Manual Tropicana de Manejo Manual Tropicana de Manejo
Transcrição
Manual Tropicana de Manejo Manual Tropicana de Manejo
Sistema Integrado Tropicana Manual Tropicana de Manejo Manual Tropicana de Manejo INTRODUÇÃO Vantagens proporcionadas pela Estação de Monta No período de acasalamento No parto e nascimento Na desmama Na seleção dos animais MANEJO DO REBANHO 1.1. Animais de Reprodução 1.1.1. Exames e Seleção Pré-Reprodutivos 1.1.2. Estações de Montas 1.1.3. Estações de Nascimentos 1.1.4. Ocasião do Parto 1.1.5. Classificação por Condição Corporal - CC 1.1.6. Touros 1.2. Animais de Cria e Recria 1.2.1. Nascimento dos Bezerros 1.2.2. Desmama dos Bezerros 1.2.3. Recria das Fêmeas 1.2.4. Recria dos Machos ANEXOS Histórico da Raça Tropicana Em busca de touro com bom desempenho reprodutivo em temperaturas elevadas e em condições agrestes, como as encontradas no Brasil Central, que tivesse 100% de sangue europeu (bos taurus), para proporcionar a máxima heterose no cruzamento com fêmeas zebuínas (já que 90% do rebanho brasileiro é composto de animais bos indicus da raça Nelore, ou Ongole, como é chamado em sua terra de origem, a India), verificamos, após estudos e largo tempo de observação, que o reprodutor que preenchia as condições era da raça Caracu (raça crioula brasileira). Trazidos da Europa pelos colonizadores portugueses, que os denominaram Caracu, esses animais foram criados nas condições naturais dos sertões brasileiros, sem a preocupação de uma seleção produtiva pelos criadores da época, adquirindo uma resistência muito grande às condições tropicais devido à seleção feita pela mãe natureza, que neste aspecto é cruel, deixando sobreviver somente aqueles que a ela resistem. O Caracu tomou-se, então, a única raça de origem européia tropicalizada. Esta raça, formada por condições naturais, seus animais apresenta pouca carne no traseiro, deixando a desejar uma melhor distribuição de carne em sua carcaça. Por outro lado alguns trabalhos zootécnicos mostram que a raça francesa Blonde D'Aquitaine tem a mesma origem da raça Caracu. A raça Blonde D'Aquitaine foi formada no sul da França por indivíduos talentosos e competentes, que utilizaram métodos científicos, técnicas modernas e equipamentos de última geração, proporcionando à raça grande precocidade, índices extraordinários de rendimento e excelente distribuição de carne em sua carcaça. Com a preocupação de fazer uma raça com as virtudes da tropicalização do Caracu, melhorando o rendimento e a distribuição de carne em sua carcaça, encontramos como solução o acasalamento de animais Blonde D'Aquitaine e Caracu. Desse acasalamento surgiu a raça TROPICANA, raça brasileira com sangue 100% europeu (5/8 de Caracu e 3/8 de Blonde D'Aquitaine). Os machos da raça TROPICANA têm as vantagens de tropicalização, pela resistência, rusticidade, longevidade e excelente desempenho reprodutivo, transmitindo aos seus filhos uma carcaça com alto rendimento e melhor distribuição de carne. Sendo taurinus (100% europeu), proporcionam ainda o máximo poder de heterose no cruzamento com fêmeas zebuínas. JOSÉ EDUARDO ROCHA CABRAL Pecuarista e idealizador da raça Tropicana Introdução Com a intenção de levar a nossa colaboração na padronização e facilitar o manejo dos rebanhos que produzirão os animais da marca TROPICANA, para que estes tenham maior produtividade, podendo proporcionar aos seus proprietários menores custos e maior rentabilidade, tomamos a decisão de elaborar este manual com métodos que podem ser adotados e executados com muita facilidade, evitando investimentos, porquanto são métodos de tecnologia de custo zero. A adoção destes princípios nos dá conta de que não se pode negligenciar. É preciso ter determinação e persistência na sua utilização, pois os resultados do setor pecuário são a longo prazo e erros cometidos custam algum tempo para a sua reparação. Fazem parte deste manual, além das planilhas citadas, modelos de relações e relatórios, bem como comunicações de cobrição e de nascimento que são enviadas às Associações, com cópias aos criadores de TROPICANA, para ajuda-los no manejo e seleção do rebanho. Vantagens proporcionadas pela Estação de Monta Por compreender a Estação de Monta períodos bem definidos, ela nos proporciona a vantagem de unirmos esforços para a programação e execução de tarefas em momentos pré-estabelecidos, conforme exemplificado à seguir: No período de acasalamento: Programação de mão-de-obra para a prática de inseminação artificial, aquisição antecipada de materiais, sêmen e reprodutores para repasse. Avaliação das fêmeas expostas e localização das que tem baixa fertilidade, uma vez que todas tiveram a mesma oportunidade, com o mesmo manejo e alimentação, em igual período. No parto e nascimento: Programação e execução das vacinações pré e pós parto com nascimento nas épocas mais convenientes (secas). Atenção e cuidados concentrados com nascimentos dos bezerros. Vacinações concentradas e em volumes maiores, proporcionando economia de escala. Na desmama: Concentração de número de animais contemporâneos para avaliação, proporcionando uma avaliação correta da habilidade materna de suas mães, uma vez que seus filhos receberam o mesmo manejo e a mesma alimentação, durante o mesmo período. Na seleção dos animais: Só é possível a comparação entre os mesmos indivíduos se estes forem contemporâneos, do mesmo sexo e receberem o mesmo manejo e a mesma alimentação. Portanto, quanto maior o número de animais no mesmo período, melhor o resultado da avaliação através dos seus pesos ajustados aos 365 e 550 dias. Manejo do Rebanho 1.1. Animais em Reprodução 1.1.1. Exames e seleção pré-reprodutivos Antes de expor as novilhas pela primeira vez à cobertura, estas devem passar por uma seleção que avaliará subjetivamente e objetivamente suas características fenotípicas. a) Avaliações Subjetivas: São aquelas baseadas na opinião do avaliador, e referem-se ao padrão racial, e avaliação econômica da carcaça (COMPRIDA e PROFUNDA; COM BOA DISTRIBUIÇÃO DE CARNE; MUSCULATURA PRONUNCIADA) e aparelho reprodutivo (BOM e APTO À REPRODUÇÃO), realizada por médico veterinário, antes das estações de monta. b) Avaliações Objetivas: São aquelas que se pode medir, tais como idade e peso, tendo como parâmetros mínimos (18 meses com peso de 300 kg) e se realizarão no mesmo momento da avaliação subjetiva. Os animais não aprovados serão descartados para fins reprodutivos, podendo ser destinados à venda para outros criadores, ou engorda e abate, o que será decidido em razão da melhor opção financeira. A primeira opção somente deverá ser adotada se o valor do quilo vivo vendido for superior ao valor obtido no abate. As fêmeas selecionadas para reprodução serão cadastradas e resenhadas para receber a indicação de sêmen ou reprodutor adequados, que serão utilizados em cada animal, com auxílio da planilha Indicação de Touros, conforme modelo constante nesta apostila. As informações da planilha indicação de touros darão origem à planilha Fêmeas à inseminar/cobrir (conforme modelo constante nesta apostila), para orientação dos serviços de inseminação artificial ou cobertura, que serão realizados no campo durante as estações de monta. 1.1.2. Estações de Monta ou Cobertura Serão duas as estações, bem definidas e assim denominadas: a) Estação de Outono: 61 dias, de 1º de maio a 31 de junho, com inseminação; Manejo do Rebanho b) Estação de Verão: 92 dias, de 1º de outubro a 31 de dezembro, com inseminação, fazendo um posterior repasse (30 dias) com touro de 1º a 31 de janeiro. Para orientação e bom desempenho no acasalamento durante as estações de monta, os criadores de TROPICANA podem utilizar o modelo de planilha Fêmeas a inseminar/cobrir que consta nesta apostila. Na estação de Outono: Serão trabalhadas as novilhas (virgens, entrando em reprodução) que nasceram de agosto a novembro, estando com peso mínimo de 300 kg. Por serem estas após o parto, vacas primíparas e estando, portanto, ainda em crescimento, são mais exigentes em sua alimentação, necessitando de maiores cuidados, tais como: suplementação a campo e aos seus bezerros, oferecer a prática do creep feeding para que estes exijam menos de suas mães e possam ser desmamados com no máximo 160 dias (5 meses) Estas vacas terão de 30 a 90 dias para recuperação de sua condição corporal, para que possam ser incorporadas na estação de verão em 1º de novembro. Entrarão em trabalho também as vacas que não ficaram prenhas na estação de verão anterior e que por qualquer razão não foram descartadas. Na estação de Verão As novilhas virgens com peso acima de 300 kg, que terão aproximadamente 18 meses, serão expostas 61 dias em serviço de inseminação artificial com início em 1º de outubro e término em 30 de novembro. As vacas primíparas e vacas e mais crias serão expostas de 1º de novembro até 31 de dezembro para a prática da inseminação e de 1º a 31 de janeiro com touro em regime de pasto, para repasse. Os toque para diagnóstico de prenhez serão realizados a partir de 45 dias após o final das estações, portanto, no final de agosto e no final de março, utilizando para suas anotações a planilha Fêmeas a tocar, conforme modelo constante deste material. Manejo do Rebanho As fêmeas que estiverem prenhes deverão ser assinaladas com a cola totalmente aparada, as que estiverem vazias e foram inseminadas ficarão com meia cola aparada, e as que não foram trabalhadas estarão com cola total. Recomendamos o descarte das fêmeas vazias após a desmama de seus bezerros. 1.1.3. Estações de Nascimento Teremos duas estações, bem definidas: 1ª. No período de março e abril, resultando na maioria dos partos das novilhas, que serão vacas primíparas, visto que nesse período ainda se encontra boa alimentação a campo para seu desenvolvimento e lactação. Estas deverão ter atenção e cuidados especiais para que ao desmamarem seus bezerros, estes estejam em boas condições corporais, podendo assim entrar na estação de monta do verão com fertilidade. Compensa economicamente, se necessário for, para que não percam a chance de prenhez na temporada próxima, suplementa-la a campo ou até a prática da desmama antecipada de seus bezerros. 2ª. (mais longa) iniciando na ocasião da seca, ou seja, no período que vai de julho a agosto, para os bezerros das novilhas de primeira cria (agora vacas primíparas), que foram acasaladas em outubro e que, portanto, com parto antecipado terão maior tempo para recuperar sua condição corporal para entrarem com fertilidade na próxima estação de monta (monta de verão). Nos meses de setembro, outubro e novembro, vão parir as demais fêmeas, já de segunda ou mais crias. Recomendamos que sejam vendidas as fêmeas que ficaram para o repasse no mês de janeiro. Com a seleção de fêmeas que ficam prenhes nos primeiros serviços, teremos um rebanho com mais alta fertilidade. Manejo do Rebanho 1.1.4. Ocasião do parto Junto ao presente material de apoio encontra-se a planilha-modelo Previsão de Parto (anexo 4), documento que deverá auxiliar os criadores de TROPICANA. Recomenda-se que de 30 a 60 dias antes e 30 dias após o parto, as fêmeas recebam alimentação com maior valor energético (pasto de boa qualidade ou suplemento) para que possam resistir ao desgaste do trabalho de parto e recuperar-se rapidamente, não prejudicando sua condição corporal. Atenção especial deve ser dada às vacas primíparas, as quais devem parir com condição corporal de 4 a 5, e para tanto devem ser manejadas em boas pastagens ou suplementadas durante a estação seca, como também de 30 a 60 dias após o parto. Ao serem expostas a serviço pela segunda vez, deverão ficar em lote separado, ou seja, não serem misturadas com vacas mais velhas, o que só deverá ocorrer depois de terem emprenhado pela Segunda vez. As vacas devem ser criteriosamente observadas quanto à sua condição corporal antes e após o parto e, se possível, separadas as de condição corporal inferior para receberem suplementação e/ou serem manejadas em pastos melhores. De acordo com o programado, elas entram na estação de cobertura paridas com bezerros de até 3 meses, e técnicas de baixíssimo custo deverão ser utilizadas, tais como Desmame Interrompido, Chang e Parada no Rodeio com Rufiões. Aproveitar a presença dos bezerros no curral, quando da vacinação, ou mesmo para o Chang para dosificá-los com vermicidas à base de Albendazole ou Oxibendazole. 1.1.5. Classificação por Condição Corporal - CC A condição corporal da vaca ao entrar na estação de cobertura deve estar acima de 3, caso contrário ela não emprenhará. Assim, um bom momento de tomar providência a este respeito é após estarem desmamadas, ou seja, no mês de maio, classificando-as para que as de condições inferior sejam manejadas em pastagens melhores ou suplementadas. (anexo 9) Manejo do Rebanho 1.1.6. Touros A relação de vacas / touro é de 30 / 1. Os touros serão submetidos a exames andrológicos e teste de libido no mês de setembro, quando então serão avaliados. Os touros deverão receber boa alimentação ou suplementação nos seus períodos de descanso. Na ocasião do exame andrológico, os touros são dosificados com vermicidas à base de Invermectina e com complexo vitamínico ADE. Ao final da estação de cobertura, quando da apartação dos touros das vacas, dosificá-los com vermicidas à base de Albendozale. 1.2. Animais de Cria e Recria 1.2.1. Nascimento dos bezerros Estes devem nascer em pastos de fácil acesso, boa visibilidade e próximos da sede. A cura do umbigo dos bezerros deve ser feita dentro das primeiras 24 horas, no campo e não no curral, para evitar contaminação e manejo desnecessário, utilizando solução de alcool iodado a 5%, aplicando 1cc. de Invermectina subcutânea, para evitar aparecimento de bicheiras, e 5cc. de ferro intra-muscular, combatendo a anemia que é freqüente nos recém nascidos, uma vez que o leite materno não contém ferro. Após a desidratação total do cordão umbilical é que os bezerros deverão freqüentar o curral, haja vista que este pode conter maior concentração de sujeira e alto risco de contaminação. A amochação deve ser feita na primeira semana de vida, utilizando métodos apropriados. 1.2.2. Desmama dos bezerros Os criadores de TROPICANA poderão utilizar-se da planilha Pesagens e avaliação de desmama, presente no anexo 6 desta cartilha, preenchendo-a e através dela orientando-se. Manejo do Rebanho O desmame é uma prática de manejo que visa mais a vaca do que o próprio bezerro. Para amenizar o estresse do desmame, é importante usar o creep feeding para bezerros a partir de 30 dias. Com isso será perfeitamente possível desmama-los já a partir de 5 meses, se necessário, ou com 6 meses, o que ocorrerá de fevereiro a maio para os bezerros das fêmeas acasaladas na estação de verão, e de agosto a setembro para os bezerros das novilhas acasaladas na estação de outono. Sempre dosificá-los com vermicida de 1ª linha por ocasião do desmame, marcando a fogo o mês e ano do nascimento. Este é o momento ideal para avaliar a habilidade materna de suas mães, através dos pesos e medidas dos bezerros. As datas, pesos, medidas de altura de garupas e outras avaliações, bem como o peso das mães, serão anotados na planilha Pesagens e avaliação de desmama, conforme o anexo 6. 1.2.3. Fêmeas em Recria Estas deverão ser recriadas com boa alimentação para que tenham um bom desenvolvimento e possam entrar na estação de monta conforme programado, com um mínimo de 300 kg aos 18 meses. Aos 365 dias (1ano) serão pesadas e anotações serão feitas na planilha Pesagens e avaliações aos 365 dias, conforme anexo 7. Aos 550 dias (18 meses) também serão pesadas e as anotações feitas na planilha Pesagens e avaliações aos 550 dias, conforme anexo 8. Após estes trabalhos, teremos de todas as fêmeas o peso ajustado aos 365 dias e o peso ajustado aos 550 dias, para que possamos avaliá-las. Os pesos ajustados entre contemporâneos nestas idades, são importantes para avaliação e comparação dos animais, uma vez que nestes momentos eles não sofrem influência das mães na sua alimentação, dando-nos assim a condição de avaliar verdadeiramente seu potencial genético e o de seu pai. Manejo do Rebanho 1.2.4. Machos em Recria Os animais que receberem a aprovação do técnico da marca TROPICANA serão marcados e encaminhados para unidades estrategicamente localizadas no Brasil Central, onde serão recriados e suplementados a campo, sendo totalmente avaliados para posterior comercialização como reprodutores, já adaptados às condições adversas e às temperaturas elevadas das regiões tropicais. Assim sendo, o criador de TROPICANA não terá que gastar energia e tempo com a venda de reprodutores e participará de uma escala econômica de comercialização, uma vez que estes serão agrupados com animais de outros criadores, participando de leilões em conjunto. Os demais machos que não se enquadram nos parâmetros para reprodutor e que, portanto, não comportam maiores despesas, serão recriados em sua origem, para posterior abate. Anexos CRONOGRAMAS • Cronograma de Manejo TROPICANA PLANILHAS • Indicação de Touros.............................anexo 1 • Fêmeas a Inseminar/Cobrir..................anexos 2A, 2B e 2C • Fêmeas a Tocar....................................anexo 3 • Previsão de Parto.................................anexo 4 • Fêmeas para vacinar de Brucelose......anexo 5 • Animais a Desmamar...........................anexo 6 • Animais a Pesar aos 365 dias...............anexo 7 • Animais a Pesar aos 550 dias...............anexo 8 RELATÓRIOS • 1º. Relação de Rebanho • 2º. Índices de Produtividade de Vacas • 3º. Fêmeas com Classificações e Ganhos genéticos COMUNICAÇÕES • Comunicação de Cobrição - Tipo Controlada (CDC) • Comunicação de Cobrição - Tipo a Pasto (CDC) • Comunicação de Cobrição - Tipo IA (CDC IA) • Comunicação de Nascimento (CDN) • Autorização de Transferência de Proprietário (ADT) • Comunicação de Morte (CDM) Cronograma de Manejo para o Centro-Sul JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Indicação de Touros Seleção de descarte de fêmeas Preparação de Rufiões Seleção Aquisição Touros/Sêmen Estação de Monta Diagnóstico de Prenhez Nascimentos Aliment. Bez. (Creep Feeding) Desmama Suplem. à Campo (primíparas) Suplem. à Campo (vacas)