Utilização de recursos didáticos facilitadores do processo ensino
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Utilização de recursos didáticos facilitadores do processo ensino
Utilização de recursos didáticos facilitadores do processo ensino aprendizagem em Ciências e Biologia nas escolas públicas da cidade de de Ilha Solteira/SP Ângela Coletto Morales Escolano¹ (Univ. Estadual Paulista – UNESP ) [email protected] Eliane de Melo Marques² (Univ. Estadual Paulista – UNESP) [email protected] Rafaela Rodrigues de Brito² (Univ. Estadual Paulista – UNESP) [email protected] Resumo: As escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio são criticadas por não oferecerem equipamentos e ambientes adequados ao ensino de Ciências e Biologia, deste modo o presente trabalho tem por objetivo verificar os recursos disponíveis nas escolas de Ensino Fundamental e Médio para o ensino de Ciências e Biologia, contextualizando com a visão dos professores responsáveis por essas disciplinas, dos coordenadores pedagógicos e dos diretores das escolas participantes. Os resultados foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas e demonstram que segundo os professores entrevistados, as escolas não oferecem todos os subsídios para prepararem suas aulas, e o pouco disponibilizado, muitas vezes não é utilizado de forma adequada por não disporem do tempo necessário para sua preparação ou ainda pela grande quantidade de alunos em sala tornando impossível sua utilização. Palavras chave: Recursos didáticos; Ensino público; Professores. Use of educational resources that facilitate the teaching-learning process in Science and Biology in public schools in the city of Ilha Solteira/ SP Abstract Elementary and Secondary Education in Public Schools is criticized for not offering equipment and environments suitable for teaching science and biology, so this study evaluated the educational resources for elementary and high schools for teaching Science and Biology contextualizing the vision of teachers responsible for these disciplines, educational coordinators and directors of the participating schools. Results were obtained through semi-structured interview and evidence that according to the interviewed teachers, schools do not offer all instruments to prepare their lessons, and what is available is not used for lack of time to prepare the material or by the large number of students in the classroom. Key-words: Educational resources, public education, Teachers. 1 Introdução As escolas públicas de Ensino Fundamental e Ensino Médio são criticadas por não oferecerem equipamentos e ambientes adequados ao ensino de Ciências e Biologia, pois estas disciplinas englobam assuntos que são mais facilmente compreendidos quando demonstrados, seja por meio de experiências ou por meio de observação e análise, necessitando de materiais específicos para tais atividades. Apenas 46% das escolas privadas e 20% das escolas públicas brasileiras têm laboratório de ciência (INEP, Brasília, 2003). Segundo Cachapuz et al (2005), a experimentação faz parte de um conjunto de aspectos relativos ao processo ensinoaprendizagem das ciências que alguns autores têm chamado de consenso construtivista na educação em ciência, compreendendo ainda a aprendizagem de conceitos, a resolução de problemas e a atitude em relação às ciências. Erikson (1950/1971) observou que em todas as culturas as crianças passam por algum tipo de processo de ensino, com tarefas socialmente aceitas e reconhecidas pela sociedade em que estão inseridas. A educação formal, em nossa sociedade, inicia-se a partir da entrada da criança na escola e sua sistemática exige do aluno a assimilação de conhecimentos e comportamentos da cultura dominante, portanto, ser bem sucedida na escola é meta adaptativa do ponto de vista psicossocial da criança (LINDAHL, 1988). Em nossa cultura, a escola é de grande importância na formação do autoconhecimento e da auto-estima da criança e do adolescente, podendo ser cerceadora das suas iniciativas ou então estimuladora de um processo de crescimento individual (OLIVEIRA, 2000). A escola além de transmitir conhecimentos sistematizados, também é importante para a formação pessoal do indivíduo, representando um fator que promove o desenvolvimento adaptativo e proteção contra as adversidades que ameaçam o desenvolvimento individual. Veiga, Leite e Duarte (2005) salientam que: A literatura aponta para quatro conjuntos de fatores que podem interferir no processo de aprendizagem da criança. O primeiro tem que ver com as características das unidades escolares: qualificação e competência técnica dos profissionais, disponibilidade de infra-estrutura física e de material didático para as atividades escolares, adaptação dos currículos aos diferentes contextos socioculturais da clientela. O segundo conjunto leva em consideração as características de quem recebe a escolarização. O terceiro decorre do tipo de relações estabelecidas entre família e escola e o quarto refere-se ao perfil do professor. No âmbito escolar, o professor, como principal mediador da aprendizagem e da relação com os alunos, necessita de apoio ou suporte para desenvolver seu trabalho e deve estar preparado para fornecer os conhecimentos necessários exigidos dentro de um conteúdo acadêmico pré-estabelecido (ESCOLANO, 2004). O papel reservado ao professor, após a reformulação do sistema educacional no país, deveria ser o de "refletir sobre a própria prática, problematizando-a, distinguindo as suas dificuldades, sugerindo hipóteses de solução, testando-as, procurando as razões subjacentes às suas ações, observando a reação dos alunos, verificando como aprendem" (GARRIDO E CARVALHO, 1999). Os professores precisam preocupar-se com a sua profissão, dirigindo-a, estabelecendo normas e valores de acordo com a prática profissional necessária para atender às demandas atuais do processo ensino-aprendizagem e da sociedade (NÓVOA, 1995). Segundo Shulman (1987), citado por Longhini e Hartwig (2007), o professor deveria ter para ensinar os seguintes conhecimentos: de Conteúdo; Pedagógico Geral; do Currículo; Pedagógico do Conteúdo; do Aluno; do Contexto Educacional e dos Fins Educacionais. Levando sempre em consideração a prática cotidiana por tratar-se de um trabalho rico e complexo. O professor de Ciências atualmente encontra muitos desafios, pois precisa acompanhar os avanços tecnológicos e científicos presentes no cotidiano e torná-los acessíveis aos alunos, necessitando de muito estudo e dedicação. Alves-Mazzotti (2007), porém destaca algumas dificuldades para o exercício da profissão como: o acúmulo de tarefas atribuídas ao professor; as condições de trabalho desfavoráveis; a perda de autonomia; a degradação dos salários e a falta de tempo livre para planejar aulas mais atraentes. Assim, juntamente com as condições precárias das atividades docentes, estes fatores desvalorizam a identidade profissional. Por falta de autoconfiança ou por comodismo o professor usa quase que exclusivamente o livro didático como recurso para suas aulas (KRASILCHIK, 2004). Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, a educação pública limita-se às aulas expositivas com pouca participação dos alunos no processo de aprendizagem, comprometendo o desenvolvimento cognitivo, uma das principais metas na educação. A “Ciência” é definida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) como uma elaboração humana para a compreensão do mundo. Seus procedimentos devem estimular uma postura reflexiva e investigativa sobre os fenômenos da natureza e de como a sociedade nela intervém, utilizando seus recursos e criando uma nova realidade social e tecnológica (VASCONCELOS; SOUTO, 2003). Lima e Vasconcelos (2006) destacam que: Alunos do ensino fundamental da rede pública na maioria das vezes deparam-se com metodologias que nem sempre promovem a efetiva construção de seu conhecimento. Tampouco lhes são oferecidos mecanismos de compensação por defasagens sociais, que vão desde problemas de natureza familiar ao limitado acesso a livros, sites e outras fontes de conhecimento. Isso ocorre porque as Escolas Públicas, frequentemente, não dispõem ou possuem frágeis instrumentos de trabalho, tornando os docentes cada vez mais dependentes de livros didáticos. Porém, por tratarem de assuntos concretos, as disciplinas de Ciências e Biologia perdem o sentido quando observadas somente sob o ponto de vista teórico. Assim, grande parte do saber científico transmitido na escola é rapidamente esquecida, prevalecendo idéias alternativas ou de senso comum bastante estáveis e resistentes, identificadas, até mesmo, entre estudantes universitários (MORTIMER, 1996). O espaço físico de escolas precisa ser revisto. Restringe-se a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Criada em 1996, a legislação propõe um projeto pedagógico que vá além de lousa, giz e palestra do professor, a fim de preparar melhor o aluno para os desafios de mercado de trabalho. Ao considerarmos importante os saberes dos professores sobre os materiais didáticos, abrimos mais um espaço para vermos estes profissionais como sujeitos de sua prática, e portanto capazes de refletir e colaborar com a construção dos saberes que rodeiam a utilização dos materiais didáticos na sala de aula. Desta forma, é importante repensarmos que tanto a formação inicial dos professores quanto as atividades de formação continuada, devem considerar não somente o ideário pedagógico existente sobre esta utilização dos materiais didáticos como também os saberes e experiências vividos por esses profissionais, na escola (FISCARELLI, 2006). Deste modo propomos o presente estudo com o objetivo de verificar os recursos disponíveis nas escolas de ensino fundamental e ensino médio da cidade de Ilha Solteira - SP, para o ensino de Ciências e Biologia, contextualizando-os com a visão dos professores responsáveis por essas disciplinas, dos coordenadores pedagógicos e dos diretores das escolas participantes. 2 Material e Métodos 2.1 Participantes Participaram do trabalho quatro professores (duas professoras de Ciências do Ensino Fundamental e duas de Biologia do Ensino Médio), três coordenadores pedagógicos e três diretores do ensino público estadual da cidade de Ilha Solteira – SP, 2.2 Material Para a realização do trabalho foram utilizados os seguintes materiais: • Entrevista semi estruturada; • Gravador. 2.3 Procedimento 2.3.1 Coleta de dados Após contato inicial com as escolas e a permissão da direção para a realização do inventário de recursos auxiliares na escola e das entrevistas, entramos em contato com os professores e com os coordenadores pedagógicos para obtermos sua concordância em participar da entrevista. Obtida a permissão marcamos um horário para a realização das entrevistas, as quais foram realizadas individualmente na escola, durante intervalo de aula (no caso das professoras), e estas foram gravadas para posterior transcrição e análise. As observações foram realizadas de forma independente nas escolas participantes. 2.3.2 Análise de dados As entrevistas foram transcritas na íntegra e após leitura foram identificadas palavraschave, elaborados eixos temáticos e selecionados os exemplos das verbalizações dos participantes. Em seguida, as transcrições e a análise foram lidas por uma segunda pesquisadora com o objetivo de aferir a elaboração dos eixos temáticos e a relação de exemplos. Foi realizada uma tabulação em relação aos recursos didáticos disponíveis nas escolas para o Ensino de Ciências e Biologia, segundo as observações. 3 Resultados Inventário sobre recursos disponíveis nas escolas para o Ensino de Ciências e Biologia A Tabela 1 apresenta o resultado das observações realizadas nas escolas quanto aos recursos disponíveis. Escolas Escola A Escola B Escola C não não sim . vídeos / DVD sim sim sim . livros didáticos sim sim sim . livros paradidáticos sim sim sim . revistas / jornais sim sim sim . livros complementares sim sim sim . jogos didáticos / pedagógicos sim sim sim Sala de informática sim sim sim Internet sim sim sim . TV sim sim sim . Vídeo Cassete / DVD Player sim sim sim . Retroprojetores sim sim sim . Multi-mídia não não sim Recursos Laboratório de Ensino de Ciências Biblioteca Equipamentos didáticos auxiliares Tabela 1 – Inventário de recursos da Escola para Ensino de Ciências e Biologia. Através das observações realizadas nas escolas, podemos constatar a existência de recursos ambientais que podem auxiliar o professor tanto no planejamento bem como na efetiva atividade em sala de aula. Estes recursos bem utilizados favorecem uma diversidade em relação a metodologia das aulas ministradas, no entanto cabem as seguintes considerações: a) Quanto a existência de Laboratório de Ensino de Ciências: . A Escola A transformou o antigo laboratório de Ciências em sala de aula e embora tenha ainda alguns materiais como, por exemplo, vidrarias, estes, encontram-se amontoados em um depósito; . A Escola B desmontou o laboratório para que pudessem ampliar a biblioteca; . Segundo relato do Coordenador Pedagógico, o laboratório de Biologia da Escola C não é utilizado para aulas, a não ser para exposição durante a Feira de Ciências que acontece uma vez por ano. b) Quanto a Biblioteca: . A Biblioteca das três escolas pode ser utilizada pelos professores e alunos a qualquer hora. Possuem livros didáticos, paradidáticos e complementares para educação de Ciências e Biologia, além de várias revistas de divulgação e jornais, possuem ainda alguns vídeos didáticos e jogos pedagógicos, mas estes só devem ser utilizados na presença ou com autorização de professores. c) Quanto a Sala de Informática: . As três escolas possuem sala de informática com computadores conectados a internet, no entanto não em número suficiente para acomodar uma turma inteira (cerca de 35 alunos por sala). Estas salas podem ser utilizadas a qualquer horário, mas sempre com autorização de um responsável na escola, mas a preferência são para as aulas que por ventura utilizem desta ferramenta. d) Quanto a Equipamentos didáticos auxiliares: . Todas as escolas possuem retroprojetores, mas em número bastante limitado, não sendo uma ferramenta de trabalho que possa ser freqüentemente utilizada. O mesmo acontece com a televisão e o vídeo cassete e/ou DVD player. Perfil dos professores, coordenadores e diretores participantes No Quadro 1, serão apresentados dados de caracterização dos professores participantes do trabalho. Professores Formação Local de formação P-A Ciências com habilitação em Biologia. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul P-B Ciências Biológicas e 1 ano e meio de Biologia (licenciatura). Universidade de Jales P-C Licenciatura plena. Universidade de São Carlos P-D Ciências Biológicas (Licenciatura plena) Universidade Estadual de Londrina Tempo de magistério 15 anos. 7 anos em Ilha Solteira. Federal Quadro 1- Caracterização dos professores participantes. 21 anos. 3 anos e meio Pode-se notar que, dos professores entrevistados, três são formados em universidades públicas e apenas um em universidade privada. Quanto ao tempo de magistério, variou de 3 anos e meio a 21 anos e todos possuem graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas. No Quadro 2 serão apresentados a formação e tempo como coordenador pedagógico dos coordenadores participantes. Coordenadores C-A C-B C-C Formação . Licenciatura e Bacharelado em Geografia . Pedagogia . Licenciatura em História . Magistério . Licenciatura em História . Pedagogia Tempo como coordenador 5 anos 5 anos 8 anos Quadro 2 – Caracterização dos coordenadores participantes Observa-se que todos os coordenadores são formados em cursos de Licenciatura e exceto o coordenador C-B que não possui formação em Pedagogia. Nota-se que todos os três possuem um tempo igual ou superior a 5 anos de trabalho como coordenador pedagógico No Quadro 3, estão apresentados os dados a respeito da formação, tempo de magistério e tempo como diretoras de ensino, das participantes. Diretoras Formação acadêmica Tempo que lecionou Tempo na direção D-A Magistério e Pedagogia 18 anos 4 meses D-B Pedagogia, Educação Artística, Especialização em Administração Escolar, Orientação Vocacional. 40 anos 6 anos D-C Biologia e Pedagogia 23 anos 17 anos Quadro 3 - Caracterização das diretoras participantes. De acordo com a formação das três diretoras entrevistadas percebe-se que todas possuem o curso de pedagogia, que de acordo com o que foi promulgado pela lei federal n°5692/71 o curso de Pedagogia com habilitação em Administração Escolar passou a ser exigido como requisito mínimo para inscrição ao concurso de diretores. Consta também na caracterização da formação das diretoras que as três lecionaram por um determinado período de tempo, experiência esta que pode ajudá-las a entender as principais dificuldades encontradas pelos professores, uma vez que já desempenharam tal função, realçando assim o olhar pedagógico destas diretoras que carregam na bagagem anos trabalhados na sala de aula. O quadro mostra também que todas as diretoras exceto a diretora A, já trabalham a alguns anos na direção escolar, possuindo alguma experiência pelo tempo de atuação. Disponibilidade e uso de recursos fornecidos pela escola para preparar e ministrar aulas No Quadro 4 será apresentada a opinião dos professores em relação à disponibilidade de recursos para ministrarem e/ou prepararem suas aulas. Professores P-A Eixo temático Dentro das possibilidades Sala de computação Exemplos “Na medida do possível” “...às vezes tem, tem a sala de computação...você trazer quarenta alunos na sala de computação com dez computadores, complicado. Então a gente acaba adiando isso aí...Então eu trabalho mais com vídeos...”. Laboratório Didático “É sala ambiente, eu prefiro né ... não é 100% ... teria que ter uma pia ... teria que ter alguma coisa lá dentro mesmo ... não tem laboratório pra fazer uma atividade” Laboratório Didático “Não. O microscópio que tem é muito ruim ... o meu material eu trago, as coisas que vou usar eu monto, coleto, coleciono ... Umas das coisa que tem e eu não uso por falha minha, eu não achei material adequado ainda ... Tem sala de informática ...” Mídias e Laboratório “... a gente tem acesso às mídias ... a gente tem laboratório com microscópios para dar ... mas na maioria eu levo ... se for coisa fácil eu improviso e levo”. Sala Ambiente “Eu gostaria de ter na escola era uma sala ambiente de Biologia” P-B P-C P-D Quadro 4 – Eixo temático e exemplos de fala dos professores sobre a disponibilidade de recursos auxiliares didáticos nas escolas para preparar e ministrar aulas. Verifica-se no Quadro 4, por meio da fala dos professores, que dentre os diferentes recursos didáticos oferecidos pelas escolas para o preparo das aulas os computadores estão presentes. Entretanto os docentes alegam que o excesso de alunos e a falta de material multimídia adequado impedem o uso da sala de informática, e que às vezes, eles mesmos buscam e montam os materiais para ministrar suas aulas, demonstrando que as Escolas não conseguem atender todas as necessidades dos docentes. O uso efetivo de recursos auxiliares diferenciados para preparar as aulas segundo a visão dos professores será apresentada no Quadro 5. Professores P-A Eixo temático Depende do assunto Falta de tempo Exemplos “Depende do assunto. Posso usar vídeo, recortes de revistas, pesquisas em jornais, livros didáticos”. “Não ... nem financeiro e nem tempo”. “... não tem como trabalhar com um livro só”. “Tempo pra preparar as coisas são curtos”. P-B Recursos não sistematizados “Ah! a gente pega um pouco de livro aqui ... o aluno traz, às vezes jornal, às vezes comentário, notícias de televisão ...” Sempre utiliza “Sempre ... gosto muito da minha área ... de biologia ... sempre penso que eu tenho que fazer com que os alunos gostem também ...” Recursos alternativos “... eu procuro procurar outros livros, dependendo do assunto eu vou buscar na internet, em sites de educação ... coisa alternativas para poder dar as aulas ... bastante atualidades”. Motivação “Dificuldade para preparar as aulas eu não encontro não ... o professor que tem que correr atrás para preparar essas aulas né”. P-C P-D Quadro 5 – Eixo temático e exemplos da fala dos professores sobre o uso de recursos auxiliares diferenciados para preparar as aulas. Observa-se no Quadro 5, que alguns professores utilizam recursos, como revistas, jornais, vídeos e livros didáticos, mas mencionam a falta de tempo para usar tais recursos na preparação das aulas. Outros docentes manifestam preocupação em fazer o aluno gostar do assunto na aula e com isso procuram sempre utilizar materiais para essa finalidade A visão dos coordenadores quanto a disponibilidade de materiais para preparar e aplicar as aulas será apresentada no Quadro 6. Coordenadores Eixo temático Apoio para o professor Exemplos “... subsidiamos os professores com material pedagógico ...” “... levando material, até encaminhando as vezes o professor para uma outra pessoa da área ...” Recursos auxiliares “... a Secretaria da Educação tem feito alguns avanços, em termos de biblioteca, em termos de recursos como computador, televisão. DVD.” C-A “... ele (professor) tem disponível livros, computadores, DVDs, revistas ...” indisciplina “... tem uma questão séria ... a indisciplina ...” “... tenha diversidade de material ele (professor) não consegue manter a atenção do aluno.” Recursos auxiliares “... professores que costumam utilizar vários recursos e diversificar o ensino ...” “... temos softwares educacionais ...” “... no laboratório de Biologia existem alguns recursos ... não é a situação ideal ... realmente falta material. Alguns experimentos e algumas atividades que poderiam ser realizadas em laboratório acabam não sendo feitas devido a escassez de material ...” Parceria para o ensino “... o ensino é desenvolvido de maneira bem legal, e ainda contamos com a ajuda ou parceria ... a UNESP e o pessoal que estuda ...” Projetos “... Feira de Ciências, trabalho de prevenção, mas todos eles são ancorados nos conteúdos de Biologia ...” Bons professores “... nós temos sorte aqui, porque nossas professoras são excelentes.” C-B C-C Quadro 6 – Eixo temático e exemplos da fala dos coordenadores sobre o ensino de Ciências e Biologia em suas escolas Verifica-se no Quadro 6 que os coordenadores entendem que os professores tem materiais disponíveis para o preparo e aplicação das aulas. Verifica-se também uma preocupação dos coordenadores em auxiliar o professor nas suas dificuldades, como salientado pelo coordenador C-A, quando diz que procura pessoas mais experientes no assunto que o professor apresentar dúvidas, para complementar seu conhecimento. No Quadro 7 buscou-se verificar qual a visão das três diretoras entrevistadas a respeito do ensino de Ciências e Biologia em suas escolas. Diretoras D-A Eixo Temático Processo dinâmico Exemplos “Para Ciências temos feito um processo dinâmico, inclusive realizamos recentemente a Feira do Verde...” Motivação “De forma geral considero que os professores estão se esforçando, e os alunos também é o que percebemos.” Salas lotadas “Eu acho que as pessoas são muito boas, só que a grande, a grande dificuldade é o numero de alunos.” Conteúdo “O conteúdo de biologia é muito extenso...” Condições de ensino “...então eu acho que são as próprias condições, que faltam e que impedem que tenha um desenvolvimento, bom, como poderia ter.” Indisciplina “...eu acho que até em função da disciplina que antigamente era mais fácil você conduzir a sala...” Desmotivação “...conseguia até mais do que eu vejo hoje nos meu professores.” “...eu acho que a carga de um professor que trabalha com alunos adolescentes, nessa fase, é muito pesada...” D-B D-C Desgaste emocional Quadro 7 - Eixo temático e exemplos de fala sobre a situação do Ensino de Ciências e/ou Biologia na escola onde o diretor atua Constata-se no Quadro 7, que são várias as opiniões a respeito de como está o ensino de Ciências em cada escola, mostrando a singularidade do processo educacional, e que este olhar das diretoras percebendo os erros, acertos e as principais dificuldades é de extrema importância, uma vez que, o papel dos diretores de hoje vai muito além de uma função somente administrativa, tem caráter educacional, podendo contribuir para o ensino de Ciências e Biologia. 4 Discussão Borges (2002) observa que curiosamente várias das escolas dispõem de alguns equipamentos e laboratórios que, no entanto, nunca são utilizados. E algumas das razões apontadas para isso são: o fato de não existirem atividades já preparadas para o uso do professor; falta de recursos para compra de componentes e materiais de reposição; falta de tempo do professor para planejar a realização de atividades como parte de seu programa de ensino; laboratório fechado e sem manutenção. Esta situação foi verificada na fala do coordenador C-B quando diz que várias atividades poderiam ser realizadas, mas não existem materiais disponíveis. Segundo Fonseca; Ferreira (2006) o computador possui vantagens e desvantagens, como qualquer outra ferramenta utilizada no processo de ensino e aprendizagem e é preciso que o educador saiba utilizar os meios a sua disposição, e no caso específico do computador, que saiba valer-se dos recursos que ele oferece para contribuir com uma formação crítica dos alunos. Na fala dos professores entrevistados neste trabalho, verificamos que o computador está disponível, mas não é utilizado como ferramenta educacional, seja por falta de software adequado ou mesmo por falta de conhecimento em como recorrer a este equipamento para incrementar suas aulas. Constata-se também, em uma das escolas, a necessidade de sala ambiente de Biologia para manter em exposição permanente os materiais e modelos preparados pelo professor e pelos alunos e assim ministrar aulas práticas com maior frequência. Entretanto, na escola que possui sala ambiente o docente ressalta que esta não é absolutamente completa e poderia haver alguns equipamentos e instalações ou ainda enfatiza a falta de um laboratório pra realizar atividades. Krasilchik (2004) destaca a relevância de um espaço físico adequado, quando afirma que as aulas de laboratório são extremamente necessárias a aprendizagem dos conteúdos biológicos. Ainda de acordo com os resultados observados, o principal recurso, utilizado pelos professores, é o livro didático, devido principalmente a sua facilidade de acesso. Vasconcelos; Souto (2003) enfatizam, que o livro didático dentro da abordagem tradicional favorece a memorização, com raras possibilidades de contextualização, formando então indivíduos treinados para repetir conceitos, aplicar fórmulas e armazenar termos, sem, no entanto, reconhecer possibilidades de associá-los ao seu cotidiano. Um professor, porém, afirmou que procura livros, utiliza a internet como fonte de atualidades e procura materiais alternativos para preparar suas aulas. Lima e Vasconcelos (2008), discutem o envolvimento de educadores em pesquisas que se destinam a produzir, adaptar, inovar e testar metodologias e recursos didáticos é indispensável para a própria reconstrução de seu modo de pensar e agir no ensino, entretanto a superlotação nas salas de aula, a desvalorização do professor e a defasada estrutura física, metodológica e didática nas escolas instiga os docentes a questionarem “como” fazer e “com que” fazer educação, adequando-se aos parâmetros curriculares. Como professor, sua primeira função é mostrar ao educando que ele é apenas um mediador, uma ponte que pode ajudá-lo, a atingir os seus próprios objetivos. O docente pode trazer as situações do mundo para a sala de aula e explorá-las, enriquecê-las paralelamente com a matéria. Pode trabalhar questões difíceis de maneira divertida, trocar experiências, ser muito mais que um professor para seus alunos (DI SANTO, 2009). Em relação a avaliação das diretoras quanto ao ensino de Ciências e Biologia em sua escola, percebe-se, de modo geral, que há mais problemas a serem citados que pontos positivos no ensino de Ciências e Biologia, sendo as dificuldades marcadas pela indisciplina dos alunos e pelo grande número destes em sala de aula, o que têm dificultado as aulas, impossibilitando muitas vezes apresentações práticas do assunto tratado. O conteúdo extenso, falta de recursos materiais, o desestímulo dos professores na busca por recursos que poderiam tornar a aula bem mais interessante, são alguns dos fatores citados pelas diretoras, o que nos mostra que a culpa não está centrada somente na figura do professor, a quem muitas vezes se volta a responsabilidade pelo fracasso do ensino. A instituição escolar tem por responsabilidade dentro de uma sociedade, facilitar a manutenção das aprendizagens apresentadas pelos alunos com desempenho acadêmico satisfatório, de estimular as crianças, assim como promover a competência das que apresentam desempenho acadêmico insatisfatório. Por sua vez, os professores, como mediadores da aprendizagem escolar dos seus alunos, devem estar preparados para fornecer os conhecimentos necessários e exigidos dentro de um conteúdo acadêmico pré-estabelecido. Salienta-se o papel do professor porque este é o profissional da educação que está em contato direto com o aluno, muito embora devemos destacar a necessidade de uma rede de apoio ou suporte, para que este professor desenvolva seu trabalho. Nessa perspectiva de acordo com Francisco (2006), a educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, de procedimentos, de atitudes e de valores por parte dos alunos, mediante ação mediadora dos professores, da organização e da gestão escolar. A escola tem de ser concebida como “espaço de síntese”, de outros contextos, de outras culturas, de outras mediações, ligadas ao mundo econômico, político, cultural, com uma proposta curricular voltada à formação geral e continuada dos seus sujeitos, à preparação para efetuar no contexto técnico, científico, informacional da sociedade, exercendo a cidadania crítica, participativa e ética. Com os dados obtidos verificou-se que, as escolas não oferecem todos os subsídios para que os docentes preparem suas aulas, e o pouco disponibilizado, muitas vezes não são utilizados porque o professor não dispõe do tempo necessário para preparar o material de forma adequada, ou ainda, pela grande quantidade de alunos em uma sala de aula fica impossível a utilização de recursos auxiliares. Referências ALVES-MAZZOTTI. A. J. Representações da identidade docente: uma contribuição para a formulação de políticas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 15, n. 57, p. 579-594, 2007. Disponível em:< www.scielo.br>. Acesso em: 26 de Out. 2009. BORGES. A. T. Novos Rumos para o laboratório escolar de Ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 19, n. 3, p. 291-313, 2002. Disponível em:<www.scielo.br> Acesso em: 26 de Out. 2009 BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Ensino Fundamental. 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Disponível em:<www.scielo.br> Acesso em: 31 de Out. 2009. ___________________ ¹ Psicóloga, Docente do Curso de Ciências Biológicas – Modalidade Licenciatura da Faculdade de Engenharia – UNESP – Campus de Ilha Solteira. ² Graduanda do Curso de Ciências Biológicas – Modalidade Licenciatura da Faculdade de Engenharia – UNESP – Campus de Ilha Solteira.
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