Trabalho Gulliver OFICIALÍSSIMO

Transcrição

Trabalho Gulliver OFICIALÍSSIMO
Leitura interpretativa da obra “As Viagens de Gulliver”
Como é possível esperar que a humanidade ouça
conselhos, se nem sequer ouve as advertências.
Jonathan Swift
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................................... 2
Biografia do autor .............................................................................................. 4
Contexto histórico .............................................................................................. 5
Personagens ..................................................................................................... 6
Tempo X Espaço ............................................................................................... 9
Narrador .......................................................................................................... 11
Primeira Viagem .............................................................................................. 12
Análise da Primeira Viagem ............................................................................ 14
Segunda Viagem ............................................................................................. 16
Análise da Segunda Viagem ........................................................................... 18
Visão interpretativa das duas primeiras viagens ............................................. 20
Terceira Viagem .............................................................................................. 21
Análise da Terceira Viagem ............................................................................ 23
Quarta Viagem ................................................................................................ 25
Análise da Quarta Viagem .............................................................................. 27
Curiosidades sobre a obra .............................................................................. 29
Considerações Finais ...................................................................................... 31
Referências Bibliográficas ............................................................................... 32
Anexo A – Resumo da Obra............................................................................ 33
Anexo B – Imagens ilustrativas ....................................................................... 34
Anexo C – Letra musical (Original) .................................................................. 35
Anexo D – Letra musica (Tradução) ................................................................ 36
INTRODUÇÃO
A obra “As Viagens de Gulliver”, cujo título original é: Travels into several
remote Nations of the World - in four parts (I- Viagem a Lilipute; II - Viagem a
Brobdingnag; III - Viagem a Lapúcia, aos Balnibarbos, a Luggnagg, a
Glubbdudrib e ao Japão; e, IV - Viagem ao país dos Huyhnhmns), foi escrito
por Jonathan Swift, um autor inglês do século XVIII que representou em uma
ficção os dilemas e as contradições de sua época, publicado no ano de 1726.
A história desta obra relata as viagens realizadas pelo cirurgião da
Marinha Britânica Lemuel Gulliver, permitindo vários níveis de leitura e não se
tratando apenas de uma leitura para o público infantil.
Essa história, que é um livro de viagens, é considerada uma sátira aos
livros de viagens e aos romances de cavalaria, assim como Dom Quixote, é um
dos marcos inicial da ficção científica.
O autor transmite, através do texto, um olhar sobre o homem, suas
instituições, seu apego irracional ao poder.
A história retrata a vida de Gulliver, um médico apaixonado pelo mar e
pela aventura. São várias as influências da vida do autor e do contexto social e
político da Inglaterra em plena Revolução Industrial que podemos perceber no
decorrer da história.
As Viagens de Gulliver” também se destinam a um público leitor
disposto a explorar o contexto histórico e político em que tanto a obra como
seu autor se inseriam na Inglaterra no final do Século XVII e início do Século
XVIII.
A sátira de Swift atacava politicamente o status da Inglaterra no seu
país, questionando o governo da Inglaterra sem descanso e ridicularizando o
caráter inglês.
Swift mostrou ao mundo a consciência não apenas dos maus-tratos aos
irlandeses, mas também da escravatura e da falta de liberdade em geral da
sociedade da época.
“As Viagens de Gulliver” é narrada em quatro viagens, criticando a
sociedade inglesa da época e os costumes europeus em geral.
Embora suas críticas estejam direcionadas à política britânica, sua sátira
2
Visa especialmente à humanidade. Torna-se evidente a valorização dos
padrões civilizados da época: mentalidade burguesa que se cosolidaria logo
mais no século XIX com o Romantismo.
O Humanismo Iluminista está evidente , desde o ínico, na ênfase dada
por Swift à cultura, ao saber. No entanto, o elemento mais valioso que se
encontra em “Viagens de Gulliver” é a visão da humanidade de vários pontos
de vista.
Este trabalho visa elucidar as críticas feitas por Swift à luz do contexto
histórico social da época.
3
Biografia do autor
Jonathan Swift, escritor irlandês nascido em Dublin, considerado como o
satirista mais ferino e brilhante na língua inglesa.
Órfão de pai, com um ano de idade, foi levado secretamente por sua
ama para a Inglaterra, porém dois anos depois, voltou para Irlanda em virtude
dos problemas políticos. Passou a infância sob a dependência de seu tio
Godwin que o mandou estudar na escola Kilkenny, em Dublim (1673). Na
infância teve boa educação, mas sofreu constantemente de crises de surdez,
mal que o ameaçou pelo resto da vida.
Matriculou-se no Trinity College de Dublin (1681) onde só se distingue
pelas punições (1682-1686). Recebeu um diploma da congregação (1688) e,
com a morte de seu tio, neste mesmo ano, foi para Leicester viver junto de sua
mãe. Com ela não dispunha de muito dinheiro para ajudá-lo, é obrigado a
procurar um emprego e sustentar-se.
Fixando-se em Moor Park, Surrey, tornou-se (1689) secretário do
estadista e escritor de grande prestígio, Sir William Temple (1628 -1699). No
emprego adquiriu gosto pelos livros e, continuando seus estudos, graduou-se
na Universidade de Oxford (1692) e foi ordenado pela igreja anglicana (1695).
Nomeado deão da catedral de Saint Patrick, em Dublin (1713) passou a
participar ativamente da vida política da Inglaterra. Em 19 de Outubro (1745),
surdo e louco, morreu em Dublin e foi enterrado na Catedral de São Patrício,
cujo epitáfio em latim escrito em sua lápide, foi escrito por ele mesmo.
Entre seus magníficos trabalhos destacam-se “A Tale of a Tub” (1704),
“Gulliver's Travels” (1726) - um dos maiores sucessos da literatura universal -,
e “Modest Proposal for Preventing the Children of Poor People from Being a
Burden to their Parents or the Country” (1729).
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Contexto histórico
Na época em que a obra foi escrita, o Reino Unido da Grã-Bretanha era
formado pela Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, encontrava-se sob o
comando do inglês George III, que mantinha acirradas brigas com a França.
Os irlandeses não tinham os mesmos tratamentos dos demais povos,
porque a sua população era de origem celtas e sua religião era o catolicismo,
tinham o direito de votar por serem católicos, mas não podiam assumir cargos
públicos. A população vivia na mais sórdida miséria, pobreza e desemprego.
Em 1666, foi vedada a exportação de gado para o reino e começou a
criação de carneiro, sendo que o comércio entre as duas ilhas caiu
consideravelmente. Além disso, decretaram em 1699 uma nova lei que proibia
a exportação para outros mercados do mundo, fazendo com que milhares de
fabricantes abandonassem o país, enquanto a Coroa Inglesa devorava a
Irlanda.
Em 1694, através do Ato do Estabelecimento, Ana assume o trono após a
morte de Guilherme III.
As ideias dos filósofos iluministas começam a ser
difundidas na Inglaterra: separação dos três poderes, liberdade de comércio e
o direito de propriedade. Eles acreditavam na razão humana como a forma
autêntica para a compreensão da sociedade, sendo ela a fonte de todo
conhecimento.
Havia dois grupos políticos:

Tories: nome do grupo que deu origem ao Partido Conservador.

Whigs: nome do grupo que originou o Partido Liberal.
Os Tories defendiam as prerrogativas do Rei e os privilégios da Igreja
Anglicana. O suporte dos Whigs vinha dos setores da aristocracia e
comerciantes de Londres, defendiam uma política de maior tolerância com
católicos e não-conformistas (presbiterianos).
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Personagens
Primeira Viagem ( A Liliput )
- Personagens Principais
 Sr. Lemuel Gulliver – Morador de uma pequena propriedade em
Nottinghamshire, terceiro filho de uma família de cinco. É enviado aos
14 anos para Cambridge,onde permaneceu por três anos aplicados ao
estudo de medicina. Torna-se aprendiz do Sr. James Bates. Aplica-se
aos estudos e outras partes da matemática, úteis a quem tenciona
viajar.
 Golbasto Mormarem Evlane Gurdilo Mully Ully Gue – Imperador de
Liliput. Monarca de todos os monarcas, mais alto do que os filhos dos
homens, agradável como a primavera, confortativo como o verão.
 Skyresh Bolgolam – Antagonista. Ministro e almirante do rei Liliput,
pessoa de muita confiança do amo e grandemente versada em
negócios, mas rabugento e áspero. Sem motivos, torna-se inimigo
mortal de Gulliver.
 Flimnap – Tesoureiro do rei (amigo de Gulliver), deixou de ser amigo
mais tarde devido às calúnias envolvendo sua esposa e Gulliver.
- Personagens Secundários

Sr. Bates – Mestre, professor, eminente cirugião de Londres.

Srta. Mary Borton – Segunda filha do Sr.Edmund Burton (que era
negociante de meias em Newgate Street, que trouxe como dote 400
libras), esposa de Gulliver.

William Prichard – Comandante do Antílope, navio em que Gulliver
fez sua primeira viagem significativa com destino às Índias Orientais.

Limtoc – o general.

Lalcon – o camareiro.

Balmuff – o grande juiz. Redigiu contra Gulliver uma acusação por
traição e outros crimes capitais.
6
Segunda Viagem ( Broldingnag )
- Personagens Principais
 Gildrig – Como Gulliver foi chamando na terra dos gigantes.
 Glumdalclith ou Amazinha – Filha do Gigante, uma menina de
nove anos, esperta para a idade, muito perita na gulha (boa
costureira). Carinhosa, amiga e protetora inseparável de Gulliver.
 Grilbrig – O Fazendeiro. Pai da Amazinha, homem ganancioso,
ganhava dinheiro com as apresentações de Gulliver. Quando
Gulliver adoece, ele o vende para a rainha de Broldingnag.
- Personagens Secundários

Rainha – Se dedicava as coisas fúteis do reino, considerava
Gulliver uma criatura inteligente que servia para distraí-la.

Rei – Possuia grande sabedoria, mantinha longas conversas com
Gulliver a respeito da Inglaterra.

O anão da corte – Era o menor adulto do país, com apenas nove
metros de altura, proferia palavras irônicas a respeito do tamanho
de Gulliver, inveja-o, pois havia perdido, para ele, a preferência da
corte.
Terceira Viagem ( Lapúcia )
- Personagens Principais

O Rei – Como restante dos habitantes, dava importância ao estudo
da matemática e da música.

Munodi – Pessoa de primeira categoria. Foi governdor de Lagado,
capital de Balnibarbos, durante alguns anos.

Os Batedores – principal função era despertar o Rei como os
habitantes com os balões a fim de trazê-los ao assunto atual.
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Glubbdudrib – (próxima cidade a ser visitada por Gulliver) Ilha dos
feiticeiros ou mágicos.

O Rei – Era mágico, invocava os espectros dos mortos para servilo durante 24 horas. Atencioso respondia para Gulliver todas as
indagações feitas sobre sua cidade.
Luggnagg – Terra dos Imortais

Características Gerais – Povo cortês e generoso, tratam
polidamente os estrangeiros. Nasciam muito raramente, primeiro
com uma mancha vermelha e circular na testa (sinal de ser
imortal). Essa marca aumentava e mudava de cor com o passar do
tempo que seria chamado Struldibrugs.
Quarta Viagem ( País Huyhnhmns )

Amo – Amigo de Gulliver. Cavalo com características humanas,
dotado de fala, é ele quem ensina a Gulliver as primeiras palavras
da terra dos cavalos.

Huyhnhmns – Cavalos falantes, dotados de raciocínio e atitudes
humanas.

Yahoos
–
Seres
com
características
humanas
com
o
comportamento irracional. Tinham a cabeça e o peito coberto por
pelos grossos, crespos em alguns e lisos em outros.
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Tempo e Espaço
Quanto às viagens, o “tempo” é cronológico, as datas são precisas, como
se um marinheiro estivesse navegando e para seu controle utilizasse uma
bússola.
O “espaço”, na maioria das vezes, é aberto: mar, terra, ilha e, em alguns
momentos o ambiente se fecha. O escritor alonga-se na descrição de alguns
espaços, como no caso da Ilha Lapúcia.
Exemplos:
- Na parte oito da primeira viagem à Liliput:
“[...]
aproámos
às
Dunas
no
dia
13
de
abril
de
p.702.” (Gulliver Travels p. 105)
“Fiquei apenas 2 meses em companhia de minha mulher e
dos meus [...”] (Gulliver Travels
- Na parte seis da segunda viagem à Brobdingnag:
p. 106.)
“Quando chegamos ao termo da nossa viagem o rei achou
conveniente passar alguns dias numa vivenda que possuía
perto de Flanflasnic, cidade situada a dezoito milhas inglesa da
beira- mar.” (Gulliver Travels p.179)
“Isso deu-se , creio, que a 3 de Junho de 1706, quase nove
meses depois da minha libertação.” (Gulliver Travels p. 191.)
9
- Na parte três da terceira viagem , à Lapúcia, aos Balnibarbos, a Luggnagg:
“A ilha volante é perfeitamente redonda; o seu diâmetro é de
sete mil e oitocentos e sete toesas e meia, isto é quase quatro
mil passos, e , por conseguinte, contém aproximadamente dez
mil acres.” (Gulliver Travels p. 213.)
- Na parte onze da quarta viagem ao País dos Huyhnhmns:
“Entretanto, julguei que estava a dez graus ao sul do Cabo da
Boa Esperança e quase a quarenta e cinco de latitude
meridional.” (Gulliver Travels p. 374)
“A 5 de setembro de 1715 lançamos ferros nas Dunas, quase
ás nove horas da manhã, e às cinco da tarde cheguei a Redriff
de boa saúde e recolhi-me à casa.” (Gulliver Travels p. 385.)
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Narrador
Gulliver é o narrador e também o personagem principal do livro.
A estrutura geral do texto é narrativa, intercalada com períodos de
descrições minuciosas e de diálogos, o que alimenta a imaginação do leitor e
faz com que a ficção se torne tão convincente quanto um fato real.
É possível que o autor se aproveite do elemento fictício para nele poder
expor com liberdade sua visão crítica e pessimista de mundo e de como o
homem se organiza política, social e economicamente nesse mundo.
A facilidade do personagem em aprender idiomas pode ser vista como
elemento recorrente. Seguindo a mesma linha de raciocínio, é quase sempre
uma tempestade que muda o rumo traçado inicialmente por cada embarcação.
E é sempre o mar, com o resgate por um navio inglês, a possibilidade de
retorno à sua pátria, ao seu lar.
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Primeira Viagem
Na primeira viagem, em uma de suas aventuras pelos mares, o navio de
Gulliver enfrenta uma tempestade e vem a naufragar. Gulliver sobrevive após
muito esforço para nadar e chegar até uma praia.
Após um período desacordado, achando que estava a salvo, Gulliver
retoma a consciência e tenta se levantar, quando, para sua surpresa, ele
percebe que está preso por muitas cordas finas em volta do seu corpo,
dificultando seus movimentos.
Em volta dele, havia homens muito pequeninos, de aproximadamente
15cm, que tentam atingi-lo com flechas. Estes homens eram habitantes
daquele país, chamado Liliput (ilha-império de natureza e habitantes
minúsculos) e pareciam nunca ter visto alguém de tal tamanho antes, pois
Gulliver, em relação ao tamanho, era para eles um gigante, passando a ser
chamado por eles de “homem montanha”.
Os pequeninos homens, a mando do Imperador, levam-no para a cidade
para decidirem o seu destino, já que sua permanência no país demandava
muitos gastos e, sua morte poderia provocar uma peste para o país, devido ao
mau cheiro. No início, Gulliver é visto pelos habitantes locais com certo temor,
depois passa a ser o centro das atenções dos curiosos, porém é mantido como
prisioneiro e não tenta se libertar, pois tem medo dos pequeninos habitantes
lançarem flechas envenenadas para matá-lo.
Apesar de estar preso, Gulliver é muito bem tratado, alimentado, vestido,
e recebe visitas de pessoas importantes de Lilliput. Ele aprende a linguagem
dos habitantes e conquista a confiança do povo, tornando-se amigo do
imperador, que introduz Gulliver para muitos dos seus costumes, impondo-lhe
algumas regras para a convivência em sociedade.
Após vários pedidos o rei concede-lhe a liberdade, mediante algumas coisas
que teria que cumprir. Autoriza-o a conhecer a metrópole desde que não pise
nas pessoas e nem danifique as casas.
O povo de Lilliput estava em guerra contra Blefuscu (império vizinho,
idêntico em tamanho ao de Liliput, separado por um canal de água).
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Quando a esquadra de Blefuscu se aproxima de Liliput e está prestes a
fazer um ataque que Liliput não resistiria, Gulliver é chamado, e lhe foi pedido
para que afundasse a esquadra de Blefuscu como pagamento de sua “estadia”.
Gulliver é ordenado pelo rei a lutar contra os Blefuscu, povo que
discordava dos Liliputianos. Gulliver vence a Batalha e recebe um título
honorífico. Além disso, também fica amigo do rei de Blefuscu.
Certa vez, Gulliver é chamado para apagar um incêndio nos aposentos
da imperatriz, ele apaga o fogo com jatos de sua urina, procedimento ilegal
naquele país.
Por este motivo, e o de também Gulliver manter uma relação com os
considerados inimigos de Liliput (Blefuscu), o rei de Liliput é pressionado a
matá-lo aos poucos de fome. Avisado por um amigo importante da corte,
Gulliver foge para Blefuscu. Refugiado em Blefuscu, Gulliver percebe que sua
permanência ali poderia por em risco a situação de paz por ele conseguida e
decide partir, levando consigo alguns animais, apesar de querer levar alguns
habitantes também, o que não lhe foi concedido.
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Análise da primeira viagem
 Primeira viagem: um rei com superioridade física que vê a humanidade
ridiculamente pequena. Swift encontra aqui a possibilidade de exercer a
implacável tirania de seu espírito sobre os homens, mostrando sua
própria superioridade.
Blefuscu e Liliput são sátiras, respectivamente, da França e Inglaterra no
começo do século XVIII.
Em Liliput, Swift cria um rei extremamente absolutista cheio de defeitos,
líder de uma sociedade com preocupações e leis fúteis devido à vontade do
soberano.
Na medida em que ganhava a confiança daquelas estranhíssimas e
pequenas figuras, Gulliver observava o modo de vida de Lilliput.
A sociedade era dividida em castas e a educação das crianças seguia
isso. Estas, quando pequenas, são separadas e enviadas para seminários,
divididas entre sexo feminino e masculino, para serem educadas conforme sua
origem, nobre ou eminente. A educação para os filhos de roceiro e lavradores
não é vista como importante.
Existiam
dois
grupos
em
disputa,
os
ostramecksan e
os slamescksan. Aqueles primeiros defendiam o uso de sapatos com saltos
altos, estes últimos sustentavam que a constituição determinava que se
usassem saltos baixos .
Swift fez uma paródia referindo-se aos whigs e tories ingleses, isto é,
liberais e conservadores. Os ministros do imperador usavam saltos baixos. A
população em geral preferia os saltos altos. O autor utiliza muito humor em
relação as críticas às desigualdades sociais e ridiculariza o preconceito das
sociedades que discriminam pessoas por motivos estúpidos, como no caso de
Liliput, em que os cidadãos se diferem pelo tamanho dos saltos de seus
sapatos.
Discutia-se muito também a propósito de como deveriam ser quebrados
os ovos. Costumes ancestrais exigiam que se quebrassem os ovos por baixo,
pela parte mais larga. Imperadores mais recentes desafiavam as tradições e
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insistiam que os ovos deveriam ser quebrados pela parte menor, isto é, por
cima. Ao que consta, havia gente que preferia morrer a quebrar os ovos por
cima.
A partir desta sátira, Swift denuncia os absurdos políticos da Inglaterra,
às tramas que aconteciam nos palácios, o pouco caso para com os assuntos
urgentes da política, às picuinhas e o modo com que a Inglaterra era intolerante
com os que pensavam contra os seus ideais, levando, assim, nações inteiras à
guerra. Não é por acaso que Liliput e Blefuscu são impérios próximos, como a
Inglaterra e a Irlanda.
A lei vigente também chamava a atenção, onde os acusados, se
conseguissem provar sua inocência, os acusadores seriam condenados à
morte. Crimes contra o Estado eram punidos de modo extremamente severo.
Fraudes eram punidas mais draconianamente do que roubos. A ingratidão era
um dos mais sérios crimes.
O Rei de Blefuscu apoiava o grupo que defendia a quebra dos ovos pela
parte de baixo. Os habitantes de Blefuscu representava uma ameaça, pois se
acreditava que invadiriam Lilliput a qualquer momento. Swift utilizou esta
situação para evidenciar o temor da Inglaterra em ser invadida pela França.
Swift utiliza a rixa entre Liliput e Blefuscu, vizinhos e semelhantes em
tamanho, para criticar as guerras europeias, principalmente entre Inglaterra e
França.
Através dos relatos contidos nesta viagem, Swift demonstrou a
realidade inglesa e francesa da época.
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Segunda Viagem
Desta vez, Gulliver embarca em sua segunda viagem. Devido a uma
tempestade, ele é acidentalmente levado para a ilha de “Brobdingnag”, um país
habitado por gigantes.
Gulliver e seus amigos estavam explorando a ilha quando alguns
marinheiros, que saíram em busca de água fresca, distanciaram-se de Gulliver
que se perdeu dos seus amigos.
Deixado numa praia deserta, Gulliver descobriu que estava numa terra
de gigantes. Assustado diante do tamanho dos gigantes, ele teme em ser
devorado por estes.
Gulliver é levado para a casa de um lavrador chamado Grilbrig, que o
classifica como o seu “achado”, um animal estranho que fala e imita todos os
seus atos. Ele passa a exibir Gulliver para todos com a intenção de obter lucros
e também para gabar-se perante os outros.
Gulliver era tido como patrimônio de Grilbrig, o qual, para protegê-lo, não
permitia que ninguém o tocasse, a não ser sua filha Glumdalclitch, que
ensinava-lhe a língua nativa e, junto com Grilbrig, viajavam pelas cidades
fazendo apresentações pagas do “homem minúsculo”.
Gulliver acaba sendo vendido à Rainha, e continua ao lado de
Glumdalclitch, que o acompanha.
A Rainha ordenou que fizessem uma caixa para servir de dormitório para
Gulliver. Com tudo adaptado para sua acomodação, sua estadia torna-se muito
confortável e sua companhia para a Rainha passa a ser indispensável,
despertando a fúria de outra criatura que também pertencia a ela: um anão que
constantemente atormentava Gulliver com suas maldades.
O Rei de Brobdingnag gostava muito de conversar com Gulliver, pois
queria saber tudo sobre sua terra de origem. Gulliver contou detalhadamente
sobre a constituição do parlamento inglês, os tribunais de Justiça, o critério de
escolha de um novo nobre. E o rei conclui que “a grande maioria dos vossos
semelhantes é representado pela mais perniciosa raça de pequenos e odiosos
insetos, que a natureza já permitiu rastejassem na superfície da terra”.
Com todas aquelas pessoas enormes
e
aquelas situações, Gulliver
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sente-se incomodado e começa a pensar numa maneira de retomar ao seu
país. Sua libertação ocorre no dia em que acompanhou o Rei e a Rainha numa
viagem à costa do Sul do reino. Como sua pajem estava muito resfriada,
Gulliver é levado por outro pajem para ver o mar. Então, o menino se distrai e
uma enorme águia arrasta-o em direção a um rochedo. A ave deixa-o cair no
mar e ele é encontrado por marinheiros da sua “espécie”, ou seja, que tinham
proporções semelhantes a sua.
Gulliver então é deixado em terra e retorna à sua casa.
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Análise da segunda viagem
 Segunda viagem: um ser físico inferior que vê a humanidade
grotescamente grande. Tudo o que provocava repugnância ou rancor
em Swift mostra-se aí de maneira descomunal, como a sua irreprimível
náusea pelo corpo humano, o que pode estar relacionado ao fato de não
ter se casado, conservando a distância todas as mulheres que tentaram
se aproximar dele.
Brobdingnag
é
constituído
por
“grandalhões”
(uma
referência,
possivelmente, aos Reis dos Estados europeus, em contraste com seus
respectivos povos).
A sátira nessa segunda viagem é parecida com a primeira, mas pode ser
vista com um ponto de vista diferente, pois em Liliput, como ele é o “gigante”,
podendo observar a mesquinhez de cima e, em Brobdingnag, sendo ele o
“anão”, pode encarar sua própria insignificância.
Swift aproveita para tratar de sua repulsa pelo corpo humano e seus
defeitos.
Faz
uma
análise
dialética
do
mundo
aumentando
tudo
desproporcionalmente. É nessa terra, Brobdingnag, que até um seio feminino
se torna asqueroso em sua proporção gigantesca, com texturas e manchas
invisíveis aos olhos dos gigantes.
Nessa terra de gigantes, com tudo enorme, Swift mostra que qualquer
banalidade se torna um problema, coisas que seriam simples de se fazer,
tornam-se difíceis.
A crítica de Swift é tão grande que ele fala, pela boca de Gulliver, das
monstruosidades humanas, detalhando os suplícios e as dores da agonia e da
morte como se relatasse as ações triviais de uma criança brincando em um
jardim ensolarado.
No trecho em que Gulliver conversa com o Rei, este faz uma crítica
sobre os usos e costumes dos ingleses, deixando margem para supor que a
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Inglaterra não tem competência para escolher seus representantes, facilmente
seduzidos por somas de dinheiro ou propostas de vantagens e troca de
favores.
O Rei observa que a justiça no mundo real de Gulliver lhe parece lenta e
opressiva, com possível influência religiosa ou política nas decisões. O seu
povo é visto como quem gasta muito em armas para guerras sucessivas e
intermináveis. O Rei ainda cita um exemplo da constituição do seu país, que
colocou cada um em seu devido lugar e determinou com clareza os deveres e
as obrigações. Em Brobdingnag a razão era o motivo da obediência das leis, e
não a força.
É importante destacar que animais e plantas que ali viviam possuíam
formas proporcionais às das pessoas, assim como em Lilliput, demonstrando
que somente as pessoas ali eram diferentes.
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Visão interpretativa das duas primeiras viagens
Através da análise das duas primeiras viagens de Gulliver, pode-se
constatar que, a cada viagem, Gulliver precisa adaptar-se aos costumes das
civilizações que encontra.
No país de Lilliput, onde ele é “o gigante”, Gulliver é considerado
ameaçador, e em Lilliput, onde é pequeno demais, demonstra a insegurança.
Swift apresenta neste trecho a situação do ser humano na sociedade,
pois, dependendo da circunstância, o homem pode ser considerado
suficientemente crescido, seja intelectual ou proporcionalmente maior para
atuar de maneira responsável, ou então, muito frágil e imaturo, sendo então
impedido de tomar decisões próprias ou agir de modo independente.
Da forma com que Swift apresenta outros mundos, ele faz uma reflexão
acerca do mundo em que vive, ou seja, ele critica, não só a sociedade, mas o
ser humano num todo.
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Terceira Viagem
Passado dois anos da última viagem, a convite do capitão Robinson,
Gulliver embarca para uma viagem às Índias como comandante de uma
chalupa (antigo navio a vela). Durante a viagem, é perseguido por dois navios
de piratas que logo os aprisionam, já que a chalupa estava tão carregada que
estava navegando lentamente, sendo impossível se defender dos ataques. Os
piratas roubam a chalupa e dão a Gulliver uma canoa para que consiga chegar
a terra firme.
Após algum tempo, Gulliver chega uma ilha formada por penhascos.
Depois de ser encontrado pelos habitantes, é levado ao palácio real à presença
do rei, não entendendo a sua língua, o rei ordena que lhe ensinem a língua
nativa.
Gulliver
então
aprende
que
o
nome
da
ilha
era
Lapúcia
“Ilha Volante ou Flutuante” e graças a sua inteligência em poucos dias adquiriu
o conhecimento da língua. Os habitantes de Lapúcia viviam em uma nave eram
conhecedores da lógica (Matemática) e da harmonia (Música), não se
interessando por nenhum outro ramo de conhecimento.
Gulliver pouco interessado nestas ciências pede permissão para visitar
outra ilha e segue para Balnibarbos. Em Lagado, metropóle de Balnibarbos,
visita a academia local em que muitos cientistas tentavam aperfeiçoar seus
projetos de remodelação de todas as artes, ciências e línguas.
Como esses projetos ainda não atingiram a perfeição, os habitantes
estavam à mercê dos cientistas, com isso as casas estavam desmoronando, o
campo miseravelmente arruinado e o povo sem roupa e sem comida. Menos o
rei que preferiu viver na maneira antiga, preferiu o bem estar do quê o
progresso geral. Gulliver então propõem alguns melhoramentos nos projetos os
quais são aceitos e reconhecidos pelos cientistas.
Cansado de morar nesse lugar, Gulliver pensa em voltar para a Inglaterra,
mas a falta de um navio o faz visitar uma ilha chamada Glubbdudrib, que
significa “Ilha dos feiticeiros ou mágicos”. Nessa ilha o governador tem
poderes, chamar entre os mortos quem bem quisesse e estes lhe prestavam
serviços por 24 horas. No começo Gulliver ficou assustado, mas logo
se
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familiarizou com o ambiente e aproveitou para chamar os espíritos de muitas
personalidades como Alexandre – O grande, César, Pompeu, Brito, Homero,
Aristóteles, Descartes, com a intenção de esclarecer algumas dúvidas sobre as
histórias antigas e modernas.
Depois de sua estada Glubbdudrib, segue viagem e tenta chegar ao
Japão onde, de lá, regressaria à Inglaterra. Durante a viagem passa por
Luggnagg, onde foi muito bem recebido com muita cordialidade. Fica sabendo
da existência de uma raça chamada Struldbrugs (imortais que viviam naquele
país) e deseja ser um deles, mas quando soube das desvantagens, logo se
arrepende e segue para o Japão e de lá embarca num navio com destino à
Inglaterra.
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Análise da terceira viagem
 Terceira viagem: é o ponto de vista do senso comum, segundo o qual a
vasta maioria da humanidade mostra-se louca e perversa. Satiriza os
cientistas e filósofos dedicados às altas pesquisas científicas, sem
nenhuma preocupação com a sua aplicação na prática, levando-os a
viverem como verdadeiros tolos.
A terceira parte do livro cuida de narrar a visita a vários lugares, entre
eles a visita à ilha de Lapúcia, a terra dos sábios, uma ilha flutuante que fica
acima do continente de Balnibarbos. Toda essa viagem é cheia de
simbolismos, alusões e ironias quanto ao excesso de conhecimento, método e
ciência.
As alusões começam na própria natureza da ilha, uma ilha que voa,
assim como muitas pesquisas da época que buscavam construir objetos
voadores, bem como as primeiras histórias de viagens a lua ou de visitantes de
lá.
A ilha era composta de pessoas muito ‘inteligentes’ que se dedicavam
ao ato de pensar, de formular ideias e refletir sobre elas. Porém não é possível
estabelecer um diálogo com os habitantes dessa ilha, cada pensador tem um
porta-voz para assuntos externos à sua mente. E mesmo sendo habitada por
sábios, é um país muito pobre, sem grandes avanços científicos ou
econômicos.
Ao compor os sábios de Lapúcia, Swift faz um ataque direto à
valorização
da
razão
pelo
iluminismo,
apontando
como
seriam
as
universidades e o grau de alienação que o mundo acadêmico poderia chegar.
As pessoas da ilha eram cheias de ideias, preocupadas com o futuro da
terra, mas se tornavam miseráveis. O autor satiriza cientistas e filósofos, que
se preocupavam muito com a pesquisa, e quase nada com a prática.
A academia de Lagado é uma alusão a Royal Society, porque na época havia
uma grande crítica quanto às pesquisas ali desenvolvidas e sua aplicabilidade.
Após essa visita a Academia de Lagado, Gulliver é convidado a
conhecer Glubbdudrib, a ilha dos mágicos. Nessa visita conhece uma família
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que era servida por fantasmas. Ficou pouco tempo nessa ilha, mas pode
perceber que nada é o que parece nessa terra e quanto aos fantasmas, após a
morte as pessoas perdem um pouco de sua capacidade de pensar, assim
mesmo fantasmas de grandes pensadores
como Descartes, eram pouco
‘inteligentes’, não eram capazes nem de explicar a sua própria obra.
Saindo de Glubbdudrib, Gulliver embarca em um navio para Luggnagg,
última escala até o Japão. Nessa ilha nosso interlocutor encontra os imortais,
porém sua descrição é um exemplo de grotesco; ao contrário do ideal buscado
pelos
pesquisadores da imortalidade, essa não era uma
desejada entre os habitantes
qualidade muito
dessa terra. Segundo o próprio narrador, a
imagem de um imortal revela a necessidade da morte, essas pessoas
continuavam envelhecendo, adoecendo, perdiam seus sentidos e a capacidade
de se comunicar, com as mudanças de língua e linguagem, eles acabavam
isolados com uma imagem fantasmagórica.
Swift apresenta ironicamente um dos maiores desejos da humanidade,
enganar a morte, viver para sempre. Desde os alquimistas a tradição cientifica
busca alongar a vida, porém o autor toca o ponto central da questão: não
querem o poder de não morrer, querem ser jovens para sempre. Assim ao
descrever um imortal, como alguém incapaz de morrer e de viver como os
outros e a própria imortalidade como um defeito, ele ataca a busca por desejos
além das nossas capacidades.
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Quarta Viagem
Após cinco meses com a família, Gulliver é tentado a aceitar uma nova
viagem, agora como capitão do navio. Devido as mortes de diversos homens
de sue navio, é obrigado a recrutar novos homens, e a maioria deles eram
bandidos, antigos piratas,logo depois é traído por eles e deixado em um bote
em alto mar. Depois de vagar a deriva por algum tempo, chega ao país dos
Huyhnhnms, que era governado por cavalos, que procediam como criaturas
racionais daquele país. Gulliver pensou estou louco.
Os cavalos ficaram interessados em saber de que parte ele vinha e como
aprendeu imitar os yahoos cruéis e desprezíveis animais irracionais daquele
país, muito parecido fisicamente com os homens.
Depois de aprender o idioma dos cavalos, Gulliver explica a eles porque
foi parar naquele lugar, então ele conta como foi traído por criaturas de seu
país. Isto gera grande confusão entre os cavalos, pois eles não entendiam que
pudesse haver falsidade ou mentira entre irracionais como eram considerados,
porque eles não conheciam o “duvidar”.
Então o cavalo amo pede que Gulliver descreva o país de onde viera.
Gulliver fala-lhes sobre a questão da acusação e defesa, da importação de
produtos como comida e bebida para satisfazer a ganância e a vaidade de
muitos, das doenças físicas e psicológicas, de como são escolhidos os
primeiros ministros e sobre os motivos que levam seu país a guerrear.
Depois de ouvir atentamente o relato de Gulliver, o cavalo amo diz a
Gulliver como era o comportqamento dos yahoos. Segundo ele, os yahoos e os
homens descritos por Gulliver se difereciam apenas pelo vigor, na rapidez, no
comprimento das garras, mas pela descrição que fez dos costumes e dos atos,
julgou existir idêntica semelhança na disposição dos espíritos.
O cavalo amo relata também as virtudes do Huyhnhnms uma delas é não
ter amor fraterno, eles amam toda a espécie, controlam a natalidade, quando
se casam escolhem pela cor, para não haver mistura de raças e as fêmeas
recebem o mesmo tratamento dos machos. Fala também da Assembléia que é
feita de 4 em 4 anos para saber do estado e as condições dos vários distritos,
se precisam ou se sobram aveia, feno, vacas ou Yahoos.
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Gulliver estava decidido a ficar neste país para sempre, mas dói realizada
uma Assembléia Geral para saber se os Yahoos deviam ser exterminados da
face da terra. E o cavalo amo acoselhou-me a ir embora em virtude de ele estar
parecendo mais com Houyhnhnms do que como um animal irracional, Yahoo.
Ajudado por um Alazão, Gulliver constrói uma canoa e se despede de
todos com muita dor e lágrimas. Depois, tenta morar em outra ilha, mas é
expulso por seus nativos homens e mulheres nus.
Algum tempo depois é encontrado por marinheiros que o levaram, mesmo
contra sua vontade. O capitão do navio convenceu-o a voltar para sua terra. Ao
chegar, sente desprezo pela família, perante à comparação com os Yahoos e
por estar desabituado do contato com este “animal”.
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Análise da quarta viagem
 Quarta viagem: O ponto de vista é o de um animal racional que vê a
raça humana inteira como irracional e bestial. Mostra a enorme
superioridade dos equinos em relação aos homens;
A quarta parte do livro são os relatos da visita de Gulliver a terra dos
Huyhnhnms. Uma terra governada por cavalos, onde a forma humana era
representada por seres chamados yahoos, estes não eram dignos de confiança
e não possuíam inteligência. Os Huyhnhnms eram seres extremamente
inteligentes, entendiam todas as línguas do mundo, conheciam ciências,
filosofia e seu reino são descrito como um reino ou estado ideal. Não tinham
doenças, guerras, maldades, fraudes e corrupção em sua história.
Essa parte contém a sátira mais ‘pesada’ de Swift, com a descrição dos
yahoos o autor demonstra toda a degeneração da raça humana. Fazendo uso
da ironia coloca os cavalos no poder e como os governantes ideais, logo os
animais mais domesticados e mais encontrados nas cidades da época. Era o
principal meio de transporte, esses animais não são muito prezados pela sua
inteligência e sim pela sua força.
Porém Swift descreve os Huyhnhnms como seres realmente superiores;
sua língua, para Gulliver, parece o mesmo relincho dos cavalos europeus, mas
depois de aprender um pouco sobre o idioma percebe que é uma língua
riquíssima, como algumas falhas de vocabulário para as palavras que
representam a maldade, a corrupção e as doenças européias.
Swift também demonstra com essa alegoria que qualquer animal é mais
capaz de governar um país que os humanos.
Os animais não têm as fraquezas e falhas humanas. Que mesmo o mais
simples dos animais triunfa nessa tarefa.
A espécie humana não tem a capacidade de governar em favor do
comum, as particularidades aparecem, desolando toda a população.
Gulliver descreve isso aos leitores com precisão ao fazer as
comparações com sua terra e toda a Europa.
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As justaposições dos costumes Houyhnhnms e os europeus ou os
ingleses deixam essas diferenças em evidência, levando o leitor a refletir sobre
as grandes ações tomadas pela corte e também ações do dia a dia tomadas
pela população.
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Curiosidades
A obra, além de inspirar atualmente o cinema, que lançou recentemente
o filme “As Viagens de Gulliver”, já inspirara fabricantes de brinquedos em
épocas passadas.
Segue abaixo uma matéria retirada do site “mundodasmarcas” sobre a
história dos brinquedos Gulliver:
“A história da marca GULLIVER começou na Espanha com Mariano
Lavin Ortiz, que já mantinha forte relação com o universo dos brinquedos,
sendo proprietário de uma fábrica de brinquedos na cidade de Madrid no
começo dos anos 50.
Sua convicção democrática, no entanto, era incompatível com a política
do general Franco e, em 1959, ele emigrou para o Brasil com sua família.
Assim como no célebre romance de Jonathan Swift chamado “As
viagens de Gulliver”, onde o herói da história saía de seu país indo parar em
Lilliput, uma terra habitada por homens pequeninos, na chegada ao Brasil
encontraram também uma porção de seres pequeninos: as crianças.
E foi pensando nelas e para dar continuidade ao trabalho desenvolvido
pelo pai na Espanha que, em 1969, em São Caetano do Sul, os filhos fundaram
a Gulliver Manufatura de Brinquedos.
O nome foi escolhido por eles que quando crianças eram fascinadas
pelas viagens narradas no romance de Jonathan Swift. No começo eram
brinquedos de PVC, que evoluíram depois para diversos processos de
transformação de plásticos.”
Além das inspirações citadas acimas, uma banda de rock de Los
Angeles denominada “No More Kings” (Não há mais reis), também inspirou-se
na obra de Gulliver para compor uma letra musical chamada “ Leaving Lilliput”
(Deixando Lilliput). A banda é conhecida por suas frequentes referências a
figuras da cultura pop.
O nome de "No More Kings" vem de um episódio de Schoolhouse
Rock! , uma das muitas inspirações da band, que trata sobre os peregrinos que
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deixam a Inglaterra, em busca de liberdade e independência.
Encontra-se, em anexo a este trabalho, a letra da música, para uma
melhor compreensão do leitor.
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Considerações Finais
Gulliver é dividido em quatro viagens, cada uma delas com suas
particularidades, com suas partes divertidas e suas partes sérias. São elas:
“Viagem a Liliput”, “Viagem a Brobdingnag”, “Viagem a Laputa” e “Viagem ao
País dos Houyhnhms”. Nesses lugares Gulliver vive aventuras incríveis
enquanto mergulhamos na ficção de Swift, aventuras que para quem está no
meio acadêmico são fontes ricas de conhecimento, são meios para
explorarmos a mentalidade do cidadão inglês do século XVIII que refletia os
acontecimentos da época.
Swift além atacar a Inglaterra da época, através das suas sátiras,
denunciava as misérias morais da humanidade. Além de desmascarar a
humanidade e demolir seus falsos valores (seu objetivo principal ), Swift visava
ridicularizar a moda dos livros de viagem, que na época, se transformaram
numa obsessão da burguesia, ele disse que com o livro “Viagens de Gulliver”
ele pretendia agredir o mundo, não diverti-lo.
As quatro viagens formam uma série em que a visão vai se tornando cada
vez mais escura. Representam estágios da desilusão de Gulliver, que vai se
tornando tão obcecado pelas faltas genéricas da humanidade que não
consegue mais apreciar as virtudes dos indivíduos.
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Referências Bibliográficas
Travels Into Several Remote Nations of the World – In Four Parts – by Lemuel
Gulliver- first a Surgeon, and then a Captain of several Ships – London –
MDCCXXVI. Jonathan Swift
http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/09/gulliver-o-mundo-dafantasia.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Viagens_de_Gulliver
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2090025
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-140472/
http://www.baixaki.com.br/download/as-viagens-de-gulliver.htm
http://www10.brinkster.com/ricardomoraes/pt/res/resgulli.htm
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/gulliver.html
http://resumodelivro.com/jonathan-swift-de-queiros/viagens-de-gulliver/
http://www.alexandrebrito.net.br/verbetes/Entradas/2012/2/12_Jonathan_Swift_
-_As_Viagens_de_Gulliver.html
http://www.globomidia.com.br/entretenimento/viagens-de-gulliver
http://en.wikipedia.org/wiki/No_More_Kings
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Anexo A
Resumo da Obra
A narrativa inicia-se com o naufrágio do navio onde Gulliver seguia.
Após o naufrágio ele foi arrastado para uma ilha chamada Lilliput. Os
habitantes
desta
ilha,
que
eram
extremamente
pequenos,
estavam
constantemente em guerra por futilidades. Foi através dos lilliputianos que Swift
demonstrou a realidade inglesa efrancesa da época.
Na segunda parte, Gulliver conheceu Brobdingnag. Em contraposição a
Liliput, na terra de Gigantes é que Gulliver percebe a Dimensão da
mediocridade da sociedade inglesa diante da "grandeza" dos habitantes.
Já na terceira parte Na ilha Flutuante de Laputa, Swift criticou a Royal
Society, a administração inglesa na Irlanda e a imortalidade, através da
descrição dos habitantes dos países por onde Gulliver passou, com alienados
cientistas, é uma feroz crítica ao pensamento cientifico que não traz benefícios
para a humanidade.
Na última viagem Gulliver encontrou os Houyhnhm, uma raça de cavalos
que possuía muita inteligência, que representavam os ideais iluministas da
verdade e da razão. Os Houyhnhm temiam que alguém dos Yahoo (uma raça
imperfeita de um tipo de "humanos") movidas por instintos primitivos, se
tornasse culto, satirizando a raça humana. Gulliver vê a humanidade como
yahoos e toma nojo do ser humano.
Por fim Gulliver regressou a Inglaterra para ensinar aos outros as
virtudes que aprendera com os Houyhnhm.
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Anexo B
Imagens ilustrativas
Gulliver
Jonathan Swift (1667 — 1745)
Gulliver para o cinema
Logotipo da Marca
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Anexo C
No More Kings – Leaving Lilliput
Lyrics to Leaving Lilliput :
(Radio:)
You're tuned into Lilliput 97.3
The radio station for the tiny people
Like you and me
All the party people under three inches tall
Raise your hands
Uh, Uh, Yeah, Yeah
(Sung:)
My name is Gulliver
I've been lying here all day
Kept like a zeppelin
Tethered to the ground
So I won't fly away
Two thousand people
So much smaller than me
I'd dash them to pieces
If I could get my arms free
The thought has crossed my mind
I might never get out of here
I'm not giving up this time
I've gotta keep my head clear
I keep telling myself
I keep telling myself
I keep telling myself
Come on, be strong
You feel the love coming at you?
We got the Big Man tied down
But that don't mean you gotta frown
Let that die where it is
Keep it put, Lilliput
I'm throwing out the little tiny vibes
For your little tiny minds
Put your itty-bitty hands in the air for me now.
I'm just a traveler
They don't play host very well
I think I'm starting to
Sympathize with Gargamel
Chasing all the Smurfs
Three apples high
Gonna catch their blue butts
Make a blue Smurf pie
And if I close my eyes
Will they all disappear
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Anexo D
Tradução
Você está em sintonia com 97,3 Lilliput
A estação de rádio para as pessoas pequenas
Como você e eu
Todas as pessoas do partido com menos de três centímetros de altura
Levante as mãos
Uh, Uh, Yeah, Yeah
Meu nome é Gulliver
Eu tenho aqui deitado o dia todo
Mantido como um zepelim
Amarrados ao chão
Então eu não vou voar
Duas mil pessoas
Muito menor do que eu
Eu despedaçava-as
Se eu pudesse ter os braços livres
O pensamento passou pela minha cabeça
Eu nunca poderia sair daqui
Eu não vou desistir desta vez
Eu tenho que manter minha cabeça limpa
Eu continuo dizendo que
Eu continuo dizendo que
Eu continuo dizendo que
Vamos, seja forte
Você sente o amor que vem em você?
Nós temos o Big Man amarrado
Mas isso não significa que você tem que franzir
Deixe que morrem onde é
Mantenha-o colocar, Lilliput
Eu estou jogando fora as vibrações minúsculos pequenos
Para suas pequenas mentes pequenas
Coloque suas mãos no ar para mim agora.
Eu sou apenas um viajante
Eles não jogar o anfitrião muito bem
Eu acho que estou começando a
Simpatizar com Gargamel
Caçando todos os Smurfs
Três maçãs alta
Vai pegar suas extremidades azuis
Fazer uma torta Smurf azul
E se eu fechar meus olhos
Será que todos eles desaparecem
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