alquimista - Memória IQ

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alquimista - Memória IQ
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ALQUIMISTA
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Publicação do Instituto de Química da Universidade de São Paulo
Edição Número 81 – agosto de 2011
Instituto de Química
Carta do Editor
Com o mais profundo pesar comunicamos o falecimento do Prof. Paschoal Senise. Verdadeiro ícone da nossa instituição, o Prof. Senise, que faleceu
às vésperas de completar seus 94 anos de idade, até o final da sua profícua existência comparecia diariamente ao IQ, impecavelmente vestido de
terno e dirigindo o seu próprio veículo automotivo. Uma enorme perda, que muito lamentamos, mas que nos deixa os mais significativos e
dignificantes exemplos de três quartos de século dedicado à ciência química. Apresentamos também e, dentre outras notícias, o brilhante, polêmico e
instigante artigo de opinião de autoria do Prof. Paulo Sérgio Santos e de título “Scholarship e o mundo acadêmico: coisa do passado?”. Divulgamos a
realização do VI Curso de Inverno em Bioquímica e Biologia Molecular. Abordamos as atividades realizadas aqui no IQUSP em Microscopia
Eletrônica de nanomateriais e desenvolvidas pelo Prof. Érico Teixeira Neto. Anunciamos a realização da Olimpíada de Química do Estado de São
Paulo SP e a abertura das inscrições para a 6ª Escola de Eletroquímica, bem como para o 16º Encontro Nacional de Química Analítica. Desejamos
boa e proveitosa leitura a todos.
VI curso de inverno em
Bioquímica e Biologia Molecular
No período de 4 a 15 de julho de 2011, o Departamento de Bioquímica do IQUSP ofereceu o VI Curso de
Inverno em “Temas Avançados de Bioquímica e Biologia Molecular”. Nesta edição do Curso foram abordados
os seguintes temas e técnicas: Bioenergética Mitocondrial; Biologia Vascular; Citometria de Fluxo; Controle de
Expressão Gênica; Cristalografia de Proteínas; Cromatografia Líquida Acoplada a Espectrometria de Massa;
Hibridização de RNA In Situ (RNA-FISH); Localização Celular de Proteínas; Mecanismos Moleculares de
Processos Redox; Membranas e Modelos; Microarranjos de DNA; Microscopia Confocal; PCR em TempoReal; Pirosequenciamento de DNA em Larga-Escala; Proteínas e suas Interações; Reparo de DNA; Técnicas
Espectroscópicas em Biologia: Dicroismo Circular, Fluorescência, Ressonância Magnética Nuclear e
Eletrônica.
Durante o curso 20 pós graduandos de diferentes regiões do Brasil e de outros países da América do Sul
selecionados entre cerca de 100 candidatos executaram atividades práticas, participaram de seminários e
conferências, e discutiram questões científicas atuais relacionados aos temas acima.
Além de contribuir para a disseminação de técnicas modernas em Bioquímica e Biologia Molecular, o curso
possibilitou uma rica interação entre os alunos participantes e alunos, pós-doutores e professores do nosso
Instituto, abrindo a perspectiva de que alguns participantes retornem no futuro para desenvolver trabalhos de
pesquisa no IQUSP.
Parabéns a todos colaboradores pelo sucesso do VI Curso de Inverno.
Fonte: Fábio Silva
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Microscopia eletrônica de nanomateriais
Uma das maiores vantagens do uso de técnicas de
microscopia eletrônica para a investigação da morfologia de
materiais nanoestruturados, é sua capacidade de obtenção de
imagens em alta resolução junto com mapas de composição
química de amostras com resolução espacial sub-nanométrica.
Entre as técnicas espectroscópicas que podem ser acopladas
aos microscópios eletrônicos estão as espectroscopias de
energia dispersiva de raios-X (XEDS, na sigla em inglês) e de
perda de energia de elétrons (EELS). Um microscópio
eletrônico de transmissão por varredura (STEM) equipado
com uma dessas técnicas é comumente denominado um
microscópio eletrônico de transmissão analítico (AEM).
Um exemplo interessante de aplicação de técnicas avançadas
de microscopia eletrônica é na investigação das mudanças no
desempenho de catalisadores (em geral piora), que ocorrem
em decorrência do seu uso.
Os catalisadores, como os que são empregados
industrialmente na fabricação de diferentes tipos de
especialidades químicas, podem ser formados por
nanopartículas bimetálicas de RuFe, que são as calotas
metálicas observadas sobre a superfície de partículas de
suporte (TiO2), na Figura 1A.
A investigação da morfologia dos catalisadores, antes e
depois das reações de catálise (hidrogenação de ésteres
orgânicos), nos mostrou algumas pistas sobre as causas da
piora no desempenho dos materiais em questão.
Após 16 horas de operação no reator, na Figura 1B, as
nanopartículas metálicas de RuFe aparecem fragmentadas e
recobertas por uma casca de óxido de Fe. Essa casca bloqueia
a superfície das nanopartículas metálicas, inibindo a
participação do catalisador na reação de hidrogenação.
A obtenção de mapas elementares de nanopartículas por
STEM-XEDS representa o estado-da-arte do uso dessa
técnica. A possibilidade de visualizar a distribuição de
domínios com composição química diferente dentro de
nanopartículas metálicas individuais representa um grande
desafio técnico.
A Figura 2 mostra uma partícula com morfologia do tipo
caroço-casca (core-shell), formada por um caroço de Au
recoberto por uma casca de Pd. Na imagem de contraste-z
(HAADF), o brilho é função do número atômico médio da
amostra. O núcleo das partículas aparece mais brilhante e
com formato mais regular que a casca. Nos mapas de Au e de
Pd, podemos observar que o núcleo mais brilhante é formado
de Au e a casca da partícula é formada de Pd.
Figura 2. Imagens de campo claro (BF), contraste-z (HAADF) e
mapas elementares de Au e Pd, da região identificada como
Spectrum Image.
Figura 1. Imagens de campo claro de catalisadores de RuFe
depositados sobre a superfície de partículas de TiO2 antes (A) e
após 16 horas de uso como catalisador da reação de hidrogenação
de ésteres (B).
Em nosso laboratório, materiais com características
morfológicas planejadas são sintetizados e têm sua estrutura
detalhadamente descrita usando diferentes tipos de técnicas
de microscopia eletrônica. O desenvolvimento consequente
de metodologias de síntese de tais sistemas depende da
aquisição de informação analítica em escala nanométrica.
Esses materiais nanoestruturados têm encontrado aplicações
em diversas áreas dos setores acadêmico e produtivo. Novos
padrões de desempenho são esperados nas aplicações de
materiais com distribuições de componentes planejadas na
escala nanométrica, como por exemplo, no caso de
nanopartículas do tipo caroço-casca.
Prof. Dr. Érico Teixeira Neto
Laboratório de Microscopia Eletrônica Analítica
Bacharel (1996), mestrado (1999) e doutorado (2003) em Físico-Química pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Realizou estágio de pesquisa acadêmica na Universidade de Oldenburg
(Alemanha, 2002) e pós-doutorado na USP-2005. Trabalhou como pesquisador no IQ - Unicamp
(2005) e no P&D da Oxiteno S/A (2008). Atuou como Professor Adjunto no CCNH da Universidade
Federal do ABC (2008-2011) e atualmente é Professor Doutor no Instituto de Química da USP. Tem
experiência em Microscopia e em Físico-Química de Materiais, trabalhando principalmente nos
temas: morfologia de materiais, investigada por microscopia eletrônica de transmissão com
capacidades analíticas, e síntese coloidal de nanoestruturas.
Olimpíada de Química do Estado de São Paulo SP
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Temos a satisfação de comunicar que a grande vencedora da OQSP-2011, Tábata Cláudia
Amaral de Pontes, acaba de conquistar medalha de bronze na 43th International Chemistry
Olympiad, encerrada ontem, 17/07/11, em Ankara, Turquia. Um estudante cearense Raul
Bruno Machado da Silva realizou o mesmo feito, enquanto outro, Davi Rodrigues Chaves
conquistou para o Brasil a medalha de prata neste evento que reúne delegações de 68 países.
Um desafio adicional para os três vencedores, acrescidos do paulista Daniel Arjona de
Andrade Hara, será a Olimpíada Ibero-americana de Química, em setembro vindouro.
Em 18 de junho passado, durante as comemorações do Dia do Profissional da Química no
Conselho Regional de Química da IV Região, os vencedores da OQSP-2011, Tábata C. A.
Pontes (3ª série) e Giuvanni Mutton (2ª série) foram homenageados com a entrega das placas
alusivas ao Prêmio Talentos (Braskem) e Prêmio Prof. Geraldo Vicentini (IQUSP),
respectivamente.
Fotos e a relação dos vencedores das 40 medalhas e dos prêmios concedidos na Cerimônia de
Premiação da Fase Final da OQSP (04.06.2011), totalizando R$10.000,00, encontram-se na
AllChemy local em que, em setembro, será anunciado o tema da OQSP-2012.
A semana de aulas em tempo integral da Escola Olímpica de Química, proporcionada,
principalmente, aos 40 vencedores da OQSP inscritos na Olimpíada Brasileira de Química
(OBQ), foi encerrada com palestras de professores do IQUSP no sábado passado, 16.07.2011.
Destacados participantes de Olimpíadas anteriores atuaram como instrutores durante toda a
semana, que também incluiu visita a laboratório de pesquisa. A EOQ prossegue, agora, pela
internet. Aproveitamos a oportunidade para convidá-los a comparecer ao Ciclo de Seminários
“Química Para Todos”, programado para as tardes de quinta-feira, 14h-16h, a partir de 1º de
setembro no Instituto de Química da USP. Inscrições (gratuitas) entre 01.08.2011 e
01.09.2011 na Secretaria de Graduação, e-mail: [email protected]; tel.: (11) 3091 3879.
Voltamos a agradecer aos alunos de ensino médio, pela entusiástica participação, ao medalhista internacional André Silva Franco
e à equipe de instrutores por ele organizada, pela organização e realização da EOQ, à meia centena doutores em química de
instituições de ensino e pesquisa paulistas, pela atuação nas Comissões das diferentes fases da OQSP, ao time de patrocinadores
regulares, ABICLOR, BASF, CRQ-4, BRASKEM e MACKENZIE, reforçado na OQSP-2011 pela DOW do Brasil, Baterias
HELIAR e Acumuladores MOURA, e ao apoio do IQ-USP, da FUVEST e da ACIESP.
Prof. Ivano G.R. Gutz
Coordenador da OQSP
Vencedores da Medalha de Ouro da 2ª Série do Ensino Médio
- Giuvanni Mutton
(Colégio Etapa, São Paulo, SP)
- Daniel Arjona de Andrade Hara
(Colégio Objetivo Granja Viana, Cotia, SP)
- Leonardo Kazunori Tsuji
(Colégio Etapa, São Paulo, SP)
Vencedores da Medalha de Ouro da 3ª Série do Ensino Médio
- Tábata Cláudia Amaral de Pontes
(Colégio Etapa, São Paulo, SP )
- Gustavo Haddad F. Sampaio Braga
(Colégio Objetivo, São José dos Campos, SP)
- William Tutihashi
(Colégio Objetivo, Mogi das Cruzes, SP)
Finalistas da OQSP-2011 assistem aos experimentos
Comissão julgadora da fase final
Scholarship e o mundo acadêmico: coisa do passado?
A primeira questão é encontrar uma tradução adequada para
scholarship. Vamos desde logo descartar qualquer relação
com navio-escolar, cuja unidade pertencente ao Instituto
Oceanográfico da USP está sendo totalmente reformada para,
em breve, voltar às suas atividades. Por outro lado, se inexiste
uma tradução adequada para este vocábulo podemos descrever
as características contidas nesta expressão: erudição,
profundidade, amplitude e universalidade cultural dentre
outras. O que distingue universidades como Oxford,
Cambridge,
Harvard,
Columbia,
Stanford,
École
Politechnique, École Normale Superieur, College de France só para citar as mais notáveis - de inúmeras outras instituições
congêneres espalhadas pelo mundo? O volume de recursos
financeiros nelas aplicados? O número de alunos de pósgraduação? O número de publicações por docente? Sem
dúvida, todos esses fatores são da maior importância. Mas, o
fator decisivo é a valorização da scholarship como a medida
maior da qualificação acadêmica. Obviamente a scholarship
não pode ser quantificada tal como o número de publicações
ou de citações. Nem tampouco o volume de recursos alocados
de fontes governamentais ou privadas. Contudo é facilmente
identificável na qualificação do corpo docente e discente. Em
todas as áreas do conhecimento os especialistas podem
facilmente enumerar livros que se tornaram clássicos, muitas
vezes influenciando mais de uma geração de acadêmicos e se
tornando referências a partir do qual textos mais modernos são
avaliados. Vamos agora particularizar para a situação
brasileira. Sem precisar pensar muito, podemos considerar três
clássicos na área de humanidades escritas por acadêmicos de
reconhecimento nacional e internacional: Casa Grande e
Senzala (Gilberto Freyre), Raízes do Brasil (Sérgio Buarque
de Holanda) e Formação do Brasil Contemporâneo (Caio
Prado Júnior). Embora escritos nas décadas de 1930-1940,
com diversas edições e traduções são ainda referências da
maior importância e clássicos sob todos os pontos de vista.
Quando examinamos a situação nas áreas conhecidas
coletivamente como hard sciences, dois exemplos envolvendo
autores americanos nos vêm logo à mente. Rferimo-nos a
Lectures in Physics de Richard Feymann e The Nature of the
Chemical Bond de Linus Pauling, ambos detentores de Prêmio
Nobel (respectivamente de Física 1959 e de Química, 1954).
Até hoje, decorridas várias decadas do surgimento da primeira
edição destes textos, os dois são referências obrigatórias para
se entender o desenvolvimento conceitual da Física e Química
contemporâneas. Pois bem, todos os exemplos citados
envolvem o que se chama de scholarship e todos os autores
citados, mais do que pesquisadores ou mais do que
professores foram scholars. A pergunta que se segue é
desconfortável e incômoda, porém absolutamente necessária:
a universidade brasileira, principalmente ao longo dos últimos
50 anos tem valorizado a scholarship? Arrisco uma resposta
curta e grossa: - Não! As razões para isso são com certeza
complexas e o problema em questão não afeta apenas a
universidade brasileira. De fato, pode-se notar ao longo das
últimas décadas uma crescente hiper-especialização dos
acadêmicos de todas as áreas do conhecimento. Em outras
palavras, a preocupação externada por C. P. Snow, físico e
escritor no seu clássico The Two Cultures publicado nos anos
1940, relativa à barreira cultural separando as humanidades
das ciências, deve ser hoje muito maior.
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Pois, o que vem ocorrendo é uma verdadeira pulverização e
superficialização do conhecimento.
Obviamente, o retorno do polymath, de conhecimento
profundo e abrangente é uma utopia. Mas a valorização sem
limite do hiper-especialista com o concomitante
desaparecimento da scholarship na academia é a negação do
valor maior da universidade. Argumenta-se que scholarship é
uma característica da universidade elitista e sem compromisso
com a função social da universidade moderna. A meu ver
nada mais falso, embora expresso na linguagem politicamente
correta e demagógica, tão característica dos nossos dias. A
função maior de qualquer universidade é estar á frente do seu
tempo, estar na vanguarda. Para tanto tem de ser criativa e
inovadora, tem até mesmo de ser ousada. Entretanto não pode
cair na armadilha dos modismos culturais do momento, que é
o que tem ocorrido frequentemente quando ao lado do ímpeto
da inovação e da criação cultural não existe o lastro da
scholarship. Nem tampouco a garantia da erudição, da
profundidade e da visão crítica. De fato a universidade
brasileira nasceu elitista e continua elitista. Porém, elitista no
pior sentido – elitista porque faz parte de uma sociedade
abjetamente injusta na distribuição de renda e de
oportunidades. Mas, infelizmente a universidade brasileira não
é elitista no sentido que deveria ser, ou seja, de colocar como
valor maior a excelência acadêmica, avaliada e medida através
da erudição, profundidade de conhecimento, inovação cultural
e científica, ousadia de propostas, geração da polêmica. Sem
tais componentes a universidade jamais terá qualquer chance
de induzir as grandes transformações sociais, econômicas e
culturais, que é sua missão maior e justificativa da sua
próxima existência. É inegável que o aporte crescente de
recursos à universidade, tanto via orçamentária quanto através
de órgãos de fomento estaduais e federais, produziu ao longo
das últimas décadas substancial melhoria de vários
indicadores, como número de publicações e de citações,
número de mestrados e doutorados e mais recentemente,
embora de modo menos expressivo, o número de patentes.
Isto tudo é significativo e muito elogiável. No entanto não é
isso que se discute aqui, já que o que está em questão é a
característica magna da universidade como instituição – sua
missão como agente de transformação cultural profunda, o
que só é possível ao longo de várias décadas e através da
valorização inflexível da scholarship em todas as áreas do
conhecimento. Uma grande utopia? Talvez, mas finalizando
coloco aqui a questão: quais são as grandes inovações
culturais e científicas da humanidade que não se originaram
de visões utópicas de grandes cientistas, filósofos e
intelectuais em geral? Com certeza o assunto do presente
artigo é extremamente sério e complexo e sua abordagem
necessitaria da pena de um scholar. Infelizmente não consegui
encontrar nenhum disponível, o que resultou num texto que
por si só demonstra a pertinência e veracidade da minha tese:
a scholarship lamentavelmente está desaparecendo da
academia. E, portanto, é coisa de um saudoso e fecundo
passado.
Publicado originalmente no Jornal da História
da Ciência nº 11 (jul/set 2011), p. 4 e 5.
Prof. Paulo Sérgio Santos
Professor-titular e ex-Diretor do IQUSP
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Falece o Prof. Senise aos 94 anos
É com pesar que comunicamos o falecimento do Prof.
Paschoal Senise, ocorrido no dia 21 de julho de 2011.
Admirável como docente, cientista, acadêmico, dirigente,
formulador, conselheiro, gentleman e amigo, o Prof. Senise foi
o protagonista da implantação do bem sucedido sistema de
pós-graduação da Universidade de São Paulo, com profundos
reflexos no sistema brasileiro. Ofertou à educação todo o
trabalho de sua longa vida, como bem registra o livro que lhe
foi dedicado pela CAPES, “Paschoal Senise: uma Carreira
Dedicada à Educação” [Colli, W. et al. (eds.), Brasília,
Paralelo 15, CAPES, 2001].
Nascido em agosto de 1917, Paschoal Ernesto Américo Senise
ingressou na recém-criada Universidade de São Paulo em
1935, como aluno da 1ª turma do Curso de Química. Em 1939
foi admitido com Assistente Adjunto da FFCL, enquanto
trabalhava em sua tese, orientada pelo Prof. Heinrich
Rheinboldt e defendida em 1942. Foi o primeiro docente da
instituição a concentrar-se na Química Analítica, sempre
propalando a visão de que a pesquisa deve voltar-se para a
elucidação de fenômenos básicos e gerar conhecimento amplo,
para que dele decorram, de maneira lógica e natural, as
aplicações analíticas. Contribuiu nas linhas de extração com
solventes com destaque para sais de fosfônio, estudos de
estabilidade de complexos, especialmente os de pseudohaletos, desenvolvimento de spot tests e métodos quantitativos
de análise. Cuidou da introdução de linhas de pesquisa em
análise microquímica e química eletroanalítica depois do pósdoutorado com os Profs. Philip W. West e Paul Delahay nos
EUA (1950-1952). Crescentemente requisitado em atividades
de gestão acadêmica, gerou, assim mesmo, relevante produção
científica, inclusive quatro dezenas de trabalhos científicos
indexados. Entre seus dez discípulos, Eduardo F. A. Neves,
Alcídio Abrão, Jaim Lichtig e Oswaldo E. S. Godinho foram
os mais pródigos na formação de pós-graduados, que se
espalharam pelo país e, em sua maioria, seguiram carreira
universitária, de modo que sua descendência acadêmica já
alcança a 5ª geração e é contada em centenas. Suas aulas
magistrais, devotadas à compreensão dos equilíbrios químicos
e demais princípios em que se fundamentam as técnicas e
métodos analíticos, mesmo quando dirigidas à graduação,
atraiam doutorandos e até docentes do quadro.
O Prof. Senise ascendeu na carreira até o cargo de Professor
Catedrático (1965) e, como primeiro diretor do Instituto de
Química da USP (1970-1974), acolheu e integrou com
sucesso, nos novos departamentos de Química Fundamental e
de Bioquímica, todos os pesquisadores dessas áreas, dispersos
pelas unidades da universidade até a reforma universitária de
1970.
Voltou a ocupar a direção entre 1978 e 1982, quando
impulsionou a ampliação do quadro e da infraestrutura. Sua
atuação como presidente da Câmara Central de Pós-Graduação
da USP por quase duas décadas (1969-1987) foi decisiva na
implantação e estruturação da pós-graduação na USP e no seu
florescente desenvolvimento. Senise compôs ou dirigiu
conselhos de entidades como CAPES, FAPESP, CNPq,
Conselho Federal de Química, Instituto Butantã, Academia
Brasileira de Ciências e outras. Com inteligência, discrição,
estilo e precisão peculiares, o Prof. Senise nos dá a conhecer a
história que ajudou a moldar no livro “Reminiscências e
Comentários sobre a Origem do Instituto de Química da USP”
(2006, disponível no site do IQUSP)
. De leitura obrigatória são,
também, as suas reflexões e citações
de outros eminentes cientistas sobre
as diferenças entre “Química
Analítica e Análise Química”
(Química Nova, 1993, 16, 257).
Durante todo o último quarto de
século, já como Professor Emérito
da USP (1987) e, consecutivamente,
Prof. Honorário do Instituto de
Estudos Avançados da USP (1997) e
Prof. Senise
Pesquisador Emérito do CNPq
(2004), Paschoal Senise prosseguiu
trabalhando do IQUSP todas as manhãs e interagindo
semanalmente com as novas gerações de mestrandos e
doutorandos ao coordenar os Seminários Gerais em Química
Analítica. Atendia com admirável, cordialidade, lucidez e
dedicação todos quantos buscassem sua ajuda ou conselhos.
Membro da Academia Brasileira de Ciências e de várias
associações científicas nacionais e internacionais, o Prof.
Senise era Comendador da Ordem do Rio Branco (1976),
recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico
(1994), as medalhas do Jubileu de Prata (SBPC, 1973) e
Simão Mathias (SBQ, 1997), os prêmios Heinrich Rheinboldt
(1969), Moinho Santista (1981) e Anísio Teixeira (MEC,
1991) e outras honrarias e homenagens.
Em suma, o Brasil foi servido durante 3/4 de século por um
acadêmico que, com talento, estudo, ética, espírito
universitário e amor ao trabalho, gerou ciência, deixou
escola, educou gerações, administrou instituições, traçou e
geriu políticas científicas. Sua memória certamente persistirá
como paradigma para as gerações vindouras, exemplificada
pela multitalentosa pré-universitária Tábata C. A. de Pontes,
vencedora de diversas olimpíadas científicas no País e que
acaba de conquistar medalha para o Brasil na Olimpíada
Internacional de Química. Tábata quis conhecer o Prof.
Senise e ele a recebeu em 21 de junho passado. Ambos
comentaram ter ficado impressionadíssimos nesta que foi sua
última longa entrevista.
Fonte: Ivano Gutz
ANIVERSARIANTES
Parabéns aos aniversariantes do IQ
mês de agosto
02. Elizabeth Pinheiro G. Areas
06. Marluce da Cunha Mantovani
08. Décio Briotto Filho
10. Benedita de Oliveira
11. Luzia Emiko Sado Narimatsu
12. Maria Nilza Amaral
13. Fábio Batista da Silva
13. Kalliopi Alexandra A. Katsi
14. Ana Maria Carmona Ribeiro
15. Márcia Cristina da Ponte
20. Arnaldo Faustino da Silva
20. Leonardo Zambotti Villela
20. Maria Júlia Manso Alves
23. Elzita Dos Santos Batista
23. Wilton Jose Rocha Lima
24. Karina Mitie Yoshimoto
24. Pio Colepicolo Neto
25. Harrald Victor Linnert
25. Renata Spalutto Fontes
28. Pedro Henrique C. Camargo
29. Rosângela de Jesus Bellizia
30. Peter Wilhelm Tiedemann
31. João Pedro Simon Farah
31. Walter Ribeiro Terra
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6ª Escola de Eletroquímica
As inscrições para a 6ª Escola de Eletroquímica estão abertas de 01 de julho até 16
de outubro de 2011. O objetivo da escola é fornecer fundamentos teóricos e
experimentais de diferentes técnicas eletroquímicas, de modo que os participantes
tenham uma melhor compreensão de mecanismos de transporte de massa,
fenômenos de transferência de carga, mecanismos e cinética de reações eletródicas
e, de como estes conhecimentos podem ser utilizados para o desenvolvimento de
métodos analíticos. A complementação das aulas teóricas com aulas experimentais
tem como objetivo aprofundar o conhecimento das técnicas e maximizar o
aproveitamento dos programas de computação que acompanham os equipamentos.
Os interessados deverão fazer a inscrição on-line. Para maiores informações, acesse
a página do IQUSP ou http://www.usp.br/escoladeeletroquimica/inscricoes.asp.
16º Encontro Nacional de Química Analítica
Estão abertas as inscrições até o dia 16 de outubro de 2011 para o 16º
Encontro Nacional de Química Analítica (16º ENQA), evento da Divisão de
Química Analítica (DQA), da Sociedade Brasileira de Química (SBQ). O
evento será realizado de 23 a 26 de outubro de 2011, em Campos do Jordão,
estado de São Paulo. Os interessados deverão fazer a inscrição on-line. Para
maiores
informações,
acesse
a
página
do
IQUSP
ou
http://www.usp.br/enqa2011/inscricao.asp.
Frase do mês!!!
“O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade.”
Voltaire
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
- Instituto de Química Reitor
Prof. Dr. João G. Rodas
Pró-Reitor de Cultura e Extensão
Profa. Dra. Maria A. Arruda
Diretor
Prof. Dr. Fernando R. Ornellas
Vice-Diretor
Profa. Dra. Maria Júlia M. Alves
Chefe do DQF
Prof. Dr. Luiz H. Catalani
Chefe do DBQ
Prof. Dr. Sérgio Verjovski-Almeida
Editor
Prof. Dr. Hermi F. Brito
Redator e Jornalista-Responsável
Prof. Dr. Paulo Q. Marques
(reg. prof. MTb nº 14.280/DRT-RJ)
Helliomar Barbosa (Secretário)
Colaboradores
Jaílton Cirino Santos
Jiang Kai
Ana Valéria Lourenço
José M. de Carvalho Jr.
Lucas C. V. Rodrigues
Fábio Yamamoto
Ivan Guide N. Silva
Teses e Dissertações
Alunos do Programa de Pós-Graduação do IQ que defenderão seus trabalhos de
Mestrado (M) e Doutorado (D)
1. Klester dos Santos Souza – “Estudo eletroquímico de ligas à base de cobalto-cromo e
níquel-cromo”. Dia: 03/08/2011 às 14:00h. Orientador: Profª. Drª. Sílvia Maria Leite
Agostinho. (M)
2. Nicole Milaré Garavello – “Caracterização do papel das proteínas quinases C (PKCs)
na proliferação e auto-renovação das células tronco embrionárias murinas”. Dia:
04/08/2011 às 13:30h. Orientador: Profª. Drª. Débora Schechtman. (M)
3. Renata Mayumi Saito – “Fundamentos, produção e aplicações de marcas térmicas em
eletroforese capilar”. Dia: 08/08/2011 às 13:30h. Orientador: Prof. Dr. Claudimir Lucio do
Lago. (D)
4. Leidi Cecilia Friedrich – “Estudos mecanísticos da interferência de íons cobre(II) e
zinco(II) na reação de Fenton”. Dia: 24/08/2011 às 13:30h. Orientador: Prof. Dr. Frank
Herbert Quina. (D)
QUER COLABORAR?
Para colaborar com o jornal ALQUIMISTA, entre em contato através do e-mail:[email protected]. Eventos,
artigos, sugestões de matérias ou qualquer outra atividade de interesse do IQUSP podem ser enviados.
Todos podem colaborar. Sejam eles, professores, funcionários, alunos ou interessados.

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