Atras_da_Palavra_Ed2 - Paróquias de Descalvado
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Atras_da_Palavra_Ed2 - Paróquias de Descalvado
Atrás da Palavra Revista Católica www.paroquiasdescalvado.com.br Ano 1 | Nº 2 | Fevereiro/Março 2014 Questão de conversão A experiência do encontro com o verdadeiro amor, cuja fonte é Deus Carnaval e quaresma Conheça os dois períodos que marcam a nossa vida cotidiana e nossa vida de fé É para a liberdade que Cristo nos libertou. (Gl 5,1) Tráfico humano Campanha da Fraternidade 2014 Formação Litúrgica | catequese | Culto A Maria | PAPA FRANCISCO | Palavra do Bispo Editorial Atrás da Palavra Tocados pela Queridos irmãos em Cristo, É com grande alegria que apresentamos aos paroquianos de Descalvado mais uma edição da nossa revista. Mais do que informar, esse novo canal de comunicação tem a importante missão de levar um pouco da Palavra a toda a comunidade para, juntos, crescermos nessa grande caminhada do povo de Deus. Gostaria de chamar a atenção dos leitores para nossa reportagem de capa, que também é tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Tráfico Humano”. Como cristãos que somos, não podemos nos calar diante de injustiças como essas que, inacreditavelmente, ainda acontecem em nosso país. Como Igreja que somos, precisamos construir um mundo melhor, sem espaço para a crueldade. Em nome da comunidade católica de Descalvado quero acolher e dar as boas vindas ao padre Alex Sander Turek Machado, novo pároco da Quase Paróquia São Judas Tadeu. Informações sobre as atividades e os principais movimentos de nossas paróquias também poderão ser conferidos na revista. Nossos pequenos cristãos também vão encontrar uma página dedicada a eles. E para que esse seja um verdadeiro canal de evangelização, sugerimos aos pais que incentivem seus filhos a conhecer um pouco mais sobre os princípios da vida cristã. Que nossos corações e mentes possam sempre ser tocados pela Palavra. Boa leitura Pe. Antonio Carlos de Almeida Nesta Edição Palavra do Bispo Alegria no coração e sorriso nos lábios | Irmãs Missionárias Exemplo de doação | Formação Litúrgica O Carnaval e a Quaresma | Culinária Comemore a Páscoa com uma deliciosa receita | A importância do dízimo Dízimo é compromisso | Matéria de Capa Campanha da Fraternidade | Família e matrimônio Igualdade: não os mesmos, mas iguais | Catequese Lições do tempo quaresmal | Papa francisco O convite para a festa não tem preço | Vida de santidade São José | Pastorais O que é a Pastoral Litúrgica? | religião O significado da Cerimônia de Cinzas | Descalvado pela memória do seu povo Sociedade e Igreja no Brasil | Culto a Maria Imaculada Conceição Sempre aqui Agenda | Calendário | Notas | Curiosidades | Pastorais | Social | Espaço da criança Palavra A Revista Atrás da Palavra é uma publicação da Pastoral da Comunicação das Paróquias de Descalvado www.paroquiasdescalvado.com.br Coordenação geral Pe. Antonio Carlos de Almeida Conselho Editorial Pe. Antonio Carlos de Almeida Pe. Valdinei Antonio da Silva Pe. Angelo Rossi Direção Executiva e Editorial Fernando Vicente Serpentino Tiago Serpentino Mauricio Mazola Wanessa Garcia Comercial Sergio Rui | Vagner Basto Jornalista Responsável e Redação Katia Carminatto – MTB 23.255/sp Revisão Renata Marcondes de Paula Projeto Gráfico e Diagramação Thatto Comunicação Colaboradores Dom Vilson Dias de Oliveira, DC Pe. Angelo Rossi Pe. Antonio Carlos de Almeida Pe. Valdinei Antonio da Silva Pe. Robert Landgraf Pe. Luis Fabiano Antonio Carlos Feliciano Camila Pedezzi João Geraldo Martins Filho José Francisco Barbalho Lara Danaga Luis Pedezzi Marco A. Pratta Tania Feliciano Impressão Quatrocor Gráfica e Editora Tiragem 2.000 exemplares Fale Conosco Sugestões e comentários podem ser enviados para o email: [email protected] As matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores, não expressando necessariamente a opinião da revista. A responsabilidade sobre os anúncios publicados é exclusiva do anunciante, no que tange às normas do CONAR. A responsabilidade pelos serviços e produtos anunciados é integral e exclusiva do anunciante, cabendo à revista apenas a veiculação das informações, sem que isso implique em qualquer aprovação ou vinculação ao conteúdo anunciado. Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial da revista, exceto por autorização escrita do editor, estando sujeito o infrator às penas previstas em lei. seja um assinante Faça a assinatura da revista Atrás da Palavra e receba seu exemplar em casa. Informe-se junto às secretarias das paróquias ou ligue para um dos telefones abaixo: (19) 3583. 8261 / 3583.5038 / 3583.1282 [email protected] Palavra do Bispo Religião Dom Vilson Dias de Oliveira, DC | Bispo Diocesano de Limeira É importante estarmos atentos aos acontecimentos e transformações sociais. Alegria no coração e sorriso nos lábios “Queridos jovens, Jesus dá-nos a vida, e vida em abundância. Unidos a Ele, teremos a alegria no coração e um sorriso nos lábios”. A mados irmãos e irmãs, durante o exercício de meu ministério episcopal, nesta Igreja Particular de Limeira, tenho acompanhado os desafios de nossas pastorais, movimentos e serviços espalhados em nossas paróquias e comunidades. Importantes trabalhos são realizados com nossas crianças e com nossos jovens, adultos e idosos. Fiéis leigos que dão um testemunho de fé diariamente em seus grupos de trabalho. os valores Entretanto, é importante estarmos atentos aos acontecimentos e transformações sociais que por muitas vezes influenciam nossos comportamentos e ações, principalmente de nossos jovens e de nossas famílias. Recordo as palavras de nosso Papa Emérito Bento XVI, para o dia mundial da Paz de 2013: “a sociedade atual ameaça as famílias e destrói vidas. Por isso, os filhos devem colocar sua Esperança em Deus, fonte da verdadeira Justiça e Paz”. único caminho JOvens A imprensa tem anunciado diariamente o envolvimento de jovens, e até mesmo de crianças, com o tráfico de drogas e atos de vandalismo. Jovens que se infiltram em manifestações populares para depredarem bens públicos e particulares. Jovens que matam seus pais, seus avós, seus irmãos, sem a menor consciência do significado de seus atos. A sociedade vive hoje com uma verdadeira perda de valores, com os jovens destruindo a si mesmos. Em recente mensagem pelas redes sociais, papa Francisco falou aos jovens: “Queridos jovens, Jesus dá-nos a vida, e vida em abundância. Unidos a Ele, teremos a alegria no coração e um sorriso nos lábios”. É importante que nossas famílias e jovens estejam inseridos na caminhada evangelizadora de nossa Igreja Diocesana. Deus está ao nosso lado sempre, guiando-nos e orientando-nos em nossas ações. Esse é o caminho que deve ser seguido. Que Nossa Senhora do Belém, padroeira de Descalvado, interceda por todas as nossas famílias e jovens, inseridos em nossas paróquias e comunidades. Deus abençoe a todos em seu amor de Pai. ■ “a sociedade atual ameaça as famílias e destrói vidas. Por isso, os filhos devem colocar sua Esperança em Deus, fonte da verdadeira Justiça e Paz”. Revista Católica 5 Agenda Calendários e Contatos Acompanhe o calendário de missas e eventos das nossas paróquias. Paróquia Nossa Senhora do Belém Missas Regulares Eventos Reza do Terço dos Homens domingos Horário Local/Tema 7h00 Nossa Senhora do Belém 8h30 Ressurreição 10h00 Nossa Senhora do Belém 19h00 Nossa Senhora do Belém Horário Data/Local 20h00 Todas as segundas-feiras Capela de São Benedito Recitação das Mil Ave-Marias Data Horário Local/Tema 1º domingo do mês 10h00 Missa – Batizado Último domingo do mês 10h00 Missa de apresentação das crianças para o batizado Nossa Senhora do Belém Data Horário Local/Tema Horário Data/Local 19h00 última terça-feira do mês Comunidade São Benedito Encontro de Preparação para o Batismo Horário Data/Local 08h00 02/03 - Sede Paroquial 09/03 - Sede Paroquial 16/03 - Sede Paroquial 23/03 - Sede Paroquial terça-feira 2ª terça-feira do mês 19h30 Santa Cruz das Almas 3ª terça-feira do mês 19h30 Santa Rita 4ª terça-feira do mês 19h30 São Francisco Início da Campanha da Fratrenidade 2014 quarta-feira Horário Local/Tema 19h00 sexta-feira Data Horário Data/Local Durante o dia todo 05/03 Encontro de Preparação ao Matrimônio Com a presença dos pais Missa dos doentes Nossa Senhora do Belém Missa dos fiéis defuntos Nossa Senhora do Belém 15h00 Horário Horário Data/Local 19h30 07/03 - Sede Paroquial Encontro de Preparação ao Matrimônio Local/Tema 1ª sexta-feira do mês 19h00 Sagrado Coração de Jesus Nossa Senhora do Belém 3ª sexta-feira do mês 19h30 Asilo São Vicente de Paula Horário Data/Local 13h00 08/03 - Sede Paroquial Reunião Do C.P.P. (Conselho Pastoral Paroquial) Sábados Horário Local/Tema Horário Data/Local 18h30 Nossa Senhora do Belém 20h00 12/03 - Sede Paroquial Missas especiais MISSA E APRESENTAÇÃO DAS CRIANÇAS PARA O BATIZADO 6 Horário Data/Local 10h00 23/03 - Igreja Matriz Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 Agenda Calendários Paróquia São Sebastião Quase Paróquia São Judas Tadeu Missas Regulares Missas Regulares domingos domingos Horário Local/Tema Horário Local/Tema 8h00 Santo Antônio 8h00 São Luiz Gonzaga 9h30 Data São Judas Tadeu Horário 18h00 Local/Tema 2º domingo do mês 19h00 São José 4º domingo do mês 19h00 São José Data Local/Tema 1º domingo do mês 10h00 Missa com as crianças São Sebastião Data Horário 1ª terça-feira do mês 19h30 terça-feira terça-feira Data Horário Local/Tema 1ª terça-feira do mês 19h30 Santa Rita quinta-feira Data Horário Local/Tema 3ª quinta-feira do mês 19h30 Nossa Senhora da Saúde São Sebastião Horário 3ª terça-feira dos meses pares 3ª terça-feira dos meses ímpares Horário 1ª sexta-feira do mês 19h00 19h30 sexta-feira Local/Tema Missa do Sagrado Coração de Jesus - São Judas Tadeu Horário Local/Tema 19h30 Missa da Esperança (falecidos) São Sebastião Data Sábados Horário Local/Tema 18h00 São Judas Tadeu 19h30 Santa Terezinha (Butiá) Nossa Senhora de Lourdes (Fazenda Botaro) Nossa Senhora das Graças (Fazenda Palmeiras) 19h30 sexta-feira Data Local/Tema Horário Local/Tema 19h30 Missa com adoração ao Santíssimo São Sebastião 1ª sexta-feira do mês Sábados Nossa Senhora Aparecida Dia 28 de cada mês Horário Local/Tema Horário Local/Tema 17h30 Santa Cruz 19h00 São Judas Tadeu 19h30 Cristo Rei Conheça nossas pastorais e contatos: Paróquia Nossa Senhora do Belém Pastorais Apostolado da Oração Comissão de Festas Conferências Vicentinas Irmãos do Santíssimo Sacramento Ministros Leigos Movimento Familiar Cristão Movimento Mãe Peregrina Pastoral da Comunicação Pastoral Catequética da Crisma Pastoral Catequética da Eucaristia Pastoral da Criança Pastoral da Juventude Pastoral da Liturgia Pastoral da Saúde Pastoral da Saúde Bioenergética Pastoral do Batismo Pastoral do Dízimo Pastoral do Matrimônio Pastoral dos Coroinhas Pastoral Vocacional Pequeninos do Senhor Renovação Carismática Secretaria do Conselho Pastoral Paroquial Paróquia São Sebastião Coordenadores Cátia Bet Maria Ap. Sassi Fuzaro Pedro Carlos Cazarim Contatos (19)99201-6713 (19)3583-1667 (19)3583-4243 José Antonio Marini (19)3583-1383 Vera Bonani Costa Luizinho e Joyce Pedezzi Ricardo e Sônia Mazaro Anésia da Silva Colombo Regina Bonani Moralles Fábia Cirelli Ruiz Solange da Silva Juliana Anália da Silva João Geraldo Martins Filho Valquiria Vigato Maria Chiaratti Arlete Feliciano Maria C. Scalla Chiaratti José Geraldo Mazola Tânia Feliciano Wesley da Silva Redocino Ana Paula B. Brassalotto Daniela Cristina Moraes Valdir Peres (19)3583-3206 (19)3583-2327 (19)3583-1828 (19)3583-8678 (19)3583-3113 (19)3583-3940 (19)3583-5382 (19)3583-4123 (19)3583-2188 (19)3583-2603 (19)3583-1771 (19)3583-1046 (19)3583-1771 (19)3583-1495 (19)3583-1539 (19)99380-4408 (19)99286-5326 (19)3583-2688 (19)99434-0756 Secretaria da Paróquia (19)3583-1282 Pastorais Movimento Mãe Peregrina Pastoral da Catequese Pastoral da Crisma Pastoral da Eucaristia Pastoral da Liturgia Pastoral do Batismo Pastoral do Dízimo Coordenadores Pedro Geraldo Tessarin Secretaria da Paróquia Ana Claudia do Nascimento Carmem Silvia Palomar Milian Magda Cuel Ana Venâncio Secretaria da Paróquia Contatos (19) 3583-7983 (19) 3583-5038 (19) 3593-1023 (19) 3583-7600 (19) 3583-6977 (19) 3583-3811 (19) 3583-5038 Quase Paróquia São Judas Tadeu Pastorais Apostolado da Oração Catequese Batismal Catequese da Eucaristia Catequese da Crisma Pastoral da Saúde Pastoral do Dízimo Pastoral da Liturgia Pastoral do Canto Pastoral dos Coroinhas Ministros Leigos Movimento Familiar Cristão Movimento Mãe Peregrina Movimento da Renovação Carismática Grupo de Setores e Novenas Coordenadores Terezinha A. M. Machado José Armando Belli Maria C. C. Comin Paulo Roberto Barbalho Derli A. X. Mazari Jorge Luiz Perna Aparecida E. P. Ignácio Angela M. Galetti Mery E. C. Bueno Joyce M. C. Pedezzi Wagner Machado Maria H. C. I. Colonhezi Contatos (19) 3583-1422 (19) 3583-2314 (19) 3583-1211 (19) 3583-3843 (19) 3583-2912 (19) 3583-3045 (19) 3583-5722 (19) 3583-2254 (19) 3583-7467 (19) 3593-1365 (19) 3583-6329 (19) 3583-4148 Fabiana Idem (19) 99481-5981 Daisy C. Mazine (19) 3583-6809 Missões Lar Escola O Centro Sócio Educacional Franciscano Imaculada Conceição, instituição que já faz parte da história de Descalvado, completou 110 anos e já atendeu 3.838 menores. Exemplo de doação E m fevereiro deste ano, o Centro Sócio Educacional Franciscano Imaculada Conceição completou 110 anos. A instituição centenária, que já faz parte da história de Descalvado, desenvolve uma série de projetos educacionais, que incluem formação e aperfeiçoamento, e sociais, como o acolhimento transitório a crianças e adolescentes. Nesta edição, a irmã Zenilda das Neves Lopes, responsável pelo Centro explica o trabalho realizado pela entidade num exemplo vivo de doação e amor ao próximo. Quais as principais atribuições e tarefas das irmãs? As irmãs estão presentes em todos os trabalhos da obra. Periodicamente nos organizamos para dividir as atribuições e tarefas relacionadas à administração dos serviços e da fraternidade, ambas com atividades bem distintas. 8 Atrás da Palavra Quantas irmãs já passaram pelo Centro? A partir dos dados do ano de 1969 até os dias atuais, passaram por aqui mais ou menos 102 irmãs. Além de mim, atualmente a Fraternidade Imaculada Conceição é composta por outras duas religiosas: Irene da Silva e Maria José de Melo Maria. Quantas crianças já foram atendidas pelo Centro desde a sua fundação? Considerando dados coletados a partir de 1989 até os dias atuais, o Centro já atendeu 3.838 menores. Atualmente temos cinco crianças acolhidas, Fevereiro/Março 2014 que são as que permanecem no Centro, e 110 crianças e adolescentes que participam diariamente dos projetos educacionais. De que forma as pessoas podem ajudar o Centro? Doações em dinheiro, alimentos, roupas contribuem bastante para o desenvolvimento de ações que contemplem a melhoria da qualidade de vida das crianças e famílias menos favorecidas e em vulnerabilidade que aqui frequentam. O que o Centro oferece a essas crianças? Além das atividades básicas do dia a dia, contribuímos para o desenvolvimento de habilidades, potencialidades, autonomia e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários através de atividades lúdicas e pedagógicas, de manifestações artísticas, culturais e de lazer. Oferecemos também atividades de socialização, partilha, solidariedade, cooperação, participação coletiva, interação e na formação de atitudes que fomentam o exercício da cidadania para o amor, a justiça, a paz e gestos de perdão, de reconciliação e de humanização. Precisamos de pessoas que colaborem com ideias, propostas criativas, que participem da organização de eventos, de passeios, de atividades extras, e que possam contribuir para o desenvolvimento dos atendidos e no levantamento de fundos. Como é realizado o custeio dessas atividades? Recebemos subvenção municipal, estadual e o convênio do FUNDEB em parceria com a prefeitura de Descalvado. Também temos iniciativas como coleta de alimentos duas vezes ao ano, chá beneficente, tarde da pizza, tarde do pastel, festa do sorvete, festa junina e show de prêmios, todas com o intuito de arrecadar recursos. Mas, infelizmente, mesmo com tudo isso a obra não consegue se manter. Por isso, buscamos recurso da Província - principal entidade mantenedora do Centro e que nos auxilia para continuarmos mantendo o atendimento. No entanto a própria Província fica sempre no limite, pois é mantenedora de todas as nossas casas de missão que se encontram nos Estados de São Paulo, Goiás e Piauí. Como ajudar? É só procurar quem está na responsabilidade atual pelo serviço, que geralmente é uma das irmãs, mas nosso convite é para que as pessoas venham conhecer o trabalho desenvolvido e se encantem, assim como nós, por esta ação missionária que virou um século e perpetua até os nossos dias atuais graças à benevolência e generosidade do povo Descalvadense. ■ Como ajudar Para fazer parte do voluntariado do Lar Escola, basta mandar e-mail para [email protected] ou ligar para (19) 3583-1302. A participação dos voluntários é suficiente? A adesão de voluntários é uma das fragilidades e um dos nossos focos de atenção, mas ainda é muito difícil criar um corpo de pessoas que de fato abracem nossa causa e que construam conosco melhores formas de atendimento às crianças e adolescentes. Há muitas pessoas que nos ajudam, não posso negar. Mas precisamos de pessoas que colaborem com ideias, propostas criativas, que participem da organização de eventos, de passeios, de atividades extras, e que possam contribuir para o desenvolvimento dos atendidos e no levantamento de fundos. Assim poderemos, cada vez mais, prestar um serviço de qualidade. Revista Católica 9 Religião Formação Litúrgica O Carnaval e a Quaresma Dois períodos que marcam a nossa vida cotidiana e nossa vida de fé. Por Pe. Luis Fabiano A mados irmãos e irmãs, estamos nos aproximando do período da Quaresma. No entanto, não há como falarmos em Quaresma sem que antes, reflitamos sobre o Carnaval, esta festa popular cuja origem poucos conhecem. Assim sendo, este artigo tem por objetivo refletir sobre estes dois períodos que marcam a nossa vida cotidiana e nossa vida de fé. Segundo a diretora de documentação da Fundação Joaquim Nabu- co, Rita de Cássia Araújo, o Carnaval teria surgido antes do cristianismo. Ela revela que existem pelo menos duas correntes entre os pesquisadores para explicar a criação da festa. A primeira afirma que o Carnaval tem como origem as festas populares que ocorriam na era pré-cristã no Hemisfério Norte, principalmente no Egito, em Roma e na Grécia, para celebrar o fim do inverno e a chegada da época das colheitas. Não havia referências Não havia referências religiosas, mas já havia as brincadeiras e as máscaras. 10 Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 religiosas, mas já havia as brincadeiras e as máscaras (fonte: Portal Terra). De celebração agrária a festa ganhou contornos religiosos quando o cristianismo atribuiu significado à festa, que passou a ser vinculada à Páscoa – a ‘Terça-Feira gorda’ acontece 47 dias antes Domingo de Páscoa. A festa, então, ganhou o sentido de tempo de diversão e exagero de comida e bebida, que antecede a entrada em um período de reflexão e jejum dos cristãos antes da Páscoa, quando os fiéis teriam de se recolher e buscar pela mudança de vida. Ainda segundo Rita, a segunda corrente de pesquisadores diverge da ideia de festa surgida há tanto tempo, sustentando que o Carnaval tem múltiplas origens, com diferentes significados e contextos causando seu surgimento em cada região. A chegada no Brasil No Brasil, o Carnaval chegou com os portugueses com o nome de “intrudo”, baseado principalmente em brincadeiras em que pessoas sujavam umas às outras como o mela-mela. “Havia uma distinção social nessa festa. As famílias brancas brincavam nas casas e os escravos brincavam nas ruas”, diz Rita. Depois de compreendermos o significado do Carnaval, voltemos nossa atenção para a Quaresma. É o período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã, sendo celebrado por algumas igrejas cristãs, dentre as quais a Católica, a Ortodoxa, a Anglicana, a Luterana. A expressão Quaresma é originária do latim, quadragesima dies (quadragésimo dia). O adjetivo referente a este período é dito quaresmal ou, mais raro, quadragesimal (fonte: Wikipédia). Em diversas denominações cristãs, o Ciclo Pascal compreende três tempos: preparação celebração prolongamento A Quaresma insere-se no período de preparação. preparação para a celebração da Páscoa Os serviços religiosos desse tempo intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal, que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narrados nos Evangelhos. A Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa é um período reservado para a reflexão e a conversão espiritual. Esta preparação é feita através de jejum, abstinência de carne, mortificações, caridade e orações. A Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa é um período reservado para a reflexão e a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Nesse tempo santo, a igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na Quarta-Feira de Cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade. Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, quando os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, ressuscitado no Domingo de Páscoa. A cor do período O roxo é a cor litúrgica que caracteriza este período. Nesta época do ano, os campos se enfeitam de flores roxas e róseas das quaresmeiras. Em muitas regiões havia o costume de cobrir também de roxo as imagens nas igrejas, e em muitos lugares ainda hoje se mantêm essa tradição. Na nossa cultura, o roxo lembra tristeza e dor. Isto ocorre porque na Quaresma celebramos a Paixão de Cristo: na Via-Sacra contemplamos Jesus a caminho do Calvário. ■ Detalhe de flores de quaresmeira roxa De celebração agrária a festa ganhou contornos religiosos quando o cristianismo atribuiu significado à festa, que passou a ser vinculada à Páscoa. Revista Católica 11 Culinária paladar Renove o P áscoa é tempo de renovação, ocasião para refletir, modificar velhos hábitos e ressurgir. É o momento de relembrar a salvação em Cristo, por meio da morte e ressurreição de Jesus. Aproveite esse momento com a família para experimentar uma deliciosa receita de brandade de bacalhau com tapena- de de azeitonas e crisp de couve manteiga e, como sobremesa, um flan de cacau com calda toffee de laranja. Receitas sugeridas pelo coordenador e professor do Centro Especializado em Gastronomia (CEG), consultor e apresentador do programa Na Medida Certa, do canal Chef TV, chef Fernando Corsi Eiger. Comemore a Páscoa com uma deliciosa receita de bacalhau e um flan de cacau saboroso para sobremesa. Imagem ilustrativa Saúde Flan de Cacau e Calda Toffee de Laranja Imagem ilustrativa Ingredientes • 250 ml de leite integral • 50 ml de leite de coco • 100 g de leite condensado • 25 g de amido de milho • 10 g de cacau em pó Brandade de bacalhau com tapenade de azeitonas e crisp de couve manteiga Ingredientes • 300 g de bacalhau dessalgado • 200 g de batatas • 60 g de manteiga sem sal • 40 g de creme de leite fresco • 20 ml de azeite de oliva • 01 dente de alho • 90 g de azeitonas pretas • ¼ maço de couve manteiga picada bem fininha • À gosto: salsinha fresca bem picada • 06 tomates cerejas • À gosto: sal e pimenta do reino Modo de preparo Brandade Desfie ou retire as lascas do bacalhau. Reserve. 12 Atrás da Palavra Faça um purê com as batatas, o creme de leite, a salsinha e o alho. Leve os tomatinhos para assar levemente a 160ºC com azeite, sal e pimenta. Misture delicadamente o bacalhau com o purê e, se necessário, ajuste o sal e a pimenta do reino. Tapenade Retire o caroço das azeitonas, se houver, e bata-as no mixer até formar um purê. Leve ao fogo baixo e ajuste os temperos. Crisp Frite a couve no óleo quente em imersão rapidamente e deixe secar sob papel toalha. Sirva uma porção de brandade sobre uma fina camada de tapenade e o crisp por cima. Fevereiro/Março 2014 Modo de preparo Leve ao fogo metade do leite, o leite de coco, o leite condensado, o cacau e a baunilha. Em um bowl (tigela redonda) adicione o restante do leite e o amido e mexa. Acrescente o leite quente na mistura do amido e volte para o fogo. Mexendo sempre. Aqueça até engrossar. Espere amornar e verta dentro de uma taça ou ramequins. CALDA • 01 laranja (sumo e raspas) • ½ laranja supreme (corte feito em que é tirada toda a casca, ficando apenas o gominho) • 80 g de açúcar refinado • 80 g de creme de leite fresco Modo de preparo Misture o creme de leite com a laranja e reserve. Leve ao fogo o açúcar e quando atingir o ponto de caramelo adicione a mistura de creme com laranjas e, misturando sempre, deixe apurar e engrossar levemente. Leve à geladeira para esfriar. Sirva o flan com a calda por cima e as raspas salpicadas. Bom apetite! Fernando Corsi Eiger é coordenador e professor do Centro Especializado em Gastronomia (CEG), consultor e apresentador do programa Na Medida Certa, do canal Chef TV. A importância do dízimo Dízimo DÍZIMO É COMPROMISSO Por Pe. Angelo Rossi M uitos se dizem cristãos e católicos só porque frequentam a missa aos domingos ou em algumas ocasiões, alimentam algumas devoções, participam de alguns eventos promovidos pela paróquia e vez ou outra colaboram com uma atividade da comunidade. Tudo isso é bom, mas só isto é pouco para justificar o nome de cristão, membro da Igreja de Jesus Cristo. É preciso comprometer-se com a Igreja, com a paróquia ou a comunidade da qual participa. É preciso sentir-se responsável por ela e sentir como próprias as necessidades da Igreja. por que “dízimo”? Pouco importa o nome que damos. Em lugar de “dízimo” poderíamos usar centésimo ou outro nome, outra expressão de linguagem. O importante é o cristão se comprometer com a sua Igreja, para que a sua fé não permaneça vazia, abstrata. A Igreja prefere usar a palavra “dízimo” porque é uma palavra consagrada pela Bíblia, pela experiência do povo de Deus. Mas poderíamos também chamar de partilha, caridade ou até tributo sagrado. O que importa é que o cristão seja comprometido. É isto que o dízimo faz. Por isso é uma pastoral: pastoral que leva o cristão a comprometer-se com a Igreja. DÍZIMO É ABRIR O CORAÇÃO AO SENHOR Lembremos uma palavra do Papa João Paulo II, na sua primeira carta dirigida a toda a humanidade, bem no começo do seu ministério: “Abri as Portas ao Salvador”. São palavras sempre atuais. Precisamos abrir as portas do coração para acolher Jesus, que quer entrar e estar em nós, que quer nos transformar com a força da Sua Palavra e a ação do Espírito Santo. Dízimo não é questão de dinheiro, de medir quanto devemos dar, perguntar qual a finalidade do dinheiro arrecadado pela Igreja. Dízimo é questão de conversão, é mudança de coração, é deixar-se penetrar pelo Espírito de Deus, para podermos entender o que é ser cristão, o que significa ser Igreja e qual o compromisso com a comunida- de a que pertenço, qual a minha vocação e a minha missão dentro da Igreja. Abrir a porta do coração para Jesus Cristo significa entender a ordem do Senhor, quando diz: “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado, por acréscimo”. O importante é o cristão se comprometer com a sua Igreja, para que a sua fé não permaneça vazia, abstrata. O meu dízimo é colocar minha vida, meus talentos, meu tempo e meus bens a serviço de Deus em primeiro lugar. Dentro desta visão evangélica seremos capazes de compreender a dimensão religiosa, social e missionária da Igreja, e do vosso dízimo também. DÍZIMO NA BÍBLIA Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, mandou trazer pão e vinho e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas mãos!” E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo (Gn 14, 18-20). Vocês se afastam dos meus estatutos e não guardam os meus decretos. Voltem para mim, que eu também voltarei para vocês! – diz Javé dos exércitos. “Pode um homem enganar a Deus?” Pois vocês me enganaram! Vocês perguntam: “Em que te enganamos?” No dízimo e nas ofertas. Tragam o meu dízimo completo para o templo para que não haja alimento em meu templo. Façam essa experiência comigo – diz o Senhor dos Exércitos. Vocês hão de ver, então, se não abro as comportas do Céu, se não derramo sobre vocês as minhas bênçãos de fartura (Ml 3, 7-8-10). “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles. Ninguém passava necessidades, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade (At 4, 32.34-35). ■ Revista Católica 13 Matéria de capa Campanha da Fraternidade “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou” Gálatas 5:1 Onde está o ? teu irmão D esde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pelos países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, a liberdade passou a ser reconhecida como um patrimônio universal, expressão da consciência coletiva da humanidade. “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”, estabelece o primeiro artigo do documento. Esse seria o melhor dos mundos, não fosse o fato de que, ainda nos dias de hoje, a escravidão é uma realidade. De acordo com o movimento mundial Walk Free, cerca de 30 milhões de pes- soas no mundo todo vivem na escravidão em um negócio que movimenta US$ 32 milhões. “Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.” Gálatas 5:1 Homens, mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade são aliciados com propostas que podem levá-los à exploração sexual ou de trabalho, ao tráfico para extração de órgãos ou adoção, no caso de crianças. Essas pessoas são submetidas a ameaças físicas e psicológicas, agres- IMPORTANTE LEMBRAR Quase todos os países do mundo se comprometeram a prevenir e erradicar as formas modernas de escravidão – seja por meio de suas políticas e leis nacionais, ou o seu acordo com as convenções internacionais. “O papel dos governos no combate a esta violação dos direitos humanos é fundamental. A ele cabe promulgar e aplicar leis criminais, garantir que as vítimas sejam tratadas como tal e não como criminosos, e alocar os orçamentos nacionais para financiar o combate a essa prática. Também os indivíduos, as organizações da sociedade civil, os sindicatos e as empresas têm um papel a desempenhar”, observa Gina Dafalia, gerente de Pesquisa da Walk Free. 14 Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 sões e humilhação. Em alguns casos, contraem dívidas impagáveis por causa dos preços abusivos praticados pelos próprios exploradores, e chegam a ter seus documentos retidos. Ainda assim, 200 mil brasileiros estão sujeitos à escravidão moderna no país, a maioria exercendo atividades ligadas à pecuária, exploração madeireira, mineração e agricultura nas áreas rurais. Escravidão global Para acompanhar de perto a extensão do problema, a organização criou o Índice de Escravidão Global que identifica a incidência de trabalho escravo em 162 países e analisa a força das respostas dos governos na abordagem do tema. Nesse ranking, o Brasil ocupa a 94ª posição e chegou a receber elogios da Walk Free pela sensibilidade no combate ao problema com a criação de mecanismos de combate ao trabalho escravo. Um deles é a “Lista Suja” de pessoas físicas ou jurídicas que submeteram trabalhadores a condições análogas à de escravo. Ainda assim, 200 mil brasileiros estão sujeitos à escravidão moderna no país, a maioria exercendo atividades ligadas à pecuária, exploração madeireira, mineração e agricultura nas áreas rurais. Há também relatos de trabalhos em condições sub-humanas na construção civil e em fabricação de vestuário em regiões urbanas. Recentemente o Brasil foi cenário de denúncias de uma rede de turismo e exploração sexual de crianças e adolescentes no Amazonas, liderada por autoridades locais. Essa é, na verdade, mais uma nuance desse crime invisível em que vítima e explorador dificilmente são descobertos. “A escravidão moderna é difícil de identificar porque a exploração e o abuso não acontecem apenas em locais públicos, mas mais frequentemente em locais disfarçados como residências particulares ou em fábricas”, adverte Gina. “É importante que as pessoas compreendam o alcance da escravidão moderna e procurem encaminhar as vítimas para os serviços de apoio em suas cidades”, conclui. Campanha da Fraternidade Não por acaso, o tema da Campanha da Fraternidade 2014 é “Fraternidade e Tráfico Humano”. “Essa escolha mostra o comprometimento da igreja com a defesa da dignidade humana, dos direitos fundamentais e da erradicação do crime”, diz padre Antônio Carlos de Almeida, pároco da Paróquia São Sebastião, em Descalvado. Trazer o assunto à tona, segundo ele, é uma forma de conscientizar a sociedade para fomentar discussões em favor da prevenção, denúncia, reinserção social e ações políticas voltadas para o enfrentamento do problema. O tema não é exatamente novo no catolicismo. A preocupação com a questão do trabalho escravo no Brasil e a mobilização das pastorais atuando em diferentes vertentes é antiga. Os primeiros registros datam da década de 70, com relatos de trabalho forçado em fazendas na Amazônia. Em 1975, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criou a Comissão Pastoral da Terra (CPT), hoje uma entidade ecumênica, que acolhia trabalhadores fugitivos das fazendas. Revista Católica 15 Campanha da Fraternidade A escravidão é uma ofensa ao projeto de Deus para a humanidade. A igreja católica também integra grupos como a “Rede Internacional da Vida Consagrada contra o Tráfico de Pessoas” e “Um Grito pela Vida”, e participa de campanhas como a “Olho aberto para não virar escravo”, voltado para a conscientização dos trabalhadores sobre as armadilhas do tráfico humano. As inúmeras iniciativas envolvem pastorais, unidades diocesanas e grupos de trabalho da CNBB. Apesar da contemporaneidade do tema, subjugar semelhantes é uma das práticas mais antigas da humanidade. O livro de Êxodo narra a his- tória da escravidão do povo de Israel no Egito no ano de 1250 a.C. e da grande misericórdia do Senhor em libertá-lo por intermédio de Moisés. Já no Novo Testamento, os gestos de Jesus Cristo em favor da dignidade humana são os maiores exemplos da ação libertadora de Deus. “A escravidão é uma ofensa ao projeto de Deus para a humanidade. Todas as pessoas, em especial nossos irmãos que vivem em situação desumana, precisam fazer a experiência do amor verdadeiro que só o Senhor pode nos dar”, destaca o padre. mão escravo? Onde está o irmão que estás matando cada dia na pequena fábrica clandestina, na rede da prostituição, nas crianças usadas para a mendicidade, naquele que tem de trabalhar às escondidas porque não foi regularizado? Não nos façamos de distraídos! Há muita cumplicidade... A pergunta é para todos! Nas nossas cidades, está instalado este crime mafioso e aberrante, e muitos têm as mãos cheias de sangue devido a uma cômoda e muda cumplicidade.” Sim, o problema é nosso. Porque muitas vezes somos cúmplices na omissão, porque muitas vezes nos favorecemos das pequenas explorações que testemunhamos no dia a dia, mas principalmente porque deixamos de ver que o subjugado é, na verdade, nosso irmão. “Como cristãos somos desafiados a nos comprometer com o processo de erradicação do tráfico humano em suas várias expressões. Esse é o chamado de reflexão da Quaresma”, finaliza padre Antônio. ■ O que fazer O pronunciamento do Papa Francisco sobre o trabalho escravo em sua primeira Exortação Apostólica chama a atenção para a responsabilidade de cada um de nós, cristãos, que acredita na liberdade como o caminho para a justiça social e a evangelização: “Sempre me angustiou a situação das pessoas que são objeto das diferentes formas de tráfico. Quem dera que se ouvisse o grito de Deus, perguntando a todos nós: ‘Onde está o teu irmão?’ (Gn 4, 9). Onde está o teu ir- ORAÇÃO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE Ó Deus, Sempre ouvis o clamor do vosso povo. E vos compadeceis dos oprimidos e escravizados. Fazei que experimentem a libertação da cruz e a ressurreição de Jesus. Nós vos pedimos pelos que sofrem o flagelo do tráfico humano. Convertei-nos pela força do vosso Espírito, e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos. Comprometidos na superação deste mal,vivamos como vossos filhos e filhas, na liberdade e na paz. Por Cristo nosso Senhor. Amém! 16 Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 Matrimônio Família Igualdade: não os mesmos, mas iguais “Concedendo um ao outro tal igualdade, a mulher e o homem, no casamento, se tornam realmente iguais.” Por Tania Feliciano e Antonio Carlos Feliciano [email protected] [email protected] A intenção de se ter direitos iguais entre mulheres e homens, tanto dentro como fora do casamento, é um tema central da vida contemporânea. É uma luta, porque existem aqueles que negam tal igualdade, consciente ou inconscientemente. Aqueles que argumentam explicitamente contra isso levantam a objeção de que a unicidade de cada indivíduo torna a igualdade entre seres humanos diferentes impossível. Essa afirmação é, sem dúvida, perfeitamente verdadeira, mas não é uma objeção válida na busca pela igualdade, porque interpreta erradamente a natureza e o significado do objetivo. Quando somos verdadeiramente iguais, podemos nos relacionar com o outro como pessoa integral e não como personificação de mulher e homem. A premissa básica dos vínculos amorosos abertos (em situação de igualdade) é a ideia de você escrever seu próprio contrato de modo que leve em consideração as diferenças individuais entre os dois e a unicidade de cada um deles. A igualdade, é claro, não significa mesmice. Leva em conta que nenhuma pessoa pode jamais ser exatamente igual à outra no que diz respeito à capacidade, habilidades, aptidões, necessidades ou desejos. Igualdade no casamento Mas se os cônjuges não devem ser considerados iguais em termos de semelhança ou mesmice, o que então significa a igualdade no casamento? Ora, simplesmente pode ser respondido que ela significa a igualdade da pessoalidade tanto para a mulher como para o homem, a igualdade de responsabilidade para o outro, a igualdade de consideração, interesse e cuidado para com o outro. A pessoalidade, em questões de amor, deve significar integridade, a totalidade integrada do indivíduo. Essa igualdade de pessoalidade significa que cada cônjuge tem direito a sua própria individualidade e às diferenças que o fazem único. A igualdade de responsabilidade para o indivíduo significa que cada um tem o igual direito de buscar essas metas, de atender às necessidades e desejos pessoais que resultarão em satisfação e crescimento. E a igualdade de interesse pelo outro significa que os dois se esforçarão igualmente para dar um ao outro a liberdade e respeito necessários para a manutenção da pessoalidade e a busca de satisfação. Nenhuma pessoa pode jamais ser exatamente igual à outra no que diz respeito à capacidade, habilidades, aptidões, necessidades ou desejos. Concedendo um ao outro tal igualdade, a mulher e o homem, no casamento, se tornam realmente iguais. Quando somos verdadeiramente iguais, podemos nos relacionar com o outro como pessoa integral e não como personificação de mulher e homem. A criação da igualdade no casamento vem a ser, então, a criação de um sentimento entre cônjuges, e não o estabelecimento de regras específicas que servem apenas para forçar uma aparência falsa de “mesma coisa” a dois seres humanos únicos. ■ QUESTIONAMENTOS: É possível no casamento viver a igualdade sem oprimir o outro? Cite exemplos. Em relação a este tema, aponte quais as preocupações que o casal deve ter para orientar suas famílias. Revista Católica 17 Religião Catequese Lições do T empo quaresmal Por José Francisco Barbalho D as lições de catequese que recebi na minha infância e adolescência, lembro, especialmente as da Quaresma. Todos nós em casa sabíamos bem que estávamos na Quaresma. Havia práticas inconfundíveis: jejuns, abstinência de carne, silêncios. Bailes, televisão e músicas eram proibidas. A lição era simples, mas transmitida com convicção e testemunho. Dizia meu pai que naquele período do ano, como ensinava a Igreja, celebrávamos o mistério da Paixão de Jesus Cristo. E que esta Paixão significava que o amor que Deus tinha por nós era tão grande que não poupou nem o próprio Filho do sofrimento e morte na cruz. E dizia, se Jesus padeceu por nós, para nos salvar, não podíamos nós, ao menos nesta época do ano, manifestar um pouco da nossa gratidão a Ele, fazendo um pouco de sacrifício e renúncias? E nos aconselhava a renunciar algo nestes “quarenta dias” como um sinal, um gesto concreto de louvor a este Jesus que nos amou até a morte. A partir desta catequese, passei a resistir ao consumo de algo do que gostava. 20 Atrás da Palavra No começo, por respeito a meu pai. Depois, por obediência a minha fé. Evidentemente que Jesus não vai deixar de amar ou amar menos quem na Quaresma deixar de louvá-lo com algum gesto de renúncia, abstinência ou sacrifício pessoal. Se Jesus padeceu por nós, para nos salvar, não podíamos nós, ao menos nesta época do ano, manifestar um pouco da nossa gratidão a Ele, fazendo um pouco de sacrifício e renúncias? Mas um filho que ama sua mãe, sabe o quanto ela fica orgulhosa e feliz quando dele recebe flores, beijo ou qualquer outro gesto de afeição e carinho. Neste tempo de Quaresma, se você se acostumou a fazer uma “alavanca”, deixando de consumir doce, refrigerante, cerveja ou outra coisa de que gosta muito, oferecendo este gesto como louvor e gratidão a Jesus, pela salvação que operou na cruz é muito bom e demonstra a maturidade da sua fé. Caso ainda não tenha se sentido persuadido a assim agir, faça essa experiência. Se mortificar, um pouco que seja, por alguém que o ama, ajuda você a entender melhor o sentido da vida. O Livro do Eclesiastes (Cap. 3, vers. 2 e 7) nos diz que há tempo para tudo: pra plantar e pra colher, pra falar e pra calar. Nossa vida pode e deve ser vivida in- Fevereiro/Março 2014 tensamente. O cristão deve ser alegre como nos ensina o Papa Francisco. Os tempos litúrgicos, entretanto, nos permitem vivenciar a graça de Deus com motivações diferenciadas. Não podemos ser desinformados e indiferentes na nossa fé, ignorando a riqueza de experiências tão distintas que tais tempos proporcionam. No tempo da Quaresma, a Igreja nos pede que subamos o Calvário com Jesus para vivenciarmos a graça salvífica, especialmente no recolhimento, na contemplação, na caridade, na oração e no jejum, preparando-nos para o apogeu de nossa fé que é a Páscoa do Senhor, a nossa Páscoa. A cruz Ele já carregou, a salvação Ele já operou, mas como a mãe, vai ficar feliz em saber que não esquecemos o indelével bem que fez a cada um de nós. O calor está forte, mas renunciar à cerveja, ao refrigerante, ao doce, para doar esta economia a alguém, nos torna mais santos e mais humanos. ■ E que esta Paixão significava que o amor que Deus tinha por nós era tão grande que não poupou nem o próprio Filho do sofrimento e morte na cruz. Curiosidades Notas Fonte: Guia de curiosidades católicas Autor: Evaristo Eduardo de Miranda | Editora: Vozes Qual o significado da palavra Carnaval? Para alguns, o nome da expressão latina carne vale! (adeus, carne!), anunciaria entrada na abstinência quaresmal. Em Roma havia uma festa, a Saturnália, na qual um carro no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. A origem da palavra carnaval seria carrum navalis (carro naval), uma interpretação contestada. Atualmente, a etimologia mais aceita liga a palavra carnaval à expressão carne levare, ou seja, afastar a carne, do latim levare, “tirar, sustar, afastar”. A manifestação de sobrevivência ao inverno através de comilanças pantagruélicas era um último momento de consumo de carne e festejos profanos antes do período de abstinência e conversão da Quaresma, na versão católica da etimologia da palavra. Por que uma Quarta-feira de Cinzas? A quarta-feira de Cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. Ela acontece sempre quarenta e seis dia antes da Páscoa. Essa data pode ocorrer desde o começo de fevereiro até a segunda semana de março, pois a data da Páscoa é móvel. Esse primeiro dia do período de preparação pascal inicia-se com o rito da imposição das cinzas sobre a cabeça dos fiéis nas igrejas como uma marca indicativa de um tempo de penitência e conversão. Os católicos são convidados a reconhecer com humanidade seu estado de mortalidade a revisar sua vida perante os valores perenes do Reino de Deus. A palavra de ordem dessas manifestações é: convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,15). O que significa a palavra Quaresma? O nome Quaresma vem da contração da palavra latina quadragésima, referente ao quarentésimo dia que encerrava esse período. O número quarenta tem um símbolo próprio na tradição bíblica e, resumidamente, evoca um grande período de tempo. A duração de quarenta dias rememora os “quarenta anos” de peregrinação dos hebreus no deserto após sua saída do Egito. A palavra evoca também os “quarenta dias” de jejum passados no deserto por Jesus, entre o seu batismo e o começo de sua vida pública. E a métrica simbólica do quarenta marca o calendário católico, seus dias santos e de tabela os feriados do ano civil. Os domingos não fazem parte da Quaresma e não são contados. Na prática, a Quaresma não dura quarenta dias e estende-se sobre quarenta e seis. Qual a origem do carnaval? Passado o tempo do natal, o Carnaval é uma das primeiras datas marcadas pelo calendário religioso católico. Na Europa, o Carnaval era um período de festas profanas, invernais, regidas pelo ano lunar. Elas eram caracterizadas pela liberdade de expressão, pelas fantasias e máscaras, pela subversão temporária de papeis sociais e até naturais, e pelo movimento das pessoas. O Carnaval tem suas origens na Antiguidade pré-cristã e foi incorporado, delimitado e datado pelo calendário do cristianismo. Revista Católica 21 Religião Papa Francisco Festa não tem preço Foto • Philip Chidell / Shutterstock.com O convite para a Meditações matutinas na santa missa celebrada na capela da Domus Sanctae Marthae Publicado no L’Osservatore Romano, ed. em português, n. 45 de 7 de Novembro de 2013 A existência cristã é um convite” gratuito para a festa; um convite que não se pode comprar porque vem de Deus, e ao qual é preciso responder com a participação e a partilha. Foi a reflexão sugerida pelo Papa Francisco na missa celebrada na manhã de terça-feira, 5 de Novembro, em Santa Marta, inspirada nas leituras litúrgicas (Rm 12, 5-16a; Lc 14, 15-24). Nas leituras explicou que “nos mostram como é o bilhete de identidade do cristão; como é o cristão”. E das quais se compreende “antes de tudo” que “a existência cristã é um convite: só nos tornamos cristãos se formos convidados”. 22 Atrás da Palavra O Papa Francisco esclareceu o que significa concretamente o convite do Senhor para cada cristão: não é um convite “para dar um passeio” mas “para uma festa; para a alegria: a alegria de ser salvo, a alegria de ser redimido”, a alegria de partilhar a vida com Jesus. O Senhor é muito generoso e abre todas as portas. Ele compreende também quem diz: não, Senhor, não quero vir contigo. Compreende e espera, porque é misericordioso. Fevereiro/Março 2014 © Copyright - Libreria Editrice Vaticana Festa E sugeriu também o que devemos entender com o termo “festa”: “uma reunião de pessoas que falam, riem, festejam, são felizes”, disse. Mas o elemento principal é exatamente a “reunião” de muitos indivíduos. “Entre as pessoas mentalmente normais nunca vi alguém que festeja sozinho: seria um pouco tedioso!”, explicou, evocando a triste imagem de quem “abre uma garrafa de vinho” para brindar em solidão. Portanto, a festa exige que se esteja em companhia, “com os outros, em família, com os amigos”. Resumindo, a festa “partilha-se”. Por isso, ser cristão implica em “pertença. Pertencemos a este corpo”, feito de “pessoas que foram convidadas para a festa”; uma festa que “nos une a todos”, uma “festa de unidade”. Portanto a festa exige estar em companhia, “com os outros, em família, com os amigos”. Em síntese, a festa “partilha-se”. Um ulterior aspecto analisado pelo Pontífice refere-se à misericórdia de Deus, que alcança até os que declinam o convite ou fingem que o aceitam, mas não participam plenamente na festa. O trecho de Lucas enumera as desculpas dadas por alguns convidados muito ocupados, os quais “participam na festa só de nome: não aceitam o convite, dizem sim”, mas na verdade é um não. Para o Papa Francisco são os precursores daqueles “cristãos que se limitam a estar na lista dos convidados. Cristãos ‘na lista’”. Contudo, infelizmente ser “classificado como cristão” não “é suficiente. Se não entrarmos na festa, não somos cristãos; estamos na lista, mas isto não serve para a nossa salvação”, advertiu o Papa. Resumindo a sua reflexão, o Pontífice citou cinco significados ligados à imagem do “entrar na igreja” e, consequentemente, do “entrar na Igreja”. Antes de mais, trata-se de “uma graça, um convite; não se pode comprar este direito”. Em segundo lugar, inclui o “criar comunidade, partilhar tudo o que temos – as virtudes, as qualidades que o Senhor nos doou – no serviço de uns aos outros”. Além disso, requer que “estejamos disponíveis para o que o Senhor nos pede”. E quer dizer também “não pedir estradas ou portas especiais”. Não é um convite para dar um passeio mas para uma festa; para a alegria: a alegria de ser salvo, a alegria de ser redimido, a alegria de partilhar a vida com Jesus. E por último, significa “entrar no povo de Deus que caminha rumo à eternidade” e no qual “ninguém é protagonista”, porque “temos Alguém que fez tudo” e só Ele pode ser o protagonista”. Eis a exortação do Papa Francisco para nos colocarmos “todos atrás Dele; e quem não está atrás Dele, é alguém que inventa desculpas”. Como aquele que, parafraseando o Evangelho, diz: “Comprei o campo, casei, comprei o gado, mas não posso ir atrás Dele”. festa: uma reunião de pessoas que falam, riem, festejam, são felizes. Certamente, advertiu o Santo Padre, “o Senhor é muito generoso” e “abre todas as portas”. Ele “compreende também quem diz: “não, Senhor, não quero vir contigo”. Compreende e espera, porque é misericordioso”. Mas não aceita mentiras: “O Senhor – frisou – não aprecia o homem que promete e não cumpre. Quem finge que agradece por muitas coisas boas, mas na realidade continua pela sua estrada; quem tem boas maneiras, mas só faz a própria vontade, não a do Senhor”. Eis então o convite conclusivo do Papa, que exortou a pedir a Deus a graça de compreender “como é bom ser convidado para a festa, partilhar com todos as próprias qualidades, estar com Ele”; e, ao contrário, como é “triste brincar com o sim e o não; dizer sim mas satisfazer-se só com estar na lista dos cristãos”. ■ Revista Católica 23 Vida de Santidade Espiritualidade São José O depositário dos mistérios de Deus D e acordo com a Bíblia, José de Nazaré ou simplesmente José, o Carpinteiro, é o esposo de Maria e o pai de Jesus na terra. Descendente da casa real de Davi, quando ainda era o noivo de Maria ele foi visitado por um anjo que anunciou a gestação de sua futura esposa: “José, filho de Davi, não temas receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 20-21). Obediente e fiel à promessa do Senhor, José casou-se com Maria e acolheu o Menino Jesus como filho. Ainda no caminho para Belém, quando Jesus nasceu, José recebeu novamente a visita de um anjo que recomendou que fugisse com sua família: “Levanta-te, pega o menino e a sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que não te aviso quando voltar, porque Herodes está procurando o menino para matá-lo. (Mt 2,13). A pequena família só voltou a Nazaré quando outro anjo avisou José sobre a morte do rei Herodes. 24 Atrás da Palavra José devotou sua vida a criar Jesus e cuidar de sua família. A última menção feita a ele nas Sagradas Escrituras é a passagem em que procura por Jesus no Templo de Jerusalém. Os estudiosos das escrituras acreditam que “José, filho de Davi, não temas receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”. ele morreu antes da Paixão de Cristo. A devoção a São José começou na Igreja moderna, onde escritos apócrifos passaram a relatar a sua história. Em 1479 ele foi colocado no calendário romano e sua festa passou a ser celebrada em 19 de março. São Francisco de Assis e Santa Teresa D’Ávila foram porta-vozes da devoção pelo esposo de Maria que, em 1870, foi declarado patrono universal da Igreja pelo Papa Pio IX. Em 1889, o Papa Leão XIII, elevou São José em suas virtudes na dedicação ao seu filho Jesus e à Virgem Maria e, posteriormente o Papa Benedito XV o declarou patrono da justiça social. ■ padroeiro dos pais, das famílias, dos carpinteiros e da Igreja. São José é considerado pelos devotos como padroeiro dos pais, das famílias, dos carpinteiros e da Igreja. É invocado em casos de doenças, dificuldades financeiras e para interceder pelas famílias. Na arte litúrgica da Igreja ele é retratado como um homem idoso com um lírio e, algumas vezes, ensinando a Jesus o ofício de carpinteiro. Fevereiro/Março 2014 Pastoral Litúrgica Pastorais O que é a Pastoral Litúrgica Por João Geraldo Martins Filho A palavra “liturgia” tem origem grega e é formada pelas raízes leit- (de “laós”, povo) e -urgía (trabalho, ofício), significando serviço ou trabalho público. Para nós, católicos romanos, a Liturgia, é, pois, a atualização da entrega e sacrifício de Cristo para a salvação dos homens. Cristo sacrificou-se de uma vez por todas, na Cruz. O que a Liturgia faz é o memorial de Cristo e da salvação, ou seja, torna presente, através da Celebração Eucarística, o acontecimento definitivo do Mistério Pascal. Através da Celebração Litúrgica, o crente é inserido nas realidades da sua salvação. Então, podemos afirmar que Liturgia é a ação do povo de Deus, reunido em Jesus Cristo, na comunhão do Espírito Santo. É o ponto alto e central da vida da comunidade onde se expressa a mesma fé e ouve-se o mesmo Senhor, Salvador e Libertador. A Pastoral Litúrgica é o modo de organizar a comunidade, visando a formação litúrgica, a preparação e a realização de celebrações. primeira função Podemos dizer que a primeira função da Pastoral Litúrgica é organizar a Liturgia que acontece em uma comunidade. Daí surgem 3 dimensões da Pastoral da Liturgia: equipe litúrgica, equipe de celebração e equipe do ministério da música. equipe litúrgica tem como finalidade organizar todo o trabalho litúrgico da comunidade: missas, celebrações, horas santas, procissões, etc. equipes de celebração são encarregadas de fazer acontecer a celebração. Trabalham sempre em sintonia com o pároco e com o pessoal do canto. Tais equipes, contudo, devem ser constituídas com antecedência. Não devemos improvisar em liturgia. equipe do ministério da música como o termo já diz, é a responsável pela música nas celebrações. Deve conhecer bem e ensaiar os cânticos periodicamente com a comunidade, “cantar a liturgia” e assim ajudar a celebrar bem. segunda função A segunda função da Pastoral Litúrgica é a formação. Esta deve ser vista em dois níveis: a daqueles que fazem parte da Pastoral Litúrgica e a de toda a comunidade. Quem trabalha com Liturgia precisa ter boa formação: todos os que fazem parte da Pastoral Litúrgica devem encontrar um tempo para estudar, refletir e rezar. Estudar o que é Liturgia, o que é útil fazer ou omitir, o que a Igreja entende com cada uma das celebrações. Junte-se a isso a reflexão e a oração, o crescimento espiritual necessário para quem trabalha na Pastoral Litúrgica. Não basta ler bem ou cantar bonito, é necessário ter espiritualidade para ajudar a comunidade a viver a experiência de Deus por meio da celebração. Também é preciso comunicar bem durante a celebração; para isso há cursos que ensinam técnicas para leitores, cantores, instrumentistas, que se fazem necessários periodicamente. Noções básicas de postura, tais como o modo de usar o microfone, de andar, de vestir-se e de animar uma comunidade celebrante, são imprescindíveis na formação litúrgica. A formação litúrgica da comunidade: a formação de toda a comunidade também é necessária. Esta deve acontecer tanto na Catequese, como na Celebração. Uma das principais tarefas da Pastoral Litúrgica é a preparação das celebrações. A improvisação não deveria ter espaço em nenhuma celebração da comunidade, nem por parte do padre, nem por parte das equipes. “A celebração é o espelho da comunidade” e significa uma comunidade organizada, funcional e acolhedora, que é refletida nas celebrações litúrgicas. Quando, durante as celebrações, ninguém sabe ao certo o que deve fazer e como deve fazer, mostra confusão e que alguma coisa não está bem na comunidade. ■ Revista Católica 25 Social Eventos Fique por dentro das festas e eventos que aconteceram em nossas Paróquias. aniversÁRIO PE. ÂNGELO E Pe. VALDINEI FESTA DE SÃO SEBASTIÃO • Paróquia São Sebastião PRIMEIRA CELEBRAÇÃO PE. FERNANDO 26 Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 MISSA de NATAL • Paróquia Nossa Senhora do Belém NOSSA SENHORA DESATADORA DE NÓS Revista Católica 27 Religião O significado da Cerimônia de Cinzas Cerimônia de Cinzas A Quarta-feira de Cinzas representa o primeiro dia da Quaresma no calendário gregoriano. É uma data com especial significado para a comunidade cristã. A data é um chamado à conversão e à mudança de vida centrada na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Por Pe. Robert Landgraf A Igreja nos indica, nas orações recitadas por seus ministros, o significado da cerimônia das Cinzas: “Ó Deus, que não quereis a morte do pecador, mas a sua conversão, escutai com bondade as nossas preces e dignai-vos abençoar estas cinzas que vamos colocar sobre nossas cabeças. E assim reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos, consigamos, pela observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e a viver uma vida nova à semelhança do Cristo ressuscitado”. É, pois, a penitência que a Igreja nos quer ensinar pela cerimônia deste dia. Símbolo de arrependimento O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se vestiu de saco e se cobriu de cinzas quando soube do decreto do rei Assuero da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império (Est 4,1). Jó mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar cinzas como símbolo de arrependimento. “Recorda-te que és pó e ao pó voltarás.” 28 Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusam-se a arrepender de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: “Ai de ti Corazin! Ai de ti, Betsaida! Por que se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas”. A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso das cinzas como mesmo sentido. Na liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas utilizamos as cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior, no Domingo de Ramos. O presbítero abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz: “Recorda-te que és pó e ao pó voltarás” ou então “ Convertei-vos e crede no Evangelho”. Coração em Deus Compreendido o sentido das cinzas em nossa liturgia, somos chamados neste tempo da quaresma a assumir o empenho e converter nosso coração em direção aos horizontes da graça que vem de Deus e a celebrar com mais alegria a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que Maria, nossa mãe, nos guie neste itinerário quaresmal, nos conduza a um conhecimento sempre mais profundo do morto e ressuscitado, nos ajude na árdua tarefa de lutar contra o pecado e nos fortaleça cada vez mais a clamar com nossa voz: “Eis me aqui ó Deus, para fazer a tua vontade”. ■ Descalvado pela memória do seu povo História Igreja Brasil Sociedade e no Por Marco Antônio Pratta A Igreja Católica, entre o final do século XIX e o início do XX, passava por um momento particularmente delicado. Na Europa, vários governos limitavam a ação religiosa, principalmente nas atividades educacionais, além do confisco de bens e propriedades. No Brasil, o governo de D. Pedro II (18401889) impôs várias restrições, como a proibição da entrada de jovens, em 1855, que desejavam seguir a vida religiosa ou sacerdotal. Em 1870 foi proibido o ingresso no país de noviços brasileiros que estudavam no exterior. Assim sendo, várias comunidades foram se despovoando e, aos poucos, fechando. Ao mesmo tempo, contraditoriamente, o imperador permitia e até estimulava a entrada de religiosos estrangeiros, padres, irmãos e irmãs que iriam trabalhar em escolas e nos cuidados com doentes, uma vez que era comum a mentalidade que a cultura e a formação dessas pessoas contribuiriam para o progresso geral do país, que era considerado muito atrasado. O governo central atuava de uma maneira dupla, dúbia. Os vigários, em especial, eram considerados representantes dos poderes governamentais em seus locais de atuação, particularmente em áreas muito retiradas e de difícil acesso. “Em 1827 a ordem dos beneditinos possuía, no Brasil, sete abadias e quatro priorados, com mais de duzentos religiosos; em 1894 restava apenas uma dúzia de monges, todos idosos, em todo o país” (Romano, 1979, 92). * “Em cumprimento ao que ordenoume em termos de offícios que me fes a honra de dirigir-me, contratei a Manoel Joaquim de Souza, professor particular de primeiras lettras deste districto, para ensinar primeiras lettras aos meninos pobres desta freguezia (...)” (Pe. Jeremias José Nogueira, Belém do Descalvado, ao governo da Província de São Paulo, em 17 de Abril de 1863). * A situação aqui no interior, em especial, era calamitosa. “Quando em 1869 cheguei a esta igreja do Senhor Bom Jesus da Cana Verde na qualidade de Vigário, encontrei a Matris em deplorável estado, sem proporções para conter os fiéis, com a frente e as paredes laterais arruinadas, as da sachristia, uma pensa, e escorada, outra tão arruinada que veio a cahir em pouco tempo. Era o templo um edifício indecente. (...)” (Pe. Ângelo Alves de Assumpção, Pirassununga, 28 de janeiro de 1880, a V. Excia. Rev. D. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo de São Paulo). * Com o fim do Império e a proclamação da República, em 1889, o contexto ficou mais favorável, tendo em vista a separação legal entre o Estado e a Igreja, já na primeira constituição republicana, em 1891, e a maior liberdade das instituições religiosas, inclusive a autonomia financeira e a questão da admissão de novos membros. Em Belém do Descalvado, o vigário padre Manoel Francisco Rosa, por exemplo, aproveitando-se da presença das irmãs franciscanas do Co- * Nos textos antigos está mantida a ortografia original da época. ração de Maria na Santa Casa local, estimulou as religiosas a abrirem também um lar para meninas órfãs e, em seguida, uma escola, o Externato da Imaculada. “A 8 de Dezembro também se realizará a bençam solemne da primeira pedra do Asylo de Órphams da Immaculada Conceição” (Correio do Descalvado, 25/08/1907, 1). As obras de caridade e as despesas gerais eram mantidas com doações dos fiéis e, principalmente, com as grandes festas nas fazendas e na zona urbana. “Capella de São Benedicto. Grande festividade nos dias 11, 12 e 13 de Maio p. vindouro” (Correio do Descalvado, 05/04/1907, 4). “Realisaram-se no dia 15 do corrente as festividades em honra á padroeira da Irmandade da Misericórdia desta cidade” (Correio do Descalvado, 18/08/1907, 2). A dinâmica paroquial orientava o calendário da comunidade. O trabalho nas lavouras, particularmente com o café, e o pequeno comércio eram as atividades da maioria da população, como pode ser observado pelas propagandas do jornal O Descalvadense, em 1916: “Alfândega Descalvadense – Oliveira & Salles”, “A Cura da Syphilis – Luetyl”, “Loja de Fazendas - Antonio de Falco - Rua José Bonifácio, nº 42” e “Emulsão de Scott – cura a Phthysica”. ■ Revista Católica 29 Com a palavra Paróquia São Sebastião As realidades terrenas e as ações humanas devem ser iluminadas pela luz da Palavra de Deus. Por Pe. Antonio Carlos de Almeida N o início de seu ministério público, logo após a prisão de João Batista, Jesus faz um convite ao público que o escutava: “Arrependei-vos, pois está próximo o reinado de Deus” (Mt 4, 17; Mc 1, 15). Jesus está atualizando o convite que a maioria dos profetas fez a Israel, desde Samuel até João Batista, e que, por ser um ‘povo da cerviz dura’ e insensível aos apelos de Deus, continuava distante dos planos do Senhor. Arrepender-se não é simplesmente reconhecer o erro ou o pecado, mas entrar na dinâmica da misericórdia de Deus, tal como aponta a parábola da misericórdia (Lc 15, 11-32). Esse processo, na linguagem bíblica, chamamos de conversão. A conversão era um voltar-se para Deus, depois de deixar que a Sua Palavra iluminasse a realidade humana que o crente estava vivendo e que estava em desacordo com a vontade divina, como bem descreve o livro do profeta Oséias. Trata-se de perceber que as realidades terrenas e as ações humanas devem ser ilumina30 Atrás da Palavra A conversão era um voltar-se para Deus, depois de deixar que a Sua Palavra iluminasse a realidade humana que o crente estava vivendo. das pela luz da Palavra de Deus, como nos ensina o salmista ao dizer que “Tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho” (Sl ). Isso significa que temos que ter uma consciência bem clara a respeito da vontade do Senhor sobre a nossa história de vida. Somos convidados a ser ‘administradores’ do que Ele nos confiou, pois quem é o Senhor, é Deus. Mudança de comportamento Nos dias atuais, na ânsia de serem livres, os seres humanos, favorecidos pelo avanço da ciência e do conhecimento, estão Fevereiro/Março 2014 cada vez mais distantes de Deus e, mesmo entre aqueles que se dizem fiéis e tementes a Deus, percebe-se o distanciamento Daquele que é o nosso Senhor e que só quer o bem. Talvez por uma errônea interpretação religiosa, muitos veem a relação com Deus como algo imposto, um fardo pesado, um código de normas e condutas a serem seguidos a risca, sob pena de uma condenação perpétua no inferno. Mas será que ainda creem no fogo do inferno? Ao falar de conversão enquanto processo de mudança de mentalidade e de comportamento, deveríamos levar em conta que, em primeiro lugar, Jesus não veio para condenar ninguém, mas para salvar e resgatar os que estavam (e ainda estão) distantes do amor misericordioso que o Abbá tem para oferecer ao mais caro fruto de sua criação: o ser humano. Outra premissa é que a conversão implica em recriar o nosso relacionamento com Deus, pois muitas vezes o que temos são concepções ultrapassadas, ideias abstratas, que não levam a estabelecer um profundo e íntimo relacionamento pessoal, tal como descrevem os Evangelhos quando narram a experiência de Jesus com o Pai. Se não há essa profunda intimidade com Deus, o crente não se sentirá amado e querido por Ele, tal como o Filho Amado se sentia: “Este é o meu Filho Amado, em quem Eu pus todo o meu amor”. Conversão é uma profunda busca pela felicidade plena e por aquela liberdade que o coração humano tanto anseia. E que só é possível ao fazer a experiência do encontro com o verdadeiro amor, cuja fonte é Deus. O que é conversão? Muitas vezes, quando falamos ou pensamos sobre o que é conversão, olhamos apenas a perspectiva do pecado, de uma vida errada, daqueles que não participam da vida eclesial e comunitária. Mas nota-se que, nos discursos dos dois últimos papas, frisou-se muito a importância de descobrir a experiência do amor gratuito que Deus tem por cada um de nós e que, continuamente, está a oferecer: basta dirigir-se ao seu manancial e saciar a sede de vida que há em nosso coração. Recentemente, tive conhecimento de um texto do bispo Dom Gil Antônio Moreira, em que ele cita o grande padre Vieira quando pregava um sermão na abertura da Quaresma de 1672, fazendo um trocadilho com uma frase bíblica presente em Gn 3, 19: “Lembre-te pó, que tu és homem e que em homem te tornarás”. Segundo Dom Gil, a expressão vieiriana é uma eloquente profissão de fé na vida, de que sempre há esperança na vida. Aliás, um cristão sem esperança não é digno de ser chamado de cristão. Percebe-se assim, que conversão é uma profunda busca pela felicidade plena e por aquela liberdade que o coração humano tanto anseia. E que só é possível ao fazer a experiência do encontro com o verdadeiro amor, cuja fonte é Deus, pois como diz o texto joanino “o amor vem de Deus. [...] no amor não há lugar para o temor; ao contrário, o amor desaloja o temor” (1 Jo 4, 1b.18). “Tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho” O amor que liberta A Igreja, através do mandato de Jesus, oferece um momento de graça para experimentar esse amor que nos liberta de toda opressão, causada fundamentalmente pelo pecado, através do Sacramento da Reconciliação, pois o Bom Pastor ensinou aos seus discípulos e aos ministros ordenados (presbíteros e bispos): “Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados” (Jo 20, 23). Dentro do processo de conversão, oferecido pela Igreja através do Sacramento da Reconciliação, devemos ter bem claro: ninguém pode purificar a si mesmo, pois depende da graça divina (Jó 9, 29-30; Sl 48, 8, Jr 2, 22; Sl 50, 9.12; Is 1, 18), graça que Jesus estendeu aos apóstolos e seus sucessores (Mt 18, 18). Dentro de alguns dias a Igreja estará celebrando a Quarta-feira de Cinzas, dando abertura, mais uma vez, ao período quaresmal, tempo de forte penitência e conversão. Na celebração da Quarta-feira de Cinzas, o fiel católico receberá a imposição das cinzas em sua fronte, onde o ministro ordinário ou leigo traçará o sinal de cruz dizendo as palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). Também nessa noite se dará a abertura da Campanha da Fraternidade, cujo tema será “Fraternidade e tráfico humano” e o lema será “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1). Esse lema veio ao encontro àquilo que deve ser de fato o processo de conversão ao qual o cristão é convidado a aderir, deixando-se guiar pelo espírito de Jesus. Segui-lo é tornar-se verdadeiramente livre, rompendo com todo processo de idolatria e outros mecanismos que exploram e escravizam o ser humano. E quanto mais tomar consciência da verdadeira liberdade, que é a liberdade cristã, o cristão há de se tornar um promotor dessa liberdade e da dignidade humana, seguindo os passos daquele que foi o homem mais livre que caminhou sobre a face da Terra, Jesus de Nazaré. Amparados pelos pilares da oração, do jejum e caridade (esmola), buscando a experiência da misericórdia divina pelo Sacramento da Reconciliação, nos preparemos para viver um profundo retiro espiritual na Quaresma que se aproxima, iluminado pelo Espírito vivificante e vivificador. Ele que é capaz de renovar nosso ser, para adentrarmos de fato num processo de conversão e descobrirmos que “o Senhor faz por nós maravilhas”, sendo capaz de recriar-nos como homens e mulheres novos, segundo o seu coração apaixonado. Unamo-nos todos para vivermos verdadeiramente a conversão proposta pelo Bom Deus, que nos espera de braços abertos para nos conduzir pelos verdes prados onde reina a liberdade, a alegria e o amor que tanto sonhamos. Vamos descobrir o quanto podemos ser bem-aventurados já aqui na Terra, vislumbrando a tão sonhada eternidade. ■ Revista Católica 31 Espaço Criança Falando de Jesus Encontre o tesouro Uma das grandes lições que Jesus deixou está na frase “Onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6, 21). Com isso, ele quis dizer que o amor é o sentimento mais importante que podemos ter. Então ajude a Aninha a achar o tesouro da vida dela e escreva o que encontrou. Você já ouviu falar dos anjos? Os anjos são criaturas do céu que trabalham como mensageiros de Deus. Cada um de nós tem um anjo – o anjo da guarda – que fica o tempo todo nos protegendo do mal e nos levando para o caminho do bem. Existem também os arcanjos, que são anjos de uma ordem superior com missões muito especiais, como Miguel, Rafael e Gabriel, os três arcanjos que aparecem na Bíblia muitas vezes e que hoje são reconhecidos por seus dons extraordinários. • São Miguel Arcanjo é invocado como guarda e protetor da Igreja e como guardião dos agonizantes; • São Rafael Arcanjo é o guia dos viajantes e também é invocado para auxiliar na cura dos doentes; • São Gabriel Arcanjo foi enviado por Deus à casa de Maria para dizer-lhe que ela daria à luz o Menino Jesus. FAMÍLIA E AMIGOS Agora que você já conhece um pouco mais sobre os anjos, que tal aprender sua oração? Quem sou eu? resposta Eu trago paz, Eu trago amor. Sou a presença viva De Nosso Senhor 32 Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 FAMÍLIA E AMIGOS Ligue os pontos Santo Anjo do Senhor, Meu zeloso guardador, Se a Ti me confiou A piedade divina, Sempre me rege, guarda, Governa e ilumina. Amém. Maria Culto a Maria Imaculada Conceição Por Pe. Angelo Rossi P ara ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função. No momento da Anunciação, o Anjo Gabriel a saúda como ‘cheia de Graça’”. Efetivamente, para poder o assentimento livre de sua fé ao anúncio de sua “vocação”, era preciso que ela estivesse totalmente sob a moção da Graça de Deus. “nada é impossível para Deus”. “Eu sou a serva do senhor, faça-se em mim segundo Tua palavra” (Lc 1, 37-38). Ao anúncio de que, sem conhecer homem algum, ela conceberia o Filho do Altíssimo pela virtude do Espírito Santo, Maria respondeu com a “obediência da fé”, certa de que “nada é impossível para Deus”. “Eu sou a serva do senhor, faça-se em mim segundo Tua palavra” (Lc 1, 37-38). Assim, dando à Palavra de Deus o seu consentimento, Maria se tornou Mãe de Jesus e, abraçando de todo o coração sem que nenhum pecado a revestisse, à vontade divina da salvação, entregou-se ela mesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir, na dependência Dele e com Ele, pela graça de Deus, ao Mistério da Redenção. ■ 34 Atrás da Palavra Fevereiro/Março 2014 A Maternidade Divina de Maria Denominada nos Evangelhos “a Mãe de Jesus” (Jo 2, 1; 19-25), Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito Santo, desde antes do nascimento do seu Filho, como “a Mãe de Meu Senhor” (Lc 1, 43). Com efeito, Aquele que ela concebeu do Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Jesus (Theotókos). Imagens • Renata Sedmakova / Shutterstock.com Cheia de Graça Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graças” por Deus, foi redimida desde a concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854, pelo Papa Pio IX. A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original. Esta “Santidade resplandecente, absolutamente única” da qual Maria é “enriquecida desde o primeiro instante de sua conceição” lhe vem inteiramente de Cristo: “em virtude dos méritos de seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime”. Mais do que qualquer outra pessoa criada, o pai a “abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1, 3). Ele a escolheu nele (Cristo), desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em sua presença, no amor (Ef 1, 4). SEJA UM ASSINANTE da revista “Atrás da Palavra” e receba seu exemplar em casa! Período anual com edições bimestrais R$ 25,00 Dizimista R$ 30,00 Não dizimista A revista Atrás da Palavra é desenvolvida com muita dedicação para levar a toda família os valores de Jesus Cristo e da Igreja Católica. Informe-se junto às secretarias das paróquias ou ligue para um dos telefones abaixo: • Nossa Senhora do Belém (19) 3583-1282 • São Sebastião (19) 3583-5038 • Quase Paróquia São Judas Tadeu (19) 3583-8261