tipo teleférico, regista
através de um quadro visual e táctil a
paragem de destino, e o transporte segue
pelo percurso desejado. Um turista pode
escolher o trajecto que quiser para ter
uma vista panorâmica da cidade.
Poderão
existir
cápsulas
Módulo de transporte Público e vias de trânsito
maiores,
principalmente em núcleos movimentados
Cidade UT
fonte/autor: T.L.
ligados ao ensino e ao turismo. Penso que
uma velocidade aceitável seria por volta
dos 100 km/h, pelo que, dependerá do
desenvolvimento do transporte.
Existem vantagens consideráveis neste
sistema: ao contrário dos teleféricos, as
cápsulas
só
estarão
em
movimento
quando accionadas ou para preencher
paragens
vazias
e
as
pessoas
são
entregues num só trajecto, de forma eficaz
e personalizada, desde que o destino
tenha uma paragem. Pode, ainda, conter
equipamento de vigilância para segurança
da cidade e as suas estruturas podem
servir para iluminação pública e para
conduzir
cabos
de
comunicação
e
Módulo Táxi PRT – Paragem
fonte/autor: Ultra PRT
electricidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
197
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Pode ainda ter funções especiais como
encaminhar
utentes
em
caso
de
Propostas Estruturais para a Cidade
Sistema de Transporte Público
emergência directamente para o hospital
ou qualquer outro serviço público.
Poderá transitar à superfície e ao nível
subterrâneo, conforme o pretendido, ser
usado para transporte de mercadorias,
com cápsulas contentores de transporte,
usando
paragens específicas
efeito,
distribuindo
sectores
de
para o
produtos
produção,
pelos
empresas,
Esboço do esquema de tráfego de uma zona
serviços, comércio, entre outros.
Este
mega-sistema
de
transporte
residencial> Cidade UT
fonte/autor: T.L.
acabará com a necessidade de outros
sistemas de transporte públicos e opções
viárias, transformando os esforços desta
área numa só estrutura, salvo excepções
de ordem técnica e de crescimento
periférico. Permitirá reduzir o tráfego de
pessoas e mercadorias, pelo menos em
algumas
áreas,
necessidades
diminuindo
viárias,
tornando
as
a
necessidade de transporte privado e de
vias de grande escoamento de tráfego
muito menor.
Módulo Táxi PRT – Paragem
fonte/autor: Ultra PRT
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
198
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Propostas Estruturais para a Cidade
4.5.3 - Estrutura Urbana da Cidade
Estrutura Urbana da Cidade
A cidade UT crescerá e ramificar-se-á
tal como um «fungo» tendo como centro
estratégico o núcleo Mãe. O centro implica
um terreno de morfologia relativamente
plana, propício a uma ligação com a
reserva aquática, recurso que tanto pode
ser lago, mar ou rio.
A morfologia das restantes zonas ditará
as manchas periféricas e a posição dos
núcleos, devendo os núcleos periféricos
estar em zonas de fácil acesso devido ao
seu grande fluxo de pessoas e tipo de
Edifício – Terraços Verdes – Japão
fonte/autor @
equipamentos.
As vias rápidas periféricas não deverão
criar
grandes
situações
rasgos
de
urbanos
circulação
nem
adversas,
podendo recorrer a túneis e pontes em
zonas de terreno acidentado. As vias
rápidas
são
também
propícias
à
instalação de linhas de transporte público,
maximizando as ligações.
Na
primeira
periferia
da
cidade
dedicada à habitação, existirá produção
de culturas a uma escala mais reduzida e
controlada, compatível com a arquitectura
bioclimática e com a qualidade urbana,
como já foi comentado; podendo existir
hortas urbanas de uso local, plantação de
árvores de frutos, entre outras soluções,
Ecocidade – Coreia do Sul
fonte/autor: Atelier MVRDV @
que permitam ao cidadão o contacto com
a
natureza,
criando
um
microclima
favorável à cidade e dando alguma
autonomia alimentar aos habitantes.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
199
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
A periferia residencial da cidade deverá
ter pequena ou média densidade e com
estruturas
horizontais,
permitindo
Propostas Estruturais para a Cidade
Estrutura Urbana da Cidade
um
melhor uso de estruturas ajardinadas
propícias a hortas pessoais e públicas.
Este sistema de edificação renova o
ecossistema de forma mais natural, a
maior
parte
da
reciclagem
orgânica
acontecerá localmente, além de permitir a
instalação de várias soluções energéticas,
como painéis foto-voltaicos, alimentando
as residências e toda a cidade.
A vivência social pouco densa permite
uma maior privacidade, convívio com a
natureza e entre pessoas num espaço
mais desafogado e vias com tráfego
disperso e com pouco trânsito.
Em muitas cidades tem sido evidente o
Agricultura interior – Edifício de produção alimentar
stress que a alta-densidade provoca na
urbano
rotina urbana, preenchendo terminais com
fonte/autor @
milhares de pessoas que se amontoam
para
percorrer
pequenas
distâncias.
Continuando a crítica a Lisboa, o seu
atravessamento
equivalente
a
em
hora
fazer
15
de
ponta,
quilómetros,
demora de carro ou transporte público
pelo menos 45 minutos, o que dá uma
média
de
20
km/h,
salvo
algumas
excepções com transportes e trajectos
privilegiados.
Sem
dúvida
mais
reconfortante que na cidade de Caracas
onde à hora de ponta o trânsito é
simplesmente caótico e lento; mas muito
longe
de
compensar
os
Alegoria – Transito Citadino
fonte/autor @
problemas
causados pela densificação urbana.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
200
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Desde que o homem tenha hábitos
pendulares de deslocação constantes, a
Propostas Estruturais para a Cidade
Estrutura Urbana da Cidade
alta densidade será sempre um problema.
A forma de povoamento horizontal
permite uma maior variedade de soluções
urbanas para responder ao crescimento
demográfico e estratégico, embora o seu
crescimento esteja limitado pela segunda
periferia
A exploração animal, vegetal e em
alguns casos mineral surge ligada à
segunda periferia, expandindo-se pelo
território consoante as necessidades. As
zonas de cultivo regular estarão mais
Cidade Rotativa – Dubai
Exemplo para a 1º periferia habitacional com núcleos
comunitários
fonte/autor @
próximas das zonas de produção, dentro
da 2ª periferia, com algumas áreas de
produção animal e situações casuais e
exploração mineral. A exploração do
habitat obedece a uma política ecológica e
de alimentação saudável, sendo os seus
recursos
explorados
interferência
do
com
homem
a
mínima
na
biosfera
conforme se avance para o território,
renovando todo o seu tecido animal,
vegetal e mineral de forma ecológica,
procurando ainda melhorar o ecossistema.
Eco-parque
Exemplo para a 2º periferia de produção e investigação
com estruturas de produção orgânica
fonte/autor @
Todas as plantas e animais nesta zona
viverão em estado selvagem e serão
caçados de forma de não perturbe o
ecossistema.
Será da responsabilidade do Estado
através dos seus instrumentos de apoio à
produção
incentivar
e
auxiliar
os
particulares e as empresas na área da
produção
de
produtos
ambas as periferias.
orgânicos
em
Biodiversidade preservada como Recurso Natural
Exemplo para a envolvente territorial da cidade propicia à
Natureza. fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
201
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Os produtos serão confeccionados e
transformados nas indústrias da segunda
periferia
apoiadas
académicos
e
pelos
científicos.
Propostas Estruturais para a Cidade
Estrutura Urbana da Cidade
núcleos
Perto
dos
núcleos, em zonas industriais, estarão as
centrais de reciclagem, centrais de biogás,
tratamento de águas residuais, entre
outras,
em
parceria
com
o
sector
industrial, aproveitando os detritos do
consumo
da
cidade
e
das
próprias
fábricas para produção de energia e
reciclagem de recursos.
Os
estaleiros
de
construção,
Exemplo para a zona de produção -Parque Empresarial
fonte/autor @
laboratórios, centros militares e prisionais,
equipamentos de grande escala, como
portos,
aeródromos,
justificam-se
na
entre
periferia
outros,
exterior
da
cidade, deixando a zona residencial o
mais livre possível de conflitos urbanos. A
envolvente natural, em volta da segunda
periferia, também fica livre de actividades
humanas
que
impeçam
o
desenvolvimento equilibrado da Natureza.
O ecossistema será vigiado e auxiliado
pelo homem através de equipamentos
vários,
centros
de
observação
e
equipamentos para o eco-turismo, de
forma
a
maximizar
as
suas
potencialidades, estimulando a formação
de vegetais e animais da forma mais
natural possível, passíveis de serem
posteriormente
consumidos
e
usados
como matéria para serem usados nos
vários tipos de indústria na cidade.
Parque Empresarial – Produção de Energia –
Reciclagem de Esgotos
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
202
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.5.4 - Parâmetros Demográficos e Territoriais
Para justificar todas as estruturas
propostas para a comunidade capazes de
assegurar a sua diversidade de serviços
de forma auto-sustentável, proponho para
a cidade uma população entre 200.000 a
um
1.000.000
de
habitantes
sensivelmente, sem valores fixos para o
seu perímetro de acção.
Um número muito superior a um milhão
de habitantes exige um prolongamento e
acumulação estrutural da urbe, difícil de
ajuizar
os
efeitos;
por
conseguinte
proponho neste caso a criação de cidades
gémeas,
podendo
ser,
«trigémeas»,
«quadrigémeas», ou mais, desde que
respeitem o raio de acção de cada uma
entre si, contando com políticas similares
de preservação da biosfera e de auto-
Los Angeles 19 Fachas de Rodagem – Exemplo de
uma Concentração demográfica excessiva
fonte/autor @
sustentabilidade. Por razões de força
maior, uma concentração elevada de
população poderá ser resolvida com a
adaptação desta utopia a outra utopia
sustentável com edifícios mais altos que
prove respeitar os compromissos aqui
apresentados.
O tamanho do Núcleo Mãe da cidade
depende da população da cidade, cultura,
Vista Central do Núcleo Mãe - Cidade UT
fonte/autor: T.L.
recursos e morfologia do terreno. Requer
provavelmente uma área de acção com
mais de um quilómetro de raio e com uma
área
superior a
500ha, que
poderá
aumentar exponencialmente pelas razões
já comentadas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
203
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O volume demográfico equilibrado para
cada bairro residencial, ronda, a meu ver,
Propostas Estruturais para a Cidade
Parâmetros Demográficos e Territoriais
entre 20.000 a 40.000 mil habitantes,
numa área média de 500ha (hectares),
variando consoante cada caso, de forma
que cada núcleo periférico fique a menos
de
dois
quilómetros
de
qualquer
habitação, devendo a distância encurtar
consoante o grau de dificuldade de
deslocamento. Esta distância permite ao
cidadão aceder aos núcleos entre 5 a 15
minutos
em
transporte
velocidade
público
ou
média
com
de
qualquer
veículo; ou entre 25 a 40 minutos a pé,
caso necessite. O volume proposto não é
diferente de muitas cidades tradicionais.
Contempla já uma certa concentração
populacional, permitindo uma circulação
de
tráfego
e
uma
vivência
urbana
desafogada, mas com a vantagem de não
Módulo de transporte Público e vias de trânsito
Cidade UT
fonte/autor: T.L.
coexistir com os equipamentos de grande
aglutinação social.
Os núcleos Periféricos recebem os
cidadãos de todos os distritos vizinhos, a
sua capacidade de absorção implica uma
área superior a 100ha, variando conforme
cada caso, tendo em conta o número de
cidadãos utentes e das ramificações com
os tecidos verdes do resto da cidade.
A 2ª periferia é de carácter tão
dinâmico e depende de tantos factores,
que
me
concretos,
é
impossível
para
tal
são
dar
valores
necessários
estudos concretos conforme cada cidade,
Centro de entretenimento – Cazaquistão – Astana
Exemplo para um núcleo periférico
fonte/autor: Norman Foster @
cultura, território e ecossistema.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
204
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Do ponto de vista externo é de enorme
relevância a existência de pequenas
Propostas Estruturais para a Cidade
Parâmetros Demográficos e Territoriais
comunidades fora das cidades. As vilas e
aldeias podem interagir com a cidade
também de forma autónoma desde que
respeitem
as políticas territoriais. Os
exemplos de sociedades autónomas são,
de facto, pequenas comunidades e não
cidades.
O que a cidade permite é um potencial
de produção, desenvolvimento tecnológico
e capacidade de fabrico elevado, em
todos os campos, só possível recorrendo
a
um
grande
volume
de
recursos
Aldeia de Travassô
humanos. Não implica que os cidadãos da
cidade utópica sejam mais desenvolvidos
Exemplo de Pequena Comunidade Isolada
fonte/autor @
do ponto de vista neo-humanista e social
do que os habitantes de comunidades
mais pequenas. A cidade também pode
impor políticas de controlo da biosfera
sobre as pequenas comunidades e criar
formas de preservar o seu sistema de
gestão de recursos. A parceria entre as
pequenas comunidades e as cidades é
realmente importante e a sua influência
deverá
encorajar
estas
pequenas
comunidades a desenvolverem políticas
socio-urbanas semelhantes.
Por
razões
estratégicas,
de
preservação da Biosfera envolvente da
cidade,
convém
comunidades,
aldeias
que
rurais,
pequenas
estejam
Eco-habitação – Exemplo para um posto de
observação científica, segurança e preservação da
Natureza para estruturas de carácter turístico
Fonte/autor: Humbnail
presentes a uma boa distância da cidade.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
205
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Caso
estas
comunidades
estejam
próximas, devem ser encaradas como
Propostas Estruturais para a Cidade
Parâmetros Demográficos e Territoriais
zonas turísticas e científicas; pontos de
observação da natureza, produção e
escoamento de alimentos ecológicos. A
distância
relativa
das
pequenas
comunidades ao perímetro interno da 2ª
periferia deverá, a meu ver, ser de pelo
menos 5 quilómetros de distância para
comunidades até 5.000 mil habitantes,
com explorações agrícolas limitadas.
No caso de cidades «Gémeas» ou
localidades mais populosas a distância
deverá ser no mínimo de 15 quilómetros
entre
os
limites
periféricos,
zelando
sempre pela auto-sustentabilidade e pelo
ecossistema;
estes
valores
Aldeia Ecológica – Comunidade em parceria com a
Cidade UT
fonte/autor: T.L.
variam
evidentemente consoante cada caso.
A estratégia de despovoamento em
certas áreas do território dispersas para o
repovoamento em pequenos e grandes
pólos
comunitários
é
propícia
à
recuperação da biodiversidade, reposição
da natureza, o que permitirá assim o
crescimento dos recursos naturais com
poucos custos; torna também as infraestruturas urbanas mais eficientes por não
estarem tão ramificadas pelo território;
gera por ventura mais união e vivência
comunitária por concentrar subtilmente as
populações em espaços urbanos mais
Espaço Urbano – Serafina – Lisboa
Exemplo de Vivência Comunitária saudável
fonte/autor @
definidos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
206
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
4.6 - Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica
O modelo de cidade ecológica, com
critérios
de
multifuncionalidades
soluções
acessíveis
maximização
e
compatíveis,
com
arquitectónicas
a
todos
os
bioclimáticas
cidadãos,
é
adaptável e até passível de alterações. O
esquema desenvolvido adapta-se tanto a
cidades costeiras como a cidades no
interior do território; partindo do recurso
fundamental para a auto-sustentabilidade
Lago – agua – Ecossistema – recurso básico da vida
fonte/autor @
que considero ser a água.
Uma cidade que seja capaz de gerir
bem este recurso consegue o básico para
o seu funcionamento. A água permite a
produção de alimentos e energia, até
mesmo a própria água pode ser fonte de
energia e facultar hidrogénio. O seu uso é
indispensável
cozinhar
para
a
higiene,
e, claro, para
beber:
lazer,
é o
Central eléctrica de aproveitamento da energia das
elemento chave da vida, indispensável
ondas
para a sobrevivência. Os cursos de água
fonte/autor @
e
os
lagos
complementares
são
elementos
inseparáveis
dos
espaços verdes e contribuem para o
microclima, fertilidade e bem-estar da
cidade. Os cursos de água também
podem conter vida animal, nomeadamente
peixes, pescáveis pela população. Podem
ainda, em certos casos, dependendo da
geografia do terreno, servir como um
canal marítimo.
Esquema de produção de Energia através das marés
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
207
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Nas
cidades
costeiras,
caso
não
Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica
existam recursos de água suficientes ao
nível de nascentes e cursos de água,
poderão
ser
utilizadas
centrais
dessalinizadoras, bombeando a água para
as zonas altas da cidade, depósitos e
barragens.
O
mar
poderá
fornecer
também energia através das ondas do
mar;
aproveitamento
produzir
biogás,
ou
de
algas
qualquer
para
outra
inovação.
Numa cidade no interior do território,
longe do mar, a presença deste elemento
Esquema básico de Tratamento de Agua para consumo
Urbano
fonte/autor @
poderá ser solucionada com a criação de
um grande lago. No lugar do mar teremos
uma grande massa de água sustentada
eventualmente por barragens, capaz de
albergar vida animal, vegetal e todo o tipo
de actividades urbanas a uma escala
representativa de pelo menos um quinto
do
tamanho
da
própria
cidade.
As
soluções de irrigação da água poderão ser
semelhantes, pelo que depende muito das
características de cada local.
A zona de bio-reserva produtiva na 2ª
periferia implica o mínimo intervenções
Troço minimizando o impacto na biosfera – Construção
impermeabilizantes do solo fértil e o
da Auto-estrada Barcelona Paris
mínimo de interferências agressivas com
fonte/autor @
a biodiversidade, o que levará à execução
de auto-estradas de ligação sobrelevadas
em muitos locais e outras soluções como
atravessamento de montanhas por túneis.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
208
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O processo rural contemporâneo de
quintas de produção de monoculturas não
Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica
contribui para biodiversidade, a existência
de comunidades rurais é uma visão típica
e apaixonante, permitindo ao ser humano
um
contacto
mais
profundo
com
a
natureza; mas só acontece nas zonas que
sofreram menos intervenções da parte do
ser
humano.
O
homem
pré-histórico
preservava o seu habitat porque era dele
que tirava todas as suas necessidades. A
ilusão de que não precisamos do habitat
Lagoa aeróbia produção de Biogás de algas através de
oxidação
para sobreviver coabita com as cidades
fonte/autor @
de hoje.
O ser urbano extinguiu todas
as
ameaças naturais, passando a controlar a
Natureza, de preferência à distância,
pensando
estar
protegido
pelo
desenvolvimento urbano. No entanto, o
habitat oferece muito mais do que simples
locais de caça; o habitat natural e sua
biodiversidade produz chuva, retém a
água, produz remédios, os quais curam a
maior parte das nossas doenças, produz
oxigénio e todo o tipo de matérias
orgânicas e alimentos. O pormenor mais
promissor do habitat natural é o facto de
ser auto-subsistente, não precisa
grande
manutenção
e
dispensa
de
a
intervenção constante do homem, o que o
torna claramente vantajoso. Tal acontece
também
no
mar;
onde
o
Vida tribal – A biosfera como produtora e fornecedora
de todos os recursos
fonte/autor @
equilíbrio
ecológico é feito pelo próprio ecossistema,
o qual podemos auxiliar em vez de o
destruir ou simplesmente explorar.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
209
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Acredito que esta política é mesmo
Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica
economicamente vantajosa a longo prazo,
através do florestamento com diferentes
espécies; replantação de árvores quando
executado o corte de árvores adultas;
substituição
dos
animais
caçados
recorrendo à procriação de animais em
cativeiro e libertando-os no seu habitat
sempre que possível; não caçar animais
em fase de procriação e com crias;
proporcionar
condições
naturais
de
sobrevivência da vida selvagem, criando
Exemplo de uma Cadeia alimentar – Ecossistema
fonte/autor @
bebedouros e alimentos selvagens.
O
domínio
do
Homem
sobre
a
Natureza pode ser exercido, portanto, de
forma amiga, fazendo uso dos seus
recursos de forma sustentável.
A zona da 2ª periferia próxima da zona
industrial produzirá culturas alimentícias,
com
agricultura
cumprindo
a
necessidades
biológica
maior
primárias
industrial,
parte
de
das
produção
vegetal; transformando-se, conforme se
avança para dentro do território periférico,
Desflorestamento – Uma Ameaça à Biodiversidade
Prática corrente da ocupação do ser humano no
território ao longo dos tempos
fonte/autor @
em habitat bio-sustentado. Os animais
caçados pelos humanos para consumo no
território bio-sustentado serão sujeitos a
análises de sangue antes de entrarem na
distribuição alimentar e deverão responder
à maior parte das necessidades de
produção
animal.
O
problema
da
ocupação do território parece assustador
seguindo
os
requisitos
propostos
de
Manutenção Florestal – Bom exemplo de produção de
ocupação de baixa e média densidade e
Madeira
de espaços de reserva natural pouco
fonte/autor @
mensuráveis.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
210
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Porém nunca se tentou realmente
Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica
produzir com um tecido bio-diversificado;
um prado de vacas não produzirá só
vacas, terá árvores e plantas que crescem
com os seus dejectos, coelhos e raposas,
avestruzes, enfim, qualquer animal e
vegetal adaptável aquele ecossistema,
com
mecanismos
de
controlo
e
de
reprodução de espécies.
O plano da cidade é um investimento a
longo prazo em todos os sentidos, o
desenvolvimento dos núcleos e periferias
é gradual e acompanhará o evoluir da
Esquema de uma Agro-florestal Biodiverseficada
fonte/autor @
biosfera envolvente. Tal como a mata de
Sintra, que na realidade foi inventada a
mando do rei há duzentos anos, também
as novas cidades podem promover o
reencontro com a Natureza.
O princípio da cidade é muito simples,
diria mesmo que é pré-histórico, lembra
em muito os aldeiamentos tribais. O
ajuntamento da comunidade no centro do
aldeiamento em redor da fogueira para as
actividades comunitárias lembra o grande
centro
Mãe,
a
zona circundante
de
cabanas habitacionais é equiparável à 1ª
periferia
residencial
e
as
zonas
posteriores, com algum cultivo, oficinas
artesanais
e
recursos
selvagens
é
estrategicamente similar à 2ª periferia e à
Exemplo de uma comunidade ainda com uma estrutura
milenar - Organização da Aldeia Indisna Boé-Bororo
sua
extensão.
Considero
esta
fonte/autor @
comparação um elogio, a avaliar pelos
aspectos sociais, ecológicos, humanos e
até políticos destas aldeias, com padrões
de sustentabilidade e de ética superiores
aos padrões atingidos nas cidades.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
211
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Evidentemente, os resultados deste
Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica
esquema tribal a grande escala só são
possíveis
graças
às
soluções
de
sustentabilidade que tenho vindo a referir
ao longo da tese. A magnitude do plano é
que justifica os elementos propostos, os
quais deixam de ter sentido a uma escala
menor com menos habitantes. Nesse caso
o esquema da cidade e equipamentos
urbanos seriam diferentes, mas a sua
essência utópica é válida para qualquer
Eficiência energética – Tecnológica – Permite boa
gestão e concentração Urbana
fonte/autor @
comunidade.
Do ponto de vista tecnológico, todas as
iniciativas
terão que
ter um
retorno
sustentável. Por exemplo: se optarmos
por carros eléctricos temos que confirmar
que as baterias usadas são recicláveis e
amigas do ambiente e se o recurso é
viável pois existem só meia dúzia de
países que têm lítio em grande escala
Aptera – Carro Eléctrico
fonte/autor @
para a produção baterias e que são a
Bolívia, o Chile, os Estados Unidos e a
China, basicamente. Quem optar por
carros eléctricos poderá ficar mais uma
vez dependente dos grandes produtores
externos.
As linhas de alta tensão também
deverão, sempre que possível, funcionar
enterradas para não produzirem radiações
danosas para a saúde. Os corredores
verdes de segurança, paralelos às vias de
circulação,
servem
também
para
instalação subterrânea das infraestruturas
da cidade de forma desafogada e eficaz.
Barco a energia Solar
fonte/autor @
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
212
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
O processo de reciclagem não deve ser
Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica
só um acontecimento para resolver os
restos que produzimos; o processo deve
começar na origem, através da produção
de materiais fáceis de reciclar e «amigos»
do ambiente. O próprio processo de
reciclagem não deverá gerar poluição,
como no caso da incineração de lixos, ou
estamos assim a cair num paradoxo
ambiental.
Vários
processos
de
reciclagem surgem constantemente e com
algum esforço científico conseguir-se-á
cada
vez
melhores
processos
de
reciclagem.
As energias renováveis podem também
gerar problemas ecológicos particulares.
Incineradora – Loulé – Para Queima de resíduos –
Divisões nas críticas quanto aos resultados Ambientais
fonte/autor @
Por exemplo, as centrais hidroeléctricas
criam barreiras nos cursos dos rios
matando a biodiversidade do ecossistema,
portanto,
só
é
solução
caso
esse
infortúnio não aconteça.
Concluindo, o organismo da cidade tem
de respeitar as melhores soluções para
defender
a
política
bio-sustentável
pretendida. Todo o seu funcionamento e
desenvolvimento tecnológico ao longo do
seu
crescimento
desenvolvimento
não
dependerá
científico
nem
do
das
políticas energéticas externas, dependerá
sim das suas opções de produção de
forma
auto-sustentável.
Todo
o
seu
potencial permitirá criar parcerias externas
Triângulo da Sustentabilidade Mundial
fonte/autor @
em vez de dependências, o que por
conseguinte é a chave do sucesso de
qualquer comunidade desenvolvida.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
213
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
5 – Síntese Esquemática das Bases Urbanas da Cidade
5.1 - Centro / Núcleo Mãe
Funções
>Espaço Comunitário;
actividades sociais:
Cultura, Educação, Lazer,
Saúde, Espiritualidade
> Promoção de grandes
eventos na cidade que exijam
grande concentração de massas
> Os espaços que emanem
energia psico-energética
Equipamentos
> Mega-praça central
> Equipamentos de saúde:
> Homogeneidade urbana e
arquitectónica, com equipamentos
Hospital Central e clínicas de saúde
relacionados entre si segundo as
> Equipamentos de protecção
suas compatibilidades funcionais.
civil: Serviço CPC e Sede CPC
> Equipamentos de práticas
> Mega-praças com relações
visuais e funcionais com os
Espirituais: pavilhões, espaços,
equipamentos e com ligação ao
morgue e cemitério
recurso «água»: lago, mar ou rio
> Equipamentos desportivos:
favorável à prosperidade, bem-
campos, pavilhões, marinas,
estar, valores éticos; através de
estádios, entre outros para todos os
condições para eventos
desportos
positivos, lazer e relações
Características
> Equipamentos culturais e
> Morfologia relativamente plana
e de fácil acesso
> Envolvida por espaços verdes,
com características de floresta,
espécies indígenas
afectivas, actividades de
lazer: biblioteca, ópera, teatro,
solidariedade prestando ajuda
centro de exposições e ciências,
qualquer ponto de grande fluxo a
aos mais necessitados,
entre outros, para todas as artes
uma distância circunstancial de
interacção entre a natureza e os
> Equipamentos Comerciais:
> Acesso a transporte público de
menos de 300 metros
cidadãos, promovendo o cultivo
restauração, mercados, lojas,
ocasional de plantas, entre
feiras, entre outros, para todo o
subterrâneos e de superfície com
outras medidas
comércio
acesso às vias e aos
>Objectivo – criar uma
energia apaziguadora, que se
espalhará por toda a cidade e
qualquer estrutura atómica
> Pulmão verde ecológico
para a cidade e reserva
> Equipamentos de apoio:
oficinas, gestão, manutenção,
> Equipamento urbano de uso
> Parques de estacionamento
equipamentos
> Vias largas de acesso com
características de via rápida, com
público para todas as idades
duas ou mais faixas em cada
(bebedouros, caixotes do lixo;
sentido e faixas de acesso e
Inst.sanitárias; bancos; etc.)
escoamento de tráfego, com
estratégica de água para
> Lagos e Espaços Verdes
separadores centrais de pelo
períodos quentes
> Terminais, paragens de
menos 7 metros preenchidos com
> Relação com o recurso à
água indispensável à cidade
através de acessos ao lago, rio,
nascentes ou mar
transportes públicos
> Residências temporárias para
participantes em eventos e turismo
> Parques de estacionamento
> O cemitério em zonas
> Vias rápidas de acesso
verdes periféricas do núcleo
periférico e linhas de transporte
reforça a simbologia de respeito
público
e renovação social da cidade
vegetação e elementos urbanos.
> Os cemitérios estão situados
em lugares calmos e recolhidos
no parque envolvente da
cidade e têm ligações
simbólicas com o centro
espiritual
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
214
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
5.2 - 1ª Periferia – Zonas Habitacionais – Bairros
Funções
Equipamentos
Características
> Espaço Residencial,
> Habitações e serviços de
>Aceitável qualquer morfologia
permanente ou temporário
pequena e média densidade de
urbanizável propícia a loteamentos e
arquitectura bioclimática
acessos viários relativamente lentos
> Vivência familiar, lazer,
prestação dos cuidados e
> Creches, infantários,
> Existência de cursos de água
serviços, salvaguardando as
escolas primárias, lares de
que podem ser artificiais,
necessidades básicas
idosos, comércio, restauração,
sustentando a biodiversidade,
farmácias, consultórios, serviços,
principalmente vegetal,
calmo, propício ao descanso e
entre outros equipamentos
urbanisticamente produtiva e eco-
ao convívio com a natureza e
considerados essenciais para
sustentável.
com pequenos grupos na
cada bairro
> Proporcionar um lugar
comunidade
> Apoio aos idosos e às
crianças na sua educação e
desenvolvimento
> Ambiente familiar e
comunitário propício à criação de
> Paragens e linhas de
transportes públicos
> Equipamentos urbanos de
manutenção, tratamento público
do tecido urbano
> Equipamentos urbanos de
> O transporte público estará
acoplado às vias, podendo ser
independente das vias em casos
estratégicos
> Paragens de transporte público a
uma distância de menos 300 metros
de raio de qualquer local, ou
um elo psico-energético de
uso público para todas as idades
auxiliado por mecanismos que
tolerância e igualdade territorial
(bebedouros, caixotes do lixo;
encurtem o esforço pedonal.
entre os cidadãos em comunhão
Inst.sanitárias; bancos; etc.)
> Soluções construtivas
com diferentes classes, de forma
> Indústrias e serviços
bioclimáticas fazendo uso de
sustentável
> Gerar zonas de tráfego
pouco congestionado compatível
particulares que não
prejudiquem a vida do bairro
> Hortas urbanas, coberturas
materiais e características locais
> Vias de circulação de marcha
lenta, com bons acessos às
com a realidade urbana
ajardinadas, exploração de
residencial mas que possibilite
culturas e espaços verdes, entre
alternativas de escoamento na
outras soluções bio-produtivas
fluxo do bairro e com pontos de
cidade
―urbanizáveis‖
cruzamento propícios à instalação
> Produzir alguns alimentos,
> Equipamentos particulares e
nomeadamente vegetais
públicos para reciclagem e
pertencentes aos moradores,
produção de energia; painéis
envolvendo a natureza na vida
solares; biogás, entre outros
quotidiana e dando algum
> Vias de circulação lentas
habitações e aos serviços
> Vias secundárias de gestão do
dos equipamentos públicos e
privados relevantes
> Vias rápidas de escoamento
dividindo os bairros de forma
discreta, com túneis e pontes para
sustento e bem-estar aos seus
junto aos lotes de habitação;
preservar as características viárias
habitantes
ligadas a vias secundárias de
caso necessário; as vias rápidas
circulação média; ligadas por
terão duas ou mais faixas para cada
recurso a soluções sustentáveis,
sua vez a vias rápidas de
lado com acessos independentes
garantindo a autonomia
escoamento periférico
>Produzir energia, com
energética dos bairros
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
215
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
5.3 - 1ª Periferia – Núcleos Periféricos
Funções
> Espaço Comunitário:
Equipamentos
> Equipamentos educativos:
educativo, cultural, segurança,
escolas para jovens e cidadãos
saúde, desportivo, social,
comuns, institutos de formação,
serviços públicos e privados
particulares ou públicos
> Fornecimento de produtos
vários e serviços comunitários
> Equipamentos desportivos e
Características
> Arquitectura bioclimática e
sustentável energeticamente
> Zonas urbanas de convívio
social e eventos locais, com
espaços, praças, jardins e
culturais em parceria com as
equipamentos, todos em sintonia
escolas e serviços públicos:
espacial e funcional, consoante
a jovens e formações a qualquer
pavilhões, salas de exposições,
compatibilidades. Os
cidadão de iniciativa privada ou
anfiteatros, entre outros
equipamentos são multifuncionais,
> Grande comércio,
permitindo actividades diferentes,
cooperativas de consumo,
moldando-se às necessidades da
hipermercados; lojas; teatros-
comunidade
> Prestar serviços educativos
pública
> Zelar pela saúde e
segurança do cidadão
> Promover o desporto,
cultura, ou qualquer outra
actividade saudável
> Prestação dos serviços
cinemas, entre outros
> Parques de merendas e zonas
de paragem ocasional
>O parque verde absorve os
serviços e a sua extensão
prolongar-se-á por corredores
> Serviços de cuidados sociais:
verdes, dividindo de forma subtil os
públicos cívicos: no campo
CPC: Serviços de urgência, polícia,
bairros e criando uma ligação com
jurídico, económico, empresarial,
bombeiros, centros de saúde,
o tecido verde do núcleo central e
emprego e formação profissional
clínicas particulares, centros de
a biosfera fora da cidade
> Produzir vibrações psicoenergéticas propícias ao convívio
entre pessoas de localidades
acolhimento para pessoas
necessitadas e cantinas públicas
> Serviços cívicos: tribunais,
diferentes e locais, para o
centro de emprego, banco
crescimento saudável e ético dos
comunitário e «loja do cidadão».
jovens e de toda a sociedade,
> Parques de estacionamento,
>Os parques de estacionamento
estarão ligados aos serviços ou
estarão na continuação do parque
servindo os bairros
> O Núcleo está ligado às vias
rápidas de acesso e às vias
promovendo comportamentos
subterrâneos e de superfície, com
secundárias dos bairros
sociais e pessoais acertivos
ligação aos equipamentos
indirectamente, permitindo o seu
> Proporcionar eventos
culturais, sociais e desportivos à
> Terminais, paragens de
transportes públicos
escala local, desenvolvendo as
> Parque verde urbano com
personalidades de cada bairro
cursos de água e/ou lago e com
> Produzir alimentos e
energia, recorrendo a lagos e a
cursos de água com vida animal
e espaços verdes produtivos
atravessamento através de túneis
ou pontes dando continuidade às
vias
> Os Transportes públicos
espaços e equipamentos de lazer e
atravessam o núcleo, ligando-o aos
desportivos
bairros e aos outros núcleos,
> Equipamento urbano geral
para todas as idades
> Estruturas de produção
usando as vias de forma
independente
> Os serviços públicos
energética; instalações solares;
comunitários serão os edifícios
eólicas; entre outras
com altimetria mais elevada, bem
detectáveis na urbe
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
216
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
5.4 - 2ª Periferia – Zona Industrial e Núcleos Académicos
Funções
> Espaço Comunitário de
Equipamentos
> Parques industriais com fábricas
Características
> A via rápida de
produção, confecção e
de manufactura e distribuição de
circunvalação define a charneira
investigação de produtos e
todos os bens consumíveis,
entre a primeira periferia e a
serviços da cidade
essenciais e de luxo e serviços do
segunda periferia e liga a cidade
sector terciário compatíveis como
a todo o tecido produtivo e as
sector secundário e primário
auto-estradas que ligam a cidade
> Gerir o governo e sustento
da cidade em todas as áreas,
segundo a política
> Terminais e linhas de transporte
ao território exterior. A via
Neo-humanista e de
público: Porto de Pesca e porto de
principal de circunvalação tem
Auto-sustentabilidade
mercadorias e embarcações,
características de auto-estrada
> Criar uma cintura de
mercados alimentares, estação de
com 3 ou mais faixas para cada
desenvolvimento periférico
comboios público e de mercadorias,
sentido, separadas por pelo
dinâmico, capaz de mudar
aeródromo, terminais e paragens do
menos 7 metros e envoltas em
ocasionalmente de funções, de
táxi público
corredores verdes com pelo
armazém para armazém ou de
> Núcleos Universitários:
menos 30 metros de largura
fábrica para fábrica caso
faculdades, equipamento desportivo,
necessário, nunca quebrando
anfiteatros, cantina, biblioteca,
público acompanham a via
rigidamente a produção nem
espaços comerciais, serviços
distribuindo as pessoas pelos
despedindo trabalhadores que
estratégicos, CPC, escritórios das
vários sectores
podem circular entre sectores de
cooperativas e empresas, residências
produção e investigação
públicas, equipamentos de
são os essenciais, e estão
manutenção, centros de investigação
espalhados de forma a permitir o
e laboratórios, entre outros
funcionamento temático do
> Implantar o principal tecido
produtivo da cidade de forma
acessível, evitando conflitos
urbanos dentro da cidade
> Envolver psico-
> Equipamento urbano geral e
espaços verdes públicos
> Centrais de reciclagem,
> As linhas de transporte
> Os núcleos Universitários
tecido industrial e cientifico
pretendido, em pontos opostos
da cidade. Todo o anel urbano
energéticamente a urbe e a
produção de energia, tratamento e
de produção permitirá a ligação
comunidade no desenvolvimento
transformação de detritos orgânicos e
com locais de produção e com
tecnológico e produtivo da
inorgânicos, depósitos de produtos e
as vias secundárias de
cidade de forma cooperante,
mercadorias
exploração do território
com departamentos compatíveis
> Infraestruturas urbanas de
> Os equipamentos de
lado a lado, incentivando uma
distribuição de energia, água,
transporte de grande
maior comunhão de esforços e
esgotos, comunicações, entre outros;
envergadura e linhas ferroviárias
dos recursos, maximizando
vias rápidas e acessos viários
estão ligadas com as auto-
beneficamente a economia, a
> Hospital periférico, Quartel CPC,
estradas de saída da cidade, a
educação, a produtividade e a
Centros de Correcção social e
linha de transporte público fará a
sociedade em geral, gerando
tratamento mental
circunvalação junto à zona de
riqueza e sustentabilidade
> Edifícios do governo da
comunidade e serviços de apoio
produção prestando acesso aos
serviços
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
217
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
5.5 - 2ª Periferia – Zona de Produção
Funções
> Espaço Comunitário de
Equipamentos
> Campos de cultivo e
Características
> Implica a exploração do território
exploração, produção e
estufas, campos de exploração
periférico, consoante as
investigação dos recursos
de minério, entre outros
necessidades e soluções de
orgânicos e minerais respeitando
a biodiversidade sustentável
> Produzir Energia renovável
> Equipamentos de produção
e investigação de produtos
> Equipamentos e
produção que permitam à cidade ser
auto-suficiente ao nível de produtos
essenciais
nos campos abertos de
infraestruturas de apoio: bombas
produção, aproveitando os
de irrigação, canais de água,
manter a sua fertilidade e
campos de cultivo
armazéns e estaleiros de
propriedades saudáveis respeitando
trabalho com serviços
a biodiversidade e os ecossistemas;
turismo ecológico, educação,
essenciais, entre outras
desenvolvendo culturas orgânicas,
formação, contacto com o meio
> Centrais energéticas, campos
vida animal e vegetal e exploração de
rural e a natureza
de painéis solares e eólicos e
minerais, de forma sustentável
> Fornecer à comunidade:
> Reabilitar pessoas com
desordens sociais e psíquicas,
usando as potencialidades da 2ª
outros equipamentos geradores
de energia renovável justificáveis
> Linhas de comunicação e
periferia em contacto com a
electricidade aparelhadas às
natureza, os campos de
Auto-Estradas
produção e a prestação de
serviços
> Promover o equilíbrio psicoenergético ligado ao ciclo de vida
> Infraestruturas de
abastecimento da cidade de
forma sustentável
> Equipamentos educativos e
> O solo é tratado de forma a
> Não existirá monoculturas mas
sim culturas ecológicas, seguindo a
política ecológica
> Acessos viários ao mar ou lago
da cidade, com vias simples, com
piso se possível permeável de forma
a produzir pouco impacto na biosfera
> Toda a produção está
relacionada com a zona industrial e
da produção, fertilidade,
turísticos com acesso aos
núcleos académicos, situados no
harmonia, entre a Natureza e o
campos de produção e
limite da 2ª periferia
Homem, gerando um potencial
observação da biodiversidade
de produção elevado, com
alimentos ricos, saudáveis,
libertos de toxinas. Este ciclo
> Terminais de transporte
público rural
> Auto-estradas de
> As Auto-estradas de acesso ao
tecido urbano da cidade são criadas
de forma a minimizar o impacto com
a natureza, recorrendo a pontes e
cinético beneficiará a sociedade
atravessamento da biosfera
túneis, podendo em alguns troços,
em todos os aspectos
envolvente de ligação da cidade
por razões funcionais e estratégicas,
ao território e vias secundárias
estarem junto ao solo
> Colmatar algumas
necessidades estratégicas de
de acesso a equipamentos
instalações de equipamentos da
estratégicos e aos campos de
será de carácter rural, diferente do
2ª periferia que não interfiram na
produção
transporte público urbano, não
biosfera negativamente
> Grandes infra-estruturas da
> O transporte público de pessoas
exigindo infraestruturas
2ª periferia Industrial que façam
parte das necessidades
produtivas
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
218
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
5.5 - Reserva Bio-Regenerativa do Território
Funções
> Espaço Comunitário de
Equipamentos
> Equipamentos de
Características
> Implica a exploração de todo o
exploração, produção e
investigação, optimização e
território terrestre dentro da jurisdição
investigação dos recursos da
exploração da biosfera: mar,
da cidade
biodiversidade de forma
lagos, rio, floresta, campo,
sustentável
montanha, entre outros
> Relacionar, melhorar, zelar
> Recursos naturais com
condições propícias ao
> Equipamentos de
desenvolvimento da biodiversidade,
pela sustentabilidade do recurso
ecoturismo: residências,
vida animal e vegetal e reflorestação
«água» do território da cidade parte
postos de observação,
da sua biosfera: Nascentes, lençóis
caminhos turísticos, termas,
exploração dos recursos sem impacto
de água, lagos, mar, represas, rios
centros de terapias
ambiental: madeira, plantas, animais,
> Investigação e exploração do
> Zonas de caça e trilhos
macrocosmo (espaço), da geologia
de manutenção da biosfera e
e recursos minerais
de turismo
> Fornecer à comunidade e ao
> Equipamentos de recolha
> Capacidade de regeneração e de
minerais, entre outros
> Fomentação da biodiversidade
através de infraestruturas ecológicas:
recifes artificiais, estruturas para
turismo educação, formação, em
e tratamento da água:
proliferação de plantas e protecção
contacto com a Natureza
barragem mar, lagos, rios
dos animais, bebedouros selvagens,
> Infraestruturas de
zonas de separação para animais em
comunidades isoladas bio-
distribuição de energia e água
risco na biosfera, entre outras
sustentáveis, vigilantes da biosfera,
subterrâneos
> Instalação de pequenas
prestando troca de serviços com a
cidade
> Reabilitar pessoas com
> Centro científico e
> Os seres vivos da biosfera têm
acesso a lagos, rios e mar (caso
observador geológico e
existam) do território sem barreiras
astronómico; centro de
humanas perturbadoras
desordens sociais e psíquicas e
exploração de tecnologias
físicas usando as potencialidades
espaciais
> As Auto-estradas de acesso ao
tecido urbano da cidade são criadas
das actividades lúdicas e
> Pequenas comunidades
terapêuticas na Natureza
bio-sustentáveis; actividades
a natureza, recorrendo a pontes e
na natureza e nas quintas de
túneis; podendo em alguns troços,
estabelecido entre a Natureza e o
produção; desportos;
por razões funcionais e estratégicas,
Homem gera uma onda de
observação da biodiversidade
estarem junto ao solo
> O respeito psico-energético
aceitação entre ambos os
elementos, criando um campo
magnético em torno da cidade de
paz, vida e respeito.
> Relacionar, melhorar, zelar
pela sustentabilidade do recurso
«água» do território da cidade parte
> Auto-estradas de acesso
à cidade
> Pequenas comunidades
de forma a minimizar o impacto com
> As vias secundárias de
circulação dentro da biosfera Natural
e de acesso às comunidades dentro
com os serviços essenciais
dela terão um piso com algum nível
com estruturas rurais
de permeabilização com pouco
biológicas
impacto na biosfera e que permita a
> Postos aéreos de
circulação nos dois sentidos
da sua biosfera: Nascentes, lençóis
emergência para deslocação
> As possíveis comunidades
de água, lagos, mar, represas, rios
de pequenos veículos
existentes estão equipadas com
voadores
heliportos e serviços essenciais
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
219
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
III Capítulo – Cidade UT – Estudos
1 – Esboços das Soluções Urbanas para a Cidade UT
Fig. 1 - Primeiro Estudo para o núcleo Mãe da Cidade
Fig. 2 - Estudo para os bairros residenciais (Núcleo de apoio no horizonte)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
220
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Esboços das Soluções Urbanas
Fig. 3 - Estudo para a estrutura viária principal
Fig. 4 - Estudo para o carro Policia-Ambulância multifunções CPC
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
221
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Esboços das Soluções Urbanas
Fig. 5 - Estudo para a praça do Núcleo Periférico
Fig. 6 - Estudo para a 1ª Periferia da Cidade
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
222
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Esboços das Soluções Urbanas
Fig. 7 - Estudo para o atravessamento viário nos Núcleos Periféricos
Fig. 8 - Estudo viário para o interior de um bairro
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
223
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Esboços das Soluções Urbanas
Fig. 9 - Estudo urbano para uma zona de grande fluxo da Cidade (Exe. – Núcleos Académicos)
Fig. 10 - Estudo urbano para parte da zona costeira periférica da Cidade UT
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
224
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Esboços das Soluções Urbanas
Fig. 11 – 1º Estudo esquemático para a Cidade UT – 2ªfase
Fig. 12 – 2º Estudo esquemático para a Cidade UT – fase final
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
225
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Esboços das Soluções Urbanas
Fig. 13 – Esquema de contenção urbana para a Cidade UT e cidades Gémeas segundo a
partilha de recursos
Fig. 14 – Representação de uma Cidade UT e a biosfera envolvente
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
226
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
2 – Planta de Sectores e Equipamentos da Cidade UT – escala 1: 25000 - Fig.15
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
227
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
3 – Fig. 16
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
228
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
4 – Representações Virtuais 3D da fórmula Urbana da Cidade UT
Fig. 17 – Planta esquemática da Cidade UT
Fig. 18 – Perspectiva do centro da Cidade
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
229
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 19 – Perspectiva da Cidade UT
Fig. 20 – Perspectiva da Cidade UT
Fig. 21 – Perspectiva do Núcleo Mãe da Marina para o Centro
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
230
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 22 – Perspectiva do Núcleo Mãe da Cidade UT
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
231
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 23 – Perspectiva do Núcleo Mãe do Centro para a Costa
Fig. 24 – Perspectiva de Parte do “Pulmão Verde” e do cemitério do Núcleo Mãe
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
232
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 25 – Perspectiva do Núcleo Mãe – Avenida Central
Fig. 26 – Perspectiva do Núcleo Mãe e parte da 1ª Periferia e Bairro Nº2
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
233
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 27 – Perspectiva do Bairro Nº2 e Núcleo Correspondente
Fig. 28 – Perspectiva do Núcleo Periférico e Ligação à 2ª Periferia
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
234
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 29 – Perspectiva de parte do limite urbano entre a 1ª e a 2ª Periferia
Fig. 30 – Perspectiva de parte da 2ª Periferia e Núcleo Académico
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
235
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 31 – Vista aérea do Núcleo – Governamental – Académico – Segurança – Transportes
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
236
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 32 – Perspectiva do Núcleo – Governamental – Académico – Segurança – Transportes
Fig. 33 – Vista do Núcleo Mãe para o Núcleo Governamental
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
237
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 34 – Perspectiva da 1ª para a 2ª Periferia e Biosfera
Fig. 35 – Perspectiva de parte da Biosfera e das Periferias da Cidade
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
238
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT
Fig. 36 – Perspectiva do centro de investigação do Microcosmos e da Natureza
Fig. 37 – Perspectiva de parte da Biosfera e da Aldeia Ecológica (em segundo plano o sector
Macrocósmico e Espacial)
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
239
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Cidade Utópica – Cidade UT
5 - CONCLUSÃO FINAL
No curso da História as utopias e as realidades urbanas chocaram-se provocando
reacções políticas, sociais e estruturais na cidade e no território. A Utopia é muitas vezes
conotada como um exagero, uma extravagância, um ideal impraticável a longo prazo, uma
construção insustentável, um projecto irrealizável, sendo por isso um pouco desvalorizada
como processo científico e académico. Por ironia do destino, a realidade urbana e o
desenvolvimento socio-político da actualidade apresenta uma enorme quantidade de
extravagâncias insustentáveis, um ideal impraticável a longo prazo, enquanto que a Utopia
desenvolvida na tese é um projecto que procura o meio-termo, a harmonia em todos os
sentidos, a contenção, a sustentabilidade, o equilíbrio urbano.
Vivemos, cada vez mais, reduzidos a uma comunidade selectiva, comunidade essa onde
reina uma ordem surpreendentemente desenvolvida e complexa, mas em que os seus
resultados mundiais são em muitos aspectos caóticos. A ordem é organizada segundo uma
competição exagerada à base do lucro e do reconhecimento público deixando a biosfera e a
sociedade para segundo plano. A Crença na confiança política global a favor da
preservação do planeta e da humanidade no seu verdadeiro sentido da palavra é
incompatível com as extravagâncias Neo-Capitalistas e «materialistas», uma vida urbana
saudável, segura e confortável com o sistema Global é a longo prazo uma utopia
improvável. Um autêntico ideal democrático que infelizmente é travado pelas vicissitudes
políticas e económicas da actualidade. Dada a situação global das nossas cidades, a
solução mais sólida, a meu ver, passa pela alteração estrutural de raiz das bases da cidade
pelas bases utópicas já referidas ao longo da tese.
Na antiguidade os mecanismos de auto-subsistência eram essenciais. A falta de meios
de transporte e de energia assim o exigia. Assim nasceu o relógio de pêndulo há muitos
séculos, o qual não precisa de fonte de energia, somente de estar bem afinado. Comparado
com os relógios modernos de hoje, o relógio de pêndulo consegue consumir muito menos
energia, ser mais autónomo e barulhento! Esta reflexão serve para dar início à segunda
conclusão desta pesquisa. A ciência não tem estado ao nosso serviço como pensamos mas
sim ao serviço dos interesses económicos e jogos de poder, deixando muitas invenções e
descobertas «na gaveta», num mundo aparte, desconhecido do cidadão «comum».
O desenvolvimento tecnológico avança sem uma direcção concreta em vez de evoluir em
todas as áreas de forma a não danificar e a não explorar o consumidor. Equiparo estes
entraves científicos com carácter prepositivo nem sempre a favor da verdade, aos estragos
científicos e filosóficos provocados pela destruição da Biblioteca de Alexandria. Muitos dos
relatórios científicos apresentados pelos «média» e pelas forças políticas são enganosos.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
240
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Conclusão Final
Arrisco mesmo a dizer que a humanidade entrou num novo obscurantismo provocado
não pela falta, mas sim pelo excesso de informações contraditórias consoante os jogos de
interesses, numa luta constante entre a verdade e os poderes «imperialistas» que dominam
as «massas».
Voltemos ao pêndulo. Um pêndulo gigante, visto ser um mecanismo mecânico, seria
capaz de produzir energia eléctrica de forma auto-sustentável?! Nunca saberemos nos dias
de hoje, a não ser que alguma força económica-social mais positiva na sociedade nos abra
esse caminho.
Não descartando as boas políticas que têm sido desenvolvidas nesta área, a Cidade
Utópica ideal tem de ser imune à falta de consistência científico-tecnológica global e
procurar de forma sintética, transparente, autonomamente e com parcerias viáveis, as
melhores soluções tecnológicas, saudáveis e promissoras para a sua sociedade, evitando
assim muitos dos problemas de saúde contemporâneos.
No desenrolar do desenho da cidade utópica tornou-se evidente, mesmo no seu perfil
físico, que a Cidade UT é praticamente um negativo das cidades metrópoles modernas.
Enquanto em altimetria as cidades modernas formam uma pirâmide, com edificios cada vez
mais altos conforme se avança para o centro da cidade, segundo a especulação imobiliária
e os pressupostos elitistas; a Cidade UT lembra no seu perfil uma ondulação que vai
aumentando do centro para a periferia altimetricamente.
Os edifícios mais altos poderão mesmo ser os edificios de produção de alimentos na 2ª
periferia, permitindo assim culturas controladas em áreas menores. A produção animal será
realizada principalmente na biosfera biodiversificada, optimizada para o efeito, como já foi
falado.
O desenho do Modelo Utópico que apresento está longe de ser uma ideia vanguardista
ou uma nova descoberta estrutural, é simplesmente uma proposta representativa e formal
de uma possível disposição urbana segundo a Cidade UT. O seu tratamento personalizado
alude à política visionária das bases Utópicas desenvolvidas e não à forma estética
específica. A sua estrutura é variável consoante cada caso, cada cidade e morfologia do
terreno. O exercício esquemático demonstra de certa forma as potencialidades das
directrizes desenvolvidas e algumas soluções para a disposição da estrutura urbana.
Recorro a estruturas urbanas em grande parte já cienficamente provadas como eficazes e
não apresento estruturas de bairros pré-definidas, para evitar os erros das utopias do
passado, de caracter impositor sobre como os cidadãos deveriam habitar na Urbe.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
241
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Conclusão Final
Seguindo as directrizes das bases, cada bairro, comunidade e cidadão defenirá a sua
habitação, edifício e artérias secundárias de circulação dentro dos bairros. A «educação» da
comunidade implica que esta participe nas soluções urbanas. Quanto mais o cidadão
aprender a intervir nas decisões da sua própria vida mais ele ganha auto-estima e
desenvolvimento cívico, dando mais valor à urbe que o rodeia. Mais dificilmente uma pessoa
vandaliza algo que aceita ou que ajudou a construir. Este processo de participação activa
em consciência do individuo, juntamente com a política de habitação da Cidade UT, é mais
um cenário bem oposto às políticas imobiliárias e urbanas, onde o morador é cada vez mais
impelido a comprar as habitações já feitas, sem grande participação nem consciencialização
das estruturas dos seus bairros, sem conhecer a importância da arquitectura bioclimática
para a sociedade e de como tirar o melhor partido da sua habitação e das tecnologias.
A magnitude dos espaços e das estruturas realça a sua força e caracter; o simbolismo da
Cidade UT está reproduzido como força Psico-Energética por toda a área de influnência.
Facilmente percebemos o simbolismo ―Ventral‖ do Núcleo Mãe e da disposição harmónica
dos equipamentos como parte de um todo. O ―nascimento‖ de boas energias no núcleo e na
cidade vive desta harmonia entre o ―verde‖ da natureza, o ―azul‖ da fonte de vida, o ―amarelo
e castanho‖ da fertilidade, o encarnado entre outras cores no fogo da comunidade e da
animação gerada. O simbolismo chega a ser físico ao recriar símbolos de harmonia
ancestrais nos pavimentos e na estrutura das praças temáticas que identifico no Capítulo III.
O cemitério descansa os antepassados da cidade nas partes calmas do Pulmão da Cidade.
Os canais de água ligam o cemitério ao centro espiritual do Núcleo Mãe de onde podemos
conduzir os mortos por via náutica, levando o seu corpo no leito do elemento da vida, para o
desconhecido e respeitado mundo dos Mortos. Na verdade, tendo em conta os canais de
água que desenvolvi por toda a cidade, esta, numa situação morfológica essencialmente
plana, daria para ser percorrível por via náutica por todo o seu tecido urbano. Vias,
corredores verdes e cursos de água, coabitam cada um com os seus espaços próprios, sem
interferir com as realidades urbanas de cada um deles.
Os tópicos finais do primeiro Capítulo apontam fortemente para as bases da Cidade UT,
abrindo o horizonte a um novo contexto urbano, longe de estar limitado aos desenhos de
estudo da cidade apresentada. Muitos dos pontos da sua estrutura já foram explicados ao
longo da tese, portanto é preferivel conduzir a reflexão académica para as questões de
fundo, revolucionárias e imperativas à urbe.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
242
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Conclusão Final
Continuando nos opostos entre a realidade urbana actual e a Cidade UT, a devastação
sistemática da Amazónia é sem dúvida um deles. A promiscuidade do sistema Global
permite a destruição dos recursos da floresta com valor incalculável, para «meia-dúzia» de
pessoas a curto prazo obterem lucros, enquanto o ―colectivo‖ e o planeta é lesado. A
biosfera marítima também tem sofrido agressões ao seu habitat imprescindível, fornecendo
fontes de alimento e rendimento à Humanidade. O seu potencial pode ser aumentado,
criando por exemplo corais artificiais, tal como o potencial dos lagos e rios pode ser
reconquistado com políticas de perservação do eco-sistema e criação de infraestruturas a
favor da biodiversidade. A mesma política poderá ser usada na biosfera terrestre, recriando
as condições do eco-sistema, de forma controlada, reflorestando o território, criando zonas
protegidas para animais de maior consumo humano, lagoas artificiais e vias de acesso
preparadas para acções de preservação e exploração dos recursos da Natureza, entre
outras medidas.
Perguntar se um Eco-sistema Natural seria suficiente para produzir alimentos para a
comunidade é uma questão pertinente; a alimentaçao diária da comunidade iria ficar mais
diversificada, mais variedade de espécies de alimentos vegetais e animais iriam entrar na
nossa dieta e provavelmente teriamos que reduzir o consumo de carne. Como está provado
cientificamente que ingerimos carne em demasia e vegetais em minoria na nossa dieta
regular, esta medida também pode ser benéfica, acompanhando a mudança radical das
políticas utópicas pretendidas.
Dentro da reserva da biosfera as pequenas comunidades, aldeias ecológicas, terão um
papel importante no controlo dos recursos mas também na reabilitação de individuos com
problemas sociais graves. Os centros de reabilitação das aldeias receberão cidadãos com
problemas sociais, económicos e psico-fisicos (mendigos, toxicodependentes, entre outros),.
que não se tenham adaptado e reabilitado no meio urbano da cidade, encaminhados pelos
serviços de ajuda humanitária do Estado e por particulares, tirando-os dos ambientes
conturbados, devolvendo-lhes aos poucos uma vida digna.
Não se compreende como é que numa sociedade moderna e desenvolvida, assistimos à
degradação do ser humano, abandonado pelas famílias, pela sociedade, pelo sistema,
sobrevivendo muitas vezes da ajuda de instituições de caridade, muitas delas não
governamentais. É constrangedor assistir a pessoas que estendem a mão todos os dias nas
ruas nobres da cidade, com problemas de saúde que as impedem de trabalhar obrigando-as
a viver de esmolas.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
243
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Conclusão Final
Tendo em conta o sistema de pagamento desenvolvido nas bases utópicas, os serviços
públicos funcionam com o cartão do cidadão incluindo cantinas, alojamentos sociais,
cuidados de saúde, garantindo o encaminhamento das pessoas necessitadas para as
instituições mais indicadas para cada caso. As pessoas não dariam esmola porque os
próprios serviços salvaguardam o cidadão sem o marginalizar e os serviços CPC ao
identificar pessoas debilitadas na rua, têm como obrigação prestar assistência e conduzi-las
para serviços de ajuda comunitária.
É perfeitamente natural, tendo em conta o regime de escravatura económico e social e as
críticas levantadas, que as pessoas vivam sobre grande stress e deprimidas. Juntanto à
análise o problema do sobredimensionamento urbano e da má gestão urbana das cidades,
já também fortemente criticada neste trabalho, não restam dúvidas quanto à necessidade de
mudança para novas Utopias. A psico-energia urbana é um conceito novo e só melhora as
nossas vidas se os objectivos sociais o permitirem. A intenção, acompanhada de linguagem
urbana e de actividades positivas para o colectivo, elevará as sociedades a outro nivel de
consciência onde será difícil o ser humano sentir-se tão deprimido, mesmo quando tem a
sua vida assegurada e estável. As cidades terão de mudar uma a uma e quem sabe em
muitos casos começar de raíz a sua estrutura urbana; partindo da Tríade Utopia ou de
alguma fórmula similar. A mudança poderá ser gradual, poderá ser provocada por
movimentos de consciência, por vontade de alguma comunidade insatisfeita ou mesmo
provocado por uma crise mundial que ponha em cheque todo o sistema global.
Sem dúvida que não devemos perder o espírito ―global‖, a ideia que somos uma grande
família, Humanidade e Eco-sistema, mas com a certeza de que dependemos do Ecosistema e de que as nossas políticas garantem realmente a sustentabilidade tão apregoada
neste novo século, deixando assim um legado positivo às gerações vindouras e às nossas
aspirações sociais e pessoais. Deixo aqui o meu contributo com a esperança de acender o
debate sobre o futuro das cidades de forma a ecoar em todos os campos da sociedade a
favor de um mundo melhor.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
244
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
IV - Bibliografia
C.Promis e C. Saluzzo (1841). (Tradução) De Tratatto di Architettura – 1482 – Edição de Turin, Livro
III, prólogo, 191
Ried, Le Monnier (1956). (Tradução) De La città considerata come principio ideale delle storie italiane,
1858. En C. C. Scritti storici, Vol. II pag. 383 - 385. Florença
Mireia, Freixa (1982). Fuentes Y documentos para la historia del arte Vol. II, Las Vanguardas del siglo
XIX, Editorial Gustavo Gili, Barcelona.
(1971). Princípios del urbanismo (La Carta de Atenas), editora Ariel; Barcelona. pag.139 – 140
Gregotti, Vittorio (1972). El Território de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona.
Zevi, Bruno (1983). Movimento Orgânico F. Wright - Frank Lloyd Wright; Estúdio Paperpback Editorial
Gustavo Gili; Barcelona.
Madec, Philippe (1977). Hacia La Arquitectura Moderna; Boullée, editora Akal Arquitectura, Madrid.
Patetta Luciano e Hermann Blume (1984). História de la Arquitectura, Antologia Crítica As teorias das
estruturas nos Utopistas do séc. XIX; editora Carlo Aymonino; Madrid
Salvador Tarrajò (Abril 1980). Catalogo da Exposição Ildefonso Cerdá 1815- 1876; Barcelona
Zanichelli (1980). Otto Wagner, Die Grossstadt, Viena, 1912 - tradução italiana em O.W. Architetura
moderna e altri scritti, Bolonha, pag. 110 a 115
Kruft, Happo-Walter (1990). História de Las Teorias de Arquitectura, Vol.II, Editora Alianza, Madrid
Rob Krier (1992). La Crisis de la Modernidade -Teoria e Prática do Espaço Urbano; pag. 424 a 430
(1998). Alvar Aalto: Between Humanism and Materialism; New York: The Museum of Modern Art
catálogo da Exposição, 1998/100
Fleig, Karl (1980). Alvar Aalto. Barcelona: Editorial Gustavo Gili.
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
245
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Bibliografia
Alexander, Christhopher (1967). ―A city is not a tree‖ – Uma Cidade não é uma Árvore –; Revista
Arquitectura 95; edição Janeiro/Fevereiro 1967 – (traduzido para português).
Moreno, Júlio (2002) – O futuro das cidades – editora Senac – Brasil
Jean-Michel Bezat e Grégoire Allix (2009). Jornal Le Monde, Artigo – Abu Dhabi – 100% Renovável –
Masdar City
Maheshvaranand, Dada (2009). Após o Capitalismo PROUT; editora Proutista Universal, Belo
Horizonte.
Ignacy Sachs (2008). Ciências Sociais – Artigo: La troisième rive — à la recherche de
l’ècodéveloppement Paris.
Emoto, Masaru (2009). As Mensagens Escondidas na água; editora Estrela Polar.
Emoto, Masaru (2009). O Poder Curativo da Água; editora Estrela Polar.
Tarcher/Putnam (1998) Goswami, Amit with Richard Reed and Maggie Goswami.The Self-Aware
Universe: How Consciousness Creates the Material World.
Schlitz, Marilyn (2005), PhD, Amorok, Tina, Micozzi, Marc S., MD. Consciousness and
Healing: Integral Approaches to Mind-Body Medicine. Elsevier Churchill Livingston.
Nadeau, Robert, Kafatos, Menos (2001).The Non-Local Universe: The New Physics and
Matters of the Mind, Editora Oxford University Press; New edition
Targ, Russell (2004) Limitless Mind: A Guide to Remote Viewing and Transformation of
Consciousness. Novato, CA: New World Library
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
246
Cidade Utópica – Cidade UT
Telmo Godinho Braga de Menezes Lima
Bibliografia
Websites da Internet:
website: Inhabitat: http://www. Inhabitat.com – Masdar City, Norman Foster – 20/03/2009
website oficial Auroviile:http://www.Auroville.org - Auroville Today, Informações - Galeria
website IONS Distant Healing project: http://www.ions.org/research/dh.cfm
website Library of Exploratory Science: http://www.c-far.net/litbase/litbase.jsp
website Parapsychological Association: http://www.parapsych.org/
website No Minuto: http://www.Nominuto.com – Artigo – casa alternativa mostra futuro da reciclagem
Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas: http://www.RededeIntercâmbiodeTecnologias
Alternativas.mht
Documentários/Filmes:
Rabbit Holes (2008) Filme: What the Bleep Do We Know!? Apresentado por The Institute of Noetic
Sciences e desenvolvido por Light Industries
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo
247

Documentos relacionados