Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe

Transcrição

Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia
26 de abril de 2012
Al Jazeera
História e expansão da emissora árabe
Turma 2
Daniela Mesquita
Fabiana Oliveira
Técnicas de Expressão Jornalística I - Televisão
Docente: Helena Lima
CC:JAM 2
Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
Índice
Introdução …………………………………………………………………………………………………….. 3
1996 – 2001: O início ……………………………………………………………………………………... 4
2001 – 2012: Cobertura de conflitos ……………………………………………………………..… 5
11 de setembro, declarações de Bin Laden e Guerra do Afeganistão ……..... 5
Guerra do Iraque ………………………………………………………………………………..... 6
Conflito israelo-árabe e Faixa de Gaza …………………………………………………... 6
Primavera Árabe e Revolta na Síria ……………………………………………………..... 7
O crescimento da estação ……………………………………………………………………………..… 8
Cronologia …………………………………………………………………………………………………..... 11
Conclusão ……………………………………………………………………………………………………... 12
Bibliografia e webgrafia ……………………………………………………………………………….... 13
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
Introdução
“Quem deu início ao canal? Porquê agora? Como é financiado? Qual a relação
exata do canal com Osama bin Laden? Estaria relacionado com a resistência no
Iraque? Grande parte da imprensa ocidental pareceu interpretar o repentino
crescimento da Al-Jazeera como um sinal de uma glasnost islâmica iminente. Mas
seria isto verdade? E o que pensam os próprios árabes? Estariam as notícias de
televisão por satélite a conduzir os países árabes em direção a uma democracia
verdadeira ou era estes apenas um tipo de substituto?” (MILES, 2006:5)
Quando se pensa na emissora de televisão jornalística Al Jazeera, a associação aos
conflitos e acontecimentos relacionados com o mundo árabe do século XXI é inevitável. O
mundo ocidental tem uma visão muito própria, mas pouca definida daquela que é uma das
estações televisivas que mais se destacou e mais impacto teve ao longo dos últimos anos,
mas os factos sobre o canal estão disponíveis e permitem um esclarecimento pleno sobre a
posição e os objetivos da emissora que revolucionou o jornalismo televisivo árabe.
Criticada, fonte de controvérsia e alvo de ataques e censura, a Al Jazeera foi e continua a
ser fonte de informação e comunicação. Evidencia-se por ser um canal em expansão onde a
liberdade de expressão atinge um nível antes dificilmente visto no mundo árabe. É uma
ponte entre o Médio Oriente e o resto do mundo, uma emissora de notícias com moldes tão
iguais a centenas de emissoras ocidentais, mas com raízes muito próprias e uma
importância desmedida.
Esta importância passou a ser reconhecida mundialmente a partir de 2001. Assim,
optamos por uma divisão lógica da história do canal: os primeiros anos da estação (19962000) e os acontecimentos de destaque do século XXI (2001-2012). A pertinência de uma
terceira parte que descreve a história da Al Jazeera ao nível dos canais afiliados e de
estratégias do ponto de vista jornalístico surge com a necessidade de destacar a emissora
enquanto exemplo de atualidade e profissionalismo.
Ciente das barreiras já ultrapassadas e de outras tantas a ultrapassar, a Al Jazeera
investe agora num jornalismo cada vez mais adaptado ao panorama informativo atual. “A
informação televisiva integrou-se na sociedade como sendo um recurso de conhecimento,
ainda que num ambiente de parcialidade e mediação. Uma mediação feita pelo poder
político e económico que, quem domina a televisão, exerce sobre a sociedade.” (HERREROS,
1998:25) – uma pesquisa ao nível da história do canal, uma recolha de dados e uma análise
factual pretendem concluir até que ponto a mediação e parcialidade estão presentes neste
canal de televisão que exerce um papel cada vez mais ativo na sociedade, no mundo.
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
1996 – 2000: O início
Foi no Catar, país de costumes inflexíveis, que surgiu a primeira experiência na área dos
media independentes no Médio Oriente. A história da Al Jazeera – “A Ilha”, em árabe envolve dinheiro proveniente do petróleo, conhecimento britânico e uma vontade árabe de
criar algo diferente.
Tudo começou na Arábia Saudita, em 1994, com um acordo entre a rede inglesa BBC e a
emissora saudita Orbit Communications. A ideia era realizar uma versão árabe do conteúdo
internacional da BBC, até então veiculado em inglês para o Médio Oriente. Porém, o acordo
foi desfeito antes do previsto: o padrão editorial da rede britânica – que não admitia
censura estatal – não agradou nem um pouco aos sauditas. Eles preferiram desfazer o pacto
a ter de assistir a entrevistas dos opositores do seu regime na nova emissora. Cerca de 250
profissionais árabes treinados pela BBC, que apostaram tudo na ideia de levar notícias sem
censura ao público do Médio Oriente, ficaram temporariamente desempregados com o
encerramento do canal.
O fim da parceria chegou numa altura favorável para Hamad bin Khalifa Al Thani, emir
do Catar. O projeto de montar uma rede de televisão independente – a imprensa árabe
sempre fora controlada pelo governo – era a maior de suas reformas. Hamad marcou a
história do país quando em 1995, através de um golpe, tirou o seu pai do trono e se tornou
rei. No poder, concedeu direito de voto às mulheres e aboliu a figura do Ministro da
Informação, que censurava grande parte das notícias dentro dos países árabes. Como tudo o
que tem sido construído no Catar e na sua gestão, também a rede de TV deveria (pelo menos
tentar) ser a maior e a melhor do mundo, o que exigiria tempo e dinheiro. Hamad reunia as
duas condições e foi com esse formato inglês, a vontade de mudança dos profissionais
árabes e um investimento inicial do governo de 150 milhões de dólares que, a 1 de
novembro de 1996, a Al Jazeera transmitiu o seu primeiro telejornal. A popularidade da
emissora que transmitia inicialmente apenas 6 horas por dia foi quase instantânea entre os
árabes, dado que esta apresentava reportagens de linguagem e conteúdos ousados. A
primeira cobertura de guerra da emissora, em outubro de 2000, com a eclosão da Segunda
Intifada, na Palestina, é um bom exemplo dessa ousadia.
Os assuntos retratados da rede televisiva desencadearam mudanças sucessivas nos
restantes canais árabes que, face à popularidade conseguida pela Al Jazeera, decidiram
copiar o formato. No entanto, persistiram algumas diferenças e uma era crucial: o canal
entrevistava cidadãos israelitas. Mas se por um lado, o conflito na Palestina o tornou famoso
no meio árabe, foi a guerra no Afeganistão que o tornou conhecido em todo o mundo. A
atenção dedicada à região anos antes dos conflitos permitiu à Al Jazeera uma facilidade de
acesso a locais estratégicos da guerra. Em fevereiro de 2000, o regime Talibã convidou a
rede árabe e a CNN para abrirem escritórios no país. A emissora americana recusou o
pedido, ao contrário da Al Jazeera que passou a estabelecer contactos com o regime vigente
e com civis afegãos. Isso viria a facilitar a cobertura em 2001, quando o regime
fundamentalista e nacionalista islâmico proibiu a entrada de novos repórteres no
Afeganistão.
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
2001 – 2012: Cobertura de conflitos
Do Catar para todo o mundo, de forma repentina e inesperada - foi assim que em 2001
a Al Jazeera ganhou visibilidade nos Estados Unidos e, logo de seguida, em todos os países
ocidentais. Ao longo dos últimos 10 anos, a estação televisiva teve um papel na divulgação
de informação relativa a vários conflitos do mundo árabe e garantiu a cobertura dos
mesmos, levando imagens inéditas dos confrontos a inúmeros noticiários. Declarações
inéditas de figuras internacionalmente procuradas, reportagens e atualizações constantes
sobre a Guerra do Afeganistão, sobre a Guerra do Iraque, sobre os confrontos na Faixa de
Gaza e, mais recentemente, sobre os tumultos associados à Primavera Árabe são alguns dos
fatores que levaram a Al Jazeera a um lugar de destaque entre as mais influentes estações
televisivas da atualidade.
11 de setembro, declarações de Bin Laden e Guerra do Afeganistão
Foi a partir dos atentados do dia 11 de setembro de 2001 que um canal de televisão
árabe sediado no Catar chamou a atenção dos norte-americanos, nomeadamente ao longo
das operações de captura a Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda, organização terrorista
alegadamente responsável pelos ataques. Na noite de 7 de outubro, o pivot interrompeu a
emissão para noticiar explosões na cidade de Cabul, Afeganistão, e introduziu um direto
com um repórter que se encontrava no local. Em determinado momento da emissão, um
míssil caiu perto do correspondente e pouco depois este declarou não saber onde se
encontrava o operador de câmara. Nessa noite, o repórter recebeu um vídeo da Al-Qaeda
cujas imagens foram divulgadas, de imediato, pela Al Jazeera. Assim, a estação transmitiu
vídeos recebidos por parte de Bin Laden, que praticamente assumiu responsabilidade pelo
atentado e, desta forma, as imagens de um dos fugitivos mais procurados de todo o mundo
fizeram notícia. A estação foi criticada por se considerar que estava a ser dada uma ”voz”
aos terroristas, contudo emissoras televisivas em todo o mundo adquiriram as imagens e
também as transmitiram. Os ataques do 11 de setembro reacenderam a Guerra do
Afeganistão e a Al Jazeera, com um acompanhamento constante dos acontecimentos,
começou então a dar os primeiros passos para se vir a tornar uma das mais relevantes
estações de televisão jornalísticas a uma escala global: muitas dos grandes canais de
televisão, como não tinham acesso à zona de guerra, faziam uso das imagens captadas pelo
canal catariano. A par desta expansão, continuavam presentes acusações e críticas por parte
dos norte-americanos: nos media, a Al Jazeera foi várias vezes acusada de apoiar o
terrorismo e de ser anti-americana. A utilização de imagens chocantes que retratavam o
drama dos civis muçulmanos influenciou também a opinião pública e foi mais uma das
provas de que este não era apenas mais um canal informativo igual a tantos outros.
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
Guerra do Iraque
A invasão do Iraque pelos Estados Unidos da América, em 2003, originou uma
cobertura mundial controversa. A precisão dos factos, motivações e acontecimentos
revelou-se várias vezes tendenciosa, particularmente no acompanhamento da guerra feito
pelos media norte-americanos. Em comparação com este, a cobertura feita pelos meios de
comunicação dos outros países apresentou várias diferenças significativas e a Al Jazeera foi
o caso mais óbvio. A emissora árabe difundiu várias imagens de mortes de civis (referindose a eles como “mártires”) e transmitiu conferências de imprensa com oficiais iraquianos
que afirmavam estar a vencer a guerra. À data das invasões iraquianas, a Al Jazeera viu a
concorrência no mundo árabe aumentar, nomeadamente por parte da Abu Dhabi TV.
No dia 8 de abril do mesmo ano, os Estados Unidos bombardearam os escritórios da Al
Jazeera em Bagdad. O incidente resultou na morte de um jornalista, Tariq Ayoub, e os
restantes sobreviventes refugiaram-se nos estúdios da Abu Dhabi TV, mas também estes
foram alvo de ataque. O porta-voz do Comando Central norte-americano declarou que a
emissora televisa do Catar nunca fora um alvo a atacar, mas o canal tinha fornecido as
cordenadas exatas das instalações antes do início do conflito no Iraque e a opinião
generalizada é de que o ataque à Al Jazeera foi deliberado. A polémica aumentou ainda mais
quando, em 2005, foi tornada pública pelo The Daily Mirror a existência de um memorando
que especulava o bombardeamento da sede da Al Jazeera, no Catar. O artigo publicado no
jornal noticiava que Tony Blair, primeiro ministro do Reino-Unido na altura, persuadiu
George W. Bush para não seguir com o plano de destruir as instalações da estação televisiva.
Conflito israelo-árabe e Faixa de Gaza
Sendo a questão israelo-palestiniana um dos conflitos mais vincados do Médio Oriente,
é natural que a Al Jazeera tenha acompanhado os diferentes confrontos e incidentes. De
2000 a 2005, teve um papel importante na cobertura da designada Segunda Intifada. No
livro Al-Jazeera: The Inside Story of the Arab News Channel that is Changeling the West, é
descrita a forma como a emissora conseguiu despertar a atenção dos telespectadores para o
problema: “Um tiroteio decorria entre a milícia palestiniana e as tropas israelitas em Gaza
quando Jamal al-Durra e o seu filho Muhammad deram por si no meio do conflito.
Muhammed foi filmado a ser atingido no abdómen. Ferido e sem possibilidade de conseguir
ajuda, morreu nos braços do seu pai.” A história de pai e filho que “não se estavam a
manifestar, não estavam armados nem atiravam pedras, apenas caminhavam em direção a
casa” correu os media e, rapidamente, Muhammed al-Durra se tornou um “mártir”. “A Al
Jazeera transmitiu repetidamente o vídeo do rapaz a ser atingido e, durante vários dias, a
imagem da sua morte tornou-se um emblema da intifada.” (MILES, 2005:73) A capacidade
de criar impacto através do poder de um jornalismo tão próximo ficou mais uma vez
comprovada.
Ainda sobre o conflito israelo-árabe, a televisão sediada no Catar revelou-se exímia na
cobertura dos bombardeamentos ocorridos na Faixa de Gaza, em 2008/2009 - a “Operação
Chumbo Fundido”. A guerra na cidade de Gaza foi acompanhada por telespectadores de
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
todo o mundo através da então fundada versão inglesa da estação. Nesse ano, a Al Jazeera
English ganhou prémios pelo trabalho jornalístico desempenhado e pelas notícias que fez
sobre a ofensiva militar por parte das Forças de Defesa israelitas que destruiu 47 000 casas
em Gaza e resultou na morte de pelo menos 1440 palestinianos (grande parte crianças,
como indicam os artigos publicados no website da emissora televisiva).
Primavera Árabe e Revolta na Síria
Os motivos mais recentes que levaram imagens capturadas pela Al Jazeera aos canais
informativos de todo o globo estão associados à Primavera Árabe. A onda revolucionária,
iniciada no final de 2010 e sem fim à vista, que tem corrido o mundo ganhou destaque no
canal cuja relação com o Médio Oriente não podia ser mais próxima. Num artigo publicado
no website da televisão canadiana The National, em junho de 2011, é destacada a relevância
que a Al Jazeera alcançou no ocidente, resultado dos referidos conflitos: “Atualmente, numa
maré de revoluções, a Al Jazeera está em alta nos Estados Unidos, sendo fortemente
elogiada pela recente cobertura realizada”. No mesmo artigo, é também mencionada uma
citação de Hillary Clinton que refere que a estação televisiva árabe está “literalmente a
mudar as atitudes e as mentalidades das pessoas de forma eficaz” e que “as audiências da Al
Jazeera estão a aumentar nos Estados Unidos, porque esta publica notícias reais”. A estação
tem feito uma cobertura completa dos acontecimentos em vários países do Médio Oriente e
do Norte de África, como a Tunísia, a Argélia, o Egito, a Líbia, o Iémen ou o Iraque.
Recentemente, é de destacar o impacto dos conflitos na Síria: no site da Al Jazeera é
possível consultar todos os acontecimentos relacionados com o país, numa secção específica
onde estão disponíveis notícias, programas especiais, reportagens de ação, vídeos
exclusivos e artigos de opinião. Nesta fase, a controvérsia volta a surgir, quando a emissora
televisiva é acusada de parcialidade e de manipulação de imagens – o auge destas acusações
dá-se quando Ali Hashem, um jornalista libanês correspondente do canal, se demite depois
de vários e-mails seus se terem tornado públicos. Nos e-mails, Hashem expressava a sua
frustração com a cobertura feita pelo canal que aparentemente estava a fazer uma seleção
criteriosa das imagens e um jornalismo “tendencioso” devido a interesses do emir do Catar.
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
O crescimento da estação
“Al Jazeera English estava lá para captar cada momento, e é um privilégio
ainda maior para os nossos repórteres e escritórios em todo o mundo
receber este prémio em reconhecimento do nosso excelente trabalho.
Esperamos poder continuar a fornecer, em profundidade, a cobertura
premiada da Al Jazeera English enquanto esta cresce em alcance
e popularidade em todo o mundo. "
Al Jazeera English wins RTS news channel of the year
Tara Conlan, 23 de fevereiro de 2012
The Guardian (www.guardian.co.uk)
Inicialmente, “A Ilha” preocupava-se em ser o olhar dos árabes sobre o mundo, mas isso
não bastou para a emissora. Agora, em inglês, e ultrapassada a barreira da linguagem, ela
quer ser a voz dos árabes para o mundo. Esta vontade e a preocupação de mostrar “cada
ângulo, cada lado” tornou-a um fenómeno televisivo de popularidade e deu-lhe as condições
para se expandir e criar emissoras próprias.
Sediada em Doha, no Catar, a Al Jazeera é hoje uma rede televisiva internacional a
transmitir 24 horas por dia. Tem 35 escritórios espalhados pelo mundo, 2 sites oficiais (um
em árabe e um em inglês) e 4 emissoras próprias: a Al Jazeera Sports, a Al Jazeera
Mubasher, a Al Jazeera Children’s Channel (JCC) e a Al Jazeera Documentary.

A Al Jazeera Sports (2003) é um canal dedicado ao desporto com bastante
popularidade na língua árabe.

A Al Jazeera Mubasher (2005), também conhecida por Al Jazeera Live, é um
canal
de
interesse
público
(semelhante
ao C-SPAN),
que
transmite conferências e eventos políticos em tempo real, sem edição
ou comentários.

A Al Jazeera Children Channel – JCC (2005) é um canal de televisão voltado
exclusivamente para as crianças. Com uma programação apenas em árabe, a
emissora infantil é uma iniciativa conjunta do governo do Catar e da
multinacional francesa Lagardère Images.

A Al Jazeera Documentary (2007) é também transmitida em árabe e emite
todo o tipo de documentários televisivos.
O canal em inglês é transmitido a partir de quatro estúdios em pontos estratégicos: Doha,
no Catar; Washington D.C., nos EUA; Londres, no Reino Unido e Kuala Lumpur, na Malásia.
A audiência da emissora está em constante crescimento e é formada principalmente por
telespectadores residentes em países do mundo árabe e imigrantes na Europa,
principalmente na França (onde vivem 4,5 milhões de árabes ou descendentes) e
na Alemanha. Ainda assim, a emissora tem planos para atingir um público de 80 milhões de
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
pessoas em 47 países, podendo ser transmitida via Internet, por operadoras de cabo ou via
satélite. No entanto, estes planos de audiência podem sofrer alterações, porque a maior
operadora de cabo dos Estados Unidos, a ComCast , voltou atrás num acordo feito com Al
Jazeera tendo que ser substituída por uma operadora de satélite de menor alcance.
“Al-Jazeera English destacou-se na competição contra a Sky News e a BBC, ao
ganhar o título News Channel of the Year pela primeira vez nos RTS Television
Journalism Awards.”
Al Jazeera English wins RTS news channel of the year
Tara Conlan, 23 de fevereiro de 2012
The Guardian (www.guardian.co.uk)
A
estação
do
“fearless
journalism”,
sendo
agora
um serviço
de
comunicação globalmente orientado, segue um código de ética baseado na verdade,
independência e respeito, em conformidade com a visão e a missão a que se propôs, e tem
conseguido, com o seu tipo de jornalismo, ganhar vários prémios que destacam a sua
qualidade, irreverência e luta contra a censura. Um bom exemplo é o prémio que lhe foi
atribuído pelo grupo britânico Index on Censorship (Índice de Censura), pela sua
independência e reputação de divulgar notícias de confiança.
Também em maio de 2011, a Columbia University's Graduate School of Journalism, em
Nova Iorque, nomeou a Al Jazeera English como vencedora do Columbia Journalism Award,
dando-lhe o reconhecimento de "jornalismo singular de interesse público". A faculdade
selecionou o canal pela sua "profundidade e qualidade numa cobertura incomparável dos
protestos em curso no Médio Oriente".
As declarações de Wadah Khanfar, ex-diretor da cadeia televisiva, na reportagem
Wadah Khanfar: a new journalism for a new Arab world, realizada no festival The Guardian
Open Weekend, em março de 2012, demonstram a vontade do canal de levar um jornalismo
mais flexível e interactivo para o Médio-Oriente:
“Atualmente, a maior parte das estações televisivas e networks no mundo Árabe
pertencem ao estado ou a pessoas muito próximas do estado. E a partir daí há
situações de censura por parte dos governos e muitas vezes essa censura é feita
de forma indireta de modo a preservar a instituição ou a situação financeira.
O que me preocupa nos próximos anos é: como desenvolver um modelo que
possa suceder a chegada de muitas estações que seguem um modelo capaz de
criar uma nova cultura?
Eu penso que nos próximos anos, o jornalismo vai mudar. Um novo sistema vai
desenvolver um tipo de jornalismo muito mais flexível, dinâmico e interativo,
diferente do que temos visto nas últimas décadas, porque a chegada de smart
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
bloggers e internet activists ao meio está a competir com jornalistas já
estabelecidos que têm herdado grandes feitos durante décadas.
Então, no futuro, iremos perder a ideia que de podemos definir o que o público
faz e como o deve fazer. Nós, os jornalistas, não vamos ser necessários para
escrever notícias e provavelmente também não seremos necessários para as
colocar numa determinada ordem, porque isso pode ser definido pelo público.”
Com estas declarações, que transparecem os ideais e valores da cadeia televisão de
slogan All the News | All the Time, podemos esperar da Al Jazeera uma constante vontade de
se atualizar e procurar um jornalismo sério, interativo e vanguardista no qual o público
possa intervir.
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
Cronologia
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
Conclusão
Uma estação televisiva com apenas 15 anos de existência tornou-se uma das que mais
impacto tem em todo o mundo. Seja fruto das circunstâncias propícias a uma grande quantidade
de material informativo ou de uma equipa de jornalistas empenhada e profissional, é inegável
que a Al Jazeera, hoje, exerce uma influência nunca antes imaginada relativamente a um canal de
televisão árabe.
Contornando todas as polémicas e controvérsias cuja veracidade não pode ser comprovada
por meros telespetadores, a maior estação televisiva do Médio Oriente construiu uma forte
identidade com base num crescimento contínuo e num trabalho dedicado. O canal de notícias
independente expandiu-se e chegou a todos os continentes através da Al Jazeera English, um
canal de notícias em inglês, mas sediado num país árabe. Há cerca de dez anos, ninguém
imaginaria que tais circunstâncias seriam possíveis, mas a verdade é que atualmente o canal
pode ser visto em 220 milhões de casas, através de uma rede de 15 satélites e inúmeras
empresas de televisão por cabo. A Al Jazeera chega hoje a habitantes de 120 países diferentes e é
prova de que o poder que o jornalismo tem na sociedade é incalculável e de que não devem
existir fronteiras no que diz respeito à informação.
A criação de canais dedicados a diferentes faixas etárias, a diferentes conteúdos ou a uma
população específica aumenta a capacidade que a Al Jazeera tem de se aproximar das pessoas,
que vão ganhando cada vez mais confiança na estação. O canal continua a ser maioritariamente
visto por população muçulmana, mas existe uma tendência para que a caracterização dos
telespectadores seja cada vez mais equilibrada. Isto, num contexto em que as audiências exigem,
a cada dia, mais e melhor informação e a Al Jazeera procura ir ao encontro dessas exigências,
apostando num jornalismo rigoroso e atual.
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Al-Jazeera – História e expansão da emissora árabe
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