Leia - Associação Brasileira de Angus

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Leia - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Outubro de 2008
Especial
1
2219/03 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
CORREIOS
2
Outubro de 2008
Associação Brasileira de Angus
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
José Paulo Dornelles Cairoli
Diretor 1º Vice-Presidente
Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção
Diretor Vice-Presidente
Eduardo Macedo Linhares
Diretor Vice-Presidente
Renato Zancanaro
Diretor Vice-Presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor Financeiro
Fábio Luiz Gomes
Diretor Administrativo
João Francisco Bade Wolf
Diretor de Marketing
Luiz Eduardo Batalha
Diretor de Núcleos
Flávio Montenegro Alves
Diretor Programa Carne Angus Certificada
Vivian Diesel Potter
Conselho de Administração
Conselheiro Estratégico
Marcus Vinicius Pratini de Moraes
Membros Eleitos
Afonso Antunes da Motta
Antônio dos Santos Maciel Neto
Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno
Luís Felipe Ferreira da Costa
Valdomiro Poliselli Júnior
Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antonio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
João Vieira de Macedo Neto
José Roberto Pires Weber
Reynaldo Titoff Salvador
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Cláudia Scalzzilli
Paulo Valdez
Roberto Soares Beck
Membros Suplentes
Elizabeth Linhares Torelly
Luís Henrique Sesti
Mariana Tellechea
Conselho Técnico
Ricardo Macedo Gregory – Presidente
[email protected]
Antônio Martins Bastos Filho
[email protected]
Ulisses Amaral
[email protected]
Luis Felipe Moura
[email protected]
Luiz Alberto Muller
[email protected]
Susana Macedo Salvador
[email protected]
Amilton Cardoso Elias - Representante ANC
[email protected]
Coordenação
Fernando Furtado Velloso
[email protected]
Jornalistas Responsáveis
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Colaboradores: jorn. Nelson Moreira e jorn.
Luciana Radicione
Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA jorn. Luciana Bueno
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Daniela Manfron e
Gianna Corrêa Soccol
51 3231.6210 // 51 8116.9784
Edição, Diagramação, Arte e Finalização
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Fone: 51 3328.9122
* Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores.
Fotos de capa: ABA / Divulgação
EDITORIAL
Temporada de bons negócios
Prezados associados e criadores da
raça Aberdeen Angus, a chegada
da Primavera marca o início das
tradicionais exposições/feiras, responsáveis por movimentar o circuito de remates, especialmente no Rio
Grande do Sul.
Este ano, já começamos a temporada com confirmação da valorização da pecuária uma vez que na
Expointer 2008 a média dos touros a campo da raça no VII Angus
Rústico do Sul foi de R$ 9,383
mil, alta de 24% sobre os valores
obtidos na edição de 2007. Mas,
sobretudo, tivemos a ratificação de
que estamos no caminho perseguido na busca da pecuária de resultados que tanto falamos.
HUMOR
Com os três remates promovidos
pela Associação Brasileira de
Angus, na Expointer – VII Angus
Rústico do Sul, Golden Angus e
Feira da Novilha Angus – a raça
atingiu um total de R$ 1,104 milhão em vendas, cifra inédita para
a Angus, na mostra. (Vale ressaltar que enquanto os bovinos de
corte venderam R$ 1,757 milhão,
destes, R$ 653 mil representam a
soma da comercialização das demais raças de corte, com exceção
da Angus.)
Nesta direção, está o trabalho realizado pela Associação Brasileira de Angus junto com seus programas, como o Carne Angus Certificada, que realizou, em setem-
bro, a terceira edição do Concurso de Carcaças Angus. Este ano,
concorreram 14 lotes e foram abatidos 292 animais, resultado superior a edição de 2007 quando 270
animais concorreram. O concurso
mostrou o crescimento da raça, no
país, através da qualificação dos
produtores que apresentaram animais diferenciados e que reafirmaram o compromisso de se investir
em genética. Animais jovens e com
conformação subconvexa, e, pesados, são as exigências do mercado
quando o assunto é carne de qualidade.
Nesta edição do Angus@newS
você acompanhará também uma
matéria com orientações para a
melhor compra de touros. Especialistas darão as dicas da valorização dos touros dupla marca, bem
como cuidados técnicos e noções de
manejo, além de acompanhar as
indicações da utilização dos animais PO ou PC e na escolha de
touros para a produção de carne.
Atente-se também para a agenda
dos leilões chancelados pela Associação Brasileira de Angus. Neste semestre são 23 leilões com o
melhor da raça Aberdeen Angus.
Muito boa leitura e negócios nesta Primavera!
José Paulo Dornelles Cairoli
Presidente da ABA
Outubro de 2008
MOVIMENTO
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A realização, pela Associação Brasileira de Angus (ABA), de uma mostra especializada de animais
rústicos Angus em nível nacional, já estava caindo de madura. E a escolha de Alegrete, na
Fronteira Oeste Rio-grandense para o local de sua realização, não poderia ter sido mais feliz e
acertada. Afinal, é praça forte de rústicos, onde são apresentados e comercializados exemplares de
alta qualidade, em quantidade, já com tradição de várias edições de exposições bem sucedidas.
No Alegrete, a 1ª Nacional de Rústicos
A
ssim, a 1ª Exposição Nacional de Rústicos Angus acontece de 14 a 16 de outubro,
paralelamente à 66ª Exposição
Agropecuária de Alegrete. A mostra
representa uma aproximação ainda
maior da área de produção de campo, visando mostrar, avaliar e premiar o trabalho que vem sendo desenvolvido por criadores e produtores
que selecionam a genética Angus no
campo, com o foco direcionado especialmente à geração de reprodutores rústicos e da produção de carne
de qualidade.
Como já vem promovendo com
sucesso a mostra nacional de animais
Angus de argola (ano passado na
Feicorte, em São Paulo, SP, e neste
ano a nacional ocorreu na Expointer,
em Esteio, RS), a ABA também estará, a partir deste ano, promovendo e
alavancando a comercialização também de animais Angus rústicos.
A nova mostra foi anunciada com
destaque pelo presidente da ABA,
José Paulo Dornelles Cairoli, no encontro com a mídia especializada, no
final de fevereiro deste ano. “Queremos fomentar o alto padrão da raça
no País, assim como a produção de
animais de plantel e de corte”, definiu, na ocasião, o presidente da ABA.
Segundo ele, “é a ABA próxima ao
campo, ao gado comercial, rústico, e
ao produtor de rústicos Angus”.
“O produtor e vendedor de novilhos já tem seu vínculo com a ABA
através do Programa Carne Angus
Certificada. O produtor de terneiros
Fêmeas de produção também serão destaque nesta primavera
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
valoriza os resultados de sua atividade através do Programa Terneiro
Angus Certificado. E agora a ABA se
aproxima ainda mais do produtor
que utiliza a genética Angus para a
produção e comercialização de
reprodutores rústicos, pois é através
desses animais que a genética Angus
chega aos rebanhos de campo”, avalia o gerente de operações da associação, veterinário Fernando Velloso.
Pioneirismo e funcionalidade
das instalações do parque
Para o Diretor de Núcleos da
ABA, colaborador do Sindicato Rural de Alegrete e ativo integrante do
Núcleo Angus do Alegrete, veterinário Flávio Montenegro Alves, a escolha de Alegrete para sediar a Nacional de Rústicos deve-se principalmente ao fato de aquela exposição ter
se transformado num verdadeiro
ponto de encontro técnico e comercial de criadores de rústicos, reunindo criadores e expositores de várias
outras localidades.
“Alegrete é onde está o maior rebanho do Estado e a estrutura de seu parque de exposições é realmente muito
eficiente, especialmente a pista de julgamentos de rústicos, que foi pioneira
no Estado e inclusive serviu de modelo
para a pista que hoje está estruturada
no parque Assis Brasil, para a
Expointer”, recorda Flávio Alves.
Na Expointer, touros rústicos apontaram tendências para a temporada
Período de excelência
A mostra de Rústicos Angus
acontece justo num momento de excelência para a raça no Brasil. Em
2007, a Angus consolidou sua liderança com larga vantagem sobre as
demais raças, tanto na venda de
reprodutores, sêmen, terneiros ou
animais para abate, confirmando sua
posição de raça líder.
São feitos que devem ser comemorados por todos os criadores e produtores que usam a eficiente genética
Angus. E é também uma colocação
que agrega ainda mais valor a todo o
trabalho de desenvolvimento e seleção de rebanhos Angus no Brasil.
Para esta Exposição Nacional de
Rústicos Angus estão sendo esperadas inscrições de mais de 500 animais, incluindo produtos para julgamento de classificação e para
comercialização. E juntamente com
o novo evento, serão realizadas outras atividades ligadas ao incremento da raça, tais como palestras técnicas e ações práticas no funcional parque do Sindicato Rural de Alegrete.
Na programação básica, dia 14
será a entrada dos animais no parque; dia 15 à tarde o julgamento de
fêmeas; dia 16 pela manhã o julgamento dos machos e à tarde grande
leilão.
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CARNE
Outubro de 2008
Workshop Carne Angus identifica
tendências favoráveis ao Brasil
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Durante o Workshop, transmitido ao vivo pelo Canal Rural,
os palestrantes destacaram a abertura de novos
mercados, com ampliação da demanda da carne brasileira
O protecionismo internacional é, hoje, o principal inimigo das
exportações de carnes produzidas no Brasil. A afirmação foi feita
pela professora e integrante do Centro de Conhecimento em Agronegócio da
Faculdade de Economia e Administração (Pensa/FEA) da USP, Maria Stella
Saab, durante o V Workshop Carne Angus Certificada, com a palestra “Cadeia
da Carne no Brasil - Uma visão além do ciclo pecuário” O evento ocorreu dia
4 de setembro, na Casa da RBS, no Parque de Exposições Assis Brasil, em
Esteio, durante a Expointer 2008.
E
la defendeu a necessidade de
uma atuação mais eficiente
da cadeia da carne do Brasil
no sentido de responder às críticas,
principalmente da União Européia,
bloco comercial que estabelece mais
sanções ao Brasil. Os principais problemas que contribuem para manchar a imagem brasileira no Exterior, segundo a especialista, são poucas pesquisas na área rural, câmbio
desfavorável e taxa de juros elevada
“Também temos que colocar em prática a idéia das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e investir em logística”,
completou.
A palestrante também apresentou
dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial
favoráveis ao Brasil com relação ao
comércio de carne. A expectativa é
de que distribuição de renda melhore até 2015, quando 76,6% da po-
pulação mundial deixará de viver
com apenas um dólar por dia. Deverá haver, ainda, grande crescimento
da demanda com relação à carne brasileira. “O país inovará em rações, na
tecnologia do campo e reduzirá os
tributos”, previu.
Conforme Maria Stella Saab, a
cadeia da carne brasileira também
deve valorizar outros clientes, além
da UE, países que também remunerem bem, do que vender o produto para poucas nações, como as
da União Européia, que têm maior
Maria Stella Saab, Irineu Guarnier Filho e Sérgio De Zen
poder aquisitivo, mas impõem diversas restrições à carne nacional. “A
Índia, por exemplo, se tornará o país
mais populoso do mundo daqui a
alguns anos. Temos que explorar
esse mercado”, concluiu
Outro assunto abordado no encontro foi “A Cadeia da Carne Bovina no Brasil e os ciclos pecuários
- Relação ganha-perde-ganha Quantas vezes vamos repetir os mesmos erros?” A palestra foi ministrada pelo Prof. Dr. Sérgio De Zen,
que abordou a necessidade de
gerenciamento de preço da carne
brasileira. Segundo ele, não há um
instrumento de cotação para o produto e o Brasil ainda não subsidia a
instalação de frigoríficos. “Para se
montar um frigorífico, 32% do custo total fica retido com o governo
em impostos. Outro fator prejudicial é o dólar oscilante, que não favorece o produtor nem a indústria
e, por conseqüência, também não
traz vantagens ao consumidor”, lamentou De Zen.
Para Sérgio De Zen, o país começou a ter um bom momento no
comércio da carne em 1994, quando o Presidente Itamar Franco e o
então ministro Fernando Henrique
Cardoso implantaram o Real como
moeda. A partir daí, a nação passou
a ter a economia mais estável. “Com
o Real, não houve mais necessidade
de ativos para garantir o valor do
boi. O animal passou a valer no
mesmo momento em que gerava a
carne”, analisou. Outro ponto importante da palestra foi a relação
produtor-indústria. O professor
defendeu que “todos devem estar no
mesmo barco”. Segundo ele, é difícil entender a rivalidade que há entre as partes, causando prejuízos
para ambos os lados. “Queremos
que o nosso parceiro ganhe mais. Se
o produtor vai bem, o resultado é o
sucesso da indústria e um ótimo
preço para o consumidor”, afirmou.
As palestras de Maria Stella
Saab e Sérgio De Zen foram apresentadas, ao vivo, no Canal Rural,
com apresentação do jornalista
Irineu Guarnier Filho. Após as palestras, foi realizado um painel de
debates, coordenado pelo diretor
do Canal Rural – Donário Lopes
de Almeida. O presidente ABA,
José Paulo Cairolli destacou a consolidação, cada vez mais forte, da
Carne Angus no cenário internacional, que, segundo ele, é fruto de
um trabalho de melhoramento de
>>
CARNE
Outubro de 2008
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Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
A certificação garante qualidade ao comprador
cria compromisso com o consumidor final de que
o produto seguiu rigoroso padrão de qualidade
qualidade desenvolvido pelos criadores há sete anos. Mauro Pilz ressaltou o padrão de qualidade no RS
é muito superior ao de outros estados mais expressivos na criação
de gado de corte. Participaram
também deste painel os produtores Joaquim Mello e Luis Cláudio
Pereira, além do representante do
Frigorífico Marfrig, Angelo Friguetto. O grupo debateu a importância da união e coesão da cadeia
produtiva para enfrentar os desafios do mercado e as demandas de
consumidores e importadores.
O mercado a termo e o Grupo
Marfrig foram temas abordados na
palestra seguinte, denominada “Novas Ferramentas de comercialização
do boi gordo”. O gerente de Pecuária e Mercados do Marfrig, Angelo
Friguetto, foi o responsável pelo
conteúdo. O investimento no mercado a termo, segundo ele, é a compra ou a venda, em mercado, de
uma determinada quantidade de
ações, a um preço fixado para liquidação em prazo determinado, a contar da data de sua realização em pregão.
O resultado disso é um contrato entre as partes, que, no caso do
boi gordo, permite a venda a um
preço fixo, para entrega posterior.
“Dessa forma, se evita o risco de
oscilação da arroba”, explicou. O
mercado a termo, conforme
Friguetto, ainda é pouco utilizado
José Paulo Cairoli
Vivian Diesel Pötter
Mário Macedo
no Rio Grande do Sul, embora seja
comum no Centro-Oeste e Sudeste
do país.
O V Workshop Carne Angus
Certificada finalizou as atividades
com a palestra da diretora do Programa Carne Angus Certificada,
Vivian Diesel Pötter, para quem a
conquista mais importante dos pro-
dutores da raça, nos últimos anos,
foi a certificação. Segundo ela, a
certificação garante ao comprador
que o produto seguiu rigoroso padrão de qualidade e cumpre o compromisso com o principal foco da
cadeia, que é o consumidor. “O que
o consumidor valoriza é o que nos
importa. Por isso oferecemos uma
carne com maciez e suculência sem
igual”. Outro aspecto que contribui
para a excelência da carne Angus,
conforme Vivian, é ter a cadeia produtiva integrada, com produtor e
frigorífico trabalhando juntos.
“Oferecemos uma carne diferenciada, com a constância da qualidade”, completou.
Interconf consolida novo
fórum da pecuária intensiva
Mais de 1.000 profissionais,
entre pecuaristas, empresários,
representantes de empresas e entidades de ensino e pesquisa ligados ao setor de pecuária de
corte do Brasil e exterior, deram
à 1ª edição da Interconf (Conferência Internacional de
Confinadores), realizado dias 16
e 17 de setembro, em Goiânia,
GO, ares de novo fórum da pecuária intensiva no País.
A
Associação Brasileira de
Angus apoiou o
Interconf e contou com
estande próprio para atendimento dos interessados, com a presença do coordenador do Programa Carne Angus, Fernando Furtado Velloso e dos técnicos do
Programa, Fábio Medeiros e Tito
Mondadori. A raça Angus também esteve representada pelos associados Fazenda da Gruta, do
RS, e VPJ Pecuária, de Goiás.
Especialistas dos Estados
Unidos, Austrália, África do Sul,
Argentina e Brasil se revezaram
na tribuna para apresentar ao público um pouco da realidade da
criação
de
gado
em
confinamento em seus países.
Com abordagem bastante precisa sobre as reais necessidades e
os desafios
que se apresentam para a
criação dentro do contexto global,
o
s
palestrantes
apresentaram
números de
uma realidade que se
ABA compareceu ao evento, um marco na pecuária nacional
mostra favorável ao Brasil no futuro, uma vez Interconf pode ser considerada
que o país reúne as condições ide- um grande sucesso, pois cumpriu
ais para desenvolver uma pecuária com seu papel de servir como esde corte de alta produtividade, bai- paço de discussões sobre temas
xo custo operacional e que oferece relevantes para o setor. “A
produto de qualidade diferencia- Assocon nasceu com a proposta
de trabalhar em defesa do
da ao consumidor mundial.
Para Ricardo Merola, presiden- confinador e servir como fonte
te da Assocon (Associação Nacio- de informação sobre a produção
nal dos Confinadores), organiza- de carne em confinamento”, fidora do evento, a pecuária de cri- naliza.
Luís Gustavo Barioni, pesação intensiva cada vez mais se
mostra um modelo de produção quisador da Embrapa Cerrados,
que veio para ficar. “O confina- de Brasília (DF), destacou a immento deixou de ser apenas mais portância do confinamento
uma atividade dentro da pecuária como fator de redução do
tradicional para adquirir vida pró- desmatamento, principalmente,
pria. Isso se reflete no atual nível próximas ao bioma amazônico.
de profissionalização da cadeia e Para ele, a pecuária intensiva tenpreocupação dos agentes envolvi- de a ser um caminho natural para
dos com o retorno da porteira para aumentar a rentabilidade e evitar as agressões contra os recurdentro das fazendas”.
Nesta linha, disse Merola, a sos naturais.
Carne certificada é sucesso
no restaurante da Angus
Cerca de duas mil refeições à base de carne Angus foram servidas no
restaurante da Associação Brasileira de Angus (ABA) durante a Expointer
2008. Pelo quinto ano consecutivo, o local é administrado com sucesso por
Jorge Antônio Kowalczyk, que elaborou um cardápio diversificado, com
destaque para a picanha com risoto de pinhão, o assado de tiras com batatas
ao murro, o filé de costela e o bife de chorizo.
Durante a exposição foram servidos mais de 900 quilos de Carne Angus,
que na opinião de Kowalczyk estava num padrão de qualidade perfeito, sabor excelente e maciez adequada. “Os clientes ficaram muito satisfeitos e
notamos inclusive que criadores de outras raças e espécies freqüentaram o
restaurante, elogiando a qualidade da carne”, relata Kowalczyk.
Mais uma vez o restaurante foi muito badalado e muito bem freqüentado permanecendo lotado o dia inteiro durante toda a feira. Para atender a
demanda durante o ano, Jorge Antônio Kowalczyk inaugura o restaurante
Querência Beef, na zona Sul de Porto Alegre, que servirá exclusivamente
carne Angus, inclusive com o destaque de cortes artesanais.
ABA participa do
Conbravet em Gramado
De 19 a 22 de outubro será realizado o 35º Conbravet – Congresso
Brasileiro de Medicina Veterinária, no Expogramado, em Gramado, RS. Nesta
edição, o congresso contará com o apoio da Associação Brasileira de Angus
(ABA), que terá um estande no local para atendimento aos interessados na
raça.
Na ampla programação do evento está prevista a realização do Painel
“Qualidade de alimentos de origem animal. O que estamos fazendo pela
qualidade da carne bovina?”, programado para dia 21 de outubro.
O painel terá como palestrante Pedro Eduardo de Felício, da Unicamp,
SP e terá como um dos debatedores o técnico do Programa Carne Angus
Certificada, veterinário Fábio Medeiros, que apresentará as ações realizadas
pela ABA, destacando o Programa Carne Angus em prol da qualidade e
valorização da carne de animais Angus através da certificação.
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CARNE
Outubro de 2008
Carne Angus com padrão mundial
ganha espaço na rede Outback
Fotos: Divulgação
Restaurante Outback Steakhouse em Porto Alegre, uma das 20 lojas da rede no Brasil
A qualidade da carne brasileira, em especial a Carne Angus Certificada, vem ganhando espaço nos
últimos anos no prato de restaurantes internacionais. Há pouco mais de seis anos, quando a norteamericana Outback Steakhouse começou um trabalho direcionado com fazendas brasileiras, a participação da carne nacional ainda era coisa rara de se ver nos restaurantes da rede. Hoje, o reconhecimento da
qualidade da produção tornou o País fornecedor de 50% do produto que é consumido em todos os
restaurantes do Outback no País, disputando a entrega taco a taco com o Uruguai. São cerca de mil bois
abatidos por mês que abastecem as 20 lojas localizadas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Rio de
Janeiro e Minas Gerais.
P
ara ser um fornecedor do
Outback, as regras são rígidas
e seguidas à risca, uma vez
que a rede trabalha com padrões internacionais de qualidade. Para participar do programa, é necessário que
os animais cruzados tenham sangue
50% Angus ou Hereford, que têm
disposições genéticas específicas para
atender às exigências da carne
Outback.
No Brasil, o grau de sangue nas
cruzas é o mesmo, só que com as raças sintéticas Brangus e Braford. Para
ir ao gancho, os bois devem ter em
média 120 dias em confinamento e
até dois dentes, com peso final de 16
arrobas, sem distinção de machos ou
fêmeas, desde que os machos sejam
castrados.
Tanta exigência tem um objetivo:
manter a qualidade da carne e colocar
no prato do cliente o melhor produto
com marmoreio, suculência e sabor.
Apesar de apenas três estabelecimentos pecuários no País estarem habilitadas a fornecer a matéria-prima à rede
dos Estados Unidos (duas no Mato
Grosso do Sul e outra no interior
paulista), neste segundo semestre, a
quantidade pode aumentar se a expectativa do Brasil, de vir a fornecer até
60% das carnes consumidas no
Outback no curto prazo, se concretizar, além da previsão de aumento no
número de lojas, que pode chegar a
31 unidades até o final de 2009.
Embora aberto aos produtores, o
programa é limitado de acordo com a
demanda dos restaurantes, mas um
dos pré-requisitos para se tornar um
fornecedor de carne é trabalhar com
confinamento o ano todo, para garantir o abastecimento e driblar a
sazonalidade da pecuária. Além disso,
a empresa precisa cumprir todas as
exigências da Vigilância Sanitária e ter
um certificado de manipulação segura de alimentos.
A constância no fornecimento é
apenas uma das vantagens de se tornar um fornecedor. Soma-se a isso o
bônus que pode chegar a 10% pela
entrega da carne dentro dos padrões
para nichos específicos do mercado.
O Grupo Marfrig foi eleito em junho
deste ano como um dos melhores fornecedores internacionais da rede. Parceiro do Outback há nove anos, o
Marfrig fornece cortes especiais para
os restaurantes brasileiros, volume que
chegou a 170 toneladas de carne bovina no ano passado.
Os restaurantes servem apenas as
carnes nobres: sirloin (miolo da
alcatra), contra-filet, filet-mignon, tbone (corte específico em que filet
mignon e contra-filet ficam unidos por
um osso em forma de T) e ribeye, que
é um corte exclusivo da parte superior
da costela bovina. Todas as carnes precisam possuir três processos que as deixam mais macias: marmorização (é a
característica específica das raças
Hereford e Angus, que têm a carne
marmorizada com pequenos filetes de
gordura que se dissolvem quando cozidos), tenderização (processo de perfurações para soltar as fibras naturais
da carne) e maturação (processo natural da ação de enzimas que deixam a
carne mais macia).
O produto é embalado a vácuo, o
que impossibilita a ação de bactérias e
mantém a carne conservada por até 60
dias. O Outback tem o seu próprio
Manual de Boas Práticas para assegurar a manipulação correta de alimentos. Para evitar os riscos de contaminação o manual explica, entre outras
coisas, como conservar os alimentos e
a necessidade de servir sempre uma
comida segura e de qualidade.
Um dos pratos com carne Angus servido no Outback
Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus - faça contato
Foto: JG Martini
Outubro de 2008
7
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CONSELHO TÉCNICO
Outubro de 2008
Cresce banco de dados de
animais genotipados
Os pêlos devem ser arrancados e não cortados do animal. A parte mais importante
para extração do DNA é o bulbo do pêlo, que vem junto quando este é arrancado.
Um ano após o início dos
exames de genotipagem dos
animais, durante a Expointer
2007, a Associação Brasileira
de Angus já possui um banco
de dados com mais 723 animais, formado por touros, vacas doadoras e produtos.
A
genotipagem é a técnica
mais moderna para se caracterizar individualmente
um animal, pois se baseia em seu
DNA. O grande número de
marcadores de DNA que pode ser
detectado e de grupos sanguíneos
apresentados por bovinos, permite
a identificação do indivíduo. A probabilidade de se encontrarem dois
animais não aparentados apresentando o mesmo conjunto de
marcadores é mínima.
Esta tipagem facilita a sua identificação posterior; possibilita a
identificação de seus descendentes
e ascendentes e também a
rastreabilidade de qualquer material biológico deste animal, como sêmen, carnes, embriões; por fim,
possibilita a criação de um banco de
dados genético para o Brasil.
A genotipagem pode ser realizada utilizando-se grande variedade de
amostras biológicas, tais como: pêlo,
sêmen (palheta cheia ou após sua
utilização), tecidos e ossos, o que
permite análises inclusive de animais
que já morreram.
A maior utilidade do testes em
DNA é a possibilidade do controle
de parentesco, baseado no fato de
que todo marcador apresentado por
animal inevitavelmente tem que estar presente em um ou ambos os
pais. Os testes utilizam o princípio
da exclusão, comparando-se o
genoma (no caso do DNA) ou o tipo
sanguíneo de um animal e seus possíveis pais. Quando estes não se qualificam como pais, a situação é incontestável: o indivíduo em questão
não pode ser produto do
acasalamento daquele macho com
aquela fêmea. A probabilidade de
detecção de erros na atribuição da
paternidade ou maternidade varia
conforme a raça, a qualidade e a
quantidade de marcadores testados.
Nos países desenvolvidos, Associações de Criadores de diversas raças
de bovinos e eqüinos adotam a
tipificação sanguínea ou os Testes
em DNA como requisito essencial
para o registro de qualquer animal,
visando resguardar a integridade das
informações e garantir um meio seguro e permanente de identificação
de cada animal.
A realização da genotipagem de
DNA pode ser feita nos Laboratórios credenciados junto ao MAPA
(Ministério da Agricultura e Pecuá-
ANIMAIS PO
ria), com um custo muito semelhantes ao do exame de tipagem
sangüínea. Somente os técnicos
credenciados pela ABA poderão realizar as coletas de material para exames de DNA, de acordo com Circular Técnica da ABA de 18 de Junho de 2007.
Os exames que devem ser solicitados pelos criadores podem ser de
dois tipos: Genotipagem e Teste de
Paternidade.
Genotipagem de um animal significa determinar quais alelos (apresentações diferentes de um mesmo
gene) o indivíduo contém no seu
DNA. Para este exame são necessárias somente amostras do animal a
ser testado. Em futuros exames de
paternidade nos quais este animal
está envolvido, não será necessário
refazer o exame.
Teste de paternidade de um animal é um processo no qual são
comparados os alelos que ele carrega no seu DNA com os de outros
(vacas e touros). Desta maneira, estabelecemos parentescos entre os
mesmos. Metade do DNA de um
indivíduo é proveniente da mãe
biológica e a outra metade do pai
biológico. O teste de paternidade
determina qual das metades do
DNA da progênie que é herdado
da mãe. A outra metade remanescente é obrigatoriamente herdada
do verdadeiro pai. Para este exame
são necessárias amostras de todos
os animais envolvidos, devidamente identificadas.
Segue abaixo um quadro
explicativo, mostrando os animais
com que devem ser realizados os exames de DNA e o tipo de exame para
cada caso:
GENOTIPAGEM PATERNIDADE
DOADORAS
Sim
não
TOUROS PAIS
Sim
não
TERNEIROS Nasc. Pós 01/01/2007
Sim
não
FILHOS DE TE-FIV
Sim
sim
CAMPEÕES EXPOSIÇÕES “A”
Sim
sim
A maioria das centrais de coletas de sêmen já possui a genotipagem dos
reprodutores cujo sêmen comercializam. O cliente ou interessado não deve
hesitar em entrar em contato com estas ou com a ANC, no caso de necessidade de obtenção destes exames. Nos Remates de Primavera é importante
certificar-se de que os touros que estão sendo adquiridos já possuam seu
DNA genotipado e em poder da ANC.
Curso de atualização de
avaliadores Promebo/Angus
A quarta edição do Curso de
Credenciamento e Atualização de
Avaliadores Promebo/Angus tem
data certa: será nos dias 28 e 29 de
novembro deste ano, na sede da Associação Brasileira de Angus
(ABA), em
Porto Alegre,
RS. Segundo a
Assessora Técnica da ABA,
Fernanda
Kuhl, as aulas
estão divididas
em dois segmentos - teóricas e práticas,
estas últimas em local ainda a ser definido.
Segundo ela, o Conselho Técnico da ABA já está anotando as reser-
vas dos interessados em participar do
evento. Os contatos podem ser feitos pelo fone 51.3328.9122 ou pelo
e-mail [email protected]
Destinado a técnicos e também
a criadores, o
curso é preparatório para a
realização de
avaliações de
animais dentro do Programa de Melhoramento Gen é t i c o /
Promebo. A
meta, segundo
Fernanda, é
proporcionar uma atualização aos
técnicos já credenciados, além de
credenciar novos interessados no processo de seleção da raça Angus.
CIRCULAR TÉCNICA – 03/2007
Por
to Alegr
e, 18 de junho 2007
orto
Alegre,
Dando seqüência a iniciativa da
ABA em formar seu banco de dados para verificação/confirmação
de genealogia por exame de DNA,
vimos por meio desta informar as
deliberações do Conselho Técnico desta data.
1. Todos os touros pais a serem utilizados a partir de 1º de agosto de
2007 em plantéis PO (monta natural, monta controlada e
Inseminação artificial), deverão ser
obrigatoriamente genotipados
(teste de DNA);
2. A partir de junho 2008 a Associação Nacional de Criadores ANC somente registrará produtos
PO cujos touros pais constem do
banco de dados de genotipagem;
3. Fica instituído que nas exposições de Argola ranqueadas da
ABA, a partir do ano calendário
2008 (inclusive), todos os animais
participantes, nascidos após 1º de
janeiro de 2007, deverão ser
genotipados;
4. A colheita de amostras para realização dos testes de DNA deverá
ser feita somente por membros do
corpo técnico da ABA;
5. Será de responsabilidade do criador o agendamento da colheita de
material com seu técnico oficial;
6. Após levantamento do seu estoque de sêmen o criador deverá
informar-se junto a ANC (Dr.
Amilton Elias) ou às centrais,
quais os touros que possuem teste
de DNA no banco de dados da
ANC;
7. Para os touros utilizados em
inseminações artificiais e programas de transferências de embriões,
não constantes no banco de dados, a genotipagem poderá ser realizada através dos resíduos de sêmen na palheta após inseminação,
Para tanto devem ser buscadas orientações junto aos laboratórios
credenciados, quanto aos procedimentos para realização de tal exame;
DEFINIÇÕES
DA DIRET
ORIA:
DIRETORIA:
Fica definido que nas exposições de
Argola ranqueadas pela ABA categoria A, a partir do ano calendário
2008 (inclusive), os campeões de
cada exposição (Grande campeão,
Res. de Grande Campeão e 3º Melhor), machos e fêmeas, deverão ser
genotipados (teste de DNA). Os
animais que ainda não possuírem
genotipagem terão coletadas amostras pelos técnicos ABA responsáveis pelo julgamento de admissão.
As amostras serão encaminhadas
pelos técnicos e custeadas pela
ABA.
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GENÉTICA
Outubro de 2008
Marcadores moleculares
Um salto da ciência no melhoramento
genético dos rebanhos
Foto: Eduardo F. Teixeira/Agência Ciranda
Num futuro muito próximo, uma nova ferramenta de seleção de rebanho – os marcadores genéticos ou
moleculares – poderá revolucionar a moderna pecuária de corte. Afinal, haverá um incremento na confiabilidade
de escolha de bovinos machos e fêmeas para diferentes finalidades ou determinadas características economicamente desejáveis. Mas é fundamental que o produtor continue apurando seu rebanho, para identificar os pontos
fortes e fracos do seu projeto, para poder usufruir de fato deste novo avanço da ciência em favor da produção
pecuária.
Por Eduardo Fehn Teixeira
D
espontando para a pecuária internacional com a
promessa de, num futuro
muito próximo, literalmente revolucionar a seleção de rebanhos, os
marcadores genéticos ou moleculares
surgem para elevar a confiabilidade
de escolha de bovinos (machos e fêmeas) para as mais diferentes finalidades ou características economicamente desejáveis. Esses marcadores
trazem a promessa de agregar aos rebanhos aspectos buscados na pecuária de corte, como por exemplo ganho de peso, maior produção de car-
ne, teor ou cobertura de gordura,
marmoreio, fertilidade, maciez de
carne, produção de leite e até identificação de animais mais ou menos
susceptíveis a doenças.
“Mas a seleção assistida por
marcadores moleculares não substitui de forma alguma a seleção realizada através de DEPs (Diferenças
Esperadas na Progênie)”, alerta a especialista Fernanda Varnieri Brito,
agrônoma, M.Sc., pesquisadora integrante da equipe da GenSys Consultores Associados. Conforme
Fernanda, especialmente para características de difícil medição, de
herdabilidade baixa ou expressa somente num dos sexos, a seleção com
o uso de marcadores pode mesmo
auxiliar bastante.
“Os marcadores genéticos representam o uso prático de técnicas de
biologia molecular na pecuária”, assinala o prof. José Bento Ferraz, técnico da USP. Para ele, os marcadores
moleculares contribuem tremendamente para o sucesso do processo seletivo porque incorporam uma ferramenta da ciência (o DNA). O especialista da Universidade de São
Paulo diz que o sucesso do projeto
pecuário depende da análise e do
processamento de dados. Bento
Fernanda Brito, do GenSys: marcadores vão agregar novas ferramentas de seleção
Ferraz aponta que é preciso conhecer em profundidade os animais do
plantel e identificar as qualidades
daqueles que serão incorporados.
Tudo de acordo com os objetivos do
empreendimento, seja produção de
carne, cria, recria, ou seleção.
“A regra é simples: o pecuarista
tem de apurar a qualidade dos seus
animais para reforçar os pontos fortes do seu projeto e para atacar os
pontos fracos, incorporando bovinos que tragam contribuição para
resolver as possíveis deficiências do
rebanho”, detalha o professor Ferraz.
Ele chega a afirmar que está aí um
processo sem volta e que vai contribuir muito para o contínuo melhoramento genético e produtivo da
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
pecuária brasileira.
Objetivamente, Fernanda Brito
revela que já existem marcadores
para agregar ao rebanho algumas características desejáveis economicamente. Exemplos dessas características são marcadores para a qualidade de carcaça, para a maciez da carne, fertilidade, resistência a doenças,
para características maternais, entre
outras.
Com viagem marcada para
Guelph, no Canadá (University of
Guelph), onde durante um ano vai
desenvolver pesquisa na área de seleção genômica como parte de seu
curso de Doutorado, que realiza na
UFRGS, a especialista alerta que o
criador precisa procurar se informar
sobre este assunto, que se por um
lado é tão novo, por outro avança
em velocidade. “Só assim ele poderá tirar proveito de forma equilibrada dessas tecnologias, complexas,
ainda caras e que, como outras, apresentam limitações, para poder somálas às suas ações rumo ao melhoramento, à seleção genética de seu rebanho”.
E Fernanda Brito vai ainda mais
fundo, observando que a seleção assistida por marcadores moleculares
mal começou a ser aplicada e já existem perspectivas mais avançadas,
que estão sendo estudadas e
pesquisadas. “Exemplo disso é a seleção genômica, que é feita com base
em marcadores distribuídos ao longo de todo o genoma”, aponta.
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Outubro de 2008
MOVIMENTO
Mapeamento do genoma humano foi o start
Foto: Felipe Ulbrich/ABA
Na prática, a seleção assistida por marcadores utiliza marcadores ligados a QTLs (lócus de características quantitativas), ensina Fernanda Brito.
A partir do projeto de seqüenciamento do genoma humano - diz Fernanda
Brito, da GenSys Consultores Associados -, o assunto chegou aos animais
domésticos. E o desenvolvimento de toda uma tecnologia de laboratório é
que está permitindo o avanço desses estudos. Trata-se de identificar os
genes e mapeá-los dentro do DNA. Este trabalho é feito através da identificação de pontos de referência conhecidos, chamados de marcadores. “Esses marcadores podem estar muito próximos dos genes ou serem eles próprios”, observa Fernanda.
F
eito o mapa genético, é possível a realização de testes de
associação entre esses
marcadores e as características fenotípicas de interesse econômico. “A partir daí, a genotipagem dos animais é
feita na busca de uma combinação
de marcadores ligados a características desejáveis na produção pecuária”,
reforça a especialista. Segundo ela,
atualmente já existe um chip
genômico que é capaz de genotipar,
numa única análise, 50 mil
marcadores ao longo de todo o
genoma. “Começou com a identificação de 10 mil, foi a 30 e agora 50
mil e rapidamente a ciência e a pesquisa vão chegar a 100 mil marcadores ou mais”, prospecta a técnica.
A leitura do DNA
Os avanços na área de análise de
DNA propiciaram o surgimento da
Genômica, ciência que trata do estudo do genoma completo dos diferentes organismos. Daí o surgimento
dos Projetos Genomas em que diferentes organismos, inclusive o humano, foram totalmente seqüenciados,
ou seja, o DNA foi “lido”.
Bem, mas isto foi feito para uma
amostra da população, já que cada
indivíduo tem o seu próprio código.
A partir deste ponto, o que passou a
ser feito foi analisar as diferenças entre os indivíduos de determinada espécie já seqüenciada. “Estas diferenças são chamadas de polimorfismos,
ou seja, um mesmo gene assume diferentes formas, e, portanto, afeta
uma determinada característica de diferentes maneiras”, explica a técnica.
As novas tecnologias de análise
molecular da variabilidade de DNA
permitiram determinar pontos de
referência nos cromossomos, tecnicamente denominados marcadores
moleculares. Nada mais são do que
seqüências de letras com endereço
próprio no cromossomo e que apresentam polimorfismos, ou seja, variam de indivíduo para indivíduo.
Estas seqüências podem ou não
ser genes, mas o que importa é que
elas servem como pontos de referên-
cia, e mapas foram construídos com
base nestas seqüências. Se elas estiverem muito próximas de um gene
ou forem o próprio gene, a seleção
para este marcador acarretará na seleção para a característica sobre a qual
este gene atua.
Então, argumenta Fernanda
Brito, o que está sendo feito pelos
pesquisadores é cruzar as informações
genotípicas baseadas nestes mapas
que estão disponíveis na Internet com
informações fenotípicas coletadas a
campo. Assim são identificados aqueles marcadores associados aos QTLs
(Quantitative Trait Locus). Uma vez
detectados, basta genotipar
(seqüenciar para aquele marcador
específico) e verificar qual a forma
que ele se apresenta e executar a seleção.
“Parece simples”, diz Fernanda.
“E até para os mais renomados pesquisadores, num primeiro momento, causou um entusiasmo exagerado, logo colocado de lado para dar
lugar à cautela necessária quando se
trata de assuntos desta natureza”,
alerta ela.
Conforme Fernanda, em primeiro lugar é importante lembrar que
somente um número limitado de
genes que afetam características de
interesse foi identificado. Ainda que
estes genes representem uma porção
importante da variância aditiva, o
restante permanece obscuro. E no
que se refere ao tipo de marcador
utilizado, quando se trata de
marcadores indiretos (o lócus não
identifica a função) a seleção não
ocorre diretamente no QTL, mas sim
no marcador que está a uma determinada distância dele, o que pode
resultar na sua “separação” através da
recombinação.
Finalmente, mesmo considerando marcadores diretos ou causais
(quando o marcador é o próprio gene
que afeta a característica), os efeitos
do QTL são estimados com base em
associações estatísticas entre
marcadores e fenótipos, o que exige
constante validação em populações
comerciais.
Na verdade,
a análise de
DNA, que hoje é
extremamente
praticada em programas avançados
de melhoramento de
plantas e de animais
em diversos países do
mundo, fornece a mais alta
precisão na identificação individual
e estudos de vínculo genético, transformando-se numa ferramenta complementar do melhoramento para a
seleção de indivíduos superiores.
Esses estudos fornecem perfis
genéticos únicos de elevada precisão e reprodutibilidade também
denominados “fingerprints” ou
impressões digitais de DNA,
que individualizam geneticamente animais para fins de proteção varietal, bem como permitem discriminar com absoluta certeza seus descendentes diretos. E por outro lado, fornecem
pontos de referência em genomas
complexos, que podem ser utilizados
em gerações de melhoramento como
marcadores diagnósticos de distância
ou diversidade genética, ou ainda
como marcadores selecionáveis ligados a genes de interesse agropecuário,
facilitando e acelerando os processos
convencionais de seleção e
recombinação de indivíduos realmente superiores, tanto em biótipo
como em performance de produção.
Ciranda
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CARNE
Outubro de 2008
III Concurso de Carcaças Angus.
Em cartaz, a carne que o mercado quer!
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Agora já se pode afirmar: o concurso de carcaças Angus
definitivamente pegou, ganhou merecida fama, caiu no agrado
de produtores, técnicos e industriais, por certo com reflexos ao
comércio de carnes de alto padrão. Sem dúvida, a competição,
recém em sua terceira edição, já caminha a passos firmes para
selecionar ainda mais a eficiente genética Angus e também
para premiar a competência de seus criadores, fazendo ao
mesmo tempo um fantástico marketing para a raça.
O que se viu na linha de matança do frigorífico, por certo
preocupou sobremodo os responsáveis pela escolha as melhores
carcaças, os jurados. Nos currais, os novilhos, definidos ou
cruzas Angus, já admiravam pelo alto padrão apresentado,
que era mesmo flagrante, chamando a atenção até de leigos
no assunto. Mas depois, como carcaças, aí o bicho pegou: “eram
todas muito uniformes. A disputa pelo melhor lote foi mesmo
ponto a ponto”, definiu o coordenador do Programa Carne
Angus Certificada, veterinário Fernando Furtado Velloso.
Por Antônio Max e
Eduardo Fehn Teixeira
M
as quem transbordava de
alegria no almoço festivo,
com degustação de carne
Angus, realizado na churrascaria Barranco, em Porto Alegre, RS, no dia
23 de setembro, para a entrega de prêmios aos vencedores do concurso, se
chama Antônio Carlos Vicente e Silva, o Perico, do Condomínio Yordi
Vicente e Silva, em Dom Pedrito, RS.
Ele foi o grande vencedor na categoria Angus Definidos no III Concurso
de Carcaças Angus, realizado pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e
seu Programa Carne Angus Certificada, juntamente com o parceiro, o Frigorífico Mercosul, no dia 12 de setembro, na planta industrial daquele frigorífico – unidade de Alegrete, RS.
Anos de Dedicação
com a raça certa
“Isto é fruto de 42 anos de seleção, sempre trabalhando com a raça,
a genética certa”, atribui o criador.
Segundo Vicente e Silva, como produtor de touros comerciais, tem a visão correta do que se deve produzir.
“Nossos touros são selecionados para
produzir este padrão de carcaças, com
peso de 265 Kg e com 54% de rendimento”, sintetiza Perico. “Nos preparamos para alcançar esta meta e finalmente chegamos lá”, comemorou ele,
qualificando o evento como um excelente momento para divulgar o resultado da produção de carne de qualidade a campo e a valorização da genética Angus. “Por iniciativas como essa
é que a carne Angus é cada vez mais
conhecida e realmente diferenciada no
mercado”, declarou o criador, mais
que satisfeito com a conquista do
podium do concurso deste ano.
Angus nos Cruzamentos
Já na categoria Cruza Angus, o
vitorioso foi outro criador que, assim
como Perico, já é bem conhecido no
mercado pelo trabalho que realiza em
sua propriedade. Falamos de Fernando
Costa Beber, da Pulqueria Agropecuária, em São Sepé, RS.
Na edição do ano passado, ele já
havia alcançado a segunda colocação
no concurso. E este ano cumpriu a promessa que fez em 2007: “vou brigar pela
vitória”, declarou, naquela ocasião.
“Para este ano, não preparamos
lotes específicos para o concurso. Apenas apartamos alguns animais de nosso produção”, disse Costa Beber,
prospectando uma idéia do padrão de
novilhos que produz.
“Isso é o resultado de raça mais
alimentação. Com bom nível de nutrição, conseguimos reduzir a idade de
abate, elevar o marmoreio e a maciez
da carne, assim como sua suculência”,
afirma. Ele acredita muito no cruzamento como fator que agrega qualidade e vigor à produção (cruza Angus
com Charolês). “Porque com a
heterose resultante, se obtém animais
de bom tamanho e peso, precoces e
corretos em acabamento”, justifica.
Lote Grande Campeão Angus Definido
Participação crescente
Este ano um total de 13 produtores, todos integrantes do Programa
Carne Angus Certificada, da ABA, estiveram participando do concurso. Não
houve a presença de fêmeas e os 14 lotes abatidos e com as carcaças avaliadas
somaram um total de 292 animais. Em
2007 foram 11 produtores, que apresentaram um total de 277 novilhos.
Outros vencedores
A segunda colocação na categoria
Angus Definidos ficou com a AML
Agropecuária (de Santana do Livramento, RS), propriedade de José
Azhaury Macedo Linhares, vencedor
do concurso em 2007. “Este ano ficamos em segundo, mas para nós também é uma vitória mais do que importante”, valorizou Azhaury, já avisando:
“nos aguardem para o ano que vem!”.
E o terceiro lugar em Angus Definidos foi conquistado pela produtora
Beatriz Isabel Correa Osório, da Agropecuária Corrêa Osório, em Santana do
Livramento, RS. “Participamos do primeiro concurso de carcaças promovido pela Angus e agora estamos de volta. Somos do ramo e acreditamos que
esse tipo de competição só gera boas
perspectivas a todos”, definiu Antonio
Carlos Osório, que esteve no Barranco, recebendo a premiação.
Já o segundo e o terceiro lugares
nos lotes de exemplares Cruza Angus
ficaram respectivamente para os criadores Vandi Coradini, da Santa
Corina Agropecuária, Bagé, RS, e para
Sucessão Alicinda Vasconcellos, de
Rosário do Sul, RS.
Lote Grande Campeão Cruza Angus
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CARNE
Outubro de 2008
Estímulo à produção e ajuste da demanda
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Equipe da ABA acompanhou evento desde a chegada dos animais
O
Concurso de Carcaças
Angus busca estimular os
criadores à produção de
animais de qualidade superior e
direcionados para os padrões exigidos pela indústria. “A idéia é premiar quem se destaca nos quesitos mais
valorizados pelo frigorífico (e por
conseguinte pelos consumidores),
produzindo carcaças de alta qualidade a partir de novilhos jovens da raça
Aberdeen Angus”, define a diretora
do Programa Carne Angus Certifi-
cada, Vivian Diesel Pötter. Para a técnica e criadora de Angus em Dom
Pedrito, RS, o caminho para se alcançar este nível de exigência em produção pastoril começa com o planejamento do padrão genético a ser selecionado, passando por sanidade e
pelo manejo adequado, até chegar a
um produto que atenda as necessidades do mercado”, sintetiza a dirigente.
Vivian compara os concursos de
carcaças aos campeonatos de pista.
“Direcionados à área de
produção de carcaças
de alta qualidade, os
concursos de carcaças,
voltados à área de produção pecuária de qualidade são tão
importantes para os produtores e técnicos quanto as disputas acirradas nos
campeonatos de pistas de julgamentos de classificação, nas exposições”,
diz. Segundo ela, a diferença é que
nas pistas são eleitos os melhores animais em expressão genética, em
biótipo. E no caso das carcaças, a vitória vem para aquelas mais corretas,
que atendem aos quesitos da produção de carne de qualidade”, sintetiza
Vivian Pötter, que no almoço de en-
trega de prêmios, no Barranco, agradeceu a todos e especialmente aos
produtores, que classificou de as verdadeiras estrelas de todo o espetáculo.
Trabalho criterioso
Os abates do III Concurso de
Carcaças Angus começaram na madrugada e foram concluídos no fim
da tarde do dia 12 de setembro. As
avaliações foram realizadas por técnicos do Programa Carne Angus
Certificada e também do parceiro, o
Frigorífico Mercosul.
Formaram o grupo de jurados o
zootecnista Mário Macedo, diretor de
compra de gado do Frigorífico
Mercosul; Pedro Silveira Silva, classificador de carcaças da unidade de
Alegrete do Mercosul; Sílvia Andréia
da Silva, certificadora do Programa
Carne Angus Certificada e Fernando
Velloso, coordenador do Programa
Carne Angus Certificada.
O técnico do Programa Carne
Angus Certificada, veterinário Fábio
Schuler Medeiros, elogiou o acabamento e a padronização dos lotes
concorrentes. “Com certeza o padrão
está muito superior ao apresentado
nas edições anteriores do evento’’,
comparou. Todos os participantes
receberam acréscimo de 5% no valor do quilo da carcaça e os vencedores foram contemplados com abono
de 10% na remuneração de suas carcaças (5% de participação mais 5%
pela vitória).
Fábio Medeiros também comentou a mudança realizada neste ano
para o concurso, quando foram separadas duas categorias distintas de
animais: Angus Definidos e Cruzas
Angus. “Esta subdivisão representou
uma evolução na programação do
concurso e foi muitíssimo bem recebida pelos produtores”, informou o
técnico, que foi um dos responsáveis
pela organização e coordenação do
evento.
Na hora do abate, apreensão, entusiasmo e interesse
Ana Doralina Menezes, da ABA, e Mário Macedo, do Frigorífico Mercosul
À medida que as carcaças iam
avançando na linha de produção do
Frigorífico Mercosul, os olhares de
técnicos e dos produtores ficavam
cada vez mais atentos. E os comentários, imediatos.
Foi o caso, por exemplo, de Jorge Nei Amaral, que é comprador do
frigorífico e se entusiasmou com a
qualidade dos animais que foram
apresentados. “Achei o acabamento
excelente”, avaliou.
Para o criador João Francisco
Bade Wolf, da Cabanha dos Tapes,
em Tapes, RS, o Concurso de Carcaças é a verdadeira oportunidade para
apresentar a qualidade Angus e medir a competitividade do material
produzido nas propriedades. “Aqui
no frigorífico é que vemos a verdadeira qualidade da carne e o resultado real do trabalho que desenvolvemos na área de produção. Por isso eu
acredito no Programa Carne Angus
Certificada”, elogiou o conhecido criador de Angus, acrescentando que,
em exposições e feiras, o animal é
visto, mas não pode haver um julgamento preciso da carcaça, da carne
que ele produz. Wolf participou do
III Concurso de Carcaças com um
lote de 20 animais, composto somente por Angus definidos.
Outra que, até pelo olhar, vibrava com os resultados do Concurso de
Carcaças Angus, no Barranco, durante a confraternização e premiações
dos vencedores, era a supervisora do
Programa Carne Angus Certificada
no Rio Grande do Sul, a veterinária
Ana Doralina Alves Menezes. Segundo ela, ficou evidente que os produtores preparam seus lotes para a competição deste ano. “Praticamente todos, ou muitos dos participantes reuniam condições de vitória, pelo
altíssimo nível dos lotes que apresentaram”, definiu a técnica.
O acabamento dos animais que
participaram do concurso igualmente
foi elogiado pelo diretor de compras
de gado do Frigorífico Mercosul,
Mario Macedo. Segundo ele, foi este to do criador para valorização do
quesito que determinou o diferenci- evento.
al do produto apresentado este ano.
Macedo, no entanto, esperava
“Tivemos praticamente um só pa- que a participação dos produtores de
drão”, ilustrou. Macedo salientou Angus no concurso fosse maior. Ele
que este deveria ser o aspecto mais lembrou também que os produtores
valorizado numa avaliação da quali- devem ter em mente que um progradade dos animais. Ele também atri- ma como este tem o perfil de um inbuiu o bom desempenho dos parti- vestimento. Destacou que a análise
cipantes à época do ano, que é favo- não pode ser baseada apenas no prerável às pastagens, permitindo anali- ço ou no momento. “É uma oportusar o gado na melhor época do ano nidade de pensar no fruto que o proem termos de qualidade de pasto, grama irá gerar para a propriedade”,
onde os animais podem expressar definiu Macedo.
>>
todo seu potencial. “Pegamos o auge
da qualidade
do rebanho”,
disse. O especialista, que
participou de
todas as edições do concurso, destacou ainda o
maior comprometimenProdutores e convidados assistiram ao abate em Alegrete
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CARNE
Experiência a serviço de todos
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Após o III Concurso de Carcaças Angus, ainda em Alegrete, RS, os campeões da edição anterior foram convidados pela organização do evento a falar aos demais participantes. Marcelo Linhares e Jorge Torelly, representando a AML Agropecuária, procuraram dizer às pessoas um pouco sobre a experiência vencedora que vem experimentando, tanto no desenvolvimento da raça, que resultou na premiação, quanto depois do reconhecimento
conquistado no Concurso de 2007.
Eles agradeceram a oportunidade e destacaram a rígida seleção genética que estabelecem na propriedade, para
a criação de bovinos (e também de ovinos), como fator decisivo na hora de estabelecer um projeto bem sucedido.
"P
rimamos por melhor acabamento em menor tempo”, explicou Torelly. Ele
relatou que sua produção está focada
em novilhos e cordeiros para abate,
mas também produz lã fina, que é
uma tradição da família. Os critérios
que o produtor utiliza na seleção de
seu gado são, principalmente, a fertilidade e a habilidade materna,
numa criação feita totalmente em
regime de campo nativo.
Por sua vez o criador Fernando
da Costa Beber, da Pulqueria
Agropecuária, em São Sepé, RS, que
foi o vice-campeão do II Concurso
de Carcaças Angus, ressaltou que o
Rio Grande do Sul deve valorizar
mais a sua pecuária de corte.
“Ocupamos o sexto lugar no
ranking dos produtos mais cultivados no Estado, mas temos condições
de sobra para nos tornar a primeira
atividade”, aposta. Ele afirma que a
Participantes do III
Concurso de Carcaças Angus
Vandi Coradini - Santa Corina Agropecuária e Aliança
Agropecuária – Bagé
Fernando Costa Beber – São Sepé
João Francisco Bade Wolf – Tapes
Suc. Alicinda Vasconcellos – Rosário do Sul
Maria Virginia Vasconcellos – Santana do Livramento
José Azhaury Macedo Linhares – Manoel Viana e Santana
do Livramento
Maria Zulmira Dias Mariano da Rocha – Manoel Viana
Beatriz Isabel Correa Osório – Alegrete e Santana do
Livramento
Antônio Carlos Torres Vicente e Silva – Dom Pedrito
Eduardo Macedo Linhares, Gap – Uruguaiana
Ayrto Alberto Schvan – Dom Pedrito
Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello – Tapes
cultura vive um bom momento, porque os preços estão favoráveis ao produtor, além de ser uma atividade de
fácil desenvolvimento e evolução.
“Basta fazer um manejo adequado,
aproveitando as pastagens de qualidade, mas é fundamental prestar
atenção ao clima, muito instável”,
explicou.
Um fator importante destacado
por Beber é o respeito que o produtor deve ter com relação à natureza e
Jorge Torelly, da AML Agropecuária
Fernando Beber, da Pulqueria Agropec.
também ao animal. “O meu gado
jamais fica estressado. Procuro nunca maltratar o animal, nem deixá-lo
preso”, ensinou.
comercialização que passou da casa
de R$ 1 milhão. Para o dirigente, o
Programa Carne Angus Certificada,
que começou tímido, hoje está consolidado e segue literalmente seduzindo produtores e parceiros e, por
conseqüência, o mercado de modo
geral.
José Paulo Cairoli não tem dúvidas de que o concurso de carcaças
Angus, e seu irretocável sucesso – é
parte importante da divulgação do
Programa Carne Angus Certificada,
cujos produtos, cortes nobres de carne de alta qualidade, chegam aos consumidores, no RS, através dos parceiros Frigorífico Mercosul, Supermercados Zaffari e Restaurante Barranco, sem falar dos demais parceiros que compõe o time da ABA. “Esse
tipo de foco, de parceria, é o presente e o futuro de nossa atividade”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Angus.
>>
Angus é crescimento
Em sua fala, na abertura da cerimônia de entrega de prêmios do lll
Concurso de Carcaças Angus, o presidente da Associação Brasileira de
Angus (ABA), José Paulo Dornelles
Cairoli pronunciou várias vezes a
palavra crescimento. “É a realidade
da raça Aberdeen Angus e também a
do Programa Carne Angus Certificada, que crescem a cada momento
e conquistam a importância que o
mercado já percebe, cada vez com
maior clareza e intensidade”, sintetizou.
Cairoli lembrou, por exemplo,
que na última Expointer a Angus se
superou e foi bem além do que obtiveram as demais raças, fixando uma
Critérios de avaliação
Idade – 30%
Peso – 30%
Terminação – 20 %
Conformação – 20 %
Nos julgamentos de classificação das carcaças, foram valorizados critérios de avaliação
tais como: peso, maturidade
(idade), conformação e acabamento, além de quesitos relacionados à sanidade, característica essencial da carne de qualidade.
Os animais também precisa-
vam apresentar um mínimo de
50% de sangue Angus no cruzamento com raças européias ou
um mínimo de 5/8 de sangue
Angus no cruzamento com raças
zebuínas (padrão racial Carne
Angus Certificada), ser jovens,
com idade de até quatro dentes, e o lote possuir um mínimo
de 20 animais.
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CARNE
Vencedores do III Concurso de Carcaças Angus
receberam prêmios no Restaurante Barranco
Os vencedores do III Concurso de Carcaças Angus realizado na unidade de Alegrete do Frigorífico Mercosul – parceiro da Associação Brasileira
de Angus, foram agraciados com prêmios em reunião-almoço realizada dia
23 de setembro no Restaurante Barranco, em Porto Alegre, RS.
A
ntonio Carlos Torres Vicente
e Silva (Perico), do Condomínio Yordi Vicente e Silva
(Dom Pedrito/RS), vencedor na categoria Angus Definido, recebeu o prêmio das mãos do presidente da ABA,
José Paulo Dornelles Cairoli. O dirigente da AML Agropecuária (Santana
do Livramento e Manoel Viana/RS),
José Azhaury Macedo Linhares, distinguiu-se com o troféu de lote reservado
campeão. Já a criadora Beatriz Isabel
Corrêa Osório, da Agropecuária Corrêa
Osório (Santana do Livramento/RS),
faturou o terceiro melhor lote desta
edição do Concurso.
Na categoria Cruza Angus, o lote
grande campeão dessa categoria foi para
a (São Sepé/RS), de Fernando Costa
Beber. O lote apresentado por Vandi
Coradini, da Santa Corina
Agropecuária (Bagé/RS), foi reservado
campeão. A Sucessão
Alicinda Vasconcelos (Rosário do Sul/RS) faturou o
terceiro melhor lote Cruza
Angus.
Para a diretora do Programa Carne Angus Certificada, Vivian Diesel Pötter,
a terceira edição comprovou que os produtores passaram a investir na
Presidente da ABA destacou qualidade dos lotes
Vivian valorizou crescimento
da qualidade em relação a 2007
Ambiente descontraido e a saborosa Carne Angus marcaram a solenidade
melhoria das carcaças, já que foram
apresentados lotes de animais diferenciados e bem superiores à edição anterior do Concurso. “Os resultados têm
a ver com a conscientização do produtor em entregar animais cada vez melhores e no investimento em genética
que tem sido feito ao longo dos últimos anos.” O diretor de compra de
gado do Frigorífico Mercosul, Mário
Macedo, ressaltou a apresentação dos
animais como ponto forte do III Concurso de Carcaças Angus. “Os produtores capricharam e deram provas de
que começaram a entender, e a valorizar, o que é um concurso de carcaças,
que baliza o que o mercado está exigindo, isto é, carne de qualidade.” O
diretor do Frigorífico Mercosul citou
ainda presença de mais animais com
conformação subconvexa e pesados,
exemplificando animais com dois den-
tes de leite que chegaram a apresentar
300 quilos de carne.
Entre os presentes no evento, destaque para a equipe do Frigorífico
Mercosul representada por Mário
Macedo, diretor de compra de gado e
Armando Salis, diretor comercial. Os
Supermercados Zaffari foram representados por Vilmar Borsati, Carlos
Dienstmann e Luis Carlos Agnoletto.
Pela ABA, as presenças do presidente
José Paulo Dornelles Cairoli, Paulo de
Castro Marques, Vivian Diesel Pötter,
Flávio Alves e Luiz Walter Ribeiro.
CARNE
Outubro de 2008
21
Fotos: Horst Knak/Agência Ciranda
Perico recebeu o troféu Melhor Lote Angus Definido
Fernando Beber apresentou Melhor Lote Cruza Angus
AML Agropecuária foi Reservado Grande Campeão Angus Definido
Santa Corina foi Reservado Cruza Angus
Agropecuária corrêa Osório foi Terceiro Melhor Lote Angus
Guilherme Vasconcelos, da Sucessão
Alicinda Vasconcelos - Terceiro Melhor
Lote Cruza Angus
22
Outubro de 2008
INFORME PUBLICITÁRIO
O desafio sanitário de expandir mercados
Foto: Divulgação
Por Octaviano Alves Pereira Neto
Desde os primórdios da civilização,
o Homem busca adaptar-se às condições climáticas para prover alimento
para seu sustento e de sua família. Paralelamente, a pecuária mudou de nômade à sedentária, concentrando os
animais em determinadas áreas o que
trouxe consigo o surgimento de doenças parasitárias e infecciosas que
impactam negativamente sobre a produção animal.
Em uma revisão recente sobre resistência aos parasitos, Jonsson (2005)
analisou diversos trabalhos sobre a migração realizada pelos bovinos há milhares de anos, os quais saíram da Ásia
em direção à Europa e à África em pelo
menos duas grandes correntes migratórias. Uma delas deslocando-se para a
região próxima à linha do Equador,
onde as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento de parasitos
(por exemplo, o carrapato), selecionando aqueles bovinos mais resistentes, os
quais sobreviveram e geraram filhos,
surgindo as raças zebuínas. O outro
grupo migrou para o norte, uma região de clima mais ameno, formando
as raças taurinas, tanto continentais
como britânicas. A fertilidade dos solos e as pastagens abundantes geraram
animais de alto potencial produtivo,
porém devido ao menor desafio parasitário, a seleção natural para resistência aos parasitos foi menor, especialmente para os ectoparasitos. Estas diferenças de sensibilidade variam também entre indivíduos da mesma raça e
esta variabilidade perdura até hoje.
Na atualidade, existe cerca de 250
raças bovinas de importância econômica (Barbosa, 2003), as quais foram formadas a partir das características de
cada local de origem. Condições
nutricionais e sanitárias interferiram em
sua formação, nas quais os indivíduos
melhor adaptados sobreviveram e constituíram as gerações subseqüentes. A
importação de animais de uma região
para outra (ex: Europa para o Brasil)
vem ocorrendo desde o século XVIII,
muitas vezes trazendo genótipos que
necessitam se adaptar à novas realidades. Este autor menciona a presença de
60 raças no Brasil.
Esta breve introdução tem por objetivo discutir a adaptabilidade de certos genótipos a determinados ambientes hostis e a viabilidade de colher os
benefícios de seu potencial produtivo
nestas realidades. O Brasil possui dimensões continentais, com climas que
vão de geadas e neve à temperaturas
médias constantes acima dos 35ºC.
Temperaturas acima de 15ºC e umidade relativa do ar elevada são condições excelentes para a manutenção e
proliferação das populações de parasitos, caso não sejam tomadas medidas
de controle parasitário eficazes.
O Programa Carne Certificada
Angus, desenvolvido pela ABA e agora
expandindo para o restante do país em
parceria com o Frigorífico MARFRIG
é uma idéia brilhante e uma tremenda
oportunidade de crescimento da Raça
na regiões do Centro-oeste, Sudeste e
Norte do país, aproveitando o elevado
potencial produtivo do genótipo Angus
sobre uma vasta base de vacas Nelore.
Os bovinos oriundos de cruzamento (europeu x zebuíno) apresentam
maior resistência aos ectoparasitos que
os taurinos puros, mas mesmo assim
têm prejuízos e queda na sua produtividade pela ação de carrapatos. Esta é
uma real “barreira parasitária” ao crescimento destes sistemas em ambientes
menos favoráveis, devendo ser alvo de
cuidados por parte dos produtores.
A adoção de programas integrados
de controle de parasitos internos e externos, alicerçados em manejo de ambiente e controle químico com drogas
eficazes, é uma alternativa para o sucesso desta e outras iniciativas, as quais
visam desenvolver uma pecuária de
maior nível produtivo. Busque sempre
o apoio de profissionais capacitados que
o auxilie no planejamento sanitário do
rebanho, visando alcançar os benefícios oriundos da heterose dos programas
de cruzamento, especialmente em ambientes favoráveis ao desenvolvimento
dos endo e ectoparasitos.
Méd. Vet., Mestre em Zootecnia
Gerente Técnico - Bovinos
®
Marca Registrada da Novartis, AG,
Basiléia, Suíça.
Todos os direitos reservados. É proibida
a reprodução total ou parcial do
conteúdo desta publicação sem a
autorização da Novartis Saúde Animal
MOVIMENTO
Sumário de Touros Angus 2008
O Sumário de Touros Angus
2008, já está disponível aos sócios da
Associação Brasileira de Angus
(ABA), participantes do Promebo/
Angus e integrantes do Programa
Carne Angus Certificada. Os touros
selecionados apresentam produtos
nascidos nos últimos cinco anos, com
mais de 20 filhos avaliados, e com
várias tendências genéticas como perímetro escrotal, características relacionadas à fertilidade e precocidade,
Conformação, Precocidade,
Musculatura (CPM) – que
são escores visuais –, além da
análise de Área de Olho de
Lombo (AOL) e Espessura
de Gordura Subcutânea
(EGS).
Na edição 2008, o produtor encontra a avaliação de
690 touros, com mais de 300
rebanhos e 156.000 produtos avaliados para características como ganho de peso do
nascimento a desmama. Integrante do conselho técnico da ABA, Susana Macedo
Salvador, destaca a evolução
dos rebanhos observada nos
gráficos de tendência genética. “É possível visualizar o progresso
genético dos animais, avaliados desde 1984, como o incremento no ganho de peso, sem o aumento de peso
ao nascimento”, avalia. O sumário
traz ainda tabela para as 48 vacas PO
e PC, com índice Final DECA. Números que demonstram, segundo
com a assessora técnica da ABA,
Fernanda Kuhl, “a preocupação dos
criadores com as avaliações de fêmeas”.
Em sua 18ª edição, o sumário é
ainda a principal ferramenta de seleção para os produtores, “e não
pode deixar de ser consultado”, ressalva Susana. Para o coordenador
técnico do Promebo, Leonardo
Campos, o trabalho é instrumento
fundamental na escolha de
reprodutores, tanto por criadores,
como pelas centrais de inseminação.
“Só temos que ficar contentes e valorizar cada vez mais nosso trabalho”, comemora.
Os interessados em obter o material podem solicitar junto à Associação Brasileira de Angus pelo fone
(51) 3328.9122
Novas gerências
na ABA
A partir de 1º de Outubro,
Fernando Velloso deixa a gerência de operações e passa a ser gerente do Programa Carne Angus
Certificada e coordenador do
Terneiro Angus Certificado. A
Gerência Administrativa e Financeira da ABA ficará ao cargo
de Tânia Gomes Ferraz.
Outubro de 2008
23
Feiras de outono mantiveram
sobrepreço para os
Terneiros Angus Certificados
Nas feiras de terneiros realizadas no Rio Grande do Sul e no Paraná,
onde havia oferta de terneiros certificados pelo programa da ABA, os ganhos
na hora da comercialização ficaram mais uma vez comprovados, com
sobrepreço chegando até 8% acima do valor médio dos animais
comercializados nas feiras.
Estes resultados só vem confirmar a grande procura e qualidade dos
terneiros angus comercializados. No ano de 2008 já foram certificados 3.000
terneiros, a grande maioria comercializados nas feiras. Nas feiras da primavera estes ganhos irão continuar.
Entre em contato com nossos técnicos ou através do e-mail
[email protected] e certifique seus terneiros, Cada vez mais, está se mostrando um ótimo negócio.
24
REPORTAGEM
Outubro de 2008
Touros? A hora é agora.
Por Eduardo Fehn Teixeira
Já houve época em que, num recinto de leilão de produção, numa tradicional fazenda, o leiloeiro, depois de trabalhar um lote - um trio de touros que estava sendo ofertado em pista, com lances a escolher - finalmente bateu o martelo, informando: “vendido para o cavalheiro aqui
à minha direita”. E olhando firme para o vivente, depois de agradecer pela compra, logo solicitava: “o senhor pode escolher o
touro!” E de pronto, o tal cidadão, com um ar de muito orgulho, tradição e antiguidade em pecuária, exclamava, cheio de
razão e em alto e bom tom, para todos ouvirem: “Me separa ali
o grandão...”
Pois esta época ficou mesmo para trás e pertence hoje aos
tempos antigos. E em se tratando de Angus, então, fatos como esses são
ainda mais raros. Hoje já se tem um número reduzido de produtores que compram touros baseados somente no fenótipo. A grande maioria utiliza a tecnologia disponível (dados
mais fenótipo) para a escolha do touro.
Os verdadeiros produtores bem sabem que atualmente, óbvio que o que se está vendo, o biótipo,
o tipo do touro e o seu estado, com certeza, para uma análise visual, valem muito na hora da escolha,
da compra. Mas esses elementos precisam ser complementados com o que se convencionou chamar de
“a ficha do bicho”. Ou seja, o reprodutor precisa ter analisados os seus dados de performance. Esses
dados efetivamente devem recomendá-lo, indicando que ele vai cumprir sua função, realmente agregando características desejáveis à sua produção.
Até porque, do contrário, este touro será muito mais um sério candidato ou a fazer verdadeiros
estragos revelados na produção da terneirada em rebanhos comerciais ou - o que é mais correto para a
pecuária como um todo - a sobrar na pista do remate.
Mas nunca é demais, mesmo que seja, como muitos dizem “coisa dominada”, repetir conceitos e
recomendações que sempre são de grande utilidade na hora de investir e escolher bons touros, como
ferramentas essenciais para uma qualificada produção na temporada. Afinal, a hora é agora!
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
Ricardo Macedo Gregory
A escolha do touro depende
da finalidade da produção
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
O assunto é realmente complexo, se consideramos, por exemplo, que cada
caso é um caso. O produtor pode adquirir desde touros tatuados PC com
origem totalmente desconhecida, pode comprar PC com algumas gerações
conhecidas, pode investir num PO, com todos os dados à disposição ou ainda
arrematar um touro dupla tatuagem, que é o Fórmula 1 da produção de
campo. O melhor touro que existe, tanto PO quanto PC, é o touro dupla
tatuagem, porque além do trabalho de seleção da cabanha, ele tem todo um
trabalho de melhoramento genético. Esse reprodutor corresponde ao grupo
40% superior de todos os rebanhos amarrados ao Promebo.
maior número de dados possível, com
o maior número de gerações conhecidas”, recomenda.
Já o touro dupla tatuagem é um
touro de elite, praticamente um
supertouro. “Ele integra os 40% superiores de todos os rebanhos amarrados no Promebo”, qualifica o dirigente do Conselho Técnico da ABA.
M
Fórmulas conhecidas
Mas, conforme Ricardo Gregory,
existem fórmulas conhecidas, que já são
praticamente dominadas pelos produtores, embora nunca seja demais repeti-las. “Assim, se o touro vai ser usado
em novilhas de primeira cria, deve-se
procurar touros que em seu mérito genético, agreguem a característica de facilidade de parto”, exemplifica. E ele
segue citando recomendações pontuais: se está comprando para produzir
terneiros, que serão vendidos ao des-
as falando com os especialistas na matéria, fica
possível fazer algumas
recomendações, que via de regra se
encaixam na maior parte dos casos.
“O ideal seria determinar o objetivo da produção e ter todas as vacas
controladas. Aí a escolha do touro
ideal fica bem mais certeira”, observa o veterinário Ricardo Macedo
Gregory, atual presidente do Conselho Técnico da Associação Brasileira
de Angus (ABA). Tentando ser o mais
didático e direto possível, Gregory
começa falando sobre o touro tatuado PO (Puro de Origem): “é um animal que tem todas as gerações controladas e portanto dispõe de todos
os dados necessários a uma correta
avaliação na hora da escolha”, define.
Já o touro tatuado PC (Puro por
Cruzamento), pode ter até três gerações conhecidas. “Mas se a opção for
por um touro PC, o ideal é que o
produtor procure animais com o
mame, deve buscar touros com altos
DEPs para peso à desmama; se o produtor faz o ciclo completo, da cria à
terminação, então a preocupação precisa ser com o DEP final do touro, que
deve ser o mais alto possível. “E os
cabanheiros, que produzem touros, ou
vão optar pelos tatuados PO ou, melhor ainda, pelos dupla tatuagem”,
aponta o veterinário.
REPORTAGEM
Outubro de 2008
25
Portanto, acerte no alvo!
Fotos: Divulgação/ABA
Touros precisam ser melhoradores
Walter Ney Louzada Ribeiro
“Os touros precisam ser
melhoradores. Eles precisam ter sido
selecionados a partir de parâmetros
reprodutivos, além do mérito genético, com características objetivas de
ganho de peso, DEPs (Diferenças
Esperadas na Progênie) ao nascimento, ao sobreano, índices de
performance da mãe e as características objetivas que integram os bons
programas de melhoramento genético”, assevera o veterinário Walter Ney
Louzada Ribeiro, ex-professor da Faculdade de Veterinária da UFPEL,
instrutor do Senar e consultor em reprodução animal.
Campeiro e com larga vivência
em orientação de rebanhos topo de
linha na área da produção pecuária,
Walter Ney lembra de quesitos que
se por um lado podem até ser óbvios, por outro são de suma importância: “é fundamental que os touros
tenham saúde comprovada, para poderem expressar todo o seu vigor ao
caminhar à procura das vacas. E que
venham de cabanhas idôneas”. Ele
também recomenda que, na análise
dos dados, a preferência deve recair
sobre touros que vão agregar ao rebanho características que representem carências e que dependem muito mais da observação do criador sobre sua vacada, seu rebanho de produção.
“O que se quer é a produção de
carne de qualidade, de carcaças cor-
retas e produtivas. Mas o touro também pode adicionar mais fertilidade,
mais precocidade, entre vários outros
aspectos mais necessários em alguns
casos e menos noutros, mas sempre
desejáveis, quando se busca produzir
mais e melhor” observa o especialista.
“A pecuária de cria tem aquecido
o mercado de touros. Com a valorização do terneiro, o touro cresce em
importância”, aponta. E segundo ele,
com a intensificação do uso da
Inseminação Artificial a Tempo Fixo
(IATF) e de modo geral com o repasse feito com o touro, este produto, o touro novilheiro ou comercial,
fica com demanda cada vez maior.
Leo Warszawsky
A preferência deve
ser por tipos médios
“O ideal, para reduzir as margens de erro, é buscar touros de
estatura média – frames 5 a 6 - e
que têm elevado ganho de peso”,
aponta o experiente veterinário
Leo Warszawsky, sócio gerente da
Semeia Genética. Ele também
chama a atenção para o fato dos
animais terem boa saúde. “O criador deve ter o cuidado de só adquirir touros sadios, com todos
os exames necessários e especialmente livres das doenças da reprodução”.
E com certeza Warszawsky recomenda a opção por
reprodutores que tenham dados
de performance – DEPs, entre
outras informações, como por
exemplo exame de ultrasom. “O
ideal é a busca por animais com
peso baixo ao nascer. Isso é fundamental, porque vai facilitar os
nascimentos”, destaca, observando também que deve ter DEP
bom de ganho de peso pós-desmama. “O importante não é o tamanho do touro e sim os seus dados”, sintetiza.
A partir do resultado do ultrasom, o veterinário observa que
touros com boa área de olho de
lombo vão contribuir para o maior rendimento dos cortes no varejo e a gordura de cobertura também revela precocidade de acabamento. Leo Warszawsky recomenda a aquisição de touros de
dois anos. “A raça Aberdeen
Angus é precoce”, argumenta.
26
REPORTAGEM
Outubro de 2008
Adaptação ao meio e
performance comprovada em dados
José Fernando Piva Lobato
“O touro ideal precisa estar adaptado ao meio de criação e apresentar
dados de performance compatíveis
com as necessidades do comprador,
a partir das deficiências percebidas
em seu rebanho”, sintetiza o professor de pecuária de corte e produção
animal do departamento de
zootecnia da UFRGS, José Fernando
Piva Lobato.
Com a experiência de toda uma
vida dedicada à eficiência da produção pecuária, Lobato não hesita em
afirmar que é preciso estar atento ao
meio de produção, que é um regime
totalmente a pasto, que é o que
viabiliza a pecuária nacional. Assim,
o touro tem que ter saúde em dia e
estar bem adaptado e apresentar todas as condições de trabalhar com desenvoltura neste meio.
Com o mesmo vigor, o especialista alerta que hoje não se pode escolher touros sem analisar os seus indicadores de mérito genético, o seu
desempenho, seja dos seus ancestrais,
como também as DEPs. “É fundamental, especialmente quanto a características funcionais, como peso ao
nascer e facilidade de parto, como o
desempenho posterior a este dois
momentos. A parição é crucial, porque se não houver nascimento, não
haverá vida”, ensina.
Para Lobato, é preferível optar
por um touro que tenha peso ao nascer Deca 1 (ou seja, baixo peso ao
nascer), e peso à desmama de 215 kg
do que por um touro Deca 10 para
peso ao nascer (o pior índice de todos) e 235 kg para peso ao desmame. “É melhor ter um terneiro de
Foto: Felipe Ulbrich/ABA
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
215 kg, do que correr o risco de não
ter nada devido ao alto peso ao nascer e ainda prejudicar a fêmea na hora
do parto”, assevera. Ele observa ainda que, se as vacas forem todas
identificadas e controladas, aí o ajuste
da escolha do touro fica ainda mais
técnico e com uma enorme redução
das margens de erro.
Mas além de chamar a atenção
para o peso ao desmame e peso ao
sobreano, José Fernando Lobato cita
outros quesitos que também são importantes, como aprumos. O técnico
lembra também que cada vez mais os
frigoríficos tipificam a carne - a área
de olho de lombo tem relação íntima
com a quantidade de cortes comerciais na carcaça. E a gordura subcutânea revela a velocidade de acabamento, de terminação do novilho.
Os cuidados de compradores de fora do RS
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
Antônio Francisco Chaves Neto
Atuando numa vasta região do
Brasil (com base em Arapongas, no
Paraná), onde os cruzamentos são os
principais alvos dos compradores de
touros Angus, o veterinário Antônio Francisco Chaves Neto, técnico
da ABA, faz algumas recomendações
que, segundo ele, precisam ser observadas pelos criadores, sob pena
do touro não trabalhar e com isso
não produzir.
A primeira medida aos criado-
isto, gastam um maior número de
saltos para a realização da cópula,
com um gasto de energia superior
aos touros maduros”, relata.
Assim, observa o veterinário que
é recomendável nestes casos de touros jovens a realização de um rodí-
zio, deixando o touro com as vacas
10 a 30 dias e reservando-o em igual
período para descanso. “E dependendo das condições das pastagens,
este período de descanso deve ser
acompanhado
de
uma
suplementação alimentar”, ensina.
E entre outras recomendações,
Antônio Chaves Neto fala sobre o
perímetro escrotal dos reprodutores.
“Touros acima de 42 cm de circunferência escrotal, têm vida útil mais
curta em regiões mais quentes”, adverte o técnico da ABA.
Foto: Divulgação/ABA
res de Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, do Mato Grosso e do Mato
Grosso do Sul, que vão comprar touros na temporada gaúcha de leilões
desta Primavera, é saber se esses animais foram criados a pasto ou racionados e se já tiveram contato com
o Carrapato. “O carrapato transmite a tristeza parasitária bovina e se
esses touros ‘não conhecem’ o carrapato, precisam passar por uma
premunição”, alerta o veterinário.
Com as temperaturas mais elevadas – quando mais ao Norte no
Brasil mais quente fica – Antônio
Chaves Neto alerta sobre o pêlo dos
touros. “A cor da pelagem, seja preta ou vermelha, é indiferente. Mas
precisam ser touros pelechados, ou
seja, com pêlos curtos, para suportarem bem o calor”, explica o técnico.
Outra recomendação de Chaves
Neto está relacionada com os touros de 2 anos. “Até os 3,5 ou 4 anos,
esses touros estão em fase de desenvolvimento e ainda não têm experiência na realização da monta. Com
Produtos desejados no Brasil Central: filhos de vacas Nelore e touros Angus
REPORTAGEM
Outubro de 2008
27
Manejo pós-compra para touros Angus
Preocupada em estar sempre ao
lado do produtor que utiliza a eficiência genética Angus, a Associação
Brasileira de Angus (ABA) elaborou
esta série de recomendações úteis,
que formam um verdadeiro “manual
de uso da tourada”.
Manejo de adaptação
- Na chegada dos animais, observar o estado geral e as condições.
Notando alguma alteração, avisar
imediatamente o médico veterinário
responsável.
- Não misturar com outros touros, só após a temporada de monta.
- Fazer a adaptação através de
pastoreio por duas semanas em
potreiros e boas pastagens, boas aguadas e com sombra adequada.
Manejo clínico-sanitário
- Verificar se os animais foram
vacinados recentemente para aftosa,
carbúnculo hemático, carbúnculo
sintomático, gangrena gasosa e
leptospirose. Fazer reforço anual, preferencialmente durante a Primavera.
- Controlar a verminose
dosificando de forma contínua, com
intervalo de 60 dias e usar antihelmínticos avançados.
- Tristeza Parasitária: verificar se os animais estão pré-munidos para Tristeza Parasitária, no entanto, recomenda-se
uma
infestação moderada e
progressiva de carrapatos. Para tal, fazer três
banhos estratégicos
com vinte dias de intervalo a partir da
aquisição.
- Nunca deixar
carrapatear em excesso.
- Não utilizar medicamentos à
base
de
corticóides
(imunodepressores), somente sob
orientação do médico veterinário.
- Recomenda-se a vistoria diária
dos touros em reprodução, observando detalhadamente alterações de
comportamento, bem como
prepúcio, pênis, aprumos, olhos, etc.
Se necessário, retirar os touros do
serviço e adotar tratamento imediato, conforme orientação veterinária.
Manejo reprodutivo
Independentemente do tipo de
sistema de acasalamento, realizar
Foto: Felipe Ulbrich/ABA
anualmente teste de fertilidade em
todos os touros.
Monta
natural
com
Reprodutores múltiplos (RM) ou
Reprodutor Único (RU)
- A utilização de RU propicia orientações nos acasalamentos, avaliação individual dos reprodutores (fertilidade e dados da progênie);
- Quando utilizar RM, monitorar
a dominância entre os touros. Sempre que identificar um “touro
dominador”, ele deve ser o primeiro
a entrar no rodízio ou ser utilizado
como RU.
- Fazer rodízio de 15 em 15 dias,
isto é, colocar os touros em serviço 15 dias
e depois dar repouso
sexual de 15 dias;
- Usar carga de touros na proporção adequada - de 25 a 30 vacas por touro;
- Não utilizar
potreiros muito grandes durante o período
de monta e juntar o
rodeio de cria 2-3 vezes por semana.
Monta controlada
- Indicado para reprodutores de
alto valor genético;
- Aumenta em 2-4 vezes o potencial de utilização de um touro;
- Acompanhamento diário do
touro.
Congelamento de sêmen para IA
- Multiplica ao máximo o potencial de utilização de um touro;
- Indicado para reprodutores de
alto valor genético, preferencialmente, provados;
Manejo Alimentar
- A Condição Corporal ideal, no
início da temporada de monta, para
um touro é 4 +/- 0,5 (escala 1=magro e 5=gordo);
- Os touros jovens estão em fase
de crescimento. Portanto, eles requerem cuidados especiais e um bom
nível alimentar sempre.
- Utilizar suplementação mineral
permanente e adequada.
- Reservar um potreiro de pastagem de inverno para os touros, pois
isso proporciona muitos ganhos: vida
útil mais longa dos touros, menos
gastos em reposição e taxas mais altas de prenhez.
Orientações genéticas básicas
- Usar DEPs conforme seus objetivos de produção e a genética de
seu rebanho.
- Para facilidade de partos em
vaquilhonas / novilhas, usar touros
com baixas DEPs para peso ao nascer.
- Para produção de terneiros, usar
touros com alta DEP ao desmame.
- Para produção de novilhos, usar
touros com alta DEP ao sobreano e
DEPs para conformação, precocidade e musculatura.
- Para incrementar fertilidade,
usar touros com alta DEP para perímetro escrotal.
28
EXPOINTER
Outubro de 2008
Sucesso do Angus na Expointer:
Ação total e mais de R$ 1 milhão em vendas
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
Praticamente sem novidades ... A
raça Aberdeen Angus fez nesta
Expointer 2008 o que já vem fazendo nos últimos anos e o que todos já
esperavam: um enorme sucesso, o
maior deles no parque de Esteio.
S
omando as vendas do Golden
Angus, que faturou R$ 315,6
mil, ao leilão VII Angus Rústico do Sul, que comercializou R$ 403,5
mil e à 1ª Feira da Novilha Angus, que
somou R$ 385,38 mil, a raça movimentou um total de R$ 1.104.480,00
durante esta Expointer, registrando
um novo recorde para esta importante feira. Em 2007 a fatura fechou em
R$ 719,1 mil em dois leilões.
Numa avaliação geral, fica clara a
supremacia da Angus entre os bovinos
de corte. Contabilizadas a venda de
todas as outras raças expostas (Charolês,
Devon, Hereford, Polled Hereford,
Braford e gado geral comercializado na
Feira de Novilhas Selecionadas) o total
chega tão somente R$ 653,040 mil. E
no total, a venda de animais nesta
Expointer chegou a R$ 10,651 milhões, destes R$ 8,275 milhões referemse a eqüinos Crioulos.
O brilho começou pela organiza-
ção da mostra, criteriosamente planejada pela Associação Brasileira de
Angus (ABA), que durante toda a exposição literalmente envolveu os criadores, técnicos e interessados em
Angus através de um grande número
de atividades e ações do quilate do
Workshop Carne Angus, que levantou e debateu temas da hora.
Mas o movimento Angus na
Expointer seguiu pelo pavilhão de
gado de corte, onde o número e a
qualidade dos animais chamava a atenção de todos. Pudera: eram 154 fêmeas e 80 machos, levados por 54
expositores do Rio Grande do Sul,
Paraná e de São Paulo.
Depois foi para as pistas de julgamentos de classificação, onde se viram
animais feitos na fôrma. E a superação, o fecho com chave dourada surgiu nas vendas. Imagine só o tamanho deste sucesso: somados os resultados dos eventos comerciais da Angus
na Expointer 2008 - o VII Angus
Rústico do Sul, o Leilão Golden Angus
e a 1ª Feira da Novilha Angus, de longe o resultado da Angus foi muito
além do que fizeram todas as outras
raças de corte expostas do parque Assis Brasil, em Esteio.
Concorrido final do Grande Campeonato de Fêmeas
Foi o legítimo termômetro, que dá
aos criadores e investidores uma idéia
nítida e otimista de quão afiada vai
ser a temporada de leilões desta Primavera, que já se inicia por todos os
cantos do Estado.
Acreditou e acertou em cheio
Mas entre todos os expositores de
Angus na Expointer, um deles acreditou como nunca nesta exposição. Foi
Roberto Soares Beck, da Estância do
Espinilho, de Cruz Alta, RS. Ele apostou pesado. Levou para a feira, entre
rústicos e produtos de argola, um total de 80 animais. E não deu outra.
No leilão VII Angus Rústico do Sul,
além de um trio de touros, vendeu
mais 30 novilhas AD, e na 1ª Feira da
Novilha Angus, negociou mais 37 fêmeas.
No Golden Angus, fez sensação
novamente. Duas fêmeas de sua criação despontaram. Uma delas, campeã
de categoria - vaca, foi arrematada em
50% por R$ 42 mil (segundo maior
preço do pregão). E a terneira, filha
desta vaca, que foi a terceira melhor
terneira da exposição, foi valorizada
em R$ 22,5 mil. Assim, em números
redondos, com seus animais Roberto
O jurado Gustavo Ambroggio
gostou do que viu
Beck foi responsável por 20% do total de vendas de Angus na Expointer,
com 72 animais.
“Acreditei sim na Expointer como
praça de venda e muito mais neste ano,
que está muito bom para a pecuária.
Meus animais estavam bem preparados e, além dos exemplares de argola,
avaliei que haveria grande interesse por
rústicos e por fêmeas, animais comerciais, de produção, que trazem uma
excelente relação custo/benefício aos
compradores”, observou Roberto Beck.
“E não é que acertei”, disse ele, bastante satisfeito com a aposta que fez.
Golden Angus: excelência à venda Produtor Top Mercosul
Na noite de 3 de setembro, a Associação Brasileira de Criadores de
Angus realizou o Leilão Golden
Angus, um dos principais momentos comerciais da raça durante a
Expointer 2008. O evento superou
as expectativas, movimentando R$
315,6 mil com a venda de 27 lotes
por um preço médio de R$ 12 mil.
O total de vendas representou um
incremento de 13,3% em relação ao
evento em 2007, quando foi vendido R$ 278,6 mil.
A grande campeã da exposição,
Major Gemada Kila, da Cabanha
Olhos D’Água em Alegrete, RS foi o
animal mais valorizado do leilão.
50% da fêmea foram arrematados
por R$ 45 mil pelos irmãos Maurício e Fernando Weiand, titulares da
Cabanha Maufer, em Cruzeiro do
Sul, RS.
Os criadores também adquiriram
50% da fêmea Espinilho 5005 por
R$ 42 mil, o segundo maior valor negociado no leilão, além de 50% da
filha da Espinilho 5005, Espinilho
7030 por R$ 22,5 mil, ambas da Es-
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
tância Espinilho,
em Cruz Alta,
RS.
Atualmente,
a Cabanha Maufer cria cavalos
crioulos. De
acordo
com
Maurício Weiand, o momento
positivo da Angus foi somado
ao interesse da
Major Gemada Kila, animal mais valorizado
cabanha pelo
gado de corte. “Nosso objetivo é des- lorização da raça no leilão. “A raça
pontar nas pistas. Queremos come- está num grande momento. A entraçar nossa criação com os melhores da de novos criadores também ajuda
exemplares de Angus”, salientou. a valorizar a Angus”, analisou.
Weiand explica que a parceria na criO leiloeiro do Golden Angus,
ação de animais com cabanhas tradi- Guilherme Minssen, evidenciou a
cionais é uma forma de aprender e distinção dos leilões da raça.
ainda usufruir a melhor genética. “Angus é um leilão diferente, não
“Não poderíamos ter feito melhor es- só pela seleção de animais, mas
colha”, explica. A raça Aberdeen também pelos criadores, pela famíAngus, na avaliação de Weiand, é lia que foi feita. Eles confiam e
uma das mais importantes.
apostam no Angus, sabendo da sua
O presidente da ABA, José Paulo consistência genética e de sua suDornelles Cairoli, comemorou a va- perioridade”, explicou.
Produtores destaque receberam distinção durante Workshop
Em evento realizado dia 4 de setembro, durante a Expointer, a Associação Brasileira de Angus (ABA)
e Frigorífico Mercosul entregaram o
prêmio Produtor Top – Mercosul
Carne Angus 2008 aos produtores
destaque no fornecimento de novilhos ao Programa Carne Angus Certificada.
O primeiro prêmio foi
para Vanderlei Tarouco Garcia, da
Agropecuária Quirí, em Dom
Pedrito, RS. Em segundo lugar ficou
Eduardo Macedo Linhares, da GAP
Genética, em Uruguaiana, RS. O
Condomínio Yordi Vicente e Silva,
de Dom Pedrito, RS, recebeu a
premiação de terceiro lugar.
Em sua segunda edição, o prêmio
Produtor Top Mercosul 2008 teve
como principais critérios a constância no fornecimento de gado, a qualidade e a rastreabilidade do rebanho.
O Programa Carne Angus Certificada tem como principal objetivo
potencializar a cadeia produtiva da
carne Angus, dando suporte aos produtores, que valorizam sua produção
através da diferenciação do produto
ao consumidor.
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MOVIMENTO
EXPOINTER
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Disputa acirrada nas fêmeas premiou a Estância Olhos D’Água
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Grande Campeã, Major Gemada Kila 618
C
om 18 meses, a fêmea
Major Gemada Kila 618,
propriedade da Estância
Olhos D’Água – Alegrete, RS, foi
a vencedora da disputa acirrada
para o campeonato das fêmeas da
raça Aberdeen Angus na Expointer
2008. Uma das proprietárias do
animal, Ximena Dorneles, comemorou a consagração. “É resultado de um intenso trabalho da estância. Trabalhamos muito neste
último ano e este prêmio represen-
Reservada Grande Campeã, Quebracho TE239A
ta uma enorme recompensa ao nosso esforço”, assinalou.
As conquistas foram muito comemoradas no julgamento realizado dia
2 de setembro. O prêmio de reservada grande campeã foi para
Quebracho TE239A, da parceria
Cabanha da Corticeira de Luis
Anselmo Cassol - São Borja, RS e
Agropecuária GB, de Carlos Eduardo Galvão Bueno – Porecatu – PR.
Com 27 meses, a fêmea vem somando premiações ao longo do ano.
“Estamos muito satisfeitos com mais
esta conquista. Esta fêmea vem evoluindo e deverá despontar ainda mais
nos próximos campeonatos”, destaca um dos proprietários do exemplar
por sociedade, Ivan Magalhães.
O jurado argentino Gustavo
Ambroggio escolheu como terceira
melhor fêmea Delicada TE 47, da
Cabanha da Maya, de Zuleika
Torrealba – Bagé, RS. O administrador da cabanha, Chico Vieira, conta
que a propriedade que completa cin-
Terceira Melhor Fêmea, Delicada TE 47
co anos em outubro apresentou o
exemplar Delicada como resultado de
seu trabalho de consistência genética. “Este é o nosso segundo ano competindo e estamos conseguindo atingir todos nossos objetivos”, destacou.
Conforme o jurado Gustavo
Ambroggio os animais apresentados
foram de alta qualidade. “São fêmeas de nível muito parelho, todas muito femininas”, analisou.
O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo
Dornelles Cairoli, parabenizou as
cabanhas vencedoras e agradeceu
a participação de todas pela bela
amostragem. “As cabanhas vêm
trazendo animais ainda melhores
a cada ano que passa. São os produtores contribuindo para o melhoramento da raça”, explica o presidente.
As premiações foram entregues
pelo secretário da Agricultura do
Rio Grande do Sul, João Carlos Machado, e pelo presidente da ABA.
Catanduva foi destaque nos machos
Grande Campeão, Catanduva TE 279 Perfurador King Rob
N
o dia 3 de setembro, foram escolhidos os melhores machos da exposição. O touro de 36 meses
Catanduva TE 279 Perfurador
King Rob, pertencente à Cabanha
Catanduva, de Fábio e Fabiana
Gomes – Cachoeira do Sul, RS foi
escolhido como grande campeão.
Vencedor na Expointer por diversas vezes, Gomes destaca a importância da premiação para o melhoramento da raça. “É preciso agregar valor ao nosso produto, o que
Reservado Grande Campeão, São Bibiano Headliner 6509
só acontece com o Angus”, resumiu.
Os machos Aberdeen Angus
também foram julgados pelo argentino Gustavo Ambroggio. Atuando
pela primeira vez no Brasil, o jurado salientou as qualidades do exemplar campeão, ressaltando a
proporcionalidade do animal. “É
um touro muito bom, com características muito fortes da raça”, analisou.
O reservado grande campeão foi
o touro de 27 meses São Bibiano
Headliner 6509, pertencente a
Cabanha São Bibiano, de Antonio
Martins Bastos Filho – Uruguaiana,
RS. De acordo com o criador, o
touro já apresentava características
de qualidade desde jovem, o que
motivou o investimento no animal.
“Atualmente a raça está em franca
expansão, com animais de alta qualidade, o que torna essa conquista
tão importante para nós”, relata.
A Estância Olhos D’Água, de
Antonino Dorneles - Alegrete, RS,
em parceria com a Cabanha Vertente – Alegrete, RS, faturou o terceiro
Terceiro Melhor Macho, ASD 530 Brigadier Pandero
lugar nos machos com o touro ASD
530 Brigadier Pandero. O animal de
24 meses foi reservado grande campeão da Expointer 2007. Átila
Dorneles, um dos proprietários do
animal, comemorou os resultados da
Estância nesta Expointer. “Vencer
aqui é a realização da minha vida.
Estamos sempre buscando melhorar e isso é um grande reconhecimento para o nosso trabalho”, comentou.
O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo
Dornelles Cairoli, observou a distinção dos exemplares em pista.
“Os animais estão cada vez melhores. Neste campeonato, podemos identificar a consolidação da
raça com características que fortalecem sua supremacia em gado
de corte”.
As premiações foram entregues
pelo vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó, pelo
diretor e ex-presidente Associação
Argentina de Angus, Ricardo Orci
e pelo presidente da ABA.
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Outubro de 2008
EXPOINTER
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Itapororó foi destaque na Copa Incentivo
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Grande Campeã, Itapororó TE02
E
m sua primeira participação
na Copa Incentivo, o Condomínio Agropecuário Itapororó, de Alegrete, RS foi o grande vencedor da competição que está em sua
quarta edição, com o principal objetivo de incentivar a participação de
novos expositores em pista.
Realizada dia 2 de setembro, du-
rante a Expointer 2008, a IV Copa Incentivo teve como grande campeã a
terneira Angus Itapororó TE02 e como
reservada de grande campeã a terneira
Angus Itapororó TE01, ambas com 12
meses e propriedades do Condomínio
Agropecuário Itapororó.
“Desde 1952, criamos Angus, que
sempre teve o predomínio na nossa
Reservada Grande Campeã, Itapororó TE01
propriedade. Já participamos de campeonatos, mas sempre com espécies
PC. É a primeira vez que participamos da Copa Incentivo, com animais
PO. Não esperávamos obter um resultado tão bom”, comemorou um dos
proprietários do condomínio, Antonio Saint Pastous.
A terceira melhor terneira foi a
Terceira Melhor, Corticeiras TE012
Corticeiras TE012 . A fêmea pertence a Corticeiras Agropecuária, Cristal, RS. A criadora e expositora
Carmem Maria Jardim volta a participar de campeonatos na raça depois
de um intervalo de 10 anos. “Estou
muito satisfeita com a colocação da
minha terneira”, avalia Carmem. A
expositora participa pela primeira vez
da Copa Incentivo.
O campeonato teve como jurado
o argentino Gustavo Ambroggio, que
se manifestou satisfeito com as fêmeas
Aberdeen Angus apresentadas. “Todas
são muito boas, mas destaco a grande
campeã, que é uma ótima terneira. Seu
criador debutou belamente na Copa
Incentivo”, definiu o jurado.
EXPOINTER 2008 – DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES
Expositor: ANTONIO MARTINS B.
FILHO, CAB. SAO BIBIANO,
URUGUAIANA/RS
Criador: ANTONIO MARTINS BASTOS
FILHO
GRANDE CAMPEÃ:
ASD 618 MAJOR GEMADA KILA
HBB: 116031 Pel: V BOX: 1290
Tatuagem: 618
Nascimento: 20/02/2007
Tatuagem: TE239A
Nascimento: 05/05/2006
Idade: 27M28d
Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO
TE
HBB: IA755
Pai: LEACHMAN KING ROB 8621
HBB: IA459
Mãe: CATANDUVA IMPALA STRYKER
4128 TE68 HBB: 84084
Peso: 506 Alt: 1.24 Dent: DL
Peso: 986 C.E.: 42.00 Alt: 1.38
Dent: 6 Frame: 4.80
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 29 CDP205: 256
CDP365: 443 CDP550: 601
Idade: 18M13d
Pai: LEACHMAN MAJOR LEAGUE
A502M HBB: IA762
Mãe: ASD 418 RINCON PANCHO
GEMADA HBB: 105558
Peso: 650 Alt: 1.29 Dent: DL
Frame: 5.50 ER: P+
Mãe: RECONQUISTA 544 GRANADA
CANYON MAMBO HBB: 93045
Peso: 702 Alt: 1.36 Dent: 2
Frame: 6.20
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 29 CDP205: 268
CDP365: 408 CDP550: 579
Frame: 5.80
AOL: 76.90 EGS: 7.30 P8: 7.70
CDP Nasc: 32 CDP205: 294
CDP365: 0 CDP550: 0
Expositor: ZULEIKA BORGES
TORREALBA, CABANHA DA MAYA PAP,
BAGE/RS
Expositor: FABIO LUIZ GOMES E
FABIANA DEFERRARI GOMES, CAB.
CATANDUVA, CACHOEIRA DO SUL/RS
Criador: FABIO LUIZ GOMES
RESERVADO GRANDE CAMPEÃO:
SAO BIBIANO HEADLINER 6509
3º MELHOR MACHO:
ASD 530 BRIGADIER PANDERO
HBB: 116014 Pel: V BOX: 1164
Premio Tatuagem: 530
Nascimento: 15/08/2006
Idade: 24M18d
AOL: 103.50 EGS: 12.70 P8:16.00
CDP Nasc: 30 CDP205: 287
CDP365: 465 CDP550: 0
Expositor: ANTONINO SOUZA
DORNELES, ESTANCIA OLHOS
D’AGUA, ALEGRETE/RS
Expositor: PARC.CABANHA DA
CORTICEIRA E AGROPEC GB, CAB.DA
CORTICEIRA/AGROPEC GB,
SAO BORJA/RS
Criador: CARLOS EDUARDO DOS
SANTOS GALVAO BUENO
Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA
GRANDE CAMPEÃO:
CATANDUVA TE 279 PERFURADOR
KING ROB HBB: 110226 Pel: V
BOX: 1177
HBB: 113333 Pel: P BOX: 1174
Tatuagem: 6509
Nascimento: 04/05/2006
Idade: 27M29d
Pai: OCC HEADLINER 661H
HBB: IA679
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
HBB: IA796
Mãe: OTTONO B1120 TE ASPRILLA
HBB: 89036
Peso: 998 C.E.: 48.00 Alt: 1.42
Dent: DL Frame: 6.00
RESERVADA GRANDE CAMPEÃ:
GB FLORICE 544 QUEBRACHO
TE239A HBB: 115603 Pel: V
3º MELHOR FÊMEA:
MAYA 47 TE DELICADA HBB: 121764
Pel: V BOX: 1270
Tatuagem: TE47
Nascimento: 12/07/2007
Tatuagem: TE279
Nascimento: 18/08/2005
Idade: 36M15d
Pai: LEACHMAN KING ROB 8621
HBB: IA459
Mãe: CATANDUVA GITTANA STRIKER
Mãe: SAO BIBIANO LADY GOSHAWK
6002 HBB: 84533
Peso: 964 C.E.: 43.00 Alt: 1.38
Dent: 2 Frame: 4.80
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 30 CDP205: 315
AOL: 111.70 EGS: 14.20 P8: 19.60
CDP Nasc: 32 CDP205: 316
CDP365: 465 CDP550: 747
Expositor: PARC.OLHOS DAGUA E
CABANHA VERTENTE
Criador: ANTONINO DORNELLES E
BOX: 1334
Idade: 13M21d
4128 TE 12
CDP365: 523 CDP550: 710
CAB. RINCON DEL SARANDY
Criador: ANTONINO SOUZA
DORNELES
HBB: 75474
34
Outubro de 2008
MOVIMENTO
EXPOINTER
Outubro de 2008
35
Santo Ângelo e Rincon Del Sarandy
foram destaque nos rústicos
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
O lote 13 (TE1240, 1209,
1185), da Cabanha Rincon del
Sarandy – Uruguaiana, RS, propriedade de Cláudia Silva foi o trio
grande campeão rústicos de fêmeas
PO da Expointer 2008. Destaque
deste lote para a terneira geração
2007 tatuagem 1185 apontada como
a melhor fêmea Angus PO a campo.
S
egundo o jurado argentino,
Gustavo Ambroggio, considerado um especialista em
animais de produção e pela primeira
vez avaliando animais Angus no Brasil, a terneira apresenta muita feminilidade e musculatura suave. “É um
animal com camada de gordura muito boa, o que priorizo na seleção de
Angus”, avaliou.
Ainda nas fêmeas, o trio reservado grande campeão PO foi o lote 12
(2050TE, 2040TE, 2030TE), da
ABN Agropecuária- Santiago, RS, de
Fernando Bonotto.
A Cabanha Santo Ângelo – Barra do Quarai, RS, propriedade de
Jorge Martins Bastos faturou o grande campeonato machos rústicos PO
com o lote 08 (TEIC15,TEIC11,
TEIC5), sendo o touro geração
2006 TEIC5 o melhor touro rústico PO da raça. Na análise do jurado, o melhor touro a campo PO tem
boa distribuição de carne, muito semelhante ao que buscam na Argentina.
Trio Grande Campeão Machos PO
Trio Reservado Grande Campeão Fêmeas PO
Como trio reservado grande campeão PO da raça Abeerden Angus
destaque para a Estância do Espinilho
- Cruz Alta, RS, de Roberto Soares
Beck, com o lote 06 (6039, 6031,
6027). A Cabanha Rincon del
Sarandy também ficou com a
premiação de terceiro melhor macho
PO, com o lote 05 (1087, 1079,
1071).
Trio Reservado Grande Campeão Machos PO
Trio Grande Campeão Machos PC
Nos animais PC, a Estância da
Barragem – Quaraí, RS, de Ricardo
Macedo Gregory, faturou o trio grande campeão rústico de fêmeas PC
com o lote 18 (513, 512, 507), sendo a vaca geração 2005, tatuagem
507, a melhor fêmea a campo PC da
exposição. O trio reservado grande
campeão fêmeas PC foi o lote 17
(A478, A378, A266) da GAP Gené-
Trio Grande Campeão Fêmeas PO
Trio Grande Campeão Fêmeas PC
tica – Uruguaiana, RS, de Eduardo
Macedo Linhares.
Nos machos PC, a Agropecuária
Maipu – Ibirubá, RS, de Alberto de
Abreu Medeiros, levou o campeonato dos machos. O trio grande campeão rústico de machos PC foi o lote
15 (401, 397, 391), sendo o exemplar de tatuagem 401 o melhor touro Angus a campo PC.
Como trio reservado grande campeão PC destaque para a Cabanha
São Xavier - Júlio de Castilhos, RS,
de Caio Vianna, com o lote 16 (1479,
1470, 1492).
O jurado Gustavo Ambroggio
considerou muito positiva a qualidade dos animais em pista e a preparação realizada pelos criadores da
raça.
Angus Rústico do Sul cresceu 25% em relação a 2007
Grande número de compradores intensificou disputas e elevou médias
Realizado dia 1º de setembro,
durante a Expointer 2008, o VII
Angus Rústico do Sul comercializou
um total R$ 403,5 mil, com a venda
de 72 animais rústicos. A comercialização foi 25% maior que em 2007,
quando foram vendidos 56 exemplares.
Com forte valorização dos machos, a média dos 30 touros PO e
PC arrematados foi de R$ 9,383 mil.
As 12 fêmeas PO e PC negociadas
tiveram remuneração de R$ 5,225
mil em média. Este valor supera o de
2007, que chegou a R$ 3,692 mil.
Também foi comercializado um lote
especial de 30 fêmeas AD, com média de R$ 2 mil.
O destaque do leilão foi a venda
de dois touros PO da Cabanha Santo Ângelo – Barra do Quaraí, RS, de
Jorge Martins Bastos, que saíram por
R$ 16 mil cada um, sendo os animais mais valorizados no leilão.
Carlos Alberto Martins Bastos, da
Estância do Itapipocai, em
Uruguaiana, RS foi o comprador do
melhor touro a campo PO, o exemplar de tatuagem TEIC5.
O leiloeiro Fábio Crespo avaliou
positivamente os números obtidos
pelo remate. “Foi muito bem. A mé-
dia subiu cerca de 30% em relação
ao ano passado. É um ótimo sinal
para a primavera!”.
Já o presidente da Associação
Brasileira de Angus, José Paulo
Dornelles Cairoli, afirmou que a
superação das médias de vendas de
2007 só confirma a previsão de valorização do Angus na próxima temporada. “Isto é fruto do crescimento da raça. A evolução é visível nos
resultados dos leilões, que desde o
início do ano vem aumentando os
valores. O mercado continuará
aquecido na primavera, com preços
ainda melhores”, avaliou.
36
Outubro de 2008
EXPOINTER
Almoço integrou novos sócios
Sucesso na Feira da Novilha Angus
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Ricardo Macedo Gregory recepcionou novos
sócios no estande da ABA
No dia 4 de setembro, os novos sócios da
Associação Brasileira de Angus (ABA) participaram de almoço de integração, realizado na Casa
Angus, no pavilhão de gado de corte do Parque
de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, durante a Expointer 2008. Durante o almoço, novos e tradicionais criadores trocaram informações e idéias sobre a raça e o ingresso como associados da ABA.
Os criadores foram recebidos pela gerente administrativa da ABA, Tânia Ferraz e pelo presidente do Conselho Técnico, Ricardo Gregory.
“A Angus é uma raça que cresce cada vez mais
por seus atributos, por suas qualidades únicas, e
os novos sócios são resultados diretos desse desenvolvimento”, destacou Gregory, dando as boas
vindas aos associados.
Seguindo o objetivo de ser um fornecedor
de carne, João Luiz Horta Barbosa encontrou
na ABA toda a assistência técnica e de marketing
necessárias ao projeto. Proprietário da Cabanha
Prateada, em Cristal, RS, o criador enfatizou a
organização da ABA como diferencial no apoio
ao pecuarista em todos os momentos da cadeia
produtiva.
Já Vitélio Zago, criador há 30 anos, decidiu
tornar-se sócio pela possibilidade de qualificar o
seu rebanho. Proprietário da Cabanha Esperança, em São Sepé, RS, Zago revela que já criou
outras raças, mas optou pela Aberdeen Angus
por ser a mais completa. “E é a melhor carne”,
concluiu.
Antigo criador de gado geral, Flávio José
Petersen Velho encontrou no Angus a possibilidade de agregar valor a sua propriedade, a
Cabanha Renascença, em Minas do Leão, RS.
“A ABA é uma facilitadora. Temos todos os subsídios”, ressaltou, revelando que os últimos animais comprados em sua propriedade foram por
indicação técnica da Associação.
Também reformulando seu plantel, Raul
Ritter dos Santos optou pelo Angus na busca de
mais qualidade. Além do valor agregado ao rebanho e pelo amparo técnico da ABA, o proprietário da Estância Paraíso do Piriqui, em Encruzilhada do Sul, RS destaca o diferencial da raça.
Honório Porto Castro deu início a criação de
Angus há menos de dois anos, na cabanha que
leva o nome da filha, Aline, em Encruzilhada do
Sul, RS. “Mas já conhecia a fama”, revelou, destacando a qualidade da carne e o prestígio da raça.
Como associado, Castro busca garantia comercial e de qualidade para o seu rebanho.
Realizada pela primeira vez na Expointer,
com oferta de ventres comerciais AD e geral, a
1ª Feira da Novilha Angus obteve valor total de
R$ 385,38 mil, ajudando a Angus a superar o
total comercializado por outras raças de corte,
em Esteio. Nessa edição relacionada ao gado comercial, promovida pela ABA, Farsul e Santa
Úrsula Remates, a Feira da Novilha Angus obteve média de R$ 1,51 mil na venda de novilhas
“AD”. Foram ofertadas 400 novilhas, sendo 171
registradas AD. Destaque para as 37 novilhas
prenhes de Roberto Soares Beck, da Estância do
Espinilho (Cruz Alta/RS), valorizadas em R$ 2,4
mil cada, arrematadas por Dirceu Machado
Rodrigues, da Cabanha Valentina Brasil
(Viamão/RS). Beck, que ainda comercializou
animais nos leilões de argola e a campo, da raça,
foi o criador individual que mais vendeu animais Angus na mostra. “Além das novilhas, vendi 30 animais rústicos PC, no Angus Rústico do
Sul, e duas fêmeas de argola, no Golden Angus”,
ressaltou, mostrando acreditar na arrancada da
Expointer para a comercialização da temporada
de Primavera.
Prêmio ao melhor tratador
Áurio Salin Fernandes (Martin, à direita na
foto), tratador da Estância do Espinilho, propriedade de Roberto Soares Beck, em Cruz Alta,
RS, foi eleito o melhor tratador/cabanheiro da
raça Aberdeen Angus na Expointer 2008. A
premiação ocorreu na Casa da Angus, no pavilhão de gado de corte do Parque de Exposições
Assis Brasil, Esteio, RS, e foi entregue pelo diretor de núcleos da Associação Brasileira de
Angus (ABA), veterinário Flávio Alves.
Tratador há cinco anos, Martin, hoje com
40 anos, se sente reconhecido com este prêmio.
Ele acredita que foi escolhido por sua pontuali-
dade e por seu companheirismo, mas destaca
também que busca constantemente melhorar
sua performance em trabalho, acompanhando
de perto o desenvolvimento da raça.
MOVIMENTO
Outubro de 2008
37
Desfile de touros Alta Progen
8º Leilão Angus VPJ vendeu
mais de meio milhão
Realizado no dia 24 de agosto, no Red
Eventos, em Jaguariúna, SP, o 8º Leilão VPJ
Angus, promovido pela VPJ Pecuária, do empresário e pecuarista Valdomiro Poliselli Júnior,
e chancelado pela Associação Brasileira de
Angus (ABA), fechou a fatura com 100% de
vendas e mais de R$ 500 mil de faturamento.
Foram vendidas 28 fêmeas jovens, um
reprodutor e lotes de sêmen sexado, com média geral que superou os R$ 15 mil.
O maior comprador do pregão foi Flávio
José Petersen Velho, proprietário da Cabanha
Renascença, em Minas do Leão, no Rio Grande do Sul, que adquiriu três animais da VPJ
Pecuária, que acompanhou e adquiriu os animais pelo Agrocanal.
A VPJ disponibilizou bezerras e novilhas
da geração 2007, filhas de Hornero, BC Matriz, Brigadier, Quebracho e Nannok. O leilão contou com assessoria técnica do médico
veterinário Fernando F. Velloso.
Em clima de confraternização, o remate
contou ainda com degustação do Steak Angus
VPJ, produto da VPJ Pecuária com o selo de
certificação da ABA.
“Esta foi uma oportunidade ímpar, no
melhor momento em que o mercado finalmente se curva para o Angus e reconhece a real
importância da raça para o melhoramento da
carne brasileira”, comemorou Poliselli Jr.
Participaram da oferta do leilão como convidados a Casa Branca Agropastoril, FSL
Angus, Agropecuária Fumaça, Giovanni Di
Giunta e Luiz Antonio da Silva.
A Cabanha São Xavier faz primeiro
leilão da primavera com sucesso
A Cabanha São Xavier (Santa Maria/RS), de propriedade de Caio Vianna, faturou R$ 301
mil com a venda de 36 lotes de animais a campo, tendo 100% da oferta comercializada durante
o seu primeiro remate nesta temporada de primavera. O leilão foi realizado na tarde do dia 16
de Setembro no Parque de Exposições da UFSM, em Santa Maria. Segundo o proprietário, o
Leilão São Xavier obteve média de R$ 5,27 mil para touros Angus de até 2 anos, com média de
R$ 3,4 mil para vacas Angus PO e de R$ 3,6 para as novilhas Angus PO. As terneiras Angus PO
ofertadas atingiram média de R$ 1,5 mil.
Os valores do remate atenderam a expectativa de Vianna. “Obtivemos boa liquidez. As
médias ficaram dentro do esperado para o primeiro leilão particular de primavera realizado no
interior”, comentou. Os lotes foram comercializados em até 10 vezes e também no Plano Safra,
com Fábio Crespo ao martelo para o escritório Cambará Remates. O Leilão São Xavier teve a
chancela da Associação Brasileira de Angus.
A Associação Brasileira de Angus (ABA), em parceria com a Alta Genetics e Progen,
promoveu no dia 8 de agosto o tradicional desfile de seu catálogo de reprodutores. Realizado na sede da Progen em Dom Pedrito, RS, o evento contou com o desfile de oito
touros Aberdeen Angus, com destaque para a apresentação de alguns touros participantes do Teste de Progênie Angus.
“Foi uma ótima oportunidade para os criadores conhecerem os touros do teste”,
afirmou o gerente de operações da ABA, Fernando Velloso, ressaltando o fato de que a
Progen é a única central de coleta de touros em que os animais residem no Rio Grande
do Sul.
O Teste de Progênie Angus foi lançado oficialmente pela ABA em 2007, durante a
VII Exposição Nacional da Raça Aberdeen Angus, na Feicorte, em São Paulo, SP. Na
ocasião, a formalização da parceria entre ABA e as Centrais Alta Genetics e Progen foi
assinada pelo vice-presidente da ABA, Luis Anselmo Cassol e pelo presidente da Alta
Genetics, Heverardo Resende de Carvalho.
O Teste de Progênie trabalha coletando sêmen de touros nacionais selecionados,
distribuindo este material para uso de vários criadores de diferentes regiões do País e
registrando os dados de desempenho através do Promebo, para nascimento, desmame e
sobreano.
Após o desfile dos touros, a assessora técnica da ABA, Fernanda Kuhl, realizou palestra sobre “Avaliação de Carcaças por Ultra-Sonografia”. Fernanda falou especialmente
sobre como são realizadas as avaliações, exemplificando as avaliações realizadas na raça
Aberdeen Angus com animais a campo e nas exposições. O consultor em pecuária de
corte e membro do Departamento de Zootecnia da UFRGS, José Fernando Piva Lobato,
também ministrou palestra sobre a “Genética para produção e produtividade a pasto”.
Para o sócio administrador da Progen, médico veterinário Fábio Gularte Barreto, o
evento foi sucesso absoluto de público. “Foi um grande início de temporada de venda de
sêmen, onde nesta arrancada sempre aproveitamos para apresentar a bateria de touros e
trazer temas de interesse dos produtores”, resumiu o dirigente.
38
MOVIMENTO
Outubro de 2008
EXPOSIÇÕES RANQUEADAS 2008
LEILÕES CHANCELADOS 2008
08 outubro – 6º Leilão Marca Angus – Camaquã/RS
SETEMBRO
10 outubro – Remate Santa Eulália e Pedra Só – Pelotas/RS
Exposição de Primavera de
Uruguaiana
Exposição de Cachoeira do Sul
12 outubro – Cabanha Umbu Negocia – Uruguaiana/RS
30/09/2008 a 05/10/2008
16/10/2008 a 19/10/2008
13 outubro – Remate Paipasso Red – Livramento/RS
16 outubro – Remate Angus do Alegrete – Alegrete/RS
OUTUBRO
Exposição de Santana do Livramento
17 outubro – Remate Touros da Fronteira – Livramento/RS
Expofeira de Pelotas
17/10/2008
17 outubro – Remate Selo Racial – Quarai/RS
03/10/2008 a 14/10/2008
18 outubro – 4º Remate Núcleo Centro Angus – Cachoeira do Sul/RS
Exposição de S. José do Rio Preto
42° Exposição Agropecuária de São
Francisco de Assis
06/10/2008 a 12/10/2008
23/10/2008 a 27/10/2008
18 outubro – Leilão Só angus – Pelotas/RS
18 outubro – Leilão Angus – Bagé/RS
23 outubro – 19º Remate Anual Agropecuária Quiri – Dom Pedrito/RS
Expofeira de Bagé
Expofeira de Dom Pedrito
24 outubro – 7º Leilão Santa Thereza e Convidados – Dom Pedrito/RS
11/10/2008 à 21/10/2008
Outubro/2008
26 outubro – 51º Remate Anual Cabanha Paineiras – Uruguaiana/RS
31 outubro – Remate Cinco Raças – Jaguarão/RS
I Exposição Nacional de Rústicos
Angus (paralela a 66° Exposição
Agropecuária de Alegrete)
NOVEMBRO
06 novembro – 48º Remate Cabanha São Bibiano – Uruguaiana/RS
Expofeira de Rio Grande
08 novembro – 3º Primavera Angus Show – Butiá/RS
04/11/2008 a 10/11/2008
11/10/2008 a 21/10/2008
OUTROS EVENTOS
Cascavel
Expofeira de Santa Maria
13/10/2008 a 21/10/2008
Novembro/2008
09 outubro – X Remate de Elite – São Borja/RS
17 outubro – VIII Remate 3 Marcas – São Borja/RS
MOVIMENTO
Outubro de 2008
39
Expoguá foi palco da raça em agosto
Grande Campeão, Bonde da Rio da Paz
Reservado Grande Campeão, Quintus 300 Horneiro da Corticeira
Terceiro Melhor Macho, Don Francisco 095 Delantero
Grande Campeã, GB Florice 544 Quebracho
Reservada Grande Campeã, EPV Patience 638
Terceira Melhor Fêmea, MC Guampa Merluza Zorzal
R
ealizada de 13 a 16 de
agosto, no Parque de Exposições Lacerda Werneck,
em Guarapuava, PR, a 33ª Feira
Agropecuária e Industrial de
Guarapuava (Expoguá), novamente foi palco de sucesso da raça
Aberdeen Angus. A mostra contou
com a participação do Núcleo de
Criadores de Angus do Oeste do
Paraná, que levou 56 animais para
a exposição. Eles foram avaliados
pelo criador da raça e diretor de
núcleos da ABA, veterinário Flávio
Montenegro Alves.
Nas fêmeas, a grande campeã da
raça na mostra foi GB Florice 544
Quebracho, da parceria GB
Agropecuária, de Carlos Eduardo
Galvão Bueno – Porecatu, PR e
Cabanha da Corticeira, de Luiz
Anselmo Cassol, São Borja, RS.
Como reservada de grande campeã foi escolhida EPV Patience 638,
da Estância Ponche Verde, de José
Filippon – Guaraniaçu, PR. Já o
exemplar MC Guampa Merluza
Zorzal, da Fazenda MC, de Eloy
Tuffi – Espírito Santo do Pinhal, SP
foi escolhido como terceira melhor
fêmea da exposição.
Entre os machos, o grande campeão foi Bonde da Rio da Paz, da
Fazenda Rio da Paz, de Antônio
Zancanaro, Cascavel, PR.
O jurado escolheu Quintus 300
Horneiro da Corticeira como reservado de grande campeão. O animal
foi exposto pela parceria GB
Agropecuária e Cabanha Corticeira.
A premiação de terceiro melhor
macho foi para Don Francisco 095
Delantero, da Agropecuária Don
Francisco, de Paulo E O. Valdez, de
Lapa, PR.
A mostra ranqueada contou
com o 6º Leilão Angus, chancelado
pela Associação Brasileira de Angus.
Leilão pontual
O leilão vendeu machos PO pela
média de R$ 5.825,00 e machos CA
por um valor médio de R$
4.480,00. As fêmeas PO fixaram
média de R$ 3.780,00. O animal
mais valorizado foi arrematado pelo
valor de R$ 6.500,00 por Pedro Ivo
Noriler, do município de Pinhão,
PR.
Segundo o presidente do Núcleo
de Criadores de Angus do Oeste do
Paraná, Cristopher Filippon, os animais comercializados alcançaram
média superior aos preços atingidos
no ano passado. “Tivemos resultados positivos apesar de uma oferta
reduzida de animais, pois este ano
as cabanhas já comercializaram
grande parte da sua safra de touros
em suas propriedades”, comentou.
EXPOGUÁ 2008 – DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES
GRANDE CAMPEÃ:
RESERVADA GRANDE CAMPEÃ:
Tatuagem: TE508
Mãe: SAFIRA DA RIO DA PAZ
Expositor: CABANHA DA CORTICEIRA E
GB FLORICE 544 QUEBRACHO TE239A
EPV PATIENCE 638
Idade: 16M5d
Peso: 1.096
AGROPECUÁRIA GB
HBB: 115603 Pel: V BOX: 1334
Tatuagem: 638 Nascimento: 20/07/2007
Pai: TRÊS MARIAS 6301 ZORZAL TE
Expositor: ANTONIO ZANCANARO, FAZENDA
Criador: LUIZ ANSELMO CASSOL
Tatuagem: TE239A
Idade: 12M26d
Mãe: CATANDUVA TE168 MERLUZA
RIO DA PAZ, CASCAVEL/PR
Criador: ANTÔNIO ZANCANARO
Nascimento: 05/05/2006
Idade: 27M10d
HBB: 123740
Nascimento: 10/04/2007
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
Peso: 500
Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO TE
Mãe: EPV PATIENCE 516
Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO
HBB: IA755
Peso: 406
SANTO DO PINHAL/SP
RESERVADO GRANDE CAMPEÃO:
HBB: 121599
Mãe: RECONQUISTA 544 GRANADA
Expositor: JOSÉ FILIPPON, ESTÂNCIA PONCHE
Criador: ELOY TUFFY
QUINTUS 300 HORNERO DA CORTICEIRA
Tatuagem: TE095
CANYON MAMBO
VERDE, CASCAVEL/PR
HBB: 119969
Idade: 12M21d
HBB: 93045
Peso: 710
Criador: JOSÉ FILIPPON
Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E
GRANDE CAMPEÃO:
BONDE DA RIO DA PAZ
Nascimento: 18/06/2007
Nascimento: 25/07/2007
Pai: TRÊS MARIAS 6301 ZORZAL TE
Idade: 13M28d
Mãe: CASAMU 1741 TREMENDA
Pai: TRÊS MARIAS HORNERO
Peso: 600
Idade: 32M13d
Mãe: HELEN DA CORTICEIRA
Expositor: PAULO EDGARD DE OLIVEIRA
Pai: BUFFALO CREEK CHIEF 824
Peso: 564
VALDEZ, CABANHA DON FRANCISCO,
AGROPEC GB, CAB.DA CORTICEIRA/
3º MELHOR FÊMEA:
Tatuagem: 301
AGROPEC GB, SAO BORJA/RS
MC GUAMPA MERLUZA ZORZAL
Criador: CARLOS EDUARDO DOS SANTOS
HBB: 119381
GALVAO BUENO
DON FRANCISCO 095 DELANTERO
Tatuagem: Q758
HBB: 109257
3º MELHOR MACHO:
Nascimento: 02/12/2005
LAPA/PR
Criador: PAULO EDGARD DE OLIVEIRA VALDEZ
40
Outubro de 2008
MOVIMENTO
INFORME SEMEIA
Outubro de 2008
41
Intercâmbio Angus Youth Coalar Brasil - Austrália 2008
Andrei Beskow, de Cachoeira do Sul, RS, estudante do nono semestre de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
No primeiro semestre de 2008 - no
período compreendido entre 15 de abril
e 15 de julho - participei das atividades
proporcionadas pelo intercâmbio
“Angus Youth Coalar Brazil – Australia
2008”, oportunidade disponibilizada a
partir de uma parceria entre a Associação Brasileira de Angus (ABA) e a associação australiana de Angus (Angus
Society). O intercâmbio é patrocinado
pelo órgão COALAR - Council of
Australia Latin America Relations – que
possui como objetivo principal promover e melhorar relações entre a Austrália
e a América Latina. O COALAR grande relação com a associação australiana
e com trabalho desenvolvido pela
“Angus Youth”, o departamento jovem
da entidade, que busca ampliar os conhecimentos dos jovens integrantes da
cadeia produtiva da indústria da carne e
manter maiores relações com outras nações que se destacam na pecuária de corte mundial. Em janeiro de 2008,
Andrew Carey, australiano, estudante de
Agricultural Sciences, esteve visitando o
Brasil durante dois meses como parte
do mesmo projeto. A Angus Society
possui mais quatro intercâmbios que
funcionam da mesma forma, sendo que,
desses, dois são com os Estados Unidos,
um com a Argentina e outro com a Nova
Zelândia.
D
urante o período, visitei o leste
do país, passando pelos estados de Queensland, New
South Wales e Victoria. Fiquei hospedado em diversas cabanhas e criatórios de
Angus, bem como fazendas de gado comercial que usam a raça Angus em seus
cruzamentos. Tive a oportunidade de trabalhar e participar de todas as etapas de
produção da carne australiana. No presente artigo, irei relatar um pouco dessa
experiência, compartilhando os pontos
que achei mais relevantes e tentando expor como funciona o sistema de produção pecuária, bem como retratar a situação da raça Angus na Austrália.
As propriedades situadas nos estados de New South Wales, Victoria e
parte sul do estado de Queensland têm
um tamanho médio de 2000 a 2500
hectares. Nessas fazendas, o tipo de trabalho predominante é o familiar, onde
pais e filhos trabalham juntos e fazem
todo o serviço da estância, raros são os
casos onde se têm empregados rurais fixos. Trabalhei os dois primeiros meses
em propriedades nessa região, passando
por quatro criatórios produtores de touros Angus, foram eles: Sandom &
Glenoch Angus, na cidade de
Chinchilla, sul do estado de
Queensland; Bald Blair Angus, Guyra,
forrageiras adaptadas a tais condições e
a preocupação constante com água
abundante e de qualidade – a água é um
recurso que não é tão disponível como
no Brasil, visto a menor quantidade de
rios e as baixas precipitações anuais –
tornam-se as ferramentas-chave para se
produzir. A grande maioria dos recursos hídricos destinados à produção animal vem de lençóis freáticos, sendo que
cada fazenda possui um moderno e sofisticado sistema de bombeamento e
estocagem dessa água. Em áreas de maiores precipitações, o uso de pastagens
cultivadas de melhor qualidade tornase mais evidente. Aí encontramos as chamadas “high performance pastures” que
recebem fortes investimentos, principalmente em adubação com super-fosfato,
Andrei literalmente a campo, em seu estágio de três meses na Austrália
com custos de até AU$ 1.500/ha/ano.
Todas as cabanhas por mim visitaNew South Wales; Ben Nevis Angus, cachorros, utilizados em todas proprieWalcha, New South Wales e Pathfinder dades e que têm papel fundamental no das trabalham somente com o Angus
Angus, Hamilton, Victoria. Na área que trabalho de campo diário. Animais preto, sendo o Angus predominante em
vai do centro de Queensland até o ex- muito bem adestrados que fazem o mes- todo o país. O Red Angus possui metremo norte australiano, partindo para mo trabalho (ou mais) que um homem nor expressão, e as associações de raça
a região central e oeste do país, se en- faria. As raças mais utilizadas são a trabalham separadamente, ou seja, existe
contram as grandes propriedades rurais, Kelpie e a Border Collie. O manejo do a Angus Society e a Australian Red
as chamadas “Cattle Stations”. Algumas gado é em grande parte realizado com Angus Association. O gado Angus auscom extensões de até 1 milhão de hec- motocicletas e quadricículos, o que o traliano é muito padronizado e bastante consistente. Os criadores procuram
tares, possuem manejos e características torna mais rápido.
O país possui um eficaz sistema de manter um tipo animal que seja viável
um pouco diferentes. Nesses locais o
trabalho familiar também é a base, po- rastreabilidade, o NLIS (National e produtivo a pasto, buscando a permarém, há trabalhadores rurais contrata- Livestock Identification Sistem), que fun- nência do frame em torno de 5,5 a 6.
dos para tornar a atividade viável. Áreas ciona através de brincos que contêm chips Toda a pecuária de corte australiana
muitas vezes desérticas, com muita ve- eletrônicos, o que diminui bastante os possui um só foco: produção de carne
getação fechada (principalmente problemas de leitura e, sendo compatí- de qualidade. Isso é perfeitamente perEucalipto), onde o gado é rebanhado veis com os sistemas das balanças eletrô- cebido quando se observa como é feita
com helicópteros e pequenos aviões. nicas utilizadas, facilitam muito manejo. a seleção dos animais e a escolha dos
Tive a oprtunidade de trabalhar o últi- Com uma sistemática simples e acessí- acasalamentos, onde os dados genéticos
mo mês em uma dessas propriedades, a vel, os produtores têm facilidade para li- e produtivos dos animais são colocados
Angus Pastoral Company, na cidade de dar com o programa, que rastreia grande em primeiro lugar. As EBV´s (estimate
breeding
Clermont, norte de Queensland, que parte do rebavalues), provepossui 160.000 hectares (considerada nho nacional.
O país possui um eficaz
nientes do propequena) e comporta 35.000 cabeças de As propriedagrama de megado, sendo a base do rebanho da raça des também re- sistema de rastreabilidade,
cebem
missões
Brahman, fazendo cruzamento há mais
o NLIS (National Livestock lhoramento geda
União
Euron é t i c o
de oito anos com Angus. A fazenda traIdentification
Sistem)
BREEDPLAN
balha na produção e terminação de no- péia para fisca(também usado
vilhos, e conta com confinamento pró- lização dos proprio, com capacidade de 1.200 cabeças, gramas de rastreabiidade, e um bom na Argentina), são largamente utilizapercentual das fazendas australianas pos- das, onde destacam-se as de maior relelotado permanentemente.
O proprietário rural australiano sui o crédito para exportar para esse des- vância para os criadores: qualidade de
possui um perfil diferenciado. É um tino. O controle sanitário é bastante in- carcaça (marmoreio, área de olho de
homem que tem suas origens na terra, tenso, o país possui uma condição privi- lombo, deposição de gordura), crescique trabalhou e que trabalhará sua vida legiada a nível mundial, livre de doenças mento e fertilidade. No momento, dois
inteira na terra, sendo ela, na imensa como Febre Aftosa e BSE (Vaca Louca) e touros americanos que possuem os melhores dados de qualidade de carcaça são
maioria das vezes, sua única fonte de preza por manter esse status.
Com índices pluviométricos que os mais utilizados pelos criadores e liderenda. Ele ocupa todos os cargos: é o
patrão, o capataz, e o peão. Esse fato se variam de 300 a 850 mm anuais, as re- ram a comercialização de sêmen no país.
explica pela grande valorização da mão- giões visitadas caracterizam-se como se- No contexto de atender o mercado jade-obra no país, onde um trabalhador cas (comparado com os índices ponês, um dos principais compradores
rural que trabalha de cinco a seis dias pluviométricos médios do RS, por de carne da Austrália, chama a atenção
por semana, como peão de estância, exemplo). Nas regiões onde o clima é os contratos entre produtores e Feedganha, em média, de 500 a 600 dólares mais seco, encontram-se lotações que Lots japoneses. Os bois Angus e Angus
australianos semanais (AU$=0,92 cen- vão de 7 até 45 hectares para cada uni- x Wagyu são entregues para terminação
tavos de dólar americano). Nesse con- dade animal. Nessas áreas, o controle pesando em média 400 a 450 quilos.
texto, se destaca também a figura dos da pressão de pastejo, o uso de plantas Esses animais permanecem em média
360 dias em confinamento e são abatidos com 750 a 800 quilos, atingindo os
níveis de marmoreio e de deposição de
gordura almejados por esse mercado. O
programa de carne Angus certificada
australiano é forte e consolidado, o produto tem grande aceitação, principalmente no mercado consumidor interno, que paga mais pelo produto de qualidade diferenciada.
O mercado de touros Angus rústicos é bastante expressivo e representa a
principal atividade da raça. Em geral são
vendidos animais de dois anos em agosto/setembro, ou animais vendidos aos
dois anos em fevereiro, filhos de temporadas de monta de outono, bastante
praticadas em determinadas regiões.
Existe também, embora menor, mercado para touros jovens, de 12 a 14 meses. Touros de dois anos em 2007 foram comercializados em média por AU$
6.000, sendo que os de 12 a 14 meses
por AU$ 4.000. As exposições de animais de argola existem, porém, possuem uma importância bem menor quando comparadas com os remates de produção. Existe um trabalho bastante interessante por parte da Angus Youth, que
promove exposições de animais de argola preparados e apresentados por crianças e jovens, utilizando toda a atividade e envolvimento que o show exige,
para incentivá-los a continuar no campo seguir promovendo a raça.
A visão australiana do Brasil como
produtor de carne é ótima, sendo que
somos considerados seus maiores “rivais”
na pecuária de corte. Existe uma grande preocupação por parte de produtores e autoridades do ramo no sentido
de que o nosso país, no momento em
que obtiver um melhor status sanitário
a nível mundial, venha a incorporar os
principais mercados compradores da
carne australiana. Eles são cientes do
grande potencial de produção brasileiro, em termos de área, disponibilidade
de recursos naturais (água, pastagens
naturais, etc.), condições climáticas, e,
principalmente, disponibilidade de
mão-de-obra barata. Todos esses fatores
caracterizam a maior diferença entre os
sistemas de produção de carne australiano e brasileiro: o custo.
O intercâmbio “Angus Youth
Coalar Brazil – Australia 2008” foi uma
experiência ímpar. Ótimas vivências
profissionais, novos conhecimentos, o
convívio com uma cultura diferente, o
ganho de novas amizades e lições que se
levam para toda a vida. Agradeço à Associação Brasileira de Angus pela oportunidade a mim concedida e deixo a recomendação aos integrantes da juventude Angus brasileira que sejam candidatos ao intercâmbio no próximo ano.
PERFIL
42
Agropecuária HR – Angus em ritmo empresarial
Outubro de 2008
Fotos: Felipe Ulbrich/ABA
Há apenas quatro anos atuando na criação de gado, o administrador de
empresas Luiz Henrique Campana Rodrigues (acima com Antoninho
Bastos) e seu irmão Luiz Fernando (ao lado) já possuem currículo de fazer
inveja a pecuaristas mais experientes. O vínculo com o setor começou cedo,
mas só em 2004 veio a primeira aquisição. “Meu pai sempre mexeu com
isso, mas há cinco anos decidi que era hora de voar com minhas próprias
asas”, conta Luiz Henrique. Os dois empresários são hoje proprietários de
três estabelecimentos, formando a Agropecuária HR
A
s propriedades estão distribuídas nas cidades de Jataí
(GO), Palmeira do Oeste e
Pontalinda (SP), que somam 3,5 mil
cabeças de gado, entre bovinos Angus
e zebuínos da raça Nelore. “Utilizo
Angus para o melhoramento genético da carne, promovido através do
cruzamento das duas espécies. O destaque é o cruzamento industrial, em
Goiás (Unidade 1), onde o sangue
Angus é introduzido nos zebuínos. Na
Unidade dois, em Palmeira do Oeste,
é feita a recria de machos cruza Angus
– fase do sistema de produção iniciada após o desmame das crias para melhorar a condição corporal dos animais. Na unidade 3, em Pontalinda,
ocorre o engorde em confinamento,
recria de fêmeas cruza Angus e toda a
operação da genética.
Cada unidade de negócio possui um
gerente mais os empregados, num
trabalho que mobiliza, ao todo, 17
pessoas. Existe, ainda, o cargo de gerente-geral, que é ocupado pelo irmão do investidor, Luiz Fernando
Rodrigues, que é engenheiro agrôno-
mo. Luiz Henrique prefere não se envolver nos aspectos técnicos, controla apenas a parte administrativa das
terras que formam a Agropecuária
HR, desde 2004. No caso da propriedade em que é desenvolvida a genética Angus, há um cabanheiro específico. A escolha pela raça se deu em
função do preço diferenciado e da
existência de programas especiais de
bonificação pela qualidade gerada
pelo criador. “Do sangue Angus, é
possível gerar alta produtividade, que
permite, inclusive, abater o gado mais
cedo, gerando maior lucratividade”,
enfatiza.
Foi na capital paulista, onde reside atualmente e chegou aos 15 anos
de idade, que Luiz Henrique
Rodrigues se formou em Engenharia Eletrônica e deu os primeiros passos da vida profissional. “Na verdade
eu gostaria de ter cursado Engenharia Automobilística, mas não pude
por indisponibilidade de faculdades.
Então comecei a trabalhar em empresas e vi que o meu perfil se encaixava exatamente nisso. Gerenciar um
negócio”, explica. Hoje, em razão do
cargo que ocupa na Votorantim,
Rodrigues viaja todos os meses a uma
de suas propriedades. “Passo um final de semana e vejo como está indo
todo o trabalho”, relata. O contato
com o irmão e com os gerentes, po-
rém, é diário e mantém o pecuarista
informado das condições de desenvolvimento do gado. Durante a visita de campo mensal, analisa o rebanho, discute a estratégia de
gerenciamento dos negócios, para, então, tomar
as decisões. “Hoje primo,
principalmente, pela parte sanitária e também
nutricional”, resume. O
gado possui rica alimentação, graças a um sistema de irrigação, utilizado na produção dos alimentos. A dieta na parte
de terminação e genética
é suprida por composto
de milho, sorgo, milheto
e capim.
Na Expointer 2008
considera ter avançado
muito. “Foi uma excelente oportunidade para divulgar a raça Angus e a Agropecuária
HR”, afirma. O criador participou,
ainda neste ano, de feiras nas cidades
de Avaré, Itapetininga, Araçatuba (SP)
e Londrina (PR). Além disso, se fez
presente na Feira Internacional da cadeia Produtiva da Carne, em São Pau-
Animais cruza Angus x Nelore
lo. “Tenho um time de pista, com
plantel de 12 a 15 animais que são
destacados especialmente para participar destas mostras.”
Durante a Exposição Agropecuária de Araçatuba, em julho, a HR
promoveu primeiro leilão próprio,
com oferta de touros Angus e meio
sangue Angus com Nelore. São vendidos, principalmente, cruzamentos
industriais (zebuínos com Angus), e
animais mais rústicos. O faturamento
do leilão deste ano foi de 816 mil reais, com média de 6,1 mil reais por
touro rústico.
A atuação da Agropecuária HR é
voltada ao mercado interno. A exportação, em um primeiro momento, é
descartada por Luiz Henrique
Rodrigues. Segundo ele, pelo protecionismo existente, sobretudo, nos Estados Unidos e na União Européia.
“Só no caso desse bloco comercial,
temos diversas sanções à carne brasileira para garantir mercado aos
pecuaristas locais”, expõe. Com relação ao câmbio volátil, muito criticado por diversos setores voltados à exportação, ele considera bom para Economia. “A inconstância do dólar é
positiva, uma vez que estimula o livre
comércio. A intervenção no câmbio
acaba gerando uma espécie de protecionismo”, avalia. A economia, na
opinião do pecuarista, deve ser regida
pela demanda.
Segundo Rodrigues, deveria haver
mais preocupação por parte dos governos com o setor, tanto no que diz
respeito a políticas públicas que incentivem a produção, quanto que a regulem. Ele critica a falta de regras claras
a serem seguidas, o que dificulta a atuação do pecuarista, a partir do momento que não sabe as diretrizes que
pode seguir. Ele complementa dizendo que “há aspectos importantes que
ficam esquecidos, como por exemplo,
uma política melhor definida para a
área sanitária”.
OPINIÃO
Outubro de 2008
43
Além da Rastreabilidade
Por Vinícius do N. Lampert
Alexandre Abicht
Prof. Júlio Otávio Jardim Barcellos
O que existe por trás da rastreabilidade? Inúmeras são as perguntas, os questionamentos, as
dúvidas de muitos pecuaristas sobre a real necessidade de rastrear seus animais. Na frente,
enxergamos o que parece ser óbvio: a
rastreabilidade é uma exigência de mercados
internacionais para que seja garantida aos consumidores informações relativa à produção e
origem do produto consumido.
de fato isto é compreensível. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e
a demanda por informações aumenta a
cada instante. Todos querem saber o que
comem, como foi produzida, qual a origem, qual
a garantia de qualidade, qual o prazo de validade, etc. Fornecer informações aos nossos clientes talvez seja uma tendência de mercado
E
irreversível. Entretanto, quais são os resultados?
Já temos boas notícias para tamanho esforço? As
tentativas de implantar um sistema eficiente têm
sido bem sucedidas? O que na prática alcançamos com a implantação da rastreabilidade no
Brasil? Qual a relação benefício/custo para o produtor? Meça os resultados e me informe! As respostas para estas perguntas parecem não serem
tão óbvias. E, além disso, podem muitas vezes
ser alvos de discussões polêmicas. Mas afinal,
onde está o “porquê” da rastreabilidade. Precisamos de respostas! A rastreabilidade até então não
tem proporcionado benefícios econômicos para
adesão maciça pelos produtores. Talvez com esses benefícios garantidos todos estivessem
rastreando seus animais. O que fazer? Como
compreender o que está acontecendo? Estamos
com exigências que não conseguimos cumprir,
não conseguimos satisfazer o mercado e nem aos
produtores conseguimos proporcionar uma compreensão da necessidade de utilização do sistema. Por que as evidências que justificariam a
rastreabilidade não vêm à tona rapidamente?
Vivemos uma fase que requer uma demanda por
paciência. Será que nos tornamos insensatos, ao
criar algo que não estávamos preparados para
cumprir, uma exigência criada por nós fora de
tempo? O que está por trás de tudo isso? Chega
de perguntas e vamos procurar enxergar as razões da rastreabilidade. Elas existem e são muitas! Existem motivos para ela existir. O sucesso
de um plano nem sempre é fácil de medir. O
que precisamos fazer é compreender que estamos
sendo forçados a mudar nossa forma. O que está
acontecendo é uma mudança no nosso estado.
A evidência da necessidade da rastreabilidade é a
necessidade de mudança. A nossa forma está
mudando através de uma mudança de um estado, de um jeito de fazer a nossa pecuária. Essas
razões nos fazem entender que os resultados de
esforços nem sempre são mensuráveis. Estamos
num tempo de transformações e elas exigem gasto
de energia. Não vemos os resultados por que o
papel invisível da rastreabilidade tem sido de
mudar a forma de fazer a pecuária. Mudança de
estado e não de valor. Devemos nos adequar para
um tempo que já chegou. E nem sempre estamos
preparados para correlacionar idéias distintas,
aproveitar oportunidades, refletir sobre opiniões
contrárias às nossas e às coisas que estamos acostumados a fazer. Estamos no caminho. Ainda que
não se conheça exatamente a estrada, o importante é saber o caminho. A maior insensatez é a
ausência de mudança. As grandes transformações são onerosas e ocasionam traumas muitas
vezes generalizados, mas podem mudar o estado
que nos encontramos. O pano de fundo para
tudo isso pode ser encontrado na Física. A água
pode existir basicamente em três estados: sólido,
líquido e gasoso. A pressão e a temperatura exercem mudanças. Gastar energia em um estado
implica aumento de temperatura. E isso é visível
através de um termômetro. Fornecer mais calor
em um mesmo estado aumenta o valor da tem-
peratura, mas não muda seu estado. A transformação do estado da água ocorre pela mudança
na estrutura de suas moléculas e não é acompanhada pelo aumento da temperatura. A energia
fornecida serve para “quebrar” as ligações das
moléculas. Esta “quebra” chama-se de fase. As
fases são: fusão, solidificação, vaporização e liquefação. E é isso que está acontecendo. O exemplo da Física faz entendermos o processo de reorganização que estamos vivenciando. O que está
por trás da rastreabilidade é uma oportunidade
de mudança no estado da pecuária. Esta mudança passa por uma fase chamada gestão. A energia
gasta não implica numa melhoria imediata, mas
numa mudança organizacional gradativa. A demanda é por gestão. Essa mudança de estado
ocorrerá após uma melhoria em como a informação é utilizada e compartilhada por todos os
segmentos da cadeia produtiva. Na pecuária, com
a rastreabilidade, tem-se um anúncio de grandes
mudanças que virão pela frente. E, além disso,
temos uma oportunidade da cadeia produtiva
definir estratégias coletivas e se organizar de forma a responder mais rapidamente às demandas
dos mercados em que atuamos.
Med. Vet., D.Sc.
Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeias Produtivas da Carne - Departamento
de Zootecnia - Faculdade de Agronomia UFRGS - [email protected]
www.ufrgs.br/zootecnia/nespro.htm
44
Outubro de 2008
INFORME PUBLICITÁRIO
Touros Provados – a certeza
na hora da escolha da genética
Atualmente, a pecuária exige do
criador eficiência na hora da produzir carne. Esta eficiência esta diretamente relacionada ao correto manejo
sanitário, nutricional, reprodutivo e
genético do rebanho. Qualquer erro
relacionado à sanidade, nutrição ou
reprodução é rapidamente observado,
pois seu prejuízo é instantâneo e, dessa
forma, sua correção pode ser imediatamente providenciada, diminuindo
em médio prazo o prejuízo do produtor. O erro genético é mais difícil de
reconhecer, pois ele se manifestará
somente 3 ou 4 anos após sua realização e levará no mínimo o mesmo tempo para ser revertido. Assim, quando
se comete um erro genético, o prejuízo vem em longo prazo e em escala
muito maior.
Ao final da temporada de parição
de determinada propriedade, o criador
enche os olhos ao perceber que alcançou seu objetivo, ou seja, os produtos
nascidos são superiores aqueles que os
originaram. A realização desta meta
começa no mínimo 11 meses antes,
quando este criador escolhe o touro
com que irá inseminar suas vacas. Esta Peso ao Ano, leite, além de todos os ança na prova do touro selecionado,
escolha será determinante para o fu- dados de carcaça, tanto por sabendo que os resultados de campo
turo da propriedade, não apenas para ultrassonografia como por avaliação da obtidos na propriedade estarão muito
a próxima geração, mas para os próxi- carcaça. No final do YSP, o esperado próximos daqueles indicados nas proé que cada touro tenha um mínimo vas. São egressos deste programa toumos 6 ou 7 anos.
Sabendo da importância desta es- de 150 filhos controlados distribuídos ros que tiveram ou terão grande imcolha, a Select Sires desenvolveu um pelo menos por 10 diferentes rebanhos. pacto na raça Angus como Fullback,
Programa de Teste de Progênie extre- No ano de 2007, o touro com menor Westwind, Scotch Cap, Bar Ext,
mamente confiável, o Young Sire número de filhos dentro do programa Predestined, Big Eye, Bextor, Rito 6I6,
Programa(YSP), objetivando que os teve 147 filhos distribuídos em 16 re- Grid Maker, Gar 5050, Rito 4L60 entre outros.
touros jovens teTodas as raças
nham uma proO YSP é o programa de teste de touros jovens que de bovinos
com
va consistente e
realiza acasalamentos aleatórios em diferentes
aptidão carniceira
com
alta
acurácia o mais rebanhos e compara os dados destes produtos com estão dando ênfase na qualidade da
cedo possível.
os dados de touros referência
carne em seus proO YSP é o
gramas de melhoprograma de tesramento genético. Portanto, qualquer
te de touros jovens mais antigo exis- banhos.
Este programa pode ser desenvol- raça que tenha a intenção de ser refetente nos EUA. Este programa realiza
acasalamentos aleatórios em diferen- vido graças ao caráter de central de rência para qualidade, precisa seleciotes rebanhos e compara os dados des- cooperativas que tem a Select Sires, nar seus animais também para qualites touros jovens com os dados de tou- contando atualmente com mais de 40 dade de carcaça. Isto significa incluir
ros referência. A maioria dos touros mil produtores associados. Devido a no processo de seleção as DEPs para
testados no YSP são da raça Aberdeen este número, o YSP permite obter pro- marmoreio, área de olho de lombo e
Angus. Também são testados touros gênie dos touros em diferentes ambi- espessura de gordura subcutânea e
Red Angus, Polled Hereford e entes e sistemas de manejo, o que ele- compreender o que estes dados podem
Simental. São coletados dados de Peso va a acurácia das provas destes touros. nos fornecer de informação. A utilizaao Nascimento, Peso na desmama, Desta forma, o criador pode ter confi- ção dos marcadores moleculares como
ferramenta complementar na seleção
também deve começar fazer parte dos
critérios de seleção do criador, pois a
pesquisa sobre genes envolvidos na maciez da carne já está estabelecida e num
futuro breve será parte importante
deste processo.
A concorrência entre a pecuária e
a lavoura nos campos do RS sempre
foi uma constante. Atualmente, além
destas duas atividades, a silvicultura
vem ganhando muito espaço, o que
diminui a quantidade de campo disponível para o desenvolvimento da
pecuária. Isto mostra que cada vez mais
os pecuaristas gaúchos devem almejar
uma genética consistente e muito bem
provada. Sob este aspecto, é indispensável que os criadores saibam como
interpretar corretamente as provas dos
touros, sob o ponto de vista necessário a sua propriedade e utilizem touros muito bem provados, deixando os
touros “aventuras genéticas” para no
máximo 20% do rebanho.
Por Felipe Escobar
Médico Veterinário
Departamento Técnico Semeia
ARTIGO
Outubro de 2008
45
A reedição de um livro que virou obra de arte
“É uma obra de arte tanto em termos de beleza quanto científicos.”
Joe Roybal, editor da revista Beef Magazine
“Se você ama gado e criar gado, você vai considerar a obra uma preciosidade.”
Lee Leachman, proprietário da Leachman Cattle of Colorado
“Esse livro é um objeto obrigatório para qualquer pessoa que tem interesse em bovinos.”
Raul Telles, Secretário da Agricultura do Estado do Novo México
“A edição atualizada e revisada de Breeds of Cattle não é apenas uma fascinante história
da origem e da evolução de 45 raças bovinas de carne e leite. Ela é também uma
impressionante narrativa ilustrada que conta as lendas dos bovinos durante os séculos em
marcantes fotografias e pinturas históricas.”
Dale Lasater, proprietário do Lasater Ranch
Herman Purdie, em ilustração no livro
Breeds of Cattle, o livro de autoria do mais respeitável juiz de bovinos que o mundo já conheceu,
acaba de receber uma segunda edição. Quando
lançada em 1987, a obra de Herman Purdy logo se
esgotou e teve de ser re-impressa várias vezes, transformando-se numa espécie de enciclopédia de bovinos de carne e leite. Atualmente, ela pode ser encontrada em todos os 50 Estados que compõem os
Estados Unidos da América, já que foi adquirida
por todas as bibliotecas de universidades e escolas
politécnicas da época naquele país, que somam mais
de uma centena de instituições públicas e privadas,
sem contar as bibliotecas municipais, estaduais e as
diversas prateleiras de associações de raças e casas
de criadores.
O livro, além de reunir dados históricos e técnicos sobre as principais raças de gado criadas no mundo, também foi impresso em alto luxo. Com capa
dura em tecido, páginas de papel com alto brilho e
diversas fotografias em preto e branco e coloridas –
sendo algumas delas reproduções autorizadas de pinturas do século 19 pertencentes a pessoas como a
Rainha Mãe (Grã-Bretanha) e o Ex-Presidente
Eisenhower (Estados Unidos) – a publicação possibilita uma leitura instrutiva e agradável.
Quem foi Herman Purdy?
Nascido no Estado do Missouri, a família de
Herman Purdy criava gado Shorthorn. Depois de se
formar em Zootecnia pela Ohio State University, ele
foi para a Penn State University, onde recebeu os títulos de Mestre e mais tarde de Doutor. Foi lá também
que ele trabalhou como Professor durante a maior
parte de sua vida, aposentando-se como Emérito.
Ainda jovem, Purdy foi o primeiro americano a
atuar como juiz na mais concorrida exposição de
bovinos do Reino Unido: a Exposição de Perth, na
Escócia. Esse foi o trampolim na carreira como juiz.
Por ser extremamente objetivo, justificar cada
escolha através de critérios científicos práticos e ser
um professor universitário em permanente atualização, Herman Purdy virou sinônimo como cientista,
técnico e juiz imparcial. Em sua vida, ele atuou mais
de 1.200 vezes como juiz tanto de bovinos de carne
quanto de leite. No exterior, julgou na Austrália, Nova
Zelândia, Irlanda, Espanha, México, Argentina, Brasil, Canadá, e inúmeras vezes no Reino Unido.
Em solo americano, ele julgou bovinos em todo
o tipo de exposições, merecendo destaque a American
Royal (Kansas City), a International Livestock
Exposition (Chicago), a South West Stock Show (Fort
Worth), a North American International Livestock
Show (Louisville) e, é claro, a enorme National
Western Stock Show (Denver). Em todas elas, julgou
várias vezes animais e de praticamente todas as raças,
Touro Angus - foto cortesia da American Angus Association®
além de terneiros comerciais e carcaças em concursos entre confinamentos e frigoríficos.
A criadora Carla Sandra Staiger Schneider, da
Cabanha Santa Bárbara (São Jerônimo, RS), revela
que Purdy quase foi corrido de Buenos Aires quando
julgou Angus em Palermo porque premiou um Campeão Terneiro como o Grande Campeão. “A escolha
foi revolucionária na época e gerou polêmica, mas o
terneiro Grande Campeão, quando Júnior, se tornou um sucesso na Argentina e a sua progênie foi
ainda melhor, o que mostrou a todos que o juiz estava certo e que talvez não tenha simplesmente feito
uma aposta ao escolher aquele animal”, recorda-se
Carla. “Conta-se que o Herman Purdy teria sido convidado depois para julgar Angus em Palermo novamente, porém teria se recusado devido aos incidentes que haviam ocorrido”, completa a criadora que
chegou a visitar a fazenda particular de Purdy, a
Huntingdon Farm, na Pensilvânia.
Na Penn State University, além de Professor,
Herman Purdy também foi o instrutor do time de
juízes da Faculdade de Zootecnia. E, na medida em
que a universidade tinha um plantel de Angus, foi
ele também o responsável pelo acasalamento que
gerou o touro que se transformou no símbolo da
raça Angus em nível mundial: PS Power Play (o “PS”
é de Penn State). Esse reprodutor não tinha quaisquer defeitos e é considerado até hoje o padrão de
touro Angus ideal. Prova disso é o fato que uma ilustração dele seja usada como o símbolo da American
Angus Association e a sua cabeça estar também no
logotipo da Associação Brasileira de Angus (ABA), o
que também foi feito por outras associações de criadores da raça. Power Play é ainda o touro que está na
capa do livro do Seminário de Avaliação Funcional de
Bovinos de Corte e Formação do Corpo de Jurados da
Raça Angus (evento realizado pela ABA em 2004) e
foi também algumas vezes a imagem de capa dos
Sumários de Touros Angus da ANC Herd-Book
Collares.
Mas, PS Power Play não foi apenas bonito. Ele
produziu belas fêmeas com muito leite e muita
longevidade e é apontado na Argentina, por exemplo, como o touro que produziu as melhores famílias de matrizes que aquele país já teve. E, para completar, Power Play ainda levava o gene vermelho, o
que surpreendeu no início, mas foi utilizado como
ferramenta depois.
Com essas e outras conquistas, Herman Purdy
ficou bastante famoso. Aliás, ele foi contratado por
Dwight Eisenhower, quando este ainda era Presidente
dos Estados Unidos, para administrar o seu rebanho
Angus na famosa propriedade particular localizada
em Gettysburg. “Numa parte do livro, o autor conta
que ficou tão nervoso no primeiro encontro com o
Presidente americano, marcado com um jantar na
Casa Branca, que saiu do táxi sem pagar e teve de
voltar ao veículo quando percebeu isso”, diz Stefan
Staiger Schneider, Secretário de Relações Internacionais da ABA.
Paralelamente, os ex-alunos de Purdy também
ganharam reputação como juízes em exposições por
julgaram de acordo com os “Purdy Principles”. Isso
fez com que Purdy também se transformasse no
Consultor Técnico de fazendas importantes como a
Stonylonesome, a Summitcrest, a Sayre, a Sir William,
a Windholme e a Down Acres (nos EUA), e a
Crowfields, Sherwood e Castle of Mey (no Reino Unido), sendo a última a propriedade da Rainha Mãe
que foi assumida pelo Príncipe Charles após a morte
dela.
Como Professor, Herman se dedicava sobremaneira aos alunos e estes gostavam muito dele. Alguns
são atualmente Secretários Estaduais da Agricultura,
membros do Congresso Nacional em Washington/
DC, Presidentes de associações de criadores,
pecuaristas de sucesso e Professores de distintas universidades.
A segunda edição de Breeds of Cattle
Completamente revisada, atualizada e expandida, a segunda edição de Breeds of Cattle tem 400 páginas e 12 raças a mais que a primeira edição, reunindo um total de 45. John Drawes e Robert Hough
(que deixou de ser o Secretário Executivo da Red Angus
Association of America em Dezembro de 2007) são os
responsáveis pelo novo livro, que logicamente também conta com os textos originais do Professor Purdy.
Aliás, tanto Drawes quanto Hough foram alunos dele.
Assim como na primeira obra, no capítulo referente a cada raça, é mostrado com pinturas e fotografias o desenvolvimento morfológico pelo qual os
bovinos passaram. São mais de 400 imagens, que
possibilitam ao leitor ver praticamente um álbum de
fotos de cada uma das 45 raças apresentadas e descritas. E, como dito, algumas delas são reproduções
autorizadas de pinturas do século 19 dos acervos particulares da Rainha Mãe (Reino Unido) e do ExPresidente Eisenhower (Estados Unidos) – ambos
clientes do Professor Purdy.
Tudo isso está reunido num formato que também impressiona. O livro tem 30,5 cm de largura
por 30,5 cm de comprimento, uma grossura de 3,8
cm e 3,6 kg de peso. “É o que os americanos chamam de coffee table book”, diz Stefan.
Preço do livro e da remessa ao Brasil
O preço do livro nos Estados Unidos é US$ 110, porém Stefan Staiger Schneider informa que,
para compradores brasileiros, ele conseguiu um desconto de 11% nesse valor, o que reduz o preço
para US$ 97,90. Por se tratar de uma obra nova e recém-lançada, os autores e a editora se recusaram a oferecer um desconto maior.
Tanto os pagamentos pelo livro como pela remessa ao Brasil podem ser feitos através de cartão
de crédito internacional no momento da encomenda. O valor da remessa depende da empresa de
serviço Express (DHL, FedEx ou UPS, por exemplo) ou, se for a escolha, do correio americano (o
US Postal Service) e ainda a forma de remessa (Express, Economy, etc.). Livros e revistas são isentos
de taxa de importação no Brasil.
Para mais detalhes, visite o Site www.breedsofcattle.net ou escreva para Terry Gray, o responsável na TRS Publishing Corp.. O E-mail deve ser enviado para [email protected] .
Para se receber o desconto, é necessário usar o cupom com código “Brazil” no Site informado
ou fazer contato por e-mail com o responsável na editora.
46
Outubro de 2008
ARTIGO
Herança do caráter mocho-aspado em bovinos
Por Leonardo Talavera Campos
Todo pecuarista tem interesse neste assunto, inclusive os criadores de animais de raça
inteiramente mocha como a Angus. Inicialmente vamos esclarecer o significado de alguns termos usados a seguir:
- Aspado: animal com chifres, com aspas.
- Mocho: ausência de chifres; em inglês estes animais são denominados de polled.
- Batoque: tocos de chifre (em inglês, scurs),
rudimentos de aspas, protuberâncias, botões.
Não são aderidos ao tecido ósseo da caixa
craniana, diferentemente dos chifres verdadeiros.
- Chifre Africano: tipo de chifre presente
em animais de origem indiana somente.
O
s fatores de herança que controlam a
presença ou ausência de chifres nos
bovinos de corte são citados frequentemente como um exemplo clássico da ação de
dominância e recessividade dos genes. Os aspectos genéticos envolvidos na herança do caráter mocho-aspado são cientificamente bem
conhecidos, sendo, porém, muitas vezes, mal
compreendidos pelos pecuaristas. O padrão de
herança genética diferente do gene para batoque
e do gene para chifre africano tornam o assunto
um pouco mais complexo.
As seguintes letras serão usadas para descrever o processo de herança destes 3 genes diferentes:
- M: gene para mocho
- m: gene para aspado
- B: gene para batoque
- b: ausência de gene para batoque
- Af: presença do gene para chifre africano
- af: ausência do gene para chifre africano
Para cada característica, qualquer animal recebe um gene do gameta masculino e outro do
gameta feminino, isto é, o zigoto ou organismo
resultante contém dois genes para cada característica. Se estes genes pareados são idênticos para
uma determinada característica, o animal é dito
como sendo homozigoto ou puro para este caráter. Quando um animal tem genes diferentes
para uma mesma característica é descrito como
heterozigoto ou híbrido. As formas alternativas
de um gene são descritos como alelomorfos ou,
simplesmente, alelos.
A herança dos chifres é controlada por um
par de genes. O gene para mocho (M) é dominante sobre o gene para aspado (m). Isto significa que se um determinado animal apresentar
um gene para mocho (M) e outro para aspado
(m), este animal (Mm) será mocho, sendo denominado, neste caso, de mocho heterozigoto.
Se um animal apresentar dois genes para mocho (MM) é considerado como mocho
homozigoto ou puro. E, se, finalmente, tiver
dois genes para aspado (mm), ele apresentará
chifres uma vez que não existe o gene para mocho dominando sobre o gene aspado.
A composição genética, ou seja, o par de
genes que o animal possui, determinará se ele
será mocho ou aspado. Entretanto, em animais
mochos o par de genes presente não pode ser
determinado visualmente. O animal mocho tanto pode ser “MM” como “Mm”. Nos dois casos o indivíduo será mocho, mas quando
acasalado, por exemplo, com vacas aspadas, a
percentagem de seus filhos que apresentará o
caráter mocho vai variar de 50% para 100%.
Como se originaram as linhagens de gado
mocho? A pergunta torna-se pertinente se considerarmos que do acasalamento entre touros
aspados (mm) e vacas aspadas (mm) somente
grandes protuberâncias, quase do
tamanho de aspas verdadeiras.
Quando atingem tais dimensões,
torna-se difícil distingui-los dos
chifres.
Pressupor que estes rudimentos
córneos chamados de batoques e o
caráter para mocho estejam associados está incorreto e pode conduzir a resultados inesperados. Existe
certa confusão no que se refere à influência dos batoques na produção
de progênie mocha ou aspada.
Ensminger (1973) explica que existem opiniões contraditórias relacionadas com a herança destes rudimentos córneos. Segundo uma das
teorias citadas por este autor acima,
os batoques são um caráter influenciado pelo sexo; ocorrem em
QUADRO 1
Composição Genética
Genótipo
MM MM MM Mm Mm Mm mm mm mm Onde:
machos
A herança dos chifres é controlada por um par de genes. O gene
para mocho (M) é dominante sobre o gene para aspado (m). Isto
significa que se um determinado animal apresentar um gene para
mocho (M) e outro para aspado (m), este animal (Mm) será
mocho, sendo denominado, neste caso, de mocho heterozigoto
genes aspados serão transmitidos e toda a progênie será, portanto, de animais aspados. Sabese que a freqüência de
terneiros mochos em rebaQUADRO 2
nhos de animais aspados é de
1 em vinte mil (20.000). A
Genótipo
aparição de terneiros mochos
provenientes de pais aspados
é, de acordo com Lasley
Af Af
(1963), o resultado de uma
Af af
mutação ou alteração súbita
af af
dos fatores hereditários dos
pais.
A origem da variedade
Polled Hereford é interessante. Warren
Gammon e seu filho, de Iowa, EUA, têm o
mérito de serem os primeiros a selecionar os
Hereford mochos. Estes homens se comunicaram com centenas de criadores de Hereford
aspado em todos os Estados Unidos, em busca
de progenitores que tivessem nascido sem chifres. Isto quer dizer que procuraram animais
mochos em rebanhos de animais aspados onde
ocorreram mutações. Encontraram e compraram sete vacas e quatro touros mochos. Estes
foram os fundadores da variedade mocha da raça
(Polled Hereford).
A Presença de Batoques (“Scurs”):
O gene principal (em inglês, major gene)
para batoques (B) é inteiramente separado do
processo que determina a ausência de chifres
(caráter mocho). É um gene adicional que provoca o crescimento destas protuberâncias, semelhantes às aspas. São, na verdade, chifres com
desenvolvimento incompleto (não o resultado
de genes aspados), os quais são soltos e usualmente móveis embaixo do couro do animal.
Variam desde minúsculas crostas crescidas, até
homozigotos (BB) ou heterozigotos (Bb), mas
unicamente em fêmeas homozigotas (BB). Em
Fenótipo
Machos
Chifre Africano
Chifre Africano
——
Fêmeas
Chifre Africano
——
——
BB
Bb
bb
BB
Bb
bb
BB
Bb
bb
Fenótipo
Machos
Fêmeas
Batoque
Mocho
Mocho
Batoque
Batoque
Mocho
Aspado
Aspado
Aspado
Batoque
Mocho
Mocho
Batoque
Mocho
Mocho
Aspado
Aspado
Aspado
M: gene dominante para mocho
B: gene para batoques
pelo conseqüente crescimento dos chifres. O
gado mocho também pode carregar este gene
para batoques, mas a complexa transmissão do
gene afeta sua aparência visual.
O Quadro 1 resume a teoria conhecida para
a complexa transmissão das características mocho-aspado e batoques:
O Gene para Chifre Africano
A herança para mocho-aspado é bem mais
simples em animais Bos taurus, tais como Angus
e Hereford. Em programas de cruzamentos com
Bos indicus, um outro par de genes complica o
padrão desta herança. Animais zebuínos possuem o gene para chifre africano (Af ) que está
localizado em um ponto diferente no
cromossomo, em relação ao gene para mocho
no gado europeu. O resultado do gene para
chifre africano também depende do sexo do
animal. Assim, tem-se o que se vê no quadro 2.
O gene para chifre africano é dominante em
relação ao gene para o caráter mocho. A tabela
constante no Quadro 3 mostra a expressão dos
chifres nos machos e em fêmeas portadores do
gene para chifre africano (Af) em combinação
com os genes normais mocho-aspado para Bos
taurus.
outras palavras, atua como dominante em machos, e recessivo em fêmeas mochas.
Outra teoria citada por
Ensminger é de que o gene
QUADRO 3
principal (M) para condição
Composição Genética
Fenótipo
mocho é só parcialmente doMachos
Fêmeas
minante, e os exemplares
heterozigotos (Mm) tendem
AfAf MM ou AfAf Mm
Aspado
Aspado
a ter batoques, especialmenAfaf MM ou Afaf Mm
Aspado
Mocho
te os touros.
afaf MM ou afaf Mm
Mocho
Mocho
Os chifres impedem a
afaf
mm
ou
Afaf
mm
Aspado
Aspado
expressão dos genes que um
animal poderia apresentar
[ Af > af > (M, m, B, b) , em que > significa dominante ]
para rudimentos, e deste
modo, complicam os estudos
destinados a determinar a
Fonte principal: Polled Hereford World
modalidade exata da herança para batoques.
Desde o gene para batoques (B) é transmi- (May 1979)
tido separadamente do gene para mocho (M),
ele geralmente não tem nenhum efeito sobre a
presença ou ausência de aspas ou chifres verda- Coordenador Técnico do Promebo®
deiros. O gado aspado também pode ser porta- Associação Nacional de Criadores - Herd
dor do gene para batoques, porem ele estará vi- Book Collares / ANC
sualmente escondido pelo gene para aspado e e-mail: [email protected]
OPINIÃO
Outubro de 2008
47
O que esperar da demanda por
carne bovina nos próximos meses?
os últimos meses, porém, a volta da inflação,
puxada principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos, passou a afetar negativamente o consumo, via achatamento do poder de compra.
Veja a Figura 1.
Lá fora, em função da inflação e da crise dos Estados Unidos, o cenário também mudou um pouco. E as
exportações já vinham em queda, em parte por conta
da própria redução da produção, mas também como
reflexo da perda de atratividade do mercado externo (graças, principalmente, à valorização do real e ao embargo
da União Européia).
Esse ambiente - juntamente com o aumento da
oferta de animais terminados em confinamento no Brasil Central e em pastagem de inverno no RS - minou
(temporariamente?) as forças do movimento de alta no
mercado físico do boi gordo, que passou a andar de
lado. Na verdade, recuos foram registrados em várias
N
Por Fabiano R. Tito Rosa
No último ano, além da redução da
oferta de animais terminados, o aquecimento da demanda por carne bovina
contribuiu significativamente para a
valorização do boi gordo. E a demanda aumentou em função do próprio
crescimento do consumo, graças ao
bom desempenho da economia mundial, e da expansão da capacidade de
abate das indústrias nacionais, com
destaque para os grandes grupos frigoríficos.
Analisando todos os lados, não dá para negar que o
cenário, em termos de venda, se mostra melhor para os
próximos três meses, em compração com os últimos três
regiões.
Mas a inflação começa a dar sinais de arrefecimento.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o IGP-DI, por
exemplo, caiu 0,38% em agosto. E em final de ano,
graças às festas e às gastanças típicas do período, sempre
ocorre um aquecimento adicional da economia.
Em síntese, o emprego e a renda tendem a se manter em alta, ao passo que a inflação está perdendo força.
Isso significa aumento do poder de compra.
No mercado internacional, espera-se, para o curto
prazo, a retomada das vendas de carne in natura para o
Chile, sendo que os embarques de carne industrializada
para os Estados Unidos já recomeçaram. Além do mais,
Goiás voltou, recentemente, a exportar para a Rússia
(estava com as vendas suspensas devido a um caso de
estomatite) e a União Européia está liberando novas fazendas para atender a demanda do bloco.
Aliás, dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
apontam que, em julho, o Brasil voltou a registrar recorde em volume exportado de carne bovina, na comparação com o mesmo período do ano anterior (alta de 2%).
Isso não acontecia desde setembro de 2007, e os dados
preliminares de agosto apontam para um novo desempenho positivo.
O dólar, por sua fez, que há algumas semanas caminhava rumo a R$1,50, no fechamento desta coluna estava na casa dos R$1,77. Essa desvalorização da moeda
nacional, aliada aos recuos registrados para as cotações
da arroba, já fizeram o boi do Brasil (tomando SP como
referência) voltar a valer menos que o do Uruguai, se
distanciando das cotações da Europa e dos Estados
Unidos, às quais estava se aproximando “perigosamente”.
Logicamente que podemos apontar os ganhos de
competitividade de proteínas concorrentes (como o frango, em função da retração dos preços do milho), o aumento dos índices de endividamento da população e
outros fatores como limitadores de um possível aquecimento das vendas de carne. Mas ainda assim, analisando por “todos os lados”, não dá para negar que o cenário, em termos de venda, se mostra melhor para os próximos três meses, na comparação com os últimos três.
Zootecnista
Scot Consultoria
[email protected]
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Outubro de 2008

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