N. 14 | dezembro de 2013 | A no IV CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

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N. 14 | dezembro de 2013 | A no IV CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS
N . o 1 4 | d e z e m b ro d e 2 0 1 3 | A n o I V
CAIXA GERAL
DE DE P ÓSI TOS
€ 1,50
CONTINENTE E ILHAS
PERIODICIDADE
TRIMESTRAL
editorial
e
Ano novo, o mesmo
Banco de sempre!
a revista da caixa
Diretor Francisco Viana
Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes
Arte e projeto Rui Garcia e Rui Guerra
Colaboradores Ana Ferreira, Ana Rita Lúcio,
Helena Estevens, Hugo Gonçalves, Isabel
Ribeiro, João Paulo Batalha, Leonor Sousa
Bastos, Paula Lacerda Tavares (texto); FG + SG,
Filipe Pombo, João Cupertino, com agências
Corbis, Getty Images e iStockphoto (fotos);
Marta Monteiro (ilustração);
Dulce Paiva (revisão)
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de capa, mantendo-se, no entanto, o seu
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Propriedade
Caixa Geral de Depósitos
Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa
Periodicidade Trimestral
(Edição n.º 14, dezembro 2013/fevereiro 2014)
Depósito Legal 314166/10
Registo ERC 125938
Tiragem 72 000 exemplares
Correio do leitor [email protected]
A Cx é uma publicação da Divisão Customer
Publishing da Impresa Publishing,
sob licença da Caixa Geral de Depósitos
As emissões de gases com efeito de estufa
associadas à produção desta publicação foram
compensadas no âmbito da estratégia da CGD
para as alterações climáticas.
DEPOIS DE UM ANO EXIGENTE, viramos a página e damos as
boas-vindas a 2014. Um novo ano, mas o mesmo empenho
da Caixa em ajudar a dar a volta ao País e à sua economia.
E uma vontade inabalável de continuar a ser um parceiro
sólido das famílias e das empresas portuguesas.
Foi com este espírito que nos propusemos a visitar os
Açores e a descobrir o porquê de um trajeto crescente de
uma região que, ainda há poucos anos, era formalmente
uma das mais pobres da União Europeia. E levantámos
alguns cenários promissores para o arquipélago, tendo em
conta o seu potencial em áreas como o turismo, a natureza
ou a sustentabilidade, sem esquecer a sua localização
privilegiada entre Europa e América do Norte. Nesse
sentido, falámos com Joaquim Teodósio, coordenador
do Projeto LIFE+ Laurissilva Sustentável, que nos deixou
algumas pistas, em particular em torno da preservação
ambiental do arquipélago.
Entre passado e futuro, falámos também com duas
das novas vozes do fado: Gisela João, a fadista que todos
querem ouvir, e Júlio Resende, que surpreendeu o País
com um impressionante dueto com Amália, num álbum
apoiado pela Caixa. Um apoio no âmbito da sua política
de responsabilidade social, que reflete uma aposta na
cultura e na música nacionais, em particular no fado,
marca identitária da cultura portuguesa e recentemente
classificado como Património Imaterial da Humanidade.
E, já que falamos de cultura e tradição, mergulhámos
pela Serra do Marão adentro para descobrir um País cheio
de alma! Visitámos o hotel mais antigo do Porto, cuja
história se confunde com a da cidade. E fizemos o tempo
parar na Aldeia da Mata Pequena, onde se preservam as
tradições da região saloia.
Além disso e à semelhança de sempre, não esquecemos
as necessidades dos portugueses: as presentes e as futuras.
Por isso, apresentamos-lhe o Caixa Viva, o primeiro cartão
de débito que lhe permite pagar automaticamente as suas
viagens nos transportes da Área Metropolitana de Lisboa.
E, para o seu futuro, as Soluções de Poupança Automática,
para que possa poupar de forma simples, cómoda e
automática.
Tudo isto e muito mais, numa edição em que celebramos
Portugal, de olhos no futuro. Com a garantia de que, em
2014, a Caixa continuará a ajudar a dar a volta ao País.
FRANCISCO VIANA
ESTA É UMA
EDIÇÃO EM QUE
CELEBRAMOS
PORTUGAL, DE
OLHOS NO FUTURO.
COM A GARANTIA
DE QUE, EM 2014, A
CAIXA CONTINUARÁ
A AJUDAR A DAR A
VOLTA AO PAÍS
CONHEÇA A APP
Esta revista está escrita nos termos do novo acordo ortográfico
As características dos produtos e serviços apresentados nesta edição remetem
para o mês constante na capa. Confirme a atualidade das mesmas em www.cgd.pt
ou numa Agência da Caixa.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
3
i
interior
06 Pormenor
Notícias breves
DESTAQUES
PESSOAS
10 Histórias de sucesso
Mário Franco
12 Talento
O fado de Gisela João e os
filmes da CRIM
ESTILO
16 Design & arquitetura
Uma escola premiada em
Sever do Vouga; a Blend Store
leva design a todo o mundo; a
primeira semana da EXD’13
20 Automóveis
Um carro chamado Adam
22 Culto + Soluções
Há muitas vantagens em ser
Cliente da Caixa, incluindo em
produtos selecionados
24 Gourmet + Prazeres
O Rio’s, as tentações da Xocoa
e um salame de chocolate fora
do comum
39 Observatório A opinião
de Manuel Martins
DESTINOS
52 Fugas
32 O que é que os Açores têm?
Do património natural em abundância, ao capital turístico que não cessa de se
valorizar, sem esquecer a onda de oportunidades que vêm do mar e da terra,
os Açores são uma região com um potencial estratégico em crescendo,
que importa conhecer e explorar
Hotel Paris
Dicas de investimento para
principiantes; site da CGD
ganha serviço de call-back
60 Saúde
Repor o equilíbrio depois dos
excessos das festas
61 Educação
Crie o seu negócio on-line
66 Sustentabilidade
Uma ideia original chamada
Papel Florescente
CULTURA
67 Livros & Discos
70 O kuduro virou documentário
72 Agenda
73 Vintage
O relógio de ponto
74 Fecho Notícias CGD
4
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
26 Entrevista
Joaquim Teodósio, coordenador do
projeto LIFE+ Laurissilva Sustentável,
lembra aos portugueses o que podem
ganhar com as florestas endémicas, a
partir do caso dos Açores.
40Viagem
Este inverno, contornamos a Serra da
Estrela e seguimos rumo à sua prima
Serra do Marão. Uma viagem para
encher os sentidos.
48Fugas
Na Aldeia da Mata Pequena, prepare-se para embarcar numa viagem no
tempo, redescobrindo a região saloia.
54 Institucional
Conheça a campanha de Imóveis
Caixa, as Soluções de Poupança
Automática e as vantagens dos
cartões da Caixa, entre eles o Caixa
Viva que facilita as viagens nos
transportes de Lisboa
62 Sustentabilidade
Discutir o potencial do mar e pensar
o futuro das cidades, em eventos
apoiados pela Caixa.
68 Cultura
Júlio Resende estreia-se a solo
e coloca a fasquia bem alta, em
surpreendentes duetos com Amália.
Foto: D.R.
VIVER
58 Finanças
p
pormenor
BONECA TOC TOC
A Xana Toc Toc é, atualmente, um dos nomes
mais famosos entre a pequenada, que não
resiste às canções e às «estórias» desta colorida
personagem de carne e osso.
Começou por dar-se a conhecer com A Ilha dos
Sonhos, organizou uma enorme festa intitulada,
precisamente, A Festa É Nossa e regressou, este
Natal, com aventuras Na Aldeia Colorida. Mas
a grande novidade é que Xana Toc Toc ganhou
uma versão boneca, pronta a ser abraçada
e a dançar com todos os seus amiguinhos e
amiguinhas.
UM SONHO
AMERICANO
Licenciada em Design de
Comunicação, na Faculdade
de Belas-Artes de Lisboa,
a portuguesa Ana Romero
Monteiro é, atualmente, um dos
nomes de que se ouve falar em
Nova Iorque. A culpa é das capas
de telemóvel por si criadas, com
padrões tão surpreendentes,
que passaram a fazer parte dos
episódios da série Gossip Girl
e poderão ser vistos no filme
Finally Famous. No trabalho
desta designer portuguesa,
encontramos, também, lenços
e almofadas, estando várias
surpresas reservadas para 2014.
C A LÇ A D O
O mais sexy da Europa
Os sapatos portugueses conquistaram o Prémio
Europeu de Promoção Empresarial, na categoria
de apoio à internacionalização das empresas
PIQUENIQUES
HÁ MUITOS!
Se não pode ser na relva dos parques
ou na praia, encontra-se outro
cenário. Esse é o grande desafio
da Picnic’ei, que apenas precisa de
receber um telefonema para preparar
a cesta e surpreendê-lo. Está em
www.facebook.com/picnicei
6
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Vilnius, capital da Lituânia, foi o palco
escolhido para uma iniciativa da Comissão
Europeia que pretende incentivar
o empreendedorismo. O objetivo passava
por eleger o vencedor do prémio europeu
de promoção empresarial, na categoria de
apoio à internacionalização das empresas,
ao qual Portugal concorreu com a campanha
Portuguese Shoes: The Sexiest Industry in
Europe (com os modelos Sara Sampaio
e Gonçalo Teixeira). E, se o anúncio da
indústria portuguesa de calçado como
um dos finalistas fez agitar todos
os presentes, incluindo a apresentadora
que, inclusivamente, se mostrou interessada
em receber alguns exemplares,
a confirmação da vitória mereceu
um aplauso geral, mesmo dos franceses
que viram derrotada a sua proposta
– que assentava no champanhe francês,
representado pela International Relays
da região de Champanhe-Ardenne.
GOURMET
À Meia Dúzia sabe melhor
os irmãos Andreia e Jorge
Ferreira tinham em comum
o desejo de ter a sua própria
marca. Mais, queriam que essa
marca estivesse relacionada
com o universo gourmet.
O resultado dessa vontade
chama-se Meia Dúzia
(meiaduzia.pt) e apresenta-se com uma tremenda
originalidade: as compotas,
que são o que a empresa
oferece, são apresentadas
em bisnagas de tinta. Desde o
packaging às matérias-primas,
toda a produção é nacional e
resulta em sabores como Pera
Rocha com Moscatel do Douro,
Mirtilo com Vinho do Porto e
Baunilha, Laranja e Vinho da
Madeira ou Abóbora e Laranja
com Amêndoa.
BRINCAR COM A DENTUÇA
a amadora é conhecida como a capital da banda
desenhada (BD) e a abertura de um novo parque temático
reforça esse estatuto. Trata-se, nada mais nada menos,
do que o primeiro parque temático a surgir fora do Brasil
dedicado à famosa BD A Turma da Mónica. A Mónica,
o Cebolinha, o Cascão, o Bidú e a Magali, entre outros,
estão, em versão boneco, à espera de miúdos e graúdos
que desejem visitar estes cinco mil metros quadrados de
espaço verde. Ao longo do parque, incluído num projeto de
requalificação urbana, há equipamentos como escorregas,
um castelo, baloiços feitos com material reciclado e muito
espaço para fazer piqueniques.
Para mulheres empreendedoras
ser uma rede de referência para as mulheres empreendedoras,
portuguesas e espanholas. Foi desta forma que Maria José Amish
apresentou a WomenWinWin, um site que pretende ser aquele
pequeno empurrão que, tantas e tantas vezes, falta na altura de arrancar
com um negócio e que completa a sua atividade com workshops,
seminários e consultadoria. Não deixe de conhecer em
www.womenwinwin.com.
DESIGN RIBATEJANO
este é mais um excelente exemplo de espírito
empreendendor. Vanessa e Sónia Fernandes, irmãs,
sempre gostaram de moda e guardavam na gaveta
o sonho de, se fosse possível, avançarem para um
negócio nessa área. Agora que a oportunidade surgiu,
lançaram a Portucalês, uma marca de vestuário
que se destaca pelas aplicações feitas com tecidos
portugueses, como o tartan ou a chita de Alcobaça, e
pela utilização de símbolos nacionais como o Galo de
Barcelos. A coleção está dividida em três linhas, com
personalidade própria, e pode ser vista em
www.portucales.com.
Fotos: D.R.
Ana Cascalheira, Miguel Saturnino e Tiago Monte são três
designers de Santarém que criaram a marca O Melhor
do Ribatejo. Trabalhando diretamente com uma dezena
de produtores e artesãos locais, o trio selecionou alguns
produtos (queijos da Agrária de Santarém, enchidos das
fazendas de Almeirim, típicos barretinhos de lã feitos à mão,
azeite, entre muitos outros) e, dando uso à sua formação,
embelezou cada embalagem de forma estilizada. Está em
www.omelhordoribatejo.com.
EM BOM PORTUCALÊS
Cx
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p
a Caixa ao pormenor
F LO R E S TA C A I X A
CGD celebra Dia Mundial
da Floresta Autóctone
Os lançamentos do portal Floresta Caixa e de um livro infantil
foram dois dos momentos altos do Programa
O Centro de Interpretação de
Monsanto fora o local escolhido. Era o
Dia Mundial da Floresta Autóctone (23
de novembro) e, para celebrá-lo, a Caixa
associou-se à Oryzon Energias, S.A. e à
Câmara Municipal de Lisboa.
Aos poucos, o chilreio dos pássaros foi
abafado pelas vozes das crianças. Afinal, o dia
era-lhes dedicado e uma série de atividades
aguardavam-nas. Entre outras, a apresentação
e leitura de Árvores da Terra, um livro infantil,
em versão e-book, da autoria de Rita Ferreira
e Rita Almeida. O livro está disponível
no renovado micro-site Floresta Caixa
(www.florestacaixa.com), também apresentado
neste dia, onde os mais novos podem aprender
e divertir-se em torno do tema da floresta.
Além disso, as crianças puderam participar
no workshop Floresta Autóctone: Matéria-prima, dado por Ricardo Torres, da Oryzon
Energias, parceira da CGD no âmbito do
Programa Floresta Caixa. A este respeito,
Ricardo Torres referiu que as entidades estão a
atuar na Pampilhosa da Serra, numa parceria
que inclui «a escolha do local onde serão
plantadas as árvores, plantá-las e geri-las
durante 30 anos».
Paula Viegas, da CGD, falou também
sobre o programa: «Iniciámos, em 2006, um
programa de florestação e reflorestação de
áreas ardidas e, em 2014, teremos atingido
mais de 200 mil árvores autóctones plantadas,
distribuídas por várias zonas do território
nacional», salientou. «São 200 mil árvores, o
número de crianças Clientes da Caixa, o que
justifica o compromisso a 30 anos.»
Para Margarida Caldeira, do Centro de
Interpretação de Monsanto, foi um «dia
muito emblemático», depois de um ano de
«campanhas de sensibilização para que não
plantem árvores exóticas e infestantes no
parque. A CGD propôs-nos uma parceria
para fazermos uma atividade nesta data e nós
achámos uma ideia excelente.»
CAIXA DISTINGUIDA
NO PRÉMIO
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
A CGD ganhou o Prémio Setorial
e destacou-se no segundo lugar,
no ranking geral, da quinta edição
do Prémio Desenvolvimento
Sustentável, uma iniciativa
organizada pela Heidrick &
Struggles, em parceria com
o Diário Económico.
O Prémio Desenvolvimento
Sustentável reconhece as entidades
com as melhores práticas na área
da sustentabilidade empresarial
e efetua um estudo da evolução
das diversas práticas em Portugal
e no seu tecido empresarial.
A metodologia utilizada no prémio
segue a gestão do triple bottom
line, através da qual as práticas de
sustentabilidade são avaliadas ao
nível das dimensões económica,
ambiental e social.
O desenvolvimento sustentável
é um investimento a longo prazo,
com vista à criação de valor
para os stakeholders, através
da identificação e exploração de
oportunidades e da gestão de riscos
resultantes dos fatores económicos,
sociais e ambientais.
Na Caixa, este caminho representa
motivação, confiança e investimento
no futuro.
MARCA DE EXCELÊNCIA PELO SEXTO ANO CONSECUTIVO
A Caixa é Marca de Excelência desde 2008 e foi eleita como tal, novamente, em 2013. Trata-se de uma
iniciativa independente da Superbrands, que promove «produtos ou serviços de Excelência que oferecem
um benefício claro e diferenciador, que cumprem as suas promessas, geram notoriedade, assumem uma
personalidade e uma escala de valores definidos, permanecendo fieis aos seus princípios». A eleição assenta
numa primeira triagem efetuada pelo Conselho Superbrands, baseada no domínio de mercado, longevidade,
goodwill, fidelização e aceitação, após a qual a decisão final fica a cargo dos consumidores.
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Cx
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A Caixa é líder
na linha PME
Crescimento 2013
C A R TÃO M A D E BY
À sua medida
Na vida, tudo se constrói. Até um cartão. Por isso,
o Made By permite escolher o que realmente importa
O Cartão de Crédito Made By(1) é uma
solução inovadora em que cada Cliente
cria um cartão único e à sua medida,
escolhendo os atributos que mais valoriza:
• Uma imagem à sua escolha, de uma
galeria ou a imagem standard;
• O programa de lealdade (pontos fast
Galp, cash-back ou milhas aéreas);
• O pacote de seguros (base, médio ou
alargado);
• A modalidade de pagamento, entre
cinco e cem por cento do total em dívida;
• O número de dias de crédito sem juros
(entre 10 a 40 dias, 15 a 45 ou 20 a 50).
A mensalidade varia entre um e
dois euros(2), em função dos atributos
escolhidos. E, caso a utilização mensal do
cartão seja igual ou superior a 250 euros,
o valor da mensalidade será devolvido.
O Made By tem, ainda, associado um
conjunto de descontos e benefícios em
inúmeros parceiros, que pode consultar
em www.vantagenscaixa.pt.
Made By, na vida, tudo se constrói. Até
um cartão.
(1) TAEG de 16,4% a 18,1%, em função da mensalidade contratada, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 15,00%.
(2) Acresce imposto de selo à taxa de 4%
São mais de 257 milhões de euros em
operações aprovadas no âmbito da linha
PME Crescimento 2013, um valor que
faz da Caixa líder nesta linha de apoio às
empresas nacionais. Os dados da PME
Investimentos datam de 15 de novembro
de 2013 e ilustram o empenhamento da
Caixa no apoio ao setor empresarial, à
economia e exportações nacionais.
Através da linha PME Crescimento 2013,
estão disponíveis 2000 milhões de euros
com o objetivo de melhorar as condições
de acesso ao financiamento das PME
portuguesas:
> Prazos até nove anos;
> Spreads ainda mais competitivos;
> Período de carência de capital até
24 meses.
Com condições como estas e com
soluções exclusivas que respondem às
necessidades das empresas portuguesas,
não admira que mais de 26 270 operações,
com 5620 milhões de euros de crédito
aprovado(1), sejam Clientes da Caixa.
Seja também Cliente da Caixa e informe-se
sobre esta linha numa Agência ou Gabinete
de Empresas da Caixa, em www.cgd.pt/
empresas ou através do 707 24 24 77, das
8 às 22 horas, todos os dias do ano. Porque
a Caixa está a ajudar a dar a volta ao País e
à sua economia.
(1)
Nas linhas PME Investe e PME Crescimento, de 2008 a 26
de novembro de 2013.
Caixa IU há um ano no Facebook
o perfil de facebook do Caixa IU (Facebook.com/caixaiu) celebrou, recentemente,
o primeiro aniversário. Para assinalar a data, a Caixa desafiou os mais de 30 mil fãs a
apagar as velas e houve direito a prémios, como tablets e televisores, num passatempo com
a assinatura da Fullsix e da Telemedia. Os passatempos são, aliás, uma constante, com
muitos bilhetes para jogos de futebol e para os festivais de verão, estadias no Hostel Caixa
IU, entradas nos eventos académicos, entre outras ofertas. Além disso, a página Caixa IU
apresenta conteúdos de apoio ao conhecimento e fomento ao empreendedorismo jovem.
A marca Caixa IU está, assim, presente ao lado dos jovens, como um verdadeiro parceiro
em todo o seu ciclo de vida: na diversão, nos estudos, no emprego e no empreendedorismo.
Cx
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h
histórias de sucesso
MÁRIO FRANCO
Grito de independência
Cresceu aprendendo o negócio das rações e trabalhando com a família, mas queria
algo mais. Queria poder dizer que atingiu o sucesso com algo criado por si e a solução para atingir
esse objetivo chegou numa verdadeira aventura a galope!
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Luís Paixão/AFFP
HÁ MENOS DE TRÊS ANOS, Mário Franco tomou a decisão de apostar na criação de cavalos. Partindo do zero, apoiou-se em pessoas da sua
inteira confiança e fez da vontade de ter a sua marca e do seu espírito competitivo o motor para atingir os seus objetivos. Hoje, orgulha-se ao
afirmar que a Coudelaria Leonardo Franco é uma referência quando o assunto é a criação de cavalos puro-sangue lusitanos.
Cx: Existe um percurso que cruza,
obrigatoriamente, o universo do
Grupo Franco com o da Coudelaria
Leonardo Franco. Como é que se deu
esse encontro?
Mário Franco: Sem dúvida que tudo isto
tem a sua origem nas rações. Foi nesse
universo que tudo começou e é daí que vem
a necessidade de dar o salto para a criação de
cavalos. Foi em 2009, altura em que estava
apenas com as rações, que comecei a pensar
nesta possibilidade. O ter ficado a gerir
uma marca de rações para cavalos – a SF
Feeding – reforçou o gosto, o interesse e a
curiosidade que tinha pelo mundo equestre
e, quando adquirimos a Quinta da Fornalha,
comecei a criar cavalos Lusitanos.
Cx: E essa ligação aos cavalos vem de...
MF: Não vem. [Risos] É verdade que eu
tenho 30 anos e nós já fazemos rações há
três décadas, mas só em 2009 é que eu
peguei numa marca e desenvolvi este projeto
de rações para cavalos. Depois veio a quinta
e o arriscar um projeto pessoal, muito pela
vontade de, como costuma dizer-se, «sair
de baixo da saia da mãe». Pela vontade de
ser independente. Nós somos quatro sócios
(eu, o meu irmão, o meu pai e a minha
mãe) e sempre lidámos com o mercado
dos bovinos. O mercado dos cavalos é
completamente diferente. É um mundo
muito mais complicado, nomeadamente na
criação, onde a concorrência é enorme, mas
eu queria poder dizer que tenho algo meu,
que fui eu que criei.
Cx: E foi fácil esse sair de baixo da saia da mãe?
10
Cx
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MF: Não, nada, até porque não foi fácil
convencer a família de que este seria
o caminho certo. Sabe, as pessoas ainda
têm muito a ideia de que o mercado
dos cavalos é aquele mercado dos cavalos
baratos, mas, aqui, estamos a falar
de cavalos premium! Não tem nada a ver!
Por exemplo, comprámos um cavalo e
vendemos o seu sémen a dois mil euros
cada cobrição. É a diferença entre ter
éguas que ninguém quer ou ter éguas
que, se forem colocadas à venda, têm logo
cinco ou seis potenciais compradores.
Felizmente, as coisas têm corrido bem, a
visibilidade dos animais também se traduz
num aumento de venda de rações e, aos
«O ARRISCAR UM
PROJETO PESSOAL VEM
DA VONTADE DE PODER
DIZER QUE TENHO ALGO
MEU, QUE FUI EU QUE
CRIEI»
poucos, a minha família começa a perceber
que isto não foi uma aventura sem pés nem
cabeça.
Cx: Voltemos, então, ao início da aventura.
Quais foram as maiores dificuldades que
sentiu na altura em que decidiu arriscar?
MF: O ser um mundo totalmente novo, para
mim. Quando comecei a criar, comprei uns
animais baratos. Eram... cavalos e pronto.
Mas depressa percebi que o custo é o
mesmo. Temos de lhe dar ração, temos de
lhes dar vacinas, temos de desparasitá-los… Estar a comprar animais que não são
recomendados, que não são medalhados,
que nunca ganharam nada, que ninguém
os conhece torna esse começar ainda mais
complicado, pois obriga-nos a, pelo menos,
15 anos de espera para começarmos a ter
animais capazes de ir a uma feira e ganhar o
evento, 15 anos de espera até começarmos a
ser reconhecidos.
Cx: Essa foi a primeira lição...
MF: Eu não conhecia este mundo e ainda
tenho muito para conhecer. Por exemplo,
se tivemos um cavalo bom ao lado de um
muito bom, não é fácil conseguir dizer qual
deles trota melhor. Eu tenho a humildade
de reconhecer que não sou capaz de fazer
essa distinção. Sabe, costumo dizer que esta
aposta no universo dos cavalos foi como ir
para uma faculdade privada. Se fosse para
uma faculdade, pagava 20 ou 25 mil euros
para tirar um curso; eu gastei dinheiro
em animais até aprender aqueles em que
deveria, efetivamente, apostar.
Cx: E quando passou a apostar em animais
«vencedores»?
MF: Lembro-me de ter ido à feira de Ponte
de Lima, em 2011, e, quando vi a égua
que ganhou, disse para mim mesmo «é isto
que eu quero!» Tratei, então, de selecionar
animais, tendo a participação e o apoio
de três ou quatro pessoas de confiança
que me ajudaram a escolher. Em 2012,
depois de ter avançado para a compra dos
animais, conseguimos ganhar quatro das
COMPETITIVO
APAIXONADO
PRAGMÁTICO
LUTADOR
EMPREENDEDOR
cinco principais feiras em que participámos,
o que foi fantástico para a divulgação da
Coudelaria e foi ao encontro do meu espírito
competitivo.
pela dedicação. Neste momento, temos das
melhores éguas da raça, garantidamente.
É a tal garantia de qualidade que considero
fundamental!
Cx: Esse espírito competitivo tem sido
importante no atingir dos seus objetivos?
MF: Eu acredito que sim! Desde novo
que entro em competições. Primeiro as
bicicletas, depois as motas. Acontece que,
nestas últimas, o investimento anual é
muito grande e o retorno é nulo, daí que
tenha tido de fazer opções. Mas as motas
são uma paixão! É aquele bichinho que está
sempre a roer… Agora, entro na competição
pela qualidade dos meus cavalos. E é o
reconhecimento dessa qualidade que me
enche de orgulho. Ouvir dizer que temos
um património genético da raça lusitana
como não há noutro lado é a maior
recompensa por todo o investimento feito e
Cx: O segredo do sucesso passa por aí?
MF: Sem dúvida! Ainda há pouco tempo, na
Feira da Golegã, recebemos a visita de uns
senhores franceses que vieram a Portugal,
precisamente, porque viram no Facebook
que nós tínhamos esta, aquela e outra égua,
querendo conhecer a nossa coudelaria.
Cx: A aposta na vertente desportiva
vem conciliar essas duas procuras: a da
competição e a da qualidade?
MF: Talvez... faz sentido. A vertente
desportiva surgiu em janeiro deste ano,
com o cavaleiro olímpico Gonçalo Carvalho,
que esteve presente nos Jogos Olímpicos
de Londres, na disciplina de dressage.
Tudo começou quando, por uma estratégia,
na SF Feeding, decidimos fazer uma ração
específica para animais em alta competição,
sendo esta a ração que nos faltava na nossa
gama. Conheci o Gonçalo, falámos sobre
os Jogos de 2016. Decidimos, então,
adquirir um cavalo Lusitano de grande
qualidade e abraçarmos este projeto
desportivo, que era algo que eu também
queria.
Cx: E, em jeito de balanço, o que é que já
aprendeu nestes quase três anos de trabalho à
frente da Coudelaria Leonardo Franco?
MF: Que, ao criar por paixão, apaixonamo-nos pelos animais e sujeitamo-nos a criar
animais que não se vendem. Se criarmos
com paixão, tudo é diferente. Dedicamo-nos aos animais, vibramos com o seu
nascimento, desenvolvimento e trabalho,
mas não esquecemos a vertente comercial.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
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t
talento
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GISELA JOÃO
Ah, fadista!
Tem pinta de rock star e até gosta de andar de skate, mas é o fado que
lhe corre nas veias. Desta inusitada combinação, onde os xailes dão lugar a ténis
e a vestidos catitas, surge aquela que une gerações em torno deste nosso Património
PorPedro Guilherme Lopes Fotografia Estelle Valente
SE PERGUNTARMOS A QUEM GOSTA DE OUVIR MÚSICA e se interessa pelos nomes que
vão surgindo se já ouviu falar de Gisela João, será estranho que alguém responda que «não».
Falamos, «apenas», da fadista que já foi comparada a Amália e que é apontada como o presente
e o futuro do fado. Nascida em Barcelos, longe dos bairros onde este nosso Património Imaterial
da Humanidade é cantado há décadas, Gisela cresceu como a mais velha de sete irmãos,
cantando, às escondidas, um intemporal Que Deus me Perdoe. E, aos nove anos de idade, rumou
à escola de lábios vermelhos, com papelotes na cabeça e xaile preto, como que anunciando «está
aqui uma fadista!»
Mas levaria tempo até se assumir como tal.
Rumou ao Porto, decidida a tornar-se designer
de moda, mas o fado que lhe corria nas veias
impelia-a a continuar a cantar. Fazia-o à noite
e, aos poucos, o seu nome e a sua forma
de cantar começaram a dar nas vistas. Os
concertos sucediam-se e começava a tornar-se
complicado não tomar uma decisão. Tomou-a
e viajou para Lisboa, assumiu-se como
fadista, lançou um disco homónimo e, de um
momento para o outro, todos os holofotes
estavam virados para si. «O sucesso pode ser
assustador!», diz Gisela, bem disposta, num
estilo totalmente descontraído. «Obviamente
que é fantástico escutar os elogios ao meu
trabalho, mas não posso deixar de pensar que,
pelo facto de as expectativas estarem tão altas,
existe a possibilidade das pessoas estarem à
espera de algo mais». Essa responsabilidade
acrescida obriga-a a «continuar a ter algo que
sempre tive: brio no meu trabalho! Há muita
gente que pensa que a vida de artista é fácil,
mas isto é muito desgastante. Principalmente
se tivermos a política de fazer as coisas bem
feitas. E a verdade é que, se eu fizer mal
o meu trabalho, sinto-me envergonhada!
Nem sei jogar às cartas, porque sempre tive
mau perder! (risos) Se me meto em algo, é
para fazê-lo bem e, neste caso, isso implica
vários sacrifícios e significa abdicar de muitas
coisas.»
Do que Gisela João recusa abdicar é de se
afirmar por aquilo que é, sem ter de criar uma
imagem só para agradar ao público e vender
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a rev i s ta d a ca i xa
mais. «Eu comecei a cantar muito nova e,
quando fui para o Porto e comecei a fazer
concertos, tentava controlar-me», recorda.
«Pensava que, por estar a dar um concerto,
não podia estar como se estivesse no café,
mas isso durou pouco, pois sentia que não
era eu que ali estava. E o que é que eu fiz?
Coloquei-me no lugar do público, que é algo
que costumo fazer, e pensei «se eu for igual
a mim mesma, ninguém tem de apontar-me o dedo». Mas também já me apercebi
que algumas pessoas acham que esta minha
postura é encenada... Isso leva-me a pensar
que o público gosta de ser enganado, gosta de
frases feitas, gosta de pessoas que se armem
em inteligentes...»
Ao longo da conversa, Gisela João vai
reforçando uma imagem curiosa: a de ser
uma mulher muito decidida e com os pés
bem assentes no chão, a chamada «mulher
do Norte», mas, ao mesmo tempo, parecer
ter bem preservado um lado de menina.
A fadista confirma esses dois lados da sua
personalidade. «Quando vim para Lisboa,
ligava às minhas amigas às quatro e às
cinco da manhã a chorar e a dizer que me
ia embora. Mas elas sabiam que eu não ia!
Sabiam que eu tenho força para enfrentar
as dificuldades e, se assim não fosse, não
tinha saído de casa aos 17 anos e não tinha
trabalhado e lutado para ter as coisas que
ELA SÓ PEDE QUE
A DEIXEM CANTAR
Fama? Sucesso? Dinheiro?
Nada disso tem importância,
se não a deixarem fazer o que
mais gosta.
Agora que atingiu um
determinado patamar
na sua carreira, sendo,
inclusivamente, comparada
a Amália, quais serão os
objetivos de Gisela João?
«Quero cantar!», responde de
forma pronta. « Sinceramente,
não sei quantos discos quero
vender, não sei quantos discos
quero gravar, nem sei quantos
concertos quero fazer. Mas sei
que quero cantar!» E pretende
fazê-lo, continuando a «fugir»
ao que se convencionou como
sendo a imagem de uma
fadista. «Eu quero é que as
pessoas sintam e gostem do
meu trabalho, porque o fado
não é xaile preto, cabecinha
de lado e olhar para cima
em súplica. Fado é emoção,
é o que se sente quando se
ouve! Era bom que todos
percebessem que não é por
vestir-se de fadista que uma
pessoa é fadista!»
queria. Ou seja, existe essa força de enfrentar
dificuldades, mas existe um lado de menina.
Eu faço artesanato, eu faço bordados, faço
bonecas de trapos muito coloridas, gosto
de vestidos, laços, batons, brincos... Nesse
aspeto, sou muito menina», afirma.
Em palco, esse dois lados também convivem:
a Gisela mulher é a que vemos cantar, cheia
de força e sentimento; a menina está nos
finais de cada música e no momento em que
entra em palco, «alturas em que estou cheia
de vergonha. Isso é algo que nunca mudou!
Tenho vergonha que as pessoas vejam aquilo
que estou a sentir quando canto. Porque,
quando canto um poema, estou a cantar a
vida. A mostrar como sinto a vida!»
CAIXA WOMAN
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t
talento
CRIM
A arte como ideal
Três amigas. Três produtoras. E a vontade, partilhada,
de concretizar a imensa energia criativa que sentiam à sua volta
e de mudar o mundo através da arte
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia João Cupertino
AMIGAS DESDE OS TEMPOS DE FACULDADE, Isabel Machado, Joana Ferreira e Christine
Reeh viram-se confrontadas com a necessidade (e vontade) de encontrarem uma produtora
para um projeto. Perguntaram a imensas pessoas, ligadas ao cinema, quem haveriam de
escolher e, face ao seu expresso desejo de fundar projetos, a maioria das respostas foi «criem
a vossa própria produtora». E foi aquilo que fizeram, em 2005.
«Queríamos encontrar uma estrutura que
permitisse concretizar a imensa energia
criativa que sentíamos à nossa volta e,
por isso, fundámos a CRIM (www.crimproductions.com)», recordam, na primeira de
muitas respostas que fazem questão de dar em
nome das três (entretanto, com o passar do
tempo, a estrutura acolheu Susanne Malorny
– que, tal como Christine, é alemã – e Sara
Caixinhas). «Fizemos algumas contas para
um investimento inicial mínimo e abordámos
algumas instituições bancárias. Nessa altura,
nem sequer sabíamos o que era um estudo
de mercado. Estudámos artes visuais, design,
cinema, antropologia... E éramos, sobretudo,
idealistas! Queríamos mudar o mundo através
da arte!»
Não admira que afirmem que o investimento
inicial foi, sobretudo, muito suor e lágrimas,
pelo menos até encontrarem quem estivesse
disposto a arriscar com elas, sendo esse
«alguém» a CGD. E arriscar é, precisamente,
uma das palavras que mais sentido faz
quando falam da CRIM. «Todos os dias nos
perguntamos qual é o caminho... Gostamos do
nosso trabalho, mas não há um trilho seguro.»
O risco é compensado por poderem fazer
o que mais gostam. Cada filme é, quase,
como um filho, olhado de forma especial
independentemente do sucesso que alcança.
Na maioria dos casos, como manda a tradição
em Portugal, os projetos surgem de autores
ou realizadores que procuram a produtora,
mas, também, já lançaram projetos em
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que definiram uma ideia e um modelo de
produção e, depois, convidaram pessoas para
os desenvolverem em parceria.
E, tendo em conta que são todas produtoras,
será fácil conciliar as diferentes visões
cinematográficas? «As nossas visões nem
sempre coincidem em todos os pontos, mas,
em geral, conseguimos conciliar quase sempre
os diferentes pontos de vista», garantem.
«Além disso, somos as três produtoras porque
a estrutura está sempre implicada, mas isso
não significa que o envolvimento de cada
uma seja equivalente em todos os projetos.
Há é um acordo sobre algumas direções
gerais e um apoio mútuo nas decisões mais
importantes. E termos diferentes perspetivas
é, na maioria dos casos, enriquecedor.»
E, já que de projetos falamos, já há muitas
ideias a espreitar 2014. Prevista está a
distribuição nacional e internacional do seu
último documentário, E Agora? Lembra-me,
de Joaquim Pinto, cuja distribuição está
assegurada nos Estados Unidos, França e
América Latina. Em fase de finalização está
o documentário As Crónicas de Polyaris,
de Christine Reeh, um filme rodado
integralmente no Ártico, em coprodução
com a Noruega. Tentarão, ainda, viabilizar
a produção de duas curtas-metragens, uma
longa-metragem de ficção, bem como dois
programas televisivos, e estão envolvidas na
organização de um colóquio internacional
de filosofia e cinema, que se vai realizar em
Lisboa, em maio.
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CINEMA, CRISE E
INCONFORMISMO
Onde se fala das dificuldades
de arriscar e triunfar
A pergunta é inevitável:
afinal, qual é o estado do
cinema em Portugal? «É
um paradoxo», afirmam.
«Continuamos a produzir
filmes que são premiados
nos mais prestigiados
festivais e distribuídos
internacionalmente.» Por
isso, veem o desinteresse
e a indiferença de
algumas entidades como
«inaceitáveis». Além disso,
«a opinião pública portuguesa
continua a basear os seus
comentários numa ideia vaga
e negativa sobre filmes que
nem sequer viu». Um cenário
preocupante, que acaba por
trair o espírito empreendedor
e a vontade de arriscar. «Faz
parte das nossas convicções
que vale a pena acreditar
em projetos que tentam
ser o extraordinário de si
mesmos. Isso leva-nos a um
inconformismo permanente.»
Mas trata-se de «um percurso
cada vez mais difícil».
Com tanto para fazer, é caso para tentar
descobrir como é que as diferenças de
personalidade contribuem para que
atinjam o sucesso. «Somos, mesmo, muito
diferentes em termos de personalidades, de
capacidades e, até, de métodos de trabalho.
A receita para o sucesso prende-se com
uma inabalável amizade, muito respeito e
uma comunicação constante. Acontece-nos,
inúmeras vezes, estarmos bloqueadas com um
assunto que outra de nós resolve. Trocamos,
frequentemente, de papéis e gostamos muito
de trabalhar em equipa. Sabemos que o sucesso
de uma é o sucesso de todas e, por isso, não
competimos internamente. Preferimos prestar,
intimamente, homenagens secretas.»
Isabel Machado
e Joana Ferreira,
duas das sócias
da CRIM
d
design & arquitetura
EBS DE SEVER DO VOUGA
Aula de régua
e esquadro
O saber reinventa o lugar na escola
que aprendeu com as lições do terreno
e passou com distinção no teste do júri
do Prémio FAD Arquitectura de 2013
Texto Ana rita Lúcio Fotografia FG+SG
NA ESCOLA BÁSICA e Secundária de Sever do Vouga não se deixou lugar
para as cábulas, nem se tenta camuflar, algures numa nuvem
de pó de giz, o que não se assimilou em devido tempo. Com a assinatura
de Pedro Domingos, o projeto de remodelação deste estabelecimento
de ensino, encavalitado no dorso recortado da serra do Arestal, não deixa
margem para dúvidas: tudo o que se sabe sobre ele está à vista de todos.
Quando se debruçarem sobre as carteiras, como quem se lança à janela
do conhecimento, os mais de mil alunos hão de poder escutar o que
os livros têm para lhes contar, mas também aprender a ler nas entranhas
do edifício. «As veias da escola estão à vista», notava o arquiteto
responsável pela renovação dos espaços em entrevista ao jornal
Público, e é vê-las pulsar nos fios das ligações elétricas que serpenteiam
os tetos, sem se esconder. «Um edifício é um pouco como um corpo
humano, e os corpos invisíveis são determinantes para a aparência»,
acrescenta. Explica-se, assim, que a face crua das paredes se pinte da
transparência inacabada do betão, resplandecendo graças à luz que rompe
pelas claraboias.
Para o júri que, em julho deste ano, a aclamou vencedora da 55.ª edição
do Prémio do Fomento de las Artes y del Diseño (FAD) – um dos galardões
de arquitetura mais reputados em termos ibéricos –, a obra também revelou
ter a envolvente natural bem estudada. Fazendo do declive natural da serra
um estrado onde se equilibra, a escola de Sever do Vouga aproveitou os
26 metros de inclinação do terreno para ampliar o efeito da paisagem e
promover a permeabilidade com os espaços exteriores.
A matriz foram os quatros blocos do ensino secundário, mantidos
da estrutura original. Já a Escola Básica, localizada no nível superior,
caiu por terra para dar lugar ao pátio, em torno do qual se reergueu,
organizado em U, o novo espaço para os alunos do 5.º ao 9.º ano, como
uma acrópole de onde se avista a escola e o vale que lhe beija os pés.
Não menos digna de nota é ainda a ligação entre os diferentes pisos,
os ginásios e campos desportivos agrupados em altura, feita
em passadiços de betão e pontes metálicas sem degraus, abrindo
caminho a uma liberdade de movimentos totalmente inclusiva.
Prova de que, na escola de Sever do Vouga, ninguém fica excluído.
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Protocolo com a Ordem dos Arquitectos
A Caixa tem um protocolo com a Ordem dos Arquitectos (OA), do qual
resulta um conjunto de vantagens para os seus membros. Em causa estão
benefícios em produtos e serviços financeiros, assim como descontos
de bilheteira na Culturgest, entre outras vantagens. Com este protocolo, a
Caixa posiciona-se como parceiro privilegiado desta classe profissional,
assegurando a presença em certames nacionais realizados pela OA, tal
como em outras iniciativas ou projetos de interesse comum e canais de
comunicação privilegiados com os 20 mil membros da Ordem.
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a re v i s ta d a c a i xa
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d
design & arquitetura
BLEND STORE
Design à la carte
Uma dupla nacional gere uma loja on-line onde cada peça tem mais estilo do que a outra,
com a vantagem de podemos receber a encomenda… onde nos der mais jeito
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia João Cupertino
NUNO RIBEIRO, um engenheiro
informático, e Gonçalo Soares, um
designer, sempre partilharam o gosto
pelo design. Mas o grande impulso
para lançarem a Blend Store deu-se quando, numa viagem à Ásia,
Nuno se apercebeu «da facilidade
de acesso a variadíssimos produtos
desta tipologia. É um mercado
muito diferente do nosso, mas
onde o design faz parte da vida das
pessoas e está facilmente acessível
em qualquer grande espaço
comercial, não sendo entendido
como um desejo inalcançável, como
em Portugal», recorda.
O objetivo da dupla passou,
então, a ser criar uma loja on-line
que permitisse o acesso a produtos
de vários países do mundo
reunidos num só espaço e que, em
simultâneo, convertesse a compra
on-line numa experiência diferente,
enriquecida na sua forma com um conceito
inovador.
Um conceito inovador
Não demorou até nascer a Blend Store, uma
loja on-line de artigos de design de todo o
mundo e para todo o mundo. O processo de
compra é simplificado com a disponibilização
de diversos meios de pagamento, incluindo
referência multibanco, estando a entrega
dos produtos assente numa plataforma
tecnológica inovadora, que permite a escolha
de um dos espaços associados ao projeto (de
cafés a restaurantes, passando por espaços
culturais) para receber a peça escolhida.
«Desta forma, os nossos clientes terão
acesso a um momento especial de interação
com a Blend a partir de um desses espaços
associados», explica Nuno Ribeiro. E a
vontade de marcar a diferença nesta relação
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com o cliente é tal que, para 2014, está
agendada outra novidade. «A primeira grande
novidade do próximo ano será o lançamento
do conceito Perspective by Blend Store, que
permitirá aos nossos clientes, inicialmente em
Lisboa, poderem escolher entre vários espaços
associados ao projeto, onde poderão levantar
o artigo encomendado, a uma hora da sua
conveniência, e desfrutar do espaço e de uma
bebida na companhia de amigos», revela o
proprietário. «Além disso, a pedido de muitos
seguidores da Blend Store, iremos surgir,
pontualmente, no formato de pop up store, e
assim permitir que as pessoas possam ver ao
vivo os nossos produtos.»
Desses produtos, há campeões de vendas:
os relógios da Ziiiro são, a par da Lowdi
(uma coluna bluetooth), os artigos mais
vendidos. E o mobiliário da Name Design
Studio é aquele que tem maior
procura e que desperta maior
desejo nos seguidores da Blend
Store, que, apesar de ainda não
ter sido oficialmente lançada no
estrangeiro, apresenta números
onde descobrimos que 70 por
cento das encomendas vêm de fora
de Portugal. «Parece-nos evidente
que o posicionamento on-line nos
dá uma dimensão mundial muito
interessante e que faz, aliás, parte do
conceito ‘uma loja de todo o mundo
e para todo o mundo’», afirma
Nuno.
Esta é, também, uma fantástica
plataforma para dar a conhecer a
excelência do design português, daí
a existência de uma área específica
no website para projetos e parcerias
nacionais. «Elegemos a Hand
Ceramics, da Rita Centeio, para
abrir esta secção, que acabou por
ser escolha natural, não só por ser minha
amiga, mas porque lhe reconhecemos um
enorme talento. No entanto, enquanto os
designers internacionais foram selecionados
e contactados por nossa iniciativa, quisemos
dar oportunidade a que os projetos
portugueses chegassem espontaneamente.
Temos recebido propostas fantásticas, que
mostram a qualidade do design made in
Portugal.» Tendo em conta esta qualidade,
Nuno Ribeiro acredita que, cada vez mais, os
portugueses irão consumir o que é nacional,
em detrimento de muita coisa que chega de
fora com pouca qualidade. Esta é, aliás, uma
palavra obrigatória no dicionário de Nuno
e de Gonçalo: qualidade. E é com base nela
e na estratégia definida que acreditam que a
Blend Store poderá tornar-se numa referência
no mercado on-line do design em Portugal e a
nível internacional.
EXD’13
Conversa aberta
A EXD’13 marcou a agenda da capital em grande estilo durante os últimos meses,
destacando-se, entre outras iniciativas, as muito aguardadas Open Talks
TENDO COMO TEMA NO BORDERS, a 8.ª
edição da EXD’13 arrancou com o objetivo
claro de ser uma bienal sem fronteiras. Design,
arquitetura e criatividade contemporânea
foram os principais eixos da EXD’13, um
evento apoiado pela CGD que decorreu entre
7 de novembro e 22 de dezembro..
Logo no dia seguinte à inauguração,
arrancavam também as Open Talks. A
iniciativa patrocinada em exclusivo pela Caixa
decorreu, durante três dias, na Torre Oca, um
espaço pertencente ao Museu de Marinha,
integrado no edifício do Mosteiro dos
Jerónimos, que abriu as portas especialmente
para este evento.
Este ciclo de debates procurou conciliar
convidados, criadores e o público,
encorajando o debate e o pensamento crítico
acerca do papel das grandes instituições
mundiaais no desenvolvimento das
disciplinas ligadas ao design e à arquitetura.
Tudo num formato arrojado e apelativo,
com o diálogo moderado por talk hosts
que articularam os vários intervenientes,
numa discussão aberta e plural, onde os
próprios elementos da audiência foram,
constantemente, convidados a intervir.
No primeiro dia, a responsabilidade coube
ao britânico Kieran Long, o novo diretor de
arquitetura e design do Victoria & Albert, que
havia já lançado o debate em torno do tema
do dia, «In Public», de forma provocatória:
«Até que ponto o design representa um
barómetro para a mudança social, política
e societal? Será possível falarmos de design
e arquitetura a profissionais como um bem
social?».
No dia 9, as Open Talks debruçaramse sobre «The Question of Pleasure: About
Museums, People and Experience», tendo as
honras ficado a cargo da israelita Galit Gaon.
A curadora principal do novo Museu de
Design Holon, em Israel, dera já o mote do
tema, questionando «o que fazemos num
museu? Um lugar onde aprendemos coisas
novas? Experienciamos algo estimulante?
Exploramos novos territórios?»
E foi de pergunta em pergunta,
procurando respostas não definitivas, mas
elas próprias móbeis de novas perguntas e
debates, que chegámos ao último dia das
Open Talks, onde o papel de moderador
ficou a cargo do alemão Mateo Kries, diretor
do Vitra Design Museum. Sob o tema
«Interior vs Exterior: A Paradigm Change»,
o último dos três dias incidiu sobre a
realidade do design de interiores, cada vez
mais moldado pelos media e pelo marketing
do setor, por oposição a um exterior cada
vez mais rico de oportunidades. «Será
que o exterior se está a transformar no
novo interior?» ou «que necessidades e
desejos são refletidos nos espaços interiores
contemporâneos?» foram algumas das
questões que serviram de ponto de partida à
discussão.
Além dos talk hosts, o evento contou com
a presença de muitos outros especialistas das
várias áreas em análise. Bárbara Coutinho,
diretora do Mude, Tiago Mota Saraiva, do
AtelierMob, e o professor José Figueira
foram alguns dos nomes entre a «comitiva»
nacional. Já no plano internacional, a edição
das Open Talks da bienal EXD’13 registou
participações oriundas da China, Rússia,
Bélgica, França e Itália, além das já citadas
presenças britânicas, israelitas e alemãs. Um
leque de convidados que confirma o sucesso
internacional não só das Open Talks, mas
de toda a iniciativa, que terá, em 2014,
sequência na bienal de São Paulo.
Foi, portanto, um arranque em força e
muito prometedor de uma edição que se veio
a confirmar um sucesso.
Cx
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automóveis
ADAM 1.4 SLAM
Outra perspetiva
Ágil, moderno, com estilo para dar e vender.
É assim o pequeno Opel Adam, um mini que nasceu
para mudar o panorama do trânsito citadino
Por Luís Inácio
É IMPOSSÍVEL FICAR indiferente
ao Adam. Se, num primeiro contacto,
o mini da Opel nos parece lançar
um contagiante sorriso, é quando
verdadeiramente o descobrimos, atrás
do volante, que se torna um vício.
O citadino da marca alemã concorre com
modelos como o 500 ou como o Mini, mas
desbrava o trânsito das cidades por um
caminho claramente diferente. À saudade ou
ao revivalismo, o Adam responde com muita
irreverência e um toque personalizado que
permite marcá-lo como nosso e destacá-lo
dos demais. Aliás, a esse nível, o Adam é
verdadeiramente imbatível propondo vários
packs que permitem construir um mini
individual, completamente à medida
do seu utilizador.
Se, por via da personalização, o Adam
já é um automóvel diferente, é também
ao volante que se destaca no ambiente
urbano. O Opel Adam sente-se como peixe
na água nos percursos citadinos. Os 3,7 m de
comprimento e 1,7 m de largura contribuem
grandemente para a sua agilidade e, uma vez
acionado o modo City, a direção assistida
torna-se ainda mais leve. O propulsor de
1.4 litros com 100 CV chega bem para as
encomendas e a gama compreende também
um 1.2 litros com 70 CV. Mas a estrela da
companhia será, sem sombra de dúvidas,
o novo 1.0 SIDI com 115 CV. Apresentado
no Salão de Frankfurt, em setembro, este
bloco de três cilindros com turbocompressor
e injeção direta vai estrear-se no Adam e
promete dar que falar. Até lá, este Adam mais
potente parece-nos ser, apesar dos consumos,
a proposta referencial.
Observados todos os ângulos, o Opel Adam
é mais uma opção para quem faz muitos
quilómetros em cidade. Que se destaca pelo
visual parece não haver dúvidas. Fossem
todos como ele e as cidades seriam muito
mais divertidas.
AVIS
A Avis Car Rental opera uma
das marcas de rent-a-car com
maior reconhecimento a nível
mundial, com aproximadamente
5750 agências em mais de 165
países. A operar em Portugal
desde 1959, a Avis conta com
mais de 50 estações de aluguer
em território nacional. A sua
maior preocupação é oferecer
o melhor serviço, mantendo,
para tal, inúmeros acordos com
empresas de grande prestígio, o
que permite oferecer condições
especiais de aluguer, descontos
e promoções.
Com um longo percurso de
inovação no setor de rent-a-car,
a Avis é uma das marcas líderes
na fidelização de clientes a nível
mundial. E aos titulares de alguns
cartões da CGD, a Avis oferece
o cartão AVIS Preferred, com os
seguintes descontos no aluguer
de veículos ligeiros:
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em Portugal Continental e na
Madeira;
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na Europa, África, Médio Oriente,
Ásia e Pacífico;
> Até 10% nas tarifas de aluguer
na América Latina, Caraíbas,
Porto Rico e Canadá;
> Nos EUA, é aplicada uma tarifa
promocional em vigor no ato do
aluguer do veículo.
O cartão Avis Preferred
apresenta ainda várias
vantagens: balcões exclusivos;
documentação de aluguer
preparada à chegada; não
precisa de assinar o contrato de
aluguer na maioria dos países;
estacionamentos mais próximos
do balcão; subscrição do serviço
gratuitamente e sem qualquer
anuidade.
Saiba quais os cartões da CGD
que dão acesso a esta oferta
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irreverente
Ver a cidade
com outros olhos
ao volante
do pequeno
Opel Adam
20
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
CARTÕES DE CRÉDITO
PAGUE AS SUAS COMPRAS DE FORMA
FRACIONADA A PARTIR DE MARÇO DE 2014.
Gerir o seu dia a dia pode ser um desafio. Por isso é que os cartões de crédito particulares da Caixa lhe oferecem o acesso
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a celebrar a feminilidade
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sensual de Francis Kurkdjian
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O estilo único da Mykita encontra neste modelo um dos seus
grandes embaixadores. Manufaturados em Berlim, os óculos desta
marca tanto podem remeter para um universo futurista como para
a moda ou para o mundo desportivo. Introduzida em 2010, a linha
Mylon propõe um material inovador e uma estética surpreendente.
À frente do tempo.
TARN
Na neve com estilo
A Moncler dispensa apresentações
no mundo da moda. A marca
milanesa, fundada pelo francês
René Ramillon, em 1952, apresenta
uma nova coleção que, como todos
os anos, vai desfilar nas melhores
estâncias de esqui. O modelo Tarn é
parte integrante dessa coleção, que
integra também um vasto conjunto
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Disponíveis em diamantes azuis,
amarelos e negros, a sua fivela
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Barba e cabelo!
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Cx
a rev i s ta d a ca i xa
23
g
gourmet
DOCE TENTAÇÃO
Em Lisboa, é de chocolate
que o sabor é feito.
RIO’S
O segredo do rio
O nome prenuncia serem doces as águas que o
banham, mas, na verdade, é para o mar que o
restaurante Rio’s corre. Estendendo-se sobre a
pequena enseada da marginal oeirense, é no areal da
Praia da Torre que este espaço trendy e cosmopolita
faz mergulhar quem ali chega para desfrutar de um
repasto com o vaivém das ondas em pano de fundo.
Com vista privilegiada para o Farol do Bugio, a casa
liderada por Tiago Silva Carvalho, do grupo Bholding,
tem lugar marcado na marina de Oeiras. Entre os
barcos, de todas as cores e tamanhos, que ali chegam e
partem, preferimos ficar ancorados às linhas modernas
e elegantes da decoração do Rio’s, pontuada por tons
fortes e uma luz sempre acolhedora. Bem mais do
que um restaurante, abrindo as portas a todo o tipo
de eventos – desde um almoço de negócios, a um
jantar romântico, sem esquecer as festas temáticas
que animam as noites da Linha –, pode navegar-se
neste espaço, quer na magnífica esplanada, quer na
ampla sala interior. Da cozinha, que tem ao leme o
chef executivo António Bóia e o chef Jorge Fernandes,
provem-se o crocante de queijo de cabra com mel
de rosmaninho e noz, o polvo confitado em azeite
perfumado de alecrim, o arroz de pato à antiga em
crocante de mil folhas e sua salada e, para terminar,
a tarte fina de maçã com canela e gelado, cozida no
momento.
CONTACTOS
Morada
Avenida Marginal, Complexo Turístico da Piscina
Oceânica de Oeiras
Telefone
214 411 324
Site
http://www.bholding.com.pt/rios
Horário
Das 12h às 16h e das 19h à 01h
Vindo diretamente de
Barcelona, onde a família
Escursell abriu, em 1897,
uma das mais históricas
lojas da cidade condal, o
aroma do melhor chocolate
que se dá a provar na
Península Ibérica chegou a
Lisboa em 2009. Divertido
e tentador, desde o
design das embalagens
até ao ambiente arrojado,
aquele que é o primeiro
ponto da Xocoa fora de
Espanha faz as delícias
de miúdos e graúdos com
o cacau de qualidade e
fabrico artesanal. Servidos
pelos portugueses Carla
Marcos e Sérgio Felizardo,
é impossível resistir ao
chocolate quente, aos
bombons para todos
os gostos e até às
surpreendentes tabletes de
chocolate com chili, wasabi,
pétalas de rosa e gengibre.
Preço médio
€35
XOCOA
Morada
Rua do Crucifixo, 112-114,
Lisboa
Telefone
213 466 370
Site
www.xocoa.es
Horário
Das 10h às 20h. Domingos
das 15h às 19h30
Descontos
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Cx
a rev i s ta d a ca i xa
p
prazeres
VÉRTICE CUVÉE
2009
A alegria de tempos bons
com a comida.
Voltar a ser criança
Há dias em que é preciso voltar atrás, brincar com a vida e simplificar todas as coisas.
Nesses dias, há chocolate, tempo de férias e diversão, e é por isso que têm o mesmo
sabor. O meu salame tem isso tudo, como um carrossel de emoções e um voltar a ser
menina. O salame de chocolate está intimamente relacionado com a infância, mas esta
versão tem um sabor mais adulto com a adição de figos e Vinho do Porto. Apesar de
tudo, pode omitir-se o Porto e substituir os figos por qualquer outra fruta desidratada.
a delícia de...
S A L A M E D E C H O C O L AT E C O M
AMÊNDOAS, FIGOS E PORTO
Leonor de
Sousa Bastos
PARA 6 A 8 PESSOAS
> 200 g de chocolate de
culinária 52%
> 75 g de manteiga
amolecida
> 100 g de bolachas
tipo digestivas
> 60 g de açúcar
amarelo
> 1 colher de sopa de
Vinho do Porto
> 50 g de amêndoas
tostadas com pele
> 100 g de figos secos
Carrossel de emoções
Cortar grosseiramente as amêndoas e os figos em metades. Reservar.
Numa taça, derreter o chocolate e a manteiga em banho-maria. Ou
no micro-ondas, a potência baixa, com pequenos intervalos de calor e
mexendo bem entre cada intervalo.
Num robô de cozinha, triturar a bolacha até que fique fina.
Misturar o chocolate com a bolacha, o açúcar e o vinho, até que fique
uma mistura homogénea.
Juntar as amêndoas e os figos e misturar bem.
Colocar o preparado sobre película aderente e enrolar, dando-lhe a
forma de um cilindro e selando bem os lados.
Refrigerar durante cerca de duas a três horas ou até que esteja
completamente firme.
Manter refrigerado até ao momento de servir.
Vinho espumante
produzido pelas Caves
Transmontanas, na região
do Douro, a partir das
castas Gouveio, Malvasia
Fina, Rabigato, Viosinho,
Códega e Touriga Franca,
o Vértice Cuvée – com
a sua bolha fina, o seu
aroma fresco e delicado,
a sua boca marcada pelas
notas de fruta e o seu final
refrescante e agradável
– é bom parceiro de
diversos momentos com
a comida. Pode ir do início
ao final de uma refeição,
apesar de o preferir
com um bom presunto
Pata Negra ou salmão
fumado com uma nota
de limão, por exemplo.
Celso Pereira, enólogo das
Caves Transmontanas,
tem sido o obreiro destes
vinhos, num projeto para
produção de espumantes
que se iniciou em
trabalho de equipa entre a
Schramsberg, produtora
de vinhos em Nappa
Valley, Estados Unidos,
e as Caves Riba Tua
e Pinhão, no início da
década de 80.
José Miguel Dentinho
Bolha fina,
aroma fresco e
delicado, notas
de fruta e um
final refrescante
fazem deste
Vértice Cuvée
uma escolha
segura
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
25
e
26
entrevista
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
JOAQUIM TEODÓSIO
Nas asas do priolo
Porque os benefícios que a natureza dá devem ser para todos,
o coordenador do projeto LIFE+ Laurissilva Sustentável lembra aos portugueses
o que podem ganhar com as suas florestas endémicas. À boleia de uma ave ameaçada, a iniciativa que lidera
aproveita ainda para levar um pouco mais de verde à ilha de São Miguel
Por Ana Rita Lúcio Fotografia João Cupertino
NO PEITO DELE cabem todos os pássaros, desde o priolo, cuja
aventura de preservação o fez aterrar nos Açores, até aos cagarros,
com o seu canto «inconfundível» que lhe orquestram as noites
quentes de verão. Espaço há, até, para acolher as aves americanas
que as tempestades arrastam do lado de lá do Atlântico, pairando
sobre a curiosidade de todos quantos as vêm ver. Longe ficou o ninho
de Lisboa, onde Joaquim Teodósio nasceu e se formou em Biologia
Aplicada aos Recursos Animais, e o aconchego da zona rural de
Coimbra que, no tempo da infância, enraízou nele «a ligação forte
ao campo e à natureza». Antes de se fixar na ilha de São Miguel,
onde hoje coordena o projeto LIFE+ Laurissilva Sustentável, o então
estudante haveria ainda de aproveitar a tese de licenciatura para
se lançar, com o falcão peneireiro, nos projetos de conservação da
biodiversidade. Apesar da distância, não foi um voo que o levou,
em 2003, até ao pedaço de floresta laurissilva micaelense, onde o
pequeno priolo faz casa. Foi, apenas, um salto «dentro da filosofia
da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA)», que leva
os benefícios da proteção e do estudo das espécies e dos habitats
ameaçados até às populações locais. Ao leme da SPEA, nos Açores,
são já três os projetos que o trazem de olhos postos no céu e na
terra açoriana: primeiro o LIFE Priolo (2003-2008), depois o LIFE+
Laurissilva Sustentável e, agora, o recém-aprovado LIFE Terras do
Priolo. Sempre em busca de um futuro mais sustentável para todos.
Cx: É coordenador da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
(SPEA), nos Açores, mas diz-se um «biólogo mais generalista», não
exclusivamente focado na preservação das espécies – e das aves, em
concreto. Essa visão mais abrangente é essencial quando se coordena
um projeto como o LIFE+ Laurissilva Sustentável?
Joaquim Teodósio: Sem dúvida, porque este é um projeto com
várias componentes: tem a parte da conservação dos habitats, de
controlo das espécies exóticas e toda a monitorização das áreas
intervencionadas. Abrange também a sensibilização da comunidade
local e, nomeadamente, das escolas. E procura contribuir, em
conjunto com o Parque Natural da Ilha de São Miguel, para a
gestão da área referente à Zona de Proteção Especial (ZPE) Pico da
Vara/Ribeira do Guilherme, nomeadamente da floresta laurissilva
da Serra da Tronqueira e das turfeiras de altitude do Planalto dos
Graminhais, que é uma zona de Rede Natura 2000, uma zona de
proteção especial por causa do priolo. A missão da SPEA, com este
projeto, é a conservação das espécies e dos seus habitats, mas também
a potenciação dos benefícios que essa conservação acarreta para a
sociedade. E temos de ter uma visão o mais abrangente possível para
conseguir integrar tudo isto.
Cx: A sua aventura açoriana começou em 2003, com o projeto LIFE
Priolo. O que é que tornava tão premente a proteção de uma espécie
como o priolo?
J.T.: Até ao século XIX, o priolo era uma espécie relativamente
abundante, ainda que não houvesse registos de que alguma vez
tivesse existido em toda a ilha de São Miguel, mas sempre na
área oriental. Mas tudo isso foi desaparecendo. A própria floresta
laurissilva, o seu habitat natural, foi sendo transformada e, em meados
do século XX, a situação do priolo era dramática. Eram muito poucos
os indivíduos avistados, e ele chegou ao estatuto mais elevado de
ameaça para uma espécie: criticamente em perigo. Se nada se fizesse,
o passo seguinte seria a extinção. Foi então que se elaborou, em
conjunto com a [ONG ambiental] Birdlife Internacional, um plano
de ação europeu para a espécie. A principal ameaça que o priolo
enfrenta são as espécies invasoras de plantas, que foram introduzidas
em São Miguel e que, hoje, ocupam grande parte da ilha. Algumas
dessas espécies são muitíssimo abundantes, como a conteira, a cletra
ou o incenso, e ocupam zonas agrícolas abandonadas, linhas de água,
zonas naturais, etc. No caso do priolo, o que acontece é que essas
espécies invasoras tendem a fazer grande concorrência e mesmo a
eliminar as áreas de floresta laurissilva, das quais ele depende. A
primeira medida para a preservação desta ave passava, desde logo,
pela preservação desta floresta, que é uma «floresta-relíquia» original
dos Açores, com espécies também elas únicas, muitas delas endémicas
e que só existem nos Açores. Há, aliás, espécies que só existem
mesmo naquela mancha que abrange os concelhos do Nordeste e
da Povoação, não existem mais lugar nenhum do arquipélago ou do
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
27
e
entrevista
mundo. Portanto, estamos a falar de uma riqueza muito grande, em
termos de biodiversidade.
Cx: Foi por isso que, depois, decidiram olhar para a floresta laurissilva
como um todo, com o projeto LIFE+ Laurissilva Sustentável?
J.T.: Com o projeto anterior, tínhamos conseguido intervencionar
cerca de 230 hectares numa das principais manchas de floresta
natural de São Miguel. Depois, percebemos que havia ali grandes
oportunidades para pensar o próprio habitat da floresta e questões
como o turismo de natureza, de observação de aves, os trilhos,
também porque começava a haver uma noção mais concreta do
turismo de natureza como mais-valia para o futuro. Entretanto,
começámos também a dedicar mais atenção a um outro habitat que
também existia na ZPE, as turfeiras, que estava praticamente ao
abandono, por até então não se ter percebido o valor que tinha. As
turfeiras são zonas tipicamente húmidas, encharcadas mesmo, de
altitude, que erradamente se tentou secar ou drenar, quando o maior
benefício que elas prestam é a capacidade de manter e infiltrar a água
no solo, para que reabasteça os aquíferos. Outras ilhas, como o Faial
ou a Terceira, ainda têm algumas zonas em bom estado, mas em São
Miguel estavam a desaparecer: praticamente, só restava uma área
ainda viável, precisamente nessa zona do Planalto dos Graminhais.
Cx: A vontade de salientar esses benefícios que estes habitats prestam e
de trazer a realidade dos habitats às populações falou mais alto?
J.T.: Há, ainda, algum desconhecimento. Se perguntarem às pessoas
por uma planta originária dos Açores, muitos responderão a
hortênsia, mas a hortênsia é uma planta introduzida e em algumas
ilhas, como o Faial ou as Flores, chega a ser mesmo muito prejudicial
em termos da invasão de áreas naturais. Era importante que as
pessoas percebessem o que é realmente uma planta autóctone dos
Açores, que só existe nos Açores, como a uva-da-serra, por exemplo,
que, ainda por cima, dá uma baga que se pode comer – o priolo
também come – e a partir da qual também se podem fazer doces e
licores. O LIFE+ Laurissilva Sustentável teve muito esse objetivo de
mostrar os benefícios que esses habitats oferecem, se estiverem em
bom estado de conservação. Mostrar que não é um desperdício de
dinheiro o que é gasto na conservação, é um investimento que nos
pode trazer um retorno muito significativo.
Cx: Que retorno é esse?
J.T.: Utilizar o argumento da sustentabilidade permite-nos continuar
a chamar a atenção para os benefícios que a conservação pode trazer
para as populações, em termos de serviços de ecossistemas. É preciso
mostrar às populações que projetos como este fazem muito mais
do que conservar «uma plantinha» ou uma ave. Ao conservarmos
essas «plantinha» e essa ave, elas estão a dar-nos uma quantidade
de benefícios fundamentais à nossa qualidade de vida. O dinheiro
envolvido nestes projetos não é um custo, é um investimento que
é feito nas pessoas, nas empresas, na economia local, na criação de
emprego e na dinamização desses locais em torno das áreas naturais.
Tem sido importante mostrar isso.
Cx: Em que medida é que um habitante ou um empresário pode
beneficiar, diretamente, com estes projetos?
J.T.: Com os projetos LIFE Priolo e LIFE+ Laurissilva Sustentável,
foram abrangidas, em média, cerca de 150 empresas, 90 por cento
das quais empresas açorianas e, nomeadamente, empresas locais.
Existia muito a tendência de ver um projeto de dois ou três milhões
de euros e perguntar «o que é que é feito a esse dinheiro?». Pois bem,
vamos mostrar que esse dinheiro é empregue na economia local.
Criam-se empregos diretos nos projetos. Por exemplo, com o LIFE+
Laurissilva Sustentável, falamos de 22 empregos a tempo inteiro, com
população local e com outras pessoas que ficaram a viver naquelas
zonas – que são dois concelhos muito periféricos –, acabando por
contribuir também para a economia local. Mas há que contar ainda
com a criação e manutenção de emprego indireto esse investimento
proporciona.
investimento O responsável pelo projeto LIFE+
Laurissilva Sustentável sublinha que a iniciativa permitiu
criar 22 empregos diretos, a tempo inteiro, contribuindo,
ainda, para estimular a economia local
28
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Cx: Existem também benefícios do ponto de vista dos serviços prestados
por estes ecossistemas. Quais são eles?
J.T.: Um dos benefícios mais significativos é, desde logo, o facto de
estes ecossistemas, ao propiciarem a infiltração de água nos solos e o
consequente reabastecimento dos aquíferos, favorecerem a qualidade
da água que chega a casa das pessoas e permitindo ainda que as
nascentes tenham água durante todo o ano, em vez de secarem no
verão, como hoje em dia acontece. Além de ser importante para as
pessoas, a água também é crucial para a agricultura. De resto, sem
água, não há agricultura, e essa é uma das questões para a qual
procuramos alertar, quer as populações, quer os agentes económicos
e outras entidades ligadas ao setor. Outro dos serviços que tem
sido mais explorado e estudado é o da fixação e armazenamento
do carbono, em virtude das alterações climáticas. E aí destacam-se
quer a floresta laurissilva, quer as turfeiras, que são importantes
sumidouros de carbono. Aliás, há que ter em conta que uma turfeira
em recuperação é decisiva em termos de captura de carbono, mas
que, por outro lado, uma turfeira que se degrade vai libertar carbono,
o que torna a preservação destas zonas ainda mais premente. Nos
Açores, há também algo decisivo, devido ao relevo das ilhas, que é
a questão da erosão dos solos e das derrocadas: estes habitats têm
um papel fulcral ao nível da proteção dos solos. Do nosso ponto
de vista, todos esses benefícios são um argumento para chamar os
diversos interlocutores a trabalhar em conjunto. Apesar de tudo,
a conservação da natureza é uma responsabilidade das entidades
ligadas à conservação do ambiente, mas beneficia todos, pelo que é
fundamental concertar esforços, até porque estamos em tempos de
contenção.
Cx: O que é que faz do priolo uma bandeira dos Açores?
J.T.: Em 2010, em função dos resultados alcançados e devido à
evolução positiva da população, o estatuto de ameaça do priolo
reduziu de «criticamente em perigo» para «em perigo». E, muito
provavelmente, por mais que a situação melhore, o nível de ameaça
não baixará mais, porque estamos a falar de uma espécie que, em
todo o mundo, só existe naquela área muito pequena. Há uma
espécie semelhante, no continente europeu, o dom-fafe: o priolo é
muito semelhante à fêmea, porque o macho tem corres garridas; já no
caso do priolo, o macho e a fêmea são semelhantes. Provavelmente,
o priolo e o dom-fafe evoluíram de antepassado comum. Mas
desconhece-se como é que o priolo terá chegado a São Miguel.
Cx: Mais do que o açor, que dá nome ao arquipélago, o priolo é a
verdadeira ave dos Açores?
J.T.: O mais curioso é que o açor não existe nos Açores. A única
espécie de rapina que existe é o milhafre e é bastante abundante.
Existem várias teses sobre a origem do nome e uma delas diz que, ao
avistarem essas aves, os navegadores que ali chegaram confundiram-nas com os açores e, em nome delas, batizaram o arquipélago.
Mas são duas espécies com um comportamento bastante distinto e
quem as conhece estranha a confusão. Até porque, naquela altura, as
pessoas percebiam mais de aves do que nós.
Cx: Existem outras aves endémicas dos Açores?
J.T.: Como é um arquipélago central no Atlântico, distante quer do
continente europeu, quer do continente americano, não tem um
número de espécies muito elevado. Estamos a falar de 35, 40 espécies
e são, na sua maioria, bastante comuns: os melros, as toutinegras,
os pintassilgos, os picos. Há, apenas, duas espécies endémicas dos
Açores, que são o priolo, em São Miguel, e o painho-de-monteiro,
na Graciosa, que é uma ave marinha pequena. As aves marinhas
são outro grupo muito importante nos Açores: são entre seis a oito
«O DINHEIRO GASTO NA CONSERVAÇÃO
NÃO É UM DESPERDÍCIO, É UM
INVESTIMENTO QUE TRAZ RETORNO»
espécies, embora às vezes possam ser observadas mais, porque
algumas aves utilizam os Açores nas suas rotas de migração. Muitas
das aves marinhas que aqui nidificam são colónias importantes, a
nível europeu. É o caso dos garajaus e do cagarro, por exemplo. O
cagarro é uma ave que recolhe grande simpatia por todas as ilhas.
No verão, ouvir os cagarros à noite, com o seu som inconfundível,
é uma sensação única. Depois, há ainda um outro aspeto que torna
o arquipélago muito conhecido, a nível europeu: entre setembro e
novembro, é muito frequente encontrar aves de origem americana.
Alias, os Açores são reconhecidos por serem o melhor sítio da Europa
para encontrar aves americanas e isso tem um potencial turístico
muito grande, sobretudo nas Flores e no Corvo, que são as duas ilhas
mais próximas do continente americano. Em feiras de turismo de
observação de aves a nível europeu – e, principalmente, em Inglaterra
– os Açores estão muito em voga por causa destas espécies, que são
bastante raras de avistar na Europa. Este ano, por exemplo, fez-se o
primeiro registo europeu de algumas espécies, que nunca tinham sido
avistadas na Europa e foram-no nos Açores. Isso teve muito impacto.
Cx
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29
e
entrevista
Ao longo do ano, os Açores têm sempre vários pontos de interesse
que podem atrair os turistas que gostam de natureza.
Cx: Esse potencial está a ser bem explorado, nomeadamente do ponto
de vista da divulgação?
J.T.: Em termos de se associar a imagem Açores à natureza, ao
relaxe, ao verde e ao azul do mar, tem sido feito um esforço grande
e penso que tem sido bem conseguido. O que se tem tentado agora
é dinamizar mais outras atividades que não passem só pelo desfrute
e a contemplação da paisagem: desde os trilhos, aos passeios de
bicicleta, percursos pedestres, canyoning, observação de cetáceos,
etc. Cada vez mais, os turistas também veem os Açores como um
destino ideal de aventura. Dar uma imagem mais abrangente em
termos do potencial turístico do arquipélago é muito importante:
há também cidades com muita história, há a arquitetura típica, a
cultura regional, a gastronomia, o turismo rural. Tudo isso acaba
por ser um pacote muito atrativo. Em relação ao nosso trabalho, na
SPEA, o enfoque tem sido no turismo como mais um benefício que
os habitats e as suas espécies nos dão, mostrando à população local
que é importante mantê-las, porque também atraem mais turistas.
Tem sido uma questão que temos trabalhado, em conjunto com o
Parque Natural da Ilha de São Miguel. Estamos a elaborar uma carta
europeia de turismo sustentável, que pretende, junto das populações
e dos agentes económicos locais, traçar uma estratégia e um plano
de ação para desenvolver o turismo sustentável nos concelhos do
Nordeste e Povoação, tendo como ponto central a conservação do
priolo, como a tal espécie bandeira que também permite dinamizar o
turismo e a economia local. E sobretudo em época de crise, o turismo
de natureza pode ser uma alternativa muito importante em termos de
sustentabilidade, a médio, longo prazo.
Cx: Por outro lado, do ponto de vista da preservação, este tipo de
turismo não coloca alguma pressão ambiental?
J.T.: Hoje em dia, ainda não. Uma das coisas que o projeto que
estamos agora a iniciar aborda, indo ao encontro de algumas dessas
dúvidas que se foram gerando, tem a ver exatamente com essa
capacidade de sobrecarga. Interessa saber até que ponto se podem
atrair turistas, sem colocar em causa a conservação desses habitats.
E essa é uma das coisas que vamos agora avaliar. O que está em
primeiro lugar é sempre a preservação destas espécies.
Cx: A ideia que temos dos Açores é a de um arquipélago verde, muito
ligado à natureza. Mas dizia-me, há pouco, que não é assim tão verde
como possamos pensar. Há já muita intervenção humana?
J.T.: Os Açores são ilhas com uma forte alteração e uso humano. É
tudo muito verde, mas em ilhas como São Miguel, por exemplo, há
muitas áreas que são pastos, zonas que foram plantadas, com grandes
alterações, desde que as ilhas começaram a ser habitadas. Não é uma
natureza selvagem, intocada, mas é uma natureza rural, com zonas
ainda originais e habitats primitivos, típicos e únicos nos Açores,
principalmente nas áreas de floresta laurissilva, que praticamente
todas as ilhas têm. Mas, em termos de uso do solo, há ilhas que, ao
longo dos anos, foram sofrendo grandes alterações e São Miguel é um
exemplo disso.
30
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Cx: Porque é a mais habitada?
J.T.: Metade da população açoriana está em São Miguel, portanto há
uma pressão muito maior. A ilha do Pico, por exemplo, tem mais
zonas selvagens, é uma das ilhas, em termos de natureza, ainda
menos exploradas. São Miguel continua a ter uma beleza rural muito
especial: são paisagens espetaculares, em termos costeiros, ou mesmo
no interior da ilha. Mas, realmente, com grande alteração e uso
humano – que não é o uso humano da construção ou do betão; é um
uso humano agrícola, florestal, de séculos.
Cx: Nem sempre temos a noção de que as ameaças que se podem
colocar à pressão ambiental não estão só no betão…
J.T.: Sim. Por exemplo, a questão das espécies invasoras é um assunto
muito interessante, que nos permite ver como a conservação da
natureza e a qualidade de vida das pessoas podem estar muito ligadas.
Para as aves marinhas, por exemplo, uma das principais ameaças são
os ratos e os gatos, que predam os ovos e os juvenis, nos ninhos.
Por isso é que, na maior parte das ilhas, já só o cagarro – que é
a ave marinha maior – consegue nidificar. Muitas das aves mais
pequenas nidificam só em pequenos ilhéus, onde não existem
essas espécies predadoras. E a questão dos ratos, por exemplo, toca
várias áreas, transversalmente: desde a agricultura, porque destrói a
produção e o armazenamento da produção agrícola, à saúde humana,
porque transmite doenças e, no caso das aves marinhas, é uma das
principais pragas. No caso das plantas invasoras, a ameaça também
é significativa: além de não permitirem o desenvolvimento das
espécies autóctones, acabam por não permitir a infiltração da água.
Por exemplo, a água escorre pelas folhas e não infiltra no solo, não
há recarga das nascentes. O caso da conteira, nas zonas de taludes
ou declives, é emblemático, já que as raízes crescem tanto, acabando
por provocar derrocadas. Outro dos exemplos é o das alterações que
foram sendo feitas no solo de São Miguel, que fazem com que, assim
que para de chover, muitas das ribeiras fiquem imediatamente secas,
porque não há capacidade de infiltração no solo, não há vegetação
que retenha essa água, que é algo que a floresta laurissilva e as
turfeiras fazem muito bem.
Cx: É possível reconverter algumas das zonas ameaçadas?
J.T.: As áreas naturais degradadas ainda são muitas. Evitar que o
que ainda existe desapareça é a prioridade. Depois, existe sempre
a possibilidade de vir a reconverter algumas zonas. Por exemplo,
na Serra da Tronqueira, em São Miguel, testou-se uma zona de
«NOS AÇORES, HÁ MUITAS
ESPÉCIES QUE AINDA ESTÃO A SER
IDENTIFICADAS, HOJE EM DIA»
produção de floresta de criptoméria (espécie utilizada para produção
de madeira), reconvertendo-a numa área de floresta natural. No caso
das turfeiras, que eram zonas que estavam a ser utilizadas para pasto,
cessou-se o arrendamento de algumas dessas zonas baldias e está-se,
agora, a tentar recuperá-las. Nessas zonas, a principal ameaça é a cana,
uma espécie que se espalha muito facilmente, dificulta a nidificação
das aves e desagrega os solos, podendo provocar derrocadas.
Cx: A população já está mais sensibilizada para estas questões?
J.T.: Esse foi um dos nossos principais objetivos, com o projeto LIFE+
Laurissilva Sustentável. A SPEA tem gerido o Centro Ambiental do
Priolo, em São Miguel, criado, em 2007, para promover, alertar e
sensibilizar para a questão do priolo e do seu habitat. Procuramos dar
a conhecer a espécie, as ameaças e a área, em termos naturais, mas
procuramos estar também ligados a outras atividades, atuando como
um posto ligado ao turismo de natureza, funcionando quase como
uma porta de entrada naquela zona do Parque Natural. O Centro tem
também um programa escolar e um papel importantíssimo em termos
das atividades com as escolas, quer com as escolas de São Miguel – e
com as escolas de Nordeste e Povoação, em concreto –, quer com
outras escolas que, por vezes, visitam os Açores. Fazemos trabalhos
regulares, com atividades ao longo de todo o ano. Temos tido uma
média de cerca de três mil visitantes por ano, além das atividades
com entre dois a três mil jovens em idade escolar. Os jovens têm
sido também um meio importante para chegar aos pais e às outras
gerações, de resto.
Cx: Os Açores foram considerados, recentemente, o melhor destino
de turismo sustentável do mundo. Que outros bons exemplos de
preservação ambiental existem?
J.T.: É emblemático o caso do Parque Natural do Faial, que recebeu,
pela segunda vez, o Prémio EDEN – Destino Europeu de Excelência
e que é um excelente exemplo a apontar. Há, também, o trabalho
que se tem desenvolvido no Pico, em torno da cultura da vinha. Aí,
há uma conjugação entre a preservação da tradição e da cultura do
vinho, mas também da própria paisagem, que era agreste e inóspita
e, hoje em dia, é classificada a nível mundial. Em todas as ilhas,
sobretudo aquelas com maior tradição baleeira, foi feita também
uma fenomenal transição da caça à baleia com arpão para a «caça»
à baleia com máquina fotográfica, com o desenvolvimento do
turismo de observação de cetáceos. No que toca às aves marinhas,
há, ainda, um excelente exemplo, a nível nacional e europeu, que
é a campanha SOS Cagarro, em que as pessoas voluntariamente
recolhem os cagarros juvenis que, ao deixarem os ninhos, se
desorientam e vêm para terra, para, depois, os libertarem junto ao
mar. Este ano, alcançaram-se números fenomenais: foram salvos sete
mil cagarros em todas as ilhas. É uma campanha que envolve desde
a PSP, aos bombeiros, aos escuteiros, aos cidadãos anónimos e é um
exemplo dos melhores que os Açores têm para mostrar, em termos de
campanhas voluntárias de conservação, com efeitos muito visíveis na
conservação de uma espécie.
Cx: Falámos dos bons exemplos de preservação ambiental nos Açores.
Mas ainda há muito por descobrir na natureza açoriana?
J.T.: Nos Açores, há muitas espécies que ainda estão a ser
identificadas, hoje em dia. Por vezes, pensamos que, para descobrir
uma nova espécie, é preciso ir para os trópicos, mais ainda temos
muita coisa por descobrir no nosso País. Nos Açores, o facto de
serem nove ilhas é um desafio acrescido, mas é um trabalho que a
Universidade dos Açores procura fazer. Tem-se trabalhado muito na
identificação de algumas espécies de caracóis, lesmas, insetos, aranhas
e, no caso das plantas, de briófitos [plantas pequenas, que vivem,
preferencialmente, em locais húmidos, como o musgo], que ainda
são novas para a ciência. Na ilha de Santa Maria, há uma área muito
pequena de floresta natural, no Pico Alto, que tem a taxa mais elevada
de endemismos da região, com uma grande quantidade de insetos
que só existem naquela mancha, não existem em mais nenhum lugar
do mundo. Se aquela mancha de dez hectares desaparecesse, em
termos de biodiversidade mundial, teríamos uma perda de espécies
bastante significativa. Por vezes, as pessoas estão muito alerta, por
exemplo, para a questão da Amazónia, da destruição da floresta
tropical, que leva ao desaparecimento de dezenas de espécies, e isso
pode acontecer no nosso quintal e nem nos apercebemos.
Cx
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h
história de capa
AÇORES
Os tesouros das ilhas
32
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Vogando ao sabor de mistérios e das lendas, os nove pedaços de paraíso
que o Atlântico guarda, a meio caminho entre a Europa e a América, não fazem, porém,
segredo das suas maiores riquezas. Do património natural em abundância ao capital turístico que não cessa
de se valorizar, sem esquecer a onda de oportunidades que vêm do mar e da terra, os Açores são uma região
com um potencial estratégico em crescendo, que importa conhecer e explorar
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
33
h
história de capa
á, onde a bruma do Atlântico
se funde com o sopro vaporoso
emanado das entranhas da
terra, as fronteiras entre lenda e
história confundem-se. Lavrados
pela boca dos vulcões, há quem
garanta que estes quinhões de terra, onde a
natureza é soberana, nada mais são do que
o cume visível de uma Atlântida imersa nos
confins do oceano. E há, também, quem
discuta a sua descoberta: uns atribuem a
proeza a Diogo Silves, em 1427, outros a
Gonçalo Velho Cabral, em 1431. Até o nome
pelo qual responde o arquipélago é alvo de
disputa. Para lá dos enigmas que o encanto
mítico desta região atlântica vai alimentando,
porém, há algo que não merece debate: a
sua beleza ímpar e os tesouros que nela
permanecem por explorar.
L
Um mar de oportunidades
A expressão frequentemente repetida,
que traz à tona os recursos imensos que o
mar português – e,mais concretamente, o
açoriano – encerra em si, vai muito além de
34
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
um mero lugar-comum. Dotados de uma
área territorial que se estende por 2222
quilómetros quadrados, divididos pelo
conjunto das nove ilhas, a real grandeza dos
Açores está longe de se restringir às medidas
do solo. Considerando que o mar dos Açores
– ou, em particular, a subárea Açores da
Zona Económica Exclusiva (ZEE) nacional
– supera em mais de 400 vezes a dimensão
terrestre do arquipélago, as oportunidades
que concorrem para o desenvolvimento deste
território insular revelam-se, logo à partida,
praticamente indiscutíveis. Mas e se lhe
dissermos que esse potencial poderá estar em
vias de se tornar ainda maior?
O mar não aumenta de tamanho, é certo,
mas os seus limites podem vir a dilatar-se. A
concretizar-se, o feito decorrerá dos trabalhos
da Estrutura para a Missão para a Extensão
da Plataforma Continental, que levou até às
Nações Unidas uma proposta para a quase
duplicação da plataforma continental do País.
Caso as pretensões nacionais sejam atendidas
(prevê-se que a resposta possa chegar em
2015), a área sob jurisdição portuguesa
natureza O encanto natural
dos Açores não se esgora
no mar, como comprovam a
Lagoa das Sete Cidades e as
Furnas, em São Miguel
poderá ampliar-se dos atuais 1660 milhões
de quilómetros quadrados para cerca de
3600 milhões, de modo que Portugal
obtenha direitos exclusivos de soberania no
subsolo marinho até às 350 milhas náuticas.
Num novo quadro territorial, em que a
área total sob jurisdição nacional, segundo
Manuel Pinto de Abreu, secretário de
Estado do Mar, corresponderá, grosso
modo, «à dimensão atual da Índia», os
Açores assumem um papel de relevo.
Em declarações recentes, à margem da
conferência A Plataforma Continental
Atlântica – Os desafios para os Açores na
sua sustentabilidade, Hernâni Jorge, diretor
Regional do Ambiente, defendeu mesmo
que, a efetivar-se à extensão da plataforma
continental, ela far-se-á, «sobretudo, à
conta da extensão dos limites exteriores
da plataforma continental na denominada
Região Oeste, correspondente ao arquipélago
dos Açores». Para o representante do
Governo Regional dos Açores, «a gestão
eficiente dos fundos marinhos exige que
se junte conhecimento determinante para
a compreensão dessas zonas». E, também
aí, a região pode ter um contributo crucial,
de acordo com o diretor Regional dos
Assuntos do Mar, que, no mesmo evento,
salientou que «a investigação científica,
em especial do oceano profundo, é uma
atividade que distingue a região». Filipe
Porteiro acrescentou ainda que «o potencial
de crescimento sustentável destas atividades
é grande e os Açores pretendem ser uma
referência nas atividades marítimo-turísticas
e na investigação científica».
À boleia da investigação científica, na
qual, nomeadamente, o Departamento de
Oceanografia e Pescas da Universidade dos
Açores se tem mostrado decisivo, em conjunto
com outras entidades de base local, nacional
e internacional, antes de mais, é necessário
aferir que recursos se podem encontrar – e
exponenciar – ao largo dos Açores.
Comece-se pelas pescas. A diminuição
dos stocks e as quotas negociadas com a
União Europeia são limitações reais para
os operadores, mas não deixam de existir,
no entanto, razões para acreditar na
competitividade do setor. «Os produtos de
pesca não podem competir pela quantidade,
mas sim pela qualidade», sustentam Carla
Dâmaso e Eva Giacomello, da Direção do
Observatório do Mar dos Açores (OMA), que
apontam, em paralelo, «os bons exemplos»
que existem na indústria conserveira insular.
Os principais elementos que permitem
ao pescado açoriano diferenciar-se pela
qualidade, argumentam, estão «na elevada
frescura, visto que a maior parte da frota
pesqueira, de pequenas dimensões, traz
o peixe para a lota no mesmo dia em que
é capturado». E também «nas técnicas de
pesca, essencialmente com linha e anzol,
que são uma mais-valia em termos da
sustentabilidade nas operações de pesca» e
«na ausência de poluição marítima». As duas
biólogas marinhas sublinham, não obstante,
a importância de se assistir «a uma mudança
de paradigma». Tendo em conta que o
arquipélago exporta cerca de 80 por cento
do peixe capturado, Carla Dâmaso e Eva
Giacomello consideram que, sem inviabilizar
por completo as exportações, deveria existir
um «incentivo maior para que o pescado
capturado nos Açores fosse consumido
também nos Açores», tornando a região
«praticamente autossuficiente» nesta matéria.
Mas nem só de peixes se move aquele
mar. Por ocasião de uma outra conferência,
realizada, em 2011, sobre o potencial de
desenvolvimento marítimo do arquipélago,
Ana Brito e Melo, da Agência Internacional
de Energia, já havia frisado «o imenso
potencial da energia das ondas, da energia
eólica off-shore e da biomassa marinha»
nos Açores. E, porque a intensa atividade
vulcânica também pode ser um trunfo, há
que não esquecer que esta é também uma
área rica em fontes hidrotermais (emanações
de água quente vinda do interior da crosta
oceânica), propícias à criação de ecossistemas
únicos, e, muitas vezes, carregada de metais
como ouro, cobre, prata e zinco.
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Cx
a rev i s ta d a ca i xa
35
h
história de capa
Mergulho na natureza
E, por falar em ouro sobre azul, nenhuma
análise sobre o manancial de oportunidades
açoreanas pode escapar àquela que é uma
das mais proeminentes joias da coroa da
economia local: o turismo. Turismo esse que,
naturalmente, não se esgota no mar, mas no
qual ele é uma constante em todas as ilhas.
O oceano onde as populações iam buscar
alimento continua a ser fonte de rendimento
para uma boa parte do tecido empresarial
açoriano, só que, desta feita, sem depredar os
recursos marítimos e sem ameaçar espécies
protegias. Um dos casos exemplares dessa
mudança na forma de encarar a exploração
marítima «foi a fenomenal transição da caça
à baleia com arpão para à ‘caça’ à baleia
com máquina fotográfica», lembra Joaquim
Teodósio, coordenador do projeto LIFE+
Laurissilva Sustentável e da Sociedade
Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA),
nos Açores. Desde que a baleação foi
proibida, em 1986, muitos dos antigos vigias
que denunciavam aos caçadores a presença
das baleias são, hoje, quem se encarrega de
as avistar para os turistas. Além de este ser
um dos melhores locais do mundo para a
observação de grandes e pequenos cetáceos
(os golfinhos também são um dos ex libris),
sobretudo nas ilhas do Faial e Pico, são cada
vez mais os turistas que naquelas águas
translúcidas encontram um dos melhores
destinos europeus para nadar com tubarões,
nomeadamente tubarões-azuis e rinquins.
Como ressalvam Carla Dâmaso e
Eva Giacomello, a pedra de toque da
biodiversidade da fauna marinha no
arquipélago é «não tanto um número de
espécies muito elevado, mas o facto de se
poder encontrar essa biodiversidade de
uma maneira muito acessível, tanto junto à
costa, como nas zonas de oceano aberto».
Daí que o turismo subaquático esteja em
manifesto crescendo. Não admira: a somar
aos tubarões, o Faial é um dos raros pontos
do globo com agregações de jamantas (ou
mantas, como também são conhecidas) em
número suficiente para poderem ser avistadas
por turistas. E, se a costa continental
portuguesa é uma das preferidas para os
praticantes de surf na Europa, quem disse
que a crista da onda não se propaga até
este canto do Atlântico? Nos últimos anos,
os Açores têm conquistado o seu lugar no
36
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
mapa mundial de surf e bodyboard, o que se
reflete, também, num aumento do número
de escolas e lojas dedicadas à prática destas
modalidades. Não será por acaso, de resto,
que um dos mais afamados spots para
a comunidade surfista, a Praia de Santa
Bárbara, no concelho da Ribeira Grande, em
São Miguel, passou a acolher, anualmente,
uma etapa do campeonato mundial de surf.
E visto que, na maior das ilhas açorianas,
o vento sopra de feição, as condições para
a prática do parapente são igualmente
excecionais.
Desportos e atividades diversas é o que
também não falta, quando o intuito é manter
os pés bem assentes em terra. Partindo do
OS AÇORES SÃO UM
DOS MELHORES
LOCAIS DO MUNDO
PARA A OBSERVAÇÃO
DE CETÁCEOS NO SEU
HABITAT NATURAL
turismo de natureza como um motor para
uma economia e um meio ambiente de
olhos postos no futuro, não se estranha que,
já este ano, os Açores tenham sido eleitos
como o destino turístico mais sustentável do
mundo. Na distinção atribuída pelo Coastal
and Marine Union, o maior programa de
certificação internacional para destinos
turísticos sustentáveis, alguns dos atributos
mais valorizados foram a identidade local e o
património natural e cultural não ameaçados
pelas atividades turísticas.
Um prémio internacional como este
é o corolário natural de uma aposta, por
exemplo, no turismo de observação de aves.
Como o que se faz no nordeste da ilha de
São Miguel, onde vive o priolo, uma das aves
endémicas dos Açores que o projeto LIFE+
Laurissilva Sustentável visa proteger (ver
Entrevista). Ou como o que leva visitantes até
ao ilhéu da Praia, junto à ilha Graciosa, um
dos habitats de nidificação de aves marinhas
mais importantes do arquipélago, ou até
ao Corvo, «o melhor sítio, na Europa, para
encontrar aves americanas», explica Joaquim
Teodósio. A lista não fica completa sem
mencionar ainda os magníficos percursos
pedestres que correm, por exemplo, as
fajãs de São Jorge, o turismo vulcânico
que vai desde as Furnas, em São Miguel,
ao adormecido Vulcão dos Capelinhos, no
Faial, as inconfundíveis cascatas das Flores,
onde o canyoning é rei, as belas praias de
Santa Maria… E, para rematar em beleza, as
pitorescas vinhas da Terceira e do Pico. Tudo
isto envolto num pacote cultural e histórico
completo, repleto de monumentos de charme
indesmentível.
Cultivar a competitividade
Quando o que está em causa é a paleta
dominante nos Açores, a resposta recai,
imediatamente, sobre o verde da paisagem e
o azul do mar. No entanto, o tom esmeralda
que perpassa pelas nove ilhas não é só o da
natureza reinante. Afinal, a lavoura ocupa
90 por cento dos solos disponíveis no
arquipélago, o que faz com que a agricultura
continue a ter grande preponderância para a
economia local. Também no setor primário,
onde ainda persistem explorações artesanais,
contudo, «a inovação tem de ser a chave
para o sucesso», como afirma Gualter Couto,
diretor do Centro de Empreendedorismo
da Universidade dos Açores. Uma chave
que abre também caminho para «garantir
a competitividade das empresas», tanto no
contexto local, como nacional e internacional.
3
4
1
2
Agricultura A lavoura ocupa 90 por
cento dos solos disponíveis
Paraíso Também há praias de rara
beleza, como esta, perto de Vila
Franca do Campo, em São Miguel
património A oferta cultural e
histórica também não falta em todas
as ilhas. Como aqui, em Angra do
Heroísmo, na Terceira
pesca A qualidade do pescado é
elemento diferenciador no arquipélago
Cx
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37
h
história de capa
Neste, como noutros quadrantes da
economia, a região tem procurado ainda
criar mecanismos que estimulem a iniciativa
privada, como forma de fixar populações
(sobretudo as mais jovens) e dinamizar
o mercado interno e externo. Porque «o
empreendedorismo é uma prioridade
para o Governo Regional», como adianta
Ricardo Medeiros, diretor Regional de
Apoio ao Investimento e à Competitividade,
foram criados sistemas de incentivos
ao investimento, como os programas
Empreende Jovem e SIDER.
Elo de ligação no Atlântico
Mesmo deixando submersos os mitos que
sempre se foram tecendo sobre o que terá
sido o arquipélago, em tempos imemoriais,
avaliar o poder competitivo dos Açores,
num quadro de presente e futuro, é,
forçosamente, também reconhecer aqueles
que têm sido os seus maiores trunfos. A
meio caminho entre a Europa e a América,
esta região insular soube, «nomeadamente,
a partir do século XX», tirar partido da
sua posição geográfica privilegiada, como
sustenta Luís Andrade, pró-reitor para
as Relações Internacionais e Cooperação
Institucional da Universidade dos Açores.
A aliança histórica com os Estados Unidos
começou por ser geoestratégica. «Na I, na
II Guerra Mundial e, inclusive, durante a
Guerra Fria, os Açores, como um todo, foram
fundamentais para os norte-americanos»,
esclarece o professor catedrático de Ciência
Política. Os laços de afinidade entre os dois
territórios, fortalecidos pela presença norte-americana na Base das Lajes, na ilha Terceira,
não parecem estar, porém, ameaçados com
o prenúncio da redução do efetivo presente
nessa mesma base. Até porque Luís Andrade
não acredita que os Estados Unidos «retirem
completamente da Base das Lajes», já que
«uma das características do mundo atual, pós-Guerra Fria, é a sua enorme imprevisibilidade
e a presença, nos Açores, pode ser relevante no
quadro da bacia do Mediterrâneo».
Aquilo que faz do conjunto das nove
ilhas um motor de aproximação entre
os dois lados do Atlãntico não se limita,
todavia, à questão militar. Classificando
o arquipélago como um «essential link
[n.d.r. um elo de ligação essencial] entre
a Europa e os Estados Unidos, o antigo
38
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
representante dos Açores na Comissão
Bilateral de Acompanhamento do Acordo
de Cooperação e Defesa entre Portugal e os
Estados Unidos da América preconiza ainda
«a diversificação da cooperação bilateral»,
considerando «fundamental estreitar os laços
turísticos e económicos entre o arquipélago e
o continente americano». Sem negligenciar,
claro, a importância da comunidade «de
cerca de um milhão de açorianos e seus
descendentes» que vive nos Estados Unidos, e
que ajuda a reforçar esses laços.
Ainda assim, os caminhos que fazem dos
Açores centrais no contexto atlântico não
conduzem só à América. Afirmando, cada
vez mais, a sua posição dentro do espaço
europeu, a região tem vindo a dar provas de
que a aproximação aos índices comunitários
é uma realidade. Se é certo que a localização
geográfica do arquipélago não se alterará, o
estatuto periférico dos Açores, em matéria
de desenvolvimento, está a ser alvo de um
profundo esforço para ser mitigado. Os
dividendos dessa estratégia estão à vista.
«Os fundos estruturais que os Açores
receberam, enquanto região ultraperiférica
da União Europeia, permitiram dar um
salto qualitativo notável, nos últimos 20,
Atlântico A observação
de cetáceos é uma das
inequívocas mais-valias do
mar dos Açores
PARA AS EMPRESAS
DO SETOR DO TURISMO
As PME do setor do turismo têm à
disposição 150 milhões de euros para
apoio à tesouraria, através da Linha
de Apoio à Consolidação Financeira,
beneficiando de uma cobertura
adicional por garantia mútua de 40%
do capital em dívida. Protocolada
entre a Caixa, o Turismo de Portugal
e as Sociedades de Garantia Mútua,
esta linha inclui:
> O alargamento do prazo de
reembolso nos financiamentos já
contratados;
> Montante máximo por empresa:
seis milhões de euros;
> Prazo de alargamento analisado
casuisticamente;
> Garantia mútua: até 40% do
montante da operação, limitado a 1,5
milhões de euros por operação e por
empresa.
As empresas beneficiárias podem
aceder a financiamento intercalar
para suprir necessidades de
tesouraria com as seguintes
condições:
> Montante até 125 mil euros;
> Prazo até ao limite do prazo de
alargamento a aplicar na operação
reescalonada;
> Garantia mútua de 50% do
montante da operação.
Condições de Acesso: PME viáveis
e com situação regularizada,
operações de crédito na Caixa para
projetos na área do turismo, que
desenvolvam uma atividade com
CAE enquadrável.
30 anos, sobretudo no que diz respeito ao
desenvolvimento económico e ao nível de
vida das populações insulares», diz Luís
Andrade. Os números atestam-no: em
2009, os Açores superaram, pela primeira
vez, os 75 por cento do PIB per capita
europeu. Atingindo os 75,2 por cento,
ultrapassaram, assim, a fasquia referência
usada pela União Europeia para distinguir
as regiões mais pobres. Quanto aos fatores
distintivos que poderão continuar a sustentar
a competitividade da economia açoreana
para o futuro, o professor catedrático não
foge àqueles que todos apontam como os
principais ativos a potenciar: «a agricultura,
as atividades marítimas e o turismo».
observatório
o
MANUEL
Martins
É a particularidade de cada ilha,
da sua geografia e das suas gentes
que fazem dos Açores um local único.
É por isso que, apesar da sua pequena dimensão,
conseguem estar presentes em todo o mundo.
ESTA PRESENÇA tem dado a conhecer o trabalho dos últimos anos,
sobretudo na área do turismo sustentável, e são inúmeros os prémios
internacionais que o comprovam. Nos últimos quatro anos, os Açores
foram eleitos, de forma consecutiva, o melhor destino turístico costeiro
no Quality Coast Awards 2013.
O mediatismo proporcionado por estes prémios tem contribuído
para o crescimento do setor do turismo na região, que tem assumido
um papel cada vez mais preponderante na economia e justificado a
forte política de promoção do executivo regional.
Mas não só do turismo subsiste a economia dos Açores. O setor
primário, pela sua dimensão e tradição profundamente enraizada nos
açorianos, tem desempenhado um
papel fundamental na sustentabilidade
da economia regional. A riqueza dos
seus recursos naturais não é alheia a
esse facto, estando reunidas excelentes
condições para que a produção
agrícola seja abundante e de elevada
qualidade.
Como seria de esperar, também a
economia do mar tem um impacto na
riqueza da região. E tem sido evidente
o movimento de diversificação e
maximização do aproveitamento do
potencial enorme dos recursos do mar,
em especial pela dimensão da sua ZEE. Atualmente, esta representa 16
por cento da ZEE europeia e 55 por cento da portuguesa.
Além disso, teremos de olhar à posição estratégica dos Açores
no centro do Atlântico. A importância e o potencial económico da
localização geográfica do arquipélago foi recentemente apontada pelo
presidente do Governo Regional, numa intervenção onde menciona
a importância do desenvolvimento de estratégias que tornem mais
eficientes os transportes de mercadorias marítimos, bem como a sua
capacidade de gerar mais riqueza para a região através da captação de
investimento estrangeiro.
Com todo este potencial em termos de recursos naturais e as
oportunidades de negócio que advêm da sua exploração sustentável,
nos últimos anos tem sido dada especial atenção ao desenvolvimento
do empreendedorismo nos Açores. Para o efeito, foram criadas
condições, tanto físicas, como de conhecimento e apoio técnico, às
DIRETOR CENTRAL DA DIREÇÃO DE PARTICULARES
E NEGÓCIOS SUL, DA CGD
novas ideias de negócio.
Numa conjuntura que levou a grandes mudanças nas prioridades
ao nível do investimento público e privado, nomeadamente um
novo enfoque no setor primário, leva-nos a prever um conjunto de
novos empresários agrícolas que permitirão incrementar o nível de
exportações, diversificar a oferta e rejuvenescer o setor.
O aproveitamento dos recursos naturais dos Açores tem abrangido,
igualmente, o setor energético, pelo seu enorme potencial no âmbito
das energias renováveis. Este potencial tem justificado o forte
investimento na investigação e desenvolvimento das tecnologias de
aproveitamento dessas energias, em que 30 por cento do consumo de
eletricidade dos Açores já estão cobertos por essas fontes alternativas.
De destacar que os Açores passaram de uma região ultraperiférica
para uma região reconhecida pela sua beleza natural e um dos destinos
turísticos mais apetecíveis de Portugal. A sua aposta no turismo
sustentável e responsável assegura a longevidade do setor e dos seus
recursos.
É esta sinergia, que muita vez se confunde, entre o setor primário
e o terciário (lê-se Turismo) que fazem
dos Açores uma das Regiões Ultra-Periféricas com maior potencial de
crescimento da União Europeia.
A CGD está presente nos Açores
desde 1923. Foi o primeiro banco
presente em todas as ilhas e a primeira
instituição bancária a cobrir todos os
Açores com o sistema Multibanco.
Atualmente, a sua presença estende-se
a todos os concelhos e, nas principais
zonas urbanas, conta com mais do que
uma Agência. No total, são 24 Agências
e um Gabinete de Empresas, sediado
na Ilha de S. Miguel, envolvendo cerca de 150 colaboradores.
Desde sempre, a Caixa apoiou as famílias e empresas açorianas,
nos bons e maus momentos. Foi durante os anos 80 o único banco a
oferecer crédito habitação e, nessa mesma década, esteve na linha da
frente no apoio à reconstrução das ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge,
afetadas pelo grande sismo de 1980.
A Caixa tem vindo a acompanhar esta evolução da economia
regional e a ter um papel cada vez mais relevante no apoio ao seu
desenvolvimento, em especial nesta fase mais difícil que atravessam as
empresas e as pessoas. Tal como no passado, a Caixa estará presente
no apoio às famílias, aos novos e jovens empresários, nas grandes
ideias de negócio que contribuirão para a recuperação económica,
sendo de sublinhar o crescente envolvimento da Caixa no apoio às
empresas, em linha com aquilo que é o objetivo e uma das prioridades
estratégicas do Grupo CGD, a nível nacional.
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v
viagem
D E
M O N D I M
A
B R A G A N Ç A
Terra genuína
Este inverno, contornamos a serra da Estrela e seguimos rumo
à sua prima serra do Marão. Estas são terras transmontanas, de serranias frias e casas
acolhedoras, do Douro a Montesinho, das termas ao vinho e aos enchidos.
Uma viagem para encher os sentidos
Por João Paulo Batalha Fotografia Pedro Sampayo Ribeiro
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v
viagem
magia começa para lá do Alto Douro. Quem, mesmo chegando
pela primeira vez, atravessa o rio pressente, quase de imediato,
as secretas maravilhas que se escondem nesta região que o Marão
separa do resto do País, guardando as suas histórias e os seus
encantos. Se é à serra da Estrela que tendem a rumar os amantes
da neve e da invernia, é mais acima, na terra transmontana, que
encontramos paisagens nevadas ao abrigo das enchentes. Vilas acolhedoras,
património natural e humano único, gente orgulhosa e hospitaleira, aquela
têmpera de portugueses de que escrevia Torga que dão os mais próximos amigos
ou os mais temíveis inimigos.
A viagem que fazemos este inverno é uma digressão que nos leva de Mondim
de Basto – para lá do Douro, entre o Minho e Trás-os-Montes – até Bragança e de
lá, quem sabe, até Montesinho ou de novo ao encontro do Douro. A dificuldade
está não em escolher o rumo, mas em decidir que desvios fazer a meio do
A
42
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caminho. Porque é no desvio, mais do que na estrada,
que está o prazer da descoberta.
Começamos devagarinho, porque não há
pressas. Nem há vergonha em fugir do chavão de
solares senhoriais e faustos pesados, até um bocado
intimidantes. Começamos, por isso, em Mondim de
Basto, essa porta de entrada, mas sem pressa de acelerar.
À beira do Tâmega, junto à imponência da Senhora da
Graça, deixamo-nos ficar pelo Água Hotels Mondim de
Basto, com o mapa pousado preguiçosamente algures, à
espera dos nossos planos. A escolha é entre 44 quartos
e suítes, três casas de montanha e (não estivéssemos em
Trás-os-Montes) dois espigueiros adaptados a pequenas
casas de dois quartos. É daqui que nos vem a inspiração
para o caminho que temos pela frente, começando pela
exploração das ruelas de Mondim de Basto, entrando
na Igreja Matriz, apreciando solares que nos travam
o relógio e nos atiram para os séculos passados do
encantador centro histórico da vila.
Aberto o apetite para a descoberta, é altura de rumar
VILAS HISTÓRICAS,
PATRIMÓNIO
NATURAL
E HUMANO
ÚNICO, GENTE
HOSPITALEIRA
a leste, Trás-os-Montes adentro. Primeira dúvida: para cima, rumo a Chaves, ou
um pouco mais para baixo, em direção a Vila Real? É uma pergunta com rasteira:
entre Mondim e Vila Real atravessamos o Parque Natural do Alvão; a escolha
não pode ser outra. Imperdível o trajeto de carro pela EN313, que nos há de
levar à aldeia de Ermelo, um mimo de xisto e telhados de lousa, onde merecem
visita a igreja barroca e os moinhos hidráulicos que remetem para a tradição,
ainda viva, da tecelagem do linho e do artesanato típico. Não muito longe, as
dramáticas quedas de água de Fisgas do Ermelo são outra paragem obrigatória.
Uma introdução à paisagem mais rude e extraordinária da região. Um pretexto,
no fundo, para ficarmos sem fôlego. É bom fazer questão de não chegar a Vila
Real sem outros desvios, parando na aldeia de Lamas de Olo e subindo até ao
miradouro que nos deixa ver a aldeia e os campos em volta, num espetáculo
verde que não é fácil de esquecer.
m Vila Real, a regra é simples: estacionar e deambular. O centro
histórico, que tem recebido algum carinho nos últimos anos, faz-se sempre melhor a pé, subindo e descendo as ruas empedradas
e apreciando a austeridade acolhedora do clima e da arquitetura,
onde se destacam as varandas de sacada de madeira que ainda
se encontram nas ruas mais antigas. No que toca a belezas
E
abertura A fantástica ponte romana, em
Chaves, e um pastor com um exemplar da
raça barrosã
pelo caminho Por entre o verde da serra
e o azul do céu, é comum encontrarmos
espigueiros bem preservados
estilo O Água Hotels Mondim de Basto
garante total comodidade com um toque
contemporâneo
pormenores O comércio tradicional,
assente na simpatia de quem recebe,
surpreende-nos. Tal como as cabras
montanhesas e os típicos presuntos de
Chaves
noite Sendo uma cidade estudantil,
Bragança não costuma deitar-se cedo
Cx
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v
viagem
arquitetónicas, claro, a visita à Casa de Mateus é obrigatória, mas convém
lembrar que esta capital senhorial não se esgota em história ou tradição. Sede da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real não deixa de ser jovem,
animada pela movida própria de uma pequena cidade universitária. Porque nem
todas as paragens têm de ser bucólicas, é aqui que encontraremos bons pretextos
para ficar acordados até mais tarde.
De Vila Real a Chaves há boas paragens para fazer no caminho. Vila Pouca de
Aguiar merece um salto, mas as vilas termais de Pedras Salgadas ou do Vidago
exigem uma estada mais demorada, sobretudo para os fãs das águas naturais
desta região. Recém-renovado, o Vidago Palace, projetado no reinado de D.
Carlos por Ventura Terra, alia, hoje, a oferta hoteleira e termal ao golfe e a um
cardápio caprichado de opções de lazer. Mesmo que esteja apenas de passagem,
o trabalho de recuperação do complexo termal, incluindo o histórico hotel, vale,
por si só, uma visita.
Há tempo para ir devagar, até porque o melhor é mesmo chegar a Chaves ao
final do dia. A entrada na velha Aquae Flaviae romana
deve ser planeada como um evento especial. É chegar
à margem do Tâmega, com a cidade do outro lado e a
magnífica ponte de Trajano à frente, mesmo quando
o sol se está a pôr e os mistérios de Chaves ganham
uma mística especial. Também aqui não vai precisar do
carro. O melhor é percorrer vagarosamente as ruas da
cidade e, como é de noite, deixar-se ir, pouco a pouco,
até ao poiso gastronómico incontornável: a adega do
Faustino – um lugar familiar, em formato de tasca típica,
onde é impossível não nos sentirmos em casa. E não há
problema se forçarmos um pouco nos enchidos e doces.
À saída, é só rumar de novo ao Tâmega e procurar a
fonte termal, junto ao rio. Aí, como os locais, há que
provar as águas – as mais quentes da Península Ibérica –,
com resultados garantidos para os males de estômago.
ais para leste ainda, espera-nos
Bragança e a Rota da Terra Fria,
que vai de Vinhais à capital de
distrito, espraiando-se, depois, pelo
Vimioso até Miranda do Douro. De
Chaves, rumamos para Vinhais pela
EN103, com Espanha por perto. Estamos pela serra
de Montesinho, onde se prova o fumeiro e a posta
mirandesa. Tudo aqui, da beleza da paisagem à fartura
da gastronomia, nos convida a abrandar e apreciar,
fazendo desvios a aldeias como Rio de Onor – um
exemplo encantador de organização comunitária que
galga a fronteira entre Portugal e Espanha. As grandes
festas populares, claro, são no verão ou não fosse esta
terra de emigrantes, mas o acolhimento é amigável 365
dias por ano. Pelo Natal e festa dos Reis, as aldeias da
região animam-se nas antiquíssimas Festas dos Rapazes,
a não perder.
M
bragança No centro da capital de Trás-os-Montes, o Pelourinho mostra-se como
imagem emblemática
fumeiro A poucos quilómetros de Bragança,
encontramos Vinhais, um verdadeiro regalo
para quem é apreciador de enchidos
barro negro Esta é a região do País onde
as tradições oleiras ligadas a este tipo de
barro se mostram mais bem preservadas
gastronomia Em terras famosas pela
posta mirandesa, um dos grandes prazeres
é descobrir tascas e adegas que nos
presenteiam com os pecados da gula
caretos No Museu Ibérico do Traje e da
Máscara, guarda-se a memória viva dos
Carnavais transmontanos
castelo Quase parece tocar nas nuvens e
guarda, lá no alto, a cidade de Bragança
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AQUI E ALI, AINDA SE
OUVE O MIRANDÊS,
ESSE DIALETO QUE
VINCA O CARÁTER TÃO
RICO E ESPECIAL DE
UMA TERRA ÚNICA
Nas margens do Parque Natural de Montesinho, a sudeste de Bragança,
o Miradouro do Monte de São Bartolomeu é um local de contemplação para
descobrir alguns dos segredos geológicos da região, de xistos e granitos
imponentes, que se contam, orgulhosamente, entre as mais antigas rochas do
território português. É uma boa introdução à própria cidade, que se tem vindo
a renovar nos últimos anos, com novos equipamentos culturais e uma atenção
especial ao património. Comece-se por cima, pelo castelo com a sua imponente
torre de menagem e, logo ao lado, a Domus Municipalis e o pelourinho, que nos
lembram que estamos numa cidade forte e antiga. A merecer uma visita é o Museu
Ibérico do Traje e da Máscara (que, atenção, está encerrado para manutenção
durante o mês de janeiro). Aqui se guarda a memória viva dos tradicionais
carnavais transmontanos.
Daqui, caso se queira prolongar a viagem, é só voltar ao ponto de partida: o
Douro. Deixar rolar a paisagem à medida que nos aproximamos de Miranda do
Douro, das altas escarpas do rio e do encanto da vila que guarda ainda muito
património de interesse – edificado e não só. Aqui e ali, ainda se ouve o mirandês,
essa mistura entre português, galego e leonês que vinca o caráter tão rico e especial
de uma terra única, afastada do roteiro, com tudo para descobrir. Uma terra
genuína.
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viagem
Guia de viagem
Ficar
Para lá do Marão
Há todo um mundo mágico por
descobrir em torno da Serra
do Marão, por isso, a Caixa, em
parceria com a Tagus, deixa-lhe
duas propostas para uma estadia
inesquecível.
Casa da Calçada 5*
Localizada em Amarante,
esta casa desfruta de uma
majestosa paisagem que inspira
à descoberta. Declarada como
edifício de relevante interesse
arquitetónico, histórico e cultural,
preserva o seu estilo barroco
original, mantendo os elementos
neo-clássicos, numa envolvente
romântica, que convida a viajar
pelo passado.
Preço:
Desde 54 euros por pessoa,
em quarto Duplo Executive,
incluindo:
> Estadia de uma noite em quarto
Duplo Executive;
> Pequeno-almoço.
Água Hotels Mondim de Basto 4*
Empreendimento turístico
situado em Mondim de Basto,
num deslumbrante espaço
natural, junto ao Tâmega e
à Senhora da Graça. Dispõe
de três espaçosas casas de
montanha, com dois quartos, e
dois espigueiros muito especiais,
também com dois quartos e
equipados com as mesmas
facilidades do que o hotel.
Preço:
Desde 36 euros por pessoa, em
quarto Twin Standard, incluindo:
> Estadia de uma noite em quarto
Twin Standard;
> Pequeno-almoço.
Programas válidos para estadias
até 31 de outubro de 2014,
sujeitos a reserva prévia e
disponibilidade. Preços para
Clientes da CGD, válidos para
estadias em datas especificas,
mediante consulta. Não incluem
taxa de serviço, despesas de
caráter pessoal e quaisquer
serviços não mencionados
como incluídos, não cumulativos
com quaisquer acordos, ofertas
ou campanhas em vigor. As
ofertas podem ser canceladas a
qualquer momento.
Ir
O roteiro pode ser feito por qualquer
ordem que queiramos. A partir do
Porto, o melhor caminho é apanhar a
A4 até Amarante (onde se pode sair
para Mondim de Basto) ou Vila Real.
Daí para Chaves, o trajeto também
é fácil, por autoestrada. A zona de
Bragança ficou ao lado da rede de
autoestradas, mas aí, para quem
visita, o verdadeiro gozo está na
viagem pelas estradas que cruzam a
paisagem transmontana.
Água Hotels - Mondim de Basto*
Espaço moderno e confortável,
junto ao rio Tâmega e à Senhora
da Graça, o Água Hotels Mondim
de Basto comporta 42 quartos e
duas suites, equipados com todas
as comodidades de um hotel
de luxo, além de três casas de
montanha, com dois quartos, e dois
espigueiros.
www.mondim.aguahotels.pt/
Hotel Casino de Chaves
Estrategicamente localizado
junto à saída da A24 para Chaves,
com Espanha a menos de dez
quilómetros, o Hotel Casino Chaves
destaca-se pela arquitetura
arrojada e pela oferta de conforto e
lazer. O casino está logo ali ao lado,
animando com os espetáculos e a
sala de jogo o tempo passado na
cidade flaviense.
www.hotelcasinochaves.solverde.pt
Quinta de Fiães*
Aliando modernidade e tradição, a
Quinta de Fiães situa-se no mágico
vale do Rio Pinhão. Aqui, ainda se
desenvolve a viticultura tradicional,
criando uma atmosfera única de
comunhão com a natureza.
www.quintadefiaes.pt
Vidago Palace
Recentemente restaurado,
este histórico hotel é o ex-libris
da vila termal de Vidago. Por
aqui passaram aristocratas e
celebridades, em busca das
famosas águas termais da vila.
Hoje, além das termas, o hotel
oferece um campo de golfe, um
moderno spa e serviços de hotel de
cinco estrelas.
http://www.vidagopalace.com/pt/
Comer
Adega do Faustino
É o centro gastronómico de
Chaves. Os petiscos regionais são
imperdíveis, com destaque para
os bolos de bacalhau, a alheira ou
presunto de Chaves, sem esquecer
a vitela à barrosã.
www.adegafaustino.pt
Terra de Montanha
A decoração remete para outros
tempos, com dornas e balseiros a
fazerem as vezes de assentos. Este
restaurante, no centro de Vila Real,
vale também pela cozinha típica
caprichada e por uma boa lista de
vinhos.
Bons Tempos
Referência em Vila Real, oferece
receitas tradicionais de Trás-os-Montes com um toque gourmet.
O ambiente é cuidado e acolhedor,
com um toque de bom gosto e
romantismo.
Solar Bragançano
No centro histórico de Bragança,
este bonito solar é, hoje, um dos
restaurantes de referência da capital
transmontana. Entre o bar, a sala
e o jardim, este é um lugar onde
apetece ir ficando, a provar uma
ementa rica de especialidades
como a sopa de repolho, as trutas
à transmontana ou coelho bravo
à Monsenhor.
(*) Benefícios para titulares
de cartões da CGD. Saiba quais
os cartões e todas as vantagens
em cada um dos parceiros em
www.vantagenscaixa.pt.
Informação na net
Prepare-se para ir para fora... cá dentro.
Sites que não deve deixar de consultar:
> www.rotaterrafria.com
> www.trasosmontes.com
> www.icnf.pt/portal/turnatur/
visit-ap/pn/pnm
> www.icnf.pt/portal/turnatur/
visit-ap/pn/pnalv
O CARTÃO CAIXADRIVE (1) é o parceiro ideal para as suas viagens, permitindo beneficiar de descontos sempre que abastece o automóvel.
Usufrua de descontos de 3%, num máximo de 20 euros mensais, nas compras e abastecimentos efetuados com o Caixadrive nas
estações de serviço da Repsol em Portugal. Se efetuar compras de valor superior a 250 euros (por cada ciclo de extrato), fora das estações
de serviço da Repsol, beneficiará de um desconto suplementar de mais 3% sobre todas as compras e abastecimentos efetuados nas
estações de serviço da Repsol, com limite de três euros mensais. Os abastecimentos pagos com este cartão estão isentos da comissão de
abastecimento de combustível. Estes descontos dos cartões Caixadrive são cumulativos com outros em vigor (ex. desconto Caixadrive + de fim de semana + de cartão
de sócio do S. L. Benfica). Com uma gestão eficaz dos vários descontos, os titulares do Caixadrive poderão usufruir dos melhores preços do mercado. Além disso, os
titulares do Caixadrive beneficiam de um pacote de seguros e de vantagens em parceiros associados ao cartão.
(1) TAEG de 22,6%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,50%.
f
fugas
A L D E I A DA M ATA P E Q U E N A
Saloia? Com muito
orgulho!
À vontade de fugir ao buliço citadino juntou-se a vontade de
recuperar e preservar património arquitetónico e cultural de uma região.
O resultado da concretização do sonho é um refúgio formado por doze casinhas muito
engraçadas e muito portuguesas, com certeza
Texto Pedro Guilherme Lopes Fotografia Filipe Pombo
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a rev i s ta d a ca i xa
Mata Pequena, em 1997, na altura ainda
com oito habitantes, e avançaram para a
recuperação da casa que escolheram para
viver, num processo que demorou dois
anos. Estava dado o primeiro passo para a
concretização de um sonho.
segundo passo foi
recuperarem as outras seis
ruínas que tinham adquirido,
com um episódio muito
curioso logo no arranque:
estando tudo pronto para
começarem a receber hóspedes, um visitante
enamorou-se por uma das casas e fez uma
tentadora proposta de compra. Mas se,
monetariamente, as contas de Ana e de
Diogo ficavam equilibradas, em termos de
projeto, ficava a faltar algo. Mantendo a
opção de arriscar, recusaram a proposta e
abriram as portas das suas primeiras seis
casinhas, número atualmente duplicado
e dividido em três tipologias – T1 (sete
casas), T2 (três casas) e T3 (duas casas) –,
todas elas recuperando o espírito e a
arquitetura de outros tempos. E nem falta
o recordar-nos que nem todas as casas eram
de habitação. Antigas adegas, palheiros,
arribanas dos animais e até um lagar são,
O
atualmente, alojamentos, o que faz com que,
quando percorremos as ruas da Aldeia da
Mata Pequena, umas casas sejam de pedra
e outras, que sempre foram habitações, se
apresentem rebocadas e caiadas de branco.
«Afligia-nos ver estas casas, que representam
a arquitetura tradicional e vernacular aqui
da região saloia, a desaparecerem», recorda
Diogo. «Este acaba por ser o nosso pequeno
contributo para que essa memória e essa
identidade se preservem e, felizmente,
essa preocupação tem sensibilizado outros
vista de fora Quando avistamos a
Aldeia da Mata Pequena, a sensação
que temos é quase a de estar a
chegar a uma aldeia de brincar,
perdida no meio da natureza. Ao
percorrermos as suas ruas, somos
convidados a embarcar numa
viagem no tempo, com casas e ruas
totalmente recuperadas à imagem
da sua traça original. Entre casas
caiadas de branco e outras de pedra
(que foram, noutros tempos, adegas,
palheiros ou lagares), destacam-se os vasos floridos e as portas
coloridas e pequenas.
Fotos: D.R.
odas as histórias têm um início
e, regra geral, aquelas que
começam por «era uma vez»
costumam ser de final feliz.
Assim sendo… Era uma vez
um casal, a Ana Partidário e
o Diogo Batalha, que moravam em Lisboa,
mas que, a determinada altura, perceberam
que gostavam de habitar num local mais
tranquilo, que não fosse longe da capital
por motivos laborais. E, se possível, esse
local deveria ter potencial turístico que lhes
permitisse dar corpo a um desejo que ambos
partilhavam.
Olhando para as raízes da família de
Diogo, tornou-se natural dar início à
procura desse local no concelho de Mafra.
Palmilharam todo o concelho utilizando uma
carta militar, tentando encontrar uma aldeia
em que as casas tivessem bom potencial de
recuperação, que mantivesse os elementos
identitários. «Existiam alguns critérios
quando efetuámos essa procura exaustiva»,
recorda Diogo Batalha. «A existência de
habitantes era um dos critérios, para que
não ficássemos totalmente isolados; deveria
ter uma paisagem envolvente e bonita, bem
como eletricidade, água canalizada e recolha
de lixo.» Encontraram, então, a Aldeia da
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
49
f
fugas
donos de casas. Há outros proprietários
que, depois de verem as nossas casinhas,
avançam para a recuperação das suas. E, no
seio da autarquia, este é um projeto muito
bem acolhido. O interesse patrimonial em
Mafra já não se resume ao convento, daí que
o trabalho de requalificação dos espaços
públicos, aqui na Aldeia, já tenha contado
com o apoio da câmara municipal.»
não se pense que este cuidado
com o pormenor é exclusivo
dos exteriores. Quando
entramos nas casinhas, com
as suas portas baixinhas e as
escadas inclinadas, é como
se viajássemos no tempo e voltássemos a
entrar em casa dos nossos avós, naquelas
férias em que se «ia à terra». As cozinhas
têm todas os tradicionais fornos a lenha, os
poiais, as talhas de água e as salgadeiras.
O frigorífico está escondido e a televisão
só é colocada, de forma discreta, a pedido.
«O próprio mobiliário é todo antigo e
desta zona, sendo que nenhuma peça fez
uma viagem superior a 15 km!», revela o
proprietário. «Através de investigação e de
recolha de peças antigas foi possível repor o
que existia. Os anciãos foram fundamentais
neste processo, recuperando memórias que
permitiram recriar pormenores, cores das
portas, dos tetos, a localização dos móveis…
E eles sentiram-se bem, muito bem, ao ver
que as suas dicas eram acolhidas. A estas
dicas, juntámos uma recolha fotográfica de
casas antigas, ainda não adulteradas, que
existiam na região e tivemos em atenção as
ruínas das próprias casas, que nos forneciam
informação muito relevante, como a
localização da cozinha, da sala, onde ficavam
os pés direitos, se era tijoleira, se era laje…»
E
na cozinha Não faltam os
tradicionais fornos a lenha, os poiais,
as talhas de água e as salgadeiras
pormenores Para a decoração,
recuperaram-se objetos típicos
estar Na divisão que se assume
como sala, a televisão só é colocada a
pedido dos clientes
quartos Parecem saídos de um
filme, com uma decoração pensada
ao detalhe
50
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Guia de viagem
Como ir
Se vier pela A8, saia em
Mafra/Malveira e tome a A21
para Mafra, até à saída Mafra
Este/Sintra. Na rotunda a seguir
às portagens, vire à direita e,
na seguinte, vire à esquerda,
para Sintra. Percorra 1 km e vire
à esquerda na placa que indica
Boavista. Quando encontrar o
cruzamento, siga para Ramilo e
Lexim.
Se optar pelo IC19, siga para
Sintra e saia para o IC30, seguindo
sempre em direção a Mafra. Passe
Cheleiros e, na Igreja Nova, vire na
primeira à direita imediatamente
após a bomba de gasolina. Quando
encontrar um cruzamento, vire
à direita para Ramilo e Lexim.
Ficar
A Aldeia da Mata Pequena é uma
verdadeira viagem no tempo,
recuperando tradições da região
saloia. Totalmente recuperadas,
de forma a manterem a sua
arquitetura e decoração originais,
estas doze casinhas terão,
a médio prazo, a companhia
de dois moinhos.
www.aldeiadamatapequena.com
(Preços entre 60 e 130 euros/
noite)
om um trabalho tão minucioso,
há pessoas que ficam
emocionadas ao depararem-se com estes cenários e, para
recuperar das emoções, nada
melhor do que aproveitar o
terraço privado que cada uma das casinhas
oferece. Quando o tempo está bom, este é
um excelente local para, com toda a calma do
mundo, saborear o pequeno-almoço, cujos
ingredientes estão todos no interior de cada
casa. O toque final é dado todas as manhãs,
altura em que é pendurado na porta o pão
quente, cozido em forno a lenha, mesmo
autêntico e genuíno. E quem é que procura
este desfrutar do espírito saloio? «Temos
muitos portugueses ao fim de semana», conta
Ana. «Sabem que aqui encontram um refúgio
a meia hora da capital, onde podem esquecer
C
as complicações semanais. Alguns até nos
dizem que conseguiram dormir! Durante as
férias da Páscoa e durante o verão, temos,
maioritariamente, estrangeiros. Alguns ficam
três semanas alojados, aproveitando a nossa
localização muito central. Estamos perto de
Lisboa, de Sintra, de Mafra, das praias...» O
que não faltam, também, são famílias com
crianças e, para estas, o momento alto é a
possibilidade de observar e interagir com os
animais da Aldeia. Os gatos espreguiçam-se a
cada canto, mas também há ovelhas, coelhos,
patos, galinhas e burros, usados em deliciosas
burricadas até ao Penedo do Lexim. E é,
precisamente, por aqui que passará parte da
continuidade deste projeto, desta feita com a
recuperação de dois moinhos. Também eles
tipicamente saloios, obviamente, ou não fosse
esse um motivo de orgulho!
Fazer
A Aldeia da Mata Pequena oferece
atividades como as burricadas
(apenas as crianças fazem o
caminho sentadas nos burros) ou
os passeios pedestres. Mas uma
das suas mais-valias é o facto
de estar a meia hora (ou menos)
de locais como Mafra, Tapada de
Mafra, Ericeira, Sintra, Aldeia Saloia
José Franco, Lisboa ou Óbidos.
Vantagens
Alguns cartões da CGD dão 10%
de desconto no alojamento, após
reserva e face à disponibilidade da
aldeia. Não acumulável com outras
ofertas, nem aplicável em julho,
agosto e no fim de ano.
Saiba quais os cartões em
www.vantagenscaixa.pt.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
51
f
fugas
G R A N D E H OT E L PA R IS
136 anos de histórias
Vamos falar-lhe de um hotel que chega aos dias de hoje
conservando a sua personalidade, o charme, o conforto e o ambiente familiar
com que recebeu nomes como Eça, Camilo ou Bordalo Pinheiro
Por Ana Ferreira
LOCALIZADO NA estreita e inclinada Rua da
Fábrica, quem não conhece nunca diria que,
para lá das portas arcadas, está um tesouro
muito bem guardado do Porto: o Grande
Hotel de Paris. Entra-se nesta casa apalaçada,
tipicamente portuense e oitocentista, e
respira-se cultura. É um lugar onde o passado
e o presente se entrelaçam, numa escadaria
em madeira iluminada por uma claraboia que
serpenteia os três andares e os 42 quartos.
Ao percorrer os corredores, avistam-se velhas
fotografias, anúncios de imprensa, um dos 14
bilhetes que Eça enviou dali à sua namorada,
Emília, máquinas de escrever, uma central
telefónica de 1975, um piano que toca no
hotel desde 1880. E mais objetos...
52
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a re v i s ta d a c a i xa
«A história do hotel acompanha o
desenvolvimento da cidade», afirmou David
Ferreira, diretor do hotel. Corria o ano de
1877 e o Porto ganhava uma nova dinâmica
com a abertura da Ponte D. Maria Pia. A 27
de novembro desse ano, abre aquele que
é hoje o mais antigo hotel da cidade, num
edifício de 1857, que teve como primeiro
inquilino a Sociedade Filarmónica Portuense.
O francês Gabriel Dupuy – que dá nome à
sala de exposições – geriu a primeira sociedade
do hotel, constituída por figuras ilustres
do Porto da época, entre as quais Ernesto
Chardron, fundador da Livraria Chardron,
que, mais tarde, tornar-se-ia a Livraria Lello. A
direção foi ainda dirigida por maîtres franceses
tranquilidade Um refúgio à
«movida» da Baixa Portuense
amplo Pormenor do salão
situado no segundo piso
acolhedor Os hóspedes são
considerados da família
famoso O pequeno-almoço não é
exclusivo para hóspedes
confortável Foi das primeiras
casas do Porto a instalar
aquecimento central e água quente
nos quartos
romântico O jardim amplia o
sentimento de refúgio dentro da
cidade
e por galegos até 1999, altura em que passou
para as mãos de uma família transmontana
que decidiu dar ao palacete o brilho de
outrora, recuperando, inclusivamente,
a classificação de pensão para hotel.
Recentemente, este hotel ganhou a sua terceira
estrela, uma espécie de reconhecimento pelo
trabalho de revitalização e de preservação que
tem sido realizado desde 1999.
Este é um hotel que, desde cedo, se
habituou a abrigar nomes ilustres, como Eça
de Queirós, Guerra Junqueiro, Rafael Bordalo
Pinheiro e outras figuras políticas e culturais.
Mas nomes de hóspedes frequentes, como
a D. Regina Cândida e a israelita Yoana
Halzman Benshaldem, são igualmente
importantes. «Aqui, o mais importante
são pessoas», valoriza Amílcar Gomes,
responsável pela comunicação.
A taxa de ocupação é, sobretudo, de
franceses, espanhóis, ingleses e portugueses,
sendo «os transmontanos ainda muito fiéis»,
diz o diretor do hotel, relembrando que,
«na segunda metade do século XIX, o hotel
era conhecido como a Casa Trasmontana»,
numa época em que era muito procurado
pelos saraus, jantares dançantes e refeições
deliciosamente confecionadas. Atualmente,
o restaurante está encerrado e a qualidade
gastronómica é do tão afamado pequeno-almoço abundante e requintado, não
exclusivo a hóspedes, servido na Sala Belle
Époque, com janelas viradas para um
jardim romântico, onde sobressai um cato
centenário e um chafariz.
Com esta nova direção, pretende-se
continuar a atualizar as condições e o
conforto do Grande Hotel Paris, mas
mantendo intactos os elementos originais,
recuperando mais objetos e preservando o
conceito de um hotel à antiga portuguesa,
pois, afinal, aqui «não se vendem quartos,
mas viagens no tempo», revela Amílcar
Gomes. Nesse sentido, aquando do 126.º
aniversário, será inaugurada a World
Travellers, uma exposição de notas, sendo
que a mais antiga data de 1918: 10.000
kronen (Coroa austro-húngara), emitida por
um banco austro-húngaro.
Numa cidade repleta de história e onde a
oferta hoteleira é muita, faz-se o convite para
se dormir num espaço vintage que hoje está
tão na moda.
Guia de viagem
Como ir
Quem vem de fora de automóvel deve
dirigir-se ao centro da cidade. Tendo
a Avenida dos Aliados ou as célebres
Galerias Paris como referências, procure
a Rua da Fábrica, que é paralela à Rua de
Ceuta. A Estação Ferroviária de S. Bento e
as Estações de Metro dos Aliados e de S.
Bento são alternativas para quem optar pelo
comboio ou pelo metro.
O que fazer
O próprio hotel é um museu vivo. Saindo
das suas portas, parte-se à descoberta
da «movida» Baixa do Porto, repleta de
espaços culturais, comércio tradicional,
bares e restaurantes. Se quer continuar com
um passeio pela história do Porto, destaca-se na vizinhança a Torre dos Clérigos, a
Livraria Lello e Irmão, o Guarany Café-Restaurante, o Majestic Café e o conjunto
urbano da Praça da Ribeira.
Descobrir
O hotel organiza, em todas as estações do ano,
um concurso em que os hóspedes podem
participar com a fotografia mais original tirada
dentro do hotel. Os turistas ainda podem
envolver-se no bookcrossing, através dos
livros disponíveis na sala de leitura.
Grande Hotel Paris
www.hotelparis.pt
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a re v i s ta d a c a i xa
53
i
institucional
OPORTUNIDADE
Campanha de imóveis Caixa
A Caixa oferece cinco por cento mais os encargos,
na compra da sua nova morada
ATÉ 31 DE MARÇO DE 2014, a Caixa Geral
de Depósitos oferece vantagens atrativas
na aquisição de imóveis residenciais e
empresariais do Grupo, que se encontram
devidamente assinalados, com esta oferta,
no site da Caixa Imobiliário. Assim, desde que
a escritura se concretize até essa data, a Caixa
oferece cinco por cento (5%) de desconto
sobre o preço de referência assinalado
no site da Caixa Imobiliário, disponível
em www.caixaimobilario.pt.
Além disso, a Caixa oferece, ainda, todos
os encargos e comissões relacionados com o
processo de compra: Imposto Municipal sobre
Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT),
Imposto de Selo (escritura e financiamento),
comissões de estudo e de avaliação, preparação
de minuta, serviço Casa Pronta (certidão
on-line do registo predial e despesas com o
serviço-hipoteca e financiamento).
Estas ofertas são extensivas a um vasto
conjunto de imóveis, incluindo apartamentos,
moradias, lojas, escritórios, armazéns e
edifícios comerciais e industriais. Veja em
www.caixaimobiliario.pt e escolha um dos
imóveis assinalados com esta oferta.
Não perca esta oportunidade para
concretizar os seus sonhos, com menos
despesas, e beneficie ainda das condições de
financiamento vantajosas que a Caixa coloca à
disposição dos seus Clientes para a aquisição
dos seus imóveis.
NOVO SITE IMÓVEIS PARCEIROS CAIXA
Adquira a sua casa junto dos Parceiros Caixa, com condições especiais de financiamento muito atrativas.
A Caixa celebrou um conjunto relevante de protocolos de parceria com diversos agentes imobiliários, no âmbito do apoio ao financiamento
de empreendimentos por estes construídos e promovidos, que permitem aos Clientes da Caixa beneficiar de condições especiais de
financiamento, na aquisição da sua habitação própria permanente, secundária ou para arrendamento e, também, de garagens e lojas.
Não deixe de conhecer o novo site www.imoveisparceiroscaixa.pt, onde encontrará uma vasta oferta de empreendimentos e outros imóveis
financiados pela Caixa Geral de Depósitos, propriedade de parceiros do Grupo CGD.
Para mais informações, dirija-se a uma Agência da Caixa ou ligue 707 24 24 30, 24 horas por dia, todos os dias do ano.
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P O U PA N ÇA
Soluções de poupança
automática
São dez as soluções que a Caixa coloca à sua disposição,
para que possa poupar de forma simples, cómoda e automática.
E, assim, desfrutar dos melhores momentos da sua vida
A CAIXA criou as soluções de poupança
automática para ajudar os portugueses
a poupar de forma fácil, cómoda e
automática. Com estas soluções, poupará
automaticamente até quando estiver a
brincar, a rir ou a namorar. Para começar,
basta…
Subscrever uma conta de poupança, a
partir de dez euros. De seguida, selecione as
soluções que mais o ajudam a poupar com
comodidade.
Facilitadores de poupança
Agendar transferências – Crie um plano
de transferências da conta à ordem para a
de poupança, a partir de dez euros e com a
periodicidade que lhe convier. Pode alterar
ou cancelar a qualquer altura.
Reforços das contas poupança – Assegure
a continuidade da poupança com um dos
depósitos a prazo que, no vencimento,
transferem automaticamente o capital e os
juros para a conta poupança.
Arredondar as compras – Arredonde o
respetivo valor com uma das três opções
disponíveis, transferindo para a poupança
a diferença entre o valor das compras e o
arredondado.
Poupar a mesada – Os cartões LOL e
LOL Júnior (ver pág. 59) ajudam a gerir
as despesas correntes dos mais novos,
transferindo, no final do mês, o montante
não gasto para a conta CaixaProjecto, a
partir de um euro.
Geradores de poupança
Caixa Aforro Poupe Mais – Com um prazo
de cinco anos, esta conta permite realizar
entregas a qualquer altura, beneficiando de
um spread semestral crescente (TANB de
Euribor 6M + 1%, no primeiro semestre, até
Euribor 6M + 2%, no último). Disponível
a partir de 100 euros até 500 mil, para
Clientes cujo montante seja totalmente
proveniente de outra instituição, ou
particulares e ENI (na vertente de pessoa
singular) residentes com domiciliação de
rendimentos e cartão de crédito e de débito
e Caixadirecta, ou residentes no estrangeiro
com morada e contactos telefónicos/
telemóvel no estrangeiro atualizados.
Simultaneamente, devem ter mais de 18
anos e deter uma conta de poupança, de
modo a associá-la ao depósito no momento
da sua constituição. Permite a mobilização
a qualquer momento, de forma total
ou parcial (mínimo de 300 euros), com
penalização dos juros para o montante
mobilizado.
Cartões de crédito com cash-back –
Disponível em alguns cartões, devolve uma
percentagem para a sua poupança do que
gastou em compras com o cartão de crédito.
Serviço Caixa Família – Associe as contas
de poupança de vários familiares para que
todos possam receber automaticamente
mais juros, mantendo a privacidade
da informação de cada conta e a sua
titularidade. Podem aderir o cônjuge do
titular da primeira conta, descendentes até
ao 4.º grau, colaterais ou seus descendentes
até ao 4.º grau e ascendentes até ao 2.º grau,
incluindo por afinidade. Podem aderir duas
contas de poupança, no mínimo, desde que
não tituladas apenas por cônjuges, sendo a
primeira titulada por um maior de 18 anos.
Serviço Gestão Automática de Tesouraria
– Otimize a liquidez através da transferência
automática para uma conta de poupança do
excedente da conta à ordem e vice-versa. Para Clientes Caixazul, residentes no
estrangeiro e empresas.
NOVIDADE – Solução para poupar
de imediato
Poupança Imediata – Serviço inovador,
disponível na App Caixadirecta, para tablet
e smartphone, que permite transferir um
montante definido pelo Cliente, a todo
o momento, da conta à ordem para a de
poupança. Apenas com um toque.
Conheça em detalhe estas soluções numa
Agência da Caixa ou em www.cgd.pt, onde
pode simular os benefícios destas soluções
na Calculadora da Poupança, também
disponível na App para tablet e smartphone.
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55
i
institucional
PAG A M E N TOS F R AC I O N A D OS
Compre agora e pague
na primavera
LÁ FORA COM A CAIXA
Agora, os portugueses a residir no estrangeiro têm
ainda mais motivos para serem Clientes da Caixa
Com os cartões de crédito da Caixa, só começa
a pagar em março as suas compras de Natal
Os Clientes residentes no estrangeiro – em
particular na Europa – podem, agora, manter ou
retomar a Caixa como o seu banco principal. Esta
possibilidade surge no âmbito das funcionalidades
SEPA(1) (Área Única de Pagamentos em Euros)
e permite a estes Clientes ultrapassarem as
frequentes dificuldades na abertura de contas em
entidades bancárias do país de acolhimento.
Assim, através destas funcionalidades, é possível
assegurar a maioria das necessidades bancárias
em euros, a partir das contas da Caixa, como por
exemplo:
> Receber o vencimento por crédito da conta já
domiciliada em Portugal;
> Pagar as faturas da água, luz e gás, entre outras,
da sua residência no estrangeiro a partir da sua
conta da Caixa;
> Utilizar o cartão de débito para a realização de
pagamento ou aquisições sem qualquer custo
adicional;
> Gestão da sua carteira à distância, através de
uma única plataforma – Caixadirecta.
GERIR O SEU DIA A DIA pode ser um
desafio. Por isso, os cartões de crédito
particulares da Caixa oferecem-lhe
acesso automático a uma linha de
crédito suplementar(1), correspondente
a 75 por cento do limite de crédito do
cartão, para pagamentos em prestações
fixas e a uma taxa de juro mais
vantajosa.
Até 31 de janeiro de 2014, transfira
as suas compras para esta modalidade
(no máximo de seis) e comece a
pagá-las a partir do extrato de março
de 2014, sem encargos adicionais para
si. Aproveite esta oportunidade para
pagar as suas compras de Natal e final
de ano, com maior flexibilidade.
Esta campanha é válida para todas
as transferências de compras
para a Linha de Pagamentos
Fracionados e compras com recurso
aos fracionamentos automáticos,
ativados diretamente nos Terminais
de Pagamento Automático nos
comerciantes aderentes. Salsa, Stefanel,
Stone by Stone, Giovanni Galli,
Lanidor e Loja das Meias são apenas
algumas das muitas lojas onde poderá
usufruir desta opção de fracionamentos
automáticos (sem limite máximo
de transações). Consulte as condições
e os comerciantes aderentes a esta
solução em www.cgd.pt ou em
www.vantagenscaixa.pt.
1 TAEG de 18,8%, na modalidade de pagamentos fracionados, para um montante de 1500 euros,
com reembolso a 12 meses, à TAN de 15%, prestação mensal de 135,39 euros e um montante total imputado
ao consumidor de 1643,12 euros.
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Estas transferências podem:
> Ser feitas entre contas domiciliadas no mesmo
banco ou em bancos diferentes;
> Ocorrer entre contas domiciliadas no mesmo
país ou em países diferentes;
> Ser efetuadas mediante a transmissão de uma
ordem ao respetivo banco, por instrução direta ao
balcão, transmissão de ficheiros, via telefónica ou
internet, desde que acompanhadas pelo IBAN e
BIC.
Esta é, pois, uma enorme mais-valia para os
Clientes da Caixa a residir no estrangeiro, que
podem, assim, efetuar os seus pagamentos em
euros entre países SEPA com a mesma facilidade,
rapidez e segurança com que o fazem em
Portugal.
(1) A SEPA (Área Única de Pagamentos em Euros) é uma
iniciativa da Comissão Europeia, em vigor nos 28 países da
União Europeia e na Islândia, Liechtenstein, Noruega, Mónaco
e Suíça. Inclui os territórios ultramarinos: Guiana Francesa,
Gibraltar, Guadalupe, Martinica, Mayotte, Reunião, São
Bartolomeu, São Martinho e São Pedro e Miquelon.
Utilização
O Caixa VIVA é um meio de pagamento
automático internacional da rede Maestro,
emitido pela CGD, em suporte cartão,
possibilitando ao seu titular o acesso e a
movimentação da conta à ordem associada
em caixas automáticos. Além disso, permite
efetuar pagamentos em estabelecimentos
comerciais e nos operadores de transportes
aderentes, contando com um limite diário de
cem euros para transações de baixo valor.
Em Portugal:
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>Ê/À>˜ÃÌiœÉ-œyÕÃ>ÊiʜÊiÌÀœÊ-ՏÊ`œÊ/iœ°
C A I X A V I VA
Vai sentir-se prioritário
O primeiro cartão de débito bancário que lhe permite
pagar automaticamente as suas viagens nos transportes
da Área Metropolitana de Lisboa
SEJA NO METRO, no autocarro, barco
ou comboio, agora já pode adquirir o
seu título de viagem. Com o Caixa VIVA,
basta aproximar o cartão do validador
para efetuar o pagamento automático
dos títulos das viagens ocasionais nos
operadores de transportes aderentes
da Área Metropolitana de Lisboa. Tudo
num simples gesto, sem filas, trocos ou
carregamentos.
Além disso, o Caixa VIVA é um meio
de pagamento inovador, cómodo e
seguro, aceite em mais de 5,2 milhões de
estabelecimentos em todo o mundo, que
permite movimentar a conta à ordem em
mais de 81 países.
Condições de acesso
O Caixa VIVA está disponível através do
Caixadirecta on-line ou em qualquer Agência
da Caixa, para Clientes da CGD a partir dos
18 anos ou dos 15 anos, se cumpridos os
requisitos necessários à movimentação da
conta à ordem associada.
No estrangeiro:
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>ˆÝ>ÃÊ>Õ̜“?̈VœÃÊVœ“ÊɓLœœÊ
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estabelecimentos comerciais identificados
com o símbolo Maestro.
Anuidade
Este cartão conta com a oferta da primeira
anuidade para os cartões associados a contas
œÛi˜Ãʭ̈ÌՏ>ÀiÃÊVœ“Ê“i˜œÃÊ`iÊÓÈÊ>˜œÃ®ÊiÊ>Ê
contas com crédito de pensão de reforma do
titular do cartão. As anuidades seguintes são
também oferecidas se a faturação anual em
compras for maior ou igual a 300 euros, no
caso de estar associado a contas jovens, ou
“>ˆœÀʜÕʈ}Õ>Ê>ÊÈääÊiÕÀœÃ]ʘœÊV>ÜÊ`iÊiÃÌ>ÀÊ
associado a contas com crédito de pensão de
reforma do titular do cartão.
Para mais informações, contacte
o Caixadirecta através do 707 24 24 24,
™£Ê{äxÊÓ{ÊÓ{]ʙÎÊÓääÊÓ{ÊÓ{ʜÕʙÈÊÓääÊÓ{ÊÓ{]
disponível 24 horas por dia, todos os dias do
ano, ou dirija-se a uma Agência da Caixa.
PARCERIAS E SERVIÇOS ASSOCIADOS
Com o Caixa VIVA, tem, ainda, acesso exclusivo a descontos em parceiros que facilitam o seu dia a dia e potenciam o seu bem-estar,
bem como a condições especiais em parcerias e serviços associados. Saiba mais em www.vantagenscaixa.pt.
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f
finanças
SALDO POSITIVO
Seis dicas de investimento
para principiantes
Antes de investir, é imperativo que conheça o funcionamento dos mercados
financeiros e dos produtos de investimento disponíveis em Portugal.
Eis algumas dicas para quem quer começar a investir.
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não necessitar durante, pelo
menos, cinco anos.
5. Diversifique o investimento
Não coloque todos os ovos no
mesmo cesto, porque, se o cesto
cair, não sobrará nenhum ovo
para fazer omeletas. Este ditado é
vital para garantir uma estratégia
de investimentos bem-sucedida.
Deverá, por isso, optar por
uma carteira com várias classes
de ativos (ações, obrigações,
depósitos, etc.) e diversos setores
de atividade.
Como cada aplicação é afetada
por diferentes variáveis, quando
um investimento correr mal, as
perdas deverão ser atenuadas
pelos ganhos de outras parcelas
da carteira. Será improvável
que, tendo investido em vários ativos, registe
perdas em todos ao mesmo tempo.
6. Cuidado com a inflação
Se preferir investimentos de longo prazo,
saiba que a inflação pode ser a principal
inimiga. Com a subida de preços, o seu
dinheiro perde o valor que tinha quando o
investiu. Por exemplo, imagine que ganha
um salário de 1000 euros. Para manter o
nível de vida e de consumo daqui a 20 anos,
terá de ganhar 1486 euros – numa taxa
média de inflação anual de dois por cento.
Os números permitem, assim, verificar que
os 1000 euros atuais, daqui a 20 anos, não
valerão mais do que 672 euros. Para evitar
que o dinheiro perca valor, o melhor a fazer
é escolher aplicações financeiras com uma
taxa de rendibilidade superior à inflação.
Ilustração: D.R.
1. Que tipo de investidor é?
Se os mercados financeiros
não têm segredos para si,
provavelmente terá um perfil
de risco agressivo. Se, ao invés,
privilegia a segurança das suas
aplicações, mesmo sabendo que
vão ter ganhos mais modestos,
então, provavelmente, terá um
perfil conservador.
Há, ainda, investidores com
um perfil mais equilibrado.
São investidores que preferem
conjugações de vários produtos,
investindo uma pequena parcela
em ações (diretamente ou em
fundos de investimento), outra
em obrigações e outra, ainda,
em depósitos ou certificados
de aforro.
Importa, também, definir o objetivo do
seu investimento e, a partir daí, determinar
o tipo de risco que está disposto a correr.
2. Procure conselhos financeiros
Aconselhe-se com o seu gestor de conta
e faça a sua pesquisa antes de investir,
reconhecendo os riscos que pode correr. E
internalize o conceito de perda, tendo em
conta que todos os investimentos, mesmo
os mais comedidos, acarretam os seus
riscos.
3. Defina limites de ganhos e de perdas
Apesar de ser praticamente impossível
adivinhar o momento ideal para comprar
ou vender um título, a ânsia de ganhar
poderá penalizar o investidor. Do mesmo
modo, deverá estabelecer objetivos das
perdas que está disposto a correr, definindo
um valor para cada título, e colocar
ordens stop-loss nas suas posições. Quando
atingido, a venda é executada e, assim,
conseguirá limitar os prejuízos.
Este conselho é particularmente
importante quando não se tem muito tempo
para acompanhar os investimentos e para
evitar acumular prejuízos cada vez mais
elevados numa aplicação, com a esperança
de que esta recupere.
4. Determine quanto pode investir
Um conselho vital é ter sempre parte das
poupanças em produtos que permitam o
resgate de imediato sem penalizações de
capital, de modo a fazer face a qualquer
imprevisto. Se não for esse o caso e se os
investimentos estiverem a registar perdas,
perderá parte do capital.
Tenha em conta todas as variáveis que
interferem, direta ou indiretamente, com o
seu investimento, como a saúde, o ordenado
ou até as suas dívidas. Deve encarar o
investimento em ações a longo prazo,
investindo apenas nestes ativos o que saiba
Saiba mais em www.cgd.saldopositivo.pt,
o site de literacia financeira da Caixa.
NA CAIXA, HÁ CARTÕES QUE
ENSINAM A POUPAR
CALL - BACK
A Caixa liga de volta
O site da CGD conta com novas e inovadoras funcionalidades,
que lhe permitem solicitar contactos e subscrever produtos
A CAIXA APOSTA de forma contínua na
inovação dos seus serviços, tendo em vista
a sua maior eficiência, segurança e conforto
para os seus Clientes e de modo a responder
às suas necessidades.
E é seguindo essa lógica que o site da CGD
conta, agora, com novas soluções de contacto à
disposição dos seus Clientes e não só. Trata-se
de um serviço de call-back, que permite ao
Cliente solicitar apoio ou manifestar interesse
na subscrição de um produto.
Para o efeito, estão disponíveis dois novos
botões no menu lateral de algumas páginas,
como as da Campanha Cliente Mais e das
Soluções de Poupança Automática: «Quero
ser contactado» e «Quero subscrever». Em
resposta, será contactado, de forma gratuita,
por um assistente da Caixa, que ajudá-lo-á
no esclarecimento de dúvidas, sendo também
possível subscrever alguns produtos. Tudo de
forma segura e com a maior confidencialidade.
Esta é mais uma marca da inovação dos
serviços da Caixa e da sua atenção face
aos seus Clientes, num serviço igualmente
disponível a não Clientes. Uma evolução em
prol da satisfação e comodidade dos Clientes
e potenciais Clientes da Caixa, sempre com a
máxima segurança.
Veja em www.cgd.pt, experimente e a Caixa
liga de volta.
ARREDONDE COM O SEU CARTÃO
Sabia que a Caixa ajuda a
gerir a mesada dos jovens,
transferindo para a poupança o
montante não utilizado durante
o mês? É isso que acontece com
os cartões LOL.
O LOL Júnior (10-15 anos) e o
LOL (15-18 anos) são cartões
pré-pagos, que funcionam com
base num valor previamente
carregado, que pode ser
pontual ou agendado. O nível
de segurança na utilização é
muito elevado, já que todas as
operações requerem o número
de identificação pessoal e os
gastos são limitados ao saldo
existente. No caso do LOL
Júnior, existe, mesmo, um limite
diário de utilização, atualmente
de 50 euros, conferindo, ainda,
maior proteção e controlo dos
gastos.
A vertente didática destes
cartões é, também, um
fator muito importante, já
que é o jovem que gere e se
responsabiliza pelo dinheiro,
avaliando as opções de compra
de acordo com o saldo de que
dispõe.
E essa gestão passa também
pela poupança. Esta opção
funciona de um modo muito
simples: no final de cada mês, o
que sobrar no saldo do cartão é
guardado e, sempre que atinja
um euro ou mais, é transferido
automaticamente para a conta
de poupança CaixaProjecto,
onde fica a render juros.
Ao efetuar compras com os cartões de débito ou de crédito da Caixa (exceto Made By), pode beneficiar do
mecanismo de arredondamento da Caixa, revertendo um determinado montante, automaticamente, para uma conta
de poupança, PPR ou fundo de pensões, conforme o cartão utilizado. É muito simples, basta pedir em qualquer
Agência da Caixa ou no serviço Caixadirecta Telefone para associar um dos três programas de arredondamento à
escolha a um cartão da Caixa elegível. Saiba mais em www.cgd.pt.
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59
s
saúde
B OA S P R ÁT I C A S
Reequilibre depois das festas!
Celebrados os votos de Ano Novo, importa repor
o equilíbrio nutricional de forma a minimizar os excessos cometidos
Por Rita Calha (dietista clínica)
É FREQUENTE OUVIR-SE expressões como
«até com a água engordo», «só de respirar
aumento o peso», «o meu metabolismo é
lento» ou «é genético, sou e serei sempre
obeso». Porém, tem-se vindo a comprovar que
os fatores ambientais, religiosos e culturais,
associados à genética, podem despoletar
diversas patologias, tais como, a obesidade, a
diabetes mellitus ou a síndrome metabólica.
Mas será que já parou e pensou? Para
ganhar 0,5 Kg de gordura numa semana,
basta consumir, em média, 550 Kcal por
dia a mais do que necessita no seu dia a dia.
A Época Natalícia é um tempo de eleição
para a exclusão da atividade física e para um
regime alimentar altamente calórico e pouco
nutritivo, com elevado teor de gorduras e
açúcares de absorção rápida (ver quadro).
E como reequilibrar nem sempre parece
fácil, aproveite as dicas:
UÊۈÌiʜÊiÝViÃÜÊ`iÊ>XÖV>ÀtÊ"ÃÊiÝViÃÜÃÊ
cometidos desequilibram o metabolismo e os
sistemas envolvidos no controlo do apetite,
saciedade, bem-estar e sono, por alteração
dos níveis sistémicos de serotonina.
UÊ+Õiˆ“iÊ>ÃÊV>œÀˆ>ÃÊi“ÊiÝViÃÜtÊ>X>Ê
atividade física, como caminhadas em passada
rápida, jogging, andar de bicicleta ou corrida
ao ar livre. Uma vez por dia, durante 30 a 60
minutos, não sabe o bem que lhe fazia!
UÊ1˜ˆvœÀ“ˆâiʜʅœÀ?ÀˆœÊ`>ÃÊÀiviˆXªiÃtÊ KœÊ
esteja mais de quatro horas durante o dia
sem comer. Distribua os alimentos ricos em
hidratos de carbono – pão, tostas, arroz,
massa, leguminosas, batata – ao longo do
`ˆ>°Ê˜VÕ>‡œÃÊÃi“«ÀiÊi“ÊV>`>ÊÀiviˆXKœ°
UʘÛi˜ÌiÊiÊÛ>Àˆi]ÊVÀˆ>˜`œÊՓ>Êi“i˜Ì>Ê
semanal! Brinque com os diferentes tipos de
confeção, alternando-os durante a semana.
Não se esqueça que, além dos cozidos e
grelhados, existem os estufados, os assados
e gratinados no forno. Tempere de véspera,
usando ervas aromáticas em vez de sal, e utilize
sempre azeite para temperar e/ou cozinhar.
Uʈ“ˆÌiʜÃÊvÀˆÌœÃtÊ KœÊՏÌÀ>«>ÃÃiÊ>ÃÊ`Õ>ÃÊÛiâiÃÊ
por semana. Sabia que um bitoque inclui três
fritos? Ou que os panadinhos de forno e as
batatas congeladas são pré-fritos e contam
como um frito e, se os fritar, contam como
dois? Ou que 100 g de batata cozida têm 0 g
de gordura, mas se forem fritas fornecem
20 g, o equivalente a duas doses individuais
de manteiga?
Uʓ«œ˜…>Ê>Ê«ÀiÃi˜X>Ê`œÃʏi}ՓiÃÊiʅœÀÌ>ˆX>ÃÊ
diariamente, ao almoço e ao jantar, quer em
sopa, quer como acompanhamento (saladas,
esparregados, salteados, estufados)!
UÊÀˆ˜`iʘ>ÃÊviÃÌ>ÃÊVœ“ÊœÃÊ>“ˆ}œÃtÊ>Ã]Ê
atenção, as bebidas alcoólicas são muito
calóricas e nada nutritivas.
UÊ,iVœÀ`i]ʘKœÊV>ˆ>Êi“ÊÌi˜Ì>XKœtÊ*>À>ʘKœÊ
correr riscos, não saia para as festas ou para as
compras sem antes fazer um pequeno snack.
UʘۈÃÌ>ʘ>ÊÀœÌˆ˜>Êiʏiˆ>ÊÃi“«ÀiʜÃÊÀÌՏœÃtÊ
Evite os alimentos que contenham, por 100 g
de alimento, mais de 15 por cento de gordura
e 30 por cento de açúcar adicionado.
UÊ"«ÌiÊ«œÀʈ“«œÀÊÀi}À>ÃʘœÊ`ˆ>Ê>Ê`ˆ>tÊÊÛiÀ?Ê
como é fácil reequilibrar, manter e prevenir o
desequilíbrio nutricional.
PARCERIA COM OS HPP
Conheça as várias vantagens que os cartões da Caixa lhe proporcionam nas Unidades HPP Saúde, nomeadamente 15 por cento de desconto no atendimento urgente
sobre a tabela de particulares. Saiba as condições em www.vantagenscaixa.pt.
60
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
educação
COMÉRCIO ON-LINE
Negócios num clique
Para as empresas que estão a dar os primeiros passos,
o universo digital oferece soluções simples e com custos mais controlados,
e
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NETCAIXA ON-LINE
Se tem ou pretende criar um negócio
on-line, descubra a solução que a Caixa
disponibiliza para os seus pagamentos
para alojar e alavancar o negócio
Através do serviço netcaixa on-line, a Caixa permite a aceitação de
pagamentos através de cartões de
débito e de crédito, das redes Visa
e MasterCard, em ambiente não
presencial. Trata-se, pois, de um serviço
que confere inúmeras vantagens, quer
para a sua empresa, quer para o seu
Cliente:
PAPELADA A PERDER de vista.
E custos sempre a somar. Estes são alguns
dos entraves que enfrenta quem pondera
avançar com um projeto empreendedor. No
entanto, todos eles podem ser mitigados
no caso de quem opta por fazer nascer o
seu negócio no universo digital. Afinal,
criar uma empresa on-line não só é um
meio eficaz para poupar recursos, como
permite testar o mercado, sem exigir um
investimento inicial tão avultado, além de
encurtar as distâncias entre quem vende e
quem compra. Para quem deseje lançar-se à
economia 2.0, dizemos-lhe quais os passos
essenciais.
Empresa
> Oferta aos Clientes de uma
diversificação dos meios de pagamento;
> Resposta aos novos hábitos de
consumo, com potencial aumento do
volume de transações e de vendas;
> Disponibilização de um serviço 24
horas por dia, 365 dias por ano;
> Simplicidade na integração do serviço
com as operativas de faturação;
> Solução de pagamento com padrões
de segurança regidos pelas normas
internacionais.
1. Criar e registar a empresa
É possível fazê-lo de modo simples e rápido,
através dos serviços Empresa na Hora (www.
empresanahora.pt) e Empresa Online (www.
portaldaempresa.pt). Os custos variam
entre 360 euros no primeiro serviço e 180
no segundo. Na eventualidade do capital
disponível ser escasso ou de o negócio
ainda estar numa frase muito embrionária,
há quem opte por testar o mercado
com mecanismos de vendas diretas, em
blogues ou páginas em redes sociais, como
o Facebook. No entanto, é importante
certificar-se de que não está a infringir a lei e
obter todas as autorizações necessárias.
2. Registar o domínio e alojar o site
Tão decisivo como criar e registar a empresa é
registar o domínio on-line, que pode terminar
em «.com», «.pt», «.net», «.org,» dependendo
do alcance que se pretende. Mais uma vez, os
preços também variam, desta feita entre 11 e 22
euros (domínio válido por um ano).
3. Definir o modelo de site e/ou loja on-line
A escolha volta a depender de quanto se
pretende despender. Pode optar por um projeto
desenhado de raiz, por um programador ou
Clientes
> Aplicação de fácil utilização;
> Conveniência e comodidade, estando
disponível 24 horas por dia, 365 dias
por ano;
> Possibilidade de realizar compra
à distância, com elevados níveis de
segurança no ato do pagamento.
Saiba mais em www.netcaixa.pt ou
numa Agência da Caixa.
web designer ou privilegiar uma versão cujos
formatos on-line já estejam predefinidos. A
primeira opção é, claro, mais onerosa. Ainda
assim, há que ter em conta que um design
atrativo e intuitivo é meio caminho andado
para captar mais clientes e impulsionar as
vendas. Se tiver uma montra de produtos, não
prescinda de boas imagens.
4. Divulgar e potenciar o negócio
É possível trazer mais clientes ao seu site
e incrementar as vendas, apostando na
publicidade on-line. Uma das maneiras
mais em voga de o fazer é através de links
patrocinados associados à pesquisa – um
exemplo é o serviço Google AdWords. É
também crucial assegurar uma presença
regular e atualizada nas redes sociais, como o
Facebook, apostando em conteúdos relevantes.
Prepare, ainda, o seu site para ser visualizado
em smartphones e tablets ou crie aplicações
específicas para o efeito.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
61
s
sustentabilidade
C I C LO D E D E B AT E S
Oceanos em análise
Cientes da importância estratégica dos oceanos para o crescimento da economia nacional,
a Caixa Geral de Depósitos e a Liga para a Protecção da Natureza organizaram um ciclo de debates para uma troca
de ideias sobre desafios que o assunto encerra
Texto Helena Estevens Fotografia João Cupertino
MAR, OCEANOS e toda a sua envolvência
têm vindo a ganhar um crescente destaque,
dado o seu papel impulsionador da
economia nacional, mas também ao nível
da sustentabilidade, nomeadamente na sua
vertente ambiental. Com soberania sobre uma
vasta área marítima (ver caixa Sabia que...),
incluindo águas interiores, mar territorial e
Zona Económica Exclusiva (ZEE), o tema
requer uma abordagem participativa em
torno da gestão dos oceanos, da importância
da sua preservação em termos dos recursos
marinhos, das políticas de planeamento e
ordenamento das zonas costeiras. Convém
não esquecer que, com a ZEE nacional e a
futura extensão da sua plataforma continental,
o território marítimo nacional passará a ser 40
62
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
vezes superior ao território continental, um
verdadeiro mar de oportunidades a aproveitar.
Falar sobre o mar
Foi a pensar nisso que a CGD, em conjunto
com a Liga para a Protecção da Natureza
(LPN), organizou o ciclo de debates Oceanos,
que decorreu entre 18 de setembro e 4 de
dezembro, na Culturgest. Subordinados
a temas incontornáveis como a energia
ou a exploração marítima (ver caixa Ciclo
Oceanos), os debates tiveram como público-alvo estudantes, especialistas e demais
interessados, numa tentativa de sensibilização
para o facto de os oceanos serem muito mais
do que praias e cenários de fotografias.
Entre os oradores, contaram-se muitos
representantes de instituições de ensino, no
caso, o Instituto Superior Técnico (IST), a
Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa, o Centro de Estudos do Ambiente e
do Mar da Universidade de Aveiro, a Escola
Náutica Infante D. Henrique e a Universidade
dos Açores. O setor empresarial esteve
igualmente representado, com a EDP, Mundo
Aquático, WavEC, Artesanalpesca, sem
esquecer outras entidades como o Instituto
Português do Mar e da Atmosfera. Em comum,
as várias apresentações tiveram o objetivo de
«educar para a conservação e sensibilização»
dos oceanos, como bem sintetizou João
Neves, da Mundo Aquático e responsável pelo
Departamento Educacional do Zoomarine, a
propósito da ação deste último.
Sabia que...
Portugal possui a 11.ª maior área mundial de águas jurisdicionais, incluindo mar territorial e ZEE, sendo
mesmo o país da EU com maior vastidão de águas jurisdicionais, se não se contar com as zonas
marítimas dos territórios ultramarinos de França e do Reino Unido
renováveis António
Sarmento, do IST, sublinhou a
importância de apostarmos
nas energias renováveis
marinhas (em cima)
teresa simas, da WavEC,
abordou o projeto Windfloat
para o ambiente
importância pedagógica
João Neves, da Mundo
Aquático, reforçou a
necessidade de educar para a
conservação e sensibilização
(em cima, à direita)
O mar e a energia
Determinantes no clima das regiões costeiras
e nas alterações climáticas, o mar e os oceanos
revelam-se, atualmente e cada vez mais, um
desafio no que respeita ao aproveitamento
energético do vento, ondas e marés. Por isso,
a Cx deixa-lhe um pouco do que se passou
no terceiro destes debates, onde ficámos
a saber que estamos já «a criar as bases
para o crescimento do setor». As palavras
são de Adelino Matos, do A. Silva Matos,
grupo industrial na área da metalomecânica
com uma forte aposta nas renováveis,
nomeadamente no fabrico de torres eólicas
e segmentos de aço, que sublinhou, ainda,
que «a cadeia do fornecimento terá de ser
nacional».
O responsável acrescentou que, no
desenvolvimento, design, instalação, operação e
manutenção dos projetos de renováveis
off-shore, estão envolvidas não só a engenharia
e a metalomecânica. Estão também os portos
e os estaleiros, entre muito mais, contributos
todos eles importantes – mesmo podendo
implicar o redirecionamento de algumas
estratégias – para a criação de valor interno.
Se ainda houvesse dúvidas sobre as
CICLO OCEANOS
18.9 - A importância dos oceanos para o
sequestro do carbono
9.10 - Desafios para a exploração marinha
19.11 - Energia dos oceanos
4.12 - Áreas marinhas protegidas são eficazes?
Porquê?
vantagens da aposta nas energias renováveis
marinhas, estes debates rapidamente as
esclareceram. Segundo António Sarmento,
do IST, «consumimos 140 mil TWh/ano; o
oceano representa 275 mil TWh/ano». No
caso particular da energia renovável
off-shore, as razões prendem-se com
«segurança de abastecimento; controlo de
custos de energia; controlo das alterações
climáticas; desenvolvimento da economia
do mar: reforço do tecido empresarial,
tecnologia e infraestruturas».
As conclusões promissoras do terceiro dos
debates refletem, no fundo, o entusiasmo
e a riqueza de ideias que sobressaíram em
todo o ciclo. Porque, afinal, o mar é não só
passado, mas, sobretudo, presente e futuro
em Portugal.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
63
s
sustentabilidade
URBANISMO
(Re)desenhando o coração das cidades
A regeneração requalifica, revitaliza e reabilita. Um processo complexo e feito
de compromissos, que esteve em debate no seminário internacional
A Cidade Resgatada, Reabilitar a Cidade (Re)desenhando-a, com o patrocínio da CGD
Por Ana Ferreira Fotografia Anabela Trindade
Camané
«A CIDADE É uma estrutura dinâmica,
sempre em transformação, e, por isso,
impossível de conter dentro dos contornos
nostálgicos de uma cidade perfeita e
acabada.» As palavras de José Fernando
Gonçalves, presidente da Secção Regional do
Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN),
transmitem a urgente reabilitação urbana
do património arquitetónico nacional, que
deverá ser uma prioridade, pois «constitui
uma evidente oportunidade para destacar
um aspeto da produção cultural portuguesa
que muito tem contribuído para a identidade
e competitividade do nosso País».
Esta declaração foi proferida no
2.º Seminário Internacional sobre a
Regeneração e Reabilitação Urbana,
intitulado A Cidade Resgatada, Reabilitar
a Cidade (Re)desenhando-a, realizado
64
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
recentemente, que teve o Porto como caso
de estudo. O evento, que contou com
o patrocínio da CGD, decorreu na Casa
das Artes, no Porto, o primeiro projeto
arquitetónico de Eduardo Souto de Moura.
Aproveitando a presença no seminário, o
arquiteto confessou que, quando o projetou,
«em 1979, ainda estava na tropa e não há
amor como o primeiro». Como tal, sentia-se
emocionado pela reabertura das suas portas,
após quase uma década de encerramento.
Paula Silva, responsável pela Direção
Regional da Cultura do Norte (DRCN),
explicou o sentido da realização do seminário
naquele espaço, pois a própria Casa das Artes
tinha sido alvo de uma intervenção que se
inclui no conceito de regeneração urbana:
«Demos uma nova existência a um edifício
que estava fechado.» Paula Silva ainda
enumerou outros casos de equipamentos
urbanos que precisam de ser requalificados,
como o estado de degradação do Bolhão,
o encerrado Cinema Batalha e as igrejas
do centro da cidade. «Os monumentos
funcionam como catalisadores, aceleram o
processo de urbanização da cidade. Estes
equipamentos precisam de ser repensados, ter
outras funções para que a cidade não seja só
uma habitação», acrescentou.
A reflexão sobre a cidade Invicta é
sinónimo do seu reconhecimento nacional
e internacional, que se traduziu num
crescimento turístico e, consequentemente,
económico. Todavia, mantém-se a ideia
de que a regeneração urbana é, sobretudo,
para aqueles que lá vivem. Esta é, aliás, uma
ideia antiga que Manuel Correia Fernandes,
representante da Ordem dos Arquitectos,
ARQUITETOS APLAUDEM
O APOIO DA CGD
A Secção Regional do Norte da
Ordem dos Arquitectos criou o
N41º, um projeto de investigação,
formação e debate sobre criatividade,
sustentabilidade e regeneração
arquitetónica. A Caixa reconheceu a
sua importância, na linha de um apoio
regular à arquitetura nacional.
relembrou: «No congresso de 1948, os
arquitetos deram nota da sua preocupação
quanto à dimensão social da forma como as
cidades que cresciam muito estavam a ser
construídas, planeadas e equipadas.»
Atualmente, assiste-se a uma revisão
de paradigmas económicos e sociais, mas
as questões em torno do planeamento,
conservação e reabilitação do património
persistem. A reabilitação urbana é um
processo complexo, sendo, por isso,
fundamental encontrar políticas urbanas
atuais que «aceitem o principio elementar
abertura Intervenção de Paula Silva,
responsável pela Direção Regional da
Cultura do Norte (DRCN)
organizador José Fernando
Gonçalves, presidente da Secção
Regional do Norte da Ordem dos
Arquitectos e fundador do Projeto
Norte 41º
a ordem dos Arquitectos esteve
representada por Manuel Correia
Fernandes
vencedor Humberto Silva (na foto,
à direita), vencedor do Concurso
Internacional de Ideias Norte 41º, com
o seu sócio e arquiteto Humberto
Fonseca
eduardo souto de moura falou
sobre as infraestruturas urbanas
de que a cidade é melhor com gente do
que sem ela, de que o património é uma
mais-valia cultural, social e económica,
mas integrado nos mecanismos da vida
quotidiana, e que as cidades são melhores
desenhadas em função dos seus programas
sociais e políticos do que fruto da economia
de mercado, sem outro objetivo que o do
lucro». José Fernando Gonçalves concretiza
dizendo que «todos sabemos que falamos
de uma prática fácil, rápida e económica.
Importa, por isso, clarificar modelos,
critérios e metodologias apropriadas para as
distintas intervenções e rever a legislação».
Aos arquitetos cabe ter uma participação
ativa neste processo, os quais deverão
conjugar esforços com outras áreas
profissionais, nomeadamente com a
engenharia. Fernando de Almeida Santos,
presidente da Ordem dos Engenheiros da
Região Norte, reforçou a importância de
estas duas áreas conjugarem esforços e
aliarem a criatividade à funcionalidade.
Resgatar o Porto «é um ato de libertação,
que deve começar por nós próprios e, de
uma vez por todas, deixar de atuar com
base em clichés, em ideias feitas, repetir os
mesmos erros, sem refletir nem usar palavras
tão duras como esta [resgatar], embora
carregadas de esperança, o de resgatar a
cidade em que vivemos e de resgatar dentro
delas a sorte das pessoas», concluiu Manuel
Correia Fernandes.
De forma a incentivar a divulgação,
ampliação e aproximação da
arquitetura à sociedade, a Secção
Regional do Norte da Ordem dos
Arquitectos (OASRN) estabeleceu
várias parcerias. O projeto N41º Centro de Arquitectura, Criatividade
e Sustentabilidade nasceu dessa
vontade e do empenho da Caixa
em apoiar iniciativas que contribuam
para a valorização do património
e do desenvolvimento do País.
Desta feita, a arquitetura
e a reabilitação urbana foram
as eleitas. José Fernando Gonçalves,
presidente da OASRN, fez questão
de exprimir o seu agradecimento
à CGD, que, «no momento difícil
que passamos, acreditou neste
projeto e patrocinou, em 2013, todas
as iniciativas da Ordem
dos Arquitectos relacionadas
com o tema da regeneração urbana.
Acolheram este novo projeto
com muito entusiasmo,
encontrando nele validade
e oportunidade».
A programação apresentada
pelo projeto N41º incluiu o Concurso
Internacional de Ideias Norte 41º,
Regeneração Urbana do Quarteirão
Aurifícia, no Porto. A iniciativa visava
a definição de estratégias
de regeneração urbana para
o quarteirão delimitado pela Rua
Álvares Cabral, Praça da República/
Rua Mártires da Liberdade, Rua dos
Bragas e Rua de Cedofeita e espaço
público confinante. A proposta
vencedora foi da autoria do jovem
lisboeta Humberto Silva.
A cerimónia de entrega dos prémios
e a inauguração da exposição dos
trabalhos a concurso decorreram
no encerramento do seminário
internacional A Cidade Resgatada,
Reabilitar a Cidade (Re)desenhando-a.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
65
s
sustentabilidade
A parte positiva é que todo este processo foi
muito divertido», conta Mónica.
PA P E L F LO R E S C E N T E
Há vida para lá do papel
Uma marketeer e um consultor uniram esforços e convicções
para promover a consciência ecológica. O resultado é um papel reciclado que,
depois de utilizado, pode ser plantado
Texto Pedro Guilherme Lopes
MÓNICA OLIVEIRA E NUNO BERNARDES
foram colegas de faculdade e cedo
descobriram que um dos interesses que
partilhavam se prendia com as questões
ambientais e a preocupação com a
sustentabilidade. «Um dos motivos que
permitiu criar esta empatia entre nós foi,
precisamente, este interesse em comum.
Apesar de sermos de uma geração que
despertou muito tarde para a importância
da sustentabilidade, tínhamos ideias muito
claras sobre a forma como a sociedade pode
agir em prol da Natureza e do ambiente»,
recorda Nuno. E foi essaa
vontade de intervirem
de forma mais ativa
na promoção da
responsabilidade social
de cada cidadão que
os vez avançar para
um projeto em nome
próprio.
66
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Nascia, assim, o Papel Florescente
(papelflorescente.pt), um projeto voltado
para a sustentabilidade e preocupação
ecológica, que produz, de forma
completamente artesanal e ecológica, folhas
de papel reciclado que recebem sementes
de flores e plantas durante o seu processo
de fabrico. Isso permite que essa folhas
de papel possam ser plantadas, gerando
plantas vivas. «Tivemos de testar, testar e
testar muito o produto antes de o considerar
apto para comercialização. Porque não
somos desta área de atuação, houve muita
tentativa-erro até apurar
o produto final. Tivemos
de falar e consultar muitas
pessoas, desde empresas de
reciclagem, passando por
engenheiros ambientais e
alguns workshops. Ainda
hoje continuamos a fazer
esse trabalho de pesquisa.
Plantar o futuro
E se esta ideia de uma folha de papel
se transformar numa flor como o cravo
francês, em folhas de chá de camomila
ou num belíssimo manjericão lhe parece
muito complicada, os mentores do
projeto desmistificam esse pensamento.
«Verificamos, inúmeras vezes, que as pessoas
pensam que o processo exige alguma técnica
especial», explica Nuno Bernardes. «Mas, na
verdade, é muito simples. Antes de plantar,
pode usar as nossas folhas como qualquer
outra folha de papel normal. Pode escrever e
imprimir, sendo que, neste caso, a impressão
não funciona com impressão digital. Depois,
basta agarrar numa das nossas folhas, rasgá-la, enterrá-la em cerca de 10 a 15 cm de terra
e, depois, ir regando, mas sem encharcar
muito. E, em poucos dias, terá uma bela
planta.»
A aceitação do produto veio confirmar a
ideia de que os portugueses, de um modo
geral, estão conscientes da importância
de preservar o meio ambiente e que a
participação da sociedade portuguesa em
iniciativas de âmbito ecológico é cada
vez maior. E confirmou, igualmente, que
a originalidade e a inovação são trunfos
incontornáveis. «Mas nenhuma empresa,
nem mesmo as grandes, pode dar-se ao luxo
de parar de descobrir coisas novas. Nos
tempos atuais, em que o foco é a inovação,
diferenciação, empreendedorismo, design
thinking, uma empresa que não inove em
produtos ou serviços terá, certamente, um
percurso mais tortuoso para atingir ou
manter o sucesso e, eventualmente, acabará
por sucumbir», defende Mónica Oliveira.
E é com esse pensamento e com a certeza
de que ainda há muito a fazer pelo ambiente
que a dupla empreendedora já tem novidades
prontas a serem apresentadas em 2014.
Se a procura de novos mercados será uma
realidade, a introdução de revendedores será
uma forma clara de aumentar a divulgação
do Papel Florescente. E, em carteira, estão
três novos produtos: dois deles são uma
variação do atual Papel Florescente, o outro
é um produto que permitirá diminuir
a quantidade de consumo de plástico e
aumentar o consumo de papel reciclado.
c
cultura
as escolhas de...
Michel Rostain
3. O SABOR
DO PARAÍSO
Sextante Editora
Icek Erlichson
Lopes Vieira
Livro distinguido com o
Prémio Goncourt 2011, esta
é uma obra que não deixará
ninguém indiferente e que
parte da seguinte pergunta:
se a um filho que perde o pai
se chama órfão, que nome
de dá a um pai que perde um
filho?
Bertrand Editora
1. O MANIPULADOR
2. O FILHO
John Grisham
Bertrand Editora
O thriller jurídico ao seu
melhor nível, numa trama
que começa quando
Raymond Fawcett, juiz
federal da Virgínia, e a sua
secretária são encontrados
mortos em casa. Sem sinais
de luta, impressões digitais
ou testemunhas, a única
pista é um cofre-forte vazio.
(€ 13,95 na Wook on-line)
(€ 15,93 na Wook on-line)
Teresa
Escritora
Reconstruído a partir das
páginas que compunham as
memórias de Erik Erlichson
sobre a Segunda Guerra
Mundial, a sua condição de
judeu e as prisões sucessivas
em campos de trabalho e
campos de morte, nazis e
soviéticos.
As escolhas da vencedora
do Concurso Jovens
Criadores de 2013, na
categoria de literatura.
A AUTORA de Albatroz
sugere a leitura de Os
Anéis de Saturno, de W. G.
Sebald, «um dos melhores
autores do seu tempo».
Baseado no livro de Niccolò
Ammaniti, Eu e Tu é o filme
que a escritora aconselha
para vermos «uma história
de amizade, numa altura de
inocência e ingenuidade»,
e quando a pergunta incide
sobre música, a sugestão
vai para Psycho Tropical
Berlin, de La femme, uma
banda maluca francesa para
ouvir de manhã.
(€ 14,94 na Wook on-line)
2
3
1
4
8
4. ENCONTRO
DE AMOR NUM PAÍS
EM GUERRA
Luís Sepúlveda
Porto Editora
6
5
7
Todo o mundo do autor,
com as suas paixões e os
seus temas, comparece
neste notável livro de
relatos que confirma a
mestria do chileno.
(€12,96 na Wook on-line)
8. ORIGINAL ALBUM
SERIES
7. FIRE WITHIN
6. LISBOA 22:38
Birdy
António Zambujo
5. UMA CANÇÃO
DE EMBALAR
Miles Davies
Parlophone
Universal Music
Mary Higgins Clark
Parlophone
Um dos nomes maiores da
história da música, numa
caixa que reúne Tutu, Music
From Siesta, Amandla, Dingo:
Selections from the Motion
Picture e Doo Bop.
O muito aguardado segundo
disco de originais de uma
das mais talentosas cantoras
e pianistas do mundo. Aos
17 anos, Birdy continua
a encantar com o seu
romantismo alternativo.
Gravado ao vivo no Coliseu
dos Recreios, em dezembro
de 2012, este é o primeiro
registo do género do cantor
bejense, incluindo todos os
seus sucessos, entre eles
Lambreta e Zorro.
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Bertrand Editora
A «Rainha do Suspense»
revela-nos o segredo que
ameaça a vida de duas irmãs,
quando a empresa de mobiliário
da família é consumida pelas
chamas a meio da noite.
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Cx
a re v i s ta d a c a i xa
67
c
cultura
JÚLIO RESENDE
A mão que embala o fado
É tudo menos estranha a forma como se dedilha a alma portuguesa em Amália por Júlio Resende.
Pianista de uma música só - a boa -, o artesão que talha sons ao sabor do improviso mostra que o piano, afinal, também chora
por Ana Rita Lúcio
TRAZ FADOS em todos os sentidos, o músico
que dá a provar um dueto irrecusável – para
o público e para a Valentim de Carvalho,
que cedeu, pela primeira vez, os direitos de
utilização da voz da diva – entre Amália e
o piano. A quem escuta, resta saborear este
disco de estreia a solo, onde o eco de Resende
se mantém permeável a todos os compassos.
Cx: Garante que «a alma do fado não foi
preciso aprendê-la». Nasceu consigo?
Júlio Resende: É o mesmo que dizer que não
foi preciso aprender português. Imitei aquilo
que é a minha cultura e aquilo que estava à
minha volta, que é uma língua. Quando falo,
falo a partir de uma imitação de uma língua.
Integro essa língua em mim e, a partir desse
momento, posso fazer literatura com ela. Imito
e depois inovo. A alma do fado é algo que tem
que ver com ser português e, nesse sentido,
ninguém precisará de aprendê-la.
Cx: Que memórias do fado guarda de Olhão?
JR: Olhão é uma terra de pescadores e tem
alguns restaurantes onde se cantava fado. O
próprio Festival do Marisco de Olhão tem um
dia dedicado ao fado vadio. Essas foram as
primeiras experiências de fado ao vivo, mas,
depois, havia também a televisão, a rádio…
Cx: Diz que a Amália lhe entrava casa adentro,
sem pedir licença…
JR: Ouvia-a cantar Uma Casa Portuguesa,
Estranha Forma de Vida… Todas essas canções
fazem parte de um legado. Essas coisas não te
pedem permissão para te constituírem.
Cx: Entretanto, começou a tocar piano. O que é
que o puxou para o lado de lá da música?
JR: Era um lugar onde me sentia posto no
presente. A música faz-se em tempo real. Tens
de estar vivo, ligado ao presente. E essa deve
ter sido uma sensação que acarinhei, na altura,
mesmo sem ter consciência dela.
68
Cx
x
a re v i s ta d a c a i xa
Cx: É por isso que não abandona o improviso?
JR: Por isso mesmo. Por não gostar muito de
ter as coisas planeadas, porque nunca correm
como tu esperavas. E não estão vivas.
Cx: A sua relação artística com o fado não
começa neste disco. Como é que ela surge?
JR: Sempre me fez comichão essa força das
pessoas a cantar em cada música. Tendo em
conta que o piano é o meu instrumento e
me sentia cada vez mais próximo do fado e
de fazer um disco a solo, resolvi combinar as
duas coisas.
Cx: Teve de trabalhar o gesto?
JR: As minhas mãos funcionavam de uma
maneira já mais natural em relação a pensar
os cânones do jazz do que a encarnar o fado
no piano, que tem outra mecânica. Foi um
processo físico e mental, que leva o seu tempo.
Cx: O medo não é uma hipótese quando nos
atrevemos num dueto com Amália Rodrigues?
JR: Muito medo. E muita coragem. Não são
dissociáveis. Aprendi que a coragem não é
a ausência de medo, é fazer a coisa certa,
mesmo na presença dele. Esse medo serviu-me de incentivo a fazer alguma coisa com ele.
Cx: Enquanto músico e apreciador de fado e da
Amália, consegue-se saborear o momento?
JR: Sou o compositor de tudo o que ali está,
inclusive da ideia de juntá-la a mim. Já me
perguntaram se era possível comprarem-me o arranjo do Medo. Só se me comprarem
a mim. Porque não o escrevi em lado nenhum
e ele nunca mais vai acontecer da mesma
maneira. Nessa medida, sou um improvisador,
um compositor instantâneo em ato. Aquilo
não se repete – nem sei repetir. A partitura
perdeu-se no momento em que estava a fazê-la. Ficou gravada, felizmente, nesse registo.
Mas há uma grande diferença entre os outros
temas e este. É que ali estava ao serviço não só
de mim mesmo, mas de outra pessoa e queria
que essa pessoa e a voz que lhe pertence
tivessem toda a força que já tinham e, se
possível, mais. Quando estou a solo, sou eu
e a música. Ali, havia ainda uma outra força,
que é a voz e a presença da Amália.
Cx: Gravar no mesmo estúdio onde Amália
gravou é uma responsabilidade acrescida?
JR: É uma conspiração do mundo. Às vezes, as
conspirações não são más. Fico muito feliz por
ter sido lá.
Cx: Enquanto redescobria os temas que
trabalhou neste disco, houve espaço para se
surpreender com eles?
JR: Descobri imenso com eles. O quão
belos eles são, o quão belo era o canto da
Amália, o quão simples procura ser o fado e,
ao mesmo tempo, o quão forte e profunda
essa simplicidade é. Fiquei cada vez mais
apaixonado por essa música e pelas pessoas
que a constituíram. Descobri muitas coisas nas
letras e na matéria das canções. Também fui
percebendo melhor e apreciando ainda mais
os compositores, os letristas e os músicos que
tocaram com a Amália. Há o exemplo do Alain
Oulman, um pianista que a Amália convidou
para compor para ela, o que, na altura, foi uma
revolução, pela qual ela foi muito criticada.
Cx: Algum tema o desafiou particularmente?
JR: A Casa da Mariquinhas. A música é
saltitante, não faz lembrar o piano, faz lembrar
a guitarra. Essa música foi mais difícil, mas é
das que mais gosto no disco.
Cx: Precisamente porque, quando pensamos
o fado, tendemos a pensar no trinado da
guitarra, como é que conseguiu que o piano não
soasse como um intruso?
JR: A ideia era a língua do fado estar no piano.
O timbre da guitarra portuguesa está associado
ao fado. Mas a língua do fado tem maneirismos
que é preciso aprender, e foi isso que fiz.
Depois, há que perceber o que é que se está
a dizer. Essa é a parte transcendente, da alma
do fado. Espero que quando alguém ouvir o
disco não sinta estranheza, porque, além da
língua musical, está lá a matéria inorgânica,
inanalisável do fado.
Cx: As análises mais superficiais costumam
ceder às dicotomias: jazz aqui, fado ali, rock
acolá, etc. Essas balizas não lhe interessam?
JR: De todo. Costumo dizer que só há dois
tipos de música: a boa e a má. Imagina que
proibiam Pessoa de escrever romances ou
ensaios. «Porque é que não fazes só poesia?!»
«Mas eu trabalho a palavra!» Eu não trabalho a
palavra, trabalho os sons. Posso fazê-lo dentro
daquilo que se entende por fado, jazz, música
clássica, pop, etc. Sou um artesão do som.
Enclausurarem-me numa região qualquer, só
porque as categorias são mais importantes do
que a própria arte, é coisa que não admito.
Cx: Há outra parceria neste trabalho: o Júlio
toca, o Gonçalo M. Tavares escreve...
JR: É um escritor genial e que muito me honra
ter contribuído com a sua arte para este disco.
Gosto de pensar aquilo como uma espécie de
novas letras que não são para serem cantadas.
Porque o fado sempre esteve ligado à palavra.
Cx: Esse modo de harmonizar elementos que
poderiam parecer destoantes fê-lo aliar música
e filosofia. O que é que as une, além de si?
JR: Tudo. A filosofia procura significados,
princípios para as coisas. E, para mim, a
música deve ser uma expressão artística desses
princípios e dessa procura em ti. A música
não é técnica. Se alguém começar a tocar
piano com os punhos e tu te emocionares
com isso, a técnica não está em causa. Se se
conseguir, com essa técnica, cumprir um
significado emocional, essa é a função e a
responsabilidade do artista. Não é a técnica
e também não são as notas, nem o intervalo
entre elas: isso não é música. O que faz música
é outra coisa. A música é a ebulição que a
procura cria em ti e a catarse dessa energia a
partir do artístico. Talvez o início de tudo seja,
de facto, a filosofia, o espanto, a surpresa, o
querer estar atento às coisas e entrar dentro
delas de um modo mais profundo, vendo as
suas camadas. Isso faz música em mim.
A Caixa Geral de Depósitos apoia Júlio Resende e o álbum «Amália por Júlio Resende», no âmbito da sua política de responsabilidade social, em particular
no que remete para o apoio à música e à cultura nacionais. É neste contexto que se enquadra a ligação da Caixa ao fado, enquanto Património Imaterial da
C
Cx
Humanidade e expressão da identidade portuguesa. Uma ligação que ficou patente no recente festival Caixa Alfama – Aqui Mora o Fado, a primeira iniciativa ador e v i s t a d a c a i x a
género exclusivamente dedicada ao fado, em Alfama.
69
c
cultura
I LOV E K U D U R O
Muito mais do que dançar
Depois de Complexo, Universo Paralelo, Pedro e Mário Patrocínio
trocam as favelas do Rio de Janeiro pelas ruas de Luanda e oferecem-nos I Love Kuduro.
O resultado é um documentário que mostra como um género musical se transformou
na maior expressão da identidade angolana pós-guerra civil
Texto Hugo Gonçalves
«O KUDURO É MUITO ROCK AND ROLL»,
diz Mário Patrocínio na sala do apartamento
que a Bro – produtora que fundou com
o irmão Pedro, diretor de fotografia do
documentário – alugou em Copacabana
para os dias do Festival de Cinema do Rio
de Janeiro, onde terá lugar a estreia mundial
de I Love Kuduro. O realizador não se refere,
apenas, a influências musicais do estilo
nascido nos EUA, há cerca de meio século
(que as há, segundo os kuduristas), mas à
atitude temerária do rock and roll: a vida com
o prego a fundo, a rebeldia, o arrojo físico, o
frenesi da juventude.
70
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Aquilo que alguns dançarinos de
kuduro fazem no filme é, por vezes, tão
surpreendente e novo como os passos de
Michael Jackson em tempos de moonwalk.
Há instantes em que os kuduristas parecem
em transe, figuras tribais com poderes para
desdobrar o corpo e retorcê-lo de uma forma
que contraria os manuais de anatomia. «O
kuduro está muito associado aos jovens», diz
Mário. «Os kuduristas top são muito novos,
é uma energia jovem, frenética, de libertação
e de afirmação da sua identidade.» Ao longo
do filme, as estrelas sublinham esse desejo
de levar a sua cultura além fronteiras e o
próprio subtítulo da longa metragem, em
inglês, é: De Angola para o mundo.
Um herói chamado Ninguém
Nos anos 90, no tempo em que frequentava
a discoteca angolana Mussulo, em Lisboa,
onde escutou e viu kuduro pela primeira
vez, Mário tinha escrito uma sinopse para
este filme. A oportunidade de filmar I Love
Kuduro surgiu quando uma amiga, que
conhecia a ideia, sugeriu um encontro
com Coreon Du, nome artístico de José
Paulino dos Santos, filho do presidente
angolano, que é músico e responsável pela
Semba Comunicação, uma das principais
fornecedoras de conteúdos para a televisão
estatal, e que acabou a coproduzir o filme
com a Bro. O documentário acompanha a
vida de vários kuduristas, desde Sebem, um
dos pioneiros, que, durante a guerra civil,
compôs o sucesso Felicidade, até Cabo Snoop,
de 23 anos, a quem chamavam Ninguém,
porque a mãe tinha enterrado três filhos e
não queria dar-lhe um nome, e que recebeu o
prémio Brand New Artist, da MTV África.
Mário diz que a curiosidade por mundos
novos, que o levou ao cinema documental,
teve origem na infância. O pai, cardiologista,
era pintor, fotógrafo e colecionador de
câmaras e lentes. Quando recebeu uma bolsa
de investigação, mudou-se para Tóquio com
a família, onde ficaram três anos. Mário
tinha oito, Pedro cinco. «Foi como sair do
passado para o futuro. Era como estar nuns
desenhos animados. Ficou-me para a vida.»
A mãe filmava muito, há milhares de horas
de fita dos anos de Japão. E, como não havia
muitas crianças ocidentais em Tóquio em
1986, os irmãos estavam constantemente
a fazer anúncios de TV. Muitos anos mais
tarde, não querendo acabar o curso de
cor e alegria Imagens
de marca do kuduro
irmãos patrocínio Pedro
e Mário (à direita) voltam
a oferecer-nos um
documentário cativante
Economia, foi estudar cinema para Los
Angeles, depois para Paris e, finalmente,
para o Brasil, onde realizou e produziu, com
Pedro, câmaras emprestadas e atitude «mãos
à obra», Complexo, Universo Paralelo, sobre
um dos maiores conglomerados de favelas
do Rio. Desde 2004, foi o documentário
português com mais espectadores nas salas
nacionais: mais de 20 mil.
«O mundo precisa de mais cor»
Para filmar I Love Kuduro, Mário e Pedro
passaram seis meses em Luanda. «Desde
que me dou com kuduristas, passei a usar
mais cor», diz Mário. Não se trata, apenas,
da cor das roupas, dos cabelos tingidos e dos
acessórios de moda, ou sequer das lânguidas
cores de Angola, mas, também, de uma
maneira de estar na vida, uma disponibilidade
para a diferença e para a alegria. Há a dupla
Príncipe Ouro Negro e President Gasoline,
que falam (sempre) com uma sonoridade
estranha, só deles. Há Titica, a primeira
estrela transexual do país. Há Nagrelha, o
rapaz do musseque de Sambizanga, que já
andou no lado errado da lei. Há os Tchobari,
a dupla que junta Tchoboli e Sarissari,
que, no documentário, explica a qualidade
aglutinadora do kuduro: «Se quebrarmos a
barreira, ali eu não vou, ali eu não me sento,
ali eu não como... ganhamos mais. Isso é
Luanda, isso é Angola, acorda.»
Mário também acredita que o kuduro
quebra a tal barreira: tanto é ouvido pela
VEJA CINEMA COM
VANTAGENS
A Caixa e os Cinemas City
juntaram-se para oferecer um
conjunto de vantagens aos
amantes de cinema. Assim,
os titulares de cartões da CGD
beneficiam dos seguintes
descontos:
- Bilhete normal: 5,50 euros
(custo praticado: 6,70 euros);
- Bilhete VIP: 13,50 euros
(custo praticado: 18 euros);
- Bilhete VIP Light: 10,90
euros (custo praticado: 12
euros) – em funcionamento
exclusivamente nos Cinemas
City Alegro;
- Bilhete 3D: 8 euros (custo
praticado: 9,20 euros);
- Bilhete VIP Light 3D: 13,40
euros (custo praticado: 14,50
euros) - em funcionamento
exclusivamente nos Cinemas
City Alegro;
- Bilhete VIP 3D: 16 euros
(custo praticado: 20,50 euros);
Todos os descontos são
válidos até ao máximo de dois
bilhetes por cartão, em cada
sessão de cinema. Saiba quais
os cartões da CGD que dão
acesso a estes descontos em
www.vantagenscaixa.pt.
filha do general como pelo vendedor de rua.
O kuduro, que nasceu na Baixa de Luanda e
ganhou popularidade nos bairros pobres da
periferia, está hoje em todo o país. «Até há
imagens do presidente [José Eduardo dos
Santos] a dar um coro [de uma música].
Toda a gente bate o pezinho. O kuduro é uma
expressão ampla e genuína do que é Angola,
funciona como o catalisador de algo bom.
Velhos e novos estão cansados da guerra,
estão a trilhar o seu caminho e, como na
nossa vida pessoal, para seguir em frente é
preciso deixar coisas para trás. Há uma fome
do que é novo», diz Mário. Talvez seja por
isso que, ao vermos os kuduristas agitando o
corpo, não nos é difícil imaginar que estão a
sacudir dos ossos 40 anos de conflito.
O filme estreia em Angola no primeiro
trimestre de 2014 e só depois em Portugal.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
71
a
agenda
DANÇA
Inserido no ciclo Isto é Jazz?,
comissariado por Pedro Costa,
este concerto reúne o japonês
Akira Sakata e Giovanni Di
Domenico. O primeiro é um
pioneiro do free jazz no Japão e
um dos primeiros daquele país
a mostrar no exterior que havia
uma forma nipónica específica
de tocar o jazz da liberdade.
Domenico representa um novo
tipo de improvisador, que integra
uma imensa variedade de
influências num estilo sincrético.
Fica no Singelo
24 e 25.01
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Música
Este projeto surgiu da
vontade de trabalhar o
universo da dança e da música
tradicionais portuguesas,
explorando as suas mais
variadas manifestações, numa
abordagem contemporânea.
Envolve um processo
aprofundado de pesquisa sobre
técnicas, materiais e funções
associados aos bailes populares
e ao folclore, bem como a
reflexão crítica sobre alguns
conceitos-chave, como a cultura
popular e a cultura de arte, o
ritual e o convencional, o rural e
o urbano. Pela Companhia Clara
Andermatt.
EXPOSIÇÕES
Artistas Portugueses
Até 06.02
Fundação Arpad Szenes
– Vieira da Silva, Lisboa
A exposição de artistas
portugueses resulta de uma
coleção não planeada, de Vieira
Caixa de Música – Concertos
para Famílias
16.02
Centro Cultural de Belém, Lisboa
Com narração e comentários
de Susana Henriques e sob a
direção do maestro Reinaldo
Guerreiro, este é um concerto
para ser saboreado em família
e sem constrangimentos
de idades. Em palco, serão
interpretados Children’s
Overture, de Bozza, e Hans
da Silva e de Arpad Szenes,
que funciona como uma
espécie de diário, de álbum
de clichés, registo de afetos e
vivências, que situa, através da
produção artística, a presença
de determinada pessoa em
determinado momento. A
exposição é complementada
por documentação, fotografias
e correspondência do acervo
documental da Fundação.
MÚSICA
Concerto de Reis
CONDIÇÕES PARA CLIENTES DA CGD
40% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO
DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO
AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA
ITIC, ISIC, CAIXA IU E CAIXA ACTIVA.
30% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO
DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO
AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA
GOLD, CAIXA WOMAN, VISABEIRA
EXCLUSIVE E CAIXADRIVE.
72
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
05.01
Teatro das Figuras, Faro
Sob a direção do maestro
Cesário Costa, a Orquestra
Clássica do Sul (OSC) assinala
o Dia de Reis com mais
um inesquecível concerto.
Composta por 31 músicos
Christian Andersen Suite.
Os vários instrumentos
que compõem a orquestra
transportam-nos para paisagens
únicas, convidando as famílias
a partilharem um momento e
um concerto diferentes, em que
o grande repertório orquestral
se cruza com uma disposição
cénica estimulante e muito
comunicativa. À semelhança de
edições anteriores, este evento
conta com o apoio da Caixa Geral
de Depósitos.
selecionados em concurso
público internacional, a OCS
apresentará Messias, HWV 56,
de Georg Friedrich Haendel,
acompanhada pelo Coro de
Câmara Lisboa Cantat, de Job
Tomé (barítono), Carlos Monteiro
(tenor), Sara Afonso (soprano) e
Carolina Figueiredo (contralto).
Kachupada
17.01
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Carmen Souza nasceu em
Lisboa (1981), no seio de uma
família cabo-verdiana. Cresceu
falando crioulo e português,
rodeada da maneira de viver dos
seus pais. Descoberta, aos 17
anos, pelo baixista Theo Pas’cal,
que se tornou no seu produtor
e mentor, rapidamente constrói
um som inconfundível, servido
por um timbre e uma técnica
vocal únicos e de grande beleza.
Samara Lubelski
Akira Sakata
e Giovanni Di Domenico
17.01
Fundação CGD – Culturgest, Porto
10.01
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Não raras vezes descrita
como uma música predileta
dos músicos, Samara Lubelski,
nova-iorquina nada e criada,
é uma das mulheres com
maior impacto no universo
independente de produção de
música mais arrojada. Nesta
sua atuação a solo, Samara vem
apresentar o seu trabalho para
violino acústico amplificado
vintage
v
AS HORAS DA CAIXA
O relógio de ponto
A gestão do tempo é uma marca dos nossos dias, inclusive nos locais
de trabalho, onde o relógio de ponto fez história
Por Gabinete de Património Histórico da CGD
Ao longo da História, o conceito
de tempo tem sofrido uma grande
transformação. O tema remonta à
alvorada do pensamento filosófico
na Antiga Grécia, com Platão e
Aristóteles, passando pelo tempo
absoluto de Newton até à Teoria
da Relatividade de Einstein.
Da Antiguidade e dos seus
primeiros exemplares (relógios de
sol, de água e de areia), chegamos,
hoje, à conceção do tempo
iniludível, linear, progressivo
e fundamental ao progresso da
sociedade. E com um instrumento
científico capaz de medir, de
quantificar e de rentabilizar o
tempo – o relógio.
A Revolução Industrial iniciada na Europa
do século XVIII trouxe a inserção de novas
tecnologias no meio social, modificando a
paisagem urbana com a proliferação de fábricas
e o rápido crescimento das cidades. Foi com
o surgimento das fábricas e a precariedade de
salários e das condições de trabalho que se tornou
premente regular o tempo. Assim, o chamado
«tempo das fábricas» regia o tempo do trabalho,
da alimentação e do descanso dos operários,
controlando e premiando o tempo da produção
e da riqueza. O relógio surgiu nas fábricas, nas
empresas, nos serviços e nos bancos, tornando-se
inerente ao crescimento da atividade industrial, ao
aumento da produção e à ideia de lucro.
A primeira referência ao relógio de ponto
mecânico surge em 1888, atribuído a Willard
Bundy, um joalheiro de Auburn, em Nova
Iorque, que criou a Bundy
Manufactoring Company, uma
empresa de fabrico de relógios.
Este tipo de relógio surgiu em
substituição dos antigos livros
de ponto e tinha por função
controlar a pontualidade e a
assiduidade dos empregados.
Provido de mecanismos
complexos, era, porém, uma
forma eficaz de controlo. Para
isso, utilizava-se um cartão
individual, que, ao introduzir-se numa ranhura e acionando
uma alavanca, obliterava o cartão
com a indicação da hora, o
dia da semana e a parte do dia
correspondente. Daí a expressão
«picar o ponto».
O relógio de ponto mecânico
aqui ilustrado pertence à coleção de relógios do
acervo museológico da CGD e foi fabricado pela
National Time Recorder C.º Ltd. – London, no
início do século XX.
Até ao aparecimento dos microprocessadores,
os relógios de ponto eram mecânicos ou
eletromecânicos. Com o aparecimento do
microprocessador, desenvolveram-se sofisticadas
tecnologias de controlo de assiduidade, que
modificaram a impressão e a gestão do tempo.
Da informática à biométrica de grande precisão,
fiabilidade e de combate à «fraude», o relógio
de ponto veio para ficar. Ele é o regulador
da atividade diurna e noturna, um alerta
permanente que comanda os tempos de ausência
e permanência no local de trabalho.
FACTOS
apontados
em 1888
No ano em que surgiu
o primeiro relógio de
ponto mecânico, outros
acontecimentos marcaram
o ar do tempo.
Nasce, em Lisboa, o poeta
Fernando Pessoa.
1.
2.
É fundada a National
Geographic Society,
ainda hoje uma das mais
proeminentes organizações
de divulgação científica.
Sucedem-se, em
Londres, os cinco
ataques sanguinários
de Jack, o Estripador.
3.
Frederico III sucede
a Guilherme I como
imperador germânico e rei da
Prússia. Poucos meses depois,
dá lugar a Guilherme II, naquele
que ficou conhecido como o
«ano dos três imperadores».
4.
A princesa Isabel assina
a Lei Áurea, abolindo a
escravatura no Brasil.
5.
O piloto-aviador francês
l. Roland Garros nasce
em Saint-Denis, na ilha de
Reunião.
6.
O clube escocês Celtic
FC disputa o seu primeiro
jogo de futebol contra o
Rangers FC, rival de Glasgow.
7.
8.
9.
Nasce a célebre marca de
cerveja brasileira Brahma.
É publicada uma das
obras-primas de Eça de
Queirós, Os Maias.
Van Gogh perde a
orelha esquerda num
incidente que permanece, até
hoje, envolto em mistério.
10.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
73
f
fecho
C A M PA N H AS
Casa e tecnologia
A Caixa apresenta-lhe duas propostas para si
e para a sua casa, com possibilidade de pagamentos fracionados
através dos cartões da CGD
Até 30 de abril de 2014, a Caixa, em
parceria com a Yunit, selecionou um
conjunto de produtos para a casa e de
tecnologia, com ofertas exclusivas, que
poderá adquirir com o seu cartão de crédito
da Caixa, com possibilidade de fracionar
o pagamento até 48 meses.1
E, até 31 de janeiro, as transferências para
pagamentos fracionados (no máximo de
seis) beneficiarão do adiamento da cobrança
das prestações, começando a ser pagas
apenas no extrato de março. Aproveite esta
oportunidade para pagar as suas compras
ainda com maior flexibilidade e desfrute das
ofertas específicas das duas campanhas.
CAMPANHA CASA 2013/2014
Casa Alegre:
> Linha Folliage – serviço de mesa de 51
peças (12 pax.), com oferta de decantador.
Vista Alegre Atlantis:
> Linha Terrace – serviço de mesa de 68
peças (12 Pax.), com oferta do serviço de
café de 15 peças;
> Linha Cristal Light – serviço de cálices de
36 peças (12 Pax.), com oferta de garrafa de
vinho;
> Linha Elegance – faqueiro de 130 peças
(12 Pax.), com oferta de estojo em madeira.
CAMPANHA TECNOLOGIA 2013/2014
Smart TV Samsung:
> Full HD LED TV 40” F6320 series 6.
Resolução 1920 x 1080. Acessórios incluídos
– dois óculos 3D ativos e cabo de extensão
de infravermelhos, com oferta exclusiva de
um par de óculos 3D ativos;
> Full HD LED TV 55” F4000 series 6.
Resolução 1920 x 1080. Acessórios incluídos
– dois óculos 3D ativos e cabo de extensão
de infravermelhos, com oferta exclusiva de
um par de óculos 3D ativos.
Smartphone Samsung:
> Galaxy S4 mini. Ecrã de 4,3”. Resolução
540 x 960 (Qhd), memória 8 GB, com oferta
exclusiva de duas capas.
Tablet Samsung:
> Galaxy Tab3 7.0 3 G + wifi 8 G, com
oferta exclusiva de Hub All Share Cast;
> Galaxy Note II (N 8020) 4 G. W. Ecrã
portátil 10,1”, com oferta exclusiva de Hub
All Share Cast.
Portáteis Toshiba:
> Satellite Pro C50-A-1GN (PSCGKE-009006EP). Ecrã de 15,6”, com oferta
exclusiva de mala de transporte;
> Híbrido Portégé Z10t-A-111. Ultrabook
de 11,6”, com oferta exclusiva de mala de
transporte.
Pode obter mais informações ou efetuar
a sua encomenda numa Agência da Caixa, no
Caixadirecta telefone, na loja on-line (através
do Caixadirecta on-line), em www.cgd.pt
ou através da linha Yunit – 707 20 88 20.
(1)
TAEG de 18,8%, na modalidade de pagamentos
fracionados, para um montante de 1500 euros, com
reembolso a 12 meses, à TAN de 15%. Prestação
mensal: 135,39 euros; MTIC: 1643,12 euros.
A sua casa ao detalhe
O ISQ SAVE oferece um serviço de
diagnóstico imobiliário baseado no
levantamento e análise de anomalias
e/ou deficiências do imóvel. O diagnóstico
permite dotar os clientes de um
relatório técnico que fortalecerá as suas
pretensões, quer a nível legal, quer num
possível negócio imobiliário.
Realizado por técnicos qualificados e
74
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
com equipamentos tecnologicamente
avançados, permite analisar o imóvel,
tendo presente as condições de
segurança, funcionalidade e estado de
conservação do mesmo. O diagnóstico
atua no âmbito da construção, acústica,
térmica, instalações hidráulicas, rede
de gás, instalações elétricas e de
telecomunicações.
É oferecido aos titulares de cartões da
CGD um desconto de dez por cento nos
diagnósticos SAVE_All, SAVE_Valor e na
análise patológica da construção.
Saiba quais os cartões em
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A Caixa sabe que, nos dias de hoje, muitos Portugueses acham que não conseguem poupar. Mas com as Soluções
de Poupança Automática, poupar não só é possível como automático. Por exemplo, pode recorrer ao agendamento
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Automática de Mesada. Ou simplesmente usar a App Caixadirecta e aumentar as suas poupanças com um simples toque
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