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MULHERES QUE SE DISTINGUIRAM NAS
CIÊNCIAS
ANTIGUIDADE
Maria, a Judia (aproximadamente 273 AC)
Maria era uma antiga filósofa grega e famosa
alquimista, irmã de Moisés, que viveu no
Egipto por volta do ano de 273 a.C. Alguns
historiadores situam-na na época de Aristóteles
(384-322 a.C.), uma vez que a concepção
aristotélica dos quatro elementos formadores do
mundo (o fogo, o ar, a terra e a água) condiz
bastante com as ideias alquimistas de Maria,
como o axioma de Maria: “o Um torna-se Dois,
o Dois torna-se Três, e do terceiro nasce o Um
como Quatro.” De entre as invenções de Maria
estão o kerotakis, uma espécie de barril fechado
e o banho de vapor. Tendo em vista efectuar um
aquecimento lento e gradual dos elementos das
suas experiencias, em vez de manipular as
substâncias directamente no fogo, ela descobriu que era possível controlar melhor a
temperatura se fosse por meio da água – o que até hoje chamamos de “banho-maria”. Para
além disso, inventou ainda dois equipamentos de destilação (alambique), com duas ou três
saídas para destilados – o dibikos e o tribikos – e um aparelho para sublimação, sendo ainda
atribuída a descoberta do ácido clorídrico. A maior parte das suas escrituras foram
conservadas por Zósimos de Panópolis (300 d.C.), um alquimista grego do final do século
III, que escreveu os livros de alquimia mais antigos de que se tem notícia.
DOS PRIMÓRDIOS DA ERA CRISTÃ ATÉ AO SÉCULO XVIII, INCLUSIVE
Hypatia de Alexandria (370- 415)
Hypatia nasceu em Alexandria, na Grécia,
por volta do ano 370 e morreu em 415. Foi
uma mulher não apenas ligada à ciência e à
matemática, mas também à filosofia. Era
professora de uma escola neoplatónica, sendo
uma acérrima defensora dos estudos da lógica
e da matemática e uma grande crítica da
religião e do misticismo. No campo da
astronomia, considera-se que foi a inventora
do astrolábio, do planisfério e do hidrómetro.
No campo da matemática, os seus escritos
foram importantes para o desenvolvimento
das hipérboles, das parábolas e das elipses,
tendo sido inspirada sobretudo por Pitágoras. Na historiografia contemporânea ela é
apontada como a melhor filósofa do seu tempo, ultrapassando todos os outros filósofos,
sendo ainda admirada pela sua extraordinária dignidade e virtude. Os seus Mestres na
filosofia foram Platão e Aristóteles. A proeminência de Hypatia era acentuada pelo facto de
ser simultaneamente mulher e pagã. Ela tinha, aliás, um comportamento pouco comum para
a época: exercia uma liderança na política e na luta contra as superstições e conduzia a sua
própria carroça, o que era visto como impróprio a uma senhora.
Sophie Brahe (1556 – 1643)
Sophie Brahe foi uma mulher dinamarquesa
especialista em horticultura e estudante de
astronomia, química e medicina, tendo ficado
conhecida por ter coadjuvado o seu irmão Tycho
Brahe na realização de importantes observações
astronómicas. Viveu entre 1556 e 1643, tendo
conhecido sérios problemas financeiros pelo facto
de lhe ter sido retirado o dinheiro a que tinha
direito, devido à sua opção em estudar ciências.
Na realidade, a família encorajou-a a estudar
sobretudo horticultura e química, mas a sua
determinação fê-la desbravar outros campos do 3
saber, através da leitura de livros em alemão e de
livros em latim que ela pagava para serem traduzidos. Aliás, ela e o irmão foram muito
cúmplices na atitude de se interessarem pela ciência, pois a família entendia que estas não
eram actividades dignas das pessoas nobres. O interesse de Sophie pelo estudo da química e
da medicina alinhava-se com as ideias de Paracelsus, segundo o qual pequenas doses de
veneno poderiam servir como importantes fármacos. De entre as diversas actividades que
desenvolveu contam-se, por exemplo, a criação e manutenção de jardins de uma beleza
excepcional, a produção de horóscopos e a redacção da genealogia das famílias nobre da
Dinamarca, cuja primeira edição foi publicada em 1626.
Elisabeth Hevelius (1647- 1693)
Elisabeth Hevelius viveu entre 1647 e 1693 e
pertencia a uma rica família de mercadores
que vivia na cidade de Danzig (actual Gdanks,
Polónia), a qual pertencia à Liga Hanseática.
O seu casamento com Hevelius, em 1663,
permitu-lhe desenvolver o seu interesse
pessoal pela astronomia, tendo passado a
colaborar com o seu marido na gestão do
Observatório que este possuía em Danzig.
Após a morte de Hevelius, em 1687, Elisabeth
concluiu e publicou a obra que ambos estavam
a compilar, com o título Prodromus astronomiae (1690), que consistia num catálogo de
1.564 estrelas e suas respectivas posições. Por estes feitos, Elisabeth foi considerada a
primeira mulher astrónoma e apelidada como “a mãe das cartas da lua”.
Émilie de Breteuil (1706-1749)
Émilie de Breteuil, também conhecida como
Marquesa de Châtelet, foi uma matemática
francesa que viveu entre 1706 e 1749. Sendo de
uma família abastada, Émilie recebeu uma
educação muito à frente do seu tempo para a
época, pois o seu pai permitiu-lhe aprender latim,
grego e alemão, e nunca a considerou apenas uma
“mulher a casar”, para assegurar 4
descendência. Ao longo da sua vida, Émilie
conviveu com nomes como Rousseau e Voltaire,
tendo este último considerado que ela seria
superior a ele, em virtude dos seus conhecimentos.
Voltaire estimulou Émilie a traduzir para a língua francesa o Principia Mathematica de
Newton, trabalho que ela concluiu no ano da sua morte e que foi entregue à Biblioteca Real
do Rei Luís XIV. Nesta tradução foram ainda incluídos comentários seus, incluindo as suas
ideias relativas aos mecanismos envolvidos na noção de conservação da energia. Alguns
anos antes da conclusão desta tradução, em 1937, Émilie publicou um trabalho intitulado
Dissertação sobre a natureza e a propagação do fogo, baseado nas suas investigações sobre
a ciência do fogo. Estes estudos foram os precursores daquilo a que hoje se chama a
radiação infravermelha e da natureza da luz. Em sua homenagem foi dado o seu nome a
uma cratera de Vénus.
Caroline Herschel (1750- 1848)
Caroline Herschel foi uma astrónoma inglesa nascida na
Alemanha em 1750. Sendo irmã do astrónomo Sir William
Herschel, Caroline trabalhou com ele toda a sua vida. A sua
contribuição mais importante para a astronomia foi a
descoberta de vários cometas e em particular do cometa
periódico 35P/Herschel-Rigollet, que foi baptizado com o
seu nome. Tendo começado inicialmente por aprender
música e por ter aulas de canto, por influência do irmão que
tinha uma carreira musical como vocalista e organizador de
concertos,
Caroline
e
William
descobriram
progressivamente a paixão pela matemática e pela
astronomia. Aquilo que para eles era um passatempo passou a tornar-se na sua actividade
principal. Em virtude da sua colaboração com o irmão nas actividades de astrónomo do
primeiro, o Rei Jorge III decidiu atribuir a Carolina uma renda de quinze libras, facto que
pode ser considerado como a primeira vez em que uma mulher foi reconhecida pela sua
actividade científica. Antes da sua morte, Caroline catalogou em Inglaterra todas as suas
descobertas, tendo sido proclamada membro honorário da Sociedade Real de Astronomia e
da Academia Real Irlandesa. Recebeu ainda a Medalha de Ouro da Ciência da parte do Rei
da Prússia.
Marie-Anne Pierette Paulze (Madame Lavoisier) (1758-1836)
Marie-Anne Paulze foi uma química francesa que
viveu entre 1758 e 1836 e é considerada a “mãe da
química moderna”. Casou-se antes de completar 14
anos com Antonio Lavoisier, com quem passou a
colaborar nas suas experiencias laboratoriais. Durante
dez anos dedicou-se à aprendizagem da química e da
língua inglesa. Nesta sequência, passou a dirigir o
laboratório nas ausências do marido e começou a
dedicar-se
à
tradução
de
obras
científicas
extremamente importantes, do inglês para o francês e
vice-versa. Foi ainda uma exímia ilustradora das
publicações científicas do seu marido, representando
com grande minúcia os aparelhos utilizados nas experiências laboratoriais descritas. Os seus
trabalhos iniciais foram sobre a natureza do gesso e depois sobre tipos de iluminação
pública. Após a morte do seu marido, que foi guilhotinado em 1794, Marie-Anne continuou
os seus estudos e publicações. Viveu até aos 78 anos de idade e acabou por não ter o
reconhecimento devido, pois ninguém se interessou por escrever a sua biografia.
Mary Anning (1799-1847)
Mary Anning foi considerada a maior especialista em
fósseis que o mundo alguma vez conheceu. De
naturalidade inglesa, viveu entre 1799 e 1847, sendo
oriunda de uma família numerosa de poucos recursos
económicos.
Para
conseguir
obter
proventos
suplementares ao fraco rendimento do pai, todos os
membros da família costumam coleccionar e vender
fósseis que apanhavam nas falésias da cidade de Lyme
Regis, situada no litoral sul do país. Acredita-se que
uma das primeiras grandes descobertas de Mary Anning
aconteceu quando ela tinha apenas 10 ou 12 anos de
idade e tratou-se do primeiro exemplar da espécie
Ichthyosaurus a ser conhecido pela comunidade
científica de Londres. Com a morte prematura do seu progenitor, Mary Anning intensificou
a sua capacidade de observação e de descoberta de material fóssil com utilidade científica e
começou a liderar o negócio da família neste domínio, o qual lhes permitia obter dinheiro
para sobreviverem. De um ponto de vista científico, a sua maior descoberta talvez tenha
sido o primeiro Plesiosaur. A falta de documentação que comprovasse as suas aparentes
geniais capacidades levou-a a ser quase esquecida 6
no domínio da paleontologia. No entanto, o facto de ser mulher e de ser oriunda de uma
família de baixo estatuto constituíram factores que chamaram a atenção da comunidade
científica para o trabalho de Mary Anning, sendo para alguns impossível que ela possuísse
todo o conhecimento que parecia evidenciar. Na realidade, ela não era apenas uma
coleccionadora de fósseis, sendo antes disso alguém que compreendia o valor dos achados
em termos científicos.
Ada Lovelace (1815-1852)
Ada Lovelace, de naturalidade inglesa, é reconhecida como a primeira programadora de
computador de toda a história. Foi a única filha legítima de Lord Byron e viveu entre 1815 e
1852. Considerada uma matemática talentosa, ficou conhecida principalmente por ter
escrito um programa que poderia ter utilizado a máquina analítica de Charles Babbage,
constituída por unidade de controlo de memória, de aritmética, de entrada e de saída. Esta
máquina teve como objectivo ultrapassar os erros contidos nas tabelas matemáticas da
época e consistiu num avanço notório, após dez anos de trabalho no desenvolvimento de
uma primeira máquina, chamada máquinas das diferenças. Ada criou vários programas para
a máquina analítica e é, por isso, uma das poucas mulheres da história a figurar na área do
processamento de dados. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América criou
uma linguagem computacional a que chamou Ada, em sua homenagem. Em 1980 este
mesmo Departamento aprovou o Manual de Referência da dita linguagem, tendo sido criado
o código “MIL-STD- 1815”, que inclui a data de nascimento de Ada Lovelace. Também
para manter vivo o seu legado, a Sociedade Britânica de Computadores tem oferecido desde
1998 uma medalha com o seu nome e em 2008 iniciou uma competição anual para as
estudantes das áreas das ciências computacionais.
SÉCULOS XIX E XX
Marie Curie (1867 – 1934)
Marie Currie (com o nome de solteira Maria
Sklodowska) foi uma cientista francesa de origem
polaca que viveu entre 1867 e 1934. Foi galardoada
(em conjunto com o seu marido Pierre Curie e com
Henri Becquerel) com o Prémio Nobel da Física em
1903
pelas
suas
descobertas
no
campo
da
radioactividade, que era um fenómeno pouco no
início do século XX, e como Prémio Nobel da
Química, em 1911, pela descoberta dos elementos
químicos rádio e polónio (nome que pretendia
homenagear a sua terra natal). Licenciou-se em
Ciências Matemáticas e Física na Sorbonne, em
Paris, e foi a primeira mulher a leccionar nesta
instituição de ensino superior. Numa atitude desinteressada, nunca patenteou o processo de
isolamento do rádio, permitindo a investigação das propriedades deste elemento por toda a
comunidade científica. Fundou o Instituo do Rádio, em Paris, que dirigiu até à sua morte.
Foi a primeira mulher a receber um Prémio Nobel e foi a primeira pessoa a receber dois
Prémios Nobel em áreas diferentes. Morreu com leucemia aos 67 anos de idade,
provavelmente em virtude da exposição maciça que sofreu a radiações durante o seu
trabalho enquanto cientista.
Irène Joliot-Curie (1897- 1956)
Irène Joliot-Curie foi uma cientista francesa da área da
química, que viveu entre 1897 e 1956, sendo filha de
Marie Skodowska-Curie e de Pierre Curie e esposa de
Frédéric Joliot-Curie. Juntamente com o seu marido,
Irène Joliot-Curie recebeu o Prémio Nobel da Química
em 1935 pela descoberta da radioactividade artificial. A
atribuição deste Prémio Nobel trouxe a Irène fama e
reconhecimento por parte da comunidade científica,
tendo sido galardoada com o lugar de Professora na
Faculdade de Ciências de Paris, em 1937. A sua
investigação sobre a acção dos neutrões nos materiais
pesados constituiu um passo importante na descoberta
da fisão nuclear. O seu envolvimento político nos movimentos anti-fascistas em França, no
final dos anos 30, levou-a a integrar o Comité de Vigilância dos
Intelectuais Anti-fascistas. Em 1936 foi designada Sub-secretária de Estado da investigação
científica do governo francês, tendo sido uma das responsáveis pela criação, em França, do
Centro Nacional de Investigação Científica. Seguindo o legado de seus pais, Irène e o
marido sempre publicaram os resultados dos seus trabalhos de investigação, no pressuposto
de que seriam benéficos para toda a comunidade científica. Todavia, com o receio das suas
descobertas poderem vir a ser usadas para fins militares, deixaram de as tornar públicas,
tendo depositado toda a sua documentação sobre a fissão nuclear nos cofres da Academia
de Ciências Francesa, entre 1939 e 1949. A par da sua actividade científica e política, Iréne
desempenhou também algum activismo, tendo-se envolvido, por exemplo, na promoção da
educação das mulheres (Comité Nacional do Sindicato das Mulheres Francesas) e da paz
mundial (Conselho da Paz Mundial). Tal como a sua mãe, Marie Curie, também Irene
morreu prematuramente, aos 59 anos, com leucemia, em virtude da exposição a que era
sujeita a materiais radioactivos no decorrer dos seus trabalhos de investigação.
Sofia Kovalevskaya (1850-1891)
Sofia Kovalevskaya nasceu em Moscovo e viveu entre
1850 e 1891. Foi a primeira mulher a distinguir-se como
matemática na Rússia e a primeira mulher a doutorar-se
em matemática na Europa, tendo obtido o lugar de
professora catedrática na Universidade de Estocolmo,
Suécia, em 1889. Uma das suas principais contribuições
para a área é agora conhecido como o teorema CauchyKowalevski. Ao longo da sua vida, enquanto matemática
nunca lhe foi oferecido um lugar de professora na Rússia,
embora tenha sido aceite como membro na Academia de
Ciências da Rússia, pouco tempo antes da sua morte prematura, aos 41 anos de idade, em
consequência de pneumonia. Para além da matemática, Sofia teve também desempenhos
notáveis na área da literatura, tendo publicado obras de ficção, revisões teatrais e artigos
sobre ciência para jornais de tiragem corrente. Na actualidade, a Associação de Mulheres de
Matemática (AWM) criou um programa para as escolas secundárias, com o nome de Sofia
Kovalevskaya, o qual visa apoiar financeiramente iniciativas de estímulo à aprendizagem da
matemática por parte das raparigas. A referida associação criou ainda um prémio anual,
também com o nome de Sofia Kovalevskaya, cujo objectivo é distinguir contribuições
significativas das mulheres na área da matemática aplicada ou computacional. A cratera
Kovalevskaya da Lua foi assim designada em sua honra.
Gerty Theresa Cori (1896-1957)
Gerty Cori foi uma bioquímica americana, nascida em
Praga, República Checa, no seio de uma família judia,
tendo-se convertido ao catolicismo na sequência do seu
casamento com Carl Cori. Viveu entre 1896 e 1957 e
trabalhou sempre em colaboração com o seu marido em
diferentes instituições de investigação nos Estados Unidos
da América, país para onde emigraram após o matrimónio.
O foco dos seus trabalhos residia na forma como o
glicogénio era resintetizado no organismo, de maneira a
funcionar como reservatório e como fonte de energia. Em
1929, o casal Cori propôs uma teoria baptizada com o seu nome e que lhes permitiu receber
o Prémio Nobel da Medicina em 1947 (em conjunto com o médico argentino Bernardo
Houssay). Tal teoria, designada como o Ciclo de Cori, consiste na sua explicação sobre o
movimento da energia no corpo: dos músculos passa para o fígado e deste novamente para
os primeiros. O seu prestígio enquanto cientista não a isentou de sofrer o sexismo da
academia americana, pois diversas universidades quiseram oferecer um lugar de
investigador e professor ao marido, mas recusavam-se a contratá-la. Foi na Escola de
Medicina da Universidade de Washington, onde começou por ser assistente de investigação,
em 1931, que Gerty obteve finalmente um lugar de Professora Catedrática, mas apenas
quando Carl foi eleito Director do Departamento de Bioquímica da mesma instituição, em
1947. Ela ocupou esta posição até à sua morte, dez anos depois. Gerty Cori foi a primeira
mulher americana a receber um Prémio Nobel na ciência, tendo sido a terceira a nível
mundial a conseguir tal proeza, na sequência de Marie Curie e de Irène Joliot-Curie. Foi
dado o seu nome a uma das crateras descobertas na lua.
Barbara McClintock (1902-1992)
Barbara McClintock foi uma cientista americana,
pioneira na área da botânica, tendo sido uma das
investigadoras mais distinguidas do mundo pelo seu
trabalho no domínio da citogenética. Viveu entre
1902 e 1992, e consagrou a sua carreira, sobretudo 10
nos anos 40 e 50, ao estudo do desenvolvimento da
citogenética do milho. Pelas suas descobertas ao nível
dos cromossomas do milho e pela descodificação da
informação neles contida, Barbara recebeu vários
prémios e foi eleita, em 1944, membro da Academia
Nacional de Ciências dos Estados Unidos da
América. Em 1983 recebeu o Prémio Nobel da Medicina pela sua descoberta da
transposição genética, tendo sido a única mulher até ao presente a receber um Prémio Nobel
não partilhado nesta área. Na biografia desta investigadora, parece importante destacar que
a sua mãe se inclinava a educá-la de acordo com os valores tradicionais da época (início do
séc. XX), relativos à educação das raparigas, que preconizavam sobretudo a adopção dos
papéis materno e conjugal para as mulheres, chegando inclusive a defender-se que a ida
para o ensino superior prejudicava um futuro casamento. Estas ideias, também defendidas
pela sua progenitora, ganhavam ainda mais expressão pelo facto de a sua família enfrentar
problemas económicos. O pai de Barbara opunha-se, contudo, às ideias tradicionais da
época e ela entrou na Universidade de Cornell em 1919.
Mileva Marić (1875 - 1948)
Foi uma matemática sérvia e a primeira mulher
de Albert Einstein. Foi parceira, colega e
confidente de Einstein. O grau de participação
nas suas descobertas é muito discutido fora do
âmbito científico. Mileva Maric, era uma
brilhante cientista sérvia que abandonou a sua
carreira para cuidar dos dois filhos do casal.
Nasceu em Titel, na província de Vojvodina,
então
parte
do
Império
Austrohúngaro
(actualmente na Sérvia]]) em uma família
sérvia. Durante seus anos de universidade foi amiga de Nikola Tesla. Em 1896
ingressou à Instituto Politécnico de Zurich sendo a única mulher estudante. Einstein
começou seus estudos no mesmo ano. Einstein e Marić tiveram uma filha dantes de
casar-se, de nome Lieserl, a qual se acha que foi dada em adopção, ainda que seu
verdadeiro destino é incerto.
Einstein e Marić casaram-se o 6 de janeiro de 1903. Deste casal nasceram Hans Albert
Einstein, quem depois seria professor de engenharia hidráulica na Universidade de
Califórnia em Berkeley, e Eduard Einstein, quem foi internado em um instituto de saúde
mental, por padecer esquizofrenia.
Alguns autores pesquisaram sua vida durante décadas, como Djordje Krstic, cujo livro
"Albert e Mileva Einstein - seu amor e colaboração", que foi publicado em sérvio após
sair em esloveno e inglês, apresenta uma série de argumentos defendendo que as obras
revolucionárias foram produto de um trabalho em comum. Segundo Krstic, o casal
trabalhou junto até 1913 ou 1914, quando se separaram e, cinco anos mais tarde, se
divorciaram. A separação representou um golpe para ela do qual nunca se recuperou.
Os biógrafos de Mileva Maric concordam que ela viveu à sombra de seu marido,
entregue totalmente a ele e à família, orgulhosa de dizer que ambos formavam "uma
pedra", que é a tradução literal da palavra alemã "einstein". "O interesse tanto na Sérvia
como no mundo pela vida dela despertou há cerca de 20 anos, quando foram publicadas
as cartas de amor que Mileva guardou até sua morte e que "são de valor incalculável
porque revelam como Albert Einsten crescia como cientista junto a ela", explica a
doutora Bozic. Em 1994, a Universidade de Novi Sad criou o prêmio Mileva Maric
para o melhor estudante de matemática. Também há um projeto para transformar em
museu a formosa casa que seu pai construiu para ela em Novi Sad.
MULHERES PORTUGUESAS – SÉCULO XX
Elvira Maria Correia Fortunato
Elvira Maria Correia Fortunato é de nacionalidade
portuguesa e licenciou-se em 1987 em engenharia
física e dos materiais na Universidade Nova de
Lisboa. É Professora Associada com Agregação na
mesma instituição. Já publicou mais de duzentos
trabalhos em revistas com arbitragem científica e
foi distinguida com vários prémios, sempre em
virtude da sua excelência na investigação. Em
2008 foi-lhe atribuído um prémio milionário por
parte do Conselho Europeu de Investigação (ERC),
devido ao seu projecto com o nome de “Invisível”,
no âmbito do qual a investigadora propõe fazer transístores e circuitos integrados
transparentes usando óxidos semicondutores, uma ideia arrojada e inovadora a nível
mundial. Este 1º Prémio, no valor de 2,5 milhões de euros, e que obteve a nota máxima da
tabela classificativa (8), lançou o nome de Elvira Fortunato para o top five mundial dos
investigadores em electrónica transparente.
Irene Fonseca
Licenciada em Matemática pela Universidade de
Lisboa,
Portugal,
fez
o
mestrado
e
o
doutoramento na University of Minnesota,
Minneapolis, EUA. Em 2003 tornou-se na
primeira pessoa a ocupar a posição de Mellon
College of Science Professor of Mathematics, da
Carnegie Mellon University onde é também
directora do Center for Nonlinear Analysis. A
sua investigação centra-se nas áreas do cálculo de variações, mecânica dos meios
contínuos,
teoria
geométrica
da
medida
e
equações
diferenciais
parciais.
Em 1997, Irene Fonseca recebeu a Ordem de São Tiago, como reconhecimento da sua
contribuição para o progresso cientifico na União Europeia. Em 2004 recebeu o Women
of Distinction Award in Mathematics and Technology da Western Pennsylvania Girl
Scouts Trillium Council. O prémio reconhece o seu exemplo de liderança e a sua
carreira, assim como o seu esforço para encorajar mais jovens mulheres a seguirem uma
carreira de investigação em Matemática.