10195 - EMBRAPA - LIVRO FRUTEIRAS - BOOK.indb

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10195 - EMBRAPA - LIVRO FRUTEIRAS - BOOK.indb
2. Banana
Ana Lúcia Borges1
Luciano da Silva Souza1
Arlene Maria Gomes Oliveira1
2.1.
Introdução
A banana, Musa spp., é uma das frutas mais consumidas no mundo e cultivada
na maioria dos países tropicais. Constitui importante fonte de alimento, podendo
ser consumida verde ou madura, crua ou processada (cozida, frita, assada e
industrializada). A fruta possui vitaminas (A, B e C), minerais (Ca, K e Fe) e baixo
teor calórico (90 a 120 kcal 100 g-1) e de gordura. Contém aproximadamente 70% de
água, sendo o material sólido formado, principalmente, de carboidratos (23 a 32 g
100 g-1), proteínas (1,0 a 1,3 g 100 g-1) e gorduras (0,37 a 0,48 g 100 g-1).
Em 2004, a produção mundial de banana, para consumo in natura foi de
aproximadamente 73 milhões de toneladas. O maior produtor, Índia (23%), seguido
do Brasil (9%), China e Equador (8%, respectivamente). Quanto aos platanos –
bananas processadas para o consumo – a produção mundial foi de 33 milhões de
toneladas. O Continente Africano, apesar de apresentar a menor produtividade
(5,72 t ha-1), representou 70% desse total. Uganda (30% da produção mundial),
Colômbia (20%) e Ruanda (8%) foram os maiores países produtores de bananas
processadas para consumo (FAO, 2006)
No Brasil a bananeira é cultivada de norte a sul, numa área aproximada de 500.000
hectares, envolvendo desde a faixa litorânea até os planaltos interioranos. Em 2004,
a produção brasileira foi de 6,5 milhões de toneladas, das quais, Sudeste e Nordeste
foram responsáveis por dois terços. Noventa e nove por cento da produção brasileira
foram destinadas ao mercado interno.
A bananeira é uma planta monocotiledônea, herbácea (após a colheita a parte aérea é
cortada), apresentando caule subterrâneo (rizoma) de onde saem as raízes primárias,
em grupos de três ou quatro, no total de 200 a 500 raízes, com espessura de 5 a 8 mm.
As raízes são brancas e tenras quando novas e saudáveis, tornando-se amareladas
e endurecidas com o tempo. O sistema radicular é fasciculado, podendo atingir
horizontalmente até 5 m; no entanto, é mais comum de 1 a 2 m, dependendo da
cultivar e das condições do solo e, cerca de 40% na profundidade de 10 cm e 60 a
80% estão concentradas na camada de 30 cm.
1
Embrapa Mandioca e Fruticultura; Caixa Postal 001, CEP 44380-000, Cruz das Almas-BA,
Brasil, E-mail: [email protected], [email protected],
[email protected].
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O pseudocaule é formado por bainhas foliares, terminando com uma copa de folhas
compridas e largas, com nervura central desenvolvida. Uma planta pode emitir de
30 a 70 folhas, com o aparecimento de uma nova folha no período de 7 a 11 dias.
A inflorescência sai do centro da copa, apresentando brácteas ovalar, de coloração,
geralmente, roxo-avermelhada, em cujas axilas nascem as flores. No conjunto de
flores formam-se as pencas (7 a 15), apresentando número variável de frutos (40 a
220), dependendo da cultivar.
Os fatores que influenciam no crescimento e produção das bananeiras classificamse em fatores internos e externos. Os fatores internos estão relacionados com as
características genéticas da variedade utilizada, os externos referem-se às condições
de clima, solo, agentes bióticos (pragas e doenças) e a ação do homem (Borges et
al., 2000).
2.2.
Clima e solo
2.2.1.
Clima
A melhor temperatura para o desenvolvimento normal das bananeiras comerciais
situa-se em torno dos 28 oC, considerando-se a faixa de 15 oC a 35 oC de temperaturas
como os limites extremos para a exploração racional da cultura. Se houver suprimento
de água e de nutrientes, essa faixa de temperatura induz ao crescimento máximo da
planta.
Em temperaturas abaixo de 15 oC, a atividade da planta é paralisada, e inferiores a
12 oC provocam o distúrbio fisiológico conhecido como “chilling” ou “friagem”,
que prejudica os tecidos dos frutos, principalmente os da casca. O “chilling” pode
ocorrer nas regiões subtropicais onde a temperatura mínima noturna atinge a
faixa de 4,5 oC a 10 oC. Esse fenômeno é mais comum nos pomares, podendo,
também ocorrer durante o transporte dos cachos, na câmara de climatização ou logo
após a banana colorir-se de amarelo. As baixas temperaturas, também, provocam
a compactação da roseta foliar, dificultando o lançamento da inflorescência ou
provocando o seu “engasgamento”, o qual deforma o cacho, inviabilizando a sua
comercialização. Quando a temperatura chega a 0 oC, sobrevém a geada, causadora
de graves prejuízos, tanto na safra atual como na seguinte.
Em temperaturas acima de 35 oC, o desenvolvimento da planta é inibido, em
conseqüência, principalmente, da desidratação dos tecidos, sobretudo das folhas
(Borges et al., 2000).
A bananeira é cultivada em altitudes que variam de 0 a 1.000 m acima do nível
do mar. Com as variações de altitude, seu ciclo é alterado. As bananeiras do
subgrupo Cavendish, cultivadas em baixas altitudes (0 a 300 m), apresentam ciclo
de crescimento de 8 a 10 meses, enquanto altitudes acima de 900 m são necessários
18 meses para completar o seu ciclo. Comparações de bananais cultivados sob
32
as mesmas condições de solo, chuva e umidade observa-se aumento de 30 a 45
dias no ciclo de produção para cada 100 m de acréscimo na altitude. A altitude
tem influência sobre a temperatura, chuva, umidade relativa e luminosidade que,
conseqüentemente, afetarão o crescimento e a produção da bananeira (Borges et
al., 2000). A baixa umidade relativa do ar proporciona folhas mais coriáceas e com
vida mais curta (Borges et al., 2000). A bananeira planta típica das regiões tropicais
úmidas, apresenta melhor desenvolvimento em locais com média anual de umidade
relativa superior a 80%. Essa condição acelera a emissão das folhas, prolonga sua
longevidade, favorece a emissão da inflorescência e uniformiza a coloração dos
frutos. Contudo, quando associada às chuvas e às temperaturas elevadas, provoca
ocorrência de doenças fúngicas, principalmente a Sigatoka-amarela.
Os ventos podem causar desde pequenos danos até à destruição do bananal. Os
prejuízos causados pelo vento são proporcionais à sua intensidade e podem provocar:
“chilling” ou “friagem”, ventos frios; desidratação da planta, em conseqüência
de grande evaporação; fendilhamento das nervuras secundárias; diminuição da
área foliar, pela dilaceração das folhas; rompimento de raízes; quebra da planta; e
tombamento da planta. As perdas de colheita, provocadas pelos ventos, têm
sido relatadas na bananicultura e podem ser estimadas entre 20 e 30% da produção
total.
A maioria das cultivares suporta ventos de até 40 km hora-1. Velocidades entre 40
e 55 km h-1 produzem danos que variam de moderados a severos, dependendo da
idade das plantas, variedade, desenvolvimento e altura. Quando a velocidade do
vento excede a 55 km h-1, a destruição da planta pode ser total. Contudo, variedades
de porte baixo, como a Nanica, podem suportar ventos de até 70 km h-1, quando
comparadas com variedades de porte médio (Nanicão e Grande Naine). Em áreas
sujeitas à incidência de ventos recomenda-se o uso de quebra-ventos: cortinas de
bambu, de Musa balbisiana, de Musa textilis ou de outras plantas.
A bananeira requer alta luminosidade, ainda que a duração do dia, aparentemente,
não influa no seu crescimento e frutificação. Em regiões com alta luminosidade, o
período para que o cacho atinja o ponto de corte comercial é de 80 a 90 dias após a
sua emissão, enquanto que, em regiões com baixa luminosidade, em algumas épocas
do ano, o período varia entre 85 a 112 dias. Sob luminosidade intermediária, a
colheita ocorre entre 90 e 100 dias a partir da emissão do cacho.
A atividade fotossintética é rapidamente acelerada quando a iluminação encontra-se
na faixa de 2.000 a 10.000 lux, sendo mais lenta na faixa entre 10.000 e 30.000 lux,
em medições feitas na superfície inferior das folhas, onde os estômatos são mais
abundantes. Valores baixos (inferiores a 1.000 lux) são insuficientes para que a planta
tenha bom desenvolvimento. Já os níveis, excessivamente altos, podem provocar a
queima das folhas, sobretudo quando essas encontram-se na fase de cartucho ou
recém-abertas, como também da inflorescência (Borges et al., 2000).
33
A bananeira é uma planta com elevado e constante consumo de água, em virtude
da morfologia e hidratação de seus tecidos. As maiores produções de banana estão
associadas à precipitação total anual de 1.900 mm, bem distribuída no decorrer do
ano, ou seja, representando 160 mm mês-1 ou 5 mm dia-1. A carência de água adquire
maior gravidade nas fases de diferenciação floral (período floral) e no início da
frutificação. Quando submetida à severa deficiência hídrica no solo, a roseta foliar se
comprime, dificultando, ou até mesmo, impedindo o lançamento da inflorescência.
Em conseqüência, o cacho pode perder seu valor comercial.
Em cultivos irrigados, a quantidade de água aplicada está estreitamente relacionada
com a capacidade de retenção de água pelo solo. Em solos profundos e com boa
capacidade de retenção de água, a adição de 100 mm mês-1 pode ser suficiente,
contudo, em solos de baixa capacidade de retenção de água pode ser necessária a
adição de180 mm mês-1. É fundamental, porém, que o fornecimento de água assegure
disponibilidade não inferior a 75% da capacidade de retenção de água do solo, sem
que ocorra o risco de saturação, o que prejudicaria a sua aeração (Borges et al.,
2000). Assim, a precipitação efetiva anual deveria ser de 1.200-2.160 mm ano-1.
2.2.2.
Solos
Em todo o território brasileiro encontram-se condições de solo favoráveis ao cultivo
de banana. Contudo, nem sempre são utilizados aqueles mais adequados, o que reflete
em baixa produtividade e má qualidade dos frutos. Apesar da bananeira apresentar
sistema radicular superficial (30 cm), é importante que o solo seja profundo, com
mais de 75 cm sem qualquer impedimento e, os com profundidade inferior a 25 cm são
considerados inadequados. Em solos compactados, as raízes da bananeira raramente
atingem profundidades abaixo de 60 a 80 cm, fazendo com que as plantas fiquem
sujeitas ao tombamento. Em solos com camada adensada a 30-35 cm de profundidade,
na qual o sistema radicular não penetra, a subsolagem se faz necessária. Daí, a
importância de se observar o perfil do solo como um todo, e não apenas as camadas
superficiais. Recomenda-se, para o bom desenvolvimento da bananeira, que os solos
não apresentem camada impermeável, pedregosa ou endurecida, nem lençol freático
a menos de um metro de profundidade (Borges et al., 2000).
De modo geral, quando as condições climáticas são favoráveis, os cultivos podem
ser estabelecidos tanto em encostas como em terrenos planos. Contudo, áreas com
declives inferiores a 8% são as mais recomendadas; solos com declividade entre
8 e 30% são de uso restrito e os com declive acima de 30%, são consideradas
inadequadas. Os terrenos planos a suavemente ondulados (declives menores que
8%) são mais adequados, pois facilitam o manejo da cultura, a mecanização, as
práticas culturais, a colheita e a conservação do solo.
Em áreas declivosas (na faixa de 8 a 30%), além de medidas de controle da erosão,
a irrigação é dificultada exigindo o uso de motobombas de maior capacidade, com
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grande consumo de energia, necessitando, ainda, compensador de pressão em razão
das diferenças na topografia do terreno. Nas principais regiões produtoras de banana
no mundo, as várzeas e baixadas mecanizáveis têm sido utilizadas com sucesso,
especialmente na produção de banana destinada à exportação (Borges et al., 2000).
A adequada disponibilidade de oxigênio é de fundamental importância para o bom
desenvolvimento do sistema radicular da bananeira. Ocorrendo falta de oxigênio, as
raízes perdem a rigidez, adquirem cor cinza-azulada pálida e apodrecem rapidamente.
Uma má aeração do solo pode ser provocada pela compactação ou encharcamento.
Portanto, para melhorar as condições de aeração do solo, em áreas com tendência
a encharcamento deve-se estabelecer um bom sistema de drenagem. Os excessos
continuados de umidade no solo por mais de três dias promovem perdas irreparáveis
no sistema radicular, com reflexos negativos na produção da cultura. Por essa razão,
os solos cultivados com bananeira devem ter boas profundidade e drenagem interna,
para que os excessos de umidade sejam drenados rapidamente e o nível do lençol
freático mantenha-se abaixo de 1,80 m de profundidade (Borges et al., 2000).
2.3.
Manejo do solo e da cultura
A bananeira é uma planta que pouco provoca a degradação do solo, contudo, isso não
dispensa a escolha de áreas adequadas para o seu cultivo. Além disso, é importante
a utilização de práticas de preparo do solo adequadas, para promover o crescimento
radicular, tanto em volume quanto em profundidade. O uso de cobertura morta e
viva para manter o solo coberto, reduz os efeitos das enxurradas e propiciam maior
reciclagem de nutrientes. (Souza e Borges, 2000).
Em geral, o preparo do solo visa melhorar às condições físicas do terreno para o
crescimento das raízes, pelo aumento da aeração e da infiltração de água e a redução
da sua resistência à expansão das raízes. No preparo do solo, os seguintes cuidados
são recomendados: alternar o tipo de implemento utilizado, e a profundidade
de trabalho para minimizar o risco de formação de camadas compactadas e de
desagregação do solo; revolver o solo o mínimo possível, e sempre em condições
adequadas de umidade e preservar o máximo de resíduos vegetais sobre a superfície
do terreno. O preparo do solo para plantio pode ser feito, manualmente ou com o
uso de máquinas.
A aplicação de calcário, quando recomendada, deve ser realizada, com antecedência
mínima de 30 dias do plantio, utilizando, preferencialmente, calcário dolomítico.
Isso, evita o desequilíbrio entre potássio (K) e magnésio (Mg) e, conseqüentemente,
o surgimento do distúrbio fisiológico “azul da bananeira” (deficiência de Mg induzida
pelo excesso de K). A recomendação de calagem deve basear-se na elevação da
saturação por bases para 70% e o teor de Mg2+ para 8 mmolc dm-3. Em solos ácidos
35
(pH em água inferior a 6,0) adicionar 300 g de calcário na cova de plantio, (Borges
et al., 2002).
A bananeira é muito sensível à competição com plantas invasoras no período de
formação do pomar, exigindo limpas mensais, por proporcionarem crescimento mais
rápido da planta e produção mais elevada (Chambers, 1970), especialmente nos
primeiros cinco meses após o plantio (Alves e Oliveira, 1997). Após esse período,
a bananeira é menos sensível à competição do mato (Belalcázar Carvajal, 1991). O
controle das plantas invasoras pode ser por métodos mecânico e químico. Capina
manual – usando-se a enxada, deve-se tomar o cuidado para evitar danos no sistema
radicular e capina mecânica – com a utilização de grade de disco ou de enxada
rotativa nas ruas dos bananais, pode propiciar a compactação do solo e danos ao
sistema radicular. Após os cinco meses do plantio, o uso de roçadeira manual ou
mecânica é recomendado, pois evita o revolvimento do solo e não causa danos ao
sistema radicular. A escolha do herbicida ou da mistura de herbicidas a ser utilizada,
vai depender da composição florística presente na área e da seletividade da cultura
(Carvalho, 2000).
O controle integrado, utilizando-se o método mecânico (roçadeira nas entrelinhas)
com o químico (herbicida pós-emergente), tem sido viável em determinadas épocas
do ano, associando-se com o plantio de uma leguminosa nas entrelinhas, que é
ceifada na estação seca (Carvalho, 2000).
2.4.
Nutrição mineral
A bananeira é uma planta de crescimento rápido que requer, para seu desenvolvimento
e produção, quantidades adequadas de nutrientes disponíveis no solo. Embora parte
das necessidades nutricionais possa ser suprida pelo próprio solo e pelos resíduos das
colheitas, na maioria das vezes, é necessário aplicar calcário e fertilizantes químicos
e orgânicos para a obtenção de produções economicamente rentáveis. A quantidade
de nutrientes requerida depende da cultivar plantada e do potencial produtivo, da
densidade populacional, do estado fitossanitário e, principalmente, do balanço de
nutrientes no solo e da capacidade de absorção do sistema radicular. As quantidades
de fertilizantes minerais requeridas, em geral, são elevadas em virtude das altas
quantidades de nutrientes exportadas na colheita de cachos (Borges et al., 2002).
2.4.1.
Extração e exportação de nutrientes
A bananeira demanda grande quantidade de nutrientes para manter um bom
desenvolvimento e obtenção de alto rendimento (López M., 1994; Robinson, 1996).
O potássio (K) e o nitrogênio (N) são os nutrientes mais absorvidos e necessários
para o crescimento e produção da bananeira, seguidos pelo magnésio (Mg), cálcio
(Ca), enxofre(S) e fósforo (P) (Tabela 2.1).
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Dos micronutrientes, boro (B) e zinco (Zn) são os mais absorvidos, principalmente pela
bananeira ´Terra”, em seguida o cobre (Cu) (Tabela 2.1). A variação entre genótipos
destaca a maior absorção de nutrientes pela bananeira ´Terra”, certamente em razão
da maior produção de matéria seca e das diferentes condições edafoclimáticas de
cultivo (Tabelas 2.1).
Além do conhecimento do conteúdo total de nutrientes absorvidos pela bananeira,
é importante quantificar o total exportado pela colheita, visando à restituição via
adubação e pela devolução dos restos vegetais ao solo. Na colheita, os nutrientes
são exportados pelo cacho (frutos + engaço + ráquis feminina + ráquis masculina
+ coração). Na grande maioria das pesquisas, a exportação dos macronutrientes
absorvidos pelo cacho ocorre na seguinte ordem decrescente: K>N>Mg, variando
a ordem para as quantidades de S, P e Ca (Tabela 2.1). As cultivares com
maior quantidade de matéria seca no cacho exportam maiores quantidades de
macronutrientes. A remoção de nutrientes pelos cachos de banana do subgrupo
Cavendish, segundo a IFA (1992) é em kg t-1, de 1,7 de N; 0,2 de P; 5,0 de K e 0,2
de S. Para São Paulo, os valores indicados para a banana ‘Nanicão’, segundo Raij et
al. (1996) são em kg t-1: 2,1 de N; 0,3 de P; 5,0 de K e 0,1 de S. Para ´Prata Anã´, nas
condições do Recôncavo Baiano, os valores obtidos por tonelada de cachos foram:
(kg t -1) 2,3 de N; 0,24 de P; 5,5 de K; 0,28 de Ca; 0,35 de Mg e 0,12 de S
(Faria, 1997).
A exportação de micronutrientes pelo cacho em relação ao total absorvido é de 28%
para B, 49% para Cu e 42% para Zn (calculada da Tabela 2.1).
Embora a bananeira necessite de grande quantidade de nutrientes, uma parte
considerável retorna ao solo, uma vez que 66 % da massa vegetativa produzida
na colheita é devolvida ao solo, em forma de pseudocaule, folhas e rizoma. Por
exemplo, a cultivar “Terra” quantidade nutrientes reciclados a partir dos restos
culturais chegam, em kg ha-1, de 170 de N; 9,6 de P; 311 de K; 126 de Ca; 187 de
Mg e 21 de S (Borges et al., 2002).
As perdas por lixiviação, volatilização e erosão, dependem das condições físicas
e químicas do solo e do regime de chuvas. Para diminuir essas perdas, o sistema
radicular deve ser vigoroso e os fertilizantes aplicados em quantidades pequenas por
vez (Borges et al., 2002).
2.4.2. Funções e importância dos nutrientes
Nitrogênio(N): Nutriente importante para o crescimento vegetativo, sobretudo nos
três primeiros meses iniciais, quando a planta está em desenvolvimento e favorece a
emissão e o desenvolvimento dos perfilhos, além de aumentar a quantidade de matéria
seca. Oliveira et al. (1998) observaram aumento de 8% e 11%, respectivamente, no
número de folhas e de pencas, quando se adicionou 400 kg de N ha-1 ano-1, em
comparação com o tratamento sem N.
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A deficiência de N leva a uma clorose generalizada das folhas, pecíolos róseos,
cachos raquíticos e com menor número de pencas. Ocorre, normalmente, em solos
com baixo teor de matéria orgânica, ácidos, onde é menor a mineralização da matéria
orgânica, bem como em solos com alta lixiviação e onde existe seca prolongada.
A deficiência de N pode ser corrigida com a aplicação de 50 a 300 kg de N ha-1,
dependendo do teor foliar determinado. O excesso de N leva à produção de cachos
fracos com pencas espaçadas (Borges et al., 2002).
Fósforo(P): Na falta de P as plantas apresentam crescimento atrofiado e raízes pouco
desenvolvidas. Além disso, as folhas mais velhas são tomadas por uma necrose
marginal em forma de dentes de serra com coloração verde-escura e quebra de
pecíolos. Os frutos podem apresentar-se com menor teor de açúcar. A deficiência
de P é observada em solos com baixos conteúdos do elemento e, especialmente em
solos ácidos. A correção da deficiência pode ser feita pela aplicação de 40 a 100 kg
de P2O5 ha-1, dependendo do teor no solo e nas folhas (Borges et al., 2002).
Potássio(K): O potássio é o nutriente mais absorvido pela bananeira. Esse nutriente
desempenha vários processos vitais na planta. O K está envolvido na translocação dos
fotossintatos, no balanço hídrico, na produção e qualidade dos frutos pelo aumento
à resistência desses ao transporte e melhorando a sua qualidade, pelo aumento dos
sólidos solúveis totais e açúcares e decréscimo da acidez da polpa. A sua deficiência
caracteriza-se pelo amarelecimento rápido e murchamento precoce das folhas mais
velhas; o limbo se dobra na ponta da folha, aparentando aspecto encarquilhado e
seco (ver no apêndice do capítulo 2, fotos 2.1 - 2.3). O cacho é a parte da planta
mais afetada pela sua falta, pois reduz a produção de matéria seca. Com um baixo
suprimento, a translocação de carboidratos das folhas para os frutos diminui e,
mesmo quando os açúcares atingem os frutos, sua conversão em amido é restrita,
produzindo frutos pequenos e cachos impróprios para comercialização. A deficiência
ocorre em solos pobres do nutriente, intensamente lixiviados e, também, quando
da excessiva aplicação de calcário, devido ao antagonismo Ca e K decrescendo
a absorção do K. A deficiência pode ser corrigida com a aplicação de 150 a 600
kg de K2O ha-1, dependendo dos teores no solo e nas folhas e da expectativa de
produtividade (Borges et al., 2002).
Cálcio (Ca): O sintoma visual (Alves e Oliveira, 1997). e deficiência de Ca se
manifesta, principalmente, nas folhas mais novas, caracterizando-se por cloroses
descontínuas nos bordos, engrossamento das nervuras secundárias e diminuição
do tamanho da folha. Nos frutos, pode levar à maturação irregular, à podridão e à
formação de frutos verdes juntos com maduros, com pouco aroma e açúcar. A sua
deficiência ocorre em solos pobres do elemento, bem como onde houve excesso de
adubação potássica. A carência normalmente é suprida pela aplicação de calcário
ou de gesso. As quantidades a serem aplicadas dependem dos teores no solo e nas
folhas (Borges et al., 2002).
38
39
116,7
144,1
227,9
154,4
Pioneira
FHIA-18
Terra
Média
482,7
309,5
FHIA-18
Terra
Média
RE
93,2
87,0
92,1
94,0
81,9
50,3
70,1
98,8
EX
B
11,0
15,5
11,2
8,5
10,1
9,8
AB
86,7
132,6
107,3
170,0
Fonte: Borges et al., 2002.
222,3
237,7
Pioneira
295,5
309,5
Prata Anã
AB
47,2
57,9
50,9
29,7
44,4
52,9
EX
N
Caipira
Cultivar
136,5
Prata Anã
AB
146,9
Caipira
Cultivar
4,6
5,9
5,2
3,2
4,6
3,9
EX
P
222,8
350,1
155,8
172,0
239,4
196,7
RE
6,5
9,6
6,0
5,3
5,5
5,9
RE
AB
EX
126,1
156,2
142,4
100,0
107,1
124,7
RE
262,9
303,0
240,0
271,1
311,4
189,1
AB
80,6
131,0
74,1
73,2
71,6
53,0
76,7
239,9
34,7
30,1
26,9
52,1
AB
37,5
155,4
10,2
4,9
5,4
11,7
EX
Cu
Micronutrientes (g ha-1)
389,0
459,2
382,4
371,1
418,5
313,9
K
Macronutrientes (kg ha-1)
RE
RE
76,1
125,5
69,3
69,6
66,1
50,2
39,2
84,5
24,5
25,2
21,5
40,4
4,4
5,5
4,8
3,6
5,5
2,8
EX
Ca
AB
235,8
662,0
115,7
120,5
148,1
132,9
AB
89,6
193,2
64,5
70,8
61,6
58,0
6,1
6,5
7,0
5,0
6,9
5,2
EX
Mg
RE
98,8
324,2
43,5
33,2
52,4
40,5
EX
Zn
83,5
186,7
57,4
65,8
54,7
52,8
12,8
35,9
7,5
5,3
5,8
9,3
AB
137,1
337,8
72,2
87,3
95,7
92,4
RE
4,8
14,9
2,8
1,1
2,4
3,0
EX
S
7,9
21,0
4,7
4,2
3,4
6,3
RE
Tabela 2.1. Quantidades de macro e micronutrientes absorvidos (AB), exportados (EX) e restituídos ao solo (RE) por
diferentes genótipos de bananeira, na colheita.
Magnésio (Mg): A carência do nutriente ocorre em solos de baixa fertilidade, ácidos
e ainda, pelo excesso de adubação potássica. Esse é um aspecto importante, uma
vez que a bananeira é muito exigente em potássio. O conteúdo de Mg deve estar
presente no solo em quantidade suficiente para impedir o aparecimento do “azul da
bananeira”, uma deficiência de Mg induzida pelo excesso de K, sendo caracterizado
por manchas pardo-violáceas nos pecíolos.
A deficiência de Mg ocorre nas folhas mais velhas, caracterizando-se pelo
amarelecimento paralelo às margens do limbo foliar, por deformações e
irregularidades nas emissões florais. A podridão dos pecíolos, com mau cheiro e
descolamento das bainhas do pseudocaule. O sintoma mais comum no campo é a
clorose da parte interna do limbo, também conhecida como clorose magnesiana, com
a nervura central e os bordos permanecendo verdes. Quando os sintomas atingem os
cachos, esses se tornam raquíticos e deformados, a maturação dos frutos, é irregular,
a polpa é mole, viscosa, de sabor desagradável e de apodrecimento rápido.
A deficiência de Mg pode ser corrigida pela aplicação de calcário dolomítico, ou
com a aplicação de 50 a 100 kg ha-1 de sulfato de magnésio, dependendo do teor
encontrado no solo e na folha.
O excesso de Mg leva à cor azulada no pecíolo e clorose irregular seguida de necrose
nas folhas (Borges et al., 2002).
Enxofre (S): A deficiência de S na planta caracteriza-se por clorose generalizada
do limbo das folhas mais novas, que desaparece com a idade, por causa do
aprofundamento do sistema radicular, explorando maior volume de solo. Quando a
deficiência progride, há necrose das margens do limbo e pequeno engrossamento das
nervuras, à semelhança do que ocorre na deficiência de cálcio.
O suprimento de S normalmente é feito mediante as adubações nitrogenadas com
sulfato de amônio, e fosfatada, com superfosfato simples (Borges et al., 2002).
Boro (B): Os primeiros sinais de deficiência de boro (B) expressam-se como listras
amarelo-brancas, que se espalham pela superfície da folha e paralelas à nervura
principal, seguidas de necrose. As folhas podem ficar deformadas, e apresentar
redução do limbo. Estes sintomas são semelhantes àqueles do de enxofre. Nos casos
graves, surge uma goma no pseudocaule, que atinge a flor e pode até mesmo impedir
sua emergência, ficando a inflorescência bloqueada dentro do pseudocaule.
Cobre (Cu): A deficiência de Cu, muitas vezes, é confundida com a de N, em razão
de clorose generalizada, e porte reduzido da planta, em forma de guardasol. A planta fica extremamente sensível ao ataque de trips, fungos e vírus do
mosaico e os frutos apresentam manchas de ferrugem (Cordeiro e Borges, 2000).
Segundo Dechen et al. (1991), o Cu está envolvido no mecanismo de resistência às
doenças fúngicas pois, na sua falta, as plantas ficam pouco lignificadas, facilitando
a penetração do patógeno.
40
Ferro (Fe): As plantas deficientes em ferro apresentam clorose marginal do limbo
das folhas mais jovens, atingindo rapidamente o interior pelos espaços internervais,
podendo ficar quase totalmente descoloridas (brancas).
Manganês (Mn): A deficiência de Mn ocorre normalmente nas folhas medianas,
com o limbo apresentando clorose em forma de pente nos bordos. Eventualmente,
ocorre desenvolvimento do fungo Deightoniella torulosa no limbo foliar, podendo
contaminar os frutos (Cordeiro e Borges, 2000).
Zinco (Zn): Elemento essencial na síntese do triptofano, precursor do ácido
indolacético (AIA) o qual induz a produção de tilose. Esse último, é envolvido
nos mecanismos de resistência da planta ao mal-do-Panamá, mostrando a correlação
positiva existente entre deficiência de Zn e incidência do mal-do-Panamá
(Cordeiro, 1984).
As plantas deficientes apresentam crescimento e desenvolvimento retardados, folhas
pequenas e lanceoladas, apresentando, também, listras amarelo-brancas entre as
nervuras secundárias e pigmentação vermelha na face inferior. Os frutos, além de
pequenos, podem se apresentar enrolados, com as pontas verde-claras e o ápice em
formato de mamilo, em bananas do subgrupo Cavendish. Tal sintomatologia, muitas
vezes é confundida com os de infecção por vírus (Cordeiro e Borges, 2000).
A diagnose foliar é uma técnica importante para a fruticultura. Para que essa ferramenta
seja utilizada, adequadamente, é necessário que se observe, principalmente, a época
e posição das folhas amostradas. Recomenda-se amostrar, para a bananeira, a terceira
folha a contar do ápice, com a inflorescência no estádio de todas as pencas femininas
descobertas (sem brácteas) e não mais de três pencas de flores masculinas (Figura
2.1). Coletam-se 10 a 25 cm da parte interna mediana do limbo, eliminando-se a
nervura central. Nesse estádio de desenvolvimento existe um padrão de nutrientes
já definido, que pode ser usado como referência. As faixas de nutrientes adequadas
para algumas cultivares encontram-se na Tabela 2.3 (Borges et al., 2002).
Figura 2. Amostragem foliar em bananeira, para análise química.
Fig. 2.1. Amostragem foliar em bananeira para análise química.
41
2.5.
Adubação
2.5.1.
Adubação orgânica
A adubação orgânica é a melhor forma de fornecimento de nitrogênio,
principalmente, quando se utilizam mudas convencionais, pois as perdas de N são
mínimas; além disso, estimula o desenvolvimento das raízes. Assim, deve ser usada
na cova: esterco bovino (10 a 15 litros), ou esterco de galinha (3 a 5 litros), ou torta
de mamona (2 a 3 litros), ou outros compostos disponíveis na região ou propriedade.
Vale ressaltar que, o adubo orgânico, independente da fonte, deve ser bem curtido.
Caso haja disponibilidade, adicionar anualmente 20 m3 ha-1 de esterco de bovino.
A cobertura do solo com resíduos vegetais de bananeiras (folhas e pseudocaules)
é uma alternativa viável para os pequenos produtores. Tal prática aumenta os
teores de nutrientes do solo, principalmente potássio e cálcio além de melhorar suas
características físicas, químicas e biológicas (Borges et al., 2002).
2.5.2.
Adubação mineral
O nitrogênio é muito importante para o crescimento vegetativo da planta,
recomendando-se 200 kg de N mineral ha-1 ano-1 na fase de formação e de 160 a
400 kg ha-1 ano-1, na fase de produção da bananeira, dependendo da produtividade
esperada. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, em torno de 30 a 45
dias após o plantio. Recomendam-se como adubos nitrogenados: sulfato de amônio,
nitrato de cálcio e nitrato de amônio.
O potássio é considerado o nutriente mais importante para a produção de frutos de
qualidade superior. A quantidade recomendada varia de 200 a 450 kg de K2O ha-1 ,
na fase de formação e de 100 a 750 kg de K2O ha-1 na fase de produção, dependendo
do teor no solo. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, no segundo ou
terceiro mês após o plantio. Caso o teor de K no solo seja inferior a 1,5 mmolc
dm-3, iniciar a aplicação aos 30 dias, juntamente com a primeira aplicação de
N (Tabelas 2.2 e 2.3). O nutriente pode ser aplicado sob as formas de cloreto de
potássio, sulfato de potássio e nitrato de potássio, embora por questão de preço, a
primeira seja quase sempre usada. Solos com teor de K acima de 0,60 cmolc dm-3
dispensam a adubação potássica (Borges et al., 2002).
Embora essencial, a bananeira necessita de apenas pequenas quantidades de fósforo,
contudo se necessário e não aplicado, prejudica o desenvolvimento do sistema
radicular da planta e, conseqüentemente, afeta a produção. A quantidade total
recomendada após análise do solo (40 a 120 kg de P2O5 ha-1) deve ser colocada
na cova, no plantio. A aplicação deve ser repetida anualmente, após nova análise
química do solo. Os solos com teor de P acima de 60 mg dm-3 (extrator resina)
dispensam a adubação fosfatada (Tabela 2.3) (Borges et al., 2002).
42
43
Fonte: Borges et al., 2002.
>60
80
100
120
160
0
0
0
0
120
60
80
100
120
0
0
0
0
80
40
50
70
80
0
0
0
0
40
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
----------------- P2O5 (kg ha-1) -------------
0-12
P-resina (mg dm-3 )
13-30
30-60
Nitrogênio na forma orgânica (esterco bovino).
160
240
320
400
Na produção
Produtividade
esperada t ha-1
<20
20-40
40-60
>60
(1)
20
20
30
30
100
70(1)
kg ha-1
N
Dias após o plantio
30
60
90
120
120-180
No plantio
desenvolvimento
Fase de
>0,60
300
450
600
750
20
30
40
60
300
0
200
300
400
500
0
30
30
40
250
0
100
150
200
250
0
0
20
30
150
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
------------------- K2O (kg ha-1) ------------------
0-0,15
K-trocável (cmolcdm -3)
0,16-0,30 0,31-0,60
Tabela 2.2. Recomendação de adubação com N, P e K nas fases de plantio, formação e produção da bananeira irrigada.
Tabela 2.3. Faixas de teores de macro e micronutrientes consideradas adequadas para a
bananeira irrigada conforme: (IFA, 1992); (Silva et al., 2002; Borges e Caldas, 2002).
Nutriente
IFA, 1992.
Macronutrientes
N
P
K
Ca
Mg
S
Micronutrientes
B
Cu
Fe
Mn
Zn
Fonte
Silva et al., 2002.
cv. Prata Anã
Borges e Caldas,
2002.
cv. Pocovan
---------------------------- g kg-1 ---------------------------27-36
25-29
22-24
1,6-2,7
1,5-1,9
1,7-1,9
32-54
27-35
25-28
6,6-12
4,5-7,5
6,3-7,3
2,7-6,0
2,4-4,0
3,1-3,5
1,6-3,0
1,7-2,0
1,7-1,9
---------------------------- mg kg-1 -------------------------10-25
25-32
13-16
6-30
2,6-8,8
6-7
80-360
72-157
71-86
200-1.800
173-630
315-398
20-50
14-25
12-14
O boro e o zinco são os micronutrientes com maior freqüência de deficiência nas
bananeiras. Como fonte, aplicar no plantio 50 g de FTE BR12 (90 g de Zn, 18 g
de B, 8 g de Cu, 30 g de Fe, 20 g de Mn e 1 g de Mo kg-1) ou material similar por
cova. Para o teor de B no solo inferior a 0,21 mg dm-3 (extrator água quente) deve-se
aplicar 2,0 kg de B ha-1; para o teor de Zn no solo inferior a 0,6 mg dm-3 (extrator
DTPA) recomenda-se 6,0 kg de Zn ha-1 (Tabela 2.4) (Borges et al., 2002).
Tabela 2.4. Quantidades de boro (B) e zinco (Zn) aplicadas na cova de plantio da
bananeira irrigada, com base na análise do solo.
Nutriente
Análise do solo (mg kg-1)
Adubação (kg ha-1)
B
Zn
Água quente(1)
0-0,21
>0,21
DTPA(1)
0-0,60
>0,60
2,0
0
6,0
0
(1)
Avaliar anualmente a disponibilidade de boro e de zinco no solo e, caso seja necessário,
aplicar adubos contendo B e Zn ou adicionar 50 g planta-1 de F.T.E. Br-12 (9% Zn,
1,8% B, 0,8% Cu, 3,0% Fe, 2.0% Mn e 0,1% Mo).
Fonte: Borges et al., 2002.
44
O parcelamento das adubações vai depender da textura e da capacidade de troca
catiônica do solo, bem como do regime de chuvas e do manejo adotado. Em solos
arenosos e com baixa CTC deve-se parcelar, semanal ou quinzenalmente. Em solos
mais argilosos as adubações podem ser feitas mensalmente ou a cada dois meses,
principalmente, nas aplicações via solo (Borges et al., 2002).
As adubações em cobertura devem ser feitas em círculo, numa faixa de 10 a 20 cm
de largura e 20 a 40 cm distante da muda, aumentando-se a distância com a idade
da planta. No bananal adulto, os adubos são distribuídos em meia-lua em frente às
plantas filha e neta (Figura 2). Em terrenos inclinados, a adubação deve ser feita em
meia-lua, do lado de cima da cova, e ligeiramente incorporada ao solo. Em casos de
plantios muito adensados e em terrenos planos, a adubação pode ser feita a lanço,
nas ruas (Borges et al., 2002).
Fig. 2.2. Localização de fertilizantes na bananeira.
2.6.
Irrigação
A bananeira requer grande quantidade de água, pois apresenta área foliar abundante
e peso de água correspondente a 87,5% do peso total da planta. A deficiência de
água pode afetar tanto a produtividade como a qualidade dos frutos. Pode-se estimar,
para dias ensolarados, de baixa umidade relativa do ar e para uma área foliar total
próxima de 14 m2, que a planta consome 26 litros dia-1; 17 litros dia-1 em dias semicobertos; e 10 litros dia-1 em dias completamente nublados.
45
2.6.1.
Métodos de irrigação
Quanto aos métodos de irrigação para a bananeira não existem restrições à maioria
deles. A sua escolha vai depender das condições locais de cultivo, como: o tipo do
solo e seu relevo, o custo da implantação, manutenção e operação da irrigação, bem
como a quantidade e qualidade da água e da mão-de-obra disponível. A preferência
é por métodos que promovam:
(i)
distribuição uniforme de água no solo, isso é, alto coeficiente de uniformidade
de distribuição de água;
(ii)
maior eficiência de aplicação de água;
(iii)
manutenção de umidade relativa média estável no dossel (Oliveira et al.,
2000).
O método da irrigação localizada, pela maior eficiência e menor consumo de água e
energia, tem sido o mais recomendado, principalmente em regiões onde o fator água
é limitante. Entre os sistemas de microaspersão e gotejamento, o primeiro gera maior
área molhada, permitindo maior desenvolvimento das raízes. Na microaspersão
devem ser utilizados microaspersores de vazões superiores a 45 L h-1, sendo um
para cada quatro plantas, obtendo-se maior área molhada. No gotejamento, deve-se
atentar para o número e disposição dos gotejadores, estabelecendo uma área molhada
propícia ao desenvolvimento das raízes. Os gotejadores podem ser instalados em uma
ou duas linhas laterais por fileira de plantas, provendo uma faixa molhada contínua
ao longo da linha lateral. Isso reduz o problema de possíveis incompatibilidades da
localização dos gotejadores em relação ao pseudocaule, a qual muda a cada ciclo. O
intervalo de irrigação nos sistemas de microaspersão e gotejamento pode variar de
um dia para solos de textura média a arenosa e três dias para solos de textura média
a argilosa (Coelho et al., 2000).
2.6.2.
Necessidades hídricas
A resposta da bananeira a diferentes níveis de irrigação depende das condições
meteorológicas locais, que resultam em diferentes condições de evapotranspiração e
constante térmica, associadas às características das cultivares, tais como: rugosidade,
altura da planta, área foliar, que influem diretamente na resistência aerodinâmica,
além de outros fatores: espaçamento da cultura, método de irrigação e práticas
culturais como cobertura do solo.
2.6.3.
Fertirrigação
A aplicação de fertilizantes via água de irrigação ou fertirrigação é uma prática
empregada na agricultura irrigada, constituindo-se no meio mais eficiente de
adubação, pois combina com os dois fatores essenciais para o crescimento,
46
desenvolvimento e produção: água e nutrientes. Essa prática adapta-se mais
aos sistemas de irrigação localizados (microaspersão e gotejamento), uma vez
que aproveita as características próprias do método, tais como: baixa pressão, alta
freqüência de irrigação e possibilidade de aplicação da solução na zona radicular,
tornando mais eficiente o uso do fertilizante. A freqüência de fertirrigação
pode ser a cada 15 dias em solos com maior teor de argila; em solos mais arenosos
recomenda-se a freqüência de fertirrigação semanal. Para o monitoramento da
fertirrigação recomenda-se a análise química do solo, incluindo a condutividade
elétrica do extrato de saturação do solo, a cada seis meses (Borges e Coelho, 2002).
No primeiro ciclo da bananeira Grande Naine, Borges et al. (2002) verificaram
que, apesar de os frutos não se enquadrarem nos padrões tipo exportação (22 a
26 cm de comprimento e 32 a 36 mm de diâmetro), a aplicação de 300 kg de N e
550 kg de K2O ha-1 ano-1 proporcionou maior produtividade (81 t ha-1), frutos mais
pesados (251,8 g) e mais compridos (20,4 cm). Em um Argissolo Vermelho-Amarelo
distrófico, com teor de K de 19,5 mg dm3, Sousa et al. (2003) não verificaram efeito
do N e K para Prata Anã no primeiro ciclo, apesar da produtividade mais elevada
(24,3 t ha-1) na combinação de 570 kg de N e 770 kg de K2O ha-1 ano-1.
2.7.
Referências
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