Abertura Leonora nº 1 - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Transcrição

Abertura Leonora nº 1 - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
1
Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais
e Banco Votorantim apresentam
PATROCÍNIO MÁSTER
2
Sábados, 18h
P. 5
P. 12
P. 20
P. 26
21 MARÇO
P. 39
CAROS AMIGOS E AMIGAS Fabio Mechetti
BEETHOVEN, do mito ao homem
OS CONCERTOS de Beethoven
AS SINFONIAS de Beethoven
FABIO MECHETTI, regente
RONALDO ROLIM, piano
26 SETEMBRO
P. 71
Abertura Leonora nº 2, op. 72a
Concerto para piano nº 6 em Ré maior, op. 61a
Sinfonia nº 6 em Fá maior, op. 68, "Pastoral"
24 OUTUBRO
P. 77
P. 45
FABIO MECHETTI, regente
SONIA RUBINSKY, piano
A Grande Fuga em Si bemol maior, op. 133
Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 19
Sinfonia nº 2 em Ré maior, op. 36
23 MAIO
P. 51
20 JUNHO
P. 57
21 NOVEMBRO
P. 85
19 DEZEMBRO
P. 93
ROBERTO TIBIRIÇÁ, regente convidado
CRISTINA ORTIZ, piano
As Criaturas de Prometeu, op. 43: Abertura
Concerto para piano nº 4 em Sol maior, op. 58
Sinfonia nº 4 em Si bemol maior, op. 60
15 AGOSTO
P. 65
MARCOS ARAKAKI, regente
TRIO CERESIO ANTHONY FLINT, violino
JOHANN SEBASTIAN PAETSCH, violoncelo
SYLVIANE DEFERNE, piano
A Vitória de Wellington, op. 91
Concerto para violino, violoncelo e piano em Dó maior, op. 56, "Tríplice"
Sinfonia nº 8 em Fá maior, op. 93
FABIO MECHETTI, regente
NATASHA PAREMSKI, piano
Abertura Namensfeier, op. 115
Concerto para piano nº 3 em dó menor, op. 37
Sinfonia nº 3 em Mi bemol maior, op. 55, “Eroica”
FABIO MECHETTI, regente
ROMMEL FERNANDES, violino
ARA HARUTYUNYAN, violino
Abertura Leonora nº 3, op. 72b
Romance nº 1 em Sol maior, op. 40
Romance nº 2 em Fá maior, op. 50
Sinfonia nº 7 em Lá maior, op. 92
Abertura A Consagração da Casa, op. 124
Concerto para piano nº 1 em Dó maior, op. 15
Sinfonia nº 1 em Dó maior, op. 21
11 ABRIL
FABIO MECHETTI, regente
TEO GHEORGHIU, piano
FABIO MECHETTI, regente
PABLO ROSSI, piano
MARIANA ORTIZ, soprano
DENISE DE FREITAS, mezzo-soprano
FERNANDO PORTARI, tenor
STEPHEN BRONK, baixo-barítono
CORAL LÍRICO DE MINAS GERAIS
Fantasia Coral, op. 80
Sinfonia nº 9 em ré menor, op. 125, "Coral"
P. 106
POEMAS DA FANTASIA CORAL E DA SINFONIA Nº 9
Abertura Leonora nº 1, op. 138
Concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior, op. 73, "Imperador"
P. 108
Sinfonia nº 5 em dó menor, op. 67
P. 112
PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
ACOMPANHE a Filarmônica
PARA APRECIAR um concerto
FABIO MECHETTI, regente
JEAN-LOUIS STEUERMAN, piano
P. 113
CAROS
amigos e amigas
Há muito esperávamos ansiosos
quase qualquer outro instrumentista individual), nada
pela oportunidade de, pela
melhor do que o repertório do período clássico. Esse
primeira vez desde a criação da
repertório demanda precisão rítmica, uniformidade de
Filarmônica, ensaiarmos e tocarmos
articulação, atenção detalhada às dinâmicas, apego à
no mesmo espaço. Essa dinâmica é
estrutura da obra e fidelidade ao compositor. Foi com
extremamente importante para
esse intuito que escolhemos começar a série Fora de Série
se construir uma orquestra
explorando a magnífica obra de Ludwig van Beethoven.
de excelência. Através desse
Com suas impressionantes sinfonias, aberturas, concertos,
continuado trabalho, consolidamos
Beethoven foi talvez o primeiro compositor na história
aspectos técnicos e expressivos
da música a ver a orquestra sinfônica como instrumento
que caracterizam todas as
virtuoso, capaz de uma gama imensa de possibilidades
grandes orquestras.
expressivas. Ao construirmos uma série inteira baseada
em sua obra, nossos músicos terão a oportunidade de
Agora, com a abertura da Sala Minas
conhecer melhor sua nova Sala e também a si mesmos.
Gerais, e com essa oportunidade
única de maximizarmos nossos
Convidamos todos a participar desse descobrimento,
ensaios e apresentações, para que
paradoxalmente através de um repertório dos mais
a Filarmônica possa corresponder
conhecidos e apreciados. Todos ganham: a Filarmônica,
ainda mais às expectativas e ao
na sua busca contínua de qualidade, e o público, que
orgulho de nosso público, criamos
certamente irá reviver as grandes emoções que a
uma série especial que irá focar
obra beethoveniana desperta em todos nós: do apelo
exatamente na implementação desses
à democracia expresso em sua Eroica, ao humanismo
aspectos. Junto a isso, oferecemos
revelado nas eloquentes palavras de Schiller que
aos nossos ouvintes a oportunidade
Beethoven utilizou em sua Nona Sinfonia.
de vivenciar obras consagradas
do repertório sinfônico que vêm,
Bem-vindos.
há séculos, impactando gerações e
gerações de amantes da música.
Para o aperfeiçoamento técnico de
uma orquestra (assim como para
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
5
FORA DE SÉRIE CAROS AMIGOS E AMIGAS
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
FABIO
MECHETTI
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor
entre outras. É convidado frequente dos festivais de
Brasília e Paraná e as municipais de
Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica
verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park
São Paulo e do Rio de Janeiro.
de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse
em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Trabalhou com artistas como Alicia
diretor artístico e
regente titular
na categoria Melhor Regente brasileiro. Recentemente,
Realizou diversos concertos no México, Peru e
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
tornou-se o primeiro brasileiro a ser convidado a
Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
dirigir uma orquestra asiática, sendo nomeado
de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na Europa regeu a
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia.
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia e a Orquestra
Kathleen Battle, entre outros.
Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse,
da Rádio e TV da Espanha. Dirigiu também a
da Orquestra Sinfônica de Spokane e da Orquestra
Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra
Igualmente aclamado como regente
Sinfônica de Jacksonville, sendo, agora, Regente Emérito
Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de
de ópera, estreou nos Estados Unidos
destas duas últimas.
Tampere, na Finlândia.
dirigindo a Ópera de Washington.
trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009
de Larrocha, Thomas Hampson,
No seu repertório destacam-se
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na
Vencedor do Concurso Internacional de Regência
produções de Tosca, Turandot,
Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com
Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige
Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte,
ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio
regularmente na Escandinávia, particularmente a
Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha,
norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg,
La Traviata e As Alegres Comadres
foi Regente Residente.
Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo
de Windsor.
a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2015 dirigirá a
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York
Orquestra Sinfônica de Odense, também na Dinamarca.
conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem
6
FORA DE SÉRIE FABIO MECHETTI
Fabio Mechetti recebeu títulos de
Mestrado em Regência e em
dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as
No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira,
Composição pela prestigiosa
de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus,
a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre,
Juilliard School de Nova York.
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FORA DE SÉRIE FABIO MECHETTI
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9
FOTO RAFAEL MOTTA
LUDWIG VAN BEETHOVEN
Bonn, Alemanha, 1770 – Viena, Áustria, 1827
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Beethoven
DO MITO AO HOMEM
Se pudéssemos passar da história da
sofrer pelos excessos do marido – de
música à história dos homens – não
tudo isso Beethoven fez matéria para
à história política, nem mesmo à
construir-se a si próprio e à sua música.
FOTOS:
BOHN
TESTAMENTO
CASA
FUNERAL
história das mentalidades, mas a uma
“história dos exemplos humanos”,
Os abusos da infância não o fizeram
desses que a literatura de Dickens
voltar-se contra o pai ou tomar
soube pintar com raro otimismo;
ojeriza pela música, mas, ao contrário,
se pudéssemos, pois, realizar esse
fortaleceram em Beethoven o
movimento, diríamos, em primeiro
sentido da sua individualidade e,
lugar, que Ludwig van Beethoven foi
com isso, a consciência de que sua
um grande homem.
obra não deveria servir aos desejos
e caprichos da aristocracia, nem
Sob uma perspectiva humana, ele
mesmo às expectativas de um público
foi exemplo de autossuperação e de
habituado a apreciar somente o que
entrega determinada ao cumprimento
tinha costume de ouvir. Sua música
da missão da qual acreditava estar
deveria ser testemunha dele próprio,
investido: a de ser, pela música,
como homem, como ser social e
testemunha da humanidade. Por
político, como indivíduo – com suas
isso mesmo, ambas as coisas, em
contradições e angústias. Assim,
Beethoven, se confundem.
por testemunhar o homem, ela
Beethoven nasceu
nesta casa,
hoje um museu
dedicado a ele.
testemunharia, deste, a humanidade.
De sua infância infeliz e trágica,
do Testamento de Heiligenstadt,
na companhia dos homens, não terei
marcada pela brutalidade de um pai
Já não se diga de seus infortúnios
redigido em 1802: “falem mais alto,
mais conversas inteligentes nem
alcoólatra que dele quis fazer – sem
amorosos. Não parecem ter sido o
gritem, sou surdo (...). Por isso,
mútuos desabafos.”), não fosse isso,
sucesso, como pianista – um segundo
fato mais determinante em sua
perdoem-me, se me veem viver
os amores de Beethoven passariam
Mozart; marcada, também, pelas
obra, como, por exemplo, na obra
isolado, quando eu, com prazer,
à margem de sua obra e de sua vida.
responsabilidades que teve de assumir
de Schumann. Não fosse a trágica
estaria no meio de vocês. Minha
Até mesmo a famosa Carta à Amada
ainda muito jovem, em razão da
solidão em que voluntária ou
desgraça me é duplamente penosa
Imortal (que, ao que tudo indica,
decadência do pai e da perda da mãe, a
involuntariamente se isolava
porque, por ela, devo tornar-me
foi dirigida a Josefina von Brunswick)
quem amava profundamente e que via
(note-se, por exemplo, este trecho
ignorado; não terei mais estímulo
merece o devido desconto do exagero
12
FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
13
FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
romântico que procurou pintar
e mais proveitoso foi o contato
o retrato de um artista maldito e
com Salieri, com quem estudou
incompreendido.
de 1794 a 1800. A partir de então,
começa a se firmar como compositor
Vindo de Bonn – cidade alemã,
e instrumentista. Sua fama de
medíocre política e culturalmente à
grande improvisador ao piano já é
época – para, em 1792, estabelecer-se
notória. Sua ascensão é progressiva e
em Viena, o maior centro cultural
ininterrupta. De uma obscura cidade
e musical da Europa de então,
do principado de Colônia, esse jovem
Beethoven soube construir seu lugar
de origem humilde soube se impor ao
entre vultos já lendários como os
maior centro musical da Europa e se
de Mozart e Haydn, cuja música
tornar lenda ainda em vida.
A pequena cidade de
Bonn, às margens
do rio Reno, onde
Beethoven nasceu e
viveu até os 22 anos.
(Imagem de Laurenz
Janscha e J. Ziegler)
era renomada internacionalmente.
Com Mozart, a quem admirava
A maior tragédia de Beethoven
profundamente, Beethoven havia
foi, sem dúvida, a sua progressiva
seus muitos cadernos de notas o
com a responsabilidade de ser!...
travado contato em Viena, em
surdez. Os primeiros sinais
atestam. Exemplo claro disso é
E, sendo, de mostrar, ao homem, o
1787, ano da morte de sua mãe,
aparecem ainda em 1798, ano de
Fidélio, sua única ópera. Muitas
Homem. Talvez seja esse aspecto o
motivo que o fez regressar a Bonn.
composição da sonata para piano
versões e um trabalho árduo de
que garanta a sempre tão veemente
Desse primeiro contato – Mozart
op. 13 (a “Patética”). Ainda assim,
revisões e correções (inclusive do
atualidade de sua música. A trágica
trabalhava, então, em Don Giovanni
mesmo com o agravamento do
libreto) marcam a trajetória de
consciência de um propósito
– vieram, diz-se, palavras proféticas
mal, que o levará à total perda de
sua elaboração, desde sua estreia
voluntariamente abraçado terá
do prodígio de Salzburgo: “este jovem
audição, Beethoven não sucumbe à
em 1806 até sua publicação em
ascendência direta e profunda sobre
ainda vai dar o que falar”. No seu
fatalidade, nem se furta a manter-se
1826, sem mencionar o antes.
todas as gerações de compositores
retorno definitivo a Viena, cinco
firme em seu propósito de, pela
Pode-se, erroneamente, atribuir
posteriores a Beethoven, em maior
anos depois – Mozart havia morrido
música, testemunhar o homem.
essa laboriosidade à dificuldade de
ou menor grau. Cite-se somente
em 1791–, Beethoven vem munido de
Sua surdez não explica sua obra,
Beethoven em lidar com a linguagem
um exemplo: Johannes Brahms só
uma carta de recomendação do conde
é certo, mas talvez a densidade de
vocal. Trata-se de uma inverdade:
concluiu a sua primeira sinfonia aos
Waldstein para estudar com Haydn.
seu pensamento musical nunca
suas canções, a Nona Sinfonia,
quarenta e três anos de idade, tendo
chegasse a grau tão exponencial
a Missa Solemnis o comprovam.
levado vinte e um anos para compô-
A convivência com Haydn não foi
se, como nas palavras de Roland de
Trata-se, sobretudo, do grande senso
la! Igualmente, essa consciência e
nem longa nem proveitosa. Beethoven
Candé, “o silêncio exterior não lhe
de responsabilidade que norteia o
esse propósito se refletem na própria
aprende muito mais no contato
tivesse imposto a concentração de
trabalho criativo do compositor.
obra de Beethoven, se comparada
com a obra de Haydn do que de sua
sua vontade numa música ideal”.
Cada obra sua nasce com a missão
à de seus contemporâneos: Mozart
pedagogia. Conservará, entretanto,
Escreverá, por isso, Victor Hugo:
de ser mais que mero divertimento
compôs vinte e sete concertos para
por toda a vida, profunda admiração
“Esse surdo ouvia o infinito”.
para outrem, mais que meras
piano; Beethoven, apenas cinco.
ideias musicais lançadas sobre uma
Haydn compôs mais de uma centena
pelo mestre, embora as relações entre
ambos sejam de mera cordialidade
Para Beethoven, compor nunca
estrutura formal já estabelecida.
de sinfonias; Mozart, quarenta e
e nunca de confiança. Mais longo
é uma tarefa ligeira ou fácil:
Cada obra de Beethoven nasce
uma; Beethoven, apenas nove.
14
FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
15
FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
Desde muito cedo Beethoven
Sobre esta última obra cabe um
assume essa postura de grande
breve comentário. Embora
responsabilidade diante do ofício
Beethoven faça frequentemente
de artista criador. Por isso a clássica
uso do contraponto e da fuga em
tripartição das fases de Beethoven,
obras de sua última fase (notem-se,
proposta por F. J. Fétis e W. von Lenz,
por exemplo, o ciclo dos últimos
se mostra frágil. Nessa tripartição,
quartetos de cordas e a sonata
a primeira fase, que iria de 1800
op. 110), há críticos que veem na
a 1802, mostra um Beethoven que
Missa Solemnis uma releitura,
ainda se atém à linguagem clássica,
consciente ou não, muito peculiar
sob a ascendência de Haydn, embora
– muito beethoveniana – da grande
já demonstre aspectos muito pessoais.
polifonia franco-flamenga de
Anterior a essa fase, porém, estão,
Josquin des Prez e Ockeghem.
por exemplo, três sonatas para
Outros críticos, porém, associam
piano, compostas entre 1782 e 1783
essa obra à tradição polifônica pela
– portanto, não incluídas na série
exploração que o compositor aí faz do
canônica das trinta e duas sonatas
sentido de espacialidade. Associações
Nesse campo, ele foi determinante para
maneira as formas tradicionais, que
para piano –, que já ensaiam, dentre
à parte, é certo que Beethoven
os gêneros mais significativos: sem
elas pareceriam eternas às gerações
outras obras, a própria Sonata
mais uma vez logra transcender
falar das sonatas para piano, citem-se
que o sucederam.
Patética, op. 13, a qual, por sua vez,
a linguagem clássica, dessa vez
categoricamente seus quartetos de
em muitos aspectos distancia-se da
propondo um olhar contemporâneo
cordas, suas sonatas para violino e
Beethoven foi o grande fantasma
linguagem genuinamente clássica.
sobre o passado musical de que é
piano, suas sonatas para violoncelo
do Romantismo... E somente com
herdeiro, reelaborando-o.
e piano, seus trios com piano, para
Debussy e Stravinsky a música do
não mencionar as sinfonias. Destas, a
Ocidente conseguiu, definitivamente,
A segunda fase iria de 1803 a 1815.
Milhares de
vienenses foram
se despedir de
Beethoven em seu
funeral. (Aquarela de
Franz Xaver Stöber)
Nela, notam-se certas investidas
A tripartição das fases de Beethoven
última, pelo uso das vozes humanas, o
com grande deferência, afastar-se
formais, alterando a forma sonata, a
é, portanto, uma organização
que, dentre outros aspectos, transcende
dele. Beethoven é o primeiro músico
substituição do minueto pelo scherzo
esquemática e cômoda, que agrupa
o conceito clássico.
cuja atividade criadora foi assumida
e uma série de experiências na
a sua obra de forma didática. Mas,
linguagem pianística e na linguagem
para um observador atento, há nela
Beethoven foi o grande surdo que
subverteu as relações entre a música
orquestral. Na última fase, que
muitas contradições.
a civilização ocidental fez entrar
e a sociedade, nas palavras de Roland
e não delegada e, cônscio disso,
em sua mitologia. Paradoxalmente
de Candé, “desviando sua arte de seu
completamente surdo, demonstra
É de se mencionar ainda que, ao
o último dos clássicos e o primeiro
destino aristocrático para se dirigir à
certa abstração e maior ruptura
contrário de Mozart, a quem tanto
dos românticos, foi testemunha da
humanidade inteira”.
em relação às formas clássicas,
admirava, e cujo gênio dramático-
fronteira entre duas eras. Seu papel
criando obras às vezes de proporções
vocal se mostrava quase que em cada
histórico é capital: transcendendo
monumentais, como a Grande Fuga,
uma de suas inflexões, Beethoven
o Classicismo, foi o norte e o farol
as sonatas op. 106 e 111, a Nona
encontra seu caminho mais genuíno
do Romantismo, dando exemplo de
Sinfonia e a Missa Solemnis.
de expressão na música instrumental.
todas as superações e ampliando de tal
vai de 1815 a 1826, Beethoven, já
16
FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
17
FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
Litogravura de Joh. P.
Lyser (cerca de 1823).
Ilustração de Joh. Ne.
Hoechle (1823).
20
OS CONCERTOS
21
OS CONCERTOS
de Beethoven
Na época de Beethoven, dois eram
de uma renda estável como professor
violino (Beethoven criou também
do qual mais integralmente
os espaços disponíveis em Viena
de música, para os membros da
uma versão desse concerto para
Beethoven se expressava.
para apresentações musicais públicas:
alta sociedade.
piano e orquestra), o Tríplice
concerto – para violino, violoncelo
Curiosamente, além de serem
igrejas, que abriam suas portas para
A partir do século XVIII praticamente
e piano solistas e orquestra – e dois
pouco numerosas, trata-se de obras
apresentações de obras sacras.
todo compositor soube valer-se
romances para violino e orquestra.
compostas quando Beethoven era
Como não existissem salas de
das potencialidades artísticas e
concerto, as apresentações públicas de
profissionais do concerto. Com
Sua opção preferencial pelos
os anos 1789 e 1810, isto é, dos
música instrumental, chamadas
Beethoven não foi diferente. Mas, se
concertos para piano se explica
dezenove aos quarenta anos de
de Academia, aconteciam,
no início do século XIX a aristocracia
pelo fato de ter sido o piano seu
idade. Não se deve, com isso,
geralmente, em teatros, cassinos
ainda exercia uma grande influência
instrumento de predileção, através
inferir que ele não apreciasse
ou apartamentos particulares.
na formação do gosto do público,
os teatros, destinados às óperas; e as
ainda relativamente jovem, entre
a classe média, que constituía
Nessas Academias, um gênero gozava
uma grande parcela da plateia, já
de destaque, pelo seu caráter quase
vinha conseguindo fazer valer suas
sempre espetacular: o concerto.
preferências. Beethoven era bem
O concerto é um tipo de composição
consciente das oscilações do público
surgida na Itália por volta da
em Viena. Algumas de suas obras,
segunda metade do século XVII
tais como a Sinfonia Eroica, foram
que consiste, grosso modo, em um
compostas tendo o autor em mente,
diálogo musical entre um ou mais
em primeiro lugar, algum membro da
solistas e a orquestra. Os concertos
aristocracia, que detinha, por algum
eram a via perfeita de apresentação
tempo, os direitos de execução privada
dos talentos de um músico, tanto
da obra. Quanto aos concertos, foram,
como compositor e como intérprete.
de forma geral, compostos para o
Se como compositor o concerto o
consumo da classe média.
ajudava a abrir as portas da fama, o
sucesso adquirido como intérprete,
Das obras acabadas de Beethoven,
a partir do concerto, lhe abria as
restaram-nos, para solistas e
portas dos salões aristocráticos,
orquestra, apenas cinco concertos
assim como efetivas possibilidades
para piano, um concerto para
22
FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN
Beethoven também
era admirado
como pianista
de interpretação
enérgica. Na
imagem, fortepiano
presenteado por
Thomas Broadwood,
importante fabricante
da época.
23
FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN
Três dias após a morte
de Beethoven, Hoechle
ilustrou seu estúdio,
em sua casa, no
Schwarzspanierhaus.
(Historical Museum,
Viena)
o gênero, ou que tenha deixado de
pelo compositor, respectivamente,
piano op. 61a). Trata-se de duas obras-
apreciá-lo com a idade.
ao solista e à orquestra.
primas que se encontram entre as
mais importantes do gênero em todos
É bom lembrar que Beethoven ficou
Os dois romances para violino e
os tempos. Embora extremamente
surdo relativamente cedo, havendo
orquestra (1798 e 1802) serviram a
virtuosísticos, o equilíbrio entre
suas aparições como solista, por
Beethoven como uma importante
solista e orquestra encontra seu
essa razão, se tornado cada vez mais
preparação para o Concerto para
ponto alto com estes dois concertos.
escassas. Os esforços do compositor
violino. Os romances também
A estreia do Concerto para piano
se voltaram então para os gêneros em
possuem numeração invertida,
nº 4, em 22 de dezembro de 1808,
que o exibicionismo dos solistas cedia
assim como no caso dos dois
marca a despedida de Beethoven dos
lugar ao conteúdo expressivo da
primeiros concertos para piano.
palcos como solista. Sua surdez já se
encontrava bem avançada.
obra, tais como a sinfonia e a
música de câmara, de modo especial
A partir do terceiro concerto para
o quarteto de cordas. A música
piano (1801) a voz interior, muito
O Concerto para piano nº 5, em
tornava-se mais importante do que o
pessoal, de Beethoven começou a se
Mi bemol, composto em 1810, é seu
intérprete que a executava.
fazer presente. Embora se trate, ainda,
último concerto. Completamente
de uma obra dos chamados anos de
encontramos um Beethoven no início
surdo, Beethoven jamais o executará
Os dois primeiros concertos para
juventude, as inovações desse concerto
de seus anos de maturidade. Aqui o
em público. Aos quarenta anos de
piano foram compostos como veículo
fizeram dele um modelo para o
domínio da forma e a liberdade do
idade Beethoven nos presenteia
para o jovem compositor apresentar-
gênero, graças ao equilíbrio formal e
criador são evidentes. O século XVIII
com o mais grandioso, mais
se como pianista virtuoso, tanto em
à associação entre o virtuosismo do
ficou para trás e poder-se-ia dizer
imaginativo e mais original de seus
Bonn quanto, mais tarde, em Viena.
solista, que passa a ser o protagonista
que, em 1803, Beethoven inaugura o
concertos. Uma música composta
O Concerto para piano nº 2 foi
da cena, e o papel da orquestra, que,
século XIX.
para toda a humanidade. Uma vida
composto em 1789, aos dezenove
com seu sinfonismo exuberante, deixa
anos de idade, e o Concerto para piano
de ser um mero acompanhador para
No ano de 1806 Beethoven compõe
uma beleza da qual ele já não pode
nº 1 em 1797, aos vinte e sete anos –,
assumir um papel de destaque no
dois importantes concertos: o
mais desfrutar.
sendo que a numeração refere-se
discurso musical.
Concerto para piano nº 4 e o Concerto
à data da publicação. É evidente a
dedicada a enriquecer o mundo com
para violino (o arranjo, para piano
influência de Haydn e Mozart em
Com o Concerto Tríplice (1803), obra
e orquestra, feito pelo próprio
seus primeiros concertos, tanto na
contemporânea à Sinfonia Eroica, à
Beethoven, data da mesma época, e
forma como nos papéis destinados
Sonata Kreutzer e à Sonata Waldstein,
veio a se denominar Concerto para
24
FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
25
FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN
26
AS SINFONIAS
27
AS SINFONIAS
de Beethoven
As sinfonias de Beethoven
cantata) diferem significativamente do
figuram hoje entre as obras mais
modelo de Haydn. Planejadas para o
consagradas pelo público de
grande público, as sinfonias não eram
concertos. Entretanto, a maioria
obras tão adequadas à experimentação
dos ouvintes contemporâneos do
formal quanto os gêneros mais
compositor reagiu com assombro e
intimistas das sonatas para piano e
incompreensão às suas inovações –
dos quartetos de cordas, em que o
as primeiras críticas julgaram-nas
compositor exercitou mais largamente
intermináveis e fatigantes! De fato,
sua liberdade em todos os parâmetros
essas sinfonias, concebidas em
da composição. Quanto ao formato da
grandes dimensões, exigiam do
orquestra, por exemplo, ele manteve
público uma concentração sem
o estabelecido pelas últimas sinfonias
precedentes. As nove sinfonias só se
de Haydn. Excepcionalmente,
impuseram no repertório a partir de
Beethoven usa trombones, como
meados do século XIX, até ocuparem
nas Sinfonias números 5, 6 e 7; na
definitivamente um espaço ímpar
Eroica, acrescentou uma trompa; no
no cânone da música sinfônica. Elas
final da Quinta emprega o flautim
iluminaram as anteriores realizações
e o contrafagote; na Nona, eleva
de Haydn e Mozart como limites
para quatro o número de trompas e
da perfeição clássica e, transcendendo
amplia a percussão com o uso da então
à época, causou espanto – alguns
entre eles, ciente de sua eficácia
corajosamente tais modelos,
chamada música turca – triângulo,
críticos o condenavam pela inclusão
sobre os ouvintes.
criaram nova referência musical,
pratos e bumbo, somados aos dois
de uma banda no domínio orquestral.
com novos padrões formais e
tímpanos habituais. O pensamento
inusitado poder emocional.
orquestral de Beethoven excedeu os
A grande novidade orquestral de
expansão do conteúdo espiritual
recursos dos instrumentos da época e
Beethoven, sobretudo a partir da
e emocional de suas obras que
Entretanto, de maneira
sofreu desvantagens, por exemplo, no
Terceira Sinfonia, constitui-se no uso
Beethoven ampliou a arquitetura
geral, Beethoven não alterou
emprego das trompas e dos trompetes.
de maciços blocos sonoros, realizados
formal da sinfonia. A própria natureza
substancialmente a forma básica do
Ao contrário, seu uso do fagote e dos
através da separação dos timbres.
do pensamento composicional
gênero; apenas a Sexta Sinfonia (com
tímpanos mostrou-se particularmente
Movimentando-os, o compositor
do compositor tornou quase
seus títulos descritivos) e a Nona
original. O tratamento beethoveniano
manipula com precisão seus ataques,
inevitável sua excelência no
(com elementos de uma verdadeira
dos sopros, considerado excessivo
a densidade, a potência, os contrastes
gênero, permitindo-lhe explorar
28
FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
Beethoven compondo
a Sinfonia Pastoral.
(Autor desconhecido.
Publicado no
Almanach der
Musikgesellschaft,
1834)
Foi principalmente na busca da
29
FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
ao máximo as possibilidades
um discurso onde a exposição
expressivas da música puramente
dos temas e o desenvolvimento se
instrumental. E é interessante
apresentam em conjunto). Nesses
observar que, sob esse aspecto,
primeiros movimentos, o pensamento
o talento beethoveniano diferia
instrumental do compositor interfere
radicalmente das características da
principalmente na articulação das
personalidade deseu ídolo Mozart,
duas ideias constituintes da forma.
autor eminentemente teatral e vocal
Haydn frequentemente os relacionava,
em qualquer gênero que abordasse.
derivando o segundo do primeiro.
O músico de Bonn, em pleno século
Beethoven, ao contrário, valorizou a
XVIII, imbuído de um conceito
diferenciação entre o caráter dos dois
já romântico, empenhou-se em
temas principais pelo contraste
demonstrar que as formas
rítmico, instrumental e pela distância
puramente instrumentais seriam
das relações tonais entre eles.
capazes de exprimir ideais e
Explorando o conflito das ideias
sentimentos profundos.
antagônicas contidas em dois temas
lógica motriz que continuamente
moto é um conjunto de variações
opostos, o compositor transforma
impulsiona a música, construindo a
ligadas por misteriosas passagens
Quanto ao número de movimentos,
seus desenvolvimentos em um
totalidade da obra como expressão
modulantes. A “Cena às margens
Beethoven seguiu o modelo das
processo dialético de grande tensão.
completa e única. Essa coerência
do riacho”, Andante molto mosso
sinfonias londrinas de Haydn (apenas
Os movimentos tornam-se assim
interna, perceptível em cada uma
da Pastoral, abre espaço a algumas
a Pastoral tem cinco movimentos,
necessariamente longos – a Eroica é
das sinfonias, desde a Primeira
intenções descritivas e intervenções
com os últimos três encadeados
muito mais longa e mais complexa
até a Nona, acentua-se ainda mais
imitativas (o próprio Beethoven
sem interrupção). Outra herança
do que qualquer sinfonia composta
pela ligação direta entre alguns
menciona na partitura o canto
haydniana são os prelúdios lentos, que,
antes dela, com o imenso primeiro
movimentos (os dois últimos da
dos pássaros: a flauta se faz de
utilizados anteriormente em sonatas
movimento repleto de material
sinfonia 5 e os três últimos da 6).
rouxinol, o oboé imita a codorniz
para piano do próprio Beethoven,
temático e extraordinária amplitude
iniciam as Sinfonias números 1, 2,
tonal. No final de cada primeiro
Os movimentos lentos mantêm, nas
sinfonias seguintes não possuem
4 e 7. A Terceira usa apenas dois
movimento, a coda beethoveniana
sinfonias de Beethoven, o caráter
movimentos lentos: o Allegretto da
acordes introdutórios. As Sinfonias 5
ganha proporções de um segundo
essencialmente melódico, mas
Sétima, com caráter de marcha,
e 6 não têm introdução, e a Nona se
desenvolvimento, ressaltando a
se adaptam formalmente a uma
mantém em primeiro plano o
inicia com dezesseis compassos que
última aparição do tema vitorioso
função bem determinada pelo
interesse rítmico que domina toda
preparam nebulosamente a súbita
com insistentes afirmações tonais
contexto da obra – daí, portanto,
a sinfonia. O Allegretto scherzando
explosão da primeira ideia.
(a Quinta, por exemplo, apresenta
serem tão diferenciados (ou mesmo
da Oitava, deliciosamente divertido,
uma série bombástica de redundantes
suprimidos). A visionária e trágica
traz um acompanhamento mecânico
acordes de tônica).
Marcha fúnebre, Adagio assai da
para a saltitante melodia, provável
Terceira, talvez seja o movimento
homenagem a Mälzel, inventor do
Os primeiros movimentos das
sinfonias de Beethoven estão escritos
Theater an der
Wien, onde foram
apresentadas
muitas obras de
Beethoven. (Gravura
contemporânea)
e o clarinete, o cuco). As duas
na forma de sonata clássica (com
Na sequência das várias seções
lento mais célebre de todas as
metrônomo. Finalmente, o Adagio
exceção da Nona, que apresenta
dos outros andamentos, há uma
sinfonias. Na Quinta, o Andante con
molto e cantabile, terceiro movimento
30
FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
31
FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
da Nona, tem uma forma comum aos
dos finais da Primeira e da Quarta
em sua reflexão sobre a função
à expressão mais intimista do
últimos quartetos do compositor –
sinfonias (que se inscrevem na
pública e o poder instrutivo da Arte
Romantismo – reduzindo as
consiste em um lied de profundidade
tradição vienense) e o da Sexta (com
para a sociedade e os indivíduos,
proporções dos movimentos
e intensidade inigualáveis, formado
seus títulos descritivos), os restantes
conduzindo-os a níveis mais elevados
intermediários, tomaram como
pela alternância de dois temas, suas
possuem uma tensão e um clímax
de comportamento e convivência.
modelo principalmente a Quarta e
variações e interlúdios.
incontestáveis.
a Oitava. Em outra vertente, Berlioz
Depois do sucesso da estreia da Nona
e Liszt, muito influenciados pela
O movimento de dança dentro
Em 1824, em Viena, com a estreia da
Sinfonia – com sua conclamação
Sexta, adotaram os programas
da sinfonia sofre uma sensível
Nona Sinfonia, Beethoven assinalava
urgente e circunstancial pela
extramusicais para os poemas
modificação em Beethoven. O
para o grande público mais uma
fraternidade entre os homens –,
sinfônicos. A última grande sinfonia
inevitável minueto das antigas
transformação em sua obra, após
o compositor, do alto de sua glória,
de Schubert, escrita sob o impacto
sinfonias lhe parecia socialmente
solitário e prolongado silêncio de
dispôs-se ainda a mudar seus códigos.
da Nona de Beethoven, aponta para
obsoleto e bem acanhado
quase uma década – comentava-
Retorna às técnicas contrapontísticas
o futuro e possui atributos comuns
musicalmente. O compositor
se que, surdo e mergulhado em
bachianas, estuda a música
às obras posteriores de César Franck
o substitui então pelo Scherzo,
problemas pessoais, ele se tornara
renascentista e a harmonia modal.
(1822-1890), Anton Bruckner (1824-
mantendo a mesma estrutura, ou seja,
incapaz de compor. Durante o
Serenamente, desvencilhava-se da
1896) e Gustav Mahler (1860-1911),
com o Trio intermediário e o retorno
concerto, realizado no dia 7 de maio,
tendência ao retórico, libertava-se
valorizando a tendência para a
da capo, mas com conteúdo diferente
o compositor ficou no palco, seguindo
dos efeitos fáceis e buscava sua
unidade cíclica e disposição formal
– agitado, fantástico, impetuoso, livre
a partitura, enquanto o maestro
voz mais íntima e atemporal.
em amplos espaços harmônicos.
– e de dimensões maiores. Beethoven
Ignaz Umlauf regia a orquestra.
Derradeiras obras-primas de
Mesmo para os compositores
usou pouco o termo scherzo, mesmo
Ao final da sinfonia, Beethoven
Beethoven, os últimos quartetos
contemporâneos, que adotam
para definir movimentos que
permaneceu imóvel; a cantora
e sonatas para piano pareceram
processos diametralmente opostos
claramente são scherzi. Nas sinfonias
Caroline Unger tomou-o pelo braço
incompreensíveis para seus
aos de Beethoven, suas nove sinfonias
usou-o apenas na Segunda e na
e virou-o de frente para o público,
contemporâneos e só a modernidade
permanecem imprescindíveis.
Terceira, normalmente limitando-se
para que ele pudesse ver com que
revelou-lhes toda a grandeza.
à indicação do tempo.
entusiasmo era aplaudido.
Após Beethoven, os sinfonistas
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
O último movimento adquire, nas
Musicar o poema de Schiller era
românticos se viram diante de
sinfonias de Beethoven, notável
um antigo sonho do compositor.
um desafio. Em uma direção,
importância, como ponto culminante
A leitura das Cartas sobre a educação
Mendelssohn, Schumann e
da construção musical. Com exceção
estética do homem fora decisiva
Brahms adaptaram a sinfonia
32
FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
33
FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
Início do manuscrito do Testamento de
Heiligenstadt. Em um de seus retiros de
verão, Beethoven, desesperado com a surdez
crescente, escreveu uma carta sofrida aos
dois irmãos, mas nunca a entregou.
36
37
FABIO MECHETTI, regente
RONALDO ROLIM, piano
PROGRAMA
1
21 DE
MARÇO
ABERTURA A CONSAGRAÇÃO DA CASA, OP. 124
CONCERTO PARA PIANO Nº 1 EM DÓ MAIOR, OP. 15
Allegro con brio
Largo
Rondo: Allegro scherzando
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 1 EM DÓ MAIOR, OP. 21
Adagio molto – Allegro con brio
Andante cantabile con moto
Menuetto – Allegro molto e vivace
Adagio – Allegro molto
38
39
FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
ABERTURA A
CONSAGRAÇÃO DA CASA,
OP. 124
1822 | 11 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, cordas.
Brasileira, Filarmônica de Minas Gerais, Sinfônica de
Campinas, Sinfônica da USP e Sinfonia Cultura; na Europa,
Royal Liverpool Philharmonic Orchestra, Orchestra Sinfonica
della Repubblica de San Marino e da Orquestra do Norte
(Portugal); nos Estados Unidos, sinfônicas de Phoenix,
Pontiac e Peabody. Um ávido camerista, é fundador do
FOTO YI WANG
RONALDO
ROLIM
Trio Appassionata e com o grupo gravou compositores dos
1798 | 36 min
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
Estados Unidos (Odradek Records). Ronaldo é convidado de
festivais como Folle Journée, Accademia Musicale Chigiana,
Ravinia Festival e Holland Music Sessions.
Com uma “especial capacidade de
comover através de suas interpretações”
CONCERTO PARA PIANO
Nº 1 EM DÓ MAIOR, OP. 15
Nascido em 1986 em Votorantim, São Paulo, Ronaldo Rolim
A
Abertura A Consagração da Casa integrava
a música de cena que Beethoven compôs
para a peça teatral homônima do escritor
Carl Meisl, apresentada nas festividades de
reinauguração do Teatro de Viena, em outubro de 1822. É a
última das onze Aberturas de Beethoven, contemporânea de
obras severas e de grande fôlego, como a Missa Solemnis,
a Nona Sinfonia, as Variações Diabelli e as três derradeiras
SINFONIA Nº 1 EM
DÓ MAIOR, OP. 21
1799/1800 | 23 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
Sonatas para piano. A ocasião festiva exigia, evidentemente,
uma música mais leve. Beethoven tomou então como modelo
a forma barroca das ouvertures de Haendel, compositor
que muito admirava, para compor uma introdução lenta
(El Norte, Monterrey, México), o brasileiro
iniciou seus estudos musicais com a mãe, Miriam Correa, e
Ronaldo Rolim vem se firmando como
fez sua primeira apresentação pública aos quatro anos.
um dos músicos mais completos de
Bolsista integral da Fundação Magda Tagliaferro de São Paulo,
sua geração. Laureado em concursos
foi aluno de Zilda Cândida dos Santos e Armando Fava Filho.
Abertura manteve-se no repertório e foi reapresentada em
no Brasil e exterior, recentemente
Após vencer os concursos Nelson Freire e Magda Tagliaferro,
maio de 1824, no concerto de estreia da Nona Sinfonia.
ganhou o 1º lugar no Bösendorfer
estudou com Flavio Varani na Oakland University, Estados
Três anos depois, morria o compositor, aos 56 anos.
International Piano Competition e o 2º
Unidos. Foi premiado como Outstanding Student in Piano
lugar no Concurso Internacional de Piano
Performance pela universidade e também pela Detroit Mu
Beethoven fixara-se em Viena aos 22 anos e, inicialmente,
República de San Marino.
Phi Epsilon Music Association. No Peabody Conservatory de
foi como pianista que ele se afirmou frente à sociedade
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
e majestosa (com seus característicos ritmos pontuados,
à francesa), seguida de um Allegro (dominado por uma
engenhosa fuga dupla). Independente de sua gênese, a
Baltimore foi admitido na classe de Benjamin Pasternack e
vienense. Algumas obras dessa fase apresentam o jovem
Ronaldo se apresenta em recitais e
completou Bacharelado e Mestrado em Piano Performance e
compositor buscando a admiração do público e de seus
concertos no Brasil, Estados Unidos,
o Artist Diploma. No conservatório, recebeu o Pauline Favin
patronos. Os dois primeiros concertos para piano se incluem
México, Coreia do Sul, Portugal,
Memorial Award in Piano, o 1º Lugar no Harrison Winter
nesse propósito (e logo seriam julgados “ultrapassados”
Espanha, Inglaterra, Holanda, Suíça,
Piano Concerto Competition, a Douglas and Hilda Goodwin
pelo próprio compositor). A publicação, em 1801, inverteu-
Itália e Áustria, em salas como
Scholarship for Chamber Music e o Presser Award. Ronaldo
lhes a ordem – o Concerto em Dó maior nº 1 foi o segundo
Carnegie Hall, Steinway Hall, Seoul
vem estudando com alguns dos mais distintos músicos da
concluído, e sua partitura já apresenta inegáveis detalhes
Arts Cente, Thêatre de Vevey, Friedberg
atualidade, como Leon Fleisher, Richard Goode, Menahem
beethovenianos.
Hall, além das mais importantes salas
Pressler, Jeremy Denk e Lilya Zilberstein. Em 2014, foi um dos
brasileiras. É solista convidado de
poucos pianistas selecionados para o programa de Doutorado
No Allegro con brio inicial, a longa introdução orquestral expõe
diversas orquestras, como a Sinfônica
da Yale School of Music, onde estuda com Boris Berman.
os dois temas principais, sobre os quais o piano desenha
40
FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
41
FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
ornamentos em terças ascendentes e
ideais. Uma introdução, Adagio molto,
de 38 compassos conclui o movimento
nas madeiras e passagens de notas
descendentes. O movimento central,
abre a partitura com inesperado acorde
com insistente afirmação tonal.
rápidas nos violinos.
Largo, é um lied dominado inteiramente
dissonante (sétima da dominante de
pelo solista. O piano se responsabiliza
Fá maior). Esse começo em tonalidade
O Andante cantabile con moto também
O Finale inicia-se de maneira engenhosa:
pela condução melódica, pelos períodos
incorreta foi considerado muito audacioso
tem forma sonata, com dois temas
o Adagio de seis compassos apresenta
de transição e pela ornamentação.
e reprovado pela crítica da época. A
principais. O primeiro recebe um
uma série de partidas em falso dos
A orquestração valoriza o clarinete
indecisão tonal dos acordes iniciais
tratamento quase fugato – apresentado
primeiros violinos – trata-se de uma
solo, pontuando um clima delicado e
persiste por quatro compassos,
pelos segundos violinos e imitado
escala de Dó maior, retomada cinco
intimista. O final, Allegro scherzando,
mascarando a tonalidade principal, até
primeiramente pelas violas e violoncelos,
vezes, a cada vez ganhando um grau –
é um rondó formado pelo refrão e duas
que uma escala descendente das cordas
depois pelos fagotes e contrabaixos. O
até formar a escala completa. Essa dá
coplas. Possui surpreendente entusiasmo
conduz ao primeiro tema do Allegro con
segundo tema caracteriza-se pelas notas
acesso ao primeiro tema do Allegro molto,
rítmico, certa rudeza de ataques e
brio. Apresentado pelos primeiros
repetidas e pontuadas, intercaladas com
de contagiante alegria, com suas notas
contratempos, concluindo a partitura em
violinos no registro grave, esse tema,
pausas. Durante todo o movimento é dado
em staccato. O segundo tema, em Sol
clima de humor e alegria.
com seu ritmo enérgico, lembra o
um papel de destaque para os tímpanos.
maior, tem um caráter mais dançante.
começo da Sinfonia Júpiter de Mozart.
O desenvolvimento fundamenta-se,
Beethoven tocou o Concerto nº 1 no
O segundo tema (Sol maior) tem caráter
O Menuetto: allegro molto e vivace,
sobretudo, em fragmentos do primeiro
Teatro Imperial de Viena, a 2 de abril
melódico e é formado por um diálogo do
certamente o movimento mais
tema. A coda, com um ritmo de marcha,
de 1800; no mesmo programa, regeu
oboé com a flauta, sobre arpejos das
original da sinfonia, é, de fato, o
destaca as trompas e os clarinetes e
a estreia de sua primeira sinfonia.
cordas. Há um momento mais reflexivo,
primeiro dos característicos scherzi
conduz a um final luminoso.
Tinha então trinta anos e, mesmo
quando o fagote desce à tonalidade
sinfônicos beethovenianos. O tempo
reconhecendo sua dívida enorme para
menor, servindo de base para um
é bem mais rápido do que o de um
com Haydn e Mozart, não se via
contraponto triste desenhado pelo oboé.
minueto tradicional e seu tema possui
apenas como um talentoso imitador.
Mas a alegria do primeiro tema reaparece
um formidável impulso ascendente,
e empresta seus elementos para as
cujo dinamismo contamina todo o
A Sinfonia nº 1 revela um artista
passagens imitativas que constroem o
andamento. O Trio central é igualmente
inquieto, em busca de seus próprios
desenvolvimento. Uma vigorosa coda
original, com belos blocos de acordes
42
FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
43
FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
FABIO MECHETTI, regente
SONIA RUBINSKY, piano
PROGRAMA
2
11 DE
ABRIL
A GRANDE FUGA EM SI BEMOL MAIOR, OP. 133
CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SI BEMOL MAIOR, OP. 19
Allegro con brio
Adagio
Rondo: Molto Allegro
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 2 EM RÉ MAIOR, OP. 36
Adagio molto – Allegro molto
Larghetto
Scherzo
Allegro molto
44
45
FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
A GRANDE FUGA EM
SI BEMOL MAIOR, OP. 133
1825 | 16 min
Cordas.
Elogiada por Arthur Rubinstein e
foi nomeado para o Grammy Awards, e o quinto foi Editor’s
Murray Perahia, Sonia começou sua
Choice da revista Gramophone.
carreira no Brasil, seu país natal.
Estudou sete anos em Israel, na
Sua discografia solo inclui obras de Mozart, Scarlatti, Debussy,
Rubin Academy, e posteriormente em
Messiaen, Mendelssohn (Canções sem Palavras, integral). Foi
Nova York, cidade onde, em 1984,
dedicatária de várias obras, entre elas as Cartas Celestes XII
recebeu o 1º Prêmio do concurso Artists
International de New York e o título de
(2000) e a Sonata para Violoncelo e Piano (2004), ambas de
Almeida Prado, sendo a última junto com Antonio Meneses.
CONCERTO PARA PIANO
Nº 2 EM SI BEMOL MAIOR,
OP. 19
1795, revisões 1798 e 1801 | 29 min
Flauta, 2 oboés, 2 fagotes,
2 trompas, cordas.
Por três vezes recebeu o Prêmio Carlos Gomes – em 2006
na categoria Pianista do Ano e, em 2009 e 2012, como
Recitalista nas grandes salas de
da Sonata Patética e em que aparecem os
primeiros sinais de sua progressiva surdez
– que Beethoven voltou decididamente sua
atenção para os quartetos de cordas. Esse fato não é difícil
de explicar: ao chegar pela segunda vez a Viena, para
Doctor of Musical Arts pela Juilliard
School. Atualmente, reside em Paris.
F
oi apenas a partir de 1798 – ano de composição
Instrumentista do Ano.
SINFONIA Nº 2 EM
RÉ MAIOR, OP. 36
1802 | 34 min
concerto nova-iorquinas, como
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
estudar com Haydn, este já havia composto uma série muito
importante de obras do gênero e preparava outras três séries
de quartetos, lançadas em 1791 e 1793, antes mesmo de
Beethoven começar a compor os seis quartetos op. 18. Além
disso, havia também o legado de Mozart a enfrentar.
Carnegie Hall, Weill Recital Hall,
Nomeada por Murray Perahia como artista residente no
Alice Tully Hall, Merkin Hall e Miller
Edward Aldwell Center, em Jerusalém, ministra regularmente
Theatre, Sonia Rubinsky tem se
masterclasses neste centro. Também atua no Jerusalem
É compreensível, portanto, que Beethoven tivesse priorizado
apresentado nos Estados Unidos, Israel,
Music Center, a pedido do maestro Perahia, desenvolvendo
outros gêneros. No entanto, trabalhou desde 1790 em
Europa e Brasil. Solicitada como solista
cursos de Análise para Performers.
exercícios de composição usando aquela formação
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
de orquestra, já se apresentou com a
camerística. O fato de que quase todos esses exercícios
Osesp, Orquestra de St. Luke’s, OSB,
lidem com a linguagem contrapontística também não é de se
Sinfônica de Jerusalém, Filarmônica
estranhar. Mostra-nos Nicholas Marston que “para o quarteto,
de Minas Gerais, entre outras.
como veículo, a importância de uma técnica contrapontística
fluente, a capacidade de contrastar e combinar muitas vozes
Sonia Rubinsky foi vencedora do
polifônicas, necessita pouca explicação” (Barry Cooper).
Grammy Latino 2009 de Melhor
Daí, talvez, a presença da fuga em diversos movimentos dos
Álbum de Música Clássica com o
quartetos de Beethoven. Para citar apenas alguns exemplos,
oitavo volume da integral da obra para
o movimento final do op. 59 nº 3, o primeiro movimento do
piano de Heitor Villa-Lobos, selo Naxos
op. 131 e, é claro, a Grande Fuga.
(1994/2007, Estados Unidos, Canadá,
França). Mais de dez anos de pesquisa,
Para, porém, falar desta obra monumental, é preciso lembrar
em estreita colaboração com o Museu
as investidas criativas que Beethoven já realizara nos
Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, fazem
quartetos op. 59 (intitulados Razumovsky porque dedicados
dessa integral a mais completa jamais
SONIA
RUBINSKY
gravada, incluindo várias peças inéditas
46
FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
FOTO GUY VIVIEN
e a mais premiada – o primeiro volume
ao Conde Andrei Razumovsky, diplomata russo residente em
Viena e mecenas de Beethoven). Neles, Beethoven exibe
um aprofundamento de seu estilo, ampliando as dimensões
47
FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
de cada um dos movimentos e
por outro movimento, por razões não
com a Nona Sinfonia, é o exemplo
O Segundo Concerto para Piano
trabalhando muitas vezes o quarteto de
esclarecidas. O fato é que, mesmo
mais impactante da abstração e da
foi composto entre 1787 e 1789,
cordas em uma concepção sinfônica.
sem ela, o quarteto já tem proporções
transcendência que Beethoven atinge
sete anos, pois, antes do início
Pode-se considerar a série dos seis
monumentais. Por isso é improvável
em sua última fase.
da composição do primeiro, mas
últimos quartetos de Beethoven como
que a razão tenha sido a indiferença do
um dos mais genuínos exemplos da
público diante de sua estreia. Dizem
Bem diferentes são a Segunda
Beethoven e a posteridade o
linguagem de sua última fase. Neles,
as más línguas, porém, que Beethoven
Sinfonia e o Segundo concerto para
consideraram o segundo. Ele foi
a preocupação com a fuga e com a
cogitou publicá-la separadamente,
piano. Ambos revelam nitidamente a
crucial para afirmar Beethoven em
variação (no caso da Grande Fuga,
na forma original ou em versão
personalidade musical de Beethoven,
Viena como instrumentista e como
a presença de ambas as técnicas), o
para piano a quatro mãos, a fim de
mas mostram-no ainda um tanto
compositor: sua estreia se deu em
contraste de atmosferas e andamentos
angariar uma renda extra. Qualquer
intimidado pelos padrões clássicos,
29 de março de 1795, no
muito distintos em um mesmo
que tenha sido o motivo, a peça foi
formal, estrutural, timbrística e
Burgtheater, tendo o autor como
movimento e, ainda, a exploração
desvinculada do quarteto (embora
tematicamente. Ambas as obras são
solista. Escrito nos moldes clássicos,
de texturas instrumentais até então
hoje algumas execuções voltem a
características de sua primeira fase.
bem à maneira dos concertos de
inusitadas revelam um Beethoven tão
incluí-la) e transformada em obra
A Sinfonia, entretanto, já mostra
Mozart, a obra, no entanto, já revela
abstrato que essas obras lhe valeram
separada... que se sustenta por si só.
claramente o afastamento de
os contrastes e certos aspectos
severas críticas: considerava-se que o
A concepção orquestral no trabalho de
Beethoven da ascendência de Haydn.
dramáticos que marcarão o
grande Beethoven estava perdendo
seus quartetos de cordas, inaugurada
É tida como uma das últimas obras
Beethoven da fase seguinte.
o seu estilo.
com os Razumovsky, aparece, aqui, em
desse período. Notam-se nela, por
Embora estreado em Viena, apenas
grau exponencial. Por isso, é legítima
isso, algumas particularidades:
o último movimento (em que revela
Nesse grupo, há nitidamente o
a proposta de executá-la com uma
Beethoven já substitui, aí, o minueto
forte ascendência de Haydn) foi
compartilhamento de material temático
formação orquestral completa.
clássico pelo scherzo. “Plena de ideias
composto nessa cidade. Os dois
novas, originais e poderosas” é como
primeiros datam de quando Beethoven
entre as obras: notem-se, por exemplo,
publicado depois deste. Por isso,
as semelhanças entre os temas
Composta em 1825, A Grande Fuga
a descreve em 1804 um crítico do
ainda residia em Bonn. A cadência
e motivos do primeiro e último
foi publicada separadamente em
Musikalische Zeitung de Leipzig. Talvez
do primeiro movimento – de grande
movimentos do op. 131, do primeiro
1827, dois meses após a morte de
por isso mesmo ela tenha sido um
virtuosismo – foi composta bem
movimento do op. 132 e da própria
Beethoven, tanto em versão para
choque em sua estreia, antecipando a
depois do concerto propriamente
Grande Fuga. Por isso, é de se
quarteto de cordas quanto para
Heroica, que haveria de vir.
dito: em caráter e estilo, ela já revela
considerar que Beethoven tenha
piano a quatro mãos. Estreada em
concebido toda a série com uma
1826, em Viena, como movimento
A obra foi terminada no verão de 1802,
anunciando aquilo que assombraria
unidade subjacente.
final do quarteto op. 130, ela não
durante a estada de Beethoven em
o mundo.
um Beethoven de fases posteriores,
voltou a ser executada até 1853, em
Heiligenstadt. Em outubro do mesmo
A Grande Fuga foi composta
Paris. Obra de grande complexidade,
ano, ele escreve o patético Testamento,
inicialmente como movimento final do
repleta de contrastes e que revela um
que comprova a consciência trágica da
quarteto op. 130, segundo da série.
trabalho contrapontístico e temático
sua ainda incipiente surdez. A Segunda
Mais tarde, após a primeira execução
de habilidade rara e técnica muito
Sinfonia foi estreada em cinco de abril
da obra, o compositor substituiu-a
avançada, talvez mesmo em confronto
de 1803 no teatro An der Wien.
48
FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
49
FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
FABIO MECHETTI, regente
NATASHA PAREMSKI, piano
PROGRAMA
3
23 DE
MAIO
ABERTURA NAMENSFEIER, OP. 115
CONCERTO PARA PIANO Nº 3 EM DÓ MENOR, OP. 37
Allegro con brio
Largo
Rondo: Allegro
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 3 EM MI BEMOL MAIOR, OP. 55, “EROICA”
Allegro con brio
Marcia funebre: Adagio assai
Scherzo: Allegro vivace
Finale: Allegro molto
50
51
FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
ABERTURA NAMENSFEIER,
OP. 115
1814/1815 | 12 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
Minnesota e Orquestra NAC em Ottawa. Realizou turnês na
Europa com a Filarmônica Real, Sinfônica Bournemouth,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
Tonkünstler de Viena, Nacional Real Escocesa, orquestras de
Bretagne e de Nancy, Filarmônica Real de Liverpool, Tonhalle
Orchester em Zurique e Filarmônica de Moscou, com maestros
como Peter Oundjian, Andres Orozco-Estrada, Jeffrey Kahane,
James Gaffigan, Dmitri Yablonski, Tomas Netopil, JoAnn
Falletta, Yuri Botnari, Fabien Gabel, Andrew Litton. Também
viajou com Gidon Kremer e a Kremerata Baltica e tocou com a
FOTO ANDREA JOYNT
NATASHA
PAREMSKI
no Wigmore Hall de Londres, o Auditorium du Louvre, Schloss
Elmau, Seattle Meany Hall, Teatro Lensic em Santa Fé, Teatro
Tóquio, além dos mais importantes festivais.
dinâmicas, a pianista de 26 anos
Natasha Paremski revela um virtuosismo
1799/1803 | 35 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
Sinfônica Nacional de Taiwan. Entre outras salas, fez recitais
Colón de Buenos Aires, Musashino Performing Arts Center em
Com performances marcantes e
CONCERTO PARA PIANO Nº 3
EM DÓ MENOR, OP. 37
Seu repertório na nova música é crescente. Por sugestão do
impressionante e habilidades
compositor, interpretou o Concerto para Piano de John Corigliano
interpretativas vorazes. Em temporada
com a Sinfônica do Colorado; tem executado peças de Fred
recente, sua gravação de obras de
Hersch e estreou sonata escrita para ela por Gabriel Kahane.
Tchaikovsky e Rachmaninov com a
A
Abertura Zur Namensfeier (Para o Dia do
Onomástico) foi composta entre os anos 1814
e 1815. A estreia se deu em Viena, em 1815,
provavelmente no concerto de caridade do
dia 25 de dezembro, na Redoutensaal, quando Beethoven
apresentou, também, a cantata Meeresstille und glückliche
Fahrt (Mar calmo e viagem feliz) e o oratório Christus am
SINFONIA Nº 3 EM MI
BEMOL MAIOR, OP. 55,
“EROICA”
1802/1804 | 45 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 3 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
Oelberge (Cristo no Monte das Oliveiras). A tradição de se
comemorar o dia do onomástico era prática corrente nos
países de tradição católica, nos séculos XVIII e XIX. Assim,
sabemos por uma nota de Beethoven, na partitura original,
que a obra era inicialmente destinada a ser executada no
dia 4 de outubro daquele ano (1814), dia de São Francisco
de Assis, "na noite do onomástico de nosso Imperador”. O
Imperador era Francisco I da Áustria, pai da jovem princesa
Leopoldina, futura esposa de D. Pedro I e futura Imperatriz
do Brasil. Mas a composição não ficara pronta a tempo de
Royal Philharmonic Orchestra e o maestro
Nascida em Moscou, Natasha mora nos Estados Unidos
Fabien Gabel foi saudada como uma
desde criança. Iniciou seus estudos de piano aos quatro
"performance eletrizante e poderosa"
anos com Nina Malikova na Escola de Música Andreyev,
A Abertura, em Dó maior, após brevíssima introdução marcial
(The Herald). Seu álbum solo, lançado
em Moscou. Estudou no Conservatório de Música de San
e festiva, é construída em fortes contrastes entre a célula
anteriormente, estreou em nono lugar
Francisco e no Mannes College of Music, onde formou-se
rítmica dominante e suaves e curtos motivos melódicos,
na parada Billboard Classical Tradicional.
com Pavlina Dokovska.
ligados por grandes crescendos e diminuendos, linhas
Natasha já tocou com muitas das
Estreou aos nove anos com a El Camino Youth Symphony, na
principais orquestras da América do
Califórnia; aos quinze apresentou-se com a Filarmônica de
Composto entre 1799 e 1803, o Concerto para piano e
Norte, incluindo a Sinfônica de Dallas,
Los Angeles e gravou dois discos (Bel Air) com a Filarmônica
orquestra nº 3, em dó menor, foi estreado em Viena, no
a Filarmônica e a Orquestra de Câmara
de Moscou, sob condução de Dmitry Yablonsky e participação
Theater an der Wien, no dia 5 de abril de 1803, tendo o
de Los Angeles, as sinfônicas de
de Anton Rubinstein. Aos dezoito anos recebeu o prêmio
próprio compositor como solista. Trata-se de uma das poucas
San Francisco, San Diego, Toronto,
Gilmore Young Artists, seguindo-se o Montblanc Prix, o
peças da primeira fase de Beethoven – os anos de juventude
Baltimore, Houston, Nashville, Virginia,
Orpheum Stiftung e Jovem Artista do Ano da Fundação
– a gozar de uma aceitação ampla por parte tanto dos
Oregon e do Colorado, Orquestra de
Classical Recording.
músicos como do grande público. Provavelmente não apenas
servir à comemoração.
ascendentes e descendentes.
52
FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
53
FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
pela beleza evidente de seus temas,
orquestra pontua seus temas aqui e ali.
ativo e crítico, o contrário do público
vivace) é um Scherzo rápido e alegre.
mas também pelo fato de ser uma peça
Quando a música parece terminar em
habitual da época. Com isso, a música
O Finale (Allegro molto) é um
chave que serve como referência para a
pianissimo, Beethoven nos surpreende
deixa de ser apenas música e passa a
conjunto de variações sobre dois
compreensão do conjunto de sua obra.
com um ataque final. O tema principal
ser, também, objeto de reflexão.
temas: o primeiro, uma singela linha
O Concerto para piano nº 3, único
do terceiro movimento (Rondo – Allegro),
escrito em modo menor, deixa para trás
um tema agitado, é logo ouvido ao
Composta entre 1802 e início de 1804,
e o segundo, apresentado pelo
o estilo mozartiano até então adotado
piano. Após reapresentações e
a primeira apresentação pública se deu
naipe das cordas, é uma melodia
por Beethoven, ao mesmo tempo em
desenvolvimentos temáticos, o
no dia 7 de abril de 1805, no Theater
de caráter popular.
que aponta para os novos horizontes
Concerto se encerra com uma das
an der Wien, em Viena, sob a regência
que seriam ainda conquistados.
codas mais brilhantes de todos os
do compositor, no concerto beneficente
Quando Beethoven recebeu a notícia
concertos beethovenianos.
organizado pelo violinista Franz Clement.
de que Napoleão havia coroado a si
A obra já havia sido apresentada
próprio imperador, rasgou o
O primeiro movimento (Allegro con
melódica exposta pelos contrabaixos,
brio) contém grande força dramática,
A Sinfonia nº 3, "Eroica", é um marco
numerosas vezes em concertos
frontispício da Sinfonia, que continha
resultante dos meios expressivos que
fundamental de toda a produção
privados, especialmente naqueles
os dizeres “Intitulata Bonaparte”.
o compositor utiliza na primeira ideia e
sinfônica do século XIX. Com ela
organizados pelo Príncipe Franz Joseph
O subtítulo – Heroica – que hoje
no contraste entre os temas. Inicia-se
Beethoven altera não apenas o modo
von Lobkowitz em seu palácio.
conhecemos foi cunhado em 1806,
com a exposição do primeiro tema,
como uma obra deveria ser apreendida,
pela orquestra. O segundo tema será
como o público a quem ela se destina.
O primeiro movimento (Allegro con
referência direta a Napoleão foi omitida
logo executado pelos clarinetes. O
Se, antes, o gênero sinfônico servia de
brio) é grandioso em suas dimensões
e a Sinfonia ganhou então o seguinte
piano apresenta o material antes ouvido
entretenimento, dentro de um ambiente
e no material musical que porta. Nele,
epíteto: “Sinfonia eroica composta
na orquestra. Após intenso diálogo
aristocrático e, de certa forma,
as ideias temáticas são germinadas
per festeggiare il sovvenire di un
entre solista e orquestra, o piano
controlado, com a Terceira Sinfonia
uma a partir da outra, ao invés de se
grand’uomo”. Os ideais revolucionários
executa uma cadenza virtuosística e o
Beethoven compõe uma música que se
encadearem por contraste ou
que tinham estado por trás de sua
movimento termina majestosamente.
destina a toda a humanidade. Trata-se
oposição. O segundo movimento
composição continuavam acesos.
da mais longa e mais complexa das
(Marcia funebre – adagio assai) é
O piano inicia, sozinho, o segundo
sinfonias até então compostas por
dividido em duas seções. A primeira é
movimento (Largo), para o qual
qualquer autor. Ao expandir os limites
a marcha fúnebre propriamente dita,
Beethoven escolhe com ousadia
do gênero, Beethoven acaba renovando
enquanto a segunda, com seu caráter
inusitada a luminosa tonalidade de
a linguagem sinfônica ao ponto de sua
fugato, é nobre e de uma intensidade
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
Mi maior. Com extrema delicadeza, a
nova sinfonia exigir um público mais
ímpar. O terceiro movimento (Allegro
floridos não voam e Música menor.
54
FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
quando, na primeira edição, a
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
55
FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
ROBERTO TIBIRIÇÁ, regente convidado
CRISTINA ORTIZ, piano
PROGRAMA
4
20 DE
JUNHO
AS CRIATURAS DE PROMETEU, OP. 43: ABERTURA
CONCERTO PARA PIANO Nº 4 EM SOL MAIOR, OP. 58
Allegro moderato
Andante con moto
Rondo: Vivace
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 4 EM SI BEMOL MAIOR, OP. 60
Adagio – Allegro vivace
Adagio
Menuetto: Allegro vivace – Trio: Un poco meno allegro
Allegro ma non troppo
56
57
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Filarmônica
de Hong Kong, a Sinfónica del Principado de Asturias e com
de São Bernardo do Campo, regente titular da Sinfônica de
a Staatstheater Kassel. Destaques em próximas temporadas
Minas Gerais e da Ossodre, de Montevidéu, Uruguai.
incluem estreias com as orquestras filarmônicas do Catar e
Nacional da Hungria, a Haydn Orchestra Bolzano and Trento,
a Orquestra Presidencial New West Symphony, bem como
foi eleito pela crítica Músico do Ano de 1995. Na Orquestra
recitais no Southbank Centre – na Série Internacional de
Petrobras Pró Música (hoje Petrobras Sinfônica) teve elogiadas
Piano – e também por todo o Reino Unido e França.
iniciativas para divulgação e estímulo à música brasileira,
como concertos com repertório de compositores nacionais
contemporâneos e concursos para jovens solistas, jovens
FOTO SUSSIE AHLBURG
FOTO DIVULGAÇÃO
ROBERTO
TIBIRIÇÁ
No Rio de Janeiro, onde realizou várias primeiras audições,
CRISTINA
ORTIZ
regentes e jovens compositores. Com a orquestra, Tibiriçá
Cristina Ortiz gravou cerca de trinta álbuns com uma ampla
gama de repertório pelos selos EMI Classics, Decca, Collins
Classics, Intrada, Naxos e BIS. Sua mais recente gravação
Nascido em São Paulo, Roberto Tibiriçá
gravou dois CDs de obras brasileiras, sendo um deles – com
A musicalidade natural de Cristina Ortiz,
para o selo Naxos, em parceria com o Fine Arts Quartet, é de
recebeu orientações de Guiomar
peças de Villa-Lobos e Hekel Tavares e Arnaldo Cohen ao
sua arte magistral e seu compromisso
música de câmara de Saint-Saëns, sobre a qual The Observer
Novaes, Magda Tagliaferro, Dinorah de
piano – considerado um dos melhores de 2003. Dirigida por
com uma performance sempre refinada
publicou: "Cristina Ortiz foi extraordinária na execução da
Carvalho, Nelson Freire, Gilberto Tinetti
Tibiriçá, a orquestra recebeu duas vezes o Prêmio Carlos
garantiram-lhe um lugar entre os
composição para piano do Quinteto em lá menor e no feroz
e Peter Feuchwanger. Foi discípulo do
Gomes de Melhor Conjunto Orquestral.
pianistas mais respeitados do mundo.
segundo movimento do Quarteto em si bemol maior". Seu
Ao longo de sua extensa carreira, ela
álbum anterior, de música de câmara por Franck, foi nomeado
maestro Eleazar de Carvalho.
A convite da própria artista, participou do Festival Martha
se apresentou com as filarmônicas
Escolha do Editor da revista Gramophone. Sua gravação da
Duas vezes vencedor do concurso
Argerich, em Buenos Aires, no Teatro Colón, regendo Martha e,
de Berlim e Viena, com a Sinfônica
música de câmara de Fauré foi descrita pela mesma revista
Jovens Regentes da Orquestra Sinfônica
em outra ocasião, a Filarmônica de Buenos Aires com o pianista
de Chicago e com as orquestras
como "simplesmente a melhor: uma versão sem rival, o ponto
do Estado de São Paulo, foi maestro
Nelson Freire. Há alguns anos é convidado para o Festival
Filarmônica e Real do Concertgebouw,
forte do catálogo". Pela Naxos, Ortiz lançou a gravação de
convidado da orquestra por dezoito anos.
Villa-Lobos, na Venezuela, regendo concertos com a Orquestra
entre muitas outras. Ortiz colaborou
peças solo para piano compostas por York Bowen.
Foi regente assistente no Teatro Nacional
Simón Bolívar. Entre muitos outros artistas, trabalhou também
também com maestros como Neeme
de São Carlos, em Lisboa, Portugal, e
com Barry Douglas, Lilyan Zilberstein, Sergio Tiempo, Joshua
Järvi, Mariss Jansons, Kurt Masur,
Cristina Ortiz é também uma professora dedicada e
em 1994 tornou-se diretor artístico da
Bell, Shlomo Mintz, Stefan Jackiw, Erik Schumann, Frederieke
André Previn e David Zinman.
comprometida, dando aulas por todo o mundo.
Orquestra Sinfônica Brasileira. Também
Saeijs, David Aaron Carpenter, Gabriela Montero, Antonio
foi diretor artístico e regente titular da
Meneses, Mikhail Rudy, Jean-Louis Steuerman, Boris Belkin,
De posse de uma técnica notável e
Ela começou seus estudos em sua terra natal, Brasil, antes
Orquestra Petrobras Pró Música e diretor
Dmitry Sitkovetsky, Mariana Ortiz, Geza Hosszu-Legocky.
um agudo senso de aventura musical,
de se mudar para Paris com uma bolsa de estudos, onde
particularmente evidente em seu amplo
trabalhou com Magda Tagliaferro. Depois de ganhar uma
artístico da Sinfônica Heliópolis/Instituto
Baccarelli, cujo patrono é o maestro
Desde 2003 Tibiriçá ocupa a Cadeira nº 5 da Academia
repertório, Ortiz é uma artista popular
medalha de ouro na terceira competição Van Cliburn, no Texas,
Zubin Mehta. Ocupou ainda os cargos
Brasileira de Música. Conquistou o Prêmio Carlos Gomes
entre produtores e público de todo o
dedicou-se a completar um período de aulas sob a orientação
de regente titular e diretor artístico da
duas vezes como Melhor Regente Sinfônico e o Prêmio da
mundo. Trabalhou recentemente com
do lendário Rudolf Serkin no Curtis Institute of Music, na
Sinfônica de Campinas e da Filarmônica
Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar,
Filadélfia, antes de escolher fixar residência em Londres.
58
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
59
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
AS CRIATURAS DE PROMETEU,
OP. 43: ABERTURA
1801 | 5 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
CONCERTO PARA PIANO Nº 4
EM SOL MAIOR, OP. 58
1805/1806 | 34 min
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
SINFONIA Nº 4 EM
SI BEMOL MAIOR, OP. 60
1806 | 33 min
B
eethoven escreveu a música para o balé As
piano reduzem a agressividade das
a nota tônica Si bemol, enquanto
Criaturas de Prometeu, de Salvatore Viganò,
cordas. No final, a voz da orquestra se
as cordas desenvolvem figurações
entre a composição de suas duas primeiras
resume a uma lembrança em pianissimo
tateantes, como que inseguras da
sinfonias. A música de cena, por princípio,
e o solista tem a última palavra.
tonalidade. Os primeiros violinos
deveria ser mais fácil do que a destinada às salas de
concerto, e o Prometeu mostra Beethoven explorando efeitos
Sem interrupção, passa-se ao terceiro
passagem produz um efeito curioso,
orquestrais que jamais apareceriam em suas sinfonias.
movimento, Rondo vivace, que
entrecortado, ofegante, até chegar
Porém, mais tarde, ele usaria material do balé nas Variações
começa em Dó maior. A orquestra, a
ao tutti com um acorde de sétima
para piano op. 35 e no Finale da Sinfonia Eroica. A Abertura
princípio cautelosa, apresenta o tema.
da dominante. Só então a orquestra
op. 43 é construída com um exuberante Allegro, precedido
O piano logo o adota, demonstrando
liberta o Allegro vivace, cujos principais
de pequena introdução.
que todas as oposições anteriores
motivos são constituídos de fragmentos
foram suplantadas. Piano e orquestra
retirados da própria introdução. O
No percurso entre o balé Prometeu e o Concerto para piano
formam um todo cheio de contrastes
primeiro tema é uma melodia saltitante
nº 4, Beethoven deixará de ser um jovem compositor
e o virtuosismo do solista se insere no
exposta no staccato dos primeiros
talentoso para se impor como grande mestre inovador.
contexto sinfônico. O movimento lembra
violinos. O segundo tema é apresentado
O Concerto op. 58, em Sol maior, abre um novo capítulo na
às vezes uma marcha, característica
pela flauta, oboé e fagote com um
história desse gênero.
que se acentua pelo uso dos trompetes
desenho de terças descendentes que
e dos tímpanos.
logo se reafirma em delicioso diálogo
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas,
2 trompetes, tímpanos, cordas.
prosseguem em pizzicato e toda a
O Allegro moderato é notável por começar somente com o
canônico entre o clarinete e o fagote.
piano, a descoberto. Sua serena frase inicial determina o
No mesmo ano do Concerto op. 58,
Antes da reexposição do tema principal,
caráter expressivo de todo o movimento. Inúmeras ideias
Beethoven compôs a Sinfonia nº 4, que
há uma notável passagem de transição
secundárias aparecem; as modulações levam a distantes
tem um clima otimista, completamente
– inacreditáveis e longínquos rufos
regiões harmônicas; a estrutura sincopada dos dois temas
diverso do espírito dramático da Eroica
dos tímpanos mantêm, durante vários
é explorada à exaustão – mas a arte de Beethoven sempre
e da Quinta. Ela reflete sentimentos
compassos, um longo trêmulo, sempre
encontra o melhor caminho; e o primeiro movimento, apesar da
intimistas, com um aparato discreto.
em pianíssimo.
variedade de seus elementos, permanece essencialmente lírico.
Entretanto, suas inovações e maestria
No segundo movimento, Andante con moto, em mi menor,
desmentem qualquer afirmativa de ser
O belíssimo segundo movimento, Adagio,
uma sinfonia menor.
possui o caráter de um longo lied,
Beethoven estabelece um impressionante diálogo entre as
60
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
com melodias amplas e flexíveis.
cordas e o piano. Inicialmente, a orquestra domina, impondo
A longa introdução, Adagio, começa
A figura rítmica apresentada no
um discurso áspero e resoluto; o solista responde tímido e
com flauta, clarinetes, fagotes e
primeiro compasso pelos segundos
submisso. Gradualmente, entretanto, as frases delicadas do
trompas sustentando, em oitavas,
violinos servirá de fundo para todo o
61
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
movimento. Reaparecerá em diversos
O quarto movimento, Allegro ma non
instrumentos, tratada em ostinato
troppo, mostra um bom humor irresistível
por todas as estantes. Sobre ela, o
desde o torvelinho sinuoso do arabesco
primeiro tema é exposto em cantabile
inicial. O primeiro tema, enunciado pelos
pelos primeiros violinos. O segundo
violinos, é retomado pelas madeiras. O
tema será apresentado pelo clarinete.
oboé apresenta em Fá maior o segundo
A coda recorda o tema principal na
tema, dolce, bastante haydniano. Mas
suavidade das madeiras. Após um
todos os engenhosos pormenores do
fortíssimo orquestral sucede um
desenvolvimento são puro Beethoven.
repentino silêncio... E os tímpanos em
Na coda, o tema inicial é retomado
pianíssimo fazem ouvir, pela última vez,
pelos primeiros violinos, em seguida
a mesma figuração inicial das violas.
entregue ao fagote, depois aos segundos
Um crescendo conduz ao tutti de dois
violinos e às violas. Essas mudanças
acordes conclusivos.
instrumentais da linha melódica são
retidas por fermatas que seguram sua
O Allegro vivace é um duplo scherzo (A)
marcha, tornando-a cada vez mais
em que o Trio (B) também se repete,
lenta. Subitamente, o tema retoma
seguindo a forma A, B, A, B, A.
sua vivacidade habitual e as vigorosas
O tema do scherzo constrói-se
cadências em tutti fecham a sinfonia.
sobre acordes quebrados e cria uma
interessante ambiguidade rítmica,
pois o habitual compasso ternário é
aqui frequentemente deslocado por
um acento binário. O tema do trio,
Un poco meno allegro, evoca uma
dança campestre.
62
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
63
FABIO MECHETTI, regente
JEAN-LOUIS STEUERMAN, piano
PROGRAMA
5
15 DE
AGOSTO
ABERTURA LEONORA Nº 1, OP. 138
CONCERTO PARA PIANO Nº 5 EM MI BEMOL MAIOR,
OP. 73, “IMPERADOR”
Allegro
Adagio un poco mosso
Rondo: Allegro
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 5 EM DÓ MENOR, OP. 67
Allegro con brio
Andante con moto
Allegro
Allegro
65
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
ABERTURA LEONORA Nº 1,
OP. 138
1804/1805 | 9 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
Jean-Louis Steuerman ganhou
Sinfônica do Estado de São Paulo, Petrobras Sinfônica,
grande reconhecimento como solista
Sinfônica Brasileira, Dallas Symphony, Seattle Symphony,
e recitalista internacional depois de
Baltimore Symphony e Indianapolis Symphony Orchestra.
conquistar, em 1972, o segundo lugar
no Concurso Johann Sebastian Bach,
Jean-Louis Steuerman fez grandes turnês na Europa,
em Leipzig.
América do Norte e Japão, apresentando-se nas principais
séries de recitais. Como camerista, tem tocado com alguns
Steuerman se apresentou como
1809 | 38 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
dos mais renomados músicos internacionais.
solista com a London Symphony, sob
regência de Claudio Abbado, com a
Suas gravações para a Philips Classics incluem a obra para
Royal Philharmonic sob a batuta de
piano solo de Scriabin, a obra completa de Mendelssohn
Lord Menuhin e Vladimir Ashkenazy.
para piano com a Moscow Chamber Orchestra, os concertos
Com este último, tocou o Concerto
CONCERTO PARA PIANO
Nº 5 EM MI BEMOL MAIOR,
OP. 73, “IMPERADOR”
para piano de Bach com a Chamber Orchestra of Europe e as
de Britten no Festival de Atenas.
Seis Partitas de Bach, gravação que lhe rendeu o prestigioso
Jean-Louis debutou nos Concertos
Diapason d'Or.
independentes que Beethoven compôs para
Fidélio, sua única ópera. Concluída em setembro
de 1805, a ópera, em sua primeira versão, foi
estreada com a abertura hoje conhecida como Leonora nº 2. Em
dezembro do mesmo ano Beethoven revisou Fidélio e compôs
uma nova abertura, hoje conhecida como Leonora nº 3. A
abertura conhecida como Leonora nº 1 foi composta no outono
SINFONIA Nº 5 EM DÓ
MENOR, OP. 67
1804/1808 | 31 min
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote,
2 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, cordas.
Promenade BBC em 1985 com grande
A
Abertura Leonora nº 1 é uma das quatro aberturas
de 1807, provavelmente para uma apresentação da ópera em
Praga, que acabou não acontecendo. A quarta e última abertura,
hoje conhecida como Fidélio, só ficaria pronta em 1814. Leonora
nº 1 ficou esquecida desde então e veio à luz apenas no leilão
dos bens de Beethoven, após sua morte. Por não possuir muita
relação com o material temático da ópera, ela se encaixa bem
na concepção beethoveniana de que a Abertura deveria preparar
o público para o acontecimento, ao invés de impedir a surpresa
sucesso de crítica tocando o Concerto
da trama. Sua estreia se deu em 7 de fevereiro de 1828, onze
em ré menor de Bach com a Polish
meses após a morte do compositor.
Chamber Orchestra. Apresentou-se
também com a English Chamber, Hallé,
O Concerto para piano e orquestra nº 5 em Mi bemol maior foi
Royal Liverpool Philharmonic, City of
composto nos anos 1808/1811. Teve sua estreia no dia 28 de
Birmingham Symphony Orchestra e a
novembro de 1811 pela orquestra da Gewandhaus de Leipzig,
Bournemouth Sinfonietta.
sob a regência de Johann Philipp Christian Schulz. O pianista
Friedrich Schneider foi o solista, uma vez que a surdez do
Jean-Louis tem se apresentado junto
compositor encontrava-se já bem avançada. Beethoven, que
à Orquestra Gewandhaus de Leipzig
nunca nutriu simpatia por imperadores, jamais atribuiu ao seu
com Kurt Masur, Basel Symphony com
Concerto o subtítulo “Imperador”. O primeiro a utilizá-lo foi,
Heinz Holliger, Helsinki Philharmonic
provavelmente, seu editor em Londres, o pianista de origem
(Tippett Piano Concerto), Zurich
alemã Johann Baptist Cramer.
Tonhalle, Berlin Symphony, Nouvel
JEAN-LOUIS
STEUERMAN
Orchestre Philharmonique, a Orchestra
66
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
FOTO SHEILA ROCK
Sinfonica di Milano, Orquestra
No Quinto Concerto o piano é frequentemente mais um
colaborador, com grandes passagens de caráter improvisatório,
67
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
Viena em gravura
de Franz Karl Zoller
(cerca de 1795).
do que propriamente solista, apesar
Beethoven trabalhou assiduamente na
Beethoven confere ao primeiro movimento,
(Scherzo) é reapresentada, os temas
da escrita altamente virtuosística. No
obra apenas em 1807 e terminou a
mas também à Sinfonia como um todo,
são executados delicadamente nas
início do primeiro movimento (Allegro),
composição no início de 1808. Foi
uma extraordinária unidade.
cordas em pizzicato, com algumas
o piano interrompe a orquestra, por
executada, pela primeira vez, no dia
três vezes, para executar uma breve
22 de dezembro de 1808, no Theater
O segundo movimento (Andante con
transição nos conduz, sem interrupção,
cadência. Apesar da grandiosidade
an der Wien, por um grupo de
moto), escrito em forma de variação
ao movimento seguinte.
desse primeiro movimento, as
músicos recrutados para a ocasião,
dupla, ou seja, dois temas variados
passagens do piano são muitas vezes
sob a regência do próprio Beethoven.
alternadamente, apresenta seu primeiro
Para o Finale grandioso (Allegro)
extremamente leves. No segundo
Nesse célebre concerto em que foram
tema, lírico, nas violas e violoncelos.
Beethoven acrescentou um flautim,
movimento (Adagio un poco mosso),
estreadas várias obras importantes e
O segundo tema, marcial, é apresentado
um contrafagote e três trombones à
de um lirismo ímpar, piano e orquestra
longas, Beethoven ainda sentou-se ao
em seguida pelos clarinetes, fagotes,
orquestra. O primeiro tema, majestoso,
travam um dos mais belos diálogos da
piano para uma série de improvisações.
primeiros e segundos violinos.
abre o movimento, executado por toda a
dizia ser o maior modelo de integração
O primeiro movimento da Quinta
O terceiro movimento (Allegro) é um
ainda vigoroso, é apresentado pelas cordas
entre piano e orquestra. Sem intervalo
Sinfonia, Allegro con brio, extremamente
scherzo. A primeira seção (Scherzo)
e madeiras. Após o desenvolvimento
algum, entramos no terceiro movimento
vigoroso, inicia-se com uma breve
inicia-se com o primeiro tema, em
de trechos já apresentados ressurge,
(Allegro), um rondó, com caráter ao
introdução, em que ouvimos, pela
pianissimo, nos violoncelos e
inesperadamente, o segundo tema do
mesmo tempo incisivo e gracioso, onde
primeira vez, o tão famoso motivo de
contrabaixos. O segundo, enérgico,
Scherzo, delicadamente executado
a sonoridade do piano oferece algumas
quatro notas. O primeiro tema, nas
apresentado primeiramente nas
pelas madeiras e cordas em pizzicato.
antecipações surpreendentes de
cordas, é elaborado a partir desse
trompas, em fortissimo, é derivado do
Beethoven encerra a Quinta Sinfonia com
Chopin. Por toda a obra destaca-se o
motivo, que será ouvido por toda a
motivo de quatro notas que inicia a
uma coda grandiosa.
contraste entre o heroísmo da orquestra
sinfonia (no primeiro movimento ele é
sinfonia. A seção central (Trio) possui
e a delicadeza do piano.
repetido mais de duzentas vezes). O
apenas um tema, inicialmente
segundo tema, expresso pelos primeiros
apresentado nos violoncelos e
Embora os muitos esboços da Quinta
violinos e repetido no clarinete e na
contrabaixos e imitado por toda a
Sinfonia datem já do início de 1804,
flauta, tem caráter doce e resignado.
orquestra. Quando a primeira seção
intervenções das madeiras. Uma
história da música, naquele que Berlioz
68
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
orquestra. O segundo, lírico, porém
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
69
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
FABIO MECHETTI, regente
TEO GHEORGHIU, piano
PROGRAMA
6
26 DE
SETEMBRO
ABERTURA LEONORA Nº 2, OP. 72a
CONCERTO PARA PIANO Nº 6 EM RÉ MAIOR, OP. 61a
Allegro ma non troppo
Larghetto
Rondo
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 6 EM FÁ MAIOR, OP. 68, “PASTORAL”
Allegro ma
non troppo
Andante
molto mosso
Allegro
Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande
O DESPERTAR DOS SENTIMENTOS ALEGRES COM A CHEGADA AO CAMPO
Szene am Bach
CENA À BEIRA DO RIACHO
Lustiges Zusammensein der Landleute
A ALEGRE REUNIÃO DOS CAMPONESES
Allegro
Gewitter, Sturm
TEMPESTADE
Allegretto
Hirtengesang – Frohe und dankbare Gefühle nach dem Sturm
CANTO DOS PASTORES – SENTIMENTOS DE ALEGRIA E GRATIDÃO DEPOIS DA TEMPESTADE
70
71
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
FOTO ROSHAN ADHIHETTY
ABERTURA LEONORA Nº 2,
OP. 72a
1804/1805 | 13 min
Moscou (com Vladimir Fedoseyev) e com a Sinfônica de
Evergreen (Gernot Schmalfuss). Também gravou o álbum
Piano Quintet Dvorák com o Carmina Quartet (Sony).
O pianista já se apresentou com as sinfônicas de Tóquio
e de Pittsburgh, com a Luzerner Sinfonieorchester, com a
Orchestra della Svizzera Italiana, Sinfonieorchester Basel,
Berner Sinfonieorchester, Philharmonie der Nationen, State
Hermitage Orchestra, Brandenburgisches Staatsorchester
Frankfurt, orquestras de câmara de Zurique e de Genebra
TEO
GHEORGHIU
e orquestras Nacional Dinamarquesa e de Câmara Inglesa.
3 trombones, tímpanos, cordas.
CONCERTO PARA PIANO Nº 6
EM RÉ MAIOR, OP. 61a
1806 para violino
1807 transcrição para piano | 42 min
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
F
oi por causa da recepção apática do público na
estreia de seu concerto para violino, que, a
pedido de Muzio Clementi, Beethoven fez, dele,
uma versão para piano e orquestra, publicada no
mesmo ano que a versão para violino (1808) como Concerto
para piano nº 6, opus 61a. Por isso, não se pode falar dessa
versão sem primeiro falar-se sobre a concepção original da obra.
Esteve no Wigmore Hall de Londres e Barbican, no Verbier e
nos festivais Mecklenburg-Vorpommern e Ohrid.
Destinatário do prêmio Beethoven-Ring
Desde sua estreia no Tonhalle Zürich, tem participado de
do Beethovenfest de Bonn em 2010,
concertos de Mozart, Beethoven, Chopin, Rachmaninoff e Bach,
Teo Gheorghiu inclui em seus planos
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
trabalhando com maestros como James Gaffigan, Howard
SINFONIA Nº 6 EM FÁ
MAIOR, OP. 68, “PASTORAL”
1808 | 39 min
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas,
O Concerto op. 61, para violino e orquestra, data de uma
fase em que, por um lado, são geradas obras decisivas
da linguagem beethoveniana (as sinfonias de três a oito, a
Appassionata, os dois últimos concertos para piano) e, por
outro, Beethoven sofre crises pessoais e o avanço inexorável
futuros performances das obras de
Griffiths, Arild Remmereit, Justus Frantz, Christopher Warren-
Rachmaninov com Musikkollegium
Green, Carolyn Kuan, Mario Venzago e Muhai Tang. Em recitais
Winterthur no Tonhalle, em Zurique,
esteve em Milão, Istambul, Bad Kissingen, Berna, Basileia e
e de Beethoven com a Royal
Santiago. Seu primeiro CD pelo selo Deutsche Grammophon
violino, mas não é senão em 1806 que ele conclui e estreia o
Philharmonic Orchestra no Royal
tem concertos de Schumann e Beethoven, em parceria com o
concerto em ré maior, que vem a ser impresso definitivamente
Albert Hall de Londres, bem como
Musikkollegium Winterthur e condução de Douglas Boyd.
em 1808. Não tendo causado escândalo nem entusiasmo,
com a Orquesta Sinfónica de Bilbao
2 trompetes, 2 trombones,
tímpanos, cordas.
da surdez. A gênese desse concerto não foi menos trabalhosa
que o mais de toda a sua obra: ainda em Bonn, Beethoven
já se aventurara em tentativas de compor um concerto para
mas havendo provocado algumas recriminações em relação
e a Orquesta Sinfónica del Principado
Nascido em Zurique em 1992, Teo Gheorghiu foi pupilo de
ao tamanho do primeiro movimento, a obra teve poucas
de Asturias. Inclui também música de
William Fong na Escola Purcell de Londres. Passou a estudar
execuções nas décadas seguintes e só foi ressuscitada
câmara no Meisterzyklus Bern, recitais
no Instituto Curtis, na Filadélfia, com Gary Graffman, e
efetivamente em 1844, quando o então jovem violinista
na América do Sul e em Taiwan e o
atualmente estuda na Royal Academy of Music, em Londres.
Joseph Joachim o interpreta sob a batuta de Mendelssohn.
lançamento de seu segundo disco pela
Em 2004, foi primeiro lugar no Concurso de Piano San Marino
Sony (Liszt e Schubert).
International e, no ano seguinte, primeiro prêmio no Concurso
No entanto, a despeito do frio acolhimento inicial, a obra
Internacional de Piano Franz Liszt, em Weimar, Alemanha.
encerra, entre outros aspectos, algumas ousadias
Na última temporada, Teo se apresentou
experimentais que revelam algo da originalidade inventiva
no Festival de Lucerna e teve estreias
Teo Gheorghiu também é um ator talentoso. Em 2006,
de Beethoven e de sua vinculação ideológica à mentalidade
no Louvre e no Festival Dvorák, em
contracenou com Bruno Ganz no papel-título de Vitus,
romântica: uma postura de liberdade, que não nega a sua
Praga. Apresentou-se com a Orquestra
premiado filme de Fredi Murer que conta a história de um
herança clássica, mas que faz dela fermento para a livre
Sinfônica Tchaikovsky da Rádio de
jovem prodígio do piano.
expressão individual. Exemplo disso é o início inusitado do
72
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
73
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
primeiro movimento, aberto com a
público se mostra mais uma vez
Não se deve, porém, associar esse
angustiosa que sempre perpassa o
intervenção nua de cinco batidas de
apático, certamente por não reconhecer
conceito ao de música programática. A
processo criador de Beethoven. Sintoma
tímpano. Hoje peça importante da
o gênero de prazer a que estava
rigor, não há um texto ou um programa
desse duro processo da gênese de Fidélio
literatura violinística, o Concerto op. 61
habituado. Essa reação do público
literário que explicite o desenrolar
é o fato de Beethoven ter composto
pode não estar entre as obras mais
demonstra claramente a adoção de
musical. A música da Pastoral não narra
não apenas uma, mas quatro aberturas
emblemáticas do monumento
uma nova postura estética em
qualquer história. O próprio Beethoven
para a ópera. Composta em primeiro
beethoveniano, mas é expressão genuína
Beethoven, que o desvincula do
afirma que “a descrição é inútil” e faz
lugar, Leonora nº 1 não foi executada na
de sua inventividade e de sua linguagem.
continuísmo clássico e cria laços
estampar à testa da partitura a indicação
estreia e, sim, Leonora nº 2, que foge
estreitos com a ideologia romântica,
de que a música, aí, era “mais expressão
grandemente ao modelo tradicional das
A versão para piano tem um aspecto
especialmente no que concerne ao
de sentimentos do que pintura”. Tal
aberturas de ópera até então utilizado e
interessante. Beethoven compôs, para
direito quase revolucionário de uma
afirmação vincula Beethoven declarada e
que, por isso mesmo, não foi bem recebida
ela, novas cadências. A do primeiro
expressão individual: a expressão de
conscientemente à ideologia romântica,
pelo público. Fidélio, ou Leonora nº 4,
movimento, maior em tamanho e de
um gênio criador, consciente de sua
e faz reconhecer que a arte musical
composta para as récitas de 1814, é
aspecto bastante virtuosístico, faz o
missão diante de um status quo que
só pode referir-se ao mundo enquanto
mantida como a abertura oficial da ópera.
piano solista dialogar com os tímpanos
precisa ser modificado.
existência sonora. As impressões
Das diversas tentativas de reintegrar à
campestres são, na Pastoral, impressões
ópera essas quatro obras sinfônicas, não
retornou ao violino, em transcrições de
A Sexta Sinfonia, op. 68, foi composta
do próprio compositor, que as transfigura
deixa de ser curiosa a de Gustav Mahler
importantes instrumentistas como Max
entre os anos de 1806 e 1808, mas já
e elabora em realidades musicais. Não
que, quando diretor artístico da Ópera de
Rostal e Eugène Ysaÿe. Não se sabe
se encontram esboços dessa obra em
há, na Pastoral, descrição. Há, isso sim,
Viena, utilizou-as todas, em uma única
ao certo quando a versão para piano
blocos de notas que datam de 1802.
evocações pessoais processadas e
récita de Fidélio. No entanto, também
foi executada pela primeira vez, mas,
O próprio título da sinfonia deu a
elaboradas conscientemente e finalmente
introduzida por Mahler, a prática mais
segundo Hans-Werner Küthen, que faz
Beethoven certo trabalho: pensou chamá-
sublimadas em linguagem musical.
comum, pelo menos até a metade do
o prefácio da edição de 2005, pela
la inicialmente “Sinfonia Característica,
editora Henle, ela não foi executada
ou Lembranças da Vida Campestre”.
Beethoven nunca se dedicou com afinco
duas cenas do segundo ato. Estreada no
durante a vida de Beethoven.
Imaginou depois chamá-la “Sinfonia
ao gênero lírico. A submissão das ideias
mesmo ano de sua composição, Leonora
Pastorella”, mas optou finalmente pelo
musicais a um libretto seria insustentável
nº 2 é um grande testemunho da liberdade,
É dessa mesma época a Sinfonia
nome que conhecemos hoje: Sinfonia
para um gênio criador tão vigoroso quanto
audácia e inventividade beethovenianas.
Pastoral. Em 1808 Beethoven oferece
Pastoral. Experiência única em
o seu. Estreada em 1805, a ópera Fidélio
ao público vienense um concerto
Beethoven, o conceito dessa sinfonia
passou, após suas primeiras récitas, por
extraordinário, em que, além de várias
funda-se no movimento de se tentar
várias revisões e alterações até que
outras estreias importantes, apresenta
utilizar a música dita pura para expressar
chegasse à versão definitiva, tal como a
suas Quinta e Sexta sinfonias. O
realidades e conteúdos extramusicais.
conhecemos. Isso revela a laboriosidade
da orquestra. Mais tarde, essa cadência
74
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
século XX, era inserir Leonora nº 3 entre as
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
75
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
FABIO MECHETTI, regente
ROMMEL FERNANDES, violino
ARA HARUTYUNYAN, violino
PROGRAMA
7
24 DE
OUTUBRO
ABERTURA LEONORA Nº 3, OP. 72b
Ara
Harutyunyan
Rommel
Fernandes
ROMANCE Nº 1 EM SOL MAIOR, OP. 40
ROMANCE Nº 2 EM FÁ MAIOR, OP. 50
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 7 EM LÁ MAIOR, OP. 92
Poco sostenuto – Vivace
Allegretto
Presto, assai meno presto
FOTO ALEXANDRE REZENDE
Allegro con brio
77
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
Boyce (Floruit Egregiis, para violino e cello) e Silvio Ferraz
(Partita II, para violino solo), além de estreias brasileiras de
obras de Pierre Boulez (Anthèmes I, para violino solo) e Mario
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
Mestre e doutor em Música com Honors pela Northwestern
ROMMEL
FERNANDES
University, Estados Unidos, na classe de Gerardo Ribeiro,
Rommel frequentou também o Lucerne Festival Academy,
Suíça, e o Tanglewood Music Center (TMC), onde estudou
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
Mary (Aarhus, para violino e eletrônica), entre outros.
ARA
HARUTYUNYAN
música de câmara com membros dos quartetos de cordas
Rommel Fernandes é spalla associado
American, Cleveland, Concord, Juilliard e Muir. Foi spalla da
da Orquestra Filarmônica de Minas
Orquestra do TMC sob regência de Bernard Haitink e James
Gerais e mantém intensa atividade
Levine. Ainda nos EUA, foi músico convidado das sinfônicas
como recitalista e músico de câmara.
de Boston (em Tanglewood) e Chicago (na série MusicNOW
Foi solista frente a diversas orquestras,
de música contemporânea), apresentou-se em transmissões
incluindo a Filarmônica de Minas Gerais,
ao vivo pela rádio WFMT, colaborou com o grupo Fifth House
Ara Harutyunyan nasceu em uma
Harutyunyan obteve Bacharelado e Mestrado no
a Osesp (como vencedor do concurso
Ensemble e fez parte do corpo docente da North Park
família de músicos em Yerevan, na
Conservatório Estadual Yerevan Komitas. Estudou durante
Jovens Solistas), Orquestra Unisinos,
University. Como membro da Chicago Civic Orchestra, trabalhou
Armênia, onde começou a estudar
um ano na Suíça, na Universidade de Artes de Zurique,
Orquestra de Câmara da Unesp, Advent
com Charles Dutoit, Christoph Eschenbach, Daniel Barenboim,
violino aos oito anos. Ao longo de sua
com o professor Rudolf Koelman. Foi membro do Quarteto
Chamber Orchestra (ao lado de Jacques
Gidon Kremer, Lorin Maazel, Pierre Boulez e Pinchas Zukerman.
carreira venceu várias competições
de Cordas Yerevan e violinista da Orquestra Filarmônica
nacionais e internacionais, participou
da Armênia.
Israelievitch, ex-spalla da Sinfônica
de Toronto) e Northwestern University
Natural de Maria da Fé, MG, Rommel iniciou seus estudos
de muitos festivais e masterclasses
Chamber Orchestra. Elogiado pela
musicais no Conservatório Estadual de Pouso Alegre e obteve
e apresentou-se como solista e
Em 2011, transferiu-se para os Estados Unidos. Foi aluno
crítica por sua "execução soberba e
o Bacharelado em Violino pelo Instituto de Artes da Unesp,
músico de câmara na Armênia,
de John Fadial na Universidade de Wyoming, onde recebeu
musicalidade aristocrática", bem como
como aluno de Ayrton Pinto. Em São Paulo foi membro da
Rússia, Geórgia, Quirguistão, Suíça,
seu certificado de Performance em Violino em 2013.
por sua "releitura vibrante, modernista,
Orquestra Experimental de Repertório e spalla da Orquestra
Líbano, Síria e Estados Unidos.
Como solista, músico de câmara e spalla da orquestra
porém elegante" do repertório tradicional,
de Câmara da Unesp. Recebeu também orientação dos
Recentemente venceu o Jacoby
da Universidade, realizou muitos concertos nos Estados
destaca-se ainda como intérprete de
violinistas Alberto Jaffé, Almita Vamos, Andrés Cárdenes,
Soloist Competition da Universidade
Unidos; lecionou violino como membro do String Project da
música contemporânea, atuando com os
Jerrold Rubenstein, Joseph Silverstein, Kurt Sassmanshaus,
de Wyoming e foi nomeado finalista
instituição. Harutyunyan foi spalla assistente da Orquestra
grupos Oficina Música Viva e Sonante
Leon Spierer, Leonard Felberg, Malcolm Lowe, Marcello
nacional do MTNA Young Artist
Sinfônica de Cheyenne durante um ano, antes de se mudar
21. Em anos recentes, realizou primeiras
Guerchfeld, Pamela Frank, Ruggiero Ricci, Sidney Harth e
String Competition, ambas nos
para o Brasil, em 2014, para assumir o cargo de spalla
audições mundiais de obras de Douglas
Viktor Danchenko.
Estados Unidos.
assistente da Filarmônica de Minas Gerais.
78
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
79
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
ABERTURA LEONORA Nº 3,
OP. 72b
1805/1806 | 14 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, cordas.
ROMANCE Nº 1 EM
SOL MAIOR, OP. 40
1802 | 8 min
Flauta, 2 oboés, 2 fagotes,
2 trompas, cordas.
ROMANCE Nº 2 EM
FÁ MAIOR, OP. 50
1798 | 9 min
Flauta, 2 oboés, 2 fagotes,
A
Abertura Leonora nº 3 foi composta para
predominância do elemento rítmico,
ritmo do Vivace. Este é apresentado
uma reapresentação da ópera Fidélio, em
a Sétima Sinfonia se assemelha à
pelas madeiras e só toma uma forma
1806. Inicia-se com um Adagio, rico em
Quinta. Entretanto, há entre elas
melódica no quinto compasso, com
modulações, que introduz o Allegro seguinte,
uma diferença estrutural. Na Sinfonia
as flautas. O desenvolvimento, com
em forma de sonata bitemática. O desenvolvimento inclui
nº 5, a força e a unidade advêm da
mudanças incessantes de tonalidade,
material referente às peripécias do drama, como a ária do
recorrência da mesma célula rítmica
apresenta uma espécie de luta entre
prisioneiro Florestan e os toques imponentes dos trompetes
em todos os movimentos; na Sétima, ao
as cordas e as madeiras, sobre a
que lhe anunciam a liberdade. Mas a Abertura possui
contrário, cada andamento é modelado
simples célula rítmica inicial. A seguir,
autonomia – seu estilo sinfônico e a realização concisa e
e diferenciado por um padrão rítmico
há uma bela passagem com uma
equilibrada garantiram-lhe, com justiça, a permanência nas
próprio. A estratificação de uma
variante do primeiro tema, em fugato.
salas de concerto.
figura rítmica persistente, facilmente
Na reexposição, compassos de silêncio
perceptível em cada parte, define o
quebram a continuidade rítmica. Na
perfil da Sinfonia como um todo.
coda, um surpreendente pedal das
2 trompas, cordas
Os dois Romances para violino e orquestra foram publicados
SINFONIA Nº 7 EM
LÁ MAIOR, OP. 92
1811/1812 | 34 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
em 1802. O primeiro, em Sol maior (provável movimento
violas e cordas graves move-se por 22
lento concebido para o inacabado Concerto Wo05), foi
A Sinfonia op. 92 inicia-se com
compassos sobre um mesmo desenho.
composto em 1802. Seu tema principal, em Andante lento,
importante introdução de 62
(Carl Maria von Weber, referindo-
tem caráter pastoral e o desenvolvimento constrói um
compassos, Poco sostenuto. O acorde
se a essa extraordinária passagem,
diálogo permanente entre o solista e a orquestra O segundo
da tônica Lá maior ressoa em forte e
sugeriu que Beethoven fosse internado
Romance, Adagio cantabile, foi escrito em 1798. A forma
curto tutti orquestral, contrastando com
no manicômio municipal!). Com um
alterna o lirismo do tema, em Fá maior, com a energia do
a entrada do oboé solo. O processo se
lento crescendo, o ritmo invencível
motivo secundário, em fá menor. O final reintroduz o tema
repetirá com os ataques da orquestra
do movimento se reanima até o
principal e conclui a peça com uma longa coda.
no terceiro, no quinto e no sétimo
resplandecente Lá maior final.
compassos e, entre os acordes, o canto
80
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
No dia 8 de dezembro de 1813, Beethoven realizou na
será confiado cada vez a um novo
O Allegretto, com seu ritmo de
Universidade de Viena a primeira audição da Sétima Sinfonia.
timbre (primeiro uma trompa, à qual se
caminhada lenta (dáctilo: uma
A pedido do público, o segundo movimento foi bisado. Tal
junta uma flauta, depois os violinos).
semínima, duas colcheias – espondaico:
sucesso teve um significado especial para o compositor, pois,
A modulação para Dó maior traz um
duas semínimas) é o movimento mais
ao eleger o ritmo como elemento dominante da Sinfonia,
novo motivo, dolce, exposto pelo oboé,
célebre da Sinfonia. Quanto à forma,
Beethoven o idealizou como fator socializante, capaz de
com caráter de rústico cortejo pastoril.
explora a oposição de dois temas, em
moldar os sentimentos coletivos (coincidentemente, a estreia
A introdução termina com a nota
lá menor e em Lá maior. O melancólico
ocorreu por ocasião de um concerto beneficente para os
pedal Mi que, hesitando em valores
primeiro tema aparece nos violinos e se
inválidos das guerras napoleônicas). Sob o aspecto da
cada vez mais longos, recebe o novo
enriquece com um contrassujeito dos
81
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
violoncelos. O segundo é apresentado
afirmativo, com acentos nos tempos
rápido em semicolcheias, acentuadas
uma solidez incomparável e serve de
no clarinete e no fagote. Possui um
fortes. O segundo é leve e staccato.
pela orquestra no tempo fraco do
suporte para a sensação de irresistível
duplo acompanhamento – a suave
No solene tema do Trio, Assai meno
compasso. O segundo tema, também
ímpeto tão característico dos finais
ondulação em tercinas dos violinos
presto, Beethoven relembra um canto de
apresentado pelos violinos, contém
de Beethoven.
e o pizzicato das cordas graves, que
peregrinos da Baixa Áustria.
a indicação de piano; mas logo a
célula rítmica fundamental.
orquestra lhe responde com um
O final, Allegro con brio, anuncia sua
violento acorde dissonante. Com
violência rítmica com dois explosivos
esses dois temas, o Allegro con brio
O Presto é, de fato, um scherzo duplo.
acordes em fortissimo – dois trovões,
se constrói dentro da forma sonata. A
Começa com vigoroso tutti e seu tema
separados por um breve silêncio. Os
quadratura rigidamente simétrica dos
contém dois motivos: o primeiro é
primeiros violinos lançam o tema
períodos e das frases dá ao movimento
82
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
83
FOTO ANDRÉ FOSSATI
repetem a primeira metade (dáctilo) da
MARCOS ARAKAKI, regente
TRIO CERESIO
ANTHONY FLINT, violino
JOHANN SEBASTIAN PAETSCH, violoncelo
SYLVIANE DEFERNE, piano
PROGRAMA
8
21 DE
NOVEMBRO
A VITÓRIA DE WELLINGTON, OP. 91
A Batalha
A Sinfonia de Vitória
CONCERTO PARA VIOLINO, VIOLONCELO E PIANO
EM DÓ MAIOR, OP. 56, "TRÍPLICE"
Allegro
Largo
Rondo alla polacca
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 8 EM FÁ MAIOR, OP. 93
Allegro vivace e con brio
Allegretto scherzando
Tempo di menuetto
Allegro vivace
84
85
FORA DE SÉRIE 21 DE NOVEMBRO
Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela
Orquestra Petrobras Sinfônica (2001), e do 1º Prêmio Camargo
Guarnieri, realizado pelo Festival Internacional de Campos do
FOTO RAFAEL MOTTA
MARCOS
ARAKAKI
Marcos Arakaki é o Regente Associado da
Jordão (2009), Arakaki também foi finalista do 1º Concurso Latino-
O Trio Ceresio é composto por três
Beethoven no Japão. Para comemorar o bicentenário de Felix
americano de Regência Orquestral da Osesp (2005) e semifinalista
artistas de renome internacional,
Mendelssohn, o grupo gravou três obras de trio para piano
no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na Cidade do
apaixonados por levar repertórios para
deste compositor sob o selo Doron, incluindo uma primeira
México (2007).
trio ao público de todo o mundo. O
gravação de seu trabalho de 1822. Um novo lançamento
violinista Anthony Flint e o violoncelista
pela Doron inclui composições para trios de Shostakovich,
Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de
Johann Sebastian Paetsch, ambos
Beethoven e Arensky.
Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou como titular da
intérpretes experientes do gênero,
Orquestra Sinfônica da Paraíba e assistente da Orquestra Sinfônica
conceberam a ideia de um grupo
Trio Ceresio continua a causar um impacto impressionante
Brasileira. Como regente titular, Arakaki promoveu a reestruturação
enquanto estavam em suas casas às
no cenário musical, proporcionando uma experiência
da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem entre os anos de 2008 e
margens do Lago Lugano – conhecido
inesquecível onde quer que se apresente. Como o Corriere del
2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e
tradicionalmente como Ceresio. Logo
Ticino, da Suíça, comentou: "... por trás de sua performance,
do público na cidade do Rio de Janeiro.
depois, se uniram à famosa pianista
supõe-se haver uma longa preparação, de outra forma não se
suíça Sylviane Deferne, e a combinação
poderia explicar o conjunto maravilhoso, a precisão e atenção
tem colaborado com a Filarmônica desde a
Gravou em 2010 a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por
entre o talento e a qualidade artística
aos mínimos detalhes. Há um maravilhoso equilíbrio entre as
Temporada 2011.
Philip Glass, juntamente com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
ímpar do Trio tem garantido um sucesso
vozes, sem nunca renunciar à liberdade e à responsabilidade
Arakaki já fez a estreia mundial de mais 40 obras para orquestra.
instantâneo, tanto entre promotores de
que se atribui a grandes músicos".
Arakaki tem dirigido importantes
Paralelamente, tem desenvolvido atividades como coordenador
eventos quanto com o público.
orquestras no Brasil e no exterior. Dentre
pedagógico, professor e palestrante em diversos projetos culturais
elas a Orquestra Sinfônica do Estado
e em importantes instituições, como Música na Estrada, Casa
Concertos realizados na Itália durante o
de São Paulo, a Orquestra Sinfônica
do Saber do Rio de Janeiro, Universidade Federal da Paraíba e
festival de verão Verona, em Cremona e
Brasileira, as sinfônicas de Minas Gerais,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
na Suíça, nos festivais de Schubertiade,
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e
Universidade de São Paulo, a Petrobras
Marcos Arakaki é bacharel em Música pela Universidade Estadual
aclamados pela crítica especializada.
Sinfônica, Orquestra do Teatro Nacional
Paulista (Unesp, 1998), concluindo seu mestrado em Regência
Depois de uma série de concertos de
Claudio Santoro, a Orquestra Experimental
Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, com
sucesso em Lugano, o Trio Ceresio foi
de Repertório, a Camerata Fukuda, a
apoio da Fundação Vitae. Participou de masterclasses com os
convidado para gravar composições
Orquestra Filarmônica de Buenos Aires,
maestros Kurt Masur, Charles Dutoit, Alan Hazendine, Kirk Trevor,
para trio de Arensky e Beethoven para a
Orquestra Filarmônica da Universidade
Dante Anzolini, John Neschling, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá,
Rádio Svizzera italiana.
Nacional Autônoma do México,
Nelson Nirenberg e Lanfranco Marcelletti. Em 2005 participou do
Sinfônica de Xalapa (México), a Kharkov
Aspen Music Festival and School, tendo aulas com David Zinman na
Atividades recentes incluíram uma
Philharmonic (Ucrânia) e a Bohuslav
American Academy of Conducting at Aspen, nos Estados Unidos.
produção para a TV suíça TSI
apresentando composições de
Martinu Philharmonic (República Tcheca).
Desde 2013, Arakaki também é professor de Regência na
Shostakovich e Dvorák e uma
Sua trajetória artística é marcada por
Universidade Federal da Paraíba e Regente Titular da Orquestra
performance do Concerto Triplo de
diversos prêmios. Vencedor do 1º Concurso
Sinfônica da mesma instituição.
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FOTO DIVULGAÇÃO
Fribourg e na Suíça romanda foram
do Paraná, da Paraíba, de Campinas e da
TRIO
CERESIO
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A VITÓRIA DE WELLINGTON,
OP. 91
1813 | 14 min
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
6 trompetes, 3 trombones,
tímpanos, percussão, cordas.
CONCERTO PARA VIOLINO,
VIOLONCELO E PIANO EM DÓ
MAIOR, OP. 56, “TRÍPLICE”
1804 | 36 min
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
SINFONIA Nº 8 EM
FÁ MAIOR, OP. 93
B eethoven compôs a Abertura A Vitória de
que os solistas foram Sra. Müller,
Embora os primeiros esboços da
Wellington a pedido de Johann Nepomuk
Sr. Matthäi e Sr. Dozzauer. A primeira
Sinfonia nº 8 datem de 1811, foi
Mälzel (1772-1838, inventor do metrônomo e
apresentação em Viena se deu em
apenas a partir de maio do ano seguinte
amigo de Beethoven), para celebrar a vitória
maio do mesmo ano, na Augartensaal,
que Beethoven pôde realmente se
provavelmente com os mesmos solistas.
dedicar à obra. No final de setembro
das tropas chefiadas pelo Duque de Wellington sobre as
tropas napoleônicas, em 21 de junho de 1813, na cidade
a composição já estava pronta e em
de Vitória, Espanha. A composição se deu no verão de
O Concerto Tríplice tem um caráter
outubro Beethoven confeccionava
1813, originalmente para o Panharmonikon, então a mais
camerístico e, consequentemente,
a partitura definitiva. A estreia se
recente invenção de Mälzel, que consistia em uma máquina
intimista, o que faz dele um concerto
daria dois anos mais tarde, em 27 de
enorme e uma espécie de teclado, capaz de reproduzir,
inusitado para a época, especialmente
fevereiro de 1814, em um concerto em
mecanicamente, os sons de quarenta e dois instrumentos.
se levamos em conta o fato de ter sido
Viena regido pelo próprio compositor.
No início do outono Beethoven orquestrou a Abertura.
composto por Beethoven no mesmo
1812 | 25 min
ano de duas obras grandiosas, a
Sob vários aspectos, a Sinfonia nº 8
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
A Vitória de Wellington requer um grande efetivo orquestral,
Sinfonia Eroica e a Sonata Waldstein.
nos remete às sinfonias de Haydn,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
além de tiros de canhão e fuzil (atualmente substituídos por
Embora não apresente, ao contrário
especialmente à Sinfonia nº 101
dispositivos eletrônicos disparados pelo percussionista).
dessas outras obras, passagens
(“O relógio”): por suas dimensões,
A primeira seção (A Batalha) apresenta as forças francesas
individuais de dificuldade extrema, a
no colorido e, principalmente,
e inglesas e descreve a batalha. A segunda seção
execução do Concerto Tríplice requer
pelo tratamento temático. O
(A Sinfonia de Vitória), que busca enaltecer as forças
grande concentração por parte dos
primeiro movimento (Allegro vivace
inglesas, é amplamente baseada no hino britânico
solistas, maestro e orquestra. A
e con brio) é, curiosamente, em
God save the King. Graças ao sentimento patriótico que
expressividade dos temas e o fino
compasso ternário, assim como
tomou conta da Áustria na época, a estreia, em Viena, no dia
equilíbrio entre os solistas são a
a Sinfonia nº 101 de Haydn (em
8 de dezembro de 1813, foi um sucesso estrondoso e teve
chave desse belíssimo concerto. O
Beethoven, apenas as Sinfonias
não apenas Beethoven na regência, como Schuppanzigh nos
primeiro movimento (Allegro) inicia-se
números 2 e 3 têm o primeiro
primeiros violinos, Salieri, Sphor e Hummel na percussão.
calmamente. Apenas aos poucos os
movimento em ternário). A forma
temas são apresentados. O segundo
com que Beethoven expõe as seções
O Concerto Tríplice foi composto nos anos 1803/1804.
movimento (Largo) é bem tranquilo
é extremamente clara: o início da
Dedicado ao príncipe Lobkowitz, teve sua primeira publicação
e funciona como uma espécie de
obra marca o início do primeiro
em julho de 1807, em Viena, pelo Bureau des Arts et
introdução ao Finale. Este, um Rondo
tema, e um compasso de silêncio
d’Industrie, e sua primeira apresentação ocorreu apenas em
alla polaca, atacado após o segundo
marca a entrada do segundo tema. O
abril de 1808, em Leipzig. Segundo uma crítica publicada
movimento, sem interrupção, é uma
movimento termina, inesperadamente,
no Allgemeine musikalische Zeitung, de 27 de abril, sabemos
polonaise de caráter aristocrático.
em pianissimo.
tímpanos, cordas.
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FOTO ANDRÉ FOSSATI
Muito já se disse que o segundo
movimento (Allegretto scherzando) teria
sido escrito em homenagem a Johann
Nepomuk Mälzel, mas o certo é que o
tique-taque das madeiras e a leveza do
tema das cordas são quase uma citação
do segundo movimento da Sinfonia
nº 101 de Haydn. O terceiro movimento
é, curiosamente, um Minueto (Tempo
di Menuetto). Desde sua Sinfonia nº 2,
Beethoven substituíra o minueto, tão
comum em Haydn e Mozart, pelo
scherzo. E o quarto movimento (Allegro
vivace) mais parece uma brincadeira
musical à moda de Haydn. Nesse
movimento, após apresentar os dois
temas, Beethoven deixa clara cada
uma de suas reaparições, como que
desejando que o ouvinte não se perca ao
longo do caminho. Uma longa coda nos
leva a um final brilhante. Trata-se da
Ilustração de
Josh. Dan. Boehm
(cerca de 1820).
mais curta de suas sinfonias e, talvez,
a mais descompromissada de todas.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
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FABIO MECHETTI, regente
PABLO ROSSI, piano
MARIANA ORTIZ, soprano
DENISE DE FREITAS, mezzo-soprano
FERNANDO PORTARI, tenor
STEPHEN BRONK, baixo-barítono
CORAL LÍRICO DE MINAS GERAIS
LINCOLN ANDRADE, regente
PROGRAMA
9
19 DE
DEZEMBRO
FANTASIA CORAL, OP. 80
Adagio
Allegro
Meno allegro
Adagio ma non tropo
Marcia, assai vivace
Allegretto ma non tropo
Presto
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 9 EM RÉ MENOR, OP. 125, “CORAL”
Allegro ma non tropo, un poco maestoso
Molto vivace
Adagio molto e cantabile – Andante moderato
Finale: Presto – Allegro assai
92
93
FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
fan Tutte (Mozart); Salud, La Vida Breve (Falla); Poppea,
L’Incoronazzione di Poppea (Monteverdi). No gênero da
Zarzuela interpretou Lota em La Corte del Faraón, Aurora em
FOTO JOSE LUIS FREITES
FOTO RUDI BODANESE
Las Leandras e a Duquesa Carolina em Luisa Fernanda, esta
PABLO
ROSSI
última em uma coprodução entre o Teatro Teresa Carreño, o
MARIANA
ORTIZ
Teatro Real de Madrid e a Fundação SaludArte, sob direção
de Pablo Mielgo.
Em seu repertório estão ainda A Criação de Haydn, Carmina
Considerada uma das melhores vozes
Burana de Orff, Requiem de Fauré, Sinfonia nº 2 de Mahler e
venezuelanas de sua geração, Mariana
a Nona Sinfonia de Beethoven. Interpretou também Canções
Ortiz estudou canto no Conservatório de
Negras de Montsalvatge.
Música do Estado de Aragua com Lola
Pablo Rossi é o vencedor do 1º Concurso
Filarmônica, Orquestra Experimental de Repertório,
Linares. Fez licenciatura em Educação
Mariana Ortiz apresentou-se em importantes salas, como o
Nacional Nelson Freire para Novos
Orquestra Sinfônica da Bahia, sinfônicas do Paraná, do
Musical na Universidade de Carabobo
Teatro Teresa Carreño, Thèatre des Champs Elysées (Paris),
Talentos Brasileiros de 2003.
Sergipe, de Ribeirão Preto. Nos últimos anos, Pablo Rossi
e obteve um master degree em Canto
Staatsoper (Berlim), Thèatre de la Monnaie (Bruxelas),
apresentou mais de vinte recitais nos Estados Unidos e em
no Koninklijk Conservatorium Brussel,
Royal Danish Opera de Dinamarca, Palácio das Artes (Belo
vários países da Europa e da América Latina.
Bélgica. Estudos de aperfeiçoamento
Horizonte), Hollywood Bowl (Los Angeles), cantando sob a
foram feitos com os maestros Isabel
batuta de reconhecidos maestros, como Gustavo Dudamel,
Conquistou seu primeiro prêmio aos
sete anos de idade, no IV Concurso
Jovens Intérpretes de Lages. Desde
Gravou seu primeiro CD aos onze anos de idade, com obras
Palacios (Venezuela), Mirella Freni e
Diego Matheuz, Christian Vásquez, Renè Jacobs, Simon
então, venceu também o Concurso
de Chopin, Bartók, Schumann, Tchaikovsky, Rachmaninoff,
Vittorio Terranova, entre outros.
Rattle, Lars Ulrik Mortensens, Roberto Tibiriçá, Manuel
Magda Tagliaferro 1998, o Encuentro
Shostakovich e Nepomuceno. Em 2008 lançou o CD Pablo
Internacional de Jóvenes Músicos,
Rossi – Live at Steinway Hall, com obras de Mozart, Villa-
Entre os papéis que interpretou estão
em Córdoba, Argentina, 2001, e o
Lobos, Prokofiev e Chopin – gravado ao vivo em Londres.
Proserpina y Messagera, L’Orfeo
Concurso Internacional Ciutat de Carlet,
Hernández Silva, Andrés Orozco Estrada, José Luis Rodilla,
Rafael Frühbeck de Burgos, Helmuth Rilling, Evelino Pidò.
(Monteverdi); Mimí, La Bohème
Por sua interpretação de Manuela Saenz, na ópera Bolívar,
Pablo é bacharel e mestre pelo Conservatório Tchaikovsky
(Puccini); Comtessa, Bodas de Figaro
de Darius Milhaud, recebeu excelente crítica da revista
de Moscou, onde estudou com Elisso Virsaladze, com
(Mozart); Donna Anna, Don Giovanni
francesa Opera Magazine: “A revelação é, no entanto, o
Rossi atuou como solista frente à
patrocínio do Governo do Estado de Santa Catarina e do
(Mozart); Mimi y Musetta, La Bohème
canto luminoso e frutado de Mariana Ortiz, capaz de
Orquestra de Câmara do Kremlin,
empresário Roberto Baumgart.
(Puccini); Micaela, Carmen (Bizet);
pianíssimos encantadores e de amplos agudos, e que
Violeta Valery, La Traviata (Verdi);
empresta sua beleza e seu engajamento a Manuela, última
Gilda, Rigoletto (Verdi); Fiordiligi, Cosi
companheira do Libertador”.
Espanha, 2002.
Orquestra Sinfônica de Kirov, Osesp,
Sinfônica Brasileira, Amazonas
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Atualmente, Pablo vive em Bruxelas, Bélgica.
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por suas interpretações em 2011 em A Valquíria e L’enfant
et les sortilèges (o Menino) no Theatro Municipal de São
Paulo, Nabucco, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e
Les Dialogues des Carmélites, como Irmã Marie, no Festival
Amazonas de Ópera.
Recentemente, apresentou uma série de concertos com a
FOTO HELOISA BORTZ
Conquistou o Prêmio Carlos Gomes nos anos 2004 e 2009,
DENISE
DE FREITAS
neste último por suas atuações como Dalila (Sansão e Dalila) e o
Compositor (Ariadne auf Naxos), para o Municipal de São Paulo.
FOTO JOSE LUIZ LAMOSA
ópera Yerma, de Villa-Lobos, em Berlim, Paris e Lisboa.
FERNANDO
PORTARI
Seu repertório operístico inclui também Cherubino (Le Nozze
Denise é uma das mais importantes
di Figaro), Nicklausse (Les Contes d'Hoffmann), Hänsel
artistas líricas do Brasil na atualidade.
(Hänsel und Gretel), Siebel (Fausto), Orfeu (Orfeu e Eurídice),
Com voz de grande extensão e timbre
Marquise de Berkenfield (La Fille du Régiment), Suzuki
escuro, ela tem conquistado o público
(Madame Butterfly), Angelina (La Cenerentola), Rosina
Com uma carreira internacional em
Portari atuou também em Anna Bolena com Mariella Devia
e a crítica com intensas e sensíveis
(Il Barbiere di Siviglia), Laura (La Gioconda), Carmen
franca ascensão, Fernando Portari
no Teatro Massimo de Palermo e em La Traviata, na Opera
atuações tanto no drama como na
(Carmen), Adalgisa (Norma) e Charlotte (Werther).
estreou em 2010 com grande sucesso
de Hamburgo e em Colônia, Alemanha. Apresentou se em
no mítico Teatro alla Scala de Milão
La Boheme em Berlim e em Sevilha e representou Werther
cantoras e maiores artistas do Brasil",
Como concertista interpretou obras como El Amor Brujo de
em Fausto de Gounod, ao lado de
no Teatro Bellini de Catania e em La Coruña.
escreveu Arthur Nestrovski no jornal
Manuel de Falla; Das Lied von der Erde, Sinfonias números
Roberto Scandiuzzi. Recentemente
Folha de São Paulo.
2 e 3, Kindertotenlieder e Des Knaben Wunderhorn de
esteve ao lado de Anna Netrebko
Fernando Portari recebeu o Prêmio APCA (Associação
Mahler; Stabat Mater de Dvorák; Stabat Mater de Pergolesi;
na Staatsoper de Berlim na ópera
Paulista de Críticos de Arte) e por duas vezes o Prêmio
comédia. "...Denise é uma das maiores
Shéhérazade de Ravel; O Messias de Haendel; Magnificat de
Manon de Massenet, sob a direção
Carlos Gomes, tornando-se rapidamente nome presente nas
Azucena em Il Trovatore durante o
Bach; Magnificat-Aleluia de Villa-Lobos; e Sinfonia nº 9 de
do maestro Daniel Barenboim.
temporadas líricas em Manaus, São Paulo, Belo Horizonte,
Festival de Ópera do Teatro da Paz,
Beethoven. Seu CD Lembrança de Amor, com composições
Apresentou-se nos teatros La Fenice
Rio de Janeiro e outros centros artísticos.
cantou em A Valquíria (Fricka) no
de Osvaldo Lacerda e Eudóxia de Barros ao piano, recebeu,
de Veneza, na Ópera de Roma, no
Theatro Municipal do Rio de Janeiro e
em 2003, o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos
Teatro São Carlos de Lisboa, na
Em São Paulo interpretou a maioria de seus papéis:
O Ouro do Reno no Theatro Municipal
de Arte) de Melhor CD do Ano.
Deutsche Oper de Berlim, Comunale
Rodolfo, Romeo, Hoffmann, Nadir, Des Grieux, Ernesto,
de Bologna, Novaya Theater de
Nemorino, Almaviva, Ramiro, Ottavio, Cassio, Fenton,
Em 2013 estreou com sucesso como
de São Paulo. Em 2012, brilhou
em O Crepúsculo dos Deuses como
Denise nasceu em São Paulo e teve como orientadora a
Moscou, Theatro Municipal de
Rake, Edipo, Roderick Usher. Também em São Paulo
Waltraute no Theatro Municipal de
renomada cantora Lenice Prioli. Em Nova York, aperfeiçoou-
São Paulo, Theatro Municipal do
cantou as estreias mundiais das óperas A Tempestade,
São Paulo e recebeu o Prêmio Carlos
se com Catherine Green e Patricia McCaffrey e, na
Rio de Janeiro, Teatro Amazonas e
de Ronaldo Miranda, sobre texto de Shakespeare, e Olga,
Gomes de melhor solista feminino
França, com Sylvia Sass.
também em Tokyo, Helsinki e Varsóvia.
de Jorge Antunes, baseada na vida de Olga Benario.
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FOTO ANDRÉ FOSSATI
Finlândia; na Filadélfia e em Palm Beach, Estados Unidos;
em Taipei, Taiwan, e Xangai, China.
No Brasil, apresentou-se no Palácio das Artes, em Belo
Horizonte (Don Giovanni, Il Guarani, Carmen, Il Barbiere di
Siviglia, Turandot, O Castelo do Barba Azul, requiem de Brahms
e de Verdi); no Teatro Castro Mendes, Campinas (Don Giovanni),
no Teatro da Paz em Belém (A Flauta Mágica, Bug Jargal, Il
Barbiere di Sivigla, Carmen); no Teatro Amazonas em Manaus
(O Anel do Nibelungo, O Navio Fantasma, Lady Macbeth de
FOTO DIVULGAÇÃO
STEPHEN
BRONK
Mzensk); no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Carmen,
Requiem de Brahms, Te Deum de Bruckner e concertos); no
Theatro Municipal de São Paulo (Lohengrin, As Bodas de Fígaro,
A Flauta Mágica, O Castelo de Barba Azul, Rigoletto, Requiem
Nascido em Massachusetts, Estados
de Brahms e a Missa Solemnis de Beethoven); no Teatro São
Unidos, Stephen Bronk formou-se em
Pedro, em São Paulo (The man who mistook his wife for a hat)
Música e Canto no Conservatório de
e no Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Colônia, Alemanha, aperfeiçoando-se
com Herbert Mayer em Nova York.
Seu repertório operístico inclui papéis principais em Mozart,
Beethoven, Weber, Bizet, Offenbach, Rossini, Gomes, Verdi,
Em mais de trinta anos de palco,
Puccini, Strauss e todas as óperas de Wagner.
cantou com consagrados cantores,
como Dame Gwynneth Jones, Plácido
Com seu repertório de oratórios, missas e cantatas, de
Domingo e Sherill Milnes, nos principais
Monteverdi à música moderna, apresentou-se com grandes
teatros da Alemanha (Aachen, Bonn,
orquestras da Alemanha, Noruega, Holanda, Suíça e Brasil
Bremen, Dortmund, Duesseldorf-
(Osesp, OSMSP, OSB, OSMRJ, OPS, OSPA, OSMG, entre outras)
Duisburg, Frankfurt, Freiburg,
e gravou com as sinfônicas de WDR, NDR, MDR, SDR e SWF da
Hamburgo, Hannover, Karlsruhe,
Alemanha, RAI italiana e NHK do Japão, cantando com maestros
Mannheim, Muenchen, Nuernberg e
como Kent Nagano, Krzysztof Penderecki, Helmuth Rilling,
Saarbruecken); no Grand Teatre del
Dennis Russell-Davies, Cláudio Cruz, Isaac Karabtchevsky, Ira
Liceu em Barcelona, Espanha; nos
Levin, Jamil Maluf, John Neshling, José Maria Florêncio, Luis
teatros de Nancy, Strasbourg e Lyon,
Malheiro, Roberto Minczuk, Roberto Duarte e Silvio Viegas.
França; em Copenhagen, Dinamarca;
em Praga, República Tcheca; em St.
Ganhador do Prêmio Carlos Gomes 2006, como destaque
Gallen e Genebra, Suíça; nos festivais
vocal masculino, Stephen Bronk é membro do ensemble da
de Salzburg, Áustria, e Savonlinna,
Deutsche Oper Berlin desde 2008.
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CORAL LÍRICO
DE MINAS GERAIS
Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas
Gerais, corpo artístico da Fundação
Clóvis Salgado, é um dos raros grupos
Lincoln Andrade
corais que possuem programação
artística permanente e um repertório
Lincoln Andrade possui doutorado em
diversificado, incluindo motetos, óperas,
Regência pela University of Kansas
oratórios e concertos sinfônico-corais.
e mestrado em Regência Coral pela
Estiveram à frente do Coral os maestros
Estados Unidos. Em Wyoming também
Luiz Aguiar, Marcos Thadeu, Carlos
foi professor assistente e ministrou
Alberto Pinto Fonseca, Angela Pinto
aulas de canto coral e regência coral.
FOTO PAULO LACERDA
University of Wyoming, ambas nos
Coelho, Eliane Fajioli, Silvio Viegas,
Charles Roussin, Afrânio Lacerda e
Premiado nos Estados Unidos e na
Márcio Miranda Pontes. Seu atual regente
Europa, o maestro foi diretor musical
titular é o maestro Lincoln Andrade.
do grupo Invoquei o Vocal, maestro
titular do Madrigal de Brasília e do
O grupo se apresenta em Belo Horizonte,
Coral Brasília. Ainda na capital federal,
interior de Minas e em capitais
foi professor e diretor da Escola de
brasileiras com o objetivo de contribuir
Música de Brasília. Regeu concertos na
para a democratização do acesso de
Alemanha, Argentina, Chile, Espanha,
diversos públicos ao canto coral. As
Estados Unidos, França, Grécia, Hungria,
Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia.
apresentações têm entrada gratuita ou
preços populares. O Coral participa das
REGENTE
CONTRALTOS
Hélcio Rodrigues
Judson Freitas
Lincoln Andrade
Ana Carolina de Paula
Igor Ferreira
Leandro Braga
Bruno Thadeu **
Lúcio Martins
Rafael Capossi
REGENTE ASSISTENTE
Carolina Rennó
Marcelo Salomão
Ramiro Souza e Silva **
Lara Tanaka
Consuelo Varella
Márcio Bocca
Robson Lopes
Déborah Burgarelli **
Petrônio Duarte*
Thiago Roussin **
SOPRANOS
Enancy Gomes
Rogério Francisco
Urbano Lima *
Aline Amaral de Castro
Iaiá Drumond
Rubens do Carmo
temporadas de óperas e concertos da
O maestro é produtor musical,
Fundação Clóvis Salgado, ao lado da
apresentador e entrevistador do
Anelise Claussen
Jennifer Imanishi **
Sandro Assumpção
PIANISTA
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais,
programa Conversa de Músico,
Annelise Cavalcanti
Júnia Jáber
Wagner Soares
Hélcio Vaz
tendo se apresentado também com a
produzido e veiculado pela TV Senado.
Cátia Neris
Kissya Andrade
Welington Nascimento
Orquestra Sinfônica do Estado de São
Também é professor de regência e
Clara Guzella
Maria Helena Nunes *
Wellington Vilaça
Clarisse Girotto
Rosa Silveira
Paulo e a Filarmônica de Minas Gerais.
coordenador da Orquestra Sinfônica
Conceição Nicolau
Talita Cotta
BAIXOS
da Escola de Música da Universidade
Daiana Melo
Tereza Cançado
Alex Schimith
ARQUIVISTA
Érica Mendes
Vanessa Piló
André Fernando
Robert Avelino
Gislene Ramos
Vanya Soares
Antônio Marcos Batista **
GERENTE
Celme Valeiras
O Coral Lírico desenvolve também diversos
Federal de Minas Gerais (UFMG).
projetos que incluem Concertos no Parque,
Ministra palestras sobre regência e
Izabel Carmônia
Carlos D’Elia
SECRETÁRIA
Lírico na Cidade e Concertos Didáticos,
canto coral em festivais brasileiros.
Lilian Assumpção
TENORES
Cristiano Rocha **
Carmem Magalhães
Marta Nichthauser
André Felipe
Guilly Castro
Melina Peixoto *
Eduardo Cunha Melo
Israel Balabram
Nabila Dandara
Evandro Silva
Iuri Michailowsky
* chefe de naipe
Penha Vasconcelos **
Carlos Átila
José Carlos Leal **
** músico convidado
em que o público pode conhecer e fruir
a música coral de qualidade e vivenciar
Lincoln Andrade é regente titular do
o contato com os artistas.
Coral Lírico de Minas.
100
101
FANTASIA CORAL, OP. 80
1808 | 20 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
SINFONIA Nº 9 EM RÉ
MENOR, OP. 125, “CORAL”
1822/1824 | 65 min
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones,
tímpanos, cordas.
P oucas obras de Beethoven tiveram gênese tão
trabalhosa quanto a última das nove sinfonias.
Ao que parece, a ideia de pôr música na Ode à
Alegria de Schiller já aparece em 1792, poucos
anos após o grande poeta romântico ter publicado seus versos.
Em 1807 Beethoven concebe a Fantasia op. 80 para piano, coro
e orquestra, concluída no ano seguinte, a qual revela aspectos
que aparecem como uma espécie de ensaio para procedimentos
que serão utilizados na Nona. Em 1823, Beethoven já havia
composto os três primeiros movimentos da Sinfonia, e, ao final
desse mesmo ano, ganha corpo a ideia de concluí-la com o uso
Beethoven dedicou
a Nona Sinfonia
ao rei da Prússia,
Friedrich Wilhelm III.
de vozes humanas e o emprego do poema de Schiller.
O uso das vozes (coro e solistas) e as citações dos
em Viena, no Theater am Kärntnertor,
E Beethoven foi o solista, tanto no
movimentos anteriores, dentre outras ousadias estilísticas,
com a Abertura A Consagração da
Concerto quanto na Fantasia.
são procedimentos que, usados na Nona Sinfonia, ganharam
Casa, op. 124 e três partes da Missa
significado e importância especiais na música instrumental,
Solemnis (Kyrie, Credo e Agnus Dei).
A própria ideia de associar o piano
na música sinfônica e na música dramática do século XIX,
Foi um evento emocionante, em
solista à formação de coro e orquestra
não exatamente na geração que sucede Beethoven, mas
que Beethoven, após doze anos sem
já se mostra como grande ousadia e
numa geração posterior, da qual participam Mahler, Franck,
subir ao palco, dividiu-o com Michael
verdadeira insubordinação aos padrões
Bruckner e o próprio Wagner.
Umlauf, que dirigiu a récita. Por esta,
clássicos: a obra, com isso, não se
e pela obra, Beethoven foi várias
submete à estrutura de um concerto,
vezes ovacionado!
nem aos procedimentos da música vocal
No entanto, a voz humana, na Nona, não aparece como veículo
acompanhada. O solo de piano que
expressivo de ideias poéticas: ela contribui para a realização
102
FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
de uma ideia musical. A dialética que surge disso denota uma
A Fantasia para Piano, Coro e Orquestra,
abre a obra evoca, de Beethoven, a sua
tensão entre os procedimentos clássicos da forma sonata e a
no entanto, pertence à fase anterior.
grande capacidade de improvisador, pois
insubmissão criadora da própria personalidade beethoveniana,
Ela fora estreada naquele concerto
diz a lenda que, na estreia da obra, ele
levada a um grau de abstração que a última fase de sua obra,
assombroso, em dezembro de 1808,
improvisou essa seção. A Fantasia foi
determinada pela surdez, conseguiu atingir.
em que Beethoven fez executar, além
composta em pouco tempo, o que em
dela, nada menos que a Quinta e
Beethoven é fato raro: a data da estreia
Esse monumento da música ocidental só foi completado
Sexta sinfonias e o Quarto Concerto
foi 22 de dezembro, e o compositor
em 1824. A Nona foi estreada em maio do mesmo ano
para Piano, entre várias outras peças!
a elaborou na segunda metade desse
103
FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
mesmo mês. Por isso, devido ao pouco
tempo de ensaio, durante a primeira
récita parece ter havido um incidente,
em meio à execução, que fez com que
ela fosse retomada do começo.
A autoria do texto cantado na Fantasia
Coral é incerta: segundo Carl Czerny,
ele foi escrito por Christoph Kuffner.
De acordo, porém, com Gustav
Nottebohm, é de autoria de Georg
Friedrich Treitschke, que trabalhou com
Beethoven no texto final de Fidélio.
A Fantasia Coral talvez tenha sido a
maior transgressão de Beethoven em
relação aos padrões clássicos e suas
estruturas. Por isso mesmo, é exemplar
no sentido de mostrar a mentalidade
insubmissa desse surdo que mudou os
rumos da história da música.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
104
FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
Imagem do século
XIX retrata Beethoven
na primeira
apresentação da
Nona Sinfonia.
105
FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
FANTASIA CORAL, OP. 80
SINFONIA Nº 9, OP. 125
POEMA Cristoph Kuffner (1780 – 1846)
ODE À ALEGRIA
TRADUÇÃO Amancio Cueto Junior
POEMA Friedrich von Schiller (1759 – 1805)
TRADUÇÃO livre
Com graça, charme e doçura soam
Oh, amigos, mudemos de tom!
Todos os bons, todos os maus,
as harmonias de nossas vidas,
Entoemos algo mais prazeroso
Seguem seu rastro de rosas.
e do sentido da beleza geram
E mais alegre!
Ela nos deu beijos e vinho e
as flores que eternamente florescem.
Um amigo leal até a morte;
Paz e alegria deslizam alegremente,
Alegre, formosa centelha divina,
Deu força para a vida aos mais humildes
como o jogo alternado das ondas;
Filha do Elíseo,
Deu força para a vida aos mais humildes
Tudo o que é bruto e hostil
Ébrios de fogo entramos
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
transforma-se num sublime sentimento.
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
Alegremente, como seus sóis corram
Quando a mágica da música reina
O que o costume rigorosamente dividiu.
Através do esplêndido espaço celeste
e as palavras sagradas são ditas,
Todos os homens se irmanam
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
O glorioso deve ser concebido,
Todos os homens se irmanam
Alegremente como o herói diante da vitória.
Noite e tempestade se tornam luz.
Ali onde teu doce voo se detém.
Paz exterior e bênção interior
Alegre, formosa centelha divina,
reinam para os afortunados.
Quem já conseguiu o maior tesouro
Filha do Elíseo,
O sol da primavera da arte
De ser o amigo de um amigo,
Ébrios de fogo entramos
deixa a luz surgir de ambos.
Quem já conquistou uma mulher amável
Em teu santuário celeste!
Rejubile-se conosco!
Abracem-se, milhões!
Grandeza, que entrou no coração,
Sim, mesmo se alguém conquistar
Enviem este beijo para todo o mundo!
floresce como novo em toda sua beleza,
apenas uma alma,
Irmãos, além do céu estrelado
Quando um espírito levanta voo,
Uma única em todo o mundo.
Mora um Pai Amado.
ecoa em resposta um coro de espíritos.
Mas aquele que falhou nisso
Milhões se deprimem diante Dele?
Então aceitem, ó belas almas,
Mas aquele que falhou nisso
Mundo, você percebe seu Criador?
alegremente os dons da bela arte:
Que fique chorando sozinho!
Procure-o mais acima do céu estrelado!
Quando amor e força se juntam,
a graça de Deus recompensa os homens.
Sobre as estrelas onde Ele mora.
Alegria, bebem todos os seres
No seio da Natureza:
106
FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
107
FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
para
ASSISTIR
SINFONIAS
Sinfonia nº 8
A Vitória de Wellington
Concerto nº 1
DVD – Beethoven – Symphonies – Berliner
Filarmônica de Berlim – Claudio Abbado,
regente. Acesse: fil.mg/bsinf8
Filarmônica de Viena – Leonard Bernstein,
regência e piano. Acesse fil.mg/bconc1
Philharmoniker – Claudio Abbado, regente –
EuroArts Music International GmbH,
Canadá – 2002
Orquestra Sinfônica da Radio di Stoccarda –
Hermann Scherchen, regente.
Acesse: fil.mg/bwellington
CONCERTOS
Concerto nº 2
Orquestra Filarmônica de Londres – Bernard
Haitink, regente - Vladimir Ashkenazy, piano.
Acesse: fil.mg/bconc2
Sinfonia nº 9
Filarmônica de Viena – Leonard Bernstein,
regente. Acesse: fil.mg/bsinf9
Sinfonia nº 1
Orquestra Sinfônica de Chicago – Georg Solti,
regente. Acesse: fil.mg/bsinf1
ABERTURAS E OUTRAS OBRAS
Concerto nº 3
Sinfonia nº 2
A Consagração da Casa
Orquestra Sinfônica da Rádio da Bavária –
Mariss Jansons, regente – Mitsuko Uchida,
piano. Acesse: fil.mg/bconc3
Filarmônica de Berlim – Herbert von Karajan,
regente. Acesse: fil.mg/bsinf2
Orquestra do Teatro La Fenice –
Riccardo Muti, regente. Acesse: fil.mg/bcasa
Sinfonia nº 3
Abertura Leonora nº 2
Concerto nº 4
Filarmônica de Viena – Daniel Barenboim,
regência e piano. Acesse: fil.mg/bconc4
Concerto nº 5
Orquestra Sinfônica de Jerusalém –
Alexander Schneider, regente – Arthur
Rubinstein, piano. Acesse: fil.mg/bconc5
Concerto nº 6
Filarmônica Eslovaca – Kaspar Zehnder,
regente – Jingge Yan, piano.
Acesse: fil.mg/bconc6
Concerto Tríplice
Filarmônica de Berlim – Daniel Bareinboim,
regência e piano – Itzhak Perlman, violino –
Yo-Yo Ma, violoncelo. Acesse: fil.mg/btriplice
108
FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
Romance nº 1
Orquestra Gewandhaus de Leipzig – Kurt
Masur, regente – Renaud Capuçon, violino.
Acesse: fil.mg/bromance1
Romance nº 2
Orquestra Gewandhaus de Leipzig – Kurt
Masur, regente – Renaud Capuçon, violino.
Acesse: fil.ng/bromance2rc
Filarmônica de Viena – Leonard Bernstein,
regente. Acesse: fil.mg/bsinf3
Orquestra Filarmônica de Londres – Bernard
Haitink, regente. Acesse: fil.mg/bleonora2
Orquestra Filarmônica da Rádio Alemã
– Christoph Poppen, regente – Augustin
Hadelich, violino. Acesse: fil.mg/bromance2ah
Sinfonia nº 4
Abertura Leonora nº 3
Fantasia Coral
Orquestra Real do Concertgebouw –
Carlos Kleiber, regente. Acesse: fil.mg/bsinf4
Orquestra Gewandhaus de Leipzig –
Kurt Masur, regente. Acesse: fil.mg/bleonora3
Filarmônica de Viena – Leonard Bernstein,
regente. Acesse: fil.mg/bfcoral
Sinfonia nº 5
As Criaturas de Prometeu
Academia Nacional de Santa Cecília –
Claudio Abbado, regente. Acesse: fil.mg/bsinf5
Anima Eterna – Jos van Immerseel, regente.
Acesse: fil.mg/bprometeuji
Sinfonia nº 6
Boston Symphony – Charles Munch, regente.
Acesse: fil.mg/bprometeucm
Orquestra Real do Concertgebouw –
Bernard Haitink, regente. Acesse: fil.mg/bsinf6
Sinfonia nº 7
Orquestra Real do Concertgebouw –
Carlos Kleiber, regente. Acesse: fil.mg/bsinf7
A Grande Fuga
Orquestra Sinfônica NDR de Hamburgo –
Christoph von Dohnányi, regente.
Acesse: fil.mg/bfuga
109
FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
para
para
OUVIR
LER
CONCERTOS
ABERTURAS E OUTRAS OBRAS
CD Beethoven – Triple concerto; Brahms:
CD Beethoven – Ouvertüren [Leonora nº 1 e
Double concerto – Berliner Philharmoniker
Zur Namensfeier] – Berliner Philharmoniker,
– Herbert von Karajan, regente – David
Herbert von Karajan, regente – Deutsche
Oistrakh, violino – Mstislav Rostropovich,
Grammophon – 1989
violoncelo – Sviatoslav Richter, piano –
Warner Classics – 2012
CD Beethoven – Egmont; Wellingtons
Sieg; Märsche – Berliner Philharmoniker –
CD Beethoven – The five piano concertos
Herbert von Karajan, regente – Deutsche
– Chicago Symphony Orchestra – James
Grammophon – 1987
Levine, regente – Alfred Brendel, piano –
Phillips – 1997
CD Beethoven – Complete Overtures –
Gewandhausorchester Leipzig – Kurt Mazur,
CD Beethoven – Die Klavierkonzerte;
regente – Phillips Classics Productions, EUA
Choralfantasie op. 80 – Chor und
– 1993
Symphonieorchester des bayerischen
Runfunks – Rafael Kubelik, regente –
CD Beethoven – The complete Overtures &
Rudolf Serkin, piano
other Works – Gewandhausorchester Leipzig –
Academy of Saint Martin in the Fields – Kurt
SINFONIAS
Masur, Neville Marriner, regentes –
Phillips – 1994
Barry Cooper (org.) – Beethoven, um
compêndio – Mauro Gama e Claudia
Martinelli Gama, tradução – Jorge Zahar –
1996
Emil Ludwig – Beethoven – Maria Vieira,
tradução – Aster – 1978
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
Legendas das imagens
PÁGINAS 10 E 11
Assinatura de Beethoven, poucos dias antes
de sua morte, sobre uma das primeiras
páginas da Sonata para piano em fá menor,
“Apassionata”. (Bibliothèque Nationale, Paris)
PÁGINAS 20 E 21
Trecho de um caderno de conversas que
Beethoven usava para se comunicar.
PÁGINAS 26 E 27
Manuscrito da Nona Sinfonia.
PÁGINA 38
Anúncio do primeiro concerto de Beethoven,
realizado em Colônia, em 26 de março de 1778.
PÁGINA 44
Friedrich Schiller – A educação estética
do homem – Iluminuras – 1995
Primeira obra impressa de Beethoven,
Lewis Lockwood – Beethoven, a música
e a vida – Códex – 2004
PÁGINA 50
Maynard Solomon – Beethoven, vida e obra –
Álvaro Cabral, tradução – Jorge Zahar – 1994
Roland de Candé – História Universal da
Música – vol. 1 e 2 – Eduardo Brandão,
tradução – Martins Fontes – 1994
Variações para cravo. Mannheim, 1782.
Manuscrito da partitura da Sinfonia nº 3,
op. 55, “Eroica”.
PÁGINA 56
Beethoven, por Christian Horneman (1802).
PÁGINA 64
Beethoven em gravura de Blasius Höfel (1814).
PÁGINA 70
CD Beethoven – The Sympnonies –
CD Beethoven – The String Quartets; Grosse
Berliner Philarmoniker – Claudio Abbado –
Fugue – Guarneri Quartet – RCA – 2003
Deutsch Grammophon 4775864 – 2000
CD Beethoven – The Violin Romances – Royal
CD Beethoven – The Complete Symphonies
Concertgebouw Orchestra – Bernard Haitink,
and Selected Overtures – Arturo Toscanini –
regente – Henryk Szeryng, violino – Phillips
NBC Symphony Orchestra – Music and
Classics Productions, EUA
Arts – 2007
Sergio Magnani – Expressão e Comunicação
na Linguagem da Música – UFMG – 1989
Manuscrito da partitura da Sinfonia nº 6,
op. 68, “Pastoral" (1808).
PÁGINA 76
Beethoven em pintura de Josef K. Stieler
(1819/1820).
PÁGINA 84
Beethoven em ilustração de August v.
Kloeber (1817/1818).
PÁGINA 92
Anúncio da estreia da Nona Sinfonia, em
7 de maio de 1924, informa a presença
de Beethoven.
110
FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
111
FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
Acompanhe a Filarmônica
em outros concertos
Para apreciar
um concerto
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Realizados em manhãs de domingo,
Atividade pioneira no Brasil, este
são concertos dedicados aos jovens e
laboratório é uma oportunidade
PONTUALIDADE
CONVERSA
às famílias, buscando ampliar e formar
para que jovens regentes brasileiros
Uma vez iniciado um concerto, qualquer
A experiência do concerto inclui o
público para a música clássica. As
possam praticar com uma orquestra
movimentação perturba a execução
encontro com outras pessoas. Aproveite
apresentações têm ingressos a
profissional. A cada ano, quinze
da obra. Seja pontual e respeite o
essa troca antes da apresentação e no
preços populares.
maestros, quatro efetivos e onze
fechamento das portas após o terceiro
seu intervalo, mas nunca converse ou
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair
faça comentários durante a execução
CLÁSSICOS NA PRAÇA
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
antes do final da apresentação,
das obras. Lembre-se de que o
Realizados em praças da Região
O concerto final é aberto ao público.
aguarde o término de uma peça.
silêncio é o espaço da música.
Metropolitana de Belo Horizonte, os
concertos proporcionam momentos
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
de descontração e entretenimento,
Com essas turnês, a Orquestra
buscando democratizar o acesso da
Filarmônica de Minas Gerais
APLAUSOS
população em geral à música clássica.
busca colocar o estado de Minas
Aplauda apenas no final das obras, que,
APARELHOS CELULARES
dentro do circuito nacional e
muitas vezes, se compõem de dois ou
Confira e não se esqueça, por favor,
internacional da música clássica.
mais movimentos. Veja no programa
de desligar o seu celular ou qualquer
o número de movimentos e fique de
outro aparelho sonoro.
CONCERTOS DIDÁTICOS
Concertos destinados a grupos de crianças
e jovens da rede escolar e a instituições
TURNÊS ESTADUAIS
sociais, mediante inscrição prévia. Seu
As turnês estaduais levam a música
formato busca apoiar o público em seus
de concerto a diferentes cidades e
primeiros passos na música clássica.
regiões de Minas Gerais, possibilitando
olho na atitude e gestos do regente.
que o público do interior do Estado
TOSSE
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
FESTIVAL TINTA FRESCA
tenha contato direto com música
Perturba a concentração dos músicos
Não são permitidas durante o concerto.
Com o objetivo de fomentar a criação
sinfônica de excelência.
e da plateia. Tente controlá-la com
a ajuda de um lenço ou pastilha.
musical entre compositores brasileiros e
gerar oportunidade para que suas obras
CONCERTOS DE CÂMARA
sejam apresentadas em concerto, este
Realizados para estimular músicos
Festival é sempre uma aventura musical
e público na apreciação da música
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
erudita para pequenos grupos. A
CRIANÇAS
COMIDAS E BEBIDAS
a encomenda de outra obra sinfônica
Filarmônica conta com grupos de
Caso esteja acompanhado por criança,
Seu consumo não é permitido no
a ser estreada pela Filarmônica no
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
escolha assentos próximos aos corredores.
interior da sala de concertos.
ano seguinte, realimentando o ciclo da
Assim, você consegue sair rapidamente
produção musical nos dias de hoje.
se ela se sentir desconfortável.
112
FORA DE SÉRIE ACOMPANHE A FILARMÔNICA
113
FORA DE SÉRIE PARA APRECIAR UM CONCERTO
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
Instituto
Cultural
Filarmônica
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
Marcelo Nébias
Andrew Huntriss
GERENTE
Anthony Flint – Spalla
Nathan Medina
Cláudio de Freitas
Jussan Fernandes
Rommel Fernandes – Spalla
Associado
VIOLONCELOS
TROMPAS
INSPETORA
Ara Harutyunyan – Spalla
Elise Pittenger ****
Alma Maria Liebrecht *
Karolina Lima
Assistente
Camila Pacífico
Evgueni Gerassimov ***
Ana Zivkovic
Camilla Ribeiro
Gustavo Garcia Trindade
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
Arthur Vieira Terto
Eduardo Swerts
José Francisco dos Santos
Débora Vieira
Baptiste Rodrigues
Emilia Neves
Lucas Filho
Bojana Pantovic
Eneko Aizpurua Pablo
Fabio Ogata
Dante Bertolino
Lina Radovanovic
Hyu-Kyung Jung
Robson Fonseca
Marcio Cecconello
ARQUIVISTA
Sergio Almeida
TROMPETES
Marlon Humphreys *
ASSISTENTES
Megumi Tokosumi
CONTRABAIXOS
Érico Fonseca **
Ana Lúcia Kobayashi
Rodrigo Bustamante
Colin Chatfield *
Daniel Leal ***
Claudio Starlino
Rodrigo Monteiro Braga
Nilson Bellotto ***
Tássio Furtado
Jônatas Reis
Rodrigo de Oliveira
Brian Fountain
Marcelo Cunha
TROMBONES
SUPERVISOR DE MONTAGEM
SEGUNDOS VIOLINOS
Pablo Guiñez
Mark John Mulley *
Rodrigo Castro
Frank Haemmer *
William Brichetto
Diego Ribeiro **
Leonidas Cáceres ***
Wagner Mayer ***
MONTADORES
Renato Lisboa
André Barbosa
Jovana Trifunovic
FLAUTAS
Leonardo Ottoni
Cássia Lima *
Luka Milanovic
Renata Xavier ***
TUBA
Marija Mihajlovic
Alexandre Braga
Eleilton Cruz *
Martha de Moura Pacífico
Elena Suchkova
Mateus Freire
Klênio Carvalho
TÍMPANOS
Radmila Bocev
OBOÉS
Rodolfo Toffolo
Alexandre Barros *
Tiago Ellwanger
Ravi Shankar ***
PERCUSSÃO
Valentina Gostilovitch
Israel Muniz
Rafael Alberto *
Moisés Pena
Daniel Lemos ***
Patricio Hernández Pradenas *
VIOLAS
Sérgio Aluotto
João Carlos Ferreira *
CLARINETES
Roberto Papi ***
Marcus Julius Lander *
Flávia Motta
Jonatas Bueno ***
HARPA
Gerry Varona
Ney Campos Franco
Giselle Boeters *
Gilberto Paganini
Alexandre Silva
Juan Castillo
FAGOTES
Luciano Gatelli
Catherine Carignan *
114
Werner Silveira
TECLADOS
Katarzyna Druzd
* PRINCIPAL
Risbleiz Aguiar
** PRINCIPAL ASSOCIADO
Ayumi Shigeta *
*** PRINCIPAL ASSISTENTE
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães Ferreira
DIRETORA DE MARKETING E
PROJETOS
Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES
Ivar Siewers
DIRETOR DE PRODUÇÃO
ASSISTENTES DE MARKETING
MENSAGEIROS
MUSICAL
DE RELACIONAMENTO
Jeferson Silva
Marcos Souza
Eularino Pereira
Pablo Faria
Equipe Técnica
GERENTE DE COMUNICAÇÃO
Rildo Lopez
Equipe
Administrativa
Merrina Godinho Delgado
GERENTE ADMINISTRATIVO-
MENOR APRENDIZ
Diego Soares
Sala Minas Gerais
GERENTE DE PRODUÇÃO
FINANCEIRA
GERENTE DE
MUSICAL
Thais Boaventura
INFRAESTRUTURA
Claudia da Silva Guimarães
Renato Bretas
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS
ASSESSORA DE
João Paulo de Oliveira
TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO
PROGRAMAÇÃO MUSICAL
Paulo Baraldi
E ÁUDIO
Carolina Debrot
Rafael Franca
ANALISTA CONTÁBIL
PRODUTORES
Graziela Coelho
Geisa Andrade
ASSISTENTE OPERACIONAL
Rodrigo Brandão
Luis Otávio Rezende
ANALISTA DE
Narren Felipe
RECURSOS HUMANOS
Quézia Macedo Silva
ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO
Andréa Mendes (Imprensa)
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Marciana Toledo (Publicidade)
Flaviana Mendes
Mariana Garcia (Multimídia)
Renata Romeiro (Design gráfico)
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
Cristiane Reis
ANALISTA DE MARKETING
DE RELACIONAMENTO
AUXILIARES
Mônica Moreira
ADMINISTRATIVOS
Pedro Almeida
ANALISTAS DE MARKETING
Vivian Figueiredo
FORA DE SÉRIE
E PROJETOS
Beethoven 2015
Itamara Kelly
RECEPCIONISTA
Mariana Theodorica
Lizonete Prates Siqueira
ASSISTENTE DE
AUXILIARES DE
COMUNICAÇÃO
SERVIÇOS GERAIS
Renata Gibson
Ailda Conceição
EDIÇÃO DE TEXTO
Nayara Assis
Berenice Menegale
COORDENADORA
DA EDIÇÃO Merrina
Godinho Delgado
**** PRINCIPAL / ASSISTENTE SUBSTITUTO
115
PATROCÍNIO MÁSTER
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
HOTEL OFICIAL
INCENTIVO
w w w. i n c o n f i d e n c i a . c o m . b r
Projeto executado por meio da
Lei Estadual de Incentivo à
Cultura de Minas Gerais
CA: 0231-001/2013
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COMUNICAÇÃO ICF
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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