25 anos - Sicoob

Transcrição

25 anos - Sicoob
SICOOB SC
25 anos
Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento
Fundado em 8 de novembro de 1985, o Sicoob Central
SC ajudou a consolidar o cooperativismo de crédito
em Santa Catarina. Idealizadas como uma alternativa
financeira para produtores rurais, as cooperativas de
crédito chegaram rapidamente à área urbana,
estendendo seus benefícios a todos os que optaram
por cooperar para viver melhor. Unidas em um
Sistema coordenado pelo Sicoob Central SC, essas
cooperativas contribuem de forma decisiva para o
desenvolvimento sustentável das regiões onde atuam.
SICOOB SANTA CATARINA
Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento
Apresentação
Ao longo dos últimos 25 anos, Santa Catarina foi palco de um importante movimento rumo à transformação econômica e social. Liderado
por pessoas cujas raízes estavam no campo, esse movimento chegou às
áreas urbanas e estendeu seus benefícios a todos os que acreditaram ser
possível construir o desenvolvimento por meio da união. Assim nasceu o
cooperativismo de crédito catarinense.
Ancoradas nos princípios do cooperativismo, estabelecidos no século XIX pelos pioneiros de Rochdale, na Inglaterra, as cooperativas de
crédito catarinenses multiplicaram-se nas últimas décadas. E, em pouco
tempo, tornaram-se agentes fundamentais ao desenvolvimento das comunidades onde foram inseridas.
À medida que se estabeleciam as primeiras cooperativas de crédito do
estado, seus dirigentes percebiam que, assim como ocorria com as pessoas,
a cooperação entre instituições com os mesmos interesses poderia potencializar suas ações. A união, mais uma vez, se mostrava o melhor caminho
para o sucesso. Essa ideia deu origem, em 1985, à Cooperativa Central de
Crédito Rural de Santa Catarina - Cocecrer/SC, atual Sicoob Central SC.
Das nove cooperativas fundadoras, a Central chega a setembro de
2010 reunindo 44 cooperativas de crédito singulares, que juntas agregam mais de 318 mil associados. Relatar essa trajetória é o grande objetivo deste livro. Nos cinco capítulos que compõem a publicação, apresentamos parte da história do cooperativismo de crédito em Santa Catarina,
que começou muito antes de 1985.
O início dessa história remete ao município de Itapiranga, no Oeste
do estado, onde em 1932 foi fundada a primeira cooperativa de crédito
catarinense. A Caixa Rural União Popular de Porto Novo, como era chamada na época, foi, por muito tempo, a única responsável por toda a
movimentação financeira da cidade. Muito além da oferta de crédito, a
Creditapiranga, que se filiou à Central em 1988, representou uma instituição líder na comunidade, sempre presente nas discussões e ações focadas
no desenvolvimento regional.
Assim como ocorreu em Itapiranga, a busca pelo crescimento, pessoal e coletivo, foi o fator que impulsionou a criação das cooperativas de
crédito do Sicoob SC. Ao fundar cada uma delas, produtores rurais, servidores públicos, dentistas, policiais e profissionais de outros segmentos
2
tinham o mesmo desejo: construir uma alternativa financeira que atendesse a suas demandas de forma justa e transparente.
Neste livro contamos os ideais sobre os quais cada cooperativa filiada à Central foi fundada. Nosso objetivo, assim, é resgatar a memória
desse movimento tão importante, que se tornou referência para outros
estados do Brasil. O conteúdo desta publicação revela que muitas pessoas
e instituições contribuíram para tornar realidade o sucesso tão sonhado
pelos pioneiros. Em cada capítulo, o leitor encontrará a narrativa cronológica da formação do Sicoob SC e a consequente consolidação da Central, além dos perfis atuais das cooperativas que formam o Sistema. Dessa
Liderado por
forma, buscamos retratar nossa evolução, comprovando os benefícios do
pessoas cujas raízes
cooperativismo.
estavam no campo,
Para melhor retratar esses benefícios, optamos por contar a história
do Sistema a partir das pessoas mais interessadas no cooperativismo: os
associados. Não por acaso os associados, dos fundadores aos mais recen-
esse movimento
chegou às áreas
tes, recebem destaque nesta publicação, tendo em vista que exercem
urbanas e estendeu
papel essencial na consolidação das cooperativas e da própria Central.
seus benefícios
Hoje, o Sicoob Central SC celebra suas conquistas e elenca novos
desafios. Entre as conquistas estão a ampla abrangência, a segurança e a
autonomia do Sistema, a integração entre as singulares, a profissionaliza-
a todos os que
acreditaram ser
ção da gestão cooperativista e o constante atendimento às demandas dos
possível construir
associados. Os desafios, por sua vez, se mostram proporcionais ao poten-
o desenvolvimento
cial de crescimento: sustentabilidade, avanço de mercado e preservação
por meio da
dos princípios do cooperativismo, entre tantos outros.
Ao completar 25 anos, o Sicoob Central SC agradece a todos, pes-
união.
soas e instituições, que ajudaram a construir essa história. Dos fundadores
ao mais recente associado, passando por funcionários, dirigentes e parceiros, todos contribuíram para transformar o cooperativismo de crédito em
uma importante ferramenta do desenvolvimento sustentável. Continuaremos a trabalhar, unidos, para fazer de Santa Catarina um terreno cada
vez mais fértil aos valores cooperativistas.
Rui Schneider da Silva
Presidente do Sicoob Central SC
3
Sumário
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
Da Europa
ao Brasil
Um estado
que coopera
Friedrich Wilhelm Raiffeisen
As cooperativas de
foi o fundador da primeira
produção catarinenses se
cooperativa de crédito
organizam para viabilizar
do mundo, em 1864, na
uma alternativa ao sistema
Alemanha. Em 1902 foi a vez
bancário tradicional, em um
do Brasil criar uma instituição
movimento que deu origem
semelhante, no Rio Grande
a dezenas de cooperativas
do Sul. Trinta anos depois,
de crédito rural e motivou a
Santa Catarina viu nascer
criação de uma Cooperativa
sua primeira cooperativa de
Central de Crédito Rural
crédito, no município de
de Santa Catarina, a
Porto Novo, hoje Itapiranga.
Cocecrer/SC, hoje Sicoob SC.
> página
4
006
> página
020
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
A consolidação
da Central
Grandes
conquistas
Rumo a novos
desafios
Em meio à década perdida
Apoiadas pela Central, as
O Sicoob SC chega a
da economia brasileira, a
cooperativas de crédito
2010 focado no
Central busca meios para
catarinenses crescem, em
fortalecimento das
amenizar os impactos da
quantidade e volume de
cooperativas singulares e
crise sobre as cooperativas de
operações, e avançam na
no desenvolvimento
crédito e seus associados. Ao
área urbana. Em todo o
sustentável. Motivada pelo
centralizar a movimentação
país, o sucesso do segmento
potencial de expansão do
financeira das singulares,
impulsiona a criação de
Sistema, a Central define
a Cocecrer/SC consegue
um banco cooperativo e a
metas para contribuir ainda
ampliar o volume de recursos
Cocecrer/SC passa a integrar
mais com a transformação da
oferecido aos cooperados,
o Sistema de Cooperativas de
realidade social e econômica
revelando sua importância.
Crédito do Brasil (Sicoob).
das regiões onde atua.
> página
044
> página
078
> página
114
5
CAPÍTULO 1
Da Europa
ao Brasil
A primeira cooperativa de crédito registrada pela história foi
fundada na Alemanha, em 1848, por Friedrich Wilhelm Raiffeisen.
Implantado no meio rural, esse modelo de cooperativismo se alastrou
por todo mundo, chegando a Santa Catarina no século seguinte.
6
Itapiranga em 1935: município foi o primeiro de Santa Catarina a contar com uma cooperativa de crédito
7
Fundadores da Sociedade dos Probos
Pioneiros de Rochdale, na Inglaterra
8
Uma libra. Esse era o valor que cada um de 28
tecelões ingleses deveria economizar mensalmente para consolidar a “Sociedade dos Probos Pioneiros de
Rochdale”. O esforço conjunto representaria o primeiro passo do movimento cooperativista no mundo.
Completamente inserida nas transformações trazidas
pela Revolução Industrial, Rochdale era uma pequena
cidade inglesa, próxima a Manchester, habitada por
tecelões autodidatas. Em 21 de dezembro de 1844,
um grupo de trabalhadores, formado por 27 homens
e uma mulher, reuniu-se para formar a Sociedade, que
tinha como objetivo principal a criação de uma loja na
qual pudessem ser vendidos os produtos fabricados por
eles. Fundaram uma cooperativa de consumo e, para
administrá-la, elaboraram boa parte dos princípios e
diretrizes que regeriam o cooperativismo em todo o
mundo nos séculos seguintes.
Embora no princípio a Sociedade tenha gerado
desconfiança na comunidade, os bons resultados obtidos fizeram com que a cooperativa passasse de 28
para 140 membros em apenas quatro anos. Em 1854,
3.450 sócios reforçavam o capital, que alcançou 152
mil libras. Com o crescimento acelerado, surgiu a questão que faria de Rochdale o ícone do cooperativismo:
“O que fazer com as sobras de capital?”. Em busca
da resposta, os pioneiros elaboraram vários princípios
norteadores, entre os quais se destacavam o controle
democrático, dando a cada sócio o direito a um voto.
Assim os associados, em posição igualitária, decidiram
o destino das sobras. Além disso, foi estabelecida a livre adesão de novos membros, que ingressariam com
os mesmos direitos dos antigos.
A cooperativa de Rochdale foi o primeiro passo
rumo a uma nova forma de pensar a relação entre trabalho, capital e desenvolvimento. Com o objetivo de
contribuir para a solução de problemas econômicos e
sociais, por meio da colaboração entre pessoas com interesses semelhantes e do fortalecimento da economia
local, o cooperativismo avançou em diversas regiões
do mundo, dando origem a cooperativas em diferentes áreas. Entre todas elas, um segmento prosperou por
oferecer soluções financeiras a seus associados, facilitando o acesso a produtos e serviços compatíveis com
suas necessidades e condição socioeconômica: as cooperativas de crédito.
O embrião da primeira cooperativa de crédito
surgiu três anos depois de Rochdale, em 1847. Friedrich Wilhelm Raiffeisen, natural da Renânia, na Alemanha, criou no povoado de Weyerbusch/Westerwald,
também no sudoeste alemão, uma associação de apoio
Os princípios de Rochdale
1) A Sociedade é governada democraticamente, cada
sócio dispondo de um voto.
2) A Sociedade é aberta a quem dela quiser participar,
desde que integre uma cota de capital mínima e
igual para todos.
3) Qualquer dinheiro a mais investido na cooperativa
é remunerado por uma taxa de juro, mas não dá ao
seu possuidor qualquer direito adicional de decisão.
4) Tudo o que sobra da receita, deduzidas todas as
despesas, inclusive juros, é distribuído entre os
sócios em proporção às compras que fizerem da
cooperativa.
5) Todas as vendas são à vista.
6) Os produtos vendidos devem ser sempre puros e de
boa qualidade.
7) A Sociedade deve promover a educação dos sócios
nos princípios do cooperativismo.
8) A Sociedade deve ser neutra política e
religiosamente.
9
Raiffeisen: fundador da primeira
cooperativa de crédito do mundo
para a população rural. A experiência serviu de modelo
para que Raiffeisen fundasse, em 1864, a primeira cooperativa de crédito rural do mundo: a Heddesdorfer
Darlehnskassenverein (Associação de Caixas de Empréstimo de Heddesdorf ).
Tipicamente rurais, as cooperativas criadas por
Raiffeisen tinham como principais características a responsabilidade solidária dos associados, o valor igual de
cada voto de seus sócios (independentemente do número de cotas-parte), a abrangência geográfica limitada, a ausência de capital social e a não distribuição de
excedentes ou dividendos. Essas características se tornariam presentes em diversas cooperativas de crédito
alemãs nos séculos seguintes.
Pouco tempo depois de Raiffeisen fundar a associação de apoio à produção rural, o prussiano Herman Schulze originou o movimento no meio urbano,
organizando, em 1856, uma cooperativa de crédito na
cidade alemã de Delitzsch. As cooperativas fundadas
por Schulze passariam a ser identificadas como cooperativas do tipo Schulze-Delitzsch, conhecidas na Alemanha como “bancos populares”. Cada novo membro
pagava, de forma parcelada, uma taxa de ingresso e uma
cota, comprometendo-se a depositar sua poupança na
10
cooperativa para garantir capital de giro. Todos os empréstimos eram destinados ao financiamento de investimentos produtivos. Ao precisar de mais dinheiro para
atender as demandas dos seus integrantes, a cooperativa
recorria ao mercado, baseando-se no princípio da responsabilidade ilimitada – os eventuais credores tinham
como garantia o patrimônio pessoal dos cooperados. As
cooperativas do tipo Schulze-Delitzsch diferenciavamse das fundadas por Raiffeisen por preverem o retorno
das sobras líquidas e não restringirem a área de atuação,
além de remunerarem seus dirigentes.
Com o sucesso das pioneiras, outros países europeus passaram a criar suas próprias cooperativas de
crédito. Na Itália, em 1865, Luigi Luzzatti organizou
na cidade de Milão a primeira das cooperativas cujo
modelo herdaria seu nome – e que seriam bastante
populares no Brasil entre 1940 e 1960. Dentre suas
principais características estavam a não exigência de
vínculo para a associação, empréstimos de pequenos
valores e trabalho voluntário dos dirigentes.
No continente americano, o jornalista Alphonse
Desjardins idealizou a constituição de uma cooperativa
com características um pouco distintas das já existentes,
embora inspirada em Raiffeisen, Schultze-Delitzsch e
Aliança internacional
Criada em Londres em 1895, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) tornou-se a principal entidade de representação das cooperativas no âmbito internacional. Com a missão de disseminar o histórico e os
princípios dos Pioneiros de Rochdale, busca influenciar
políticas públicas que incluam cooperativismo e apoiar
o desenvolvimento de cooperativas. Além disso, é responsável por coordenar processos de discussão e atualização dos princípios cooperativos, conforme as demandas contemporâneas. Desde que a ACI foi criada, essa
atualização ocorreu três vezes, em conferências internacionais realizadas em Paris, no ano de 1937; Viena, em
1966, e Manchester, em 1995.
Luzzatti. A primeira cooperativa de Desjardins foi fundada na província canadense de Quebec, em 6 de dezembro de 1900. Esse modelo, que se tornou conhecido
como cooperativa de crédito mútuo, tinha como principal característica a existência de alguma espécie de vínculo entre os associados, reunindo grupos homogêneos,
como os membros de um clube, trabalhadores de uma
mesma fábrica ou funcionários públicos, por exemplo.
Desde que foi criada, a cota exigida para a associação às
cooperativas Desjardins era de US$ 5 – valor vigente
até os dias atuais. Todas as cooperativas desse modelo
eram ligadas à Igreja Católica e, por isso, foram estabelecidas ao lado de capelas e paróquias e administradas
por sacerdotes que serviam à comunidade local.
As pioneiras no Brasil
Dois anos após a fundação da primeira cooperativa de crédito das Américas, foi criada no interior da
cidade gaúcha de Nova Petrópolis a Caixa de Economia
e Empréstimos Amstad, considerada a primeira cooperativa de crédito brasileira. Conhecedor do sistema
cooperativo europeu, o padre jesuíta Theodor Amstad
inspirou-se no modelo Raiffeisen para criar a cooperativa que beneficiaria pequenas comunidades rurais do
interior do Rio Grande do Sul.
Mas, para que seus conhecimentos pudessem ser
aplicados, foi preciso explicar suas vantagens aos colonos alemães – distantes da terra natal e praticamente
isolados dos centros urbanos, eles desconheciam por
completo o assunto. Por isso, a primeira ação do padre Amstad foi reunir os colonos e conscientizá-los de
que juntos eles teriam mais chances de solucionar os
problemas financeiros que vinham enfrentando. A estratégia deu certo. Em 28 de dezembro de 1902, 19
sócios fundaram a Caixa de Economia e Empréstimos
Amstad. A ata de fundação, redigida em alemão pelo
padre, registra a aprovação dos estatutos, amplamente
discutidos e elaborados durante as reuniões ocorridas
nos meses anteriores.
O primeiro depósito na Caixa foi realizado pelo
próprio padre Amstad, no valor de 100 mil réis, em
Padre Amstad inspirou-se no modelo Raiffeisen para
criar cooperativa de crédito no Rio Grande do Sul
nome da comunidade católica de Faria Lemos, uma das
capelas em que atuava. Cerca de três meses depois, foi
concedido o primeiro crédito a um associado, no valor
de 300 mil réis. A consolidação da primeira cooperativa de crédito do Brasil serviu como exemplo para a
constituição de instituições semelhantes.
O modelo alemão não foi o único a se disseminar. Na cidade de Lajeado, também no interior gaúcho,
foi criada em 1906 a primeira cooperativa de crédito
do tipo Luzzatti no Brasil: a Caixa Econômica de Empréstimo de Lajeado. Diferentemente das cooperativas
Raiffeisen, as Luzzatti admitiam qualquer pessoa como
cooperado, tendo como público-alvo assalariados, artesãos, pequenos empresários, comerciantes e industriais.
Mais abrangente, esse modelo se espalhou pelo Brasil
a partir da década de 1920 e ficou conhecido como
cooperativismo de crédito popular. Entre as décadas
de 1930 e 1950, calcula-se que foram criadas cerca de
1.200 cooperativas desse modelo no Brasil.
À medida que o número de cooperativas se expandia, aumentava a necessidade de ser criada uma
entidade que as representasse. No início da década de
1920, foi fundada no Rio de Janeiro a Federação dos
Bancos Populares e Caixas Rurais do Brasil, a primei11
ra federação de cooperativas de crédito do país. Entre
as principais contribuições dessa Federação ao movimento cooperativista destaca-se a organização de nove congressos sobre cooperativismo de crédito, entre
1923 e 1932. O associativismo ganhou força e, em 8
de setembro de 1925, 18 cooperativas fundaram em
Porto Alegre (RS) a Central das Caixas Rurais da União
Popular do Estado do Rio Grande do Sul, a primeira
cooperativa central unicamente de crédito do Brasil.
reno fértil para se desenvolver em uma pequena colônia
do Extremo Oeste de Santa Catarina. Chamada inicialmente de Porto Novo (mais tarde Itapiranga), a colônia
abrigava imigrantes alemães que haviam saído da região
de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, em busca de
novas terras e melhores condições de vida.
Em 21 de outubro de 1932, seis anos após a chegada dos colonos, nascia a Caixa União Popular de Porto
Novo, com 41 sócios-fundadores, entre eles agricultores,
comerciantes, artesãos e prestadores de serviços diversos.
Em Santa Catarina
Na mesma data, em assembleia geral realizada no Hotel
No início da década de 1930, as ideias do padre
Black, os associados decidiram fundar a Sociedade Cooperativa de Crédito Rural e Responsabilidade Ilimitada
“Caixa Rural União Popular de Porto Novo”, a primeira
Amstad atravessaram o Rio Uruguai e encontraram ter-
Ata de fundação da
Caixa Rural União
Popular de Porto Novo,
que lista o nome dos
41 sócios-fundadores
12
Hotel em que foi realizada a Assembleia de Constituição da Caixa Rural União Popular de Porto Novo, em 1932
13
cooperativa de crédito catarinense, que seguiu o modelo
José Werlang foi o primeiro presidente da
Caixa Rural, ocupando o cargo até 1945
Raiffeisen. A presidência da Sparkasse – termo em alemão que define Caixa Rural – ficou sob responsabilidade
de um de seus fundadores, José Werlang, que ocupou o
cargo até 1945.
Em 1938, a Caixa Rural passou a funcionar em
uma sala da Casa de Administração da Volksveren (Sociedade União Popular) – instituição fundada pelo padre
Amstad no Rio Grande do Sul em 1912, que oferecia
assistência religiosa, cultural, social e profissional aos
imigrantes alemães e seus descendentes. No escritório
da Caixa havia apenas um balcão para atender os clientes, uma mesa que servia de escrivaninha, duas cadeiras,
uma máquina de escrever e um cofre. Sem máquinas
de calcular, contava-se apenas com a habilidade matemática dos funcionários. Nos livros-caixa, os registros
de movimentações financeiras eram feitos com pena de
aço e tinteiro.
Naquela época, 70% dos depósitos realizados na
cooperativa podiam ser emprestados aos associados, a
Livro de matrículas da cooperativa de crédito fundada em Itapiranga no ano de 1932
14
maior parte agricultores. A Caixa pagava 5% de juros
anuais aos correntistas e cobrava 7% de juros anuais
sobre os empréstimos – o juro era cobrado semestralmente e o saldo poderia ser pago em até quatro anos.
Os empréstimos eram concedidos somente aos associados, que pagavam uma taxa de 5 mil réis (cerca de
R$ 1,80) para integrar a cooperativa. Cada depositante
recebia uma caderneta, onde eram anotadas a entrada
e saída do dinheiro, com assinatura do gerente ao lado
de cada lançamento.
Único sistema bancário presente em Itapiranga, a Caixa Rural era responsável por toda a movimentação financeira da cidade, do pagamento de
duplicatas às transferências de dinheiro. Todos os
anos, as assembleias gerais reuniam os associados
para prestação de contas e discussão do futuro da
cooperativa. Do lucro anual, 70% era destinado a
um “Fundo de Reserva Especial” e 30% era doado
em benefício da comunidade – uma das doações mais
importantes da época foi feita ao hospital da cidade,
Máquina de escrever e
tinteiro: as primeiras
ferramentas da Caixa Rural
Livro-caixa registrou as
primeiras movimentações
da cooperativa
15
que recebeu uma geladeira, movida a querosene, para
armazenar penicilina.
A fim de melhorar as condições de atendimento
da Caixa, os cooperados iniciaram, em 1953, a construção da sede própria. Muitos associados trabalharam na obra de forma voluntária e, em 3 de julho de
1955, o prédio da Caixa Rural foi inaugurado. Além
de ampliar o espaço da cooperativa, a nova sede abrigou uma série de estabelecimentos importantes para
a comunidade, como o escritório de correspondência
do Banco do Brasil, o Sindicato dos Trabalhadores
Rurais, a Rádio Itapiranga, a Central Telefônica e
a própria Prefeitura. Assim, iniciava em Itapiranga
uma história de parceria e dedicação à comunidade,
que se tornariam as marcas do cooperativismo de
crédito em Santa Catarina.
16
Itapiranga na década
de 1940: Caixa Rural
era responsável por
toda a movimentação
financeira da cidade
Construção da
sede própria:
trabalho
voluntário
e espírito
cooperativista
Sede própria
foi inaugurada
em 1955, com
a presença dos
associados
17
Sicoob Creditapiranga
Formada por membros da comunidade, a cooperativa de crédito de Itapiranga teve participação ativa na
história do município. A intensa relação com a comunidade permitiu que a antiga Caixa Rural superasse desafios e se adaptasse às mudanças econômicas e sociais
vivenciadas ao longo de 78 anos.
No início da década de 1960, a Caixa Rural já
era uma instituição sólida. Mas a situação dos agricultores locais era preocupante. Empobrecidos, os
produtores não tinham mais condições de investir na
atividade rural. Foi então que a cooperativa decidiu
liderar um grande levantamento socioeconômico, a
fim de identificar os principais entraves ao progresso
da região. O trabalho resultou em um plano completo
de desenvolvimento para Itapiranga, que incluía, entre
outras ações, a construção de uma escola agrícola e a
implantação de empreendimentos como um frigorífico e um laticínio no município. Conforme definia o
plano, parte desses empreendimentos era financiada
pela Caixa Rural.
A iniciativa deu tão certo que o levantamento socioeconômico foi repetido no final da década de 1990,
quando Itapiranga passava novamente por um momento de dificuldade, decorrente do aumento de competitividade no setor agropecuário. Essa situação se refletiu
também no desempenho da cooperativa – agora denominada Creditapiranga –, que fomentou a realização de
um novo plano de desenvolvimento local.
Assim, a mais antiga cooperativa de crédito de
Santa Catarina chegou ao século XXI ainda mais próxima
da comunidade. Entre as principais estratégias de crescimento destaca-se o desenvolvimento de ações para promover a doutrina cooperativista, como a realização de
seminários e palestras sobre o tema, além de patrocínio a
diversos eventos de iniciativa da comunidade. Cada vez
mais presente na vida dos cooperados, a cooperativa de
crédito de Itapiranga cumpre a função social idealizada
pelo padre Theodor Amstad: contribuir para o desenvolvimento humano.
18
Na foto ao lado, o
presidente da cooperativa,
José Adalberto Michels,
recebe associados. Nas
demais, atendimento na
sede e cooperados do
Sicoob Creditapiranga
João Averbeck (à esquerda), associado do Sicoob
Creditapiranga
Meu pai foi sócio-fundador
da Caixa Rural em
Itapiranga. Eram tempos
difíceis, ninguém tinha
dinheiro. Lembro que meu
pai passava o ano inteiro
com 50 centavos no bolso.
Então a cooperativa surgiu
com o princípio de que
um pouco de cada um
Sicoob Creditapiranga
resolveria o problema
Sede: Itapiranga
geral. E assim foi, pois a
Fundação: 21/10/1932
comunidade se uniu em
Início das atividades: 21/10/1932
Filiação ao Sicoob: 16/03/1988
torno do mesmo objetivo.
Segmento: Livre Admissão
Com a ajuda da cooperativa,
Número de associados: 12.316
meu pai comprou terras
Número de funcionários: 44
e pôde criar os sete filhos
Agências: 4
com dignidade. Como ele,
Área de abrangência: Itapiranga, Tunapólis e São João do
Oeste no Estado de Santa Catarina e Barra do Guarita,
Boa Vista do Buricá, Bom Progresso, Braga, Campo
Novo, Crissiumal, Derrubadas, Doutor Maurício Cardoso,
Esperança do Sul, Horizontina, Humaitá, Miraguaí, Nova
Candelária, Novo Machado, Palmitinho, Pinheirinho do
Vale, Redentora, Santa Rosa, São José do Inhacorá, São
Martinho, Sede Nova, Tenente Portela, Tiradentes do Sul,
Três de Maio, Três Passos, Tucunduva, Tuparendi e Vista
Gaúcha no Estado do Rio Grande do Sul
População da área de abrangência: 315.858 habitantes
centenas de pessoas foram
ajudadas. Sem dúvida, a
cooperativa de crédito
foi essencial ao progresso
de Itapiranga, tanto
naquele período como
nas décadas seguintes.
Atual presidente: José Adalberto Michels
DATA BASE: 30/06/2010
19
CAPÍTULO 2
Um estado
que coopera
Consolidadas, as cooperativas de
produção catarinenses dão início a
um movimento para a expansão do
cooperativismo de crédito no estado
20
Assembleia da Crediauc, em Concórdia, na década de 1980
21
O período pós-guerra foi marcado por profundas alterações nos cenários econômico e social de
Santa Catarina. Entre 1940 e 1950, a população do
estado passou de 1,2 milhão para 1,5 milhão de habitantes, a maioria fixada na zona rural. No Brasil,
a partir da metade da década de 1950, a atividade
agrícola tomou o centro das discussões sobre o desenvolvimento do país. Começava a se disseminar a
ideia de que somente a modernização dos métodos
de trabalho no campo permitiria que a agricultura
brasileira acompanhasse a evolução industrial que
ocorria nos centros urbanos.
Em Santa Catarina, a atividade industrial iniciava
uma fase de crescimento e diversificação, mas a economia do estado continuava alicerçada na agricultura.
Em 1960, a indústria era responsável por cerca de 20%
do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, enquanto atividades agrícolas e extrativistas correspondiam a
mais de 50%. Nesse cenário, o cooperativismo ganhou
força, com a formação de cooperativas de produção,
que reuniam produtores rurais para atender o mercado
de forma mais organizada. Esse movimento foi mais
intenso no Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina, regiões que se consolidariam como o “celeiro catarinense”. Chapecó, Concórdia, Joaçaba e Campos Novos
foram algumas das cidades que sediaram as primeiras
Cooperativa Central Oeste Catarinense - Aurora, em 1973: produção impulsiona cooperativismo de crédito
22
cooperativas de produção formadas no estado, ainda
no final da década de 1960.
Enquanto as cooperativas de produção se multiplicavam, o cooperativismo de crédito passava por um
período de instabilidade, marcado por mudanças constantes na legislação que regulamentava o segmento. Ao
final de 1961, o país contabilizava 511 cooperativas de
crédito, com 547.854 associados. Em novembro do ano
seguinte, durante o governo João Goulart, o decreto nº
1.503 editado pelo Conselho de Ministros suspendeu
as autorizações e os registros de novas cooperativas de
crédito, estancando o crescimento do setor.
O processo iniciado em 1962 teve continuidade
Classificação das
cooperativas de crédito
A Lei 5.764, de 1971, que veda às cooperativas de
crédito o uso da expressão “banco”, classificou-as em
três segmentos:
• Singulares: constituídas por, no mínimo, 20 pessoas
físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas sem fins lucrativos ou que
mantenham atividades econômicas iguais ou correlatas às desenvolvidas pelas pessoas físicas. Têm como
função a prestação direta de serviços aos associados.
• Cooperativas centrais ou federações de cooperativas:
constituídas de, no mínimo, três singulares – excepcionalmente podem admitir associados individuais.
Seu objetivo é organizar, em maior escala, os serviços
econômicos e assistenciais de interesse das filiadas,
integrando e orientando suas atividades, além de facilitar a utilização recíproca dos serviços.
• Confederações de cooperativas: constituídas por, pelo
menos, três federações de cooperativas ou cooperativas centrais, pertencentes à mesma ou a diferentes
modalidades. Orientam e coordenam as atividades
das filiadas, nos casos em que o volume dos empreendimentos ultrapassarem a capacidade de atuação
das centrais e federações.
ao longo do regime militar, que planejava uma profunda reforma no Sistema Financeiro Nacional, pela qual
seriam atribuídas a bancos estatais as principais funções
desempenhadas pelas cooperativas de crédito, como o financiamento às atividades agropecuária e industrial. Em
1964, a Lei 4.595 equiparou as cooperativas de crédito
às demais instituições financeiras e transferiu ao Banco
Central as atribuições até então exercidas pelo Ministério
da Agricultura, como a autorização de funcionamento e a
fiscalização das cooperativas de crédito. Nos anos seguintes, uma série de resoluções, leis e decretos restringiram
a área de atuação das cooperativas de crédito, levando a
uma extinção em massa dessas instituições.
O recomeço
Após um período de verdadeira perseguição, a
década de 1970 trouxe esperança ao cooperativismo de
crédito brasileiro, com a revogação de algumas das leis
que restringiam sua atuação. Em 1971, a Lei 5.764 definiu a cooperativa como sociedade de pessoas, de natureza civil. A fiscalização e o controle das cooperativas
de crédito continuaram sob responsabilidade do Banco
Central do Brasil, enquanto sua regulação cabia ao Conselho Monetário Nacional. A legislação também atribuía
ao Estado a responsabilidade pela assistência técnica e
oferta de incentivos financeiros e creditórios especiais,
necessários à criação, desenvolvimento e integração das
entidades cooperativas.
Apesar das condições mais favoráveis, a desestruturação do segmento havia sido tamanha que foram necessários cerca de 20 anos para a retomada da criação de
cooperativas de crédito no Brasil. Em 1981, um projeto
elaborado pelo cooperativista Mário Kruel Guimarães
começou a ser desenvolvido no Rio Grande do Sul, na
tentativa de criar um Sistema Cooperativo de Crédito
Rural no país. O principal objetivo era oferecer ao pequeno produtor uma alternativa de financiamento para
suas atividades, tendo em vista sua impossibilidade de
arcar com as altas taxas de juros cobradas por instituições bancárias.
Esse movimento chegou a Santa Catarina em
23
Informativo das cooperativas de produção divulgava os benefícios do cooperativismo de crédito
1982, coordenado pela Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), que criou
o Comitê Pró-Constituição das Cooperativas de Crédito Rural. Por meio desse Comitê, a Ocesc organizava reuniões em todo o estado, a fim de esclarecer
os benefícios do cooperativismo na área financeira.
Cientes das dificuldades de financiamento enfrentadas pelos produtores rurais, sete cooperativas de
produção foram incentivadas a iniciar um sistema
de cooperativas de crédito em Santa Catarina – eram
elas: Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia), de Concórdia; Cooperativa Regional
Alfa (Cooperalfa), de Chapecó; Cooperativa Agropecuária de Canoinhas (Coopercanoinhas); Cooperativa Regional Auriverde (Cooperauriverde), de Cunha
Porã; Cooperativa Regional Arco Íris (Cooperarco),
de Palmitos; Cooperativa Regional Agropecuária de
24
Campos Novos (Coopercampos) e Cooperativa Rio
do Peixe (Coperio), de Joaçaba.
Em cada uma delas foi formado um grupo de trabalho, que envolvia dirigentes e funcionários, para estudar a viabilidade da fundação de cooperativas de crédito
na região em que atuavam e buscar modelos que auxiliassem na implantação. Além dos encontros realizados
entre líderes do cooperativismo local, os representantes
das cooperativas de produção visitaram diferentes cooperativas de crédito estabelecidas em São Paulo, Paraná e
Rio Grande do Sul, além da única iniciativa catarinense
que não havia sucumbido aos percalços do cooperativismo de crédito nas décadas anteriores: a antiga Caixa
Rural de Itapiranga, à época chamada Creditapiranga.
Escolhidos os modelos que serviriam como base,
cada uma das seis cooperativas de produção elaborou
um projeto e enviou ao Banco Central, solicitando
Certificado emitido pelo
Banco Central autorizou o
funcionamento da Crediauc,
fundada em 1984
autorização para fundar uma cooperativa de crédito
singular. Esses projetos começaram a ser aprovados
em 1985, com a autorização para funcionamento da
Cooperativa de Crédito do Alto Uruguai Catarinense (Crediauc), com sede em Concórdia. Apoiada pela
Copérdia, a Crediauc foi criada em 8 de novembro de
1984, por 33 sócios-fundadores. Entre eles estava Rui
Schneider da Silva, que foi eleito o primeiro presidente
da cooperativa de crédito.
Ao iniciar as atividades, em março do ano seguinte,
o grande desafio era conscientizar os associados, basicamente produtores rurais, a confiar no cooperativismo
de crédito, acreditando que o sistema traria benefício
para todos e contribuiria para o desenvolvimento local.
E não bastava apenas associar-se. Para que a cooperativa
tivesse futuro, era preciso concentrar nela todas as movimentações financeiras.
A primeira operação
O primeiro empréstimo da história da Crediauc,
de Concórdia, deu-se de forma inusitada, algumas horas
depois de sua inauguração. O sócio-fundador João Rech
Netto recebeu a matrícula de número 01. Para efetivar
a abertura da conta corrente, fez o primeiro depósito.
O gerente da Crediauc recebeu o depósito, mas não sabia muito bem o que fazer com o dinheiro. Sem pestanejar, o associado Ovidio José Pille, que estava ao lado
do gerente, questionou se aquele valor, ou ao menos
uma parte, não poderia ser emprestado para ele. Com a
aprovação dos associados presentes no local, o empréstimo foi concedido. Era a primeira das milhares de operações de crédito que seriam realizadas pela Crediauc
nos anos seguintes.
25
Os fundadores da Crediauc se esforçaram para
levar informação às comunidades rurais. E nenhuma
oportunidade era perdida. Certa vez, representantes da
cooperativa foram ao interior preparados para realizar
uma grande reunião com determinada comunidade,
a fim de explicar os princípios e o funcionamento do
cooperativismo de crédito. Ao chegarem ao local combinado, apenas três pessoas os esperavam. Mas eles não
se frustraram. O ginásio foi substituído pela sombra de
uma árvore, onde formaram uma roda de chimarrão e
cumpriram a missão de transmitir aos interessados a
doutrina cooperativista.
A conquista da confiança dos associados foi o grande desafio não apenas da Crediauc, mas de todas as cooperativas de crédito fundadas em Santa Catarina naquela
época. Objetivos e vantagens da empreitada eram esclarecidos em assembleias das cooperativas de produção,
em eventos da comunidade e em visitas às propriedades
rurais. O apoio das cooperativas de produção, aliado à
credibilidade das pessoas envolvidas na implantação,
foi fundamental para que o cooperativismo de crédito
prosperasse no estado.
Mais do que convencer os cooperados a apostarem
na nova ideia, as cooperativas de produção ofereceram
todo o suporte necessário ao desenvolvimento das cooperativas de crédito. Cediam espaço físico, móveis e
funcionários, que se dividiam entre as atividades na cooperativa de produção e o atendimento aos associados
na “Credi” – como as cooperativas de crédito passaram
a ser conhecidas.
Foi assim em Chapecó, no dia 16 de novembro
de 1984, quando 169 pessoas reunidas em Assembleia
Geral da Cooperalfa decidiram fundar a Cooperativa de
Crédito Rural de Chapecó Ltda. - Credialfa, que mais
tarde viria a se chamar MaxiCrédito. Em uma pequena
sala da sede da cooperativa de produção, o atendimento aos associados foi iniciado em agosto de 1985, com
funcionários também cedidos pela Cooperalfa. Toda a
diretoria, incluindo o primeiro presidente, Pergentino
Natalino Grando, trabalhava sem remuneração.
Ao visitar a Cooperalfa, o produtor rural era convidado a conhecer as instalações e as vantagens da Cre26
Sicoob Crediauc
Quando começaram a operar em uma pequena
sala de 16 metros quadrados, os fundadores da Crediauc
tiveram que convencer os associados a canalizar suas movimentações na cooperativa de crédito para fortalecê-la,
mas jamais poderiam imaginar que, passados 25 anos,
esse contingente atingiria quase 18 mil cooperados.
Entre 1984 e 1987, a Crediauc funcionou na sede
da Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia). Eram dois funcionários, um gerente e um caixa,
que realizavam todas as funções. O aumento no número
de cooperados e serviços oferecidos favoreceu o crescimento da cooperativa, que se tornou um importante
agente da economia local. Em alguns dos municípios em
que atua, a Crediauc é responsável por até 97% de todos
os recursos emprestados. A cooperativa opera em regime
de livre admissão de associados desde dezembro de 2006.
No ano seguinte, de acordo com o ranking nacional das
cooperativas de crédito, a Crediauc era a maior de Santa
Catarina e uma das 10 maiores do Brasil.
Em 25 anos, o número de funcionários saltou de
três para quase 100 e uma nova sede, ampla e moderna,
é o retrato do sucesso alcançado. Cada vez mais próxima da comunidade local, a Crediauc apoia festas, feiras e
exposições nos municípios onde está inserida. Equipes e
campeonatos esportivos, além de programas de formação
de atletas com foco em crianças e adolescentes também
são patrocinados pela cooperativa.
Sicoob Crediauc
Sede: Concórdia
Fundação: 08/11/1984
Início das atividades: 07/03/1985
Filiação ao Sicoob: 08/11/1985
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 18.083
Número de funcionários: 83
Agências: 14
Área de abrangência: Concórdia, Seara, Itá, Ipumirim, Ipira,
Xavantina, Peritiba, Piratuba, Lindóia do Sul, Arabutã,
Arvoredo, Paial, Alto Bela Vista e Presidente Castello Branco
População da área de abrangência: 135.313 habitantes
Atual presidente: João Rech Netto
DATA BASE: 30/06/2010
Presidente da Crediauc,
João Rech Neto, atende
associado. Nas imagens
abaixo, a sede da cooperativa
em funcionamento
Mauro Zampiron, associado do Sicoob Crediauc
Me associei à Crediauc há mais
de 20 anos. Eu estava curioso,
pois não sabia o que era
uma cooperativa de crédito,
mas já era associado a uma
cooperativa de produção.
Tenho um comércio e uma
granja e também trabalho
com transporte. A cooperativa
é extremamente importante
para os negócios. Uma vez
precisei de crédito para
comprar milho para a granja
e fui à cooperativa. Em dois
dias, eu estava com o dinheiro
que precisava. No campo, a
cooperativa ajuda em todo o
processo: plantar, produzir e
vender. E depois o cooperado
ainda participa da divisão
dos lucros no final do ano.
Por isso sempre aconselho as
pessoas que passam pelo meu
comércio a se associar. E os
que vão, ficam surpresos com
o excelente atendimento.
27
Sicoob MaxiCrédito
Primeira cooperativa de crédito a se tornar de livre
admissão em Santa Catarina, a MaxiCrédito, alcançou em
2010 a marca de 25 mil associados. Fundada como uma
extensão da cooperativa de produção da região de Chapecó, maior cidade do Oeste catarinense, passou muitos
anos trabalhando apenas com crédito rural.
Apesar de enfrentar várias crises na agricultua durante a década de 1990, devido à queda dos preços dos produtos agrícolas, a MaxiCrédito nunca registrou prejuízos.
Primeira sede da Credialfa, que no futuro
transformou-se em Sicoob MaxiCrédito
Na década seguinte, a estabilidade da economia brasileira
fomentou a demanda por crédito e a cooperativa fez da
ampliação do quadro social a chave para o crescimento.
Em 2005, foi autorizada pelo Banco Central a atuar sob
di. Entre uma conversa e outra, os principais argumentos eram apresentados e a possibilidade de ser dono de
uma instituição financeira, capaz de compreender suas
necessidades e anseios, fazia a diferença. Raramente o
produtor saía da Credi sem a ficha de matrícula preenchida. Aquele papel, datilografado ou preenchido à mão,
representava a aposta em um futuro melhor.
o regime de livre admissão de associados, o que possibilitou a
atração de associados do meio urbano. A abrangência maior
se refletiu tanto na movimentação financeira quanto nas melhorias e infraestrutura. Hoje a MaxiCrédito é uma das maiores cooperativas do estado, com 25 pontos de atendimento,
além da sede. A cooperativa possui um ativo circulante de
R$ 172 milhões. No primeiro semestre de 2010, ela realizou
R$ 13 milhões em operações de crédito, fechando a carteira
A conquista da credibilidade
em R$ 116 milhões. Apesar do crescimento, a cooperativa
trabalha para que suas raízes não sejam esquecidas, man-
Na metade da década de 1980, o cooperativismo
de produção agropecuária catarinense consolidava uma
trajetória de expansão. Juntos, pequenos e médios produtores rurais haviam construído silos e armazéns e adquirido frotas para o escoamento da produção, disputando
mercados em condições de igualdade com as grandes
organizações do setor. Nesse contexto, as cooperativas
de crédito vinham para ampliar as possibilidades de expansão do movimento, ajudando a melhorar a qualidade
de vida dos cooperados, que tinham a possibilidade de
obter e aplicar recursos na sua região.
Alguns dirigentes das cooperativas de produção
tiveram a oportunidade de visitar a Europa e conhecer
os mais antigos sistemas de cooperativismo de crédito,
trazendo para Santa Catarina ideias e experiências bemsucedidas. Foi após algumas viagens à Alemanha que
Alfredo Scultetus, integrante de uma cooperativa de
28
tendo vivos os princípios do cooperativismo.
Sicoob Maxicrédito
Sede: Chapecó
Fundação: 16/11/1984
Início das atividades: 15/08/1985
Filiação ao Sicoob: 08/11/1985
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 24.856
Número de funcionários: 157
Agências: 25
Área de abrangência: Chapecó, Xaxim, Coronel Freitas,
Quilombo, Águas de Chapecó, Caxambu do Sul, Nova
Erechim, Campo Erê, São Bernardino, Santiago do Sul,
Saltinho, Cordilheira Alta, Planalto Alegre, Guatambu, Irati,
Formosa do Sul, Jardinópolis, Entre Rios, União do Oeste,
Águas Frias, Marema, Lajeado Grande e Nova Itaberaba
População da área de abrangência: 289.415 habitantes
Atual presidente: Eloi Frazzon
DATA BASE: 30/06/2010
Milton José Tomasini, associado ao Sicoob
MaxiCrédito
A cooperativa já me
ajudou em vários
momentos difíceis. Um,
que me lembro bem,
foi durante a estiagem
de 2005/2006. Na
época, precisei
fazer prorrogação
Imagens das
agências da
MaxiCrédito.
Abaixo, o
presidente Eloi
Frazzon (à dir.)
conversa com
associado
do pagamento do
empréstimo por causa
da frustração de safra.
Na sequência busquei
recursos para novos
investimentos, que
estavam há muito
tempo nos meus
planos. Os créditos
em horas oportunas
permitiram que eu
conduzisse as minhas
atividades com calma
e tranquilidade,
sem me desfazer
de patrimônio.
29
Sicoob Credicanoinhas
A Credicanoinhas enfrentou logo nos seus primeiros anos de funcionamento os efeitos de planos econômicos malsucedidos e da estruturação do sistema cooperativo. No início da década de 1990, sofreu com o Plano
Collor, que ao confiscar as poupanças deixou a instituição
quase sem dinheiro em caixa. Como reflexo disso, a Credicanoinhas registrou o único semestre de prejuízo em
toda sua história, resultado que conseguiu reverter até o
Em Canoinhas, crescimento da produção leiteira
dependia de crédito na década de 1980
final daquele ano.
Pouco tempo depois, a Credicanoinhas ainda enfrentou dificuldades com a quebra da cooperativa de
produção local. Embora desde os primeiros anos suas
operações fossem independentes, o fato confundiu a comunidade, atingindo negativamente a credibilidade da
cooperativa de crédito. Nessa época, então, a diretoria
aproveitou para resolver problemas de inadimplência e
reorganizar os sócios, operação que gerou a exclusão de
cerca de mil contas.
Mais criteriosa na liberação de crédito, a cooperativa passou a crescer vigorosamente e a oferecer uma
Nas primeiras assembleias da Credicanoinhas, a diretoria
apresentava as vantagens do cooperativismo
ampla gama de produtos e serviços a seus associados.
Hoje, com mais de 4,7 mil associados e passada a fase
de turbulência, a Credicanoinhas se mostra sólida e preparada para atuar como cooperativa de livre admissão
produção de Canoinhas, no Planalto Norte do estado,
iniciou um movimento para a formação de uma cooperativa de crédito na cidade, em 1984.
Na época, a maioria dos produtores rurais da região se dedicava à produção leiteira, complementada
com o cultivo de feijão, milho e soja. A suinocultura,
que se tornaria uma das principais atividades da economia local, estava apenas começando. Tanto para manter
a produção quanto para iniciar um novo negócio, os
produtores rurais precisavam de crédito, cada vez mais
escasso nos bancos.
Apesar da dificuldade evidente, não foi fácil reunir
os 28 sócios fundadores. Scultetus e outros simpatizantes da ideia tiveram que sair a campo para conversar com
os agricultores e convencê-los. Nessa missão, tinham a
ajuda dos técnicos agrícolas da cooperativa de produ30
de associados.
Sicoob Credicanoinhas
Sede: Canoinhas
Fundação: 22/11/ 1984
Início das atividades: 01/04/1985
Filiação ao Sicoob: 08/11/1985
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 4.715
Número de funcionários: 35
Agências: 8
Área de abrangência: Canoinhas, Irineópolis, Matos
Costa, Porto União, Três Barras, Bela Vista do Toldo e
Calmon
População da área de abrangência: 130.745 habitantes
Atual presidente: Francisco Greselle
DATA BASE: 30/06/2010
José Zacarias Munhoz de Lima, associado ao
Sicoob Credicanoinhas
Assim que comecei a trabalhar
com lavoura de soja, milho
e feijão, no final dos anos
90, me associei ao Sicoob. A
cada safra, eu e meu sogro
recorríamos à cooperativa para
custear as sementes, adubos,
fertilizantes e defensivos
utilizados na lavoura. Se
dependêssemos de outros
Ao lado, o presidente
Francisco Greselle
atende a associado.
Nas demais fotos,
a sede do Sicoob
Credicanoinhas
bancos, o dinheiro sairia
com muito mais dificuldade
e sobraria menos ao final
de cada colheita. Na Credi
sou muito bem atendido. Do
presidente ao caixa, todos
me conhecem, o que facilita
a liberação de crédito –
dentro das possibilidades
do nosso cadastro, é
claro. A cidade também se
beneficiou do crescimento
da cooperativa nos últimos
tempos. Com o crédito, a
produção e o comércio têm
se expandido ano após ano.
31
ção. A estratégia deu certo: fundada em 22 de novembro de 1984, a Cooperativa de Crédito de Canoinhas
(Credicanoinhas) abriu as portas para atendimento aos
associados em julho do ano seguinte, tendo Scultetus
como presidente.
A criação de cooperativas de crédito também permitiu às cooperativas de produção atender seus associados de forma mais completa, concentrando o atendimento em um único local. Naquele tempo, a maioria das
operações financeiras era realizada via Banco do Brasil,
o que exigia o deslocamento do agricultor até a agência
para receber pela venda dos produtos entregues na cooperativa de produção.
Em Campos Novos, os associados da Coopercam-
Sicoob Credicampos
No município conhecido como o “celeiro catarinense”, o cooperativismo de crédito chegou para somar
forças. Focada no desenvolvimento local, a Credicampos
atua há 25 anos como um dos principais agentes financeiros de Campos Novos e região.
Entre 1985 e 1998, a Credicampos funcionou na
cooperativa de produção que a originou, a Cooperativa
Regional Agropecuária de Campos Novos (Coopercampos). Em 1998, transferiu-se para uma moderna agência
localizada no centro da cidade. Então os benefícios que
já eram conhecidos pelos associados da Coopercampos
foram sendo descobertos por outras pessoas, ampliando a
base de cooperados.
Assim, a Credicampos chega a 2010 com quase
5 mil associados, atendidos por 25 colaboradores nos
cinco municípios onde a cooperativa mantém postos
de atendimento: Campos Novos, Brunópolis, Capinzal,
Monte Carlo e Curitibanos. Dessa forma, a Credicampos busca, dia após dia, superar o desafio de atender
com equilíbrio às demandas de pequenos a grandes
produtores rurais, oferecendo uma ampla gama de produtos e serviços.
Sicoob Credicampos
Sede: Campos Novos
Fundação: 28/12/1984
Início das atividades: 05/09/1985
Filiação ao Sicoob: 08/11/1985
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 4.920
Número de funcionários: 31
Agências: 5
Área de abrangência: Campos Novos, Anita Garibaldi,
Erval Velho, São José do Cerrito, Monte Carlo, Abdon
Batista, Celso Ramos, Vargem, Brunópolis, Ibiam,
Tangará, Zortéa, Campo Belo do Sul, Curitibanos,
Capinzal e Ouro
População da área de abrangência: 161.112 habitantes
Carta enviada aos associados da Coopercampos convidava
para inauguração da cooperativa de crédito
32
Atual presidente: Luiz Carlos Chiocca
DATA BASE: 30/06/2010
Valter Zanchett, associado ao Sicoob Credicampos
Na cooperativa de
crédito as operações
financeiras se
tornam mais fáceis,
menos burocráticas.
Nela você conhece
todo mundo e a
cooperativa conhece
o seu histórico.
Isso facilita as
operações, de modo
que a liberação de
Abaixo, o presidente
Luiz Carlos Chiocca.
Acima, a sede e a
equipe do Sicoob
Credicampos
recursos é melhor,
mais vantajosa. E
no final do ano você
tem resultados, que
podem voltar para
sua conta ou vão para
capitalização. No
banco, o que
você paga fica lá.
Esse é o grande
diferencial.
33
pos desejavam uma instituição financeira mais próxima, que agilizasse o recebimento e facilitasse o acesso
ao crédito. Por isso, quando a Cooperativa de Crédito
de Campos Novos (Credicampos) começou a funcionar
em uma salinha anexa à Coopercamos, em setembro de
1985, a satisfação foi geral.
Cedidos pela cooperativa de produção, três funcionários se encarregaram da abertura de contas – para
ser associado da cooperativa de crédito, era obrigatório integrar a cooperativa de produção. Junto aos
demais membros da diretoria, o presidente da cooperativa, Alberto Aleixo Rossi, captava novos associados.
No primeiro ano de funcionamento, a abertura de
contas para movimentação financeira foi a única atividade da Credicampos, pois não havia recursos para
a concessão de empréstimos. Somente à medida que
chegaram novos associados, o capital da cooperativa
aumentou e os primeiros financiamentos começaram
a sair – complementados com recursos captados no
Banco do Brasil.
Tanto em Campos Novos quanto nas outras cinco
cooperativas de crédito criadas naquela época, o registro
Sicoob Credirio
Fundada com a ajuda da Cooperativa Rio do Peixe (Cooperio), a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão Vale do Rio do Peixe (Credirio) foi fruto de um
movimento realizado com lideranças comunitárias de
Joaçaba e região. Na época da fundação, os líderes de
todas as comunidades rurais participaram de reuniões,
nas quais se explicavam os objetivos e fundamentos do
cooperativismo de crédito.
Como se tratava de uma nova experiência na
cidade, o apoio da cooperativa de produção foi fundamental para dar credibilidade à Credirio. Todo o esforço valeu a pena. Entre 1986 e 1987, a cooperativa
de crédito dobrou o valor de seu patrimônio líquido e
conquistou cerca de 600 associados. Na época, eram
concedidos empréstimos a atividades não especificadas (conhecidos como “papagaios”), financiamentos
agrícolas para manutenção familiar e desconto de
Nota Promissória Rural – NPR.
Em 25 anos, o leque de produtos e serviços oferecidos foi ampliado, assim como o público-alvo, o primeiro passo da Credirio para atuar como cooperativa
de crédito de livre admissão.
Sicoob Credirio
Sede: Joaçaba
Fundação: 16/01/1985
Início das atividades: 15/10/1985
Filiação ao Sicoob: 08/11/1985
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 11.109
Número de funcionários: 43
Agências: 10
Área de abrangência: Joaçaba, Luzerna, Herval D’Oeste,
Erval Velho, Ibicaré, Água Doce, Treze Tílias, Jaborá,
Ouro e Lacerdópolis
Em todas as cooperativas de crédito, registros
das movimentações financeiras eram feitos
manualmente em fichas de papel
34
População da área de abrangência: 84.415 habitantes
Atual presidente: Geraldo Ferronato
DATA BASE: 30/06/2010
Jussaro Castegnar, associado ao Sicoob Credirio
Nos últimos anos
o Sicoob tem
sido a salvação
da lavoura, pois
precisamos de
dinheiro para nossa
principal atividade:
a agricultura.
Seguidamente
eu estou na
cooperativa,
pedindo dinheiro
emprestado. Se
não fossem esses
recursos com juros
menores eu já
teria parado com a
agricultura, porque
é impossível
pagar um juro
de banco.
No alto, a sede do Sicoob Credirio. Acima, o presidente
Geraldo Ferronato reúne parte da equipe da cooperativa
35
das movimentações financeiras era feito de forma manual. Cada associado tinha uma ficha, na qual o saldo era
atualizado. Quando chegava à cooperativa para fazer um
depósito, os funcionários buscavam a fichinha amarela e
somavam o novo valor ao saldo anterior, que era riscado. A cada saque, pagamento ou cheque descontado,
o cálculo era refeito e o saldo alterado.
Para muitos associados, as cooperativas de
crédito deram a primeira oportunidade de utilizar
cheques, o que no interior ainda era uma modalidade
desconhecida de pagamento. Por isso, seu uso adequado passou a ser uma preocupação constante das
cooperativas, que realizavam um trabalho didático
junto aos associados, explicando o modo de funcionamento. Era preciso fazê-los compreender que o
cheque equivalia ao “dinheiro vivo”, de modo que
se fazia necessário ter saldo em conta para utilizá-lo
como forma de pagamento.
A conscientização em relação aos cheques também era uma preocupação da Cooperativa de Crédito
Rural Vale do Rio do Peixe (Credirio), fundada em
Joaçaba em janeiro de 1985. Presidida naquela época
por Alécio Martini, a Credirio precisou atuar em duas
frentes. Além do associado, era preciso convencer os
comerciantes da região, que no início relutaram em
aceitar os cheques da cooperativa apresentados pelos
clientes. A justificativa de que não conheciam aquele
novo “banco” frustrava os associados.
Com o objetivo de reduzir a desconfiança da comunidade em relação à cooperativa de crédito, líderes
Informativos da Cooperio, a cooperativa de produção de Joaçaba, divulgavam os benefícios do cooperativismo de crédito
36
do Comitê Educativo da Cooperativa Rio do Peixe
(Cooperio) percorreram o comércio da cidade, divulgando os princípios do cooperativismo e incentivando
as pessoas a acreditarem na Credi. Aos comerciantes,
garantiam que se tratava de “um negócio sério” e que
só tinham cheques da cooperativa pessoas idôneas, de
honestidade comprovada.
Para fazer jus à propaganda, os associados eram
selecionados de forma cuidadosa. Além de integrar a
cooperativa de produção, era preciso ser convidado
por outro associado, que informalmente se responsabilizava pela conduta do novo membro. Dessa forma,
acreditavam os dirigentes, minimizavam-se os riscos
da emissão de cheques sem fundos e de abalo na imagem da cooperativa recém-formada.
Assim como a contabilidade trabalhosa e a conquista de credibilidade, o desafio de captar recursos
para atender às expectativas dos associados também
era comum às cooperativas recém-criadas. Enquanto a atração de associados foi se resolvendo à medida
Assembleia
de fundação
e primeiros
atendimentos da
Oestecredi, na
época Crediarco
37
que os benefícios das cooperativas de crédito eram divulgados, a captação de dinheiro tornou-se tarefa bem
mais árdua.
No município de Palmitos, a Cooperativa de Crédito Rural Arco Íris (Crediarco, atualmente Oestecredi),
fundada em fevereiro de 1985, levou quase três anos para
alcançar a autonomia financeira, deixando de depender da
cooperativa de produção que lhe deu origem – a Cooperativa Regional Arco Íris. Presidida por Leonir Dacroce,
a Crediarco iniciou o atendimento ao público contando
com apenas dois funcionários – um gerente e um contador.
Apesar das dificuldades, já no primeiro ano de existência
a cooperativa alcançou a marca de 400 associados.
Para isso, foi fundamental o trabalho de conscientização dos agricultores locais sobre a necessidade de efetuar depósitos e aplicações na cooperativa. A proposta de
gerar um ciclo virtuoso, de modo que o dinheiro aplicado fosse emprestado a alguém do próprio município foi,
pouco a pouco, convencendo a comunidade. Em 2000,
um novo avanço: a Crediarco incorporou a Cooperativa
de Crédito Rural Santa Lúcia (Credilucia), que atuava
na mesma região, e passou a se chamar Oestecredi.
A mesma ideia foi disseminada na região de Cunha
Porã, onde, em agosto de 1985, a Cooperativa de Crédito Rural Auriverde (Crediauriverde – hoje Credial)
iniciou suas operações. Fundada no ano anterior por 28
sócios – e presidida por Manfredo Salfner –, a Credial
era apoiada pela cooperativa de produção local e nascia
com a missão de fomentar a produção agrícola, bem
como sua comercialização e industrialização.
A ata da primeira assembleia registra a preocupação dos sócios-fundadores com a disseminação dos
princípios do cooperativismo, incluindo, entre as finalidades da cooperativa “a formação educacional de seus
associados, no sentido de fomentar o cooperativismo
através da ajuda mútua, da economia sistemática e do
uso adequado do crédito”. Na mesma assembleia, os
conselheiros da Crediauriverde, repetindo uma atitude
comum aos dirigentes de cooperativas de crédito criadas
naquela época, abriram mão de qualquer remuneração,
a fim de isentar a cooperativa de custos adicionais no
período de implantação.
38
Sicoob Oestecredi
Uma das pioneiras no estado, a Oestecredi consolidou-se ao mesmo tempo em que ajudou a espalhar o espírito do cooperativismo. A Oestecredi ajudou na formação de
outras cooperativas de crédito no estado de Santa Catarina
e, assim que obteve a autorização para atuar em regime de
livre admissão de associados, em 2007, adicionou mais 22
municípios gaúchos à sua área de cobertura.
Atualmente, a Oestecredi possui sete agências, nas cidades de Caibi, Mondaí, Iporã do Oeste, Riqueza, Belmonte,
Santa Helena e Descanso – onde começou a atender depois
de 2000, quando incorporou a Cooperativa de Crédito Rural
Santa Lúcia (Credilucia). A incorporação da Credilucia, aliás,
foi a primeira realizada na história do Sicoob SC. Em mais
de 20 anos de história, a Oestecredi conta com um quadro
de 14,8 mil associados distribuídos em toda sua área de
atuação, que são atendidos por cerca de 80 funcionários.
Entre as metas da cooperativa estão o incremento
de 10% no número de associados e de cartões, aumentar
o número de linhas de crédito disponíveis e continuar participando de eventos sociais. Dessa forma, além de ajudar
no desenvolvimento local, a atuação da cooperativa na comunidade transcende os serviços bancários. A Oestecredi já
foi reconhecida pela ajuda na construção da sede do Corpo
de Bombeiros Comunitário de Palmitos e recebeu prêmio
de destaque empresarial do município.
Sicoob OesteCredi
Sede: Palmitos
Fundação: 01/02/1985
Início das atividades: 13/09/1985
Filiação ao Sicoob: 08/11/1985
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 14.836
Número de funcionários: 82
Agências: 8
Área de abrangência: Palmitos, Belmonte, Caibi, Descanso,
Iporã do Oeste, Mondai, Riqueza e Santa Helena, no
Estado de Santa Catarina, e Alpestre, Ametista do Sul,
Caiçara, Cristal do Sul, Erval Seco, Frederico Westphalen,
Iraí, Jaboticaba, Liberato Salzano, Pinhal, Planalto, Rodeio
Bonito, Seberi, Taquaruçú do Sul, Trindade do Sul, Vista
Alegre e Vicente Dutra, no Estado do Rio Grande do Sul
População da área de abrangência: 189.138 habitantes
Atual presidente: Lauri Inácio Slomski
DATA BASE: 30/06/2010
Atendimento no
Sicoob Oestecredi.
Na última foto, o
presidente Lauri
Inácio Slomski
Elio Casarin, associado ao Sicoob Oestecredi
No início havia
pessoas que não
entendiam o porquê
da criação de uma
cooperativa de crédito,
se existiam outros
bancos na cidade.
Mas, aos poucos,
as pessoas foram
se conscientizando
sobre o papel de
uma cooperativa de
crédito no município.
Queríamos que o
recurso captado fosse
emprestado aqui na
região, em forma
de crédito. E foi o
que aconteceu.
39
Sicoob Credial
De 28 sócios-fundadores para cerca de 15 mil associados. Esse foi o salto registrado pela Cooperativa de
Crédito Auriverde (Credial) em 25 anos. Nos primeiros
anos de atividades a Credial possuía apenas uma agência na cidade de Cunha Porã, onde trabalhavam três
funcionários, que também atendiam os associados dos
municípios vizinhos em parceria com a cooperativa de
produção local.
Hoje a Credial conta com cerca de 70 colaboradores, entre funcionários e estagiários. Além da sede
Primeiras instalações da Credial, em Cunha Porã
em Cunha Porã, está presente em outros oito municípios da região: Maravilha, São Carlos, Cunhataí, Iraceminha, Flor do Sertão, São Miguel da Boa Vista, Santa
Uma Central em SC
Terezinha do Progresso e Tigrinhos.
Administrando cerca de R$ 120 milhões em ativos, a Credial ampliou sua base de atuação após ter
Pioneiro na formação de cooperativas de crédito, o Rio Grande do Sul foi também o primeiro estado
brasileiro a criar uma central de cooperativas desse ramo, em 1980. Conforme o estatuto da instituição, as
cooperativas tinham a função de prestar o atendimento
aos associados, enquanto a Central se ocupava da gestão
financeira em escala e dos serviços jurídicos, de supervisão e de formação de recursos humanos.
Em 1985, com as sete cooperativas singulares de
crédito em pleno funcionamento em Santa Catarina,
os líderes do cooperativismo catarinense decidiram que
havia chegado a hora de também criar um sistema que
as agregasse em torno de objetivos comuns. No dia 8 de
novembro, reunidos no Hotel Plaza Itapema, no litoral, 27 delegados de nove cooperativas fundaram a Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina
– Cocecrer/SC, futuro Sicoob SC. As fundadoras eram
as cooperativas de crédito Crediauc, Credicanoinhas,
Credicampos, Credirio, Crediarco, Credialfa e Credial,
além da Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora
(Coopercental Aurora), de Chapecó, e da Cooperativa
Central Agrícola Vale (Cooperleite), de Itajaí.
Após longas explanações sobre a importância e os
benefícios gerados por uma cooperativa central, os 27
40
aprovado seu projeto de livre admissão, em 2006. Assim, além dos produtores rurais, a Credial passou a contemplar o segmento urbano, tornando-se uma alternativa financeira para toda a comunidade.
Abaixo, o presidente
Hermes Barbieri recebe
os associados. Nas
demais fotos, assembleia
e atendimento na
cooperativa
Sicoob Credial
Sede: Cunha Porã
Fundação: 26/11/1984
Início das atividades: 08/08/1985
Filiação ao Sicoob: 08/11/1985
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 17.609
Número de funcionários: 58
Agências: 9
Área de abrangência: Cunha Porã, Maravilha, São Carlos,
Campo Erê, Iraceminha, Cunhataí, Santa Terezinha do
Progresso, São Miguel da Boa Vista, Flor do Sertão,
Tigrinhos, Águas de Chapecó e Caibi
Nelson Bauerman,
associado do Sicoob Credial
População da área de abrangência: 82.431 habitantes
Atual presidente: Hermes Barbieri
DATA BASE: 30/06/2010
A cooperativa de
crédito exerce um
papel muito maior e
mais importante do
que imaginávamos
quando a fundamos.
O cooperativismo de
crédito nos oferece
opções que os bancos
não oferecem. Na
região são 16 mil
associados, é
muita gente. Eu,
por exemplo,
realizo 95% dos
meus negócios
no Sicoob.
41
delegados elaboraram o Estatuto Social da instituição,
que foi discutido, artigo por artigo, e aprovado por unanimidade. Seguindo as definições do Estatuto, a assembleia foi suspensa por 30 minutos para que se formassem
as chapas que concorreriam à eleição dos Conselhos de
Administração e Fiscal.
Símbolo da unidade ideológica das cooperativas
fundadoras, apenas uma chapa foi formada e eleita por
aclamação. O então vice-presidente da Credirio, José Zeferino Pedrozo, foi eleito o primeiro presidente da Cocecrer/SC. Juntaram-se a ele o vice-presidente, Vilibaldo
Erich Schmidt, e o secretário Pergentino Natalino Grando
– representantes da Credicampos e da Credialfa, respectivamente –, além de seis conselheiros de administração
e seis conselheiros fiscais (veja página 43).
Também participaram do evento representantes
de entidades ligadas ao cooperativismo, como a Ocesc,
o Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) e
a Cocecrer/RS. “Vocês que estão aqui e os órgãos aqui
representados verão, no futuro, a grandiosidade do ato
que hoje se fez”, afirmou o presidente da Cocecrer/RS
e um dos idealizadores do cooperativismo de crédito no
Brasil, Mário Kruel Guimarães.
A ata de fundação registra a função social da Cocecrer/SC: “Organizar em comum e em maior escala os
serviços econômicos e assistenciais de interesse das cooperativas afiliadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos
serviços pertinentes à área, na condição de instituição
financeira”. Com objetivos bem definidos, estava formada a aliança que elevaria Santa Catarina ao patamar de
estado modelo na área de cooperativismo de crédito no
Brasil, com impacto direto na melhoria das condições
de vida da população.
Jornal Elo Cooperativo, publicado pela Ocesc, divulga a criação da Cocecrer, hoje Sicoob SC
42
Os primeiros dirigentes da Cocecrer/SC
Conselho de Administração
Conselho Fiscal
Presidente: José Zeferino Pedrozo (Credirio)
Mário Lanznaster (Fricooper)
Vice-presidente: Vilibaldo Erich Schmidt (Credicampos)
Nelson João Bauermann (Credial)
Secretário: Pergentino Natalino Grando (Credialfa)
Nelson Fruet (Crediarco)
Conselheiros:
Lauro Silvio Martinhuk (Credicanoinhas)
Alecio Isidoro Martini (Credirio)
João Rech Netto (Crediauc)
Leonir Dacroce (Crediarco)
Daniel Dallagnol (Credicampos)
Alfredo Scultetus (Credicanoinhas)
Manfredo Artur Salfner (Credial)
Aury Luiz Bodanese (Coopercentral Aurora)
Harry Dorow (Cooperleite)
Ata de fundação
da Cocecrer/SC
43
CAPÍTULO 3
A consolidação
da Central
Na década perdida da economia brasileira, o cooperativismo
de crédito surge como alternativa às altas taxas praticadas
pelo sistema financeiro tradicional. Impulsionada
pelo crescimento das singulares, a Cocecrer/SC, futuro
Sicoob SC, amadurece e revela sua importância.
44
Iniciativas da Central para a integração dos dirigentes do Sistema, na década de 1990, culminaram em ações
importantes nos anos seguintes, como o Encontro dos Conselhos realizado a partir de 2004
45
Durante a segunda metade da década de 1980,
todos os esforços do governo brasileiro se voltaram para
o combate à inflação, que resistia em meio à recessão e
ao desemprego. A atenção especial à política econômica
tinha justificativa: em 1983, os preços atingiram alta de
200% e, no ano seguinte, continuavam em aceleração.
Não havia dúvida de que, se essa evolução continuasse,
a taxa de inflação chegaria a patamares de 400% a 500%
ao ano. Sem condições de manter reajustes salariais mensais, o Brasil estava na rota da hiperinflação.
Na tentativa de conter a crise, foram implantados
sete planos de estabilização, obrigando os brasileiros a
adotarem, em 10 anos, quatro moedas e 13 políticas salariais diferentes. No mesmo período, as regras de câmbio foram alteradas por 17 vezes, enquanto as normas
de controle de preços sofreram mais de 50 mudanças. O
Brasil vivia as consequências devastadoras do segundo
choque do petróleo, da elevação dos juros internacio-
nais e da redução drástica de financiamentos externos
oferecidos aos países em desenvolvimento. Em meio a
tantos problemas, o sonho de crescimento brasileiro parecia cada vez mais distante.
Nesse cenário, a Cooperativa Central de Crédito
Rural de Santa Catarina (Cocecrer/SC) buscava meios para
amenizar os impactos da crise econômica sobre as cooperativas singulares e, mais ainda, sobre os associados. Sem
recursos para iniciar suas atividades de forma independente,
a Cocecrer/SC começou a operar no dia 9 de dezembro de
1987, em uma pequena sala da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), em Florianópolis,
contando com o trabalho de dois assessores também cedidos pela instituição. O presidente, José Zeferino Pedrozo,
e os demais dirigentes da Central não eram remunerados
e todas as despesas relacionadas às atividades da Cocecrer/
SC eram pagas por suas cooperativas de origem.
Nas cooperativas já existentes os recursos também
Na década perdida da economia brasileira, agricultura sofreu os efeitos da recessão
46
eram escassos e, para atender às solicitações de empréstimo e financiamento dos associados, elas, agora apoiadas pela Central, recorriam aos bancos estatais, principalmente ao Banco Nacional de Crédito Cooperativo
(BNCC). Criado pelo governo federal em 1951, a partir
da Caixa de Crédito Cooperativo, o BNCC tinha como
objetivo prestar assistência e amparo às cooperativas.
O Banco era controlado pela União, que detinha
54% do seu capital, sendo o restante subscrito pelas cooperativas legalmente constituídas e em funcionamento.
Centralizando as operações financeiras de cooperativas
de todos os segmentos – produção, consumo e crédito,
entre outros –, o BNCC contribuiu para a formação
da Cocecrer/SC e, durante muitos anos, foi um grande
parceiro do cooperativismo de crédito no estado.
No meio rural, o acesso ao crédito para custeio
das atividades estava cada vez mais difícil nos bancos comerciais. Conseguir um financiamento, por menor que
fosse, exigia o cumprimento de uma série de processos
burocráticos, que tomavam tempo e elevavam os gastos
dos agricultores com viagens às cidades. Além disso, os
custos financeiros tornavam inviável o desenvolvimento
da produção agrícola.
Segundo uma pesquisa realizada pela Organização
das Cooperativas Brasileiras (OCB), na safra 1985/1986
os custos financeiros equivaliam, em média, a 41% da
produção. Ou seja, de cada 100 sacas produzidas 41
eram destinadas a cobrir despesas bancárias como juros
e taxas. Impulsionadas pela insatisfação dos produtores
rurais com essa situação, as cooperativas de crédito se
multiplicavam.
Instalações da Ocesc, onde a Cocecrer/SC começou
a operar em meados da década de 1980
O cooperativismo se expande
Em Turvo, no Sul do estado, a ideia de criar
um “banco próprio” dos agricultores surgiu dentro
do Sindicato dos Produtores Rurais, em 1986, culminando na fundação da Cooperativa de Crédito
Rural Sul Catarinense (Credisulca). Na comunidade,
alguns receberam a ideia com otimismo, outros com
desconfiança. Das cerca de 100 pessoas reunidas na
primeira assembleia, 21 se matricularam para inte47
Sicoob Credisulca
Da garagem da cooperativa de produção, onde iniciou suas atividades, a Credisulca evoluiu para 15 agências,
que atualmente atendem cerca de 16 mil associados, distribuídos em 11 municípios da região Sul do estado. Para
tornar mais eficiente o atendimento ao associado, a Credisulca conferiu autonomia administrativa às suas agências,
que contam com comitê local de crédito e um valor préautorizado para liberação de empréstimos.
Esse modelo, utilizado por algumas singulares do Sicoob SC, permite à administração da cooperativa controlar
as despesas, receitas e resultados de cada agência e assim determinar as metas de empréstimos e captação de associados
Primeira assembleia de cooperados da Credisulca, em 1989
de cada uma delas. Na Credisulca, a autonomia das agências
foi essencial para que a cooperativa passasse a operar em
regime de livre admissão de associados a partir de julho de
2009. Atualmente, entre os produtos e serviços que oferece
grar a cooperativa. Entre eles, o primeiro presidente,
Romanim Dagostin.
Enquanto aguardavam a autorização do Banco
Central para iniciar as operações, alguns membros da
Credisulca viajaram por Santa Catarina e Rio Grande
do Sul para conhecer iniciativas semelhantes que haviam obtido sucesso. Quando recebeu a autorização, em
1989, a Credisulca iniciou o atendimento na garagem
da cooperativa de produção da cidade, com apenas dois
funcionários.
Naquela época, era comum que os dirigentes das
cooperativas de crédito penhorassem os próprios bens
como garantia de financiamentos realizados no Banco
do Brasil para atender as demandas dos associados. Para
eles, o risco era recompensado pela certeza dos benefícios
gerados a partir dessa atitude corajosa.
Também em busca desses benefícios, 25 produtores rurais fundaram, em março de 1986, a Cooperativa
de Crédito Rural Itaipu (Creditaipu), em Pinhalzinho.
Inconformados com a demora na liberação de crédito
para custeio nos bancos comerciais e oficiais, os associados da Cooperativa Agropecuária Itaipu (Cooperitaipu)
decidiram apostar na constituição de uma instituição
financeira própria.
48
a seus associados destacam-se mais de 35 modalidades de
concessão de crédito, além de aplicações financeiras.
No horizonte futuro, a Credisulca espera inaugurar
mais agências na região de Criciúma, bem como concluir a
construção da nova sede em Turvo. Além das melhorias em
infraestrutura, investimentos em recursos humanos acompanham o desenvolvimento da cooperativa, que possui
convênios com instituições de ensino para que seus funcionários cursem pós-graduação.
Credisulca
Sede: Turvo
Fundação: 01/03/1986
Início das atividades: 18/09/1989
Filiação ao Sicoob: 31/03/1989
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 16.417
Número de funcionários: 109
Agências: 15
Área de abrangência: Turvo, Araranguá, Balneário Arroio
do Silva, Balneário Gaivota, Cocal do Sul, Criciúma,
Ermo, Forquilhinha, Lauro Muller, Meleiro, Morro
Grande, Nova Veneza, Passo de Torres, São João do
Sul, Siderópolis, Timbé do Sul, Treviso e Urussanga,
todos no Estado de Santa Catarina e Dom Pedro de
Alcântara e Torres, no Estado do Rio Grande do Sul
População da área de abrangência: 444.004 habitantes
Atual presidente: Romanim Dagostin
DATA BASE: 30/06/2010
Atendimento no Sicoob
Credisulca. Na última
foto, o presidente
Romanim Dagostin
conversa com associado
Lino Angeloni, associado ao Sicoob Credisulca
Sou associado da
Credisulca desde 1991,
seguindo o caminho
de meu pai, que foi um
dos sócios-fundadores.
Em 2009, decidi deixar
de trabalhar com
bancos. Só trabalho
com a Credisulca,
que todos os anos
oferece as menores
taxas do crédito que
preciso para o custeio
da lavoura de arroz e
compra de maquinário.
A cooperativa
está ajudando no
desenvolvimento da
região facilitando
o crédito para as
pessoas. Com o
pouco de cada um,
ela ajuda muita
gente.
49
Sicoob Creditaipu
Passados 24 anos, os números da Creditaipu revelam que todo o empenho dos associados na época da
fundação valeu a pena. A cooperativa calcula o Resultado Social Econômico, uma mostra de quanto o cooperado deixou de desembolsar durante o ano ao efetuar
operações de crédito na Creditaipu e não no sistema
financeiro tradicional. Em 2009, por exemplo, essa economia ultrapassou os R$ 18 milhões.
Além da sede em Pinhalzinho, a cooperativa tem
pontos de atendimento permanente nos municípios
de Saudades, Modelo, Serra Alta, Sul Brasil, Bom Jesus
d’Oeste e Saltinho. Desde 2007, opera em regime de
livre admissão.
Atualmente, a diversidade de produtos e serviços,
aliada ao relacionamento próximo à comunidade, garantem bons resultados à cooperativa. A Creditaipu fechou
Na foto ao alto, o primeiro depósito realizado na Creditaipu. Acima,
entrega do primeiro talão de cheques emitido pela cooperativa
A Creditaipu começou a operar em um escritório
da cooperativa de produção, que, além de não cobrar
aluguel, cedeu móveis e funcionários. A conquista
gradual de associados foi fruto de um trabalho árduo.
Além de reuniões nas comunidades, dirigentes das
cooperativas de crédito e de produção visitaram as
propriedades da região, uma a uma, para convencer
os agricultores de que podiam confiar na Creditaipu.
Como a maioria das cooperativas da época, ela tinha
um único mas importantíssimo produto a oferecer:
crédito rural, com menos burocracia e taxas mais baixas que as praticadas pelos bancos.
50
Presidente do Sicoob
Creditaipu, Eloi Pressotto.
Nas demais fotos, o
atendimento na sede
da cooperativa
o ano de 2009 com patrimônio líquido de R$ 24 milhões e
sobras no valor de R$ 4,9 milhões, que após dedução fiscal e reservas estatutárias foram consolidadas em torno de
R$ 2,3 milhões. Nesse mesmo ano, as operações de crédito ultrapassaram R$ 74,3 milhões.
Sicoob Creditaipu
Sede: Pinhalzinho
Fundação: 27/03/1986
Início das atividades: 24/05/1989
Filiação ao Sicoob: 07/12/1988
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 10.052
Número de funcionários: 55
Agências: 7
Área de abrangência: Pinhalzinho, Modelo, Saudades, Serra
Alta, Sul Brasil, Bom Jesus d’Oeste e Saltinho
População da área de abrangência: 41.153 habitantes
Atual presidente: Eloi Guilherme Presotto
DATA BASE: 30/06/2010
Marino Wickert,
associado ao Sicoob Creditaipu
Já utilizei inúmeras
vezes os serviços do
Sicoob e sempre fui
muito bem atendido.
Quando a Creditaipu
foi fundada, em
1986, eu fui um dos
conselheiros. Então
é muito bom ver que
a cooperativa hoje
está dando certo.
Recentemente, com
a ajuda da Credi,
consegui comprar
um novo trator, pois
o meu estava muito
velho e dando
muitos prejuízos
com reparos.
51
A Central se estrutura
Após funcionar durante alguns meses na Ocesc,
a Cocecrer/SC foi transferida, em 1988, para o terceiro
andar do prédio onde até então funcionava a Federação
das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro),
no centro da Capital. Os dois primeiros andares do mesmo prédio eram ocupados pelo BNCC.
Na época, a Central já contava com seis funcionários. Juntos, eles executaram a primeira mudança da sede.
Naquele momento, todo o patrimônio da Cocecrer/SC
era representado por algumas pastas de papéis e material
de escritório, que couberam no porta-malas de um veículo, emprestado por uma das cooperativas singulares.
Prédio da Fecoagro foi sede da Cocecrer/SC em 1988
52
A Cocecrer/SC ocupou o espaço antes utilizado
pela Fecoagro, que havia suspendido suas atividades.
Assim, pôde aproveitar móveis e equipamentos deixados
no local pela Federação. Durante alguns dias, os funcionários trocaram as tarefas rotineiras pela limpeza e organização da nova sede. Lixaram e pintaram arquivos de
ferro antigos, restauraram móveis e fizeram uma faxina
geral. Com a ajuda de alguns voluntários que passavam
pelo local, carregaram um cofre que pesava cerca de uma
tonelada, levando-o do primeiro ao terceiro andar – após
diversas paradas para descanso.
O esforço descomunal tinha uma boa justificativa. O cofre era necessário para guardar os recursos
do caixa da Cocecrer/SC, que cresceu após centralizar
a movimentação financeira de suas singulares junto
ao BNCC. Em 1988, por meio de um convênio realizado entre a Central e o Banco, o saldo das cooperativas foi zerado e todo o dinheiro transferido para
uma conta única, administrada pela Central. Começava a se formar, assim, a primeira fonte de receita da
Cocecrer/SC.
O trabalho também aumentou. Todas as manhãs,
a Central recebia um telex do BNCC, que fazia a compensação de todas as cooperativas, para atualizar o saldo
das singulares. Como todo o processo era manual – os
valores eram calculados e anotados a lápis na ficha de
cada cooperativa –, alguns funcionários passavam a noite trabalhando na atualização, que representava a movi-
mentação financeira de 8 mil associados.
Com a centralização, o volume de recursos oferecido pelo BNCC às cooperativas de Santa Catarina foi
ampliado. O limite de crédito das integrantes da Cocecrer/SC junto ao Banco correspondia a duas vezes o
seu saldo médio – e por isso ficou conhecido como “2
por 1”. Dessa forma, a capacidade de captar recursos e
emprestá-los foi crescendo gradualmente.
Sem fronteiras
Em 1988, durante a Assembleia Nacional Constituinte, o sistema cooperativo brasileiro fez grandes esforços para a aprovação da autogestão das cooperativas,
Mapa publicado em relatório da Central em 1985 mostra a abrangência do Sistema na época
53
que significava autonomia de constituição e administração
sem a interferência estatal. Estavam na pauta, também, o
reconhecimento do ato cooperativo como diferente do ato
comercial e o compromisso do Estado em desenvolver o
cooperativismo. Em parte, essas prerrogativas foram atendidas. A Constituição manteve a Lei 5.764, de 1971, como
referência para fundação das sociedades cooperativas. Assim, as cooperativas de crédito continuaram dependentes
da autorização prévia do governo para funcionar.
Sob as diretrizes da Constituição, novas cooperativas foram se estabelecendo em Santa Catarina. Em
dezembro de 1988, a Cocecrer aprovou a filiação da Cooperativa de Crédito Rural do Meio Oeste Catarinense
(Credimoc), fundada cinco meses antes em Xanxerê. Desafiando o histórico negativo do cooperativismo naquela
região, 25 produtores rurais fundaram a Credimoc.
Presidida por José Luiz Sulsbach, a cooperativa
de crédito tinha o desafio de convencer a comunidade a
acreditar em um novo modelo de instituição financeira.
Para isso, contou com a ajuda de outras cooperativas da
região Oeste, em especial da Crediauc, de Concórdia,
que enviou dirigentes para ministrar palestras e esclarecer
dúvidas sobre o funcionamento do sistema. A Central
também colaborou com os primeiros passos da nova
filiada, prestando suporte jurídico e operacional para a
implantação da cooperativa.
A 165 quilômetros de Xanxerê, a iniciativa de 26
agricultores, que também em 1988 se reuniram para formar a Cooperativa de Crédito Rural Videira (Credivil),
mudaria o perfil da agricultura na região. Na época da
fundação, as atividades dos produtores rurais se concentravam na fruticultura, em especial uva, e no cultivo de
cereais. Por meio do crédito oferecido pela cooperativa,
que elegeu Silvestre Antônio Fanti como primeiro presidente, a suinocultura foi impulsionada, tornando-se
uma das atividades mais fortes da região.
Sede de uma das maiores indústrias alimentícias
do país, a Perdigão, Videira viu nascer, ainda na década
de 1970, o sistema integrado de produção, pelo qual
a indústria fornece animais, ração e assistência técnica
para a criação e engorda de aves e suínos, enquanto o
criador participa com a infraestrutura e a mão de obra.
54
Sicoob Credimoc
Com sede em Xanxerê, a Credimoc tem agências
nas cidades de Ipuaçu, Faxinal dos Guedes e Bom Jesus e
reúne cerca de 5 mil associados. A contribuição da Credimoc para o desenvolvimento da região onde atua pode
ser comprovada pela evolução dos associados ao longo
do tempo, refletida na ampliação do poder aquisitivo e
do patrimônio individual. Produtores de grãos, suínos e
leite, por exemplo, incrementaram suas atividades a partir de financiamentos oferecidos pela cooperativa.
No exercício de 2009, a Credimoc alcançou patrimônio líquido de R$ 6,8 milhões e realizou empréstimos
totalizando R$ 32,9 milhões. Além de dinamizar a economia regional com esses resultados, a cooperativa se
aproxima da comunidade, marcando presença em festas
regionais e eventos esportivos e realizando campanhas
de divulgação tanto no meio rural quanto no urbano.
Sicoob Credimoc
Sede: Xanxerê
Fundação: 05/07/1988
Início das atividades: 21/11/1988
Filiação ao Sicoob: 07/12/1988
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 5.854
Número de funcionários: 25
Agências: 4
Área de abrangência: Xanxerê, Faxinal dos Guedes,
Abelardo Luz, São Domingos, Ipuaçú, Bom Jesus e
Ouro Verde
População da área de abrangência: 90.756 habitantes
Atual presidente: Ivalino Martarello
DATA BASE: 30/06/2010
Oswaldo Sette, associado ao Sicoob Credimoc
Acima, o presidente do
Sicoob Credimoc, Ivalino
Martarello. Ao lado, o
atendimento na sede.
Abaixo, os negócios de
associados da cooperativa:
indústria gráfica e
propriedade rural
Para mim, o Sicoob
foi mais que uma
mãe. Foi mãe, pai e
também psicólogo.
A gente chega na
cooperativa cheio de
problemas, com as
dívidas incomodando,
e sempre encontra
uma palavra amiga, a
mão estendida. Saímos
de lá aliviados. Essa
relação, muito mais
próxima do que a que
eu teria com qualquer
banco, faz com que
na cooperativa eu
me sinta em casa.
55
Sicoob Videira
Consolidada na região do Vale do Rio do Peixe,
fruto do trabalho intenso no cooperativismo há mais de
20 anos, o Sicoob Videira ajudou no desenvolvimento
não apenas dos agricultores, mas também de micro e
pequenas empresas locais, impulsionando a economia e
os avanços sociais na região.
Até o ano 2000 o Sicoob Videira funcionava nas
dependências da Coopervil, cooperativa de produção
da cidade e grande parceira da instituição de crédito.
Hoje, além da sede em Videira, a cooperativa tem mais
sete pontos de atendimento – em Arroio Trinta, Tangará, Salto Veloso, Rio das Antas, Iomerê, Fraiburgo e
Assembleia da Credivil, futuro Sicoob Videira,
realizada no final da década de 1980
Pinheiro Preto.
Em busca de contínuo crescimento, o Sicoob Videira aposta em programas de capitalização, para arrecadar
recursos que se revertam em benefício de seus associa-
Com financiamento da cooperativa de crédito, produtores rurais da região puderam adequar suas propriedades para a nova atividade, dando origem às granjas que
alavancariam a economia local.
Visto como uma oportunidade de diversificação
da produção rural, o modelo de integração foi se disseminando pelo estado no final da década de 1980. No
Extremo Oeste, a suinocultura já havia se tornado a
principal atividade. A cada 15 dias, produtores iam para
a cidade vender os animais e levavam para casa o dinheiro que recebiam por eles. Achavam difícil ir aos bancos,
distantes da propriedade, onde o atendimento demorava
e nem sempre suas dúvidas eram respondidas. Por isso,
quando surgiu o movimento para criar uma cooperativa
de crédito em São Miguel do Oeste, muitos se prontificaram a ajudar.
Antes da fundação da cooperativa, foram realizadas
diversas reuniões com líderes das comunidades rurais,
que levavam aos vizinhos as informações sobre o cooperativismo de crédito. Disseminada a ideia, em 25 de
julho de 1989, em meio às comemorações do Dia do
Colono, 34 produtores rurais se reuniram na cooperativa
de produção de São Miguel do Oeste para finalmente
fundar a cooperativa de crédito. No mesmo dia, elege56
dos. A primeira campanha de capitalização foi realizada
ainda em 2000, por meio de uma rifa. Em 2005, a cooperativa lançou o Credicap, que permanece até hoje.
Para os próximos anos, a cooperativa busca a expansão das atividades com a meta de alcançar o número
de 15 mil associados até 2020. Para isso, pretende lançar novos produtos, ampliar a divulgação no comércio e
no interior, inaugurar novos pontos de atendimento e,
principalmente, se consolidar como cooperativa de livreadmissão de sócios.
Sicoob Videira
Sede: Videira
Fundação: 26/10/1988
Início das atividades: 19/06/1989
Filiação ao Sicoob: 31/03/1989
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 7.462
Número de funcionários: 47
Agências: 8
Área de abrangência: Videira, Rio das Antas, Tangará,
Salto Veloso, Arroio Trinta, Fraiburgo, Pinheiro Preto e
Iomerê
População da área de abrangência: 111.598 habitantes
Atual presidente: Luiz Vicente Suzin
DATA BASE: 30/06/2010
Celito Testolin e esposa, associado ao
Sicoob Videira
Eu era associado da
cooperativa de produção
quando a Credivil foi
fundada. Na época,
era uma dificuldade
obter crédito nos
bancos. Consegui dar
um novo impulso à
Sede do Sicoob Videira e o
atendimento a associados
nossa produção quando
comecei a trabalhar
com a cooperativa de
crédito. O Sicoob Videira
é o nosso banco. A
cooperativa ajudou e
continua ajudando no
desenvolvimento da
região. Cada um que
se associa é beneficiado
porque está lidando
com uma coisa que
é dele, da qual
ele é dono.
57
Sicoob São Miguel
Maior cidade do Extremo-Oeste Catarinense, fazendo fronteira com a Argentina, São Miguel do Oeste
viu nascer uma das maiores cooperativas de crédito do
Modelo de integração alavancou a produção
de suínos em Santa Catarina
estado. Há 21 anos, o Sicoob São Miguel, como é chamada atualmente, colabora com o desenvolvimento da
região onde está inserida.
Com mais de 25 mil associados em 2010, a cooperativa registra crescimento constante, alavancada
pela agricultura, que historicamente sustentou suas
operações, e também pela evolução do setor industrial no município. Dessa forma, mantém uma base
de associados bastante diversificada, distribuída entre
sua área de abrangência, que se estende ao sudoeste
do Paraná.
Abertura de contas no Sicoob São Miguel
Para garantir que a ascensão em número de associados e ativos não se sobreponha aos princípios do
cooperativismo, o Sicoob São Miguel criou, em 2006, o
Comitê de Educação Cooperativista, formado por líderes
eleitos nas comunidades. Além de aproximar o Sicoob
da população local, o Comitê colabora para disseminar a
cultura cooperativista.
Primeira sede da
cooperativa de crédito
em São Miguel do
Oeste, alocada em
uma sala cedida pela
cooperativa de produção
Sicoob São Miguel
Sede: São Miguel do Oeste
Fundação: 25/07/1989
Início das atividades: 06/03/1990
Filiação ao Sicoob: 20/02/1990
ram o primeiro presidente da Credi São Miguel, José
Carlos Paiva Filho.
Naquela época, São Miguel do Oeste despontava
como uma grande potência da agricultura catarinense.
Além da suinocultura, o cultivo de cereais despertava o
interesse dos produtores. Mas o custeio da lavoura era
uma grande barreira ao crescimento. Não havia recursos suficientes nos bancos para atender à demanda e a
burocracia para liberação de empréstimos afugentava os
agricultores. Com a chegada da cooperativa de crédito,
a esperança foi retomada. Representantes da Central
58
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 26.156
Número de funcionários: 110
Agências: 15
Área de abrangência: São Miguel do Oeste, Guaraciaba,
São José do Cedro, Guarujá do Sul, Dionísio
Cerqueira, Palma Sola, Anchieta, Romelândia, Paraíso,
Bandeirante, Princesa, Barra Bonita, no Estado de Santa
Catarina e Flor da Serra do Sul, Marmeleiro, Salgado
Filho, Barracão e Bom Jesus do Sul, no Estado do
Paraná
População da área de abrangência: 149.211 habitantes
Atual presidente: Edemar Fronchetti
DATA BASE: 30/06/2010
Anselmo Augusto Breier e esposa, associado
ao Sicoob São Miguel
No encerramento da
reunião de fundação
da cooperativa, um
dos fundadores disse:
‘Agora somos donos de
banco’. E todo mundo
caiu na gargalhada. Mas
essa era a ideia mesmo.
O grande diferencial
é que na cooperativa
de crédito as pessoas
são conhecidas de
todo mundo. É quase
como um espelho do
que nós somos na
nossa propriedade.
Ao lado, o presidente
do Sicoob São Miguel,
Edemar Fronchetti.
Nas demais fotos,
o atendimento na
cooperativa
A gente chega para
fazer o financiamento
e tudo fica mais fácil,
o atendimento é
maravilhoso. Mesmo
tendo crescido muito,
ela não fugiu dos
princípios com os
quais foi fundada.
59
Sicoob Noroeste
Agora conhecida como Sicoob Noroeste, a antiga Cooperativa de Crédito Rural São Lourenço (Credicaslo) expandiu não apenas sua área de abrangência
geográfica, mas também a oferta de produtos e serviços à disposição dos associados.
Atualmente, além da sede em São Lourenço do
Oeste, a cooperativa possui outros quatro pontos de
atendimento aos associados, nos municípios de Jupiá,
Novo Horizonte, Campo Erê e Formosa do Sul.
Durante 18 anos, a cooperativa permaneceu focada no meio rural, oferecendo serviços financeiros soAssociados acompanharam a entrega do primeiro talão
de cheques da Credicaslo, futura Sicoob Noroeste
mente a associados que desenvolviam atividades agrícolas, pecuárias ou extrativas. Em junho de 2007 seus
benefícios se estenderam ao público em geral, a partir
participaram das reuniões que antecederam a fundação
da cooperativa, orientando dirigentes e associados sobre
procedimentos que deveriam ser seguidos.
Perto dali, em São Lourenço do Oeste, outros
23 agricultores viram no cooperativismo de crédito
uma saída para a dependência dos bancos. Desiludidos
com a falta de recursos, a morosidade dos processos
e as falhas no atendimento oferecido pelo sistema financeiro, eles buscavam uma alternativa que facilitasse as operações de crédito e mantivesse o capital
circulando na região.
Fundaram, então, uma associação que logo
se transformaria na Cooperativa de Crédito Rural
São Lourenço (Credicaslo) – atual Sicoob Noroeste. Na assembleia de constituição, que ocorreu em
agosto de 1988, o agropecuarista Domingos Gava
foi eleito presidente. Apoiada pela cooperativa de
produção da cidade, a Credicaslo obteve recursos
no Banco do Brasil para fazer os primeiros empréstimos. O público-alvo era formado por associados
que desenvolviam atividades agrícolas, pecuárias
ou extrativistas.
Os mesmos anseios levaram à criação da Cooperativa de Crédito Rural Cravil (Credicravil), em
Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, também em 1988.
Inspirados em experiências existentes no Oeste do es60
da transformação do Sicoob Noroeste em cooperativa
de crédito de livre admissão de associados.
Sicoob Noroeste
Sede: São Lourenço do Oeste
Fundação: 04/08/1988
Início das atividades: 05/07/1989
Filiação ao Sicoob: 31/03/1989
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 7.957
Número de funcionários: 40
Agências: 5
Área de abrangência: São Lourenço do Oeste, Galvão,
Campo Erê, Novo Horizonte, Formosa do Sul, Coronel
Martins, Jupiá, São Bernardino no estado de Santa
Catarina, Vitorino e Renascença no estado do Paraná
População da área de abrangência: 62.702 habitantes
Atual presidente: Artêmio José Flach
DATA BASE: 30/06/2010
Prescila Beatriz Ely, associada ao Sicoob
Noroeste
Logo que cheguei a São
Lourenço do Oeste não
conhecia ninguém na cidade.
Trabalhávamos na lavoura
Ao lado, o presidente
Artêmio Flach. Nas
demais imagens,
o atendimento na
cooperativa
e eu tinha o sonho de
construir um aviário. Tinha
o sonho, mas não tinha o
dinheiro. Então fui até o
Sicoob em busca de ajuda.
Como não tinha referências
na cidade, o pessoal da
cooperativa foi até a nossa
propriedade, conheceu nosso
trabalho e me deu um voto
de confiança. Consegui R$ 10
mil de empréstimo, com três
anos de carência. Mas nem
precisou todo esse tempo.
Com o resultado do aviário,
paguei adiantado. Além do
aviário, conquistamos mais
terras, para ampliar a
lavoura e também
produzir leite. Tudo com
a ajuda do Sicoob.
61
Sicoob Alto Vale
Com sede em Rio do Sul, onde também possui
mais uma agência, a Credicravil passou a se chamar,
em 2009, Sicoob Alto Vale. Oferece a seus associados
outros sete pontos de atendimento em Ituporanga,
Petrolândia, Agronômica, Taió, Salete, José Boiteux e
Pouso Redondo. As cidades de Rio do Campo, Rio do
Oeste e Agrolândia devem ser as próximas a receber
instalações da cooperativa, cuja área de abrangência
inclui diversos municípios da região.
Desde 1997, o Sicoob Alto Vale tem associados
que moram na área urbana, os quais representam cerca
Credicravil, futura Sicoob Alto Vale, colaborou para o
densenvolvimento da agricultura na região de Rio do Sul
de 10% de seus 7,5 mil associados. Apesar de manter
forte ligação com o meio rural, a cooperativa de crédito atua de forma totalmente independente da cooperativa de produção local.
tado, os fundadores, que integravam a cooperativa de
produção local, começaram a planejar uma cooperativa de crédito. Em pouco tempo conseguiram reunir 24 agricultores de municípios da região – entre
eles o primeiro presidente da Credicravil, Henrique
Backmeier. Cada um aplicou 1 MVR (Maior Valor
de Referência) como cota inicial. Algum tempo depois, essa cota passou a ser o equivalente em moeda
a um saco de 50 quilos de arroz.
A produção agrícola local era dedicada principalmente ao cultivo de feijão, arroz e milho, além do fumo.
Acostumados a entrar no banco pela manhã e sair só à
noite, após o expediente, para preencher formulários e
apresentar documentação, os primeiros associados tiveram uma grata surpresa ao verificar que na cooperativa
a aprovação de crédito era muito mais fácil e rápida. Era
como estar em casa, tratando de crédito com pessoas que
já conheciam e em quem confiavam.
Do campo à indústria
Em meio à onda de criação de cooperativas de
crédito, a Cocecrer/SC foi ampliando sua gama de afiliadas e colaborando para que tanto as novas quanto as
já estabelecidas se estruturassem para atender com se62
Para continuar crescendo, o Sicoob Alto Vale alia
os recursos captados pela Central à busca por crédito em
bancos privados. Tudo isso para atender as demandas de
seus associados e fazer com que eles não sejam tratados
como clientes, mas como donos da instituição.
Sicoob Alto Vale
Sede: Rio do Sul
Fundação: 01/07/1988
Início das atividades: 22/11/1988
Filiação ao Sicoob: 07/12/1988
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 8.617
Número de funcionários: 56
Agências: 10
Área de abrangência: Rio do Sul, Lontras, Agronômica,
Trombudo Central, Agrolândia, Atalanta, Ituporanga,
Petrolândia, Aurora, Presidente Nereu, Ibirama,
Presidente Getúlio, Dona Emma, Taió, Rio do Oeste,
Laurentino, Benedito Novo, Ascurra, Pouso Redondo,
Rio do Campo, Salete, Witmarsun, Rio dos Cedros,
Timbó, Rodeio, Indaial, Vidal Ramos, Imbuia, Leoberto
Leal, Major Gercino, Angelina, Rancho Queimado,
Anitápolis, Alfredo Wagner, Otacílio Costa, Bom Retiro,
Braço do Trombudo, José Boiteux, Vitor Meirelles e
Mirim Doce
População da área de abrangência: 434.521 habitantes
Atual presidente: Henrique Backmeier
DATA BASE: 30/06/2010
Márcio Cezar Matte,
associado ao Sicoob
Alto Vale
Ao longo dos 20 anos
de convívio, vi o Sicoob
Alto Vale expandir-se
da pequena sede para
quase uma dezena de
pontos de atendimentos
na região. E acredito
que pode crescer
ainda mais, pois o
cooperativismo de
crédito tem grande
potencial. Utilizo minha
conta principalmente
Ao lado, o presidente
Henrique Backmeier.
Nas demais fotos,
o atendimento no
Sicoob Alto Vale
para aplicações, como
poupança. Ao contrário
do que ocorre com
os bancos, nunca me
deparei com surpresas
negativas no extrato.
Além disso, as taxas
são sempre mais
baixas.
63
Sicoob Credinorte
Com mais de 20 anos de história, a Credinorte
teve de superar dificuldades justamente quando estava
consolidada. Em 1999, mais de 10 anos após sua fundação, decidiu colaborar com a recuperação da cooperativa de produção local, da qual estava desligada há
dois anos.
Com a ajuda da Central, que viabilizou a contratação de recursos do Programa de Revitalização de
Cooperativas de Produção Agropecuária (Recoop), do
governo federal, a Credinorte buscou sanar as dívidas da cooperativa de produção e, em consequência,
sua própria recuperação. Ao final de 2008, conseguiu
apresentar as primeiras sobras, no valor de R$ 1 milhão, revertendo a sequência de prejuízos dos três
anos anteriores.
Naquele ano, somente a liberação de crédito aos associados passou dos R$ 5 milhões. Para os
próximos anos, a cooperativa, que hoje tem mais de
11 mil associados, pretende manter o foco no crédito
para agricultores, responsáveis por 70% de suas operações, e também obter autorização para operar em
regime de livre admissão.
Primeira matrícula de associado da Credinorte, de Mafra
gurança e agilidade às demandas dos associados. Unidas
em um único sistema, as singulares ganhavam força para
reivindicar o repasse de recursos por parte dos bancos
estatais. Assim, o caminho da prosperidade se tornava
mais visível, incentivando cooperativas de produção a
fundarem instituições de crédito.
Em Mafra, no Planalto Norte do estado, o entusiasmo de um grupo de agricultores com os resultados obtidos pelo movimento em outras regiões
fez surgir a Cooperativa de Crédito Rural do Norte
Catarinense (Credinorte), em julho de 1988. Era a
oportunidade de contribuir para o fortalecimento
da agropecuária, principal atividade econômica do
município na época.
Liderados pelo primeiro presidente eleito, Jaime
64
Sicoob Credinorte
Sede: Mafra
Fundação: 19/07/1988
Início das atividades: 29/05/1989
Filiação ao Sicoob: 31/03/1989
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 11.101
Número de funcionários: 50
Agências: 9
Área de abrangência: Mafra, Campo Alegre, São Bento do
Sul, Rio Negrinho, Itaiópolis, Jaraguá do Sul, Corupá,
todos no Estado de Santa Catarina, e o município de
Rio Negro, Piên e Agudos do Sul no Estado do Paraná
População da área de abrangência: 410.478 habitantes
Atual presidente: Valcir José Pscheidt
DATA BASE: 30/06/2010
Pontos de atendimento
da Credinorte: soluções
financeiras para a
região de Mafra
João Romário Carvalho,
associado ao Sicoob Credinorte
Eu tenho um
relacionamento
muito bom com a
cooperativa, como
pessoa física e jurídica.
Sempre que preciso
de aporte financeiro,
a cooperativa me
respalda. No começo
de 2009, fiz um
empréstimo junto à
cooperativa para custeio
pecuário. Considero
que a grande vantagem
é a agilidade. Como a
cooperativa é afiliada à
Central, mas tem uma
autonomia, tudo fica
mais fácil. Por ela ser
autônoma, garante que
as transações se
tornem muito
mais rápidas.
65
Sicoob Credipérola
Com um quadro de cerca de 1,7 mil associados,
o público-alvo da antiga Crediger, atual Sicoob Credipérola, foi além dos funcionários do Grupo Germer,
que apresentaram aos familiares e amigos as facilidades do cooperativismo. Nos planos de crescimento, a
cooperativa busca aumentar a movimentação financeira e melhorar ainda mais os serviços oferecidos.
Autorizada em 2009 a operar em regime de livre admissão de associados, a Credipérola vem expandindo o número de colaboradores e de agências. A
equipe de atendimento foi ampliada, passando a ter
Assinatura da Ata de Constituição da Credipérola, a
primeira cooperativa de crédito urbana do Sistema
11 funcionários – número cinco vezes maior do que o
registrado há três anos. Já a sede, que nos primeiros
tempos ficava no parque fabril do Grupo Germer, no
bairro Quintino, foi transferida, em 1997, para o cen-
Schultz, os associados da cooperativa de produção já vinham arrecadando capital com o objetivo de aplicar o dinheiro e usá-lo para gerar crédito agrícola. Com facilidade, conseguiram reunir os 25 associados necessários para
fundar a cooperativa de crédito. A Credinorte manteve-se
ligada à cooperativa de produção por nove anos.
Um ano antes, esse entusiasmo havia ultrapassado
a fronteira do meio rural e chegado à indústria, graças à
iniciativa de funcionários do Grupo Germer, fabricante
de porcelana e cerâmica, com sede em Timbó, no Vale
do Itajaí. Após fundarem uma cooperativa de consumo
os funcionários da empresa buscavam uma solução para
os adiantamentos de salário, sempre muito requisitados
pelos colegas.
Sem opção nos bancos comerciais, criaram a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo Germer (Crediger) – atual Credipérola – a primeira cooperativa de
crédito urbana do Sistema. Como desconheciam o funcionamento do sistema financeiro, os dirigentes da cooperativa contrataram um ex-funcionário de um banco
comercial para iniciar o trabalho. Ao lado do primeiro
presidente da Crediger, Magnus Germer, esse funcionário organizou a implantação da cooperativa, que abriu
as portas em 1990, quando recebeu a autorização do
Banco Central.
66
tro de Timbó.
Outros dois pontos de atendimento, em Benedito Novo, foram inaugurados em 2009 pela Credipérola, que tem planos de abrir agências em toda a
área de cobertura, nos municípios de Pomerode, Rio
dos Cedros e Doutor Pedrinho. A cooperativa fechou
o ano de 2009 com patrimônio líquido no valor de
R$ 880 milhões.
Sicoob Credipérola
Sede: Timbó
Fundação: 21/07/1987
Início das atividades: 18/09/1990
Filiação ao Sicoob: 22/11/1993
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 1.813
Número de funcionários: 13
Agências: 2
Área de abrangência: Timbó, Benedito Novo, Doutor
Pedrinho, Rio dos Cedros e Pomerode
População da área de abrangência: 86.028 habitantes
Atual presidente: Alfeu Antônio Mengarda
DATA BASE: 30/06/2010
Rosane Witthoeft, associada ao Sicoob
Credipérola
Com financiamento
do Sicoob, pude
adquirir mais
uma van para
nossa empresa
de transportes,
ampliando o
atendimento e
oferecendo mais
conforto a nossos
clientes. A taxa de
juros do Sicoob ficou
abaixo da oferecida
pelos bancos. Mas
o que fez eu me
apegar ao Sicoob foi
o atendimento
Sede da Credipérola:
cooperativa cada vez mais
próxima dos associados
nota 10!
67
Impulso às urbanas
Em março de 1992, uma resolução do Banco Cen-
ainda, que fossem vinculadas a uma mesma entidade.
tral proibiu a constituição de cooperativas de crédito do
Micro e pequenas empresas de áreas afins e organiza-
tipo Luzzati, que não tinham restrição de associados, e
ções sem fins lucrativos eram as únicas pessoas jurídicas
estabeleceu os dois tipos de cooperativas que recebe-
aceitas para associação, desde que os sócios integrassem
riam autorização para funcionar: cooperativas de crédito
o quadro de cooperados.
mútuo e cooperativas de crédito rural.
As cooperativas de crédito rural deveriam ser cons-
dito mútuo, foi permitido que voltassem a ser consti-
tituídas, predominantemente, por pessoas físicas que
tuídas cooperativas de crédito por trabalhadores que
desenvolvessem atividades agrícolas, pecuárias e extra-
exercessem atividades em comum. Essa decisão do
tivistas ou empresas que atuassem exclusivamente nes-
Banco Central daria grande impulso às cooperativas
ses nichos. As cooperativas de crédito mútuo, por sua
formadas por profissionais liberais e por trabalhadores
vez, deveriam ser formadas por pessoas físicas que exer-
com vínculo, tanto na iniciativa privada quanto no se-
cessem a mesma profissão ou atividades comuns – ou,
tor público.
Um duro golpe
O início da década de 1990 anunciava grandes
transformações para o Brasil. Primeiro presidente
eleito pelo voto direto desde Jânio Quadros, o alagoano Fernando Collor de Mello deu início a um
ambicioso e questionável plano de recuperação econômica. Um dia após a posse, em 15 de março de
1990, o governo Collor bloqueou todo o dinheiro
depositado em instituições financeiras do Brasil, gerando enorme insegurança nos usuários do sistema
bancário. Uma semana depois, o Decreto no 99.192
determinou a extinção do Banco Nacional de Crédito
Cooperativo (BNCC).
O fechamento repentino do BNCC representou
um duro golpe no cooperativismo de crédito brasileiro.
Sem o Banco, não havia possibilidade de as cooperativas
realizarem a compensação de cheques, o que impedia
a movimentação das contas dos associados. Em Santa
Catarina, todas as cooperativas de crédito ligadas à Cocecrer/SC não tinham condições de esperar. Assim que
o fechamento do BNCC foi anunciado, a Central enviou um telegrama aos presidentes das singulares, convocando-os para uma reunião urgente na Capital. Foi
68
Com o estabelecimento das cooperativas de cré-
o primeiro de diversos encontros realizados nos meses
seguintes, em busca de saídas que não apareciam. Nas
cidades, espalharam-se boatos de que as cooperativas
iriam quebrar e que o dinheiro dos associados estaria
perdido. A credibilidade do sistema, tão sólida até então,
foi fortemente abalada.
Enquanto a diretoria da Central negociava um
convênio com o Banco do Estado de Santa Catarina
(Besc) para garantir a compensação, funcionários e
dirigentes das singulares percorriam o comércio das
cidades para recolher cheques emitidos pelos associados e realizar pagamentos. O objetivo era minimizar
o prejuízo aos associados e o abalo moral causado
à própria cooperativa. Em Itapiranga, graças a uma
parceria firmada entre a Creditapiranga e o Banco do
Brasil local, a situação foi regularizada antes que nas
demais regiões.
Após três meses, quando o convênio com o Besc
finalmente foi formalizado pela Central, as operações
voltaram ao normal. Mas permaneceu a certeza de que,
para que o sistema prosperasse, não era mais possível
depender de bancos externos. Estava plantada a semente que resultaria na criação do Banco Cooperativo do
Brasil (Bancoob) seis anos depois.
Novos tempos
O abalo na credibilidade das cooperativas ocasionado pela extinção do BNCC exigiu da Central um
grande esforço de divulgação dos princípios e vantagens
do cooperativismo. Além disso, era preciso se reestruturar, rapidamente, para operar de acordo com os sistemas
adotados pelo Besc.
Ao mesmo tempo, funcionários da Central foram
diversas vezes a Brasília para recuperar dados referentes às transações das cooperativas no BNCC e negociar
pendências com aquela instituição parceira, que havia
deixado de existir sem aviso prévio. Após a extinção,
todos os recursos que estavam no BNCC foram atualizados e repassados para o Banco do Brasil, designado
responsável pelo arquivamento das informações sobre
as cooperativas.
Diante dos novos desafios, a necessidade de profissionalização da Cocecrer/SC era cada vez mais latente.
Por isso, novos funcionários foram contratados, com a
missão de organizar a instituição de forma condizente ao
crescimento de suas atividades. Até então, a Central não
dispunha de ferramentas efetivas para realizar o acompanhamento das operações de todas as suas filiadas, de
modo que sua função era basicamente a de representação
institucional. Para controlar efetivamente o sistema, a
Central precisava de investimentos.
A fim de reverter esse cenário, novas tecnologias
foram introduzidas e o controle das movimentações realizadas pelas singulares passou a ser executado de forma
Liderança e experiência
Um dos fundadores da Central de Cooperativas de
Crédito Rural de Santa Catarina (Cocecrer/SC), o agropecuarista José Zeferino Pedrozo, foi presidente da entidade
durante 14 anos consecutivos. Nascido em Campos Novos,
foi em Joaçaba que Pedrozo participou ativamente da retomada do movimento cooperativista em Santa Catarina.
Liderados por Aury Luiz Bodanese, ele e outros produtores
rurais viajaram o mundo para conhecer as bem-sucedidas
José Zeferino
Pedrozo
experiências de cooperativismo. De uma dessas viagens
surgiu a ideia de fomentar a criação de cooperativas de
crédito em Santa Catarina.
vismo na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
A atuação política foi importante para resolver
Eleito presidente da Cooperativa Tritícola Rio do
gargalos que surgiram ao longo da história da Cocecrer/
Peixe (Cooperio) em 1982, Pedrozo liderou os grupos de
SC, como a extinção do BNCC. Naquela ocasião, repre-
trabalho formados nas cooperativas de produção para a
sentando todas as cooperativas de crédito catarinenses,
criação das sete primeiras cooperativas de crédito do esta-
Pedrozo conduziu as negociações com o BESC para fir-
do. Era natural, então, que ele fosse eleito, em 1985, pre-
mar o convênio que permitiu o retorno das atividades
sidente da Central que congregava essas cooperativas.
nas singulares. Além disso, participou das discussões
À frente da Cocecrer/SC, Pedrozo contribuiu para
para formação de um banco cooperativo. Em 1999, de-
lançar as bases do cooperativismo de crédito no estado,
cidiu que não concorreria mais à presidência da Central.
representando politicamente o segmento e consolidan-
Atualmente, preside a Federação da Agricultura e Pecu-
do relações institucionais. Um ano após assumir a presi-
ária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e representa o
dência da Central, ele foi eleito deputado estadual, com
Sicoob SC no Conselho do Banco Cooperativo do Brasil
o compromisso de defender os interesses do cooperati-
(Bancoob).
69
Sicoob Credija
Com sede em Jacinto Machado, a Credija soube inovar na hora de conquistar associados e expandir
sua operação. Foi a criadora do Credijacap, atual Credicap – programa de incentivo à capitalização das cooperativas – e primeira cooperativa do Sistema a atuar em cidades gaúchas. No estado de Santa Catarina,
possui agências em Praia Grande, Balneário Gaivota,
Santa Rosa do Sul, Sombrio, Maracajá, Içara, Morro da
Fumaça e duas em Araranguá. No Rio Grande do Sul,
está presente na cidade de Morrinhos do Sul.
Em 2009, a autorização do Banco Central para
operar em regime de livre admissão elevou para 9,5
mil o número de associados, atraindo pessoas do meio
urbano. Na região em que opera, a Credija participa
com 14% das operações de crédito e depósito de todo
o sistema financeiro.
Informatização das cooperativas filiadas
à Central começou em 1989
Os associados também são parceiros nos planos
de expansão da cooperativa. Ao planejar a construção de novas agências, a Credija sugere a cooperados
que possuem terrenos bem localizados a construção
de prédios com a estrutura desejada e, tendo fechado
eletrônica. Para que isso ocorresse de modo uniforme
em todas as filiadas, a Central intensificou o processo
de informatização das cooperativas singulares, iniciado
alguns anos antes. Além de pesquisar as melhores opções de computadores que poderiam ser adquiridos pelas
cooperativas, a Cocecrer/SC foi responsável por toda a
implantação de softwares voltados à contabilidade e ao
controle de conta corrente e conta capital.
Em outra frente, a Central buscava implantar modelos de fiscalização, definindo critérios para a realização
de auditorias nas afiliadas, com o objetivo de garantir o
cumprimento das exigências legais e garantir a segurança
do sistema. No início, a adoção dos novos mecanismos
de controle causou estranheza nas cooperativas, acostumadas a atuar de forma mais autônoma. Aos poucos,
elas compreenderam que, além de promover a verdadeira
integração do sistema, essas ações colaboravam para o
aperfeiçoamento da gestão de todas as singulares.
Nesse processo, os treinamentos oferecidos pela
70
a parceria, garante o pagamento de aluguel por vários
anos. Com isso, evita grandes despesas e a imobilização de capital. Ao todo, 11 pontos de atendimento já
foram construídos nesse modelo.
Sicoob Credija
Sede: Jacinto Machado
Fundação: 09/01/1992
Início das atividades: 15/06/1992
Filiação ao Sicoob: 09/01/1992
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 12.638
Número de funcionários: 88
Agências: 11
Área de abrangência: Jacinto Machado, Praia Grande,
Santa Rosa do Sul, Sombrio, Morro da Fumaça, Içara,
Maracajá, Araranguá, Balneário Gaivota no Estado
de Santa Catarina, Mampituba e Morrinho do Sul no
Estado do Rio Grande do Sul
População da área de abrangência: 205.310 habitantes
Atual presidente: Wolni José Walter
DATA BASE: 30/06/2010
Adelor Emerich, associado ao Sicoob Credija
O apoio da Credija
foi fundamental para
estabelecer nossa fábrica
de confecções. Comecei
do zero, em 1993, com um
pequeno e improvisado
negócio de fabricação de
camisetas e uniformes para
empresas. Uma expansão
mais vigorosa dependia de
crédito, e encontrávamos
muita burocracia e exigências
nos bancos para obter
Ao lado, o
presidente Wolni
José Walter. Nas
outras imagens,
o atendimento
a associados
da Credija
empréstimos. Abri minha
conta no Sicoob em 1998
e já em 2001 consegui um
empréstimo de R$ 25 mil
para a construção de uma
fábrica de bonés. Assim como
nos bancos, eu também não
tinha garantias a oferecer à
cooperativa. A diferença é
que a Credija teve o
bom senso de perceber
que eu estava disposto
a trabalhar.
71
Central foram decisivos. Representantes da Cocecrer iam
até as singulares para ministrar cursos aos conselheiros,
que assumiam o compromisso de repassar as informações
aos funcionários da cooperativa. Da atualização sobre
marcos regulatórios a rotinas operacionais, o conteúdo
dos treinamentos tinha por objetivo transferir às cooperativas o conhecimento necessário à sinergia do sistema.
Assim, formou-se uma rede de aprendizado e qualificação, que impulsionaria a profissionalização do cooperativismo de crédito catarinense nos anos seguintes.
À época, a Cocecrer/SC contava com 20 funcionários, que se dividiam entre o atendimento às filiadas
e o suporte a novas cooperativas que se formavam. Em
1992, funcionários da Central foram convidados a visitar Jacinto Machado, no Sul do estado. O objetivo era
explicar aos associados da cooperativa de produção local
como funcionava uma cooperativa de crédito. Convencidos, 64 agricultores dispuseram-se a integrar a nova
instituição, mas, para facilitar o trâmite no Banco Central, apenas 20 foram inscritos como sócios-fundadores.
Assim, em 9 de janeiro de 1992 era fundada a Cooperativa de Crédito de Jacinto Machado (Credija).
Da fundação ao início das operações, passaram-se
cinco meses. O pequeno patrimônio, limitado aos depósitos iniciais dos primeiros sócios, dificultava o funcionamento da Credija, então presidida por Vanir Zanatta. Por
isso nos dois primeiros anos a cooperativa de produção
bancou as operações da cooperativa de crédito, inclusive
pagando o salário dos funcionários. A autonomia viria ao
longo dos anos, com o crescimento da cooperativa, que
foi fundamental para transformar a região na segunda
maior produtora de arroz do país. Em 1995, os associados da Credija receberam recursos do BNDES, captados
pela Central, para implantar novas áreas de rizicultura e
modernizar as já existentes, impulsionando a atividade.
Além do suporte e dos recursos oferecidos pela
Central, as cooperativas de crédito fundadas no Sul do
estado na década de 1990 foram beneficiadas pelo intercâmbio de informações com as singulares da região Oeste.
As pioneiras recebiam com frequência verdadeiras excursões de produtores rurais em busca de conhecimento.
Em 1990, alguns associados da cooperativa de pro72
Sicoob Credivale
Com sede em Braço do Norte, a Credivale conta
com o apoio da Central desde que foi criada, em 1994.
Nos anos seguintes, essa parceria seria posta à prova e
ganharia ainda mais solidez: a cooperativa sofreu dois
assaltos, amargou a crise da suinocultura junto com a
inadimplência e teve que consolidar o cooperativismo
na região de atuação, onde uma cooperativa de produção havia quebrado.
Superar esses obstáculos não foi fácil, mas a Credivale obteve êxito. Hoje tem 5,8 mil sócios, a maior
parte formada por produtores rurais, principalmente
de leite, aves e suínos. Além da sede em Braço do Norte, há outros sete pontos de atendimento, nos municípios de Araranguá, Armazém, São Martinho, GrãoPará, Orleans, São Ludgero e Rio Fortuna.
Em 2008 a Credivale mostrou a força do cooperativismo, quando conseguiu evitar o prejuízo,
fechando com uma pequena, mas valiosa sobra. A
conquista reforça os planos de expansão da cooperativa, que pretende chegar a todos os municípios de
sua área de cobertura e obter autorização do Banco
Central para operar em regime de livre admissão de
associados.
Sicoob Credivale
Sede: Braço do Norte
Fundação: 26/11/1993
Início das atividades: 09/05/1994
Filiação ao Sicoob: 06/05/1994
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 7.113
Número de funcionários: 37
Agências: 7
Área de abrangência: Braço do Norte, São Ludgero,
Armazém, São Martinho, São Bonifácio, Rio Fortuna,
Santa Rosa de Lima, Grão Pará, Orleans, Tubarão,
Jaguaruna e Gravatal
População da área de abrangência: 212.973 habitantes
Atual presidente: Mário Wensing
DATA BASE: 30/06/2010
Divo Müller, associado ao Sicoob Credivale
Um empréstimo obtido
na Credivale me ajudou a
alcançar um novo patamar
nos negócios. Em 2001,
sofríamos os efeitos da
crise da suinocultura,
mas me deparei com
uma oportunidade de
negócio imperdível. O
problema: faltava dinheiro
e eu precisaria de crédito.
Seguindo o conselho de um
Ao lado, o
presidente
Mário Wensing
conversa com
associado. Nas
outras imagens,
atendimento no
Sicoob Credinorte
amigo, fui até a cooperativa
e expus minha situação.
Após uma primeira
conversa, o pessoal da
cooperativa foi até a
minha propriedade
para conhecer melhor
e decidiu liberar o
empréstimo. Com o
dinheiro, transformei minha
granja de suínos em uma
produtora de matrizes,
que vende a uma grande
empresa de alimentos.
73
dução de Braço do Norte viajaram a Chapecó para cumprir uma programação que incluía visitas a frigoríficos,
fazendas e granjas. No dia em que foram conhecer um
aviário, o produtor Mário Wensing, que não se interessava pelo tema, resolveu ficar pela rua. Para passar o tempo,
puxou conversa com um senhor da comunidade local,
que lhe relatou a experiência de criação da cooperativa
de crédito em Chapecó. Wensing ficou surpreso.
Durante a viagem de volta, no ônibus, cada participante da excursão teve a oportunidade de dizer ao
microfone o que mais havia lhe chamado a atenção. Ele
não titubeou: falou da cooperativa de crédito, animando
a todos. Começava a caminhada para criar a Cooperativa de Crédito Rural do Vale (Credivale), que entraria
em funcionamento quatro anos depois.
Sem dificuldade, foram reunidos 22 sócios-fundadores, entre os quais foi eleito o primeiro presidente
da Credivale: Matias Weber. Cada um aplicou um salário mínimo como cota inicial. Quando a cooperativa
abriu as portas, os três únicos funcionários faziam o trabalho de buscar novos associados, visitando os produtores rurais em suas propriedades. Logo começaram a
entrar recursos para realizar empréstimos, mas o receio
era tanto que o primeiro cheque especial só foi concedido, a um sócio-fundador, depois de muita conversa e
inúmeras verificações de sua capacidade de pagamento.
A preocupação demonstrava o cuidado com o dinheiro
dos associados, que não podiam correr riscos.
Também em 1994 o cooperativismo de crédito do
Meio-Oeste foi reforçado, com o início das operações da
Cooperativa de Crédito Rural de Caçador (Credicaçador). A constituição da cooperativa havia ocorrido no
final do ano anterior, em uma movimentada assembleia,
com mais de 200 participantes, na qual foram definidos
os 20 sócios-fundadores e o Conselho de Administração,
que tinha como presidente Euclides Deonízio Canalle.
O atendimento ao público iniciou em março de 1994,
em um espaço cedido pela Cooperativa Agrícola de Caçador (Coopercaçador). Para integrar a cooperativa, cada
agricultor pagava o equivalente a quatro sacas de milho.
O pagamento da cota era facilitado: 50% à vista e o restante parcelado em até 12 meses.
74
Sicoob Caçador
Com 2,4 mil associados, o Sicoob Caçador possui uma única agência em Caçador, onde atende cooperados de sua área de abrangência, formada pelos
municípios de Rio das Antas, Macieira, Calmon, Lebon
Régis e Timbó Grande. Fundada em 1993, a cooperativa entrou em crise devido a uma quebra da safra
de tomate, que elevou o índice de inadimplência das
operações de crédito.
As dificuldades exigiram um plano de recuperação eficiente, que, posto em prática, vem fortalecendo
a cooperativa.
Assim, o Sicoob Caçador chega a 2010 em um
momento de reestruturação, que inclui mais seletividade na concessão de crédito e a busca por associados
e funcionários comprometidos com os princípios do
cooperativismo. Nesse processo de recuperação, o Sicoob Caçador tem expectativa de ampliar seu quadro
social a partir da obtenção de autorização para atuar
Na foto ao lado, o
presidente Egidio
Ceccatto atende
associados. Nas
demais, o dia a dia
do Sicoob Caçador
como cooperativa de livre admissão de associados.
Em 2008 o Sicoob Caçador deu um salto no seu
patrimônio líquido, que aumentou 35,32% em relação a
2007. Além disso, a cooperativa liberou R$ 2.297.500,00
para crédito de custeio agrícola.
Sicoob Caçador
Sede: Caçador
Fundação: 17/12/1993
Início das atividades: 15/03/1994
Filiação ao Sicoob: 01/03/1994
Segmento: Crédito Rural
Aramis Driessen, associado
ao Sicoob Caçador
Número de associados: 1.947
Como toco meus negócios
Número de funcionários: 10
sem precisar de crédito,
Agências: 1
escolhi a cooperativa para
Área de abrangência: Caçador, Rio das Antas, Macieira,
Lebon Régis, Calmon e Timbó Grande
ser o local em que faço
População da área de abrangência: 102.458 habitantes
meus investimentos. Uso
Atual presidente: Egidio Ceccatto
os depósitos em poupança
DATA BASE: 30/06/2010
como uma reserva técnica
para o pagamento das
férias e do 13º salário
dos 200 funcionários de
minha empresa. Busco nas
aplicações uma forma de
investimento em longo
prazo. Penso nisso não
para mim, mas para
meus filhos e netos.
Se fizesse o investimento
em bancos comerciais
poderia estar ganhando
quase a mesma coisa. A
diferença é que
na cooperativa
ajudo a construir algo
que é meu e da
comunidade.
75
Menos de oito meses após o início das operações,
a Credicaçador tinha 345 associados, dos quais 200 foram beneficiados com financiamento de custeio de safras
– tomate, feijão, uva, alho, pimentão, milho e pêssego,
entre outros. Os recursos, cerca de R$ 120 mil ao todo,
vieram de repasses do Banco do Brasil.
Enquanto agricultores de Caçador se organizavam,
em 1993 funcionários da Escola Técnica Federal de Santa
Catarina, atual Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), trabalhavam para a formação da primeira cooperativa de crédito da Grande Florianópolis. Com a iniciativa,
eles buscavam fugir das altas taxas de juros, agravadas pela
inflação. Com o apoio da Central, 30 sócios-fundadores
criaram a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Trabalhadores de Instituições de Ensino da Região Metropolitana de Florianópolis (Credtec), que, presidida por Paulo
Roberto Livramento, passou a funcionar, em dezembro
de 1993, dentro da própria instituição de ensino, no
município de Florianópolis.
Embora estivesse na cidade, o principal desafio era
semelhante ao das cooperativas ligadas ao campo: convencer os colegas, já bastante habituados ao sistema financeiro
tradicional, a se associarem a uma cooperativa de crédito.
A taxa de juros mais baixa, o atendimento diferenciado
e os interesses comuns da categoria foram os principais
aliados da Credtec na conquista de associados.
No mesmo ano em que a Credtec foi fundada,
a Cocecrer/SC mudou novamente de endereço. Além
da necessidade de devolver o espaço à Fecoagro, que
retomou suas atividades na época, a expansão do sistema exigia instalações mais amplas. Então a Central
foi transferida para um prédio comercial na Avenida
Hercílio Luz, também no centro de Florianópolis. A
mudança impulsionou a modernização não apenas da
infraestrutura, com a aquisição de novos móveis e equipamentos, mas também do organograma da instituição.
Além da superitendência, ocupada pelo vice-presidente
da Cocecrer/SC, a organização passou a contar com o
Departamento de Inspeção, responsável por organizar
processos e auxiliar as singulares nas atividades operacionais. Reestruturada, a Central estava pronta para enfrentar novos desafios. E eles não tardariam.
76
Sicoob Credtec
Uma das primeiras cooperativas de crédito urbano de Santa Catarina, a Credtec conta com um
quadro de 750 cooperados, composto por trabalhadores de ensino. Para atender de forma adequada a
esse público, mantém, além da sede no centro da Capital, outras duas agências - uma delas em São José.
Ao estruturar agências fora das instituições de ensino,
a cooperativa busca maior visibilidade para trabalhar
de forma mais adequada seu plano de expansão.
Assim, a Credtec passou a atender também
clientes de outras cooperativas do sistema, promovendo a intercooperação. Acompanhando a ampliação
da estrutura física, a Credtec está em busca de novos
associados. Pretende estender seu atendimento a pequenos e médios empresários, além de complementar
sua área de atuação atingindo também instituições de
ensino privadas.
Para que a expansão aconteça de modo efetivo,
a Credtec aposta no marketing e faz parte do Grupo
Capital, que reúne representantes das cooperativas que
atuam em Florianópolis, com o objetivo de trabalhar a
ideia de divulgação do cooperativismo de crédito.
Sicoob Credtec
Sede: Florianópolis
Fundação: 24/07/1993
Início das atividades: 21/12/1993
Filiação ao Sicoob: 29/03/1994
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 754
Número de funcionários: 17
Agências: 2
Área de abrangência: Florianópolis, São José, Palhoça,
Biguaçú, Santo Amaro da Imperatriz, Governador
Celso Ramos, Antônio Carlos, Águas Mornas e São
Pedro de Alcântara
População da área de abrangência: 845.472 habitantes
Atual presidente: João Geraldo Fidelis
DATA BASE: 30/06/2010
Adamir BAROSSI, associado ao Sicoob Credtec
A Credtec é como uma
família. Sempre fui bem
atendido. Sempre que
precisei, me ajudaram
muito e nunca deixaram
meus problemas se
agravarem. Acho que
é um casamento
perfeito, tanto que
não possuo conta em
nenhum banco.
Ao lado, o
presidente João
Fidelis. Nas
outras imagens,
o atendimento na
sede da Credtec
77
CAPÍTULO 4
Grandes
conquistas
Com o apoio da Central, as filiadas crescem, novas singulares são
criadas, o Brasil ganha um banco cooperativo e Santa Catarina
passa a integrar um sistema nacional de cooperativas de crédito
78
Sede atual do Bancoob, fundado em 1996
79
O lançamento do Plano Real, em junho de 1994,
trouxe novamente ao Brasil a esperança de estabilização
econômica e levou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso à presidência da República, com a missão de vencer
a inflação. No quarto trimestre de 1994, a expansão do
PIB em relação ao mesmo período do ano anterior tinha
sido de 11%. Ao invés de tranquilidade, a economia em
superaquecimento causava preocupação, trazendo à memória dos brasileiros os erros de planos anteriores, em
que o consumo desenfreado provocara o colapso da estabilidade. Para segurar a pressão inflacionária, uma das
estratégias da política econômica brasileira foi a alta taxa
de juros. Se por um lado essas taxas atraíam investidores
externos, por outro afastavam do sistema financeiro boa
parte da população.
Oferecendo juros mais baixos que os do mercado, o cooperativismo de crédito envolvia cada vez mais
pessoas. Em 1995, a Cocecrer/SC agregava 25 cooperativas, distribuídas por todo o estado. Em crescimento,
as cooperativas de crédito acompanharam a trajetória
oposta de muitas de suas idealizadoras, as cooperativas
de produção.
Em todo o Brasil, ao longo da década de 1990 as
cooperativas agropecuárias passaram por grandes dificuldades financeiras e estruturais, como reflexo de políticas agrícolas inadequadas. Endividadas, muitas sucumbiram. Em Santa Catarina, a crise enfrentada por
diversas cooperativas de produção acabou se refletindo
na credibilidade do cooperativismo de crédito. Cercado de incertezas, o movimento cooperativista precisava
reagir, buscando novos modelos de consolidação. E foi
isso que aconteceu na região serrana de Santa Catarina
a partir de 1994.
Naquela época, organizações não governamentais
Agricultores da região serrana protagonizaram a criação de um novo modelo de cooperativismo de crédito
80
como o Instituto Vianei e o Centro de Promoção da
Agricultura de Grupo (Cepagro) realizaram uma campanha para promover o cooperativismo de crédito em
Santa Catarina. O intuito era convencer organizações
não governamentais locais a incluírem em seus projetos
a criação de cooperativas de crédito, que atendessem os
pequenos produtores rurais da região. Uma equipe do
Cepagro, formada por estudantes e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), passou a
promover reuniões com os agricultores em suas comunidades. Nessas reuniões, eram apresentadas, de forma
didática, as funções sociais e a legislação que regia o cooperativismo de crédito.
À medida que esse projeto ganhava proporções
maiores, o Cepagro aproximou-se da Cocecrer/SC, a
fim de obter suporte para a criação de novas cooperativas. A Central apoiava a cooperativa no cumprimento
das normas exigidas pelo Banco Central, oferecendo às
novatas todo o conhecimento adquirido ao longo de
uma década.
Diferentemente do que havia ocorrido em outras
partes do estado, na Serra não havia cooperativas de produção sólidas o bastante para apoiar o cooperativismo
de crédito. Pelo contrário: o histórico do cooperativismo
de produção na região, que registrava a quebra de várias
cooperativas, gerava grande desconfiança sobre qualquer
tipo de associativismo.
O desafio, portanto, era fazer com que a comunidade não apenas confiasse, mas também se responsabilizasse pela fundação e operação das cooperativas de crédito.
Para superá-lo foi fundamental o envolvimento de movimentos sociais e populares, como associações comunitárias, sindicatos de trabalhadores rurais e o Movimento
de Mulheres Agricultoras (MMA). Formava-se, assim, a
base de um novo perfil de cooperativas de crédito.
Em São José do Cerrito, o debate foi estimulado
por meio de reuniões em diversas comunidades do interior, nas quais se esclareciam, principalmente, as diferenças entre uma cooperativa de crédito e um banco.
Naquela época, os habitantes de São José do Cerrito
sentiam-se muito desassistidos pelo sistema financeiro
tradicional. A única agência do Banco do Brasil existen-
Mesa de conselheiros em Assembleia da Credicaru,
no município de São José do Cerrito
Superssafra de milho reduziu renda dos
agricultores da Serra em 1994
81
te na cidade havia fechado e restara apenas o Besc, que
praticamente não operava crédito rural.
Além de participar de reuniões e assembleias, representantes da comunidade foram convidados a visitar
cooperativas de crédito que integravam a Cocecrer/SC.
Após as visitas, repassavam aos vizinhos as impressões
sobre o funcionamento do sistema. Convencidos de
que o cooperativismo de crédito poderia ajudar o município a se desenvolver, 23 sócios-fundadores criaram,
em 1994, a Cooperativa de Crédito Rural São José do
Cerrito (Credicaru).
Presidida por Marcelo Correa Medeiros, a cooperativa iniciou com capital social de apenas R$ 1 mil e
precisava buscar recursos para começar a operar. E a saída
foi, novamente, a hipoteca dos bens de alguns dos sóciosfundadores. Pequenas propriedades rurais, terrenos e casas serviram como garantia a um empréstimo concedido
pelo Banco do Brasil, no valor de R$ 49 mil. Com esse
dinheiro, a cooperativa financiou o custeio da lavoura
de 24 associados. E assim, instalada em uma garagem
próxima ao açougue da cidade, a Credicaru iniciou um
novo capítulo na história de São José do Cerrito.
O período de implantação da Credicaru foi marcado por grandes dificuldades no campo em toda a região
serrana. Como resultado de uma boa safra em 1993,
que teve os produtos negociados a excelentes preços, os
agricultores estavam mais capitalizados e, assim, investiram pesado na safra seguinte. O entusiasmo individual
acabou gerando problemas coletivos: uma superssafra
de feijão e milho em 1994 e a queda brutal dos preços,
reduzindo drasticamente a renda dos produtores.
Na pequena Abdon Batista, a 75 quilômetros de
São José do Cerrito, a crise financeira abalou principalmente os pequenos produtores, que também em virtude
dos baixos preços pagos pelos produtos estavam utilizando cheque especial de um banco estatal. A alta taxa
de juro dessa modalidade de crédito impossibilitava a
quitação das dívidas. Em meio à crise, a comunidade
rural de Abdon Batista decidiu se unir e levar adiante a
ideia de fundar uma cooperativa de crédito.
Quanto mais compreendia os princípios do cooperativismo de crédito, mais entusiasmada a comuni82
Sicoob Credicaru
Pioneira na implantação de um novo modelo de
cooperativismo de crédito rural, sem apoio de uma cooperativa de produção, a Credicaru amargou um pequeno
prejuízo no primeiro ano de funcionamento. Mas o resultado negativo não foi suficiente para desanimar os 126
associados da época. A cooperativa intensificou o controle
de custos e definiu critérios um pouco mais rígidos para a
concessão de empréstimos. Assim, nunca mais terminou
o ano no vermelho.
Dos quatro funcionários iniciais, a Credicaru evoluiu para cerca de 30 colaboradores, que atendem a 5,5
mil associados na sede, em São José do Cerrito, e nos
quatro pontos de atendimento mantidos pela cooperativa – em Campo Belo do Sul, Otacílio Costa, Ponte Alta e
Correia Pinto. Conquistada a confiança da comunidade,
o desafio é manter a credibilidade do Sicoob e continuar
crescendo com base no bom atendimento e na excelência dos serviços prestados.
Sicoob Credicaru
Sede: São José do Cerrito
Fundação: 07/12/1994
Início das atividades: 16/08/1995
Filiação ao Sicoob: 29/04/1996
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 6.258
Número de funcionários: 34
Agências: 4
Área de abrangência: São José do Cerrito, Campo Belo do
Sul, Correia Pinto, Otacílio Costa, Ponte Alta do Norte
e São Cristóvão do Sul
População da área de abrangência: 59.029 habitantes
Atual presidente: Carlos José Ramos
DATA BASE: 30/06/2010
Edson Correia Muniz, associado ao Sicoob
Credicaru
Em 1994, vivemos uma
superssafra de feijão
e uma queda de preço
muito brusca. Em função
dessa crise, passamos por
um momento de forte
descapitalização. Junto com
os colonos, eu, que tenho
uma loja agropecuária, fui
Sede do Sicoob
Credicaru:
atendimento para
o associado se
sentir em casa
a pique. Na cooperativa,
encontrei ajuda para
manter meu capital de giro.
Além de eu ser socorrido,
os meus clientes, que eram
associados da Credicaru,
também tiveram socorro
para enfrentar aquele
momento de dificuldade.
De lá para cá as coisas
melhoraram, para mim
e para todo mundo.
O município começou
a se desenvolver, com
uma contribuição muito
forte da cooperativa.
83
Sicoob Credicanoas
A autorização do Banco Central, em julho de 1995,
não foi suficiente para a Credicanoas abrir as portas. Faltava o lugar. Os dirigentes da cooperativa alugaram, então, uma salinha abandonada, próxima a um posto de
combustível. As condições eram precárias, exigindo uma
reforma urgente. Juntos, funcionários e associados trabalharam na troca do assoalho e na pintura das paredes.
Obra concluída, a Credicanoas estava preparada
Inauguração da Credicanoas, em 1995
para crescer. A trajetória de expansão só foi interrompida no início da década seguinte, quando a cooperativa
enfrentou problemas de gestão que afugentaram os associados. Apesar de temerosos em relação ao futuro, alguns
decidiram apostar na recuperação da Credicanoas, o que
de fato aconteceu, com a ajuda da Central.
Sicoob Credicanoas
Primeira sede da Credicanoas, em Abdon Batista
dade ficava. Era a oportunidade de construir um novo
modelo financeiro para o município, que os respaldaria
em momentos ruins como aquele. Em 9 de dezembro
de 1994, 24 sócios-fundadores criaram a Cooperativa de
Crédito Rural Vale do Canoas (Credicanoas), integralizando R$ 156 cada um. Por causa da crise, nem todos
os sócios-fundadores tinham esse valor para investir na
cooperativa, despertando a solidariedade dos demais,
que lhes emprestaram a quantia para completar a cota
capital. Em julho de 1995, com a autorização do Banco
Central, a Credicanoas, então presidida por Francisco
Simones, podia abrir as portas.
Tanto em Abdon Batista quanto em São José do
Cerrito não faltava vontade de fazer a cooperativa prosperar. Mas ainda faltava conhecimento: muitos dirigentes e funcionários nunca tinham se aproximado de
84
Sede: Abdon Batista
Fundação: 09/12/1994
Início das atividades: 17/08/1995
Filiação ao Sicoob: 28/02/1996
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 4.615
Número de funcionários: 23
Agências: 5
Área de abrangência: Abdon Batista, Anita Garibaldi,
Cerro Negro, Vargem e Celso Ramos
População da área de abrangência: 21.948 habitantes
Atual presidente: José David Manchein
DATA BASE: 30/06/2010
Felipe Idenei Zanchett, associado ao
Sicoob Credicanoas
Em 1994 a agricultura da
nossa região passou por uma
crise muito forte, todo mundo
devendo para os bancos. Eu
tinha uma empresa que foi
à bancarrota, entrou numa
dívida violenta. A cooperativa
então foi a salvação do
pequeno. Num domingo de
manhã, saímos da missa e
alguém falou, na frente da
Igreja, que o Sicoob estava
fazendo o Pronaf, a um
jurinho baixo. Correu todo
mundo lá e a cooperativa
atendeu o pessoal no domingo
mesmo. Antes se perdia
muito tempo correndo atrás
de financiamento e só quem
Na primeira imagem
(ao alto), o presidente
José David Manchein.
Nas demais, equipe
e sede do Sicoob
Credicanoas
conseguia eram os mais
velhos – meu pai, meu avô.
A gente que era jovem e não
tinha garantia nenhuma para
dar, não conseguia nada. A
Credicanoas veio para ajudar,
facilitou a vida da gente.
85
um computador e a quantidade de termos financeiros e
jurídicos ainda os assustava. A Central, então, enviava
funcionários de Florianópolis à região serrana, a fim de
que eles transmitissem às novas singulares os conhecimentos básicos para a operação do sistema de informática, o preenchimento de formulários e a elaboração de
documentos e contratos.
Naquela época, um dos maiores problemas enfrentados pela Central era justamente o sistema de informação.
As atualizações eram feitas diariamente, mas demoravam
cerca de 72 horas para constar no sistema. Todas as informações eram armazenadas em grandes disquetes, guardados a sete chaves pelos gerentes das cooperativas. O risco
de perder informações importantes e prejudicar o controle
das contas por parte dos associados preocupava a Central,
que passou a desenvolver soluções próprias em tecnologia
da informação, implantadas nos anos seguintes.
Parcerias para o desenvolvimento
Em todo o Brasil, as cooperativas centrais lideraram as articulações para os avanços na regulamentação
do cooperativismo de crédito. As resoluções editadas pelo
Conselho Monetário Nacional ao longo da década de
1990 deram ao sistema cooperativo de crédito brasileiro
uma nova configuração. A permissão para captação de
depósitos a prazo, regulamentada em 1992, possibilitou a ampliação do volume de recursos administrados e
Informatização: o grande desafio
Com a ampliação do número de afiliadas, a integração dos sistemas de informação das cooperativas configu-
Em 1991, a Cocecrer/RS concluiu o desenvolvimen-
rou-se num dos maiores desafios da história da Central. O
to de um sistema próprio, que, por meio da Central, foi
processo de informatização das singulares teve início em
repassado às cooperativas catarinenses. A Cocecrer/SC
1989, quando as oito cooperativas pioneiras do sistema
encarregou-se de fazer a migração dos sistemas de todas
adquiriram microcomputadores. A Central foi responsável
as cooperativas. Apesar do esforço, a tecnologia adotada
pela instalação das máquinas e também dos softwares.
não conseguia acompanhar o crescimento das cooperati-
O sistema utilizado na época chamava-se Sisacred e ha-
vas, tornando frequentes as perdas de dados. Por isso, as
via sido importado de cooperativas de Minas Gerais, pois
trocas e adaptações de sistemas eram constantes, gerando
oferecia os recursos necessários às singulares de Santa Ca-
maior necessidade de controle das cooperativas. O pro-
tarina para a realização de cadastro e controle de contas
blema só seria efetivamente resolvido na década seguinte,
correntes, aplicações e operações de crédito.
quando o Bancoob decidiu liderar o desenvolvimento de
Técnicos da Central passaram, em média, 15 dias
em cada cooperativa, com a finalidade de instalar os programas, treinar funcionários e transcrever as informações
contidas em fichas de papel para o computador. Para reduzir despesas com hospedagem, os funcionários da Central por vezes se alojavam na própria sede da cooperativa,
em dormitórios improvisados. Em algumas ocasiões, eram
obrigados a voltar à afiliada algumas horas depois de terem partido, para prestar assistência aos funcionários ou
Funcionárias do Sicoob SC
utilizam o SISBR
86
destravar os sistemas.
um sistema integrado para cooperativas centrais e singulares: o SISBR (Sistema de Informações do Sicoob Brasil).
maior oferta de crédito para os associados. Em 1994 a
autorização para a abertura de Postos de Atendimento
Cooperativo (PACs), agências complementares às sedes,
permitiu a atuação em âmbito regional e viabilização
econômica devido à maior abrangência – até então cada
cooperativa só podia atender em sua própria sede.
Na mesma época, a Cocecrer/SC firmou convênio
com o Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo
Sul (BRDE) para a captação de recursos destinados ao crédito rural. Criado em 1961, o BRDE tinha experiência na
operação de linhas de financiamento com as quais o sistema ainda não trabalhava. Entre elas estava o crédito de investimento, concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Assim, a parceria
com o BRDE ampliou os horizontes das cooperativas de
crédito catarinenses, que na época ainda se recuperavam
do impacto sofrido com a extinção do BNCC.
Com o convênio, a Central pôde disponibilizar às
cooperativas as linhas de crédito operadas pelo BRDE,
como Bndes Automático e Bndes Finame – com juros
mais baixos e prazos mais longos que os oferecidos em
linhas tradicionais. Esses recursos permitiram que os
associados do sistema investissem na modernização das
propriedades rurais em diversas regiões do estado. Com
a consolidação do Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf ), criado em 1994, a parceria com o BRDE também possibilitou o atendimento
de milhares de pequenos produtores rurais. A Central
Postos de Atendimento Cooperativo (PACs) ampliaram abrangência das singulares
87
chegou a elaborar 2 mil projetos por ano para inclusão
de associados no Pronaf.
Como as instalações da Cocecrer não comportavam um volume tão grande de processos, todo o trabalho
de elaboração e análise dos projetos era dividido com
o BRDE. Juntos, funcionários da Central e do Banco
atravessaram noites e finais de semana trabalhando, a
fim de não desperdiçar a oportunidade de levar desenvolvimento ao interior do estado.
Para seguir todos os procedimentos necessários
à captação e à aplicação de recursos públicos, tanto as
cooperativas singulares quanto a Central tiveram que
adaptar suas rotinas. Em decorrência desse processo,
o sistema atingiu um nível de profissionalização ainda
maior, com a realização constante de treinamentos voltados à atualização de funcionários em relação às exigências legais e burocráticas.
Um novo horizonte
Em agosto de 1995, o cooperativismo de crédito
brasileiro obteve mais uma conquista histórica. A Resolução 2.193 do Conselho Monetário Nacional permitiu
a constituição de bancos comerciais controlados por cooperativas de crédito, chamados de bancos cooperativos.
Isso significava que, a partir daquele momento, as cooperativas não dependeriam mais de bancos externos para
efetivar suas operações – Santa Catarina, na época, tinha
convênio com o Besc para compensação de cheques e
títulos, com exceção da Creditapiranga, conveniada com
o Banco do Brasil.
Tão logo a resolução foi lançada, os dirigentes das
três centrais do Sul do país se reuniram para planejar a
criação de um banco cooperativo comum. Sem acordo,
acabaram seguindo caminhos diferentes. Assim, o primeiro banco cooperativo do Brasil foi fundado em Porto
Alegre, em 1995, para atender os estados do Paraná e
do Rio Grande Sul.
Somada aos outros avanços, a possibilidade de
criação de bancos próprios deu início a uma reorganização das cooperativas de crédito em todo o país,
que se reuniram para formar o Banco Cooperativo
88
Fortalecendo a
agricultura familiar
Até 1994 não havia no Brasil uma linha de crédito instituída pelo governo para fomentar a agricultura
familiar. Assim, o pequeno agricultor disputava o crédito rural oficial com o grande produtor, em enorme
desvantagem. Para reverter essa situação, o Conselho
Monetário Nacional criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que tinha
como principal finalidade conceder crédito de custeio
e investimento para a atividade produtiva familiar. Na
época, o limite de financiamento de projetos coletivos
era de R$ 50 mil, respeitando o limite individual de
R$ 10 mil. As taxas de juros beiravam os 16% ao ano.
Mas já no ano seguinte, foram reduzidas a 9% ao ano
e os limites individuais e coletivos foram ampliados.
As cooperativas de crédito rural exerceram papel
importante na intermediação do Pronaf junto a seus
associados. Com o Programa, ampliou-se a possibilidade de aumentar a produtividade, gerar empregos
e melhorar a renda dos agricultores familiares. Desde
a criação do Pronaf, diversos estudos apontam que os
recursos chegam de forma menos burocrática às mãos
dos beneficiários onde há uma rede social engajada
no processo.
As cooperativas de crédito fazem parte dessa
rede, otimizando os resultados do Programa. Além de
receber o crédito, o agricultor de baixa renda ingressa
em uma instituição que pode lhe oferecer outros serviços financeiros, conforme suas necessidades. Assim,
o Pronaf foi responsável por atrair muitos associados
às cooperativas de crédito rural, potencializando os im-
Sede do Sicoob Central SC, nome
adotado pela Cocecrer em 1997
pactos positivos no desenvolvimento econômico das
regiões beneficiadas pelo Programa.
Família no campo: pai e filho, associados
Sicoob, trabalham em São Miguel do Oeste
do Brasil S/A (Bancoob). O Bancoob foi constituído como uma instituição de caráter privado e capital
fechado, tendo como acionistas controladoras as cooperativas singulares e centrais que o integram. Fundado em 04 de novembro de 1996, o Bancoob recebeu no ano seguinte a autorização do Banco Central
para funcionar.
Ao formar o banco, as cooperativas centrais
decidiram adotar a denominação Sistema das Cooperativas de Crédito Integrantes do Bancoob (Sicoob). Assim, em 31 de outubro de 1997, o nome
da Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa
Catarina foi oficialmente alterado, passando a se chamar Sicoob Central Santa Catarina, identificado pela
sigla Sicoob Central SC. Algum tempo depois, com
a definição da estrutura organizacional do Bancoob,
as cooperativas decidiram alterar sua denominação
para Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil,
mantendo a sigla Sicoob.
As cooperativas acionistas do Bancoob formaram
um grupo chamado Comitê dos Controladores, definindo que o presidente do banco representaria o Sistema
de Cooperativas de Crédito Integrantes do Bancoob.
Com o tempo, ficou evidente a necessidade de o banco
concentrar suas ações na área financeira, de modo que a
89
representação fosse exercida por outra instituição. Assim,
em 12 de dezembro de 2001 nascia a Confederação Nacional das Cooperativas de Crédito do Sicoob (Sicoob
Brasil), atualmente chamada Sicoob Confederação.
O início das atividades do Bancoob representou
um marco na história das cooperativas de crédito brasileiras. Por meio dele, as integrantes do Sicoob passaram
a atuar de forma mais competitiva em relação ao sistema
bancário tradicional. O maior acesso a recursos, aliado
ao fato de o Sicoob poder atuar no mercado por meio
de uma estrutura de compensação própria, trouxe autonomia e segurança às cooperativas. A partir daquele
momento seria possível planejar-se em longo prazo, pois
a estrutura financeira do sistema, se conduzido com gestão competente, garantia o futuro.
A Central tornou-se então o agente intermediário entre o Bancoob e as cooperativas. O conhecimento
adquirido pelo Sistema em Santa Catarina por meio
do convênio com o BRDE, sobre as linhas de financiamento do BNDES, foi transferido ao Bancoob por
uma equipe da Central. Na época, o Sicoob SC figurava
entre as centrais com maior movimentação de recursos,
atendendo cerca de 35 mil associados, em 32 cooperativas singulares.
A nova estrutura exigia a normatização de operações conforme as diretrizes do Bancoob. Para isso, a
Central desenvolveu treinamentos e manuais repassados
às cooperativas, de modo que elas pudessem aproveitar
a oportunidade de crescimento que as novas linhas de
crédito ofereciam.
Em Santa Catarina, o início das operações do Bancoob coincidiu com a sucessão presidencial no Sicoob
SC. Após 14 anos à frente da Central, o presidente José
Zeferino Pedrozo deixou o cargo, para o qual foi eleito o
então vice-presidente do Sicoob Crediauc, de Concórdia,
Rui Schneider da Silva. Ao assumir o comando da Central, Rui implantou um novo modelo organizacional,
focado na descentralização de atividades e cargos.
Assim, o organograma do Sicoob SC substituiu
as diretorias existentes por quatro gerências – Crédito
(atual gerência Comercial), Financeira, de Tecnologia e
Administrativa. A descentralização tinha como objetivo
intensificar a profissionalização da Central e também tornar mais eficiente o atendimento de demandas das coo-
Dirigentes das cooperativas do Sicoob SC visitam o Bancoob, em Brasília
90
perativas, que agora poderiam se dirigir diretamente ao
departamento responsável pela área em que precisavam
de suporte. Outra novidade do modelo de gestão adotado foi a presença constante do presidente na Central,
pois Rui passou a dar expediente diário. Isso significava
a presença do associado, representado pelo presidente, no
dia a dia da Central. Dessa forma, o Sistema mostrava à
sociedade seu amadurecimento.
Expansão com foco social
As condições mais favoráveis impulsionaram o
crescimento das cooperativas, ampliando seu potencial
de democratizar o acesso ao crédito e, assim, contribuir
para o desenvolvimento dos locais onde estão inseridas.
Melhorar a qualidade de vida da população de municípios empobrecidos, por meio da concessão de crédito para atividades produtivas, era uma das principais funções
do movimento que ganhava novos adeptos a cada dia.
Em Rio Rufino, na Serra catarinense, a reação
da comunidade aos baixos índices de desenvolvimento
humano e social do município teve início com a fundação de uma cooperativa de crédito. Decididos a mudar
a história local, agricultores da região se uniram para
fundar a Cooperativa de Crédito Rural Rio Rufino (Sicoob Crediunião).
Participação e engajamento
Na assembleia de fundação da Cocecrer/SC, pou-
contribuir de forma mais incisiva com a consolidação da
cos poderiam imaginar que o secretário escolhido para
Central. Por isso, ele decidiu concorrer à presidência do Si-
redigir a ata, Rui Schneider da Silva, se tornaria o segundo
coob Central SC na eleição de 1999, quando foi escolhido
presidente da história da Central. Engajado no movimen-
por uma diferença de dois votos em relação ao presidente
to cooperativista desde o início da década de 1980, Rui
da Credicanoinhas, Francisco Greselle.
havia participado do grupo de trabalho responsável por
implantar a Crediauc, em Concórdia.
Economista e advogado por formação, o novo presidente modernizou o modelo de gestão do do Sicoob
A experiência adquirida durante anos de gestão na
Central SC, com ênfase na profissionalização e na des-
cooperativa de origem – ele foi presidente e vice-presi-
centralização da tomada de decisões. Essas medidas in-
dente da Crediauc por dois mandatos – motivou Rui a
fluenciaram o modelo de gestão de todo o Sistema. Em
outra frente, ampliou a rede de relações institucionais da
Central, tornando-se vice-presidente da Ocesc para o segmento de crédito, conselheiro da Confebras – Confederação das Cooperativas de Crédito do Brasil e vice-presidente do Sicoob Brasil. Tendo Francisco Greselle como
vice-presidente e Romanim Dagostin como secretário, Rui
foi reeleito nos pleitos de 2002, 2006 e 2010, com mandato até 2014.
Atualmente, Rui é vice-presidente da Crediauc,
coordenador dos acionistas minoritários do Bancoob,
representando um grupo de sete cooperativas centrais,
conselheiro fiscal do Sescoop – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo e presidente da Confebras.
Rui Schneider da Silva, presidente
do Sicoob eleito em 1999
91
Sicoob Crediunião
Depois de ter ajudado a consolidar e dinamizar a
economia regional, a Crediunião recebeu dentro da própria sede os resultados desse trabalho: móveis de vime,
produzidos pelas mãos de membros da comunidade.
Hoje, com mais de mil associados, a cooperativa continua a apoiar o setor. Na safra 2008, a Crediunião concedeu 50% do total de financiamento agrícola, orçado em
R$ 1,4 milhão, para essa cultura.
Por ano, são produzidas na região 15 mil toneladas de vime verde e seis mil toneladas de vime seco,
utilizado para cestaria, móveis e artigos de decoração.
Inauguração da Crediunião em Rio Rufino
O Sicoob Crediunião foi a primeira instituição financeira
a apoiar os agricultores nessa atividade. A planta não é
nativa e foi trazida para a região em 1920. Atualmente,
Liderada pela primeira presidente, Maria Bernadete Blomer Dorroite, a Crediunião iniciou as atividades
com móveis usados, doados pela Caixa Econômica Federal. A carência de mobiliário da sede desencadeou um
projeto que despertaria uma antiga vocação econômica
local: a produção de vime. Em parceria com a Epagri,
a cooperativa desenvolveu cursos de capacitação em artesanato para os associados, que aprenderam a fabricar
móveis a partir do vime. O projeto foi custeado com recursos do Pronaf e da própria cooperativa, que recebeu
mesas, cadeiras e balcões fabricados pela comunidade
ao longo do curso.
Mas o belo mobiliário da Crediunião não foi a
única marca deixada por essa iniciativa. A capacitação
ajudou a profissionalizar um trabalho até então realizado de forma extremamente artesanal, criando mais uma
fonte de renda para a população. Uma década depois,
cerca de 1,3 mil agricultores se dedicavam a essa cultura
em oito municípios da região, sendo responsáveis por
90% da produção nacional de vime.
Contribuir para o desenvolvimento da economia
local também era o objetivo da Cooperativa de Crédito
Rural de Urubici (Sicoob Crediaraucária), fundada em
1997. Depois de participar dos eventos promovidos pelo
Instituto Vianei, em Lages, um grupo de agricultores do
município levou a discussão para a comunidade. Diferen92
mais de 50% das propriedades de Rio Rufino plantam
vime, que é uma lavoura perene – a colheita anual ocorre entre junho e agosto.
Além do vime, a implantação do cultivo de eucalipto para uso interno nas propriedades e a comercialização
do excedente têm sido uma aposta da cooperativa para
ajudar no desenvolvimento dos municípios da sua área de
abrangência. Recursos obtidos pela Central junto ao Bancoob foram destinados ao programa de reflorestamento,
resultando na produção de madeira, além da recuperação
e preservação de matas nativas da região.
Sicoob Crediunião
Sede: Rio Rufino
Fundação: 12/11/1997
Início das atividades: 15/06/1998
Filiação ao Sicoob: 31/10/2000
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 1.140
Número de funcionários: 10
Agências: 2
Área de abrangência: Rio Rufino, Bocaina do Sul, Bom
Retiro, Urubici e São Joaquim
População da área de abrangência: 50.187 habitantes
Atual presidente: José Amarildo Costa
DATA BASE: 30/06/2010
EDSON OSVALDO KLAWA e esposa, associado ao
Sicoob Crediunião
Abaixo, o presidente
José Amarildo Costa.
Nas outras fotos,
atendimento na sede
do Sicoob Crediunião
Sou associado desde o
início da cooperativa.
A Crediunião foi um
marco aqui na nossa
cidade, pois além
de ajudar muito
na agricultura ela
auxilia também no
comércio. Lembro que
foi a cooperativa que
conseguiu recursos
para financiar as
lavouras de vime de Rio
Rufino. Já utilizei muito
o crédito rural nesses
anos de cooperado.
Hoje trabalho mais
com comércio e estou
pensando em me
mudar daqui.
Com certeza, me
associarei em alguma
cooperativa de crédito
na cidade para a
qual me mudar.
93
temente do que havia ocorrido nos outros municípios da
região, a reação não foi boa, pois permaneciam as marcas
negativas deixadas por cooperativas de outros segmentos
em Urubici. O argumento dos defensores da ideia se concentrava na natureza do produto com que iriam trabalhar,
o dinheiro. Dinheiro que, conquistado com o trabalho
de cada um, poderia ajudar a todos. Assim a cada reunião
realizada nas comunidades a percepção das pessoas foi se
alterando, até a fundação da Crediaraucária, que teve João
Frischembruder como primeiro presidente.
Desde que foi criada, a cooperativa contribui para
o desenvolvimento de novas atividades econômicas no
Sicoob Crediaraucária
Em 12 anos de atividades, a Crediaraucária conseguiu
transformar o capital inicial de R$ 2,6 mil em mais de R$ 1
milhão, graças à associação de cerca de mil pessoas nesse
período. Esses números fazem com que a Crediaraucária ostente 31% de participação no mercado financeiro local.
A boa aceitação do cooperativismo de crédito na região de Urubici está relacionada ao esforço da Crediaraucária para fomentar o desenvolvimento local. Além de ajudar
seus associados a se inserirem na cadeia produtiva de leite,
oferecendo linhas de crédito especial para a compra de animais e equipamentos, a cooperativa desenvolve um projeto
de produção de frutas alternativas, como a implantação de
pomares de mirtilo.
Em abril de 2007, a Crediaraucária abriu seu primeiro
ponto de atendimento além da sede., em Alfredo Wagner.
No mesmo ano, protocolou no Banco Central o projeto
para transformação da cooperativa em livre admissão de
associados aprovado em 2010. O objetivo é se fazer ainda
mais presente na comunidade, que já tem na Crediaraucária
uma grande parceira. Baseada na educação cooperativista,
essa relação de parceria é consolidada com a realização de
encontros e eventos em conjunto com sindicatos, Secretaria Municipal da Agricultura, Epagri, igrejas, associações e
organizações não governamentais. Todos os anos a coope-
Sócios-fundadores da Crediaraucária, em 1998
rativa realiza um evento de grande porte, chamado Incoop,
que inclui palestras sobre cooperativismo, promovendo a
integração entre os associados e a comunidade em geral.
Sicoob Crediaraucária
Sede: Urubici
Fundação: 06/12/1997
Início das atividades: 10/08/1998
Filiação ao Sicoob: 31/10/2000
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 1.471
Número de funcionários: 20
Agências: 3
Área de abrangência: Urubici, Bom Retiro, Alfredo
Wagner, Angelina, Anitápolis, Águas Mornas, Leoberto
Leal, Rancho Queimado e Santo Amaro da Imperatriz
População da área de abrangência: 67.862 habitantes
Atual presidente: Elmo Meurer
Primeira assembleia da Crediaraucária, em Urubici
94
DATA BASE: 30/06/2010
Sede do Sicoob
Crediaraucária:
atendimento aos
associados de
Urubici e região
JOSÉ CARLITO KAYSER (à direita), associado ao
Sicoob Crediaraucária, junto ao presidente da
cooperativa, Elmo Meurer
Sou um dos 25
sócios-fundadores
da Crediaraucária.
Sempre que precisei
de ajuda, o Sicoob me
socorreu. Eu me sinto
muito grato por toda
essa ajuda que eles me
deram. Como todos
na cooperativa se
conhecem, o trabalho
fica mais humano,
você deixa de ser
apenas um número
de conta bancária.
A Crediaraucária é
uma coisa nossa.
95
município, que ajudam a garantir a renda dos pequenos
produtores rurais da região. Por meio da Crediaraucária
eles tiveram acesso a crédito rural para incrementar a cadeia produtiva do leite, atividade que reduz a sazonalidade da renda – diferentemente do trabalho na lavoura,
a produção de leite gera renda mensal o ano todo.
A 60 quilômetros de Urubici, o município de Urupema também foi beneficiado pela criação da Cooperativa de Crédito Rural do Planalto Serrano (Crediserra), em
1996. Os 21 sócios-fundadores previam uma instituição
competitiva, capaz de ganhar a preferência dos associados quando comparada a bancos públicos ou privados.
Assim conseguiriam atrair boa parte dos associados em
potencial, estimados em 5 mil pessoas.
Para isso, era essencial oferecer baixas taxas de juros e atendimento de primeira, sempre focado nos princípios cooperativistas. Com essa premissa, a cooperativa
abriu as portas em 28 de abril de 1997, com apenas um
Sicoob Crediserra
Essencialmente agrícola, o município de Urupema,
na Serra catarinense, vem buscando potencializar as atividades econômicas ligadas à produção animal, fruticultura, silvicultura e agricultura orgânica. Nesse caminho, os
produtores rurais encontraram no Sicoob Crediserra um
grande parceiro.
Completando 13 anos de atividade, a Crediserra ultrapassou a casa dos R$ 3 milhões em patrimônio líquido
e conta com um volume de operações de crédito de mais
de R$ 9 milhões em 2010.
Muito além do crescimento em números, os resultados da cooperativa se refletem no compromisso de facilitar a vida de seus mais de 2 mil associados, através da
criação de uma nova opção de agente financeiro, da geração de emprego e renda para a região e, principalmente,
da valorização do pequeno agricultor.
De olho no futuro, a Crediserra busca sempre as
melhores alternativas para o desenvolvimento da região
serrana de Santa Catarina.
Sicoob Crediserra
Sede: Urupema
Fundação: 15/11/1996
Início das atividades: 28/04/1997
Filiação ao Sicoob: 08/09/1998
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 2.399
Número de funcionários: 17
Agências: 4
Área de abrangência: Urupema, Rio Rufino, Urubici,
Painel, Bom Retiro, Bocaina do Sul, São Joaquim e Bom
Jardim da Serra
População da área de abrangência: 59.505 habitantes
Atual presidente: Antônio Carlos Muniz
DATA BASE: 30/06/2010
Ata de constituição da Crediserra
96
Arécio de Andrade, associado ao Sicoob
Crediserra
Naquela época,
os trabalhadores
rurais sentiram que
precisavam se unir e
apostar em uma ideia
nova. Foi assim que
me tornei um dos
sócios-fundadores
da Crediserra. Hoje
estamos muito
satisfeitos com
os resultados da
cooperativa. Através
da Crediserra todos os
Acima e ao lado, associados
da Crediserra mostram
sua produção. Nas outras
imagens, o atendimento
na cooperativa
trabalhadores rurais
estão crescendo. Quem
tem dificuldades
em conseguir
crédito em outras
instituições, por
exemplo, tem mais
chances de conseguir
na cooperativa, o
que é uma grande
oportunidade para
se desenvolver.
97
funcionário e a ajuda de um técnico cedido pela prefeitura de Urupema. Também colaborava o primeiro presidente da Crediserra, Amstrong Zen de Souza.
Enquanto nos municípios menores o cooperativismo de crédito dava os primeiros passos, a maior cidade
da região serrana, Lages, também era palco de discussões
sobre o tema, que resultaram na criação da Cooperativa de Crédito Rural do Planalto Sul (Credisserrana).
Foram 20 sócios-fundadores, todos produtores rurais,
que buscavam promover mais oportunidades de acesso
ao crédito, deixando para trás a dependência dos bancos. Para representá-los, elegeram José Laurenil Borges
como primeiro presidente da cooperativa.
Mas, como na maioria dos municípios da região,
foi preciso enfrentar a resistência da comunidade em relação ao cooperativismo, convencendo os associados de
que o esforço conjunto levaria a cooperativa ao sucesso.
Ciente de que essa trajetória não podia ser traçada de
forma isolada, a Credisserrana logo se filiou ao Sicoob
Central SC, garantindo o acesso a recursos e o suporte
institucional necessários ao desenvolvimento.
Sicoob Credisserrana
Localizada na maior cidade da Serra Catarinense,
Lages, a Cooperativa de Crédito Rural do Planalto Sul (Credisserrana) ampliou sua base de associados nos últimos
anos, a fim de fomentar e economia regional, baseada
principalmente na pecuária, na agricultura, na indústria
madeireira e, mais recentemente, no turismo rural. Contribuir para o desenvolvimento dessas atividades e incentivar o surgimento de novos negócios no município têm
sido os principais objetivos da cooperativa.
Em 12 anos, a Credisserrana passou dos 20 sóciosfundadores para cerca de 2 mil associados, aos quais oferece a ampla gama de produtos e serviços do Sicoob,
como cartão de crédito, cheque especial, seguros, empréstimos e financiamentos, entre outros. Apesar do
crescimento entre a população urbana, a maior parte
dos recursos da cooperativa ainda é direcionada a agricultores e pecuaristas. Somente em 2009, a Credisserrana repassou aos associados cerca de R$ 1,15 milhão em
crédito rural.
Cada vez mais próxima de seus cooperados, a
Credisserrana busca estender seus benefícios a toda a
comunidade. Para isso, promove, patrocina e participa
de diversos eventos em Lages e região, como feiras, exposições, rodeios e bailes, nos quais dissemina a cultura
cooperativista.
Sicoob Credisserrana
Sede: Lages
Fundação: 25/07/1998
Início das atividades: 17/05/1999
Filiação ao Sicoob: 26/09/2001
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 2.120
Número de funcionários: 17
Agências: 3
Área de abrangência: Lages, Bocaina do Sul, Palmeira e
Capão Alto
População da área de abrangência: 176.747 habitantes
Assembleia da Credisserrana: associados
têm liberdade para se manifestar
98
Atual presidente: Cândido Lucas Costa
DATA BASE: 30/06/2010
Maria José Duarte de Oliveira, associada ao
Sicoob Credisserrana
Na Credisserrana o
acesso ao crédito é
mais rápido, menos
complicado que nos
bancos, pois somos
nós, associados, que
decidimos o que fazer
com os recursos.
Hoje, só trabalho
com a cooperativa.
Tenho conta em
Sede da Credisserrana,
em Lages: cooperativa
tem mais de 2,1 mil
associados
outros bancos, mas
só para recebimento
do salário, que logo
transfiro para o Sicoob.
E uso praticamente
todos os serviços
que a cooperativa
oferece. No passado,
consegui crédito para
comprar gado de leite
e incrementar
a produção de
queijos em nossa
propriedade.
99
Em toda parte
Embora tenha representado um avanço territorial
importante, a expansão do cooperativismo de crédito na
segunda metade da década de 1990 não se restringiu à
região serrana. Outras seis cooperativas de crédito foram
fundadas entre 1996 e 1999, reforçando a presença do Sicoob SC tanto no meio urbano quanto na zona rural.
Em Papanduva, no Planalto Norte, uma divergência entre agricultores e o Banco do Brasil deu propulsão ao
movimento que buscava criar uma cooperativa de crédito
local. Insatisfeitos com a burocracia e demora na liberação dos empréstimos, 25 produtores rurais tornaram-se
sócios-fundadores da Cooperativa de Crédito Rural do
Planalto Catarinense (Sicoob Crediplanalto) em 1996.
A falta de público na inauguração era um reflexo
da desconfiança da comunidade em relação à iniciativa.
Com poucos recursos disponíveis, o presidente da Crediplanalto à época, Amilto Pscheidt, penhorou sua pro-
Primeira matrícula da Crediplanalto
100
Sicoob Crediplanalto
Chegar à marca de 1,4 mil sócios ativos parecia
um sonho aos fundadores da Crediplanalto em 1996,
quando a cooperativa foi criada. Em 2010, esse sonho já
era realidade. Com sede em Papanduva, a Crediplanalto mantém seis pontos de atendimento para atender aos
cooperados, em Mafra, Santa Terezinha, Rio das Antas,
Santa Cecília, Major Vieira e Monte Castelo. Desde 2009,
a cooperativa opera em regime de livre admissão, mas
tem planos de expansão bastante cautelosos.
Entre 1999 e 2002, a ampla liberação de crédito
levou a um elevado índice de inadimplência, exigindo
uma reestruturação nos procedimentos internos, que
teve sucesso graças ao apoio dos associados. Com a lição
aprendida, a cooperativa apresenta sobras (lucros) desde
2004, sempre buscando atrair pessoas e empresas com
potencial para fortalecer a cooperativa.
Para tornar o cooperativismo mais conhecido, a
Crediplanalto age em duas frentes, tendo sempre a juventude como foco. Além de promover um encontro de jovens a cada dois anos, a cooperativa leva palestras sobre
cooperativismo para escolas da região.
Sicoob Crediplanalto
Sede: Papanduva
Fundação: 18/05/1996
Início das atividades: 10/09/1996
Valdeci Castagnetti, associado ao Sicoob
Filiação ao Sicoob: 22/05/1998
Crediplanalto
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 4.289
Número de funcionários: 39
Com o crédito de
Agências: 6
Área de abrangência: Papanduva, Mafra, Major Vieira,
Monte Castelo, Santa Cecília e Santa Terezinha
População da área de abrangência: 111.897 habitantes
Atual presidente: Izeo Pitt
R$ 90 mil liberado
pela Crediplanalto
em 2008, comprei
a máquina
DATA BASE: 30/06/2010
necessária para
abrir uma empresa
de classificação
de maçãs. Já
produzíamos a
fruta, em um pomar
de 12 hectares e
30 mil pés desde
2003. Com o novo
empreendimento,
agregamos valor à
produção e passamos
Assembleias
da cooperativa,
autoatendimento
e o presidente do
Sicoob Crediplanalto,
Izeo Pitt
a vender para
todo o estado. Na
agricultura, quem
é pequeno precisa
unir forças para
conseguir acesso
aos recursos.
101
priedade e obteve, no Banco do Brasil, um financiamento
de R$ 360 mil, destinados a empréstimos que beneficiaram 80 produtores. A notícia se espalhou pela cidade e
logo a desconfiança cedeu lugar à expectativa de integrar
a cooperativa. Para crescer de forma sustentável, a Crediplanalto decidiu se filiar ao Sicoob Central SC dois anos
após sua fundação.
Em 22 de março de 1997, Passos Maia, município com 2,8 mil habitantes na época, tornou-se a sede
da Cooperativa de Crédito Rural Vale do Chapecozinho
(Sicoob Valcredi). A fundação da cooperativa era resultado da articulação de uma série de instituições públicas,
organizações não governamentais e entidades representativas dos produtores rurais da região. Antes de iniciar a
Sicoob Valcredi
Existente desde a década de 1940, época em que
descendentes de imigrantes italianos, atraídos pela madeira abundante, se fixaram no local, o município de Passos
Maia foi criado somente em 1991, quando deixou de ser
um distrito de Ponte Serrada. Os anos seguintes à emancipação foram marcados pela construção de mecanismos
para o desenvolvimento local, entre eles a Cooperativa
Rural do Vale do Chapecozinho (Sicoob Valcredi).
Entre os objetivos registrados no estatuto da cooperativa está a assistência financeira aos associados e a formação para o cooperativismo. Tendo em vista que cerca
de 85% da população de Passos Maia reside no campo, a
prioridade da Valcredi sempre foi o atendimento aos produtores rurais, de modo que os benefícios gerados pela
democratização do crédito se estendessem a toda a comunidade.
Na primeira década de atuação da cooperativa
os resultados já se mostravam expressivos. Entre 1997 e
2006 foram R$ 7,7 milhões concedidos em empréstimos,
que beneficiaram cerca de 1,1 mil associados. Esses números, aliados ao potencial de crescimento do cooperativismo na região, fizeram com que a Valcredi chegasse a
2010 consolidada, pronta para colaborar ainda mais com
a melhoria da qualidade de vida de seus associados.
Reuniões ajudaram a estreitar os laços
entre a comunidade e a Valcredi
Sicoob Valcredi
Sede: Passos Maia
Fundação: 22/03/1997
Início das atividades: 06/10/1997
Filiação ao Sicoob: 08/06/1998
Segmento: Crédito Rural
Número de associados: 7.487
Número de funcionários: 41
Agências: 4
Área de abrangência: Passos Maia, Vargeão, Ponte
Serrada, Irani, Vargem Bonita, Catanduvas, Faxinal dos
Guedes, Ouro Verde e Bom Jesus
População da área de abrangência: 58.307 habitantes
Atual presidente: Antônio Abílio Mantovani
Atendimento na sede da Valcredi, fundada em 1997
102
DATA BASE: 30/06/2010
MAURI ZANCHETTI e família, associado ao
Sicoob Valcredi
Depois que a cooperativa
passou a funcionar, melhorou
muito. Eu sou pequeno
agricultor e já fui muito
beneficiado. Já utilizei
empréstimos da cooperativa
para a construção de um
chiqueiro, pra compra de
vaca leiteira e também pra
lavoura. Outro diferencial da
cooperativa é o atendimento.
Eles são muito educados e
eu sinto que eles realmente
respeitam a gente. Todas
as vezes que eu precisei, a
cooperativa me ajudou. Em
outros lugares a gente não
consegue isso, é praticamente
Acima, o
presidente Antônio
Abílio Mantovani
junto a família
associada. Nas
outras imagens,
a sede do Sicoob
Valcredi
eliminado. Acredito que a
cooperativa esteja bem por
causa da administração.
Você pode perguntar para
qualquer associado, tenho
certeza que todo mundo
vai dizer a mesma coisa.
103
operação da Valcredi, comitivas de Passos Maia visitaram
cooperativas antigas, estabelecidas em cidades maiores,
como a Crediauc, de Concórdia, e também as menores,
localizadas em municípios com características semelhantes
às de Passos Maia. Muitos estudos e debates faziam parte
de uma estratégia para convencer a comunidade a acreditar novamente no cooperativismo, de modo que o receio
causado por experiências anteriores mal-sucedidas não se
sobressaísse à esperança de construir um futuro melhor.
Autorizada pelo Banco Central, a Valcredi, presidida por Antônio Abílio Mantovani, passou a funcionar em
outubro de 1997, em uma sala de 16 metros quadrados,
com móveis emprestados por associados, três funcionários
e capital integralizado de R$ 2 mil. Seria possível uma
cooperativa de crédito sobreviver com tão pouca infraestrutura? Era a pergunta que pairava pela cidade à época
da inauguração. A história do cooperativismo de crédito
em Santa Catarina provava que sim.
Na cidade de Nova Trento, pequenos agricultores
também se questionavam sobre o futuro da Cooperativa
de Crédito Rural de Nova Trento (Trentocredi), criada
em 1998. A ideia havia surgido dois anos antes, em meio
às propostas dos candidatos a prefeito. Mas um grupo de
produtores rurais não deixou que ela se perdesse entre
as promessas de campanha.
Mobilizados pela causa, levaram 12 meses para reunir os 23 sócios-fundadores. A cooperativa começou pequena, contando apenas com os recursos provenientes
Sicoob Trentocredi
Localizada em Nova Trento, a cooperativa reuniu mais de 6 mil sócios em pouco mais de 10 anos
de funcionamento e possui postos de atendimento em
todos os municípios de abrangência: Canelinha, Brusque, São João Batista e Tijucas, onde 31 funcionários
atendem os cooperados, oferecendo produtos e serviços disponíveis.
Em 2009, mais de R$ 10,8 milhões foram liberados para os associados, dos quais R$ 836 mil foram
alocados em atividades rurais. A mudança no perfil do
associado deve-se à crescente urbanização da região e
também demonstra a expansão das atividades da cooperativa sobre outros segmentos da população.
Em 21 de janeiro de 2010 a Trentocredi realizou
o antigo desejo de se tornar uma cooperativa de crédito
de livre admissão de associados. No final desse mesmo ano, está prevista a inauguração de uma nova sede,
com o intuito de melhorar o atendimento ao associado.
No futuro, a cooperativa pretende ampliar a estrutura
de atendimento, com a criação de mais sete PACs, incluindo novos municípios. A expectativa é que a inclusão de indústrias e estabelecimentos comerciais entre
seus associados eleve a Trentocredi a um novo patamar
de negócios.
Sicoob Trentocredi
Sede: Nova Trento
Fundação: 15/05/1998
Início das atividades: 08/10/1998
Filiação ao Sicoob: 31/10/2000
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 8.498
Número de funcionários: 46
Agências: 6
Área de abrangência: Nova Trento, Antônio Carlos,
Biguaçú, Bombinhas, Botuverá, Brusque, Canelinha,
Itapema, Major Gercino, Porto Belo, São João Batista e
Tijucas
População da área de abrangência: 314.193 habitantes
Atual presidente: Altair Raimundo Ruberti
Sócios-fundadores da Trentocredi, criada em 1998
104
DATA BASE: 30/06/2010
Antônio Will (à esquerda), associado ao Sicoob
Trentocredi
Fui convidado
a participar da
cooperativa pelo grupo
que articulava sua
criação no final dos
anos 90. Acreditei na
ideia e hoje conto com
os benefícios dela. Em
2001, abri uma pequena
fábrica de conservas
em minha propriedade.
Os recursos do Sicoob
têm sido fundamentais
para o negócio, pois
preciso de dinheiro para
capital de giro, que
falta muito na época de
No alto, o projeto da nova
sede da Trentocredi. Acima,
o presidente Altair Ruberti
(à dir.) atende associado
entressafra de hortaliças
e assim dificulta a
compra das embalagens
para as conservas.
105
dos depósitos dos associados, já que ainda não era filiada
ao Sicoob Central SC, apenas conveniada. Assim, nos
primeiros anos a Trentocredi, que era presidida por José
Maurilio Vanini, não podia conceder empréstimos, limitando-se apenas a realizar serviços bancários em geral.
Com a expansão do número de associados, os recursos em caixa cresceram e as perspectivas começaram
a melhorar. Nessa época, a cooperativa contou com uma
ajuda que foi fundamental para sua consolidação. Por
intermédio do padre italiano Dom Girolano Giob, que
trabalhava no município na época da construção do
santuário de Santa Paulina, um grupo de instituições
italianas conheceu o trabalho da Trentocredi, e todas as
suas dificuldades, e decidiu apoiá-la. Primeiramente, em
2001, realizou aporte de US$ 6 mil a fundo perdido.
Verificando que sua utilização fora adequada, anunciou
investimento de mais US$ 100 mil, a juros baixos e a
ser realizado em partes.
A parcela inicial recebida, de US$ 21,9 mil, impulsionou os negócios da cooperativa, facilitando inclusive sua filiação ao Sicoob Central SC, e acabou sendo
o suficiente para os propósitos da diretoria até aquele
momento. Assim, a cooperativa dispensou os demais
aportes, e o grupo de instituições italianas, que tinha cooperativas de crédito entre elas, acabou deixando aquele
valor inicial emprestado como uma doação.
Em Blumenau, no ano de 1997, um grupo de corretores de seguros também decidiu se unir para ampliar
a oferta de crédito à categoria, que tinha dificuldade em
obter empréstimos e financiamentos na rede bancária.
Criaram, assim, a Cooperativa de Economia e Crédito
Mútuo dos Corretores e Demais Técnicos de Seguro do
Estado de Santa Catarina (Credicor). À frente da cooperativa estava o então presidente do sindicato estadual
da categoria, Cláudio Simão.
Tamanha era a demanda dos profissionais da área
que, logo após a fundação, o Banco Central autorizou
a cooperativa a atender não apenas os corretores, mas
também os prestadores de serviços de seguros e seguradoras. Com público segmentado, a Credicor foi superando, ano após ano, as dificuldades de atender a todos
com produtos e serviços financeiros competitivos.
106
Sicoob Credicor
Desde que foi criada, a Credicor cresce de forma constante, na dimensão de uma cooperativa que
atende a um público restrito. Apesar da sede ser localizada em Blumenau, a Credicor atende a corretores
de todo o estado. Em 2010, seu quadro social atingiu
921 associados.
A cooperativa busca oferecer diferentes linhas de
crédito para os profissionais da área, que se deparam
com uma alta carga tributária sobre os rendimentos de
suas atividades. Ao contratar empréstimos com juros
menores, os corretores conseguem obter capital de giro
para impulsionar seus negócios.
Investir em microcrédito e financiamentos está
entre as principais metas da Credicor. Atualmente, a cooperativa oferece linhas de crédito para pessoas físicas e
jurídicas, como empréstimos para compra de veículos,
equipamentos de informática, capital de giro e diversos
outros que atendam às demandas dos corretores. Focada na excelência do atendimento ao associado, a Credicor, que se filiou ao Sicoob em 2008, espera expandir
suas atividades junto com o Sistema, ampliando cada
vez mais sua atuação em Santa Catarina.
Sicoob Credicor
Sede: Blumenau
Fundação: 28/04/1997
Início das atividades: 12/02/1998
Filiação ao Sicoob: 26/02/ 2008
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 921
Número de funcionários: 14
Agências: 1
Área de abrangência: Estadual
Atual presidente: Max Konradt Júnior
DATA BASE: 30/06/2010
Sede da Credcor:
atendimento às
demandas dos
corretores
Cláudio Simão, associado ao Sicoob Credicor
A partir de algumas
leituras que fiz, comecei
a pensar: se o Sindicato
dos Corretores de Seguro
de Santa Catarina prega
o associativismo como
a força da entidade
por que não abrir uma
cooperativa de crédito
também para ajudar
esses profissionais?
Surgiu então a
Credicor, a primeira
do país destinada
especificamente aos
corretores de seguro.
Essa união em torno
de um bem comum
permite uma maior
agilidades aos associados
na hora de conseguir
empréstimos, realizar
cobranças e pagamentos,
dentre outras coisas.
107
Avanço urbano
O final da década de 1990 marcou o início da expansão das cooperativas urbanas em Santa Catarina, em
um movimento que se consolidaria nos anos seguintes.
Na maior e mais industrializada cidade do estado, Joinville, o primeiro passo foi dado por servidores públicos
municipais. Para oferecer melhores serviços financeiros
à categoria e aproveitar seu potencial de investimento
em benefício dos próprios trabalhadores, foi fundada
a Cooperativa dos Servidores Públicos Municipais de
Joinville (Sicoob Coopercred) que teve Osmar Deretti
como primeiro presidente.
A cooperativa nasceu com um dos maiores potenciais de crescimento do estado. Além de poder ampliar
seu número de sócios de 7 mil para os 12 mil servidores
da prefeitura, a instituição estava localizada na maior
cidade catarinense em termos econômicos e populacionais, com cerca de 500 mil habitantes.
Em Blumenau, outra categoria decidiu se unir
para crescer: os dentistas. Buscando inspiração em
outras cooperativas de crédito existentes na região, os
profissionais liberais desejavam criar um ponto de en-
Sicoob Coopercred
A Coopercred acumula episódios de luta e superação. Criada para atender os funcionários públicos
municipais de Joinville, onde se localizam a sede e sete
postos de atendimento, a cooperativa enfrentou a venda da folha de pagamento pela prefeitura a um banco
privado nos anos de 2004 e 2008. Mesmo assim, alcançou um quadro superior a 8 mil associados.
No primeiro revés, a Coopercred organizou uma
campanha para o associado transferir o salário, mas encontrou dificuldades em razão da inadimplência. A cooperativa decidiu, então, retomar o foco nas demandas
dos servidores, sendo autorizada a realizar empréstimos
consignados com recursos próprios no ano de 2005.
Em 2008, a migração de toda a folha de pagamento para um banco comercial exigiu ainda mais superação por parte da Coopercred, que investiu novamente
em campanhas para que os associados se mantivessem
na cooperativa.
Desde 2009, a nova diretoria e os membros do
Conselho de Administração da Coopercred voltaram o
foco das ações para capacitação e aprimoramento da
gestão, bem como para a geração de negócios, com
a adesão a novos produtos e serviços oferecidos pelo
Sicoob, como seguros, consórcios e cartões de débito e
de crédito. Tudo isso para estreitar ainda mais a relação
com seus associados e buscar uma maior participação
no mercado joinvilense.
Sicoob Coopercred
Sede: Joinville
Fundação: 04/06/1998
Início das atividades: 27/10/1998
Filiação ao Sicoob: 29/12/1999
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 8.989
Número de funcionários: 61
Agências: 8
Área de abrangência: Joinville
População da área de abrangência: 497.331 habitantes
Atual presidente: Maria Teresa Soares
Agência da Coopercred, em Joinville
108
DATA BASE: 30/06/2010
Vanda Sampaio, associada ao Sicoob Coopercred
Sou associada do
Sicoob desde o
primeiro ano de
funcionamento da
Coopercred. Após
a prefeitura ter
vendido a folha de
pagamento para
outro banco, passei a
transferir meu salário
todos os meses para a
conta na cooperativa.
Na Coopercred,
consigo fazer
empréstimos com
menos burocracia e
juros menores. Além
disso, o atendimento
é sempre com boa
Acima, a presidente da
Coopercred atende a
associadas. Nas outras
imagens, o cotidiano na
sede da cooperativa
vontade, diferente
do que a gente
vê em bancos.
109
contro e identificação dos interesses da categoria, que
teria sua própria instituição financeira. Certos de que
seria uma iniciativa positiva, 21 dentistas fundaram
a Cooperativa do Setor Odontológico (Crediodonto)
em 10 de setembro de 1998, elegendo Antônio Luiz
Belli como primeiro presidente.
Ao receber o aval do Banco Central para início das operações, calcularam que precisariam de um
capital inicial de R$ 30 mil para operar durante seis
meses, até que a cooperativa começasse a gerar receita para se sustentar. Saíram de porta em porta recrutando colegas. Alguns chegaram a pagar a cota
inicial com seis cheques pré-datados de R$ 50. Mal
sabiam que estavam investindo em um empreendimento que agregaria cerca de 2,2 mil associados em
diversas cidades.
Na capital, 35 pessoas investiram um pouco
mais na criação da Cooperativa de Crédito Mútuo
dos Servidores Públicos do Estado de Santa Catarina (Credisc). Todos funcionários públicos, eles
integralizaram R$ 1 mil cada para oferecer à categoria um tratamento diferente do dispensado pelos
bancos comerciais.
Sicoob Crediodonto
Na Crediodonto, a prova de que a união do cooperativismo é baseada na reciprocidade foi a adesão
crescente de associados, interessados pelas taxas e juros
mais baixos e a resposta do Sicoob SC às enchentes que
castigaram Blumenau em novembro de 2008. Apenas um
mês depois da inauguração do segundo PAC na cidade,
as chuvas destruíram por completo a agência recém-inaugurada. Com a ajuda da Central, a unidade foi totalmente
recuperada.
Além dos PACs em Blumenau, a Crediodonto possui agências também em Rio do Sul, Joinville e Jaraguá do
Sul, e pretende abrir a próxima em Balneário Camboriú.
O ano de 2008 foi o melhor para a Crediodonto em 10
anos de história.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido somou
quase 20% e o patrimônio passou de R$ 2,2 milhões em
2007 para R$ 3 milhões em 2008. Os empréstimos alcançaram cerca de R$ 9 milhões e o número de associados
ultrapassou a marca de 2,2 mil, com possibilidades de expansão em várias frentes.
Sicoob Crediodonto
Sede: Blumenau
Fundação: 10/09/1998
Início das atividades: 08/03/1999
Filiação ao Sicoob: 29/06/2000
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 2.367
Número de funcionários: 23
Agências: 5
Área de abrangência: Blumenau, Florianópolis, São José,
Palhoça, Biguaçú, Itajaí, Balneário Camboriú, Brusque,
Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Doutor Pedrinho,
Gaspar, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio,
Timbó, Rio do Sul, Joinville, Jaraguá do Sul e São
Francisco do Sul
População da área de abrangência: 2.430.968 habitantes
Atual presidente: Antônio Luiz Belli
Agência da Credisc, na Capital: avanço das cooperativas urbanas
110
DATA BASE: 30/06/2010
Denise Schwantes, associada
ao Sicoob Crediodonto
Em 1999, quando a
Crediodonto começava
a funcionar, recebi
uma colega para uma
conversa. Ela queria
falar das cooperativas,
das suas vantagens, dos
benefícios revertidos aos
associados. Tudo que
conversamos naquele dia
eu vi acontecer nesses
Na primeira imagem
(ao alto), o presidente
do Sicoob Crediodonto,
Antônio Luiz Belli, conversa
com associadas. Nas
demais, o atendimento
na sede da cooperativa
10 anos em que sou
associada da Crediodonto.
Utilizo a cooperativa
principalmente para
obter crédito, como
o adiantamento de
cheques pré-datados. Os
juros são bem menores
e você não é somente
mais um número,
como nos bancos. Na
cooperativa a gente é
conhecido e atendido
com muita atenção.
111
Sicoob Credisc
Criada por funcionários públicos estaduais, a Credisc chega a 2010 com 3,5 mil associados, incluindo
servidores federais e aposentados, bem como seus dependentes e familiares. Além do crescimento expressivo
em pouco mais de 10 anos, a cooperativa protagonizou
a segunda incorporação no estado, unindo-se à Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Funcionários
do Sistema Estadual da Agricultura (Crediagro), fundada
em 2000.
A incorporação é uma tendência entre cooperativas que possuem segmentos semelhantes no seu quadro de associados, pois permite uma atuação mais forte
Sede da Credisc, na capital: cooperativa foi
fundada por servidores públicos estaduais
diante dos sistemas financeiros tradicionais. Ao mesmo
tempo em que as cooperativas se beneficiam com a
melhora de serviços e redução de custos, essa parceria exige cuidado e detalhamento operacional extenso,
A assembleia de constituição foi realizada em julho de 1999, em Florianópolis. Dois meses depois, a
cooperativa recebeu autorização do Banco Central para
o início das atividades, tendo Renato Luiz Hinnig como presidente. O Sicoob Central SC ofereceu todo o
suporte necessário à implantação da cooperativa, que
prontamente se filiou ao sistema.
como a migração de contas e a contabilidade do quadro de funcionários.
Com sede em Florianópolis, a Credisc possui outras
cinco unidades na cidade, localizadas no Centro Administrativo do Governo do Estado, na Assembleia Legislativa de
Santa Catarina, na Secretaria da Agricultura, na Epagri e na
Gerência Regional da Fazenda. Oferece, ainda, um ponto
de atendimento em Joinville e outro em São José.
Em 2009, a Credisc movimentou 3,8 milhões em
operações de crédito e o patrimônio líquido passou de
R$ 3 milhões.
Sicoob Credisc
Sede: Florianópolis
Fundação: 16/07/1999
Início das atividades: 16/11/1999
Filiação ao Sicoob: 27/07/2000
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 3.514
Número de funcionários: 45
Agências: 6
Área de abrangência: Estadual
Atual presidente: Edson Fernandes Santos
DATA BASE: 30/06/2010
112
Jonas dos Santos, associado ao Sicoob Credisc
Sem a Credisc eu
não teria conseguido
ajudar meus dois
filhos a abrirem o
próprio negócio. Eles
revendem material
de construção e
Na foto ao lado, o
presidente Edson Santos
reúne a equipe da
Credisc. Nas demais,
atendimento nas agências
da cooperativa
na Credisc eu já
consegui empréstimo
para comprar
dois caminhões e
financiamento para
o terceiro caminhão.
Sempre afirmo
que se não fosse a
cooperativa, meus
filhos não poderiam
ter uma empresa
deles, porque no
início é muito difícil
manter o capital de
giro. Sou muito grato
à Credisc por isso.
113
CAPÍTULO 5
Rumo a
novos desafios
O Sicoob SC chega ao século XXI focado no fortalecimento
das cooperativas filiadas, com o objetivo de contribuir para o
desenvolvimento econômico e social das regiões onde atua. Consolidado,
o cooperativismo de crédito catarinense se prepara para uma nova
etapa de expansão, impulsionada pela livre admissão de associados
114
Sede do Sicoob SC, em Florianópolis
115
Superados os desafios da década de 1990, o Sicoob SC chegou ao século XXI com 53.562 associados,
número que cresceria de forma exponencial nos anos
seguintes. Aliado a um sistema de gestão moderno e
transparente, o comprometimento da instituição com
o desenvolvimento local atraiu associados, tornando o
Sicoob líder no segmento de cooperativismo de crédito
em Santa Catarina e no Brasil.
116
Se nas décadas anteriores o crescimento havia sido puxado pelas cooperativas de crédito rural, no início
do novo século foram as urbanas que protagonizaram a
expansão do sistema. Somente no ano 2000, cinco cooperativas de crédito foram criadas, quatro delas com
sede em Florianópolis.
Antes das iniciativas da capital, porém, foi em Blumenau que se estabeleceu a primeira cooperativa de crédi-
to do Sicoob SC fundada no novo século. Criada em 23
de março de 2000, a Cooperativa de Economia e Crédito
Mútuo dos Servidores Públicos do Vale do Itajaí (Sicoob
Blucredi) tinha como principal objetivo oferecer crédito
aos servidores públicos municipais e vinha sendo planejada por uma parte deles desde 1993. Mas só em 2000 foi
possível estabelecê-la, com 55 sócios, que fizeram aporte
de R$ 1 mil cada. Presidida por João Marcos Baron, a
cooperativa teve como primeira sede uma sala na prefeitura, onde trabalhavam quatro funcionários.
Assim como o planejamento, o período de estruturação não foi fácil. Havia dificuldades de recrutar pessoal
e também de obter os recursos e a tecnologia necessários
para operar no sistema financeiro. Mesmo assim, com
menos de um mês de funcionamento, a cooperativa,
em uma estratégia ousada, comprometeu-se com um
Recepção da Central, em Florianópolis
União para crescer: cooperativas
do Sicoob SC ajudam a
democratizar o crédito
117
Sicoob Blucredi
Com sede em Blumenau, onde tem 11 PACs, a Blucredi conseguiu expandir seu atendimento para os servidores de qualquer esfera do poder público na região do
Vale do Itajaí e também para empresas ligadas à administração pública. Assim, consolidou-se com mais de 21 mil
associados, 210 funcionários e 23 PACs, distribuídos entre
10 municípios. A cooperativa é a maior do Sicoob SC em
capital social, com aproximadamente R$ 16 milhões.
Durante a enchente que atingiu o Vale do Itajaí em
novembro de 2008, muitos funcionários foram atingidos
e sete PACs foram danificados, com perda de computadores e caixas eletrônicos. Em solidariedade, o Sicoob
Primeiras instalações da Blucredi, fundada em 2000
Central SC promoveu uma campanha de arrecadação de
roupas e mantimentos para os atingidos. Além disso, liberou R$ 1 milhão em empréstimos subsidiados e mais
uma linha de crédito para renegociações de associados
grande desafio: administrar a movimentação financeira
da Oktoberfest, a mais tradicional festa alemã do país.
Para o trabalho, o pequeno grupo de colaboradores da
Blucredi teve de ser expandido para mais de 170 funcionários terceirizados, que prestam serviço à cooperativa
no período do evento. O sucesso na execução da tarefa
rendeu credibilidade e notoriedade à cooperativa, que
passou a administrar o caixa da Oktoberfest nos anos
seguintes e o fará, segundo convênio com a prefeitura,
no mínimo até 2012.
Aos poucos, a Blucredi conseguiu mostrar que os
funcionários públicos podiam ser um nicho promissor
para o mercado de crédito. Antes da cooperativa, a categoria se sentia mal atendida pelo sistema financeiro
tradicional, que cobrava taxas altas e estava em retração. O crédito consignado, tão divulgado pelo sistema
financeiro nos anos seguintes, praticamente não existia.
Com a criação da cooperativa, muitos servidores passaram a receber o salário pela Blucredi, o que ajudou a
consolidá-la.
Em Florianópolis, na mesma época, as cooperativas urbanas se organizavam, com a ajuda do Sicoob SC.
No dia 16 de setembro de 2000 foi publicado no jornal
“O Estado” o Edital de Convocação de Assembleia Geral
118
que enfrentavam aquela difícil situação.
Sicoob Blucredi
Sede: Blumenau
Fundação: 24/03/2000
Início das atividades: 05/09/2000
Filiação ao Sicoob: 31/10/2000
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 22.015
Número de funcionários: 194
Agências: 23
Área de abrangência: Blumenau, Balneário Camboriú,
Brusque, Camboriú, Gaspar, Guabiruba, Ilhota, Indaial,
Jaraguá do Sul, Massaranduba, Pomerode, Rio dos
Cedros, Timbó, Barra Velha, Guaramirim, Navegantes,
Luiz Alves, Penha, Balneário Piçarras, São João do
Itaperiú e Schroeder
População da área de abrangência: 1.096.354 habitantes
Atual presidente: João Marcos Baron
DATA BASE: 30/06/2010
Egon Schramm, associado ao Sicoob Blucredi
Como na época
eu era reitor da
Universidade Regional
de Blumenal (Furb)
– uma das principais
incentivadoras da
criação da Blucredi –
participei, em conjunto
com várias lideranças
da universidade,
da fundação da
cooperativa. Já consegui
alguns empréstimos
através dela, mas
Na foto acima, o presidente
João Marcos Baron recebe
associado. Nas outras imagens,
atendimento no Sicoob Blucredi
não acredito que
esta deva ser a meta
dos associados. Nem
sempre se deve pensar
em obter vantagens
pessoais, mas sim
em ajudar os outros
sócios e incentivar
o desenvolvimento
do cooperativismo,
que é essencial
para a cidadania.
119
Sicoob Crediban
Fundada há 10 anos, a Crediban foi uma resposta
dos funcionários do sistema bancário tradicional aos juros e
taxas praticados no próprio ambiente de trabalho. Depois
de meses de dedicação dos fundadores para convencer colegas de profissão acerca dos benefícios do cooperativismo,
a Crediban começou a operar e atualmente conta com cerca de 900 associados.
A Crediban tem sede em Florianópolis e pretende
aumentar o quadro de funcionários com a implantação de
um PAC em Balneário Camboriú, para dar cobertura a toda
a área de abrangência da cooperativa. Essa expansão, no
entanto, segue a linha cautelosa adotada pela cooperativa em sua trajetória. Reflexo de sua preocupação com o
bom andamento das operações, a Crediban criou em 2006
Agência da Crediban, em Florianópolis
o Manual do Funcionário, com normas, direitos, deveres e
responsabilidades de seus colaboradores, com base na CLT.
A cooperativa, que começou a operar apenas com
de Constituição da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Bancários da Grande Florianópolis e do
Vale do Rio Camboriú (Crediban), que seria realizada
no Florianópolis Palace Hotel 12 dias depois. Durante
alguns meses, dirigentes e colaboradores trabalhavam até
as 22 horas numa minúscula sala do prédio onde seria
a sede, no centro da Capital. Era preciso elaborar o Estatuto Social da cooperativa de acordo com as normas
do Banco Central.
Autorizada a operar no final do ano, a Crediban,
então presidida por Alfredo Teixeira Sobrinho, iniciou o
atendimento em agosto de 2001. Mas não foi tarefa fácil
convencer o público-alvo a se associar, tendo em vista
que a maioria ainda trabalhava em bancos comerciais.
Os sócios-fundadores da Crediban iniciaram, então,
uma verdadeira doutrinação sobre cooperativismo de
crédito, com explicações, coletivas e individuais, sobre
os princípios dessa forma de associativismo. O intuito
era mostrar à categoria que as cooperativas eram instrumentos de preservação da democracia nas relações de
produção e consumo.
No mesmo ano e contando com o apoio dos
fundadores da Crediban, foi criada a Cooperativa de
120
empréstimo, hoje oferece dezenas de produtos e serviços
a seus associados. Assim, comemora os resultados obtidos
nos últimos anos. No exercício de 2008, as operações de
crédito passaram de R$ 800 mil e o patrimônio líquido foi
de cerca de R$ 680 mil. Já as sobras à disposição da assembleia foram de quase R$ 60 mil.
Sicoob Crediban
Sede: Florianópolis
Fundação: 28/09/2000
Início das atividades: 07/02/2001
Filiação ao Sicoob: 23/01/2002
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 835
Número de funcionários: 13
Agências: 1
Área de abrangência: Florianópolis, Águas Mornas,
Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos,
Balneário Camboriú, Biguaçu, Bombinhas, Camboriú,
Canelinha, Garopaba, Governador Celso Ramos,
Itapema, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento,
Palhoça, Paulo Lopes, Porto Belo, Rancho Queimado,
Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São João
Batista, São José, São Pedro de Alcântara e Tijucas
População da área de abrangência: 1.201.796 habitantes
Atual presidente: Romero de Carvalho Lima
DATA BASE: 30/06/2010
Alvarito Antônio Basso, associado ao Sicoob
Crediban
Trabalho com eventos
e a cooperativa me
ajudou a crescer, pois
para desempenhar
minhas atividades
preciso de apoio
financeiro. Como somos
autônomos, passamos
por momentos de altos
Na primeira foto (ao alto),
o presidente Romero de
Carvalho Lima (à esq.)
conversa com associados.
Nas demais, atendimento na
sede do Sicoob Crediban
e baixos e precisamos
de alguém que nos dê
‘fôlego’. Na Crediban
encontrei o suporte que
precisava. Eles sempre
confiaram em mim.
E eu nunca os
desapontei.
121
Crédito Mútuo dos Despachantes de Trânsito de Santa Catarina (Creditran). Liderada pela Associação dos
Despachantes e Oficiais de Trânsito de Santa Catarina
(Adotesc), a iniciativa reuniu 27 sócios-fundadores,
que desejavam propiciar maior equilíbrio financeiro
aos despachantes, quebrando uma espécie de monopólio de arrecadação dos tributos – 75% do montante
já era recolhido pelos despachantes de trânsito. Além
disso, livraria a categoria da dificuldade em quitar os
débitos dos veículos dos clientes.
A Assembleia Geral de fundação da Creditran foi
realizada no dia 12 de outubro de 2000, em Blumenau,
e elegeu José Norival Velho como primeiro presidente. O
funcionamento da cooperativa foi aprovado pelo Banco
Central no ano seguinte. Na inauguração da sede, em Florianópolis, foi selado o compromisso de estender o atendimento às principais cidades catarinenses. Desafio maior
foi convencer a Secretaria de Estado da Fazenda de que a
cooperativa tinha condições de prestar um serviço semelhante ao de bancos oficiais na cobrança de tributos.
Enquanto os despachantes se organizavam em Florianópolis, outra categoria se mobilizava no Oeste do
estado para criar a primeira cooperativa de crédito do
setor de transporte de cargas do Brasil. O movimento
começou em Concórdia, onde o transporte de cargas
lidera a geração de empregos e representa a segunda
atividade econômica local, atrás apenas da agroindústria. Historicamente, as empresas que atuavam no setor
tinham muitas dificuldades de financiamento para ampliar ou renovar frotas.
Além de buscar condições melhores de negociação,
menos onerosas que as oferecidas pelo sistema financeiro, os empresários queriam que os recursos circulassem
no próprio setor, alavancando a atividade. Apoiada pelo
Sindicato de Empresas de Transporte de Cargas do Oeste e Meio Oeste Catarinense (Setcom) e pela Cooperativa de Transporte de Cargas do Estado de Santa Catarina (Coopercarga), nasceu a Cooperativa de Economia
e Crédito Mútuo dos Trabalhadores e Transportadores
Rodoviários de Concórdia e Região (Transcredi). Já na
primeira assembleia, os associados decidiram pela filiação
ao Sicoob SC, a fim de contar com o suporte prestado
122
Sicoob Creditran
Graças a um trabalho contínuo e inovador, que
reuniu despachantes estaduais por meio de um software de arrecadação virtual de tributos, a Creditran possui
apenas uma agência, em Florianópolis, mas que atua em
todo o estado de Santa Catarina. Por isso, a cooperativa
abrange 264 municípios, 678 escritórios de despachantes e 135 centros de formação de condutores. Em menos
de 10 anos de funcionamento, já conta com mais de mil
associados.
A Creditran conseguiu convencer cooperados e
órgãos públicos ao mostrar eficiência e comprometimento na cobrança de tributos e, dessa forma, chegou a
resultados excelentes. Atualmente, os arrecadadores são
remunerados com 30% do produto das tarifas e após o
exercício fiscal de cada ano as sobras apuradas são distribuídas proporcionalmente aos cooperados. Em 2008,
esse valor foi suficiente para colocar a Creditran como a
melhor cooperativa do Sicoob SC em retorno financeiro
aos cooperados.
Reunindo cerca de 85% dos despachantes do estado, a Creditran tem expectativa de crescer muito mais,
indo além da taxa de crescimento atual – em média 40%
ao ano. Para isso, conta com uma estrutura diferenciada
e pioneira, pois é a única cooperativa que funciona por
meio de delegados e possui um sistema virtual em todo
o estado.
Sicoob Creditran
Sede: Florianópolis
Fundação: 12/10/2000
Início das atividades: 24/12/2001
Filiação ao Sicoob: 22/02/2005
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 1.115
Número de funcionários: 12
Agências: 1
Área de abrangência: Estadual
Atual presidente: José Fernandes Neto
DATA BASE: 30/06/2010
Edimilson José Pamplona, associado ao
Sicoob Creditran
O Sicoob representa um
divisor de águas na vida
do despachante. Antes
de existir a Creditran
a gente dependia das
senhas, das filas e dos
horários de bancos.
Isso tudo nos causava
um transtorno enorme.
A partir da criação da
cooperativa, passamos a
não pagar mais extratos
e talões de cheques e os
juros cobrados são até
50% menores do que
os praticados por
bancos tradicionais.
Hoje faço pagamentos
de dentro do meu
Atendimento na sede da
Creditran: cooperativa tem
associados em todo o estado
escritório no horário
em que eu quiser.
Não tem hora para
entrar nem sair
da cooperativa,
porque o banco é
meu também.
123
Sicoob Transcredi
Fundada em agosto de 2000, a Transcredi tem
como objetivos oferecer assistência financeira aos associados, promover a educação cooperativista e prestar serviços inerentes à sua condição de instituição financeira. A cooperativa atua na região de Concórdia,
no Oeste de Santa Catarina.
Sede da Transcredi, inaugurada em
2000 na cidade de Concórdia
Dentre os mais de 2,5 mil associados, 50%
são pessoas jurídicas, um dos focos de expansão da
Transcredi. O associado da cooperativa é muito participativo, utiliza-se dos produtos e serviços oferecidos,
pela Central para a estruturação e manutenção da cooperativa. Também na Assembleia, os associados elegeram
Pedro Rogério Garcia como primeiro presidente.
Serviço público
principalmente na área de crédito, o que ajuda no desenvolvimento de sua atividade.
Com objetivo de se manter em um mercado
cada vez mais competitivo, a Transcredi busca aumentar o número de associados, transformando a cooperativa segmentada na área de transportes em coope-
Entre os nichos de atuação das cooperativas urbanas,
o funcionalismo público foi ganhando cada vez mais espaço,
chegando a instituições tradicionais como a Polícia Militar.
Ideia antiga de um grupo de militares, o cooperativismo
de crédito demorou anos para ganhar um voto de confiança da cúpula da PM. Até que um dia, o discurso de que a
iniciativa seria uma solução para a categoria sensibilizou o
Comandante Geral, que apoiou o movimento.
Integrantes da Associação Beneficente dos Militares
Estaduais (Abepom) organizaram todas as reuniões de planejamento – a Associação também bancou a contratação
de uma assessoria para elaborar os planos de trabalho. No
dia 19 de dezembro de 2000, o final de uma assembleia da
Abepom deu início à assembleia de fundação da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Militares Estaduais
de Santa Catarina (Credpom). Naquela data, 40 sóciosfundadores criaram a instituição que se faria presente em
diversos quartéis da Polícia Militar em Santa Catarina,
onde os pontos de atendimento são instalados.
Em Itajaí, a fundação de uma cooperativa de crédito foi a solução encontrada por funcionários públicos para regularizar a situação do fundo de auxílio aos
trabalhadores mantido pela Associação dos Servidores
Públicos Municipais de Itajaí (ASPMI). O fundo já exis124
rativa de pequenos e médios empresários em 2007, o
que tem contribuído muito para o seu crescimento e
desenvolvimento.
Sicoob Transcredi
Sede: Concórdia
Fundação: 18/08/2000
Início das atividades: 01/03/2001
Filiação ao Sicoob: 24/04/2001
Segmento: Micro e Pequenos Empresários
Número de associados: 2.285
Número de funcionários: 21
Agências: 1
Área de abrangência: Concórdia, Seara, Arvoredo,
Ipumirim, Lindóia do Sul, Xavantina, Peritiba, Itá,
Arabutã, Piratuba , Ipira, Faxinal dos Guedes, Vargem
Bonita, Alto Bela Vista, Ponte Serrada, Irani, Jaborá,
Joaçaba, Xanxerê, Xaxim, Chapecó, Catanduvas,
Capinzal, Ouro, Erval Velho, Herval do Oeste,
Luzerna, Água Doce, Vargeão, Presidente Castelo
Branco , Videira e Lacerdópolis no Estado de Santa
Catarina, e Erechim, Marcelino Ramos, Severiano
de Almeida, Mariano Moro, Aratiba, Três Arroios,
Gaurama, Machadinho, Viadutos e Maximiliano de
Almeida no Estado do Rio Grande do Sul
População da área de abrangência: 695.161 habitantes
Atual presidente: Ana Rauber Balsan
DATA BASE: 30/06/2010
Marcelo Pereira da Silva, associado ao
Sicoob Transcredi
Fico feliz por ter sido um
dos sócios-fundadores
da Transcredi e perceber
que a cooperativa cresceu
muito nesses 10 anos.
Fomos uma das primeiras
cooperativas da área de
transporte e hoje somos
uma das mais fortes.
Eu, como proprietário
Na imagem ao
lado, a presidente
Ana Rauber Balsan
(no centro) à
frente da equipe.
Nas demais,
atendimento na
sede da Creditran
de duas empresas de
transporte, posso dizer
que a cooperativa auxilia
muito, principalmente no
capital de giro dos meus
empreendimentos. Ela
tem sido fundamental
quando preciso de
recursos para comprar
um caminhão novo, por
exemplo. Uma das minhas
empresas só trabalha
com a Transcredi, não
usa produto de nenhuma
outra instituição.
125
tia há sete anos, contando com 300 sócios e cerca de
R$ 150 mil em caixa. No entanto, sua situação era irregular perante o Banco Central. Ao conhecer o trabalho
do Sicoob SC e visitar outras cooperativas de crédito
catarinenses, a direção da Associação decidiu criar a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores
Públicos Municipais de Itajaí (Itacredi), que começou
a funcionar em 2002, tendo Vilfredo Nagel como primeiro presidente.
Sicoob Credpom
Fundada em dezembro de 2000, a Credpom apresenta atualmente 2,7 mil militares estaduais em seu quadro de associados. Sua estrutura física é composta de nove
pontos de atendimento, em sete municípios: São José, Jaraguá do Sul, Chapecó, Lages, Tubarão, Florianópolis e
Joinville – onde há dois pontos de atendimento.
Apesar de contar com diversas entidades representativas e sociais dos militares em seu quadro de sócios, a
Crescimento planejado
Suas agências são instaladas dentro de quartéis da Policia
O início do século XXI trouxe mudanças pro-
Militar e funcionam com horário de atendimento estendi-
fundas e velozes nas áreas econômica, social, política
do, para que o público em geral possa utilizar os serviços
e tecnológica. A internet eliminou distâncias, dando à
prestados pela cooperativa.
globalização um caráter definitivo. Atento ao novo ce-
As operações de crédito da cooperativa são realiza-
nário mundial, o Sicoob Central SC se esforçou para que
das pelo Sistema de Consignação do Governo do Estado
cooperativas de crédito acompanhassem as mudanças e
de Santa Catarina em parceria com a Secretaria de Estado
aproveitassem as oportunidades trazidas por elas. Esse
da Administração (SEA), o que resulta numa carteira de
esforço resultou no Plano Estratégico 2002/2005, do-
R$ 11,5 milhões. A perspectiva de crescimento da Cred-
cumento que continha uma atualização abrangente dos
planos e metas anuais do Sistema.
Aperfeiçoando o modelo de planejamento adotado pela Central na década anterior, o Plano Estratégico
2002/2005 foi elaborado a partir da colaboração dos dirigentes das cooperativas do Sistema, que participaram
ativamente de debates e seminários realizados ao longo
de 2001. Coordenado pela presidência do Sicoob Central SC, esse trabalho trouxe à tona os principais desafios
Sistema e a definição de estratégias para enfrentá-los.
No conteúdo do Plano, que foi atualizado nos anos
seguintes com a participação das singulares, destaque
para as medidas ligadas à expansão e ao aperfeiçoamento do atendimento aos cooperados e clientes, ao desenvolvimento de produtos e serviços, ao aumento da rentabilidade das cooperativas, à capitalização do Sistema e ao
fortalecimento do cooperativismo de crédito no estado.
Perseguidas pelas cooperativas, essas metas contribuíram
para aproximar o Sicoob SC de sua visão organizacional:
ser reconhecido pela sociedade como a melhor opção
financeira e de serviços em Santa Catarina.
126
Credpom não deixa de envolver a comunidade em geral.
pom é bastante otimista. Seu público-alvo gira em torno de
20 mil militares estaduais, o que representa uma carteira de
crédito em consignação de R$ 340 milhões. Além disso, a
folha de pagamento de policiais e bombeiros militares ultrapassa os R$ 32 milhões.
Sicoob Credpom
Sede: Florianópolis
Fundação: 19/12/2000
Início das atividades: 25/07/2001
Filiação ao Sicoob: 01/10/2003
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 2.575
Número de funcionários: 31
Coronel Antônio Crucio,
associado ao Sicoob Credpom
Sou associado da Credpom
desde a fundação da
Agências: 6
cooperativa. Lá, temos um
Área de abrangência: Estadual
atendimento personalizado
Atual presidente: Elizabete de Fátima Vivian Borba
e crédito a juros mais baixos.
Com a ajuda da Credpom, já
financiei um carro. Além disso,
recebi o dinheiro que precisava
para abrir a minha construtora,
em março de 2008. A empresa
tem uma conta na Credpom,
o que ganante mais capital de
giro para o negócio. A conta
de pessoa física que tenho
na cooperativa é conjunta
com a minha esposa, mas
pretendo abrir uma só para
ela. Vejo muitas vantagens
em ser associado. Além do
atendimento personalizado
e dos juros mais baixos, os
associados têm direito aos
lucros da cooperativa no
final do ano. Somos todos
donos da cooperativa e isso
Agência do Sicoob Credpom em Florianópolis:
atendimento aos policiais militares
é muito interessante.
127
Sicoob Itacredi
Os primeiros anos de operação não foram fáceis
para a Itacredi. A cooperativa trabalhou com afinco para
superar as dificuldades decorrentes do assalto sofrido durante a Marejada. Apesar do incidente, a Itacredi não deixou de participar da principal festa do município.
Atualmente, a Itacredi conta com 1,2 mil associados e possui duas agências em Itajaí. No final de 2008,
Desde que foi fundada, Itacredi participa da
Marejada, principal festa do município de Itajaí
o esforço da cooperativa começou a dar resultados, e as
primeiras sobras foram apresentadas. Elas estão servindo para pagar dívidas decorrentes do assalto. Na época, os prejuízos não foram repassados aos sócios, pois
Logo de início, a cooperativa enfrentou barreiras
e incidentes que atravancaram seu desenvolvimento. No
primeiro ano de atuação, a Itacredi sofreu um assalto que
levou todo o dinheiro arrecadado no trabalho de caixa
realizado na principal festa do município, a Marejada.
O incidente quase resultou no fechamento das portas e
as dificuldades causadas pelo assalto persistiram muito
tempo depois. Convictos de que, apesar das dificuldades, poderiam se reerguer, os membros da cooperativa
iniciaram um processo de reestruturação, que começou
a dar bons frutos nos últimos anos.
Com os mesmos anseios dos servidores públicos
de Itajaí, advogados catarinenses se uniram para formar,
em 2003, a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo
dos Advogados de Santa Catarina (OABcred). O projeto
circulava há tempo na Caixa de Assistência dos Advogados de Santa Catarina (Caasc), mas faltava mobilização
para tirá-lo do papel.
O engajamento da categoria se intensificou somente após a autorização do Banco Central para o
funcionamento da cooperativa. Cientes de que não
podiam atuar de forma isolada, os sócios-fundadores
optaram por filiar a cooperativa ao Sicoob Central
SC e usaram o valor correspondente às cotas-partes
de filiação (na época R$ 70 mil) como meta de arrecadação para captar associados. Com essa quantia em
mente, representantes da cooperativa, liderados pelo
presidente Marco Antônio Mendes Sbissa, percorreram escritórios e subseções judiciárias de Santa Ca128
a Central emprestou recursos para a cooperativa saldar
compromissos.
A Itacredi está passando também por um processo
de estruturação para atender o maior número possível de
membros da comunidade. Atualmente, apenas funcionários públicos municipais ou pessoas da comunidade ligadas economicamente à prefeitura podem se associar.
Sicoob Itacredi
Sede: Itajaí
Fundação: 23/03/2002
Início das atividades: 01/08/2003
Filiação ao Sicoob: 25/05/2004
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 1.280
Número de funcionários: 16
Agências: 2
Área de abrangência: Itajaí
População da área de abrangência: 172.081 habitantes
Atual presidente: Sisóstris Luiz Rocha
DATA BASE: 30/06/2010
Irene de Lourdes Vicente
Furtado (à direita), associada do
Sicoob Itacredi
Lembro que na época
da fundação as pessoas
estavam um pouco
receosas em depositar
seu dinheiro numa
instituição que ainda
seria criada. Mas eu
acreditei, pois, desde
os tempos em que era
professora, passava
aos meus alunos as
ideias e o conceito
do cooperativismo.
O atendimento é o
Na foto acima, o
presidente Sisóstris
Luiz Rocha (à direita)
atende associado.
Nas demais, a sede
da Itacredi em
funcionamento
grande diferencial da
cooperativa. Se eu tenho
uma dúvida, nunca
levo ela para casa, falo
com o gerente, com o
presidente, com
quem precisar.
Eles estão sempre
à disposição.
129
tarina para convencer os advogados a se associarem.
A iniciativa deu tão certo que a OABcred tornou-se
referência para a criação de outras cooperativas da categoria, tendo o modelo replicado no Rio de Janeiro
e no Rio Grande do Norte.
Livre admissão: um novo marco
Sicoob Oabcred
Com sede em Florianópolis, a Oabcred possui quase
de 3 mil associados e nove PACs em todo o estado. Videira
e Concórdia foram os primeiros municípios a receber os
pontos de atendimento e contam hoje com dois e três
PACs, respectivamente. As outras agências estão localizadas nas cidades de Itajaí, Criciúma, Blumenau, Balneário
Desde 1999, resoluções do Banco Central foram
estabelecendo novos marcos regulatórios para a atuação de cooperativas centrais e singulares no Brasil.
Uma delas, a Resolução 2.771, atribuiu às centrais
o papel de supervisionar o funcionamento e realizar
auditoria nas cooperativas singulares filiadas. A medida significava o reconhecimento da capacidade de
organização e controle dos sistemas cooperativos, pois
atribuiu às centrais a responsabilidade de capacitação
dos recursos humanos das filiadas e, como apoio ao
Banco Central, o poder de supervisão, abrangendo
auditorias, controles internos e gestão de fundos garantidores de depósitos. Dessa forma, o Sicoob SC
passou a exercer um controle ainda mais rigoroso
junto a suas singulares, a fim de garantir a segurança
e a credibilidade do sistema.
Outro avanço importante viria em 2003, com a
Resolução 3.106, que permitia a constituição de cooperativas de livre admissão de associados em localidades
com menos de 100 mil habitantes ou a transformação
de cooperativas existentes em cooperativas de livre admissão de associados em localidades com menos de 750
mil habitantes. Além disso, foi permitida a preservação
do público-alvo de cooperativas de quadros sociais distintos, no caso de fusões ou incorporações.
Devido à importância para o futuro do cooperativismo de crédito no Brasil, a Resolução 3.106 é considerada um novo marco legal para o ramo. As novas
regras possibilitam o atendimento de populações até
então sem acesso a serviços financeiros, tanto pela ausência de instituições bancárias nas localidades onde
moram quanto por não fazerem parte do público-alvo
dos bancos comerciais. Com o cooperativismo de crédito mais abrangente, essas pessoas passam a mobilizar e
130
Camboriú e Joinville.
Criada para atender aos interesses dos advogados,
que devido a particularidades da profissão nem sempre
podem se adequar aos horários de funcionamento dos
bancos comerciais tradicionais, a Oabcred pretende chegar nas 40 maiores cidades de Santa Catarina nos próximos anos. Além disso, por já ter inspirado advogados
de outros estados, quer se constituir em referência para o
segmento, de modo a criar um padrão de funcionamento
da Oabcred em todo o país.
Sicoob Oabcred
Sede: Florianópolis
Fundação: 13/07/2001
Início das atividades: 01/09/2004
Filiação ao Sicoob: 22/11/2005
Segmento: Crédito Urbano
Número de associados: 2.872
Número de funcionários: 39
Agências: 8
Área de abrangência: Estadual
Atual presidente: Marco Antônio Mendes Sbissa
DATA BASE: 30/06/2010
Paulo Roberto Brincas,
associado ao Sicoob Oabcred
A Oabcred é muito
importante. Sou
cooperado desde a
fundação e estou
muito satisfeito com
o trabalho oferecido
pela cooperativa. Eu só
vejo vantagens em ser
associado: praticamente
não existem taxas, os
juros que se cobram
por qualquer tipo de
empréstimo é muito
menor, a taxa de juros
paga por dinheiro
Ao lado, o presidente
da OABCred, Marco
Antônio Mendes
Sbissa. Nas imagens
acima, atendimento na
sede da cooperativa,
em Florianópolis
aplicado é maior,
a relação é muito
mais pessoal – os
funcionários
sabem quem
você é –, eu não
me sinto tratado como
número. Me sinto
tratado como gente.
131
Sicoob Indacredi
Primeira cooperativa de livre admissão do Sicoob
SC, a Indacredi atua há pouco tempo, mas já coleciona
resultados satisfatórios. Fundada em 2006, conseguiu reverter os prejuízos do primeiro ano de funcionamento e
apresentou as primeiras sobras já em 2007. Além dos dois
pontos de atendimento em funcionamento em Indaial,
estão previstos no plano estratégico da cooperativa mais
Associados do Sicoob SC aplicam recursos na comunidade
local, estimulando pequenos empreendimentos
três PACs, nos municípios de Ascurra, Rodeio e Apiúna.
Dos 840 associados, 25% são pessoas jurídicas
– um dos focos na expansão da clientela da Indacredi.
Outra perspectiva é a fusão com cooperativas já estabelecidas, o que possibilitaria uma abrangência maior e
diminuição de custos.
Dentre os produtos e serviços oferecidos pela Indacredi estão cheque especial, cobranças, convênios com
empresas e instituições de poder público, débito automático, seguro de automóvel, empréstimo pessoal, desconto
de cheques e capital de giro.
Indacredi, fundada em 2006, foi a primeira cooperativa de
Santa Catarina criada para operar em regime de livre admissão
Sicoob Indacredi
Sede: Indaial
Fundação: 07/02/2006
Início das atividades: 07/08/2006
aplicar recursos em seu próprio benefício, estimulando
pequenos empreendimentos rurais e urbanos, que geram
emprego e renda.
Em Santa Catarina, a primeira cooperativa constituída como de livre admissão foi fundada em Indaial,
no Vale do Itajaí. A iniciativa foi coordenada pela Associação Comercial e Industrial de Indaial (Acidi), que
tinha a ideia de oferecer crédito para micro e pequenos
empresários. A entidade buscou apoio da Federação das
Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), que
promoveu o contato com o Sicoob SC.
Iniciou-se então, em 2002, um longo processo
para a fundação da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados de Indaial (Indacredi). A resolução
do Banco Central que autorizava a livre admissão era
recente e o caminho a ser trilhado pouco conhecido. As
dificuldades no andamento do processo exigiram muitas visitas dos idealizadores à unidade do Banco Central
132
Filiação ao Sicoob: 26/06/2006
Segmento: Livre Admissão
Número de associados: 1.343
Número de funcionários: 16
Agências: 3
Área de abrangência: Indaial, Ascurra, Apiúna e Rodeio
População da área de abrangência: 80.073 habitantes
Atual presidente: Wilson Jacob Schmitt
DATA BASE: 30/06/2010
Jean Charles Bell, associado ao Sicoob Indacredi
Não sou um dos
fundadores, mas me
associei logo no primeiro
ano de funcionamento da
cooperativa. Na Indacredi
consigo as melhores taxas
do mercado na obtenção
de crédito, ao qual já
recorri diversas vezes. Um
dos empréstimos mais
Na imagem ao lado, o presidente
Wilson Jacob Schmitt (à dir.)
atende associado. Nas demais,
o cotidiano da Indacredi
importantes que obtive
na cooperativa foi para
construir o galpão que
abriga uma das minhas
empresas. Também
prefiro trabalhar com
a Indacredi porque os
recursos que circulam
por ela permanecem na
região. Nossos ancestrais
ajudaram a erguer essa
cidade e a fábrica da
nossa família foi uma das
primeiras da região, por
isso prezamos muito pelo
desenvolvimento local.
133
em Porto Alegre, e adequações ao projeto – como a que
exigiu o aumento das cotas-partes de R$ 70 mil para R$
300 mil. Em julho de 2006, presidida por Wilson Jacob
Schmitt, a cooperativa pôde finalmente ser inaugurada,
contando com 41 sócios-fundadores, que conseguiram
somar a cota inicial de R$ 329 mil. Foi o primeiro passo
rumo a uma nova configuração do cooperativismo de
crédito em Santa Catarina.
Expansão para o Rio Grande do Sul
A necessidade do empresariado local de contar
com uma instituição financeira que trabalhasse pelo interesse comum a todos foi o embrião para a criação da
Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empresários do Vale do Paranhana, a primeira cooperativa
filiada ao Sicoob SC fora do estado de Santa Catarina.
Ecocredi: a primeira cooperativa do Rio
Grande do Sul filiada ao Sicoob SC
134
A cooperativa surgiu a partir do Sindicato da Indústria
de Calçados de Três Coroas (RS). Planejada desde 2001,
a primeira agência da Ecocredi foi inaugurada no dia
12 de abril de 2010. Apesar de estar localizada em solo
gaúcho, a Ecocredi não titubeou na hora de escolher o
Sistema que melhor se adequava à demanda dos seus 250
associados iniciais e elegeu o Sicoob Central SC como
seu representante.
Como a cooperativa teve um processo de criação
e implantação bastante participativo, incentivado pelo
Sicoob SC, não foi difícil conquistar a confiança da população de Três Coroas e região. Para esclarecer o papel
da Ecocredi, foram realizadas, antes da inauguração,
algumas palestras sobre cooperativismo para os empresários associados ao sindicato, que logo se identificaram
com os princípios cooperativistas. Era o início de um
novo capítulo na história do Sicoob SC, que passava a
atravessar fronteiras.
Com a expansão acelerada do sistema, muitas
ações do Sicoob SC precisaram ser adaptadas aos padrões de uma organização de grande porte. Do marketing aos sistemas de tecnologia da informação, vários
projetos foram executados para agregar valor a cada cooperativa filiada e também à Central. A infraestrutura
também ficou pequena. Em 2003, a Central mudou de
endereço, passando a operar em dois andares do edifício
Schweidson, no centro de Florianópolis, onde foram
alocados cerca de 50 funcionários.
Para garantir o cumprimento das novas normas estabelecidas pelo Banco Central, o Sicoob SC implantou,
em 2003, o Departamento de Controles Internos (atual
Departamento de Supervisão), responsável por orientar
as cooperativas em relação aos normativos e à legislação
vigente. Com uma equipe interna e outra externa, dedicada à auditoria das cooperativas, o Departamento
contribui para ampliar a transparência do sistema, verificando os procedimentos de gestão e controle de riscos,
entre outros aspectos.
As atividades do Departamento de Controles Internos incluem a realização de auditorias de balanço em
todas as cooperativas do Sicoob SC, a fim de apresentar
a seus associados, em assembleia, pareceres sobre as de-
Departamento de Tecnologia da Central: desenvolvimento de sistemas para agregar valor aos negócios
Enfim, a independência tecnológica
Em 2002, o Sicoob SC iniciou uma nova era na área
cabem aos pioneiros. Após realizar os ajustes necessários,
tecnológica, com a implantação de um novo sistema de
detectados durante as primeiras operações da Credisulca
informação: o SISBR. Desenvolvido pelo Bancoob, o SISBR
no novo sistema, a Central coordenou a implantação gra-
tornou-se o software gerenciador das operações das coo-
dual do SISBR nas demais cooperativas do Sicoob SC.
perativas de crédito. Assim, facilita o controle administrati-
Além de propiciar a independência tecnológica do
vo e financeiro das singulares, registrando as informações
Sicoob em todo o Brasil, o SISBR representou um passo
sobre captação, crédito e cobrança, além de padronizar
importante para a integração efetiva das cooperativas, por
históricos de lançamentos.
meio do compartilhamento de dados. A ferramenta Inter-
Por meio de seu Departamento de Tecnologia, a
credis permite aos associados realizar diversas transações
Central participou do processo de desenvolvimento do
financeiras em qualquer agência interligada, bem como
SISBR, levando as principais demandas das cooperativas
na rede de autoatendimento, localizadas em diversos mu-
catarinenses para as discussões promovidas pelo Ban-
nicípios brasileiros. O Sistema propicia ainda a comodi-
coob. Em junho de 2006, o Sicoob Credisulca, de Tur-
dade oferecida pelo Home Banking – diversas operações,
vo, tornou-se a primeira cooperativa de Santa Catarina a
como consultas, pagamentos e transferências, podem ser
migrar para o SISBR – e enfrentou todos os desafios que
realizadas pela internet.
135
Central oferece suporte contábil às cooperativas filiadas
Excelência no atendimento: grande diferencial do Sicoob SC
monstrações contábeis de cada cooperativa. Assim como
audita as cooperativas, o Sicoob Central SC é auditado
pelo Banco Central, que avalia a eficiência dos controles internos adotados pela própria Central. Atualmente,
as práticas de controle do Sicoob SC são consideradas
adequadas pelo Banco Central.
Em meio a tantas evoluções, uma característica genuína do cooperativismo de crédito catarinense
foi preservada: o atendimento personalizado. Um dos
maiores diferenciais competitivos das cooperativas de
crédito, o atendimento prestado pelo Sicoob SC busca proporcionar ao associado da atualidade a mesma
sensação de satisfação e acolhimento que caracterizou
a relação dos cooperados com as primeiras singulares
fundadas no estado.
Na cooperativa, o associado deve se sentir em
casa, com liberdade para tirar dúvidas e buscar soluções que atendam suas necessidades. Se essa solução
não está nas mãos de um funcionário, o associado tem
acesso direto e irrestrito ao presidente e aos conselheiros da cooperativa. Assim se constrói uma relação de
parceria, que vai além do simples atendimento a uma
demanda.
A relação mais próxima não isenta o Sistema de
prestar atendimento eficiente e ágil, que ofereça segurança e comodidade ao associado. Por isso, os procedimentos de capacitação dos colaboradores e dirigentes
O apoio do Banco Central
136
Mais do que alterar o marco regulatório do coo-
que trata do sistema financeiro tradicional, causando dis-
perativismo de crédito, o Banco Central do Brasil (BC)
torções de avaliação devido às diferenças das instituições
mudou sua estrutura ao longo da última década, a fim
cooperativas em relação às bancárias.
de compreender, acompanhar e avalizar a segurança do
Reestruturado, o Banco Central passou a acom-
sistema de cooperativas de crédito do país. Em 2005, foi
panhar de forma mais próxima o sistema cooperativo,
criado o Departamento de Supervisão de Cooperativas e
assegurando-se de sua confiabilidade. Elaboração de
de Instituições Não Bancárias (Desuc) do Banco Central do
normativos, divulgação de informações sobre os marcos
Brasil, com a função de supervisionar a operação e apon-
regulatórios e auditorias das centrais são algumas das
tar alternativas para solução de eventuais problemas de li-
atividades desenvolvidas pelo Desuc, que transformou o
quidez que atinjam as cooperativas de crédito. Até então,
Banco Central no maior avalista do cooperativismo de cré-
esse segmento era fiscalizado pelo mesmo departamento
dito no Brasil.
ganharam reforço no ano 2000, com a criação da Escola de Dirigentes e Executivos do Sicoob SC (Edex).
Sediada na Central, que construiu um espaço específico
para treinamento, com auditório e equipamentos adequados, a Edex oferece cursos voltados à melhoria dos
sistemas de gestão, operação e atendimento das cooperativas de crédito.
No ano em que foi criada, a Edex promoveu 10
cursos, para 617 participantes. Quase uma década depois, em 2009, o número de cursos realizados no ano
chegou a 47. No total, entre 2000 e 2009 foram oferecidos cerca de 240 cursos. Nesse período, a Escola recebeu R$ 3,3 milhões em investimentos por parte do
Sicoob SC.
Apesar da estrutura da Edex estar ancorada em Florianópolis, os cursos de capacitação também são levados
a outras regiões, reunindo funcionários e dirigentes de
cooperativas próximas. Para complementar esse processo,
o Sicoob lançou, em 2009, um sistema de ensino a distância, o Educanet, que permite o acesso aos conteúdos
de alguns cursos via internet.
Além da capacitação profissional, o Sicoob SC realiza atividades focadas na integração dos funcionários
do sistema. A cada dois anos, promove o Encontro dos
Funcionários das Cooperativas de Crédito do Sicoob
Santa Catarina (Encocred), evento realizado desde 2004
em Florianópolis com duração de um dia.
Aos dirigentes das cooperativas, o Sicoob SC oferece diversas oportunidades de capacitação. Além de
cursos, seminários e palestras, a Central tem se empenhado em promover missões internacionais a cada dois
anos, levando os gestores a diversos países para conhecer
experiências bem-sucedidas de cooperativismo. Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha, Canadá e Áustria são
alguns dos destinos visitados para transferência de conhecimento.
Aliado às missões internacionais, o Encontro dos
Conselhos, realizado pela Central a cada dois anos,
também colabora para a qualificação dos gestores. A
quarta edição do evento, realizada em 2009, reuniu
em Florianópolis 293 dirigentes, de todas as cooperativas filiadas.
Edex, Encocred e Assembleia da Central: capacitação,
integração e decisões compartilhadas
137
Presidentes e gerentes das singulares também têm
recebido atenção especial. A cada três meses, a Central
promove um encontro que reúne presidentes e gerentes
de todas as cooperativas filiadas, para atualização e troca
de experiências.
As cooperativas filiadas contam com serviços
oferecidos pela Central como a centralização da folha de pagamento e da contabilidade. Implantada em
2001, a folha de pagamento centralizada padroniza
os procedimentos de contratação e relacionamento
com os funcionários em todas as cooperativas singulares - que em setembro de 2010 empregavam cerca
de 1,9 mil pessoas. Além de garantir a conformidade
dos contratos de trabalho com a legislação vigente, a
centralização exime as singulares da necessidade de
manter departamentos e profissionais específicos para
essa atividade.
Com objetivos semelhantes, a contabilidade centralizada foi implantada em 2009. Na Central, um grupo
de contadores acompanha balanços e realiza o fechamento das contas das cooperativas, o que inclui o cálculo de
impostos e outros tributos. O serviço também abrange
análise de risco das operações e a aplicação de recursos
das singulares (investimentos).
Na área jurídica, a Central oferece suporte a suas filiadas por meio de sua Assessoria Jurídica, que responde a
dúvidas, analisa documentos e orienta dirigentes e funcionários das cooperativas. Além disso, a Assessoria representa
o Sicoob SC nos Comitês Jurídicos do Sicoob Confederação, que tratam de questões de interesse do Sistema.
Dirigentes das filiadas
ao Sicoob SC na
Europa, em missão
promovida pela Central
138
Tecnologia, comunicação e marketing
Além de oferecer suporte às cooperativas na aquisição e utilização de equipamentos e softwares, a Central desenvolve ferramentas computacionais que tornam
mais eficiente o trabalho das singulares e garantem a qualidade do atendimento aos associados do Sistema. Oferece, ainda, cursos e treinamentos para os profissionais
responsáveis pela área de tecnologia nas cooperativas.
Em 2009, a Central deu início a um projeto voltado à segurança da informação, com o objetivo de identificar todos os ativos de informação, definir sua importância e planejar ações para protegê-los. O projeto resultou
na elaboração da Política de Segurança da Informação
do Sicoob SC.
Assim como o avanço tecnológico, a consolidação
da marca Sicoob tornou-se meta permanente da Central, que nos últimos anos consolidou seu projeto de
Comunicação e Marketing. O objetivo é contribuir para
que o Sistema seja conhecido e respeitado, por meio da
divulgação do cooperativismo e de seus benefícios.
Em 2009, foi realizada a primeira campanha publicitária para veiculação em todo o estado. Com o tema
“Sicoob - o banco que você sempre quis não é banco”,
a campanha foi veiculada em diferentes mídias e trouxe excelentes resultados. Em paralelo, a Assessoria de
Imprensa da Central ampliou a produção de notícias
sobre o Sistema, divulgadas no site e no boletim eletrônico do Sicoob SC e enviadas a diversos veículos de
comunicação locais e nacionais.
Primeira
campanha
publicitária
do Sicoob SC
veiculada em
todo o estado
139
No ano de 2010, acompanhando um movimento
da Confederação, o Sicoob SC trabalha na modernização
de sua logomarca, a fim de reforçar seu compromisso
com o progresso e os valores do cooperativismo.
Foco no associado
A modernização
da marca sinaliza
novos tempos
140
Embora cada cooperativa tenha autonomia para desenvolver e adotar produtos próprios, o sistema
catarinense de cooperativas de crédito caminha para
uma unicidade, incentivada pela Central. Em todas as
regiões do estado, os associados do Sicoob SC dispõem
dos mesmos serviços e produtos oferecidos pelo sistema
financeiro tradicional.
Entre os principais produtos estão linhas de crédito, como empréstimo pessoal, desconto antecipado de
títulos e cheques e capital de giro, além do tradicional
crédito rural, para o qual o Sicoob SC oferece sete linhas diferentes, para custeio e investimentos. Recursos
do BNDES também chegam aos associados por meio de
convênios firmados pela Central com entidades financeiras como Bancoob e BRDE. Entre 1999 e 2009 as
operações de crédito do Sicoob SC totalizaram cerca de
R$ 5 bilhões, beneficiando milhares de associados.
Cheque especial, cartões de crédito e débito de diferentes bandeiras, títulos de capitalização e outras modalidades de aplicação também são oferecidos aos associados pelas cooperativas que integram o Sicoob. Em 2009,
somou-se a essa gama de produtos a oferta de seguros –
de vida, de benfeitorias, de automóveis, agrícola e prestamista. Isso foi possível devido à criação da Sicoob SC
Corretora e Administradora de Seguros, uma sociedade
anônima que tem a Central como principal acionista.
Além dos produtos oferecidos pelo Sicoob SC, os
associados também encontram nas cooperativas uma série de serviços, como o recebimento de contas de energia,
água e telefone, faturas diversas e impostos municipais
e federais. Desde 2009, com o ingresso de uma nova
diretoria no Bancoob, o banco tem se tornado cada vez
presente no dia a dia das cooperativas, oferecendo novos
produtos aos associados do Sistema. O desenvolvimento
desses produtos se dá principalmente a partir do plane-
jamento estratégico do Sistema, realizado com a participação de todas as centrais, atendendo as necessidades
das cooperativas singulares.
O atendimento a todas as demandas dos associados, com tarifas mais baixas que as praticadas pelo sistema financeiro tradicional, transformaram o Sicoob no
maior sistema de cooperativas de crédito do Brasil. Em
Santa Catarina, o sistema chegou a setembro de 2010
com 284 agências, reunindo mais de 318 mil associados. Das 43 cooperativas que formam o Sicoob SC, 21
já operavam em regime de livre admissão.
A possibilidade de associar qualquer cidadão ou
pessoa jurídica que esteja em sua área de atuação traz às
cooperativas oportunidades e desafios proporcionais. Ao
mesmo tempo em que a livre associação amplia o potencial
de expansão, exige que as cooperativas estejam preparadas
para competir com o sistema financeiro tradicional, sem
perder os valores do cooperativismo. Por isso a Central
vem investindo na capacitação das singulares, a fim de
prepará-las para enfrentar os desafios do crescimento.
E assim, focado no desenvolvimento das regiões
onde atua, servindo como instrumento para o fortalecimento da economia, a distribuição da renda e a democratização do crédito, o Sicoob SC segue sua trajetória
a caminho da sustentabilidade.
Cheque especial e cartões de diferentes bandeiras estão
entre os produtos oferecidos aos associados do Sicoob SC
Corretora e Administradora de Seguros do Sicoob
SC: mais um serviço à disposição dos associados
141
Evolução em números
142
143
Reconhecimento
Acho que esses 25 anos de
Além do primeiro dos diferenciais
cooperativismo de crédito auxiliaram
característicos do movimento, de
muito no desenvolvimento de Santa
buscar o crescimento coletivo e não
Catarina, principalmente para o
o individual, as cooperativas de
pequeno produtor e da pequena
crédito propiciam a seus associados
indústria. A facilidade de crédito
e às comunidades onde atuam a
é o principal fator. O Sicoob SC já
possibilidade de acesso ao mercado
possui boa fatia do mercado, uma
financeiro. É marcante a presença do
representação que cresce cada vez mais.
cooperativismo de crédito na região
A parceria formada entre a Central e
Sul e, com destaque, o trabalho
os municípios em que as cooperativas
desenvolvido pelo Sicoob Central SC.
atuam é muito importante. Hoje as
Com suas 44 cooperativas filiadas,
cooperativas estão se expandindo
a Central tem desempenhado papel
para o centro urbano, mas o foco no
fundamental para o desenvolvimento
produtor rural continua.
da região e, em especial, do estado
catarinense. Ao unificar o sistema,
Luiz Vicente Suzin,
presidente da Federação das Cooperativas
Agropecuárias do Estado de Santa
Catarina (Fecoagro SC)
O cooperativismo é um meio de
aproximar, unir as pessoas nas mais
ela o fortalece e contribui de forma
decisiva para seu crescimento
constante e sustentável.
Márcio Lopes de Freitas,
Presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB) e do
Serviço Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo (Sescoop)
variadas atividades, individualmente
frágeis, economicamente falando,
para no conjunto viabilizá-las pela
via cooperativa. É assim que cerca
Hoje as cooperativas de crédito
de 2 milhões de catarinenses,
protagonizam o momento de
unidos em seus ideais cooperativos,
crescimento mais expressivo da
representam 12% do PIB de Santa
história do cooperativismo no
Catarina. O Sicoob SC faz parte de
Brasil. E Santa Catarina é o melhor
um universo amplo e estruturado. O
exemplo de cooperativismo de
cooperativismo de crédito em Santa
crédito no país. O Sicoob SC dá
Catarina cresceu 30,4% em 2008. Esse
consistência e integração a todos os
número confirma a importância da
setores, humanizando e ampliando
atividade do Sicoob SC nesses 25 anos
a capilaridade do crédito.
de história.
Mário Lanznaster,
presidente da Coopercentral Aurora
144
Odacir Zonta,
deputado federal, líder da Frente
Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop)
Atraindo a poupança e reservas
O mercado conquistado pelo Sicoob em
financeiras de pequenos agentes
Santa Catarina comprova que nossas
econômicos, a cooperativa reúne
cooperativas são muito relevantes para
importante capital financeiro captado
a população local e estão cumprindo
localmente. A cooperativa consegue
o importante papel social que lhes
oferecer operações de crédito para
está reservado. E o crescimento do
empreendedores locais a custos muito
Sicoob SC, sob expressiva liderança
inferiores aos do mercado. Com isso,
da Central, veio sem que as raízes
a cooperativa de crédito estimula,
cooperativistas tivessem sido perdidas.
orienta e oxigena a economia dos
Reconhecemos a importância de
municípios e das microrregiões.
Santa Catarina no cenário nacional e
Exemplo paradigmático desse círculo
na definição dos destinos do Sicoob
virtuoso é o Sicoob SC, que completa
ao longo desses anos. Em função da
25 anos de atuação e soma mais de
qualidade humana e técnica de seu
318 mil associados, contribuindo para
grupo de dirigentes, vislumbramos
a prosperidade de um dos estados
um futuro promissor. Futuro este
mais dinâmicos do Brasil, fundada no
que esperamos ver replicado em
trabalho, na cooperação e nas tradições
todo Brasil. O sucesso local é, sem
da honra e do labor.
dúvida, um exemplo a ser seguido.
Marcos Antônio Zordan,
presidente da Organização das Cooperativas do
Estado de Santa Catarina (Ocesc)
Presidente do Bancoob
Marco Aurélio Almada,
A Central do Sicoob em Santa Catarina,
constituída em 1985, tem sido exemplo
para todo o Sistema, servindo de modelo
e inspiração para a constituição de outras
centrais de crédito Sicoob no país, como é o
caso do Sicoob Goiás Central, cooperativa na
qual também sou presidente. Posso afirmar
com convicção que o trabalho desenvolvido
pelas cooperativas em Santa Catarina – e agora
também no Rio Grande do Sul – é admirado
e respeitado por todos os integrantes do
Sistema, em todo o Brasil.
José Salvino de Menezes,
presidente do Sicoob Confederação
145
Abrangência do Sicoob SC
Atuação em 68,26% do estado de SC
Cooperativas Singulares: 43
Municípios com sede
Municípios com ponto de atendimento (PAC)
*Agências também nos municípios de Rio Negro, Salgado Filho e Flor da Serra do Sul,
no Paraná, e Morrinhos do Sul, no Rio Grande do Sul
*Também no Rio Grande do Sul, em Três Coroas, com a Ecocredi – primeira cooperativa
gaúcha filiada ao Sicoob
146
DATA BASE: 30/06/2010
147
Bibliografia
BAER, Warner. A economia brasileira. São Paulo,
Nobel, 2009.
BANCO CENTRAL DO BRASIL - História do
cooperativismo de crédito no Brasil, disponível em
http://www.ineparcred.com.br/cartilha_cooperativas_
credito.pdf. Acesso em 1º/10/2010.
BULGARELLI, W. Tratado geral de crédito
cooperativo. São Paulo: Instituto Superior de Pesquisas
e Estudos Cooperativos, 1965.
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO
DE SANTA CATARINA. Guia da indústria de Santa
Catarina 2009. Florianópolis; Editora Empreendedor,
2009.
FIESC 50 anos: uma história voltada para a
industrialização catarinense. Florianópolis; Editora
Expressão, 2000.
GOULARTI FILHO, Alcides. Formação econômica
de Santa Catarina. 2 ed. rev. Florianópolis; Editora da
UFSC, 2007.
PINHEIRO, Marcos Antonio Henriques. Cooperativas
de crédito : história da evolução normativa no Brasil
/ 6 ed. – Brasília : BCB, 2008.
SANTOS, Silvio Coelho dos (org.). Santa Catarina
no século XX: ensaios e memória fotográfica.
Florianópolis; Editora da UFSC-FCC Edições, 2000.
SCHARDONG, A. Cooperativa de crédito:
instrumento de organização econômica da sociedade.
Porto Alegre: Rigel, 2002.
PINHO, D. B.; PALHARES, V. M. A. (organizadores).
O cooperativismo de crédito no Brasil: do século
XX ao século XXI. Brasília: Confebrás, 2004.
Iconografia
Capítulo 1
6e7
8
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
Capítulo 2
20 e 21
22
24
25
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
39
40
40
41
42
43
Arquivo Sicoob Crediauc
Acervo Aurora
Arquivo Cooperio
Arquivo Sicoob Crediauc
Imagens do box: Jorge Somensi
Arquivo Sicoob MaxiCrédito
Imagens do box: Adriane Biasi Rech
Arquivo Sicoob Credimoc
Arquivo Sicoob Credicanoinhas
Imagens do box: Mauricio Dranka
Arquivo Sicoob Credicampos
Imagens do box: Eloir Waldir Henz
Renita Geller
Imagens do box: Divulgação Sicoob Credirio
Arquivo Cooperio
Arquivo Sicoob Oestecredi
Imagens do box: Divulgação Sicoob Oestecredi
Arquivo Sicoob Credial
Imagens do box: Divulgação Sicoob Credial
Imagens do box: Divulgação Sicoob Credial
Arquivo OCESC
Arquivo Sicoob Central SC
Capítulo 3
44 e 45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
148
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Getty Images
Divulgação
Divulgação
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Renita Geller
Renita Geller
Renita Geller
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Arquivo Sicoob Creditapiranga
Imagens do box: Marino Scheid
Imagens do box :Marino Scheid
Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
Arquivo OCESC
Arquivo OCESC
Arquivo Sicoob Credisulca
Imagens do box: Sicoob Credisulca / Divulgação
Arquivo Sicoob Creditaipu
Arquivo Sicoob Creditaipu
Imagens do box: Siooob Creditaipu/ Rejane Maria Berger
Imagens do box: Sicoob Creditaipu/ Rejane Maria Berger
Elaine Manini
Arquivo Sicoob Credimoc
Foto do box: Sicoob Credimoc/ Ivo Hugo Dohl
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
69
70
71
73
74
75
77
Imagens do box: Sicoob Credimoc/ Ivo Hugo Dohl
Arquivo Sicoob Videira
Imagens do box: Sicoob Videira/ Regis Heberle
Arquivo Sicoob Credimoc
Arquivo Sicoob São Miguel
Arquivo Sicoob São Miguel
Imagens do box: Sicoob São Miguel/ Marília Marostica
Arquivo Sicoob Noroeste
Imagem do box: Sicoob Noroeste/ Rudimar Narciso Cipriani
Imagens do box: Sicoob Noroeste/ Rudimar Narciso Cipriani
Arquivo Sicoob Alto Vale
Imagens do box: Sicoob Alto Vale/ Divulgação
Arquivo Sicoob Credinorte
Imagens do box: Sicoob Credinorte/ Divulgação
Arquivo Sicoob Credipérola
Imagens do box: Sicoob Credipérola/ Kleber Pellim
Marcos Bedin
Arquivo Sicoob Central SC
Arquivo Sicoob Central SC
Imagens do box: Sicoob Credija/ Jabson Muller
Imagens do box: Sicoob Credivale/ Divulgação
Imagens do box: Sicoob Caçador/ Julio Cesar Casagrande
e Renata Lapeano
Imagens do box: Sicoob Caçador/ Julio Cesar Casagrande
e Renata Lapeano
Imagens do box: Sicoob Credtec/ Adriano Machado
Capítulo 4
78 e 79 Divulgação Bancoob
80 Arquivo Sicoob Credicaru
81 Arquivo Sicoob Credicaru
Arquivo Sicoob Credicaru
82 Imagem do box: Sicoob Credicaru/ Alessandra Alano
83 Imagens do box: Sicoob Credicaru/ Alessandra Alano
84 Arquivo Sicoob Credicanoas
Arquivo Sicoob Credicanoas
Imagem do box: Sicoob Credicanoas/ Eloir Henz
85 Imagens do box: Sicoob Credicanoas/ Eloir Henz
86 Sicoob Credicanoinhas/ Mauricio Dranka
87 Sicoob Videira/ Regis Heberle
88 e 89 Sicoob São Miguel/ Marília Marostica
89 Lucas Sampaio
90 Arquivo Sicoob Central SC
91 Arquivo Sicoob Central SC
92 Arquivo Sicoob Crediunião
93 Imagens do box: Sicoob Crediunião/ André Arcênio
94 Arquivo Crediaraucária
Arquivo Crediaraucária
95 Imagens do box: Sicoob Crediaraucária/ André Arcênio
96 Arquivo Sicoob Crediserra
Imagem do box: Sicoob Crediserra/ Divulgação
97 Imagens do box: Sicoob Crediserra/ Divulgação
98 Arquivo Credisserrana
Arquivo Credisserrana
99 Imagens do box: Sicoob Credisserrana/ Antônio A. Vieira
100 Arquivo Sicoob Crediplanalto
100 Imagens do box: Sicoob Crediplanalto/ Divulgação
101 Imagens do box: Sicoob Crediplanalto/ Divulgação
102 Arquivo Sicoob Valcredi
Arquivo Sicoob Valcredi
103 Imagens do box: Sicoob Valcredi/ Divulgação
104 Arquivo Sicoob Trentocredi
105 Imagens do box: Sicoob Trentocredi/ Carlos Pedrotti
106 Imagem do box: Sicoob Credicor/ Daniel Zimmermann
107 Imagens do box: Sicoob Credicor/ Daniel Zimmermann
108 Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto Palasthy e Eraldo
Hofelmann
108 Imagem do box: Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto
Palasthy e Eraldo Hofelmann
109 Imagens do box: Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto
Palasthy e Eraldo Hofelmann
110 Sicoob Credisc/ Manoel Bento
111 Imagens do box: Sicoob Crediodonto/ Daniel
Zimmermann
112 Sicoob Credisc/ Manoel Bento
113 Imagens do box: Sicoob Credisc/ Manoel Bento
113 Imagens do box: Sicoob Credisc/ Manoel Bento
Capítulo 5
114 e 115 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
116 Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto Palasthy e Eraldo
Hofelmann
117 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
118 Arquivo Sicoob Blucredi
Imagem do box: Sicoob Blucredi/ Daniel Zimmermann
119 Imagens do box: Sicoob Blucredi/ Daniel Zimmermann
120 Sicoob Crediban/ Rafael Assis
121 Imagens do box: Sicoob Crediban/ Rafael Assis
123 Imagens do box: Sicoob Creditran/ Moacir Custódio de
Andrade
124 Arquivo Sicoob Transcredi
125 Imagens do box: Ascom Transcredi
126 Imagem do box: Sicoob Credpom/ Dilvugação
127 Imagens do box: Sicoob Credpom/ Divulgação
128 Arquivo Sicoob Itacredi
129 Imagens do box: Sicoob Itacredi/ Daniel Zimmermann
130 Imagem do box: Sicoob OABcred/ Divulgação
131 Imagens do box: Sicoob OABcred/ Divulgação
132 Sicoob Itacredi/ Daniel Zimmermann
Sicoob Indacredi/ Daniel Zimmermann
Imagem do box: Sicoob Indacredi/ Daniel Zimmermann
133 Imagens do box: Sicoob Indacredi/ Daniel Zimmermann
134 Sicoob Ecocredi/ Divulgação
Sicoob Ecocredi/ Divulgação
135 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
136 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
Sicoob Credicanoinhas/ Mauricio Dranka
137 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
138 Arquivo Sicoob Central SC
140 Arquivo Sicoob Central SC
Arquivo Sicoob Central SC
141 Sicoob Blucredi/ Daniel Zimmermann
Sicoob Noroeste/ Divulgação
Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio
149
Comissão Editorial
Rui Schneider da Silva
Francisco Greselle
José Adalberto Michels
Pedrinho Vianei Vignatti
Luiz Carlos Pizzolo da Silva
Elaine Aparecida Manini
Celso Vicenzi
Fontes consultadas
O conteúdo desta publicação tem como base as informações obtidas em entrevistas concedidas por cerca de
160 pessoas, entre associados, fundadores, dirigentes e funcionários tanto do Sicoob Central SC quanto das
suas 43 cooperativas de crédito filiadas. Além disso, foram realizadas pesquisas em arquivos da Organização
das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), bem como em documentos oficiais da Central
e das singulares, tais como atas e estatutos. Os dados apresentados nos textos referentes às cooperativas
têm como data base o dia 30 de junho de 2010. Uma versão do texto foi disponibilizada para consulta
pública a todas as cooperativas filiadas ao Sicoob Central SC e suas sugestões, após avaliação da Comissão
Editorial, foram incorporadas à publicação. O texto final foi aprovado pela Comissão Editorial.
150
Expediente
Produção
Relata Editorial
Coordenação e edição
Débora Horn
Reportagem e textos
Andréia Seganfredo
Bruna de Paula
Camila Augusto
Cora Dias
Débora Horn
João Werner Grando
Pesquisa
Bruno Moreschi
Assistente editorial
Vanessa Colla
Revisão
Sérgio Ribeiro
Direção de arte
Luiz Acácio de Souza
Edição de arte
João Henrique Moço
Supervisão
Departamento de Comunicação e Marketing do Sicoob Central SC
Luiz Carlos Pizzolo, Elaine Manini, Celso Vicenzi e Thayse Menezes
151
SICOOB SC
25 anos
Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento
Fundado em 8 de novembro de 1985, o Sicoob Central
SC ajudou a consolidar o cooperativismo de crédito
em Santa Catarina. Idealizadas como uma alternativa
financeira para produtores rurais, as cooperativas de
crédito chegaram rapidamente à área urbana,
estendendo seus benefícios a todos os que optaram
por cooperar para viver melhor. Unidas em um
Sistema coordenado pelo Sicoob Central SC, essas
cooperativas contribuem de forma decisiva para o
desenvolvimento sustentável das regiões onde atuam.
SICOOB SANTA CATARINA
Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento

Documentos relacionados